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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO

ANA LUÍZA LIMA FERREIRA

CULTIVO DE OLEAGINOSAS EM SOLOS TRATADOS COM


CHORUME DE ATERROS SANITÁRIOS

MOSSORÓ – RN
2013
ANA LUÍZA LIMA FERREIRA

CULTIVO DE OLEAGINOSAS EM SOLOS TRATADOS COM


CHORUME DE ATERROS SANITÁRIOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Ciência do Solo da Universidade
Federal Rural do Semiárido, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em
Ciência do Solo.

Orientador(a): Prof. Dr. Sc. Neyton de Oliveira


Miranda – UFERSA.

MOSSORÓ – RN
2013
O Conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seus autores

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Biblioteca Central Orlando Teixeira (BCOT)
Setor de Informação e Referência
F383c Ferreira, Ana Luíza Lima.
Cultivo de oleaginosas em solos tratados com chorume de
aterros sanitários. / Ana Luíza Lima Ferreira. -- Mossoró, 2013.
74f.: il.

Dissertação (Mestrado em Ciência do solo) – Universidade


Federal Rural do Semi-Árido.
Orientador: Dr. Neyton de Oliveira Miranda.

1. Disposição de resíduos no solo. 2. Disponibilidade de


nutrientes. 3. Sustentabilidade. 4. Chorume. I.Título.

CDD:631.41

Bibliotecária: Vanessa de Oliveira Pessoa


CRB15/453
ANA LUÍZA LIMA FERREIRA

CULTIVO DE OLEAGINOSAS EM SOLOS TRATADOS COM


CHORUME DE ATERROS SANITÁRIOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Ciência do Solo da Universidade
Federal Rural do Semiárido, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre em
Ciência do Solo.

APROVADA EM: 04/02/2013

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Sc. Neyton de Oliveira Miranda – UFERSA-Mossoró


Orientador

Prof. Dr. Sc. Nildo da Silva Dias – UFERSA-Mossoró


Conselheiro

Prof. Dr. Sc. Renato Dantas Alencar – IFRN-Apodi


Conselheiro
Dedico este trabalho a meus pais Alberto
Carlos Ferreira e Raimunda Ferreira que me
apoiaram em todas as decisões da minha vida
acreditando sempre que as conquistas
chegariam. Esta é apenas uma pequena
retribuição a todo amor que recebi.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me concedido saúde para realização do trabalho e por me guiar pelos
caminhos certos para chegar aqui.

A Universidade Federal Rural do Semiárido pela disponibilização dos meios possíveis para
realização deste trabalho.

A Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa


concedida, pois sem a mesma não poderia ter me dedicado exclusivamente a este trabalho.

Agradeço a meus pais (Alberto e Raimunda) e irmãs (Maria Luíza, Ana Neery e Ana Kelly)
pelo carinho e por não medirem esforços para que nenhum obstáculo fosse grande o
suficiente.

A meu querido Osvaldo Nogueira pela contribuição concreta neste trabalho, pelo
companheirismo e carinho a que tem me dedicado.

Ao Prof. Neyton de Oliveira Miranda por ter me orientado na realização do trabalho.

Aos professores membros da banca Nildo Dias, Renato Dantas Alencar e Jeane Portela por
compartilharem seus conhecimentos e pelas contribuições acadêmicas neste trabalho.

Aos colegas com os quais dividi a companhia dos fins de semana em laboratórios, Jair José,
Monalisa Soares, Lucas Ramos, Sílvio Roberto e a todos os amigos e colegas de turma da
Pós-Graduação em Ciência do Solo que de alguma forma contribuíram.

A todos os amigos que mesmo longe torceram para que esta conquista fosse real e que em
algum momento contribuíram para que esse momento fosse concretizado.

A todos, meu sincero obrigada!


“...e nunca considerem seu estudo como uma
obrigação, mas sim uma oportunidade
invejável de aprender, sobre a influência
libertadora da beleza no domínio do espírito,
para seu prazer pessoal e para o proveito da
comunidade à qual pertencerá o seu trabalho
futuro.”

Albert Eintein
RESUMO

A utilização de percolado de resíduos urbanos na produção agrícola tem o intuito de


aproveitar sua carga nutricional para as plantas sem prejudicar a qualidade dos solos, desde de
que rigorosamente manejada. Com isso, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de
avaliar o crescimento de oleaginosas e as alterações químicas em três solos de diferentes
texturas após a aplicação de doses crescentes de chorume de aterro sanitário nas formas sólida
e líquida. Dois ensaios foram desenvolvidos em casa de vegetação do Departamento de
Ciências Ambientais e Tecnológicas, localizada na Universidade Federal Rural do Semiárido
– UFERSA, campus leste, Mossoró/RN. O primeiro experimento avaliou os efeitos da
aplicação de doses crescentes de chorume em três solos (Argissolo, Cambissolo e Vertissolo)
cultivados com girassol. As doses foram estabelecidas com base no nitrogênio total presente
no chorume, de forma a fornecer 0, 20, 40, 60 e 80 kg de N ha-1. O segundo experimento
constituiu-se da aplicação da borra resultante da evaporação do chorume em dois solos
(Argissolo e Cambissolo) cultivados com mamona. Os tratamentos foram compostos de cinco
doses de borra do chorume, sendo 0, 15, 30, 45 e 60 g por cova. Os resultados mostram que a
aplicação crescente do chorume no Vertissolo proporcionou melhor crescimento do girassol,
com a maior média obtida para a dose de 31,91 m³ ha-1. As doses da borra do chorume
influenciaram as variáveis de crescimento da mamona de forma linear crescente, embora não
diferindo entre os dois solos estudados. As crescentes doses do chorume de aterros sanitários
(na fase líquida e sólida) promoveram incrementos na disponibilidade de nutrientes nos solos.
No entanto, não houve diferenças nas concentrações de metais pesados pela adição do
chorume na forma líquida, observando-se apenas aumento nas concentrações de Pb no
Cambissolo pela adição do chorume na forma sólida. As alterações promovidas pela aplicação
do chorume aos solos não ultrapassaram os valores de referencia recomendados pela
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) para a manutenção da
qualidade dos solos.

Palavras chave: Disposição de resíduos no solo. Disponibilidade de nutrientes.


Sustentabilidade. Chorume.
ABSTRACT

The use of leachate from municipal solid waste on agricultural production aims to take the
load present in its nutritional composition without sacrificing the quality of soil and/or water.
Therefore, this work was developed with the objective of evaluating the growth of oleaginous
plants and chemical changes in three different soil textures with the application of increasing
doses of sanitary landfill leachate in solid and liquid forms. Two experiments were conducted
in the greenhouse of the Department of Environmental and Technology Sciences located in
the Federal Rural University of Semiarid - UFERSA, east campus, Mossoró/RN. The first
experiment evaluated the effects of application of increasing doses of leachate in three soils
(Ultisol, Cambisol and Vertisol) cultivated with sunflower. Doses were based on the total
nitrogen present in the leachate so that provide 0, 20, 40, 60 and 80 kg N ha-1. The second
experiment consisted of applying dreg resulting from evaporation of leachate in two soils
(Ultisol and Cambisol) cultivated with castor beans. Treatments were composed of five doses
of leachate dreg, with 0, 15, 30, 45 and 60 gram per hole. In Vertisol the results shows that the
growing application of leachate provided better growing of sunflower with the largest average
obtained for the dose of 31.91 m³ ha-1. While not differing between the two soils the doses of
dreg of leachate influenced the variables of growing of castor beans in a crescent linear way.
Increasing doses of sanitary landfills leachate (in liquid and solid phase) promoted increases
in nutrient availability in soils. However there were no differences in the concentrations of
heavy metals by the addition of leachate in liquid form, observing only increase in the
concentrations of Pb in Cambisol by the addition of leachate in solid form. The changes
promoted by the application of leachate to soils did not exceed the reference values
recommended by the Technology Company of Environmental Sanitation for the maintenance
of soils quality.

Keywords: Utilization of waste in the soil. Nutrient availability. Sustainability. Leachate.


LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores de metais pesados orientadores para manutenção da qualidade do solo. ... 21

Tabela 2. Caracterização química e granulométrica dos solos antes da aplicação dos


tratamentos determinados por este estudo. ............................................................................... 28

Tabela 3. Análises físico-químicas do chorume coletado no Aterro Sanitário de Mossoró/RN


utilizado neste experimento. ..................................................................................................... 30

Tabela 4. Resumo da análise de variância e médias para altura de plantas aos 14, 20, 25, 30,
35 e 48 dias após o plantio da cultura do girassol nos três solos estudados. ............................ 38

Tabela 5. Resumo da análise de variância e médias para as variáveis de crescimento das


plantas de girassol colhidas aos 48 DAP. ................................................................................. 40

Tabela 6. Resumo da análise de variância para as propriedades químicas dos solos aos 15
DAP em função das doses de chorume aplicadas..................................................................... 42

Tabela 7. Resumo da análise de variância para as propriedades químicas dos solos aos 30
DAP em função das doses de chorume aplicadas..................................................................... 48

Tabela 8. Resumo da análise de variância para as propriedades químicas dos solos aos 45
DAP em função das doses de chorume aplicadas..................................................................... 52

Tabela 9. Resumo da análise de variância e médias para as variáveis de crescimento das


plântulas de mamona. ............................................................................................................... 55

Tabela 10. Resumo da análise de variância e médias para as variáveis de crescimento das
plantas de mamona colhidas aos 35 DAP. ................................................................................ 56

Tabela 11. Resumo da análise de variância e médias para as propriedades químicas dos solos
em função das doses da borra proveniente do chorume de aterro sanitário. ............................ 58

Tabela 12. Resumo da análise de variância correspondente ao efeito das doses em cada solo
estudado. ................................................................................................................................... 61
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Processos de formação de chorume em aterros sanitários. ...................................... 19

Figura 2. Detalhe da casa de vegetação utilizada nos experimentos que fazem parte deste
estudo. ....................................................................................................................................... 27

Figura 3. Imagem do Aterro Sanitário de Mossoró/RN onde foi coletado o chorume utilizado
neste estudo. ............................................................................................................................. 29

Figura 4. Arranjo do sistema de distribuição da irrigação(A) e detalhe da sisposição dos


emissores (B) em ambos os ensaios realizados. ....................................................................... 31

Figura 5. Avaliação da uniformidade de distribuição do sistema de irrigação (A) e detalhe do


monitoramento da irrigação através da instalação de tensiômetros (B). .................................. 32

Figura 6. Disposição das parcelas experimentais (A) e detalhe da aplicação de calcário no


argissolo (B). ............................................................................................................................ 33

Figura 7. Detalhe a aplicação do chorume no solo (A) e a realização da semeadura do girassol


(B). ............................................................................................................................................ 33

Figura 8. Avaliação periódica das características de crescimento (A) e amostragem de solo


(B). ............................................................................................................................................ 34

Figura 9. Detalhe das plantas de girassol tratadas com doses de chorume aos 48 DAP (A) e
detalhe da formação do capítulo (B)......................................................................................... 34

Figura 10. Borra resultante da evaporação do chorume de aterro sanitário (A) e aplicação da
borra no solo (B). ...................................................................................................................... 35

Figura 11. Detalhe da semeadura da manona (A) e porte da planta da mamona na ocasião da
coleta (B). ................................................................................................................................. 36

Figura 12. Médias da variável altura de plantas em diferentes períodos do ciclo do girassol
nos três solos estudados (A) e Altura das plantas do girassol em função das doses de chorume
aplicadas aos 48 DAP (B). ........................................................................................................ 39

Figura 13. Comportamento das variáveis de crescimento em função das doses de chorume
aplicadas nos diferentes solos cultivados com girassol aos 48 DAP: altura de plantas (A),
diâmetro do caule (B), materia fesca (C) e (D) e seca (E) e (F) da folha e do caule. ............... 41
Figura 14. Valores de pH em função das doses de chorume aplicadas em Vertissolo (A) e
Valores de condutividade elétrica em função das doses de chorume aplicadas em Cambissolo
e Argissolo (B) aos 15 DAP da cultura do girassol. ................................................................. 43

Figura 15. Concentração de sódio (A) e potássio (B) em função das doses de chorume
aplicadas em Argissolo, Cambissolo e Vertissolo aos 15 DAP da cultura do girassol. ........... 45

Figura 16. Concentração de ferro em função das doses de chorume aplicadas em Vertissolo
(A), Concentração de manganês em função das doses de chorume aplicadas em Argissolo (B)
e, Concentração de nitrogênio em função das doses de chorume aplicadas em Vertissolo (C)
aos 15 DAP da cultura do girassol............................................................................................ 46

Figura 17. Valores de pH em função das doses de chorume aplicadas em Argissolo e


Cambissolo (A) e Valores de condutividade elétrica em função das doses de chorume
aplicadas em Argissolo, Cambissolo e Vertissolo (B) aos 30 DAP da cultura do girassol. ..... 49

Figura 18. Concentração de sódio (A) e potássio (B) em função das doses de chorume
aplicadas em Argissolo, Cambissolo e Vertissolos aos 30 DAP da cultura do girassol........... 49

Figura 19. Concentração de manganês em função das doses de chorume aplicadas em


Cambissolo e Vertissolo (A), Concentração de zinco em função das doses de chorume
aplicadas em Argissolo, Cambissolo e Vertissolo (B) e, Concentração de nitrogênio em
função das doses de chorume aplicadas em Cambissolo (C) aos 30 DAP da cultura do
girassol. ..................................................................................................................................... 51

Figura 20. Valores de pH em função das doses de chorume aplicadas em Argissolo (A) e
Valores de condutividade elétrica em função das doses de chorume aplicadas em Argissolo,
Cambissolo e Vertissolo (B) aos 45 DAP do girassol. ............................................................. 53

Figura 21. Concentração de ferro em função das doses de chorume aplicadas em Argissolo
(A) e Concentração de manganês em função das doses de chorume aplicadas em Cambissolo
(B) aos 45 DAP da cultura do girassol. .................................................................................... 54

Figura 22. Variáveis de crescimento em função das doses da borra proveniente do chorume
de aterro sanitário nos dois solos estudados. % germinação (A), altura de plântulas (B). ....... 56

Figura 23. Variáveis de crescimento em função das doses da borra proveniente de chorume
de aterro sanitário: altura de plantas (A), diâmetro do caule (B), materia fesca (C) e (D) e seca
(E) e (F) da folha e do caule. .................................................................................................... 57

Figura 24. Valores de pH em função das doses de borra proveniente do chorume aplicadas
(A) e Concentração de Cu em função das doses de borra proveniente do chorume aplicadas
(B) em ambos os solos cultivados com mamona...................................................................... 59
Figura 25. Concentrações dos elementos – chumbo (A), zinco (B) e sódio (C) - em função
das doses da borra proveniente de chorume de aterro sanitário aplicadas nos dois solos
estudados. ................................................................................................................................. 60

