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UFRRJ

INSTITUTO DE FLORESTAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS


AMBIENTAIS E FLORESTAIS

DISSERTAÇÃO

Caracterização do mesocarpo de coco verde e sua aplicação como


compósito

Fernanda Lago Morbeck

2017

i
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE FLORESTAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
AMBIENTAIS E FLORESTAIS

CARACTERIZAÇÃO DO MESOCARPO DE COCO VERDE E


SUA APLICAÇÃO COMO COMPÓSITO

FERNANDA LAGO MORBECK

Sob a orientação do Professor


Dr. Roberto Carlos Costa Lelis

e Co-Orientação dos Professores


Dr. Alexandre Miguel do Nascimento
Drª Rosilei A. Garcia

Dissertação submetida como


requisito parcial para obtenção do
grau de Mestre em Ciências, no
Programa de Pós-Graduação em
Ciências Ambientais e Florestais,
Área de Concentração em Ciência e
Tecnologia de Produtos Florestais.

Seropédica, RJ
Fevereiro/201

ii
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE FLORESTAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS E
AMBIENTAIS

FERNANDA LAGO MORBECK

Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências
no Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e Ambientais, Área de Concentração
em Ciência e Tecnologia de Produtos Florestais.

DISSERTAÇÃO APROVADA EM: 22/02/2017

iv
Dedico essa dissertação a Joaquim Morbeck, meu filho amado e aos meus pais
Fernando Morbeck e Dulce Maria Morbeck, meus heróis.

A meu eterno orientador Heber Abreu.

v
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e aos meus guias, por toda luz posta nessa jornada, por sempre ser
meu amparo, fonte de gratidão e fé.

Aos meus pais, Fernando Morbeck e Dulce Maria Morbeck, por sempre estarem ao
meu lado, apoiando e cuidando com todo amor e carinho, amo muito vocês.

A Joaquim Morbeck, meu filho amado, que apesar da idade, compreendeu as minhas
ausências, minha fonte de amor maior.

A meus avós, em especial a vó Benedicta Morbeck, por sempre está em oração por
mim, mesmo longe sempre presente.

Aos meus familiares tias e primos que sempre ficaram na torcida, em especial tia
Maria Raimunda Lago, com suas ligações inusitadas, sempre me dando força e minha prima
Alice Morbeck, sempre disposta a ouvir e aconselhar, muito amor e gratidão.

A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, pela oportunidade, e toda a equipe da


PPGCAF, pela dedicação e auxilio aos alunos da pós graduação.

A CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pelo apoio


financeiro, que me permitiu realizar este trabalho.

Ao anjo José Carlos Batista, por sempre ajudar e acreditar mesmo no meu trabalho, e a
toda equipe do Laboratório de Química da Madeira, Bruno, Carlos Henrique Gonçalves,
Danielle Sampaio, Gisele Oliveira, Monique Gurgel.

Ao meu orientador Heber dos Santo Abreu (in memoriam), pela confiança depositada,
antes mesmo de me conhecer, foi breve nossa convivência, mas muito especial, minha
gratidão e carinho eterno, muito orgulho por fazer parte de sua equipe.

Ao meu orientador Roberto Carlos Lelis, por confiar em me orientar, escutar e ajudar,
com toda calma e serenidade, gratidão e admiração eterna.

A todos os professores que tive o prazer de conhecer, em especial a professora


Claudia Márcia Gomes, pela ajuda, apoio e orientação constante, Rosilei Garcia e Alexandre
Miguel, por me dar a oportunidade de continuar a minha jornada no Programa de pós
graduação. A professora Natália Dias, pelo carinho e por sempre disponibilizar o seu
laboratório.

A minha amiga Maria Vanessa, companheira dedicada, por sempre estar disposta, me
apoiando até nas ideias mais controversas, obrigada por ser meu ponto de luz nessa jornada.

Wanessa Santos e sua família, pelo carinho e por estar sempre presente com palavras e
abraços confortantes, gratidão minha amiga.

vi
As meninas do F3 305, minhas amadas companheiras, meninas mulheres, guerreiras,
obrigada pelas histórias vividas, experiência trocadas, carinhos e brigas, Carol Bastos, Carina
Francis, Eugênia Valle, Franciele Rocha (Duende), Jaqueline Gomes, Jéssica Grama, Mariana
Portis e Wellington.

As minhas amigas Adione Lima, Cássia Brisele, Josi Santos e Paula Mello, mesmo
longe sempre presentes, apoiando com muito carinho e amor, gratidão por ter vocês em minha
vida.

A Amanda Arantes, Áurea Sousa, Camila Caetano, Carol Nachi, Claudio Fernandes,
Edvaldo Monteiro, Eliakin Alves, Gabriel Aguiar, João Ramos, Leonardo Cordeiro, Thiago
Dias, Ruan Carlos, Raquel Oliveira e Vandré Thomé, gratidão por conhecer vocês, pessoas
que tonaram meus dias mais alegres e iluminados.

Aos meus colegas de Judô, vôlei e forró que fizeram das minhas noites mais felizes,
revigorando minhas energias, me tornando uma pessoa melhor, em especial ao Pedro
Henrique Trepte, muito carinho por você.

Gratidão

vii
“Depois você entenderá.

Paciência na vida é a força que te guarda.

Ninguém serve ou educa sem suportar.

O amor de sacrifício e o degrau que te eleva.

A dor que te acompanha é o beiral que te ampara.

Deus age em toda parte, construindo o melhor.

Serve com paciência e depois entenderá.”

Emmanuel

viii
RESUMO

MORBECK, Fernanda Lago. Caracterização química do tanino do mesocarpo de coco


verde e sua aplicação como agente adesivo. 2017. 48p. Dissertação (Mestrado em Ciências
Ambientais e Florestais). Instituto de Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
Seropédica - RJ, 2017.

O desenvolvimento de alternativas para o aproveitamento da casca de coco possibilita a


redução da disposição inadequada de resíduos sólidos e proporciona uma nova opção de
rendimento junto aos locais de produção. O presente trabalho tem como objetivo avaliar as
propriedades químicas do mesocarpo do coco verde, seu potencial de emprego para extração
de taninos e sua capacidade adesiva em painéis aglomerados fabricados com resíduo de coco
verde, analisando assim o uso do mesocarpo do coco verde em dois segmentos industriais
distintos. A extração do tanino foi feita com água, com água sob adição de sulfito de sódio a
1%, 5% e 8%. Dessas extrações, observou-se qual das extrações que acarretou melhores
rendimento e características para ser usado como agente adesivo. Os testes foram feitos em
chapas aglomeradas de resíduo de coco. A prensagem foi realizada a 3,92 MPa, por 10
minutos, a uma temperatura de 100°C. Foram determinadas as propriedades físico-mecânicas
do material, seguindo as recomendações da norma NBR 14810 (ABNT, 2013). A
concentração de sulfito de sódio a 5% possibilitou maior rendimento na extração de taninos e
suas características como agente adesivo, os extratos tânicos do coco apresentaram valores
que atendem aos requisitos de agente adesivo, assim como a solução dos mesmos a 50%. Os
taninos extraídos do mesocarpo do coco verde apresentam potencial para utilização como
adesivo em painéis. O mesocarpo do coco é um material com potencial para fabricação de
painéis, apresentando valores de densidade, absorção e inchamento que atende a norma
ABNT NBR 14810-2, assim como o tanino extraído do mesmo, pode ser empregados na
colagem de painéis. Entretanto, é necessário aprimorar os conhecimentos frente às suas
características para aplicação de temperatura, pressão e teores de adesivo ideais para
potencializar a sua utilização.
Palavras-chave: Coco verde, mesocarpo, tanino, painéis e resíduos.

ix
ABSTRACT

MORBECK, Fernanda Lago. Chemical characterization of green coconut mesocarp


tannin and its application as an adhesive agent. 2017. 48p.
Dissertation (Master in Environmental and Forest Sciences). Institute of Forestry, Federal
Rural University of Rio de Janeiro, Seropédica - RJ, 2017.

The development of alternatives for the use of the coconut shell allows the reduction of the
inadequate disposal of solid residues and provides a new option of yield next to the
production sites. The present work aims to evaluate the chemical properties of the mesocarp
of the green coconut, its potential of use for extraction of tannins and its adhesive capacity in
agglomerated panels made with green coconut residue, thus analyzing the use of mesocarp of
green coconut in two segments Industries. The tannin extraction was done with water, with
water added with 1% sodium sulfite, 5% and 8%. From these extractions, it was observed
which of the extractions yielded the best yield and characteristics to be used as an adhesive
agent. The tests were done on agglomerated sheets of coconut residue. The pressing was
carried out at 3.92 MPa for 10 minutes at a temperature of 100 ° C. The physical-mechanical
properties of the material were determined, following the recommendations of standard NBR
14810 (ABNT, 2013). The 5% sodium sulphite concentration allowed a higher yield in the
extraction of tannins and their characteristics as an adhesive agent, the coconut tannic extracts
presented values that meet the requirements of adhesive agent, as well as the solution of the
same to 50%. The tannins extracted from the mesocarp of the green coconut present potential
for use as adhesive in panels. The coconut mesocarp is a material with potential for panel
production, showing values of density, absorption and swelling that meets the ABNT NBR
14810-2 standard, as well as the tannin extracted from it, can be used in the gluing of panels.
However, it is necessary to improve the knowledge regarding its characteristics for the
application of temperature, pressure and adhesive contents ideal to enhance its use

Key words: Green coconut, mesocarp, tannin, panels and residues.

x
LISTAS DE TABELAS

Tabela1. Delineamento experimental para formação de chapas .............................................. 21

Tabela 2. Composição elementar do mesocarpo do coco verde ............................................... 24

Tabela 3. Composição elementar da madeira de eucalipto e pínus .......................................... 24

Tabela 4. Valores referentes aos teores das substâncias macromoleculares do mesocarpo do


coco........................................................................................................................................... 25

Tabela 5. Dados de vários autores das substâncias macromoleculares da fibra de coco verde.
.................................................................................................................................................. 26

Tabela 6. Valores médios dos teores de extrativo, número de Stiasny, tanino e não taninos do
mesocarpo do coco, após extração com água e diferentes concentrações de sulfito de sódio. 27

Tabela 7. ANOVA referentes aos teores de extrativo nos diferentes tratamentos. .................. 27

Tabela 8. Média dos tratamentos para porcentagem de extrativo e teste de Tukey. ................ 28

Tabela 9. ANOVA referentes à porcentagem do número de Stiasny nos diferentes


tratamentos. .............................................................................................................................. 28

Tabela 10. ANOVA referentes à porcentagem do tanino nos diferentes tratamentos. ............. 29

Tabela 11. Média dos tratamentos para porcentagem de taninos e teste de Tukey. ................. 29

Tabela 12. ANOVA referentes à porcentagem dos não taninos nos diferentes tratamentos. ... 29

Tabela 13. Propriedades dos taninos e do adesivo Fenol-Formaldeído. .................................. 30

Tabela 14. Caracterização das propriedades do adesivo fenol-formaldeído em diferentes


misturas com taninos do mesocarpo do coco. .......................................................................... 32

Tabela 15. Valores referentes à densidade dos painéis, para os tratamentos. .......................... 33

Tabela 16. Valores referentes ao teor de umidade dos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo...................................................................................................... 33

Tabela 17. Valores referentes IE em 2 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo...................................................................................................... 34

Tabela 18. Valores referentes IE em 24 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo...................................................................................................... 35

Tabela 19. Valores referentes AA em 2 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo...................................................................................................... 36

xi
Tabela 20. Valores referentes AA em 24 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo...................................................................................................... 36

Tabela 21. Valores referentes ao MOR nos painéis, com diferentes porcentagens de tanino
como agente adesivo. ................................................................................................................ 37

Tabela 22. Valores referentes ao MOE nos painéis, com diferentes porcentagens de tanino
como agente adesivo. ................................................................................................................ 38

Tabela 23. Valores referentes LI dos painéis, com diferentes porcentagens de tanino como
agente adesivo........................................................................................................................... 39

xii
LISTAS DE FIGURAS

Figura 1. Cocos nucifera L. (coqueiro). Fonte: Autora .............................................................. 3

Figura 2. Ilustração da morfologia do fruto do Cocos nucifera L. Fonte: UZUNIAN; BIRNER


(2009). ........................................................................................................................................ 5

Figura 3. Mesocarpo do coco verde triturado: A) Fibra do coco; B) Pó do coco. Fonte: Autora.
.................................................................................................................................................... 6

Figura 4. Cadeia de celulose. Fonte: JARDIM (2012). .............................................................. 7

Figura 5. Fórmulas estruturais dos principais açúcares componentes da hemicelulose. Fonte:


JARDIM (2012).......................................................................................................................... 8

Figura 6. Precursores finais da lignina com os possíveis sítios ativos (PEREIRA, 2012). ........ 9

Figura 7. Fórmulas estruturais de alguns compostos aromáticos identificados nos extrativos.


