Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
E DEFICIÊNCIA AUDITIVA
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
Profa. Jociane Stolf
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
371.912
S237r Santos, Ivan Álvaro dos
A relação família, escola e deficiência auditiva /
Ivan Álvaro dos Santos. Indaial : Uniasselvi, 2012.
97 p. : il
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7830- 608-3
1. Surdos - Educação.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Ivan Álvaro dos Santos
APRESENTAÇÃO.......................................................................7
CAPÍTULO 1
A Família e o Deficiente Auditivo......................................... 11
CAPÍTULO 2
A Escola e o Deficiente Auditivo ........................................ 39
CAPÍTULO 3
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva.............. 71
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
Nesse sentido, para chegarmos até aqui, que é o ponto chave do presente
caderno, faremos algumas discussões prévias, mas nem por isso menos
importantes, que nos servirão de base para compreendermos a necessária, porém
complexa relação que deve se estabelecer entre a família, a escola e o deficiente
auditivo para que este aprenda e se desenvolva a partir dos elementos que lhes
são oferecidos por uma e por outra instituição.
O autor.
C APÍTULO 1
A Família e o Deficiente
Auditivo
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
12
Capítulo 1 A Família e o Deficiente Auditivo
Contextualização
Nesse primeiro capítulo, estaremos dedicando nossa atenção à família
e à magnitude de seu papel enquanto instituição encarregada de oferecer as
primeiras experiências sociais e educativas do indivíduo. Além disso, estaremos
propondo reflexões acerca da importância da convivência familiar como
elemento favorecedor do desenvolvimento do indivíduo, na constituição de sua
personalidade, de seu caráter e nos primeiros passos na construção de sua
história particular dentro da história geral em que está inserido. Um olhar mais
restrito será dado ao entrarmos nas questões familiares que giram em torno da
presença de um indivíduo com necessidades especiais e, em particular, de um
indivíduo deficiente auditivo. Nesse ponto, abordaremos de forma sucinta do
que realmente se trata uma deficiência auditiva, seus sintomas mais comuns e
como fazer para diagnosticá-la. Além disso, discutiremos o que muda e o que se
mantém com a presença desse indivíduo - as formas como ele vive, como convive
e como ele aprende no seio da família e a partir das relações familiares que se
estabelecem.
Buscaglia (1997, p. 79), por sua vez, define família “[...] como um sistema
social pequeno e interdependente, dentro do qual podem ser encontrados
subsistemas ainda menores, dependendo do tamanho da família e da definição
de papéis”. Logo, entendemos que é também a família um pequeno exemplo de
convívio social, composto de suas regras, com sua hierarquia própria, seus modos
de ação e de relação que não demora muito a se estender do portão de casa
para fora, chegando até aos vizinhos da rua, aos moradores do bairro, além dos
parentes e dos amigos da família. Nesse sentido, a família prepara suas crianças
para os desafios da convivência na complexa rede de relações sociais da qual o
indivíduo fará parte quando passar a frequentar os demais meios, cada um em seu
momento certo e com suas particularidades. Buscaglia (1997, p. 81) complementa
13
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
afirmando que é dentro da família “[...] que a criança aprenderá a ser o tipo de ser
humano que a sociedade determina como normal. Mas, além disso, [...] aprende
a ser único, a desenvolver a individualidade [...] em busca de auto-realização” e
estende a discussão para os laços afetivos que se estabelecem entre aqueles
que compõem a família, que por sua vez se constitui de pessoas que “apóiam e
amam umas as outras, fazem planos juntas e partilham do processo da vida de
uma forma cooperativa, para o bem e a realização de todos” (BUSCAGLIA, 1997,
p. 78).
