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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA

ALISSON MEDEIROS DE OLIVEIRA

SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS PRESTADOS PELA COBERTURA VEGETAL NA


SERRA DE JOÃO DO VALE (RN/PB)

NATAL-RN
2019
ALISSON MEDEIROS DE OLIVEIRA

SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS PRESTADOS PELA COBERTURA VEGETAL NA


SERRA DE JOÃO DO VALE (RN/PB)

Dissertação de mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Geografia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na
área de concentração “Dinâmica socioambiental e
restruturação do território – Linha III: Dinâmica
Geoambiental, Riscos e Ordenamento do
Território”, como requisito para obtenção do
título de Mestre em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva


Costa.

NATAL – RN
2019
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes -
CCHLA

Oliveira, Alisson Medeiros de.


Serviços ecossistêmicos prestados pela cobertura vegetal na
Serra de João do Vale (RN/PB) / Alisson Medeiros de Oliveira. -
Natal, 2019.
140f.: il. color.

Dissertação (mestrado) - Centro de Ciências Humanas, Letras e


Artes, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. 2019.
Orientador: Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva Costa.

1. Ambientes serranos - Dissertação. 2. Caatinga -


Dissertação. 3. Semiárido - Dissertação. 4. SIG - Dissertação.
I. Costa, Diógenes Félix da Silva. II. Título.

RN/UF/BS-CCHLA CDU 911.2:581.9

Elaborado por Heverton Thiago Luiz da Silva - CRB-15/170


ALISSON MEDEIROS DE OLIVEIRA

SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS PRESTADOS PELA COBERTURA VEGETAL NA


SERRA DE JOÃO DO VALE (RN/PB)

Dissertação de mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Geografia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na
área de concentração “Dinâmica socioambiental e
restruturação do território – Linha III: Dinâmica
Geoambiental, Riscos e Ordenamento do
Território”, como requisito para obtenção do
título de Mestre em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva


Costa.

Aprovado em: ___/___/____

_______________________________________
Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGe)
Orientador

_______________________________________
Prof. Dr. Luiz Antônio Cestaro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGe)
Examinador interno

_______________________________________
Prof.ª Dra. Rosemeri Melo e Souza
Universidade Federal do Sergipe (PPGE)
Examinadora externa
À Francisca Adelina e Maria Severina, in memorian;
Aos meus amados pais, Francisco das Chagas e Dilma Medeiros
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que cuidou de mim todos os dias, e que me deu oportunidades que ninguém mais
da minha família teve.

Agradeço aos meus pais, Francisco das Chagas e Dilma Medeiros, que me apoiaram sempre!

Agradeço ao meu amigo Hermínio, foi um irmão para mim! Acho que foi um dos melhores “irmão
mais velho” que já tive. Muito obrigado meu caro, foi muito importante!

Agradeço a família de Hermínio, que também me ajudou bastante!

Agradeço ao povo da serra João do Vale, que foi de singular importância!

Agradeço a Canindé, que me recebeu em sua casa quando precisei.

Agradeço ao meu orientador, Diógenes Costa, que muito me ajudou e me instigou a continuar a
estudar. Agradeço a todos que compõe o LABIGEO e o grupo TRÓPIKOS, que me ajudaram, direta
e indiretamente.

Agradeço aos meus ex-colegas de trabalho da Escola Municipal Joel Lopes Galvão, que me
apoiaram. Até hoje sinto saudades de lá.

Aos meus colegas do PPGe, deixo meus agradecimentos por bons momentos divididos.

Agradeço ao Centro de Ensino Superior do Seridó - CERES/UFRN, que forneceu apoio na logística
de campo e de gabinete. Deixo também meus agradecimentos ao PPGe/UFRN, que me auxiliou na
jornada tanto com conhecimento quanto com ajuda financeira.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES/Ministério da


Educação, pela concessão de Bolsa de Pesquisa/Mestrado (CAPES/PPGE/UFRN – 2017/2019).

Agradeço a Prefeitura de Jucurutu-RN, que cede transporte diário para os estudantes. Agradeço a
Jorge, motorista muito dedicado!

Agradeço a Rubenísia, que me apoiou e acreditou em mim.


“O sertão das Caatingas
das estradas de poeira
xique-xique, palmatória
jurema-preta e catingueira
mandacaru, macambira
nesta terra brasileira”

José Onofre da Cruz (meu querido avô)


RESUMO

No âmbito das pesquisas sobre serviços ecossistêmicos (SE), o semiárido brasileiro tem sido
abordado por importantes pesquisas de levantamento, mas para o Bioma Caatinga as
informações ainda são escassas. Ainda com relação a Caatinga, esta apresenta uma diversidade
de ambientes que conferem a ela fisionomias e formações vegetais heterogêneas, e dentre os
diversos ambientes, dá-se destaque, na presente pesquisa, aos ambientes serranos. Com relação
a produção de conhecimento acerca dos serviços ecossistêmicos prestados por sua cobertura
vegetal, a situação configura-se como uma lacuna, tendo em vista a escassez de estudos e/ou
dados. Nesse preocupante contexto está inserido a serra de João do Vale (RN/PB), um maciço
capeado pela formação arenítica serra de Martins e recoberta pela Caatinga e por fragmentos
de Floresta tropical sazonalmente seca, sendo desconhecido, para a cobertura vegetal, os seus
serviços ecossistêmicos. Posto isso, o objetivo principal avaliar os serviços ecossistêmicos
prestados pela cobertura vegetal na paisagem da serra de João do Vale (RN/PB). As
interpretações das condições paleoambientais do semiárido do Nordeste Setentrional permitem
inferir que a fisionomia da Caatinga oscilou entre savanas com condições de manter uma
megafauna pleistocênica e fisionomias florestais entre 42 mil anos A.P. e 11.800 anos A.P., e
infere-se que a área de estudo apresentou variações semelhantes. O mapeamento das coberturas
vegetais foi realizado em duas etapas: 1) Mapeamento via NDVI e SAVI, e posterior avaliação
dos produtos cartográficos; 2) Mapeamento orientado ao objeto. Com base no mapeamento
orientado ao objeto, as classes de usos e cobertura da terra identificadas foram: Caatinga
arbórea, Caatingas arbustiva, Corpos hídricos, Floresta tropical sazonalmente seca, Solo
exposto/Habitações/Rochas e Usos agrícolas/Cajucultura. Quanto a cobertura vegetal, sua atual
fisionomia é resultado de ações humanas que começaram no século XVIII. A Caatinga arbustiva
(191,8 km2) e a Caatinga arbórea (39,4 km2) apresentaram padrão de distribuição recobrindo
encostas e escarpas cristalinas, e suas estruturas são fortemente influenciadas pela ação humana
e a sucessão ecológica. A Floresta tropical sazonalmente seca (21,8 km2), inicialmente
localizada nos platôs, foi devastada, restando apenas alguns fragmentos em encostas e escarpas
mais declivosas e em pequenos platôs. Considerável porção destes fragmentos encontram-se
em estágio de sucessão. Devido à complexidade das dinâmicas dos usos e coberturas, bem como
as fisionomias dos ecossistemas presenta na serra, os índices de vegetação (NDVI e SAVI)
comumente empregados em estudos de vegetação no semiárido não obtiveram excelente
desempenho, como era esperado. Como forma alternativa de mapeamento, lançou-se mão do
método de mapeamento orientado ao objeto, cujos resultados foram melhores e muito
aproximados aos vistos em campo. Quanto aos serviços ecossistêmicos prestados pela cobertura
vegetal, dá-se destaque aos SE de Provisão e SE Culturais, os quais tiveram informações obtidas
diretamente de seus moradores. Concluiu-se que a declividade, a localização e a distribuição
das fisionomias influenciam na prestação de serviços ecossistêmicos (principalmente os SE de
Regulação e Manutenção), e que tais SEs prestados têm elevado potencial auxiliar e embasar
tomadas de decisão referentes a conservação de ecossistemas, bem como ações para
conscientização e educação ambiental.

Palavras-chave: Ambientes serranos; Caatinga; Semiárido, SIG.


