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Guia de Eventos
Sustentáveis
Uberaba, MG
UFTM
2015
Gabriela Vieira Galdino
Bruna Lopes Coêlho
Guia de Eventos
Sustentáveis
Uberaba, MG
UFTM
2015
Guia de Eventos Sustentáveis
1ª Edição
EQUIPE TÉCNICA
Colaboração
Ricardo Almeida
(Coordenador do Programa Gerações Sustentáveis)
Diretoria de Comunicação Social da UFTM
Revisão de texto
Débora Lima
LISTA DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO
É crescente a preocupação com a perspectiva de esgotamento dos recursos naturais e
com os impactos ocasionados pela poluição. No entanto, os hábitos e os modos de vida das
pessoas vêm alterando o meio ambiente e, consequentemente, apresentando impactos como a
escassez de água, mudanças climáticas, produção de lixo desproporcional à quantidade de
aterros, entre outros.
A Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, instituída pela Lei n° 6.938 de 31 de
agosto de 1981, define “poluição” como sendo a “degradação da qualidade ambiental resultante
de atividades que direta ou indiretamente: (a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar
da população; (b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; (c) afetem
desfavoravelmente a biota; (d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
(e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos”. Com
base nessa definição, observou-se a necessidade de disponibilizar maior atenção aos eventos
realizados pela Universidade, os quais são responsáveis pela produção de diversos tipos de
resíduos que podem contribuir para o aumento da degradação dos recursos naturais.
Posto isso, é imprescindível que as organizações promovam a educação ambiental junto
às suas comunidades, por meio de estratégias que minimizem os impactos socioambientais
negativos oriundos de suas atividades.
A UFTM, como instituição expoente na educação brasileira, tem um papel fundamental
na articulação das diretrizes governamentais com a população em seu entorno. Nesse sentido,
a Universidade vem atuando cada vez mais comprometida com as questões relacionadas à
sustentabilidade, desenvolvendo estudos e colocando em prática diversas ações de
responsabilidade socioambiental, a exemplo de seu Plano de Logística Sustentável que abarca
eixos temáticos, dentre eles, o Programa Gerações Sustentáveis que abrange ações de educação
ambiental.
Neste contexto, uma das ações refere-se à minimização de impactos ambientais
advindos da realização de eventos da Instituição, que muitas vezes resultam na produção de
resíduos e na má utilização dos recursos naturais, fatores que muitas vezes não são percebidos
pelos seus próprios organizadores e participantes.
Para tanto, foi elaborado este Guia de Eventos Sustentáveis que visa orientar os
organizadores de eventos da UFTM na preparação e realização de simpósios, encontros,
congressos, torneios, cursos, entre outros tipos de eventos, de acordo com as necessidades
requeridas para cada tipo. Ele aborda várias formas de se reduzir impactos ambientais negativos
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por meio de tópicos específicos, os quais facilitam a procura por determinadas práticas
sustentáveis.
É certo que a efetividade desse instrumento ampara-se fundamentalmente no
compromisso e envolvimento da comunidade interna, bem assim sob constante aprimoramento
e introdução de novas alternativas e novos caminhos.
Assim, trata-se de um guia para melhorar a eficiência socioambiental dos eventos na
UFTM e, sobretudo, para estimular a inclusão das pessoas no processo de desenvolvimento da
cultura de sustentabilidade.
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Práticas propostas:
a) para que o evento seja organizado, a comissão deve distribuir tarefas a cada membro
da equipe, de forma que cada pessoa fique responsabilizada por uma parte do evento,
evitando desperdício de tempo, desfalque em alguma área e possíveis estresses
causados pela desorganização;
b) é importante que haja na comissão um “Coordenador de Sustentabilidade”, assim
ficará mais fácil garantir a inserção do tema nas atividades do evento. Caso não seja
obrigatória a designação desse coordenador, no momento de registrar o evento na
Pró-Reitoria de Extensão Universitária - PROEXT, sugere-se que a própria
comissão designe alguém para este cargo;
c) a comissão deve estar atenta e disponível para realizar, quando possível, todas as
ações propostas neste guia, além de outras que tenham conhecimento, de forma a
garantir a eficiência sustentável do evento;
d) ao final do evento, é necessário que a comissão faça uma avaliação para se ter
conhecimento dos esforços alcançados e dos quesitos que ainda precisarão ser
melhorados em um próximo evento. No item 3 há um questionário que poderá ajudar
na avaliação do evento.
