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INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA

LICENCIATURA EM ENGENHARIA AMBIENTAL

GESTÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS PROVENIENTES


DO MERCADO GROSSISTA DO ZIMPETO

Candidata:

Leida Marcia Arlindo Fernando Tinga

Supervisor: Bento Cambula

Maputo, Outubro de 2022


LEIDA MÁRCIA ARLINDO FERNANDO TINGA

GESTÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS PROVENIENTES


DO MERCADO GROSSISTA DO ZIMPETO

Monografia apresentada ao Instituto


Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias
de Maputo da Universidade Politécnica Á
Politécnica como requisito final para a
obtenção do grau de licenciatura em
Engenharia Ambiental.

Supervisor: Mestre Bento Cambula

Maputo

2022
FOLHA DE APROVAÇÃO

Aos ____ de ____________ de ________ a presente Monografia foi apresentada, numa


defesa pública, na qual lavrou-se uma Acta onde consta que a autora foi aprovada com a
classificação de _____ valores, feita pelos seguintes Membros de Júri:

Presidente:

____________________________________________________

Supervisor:

_____________________________________________________

Arguente:

______________________________________________________

Maputo, aos _____ de ________________ de __________


DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Leida Márcia Arlindo Fernando Tinga, declaro que o trabalho apresentado nesta
monografia para à obtenção do grau de Licenciatura em Engenharia Ambiental é fruto
de uma pesquisa conduzida por mim e pela orientação do meu supervisor. Declaro ainda
que nunca antes foi submetido a qualquer outra instituição para a obtenção de grau
académico. As fontes de informação usadas e consultadas estão devidamente indicadas
na bibliografia do trabalho.

Assinatura

__________________________________________________________

Data______/_____/______
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, primeiramente a mim, as minhas mães Lurdes e Fernanda, e pela
dedicação, resiliência, proeza, motivação para alcançar tamanha conquista, meus
irmãos , minha maior riqueza que desde o princípio acreditaram e incentivaram-me a
não desistir de concretizar este sonho de torna-se Engenheira Ambiental.
Agradecimentos

Agradeço em primeiro lugar a Deus todo poderoso por me permitir trilhar este caminho
maravilhoso do mundo acadêmico.

Não seria possível chegar a este patamar sem a colaboração e auxílio por parte das
pessoas que conheci durante o percurso da minha formação académica. Por isso não
poderei deixar passar esta oportunidade de agradecer a todos aqueles que directa ou
indirectamente, contribuíram para a conclusão da minha formação. Sendo assim,
agradeço em primeiro lugar a minha família, especialmente aos meus irmãos Milton,
Charabil, Edwin, e a minha cunhada Princesa pelo encorajamento, paciência, carinho e
amor, apoio incondicional por eles proporcionados. Agradeço ao meu supervisor Bento
Cambula pela sábia orientação académica na realização deste trabalho de fim do curso.
Estendem-se os meus agradecimentos à Universidade Politécnico de Maputo,
especialmente ao corpo docente do curso de licenciatura em Engenharia Ambiental. De
igual modo, agradeço aos meus amigos em especial Alzira que sempre esteve comigo
em todas conquistas alcançadas, a Eduarda pelo imenso apoio, colegas da escola pelos
laços de amizade e companheirismo durante a formação, especialmente a Akay,
Esperança, Filipa, José, Nancy, que os tenho no meu coração.
PARECER DO SUPERVISOR
RESUMO

A gestão de resíduos em Moçambique, de acordo com decreto nº 13/2006 é definida


como sendo todos os procedimentos viáveis com vista a assegurar uma gestão
ambientalmente segura, sustentável e racional dos resíduos, tendo em conta a
necessidade da sua redução, reciclagem e reutilização, incluindo a separação, coleta,
manuseio, transporte, armazenagem e/ou eliminação de resíduos, bem como a posterior
proteção dos locais de eliminação, por forma a proteger a saúde humana e o ambiente
contra os efeitos nocivos que possam advir dos mesmos.

Os resíduos são materiais que perderam a sua capacidade de uso original e dos quais nós
podemos desfazer, sendo assim, é importante que se faça uma boa gestão dos mesmos,
caso contrario o meio ambiente é colocado em risco. São vários os tipos de resíduos e
dividem-se em vários grupos, sendo um desses os resíduos orgânicos produzidos no
mercado do Zimpeto.

O tratamento inadequado dos Resíduos Orgânicos em Moçambique, particularmente na


cidade de Maputo, provoca a contaminação do solo, da saúde e de lençóis freáticos.
Vista a relevância do tema, o presente trabalho visa analisar o processo de gestão e
tratamento dos resíduos orgânicos nos mercados, como caso de estudo o Mercado do
Zimpeto.

De maneira mais especifica, este trabalho visa descrever as praticas de gestão e


tratamento de resíduos orgânicos no Mercado do Zimpeto em Maputo, identificar as
principais dificuldades desta gestão, e descrever os problemas enfrentados pela
população, e descrever até que ponto o conselho municipal tem feito a recolha e
destinação adequada.
LISTA DE ABREVIATURAS

 ONGs - Organização Não Governamentais


 OMS - Organização Mundial da Saúde
 ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas
 CNEN- Comissão Nacional de Energia Nuclear
 MICOA- Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental
 CMCM- Conselho Municipal da Cidade de Maputo
 CH4- Metano
INTRODUÇÃO
O crescimento acelerado populacional quando associado às mudanças de hábitos
incrementa um aumento na produção de materiais e actividades. Estes, por sua vez, à
medida que são produzidos e consumidos, acarretam um surgimento cada vez maior de
resíduos em geral, os quais, colectados ou postos de forma inadequada, trazem
significativas transformações ambientais que têm se tornado um dos maiores desafios
do planeta. A produção exagerada desses resíduos é baseada numa questão que vem se
agravando de forma gradativa, a partir do aumento da população e das mudanças nos
hábitos de vida.

Os resíduos são materiais que perderam a sua capacidade de uso original e dos quais nós
podemos desfazer, sendo assim, é importante que se faça uma boa gestão dos mesmos,
caso contrario o meio ambiente é colocado em risco. São vários os tipos de resíduos e
dividem-se em vários grupos, sendo um desses os resíduos orgânicos produzidos no
mercado do Zimpeto.

O tratamento inadequado dos Resíduos Orgânicos em Moçambique, particularmente na


cidade de Maputo, provoca a contaminação do solo, da saúde e de lençóis freáticos.
Vista a relevância do tema, o presente trabalho visa analisar o processo de gestão e
tratamento dos resíduos orgânicos nos mercados, como caso de estudo o Mercado do
Zimpeto.
Delimitação do tema

A presente pesquisa centrou-se na gestão e tratamento dos resíduos orgânicos


produzidos no Mercado Grossista do Zimpeto.

Segundo Jornal Domingo (18 de Julho, 2015), Inaugurado em Maio de 2007, o Mercado
Grossista do Zimpeto está localizado junto à Estrada Nacional número Um (EN1). Foi
construído com o intuito de descongestionar o Mercado “Malanga”. Na altura, haviam
vozes que reclamavam por causa da sua localização. Entretanto, passados oito anos
tornou-se num dos locais mais frequentados por gente de todas as idades.

Problema a Ser Investigado


O tratamento inadequado dos resíduos orgânicos no mercado Zimpeto identifica-se pela
existência de grandes quantidades de lixo produzido no mesmo, juntamente com as
dificuldades da própria gestão, provocando assim a poluição do ambiente do mercado,
um fraco aproveitamento do resíduo que pode ser reciclado e usado como fertilizante
orgânico na agricultura, a poluição dos lençóis freáticos de água através de filtração na
época chuvosa.

Formulação do Problema a ser investigado


Neste contexto, o problema a ser investigado poderá ser formulado como a seguir se
indica:

"A não utilização na agricultura, da matéria orgânica resultante dos mercados de


vegetais, cria condições para degradação ambiental onde essa matéria orgânica é
depositada e o seu não aproveitamento para adubar as terras para a agricultura"

A Pergunta a Investigar e as Hipóteses a Considerar


Segundo Ruas (2017:70), é a partir da pergunta a investigar que se compreende de
forma mais clara como se deve conduzir todo o processo de investigação para se dar
uma solução ao problema a ser investigado. É também através da pergunta a investigar
que se formulam as hipóteses de trabalho, que se identificam os paradigmas de
investigação a serem seguidos, que se pré-definem as metodologias de investigação a
serem utilizadas e se estabelecem as técnicas de colecta de dados e informação.
Compreende-se assim que quanto melhor for definida a pergunta a investigar, mais bem
estruturado e consequentemente mais facilitado, será todo o processo de investigação.

Formulação da Pergunta a investigar


De forma a dar uma resposta ao problema a ser investigado, a seguinte pergunta a
investigar poderá ser colocada:
Que mecanismos podem ser utilizados para se garantir o uso na
agricultura, a matéria orgânica resultante dos mercados de vegetais,
ajudando assim a preservar a saúde pública, o meio ambiente e ajudando
a agricultura?

Perguntas investigativas de apoio à investigação


Para apoio ao processo de investigação e de forma a auxiliar a compreensão da
pergunta a investigar, as seguintes perguntas investigativas podem ser colocadas:

 Qual é a causa que mais agrava a inadequada deposição de resíduos orgânicos no


mercado Zimpeto?
 Será que o não reaproveitamento dos resíduos orgânicos implica custos
adicionais para produção dos fertilizantes?
 A degradante situação que o mercado grossista do Zimpeto se encontra, em
termos de gestão de resíduos orgânicos, implica problemas ambientais
alarmantes?
 Que elementos influenciam a triste situação de proliferação de resíduos sólidos
no mercado de Zimpeto?