Figura 26. Resposta dos atributos químicos em função das doses da borra proveniente de
chorume de aterro sanitário aplicadas nos dois solos estudados. Condutividade elétrica (A),
potássio (B), fósforo (C). .......................................................................................................... 62
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 16

2.1 UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS NA AGRICULTURA ................................................ 16


2.2 PERCOLADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS............................................... 17
2.3 A CULTURA DO GIRASSOL ..................................................................................... 22
2.4 A CULTURA DA MAMONA ...................................................................................... 23

3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 26

3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL ......................................................... 26


3.2 COLETA E CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS ........................................................ 27
3.3 COLETA E CARACTERIZAÇÃO DO CHORUME ................................................... 29
3.4 SISTEMA DE IRRIGAÇÃO ......................................................................................... 30
3.5 EXPERIMENTOS REALIZADOS ............................................................................... 32
3.5.1 Experimento 1: Efeito das doses de chorume no crescimento do girassol e nos
atributos químicos de três classes solos............................................................................ 32
3.5.2 Experimento 2: Efeito da aplicação da borra resultante da evaporação do
chorume na adubação de base da cultura mamona e nos atributos químicos do solo.35
3.6 ANÁLISES ESTATÍSTICAS........................................................................................ 36

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 37

4.1 EXPERIMENTO 1: EFEITO DAS DOSES DE CHORUME NO CRESCIMENTO DO


GIRASSOL E NOS ATRIBUTOS QUÍMICOS DE TRÊS CLASSES SOLOS. ............... 37
4.2 EXPERIMENTO 2: EFEITO DA APLICAÇÃO DA BORRA RESULTANTE DA
EVAPORAÇÃO DO CHORUME NA ADUBAÇÃO DE BASE DA CULTURA
MAMONA E NOS ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO. ............................................... 54

5 CONCLUSÕES.................................................................................................................... 64

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 65


14

1 INTRODUÇÃO

A busca pela prevenção da saúde humana e preservação do meio ambiente é


contínua e inclui o desenvolvimento de conceitos, processos e tecnologias, cujos benefícios
possam contribuir para o futuro da humanidade. Nesse contexto, é grande a preocupação
com a disposição final dos resíduos gerados tanto pela aglomeração populacional nos
territórios urbanos como pela atividade agripecuária. De acordo com Celere et al. (2007) o
destino dado aos resíduos urbanos gerados pela sociedade moderna e consumista é uma das
maiores preocupações ambientais da atualidade.
O aterro sanitário é a forma de disposição final dos resíduos sólidos urbanos (RSU)
com maiores benefícios sociais e econômicos e menores riscos à degradação ambiental. Do
total de lixo produzido, mais de 50% são resíduos orgânicos (MORAIS, 2005), os quais
produzem chorume durante sua decomposição, que em contato com pilhas, baterias,
medicamentos vencidos e outros componentes tóxicos carreiam uma grande quantidade de
microorganismos, metais pesados e outros constituintes danosos ao ambiente.
Os resíduos urbanos apresentam uma mistura de materiais muito complexa e de
natureza diversa, onde os principais constituintes são (CARVALHO et al., 2009): a)
materiais de facilmente decompostos (materia orgânica putrecível); b) materiais de difícil
decomposição (papel, papelão, galhos de madeira); e c) materiais inertes (plásticos, vidros,
metal, etc).
O chorume produzido em aterros sanitários possui heterogeneidade em sua
composição, o que dificulta os processos de tratamentos, tornando-os insuficientes e
onerosos (SANTOS, 2010). Os processos de tratamento demandam técnicas combinadas,
com estágios diferentes de tratamento dos contaminantes, os quais variam em concentração
ao longo do tempo (MENDONÇA, 2010). Devido a essa característica e ao custo elevado
das tecnologias de tratamento, o chorume se constitui em problema sócio-ambiental. Caso
não seja dada a destinação adequada, o chorume pode trazer impactos ambientais negativos
às águas, superficiais e subsuperficiais, e ao solo, visto que possui altas concentrações de
nitrogênio (N), fósforo (P), sódio (Na), potássio (K), além de metais pesados, que possuem
características cumulativas.
A utilização de resíduos na produção agrícola vem sendo estudada visando
aproveitar sua carga nutricional para as plantas sem prejudicar a qualidade dos solos, desde
15

que rigorosamente manejada. O nitrogênio, abundante nos derivados de resíduos domésticos


e industriais, é o nutriente exigido em maior quantidade pela maioria das culturas. Diante
disso, a utilização de fertilizantes nitrogenados em grandes quantidades tornou-se uma
prática comum na maioria das áreas cultivadas. Essa realidade tem trazido alguns prejuízos
ambientais e econômicos, pois o nitrogênio é um elemento que facilmente sofre reações de
oxirredução no solo apresentando desde as formas mais reduzidas, como o amônio (NH4+),
até as mais oxidadas, como o nitrato (NO3-) (CANTARELLA, 2007). Isso origina perdas
significaticas do elemento, seja por volatilização ou por lixiviação, que por sua vez
ocasionam gastos elevados com adubação mineral nitrogenada, além de danos ambientais
graves.
O Brasil não possui legislação específica para o uso de resíduos na agricultura,
havendo algumas orientações técnicas propostas com base em leis existentes em outros
países. Contudo, deve-se considerar que as condições edafoclimáticas brasileiras são
bastante distintas. Nesse sentido, fazem-se necessárias pesquisas com os resíduos em
diferentes classes de solos e submetidos às condições climáticas locais, coniderando a
elevada evapotranspiração característica da região semiárida.
Em face do exposto, este estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o
crescimento das oleaginosas (girassol e mamona) utilizando o chorume de aterro sanitário
como fonte de nutrientes, bem como observar o efeito dessa prática nos atributos químicos
em três classes de solos.
16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS NA AGRICULTURA

A busca pela redução do impacto causado ao ambiente pelo consumo humano,


órgãos públicos e particulares têm investido em pesquisas baseadas na utilização de resíduos
que possuam em suas constituições nutrientes necessários ao desenvolvimento vegetal.
A utilização de resíduos na agricultura é considerada como alternativa viável
devido às concentrações de nutrientes que disponibilizam para as plantas e à matéria
orgânica que melhora propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. A utilização de
insumos alternativos na agricultura tem a finalidade de aprimorar as técnicas de cultivo já
existentes, reduzir os impactos ao meio ambiente e tornar a produção mais econômica. A
boa aplicação dessa prática traz benefícios para a produção e qualidade dos produtos
(SILVA, 2010; MALAGI, 2011)
A aplicação de resíduos domésticos e industriais na agricultura e na recuperação de
áreas degradadas foi estudada por alguns autores (SANTOS, 2010; MARTINES et al., 2006;
KONRAD & CASTILHOS, 2002; GODOI, 2008) devido à capacidade do solo em oxidar e
precipitar poluentes e pela contribuição desses resíduos na fertilidade do solo e nutrição de
plantas. Além disso, a aplicação de resíduos orgânicos aos sistemas agrícolas deve melhorar
processos de oxidação da matéria orgânica e ciclagem de nutrientes sem que essa prática
traga consequências negativas ao ambiente (ABREU JR. et al., 2005)
A potencialidade do composto de lixo em fornecer potássio para as plantas em
solos alcalinos foi observada por Abreu Jr. et al. (2001) indicando que o potássio presente no
composto tem solubilidade comparável ao encontrado nos adubos minerais. Além disso, o
cálcio disponibilizado pelo composto foi equivalente ao cálcio do calcário. Os autores
concluíram que a aplicação do composto de lixo promoveu aumento dos cátions trocáveis de
forma comparável à aplicação da adubação mineral mais calcário e/ou gesso.
Em estudo desenvolvido por Krob et al. (2011), aplicações sucessivas de composto
de lixo urbano causaram acréscimos nos valores de pH, capacidade de troca catiônica
(CTC), relação de adsorção de sódio (RAS), nitrogênio (N) total, fósforo (P), sódio (Na)
extraível, cálcio (Ca) e magnésio (Mg) trocáveis e redução no alumínio (Al) trocável do
17

solo. O autores consideraram adequadas aplicações anuais de até 80 t ha-1 do composto para
manter ou melhorar a fertilidade do solo.
Entretanto, altas quantidades de Na e K adicionadas ao solo podem causar
alterações nas propriedades físicas como dispersão das argilas e, em consequência,
modificar a estrutura do solo e alterar a dinâmica dos fluidos no solo (SANTOS, 2010).
Em estudo desenvolvido por Pires et al. (2009), a adubação utilizada na produção
de maracujá incluiu raspa de mandioca, esterco bovino, torta de filtro e farinha de ossos e
carne. Os tratamentos com torta de filtro e farinha de ossos e carne apresentaram resultados
positivos em comparação com a produtividade obtida com adubação mineral.
É importante lembrar a necessidade de monitorar-se os atributos dos solos tratados
com fertilizantes oriundos de resíduos domésticos e/ou industriais, pois a qualidade
ambiental tanto do solo quanto das águas superficiais e subterrâneas podem sofrer impactos
negativos. Em solos que recebem sucessivas aplicações de resíduos recomenda-se o
monitoramento da salinidade, condutividade elétrica (CE) e hidráulica do solo, acúmulo de
metais, lixiviação de nitrato, dispersão de colóides e dinâmica de íons (ABREU JR. et al.,
2001).
A importância do monitoramento constante de metais pesados no solo foi destacada
em estudo de Galdos et al. (2004) em Latossolo Vermelho eutroférrico de textura argilosa,
no qual foi aplicado lodo de esgoto e foi observado aumento dos teores de níquel (Ni) e
zinco (Zn) absorvidos pelas plantas.
Conhecer a mobilidade dos metais pesados no solo é essencial para a avaliação dos
impactos causados pelo uso de resíduos na agricultura, pois os mesmos apresentam elevado
potencial poluidor sobre os microorganismos do solo, na disponibilidade de nutrientes para
as plantas, além da contaminação de águas superficiais e subterrâneas, aumento da erosão do
solo e movimentação para as camadas mais profundas do solo. O comportamento dos metais
pesados no solo está relacionada com a capicidade do solo em adsorver esses elementos
imobilizando-os na forma de precipitados no solo (OLIVEIRA et al., 2002).

2.2 PERCOLADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

O lixão, o aterro controlado e o aterro sanitário são formas de disposição de


resíduos sólidos urbanos, sendo o aterramento, que consiste no confinamento dos resíduos
18

sólidos no solo, a forma mais adequada (LIMA, 2006). Todas estas formas de disposição dos
resíduos produzem subprodutos na forma líquida e gasosa.
Os lixões caracterizam-se pela deposição dos resíduos sólidos sobre o solo a céu
aberto sem qualquer beneficiamento antes ou após a deposição. Nessa prática nenhuma
técnica de preservação ambiental é realizada trazendo graves problemas tanto a saúde
pública quanto ao ambiente (MORAIS, 2005).
O aterro controlado é uma prática que traz maiores vantagens quando comparados
aos lixões, pois os resíduos encontram-se cobertos pelo solo (CUNHA & CAIXETA
FILHO, 2002) mas não elimina os danos causados ao ambiente pelos subprodutos da
decomposição (chorume e biogás). Em aterros sanitários, os RSU são dispostos e
compactados em células (subdivisões da área aterro) impermeabilizadas com mantas
plásticas, para não entrarem em contato com o lençol freático; os líquidos residuais são
drenados até lagoas de estabilização, onde a matéria orgânica é decomposta (BEDIN, 2011;
MORAIS, 2005; MENDONÇA, 2010).
De acordo com a NBR 8419/92, aterro sanitário é a técnica de disposição final de
RSU no solo que utiliza princípios de engenharia para compactar os resíduos em menor área
possível e confiná-los com a sobreposição de camada de solo, visando promover a saúde
pública e minimizar impactos ambientais.
O subproduto líquido, gerado a partir da decomposição do material aterrado
juntamente com as águas pluviais que entram no sistema através da drenagem superficial e
percolam nas camadas compactadas de resíduos, é chamado de chorume (HAMADA, 1997),
podendo ser denominado também de lixiviado ou percolado. Trata-se de líquido turvo, de
cor escura, com odor desagradável e elevado potencial poluidor, devido a altas
concentrações de material biodegradável (MATOS et al., 2008).
A produção de chorume em aterros sanitários é contínua, podendo perdurar por 50
anos, e é resultado de processos físico-químicos e biológicos (GIORDANO et al., 2011). A
composição do chorume depende, entre outros fatores, das características e da idade do
material aterrado (MOREIRA & BRAGA, 2009). Variáveis como a topografia e as
condições climáticas e hidrológicas também contribuem na determinação da vazão e na
concentração dos elementos característicos do chorume (LIBÂNIO, 2002).
Em estudo sobre a produção de chorume em colunas com diferentes idades,
Carvalho et al. (2006) concluíram que a produção é mais dependente da precipitação no
período do que da idade dos RSU, pois em condições de baixa disponibilidade hídrica os
RSU jovens, mesmo sendo ricos em materiais orgânicos degradáveis, produziram muito
19

pouco chorume.
Os compostos encontrados na composição do chorume produzido por aterros
sanitários que recebem exclusivamente resíduos domiciliares são divididos em quatro
categorias por Kjeldsen et al. (2002) citado por Santos (2010):
a) matéria orgânica dissolvida originada de restos alimentares flores e podas de
érvores (ZANTA & FERREIRA, 2003);
b) compostos orgânicos xenobióticos em baixas concentrações, os quais são
provenientes de produtos químicos contidos em embalagens como as de pesticidas e
produtos de limpeza (GIORDANO et al., 2011);
c) íons Ca, Mg, Na, K, N-amoniacal, Fe, Mn, cloreto, sulfato e carbonato de
hidrogênio;
d) metais pesados, que tem como principais fontes o material orgânico (Ni, Cu, Zn,
Hg, Pb), os plásticos (Cd), os materiais ferrosos (Pb e Cu) e o papel (Pb) (CASTILHOS JR,
1988 citado por CELERE et al., 2007).
A decomposição inicial dos resíduos sólidos nas células de aterros sanitários ocorre
em condição aeróbica e, após o esgotamento do oxigênio presente, pela ação de
microrganismos anaeróbicos (Figura 1). Os processos de decomposição aeróbica e
anaeróbica dos RSU envolvem três fases distintas, com uma duração de até 15 anos para a
estabilização final da produção de chorume (PACHECO, 2004).

Ácidos orgânicos
RESÍDUOS Solubilização e carbônicos ,
SÓLIDOS sais, proteínas,
(Fase aeróbica)
URBANOS amônia

Ácidos voláteis, Fermentação


produtos nitrogenados, acetogênica e
LIXIVIAÇÃO metanogênica
sais, complexos
metálicos (Fase anaeróbica)

CHORUME

Figura 1. Processos de formação de chorume em aterros sanitários.


