Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ALEGRE
2023
MARIA AMÉLIA BONFANTE DA SILVA
ALEGRE
2023
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Instituto Federal do Espírito Santo – Biblioteca do campus Itapina)
71 f. : il.
Dedico.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof. Dr. Otacilio José Passos Rangel, por todo conhecimento
transmitido, disponibilidade, incentivo, paciência, dedicação e competência na
condução deste estudo.
Ao meu coorientador Prof. Dr. Renato Ribeiro Passos, pelo apoio, correções,
sugestões e expressiva contribuição ao desenvolvimento desta pesquisa.
Aos professores da banca examinadora Prof. Dr. Maurício Novaes Souza, Prof. Dr.
Sávio da Silva Berilli e Profa. Dra. Aparecida de Fátima Madella de Oliveira por todas
as sugestões propostas para o enriquecimento deste trabalho.
Ao Danilo Andrade, pelo auxílio nas coletas de campo, nas análises laboratoriais e
estatísticas, aos estagiários do CCAE-UFES Mateus, Aurélio e Maria Eduarda.
Estendo minha gratidão à Amanda Gomes, pelo auxílio nas análises laboratoriais.
Ao Sr. José Henrique Gravel, à Sra. Tania Gravel e à Dayane Fernandes Salgado,
pela confiança, incentivo, informações acerca da propriedade, contribuição nas
coletas em campo e registro fotográfico.
The intensification in the use of natural resources has caused changes in soil
dynamics, with effects on its density, structure, porosity, organic matter content and
nutrient availability. In this scenario, the agroecological management system (SMA) in
coffee areas has been used as a more sustainable alternative for farmers and soil
conservation. The objective of the study was to evaluate the physical quality and
attributes of soil organic matter in Arabica coffee (Coffea arabica L.) crops under
different plant arrangements and times of implementation of agroecological
management. For this, three management systems were evaluated: S1 = intercropping
of coffee, silver banana (Musa spp. AAB) and juçara palm (Euterpe edulis), 22 years
of implantation; S2 = intercropping of coffee, silver banana (Musa spp. AAB) and peach
palm (Bactris gasipaes Kunth), 4 years of implantation; and S3 = intercropping of
coffee and silver banana (Musa spp. AAB), 2 years of implantation. In each
management system, the soil was collected in the projection of the crown (PC) and
between the rows (EL) of the coffee tree to perform soil density (Ds) and particle (Dp)
analyses; total porosity (Pt), macro (Map) and microporosity (Mip); clay dispersed in
water (ADA), degree of flocculation (GF), geometric mean diameter (DMG) and; levels
and stocks of total organic carbon (TOC) and total nitrogen (NT). In the field,
evaluations of resistance to penetration (RP) and moisture () of the soil were carried
out. All evaluations were performed at depths of 0-0,10 m; 0,10-0,20 m; and 0,20-0,40
m. In an area of native forest, samples were collected at the same depths mentioned
above, to be used as a reference for non-anthropic soil. At the end of the study, it was
verified that the S1 system presented positive results for the attributes Map, RP, ADA,
GF and DMG, indicating improvements in the physical quality of the soil. Regardless
of implantation time and soil depth, the SMA did not differ statistically in TOC and NT
contents and stocks, and in collection points (PC and EL). The attributes Ds, Map, RP,
ADA, GF and DMG were more sensitive to changes in the agroecological soil
management system.
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 9
2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 11
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 11
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 11
3. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 11
3.1 MANEJO AGROECOLÓGICO EM LAVOURAS CAFEEIRAS ............................ 11
3.2 QUALIDADE DO SOLO SOB MANEJO AGROECOLÓGICO DE CAFEEIROS . 15
4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 19
4.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................. 19
4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO ................................................ 20
4.3 AMOSTRAGEM DO SOLO ................................................................................. 23
4.4 INDICADORES DE QUALIDADE DO SOLO....................................................... 24
4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ..................................................................................... 27
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 28
5.1. INDICADORES DE QUALIDADE DO SOLO NOS SISTEMAS DE MANEJO
AGROECOLOGICO DO CAFEEIRO EM COMPARAÇÃO À MATA NATIVA ..... 28
5.2 CONTRASTES ORTOGONAIS ENTRE OS SISTEMAS DE MANEJO
AGROECOLÓGICOS DO SOLO ........................................................................ 48
6. CONCLUSÕES................................................................................................... 60
7. REFERÊNCIAS..................................................................................................... 61
9
1. INTRODUÇÃO
Nos cafezais, esse tipo de manejo é caracterizado pelo baixo aporte de resíduos
orgânicos no solo, ausência de sombreamento e dependência de insumos externos,
que causam impactos adversos na qualidade do solo (GUIMARÃES et al., 2014).
Entre esses princípios, Souza et al. (2020a) citam a manutenção de vida e fertilidade
do solo por meio da cobertura vegetal viva ou morta; o aumento da biodiversidade
funcional por meio da diversificação da microbiota e; a adaptação de atividades
agrícolas aos ciclos naturais da região. Assim, a implantação de sistemas
agroecológicos em lavouras cafeeiras possui potencial para aumentar a ciclagem de
10
2. OBJETIVOS
3. REVISÃO DE LITERATURA
De acordo com Alfaia et al. (2018), o solo é mais do que um substrato, ele é uma
estrutura viva e complexa, onde ocorrem processos dinâmicos e essenciais para o
crescimento saudável de plantas e o equilíbrio ambiental. Portanto, o manejo
agroecológico do solo tem como princípios evitar a erosão, manter a ciclagem de
nutrientes e aumentar a fertilidade do solo por meio de adubações com materiais
orgânicos.
A CTC corresponde à soma das cargas negativas nas partículas coloidais do solo que
retém cátions (Ca2+, Mg2+, K+, Na+, Al3+ e H+), sendo de suma importância na
estruturação dos solos, retenção de água e adsorção de nutrientes que
posteriormente serão disponibilizados para as plantas (RONQUIM, 2010).