ABSTRACT

In the scope of research on ecosystem services (SE), the brazilian semiarid has been approached
by important surveys, but for the Caatinga Biome the information is still scarce. Still in relation
to the Caatinga, this one presents/displays a diversity of environments that confer to her
physiognomies and heterogenous vegetal formations, and of the diverse environments, it is
emphasized, in the present research, to the mountain range environments. With regard to the
production of knowledge about the ecosystem services provided by its vegetation cover, the
situation is a gap, given the scarcity of studies and/or data. In this worrisome context is inserted
the João do Vale mountain range (RN/PB), a solid mass capped by the arenite formation of
Martins and covered by the Caatinga and fragments of Seasonally dry tropical forest, being
unknown, for the vegetal cover, its services ecosystems. Thus, the main objective was to
evaluate the ecosystem services provided by the vegetation cover in the João do Vale mountain
range (RN/PB). The interpretations of the paleoenvironmental conditions of the northern
Northeast semiarid allow us to infer that the Caatinga physiognomy oscillated between
savannas with conditions to maintain a pleistocene megafauna and forest physiognomies
between 42,000 years AP and 11,800 years AP, and it is inferred that the study area presented
variations. The mapping of vegetation cover was carried out in two stages: 1) Mapping via
NDVI and SAVI, and subsequent evaluation of cartographic products; 2) Object-oriented
mapping. Based on object - oriented mapping, land use and land cover classes identified were:
Tree caatinga, Shrub caatingas, Water bodies, Seasonally dry tropical forest, Exposed
soil/Dwellings/Rocks and Agricultural uses/Cajuculture. As for vegetation cover, its present
physiognomy is the result of human actions that began in the eighteenth century. The shrub
caatinga (191.8 km2) and the arboreal Caatinga (39.4 km2) presented distribution pattern
covering slopes and crystalline escarpments, and their structures are strongly influenced by
human action and ecological succession. The Seasonally dry tropical forest (21.8 km2), initially
located on the plateaus, was devastated, leaving only a few fragments on slopes and steeper
slopes and on small plateaus. Considerable portion of these fragments are in the succession
stage. Due to the complexity of the dynamics of the uses and coverages, as well as the
physiognomies of the ecosystems present in the mountain range, the vegetation indexes (NDVI
and SAVI) commonly used in vegetation studies in the semiarid region did not obtain excellent
performance, as expected. As an alternative form of mapping, the object-oriented mapping
method was used, whose results were better and very close to field seen. Regarding the
ecosystem services provided by the vegetation cover, the SE of Provision and SE Culturalis are
highlighted, which had information obtained directly from its residents. It was concluded that
the declivity, location and distribution of physiognomies influence the provision of ecosystem
services (mainly the SEs of Regulation and Maintenance), and that such SEs provided have a
high auxiliary potential and support decision-making regarding the conservation of ecosystems,
as well as actions for environmental awareness and education.

Keywords: Caatinga; Mountain range environments; Semi-arid, GIS.


LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Mapa de localização da serra João do Vale (RN/PB). ............................................ 18


Figura 02: Mapa hidrográfico da serra João do Vale (RN/PB). ............................................... 19
Figura 03: Mapa simplificado das unidades geológicas da serra João do Vale (RN/PB). ....... 20
Figura 04: Mapa altimétrico da serra João do Vale (RN/PB). ................................................. 21
Figura 05: Mapa de declividade da serra João do Vale (RN/PB). ............................................ 21
Figura 06: Os serviços ecossistêmicos contribuem para o bem-estar humano, sendo necessária
a interação entre Capital Natural, Capital Social, Capital Humano e Capital Construído. ...... 23
Figura 07: Modelo cascata dos serviços ecossistêmicos. ......................................................... 31
Figura 08: Sustentabilidade e seus graus “forte” e “fraco”. ..................................................... 34
Figura 09: Mapa de localização do bioma Caatinga................................................................. 37
Figura 10: Cenários de áreas remanescente de vegetação Caatinga. ........................................ 39
Figura 11: Ambientes identificados como prioritários para estudos e possível conservação. . 40
Figura 12: Ambientes identificados como prioritários para estudos e possível conservação. . 41
Figura 13: Principais eventos e oscilações climáticas ocorridas no Quaternário. .................... 48
Figura 14: Refúgios identificados por Haffer (numerados de 1 a 9). ....................................... 49
Figura 15: Ecossistemas de savanas da América do Sul, que no UMG, formaram a FTSS. ... 50
Figura 16: Atual FTSS no Neotrópico: Formações no México - A (PENNINGTON et al.,
2004), Brasil – B (Acervo do autor) e Equador - C (PENNINGTON et al., 2004). ................ 51
Figura 17: Potencial de distribuição do Notiomastodon platensis (Ameghino, 1888) para 120
mil anos A.P. e 21 mil anos A.P. .............................................................................................. 52
Figura 18: Fases úmidas ocorridas no NE setentrional registrados em sedimentos marinhos. 53
Figura 19: Caule do Myroxylon peruiferum (L. f.) em primeiro plano (juntamente com a
lâmpada) e o caule da Copernicia prunifera (Mill.) H.E.Moore, ao fundo. ............................. 56
Figura 20: Caule da Myracrodruon urundeuva (Allemão) convertida em um pilão................ 56
Figura 21: Critérios básicos para a definição de cada classe. ................................................... 65
Figura 22: Mapa de multitemporal das classes de uso e cobertura da terra. ............................ 67
Figura 23: Gráfico multitemporal das formas de uso e ocupação. ........................................... 68
Figura 24: Registro pluviométrico para a serra João do Vale entre os anos de 2014 e 2018. .. 69
Figura 25: Classe de cobertura reconhecidas pelo NDVI......................................................... 71
Figura 26: Classe de cobertura reconhecidas pelo SAVI. ........................................................ 71
Figura 27: Curva de Coletor assegurando a suficiências amostral em relação as classes
observadas. ............................................................................................................................... 72
Figura 28: Pontos amostrais na área de estudo. ........................................................................ 73
Figura 29: Mapa de localização das classes de uso e cobertura da terra. ................................. 82
Figura 30: Fisionomia de Caatinga arbustivas na serra João do Vale. ..................................... 87
Figura 31: Fisionomia de Caatinga arbórea na serra João do Vale. ......................................... 89
Figura 32: Padrão de localização da Caatinga. ......................................................................... 90
Figura 33: Fisionomia de FTSS na serra João do Vale. ........................................................... 91
Figura 34: Padrão de localização da FTSS. .............................................................................. 92
Figura 35: Procedimentos dos cálculos Weighted Overlay. ..................................................... 97
Figura 36: Procedimentos dos cálculos Weighted Overlay para o SE “Provisão”. .................. 98
Figura 37: Procedimentos dos cálculos Weighted Overlay para o SE “Cultural”.................... 99
Figura 38: Procedimentos dos cálculos Weighted Overlay para o SE “Mediação de Fluxos”.
................................................................................................................................................ 100
Figura 39: Procedimentos dos cálculos Weighted Overlay para o SE Mediação de Líquidos.
................................................................................................................................................ 101
Figura 40: Procedimentos dos cálculos Weighted Overlay para o SE Mediação por
Ecossistema. ........................................................................................................................... 102
Figura 41: Procedimentos dos cálculos Weighted Overlay para o SE Formação de Solo. .... 103
Figura 42: Espacialização do SE de Provisão. ....................................................................... 106
Figura 43: Espacialização do SE Cultural. ............................................................................. 107
Figura 44: Espacialização do SE Mediação de Fluxo. ........................................................... 108
Figura 45: Espacialização do SE Mediação de Líquidos. ...................................................... 109
Figura 46: Espacialização do SE Mediação por ecossistema. ................................................ 110
Figura 47: Espacialização do SE Formação de Solo. ............................................................. 111