Fonte: Adaptado de GIORDANO et al. (2011); LIBÂNIO (2002); PACHECO (2004).
20

A primeira etapa, a fase aeróbica, ocorre em média no primeiro mês após a


deposição dos resíduos sólidos na célula. Nessa fase ocorre o consumo de oxigênio pelos
microrganismos e a liberação de CO2, H2 (PACHECO, 2004) e da água contida nos RSU,
que percola pelas camadas do aterro dando ínicio à produção do chorume (GIORDANO et
al., 2011). O chorume produzido na fase aeróbica apresenta redução de pH, presença de
ácidos orgânicos complexantes e aumento da CE (HYPOLITO & EZAKI, 2006).
O início da fase anaeróbica do processo ocorre na segunda etapa, que tem duração
aproximada de cinco anos e é realizada por microrganismos anaeróbicos ou acetogênicos
(PACHECO, 2004). Esta etapa é denominada etapa de fermentação e se caracteriza pela
conversão do material orgânico (celulose e outros materiais putrescíveis) em compostos
mais simples, solúveis e assimiláveis pelos microrganismos presentes, como ácidos voláteis
e produtos nitrogenados (LIBÂNIO, 2002; PACHECO, 2004).
O chorume produzido na segunda fase de decomposição dos RSU é altamente
biodegradável (PACHECO, 2004), apresenta pH ácido (entre 3 e 6) e valores elevados de
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e Carbono Orgânico Total (COT), além de altas
concentrações de nutrientes e metais pesados (SEGATO & SILVA, 2000).
A terceira fase, também caracterizada pela decomposição anaeróbica, é a mais ativa
biologicamente, tendo a ação das bactérias metanogênicas. Na fermentação metanogênica os
produtos da fermentação ácida, ocorrida na segunda fase, são convertidos em metano (CH4),
substâncias húmicas e água (SEGATO & SILVA, 2000). As substâncias húmicas, ácidos
fúlvicos e húmicos, são compostos recalcitrantes, de difícil degradação bioquímica e menos
biodegradáveis, apresentando coloração escura (LIBÂNIO, 2002).
O ínicio dessa fase pode ser constatado pela elevação do pH, com progressiva
redução da CE do chorume produzido e diminuição nas concentrações dos metais pesados
(HYPOLITO & EZAKI, 2006), devido a precipitação dos cátions inorgânicos e a
alcalinidade do meio (PACHECO, 2004).
Aterros jovens produzem nos primeiros anos chorume com maior potencial
poluidor devido à presença, na sua constituição, de matéria orgânica e metais pesados em
elevadas concentrações, sendo que a concentração de N-amoniacal aumenta até chegar a
valores de 4.000 mg L-1 com o avanço da idade do material aterrado (SEGATO & SILVA,
2000).
As elevadas concentrações de elementos como N, Na, K e metais pesados (Pb, Ni,
Cd, entre outros), além da elevada carga de matéria orgânica presentes na composição do
21

lixiviado de resíduos urbanos faz com que este se torne efluente com grande potencial
poluidor, caso haja disposição inadequada (MOREIRA et al., 2009).
As portarias n° 01 de 1983, n° 31 de 1986 e n° 84 de 2002, regulamentadas pela Lei
nº 6.894 de 1980 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), as quais
estabelecem que para um resíduo ser registrado e comercializado no Brasil como um
fertilizante orgânico deve possuir especificações como: a) 40 % de matéria orgânica total
mínima; b) 1 % de nitrogênio total mínimo; c) 40 % umidade máxima; relação C/N máxima
de 18/1; d) pH em água mínimo de 6. De acordo com as portarias citadas acima, o
fertilizante orgânico deve estar ausente de agentes tóxicos e/ou patogênicos ao homem,
animais e plantas, ou seja, nenhum resíduo doméstico e indústrial poderia receber certificado
do MAPA devido a presença dos metais pesados.
A CETESB publicou, em 2001, um relatório onde estabelece valores orientadores
para a manutenção da qualidade dos solos e águas subterrâneas para o Estado de São Paulo.
Esses valores foram distribuídos em três definições para determinar em que estágio de risco
se encontra o recurso em questão (Tabela 1). O relatório define esses valores como:
a) Valor de referência de qualidade que indica o limite para que um solo seja
considerado limpo, em sua condição natural;
b) Valor de alerta que indica uma possível alteração da qualidade natural dos solos
e deve ser udado em caráter preventivo; e
c) Valor de intervenção que indica o limite de contaminação do solo, acima do qual
existe risco potencial à saúde humana e sugere a adoção de práticas de correção.

Tabela 1. Valores de metais pesados orientadores para manutenção da qualidade do solo.


Indicadores de Cd* Zn* Cu* Pb* Co* Cr* Ni* Mo*
qualidade --------------------------------- mg kg-1 ---------------------------------
Valor de
< 0,5 60 35 17 13 40 13 < 25
referência
Valor de
3 300 60 100 25 75 30 30
alerta
Valor de
10 500 100 200 40 300 50 50
Intervenção
(*)Cd : cádmio; Zn: zinco; Cu: cobre; Pb: chumbo; Co: cobalto; Cr: crómio; Ni: níquel; Mo: molibdênio.
Fonte: Adaptado de CETESB, 2001.

O processo de salinização do solo deve ser considerado quando se faz uso de


resíduos na agricultura, principalmente na região semiárida, onde esse já é considerado um
22

problema ambiental. A CE é um atributo eficiente na indicação da quantidade de sais


solúveis presentes na solução do solo, devendo ser mantida abaixo de 4,0 dS m -1 (Silva et
al., 2002).
Apesar da preocupação dos órgãos públicos em relação ao esbelecimento de
padrões para a utilização de resíduos urbanos ou industriais na agricultura, os critérios e
normas estabelecidos até então não levam em consideração variáveis importantes como a
mineralogia e textura do solo. Os atributos químicos, físicos e biológicos de cada solo atuam
de forma diferenciada a qualquer incremento aplicado (SOUZA, 2009).

2.3 A CULTURA DO GIRASSOL

O girassol (Helianthus annus L.) é uma dicotiledônea oleaginosa da família


Asteraceae, cuja origem provável é a América do Norte. No Brasil foi introduzida
primeiramente na região sul durante o século XIX, provavelmente trazida por imigrantes
(PELEGRINI, 1985). A planta possui ciclo anual e sistema radicular axial bastante
ramificado (CASTIGLIONI et al., 1997), que permite explorar maior volume de solo e em
profundidade, caso não haja impedimento mecânico, em busca de água e nutrientes. O caule
possui porte ereto geralmente sem ramificações e sua altura varia de 1,0 a 2,5 m
O desenvolvimento da planta de girassol apresenta uma fase vegetativa, que vai da
germinação até o início da formação do broto floral, quando o crescimento é lento e o
consumo de água e nutrientes è pequeno; e a fase reprodutiva, que inicia com o
aparecimento do broto floral e termina com a maturação dos aquênios, nessa fase o
crescimento acelera, havendo maior consumo de água e nutrientes (CASTIGLIONI et al.,
1997; CASTRO et al., 1997 citado por SMIDERLE, 2002; TRAVASSOS, 2010).
Caracterizado pelo ciclo curto, rusticidade e resistência à seca, calor e frio, dentro
de amplitude térmica entre 8 e 34° C, o girassol pode ser cultivado para diversos fins, como
ornamental, produção de forragem e de óleo comestível, ou como matéria prima para a
produção de biocombustíveis, adubação verde, herbicida natural e isolante térmico e
acústico em construções civis; devido a sua adaptabilidade e seu destaque na economia
mundial pode ser cultivada em todos os continentes. (FAGUNDES et al., 2007; MORAIS et
al., 2011; SANTOS JR. et al., 2011ab; NOBRE et al., 2008; SARMENTO, 2011).
23

A cultura está entre as cinco oleaginosas produtoras de óleo comestível mais


cultivadas no mundo (OLIVEIRA & VIEIRA, 2004). Segundo Rolim et al. (2000),
mundialmente a produção de óleo comestível responde por mais de 90% da demanda de
sementes de girassol produzidas. No entanto, Nobre et al. (2008) destacaram que a produção
como matéria-prima para biocombustíveis é uma alternativa de mercado que ganha destaque
no senário mundial.
A estimativa de produção mundial de grão de girassol para a safra 2012/2013
segundo o USDA – setembro/2012 foi determinada em 34,8 milhões de toneladas, sendo a
Ucrania é o país que apresenta o maior percentual na produção mundial de grãos (CONAB,
2012).
Segundo Silva et al. (2007), a cultura do girassol ganhou destaque diante do
incentivo do Governo Federal que inseriu os biocombustíveis na matriz energética nacional.
Conforme o levantamento referente a safra 2011/2012 realizado em nov/2012 pela
Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o Brasil tem aproximadamente uma área
de 74,5 mil hactares destinados ao cultivo do girassol alcançando uma produção média em
torno de 1.500 kg ha-1 de grãos.
A região Centro-Oeste brasileira é a que mais se destaca com os Estados de Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás acumulando 90% de toda a produção. A região
nordeste ainda apresenta a menor expressão brasileira na produção de grãos de girassol.
Góes (2010) afirma que o centro da produção dessa região gira em torno do interesse de
empresas que buscam matéria-prima dos biocombustíveis e procuram estabelecer parcerias
com associações de pequenos produtores e assentamentos organizados
Em relação à necessidade hídrica do girassol, exisem informações de que seria
menor do que 200 mm até valores maiores que 900 mm por ciclo. A exigência hídrica
aumenta conforme a cultura se desenvolve, sendo que os períodos de maior exigência
hídrica são de 10 e 15 dias antes do florescimento e 10 a 15 dias após o fim da floração
(SARMENTO, 2011).

2.4 A CULTURA DA MAMONA

A mamona (Ricinus communis L.) é uma dicotiledônea oleaginosa pertencente a


família Euphorbiaceae, que apresenta forma arbustiva, com altura variável de até 3 m. A
24

profundidade da raiz axial pode atingir 3 m de e das raízes laterais pode alcançar até 1 m. A
cultura tem origem afro-asiática, sendo encontrada em abundância na Etiópia e na Índia. É
uma planta de clima tropical e subtropical, bem adaptada às condições climáticas brasileira e
resistente à seca, o que facilitou sua propagação no país. A mamoneira tolera condições de
precipitação pluvial variando entre 400 e 700 mm/ano (MATOS, 2007; MONTEIRO, 2007).
As sementes da mamona apresentam um alto teor de óleo (48 e 50%), o qual,
embora não seja utilizado na alimentação humana, é o único óleo vegetal naturalmente
hidroxilado e tem em sua composição a predominância de um único ácido graxo que lhe
confere características de alta densidade e viscosidade, estabilidade física e química e
solubilidade em álcool em baixa temperatura. O óleo é utilizado por diversos setores
industriais como matéria-prima na fabricação de lubrificantes para aviões, fluidos
mecânicos, tintas, vernizes, plásticos, produtos de limpeza, cosméticos entre outras, além da
produção de biocombustíveis (MATOS, 2007; OLIVEIRA et al., 2006; VARGAS, 2006).
O processo de retirada do óleo das sementes da mamona gera um subproduto, a
torta, utilizada como fonte de nitrogênio nas produções agrícolas. A torta de mamona
também apresenta um efeito nematicida protegendo as culturas de vermes que possas atacar
as raízes e os frutos das plantas. É um excelente adubo orgânico com teores médios de
macronutrientes em sua composição, podendo ser utilizada também como alimentação
animal desde que haja a desintoxicação (MONTEIRO, 2007; SOUTO, 2007).
Vargas (2006) destaca a cultura da mamona como fonte de eneria renovável onde
sua produção seria destinada à fixação do carbono ou à redução da sua emissão e para
retirada dos gases poluentes, o que poderia dar suporte aos projetos do “Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo” (MDL) , determinados no Protocolo de Kyoto. De acordo com
Savy et al. (1999) citado por Souto (2007), cada hectare cultivado com mamona fixa o
equivalente a 10 toneladas de gás carbônico.
De acordo com levantamento de março/2012 realizado pelo IBGE, O Brasil possui
uma área estimada em 125.510 hectares destinados à produção de mamona (baga) com uma
produção em torno de 66.500 toneladas do produto em questão. A Bahia é o estado que se
destaca como maior produtor de mamona no país com um percentual de mais de 50% de
participação na safra nacional.
Souto (2007) afirma que o Brasil já foi um dos maiores produtores mundiais de
mamona e maior exportador do óleo, mas devido a perdas de mercado das últimas décadas a
produção sofreu quedas expressivas. Embora a produção venha apresentando declínio nos
últimos anos, os incentivos do Governo na produção de matéria-prima para os
25

biocombustívieis confere um grande potencial de crescimento da economia com a produção


de oleaginosas, como é o caso da mamona. Sua rusticidade e adaptabilidade ao clima
semiárido torna a região Nordeste bastante visada nesse cenário de investimentos.
Apesar da adaptabilidade e tolerância ao estresse hídrico, a mamoneira é bastante
exigente em fertilidade e não se desenvolve bem em solos pouco aerados e de drenagens
deficientes. Essa é uma das principais particularidades para o seu crescimento devido a
extrema sensibilidade da cultura ao encharcamento do solo (estresse por anixia) (LIMA et
al., 2006; MATOS, 2007).
26

3 MATERIAL E MÉTODOS

Para avaliar a viabilidade da utilização do chorume produzido em aterro sanitário


na adubação de culturas oleaginosas e o efeito causado aos atributos químicos do solo por
essa prática, foram conduzidos dois experimentos em ambiente protegido apartir de vasos
preenchidos com classes de solos de diferentes texturas os quais foram cultivados com
girassol (Helianthus annus L. var Catissol 01) e mamona (Ricinus communis L. cv. BRS 149
Nordestina).

3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL

Os experimentos foram desenvolvidos em casa de vegetação do Departamento de


Ciências Ambientais e Tecnológicas, localizada nas dependências da Universidade Federal
Rural do Semiárido – UFERSA, campus leste, Mossoró/RN, Brasil, apresentando
coordenadas geográficas de 5º 11´de latitude sul e 37º 20´ de longitude oeste, com altitude
média de 18 m. O clima da região, na classificação de Köppen, é do tipo BSwh’, (quente e
seco), com precipitação pluviométrica bastante irregular, média anual de 673,9 mm;
temperatura de 27°C e umidade relativa do ar média de 68,9% (CARMO FILHO &
OLIVEIRA, 1995).
As parcelas experimentais foram alocadas em um ambiente protegido com
cobertura em arco, com 7,0 m de largura, 18,0 m de comprimento e pé direito de 3,0 m,
coberta com filme de polietileno de baixa densidade com aditivo anti-ultravioleta e
espessura de 150,0 m, protegida nas laterais com malha negra 50% (Figura 2).
27

Figura 2. Detalhe da casa de vegetação utilizada nos experimentos que fazem parte deste estudo.
Fonte: Pesquisa de campo, 2012-2013.