Hipóteses
Em linha com o problema a ser investigado e com a pergunta a investigar, as
hipóteses de trabalho podem ser formuladas como abaixo se indicam:

H (0): Não há mecanismos que possam ser utilizados para se passar a


utilizar na agricultura, a matéria orgânica resultante dos mercados de
vegetais, ajudando assim a preservar a saúde pública, o meio ambiente e
ajudando a agricultura.
H (1): Há mecanismos que possam ser utilizados para se passar a utilizar
na agricultura, a matéria orgânica resultante dos mercados de vegetais,
ajudando assim a preservar a saúde pública, o meio ambiente e ajudando
a agricultura

Os Objectivos da Invetigação

Objectivo geral
De maneira mais especifica , este trabalho visa descrever as praticas de gestão dos resíduos
orgânicos como um caso de estudo, identificar as principais dificuldades do gerenciamento, a
principal fonte dos resíduos, analisar de que forma é feita gestão dos resíduos orgânicos,
identificando o potencial do reaproveitamento dos resíduos orgânicos produzidos no
mercado Zimpeto;

Os objectivos específicos

 Classificar os resíduos gerados no centro do mercado;


 Verificar as formas de acondicionamento dos resíduos orgânicos no
mercado;
 Identificar o grau de reaproveitado os resíduos orgânicos produzidos no
mercado Zimpeto;
 Apresentar formas ambientalmente saudáveis para o reaproveitamento
dos resíduos orgânicos;

A importância do tema proposto para investigação

A principal função da coleta adequada dos resíduos orgânicos é diminuir a quantidade


de resíduos depositados, no próprio mercado e que poderiam ser reciclados para fabrico
de composto orgânico, com isso diminuiria impactos ambientais negativos ao ambiente
e saúde pública.

Para resolver estas dificuldades algumas iniciativas têm vindo a ser desenvolvidas para
esclarecer os problemas encontrados na gestão dos resíduos em geral e em especial os
resíduos orgânicos realizando a coleta adequada dos resíduos, os custos ambientais e
econômicos podem ser bastante reduzidos e os benefícios sociais alavancados:

Custos Ambientais temos:

 Aumento da vida útil dos aterros;


 Educação e conscientização ambiental da população;
 Melhoria das condições ambientais;
 Reciclagem do RO para fins lucrativos (sustentáveis);
 Preservação dos recursos naturais.
Custos Econômicos
 Redução dos custos com tratamento e disposição final dos resíduos;
 Diminuição de gastos com remediação de áreas degradadas pela inadequada
disposição em lixões clandestinos;
 Diminuição de gastos com limpeza pública municipal.
Benefícios Sociais

 Geração de emprego e renda para catadores de lixo;


 Resgate social de indivíduos, por meio do incentivo à criação de associações e
cooperativas de catadores;
 Melhoria nas condições de saúde pública.
Neste contexto, espera-se que os resultados desta pesquisa possam ajudar na
importância de dar-se valor à boa gestão de resíduos orgânicos nos mercados com uma
boa coleta, essencial para resolver a questão de excesso de resíduos expostos nos
mercados, mas para que existam resultados satisfatórios é necessária a reciclagem,
compostagem e outras formas de melhorias ao meio ambiente e saúde publica através de
redução da quantidade de resíduos.

Reduzir o volume de lixo orgânico e salvaguardar o ambiente, melhorando assim as


condições ambientais e sanitárias do Mercado de Zimpeto, com finalidade de produção
de fertilizante orgânico.

Justificativa

A motivação para este estudo surgiu a partir da observação das condições ambientais
precárias, da rotina e dos processos de manipulação de alimentos no mercado do
Zimpeto que, na sua maioria, apresentam-se deficitários, podendo constituir um
atentado à saúde pública dos comerciantes e utentes do mercado Segundo dados da
Organização Mundial da Saúde (OMS), os serviços de alimentação são responsáveis por
mais de 50% de ocorrências de doenças, contribuindo para este quadro os ambientes, os
equipamentos, utensílios e manipuladores, que são responsáveis por 24% de todos os
casos de enfermidades, sendo a principal via de contaminação. Assim, recai uma grande
responsabilidade sobre os manipuladores de alimentos, na garantia da segurança dos
serviços de alimentação, pois a incorrecta manipulação e o descuido, em relação as
normas de higiene, favorecem a contaminação por microrganismos patogénicos (Diniz
et al., 2013). Constata-se que não bastam medidas administrativas de controlo ou
provisão de serviços básicos de saneamento, mas também, passa por esta necessidade de
informar, capacitar e educar os indivíduos para que contribuam dentro das suas
responsabilidades para adopção de hábitos de higiene, melhoria das condições de
saneamento rumo à salubridade ambiental, no seio das suas famílias bem como nos seus
ambientes de trabalho. A presente pesquisa possui uma relevância social, na medida em
que vai contribuir para que instituições como Conselho Municipal, invistam não
somente em medidas administrativas, mas também em campanhas de sensibilização dos
comerciantes do mercado do Zimpeto sobre as medidas básicas de higiene na
manipulação dos produtos alimentares, a relação que o seu meio exerce sobre a sua
saúde e dos utentes, de modo que elevem a consciência de que as suas acções têm um
impacto para melhoria ou degeneração da salubridade ambiental e adoptem posturas que
contribuam para promoção de higiene.
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

Contextualização

A problemática dos resíduos sólidos tem sido amplamente discutida dentro do


saneamento do meio. Nos últimos tempos, observa-se que a grande produção de
resíduos é impulsionada principalmente pelo crescimento populacional contínuo e
desordenado, ao modo consumista de viver da sociedade actual, bem como a falta de
políticas de investimento e fiscalização para a colecta, deposição e tratamento dos
resíduos sólidos urbanos. Todos esses factores têm contribuído para tornar o acúmulo
dos resíduos um grave problema social e ambiental (Luna et al, 2003).

Uma das piores consequências do estilo de vida moderno é a enorme quantidade de


resíduos produzidos comumente denominados como lixo. De alguma forma as soluções
para este problema não são simples e rápidas, pois envolvem directamente o modo de
vida da maioria das civilizações modernas. Dentre as soluções para o lixo está a sua
redução e o desenvolvimento de procedimentos sustentáveis para com o lixo produzido
inevitavelmente.

Para tal, é necessário o desenvolvimento de um bom programa de educação ambiental,


sensibilização, e de tecnologias viáveis. A educação ambiental envolve vários factores,
entre eles ela deve estar adaptada à comunidade em que vai ser desenvolvida. A
conscientização da sociedade actual em relação aos impactos ambientais vem crescendo
a cada ano e, neste contexto a gestão de resíduos tem sido amplamente discutida na
sociedade, na mídia, e no poder legislativo.

No contexto dos resíduos sólidos, quando depositados de forma inadequada produzem


grandes impactos ambientais, causando poluição das águas superficiais e subterrâneas,
contaminação dos solos e do ar e a proliferação de doenças; não constituem somente um
problema de ordem estética, mas representam também uma séria ameaça ao homem e ao
meio ambiente, diminuindo consideravelmente os espaços úteis disponíveis Tenório e
Espinosa, (2004).

Assim, considerando a relevância e actualidade do tema, e seu impacto na saúde da


população e no meio ambiente, o objectivo desta pesquisa é investigar e analisar o
incorrecto manuseamento dos resíduos orgânicos.
FERTILIZA- Centro de Valorização do Lixo Orgânico Em Janeiro de 2008, as ONGs
em parceria com o Município de Maputo e outros parceiros, iniciaram a Fertiliza
(Cooperativa de Responsabilidade Limitada), projeto que surgiu com o objetivo de dar
um destino adequado aos resíduos vegetais gerados nos mercados e feiras,
transformando-os, por meio da compostagem, em matéria orgânica para adubagem.
Desde agosto de 2008, parte desse resíduo vegetal produzido é recolhido em pontos
estratégicos e transportado por meio de carrinhos puxados à mão, carroças, para um
terreno contíguo disponibilizado pelo Município de Maputo, onde funciona a Fertiliza.

Conceitos básicos

Esta secção apresenta os conceitos julgados básicos de modo a permitir que se tenha
uma orientação lógica e precisa para a condução e percepção do estudo,
designadamente: higiene, saneamento, salubridade ambiental, saúde pública, promoção
de saúde e educação ambiental.

Higiene

“A Higiene (pessoal e do meio ambiente) é o comportamento que é usado para prevenir


infecções” (Gomes &Garau, 2011, p.33). Sob este enfoque, no tocante à higiene do
meio, o Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) (2009)
acrescenta que são acções desenvolvidas no sentido de tornar limpo o meio circundante.

Saneamento

Ribeiro e Rooke (2010) sintetizam o saneamento como o controlo de todos os factores


do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem
estar físico, mental e social.

Quando se fala de saneamento, FUNASA (2004,) entende como:

O conjunto de acções socioeconómicas que têm por objectivo alcançar a


Salubridade Ambiental por meio de abastecimento de água potável, colecta e disposição
sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso
do solo, drenagem urbana, controle de doenças transmissíveis e demais serviços e obras
especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as condições de vida da
população.
Salubridade Ambiental

Salubridade Ambiental é o estado de higiene em que vive a população urbana e rural,


tanto no que se refere à sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de
endemias ou epidemias veiculadas pelo meio ambiente, como no tocante ao seu
potencial de promover o aperfeiçoamento de condições mesológicas favoráveis ao pleno
gozo de saúde e bem-estar (FUNASA, 2004,). Nhancale e Homo (2013,p.5) simplificam
entendendo a “salubridade ambiental, como a qualidade ambiental que previne a
ocorrência de doenças causadas pelo meio ambiente e de promover o aperfeiçoamento
das condições favoráveis à saúde da população”.

Resíduos Sólidos

O que são Resíduos Sólidos

Definição e Classificação Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas -


ABNT: resíduos sólidos são resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de
atividades da comunidade, de origem: industrial, doméstica, de serviços de saúde,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Consideram-se também resíduos sólidos
os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos,
cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou
corpo d'água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em
face à melhor tecnologia disponível. (ABNT, 1987).

Segundo o Manual de Gerenciamento Integrado Resíduos Sólidos (IPT/CEMPRE) :


Resíduos Sólidos ou Lixo é todo material sólido o semi-sólido indesejavel e que
necessita de ser removido por ser inútil por quem o descarta, em qualquer recipiente
destinado a este acto.

Resíduos Sólidos: material, subterâneo, objecto ou bem descartado, resultante de


actividades humanas, vindo da sociedade, e cuja o destino final se procede, se propõe
proceder, ou se esta obrigado a proceder (Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei
12. 305/2010).
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM MOÇAMBIQUE

A gestão de resíduos sólidos no país é um grande desafio devido às dificuldades


técnicas de organização da recolha e deposição final de resíduos, à falta de recursos
financeiros e humanos destinados ao sector e à fraca cobertura dos serviços. Segundo a
lei, constitui responsabilidade das Autoridades Locais, a implementação dos sistemas
de recolha e tratamento de resíduos sólidos e limpeza pública. Porém, ainda existe
pouca informação sobre a produção de resíduos em Moçambique. (DESTAQUE
RURAL Nº 76 09 de Dezembro de 2019 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM
MOÇAMBIQUE Mélica Helena Chandamela).