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Classificação pioneira das principais funções ecológicas e serviços ecossistêmicos.
.................................................................................................................................................. 24
Tabela 02: Semelhanças e diferenças das principais classificações. ........................................ 27
Tabela 03: Categoria “Provisão” de serviços segundo a CICES. ............................................. 28
Tabela 04: Categoria “Regulação e manutenção” de serviços segundo a CICES. ................... 29
Tabela 05: Categoria “Cultural” de serviços segundo a CICES............................................... 30
Tabela 06: Matriz de Confusão segundo Congalton (1991). .................................................... 62
Tabela 07: Valores e suas respetivas do Índice de Kappa. ....................................................... 63
Tabela 08: Classes de cobertura da terra e seus respectivos valores segundo o NDVI e SAVI.
.................................................................................................................................................. 70
Tabela 09: Pontos de controle/avaliação para as classes de cobertura da terra. ....................... 72
Tabela 10: Matriz de confusão elaborado para o mapa produzido com base no NDVI. .......... 75
Tabela 11: Acurácia do Produtor para a matriz de confusão do NDVI. ................................... 76
Tabela 12: Acurácia do Usuário para a matriz de confusão do NDVI. .................................... 76
Tabela 13: Matriz de confusão elaborado para o mapa produzido com base no SAVI. .......... 78
Tabela 14: Acurácia do Produtor para a matriz de confusão do SAVI. ................................... 79
Tabela 15: Acurácia do Usuário para a matriz de confusão do SAVI. ..................................... 79
Tabela 16: Área ocupada por cada classe de usos e cobertura da terra. ................................... 81
Tabela 17: Unidades fitoecológicas da serra João do Vale. ..................................................... 93
Tabela 18: Serviços de Provisão prestados pela cobertura vegetal da serra João do Vale.
Legenda: CaaArbó – Caatinga arbórea; CaaArbu – Caatinga arbustiva; Ch – Corpos hídricos;
FTSS – Floresta tropical sazonalmente seca; Us - Usos agrícolas/Cajucultura; S. exp./H. –
Solo exposto/Habitações/Rocha. ............................................................................................ 104
Tabela 19: Serviços Culturais prestados pela cobertura vegetal da serra João do Vale.
Legenda: CaaArbó – Caatinga arbórea; CaaArbu – Caatinga arbustiva; Ch – Corpos hídricos;
FTSS – Floresta tropical sazonalmente seca; Us - Usos agrícolas/Cajucultura; S. exp./Hab –
Solo exposto/Habitações/Rocha. ............................................................................................ 105
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 15
ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................................................... 17
Clima e hidrografia ......................................................................................................................... 18
Caracterização geológica, geomorfológica e pedológica .............................................................. 19
CAPÍTULO 01 - REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................. 22
Serviços Ecossistêmicos................................................................................................................... 22
Mapeamento de serviços ecossistêmicos ........................................................................................ 34
Ecossistemas de Caatinga ............................................................................................................... 36
Conservação da Caatinga ............................................................................................................... 38
Gradiente altitudinal em ambientes serranos do semiárido do Brasil ....................................... 43
CAPÍTULO 02 - CONSIDERAÇÕES SOBRE AS IMPLICAÇÕES DAS OSCILAÇÕES
CLIMÁTICAS DURANTE O QUATERNÁRIO TARDIO NA EVOLUÇÃO FISIONÔMICA
DA COBERTURA VEGETAL NO NORDESTE SETENTRIONAL E NA SERRA JOÃO DO
VALE (RN/PB) .................................................................................................................................... 46
Introdução........................................................................................................................................ 46
Oscilações paleoclimáticas e dinâmica biogeográfica neotropical no Quaternário ................... 47
Inferências sobre a influência do Quaternário em paleoambientes do semiárido do Nordeste
Setentrional ...................................................................................................................................... 52
Considerações finais do capítulo .................................................................................................... 57
CAPÍTULO 03 - EVOLUÇÃO DO USO E COBERTURA DA TERRA NOS ÚLTIMOS 30
ANOS NA SERRA JOÃO DO VALE (RN/PB) ................................................................................ 58
Introdução........................................................................................................................................ 58
Materiais e métodos ........................................................................................................................ 59
Dinâmica temporal das formas de uso, cobertura e ocupações entre 1985 e 2015 .................... 66
Resultados e produtos cartográficos obtidos via NDVI e SAVI .................................................. 69
Desempenho dos índices NDVI e SAVI no mapeamento de detalhe da cobertura vegetal....... 79
Mapeamento alternativo: classificação orientada ao objeto com base em imagens CBERS 4. 80
Considerações finais do capítulo .................................................................................................... 83
CAPÍTULO 04 - UNIDADES FITOECOLÓGICAS DA SERRA DE JOÃO DO VALE ............ 84
Introdução ........................................................................................................................................ 84
Materiais e métodos ........................................................................................................................ 85
Diversidade fisionômica e padrões fitogeográficos....................................................................... 86
Unidades fitoecológicas ................................................................................................................... 92
Considerações finais do capítulo .................................................................................................... 94
CAPÍTULO 05 - SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS PRESTADOS PELA COBERTURA
VEGETAL DA SERRA DE JOÃO DO VALE ................................................................................ 95
Introdução........................................................................................................................................ 95
Materiais e métodos ........................................................................................................................ 96
Resultados e Discussões ................................................................................................................ 103
Considerações finais do capítulo .................................................................................................. 113
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 114
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 116
APÊNDICE 01 ................................................................................................................................... 133
APÊNDICE 02 ................................................................................................................................... 136
APÊNDICE 03 ................................................................................................................................... 139
ANEXO 01 ......................................................................................................................................... 142
15

INTRODUÇÃO

Entre os anos finais da década de 1970 e os anos iniciais da década de 1980 foram
redigidas as primeiras ideias e cunhados os primeiros termos acerca dos benefícios que os
processos ecológicos propiciam, direta e indiretamente, a humanidade (WESTMAN, 1977;
EHRLICH; MOONEY, 1983). Logo após o fim dos anos 1990, o tema “serviços
ecossistêmicos” desenvolveu-se rapidamente e logo foram desenvolvidos sistemas de
classificações (e.g. COSTANZA et al., 1997; MEA, 2005; TEEB, 2010; CICES, 2013), os quais
influenciaram a produção de conhecimento sobre serviços ecossistêmicos em todo o mundo
(e.g. PERIOTTO; TUNDISI, 2013; COSTA et al., 2014; BASTIAN; GRUNEWALD;
KHOROSHEV, 2015; WANG et al., 2015; COSTANZA et al., 2017).
No âmbito das pesquisas sobre esse tema, o semiárido brasileiro tem sido abordado
por trabalhos que envolvem o levantamento e mapeamento (e.g. COSTA et al., 2014; GUEDES,
2018), mas para a Caatinga as informações ainda são escassas. Este bioma recobre o semiárido
brasileiro e é o menos protegido, com menos de 1% protegido de forma integral e menor número
de Unidades de Conservação dentre todos os biomas do país (TABARELLI; SILVA, 2003;
LEAL et al., 2005). Ainda com relação a Caatinga, esta apresenta uma diversidade de ambientes
que conferem a ela fisionomias e formações vegetais heterogêneas (PRADO, 2003), e dentre
os diversos ambientes, dá-se destaque, na presente pesquisa, aos ambientes serranos.
Estes ambientes, no contexto do semiárido, apresentam significativas diferenças
quanto aos aspectos climáticos, geológico, geomorfológicos e biogeográficos (MAIA;
BEZERRA, 2014; MORO et al., 2015). Com relação a produção de conhecimento acerca dos
serviços ecossistêmicos prestados por sua cobertura vegetal, a situação configura-se como uma
lacuna, tendo em vista a escassez de estudos e/ou dados. Nesse preocupante contexto está
inserida a serra de João do Vale (RN/PB), um maciço capeado pela formação arenítica serra de
Martins e recoberta pela Caatinga e por fragmentos de Floresta tropical sazonalmente seca,
sendo desconhecido, para a cobertura vegetal, os seus serviços ecossistêmicos.
Além do disposto acima, a população de três municípios residente no platô utilizou,
por mais de um século, a vegetação nativa para a construção de suas residências, assim como
para matriz energética, além de desmatar áreas para agricultura (subsistência e cajucultura) e
formação de pasto para o gado. Recentemente, uma nova demanda social com relação aos
loteamentos para construção de mirantes privados, futuros condomínios e áreas de lazer
próximas as encostas têm acelerado o processo de degradação da cobertura vegetal e dos
sistemas ambientais.
16

Sabendo-se do contexto científico (estudos e pesquisas voltados para a cobertura


vegetal da área a ser estudada) e ambiental (cobertura vegetal com padrão fitofisionômico
diferenciado da depressão sertaneja, porém seriamente fragmentada e alterada), foi levantado o
seguinte problema: existe variação espacial dos serviços ecossistêmicos prestados pelas
diferentes fitofisionomias na serra de João do Vale (RN/PB)?
Nesta pesquisa, assume-se que a cobertura vegetal é uma importante componente da
paisagem, aonde a caracterização da mesma vem a ser um subsídio para sua melhor
compreensão sistêmica. Para fins de conservação, uma cobertura vegetal de Caatinga em
ambiente serrano tem grande potencial para se tornar uma unidade de conservação - UC
(TABARELLI; SANTOS, 2004), mas se esta estiver degradada e alterada, o potencial é
minimizado. Nesse contexto, o presente projeto parte da hipótese (H1): os serviços
ecossistêmicos prestados pelos ecossistemas de ambientes serranos se diferenciam de acordo
com as variações fisionômicas da cobertura vegetal, declividade e localização. Tais serviços
podem ser usados como argumentos para conservar determinados ecossistemas, seja em sua
totalidade ou em fragmentos, mediantes os serviços prestados.
Posto isso, visando corroborar com a hipótese postulada, foi traçado como objetivo
principal avaliar os serviços ecossistêmicos prestados pela cobertura vegetal na paisagem da
serra de João do Vale (RN/PB). No intuito de compreender a atual disposição da cobertura
vegetal, foi traçado como primeiro objetivo específico realizar uma discussão sobre a evolução
paleoambiental do Nordeste Setentrional, onde a área de estudo está inserida. No decorrer das
últimas décadas, a cobertura vegetal foi suprimida para diversos usos, modificando-a
significativamente, e neste contexto, o segundo objetivo específico foi caracterizar a os usos e
cobertura da terra no período entre 1985 e 2015.
Compreendidos a evolução paleoambiental e a dinâmica dos usos e coberturas da terra,
partiu-se para o terceiro objetivo específico: identificar os padrões fisionômicos da cobertura
vegetal da serra João do Vale (RN/PB). Por fim, devidamente conhecidas as principais
características da cobertura vegetal, seguiu-se para o último objetivo específico do trabalho:
avaliar importância dos serviços ecossistêmicos da cobertura vegetal.
Como resultado direto e indireto dos objetivos traçados, o primeiro capítulo desta
pesquisa, denominado “Referencial teórico”, discorre sobre os precedentes, evolução teórica,
produção de conhecimento e avanços dos mapeamentos no tema serviços ecossistêmicos. Além
disso, apresenta o contexto dos ambientes serranos na Caatinga e sobre a diversidade
fisionômicas nestes ambientes.
17