3.2 COLETA E CARACTERIZAÇÃO DOS SOLOS

Os três solos foram coletados em áreas virgens sem histórico de uso agrícola na
profundidade de 0,0 - 0,30 m. Em seguida foram retiradas subamostra de cada material de
solo para caracterização química seguindo metodologia recomendada pela EMBRAPA
(2009). A caracterização química e granulométrica dos solos (Tabela 2) foram realizadas
antes do ínicio da etapa experimental, sendo este procedimento necessário para a tomada de
decisão quanto a recomendação de adubação das culturas e para monitorar as alterações nas
propriedades químicas dos solos seguida da aplicação do chorume. Após a coleta e
caracterização, os solos foram secos ao ar, destorroados e peneirados em peneira de abertura
de 4,0 mm.
Os solos foram classificados de acordo com Embrapa Solos (2006). O primeiro solo
coletado na Fazenda Experimental Rafael Fernandes da UFERSA, distrito de Alagoinha
(Mossoró/RN), trata-se de um Argissolo Vermelho Amarelo de textura arenosa, o segundo
solo no município de Upanema/RN, corresponde a um Cambissolo Eutrófico de textura
franco argilo arenosa e o terceiro, classificado como Vertissolo de textura argilosa, foi
coletado no assentamento Santo Antonio pertencente ao município de Governador Dix-Sept
Rosado, localizado a 34 Km da cidade de Mossoró.
28

Tabela 2. Caracterização química e granulométrica dos solos antes da aplicação dos


tratamentos determinados por este estudo.
Solo 1 Solo 2 Solo 3
Variáveis
Argissolo Cambissolo Vertissolo
pH (água) 5,16 6,10 7,70
CE (dS m-1) 0,003 0,004 0,430
-1
N (g kg ) 0,00 0,49 1,26
-1
MO (g kg ) 7,33 11,78 23,82
P (mg dm-3) 2,12 2,46 7,21
+ -3
K (mg dm ) 29,22 350,74 233,14
+ -3
Na (mg dm ) 19,86 28,23 107,95
Ca2+ (cmolc dm-3) 0,28 2,42 36,50
2+ -3
Mg (cmolc dm ) 0,67 5,68 27,74
3+ -3
Al (cmolc dm ) 0,20 0,00 0,00
(H+Al) (cmolc dm-3) 1,32 1,82 0,00
-3
SB (cmolc dm ) 1,11 9,12 65,31
-3
t (cmolc dm ) 1,31 9,12 65,31
CTC (cmolc dm-3) 2,43 10,94 65,31
V (%) 46 83 100
m (%) 15 0 0
PST (%) 4 1 1
Fe (mg dm-3) 33,2 10,6 5,72
Mn (mg dm-3) 2,90 20,5 132,94
Cu (mg dm-3) 0,30 0,80 0,10
-3
Zn (mg dm ) 0,30 0,50 0,80
-1
Frações granulométricas (kg kg )
A. grossa 0,76 0,48 0,04
A.fina 0,18 0,16 0,10
A. total 0,94 0,64 0,14
Silte 0,01 0,07 0,29
Argila 0,05 0,30 0,57
C. textural Arenosa Franco argilo arenosa Argilosa
29

3.3 COLETA E CARACTERIZAÇÃO DO CHORUME

O chorume foi coletado no Aterro Sanitário de Mossoró/RN (Figura 3) gerenciado


pela empresa Saneamento Ambiental LTDA (SANEPA), situado às margens da BR 110
sentido Mossoró-Areia Branca (RIMA, 2005).

Local de deposição do percolado

Figura 3. Imagem do Aterro Sanitário de Mossoró/RN onde foi coletado o chorume utilizado neste estudo.
Fonte: Google Earth.

Durante o procedimento de coleta do chorume foram obtidas amostras para a


caracterização físico-química, as quais foram identificadas e conservadas em caixa
isotérmica com gelo à 4,0 °C para condução ao Laboratório de Análise de Solo, Água e
Planta (LASAP) da UFERSA e laboratórios específicos, conforme recomendações do
Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (RICE et al., 2012) e da
EMBRAPA (2009).
Os valores de pH e CE foram determinados in situ, por meio de peagâmetro e
condutivímetro portáteis. As concentrações de cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), cloreto (Cl-),
carbonato (CO32-) e bicarbonato (HCO3-) foram determinadas pelo método titulométrico e
expressos em mmolc L-1; sódio (Na+) e potássio (K+) foram determinados por fotometria de
chama e Cu, Zn, Fe e Mn por espectrofotometria de absorção atômica, todos expressos em
mg L-1 (Tabela 3). A RAS foi determinada aplicando os valores de Na+, Ca2+ e Mg2+ na
Equação 1.
30

Na 
RAS  (1)
Ca 2  Mg 2
2

Em que;
RAS - relação de adsorção de sódio, (mmolc L-1)0,5; e
Na+, Ca2+ e Mg2+ - concentrações sódio, cálcio e magnésio em mmolc L-1.

Tabela 3. Análises físico-químicas do chorume coletado no Aterro Sanitário de


Mossoró/RN utilizado neste experimento.
Propriedades físico-químicas

pH CE DQO DBO ST SS OG
(água) dS m-1 -1
-------------------------------------mg L -----------------------------------
7,69 17,34 5930 2967 21400 410 50

Ntotal Ptotal N-NO-3 K+ Na+ Ca2+ Mg2+


---------------mg L-1--------------- ------------------------mmolc L-1------------------------
590 4,5 12,60 38,47 82,69 5,75 8,50

Cl- CO32- HCO3- RAS Dureza Cátions Ânions


-1 -1 0,5 -1 -1
-----------mmolc L ---------- (mmolc L ) mg L ------mmolc L ------
50,00 30,00 40,00 30,98 712,50 135,41 120,00

Fe Mn Cu Zn Pb Ni Cd
---------------------------------------------------mg L-1----------------------------------------------------
6,060 13,850 0,250 0,708 2,542 2,936 0,042
pH: potencial hidrogeniônico; CE: condutividade elétrica; DQO: demanda química de oxigênio; DBO: demanda
bioquímica de oxigênio; ST: sólidos totais; SS: sólidos suspensos; OG: óleos e graxas; Ntotal: nitrogênio toral; Ptotal:
fósforo total; N-NO-3: nitrogênio na forma de nitrato; K+: potássio trocável; Na+: sódio trocável; Ca2+: cálcio trocável;
Mg2+: magnésio trocável; Cl-: íon cloreto; CO32-: íon carbonato; HCO3-: íon bicarbonato; RAS: razão de adsorção de sódio;
Fe: ferro; Mn: manganês; Cu: cobre; Zn: zinco; Pb: chumbo; Ni: níquel; Cd: cádmio.

3.4 SISTEMA DE IRRIGAÇÃO

O fornecimento de água foi realizado por um reservatório individual (caixa de PVC de


500 L), um conjunto moto-bomba com potência de 0,5 CV, filtro de disco, manômetro
analógico, registro e (Figura 4A). Adotou-se o sistema de irrigação por gotejamento,
31

utilizando-se emissores tipo botão autocompensantes inseridos na mangueira de irrigação de


14 mm de diâmetro interno com vazão nominal de 2 L h-1 (Figura 4B).

A. B.

Figura 4. Arranjo do sistema de distribuição da irrigação(A) e detalhe da sisposição dos emissores (B) em
ambos os ensaios realizados.

O sistema foi avaliado quanto à uniformidade de distribuição (Figura 5A), conforme


metodologia proposta por Keller & Karmeli (1974), apresentando a uniformidade de
distribuição de 98,9%, classificada como excelente. A uniformidade de distribuição foi
determinada conforme Equação 2.

q25
UD  100 (2)
qm

Em que,
UD – uniformidade de distribuição, %;
q 25 – 25% das menores vazões, L h-1;
q m – vazão média do total de emissores, L h-1.

O manejo da irrigação foi realizado com base em dados de potencial mátrico da água
no solo obtidos a partir de tensiômetros instalados nos vasos a 0,15 m de profundidade
(Figura 5B). As irrigações eram realizadas quando a tensão encontrava-se entre 10 a 15 kPa
de acordo com a recomendação de Alvarenga (2004), sendo que a quantidade de água
aplicada era suficiente para manter os solos na capacidade de campo.
32

A. B.

Figura 5. Avaliação da uniformidade de distribuição do sistema de irrigação (A) e detalhe do monitoramento


da irrigação através da instalação de tensiômetros (B).

3.5 EXPERIMENTOS REALIZADOS

3.5.1 Experimento 1: Efeito das doses de chorume no crescimento do girassol e nos


atributos químicos de três classes solos.

Objetivou-se com esse experimento avaliar o efeito da aplicação do chorume nas


variáveis de crescimento inicial do girassol e nas propriedades químicas nos três solos
(Argissolo, Cambissolo e Vertissolo). O período de avaliação compreendeu a germinação
até o inicio da fase reprodutiva (45 dias após o plantio - DAP), onde as plantas apresentaram
emissão dos capítulos. Os tratamentos consistiram da aplicação de cinco doses de chorume
estabelecidas com base na concentração de nitrogênio total presente no efluente (Tabela 3),
de forma a fornecer 0, 20, 40, 60 e 80 kg de N ha-1.
O delinemanto experimental foi em blocos completamente casualisados em
esquema fatorial 5 x 3 (cinco doses de chorume x três classes de solos), totalizando 15
tratamento com 4 repetições (blocos), resultando em 60 parcelas experimentais (Figura 6A).
Cada parcela foi constituída por um vaso preenchido com 22 dm3 de material de cada solo
estudado, os vasos foram espaçados em 0,9 x 0,40 m. As bases dos vasos foram perfuradas e
posteriormente os mesmos foram preenchidos com uma camada de 2 cm de brita e recoberta
com manta geotêxtil, compondo o sistema de drenagem.
Foi realizada calagem no Argissolo, visando elevar a saturação por bases até 70%.
Para isso, utilizou-se a média da quantidade de calcário determinada pelos métodos da
neutralização da acidez trocável e saturação por bases. A dose calculada correspondeu a 1,57
33

t ha-1, o que equivale a 15,5 g por vaso de calcário dolomítico com PRNT de 70%. Antes da
incorporação do calcário elevou-se a umidade do solo até a capacidade de campo (Figura
6B) e realizou-se a mistura homogênea do calcário com o solo.

A. B.

Figura 6. Disposição das parcelas experimentais (A) e detalhe da aplicação de calcário no argissolo (B).

Com base no volume de solo em cada vaso, as doses de chorume calculadas foram:
0,0; 0,37; 0,75; 1,12 e 1,49 L vaso-1, o que correspondeu a 0; 31,91; 67,87; 101,73 e 135,64
m3 ha-1. As doses foram parceladas em 4 aplicações, sendo uma de base e três de cobertura
realizadas ao 15, 25 e 35 DAP e aplicadas com auxilio de uma proveta graduada (Figura
7A). O plantio foi realizado em 16 de novembro de 2012 com vinte sementes por vaso
(Figura 7B), com o intuito de garantir o estande de plantas necessário e também verificar o
efeito da aplicação do chorume na germinação e desenvolvimento das plântulas.

A. B.

Figura 7. Detalhe a aplicação do chorume no solo (A) e a realização da semeadura do girassol (B).

Aos quatorze dias após o plantio foi realizado o primeiro desbaste visando reduzir a
população de plantas, ocasião em que se avaliou a massa de matéria seca das plantas
desbastadas bem como as características de crescimento (altura de plantas, diâmetro do
caule e número de folhas).
34

O procedimento de avaliação do crescimento das plantas (Figura 8A) foi repetido


aos trinta e quarenta e oito DAP juntamente com a amostragem de solo que foi realizada
com um auxilio de um amostrador (tubo seccionado de PVC) com capacidade para coletar
40 cm³ de solo a 0,20 m de profundidade (Figura 8B). A coleta do solo era realizada antes de
cada aplicação das doses de cobertura do chorume visando avaliar as alterações nos atributos
químicos ( macro e micronutrientes, metais pesados, pH, CE da solução) dos solos em cada
período de acordo com a metodologia da Embrapa (2009).

A. B.

Figura 8. Avaliação periódica das características de crescimento (A) e amostragem de solo (B).

Aos 48 DAP, quando a maioria das plantas já se encontrava no auge do crescimento


vegetativo (Figura 9A) e no ínicio da transição para a fase reprodutiva com a emissão dos
capítulos florais (Figura 9B) as mesmas foram coletadas para avaliação final das variáveis
de crescimento. Nesta ocasião foram analisados os macronutrientes (NPK), micronutrientes
(Fe, Mn, Cu, Zn) e teor de metais pesados (Pb, Ni, Cd) no solo.

A. B.

Figura 9. Detalhe das plantas de girassol tratadas com doses de chorume aos 48 DAP (A) e detalhe da
formação do capítulo (B).
35

3.5.2 Experimento 2: Efeito da aplicação da borra resultante da evaporação do


chorume na adubação de base da cultura mamona e nos atributos químicos do solo.

Objetivou-se neste trabalho avaliar o efeito de doses crescente de borra resultante


de processo de evaporação natural (radiação solar) do chorume de aterro sanitário na
adubação de base da cultura da manona cv. Nordestina e nas propriedades químicas de dois
solos de texturas diferentes (Argissolo e Cambissolo).
Os tratamentos constituíram-se de cinco doses de borra de chorume, sendo 0, 15,
30, 45 e 60 g por cova, o que corresponte a 0, 50, 100, 150 e 200 kg ha-1, considerando um
espaçamento de 3 x 1 em situação de campo, somadas a um tratamento com adubação
mineral de base recomendada para a cultura da mamona. Os tratamentos foram arranjados
em esquema fatorial 6 x 2 (5 doses de borra mais um tratatamento com adubação mineral e 2
solos) dispostos em delineamento inteiramente casualizado com três repetições, totalizando
36 parcelas experimentais, sendo cada parecela composta por um vaso preenchido com 6
dm3 de solo destorroado e peneirado em malha de 4 mm.
O chorume foi acondicionado em um reservatório de PVC com capacidade para
1000 L, sendo que 200 L ficaram exposto a radiação solar direta, com o intuito de promover
a evaporação da água resultando somente em uma borra sólida concentrada (Figura 10A),
facilitando assim a disposição final desse resíduo. A borra foi aplicada e misturada aos solos
(Figura 10B) antes da realização do plantio juntamente com a realização da adubação
química de base da cultura.

A. B.

Figura 10. Borra resultante da evaporação do chorume de aterro sanitário (A) e aplicação da borra no solo (B).

