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Silvia Kimo Costa (ORG.

ASPECTOS BIOSSISTÊMICOS DO
ESPAÇO CONSTRUÍDO:

coletânea de artigos

2021
Silvia Kimo Costa (ORG.)

ASPECTOS BIOSSISTÊMICOS DO
ESPAÇO CONSTRUÍDO:
coletânea de artigos

2021
Copyright © 2021, Silvia Kimo Costa (ORG.)
Todos os direitos desta edição reservados a
Componente Curricular Sistemas Bioconstrutivos
Universidade Federal do Sul da Bahia
Rodovia de Acesso para Itabuna, km 39 - Ferradas,
Itabuna – BA. CEP: 45613-204
https://ufsb.edu.br/

DIAGRAMAÇÃO e REVISÃO TEXTUAL:


Silvia Kimo Costa

CAPA: composição de imagens por Virginia Lopes de Sousa e Larissa Car-


doso Elias Pereira

Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação,


por qualquer meio, total ou parcial, constitui violação da Lei n. 9.610/1998.
APRESENTAÇÃO

Esta coletânea de artigos é resultado das ativida-


des do Componente Curricular Sistemas Bioconstrutivos,
ofertado pelo curso de Pós-graduação (Mestrado e Douto-
rado) em Biossistemas, do Centro de Formação em Ciên-
cias Agroflorestais da Universidade Federal do Sul da Bahia.
Durante as aulas foram abordadas as seguintes te-
máticas: “arquitetura vernacular e bioconstrução e sua in-
terface com o biossistema”; “o processo bioconstrutivo do
ponto de vista do Ciclo de Vida dos materiais”; “tecnologias
bioconstrutivas, ecossistemas urbanos e impactos ambientais”.
Cada discente de Mestrado ou Doutorado (de diferentes
áreas do conhecimento) elaborou um artigo de revisão sistemáti-
ca ou de pesquisa, que envolvesse algumas das temáticas supra-
citadas, sob o olhar de sua formação profissional e acadêmica.

Profa. Dra. Silvia Kimo Costa


Centro de Formação em Políticas Públicas
e Tecnologias Sociais

Programa de Pós-graduação em Biossistemas


(CFCAf – UFSB)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA


Campus Jorge Amado
SUMÁRIO

BIOMIMÉTICA, IMAGEM E ARQUITETURA:


um estudo de revisão sistemática 06
Virginia Lopes de Sousa;
Larissa Cardoso Elias Pereira

TURISMO NO PARQUE ESTADUAL DA
SERRA DO CONDURU (PESC):
estudo qualitativo da intervenção antrópica
em área de preservação permanente 22
Francisco Rubens Feitosa Júnior;
Gabriel Paternostro Lisboa

CONTAINERS NA CONSTRUÇÃO CIVIL:
argumentos e possibilidades 39
José Hélder de Sousa Pereira

BIOCONSTRUÇÃO: uma análise da
relevância na formação do técnico em
edificações 63
Sandra Cunha Gonçalves

BARRACAS DE BEIRA MAR: um estudo
de caso na cidade de Alcobaça, BA 86
Taina Lyra da Silva
BIOMIMÉTICA, IMAGEM E ARQUITETURA: um estudo de re-
visão sistemática
Virginia Lopes de Sousa1; Larissa Cardoso Elias Pereira2

Resumo
A biomimética é a área do conhecimento que busca soluções
sustentáveis na natureza, sem simplesmente replicar suas for-
mas, mas através da compreensão de seus princípios de fun-
cionalidade e complexidade. O enfoque é multidisciplinar e não
se concentra em códigos estilísticos, pois a natureza deve ser
consultada e não domesticada, reforçando a ideia da sustenta-
bilidade. Considerando o exposto, este artigo discute o conceito
da biomimética associado a análise visual e arquitetura, a partir
de um estudo de revisão sistemática (ERS). O ERS pautou-se
na busca por referências bibliográficas publicadas entre 2011 e
2021. A análise das referências selecionadas, demonstrou que a
biomimética pode ser considerada uma bioinspiração como su-
porte ao desenvolvimento sustentável, no que tange a interação
com a sociedade, design e meio ambiente.

Palavras-chave: Biomimética. Design. Sustentabilidade. Arquite-


tura.

Abstract
Biomimetics deals with the area of knowledge that seeks sustain-
able solutions in nature, without simply replicating its forms, but
through the understanding of its principles of functionality and
complexity. The focus is multidisciplinary and does not focus on
stylistic codes, as nature must be consulted and not domesticat-
ed, reinforcing the idea of sustainability. This article is based on
the discussion on the concept of Biomimetics associated with the
1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Biossistemas (CFCAf –
UFSB). Licenciada em Ciências Biológicas.
2 Graduada em Arquitetura e Urbanismo.

6
analysis of visual description and architectural works, based on a
systematic literature review. The study was carried out consider-
ing the period from 2011 to 2021 and descriptors that dealt with
the theme. The analysis of the selected bibliographic references
demonstrated that Biomimetics can be considered a bioinspira-
tion as a support for sustainable development, about the interac-
tion with society, design, and the environment.

Keywords: Biomimicry. Design. Sustainability. Architecture.

INTRODUÇÃO

O termo biomimética vem do grego “bios”, que significa


vida, e “mimesis”, que significa imitação, e baseia-se no estudo
de sistemas biológicos para desenvolver ou aperfeiçoar novas
soluções de engenharia (BENYOS, 1997). Com a proposta de
utilizar a natureza como exemplo a ser seguido, reforça o com-
promisso com a sustentabilidade e a preservação dos seres vi-
vos (ARRUDA; FREITAS, 2018; OGLIARI; MELO, 2015).

Nesse sentido, projetos pautados na biomimética refor-


çam a otimização de recursos e o alinhamento aos princípios
da economia circular e colaborativa (RIPLEY; BHUSHAN, 2016).
Diferentemente de um modelo econômico linear, baseado na ex-
tração, transformação e descarte, o modelo circular e colabo-
rativo implementa um sistema tendo a natureza como modelo,
medida e mentora de ensinamentos e fontes de aprendizado
(ROCHA et al.; 2012).

Considerando o exposto, este artigo aborda a relação


entre a descrição visual e obras arquitetônicas associadas à
biomimética, com base em um estudo de revisão sistemática.
A escolha do tema se deu a partir da compreensão de que a

7
biomimética é uma ciência interdisciplinar que envolve desde
a compreensão de funções biológicas a princípios de projeto e
produção em design.

PROCEDIMENTOS DO ESTUDO

O Estudo de Revisão Sistemática (ERS) pode ser enten-


dido como uma forma de pesquisa que utiliza a literatura sobre
determinado tema como fonte de dados. Atualmente, é consi-
derado uma das formas mais racionais e menos tendenciosas
de organização, avaliação e integração de evidências científicas
(LINDE; WILLICH, 2003).

Ravindran e Shankar (2015), relatam que a revisão siste-


mática se desenvolve a partir de uma questão explícita. Trata-
-se de uma estratégia reprodutível para o rastreio e inclusão de
estudos, extração de dados (codificação), análise apropriada e
apresentação de resultados.

Sendo assim, o presente estudo de revisão sistemática


compreendeu a busca por referências bibliográficas entre os
anos 2011 e 2021, por meio das seguintes expressões chaves/
descritores: “Biomimética”, “Biodesign”, “Biomimética na arquite-
tura”, “Proporção áurea na arquitetura”.

A partir da seleção das referências bibliográficas, foram


elaborados dois quadros analíticos. O primeiro contendo o título
das referências selecionadas, autoras/es, ano de publicação e
tipologia (livro, artigo publicado em revista científica, artigo pu-
blicado em eventos). O segundo apresenta a síntese do que foi
abordado.

8
QUADROS ANALÍTICOS

O quadro 1 apresenta o título das referências seleciona-


das para análise, suas/ seus respectivas/os autoras/es, ano de
publicação e tipologia. Já o quadro 2 apresenta a síntese do que
foi abordado em cada publicação.
Quadro 1: Referências selecionadas para análise, suas/seus respectivas/
os autoras/es, data de publicação e tipologia da publicação
Ano de
Título da referência seleciona-
Autoras/es publica- Tipologia
da
ção
1 Novas Estratégias da Biomi-
ARRUDA;
mética: As analogias do Biode- 2018 Artigo
FREITAS
sign e na Bioarquitetura
2 Design e Biomimética: uma
revisão sobre: O estado da SÁ; VIANA 2020 Artigo
arte no cenário brasileiro
3 Biomimética e Design: um
estudo sobre a potencialização
GAMARANO
da criatividade para métodos 2017 Artigo
et al.
de desenvolvimento de produ-
tos inspirados na natureza
4 Bioarchitecture: bioinspired RIPLEY;
art and architecture – a per- 2016 Artigo
spective BHUSHAN
5 A relação entre a biomiméti-
ca e a geodésica de Buckmins- SOARES et
2016 Artigo
ter Fuller no planejamento de al.
construções sustentáveis
6 Biomimética: innovación sus-
tentable inspirada por la natu- ROCHA et al. 2012 Artigo
raleza
7 Fundamentos Arquitetônicos: MACHADO;
arquitetura sagrada - geome- 2014 Artigo
tria e proporção áurea DIAS
8 Biônica e Biomimética no
QUEIROZ
contexto da complexidade e 2017 Artigo
et al.
sustentabilidade em projeto
Elaborado pelas autoras.

9
Quadro 2: Síntese do que foi abordado em cada publicação
Ref. Síntese (objetivo, metodologia e principais resultados)
O estudo objetivou uma revisão bibliográfica, apresentando ori-
gens, definições, princípios da Biomimética e analogias, exempli-
ficando suas aplicações no ramo do Biodesign e Bioarquitetura.
Foram definidas tais informações como pesquisa projetual para
1 áreas como engenharia, arquitetura e design, buscando influen-
ciar uma filosofia de autossuficiência. Assim, observou-se que
uma resposta satisfatória está em utilizar a Biomimética, a partir
das Analogias de estruturas naturais para o desenvolvimento de
projetos de maneira mais eficiente, funcional e durável.
O estudo teve por objetivo examinar as interfaces entre design
e biomimética por meio de uma revisão sistemática da literatu-
ra nacional. Foram aplicadas palavras-chaves na base Google
Scholar, por obras no período de 1990 a 2019, adotando-se a
2
ferramenta do Enfoque Meta Analítico. Verificou-se que o estudo
e as aplicações de biomimética em design abrangem perspecti-
vas voltadas para preservação ambiental e o desenvolvimento
de projetos e produtos sustentáveis.
O estudo discutiu as metodologias de desenvolvimento de pro-
dutos que tem como base os processos de Biomimética, a partir
da avaliação dos processos de criatividade humana. Foram es-
tudadas teorias de autores do domínio da Psicologia, e da Bio-
3
mimética. Verificou-se que essa abordagem tem associação dos
parâmetros da estruturação do pensamento divergente e con-
vergente (criar opções/fazer escolhas). Essa estrutura de pensa-
mento tende a potencializar as dimensões da criatividade.
O estudo mostrou a integração entre disciplinas da arte e da
ciência e apresentar oportunidades para pesquisa, e visões ge-
rais ou definições de biomimética e bioinspiração, arte, arquitetu-
ra e bioconstrução. Foram examinamos vários exemplos de arte
4
e arquitetura para incorporar design bioinspirado em sua prática
e fornecer uma perspectiva e provocação para encorajar a co-
laboração entre cientistas e designers, no que tange alcançar a
bioarquitetura.

10
O estudo correlacionou aspectos entre a Biomimética e as geo-
désicas de Buckminster Fuller, a fim de demonstrar as vantagens
construtivas na aplicação destas como estratégia de Biodesign.
Na metodologia, o trabalho faz uma investigação mais minucio-
sa sobre os fundamentos da Biomimética, relacionando-os com
5
as geodésicas de Buckminster Fuller. Como resultados, consta-
tou-se que Fuller utilizou os princípios vigentes da Biomimética,
mesmo antes de terem sido estabelecidos, pois a sua solução
para as geodésicas partiu de estudos sobre os princípios cons-
trutivos na natureza.
O estudo apresentou o conceito da Biomimética no intuito de ex-
por seu significado a partir da metodologia do Desenho Espiral.
A sua metodologia não traz sabedoria da natureza apenas para
design físico, mas também ao processo de fabricação, embala-
6
gem e todos os caminho para envio, distribuição e decisões dos
produtos concretizados. Como resultados os autores apontam
exemplos e estratégias copiadas da natureza que foram desen-
volvidas pelos seres humanos.
O estudo apresentou a fundamentação teórica abordando o
tema nos aspectos história e teoria, projetos de arquitetura, ur-
banismo, tecnologia. A metodologia utilizada pressupôs a con-
tradição entre teses e antíteses, o que encaminhou metodologi-
7 camente para a dialética. Foi abordado como assunto principal a
história da arquitetura e suas obras sagradas e se desdobrando
no discurso matemático e analogias da geometria em relação a
natureza. Trazendo à tona os questionamentos da não utilização
dessas técnicas nos dias de hoje.
O estudo apresentou uma visão geral da biônica e da biomi-
mética contextualizando com o debate contemporâneo sobre a
complexidade e a sustentabilidade. A metodologia abordada foi
8
a da difusão de conceitos apresentados tendo como conclusão a
complexidade do tema que se torna interdisciplinar e sobre sua
abrangência.
Elaborado pelas autoras

DISCUSSÃO

O fator criatividade é inerente ao ser humano, desde os


primórdios, quando, diante da necessidade de sobrevivência, se
viu obrigado a entender o ambiente que o cercava, buscando

11
mecanismos que possibilitassem alimentação, abrigo e segu-
rança frente aos perigos. Tal instinto criativo se mostrou o princi-
pal responsável pela evolução da espécie, resultando no surgi-
mento das mais diversas tecnologias ao longo da História (SÁ;
VIANA, 2020).