Gestão de resíduos sólidos “refere-se aos aspectos tecnológicos e operacionais da


questão, envolvendo factores administrativos, económicos, ambientais e de
desempenho: produtividade e qualidade, por exemplo, e relaciona-se à prevenção,
redução, segregação, reutilização, acondicionamento, colecta, transporte, tratamento,
recuperação de energia e destinação final de resíduos” (MICOA, 2007).

MODELOS EFICIENTES E SUSTENTÁVEIS NA GESTÃO DOS RESÍDUOS


SÓLIDOS

Coleta e Transporte de Resíduos Sólidos Segundo MONTEIRO (2001), significa


recolher o lixo acondicionado por quem o produz para encaminhá-lo, mediante
transporte adequado, a uma possível estação de transferência, a um eventual tratamento
e à disposição final. Coleta-se o lixo para evitar problemas de saúde que ele possa
propiciar.

Em Moçambique, o decreto lei nº 13 /2006 de 15 de Junho de 2006 que aprova o


Regulamento sobre Gestão de Resíduos Sólidos, define resíduos sólidos como
“substâncias ou objetos que se eliminam ou que se tem a intenção de eliminar ou ainda
que se é obrigado por lei a eliminar, também designados por lixos” (MOÇAMBIQUE,
2006, art. 1 alínea l).
Gestão Ambiental

Para Carlos Serra (2011) define Gestão Ambiental como maneio e a utilizaço racional e
sustentável dos componentes ambientais incluindo o seu reuso, reciclagem, protecção e
conservação.

Poluição Ambiental

De acordo com Carlos Serra (2011)

Impacto Ambiental

Enquadramento Teórico

Origem do Paradigma Ambiental


Breve Historial dos Residuos Solidos Organicos

https://pt.linkedin.com/pulse/uma-breve-hist%C3%B3ria-do-que-passamos-
chamar-de-lixo-tain%C3%A1-wanderley

Classificação de Resíduos Sólidos

Normalmente os resíduos sólidos são classificados segundo a sua origem, como:


Urbanos; Industriais; Resíduos de serviços de saúde; Resíduos comuns;Resíduos
Resíduos sépticos; Resíduos de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários;
Resíduos agrícolas; Construção civil; Resíduos Radioactivos

Urbanos: incluem o resíduo domiciliar gerado nas residências, o resíduo comercial,


produzido em escritórios, lojas, hotéis, supermercados, restaurantes e em outros
estabelecimentos afins, os resíduos de serviços, oriundos da limpeza pública urbana,
além dos resíduos de varrição das vias públicas, limpezas de galerias, terrenos, córregos,
praias, feiras, podas, capinação;

Industriais: correspondem aos resíduos gerados nos diversos tipos de indústrias de


processamentos. Em função da periculosidade oferecida por alguns desses resíduos, o
seguinte agrupamento é proposto pela ABNT-NBR 10.004 (1987):

Resíduos Classe I (perigosos): pelas suas características de inflamabilidade,


corrosividade , reatividade, toxidade e patogenicidade, podem apresentar riscos à saúde
pública, provocando ou contribuindo para o aumento da mortalidade ou apresentarem
efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma
inadequada;

Resíduos Classe II (não inertes): incluem-se nesta classe os resíduos potencialmente


biodegradáveis ou combustíveis;
Resíduos Classe III (inertes): perfazem esta classe os resíduos considerados inertes e
não combustíveis.

Resíduos de serviços de saúde: são os resíduos produzidos em hospitais, clínicas


médicas e veterinárias, laboratórios de análises clínicas, farmácias, centros de saúde,
consultórios odontológicos e outros estabelecimentos afins. Esses resíduos podem ser
agrupados em dois níveis distintos:

Resíduos comuns: compreendem os restos de alimentos, papéis, invólucros;

Resíduos sépticos: constituídos de restos de salas de cirurgia, áreas de isolamento,


centros de hemodiálise,. O seu manuseio (acondicionamento, coleta, transporte,
tratamento e destinação final) exige atenção especial, devido ao potencial risco à saúde
pública que podem oferecer.

Resíduos de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: constituem os


resíduos sépticos, que podem conter organismos patogênicos, tais como: materiais de
higiene e de asseio pessoal, restos de alimentos, etc., e veicular doenças de outras
cidades, estados e países.

Resíduos Radioativos (lixo atômico): são resíduos provenientes dos combustíveis


nucleares. Seu gerenciamento é de competência exclusiva da CNEN - Comissão
Nacional de Energia Nuclear.

Resíduos agrícolas: correspondem aos resíduos das atividades da agricultura e da


pecuária, como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita,
esterco animal. A maior preocupação, no momento, está voltada para as embalagens de
agroquímicos, pelo alto grau de toxicidade que apresentam, sendo alvo de legislação
específica.

Entulho: constitui-se de resíduos da construção civil: demolições, restos de obras, solos


de escavações etc.

De acordo com decreto nº 94/2014, que regulamenta a gestão de resíduos em


Moçambique, classifica-os em não perigosos os seguintes (Conselho de Ministros,
2014):

a) Resíduos sólidos domésticos: provenientes de habitações;


b) Resíduos sólidos comerciais: provenientes de estabelecimentos comerciais,
escritórios, restaurantes e outros similares, cujo volume diário não exceda 1.100
litros, que são depositados em recipientes em condições semelhantes aos resíduos
domésticos;

c) Resíduos domésticos volumosos: provenientes das habitações, cuja remoção não


se torne possível por meios normais, atendendo ao volume, forma ou dimensões
que apresentam, ou cuja disposição nos contentores seja considerada
inconvenientes pelo Município;

d) Resíduos de jardins: resultantes da conservação de jardins particulares, tais


como: aparas, ramos, troncos ou folhas;

e) Resíduos sólidos resultantes da limpeza pública de jardins, parques, vias,


cemitérios e outros espaços públicos;

f) Resíduos sólidos industriais: resultantes de actividades industriais e equiparados


a resíduos sólidos urbanos;

g) Resíduos sólidos hospitalare: não contaminados, equiparáveis aos domésticos;


h) Resíduos provenientes da defecação de animais nas ruas.

Consoante o nº 1 do artigo 14 (Segregação e acondicionamento de Resíduos Sólidos


Urbanos), são segregados de acordo com as seguintes categorias:

a) Matéria orgânica;

b) Papel ou cartão;

c) Entulho;

d) Plástico;

e) Vidro;

f) Metal;

g) Têxteis;

h) Borracha;
i) Resíduos domésticos volumosos;

j) Resíduos especiais.

Gestão de Resíduos Orgânicos

A GRO contribui para o desenvolvimento sustentável aumentando a vida útil dos aterros
sanitários, reduzindo a geração dos resíduos e destinando-os de forma ambientalmente
correta. A gestão viabiliza as ações de triagem dos resíduos recicláveis e reutilizáveis ,
contribuindo assim para redução dos níveis de poluição ambiental.

Fazer a gestão de resíduos orgânicos significa adotar um conjunto de ações adequadas


nas etapas de:

Coleta Armazenamento Transporte Destino Tratamento


Tratamento final
final

Os resíduos orgânicos são constituídos basicamente por restos de animais ou vegetais


descartados de atividades humanas. Podem ter diversas origens, como domesticas e
urbanas (restos de alimentos e podas), agrícolas ou industriais (resíduos agroindustriais
alimentícias, indústrias madeireiras), de saneamento básico (lodos de estações de
tratamento de esgotos). São materiais que em ambientes naturais equilibrados, se
degradam espontaneamente e reciclam os nutrientes nos processos da natureza.

As atividades humanas, especialmente em ambientes urbanos, constituem sérios


problemas ambientais, pelo grande volume de lixo gerado e pelos locais inadequados
em que são armazenados ou despostos. A disposição inadequada de resíduos orgânicos
gera chorume, proliferação de vetores de doenças. Assim GRO, faz-se necessária a
adoção de métodos adequados de gestão e tratamento de volumes altos dos resíduos,
para que a matéria orgânica presente seja estabilizada e possa cumprir seu papel natural
de fertilizar os solos. Assim sendo podemos destacar melhores práticas para uma boa
gestão dos mesmos:
As melhores praticas para gestão de Resíduos Orgânicos

A Compostagem, Biodigestão, e Vermicompostagem apresentam como melhores


praticas para GRO, sendo assim soluções para escapar de multas referentes ao descarte
incorreto dos resíduos orgânicos.

 Compostagem que consiste na degradação dos resíduos com presença de


oxigênio;
 A biodigestão que é processo pelo qual ocorre a degradação dos resíduos com
ausência do oxigênio; e a
 Virmicompostagem onde são usados as minhocas para a compostagem.

Compostagem

Compostagem dos resíduos orgânicos é um processo natural de decomposição que


transformar os resíduos orgânicos em adubo de primeira qualidade. Separar, Reciclar e
reutilizar oque é possível são soluções básicas que podemos tomar para reduzir os
impactos que os resíduos orgânicos trazem ao meio ambiente. E pode ser realizada em
escala domestica, ou seja, reaproveitando os restos de alimentos de casa nas
composteiras para consumo da própria população, ou em escala industrial para a
produção de fertilizante orgânico.

Compostagem é o processo de degradação controlada de resíduos orgânicos sob


condições aeróbias, ou seja, com a presença de oxigênio. É um processo no qual se
procura reproduzir algumas condições ideais (de humidade, oxigênio e de nutrientes,
especialmente carbono e nitrogênio) para favorecer e acelerar a degradação dos resíduos
de forma segura (evitando a atração de vetores de doenças e eliminando patógenos). A
criação de tais condições ideais favorece que uma diversidade grande de macro e micro-
organismos (bactérias, fungos) atuem sucessiva ou simultaneamente para a degradação
acelerada dos resíduos, tendo como resultado final um material de cor e textura
homogêneas, com características de solo e húmus, chamada composto orgânico. É um
método simples, seguro, que garante um produto uniforme, pronto para ser utilizado nos
cultivos de plantas e que pode ser realizado tanto em pequena escala (doméstica) quanto
em média (comunitária, institucional) ou grande escala (municipal, industrial). No
entanto, é um método que necessita ser bem compreendido e bem operado para evitar
problemas como a geração de odores e a proliferação de vetores de doenças. Por isso, o
reaproveitamento dos resíduos orgânicos na compostagem é uma ótima saída para
quantidade de lixo que produzimos.

1.Imagem: Internet

2. Imagem: Internet

Fatores que influenciam o processo da compostagem

Os principais fatores que influenciam o processo da compostagem são de ordem


nutricional e ambiental e, estão relacionados ao controle do processo pelo homem e ao
tipo de tecnologia utilizada no processamento do composto (GALVÃO JÚNIOR, 1994).