Fonte: PEREIRA (2012). ............................................................................................................ 9

Figura 8. Taninos hidrossolúveis: (A) Fórmulas estruturais do ácido gálico (B) Formula
estrutural do ácido digálico, taninos hidrolisáveis. Fonte: BATTESTIN (2004). .................... 11

Figura 9. Fórmula da estrutura química do tanino condensado. Fonte: Modificado de


PIZZI;MITTAL (1994). ........................................................................................................... 11

Figura 10. A) Tanino extraído do mesocarpo do coco B) Solução tânica. Fonte: Autora. ...... 18

Figura 11. A) Mesocarpo do coco B) Mesocarpo desmembrado. Fonte: Autora. .................... 20

Figura 12. A) Colchão de partícula B) Prensa hidráulica. Fonte: Autora. ............................... 21

Figura 13. Disposição dos corpos de prova para os ensaios físicos e mecânicos no painel.
Fonte: Autora. ........................................................................................................................... 22

Figura 14. Painéis fabricados com mesocarpo do coco. Fonte: Autora. .................................. 22

Figura 15. A) Ensaio de resistência à flexão estática B) Ensaio Ligação interna. Fonte: Autora.
.................................................................................................................................................. 23

xiii
SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................................ IX
ABSTRACT ............................................................................................................................. X
LISTAS DE TABELAS ......................................................................................................... XI
LISTAS DE FIGURAS ...................................................................................................... XIII
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 3
2.1 COCOS NUCIFERA L. .............................................................................................................. 3
2.1.1 FRUTO................................................................................................................................. 4
2.1.2 MESOCARPO DO FRUTO ...................................................................................................... 6
2.1.3 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS.............................................................................................. 7
2.2 Celulose ................................................................................................................................ 7
2.3 Hemicelulose ........................................................................................................................ 8
2.4 Lignina .................................................................................................................................. 8
2.5 Extrativos .............................................................................................................................. 9
2.6 Extrativos polifenólicos ...................................................................................................... 10
2.7 EXTRAÇÃO E SULFITAÇÃO DE TANINOS ................................................................................ 12
2.8 POLIFENÓIS NATURAIS COMO FONTE DE ADESIVO ................................................................ 12
2.9 PAINÉIS AGLOMERADOS ...................................................................................................... 14
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 16
3.1 MATERIAL ........................................................................................................................... 16
3.2 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO MESOCARPO ....................................................................... 16
3.2.1 Preparação de amostras para análise química.................................................................. 16
3.2.2 Análise da composição química do mesocarpo ............................................................... 16
3.3 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE TANINO ........................................................................... 16
3.3.1 Determinação dos teores de extrativos ............................................................................ 17
3.3.2 Determinação do teor de polifenóis através da reação de Stiasny ................................... 17
SENDO: ...................................................................................................................................... 17
3.3.3 DETERMINAÇÃO DA PERCENTAGEM DE TANINOS E NÃO-TANINOS ................................... 17
3.4 Extração em autoclave e avaliação das propriedades dos extratos ..................................... 18
3.5 PROPRIEDADES DOS EXTRATOS TÂNICOS DO MESOCARPO .................................................... 18

xiv
3.5.1 Determinação da viscosidade .......................................................................................... 19
3.5.2 Determinação do tempo de formação de gel ................................................................... 19
3.5.3 Determinação de teor de sólidos ...................................................................................... 19
O teor de sólidos foi calculado conforme BRITO (1995). ....................................................... 19
3.5.4 Determinação do pH ........................................................................................................ 19
3.6 PROPRIEDADES DA RESINA DE FENOL-FORMALDEÍDO (FF) E DE SUAS MODIFICAÇÕES COM
EXTRATO TÂNICO DO MESOCARPO DO COCO VERDE ................................................................... 19

3.7 FABRICAÇÃO DE PAINÉIS DE FIBRAS DO MESOCARPO DO COCO ............................................ 19


3.7.1 Aplicação de adesivos ..................................................................................................... 20
3.7.2 Preparo do colchão de partículas ..................................................................................... 20
3.7.3 Prensagem, acondicionamento e confecção de corpos-de-prova .................................... 20
3.7.4 Delineamento Experimental ............................................................................................ 21
3.7.5 Ensaios Tecnológicos dos Painéis Aglomerados ............................................................ 22
3.8 ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................................................... 23
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 24
4.1 AVALIAÇÕES DOS COMPONENTES QUÍMICOS ........................................................................ 24
4.2 AVALIAÇÃO DA EXTRAÇÃO DO MESOCARPO COM ÁGUA E DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE
SULFITO DE SÓDIO ...................................................................................................................... 26

4.3 AVALIAÇÕES DAS PROPRIEDADES DOS POLIFENÓIS E AGENTES ADESIVOS ............................ 30


4.4 AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DOS PAINÉIS ............................................ 32
4.4.1 Avaliações das propriedades físicas dos painéis ............................................................. 32
4.4.2 Avaliação das propriedades mecânicas dos painéis ........................................................ 37
5. CONCLUSÕES.................................................................................................................. 40
6 RECOMENDAÇÕES..................................................................................................... 40
7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 41

xv
1 INTRODUÇÃO

A crise do petróleo em 1970 desencadeou pesquisas com o objetivo final de obter


materiais genéricos com mesma eficácia do petróleo e se possível a um baixo custo.
Os compostos fenólicos comumente utilizados como base na fabricação de adesivos
são obtidos por meio de benzeno e tolueno; por estes serem produtos provenientes da
indústria petroquímica, podem vir a se tornar escassos, já que é crescente no mercado o
consumo de adesivos de base fenólica. No setor industrial florestal onde se faz o
beneficiamento da madeira, seja para produzir chapas de partículas ou laminados, os adesivos
fenólicos estão entre os mais utilizados (SILVA, 2001).
Para substituir os compostos fenólicos provindos do setor petroquímico, existe a
possibilidade de utilização de substâncias renováveis como as ligninas derivada da polpação,
os taninos provindos da casca da madeira de algumas espécies florestais e os produtos
derivados da carbonização da biomassa florestal (PIZZI;MITTAL, 1994). Dentre essas
opções, a que apresenta melhor qualidade para substituição são os taninos condensáveis
(SANTANA et al., 1995).
Taninos são polifenóis de elevado peso molecular, sendo encontrados em diversas
partes das plantas, casca, raiz, lenho e fruto. Eles reagem facilmente com o formaldeído além
de incorporar valores às atividades florestais e também de minimizar o problema dos
descartes dos resíduos do mercado agrícola (PIZZI; MITTAL, 1994).
O beneficiamento e descarte de resíduos agrícolas vem sendo discutido pela
Organização das Nações Unidas desde dezembro de 1989, onde em uma assembleia geral da
ONU, houve consenso mundial que foi firmado um compromisso político entre as nações,
com relação ao desenvolvimento e cooperação ambiental. Na Agenda 21 (1992), no capítulo
onze, essas premissas adotadas pela ONU, são citadas na política de combate ao
desmatamento: “Melhorar os métodos e práticas ambientais saudáveis e economicamente
viáveis de exploração das florestas, como objetivo de reduzir os resíduos e se possível
otimizar seu uso e aumentar o valor dos produtos florestais.” . “Se faz necessário desenvolver
e expandir e/ou melhorar a eficácia e a eficiência das indústrias de processamento de produtos
florestais, tanto madeireiros como não madeireiros, inclusive de aspectos como tecnologia
eficiente de conversão e melhor utilização sustentável dos resíduos resultantes da extração e
do processamento.”
De acordo com a política nacional de resíduos sólidos, Lei 12.305/2010, no Brasil
todos os produtores são obrigados a elaborarem o plano de gerenciamento de resíduos sólidos,
descrevendo como será a destinação correta dos resíduos. Isso proporcionou um aumento da
utilização dos resíduos florestais não madeireiros; logo, estes passaram a ser alternativas
como matéria-prima para produção de diversos produtos na base florestal, como tanino e
painéis (GULER et al., 2007). Esse tipo de material para confecção de painéis pode conferir
resistência mecânica e massa especifica pré-estabelecida, já que a composição química dos
materiais lignocelulósicos é semelhante à da madeira (ROWELL et al., 2000).
Além de trazer benefícios ambientais, a produção de painéis aglomerados a partir de
resíduos agroindustriais agrega valor aos mesmos e, além disso, poderá atender à crescente
demanda da indústria de painéis de madeira, possibilitando sua expansão, diminuindo a
utilização de madeira e, consequentemente, a pressão sobre as florestas, e ainda reduzir custos
de produção dos painéis, tornando-os ainda mais competitivos no cenário econômico
(MENDES et al., 2010).
O Brasil apresenta uma extensa faixa litorânea, com uma demanda turística alta,
acolhendo grandes capitais como Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza, sendo que nessas
1
regiões a água de coco verde é bastante apreciada pela população. Mas este consumo acarreta
na geração de uma grande quantidade de resíduo sólido, onde a cascas do coco verde, não têm
um aproveitamento adequado, acabando sendo destinadas aos aterros sanitários dos
municípios (SILVEIRA, 2008).
O mesocarpo do fruto do coco é considerado resíduo, já que sua monocultura é
destinada ao aproveitamento da água e da polpa. O resíduo do coco é um material nobre, que
pode ser aproveitado de várias formas, desde a confecção de estofado para automóveis
(SENHORAS, 2004), como também para a extração de tanino e matéria prima para chapas.
Alguns estados brasileiros a exemplo do Pará, Ceará e Rio de Janeiro, vêm estudando
possíveis beneficiamentos da casca do coco, juntamente com a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuárias – EMBRAPA, Universidades Federais e Estaduais, dentre outras, que
vem investindo em pesquisas para encontrar maneiras de utilização das cascas de coco verde
(BRIGIDA et al., 2009)
Considerando a demanda crescente por taninos, a busca por fontes renováveis desta
substância, além da necessidade de gerar alternativas que deem destino ou adicionem valor
agregado à casca de coco verde, o presente trabalho avaliou as propriedades tecnológicas dos
extratos tânicos extraídos do mesocarpo do coco verde, comparando-os aos adesivos
sintéticos usuais, e seu potencial como adesivo em painéis aglomerados fabricados com
resíduo de coco. Os objetivos específicos foram: - Caracterizar quimicamente o mesocarpo do
coco; - Extrair taninos com adição de água e sulfito de sódio e avaliar suas propriedades; -
Fabricar e avaliar as propriedades de painéis aglomerados com diferentes adesivos à base de
tanino de coco.

2
2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Cocos nucifera L.

O Cocos nucifera L. (Figura 1) pertence ao grupo monofilético da classe das


monocotiledôneas e possui características bem próprias como um só cotilédone na semente,
raiz fasciculada e folhas paralelinérveas. Sua ordem é das Arecales, que se encontra na família
das Arecaceae (PANTOJA, 2010). É uma palmeira que pode atingir até 20 metros,
excepcionalmente, 30 metros, de altura, com estipe (tronco) de 20 a 30 centímetros de
diâmetro (LORENZI, 2002). No Brasil, são encontradas mais de 40 gêneros e 200 espécies,
onde os mais frequentes são os coqueiros (Cocos nucifera) e o palmito (Euterpe sp.)
(PANTOJA, 2010).

Figura 1. Cocos nucifera L. (coqueiro). Fonte: Autora

Tomlinson (1979), citado por Goulding (2007), afirma que as palmeiras são um dos
grupos, economicamente, mais importantes de plantas tropicais por constituírem uma
importante fonte de alimento e matéria-prima, mas que ainda permanecem subexploradas pelo
homem.
O Cocos nucifera L. é uma espécie exótica, vinda da Ásia. Seu fruto, o coco é um dos
cultivares mais antigos no continente asiático, utilizado na Índia e na Ásia continental há pelo
menos 3000 anos. O coqueiro é uma planta de clima tropical, atualmente cultivado em cerca
de noventa países, sua importância econômica é bem destacada no continente asiático, que
lidera tanto a produção quando a comercialização do fruto “in natura” e de seus subprodutos
(SEBRAE, 2016).
A história do coco no Brasil coincide com o processo de ocupação territorial, e toda
ela concentrada na porção oriental do litoral Nordestino. Uma das teorias é que ele chegou ao
Brasil pela colonização portuguesa (PARROTTA, 1993). Iniciada a partir do Recôncavo
Baiano, expandido por toda faixa litorânea do estado e região. Praticamente não existia a
atividade comercial, interna ou externa. A atividade comercial do coco desenvolveu-se a
partir da segunda metade do século XIX, em função de sua valorização no plano
internacional, tanto por conta da valorização para consumo humano, tanto por valorização de
seus subprodutos, como óleo e fibra (FRANÇA, 1988).
Na década de 1990 houve um avanço na produção do coco no Brasil, onde o país
ocupava a 10° posição no ranking mundial, com uma produção que chegava a 477 mil
3
toneladas de coco por ano. Atualmente, o país é o quarto maior produtor mundial com uma
produção aproximada de 1.775.464 milhões de frutos por ano, com um plantio total de 228
916 hectares (IBGE, 2016). Quando se compara aos países da América do Sul, a produção
brasileira é responsável por mais de 80% (EMBRAPA, 2011). Do total dessa produção, o
rendimento médio de fibra é de aproximadamente 30% e 70% de pó no processo industrial.
São gerados cerca de 804.218 t de casca de coco no Brasil por ano, que depois de
processadas, resultariam em 241.265 t de fibra e 562.953 t de pó (CORREA, 2015).
A importância do agronegócio do coco é notória para a economia brasileira,
especialmente para o Nordeste, onde se concentra mais de 90% da produção nacional. A
produção brasileira em 2016 chegou a 251.628 bilhões de frutos (IBGE, 2016), está
distribuída por quase todo o território nacional, com exceção dos estados do Rio Grande do
Sul e Santa Catarina, em função das suas limitações climáticas durante parte do ano
(EMBRAPA, 2011).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016), em 2016 no
Brasil existiam cerca de 284 mil hectares de plantio coco no território nacional, onde os
estados que mais se destacaram foram Bahia, Ceará e Sergipe. Dentre esses, a Bahia obteve
30% total da produção nacional.
Com relação às demais regiões, o sudeste tem como destaque na produção nacional de
coco, o estado do Rio de Janeiro. Com uma área de cultivo em torno de 4.450 ha, destes, 33%
se concentram na região norte fluminense, sendo que a produtividade média da cultura no
estado do Rio de Janeiro ficou em torno de 40 mil frutos na safra de 2016 (IBGE, 2016).
Segundo o Sindicato dos Produtores de Coco (SINDCOCO), a produção brasileira de
coco é comercializada da seguinte forma: 35% destinam-se à agroindústria, que produz,
principalmente, coco ralado e leite de coco, para atender a demanda de grandes empresas
produtoras de chocolate, biscoitos, iogurtes, sorvetes, confeitarias e padarias; 35% destinam-
se aos mercados Sudeste/Sul para atender às pequenas indústrias, a exemplo de docerias,
padarias, sorveterias, entre outros. Destes, cerca de 90%, são constituídos de frutos verdes. Os
30% restantes ficam no mercado nordestino, para atender ao consumo “in natura”, tanto de
coco seco, como de coco verde (CUENCA, 2002).