De acordo com Arruda e Freitas (2018), a biomimética pro-


põe um raciocínio lógico, nos diferentes campos da criação, per-
cepção e criatividade e envolve analogias. Os autores destacam
que a analogia está associada à sinergia e ao mundo natural na
busca de soluções. Quando se trata da sinergia, destacam-se:
Analogia Direta, Analogia Pessoal, Analogia Simbólica e Analo-
gia Fantástica. Quando se trata do mundo natural, destacam-se:
Analogia Orgânica, Analogia Classificatória, Analogia Anatômica
e Analogia Darwiniana.

Ainda nessa perspectiva, Sá e Viana (2020) abordam a


biomimese como forma de solucionar problemas percebidos no
setor produtivo. Destacam que dentre as principais característi-
cas dos sistemas biológicos que possibilitam o seu uso enquanto
ferramenta de benefício produtivo, estão a capacidade de adap-
tação ao meio, a perpetuação, a aprendizagem, a auto-organi-
zação e autorreparação.

Ripley e Bhushan (2016) discorrem sobre a interdiscipli-


naridade na tentativa de unir os campos da ciência e das artes.
Para tanto, introduzem o conceito de bioarquitetura como o cam-
po de interseccionalidade entre esses elementos distintos.

Ainda falando das analogias a morfologia dos elementos


e indivíduos chamam a atenção de pesquisadores, engenhei-
ros e arquitetos que se inspiram em suas formas para propor

12
soluções tecnológicas (GAMARANO et al., 2017; QUEIROZ et
al., 2017). A figura 1 representa alguns exemplos de analogia
morfológica.

Figura 1: SHINKANSEN (Japão) e o BIONIC CAR da marca Merce-


des-Benz (Alemanha)

Fonte: (VERSUS, 2010 apud: SOARES, 2016, p. 33)

A primeira imagem mostra o SHINKANSEN (Japão),


trem-bala de alta velocidade mais rápido do mundo, redesenha-
do tendo como base o bico de um Martin-Pescador. A segunda
imagem mostra o BIONIC CAR da marca Mercedes-Benz (Ale-

13
manha), automóvel desenvolvido com base na forma e estrutura
hidrodinâmica do peixe-cofre.

Já a analogia funcional estuda o funcionamento do siste-


ma físico e mecânico natural; evidenciando atributos funcionais,
qualidades específicas (não morfológicas) que se podem mime-
tizar da estrutura natural analisada. Uma vez que os organismos
naturais desenvolveram habilidades complexas e altamente
adaptáveis, se pode mimetizar essas aptidões funcionais e apli-
cá-las em artefatos artificiais (SOARES, 2016).

Essa funcionalidade pode ser encontrada, por exemplo,


em roupas de mergulho e em tintas (Figuras 2 e 3).

Figura 2: LOTUSAN (Alemanha), tinta que repele a água e resiste a


manchas durante décadas, inspirada nas microestruturas das folhas
de lótus

Fonte: (VERSUS, 2010 apud: SOARES, 2016, p. 36)

14
Figura 3: FASTSKIN da marca Speedo (Austrália), roupa de banho
para competição de natação que imita a função de eficiência hidrodi-
nâmica da pele de tubarão, resultando na redução do atrito e conse-
quente aumento de velocidade

Fonte: (VERSUS, 2010 apud: SOARES, 2016, p. 37)

Por fim, a analogia simbólica mistura o real com a criati-


vidade. Na analogia simbólica a imitação abstrata não corres-
ponde a fidelidade das formas nem das funções. Os artefatos
produzidos possuem correspondência com aspectos da estrutu-
ra natural analisada com certo grau de abstração inerente das
interpretações autorais (SOARES, 2016). Como exemplo, des-
tacam-se as obras do arquiteto catalão Antoni Gaudí (Figura 4).

Segundo Melo (2017) e Machado e Dias (2017), os pa-


drões da natureza estão evidenciados em praticamente todas
as obras que utilizam a forma como principal relação. Esses pa-
drões baseiam-se em funções matemáticas de baixa a altíssima
complexidade, como a proporção áurea e o número de Fibonac-
ci (Figura 5).

15
Figura 4: Exemplo de analogia simbólica nas obras de Antoni Gaudí

Fonte: (SOARES, 2016, p. 42)

16
Figura 5: Ilustração com outras geometrias relacionadas com a Pro-
porção Áurea

Fonte: (SOARES, 2016, p. 47)

Além, desses padrões existem outros de grande com-


plexidade como os fractais, que são observados em vários fe-
nômenos da natureza. Os fractais são caracterizados pela au-
tossemelhança, complexidade infinita e dimensões fracionadas
(ANDRADE, 2015). A autossemelhança refere-se à repetição de
uma forma específica, exponencialmente de forma infinita. Pode
ser entendida como uma simetria através das escalas (VIEIRA

17
et al., 2018).

As esferas e espirais estão presentes em conchas, cres-


cimentos de algumas plantas e fungos (espirais), em frutas, ovos
e o próprio embrião humano (esferas). A modulação pode ser
encontrada em diversos seres vivos, como a repetição de folhas
e a simetria de tentáculos de invertebrados marinhos (Figura 6).
Figura 6 Exemplos de fractais na natureza

Fonte: (SOARES, 2016, p. 70)

18
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo de revisão sistemática (ERS) procurou relacio-


nar o conceito de biomimética na descrição visual com obras
arquitetônicas. Constatou-se que a biomimética é um campo re-
cente de estudo e de riqueza imagética, onde a observação é
sua maior fonte de pesquisa.

A biomimética estuda a natureza no sentido de aprender


com ela (e não sobre ela). Envolve a compreensão das funções,
estruturas e princípios biológicos de vários objetos encontrados
na natureza por biólogos, físicos, químicos e cientistas mate-
riais, e consagra-se no design inspirado biologicamente, adapta-
ção ou derivação da natureza viva.

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GAMARANO, S. D.; PINHEIRO, V. C. P. L; ROCALDONI, T. F. Biomi-
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para métodos de desenvolvimento de produtos inspirados na nature-
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19
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VIEIRA, W. M.; SANTOS, B. F.; BORGES, T. R.; LOVATO, A. T.


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contro de Licenciaturas e Pesquisas em Educação. Anais do 3º
ELPED, 2018, p. 1-9.

21
TURISMO NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO CON-
DURU (PESC): estudo qualitativo da intervenção antrópica em
área de preservação permanente
Francisco Rubens Feitosa Júnior3; Gabriel Paternostro Lisboa4.

Resumo
Este artigo apresenta um estudo de revisão sistemática sobre a
gestão da visitação pública praticada na região do Parque Es-
tadual da Serra do Conduru (PESC), relacionando os aspectos
de sustentabilidade e o ecoturismo. O objetivo foi entender se a
prática ecoturística está em conformidade com os padrões de
sustentabilidade, uma vez que os moradores do entorno ime-
diato devem se beneficiar com a visitação ao Parque. O estu-
do compreendeu a busca e análise de referências publicadas
entre os anos 2011 e 2021. Os resultados mostraram que as
atividades são sustentáveis para o turismo no PESC e a comu-
nidade local se beneficia direta e indiretamente. As instituições
responsáveis estabelecem os limites aceitáveis em que deve-
rão ocorrer as atividades e quantidade de público permitido para
minimizar qualquer impacto que o ecoturismo possa ocasionar à
área de conservação.

Palavras-chave: Reserva Legal. Ecoturismo. Conduru.

Abstract
This article presents a systematic literature review on the ma-
nagement of public visitation practiced in the region of the Serra
do Conduru State Park, relating the aspects of sustainability and
ecotourism. The objective was to understand if the ecotourism
3 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Biossistemas (CFCAf –
UFSB). Graduado em Ciências Exatas.
4 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Biossistemas (CFCAf –
UFSB). Graduado em Engenharia Ambiental.

22
practice is in compliance with the sustainability standards, since
the residents of the immediate surroundings should benefit from
visiting the Park. The study comprised the search and analy-
sis of references published between the years 2011 and 2021,
considering the descriptors: Serra do Conduru State Park and
ecotourism. The results showed that the activities are sustaina-
ble for tourism in the Serra do Conduru State Park and that the
local community benefits directly and indirectly from it. The res-
ponsible institutions establish the acceptable limits in which the
activities and the number of allowed public should take place, in
order to minimize any impact that the ecotourism may have on
the conservation area.

Keywords: Legal reserve. Ecotourism. Conduru.

INTRODUÇÃO

O conceito de ecoturismo possibitou debates, práticas


educacionais e ambientais, com o propósito de tornar o turis-
mo uma atividade ecologicamente sustentável. Segundo Archer
et al. (2005) no final século XX a indústria turística ampliou in-
vestimentos no turismo ligado à natureza. Pois, sabe-se que no
passado a preocupação com a sustentabilidade era reduzida. O
ecoturismo é, atualmente, definido como uma prática que con-
serva o meio ambiente, sustenta o bem-estar da população lo-
cal, e envolve a interpretação e a consciência ecológica.

Os indivíduos que vivem e usufruem dos recursos natu-


rais devem desenvolver e propagar o conhecimento ecológico
nas práticas do turismo local. Pois, ao tratar alterações que pas-
sam das questões lineares sobre as questões socioambientais,
é possível saber como a comunidade compreende a região na
qual está inserida, seus valores simbólicos e culturais. O que

23
favorece o processo de gestão compartilhada das unidades de
conservação (SANTOS et al., 2020; RIVERA el al., 2016).

Considerando o exposto, este artigo apresenta um estu-


do de revisão sistemática acerca do ecoturismo na região do
Parque Estadual da Serra do Conduru (PESC). Ressalta-se que
nas últimas décadas a preservação do meio ambiente vem ga-
nhando espaço nos meios de comunicação, porém o ecoturismo
ainda é uma realidade pouco estudada, assim como seu impac-
to na vida das pessoas envolvidas no processo (RIVERA et al.,
2016; NEIMAN, 2010).

Nesta perspectiva, este estudo verifica como a sustenta-


bilidade do ecoturismo pode contribuir para manutenção da via-
bilidade e qualidade dos recursos naturais e humanos em longo
prazo.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de Estudo

O Parque Estadual Serra do Conduru (Figura 1), foi criado


em 1997 e compreende área total de 9.275 hectares. Abrange
aproximadamente 45% do município de Uruçuca, 40% do muni-
cípio de Itacaré e 15% do município de Ilhéus (BAHIA, 2005). O
parque é constituído por Floresta Ombrófila Densa Submonta-
na (JARDIM, 2003), com grande porcentagem representada por
Vegetação Secundária em estágio avançado de regeneração
(BRASIL, 1994).

24
Figura 1. Mapa de Localização do Parque Estadual da Serra do Con-
duru nos municípios de Ilhéus, Itacaré e Uruçuca.

Fonte: Laboratório de Geoprocessamento – IESB, 2004.

Estudo de Revisão Sistemática

Os artigos de revisão são pesquisas que se apropriam de


informações bibliográficas ou eletrônicas para gerar resultados.
O objetivo é fundamentar teoricamente um determinado objeti-
vo, pois a revisão sistemática é organizada para responder uma
pergunta específica através da seleção e avaliação crítica. Os
trabalhos são pesquisas originais elaboradas com rigor metodo-
lógico (ROTHER, 2007).

Sendo assim, o presente estudo de revisão sistemática


compreendeu as seguintes etapas:

A) Busca nas plataformas Scielo, Web of Science, Google


Acadêmico de publicações entre os anos 2011 e 2021, conside-

25
rando os seguintes descritores: “Turismo em Área de Preser-
vação Permanente”; “Turismo em Ilhéus”; “Turismo em Itacaré”;
“Turismo em Uruçuca”; “Turismo na Costa do Cacau”; “Turismo
no Parque do Conduru”; “Turismo no Sul da Bahia”; “Turismo;
Ecoturismo”.

B) Foram selecionadas 37 referências e destas 15 ana-


lisadas. Por conseguinte, elaborou-se dois quadros analíticos.
O primeiro contendo o título das referências selecionadas, au-
toras/es, ano de publicação e tipologia (livro, artigo publicado
em revista científica, artigo publicado em eventos). O segundo
apresenta a síntese do que foi abordado.

C) Análise das informações correlacionado: turismo; im-


pactos ao meio ambiente e a geração de renda da população da
imediação.

RESULTADOS

O quadro 1 apresenta o título das referências seleciona-


das para análise, suas/ seus respectivas/os autoras/es, ano de
publicação e tipologia. O quadro 2 apresenta a síntese do que foi
abordado em cada publicação.

