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FÁBIO JOSÉ GOMES

ÍNDICES DE QUALIDADE DO SOLO E DE


SUSTENTABILIDADE NO CONTEXTO DO
PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS,
SUB-BACIA DAS POSSES, EXTREMA, MG

LAVRAS – MG
2017
FÁBIO JOSÉ GOMES

ÍNDICES DE QUALIDADE DO SOLO E DE SUSTENTABILIDADE NO


CONTEXTO DO PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS, SUB-
BACIA DAS POSSES, EXTREMA, MG

Dissertação apresentada à Universidade


Federal de Lavras, como parte das
exigências do Programa de Pós-
Graduação em Ciência do Solo, área de
concentração em Recursos Ambientais e
Uso da Terra, para obtenção do título de
Mestre.

Orientador
Dr. Marx Leandro Naves Silva

LAVRAS - MG
2017
Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Geração de Ficha Catalográfica da Biblioteca
Universitária da UFLA, com dados informados pelo(a) próprio(a) autor(a).

Gomes, Fábio José.


Índices de qualidade do solo e de sustentabilidade no contexto
do pagamento por serviços ambientais, Sub-bacia das Posses,
Extrema, MG / Fábio José Gomes. - 2017.
131 p. : il.

Orientador(a): Marx Leandro Naves Silva.


.
Dissertação (mestrado acadêmico) - Universidade Federal de
Lavras, 2017.
Bibliografia.

1. Qualidade do solo. 2. Sustentabilidade. 3. Conservador das


águas. I. Silva, Marx Leandro Naves. . II. Título.

O conteúdo desta obra é de responsabilidaddo(a) autor(a) e de seu


orientador(a).
FÁBIO JOSÉ GOMES

ÍNDICES DE QUALIDADE DO SOLO E DE SUSTENTABILIDADE NO


CONTEXTO DO PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS, SUB-
BACIA DAS POSSES, EXTREMA, MG

Dissertação apresentada à Universidade


Federal de Lavras, como parte das
exigências do Programa de Pós-
Graduação em Ciência do Solo, área de
concentração em Recursos Ambientais e
Uso da Terra, para obtenção do título de
Mestre.

APROVADA em 14 de setembro de 2017.

Dr. Marx Leandro Naves Silva UFLA


Dr. Junior Cesar Avanzi UFLA
Dr. Luís Antônio Coimbra Borges UFLA
Dr. Humberto Ribeiro da Rocha USP

Dr. Marx Leandro Naves Silva


Orientador

Lavras – MG
2017
A Deus,
aos meus pais, Napoleão e Aparecida,
aos meus irmãos, cunhados e sobrinhos,
à Elidiane,

Dedico!!!
AGRADECIMENTOS

O caminho foi longo, porém, com a ajuda de Deus, da família, de


amigos e professores consegui concluir mais essa etapa. É momento de
agradecer a todos que marcaram ao longo dessa caminhada.

Em primeiro lugar a Deus, pela proteção e inspiração, por me dar


oportunidades de ir sempre além das minhas expectativas.

À Universidade Federal de Lavras (UFLA), pela acolhida, oportunidades


oferecidas na minha graduação e agora no meu mestrado, estendendo-se a todos
os professores, alunos e técnicos.

Às agências de fomento à pesquisa CAPES, CNPq (305010/2013-1) e


FAPEMIG (APQ 01423-11, CAG PPM 00422-13 e CAG APQ 01053-15) pelas
bolsas e recursos financeiros aplicados no estudo.
Ao professor Marx, por seu profissionalismo, ética, boa vontade,
disponibilidade e pelos inestimáveis conhecimentos transmitidos na minha
orientação.

Aos professores da UFLA Junior Cesar Avanzi e Luís Antônio Coimbra


Borges e ao professor da USP Humberto Ribeiro da Rocha por aceitar compor a
banca de defesa e pelas inestimáveis contribuições neste estudo.

À Prefeitura Municipal de Extrema MG, e à Secretaria do Meio


Ambiente, em nome do Secretário Paulo Henrique Pereira, pelo suporte logístico
e financeiro.

Aos moradores da Sub-bacia das Posses que foram por mim


entrevistados, pela fraterna e amistosa acolhida. Agradeço imensamente pelo
compartilhamento das informações.
Aos colegas da Pós-graduação (Dany da Bahia, Fabio da Bolívia,
Adnane do Marrocos, Pedro de Itabirito, Pedro de Ijaci, Bárbara de Diamantina,
Bodão de Felício dos Santos, Lucas de São Roque, Bernardo de Patos de Minas)
e da Iniciação Científica (Jéssica de Lagoa Santa, Otávio de Poço Fundo, Lucas
de Nepomuceno, Tom de Lima de Mococa, Wesley de Jaíba). Enfim, a todos do
grupo de pesquisa em Conservação do Solo e Água do DCS/UFLA por este
período de convivência que me proporcionou grande aprendizado e possibilitou
cultivar boas amizades.

A todos os técnicos do Departamento de Ciência do Solo, em especial à


Maria Alice (conterrânea), à Dirce, ao Doroteo e à Dulce.

Aos meus ex-professores e funcionários da Escola Municipal Aníbal


Félix da Silva e da Escola Estadual Coronel José Ildefonso em Piranga, MG, por
me oferecer a base necessária para continuar na vida acadêmica.

À minha família por me permitir sonhar. Pelos conselhos e


incondicional apoio. Principalmente, aos meus pais, Napoleão e Aparecida e aos
meus irmãos Flávio e Fabiano, as minhas irmãs Adriana, Alessandra, Andréia e
Angélica.

Aos meus queridos sobrinhos (Josiane, Bruna, Aline, Thiago, Gisely,


Grasiely, Natiely, Paulo Henrique, Filipe e Júlia) pela grande alegria que me
proporcionam. Obrigado pela injeção de ânimo.

À Maira e à Giovana pela amizade.

À querida Lili, pelo apoio e incentivo incondicionais, pelo amor e


agradável convivência.

Pelas inúmeras vezes que vocês me enxergaram melhor do que


realmente sou.
MUITO OBRIGADO!
RESUMO GERAL

Para alcançar o equilíbrio entre o uso dos recursos ambientais e a


preservação dos serviços ecossistêmicos é necessário conhecer o ambiente e o
seu nível de sustentabilidade. A avaliação da qualidade do solo e da
sustentabilidade de sub-bacias se mostra como importante ferramenta de gestão
de áreas de interesse socioambiental. O presente estudo foi realizado na Sub-
bacia das Posses, localizada no município de Extrema, MG, visando contribuir
com o conhecimento científico a respeito da qualidade do solo e da
sustentabilidade da sub-bacia referência do Projeto Conservador das Águas. A
dissertação foi dividida em três artigos. No primeiro artigo foram avaliados e
comparados dois métodos de seleção de indicadores e duas metodologias
distintas de obtenção do índice de qualidade do solo em relação à erosão hídrica
e recarga de água no lençol freático. No segundo artigo foi realizado o
diagnóstico socioeconômico e ambiental por meio de indicadores, com o
propósito de servir como subsídio aos tomadores de decisão do município e do
Projeto Conservador das Águas na sub-bacia. E finalmente, no terceiro artigo
avaliou-se o índice de sustentabilidade da Sub-bacia das Posses, tomando por
base, indicadores das dimensões: ambiental, social, econômica e institucional.
Na elaboração do estudo foram utilizadas 127 amostras de solo da camada
superficial (0-0,20 m) distribuídos pela sub-bacia em uma grade
aproximadamente regular para proceder os cálculos dos índices de qualidade do
solo (primeiro artigo). Já os indicadores levantados no segundo artigo e para o
cálculo do índice de sustentabilidade no terceiro artigo tiveram grande parte dos
seus dados provenientes de entrevistas com os proprietários rurais da sub-bacia.
Por meio das entrevistas foram identificados e caracterizados os principais
aspectos sociais, econômicos, ambientais e institucionais da área. Os resultados
revelaram que a Análise de Componentes Principais mostrou-se uma ferramenta
eficaz na diminuição do volume de dados a ser utilizado no cálculo da qualidade
do solo, contribuindo para a redução do tempo e do custo de análises em
laboratório e que o Índice de Qualidade Nemoro calculado a partir do Conjunto
Mínimo de Dados foi o modelo mais recomendado à região. Quanto ao
diagnóstico socioeconômico e ambiental, verificou-se baixa escolaridade da
população adulta (5,37 anos de estudo), todos os produtores rurais da Sub-bacia
das Posses se enquadram como pequeno produtor rural, e foi constatada elevada
desigualdade social. Os indicadores ambientais levantados evidenciaram boa
qualidade ambiental, embora alguns aspectos devam ser melhorados, como por
exemplo, plantio em nível dos cultivos e a substituição das fossas negras por
sépticas ou pelas bacias de evapotranspiração para que não ocorra contaminação
do solo e do lençol freático. A avaliação da sustentabilidade da sub-bacia
mostrou os indicadores que obtiveram os piores desempenhos e que devem
receber atenção especial do Projeto Conservador das Águas, que são: área com
mata nativa, uso agrossilvipastoril da terra e assistência técnica. Conclui-se com
o estudo que o Índice de Qualidade Nemoro calculado a partir do Conjunto
Mínimo de Dados apresentou excelente coeficiente de determinação com as
perdas de água, possibilitando o uso na decisão de Pagamentos por Serviços
Ambientais em conservação do solo e da água pelo Projeto Conservador das
Águas e que uma das alternativas a ser adotada para melhoria do nível de
sustentabilidade do local, a criação de uma modalidade especial de Pagamento
por Serviços Ambientais visando fornecer assistência técnica, ao invés de
auxílio financeiro, aos pequenos proprietários da sub-bacia.

Palavras-chave: Segurança do solo e da água. Erosão hídrica. Agricultura


familiar.
GENERAL ABSTRACT

In order to achieve a balance between the use of environmental


resources and the preservation of ecosystem services, it is necessary to know the
environment and its current level of sustainability. The evaluation of soil quality
and the sustainability of a sub-basin may prove to be important tools for
managing areas of social and environmental interest. The study area corresponds
to the hydrographic Posses sub-basin, located in the Extrema county, Minas
Gerais State. The study aim is contribute to scientific knowledge regarding soil
quality and the sustainability of the Water Conservation Project in the sub-basin.
The dissertation was divided into three articles. The first article is about two
methods of selection of indicators and two different methodologies of obtaining
the soil quality index in relation to water erosion and water recharge were
evaluated and compared. In the second article, a survey of social, economic and
environmental indicators was carried out with the purpose of serving as a
subsidy to the decision-makers of the municipality and the Water Conservation
Project in the sub-basin. Finally, the third article evaluated the sustainability
index of the Posses Sub-basin, based on indicators of the environmental, social,
economic and institutional dimensions. For the elaboration of this study 127 soil
samples of the superficial layer (0-0.20 m) distributed by the sub-basin were
used to calculate of soil quality indexes in the first article. The indicators raised
in the second article and the sustainability index in the third article had a large
part of their data from interviews with the sub-basin's rural owners. Through
these interviews were identified and characterized the main social, economic,
institutional and environmental aspects of the area. The results showed that the
Principal Components Analysis was an efficient tool to decrease data size used
to calculate soil quality index, contributing to the reduction of time and cost of
laboratory analysis, and the Nemoro Quality Index calculated from the
Minimum Data Set was the most recommended models for the region.
Regarding the indicators raised in the sub-basin, there was a low level of
schooling of the adult population (5.37 years of schooling), and that all rural
producers in the Posses Sub-basin are small farmers and high social inequality
was observed. The environmental indicators raised have shown good
environmental quality, although some aspects need to improved, such as level
planting in all crops and the replacement of cesspool by septic tanks or by
evapotranspiration tank, to avoid soil and underground water contamination.
Assessing the sustainability of the sub-basin, we identified the indicators that
obtained the worst performances and that should receive special attention from
the Water Conservation Project, which are area with native forest, land use
agroforestry and technical assistance. The study concludes that the Nemoro
Quality Index calculated from the Minimum Data Set presented an excellent
coefficient of determination with water losses. Making it possible to use the
decision on Payments for Environmental Services in soil and water conservation
by the Water Conservation Project. An alternative to be adopted to improve the
sustainability level of the site is the creation of a special modality of Payment for
Environmental Services aiming to provide technical assistance, rather than
financial assistance, to the small owners of the sub-basin.

Keywords: Soil and Water security. Water erosion. Family farming.


SUMÁRIO

PRIMEIRA PARTE - INTRODUÇÃO GERAL .............................. 13


1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................... 15
2.1 O Projeto Conservador das Águas ..................................................... 15
2.2 Indicadores e índices ............................................................................ 16
2.3 Índices de qualidade do solo................................................................ 17
2.4 Índice de Sustentabilidade “Barometer of Sustainability” .............. 20
3 CONSIDERAÇOES FINAIS .............................................................. 22
REFERÊNCIAS ................................................................................... 23
SEGUNDA PARTE – ARTIGOS ....................................................... 29
ARTIGO 1 Avaliação de metodologias de obtenção da qualidade do
solo como ferramenta auxiliar ao pagamento por serviços
ambientais ............................................................................................. 30
ARTIGO 2 Diagnóstico socioeconômico e ambiental por meio de
indicadores: Estudo de caso na sub-bacia piloto do Projeto
Conservador das Águas, Extrema, MG ............................................. 56
ARTIGO 3 Avaliação da sustentabilidade pelo método “Barometer
of Sustainability” da sub-bacia piloto do projeto Conservador das
Águas, Extrema, Minas Gerais ........................................................... 84
APÊNDICE A Questionário semiestruturado aplicado na Sub-bacia
das Posses.............................................................................................115
PRIMEIRA PARTE - INTRODUÇÃO GERAL
13

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas o mundo experimentou um crescimento


populacional sem precedentes. Essa explosão demográfica contribuiu, dentre
outros fatores, para o aumento de ocupações irregulares e do uso inadequado do
solo. De acordo com The Food and Agriculture Organization of United Nations
(FAO, 2011) 25% dos solos do planeta estão degradados, colocando em risco
diversos sistemas essenciais à produção mundial de alimentos.
No Brasil, algumas medidas têm sido tomadas para tornar a conservação
e o manejo dos recursos naturais mais eficientes. Um exemplo, é a instituição
das bacias hidrográficas como unidades de estudo e gestão pela Política
Nacional de Recursos Hídricos, Lei nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997. No Artigo
37 dessa lei ficou estabelecida como área de atuação dos Comitês de Bacia
Hidrográfica a totalidade de uma bacia hidrográfica, uma sub-bacia ou ainda um
grupo de bacias ou sub-bacias contíguas (BRASIL, 1997).
A partir desse marco jurídico diversos estudos, técnicos e científicos
(OLIVEIRA et al., 2012; SILVA et al., 2013; LIMA et al.2014; 2016) passaram
a ser desenvolvidos abrangendo os limites geográficos naturais de bacias e sub-
bacias. Na literatura, estudos reportam recorrentes práticas inadequadas de uso e
manejo do solo e da água nessas áreas (SILVA, 2006; ALVES et al., 2015;
NETO; FERNANDES, 2016). Dentre os principais problemas decorrentes da
inobservância do uso e manejo, destaca-se diminuição da sua qualidade do solo,
ocasionando queda na produtividade dos plantios e empobrecimento dos
produtores. Acarreta também a alteração da qualidade ambiental, como por
exemplo, aumento da erosão hídrica, diminuição da recarga do lençol freático e
contaminação dos cursos d’água.
Estudos conduzidos por Taffarello et al. (2016) sobre disponibilidade de
água e uso da terra, constataram que a mudança da cobertura do solo é crucial no
14

planejamento das bacias hidrográficas responsáveis pelo Sistema de


Abastecimento de Água da Cantareira, São Paulo, Sudeste do Brasil. Segundo os
autores os resultados de 17 amostragens indicaram uma possível contaminação
por nitrato e uma correlação inversa entre a cobertura florestal e a quantidade de
água disponível, apresentando riscos potenciais para a segurança da água.
Embora partir da segunda metade do século XX e início do século XXI
tenha tornado mais perceptível a necessidade da busca pela sustentabilidade em
todas as áreas e segmentos das atividades humanas, os estudos sobre qualidade
do solo no Brasil são recentes. Segundo Cândido et al. (2015) essa temática
passou a receber maior atenção apenas a partir da década de 1990.
Entretanto, nos últimos anos a adoção de índices de qualidade do solo
como parâmetro de sustentabilidade ambiental tem crescido de forma
considerável com a publicação diversos estudos no Brasil (ALVARENGA et al.,
2012; FREITAS et al., 2012; CÂNDIDO et al., 2015) e em outros países
(ARMENISE et al., 2013; BLECKER et al., 2014; D'HOSE et al., 2014).
Segundo Lima et al. (2016) os índices de qualidade do solo apresentam grande
potencial para uso na política de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) aos
agricultores que prestam serviços de conservação do solo e da água.
O PSA tem sido adotado no município de Extrema, MG em especial na
Sub-bacia das Posses, área piloto do Projeto Conservador das Águas, onde os
agricultores prestam serviços de conservação do solo e da água e recebem um
incentivo financeiro gerenciado pela Prefeitura Municipal. No entanto, a
qualidade do solo ainda não é utilizada como uma ferramenta de monitoramento
da sustentabilidade das propriedades da sub-bacia.
Tendo em vista que a qualidade do solo pode ser utilizada como
ferramenta auxiliar ao PSA e também como indicador de sustentabilidade, os
objetivos deste estudo foram: a) avaliar metodologias de obtenção do índice de
qualidade do solo em relação à erosão hídrica e recarga de água, b) realizar um
15

diagnóstico socioeconômico e ambiental da Sub-bacia das Posses que sirva de


subsidio aos tomadores de decisão do município e do Conservador das Águas, e,
c) avaliar o índice de sustentabilidade da sub-bacia das Posses, em Extrema,
MG.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O Projeto Conservador das Águas

Visando amenizar a degradação ambiental generalizada no Brasil,


algumas ações de proteção ao meio ambiente vêm se destacando no cenário
nacional nos últimos anos. Um bom exemplo é a iniciativa da Agência Nacional
de Águas (ANA) que desenvolveu o programa “Produtor de Água” objetivando
concentrar esforços na redução da erosão e assoreamento dos mananciais nas
áreas rurais (SILVA et al., 2013). Esse programa é de adesão voluntária e prevê
o apoio técnico e financeiro à execução de ações de conservação do solo e da
água, como, por exemplo, construção de terraços, bacias de infiltração,
readequação de estradas vicinais, saneamento ambiental, recuperação e proteção
de nascentes, reflorestamento de áreas de proteção permanente e reserva legal
(AGÊNCIA NACIONALO DAS ÁGUAS - ANA, 2013).
O Projeto “Produtor de Água” da ANA já está sendo aplicado em
diversas localidades do Brasil e na cidade de Extrema, MG, apoia o projeto
municipal Conservador das Águas, considerado o primeiro projeto de iniciativa
municipal no Brasil que realiza o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) aos
agricultores familiares, com ênfase na conservação do solo e da água (SILVA et
al., 2013). O Conservador das Águas adotou a Sub-bacia das Posses como área
piloto por apresentar o menor índice de cobertura vegetal do município.
No projeto de Extrema o PSA é destinado aos produtores rurais que
16

contribuem para a proteção e recuperação de mananciais, gerando benefícios


para a bacia e para população, sendo considerado como uma alternativa à
solução ou minimização da problemática ambiental (AVANZI et al., 2011).
Segundo Richards et al. (2015), desde a sua criação em 2005, o projeto conta
com mais de 3.000 ha de Mata Atlântica em processo de restauração ecológica
no município de Extrema.
Os bons resultados obtidos fizeram com que o projeto alcançasse
destaque nacional e internacional, sendo agraciado várias vezes com
premiações no Brasil e no exterior. Destaca-se o “Prêmio Internacional de
Dubai para Boas Práticas” do ano de 2013, que teve como vencedores o
Conservador das Águas e mais 11 projetos entre aproximadamente 400
concorrentes de todo o mundo (AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS - ANA,
2013).