2.2 PATROCÍNIO
Práticas propostas:
a) no momento de iniciar a busca por patrocinadores, recomenda-se que a comissão
verifique se o patrocinador atua com princípios sustentáveis similares aos princípios
do evento. Um evento com patrocinadores que investem na sustentabilidade pode
alcançar maior nível de confiabilidade e sucesso com o público;
b) é sempre interessante que a comissão faça um breve estudo sobre as propostas do
patrocinador-alvo antes de consultá-lo. A partir desse estudo, a comissão poderá
mostrar todos os pontos em comum entre a empresa e o evento, e como a parceria
propiciará resultados positivos para ambos os lados. Além disso, a comissão ganha
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Práticas sustentáveis:
a) antes de definir a forma de divulgação por mídia impressa, a comissão deve
consultar o setor de Comunicação Social para informar-se quanto ao número ideal
de tiragem e os meios de comunicação disponíveis na Instituição, garantindo que
seja realizada uma divulgação eficiente e sustentável;
b) quando a impressão de material for indispensável, deve-se optar, preferencialmente,
por papel reutilizado ou papel reciclado. Além disso, documentos com mais de uma
página podem ser impressos em frente e verso, visando reduzir a produção de
material impresso ao mínimo necessário;
c) no caso de utilização de panfletos, uma alternativa que pode ser muito eficiente é a
impressão de um número reduzido, plastificando e afixando-os em lugares
estratégicos para que não sejam carregados. Contudo, deve-se estudar a viabilidade
dessa medida que, devido à produção de resíduos plásticos, só compensará se o
material puder ser reaproveitado ou se a redução de geração de panfletos de papel
for muito significativa;
d) uma forma de divulgação complementar à anterior pode ser feita pela equipe
organizadora que, ao distribuir alguns folhetos em pontos estratégicos, pode recolhê-
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2.4 ACESSIBILIDADE
Práticas sustentáveis:
a) deve-se verificar se a estrutura do local atende à necessidade de utilização de rampa
e se banheiros e salas possuem entrada com tamanho adequado para passagem de
cadeiras de rodas, bem como se há piso tátil para pessoas com deficiência visual;
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2.5 HOSPEDAGEM
Práticas sustentáveis:
a) para a escolha da hospedagem deve-se considerar a proximidade ao local do evento,
restaurantes, mercados, farmácias e pontos de acesso a transporte público. Para a
indicação de hotéis e pousadas, deve-se levar em consideração aqueles
estabelecimentos que possuam práticas sustentáveis.
b) Uma alternativa para eventos futuros é a implantação de alojamentos e/ou área de
camping na Universidade para receber participantes dos eventos internos. Essa
medida, além de contribuir para redução de gastos com hospedagem, contribui para
integração das pessoas e mobilidade durante o evento. Esses locais deverão dispor
de área de alimentação e banheiros com duchas para higienização pessoal, além de
serviço de segurança para os hóspedes.
Práticas sustentáveis:
a) normalmente, a maior parte do uso de água nos eventos provém dos banheiros. Para
amenizar este gasto, a comissão organizadora pode colocar lembretes nos banheiros
alertando sobre o desperdício de água quando as torneiras, não temporizadas, são
mal fechadas ou, futuramente, pode alertar sobre banhos prolongados quando
houver hospedagem de participantes na própria Universidade;
b) outra forma de redução dos gastos de energia durante o evento é a regulagem do ar
condicionado para evitar que a temperatura do ambiente fique muito baixa, gastando
energia desnecessária. Além disso, deve-se colocar avisos no local do evento
lembrando os participantes de desligarem os equipamentos e as lâmpadas quando
estes não mais estiverem sendo utilizados;
c) segundo Medeiros (2014), “construção sustentável significa que os princípios do
desenvolvimento sustentável são aplicados à cadeia produtiva do empreendimento
como um todo”. Isto quer dizer que a sustentabilidade é aplicada desde a fase de
extração da matéria-prima até a sua demolição e gerenciamento do entulho. Essas
construções possuem menor custo operacional, maior eficiência e maior
durabilidade. Neste contexto, sugere-se que a comissão organizadora dê preferência
para realização do evento nestas edificações. É primordial que a Universidade leve
em conta princípios sustentáveis na construção de centros de eventos e até mesmo
na construção de futuros prédios e unidades que forem necessários para a expansão
da UFTM.