Porém, é importante frisar que a família também é tocada pelo meio social
em que vive, e de uma forma ou de outra é influenciada por esse meio. Como nos
assevera Buscaglia (1997, p. 80),
14
Capítulo 1 A Família e o Deficiente Auditivo
15
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Atividades de Estudos:
Família (Titãs)
16
Capítulo 1 A Família e o Deficiente Auditivo
2) Você acha que esse tipo de família trazido pela música predomina
na sociedade moderna? Por quê?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
17
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
18
Capítulo 1 A Família e o Deficiente Auditivo
19
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
20
Capítulo 1 A Família e o Deficiente Auditivo
21
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
22
Capítulo 1 A Família e o Deficiente Auditivo
Atividade de Estudos:
23
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
24
Capítulo 1 A Família e o Deficiente Auditivo
FASE CARACTERÍSTICAS
A fase que se segue após o choque inicial é aquela em que os pais podem
tender a ignorar a notícia recebida e a situação em si. Nessa fase, a família
Negação age como se nada tivesse acontecido, o que pode ser prejudicial ao filho
deficiente que deixa de contar desde esse primeiro momento com as interven-
ções médicas e/ou educativas necessárias.
25
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Depois de passar por algumas das características citadas nas fases anterio-
res, os pais chegam a um nível de calma emocional suficiente para avançar
para uma visão mais realista e concreta em relação ao problema do filho,
Adaptação voltando-se aos procedimentos necessários para atendê-lo da forma mais
e Orientação eficaz possível e provê-lo de todos os recursos materiais e humanos de que
tem necessidade. Progressivamente, veem-se em condições de orientar suas
vidas, até alcançar um certo nível de reorganização baseado na consciência
do que ocorre.
Paniagua (2004) alerta que essas etapas são descrições gerais, mas que,
obviamente, não excluem as particularidades de cada pai, mãe ou família. De
igual maneira, não significa que toda família passará obrigatória ou isoladamente
por cada etapa, tampouco que a ordem em que se sucede cada etapa seja a
mesma que está descrita.
26
Capítulo 1 A Família e o Deficiente Auditivo
27
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Essa forma de fazer com que o indivíduo deficiente sinta-se útil e que suas
opiniões sejam válidas nas discussões familiares certamente agirão positivamente
em sua autoestima, o que consequentemente se refletirá em seu desenvolvimento,
em sua aprendizagem e em sua convivência social. Ele poderá perceber o seu
valor e se perceber como parte integrante e atuante no meio familiar e sentir-se
seguro para estender, até certo ponto, essa participação ativa, para outros meios
sociais, como a escola, por exemplo.
Atividades de Estudos:
O espetáculo “Palhaços
Surdos” é inspirado no humor,
na magia e felicidade da vida
e da cultura de todos nós. O
ator Cleber Couto é o criador
das oito esquetes que fazem
parte da primeira encenação
da Companhia de Teatro Mãos
Livres. Nesta montagem a
28
Capítulo 1 A Família e o Deficiente Auditivo
1) De que forma você acha que esse tipo de espetáculo pode ser útil ao
deficiente auditivo? E ao público ouvinte? Comente a respeito.
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
________________________________________________________
29
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
30
Capítulo 1 A Família e o Deficiente Auditivo
Oliveira (1999, p. 92) corrobora com nossa opinião ao afirmar que a família
possui dentre outras funções, a função educacional, que “é responsável pela
transmissão à criança dos valores e padrões culturais da sociedade. A família é a
primeira agência que socializa a criança”. Às vezes podemos carregar a ilusão de
que só se aprende na escola e que o professor é o único responsável por nossa
aprendizagem e nossa educação. Porém, em todos os momentos de nossa vida e,
muitas vezes de forma inconsciente, estamos aprendendo com as mais diversas
pessoas que passam por nossas vidas e que de alguma forma, contribuem com
algum ensinamento.