2.2 Indicadores e índices

O termo indicador pode ser definido como uma medida, em geral,


quantitativa, utilizada para ilustrar e demonstrar fenômenos complexos de forma
simples, incluindo a sua evolução e progresso ao longo do tempo. Ele revela, dá
provas e seu significado se estende além do fenômeno de interesse
(EUROPEAN ENVIRONMENT AGENCY - EEA, 2005).
Origina-se do latim indicare, que significa apontar, descobrir, anunciar,
estimar, salientar ou revelar. Indicador é um parâmetro (propriedade medida ou
observada) ou valor derivado de parâmetros que fornece informação sobre um
determinado fenômeno.
Os autores Bitar e Braga (2013), resumem o conceito de indicador em “o
desafio de revelar e comunicar, de maneira simples e objetiva, a ocorrência e a
evolução de um determinado fenômeno cujas características são geralmente
17

complexas”. De acordo com Hardi e Barg (1997) a classificação dos indicadores


em relação às suas funções, os considera indicadores descritivos, quando
resumem medidas individuais em relação à proteção de ecossistemas e divulgam
as informações mais relevantes, ou os considera indicadores de desempenho,
quando associados a metas pré-estabelecidas.
Em relação ao âmbito utilizado, os indicadores podem ser ambientais,
econômicos, sociais e de sustentabilidade, caso englobe as três dimensões
anteriores somadas à dimensão institucional, interligando o crescimento com a
valorização dos recursos naturais (GUIMARÃES, 2008).
Deste modo, o indicador é uma ferramenta de apoio à decisão, e a sua
escolha depende inicialmente das necessidades dos usuários potenciais. Parte-se
de um objetivo a partir do qual se identifica a necessidade de informações de
apoio à decisão, em que tais informações são os indicadores. As variáveis, então,
são escolhidas a partir do que se espera desse indicador (MALHEIROS;
COUTINHO, 2013).
Os índices são conjuntos agregados de parâmetros ou de indicadores,
contendo pesos (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND
DEVELOPMENT - OECD, 1993). Ou seja, um índice é o valor agregado final
de todo um processo de cálculo onde se utilizam, inclusive, indicadores como
variáveis que o compõem (SICHE et al., 2007).

2.3 Índices de qualidade do solo

Dentre os índices de qualidade do solo mais utilizados na literatura


podemos citar o índice de qualidade do solo conhecido como Índice da
Deterioração do Solo (IDS) que foi proposto por Islam e Weil (2000), o Índice
de Qualidade Integrado (IQI) proposto por Doran e Parkin (1994) e o Índice de
Qualidade Nemoro (IQN) proposto por Qin e Zhao (2000).
18

No IDS, a utilização de dados dos atributos físicos, químicos e


biológicos, coletados em solo de uma área de floresta natural não perturbada foi
proposta como referência para montagem de um índice geral da qualidade do
solo, pelo fato do solo sob vegetação natural apresentar as condições ecológicas
de estabilidade do ambiente (SANTANA; BAHIA FILHO, 2002).
Os atributos de qualidade do solo contribuem equitativamente para a
qualidade do solo, sendo atribuído a cada categoria o mesmo peso ponderado, e,
os indicadores dentro de cada categoria de atributos têm a mesma importância
relativa (ARAÚJO; GOEDERT; LACERDA, 2007). Portanto, solos das matas
nativas devem ser considerados como referência aos outros sistemas uso do solo.
Segundo Freitas et al. (2012) este índice mostrou-se eficiente em indicar as
deteriorações causadas no solo na conversão de sistemas nativos em florestas
plantadas, apresentando pouca subjetividade e maior simplicidade de aplicação.
O IQI é gerado a partir de um modelo aditivo que considera as funções
principais do solo e os indicadores de qualidade a elas associados, são atribuídos
pesos tanto para as funções como para os indicadores, sendo o cálculo
processado em duas etapas: primeiro determina-se a qualidade da função
principal do solo e depois se determina o índice integrado da qualidade do solo.
Cada função do solo está associada a um conjunto de indicadores de
qualidade, selecionados para quantificar o desempenho da referida função no
ambiente, e também recebem um peso específico no desempenho da função a
que está associado.
No modelo IQI proposto por Doran e Parkin (1994) o índice de
qualidade do solo é estabelecido tomando-se como referência uma condição
ideal para o pleno desempenho das funções do solo. Esse índice foi utilizado por
Melo Filho, Souza e Souza (2007), Freitas et al. (2012) e Cândido et al. (2015).
No estudo de Freitas et al., (2012), os autores concluíram que o IQI foi eficiente,
identificando as funções principais do solo que apresentavam as melhores e as
19

piores condições nas situações de uso e manejo estudadas. Estudos de Qi et al.


(2009) compararam este índice com outros dois e concluíram que o mesmo
obteve melhor desempenho recomendando-o como padrão internacional em
pesquisas subsequentes.
O IQN baseia-se na média e na pontuação mínima do indicador de
qualidade do solo, sem considerar pesos (QI et al., 2009), sendo que os
resultados são afetados pela pontuação mínima do indicador.
Para a padronização das diferentes unidades de medida dos indicadores,
são utilizadas funções de pontuação padrão (ANDREWS; KARLEN;
MITCHELL, 2002; QI et al., 2009; RAHMANIPOUR et al., 2014).
Essas funções com pontuações variando entre 0,1 e 1 são atribuídas a
cada indicador de acordo a sua sensibilidade do tipo: “mais é melhor” e “menos
é melhor”, no qual a melhor funcionalidade do solo estaria associada a valores
altos e baixos respectivamente (LIEBIG; VARVEL; DORAN, 2001; CÂNDIDO
et al., 2015).
O IQN foi aplicado por Cândido et al. (2015) juntamente com o IQI,
segundo os autores, o IQN foi o mais recomendável para a avaliação da
qualidade do solo, uma vez que elimina qualquer tendência do pesquisador, na
atribuição dos pesos aos atributos do solo.
Estudos de espacialização do índice de qualidade do solo (IQS) foram
realizados por Lima et al. (2016) utilizando atributos químicos e físicos, além de
avaliar a utilização deste índice no pagamento por serviços ambientais na Sub-
bacia das Posses, Extrema, Minas Gerais, representativa do Bioma Mata
Atlântica. Segundo os autores os valores do IQS foram influenciados tanto pela
substituição da mata nativa por povoamento de eucalipto, quanto por pastagens e
culturas anuais, refletindo na redução da qualidade do solo na profundidade
amostrada nos sistemas avaliados. A espacialização do IQS apresentou valores
variando de 0,40 a 0,80, ocorrendo algumas áreas pontuais com elevados índices
20

e algumas com índices iguais a 1,00 (mata nativa). O reflorestamento com


eucalipto condicionou solos, em sua maioria, com baixas deteriorações físicas e
químicas devido ao acúmulo de serrapilheira. Já os menores valores do IQS
estão associados às pastagens com criação extensiva de gado. Os autores
concluíram que o IQS apresenta grande potencial para uso no pagamento de
agricultores que prestam serviços de conservação do solo e água.

2.4 Índice de Sustentabilidade “Barometer of Sustainability”

O “Barometer of Sustainability” - Barômetro da sustentabilidade - foi


desenvolvido por um grupo de especialistas vinculados aos institutos
Internacional Union for Conservation of Nature (IUCN) e International
Development Research Centre (IDRC) (RODRIGUES; RIPPEL, 2015).
Esta metodologia vem sendo bastante utilizada (CARDOSO; TOLEDO;
VIEIRA, 2016; SILVA; VIEIRA 2016; LOURENÇO; CABRAL 2016;
DALCHIAVON; BAÇO; MELLO, 2017) por ser uma ferramenta de fácil
manuseio e por mostrar os resultados de maneira simplificada
(KRONEMBERGER et al., 2008), pela combinação de aspectos ambientais e
socioeconômicos sendo composto de duas partes: bem estar ecológico para os
aspectos ambientais e bem estar humano para os aspectos socioeconômicos.
Uma característica importante é a capacidade de combinar indicadores,
permitindo aos usuários chegarem a conclusões a partir de dados considerados
por vezes, contraditórios (PRESCOTT-ALLEN, 1999, 2001).
A metodologia desenvolvida é realizada por meio de um método
hierarquizado, que inicia com a definição do sistema e da meta, e deve chegar
aos indicadores mensuráveis e seus critérios de desempenho. Uma escala de
desempenho permite que se utilize a medida mais apropriada para cada um dos
indicadores. Sendo que o resultado é um grupo de medidas de desempenho,
21

todas utilizando a mesma escala geral, possibilitando, assim, a combinação e a


utilização conjunta de indicadores (PRESCOTT-ALLEN, 1999).
O “Barometer of Sustainability” é uma ferramenta para a combinação de
indicadores e que mostra seus resultados por meio de índices. Estes índices são
apresentados por meio de uma representação gráfica bidimensional (FIGURA
1), procurando facilitar a compreensão e dar um quadro geral do estado do meio
ambiente e da sociedade.

100
Sustentável
80
Potencialmente
Bem estar ecológico

Sustentável
60
Intermediário
40
Potencialmente
Insustentável
20
Insustentável
0
0 20 40 60 80 100
Bem estar humano

Figura 1 Representação gráfica do método “Barometer of Sustainability”

Representado por uma escala relativa de desempenho, que varia entre 0


e 100, dividida em cinco setores de 20 pontos cada, que indicam condições
como ‘insustentável’, ‘potencialmente insustentável’, ‘intermediário’,
22

‘potencialmente sustentável’ e ‘sustentável’ em um gráfico bidimensional que


representa o estado do bem estar humano e o estado do bem estar ecológico. O
ponto no gráfico definido pelos valores dos estados do bem estar humano e do
bem estar ecológico fornece a situação de sustentabilidade do local considerado.
Estas duas dimensões são conceituadas, por premissa, como equivalentes,
considerando que as questões humanas (socioeconômicas) e ambientais são
igualmente importantes para alcançar o desenvolvimento sustentável
(PRESCOTT-ALLEN, 1999; 2001).
Esta metodologia é destinada às agências governamentais e não
governamentais, tomadores de decisão e pessoas envolvidas com questões
relativas ao desenvolvimento sustentável, em qualquer nível do sistema, do local
ao global (PRESCOTT-ALLEN, 1997).

3 CONSIDERAÇOES FINAIS

Na sub-bacia das Posses, o Projeto Conservador das Águas tem adotado


a política de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) aos proprietários que
adotam práticas conservacionistas.
A qualidade do solo na Sub-bacia das Posses poderá se mostrar uma
ferramenta auxiliar à política de PSA.
O índice de sustentabilidade poderá apontar qual ou quais das
dimensões: ambiental, social, econômica ou institucional, deverão ser
melhoradas para se atingir a sustentabilidade, auxiliando nas decisões político-
administrativas que envolvam a sub-bacia, e ainda servir de referência para
outras áreas com características similares no Brasil.
Este estudo poderá ser utilizado para iniciar o monitoramento da
sustentabilidade da Sub-bacia das Posses, tornando possível a avaliação da
eficácia da aplicação de recursos no desenvolvimento sustentável do local.
23

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29

SEGUNDA PARTE – ARTIGOS


30

Artigo redigido conforme as normas do periódico científico Revista


Brasileira de Ciência do Solo (A2) para a qual foi submetido (versão
preliminar)

ARTIGO 1 AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS DE OBTENÇÃO


DA QUALIDADE DO SOLO COMO FERRAMENTA AUXILIAR
AO PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS

RESUMO

A avaliação quantitativa da qualidade do solo é uma importante


ferramenta na determinação da sustentabilidade e da qualidade ambiental
em sistemas de uso e manejo do solo. Utilizando-se de atributos sensíveis
ao manejo, selecionados por diferentes métodos, é possível construir
diferentes índices numéricos de qualidade do solo. Nesse sentido,
pretendeu-se comparar dois índices de qualidade do solo e dois métodos
de seleção de indicadores para os solos da Sub-bacia das Posses, em
Extrema, MG. Os índices foram construídos a partir de 127 amostras de
solo da camada superficial (0-0,20 m) distribuídos nas cinco classes de
solos que ocorrem na sub-bacia. Os dois métodos de seleção de
indicadores foram: a opinião de especialistas para compor o Conjunto
Total de Dados e a Análise de Componentes Principais para compor o
Conjunto Mínimo de Dados. Já os dois índices analisados foram: o Índice
de Qualidade Integrado e o Índice de Qualidade Nemoro. Concluiu-se
com este estudo que Análise de Componentes Principais mostrou ser uma
ferramenta eficaz na diminuição do volume de dados a ser utilizado no
cálculo da qualidade do solo, contribuindo para a redução do tempo e do
custo de análises em laboratório. O Índice de Qualidade Nemoro
calculado a partir do Conjunto Mínimo de Dados apresentou excelente
coeficiente de determinação com as perdas de água, sendo o modelo mais
recomendado à região. Portanto, é possível o uso deste modelo na decisão
de pagamentos por serviços ambientais em conservação do solo e da água
pelo Projeto Conservador das Águas.

Palavras-chave: sustentabilidade, análise de componentes principais,


indicadores de qualidade do solo.
31

EVALUATION OF METHODOLOGIES FOR OBTAINING SOIL


QUALITY AS AN AUXILIARY TOOL TO PAYMENT FOR
ENVIRONMENTAL SERVICES

ABSTRACT

The quantitative evaluation of soil quality is an important tool in


determining the sustainability and environmental quality of soil. By using
management-sensitive attributes, selected by different methods, it is
possible to construct different numerical quality indices of soil quality. In
regards, it was intended with this study to compare two soil quality
indexes and two methods of selection of indicators for the soils of the
Posses Sub-basin, in Extrema, Minas Gerais State. The indices were
constructed from 127 soil samples of the superficial layer (0-0.20 m)
distributed in the five soil classes of the sub-basin. The two methods of
selecting indicators were: expert opinion to compose the Total Data Set
and Principal Component Analysis to compose the Minimum Set of Data.
The two indexes analyzed were: the Integrated Quality Index and the
Nemoro Quality Index. This study concluded that Principal Component
Analysis showed to be an effective tool in reducing the volume of data to
be used in the calculation of soil quality, contributing to reduce the time
and cost of laboratory analysis. The Nemoro Quality Index calculated
from the Minimum Data Set presented an excellent coefficient of
determination with the water losses, being the most recommended model
in the region. Therefore is possible the use of this model in the decision of
payments for environmental services in soil and water conservation by the
Water Conservation Project.

Keywords: sustainabitly; principal components analysis, soil quality


indicators
32

INTRODUÇÃO

Os estudos sobre qualidade do solo são recentes no Brasil.


Segundo Cândido et al. (2015) apenas a partir da década de 1990 que o
tema começou a receber atenção. Entretanto, nos últimos anos a adoção
de índices de qualidade do solo como parâmetro de sustentabilidade
ambiental tem crescido de forma considerável com a publicação diversos
estudos no Brasil (Alvarenga et al., 2012; Freitas et al., 2012; Cândido et
al., 2015) e em outros países (Armenise et al., 2013; Blecker et al., 2014;
D'Hose et al., 2014).

A qualidade do solo em relação à erosão hídrica e à recarga de


água têm sido estudada utilizando diferentes metodologias. Silva et al.
(2005) avaliaram os atributos físicos: resistência à penetração,
estabilidade de agregados, densidade do solo e porosidade como
indicadores de qualidade do solo para a Bacia Hidrográfica do Alto Rio
Grande. Para a mesma bacia hidrográfica Alvarenga et al. (2012)
aplicaram um índice relacionado à recarga de água subterrânea, sendo que
o mesmo era uma combinação linear de três indicadores relacionados à
permeabilidade de água no solo: macroporosidade, densidade do solo e
condutividade hidráulica saturada.

Também técnicas estatísticas multivariadas têm sido utilizadas na


avaliação de índices de qualidade do solo. Como exemplos, pode-se citar
o trabalho desenvolvido por Nosrati (2013) que avaliou indicadores de
qualidade do solo em relação à erosão hídrica em solos com diferentes
usos no Irã, e, o desenvolvido por Cândido et al. (2015) que gerou índices
de qualidade do solo em relação à erosão hídrica por dois métodos de
33

indexação, analisando a acurácia dos mesmos na discriminação dos


diferentes tratamentos.

No Brasil, estudos dessa natureza estão se tornando cada vez mais


comuns, especialmente no Sudeste, podendo estar relacionado à intensa
escassez hídrica que ocorreu nos anos de 2014 e 2015 e que colocou em
risco o abastecimento de centros urbanos como as cidades de São Paulo e
Belo Horizonte.

Segundo Lima et al. (2016) os índices de qualidade do solo


apresentam grande potencial para uso na política de Pagamento por
Serviços Ambientais (PSA) aos agricultores que prestam serviços de
conservação do solo e da água. O PSA é uma tendência que cresce no
Brasil, sendo um dos primeiros incentivos econômicos que
instrumentalizou a valoração dos serviços ecossistêmicos que visa
substituir o princípio do Usuário-Pagador pelo princípio do Provedor-
Recebedor.

Esta mudança de paradigmas está ganhando força no Brasil graças


ao Projeto Conservador das Águas, de Extrema, MG. Segundo Zolin et al.
(2014) e Richards et al. (2015), o Projeto Conservador das Águas é
considerado o primeiro do Brasil a adotar PSA sob a responsabilidade de
um município, sendo a Sub-bacia das Posses a área piloto do projeto. Esta
sub-bacia faz parte da bacia fornecer água para nove milhões de pessoas
da região metropolitana de São Paulo e para três milhões na região
metropolitana de Campinas (Extrema, 2015).

A Sub-bacia das Posses é uma área de relevante interesse


socioambiental do Brasil e a avaliação de metodologias de obtenção da
34

qualidade do solo em relação à recarga de água no solo e à minimização


da erosão hídrica se mostra necessária para embasar estudos futuros e
para o monitoramento ambiental do local.

A hipótese deste estudo é que a qualidade do solo pode ser


utilizada como uma ferramenta auxiliar na política de PSA. Nesse
sentido, o objetivo deste estudo foi aplicar e comparar dois métodos de
seleção de indicadores e duas metodologias distintas de obtenção do
índice de qualidade do solo na Sub-bacia das Posses, em Extrema, MG,
utilizando-se atributos de natureza física e química do solo, validando-os
com dados de perdas de água da sub-bacia, e ainda, definir o modelo mais
adequado para ser utilizado pelo Projeto Conservador das Águas.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo

Extrema é um dos quatro municípios sul-mineiros contribuintes do


Sistema Cantareira no estado de São Paulo. A Sub-bacia das Posses é
uma das sete que compõem este município que está inserido na Bacia
hidrográfica do Rio Jaguari, área de jurisdição referente ao Comitê de
Bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ).
Localiza-se entre as coordenadas UTM 374.500 e 371.500 de longitude E
e 7.468.200 e 7.474.800 de latitude S (Datum SAD 69) com altitude
variando de 950 a 1.450 m (Figura 1).
35

Figura 1. Localização da Sub-bacia das Posses, Extrema, MG.

Em termos climáticos, com base na classificação Köppen e


estudos de Alvares et al. (2013), apresenta um clima do tipo Cfb,
oceânico sem estação seca com verão temperado, pluviosidade média
anual de 1.499 mm, com temperaturas médias máxima de 20,2 ºC no mês
de fevereiro e mínima de 13,5 ºC no mês de julho.
A Sub-bacia das Posses possui uma área de 1.196,7 ha com relevo
principalmente referente às classes: ondulado e forte ondulado e uso do
solo predominante de pastagem extensiva com ausência de práticas
conservacionistas (Lima et al., 2014).
36

Encontra-se inserida no Bioma Mata Atlântica com predominância


de cinco classes de solo: Cambissolo Háplico (29 % da área), Cambissolo
Húmico (10 %), Argissolo Vermelho-Amarelo (40 %), Neossolo Flúvico
(10 %) e Neossolo Litólico (11 %) (Lima et al., 2014).

