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LEIDA MÁRCIA ARLINDO FERNANDO TINGA

GESTÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS PROVENIENTES


DO MERCADO GROSSISTA DO ZIMPETO

Monografia apresentada ao Instituto Superior de


Gestão, Ciências e Tecnologias de Maputo da
Universidade Politécnica Á Politécnica como
requisito final para a obtenção do grau de
licenciatura em Engenharia Ambiental.

Supervisor: Mestre Bento Cambula

Maputo

2022
FOLHA DE APROVAÇÃO

Aos ____ de ____________ de ________ a presente Monografia foi apresentada, numa


defesa pública, na qual lavrou-se uma Acta onde consta que a autora foi aprovada com a
classificação de _____ valores, feita pelos seguintes Membros de Júri:

Presidente:

____________________________________________________

Supervisor:

_____________________________________________________

Arguente:

______________________________________________________

Maputo, aos _____ de ________________ de __________


DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Leida Márcia Arlindo Fernando Tinga, declaro que o trabalho apresentado nesta
monografia para à obtenção do grau de Licenciatura em Engenharia Ambiental é fruto
de uma pesquisa conduzida por mim e pela orientação do meu supervisor. Declaro ainda
que nunca antes foi submetido a qualquer outra instituição para a obtenção de grau
académico. As fontes de informação usadas e consultadas estão devidamente indicadas
na bibliografia do trabalho.

Assinatura

__________________________________________________________

Data______/_____/______
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, primeiramente a mim, as minhas mães Lurdes e Fernanda, e pela
dedicação, resiliência, proeza, motivação para alcançar tamanha conquista, meus
irmãos , minha maior riqueza que desde o princípio acreditaram e incentivaram-me a
não desistir de concretizar este sonho de torna-se Engenheira Ambiental.
Agradecimentos

Agradeço em primeiro lugar a Deus todo poderoso por me permitir trilhar este caminho
maravilhoso do mundo acadêmico.

Não seria possível chegar a este patamar sem a colaboração e auxílio por parte das
pessoas que conheci durante o percurso da minha formação académica. Por isso não
poderei deixar passar esta oportunidade de agradecer a todos aqueles que directa ou
indirectamente, contribuíram para a conclusão da minha formação. Sendo assim,
agradeço em primeiro lugar a minha família, especialmente aos meus irmãos Milton,
Charabil, Edwin, e a minha cunhada Princesa pelo encorajamento, paciência, carinho e
amor, apoio incondicional por eles proporcionados. Agradeço ao meu supervisor Bento
Cambula pela sábia orientação académica na realização deste trabalho de fim do curso.
Estendem-se os meus agradecimentos à Universidade Politécnico de Maputo,
especialmente ao corpo docente do curso de licenciatura em Engenharia Ambiental. De
igual modo, agradeço aos meus amigos em especial Alzira que sempre esteve comigo
em todas conquistas alcançadas, a Eduarda pelo imenso apoio, colegas da escola pelos
laços de amizade e companheirismo durante a formação, especialmente a Akay,
Esperança, Filipa, José, Nancy, que os tenho no meu coração.
PARECER DO SUPERVISOR

RESUMO
A gestão de resíduos em Moçambique, de acordo com decreto no 13/2006 é definida
como sendo todos os procedimentos viáveis com vista a assegurar uma gestão
ambientalmente segura, sustentável e racional dos resíduos, tendo em conta a
necessidade da sua redução, reciclagem e reutilização, incluindo a separação, coleta,
manuseio, transporte, armazenagem e/ou eliminação de resíduos, bem como a posterior
proteção dos locais de eliminação, por forma a proteger a saúde humana e o ambiente
contra os efeitos nocivos que possam advir dos mesmos.

Os resíduos são materiais que perderam a sua capacidade de uso original e dos quais nós
podemos desfazer, sendo assim, é importante que se faça uma boa gestão dos mesmos,
caso contrario o meio ambiente é colocado em risco. São vários os tipos de resíduos e
dividem-se em vários grupos, sendo um desses os resíduos orgânicos produzidos no
mercado do Zimpeto.

O tratamento inadequado dos Resíduos Orgânicos em Moçambique, particularmente na


cidade de Maputo, provoca a contaminação do solo, da saúde e de lençóis freáticos.
Vista a relevância do tema, o presente trabalho visa analisar o processo de gestão e
tratamento dos resíduos orgânicos nos mercados, como caso de estudo o Mercado do
Zimpeto.

De maneira mais especifica, este trabalho visa descrever as praticas de gestão e


tratamento de resíduos orgânicos no Mercado do Zimpeto em Maputo, identificar as
principais dificuldades desta gestão, e descrever os problemas enfrentados pela
população, e descrever até que ponto o conselho municipal tem feito a recolha e
destinação adequada.
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS

 ONGs - Organização Não Governamentais


 OMS - Organização Mundial da Saúde
 ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas
 CNEN- Comissão Nacional de Energia Nuclear
 MICOA- Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
Contextualização

O crescimento acelerado populacional quando associado às mudanças de hábitos


incrementa um aumento na produção de materiais e atividades. Estes, por sua vez, à
medida que são produzidos e consumidos, acarretam um surgimento cada vez maior de
resíduos em geral, os quais, coletados ou postos de forma inadequada, trazem
significativas transformações ambientais que têm se tornado um dos maiores desafios
do planeta. A produção exagerada desses resíduos é baseada numa questão que vem se
agravando de forma gradativa, a partir do aumento da população e das mudanças nos
hábitos de vida.

A problemática dos resíduos sólidos tem sido amplamente discutida dentro do


saneamento do meio. Nos últimos tempos, observa-se que a grande produção de
resíduos é impulsionada principalmente pelo crescimento populacional contínuo e
desordenado, ao modo consumista de viver da sociedade actual, bem como a falta de
políticas de investimento e fiscalização para a colecta, deposição e tratamento dos
resíduos sólidos urbanos. Todos esses factores têm contribuído para tornar o acúmulo
dos resíduos um grave problema social e ambiental (Luna et al, 2003).

Uma das piores consequências do estilo de vida moderno é a enorme quantidade de


resíduos produzidos comumente denominados como lixo. De alguma forma as soluções
para este problema não são simples e rápidas, pois envolvem directamente o modo de
vida da maioria das civilizações modernas. Dentre as soluções para o lixo está a sua
redução e o desenvolvimento de procedimentos sustentáveis para com o lixo produzido
inevitavelmente.

Para tal, é necessário o desenvolvimento de um bom programa de educação ambiental,


sensibilização, e de tecnologias viáveis. A educação ambiental envolve vários factores,
entre eles ela deve estar adaptada à comunidade em que ela vai ser desenvolvida. A
conscientização da sociedade actual em relação aos impactos ambientais vem crescendo
a cada ano e, neste contexto a gestão de resíduos tem sido amplamente discutida na
sociedade, na mídia, e no poder legislativo.

No contexto dos resíduos sólidos, quando depositados de forma inadequada produzem


grandes impactos ambientais, causando poluição das águas superficiais e subterrâneas,
contaminação dos solos e do ar e a proliferação de doenças; não constituem somente um
problema de ordem estética, mas representam também uma séria ameaça ao homem e ao
meio ambiente, diminuindo consideravelmente os espaços úteis disponíveis Tenório e
Espinosa, (2004).

Assim, considerando a relevância e actualidade do tema, e seu impacto na saúde da


população e no meio ambiente, o objectivo desta pesquisa é investigar e analisar o
incorrecto manuseamento dos resíduos orgânicos.

FERTILIZA- Centro de Valorização do Lixo Orgânico Em Janeiro de 2008, as ONGs


em parceria com o Município de Maputo e outros parceiros, iniciaram a Fertiliza
(Cooperativa de Responsabilidade Limitada), projeto que surgiu com o objetivo de dar
um destino adequado aos resíduos vegetais gerados nos mercados e feiras,
transformando-os, por meio da compostagem, em matéria orgânica para adubagem.
Desde agosto de 2008, parte desse resíduo vegetal produzido é recolhido em pontos
estratégicos e transportado por meio de carrinhos puxados à mão, carroças, para um
terreno contíguo disponibilizado pelo Município de Maputo, onde funciona a Fertiliza.

Delimitação do tema
A presente pesquisa centrou-se na gestão e tratamento dos resíduos orgânicos
produzidos no Mercado Grossista do Zimpeto

Justificativa

A motivação para este estudo surgiu a partir da observação das condições ambientais
precárias, da rotina e dos processos de manipulação de alimentos no mercado do
Zimpeto que, na sua maioria, apresentam-se deficitários, podendo constituir um
atentado à saúde pública dos comerciantes e utentes do mercado Segundo dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS), os serviços de alimentação são responsáveis por
mais de 50% de ocorrências de doenças, contribuindo para este quadro os ambientes, os
equipamentos, utensílios e manipuladores, que são responsáveis por 24% de todos os
casos de enfermidades, sendo a principal via de contaminação. Assim, recai uma grande
responsabilidade sobre os manipuladores de alimentos, na garantia da segurança dos
serviços de alimentação, pois a incorrecta manipulação e o descuido, em relação as
normas de higiene, favorecem a contaminação por microrganismos patogénicos (Diniz
et al., 2013). Constata-se que não bastam medidas administrativas de controlo ou
provisão de serviços básicos de saneamento, mas também, passa por esta necessidade de
informar, capacitar e educar os indivíduos para que contribuam dentro das suas
responsabilidades para adopção de hábitos de higiene, melhoria das condições de
saneamento rumo à salubridade ambiental, no seio das suas famílias bem como nos seus
ambientes de trabalho. A presente pesquisa possui uma relevância social, na medida em
que vai contribuir para que instituições como Conselho Municipal, invistam não
somente em medidas administrativas, mas também em campanhas de sensibilização dos
comerciantes do mercado do Zimpeto sobre as medidas básicas de higiene na
manipulação dos produtos alimentares, a relação que o seu meio exerce sobre a sua
saúde e dos utentes, de modo que elevem a consciência de que as suas acções têm um
impacto para melhoria ou degeneração da salubridade ambiental e adoptem posturas que
contribuam para promoção da higiene e salubridade ambiental.

