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ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE


ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

Bruna de Carvalho Assunção

PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE
SUBSTRATOS OBTIDOS A PARTIR DE
RESÍDUO DE PODA ASSOCIADO A
MINHOCAS, GONGOLOS E
MICRORGANISMOS EFICIENTES

NITERÓI
2023
BRUNA DE CARVALHO ASSUNÇÃO

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao Curso de Engenharia Agrícola e
Ambiental, da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Agrícola e Ambiental.

Orientador (a):
Profa Dra Cristina Moll Hüther

Coorientador (a):
Profa Dra Roberta Jimenez de Almeida Rigueira

Niterói
2023
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e
Instituto de Computação da UFF

Observação: A ficha catalográfica deve ser impressa no verso da folha anterior e não
deve ser incluída no número total de páginas do Trabalho de Conclusão de Curso.
BRUNA DE CARVALHO ASSUNÇÃO

PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE SUBSTRATOS OBTIDOS A PARTIR DE


RESÍDUOS DE PODA ASSOCIADO A MINHOCAS, GONGOLOS E
MICRORGANISMOS EFICIENTES.

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao Curso de Engenharia Agrícola e
Ambiental, da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Agrícola e Ambiental.

Aprovada em ____ de dezembro de 2023.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________
Profa Cristina Moll Hüther, (Orientadora Interna), D.Sc. – UFF

___________________________________________________________________
Profa Roberta Jimenez de Almeida Rigueira, (Orientadora Externa), D.Sc. – UFF

___________________________________________________________________
David Campos Vilas Boas, D.Sc. – EMBRAPA Solos

___________________________________________________________________
Mestranda Julia Ramos de Oliveira, PGEB – UFF
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à memória dos meus


avós Célia e Walmir, que sempre foram os
maiores incentivadores da minha
educação intelectual e afetiva.
Espero que se orgulhem com o
fechamento de mais esse ciclo, pois
sempre foram e sempre serão a minha
maior inspiração.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e a toda espiritualidade que sempre esteve comigo durante todas
as etapas da minha vida, agindo e intuindo para que eu pudesse trilhar os melhores
caminhos e me dando forças para continuar quando tudo parecia sem sentido.
Agradeço aos meus pais Simone e Marcos, por terem me dado a vida e por nunca
medirem esforços para me proporcionar a melhor educação, mesmo quando em meio
às adversidades. Meu pai por ter me ensinado a importância da natureza e da
curiosidade, sempre questionando o porquê das coisas, e o valor do trabalho duro. Minha
mãe por ter me ensinado a correr atrás dos meus sonhos e por acreditar em mim mesmo
quando nem eu mesma acreditava.
Agradeço aos meus avós Margarida e Belarmino, por terem sempre contribuído
para a minha formação, este momento não seria possível sem o apoio deles. À minha
avó eu agradeço por ter me dado o amor pela natureza e ao meu avô eu agradeço pelo
exemplo de pessoa justa e íntegra, o qual eu admiro e me inspiro.
Agradeço ao meu namorado Raphael que foi um grande pilar de sustentação
durante boa parte da minha graduação, sempre presente e solícito, abraçando minhas
causas e apoiando minhas decisões.
Agradeço às minhas primas Fernanda e Bianca por agirem como verdadeiras irmãs
mais velhas, sempre cuidando de mim e dando os melhores conselhos, essa conquista
também é de vocês.
Agradeço aos meus amigos Milena, Michelle, Leonardo, Julya, Brunna e Ingrid pelo
elo de amizade que nos une, sempre nos mantendo fortes, mesmo quando distantes. A
irmandade de vocês foi essencial no meu caminho até aqui, essa vitória é nossa.
Agradeço também aos meus amigos do estágio Giselle, Pedro e Vinicius, por terem
me dado o privilégio de conviver e aprender juntos, ajudando uns aos outros quando um
desafio aparecia. As minhas amigas da faculdade Huang e Tamara, que passaram
comigo pelos tenebrosos cálculos e físicas da graduação, sempre fazendo com que
horas de estudo se tornassem mais leves e divertidas. Agradeço à minha amiga de
Iniciação Científica Gabriela por todo apoio em diversos momentos deste experimento,
e também a todos os outros alunos da pesquisa que me deram suporte, Alice, Ana Luiza,
Nicole e Felipe.
Agradeço a minha amiga Julia por sempre se fazer presente sendo um porto seguro
e me lembrando da minha força para continuar, muito obrigada por ser minha inspiração
acadêmica.
Agradeço ao professor Carlos Rodrigues, tutor do Programa de Educação Tutorial
- PET Agrícola e Ambiental da UFF, pela parceria e ajuda com o projeto. Agradeço
também a todos os membros do PET, principalmente a Sophia, Daniela, Andressa,
Fernanda e Maria Eduarda por terem feito parte deste projeto junto comigo. O PET foi
um programa muito importante durante minha graduação e serei eternamente grata.
Agradeço também ao coordenador da Divisão de Educação Ambiental - DIEA da
Companhia Municipal de Limpeza Urbana de Niterói - CLIN, Luiz Vicente Peres, por todo
suporte e a todos os funcionários e estagiários do viveiro de mudas da CLIN, sem a ajuda
deles a conclusão deste trabalho não seria possível.
Agradeço também ao produtor rural, Alex Prado pela doação da colônia de
minhocas que foi utilizada neste estudo. Agradeço ao pesquisador da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Solos, David Vilas Boas pela disponibilidade em
ajudar e pela parceria nas análises do substrato. Agradeço ao professor Ivanovich Lache
pela ajuda em toda etapa de montagem do Arduino, sempre disponível a ajudar.
Deixo meu agradecimento especial ao Diretório Estudantil de Engenharia Agrícola
e Ambiental - DEEAGRI que foi a primeira instituição ao qual fiz parte na UFF e sempre
estará presente no meu coração. Um diretório presente e ativo é crucial para auxiliar o
aluno em sua jornada acadêmica e eu agradeço muito por ter tido esse suporte e por ter
contribuído para o crescimento desta instituição.
Agradeço às minhas orientadoras Cristina e Roberta por não largarem minha mão
em nenhum momento do desafio que foi realizar esse trabalho e por acreditarem em mim
desde o primeiro dia. Minha admiração e gratidão por vocês será eterna.
Gratidão a todos os professores da Universidade Federal Fluminense - UFF que
contribuíram para minha formação, principalmente a professora Dirlane que foi minha
mentora durante a experiência de iniciação à docência, dividindo comigo um pouco da
sua larga experiência. A UFF representa pra mim muito mais que uma universidade, é
uma segunda casa onde fui muito feliz e de onde guardarei muitas lembranças.
Por fim, agradeço a todos que contribuíram também de forma indireta durante
minha graduação e durante o progresso deste trabalho, pois ninguém vence sozinho, e
nós vencemos juntos.
“A felicidade pode ser encontrada mesmo nas horas mais difíceis, se você
lembrar de acender a luz.”
– Albus Dumbledore
RESUMO
A principal problemática do resíduo de poda é seu grande volume, tornando-se um
material de difícil descarte. Portanto, é de interesse do Município de Niterói, que possui
alta arborização, buscar alternativas para devolver este resíduo como matéria-prima,
oferecendo alto potencial para compostagem e posterior utilização como substrato.
Assim, o objetivo deste trabalho foi produzir e caracterizar substratos obtidos a partir
de resíduos de poda associados a minhocas, gongolos e microrganismos eficientes.
Para produção e caracterização do substrato em potencial foram estabelecidos 4
tratamentos, com 4 repetições cada: T1 – Controle (5 kg de poda sem os seres vivos);
T2 – Minhocas Californianas (5 kg de poda + 150 indivíduos); T3 – Gongolos (5 kg de
poda + 150 indivíduos); T4 – Microrganismos Eficientes (5 kg de poda + solução do
Embiotic Compostagem 25 mL + 125 mL de água mineral). Feita a coleta dos dados
de temperatura dos tratamentos e também da umidade relativa do ar e temperatura
ambiente. A manutenção do experimento foi realizada a cada mês para análise de
umidade através do teste tátil e também coleta de imagens para uma análise visual
ao final do experimento. Após cerca de três meses do início do estudo, foram
analisados os seguintes parâmetros: granulometria, umidade, mortalidade das
minhocas e dos gongolos, pH e capacidade de troca catiônica (CTC). A análise visual
não apresentou modificações quando comparado com o controle, assim como os
dados de temperatura dos tratamentos que mantiveram valores semelhantes e não
atingiram temperaturas superiores. Os valores de umidade encontrados em todos os
tratamentos foram considerados abaixo do ideal para processos de compostagem. As
minhocas apresentaram um maior potencial na decomposição granulométrica da
poda, além de serem organismos mais resistentes quando comparados aos gongolos,
visto a menor taxa de mortalidade. Parâmetros de pH e CTC do tratamento das
minhocas e do tratamento controle apresentaram valores satisfatórios quanto
comparados aos ideais descritos pela literatura. Pode-se considerar que o resíduo de
poda utilizado é um material com grande potencial para a compostagem,
principalmente quando envolve macrorganismos, como a minhoca, sendo uma
alternativa para a diminuição do volume final do resíduo produzido e direcionando-o
para a cadeia produtiva, fechando assim, seu ciclo.

PALAVRAS – CHAVE: compostagem; Trigoniulus corallinus; Eisenia fétida;


Lactobacilos plantarum; Saccharomyces; agroecologia.
ABSTRACT
The main issue with pruning waste is its large volume, making it a challenging material
to dispose of. Therefore, it is in the interest of the Municipality of Niterói, which has a
high tree population, to seek alternatives to return this waste as raw material, offering
high potential for composting and subsequent use as a substrate. So, the objective of
this work was to produce and characterize substrates obtained from pruning residues
associated with earthworms, squash plants, and efficient microorganisms. For the
production and characterization of the potential substrate, four treatments were
established, each with four repetitions: T1 – Control (5 kg of pruning without the
addition of living organisms); T2 – California worms (5 kg of pruning + 150 individuals);
T3 – Millipedes (5 kg of pruning + 150 individuals); T4 – Efficient Microorganisms (5
kg of pruning + 25 mL of Embiotic Composting solution + 125 mL of mineral water).
Throughout the experiment, data on treatment temperatures, relative air humidity, and
ambient temperature were collected. The treatments were assessed monthly for
moisture analysis using the tactile test, and images were collected for visual analysis
at the end of the experiment. After about three months from the start of the study, the
following parameters were analyzed: particle size, moisture, mortality of worms and
millipedes, pH, and cation exchange capacity (CEC). Visual analysis showed no
modifications compared to the control, and the temperature data for the treatments
maintained similar values, not exceeding higher temperatures. The moisture values in
all treatments were considered below the ideal for composting processes. Worms
demonstrated greater potential in the particle size decomposition of pruning waste and
proved to be more resilient organisms compared to millipedes, as evidenced by the
lower mortality rate. The pH and CEC parameters for the worm treatment and the
control treatment showed satisfactory values when compared to the ideal values
described in the literature. It can be considered that the pruning waste used is a
material with great potential for composting, especially when involving
macroorganisms such as worms, providing an alternative for reducing the final volume
of waste produced and directing it into the production chain, thus closing cycle.