Ainda nesse estudo, Sales e Baldi (2020) constataram que os cafezais sombreados
se mostraram como uma alternativa viável para atender a produção agrícola e
favorecer a conservação dos solos, sendo a competição entre as espécies
compensada pela comercialização dos produtos florestais e pelos benefícios
ambientais observados no sistema. Dessa forma, os SAFs melhoram a qualidade do
solo e favorecem o crescimento de plantas, afetando também a renda e o bem-estar
dos agricultores, pois, além de gerar produtos diversificados, a presença do
componente arbóreo fornece sombra e regula a temperatura do ar ao longo do dia,
tornando o ambiente mais agradável termicamente.
O solo é um sistema vivo, complexo e dinâmico, por onde ocorrem interações entre
plantas, animais e microrganismos com o meio físico. Essas interações afetam a
qualidade do solo, sendo este um assunto cada vez mais estudado, principalmente no
que se refere a sua definição e mensuração (SILVA et al., 2021).
Primavesi (2019) também cita que a qualidade do solo está relacionada a boa
estrutura física, elevada porcentagem de nutrientes, diversidade de microrganismos e
considerável teor de matéria orgânica do solo (MOS), que exerce importantes funções
no sistema edáfico. Nesse âmbito, a qualidade do solo é observada pela interação de
seus atributos físicos, químicos e biológicos, sendo a MOS um componente de grande
importância na dinâmica dos ecossistemas.
De acordo com Araújo et al. (2012), manter a qualidade do solo nos níveis desejáveis
é uma tarefa difícil, devendo sua estimativa ser realizada a partir de vários indicadores.
Os indicadores ou índices da qualidade do solo são atributos mensuráveis que se
apresentam de forma quantitativa ou qualitativa, e que são capazes de predizer
alterações ocorridas nos diferentes ecossistemas ao longo do tempo (FREITAS et al.,
2017; SILVA et al., 2020).
Primo et al. (2011) definem MOS como sendo todo material orgânico de origem
biológica, vivo ou morto, que se encontra em maior quantidade nas camadas
superficiais do solo, sendo um dos indicadores mais úteis na avaliação da qualidade
do solo, pois influencia diretamente a infiltração e retenção de água, a formação de
agregados, densidade, pH, capacidade tampão, CTC, mineralização, sorção de
nutrientes, aeração e atividade microbiana no solo.
Grande parte da MOS se encontra associada à fração argila por meio de íons
polivalentes, que são capazes de ligar as partículas de argila à matéria orgânica,
formando um complexo de argila-cátion-MOS. Assim, a presença de MOS aumenta a
reatividade do solo e cria complexos com Al3+, contribuindo para reduzir o efeito tóxico
do alumínio, aumentar CTC, reduzir perdas por lixiviação e, por consequência,
aumentar a disponibilidade de água e nutrientes para as plantas (CUNHA; MENDES;
GIONGO, 2015).
Com o objetivo de avaliar a qualidade do solo em lavouras de café conilon a pleno sol
e em sistemas agroflorestais conduzidos na Fazenda Experimental Bananal do Norte,
em Cachoeiro de Itapemirim/ES, Souza et al. (2014) verificaram que os sistemas
agroflorestais apresentaram maior teor de umidade e MOS, contribuindo para a
conservação do solo e da água, promovendo a sustentabilidade da cultura de café
conilon.
Em estudo para avaliar a qualidade biológica dos solos sob diferentes usos e manejos
no Assentamento Florestan Fernandes, localizado em Guaçuí/ES, Marcatti et al.
(2020) analisaram quatro agroecossistemas compostos por café agroecológico, café
convencional, pastagem e mata. Ao final do experimento, os autores concluíram que
a qualidade biológica do solo foi afetada pelos diferentes sistemas de manejo, e que
a área com café agroecológico apresentou melhor qualidade do solo, assemelhando-
se a mata.
Ademais, por ser um agente cimentante de elevada porosidade, a MOS também afeta
os atributos físicos do solo, sendo a densidade, taxa de infiltração de água,
18
4. MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada numa propriedade de base familiar, denominada Sítio Gravel,
que fica localizada na comunidade de São Felipe, distrito de São Miguel do Caparaó,
município de Guaçuí/ES, sob as coordenadas geográficas de latitude Sul 20°46’ 32” e
longitude Oeste de Greenwich 41° 40’ 46" (Figura 1).
Figura 1 – Imagem de satélite do Sítio Gravel com indicações dos sistemas de manejo
agroecológicos (SMA) com café arábica e da área de referência (mata nativa)
S1 = SMA com 22 anos de implantação, com consórcio de café, banana prata e palmeira juçara; S2 =
SMA com 4 anos de implantação, com consórcio de café, banana prata e palmeira pupunha; S3 = SMA
com 2 anos de implantação, com consórcio de café e banana prata; MTN = área de referência (mata
nativa).
Fonte: A autora
A região possui altitude de 800 a 1200 m, está inserida na bacia hidrográfica do rio
Itabapoana e o solo predominante é o Latossolo Vermelho Amarelo, com fertilidade
variando de média a baixa. A média anual de precipitação é de 1.044,9 mm, sendo
sazonalmente dividida em dois períodos: um chuvoso, entre os meses de outubro a
abril (85,5% do total acumulado anual) e um período menos chuvoso entre os meses
de maio a setembro (14,5% do total) (INCAPER, 2020).
O Sítio Gravel possui uma área total de 25 ha. Antes da implantação do primeiro
sistema de manejo agroecológico (SMA), em 2000, ocorreram diferentes manejos e
usos do solo. Até os anos da década de 1990, a propriedade possuía 5 ha de área em
estágio inicial de regeneração natural; 16 ha em pastejo animal (bovino) com capim
gordura e colonião e, aproximadamente, 4,0 ha de áreas destinadas à monocultura
de café.
Exceto pelo sistema S1, que está há cinco anos sem receber adubação ou
manutenção, em todas as áreas de SMA do cafeeiro utilizam-se adubos orgânicos
para a fertilização do solo. No período de um ano são realizadas seis adubações,
sendo elas compostas por: esterco bovino (100 g planta-1), vermicomposto (50g
planta-1), palha de café (4L planta-1), esterco concentrado de galinha comercial (100 g
planta-1), esterco de galinha (200 g planta-1) advindo da criação de aves da
propriedade, adubo organomineral comercial (N: 0,85%, K2O: 1,3%, Ca: 12% e Mg:
2%) (100 g planta-1, aplicado três vezes ao ano) e o adubo verde feijão-de-porco
(Canavalia ensiformis) cultivado nas entrelinhas.