O plantio ocorreu no dia 4 de novembro de 2012, com a semeadura de vinte


sementes por vaso (Figura 11A), com o intuito de garantir o estande de plantas necessário e
36

também verificar o efeito da aplicação do percolado na germinação e desenvolvimento


inicial das plântulas. Aos 12 dias do plantio, foi realizado o primeiro desbaste, deixando-se
apenas uma planta por vaso. As plantulas desbastadas foram analisadas mediante a avaliação
das características de cresciemento (altura de plantas, diâmetro do caule e número de folhas)
e avaliação matéria seca da parte aérea.
Aos 35 dias após o plantio (Figura 11B), as plantas foram coletadas para avaliação
final das variáveis de crescimento. Nesta ocasião foram analisados os macronutrientes
(NPK), micronutrientes (Fe, Mn, Cu, Zn) e teor de metais pesados (Pb, Ni, Cd) no solo.

A. B.

Figura 11. Detalhe da semeadura da manona (A) e porte da planta da mamona na ocasião da coleta (B).

3.6 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Os dados de ambos os experimentos foram submetidos à análise de variância com o


auxílio do programa ‘SAS’ versão 9.0 (2002). Os fatores doses de chorume e solos bem
como a interação entre esses fatores foram avaliados pelo teste F e Tukey a 1 e a 5%
probabilidade. O fator quantitativo relativo ao efeito de doses crescentes de chorume (sólido
e líquido) sobre as variáveis estudadas foram analisados por meio de regressão polinomial
(linear, quadrático).
37

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. EXPERIMENTO 1: EFEITO DAS DOSES DE CHORUME NO CRESCIMENTO DO


GIRASSOL E NOS ATRIBUTOS QUÍMICOS DE TRÊS CLASSES SOLOS.

Realizados os testes para as pressuposições estatísticas verificou-se que de acordo


com o teste de Shapiro-Wilk apenas os dados coletados aos 14, 20, 30, 35 DAP para a
variável altura de plantas (AP) apresentaram normalidade, enquanto as demais variáveis
(percentual de germinação, número de folhas e diâmetro do caule, massa fresca e seca das
plântulas) não apresentaram normalidade na distribuição dos dados.
De acordo com a análise de variância exposta na Tabela 4, verifica-se que a altura
média das plantas revelou diferenças com relação aos três solos em estudo, apresentando
efeito significativo a 1% de probabilidade aos 14, 20, 30, 35 e 48 DAP e a 5% de
probabilidade aos 25 DAP. Os tratamentos com as diferentes doses de chorume
apresentaram efeito significativo a 5% de probabilidade apenas aos 48 DAP. Os blocos e a
interação doses de chorume x solo não obtiveram efeito significativo para esta variável.
Andrade Filho (2010) obteve efeito significativo dos tratamentos com diferentes
proporções de água resíduária para altura de plantas de algodão aos 15, 30 e 50 DAP.
Enquanto que Alves et al. (2009) encontraram efeito significativo sobre a altura das plantas
do algodoeiro para todas as lâminas de água resíduária em todas as fases do ciclo da cultura.
As doses de chorume não proporcionaram diferenças na altura das plantas em
relação ao tratamento testemunha até os 35 DAP. No entanto, a partir dos 48 DAP o
incremento das doses de chorume começaram a proporcionar diferenças nessa variável.
Souza et al. (2010), observaram que a utilização de água resíduária promoveu
aumento aos 14 e 28 dias após o transplantio (DAT) para a variável altura de plantas em
girassol ornamental, houve um incremento de 14,1 e 31,2%, respectivamente, em
comparação ao tratamento com água de abastecimento. Os autores atribuíram esse resultado
a disponibilidade de nutrientes, principalmente o nitrogênio, presentes nas águas residuárias.
Em estudo com diferentes quantidades de biossólido, Pedroza et al. (2003a)
verificaram efeito significativo dos tratamentos testados (150, 250, 350, 450 e 550 kg ha-1 de
N), onde a média de altura da planta do algodão se mostrou menor para todos os tratamentos
38

quando comparados com o tratamento testemunha (solo nas condições naturais – Neossolo
Regolítico), porém a partir dos 60 DAP a situação se reverteu.
Utilizando doses de cama de frango na produção de milho, Silva et al. (2011)
verificaram que os tratamentos com a aplicação correspondente a 21 e 28 t ha-1 obtiveram as
maiores médias para altura de plantas quando comparadas ao tratamento convencional
(adubação mineral). Os autores atribuíram esse resultado devido ao incremento de matéria
orgânica, advinda da cama de frango, que melhorou as propriedades do solo e a sua
fertilidade.

Tabela 4. Resumo da análise de variância e médias para altura de plantas aos 14, 20, 25, 30,
35 e 48 dias após o plantio da cultura do girassol nos três solos estudados.
Estatística F para altura de plantas
FV GL
14 DAP 20 DAP 25 DAP 30 DAP 35 DAP 48 DAP
Blocos 3 2,14 ns 0,21ns 0,38ns 1,54ns 2,13ns 1,55ns
Doses 4 1,50 ns 0,41 ns 0,42ns 0,54 ns 1,08 ns 2,97*
Solo 2 25,42 ** 5,84 ** 4,61* 12,05 ** 26,77** 74,17**
Doses de
8 0,82 ns 1,32 ns 0,83 ns 0,77 ns 0,54 ns 1,70 ns
chorume x solo
Erro 42
CV 13,33 14,16 14,75 16,24 17,45 17,11
Argissolo 5,92 B 7,81 B 10,76 B 14,83 B 18,72 B 39,30 B
Cambissolo 7,83 A 8,90 A 11,79 AB 15,91 B 19,415 B 43,97 B
Vertissolo 7,73 A 8,98 A 12,39 A 18,85 A 26,59 A 71,50 A
ns * **
( ) não significativo; ( e ) p<0,05 e p<0,01, respectivamente. Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Analisando as médias obtidas em cada solo na Tabela 4, pode-se perceber que as


maiores médias para a altura das plantas foram observadas para o Vertissolo, enquanto que o
Argissolo demonstrou o menor desempenho com relação a esta variável. Na Figura 12A,
pode-se observar a distribuição das médias em que inicialmente os solos apresentam médias
muito próximas até os 25 DAP, após esse período o Vertisssolo passa a se destacar com as
maiores médias.
O comportamento da altura das plantas em função das doses de chorume aos 48
DAP pode ser estimada pela equação quadrática, apresentando bom coeficiente de ajuste
(R²=0,89). Dessa forma, o valor máximo para altura de plantas aos 48 DAP (55,36 cm) foi
encontrado para a dose 55,4 m3 ha-1, a partir desse ponto ocorre a redução da altura das
39

plantas com o aumento das doses de chorume (Figura 12B). Esse comportamento pode estar
associado a concentração elevada de sais nas maiores doses, provocando aumento da
condutividade elétrica (CE) do solo e, consequentemente, a redução na altura das plantas.
Sousa et al. (2012) observaram que o aumento da CE do solo provocou a redução
para a altura de plantas de amendoim cultivados em argissolo de textura franco arenosa,
mesmo na presença de biofertilizante (esterco bovino). Correia et al. (2005) obtiveram alta
correlação entre a CE da água de irrigação e a altura das plantas, demosntrando que esta
variável é bastante sensível a concentração de sais.
.

A B

Figura 12. Médias da variável altura de plantas em diferentes períodos do ciclo do girassol nos três solos
estudados (A) e Altura das plantas do girassol em função das doses de chorume aplicadas aos 48 DAP (B).

As doses de chorume proporcionaram efeito significativo a 1% de probabilidade


aos 48 DAP para as variáveis altura de plantas (AP), diâmetro do caule (DC), matéria fresca
das folhas (MFF), matéria fresca do caule (MFC), matéria seca das folhas (MSF) e matéria
seca do caule (MSC). Enquanto que os diferentes solos influenciaram significaticativamente
(p < 0,01) todas as variáveis de crescimento, inclusive o número de folhas (NF). A interação
doses de chorume x solo foi significativa para DC e MSC ao nível de 1% de propabilidade,
para as variáveis AP, MFF, MFC e MSF a significância foi a nível de 5% de probabilidade,
e NF não houve efeito significativo (Tabela 5).
Analisando as médias apresentadas na Tabela 5, pode-se observar o destaque no
desempenho do Vertisssolo para todas as variáveis estudadas e em todas as dose aplicadas.
O Cambissolo e o Argissolo apresentam médias estatisticamente iguais para todas as
variáveis de crescimento quando aplicadas as doses 0, 33,91 e 67,87 m³ ha-1. Na maior
concentração da dose aplicada (135,64 m³ ha-1) as médias das variáveis AP, DC, MFF, MSF
e MSC foram estatisticamente diferentes para os três solos com o Vertissolo alcançando as
maiores médias e o Argissolo as menores médias (p < 0,05).
40

Tabela 5. Resumo da análise de variância e médias para as variáveis de crescimento das


plantas de girassol colhidas aos 48 DAP.
Estatistica F
FV GL
NF AP DC MFF MFC MSF MSC
ns ns ns ns
Blocos 3 0,56 1,19 1,78 0,02* 2,95* 2,49 0,99ns
Doses 4 1,66 ns 4,13** 5,40** 5,67** 5,24** 7,90** 25,07**
Solo 2 49,27 ** 79,13** 395,04** 531,94** 387** 645,22** 751,84**
Doses x solo 8 0,87 ns 2,66 * 4,35** 2,42* 2,25* 2,22* 11,96**
Erro 42
CV 15,44 16,09 8,42 19,66 23,97 17,11 16,38
Médias
Dose (m3 ha-1) Solos
..........(cm)......... ..........................(g)..........................
Argissolo 13,75 B 47,33 B 0,47 B 4,24 B 11,13 B 1,20 B 1,66 B
0 Cambissolo 17,00 AB 42,50 B 0,54 B 6,99 B 10,24 B 1,71 B 1,45 B
Latossolo 19,00 A 68,50 A 0,86 A 30,37 A 46,93 A 7,02 A 6,33 A

Argissolo 14,75 B 52,66 B 0,55 B 7,05 B 12,45 B 1,72 B 1,78 B


33,91 Cambissolo 17,00 B 43,33 B 0,53 B 7,12 B 10,63 B 1,86 B 1,47 B
Latossolo 22,00 A 76,00 A 0,94 A 33,44 A 60,12 A 7,58 A 9,34 A

Argissolo 14,25 B 50,25 B 0,44 B 4,43 B 7,79 B 1,14 B 1,21 B


67,87 Cambissolo 16,75 B 45,25 B 0,50 B 7,22 B 10,01 B 1,68 B 1,35 B
Latossolo 22,00 A 73,75 A 0,89 A 29,25 A 53,74 A 6,64 A 5,79 A

Argissolo 10,25 B 29,25 C 0,36 C 1,73 C 3,06 B 0,54 C 0,59 B


101,73 Cambissolo 16,75 A 45,00 B 0,59 B 8,32 B 9,98 B 1,71 B 1,23 B
Latossolo 19,75 A 73,25 A 0,88 A 27,33 A 48,58 A 6,07 A 5,89 A

Argissolo 11,25 B 27,00 C 0,35 C 1,38 C 2,43 B 0,42 C 0,50 C


135,64 Cambissolo 16,75 A 43,75 B 0,55 B 7,75 B 10,92 B 1,86 B 1,47 B
Latossolo 21,00 A 66,00 A 0,83 A 23,99 A 41,33 A 5,64 A 5,25 A
(ns) não significativo; (* e **) p<0,05 e p<0,01, respectivamente. Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem si
pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Em função do efeito significativo para a interação doses de chorume x solo, foi


realizada a análise de regressão no desdobramento do fator doses em cada solo. A Figua 13
apresenta a resposta das variáveis de crescimento mediante o aumento das doses de chorume
em cada solo. Para AP o Argissolo apresentou comportamento quadrático (p < 0,05),
enquanto que para as demais variáveis (DC, MFF, MFC,MSF, MSC) o comportamento do
Argissolo se mostrou linear. Com o Vertissolo obteve-se comportamento quadrático para as
variáveis DC, MFF, MFC e linear para MSF, para as demais variáveis as médias não
demonstraram comportamento específico. As médias das vaiáveis de crescimento no
Cambissolo não apresentaram comportamento característico para as doses aplicadas.
41

A B
A
A

C D
A

E F
A A

Figura 13. Comportamento das variáveis de crescimento em função das doses de chorume aplicadas nos
diferentes solos cultivados com girassol aos 48 DAP: altura de plantas (A), diâmetro do caule (B), materia
fesca (C) e (D) e seca (E) e (F) da folha e do caule.

Observa-se que no Vertissolo as variáveis de crescimento apresentaram redução a


partir da dose de 30 m³ ha-1 de chorume, evidenciando que esta quantidade promove o
melhor desempenho das plantas de girassol cultivadas neste solo.
A aplicação crescente das doses proporcionou redução para todas as variáveis de
crescimento das plantas de girassol cultivadas no Argissolo. É possível que sua textura
arenosa e baixo poder de tamponamento aumentem a disponibilidade de íons na solução do
solo em relação aos solos de textura argilosa, podendo causar toxicidade nas plantas. Porém,
42

Nascimento et al. (2004) não encontraram sintomas de fitotoxidez em plantas de milho


cultivadas em Argissolo tratado com lodo de esgoto em nenhum dos tratamentos.
Em Neossolo regolítico cultivado com algodão, Pedroza et al. (2003a) encontraram
modelos exponenciais para explicar o comportamento de variáveis de crescimento, como
altura de plantas e diâmetro de caule, ao longo do ciclo da cultura em função da aplicação de
diferentes doses de esterco bovino. Araújo et al. (2009) também utilizando doses de lodo de
esgoto, obtiveram o mesmo comportamento em um Argissolo com aumento exponencial
crescente para a produção de biomassa seca total da braquiária.
As análises de solos aos 15 DAP referem-se a adubação de fundação aplicada antes
do plantio das sementes de girassol, ou seja, as análises são o resultado do comportamento
das variáveis estudadas com a aplicação de um quarto da dose total adicionada aos solos
durante este estudo. O efeito do fator dose nas propriedades químicas de cada solo estudado
aos 15 DAP está descrito na Tabela 6.