KEY WORDS: composting; Trigoniulus corallinus; Eisenia fétida; Lactobacilos


plantarum; Saccharomyces; agroecology
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Esquema com o ciclo fechado da poda na produção de mudas do viveiro


da Companhia Municipal de Limpeza Urbana de Niterói - CLIN. .............................. 17
Figura 2 – Vista lateral do corte do galão de 20 L (A); vista superior do corte do galão
de 20 L (B)................................................................................................................. 22
Figura 3 – Resíduo de poda sendo despejado no pátio do viveiro de mudas da
Companhia Municipal de Limpeza Urbana de Niterói – CLIN – Niterói – RJ. ............ 23
Figura 4 – Triturador utilizado pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana de
Niterói – CLIN – Niterói – RJ, na tritura da poda. ...................................................... 24
Figura 5 – Funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana de Niterói –
CLIN – Niterói – RJ fazendo a homogeneização da poda (A); preenchimento dos
galões (B); procedimento de pesagem dos galões (C); galões prontos para serem
transportados (D). ..................................................................................................... 25
Figura 6 – Gongolos na baia de compostagem da CLIN (A); balde com a tampa aberta
com o total de 600 gongolos (B) e separação de gongolos para cada repetição do
tratamento, totalizando 4 recipientes com 150 gongolos (C)..................................... 26
Figura 7– Minhocas californianas do sítio localizado em Rio da Prata – Campo Grande
(A); visita ao sítio, onde foi feita a coleta da colônia de minhocas (B); instalação onde
é feita a produção de húmus de minhoca (C); proprietário usando a isca (D). ......... 27
Figura 8 – Separação das minhocas californianas com auxílio de graduando do curso
de Engenharia Agrícola e Ambiental da UFF. ........................................................... 28
Figura 9 – Frente da embalagem de 500 mL do Embiotic Compostagem (A); rótulo
com instruções para utilização da solução (B). ......................................................... 29
Figura 10 – Itens utilizados para preparar a solução de microrganismos eficientes (A);
e borrifador com a solução utilizado para a aspersão do produto já dissolvido (B). .. 29
Figura 11 – Posicionamento dos galões de acordo com o croqui feito a partir
delineamento em blocos casualizados dos tratamentos. .......................................... 30
Figura 12 – Orifícios para a entrada das sondas indicadas por setas amarelas. ..... 30
Figura 13 – Galão identificado através da etiqueta e também fechado com sombrite,
elásticos e barbante. ................................................................................................. 31
Figura 14 – Elementos para montagem do Arduino. Kit com módulo e sondas de
temperatura (1); sensor de temperatura e umidade DHT22 (2); módulo de relógio para
Arduino (3); conectores F to F (4); Arduino UNO (5); placa de extensão tipo escudo
para Arduino (6). ....................................................................................................... 33
Figura 15 – Protótipo do Arduino montado e em funcionamento. Sensor de
temperatura e umidade DHT22 (1); módulo para cartão micros (2); Arduino UNO com
jumpers F to F conectados (3) e caixa de papelão para proteção do protótipo (4). .. 33
Figura 16 – Parafusando os cabos das sondas no módulo que posteriormente foi
conectado ao Arduino. .............................................................................................. 34
Figura 17 – Setas amarelas indicando as etiquetas identificando os galões. Círculo
amarelo indicando as etiquetas identificando as sondas. ......................................... 35
Figura 18 – Extremidades dos cabos que foram utilizados para fazer a extensão das
sondas utilizando jumpers. ........................................................................................ 35
Figura 19 – Estabilizador de energia conectado à tomada e a extensão para a
alimentação do Arduino. ............................................................................................ 36
Figura 20 – Esquema final do posicionamento do experimento. Protótipo do Arduino
funcionando (1); cabos utilizados para alongamento das sondas referentes aos blocos
2 e 4 (2); cabos pretos para aferição da temperatura inseridos nos galões (3); faixa
zebrada (4). ............................................................................................................... 37
Figura 21 – Peneira utilizada no procedimento. ....................................................... 39
Figura 22 – Material que não passou pela peneira (A); material que passou pela
peneira (B)................................................................................................................. 39
Figura 23 – Micro moinho tipo Willye moendo o material inicial do estudo (A); resíduo
de poda após a moagem (B); materiais utilizados na moagem: micro moinho tipo
Willye, funis e luvas (C). ............................................................................................ 40
Figura 24 – Gongolo encontrado fora do limite do experimento. .............................. 41
Figura 25 – Equipamentos utilizados para o umedecimento do material dos galões.
.................................................................................................................................. 42
Figura 26 – Tratamento gongolo, repetição 4 (T3R4). Material sendo despejado na
lona para contagem de indivíduos e posterior homogeneização............................... 43
Figura 27 – Tratamento minhoca, repetição 2 (T2R2). Processo de contagem manual
das minhocas. ........................................................................................................... 44
Figura 28 – Processo de identificação e ensacamento do material. ......................... 44
Figura 29 – Fração fina de cada tratamento após o teste da peneira. Tratamento
controle, repetição 2 (T1R2) (A); tratamento gongolo, repetição 4 (T3R4) (B);
tratamento minhocas, repetição 4 (T2R4) (C); tratamento microrganismos eficientes,
repetição 4 (T4R4) (D). ............................................................................................. 45
Figura 30 – Amostras pesadas e identificadas em sacos de papel antes de serem
colocadas na estufa para secagem. .......................................................................... 46
Figura 31 – Pesagem das amostras para análise de pH. ......................................... 47
Figura 32 – Amostras com soluções extratoras (H2O destilada).............................. 47
Figura 33 – Utilização do multiparâmetro para aferição do pH. ................................ 48
Figura 34 – Avaliação visual dos tratamentos com um mês de experimento.
Tratamento controle, repetição 2 (A); tratamento com gongolo, repetição 4 (B);
tratamento com minhocas, repetição 4 (C); tratamento com microrganismos eficientes,
repetição 4 (D)........................................................................................................... 49
Figura 35 – Tratamento gongolo, repetição 4 (T3R4). .............................................. 50
Figura 36 – Avaliação visual dos tratamentos após dois meses de experimento.
Tratamento controle, repetição 2 (A); tratamento gongolo, repetição 4 (B); tratamento
minhocas, repetição 4 (C); tratamento microrganismos eficientes, repetição 4 (D). . 51
Figura 37 – Tratamento minhoca, repetição 4 (T2R4). ............................................. 51
Figura 38 – Avaliação visual dos tratamentos após três meses de experimento.
Tratamento controle, repetição 2 (A); tratamento dos gongolos, repetição 4 (B);
tratamento das minhocas, repetição 4 (C); tratamento dos microrganismos eficientes,
repetição 4 (D)........................................................................................................... 52
Figura 39 – Tratamento gongolo, repetição 3 (T3R3). Lado A da figura: material
coletado próximo a superfície; Lado B da figura: material coletado próximo ao fundo
do galão. ................................................................................................................... 53
Figura 40 – Tratamento gongolo, repetição 4 (T3R4). .............................................. 53
Figura 41 – Umidade Relativa do Ar da Universidade Federal Fluminense (UFF),
Campus Praia Vermelha, no prédio da Escola de Engenharia, andar térreo - Bloco D,
localizado no município de Niterói-RJ durante os 89 dias de estudo. ....................... 54
Figura 42 – Temperaturas dos tratamentos (ºC) no decorrer de 89 dias de
experimento: controle (T1), minhocas (T2), gongolos (T3), microrganismos eficientes
(T4). Letras iguais não diferem estatisticamente entre si ao teste de Tukey à 5% (n=5).
.................................................................................................................................. 55
Figura 43 – Fração fina do composto final dos tratamentos (%): controle (T1),
minhocas (T2), gongolos (T3), microrganismos eficientes (T4). Letras iguais não
diferem estatisticamente entre si ao teste de Tukey à 5% (n=5). .............................. 56
Figura 44 – Umidade (%) dos tratamentos: controle (T1), minhocas (T2), gongolos
(T3), microrganismos eficientes (T4). Letras iguais na mesma coluna não diferem
estatisticamente entre si ao teste de Tukey à 5%. Valores representando a média de
n=5. ........................................................................................................................... 57
Figura 45 – pH em água dos tratamentos: controle (T1), minhocas (T2), gongolos (T3),
microrganismos eficientes (T4). Letras iguais na mesma coluna não diferem
estatisticamente entre si ao teste de Tukey à 5%. Valores representando a média de
n=5. ........................................................................................................................... 59
Figura 46 – Capacidade de troca catiônica dos tratamentos: controle (T1), minhocas
(T2), gongolos (T3), microrganismos eficientes (T4). Letras iguais na mesma coluna
não diferem estatisticamente entre si ao teste de Tukey à 5%. Valores representando
a média de n=5. ........................................................................................................ 60
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Materiais utilizados para monitoramento de temperatura. ..................... 32


Quadro 2 – Espécies vegetais utilizadas na arborização de Niterói e utilizadas como
resíduos para produção de substrato no estudo. ...................................................... 38
Quadro 3 – Taxa de mortalidade do tratamento das minhocas. ............................... 58
Quadro 4 – Taxa de mortalidade do tratamento dos gongolos. ................................ 58
Quadro 5 – Croqui feito a partir de delineamento casualizado dos tratamentos. ..... 67
Quadro 6 – Análise de granulometria do composto inicial. Tempo 0 representando o
composto antes do início do experimento; P0: peso inicial do resíduo de poda; P1:
peso do resíduo de poda que passou pela peneira; Material fino (%): porcentagem de
resíduo de poda. ....................................................................................................... 67
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 13