26
Quadro 1: Referências selecionadas para análise, suas/seus respectivas/
os autoras/es, data de publicação e tipologia da publicação
Ano de
Título da referência Autoras/es publica- Tipologia
ção
1 Desafios, oportunidades
e recomendações para o
fomento ao cicloturismo MENDONÇA 2017 Dissertação
nas costas do cacau e des-
cobrimento - sul da bahia.
2 Multidisciplinarity of en-
vironmental perception
applied to human-nature BARBOSA et al. 2020 Artigo
relationships: Systematic
review
3 Lições aprendidas na
conservação e recupera-
ção da Mata Atlântica: Sis-
tematização de desafios
MMA 2013 Livro
e melhores práticas dos
projetos-pilotos de Paga-
mentos por Serviços Am-
bientais
4 Protected Areas and
populations: environmen-
tal value and sustainable FERREIRA,
2019 Artigo
Management in a rural PROFICE
community in the south of
Bahia, Brazil
5 Percepção ambiental
das comunidades ao en- SANTOS; OLI-
2020 Artigo
torno do parque Estadual VEIRA
da Lagoa do Açu/RJ.
6 Efeitos da gestão parti-
MACEDO;
cipativa dos parques esta- 2012 Artigo
DRUMMOND
duais da Bahia
7 Turismo de experiência:
uma proposta para o atual
GUZMÁN et al. 2011 Artigo
modelo turístico em Itaca-
ré – Bahia

27
8 Mapeamento planeja-
mento participativo: uma SANTOS; ÀVI-
2011 Artigo
análise do turismo de Uru- LA
çuca – Bahia
9 Evolução das Políticas
Anais de
Públicas de Turismo no SOUZA et al. 2016
Congresso
Estado da Bahia
10 Planejamento partici-
pativo: Uma análise do
turismo de Uruçuca (BA) a SANTOS; ÁVI-
2017 Artigo
partir da ótica LA

Dos residentes
11 Tourism experience: a
socioeconomic alternative SANTOS et al. 2014 Artigo
to Itacaré (BA)?
12 Adeologia ambientalista
e “marketing verde”: estra-
Anais de
tégias de reprodução do MELIANI 2011
Congresso
capital turístico em Itacaré,
Bahia
13 Turismo de base comu-
nitária: uma alternativa de
segmento turístico susten- LIMA; ANJOS 2020 Artigo
tável de Serra Grande –
Uruçuca-Ba
14 State Park of Serra do
Conduru: profile, percep-
AVILA; ROSA 2018 Artigo
tions and suggestions of
visitors
15 Análise da sustentabi-
lidade na gestão da visi-
Anais de
tação pública no Parque GOMES 2012
Congresso
Estadual da Serra do Con-
duru (PESC-BA)
Elaborado pelos autores

28
Quadro 2: Síntese do que foi abordado em cada publicação
Ref. Síntese
Este estudo analisou a viabilidade do segmento turístico nas
Costas do Cacau e Descobrimento, litoral Sul da Bahia. A pes-
quisa contemplou uma ampla revisão bibliográfica sobre o tema,
além de um diagnóstico direcionado à demanda atual e potencial
1
que revelou informações inéditas sobre o perfil socioeconômico,
comportamento e motivações dos cicloturistas, assim como suas
preferências no uso de serviços, infraestrutura e impacto econô-
mico potencial da atividade na região de interesse.
Esse estudo identificou diferentes abordagens a partir da per-
cepção ambiental, por meio da revisão sistemática da literatura
2
registrada no banco de dados Scopus, fazendo uso dos termos
“Environmental perception” e “Natural resources”.
O estudo possibilitou experiências inovadoras por meio de pro-
jetos-pilotos orientados para os seguintes temas: (i) criação de
unidades de conservação estaduais e municipais, (ii) pagamento
3
de serviços ambientais, (iii) planos municipais de conservação
e recuperação da Mata Atlântica, (iv) adequação ambiental de
propriedades rurais.
O estudo analisou a percepção ambiental dos moradores da co-
munidade rural do Barrocão (Uruçuca-BA), localizada no entorno
do Parque Estadual da Serra do Conduru (PESC), com a finali-
4
dade de descrever a relação que os moradores adquiriram com
os recursos naturais, a importância que é atribuída aos elemen-
tos naturais e suas diferentes formas de manejo.
O estudo analisou a percepção dos residentes de três comuni-
dades ao entorno do Parque Estadual da Lagoa do Açu, RJ. Os
resultados apontam para um distanciamento da população local
5
com a implantação do parque. Desta forma, a articulação entre
o poder público e a sociedade civil e a gestão compartilhada se-
riam formas de minimizar os conflitos.

O estudo abordou os efeitos da participação sobre a gestão de


três parques estaduais da Bahia - Serra do Conduru, Morro do
6
Chapéu e Sete Passagens a partir da técnica “Medición de la
efectividad del manejo de areas protegidas”.

29
O estudo demonstrou as vantagens econômicas e sociais para
Itacaré em ofertar um produto turístico local com bases nesta
nova tendência de mercado. A metodologia utilizada foi o estudo
7 de caso com finalidade descritiva. O trabalho aponta que é factí-
vel a adoção desse modelo para o estímulo do desenvolvimento
endógeno de Itacaré, ajudando a minorar os graves problemas já
enfrentados pelo destino.
O Estudo analisou a percepção e expectativas dos diferentes
atores sociais, a fim de contribuir para o melhoramento da ges-
tão turística participativa. A pesquisa apresentou resultados e
subsídios teóricos que servirão como fonte de referência para
8 as iniciativas de planejamento participativo do turismo de Uru-
çuca, de forma a contribuir não apenas para o desenvolvimento
do setor, mas também para a sustentabilidade da comunidade,
demonstrando a necessidade de maior investimento e formação
de pessoas na prestação de serviços.
O estudo analisou a evolução das políticas públicas de turismo
no estado da Bahia, fazendo um paralelo com a evolução das po-
líticas públicas nacionais. Observou-se que as políticas públicas
nacionais para o turismo evoluíram ao longo do tempo, especial-
mente a partir do ano de 2003, em função da criação do Ministé-
9
rio do Turismo. A pesquisa afirma que a Bahia teve o seu marco
inicial de políticas voltadas para o turismo, na década de 1990,
com o Prodetur-NE I, e amplia para a criação de instituições,
após a criação do Ministério do Turismo, e à sistematização de
um Sistema Estadual de Turismo.
O artigo apresentou as percepções e expectativas dos residen-
tes em relação à atividade turística que ocorre em Uruçuca. O
estudo identificou que a participação e o envolvimento dos dife-
10 rentes segmentos no planejamento turístico são baixos. A partir
dessa constatação, apresentaram-se resultados e subsídios teó-
ricos que servirão como fonte de referência para as iniciativas de
planejamento participativo do turismo no município.
Esse artigo discutiu outra via para o desenvolvimento local e
a sustentabilidade econômica e socioambiental.A metodologia
utilizada foi o estudo de caso, análises de cenários através da
técnica DAFO, além de obtenção de dados por meio de questio-
11
nários. O trabalho aponta que é factível a adoção do Turismo de
Experiência para o estímulo do desenvolvimento de Itacaré, va-
lorizando os aspectos culturais e de sustentabilidade, ajudando a
minorar os graves problemas já enfrentados pelo destino.

30
O estudo apresentou parte dos resultados de uma pesquisa so-
bre a “estética da mercadoria do turismo em Itacaré”, notadamen-
te sobre algumas das estratégias utilizadas pelo capital turístico
para se reproduzir: (1) a criação de uma ideologia ambientalista
e (2) a elaboração de um “marketing verde”. Em ambos os ca-
12
sos, ações estatais e empresariais foram e são empreendidas
no sentido de se forjar uma identidade ecológica, que tem como
objetivo atrair cada vez mais turistas consumidores dos serviços
turísticos oferecidos em Itacaré, não sendo uma atividade sus-
tentável, mas somente de cunho político.
O estudo apresentou os resultados da aplicação de uma inves-
tigação qualitativa, voltada para o Turismo de Base Comunitária
13 (TBC): Uma Alternativa Sustentável. A pesquisa de campo a qual
foi realizado em Serra Grande distrito de Uruçuca – BA localiza-
do na região de mata atlântica no Sul da Bahia.
O estudo analisou o perfil e percepções dos visitantes do Parque
Estadual da Serra do Conduru (PESC), a acessibilidade ao par-
que, infraestrutura, e os principais elementos que atraem a visita
das pessoas para essa UC do sul da Bahia. 33 sugestões foram
14
fornecidas pelos participantes acerca de melhorias na infraes-
trutura, atrativos, sinalização, divulgação, acesso, educação
ambiental e captação de recursos e podem auxiliar a gestão do
PESC e de outras UCs brasileiras.
O estudo avaliou se o atual modelo de gestão da visitação pú-
blica praticado no Parque Estadual da Serra do Conduru está
dentro dos padrões de sustentabilidade segundo a metodologia
15 TOMM. Foram verificados os parâmetros atuais da visitação no
Parque, na sequência avaliou-se como os moradores do entorno
estão envolvidos na gestão do parque, nas atividades de visita-
ção e de que forma são beneficiados por elas.
Elaborado pelos autores

DISCUSSÃO

No Estado da Bahia, as políticas públicas de turismo acon-


teceram por meio do Programa de Desenvolvimento do Turismo
no Nordeste (Prodetur-NE), no início da década de 1990, tendo
como objetivo planejar a expansão da atividade, com ações de
infraestrutura básica e infraestrutura de apoio turístico (SOUZA

31
et al., 2016)
Segundo Mendonça (2017) os Parques Nacionais e Es-
taduais são excelentes atrativos turísticos, desde que ofereçam
estrutura e diretrizes adequadas para a prática, em consonância
com o plano de manejo, o que já ocorreu em áreas do PESC.
Destaca-se, porém, que a atividade deve ser incentivada atra-
vés de projetos municipais que minimizem o uso de veículos
automotivos.
Barbosa (2020) afirma que se faz necessário o desen-
volvimento de estudos mais aprofundados, com públicos mais
diferenciados, em diversos cenários, em diferentes instâncias e
esferas da sociedade, visto que os estudos da percepção am-
biental expõem erros e acertos da sociedade em relação ao cui-
dado com os ecossistemas. O que corrobora com MMA (2013),
que desenvolve estudos sobre a qualificação e ampliação de
programa de PSA para a sustentabilidade do turismo no entorno
do Parque Estadual da Serra do Conduru.
O Instituto Floresta Viva, que coordenou o projeto de PSA
Conduru, contava com o apoio de parceiros locais para algumas
ações realizadas na região, mas não encontraram apoio quando
procuraram financiamento para um programa de PSA devido às
dificuldades financeiras circunstanciais alegadas pelos parcei-
ros. O que gerou a impossibilidade de ampliar as práticas de
turismo nas imediações do PESC e dificultou o feedback de visi-
tantes e da comunidade local (MMA, 2013).
Ferreira et al. (2019) afirmam que para a proteção e con-
trole dos recursos naturais, foram criadas as primeiras unida-
des de conservação no Brasil tendo como exemplo o parque
Yellowstone em 1872, nos Estados Unidos. Nesse trabalho os
autores analisaram a valoração ambiental por parte dos morado-

32
res, o significado e importância atribuída aos recursos naturais,
a afinidade que eles têm com os recursos naturais locais e suas
diferentes formas de manejo localizadas no entorno do PESC,
afirmando serem atividades regulares.
Como resultado a participação, incentivo, financiamento e
a promoção de cursos de capacitação vindos de organizações,
poder público e principalmente do PESC foi fundamental e ne-
cessária para a garantia da autonomia dos moradores, mudança
de comportamento e essencialmente consciência ambiental har-
moniosa, ética e sustentável (FERREIRA et al., 2019).
Santos (2020) ao estudar o Parque Estadual da Lagoa do
Açu, infere que a maioria da população não o conhece, conside-
rando sua implantação como sendo desagradável. Afirma que é
necessário estudos sobre respeito as comunidades locais, para
que estas sejam incluídas no plano de manejo.
Macedo et al. (2012) sobrepõem que é preciso alargar a
articulação entre o Poder Público e a comunidade, através do
diálogo e do equilíbrio das atividades econômicas, sociais e am-
bientais, por meio de estratégias para conciliar os interesses dos
que tradicionalmente usam as áreas dos parques como fonte de
sobrevivência e as restrições impostas por Unidades de Conser-
vação (UCs) de proteção integral.
Os gestores do PESC possuem postura cordial em rela-
ção à comunidade local. Os visitantes e as organizações par-
ceiras, respondem satisfatoriamente às solicitações, através de
mecanismos formais de participação, ocorrendo também a parti-
cipação informal e níveis medianos e altos de benefícios para os
envolvidos (MACEDO et al., 2012).
Dessa forma, as comunidades se organizam para promo-
ver o desenvolvimento local, entrando no mercado turístico no

33
intuito de oferecer seus serviços, concomitantemente, recupe-
rando, por exemplo, o patrimônio histórico a fim de gerar em-
prego e renda para a comunidade (SANTOS; GUZMÁN, 2014;
GUZMÁN et al., 2011).
Santos et al. (2011) pontuam que a participação é a chave
para evitar que o turismo se expanda e agrave a exclusão so-
cial, permitindo que os espaços turísticos sejam projetados para
turistas, empresários e comunidade. Os autores ressaltam que
encontros promovidos em comunidades locais poderão colabo-
rar para o compartilhamento dos saberes, intercâmbio cultural,
entendimento de si e do outro e assim contribuir para atividade
turística local. Assim sendo, surge a possibilidade da construção
de um produto inovador, competitivo, economicamente mais jus-
to e sustentável, atendendo as expectativas do novo consumi-
dor/turista.
Santos et al. (2017) afirmam que à visão e perspectivas
dos habitantes em relação ao turismo ainda vem sendo desen-
volvidos localmente, e que embora existam diferentes percep-
ções sobre a existência ou não do turismo pelos munícipes, a
população vê o turismo como instrumento para o desenvolvi-
mento local.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Parque Estadual Serra do Conduru apresenta perfil de


visitação característico de diversas outras Unidades de Conser-
vação. O visitante padrão possui alta escolaridade e boas condi-
ções socioeconômicas. A maior fonte de influência para visitação
se deve à recomendação “boca a boa” (AVILA; ROSA, 2018),

34
embora as redes sociais ajudem no processo de divulgação.
Entretanto, o índice de visitação ainda é incipiente. A pou-
ca visitação decorre, principalmente, da dificuldade de acesso
ao parque. Outro fator, que indiretamente interfere, são as praias
e hotéis da região que atraem milhares de turistas.
Destaca-se que a importância da visitação em parques
caracterizados como Unidades de Conservação, reside não só
na valorização do patrimônio paisagístico e histórico, mas no
desenvolvimento local, contribuindo para geração de emprego e
renda, pois as comunidades em seu entorno imediato, oferecem
inúmeros serviços.