Brandão (1994, p. 9) comenta que “não há uma forma única Brandão (1994,
nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar p. 9) comenta
onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não que “não há uma
é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único forma única nem
um único modelo
praticante”. Logo, os pais, as mães e outros parentes próximos
de educação; a
como irmãos e avós são educadores das crianças, muitas vezes escola não é o
os primeiros, ensinando-lhes não somente os valores e costumes único lugar onde
da sociedade em que vivem como também a falar, a conviver com ela acontece e
os seus pares, a se expressar publicamente e, em alguns casos, talvez nem seja o
a escrever as primeiras palavras, os números e as operações melhor; o ensino
escolar não é a
básicas da matemática. “Basicamente, a família serve como um
sua única prática
campo de treinamento para seus membros” (BUSCAGLIA, 1997, p. e o professor
82), oferecendo um ambiente amistoso e propício às tentativas, às profissional não
experiências, sem uma preocupação excessiva com o erro e sim é o seu único
proporcionando vivências que mais tarde serão úteis na vida social praticante”.
como um todo.
31
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
32
Capítulo 1 A Família e o Deficiente Auditivo
Atividades de Estudos:
33
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
34
Capítulo 1 A Família e o Deficiente Auditivo
___________________________________________________
___________________________________________________
Algumas Considerações
Nesse primeiro capítulo, pudemos dedicar atenção especial ao papel que a
família assume na vida de qualquer ser humano, com ênfase à família que possui
entre seus membros um deficiente auditivo. Oferecemos um olhar especial às
formas como a família encara a chegada de um indivíduo com essa deficiência e
quais as reações mais comuns que ocorrem em todo o contexto familiar.
35
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Referências
BRANDÃO, C. R. O que é educação. 33. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995. No
texto aparece 1994.
36
Capítulo 1 A Família e o Deficiente Auditivo
37
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
38
C APÍTULO 2
A Escola e o Deficiente
Auditivo
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:
40
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
Contextualização
Agora, no segundo capítulo, nosso olhar recai sobre o ambiente escolar e
a sua missão de oferecer ao indivíduo, com ou sem deficiência, o acesso aos
conhecimentos científicos. No entanto, é importante destacar que ao mesmo
tempo em que a escola oferece a educação formal, também contribui com a
socialização do indivíduo com os seus pares, em relações distintas daquelas
por ele vivenciadas até então. Ao frequentar a escola, a aproximação entre os
indivíduos deixa de ser feita totalmente por afinidade e empatia, como acontece
em outros espaços sociais e passa a ser, de certa forma, guiada pela coincidência
de objetivos daqueles que se encontram por conta do ingresso na vida escolar.
Na complexa rede de relações que se estabelecem nesse novo ambiente, os
indivíduos entram em contato com o que para alguns, ou para muitos, pode
ser diferente. Dentre as diferenças que poderão passar a fazer parte de suas
vidas, caso já não façam, pode estar a presença de indivíduos com algum tipo
de necessidade especial, como é o caso do deficiente auditivo. Compartilhar o
mesmo ambiente com um indivíduo com deficiência auditiva certamente causará
estranhamento por parte daqueles demais indivíduos para os quais essa situação
seja uma novidade. De igual maneira, o deficiente auditivo também se depara com
um território desconhecido, somando-se a isso o fato de que nem todos que ali se
encontram conhecem e aceitam a sua deficiência de maneira natural e pacífica.
E esse é um dos pontos cruciais em que entra o papel da escola não somente na
questão da inclusão social, mas, sobretudo, no papel da educação em seu sentido
mais próprio, que inclui aí a naturalização da participação de todos, sem nenhum
tipo de distinção. Como asseveram Redondo e Carvalho (2000, p. 33), “a inclusão
da criança com surdez na escola regular requer uma boa preparação tanto do
aluno quanto da escola, para que ambos se sintam capacitados a participar dessa
integração”.
41
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
“[...] ninguém
escapa da edu-
A Escola e a Educação Formal
cação. Em casa,
na rua, na igreja A educação faz parte da nossa vida desde o momento em que
ou na escola, nascemos e nos acompanha durante toda a nossa existência. Logo,
de um modo ou vida e educação se confundem, já que todas as experiências pelas
de muitos todos quais passamos podem nos acrescentar coisas e interferir em nosso
nós envolvemos jeito de ser, de pensar e de agir. Como assevera Brandão (1995, p.
pedaços da vida
7), “[...] ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja
com ela [...] todos
os dias mistura- ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos
mos a vida com a pedaços da vida com ela [...] todos os dias misturamos a vida com a
educação”. educação”.