Conceitos básicos
Esta secção apresenta os conceitos julgados básicos de modo a permitir que se tenha
uma orientação lógica e precisa para a condução e percepção do estudo,
designadamente: higiene, saneamento, salubridade ambiental, saúde pública, promoção
de saúde e educação ambiental.

Resíduos Sólidos

Definição e Classificação Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas -


ABNT: resíduos sólidos são resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam
de atividades da comunidade, de origem: industrial, doméstica, de serviços de saúde,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Consideram-se também resíduos sólidos
os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos,
cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou
corpo d'água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em
face à melhor tecnologia disponível. (ABNT, 1987).

Classificação de resíduos sólidos

Normalmente os resíduos sólidos são classificados segundo a sua origem, como:

Urbanos: incluem o resíduo domiciliar gerado nas residências, o resíduo comercial,


produzido em escritórios, lojas, hotéis, supermercados, restaurantes e em outros
estabelecimentos afins, os resíduos de serviços, oriundos da limpeza pública urbana,
além dos resíduos de varrição das vias públicas, limpezas de galerias, terrenos, córregos,
praias, feiras, podas, capinação;

Industriais: correspondem aos resíduos gerados nos diversos tipos de indústrias de


processamentos. Em função da periculosidade oferecida por alguns desses resíduos, o
seguinte agrupamento é proposto pela ABNT-NBR 10.004 (1987):

Resíduos Classe I (perigosos): pelas suas características de inflamabilidade,


corrosividade , reatividade, toxidade e patogenicidade, podem apresentar riscos à saúde
pública, provocando ou contribuindo para o aumento da mortalidade ou apresentarem
efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma
inadequada;
Resíduos Classe II (não inertes): incluem-se nesta classe os resíduos potencialmente
biodegradáveis ou combustíveis;

Resíduos Classe III (inertes): perfazem esta classe os resíduos considerados inertes e
não combustíveis.

Resíduos de serviços de saúde: são os resíduos produzidos em hospitais, clínicas


médicas e veterinárias, laboratórios de análises clínicas, farmácias, centros de saúde,
consultórios odontológicos e outros estabelecimentos afins. Esses resíduos podem ser
agrupados em dois níveis distintos:

Resíduos comuns: compreendem os restos de alimentos, papéis, invólucros;

Resíduos sépticos: constituídos de restos de salas de cirurgia, áreas de isolamento,


centros de hemodiálise,. O seu manuseio (acondicionamento, coleta, transporte,
tratamento e destinação final) exige atenção especial, devido ao potencial risco à saúde
pública que podem oferecer.

Resíduos de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: constituem os


resíduos sépticos, que podem conter organismos patogênicos, tais como: materiais de
higiene e de asseio pessoal, restos de alimentos, etc., e veicular doenças de outras
cidades, estados e países.

Resíduos Radioativos (lixo atômico): são resíduos provenientes dos combustíveis


nucleares. Seu gerenciamento é de competência exclusiva da CNEN - Comissão
Nacional de Energia Nuclear.

Resíduos agrícolas: correspondem aos resíduos das atividades da agricultura e da


pecuária, como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita,
esterco animal. A maior preocupação, no momento, está voltada para as embalagens de
agroquímicos, pelo alto grau de toxicidade que apresentam, sendo alvo de legislação
específica.

Entulho: constitui-se de resíduos da construção civil: demolições, restos de obras, solos


de escavações etc.

Tipos de Lixo Responsável


Higiene

“A Higiene (pessoal e do meio ambiente) é o comportamento que é usado para prevenir


infecções” (Gomes &Garau, 2011, p.33). Sob este enfoque, no tocante à higiene do
meio, o Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) (2009)
acrescenta que são acções desenvolvidas no sentido de tornar limpo o meio circundante.

Saneamento

Quando se fala de saneamento, FUNASA (2004,) entende como:

O conjunto de acções socioeconómicas que têm por objectivo alcançar a


Salubridade Ambiental por meio de abastecimento de água potável, colecta e
disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, promoção da disciplina
sanitária de uso do solo, drenagem urbana, controle de doenças transmissíveis e
demais serviços e obras especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as
condições de vida da população.
Ribeiro e Rooke (2010) sintetizam o saneamento como o controlo de todos os factores
do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem
estar físico, mental e social.

Salubridade Ambiental

Salubridade Ambiental é o estado de higiene em que vive a população urbana e rural,


tanto no que se refere à sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de
endemias ou epidemias veiculadas pelo meio ambiente, como no tocante ao seu
potencial de promover o aperfeiçoamento de condições mesológicas favoráveis ao pleno
gozo de saúde e bem-estar (FUNASA, 2004,). Nhancale e Homo (2013,p.5) simplificam
entendendo a “salubridade ambiental, como a qualidade ambiental que previne a
ocorrência de doenças causadas pelo meio ambiente e de promover o aperfeiçoamento
das condições favoráveis à saúde da população”.

Saúde pública

Saúde pública entende-se como a ciência de prevenir a doença, prolongar a vida e


promover a saúde através de esforços organizados da sociedade (George, 2011).
Promoção de saúde “Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da
comunidade para a ctuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma
maior participação no controle deste processo”(Ottawa, 1986)

Resíduos Orgânicos

Os resíduos orgânicos são constituídos basicamente por restos de animais ou vegetais


descartados de atividades humanas. Podem ter diversas origens, como domesticas e
urbanas (restos de alimentos e podas), agrícolas ou industriais (resíduos agroindustriais
alimentícias, indústrias madeireiras), de saneamento básico (lodos de estações de
tratamento de esgotos). São materiais que em ambientes naturais equilibrados, se
degradam espontaneamente e reciclam os nutrientes nos processos da natureza.

As atividades humanas, especialmente em ambientes urbanos, constituem sérios


problemas ambientais, pelo grande volume de lixo gerado e pelos locais inadequados
em que são armazenados ou despostos. A disposição inadequada de resíduos orgânicos
gera chorume, proliferação de vetores de doenças. Assim faz-se necessária a adoção de
métodos adequados de gestão e tratamento de volumes altos dos resíduos, para que a
matéria orgânica presente seja estabilizada e possa cumprir seu papel natural de
fertilizar os solos.

Quais são as melhores praticas para gestão de Resíduos Orgânicos

A Compostagem, Biodigestão, e Vermicompostagem apresentam como melhores


praticas para GRO, sendo assim soluções para escapar de multas referentes ao descarte
incorreto dos resíduos orgânicos.

As melhores práticas para GRO são:

 Compostagem que consiste na degradação dos resíduos com presença de


oxigênio;
 A biodigestão que é processo pelo qual ocorre a degradação dos resíduos com
ausência do oxigênio; e a
 Virmicompostagem onde são usados as minhocas para a compostagem.

Compostagem

Compostagem dos resíduos orgânicos é um processo natural de decomposição que


transforma os resíduos orgânicos em adubo de primeira qualidade. Separar, Reciclar e
reutilizar oque é possível são soluções básicas que podemos tomar para reduzir os
impactos que os resíduos orgânicos trazem ao meio ambiente. Por isso, o
reaproveitamento dos resíduos orgânicos na compostagem é uma ótima saída para
quantidade de lixo que produzimos.

A compostagem pode ser realizada em escala domestica, ou seja, reaproveitando os


restos de alimentos de casa nas composteiras para consumo da própria população, ou em
escala industrial para a produção de fertilizante orgânico.
Como podemos ver nas imagens a:

1.Compostagem Domestica

2.Compostagem em larga escala


Fatores que influenciam o processo da compostagem

Os principais fatores que influenciam o processo da compostagem são de ordem


nutricional e ambiental e, estão relacionados ao controle do processo pelo homem e ao
tipo de tecnologia utilizada no processamento do composto (GALVÃO JÚNIOR, 1994).

 A influência da aeração,
 A influência da temperatura,
 A influência da umidade
 A influência da relação carbono-nitrogênio (C/N) bioestabilizador,
 Tempo de processamento da compostagem.

O tempo necessário para a compostagem de resíduos orgânicos está associado aos


fatores que influem no processo, ao método empregado e às técnicas operacionais. A
compostagem natural demanda um tempo de dois a três meses para atingir a
bioestabilização e de três a quatro meses para a humificação. Pelo método acelerado, a
semicura é atingida entre 45 e 60 dias e a humificação entre 60 e 90 dias. Essa diferença
deve-se basicamente à duração da fase termófila no processo acelerado, que é reduzida
de algumas semanas para 2 a 4 dias (JARDIM, 1995).

Sistemas de compostagem

O processo de compostagem a partir dos resíduos sólidos domiciliares pode ser dividido
em duas fases distintas: a primeira, onde ocorre um tratamento mecânico, visando retirar
da massa de resíduos os produtos recicláveis e indesejáveis e homogeneizar a massa de
resíduos e reduzir a dimensão de seus constituintes; a segunda, em que o material é
fermentado em leiras, completando o processo.

A GRO contribui para o desenvolvimento sustentável aumentando a vida útil dos aterros
sanitários, reduzindo a geração dos resíduos e destinando-os de forma ambientalmente
correta. A gestão viabiliza as ações de triagem dos resíduos recicláveis e reutilizáveis ,
contribuindo assim para redução dos níveis de poluição ambiental.