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38
CONTAINERS NA CONSTRUÇÃO CIVIL: argumentos e possi-
bilidades

José Hélder de Sousa Pereira5

Resumo
Containers marítimos são caixas metálicas de transporte de
mercadorias que surgiram na primeira metade do século XX em
consonância com o processo de industrialização. A intensifica-
ção do comércio mundial de mercadorias motivada pela globa-
lização aumentou consideravelmente o volume de bens embar-
cados e consequentemente dos invólucros que o contém. Para
as normas de transporte marítimo, a vida útil de um container
depende de suas condições de desgaste e fica entre 10 e 20
anos. Após esse período, a cultura do mercado tem sido aban-
donar estas caixas metálicas nos portos transformando-as em
passivo financeiro. No entanto, a partir de 1990 a construção
civil viu uma oportunidade de reaproveitamento desta matéria
prima e tem buscado maneiras de melhor utilizá-la na concep-
ção de edificações. Este estudo de revisão sistemática busca
demonstrar que a técnica construtiva utilizando o container está
em processo de incorporação pelo mercado. Conforme regis-
trado nas referências biobliográficas analisadas, os argumentos
para sua reutilização pautam-se na logística reversa e na viabi-
lidade econômica, tornando-se importante caminho de manejo
ecológico para a construção civil.
Palavras-chave: Reuso de contêineres. Logística reversa. Eco-
construção.

5 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Biossistemas (CFCAf –


UFSB). Graduado em Arquitetura e Urbanismo.

39
Abstract
Maritime containers are metal freight transport boxes that emer-
ged in the first half of the 20th century in line with the industrializa-
tion process. The intensification of the world trade in goods, moti-
vated by globalization, has considerably increased the volume of
goods shipped and, consequently, of the envelopes that contain
it. For maritime transport standards, the useful life of a container
depends on its wear conditions and is between 10 and 20 years.
After that period, the culture of the market has been to abandon
these metal boxes in ports and turn them into financial liabilities.
However, since 1990, civil construction has seen an opportunity
to reuse this raw material and has been looking for ways to better
use it in the design of buildings. This systematic literature review
seeks to demonstrate that the constructive technique using the
container is in the process of being incorporated by the market.
As recorded in the analyzed articles, the arguments for its reuse
are based on reverse logistics and economic viability, becoming
an important ecological management path for civil construction.

Keywords: Container reuse. Reverse logistic. Ecoconstruction

INTRODUÇÃO

O intuito primordial da aplicação de containers na cons-


trução civil é a reutilização. Enquanto para o transporte marítimo
a vida operacional de um container é em torno de 10 anos, seu
uso na construção civil pode se estender por mais de 90 anos
(SANTOS et al., 2017).

Amorim et al., (2018) registram dados de 2014 do World


Shipping Council descrevendo que mais de dezoito milhões de
containers eram utilizados no transporte de mercadorias ao redor
do globo e que 5% deste total, ou seja, 900 mil unidades, eram

40
anualmente descartados. Segundo o anuário da Agência Nacio-
nal de Transportes Aquaviários (ANTAQ), no ano de 2020 circu-
laram pelos portos brasileiros 6.449.279 contêineres. A agência,
no entanto, não informa a quantidade descartada anualmente
em solo nacional.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela


Lei Federal Nº. 12.305. de 02 de fevereiro de 2010, normatizou
em seu artigo 3º uma série de conceitos, dentre estes o da Lo-
gística Reversa, que, conforme registrado no texto da referida
Lei:
(...) é um instrumento de desenvolvimento eco-
nômico e social caracterizado por um conjunto
de ações, procedimentos e meios destinados a
viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos
sólidos ao setor empresarial, para reaproveita-
mento, em seu ciclo ou em outros ciclos produ-
tivos, ou outra destinação final ambientalmen-
te adequada.

A Lei explicita também o que é Reutilização: “processo


de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação
biológica, física ou físico-química”. Elencar possibilidades de
reutilização de containers estudadas ao longo da última década
tendo por base a logística reversa está entre os objetivos deste
artigo. Um segundo objetivo trata dos procedimentos técnicos
da transformação de contêineres em edificação: os modelos ela-
borados, as execuções já realizadas, os condicionantes e meto-
dologias projetuais.

Considerando o exposto, o presente artigo apresenta um


estudo de revisão sistemática sobre o uso do container para
concepção de edificações, apontando que a técnica construtiva,

41
deixou de ser experimental e está em processo de incorporação
pelo mercado.

PROCEDIMENTOS DO ESTUDO

Conforme Sampaio e Mancini (2007, p. 84), “a revisão


sistemática é uma forma de pesquisa que utiliza como fonte de
dados a literatura sobre determinado tema mediante a aplicação
de métodos explícitos e sistematizados de busca, apreciação
crítica e síntese da informação selecionada”.

Considerando o exposto, o presente estudo de revisão


sistemática envolveu as seguintes etapas:

1 busca nas plataformas Scielo, Web of Science, Google


Acadêmico de publicações entre 2015 e 2021, considerando os
seguintes descritores: “containers”, “construção civil”, “reutiliza-
ção”, “resíduos sólidos”.

2 Foram selecionados primeiramente 24 artigos e destes


14 para análise.

3 A análise considerou a temática norteadora do estudo.

Por conseguinte, foram elaborados dois quadros analíti-


cos. O primeiro contendo o título das referências selecionadas,
autoras/es, ano de publicação e tipologia (livro, artigo publicado
em revista científica, artigo publicado em eventos). O segundo
apresenta a síntese do que foi abordado.

42
QUADROS ANALÍTICOS

O quadro 1 apresenta o título das referências seleciona-


das para análise, suas/ seus respectivas/os autoras/es, ano de
publicação e tipologia. Imaginou-se, primordialmente, organizar
o quadro conforme o foco central analisado em cada peça cien-
tífica. Esta possibilidade foi aventada por uma questão de con-
sonância lógica com a etapa de análise e discussão dos temas.
No entanto, acreditando não ser tão relevante este paralelismo,
optou-se por registrar a ordem cronológica das publicações tra-
zendo um desenho temporal no desenvolvimento do conjunto
estudado.

O quadro 2 apresenta a síntese do que foi abordado em


cada publicação.
Quadro 1: Referências selecionadas para análise, suas/seus respectivas/
os autoras/es, data de publicação e tipologia da publicação
Ano de
N Título da referência Autoras/es publica- Tipologia
ção
Reuso de containers
GUEDES; Artigo em
1 marítimos na constru- 2015
BUORO Revista
ção civil
Habitação em contai-
KREBS;
ner: um estudo para- Artigo em
2 MOURA; 2015
métrico para a Zona Revista
CUNHA
Bioclimática 3
Containers Architectu- Artigo em
3 RADWAN 2015
re Revista
BOZEDA; TCC Arquite-
4 Casa Container 2016
FIALHO tura

43
Reutilização de Contêi-
neres Padrão ISO na
CARBONA- Artigo em
5 Construção de Edifí- 2016
RI; BARTH Revista
cios Comerciais no Sul
do Brasil
Edificações Susten-
táveis Compostas por
Sistemas Construtivos
AZEVEDO;
Modulares em Aço – Artigo em
6 COSTA; RO- 2016
Utilização de Contai- Congresso
CHA
ners para a Construção
de Polos Educacionais
Universitários.
Processo BIM em Edi-
Artigo em
7 ficação de Containers TISSEI et al. 2017
Revista
Reaproveitados
Logística reversa e os
Publicação
ganhos ambientais na SANTOS et
8 2017 em Congres-
reutilização de contêi- al.
so
neres
A Viabilidade da Utili-
Publicação
zação de Contêineres
9 SILVA et al. 2018 em Congres-
como Casa de Interes-
so
se Social
Reutilização de Con-
tainers Marítimos na
Construção de Resi- Publicação
AMORIM et
10 dências: Benefícios no 2018 em Congres-
al.
Consumo dos Recur- so
sos e Geração de Re-
síduos Sólidos
Exploring the Poten-
tial of Climate-Adapti-
ve Container Building
Artigo em
11 Design under Future SHEN et al. 2019
Revista
Climates Scenarios in
Three Different Climate
Zones

44
Análise do Custo do
Ciclo devida da Casa-
-Container e da Habita- Dissertação
12 SERRAGLIO 2019
ção Convencional Utili- de Mestrado
zadas em Moradias de
Interesse Social
Sistemas construtivos
industrializados para
SOUZA; PI- Artigo em
13 habitação social: aná- 2019
NHO Revista
lise do container como
uma nova alternativa
Projetos Experimentais
de Módulos Habita-
Artigo em
14 cionais em Containers FIORIN 2019
Revista
para Países em De-
senvolvimento
Elaborado pelo autor

Quadro 2: Síntese do que foi abordado em cada publicação


Síntese
Ref.
(objetivo, metodologia e principais resultados)
Estudou a eficiência energética a partir de um modelo virtual de
edificação unifamiliar, composto por 2 contêineres de 40 pés
dispostos um sobre o outro com um volume lateral auxiliar em
1
blocos cimentícios, é elaborada uma simulação com o software
Domus Eletrobrás, do programa brasileiro de Regulamentação
de Eficiência Energética em Edificações (PBE Edifica).
Considerando o interesse por edificações com contêineres, o
artigo traz uma análise de desempenho termoenergético e de
conforto ambiental através de simulação computacional para 22
situações possíveis de proteção, isolamento e sombreamento
2
de superfícies externas de um contêiner adaptado para moradia
unifamiliar composto por quarto, sala, cozinha e banheiro. As si-
mulações foram elaboradas tendo a cidade de Porto Alegre - RS
como localização geográfica.

45
O artigo traz uma série de exemplos de edificações construídas
em contêineres e um descritivo de soluções e problemáticas en-
3 contradas. São exemplares de diversas tipologias, desde lofts
elaborados em um só contêiner até edificações multifamiliares
elaboradas com complexas composições.
As autoras se inspiraram em uma experiência da ONG One
Community, que propôs projetos de sete ecovilas pilotos, cada
vila em um padrão construtivo distinto, mas todos focados no
4
baixo impacto ecológico. A proposta era criar modelos replicáveis
cujos projetos pudessem ser compartilhados comunitariamente
para qualquer habitante do planeta.
Trata-se de um estudo de caso de três edificações em contêine-
res no sul do Brasil: um lava-jato, um escritório comercial e uma
5 loja de calçados. Os autores elaboraram uma tabela comparativa
com aspectos da execução das obras, da montagem e dos aca-
bamentos construtivos.
O artigo discorre sobre os componentes estruturais do contêi-
ner que integram a estrutura primária, a estrutura secundária e
outros demais componentes, assim como dá caminhos e solu-
6
ções técnicas para processos de adaptações nas aberturas, na
composição entre contêineres, soluções de vedação e conforto
ambiental.
A partir da proposição de um programa arquitetônico, os pes-
quisadores aplicaram como método projetual da edificação em
7
container o BIM (Building Information Modeling), relatando os
processos, dificuldades, soluções e resultados neste artigo.
O objetivo principal deste artigo foi analisar do ponto de vista
da logística reversa o ganho ambiental no reaproveitamento de
contêineres descartados. Para aferir este ganho foi utilizado um
método alemão denominado Wuppertal, que avalia a associa-
8
ção entre mudanças ambientais e consumo de recursos de seus
ecossistemas naturais: determinado fluxo de produtos é abaste-
cido por matéria, que foi por sua vez processada por determina-
dos compartimentos ambientais.
As autoras realizaram um apanhado sobre edificações com con-
têineres, como revisão bibliográfica, questões do descarte pós
9 vida útil, custos na sua aplicação na construção civil e análise do
déficit habitacional e concluem o estudo com uma aplicação de
método SOWT de análise desta solução tecnológica.

46
O artigo apresenta uma pesquisa aplicada de natureza explora-
tória a respeito da aplicação de contêineres na construção civil.
Conforme registrado pelos autores, a ênfase do estudo está no
10
cronograma de execução, no consumo de recursos, na geração
de resíduos e na análise do atendimento à NBR 15575/2013 –
Norma de Desempenho.
Apresentando as facilidades e condicionantes técnicos de se edi-
ficar com contêineres, o artigo traz um estudo de eficiência ener-
gética para três diferentes cenários europeus, ou seja, em região
de clima temperado: Estocolmo (Suécia), Berlim (Alemanha) e
Roma (Itália).
Desenvolvidos dois projetos-piloto similares de habitação de in-
teresse social, um em contêiner e outro com tecnologias con-
vencionais, o pesquisador elaborou estudo comparativo por sof-
12
twares envolvendo desde o conforto ambiental aos custos com
execução do objeto e com a sua manutenção ao longo do ciclo
de vida.
A partir da análise de três sistemas construtivos industrializados
já aplicados em edificações de interesse social no Espírito Santo
– Sistema Integrado de Estruturas Metálicas, Sistema Concreto-
13 -PVC (Método Royal) e Mobile Steel System (Método Fischer),
as autoras traçam o cenário para o uso de aproveitamento de
contêineres como uma quarta alternativa para este nicho da in-
dústria da construção civil.
O autor faz exercício projetual com vários arranjos de contêine-
res para soluções de edificações e propõe soluções que mes-
14 clam reaproveitamento de materiais para vedações, cobertura
jardim, sistemas de reuso de água. O artigo traz uma série de
detalhes técnicos construtivos bem elaborados.
Elaborado pelo autor

DISCUSSÃO

As referências analisadas abordam a concepção/ cons-


trução de edificações com o reaproveitamento de containers
descartados da navegação comercial. Existem padrões dimen-
sionais estandardizados e dentre os modelos existentes, três
são os mais utilizados na construção civil (Quadro 3):

47
Quadro 3: padrões dimensionais estandardizados de containers
Dimensões (m) (largura x compri-
Nomenclatura comercial
mento x altura)
Dry Box 20 pés 2,43 x 6,06 x 2,59
Dry Box 40 pés 2,43 x 12,19 x 2,59
High Cube 40 pés (HC40) 2,43 x 12,19 x 2,89
Elaborado pelo autor

Embora as referências apresentem análises descritivas


sobre os componentes construtivos de um container, a Referên-
cia 06 demonstrou mais profundidade e clareza técnica neste
quesito. O artigo não somente explicou os componentes estru-
turais como elucidou quais as limitações e condicionantes téc-
nicos para trabalhar com eles. A figura 1 apresenta desenhos
esquemáticos das partes de um container.