Descrição metodológica

A seleção de indicadores pela opinião de especialistas para


compor o Conjunto Total de Dados (CTD) levou em consideração a
experiência de pesquisadores da área com base na literatura (Silva et al.,
2005; Alvarenga et al., 2012; Cândido et al., 2015). Por outro lado, para
selecionar indicadores do Conjunto Mínimo de Dados (CMD) utilizou-se
a Análise de Componentes Principais (ACP), uma ferramenta de redução
de dados já utilizada em outros estudos de qualidade do solo, quando
foram selecionandos indicadores de natureza física e química (QI et al.,
2009, Yu-Dong et al., 2013; Singh et al., 2014) e biológica (Bartz et al.,
2013) do solo. A ACP foi processada pelo software R (R Development
Core Team, 2016), por meio do pacote vegan (Oksanen et al., 2016).
Os indicadores de qualidade do solo escolhidos para compor o
CTD foram: areia total (AT), condutividade hidráulica saturada (Ks),
volume total dos poros (VTP), macroporosidade (MA), saturação por
alumínio (m), diâmetro médio geométrico (DMG), matéria orgânica do
solo (MOS) e densidade do solo (DS).
A qualidade do solo (QS) para as cinco classes de solos da Sub-
bacia das Posses foi construída a partir de dois índices de qualidade: o
Índice de Qualidade Integrado (IQI), modelo proposto por Doran e Parkin
(1994) e o Índice de Qualidade Nemoro (IQN), proposto por Qin e Zhao
37

(2000).
Os índices foram construídos a partir dos dados de 127 amostras
de solo da camada superficial (0-0,20 m) distribuídos pela sub-bacia em
uma grade aproximadamente regular (FIGURA 2).

Figura 2. Distribuição dos pontos de coleta de amostra de solos na Sub-


bacia das Posses, Extrema, MG.

O IQI foi gerado a partir de um modelo aditivo que considera as


funções principais do solo e os indicadores de qualidade a elas
associados, sendo atribuídos pesos tanto para as funções como para os
indicadores, e seu cálculo foi processado em duas etapas conforme
mostram as equações 1 e 2.
38

QFP = I1(W1) + I2(W2) + In(Wn) (1)


IQI = QFP1 (WFP1) + QFP2 (WFP2) (2)

Em que:
QFP - qualidade da função principal do solo;
I - escores padronizados dos indicadores de qualidade
relacionados a cada função principal;
W - ponderadores relacionados a cada indicador ou a cada função
principal;
IQI - índice integrado da qualidade do solo.

Neste estudo foram definidas duas funções do solo: Promover a


Recarga de Água no Solo (PRAS) e Minimizar a Erosão Hídrica (MEH).
Para cada função do solo foi assumida a igualdade de importância,
com atribuição de peso 0,5 para cada uma delas. A cada função do solo
foi associada a um conjunto de indicadores de qualidade, selecionados
para quantificar o desempenho da referida função no ambiente, e também
receberam um peso específico no desempenho da função a que está
associado (Quadros 1 e 2).
39

Quadro 1. Funções principais do solo e indicadores de qualidade, com


seus respectivos pesos, para determinação do Índice de Qualidade
Integrado do solo utilizando o Conjunto Total de Dados selecionado pela
opinião de especialistas, na Sub-bacia das Posses, Extrema, MG.
Função Peso da Indicador de
Peso do indicador
Principal(1) função qualidade
-1
AT (g kg ) 0,15
Ks (mm h-1) 0,15
PRAS 0,5 MA (m3 m-3) 0,15
DS (kg dm-3) 0,15
MOS (g kg-1) 0,40
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ks (mm h-1) 0,10
VTP (m3 m-3) 0,10
MA (m3 m-3) 0,10
MEH 0,5 m (%) 0,10
DMG (mm) 0,25
DS (kg dm-3) 0,10
MOS (g kg-1) 0,25
(1) PRAS: Promover a Recarga de Água no Solo, MEH: Minimizar a Erosão Hídrica. AT: areia
total, Ks: condutividade hidráulica saturada, VTP: volume total de poros, MA: macroporosidade,
m: saturação por alumínio, DMG: diâmetro médio geométrico, DS: densidade do solo, MOS:
matéria orgânica do solo.

Quadro 2. Funções principais do solo e indicadores de qualidade, com seus


respectivos pesos, para determinação do Índice de Qualidade Integrado do solo
utilizando o Conjunto Mínimo de Dados selecionado por Análise de
Componentes Principais, na Sub-bacia das Posses, Extrema, MG.
Função Indicador de
Peso da função Peso do indicador
Principal(1) qualidade
-1
AT (g kg ) 0,30
PRAS 0,5 Ks (mm h-1) 0,50
VTP (m3 m-3) 0,20
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Ks (mm h-1) 0,25
VTP (m3 m-3) 0,15
MEH 0,5
m (%) 0,10
MOS (g kg-1) 0,50
(1) PRAS: Promover a Recarga de Água no Solo, MEH: Minimizar a Erosão Hídrica. AT: areia
total, Ks: condutividade hidráulica saturada, VTP: volume total de poros, m: saturação por
alumínio, MOS: matéria orgânica do solo.

O IQN proposto por Qin e Zhao (2000), baseia-se na média e na


pontuação mínima do indicador de qualidade do solo, sem considerar
pesos (Qi et al., 2009), sendo que os resultados são afetados pela
40

pontuação mínima do indicador (Van Der Ploeg et al., 1999).


Após padronização das unidades dos indicadores foi obtido o IQN
utilizando a equação 3.

IQN = x (3)

Em que:
Pmed - média das pontuações obtidas pelos indicadores em cada
ponto amostral
Pmin - mínimo das pontuações obtidas pelos indicadores em cada
ponto amostral e
n - número de indicadores.

Antes da seleção dos indicadores por ACP e do cálculo dos


índices, foi realizada a padronização das diferentes unidades de medida
dos indicadores, utilizando funções de pontuação padrão (FPP) (Karlen e
Stott, 1994; QI et al., 2009), descritas no Quadro 3. Os valores máximos e
mínimos de cada indicador foram considerados como limites superiores
(U) e inferiores (L) (Rahmanipour et al., 2014). Os valores assim obtidos
foram usados nas FPP para normalização dos resultados, sendo x o valor
do indicador selecionado em cada amostra de solo e N(x), o valor
normalizado de cada indicador (Quadro 3).
41

Quadro 3. Funções de pontuação padrão para os indicadores de


qualidade do solo da Sub-bacia das Posses, Extrema, MG.
Tipos de
Indicador L U FPP(2)
Função(1)
AT (g kg-1) MB 19,00 95,00
Ks (mm h-1) MB 0,01 110,05
0,1 ≤
3 -3 ⎧ −
VTP (m m ) MB 39,06 68,96
( ) = 0,9 + 0,1 < <
⎨ −
MA (m3 m-3) 3,97 44,07
MB ⎩ 1 ≥
MOS (g kg-1) MB 0,80 91,00
DMG (mm) MB 0,22 4,86
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
1 ≤
DS (kg dm-3) LB 0,80 1,60 ⎧ −
( ) = 1 − 0,9 − < <

m (%) LB 0,50 6,10
⎩ 0,1 ≥
(1) Tipos de funções: mais é melhor (MB) e menos é melhor (LB). (2) Funções de Pontuação
Padrão (FPP), nessas duas equações x é o valor do indicador; N(x) é a pontuação do indicador
variando entre 0,1 e 1; e L e U são os valores dos limites inferiores e superiores, respectivamente.
AT: areia total, Ks: condutividade hidráulica saturada, VTP: volume total de poros, MA:
macroporosidade, m: saturação por alumínio, DMG: diâmetro médio geométrico, DS: densidade
do solo, MOS: matéria orgânica do solo.

Essas funções com pontuações variando entre 0,1 e 1 foram


atribuídas a cada indicador de acordo com a sensibilidade desses do tipo:
“mais é melhor” (MB) e “menos é melhor” (LB) (Quadro 3 e Figura 3),
no qual a melhor funcionalidade do solo estaria associada a valores altos e
baixos, respectivamente.
42

1
A.)
0,75

0,5

0,25
Função de Pontuação Padrão

0
0 20 40 60 80 100
Areia Total (%)

0,75 B.)

0,5

0,25

0
10 20 30 40 50 60
Saturação por Alumínio m (%)

Indicador de qualidade do solo

Figura 3. Curvas de padronização de escores do tipo ‘mais é melhor’


(MB) em (A) e ‘menos é melhor’ (LB) em (B) de indicadores utilizados
na construção dos índices de qualidade do solo para a Sub-bacia das
Posses, Extrema, MG.

Para validar os índices de qualidade do solo foram realizadas


relações lineares entre os dados de perda de água e os dados de qualidade
do solo referentes às classes de solos que existem parcelas de erosão
instaladas na sub-bacia.
Os valores dos índices de qualidade do solo calculados para cada
classe de solo da sub-bacia foram submetidos à análise de variância e,
quando pertinente, ao teste de médias (Scott-Knott), ao nível de 5 % de
probabilidade, utilizando o software Sisvar (Ferreira, 2011).
43

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com o uso da Análise de Componentes Principais foi possível


selecionar cinco indicadores de qualidade do solo, uma vez que cinco
Componentes Principais (CPs) apresentaram auto-valores ≥1, com valores
variando de 1,121 a 2,340 (Quadro 4).

Quadro 4. Resultados da Análise de Componentes Principais de


indicadores de qualidade do solo na Sub-bacia das Posses, Extrema, MG.
CP-1 CP-2 CP-3 CP-4 CP-5
Auto-valores 2,340 1,424 1,068 1,033 1,121
Variância (%) 29,25 17,8 13,35 12,91 10,35
Variância cumulativa (%) 29,25 47,05 64,85 78,2 91,11
Auto-vetores
AT -0,038 0,361 -0,435 -0,029 0,663
Ks 0,155 0,525 -0,232 -0,233 -0,612
VTP 0,615 -0,086 0,044 0,107 0,098
MA 0,467 0,13 -0,018 -0,15 -0,005
m 0,002 0,397 0,637 0,317 0,305
DMG 0,006 0,432 0,348 -0,599 0,172
DS 0,609 -0,075 0,029 0,143 0,075
MOS -0,069 0,467 -0,105 0,655 -0,212
AT: areia total, Ks: condutividade hidráulica saturada, VTP: volume total de poros, MA:
macroporosidade, m: saturação por alumínio, DMG: diâmetro médio geométrico, DS: densidade
do solo, MOS: matéria orgânica do solo. CP: componente principal; valores em negrito em cada
componente são altamente ponderados e os valores em negrito e sublinhados referem-se aos
indicadores selecionados para o Conjunto Mínimo de Dados.

Foram considerados como variáveis altamente ponderadas cinco


CPs, e, quando mais de um fator foi responsável por maior peso, foi
aplicada uma análise de correlação para decidir se os indicadores eram
redundantes (Andrews et al., 2002). Apesar de na CP-1 os valores de VTP
e DS terem registrado pesos elevados, 0,615 e 0,609 respectivamente
(Quadro 4), apenas o fator VTP foi incluído no CMD por apresentar um
44

coeficiente de correlação elevado (p < 0,01), escolhido em última


instância pelo maior peso absoluto que apresentou. O mesmo ocorreu na
CP-4 entre DMG e MOS, quando foi escolhido o último indicador.
Segundo Andrews et al. (2002) a ACP define eixos de
componentes principais que explicam a variância máxima dentro do
conjunto, descrevendo vetores de ajuste mais próximo às n observações
no espaço p-dimensional, sujeito a ser ortogonal um a outro. No caso
deste estudo, as cinco CPs que selecionaram os indicadores do CMD
explicam a variância cumulativa de 91,11 % (Quadro 4).
O CMD resultante incluiu os seguintes indicadores: areia total
(AT), condutividade hidráulica saturada (Ks), volume total de poros
(VTP), saturação por alumínio (m) e matéria orgânica do solo (MOS).
A fim de verificar a influência do método de seleção de
indicadores sobre o valor obtido de qualidade do solo nos 127 pontos
amostrados na Sub-bacia das Posses, foram realizadas Correlações de
Pearson entre os valores de qualidade do solo de IQICTD x IQICMD e de
IQNCTD x IQNCMD.
Os coeficientes de correlação encontrados foram: r = 0,91 e r =
0,79 para os valores de qualidade do solo determinados pelos índices de
IQNCTD x IQNCMD e IQICTD x IQICMD, respectivamente. Esses valores de
correlação são considerados muito forte e forte, respectivamente.
O coeficiente de correlação mais elevado foi encontrado quando o
modelo IQI foi utilizado, confirmado pelo valor de R2 de 0,84 da relação
linear entre os dois métodos de seleção de indicadores (Figura 4). Esse
resultado corrobora com aquele encontrado por Rahmanipour et al. (2014)
que também obtiveram maior valor de R2 para o IQI.
45

1
A.)

0,8

0,6

0,4

ŷ = 0,0999 + 0,8102x
Conjunto Mínimo de Dados (CMD)

0,2 R² = 0,84

0
0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

1
B.)
B.)
0,8

0,6

0,4
ŷ = 0,1464 + 0,9008x
R² = 0,63
0,2

0
0 0,2 0,4 0,6 0,8

Conjunto Total de Dados (CTD)


Figura 4. Relações lineares entre os valores de qualidade do solo obtidos
pelos dois métodos de seleção de indicadores, Conjunto Total de Dados e
Conjunto Mínimo de Dados, em dois índices de qualidade do solo, Índice
de Qualidade Integrado em (A) e Índice de Qualidade Nemoro em (B),
Sub-bacia das Posses, Extrema, MG.
46

No entanto essa correlação mais forte entre IQICTD e IQICMD não


indica precisamente que o IQI é superior ao IQN, uma vez que os valores
de QS calculados pelo primeiro podem estar sendo influenciados pelos
pesos atribuídos empiricamente às funções do solo e a cada indicador.
Quanto ao IQN, Yu-Dong et al. (2013) salientam que se trata de um
método que baseia na média e na pontuação mínima do indicador de
qualidade do solo, sem considerar pesos.
Portanto o IQNCMD tende a apresentar valores de qualidade do
solo mais distantes daqueles provenientes do IQNCTD, uma vez que a ACP
elimina alguns indicadores, e seus valores mínimos deixam de ser
considerados no cálculo (valores mínimos apresentados no Quadro 3)
ademais, modificam-se também os valores médios dos indicadores que
são também utilizados no IQN, justificando assim o menor valor de R2 da
relação linear na Figura 3B.
Os valores de qualidade do solo obtidos para cada classe de solo
que ocorre na Sub-bacia das Posses, calculados pelas duas metodologias
combinadas com os dois métodos de seleção de indicadores, podem ser
visualizados no Quadro 5. Nota-se que somente foi possível estratificar,
estatisticamente, por classe de solo, os valores de QS calculados pelo
IQNCMD.
47

Quadro 5. Valores de perdas de água e de qualidade do solo obtidos a


partir de dois métodos de seleção de indicadores (Conjunto Mínimo de
Dados e Conjunto Total de Dados) e dois índices de qualidade do solo
(Índice de Qualidade Integrado e Índice de Qualidade Nemoro), Sub-
bacia das Posses, Extrema, MG.
Perdas de água IQNCTD IQNCMD IQICTD IQICMD
Solo1 -1
(mm ano )
PVA 23,76 0,38 a 0,49 a 0,55 a 0,54 a
RL 29,21 0,36 a 0,45 ab 0,48 a 0,50 a
RY 38,45 0,33 a 0,43 ab 0,47 a 0,48 a
CX 48,42 0,32 a 0,41 b 0,44 a 0,47 a
CH * 0,35 a 0,45 ab 0,52 a 0,51 a
1
PVA: Argissolo Vermelho-Amarelo, RL: Neossolo Litólico; RY: Neossolo Flúvico; CX:
Cambissolo Háplico; CH: Cambissolo Húmico. *Ausência de dados de perda de água para essa
classe de solo. Valores seguidos pela mesma letra nas colunas, dentro de cada região, não diferem
estatisticamente entre si pelo teste Scott-Knott, a 5 %.

Segundo Cândido et al. (2015), o IQN é o método mais


recomendável para a avaliação da qualidade do solo, uma vez que elimina
qualquer tendência do pesquisador, na atribuição dos pesos aos
indicadores. No entanto, outros autores como Qi et al. (2009)
recomendam o IQI como padrão internacional para pesquisas em QS.
Cada índice com as suas particularidades, pode-se dizer que ambos são
muito bem aceitos pela comunidade científica.
Os valores de qualidade do solo apurados pelos índices e métodos
de seleção de indicadores testados apresentaram elevada correlação
negativa com as perdas de água verificadas em quatro classes de solo da
sub-bacia (Figura 5). Essas relações são confirmadas pelos altos valores
de R2 obtidos entre as perdas de água e os IQS (Quadro 6).
48

60
A.)
50

40

30

20

10
Perdas de água (mm ano-1)

0
0,3 0,35 0,4 0,45 0,5

60
B.)

50

40

30

20

10
CTD CMD
0
0,43 0,46 0,49 0,52 0,55

Índices de Qualidade do Solo


Figura 5. Relações lineares entre os valores de perda de água e os valores
de qualidade do solo calculados pelos índices Índice de Qualidade
Nemoro em (A) e Índice de Qualidade Integrado em (B) utilizado os dois
métodos de seleção de indicadores testados (Conjunto Total de Dados e
Conjunto Mínimo de Dados), Sub-bacia das Posses, Extrema, MG.
49

Quadro 6. Equações de regressão e coeficientes de determinação das


validações dos índices de qualidade e dos métodos de seleção de
indicadores de qualidade, utilizando os dados de perda de água da Sub-
bacia das Posses, Extrema, MG.
Índice e método
Equação da regressão R2
de seleção de indicador
IQNCTD ŷ = 177,95 - 321,78x 0,87
IQNCMD ŷ = 175,62 - 406,4x 0,94
IQICTD ŷ = 140,41 -217,3x 0,80
IQICMD ŷ = 212,7 - 357,37x 0,85

Essa relação inversa entre IQS e perdas de água superficial é


normalmente esperada uma vez que o processo erosivo interfere
negativamente nos atributos do solo utilizados como indicadores de
qualidade como, por exemplo, o teor de MOS (Rhoton e Tyler, 1990).
Pode-se verificar no Quadro 6 que a sequencia decrescente das
validações dos valores de QS para a Sub-bacia das Posses utilizando os
coeficientes de determinação é: IQNCMD > IQNCTD > IQICMD > IQICTD.
Nota-se também que dentro de cada índice o CMD melhorou a
validação dos modelos uma vez que a ACP eliminou indicadores que não
contribuíam para a precisão dos modelos. Segundo Andrews et al. (2002)
um pequeno número de indicadores de qualidade do solo escolhidos
cuidadosamente podem fornecer informações precisas quando usados em
índices simples.
50

60 0,50
48,42
50 0,48
Classe de solo (%)

38,45 0,46
40

IQNCMD
29,21 0,44
30 23,76
0,42
20
0,40
10 0,38

0 0,36
PVA CX RY RL CH
Classes de solos
-1
Área da de
Classes classe
solode solo
(%) ano-1)
Perdas de água (mm ano ) IQN
IQNCMD
CMD

Figura 6. Representação gráfica dos valores de qualidade do solo


(IQNCMD), perdas de água e percentagem das classes de solo que ocorrem
na Sub-bacia das Posses, Extrema, MG.