Fazer a gestão de resíduos orgânicos significa adotar um conjunto de ações adequadas


nas etapas de:

 Coleta,
 Armazenamento,
 Transporte,
 Tratamento,
 Destino final e,
 Tratamento final ambientalmente adequada, com objetivo de minimizar a
produção de resíduos, visando à preservação do meio ambiente.

Modelo de separação refinado

Quando se percebeu que os resíduos poderiam ser reaproveitados e se tornar insumo


para novos materiais, surgiram formas de coleta para recuperar os materiais de maior
interesse para a indústria, em especial, os metais, plásticos, papéis e vidros. As formas
de coleta destes materiais recicláveis secos (que não incluem os orgânicos) utilizam
inclusive cores ou formatos diferentes de lixeiras, padronizados internacionalmente .
Em geral, estas formas de separação descartam os resíduos orgânicos misturados com os
rejeitos, inviabilizando a possibilidade de compostagem e aumentando
significativamente, assim, o volume de resíduos destinados aos aterros sanitários ou, o
que é ainda mais grave, a locais de destinação imprópria para o meio ambiente e para a
saúde pública, como os lixões.
Como já citado no capítulo anterior, resíduos orgânicos têm um importante papel nos
ciclos de nutrientes e destiná-los para aterros sanitários não só é um desperdício
econômico como está em desacordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei
nº 12.305/2010), que prevê que somente rejeitos devem seguir para disposição final.
Para resgatar a função natural dos resíduos orgânicos de fertilizar os solos, outro tipo de
separação dos resíduos pode ser adotado. Considerando a realidade atual dos centros de
triagem de associações e cooperativas de catadores, pode-se proceder à separação em
três frações:
ALTERNATIVAS PARA O TRATAMENTO DOS RESÍDUOS ORGÂNICOS

Existem diversos métodos para o tratamento e a destinação dos resíduos orgânicos, tais
como: vermicompostagem (com minhocas), enterramento, biodigestão, incineração e
compostagem. A seguir, serão apresentadas algumas características destes métodos
Compostagem

A GRO busca uma solução sustentável para as fontes geradoras do lixo, evitando os
aterros sanitários e incremento da poluição. Antes da aprovação de leis ambientais,
como a Politica Nacional de Resíduos, os RO eram destinados a Aterros Sanitários. No
entanto, surgiram maneiras mais ecoeficientes para gestão desses resíduos e uma delas é
reciclagem por meio da reciclagem, e por meio de tratamento biológico.

Conforme a PNRS os resíduos orgânicos não devem ser descartados


indiscriminadamente. É necessário que os geradores se ofereçam para promover uma
gestão de resíduos eficiente.

Compostagem KIEHL (1979), define compostagem como sendo um processo de


transformação de resíduos orgânicos em adubo humificado. Dois estágios podem ser
identificados nessa transformação: o primeiro é denominado digestão, e corresponde à
fase inicial da fermentação, na qual o material alcança o estado de bioestabilização e a
decomposição ainda não se completou. Porém, quando bem caracterizada, a digestão
permite que se use o composto como adubo, sem o risco de causar danos às plantas. O
segundo estágio, mais longo, é o da maturação, no qual a massa em fermentação atinge
a humificação, estado em que o composto apresenta melhores condições como
melhorador do solo e fertilizante. O produto final da compostagem, denominado
composto, é definido como sendo um adubo preparado com restos de animais e/ou
vegetais. Esses resíduos, em estado natural, não têm nenhum valor agrícola; no entanto,
após passarem pelo processo de compostagem, podem transformar-se em excelente
adubo orgânico.

Aplicação do composto

Os adubos químicos (minerais ou inorgânicos) são fabricados de modo a apresentarem


uma relação ideal entre os chamados macronutrientes, nitrogênio (N), fósforo (P) e
potássio (K), elementos básicos que os vegetais retiram do solo para a sua formação e
desenvolvimento. Os adubos minerais, por lei, devem apresentar uma concentração no
mínimo de 24%, em peso, desses macronutrientes e são aplicados, com facilidade, na
proporção de 500 kg em média por hectare.

Os compostos orgânicos obtidos pelo processo de compostagem de lixo, pelo contrário,


apresentam uma concentração baixa desses macronutrientes, entre 1,5 a 2,5 % em peso
(1,2% N + 0,6% K) e a utilização como adubo deve ser vista com reservas, uma vez que
o seu uso implica em média em uma quantidade 17 vezes maior em relação ao
fertilizante mineral. Sua utilização é aconselhada primordialmente para melhorar as
propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, com objetivos especificados por
LUZ (1986):

 Melhorar a estrutura do solo, conglomerando as terras frágeis e soltas;


 Aumentar a capacidade de retenção de ar e de água no solo;
 Prevenir e combater a formação de erosões;
 Favorecer o estabelecimento de minhocas, besouros, microrganismos e outros
seres que revolvem e adubam o solo;
 Facilitar o desenvolvimento das plantas, uma vez que as raízes crescem
insinuando-se nos vazios existentes na terra;
 Tornar o solo mais arável.

Convém frisar que o composto de resíduos sólidos domiciliares não pode ser empregado
de maneira generalizada, pois seu conteúdo relativamente elevado de sais pode ser
prejudicial a uma série de plantas. Também o pH alcalino do composto restringe a sua
aplicação em plantas acidófilas: cenouras, alface, feijão, cebola, arbustos frutíferos,
coníferas e azaléas são algumas plantas sensíveis ao composto orgânico. Dentre as
plantas que aceitam bem o composto orgânico, podem-se citar: árvores frutíferas,
vinhedos, plantas ornamentais, couve e outras hortaliças afins.

A matéria orgânica estabilizada, ou húmus, proveniente da decomposição dos resíduos


orgânicos, contribui para o aumento da fertilidade do solo e da produção vegetal, pelo
que é importante garantir a sua manutenção nos solos agrícolas a níveis adequados.

Tratamento em minhocários ou vermicompostagem

Vermicompostagem é um tipo de compostagem. Todavia, essa técnica utiliza minhocas


para degradar a matéria orgânica presente nos resíduos. Por utilizar minhocas, o
processo é muito mais rápido que a compostagem tradicional, pois os vermes aceleram
o processo de decomposição da matéria orgânica.

Este processo digestivo das minhocas também é uma forma de decomposição da


matéria orgânica e o tratamento de resíduos com este método é chamado de
vermicompostagem ou, simplesmente, tratamento em minhocários, é feito em local
fechado (para não ocorrer fuga das minhocas) e coberto (excesso de umidade é
prejudicial às minhocas), por exemplo, em caixas de plástico. Os resíduos são então
dispostos no minhocário com adição de matéria seca. Os minhocários podem ter
diversos tamanhos, proporcionais à produção de resíduos orgânicos. Já as minhocas
escolhidas devem ser preferencialmente de espécies que se alimentem de resíduos
frescos. No Brasil, as minhocas mais utilizadas para tratar resíduos orgânicos são as
minhocas californianas, que podem ser adquiridas em sites especializados ou doadas por
pessoas que já possuem minhocário.

O substrato formado no tratamento dos resíduos orgânicos é húmus de minhocas, um


fertilizante muito rico em nutrientes . O húmus é inodoro, leve, macio, solto, finamente
granulado e rico em minerais que são absorvidos pelas plantas. O seu PH neutro permite
que o adubo seja colocado diretamente sobre raízes das plantas sem causar danos a elas,
como queimaduras.

As minhocas trituram os resíduos orgânicos, liberando um muco que facilita a


decomposição por microorganismos decompositores, o processo de humificação é
acelerado. Assim sendo, o Vermicomposto tem uma qualidade melhor do que o
composto formado na compostagem tradicional.

Biodigestão anaeróbia

A biodigestão de RO é um processo parecido com a compostagem, no entanto é


realizado em um ambiente totalmente anaeróbico (sem presença de oxigênio). Os
subprodutos formados na biodigestão são o biogás composto basicamento por metano (
CH4) e o gás carbônico(CO2). Assim é possível obter energia dos resíduos e produzir
energia, gerando lucro. E o biofertilizante, um produto muito rico em nutrientes e
considerados um adubo natural, sem produtos químicos.

Os biodigestores são equipamentos que promovem processos anaeróbicos de


degradação da matéria orgânica, ou seja, degradação na ausência de oxigênio. Como
subprodutos tem-se a produção de fertilizantes (geralmente líquidos) e gases (o biogás),
em especial o gás metano (CH4), que é um combustível. A grande vantagem desta
tecnologia de reciclagem dos resíduos orgânicos é que o gás metano gerado poder ser
aproveitado para geração de calor, energia elétrica ou como combustível em automóveis
ou outros motores adaptados.

Por outro lado, esta tecnologia é mais complexa do que a compostagem, necessitando
de infraestruturas adequadas para a produção e condução do gás metano e de
conhecimento técnico especializado para operar o biodigestor de forma segura. É um
método que funciona bem no tratamento de resíduos líquidos e é muito utilizado no
tratamento de estercos animais, especialmente de suínos, como ocorre nos estados de
Santa Catarina e Paraná. É também utilizado para extração de biogás de resíduos da
coleta indiferenciada (orgânicos misturados com rejeitos), em unidades de tratamento
mecânico-biológico (TMB)

TIPOS DE LIXO

Lixo Orgânico e Inorgânico

Lixo orgânico é todo resíduo que provem da matéria orgânica ou seja restos de vegetais
(folhas, cascas, talos, raízes, galhos, restos de comida) e também animais (como
possíveis insetos que ficam presentes nos alimentos). Lixo orgânico é todo resíduo de
origem animal ou vegetal, como os restos de alimentos, folhas, sementes, papéis, etc.
Em geral é utilizado em compostagem para fabricação de adubos.

Lixo Inorgânico é todo material sintético, que tem origem não biológico, que é
produzido pelo homem por um meio não-natural como plástico, vidro, alumínio (o que
inclui embalagens plásticas ou de papel, garrafas e latas).