2.1.1 Fruto

O fruto do Cocos nucifera é considerado um fruto seco, indeiscente do tipo drupa, por
ser formado por um só carpelo e conter em seu interior uma só semente. O mesocarpo, parte
mais desenvolvida no coco, é constituído por um conjunto muito denso de fibras bastante
resistentes. Já o endocarpo é excepcionalmente espesso e duro, envolvendo a única semente
desse fruto, a qual se constitui do embrião e de um tecido nutritivo muito extenso, que forma
a parte comestível do coco, inclusive o líquido contido em seu interior (FERRI, 1990). A
parte externa denominada de epicarpo (casca externa) pode ter a coloração esverdeada ou
amarelada quando o fruto ainda está verde, e com o tempo, torna-se seca e castanha.
(FERREIRA et al, 1988).
O mesocarpo (Figura 2) é a fonte de fibra, esta camada pode ter de 3 a 5 cm de
espessura constituída por uma fração de fibras curtas e longas e outra fração denominada pó,
que se apresenta agregada às fibras (ROSA et al., 2002).

4
Figura 2. Ilustração da morfologia do fruto do Cocos nucifera L. Fonte: UZUNIAN;
BIRNER (2009).

O consumo do seu fruto é crescente e significante no país, já que deste provem água
de coco “in natura”. Cada coco verde destinado para consumo de água traz um sério problema
ambiental, pois cerca de 80 a 85% do peso bruto do fruto representa resíduo, que não vêm
sendo aproveitado pela indústria, devido à falta de conhecimento de suas propriedades
(CORRADINI et al., 2009). Este problema se agrava principalmente nos centros urbanos,
onde esse material é de difícil descarte, sendo enviado para lixões e aterros sanitários. A
matéria orgânica quando disposta em aterros passa por um processo de decomposição
anaeróbica, resultando na formação de gás metano. A quantidade deste gás, gerada pelo
processo anaeróbico, representa de 5 a 20% do total produzido e é emitida para a atmosfera. O
metano é um dos mais importantes gases produzidos pela disposição do resíduo sólido urbano
em aterros e contribui para o agravamento do efeito estufa (IPCC, 1996). A decomposição do
fruto do coco no ambiente demora em média oito anos para a sua completa biodegradação, ou
seja, é um material orgânico de difícil decomposição. Isso torna o aproveitamento da casca do
coco verde, algo indispensável para o ambiente, além da importância econômica e social.
(CARRIJO;MAKISHIMA, 2002).
Como a minimização da geração desse resíduo implicaria na redução da atividade
produtiva associada, o seu aproveitamento torna-se uma necessidade. No entanto, poucos
estudos têm sido realizados visando à caracterização e utilização da fibra e do pó da casca do
coco verde (SENHORAS, 2004). A industrialização do fruto do coco e o beneficiamento das
partes comestíveis vêm crescendo, tanto no âmbito nacional quanto internacional, o que torna
indispensáveis para o desenvolvimento sustentável estudos aprofundados sobre o
aproveitamento dos seus resíduos. O mesocarpo do fruto do coco que antes era visto como
resíduo na produção, utilizado apenas como cobertura morta, enterrado em valas ou utilizado

5
em covas de plantio (FONTES, 2006), agora passa ter valor cientifico e comercial, como
fonte de fibra vegetal.
Com isso a cultura do coco apresenta uma série de vantagens agroeconômicas, sociais
e ambientais se comparada a outras culturas desenvolvidas nas áreas litorâneas.

2.1.2 Mesocarpo do Fruto

O mesocarpo do coco verde, assim como o do coco maduro, é constituída por uma
fração de fibras e outra denominada de pó que preenche o espaço entre as fibras (Figura 3).
As fibras de coco são materiais lignocelulósicos obtidos do mesocarpo de cocos e
caracterizam-se pela sua dureza e durabilidade atribuída ao alto teor de lignina, quando
comparadas com outras fibras naturais (SILVA et al., 2006). O pó de coco é um material
biodegradável, renovável e muito leve. Apresenta uma estrutura física vantajosa, alta
porosidade, alto potencial de retenção de umidade (ABAD; NOGUEIRA, 1998).

A B

Figura 3. Mesocarpo do coco verde triturado: A) Fibra do coco; B) Pó do coco. Fonte:


Autora.

A Índia é um dos países percussores de manufaturados a partir do mesocarpo do coco,


principalmente da fibra; nele se encontra uma imensa variedade de produtos, como tapetes e
carpetes (MATHAI, 2005). A demanda crescente desse produto no mercado se dá pelo fato de
ser um material ecologicamente correto, por ser proveniente de uma fonte renovável,
biodegradável e de baixo custo e por suas características oferecerem diversas possibilidades
de utilização.
Foi na década de 1980 que começaram os estudos e aplicações dos resíduos do
mesocarpo do coco industrialmente, na Holanda, de início como ingrediente de substrato
agrícola. Desde então, diferentes trabalhos de investigação foram realizados com o objetivo
de se estudar as características e propriedades desse novo material e de avaliar sua
potencialidade para ser utilizado (MEEROW, 1997).
No Brasil, a tecnologia de aproveitamento da casca de coco vem sendo utilizada pelas
principais empresas em uma linha cronológica entre 40 e 15 anos. A fibra de coco era
utilizada na fabricação de estofados de automóveis desde a década de oitenta, mas perdeu
espaço para o poliuretano nos anos de 1990 (SANTOS, 2006). Atualmente, o setor de maior
6
representatividade no país é o de paisagismo e jardinagem devido a excepcional adaptação em
substituição ao xaxim. Outras possíveis aplicabilidades da fibra de coco verde encontram nos
setores moveleiros, calçadista, design de objetos para o lar, compósitos, combustíveis,
papeleira, embalagens, fabricação de enzimas, construção civil, filtros industriais e geotêxteis.
Para melhor aplicação do mesocarpo do coco, os conhecimentos das características
químicas, mecânicas e térmicas tornam-se necessários para a compreensão de sua
potencialidade de uso.

2.1.3 Características químicas

As fibras vegetais são formadas basicamente de celulose, hemiceluloses, lignina,


pectina e minerais. A celulose, um polissacarídeo linear de alta massa molecular; é o principal
constituinte estrutural, sendo responsável pela estabilidade e resistência das fibras. As fibras
de coco verde apresentaram menores teores de celulose e maiores teores de lignina em
comparação com outras fibras lignocelulósicas, tais como fibra de juta e sisal, que lhe confere,
uma vantagem frente às outras, como resistência (MOHANTY et al., 2000). De acordo com
Trugilho et al. (1996), os teores de lignina e celulose em frutos jovens de coco estão sujeitos
a variações, na sua composição química, tendendo a valores estáveis na idade adulta, que é
entre o período de 150 a 200 dias. O que se faz considerar que a idade do fruto, além do modo
como é cultivado, pode interferir nas variações dos teores das substâncias químicas presentes
nas fibras (VELOSO, et al., 2013).

2.2 Celulose

A celulose é constituída por monômeros de glucose, unindo-se através de ligações


glicosídicas para formar cadeias lineares, que se agrupam através de ligações de hidrogênio, a
fórmula molecular empírica da celulose é (C6H11O5)n (CARVALHO et al. 2009).
A celulose é um composto químico bem comum na natureza. Ela compõe cerca de 40
e 50% das plantas. É um componente majoritário, perfazendo aproximadamente a metade das
madeiras tanto de coníferas, como de folhosas (KLOCK, et al., 2005). É caracterizada como
um polímero linear de alto peso molecular, constituído exclusivamente de β-D-glucose
(Figura 4), sendo o principal composto da parede celular, onde está localizada em maior
percentagem na parede secundaria das células vegetais (KLOCK, 1988).

Figura 4. Cadeia de celulose. Fonte: JARDIM (2012).

7
2.3 Hemicelulose

O termo hemicelulose para denominar todos os polissacarídeos, constituídos por


pentose e/ou hexose e grupos acetila (CARVALHO et al., 2009).
As hemiceluloses compreendem um grupo de polissacarídeos, constituídos de vários
tipos de unidades de açúcares, além de serem polímeros ramificados de cadeia mais curta, de
baixa massa molecular, intimamente ligada com a própria celulose dentro da estrutura dos
tecidos vegetais. (D’ALMEIDA, 1988). Os principais açúcares neutros que constituem a
poliose são: glucoses, manose e galactose; e as pentoses xilose e arabinose. Alguma poliose
contém adicionalmente ácidos urônicos (KLOCK, 2005).
As hemiceluloses limitam a capacidade de extensão da parede celular, se ligando às
microfibrilas através de pontes de hidrogênio. As pectinas são encontradas nas primeiras
camadas da parede celular. São polissacarídeos capazes de conferir flexibilidade à parede,
sendo essencial também para o seu processo de expansão (RAVEN et al. 1999). A Figura
5ilustra as fórmulas estruturais dos principais açúcares componentes da hemicelulose ou
poliose.

Figura 5. Fórmulas estruturais dos principais açúcares componentes da hemicelulose. Fonte:


JARDIM (2012).

2.4 Lignina

A lignina é o terceiro composto macromolecular que compõe a madeira. É constituída


por um sistema aromático composto por unidade de fenilpropano, unida por ligação éter (C-
O-C) e carbono/carbono. Há maior teor de lignina em coníferas do que em folhosa, além de
existir diferenças nas suas estruturas entre a lignina encontrada nas coníferas e nas folhosas
(KLOCK, 2005). Por ter ação cimentadora, confere à célula maior resistência ao ataque
de fungos e compõe toda a rede de vasos condutores do vegetal, contribuindo para a estrutura
da parede celular, além de agir como agente protetor a fatores bióticos e abióticos. Na Figura
6 é ilustrado os três precursores finais da lignina com os possíveis sítios ativos.

8
Figura 6. Precursores finais da lignina com os possíveis sítios ativos (PEREIRA, 2012).

2.5 Extrativos

Os extrativos são compostos químicos encontrados na parede celular dos vegetais,


geralmente constituídos a partir de graxas, ácidos graxos, álcoois graxos, fenóis, esteróides,
resinas, ceras, óleos, fitoesteróis, resinas ácidas, taninos, terpenos e flavonóides, e outros tipos
de compostos orgânicos. Estes elementos se dividem na forma de monômeros, dímeros e
polímeros (LEÃO, 2012).
Os extrativos influenciam em algumas propriedades das madeiras. O odor e a
coloração típica de muitas madeiras se devem aos extrativos, e estes também influenciam no
consumo de reagentes nos processos químicos de utilização da madeira e na permeabilidade
(SILVA El al., 2006).
Os extrativos mais importantes em termos de quantidade, ocorrência natural e
importância econômica são as resinas da madeira e os polifenóis. A Figura 7 mostra algumas
estruturas exemplos desses extrativos.

Figura 7. Fórmulas estruturais de alguns compostos aromáticos identificados nos extrativos.


Fonte: PEREIRA (2012).

9
2.6 Extrativos polifenólicos

Os taninos são polifenóis de ocorrência natural, em plantas que exercem grande


influência no valor nutritivo de forragens. São compostos pertencentes ao grupo dos
fenólicos, proveniente do metabolismo secundário das plantas (BUTLER et al., 1984). Como
metabólitos secundários, os taninos são compostos fenólicos de grande interesse econômico e
ecológico.
Estrutura química com 12-16 grupos fenólicos e 5-7 anéis aromáticos por cada mil
unidades de peso molecular, possui capacidade de formar complexos com outras
macromoléculas como carboidrato, alcaloides, proteínas, saponinas entre outras (HASLAM e
CAI, 1994). Bem como complexos insolúveis em água com proteínas, gelatinas e alcaloides
(SANT’ANA, 2002).
São substâncias amplamente distribuídas no reino vegetal, podendo ser encontrados
nas raízes, na casca, nas folhas, nos frutos, nas sementes e na seiva (BATTESTIN et al.,
2004); sendo encontrados em altas concentrações em espécies de gimnospermas e
angiospermas. Dentro das angiospermas, os taninos são mais comuns nas dicotiledôneas
quando comparado com as monocotiledôneas (FRANÇA et al, 2011). Não interferem no
metabolismo da planta, somente após lesão e morte das plantas agem e têm metabolismo
eficiente (NOZELLA, 2001). São eles responsáveis pela adstringência de muitos frutos e
produtos vegetais, devido à precipitação de glucoproteínas salivares, o que ocasiona a perda
do poder lubrificante (MELLO e SANTOS, 2001). Alguns investigadores provaram que os
taninos servem para proteger as plantas contra os herbívoros e as doenças patogênicas.
Os taninos são usados pelo homem em diferentes setores que vai do industrial ao
artesanal. No passado, os taninos eram empregados somente para o curtimento de couros.
Atualmente, são também empregados na perfuração de poços de petróleo e na fabricação de
adesivos, sendo também úteis como antioxidantes e produtos farmacêuticos, o que demonstra
sua potencialidade como matéria-prima para inúmeras utilizações (HASLAM ; CAI, 1994).
Os taninos, segundo a estrutura química, são classificados em dois grupos:
hidrolisáveis e condensados, sendo que, entre eles há diferença química; todos são compostos
fenólicos e podem precipitar as proteínas. A capacidade que o tanino tem de se ligar as
proteínas é considerado o fator importante e imprescindível no sistema biológico. A afinidade
dos taninos pelas proteínas varia dependendo das suas características químicas e das
condições fisioquímicas do sistema.
Os taninos hidrolisáveis são constituídos de misturas de fenóis simples, tais como o
pirogalol e ácido elágico, e também ésteres do ácido gálico ou digálico com açúcares, como a
glicose (HEMINGWAY, 1989). Segundo Battestin et al. (2004), os taninos hidrolisáveis são
unidos por ligações éster-carboxila, sendo prontamente hidrolisáveis em condições ácidas ou
básicas. A unidade básica estrutural desse tipo de tanino é um poliol, usualmente D-glucose,
com seus grupos hidroxilas esterificados pelo ácido gálico (galotaninos) ou pelo
hexadihidroxifênico (elagitaninos). Os taninos hidrolisáveis (Figura 8) podem ser utilizados
como substitutos parciais do fenol na produção de resinas e adesivos fenolformaldeído. No
entanto, apresentam comportamento químico semelhante aos fenóis, substituídos com baixa
reatividade com formaldeído. Este comportamento químico, associado à limitada produção
mundial, impede que eles sejam efetivamente utilizados para a produção de adesivos fenólicos
(PIZZI, 1983).

10
Figura 8. Taninos hidrossolúveis: (A) Fórmulas estruturais do ácido gálico (B) Formula
estrutural do ácido digálico, taninos hidrolisáveis. Fonte: BATTESTIN (2004).