A influência da
Tempo de
A influência da A influência da A influência da relação carbono-
processamento da
aeração, temperatura, humidade nitrogênio (C/N)
compostagem.
bioestabilizador,
O tempo necessário para a compostagem de resíduos orgânicos está associado aos
fatores que influem no processo, ao método empregado e às técnicas operacionais. A
compostagem natural demanda um tempo de dois a três meses para atingir a
bioestabilização e de três a quatro meses para a humificação. Pelo método acelerado, a
semicura é atingida entre 45 e 60 dias e a humificação entre 60 e 90 dias. Essa diferença
deve-se basicamente à duração da fase termófila no processo acelerado, que é reduzida
de algumas semanas para 2 a 4 dias (JARDIM, 1995).

Biodigestão anaeróbia

A biodigestão de RO é um processo parecido com a compostagem, no entanto é


realizado em um ambiente totalmente anaeróbico (sem presença de oxigênio). Os
subprodutos formados na biodigestão são o biogás composto basicamento por metano (
CH4) e o gás carbônico(CO2). Assim é possível obter energia dos resíduos e produzir
energia, gerando lucro. E o biofertilizante, um produto muito rico em nutrientes e
considerados um adubo natural, sem produtos químicos.

Os biodigestores são equipamentos que promovem processos anaeróbicos de


degradação da matéria orgânica, ou seja, degradação na ausência de oxigênio. Como
subprodutos tem-se a produção de fertilizantes (geralmente líquidos) e gases (o biogás),
em especial o gás metano (CH4), que é um combustível. A grande vantagem desta
tecnologia de reciclagem dos resíduos orgânicos é que o gás metano gerado poder ser
aproveitado para geração de calor, energia elétrica ou como combustível em automóveis
ou outros motores adaptados.

4.Imagem:Internet
Por outro lado, esta tecnologia é mais complexa do que a compostagem, necessitando
de infraestruturas adequadas para a produção e condução do gás metano e de
conhecimento técnico especializado para operar o biodigestor de forma segura. É um
método que funciona bem no tratamento de resíduos líquidos e é muito utilizado no
tratamento de estercos animais, especialmente de suínos, como ocorre nos estados de
Santa Catarina e Paraná. É também utilizado para extração de biogás de resíduos da
coleta indiferenciada (orgânicos misturados com rejeitos), em unidades de tratamento
mecânico-biológico (TMB)

Vermicompostagem ou minhocários

Vermicompostagem é um tipo de compostagem. Todavia, essa técnica utiliza minhocas


para degradar a matéria orgânica presente nos resíduos. Por utilizar minhocas, o
processo é muito mais rápido que a compostagem tradicional, pois os vermes aceleram
o processo de decomposição da matéria orgânica.

Este processo digestivo das minhocas também é uma forma de decomposição da


matéria orgânica e o tratamento de resíduos com este método é chamado de
vermicompostagem ou, simplesmente, tratamento em minhocários, é feito em local
fechado (para não ocorrer fuga das minhocas) e coberto (excesso de umidade é
prejudicial às minhocas), por exemplo, em caixas de plástico. Os resíduos são então
dispostos no minhocário com adição de matéria seca. Os minhocários podem ter
diversos tamanhos, proporcionais à produção de resíduos orgânicos. Já as minhocas
escolhidas devem ser preferencialmente de espécies que se alimentem de resíduos
frescos. No Brasil, as minhocas mais utilizadas para tratar resíduos orgânicos são as
minhocas californianas, que podem ser adquiridas em sites especializados ou doadas por
pessoas que já possuem minhocário.

O substrato formado no tratamento dos resíduos orgânicos é húmus de minhocas, um


fertilizante muito rico em nutrientes . O húmus é inodoro, leve, macio, solto, finamente
granulado e rico em minerais que são absorvidos pelas plantas. O seu PH neutro permite
que o adubo seja colocado diretamente sobre raízes das plantas sem causar danos a elas,
como queimaduras.

As minhocas trituram os resíduos orgânicos, liberando um muco que facilita a


decomposição por microorganismos decompositores, o processo de humificação é
acelerado. Assim sendo, o Vermicomposto tem uma qualidade melhor do que o
composto formado na compostagem tradicional.

3.I
magem: Internet

Modelo de separação refinado

Quando se percebeu que os resíduos poderiam ser reaproveitados e se tornar insumo


para novos materiais, surgiram formas de coleta para recuperar os materiais de maior
interesse para a indústria, em especial, os metais, plásticos, papéis e vidros. As formas
de coleta destes materiais recicláveis secos (que não incluem os orgânicos) utilizam
inclusive cores ou formatos diferentes de lixeiras, padronizados internacionalmente .
Em geral, estas formas de separação descartam os resíduos orgânicos misturados com os
rejeitos, inviabilizando a possibilidade de compostagem e aumentando
significativamente, o volume de resíduos destinados aos aterros sanitários ou, o que é
ainda mais grave, a locais de destinação imprópria para o meio ambiente e para a saúde
pública, como os lixões.
Modelo de Separação proposto

Como já citado no capítulo anterior, resíduos orgânicos têm um importante papel nos
ciclos de nutrientes e destiná-los para aterros sanitários não só é um desperdício
econômico como está em desacordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei
nº 12.305/2010), que prevê que somente rejeitos devem seguir para disposição final.
Para resgatar a função natural dos resíduos orgânicos de fertilizar os solos, outro tipo de
separação dos resíduos pode ser adotado. Considerando a realidade atual dos centros de
triagem de associações e cooperativas de catadores, pode-se proceder à separação em
três frações:
ALTERNATIVAS PARA O TRATAMENTO DOS RESÍDUOS ORGÂNICOS

Existem diversos métodos para o tratamento e a destinação dos resíduos orgânicos, tais
como: vermicompostagem (com minhocas), enterramento, biodigestão, incineração e
compostagem. A seguir, serão apresentadas algumas características destes métodos.

Separar, Reciclar e reutilizar oque é possível são soluções básicas que podemos tomar
para reduzir os impactos que os resíduos orgânicos trazem ao meio ambiente. Por isso, o
reaproveitamento dos resíduos orgânicos na compostagem é uma ótima saída para
quantidade de lixo que produzimos.

A compostagem pode ser realizada em escala domestica, ou seja, reaproveitando os


restos de alimentos de casa nas composteiras para consumo da própria população, ou em
escala industrial para a produção de fertilizante orgânico.

A GRO busca uma solução sustentável para as fontes geradoras do lixo, evitando os
aterros sanitários e incremento da poluição. Antes da aprovação de leis ambientais,
como a Politica Nacional de Resíduos, os RO eram destinados a Aterros Sanitários. No
entanto, surgiram maneiras mais ecoeficientes para gestão desses resíduos e uma delas é
reciclagem por meio da reciclagem, e por meio de tratamento biológico.

Conforme a PNRS os resíduos orgânicos não devem ser descartados


indiscriminadamente. É necessário que os geradores se ofereçam para promover uma
gestão de resíduos eficiente.

Compostagem KIEHL (1979), define compostagem como sendo um processo de


transformação de resíduos orgânicos em adubo humificado. Dois estágios podem ser
identificados nessa transformação: o primeiro é denominado digestão, e corresponde à
fase inicial da fermentação, na qual o material alcança o estado de bioestabilização e a
decomposição ainda não se completou. Porém, quando bem caracterizada, a digestão
permite que se use o composto como adubo, sem o risco de causar danos às plantas. O
segundo estágio, mais longo, é o da maturação, no qual a massa em fermentação atinge
a humificação, estado em que o composto apresenta melhores condições como
melhorador do solo e fertilizante. O produto final da compostagem, denominado
composto, é definido como sendo um adubo preparado com restos de animais e/ou
vegetais. Esses resíduos, em estado natural, não têm nenhum valor agrícola; no entanto,
após passarem pelo processo de compostagem, podem transformar-se em excelente
adubo orgânico.

Aplicação do composto

Os adubos químicos (minerais ou inorgânicos) são fabricados de modo a apresentarem


uma relação ideal entre os chamados macronutrientes, nitrogênio (N), fósforo (P) e
potássio (K), elementos básicos que os vegetais retiram do solo para a sua formação e
desenvolvimento. Os adubos minerais, por lei, devem apresentar uma concentração no
mínimo de 24%, em peso, desses macronutrientes e são aplicados, com facilidade, na
proporção de 500 kg em média por hectare.

Os compostos orgânicos obtidos pelo processo de compostagem de lixo, pelo contrário,


apresentam uma concentração baixa desses macronutrientes, entre 1,5 a 2,5 % em peso
(1,2% N + 0,6% K) e a utilização como adubo deve ser vista com reservas, uma vez que
o seu uso implica em média em uma quantidade 17 vezes maior em relação ao
fertilizante mineral. Sua utilização é aconselhada primordialmente para melhorar as
propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, com objetivos especificados por
LUZ (1986):

 Melhorar a estrutura do solo, conglomerando as terras frágeis e soltas;


 Aumentar a capacidade de retenção de ar e de água no solo;
 Prevenir e combater a formação de erosões;
 Favorecer o estabelecimento de minhocas, besouros, microrganismos e outros
seres que revolvem e adubam o solo;
 Facilitar o desenvolvimento das plantas, uma vez que as raízes crescem
insinuando-se nos vazios existentes na terra;
 Tornar o solo mais arável.

Convém frisar que o composto de resíduos sólidos domiciliares não pode ser empregado
de maneira generalizada, pois seu conteúdo relativamente elevado de sais pode ser
prejudicial a uma série de plantas. Também o pH alcalino do composto restringe a sua
aplicação em plantas acidófilas: cenouras, alface, feijão, cebola, arbustos frutíferos,
coníferas e azaléas são algumas plantas sensíveis ao composto orgânico. Dentre as
plantas que aceitam bem o composto orgânico, podem-se citar: árvores frutíferas,
vinhedos, plantas ornamentais, couve e outras hortaliças afins.

A matéria orgânica estabilizada, ou húmus, proveniente da decomposição dos resíduos


orgânicos, contribui para o aumento da fertilidade do solo e da produção vegetal, pelo
que é importante garantir a sua manutenção nos solos agrícolas a níveis adequados.
Biodigestão anaeróbia

A biodigestão de RO é um processo parecido com a compostagem, no entanto é


realizado em um ambiente totalmente anaeróbico (sem presença de oxigênio). Os
subprodutos formados na biodigestão são o biogás composto basicamento por metano (
CH4) e o gás carbônico (CO2). Assim é possível obter energia dos resíduos e produzir
energia, gerando lucro. E o biofertilizante, um produto muito rico em nutrientes e
considerados um adubo natural, sem produtos químicos.