Tabela 6. Resumo da análise de variância para as propriedades químicas dos solos aos 15
DAP em função das doses de chorume aplicadas.
Estatistica F
FV GL
PH CE Na K P Cu Fe Mn Zn N
Argissolo
Doses 4 0,78ns 2,02ns 5,20* 7,20** 1,45ns 22,17** 0,76ns
Linear 1 0,03ns 1,86ns 11,99** 027,48** 0,00ns 71,57** 0,05ns
Quad. 1 0,60ns 0,06ns 0,02ns 0,34ns 2,54ns 13,46** 0,00ns
Erro 20
CV 4,9 55,24 19,07 29,32 14,63 22,91 5,12 6,8 31,32 33,55
Cambissolo
Doses 4 1,19ns 9,48** 4,23* 9,56** 0,62ns 1,09ns 0,48ns - 0,96ns 0,37ns
Linear 1 0,03ns 25,84** 14,05** 28,80** 0,17ns 3,44ns 0,79ns - 1,02ns 0,13ns
Quad. 1 0,86ns 6,40* 1,50ns 4,52ns 0,00ns 0,00ns 0,24ns - 0,87ns 1,25ns
Erro 20
CV 2,83 28,66 26,28 9,33 20,24 11,97 14,65 - 24,17 23,15
Vertissolo
Doses 4 4,50* 27,48** 90,98** 87,79** 7,08** 8,88**
Linear 1 16,56** 48,29** 332,04** 321,72** 15,45** 0,71ns
Quad. 1 0,39ns 2,84ns 0,63ns 9,78* 0,68ns 13,03**
Erro 20
CV 0,78 13,3 8,02 1,89 15,58 8,14 52,17 5,65
ns * **
( ) não significativo; ( e ) p<0,05 e p<0,01, respectivamente.

Verifica-se então que, para o Argissolo as doses apresentaram efeito significativo


apenas nas concentrações de K, Mn (p < 0,01) e Na (p < 0,05), apresentando um
43

comportamento linear significativo ao nível de 1% de probabilidade. O teores de Mn no


Argissolo em função das doses, foram caracterizados também por uma equação do segundo
grau significativa a 1% de probabilidade.
No Cambissolo, as doses influenciaram e as concentração de K (p < 0,01) e Na (p <
0,05), que apresentaram modelo linear significativo ao nível de 1% de probabilidade para
este solo. A CE do Cambissolo demonstrou comportamentos linear (p < 0,01) e quadrático
(p < 0,05). O Vertissolo teve efeito significativo para as variáveis CE, Na, K, Fe, N (p <
0,01) e pH (p < 0,05) em função das doses de chorume, tendo o modelo linear (p < 0,01)
para explicar essas variações, exceto para o N que apresentaou modelo quadrático
significativo a 1% de probabilidade e para o K a 5% de probabilidade. As demais variáveis
não apresentaram alterações significativas para estes solos em função das doses de chorume.
As variáveis que se encontram na Tabela 6 e não apresentam valores, não atenderam as
pressuposições para a realização das análises de variância dos dados.
O Vertissolo foi o único que apresentou variações significativas de pH (p < 0,05), o
modelo linear crescente com coeficiente de ajuste satisfatório (R² = 0,92), demonstra o
aumento do pH à medida que aumentaram as doses de chorume (Figura 14A). Krob et al.
(2011) observaram que as diferenças no pH do solo se acentuaram a medida que novas
adições do composto de lixo urbano foram realizadas, obtendo os maiores valores de pH
com a dose de 160 t ha-1 e com a dose de 20 t ha-1, o pH não diferenciou daquele obtido com
aplicação de calcário. Os autores consideram que o aumento do pH pode estar associada ao
incremento de matéria orgânica e cátions básicos ocacionado pela adição de composto de
lixo urbano.

A. B.

Figura 14. Valores de pH em função das doses de chorume aplicadas em Vertissolo (A) e Valores de
condutividade elétrica em função das doses de chorume aplicadas em Cambissolo e Argissolo (B) aos 15 DAP
da cultura do girassol.
44

A condutividade elétrica do solo variou siginificativamente (p < 0,01) no


Cambissolo (R² = 0,68) e Vertissolo (R² = 0,82), verifica-se aumento linear crescente ao
passo que aumentam as doses (Figura 14B). A elevada CE do percolado pode ser a causa
desse efeito nos solos.
O incremento de sais ao solo também pode ser responsável pelo aumento da CE,
principalmente como resposta para as maiores doses. Aumento linear da CE também foram
verificados por Oliveira et al. (2002) com adição de composto de lixo em Latossolo
atribuindo essa condição a degradação da materia orgânica e solubilização predominante de
íons NH4+, NO3-, Ca2+, Na+, K+, SO42- e Mg2+.
As doses apresentaram variações nos teores de Na nos três solos em estudo já nos
primeiros 15 dias após a aplicação, os quais demonstraram comportamento linear crescente
significativo a 1% de probabilidade (Figura 15A). O incremento de Na aos solos foi mais
expressivo para o Vertissolo que apresentou teores de Na três vezes maiores na máxima
dose (33,91 m³ ha-1) quando comparados ao tratamento sem adução. O Cambissolo, por sua
vez, obteve aumento equivalente a duas vezes os valores encontrados para o tratamento
controle. E o Argissolo concentrou 1,6 vezes do valor inicial de Na com a plicação da maior
dose de chorume.
O maior incremento de Na ao Vertissolo pode estar relacionado ao poder
dispersante desse elemento que adicionado em altas concentrações poderia liberar o Na
adsorvido intrínseco aos colóides do solo. Além disso, os solos de textura franco argilo
arenosa (Cambissolo) e arenosa (Argissolo) podem ter apresentado menores concentrações
devido a lixiviação desse elemento, visto que o vaso apresentava em torno de 40 cm de
altura.
Messias et al. (2006) estudando a mobilidade do sódio em solos de diferentes
texturas tratados com lodo têxtil, concluíram que o Na adicionado pelo lodo obteve um
tempo tardio para a percolação desse elemento em comparação ao solo de textura arenosa.
A Figura 15B representa o efeito das doses nos três solos em relação ao elemento K
aos 15 DAP. Os solos apresentaram resposta linear significativa (p < 0,01), assim como no
sódio, o Vertissolo apresentou as maiores concentrações de K seguido do Cambissolo e, por
fim, o Argissolo apresentando o menor incremento desse elemento no solo. Provavelmente
esse resultado se dê pela baixa capidade de retenção de K dos solos arenosos e/ou ainda da
baixa CTC inicial desses solos que favorece a lixiviação.
Solos com baixa CTC inicial apresental maiores condições para a lixiviação de K,
pois para uma mesma quantidade de K total haverá menos K na solução de solos com alta
45

CTC, como é o caso do Vertissolo (65,31 cmolc dm-3), e consequentemente menores serão
perdas por lixiviação e maior será a capacidade de armazenamento desse solo (WERLE et
al., 2008). Em estudo com aplicação de lodo de esgoto em argissolo cultivado com
braquiárias, Araújo et al. (2009) observaram redução nos teores de K após 50 dias da adição
do lodo.

A. B.

Figura 15. Concentração de sódio (A) e potássio (B) em função das doses de chorume aplicadas em Argissolo,
Cambissolo e Vertissolo aos 15 DAP da cultura do girassol.

As concentrações de Fe variaram apenas para o Vertissolo em função das doses de


chorume aplicadas aos 15 DAP, apresentando comportamento linear significativo (p < 0,01).
Houve um incremento de 36,5% de Fe no vertissolo na maior dose aplicada em comparação
com o tratamento controle (Figura 16A). É possível que esse aumento esteja relacionado a
quantidade desse elemento encontrada chorume que, por sua vez, pode ter acumulado no
solo.
Vários autores têm verificado aumento desse elemento devido a aplicações de
resíduos como fertilizantes na agricultura (ALVES et al., 1999; PIGOZZO et al., 2002;
ROMEIRO, 2012). Analisando a movimentação dos micronutrientes em solo de textura
média, Messias et al. (2007) concluíram que com a aplicação de lodo de esgoto os
micronutrientes, inclusive o Fe, ficam retidos nas primeiras camadas do solo.
O Argissolo apresentou redução de 25% na concentração de Mn nos primeiros 15
dias após a aplicação da maior dose de chorume. A Figura 16B representa o comportamento
linear decrescente significativo ao nível de 1% de probabilidade. É bem provável que essa
redução nos teores de Mn ocorra devido a elevação de pH com o aumento das doses de
chorume. A solubilidade do Mn no solo está diretamente relacionada as condições de pH e
46

ao potencial redox do solo, a acidez em solos bem aerados podem aumentar a concentração
de Mn na solução do solo (SIMONETE & KIEHL, 2002).
Romeiro (2012) estudando a adição de diferentes doses de lodo de esgoto observou
uma tendência linear crescente para todos os micronutrientes, inclusive o Mn, em função do
aumento das doses para as três épocas avaliadas em um Latossolo. Vale salientar que neste
estudo o pH do solo diminuiu a medida que aumentaram as doses de lodo de esgoto.

A. B.

C.

Figura 16. Concentração de ferro em função das doses de chorume aplicadas em Vertissolo (A), Concentração
de manganês em função das doses de chorume aplicadas em Argissolo (B) e, Concentração de nitrogênio em
função das doses de chorume aplicadas em Vertissolo (C) aos 15 DAP da cultura do girassol.

As variações da concentração de N no Vertissolo em função das doses de chorume


aplicadas estão representadas na Figura 16C. O Vertissolo apresentou modelo quadrático
siginificatico a 1% de probabilidade para essa variável, onde a maior concentração de N no
Vertissolo foi obtida com 15,6 m³ ha-1 de chorume (1,70 mg dm-3). Tranin et al. (2008)
também encontraram aumento quadrático de N total para a camada de 0 a 0,20 m em
Cambissolo com adição de biossólido de indústria de fibras e resinas PET (polietileno
tereftalato).
47

O N no solo pode sofrer processos de mineralização e imobilização que modificam


a disponibilidade desse elemento na solução do solo e quando aplicado de forma excessiva
pode ser perdido por lixiviação na forma oxidada NO3- ou por volatilização na forma N2
quando ocorre a desnitrificação (CANTARELLA, 2007).
O comportamento quadrático apresentado pelo Vertissolo neste estudo pode estar
relacionado com essa variação nas reações de oxirredução que ocorrem com o nitrogênio no
solo, ou seja, o solo pode apresentar redução desse elemento quando aplicadas as maiores
doses de percolado devido a concentração elevada.
O elementos P, Cu, Fe e Zn não sofreram alterações na primeira aplicação de
chorume para nenhum dos solos estudados. Esse comportamento pode estar associado às
condições de pH apresentadas durante o experimento. De acordo com Abreu Jr. et al.
(2000), a proximidade do pH às faixas de neutralidade (entre 4,8 e 7,4) em virtude da
aplicação de composto de lixo, torna a adsorção do fósforo menor que em condições ácidas
ou alcalinas. Isso poderia explicar a ausência de variações para este elemento no Argissolo e
no Cambissolo. O Vertissolo, por sua vez, além de apresentar pH na faixa alcalina
apresentou concentração inicial de fósforo maior que os demais (7,21 mg dm-3). Além disso,
a primeira parcela dos tratamentos aporta uma pequena quantidade desses elementos no
chorume utilizado, não alterando dessa forama as concentrações iniciais exitentes nos solos.
Na Tabela 7 encontra-se o resumo da análise de variância da química dos solos em
função das doses de percolado aplicadas até os 30 DAP. As análises químicas realizadas
para estas amostras de solo fazem referência a duas adições dos tratamentos, ou seja, metade
de todo o percolado aplicado neste experimento. Pode-se observar então, que o efeito das
doses influenciaram significativamente a 1% de probabilidade apenas as variáveis CE e K e
a 5% pH, Na e Zn no Argissolo. As análises de regressão para estas variáveis no Argissolo
apresentaram tendências lineares significativas a 1% de probabilidade, com excessão para o
Zn (p < 0,05). No Cambissolo, as doses proporcionaram variações significativas no Na, K e
Mn (p < 0,01), e pH, CE e Zn (p < 0,05), onde o solo apresentou, mediante aplicação
crescente de chorume, comportamento linear significativa a 1% de probabilidade para CE,
Na, K e Mn, e a 5% de probabilidade para pH. E no Vertissolo as variações em função das
doses ocorreram para K e Mn (p < 0,01), CE, Na e Zn (p < 0,05). O Vertissolo obteve
modelos linares siginificativos para Na, K e Mn ao nível de 1% de probabilidade e para CE
e Zn ao nível de 5% de probabilidade, além dos modelos quadráticos para Na, Mn e Zn (p <
0,05). As demais variáveis (P, Cu, Fe, N) não apresentaram variações para nenhum dos solos
48

estudados em função das aplicações crescentes de chorume referente aos 30 DAP, ou seja,
após duas aplicações dos tratamentos.

Tabela 7. Resumo da análise de variância para as propriedades químicas dos solos aos 30
DAP em função das doses de chorume aplicadas.
Estatistica F
FV GL
PH CE Na K P Cu Fe Mn Zn N
Argissolo
Doses 4 4,32* 23,59** 5,53* 17,78** 1,48ns 1,49ns 2,57ns 1,64ns 4,40* 0,81ns
ns ns ns ns ns
Linear 1 12,74** 84,29** 17,59** 56,65** 1,59 5,06 0,52 3,15 6,65* 1,00
ns ns ns ns ns ns ns ns ns
Quad. 1 0,35 4,15 0,44 5,92* 0,79 3,13 3,21 1,05 1,08 1,03
Erro 20
CV 7,69 24,15 34,66 24,89 14,63 22,91 10,38 12,21 31,32 23,31
Cambissolo
Doses 4 4,61* 5,17* 9,11** 8,79** 1,66ns 1,48ns 1,11ns 13,75** 6,00* 1,95ns
ns ns ns ns ns
Linear 1 8,65* 16,55** 30,74** 25,90** 3,53 1,58 1,78 44,39** 2,21 4,88
ns ns ns ns ns ns ns ns ns
Quad. 1 1,67 0,79 1,16 5,30* 0,00 1,69 0,10 5,04 1,46 0,10
Erro 20
CV 3,04 44,01 30,33 20,46 6,83 7,39 10,66 5,56 14,1 11,19
Vertissolo
Doses 4 0,77ns 3,95* 5,73* 8,81** 0,49ns 0,91ns 0,34ns 9,77** 3,69* 0,40ns
ns ns ns ns ns
Linear 1 2,82 10,58* 18,37** 30,02** 0,10 0,05 0,32 30,34** 5,82* 0,06
ns ns ns ns ns ns ns
Quad. 1 0,22 4,34 3,71* 2,09 1,33 0,12 0,78 5,65* 7,30* 0,60
Erro 20
CV 1,24 32,6 36,81 16,46 25,13 30,75 33,28 8,14 52,17 12,67
(ns) não significativo; (* e **) p<0,05 e p<0,01, respectivamente.

O pH sofreu alterações no Argissolo e no Cambissolo a medida que aumentaram as


doses de chorume aplicadas, o aumento linear dessa variável para ambos os solos está
representado na Figura 17A, com o Argissolo apresentando aumento de 18% para a maior
dose (67,82 m3 ha-1) e o Cambissolo de 6% quando comparados ao tratamento controle. É
provável que o Vertissolo não tenha apresentado variações de pH para aplicação das doses
aos 30 DAP devido ao maior efeito tampão deste solo. Borges e Coutinho (2004)
observaram que a aplicação de biossólido a solos que previamente corrigidos, praticamente
não houve alterações no pH e consideram possível que esta causa se deva ao aumento da
capacidade tampão proporcionado pela calagem.
Com o acúmulo das duas aplicações dos tratamentos, a CE variou linearmente nos
três solos em estudo, onde a maior alteração foi observada no Vertissolo que obteve na
maior dose o dobro (2,61 dS m-1) do valor encontrado para CE no tratamento sem adubação
(Figura 17B). Igualmente ao ocorrido na primeira análise, o acúmulo de sais e a elevada CE
49

do chorume utilizado podem ser as causas que levaram ao aumento dessa variável nos solos.
Esse resultado está de acordo com o encontrado por Abreu Jr. et al. (2000) em estudo com
composto de lixo adicionado a 26 solos de diferentes regiões do Brasil.