2. OBJETIVOS .............................................................................................. 14

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DA LITERATURA ............... 15

3.1. RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................ 15

3.2. RESÍDUOS VEGETAIS NO MUNICÍPIO DE NITERÓI ...................... 16

3.3. RESÍDUOS DE PODA........................................................................ 17

3.4. TIPOS DE DECOMPOSIÇÃO ............................................................ 18

3.5. DESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES ........................................................... 20

4. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 21

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .................................... 21

4.2. MONTAGEM DO EXPERIMENTO ..................................................... 22

4.3. CARACTERIZAÇÃO DO COMPOSTO INICIAL ................................. 37

4.3.1. ANÁLISE FÍSICA DO COMPOSTO INICIAL ................................. 38

4.3.2. ANÁLISE QUÍMICA DO COMPOSTO INICIAL ............................. 40

4.4. MONITORAMENTO DOS DADOS METEREOLÓGICOS .................. 41

4.5. MANUTENÇÃO DO EXPERIMENTO................................................. 41

4.6. ANÁLISE DO COMPOSTO FINAL ..................................................... 45

4.6.1. ANÁLISE FÍSICA DO COMPOSTO FINAL.................................... 45

4.6.2. ANÁLISE QUÍMICA DO COMPOSTO FINAL ................................ 46

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 49

5.1. ANÁLISE VISUAL .............................................................................. 49

5.2. ANÁLISE DOS DADOS METEREOLÓGICOS ................................... 54

5.2.1. TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR ........................ 54

5.3. ANÁLISE FÍSICA ................................................................................ 54

5.3.1. TEMPERATURA DOS TRATAMENTOS ....................................... 54

5.3.3. UMIDADE DO COMPOSTO FINAL ............................................... 56


5.4. ANÁLISE BIOLÓGICA........................................................................ 57

5.4.1. TAXA DE MORTALIDADE DO COMPOSTO FINAL ..................... 57

5.5. ANÁLISE QUÍMICA ............................................................................ 59

5.5.1. pH .................................................................................................. 59

5.5.2. CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA (CTC) ............................. 59

6. CONCLUSÕES ......................................................................................... 61

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 63

APÊNDICE A – CROQUI POSICIONAMENTO DOS GALÕES ........................ 67

APÊNDICE B – ANÁLISE DO COMPOSTO INICIAL ....................................... 67

APÊNCIA C – TRABALHOS PUBLICADOS ..................................................... 67


13

1. INTRODUÇÃO

A disposição final dos resíduos sólidos produzidos no meio urbano representa um


dos problemas ambientais mais sérios que a humanidade enfrenta, devido à sua
natureza crescente, diversificada e constante. Segundo a Abrelpe, a cobertura da
coleta de resíduos sólidos urbanos (RSU) passou de 88% em 2010 para 92% em
2019, sendo o Sudeste a região com a maior geração de resíduos. O Plano Municipal
de Resíduos Sólidos de Niterói busca diminuir esse impacto negativo na cidade
apresentando possíveis alternativas para o tratamento destes resíduos e indicando os
órgãos responsáveis por cumpri-los.
De acordo com Kiehl (1985), a compostagem vem sendo utilizada pelo homem
desde os tempos mais remotos; tanto vegetais como animais eram utilizados para
serem incorporados ao solo, visando aumento da produção agrícola. Além da
compostagem, há outros tipos de técnicas de decomposição como a
vermicompostagem, a gongocompostagem e a compostagem acelerada.
Conforme pesquisas sobre compostagem foram evoluindo, foi desenvolvida a
vermicompostagem, onde além de microrganismos, as minhocas também atuam na
degradação dos resíduos orgânicos, acelerando o processo de compostagem (RICCI,
1996).
À medida que foi dada continuidade às pesquisas sobre a utilização de
invertebrados do solo na compostagem, Ramanathan e Alagesan (2012) avaliaram a
eficiência dos diplópodes na conversão de resíduos orgânicos em substrato fértil,
comparando-o com o húmus produzido por minhocas.
Outra tecnologia no campo da compostagem é a utilização de microrganismos
eficientes (ME), que são um grupo de microrganismos benéficos e naturais (bactérias
lácticas, leveduras, entre outros), que podem ser aplicados através de inoculação em
solos, plantas, compostos e etc. (HIGA, 1994). Os parâmetros físico-químicos de
todos esses processos são determinantes para garantir um composto final de
qualidade.
Assim, o presente trabalho teve como objetivo produzir e caracterizar substratos
obtidos a partir de resíduos de poda associados a minhocas, gongolos e
microrganismos eficientes.
14

2. OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho foi produzir e caracterizar substratos obtidos a partir de


resíduos de poda associados a minhocas, gongolos e microrganismos eficientes.
Especificamente, objetivou-se:
➢ Monitorar as variações de temperatura dentro de cada tratamento;
➢ Determinar granulometria, umidade, mortalidade dos indivíduos, pH e
capacidade de troca catiônica (CTC), após a produção dos substratos
obtidos a partir de resíduo de poda associado a minhocas, gongolos e
microrganismos eficientes.
15

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DA LITERATURA


3.1. RESÍDUOS SÓLIDOS

De acordo com Grimberg (2004) para que os resíduos sejam passíveis de


reutilização ou reciclagem, devem ser separados em secos e úmidos.
Inicialmente, é de extrema importância a classificação do resíduo para o
encaminhamento do mesmo para o local correto de reciclagem ou de descarte,
no caso dos rejeitos.
A Lei 12.305, que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos em seu Art.
3º, XVI define resíduos sólidos como sendo:
Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante
de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se
propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos
ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL,
2010).
Dessa forma, é extremamente necessário que grandes centros urbanos
tenham um gerenciamento de resíduos sólidos eficiente, com políticas públicas
efetivas. Grandes centros urbanos que apresentam má gestão destes resíduos
podem sofrer com poluição atmosférica devido à material particulado, odores e
gases nocivos; poluição hídrica resultante do chorume de “lixões” e do
lançamento direto dos resíduos no ambiente; contaminação e degradação do
solo; desvalorização imobiliária das áreas próximas aos locais de disposição de
resíduos; e proliferação de doenças através de vetores associados aos resíduos
sólidos (ANDRADE et al., 2011).
Uma das alternativas que podem ser empregadas por órgãos públicos é a
compostagem, por exemplo, mas é preciso entender quais parâmetros são
relevantes neste processo para que possa ser empregado de maneira correta.
Valente et al. (2009) define a compostagem como sendo o processo de
decomposição aeróbia controlada e de estabilização da matéria orgânica em
condições, que permite o desenvolvimento de temperaturas termofílicas,
resultantes de uma produção calorífica de origem biológica, com obtenção de
produto final estável, sanitizado, rico em compostos húmicos e cuja utilização no
16

solo não oferece riscos ao meio ambiente. Sendo assim, dentre os fatores que
afetam a compostagem, a umidade e a temperatura são indispensáveis para as
atividades metabólica e fisiológica dos microrganismos.

3.2. RESÍDUOS VEGETAIS NO MUNICÍPIO DE NITERÓI

De acordo com o Manual de Arborização e Poda Urbana da SECONSER -


Secretaria de Conservação e Serviços Público, o planejamento da arborização
urbana é de responsabilidade da gestão pública municipal, desde sua concepção
até sua implantação e manutenção através da disponibilização de técnicos e
agentes ambientais capacitados para as etapas de plantio, poda de árvores,
transplantios de mudas, tratamentos fitossanitários e supressões por segurança.
O manejo dos resíduos de poda faz parte da manutenção da arborização do
município, sendo uma atividade essencial.
Conforme o Plano Municipal de Resíduos Sólidos de Niterói, Capítulo II: Das
definições quanto aos resíduos sólidos, a regulamentação dos resíduos com as
características mencionadas anteriormente se enquadra em VI:
Resíduos Públicos: são aqueles originados dos serviços de limpeza pública
urbana, incluindo todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de
praia, de galerias, de córregos e de terrenos, restos de podas de árvores etc,
de limpeza de áreas de feiras livres, constituídos por restos vegetais diversos,
embalagens, etc.
Na Seção XIII: Resíduos Verdes de Parques, Praças e Jardins do Plano
Municipal de Resíduos Sólidos de Niterói, discorre sobre os agentes
responsáveis pela gestão de limpeza e manejo dos resíduos sólidos verdes da
cidade de Niterói: o Setor de Parques e Jardins da Empresa Municipal de
Moradia, Urbanização e Saneamento - EMUSA, a Secretaria de Meio Ambiente
de Niterói - SMARHS e a Companhia Municipal de Limpeza Urbana de Niterói -
CLIN juntamente com a empresa concessionária estabelecida. Nesta mesma
seção é explicitado em I- Normas e Procedimentos Legais acerca das
instalações físicas e o descarte final ambientalmente adequado para esses
resíduos, indicando a implementação de viveiros para o suporte e recebimento
deste material.
Dessa forma, no município de Niterói a coleta do material é feita pela ECONIT
Engenharia Ambiental, empresa terceirizada responsável pelo recebimento
17

primário da poda e posterior distribuição. Após o primeiro tratamento realizado


pela empresa, com trituração prévia, a poda é encaminhada para diversos
viveiros localizados no município, sendo o principal deles o viveiro da Companhia
Municipal de Limpeza Urbana de Niterói (CLIN). A Divisão de Educação
Ambiental (DIEA), setor responsável pela administração do viveiro, realiza o
recebimento do material certificando-se de atribuí-lo o tratamento correto nas
baias de compostagem. O composto final do tratamento é utilizado no próprio
viveiro, sendo considerado um insumo essencial para a produção de mudas do
local que serão posteriormente plantadas.

.
Figura 1 – Esquema com o ciclo fechado da poda na produção de mudas do viveiro da
Companhia Municipal de Limpeza Urbana de Niterói - CLIN.