Os autores tocam num tema não abordado nos demais


artigos estudados: chamam a atenção para a necessidade de
aplicação de reforços estruturais quando da realização de aber-
turas generosas. Segundo registrado no texto de Azevedo, Cos-
ta e Rocha (2016, p. 10):

Como regra geral, sempre que uma lateral for


removida, deverá ser feito um reforço para
enquadrar a abertura, assim como deverá ser
mantida uma faixa mínima da lateral a fim de
manter a estabilidade da lateral. Além disso, o
enquadramento em adição à estruturação com
colunas, colabora com o suporte do teto e a
resistência às cargas de laterais de vento.

48
A figura 2 ilustra o processo de deformação do container
e o local onde as estruturas de reforço precisam ser instaladas
para evitar a flambagem superior.

Figura 1: Desenho esquemático das partes de um container

Fonte: Azevedo, Costa e Rocha (2016, p. 9)

49
Figura 2: Processo de deformação do container e o local onde as
estruturas de reforço precisam ser instaladas

Fonte: Azevedo, Costa e Rocha (2016, p. 10)

O objetivo da Referência 01 foi analisar o conforto térmico


ambiental para um projeto residencial hipotético feito em contai-
ners na região do Estado de São Paulo. As autoras elaboraram
um projeto com dois pavimentos compostos por dois containers,
que recebeu os principais ambientes, e um volume lateral exe-
cutado em blocos cimentícios comportando a circulação vertical
e serviços de apoio.

As faces metálicas do container foram revestidas com es-


puma em poliuretano, como isolamento térmico, e acabamento
em placas de EPS. A simulação, realizada pelo software Domus
Eletrobrás e em conformidade com o RTQ-C (Regulamento Tér-

50
mico de Qualidade: Edifícios Comerciais, Serviços e Públicos),
resultou que a transmitância térmica da composição das pare-
des metálicas seria de 0,47 w/m².k e das paredes executadas
em blocos de concreto de 1,97 w/m².k. O recomendado para a
região do sítio escolhido seria para valores menores que 3,6.

O objetivo da Referência 02 também foi analisar o con-


forto térmico. Os autores realizaram a simulação com base no
RTQ-R (Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Efi-
ciência Energética de Edificações Residenciais) e com o apoio
dos softwares SketchUp e EnergyPlus. O estudo considerou um
projeto residencial elaborado em um único container, no entan-
to os autores elaboraram uma série de combinações de reves-
timentos com materiais de isolamento térmico, condições das
aberturas, orientação solar e acabamento da cobertura a fim de
construir um modelo otimizado com parâmetros ideais segundo
o conforto térmico ambiental.

A Referência 03 abordou possibilidades de usos e tipo-


logias construtivas em containers. É uma peça descritiva que
analisa exemplares executados verificando a variedade de con-
figurações possíveis. Foram trazidos exemplos com programas
mais simples, como lofts de hospedagens temporária feito com
um só elemento, como o complexo Keetwonen, em Amsterdam,
Holanda, um conjunto intitulado “a maior cidade em contêineres
do mundo” destinado à alojamento estudantil, e o Cité a Docks,
em Le Havre, França, um também complexo de dormitórios es-
tudantis com 100 unidades (Figura 3).

51
Figura 3: Imagem superior - Complexo Keetwonen, Amsterdam, Ho-
landa Vista geral. Imagem inferior - Cité a Docks, Le Havre, França-
Fachada

Fonte: Radwan (2015)

A Referência 04 focou no desenvolvimento de projeto pi-


loto de residência unifamiliar com uma proposta voltada para
habitação de interesse social. A proposição partiu de experiência
das autoras junto à ONG One Community, que propunha criação
de vilas ecologicamente balanceadas e que pudessem ser repli-
cadas ao redor do globo.

O estudo teve também como referencial técnico-teórico o


projeto holandês “Meister’s Garden House”, que propunha edifi-
cações pré-moldadas em módulos idênticos, mas com funções

52
distintas: quarto, sanitário, cozinha, área social, etc. As autoras
estabeleceram dois modelos construtivos de simples composição
com o contêiner Dry Box de 20 pés (dimensões 2,40x6,06x2,59
cm), por ser de mais fácil transporte, com a aplicação de mate-
riais de acabamentos mais comerciais, mas que resolvessem
as questões de isolamento térmico e acústico necessárias ao
conforto dos habitantes.

O resultado, embora não cative pela crueza visual (Figu-


ra 4), mereceu destaque neste levantamento por demonstrar a
facilidade com que o sistema construtivo pode ser aproveitado.
O artigo, no entanto, não estabeleceu uma composição de orça-
mento básico como subsídio.
Figura 4: Modelos construtivos de simples composição com contêi-
ner Dry Box de 20 pés (dimensões 2,40x6,06x2,59 cm)

Fonte: Bozeda e Fialho (2016)

53
A Referência 05 também foca no estudo de caso da mon-
tagem e edificação de elementos arquitetônicos realizados em
containers. Os três elementos estudados são de uso comercial,
realizadas com dois a quatro contêineres ISO reutilizados e fo-
ram instalados no sul do Brasil.

A análise do artigo é enriquecida com um quadro com-


parativo que demonstra, além das soluções técnicas adotadas
em cada situação, os condicionantes de transporte e montagem
para cada caso. Embora cada um tenha suas peculiaridades é
notória uma comum consonância a todos os casos: as soluções
técnicas são muito similares, as dificuldades de montagem va-
riam conforme a complexidade do programa e do número de
contêineres. a conclusão deixa clara a observação da rapidez e
praticidade do processo de montagem.

A Referência 07 traz o relato de uma experiência de mo-


delagem em BIM - Building Information Modeling de uma edifi-
cação com o uso de contêineres. O processo em BIM se pro-
põe a simular situações reais, ou seja, é um modelo virtual do
que será executado e não somente uma maquete eletrônica. Os
autores encontraram dificuldade em simular alguns elementos
construtivos, como as chapas dobradas da estrutura secundária.
O elemento correspondente no software Revit somente traz ele-
mentos planos para representação. Esta limitação técnica repre-
sentativa resultou em falhas nos detalhamentos das esquadrias
e na precisão do cálculo dos elementos de isolamento térmico.
Os autores e projetistas buscaram contornar o problema com
soluções alternativas, mas evidenciou-se que existe falta de pre-
paro nos softwares aplicados à construção civil no que se trata
neste modelo de sistema construtivo.

54
A Referência 08, apresenta uma análise criteriosa a res-
peito dos ganhos ambientais da reutilização de containers atra-
vés de um método de aferição denominado Wuppertal. O mé-
todo é descrito pelos autores como a avaliação das mudanças
ambientais associadas à extração de recursos de seus ecos-
sistemas naturais suprido com um fluxo de material o sistema
produtivo, é resultado de uma quantidade maior de materiais
que foram previamente processados em vários compartimentos
ambientais. Os compartimentos são classificados pelo método
em abiótico, biótico, água e ar (SANTOS et al., 2017).

A análise realizada estudou a atuação de uma empresa


especializada em manufatura industrializada de lojas comerciais
de baixo custo a partir de containers. A empresa atua desde 2008,
construiu em média 50 lojas por ano utilizando em cada projeto
dois contêineres. Dessa forma, a quantidade de metal estabele-
cida como parâmetro de cálculo foi de 208 toneladas. Segundo a
metodologia Wuppertal, o cálculo do impacto ambiental evitado
com a reutilização foi de 142.675,4 t classificados em: material
poluente para a água 128.103 t, para o ar 2.023,8 t e 12.548,6
t para o meio abiótico (fatores não vivos de um ecossistema,
temperatura, pressão etc.). Esses resíduos resultantes dos con-
têineres não afetam o compartimento biótico (organismos vivos
como plantas e decompositores) (SANTOS et al., 2017).

A Referência 09 realizou um levantamento sobre os con-


dicionantes técnicos e ambientais e as possibilidades projetuais
do uso de containers na construção civil. Após este levanta-
mento, os autores procederam realizando uma análise SWOT.
Monteiro et al., (2018) registraram que a análise Swot é uma
ferramenta simples para planejamento e tomada de decisão,

55
que avalia o ambiente interno, usando os conceitos de Forças
(Strengths), Fraquezas (Weaknesses) e externo usando os con-
ceitos de Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats)
das empresas. O quadro 4 apresenta o resultado, conforme de-
senhado pelos autores.
Quadro 4: Resultado da análise SWOT para reutilização do container na
construção civil
FORÇAS FRAQUEZAS
- Custo do Contêiner - Espaço para manobras
- Permeabilidade do Solo - Movimentação do guindaste dentro
- Redução de resíduos do terreno
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
- Sustentabilidade

- Diminuição do déficit

- Redução na utilização de recur- - Frete


sos naturais
- Disponibilidade de material conven-
- Reutilização de contêineres pa- cional
rados nos portos

- Contribuição na Logística Re-


versa
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Monteiro et al. (2018)

A Referência 10 analisou a edificação residencial em con-


tainer a partir da NBR 15575:2013 - Norma de desempenho para
construção residencial. A análise foi aplicada em um módulo
arquitetônico constituído em um único contêiner de 40 pés. Os
revestimentos para proteção termoacústica foram lã de vidro e
painéis de gesso acartonado na parte interna e lã de vidro e
painéis em placa cimentícia com ecogranito na parte externa. O
módulo foi instalado em uma avenida movimentada de Belo Ho-
rizonte. Todos resultados foram registrados pelos autores aten-
deram às exigências da norma.

56
A Referência 11 apresentou uma análise de materiais ne-
cessários para atender as exigências de conforto térmico de edi-
ficações projetadas com containers para três diferentes regiões
europeias, portanto em área de clima temperado com oscilações
de temperatura características para cada estação do ano.

Para os três casos estudados foi proposto o mesmo pa-


drão de layout construtivo composto por 3 containers no pavi-
mento inferior e 3 no superior. As especificidades dos climas de
cada região estudada exigiram cálculos de cargas térmicas a
serem garantidas no inverno e aliviadas no verão, assim como a
preconização da correta orientação solar, com especial atenção
à fachada sul, pois esta possibilita a melhor captação de energia
térmica no inverno.

A figura 5 apresenta ilustrações comparativas do que foi


verificado. É importante registrar, que para atender os parâme-
tros de conforto, os autores buscaram soluções e materiais con-
dizentes com as culturas de cada região escolhida para o estudo.

A Referência 12 apresentou dois projetos similares de re-


sidência unifamiliar, um com o uso de containers e outro com
materiais convencionais, a fim de analisar comparativamente os
atendimentos às normas de desempenho, determinar o custo
de venda e o custo do ciclo de vida de cada uma. A casa-con-
tainer foi projetada considerando revestimento com lã de vidro
de painéis de gesso acartonado, para possibilitar condições de
isolamento termoacústico.

57
Figura 5: Ilustrações comparativas dos projetos propostos em rela-
ção à localidade

Fonte: Shen et al. (2019)

Do ponto de visto de atendimento à norma de desempe-


nho, o autor concluiu que ambos atendem, mas a casa-container
apresentou temperaturas internas com resultados mais estáveis
que a casa convencional. Quanto ao custo de venda, o autor cal-

58
culou que a casa-container seria até 39% mais econômica que
a casa convencional. Quanto ao custo do ciclo de vida, por sua
vez, o cálculo concluiu que a casa convencional ficou 1,3% mais
barato que a casa-container.

A Referência 13 apresenta análise comparativa entre qua-


tro sistemas industrializados de construção no Estado do Espíri-
to Santo. Os três primeiros sistemas estão em uso pela indústria
da construção civil para a edificação de moradias de interesse
social; o terceiro é a hipótese de se edificar o mesmo padrão ha-
bitacional com o uso de containers. Os sistemas analisados são
o Concreto-PVC, o Casa Modular Fischer e o Sistema Integrado
em Estrutura Metálica.

As autoras concluíram que entre dificuldades e possibi-


lidades técnicas, não há vantagens nas soluções empregadas
em relação à edificação em containers. No entanto, os proces-
sos construtivos em uso possuem normas técnicas que permi-
tem sua aplicação em programas governamentais de moradias.
Conjuntos habitacionais construídos com containers ficam ainda
impedidos de participar da indústria da construção civil nesta
modalidade.

Por fim, a Referência 14 abordou as vantagens de edifi-


cações em container, principalmente os módulos habitacionais.
A partir de possibilidades hipotéticas de layouts e programas ar-
quitetônicos, o artigo apresenta detalhes de soluções construti-
vas e técnicas, chegando a propor uma unidade independente
do ponto de vista de geração de energia.

59
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso do container na construção civil deixou de ser um


processo experimental há algum tempo. O sistema construtivo
permite modulação e os custos para adequação ambiental são
viáveis economicamente, havendo a necessidade de se verificar
a região bioclimática onde o empreendimento será implantado.

Durante o estudo de revisão sistemática, observou-se


que as pesquisas focam no teste de protótipos em função de
aspectos bioclimáticos regionais, na análise de materiais para
viabilizar conforto ambiental, análise do ciclo de vida da edifica-
ção, eficiência energética e sustentabilidade arquitetônica.

Apesar de o container ser amplamente usado em projetos


habitacionais unifamiliares e multifamiliares em diversos países,
no Brasil, a possibilidade ainda não é considerada para atendi-
mento do déficit habitacional quantitativo, pois não existe norma-
tização técnica específica para regulamentar o uso e parâmetros
da habitação de interesse social construída com container.