Oliveira (1999), por sua vez, comenta que a educação é uma das
atividades básicas da sociedade humana, pois contribui de forma decisiva para
a transmissão da herança cultural aos indivíduos jovens e inseri-los assim,
na cultura local e universal. a partir de inseri-los penso que ficou deslocada
esta frase, faltou concordância. O autor complementa a ideia afirmando que
a educação, ao transmitir ao indivíduo o patrimônio cultural da humanidade,
acaba por “[...] integrá-lo na sociedade e nos grupos em que vive. Ela tem por
objetivo, portanto, ajustar os indivíduos à sociedade, ao mesmo tempo que
desenvolve suas potencialidades e a própria sociedade” (OLIVEIRA, 1999, p.
128).
Embora algumas instituições sociais como a família, a igreja, o clube, além dos
meios de comunicação de massa, dentre outros exerçam influência na educação
dos indivíduos, é a escola a instituição encarregada de oferecer-lhes oficial e
formalmente o acesso aos conhecimentos científicos (OLIVEIRA, 1999). No início
dos tempos a educação dos indivíduos dava-se de forma assistemática e difusa, e
diluía-se nas experiências práticas que esses indivíduos vivenciavam em seu dia
a dia, na convivência com os seus pares, sobretudo os mais velhos e experientes.
Santos (2011) destaca que a partir da evolução das instituições sociais, o homem
foi percebendo a necessidade de determinar formas específicas de transmissão
dos conhecimentos acumulados, de organização desses conhecimentos em
categorias a partir de critérios preestabelecidos que facilitassem a sua apropriação
pelos indivíduos. Nesse novo contexto, as experiências práticas deixam de
predominar no processo e os conhecimentos teóricos passam a dominar as
práticas de ensino entre os indivíduos. Paralelamente, também foi se instituindo
um espaço físico delimitado, com horários específicos e uma sequência lógica
dos conteúdos a serem ensinados, além de pessoas “legitimadas” pela sociedade
para realizar o “serviço” de promover o conhecimento entre os indivíduos jovens
daquele local. É o advento da educação formal, que passa a acontecer de forma
paralela e como importante elemento complementar à educação informal, sendo
muito mais valorizada do que está perante a sociedade. Surge assim, a escola.
42
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
43
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Os conceitos maneira inconsciente, ou seja, sem que ele perceba essa aquisição e,
espontâneos ou além disso, não existe uma sistematização ou uma sequência lógica
cotidianos são preestabelecida dos componentes desses conceitos. Por outro lado,
aqueles que o os conceitos científicos, na concepção de Vygotsky (1989), são
sujeito constrói de
aqueles oriundos de estudos realizados pela comunidade científica,
maneira infor-
mal, a partir das nas mais diversas áreas do conhecimento, sendo assim reconhecidos
experiências que e aceitos pela sociedade em geral e possuindo como característica a
vivencia em seu sistematização e a organização. Além disso, os conceitos científicos
dia a dia. são adquiridos de forma consciente pelo indivíduo, que sabe que estará
aprendendo ou que já aprendeu aquele determinado conceito.
44
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
Atividades de Estudos:
45
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Nesse sentido nos vem à tona outro termo cujo significado, de certa forma,
pode preencher as lacunas deixadas por aquele que define integração. Estamos
nos referindo à inclusão. Mas de que maneira esses termos convergem e onde
eles divergem?
46
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
47
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
48
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
/Decreto/D7611.htm#art11).