3.3. RESÍDUOS DE PODA

A arborização urbana atual sobre o conforto humano no ambiente, por meio


das características naturais das árvores, proporciona sombra para os pedestres
e veículos, reduz a poluição sonora, melhora a qualidade do ar, diminui a
amplitude térmica, proporciona abrigo para pássaros e harmonia estética, o que
ameniza a diferença entre a escala humana e outros componentes
arquitetônicos como prédios, muros e grandes avenidas (SILVA FILHO, 2006).
O município de Niterói possui uma arborização urbana bem planejada, assim
como a poda, classificada de acordo com sua finalidade. As classificações
18

podem ser: conferir à árvore uma forma adequada durante o seu


desenvolvimento (poda de formação); eliminar ramos mortos, danificados,
doentes ou praguejados (poda de limpeza); remover partes da árvore que
colocam em risco a segurança das pessoas (poda de emergência); e remover
partes da árvore que interferem ou causam danos incontornáveis às edificações
ou aos equipamentos urbanos (poda de adequação) (SECONSER, 2016). Nessa
operação são gerados resíduos na forma de galhos, ramos, folhas, sementes,
frutos, caules e raízes.
Segundo os critérios de riscos estabelecidos pela ABNT NBR 10.004 (ABNT,
2004), os resíduos de poda urbana são biodegradáveis e classificados como
Classe II não inertes. Sendo assim, o resíduo de poda é um material que não
apresenta nocividade à saúde humana e animal, sendo considerado um resíduo
de fácil manejo e excelente potencial para reciclagem.

3.4. TIPOS DE DECOMPOSIÇÃO

A compostagem convencional já é amplamente conhecida e utilizada como


método de tratamento de resíduos orgânicos, sendo o processo de
transformação da matéria orgânica em composto humificado com o objetivo da
utilização como insumo agrícola (CERDA et al., 2017), agregando valor
comercial a um material que poderia ter sido um passivo ambiental se descartado
incorretamente. Outro benefício desse tratamento é ser um dos métodos de
tratamento biológico mais promissores, já que trata diversos tipos de resíduos
com baixo custo tornando-os estáveis (COSTA et al., 2016).
Na vermicompostagem o processo é semelhante ao da compostagem, com
os mesmos resíduos, porém apresentando um diferencial, pois o composto é
resultado de uma atividade combinada por microrganismos e minhocas (SINGH
et al., 2011), sendo as Eisenia fétida, Minhocas Californianas, o principal
organismo responsável pela decomposição (LAZCANO et al., 2008). Comparado
a compostagem, a vermicompostagem é menos econômica visto a necessidade
da adição do macrorganismo no processo.
A gongocompostagem, assim como a vermicompostagem, é uma
compostagem convencional tendo como principal organismo decompositor um
macrorganismo, neste caso, o Trigoniulus corallinus, também conhecido como
19

gongolo vermelho. Uma particularidade do processo é que a ação dos


diplópodes reduz o volume de materiais em 70%, ou seja, se o produtor colocar
dez litros de resíduos, no final terá três litros de composto (CONCEIÇÃO et al.,
2020). O processo pode levar de três a seis meses, sem a exigência de revirar
o material (CORREIA, 2016).
A compostagem acelerada também atua de forma análoga aos outros tipos
de decomposição, porém, tem como principal objetivo a redução do tempo de
preparo do insumo final. Para isso, o homem desenvolveu técnicas para acelerar
a decomposição e produzir compostos orgânicos que atendessem
eficientemente as suas necessidades, destacando-se a utilização de
microrganismos eficientes (EM) (NUNES, 2009). Os ME são um grupo de
microrganismos benéficos e naturais (bactérias lácticas, leveduras, entre outros),
que podem ser aplicados através de inoculação em solos, plantas, compostos e
etc. (HIGA et al., 1994). Atualmente os principais ingredientes ativos utilizados
nas soluções de microrganismos eficientes comerciais são: Lactobacillus casei
var. ramnosus, Lactobacillus acidophilus e Saccharomyces cerevisae. Um
exemplo do uso desse implemento é a utilização do mesmo na decomposição
de resíduos de poda, acelerando o processo. Sendo assim, a adição de
determinados microrganismos é realizada com o objetivo de acelerar ainda mais
a decomposição que já está sendo feita pelos microrganismos nativos.
Estes processos — compostagem e vermicompostagem — podem ser uma
alternativa viável para o tratamento de resíduos orgânicos, devido ao seu
potencial de sustentabilidade ambiental e custo-efetividade (LIM et al., 2016),
assim como a compostagem acelerada e a gongocompostagem que apenas
recentemente tem sido explorada como alternativas para o tratamento de
resíduos orgânicos, em especial os com características de maior predominância
de serrapilheira.
20

3.5. DESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES

Uma das espécies mais utilizadas na minhocultura é a espécie Eisenia fétida,


também conhecida como vermelha da Califórnia. Segundo Aquino & Nogueira
(2001) e Dutra (2001), isso se deve à sua alta capacidade de proliferação, ao
crescimento rápido e à elevada resistência apresentada por essa espécie, além
da alta capacidade para transformar os mais diversos tipos de resíduos
orgânicos (ATIYEH et al., 2000). Atualmente o esterco bovino tem sido o mais
utilizado na alimentação da minhocultura pelo fácil manuseio e boa adaptação
das minhocas, mas também são utilizados resíduos vegetais como restos de
capina, folhas e também resíduos domésticos como casca de vegetais e frutas
cozidos ou não, guardanapos de papel, entre outros resíduos orgânicos
(AQUINO, 2009).
Os Trigoniulus corallinus, são diplópodes conhecidos vulgarmente como
gongolos ou piolhos-de-cobra, que formam um segmento importante da
macrofauna saprófaga e contribuem para a decomposição da matéria orgânica
(CONCEIÇÃO et al., 2020). Os gongolos são os macroorganismos principais da
gongocompostagem e também são conhecidos pela função de ingerir
serapilheira parcialmente decomposta e transformá-la em material rico em
nutrientes, facilitado pela associação em seu tubo digestivo com microrganismos
capazes de digerir celulose (ANTUNES, 2017). Os benefícios do substrato
produzido pelos diplópodes são diversos devido ao fato de que suas fezes
intensificam a ação microbiana de mineralização e sua motilidade superficial e
subterrânea influencia a natureza física do solo e da serrapilheira, alterando sua
porosidade, umidade e transporte de substâncias (CORREIA, 2005). Apesar do
processo de produção do gongocomposto ser mais demorado que a
vermicompostagem, estudos indicam que é um excelente produto para o cultivo
de hortaliças de pequeno porte em área urbana, uma vez que não demandam
grande volume do insumo para sua produção. (OLIVEIRA, 2023).
21

Os microrganismos eficientes são aqueles que possuem a capacidade de fixar


o nitrogênio atmosférico, decompor os resíduos orgânicos, desintoxicar o solo
de pesticidas, suprimir enfermidades de plantas e patógenos do solo,
incrementar a reciclagem de nutrientes e produzir componentes bioativos como
vitaminas, hormônios e enzimas que estimulam o crescimento das plantas
(MARTINEZ, 2002). Esses microrganismos podem ser obtidos através de
métodos caseiros de captura, como instruído pelo Caderno dos Microrganismos
Eficientes, 2020, ou podem ser comprados já prontos. O benefício de adquirir o
produto comercial é ter especificado em seu rótulo quais microrganismos estão
presentes na mistura, como por exemplo o acelerador de compostagem
(Embiotic®), desenvolvido pela empresa Korin Agricultura e Meio Ambiente, que
possui em sua composição dois organismos de atuação: Lactobacillus plantarum
10⁴ UFC/mL, Saccharomyces cerevisiae 10³ UFC/mL, além de melaço de cana-
de-açúcar e água.

4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O trabalho foi conduzido nas instalações da Universidade Federal


Fluminense, Campus Praia Vermelha, no prédio da Escola de Engenharia, andar
térreo - Bloco D, localizado no município de Niterói-RJ. De acordo com dados do
Relatório de Estação Geodésica (2019) fornecidos pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE a área do experimento possui as seguintes
coordenadas: latitude de 22º 57’ 19’’S e longitude de 43º 09’ e 53’’W, com altitude
geométrica de 22,439 m.
Segundo a classificação climática de Köppen-Geiger (1961), a região da
cidade onde foi estabelecido o estudo é classificada como Aw: clima tropical com
chuvas no verão e inverno seco. O experimento ocorreu no período de 3 meses
com início no dia 25 de maio de 2023 e término no dia 25 de agosto de 2023, na
transição de estações outono-inverno. A região possui a temperatura média de
23.3ºC e a pluviosidade média anual de 1103 mm.
22

4.2. MONTAGEM DO EXPERIMENTO

O recipiente escolhido para a montagem das composteiras em pequena


escala foi um galão de 20L que foi adaptado para melhor operacionalização do
experimento. Com o auxílio de uma serra mármore da marca Makita o
profissional responsável pela marcenaria do viveiro de mudas da Companhia
Municipal de Limpeza Urbana de Niterói – CLIN fez o corte superior nos galões
formando uma abertura superior que serviu de tampa para o recipiente (Figura
2).

Figura 2 – Vista lateral do corte do galão de 20 L (A); vista superior do corte do galão de 20 L
(B).

No total foram 16 galões, 4 para cada tratamento, que foram cedidos pelo
setor de reciclagem da empresa, sendo assim, reutilizados. O procedimento de
corte descrito anteriormente foi feito para todos os galões de forma padronizada
e em seguida foi feita a higienização e secagem dos mesmos para que nenhuma
impureza e ou resíduo permanecesse no interior.
O material utilizado como matéria-prima para a produção do composto foi
proveniente das podas realizadas no município de Niterói - RJ, que são
realizadas pela Secretaria de Conservação e Serviços Públicos – SECONSER
segundo o Manual de Arborização e Poda Urbana de 2016 e coletados pela
empresa ECONIT Engenharia Ambiental, empresa parceira da Companhia
Municipal de Limpeza Urbana de Niterói – CLIN. A ECONIT é a responsável pelo
23

primeiro tratamento da poda, realizando o primeiro trituramento do material de


forma mais grosseira. Em seguida a poda é descarregada no viveiro de mudas
da CLIN através de caminhão (Figura 3).

Figura 3 – Resíduo de poda sendo despejado no pátio do viveiro de mudas da Companhia


Municipal de Limpeza Urbana de Niterói – CLIN – Niterói – RJ.