Educação ambiental

Educação Ambiental Segundo MICOA (2009) é um processo permanente, no qual os


indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem
conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a
agir individual e colectivamente e resolver problemas ambientais presentes e futuros.
Condições de higiene em mercados e riscos na contaminação de alimentos

Segundo o CMM (2014),"a falta de condições higiénicas dos produtos alimentares


oferecidos nos comércios informais assim como a falta de higiene e salubridade em
alguns dos mercados municipais constituem factores de risco consideráveis para a saúde
da população da cidade de Maputo".

A Educação Ambiental

Uma comunicação cuidadosa e clara com a comunidade é vital para qualquer programa
de coleta seletiva. Se o processo de planejamento estimular a participação pública, a
comunidade provavelmente terá uma identificação com o programa de reciclagem
proposto, bem antes que ele se inicie de fato. A educação ambiental tem se mostrado a
chave fundamental para o sucesso dos programas de reciclagem, pois propicia a
aprendizagem do cidadão sobre o seu papel como gerador de resíduos, atingindo
escolas, repartições públicas, residências, escritórios, fábricas, lojas, enfim, todos os
locais onde os cidadãos geram resíduos.

Um dos princípios básicos da educação ambiental sobre os resíduos é o conceito dos


três "Rs": reduzir, reutilizar e reciclar.

Reduzir: estimular o cidadão a reduzir a quantidade de resíduos que gera, através do


reordenamento dos materiais usados no seu cotidiano, combatendo o desperdício que
resulta em ônus para o poder público, e consequentemente, para o contribuinte, a par de
favorecer a preservação dos recursos naturais.

Reutilizar: reaproveitar os mesmos objetos, escrever na frente e verso da folha de


papel, usar embalagens retornáveis e reaproveitar embalagens descartáveis para outros
fins são algumas práticas recomendadas para os programas de educação ambiental.
Reciclar: contribuir com os programas de coleta seletiva, separando e entregando os
materiais recicláveis, quando não for possível reduzi-los ou reutilizá-los.

Aspectos econômicos e financeiros da coleta seletiva

Do ponto de vista estritamente financeiro, a viabilidade de um sistema de coleta seletiva


pode ser determinada através de uma análise de custo-benefício.

Os custos são classificados em custo de capital e custos de operação e de manutenção


do sistema.

Os custos de capital compreendem: terrenos, instalações, veículos, conjunto de


recipientes para a segregação, projeto do sistema e demais custos iniciais.

Os custos de operação e manutenção compreendem: salários, e encargos, combustíveis


e lubrificantes, água, energia, seguros, licenças, manutenção, administração, divulgação,
serviços de terceiros, “leasing” de equipamentos, entre outros.

Os benefícios são classificados em receitas e economias

As receitas são oriundas da venda dos materiais recicláveis e as economias dizem


respeito à redução no custo de transferência e disposição final desses materiais.
Segundo o CEMPRE (1993), é importante observar que a análise custo-benefício não é
o único indicador de viabilidade, já que não leva em conta os benefícios sociais e
ambientais decorrentes da reciclagem.

Vantagens e desvantagens da coleta seletiva

A coleta seletiva apresenta algumas vantagens expressivas, dentre as quais se sobressai:

Vantagens Desvantagens
 A boa qualidade dos materiais  Elevado custo da coleta e
recuperados, uma vez que não transporte, pois necessita de
ficaram sujeitos à mistura com veículos especiais, que passam em
outros materiais presentes na dias diferentes dos da coleta
massa de resíduos; convencional;
 A redução do volume de resíduos a  Necessidade de um centro de
serem dispostos em aterros triagem, onde os recicláveis são
sanitários; separados por tipo, mesmo após a
 O estímulo à cidadania; - a maior segregação na fonte.
flexibilidade, pois pode ser feita
em pequena escala e ampliada
gradativamente;
 A possibilidade de parcerias entre
escolas, associações ecológicas,
empresas, catadores, sucateiros.

MODELOS EFICIENTES E SUSTENTÁVEIS NA GESTÃO DOS RESÍDUOS


SÓLIDOS

Coleta e Transporte de Resíduos Sólidos Segundo MONTEIRO (2001), significa


recolher o lixo acondicionado por quem o produz para encaminhá-lo, mediante
transporte adequado, a uma possível estação de transferência, a um eventual tratamento
e à disposição final. Coleta-se o lixo para evitar problemas de saúde que ele possa
propiciar.

Em Moçambique, o decreto lei n.º 13 /2006 de 15 de Junho de 2006 que aprova o


Regulamento sobre Gestão de Resíduos Sólidos, define resíduos sólidos como
“substâncias ou objetos que se eliminam ou que se tem a intenção de eliminar ou ainda
que se é obrigado por lei a eliminar, também designados por lixos” (MOÇAMBIQUE,
2006, art. 1 alínea l).

Segundo BUQUE (2013), o conceito de gestão integrada de resíduos sólidos considera


todo o ciclo de produção, consumo, descarte e destino dos resíduos sólidos. O modelo
de gestão integrada vai ao encontro do preconizado pela agenda 21: transformação da
matriz de produção e consumo, considerando-se o princípio dos 3Rs - Reduzir,
Reutilizar e Reciclar. De acordo com SEBRAE (2012), o sucesso da fórmula foi tão
grande que hoje já se fala em 7Rs:
 Repensar - não tomar atitudes por impulso, ou seja, analisar a necessidade da
aquisição, tendo como princípio, o questionamento sobre o que é fundamental;
 Recusar - ao concluir que determinado consumo é desnecessário, a atitude mais
sensata é recusar a oferta;
 Reduzir - este é o princípio do consumo racional, sem excessos, exige que não se
adquira algo que não será utilizado ou consumido, seja nas residências ou nas
empresas;
 Reparar - verificar, antes de destinar algo ao lixo, se tem conserto, a atitude
pode sair mais barata e ainda contribui com a redução de resíduos;
 Reutilizar - um mesmo objeto pode ter múltiplas funcionalidades, sem agredir o
meio ambiente, há embalagens que podem ser reutilizadas com outros fins e
diversos outros objectos que podem ter usos criativos;
 Reciclar - significa transformar objectos materiais usados em novos produtos
para o consumo (metais, papéis e papelões, plásticos, vidros), mas depende da
separação para a coleta seletiva;
 Reintegrar - é uma ação relacionada a alimentos e outros produtos orgânicos,
que podem retornar à natureza. Um dos principais meios é a compostagem, para
a produção de adubo.

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM MOÇAMBIQUE

A gestão de resíduos sólidos no país é um grande desafio devido às dificuldades


técnicas de organização da recolha e deposição final de resíduos, à falta de recursos
financeiros e humanos destinados ao sector e à fraca cobertura dos serviços. Segundo a
lei, constitui responsabilidade das Autoridades Locais, a implementação dos sistemas
de recolha e tratamento de resíduos sólidos e limpeza pública. Porém, ainda existe
pouca informação sobre a produção de resíduos em Moçambique .( DESTAQUE
RURAL Nº 76 09 de Dezembro de 2019 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM
MOÇAMBIQUE Mélica Helena Chandamela).

Gestão de resíduos sólidos “refere-se aos aspectos tecnológicos e operacionais da


questão, envolvendo factores administrativos, económicos, ambientais e de
desempenho: produtividade e qualidade, por exemplo, e relaciona-se à prevenção,
redução, segregação, reutilização, acondicionamento, colecta, transporte, tratamento,
recuperação de energia e destinação final de resíduos” (MICOA, 2007).
Classificação dos resíduos sólidos

 Quanto à composição: Orgânico e Inorgânico;


 Quanto à origem: Urbanos; Industriais; Resíduos de serviços de saúde;
Resíduos comuns; Resíduos sépticos; Resíduos de portos, aeroportos, terminais
rodoviários e ferroviários; Resíduos agrícolas; Construção civil; Resíduos
Radioactivos (lixo atómico).

De acordo com decreto nr. 94/2014, que regulamenta a gestão de resíduos em


Moçambique, classifica-os em não perigosos os seguintes (Conselho de Ministros,
2014):

a) Resíduos sólidos domésticos: provenientes de habitações;

b) Resíduos sólidos comerciais: provenientes de estabelecimentos comerciais,


escritórios, restaurantes e outros similares, cujo volume diário não exceda 1.100
litros, que são depositados em recipientes em condições semelhantes aos resíduos
domésticos;c) Resíduos domésticos volumosos: provenientes das habitações, cuja
remoção não se torne possível por meios normais, atendendo ao volume, forma ou
dimensões que apresentam, ou cuja disposição nos contentores seja considerada
inconvenientes pelo Município;

d) Resíduos de jardins: resultantes da conservação de jardins particulares, tais


como: aparas, ramos, troncos ou folhas;

e) Resíduos sólidos resultantes da limpeza pública de jardins, parques, vias,


cemitérios e outros espaços públicos;

f) Resíduos sólidos industriais, resultantes de actividades industriais e equiparados


a resíduos sólidos urbanos;

g) Resíduos sólidos hospitalares, não contaminados, equiparáveis aos domésticos;


h) Resíduos provenientes da defecação de animais nas ruas.

Consoante o vertido no no 1 do artigo 14 (Segregação e acondicionamento de Resíduos


Sólidos Urbanos), são segregados de acordo com as seguintes categorias:
a) Matéria orgânica;

b) Papel ou cartão;

c) Entulho;

d) Plástico;

e) Vidro;

f) Metal;

g) Têxteis;

h) Borracha;

i) Resíduos domésticos volumosos;

j) Resíduos especiais.