Os taninos condensados ou proantocianidinas são polímeros de flavonóides, cujos


monômeros são unidos por uma ligação carbono-carbono. Eles estão presentes em maior
quantidade nos alimentos normalmente consumidos (HEMINGWAY, 1989). Os taninos
condensados podem conter de duas a cinquenta unidades flavanóides; possuem estruturação
complexa; são resistentes à hidrólise, mas podem ser solúveis em solventes orgânicos
aquosos, dependendo de sua estrutura.
Os taninos condensados são adequados para produção de adesivos fenólicos dos
pontos de vista químico e econômico (PIZZI, 1994). Os taninos condensados e os flavonoides
que lhe dão origem são conhecidos por sua larga distribuição, estando presentes na casca de
todas as folhosas e coníferas (HERGERT, 1962). A Figura 9 mostra a estrutura de um
flavonóide, que constitui o principal monômero dos taninos condensados.

(Anel A)
(Anel B)

Figura 9. Fórmula da estrutura química do tanino condensado. Fonte: Modificado de


PIZZI;MITTAL (1994).

11
Os taninos condensados são utilizados como substitutos de resinas sintéticas devido a
sua característica de precipitar-se com formaldeído, formando assim um polímero de estrutura
rígida (GONÇALVES; LELIS, 2010).
Em geral, as resinas utilizadas na indústria de painéis de madeira são obtidas a partir
de produtos derivados do petróleo. Entretanto, as resinas produzidas com tanino vegetal
podem apresentar características de viscosidade e tempo de formação de gel semelhantes às
resinas comerciais conhecidas. Um aspecto importante para o emprego de tanino na produção
de adesivos é o seu teor de componentes polifenóis reativos (condensáveis). Na determinação
do teor de polifenóis, os taninos do tipo flavonol são precipitados através da condensação com
formaldeído em meio ácido, reação de Stiasny (LELIS; GONÇALVES, 2001).

2.7 Extração e sulfitação de taninos

A extração é uma etapa importante, podendo envolver diversos métodos e solventes


em condições de laboratório. A qualidade dos taninos extraídos varia de acordo com o tipo de
extração realizada. Assim, as condições de extração devem ser otimizadas, tendo em vista a
produção de taninos com propriedades adequadas à síntese de adesivos (PIZZI, 1983).
A extração é feita em autoclave, a partir de material moído, à pressão atmosférica.
Normalmente, é feita com água quente em presença de um sal inorgânico. Os sais mais
utilizados são o sulfito de sódio (Na2SO3) e o carbonato de sódio (Na2CO3) assim como o
hidróxido de sódio (NaOH). A temperatura de extração também varia, são utilizadas
temperaturas variando entre 94 e 100°C (PIZZI, 1983). O uso de temperaturas mais elevadas
não favorece a maior retirada de materiais fenólicos, mas sim induz a uma modificação
estrutural dos taninos, o que em parte pode prejudicar a performance do adesivo produzido
(PIZZI, 1994).
A extração aquosa de taninos condensados em presença de sulfito de sódio é chamada
sulfitação e pode ser executada com água quente ou fria. A sulfitação é um dos mais antigos e
usuais processos de extração de taninos, sendo especialmente adequada para a produção de
extratos tânicos destinados à síntese de adesivos fenólicos. Com a sulfitação, podem ser
obtidos taninos mais solúveis em água e extratos com viscosidade mais baixa (SILVA, 2001).
Com a sulfitação, os anéis A (resorcinólicos ou floroglucinólicos) das unidades
flavanóides têm seu caráter nucleofílico sensivelmente aumentado. Além disso, as moléculas
de taninos ficam mais disponíveis para reação com o formaldeído, por causa do aumento de
sua mobilidade. Ambos os fatores contribuem para melhorar a formação de ligações cruzadas
e, consequentemente, maior é à força das cadeias dos adesivos de tanino-formaldeído
sulfitados (PIZZI, 1983).

2.8 Polifenóis naturais como fonte de adesivo

Uma das resinas mais importantes é a uréia-formaldeído (UF). Aproximadamente 90%


das chapas aglomeradas produzidas no mundo são feitas tendo como base essa resina. Em
termos quantitativos, seguem depois o fenol-formaldeído (FF) (CARNEIRO et al., 2001).
Adicionalmente, sobre o fenol e a uréia, existe uma alta demanda para outras finalidades,
principalmente para plásticos, pesticidas e adubos químicos. A maior parte da uréia produzida
é utilizada para a fabricação de fertilizantes, para os quais a procura é cada vez maior.
Atualmente, 9% da ureia produzida entra na manufatura de resina UF. O fenol é obtido do
petróleo, por meio dos intermediários benzeno, tolueno ou cumeno (MORRISON;BOYD,
1981), que se prestam também para a síntese de defensivos agrícolas.

12
Na indústria de painéis de madeira, são empregados principalmente os adesivos
sintéticos Ureia-formaldeído (UF) e Fenol-formaldeído (FF). No Brasil, trabalhos envolvendo
taninos como adesivo para madeira foram iniciados no final da década de setenta e início de
oitenta (SANTANA; PASTORE JUNIOR, 1981)
Conforme Roffael e Dix (1994) a primeira patente requerida para fabricação de
adesivos à base de tanino data de 1914. No entanto, as primeiras tentativas foram
insatisfatórias e os estudos desses adesivos foram abandonados. Somente a partir da década de
1950 é que as pesquisas foram renovadas em várias partes do mundo (HILLING, 2002).
As pesquisas sobre resinas de tanino foram retomadas na década de 1950 na Austrália,
Indonésia, Índia, Estados Unidos e Venezuela. Mas o crescente interesse pelo
desenvolvimento das resinas partindo de fontes naturais ocorreu somente após a crise do
petróleo. Os adesivos à base de taninos são denominados taninos formaldeídos, ou TF, e são
obtidos pela reação de flavonóides poliméricos naturais (taninos condensados) com
formaldeído (PIZZI, 1994).
O Brasil conta com a maior unidade de produção de extratos vegetais tanantes do
mundo, a Tanac, onde o tanino corresponde a 30% do faturamento da empresa, sendo 30%
(total de 30 mil toneladas por ano) de sua produção destinados ao mercado interno e os outros
70% embarcados para mais de 70 países (PAZ, 2003).
Dentre os materiais pesquisados para substituir as resinas sintéticas, destaca-se o
tanino, representando um dos melhores substitutos para as resinas fenólicas, pois o adesivo
dele derivado é também resistente à umidade. Desde a década de 1980 o interesse no emprego
de polifenóis naturais (taninos) como adesivos em chapas de madeira aglomerada e
compensados vem crescendo efetivamente. A reação do tanino com o formaldeído se
apresenta como fundamento para o seu emprego como adesivo já que assim surgem
policondensados de alto peso molecular.
Uma pressuposição importante para o emprego de extrativos vegetais como adesivo
para painéis de madeira é seu teor de componentes fenólicos reativos. Na determinação do
teor de polifenóis emprega-se a reação de Stiasny, isto é, a precipitação dos taninos do tipo
flavanol através de condensação com formaldeído em meio ácido (WISSING, 1955).
A utilização dos extratos como adesivo só é possível se houver uma reação dos
mesmos com um produto ligante (formaldeído, por exemplo), já que eles próprios não
apresentam nenhuma capacidade de ligação. O formaldeído prende-se aos átomos de carbono
do anel A sob a formação de grupos metilol (HILLIS, 1981). Com adesivos de Tanino-
Formaldeído (TF) podem ser fabricadas chapas de madeira aglomerada com altas
propriedades tecnológicas (ROFFAEL e DIX, 1994).
Para obtenção de composições adesivas, os taninos condensados são normalmente
misturados com paraformaldeído, formaldeído ou hexametilenotetramina. Até o momento da
colagem, os taninos são estocados sob a forma de pó ou suspensões aquosas concentradas,
permanecendo não reativos até que seja feita a mistura com o agente ligante ou endurecedor
(GONÇALVES et al., 2010).
Além da reatividade, o grau de condensação dos taninos apresenta uma grande
importância na fabricação de adesivos, já que influencia a viscosidade da solução com
extratos e a ligação (entrelaçamento) das moléculas de tanino. O grau de condensação varia
para as diferentes espécies sendo também influenciado pela idade e local de crescimento das
árvores (PIZZI, 1993).
A qualidade da colagem com taninos é influenciada pelos componentes químicos não
fenólicos presentes nos extrativos como açúcares, aminoácidos, pectinas, etc. (HILLIS, 1981).

13
Esta qualidade também é influenciada pelos produtos químicos utilizados na extração
(GONÇALVES et al., 2010).
Os componentes não fenólicos, principalmente as gomas, podem influenciar a
viscosidade da resina de tanino-formaldeído e as propriedades ligantes do adesivo (HILLIS,
1981). De acordo com Hemingway (1989), o processo de colagem piora com o aumento do
teor de carboidratos no extrativo da casca.
Com relação aos adesivos utilizados em aglomerados, principalmente a base de Uréia-
Formaldeído e Fenol-Formaldeído, sente-se a influência da oscilação dos preços do petróleo e
a fragilidade dos produtos sintéticos advindos de fontes de matéria-prima não-renováveis.
Assim, a utilização de resinas à base de extratos de casca de espécies florestais têm sido alvo
de inúmeras investigações. Outro motivo para a substituição de adesivos comerciais por
adesivos naturais é devido ao problema da emissão de substâncias tóxicas – formaldeído para
a atmosfera, como apresentado por Margosian (1990).
Segundo Pizzi (1983 e 1994), por serem formados de estruturas poliméricas, os
taninos condensados, quando utilizados em misturas adesivas, necessitam de baixas
quantidades de formaldeído para cura e podem formar linhas de cola altamente resistentes à
ação de intempéries. De acordo com Hilling et al. (2002), os adesivos à base de tanino além
de serem mais baratos que os adesivos à base de fenol e formol, possuem satisfatória
resistência à água. O tanino apresenta características desejadas para a fabricação de chapas de
boa qualidade além de sanidade para uso, já que tem redução de formaldeído na sua
fabricação.

2.9 Painéis Aglomerados

A falta de madeira foi o precursor do surgimento dos painéis de madeira, hoje além da
escassez de material existe a necessidade da redução do consumo de madeira de floresta
nativa. Existe vários tipos de painéis de madeira, a saber:
 Aglomerados (MDP);
 Painel de fibra orientada (OSB);
 Painel de fibra de média densidade (MDF);
 Painel de fibra de alta densidade (HDF) e (SDF);
 Chapas isolantes.

Tanto no mercado nacional quanto internacional destacam-se economicamente o MDP


e MDF, pois são os mais utilizados pela indústria moveleira e pela construção civil (SILVA,
2012). O consumo desses painéis de madeira vem crescendo consideravelmente nos últimos
anos, e este crescimento está relacionado ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB); para
cada 1% de aumento do PIB, o MDP cresceu 2,4% em média e o MDF cresceu 11,8%. Com
isso percebe-se o quanto o setor madeireiro se faz importante na economia Brasileira
(BIAZUS et. al., 2010).
O Brasil apresenta excelentes condições para a produção de painéis estruturais de
madeira em função, principalmente, da experiência existente no cultivo de essências florestais
de rápido crescimento, em larga escala. O fato de a madeira ser uma matéria-prima renovável
e requerer um baixo consumo de energia para ser processada, apresenta uma vantagem
comparativa em relação a outros produtos de mesma aplicação (MENDES, 2001). Dentre os
produtos à base de madeira, as chapas de partículas vêm apresentando as maiores taxas de
crescimento de produção, em função da gama de produtos disponíveis e flexibilidade na

14
aplicação para os mais variados fins (BIAZUS et. al., 2010), além do fato de, o uso de
madeira natural possuem algumas limitações como as suas dimensões, que variam de acordo
com o tipo de árvore, as propriedades mecânicas e alguns defeitos como nós e inclinação. Foi
a partir dessas limitações que o uso de adesivo tornou-se importante, permitindo o uso de
madeira em diferentes tamanhos e configurações na fabricação de diversos tipos de painéis.
Os painéis de madeira podem ainda apresentar um papel social relevante, devido a três
benefícios básicos (REMADE, 2003).
 Aumento da oferta de produtos de madeira, com sua utilização racional e integral;
 Melhoria das propriedades dos produtos de madeira, permitindo uma grande gama de
utilização;
 Servirem como produtos alternativos à madeira maciça, recursos metálicos e
poliméricos na fabricação de bens de consumo.

A cada ano, o setor de painéis reconstituídos vem crescendo significativamente,


buscando cada vez mais qualidade e valor agregado do produto final; sendo assim um
aumento de investimento em novas tecnologias e o aperfeiçoamento no setor são necessários
(ROSA et al., 2002). O desenvolvimento econômico atual exige uma preocupação com a
sustentabilidade, fazendo com que inúmeros setores passassem a se preocupar, realmente,
com os recursos naturais utilizados na fabricação e as implicações ao meio ambiente. A
implantação das várias normas da ISO14000 comprova esta preocupação e o setor industrial
madeireiro/florestal, ante a ampla quantidade de resíduos gerados (LIMA; IWAKIRI, 2010).
A reciclagem e a reutilização de materiais pós-consumo é um assunto que vem sendo
frequentemente relatado em pesquisas científicas. Dentre os resíduos sólidos urbanos, os
madeireiros de todo o setor de processamento secundário têm sua aplicação limitada à queima
e uso como “cama” para produção animal (YAMAJI; BONDUELLE, 2004). Assim como os
resíduos do coco verde, que apresentam potencial para a fabricação de painéis, evidenciado
pela pesquisa desenvolvida por Ramos et al. (2011), porém vêm sendo descartados em
aterros.

15
3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Material

Este trabalho foi desenvolvido nos Laboratórios de Química da Madeira, Tecnologia


da Madeira e Propriedades Físicas e Mecânicas da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ), Seropédica – Rio de Janeiro.
Como matéria prima para a realização deste trabalho foi utilizado o mesocarpo do fruto do
coco, que foi processado juntamente com o epicarpo. Os frutos foram colhidos no sítio
Coqueirais do Zé, localizado em Itaguaí-RJ.