Para esta pesquisa, foram selecionadas três áreas com diferentes arranjos vegetais e
tempos de implantação, além de uma área de mata nativa usada como referência de
solo não antropizado (Figura 2). Todos os sistemas de manejo estão caracterizados
na Tabela 1.
S1 = SMA com 22 anos de implantação, com consórcio de café, banana prata e palmeira juçara; S2 =
SMA com 4 anos de implantação, com consórcio de café, banana prata e palmeira pupunha; S3 = SMA
com 2 anos de implantação, com consórcio de café e banana prata; MTN = área de referência (mata
nativa).
Fonte: A autora
22
Tabela 2 – Caracterização química do solo das áreas de mata nativa e nos diferentes
sistemas de manejo agroecológicos (SMA) do café arábica
Sistema pH P K+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H + Al SB T t m V
de manejo H2O .....mg dm-3..... ...............................................cmol
dm-3............................................... ....................%...................
c
Profundidade 0-0,10 m
MTN 4,9 3,6 77 2,2 0,9 0,5 10,0 3,3 13,4 3,8 13 24,7
S1PC 5,4 3,5 35 3,1 0,8 0 7,2 4,2 11,1 4,1 0 35,6
S1EL 6,1 5,5 27 3,6 0,9 0 5,5 4,6 10,1 4,6 0 45,2
S2PC 6,1 8,0 40 4,1 1,1 0 8,2 5,3 13,3 5,3 0 40,1
S2EL 6,0 4,7 44 4,4 1,3 0 6,2 5,9 12,0 5,9 0 48,6
S3PC 5,4 4,2 59 2,0 0,7 0,2 9,3 2,8 12,1 2,9 5,1 23,2
S3EL 6,0 10,1 43 3,9 1,7 0 5,5 5,7 11,2 5,7 0 51,2
Profundidade 0,10-0,20 m
MTN 4,8 3,4 76 1,6 0,9 1,3 11 2,7 13,2 3,9 32 20,2
S1PC 5,8 3,3 24 3,1 1,2 0 8,2 1,2 9,8 1,8 0 17,1
S1EL 6,0 3,1 17 2,2 0,7 0 7,2 2,9 9,9 2,9 0 29,1
S2PC 5,8 3,4 34 3,6 0,9 0 6,2 4,5 10,7 4,5 0 42,2
S2EL 5,6 3,1 26 2,7 0,9 0 6,2 3,7 9,9 3,7 0 37,3
S3PC 5,0 3,1 41 1,2 0,5 0,5 8,1 2,8 12,1 2,9 17 23,1
S3EL 5,5 5,3 24 2,0 0,9 0 7,3 2,9 10,2 2,9 0 28,7
Profundidade 0,20-0,40 m
MTN 4,6 3,3 54 0,4 0,4 0,8 12 1,1 13,2 1,8 45 7,3
S1PC 5,1 3,3 15 1,4 0,4 0,1 8,2 1,9 10,0 2,1 5,1 18,6
S1EL 5,4 2,8 13 2,4 0,7 0,1 6,6 3,1 9,7 3,2 3,1 32,1
S2PC 5,4 3,4 22 1,8 0,6 0,1 7,4 2,4 9,9 2,5 2,0 24,7
S2EL 5,1 3,2 25 1,4 0,5 0,4 7,2 2,3 9,2 2,4 15 21,9
S3PC 5,6 3,2 36 3,0 1,1 0,0 7,1 4,1 11,2 4,1 0 36,6
S3EL 5,1 3,1 18 1,1 0,5 0,4 8,3 1,7 9,9 2,2 18 16,6
pH: relação solo-água 1:2,5; P: extrator Mehlich-1 e determinação por colorimetria; Na e K: extrator
Mehlich-1 e determinação por fotometria de chama; Ca e Mg: extrator KCI 1 mol/L e determinação por
espectrometria de absorção atômica; Al: extrator KCl 1 mol/L e determinação por titulometria; H+Al:
extrator acetato de cálcio 0,5 mol/l pH 7,0 e determinação por titulometria; SB: Soma de bases trocáveis;
t: capacidade de troca catiônica efetiva; CTC 7,0 (T): capacidade de troca catiônica a pH 7,0; V: Índice
de saturação de bases; m: Índice de saturação por alumínio; S1 = SMA com 22 anos de implantação,
com consórcio de café, banana prata e palmeira juçara; S2 = SMA com 4 anos de implantação, com
consórcio de café, banana prata e palmeira pupunha; S3 = SMA com 2 anos de implantação, com
consórcio de café e banana prata; MTN = área de referência (mata nativa); PC = amostragem na projeção
da copa do café; EL = amostragem nas entrelinhas do café.
Fonte: A autora
Considerando as três repetições nos três SMA do cafeeiro arábica para cada ponto
de coleta (EL e PC) e profundidade, e as três repetições na área de referência (MTN)
em cada profundidade, foi realizado a coleta de 63 pontos amostrais de solo.
Ds
Pt = 1 - (1)
Dp
A argila dispersa em água foi determinada a partir da terra fina seca ao ar (TFSA),
utilizando-se agitação mecânica lenta (agitador de Wagner a 50 rpm por 16 h) e água
deionizado, conforme metodologia proposta por Teixeira et al. (2017).
A avaliação da estabilidade dos agregados do solo foi realizada por peneiramento via
úmida, com 25 g da amostra de agregados previamente classificados em peneira de
4-2 mm. As amostras de agregados foram umedecidas e acopladas em aparelho de
oscilação vertical, proposto por Yoder (1936) e descrito por Kemper e Chepil (1965),
constituído por peneiras de 2; 1; 0,5; 0,25; e 0,106 mm, durante o período de 15
minutos, à uma frequência de 32 oscilações por minuto. De posse dos valores obtidos
em cada classe de agregado (4-2; 2-1; 1-0,5; 0,5-0,25; 0,25-0,106 e <0,106 mm), foi
calculado o diâmetro médio geométrico pela Equação 2.