Resíduos Descrição
Resíduos Sólidos Resíduos usualmente produzidos nas habitações unifamiliares e plurifamiliares, nomeadamente
Domésticos os resultantes das actividades de preparação de alimentos e da limpeza desses locais.
Resíduos Verdes Os provenientes da limpeza e manutenção dos jardins das habitações unifamiliares e
Urbanos plurifamiliares, nomeadamente aparas, troncos, ramos e relva.
Resíduos Sólidos de Os provenientes da limpeza pública, sendo o conjunto de actividades que se destina a recolher
Limpeza Pública os resíduos sólidos existentes na via ou noutros espaços públicos.
Resíduos Sólidos Os produzidos por um ou vários estabelecimentos comerciais ou serviços, com uma
Comerciais administração
Equiparados a Resíduos
Sólidos Urbanos
Resíduos Sólidos Os produzidos por uma única entidade ou resultantes de actividades acessórias da actividade
Industriais Equiparados industrial que pela sua natureza ou composição, sejam semelhantes aos resíduos sólidos
a Resíduos Sólidos domésticos, nomeadamente os provenientes de refeitórios e escritórios, cuja produção diária não
Urbanos exceda os 1.100 litros.
Resíduos Sólidos Os produzidos em unidades de prestação de cuidados de saúde, incluindo as actividades médicas
Hospitalares Não de diagnóstico, tratamento e prevenção de doença em seres humanos ou animais e as actividades
Contaminados relacionadas que não estejam contaminadas nos termos da legislação em vigor e que pela sua
Equiparados a Resíduos natureza e composição sejam semelhantes aos resíduos sólidos domésticos cuja produção diária
Sólidos Urbanos não exceda os 1.100 litros.
Dejectos de Animais Excrementos provenientes da defecação de animais na via pública.
Monstros Objectos volumosos fora de uso, provenientes de habitações unifamiliares e plurifamiliares que
pelo seu volume, forma ou dimensões não possam ser recolhidos pelos processos normais de
remoção.
Óleos Alimentares Resultam da utilização de óleos na alimentação humana
Usados
Resíduos Orgânicos Os provenientes dos restos de cozinhas, restaurantes, cantinas, mercados, supermercados,
essencialmente de origem vegetal e ainda os originados a partir da limpeza de jardins, sendo
neste caso constituído basicamente por folhagens, relva e ervas.
Outros Resíduos Papel, plástico e vidro. Pilhas, acumuladores, embalagens de metal e madeira, equipamentos
(Fluxos) eléctricos e electrónicos, resíduos de construção e demolição, pneus usados, efluentes líquidos e
lamas.

Classificação dos resíduos sólidos

Para o propósito deste trabalho, resíduo Sólido é tido como sendo portátil, sólido, não
perigoso sobre-produto, (restos, refugo) que é visto como indesejado e tenha sido
descartado, deitado fora, ou abandonado como não tendo valor de uso (ou não sendo
mais útil) e que é produzido pelas actividades ou processos de residências (casas
domésticas, famílias) e comércio, e que requer ordenada eliminação para proteger o
bem-estar público e o ambiente.

A classificação dos resíduos sólidos é bem diversificada, deste modo, D´Almeida et al


(2000) classificam os resíduos sólidos de acordo com a natureza física em seco e
molhado; e por sua composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica.

Segundo a ABNT (1987), os resíduos sólidos, estão definidos de acordo com a NBR
10004, que os classifica quanto a seus riscos ao meio ambiente e à saúde pública. A
fonte distingue três classes para os resíduos: Classe I – resíduos perigosos, Classe II –
não-inertes e classe III – inertes.

Classe I (Perigosos): Apresentam risco à saúde pública ou ao meio ambiente,


caracterizando-se por possuir uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade,
corrosibilidade, reactividade, toxicidade e patogenicidade.
Classe II (Não-inertes): Podem ter propriedades como: combustibilidade,
biodegradabilidade ou solubilidade, porém, não se enquadram como resíduo I ou III.

Classe III (Inertes): Não têm constituinte algum solubilizado em concentração superior
ao padrão de potabilidade de águas.

A origem é o principal elemento para a caracterização dos resíduos sólidos. De acordo


com Monteiro (2003), a partir deste critério, os diferentes tipos de lixo podem ser
agrupados da seguinte maneira:

Doméstico ou residencial: São os resíduos gerados nas actividades diárias em casas,


apartamentos, condomínios e demais edificações residenciais.

Comercial: São os resíduos gerados em estabelecimentos comerciais, cujas


características dependem da actividade ali desenvolvida. Nas actividades de limpeza
urbana, o tipo "doméstico" e "comercial" constituem o chamado "resíduo domiciliar",
que, junto com o resíduo público, representam a maior parcela dos resíduos sólidos
produzidos nas cidades.

Público: São os resíduos presentes nos logradouros públicos, em geral resultantes da


natureza, tais como folhas, galhadas, poeira, terra e areia, e também aqueles descartados
irregular e indevidamente pela população, como entulho, bens considerados inservíveis,
papéis, restos de embalagens e alimentos.

Domiciliar: Especial Grupo que compreende os entulhos de obras, pilhas e baterias,


lâmpadas fluorescentes e pneus. Observe que os entulhos de obra, também conhecidos
como resíduos da construção civil, só estão enquadrados nesta categoria por causa da
grande quantidade de sua geração e pela importância que sua recuperação e reciclagem
vêm assumindo no cenário nacional.

Fontes especiais: São resíduos que, em função de suas características peculiares,


passam a merecer cuidados especiais em seu manuseio, acondicionamento, estocagem,
transporte ou disposição final. Dentro da classe de resíduos de fontes especiais,
merecem destaque: resíduo industrial, radioactivo, de portos, aeroportos e terminais
rodo-ferroviários, agrícola e resíduos de serviços de saúde.
Para Fonseca (1999), os resíduos podem ser classificados segundo a possibilidade de
degradação:

Resíduos orgânicos: estes podem ser degradados por acção biológica e decompõem-se
com o tempo, sendo que tem a possibilidade de integração ao solo. Sua origem é do tipo
animal, vegetal e todos aqueles materiais que contém carbono, hidrogénio, oxigénio e
nitrogénio. O seu inadequado maneio pode conduzir à contaminação do solo, da água e
do ar, podendo gerar focos infecciosos e atrair vectores de enfermidades.

Resíduos inorgânicos: são formados por todas as substâncias pouco alteráveis por
acção biológica, considerados na forma ampla como “não biodegradáveis”;
nomeadamente, plástico, vidro, cerâmica, materiais sintéticos, metais, entre outros.

INSPIRAÇÕES NO MUNDO NA GESTÃO DE RESÍDUOS E CONCEITOS DE


“LIXO ZERO” E ECONOMIA CIRCULAR

A ideia de que o lixo pode ser transformado em ouro intoxica algumas pessoas. Vêem
os trabalhadores do sector informal a viver da reciclagem de resíduos e acham que
podem enriquecer ou que os serviços de gestão de resíduos sólidos podem ser
financiados com os recursos da reciclagem. ... A experiência indica ser muito difícil
financiar a operação de instalações de reciclagem em larga escala apenas com a venda
de materiais recuperados .

O conceito “Lixo Zero” é definido como uma meta ética, económica, eficiente e
visionária, estabelecida para guiar na mudança do modo de vida e práticas de forma a
preservar os ciclos naturais sustentáveis, onde todos os materiais são projectados para
permitir a sua recuperação e uso pós-consumo. Este conceito está intimamente
relacionado à economia circular, em que os produtos e serviços têm origem em factores
da natureza e, no final de vida útil, retornam à natureza, acarretando, no entanto, menor
impacto ambiental. O objectivo é manter ou alterar esses materiais com alto valor
comercial e de utilidade. O objectivo é acabar com a deposição destes materiais em
aterros sanitários ou incineradoras. Para tal, seguem-se os 5 Rs do conceito:

 Repensar (nos hábitos de consumo e descarte), Recusar (todo o material que


seja prejudicial ao ambiente),
 Reduzir (a produção de resíduos),
 Reutilizar (todo o material que possa ser útil por mais de uma vez) e
 Reciclar (todo o resíduo que possa servir de matéria prima para produção de
outros produtos). Este é um papel de todos os integrantes da sociedade, desde os
governos e indústrias até aos comerciantes, consumidores e os cidadãos em
geral.

No entanto, tal meta é ainda de difícil alcance nas cidades de países pobres, uma vez
que, nestes países a gestão apresenta várias lacunas, sendo a colecta deficiente de
resíduos um exemplo, situando-se na margem de 41% contra 98% dos países
desenvolvidos.

SOLUÇÕES

Existe uma vasta gama de soluções que abarcam o universo dos factores relacionados
com resíduos sólidos. Nesta parte, vamos focar unicamente o tema das embalagens. O
decreto nº 79/2014, de 29 de Dezembro, aprova o Regulamento sobre a
Responsabilidade Alargada do Produtor e Importador de Embalagens (RAP), cujo
intuito principal é contribuir para a melhoria da gestão de resíduos no país. Entre as
várias medidas previstas no RAP, prevê-se a definição de uma Taxa Ambiental sobre a
Embalagem (TAE) a ser paga por todos os produtores e importadores de embalagens.
Estima-se que a TAE possa gerar mais de 10 milhões de USD por ano - num cenário
conservador de tributação, o que poderá representar um balanço económico positivo
estimando-se que, por cada metical aplicado na TAE, sejam gerados através da
valorização dos resíduos de embalagem... Nesse cenário, espera-se que até 2023 a
reciclagem dos resíduos de embalagens seja superior a 30 %, o que representa uma
valorização de cerca de 3 kg por habitante por ano. De acordo com o decreto n°
16/2015 de 5 de Agosto, é proibida no país a “produção, importação, comercialização a
retalho ou a grosso de saco plástico cuja espessura seja inferior aos 30 micrómetros...”,
salvo algumas excepções, e “distribuição gratuita de saco plástico em todos os locais
onde se exerça a actividade comercial...” Apesar da massiva responsabilidade do
governo na gestão de resíduos, devendo agir de forma a possibilitar a implementação da
legislação e a devida fiscalização, cada cidadão deve contribuir nesta gestão para que
seja, de facto, eficaz. A regra dos 5R sugere que todo o resíduo, dentro de suas
capacidades, deve ser reutilizado e reciclado. Desta forma, será observada uma redução
significativa na produção de lixo. A triagem é uma fase importante na gestão,
consistindo na separação dos resíduos consoante o tipo. Isto facilita no encaminhamento
apropriado de cada tipo de resíduo, tendo em conta a reciclabilidade,
biodegradabilidade, etc. Portanto, existe necessidade de conscientização da sociedade
quanto à problemática de resíduos para que se observem mudanças de atitude.
Recentemente, têm sido levadas a cabo campanhas de limpeza e sensibilização, porém a
aderência a estas ainda deixa muito a desejar.