3.2 Caracterização química do mesocarpo

3.2.1 Preparação de amostras para análise química

Para a realização das análises de composição química, cerca de 60 g do mesocarpo do


coco verde foram processados em moinho de faca para obtenção de serragem. Esta serragem
foi classificada de acordo com a norma Tappi T257-cm85, onde a fração de serragem
utilizada no estudo foi a que passou na peneira de 40 mesh e ficou retida na peneira de 60
mesh. A serragem foi colocada em sala climatizada (23 ± 1 °C, 50 ± 2% RH) até obtenção de
umidade de equilíbrio (≈ 10%). Esta serragem foi então acondicionada em frascos
hermeticamente fechados e utilizada para a determinação da composição química da amostra.

3.2.2 Análise da composição química do mesocarpo

Para a análise do conteúdo de extrativos totais, utilizou-se solventes de diferentes


polaridades, e em sequência especifica, a saber: etanol/tolueno (1:2) → etanol → água quente,
essa análise foi feita de acordo com a norma Tappi T256 cm-97. Os teores de carboidratos
(glucanas, xilanas mananas, arabinanas e galactanas), de lignina insolúvel em ácido, lignina
solúvel em ácido, ácidos urônicos e grupos acetila foram determinados segundo as normas
Wallis et al. (1996), Tappi T222 om-98 Tappi UM 250, Sundberg (1996)e Solar et al. (1987),
respectivamente. As análises de cinzas, sílica e metais (ferro, cobre, potássio, cálcio e
magnésio) foram realizados de acordo com as normas Tappi T211, Tappi 244 e SCAn m
38:96. O conteúdo de cloreto foi determinado segundo a norma Tappi T256 cm-97.

3.3 Extração e quantificação de tanino

A extração dos taninos do mesocarpo do coco verde foi realizada em quatro


tratamentos:
 T1= Extração do mesocarpo com água destilada;
 T2 = Extração do mesocarpo com água destilada sob adição de 1% de Sulfito de Sódio
(base massa seca de fibras);
 T3 = Extração do mesocarpo com água destilada sob adição de 5% de Sulfito de Sódio
(base massa seca de fibras);
 T4 = Extração do mesocarpo com água destilada sob adição de 8% de Sulfito de
Sódio (base massa seca de fibras).

16
Para cada extração, 10 g de mesocarpos foram colocados em um balão com 150 ml de
água destilada sob refluxo por 2 horas à 80ºC . Após a extração, o material foi filtrado a
vácuo utilizando-se cadinho de vidro sinterizado nº 2. Para cada tratamento, foram realizadas
cinco repetições.

3.3.1 Determinação dos teores de extrativos

Após cada extração, o material foi filtrado a vácuo utilizando-se cadinho de vidro
sinterizado nº 2. A seguir, foi separada uma alíquota de 25 ml do filtrado para determinação
da massa de extrativos totais. Esta alíquota foi colocada em uma placa de petri, previamente
tarada, em estufa a 103° ± 2°C, até peso constante. Da diferença entre a massa da placa de
petri antes e depois de ser levada à estufa com a alíquota, obteve-se a quantidade de extrativos
(g) em 25ml de solução e considerando-se a quantidade de partículas (base seca) e o volume
inicial empregados na extração, calculou-se o teor de extrativos em percentagem.

3.3.2 Determinação do teor de polifenóis através da reação de Stiasny

A determinação do teor de polifenóis foi realizada através da reação de Stiasny (


WISSING, 1955) e seguiu o seguinte procedimento: do filtrado obtido após a extração (item
3.3) foi separada uma alíquota de 50 mL que foi transferida para um balão de 250 mL. Neste,
foram adicionados 5 mL de ácido clorídrico concentrado e 10 mL de formaldeído (37%) à
amostra. Em seguida, a mistura foi aquecida sob refluxo em manta térmica por um período de
30 minutos. Após este período, o material foi filtrado em cadinho de vidro sob vácuo,
lavando-se o precipitado com água quente, o mesmo foi levado à estufa a 103 ± 2 °C até
obtenção de massa constante. O percentual de tanino condensado contido nos extratos
(Número de Stiasny - NS) foi determinado pela razão entre a massa de tanino e a massa dos
extrativos totais extrapolada para 50 mL.

%NS = (MTan / MEt) x 100 (Equação 1)

Sendo:
NS: Número de Stiasny;
MTan: Massa de tanino;
MEt: Massa de extrativo totais.

3.3.3 Determinação da percentagem de Taninos e Não-taninos

Com base no teor de polifenóis condensados (NS) e dos teores de extrativos (TE),
calculou-se a percentagem de taninos (Equação 2) e teores de taninos (Equação 3) da seguinte
forma:

% Tan = (NS x TE) / 100 (Equação 2)

Sendo:
%Tan= Porcentagem de taninos
NS= Número de Stiasny
TE= Teor de extrativos

17
% NT = TE - %Tan (Equação 3)

Sendo:
%NT= Porcentagem de não taninos
TE= Teor de Extrativos (%)
%Tan= Porcentagem de taninos

3.4 Extração em autoclave e avaliação das propriedades dos extratos

O tratamento onde se obteve maiores teores de taninos foi escolhido para obtenção de
taninos em quantidade suficiente para as próximas etapas do estudo. Uma amostra de 1 kg de
mesocarpo absolutamente seco foi transferida para uma autoclave. A extração foi realizada
utilizado água destilada com 5% de Na2SO3, relação licor e mesocarpo foram igual a 15:1
com tempo de 2 horas para extração total. Após a extração, o material foi filtrado em cadinho
de vidro sinterizado n° 2, colocado em bandejas de vidro mantido em estufa a 103 ± 2 °C por
8 horas, para uma secagem prévia do filtrado. Posteriormente, o material foi transferido para
uma estufa a 60 °C até secagem completa. Após seco, o material foi moído em pilão manual
para se obter o extrato na forma de pó. O rendimento em extrato foi avaliado, procedendo a
pesagem da massa de sólidos obtidos (massa de extrato). Esse material foi utilizado para
caracterização química dos extratos tânicos e de sua viabilidade como adesivo para colagem
de madeira.

3.5 Propriedades dos extratos tânicos do mesocarpo

Na determinação das propriedades dos extratos foi preparado uma solução de extrato
tânico a 50% com água destilada. As seguintes propriedades foram avaliadas: viscosidade,
tempo de formação de gel e pH. Para cada análise foram realizadas cinco repetições,
procedendo-se posteriormente a análise de variância. A Figura 10 ilustra o tanino extraído do
mesocarpo da casca do coco verde (A) e da solução tânica (B).

A B

Figura 10. A) Tanino extraído do mesocarpo do coco B) Solução tânica. Fonte: Autora.

18
3.5.1 Determinação da viscosidade

Após preparo e homogeneização da solução de tanino a 50 %, a viscosidade foi


determinada utilizando-se copo Ford (ASTM D-1200, 1994). Aproximadamente 130 mL de
solução de tanino foram colocadas no copo e o tempo necessário para o escoamento da
solução pelo copo foi registrado.

V = 3,82 x t - 17,28 (Equação 4)


Sendo:
V= viscosidade expressa em cp;
t = tempo de escoamento (em segundos).

3.5.2 Determinação do tempo de formação de gel

Uma amostra de 10 g da solução de extrato tânico a 50% foi colocada em um tubo de


ensaio. Em seguida, adicionou-se uma solução de formaldeído a 37% (catalisador) na
proporção de 20% sobre o teor de sólidos contidos na solução do extrato. A mistura foi
homogeneizada com bastão de vidro em banho-maria à temperatura de 90 °C até o ponto de
endurecimento. O tempo necessário para que a mistura alcançasse a fase gel (mudança de
fase) foi registrado.

3.5.3 Determinação de teor de sólidos

O teor de sólidos foi calculado conforme BRITO (1995).

3.5.4 Determinação do pH

O pH da solução de extrato tânico a 50% foi determinado através de pH-metro digital,


à temperatura ambiente. O valor do pH foi registrado após um tempo aproximado de 4
minutos de contato do eletrodo com a solução.

3.6 Propriedades da resina de Fenol-Formaldeído (FF) e de suas modificações com


extrato tânico do mesocarpo do coco verde

A resina FF e suas modificações com extratos tânicos do mesocarpo do corpo verde


foram também avaliadas quanto ao tempo de gel, viscosidade, pH e teor de sólidos. A
metodologia seguiu o descrito no ítem 3.5.
A resina FF foi modificada pela substituição de parte da resina por uma solução de
extrato tânico a 50% de sólidos nas proporções de 10%, 20% e 30% (90:10; 80:20; 70:30). A
determinação do tempo de gel da resina FF e de suas modificações com taninos do mesocarpo
do coco foi realizada na proporção 1:1, sendo utilizados 10 g de solução (base massa seca de
sólidos) para 10 ml de formaldeído, que foi o agente endurecedor.

3.7 Fabricação de painéis de fibras do mesocarpo do coco

Os painéis produzidos foram previamente classificados com média densidade, assim,


todo processo produtivo ocorreu visando obter a densidade final do painel dentro de tais
19
limites e classificados pela NBR 14810-1 (2013) como P2, ou seja, painéis não estruturais
para uso interno em condições secas.
O mesocarpo do coco foi seco em estufa a uma temperatura de -/+ 103°C, por 48
horas; em seguida, foi moído em moinho de martelo, onde esse processo gerou o
desmembramento da fibra e pó que compõem o mesocarpo. Esse material não foi classificado,
pois a intenção foi avaliar o mesocarpo como um todo, como matéria prima.
Depois de processada, as partículas foram novamente secas em estufa a -/+ 103°C,
com circulação de ar até atingirem a umidade média de 6%. O cálculo da quantidade de
material particulado necessário para produção dos painéis foi realizado considerando este teor
de umidade.
A Figura 11 ilustra o mesocarpo do coco verde antes e após o processamento.

A B

Figura 11. A) Mesocarpo do coco B) Mesocarpo desmembrado. Fonte: Autora.

3.7.1 Aplicação de adesivos

Após a pesagem das partículas nas quantidades adequadas foi feita a aplicação de
adesivo por meio de aspersão, com o auxílio de uma pistola de ar comprido em um aplicador
do tipo tambor rotativo, obtendo-se uma distribuição uniforme do adesivo sobre as superfícies
de todas as partículas.

3.7.2 Preparo do colchão de partículas

Na formação do colchão foi empregado um orientador ou formador de partículas de


madeira com dimensões de 40x40x1,27 cm. Realizou-se uma pré-prensagem manual para
evitar a perda de partículas na borda do colchão no momento do transporte para a prensa e
facilitar o fechamento da mesma. Em seguida, o colchão foi acondicionado na prensa
hidráulica.

3.7.3 Prensagem, acondicionamento e confecção de corpos-de-prova

A prensagem foi realizada em prensa de pratos planos e horizontais com aquecimento


elétrico. A prensagem foi realizada por um ciclo de prensagem de 10 minutos com
temperatura de 100°C. Depois de prensados, os painéis foram esquadrejados e acondicionados

20
em sala de climatização com umidade relativa de 65 ± 5% e temperatura de 20 ± 3°C, até
atingir a umidade de equilíbrio.
Depois de prensadas, os painéis foram esquadrejados e acondicionados em sala de
climatização com umidade relativa de 65 ± 5% e temperatura de 20 ± 3°C, até atingirem a
umidade de equilíbrio. Após o acondicionamento dos painéis, foram efetuados os cortes para
retirada dos corpos de prova, segundo a Norma Brasileira Regulamentadora - NBR 14810-1
da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (2013). A Figura 12 ilustra o colchão
de partículas e a prensagem dos painéis.

A B

Figura 12. A) Colchão de partícula B) Prensa hidráulica. Fonte: Autora.

3.7.4 Delineamento Experimental

A produção dos painéis foi realizada variando-se a percentagem de tanino como


agente adesivo, conforme a Tabela 1. O delineamento experimental foi inteiramente
casualizado, com 6 tratamentos e três repetições, totalizando 18 painéis. Os demais
parâmetros foram mantidos constantes:
 Dimensões dos painéis: 40 x 40 x 1,27 cm;
 Densidade nominal dos painéis: 0,70 g/cm3;
 Pressão da prensagem: 3,92 MPa;
 Tempo de fechamento: 45 s;
 Tempo de prensagem: 10 minutos;
 Temperatura de prensagem 100 °C.

Tabela1. Delineamento experimental para formação de chapas


Tratamento Particula (Kg) Tanino (g) FF (g)
T1 1,3 - -
T2 1,3 - 248,8
T3 1,3 248,8 -
T4 1,3 25,57 268,72
T5 1,3 51,28 238,85
T6 1,3 76,92 200,43

Para cada tratamento foram produzidos painéis com densidade nominal de 0,70 g/cm³.

21
3.7.5 Ensaios Tecnológicos dos Painéis Aglomerados

Após climatização, os painéis foram cortados (Figura 13) de acordo com a NBR
14810-1 (ABNT, 2013) e assim obtiveram-se os corpos de prova para posteriormente realizar
os ensaios físicos e mecânicos de acordo com as normas específicas.

Figura 13. Disposição dos corpos de prova para os ensaios físicos e mecânicos no painel.
Fonte: Autora.

Em que: FE – Flexão Estática (250 x 50 mm); LI – Ligação Interna (50x50 mm); D –


Densidade do painel (50x50 mm); U – Umidade do painel (50x50 mm); IE/AA – Inchamento
em Espessura e Absorção de Água ambos após 2 e 24h de imersão (50x50 mm).

A Figura 14 ilustra os painéis fabricados com mesocarpo do coco verde.

Figura 14. Painéis fabricados com mesocarpo do coco. Fonte: Autora.

22
3.7.5.1 Ensaios físicos

Os ensaios físicos realizados nos painéis foram:

1. Densidade do painel - NBR 14810 (ABNT, 2013);


2. Umidade de equilíbrio - NBR 14810 (ABNT, 2013);
3. Inchamento em espessura (IE) após 24h - NBR 14810 (ABNT, 2013);
4. Absorção de água (AA) após 24 h - NBR 14810 (ABNT, 2006).

3.7.5.2 Ensaios mecânicos


Os ensaios mecânicos foram realizados em uma máquina universal de ensaios com
aquisição de dados automatizada. São eles, de acordo com a NBR 14810 (ABNT, 2013):
1. Resistência à flexão estática (Módulo de Ruptura - MOR e Módulo de Elasticidade
- MOE); (Figura 15A)
2. Ligação interna – LI (Resistência à tração perpendicular ao plano dos painéis)
(Figura 15B)

A B

Figura 15. A) Ensaio de resistência à flexão estática B) Ensaio Ligação interna. Fonte:
Autora.