Em posse do material, a equipe do viveiro faz uma nova tritura do material


com o objetivo de diminuir as partículas da serrapilheira, aumentando a
superfície de contato para uma melhor decomposição do material. Essa tritura é
feita com o triturador TR200 da TRAPP (Figura 4) com motor elétrico e produção
de 0,54 m³/h para materiais arbustivos, segundo manual do fabricante.
24

Figura 4 – Triturador utilizado pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana de Niterói – CLIN
– Niterói – RJ, na tritura da poda.

Para a montagem do experimento se padronizou a utilização de material


coletado no dia anterior, visto a necessidade da triturado mesmo antes do
transporte para o local de preparação do experimento. Dessa forma, o material
chegou ao local no dia 24 de maio de 2023 onde cerca de 100 kg de poda foi
triturado e em seguida homogeneizada de forma manual com o auxílio de uma
pá (Figura 5A). Importante salientar que todo procedimento de trituração do
material foi feito por um funcionário capacitado para a atividade e em posse de
todos os equipamentos de proteção individual (EPI).
Para o melhor transporte do material do pátio de operações da CLIN para a
Universidade Federal Fluminense, onde o experimento foi alocado, foi feito o
preenchimento (Figura 5B) e a pesagem dos galões previamente (Figura 5C).
Os 16 galões foram pesados, um por vez, e foi realizada a retirada manual da
poda sobressalente com o auxílio de uma pá de jardinagem, até alcançar o peso
final de 5,0 kg por galão. Após esse processo os galões foram transportados por
um veículo da empresa CLIN para a UFF (Figura 5D).
25

Figura 5 – Funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana de Niterói – CLIN –


Niterói – RJ fazendo a homogeneização da poda (A); preenchimento dos galões (B);
procedimento de pesagem dos galões (C); galões prontos para serem transportados (D).

Dentre os macrorganismos utilizados no experimento, os primeiros a serem


separados foram os gongolos (Trigoniulus corallinus) que foram separados de
forma manual, cerca de 24 horas antes de serem inseridos aos galões. Foram
selecionados 600 indivíduos retirados das baias da CLIN de forma aleatória
(Figura 6A), e colocados em um pote com tampa sendo feitos furos com auxílio
de um ferro de solda para a circulação de ar dentro do mesmo (Figura 6B). Os
gongolos foram deixados no balde sem acesso a alimentação até o dia seguinte,
dia da montagem do experimento, com o intuito do esvaziamento intestinal dos
organismos para a inserção em um novo ambiente ofertado com uma nova
alimentação. No dia do experimento, 25 de maio de 2023, pela manhã, foi feita
a separação de 150 indivíduos por recipiente, totalizando 4 recipientes, para uma
melhor operacionalização no momento de montagem (Figura 6C).
26

Figura 6 – Gongolos na baia de compostagem da CLIN (A); balde com a tampa aberta com o
total de 600 gongolos (B) e separação de gongolos para cada repetição do tratamento,
totalizando 4 recipientes com 150 gongolos (C).

O outro macrorganismo do estudo foram as minhocas californianas (Eisenia


fetida) (Figura 7A) que foram obtidas por meio de uma doação de um produtor
de húmus que possui um sítio no município do Rio de Janeiro no bairro de Campo
Grande (Figura 7B) e (Figura 7C). As minhocas foram coletadas no dia 07 de
março de 2023 através de uma isca que foi feita pelo proprietário utilizando um
sombrite e esterco de vaca curtido (Figura 7D). Posteriormente foram levadas
para a sede da CLIN, em Niterói, onde permaneceram sendo alimentadas com
resíduos orgânicos caseiros até um dia antes da montagem do experimento.
27

Figura 7 – Minhocas californianas do sítio localizado em Rio da Prata – Campo Grande (A);
visita ao sítio, onde foi feita a coleta da colônia de minhocas (B); instalação onde é feita a
produção de húmus de minhoca (C); proprietário usando a isca (D).

No dia da montagem do experimento as minhocas californianas passaram


pelo mesmo procedimento de separação dos gongolos, foram divididas em 4
recipientes de 150 indivíduos cada. A separação foi feita de forma manual com
o uso de luvas para a manipulação dos macrorganismos e a seleção foi feita de
forma aleatória priorizando a coleta dos indivíduos de maior tamanho
visualmente (Figura 8).
28

.
Figura 8 – Separação das minhocas californianas com auxílio de graduando do curso de
Engenharia Agrícola e Ambiental da UFF.

Os microrganismos utilizados no experimento foram obtidos através de um


produto comercial chamado Embiotic Compostagem (Figura 9A) que funciona
como um acelerador de compostagem tendo em sua composição os seguintes
microrganismos: Lactobacilos plantarum e Saccharomyces cerevisiae. Seria
possível a produção da própria solução de microrganismos eficientes, porém a
identificação dos mesmos seria de difícil acesso. Por isso, optou-se pela
utilização deste produto comercial ao invés da produção da própria solução. Para
o preparo da solução seguiu-se as recomendações de uso do produto (Figura
9B), assim, utilizou-se 25 mL do produto dissolvido em 125 mL de água mineral
em um borrifador (Figura 10A) e (Figura 10B), visto que cada galão comportou
5,0 kg do composto inicial.
29

Figura 9 – Frente da embalagem de 500 mL do Embiotic Compostagem (A); rótulo com


instruções para utilização da solução (B).

Figura 10 – Itens utilizados para preparar a solução de microrganismos eficientes (A); e


borrifador com a solução utilizado para a aspersão do produto já dissolvido (B).

A posição dos tratamentos e suas repetições no local do experimento foi


realizada através do delineamento em blocos casualizados que foi feito de forma
aleatória através de sorteio realizado com o editor de planilhas Microsoft Excel.
O processo de delineamento é importante, pois ajuda a diminuir uma possível
interferência com relação a posição em que se encontravam os tratamentos.
Com todos os elementos prontos foi realizada a identificação dos galões
contendo, nas etiquetas, o número do tratamento, nome e número da repetição.
30

Assim, foi possível posicioná-los no lugar tendo o croqui (Apêndice A) como base
(Figura 11).

Figura 11 – Posicionamento dos galões de acordo com o croqui feito a partir delineamento em
blocos casualizados dos tratamentos.

Antes da inserção dos indivíduos nos tratamentos foi feito um pequeno orifício
na parte superior de cada galão com o auxílio de um ferro de solda, para que
fosse possível a entrada da sonda de coleta de temperatura (Figura 12).

Figura 12 – Orifícios para a entrada das sondas indicadas por setas amarelas.

Com os 16 galões posicionados corretamente, os microrganismos e os


macrorganismos foram adicionados nos seus respectivos galões. Para a adição
31

das minhocas e dos gongolos foi preciso fazer uma pequena abertura na poda
para que esses indivíduos pudessem ser alocados. Já os microrganismos
eficientes foram borrifados com o auxílio do pulverizador. Após o preparo de
todos os tratamentos foi feito o fechamento dos galões através de pedaços de
sombrites que foram cortados e fixados com elásticos e barbantes fortemente
amarrados, para evitar a fuga dos animais (Figura 13).

Figura 13 – Galão identificado através da etiqueta e também fechado com sombrite, elásticos e
barbante.

Sendo assim, os tratamentos foram divididos em: T1 – Controle (5 kg de poda


sem adição de indivíduos); T2 – Minhocas Californianas (5 kg de poda com
adição de 150 indivíduos); T3 – Gongolos (5 kg de poda com adição de 150
indivíduos); T4 – Microrganismos Eficientes (5 kg de poda com a adição da
solução do Embiotic Compostagem 25 mL + 125 mL de água mineral). Todos os
tratamentos possuíram 4 repetições.
Na captação da temperatura do experimento foi utilizado o software Arduino
Integrated Development Environment para fazer a automatização do sistema.
Para a implementação do sistema em Arduino foram necessários os seguintes
materiais listados no Quadro 1. Na Figura 14 é possível visualizar os principais
elementos para o funcionamento do sistema. Importante salientar que todos os
materiais foram comprados através do site da AliExpress, devido ao seu custo-
benefício maior quando comparado a outros sites de venda de produtos
32

eletrônicos, apresentando um menor preço no mercado, porém um longo prazo


de entrega.

Quadro 1 – Materiais utilizados para monitoramento de temperatura.

Item Marca Modelo Quantidade

Kit módulo de sensor de temperatura SAMIORE DS18B20 16

Sensor digital de temperatura e umidade SAMIORE DHT222 1

Módulo de memória de relógio para Si Tai&SH RTC 1


Arduino

Arduino UNO TZT UNO R3 1

Placa de extensão escudo para Arduino TZT V5 Sensor 1


Shild

Módulo leitor SD Card Catalex SD TF Card 1

Kit Jumpers F to F 10 cm - - 1

Extensão elétrica - - 1

Conector para carregador com entrada - - 1


USB

Nobreak - - 1

Caixa de papelão para proteção - - 1


33

Figura 14 – Elementos para montagem do Arduino. Kit com módulo e sondas de temperatura
(1); sensor de temperatura e umidade DHT22 (2); módulo de relógio para Arduino (3);
conectores F to F (4); Arduino UNO (5); placa de extensão tipo escudo para Arduino (6).

Com o Arduino instalado (Figura 15) foi realizado o primeiro teste com seus
principais elementos, conectando o protótipo no notebook. Para o teste foi
necessário selecionar um módulo e uma sonda por vez e segurar a parte de aço
da sonda verificando se a temperatura iria alterar. O procedimento foi feito com
todas as sondas e foi verificado que todas estavam em perfeito estado, assim
como todas as outras peças do circuito.

Figura 15 – Protótipo do Arduino montado e em funcionamento. Sensor de temperatura e


umidade DHT22 (1); módulo para cartão micros (2); Arduino UNO com jumpers F to F
conectados (3) e caixa de papelão para proteção do protótipo (4).
34

Para a conexão dos cabos das sondas ao Arduino foram utilizados apenas 4
módulos, sendo assim, para cada módulo 4 sondas foram conectadas juntas,
sendo um módulo por bloco, objetivando diminuir a quantidade de jumpers que
seriam conectados ao protótipo (Figura 16). Os galões foram identificados com
etiquetas que enumeraram os mesmo de A até P, assim como os cabos de cada
sonda também foram etiquetados com as letras equivalentes aos galões em que
foram inseridos posteriormente (Figura 17). Foi decidido utilizar letras para
simplificar o máximo possível a nomenclatura das sondas no código que foi
programado para o protótipo.