Legislação Moçambicana

Internamente, o país adoptou uma legislação, programas e planos que contribuam para
uma melhor gestão de resíduos sólidos, a saber:

 Lei de Ambiente no 20/97 de 1 de Outubro possui uma Estratégia de Gestão


Integrada de Resíduos sólidos Urbanos em Moçambique (2013-2015);
 Regulamentos sobre a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (Decreto n.94/2014,
de 31 de Dezembro;
 Regulamentos sobre a Gestão de Resíduos Perigosos (Decreto n.83/2014, de 31
de Dezembro).
Exemplos de Zonas de compostagem em Mocambique
O único Centro de Compostagem do Niassa foi criado para incentivar os camponeses a
investir na reciclagem orgânica, reduzindo os custos com adubos químicos e
aumentando a produtividade dos campos de cultivo.

Centro de Demonstração de Compostagem Orgânica do Lichinga.

Na cidade de Lichinga, província de Niassa, jovens apostam na compostagem para


minimizar problemas de lixo. Inserido no projeto "Lixo é riqueza”, o Centro de
Compostagem pretende incentivar produtores à reciclagem orgânica, diminuindo os
custos com adubos químicos e aumentando a produtividade dos solos.
A coleta acontece de forma seletiva. Primeiro, eles escolhem resíduos sólidos e
orgânicos. Normalmente, tratam-se de podas de árvores, restos de alimentos, folhas das
árvores, restos de serradura, farelo e excremento bovino. O lixo selecionado é então
levado a um campo de produção com vários tipos de compostos orgânicos: alguns por
baixo da terra, e outros aéreos.

Júlio Benesse, membro da iniciativa, contou que, dentro desses compostos, eles fazem a
separação dos resíduos, como podas de árvores numa camada, restos de verdura em
outra, grãos e restos de alimentos juntos e, por fim, a terra que se usa para a produção de
hortícolas. "Nessa fase, é preciso fazer a mistura de tudo que possa influenciar a
compostagem de resíduos orgânicos. Depois de dois a quatro meses de decomposição, o
resultado desse processo é o adubo orgânico, que acaba sendo utilizado no campo de
produção”, explicou Benesse.
Recursos do próprio quintal
O único Centro de Compostagem do Niassa foi criado este ano pelo Comitê
de Monitoria de Responsabilização Social. O edil de Lichinga, Saíde Amido, visitou
recentemente o Centro de Compostagem e apelou à população para reaproveitar os
resíduos. Amido disse que o melhor gestor de resíduos sólidos da cidade é o próprio
morador. "Aqui ficou claro que, em vez de pensarmos que tudo é da responsabilidade
do Conselho Municipal, nós podemos fazer isso no nosso próprio quintal. Podemos
separar vários tipos de resíduos sólidos: plásticos, restos de comida, capim, tudo que
acharmos em nossos quintais. E assim reutilizar esses recursos para outros
aproveitamentos”, afirmou o edil.
"Lixo é riqueza"
Para Jafar Amado, presidente do Comité de Monitoria e Responsabilização Social em
Lichinga, o desafio agora é apelar aos munícipes para que adotem práticas adequadas
no tratamento de resíduos sólidos."Temos que difundir essa informação. Depois da
entrega desse Centro de Compostagem, começaremos já a trabalhar passando o
conhecimento para todos os bairros. Talvez, isso já aconteça no próximo mês”,
informou Amado.

Com o Centro de Compostagem, Agostinho Cigarro, diretor da organização não-


governamental Concern Universal Moçambique, que também apoia a iniciativa,
espera que os munícipes vejam o lixo como uma mais-valia. "Lançámos a
campanha Lixo é Riqueza, em outubro do ano passado (2016). O objetivo é fazer
com que o cidadão aprenda a valorizar o lixo. Nós verificamos que, de fato, lixo não
é lixo, mas um capital. Trata-se de um recurso com potencial para ser transformado
em algo que pode garantir uma grande produtividade”, declarou. Agostinho Cigarro
concluiu dizendo que o desafio da Organização é acompanhar os produtores na
iniciativa em todos os bairros, bem como apoiar os produtores da região.( Em
Lichinga, "lixo é riqueza")
Camponeses aprendem a preparar o solo para aumentar a produtividade nas áreas de
cultivo.

A área de estudo

A Postura Municipal sobre os Mercados e Feiras define mercados como instalações, em


locais vedados ou não, sob administração do Conselho Municipal ou de outro ente em
regime de concessão ou Parcerias Público-Privadas, nos quais vendedores promovem a
venda ou facilitam a aquisição de géneros aos consumidores, bem como a prestação de
determinados serviços permitidos pelo Conselho Municipal. Este instrumento classifica
os mercados em:

 Mercado Abastecedor;
 Mercado Grossista;
 Mercados do Bairro;
 Mercados informais.

Neste caso, Maputo tem 61 mercados, dentre eles 39 do bairro, 1 grossista e cerca de 21
informais. Destes, escolheu-se 4 para a realização da presente pesquisa, onde se
privilegiou a sua fácil localização, o que de algum modo, tornaria a busca de dados mais
eficaz (vide mapa 3). São eles:

 Mercados do bairro: Mercado Central e Mercado Janet;


 Mercado informal: Mercado Malanga Informal;
 Mercado grossista: Mercado Grossista do Zimpeto.

Mercado Central

O Mercado Central localiza-se na baixa da Cidade de Maputo, no Distrito Municipal


Ka-Mpfumo no quarteirão compreendido entre as Avenidas 25 de Setembro, Filipe
Samuel Magaia, Zedequias Manganhela e Karl Max. É um dos maiores mercados da
Cidade de Maputo e é frequentado por muitos estrangeiros e turistas. A construção deste
mercado é de alvenaria e funciona desde 1901. Tem no total 529 ocupantes.

 Figura 1: Mercado Central


Fonte: Linda Siquela (10 de Fevereiro de 2014)

Mercado Janet

O Mercado Janet localiza-se no Bairro Central, no Distrito Municipal Ka-Mpfumo,


entre as avenidas Vladmir Lenin e Mao-Tse-Tung, nas proximidades da Igreja Nossa
Senhora das Vitórias. Tem uma estrutura de alvenaria, misturada com material precário
e dedica-se à comercialização de produtos agrícolas à retalho, bem como outros
produtos enlatados, ensacados, dentre outros. Conta com 527 vendedores.
Fonte: Linda Siquela (10 de Fevereiro de 2014)

Mercado Malanga Informal

O Mercado Malanga Informal localiza-se no Bairro da Malanga, Distrito Municipal Ka-


Lhamanculo, ao longo da Av. do Trabalho. A construção é de alvenaria e artesanal.
Aparentemente, é um mercado que prática preços muito baixos. O fluxo de pessoas é
bastante acentuado dado que ai se deslocam camionistas para descarregarem produtos
importados dos países vizinhos como África do Sul e Suazilândia. Estes produtos são
vendidos na sua maior parte a grosso a vendedores de outros mercados. O mercado
conta com 665 ocupantes.

Figura 3: Mercado Malanga Informal

Fonte: Linda Siquela (10 de Fevereiro de 2014)


Mercado Grossista do Zimpeto

Zimpeto é uma área peri-urbana da Cidade de Maputo, com cerca de 27.689


habitantes3, encontra-se situado no Distrito Municipal kamubukuane a norte da Cidade
de Maputo. Nesta zona localiza-se o mercado grossista de Zimpeto que foi inaugurado
no ano de 2007. Este mercado foi erguido como forma de diminuir o fluxo populacional
vendedor que se fazia sentir no mercado informal grossista localizado no bairro de
Malanga (centro da Cidade de Maputo).

Como forma de aproveitar uma das vias de comunicação mais importantes da província
(Estrada Nacional nº 1) construiu-se o mercado grossista de Zimpeto, vedado por um
muro feito de material convencional. Dentro do mesmo, existe um local para instalação
de vendedores com bancas pequenas que comercializam produtos a retalho. No total são
314 ocupantes.

Figura 4: Mercado Grossista do Zimpeto

Fonte: Linda Siquela (10 de Fevereiro de 2014)


Mapa 3: Localização dos mercados selecionados para o estudo

Proporção de produtos agrícolas comercializados na área de estudo

Mercado estudado Proporção (%)


Mercado Central 25
Mercado Grossista do Zimpeto 95
Mercado Malanga Informal 40
Mercado Janet 20

Fonte: Direcção de Mercados e Feiras do CMCM

A tabela mostra que o Mercado Grossista do Zimpeto é especializado pela


comercialização de produtos agrícolas, uma vez que cerca de 95% dos produtos
comercializados ao nível deste mercado são agrícolas.

