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All content following this page was uploaded by João Paulo Lucchetta Pompermaier on 04 March 2023.
Resumo: Novos conceitos vêm sendo incorporados na arquitetura provocando uma quebra de
paradigmas, alterando a forma de projetar e resultando em espaços mais flexíveis e disruptivos.
Essas transformações vêm requerendo profissionais cada vez mais qualificados e atentos às
mudanças do mundo contemporâneo. Esses profissionais precisam conseguir integrar a teoria
com a prática buscando atender as demandas do cliente, dos usuários e da sociedade de modo
geral. Diante disso, este artigo tem por objetivo explanar conceitos teóricos acerca da psicologia
ambiental, neuroarquitetura e design biofílico e apresentar os resultados da aplicação prática no
projeto de arquitetura de interiores de um consultório pediátrico desenvolvido profissionalmente
no escritório de arquitetura. Metodologicamente, este trabalho se desenvolve a partir de duas
fases, sendo uma de caráter teórico e outra prática. A revisão da literatura, considerada a fase
teórica, se deu por uma pesquisa bibliográfica. A fase prática foi desenvolvida no escritório
Vaneza Krombauer Arquitetura através da aplicação dos conceitos, no projeto de arquitetura
de interiores de um consultório pediátrico elaborado e executado na cidade de Chapecó/
SC. Por fim, tem-se um espaço com elementos constituintes do ambiente que se relacionam
diretamente com os conceitos apresentados neste artigo. A concepção final do espaço seguiu
as diretrizes de projeto resultando em um consultório humanizado, lúdico, criativo e capaz de
proporcionar boas experiências aos pacientes.
Palavras-chave: Psicologia ambiental. Neuroarquitetura. Design biofílico. Arquitetura de saúde.
1 INTRODUÇÃO
2 CONCEITUAÇÃO
“A psicologia ambiental interessa-se tanto pelos efeitos das condições ambientais sobre
os comportamentos e condutas do indivíduo, como pela maneira como o indivíduo percebe
ou age sobre o ambiente” (MOSER, 2018, p. 10). Refere-se a “uma disciplina que trata do
“psicológico”, quer dizer, do indivíduo enquanto ser que pensa, que sente e que age, de um
lado, e do ambiente, de outro lado” (MOSER, 2005). Fatores físicos (ruído, poluição, arranjo) e
sociais (densidade, heterogeneidade de população) estão ligados à sua incidência sobre a
percepção e o comportamento humano. Nesse contexto, “a psicologia ambiental estuda as
inter-relações do indivíduo com o ambiente em suas dimensões físicas e sociais” (MOSER, 2018).
Os estudos acerca da psicologia ambiental são relativamente recentes e remontam às
décadas de 1950 e 1960, se consolidando a partir da Conferência de Estocolmo em 1972. Suas
raízes estão caracterizadas como internas e externas à psicologia. Nas raízes internas “estão
elementos ligados à Escola da Gestalt, ao behaviorismo, a psicologia social e à incorporação
da perspectiva ambiental à compreensão do indivíduo”. Já nas raízes externas encontramos
“conhecimentos originados das ciências sociais (antropologia, sociologia, geografia) e
bioecológicas, e arquitetura-urbanismo” (ELALI, 2006).
Em função da variedade de raízes que fundamentam a área, as temáticas tratadas
pela psicologia ambiental são amplas, abrangendo “atitudes e comprometimento pró-
ambientais, sustentabilidade, perspectiva temporal, situações de risco (acidentes naturais ou
não), ambientes naturais e restauradores, cognição e percepção ambientais, avaliação de
edificações e conjuntos edificados” (ELALI, 2006).