A Figura 6 apresenta o comportamento inverso entre a qualidade


do solo e a perda de água, de acordo com a classe de solo. A figura
também mostra a representatividade de cada classe de solo na sub-bacia.
Nota-se que a classe dos Cambissolos Háplicos é a que apresenta a menor
qualidade do solo e maior perda de água. Portanto as propriedades rurais
que apresentam esta classe de solo devem receber maior atenção do
projeto, visando estabelecer práticas que melhore a qualidade do solo em
relação à recarga de água e minimização da erosão hídrica.

A qualidade do solo neste local deve ser monitorada, tendo em


vista a possibilidade do seu uso como ferramenta auxiliar da política de
PSA. Nesse sentido, este estudo se mostra oportuno, especialmente pela
proposta de utilização da qualidade do solo aplicada ao PSA na sub-bacia
51

piloto do Projeto Conservador das Águas, referência para diversas


localidades do Brasil e do mundo.

CONCLUSÕES

A ACP mostrou ser uma ferramenta eficaz na diminuição do


volume de dados a ser utilizado no cálculo da qualidade do solo,
contribuindo para a redução do tempo e do custo de análises em
laboratório.
O IQN calculado a partir do CMD apresentou excelente
coeficiente de determinação com as perdas de água, possibilitando o uso
na decisão de pagamentos por serviços ambientais em conservação do
solo e da água pelo Projeto Conservador das Águas, portanto foi o
modelo mais recomendado à região.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à CAPES, ao CNPq (305010/2013-1) e à


FAPEMIG (CAGPPM 00422-13 e CAGAPQ01053-15) pelas bolsas e
recursos financeiros aplicados no estudo, e à Prefeitura Municipal de
Extrema pelo suporte logístico e financeiro.
52

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56

ARTIGO 2 DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO E AMBIENTAL POR


MEIO DE INDICADORES: Estudo de caso na sub-bacia piloto do Projeto
Conservador das Águas, Extrema, MG

SOCIO-ECONOMIC AND ENVIRONMENTAL DIAGNOSIS BY


INDICATORS: Case study in the pilot sub-basin of the Water
Conservation Project, Extrema, MG

RESUMO

O diagnóstico socioeconômico e ambiental pode ser uma ferramenta


valiosa nas tomadas de decisão politico-administrativas, especialmente quando
se deseja maximizar os resultados da aplicação de investimentos públicos,
destacando o pagamento por serviços ambientais (PSA). Neste sentido, objetivo
deste estudo foi definir e caracterizar indicadores sociais, econômicos e
ambientais da Sub-bacia das Posses em Extrema, MG com o propósito de servir
como subsidio aos tomadores de decisão do município e do Conservador das
Águas, visando o desenvolvimento sustentável do local. Na coleta de dados para
elaboração dos indicadores sociais, econômicos e ambientais da Sub-bacia das
Posses foram aplicados questionários semiestruturados com perguntas abertas,
fechadas e mistas em 35 propriedades rurais, também foi feita uma análise do
mapa de uso do solo da sub-bacia para determinação dos principais usos e suas
implicações na sustentabilidade do local. Dentre os principais resultados deste
estudo, pode-se citar a baixa escolaridade da população adulta (média de 5,37
anos de estudo por pessoa), taxa de desemprego de 3,52% da população, índice
de Gini de 0,536 (revelando forte desigualdade social), elevada área da sub-
bacia com uso agrossilvipastoril (84,83%), coleta de lixo e esgotamento sanitário
presente, mas com necessidade de tratamento de esgoto em várias propriedades.
Alguns aspectos devem ser melhorados, como por exemplo, a substituição de
fossas negras por outro tipo que não cause contaminação do solo e do lençol
freático, e, a necessidade de potencializar as atividades produtivas e agregar
valor aos produtos, especialmente por meio de certificações e negociação por
meio de cooperativas e associações.

Palavras-chave: Qualidade ambiental. Sustentabilidade. Indicadores de


sustentabilidade.
57

ABSTRACT

Socioeconomic and environmental diagnosis can be a valuable tool in


political-administrative decision-making, especially when it is desired to
maximize the results of the application of public investments, highlighting the
payment for environmental services (PSA). In this sense, the objective of this
study was to conduct a survey of social, economic and environmental indicators
of the Posses Sub-basin in Extrema, Minas Gerais State, with the purpose of
serving as a subsidy to decision-makers in the municipality and Water
Conservation Project, aiming at sustainable development of the place. In the data
collection for the elaboration of the social, economic and environmental
indicators of the Posses Sub-basin, semi-structured questionnaires with open,
closed and mixed questions were applied in 35 farms, an analysis of the land use
map of the sub-basin to determine the main uses and their implications for the
sustainability of the site. Among the main results of this study were low
schooling of the adult population (mean of 5.37 years of study per person),
unemployment rate of 3.52% of the population, Gini index of 0.536 (revealing
high social inequality), high area of the sub-basin with agroforestry use
(84.83%), garbage collection and sanitary sewage present, but with the need to
treat sewage in several properties. Some aspects should be improved, such as the
replacement of cesspool by septic tanks or by evapotranspiration tank, to avoid
soil and underground water contamination, and the need to improve the
productive activities and the values of products, especially by certifications and
negotiation through cooperatives and associations.

Keywords: Environmental quality. Sustainability. Indicators of sustainability.


58

1 INTRODUÇÃO

A identificação de indicadores é essencial para monitorar o progresso


rumo ao desenvolvimento sustentável, estes devem proporcionar unidades
gerenciáveis de informações das condições econômicas, ambientais e sociais
(BÖHRINGER; JOCHEM, 2007).

Segundo Pereira e Ortega (2012), os indicadores são valiosos


instrumentos de diagnóstico de uma determinada realidade com o intuito de
auxiliar os tomadores de decisão, e, viabilizam a maximização de resultados da
aplicação de investimentos públicos (JANNUZZI, 2005).

Para Lopes e Guerra (2016), inicialmente, os indicadores e índices eram


mais utilizados pelas áreas técnicas e econômicas, no entanto, atualmente, os
mesmos passaram a agregar as dimensões da sustentabilidade, passando a serem
adotados por diversos órgãos públicos e entidades. De acordo com Jannuzzi
(2005), há um crescente interesse pelos indicadores com aplicação nas
atividades ligadas ao planejamento governamental, formulação e avaliação de
políticas públicas pelas diferentes esferas da administração pública. Também é
crescente o interesse por esses indicadores pelas organizações não
governamentais (ONGs), institutos de pesquisa e universidades em todo o
mundo (MARZALL; ALMEIDA, 2000).

No contexto das mudanças de paradigmas que vem ocorrendo no Brasil


com a gradativa substituição do princípio do Usuário-Pagador pelo princípio do
Provedor-Recebedor foi criado em 2005 o Projeto Conservador das Águas em
Extrema, MG que realiza pagamento por serviços ambientais (PSA) aos
agricultores familiares, que comprovadamente contribuem para a proteção e
recuperação de mananciais, gerando benefícios para a bacia e a população
(AVANZI et al., 2011). O Conservador das Águas é considerado o projeto
pioneiro no Brasil a adotar PSA sob a responsabilidade de um município
59

(RICHARDS et al., 2015).

A Sub-Bacia das Posses foi escolhida como área referência do Projeto


Conservador das Águas que é apoiado pela Agência Nacional das Águas (ANA).
Neste local, diversos estudos têm sido desenvolvidos por vários órgãos de
pesquisa do Brasil, no entanto, observa-se uma lacuna de pesquisa quando se
tratava de um estudo que abrange as dimensões da sustentabilidade neste local.

Tendo em vista que a utilização de indicadores surge da necessidade de


avaliação do processo de desenvolvimento de um local e deve se valer das
dimensões da sustentabilidade e não somente da econômica como é
rotineiramente difundido (TOSTES; FERREIRA, 2017), o objetivo deste estudo
foi definir e caracterizar indicadores sociais, econômicos e ambientais da Sub-
bacia das Posses em Extrema, MG, com o propósito de gerar um diagnóstico do
local, servindo de subsídio aos tomadores de decisão do município e do
Conservador das Águas.
60

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Caracterização da área de estudo

A Sub-bacia das Posses é uma das sete que compõem o município de


Extrema, Minas Gerais, e faz parte do Sistema Cantareira, um dos maiores
sistemas produtores de água do mundo (LIMA et al., 2014). Esta sub-bacia está
inserida na área de jurisdição referente ao Comitê de Bacias hidrográficas dos
rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ).
O clima, segundo a classificação de Köppen e estudos de Alvares et al.
(2013), é do tipo Cfb, oceânico sem estação seca com verão temperado,
pluviosidade média anual de 1.499 mm, com temperaturas médias máxima de
20,2 ºC no mês de fevereiro e mínima de 13,5 ºC no mês de julho.
Segundo Carvalho e Scolforo (2008) Extrema está inserida no bioma
Mata Atlântica e possui 16,52% da sua área total ocupada com remanescentes
florestais nativos.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) definido para o município
em 2010 foi de 0,732 segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2017) e as principais atividades econômicas desenvolvidas estão
relacionadas a uma forte atividade industrial, à pecuária leiteira e ao turismo
ecológico (JARDIM, 2010).
A Sub-bacia das Posses está inserida na Bacia hidrográfica do Rio
Jaguari, localizada entre as coordenadas UTM 374.500 e 371.500 de longitude E
e 7.468.200 e 7.474.800 de latitude S (Datum SAD 69) e entre as altitudes de
950 a 1.450 m. A Figura 1 mostra a localização geográfica da Sub-bacia das
Posses.
61

Figura 1 Localização da Sub-bacia das Posses, Extrema, MG

Esta sub-bacia apresenta uma área de 1.196,7 ha com relevo


principalmente referente às classes: ondulado e forte ondulado e predominância
de cinco tipos de solo: Cambissolo Háplico (29% da área), Cambissolo Húmico
(10%), Argissolo Vermelho-Amarelo (40%), Neossolo Flúvico (10%) e
Neossolo Litólico (11%) (LIMA et al., 2014).

2.2 Descrição metodológica

Por se tratar de parte de um município e não da sua totalidade, há


dificuldade na aquisição de dados secundários e para elaboração do estudo foi
realizada coleta de dados in situ por meio de entrevistas na sub-bacia.
62

As entrevistas se basearam na metodologia descrita por Carniel et al.


(1994) com a aplicação de questionários semiestruturados com perguntas
abertas, fechadas e mistas (APÊNDICE A). Foi utilizada a amostragem não
probabilística, segundo Alencar (1999), selecionando 35 propriedades rurais
dentre as 108 existentes na sub-bacia, por meio de sorteio, podendo ser aderidas
ou não aderidas ao Conservador das Águas.

As entrevistas foram realizadas somente por um pesquisador, que esteve


presente durante todo o tempo e ofereceu suporte para que não houvesse
enganos de interpretação, esclarecendo eventuais dúvidas. A pesquisa foi
respondida pelo principal tomador de decisões da propriedade. As perguntas
buscaram diagnosticar a estrutura fundiária, infraestrutura rural e construídos
indicadores referentes às dimensões social, econômica e ambiental da Sub-bacia
das Posses.
Quanto à estrutura fundiária e infraestrutura rural foram verificados os
tamanhos das propriedades rurais, a natureza da posse da terra, a qualidade das
estradas e a presença de energia elétrica nas propriedades.
Na dimensão social as entrevistas foram feitas com objetivo de coletar
dados para elaboração de indicadores referentes aos temas “Saúde”, “Educação”
e “Habitação”. No tema “Saúde” foram construídos os indicadores: “Acesso a
planos de saúde”, e “Oferta de serviço básico de saúde”. No tema “Educação”
foram construídos os indicadores: “Taxa de alfabetização” e “Taxa de
escolaridade da população adulta”. No tema “Habitação” foi construído apenas o
indicador “Adequação da moradia”.

Na dimensão econômica foram elaborados indicadores referentes aos


temas “Equidade” e “Trabalho e remuneração”. No tema “Equidade” foi
construído o indicador: “Índice de Gini” e no tema “Trabalho e remuneração”
foram construídos os indicadores: “Taxa de desemprego” e “Rendimento médio
63

mensal”.

Dentro da dimensão ambiental foram elaborados indicadores inseridos


nos temas “Saneamento” e “Solo”. Para o primeiro tema foram construídos os
seguintes indicadores: “Coleta de lixo”, “Esgotamento sanitário”, “Acesso ao
abastecimento de água” e “Tratamento de esgoto”. Já para o segundo tema os
indicadores foram: “Prática de queimadas”, “Uso de agrotóxicos” “Uso de
fertilizantes minerais”, e ainda, foi realizada uma análise do mapa de uso do solo
na Sub-bacia das Posses para definir os valores dos indicadores “Área com uso
agrossilvipastoril” e “Área com mata nativa”.

O mapa de uso do solo foi elaborado utilizando o programa ArcGIS


versão 10.1 idade (ENVIRONMENTAL SYSTEMS RESEARCH INSTITUTE
- ESRI, 2010), a partir de imagem dos satélites QuickBird, resolução de 0,60 m e
escala de 1:6.000, do ano de 2011. A imagem foi fornecida pela Prefeitura
Municipal de Extrema.

A entrevista para coleta de dados foi submetida ao Comitê de Ética em


Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Lavras. Foi aprovada
pelo parecer nº 1.605.713 e CAAE 54722916.7.0000.5148 e seguiu as
recomendações legais e éticas da Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº
466/2013.
64

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Estrutura fundiária e infraestrutura rural

Verificou-se com o estudo que as propriedades rurais da Sub-bacia das


Posses são compostas basicamente por sítios e chácaras, com áreas variando de
0,1 a 110 ha, sendo que 60% das propriedades se enquadraram na classe de
tamanho de 0,1 a 12 ha.

60,00
60

50

40
28,57
%

30

20
8,57
10 2,86
0,00
0
(0,1;12] (12;34] (34;55] (55;99] (99;120]
Classes de tamanho das propriedades (ha)
Figura 2 Distribuição das classes de tamanho das propriedades rurais da Sub-
bacia das Posses em Extrema, Sul de Minas Gerais

Em relação à posse da terra, foi constatado que 100% dos entrevistados


são proprietários e possuem escritura do terreno. A maioria das propriedades
rurais apresenta áreas inferiores a 34 hectares (FIGURA 2). Essa característica é
marcada pelas sucessivas divisões das propriedades entre os herdeiros a cada
geração. Alguns entrevistados chegaram a referir-se a esse tipo de partilha de
terras como uma “reforma agrária familiar” onde todos têm pelo menos um local
65

para residir e produzir alimentos para a subsistência.

A infraestrutura viária é considerada de boa qualidade e diversos trechos


apresentam pavimentação asfáltica, o que garante bom acesso ao local mesmo na
estação chuvosa. Estrada de qualidade é importante para o desenvolvimento
local, pois garante o livre trânsito de pessoas, mercadorias, propicia melhor
acesso aos serviços de saúde e de educação além de oferecer mais conforto aos
usuários. No questionário aplicado na Sub-bacia das Posses procurou-se saber da
opinião dos moradores a respeito da qualidade das estradas, 88% classificaram-
nas como ótimas.

Todas as propriedades rurais visitadas possuem energia elétrica. Tal fato


favorece principalmente a pecuária leiteira por permitir o resfriamento do leite
até o momento do transporte para o laticínio. Outro fato relevante é a
possibilidade de aquisição de informações por meio do rádio, televisão e internet
uma vez que, segundo os entrevistados, outras fontes como boletins
informativos e jornais impressos quase nunca chegam ao local.

Segundo Lopes e Guerra (2016) o uso de indicadores vem se destacando


em pesquisas científicas, estudos e análises. Nos próximos tópicos serão
apresentados os indicadores sociais, econômicos e ambientais construídos para a
Sub-bacia das Posses, Extrema, MG.

3.2 Indicadores Sociais

A seguir estão descritos os seis indicadores de desenvolvimento


sustentável relacionados à dimensão social que foram construídos para a Sub-
bacia das Posses com os respectivos valores elencados no Quadro 1.

De acordo com os dados levantados nas entrevistas, o indicador “Acesso


66

a planos de saúde” atingiu valor de 8,58%. De acordo com este indicador a


maioria dos moradores da sub-bacia recorre unicamente à assistência médico-
hospitalar do Serviço Único de Saúde (SUS).

Para o indicador “Oferta de serviço básico de saúde” foi constatado que


na Sub-bacia das Posses existe posto de atendimento médico, portanto, esse
indicador obteve desempenho máximo (100%).

O indicador “Taxa de alfabetização” que mede o grau de alfabetização


da população de 15 anos ou mais de idade calculado para a Sub-bacia das Posses
foi de 97,10%. Esse valor foi superior ao calculado para o Brasil e para o Estado
de Minas Gerais para o ano de 2012, que apresentaram os valores de 91,4% e
93%, respectivamente (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA - IBGE, 2015).

Com base nos dados de escolaridade dos moradores da Sub-bacia das


Posses foi possível calcular o indicador “Taxa de escolaridade da população
adulta”. Esse indicador leva em consideração a população de 25 a 64 anos de
idade (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA -
IBGE, 2015). Para a Sub-bacia das Posses a taxa de escolaridade da população
adulta encontrada foi de 5,37 anos de estudo. Idealmente as pessoas com 25 anos
de idade ou mais deveriam ter concluído, no mínimo, o ensino médio (11 anos
de estudo).
67

Quadro 1 Indicadores sociais elaborados a partir de dados coletados por


entrevistas, Sub-bacia das Posses, Extrema, MG
Tema Indicador Valor do Indicador
Acesso a planos de saúde (%) 8,58
Saúde Oferta de serviço básico de
100
saúde (%)

------------------------------------------------------------------------------------------------

Taxa de alfabetização (%) 97,10


Taxa de escolaridade da
Educação população adulta (anos de 5,37
estudo/pessoa)
Frequência escolar (%) 100
------------------------------------------------------------------------------------------------
Habitação Adequação da moradia (%) 71,43

Em regra geral, quanto maior a escolaridade, maior a participação na


vida política, maior consciência crítica e maior capacidade para a continuação do
aprendizado. Também permite o discernimento dos direitos e deveres
individuais e sociais, fundamental para o exercício da cidadania e para o
desenvolvimento sustentável. Além disso, o mercado de trabalho cada vez mais
competitivo está exigindo habilidades intelectuais e progressiva qualificação
profissional, requerendo um nível de escolaridade cada vez maior. O
conhecimento, a informação e uma visão mais ampla dos valores são
componentes básicos para o exercício da cidadania e o desenvolvimento
sustentável.
Em relação à educação formal das crianças e jovens em idade escolar,
verifica-se que 100% estão frequentando a escola regularmente. Segundo os
entrevistados atualmente não existem dificuldades para frequentarem a escola,
68

uma vez que é ofertado o transporte escolar gratuito para a zona urbana de
Extrema.

Os entrevistados que possuem filhos em idade escolar declararam que os


mesmos ajudam nas atividades diárias das propriedades, antes e/ou depois do
horário de aula, segundo os quais, sem interferência negativa no desempenho
escolar. Não foi constatada dificuldades por parte dos produtores rurais em
permitir o prosseguimento dos estudos dos filhos até a conclusão do ensino
médio. Entretanto, em algumas famílias que possuem apenas um ou dois filhos
existe a preocupação com a saída dos jovens para estudar o terceiro grau em
outro município e não retornem para dar continuidade aos trabalhos na
propriedade rural.

Quanto à escolaridade da população da Sub-bacia das Posses, apenas


5,72% possuem ensino superior completo. Por outro lado, a soma dos que
possuem ensino primário incompleto e ensino primário completo representa
85,71% dos produtores rurais do local. Essa baixa escolaridade recai justamente
sobre os proprietários mais idosos e nascidos na zona rural. Os mesmos atribuem
o abandono escolar à necessidade de auxiliar a família no sustento da casa, falta
de transporte escolar e falta de incentivo da família e do Estado quando eram
jovens.