Figura 16 – Parafusando os cabos das sondas no módulo que posteriormente foi conectado ao
Arduino.
35

Figura 17 – Setas amarelas indicando as etiquetas identificando os galões. Círculo amarelo


indicando as etiquetas identificando as sondas.

Devido ao posicionamento dos galões e ao comprimento máximo de 1 m dos


cabos das sondas, foi necessário fazer o alongamento dos cabos que foram
inseridos nos galões mais distantes do protótipo que foram os galões dos blocos
2 e 4. Sendo assim, foram utilizados dois segmentos de cabo e em cada
extremidade foram conectados jumpers para que fossem feitas as conexões, de
um lado nos módulos e de outro lado no Arduino (Figura 18).

Figura 18 – Extremidades dos cabos que foram utilizados para fazer a extensão das sondas
utilizando jumpers.
36

Com todos os elementos prontos foi possível inserir as sondas nos


respectivos galões tendo o cuidado para passar a parte de aço da extremidade
da sonda pelo sombrite e enterrar o mesmo na poda. Dessa forma, o protótipo
do Arduino foi ligado à tomada através de uma extensão e também foi utilizado
um estabilizador de energia para garantir a alimentação de energia ao aparelho,
devido a constantes quedas de luz nas instalações da universidade (Figura 19).
Ao final, com todo o experimento montado, foi utilizada uma faixa zebrada e 4
totens para fazer a delimitação da área (Figura 20).

Figura 19 – Estabilizador de energia conectado à tomada e a extensão para a alimentação do


Arduino.
37

Figura 20 – Esquema final do posicionamento do experimento. Protótipo do Arduino


funcionando (1); cabos utilizados para alongamento das sondas referentes aos blocos 2 e 4 (2);
cabos pretos para aferição da temperatura inseridos nos galões (3); faixa zebrada (4).

4.3. CARACTERIZAÇÃO DO COMPOSTO INICIAL

De acordo com o Guia Botânico do Município de Niterói de 2019, o município


possui 81 espécies de árvores notáveis, ou seja, árvores que foram consideradas
com maior representatividade numérica na flora municipal. A partir do Manual
Técnico de Arborização Urbana de Niterói de 2020, foi possível obter os nomes
das principais espécies de Mata Atlântica incorporadas aos projetos de
arborização urbana na cidade, e algumas espécies que já fazem parte da
arborização histórica da cidade, desde o início da colonização.
Assim, foi possível obter uma estimativa das espécies predominantes na
cidade de Niterói, conforme a Quadro 2, em que estão descritas as principais
espécies que geram resíduos de poda em ambientes arborizados na Cidade de
Niterói-RJ.
38

Quadro 2 – Espécies vegetais utilizadas na arborização de Niterói e utilizadas como resíduos


para produção de substrato no estudo.

Nome vulgar Nome Científico Família


Ipê-Amarelo Handroanthus sp. Bignoniaceae
Ipê Tabebuia sp. Bignoniaceae
Oiti Licania tomentosa Chrysobalanaceae
Pau-Ferro Libidibia ferrea Fabaceae
Pau-Brasil Paubrasilia echinata Fabaceae
Sibipiruna Cenostigma pluviosum Fabaceae
Flamboyants Delonix regia Fabaceae
Amendoeira Terminalia catappa Combretaceae
Figueiras Ficus sp. Moraceae
Pata-De-Vaca Bauhinia sp. Fabaceae

4.3.1. ANÁLISE FÍSICA DO COMPOSTO INICIAL

Para a análise da granulometria foi utilizado o teste de peneira, tendo


como intuito passar com o material pela peneira para obter o peso da fração
grosseira e o peso da fração fina. Assim, a poda inicial foi pesada até
alcançar 200g com uma balança analítica eletrônica projetada com
tecnologia Unibloc da Shimadzu com capacidade de 220g. Após a
pesagem foi feito o peneiramento do material passando-o por uma peneira
de fubá 35,0 cm com malha de 2,0 mm (Figura 21) para a separação da
parcela grosseira da parcela fina do composto.
39

Figura 21 – Peneira utilizada no procedimento.

Ao final do processo foi possível obter a divisão granulométrica do


composto, sendo pesada separadamente a parcela A e a parcela B (Figura
22). Os valores encontrados foram anotados para realização dos cálculos
posteriormente, sendo p0= peso inicial; p1= peso do material que passou
pela peneira (fração fina); p2= peso do material que ficou na peneira (fração
grosseira).

Figura 22 – Material que não passou pela peneira (A); material que passou pela peneira
(B).
40

4.3.2. ANÁLISE QUÍMICA DO COMPOSTO INICIAL

Para a realização da análise química do material foi estabelecida uma


parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa
Solos, localizada no Jardim Botânico – RJ. O preparo da amostra foi feito
no Laboratório de Interação Planta-Ambiente do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Biossistemas - PGEB e, posteriormente, foi
enviado para o Laboratório de Tecnologia em Fertilizantes da Embrapa
Solos.
O processo de preparação da amostra foi feito segundo a metodologia
de Tedesco et al. (1995) que estabelece a temperatura de 65 - 70ºC durante
48 horas em estufa com ventilação forçada. Após a secagem do material
foi feita a moagem utilizando o micro moinho tipo Willye da Tecnal (Figura
23), e a pesagem do material com a balança analítica da Shimadzu
totalizando 200 g. A amostra foi acondicionada em um saco de papel Kraft
e enviada para que fosse feita a análise de Capacidade de Troca Catiônica
(CTC).

Figura 23 – Micro moinho tipo Willye moendo o material inicial do estudo (A); resíduo de
poda após a moagem (B); materiais utilizados na moagem: micro moinho tipo Willye,
funis e luvas (C).
41

4.4. MONITORAMENTO DOS DADOS METEREOLÓGICOS

O monitoramento dos dados de temperatura foi registrado pelo protótipo do


Arduino de hora em hora, utilizando um cartão de memória micro SD. Esses
dados foram conferidos diariamente e passados de forma manual para uma
planilha de controle diário. Optou-se pela utilização do cartão de memória e de
um estabilizador de energia devido à instabilidade do fornecimento de energia
do complexo. A temperatura e a umidade relativa do ambiente também foram
registradas através do sensor DHT22.

4.5. MANUTENÇÃO DO EXPERIMENTO

Nos primeiros dias após a montagem foram encontrados alguns gongolos nas
áreas adjacentes ao experimento (Figura 24), sendo possível notar que os
mesmos estavam escapando através do fio da sonda de temperatura. Sendo
assim, o orifício por onde a sonda foi inserida foi vedado com fita isolante,
impedindo que novos indivíduos pudessem escapar.

Figura 24 – Gongolo encontrado fora do limite do experimento.

Durante o planejamento do experimento optou-se por não fazer o


revolvimento do material com a intenção de diminuir a entrada de fatores
42

externos que poderiam alterar os resultados. Decidiu-se realizar a abertura dos


galões apenas 1 vez ao mês para verificar umidade através do teste tátil, o qual
consistiu em tatear uma parcela do material do interior do galão e comprimi-lo.
O ponto ideal da umidade é quando a água começa a verter entre os dedos, sem
escorrer (NUNES, 2009). Além disso, realizou-se a coleta de imagens para a
análise visual do processo de decomposição que foi feita com o auxílio da
câmera do celular e uma folha de papel ofício branca sem pauta para compor
um fundo neutro.
Sendo assim, no dia 26 de junho de 2023 às 11 horas, foi feita a primeira
abertura de 4 galões, um de cada tratamento, escolhidos ao acaso, para que
fosse realizado o teste tátil e também para uma avaliação visual do composto. O
teste tátil foi realizado em todos os tratamentos e foi observado que estavam
com falta de umidade foi feita a reposição de umidade até que fosse observada
a saturação da mesma, totalizando a adição de 250 mL de água mineral em cada
um dos 16 galões, com o auxílio de um pulverizador (Figura 25).
Um mês após esse processo, no dia 26 de julho de 2023 às 11 horas foi feito
o mesmo processo do mês anterior para a coleta de imagens para análise visual
e manutenção da umidade.

Figura 25 – Equipamentos utilizados para o umedecimento do material dos galões.


43

Após três meses, o experimento foi encerrado no dia 25 de agosto de 2023.


O desmonte do mesmo foi feito no dia 11 de setembro às 11 horas, junto com a
coleta de dados para realização da taxa de mortalidade e o preparo para as
análises químicas e físicas do composto final.
Para a contagem dos indivíduos foi utilizada uma lona laranja de fundo para
que o material fosse espalhado e homogeneizado (Figura 26). A contagem de
ambos os tratamentos (gongolos e minhocas) foi feita de forma mecânica e os
valores foram anotados para análise posterior (Figura 27).

Figura 26 – Tratamento gongolo, repetição 4 (T3R4). Material sendo despejado na lona para
contagem de indivíduos e posterior homogeneização.
44

Figura 27 – Tratamento minhoca, repetição 2 (T2R2). Processo de contagem manual das


minhocas.

O processo de homogeneização, identificação e ensacamento do material foi


feito para todos os tratamentos e repetições, a fim de reservar os mesmos de
forma segura (Figura 28).

Figura 28 – Processo de identificação e ensacamento do material.


45

4.6. ANÁLISE DO COMPOSTO FINAL

4.6.1. ANÁLISE FÍSICA DO COMPOSTO FINAL


Para a análise da granulometria do composto final foi utilizado o teste de
peneira novamente. Assim, todas as amostras, já previamente
homogeneizadas, foram pesadas até alcançar 200g com uma balança
analítica eletrônica projetada com tecnologia Unibloc da Shimadzu com
capacidade de 220g. Após a pesagem foi feito o peneiramento do material
passando-o por uma peneira de fubá 35,0 cm com malha de 2,0 mm para
a separação da fração grosseira e da fração fina do composto (Figura 29).