∑ni=1 xi logdi
DMG = 10 (2)
Para a determinação do nitrogênio total (NT) foi utilizado o método descrito por
Bremner (1996), que envolve o uso de uma mistura digestora à base de K 2SO4, CuSO4
e selênio, seguida de destilação Kjeldahl.
26
De posse dos dados de Ds e dos teores de COT e NT foram calculados, para cada
profundidade de solo amostrada, os estoques de carbono orgânico total (Equação 3)
e os estoques de nitrogênio total (Equação 4).
e
EstCOTi = COTi x Dsi x 10i (3)
ei
EstNTi = NTi x Dsi x (4)
10
Drefi
COTi x Dsi x [ ]
(Dsi x ei )
EstCOTi = (5)
10
Drefi
NTi x Dsi x [ ]
(Dsi x ei )
EstNTi = (6)
10
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Alves (2017) também observou maior valor de Ds para um sistema de manejo de café
conilon consorciado com bananeira aos quatro anos de implantação (1,4 kg dm-3),
comparativamente à mata nativa (1,2 kg dm-3), concluindo que o valor de Ds
apresentado pelo consórcio café e bananeira, provavelmente, estava relacionado ao
pouco tempo de implantação do sistema agroecológico.
O histórico de uso do solo com pastagem é outro fator a ser considerado nos sistemas
S2 e S3, pois o pisoteio animal pode compactar a superfície do solo, resultando no
aumento de sua densidade (GOMES; SANTOS; GUARIZ, 2019).
De acordo com Gomes, Santos e Guariz (2019), por ser um atributo estável,
mudanças na Dp seriam imperceptíveis em curto período, mas sua determinação é
essencial para se calcular a porosidade do solo.
Essa mesma dinâmica pode ter colaborado com os resultados observados no sistema
S1, onde houve maior deposição de resíduos orgânicos na cobertura do solo,
principalmente devido ao maior tempo de implantação do manejo agroecológico.
33
Essa mesma tendência foi observada por Figueiredo (2020) ao avaliar a qualidade de
solos em sistemas agroflorestais sintrópicos, com três e quatro anos de implantação,
para a produção de café arábica, consorciados com diferentes espécies arbóreas,
herbáceas e arbustivas.
34
Na profundidade de 0-010 m foi verificado maior teor de argila e maior Mip para o S1
PC. Já o manejo do cafeeiro consorciado com bananeira, implantado há 2 anos (S3),
apresentou elevada Mip e maior teor de argila em relação ao solo da MTN nas
profundidades de 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m (Tabela 3). Do mesmo modo, o menor teor
de argila em S2EL, na profundidade de 0,10-0,20 m, associou-se aos menores valores
de Mip (Figura 7). Na profundidade de 0,20-0,40 m também foi constatado maiores
36
O comportamento mecânico do solo também pode ser influenciado pela sua umidade,
que varia amplamente em função do sistema de manejo, tipo de vegetação,
precipitação, época do ano e pontos de coleta das amostras. De acordo com Molina
Junior (2017) e Adams et al. (2018), solos com maiores umidades tendem a
apresentar menor RP do que solos mais secos. Entretanto, em todos as
profundidades, não foi verificada significância dos valores de umidade do solo nos
SMA em comparação a MTN (Tabela 5).
Foi observado similaridade dos valores de ADA entre a MTN e o sistema S1 nas três
profundidades estudadas. Nas profundidades de 0-0,10 m e 0,10-0,20 m, os sistemas
S2 e S3 apresentaram teores de ADA estatisticamente superiores ao da MTN. Esse
38
O menor valor de ADA e o maior valor de GF são indicativos de boa estabilidade dos
agregados, principalmente por refletir na maior união entre as partículas do solo
(DANTSOVA et al., 2009; FREITAS, 2011).
39
g kg-1 e GF de 17,64 dag kg-1; enquanto a MTN teve resultado inferior para ADA (55,24
g kg-1) e superior para GF (43,77 dag kg-1), na profundidade de 0-0,10 m.
De acordo com Klein (2014), os altos teores de matéria orgânica encontrados no solo
de mata nativa proporcionam menor dispersão de argila, visto que há relação positiva
entre o grau de floculação e os teores de MOS em função do efeito cimentante deste
constituinte, que também afeta positivamente a agregação do solo.
Neste trabalho, o DMG apresentou relação inversa com a ADA. Logo, quanto maior
os valores do DMG maior será a estabilidade de agregados e a resistência do solo
aos processos erosivos.
EstCOT = estoque de carbono orgânico total; profundidades: A = 0-0,10 m; B = 0,10- 0,20 m; C = 0,20-
0,40 m; S1 = SMA com 22 anos de implantação, com consórcio de café, banana prata e palmeira juçara;
S2 = SMA com 4 anos de implantação, com consórcio de café, banana prata e palmeira pupunha; S3 =
SMA com 2 anos de implantação, com consórcio de café e banana prata; MATA = área de referência
(mata nativa); PC = amostragem na projeção da copa do café; EL = amostragem nas entrelinhas do café;
Ɪ = desvio padrão; *, **, *** e ns; = significativo a 5%, 1%, 0,1% e não significativo, respectivamente,
pelo teste de Dunnett.
Fonte: A autora
Esses dados corroboram com a tendência observada por Figueiredo (2020), que ao
avaliar a qualidade do solo em diferentes sistemas sintrópicos com três (123,5 t ha -1)
e quatro (124,8 t ha-1) anos, para a produção de café, verificou menores valores de
EstCOT em comparação ao solo de vegetação nativa (129,9 t ha-1), na profundidade
45
Resíduos com baixa relação C/N são mais facilmente colonizados pela população
microbiana, resultando no aumento da taxa de mineralização de seus componentes e
menor quantidade de matéria seca remanescente (FERREIRA et al., 2014).