Resíduos de material orgânico

Trata-se de resíduos que, segundo Fonseca (1999) podem ser degradados por acção
biológica e decompõem-se com o tempo, sendo que tem a possibilidade de integração
ao solo. Conforme demonstrou a tabela 2, este tipo de resíduo domina os mercados
estudados. Contudo, torna-se importante olhar para a sua distribuição ao nível dos
mercados estudados, onde se vai comparar com a disponibilidade de produtos agrícolas
nos mesmos.
Gráfico 1: Resíduos sólidos de origem orgânica

Produção de Resíduos Sólidos Orgânicos nos


Mercados Estudados
100

90

80

70

60
PERCENTAGEM

50

40

30

20

10

0
Central Zimpeto Malanga Janet

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do campo

De acordo com o gráfico, o Mercado Grossista do Zimpeto que é o de referência na


comercialização de produtos agrícolas, é o maior produtor de resíduos de origem
orgânica.

Conforme indica Ferrão (2006), esta situação traz desafios ligados a um bom sistema de
gestão de resíduos, tanto ao nível municipal assim como ao nível de administração do
próprio mercado, uma vez que a situação actual cria um aspecto desagradável (vide
figura 5, abaixo).
Figura 5: Situação de resíduos de material orgânico no Mercado Grossista do
Zimpeto

Fonte: Linda Siquela (23 de Fevereiro de 2014)

Deposição final

A Cidade de Maputo não tem estações de transferência ou outras instalações de


processamento de resíduos sólidos municipais. Uma vez realizada a segunda remoção,
os resíduos são directamente levados para a lixeira de Hulene, sendo esta unidade
responsável pela eliminação dos produzidos na Cidade de Maputo.

A lixeira de Hulene localiza-se num antigo pântano usado pelos residentes como fonte
de água, limitando-a a Oeste (vide mapa 4). A área total do local é de 12 hectares,
porém somente oito estão disponíveis para a eliminação de resíduos, porque parte da
lixeira foi invadida por construções informais e uma parte alocada para a área
anteriormente reservada para servir de cemitério municipal (porém devido ao lençol
freático que a área tem, esta nunca foi usada como cemitério).

É este lugar que acolhe os resíduos sólidos produzidos nos mercados estudados, facto
confirmado pelos respectivos administradores, tendo referido que a sua remoção e
transporte para o local de deposição final é feito na parte nocturna, em conformidade
com a legislação municipal em vigor.
Neste caso, não foram revelados outros locais ou outras formas de deposição final dos
resíduos sólidos gerados nos mercados estudados, sendo a lixeira de Hulene, o único
local de deposição final para a eliminação dos resíduos provenientes dos mercados
Central, Grossista do Zimpeto, Malanga Informal e Janet.

O reaproveitamento e reciclagem de resíduos

Os dois primeiros pontos deste capítulo cingiram-se na descrição da tipologia de


resíduos sólidos, bem como a sua variação na produção, remoção e deposição final, no
que corresponde aos mercados estudados. Pretende-se neste ponto, analisar o potencial
de reaproveitamento de resíduos, assim como a atitude/ o comportamento dos utentes
dos mercados perante resíduos sólidos por si gerados, no que diz respeito à sua
destinação.

De acordo com EEA (1995) apud. Fonseca (1999), reaproveitar é dar a mesma função a
um produto que seria descartado (garrafas plásticas e de vidro).

Neste caso, trata-se de um conceito sobejamente conhecido pela maioria dos


entrevistados nos mercados seleccionados (vide gráfico 4).

Gráfico 4: Conhecimento do termo reaproveitamento de resíduos

Proporção dos vendedores que


conhecem o termo reaproveitamento
(%)
100
90
80
70
PERCENTAGEM

60
50
40
30
20
10
0
Central Zimpeto Malanga Janet

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do campo


Os dados mostram que 95% dos vendedores do Mercado Central conhecem o termo
reaproveitamento de resíduos, sendo que, por outro lado, no Mercado Malanga
Informal, 79% é que correspondem.

Contudo, é preciso olhar para o conceito de reciclagem que de acordo com EEA
(opcit.), consiste na reintrodução do produto no novo sistema produtivo, dando origem a
um produto diferente do inicial, ou seja, servindo apenas de matéria-prima (material
orgânico, plástico e papelão). Do mesmo modo, os dados colhidos na área de estudo
demonstram que os entrevistados conhecem o termo (vide gráfico 5).

Gráfico 5: Conhecimento do termo reciclagem de resíduos

Proporção dos vendedores que


conhecem o termo reciclagem (%)
100

95

90
PERCENTAGEM

85

80

75

70
Central Zimpeto Malanga Janet

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do campo

O gráfico mostra que, grande parte dos vendedores dos mercados estudados conhece o
termo reciclagem, onde os referentes aos mercados da cidade cimento demonstraram-se
ter conhecimento pela maioria de 94% (Mercado Janet) e 93% (Mercado Central),
sendo que os da outra parte corresponderam a 80% (Mercado Malanga) e 83%
(Mercado Grossista do Zimpeto).

Entretanto, embora tenham demonstrado conhecimento dos termos reaproveitamento de


resíduos e reciclagem, notou-se uma diferenciação na aplicação dos mesmos no que
corresponde aos resíduos sólidos por si gerados (vide tabela abaixo 8).
Tabela 8: Destinação de resíduos segundo o tipo (percentagem dos entrevistados)

Mercado Resíduo plástico Resíduo do tipo Resíduo orgânico


estudado papelão
Deita Recicla Deita Recicla Deita Reaproveita
Central 98 02 69 31 74 26
Zimpeto 70 30 91 09 80 20
Malanga 62 38 82 18 71 29
Janet 65 35 85 15 82 18

Conforme ilustra a tabela, no que diz respeito aos resíduos plásticos, no Mercado
Grossista do Zimpeto, 98% dos entrevistados não fazem nenhum proveito destes
resíduos, cingindo-se apenas em colocá-los junto do conjunto de resíduos destinados à
eliminação, embora tenham consciência de sua utilidade. Neste caso, apenas 2% é que
destinam estes resíduos à reciclagem, onde referiram que recolhem os mesmos para uma
empresa de reciclagem localizada perto do Mercado Informal do Xiquelene.

No Mercado Central, a proporção de vendedores que destinam os resíduos plásticos


para a reciclagem é de 30%, onde se deve referir que, de acordo com Custódio de
Carmo, administrador do mercado, este resultado é fruto de campanhas de
sensibilização levadas a cabo pelo município, no sentido de consciencializar os
vendedores da necessidade de reutilizar/ reciclar os resíduos gerados por forma a ter
benefícios económicos e ambientais.

No Mercado Malanga, cerca de 38% dos entrevistados declararam reciclar resíduos


plásticos, onde através de Bernadete Herculano, administradora do mercado, deve-se
apurar que, a empresa contractada para a gestão de resíduos sólidos é que faz a recolha
selectiva para a reciclagem. Entretanto, deve-se referir que 62% dos entrevistados não
colaboram nesse sentido, onde apurou-se que os mesmos deitam resíduos na via de
acesso local (vide figura 12).
Figura 12: Resíduos sólidos plásticos nas vias de acesso do Mercado Malanga

Fonte: Linda Siquela (18 de Março de 2014)

No Mercado Janet, cerca de 35% dos vendedores entrevistados afirmaram destinar os


resíduos plásticos para a reciclagem ao invés de junta-los aos outros resíduos, onde se
deve destacar que, de acordo com o administrador do mercado, esta é uma tendência
que perdura há três anos, sendo que, como diz a fonte, está a decorrer um trabalho de
sensibilização para a reutilização dos resíduos e, assim, a preservação do ambiente.

Os resíduos do tipo papelão são reciclados/ reaproveitados por 31% dos entrevistados
do Mercado Central e por 18% do Mercado Malanga. E assim, no Mercado Central
vigora um programa de colecta e reciclagem do papelão, levado a cabo pela
administração, onde o colectado é destinado à unidades industriais que usam o mesmo
material (veja figura 13).

Figura 13: Papelão colectado e preparado para a reciclagem no Mercado Central


Fonte: Linda Siquela (19 de Março de 2014)

Já no que diz respeito aos resíduos orgânicos, é importante destacar o Mercado Malanga
pois, cerca de 29% dos vendedores interpelados afirmaram reaproveitar estes resíduos
para a alimentação de porcos, não tendo declarado outra forma de reaproveitamento.
Embora possa-se para esta forma como eliminação, para Fonseca (1999), usar resíduos
com material orgânico na alimentação de animais domésticos é uma maneira de
reaproveitar pois, os mesmos contribuem favoralmente no enriquecimento de nutrientes
necessários para o fortalecimento dos animais.

Este facto foi afirmado também por 26% dos entrevistados do Mercado Grossista do
Zimpeto, onde os mesmos indicaram ter contractos informais com criadores de porcos,
os quais diariamente vão buscar os resíduos para este fim.

Assim, é notável que a única forma que os vendedores entrevistados encontram para
reaproveitar os resíduos com material orgânico gerados é a alimentação de animais
domésticos, não tendo sido verificadas outras formas propostas por Ferrão (2006), na
sua dissertação de mestrado, como compostagem, que se trata de um processo envolve
transformações (decomposição biológica) promovidas por microrganismos do solo que
têm na matéria orgânica sua fonte de energia, nutrientes minerais e carbono (este
aspecto será analisado já a seguir no ponto 4.4.1).
A compostagem como proposta de reaproveitamento

PNUA (2001) diz que, em média, os resíduos dos países africanos são húmidos
(aproximadamente 40-50%) e tem um elevado conteúdo orgânico (40-50%). O elevado
conteúdo orgânico no fluxo de resíduos da Cidade de Maputo cujos constituintes são
67%, está na mesma classe das cidades capitais de outros países africanos. Contudo,
este elevado conteúdo orgânico pode ser visto como condição favorável para a
compostagem e como método para reduzir o volume dos resíduos destinados à
eliminação. Neste caso, a compostagem irá desviar o material orgânico dos aterros
sanitários e reduzirá o risco de contaminação.