Figura 29 – Fração fina de cada tratamento após o teste da peneira. Tratamento


controle, repetição 2 (T1R2) (A); tratamento gongolo, repetição 4 (T3R4) (B); tratamento
minhocas, repetição 4 (T2R4) (C); tratamento microrganismos eficientes, repetição 4
(T4R4) (D).

Para a análise da umidade, o composto final do experimento já


previamente homogeneizado foi pesado e separado em sacos de papel
contendo 500g cada, 4 amostras de cada tratamento, totalizando 16
amostras (Figura 30). Utilizou-se a metodologia de Tedesco et al. (1995)
que estabelece a temperatura de 65 - 70ºC durante 48 horas em estufa com
46

ventilação forçada. Após esse processo as amostras foram pesadas


novamente para posterior realização dos cálculos.

Figura 30 – Amostras pesadas e identificadas em sacos de papel antes de serem


colocadas na estufa para secagem.

4.6.2. ANÁLISE QUÍMICA DO COMPOSTO FINAL

Foram recolhidas amostras de todos os tratamentos e peneirados com


uma malha 2,0 mm, pesados em balança analítica Unibloc da Shimadzu
(Figura 31), reservando 10 g de cada amostra para análise do potencial
hidrogeniônico (pH) do substrato, usando como solução extratora de água
destilada (H2O). Para isso foram utilizadas ao total 16 repetições (200 ml),
sendo 4 repetições para cada tratamento (Figura 32).
47

Figura 31 – Pesagem das amostras para análise de pH.

Figura 32 – Amostras com soluções extratoras (H2O destilada).

Para a aferição, cada amostra foi submetida individualmente ao teste de


pH seguindo as orientações do Manual de Métodos de Análise de Solos,
do ano 2011 da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Para isso, foram adicionados 25 ml da reação extratora, para cada
tratamento, contendo os 10 g de amostras do substrato, agitando com
48

bastão de vidro e deixados em repouso por uma hora. Os valores de pH


foram aferidos utilizando o medidor de teste combinado Multiparâmetro
Profissional da marca Kiboule (Figura 33).

Figura 33 – Utilização do multiparâmetro para aferição do pH.

Para análise de capacidade de troca de cátions (CTC), foi feito o preparo


das amostras no Laboratório de Interação Planta-Ambiente do PGEB -
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Biossistemas e,
posteriormente, foi enviado para o Laboratório de Tecnologia em
Fertilizantes da Embrapa Solos, localizado no Jardim Botânico - RJ.
Para os dados obtidos de temperatura dos galões de cada tratamento,
temperatura ambiente e umidade relativa do ar foi utilizado p software Excel
para o registro diário dos dados, como também para a produção dos
gráficos. Para os dados do composto final de granulometria, umidade,
mortalidade dos indivíduos, potencial hidrogeniônico (pH) e capacidade de
troca catiônica (CTC), também foram empregados no teste de Tukey à 5%,
com auxílio do software SISVAR. O software Excel foi utilizado para
produção de todos os gráficos deste estudo.
49

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. ANÁLISE VISUAL
Com a análise visual (Figura 34), após 1 mês do início do experimento, foi
observado que o tratamento dos gongolos (T3R4) estava mais seco que os
demais, podendo indicar o não processamento do material por parte dos
diplópodes. Além disso, neste mesmo tratamento, foi possível observar que os
organismos permaneceram na superfície, ao invés de adentrar ao material
(Figura 35). Com relação ao tratamento das minhocas (T2R4), não foi
encontrada nenhuma minhoca californiana na superfície.

Figura 34 – Avaliação visual dos tratamentos com um mês de experimento. Tratamento


controle, repetição 2 (A); tratamento com gongolo, repetição 4 (B); tratamento com minhocas,
repetição 4 (C); tratamento com microrganismos eficientes, repetição 4 (D).
50

Figura 35 – Tratamento gongolo, repetição 4 (T3R4).

Na análise visual do segundo mês (Figura 36), foi observado que o tratamento
controle estava mais seco que os demais, conforme esperado. O tratamento dos
gongolos (T3R4) estava mais seco nas partes mais próximas da superfície e foi
possível detectar atividade dos diplópodes. No tratamento das minhocas (T2R4),
ao ser retirada a amostra para o registro visual, foram encontradas algumas
minhocas (Figura 37), além de uma umidade maior, conforme teste tátil. O
tratamento dos microrganismos eficientes (T4R4) também apresentou boa
umidade segundo o teste tátil.
51

Figura 36 – Avaliação visual dos tratamentos após dois meses de experimento. Tratamento
controle, repetição 2 (A); tratamento gongolo, repetição 4 (B); tratamento minhocas, repetição 4
(C); tratamento microrganismos eficientes, repetição 4 (D).

Figura 37 – Tratamento minhoca, repetição 4 (T2R4).


52

Finalmente, na análise visual do terceiro mês (Figura 38), observou-se que


em todos os tratamentos ainda eram encontrados alguns pedaços mais
espessos de madeira. Além disso, em todos os tratamentos foi visível a diferença
de umidade do composto da superfície do galão para o composto do fundo do
galão, onde a umidade foi melhor preservada (Figura 39).

Figura 38 – Avaliação visual dos tratamentos após três meses de experimento. Tratamento
controle, repetição 2 (A); tratamento dos gongolos, repetição 4 (B); tratamento das minhocas,
repetição 4 (C); tratamento dos microrganismos eficientes, repetição 4 (D).
53

Figura 39 – Tratamento gongolo, repetição 3 (T3R3). Lado A da figura: material coletado


próximo a superfície; Lado B da figura: material coletado próximo ao fundo do galão.

No tratamento dos gongolos e dos microrganismos eficientes, notou-se a


presença de fungos (Figura 40). No tratamento das minhocas não houve
presença aparente de fungos, apresentando uma boa umidade de acordo com o
teste tátil. O controle estava mais seco que os outros tratamentos.

Figura 40 – Tratamento gongolo, repetição 4 (T3R4).


54

5.2. ANÁLISE DOS DADOS METEREOLÓGICOS

5.2.1. UMIDADE RELATIVA DO AR

Durante a maior parte do experimento foram captados dados de umidade


relativa do ar com altas porcentagens por vários dias. Esse fator pode ter
influência da localização litorânea de Niterói/RJ, tendo uma relevante
influência na elevada umidade relativa do ar no local do projeto, situado a
350 metros da orla. Portanto, a média de 76,18% de umidade é um aspecto
esperado e considerado na condução desse estudo, conforme pode ser
observado na Figura 41.

Figura 41 – Umidade Relativa do Ar da Universidade Federal Fluminense (UFF),


Campus Praia Vermelha, no prédio da Escola de Engenharia, andar térreo - Bloco D,
localizado no município de Niterói-RJ durante os 89 dias de estudo.

5.3. ANÁLISE FÍSICA

5.3.1. TEMPERATURA DOS TRATAMENTOS

Os dados foram tratados utilizando o software Excel para que ao final


tivéssemos a média de temperatura diária registrada em cada galão,
alinhadas à temperatura ambiente. Analisando o gráfico (Figura 42) é
possível notar que as temperaturas registradas pelos tratamentos
mantiveram o mesmo padrão quando comparadas entre si, e quando
comparados com a temperatura ambiente notou-se dois pontos de maior
variação: no início do experimento e quando o experimento completou dois
meses (dia 59).
55

A diferença de temperatura no início do experimento pode ser justificada


devido a adequação do material ao ambiente inserido. Conforme os dias
passam sua temperatura se iguala a ambiente, podendo ser questionado o
tipo de recipiente escolhido para o experimento que pode ter permitido a
influência da temperatura externa. A leve elevação da temperatura ao
completar dois meses do experimento pode ser justificada pela fase
termofílica da decomposição, porém a quantidade pequena de material
dentro do galão pode justificar a não obtenção de temperaturas altas que
são características dessa fase, ultrapassando os 45ºC e podendo atingir
até 70ºC (NOGUEIRA et al., 2011).
A maior restrição dos artrópodes, é a limitação da umidade e
temperaturas reduzidas, principalmente no inverno, quando estes animais
praticamente desaparecem ou têm sua atividade biológica reduzida
(ANTUNES et al., 2021). Já a Eisenia fetida é a espécie de minhoca mais
utilizada pela sua larga faixa de tolerância à variação de temperatura. Com
relação aos microrganismos eficientes, sabe-se que temperaturas entre 20
e 25°C favorecem mais o desenvolvimento do Lactobacillus spp., assim
como o Saccharomyces cerevisiae (CAMPAGNOL et al., 2007; SILVA,
2016a).

Figura 42 – Temperaturas dos tratamentos (ºC) no decorrer de 89 dias de experimento:


controle (T1), minhocas (T2), gongolos (T3), microrganismos eficientes (T4). Letras
iguais não diferem estatisticamente entre si ao teste de Tukey à 5% (n=5).

5.3.2. GRANULOMETRIA DO COMPOSTO FINAL


Analisando a granulometria do composto final, nota-se que houve
diferença estatística entre os tratamentos (Figura 43). O tratamento
56

controle (T1) e com microrganismos eficientes (T4) não diferiram entre si


estatisticamente, apresentando, respectivamente, 16,81% e 20,05% de
fração fina. Já o tratamento dos gongolos (T3) apresentou 22,85% de
fração fina, sendo um bom resultado da decomposição das partículas
maiores, porém não diferindo estatisticamente de nenhum outro
tratamento. O tratamento das minhocas (T2) apresentou um percentual de
30,74% de fração fina no composto final, sugerindo uma maior
decomposição do material na vermicompostagem. A granulometria feita no
resíduo de poda inicial apresentou um percentual de fração fina de 16,63%
(Apêndice B), sendo assim, o substrato gerado da atuação das minhocas
demonstrou grande potencial para a diminuição das partículas do material.
A macrofauna (representada por inúmeras espécies de minhocas,
besouros, formigas, cupins, etc.) age na trituração e transporte dos
resíduos vegetais no perfil do solo, para posteriormente, os fungos e as
bactérias realizam o ataque microbiano (MOTTA et al., 2007).

Figura 43 – Fração fina do composto final dos tratamentos (%): controle (T1), minhocas
(T2), gongolos (T3), microrganismos eficientes (T4). Letras iguais não diferem
estatisticamente entre si ao teste de Tukey à 5% (n=5).