Resultado direto do primeiro objetivo específico, o capítulo 02, intitulado


“Implicações das oscilações climáticas do Quaternário tardio na evolução da fisionomia da
vegetação do semiárido do Nordeste Setentrional”, faz uma discussão sobre a evolução
peloambiental da Caatinga em uma região onde se insere a área de estudo. O capítulo 03, de
título “Cobertura vegetal da serra de João do Vale”, que é resultado direto do segundo objetivo
específico, mostra a evolução das formas de usos e coberturas, e como estes se distribuem e
coexistem com a cobertura vegetal da área de estudo. Os resultados do quarto capítulo,
“Unidades fitoecológicas da serra João do Vale”, (decorrência do terceiro objetivo específico)
mostram a distribuição e a origem dos padrões fisionômicos da cobertura vegetal da área de
estudo. Por fim, mediante o último objetivo específico, o quinto capítulo, intitulado “Serviços
ecossistêmicos prestados pela cobertura vegetal da serra João do Vale” apresenta os serviços
prestados e seus níveis de relevância.

ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo tem cerca de 280 km2 e está localizada na divisa dos estados do Rio
Grande do Norte e da Paraíba, ocupando parcialmente 4 municípios: Jucurutu-RN, Triunfo
Potiguar-RN, Campo Grande-RN e Belém do Brejo do Cruz-PB (Figura 01). A delimitação da
área de estudo foi feita mediante a seleção de curvas de níveis que melhor abrangesse o maciço,
sendo escolhida a curva de nível referente a altimetria de 190 metros. A imagem do radar
ALOS/sensor Palsar, com resolução espacial de 12,5 metros (Data: 30/10/2012, Órbita
Absoluta: 26270, Ângulo: 34.3° e Data: 16/01/2011, Órbita Absoluta: 26518, Ângulo: 34.3°)
foi a utilizada neste processo. O software utilizado foi o ArcMap/ArcGIS 10.3 (ESRI®).
A área de estudo apresenta insipiente dinâmica econômica, havendo predomínio de
culturas agrícolas para subsistência, tais como plantações de caju (Anacardium occidentale L.,
da família Anacardiaceae), da palma para nutrição de rebanhos (Opuntia cochenillifera (L.)
Mill. Da família Cactaceae), além do feijão (Phaseolus vulgaris L., da família Fabaceae) e
milho (Zea mays L., da família Poaceae), sendo os dois últimos são plantados geralmente em
períodos chuvosos. É praticado também a criação de caprinos, bovinos e suínos.
O comércio local é representado por revendedores de gêneros alimentícios e demais
produtos de uso doméstico. Há também a comercialização da castanha oriunda do caju e
excedentes do milho e do feijão. O turismo é uma atividade que vem apresentando um sutil
desenvolvimento, haja vista as potencialidades que serra apresenta. Por fim, prospecções para
18

a instalação de torres para a geração de energia eólica vem sendo feita, e no futuro, essa pode
ser a mais nova atividade econômica no maciço.

Figura 01: Mapa de localização da serra João do Vale (RN/PB).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Clima e hidrografia

O clima da área de estudo é semiárido, segundo a classificação de Köppen, do tipo


quente e seco, contando com uma estação chuvosa no verão e estiagem anual (NIMER, 1968),
sendo que a estação seca dura cerca de 7 a 8 meses (DINIZ; PEREIRA, 2015). A área de estudo
sofre influência da Zona de Convergência Intertropical – ZCIT, o qual é o principal gerador de
chuvas na região Nordeste (MOLION; BERNARDO, 2002).
A hidrografia da serra é basicamente constituída por drenagens de primeira ordem
(Figura 02) (riachos oriundos de cabeceiras de drenagens e de nascentes), que direcionam as
águas para as bacias hidrográficas do rio Piancó-Piranhas-Açu (drenagem leste) e do rio Apodi-
Mossoró (drenagem oeste), com padrão de drenagem dendrítico e exoréico.
19

Figura 02: Mapa hidrográfico da serra João do Vale (RN/PB).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Caracterização geológica, geomorfológica e pedológica

As unidades geológicas da serra João da Vale são constituídas, de forma simplificada,


por rochas ígneas, metamórficas e sedimentares (Figura 03) (ANGELIM; MEDEIROS; NESI,
2006; PFALTZGRAFF; TORRES, 2010; MAIA; BEZERRA, 2014). As rochas ígneas são
representadas pelas suítes intrusivas Itaporanga e Dona Inês, com idades entre 590-570 Ma, que
se apresentam de forma maciça (ANGELIM; MEDEIROS; NESI, 2006; PFALTZGRAFF;
TORRES, 2010).
20

Figura 03: Mapa simplificado das unidades geológicas da serra João do Vale (RN/PB).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Já as rochas metamórficas são representadas por gnaisses e metacalcários da Formação


Jucurutu, com idades de 634 Ma, e a litologia sedimentar é referente a Formação Serra do
Martins, que se caracteriza por arenitos médios a conglomeráticos, apresentando capacidade de
absorção de água e facilitando a pedogênese (ANGELIM; MEDEIROS; NESI, 2006;
PFALTZGRAFF; TORRES, 2010).
No contexto do relevo regional, a serra João do Vale se encontra associado as
formações geológicas e geomorfológicas do planalto da Borborema (MAIA; BEZERRA,
2014), constitui como um maciço estrutural (MAIA; AMARAL; PRAXEDES, 2013) capeado
por arenitos da Formação Serra do Martins, o que lhe confere um platô. As altitudes no maciço
variam de 140 metros (depressão sertaneja) a 747 metros (platô) (Figura 04) e as declividades
predominantes são 7,72° e 35,63° (Figura 05).
21

Figura 04: Mapa altimétrico da serra João do Vale (RN/PB).

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 05: Mapa de declividade da serra João do Vale (RN/PB).

Fonte: Elaborado pelo autor.


22

CAPÍTULO 01 - REFERENCIAL TEÓRICO

Serviços Ecossistêmicos

O planejamento ambiental é uma atividade multidisciplinar, envolvendo diversos


aspetos dos recursos naturais (geologia, relevo, recursos lenhosos e outros) e dos aspectos
sociais (história e dinâmica econômica e social, usos/ocupações da terra e outos) (ROSS, 2011).
Desta maneira, algumas relações homem-meio podem destacar a necessidade e/ou dependência
da sociedade em ralação a alguns recursos naturais, sejam esses recursos tangíveis ou
intangíveis. No âmbito do planejamento ambiental, são destacados aqui os
usos/exploração/apropriação, de forma direta ou indireta, dos processos e funções
ecossistêmicas (serviços ecossistêmicos), os quais são comumente ligados aos aspectos
naturais, a flora e a fauna presentes na paisagem (ROSS, 2011).
Os termos mais claros, à teoria dos serviços ecossistêmicos surgiu no final da década de
1970, quando foi cunhado o termo “serviços naturais” (WESTMAN, 1977), na década seguinte,
o termo “serviço ecossistêmico” apareceu na bibliografia (EHRLICH; MOONEY, 1983). Os
serviços ecossistêmicos podem ser conceituados como características, processos ou funções
ecológicas que contribuem, de forma direta ou indireta, para o bem-estar humano. Em outras
palavras, são benefícios aos seres humanas que derivam dos ecossistemas (COSTANZA et al.,
1997; MEA, 2005; COSTANZA et al., 2014; COSTANZA et al., 2017).
Nos ecossistemas, os processos ecológicos e o próprio funcionamento (estrutura
biofísica) do sistema geram os serviços ecossistêmicos, porém, estes não devem ser
confundidos com os serviços gerados (COSTANZA et al., 2017). Esta estrutura deve ser
entendida como uma variedade processos e propriedades dos ecossistemas, de ordem biológica,
bioquímica, biofísica ou ainda biogeoquímica, não importando se trazem benefícios para o bem-
estar humano (COSTANZA et al., 1997; COSTANZA et al., 2017). Os serviços ecossistêmicos,
por outro lado, derivam dos benefícios gerados pelos processos e pelo funcionamento, de forma
consciente ou inconsciente, tangível ou intangível, para o bem-estar da sociedade, sendo que
desta maneira, um serviço ecossistêmico pode derivar de apenas uma função ou precisar de
vários processos ecológicos para existir (COSTANZA et al., 1997; ANDRADE; ROMEIRO,
2009; COSTANZA et al., 2017).
Em um contexto mais amplo, os serviços ecossistêmicos têm seus fundamentos além
da relação básica entre os ecossistemas e os benefícios que são sentidos pela sociedade, e o
23

entendimento desses fundamentos fogem dos domínios dos recursos naturais, pois os serviços
são gerados por um conjunto de capitais: Capital Natural, Capital Social, Capital Humano e
Capital Construído (COSTANZA; DALY, 1992; ANDRADE; ROMEIRO, 2009; COSTANZA
et al., 2014; COSTANZA et al., 2017). Assim, os serviços não advêm somente do Capital
Natural, que pode ser entendido como o estoque de recursos naturais com potencial para
gerarem serviços tangíveis e intangíveis (COSTANZA; DALY, 1992).
Na interação dos capitais, as funções e/ou processos ecológicos são apenas uma
contribuição do Capital Natural para o bem-estar humano, já que para que seja considerado um
serviço, é necessário que haja algum benefício para sociedade, que é representada pelo Capital
Humano, Capital Social ou Cultural e o Capital Construído ou Manufaturado (Figura 06)
(COSTANZA; DALY, 1992; COSTANZA et al., 2017).