Os biodigestores são equipamentos que promovem processos anaeróbicos de


degradação da matéria orgânica, ou seja, degradação na ausência de oxigênio. Como
subprodutos tem-se a produção de fertilizantes (geralmente líquidos) e gases (o biogás),
em especial o gás metano (CH4), que é um combustível. A grande vantagem desta
tecnologia de reciclagem dos resíduos orgânicos é que o gás metano gerado poder ser
aproveitado para geração de calor, energia elétrica ou como combustível em automóveis
ou outros motores adaptados.

Por outro lado, esta tecnologia é mais complexa do que a compostagem, necessitando
de infraestruturas adequadas para a produção e condução do gás metano e de
conhecimento técnico especializado para operar o biodigestor de forma segura. É um
método que funciona bem no tratamento de resíduos líquidos e é muito utilizado no
tratamento de estercos animais, especialmente de suínos, como ocorre nos estados de
Santa Catarina e Paraná. É também utilizado para extração de biogás de resíduos da
coleta indiferenciada (orgânicos misturados com rejeitos), em unidades de tratamento
mecânico-biológico (TMB)
Tipos de resíduos gerado no mercado Zimpeto quanto à composição podemos
encontrar:

Resíduos orgânicos são aqueles que provem da matéria orgânica ou seja restos de
vegetais (folhas, cascas, talos, raízes, galhos, restos de comida) e também animais
(como possíveis insetos que ficam presentes nos alimentos). É todo resíduo de origem
animal ou vegetal, como os restos de alimentos, folhas, sementes, papéis, etc. Em geral
é utilizado em compostagem para fabricação de adubos.

Resíduos Inorgânico é todo material sintético, que tem origem não biológico, que é
produzido pelo homem por um meio não-natural como plástico, vidro, alumínio (o que
inclui embalagens plásticas ou de papel, garrafas e latas).

Condições de higiene em mercados e riscos na contaminação de alimentos

Segundo o CMM (2014),"a falta de condições higiénicas dos produtos alimentares


oferecidos nos comércios informais assim como a falta de higiene e salubridade em
alguns dos mercados municipais constituem factores de risco consideráveis para a saúde
da população da cidade de Maputo".

A Educação Ambiental

Educação Ambiental Segundo MICOA (2009) é um processo permanente, no qual os


indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem
conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a
agir individual e colectivamente e resolver problemas ambientais presentes e futuros.

É também uma comunicação cuidadosa e clara com a comunidade é vital para qualquer
programa de coleta seletiva. Se o processo de planejamento estimular a participação
pública, a comunidade provavelmente terá uma identificação com o programa de
reciclagem proposto, bem antes que ele se inicie de fato. A educação ambiental tem se
mostrado a chave fundamental para o sucesso dos programas de reciclagem, pois
propicia a aprendizagem do cidadão sobre o seu papel como gerador de resíduos,
atingindo escolas, repartições públicas, residências, escritórios, fábricas, lojas, enfim,
todos os locais onde os cidadãos geram resíduos.

Um dos princípios básicos da educação ambiental sobre os resíduos é o conceito dos


três "Rs": reduzir, reutilizar e reciclar.
Reduzir: estimular o cidadão a reduzir a quantidade de resíduos que gera, através do
reordenamento dos materiais usados no seu cotidiano, combatendo o desperdício que
resulta em ônus para o poder público, e consequentemente, para o contribuinte, a par de
favorecer a preservação dos recursos naturais.

Reutilizar: reaproveitar os mesmos objetos, escrever na frente e verso da folha de


papel, usar embalagens retornáveis e reaproveitar embalagens descartáveis para outros
fins são algumas práticas recomendadas para os programas de educação ambiental.
Reciclar: contribuir com os programas de coleta seletiva, separando e entregando os
materiais recicláveis, quando não for possível reduzi-los ou reutilizá-los.

Aspectos econômicos e financeiros da coleta seletiva

Do ponto de vista estritamente financeiro, a viabilidade de um sistema de coleta seletiva


pode ser determinada através de uma análise de custo-benefício.

Os custos são classificados em custo de capital e custos de operação e de manutenção


do sistema.

Os custos de capital compreendem: terrenos, instalações, veículos, conjunto de


recipientes para a segregação, projecto do sistema e demais custos iniciais.

Os custos de operação e manutenção compreendem: salários, e encargos, combustíveis


e lubrificantes, água, energia, seguros, licenças, manutenção, administração, divulgação,
serviços de terceiros, “leasing” de equipamentos, entre outros.

Os benefícios são classificados em receitas e economias

As receitas são oriundas da venda dos materiais recicláveis e as economias dizem


respeito à redução no custo de transferência e disposição final desses materiais.
Segundo o CEMPRE (1993), é importante observar que a análise custo-benefício não é
o único indicador de viabilidade, já que não leva em conta os benefícios sociais e
ambientais decorrentes da reciclagem.
Vantagens e desvantagens da coleta seletiva

A coleta seletiva apresenta algumas vantagens expressivas, dentre as quais se sobressai:

Vantagens Desvantagens

 A boa qualidade dos materiais  Elevado custo da coleta e


recuperados, uma vez que não transporte, pois necessita de
ficaram sujeitos à mistura com veículos especiais, que passam em
outros materiais presentes na dias diferentes dos da coleta
massa de resíduos; convencional;
 A redução do volume de resíduos a  Necessidade de um centro de
serem dispostos em aterros triagem, onde os recicláveis são
sanitários; separados por tipo, mesmo após a
 O estímulo à cidadania; - a maior segregação na fonte.
flexibilidade, pois pode ser feita
em pequena escala e ampliada
gradativamente;
 A possibilidade de parcerias entre
escolas, associações ecológicas,
empresas, catadores, sucateiros.

Classificação dos resíduos sólidos

 Quanto à composição: Orgânico e Inorgânico;


 Quanto à origem: Urbanos; Industriais; Resíduos de serviços de saúde;
Resíduos comuns; Resíduos sépticos; Resíduos de portos, aeroportos,
terminais rodoviários e ferroviários; Resíduos agrícolas; Construção civil;
Resíduos Radioactivos (lixo atómico).

De acordo com decreto nº 94/2014, que regulamenta a gestão de resíduos em


Moçambique, classifica-os em não perigosos os seguintes (Conselho de Ministros,
2014):

a) Resíduos sólidos domésticos: provenientes de habitações;


b) Resíduos sólidos comerciais: provenientes de estabelecimentos comerciais,
escritórios, restaurantes e outros similares, cujo volume diário não exceda 1.100
litros, que são depositados em recipientes em condições semelhantes aos resíduos
domésticos;

c) Resíduos domésticos volumosos: provenientes das habitações, cuja remoção não


se torne possível por meios normais, atendendo ao volume, forma ou dimensões
que apresentam, ou cuja disposição nos contentores seja considerada
inconvenientes pelo Município;

d) Resíduos de jardins: resultantes da conservação de jardins particulares, tais


como: aparas, ramos, troncos ou folhas;

e) Resíduos sólidos resultantes da limpeza pública de jardins, parques, vias,


cemitérios e outros espaços públicos;

f) Resíduos sólidos industriais, resultantes de actividades industriais e equiparados


a resíduos sólidos urbanos;

g) Resíduos sólidos hospitalares, não contaminados, equiparáveis aos domésticos;


h) Resíduos provenientes da defecação de animais nas ruas.

Consoante o vertido no no 1 do artigo 14 (Segregação e acondicionamento de Resíduos


Sólidos Urbanos), são segregados de acordo com as seguintes categorias:

a) Matéria orgânica;

b) Papel ou cartão;

c) Entulho;

d) Plástico;

e) Vidro;

f) Metal;

g) Têxteis;

h) Borracha;
i) Resíduos domésticos volumosos;

j) Resíduos especiais.

Resíduos Descrição

Resíduos Sólidos Resíduos usualmente produzidos nas habitações unifamiliares e


Domésticos plurifamiliares, nomeadamente os resultantes das actividades de preparação
de alimentos e da limpeza desses locais.

Resíduos Verdes Os provenientes da limpeza e manutenção dos jardins das habitações


Urbanos unifamiliares e plurifamiliares, nomeadamente aparas, troncos, ramos e
relva.

Resíduos Sólidos de Os provenientes da limpeza pública, sendo o conjunto de actividades que se


Limpeza Pública destina a recolher os resíduos sólidos existentes na via ou noutros espaços
públicos.

Resíduos Sólidos Os produzidos por um ou vários estabelecimentos comerciais ou serviços,


Comerciais com uma administração
Equiparados a
Resíduos Sólidos
Urbanos

Resíduos Sólidos Os produzidos por uma única entidade ou resultantes de actividades


Industriais acessórias da actividade industrial que pela sua natureza ou composição,
Equiparados a sejam semelhantes aos resíduos sólidos domésticos, nomeadamente os
Resíduos Sólidos provenientes de refeitórios e escritórios, cuja produção diária não exceda os
Urbanos 1.100 litros.

Resíduos Sólidos Os produzidos em unidades de prestação de cuidados de saúde, incluindo as


Hospitalares Não actividades médicas de diagnóstico, tratamento e prevenção de doença em
Contaminados seres humanos ou animais e as actividades relacionadas que não estejam
Equiparados a contaminadas nos termos da legislação em vigor e que pela sua natureza e
Resíduos Sólidos composição sejam semelhantes aos resíduos sólidos domésticos cuja
Urbanos produção diária não exceda os 1.100 litros.

Dejectos de Animais Excrementos provenientes da defecação de animais na via pública.


Monstros Objectos volumosos fora de uso, provenientes de habitações unifamiliares e
plurifamiliares que pelo seu volume, forma ou dimensões não possam ser
recolhidos pelos processos normais de remoção.

Óleos Alimentares Resultam da utilização de óleos na alimentação humana


Usados

Resíduos Orgânicos Os provenientes dos restos de cozinhas, restaurantes, cantinas, mercados,


supermercados, essencialmente de origem vegetal e ainda os originados a
partir da limpeza de jardins, sendo neste caso constituído basicamente por
folhagens, relva e ervas.