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Sustentável, 3(2): 101-107, 2017.

62
BIOCONSTRUÇÃO: uma análise da relevância na formação
do técnico em edificações
Sandra Cunha Gonçalves6

Resumo
No processo formativo do técnico em Edificações uma varie-
dade de conteúdos técnicos é ministrada, entretanto, algumas
temáticas não são vistas ou são abordadas de maneira super-
ficial, tal como, as técnicas construtivas alternativas. É fato que
a indústria da construção civil é uma das que mais causam im-
pactos ambientais negativos. E a bioconstrução entrepõem-se
neste contexto trazendo o conceito de sustentabilidade para a
construção civil. Neste sentido, o objetivo deste estudo é trazer
uma reflexão sobre a importância da incorporação dos conhe-
cimentos acerca de materiais e técnicas não convencionais de
construção no processo formativo dos técnicos em edificações.
De forma que seja possível uma formação profissional que con-
temple perspectivas ligadas ao desenvolvimento social, econô-
mico e ambiental.

Palavras-chave: Bioconstrução. Ensino. Técnico em Edificações.

Abstract
In the formative process of the building technician, a variety of te-
chnical contents are worked on, however, some themes are not
seen or are approached in a superficial way, such as alternative
construction techniques. It is a fact that the civil construction in-
dustry is one of the ones that most cause negative environmental
impacts. And bioconstruction interpose in this context, bringing
the concept of sustainability to civil construction. In this sense,
the objective of this study is to bring a reflection on the importan-
6 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Biossistemas (CFCAf –
UFSB). Graduada em Engenharia civil.

63
ce of incorporating knowledge about unconventional materials
and construction techniques in the training process of building
technicians. So that it is possible a professional formation that
contemplates perspectives linked to the social, economic and
environmental development.

Keywords: Bioconstruction. Teaching. Building Technician.

INTRODUÇÃO

A história nos mostra que desde os tempos primitivos até


a atualidade, muitas técnicas de construção foram desenvolvi-
das pela humanidade. Dados recentes revelam que o impacto
causado pela construção civil representa o consumo de 75% dos
recursos naturais extraídos da natureza. Além disso, a indústria
da construção civil é responsável por emitir 40% dos gases de
efeito estufa (GEE) no Brasil, considerando o ciclo de vida das
edificações, desde a fabricação dos seus insumos até a ocupa-
ção final e manutenção pós-obra (PASSUELLO, 2014).

Neste sentido, na busca por soluções para amenizar os


impactos negativos uma das técnicas construtivas que tem se
destacado é a Bioconstrução, na qual se prioriza a utilização de
materiais naturais e de tecnologias populares. Além de buscar a
utilização de materiais ecológicos, diminuindo o impacto ao am-
biente através da adaptação de técnicas da arquitetura ancestral
(SOARES, 2005).

É notório que o atual mercado profissional da construção


civil está cada vez mais globalizado e competitivo. E isso acaba
influenciando de forma direta e indireta, na formação dos profis-
sionais deste setor, fazendo com que haja uma necessidade de

64
reorganização do ensino no país, visando a contínua estrutura-
ção das matrizes curriculares, dos conteúdos programáticos e
das novas metodologias de ensino e aprendizagem.

Uma das profissões que faz parte deste segmento é a


de Técnico em Edificações, que inicialmente foi regulamentada
pela Lei nº 5.524, de 5 de novembro de 1968 e teve suas atri-
buições conferidas pelo Decreto nº90.922 de 6 de fevereiro de
1985, inicialmente esta era uma profissão vinculada ao sistema
CONFEA/CREA. Entretanto, em 2018 foi criado o Conselho Fe-
deral dos Técnicos Industriais (CFT) entidade de classe que re-
presenta a categoria a nível nacional, criado pela Lei 13.639, de
23 de março de 2018, as atribuições desta categoria passaram
a ser conferidas pela resolução nº 58, de 28 de março de 2019
que posteriormente foi alterada pela resolução nº 108, de 08 de
outubro de 2020.

Sendo assim, no intuito de contribuir sobre essa temáti-


ca, este estudo tem como objetivo apresentar e discutir de que
forma o processo bioconstrutivo poderá fazer parte do núcleo
formativo do técnico em edificações, a partir do pensar reflexi-
vo no ensino deste profissional no Brasil. Ressaltando também,
a importância de questionar sobre qual profissional queremos
para o futuro e instigar novas pesquisas sobre o ensino desta
capacitação profissional no Brasil.

Para cumprir essa finalidade, o artigo encontra-se organi-


zado em três sessões: a primeira apresenta as etapas do estudo
de revisão sistemática; a segunda os quadros analíticos e por
fim, são apresentadas algumas considerações finais baseadas
nas reflexões geradas ao longo do trabalho.

65
PROCEDIMENTOS DO ESTUDO

A revisão bibliográfica é tida como o passo inicial para o


desenvolvimento da pesquisa científica. É um trabalho produ-
zido com base em material já elaborado como livros, artigos,
dissertações, teses etc., e que possui caráter exploratório, pois
permite maior familiaridade com o problema, aprimoramento de
ideias ou descoberta de intuições (GIL, 2007 apud CONFORTO;
AMARAL, 2011).

De acordo com Galvão e Ricarte (2019), um estudo de


revisão sistemática pode ser definido como: “Uma modalidade
de pesquisa, que segue protocolos específicos, e que busca en-
tender e dar alguma logicidade a um grande corpus documental,
especialmente, verificando o que funciona e o que não funciona
num dado contexto.” (GALVÃO; RICARTE, 2019, p. 2).

Considerando o exposto, o presente estudo de revisão sis-


temática considerou referências publicadas entre 2011 e 2021.
A temática norteadora definiu os seguintes descritores para a
busca: Scielo, Web of Science, Google Acadêmico. Foram sele-
cionados 26 artigos e destes escolhidos 15 para análise.

Por conseguinte, foram elaborados dois quadros analíti-


cos. O primeiro contendo o título das referências selecionadas,
autoras/es, ano de publicação e tipologia (livro, artigo publicado
em revista científica, artigo publicado em eventos, dissertações,
teses). O segundo quadro, apresenta a síntese do que foi abor-
dado.

66
QUADROS ANALÍTICOS

O quadro 1 apresenta o título das referências seleciona-


das para análise, suas/ seus respectivas/os autoras/es, ano de
publicação e tipologia. O quadro 2 apresenta a síntese do que foi
abordado em cada publicação.
Quadro 1: Referências selecionadas para análise, suas/seus respectivas/
os autoras/es, data de publicação e tipologia da publicação
Ano de pu-
Título do artigo Autoras/es Tipologia
blicação
1 A transversalidade da
temática ambiental na
educação profissional:
COSTA et al. 2021 Artigo
uma análise dos cur-
sos técnicos integrados
do IFS
2 Educação para o An-
tropoceno: sustenta-
bilidade ambiental na
MARUYAMA 2019 Tese
Rede Federal de Ensi-
no Profissional Científi-
co e Tecnológico
3 Capacitação em per-
macultura e biocons-
trução no âmbito de
movimentos de mora- SILVA et al. 2017 Artigo
dia: uma experiência
dos Engenheiros Sem
Fronteiras – São Paulo
4 Educação ambiental
crítica em um curso
técnico em edificações: NASCIMENTO;
2020 Artigo
o uso de tirinhas como PEREIRA
contextualização do
mundo do trabalho
5 Edificação ambiental
Artigo. Coletâ-
– construindo um mun- OLIVEIRA et al. 2019
nea
do mais verde
6 Análise e proposição
de conteúdo para dis- RAMOS; YUBA
2019 Artigo
ciplina de arquitetura e
construção com terra

67
7 Importância da sus-
tentabilidade no pro-
cesso de educação CONCEIÇÃO
2020 Artigo
para a formação dos JUNIOR et al.
profissionais de nível
técnico
BRASIL. Conse-
8 Resolução nº 108, de lho Federal dos Resoluções
2020
08 de outubro de 2020 Técnicos Indus- CFT
triais - CFT.
9 Misturando Palha e
Barro: Um Projeto de
Intervenção na Cons-
SCHERER, FU-
trução de uma Política 2012 Artigo
JITA, RIGON
Pública Habitacional
Municipal por Proces-
sos de Bioconstrução
10 Construção alter-
nativa para unidades
habitacionais de baixa BRITO 2019 Artigo
renda em técnica de
taipa
11 The meaning and
relevance of ecovilla-
ges for the construction DIAS et al. 2017 Artigo
of sustainable societal
alternatives
12 Bioconstrução: Edi-
fícios - Ambiente Inte- FREIRE 2014 Dissertação
rior e Saúde
13 Preparing Building
Technicians for Energy
CRABTREE et
Efficient Operations of 2012 Artigo
al.
High Performance Fa-
cilities
14 Bioconstrução: uma
revisão bibliográfica Trabalho de
do tema e uma análise VIEIRA 2015 Conclusão de
descritiva das princi- Curso
pais técnicas

68
15 Educação Ambien-
tal no Curso de Técnico
de Edificações – IFSUL
Campus Pelotas: De-
POUEY 2012 Dissertação
safios e possibilidades
da educação emanci-
patória nos cursos téc-
nicos
Elaborado pela autora

Quadro 2: Síntese do que foi abordado em cada publicação


Síntese
Ref.
(objetivo, metodologia e principais resultados)
Analisar a presença da temática ambiental, como Tema Transver-
sal, nos Cursos Técnicos de Nível Médio Integrados ao Ensino Mé-
dio do IFS / Aracaju. Para isso, analisaram o Projeto Político Peda-
gógico Institucional do IFS, os Projetos Pedagógicos do Cursos e
1
os Planos de Ensino dos docentes e aplicaram questionários a 262
alunos e 63 professores. Concluíram que a Educação Ambiental
ainda é incipiente no IFS, havendo a necessidade de reformulação
dos documentos pedagógicos institucionais.
Investigar e analisar qual o comprometimento da Rede Federal de
Educação Profissional Científica e Tecnológica (RFEPCT) com a
questão ambiental, identificando as principais questões trazidas
2
pelo Antropoceno. A autora realizou uma pesquisa de campo e do-
cumental. Chegando à conclusão de que ainda há um longo cami-
nho a percorrer dentro da gestão ambiental nas IES
Apresenta o desenvolvimento do curso de capacitação em perma-
cultura e bioconstrução elaborado pela ONG Engenheiros Sem
Fronteiras – São Paulo e as etapas necessárias para sua implanta-
3 ção. Para isso, capacitaram 50 jovens de 18 a 40 anos. Concluíram
que a redução do déficit habitacional aliado à produção de moradias
adequadas terá um maior aproveitamento caso a permacultura per-
meie os espaços de produção da moradia periférica urbana.
Verificar a contribuição didática do uso de tirinhas como contex-
tualização do mundo do trabalho para promover o raciocínio crítico
sobre a relação da construção civil com a educação ambiental. Para
4
isso, promoveram oficinas com os estudantes durante três meses.
Como resultado foi possível estabelecer uma relação dialógica, prá-
tica e participativa com os estudantes.

69
Possibilitar aos estudantes a abordagem e a reflexão crítica sobre o
meio ambiente em que está inserido. Para isso, formaram um grupo
com 20 estudantes do Curso Técnico em Edificações do IFAL / Co-
ruripe, que semanalmente tiveram aulas teóricas e práticas dentro e
5
fora das dependências do Campus por um período de 8 meses. Por
fim, concluíram que os estudantes possuem potencial multiplicador
de práticas sustentáveis e consciência da sua importância para a
manutenção do equilíbrio ambiental, social e econômico.
Explorar as potencialidades de expoentes históricos e contemporâ-
neos para a identificação e determinação dos conceitos básicos na
área pedagógica, que deverão ser explorados em etapas posterio-
res. A metodologia usada foi uma pesquisa de caráter exploratório
6 e abordagem qualitativa. Por fim, concluem que o caminho é ir além
do ensino formal, ancorando-se também no ensino não-formal e in-
formal, em que se baseia a teoria e a prática do processo de ensino
aprendizagem, de forma a contribuir de forma significativa para o
ensino formal na área da arquitetura e construção com terra.
Investigar o entendimento da sustentabilidade ambiental no projeto
pedagógico de um dos cursos de nível médio do CEFET/RJ. Para
isso, analisaram cada um dos três blocos de conteúdo dos Parâme-
tros Curriculares Nacionais, com relação ao tema transversal meio
7
ambiente. E Concluíram que a temática ambiental tem sido inserida
no contexto educacional de forma pontual, e ainda há resistências
a respeito da incorporação da educação ambiental nos ambientes
escolares.
Resolução nº 108, de 08 de outubro de 2020, pelo Conselho Fede-
ral dos Técnicos Industriais (CFT), que altera a Resolução nº 58, de
8 22 de março de 2019, dando nova redação, acrescendo as prerro-
gativas e atribuições dos Técnicos Industriais em Edificações e dos
Técnicos Industriais em Construção Civil, e dá outras providências
Pactuar uma política social habitacional a partir de um novo arranjo
institucional, com processos participativos de propagação de tec-
nologia social, com base na bioconstrução e gestão compartilhada.
Para isso, foi analisado o caso de Xaxim – SC, acompanhando o
processo de construção um protótipo de moradia em escala real,
9
que adota processos de construção com técnicas bioconstrutivas.
Nesta proposta os autores perceberam que é possível tornar a co-
munidade um agente transformador de sua realidade, promovendo
a cidadania e a capacitação profissional em tecnologia social cons-
trutiva