O processo de compostagem biológica é tão básico que é muito provável ser bem-
sucedido se houver condições apropriadas e um devido manuseamento, sendo que,
projectos de compostagem baseados nos resíduos dos quintais, jardins, restaurantes e
mercados, silenciosamente aparecem em muitos lugares do mundo.

Nos mercados estudados, os vendedores interpelados demonstraram, na sua maioria,


desconhecer o processo de compostagem (vide gráfico 9).

Tabela 9: Conhecimento do processo de compostagem

Mercado estudado Proporção (%)


Mercado Central 06
Mercado Grossista do Zimpeto 02
Mercado Malanga Informal 02
Mercado Janet 04

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do campo

A tabela mostra que os interpelados desconhecem o processo proposto para o


reaproveitamento de resíduos orgânicos, onde se deve destacar o Mercado Grossista do
Zimpeto pois, embora seja especializado na comercialização de produtos ricos em
material orgânico, apenas 2% dos entrevistados conhecem o processo de compostagem,
mesmo sem aplicá-lo.
A produção do composto a partir de resíduos orgânicos nos mercados estudados poderá
ter no mínimo três benefícios:

 Primeiro, irá reduzir o volume de resíduos a serem depositados na lixeira de


Hulene;
 Segundo, irá fornecer nutrientes para os solos onde ele for aplicado;
 Terceiro, poderá criar mais postos de trabalho e, assim, de algum modo, reduzir
o desemprego.

O composto produzido poderá ser usado para agricultura nas áreas verdes do Vale do
Infulene e das Mahotas, locais onde são alocados os produtos agrícolas vendidos pelos
comerciantes dos mercados estudados. O excedente poderá ser usado como cobertura
diária na lixeira de Hulene, uma vez que, actualmente, de acordo com Ferrão (2006), os
resíduos não são cobertos.

De acordo com Eugénio Langa, técnico do Pelouro do Meio Ambiente e Planeamento


Territorial do CMCM, actualmente existe uma pequena instalação para a compostagem
na Cidade de Maputo, localizada dentro do Jardim Tunduro, no centro da cidade. Ela
desenvolve o composto a partir de refugo e folhas verdes, sendo gerido pelo CMCM.

Deste modo, a construção de unidades de compostagem junto dos mercados que mais
produzem resíduos orgânicos poderá contribuir para a sensibilização dos vendedores na
destinação destes resíduos para o seu reaproveitamento. Este facto foi declarado por
cerca de 82% do total dos entrevistados em todos os mercados estudados.

Assim, construindo locais apropriados de remoção e sistemas e sistemas de


transferência para garantir que o resíduo compostível seja guardado em separado, pode
reforçar a fracção compostível do fluxo de resíduos dos mercados da Cidade de Maputo.
A Cidade de Maputo produz por dia 1,054 toneladas de resíduos sólidos, sendo que a
área da cidade cimento é responsável pela maior parte, pelo facto de concentrar uma
maior parte de escritórios, embaixadas, ministérios, estabelecimentos comerciais, entre
outros, e onde vivem as pessoas com maior poder de compra.

Desse resíduos, os resíduos de origem orgânica dominam a cidade, onde se deve


considerar que, na sua maioria comercializam produtos agrícolas, tendo-se destacado o
Mercado Grossista do Zimpeto.

O Mercado Central produz a maior quantidade de resíduos sólidos do tipo plástico, onde
se deve fazer referência que o mesmo é especializado na venda de produtos desta
tipologia.

O Mercado Janet domina a produção de resíduos do tipo papelão, sendo um resíduo


potencialmente reciclável e/ ou reutilizável pois é reutilizado na conservação de
mercadorias, sendo de igual solicitado pelos populares das áreas circunvizinhas do
mercado para o uso nas suas residências para o armazenamento de artigos domésticos
de variada índole.

Desta maneira, os mercados que produzem a maior parte de resíduos orgânicos, geram
menos quantidades de resíduos doutra natureza nomeadamente, plástico e papelão, o
que torna os que tem maior disponibilidade de produtos agrícolas como os mercados
que mais produzem resíduos de origem orgânica. Contudo, os maiores centros de
produção de resíduos orgânicos são: Mercado Grossista do Zimpeto e Mercado Malanga
Informal.

O sistema de remoção de resíduos sólidos produzidos pelos vendedores dos mercados


da Cidade de Maputo tem um elemento comum, isto é, gozam, na sua maioria, de um
sistema integrado de remoção de resíduos sólidos, o que significa que, há uma
comparticipação dos vendedores na remoção dos resíduos por si gerados. Identificou-se
desta maneira as seguintes formas:

 Latas de 50 L dispostas em volta do mercado, onde os vendedores depositam os


resíduos por si gerados, sendo que, no final de cada dia, funcionários
responsáveis pela limpeza recolhem as latas e, por sua vez, fazem a deposição
dos resíduos nos contentores localizados no exterior.
 Microempresas de recolha de resíduos sólidos contractadas pelos mercados para
a remoção diária de resíduos, onde os vendedores comparticipam com o
pagamento de uma taxa destinada a esta actividade.
 Deposição directa de resíduos em contentores dispostos na parte exterior do
mercado, com capacidade de 6m3.

A Cidade de Maputo não tem estações de transferência ou outras instalações de


processamento de resíduos sólidos municipais. Nos mercados, uma vez realizada a
segunda remoção, os resíduos são directamente levados para a lixeira de Hulene, sendo
esta unidade responsável pela eliminação dos produzidos na Cidade de Maputo.

No que diz respeito ao reaproveitamento, a única forma que os mercados encontram


para reaproveitar os resíduos orgânicos gerados é a alimentação de animais domésticos,
não tendo sido verificadas outras formas como compostagem, que se trata de um
processo envolve transformações (decomposição biológica) promovidas por
microrganismos do solo que têm na matéria orgânica sua fonte de energia, nutrientes
minerais e carbono.

Assim, ao se optar pelo composto, o mesmo poderá ser usado para agricultura nas áreas
verdes do Vale do Infulene e das Mahotas, locais onde são alocados os produtos
agrícolas vendidos pelos comerciantes dos mercados estudados.

A construção de unidades de compostagem junto dos mercados que mais produzem


resíduos orgânicos poderá contribuir para a sensibilização dos vendedores na destinação
destes resíduos para o seu reaproveitamento.

Deste modo, apresenta-se as seguintes sugestões:

 Promover campanhas educativas (Educação Intensiva e extensiva formal e


informal)

Educação de ambas autoridades governamentais responsáveis pela gestão de resíduos e


o público em geral é identificado como uma das mais críticas acções necessárias na
Cidade de Maputo para ajudar a encontrar soluções para o problema dos resíduos nos
mercados. As autoridades Governamentais devem ser vistas a conduzir boa gestão de
resíduos pelo exemplo. Esta educação deve informar os vendedores dos mercados dos
impactos ambientais, saúde e economia da actual produção de resíduos sólidos e hábitos
de deposição. Tal educação irá ajudar a dar ao público a pertença do problema e deve
ajudar a promover o envolvimento do público pelo fornecimento de informação dos
métodos de redução de resíduos, reciclagem e reuso de materiais que eles podem
adoptar.

Há muitas fontes de informação que podem ser usadas para propósitos educativos,
nomeadamente, posters, livros cómicos, vídeos e locais na Internet.

 Apoio à separação na fonte, valorização e redes de comércio

Além da fonte informal de separação, a valorização e reciclagem local seriam


apropriadas para a Cidade de Maputo uma vez que as quantidades de resíduos
produzidos nos mercados são suficientemente grandes para suportar viáveis redes de
negócio. Em adição, a localização da Cidade de Maputo próximo da África do Sul, que
tem boa tradição de reciclagem, pode tornar económico grande parte do material
valorizado fora dos mercados. Separação de itens tais como papel, cartão, garrafas de
vidro, latas de alumínio e aço para reuso ou reciclagem pode ser alcançado facilmente e
sem grande custo. A separação de itens pode também ser feita na “borda do passeio”,
onde itens tais como papel e cartão, vidro e metais são postos em pequenos contentores
separados para remoção, ou onde não há áreas de remoção, itens recuperáveis podem
ser colocados num grande contentor de remoção localizado em locais convenientes.
Estes podem ser nas escolas, centros de venda, ou em áreas similarmente convenientes.

Reduzir resíduos via legislação e instrumentos económicos

O volume de resíduos não biodegradáveis no fluxo de resíduos nos mercados de Maputo


parece derivar de embalagens de bens importados. Embalagens podem ser reduzidas
através de legislação selectiva de redução de resíduos. Pode ser argumentado que os
mercados da Cidade de Maputo são muito pequenos para impor requisitos especiais de
embalagem aos exportadores externos. A cidade está no fim da linha para muitos fluxos
de resíduos produzidos por países industriais. Consequentemente, medidas especiais,
por exemplo, sobretaxas, taxas, ou depósitos, podem ser necessários para plásticos, latas
ou garrafas. Os fundos então obtidos podem serusados para garantir que estes materiais
podem ser separados e transportados para destinos onde a reciclagem pode ser realizada.
 Promover inovação para criar nova utilidade para bens e materiais que podem
ser de outra maneira descartados depois do uso inicial

Dado o relativo baixo custo de trabalho em Maputo, valor pode ser adicionado para
resíduos recuperados fazendo dos materiais resíduos novos produtos. Estes podem ser
para o público local, para turistas ou para exportação.
Conclusao
Recomendacoes
Bibliografia

https://www.dw.com/pt-002/em-lichinga-lixo-%C3%A9-riqueza/a-40749345

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