47
Dessa forma, as entradas de resíduos com alto teor de N liberarão nutrientes mais
rapidamente no solo, enquanto resíduos com baixo teor de N liberarão nutrientes de
forma lenta, podendo até mesmo imobilizá-los (MARTINS, 2021). Tal relação implica
no equilíbrio entre a degradação da cobertura do solo, a atividade microbiológica e a
liberação de nutrientes para as plantas afetando, portanto, a eficiência das adubações.
O histórico de uso do solo é outro fator a ser considerado. O manejo do pastejo, por
exemplo, pode contribuir para aumentar a deficiência de N no solo, uma vez que
48
Maia e Conte (2019) avaliaram um manejo de nove anos com adubação orgânica e
plantios de adubos verdes nas entrelinhas do café arábica. Neste estudo foi
constatado que o manejo com feijão-de-porco, mucuna-anã e torta de filtro promoveu
aumento nos teores de N foliares do cafeeiro. Esses autores relatam a eficácia das
fabáceas no fornecimento de N devido à sua capacidade de se associarem às
bactérias do gênero Rhyzobium e absorver N do ar.
Tabela 6 – Médias dos indicadores físicos de qualidade do solo na mata nativa e nos
diferentes sistemas de manejo agroecológicos (SMA) do café arábica
Sistema de Ds Dp Pt Map Mip RP
manejo .......................Kg dm-3..................... .............................m3 m-3............................ MPa
Profundidade 0-0,10 m
S1PC 1,28 2,59 0,55 0,17 0,38 1,77
S1EL 1,15 2,46 0,49 0,22 0,27 1,63
S2PC 1,25 2,34 0,46 0,12 0,35 4,99
S2EL 1,24 2,16 0,43 0,12 0,31 3,24
S3PC 1,32 2,39 0,44 0,10 0,35 4,51
S3EL 1,28 2,28 0,43 0,09 0,34 4,08
MTN 1,00 2,07 0,52 0,19 0,33 1,49
Profundidade 0,10-0,20 m
S1PC 1,22 2,24 0,45 0,18 0,27 1,91
S1EL 1,25 2,47 0,49 0,19 0,30 2,40
S2PC 1,35 2,21 0,38 0,15 0,23 4,64
S2EL 1,29 2,04 0,37 0,18 0,19 4,36
S3PC 1,22 2,53 0,52 0,16 0,36 5,13
S3EL 1,21 2,34 0,48 0,11 0,37 5,13
MTN 1,19 2,30 0,48 0,17 0,31 2,89
Profundidade 0,20-0,40 m
S1PC 1,22 2,38 0,49 0,16 0,35 1,5
S1EL 1,33 2,39 0,44 0,22 0,26 2,0
S2PC 1,23 2,22 0,45 0,07 0,37 3,2
S2EL 1,34 2,09 0,36 0,07 0,28 3,3
S3PC 1,19 2,38 0,50 0,13 0,37 2,6
S3EL 1,32 2,20 0,40 0,11 0,24 3,2
MTN 1,18 2,17 0,46 0,12 0,28 3,4
Ds = densidade do solo; Dp densidade de partícula; Pt = porosidade total; Map = macroporosidade; Mip
= microporosidade; RP = resistência do solo à penetração; S1 = SMA com 22 anos de implantação, com
consórcio de café, banana prata e palmeira juçara; S2 = SMA com 4 anos de implantação, com consórcio
de café, banana prata e palmeira pupunha; S3 = SMA com 2 anos de implantação, com consórcio de café
e banana prata; MTN = área de referência (mata nativa); PC = amostragem na projeção da copa do café;
EL = amostragem nas entrelinhas do café.
Fonte: A autora
50
Tabela 7 - Contrastes médios dos atributos físicos nos diferentes sistemas de manejo
agroecológicos (SMA) do café arábica
Ds Dp Pt Map Mip RP
Contrastes
Profundidade 0-0,10 m
C1 -0,26* 0,45ns 0,19● 0,013* 0,06ns -5,95*** -0,014●
C2 0,03ns 0,55● 0,12ns 0,22** -0,10ns -4,06*** -0,096ns
C3 -0,07ns -0,05ns 0,02ns 0,02ns 0,03ns 0,49ns -0,03ns
C4 -0,04ns -0,11ns 0,01ns 0,02ns -0,03ns -0,77* 0,07ns
C5 -0,08ns 0,38ns -0,05ns 0,04ns 0,15ns 2,31** -0,12ns
Profundidade 0,10-0,20 m
C1 -0,13ns 0,27ns 0,02ns 0,05ns -0,05ns -5,95*** 0,07●
C2 -0,01ns 0,57● 0,14ns 0,11● 0,03ns -4,70*** -0,0027ns
C3 -0,13* -0,32● -0,14* -0,01ns -0,13** -0,49ns -0,008ns
C4 0,08ns -0,30● -0,12* 0,07● -0,19*** -0,77* -0,028ns
C5 0,02ns 0,13ns 0,01ns -0,02ns 0,02ns -0,21ns -0,036ns
Profundidade 0,20-0,40 m
C1 0,02ns 0,16ns 0,02ns 0,14** -0,01ns -2,94*** 0,17ns
C2 -0,01ns 0,50* 0,13● 0,25* -0,09ns -2,52*** 0,040ns
C3 0,04ns -0,15ns -0,05ns -0,05ns 0,03ns 0,56** 0,011ns
C4 0,02ns -0,11ns -0,04ns -0,06● 0,04ns 0,07ns 0,041ns
C5 -0,35** 0,31● 0,24** -0,08* 0,37** -1,16*** -0,18ns
Ds = densidade do solo; Dp = densidade de partículas; Pt = Porosidade total; Map = macroporosidade;
Mip = microporosidade; RP = resistência do solo à penetração; = umidade; Contrates: C1 = S1PC -
(S2PC+S3PC); C2 = S1EL - (S2EL+S3EL); C3 = S2PC-S3PC; C4 = S2EL-S3EL; C5 =
(S1PC+S2PC+S3PC) - (S1EL+S2EL+S3EL); S1 = SMA com 22 anos de implantação, com consórcio de
café, banana prata e palmeira juçara; S2 = SMA com 4 anos de implantação, com consórcio de café,
banana prata e palmeira pupunha; S3 = SMA com 2 anos de implantação, com consórcio de café e
banana prata; PC = amostragem na projeção da copa do café; EL = amostragem nas entrelinhas do café;
*, **, ***, ● e ns; = significativo a 5%, 1%, 0,1%, 10% e não significativo, respectivamente.