Práticas sustentáveis:
a) para facilitar a reciclagem do lixo, durante o evento deve-se optar por lixeiras com
três tipos de separações: compostáveis, recicláveis e rejeitos. Quando possível, os
materiais recicláveis devem ser classificados em: metal, plástico, papel, vidro. O
Quadro (1) mostra algumas dicas sobre a separação do lixo;
os rejeitos. Essa separação é mais útil quando o local do evento se encontra distante
da unidade de compostagem da UFTM ou quando não há demanda de pessoas que
os utilizem para uso domiciliar;
d) vale ressaltar que nem todos os resíduos orgânicos são compostáveis. O Quadro (2)
abaixo mostra quais resíduos orgânicos podem e quais não podem ser compostados;
Práticas sustentáveis:
a) utilização de crachás para os participantes:
- Se o número de participantes for pequeno, não há necessidade da utilização de
crachás, podendo ser realizadas dinâmicas para que os participantes se conheçam e
uso de documento pessoal para identificação de cada participante ao entrar no
evento. Um exemplo disso é o caso de minicursos em que, normalmente, o número
de inscritos é mais restrito,
- Quando for necessária a utilização de crachás, deve-se optar por crachás
produzidos a partir de papel reciclado;
b) em casos de se prestigiar palestrantes e participantes com presentes, os mesmos
podem ser produzidos por grupos artesanais locais ou regionais, que utilizam
materiais recicláveis;
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XENOESTROGÊNIO
e) por haver pesquisas que defendem que o plástico, quando aquecido, libera
xenoestrogênio – composto que pode ser cancerígeno – recomenda-se oferecer
utensílios de vidro ou cerâmica em substituição aos de plástico na ingestão de
bebidas quentes.
2.9 TRANSPORTE
Práticas sustentáveis:
a) para reduzir a emissão de gases poluentes por automóveis, a comissão organizadora
pode sugerir e explicar aos participantes a importância da utilização de transporte
coletivo, disponibilizando informações sobre horários de ônibus que passam pelo
local do evento ou, eventualmente, oferecendo ônibus da Instituição para
deslocamento até hotéis e restaurantes;
b) outra forma de incentivo é optar pela realização do evento em local que disponha de
bicicletário.
2.10 ALIMENTAÇÃO
Práticas sustentáveis:
a) com o objetivo de garantir a acessibilidade a todos os participantes no momento das
refeições ou coffee break, oferecidos pelo evento, recomenda-se ter opções
vegetarianas, além de cardápio tradicional;
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Práticas sustentáveis:
a) como foi dito anteriormente, uma conversa com os funcionários de limpeza do local
para que realizem a separação do lixo corretamente, contribui para aumentar a
sustentabilidade do evento. Além disso, o uso consciente dos produtos de limpeza,
bem como a correta reciclagem das embalagens, são fatores que contribuem para a
redução dos impactos ambientais;
b) outra medida sustentável pode ser a solicitação de compras, por parte da
Universidade, de produtos de limpeza com base na “química verde”. Vale ressaltar
que a Instituição segue normas de aquisição de bens que atendam aos critérios de
sustentabilidade, conforme Instruções Normativas SLTI/MPOG 01/2010 e 10/2012.
Segundo CGEE (2010), “o objetivo da química verde é conduzir as ações científicas
e/ou processos industriais ecologicamente corretos”. Segundo WWVERDE (2002),
produtos com essa química têm como base sua decomposição após em contato com
o meio ambiente, ausência de toxicidade à saúde humana e dos animais, entre outros
princípios.
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Feito o preenchimento completo, soma-se os pontos obtidos em cada ação. Com o total
de pontos, é possível verificar em qual situação o evento está classificado. Esse resultado
proporciona um feedback para a comissão organizadora sobre quais aspectos ela deve melhorar
para atingir uma maior sustentabilidade nos próximos eventos.
Subtotal de pontos
Total de pontos
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CGEE – Centro de Gestão e Estudos Estratégicos. Química verde no Brasil. Brasília: CGEE,
2010. 438p. Disponível em:
<http://www.cgee.org.br/busca/ConsultaProdutoNcomTopo.php?f=1&idProduto=6528>.
Acesso em: 01 out. 2014.
LEME, Patrícia Cristina Silva; MORTEAN, Alan Frederico. Guia prático para organização
de eventos mais sustentáveis. São Carlos: EESC – USP, 2010. Disponível em: <
http://www.ifsc.usp.br/qualidade/images/stories/guia_eventos_sustentaveis.pdf>. Acesso em:
15 jan. 2014.
MARTINS, Ana et al. Guia para eventos Sustentáveis. Lisboa: BCSD Portugal, 2012.
Disponível em: < http://www.bcsdportugal.org/wp-content/uploads/2013/10/Guia-para-
Eventos-Sustentaveis.pdf>. Acesso em: 15 out. 2014.
RIBEIRO, Rafaela. Como e por quê separar o lixo? Brasília: Ministério do Meio Ambiente,
2012. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/informma/item/8521-como-e-
porqu%C3%AA-separar-o-lixo>. Acesso em: 08 ago. 2014.
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