3.8 Análise dos Dados

Para a caracterização química do mesocarpo do coco verde, foi feita a análise simples
de média, com três repetições.
Para a caracterização e quantificação do extrato tânico, o experimento foi instalado
seguindo o delineamento inteiramente casualisado com cinco repetições, adotando-se nível de
5% de probabilidade, onde o efeito do teor do sulfito de sódio no rendimento gravimétrico em
taninos foi avaliado, baseado na significância estatística dos coeficientes, ANOVA e Tukey.
As hipóteses testadas foram: hipótese H0, onde nenhum dos tratamentos se diferenciam entre
si, ou seja, não houve diferença no rendimento do tanino extraído com relação ao tipo de
extrator e a hipótese H1, que considera que pelo um dos tratamentos diferencia dos demais.

23
Para as análises tecnológicas dos painéis, utilizou-se o programa Statistica 7.
Atendendo as pressuposições da análise de variância, normalidade e homogeneidade de
variâncias, foi utilizado o Teste de Tukey ao nível de 5% de significância.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Avaliações dos componentes químicos

A composição química elementar do mesocarpo do coco, não se diferencia da


composição da madeira. Onde os principais elementos existentes são o Carbono (C), Oxigênio
(O) Hidrogênio (H), Nitrogênio (N) Enxofre (S), sendo que os dois últimos estão presentes
em pequenas quantidades. A análise da composição química elementar do mesocarpo do
coco verde revelou a seguinte composição percentual, em relação à massa seca (Tabela 2).

Tabela 2. Composição elementar do mesocarpo do coco verde

Elemento Percentagem
Carbono 54,2
Oxigênio 39,6
Hidrogênio 5,9
Nitrogênio 0,2
Enxofre 0,1

Na Tabela 3 podemos ver os valores da composição elementar da madeira de pinus e


eucalipto.

Tabela 3. Composição elementar da madeira de eucalipto e pínus


Elementos (%)
Material Carbono Oxigênio Hidrogênio Nitrogênio Enxofre
Eucalipto* 48,04 45,27 6,44 0,17 0,09
Pinus** 49,25 44,36 5,99 0,06 0,03
*Gomes, 2008; **Santos et al., 2016.

Dentre os três materiais, o que apresentou maior teor de carbono foi o mesocarpo do
coco com 54,2%, onde teve 4% a mais que a madeira pínus e eucalipto. A quantidade de
oxigênio foi inferior às madeiras, onde elas apresentaram 45,27% e 44,36%, eucalipto e pínus
respectivamente, já a quantidade presente no mesocarpo foi de 39,6%. Os valores de
hidrogênio, nitrogênio e enxofre, foram bem próximos entre os três.
Na Tabela 4 são apresentados os teores das substâncias macromoleculares como
extrativos, lignina, celulose e hemicelulose presentes no mesocarpo do coco.

24
Tabela 4. Valores referentes aos teores das substâncias macromoleculares do mesocarpo do
coco
Parâmetro (%) Valores
Glicanas 38,8
Xilanas 16,6
Galactanas 0,8
Arabinanas 0,9
Mananas 1,2
Grupos acetilas 3,6
Ácidos urônicos totais 4,0
Celulose 37,6
Hemicelulose 20,7
Lignina insolúvel em ácido (Klason) 29,5
Lignina solúvel em ácido 28,7
Lignina Total 30
Extrativos em etanol/tolueno 33,4
Cinzas 3,7
*Para o calculo do teor de celulose, foi utilizado o teor de glicose total, subtraindo o teor de
glicose associado às glicomananas.

Na análise, o mesocarpo do coco apresentou consideráveis teores de extrativos, lignina


e celulose. Uma explicação para os altos valores de extrativos é que o tecido parenquimático
que envolve as fibras do mesocarpo do coco possui uma quantidade de extrativo
substancialmente maior que as fibras de madeiras convencionais (CARDOSO &
GONÇALEZ, 2016). Tomczak (2010) encontrou teor de extrativo de 3,5%, na casca do coco
verde, já Cardoso e Gonçalez (2016) obtiveram o teor de 33,68% que é bem próximo ao
encontrado neste estudo. A quantificação de extrativo é importante, pois teores elevados de
extrativos podem influenciar na formação de painéis aglomerados. Segundo Hillig et al.
(2004), a quantidade de extrativo influencia na reação do adesivo com o material, resultando
em uma baixa resistência da colagem.
O alto teor de lignina na estrutura química da fibra gera maior resistência à degradação
e solubilização; na formação de painéis aglomerados esse teor elevado segundo Hillig et al.
(2002), gera maior força de coesão e a adesão das fibras aumenta com o decréscimo do
conteúdo de lignina. Este fato reforça a tese de que a adesão entre madeira e adesivo está
relacionada com ligações químicas e demonstra ser um fenômeno que ocorre diferentemente
ao longo das camadas da parede celular. O mesocarpo apresentou valores de 30% de lignina
total.
As glicanas exibiram pouco menos da metade da constituição química da madeira, em
média 37,6% da massa do mesocarpo, enquanto que o teor de hemicelulose foi de 20,7%,
sendo que dentro dessa fração, as xilanas foram a fração dominante das hemiceluloses com
16,6%.
Os outros carboidratos, como mananas constituíram 1,2%; já as galactanas e as
arabinanas constituíram, cada uma delas, menos de 1% da massa do mesocarpo, 0,8 e 0,9%
respectivamente. Na constituição química das xilanas foram determinados, além da unidade
25
monomérica básica de xilose, os teores dos grupos laterais conectados à cadeia básica,
abrangendo os ácidos urônicos e os grupos acetila. Os ácidos urônicos, incluindo os
glucurônicos e os galacturônicos, representaram uma fração significativa do mesocarpo, em
média cerca de 4% do seu peso. A importância desses grupos das xilanas está relacionada à
hidrólise e dissolução, na presença de álcalis. O teor dos grupos laterais de acetila das cadeias
de xilanas foi de 3,6%, o que pode influenciar na resistência e na coesão da fibra, na formação
dos aglomerados. A baixa quantidade de hemicelulose é favorável quando se trata da
degradação do material, já que esta é o componente mais higroscópico, sendo responsável, em
grande parte, pela deterioração da madeira por organismos xilófagos.
O teor de cinzas obtido foi de 3,7%. Segundo Mori et al. (2003), que estudaram a
caracterização da madeira de angico-vermelho para a confecção de móveis, valores baixos
desse componente na madeira fazem com que ocorram menores desgastes de facas e serras
durante o seu processamento. Os autores salientaram que o teor de componentes minerais
(cinzas) está diretamente relacionado ao sítio de crescimento da árvore
Outros autores também realizaram a análise química básica da fibra do coco verde,
que quando comparado com a amostra do mesocarpo estudado, encontram-se próximos
(Tabela 5).

Tabela 5. Dados de vários autores das substâncias macromoleculares da fibra de coco verde.
Abdul et al., Agopyan et al.,
Constituentes Tomczak, 2010 2006 2005
Lignina (%) 39,0 32,8 38,2
Celulose (%) 48,3 44,2 43,5
Hemicelulose (%) 14,7 12,1 22,0

Essa variação entre os valores ocorre devido à influência direta do ambiente onde o
coco foi plantado e os tratos silviculturais conduzidos no plantio. De acordo com Trugilho et
al. (1996), os teores das substâncias macromoleculares do frutos jovens de coco estão sujeitos
a variações na sua composição, tendendo a valores estáveis na idade adulta, que é entre o
período de 150 a 200 dias. O que se faz considerar que a idade do fruto, além do modo como
é cultivado, pode influenciar nos teores químicos dos compostos da fibra (VELOSO, et al.,
2013).
Para a fabricação de compósitos particulados, o mesocarpo apresenta valores da
constituição química desejável. Apesar das comparações serem feitas com materiais de
composição diferentes do coco, tornam-se válidas como parâmetros referenciais para ser
matéria-prima alternativa, uma vez que a literatura abordada nesta pesquisa sobre o
mesocarpo do coco-verde é muito escassa.

4.2 Avaliação da extração do mesocarpo com água e diferentes concentrações de sulfito


de sódio

O mesocarpo do coco foi extraído em água em diferentes concentrações de sulfito de


sódio (Na2SO3). Os valores médios dos rendimentos em sólidos totais (extrativos),
substâncias tânicas e não tânicas, além do Número de Stiasny estão apresentados na Tabela 6.

26
Tabela 6. Valores médios dos teores de extrativo, número de Stiasny, tanino e não taninos do
mesocarpo do coco, após extração com água e diferentes concentrações de sulfito de sódio.
Número de Stiasny Não Taninos
Tratamentos Extrativos (%) Tanino (%)
(%) (%)
Água 6,08 24,83 1,53 4,54
Sulfito de sódio 1% 9,26 28,03 2,56 6,7
Sulfito de sódio 5% 19,22 18,41 3,37 15,85
Sulfito de sódio 8% 4,4 27,08 1,2 3,21

A extração de taninos de espécies vegetais é uma etapa importante, uma vez que os
taninos, durante a extração, podem sofrer variações ou rearranjos nas suas propriedades e
estrutura. A qualidade dos taninos varia, em ampla escala, com o tipo de extração empregada;
por isto, as condições de extração devem ser padronizadas e otimizadas, objetivando a
produção de extratos com propriedades ajustadas à síntese de adesivos (Pizzi, 1983).
Brígida & Rosa (2003) estudando a casca do coco obtiveram teor de taninos de 6,03%
extraindo apenas com água quente, valor superior aos encontrados neste estudo. Pode-se
observar que o aumento na porcentagem do sal extrator (sulfito de sódio) para 5% acarretou
um aumento no rendimento do tanino. O que está de acordo com o sugerido por Gonçalves &
Lelis (2000) e Pizzi & Mital (1994), que mostraram que quanto maior a porcentagem do
extrator, maior seria a solubilidade dos açúcares, aminoácidos e pectinas aumentando assim, a
solubilidade em água dos taninos.
Para analisar a variância existente entre todas as observações foi calculado a ANOVA
para cada efeito do tratamento, o teste de Tukey foi realizado para confrontar valores e avaliar
qual melhor tipo de extração para o tanino encontrado no mesocarpo do coco, com base na
porcentagem de extrativo, número de Stiasny, quantidade de tanino e não tanino ao nível de
5% de probabilidade, quando a ANOVA apresentou valores significativos.
O parâmetro inicial na caracterização de substâncias encontradas na casca é o
rendimento em extrativos, pois, por meio deste pode-se definir o tratamento a ser utilizado
através da maior produtividade e a forma mais efetiva de obtenção destes extrativos. O efeito
dos tratamentos na remoção de extrativos da casca do coco foi significativo a 5% de
probabilidade pelo teste F (Tabela 7). Logo, a hipótese H0 foi rejeitada e conclui-se que pelo
menos um dos extratores tem efeito diferente na remoção de extrativos do mesocarpo do coco,
e foi realizado o teste de Tukey, para testar os contrastes entre as médias.

Tabela 7. ANOVA referentes aos teores de extrativo nos diferentes tratamentos.


FV GL SQ QM Fc Ft
Tratamento 3 1,113 0,278 16,237 2,900
Resíduo 19 0,434 0,023 - -
Total 22 1,547 - - -
*FV= fonte de varição; GL= grau de liberdade; SQ= soma dos quadrados; QM= quadrado
médio; Fc= valor de F calculado; Ft= Valor de F tabelado.

Na Tabela 8 podemos ver as médias dos tratamentos para extração de extrativo e o


teste de Tukey.

27
Tabela 8. Média dos tratamentos para porcentagem de extrativo e teste de Tukey.
Tratamentos Médias (%)
Água 6,08 (a)
Sulfito de Sódio 1% 9,26 (a)
Sulfito de Sódio 5% 19,22 (b)
Sulfito de Sódio 8% 4,40 (a)
Médias seguidas de letras iguais não diferenciam entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05).

Nas condições do presente experimento, verifica-se que o sulfito de sódio a 5%


diferencia dos demais tratamentos, diferindo assim significantemente de todos os outros,
apresentando maiores valores.
O Número de Stiasny (NS) expressa o teor de polifenóis existente no extrato. A
ANOVA realizada para avaliar a variância entre o número de Stiasny, de acordo com os
diferentes tratamentos da extração, mostra que não houve diferença significativa entre as
médias, pois o valor de F calculado foi inferior ao F tabelado, logo a hipótese de que nenhum
dos tratamentos se diferem entre si (Ho) é válida para o número de Stiasny. A Tabela 9
apresenta a ANOVA referente à porcentagem do número de Stiasny nos diferentes
tratamentos.

Tabela 9. ANOVA referentes à porcentagem do número de Stiasny nos diferentes


tratamentos.

FV GL SQ QM Fc Ft
Tratamento 3 0,064 0,016 0,112 2,900
Resíduo 19 4,769 0,251 - -
Total 22 4,833 - - -
*FV= fonte de varição; GL= grau de liberdade; SQ= soma dos quadrados; QM= quadrado
médio; Fc= valor de F calculado; Ft= Valor de F tabelado.

Os valores encontrados para o número de Stiasny mostram o potencial do mesocarpo


do coco como fonte de polifenóis condensáveis para produção de adesivos para madeira. Ping
et al. (2011), definiram o número de Stiasny como um indicador da pureza dos extratos de
polifenóis. Já Pizzi (1994) afirmou que o NS é um parâmetro que indica a capacidade dos
extrativos reagirem com o formaldeído na preparação de adesivos.

A porcentagem de tanino varia de acordo com espécie e substância utilizada na


extração. A ANOVA realizada para avaliar a variância referente à porcentagem de tanino
entre os tratamentos apresentou significância entre os tratamentos, ao nível de 5% de
probabilidade, onde, o valor de F calculado é superior ao valor de F tabelado. Com isso,
podemos rejeitar a probabilidade que os tratamentos possuem efeitos semelhantes (Ho),
concluindo que os tratamentos testados possuem efeitos diferentes sobre a porcentagem de
tanino retirado, isto é, pelo menos um dos extratores se diferencia entre si, quando à
porcentagem de tanino.
Na Tabela 10 observamos os valores encontrados na ANOVA para porcentagem de
tanino nos diferentes tratamentos.