Outros Resíduos Papel, plástico e vidro. Pilhas, acumuladores, embalagens de metal e


(Fluxos) madeira, equipamentos eléctricos e electrónicos, resíduos de construção e
demolição, pneus usados, efluentes líquidos e lamas.

Classificação dos resíduos sólidos

Para o propósito deste trabalho, resíduo Sólido é tido como sendo portátil, sólido, não
perigoso sobre-produto, (restos, refugo) que é visto como indesejado e tenha sido
descartado, deitado fora, ou abandonado como não tendo valor de uso (ou não sendo
mais útil) e que é produzido pelas actividades ou processos de residências (casas
domésticas, famílias) e comércio, e que requer ordenada eliminação para proteger o
bem-estar público e o ambiente.

A classificação dos resíduos sólidos é bem diversificada, deste modo, D´Almeida et al


(2000) classificam os resíduos sólidos de acordo com a natureza física em seco e
molhado; e por sua composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica.

Segundo a ABNT (1987), os resíduos sólidos, estão definidos de acordo com a NBR
10004, que os classifica quanto a seus riscos ao meio ambiente e à saúde pública. A
fonte distingue três classes para os resíduos: Classe I – resíduos perigosos, Classe II –
não-inertes e classe III – inertes.
Classe I (Perigosos): Apresentam risco à saúde pública ou ao meio ambiente,
caracterizando-se por possuir uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade,
corrosibilidade, reactividade, toxicidade e patogenicidade.

Classe II (Não-inertes): Podem ter propriedades como: combustibilidade,


biodegradabilidade ou solubilidade, porém, não se enquadram como resíduo I ou III.

Classe III (Inertes): Não têm constituinte algum solubilizado em concentração superior
ao padrão de potabilidade de águas.

A origem é o principal elemento para a caracterização dos resíduos sólidos. De acordo


com Monteiro (2003), a partir deste critério, os diferentes tipos de lixo podem ser
agrupados da seguinte maneira:

Doméstico ou residencial: São os resíduos gerados nas actividades diárias em casas,


apartamentos, condomínios e demais edificações residenciais.

Comercial: São os resíduos gerados em estabelecimentos comerciais, cujas


características dependem da actividade ali desenvolvida. Nas actividades de limpeza
urbana, o tipo "doméstico" e "comercial" constituem o chamado "resíduo domiciliar",
que, junto com o resíduo público, representam a maior parcela dos resíduos sólidos
produzidos nas cidades.

Público: São os resíduos presentes nos logradouros públicos, em geral resultantes da


natureza, tais como folhas, galhadas, poeira, terra e areia, e também aqueles descartados
irregular e indevidamente pela população, como entulho, bens considerados inservíveis,
papéis, restos de embalagens e alimentos.

Domiciliar: Especial Grupo que compreende os entulhos de obras, pilhas e baterias,


lâmpadas fluorescentes e pneus. Observe que os entulhos de obra, também conhecidos
como resíduos da construção civil, só estão enquadrados nesta categoria por causa da
grande quantidade de sua geração e pela importância que sua recuperação e reciclagem
vêm assumindo no cenário nacional.

Fontes especiais: São resíduos que, em função de suas características peculiares,


passam a merecer cuidados especiais em seu manuseio, acondicionamento, estocagem,
transporte ou disposição final. Dentro da classe de resíduos de fontes especiais,
merecem destaque: resíduo industrial, radioactivo, de portos, aeroportos e terminais
rodo-ferroviários, agrícola e resíduos de serviços de saúde.

Para Fonseca (1999), os resíduos podem ser classificados segundo a possibilidade de


degradação:

Resíduos orgânicos: estes podem ser degradados por acção biológica e decompõem-se
com o tempo, sendo que tem a possibilidade de integração ao solo. Sua origem é do tipo
animal, vegetal e todos aqueles materiais que contém carbono, hidrogénio, oxigénio e
nitrogénio. O seu inadequado maneio pode conduzir à contaminação do solo, da água e
do ar, podendo gerar focos infecciosos e atrair vectores de enfermidades.

Resíduos inorgânicos: são formados por todas as substâncias pouco alteráveis por
acção biológica, considerados na forma ampla como “não biodegradáveis”;
nomeadamente, plástico, vidro, cerâmica, materiais sintéticos, metais, entre outros.

Impacto dos Residuos Organicos no Solo

Impacto dos Residuos Organicos na Saude


CAPÍTULO III – METODOLOGIA DO TRABALHO

INSPIRAÇÕES NO MUNDO NA GESTÃO DE RESÍDUOS E CONCEITOS DE


“LIXO ZERO” E ECONOMIA CIRCULAR

A ideia de que o lixo pode ser transformado em ouro intoxica algumas pessoas. Vêem
os trabalhadores do sector informal a viver da reciclagem de resíduos e acham que
podem enriquecer ou que os serviços de gestão de resíduos sólidos podem ser
financiados com os recursos da reciclagem. ... A experiência indica ser muito difícil
financiar a operação de instalações de reciclagem em larga escala apenas com a venda
de materiais recuperados .

O conceito “Lixo Zero” é definido como uma meta ética, económica, eficiente e
visionária, estabelecida para guiar na mudança do modo de vida e práticas de forma a
preservar os ciclos naturais sustentáveis, onde todos os materiais são projectados para
permitir a sua recuperação e uso pós-consumo. Este conceito está intimamente
relacionado à economia circular, em que os produtos e serviços têm origem em factores
da natureza e, no final de vida útil, retornam à natureza, acarretando, no entanto, menor
impacto ambiental. O objectivo é manter ou alterar esses materiais com alto valor
comercial e de utilidade. O objectivo é acabar com a deposição destes materiais em
aterros sanitários ou incineradoras. Para tal, seguem-se os 5 Rs do conceito:
 Repensar (nos hábitos de consumo e descarte), Recusar (todo o material que
seja prejudicial ao ambiente),
 Reduzir (a produção de resíduos),
 Reutilizar (todo o material que possa ser útil por mais de uma vez) e
 Reciclar (todo o resíduo que possa servir de matéria prima para produção de
outros produtos). Este é um papel de todos os integrantes da sociedade, desde os
governos e indústrias até aos comerciantes, consumidores e os cidadãos em
geral.

No entanto, tal meta é ainda de difícil alcance nas cidades de países pobres, uma vez
que, nestes países a gestão apresenta várias lacunas, sendo a colecta deficiente de
resíduos um exemplo, situando-se na margem de 41% contra 98% dos países
desenvolvidos.

Legislação Moçambicana

Internamente, o país adoptou uma legislação, programas e planos que contribuam para
uma melhor gestão de resíduos sólidos, a saber:

 Lei de Ambiente no 20/97 de 1 de Outubro possui uma Estratégia de Gestão


Integrada de Resíduos sólidos Urbanos em Moçambique (2013-2015);
 Regulamentos sobre a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (Decreto n.94/2014,
de 31 de Dezembro;
 Regulamentos sobre a Gestão de Resíduos Perigosos (Decreto n.83/2014, de 31
de Dezembro).
Exemplos de Zonas de compostagem em Mocambique
O único Centro de Compostagem do Niassa foi criado para incentivar os camponeses a
investir na reciclagem orgânica, reduzindo os custos com adubos químicos e
aumentando a produtividade dos campos de cultivo.

Centro de Demonstração de Compostagem Orgânica do Lichinga.

Na cidade de Lichinga, província de Niassa, jovens apostam na compostagem para


minimizar problemas de lixo. Inserido no projecto "Lixo é riqueza”, o Centro de
Compostagem pretende incentivar produtores à reciclagem orgânica, diminuindo os
custos com adubos químicos e aumentando a produtividade dos solos.
A coleta acontece de forma selectiva. Primeiro, eles escolhem resíduos sólidos
orgânicos. Normalmente, trata-se de podas de árvores, restos de alimentos, folhas das
árvores, restos de serradura, farelo e excremento bovino. O lixo selecionado é então
levado a um campo de produção com vários tipos de compostos orgânicos:
alguns por baixo da terra, e outros aéreos.
Júlio Benesse, membro da iniciativa, contou que, dentro desses compostos, eles fazem
a separação dos resíduos, como podas de árvores numa camada, restos de verdura em
outra, grãos e restos de alimentos juntos e, por fim, a terra que se usa para a produção de
hortícolas. "Nessa fase, é preciso fazer a mistura de tudo para que possa influenciar na
compostagem de resíduos orgânicos. Depois de dois a quatro meses de decomposição, o
resultado desse processo é o adubo orgânico, que acaba sendo utilizado no campo de
produção”, explicou Benesse.

Recursos do próprio quintal


O único Centro de Compostagem do Niassa foi criado este ano pelo Comitê
de Monitoria de Responsabilização Social. O edil de Lichinga, Saíde Amido, visitou
recentemente o Centro de Compostagem e apelou à população para reaproveitar os
resíduos. Amido disse que o melhor gestor de resíduos sólidos da cidade é o próprio
morador. "Aqui ficou claro que, em vez de pensarmos que tudo é da responsabilidade
do Conselho Municipal, nós podemos fazer isso no nosso próprio quintal. Podemos
separar vários tipos de resíduos sólidos: plásticos, restos de comida, capim, tudo que
acharmos em nossos quintais. E assim reutilizar esses recursos para outros
aproveitamentos”, afirmou o edil.
"Lixo é riqueza"
Para Jafar Amado, presidente do Comité de Monitoria e Responsabilização Social em
Lichinga, o desafio agora é apelar aos munícipes para que adotem práticas adequadas
no tratamento de resíduos sólidos."Temos que difundir essa informação. Depois da
entrega desse Centro de Compostagem, começaremos já a trabalhar passando o
conhecimento para todos os bairros. Talvez, isso já aconteça no próximo mês”,
informou Amado.

Com o Centro de Compostagem, Agostinho Cigarro, diretor da organização não-


governamental Concern Universal Moçambique, que também apoia a iniciativa,
espera que os munícipes vejam o lixo como uma mais-valia. "Lançamos a
campanha Lixo é Riqueza, em outubro do ano passado (2016). O objetivo é fazer
com que o cidadão aprenda a valorizar o lixo. Nós verificamos que, de fato, lixo não
é lixo, mas um capital. Trata-se de um recurso com potencial para ser transformado
em algo que pode garantir uma grande produtividade”, declarou. Agostinho Cigarro
concluiu dizendo que o desafio da Organização é acompanhar os produtores na
iniciativa em todos os bairros, bem como apoiar os produtores da região.( Em
Lichinga, "lixo é riqueza")
Camponeses aprendem a preparar o solo para aumentar a produtividade nas áreas de
cultivo.