A. B.

Figura 17. Valores de pH em função das doses de chorume aplicadas em Argissolo e Cambissolo (A) e
Valores de condutividade elétrica em função das doses de chorume aplicadas em Argissolo, Cambissolo e
Vertissolo (B) aos 30 DAP da cultura do girassol.

Os nutrientes Na e K continuam a caracterizar o mesmo comportamento das


primeiras análises (aos 15 DAP) em função das doses de chorume aplicadas nos solos
estudados. Novamente os três solos apresentaram aumento linear (p < 0,01), com o
Vertissolo obtendo as maiores concentrações nas maiores doses (Figura 18A e B). Essa
condição pode estar associada ao grande incremento desse elemento advindo do chorume.

A. B.

Figura 18. Concentração de sódio (A) e potássio (B) em função das doses de chorume aplicadas em Argissolo,
Cambissolo e Vertissolos aos 30 DAP da cultura do girassol.

Martines (2005) obteve resultados semelhantes, onde os maiores teores de sódio


trocável em doses crescentes de lodo de cuturme foram observados em Latossolo de textura
argilosa, seguido de Nitissolo de textura muito argilosa e de Neossolo de textura arenosa.
50

Guimarães (2009) consideraram baixo o aporte de K em solos tratados com lodo biológico e
concluíram que esse resultado pode ser devido a baixa comcnetração desse elemento no lodo
utilizado.
O Vertissolo e o Cambissolo obtiveram aumentos lineares (p < 0,01) nas
concentrações de Mn a medida que as doses de chorume aplicadas aumentaram (Figura
19A). Apesar dos dois solos apresentarem pH próximos a neutralidade, o que dificulta a
solubilidade do Mn, o incremento de matéria orgânica por meio da aplicação de chorume
explicaria esse comportamento. De acordo com Abreu et al. (2007), o aumento do pH do
solo diminui a concentração dos micronutrientes na solução do solo. No entanto, em solos
com elevados teores de matéria a incidência de deficiência por Mn é muito menor que em
solos pobres em matéria orgânica, isso porque o Mn forma complexos estáveis com ligantes
orgânicos.
Apesar da sensibilidade do Zn a variações do pH, o Argissolo e o Vertissolo
apresentaram aumento na concentração deste elemento mediante aplicação das maiores
doses do chorume. O Argissolo respondeu aos tratamentos com um modelo linear
significativo (p < 0,05), enquanto o Vertissolo caracterizou comportamento quadrático (p <
0,05) (Figura 19B).
A faixa ideal de pH para maior disponibilidade de Zn está entre 5,0 e 6,5 (Abreu et
al., 2007). Essa condição é válida para o Argissolo, que apesar de ter apresentado aumento
de pH para essa análise, manteve-se na faixa adequada, enquanto que o Vertissolo não
atende essa condição para a maior disponibilidade do Zn. No entanto, Messias et al. (2007)
em estudo sobre a movimentação dos micronutrientes em solos de textura média tratado com
lodo de esgoto, observaram uma correlação positiva entre a CE e a concentração de Zn no
solo.
O Cambissolo não apresentou comportamento específico para explicar as variações
de Zn devido as aplicações das doses de chorume. Porém, foi o único solo que sofreu
influencia das doses nas concentrações de N representada por uma tedência linear crescente
(p < 0,05) (Figura 19C).
O que define a quantidade de N disponível nos solos é o balanço final entre os
processos de mineralização e imobilização. Dessa forma, pode-se afirmar que, neste caso, o
que prevaleceu no Cambissolo foi uma maior mineralização desse nutriente, um aumento na
quantidade de N na forma inorgânica. A mineralização de N geralmente resulta em aumento
de pH e a faixa estabelecidas para as condições ótimas para que ocorra esse processo é de
51

6,0 a 7,0 (CANTARELLA, 2007). Nessa etapa do experimento o Cambisslo apresentou


aumento de pH com os valores variando entre 6,5e 7,0.

A. B.

C.

Figura 19. Concentração de manganês em função das doses de chorume aplicadas em Cambissolo e Vertissolo
(A), Concentração de zinco em função das doses de chorume aplicadas em Argissolo, Cambissolo e Vertissolo
(B) e, Concentração de nitrogênio em função das doses de chorume aplicadas em Cambissolo (C) aos 30 DAP
da cultura do girassol.

O resumo da análise estatísitica para o efeito das doses de chorume aplicadas nos
solos aos 45 DAP encontra-se distribuído na Tabela 8. As análises químicas realizadas para
este período corresponde a adição de toda a quantidade estabelecida para o ciclo da cultra do
girassol, ou seja, foram aplicadas 4 parcelas dos tratamentos, onde a dose máxima de
chorume estabelecida foi de 135,64 m3 ha-1.
Assim os solos apresntaram os seguintes efeitos: o Argissolo apresentou influencia
significativa em função das doses de chorume para as variáveis Fe (p < 0,01), pH e CE (p <
0,05), apresentando comportamento linear significativo (p < 0,01) para pH e CE, e ao nível
de 5% para o Fe; a CE e o Mn foram as únicas variáveis que obtiveram alterações mediante
as doses de chorume aplicadas no Cambissolo ao nível de 5% de probabilidade, com
equações lineares significativas (p < 0,01) explicando seu comportamento; o Vertissolo não
52

apresentou difereças significativas para nenhuma dos atributos químicos em estudo em


função das doses de chorume aplicadas, mas os dados referentes a CE do solo obteve um
comportamento linear significativo (p<0,05) do Vertissolo em função dos tratamentos.

Tabela 8. Resumo da análise de variância para as propriedades químicas dos solos aos 45
DAP em função das doses de chorume aplicadas.
Estatistica F
FV GL
PH CE NP Cu Fe Mn Zn Ni
Argissolo
Doses 4 6,00* 5,90* 0,10 1,38ns
ns
8,05** 0,43ns 0,59ns
ns ns
Linear 1 13,41** 18,50** 0,16 3,54 9,78* 0,35ns 2,25ns
ns ns ns ns
Quad. 1 0,08 0,09 0,11 0,30 1,19ns 1,29ns 0,07ns
Erro 20
CV 5,88 23,32 33,72 23,7 22,91 6,18 33,7 46,6
Cambissolo
Doses 4 0,99ns 6,81* 0,69 0,11ns 1,38ns 0,93ns 4,32* 0,11ns 1,13ns
ns

Linear 1 1,35ns 24,84** 0,00ns 0,13ns 0,23ns 2,72ns 14,03** 0,00ns 3,16ns
Quad. 1 0,29ns 0,93ns 0,00ns 0,00ns 4,20ns 0,08ns 0,03ns 0,22ns 1,35ns
Erro 20
CV 3,51 36,48 16,78 28,05 18,57 17,53 17,8 36,47 63,3
Vertissolo
ns
Doses 4 2,19 0,38 2,36ns
ns
0,86ns 0,87ns 2,16ns 2,26ns
Linear 1 8015* 0,10ns 0,03ns 0,02ns 2,45ns 0,27ns 0,50ns
Quad. 1 0,00ns 0,51ns 0,48ns 0,44ns 0,38ns 1,98ns 0,00ns
Erro 20
CV 0,78 45,08 15,5 16,27 85 15,86 46,99 30,73
(ns) não significativo; (* e **) p<0,05 e p<0,01, respectivamente.

A Figura 20A apresenta o comportamento desta variável em função do pH


correspondente a aplicação das quatro parcelas dos tratamentos, onde o mesmo apresentou
resposta linear crescente (p < 0,01) para o Argissolo. Nesta condição, a máxima dose de
chorume aplicada aos 45 DAP (135,64 m3 ha-1) elevou o valor de pH para 8,0.
O Argissolo apresentou o mesmo comportamento para o pH a partir da segunda
paracela dos tratamentos aplicadas, inicialmente foi o solo que apresentou menores valores
de pH, contudo foi o que apresentou maior variação desse atributo. Vários estudos utilizando
resíduos industriais e dosmésticos como fonte de nutrientes para a produção vegetal
obtiveram resultados semelhantes, onde ocorre o aumento do pH para as crescentes doses
dos resíduos aplicados (ALVES et al., 1999; ABREU JR. et al., 2000; BORGES &
COUTINHO, 2004; GUIMARÃES, 2009; OLIVEIRA et al., 2002).
53

Assim como na amostragem aos 30 DAP, aos 45 DAP a CE dos solos apresentou
variações linearmente crescentes para o Argissolo e Cambissolo (p < 0,01) e Vertissolo (p
<0 ,05) (Figura 20B). Nesse período da análise os maiores valores de CE foram 0,83; 0,77 e
0,57 dS m-1 para o Vertissolo, Argissolo e Cambissolo respectivamente na maior dose
aplicada. Esses valores são menores que os apresentadores para a CE dos solos ao 30 DAP,
contudo esse resultado condiz com o encontrado por Oliveira et al. (2002) onde os maiores
valores da CE foram obtidos aos 30 dias após a incorporação das doses de composto de lixo
ao solo em ambos os anos agrícolas referentes ao estudo.

A. B.

Figura 20. Valores de pH em função das doses de chorume aplicadas em Argissolo (A) e Valores de
condutividade elétrica em função das doses de chorume aplicadas em Argissolo, Cambissolo e Vertissolo (B)
aos 45 DAP do girassol.

O Fe apresentou diferentes concentrações no Argissolo em função da aplicação


crescente das doses de chorume. Na Figura 21A observa-se a tendência linear significativa a
5% de probabilidade. Essa condição pode estar relacionada ao incremento de matéria
orgânica devido a aplicação de crescentes doses de chorume, visto que a solubilidade do Fe
diminui com o aumento do pH. De acordo com Dechen & Nachtigall (2007) o Fe só atinge
altas concentrações em solos em condições muito ácidas ou em solos ricos em ácidos
húmicos e colóides capazes de forma complexos solúveis com esse elemento.
O Cambissolo obteve aumento linear (p < 0,01) nas concentrações de Mn em
função das aplicações crescentes das doses de percolado (Figura 21B). Como o pH desse
solo manteve-se próximo a neutralidade o que torna o ambiente inadequado a
disponibilidade de Mn, é possível que este aumento esteja associado ao aporte de matéria
orgânica e da concentração desse elemento presentes nas maiores doses de chorume.
54

A. B.

Figura 21. Concentração de ferro em função das doses de chorume aplicadas em Argissolo (A) e Concentração
de manganês em função das doses de chorume aplicadas em Cambissolo (B) aos 45 DAP da cultura do
girassol.

Durante o período deste estudo não houve incremento ou alterções relevantes de


metais pesados no solo, contudo faz-se necessário observar essa tendência a longo prazo
levando em consideração a presença dos elementos no chorume utilizado e sua capacidade
de acumulação. Marques et al. (2006) observaram aumento nas concentrações de Cr, Ni, Pb
e Zn no solo com aplicações de doses crescentes de lodo de esgoto.

4.2 EXPERIMENTO 2: EFEITO DA APLICAÇÃO DA BORRA RESULTANTE DA


EVAPORAÇÃO DO CHORUME NA ADUBAÇÃO DE BASE DA CULTURA
MAMONA E NOS ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO.

As características de crescimento das plântulas da mamona foram influenciadas


pelo tipo de solo ao nível de 1% de probabilidade. A aplicação da borra em doses crescentes
não apresentaram o mesmo comportamento, tendo demosntrado efeito significativo apenas
sobre a percentagem de germinação (% GER) das plântulas, para as demais variáveis as
doses não determinaram diferenças. A interação doses x solo foi significativa a 1% de
probabilidade para % GER e ao nível de 5% de probabilidade para a altura das plântulas
(AP). As médias das variáveis de crescimento mostram o melhor desempenho do
Cambissolo em relação ao Argissolo (Tabela 9). Resultado semelhante foi encontrado por
Andrade Filho (2010) que observou maior desenvolvimento da cultua do algodão em um
Cambissolo quando comparado com um Latossolo.
Oliveira et al. (2006) observaram efeito positivo para as variáveis número de folhas,
altura das plantas, diâmetro do caule e fitomassa seca da parte aérea da cultura da mamona,
55

onde os tratamentos com concentrações de esterco bovino apresentaram maiores médias


quando comparadas ao tratamento sem a adição do esterco. Segundo os autores esse efeito
deve-se não somente ao incremento de nutrientes mas também a melhoria da estrutura do
solo que proporciona o melhor aproveitamento dos nutrientes.

Tabela 9. Resumo da análise de variância e médias para as variáveis de crescimento das


plântulas de mamona.
Estatistica F
FV GL
% GER AP DC MFP MSP
Doses 4 5,47** 0,21ns 2,48 ns
2,36ns 0,97ns
Solo 2 136,83** 116,58** 10,54** 95,37** 15,15**
ns
Doses x solo 8 8,23** 3,16* 1,46 2,20ns 0,43ns
Erro 42
CV 15,27 15,29 8,05 14,63 23,02
Médias
solos
(%) (cm) (mm) ........................(g).......................
Argissolo 41,67 B 6,23 B 3,81 B 1,16 B 0,20 B
Cambissolo 82,00 A 11,60 A 4,19 A 1,98 A 0,28 A
(ns) não significativo; (* e **) p<0,05 e p<0,01, respectivamente. Médias seguidas de mesma letra na coluna não
diferem si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.

As respostas das variáveis de crescimento em função da aplicação das doses


crescentes de chorume para ambos os solos estão apresentadas na Figura 22. A variável %
GER apresenta um comportamento quadrático com coeficiente de ajuste satisfatório (R² =
0,92) em função das doses crescentes no Argissolo. Para o cambissolo a variável % GER
não apresentou comportamento definido, assim como aconteceu com a variável AP para os
dois solos.
Resultado diferente foi encontrado por Souto (2007) em Nitossolo cultivado com
mamona, que estabeleceu relação de dependência da altura de plantas em função das doses
de lodo de esgoto aplicadas, apresentando um modelo quadrático com alto índice de ajuste
(R² = 0,97). Mata et al. (2011), utilizando esterco bovino curtido em Latossolo cultivado
com milho, também obtiveram uma equação quadrática para explicar o comportamento da
emergência das plantas em função dos dias após o plantio, com coeficiente de ajuste
satisfatório (R² > 0,97).
56

A B
A
A

Figura 22. Variáveis de crescimento em função das doses da borra proveniente do chorume de aterro sanitário
nos dois solos estudados. % germinação (A), altura de plântulas (B).