49
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Marchesi (2004), por sua vez, comenta que a inclusão não deve ser
compreendida como um movimento cujo objetivo seja simplesmente retirar os
alunos das escolas especiais e incorporá-los na escola regular. Logo, não se pode
ter a visão simplista de que se trata meramente da transferência da educação
especial às escolas comuns e sim, compreender a complexidade do processo que
é a educação dos alunos com necessidades educativas especiais. Como afirma
Marchesi (2004, p. 23), o objetivo principal da integração é
50
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
51
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Atividade de Estudos:
52
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
53
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
54
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
Esse método foi reproduzido por Juan Pablo Bonet (1579-1629) por meio
de um livro que publicado no ano de 1620, onde o próprio Bonet se apresenta
como o inventor da arte de ensinar o surdo a falar, utilizando um alfabeto
digital, da forma escrita e da Língua de Sinais para ensinar os surdos a ler
e, por meio da manipulação dos órgãos fonoarticulatórios, ensiná-los a falar.
Sem entrar no mérito da questão da discussão da originalidade de tal método,
vale destacar que o livro chamou muito a atenção dos intelectuais da Europa,
pela sua possibilidade de dar voz ao surdo, literalmente. Esse trabalho de
vanguarda oralista serviu de modelo para três ícones da educação oral: Jacob
Rodrigues Pereire (1715-1780) – nos países de língua latina; Johann Conrad
Amman – nos países de língua alemã e John Wallis – nas ilhas britânicas.
Um destaque no trabalho desses três grandes nomes é que, apesar de
precursores da educação oralista, sempre utilizaram os sinais e o alfabeto
digital em alguma etapa de seu trabalho, por considerá-los fundamentais aos
seus objetivos.
55
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
56
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
com a criança surda, porém, com nenhum método ou sistema devendo ser
omitido ou enfatizado durante o processo. Logo, embora a oralização não seja
o objetivo da comunicação total, esta aponta-a como uma das áreas a ser
trabalhada para facilitar a integração social do surdo.
57
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
58
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
http://www.salesianolins.br/areaacademica/materiais/
posgraduacao/Educacao_Especial_Inclusiva/Topicos_Especiais_
Libras/Aula%20Profa,%20Cristina%20Cinta%20Surdez.pdf.
Atividades de Estudos:
59
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
60
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
61
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Além disso, Marchesi (2004, p. 44) nos recorda que outros fatores também
são de suma importância para uma mudança de postura por parte dos professores
e irão impulsionar sua motivação e dedicação: “sua retribuição econômica, suas
condições de trabalho, sua valorização social e suas expectativas profissionais,
ao lado da formação permanente...”.
Essas questões trazem à tona a figura da liderança na escola, que deve ser
efetiva, fazendo a parte que lhe cabe e quando não, buscando a ajuda junto às
62
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
No caso da deficiência auditiva, caso exista algum aluno matriculado Obedecendo aos
em alguma escola de ensino regular, esta irá providenciar as adequações princípios inclu-
necessárias e ter entre os professores, um intérprete de Língua de Sinais sivos, a aprendi-
além de contar com o apoio de profissionais da saúde, como é o caso zagem da Libras
do fonoaudiólogo, por exemplo. Caso a escola seja pública, são as deve acontecer
preferencialmente
secretarias municipal ou estadual que devem provê-la com o material e o
na sala de aula
pessoal necessário com urgência. A escola também precisa providenciar desse aluno e ser
um instrutor de LIBRAS, preferencialmente surdo, para trabalhar com os oferecida a todos
alunos que ainda não aprenderam esta língua e que cujos pais tenham os demais colegas
autorizado o seu uso (MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, 2004). e ao professor,
“Obedecendo aos princípios inclusivos, a aprendizagem da Libras para que possa
haver comunica-
deve acontecer preferencialmente na sala de aula desse aluno e ser
ção entre todos
oferecida a todos os demais colegas e ao professor, para que possa (MINISTÉRIO PÚ-
haver comunicação entre todos” (MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, BLICO FEDERAL,
2004, p. 24). No entanto, essas adaptações precisam ser feitas sem 2004, p. 24).
que seja um peso para a escola e para as pessoas que nela trabalham
e convivem. Por isso, a importância de se estabelecer uma cultura voltada às
ideias da inclusão, onde todos percebam mais que o direito e a necessidade de
o surdo frequentar a escola, e sim percebam a naturalidade de uma pessoa ter
acesso à escola em busca de seu desenvolvimento. Segundo Marchesi (2004, p.