CAPÍTULO IV: RESULTADOS, APRESENTAÇÃO, LEITURA E


INTERPRETAÇÃO DOS DADOS RECOLHIDOS

A área de estudo

A Postura Municipal sobre os Mercados e Feiras define mercados como instalações, em


locais vedados ou não, sob administração do Conselho Municipal ou de outro ente em
regime de concessão ou Parcerias Público-Privadas, nos quais vendedores promovem a
venda ou facilitam a aquisição de géneros aos consumidores, bem como a prestação de
determinados serviços permitidos pelo Conselho Municipal. Este instrumento classifica
os mercados em:

 Mercado Abastecedor;
 Mercado Grossista;
 Mercados do Bairro;
 Mercados informais.

Neste caso, Maputo tem 61 mercados, dentre eles 39 do bairro, 1 grossista e cerca de 21
informais. Destes, escolheu-se 1 para a realização da presente pesquisa, onde se
privilegiou a sua fácil localização, o que de algum modo, tornaria a busca de dados mais
eficaz. São eles:

 Mercado grossista: Mercado Grossista do Zimpeto.

Mercado Grossista do Zimpeto

Zimpeto é uma área peri-urbana da Cidade de Maputo, com cerca de 27.689


habitantes3, encontra-se situado no Distrito Municipal kamubukuane a norte da Cidade
de Maputo. Nesta zona localiza-se o mercado grossista de Zimpeto que foi inaugurado
no ano de 2007. Este mercado foi erguido como forma de diminuir o fluxo populacional
vendedor que se fazia sentir no mercado informal grossista localizado no bairro de
Malanga (centro da Cidade de Maputo).

Como forma de aproveitar uma das vias de comunicação mais importantes da província
(Estrada Nacional nº 1) construiu-se o mercado grossista de Zimpeto, vedado por um
muro feito de material convencional. Dentro do mesmo, existe um local para instalação
de vendedores com bancas pequenas que comercializam produtos a retalho.

Figura 4: Mercado Grossista do Zimpeto

Fonte: Linda Siquela (10 de Fevereiro de 2014)


Mapa 3: Localização dos mercados selecionados para o estudo

Proporção de produtos agrícolas comercializados na área de estudo

Mercado estudado Proporção (%)


Mercado Grossista do Zimpeto 95

Fonte: Direcção de Mercados e Feiras do CMCM

A tabela mostra que o Mercado Grossista do Zimpeto é especializado pela


comercialização de produtos agrícolas, uma vez que cerca de 95% dos produtos
comercializados ao nível deste mercado são agrícolas.

Resíduos de material orgânico

Trata-se de resíduos que, segundo Fonseca (1999) podem ser degradados por acção
biológica e decompõem-se com o tempo, sendo que tem a possibilidade de integração
ao solo. Este tipo de resíduo domina o mercado estudado. Contudo, torna-se importante
olhar para a sua distribuição ao nível do mesmo, onde se vai comparar com a
disponibilidade de produtos agrícolas.
Gráfico 1: Resíduos sólidos de origem orgânica

Produção de Resíduos Sólidos Orgânicos nos


Mercados Estudados
100

90

80

70

60
PERCENTAGEM

50

40

30

20

10

0
Central Zimpeto Malanga Janet

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do campo

De acordo com o gráfico, o Mercado Grossista do Zimpeto que é o de referência na


comercialização de produtos agrícolas, é o maior produtor de resíduos de origem
orgânica.

Conforme indica Ferrão (2006), esta situação traz desafios ligados a um bom sistema de
gestão de resíduos, tanto ao nível municipal assim como ao nível de administração do
próprio mercado, uma vez que a situação actual cria um aspecto desagradável.
Figura 5: Situação de resíduos de material orgânico no Mercado Grossista do
Zimpeto

Fonte: Linda Siquela (23 de Fevereiro de 2014)

Deposição final

A Cidade de Maputo não tem estações de transferência ou outras instalações de


processamento de resíduos sólidos municipais. Uma vez realizada a segunda remoção,
os resíduos são directamente levados para a lixeira de Hulene, sendo esta unidade
responsável pela eliminação dos produzidos na Cidade de Maputo.

A lixeira de Hulene localiza-se num antigo pântano usado pelos residentes como fonte
de água, limitando-a a Oeste .A área total do local é de 12 hectares, porém somente oito
estão disponíveis para a eliminação de resíduos, porque parte da lixeira foi invadida por
construções informais e uma parte alocada para a área anteriormente reservada para
servir de cemitério municipal (porém devido ao lençol freático que a área tem, esta
nunca foi usada como cemitério).

É este lugar que acolhe os resíduos sólidos produzidos no mercado estudado, facto
confirmado pelos respectivos administradores, tendo referido que a sua remoção e
transporte para o local de deposição final é feito na parte diurna e nocturna, em
conformidade com a legislação municipal em vigor.

Neste caso, não foram revelados outros locais ou outras formas de deposição final dos
resíduos sólidos gerados no mercado estudado, sendo a lixeira de Hulene, o único local
de deposição final para a eliminação dos resíduos provenientes dos mercados Central,
Grossista do Zimpeto.

O reaproveitamento e reciclagem de resíduos

Os dois primeiros pontos deste capítulo cingiram-se na descrição da tipologia de


resíduos sólidos, bem como a sua variação na produção, remoção e deposição final, no
que corresponde aos mercados estudados. Pretende-se neste ponto, analisar o potencial
de reaproveitamento de resíduos, assim como a atitude/ o comportamento dos utentes
dos mercados perante resíduos sólidos por si gerados, no que diz respeito à sua
destinação.

De acordo com EEA (1995) apud. Fonseca (1999), reaproveitar é dar a mesma função a
um produto que seria descartado (garrafas plásticas e de vidro).

Entretanto, embora tenham demonstrado conhecimento dos termos reaproveitamento de


resíduos e reciclagem, notou-se uma diferenciação na aplicação dos mesmos no que
corresponde aos resíduos sólidos por si gerados.

Tabela 8: Destinação de resíduos segundo o tipo (percentagem dos entrevistados)

Mercado Resíduo plástico Resíduo do tipo papelão Resíduo orgânico


estudado Deita Recicla Deita Recicla Deita Reaproveita
Zimpeto 70 30 91 09 80 20

Conforme ilustra a tabela, no que diz respeito aos resíduos plásticos, no Mercado
Grossista do Zimpeto, 98% dos entrevistados não fazem nenhum proveito destes
resíduos, cingindo-se apenas em colocá-los junto do conjunto de resíduos destinados à
eliminação, embora tenham consciência de sua utilidade. Neste caso, apenas 2% é que
destinam estes resíduos à reciclagem, onde referiram que recolhem os mesmos para uma
empresa de reciclagem localizada perto do Mercado Informal do Xiquelene.

Já no que diz respeito aos resíduos orgânicos, é importante destacar o Mercado Zimpeto
pois, cerca de 29% dos vendedores interpelados afirmaram reaproveitar estes resíduos
para a alimentação de porcos, não tendo declarado outra forma de reaproveitamento.
Embora possa-se para esta forma como eliminação, para Fonseca (1999), usar resíduos
com material orgânico na alimentação de animais domésticos é uma maneira de
reaproveitar pois, os mesmos contribuem favoralmente no enriquecimento de nutrientes
necessários para o fortalecimento dos animais.

Assim, é notável que a única forma que os vendedores entrevistados encontram para
reaproveitar os resíduos com material orgânico gerados é a alimentação de animais
domésticos, não tendo sido verificadas outras formas propostas por Ferrão (2006), na
sua dissertação de mestrado, como compostagem, que se trata de um processo envolve
transformações (decomposição biológica) promovidas por microrganismos do solo que
têm na matéria orgânica sua fonte de energia, nutrientes minerais e carbono.

A compostagem como proposta de reaproveitamento

PNUA (2001) diz que, em média, os resíduos dos países africanos são húmidos
(aproximadamente 40-50%) e tem um elevado conteúdo orgânico (40-50%). O elevado
conteúdo orgânico no fluxo de resíduos da Cidade de Maputo cujos constituintes são
67%, está na mesma classe das cidades capitais de outros países africanos. Contudo,
este elevado conteúdo orgânico pode ser visto como condição favorável para a
compostagem e como método para reduzir o volume dos resíduos destinados à
eliminação. Neste caso, a compostagem irá desviar o material orgânico dos aterros
sanitários e reduzirá o risco de contaminação.

O processo de compostagem biológica é tão básico que é muito provável ser bem-
sucedido se houver condições apropriadas e um devido manuseamento, sendo que,
projectos de compostagem baseados nos resíduos dos quintais, jardins, restaurantes e
mercados, silenciosamente aparecem em muitos lugares do mundo.

Nos mercados estudados, os vendedores interpelados demonstraram, na sua maioria,


desconhecer o processo de compostagem.

Tabela : Conhecimento do processo de compostagem

Mercado estudado Proporção (%)


Mercado Grossista do Zimpeto 02

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do campo


A tabela mostra que os interpelados desconhecem o processo proposto para o
reaproveitamento de resíduos orgânicos, onde se deve destacar o Mercado Grossista do
Zimpeto pois, embora seja especializado na comercialização de produtos ricos em
material orgânico, apenas 2% dos entrevistados conhecem o processo de compostagem,
mesmo sem aplicá-lo.

A produção do composto a partir de resíduos orgânicos nos mercados estudados poderá


ter no mínimo três benefícios:

 Primeiro, irá reduzir o volume de resíduos a serem depositados na lixeira de


Hulene;
 Segundo, irá fornecer nutrientes para os solos onde ele for aplicado;
 Terceiro, poderá criar mais postos de trabalho e, assim, de algum modo, reduzir
o desemprego.

O composto produzido poderá ser usado para agricultura nas áreas verdes do Vale do
Infulene e das Mahotas, locais onde são alocados os produtos agrícolas vendidos pelos
comerciantes dos mercados estudados. O excedente poderá ser usado como cobertura
diária na lixeira de Hulene, uma vez que, actualmente, de acordo com Ferrão (2006), os
resíduos não são cobertos.

De acordo com Eugénio Langa, técnico do Pelouro do Meio Ambiente e Planeamento


Territorial do Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM), actualmente existe
uma pequena instalação para a compostagem na Cidade de Maputo, localizada dentro
do Jardim Tunduro, no centro da cidade. Ela desenvolve o composto a partir de refugo e
folhas verdes, sendo gerido pelo CMCM.