Figura 06: Os serviços ecossistêmicos contribuem para o bem-estar humano, sendo necessária a interação entre
Capital Natural, Capital Social, Capital Humano e Capital Construído.

Fonte: Costanza et al (2014).

Com o intuito de sistematizar e aprofundar o conhecimento acerca dos serviços,


Costanza et al. (1997) identificaram as principais funções ecológicas e serviços ecossistêmicos
(Tabela 01) e em 2005, a Millennium Ecosystem Assessment 1 categorizou os serviços
ecossistêmicos em quatro grupos: 1) serviços de provisão (e.g. alimento, água, recursos

1
A Millennium Ecosystem Assessment (Avaliação Ecossistêmica do Milênio) foi um programa de pesquisas
lançado em 2001 com o apoio das Nações Unidas que buscou realizar uma avaliação global sobre os principais
ecossistemas mundiais, frente as mudanças ambientais globais, buscando identificar os principais serviços
prestados para o bem estar humano e gerar cenários para as próximas décadas (Disponível em
https://www.millenniumassessment.org/documents/document.446.aspx.pdf. Acessado em 10/01/2019).
24

lenhosos e fibras); 2) serviços de suporte (e.g. ciclagem de nutrientes, formação de solos e


produção primária); 3) serviços de regulação (e.g. regulação do clima, regulação de cheias e
depuração da água) e 4) serviços culturais (e.g. estética, recreação, religioso e espiritual) (MEA,
2005).

Tabela 01: Classificação pioneira das principais funções ecológicas e serviços ecossistêmicos.
Serviços e funções ecossistêmicas
Número Serviço ecossistêmico Função ecossistêmica Exemplos
Regulação da composição Balanço CO2 / O2, O3 para
01 Regulação do gás
química atmosférica proteção de raios UVB e SOx.

Regulação da temperatura
Regulação de gases de efeito
global, precipitação e
estufa, produção de DMS
02 Regulação climática outros processos climáticos de
afetando
medição biológica
formação de nuvens.
níveis globais ou locais.

Proteção contra tempestades,


controle de inundações,
Capacidade de amortecimento recuperação de
e integridade do ecossistema outros aspectos da resposta do
03 Regulação de perturbações
em resposta às flutuações habitat ao meio ambiente.
ambientais. Variabilidade controlada
principalmente pela estrutura
da vegetação.

Aprovisionamento de água
para agricultura (como
Regulação dos fluxos irrigação) ou processos
04 Regulação da água
hidrológicos. industriais (como moagem)
ou
transporte.

Aprovisionamento de água
Armazenamento e retenção de por bacias hidrográficas,
05 Abastecimento de água
água. reservatórios e
aquíferos.

Prevenção de perda de solo


por vento, escoamento ou
Controle de erosão e Retenção de solo dentro de um
06 outros processos de remoção,
retenção de sedimentos ecossistema.
armazenamento de palafitas
nos lagos e zonas húmidas.

Meteorização da rocha e
07 Formação do solo Processos de formação do solo. acumulação de orgânicos
material.

Armazenamento, ciclagem
Fixação de N, P e outros
08 Ciclagem de nutrientes interna, processamento e
elementos ou nutrientes.
aquisição de nutrientes.
25

Recuperação de nutrientes
móveis e remoção ou Tratamento de resíduos,
09 Tratamento de esgoto repartição de nutrientes em controle de poluição,
excesso ou xênicos e desintoxicação.
compostos.

Aprovisionamento de
polinizadores para a
10 Polinização Movimento de gametas florais.
reprodução de plantas
populações.

Controle espécies de presas,


Regulamentos dinâmicos de redução de
11 Controle biológico
populações. herbivoria pelos principais
predadores.

Viveiros, habitat para


Habitat para populações espécies migratórias,
12 Refúgio
residentes e transitórias. habitats regionais para
espécies locais ou invernando.

Produção de peixe, caça,


A parte da produção primária
colheita, nozes, frutas por
13 Produção de alimentos bruta
caça, colheita, agricultura de
extraível como alimento.
subsistência ou pesca.
A parte da produção primária
A produção de madeira,
14 Matéria prima bruta
combustível ou forragem.
extraível como matéria-prima.

Medicina, produtos para


ciência dos materiais, genes
para resistência a patógenos
Fontes de materiais e produtos das plantas e pragas das
15 Recursos genéticos
biológicos únicos. culturas, espécies ornamentais
(animais de estimação e
variedades de horticultura de
plantas).

Eco-turismo, pesca esportiva


Fornecer oportunidades para
16 Lazer e outras atividades
atividades recreativas.
recreativas.
Estética, artística,
Fornecer oportunidades para educacional, espiritual e/ou
17 Cultural
usos não comerciais. valores científicos dos
ecossistemas.
Fonte: Adaptado de Costanza et al (1997).

As categorias de serviços propostas pela Millennium Ecosystem Assessment (MEA)


seguem conceituadas abaixo:
• Serviços de Provisão: são serviços onde a sociedade tem benefícios de aquisição de
alimentos e matérias primas como recursos lenhosos e fibras (MEA, 2005; TEEB,
2010; COSTANZA et al., 2014). Estes serviços dependem da relação do Capital
26

Humano, Capital Social ou Cultural e o Capital Construído ou Manufaturado


(COSTANZA et al., 2017), pois para a obtenção de recursos lenhosos para a
edificação de “cercas”, “cercas de faxina” e “currais” (Capital Social ou Cultural),
por exemplo, são necessários trabalhadores para extrair a madeira (Capital Humano),
e técnicas de extração e transporte (Capital Construído ou Manufaturado);
• Serviços de regulação: é entendido como serviços onde o funcionamento dos
ecossistemas, os processos ecológicos ou mesmo apenas as estruturas biofísicas dos
ecossistemas regulam ou auxiliam na regulação de características ambientais que
podem alterar o bem-estar humano, tais como a regulação de certos fatores do clima
e da atmosfera, (ex. temperatura, ventos, precipitação), e ainda de fatores
hidrológicos, como as cheias (MEA, 2005; TEEB, 2010; COSTANZA et al., 1997).
Este serviço ecossistêmico envolve todos os capitais (COSTANZA et al., 2017),
tendo como um exemplo clássico uma encosta vegetada, com ocupação humana
abaixo e acima desta encosta; logo os ecossistemas (cobertura vegetal) presentes na
encosta podem regular movimentos de massa e proteger as estruturas construídas
(Capital Construído ou Manufaturado) e a comunidade que ali vive (Capital Humano
e o Capital Social ou Cultural).
• Serviços Culturais: os serviços culturais são significativos para o bem-estar
humano, estão ligados ao conforto espiritual e estético (MEA, 2005; TEEB, 2010) e
envolvem todos os capitais (COSTANZA et al., 2017). Uma encosta vegetada pode
oferecer um serviço cultural do tipo recreativo, mas para isto, é necessária a
construção de trilhas (Capital Construído ou Manufaturado) para que se possam fazer
trilhas com diversos temas (e.g. trilha ecológica) (Capital Humano e o Capital Social
ou Cultural).
• Serviços de Suporte: são serviços que envolvem funções e/ou processos ecológicos
básicos que dão base para as outras categorias, tais como a ciclagem de nutrientes e
produção primária (MEA, 2005; COSTANZA et al., 2017).