70
Demonstrar que as construções de Taipa podem substituir as cons-
truções convencionais presentes nos programas habitacionais bra-
sileiros, pois apresentam baixo custo e trazem em sua estrutura
materiais sustentáveis. O autor realizou um levantamento biblio-
10
gráfico para gerar reflexão sobre a temática abordada. E chegou à
conclusão de que existe a possibilidade de construir moradias para
um padrão de vida menos elevado sem deixar de lado a arquitetura,
beleza, qualidade de vida e as questões ambientais.
Analisar os sentidos associados às ecovilas e sua relevância para
os debates sobre sustentabilidade. Para tal, os autores realizaram
um levantamento bibliográfico no portal de periódicos da CAPES,
com enfoque mais social e dando ênfase aos que continham dados
11
empíricos, além de livros como material de apoio. Por fim, os au-
tores concluem que tais comunidades vêm ganhando considerável
relevância científica e social devido a suas experiências concretas
na construção de alternativas societárias.
Demonstrar que existem condições para a melhoria da saúde dos
ocupantes dos edifícios, quando há ações que proporcionem sus-
tentabilidade e conforto ambiental. Para isso, o autor buscou in-
formações documentais e dados colhidos in loco em diversos es-
paços de ocupação pública, tais como: lares de idosos e crianças
12 da cidade de Covilhã. O autor chegou à conclusão que o conforto
térmico das edificações analisadas possam ser melhoradas com a
evolução da construção e legislação. Identificou também problemas
nos níveis de compostos orgânicos voláteis e formaldeído que são
prejudiciais para a saúde do ser humano no ambiente interior dos
edifícios.
Aborda a necessidade de uma formação técnica abrangente, que
possa atender à necessidade de eficiência energética, bem como
diagnósticos em nível de sistema e habilidades de resolução de
problemas necessários para o edifício comercial da atualidade.
Para tal, analisaram o currículo do técnico de construção do co-
13 légio Laney e a partir deste estudo pontuaram quais estratégias
instrucionais seriam importantes. Por fim, perceberam que o atual
conhecimento recebido durante a formação destes profissionais é
insuficiente para o nível de habilidades esperadas para que estes
profissionais possam operar edifícios sofisticados de alto desem-
penho.
Descrever os principais conceitos que permeiam entre a Perma-
cultura e a Bioconstrução, além de descreve e analisa as princi-
pais técnicas. O autor realizou uma revisão bibliográfica sobre os
conceitos e o histórico dessas técnicas no Brasil, relacionando os
14
fatores que conectam o tema com a permacultura. Por fim, concluiu
que a adoção dessas técnicas em projetos construtivos deve ser
mesclada, utilizando o que há de melhor em cada uma, levando em
consideração cada fase do projeto e sua capacidade de execução.

71
Buscar, através da investigação, e contando com as experiências,
vivências e práticas sociais, a percepção dos educadores e educan-
dos sobre as atividades desenvolvidas nas aulas de práticas cons-
trutivas. Para obtenção de informações, o autor realizou entrevistas
semiestruturada, observação semidirigida das práticas dos docen-
15
tes e discentes, filmagens, com professores e alunos da disciplina
de Práticas Construtivas Curso de Edificações. Por fim, existe a
possibilidade de interação e integração equilibradas, que proporcio-
nem relações justas e comprometidas do homem com ele próprio,
com o outro e principalmente com a natureza.
Elaborado pela autora

DISCUSSÃO

A relevância deste estudo pode partir da análise feita por


Maruyama (2019 apud IDEC, 2017), em que a autora destaca
o fato de temos milhões de pessoas sem acesso ao consumo
de produtos e serviços, chamados de essenciais para uma vida
decente, entretanto, consumimos 50% a mais do que o planeta
é capaz de repor e precisamos reduzir em até 40% as emissões
de gases de efeito estufa para que a temperatura do planeta não
suba mais do que 2ºC. Ainda assim, “o debate da sustentabilida-
de já foi estabelecido numa sociedade insustentável” (MARUYA-
MA, 2019 apud LIMA, 2011).

Ainda segundo Maruyama (2019), a era atual do planeta


Terra também conhecida como “Antropoceno”, é descrita como
o período histórico a partir do qual a humanidade gerou danos
na natureza similares a uma força geológica capaz de alterar os
parâmetros biofísicos do planeta.

E assim, podemos trazer algumas reflexões acerca de


como a sociedade atual discute sobre as questões ambientais.
Através de um comparativo entre aquilo que é falado e as ações

72
práticas cotidianas, nos parece que ainda não conseguimos nos
encontrar nos discursos oferecidos, como se na realidade tudo
o que é dito e observado sobre o processo de degradação am-
biental em nada interfira na vida humana.

Nascimento e Pereira (2020), nos traz a divisão das ma-


trizes teóricas do Desenvolvimento sustentável, em três tipos: A
primeira é a matriz da eficiência pode ser definida como aquela
que atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas pró-
prias necessidades. Essa matriz permite que as questões eco-
nômicas do tripé da sustentabilidade venham em primeiro lugar,
dando espaço também ao lucro com a própria atitude em se
fazer o “ambientalismo”, alguns autores a chamam de mercado-
lógico-ambiental.

A segunda é a matriz da autossuficiência que nos traz


como proposta uma volta ao passado, na qual o homem viveria
em função da natureza se colocando em segundo plano. Nes-
te sentido, para alcançar a sustentabilidade seria necessário a
construção de comunidades sustentáveis, que busquem rela-
ções tradicionais com o meio físico natural. A terceira é a matriz
da equidade, que traz como ponto chave fazer com que o mer-
cado deixe de ter destaque principal, trazendo à tona as ques-
tões socioambientais em um processo em que as sociedades
possam administrar seus recursos de forma ética.

Afunilando este estudo para o segmento da construção


civil, podemos destacar o artigo publicado por Brito (2019) que
ressalta a importância que devemos ter na escolha dos mate-
riais a serem empregados, pois muitos deles são responsáveis
por grande quantidade de resíduos que muitas vezes não rece-

73
bem o tratamento adequado, causando impactos significativos
ao meio ambiente. Além disso, ele traz um levantamento sobre
o déficit habitacional no Brasil, através de dados do Ministério
das Cidades / Fundação João Pinheiro, que aponta um déficit
estimado em 6,355 milhões de moradias no ano de 2015.

E assim podemos nos perguntar: haveria uma alternati-


va capaz de minimizar o déficit habitacional e impactar pouco
o meio ambiente? O Scherer (2012), traz como proposta a este
questionamento a necessidade urgente da construção de polí-
ticas públicas habitacionais que contemplem o viés ambiental,
estético e de conforto, ampliando as possibilidades de utilização
dos recursos naturais disponíveis nos municípios, com a gestão
compartilhada dos recursos financeiros, como forma de multipli-
cação de um modelo construtivo que agregue qualidade edifica-
da e atenda adequadamente à necessidade de dimensionamen-
to das moradias.

A efetividade desta proposta só será possível a partir do


que é descrito por Oliveira et. al. (2019), através de uma Edu-
cação Ambiental contínua, capaz de capacitar profissionais que
atuam diretamente na área da construção civil com consciência
ecológica crítica, que busquem em suas práticas profissionais a
valorização e preservação do meio ambiente. Para isso, é neces-
sário que as Instituições de Ensino (IE’s) auxiliem o estudante a
enfrentar o mundo atual como cidadão participativo, reflexivo e
consciente de seus direitos e deveres. É a partir deste ponto que
chegamos ao cerne da discussão deste estudo: a formação dos
Técnicos em Edificações que é realizada hoje no Brasil é capaz
de atender as necessidades atuais do mercado da construção
civil?

74
Em 2018, os técnicos industriais ganharam autonomia de
classe, a partir da criação do Conselho Federal dos Técnicos
Industriais (CFT) que passou a vigorar a partir da publicação
da Lei 13.639/2018. De acordo com o art. 2º da Resolução nº
108/2020, o profissional Técnico em Edificações é aquele que,
para efeito do exercício profissional, está habilitado a:
- Executar, dirigir e ou conduzir a execução
técnica de trabalhos profissionais, bem como
orientar e coordenar equipes, na execução de
instalações, montagens, operação, reparos ou
manutenção de edificações e demais obras da
construção civil, em trabalhos próprios ou de
outros profissionais;
- Prestar assistência técnica e assessoria no
estudo de viabilidade e desenvolvimento de
projetos e pesquisas tecnológicas, ou nos tra-
balhos de vistoria, perícia, inspeção predial,
avaliação, arbitramento e consultoria para edi-
ficações e no âmbito da construção civil, bem
como exercer, dentre outras, as seguintes ati-
vidades:
-Executar, fiscalizar, orientar e coordenar dire-
tamente serviços de manutenção e reparo de
equipamentos, instalações e arquivos técnicos
específicos, bem como conduzir e treinar as
respectivas equipes em trabalhos próprios ou
de outros profissionais (BRASIL, 2020).

No Brasil, o principal documento teórico-metodológico


norteador das práticas acadêmicas para o exercício do ensino,
pesquisa e extensão é o Projeto Político Pedagógico Institucio-
nal (PPPI), que devem também orientar os Projetos Pedagógi-
cos dos Cursos (PPC’s) (COSTA et al., 2021 apud BILERT et al.,
2014).

75
O estudo realizado por Costa et al. (2021), descreve uma
realidade que é a de muitas IE’s que formam Técnicos em Edi-
ficações, na qual a temática ambiental aparece nos PPC’s ape-
nas na parte textual da seção Justificativa, que fundamenta a
necessidade de implantação/continuidade do curso numa deter-
minada região, aparece em alguns objetivos e as vezes no Perfil
do egresso. Outro ponto de destaque é a falta de capacitação
dos docentes e dos profissionais envolvidos nas práticas peda-
gógicas das IE’s que dificulta um trabalho efetivo, baseado na
transversalidade e na interdisciplinaridade.

É importante fazer aqui uma diferenciação entre a inter-


disciplinaridade e a transversalidade, a primeira está relacionada
a uma abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento,
ou seja, é uma relação entre as disciplinas. Já a segunda refere-
-se a dimensão da didática, ou seja, metodológica, sugerindo a
necessidade de uma transformação da prática pedagógica.

Ainda segundo Costa et al. (2021), encontramos nos


Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) as temáticas trans-
versais que foram incorporadas no intuito de incentivar as es-
colas a abordagem de questões sociais que são importantes
na formação dos alunos, que são trabalhos em todo o currícu-
lo escolar, no âmbito da sua realidade local e no seu contexto
são: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Trabalho
e Consumo e Pluralidade Cultural. É importante destacar que a
educação ambiental é uma temática a ser inserida no currículo
de modo diferenciado, não se configurando como uma disciplina
a mais, e sim como um tema que perpassa todas as disciplinas
da matriz curricular.

De acordo com Maruyama (2019) mesmo quando há a

76
oferta de disciplinas da área ambiental na matriz curricular de
algumas IE’s, ainda assim, não é garantia de que os alunos es-
tejam, de fato, recebendo competência informacional em meio
ambiente e que estejam, principalmente, vinculadas às questões
ecológicas críticas inseridas no Regime de Informação.

Esta situação problema ultrapassa as fronteiras brasi-


leiras, pois o estudo publicado por Femi (2014) aborda a rele-
vância de literaturas específicas para capacitação / treinamento
de técnicos da construção civil na Nigéria, apontando que essa
falha no processo formativo e a inexistência de políticas ou es-
tratégias adequadas, está levando ao processo irreversível de
extinção destes profissionais no país.

Uma alternativa que vem sendo estudada e implemen-


tada em algumas localidades é a Bioconstrução, que de acor-
do com Brito (2019, apud SATTLER, 2007) pode ser entendida
como um processo que engloba uma série de considerações
que se incorporam aos projetos arquitetônicos, urbanísticos ou
paisagísticos. Sendo então, uma estratégia para a produção de
uma arquitetura responsável, que contemple a sustentabilidade
em todos os seus aspectos.

Principais técnicas bioconstrutivas

Superadobe: De acordo com Vieira (2015) a técnica do supe-


radobe foi criada pelo arquiteto iraniano Nader Khalili, em 1984.
A técnica consiste basicamente em sacos de propileno e ter-
ra que contenham areia, argila e matéria orgânica. Os sacos
são sobrepostos, montando o formato das paredes. A figura 1
mostra as etapas para construção de um banco em superadobe.

77
O superadobe não necessariamente necessita de mão-de-obra
especializada, entretanto, deve-se ter em mente que é preciso
usar muita força e ter resistência física para a execução do
processo.

Figura 1: Processo de construção de um banco em superadobe

Fonte: Elaborado pela autora com base em Vieria (2015)

Adobe: É uma técnica bem antigas e bastante conhecida mun-


dialmente. É uma técnica que usa uma mistura de argila, areia,
água e palha, que posteriormente são moldados em uma forma
de madeira em formato de tijolo. Na sequência esse material

78
é colocado ao sol para secagem natural, de forma que a umi-
dade interna seja eliminada (VIEIRA, 2015). A figura 2 mostra
as etapas para fabricação dos tijolos de adobe e uma parede
construída.

Figura 2: Processo de fabricação do tijolo de adobe

Fonte: Elaborado pela autora com base em Vieria (2015)

Taipa de pilão: Foi uma das técnicas construtivas mais utiliza-


das na antiguidade. Por construir as paredes de forma monolí-
tica, é considerada o sistema construtivo com terra crua mais
sólido que existe. Deve ser construída em terreno plano, evitan-
do regiões acidentadas, para que a distribuição da carga seja
uniforme. Consiste basicamente na prensagem ou compressão
da terra quase seca entre tramas de madeira retangulares, e
são deslocadas à medida que as paredes vão ficando prontas.
Para que haja uma boa aplicação da taipa, duas etapas são im-
portantíssimas, a seleção e dosagem do solo e a compactação
(Figura 3).