Na avaliação do indicador “Adequação da moradia”, as variáveis


utilizadas para sua construção foram sugeridas pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2015), sendo elas: o número total de domicílios
particulares permanentes, a densidade de moradores por dormitório, a coleta do
lixo, o abastecimento de água e o esgotamento sanitário. Todas as variáveis
avaliadas foram consideradas adequadas, exceto abastecimento de água,
adequada em 71,43% das propriedades. Portanto, este foi o valor final desse
indicador social.
69

3.3 Indicadores econômicos

Na dimensão econômica foram construídos para a Sub-bacia das Posses,


4 indicadores de desenvolvimento sustentável, apresentados no Quadro 2 com
seus respectivos valores.

Segundo Extrema (2015), a partir de 2008, o município atingiu o maior


Produto Interno Bruto per capta do Estado de Minas Gerais, equivalente a R$ 47
mil. O PIB per capta elevado está ligado ao setor industrial desenvolvido no
município em consequência da proximidade com São Paulo. No entanto, o uso
da terra em suas áreas rurais permanece principalmente agrícola, destacando a
pecuária de corte e de leite, com produtividade relativamente baixa
(RICHARDS et al., 2015).

A renda mensal bruta apurada por propriedade variou de R$880,00


(valor referente a um salário mínimo à época das entrevistas) a R$12.000,000
(valor referente a aproximadamente treze salários mínimos à época das
entrevistas). A partir da renda mensal bruta das propriedades entrevistadas foi
possível calcular o indicador “Rendimento médio mensal” para a Sub-bacia das
Posses. Esse indicador expressa o rendimento médio mensal, da população de 15
anos ou mais de idade. Para a Sub-bacia das Posses, o valor apurado para esse
indicador foi de R$3.281,00.

Outro indicador econômico construído para a sub-bacia foi o


“Rendimento domiciliar per capta”. Este indicador mostra a proporção de
domicílios com rendimento mensal domiciliar per capita de até meio salário
mínimo. Esse cálculo considera a soma dos rendimentos mensais de todas as
fontes dos moradores do domicílio, excluindo pensionista, empregado doméstico
ou parente do empregado doméstico. O indicador apontou que em 22,22% das
propriedades entrevistadas o rendimento domiciliar per capta é inferior a meio
salário mínimo.
70

Quadro 2 Indicadores econômicos elaborados a partir de dados coletados por


entrevistas, Sub-bacia das Posses, Extrema, MG
Valor do
Tema Indicador
Indicador
Equidade Índice de Gini (adm.) 0,536
------------------------------------------------------------------------------------------------
Rendimento médio mensal (R$) 3.281,00
Trabalho e Rendimento domiciliar per capta (%) * 22,22
remuneração
Taxa de desemprego (%) 3,52

A erradicação da pobreza é indispensável para se atingir o


desenvolvimento sustentável, visando uma sociedade justa, equitativa e
inclusiva. O cálculo desse indicador para a sub-bacia pode se mostrar uma
interessante ferramenta capaz de subsidiar políticas de combate à pobreza e de
redução das desigualdades.

Foi também calculado o indicador “Taxa de desemprego” dos


moradores da Sub-bacia das Posses. Essa taxa representa a proporção da
população economicamente ativa que não estava trabalhando, mas procurou
trabalho no período de referência (trinta dias anteriores à semana em que
responderam à pesquisa). Nas propriedades entrevistadas 16,36% das pessoas
economicamente ativas não estavam trabalhando, no entanto apenas 3,52%
estavam à procura de emprego. Assim pode-se dizer que este último valor
representa a taxa de desemprego da Sub-bacia das Posses.

A fim de determinar a distribuição de renda na sub-bacia foi construído


o indicador “Índice de Gini”. Foram utilizados dados da renda bruta mensal,
coletados nas entrevistas. Esse índice é expresso por um valor que varia de 0
(zero), situação de perfeita igualdade, a 1 (um), situação de desigualdade
máxima (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA -
71

IBGE, 2015). Para a Sub-bacia das Posses chegou-se ao valor de 0,536;


demostrando forte desigualdade social no local. A desigualdade se mostrou
superior à apurada para o Brasil (0,515) pelas Nações Unidas e divulgado no
Relatório de Desenvolvimento Humano (PROGRAMA DAS NAÇÕES
UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - PNUD, 2017) que apontou o
Brasil como o décimo país mais desigual do mundo e o quarto da América
Latina, à frente apenas de Haiti, Colômbia e Paraguai.

Outros dados econômicos da sub-bacia também foram levantados, por


exemplo, a receita bruta agropecuária anual (RBA) das propriedades (Quadro 3).

Quadro 3 Receita bruta agropecuária anual, e respectivas representatividades,


das propriedades rurais da Sub-bacia das Posses, Extrema-MG
Percentual sobre o
Receita bruta agropecuária anual (RBA)
total entrevistado
Até R$2.500,00 28,57
De R$2.500,00 a R$10.000,00 25,71
De R$10.000,00 a R$25.000,00 28,57
De R$25.000,00 a R$50.000,00 8,57
De R$50.000,00 a R$100.000,00 5,72
De R$100.000,00 a R$160.000,00 2,86

Constatou-se que na Sub-bacia das Posses existem propriedades que não


apresentam rendimentos financeiros provenientes da atividade agropecuária em
um extremo, e, em outro, aquelas que chegam a faturar de R$100.000,00 a
R$160.000,00 anualmente.

De acordo com a Resolução nº 4.174 de dezembro de 2012, emitida pelo


Banco Central do Brasil (BRASIL, 2012), que dispõe sobre a classificação de
produtores rurais e sobre critérios para a apuração de saldos e para a fiscalização
72

de financiamentos rurais, 100% dos produtores rurais da Sub-bacia das Posses se


enquadra como pequeno produtor rural, uma vez que a receita bruta
agropecuária anual de nenhuma propriedade ultrapassa o valor limite de
R$160.000,00 (cento e sessenta mil reais).

As propriedades que não apresentam rendimentos financeiros


provenientes da atividade agropecuária, geralmente, são chácaras de pessoas
residentes em outros municípios ou na zona urbana de Extrema-MG. As que
praticam atividades rurais e que têm algum faturamento são aquelas onde vivem
e trabalham os produtores e seus familiares. Destes produtores uma parte vive
exclusivamente das atividades rurais (42,85%) e outra tem uma segunda fonte de
renda (57,15%). Do grupo de produtores que possuem uma segunda atividade,
apenas 25% afirmam que a atividade rural é responsável pela maior parte da
renda familiar.

As atividades agropecuárias predominantes na Sub-bacia das Posses são


as pecuárias de leite e de corte, praticadas, respectivamente, em 31,42% e
22,86% das propriedades. Segundo Lima et al. (2014) as pastagens da sub-bacia
são extensivas com ausência de práticas conservacionistas. Outras atividades
praticadas em menor escala são: olericultura e milhocultura com 11,42% e
8,58%, respectivamente; culturas de tomate e pimentão em estufa, silvicultura,
batataticultura e cafeicultura com 2,86% de representatividade para cada, e
também, existem as propriedades rurais que não desempenham nenhuma
atividade agropecuária e representam 14,28% do total, utilizadas principalmente
para lazer.

Também foi constatado a partir das entrevistas que nenhum agricultor


possui qualquer tipo de certificação e quando perguntados se gostariam de obtê-
la 82,72% dos entrevistados responderam positivamente e 14,28% não
demonstraram interesse. A certificação, como por exemplo, o selo verde,
73

certificação de produtos orgânicos, entre outras, agrega valor aos produtos.

Em um estudo de nível global realizado sobre agricultura orgânica


Crowder e Reganold (2015) concluíram que a agricultura orgânica é mais
rentável que a convencional e que ainda existe espaço para o crescimento, uma
vez que atualmente responde por apenas 1% das atividades agrícolas no mundo.

Martins; Camargo Filho e Bueno (2006) verificaram em um estudo


realizado na cidade de São Paulo um acréscimo de 151%, 156% e 199%, no
preço de frutas, hortaliças e legumes orgânicos, respectivamente, em relação aos
convencionais. Esse ganho monetário com produtos certificados pode ser uma
ótima alternativa para as menores propriedades da sub-bacia. No entanto,
depende de apoio e incentivos externos à comunidade.

3.4 Indicadores ambientais

Na dimensão ambiental foram construídos indicadores inseridos nos


temas “Saneamento” e “Solo”. No tema “Saneamento” foram construídos os
seguintes indicadores: “Coleta de lixo”, “Esgotamento sanitário”, “Acesso ao
abastecimento de água” e “Tratamento de esgoto”. Já para o tema “Solo” os
indicadores foram: “Prática de queimadas”, “Uso de agrotóxicos”, “Uso de
fertilizantes minerais”, e ainda, foi feita uma análise do mapa de uso do solo na
Sub-bacia das Posses para definir os valores dos indicadores “Área com uso
agrossilvipastoril” e “Área com mata nativa”. Os indicadores e os valores que
cada um apresentou estão compilados no Quadro 4.

O indicador “Coleta de lixo” recebeu avaliação máxima, uma vez que


todos os entrevistados declararam que o lixo é coletado na sub-bacia a cada
quinze dias. A Prefeitura Municipal de Extrema disponibiliza caçambas
coletoras de lixo em pontos estratégicos ao longo das estradas da localidade e os
74

moradores ficam encarregados de depositar o lixo não orgânico que é produzido


na propriedade. Segundo os próprios moradores, quando não existia coleta o lixo
o mesmo era queimado ou enterrado, também aparecia frequentemente jogado
próximo às estradas e próximo aos cursos d’água.

Quanto aos indicadores ambientais “Esgotamento sanitário” e


“Tratamento de esgoto” constatou-se que em 100% das propriedades
entrevistadas havia rede de esgoto, no entanto, em apenas 31,42% existiam
fossas sépticas, nas demais, fossas negras. A disposição inadequada do esgoto
pode contaminar a água do lençol freático e os alimentos podendo causar sérias
doenças em humanos e animais.

Foi possível constatar que as propriedades rurais que participam do


Projeto Conservador das Águas utilizam a fossa séptica, enquanto que as
propriedades não participantes ainda utilizam a fossa negra. Segundo os
entrevistados o Conservador das Águas doou as fossas aos participantes do
projeto. Diversos entrevistados citaram como razão de ainda optarem pela fossa
negra o alto custo da fossa séptica. No entanto existem alternativas adequadas às
propriedades rurais e de baixo custo, como por exemplo, o sistema ecológico de
saneamento conhecido como “Bacia de evapotranspiração” que pode ser
construído pelos próprios produtores após uma capacitação ou com supervisão
de um profissional da área. Esta tecnologia foi proposta por permacultores para
tratar e reutilizar efluentes domiciliares e consiste em um sistema plantado onde
a matéria orgânica é decomposta anaerobicamente e é possível a absorção de
nutrientes e da água pelas raízes das plantas (PAULO; BERNARDES, 2004).

Na coleta de dados para construção do indicador “Acesso a


abastecimento de água” 71,43% dos entrevistados relatou possuir esse recurso
em abundância durante todo o ano em sua propriedade, e, mesmo durante as
secas mais severas dos anos de 2014 e 2015 não apresentou problemas em
75

relação à água de servidão. Os demais relataram algumas dificuldades com o


abastecimento durante este período, como por exemplo, falta ou diminuição
acentuada da vazão das nascentes, falta de água para irrigação, para o gado e em
um caso específico para uso humano. A água de servidão da grande maioria das
propriedades é proveniente de nascentes (Figura 3), que se encontram cercadas e
protegidas, atendendo a legislação ambiental em vigor, segundo os
entrevistados.

91,42
100
80
60
%

40
20 5,73 2,85

0
Nascente Cisterna Poço
Artesiano
Origem da água utilizada

Figura 3 Distribuição percentual das diferentes origens da água de servidão das


propriedades da Sub-bacia das Posses, Extrema, MG

Quanto à qualidade da água, todos os produtores rurais entrevistados


afirmaram que a água de servidão é de excelente qualidade. Foi verificado
também que em 100% das propriedades o único sistema utilizado para
tratamento da água é a filtragem utilizando o filtro de barro. No entanto, todos
afirmaram que também bebem a água que chega à propriedade antes mesmo da
filtragem sem nenhum receio.
76

Tendo em vista que as queimadas em muitos locais se tornaram prática


tradicional para o preparo do terreno para a atividade agrícola e a renovação de
pastagens, foi perguntado aos entrevistados se essa prática era utilizada, a fim de
construir o indicador ambiental “Prática de queimadas”. A resposta foi positiva
em 2,86% das propriedades visitadas. Muitos demonstraram consciência dos
problemas inerentes ao uso do fogo para limpeza de áreas agrícolas, outros não
praticam em respeito aos compromissos firmados junto ao Conservador das
Águas.

Nas entrevistas também foram levantados dados referentes aos


indicadores “Uso de agrotóxicos” e “Uso de fertilizantes minerais”. Em 25,72%
das propriedades entrevistadas existe a utilização de agrotóxicos e em 22,86% se
utiliza adubação mineral, as demais recorrem unicamente à adubação orgânica
em todos os cultivos praticados nessas propriedades.

A construção dos indicadores “Área com uso agrossilvipastoril” e “Área


com mata nativa” foi possível elaborando e analisando o mapa de uso do solo da
sub-bacia.

Na Figura 4 é possível discriminar as áreas com mata nativa e as áreas


com uso agrossilvipastoril. O uso agrossilvipastoril na sub-bacia é expressivo
(84,83%), composto de 77,37% de pastagem, 4,43% de agricultura e 3,02% de
silvicultura. O uso mata nativa foi verificado em 15,17% da área.
Adicionalmente foram coletadas algumas informações nas entrevistas referentes
ao manejo adotado em cada um dos usos do solo.
77

Agricultura Silvicultura Mata nativa Pastagem

Figura 4 Mapa de uso do solo da Sub-bacia das Posses, Extrema, MG

Quadro 4 Indicadores ambientais elaborados a partir da coleta de dados por


entrevista e análise do mapa de uso do solo da Sub-bacia das Posses,
Extrema, MG
Valor do
Tema Indicador
Indicador (%)
Coleta de lixo 100,00
Esgotamento sanitário 100,00
Saneamento
Tratamento de esgoto 31,42
Acesso a abastecimento de água 71,43
------------------------------------------------------------------------------------------------
Prática de queimadas 2,86
Uso de agrotóxicos 25,72

Solo Uso de fertilizantes minerais 22,86


Área com uso agrossilvipastoril 84,83
Área com mata nativa 15,17
78

Segundo Carvalho e Scolforo (2008) 16,52% da área total do município


de Extrema é ocupada com remanescentes florestais da Mata Atlântica. O mapa
de uso do solo da Sub-bacia das Posses mostrou um percentual de mata nativa
semelhante (15,17%). Levando em consideração a área total da Sub-bacia das
Posses, a área com mata nativa da mesma não atende à legislação ambiental em
vigor, que prevê para o bioma Mata Atlântica um mínimo de 20% da área total
que deve ser destinado à Reserva Legal (RL).

No entanto, espera-se que brevemente esse percentual deva aumentar,


visto que o Conservador das Águas está cercando Áreas de Proteção Permanente
(APP) das propriedades aderidas ao projeto e ainda adquirindo outras em topo de
morros e encostas íngremes na sub-bacia e realizando a recomposição florestal.

As áreas de pastagens são compostas predominantemente espécies do


gênero Brachiaria, destinadas principalmente a pecuária leiteira, principal
atividade desta localidade. Todos os produtores de leite entrevistados afirmaram
que durante o período chuvoso o manejo do gado é feito somente a pasto de
brachiaria (Brachiaria spp.) e no período seco complementam com uma mistura
de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) e capim elefante (Pennisetum
purpureum) moídos.

A agricultura é praticada em 4,43% da área total da Sub-bacia das


Posses destacando o cultivo de milho, batata inglesa, tomate e pimentão. Estes
últimos são cultivados em estufa para produção de sementes de alta qualidade.
Durante as entrevistas houve relatos de que a agricultura do milho e outros
cereais na Sub-bacia das Posses está praticamente inviabilizada devido ao ataque
de javalis selvagens (Sus scrofa) que destroem as lavouras durante a noite.

Outro fator bastante impeditivo ao desenvolvimento da agricultura na


Sub-bacia das Posses é a topografia, predominantemente ondulada e forte-
79

ondulada, nestas condições é praticamente impossível a mecanização. O trator


não consegue realizar o plantio e a aração em nível e aqueles que cultivam de
forma mecanizada não implementam práticas conservacionistas.

Quanto ao uso silvicultura, ocupa atualmente uma área de 3,02% da


Sub-bacia das Posses. São cultivadas principalmente espécies de Eucalyptus spp,
segundo os entrevistados o plantio de eucalipto está se mostrando uma atividade
promissora, especialmente porque existe um bom mercado para a madeira nas
inúmeras fábricas de caixotes do município de Joanópolis, SP, a poucos
quilômetros da Sub-bacia das Posses.

4 CONCLUSÕES

As propriedades da Sub-bacia das posses são pequenas, próprias, com


escritura, possuidoras de energia elétrica e com boas estradas de acesso.

Quanto aos aspectos sociais, a grande parte da população adulta possui


baixa escolaridade (primário completo/incompleto), média de 5,37 anos de
estudo por pessoa.

Todos os produtores rurais da Sub-bacia das Posses se enquadram como


pequeno produtor rural.

O índice de Gini da sub-bacia aponta elevada desigualdade social (0,536),


superior à brasileira (0,515).

Quanto aos dados ambientais levantados, os mesmos evidenciam boa


qualidade ambiental, embora alguns aspectos devam ser melhorados, como por
exemplo, plantio em nível em todos os cultivos e a substituição das fossas
negras por fossas sépticas ou pelas “bacias de evapotranspiração” para que não
ocorra contaminação do solo e do lençol freático.

Foi constatada na Sub-bacia das Posses a necessidade de potencializar as


80

atividades produtivas e agregar valor aos produtos, especialmente por meio de


certificações e negociação por meio de cooperativas e associações.

5 AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à CAPES, ao CNPq (305010/2013-1) e à


FAPEMIG (CAGPPM 00422-13 e CAGAPQ01053-15) pelas bolsas e recursos
financeiros aplicados no estudo, e à Prefeitura Municipal de Extrema pelo
suporte logístico e financeiro, e, aos moradores da Sub-bacia das Posses pela
solicitude na prestação das informações.
81

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84

ARTIGO 3 AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE PELO MÉTODO


“BAROMETER OF SUSTAINABILITY” DA SUB-BACIA PILOTO DO
PROJETO CONSERVADOR DAS ÁGUAS, EXTREMA, MINAS GERAIS

SUSTAINABILITY EVALUATION BY BAROMETER OF


SUSTAINABILITY METHOD OF THE PILOT SUB-BASIN WATER
CONSERVATION PROJECT, EXTREMA, MINAS GERAIS STATE

RESUMO

A determinação do nível de sustentabilidade de locais de relevante


interesse socioambiental pode contribuir para o estabelecimento de metas de
melhoria, para a prevenção de problemas e para a utilização de recursos públicos
de forma sustentável, consequentemente, trazendo mais desenvolvimento e
melhorando a qualidade de vida da população. Nesse sentido, objetivou-se com
esse trabalho avaliar o índice de sustentabilidade da Sub-bacia das Posses, trata-
se da área piloto do Projeto Conservador das Águas. A Sub-bacia das Posses foi
considerada o sistema estudado, composto dos subsistemas: ecológico e
humano. O subsistema ecológico foi integrado pela dimensão ambiental,
enquanto que o subsistema humano foi integrado pelas dimensões: social,
econômica e institucional. As dimensões foram compostas por um total de oito
temas: solo, saneamento, educação, habitação, saúde, trabalho e remuneração,
equidade e capacidade institucional. Dezenove indicadores de desenvolvimento
sustentável foram utilizados neste estudo, dentre eles, o índice de qualidade do
solo. Os dados da maioria dos indicadores, exceto qualidade do solo, foram
coletados por meio de entrevistas direcionadas à população da sub-bacia.
Verificou-se que dentre os dezenove indicadores avaliados, dez deles se
enquadraram no nível “Sustentável”, dois no nível “Potencialmente
Sustentável”, três no nível “Intermediário”, um no nível “Potencialmente
Insustentável” e três no nível “Insustentável”. O subsistema ecológico foi
classificado como ‘Intermediário’ (59,5) e o subsistema humano como
‘Potencialmente Sustentável’ (73). O índice de sustentabilidade da Sub-bacia das
Posses mensurado a partir do “Barometer of Sustainability” foi de 66,25,
classificado como ‘Intermediário’. Foi detectada uma deficiência de assistência
técnica que deve ser ofertada, especialmente às menores propriedades da sub-
bacia que atualmente não estão aderidas ao Projeto Conservador das Águas.
85

Vislumbra-se como uma das alternativas a ser adotada para melhoria do nível de
sustentabilidade do local, a criação de uma modalidade especial de Pagamento
por Serviços Ambientais visando fornecer assistência técnica, ao invés de
auxílio financeiro, aos pequenos proprietários da sub-bacia.