45), é fundamental “a mudança para uma cultura educacional em que se valorize
a igualdade entre todos os alunos, o respeito às diferenças, a participação dos pais e
a incorporação ativa dos alunos no processo de aprendizagem”.
63
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
64
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
Atividades de Estudos:
65
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Algumas Considerações
Ao longo desse capítulo, procuramos discutir sobre o papel da escola na
educação do indivíduo, oferecendo um olhar especial à educação do indivíduo
com deficiência auditiva.
66
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
67
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Referências
AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Psicologia educacional. 2. ed.
Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.
68
Capítulo 2 A Escola e o Deficiente Auditivo
69
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
70
C APÍTULO 3
72
Capítulo 3 A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Contextualização
Ao longo desse nosso percurso, conseguimos analisar de maneira isolada
a influência e os benefícios propiciados tanto pela família quanto pela escola
em diversos pontos da formação do indivíduo: caráter, valores, aprendizagem
de conceitos científicos, sociabilidade, criticidade, autoestima dentre outros
elementos que contribuem em seu desenvolvimento integral. Além disso,
abordamos tópicos importantes para a compreensão da forma como o deficiente
auditivo vive e como ele aprende, passando pelos tipos e graus de surdez, suas
causas e consequências. Adicionalmente, buscamos traçar um breve contexto
histórico das formas como era visto e o tratamento que a ele foi dispensado ao
longo da evolução das civilizações, para compreendermos os avanços obtidos e o
que no momento atual acontece, além de tentar traçar perspectivas futuras.
73
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Logo, a criança passa por uma mudança radical e às vezes traumática em sua
rotina de aprendizagem e de convivência, que deixa de se dar na informalidade
e de ser diluída nas vivências cotidianas, para passar a acontecer dentro de um
contexto planejado, com regras claras, locais e horários definidos e tarefas bem
delineadas. Esse processo muitas vezes não é fácil nem para a família e muito
menos para a criança, que antes estava acostumada a brincar nos horários que
queria e com as brincadeiras que escolhia.
Família e escola Quando chega esse momento, muitas famílias podem ter a
são dois contextos
ilusão de que o papel de educar deixa de estar sob sua guarda,
sociais bem dife-
rentes e possuem, sendo completamente transferido para a escola que, a partir
assim, objetivos daquele momento, passa a ser a única responsável pela educação
igualmente distin- de suas crianças. Porém, é essa uma visão distorcida, equivocada
tos. No entanto, as e que pode prejudicar imensamente a aprendizagem da criança na
ações educativas escola, a sua socialização com os demais indivíduos e por fim, o
desencadeadas
seu desenvolvimento. Conforme já mencionamos anteriormente,
em favor da
criança é o elo família e escola são dois contextos sociais bem diferentes e
que os aproxima possuem, assim, objetivos igualmente distintos. No entanto, as
e os caracteriza ações educativas desencadeadas em favor da criança é o elo que
(CORRÊA, 2006). os aproxima e os caracteriza (CORRÊA, 2006). Logo,
74
Capítulo 3 A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Ao mesmo tempo, a escola precisa valorizar a história de vida que essa criança
já carrega desde tenra idade, suas vivências, sua experiência na família e na
comunidade e assim, compreender o que ela já sabe e como aprendeu. Dessa forma,
fica muito mais fácil intervir através do processo que se estabelece dentro da sala de
aula. Com certeza, não há como dirigir um planejamento escolar de acordo com a
história particular de cada criança, numa turma que conta com 30 ou 40 estudantes.