A psicologia ambiental segundo Moser (2005), pode ser entendida como uma
psicologia do espaço já que analisa as percepções, atitudes e comportamentos do indivíduo
em sua relação com o contexto físico e social. Moser (2005, p. 282) ainda destaca que a relação
indivíduo-ambiente é analisada em quatro níveis de referência espacial e social, sendo eles:
2.3 NEUROARQUITETURA
O termo biofilia surgiu por volta de 1964 com o psicólogo social Erich From que percebeu
a atração do ser humano por tudo o que é vivo. Mas foi somente em 1984, com a publicação do
livro intitulado Biophilia de autoria do biólogo americano Edward Osborne Wilson que de fato o
termo ficou conhecido. Ele origina-se de duas palavras gregas, bios, que significa vida, e philia,
que significa amor, afeição, dessa maneira, biofilia significa “amor pela vida” ou “amor pelos
seres vivos” (GONÇALVES; PAIVA, 2018). Wilson (1984) descreveu a biofilia como “a afiliação
emocional inata dos seres humanos a outros organismos vivos” acrescentando que “a vida ao
nosso redor excede em complexidade a beleza de qualquer outra coisa que a humanidade
possa encontrar”.
A ideia da biofilia está diretamente relacionada às origens e a ancestralidade da
história humana. Nossa espécie se desenvolveu biologicamente em resposta adaptativa às
forças naturais, e mesmo após milhares de anos e todo o processo evolutivo, as tendências
de relação com a natureza continuam provocando efeitos significativos sobre a saúde física e
mental, o desempenho e o bem-estar (KELLERT; CALABRESE, 2015). Os seres humanos possuem
uma necessidade biológica de conexão com a natureza nos níveis físicos, mentais e sociais, e essa
3 METODOLOGIA
Este trabalho se desenvolve a partir de duas fases, sendo uma de caráter teórico e outra
prática. A revisão da literatura, considerada a fase teórica, se deu por uma pesquisa bibliográfica
realizada através de livros e artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais.
A fase prática foi desenvolvida no escritório Vaneza Krombauer Arquitetura de Chapecó/
SC, onde os autores atuam profissionalmente. O escritório em questão possui 10 anos de atuação
na região oeste de Santa Catarina, se consolidando no mercado diante de sua atuação nas
áreas de arquitetura residencial, de saúde e interiores.
A aplicação prática dos conceitos apresentados, se deu no projeto de arquitetura de
interiores de um consultório pediátrico elaborado e executado na cidade de Chapecó/SC. O
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Cada canto dessa pintura tem uma história. A mamãe girafa com 2,30 metros de altura
fica próxima de seu filhote passando o sentimento de proteção. O macaco guloso que salta de
cipó em cipó comeu todas as bananas do cacho da bananeira. Nessa floresta tem guaxinim,
canguru, esquilos, passarinho, borboleta, joaninha, grilo, molusco, além é claro, da girafa e do
macaco (Figura 7). Na recepção/sala de espera, um panda também pintado se tornou um
Por fim, sobre a ótica das três experiências biofílicas estabelecidas por Kellert e Calabrese
(2015) é possível perceber atributos que incorporam a natureza ao projeto, sendo:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANFA. Academy of Neuroscience for Architecture. History, 2022. Disponível em: https://anfarch.
ucsd.edu/HomePage. Acesso em 19 maio 2022.
HEERWAGEN, J.; ILOFTNESS, V. The economics of biophilia: Why designing with nature in mind
makes financial sense. New York: Terrapin Bright Green, 2012.
KELLERT, S. R.; CALABRESE, E. F. Nature by Design: The Practice of Biophilic Design. New Haven:
Yale University Press, 2015.
RUAS, P. Design de produto: painel sensorial como incentivo no aprendizado lúdico infantil.
2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Design) – Universidade do Oeste de
Santa Catarina, Xanxerê, 2015. Disponível em: https://biblio.unoesc.edu.br/pergamum/bibliote-
ca/. Acesso em 24 maio 2022.
TIEPPO, C. Uma viagem pelo cérebro: a via rápida para entender a neurociência. São Paulo:
Conectomus, 2019.
WILSON, E. O. Biophilia: The Human Bond with Other Species. Cambridge: Harvard,1986.