Palavras-chave: Sub-bacia das Posses. Índice de sustentabilidade.


Desenvolvimento sustentável.
86

ABSTRACT

Determining the level of sustainability of sites of relevant social and


environmental interest can contribute to the establishment of improvement goals,
the prevention of problems and the use of public resources in a sustainable way,
consequently bringing more development and improving the quality of life of
the population. In this sense, the aim of this work was to evaluate the
sustainability index of the Possess Sub-basin, since it is the pilot area of the
Water Conservation Project. The Posses Sub-basin was considered the studied
system, composed of the subsystems: ecological and human. The ecological
subsystem was integrated by a dimension, the environmental, while the human
subsystem was integrated by three dimensions: social, economic and
institutional. The dimensions were composed of a total of eight themes: soil,
sanitation, education, housing, health, work and remuneration, equity and
institutional capacity. Nineteen sustainable development indicators were used in
this study, among them, the soil quality index. The data of the other indicators,
except soil quality, were collected by conducting interviews directed to the
population of the sub-basin. It was verified that among the nineteen indicators
evaluated, ten of them were classified as "Sustainable", three at the "Potentially
Sustainable" level, three at the "Intermediate" level, one at the "Potentially
Unsustainable" level and three at the "Unsustainable" level. The ecological
subsystem was classified as 'Intermediate' (59.5) and the human subsystem as
'Potentially Sustainable' (73). The sustainability index of the Posses Sub-basin
measured from the "Barometer of Sustainability" was 66.25, classified as
“Intermediary”. A deficiency of technical assistance has been detected that
should be offered, especially to the smaller properties of the sub-basin that
currently are not adhered to the Water Conservator Project. It is envisaged as
one of the alternatives to be adopted to improve the level of sustainability of the
site, the creation of a special modality of Payment for Environmental Services
aiming to provide technical assistance, rather than financial assistance, to the
small owners of the sub-basin.

Keywords: Posses Sub-basin. Index of sustainability. Sustainable development.


87

1 INTRODUÇÃO

No século passado iniciaram-se as discussões sobre os possíveis efeitos


do uso dos recursos naturais e do crescimento populacional mundial sobre a
sustentabilidade do planeta. O tema sustentabilidade passou a ser discutido em
diversos fóruns internacionais em especial, em 1992, na cidade do Rio de
Janeiro, na Rio 92, que contou com a presença de representantes de vários países
(OLIVEIRA; OLIVEIRA; CARNIELLO, 2015).
Uma metodologia que vem sendo utilizada para mensurar a
sustentabilidade em escalas nacional, regional e local é o “Barometer of
Sustainability” (BS) (KRONEMBERGER et al., 2008), desenvolvida por um
grupo de especialistas vinculados aos institutos Internacional Union for
Conservation of Nature (IUCN) e International Development Research Centre
(IDRC) (RODRIGUES; RIPPEL, 2015).
O “Barometer of Sustainability” é uma ferramenta para a combinação de
indicadores e que mostra seus resultados por meio de um índice. Este índice é
apresentado por meio de uma representação gráfica, procurando facilitar a
compreensão e dar um quadro geral do estado do meio ambiente e da sociedade.
Na determinação do índice de sustentabilidade é importante escolher
indicadores que representam as diversas dimensões, especialmente as de
natureza ambiental, social, econômica e institucional. Esses indicadores podem
ser agrupados em temas ligados a cada uma das dimensões.
A determinação do nível de sustentabilidade de unidades territoriais
estratégicas, como sub-bacias, pode servir de alerta às autoridades para alocação
de recursos públicos em áreas deficitárias de investimento público. No caso da
Sub-bacia das Posses, onde se aplica o Pagamento por Serviços Ambientais
(PSA) visando à conservação do solo e da água (AVANZI et al., 2011), diversos
trabalhos foram desenvolvidos gerando artigos, teses e dissertações (JARDIM,
88

2010; LIMA, 2010, 2013; ZOLIN et al., 2011; LIMA et al., 2013a, 2013b, 2014,
2016; JARDIM; BURSZTYN, 2015; RICHARDS et al., 2015; OLIVEIRA et
al., 2012; SILVA et al., 2013; SILVA, 2013; RODRIGUES, 2016; LIMA et al.,
2016; BISPO, 2017), no entanto, foi constatada a necessidade de um estudo de
natureza interdisciplinar, capaz de integrar dados ambientais, sociais e
econômicos com a finalidade de gerar um panorama da sustentabilidade local.
Nesses termos, objetivou-se com esse trabalho avaliar o índice de
sustentabilidade da Sub-bacia das Posses, em Extrema, MG, utilizando um total
de 18 indicadores propostos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2015), além do índice de qualidade do solo (IQS), como sugestão de
indicador.
89

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Caracterização da área de estudo

Extrema é um dos quatro municípios sul-mineiros contribuintes do


Sistema Cantareira no estado de São Paulo. Segundo Extrema (2015), a partir de
2008, o município atingiu o maior Produto Interno Bruto per capta do Estado de
Minas Gerais, equivalente a R$ 47 mil. A Sub-bacia das Posses (Figura 1) é uma
das sete que compõem o município de Extrema e está inserida na Bacia
hidrográfica do Rio Jaguari.

Figura 1 Localização da Sub-bacia das Posses, Extrema, MG


90

A Sub-bacia das Posses está localizada entre as coordenadas UTM


374.500 e 371.500 de longitude E e 7.468.200 e 7.474.800 de latitude S (Datum
SAD 69) e entre as altitudes de 950 a 1.450 m, área de jurisdição referente ao
Comitê de Bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-
PCJ).
Em termos climáticos, com base na classificação Köppen e estudos de
Alvares et al. (2013), apresenta clima do tipo Cfb, oceânico sem estação seca
com verão temperado, pluviosidade média anual de 1.499 mm, com
temperaturas médias máxima de 20,2 ºC no mês de fevereiro e mínima de 13,5
ºC no mês de julho.
A Sub-bacia das Posses tem uma área de 1.196,7 ha com relevo
principalmente referente às classes: ondulado e forte ondulado e uso do solo
predominante de pastagem extensiva com ausência de práticas conservacionistas
(LIMA et al., 2014).
Encontra-se inserida no Bioma Mata Atlântica com predominância de
cinco tipos de solo: Cambissolo Háplico (29% da área), Cambissolo Húmico
(10%), Argissolo Vermelho-Amarelo (40%), Neossolo Flúvico (10%) e
Neossolo Litólico (11%) (LIMA et al., 2014).

2.2 Descrição metodológica

A avaliação da sustentabilidade da Sub-bacia das Posses foi realizada a


partir da metodologia “Barometer of Sustainability” apresentada no fluxograma
da Figura 2.
Esta metodologia vem sendo bastante utilizada (KRONEMBERGER et
al., 2004; CARDOSO; TOLEDO; VIEIRA, 2016; SILVA; VIEIRA, 2016;
LOURENÇO; CABRAL, 2016; DALCHIAVON; BAÇO; MELLO, 2017) por
ser uma ferramenta de fácil manuseio e por mostrar os resultados de maneira
91

simplificada (KRONEMBERGER et al., 2008), pela combinação de aspectos


ambientais e socioeconômicos, é composta de duas partes: bem estar ecológico
para os aspectos ambientais e bem estar humano para os aspectos
socioeconômicos.
Para construção dos indicadores de sustentabilidade da Sub-bacia das
Posses foi necessário coletar e analisar dados primários e secundários. Grande
parte dos indicadores de desenvolvimento sustentável utilizados neste estudo foi
proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015).
Na metodologia “Barometer of Sustainability” a Sub-bacia das Posses
foi considerada o sistema estudado, composto pelos subsistemas: ecológico e
humano. O subsistema ecológico foi integrado pela dimensão ambiental,
enquanto que o subsistema humano foi integrado pelas dimensões: social,
econômica e institucional. As dimensões foram compostas por um total de oito
temas: solo, saneamento, educação, habitação, saúde, trabalho e remuneração,
equidade e capacidade institucional. Dezenove indicadores de desenvolvimento
sustentável foram utilizados neste estudo.
Os dados da maioria dos indicadores foram coletados por meio de
questionário semiestruturado direcionado à população da Sub-bacia das Posses,
Extrema, MG, de ambos os sexos. Foram realizadas entrevistas, com base na
metodologia descrita por Carniel et al. (1994), utilizando a aplicação de
questionários em uma amostragem não probabilística (ALENCAR, 1999), foram
selecionadas 35 propriedades rurais dentre as 108 existentes na sub-bacia, por
meio de sorteio, aderidas e não aderidas ao Conservador das Águas.

A entrevista semiestruturada utilizada baseou-se em um questionário


com perguntas abertas, fechadas e mistas (APÊNDICE A). As entrevistas foram
realizadas somente por um pesquisador, que esteve presente durante todo o
tempo e ofereceu suporte para que não houvesse enganos de interpretação,
esclarecendo eventuais dúvidas. A pesquisa foi respondida pelo principal
92

tomador de decisões da propriedade. As perguntas foram direcionadas às


dimensões social, econômica e ambiental.

O valor de qualidade do solo foi determinado pelo o Índice de Qualidade


Nemoro (IQN), proposto por Qin e Zhao (2000), a partir de 127 amostras de
solo da camada superficial (0-0,20 m) distribuídos pela sub-bacia em uma grade
aproximadamente regular. Os indicadores de qualidade utilizados para cálculo
da qualidade do solo da sub-bacia foram selecionados por análise de
componentes principais, sendo eles: areia total (AT), condutividade hidráulica
saturada (Ks), volume total de poros (VTP), saturação por alumínio (m) e
matéria orgânica do solo (MOS).
93

Sistema
Subsistema Dimensão Tema Indicador
AMN
UAT
Solo PQ
UA

Ecológico QS
Ambiental
AAA
AES
Saneamento
Sub-bacia das Posses

ACL
TE
TA
Educação
XX
TEPA
Social Habitação AM

Saude OSBS

Trabalho e TD
Humano remuneração RMM
X
Econômica
Equidade IG
AST
Capacidade ASI
Institucional Institucional
AT

Figura 2 Fluxograma da metodologia “Barometer of Sustainability” utilizada no


cálculo da sustentabilidade da Sub-bacia das Posses, Extrema,MG

AMN: Área com Mata Nativa, UAT: Uso agrossilvipastoril da terra, PQ: Prática de queimadas,
UA: Uso de agroquímicos, QS: Qualidade do solo da sub-bacia, AAA: Acesso a abastecimento de
água, AES: Acesso a esgotamento sanitário, ACL: Acesso à coleta de lixo doméstico, TE:
Tratamento de esgoto, TA: Taxa de alfabetização, TEPA: Taxa de escolaridade da população
adulta, AM: Adequação de moradia, OSBS: Oferta de serviços básicos de saúde, TD: Taxa de
desemprego, RMM: Rendimento médio mensal, IG: Índice de Gini, AST: Acesso a serviços de
telefonia, ASI: Acesso a serviços de internet, AT: Assistência técnica.
94

Quadro 1 Temas, indicadores, unidades de medida e fontes de validação das escalas de desempenho local utilizadas no
cálculo da sustentabilidade da Sub-bacia das Posses, Extrema, MG
Temas IDS Unidade Validação
Área com Mata Nativa % Kronemberger et al. (2004)
Uso agrossilvipastoril da terra % Kronemberger et al. (2004)
Solo Prática de queimadas % Silva e Vieira 2016
Uso de agroquímicos % Silva e Vieira 2016
Qualidade do solo adm Definido neste estudo
Acesso a abastecimento de água % Kronemberger et al. (2004)
Acesso a esgotamento sanitário % Amorim; Araújo e Cândido (2014)
Saneamento
Acesso à coleta de lixo doméstico % Kronemberger et al. (2004)
Tratamento de esgoto % Kronemberger e Junior (2015)
Equidade Índice de Gini adm Amorim; Araújo e Cândido (2014)
Trabalho e Taxa de desemprego % Amorim; Araújo e Cândido (2014)
remuneração Rendimento médio mensal R$ Kronemberger e Junior (2015)
Saúde Oferta de serviços básicos de saúde adm Definido neste estudo
Taxa de alfabetização % Kronemberger et al. (2004)
Educação
Taxa de escolaridade da população adulta anos de estudo Amorim et al. (2014)
% Lucena; Cavalcante e Câncido
Habitação Adequação de moradia
(2011)
Acesso a serviços de telefonia % Kronemberger e Junior (2015)
Capacidade
Acesso a serviços de internet % Kronemberger e Junior (2015)
institucional
Assistência técnica % Definido neste estudo
IDS: Indicadores de desenvolvimento sustentável; adm: adimensional; R$: Reais
95

Quadro 2 Indicadores de sustentabilidade e valores de referência para a padronização do cálculo do índice de


sustentabilidade da Sub-bacia das Posses, Extrema, MG
Escala “Barometer of Sustainability” (EBS)
Valor 0 – 20 (I) 21 – 40 (PI) 41 – 60 (In) 61 – 80 81 - 100
IDS
IDS (I) (PI) (In) (PS) (S)
Escala de Desempenho Local do Indicador (EDL)
Área com mata nativa 15,17 0 - 20 20 - 40 40 - 60 60 - 80 80 - 100
Uso agrossilvipastoril da terra 84,83 65 - 100 45 - 65 35 - 45 30 - 35 0 – 30
Prática de queimadas 2,86 71 - 100 31 - 70 11 - 30 6 - 10 0-5
Uso de agroquímicos 25,72 71 - 100 31 - 70 11 - 30 6 - 10 0-5
Qualidade do solo 0,45 0 – 0,2 0,2 – 0,4 0,4 – 0,6 0,6 – 0,8 0,8 – 1
Acesso a abastecimento de água 100,00 0 - 50 50 - 70 70 - 85 85 - 95 95 - 100
Acesso a esgotamento sanitário 100,00 0 - 70 71 - 85 86 - 95 96 - 99 100
Acesso à coleta de lixo doméstico 100,00 0 - 50 50 - 70 70 - 85 85 - 95 95 - 100
Tratamento de esgoto 31,42 0 - 70 71 - 80 81 - 90 91 - 95 96 - 100
96

Quadro 2, continua

Escala “Barometer of Sustainability” (EBS)


Valor 0 – 20 (I) 21 – 40 (PI) 41 – 60 (In) 61 – 80 81 - 100
IDS
IDS (I) (PI) (In) (PS) (S)
Escala de Desempenho Local do Indicador (EDL)
Índice de Gini 0,536 0,63 – 1,0 0,45 – 0,63 0,35 – 0,45 0,24 – 0,35 0 – 0,24
Taxa de desemprego 3,52 21 - 100 16 - 20 11 - 15 6 - 10 0-5
Rendimento médio mensal 3.281 0 - 410 411 - 817 818-1 124 1125-2248 2249-3300
Oferta serviço básico de saúde 1 0 - - - 1
Taxa de alfabetização 97,10 0 - 80 80 – 85 85 - 90 90 - 95 95 - 100
Taxa de escolaridade dos adultos 5,37 0-4 5-7 8 - 10 11 - 13 >14
Adequação de moradia 31,42 0 - 20 20,1 - 30 30,1 - 50 50,1 - 60 60,1 - 100
Acesso a serviços de telefonia 97,14 <10 10,1 - 20 20,1 - 35 35,1 - 50 50,1 - 100
Acesso a serviços de internet 45,71 <5 5 - 10 10,1 - 20 20,1 - 30 30,1 - 100
Assistência técnica 11,43 0 - 20 20 - 40 40 - 60 60 - 80 80 - 100
IDS: Indicadores de desenvolvimento sustentável; I: Insustentável; PI: Potencialmente Insustentável; In: Intermediário; PS:
Potencialmente Sustentável; S: Sustentável.
97

Após a etapa de coleta dos dados, estes foram processados em um


editor de planilhas eletrônicas. Os limites dos intervalos na escala de
desempenho local (EDL) para validação de cada um dos indicadores foram
definidos a partir de valores pesquisados na literatura conforme apresentado
no Quadro 1. Para os indicadores “Qualidade do solo” e “Assistência
técnica” os limites dos intervalos na escala de desempenho local foram
propostos neste estudo. Foram estabelecidos os intervalos da “escala de
desempenho local (EDL)” para cada indicador local, cada qual
correspondente a valores de 0 a 100 da escala “Barometer of Sustainability”
(EBS), apontando condições que variam de insustentável à sustentável.

Após a elaboração da EDL (QUADRO 2) foi realizada a


transposição do valor numérico do indicador local (DLx) para a EBS, por
meio de interpolação linear simples (EQUAÇÃO 1) conforme
Kronemberger et al. (2004).

XXXX BSX2

EBS 0 20 40 60 80 100
BSX1

EDL 100 65 45 35 30 0
Crescente
DLX

EDL 0 80 85 90 95 100
Decrescente
DLX

Figura 3 Operação de cálculo do grau do indicador local na escala do


“Barometer of Sustainability”

( − ) ∗ ( − )
= {[ ] ∗ (−1)} + ( ) (1)
( − )
98

Em que: BS é o valor na escala “Barometer of Sustainability”; DL é


o valor na escala de desempenho local; X é o valor do indicador sem
transformação; A é o limite anterior do intervalo que contem X, e, P é o
limite posterior do intervalo que contém X.
Para alguns indicadores, o menor e o maior valor apontam,
respectivamente, o pior e o melhor desempenho, enquanto para outros, o
maior valor representa uma pior situação. Por essa interpolação realiza-se a
transposição de escalas entre DLx e BSx, seja a escala crescente ou
decrescente.
Para os cálculos dos graus, os indicadores foram agregados
hierarquicamente por meio de média aritmética, do nível mais baixo para o
mais elevado, ou seja, dos indicadores para os temas, dos temas para as
dimensões e das dimensões para os subsistemas (ecológico e humano).
O índice é apresentado graficamente em dois eixos, procurando
facilitar a compreensão e dar um quadro geral do estado do meio ambiente e
da sociedade. Cada eixo desse gráfico é dividido em cinco setores de 20
pontos cada: (0-20) Insustentável, (21-40), Potencialmente insustentável,
(41-60) Intermediário, (61-80) Potencialmente sustentável e (81-100)
Sustentável (AMORIM; CÂNDIDO, 2015). O ponto no gráfico definido
pelos valores dos estados do bem estar humano e bem estar ecológico
forneceu a situação de sustentabilidade da sub-bacia. As duas dimensões são
conceituadas, por premissa, como equivalentes, considerando que as
questões socioeconômicas (humanas) e ambientais são igualmente
importantes para alcançar o desenvolvimento sustentável (PRESCOTT-
ALLEN, 1999).
A entrevista para coleta de dados foi submetida ao Comitê de Ética
em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Lavras. Foi
aprovada pelo parecer nº 1.605.713, CAAE 54722916.7.0000.5148 e seguiu
as recomendações legais e éticas da Resolução do Conselho Nacional de
Saúde nº 466/2013.
99

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Indicadores de sustentabilidade da Sub-bacia das Posses

Após a padronização dos dados para a escala do método “Barometer


of Sustainability” foi passível verificar o nível de sustentabilidade de cada
um dos 19 indicadores utilizados no cálculo da sustentabilidade da Sub-bacia
das Posses.
Verificou-se que 10 deles se enquadraram no nível “Sustentável”, 2
no nível “Potencialmente Sustentável”, 3 no nível “Intermediário”, 1 no
nível “ Potencialmente Insustentável” e 3 no nível “Insustentável” (FIGURA
4 e QUADROS 3 e 4).