Fonte: A autora.
A maior Ds observada nos sistemas S2PC e S3PC pode estar relacionada ao antigo
sistema de manejo (pastagem), que tende a causar a compactação do solo (GOMES,
2019; SILVA et al., 2019).
De acordo com Pinto Filho et al., (2009), a RP é afetada principalmente pela variação
de umidade do solo, uma vez que a faixa do teor de água está diretamente relacionada
à capacidade do solo de suportar e permitir o trabalho do maquinário agrícola.
Soares et al. (2016) citam que a porosidade é essencial para a movimentação de água
no solo e para o bom desenvolvimento do sistema radicular, sendo um baixo valor de
porosidade total indicativo de elevada densidade do solo.
52
Apesar da maior porosidade no sistema S1EL em relação aos outros SMA, todos os
valores apresentados estão abaixo do ideal citado por Kerber et al. (2013) para a
produção agrícola (0,60 m3 m-3), e próximos aos valores encontrados por Effgen et al.
(2012) em lavouras cafeeiras sob distintos manejos no sul do estado do Espírito Santo
(<0,50 m3 m-3), que atribuíram tal resultado ao histórico de uso do solo (pastagem).
De acordo com Freitas et al. (2017), em áreas de pastejo, o constante pisoteio animal
pode aumentar a compactação e reduzir a Map do solo. Em contrapartida, a maior
diversidade de espécies aumenta o aporte de MOS, favorecendo a porosidade,
agregação e densidade do solo (LARIOS-GONZÁLES, 2014).
Os efeitos da MOS sobre a densidade são mais perceptíveis nas camadas superficiais
do solo, tornando-a mais sensível às práticas de manejo, sobretudo aquelas que
incluem revolvimento do solo (ROSSI et al., 2016).
Solos com elevados teores de matéria orgânica tendem a apresentar menor Dp, sendo
este atributo influenciado principalmente pela mineralogia e pelo conteúdo de carbono
orgânico do solo (SCHERER et al., 2013).
Esse fato se deve ao histórico de uso do solo, pois o pastejo animal tem potencial para
compactar o solo até duas vezes mais do que em áreas não pastoreadas (DIAS;
THOMAS, 2011), sendo os danos observados por mais de 10 anos após o abandono
da pastagem (FAO, 2015). Contudo, com o passar do tempo, a diversidade de ciclos
e de espécies existentes nos SMA podem contribuir para a descompactação e
melhorar a macroporosidade do solo, principalmente em superfície (DEBIASI et al.,
2010).
Tais resultados podem estar relacionados com a influência do sistema radicular, que
é capaz de formar agregados, aumentar porosidade, descompactar e diminuir a
densidade do solo na área de projeção da copa em diferentes profundidades;
enquanto nas entrelinhas do cafeeiro há constante movimentação de pessoas e
implementos agrícolas, que prejudicam a qualidade física do solo.
Tabela 8 – Médias dos teores de argila dispersa em água (ADA), grau de floculação
(GF) e diâmetro médio geométrico (DMG) do solo na mata nativa e nos diferentes
sistemas de manejo agroeocológicos (SMA) do café arábica
ADA GF DMG
Sistema de manejo
g kg-1 dag kg-1 mm
Profundidade 0-0,10 m
S1PC 10,45 73,29 2,43
S1EL 9,49 72,43 2,59
S2PC 23,55 52,04 2,33
S2EL 21,98 60,25 2,48
S3PC 24,85 60,23 2,12
S3EL 24,85 60,24 2,38
MTN 10,18 71,28 2,60
Profundidade 0,10-0,20 m
S1PC 11,60 75,19 2,70
S1EL 6,60 81,35 2,89
S2PC 22,80 57,43 2,43
S2EL 25,70 52,18 2,55
S3PC 25,40 58,93 2,20
S3EL 25,40 59,05 1,60
MTN 7,60 75,20 2,90
Profundidade 0,20-0,40 m
Tabela 9 - Contrastes médios dos teores de argila dispersa em água (ADA), grau de
floculação (GF) e diâmetro médio geométrico (DMG) do solo nos diferentes sistemas
de manejo agroecológicos do café arábica
Contrastes ADA GF DMG
Profundidade 0-0,10 m
C1 -0,27*** 34,68*** 0,42**
C2 -0,27*** 25,8** 0,32*
C3 -0,01ns -7,82ns 0,21*
C4 -0,04ns 0,83ns 0,10ns
C5 0,03ns 6,70ns -0,56***
Profundidade 0,10-0,20 m
C1 -0,25*** 34,02*** 0,84**
C2 -0,37*** 51,46*** 1,63***
C3 -0,03ns -1,50ns 0,23ns
C4 0,01ns -6,86* 0,9***
C5 0,03ns -1,04ns 0,45●
Profundidade 0,20-0,40 m
C1 -0,12*** 4,27ns 0,14ns
C2 -0,06* -9,43ns 0,43ns
C3 0,01ns -6,23ns 0,23ns
C4 -0,03* 4,72ns 0,01ns
C5 0,04ns -3,02ns -0,86**
ADA = argila dispersa em água; GF = grau de floculação; DMG = diâmetro médio geométrico; Contrates:
C1 = S1PC - (S2PC+S3PC); C2 = S1EL - (S2EL+S3EL); C3 = S2PC-S3PC; C4 = S2EL-S3EL; C5 =
(S1PC+S2PC+S3PC) - (S1EL+S2EL+S3EL); S1 = SMA com 22 anos de implantação, com consórcio de
café, banana prata e palmeira juçara; S2 = SMA com 4 anos de implantação, com consórcio de café,
banana prata e palmeira pupunha; S3 = SMA com 2 anos de implantação, com consórcio de café e
banana prata; MTN = área de referência (mata nativa); PC = amostragem na projeção da copa do café;
EL = amostragem nas entrelinhas do café; *, **, ***, ● e ns; = significativo a 5%, 1%, 0,1%, 10% e não
significativo, respectivamente.