28
Tabela 10. ANOVA referentes à porcentagem do tanino nos diferentes tratamentos.

FV GL SQ QM Fc Ft
Tratamento 3 3,860 0,965 22,006 2,900
Resíduo 19 1,111 0,058 - -
Total 22 4,971 - - -
*FV= fonte de varição; GL= grau de liberdade; SQ= soma dos quadrados; QM= quadrado
médio; Fc= valor de F calculado; Ft= Valor de F tabelado.

O teste de Tukey foi realizado após a ANOVA para constatar qual tratamento foi
significativo. Na Tabela 11 podemos ver as médias dos tratamentos e teste de Tukey para o
teor de tanino.
Médias seguidas de letras iguais não diferenciam entre si pelo teste de Tukey (P >
0,05); nas condições do presente experimento, verifica-se que o sulfito de sódio a 5%
diferencia dos demais tratamentos, deferindo assim significantemente de todos os outros da
extração, apresentando maiores teores de tanino.

Tabela 11. Média dos tratamentos para porcentagem de taninos e teste de Tukey.
Tratamentos Médias (%)
Água 1,530 (a)
Sulfito de Sódio 1% 2,560 (a)
Sulfito de Sódio 5% 3,370 (b)
Sulfito de Sódio 8% 1,200 (a)
Médias seguidas de letras iguais não diferenciam entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05).

Quando os taninos são extraídos, diversos componentes não-tânicos também o são.


Logo, ao extrair uma família de compostos com um determinado tipo de solvente, outros tipos
de compostos são extraídos juntos (Mori et al., 2001). A ANOVA realizada para avaliar a
variância referente à porcentagem de não tanino entre os tratamentos evidencia que não houve
diferença significativa entre as médias, pois o valor de F calculado foi inferior ao F tabelado,
logo a hipótese de que nenhum dos tratamentos se difere entre si (Ho), é valido para o valor
das porcentagens de não tanino. A Tabela 12 apresenta ANOVA da porcentagem dos valores
de não tanino nos diferentes tratamentos.

Tabela 12. ANOVA referentes à porcentagem dos não taninos nos diferentes tratamentos.

FV GL SQ QM Fc Ft
Tratamento 3 0,149 0,037 0,439 2,900
Resíduo 19 2,146 0,113 - -
Total 22 2,295 - - -
*FV= fonte de varição; GL= grau de liberdade; SQ= soma dos quadrados; QM= quadrado
médio; Fc= valor de F calculado; Ft= Valor de F tabelado.

29
Os resultados obtidos com relação aos valores de tanino, estão em conformidade com
a literatura, que cita que os taninos condensados podem atingir uma faixa de 2 a 40% da
massa seca da casca de espécies vegetais (Hergert, 1962).
De acordo com os resultados encontrados na análise estatística, o sulfito de sódio com
concentração de 5% obteve melhor rendimento no processo de extração tânica do mesocarpo
do coco, quando comparado à água e às demais concentrações. Segundo Carvalho et al.,
(2014) em experimento com Pinus caribaea var. bahamensis recomendaram a extração com
sulfito de sódio a 5%, pois foi obtido altos rendimentos de taninos com um baixo percentual
de não taninos, quando comparado aos tratamentos com 8 e 10% de sulfito de sódio. Para
Vital et. al.(2004) o sulfito de sódio a 4,5%, para obter taninos da casca de Eucalypus grandis
foi o recomendado, já que apresentou maior rendimento.

4.3 Avaliações das propriedades dos polifenóis e agentes adesivos

As médias dos resultados das propriedades do tanino do coco extraídos com sulfito de
sódio a 5%, e do adesivo sintético fenol formaldeído industrial, podem ser observadas na
Tabela 13, para uma previa comparação e avaliação da viabilidade extrato tânico em questão.

Tabela 13. Propriedades dos taninos e do adesivo Fenol-Formaldeído.


Propriedades Tanino Fenol-formaldeído
pH 3,97 12,48
Viscosidade (cp) 153,84 197,74
Teor de Sólidos (%) 54,57 46,86
Tempo de Gel (mim) >30 >30

Existem algumas características físico-químicas dos adesivos tais como: pH,


viscosidade, tempo de gelatinização e teor de substâncias sólidas. Essas características
influenciam diretamente no tempo de cura do adesivo, que está ligado diretamente na
eficiência da produção de painéis de madeira, já que ocorre a diminuição dos custos de
produção em painéis fabricados com adesivo, cujo tempo de cura é baixo (Almeida et al.,
2010).
A faixa do pH entre o tanino e fenol formaldeído é bem ampla e distinta, onde cada
um apresenta uma característica. O tanino do coco apresenta um valor de pH ácido, o que já é
uma característica dos extratos tânicos. Mori (2002) encontrou valores de pH inferiores a 5
para os adesivos de taninos de eucaliptos e de acácia negra. Já o fenol formaldeído, apresenta
pH alcalino (básico). O pH é um fator importe durante o processo de colagem, uma vez que
pode interferir no processo de cura de uma resina (ROFFAEL e DIX, 1994), além do fato do
pH no adesivo não ultrapassar os limites de no mínimo 2,5 e de no máximo 11, pois podem
resultar em degradação das fibras (IWAKIRI, et al., 2005). O valor do pH, referente ao tanino
do coco, apresentou-se dentro da faixa ideal, para o uso.
Os valores de viscosidade do tanino quando comparados ao fenol formaldeído ficaram
próximos. Quando o extrato é a base de sulfitos, ocorre a hidrólise de carboidratos, gomas
hidrocoloidais de peso molecular relativamente alto e também o rompimento das ligações
interflavonóides (C4-C6 ou C4-C8) das unidades poliméricas dos taninos. A presença dessas
gomas de alto peso molecular é responsável pela alta viscosidade característica do extrato
tânico (PIZZI, 1994). A viscosidade é uma grandeza importante para o adesivo, pois quando

30
baixa resulta em melhor espalhamento sobre a superfície da madeira, devido à alta fluidez,
contribuindo para a maior penetração do adesivo e sua absorção pela madeira. Valores
elevados de viscosidade podem resultar em linha de cola “faminta”, ou seja, com quantidade
insuficiente de adesivo na linha de cola, prejudicando a capacidade de distribuição do adesivo,
umectação e adesão (MACIEL et al., 1996). Sendo considerada alta e prejudicial uma
viscosidade maior do que 1500 centipoises (cp) (BRITO, 1995). Considerando os dados de
viscosidade, o estrato tânico apresentou valor excelente para o uso em painéis, demonstrando
viabilidade para cobrir as superfícies das partículas, influenciando assim na dispersão do
adesivo sobre a superfície do material.
O teor de sólidos é uma propriedade importante e pode ser entendido como a parte do
adesivo que forma a linha de cola, pois, após a evaporação dos componentes líquidos ocorre a
“cura” ou polimerização do adesivo formando a linha de cola, que é responsável pela ligação
entre os substratos e transferência de tensões geradas no sistema madeira – linha de cola –
madeira. Altos teores de sólidos contribuem para a qualidade da linha de cola, devido a maior
quantidade de material sólido, melhorando a adesão entre a madeira e o adesivo. A faixa
ideal para manter uma boa qualidade do material é em torno de 40 a 45% (IWAKIRI, et al.,
2005). Alguns estudos mostraram que é possível trabalhar com teor de sólido para adesivo à
base de tanino com valores de 40 a 55%. Mori (2002) trabalhou com valores de 55% para
misturas de adesivos e taninos retirados da casca da acácia negra; Carneiro et al., (2009)
trabalharam com valores de aproximadamente 44% para adesivos produzidos com taninos de
Eucalyptus grandis.
O tempo de trabalho se refere ao tempo de vida útil do adesivo, após sua preparação,
até a fase de gel, quando atinge a máxima viscosidade. Verificou-se que o adesivo à base de
tanino apresentou tempo de trabalho superior a 30 minutos, assim como o fenol formaldeído.
As proporções entre o tanino e o endurecedor (formaldeído) determinam a rigidez ou
elasticidade da linha de cola formada e irão facilitar ou dificultar o espalhamento do adesivo
na madeira. Uma alta quantidade de tanino leva à obtenção de uma linha de cola mais rígida,
enquanto um excesso de formaldeído resulta em linha de cola mais elástica. Este fato está
diretamente ligado ao tempo de trabalho do adesivo, ou seja, a viabilidade de se trabalhar com
o adesivo, antes de sua polimerização ou cura.
Analisando os resultados obtidos, comparados ao fenol formaldeído, o segundo
adesivo mais utilizado na produção de painéis, é evidente que o tanino extraído do mesocarpo
do coco, apresenta potencial para ser usado como agente adesivo em linha de produção.
Para analisar se os taninos juntamente com fenol formaldeído potencializam as suas
características qualitativas como adesivo, foram feitas misturas de fenol-formaldeído com
tanino em três diferentes proporções e a Tabela 14 apresenta os valores das propriedades dos
adesivos.

31
Tabela 14. Caracterização das propriedades do adesivo fenol-formaldeído em diferentes
misturas com taninos do mesocarpo do coco.

Solução Fenol + Tanino


Concentração (%) 90 / 10 80 / 20 70 / 30
Propriedades
PH 12,08 11,28 10,87
Viscosidade (cp) 240,67 286,87 237,36
Teor de Sólidos (%) 52,18 51,21 64,4
Tempo de Gel (mim) 30 6,92 3,32

Observa-se que quanto maior a proporção de tanino nas misturas com o adesivo
fenólico o valor do pH sofre alterações, tendendo a reduzir, resultado positivo, já que acima
de 11, o pH interfere negativamente nas propriedades mecânicas dos painéis, acelerando a
degradação das fibras.
A viscosidade é um dos fatores importantes, pois esta define o quanto vai ser limitante
a utilização do adesivo. Uma viscosidade muito alta vai dificultar o espalhamento do adesivo
na superfície da madeira. A viscosidade da solução ficou bem uniforme, mesmo havendo
variação na sua concentração na mistura, e os seus valores encontram-se dentro da faixa
ótima, que deve ser abaixo de 1500 cp, onde este é o máximo valor para a utilização como
adesivo para fabricação de painéis de madeira.
Os valores dos teores de sólido se mantiveram próximos nas misturas 90:10 e 80:20,
elevando-se na mistura 70:30, sendo este último com valores fora do padrão para aplicação
em painéis, que poderia levar a dificuldades na aplicação do adesivo.
O tempo de gel ou gelatinizarão fornece informações importantes sobre a cura do
adesivo; esse tempo pode dificultar ou facilitar o processo fabricação de painéis,
influenciando na formação da linha de cola. Uma das grandes limitações na utilização de
adesivo à base de taninos é a alta reatividade dos taninos com o agente ligante, formando
assim um adesivo de cura muito rápida (MORI, 2002). O tempo de gel entre as misturas
sofreram muitas variações. Nota-se a grande diferença nos valores de tempo de gel a partir
das misturas 80:20 e 70:30, evidenciando que a adição de tanino de mesocarpo acelerou
grandemente a reação.

4.4 Avaliação das propriedades tecnológicas dos painéis

4.4.1 Avaliações das propriedades físicas dos painéis

4.4.1.1 Densidade dos painéis

A densidade é a variável mais importante, pois regula as propriedades mecânicas dos


painéis, está diretamente ligada à taxa de compressão usada na elaboração e à densidade da
matéria prima, assim como à umidade do colchão e outros fatores. Para o setor industrial, a
densidade do painel é um fator muito importante, sendo este, controlado durante todo
processo (VITAL, 2004).
Hilling et al. (2002) mencionam que a maioria das densidades de chapas de partículas
situam-se entre 0,4 e 0,8 g/cm3. Neste estudo, as chapas produzidas apresentaram o menor

32
valor de densidade de 0,52g/cm3 e o maior de 0,70g/cm3, visto na Tabela 15. Segundo
Torquato (2008), painéis de madeira com densidade entre 0,5 e 0,8g/cm³, são classificados
como painéis de média densidade, assim como a norma ABNT NBR 15316-1:2009 define o
painel de média densidade com valor superior a 0,450g/cm³.

Tabela 15. Valores referentes à densidade dos painéis, para os tratamentos.


Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Densidade (g/cm³)
Formaldeído (%)

T1 0 0 0,54 (c)
T2 100 0 0,62 (bc)
T3 0 100 0,70 (a)
T4 90 10 0,52 (dc)
T5 80 20 0,65 (ab)
T6 70 30 0,62 (b)
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.

As chapas foram produzidas tendo como meta densidade igual a 0,70 g/cm³. A
densidade média dos painéis fabricados foi inferior à desejada, provavelmente devido à
aplicação de uma taxa de compressão inferior àquela necessária, assim como à temperatura,
exceto o tratamento 3, que teve apenas o tanino do extraído do mesocarpo do coco como
agente adesivo. Fiorelli et al. (2015), em seus estudos com fibra de coco, obtiveram uma
média de densidade do painel de 0,85g/cm³, porém o agente adesivo foi a ureia formaldeído.

4.4.1.2 Umidades dos painéis

A Tabela 16 mostra o teor de umidade de equilíbrio (TUe) dos corpos de prova para os
diferentes painéis.

Tabela 16. Valores referentes ao teor de umidade dos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Teor de Umidade de
Formaldeído (%) Equilíbrio (%)

T1 0 0 9,88 (bc)
T2 100 0 12,50(bc)
T3 0 100 8,911(c)
T4 90 10 17,09 (a)
T5 80 20 14,47 (ab)
T6 70 30 11,79 (bc)

33
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.

Na análise estatística realizada pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, podemos


observar que houve significância entre os tratamentos, sendo que os tratamentos T1, T2, T3 e
T6 não diferiram entre si, assim como, T4 e T5, T1,T2,T5 e T6.
Os valores de teor de umidade de equilíbrio (TUe) dos corpos de prova condicionados
variaram de 8,90 a 17,08%. Esta amplitude de teor de umidade pode ser atribuída à baixa
temperatura utilizada ou tempo de prensagem utilizados, além da diferença dos agentes
adesivos. Conforme GALVÃO & JANKOWSKY (1985), o aquecimento dos painéis em altas
temperaturas diminui sua umidade de equilíbrio por pequena perda de água de constituição.
Sendo isso, quanto maior a exposição do painel a alta temperatura, menor o teor de umidade.
A norma ABNT NBR 15316-1:2009 define o painel de média densidade como uma
chapa de fibras de madeira com umidade menor que 20% na linha de formação e densidade
maior que 0,450g/cm³, sendo assim, os painéis confeccionados com fibra de coco verde,
independente do tipo de agente adesivo, apresentam valores equivalentes à painéis de média
densidade.