AMN
AT100 UAT
ASI 80 PQ
AST 60 UA
40
AM QS
20
TEPA 0 AAA

TA AES

OSBS ACL
PS TE
RMM IG
TD
Figura 4 Representação gráfica dos graus dos indicadores de
desenvolvimento sustentável da Sub-bacia das Posses, Extrema,
MG

AMN: Área com Mata Nativa, UAT: Uso agrossilvipastoril da terra, PQ: Prática de
queimadas, UA: Uso de agroquímicos, QS: Qualidade do solo da sub-bacia, AAA:
Acesso a abastecimento de água, AES: Acesso a esgotamento sanitário, ACL:
Acesso à coleta de lixo doméstico, TE: Tratamento de esgoto, IG: Índice de Gini,
TD: Taxa de desemprego, RMM: Rendimento médio mensal, OSBS: Oferta de
serviços básicos de saúde, TA: Taxa de alfabetização, TEPA: Taxa de escolaridade
da população adulta, AM: Adequação de moradia, AST: Acesso a serviços de
telefonia, ASI: Acesso a serviços de internet, AT: Assistência técnica.
100

Os indicadores que obtiveram os piores desempenhos e que devem


receber atenção especial do Projeto Conservador das Águas são: “Área com
Mata Nativa”, “Uso agrossilvipastoril da terra” e “Assistência técnica”. Os
dois primeiros estão relacionados ao bem estar ecológico enquanto o último
ao bem estar humano.

3.2 Bem estar ecológico

O subsistema ecológico da Sub-bacia das Posses foi composto por 9


indicadores distribuídos nos temas “Solo” e “Saneamento” e podem ser
visualizados no Quadro 3, juntamente com seus respectivos graus e
classificações quanto à sustentabilidade.

Quadro 3 Indicadores de desenvolvimento sustentável do subsistema


ecológico, seus graus no método “Barometer of Sustainability”
e os níveis de sustentabilidade, Sub-bacia das Posses, Extrema,
MG
Grau Nível de
Subsistema Indicador (IDS)
do BS Sustentabilidade
Tema: Solo
Área com mata nativa 19 Insustentável
Uso agrossilvipastoril da terra 11 Insustentável
Prática de queimadas 89 Sustentável
Uso de agrotóxicos 45 Intermediário
Qualidade do solo 42 Intermediário
Tema: Saneamento
Ecológico Acesso a abastecimento de
42 Intermediário
água
Acesso a esgotamento
100 Sustentável
sanitário
Acesso à coleta de lixo
100 Sustentável
doméstico
Potencialmente
Tratamento de esgoto 70
Sustentável
IDS: Indicador de desenvolvimento sustentável; BS: “Barometer of Sustainability”
101

Dentre os indicadores do tema “Solo” e do subsistema “Ecológico”,


os indicadores “Área com mata nativa” e “Uso agrossilvipastoril da terra”
foram classificados como insustentáveis. A área de mata nativa deve ser
aumentada e a área com uso agrossilvipastoril deve ser reduzida a fim de
melhorar o nível de sustentabilidade da Sub-bacia das Posses. De acordo
com o estudo de Richards et al. (2015) o Projeto Conservador das Águas
contribui para a melhoria desses indicadores, uma vez que, desde a sua
criação em 2005, o projeto já conta com mais de 3.000 ha de Mata Atlântica
em processo de restauração ecológica no município de Extrema. Diversas
áreas do município de Extrema, MG, inclusive na Sub-bacia das Posses,
anteriormente utilizadas com pastagens estão sendo convertidas em
vegetação nativa, especialmente as áreas de topo de morro e encostas
íngremes. Provavelmente, no futuro, esses indicadores alcançarão melhores
níveis de sustentabilidade.
Devido às características do relevo da região, predominantemente
ondulado e forte ondulado, exigem maiores cuidados no manejo
agrossilvipastoril das áreas exploradas. Requerem-se manejos
conservacionistas e atividades de baixo impacto ambiental.
Neste subsistema “Ecológico”, o indicador “Prática de queimadas”
foi o único que atingiu a classificação “Sustentável” (grau 89). Apenas
2,86% dos entrevistados respondeu que utiliza queimadas para limpeza de
áreas na propriedade. Muitos demonstraram consciência dos problemas
inerentes às queimadas, outros não as praticam em respeito aos
compromissos firmados junto ao Conservador das Águas.
Quanto aos indicadores “Uso de agrotóxicos” e “Qualidade do solo”,
ambos foram classificados como “Intermediários”, graus 45 e 42,
respectivamente. Em 25,72% das propriedades da Sub-bacia das Posses
existe a utilização de agrotóxicos, esse valor foi levantado nas entrevistas de
coleta de dados para construção do índice. O uso de agrotóxicos foi
verificado especialmente nas propriedades que se dedicam ao cultivo de
tomates e pimentões em estufa e ao cultivo de milho.
102

Quanto ao tema “Saneamento”, o indicador “Acesso a abastecimento


de água” atingiu o grau 42 e foi classificado como “Intermediário”. Esse
nível de sustentabilidade está ligado ao fato de 71,43% dos entrevistados ter
relatado possuir água em abundância durante todo o ano em sua propriedade.
No entanto, uma maior parcela deveria não apresentar problemas
relacionados ao abastecimento de água para que o indicador pudesse ser
classificado com melhores níveis de sustentabilidade.

Os indicadores “Acesso a esgotamento sanitário” e “Acesso à coleta


de lixo doméstico” receberam a classificação “Sustentável” por estar
presente em 100% das propriedades das Posses, apresentando grau 100 no
“Barometer of Sustainability”. No entanto, o indicador “Tratamento de
esgoto” foi classificado como “Potencialmente Sustentável”, grau 70, devido
à ausência de fossas sépticas em 31,42% das propriedades da sub-bacia.
Nestas, utiliza-se ainda as fossas negras, com riscos de contaminação da
água do lençol freático e dos alimentos, podendo causar sérias doenças em
humanos e animais. Essas fossas devem ser substituídas por outras mais
eficientes para que tais problemas não ocorram.

3.3 Bem estar humano

O subsistema humano da Sub-bacia das Posses foi composto por 10


indicadores distribuídos nos temas “Equidade” e “Trabalho e remuneração”,
“Saúde”, “Educação”, “Habitação” e “Capacidade institucional”. Estes
podem ser visualizados no Quadro 4, juntamente com seus respectivos graus
e classificações quanto à sustentabilidade.
O indicador “Assistência técnica” um dos indicadores do tema
“Capacidade institucional” foi o que apresentou o menor grau dentre todos
os analisados, grau 12. Cerca de 90% dos entrevistados declararam não
receber assistência técnica em suas atividades produtivas de nenhum órgão
municipal, estadual ou federal, assim como de nenhuma Organização Não
103

Governamental (ONG). As propriedades que produzem tomate e pimentão


em estufa e batata inglesa que recebem assistência técnica de engenheiros
agrônomos, sendo de caráter pago e particular. As propriedades que se
dedicam às atividades de pecuária de corte e leite, maioria dos
estabelecimentos, declararam não receber assistência de nenhum
profissional.
A assistência técnica por profissionais especializados é
imprescindível nas propriedades familiares para que as mesmas produzam
com sustentabilidade. Muitas vezes, a orientação de um extensionista ou
consultor pode facilitar, agilizar e tornar mais viável economicamente
determinado processo produtivo, sem, necessariamente, recorrer a
investimentos financeiros.
O indicador “Índice de Gini” foi classificado como “Potencialmente
Insustentável” (grau 39). Esse indicador expressa a distribuição de riqueza
da população de um local. Na Sub-bacia das Posses foi verificada forte
desigualdade social com Índice de Gini de 0,536, situação inferior à apurada
para o Brasil (0,515) pelas Nações Unidas e divulgado no Relatório de
Desenvolvimento Humano (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA
O DESENVOLVIMENTO - PNUD, 2017). Neste relatório o Brasil foi
classificado como o décimo país mais desigual do mundo e o quarto da
América Latina.
A obtenção do índice de Gini para a Sub-bacia das Posses utilizou
dados referentes à renda das propriedades rurais que foram entrevistadas.
Enquanto a renda mensal da maioria das propriedades rurais ficou próxima
de R$880,00 (valor referente a um salário mínimo à época das entrevistas);
em outras poucas o faturamento mensal apurado atingiu até R$12.000,000
(valor referente a aproximadamente treze salários mínimos à época das
entrevistas). Esta grande disparidade de renda fez com que o indicador
apontasse um forte grau de desigualdade social. Destaca-se neste estudo a
necessidade de melhoraria desse indicador de desenvolvimento sustentável.
Segundo Amorim e Cândido (2015) é necessário reduzir a concentração de
104

renda, para que a população possa dispor de condições de vida e de


sobrevivência mais adequadas.
Durante as entrevistas dos proprietários rurais da Sub-bacia das
Posses visando à coleta de dados para este estudo, quando questionados se
participavam do Conservador das Águas notou-se que, apenas os que
possuem mais de cinco hectares de terras responderam que participam do
projeto e recebem Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).

Quadro 4 Indicadores de desenvolvimento sustentável do subsistema


humano, seus graus no método “Barometer of Sustainability” e
os níveis de sustentabilidade, Sub-bacia das Posses, Extrema,
MG
Grau Nível de
Subsistema Indicador (IDS)
do BS Sustentabilidade
Tema: Equidade
Potencialmente
Índice de Gini 39
Insustentável
Tema: Trabalho e remuneração
Taxa de desemprego 95 Sustentável
Rendimento médio mensal 100 Sustentável
Tema: Saúde
Oferta de serviços básicos
100 Sustentável
de saúde
Tema: Educação
Humano Taxa de alfabetização 89 Sustentável
Taxa de escolaridade da Potencialmente
25
população adulta Insustentável
Tema: Habitação
Adequação da moradia 86 Sustentável
Tema: Capacidade institucional
Acesso a serviços de
99 Sustentável
telefonia
Acesso a serviços de
85 Sustentável
internet
Assistência técnica 12 Insustentável
IDS: Indicador de desenvolvimento sustentável; BS: “Barometer of Sustainability”

Segundo os entrevistados, o modelo de PSA adotado atualmente


pelo projeto não é atrativo para as menores propriedades, uma vez que o
105

pagamento é realizado em função do tamanho total do imóvel e não em


função da área imobilizada na propriedade pelo projeto. Esta situação pode
estar contribuindo para aumentar a desigualdade social no local, uma vez é
viável economicamente aos maiores proprietários e não viável aos pequenos.
Uma alternativa sugerida neste estudo é a criação modalidade especial de
PSA destinada aos pequenos proprietários da sub-bacia. As propriedades
menores poderiam estar sendo incentivadas a desenvolver atividades de
baixo impacto ambiental, como por exemplo, a adoção de sistemas
agroflorestais, uma forma de produzir protegendo o meio ambiente. Nestes
sistemas os agricultores integram elementos agrícolas e florestais em uma só
área, numa tentativa de imitar as sucessões e estratificações de florestas
naturais. Uma diversidade de alimentos de qualidade é produzida, e por
serem livres de agrotóxicos possuem alto valor no mercado, especialmente
se certificados como orgânicos. Assistência técnica para esses pequenos
produtores como uma alternativa de PSA seria uma forma de promoção
social, diminuindo consequentemente, problemas ambientais e sociais da
localidade.
Os Indicadores do subsistema humano: “Rendimento médio mensal”
e “Oferta de serviços básicos de saúde” apresentaram nível máximo de
sustentabilidade. Segundo Kronemberger e Junior (2015) um rendimento
médio mensal superior a R$2.249,00 (dois mil, duzentos e quarenta e nove
reais) é considerado ótimo. Para a Sub-bacia das Posses o valor apurado para
o indicador foi de R$3.281,00 (três mil, duzentos e oitenta e um reais),
portanto, quando convertido para a escala do BS atingiu grau 100.
Os indicadores “Taxa de desemprego”, “Taxa de alfabetização”,
“Adequação da moradia”, “Acesso a serviços de telefonia” e “Acesso a
Serviços de internet” também se enquadraram no nível “Sustentável”.

Nas propriedades entrevistadas 16,36% das pessoas economicamente


ativas não estavam trabalhando, no entanto apenas 3,52% estavam à procura
de emprego. Assim, de acordo com a metodologia do Instituto Brasileiro de
106

Geografia e Estatística (IBGE, 2015), esse último valor representa a taxa de


desemprego da Sub-bacia das Posses.

A “Taxa de alfabetização” que mediu o grau de alfabetização da


população de 15 anos ou mais de idade apurada para a Sub-bacia das Posses
foi de 97,10%. Esse valor foi superior ao encontrado para o Brasil e para o
Estado de Minas Gerais, referente ao ano de 2012, que apresentaram os
valores de 91,4% e 93%, respectivamente (INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, 2015).

O indicador “Adequação da moradia” utilizou as seguintes variáveis


na sua construção: o número total de domicílios particulares permanentes, a
densidade de moradores por dormitório, a coleta do lixo, o abastecimento de
água e o esgotamento sanitário, conforme sugerido pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE, 2015). Todas as variáveis avaliadas foram
consideradas adequadas, exceto abastecimento de água, adequada em
71,43% das propriedades. Portanto, o valor final desse indicador após
padronização para a escala do método alcançou grau 86.

Já os indicadores “Acesso a serviços de telefonia” e “Acesso a


serviços de internet” se mostraram presente em 97,14 e 45,71% das
propriedades das Posses. Esses percentuais na escala do “Barometer of
Sustainability” correspondem aos graus 99 e 85, respectivamente.

O indicador “Taxa de escolaridade da população adulta” pesou


negativamente no cálculo da sustentabilidade da sub-bacia, enquadrando-se
no nível de sustentabilidade “Potencialmente Insustentável”. Esse indicador
tem por característica verificar a média de anos de estudo de uma população.
Para a Sub-bacia das Posses a média encontrada foi de 5,37 anos de estudo
por pessoa de 25 a 64 anos de idade. No geral, espera-se que pessoas com 25
anos de idade ou mais tenham concluído, no mínimo, o ensino médio (11
anos de estudo) (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA - IBGE, 2015). Portanto a taxa de escolaridade da população
107

adulta da Sub-bacia das Posses é inferior à recomendada

Durante a pesquisa de campo ficou evidente que as pessoas que


menos estudaram, e que contribuíram para abaixar essa média, foram
aquelas que possuíam maior idade. Essa baixa escolaridade foi,
frequentemente, justificada pela necessidade de contribuir financeiramente
com o sustento da família, quando os mesmos estavam em idade escolar,
forçando-as a abandonar as escolas nos primeiros anos de formação.

3.4 Representação gráfica da situação da sustentabilidade da Sub-bacia


das Posses

O nível de sustentabilidade da Sub-bacia das Posses mensurado a


partir do “Barometer of Sustainability” foi classificado como
“Intermediário”. O subsistema ecológico foi classificado como
“Intermediário” (59,5) e o subsistema humano como “Potencialmente
Sustentável” (73). O índice final foi de 66,25, conforme representado
graficamente na Figura 5.
O eixo que representa o bem estar humano foi mais bem avaliado do
que aquele referente ao bem estar ecológico. Segundo Lopes e Guerra (2016)
não basta que a avaliação do índice seja ótima em apenas um eixo, é
necessário que em ambos haja uma equidade de bons e ótimos índices para
que o resultado final atinja um maior nível de sustentabilidade.
108

100

-----------------------------------------------------------
Sustentável

80
Potencialmente
Bem estar ecológico

Sustentável
60 
---------------------------------------------------------------------
Intermediário 66,25

40
Potencialmente
Insustentável
20
Insustentável
0
0 20 40 60 80 100
Bem estar humano
Figura 5 Representação gráfica da sustentabilidade pelo método “Barometer
of Sustainability”, Sub-bacia das Posses, Extrema, MG

Observando o gráfico, nota-se que o eixo do bem estar ecológico


está próximo do limite entre os níveis de sustentabilidade “Intermediário” e
“Potencialmente Sustentável”. Bastam alguns ajustes nos indicadores mais
defasados do subsistema ecológico para que a classificação da
sustentabilidade da Sub-bacia das Posses passe para o nível melhor
“Potencialmente Sustentável”. No entanto, deve-se perseguir o nível de
sustentabilidade “Sustentável”. Para se atingir este patamar os indicadores
que obtiveram graus mais baixos, de ambos os subsistemas, devem ser
melhorados.
109

4 CONCLUSÕES

Em curto prazo o subsistema ecológico deve ser melhorado,


especialmente os indicadores “Área com mata nativa”, “Uso
agrossilvipastoril da terra” que obtiveram os piores desempenhos. Estes
indicadores devem receber atenção especial do Projeto Conservador das
Águas. No entanto, no longo prazo todos os indicadores que apresentaram
graus abaixo de 80 devem ser melhorados, para se atingir plena
sustentabilidade no local.
No subsistema humano foi detectada uma grave deficiência de
assistência técnica que deve ser ofertada, especialmente às menores
propriedades da sub-bacia que atualmente não estão aderidas ao Conservador
das Águas e não recebem nenhum apoio para se desenvolverem com
sustentabilidade.
Vislumbra-se como uma das alternativas a ser adotada para melhoria
do nível de sustentabilidade do local, a criação de uma modalidade especial
de PSA visando fornecer assistência técnica, ao invés de auxílio financeiro,
aos pequenos proprietários da sub-bacia. Uma forma de inclui-los ao Projeto
Conservador das Águas, torna-los agentes apoiadores e ao mesmo tempo
propiciar o desenvolvimento sustentável destas propriedades sem o risco de
promover mero “assistencialismo”.
A criação desta modalidade de PSA ajudaria na diminuição de
alguns problemas sociais e ambientais, como a melhoria da distribuição de
renda e diminuição da poluição difusa causada pelas fossas negras que ainda
persistem nas propriedades que não participam do Conservador das Águas.

5 AGRADECIMENTOS

À CAPES, ao CNPq (305010/2013-1) e à FAPEMIG (CAGPPM


00422-13 e CAGAPQ01053-15) pelos recursos financeiros aplicados no
estudo, à Prefeitura Municipal de Extrema pelo suporte logístico e
financeiro, e, aos entrevistados pela solicitude na prestação das informações.
110

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e Meio Ambiente, v. 36, p. 201-221, 2016.

ZOLIN, C. A. et al. Minimização da erosão em função do tamanho e


localização das áreas de floresta no contexto do Programa Conservador das
Águas. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 35, n. 6, p. 2157-2166,
2011.
115

APÊNDICE A
Questionário semiestruturado aplicado na Sub-bacia das Posses
116

TÍTULO DA PESQUISA: “ÍNDICES DE QUALIDADE DO SOLO E DE


SUSTENTABILIDADE NO CONTEXTO DO PAGAMENTO POR
SERVIÇOS AMBIENTAIS, SUB-BACIA DAS POSSES, EXTREMA,
MG”.