Fonte: A autora
De acordo com Santos et al. (2010), solos bem estruturados facilitam a movimentação
de água e o crescimento de raízes, além de diminuir a dispersão de argila e o risco de
erosão. Nesse sentido, a ausência de revolvimento do solo, aliada à biomassa da
bananeira e ao sistema radicular da palmeira pode ter contribuído para a
preservação dos agregados nas SMA.
Tabela 10 – Médias dos teores de carbono orgânico total (COT) e nitrogênio total (NT)
e estoques corrigidos de carbono orgânico total (EstCOT) e nitrogênio total (EstNT)
do solo nos diferentes sistemas de manejo agroecológicos do café arábica e a mata
nativa
Sistema COT NT EstCOT EstNT
de manejo g kg-1 t ha-1
Profundidade 0-0,10 m
S1PC 20,83 0,71 20,73 0,71
S1EL 23,90 0,73 23,77 0,72
S2PC 23,58 0,73 23,46 0,72
S2EL 25,08 0,74 25,00 0,74
S3PC 22,38 0,66 22,27 0,66
S3EL 23,10 0,75 23,00 0,75
MTN 31,40 1,23 31,25 1,45
Profundidade 0,10-0,20 m
S1PC 17,34 0,68 21,00 0,81
S1EL 21,27 0,70 25,40 0,84
S2PC 21,72 0,64 26,00 0,77
S2EL 22,43 0,67 27,00 0,80
S3PC 20,30 0,62 24,23 0,74
S3EL 20,03 0,70 24,00 0,84
MTN 38,56 1,12 48,92 1,33
Profundidade 0,10-0,20 m
S1PC 18,75 0,61 44,11 1,43
S1EL 18,24 0,64 43,00 1,50
S2PC 20,16 0,63 47,41 1,47
S2EL 19,82 0,62 47,61 1,45
S3PC 22,75 0,71 53,50 1,68
S3EL 19,19 0,60 45,13 1,42
MTN 22,44 1,10 52,87 2,56
COT = carbono orgânico total; NT = nitrogênio total; EstCOT = estoque de carbono orgânico total;
EstNT = estoque de nitrogênio total; S1 = SMA com 22 anos de implantação, com consórcio de café,
banana prata e palmeira juçara; S2 = SMA com 4 anos de implantação, com consórcio de café, banana
prata e palmeira pupunha; S3 = SMA com 2 anos de implantação, com consórcio de café e banana prata;
MTN = área de referência (mata nativa); PC = amostragem na projeção da copa do café; EL = amostragem
nas entrelinhas do café.
Fonte: A autora
58
Tabela 11 – Contrastes médios dos teores de carbono orgânico total (COT), nitrogênio
total (NT) e dos estoques corrigidos de carbono orgânico total (EstCOT) e de
nitrogênio total (EstNT) do solo nos diferentes sistemas de manejo agroecológicos do
café arábica
Contrastes COT NT EstCOT EstNT
Profundidade 0-0,10 m.
C1 -0,43ns 0,04ns -4,28ns 0,04ns
C2 -0,04ns -0,04ns -0,41ns -0,04ns
C3 0,12ns 0,06ns 1,19ns 0,06ns
C4 0,20ns -0,01ns 1,97ns -0,01ns
C5 -0,52ns -0,11ns -5,25ns -0,11ns
Profundidade 0,10-0,20 m
C1 -0,73* 0,10ns -8,79* 0,12ns
C2 0,01ns 0,04ns 0,08ns 0,04ns
C3 0,14ns 0,03ns 1,70ns 0,03ns
C4 0,24ns 0,04ns 2,87ns 0,04ns
C5 -0,44ns -0,14ns -5,23ns -0,16ns
Profundidade 0,20-0,40 m
C1 -0,54ns -0,12ns -12,7ns -0,29ns
C2 -0,25ns 0,06ns -5,95ns 0,15ns
C3 -0,26ns -0,09ns -6,09ns -0,21ns
C4 0,06ns 0,01ns 1,48ns 0,03ns
C5 0,45ns 0,08ns 10,37ns 0,21ns
COT = carbono orgânico total; NT = nitrogênio total; EstCOT = estoque de carbono orgânico total;
EstNT = estoque de nitrogênio total; Contrates: C1 = S1PC - (S2PC+S3PC); C2 = S1EL - (S2EL+S3EL);
C3 = S2PC-S3PC; C4 = S2EL-S3EL; C5 = (S1PC+S2PC+S3PC) - (S1EL+S2EL+S3EL); S1 = SMA com
22 anos de implantação, com consórcio de café, banana prata e palmeira juçara; S2 = SMA com 4 anos
de implantação, com consórcio de café, banana prata e palmeira pupunha; S3 = SMA com 2 anos de
implantação, com consórcio de café e banana prata; MTN = área de referência (mata nativa); PC =
amostragem na projeção da copa do café; EL = amostragem nas entrelinhas do café; * = significativo a
5% e ns = não significativo.
Fonte: A autora
Tolfo et al. (2013) citam que o manejo nas entrelinhas do cafeeiro com plantas de
cobertura e resíduos orgânicos pode promover maior proteção ao solo e aumentar a
produtividade do café, além de ser uma alternativa para substituir ou complementar a
59
adubação mineral. Nesse sentido, uma das alternativas para aumentar os EstCOT e
EstNT em sistemas de manejo agroecológico do café seria por meio da adubação
orgânica do solo (SILVA et al., 2015).
6. CONCLUSÕES
• A MTN exibiu maior teor e estoque de nitrogênio nas três profundidades de solo,
além de maiores teores e estoques de carbono orgânico total nas camadas mais
superficiais do solo em relação aos sistemas de manejo agroecológicos do cafeeiro
arábica, independente dos tempos de implantação.
7. REFERÊNCIAS
ADAMS, T.; BRYE, K. R.; PURCELL, L.; ROSS, W. J.; GBUR, E. E.; SAVIN, M. Soil
property differences among high-and average-yielding soya bean areas in Arkansas,
USA. Soil Use and Management, v. 34, p. 72-84, 2018.