A planta da mamona foi avaliada até os 35 DAP. O resumo da análise de variância


dos fatores de crescimento estão distrbuídos na Tabela 10 e pode-se observar que os
tratamentos utilizando a borra de chorume causaram efeito significativo para DC e MFF ao
nível de 1% de probabilidade e para AP, MFC e MSF a 5% de probabilidade. Para a MSC o
efeito dos tratamentos não foi estatisticamente significativo. Enquanto que os solos
influenciaram significativamente a 1% de probabilidade a AP, MFF e MSF, e a 5% de
probabilidade a MSC. Os fatores DC e MFC não sofreram efeito com a variação dos solos.
A interação entre as duas fontes de variação não foi estatisticamente significativa.Com isso,
verifica-se que, para a avaliação da planta aos 35 DAP, os solos apresentaram médias
estatisticamente iguais para o DC e MFC. O Cambissolo obteve as maiores médias para AP
e MSC. Enquando o Argissolo demonstrou melhor desempenho para MFF e MSF.

Tabela 10. Resumo da análise de variância e médias para as variáveis de crescimento das
plantas de mamona colhidas aos 35 DAP.
Estatistica F
FV GL
AP DC MFF MFC MSC MSF
Doses 4 3,11* 5,23** 14,40** 3,82* 2,26ns 4,30*
Solo 1 46,67** 0,60ns 119,47** 3,74ns 6,46* 33,91**
Doses x solo 4 2,70ns 0,90ns 0,83ns 0,94ns 1,22 ns 0,36ns
Erro 20
CV 9,57 7,76 10,02 18,12 20,04 15,38
Médias
solos
(cm) (mm) ...........................(g).........................
Argissolo 11,99 B 6,30 A 11,98 A 3,49 A 0,59 B 2,41 A
Cambissolo 15,24 A 6,20 A 7,99 B 3,96 A 0,71 A 1,74 B
(ns) não significativo; (* e **) p<0,05 e p<0,01, respectivamente. Médias seguidas de mesma letra na coluna não
diferem si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
57

O desdobramento da análise de regressão permite observar um aumento linear e


significativo para as variáveis de crescimento DC, MFF, MFC e MSF (p < 0,01) e AP e
MSC (p < 0,05) até os 35 DAP em função aplicação das crescentes doses da borra
proveniente do chorume (Figura 23). Resultado semelhante foi encontrado por Pedroza et al.
(2003b) que em estudo com doses crescentes de biossólido na produção do algodão em
Neossolo Regolítico estabeleceu relação linear para variáveis fitomassa da parte aérea,
fitomassa total e relação parte aérea-raiz.

A B
A
A

C D
A

E F
A A

Figura 23. Variáveis de crescimento em função das doses da borra proveniente de chorume de aterro sanitário:
altura de plantas (A), diâmetro do caule (B), materia fesca (C) e (D) e seca (E) e (F) da folha e do caule.
58

De acordo com a Tabela 11, houve efeito significativo a 1% de probabilidade das


doses sobre o pH e as concentrações de sódio (Na) e chumbo (Pb). O cobre (Cu) sofreu
variações em função das doses ao nível de 5% de probabilidade, enquanto que para a
concentração de zinco (Zn), os tratamentos não foram significativos. Os solos causaram
efeito em todos as variáveis (pH, Na, Cu, Zn, Pb) ao nível de 1% de probabilidade. O efeito
da interação doses x solo foi significativo a 1% e probabilidade para o pH do solo, Cu e Pb,
sendo significativa a 5% para o Zn. Não houve efeito significativo da interação doses x solo
para o Cu.

Tabela 11. Resumo da análise de variância e médias para as propriedades químicas dos
solos em função das doses da borra proveniente do chorume de aterro sanitário.
Estatistica F
FV GL
pH Na Cu Zn Pb
Doses 4 17,49** 14,57** 3,33* 2,61ns 5,85**
Solo 1 60,57** 147,02** 49,34** 19,65** 120,80**
Doses x solo 4 10,23** 8,81** 0,51ns 2,72* 7,12**
Erro 20
CV 2,84 17,95 25,54 50,14 12,43
Médias
Dose (m3 ha-1) Solos
(mg dm-3)
Argissolo 7,23 A 138,17 B 0,70 B 0,50 A 3,20 B
0
Cambissolo 7,44 A 450,38 A 1,02 A 0,45 A 10,03 A

Argissolo 8,32 A 322,90 B 0,53 B 0,22 A 4,64 B


50
Cambissolo 7,71 B 484,73 A 1,03 A 0,21 A 9,83 A

Argissolo 8,29 A 301,91 B 0,47 B 0,59 A 6,43 B


100
Cambissolo 7,72 B 541,98 A 0,95 A 0,21 B 10,49 A

Argissolo 8,44 A 284,35 B 0,42 B 0,54 A 7,51B


150
Cambissolo 7,64 A 681,29 A 0,81 A 0,10 B 9,68 A

Argissolo 9,12 A 301,91 B 0,23 B 0,47 A 8,07 A


200
Cambissolo 7,68 B 969,47 A 0,82 A 0,01 B 9,66 A
(ns) não significativo; (* e **) p<0,05 e p<0,01, respectivamente. Médias seguidas de mesma letra na coluna não
diferem si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.

As médias observadas na Tabela 11 descrevem o efeito dos solos dentro de cada


dose da borra aplicada. Os solos apresentaram médias distintas para o chumbo nas menores
concentrações, sendo que para a maior dose (200 m³ ha-1) as médias se apresentaram
estatisticamente iguais. Diferentemente para o cobre onde as médias foram estatisticamente
diferentes, tendo o Cambissolo obtido as maiores médias em todas as concentrações da
59

borra. O zinco apresentou médias estatisticamente iguais para as duas menores


concentrações (0 e 50 m³ ha-1), para as demais concentrações o Argissolo registrou as
maiores médias. As médias de sódio foram estatisticamente diferentes em todas as doses,
com o Cambissolo sobressaindo o Argissolo. O pH do solo manteve médias estatisticamente
iguas nas doses 0 e 150 m³ ha-1 e para as demais concentrações houve um aumento nas
médias desse atributo para o Argissolo.
O desdobramento da análise de regressão demonstrou um comportamento linear
crescente significativo para os teores de pH e Pb no Argissolo em função das doses
aplicadas, para as concentrações de Na e Zn, o Argissolo não expressou uma resposta que
possa explicar seu comportamento.
O pH dos solos analisados neste estudo apresentaram variações em função das
doses da borra aplicadas (Figura 24A), expondo comportamentos diferenciados. Enquanto o
Argissolo revelou resposta crescente linearmente (p < 0,01), o Cambissolo não obteve um
modelo específico que explicasse o comportamento dessa vaiável. Silva (2010), após 90 dias
da aplicação de composto com diferentes proporções de casca de mandioca, constatou que
não houve alteração siginificativa no pH em Latossolo Vermelho Amarelo.
O pH do solo é uma variável de extrema importância para aprodução vegetal, visto
que a disponibilidade dos nutrientes para as plantas varia conforme as variações ocorridas
com o pH. Para Nachtigall et al. (2009), alguns fatores como pH, matéria orgânica,
quantidade e tipo de argila e de óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio alteram a
disponibilidade ds micronutrientes no solo.

A. B.

Figura 24. Valores de pH em função das doses de borra proveniente do chorume aplicadas (A) e Concentração
de Cu em função das doses de borra proveniente do chorume aplicadas (B) em ambos os solos cultivados com
mamona.
60

O Cu não obteve efeito significativo para a interação doses x solo, logo a Figura
24B mostra apenas as médias da concentração de Cu em função das doses aplicadas, as
quais apresentaram descréscimo conforme aumentou-se a concentração das doses. Esse
decréscimo ma concentração de Cu nos solos pode estar relacionado ao aumento do pH a
partir das aplicações da borra do percolado. De acordo com Sousa et al. (2007), a
disponibilidade deste micronutriente diminue com a elevação do pH do solo.
Diferente da resposta encontrada nesta pesquisa para o comportamento do
Argissolo, Marques et al. (2006) verificaram efeito quadrático significativo a 5% de
probabilidade para as concentrações de Zn e Pb em argissolo de textura média tratado com
lodo de esgoto, as maiores concentrações foram alcançadas com a dose correspondente a 40
t ha-1. Nachtigall et al. (2009) avaliando o efeito do pH através de adições de concentrações
de HNO3 em amostras de Neossolo e Cambissolo, observaram quando o pH encontra-se em
faixas próximas a neutralidade, os teores de Zinco extraídos com Mehlich III diminuem,
pois o Zn pode ser adsorvido nos óxidos de Fe e Al e/ou ser precipitado nas formas
hidroxiladas nessa faixa de pH.

A. B.

C.

Figura 25. Concentrações dos elementos – chumbo (A), zinco (B) e sódio (C) - em função das doses da borra
proveniente de chorume de aterro sanitário aplicadas nos dois solos estudados.
61

Apesar do aumento das concentrações de Pb no Argissolo (Figura 25A), a maior


concentração alcançada (10,49 mg dm-3) com aplicação de 100 m³ ha-1 da borra ainda
encontra-se abaixo do limite estabelecido pela CETESB (2001) como valor de referência (17
mg dm-3). O estabelecimento de limites cumulativos no solo deve ser questionado, uma vez
que há poucos estudos de longo prazo que levem em conta as interações dos metais com o
meio ambiente ao serem aplicados no solo (GALDOS et al., 2004).
O Cambissolo, por sua vez, apresentou um comportamento quadrático para o Na e
linear decrescente para o Zn em função das doses aplicadas, não caracterizando um
comportamento definido para as demais variáveis (Figuras 25 B e C). Andrade Filho (2010)
observou valores crescentes para o Na em Cambissolo a medida que aumentaram as
proporções de água residuária aplicada.
A Tabela 12 mostra o resumo da análise de variância para os efeitos das doses em
cada solo. No Argissolo as doses foram significativas a 1% de probabilidade para a
condutividade elétrica (CE), potássio (K), fósforo (P), com resposta linear significativa (p <
0,01). E as varíaveis CE, K e P obtiveram diferenças significativas (p < 0,01) no cambissolo
em função das doses crescentes da borra, também apresentando comportamento linear (p <
0,01). Enquanto que nas concentrações de Fe e Mn não houve efeito significativo para
ambos os solos.

Tabela 12. Resumo da análise de variância correspondente ao efeito das doses em cada solo
estudado.
Estatistica F
FV GL
CE K P Fe Mn
Argissolo
Doses 4 18,87** 7,73** 52,92** 0,38ns 0,26ns
ns ns
Linear 1 24,24** 25,41** 203,61** 0,67 0,01
ns ns ns
Quad. 1 19,09** 4,39 7,77* 0,29 0,24
Erro 20
CV 14,9 29,66 11,53 16,46 16,11
Cambissolo
Doses 4 17,66** 26,69** 13,92** 0,45ns 1,02ns
ns ns
Linear 1 55,85** 105,28** 49,90** 0,02 3,68
ns ns ns ns
Quad. 1 11,05** 0,26 0,31 1,63 0,78
Erro 20
CV 24,78 16,19 27,19 27,35 18,87
(ns) não significativo; (* e **) P<0,05 e P<0,01, respectivamente.
62

O comportamento dos atributos químicos nos solos em função das doses aplicadas
foi determinado por modelos lineares significativos (p < 0,01). Observa-se que a CE, K e P
aumentaram com a aplicação das maiores doses da borra (Figura 26).

A. B.

C.

Figura 26. Resposta dos atributos químicos em função das doses da borra proveniente de chorume de aterro
sanitário aplicadas nos dois solos estudados. Condutividade elétrica (A), potássio (B), fósforo (C).

O Cambissolo apresentou maiores teores na acumulação de K que o Argissolo


(Figura 26 B). Segundo Werle et al (2008) isso pode ter ocorrido pela menor capacidade de
retenção de K dos solos arenosos, ou ainda, pela quantidade inicial de K no argissolo ter
sido menor que a encontrada no Cambissolo. Os autores observaram que os teores de K em
solos de textua média se apresentaram bem inferiores aos teores encontrados em solos de
textura argilosa independente da dose de K2O aplicada.
Oliveira et al. (2001) verificaram uma tendência na estabilização no teor de K
trocável a partir da aplicação de quantidade superiores a 60 e 75 mg dm -3 de K na forma de
KCl (60% K2O) em Latossolo Vermelho Amarelho. Enquanto Araújo et al. (2009)
observaram redução nos teores de K nos tratamentos com as maiores dose de lodo de esgoto
aplicados em Argissolo Vermelho Amarelo.
63

O Argissolo obteve um incremento em torno de 75% no teor de P com a aplicação


da maior dose da borra (200 m³ ha-1) quando comparada ao tratamento sem adubação
(Figura 26 C). E acumulou teores maiores que o Cambissolo para todas as doses aplicadas,
que apresentou um acúmulo, para a maior dose, de cinco vezes o teor verificado no
tratamento sem adubação.
Resultado semelhante foi encontrado por Trannin et al. (2008) que observaram
aumento linear dos teores de P na camada superficial (0-0,2 m) com a aplicação de doses de
biossólido industrial em Cambissolo, onde a maior dose de biossólido (24 Mg ha-1)
proporcionou aumento da concentração de P correspondente a cinco vezes o valor
encontrado no tratamento controle (sem adubação).
64

5 CONCLUSÕES

O Vertissolo cultivado com girassol apresentou o melhor desempenho para as


variáveis de crescimento em função das doses de chorume aplicadas, com as maiores médias
obtidas para a dose correspondente a 31,91 m³ ha-1.
A aplicação em doses crescentes de chorume proporcionou aumento das variáveis
pH, CE para os três solos em estudo cultivados com girassol.
Ocorreu aumento nas concentrações de Na e K em todos os solos com o incremento
das doses de chorume no cultivo do girassol.
Os terores de Mn aumentaram no Cambissolo e Vertissolo cutivados com girassol
mediante as doses crescentes de chorume aplicadas. Porém no Argissolo ocorreu o inverso,
houve redução da concentração de Mn para este solo aos 15 dias após a primeira aplicação
dos tratamentos.
O período de estudo não obteve variações nas concentrações de metais (Pb, Ni e
Cd) pesados nos solos com a adição do chorume.
O incremento da borra no Argissolo promoveu aumento nas concentrações de
chumbo, porém não ultrapassou o limite de referência estabelecido pela CETESB.
As doses da borra proveniente do chorume influenciaram os parâmentros de
crescimento da cultura da mamona de forma linear crescente não diferindo esse
comportamento entre os dois solos estudados.
As doses da borra proporcionaram aumento nos valores de pH, CE, Na, K em
ambos os solos.
65

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