Deste modo, a construção de unidades de compostagem junto dos mercados que mais
produzem resíduos orgânicos poderá contribuir para a sensibilização dos vendedores na
destinação destes resíduos para o seu reaproveitamento. Este facto foi declarado por
cerca de 82% do total dos entrevistados em todos os mercados estudados.

Assim, construindo locais apropriados de remoção e sistemas e sistemas de


transferência para garantir que o resíduo compostível seja guardado em separado, pode
reforçar a fracção compostível do fluxo de resíduos dos mercados da Cidade de Maputo.
A Cidade de Maputo produz por dia 1,054 toneladas de resíduos sólidos, sendo que a
área da cidade cimento é responsável pela maior parte, pelo facto de concentrar uma
maior parte de escritórios, embaixadas, ministérios, estabelecimentos comerciais, entre
outros, e onde vivem as pessoas com maior poder de compra.

Desses resíduos, os de origem orgânica dominam a cidade, onde se deve considerar que,
na sua maioria comercializam produtos agrícolas, tendo-se destacado o Mercado
Grossista do Zimpeto.

Desta maneira, os mercados que produzem a maior parte de resíduos orgânicos, geram
menos quantidades de resíduos doutra natureza nomeadamente, plástico e papelão, o
que torna os que tem maior disponibilidade de produtos agrícolas como os mercados
que mais produzem resíduos de origem orgânica. Contudo, os maiores centros de
produção de resíduos orgânicos são: Mercado Grossista do Zimpeto e Mercado Malanga
Informal.

O sistema de remoção de resíduos sólidos produzidos pelos vendedores dos mercados


da Cidade de Maputo tem um elemento comum, isto é, gozam, na sua maioria, de um
sistema integrado de remoção de resíduos sólidos, o que significa que, há uma
comparticipação dos vendedores na remoção dos resíduos por si gerados. Identificou-se
desta maneira as seguintes formas:

 Latas de 50 L dispostas em volta do mercado, onde os vendedores depositam os


resíduos por si gerados, sendo que, no final de cada dia, funcionários
responsáveis pela limpeza recolhem as latas e, por sua vez, fazem a deposição
dos resíduos nos contentores localizados no exterior.
 Microempresas de recolha de resíduos sólidos contractadas pelos mercados para
a remoção diária de resíduos, onde os vendedores comparticipam com o
pagamento de uma taxa destinada a esta actividade.
 Deposição directa de resíduos em contentores dispostos na parte exterior do
mercado, com capacidade de 6m3.

A Cidade de Maputo não tem estações de transferência ou outras instalações de


processamento de resíduos sólidos municipais. Nos mercados, uma vez realizada a
segunda remoção, os resíduos são directamente levados para a lixeira de Hulene, sendo
esta unidade responsável pela eliminação dos produzidos na Cidade de Maputo.
No que diz respeito ao reaproveitamento, a única forma que os mercados encontram
para reaproveitar os resíduos orgânicos gerados é a alimentação de animais domésticos,
não tendo sido verificadas outras formas como compostagem, que se trata de um
processo envolve transformações (decomposição biológica) promovidas por
microrganismos do solo que têm na matéria orgânica sua fonte de energia, nutrientes
minerais e carbono.

Algumas recomendações

Assim, ao se optar pelo composto, o mesmo poderá ser usado para agricultura nas áreas
verdes do Vale do Infulene e das Mahotas, locais onde são alocados os produtos
agrícolas vendidos pelos comerciantes dos mercados estudados.

A construção de unidades de compostagem junto dos mercados que mais produzem


resíduos orgânicos poderá contribuir para a sensibilização dos vendedores na destinação
destes resíduos para o seu reaproveitamento.

Deste modo, apresenta-se as seguintes sugestões:

 Promover campanhas educativas (Educação Intensiva e extensiva formal e


informal)

Educação de ambas autoridades governamentais responsáveis pela gestão de resíduos e


o público em geral é identificado como uma das mais críticas acções necessárias na
Cidade de Maputo para ajudar a encontrar soluções para o problema dos resíduos nos
mercados. As autoridades Governamentais devem ser vistas a conduzir boa gestão de
resíduos pelo exemplo. Esta educação deve informar os vendedores dos mercados dos
impactos ambientais, saúde e economia da actual produção de resíduos sólidos e hábitos
de deposição. Tal educação irá ajudar a dar ao público a pertença do problema e deve
ajudar a promover o envolvimento do público pelo fornecimento de informação dos
métodos de redução de resíduos, reciclagem e reuso de materiais que eles podem
adoptar.

Há muitas fontes de informação que podem ser usadas para propósitos educativos,
nomeadamente, posters, livros cómicos, vídeos e locais na Internet.
 Apoio à separação na fonte, valorização e redes de comércio

Além da fonte informal de separação, a valorização e reciclagem local seriam


apropriadas para a Cidade de Maputo uma vez que as quantidades de resíduos
produzidos nos mercados são suficientemente grandes para suportar viáveis redes de
negócio. Em adição, a localização da Cidade de Maputo próximo da África do Sul, que
tem boa tradição de reciclagem, pode tornar económico grande parte do material
valorizado fora dos mercados. Separação de itens tais como papel, cartão, garrafas de
vidro, latas de alumínio e aço para reuso ou reciclagem pode ser alcançado facilmente e
sem grande custo. A separação de itens pode também ser feita na “borda do passeio”,
onde itens tais como papel e cartão, vidro e metais são postos em pequenos contentores
separados para remoção, ou onde não há áreas de remoção, itens recuperáveis podem
ser colocados num grande contentor de remoção localizado em locais convenientes.
Estes podem ser nas escolas, centros de venda, ou em áreas similarmente convenientes.

Reduzir resíduos via legislação e instrumentos económicos

O volume de resíduos não biodegradáveis no fluxo de resíduos nos mercados de Maputo


parece derivar de embalagens de bens importados. Embalagens podem ser reduzidas
através de legislação selectiva de redução de resíduos. Pode ser argumentado que os
mercados da Cidade de Maputo são muito pequenos para impor requisitos especiais de
embalagem aos exportadores externos. A cidade está no fim da linha para muitos fluxos
de resíduos produzidos por países industriais. Consequentemente, medidas especiais,
por exemplo, sobretaxas, taxas, ou depósitos, podem ser necessários para plásticos, latas
ou garrafas. Os fundos então obtidos podem serusados para garantir que estes materiais
podem ser separados e transportados para destinos onde a reciclagem pode ser realizada.

 Promover inovação para criar nova utilidade para bens e materiais que podem
ser de outra maneira descartados depois do uso inicial

Dado o relativo baixo custo de trabalho em Maputo, valor pode ser adicionado para
resíduos recuperados fazendo dos materiais resíduos novos produtos. Estes podem ser
para o público local, para turistas ou para exportação.
Conclusao

Recomendacoes

SOLUÇÕES

-Existe uma vasta gama de soluções que abarcam o universo dos factores relacionados
com resíduos sólidos. Nesta parte, vamos focar unicamente o tema das embalagens. O
decreto nº 79/2014, de 29 de Dezembro, aprova o Regulamento sobre a
Responsabilidade Alargada do Produtor e Importador de Embalagens (RAP), cujo
intuito principal é contribuir para a melhoria da gestão de resíduos no país. Entre as
várias medidas previstas no RAP, prevê-se a definição de uma Taxa Ambiental sobre a
Embalagem (TAE) a ser paga por todos os produtores e importadores de embalagens.
Estima-se que a TAE possa gerar mais de 10 milhões de USD por ano - num cenário
conservador de tributação, o que poderá representar um balanço económico positivo
estimando-se que, por cada metical aplicado na TAE, sejam gerados através da
valorização dos resíduos de embalagem... Nesse cenário, espera-se que até 2023 a
reciclagem dos resíduos de embalagens seja superior a 30 %, o que representa uma
valorização de cerca de 3 kg por habitante por ano. De acordo com o decreto n°
16/2015 de 5 de Agosto, é proibida no país a “produção, importação, comercialização a
retalho ou a grosso de saco plástico cuja espessura seja inferior aos 30 micrómetros...”,
salvo algumas excepções, e “distribuição gratuita de saco plástico em todos os locais
onde se exerça a actividade comercial...” Apesar da massiva responsabilidade do
governo na gestão de resíduos, devendo agir de forma a possibilitar a implementação da
legislação e a devida fiscalização, cada cidadão deve contribuir nesta gestão para que
seja, de facto, eficaz. A regra dos 5R sugere que todo o resíduo, dentro de suas
capacidades, deve ser reutilizado e reciclado. Desta forma, será observada uma redução
significativa na produção de lixo. A triagem é uma fase importante na gestão,
consistindo na separação dos resíduos consoante o tipo. Isto facilita no encaminhamento
apropriado de cada tipo de resíduo, tendo em conta a reciclabilidade,
biodegradabilidade, etc. Portanto, existe necessidade de conscientização da sociedade
quanto à problemática de resíduos para que se observem mudanças de atitude.
Recentemente, têm sido levadas a cabo campanhas de limpeza e sensibilização, porém a
aderência a estas ainda deixa muito a desejar.

-A valoração dos resíduos orgânicos pode auxiliar na solução de graves problemas


ambientais como degradação do solo, erosão e mudanças climáticas. Tanto as cidades
quanto as empresas e a agricultura são amplamente beneficiadas ao considerar seus
resíduos sólidos orgânicos como um “recurso” precioso, convertendo-o em adubo e/ou
energia, gerando empregos e contribuindo para a redução dos custos de sua disposição.
É preciso, portanto, além de melhorar a infraestrutura para a compostagem e a
biometanização, investir intensivamente em programas de redução do desperdício de
alimentos a fim de obter volumes menores para a reciclagem.

Em última análise, quaisquer das iniciativas de valorização da fração orgânica dos


resíduos esbarram na questão da educação dos usuários (geradores de resíduos sólidos),
que precisa ser considerada a fim de alterar as formas acanhadas de participação ainda
observadas no Brasil. Mais do que a mera colaboração ao apresentar resíduos para a
coleta, o envolvimento dos cidadãos compreenderá atitudes assertivas e proativas de
separação e acondicionamento. Isso contribuirá para que as demais etapas do processo
de gestão funcionem adequadamente, de maneira que o resultado combinado seja, de
fato, a implantação da gestão sustentável dos resíduos.
Bibliografia

https://www.dw.com/pt-002/em-lichinga-lixo-%C3%A9-riqueza/a-40749345

https://www.scielo.br/j/esa/a/MY53xbTzPxYhz783xdmKc8F/?lang=pt

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