PESQUISADORES RESPONSÁVEIS:
FÁBIO JOSÉ GOMES - MESTRANDO
MARX LEANDRO NAVES SILVA - ORIENTADOR

Data da entrevista: ____/____/______.


Início da entrevista: ________ horas. Término da entrevista: ________ horas
Nome do entrevistado: ___________________________________________
Telefone: _____________________________________________________

As questões estão divididas em 6 blocos:


Bloco 1: Informações gerais do imóvel rural;
Bloco 2: Informações pessoais e sociais;
Bloco 3: Informações econômicas e sobre a propriedade;
Bloco 4: Informações institucionais;
Bloco 5: Informações ambientais;
Bloco 6: Informações sobre o projeto “Conservador das Águas”.

BLOCO 1 – INFORMAÇÕES GERAIS DO IMÓVEL RURAL


1. Nome da propriedade: _________________________________________
2. Município: __________________ UF: ____________________________
3. Coordenada plana (UTM) (Sede): (X) __________ (Y) _______________
4. Área total (ha): _______________________________________________
5. Situação atual da propriedade:
( ) Particular com escritura
( ) Particular com posse
( ) Arrendada
117

( ) Domínio Público
( ) Outro tipo. Especifique:
_____________________________________________________________

BLOCO 2 - DADOS PESSOAIS E SOCIAIS


Obs.: Deverá ser respondido pelo principal tomador das decisões da
propriedade, o “proprietário ou arrendatário”.
1. Sexo:
( ) Feminino ( ) Masculino
2. Nome:______________________________________________________
3. Idade: __________
4. Nasceu em Extrema?
( ) Sim ( ) Não
4.1. Se não, onde nasceu? ______________________ UF: ______________
5. Reside na propriedade rural?
( ) sim ( ) não
6. Se NÃO reside na propriedade qual o motivo de não residir?
7. Se NÃO reside na propriedade rural qual é o seu endereço residencial?
8. Sabe ler e escrever ?
( ) Sim ( ) Não
9. Nível de escolaridade:
( ) Primário incompleto (1ª a 4ª série)/ (atual 2º ao 5º ano)
( ) Primário completo (1ª a 4ª série)/ (atual 2º ao 5º ano)
( ) 1º grau completo ou Ensino fundamental (5ª a 8ª série)/ (atual 6º ao 9º
ano)
( ) 2º grau completo ou Ensino Médio (1º a 3º colegial)
( ) Ensino técnico profissionalizante. Qual curso?____________________
( ) Superior incompleto. Qual curso? ______________________________
( ) Superior completo. Qual curso? ________________________________
( ) Pós-graduação incompleta. Qual curso? _________________________
( ) Pós-graduação completa. Qual curso? ___________________________
118

( ) Outros, especifique: _________________________________________


10. Qual a sua profissão? _________________________________________
11. O (a) senhor (a) trabalha na atividade agropecuária? Se sim, há
QUANTOS ANOS? ____________________________________________
12. A sua família é composta por quantas pessoas? (Considere o
entrevistado) ___________. Especifique:
Trabalha?
Nº de identificação Relação de parentesco Idade Nã
Sim
o
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
13. Quem da família mora com você? (inserir somente o nº de identificação).
14. Qual a ESCOLARIDADE de cada membro da família?
Nº de Escolaridade Nº de Escolaridade
identificação identificação
01 06
02 07
03 08
04 09
05 10
15. Algum membro familiar com 7 a 14 anos deixou de estudar ?
( ) Não. Quantos? ______________________________________________
119

( ) Sim. Quantos?
Porque?_______________________________________________________
16. Quando necessário, o (a) senhor (a) e a sua família recorrem a qual
sistema de saúde?
( ) SUS (SISTEMA ÚNICO DE SAUDE)
( ) Sistema privado
( ) Outros. Especifique:__________________________________________
17. Nas Posses existe oferta de serviços básicos de saúde? ( ) Sim
( ) Não
17.1. Sua residência pertence ao qual PSF (Programa da Saúde da Família)?
_____________________________________________________________
18. Como você classifica o saneamento básico no município (comunidade)
em que vive?
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
19. Algum membro da família já foi internado com alguma doença
relacionada ao mau saneamento nos últimos 5 anos? (por exemplo,
amebíase, ascaridíase, cisticercose, cólera, diarréia, desinterias, elefantíase,
esquistossomose, febre amarela, febre tifóide, giardíase, hepatite, infecções
na pele e nos olhos, leptospirose, malária, poliomielite, teníase, etc.).
( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual (is) foi (ram) a (s) doença (s)?
_____________________________________________________________
20. Você considera que as condições de habitação da sua casa são boas?
( ) Sim ( ) Não
Porquê?_______________________________________________________
21. Qual o meio de TRANSPORTE o (a) senhor (a) e a sua família utilizam
para deslocar da sua propriedade rural à zona urbana da cidade?
_____________________________________________________________
22.1. Em sua opinião, qual a condição da estrada?
( ) Péssima ( ) Regular ( ) Boa ( ) Ótima
23. O (a) senhor (a) sente-se SEGURO na propriedade rural?
120

( ) Sim. Por quê? _______________________________________________


( ) Não. Por quê?
_____________________________________________________________

BLOCO 3 - DADOS ECONÔMICOS E SOBRE A PROPRIEDADE


1. Qual foi a RENDA BRUTA anual da propriedade ao final no último ano?
121

( ) Até R$ 2.500,00
( ) De R$ 2.500,00 a R$ 10.000,00
( ) De R$ 10.000,00 a R$ 25.000,00
( ) De R$ 25.000,00 a R$ 50.000,00
( ) De R$ 50.000,00 a R$ 100.000,00
( ) De R$ 100.000,00 a R$ 500.000,00
( ) R$ 500.000,00 a 800.000,00
( ) Acima de R$ 800.000,00
2. Qual a renda média mensal BRUTA da família
_____________________________________________________________
3. O (a) Senhor (a) possui OUTRA ATIVIDADE REMUNERADA além de
produtor(a) rulal?
( ) Sim. Qual?
_____________________________________________________________
( ) Não.
A maior parte da sua renda origina-se desta(s) atividade(s) ou da renda de
produtor (a) rural?
_____________________________________________________________
4. No ano de 2015, quais foram as suas ATIVIDADES RURAIS?
( ) Cultivo de plantas perenes. Quais? Qual a área?
_____________________________________________________________
( ) Cultivo de plantas anuais. Quais? Qual a área?
_____________________________________________________________
( ) Pecuária de corte. Qual a raça? Quantas cabeças? Área, tipo de pastagem
e manejo?
_____________________________________________________________
( ) Pecuária de leite. Qual a raça? Quantas cabeças? Área, tipo de pastagem
e manejo?
_____________________________________________________________
( ) Floresta plantada. Qual espécie? Área plantada?
_____________________________________________________________
122

( ) Turismo rural. Como?


_____________________________________________________________
( ) Outra (s) atividade (s):
_____________________________________________________________
5. Quantos hectares aproximadamente na sua propriedade estão ocupados
com:
Áreas verdes (APP, Reserva Legal, Mata):
_____________________________________________________________
Benfeitorias (casa, terreiros, etc):
_____________________________________________________________
Culturas agrícolas:
_____________________________________________________________
Terras sem nenhum uso
(especifique):_____________________________________ _____________
Outras áreas:
_____________________________________________________________
6. O (a) senhor (a) conhece alguma LINHA DE CRÉDITO e incentivo à
sustentabilidade da propriedade rural?
( ) Não.
( ) Sim. Qual? Já utilizou? Continua utilizando?
_____________________________________________________________
7. Possui algum tipo de CERTIFICAÇÃO? Ex.: Certificado de produtos
orgânicos, certificado de produção ecológica de madeira, selo verde
etc.________________________________________________ __________
7.1. Se não, tem vontade de ter?
_____________________________________________________________
8. Que tipo de MÃO-DE-OBRA é utilizada nas atividades desenvolvidas em
sua propriedade,?
( ) Somente familiar.
( ) Familiar e contratada.
( ) Somente contratada.
123

Caso contrário:
A mão-de-obra é PERMANENTE ou TEMPORÁRIA?
( ) Permanente ( ) Temporária
QUEM TRABALHA MAIS dias durante o ano?
( ) Mão-de-obra familiar ( ) Mão-de-obra contratada.
Qual o CUSTO MÉDIO DA MÃO-DE-OBRA
(homem/dia)?__________________________________ ________________
O (a) Senhor (a) acha o custo da mão de obra caro ou barato?
_____________________________________________________________
A mão-de-obra é: ( ) QUALIFICADA e fácil de encontrar
( ) sem qualificação e fácil de encontrar
( ) QUALIFICADA e difícil de encontrar
( ) sem qualificação e difícil de encontrar
124

BLOCO 4 – INFORMAÇÕES INSTITUCIONAIS


1. Qual o principal MEIO o (a) Senhor (a) utiliza para se informar? Com que
frequência?
Diário Semanal Quinzenal Mensal Nunca
TV
Boletins
informativos
fornecido por
entidades de
assistência
técnica
Rádio
Jornais
impressos
Internet
Comunicação
com vizinhos
e outras
pessoas
Outro: Qual?
_____________________________________________________________
2. O (a) senhor (a) possui telefone fixo e/ou celular?
( ) Sim ( ) Não.
3. O (a) senhor (a) tem ACESSO A INTERNET EM CASA (residência)?
( ) Não.
( ) Sim e uso principalmente
para:_______________________________________ __________________
( ) Sim, mas não uso. Por quê?
_____________________________________________________________
4. Se NÃO tem acesso a internet em casa, tem acesso em outro local?
( ) Não.
( ) Sim. Especifique o local e o uso principal.
_____________________________________________________________
125

5. O (a) senhor (a) tem acesso à ASSISTÊNCIA TÉCNICA em sua


propriedade?
( ) Sim ( ) Não
5.1. Se sim, qual a origem dessa assistência?
( ) Assistência privada e/ou de profissionais que trabalham na propriedade.
( ) Assistência de órgãos públicos, somente quando requisitados. Quais os
órgãos? _______________________________________________________
( ) Assistência de órgãos públicos porque estes o procuram. Quais os
órgãos? ______________________________________________________
Em qual frequência? ____________________________________________
6. Com relação à ASSISTÊNCIA TÉCNICA recebida em sua propriedade
rural, você afirmaria que?
( ) Não recebo
( ) Sente-se muito satisfeito
( ) Poderia melhorar
( ) Não está satisfeito
( ) Está completamente insatisfeito
7. O (a) senhor (a) participa de alguma ASSOCIAÇÃO ou sindicato?
( ) Não e não tenho interesse em participar. Por quê?
_____________________________________________________________
( ) Não, mas tenho interesse em participar? Por quê?
_____________________________________________________________
( ) Sim. Qual? Quais principais vantagens e desvantagens dessa
participação?
_____________________________________________________________

BLOCO 5 - INFORMAÇÕES AMBIENTAIS


Água
1. Local (is) de CAPTAÇÃO:
( ) cisterna ( ) nascente ( ) córrego ( ) rio ( ) poço artesiano ( ) lago,
represa ou barramento
126

( ) outros: especifique. __________________________________________


2. FINALIDADE do (s) uso (s):
( ) Consumo humano ( ) Dessedentarão de animais ( ) Irrigação ( )
Recreação
( ) outros: especifique. __________________________________________
3. O (a) senhor (a) acha que a ÁGUA CONSUMIDA pelo (a) senhor (a) e
sua família é de qualidade?
( ) Sim
( ) Não. Por quê? --____________________________________________
4. Existem NASCENTES na sua propriedade?
( ) Não
( ) Sim. Quantas? ______________________________________________
São: ( ) Perenes ou ( ) Intermitentes
Estão cercadas?
( ) Não ( ) Sim
5. O (a) senhor (a) conhece alguma nascente que desapareceu (secou) nos
últimos 5 anos?
( ) Não ( ) Sim
Se SIM, responda:
Quantas? _____________________________________________________
5.1. Em sua opinião, o que levou ao desaparecimento dela (s)?
_____________________________________________________________
6. O (a) senhor (a) conhece alguma nascente que voltou a emitir água nos
últimos 5 anos?
( ) Não ( ) Sim
Se SIM, responda:
Quantas? _____________________________________________________
6.1. Em sua opinião, o que levou à recuperação dessa (s) nascente (s)?
_____________________________________________________________
7. Em sua opinião, existe relação entre mata e água?
( ) Sim ( ) Não
127

Qual relação? __________________________________________________


8. E entre Solo e água existe relação?
( ) Sim ( ) Não
Qual relação?
_____________________________________________________________
9. O (a) senhor (a) enfrentou alguma DIFICULDADE na sua propriedade
com a disponibilidade de água nos anos de 2014 e 2015?
( ) Não ( ) Sim
Se SIM. Quais dificuldades? ______________________________________
O que o (a) senhor (a) fez para minimizar o problema?
_____________________________________________________________
10. Hoje o (a) senhor (a) sente-se PREPARADO para um eventual período
de estiagem?
( ) Não ( ) Sim
Por quê? ______________________________________________________
11. Qual (is) tipo (s) de fertilizante (s) o (a) senhor (a) utiliza em sua
propriedade?
( ) Mineral. Quantos quilos por ano?________________________________
( ) Orgânico. Quantos quilos por ano?_______________________________
11.3. Em quantos hectares de plantação é utilizado fertilizante:
Mineral?______________________________________________________
Orgânico?_____________________________________________________
11.2. Em quais as culturas o senhor (a) aplica os fertilizantes
minerais?______________________________________________________
11.2. Em quais as culturas o senhor (a) aplica os fertilizantes
orgânicos?_____________________________________________________
12. Quantos quilos de agroquímicos o senhor (a) utiliza na propriedade por
ano? _________________________________________________________
12.1. Quais os agroquímicos são mais utilizados pelo senhor (a)?
_____________________________________________________________
12.2. Em quais as culturas o senhor (a) aplica agroquímicos?
128

_____________________________________________________________
13. O senhor tem o hábito de usar queimadas como prática de limpeza de
áreas na sua propriedade?
( )Sim ( ) Não
13.1. Se sim, quantas vezes ao ano?_________________________________
14. A prefeitura realiza coleta de lixo em sua propriedade?
( )Sim
( ) Não
14.1. Se sim, quantas vezes por semana?_____________________________
14.2. Se não, qual o destino dos lixos produzidos em sua propriedade?
_____________________________________________________________
15. Na sua propriedade existe rede de esgoto? ( )Sim ( ) Não
15.1. Qual o destino final do esgoto? ( ) Rede geral de esgoto ou pluvial (
) Fossa séptica ( ) Fossa rudimentar ( ) Vala ( ) Córrego, rio ou lago ( )
Outro: Especifique:
_____________________________________________________________
16. Existe algum tipo de tratamento do esgoto em sua propriedade?
( ) Sim ( ) Não
Se sim, Qual?________________________________ __________________

Manejo e conservação dos solos


1. A sua propriedade possui áreas com EROSÃO?
( ) Sim ( ) Não
2. Se SIM, responda: QUE TIPO DE EROSÃO (descreva com as suas
próprias palavras)?
_____________________________________________________________
3. Se POSSUI VOÇOROCA responda:
Há mais ou menos quanto tempo elas existem?
_____________________________________________________________
O Senhor (a) tem observado avanço da área de voçoroca?
_____________________________________________________________
129

O que o senhor (a) faz para contê-la?


_____________________________________________________________
4. Quais PRÁTICAS o (a) senhor (a) utiliza-se em sua propriedade:
( ) Plantio direto
( ) Terraços locado em nível
( ) Terraços locado em desnível
( ) Cordões de vegetação
( ) Sistema agroflorestal
( ) Cobertura morta
( ) Adubação verde
( ) Cultivo mínimo
( ) Rotação de culturas
Outras práticas comuns que utiliza em sua propriedade que não foi
mencionado? __________________________________________________

BLOCO 6 – INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO


“CONSERVADOR DAS ÁGUAS”.
1. O senhor (a) participa do projeto “Conservador das Águas”?
( ) Sim ( ) Não
1.1. Se sim, quanto tempo faz que participa do projeto?
_____________________________________________________________
1.2. Se não, porque não aderiu ao projeto?
_____________________________________________________________
2. O que o senhor (a) acha do valor pago por hectare cercado pelo
programa Conservador das Águas?
( ) Muito pouco ( ) Pouco ( ) Razoável ( ) Bom ( ) Justo ( ) Mais
do que o justo
2.1. Se não acha o valor o justo, qual seria o valor justo por hectare cercado?
_____________________________________________________________
3. O senhor (a) acha que a sua propriedade está contribuindo para aumentar
ou diminuir a QUALIDADE e QUANTIDADE de água no Ribeirão das
130

Posses?
_____________________________________________________________
4. Ao cultivar uma área, o senhor (a):
( ) faz ARAÇÃO morro abaixo, ( ) aração em nível, ou ( )planta direto na
cobertura morta sem arar o solo.\
5. O senhor (a) faz PLANTIO morro a baixo ou em nível?
_____________________________________________________________
5.1. Qual o (a) senhor (a) acha mais adequado? Porque?
_____________________________________________________________
5.2. Se o (a) senhor (a) faz plantio morro abaixo e acha mais adequado o
plantio em nível, por qual razão não planta em nível?
_____________________________________________________________
6. Sobre o solo da sua propriedade, o (a) senhor (a) acha que tem boa
qualidade? ( ) Sim
7. ( ) Não Porquê?
_____________________________________________________________
7.1. Em sua opinião, o que o solo tem que ter para ser classificado como de
boa qualidade?
_____________________________________________________________
Em sua opinião qual a propriedade nas Posses que tem o melhor solo para
cultivo? Porque?
_____________________________________________________________
8. O (a) senhor (a) acha que o volume de água do ribeirão das Posses
aumentou após a implantação do programa Conservador das Águas?
( ) Sim ( ) Não.
Em sua opinião, qual seria a justificativa?
_____________________________________________________________
8.1. Após a implantação do programa Conservador das Águas o senhor
notou diferença em relação à QUALIDADE da água do ribeirão das Posses?
( ) Sim ( ) Não. Se sim, o que mudou?
9. Numa escala de zero a dez, quanto o (a) senhor (a) acha importante o
131

controle da erosão para a qualidade do solo e da água?


_____________________________________________________________
10. Em sua opinião, qual parte da sua propriedade que tem o solo de
melhor qualidade? Porquê?
_____________________________________________________________
11. O (a) senhor (a) recebe pagamento por serviços (PSA) da prefeitura
de Extrema? ( ) Sim ( ) Não
11.1. Se sim, o (a) senhor (a) acha que o pagamento por serviços ambientais
está ajudando na sua permanência e de sua família na zona rural? ( ) Sim (
) Não
12. O (a) senhor (a) acha que as propriedades rurais que apresentam um
solo menos degradado e portanto de melhor qualidade deveriam receber
mais por isso? ( ) Sim ( ) Não. Porquê?
_____________________________________________________________
13. O (a) senhor (a) participa de alguma associação? Sim ( ) Não ( ) Qual
_____________________________________________________________
13.1. Se sim, esta associação ajuda o (a) senhor (a) a decidir sobre a adesão
ou permanência no Conservador das Águas?
( ) Sim ( ) Não.
14. Em sua opinião o que poderia incentivar os produtores a manter a mata
em pé?
_____________________________________________________________
14.1. O que o (a) senhor (a) acha da possibilidade da exploração sustentável
das áreas recuperadas pelo “Conservador das Águas” poderia ajudar a
manter as matas em pé?
_____________________________________________________________
15. O que poderia incentivá-los a cortar as matas?
_____________________________________________________________
16. Após a implantação do “Conservador das Águas” na Sub-bacia das
Posses o (a) senhor (a) passou a preocupar mais com a natureza? (modificou
a consciência ambiental?) Sim ( ) Não ( ) Em que sentido?

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