5.3.3. UMIDADE DO COMPOSTO FINAL


Em relação à umidade, não houve diferença estatística entre os
tratamentos, sendo a umidade média encontrada para o tratamento
controle de 3,45%, para o tratamento contendo minhocas de 4,0%, para o
tratamento contendo gongolos 5,9% e o tratamentos contendo
microrganismos eficientes 6,2% (Figura 44). Assim, é possível perceber
57

que a irrigação estabelecida para o experimento não foi o suficiente pois,


segundo Costa et al. (2015), o teor ideal de umidade no início do processo
de composta é de 60%, se for abaixo de 30% é prejudicial, pois inibe a
atividade biológica. Sendo assim, é recomendado que em próximos
trabalhos que utilizem o resíduo de poda como material de compostagem
o teste tátil seja feito com uma maior frequência, juntamente com a
irrigação do material quando necessário.
No caso das minhocas, que são seres que realizam respiração cutânea,
umidades inferiores a 50% são perigosas, sendo a umidade ideal na faixa
de 70% a 80% (MUNROE, 2007).

Figura 44 – Umidade (%) dos tratamentos: controle (T1), minhocas (T2), gongolos (T3),
microrganismos eficientes (T4). Letras iguais na mesma coluna não diferem
estatisticamente entre si ao teste de Tukey à 5%. Valores representando a média de
n=5.

5.4. ANÁLISE BIOLÓGICA

5.4.1. TAXA DE MORTALIDADE DO COMPOSTO FINAL

A taxa de mortalidade das minhocas foi possível observar que, para as


repetições do tratamento contendo as minhocas, R2 e R3 ocorreu uma
redução no número de minhocas, enquanto para R1 e R4 houve um
aumento. De modo geral, neste tratamento, houve uma redução pouco
expressiva, tendo uma taxa de mortalidade média de 5,0% (Quadro 3).
Assim, pode-se concluir que o resíduo de poda não demonstrou ser um
meio inóspito para essa espécie, principalmente devido ao indicativo de
que conseguiram se reproduzir nesse meio, o que possibilita a garantia de
58

sobrevivência da espécie. A Eisenia fetida, assim como outras espécies de


vermes, possui alto índice reprodutivo em condições ideais, podendo gerar
1500 novas minhocas por ano (AQUINO, 2001).
Já o tratamento dos gongolos apresentou níveis altos de mortalidade em
todas as repetições, acarretando em um nível médio de mortalidade bem
alto (Quadro 4). Além de alguns parâmetros já avaliados como a umidade
e temperatura que podem não ter favorecido a reprodução da espécie, o
material oferecido para os indivíduos pode ter sido um fator determinante
na alta porcentagem da mortalidade. Os indivíduos da espécie Trigoniulus
corallinus não conseguem digerir materiais com elevados teores de lignina
ou polifenóis, como a maior parte do carbono presente nos resíduos é de
material recalcitrante, como lignina, isso pode prejudicar a sua dieta,
chegando ao óbito dos indivíduos por falta de nutrientes (ZAHARAH, 1999).
Sendo assim, devido a mistura de diversas espécies de árvores trituradas
para composição do material, há possibilidade de o material ter em sua
composição compostos de difícil digestão para o gongolo.

Quadro 3 – Taxa de mortalidade do tratamento das minhocas.

Tratamento minhoca (T2) Mortalidade (%)


R1 -2,67
R2 19,33
R3 8,00
R4 -4,67
Média de mortalidade (T2) 5,00 a

Quadro 4 – Taxa de mortalidade do tratamento dos gongolos.

Tratamento gongolo (T3) Mortalidade (%)


R1 79,33
R2 63,33
R3 88,67
R4 66,00
Média de mortalidade (T3) 74,33 b
59

5.5. ANÁLISE QUÍMICA

5.5.1. pH

Os resultados de pH obtidos para os tratamentos dos gongolos e


microrganismos eficientes não apresentaram diferença estatística entre si,
obtendo também os valores de pH mais altos, ou seja, mais básicos,
quando comparados aos outros tratamentos (Figura 45). O tratamento
controle apresentou um pH mais baixo dos demais e o tratamento das
minhocas não apresentou diferenças estatísticas dos demais tratamentos.
O pH do substrato interfere no nível de absorção de nutrientes, isto dificulta
o desenvolvimento da planta. Segundo Kämpf (2000), o pH e a CTC são as
características químicas mais importantes do substrato.
Para os substratos orgânicos de qualidade o valor de pH varia de 5,2 a
5,5, sendo ideal a faixa de pH de 5,5 a 6,5 (FERRAZ, 2005). Considerando
esse parâmetro, os compostos finais que mais se aproximaram deste
padrão foram o tratamento controle e o tratamento das minhocas, obtendo,
respectivamente, as médias de 6,54 e 6,88.

Figura 45 – pH em água dos tratamentos: controle (T1), minhocas (T2), gongolos


(T3), microrganismos eficientes (T4). Letras iguais na mesma coluna não diferem
estatisticamente entre si ao teste de Tukey à 5%. Valores representando a média de
n=5.

5.5.2. CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA (CTC)

Os dados obtidos nesta análise demonstraram que os tratamentos não


apresentaram diferença estatística relevante (Figura 46). É interessante
destacar que o tratamento das minhocas foi o que apresentou o número
60

maior para troca de cátions, totalizando o valor de 312,23 mmolc/kg. A CTC


é o total de cargas negativas presentes no solo, importantes para a
retenção eletrostática de cátions que serão utilizados pelas plantas, por
isso é denominada como sua capacidade (SILVA, 2018).

Quando a capacidade de troca de cátions é mais elevada, pode-se


diminuir a frequência de fornecimento de nutrientes, possibilitando a
retenção dos nutrientes no substrato e a sua liberação gradativa às plantas
e quando a capacidade de troca de cátions é muito baixa, a frequência de
aplicação dos nutrientes deve ser aumentada (MARTÍNEZ, 2002). Sabe-se
que a capacidade de troca catiônica está diretamente ligada ao potencial
daquele solo de disponibilizar nutrientes, sendo valores de CTC acima de
200 mmolc/L recomendados por Martínez (2002).
De modo geral, todos os tratamentos apresentaram valores satisfatórios
de CTC, sendo o tratamento controle atingindo o valor de 277,33 mmolc/kg,
tratamento gongolo com 223,64 mmolc/kg e o tratamento dos
microrganismos eficientes com 229,35 mmolc/kg, todos acima de 200
mmolc/L. Sendo assim, o resíduo de poda pode ser considerado como um
bom material para um potencial substrato, contando com altos níveis de
CTC, independentemente do tratamento aplicado nesse experimento.

Figura 46 – Capacidade de troca catiônica dos tratamentos: controle (T1), minhocas


(T2), gongolos (T3), microrganismos eficientes (T4). Letras iguais na mesma coluna não
diferem estatisticamente entre si ao teste de Tukey à 5%. Valores representando a
média de n=5.
61

6. CONCLUSÕES

É possível concluir que o resíduo de poda utilizado nesse estudo tem potencial para
gerar substratos com valores de variáveis satisfatórias quando submetidos a
diferentes tratamentos.
A análise visual não foi considerada satisfatória à nível de comparação entre os
tratamentos, pois não é possível detectar alterações quando comparado ao controle.
É possível que em experimentos com um período superior a três meses para
decomposição do resíduo, a análise visual possa ser mais satisfatória.
A variação de temperatura entre os tratamentos e a temperatura ambiente foi
mínima, indicando que, com a proporção de material utilizado neste experimento, não
foi possível alcançar altas temperaturas características do processo de
decomposição.
Ao que diz respeito a granulometria, os tratamentos que apresentaram um maior
percentual de material fino foram os envolvendo macrorganismos, destacando-se o
tratamento das minhocas. É importante salientar também que neste trabalho a
umidade dos tratamentos não foi satisfatória, permanecendo muito abaixo dos
padrões esperados para um substrato. Devido aos valores extremos de baixa
umidade, pode-se indicar que a alta mortalidade dos gongolos está ligada diretamente
a um ambiente mais seco, visto que outros parâmetros analisados não destoaram dos
valores ideais disponíveis na literatura. Já os valores de baixa mortalidade das
minhocas indicaram uma maior resistência desses organismos ao ambiente ao qual
estes foram inseridos, tornando-se relevante a continuidade de estudos que envolvam
esses animais na decomposição do resíduo de poda.
Os valores de pH e CTC que apresentaram melhores resultados quando
comparados à parâmetros ideais encontrados em estudos anteriores, foi o tratamento
das minhocas, indicando ser o substrato com maior potencial para disponibilizar
nutrientes.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para trabalhos futuros que utilizem o mesmo material é recomendado que a
quantidade de resíduo de poda seja maior, com o intuito de aumentar a atividade
biológica dentro do sistema. Além disso, recomenda-se uma maior irrigação da poda,
aumentando a frequência do teste tátil para verificação da umidade.
62

Pode ser interessante que seja analisado o potencial granulométrico do resíduo de


poda submetido a um tratamento que utilize uma simbiose entre minhocas e
microrganismos eficientes, mesclando o potencial de decomposição de um
macrorganismo e microrganismos no mesmo tratamento.
Para uma análise química completa, também é recomendado analisar
macronutrientes e micronutrientes pois são parâmetros essenciais para estudos como
este.
63

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67

APÊNDICE A – CROQUI POSICIONAMENTO DOS GALÕES

Quadro 5 – Croqui feito a partir de delineamento casualizado dos tratamentos.

CROQUI

BLOCO 1 BLOCO 2

T4R1 T1R1 T2R1 T3R1 T2R2 T4R2 T3R2 T1R2

BLOCO 3 BLOCO 4

T4R3 T3R3 T1R3 T2R3 T4R4 T1R4 T3R4 T2R4

APÊNDICE B – ANÁLISE DO COMPOSTO INICIAL

Quadro 6 – Análise de granulometria do composto inicial. Tempo 0 representando o composto antes


do início do experimento; P0: peso inicial do resíduo de poda; P1: peso do resíduo de poda que
passou pela peneira; Material fino (%): porcentagem de resíduo de poda.

GRANULOMETRIA DO COMPOSTO INICIAL


Tempo (dias) P0 (g) P1 (g) Material fino (%)
0 200 33,25 16,63

APÊNCIA C – TRABALHOS PUBLICADOS

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