Em 2010, a The Economics of Ecosystems and Biodiversity (TEEB) 2 fez modificações


na classificação da MEA (2005), mantendo as categorias e dando maior importância aos

2
A “Economia dos Ecossistemas e Biodiversidade” (The Economics of Ecosystems and Biodiversity - TEEB) foi
um estudo global instigado pelos ministros de Meio Ambiente do G8 e pelas cinco maiores economias em
desenvolvimento, que traz a discussão sobre a necessidade de consideração do valor da Biodiversidade e Serviços
Ecossistêmicos (BSE) nas abordagens econômicas. (Disponível em
http://www.mma.gov.br/publicacoes/biodiversidade/category/143-economia-dos-ecossistemas-e-da-
27

habitats nas categorias “serviços de suporte e habitat” e “serviços de regulação e habitat”


(TEEB, 2010). Uma nova proposta de categorização dos serviços ecossistêmicos foi feita pela
Common International Classification of Ecosystem Services (CICES) 3, em 2013, sendo que
nesta proposta o número de classes de serviços foi reestruturado para três: 1) Provisão
(sistematizou/hierarquizou a conceituação das classificações anteriores); 2) Serviços de
regulação e manutenção (regulação da qualidade da água e do solo e degradação de áreas, etc.);
3) Serviços culturais (benefícios recreacionais, de saúde física e mental, educacionais e
científicos, turismo, apreciação estética da paisagem e outros benefícios não materiais)
(HAINES-YOUNG; POTSCHIN, 2013). A seguir, a Tabela 02 dispõe as classificações da
MEA, TEEB e CICES, expondo concordâncias e diferenças.

Tabela 02: Semelhanças e diferenças das principais classificações.

Comparação de três dos principais sistemas de classificação de serviços ecossistêmicos utilizados


em todo o mundo e suas diferenças e semelhanças

Millennium Ecosystem
TEEB, 2010 CICES, 2013
Assessment, 2005

Comida; Peixes; Fibras;


Comida; Água; Biomassa - nutrição e água;
Recursos ornamentais;
Matéria-prima; Biomassa- fibra, energia e
Provisão Recursos genéticos e
Recursos genético e outros materias; Biomassa -
medeicamentos bioquímicos
recursos medicinais. energia mecânica.
e naturais.

biodiversidade.html?download=969:teeb-relatorio-preliminar-sumario-executivo-2012. Acessado em
10/01/2019).

3
A “Classificação Internacional Comum de Serviços Ecossistêmicos (The Common International Classification
of Ecosystem Services - CICES) foi desenvolvida a partir dos trabalhos sobre contabilidade ambiental realizados
pela Agência Ambiental Européia (EEA). Apoia sua contribuição para a revisão do Sistema de Contabilidade
Econômica Ambiental (SEEA), que atualmente está sendo liderado pela Divisão de Estatística das Nações Unidas
(UNSD) (Disponível em https://cices.eu/. Acessado em 10/01/2019).
28

Mediação de fluxos de gás e


Purificação do ar;
ar; Composição atmosférica
Regulação do clima;
e regulação climática;
Regulação da qualidade do ar Prevenção ou
Mediação de fluxos de ar e
e regulação climática; moderação de
água; Mediação de fluxos
Regulação de azares naturais; perturbações;
líquidos; Mediação de
Regulação do ciclo Regulação dos fluxos
resíduos tóxicos e outros;
Regulação e hidrológico; Depuração da de água; Tratamento
Mediação de fluxos de
habitat água e tratamento de esgotos; de resíduos
massa; Manutenção da
Regulação da erosão; (purificação da água);
formação de solo e
Formação de solos; Prevenção de erosão;
composição; Manutenção
Polinização; Regulação de Manutenção da
do ciclo de vida
doenças humanas. fertilidade do solo;
(polinização); Manutenção
Polinização; Controle
do controle de pragas e
biológico.
doenças.
Ciclo de nutrientes,
Manutenção do ciclo
Suporte e fotossíntese e
de vida; Proteção de X
habitat produção primária;
fontes de genes.
Biodiversidade.
Recreação e
ecoturismo;
Recreação e ecoturismo;
Informação estética; Interações e experiências
Valores estéticos;
Inspiração para físicas; Espiritual e/ou
Diversidade cultural; Valores
Cultural cultura, arte e desenho; interações emblemáticas;
espirituais e religiosos;
Experiência espiritual; Intelectual e representativo;
Sistemas de conhecimento;
Informação para o Interações.
Valores educacionais.
desenvolvimento
cognitivo.
Fonte: MEA (2005); TEEB (2010); CICES (2013) e Costanza et al (2017).

Além do novo número de classes, a proposta da CICES foi estruturada em três níveis
ou “dígitos”, sendo elas: Seção, Divisão e Grupo, conforme se pode observar nas Tabelas 03,
04 e 05, que detalham as seções de “Provisão”, “Regulação e Manutenção” e “Cultural”,
respectivamente.

Tabela 03: Categoria “Provisão” de serviços segundo a CICES.

SEÇÃO DIVISÃO GRUPO CLASSE


Culturas
Animais criados
Plantas selvagens e algas
Biomassa
Os animais selvagens
NUTRIÇÃO
Plantas e algas da aquicultura
Animais de aquicultura
PROVISÃO Água superficial potável
Água
Água subterrânea potável
Fibras/materiais de plantas e
animais para usos direto ou
MATERIAIS Biomassa transformação
Materias e plantas e animais
para usos agrívolas
29

Materiais genéticos
Água de superfície não-
Água potável
Água subterrânea não-potável

Fontes de energia Recursos à base de plantas


a base de
ENERGIA biomassa
Recursos à base de animais
Energia mecânica Energia à base de animais
Fonte: Adaptado de CICES V4.3 (2013) (Disponível em https://cices.eu/resources/. Acessado em 08/12/2018).

Tabela 04: Categoria “Regulação e manutenção” de serviços segundo a CICES.

SEÇÃO DIVISÃO GRUPO CLASSE

Bioremediação por micro-


Mediação organismos, plantas, algas e
pela biota animais

Filtragem, sequestro
MEDIAÇÃO DE
RESÍDUOS Filtragem, sequestro

Mediação por Diluição pela água, água doce


ecossistema e ecossistemas marinhos
Mediação de cheiros, ruídos e
impactos visuais
REGULAÇÃO E MANUTENÇÃO

Estabilização de massa e
Fluxos de controle de taxas de erosão
massas Atenuação dos fluxos de
massas
MEDIAÇÃO DE Ciclo hidrológico e
FLUXOS Fluxos de manutenção do fluxo da água
líquidos
Proteção de enchentes

Fluxos Proteção de tempestades


atmosféricos
Ventilação e transpiração

Manutenção
do ciclo da Polinização e dispersão de
vida, habitat sementes
MANUTENÇÃO e proteção do
DAS CONDIÇÕES banco de
FÍSICAS. A manutenção de viveiros e
genes
QUÍMICAS E habitat
BIOLÓGICAS
Controle de Controle de pragas
pragas e
doenças
Controle de doenças
30

Processo de intemperismo
Formação de
solo Processo de decomposição de
fixação
Condição química da água
Condição da doce
água Condição química da água
salgada
Regulação climática global
Composição para a redução da
da atmosfera concentração de gases do
e regulação efeito estufa
climática Regulação climática micro e
macrorregional
Fonte: Adaptado de CICES V4.3 (2013) (Disponível em https://cices.eu/resources/. Acessado em 08/12/2018).

Tabela 05: Categoria “Cultural” de serviços segundo a CICES.

SEÇÃO DIVISÃO GRUPO CLASSE

INTERAÇÕES Simbólico
Espiritual ou
INTELECTUAIS E emblemática
SIMBÓLICAS
COM O
ECOSSISTEMA
Sagrado ou religioso

Existência
Outros
Legado

CULTURAL

Interações físicas e Uso de plantas,


vivenciais animais e paisagens
INTERAÇÕES
FÍSICAS E
INTELECTUAIS
COM O
ECOSSISTEMA Científica
Interações
intelectuais e Educacional
representativas Herança cultural
Entretenimento
Estético
Fonte: Adaptado de CICES V4.3 (2013) (Disponível em https://cices.eu/resources/. Acessado em 08/12/2018).
31

Em uma visão abrangente, as interações entre os capitais podem nos fornecer um bom
entendimento e direcionamento das origens de um serviço ecossistêmico e seus benefícios
(COSTANZA et al., 1997; COSTANZA et al., 2017), porém, um ponto de vista mais detalhado
é apresentado no modelo “Serviços em Cascata” (HAINES-YOUNG; POTSCHIN, 2009;
HAINES-YOUNG; POTSCHIN, 2010).
O modelo “Serviços em Cascata” apresenta um esquema em que as bases do benefício
estão nas estruturas biofísicas dispostas na paisagem, onde nelas ocorrem processos e funções
que podem beneficiar a sociedade, tornando-se um serviço ecossistêmico, que por sua vez gera
um ou mais de um benefício, podendo este último ser valorado monetariamente (HAINES-
YOUNG; POTSCHIN, 2009; HAINES-YOUNG; POTSCHIN, 2010). A seguir, a Figura 07
dispõe o modelo “Serviços em Cascata”, o qual embora pareça linear e que possa levar ao
entendimento dos serviços pela simplificação (COSTANZA et al., 2017), constitui-se em uma
abstração hierárquica elaborada pelos próprios propositores do modelo (HAINES-YOUNG;
POTSCHIN, 2010), tentando facilitar uma melhor compreensão sobre a relação entre a estrutura
biofísica do ecossistema com a geração de serviços para a sociedade.