BÜNEMANN, E. K.; BONGIORNO, G.; BAI, Z.; CREAMER, R. E.; DEYN. G. de;
GOED, R. de; FLESKENS, L.; GEISEN, V.; KUYPER, P. M.; PULLEMAN, M.;
SUKKEL, W.; GROENIGEN, J. W. V.; BRUSSAARD, L. Soil quality - a critical
review. Soil Biology and Biochemistry, v. 120, p. 105-125, 2018.
62
DOETTERL, S.; STEVENS, A.; SIX, J.; MERCKX, R.; VAN OOST, K.; PINTO, M. C.;
CASANOVA-KATNY, A.; MUNOZ, C.; BOUDIN, M.; VENEGAS, E. Z.; BOECKX, P.
Soil carbon storage controlled by interactions between geochemistry and climate.
Nature Geosciense, v. 8, n. 10, p. 780-783, 2015.
EFFGEN, T. A. M.; PASSOS, R. R.; ANDRADE, F. V.; LIMA, J. S. S.; REIS, E. F.;
BORGES, E. N. Propriedades físicas do solo em função de manejos em lavouras de
cafeeiro conilon. Revista Ceres, v. 59, p. 414 - 421, 2012.
FAUCON, M. P.; HOUBEN, D.; LAMBERS, H. Plant Functional Traits: Soil and
Ecosystem Services. Trends Plant Science, v. 22, n. 5, p. 385-394, 2017.
FERREIRA, P. A. A.; GIROTTO, E.; TRENTIN, G.; MIOTTO, A.; MELO, E. de.;
CERETTA, C. A.; KAMINSKI, J.; DEL FRARI, B. K.; MARCHEZAN, C.; SILVA, L. O.
S.; FAVERSANI, J. C.; BRUNETTO, G. Biomass decomposition and nutrient release
from black oat and hairy vetch residues deposited in a vineyard. Revista Brasileira
de Ciência do Solo, v. 38, n. 5, p. 1621–1632, 2014.
FREITAS, L.; OLIVEIRA, I. A.; SILVA, L. S.; FRARE, J. C. V.; FILLA, V. A.; GOMES,
R. P. Indicadores da qualidade química e física do solo sob diferentes sistemas de
manejo. Unimar Ciências, v. 26, p. 8-25, 2017.
GARDI, C.; PANAGOS, P.; LIEDEKERKE, M. V.; BOSCO, C.; BROGNIEZ, D. de.
Land take and food security: assessment of land take on the agricultural production
in Europe. Journal of Environmental Planning and Management, v. 58, n. 5, p.
898-912, 2015.
KEMPER, W. D.; CHEPIL, W. S.; Size distribution of aggregates. In: BLACK, C. A.;
EVANS, D. D.; WHITE, J. L.; ESMINGER, L. E.; CLARK, F. E. Methods of soil
analysis Physical and mineralogical properties, including statistics of measurement
and sampling. American Society of Agronomy, v. 9, p. 499-510, 1965.
KERBER, T. L.; KLEIN, V. A.; KLEIN, C.; GRAEBIN, R. R.; MACIOSK, D. Porosidade
e distribuição dos poros de um Latossolo Vermelho sob plantio direto. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 34., 2013. Florianópolis, SC,
2013. Anais... Florianópolis, 2013.
KÖPPEN, W.; GEIGER, R. Klimate der Erde. Gotha: Verlag Justus Perthes. 1928.
LOSS, A.; PEREIRA, M. G.; COSTA, E. M.; BEUTLER, S. J. Soil fertility, physical
and chemical organic matter fractions, natural 13C and 15N abundance in biogenic
and physicogenic aggregates in areas under different land use systems. Soil
Research, v.52, p. 685-697, 2014.
LOSS, A.; SANTOS JUNIOR, E.; SCHMITZ, D.; VEIGA, M.; KURTZ, C.; COMIN, J.
J. Atributos físicos do solo em cultivo de cebola sob sistemas de plantio direto e
preparo convencional. Revista Colombiana de Ciências Hortícolas, v. 11, n. 1, p.
105-113, 2017.
PRIMAVESI, A. M. Manual do solo vivo: solo sadio, planta sadia, ser humano
sadio. São Paulo: Expressão Popular, 2016. 206p.
RITTL, T. F.; ARTS, B.; KUYPER, T. W.; Biochar: an emerging policy arrangement in
Brazil. Environmental Science and Policy, v. 51, p. 45-55, 2015.
ROSSET, J. S.; COELHO, G. F.; GRECO, M.; STREY, L.; GONÇALVES JUNIOR, A.
C. Agricultura convencional versus sistemas agroecológicos: modelos, impactos,
avaliação da qualidade e perspectivas. Scientia Agraria Paranaensis, v. 13, n. 2, p.
80-94, 2014.
68
SOUZA, G. S. de; ALVES, D. I.; DAN, M. L.; ARAÚJO, J. B. S.; MUNER, L. H. de.
Café conilon em sistemas agroflorestais e seu efeito nos atributos do solo. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE REFLORESTAMENTO AMBIENTAL, 3., 2014.
Anais... Vitória: CEDAGRO; CREA-ES; Florestas para a Vida; Reflorestar; GEF;
Incaper; Iema, 2014.
STOLF, R.; MURAKAMI, J. H.; BRUGNARO, C.; SILVA, L. G.; DA SILVA, L. C. F.;
MARGARIDO, L. A. C. Penetrômetro de impacto Stolf: programa computacional de
dados em EXCEL-VBA. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 38, n. 3, p. 774-
782, 2014.
XIA, H.; RIAZ, M.; ZHANG, M.; LIU, B.; EL-DESOUKI, Z.; JIANG, C. Biochar
increases nitrogen use efficiency of maize by relieving aluminum toxicity and
improving soil quality in acidic soil. Ecotoxicology and Environmental Safety, v.
196, 2020.
XIAO, H.; LI, Z.; CHANG, X.; HUANG, J.; NIE, X.; LIU, C.; LIU, L.; WANG, D.;
DONG, Y.; JIANG, J. Soil erosion related dynamics of soil bacterial communities and
microbial respiration. Applied Soil Ecology, v. 119, p. 205-213, 2017.