75
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Essa parceria deixa sua importância ainda mais evidente no caso de alunos
com algum tipo de deficiência, como é o caso do deficiente auditivo. De acordo
com Mittler (2003, p. 206), “pais de crianças com necessidades especiais têm
uma grande necessidade de relações de trabalho com professores baseadas no
entendimento e na confiança”. Nesse caso, os laços entre a família e a escola
devem ser ainda mais próximos, já que a criança além das características que
todas as crianças possuem e de todas as barreiras que têm que transpor quando
ingressam na escola, tem a deficiência auditiva que é vista, pelo menos pela
maioria, como uma diferença significativa em relação aos demais estudantes
e que pode interferir tanto na sua socialização com os colegas e professores,
quanto na aprendizagem de conceitos científicos propriamente dita. Sendo assim,
no próximo tópico nosso olhar se restringe à participação do deficiente auditivo na
76
Capítulo 3 A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
escola regular, com ênfase ao papel exercido pela colaboração entre a família e a
escola para que tal participação seja a mais exitosa possível para esse estudante.
Atividades de Estudos:
77
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
78
Capítulo 3 A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
79
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
80
Capítulo 3 A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
BASTIANI, 1985, p. 68). Logo, prover a criança com situações que lhe instiguem a
utilização do raciocínio e lhe incitem à socialização e à participação na sociedade
contribuirão de forma significativa em seu desenvolvimento integral e, em especial,
no desenvolvimento de sua linguagem. E vale lembrar que o desenvolvimento da
linguagem será a porta de entrada de novas aprendizagens. Franch e Bastiani
(1985, p. 68) completam essa ideia afirmando que
81
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
82
Capítulo 3 A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
83
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Porém, se a família cumprir bem com o seu papel, muitos dos problemas que
o deficiente auditivo enfrentaria com dificuldades fora de casa, podem ser bem
resolvidos antes mesmo de ele frequentar a escola e a sociedade como um todo.
Logo, para que a etapa em que o aluno deficiente auditivo ingresse na vida escolar
seja a mais natural e a menos traumática possível, entra em cena o papel a ser
desempenhado pela família bem antes de chegar esse momento. Apesar de sua
deficiência ser “apenas” auditiva, sem nenhum problema de ordem cognitiva, é
importante a consciência de que ele é um sujeito surdo em um mundo constituído
em sua maioria por sujeitos ouvintes, o que requer alguns cuidados especiais
que facilitarão a sua participação igualitária nesse mundo. Nesse sentido, Leal,
Palmeiro e Fernandes (1985, p. 71) chamam a atenção para o fato de que
84
Capítulo 3 A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Logo, a família precisa ter a consciência de que o fato de buscar a A família precisa
educação escolar o quanto antes não se trata de assumir uma condição ter a consciência
de inferioridade para o deficiente auditivo que se quer compensar de que o fato de
buscar a educação
através do encaminhamento prematuro à escola. Trata-se de adotar
escolar o quanto
uma postura cujo objetivo seja o de oferecer ao deficiente auditivo, antes não se trata
o mais cedo possível, todos os recursos e oportunidades disponíveis de assumir uma
para que ele possa dar conta de estar em sintonia com os seus pares condição de infe-
e assim ter uma participação exitosa em toda a sua trajetória escolar. rioridade para o
O quanto antes ele se habituar com a vida escolar, com as regras que deficiente auditivo
que se quer com-
dela fazem parte, com a dinâmica dos trabalhos de aprendizagem e de
pensar através do
socialização com os colegas, enfim, com o contexto escolar como um encaminhamento
todo, a tendência é que ele da mesma forma mais cedo comece a se prematuro à
desenvolver de acordo com a conjuntura dos conhecimentos científicos escola. Trata-se
que são predominantes nesse contexto. Isso certamente o ajudará no de adotar uma
momento presente e, também, no futuro tanto na escola quanto fora postura cujo obje-
tivo seja o de ofe-
dela. Damázio (2007, p. 14) corrobora com essa ideia, afirmando que
recer ao deficiente
auditivo, o mais
a inclusão do aluno com surdez deve acontecer
desde a educação infantil [...], garantindo- cedo possível,
lhe, desde cedo, utilizar os recursos de que todos os recursos
necessita para superar as barreiras no processo e oportunidades
educacional e usufruir seus direitos escolares, disponíveis para
exercendo sua cidadania, de acordo com os
que ele possa dar
princípios constitucionais do nosso país.