Figura 07: Modelo cascata dos serviços ecossistêmicos.

Fonte: Traduzido e adaptado de Haines-young; Potschin (2010).


32

Além de objetivar o bem-estar da sociedade, a interação entre os capitais deve ter como
resultado o desenvolvimento sustentável, e a compreensão dos serviços ecossistêmicos podem
contribuir para este resultado, uma vez que os serviços podem ser usados como fatores
importantes para as tomadas de decisões por gestores (COSTANZA et al., 1997; DE GROOT
et al., 2010; COSTANZA et al., 2017). Nesta perspectiva, os serviços ecossistêmicos passaram
a ser catalogados em diversos ambientes (e.g. TUNDISI; MATSUMURA-TUNDISI;
TUNDISI, 2008; TUNDISI; MATSUMURA-TUNDISI; PERIOTTO, 2012; PERIOTTO;
TUNDISI, 2013; COSTA et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2016) passando também a ganhar
monetização (valoração monetária) (COSTANZA et al., 1997; DE GROOT et al., 2010;
COSTANZA et al., 2017). A valoração monetária dos serviços foi bastante criticada de início,
mas logo foi aceito pela crítica, pois auxiliam no desenvolvimento sustentável (COSTANZA et
al., 1997; COSTANZA et al., 2017).
Outro ponto de vista em que os serviços ecossistêmicos podem ser usados como uma
ferramenta de gestão para a sustentabilidade é a sua compreensão em relação aos usos e
ocupações da terra, os quais podem suprimir ecossistemas e degradar os serviços ecossistêmicos
(POTSCHIN; HAINES-YOUNG, 2011). Dessa forma, surge um conflito: a necessidade de
ocupar/usar uma área hoje preenchida por um ecossistema implicará em perdas (Trade offs),
contudo, não ocupar/usar esta mesma área também implicará em perdas, principalmente aos
interessados em ocupar/usar.
Neste âmbito, a análise trade-off ("perde-e-ganha", em tradução livre) vem sendo
utilizada na resolução de conflitos entre formas usos e ocupações da terra e os serviços
ecossistêmicos (COSTANZA et al., 2014). A análise trade-off no âmbito dos serviços
ecossistêmicos é tida como uma ferramenta para resolver de forma igualitária os dois lados do
conflito, tanto os serviços quanto as formas de uso e ocupação, de modo que uma decisão seja
tomada com o objetivo de evitar que as perdas sejam maiores que os ganhos (COSTANZA et
al., 2014). É possível pensar que no contexto da sustentabilidade, as análises trade-offs venham
a pesar para o lado dos serviços ecossistêmicos, mas a escolha de uma alternativa em que seja
vantajoso a depreciação de serviços em lugar de um uso/ocupação gerará uma sustentabilidade
diferente daquela que se almeja.
Neste sentido, a sustentabilidade almejada é chamada de “Sustentabilidade Forte”
quando é percebido que alguns elementos do Capital Natural não podem ser substituídos pelos
outros tipos de capitais, ou pelas interações destes (BARBIER, 2003). Portanto, na
Sustentabilidade Forte deve haver um planejamento ambiental onde elementos do Capital
33

Natural que não podem ser substituídos, mas sim usados de forma inteligente, preservando
estoques deste para as gerações futuras (ANDRADE; ROMEIRO, 2009).
Relacionando os serviços ecossistêmicos, análise trade-off e Sustentabilidade Forte, as
decisões a serem tomadas devem privilegiar a manutenção dos serviços (consequentemente, os
ecossistemas) que não são facilmente permutados pelas relações dos capitais. Antagônico à
“Sustentabilidade Forte”, a “Sustentabilidade Fraca” prevê que o Capital Natural não é
essencial em relação aos demais, havendo, portanto, permuta de elementos do Capital Natural
pelas relações dos outros capitais (BARBIER, 2003; ANDRADE; ROMEIRO, 2009). A seguir,
a Figura 08 apresenta um quadro teórico-conceitual dos graus de sustentabilidade.
34

Figura 08: Sustentabilidade e seus graus “forte” e “fraco”.

Fonte: Adaptado de Barbier (2003).

Mapeamento de serviços ecossistêmicos

Desde o surgimento do conceito de serviço ecossistêmico, os geógrafos pouco têm


produzido sobre este tema, tendo como consequência um distanciamento da ciência geográfica
da temática de estudos dos serviços ecossistêmicos (POTSCHIN; HAINES-YOUNG, 2011).
Devido a temática dos serviços abranger uma relação ecossistema-sociedade, é perfeitamente
35

compreensivo que a Geografia possa contribuir para o desenvolvimento desta discussão, uma
vez que a ciência geográfica estuda a relação homem-meio (MENDONÇA, 1996).
Desta maneira, as principais contribuições da Geografia são: uma abordagem sócio-
ecológica dos serviços ecossistêmicos, mudanças de serviços de acordo com a distribuição
espacial, mudanças na qualidade/quantidade dos serviços em relação à dinâmica dos usos e
ocupações da terra e mapeamentos e introdução dos serviços ecossistêmicos no Sistema de
Informação Geográfica (POTSCHIN; HAINES-YOUNG, 2011).
Alguns estudos já foram realizados buscando a abordagem sócio-ecológica,
relacionando a paisagem, a Teoria Geossistêmica e formas de uso e ocupação (e.g. BASTIAN;
GRUNEWALD; KHOROSHEV, 2015). Já os mapeamentos dos serviços são destaques na
produção dos geógrafos (POTSCHIN; HAINES-YOUNG, 2011), havendo uma boa produção
relacionada com as dinâmicas de usos e ocupações da terra (e.g. WANG et al., 2015; MAES;
CROSSMAN; BURKHARD, 2016; SOUSA et al., 2016; KINDU et al., 2016).
No tocante aos mapeamentos de usos e ocupações e fragmentação de ecossistemas, a
ciência geográfica tem contribuído de forma significativa para o desenvolvimento destes tipos
de estudos, que empregam cada vez mais as métricas de paisagem (FRANK; WALZ, 2017).
Estas métricas têm potencial para auxiliar em mapeamentos que envolvam parâmetros de
diversidade e com elementos da paisagem, além de ser imprescindível envolver as formas de
usos e ocupações da terra (FRANK; WALZ, 2017). Os mapas resultantes (mapas de serviços
ecossistêmicos) podem ser úteis para constatar ou prever riscos a integridade dos ecossistemas,
usos insustentáveis, impactos prejudiciais aos fluxos de serviços ecossistêmicos, entre outros
(SYRBE et al., 2017), onde o mapeamento de serviços tem grande emprego e utilidade também
na gestão (e.g. EGOH et al., 2008; MAES et al., 2012; DOMINGOS et al., 2014; MAES et al.,
2015).
Para Syber et al. (2017), os mapas de serviços ecossistêmicos fornecem informações
importantes para maximizar os serviços ecossistêmicos e a priorização dos ecossistemas e da
biodiversidade. Os mapeamentos devem contemplar informações quanto as propriedades dos
serviços ecossistêmicos (integridade e funcionamento dos ecossistemas), potencial de prestação
de serviços (contribuições dos ecossistemas para gerar serviços), fornecimentos (prestação de
serviços por um determinado ecossistema), fluxo (quantidade de serviços mobilizados),
demanda (necessidade, pela sociedade, de serviços ecossistêmicos) e insumos humanos (todos
os aspectos humanos que auxiliam na geração de serviços (SYRBE et al., 2017). Quanto aos
ambientes (locais) onde os serviços estão localizados, deve-se levar em consideração que os
36

serviços são gerados por processos ecológicos, e que estes processos ocorrem na área de
influência do ecossistema (WALZ; SYRBE; GRUNEWALD, 2017).
Outros aspectos, tais como condições naturais (geologia, solos, climas, hidrografia
etc.), seu posicionamento na paisagem e configuração da paisagem devem ser considerados
(WALZ; SYRBE; GRUNEWALD, 2017). Quanto a questões temporais, o fornecimento de
serviços ecossistêmicos varia com o tempo, dependendo fortemente dos processos ecológicos
envolvidos (GUERRA; ALKEMADE; MAES, 2007).