4.4.1.3 Inchamento em espessura (IE)

Os valores médios de inchamento em espessura para 2 horas e 24 horas, são


apresentados nas Tabelas 17 e 18, respectivamente.

Tabela 17. Valores referentes IE em 2 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Inchamento em
Formaldeído (%) Espessura 2h (%)
T1 0 0 97,30 (b)
T2 100 0 6,10 (c)
T3 0 100 108,17 (a)
T4 90 10 4,31 (c)
T5 80 20 5,96 (c)
T6 70 30 5,23 (c)
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.

Para o inchamento em espessura após 2 horas em imersão com água, houve diferença
significativa, pelo teste de Tukey a 5%. As amostras que utilizaram fenol formaldeído como
agente adesivo (T2), os tratamentos T4 (90% FF, 10% de tanino), T5 (80% FF, 20% de
tanino) e T6 (70% FF, 30% de tanino), não diferenciam significativamente entre eles, além de
não exceder as médias estabelecidas pela norma ABNT NBR 14810-2. No trabalho feito por
Fiorelli et al. (2015), as médias encontradas para IE foram superiores aos tratamento citados
acima. O valor foi de 19,91%, sendo que os autores utilizaram ureia como agente adesivo. No

34
tratamento em que não se utilizou nenhum tipo de agente adesivo (T1) e no que utilizou-se
somente tanino (T3), os valores de IE foram muito altos, havendo entre eles diferenças
significativas.

Tabela 18. Valores referentes IE em 24 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Inchamento em
Formaldeído (%) Espessura 24h (%)

T1 0 0 111,58 (a)
T2 100 0 8,70 (c)
T3 0 100 110,35 (a)
T4 90 10 8,94 (c)
T5 80 20 10,67 (b)
T6 70 30 11,47 (b)
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.
O mesmo comportamento foi obtido para os tratamentos após 24 horas de imersão em
água. Após 24 horas de imersão em água, o tratamento T2 (100% FF) e T4 (90% FF, 10% de
tanino) apresentaram os menores valores de Inchamento em Espessura, sendo significativo
somente com os demais tratamentos. Os tratamentos T5 (80% FF, 20% de tanino) e T6 (70%
FF, 30% de tanino) apresentaram bons resultados, sendo significante só com os demais
tratamentos. Esses tratamentos obtiveram a média dentro do padrão da norma ABNT NBR
14810-2, onde são classificados como painéis não estruturais para uso interno em condições
secas. Já os tratamentos T1 (0% FF e 0% de tanino) e T3 (100% de tanino), após 24 horas de
imersão em água, obtiveram valores significantes com relação aos demais tratamentos, não
variando entre sim, porém seus valores ultrapassam a média colocada pela norma, sendo
assim, seu uso não é satisfatório. Apesar de o tanino possuir açúcares em sua composição que
poderia prejudicar a linha de cola, podendo ainda comprometer a resistência final do
aglomerado (PIZZI, 1983), observou-se que tal fato não alterou as propriedades físicas das
chapas, pois apesar de exceder a expansão no IE, quando utilizado só como agente adesivo, a
estrutura do painel não sofreu deformação ou desfibramento.
É importante frisar que o tanino empregado foi obtido em laboratório, e o mesmo não
sofreu nem um tipo de tratamento, para retirada de açúcares indesejáveis no processo de
colagem, e mesmo assim, os resultados obtidos com os adesivos comerciais modificados com
tanino a 10, 20 e 30% estão de acordo com o Inchamento máximo permitido para as chapas
classificadas na P2 da norma ABNT NBR 14810-2.

4.4.1.4 Absorção de água (AA)

Os valores encontrados para absorção de água estão altamente correlacionados com


inchamento em espessura. A análise estatística demonstra as mesmas interações entre os
tratamentos, onde os tratamentos que obtiveram maiores valores de IE, foram os que
absorveram mais água, o tratamento T1 (0% FF e 0% de tanino) e T3 (100% de tanino). Os
painéis demonstraram altos valores de absorção d’água, os quais variaram de 44,69 a
35
177,91%, para o período de 2 horas em imersão de água, como pode ser observado na Tabela
19.

Tabela 19. Valores referentes AA em 2 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Absorção de Água
Formaldeído (%) 2h (%)
T1 0 0 177,91 (a)
T2 100 0 44,69 (c)
T3 0 100 149,99 (a)
T4 90 10 76,08 (b)
T5 80 20 50,98 (cd)
T6 70 30 57,10 (bc)
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.

De acordo com Hillig et al. (2002), o aumento da densidade na chapa provoca uma
redução na absorção de água e um aumento no inchamento e espessura; porém nesse estudo
foi o inverso, pois os painéis menos densos, apresentaram maiores valores de IE e AA. Isso
pode estar relacionado à matéria prima da chapa, que é um material pouco estudado. Fiorelli
et al. (2015), encontraram valor de AA após 2 horas de imersão em água de 34,38%, valor
inferior ao encontrado nesse trabalho; porém, o agente colante desse painel foi a ureia
formaldeído, que junto com fibra do coco proporciona características diferente do fenol e
tanino.
Na Tabela 20, estão presentes as médias referentes a AA em 24 horas, onde os painéis
confeccionados com tanino como agente adesivo (T3) e sem agente adesivo (T1), absorveram
significantemente mais água.

Tabela 20. Valores referentes AA em 24 horas nos painéis, com diferentes porcentagens de
tanino como agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Absorção de Água
Formaldeído (%) 24h (%)
T1 0 0 221,09 (a)
T2 100 0 62,38 (c)
T3 0 100 193,68 (a)
T4 90 10 90,94 (b)
T5 80 20 67,67 (c)
T6 70 30 73,96 (bc)
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.

36
Analisando pelo teste Tukey, os tratamentos foram significativos, porém T1 e T3, não
são significantes entre si, assim como T4 e T6 e T2, T5 e T6, o que significa que entre eles
não existe variação quando comparados.
Os valores de AA em 24 horas seguiram o mesmo padrão de AA em 2 horas. Observa-
se também que o tipo de adesivo afeta, pois em ambos os testes, os painéis confeccionados
com fenol formaldeído T2, T5 e T6 não diferenciaram significantemente entre si.
Os altos valores encontrados em IE e AA dos painéis fabricados sem nenhuma adição
de adesivo estão relacionados aos altos teores encontrados de celulose e hemicelulose no
mesocarpo, uma vez que os carboidratos apresentam grandes quantidades de sítios para
ligação com moléculas de água em sua estrutura.

4.4.2 Avaliação das propriedades mecânicas dos painéis

4.4.2.1Resistência à flexão estática (módulo de ruptura – MOR e módulo de elasticidade


- MOE)

Em vários estudos, observa-se que à medida que se aumenta a densidade da chapa,


ocorre aumento dos valores de MOR e o MOE, independente da espécie de madeira ou
mistura utilizada; porém, com os painéis fabricados com mesocarpo do coco isso não foi
constatado, pois o tratamento T3 (100% de tanino) foi de maior densidade e quando analisado
o módulo de ruptura e elasticidade, esse valor é inferior aos demais tratamentos, ou seja,
densidade não teve influência sobre as propriedades mecânicas, referente ao T3, e sim o
agente adesivo.
Na Tabela 21, podemos observar as médias referentes ao MOR, e na Tabela 22 as
médias referentes ao MOE.

Tabela 21. Valores referentes ao MOR nos painéis, com diferentes porcentagens de tanino
como agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Módulo de Ruptura
Formaldeído (%) (N/mm²)
T1 0 0 0,83 (c)
T2 100 0 3,01 (bc)
T3 0 100 1,97 (cd)
T4 90 10 1,15 (c)
T5 80 20 4,94 (a)
T6 70 30 4,46 (ab)
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.

37
Tabela 22. Valores referentes ao MOE nos painéis, com diferentes porcentagens de tanino
como agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol Teor de Tanino (%) Módulo de
Formaldeído (%) Elasticidade (N/mm²)
T1 0 0 284,51
T2 100 0 804,55
T3 0 100 656,13
T4 90 10 214,21
T5 80 20 866,66
T6 70 30 608,82
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.

Em ambos os teste mecânicos, obtivemos significância, ao nível de 5% do teste de


Tukey, ou seja, houve diferença em pelo menos um dos tratamentos.
Para o módulo de ruptura (MOR), os tratamentos T2 e T5 obtiveram maior média, e
quando observado modulo de elasticidade (MOE), as maiores médias são do T5 e T6, seguido
posteriormente de T2. Como no processo de produção dos painéis, não houve diferença no
tempo de fechamento da prensa ou temperatura, pode-se afirmar que um desses processos não
foi ideal para o tipo de material usado, já que ambos têm grande influência na qualidade da
colagem, uma vez que o processo de cura do adesivo é deflagrado com a aplicação de calor.
Ginzel e Peraza (1966), já ressaltavam a necessidade de controlar esses fatores, pois
influenciariam diretamente nas propriedades dos painéis.
Avaliando as propriedades físico-mecânicas de painéis fabricados com partículas de
madeira (Schyzolobium amazonicum Huber ex. Ducke) a diferentes proporções de fibra de
coco (Cocos nucifera L.) e resina (6 e 8% de ureia-formaldeído) Colli et al. (2010),
diagnosticaram melhoras significativas para o Módulo de Ruptura e Resistência à Tração,
quando incorporada a fibra de coco às partículas de madeira. Para os níveis de resina, os
autores constataram melhor desempenho físico-mecânico para os painéis que possuíam 8% de
resina. Assim como Fiorelli et al. (2012) avaliaram painéis aglomerados de alta densidade de
fibra da casca do coco-verde e resina poliuretana bi-componente à base de óleo de mamona.
Segundo os autores, os painéis de partículas produzidos com fibra da casca do coco-verde,
apresentaram desempenho físico-mecânico acima dos limites mínimos recomendados pelos
principais documentos normativos nacionais e internacionais. Ou seja, a interação dos
constituintes do mesocarpo do coco, para fabricação de painéis se deu melhor, quando
confeccionados com ureia formaldeído, quando comparado com fenol formaldeído, mesmo
que esse não tenha 100% de resíduo da casca do coco na sua constituição.
Khedari et al. (2004) confeccionaram painéis de partículas à base de fibra de casca do
coco e resinas ureia-formaldeído (12%) e fenol formaldeído (6%). Concluíram que ambos os
painéis apresentaram propriedades mecânicas abaixo daquelas recomendadas pela norma CS
236-66 (MOR de 11,2 MPa e MOE de 2450 MPa). Sendo assim, os autores recomendam sua
utilização como isolante térmico em forros e paredes.

38
4.4.2.2 Ligação interna – LI (Resistência à tração perpendicular ao plano dos painéis)

Na Tabela 23 observa-se as médias referentes à ligação interna dos painéis em seis


tratamentos diferentes.

Tabela 23. Valores referentes LI dos painéis, com diferentes porcentagens de tanino como
agente adesivo.
Tratamento Teor de Fenol- Teor de Tanino (%) Módulo de Ligação Interna
Formaldeído (%) (N/mm²)

T1 0 0 0,024 (a)
T2 100 0 0,136 (e)
T3 0 100 0,026 (a)
T4 90 10 0,066 (b)
T5 80 20 0,123 (d)
T6 70 30 0,095 (c)
*Em que, médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente entre si, com
relação à porcentagem de tanino como agente adesivo, pelo teste Tukey no nível de 5% de
significância.

A Ligação Interna (LI) está diretamente ligado à anatomia da chapa, onde, quanto
menos espaços vazios melhor melhor será o resultado de colagem, o que também é
influenciado pela temperatura e pressão, durante a confecção dos painéis (BRITO, 1984).
Quando avaliada, a ligação interna obteve significância, ao nível de 5% do teste de
Tukey, ou seja, houve diferença em pelo menos um dos tratamentos.
Como avaliado antes no módulo de elasticidade, a ligação interna também não
apresentou valores positivos referentes à alta densidade, observada nos painéis
confeccionados com tanino. Os valores de Ligação Interna (LI) observados nos painéis com
adesivos à base de fenol formaldeído foram superiores aos verificados nos painéis feitos
apenas com tanino (T3) e com soluções fenol formaldeído e tanino a 10 e 30% (T4 e T6).
Em geral, na reação dos taninos com o formaldeído, ocorrem hidroximetilações nas
posições reativas do anel resorcinólico ou floroglucinólico. Com a aplicação de calor e pressão
esses grupamentos reagem entre si, originando ligações metilênicas; entretanto, devido ao
tamanho das moléculas de taninos, há uma tendência de que as elas se tornem imóveis com a
formação de pequeno número de ligações metilênicas, resultando numa linha de cola fraca e
quebradiça. Tal fato ocorre porque as ligações metilênicas planas fornecidas pelo formaldeído
são muito curtas, em relação à distância entre os sítios ativos nas moléculas de taninos
(PIZZI; MITTAL, 1994).

39
5. CONCLUSÕES

O aproveitamento de cascas de coco verde constitui uma importante ferramenta para


um aproveitamento mais racional e sustentável do frutos, o que não acontece atualmente; esse
aproveitamento tem grande importância tanto para economia quanto para o ambiente. Este
estudo aponta algumas conclusões que servirão de fundamentos para estudo posteriores:

 O mesocarpo do coco verde é um material com potencial para a extração de tanino e para
fabricação de compósitos;
 O sulfito de sódio a 5% apresentou melhor rendimento na extração tânica;
 Quando comparado com adesivos sintéticos, os extratos tânicos do coco apresentaram valores
que atendem aos requisitos de agente adesivo, assim como a solução dos mesmos a 50%;
 Os taninos extraídos do mesocarpo do coco verde apresentam potencial para utilização como
adesivo em painéis;

6 RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se utilizar outros extratores para avaliar o rendimento tânico do mesocarpo do


coco verde; usar ureia na formação dos painéis; testar diferentes temperaturas e pressão na
formação dos painéis; usar o tanino do mesocarpo como agente adesivo em outros tipos de
resíduos para fabricação de painéis.

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