79
Figura 3: Taipa

Fonte: Elaborado pela autora com base em Vieria (2015)

Pau - a - pique: Essa técnica construtiva (Figura 4) recebe ou-


tras nomenclaturas no Brasil a depender da região, tais como:
“tapona”, “taipa de mão”, “taipa de sebe” e dentre outros. Muito
difundida no Brasil, principalmente na região Norte e Nordeste,
por ser simples e de fácil execução, qualquer pessoa pode cons-
truir, levando em consideração que não são necessários muitos
esforços.

Consiste em entrelaçar madeira sobre a fundação ou


base. Essa trama é fixada com os tocos numa distância de no
mínimo um palmo no sentido horizontal, e depois no sentido ver-
tical, com o mesmo espaçamento, amarrando-as com cipó ou
usando pregos. Em seguida segue-se a fase de barreamento.

80
Figura 4: Pau-a-pique

Fonte: Elaborado pela autora com base em Vieria (2015)

Silva et al. (2017) traz a realidade do Brasil para cons-


truir com processos bioconstrutivos, mostrando que este ainda
é acessível para poucos, sendo necessário realizar uma oficina
teórica, antes da etapa executiva, de forma a introduzir o tema
da bioconstrução, orientando a formatação de um projeto e dis-
cutindo conceitos relacionados à arquitetura bioclimática, efi-
ciência energética, uso e integração de elementos em uma casa
sustentável, materiais de baixo impacto e as principais técnicas
construtivas. Para os autores é latente a necessidade de capa-
citação de mão de obra nesta área e de publicação de normati-
zações especificas.

81
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que para que haja o desenvolvimento de um


país, faz-se necessário buscar o envolvimento e a participação
social na proteção, recuperação e melhoria das condições am-
bientais e de qualidade de vida. Neste sentido, a área da Edu-
cação tem um compromisso social muito grande, pois é capaz
de possibilitar aos estudantes uma abordagem e reflexão crítica
sobre o meio ambiente em que ele está inserido, fortalecendo
práticas ecologicamente corretas e contribuindo positivamente
com a sustentabilidade ambiental dentro e fora de sua área
profissional.

REFERÊNCIAS

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85
BARRACAS DE BEIRA MAR: um estudo de caso na cidade
de Alcobaça, BA
Taina Lyra da Silva7

Resumo
O presente artigo objetivou analisar a arquitetura das barracas
de praia do município de Alcobaça, localizado no extremo sul do
Estado da Bahia. Investigou-se as intervenções ocorridas para
adaptação do espaço de infraestrutura, observando a presença
de aspectos tais como erosão no solo, fragilidade imposta a ve-
getação, e uso e ocupação das praias para lazer. Os resultados
sinalizaram para a necessidade de estudos sobre a dinâmica
da região, e indicaram carência de projetos de conscientização
ambiental aos visitantes e nativos, bem como implementação de
políticas públicas que amenizem os impactos negativos causado
pelas atividades turísticas.

Palavras-chave: Dano ambiental. Barracas de praia. Turismo

Abstract
This article aimed to analyze the architecture of the beach huts in
the municipality of Alcobaça, located in the extreme south of the
State of Bahia. The interventions that took place to adapt the in-
frastructure space were investigated, observing the presence of
aspects such as soil erosion, fragility imposed on vegetation, and
use and occupation of beaches for leisure. The results signaled
the need for studies on the dynamics of the region, and indicated
a lack of environmental awareness projects for visitors and nati-
ves, as well as the implementation of public policies that mitigate
the negative impacts caused by tourist activities.
Keywords: Environmental damage. Beach huts. Tourism
7 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Biossistemas (CFCAf –
UFSB). Graduada em Ciências Biológicas.

86
INTRODUÇÃO

A espécie humana altera as características biológicas, fí-


sicas e químicas de qualquer ambiente que habita. Essas altera-
ções ocorrem principalmente em função de seu crescimento po-
pulacional e econômico (SILVA, 2002; SOUZA et al., 2000). Para
garantir a permanência do ambiente natural, é importante que
se busque o desenvolvimento sustentável, que esteja atrelado
à percepção de diversidade e respeito aos modos de construção em
determinadas localidades a partir de materiais encontrados na região
e, muitas vezes, utilizando técnicas passadas de geração em gera-
ção (OLIVER, 2006).

Esse ato de conscientização se faz necessário principal-


mente nas zonas costeiras que passaram, nos últimos 40 anos,
por uma considerável intervenção ambiental, gerada pela pres-
são das ações antrópicas, em função da urbanização desenfrea-
da e desenvolvimento turístico (ARAÚJO, 2013).

As construções de barracas de praia para melhor conforto


turístico, levam em consideração alguns fatores regionais para
que sejam erguidas: o clima local; a proximidade ou afastamento
das cheias de marés e, por fim, o que se pode tirar da natureza
com proveito e rápida trabalhabilidade. Quando esses fatores
não são estudados, o que ocorre é a construção de edificações
que compromete o caminhamento sedimentar alimentador das
praias adjacentes, resultando no recuo gradativo da linha de
praia e no avanço sistemático do regime de ondas sobre o ber-
ma, provocando a erosão da praia e redução da restinga, con-
tribuindo a desflorestação e desmatamento (LIMA et, al., 2018;
ADDAD; MARTINS-NETO, 2000).

87
A ocupação da zona costeira no Estado do Bahia como
em outras áreas do Brasil, tem sido feita, quase sempre, de for-
ma desordenada. No município de Alcobaça-BA, as edificações,
a maioria residencial, se estendem ao longo da orla. Caracte-
rizam-se pela presença de grandes varandas; palafitamento
para fugir da maré ou cheia dos rios; utilização da tesoura ro-
mana como estrutura de telhado; planta retangular baseada em
sequências de três pilares (sendo os do meio formadores da
cumeeira); cobertura em camadas de palha seca; trançado de
palha (seja de coqueiro, carnaúba ou babaçu) e ausência de
divisões em ambientes internos.

Diante do exposto, o presente artigo objetivou analisar


a arquitetura das barracas de praia do município de Alcobaça.
Investigou-se as intervenções ocorridas para adaptação do es-
paço de infraestrutura, atentando-se para a erosão no solo, fra-
gilidade imposta a vegetação, e uso e ocupação das praias para
lazer.

PROCEDIMENTOS DO ESTUDO

Para alcançar o objetivo proposto no estudo foram neces-


sários dois momentos metodológicos: 1 pesquisa bibliográfica
buscando maiores informações sobre o tema proposto e, 2 pes-
quisa exploratória - levantando dados coletados na praia estu-
dada. De acordo com Gil (2002), a pesquisa de caráter explora-
tório objetiva aperfeiçoar hipóteses e prover a aclimatação com
o campo de estudo, sendo bastante utilizada em temas pouco
explorados.

O estudo de caso foi desenvolvido na praia do município

88
de Alcobaça, localizado na região do Extremo Sul do Estado da
Bahia, à latitude 17 31’10” sul e longitude 39º11’44” oeste (figura
1). A coleta dos dados ocorreu dos dias 21 a 25 do mês de abril
do ano de 2021.

Figura 1: Localização de Alcobaça em relação a outros municípios


do extremo sul e litoral sul da Bahia

Fonte: https://lpmodos.wordpress.com/tag/bahia/

Em campo, foram analisadas inicialmente as característi-


cas da praia, com base no autor MUEHE (1994), a praia foi iden-
tificada com características arenosa, apresentando forte batida
de ondas, que constantemente movimenta grande quantidade
de areia, modificando o perfil da praia. Além desse aspecto, tam-
bém foi observada a quantidade de vegetação costeira presente
em toda extensão da praia.

Para avaliar o impacto das estruturas construídas e o


comportamento da praia, optou-se por comparação e listagem

89
das áreas que possuem construção e de áreas que são relati-
vamente naturais, além do comparativo entre infraestruturas de
diferentes barracas. Essa avaliação foi feita em 3 faixas de praia
(Figura 2):

• Faixa superior: constantemente umedecida, mas ape-


nas coberta em marés extremamente altas, como res-
sacas ou tempestades – Local onde eventualmente
são construídas as barracas de praia.
• Faixa mediana sempre coberta e descoberta pelas
marés duas vezes por dia.
• Faixa inferior, que está sempre submersa, e eventual-
mente está exposta durante as marés baixas.

Figura 2. Faixas de praia na praia de Alcobaça, BA

Fonte: Acervo pessoal da autora

Os dados obtidos foram estruturados em 2 tabelas, ba-


seadas nos estudos de Santana e Senna (2019) e Senna (2016),
que avaliaram os impactos causados pelo turismo na praia de

90
Arnos, TO. Esse método proporciona ao pesquisador facilidade
de discernimento, rápida utilização na avaliação qualitativa de
impactos, além de ser um bom método para fixação de priorida-
des e ordenação de informações (MEDEIROS, 2010).
Deste modo, a listagem fornecida por Santana e Senna
(2019) foi adaptada contemplando os impactos ambientais na
praia de Alcobaça. As tabelas classificaram os impactos como:
IN - Impacto Negativo; IP - Impacto Positivo; ER - Efeito rever-
sível; EI- Efeito Irreversível. Os resultados foram representados
por gráficos em forma de pizza.

TABELAS ANALÍTICAS

A tabela 1 apresenta os aspectos analisados nas 3 faixas


de praia, promovendo o controle de ações e atividades previstas
no local.
Tabela 1: Aspectos analisados nas faixas de praia
Tipos de Impacto IP IN ER EI
1 Lixo na praia
2 Alteração do relevo
3 Destruição da vegetação
4 Poluição da água
5 Poluição vegetal
Fonte: Elaborado pela autora com base em Senna (2016)

A análise comparativa entre as edificações foi estruturada


conforme a tabela 2. Para a investigação da qualidade de in-
fraestrutura das barracas, foram utilizados 7 indicadores, sendo
estes considerados, apenas se estivessem presentes na edifica-
ção analisada.

91
Tabela 2: Indicadores para análise comparativa das barracas de praia
INDICADOR SIM NÃO
Coleta seletiva
Madeira de reflorestamento
Reaproveitamento de água
Replantio de coqueiros
Placas solares
Cobertura de telhado vegetal
Construção com baixo custo energé-
tico
Fonte: Elaborado pela autora com base em Senna (2016)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Frente a problemática apresentada foi possível com-


preender a necessidade de planos e políticas públicas locais
que discutam os danos ambientais causados pelas atividades
turísticas no município de Alcobaça. Ao analisar o tipo de impac-
to causado pelo lixo deixado na praia pelos visitantes, foi pos-
sível determinar que entre as faixas de praia a mais afetada é a
faixa superior, onde estão alocadas as barracas de praia (Figura
3). Também foi possível constatar que em áreas que onde não
existem edificações a quantidade de lixo é menor (Figura 4).

92
Figura 3: Gráfico indicando a quantidade de lixo por faixa de praia

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 4: Gráfico comparativo entre as áreas de praia com e sem


edificações em relação à quantidade de lixo encontrada

Fonte: Dados da pesquisa

As alterações no relevo em zonas costeiras é um fator que


pode ocorrer de modo natural frente as alterações climáticas.
Entretanto, com as ações antrópicas essas modificações são
ainda mais fortes, e quando comparado a áreas relativamente

93
naturais é possível constatar que as áreas com edificações exer-
cem maior influência nessas alterações do que a própria força
da natureza (Figura 5).

A intervenção humana nesse ambiente sem a devida pre-


caução aos impactos morfodinâmicos continentais ou oceâni-
cos, como se vê atualmente em Alcobaça, pode vir a ocasionar
danos ambientais muitas vezes irreversíveis (SOUZA, 2017).

Figura 5: Gráfico demonstrando a alteração do relevo em relação às


áreas ocupadas com edificações e sem ocupação

Fonte: Dados da pesquisa

Todos os Sistemas Naturais na área estudada são domi-


nados pelo clima Tropical Quente e Úmido, com cobertura natu-
ral da Mata Atlântica (SEI, 1999). A vegetação predominante se
apresenta em forma arbustiva na maior parte da faixa costeira,
sendo observada pouca vegetação arbórea.

Na área de estudo foi possível constatar que próximo às


barracas de praia a vegetação é quase inexistente, favorecendo
melhor acesso aos turistas e nativos, além disso também exis-
tem outras causas que provocam danos ambientais na vegeta-
ção, como a retirada ilegal de areia, aterro do mangue e desma-
tamento (SPANGHERO, 2018).

A figura 6 apresenta o comparativo da vegetação presen-


te no entorno de 500m das barracas de praia e das áreas relati-
vamente naturais.

Figura 6: Gráfico comparativo entre a existência de vegetação próxi-


ma às barracas de praia em relação às áreas naturais.

Fonte: Dados da pesquisa

Com relação a estrutura das barracas de praia não foi


possível encontrar um comparativo que representasse tantas di-
ferenças entre as construções, pois todas possuem o mesmo
método de coleta de lixo, estando atrelados com a coleta do
município que ocorre 3 vezes na semana, nenhuma barraca faz
uso de coleta seletiva e de reaproveitamento de água.

A edificações foram erguidas de modo convencional e

95
sem uso de tecnologias para viabilizar eficiência energética. Por
outro lado, as características das barracas em construção são
bastante parecidas as de casas do nordeste, apresentando va-
randa coberta para fugir do calor, estruturas de telhado e ausên-
cia de divisões internas (Figura 7).

Figura 7: Estrutura das barracas de praia de Alcobaça

Fonte: Acervo pessoal da autora

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi observado e analisado conclui-se que


as atividades turísticas em Alcobaça, por mais que promovam o
desenvolvimento econômico, vêm agravando os danos ambien-
tais na faixa costeira.

Sinaliza-se para a necessidade de estudos sobre a dinâ-


mica da região, e ampliação de projetos de conscientização aos
visitantes e nativos da região, bem como implementação de po-
líticas públicas já existentes que amenizem os impactos ambien-
tais negativos causados pela atividade turística. Ademais, urge
a elaboração do planejamento urbano-ambiental do município,

96
que contemple a recuperação e preservação da faixa costeira.

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98

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