conta de estar
em sintonia com
Dessa forma, encarar o deficiente auditivo como uma pessoa os seus pares e
normal, apesar de às vezes ser difícil, é o primeiro passo para que ele assim ter uma
também se perceba assim, e não se esconda atrás de sua deficiência participação exito-
sa em toda a sua
e nem a utilize para não esforçar-se o necessário para aprender e se
trajetória escolar.
desenvolver. Também é importante destacar que o fato de encarar a
surdez com naturalidade pode contribuir para que o estudante não se
sinta oprimido, reduzido, sentindo-se a vontade para participar da vida escolar, não
somente na sala de aula, mas também fora dela, no pátio, onde a sociabilidade e
suas vivências também ensinam e contribuem em sua formação.
85
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
formas como intervir pedagogicamente em sala de aula para que este aprenda
os conteúdos ali trabalhados e se desenvolva da forma mais natural possível,
otimizando o seu aproveitamento escolar e, qual o papel que a família assumirá
nesse processo. Nesse ponto entra a questão do currículo e da didática, ou
seja, o olhar recai tanto em relação aos conteúdos que serão programados
para serem trabalhados em sala de aula quanto no que diz respeito às formas
como tais conteúdos serão trabalhados. Segundo Redondo e Carvalho
(2000), o trabalho realizado pelo professor terá como norte os objetivos que
ele pretende alcançar na área da linguagem e por um programa concreto
canalizado para o cumprimento de tais objetivos. Além disso, é fundamental
o diálogo com os pais a respeito desses objetivos e também que o programa
seja adequado de tal forma que a família possa colaborar, aproveitando os
contextos do cotidiano da criança para lhe estimular a linguagem. Além disso,
“é importante utilizar os mais variados recursos de comunicação: além da
linguagem oral, recorrer sem restrições aos gestos, às expressões faciais e
corporais e a um sistema estruturado de sinais” (REDONDO, CARVALHO,
2000, p. 31).
http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/educacao-especial/
maria-cristina-pereira-fala-aprendizagem-lingua-portuguesa-
criancas-surdas-612889.shtml.
86
Capítulo 3 A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
87
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
88
Capítulo 3 A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Atividades de Estudos:
89
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
90
Capítulo 3 A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
91
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Em relação ao currículo para surdos, Perlin (2008) salienta que ele não
precisa diferir do currículo ouvinte, com exceção ao que se refere à oralidade
e à sonoridade. O currículo também deve conter princípios que contemplem a
92
Capítulo 3 A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
93
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
94
Capítulo 3 A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Algumas Considerações
Nesse capítulo, procuramos evidenciar as maneiras como família e escola
podem interagir tendo como objetivo comum a aprendizagem e o desenvolvimento
da criança deficiente auditiva. Salientamos que, não se trata de cada uma das
duas instituições querer interferir no trabalho da outra ao mesmo tempo em que,
também não é objetivo que cada uma realize a tarefa que lhe cabe de forma
individual e isolada. Como duas instituições fundamentais na vida da criança, é
necessário que seja encontrado o equilíbrio de atuação entre ambas no momento
em que essa criança passa a frequentar a escola. Nesse sentido, durante nossas
reflexões acerca desse assunto, alguns pontos ficaram evidentes e merecem uma
breve rememoração.
95
A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
Referências
CORRÊA, M. A. M. Educação Especial V. 1. Rio de Janeiro: Fundação
CECIERJ, 2006.
96
Capítulo 3 A Relação Família, Escola e Deficiência Auditiva
97