Ecossistemas de Caatinga

Considerando-se a validação empírica proposta nesta dissertação, será analisada uma


área serrana dentro do Bioma Caatinga, o qual recobre boa parte do semiárido brasileiro, com
uma área de aproximadamente 800.000 km2 (Figura 09), diverso em fisionomias, onde junto a
esta cobertura vegetal são encontrados enclaves úmidos com florestas nebulares (AB’ SABER,
2007). Em boa parte de sua extensão, o bioma está submetido ao clima semiárido, com
precipitações abaixo de 1000 mm.ano-1, temperaturas médias que variam de 25°C à 29°C e
evapotranspiração potencial que pode atingir 2.500 mm.ano-1 (VELLOSO; SAMPAIO;
PAREYN, 2002; AB’SABER, 2007). Todas estas características fizeram com que boa parte do
bioma e do semiárido brasileiro fosse conhecida como “Domínio das Caatingas” (AB’SABER,
2007).
Essa classificação dá a entender que o bioma Caatinga apresenta diferenciações
fisionômicas e estruturais (VELOSO, 1992; AB’SABER, 2007), sendo que a Caatinga de fato
é heterogênea. Segundo Prado (2003), existe na Caatinga 12 tipos de formações, as quais se
diferenciam não só do ponto de vista estrutura, mas também floristicamente. Tais diferenciações
são reflexos dos complexos mosaicos de solos e das disparidades pluviométricas, que produzem
diferentes relações edafoclimáticas, gerando uma diversidade de ambientes, geralmente com
vegetação xerofítica e caducifólia (VELLOSO; SAMPAIO; PAREYN, 2002). Neste caso,
aproveitando estas relações, o bioma Caatinga foi divido em 8 ecorregiões (VELLOSO;
SAMPAIO; PAREYN, 2002). Outras classificações compreenderam a Caatinga como uma
Savana, sendo dividida ainda em mais 4 subtipos de savana (VELOSO, 1992).
37

Figura 09: Mapa de localização do bioma Caatinga.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A mais notória fisionomia de exceção encontrada na Caatinga está relacionada aos


fragmentos florestais (AB’SABER, 2007), os quais são associados aos enclaves úmidos e
conhecidos como “Brejos de altitude” e apresentam grande diversidade (TABARELLI;
SANTOS, 2004; CAVALCANTE, 2005). A origem destas formações florestais está ligada as
variações climáticas ocorridas no Pleistoceno (2 mi. – 10.000 anos atrás), que criou condições
de colonização das espécies florestais (TABARELLI; SANTOS, 2004), já sendo identificados
cerca de 65 enclaves úmidos (MEDEIROS, 2016).
38

Estas formações vegetais podem desaparecer caso as condições climáticas atuais se


mantenham, pois se configuram como enclaves úmidos e refúgios que apresentam condições
climáticas que reproduzem um clima pretérito antes predominante, e que agora se apresenta de
forma localizada (CAVALCANTE, 2005). Contudo, este desaparecimento pode ser acelerado
em virtude das ações antrópicas (desmatamento, caça e coleta seletiva de vegetais,
principalmente de indivíduos de porte arbóreo), causando a fragmentação e perdas de habitat e
extinção da fauna e da flora (TABARELLI; SANTOS, 2004). Dessa forma, formações vegetais
isoladas, sejam elas fragmentos de “Brejos de altitude” ou de Caatinga arborizada estão
constantemente ameaçados.
Do ponto de vista da biodiversidade, a vegetação Caatinga foi, por muito tempo,
considerada um bioma pobre em diversidade vegetal, com poucas espécies endêmicas e sem
importância para fins de conservação (TABARELLI; VICENTE, 2003). Depois de
investimentos em pesquisas neste bioma, sabe-se que o mesmo conta com cerca de 932
espécies, sendo que 318 deste total são endêmicas (GIULIETTI, 2003).

Conservação da Caatinga

A conservação de ecossistemas (mesmo que fragmentos) é tida como uma estratégia


que dá subsídios para a elaboração de políticas públicas e para o ordenamento do território
(TABARELLI; SILVA, 2003; SANTOS, 2007; RODRIGUEZ; SILVA, 2013). Neste âmbito,
a conservação de ecossistemas de Caatinga tem potencial para embasar o ordenamento
territorial no semiárido, uma vez que a conservação deste bioma dá suporte para a manutenção
de padrões regionais de clima, solos, da disponibilidade de água potável e na conservação da
biodiversidade (TABARELLI; SILVA, 2003).
Apesar de ter diversidade relevante, variações fisionômicas e sendo uma das 37
grandes regiões naturais do planeta, ela ainda permanece pouco protegida por unidades de
conservação, pois menos de 1% do bioma é protegido de forma integral, sendo o bioma com o
menor número de unidades de conservação (UCs) e menor extensão de áreas protegidas
(TABARELLI; SILVA, 2003; LEAL et al., 2005).
Segundo Castelletti et al. (2003), a área de vegetação alterada pode variar de 223.100
km2 a 379.565 km2 (30,4% a 51,7%, respectivamente) (Figura 10), tornando urgente estudos e
pesquisas voltadas para a identificação de áreas prioritárias para a conservação. No esforço para
a identificação de área prioritárias, Giulietti (2003) fez um levantamento de áreas para a
conservação e para prioridade de estudos científicos na Caatinga, e listou 53 ambientes (Figura
39

11). Apoiando as iniciativas de levantamentos, pesquisas, identificação e de áreas prioritárias


para a conservação, o Ministério do Meio Ambiente registrou 292 áreas prioritárias, das quais
apenas 72 são protegidas (MMA, 2007).

Figura 10: Cenários de áreas remanescente de vegetação Caatinga.

Fonte: Castelletti et al (2003).


40

Figura 11: Ambientes identificados como prioritários para estudos e possível conservação.

Fonte: Giulietti et al (2003).

Nos dois levantamentos citados acima sobre áreas prioritárias para a conservação de
ecossistemas de Caatinga, alguns ambientes serranos, tais como a serra de Santana e a serra de
Martins-Portalegre (ambos no estado do Rio Grande do Norte) foram considerados como de
informação insuficiente acerca da importância biológica para a conservação. Porém, outros
ambientes semelhantes do ponto de vista ambiental, como a serra João do Vale (RN/PB), não
foram considerados. Tal ausência pode ser considerado como produto da falta de informações
e dados científicos acerca da biodiversidade do maciço João do Vale, uma vez que estudos
sobre levantamentos fitofisionômicos e florísticos pavimenta o caminho para a conservação.
A seguir, a Figura 12 mostra o mapa do levantamento de áreas prioritárias de Giulietti
(2003) (Figura 12A) e a Figura 12B mostra o mapeamento realizado pelo MMA (2007), em que
ambos é destacado a ausência do maciço João do Vale, que é ambientalmente semelhante aos
maciços serra de Santana e serra de Martins-Portalegre. Levando em consideração o relevante
potencial para conservação do maciço João do Vale e de outros ambientes serranos semelhantes,
é chamado a atenção para a urgência no levantamento de informações que visem o detalhamento
de aspectos fisionômicos e florísticos, além de estudos para o ordenamento do território de
gestão ambiental.
41

Figura 12: Ambientes identificados como prioritários para estudos e possível conservação.

Fonte: Adaptado de Giulietti et al (2003) e MMA (2007).

No intuito de colaborar com estratégias para a identificação de áreas prioritárias para


conservação no bioma Caatinga, alguns critérios foram propostos por Tabarelli; Silva (2003):
a área pesquisada deve conter uma distribuição e riqueza da biodiversidade, além da ocorrência
de importantes processos biológicos, citando-se a presença de ecótonos entre comunidades
42

bióticas de relevante biodiversidade e áreas de repouso ou de invernada de espécies migratórias


(TABARELLI; SILVA, 2003). No que tange a fatores abióticos, as áreas prioritárias devem ser
importantes para a manutenção de mananciais (áreas úmidas) ou estar sob risco de
desertificação e/ou exploração mineral (TABARELLI; SILVA, 2003).
Todas estas áreas com prioridade para conservação apresentam, em maior ou menor
grau, espécies ou grupos taxonômicos que têm relevante importância ecológica para a
conservação, tais como a apifauna (ZANELA; MARTINS, 2003), a ictiofauna (ROSA et al.,
2003), a avifauna (SILVA et al., 2003) e mamíferos (OLIVEIRA; GONÇALVES;
BONVICINO, 2003).
Além dos critérios já citados, a bibliografia especializada fornece outras estratégias
que podem fornecer mais embasamento na escolha ou na gestão de uma UC, sendo que tais
estratégias oferecem maior integração com a sociedade e com as comunidades rurais no
semiárido. A primeira estratégia envolve estudos sobre os usos medicinais de alguns vegetais
da Caatinga por comunidades rurais, os estudos etnobotânicos, que visam o inventário e registro
desses usos e onde (quais ecossistemas) são retirados a matéria prima para a elaboração dos
remédios (SILVA; FREIRE, 2010).
Estudos etnobotânicos são cada vez mais frequentes em ambientes de Caatinga (e.g.
AGRA et al., 2008; MARINHO; SILVA; ANDRADE, 2011; CORDEIRO; FÉLIX, 2014) e
estudos deste tipo tem sido feito também em UCs (e.g. SILVA; FREIRE, 2010). Uma outra
abordagem que envolve comunidades rurais são os estudos de percepção ambiental de
determinados ecossistemas que estão no entorno das comunidades (SILVA; CÂNDIDO;
FREIRE, 2009), os quais podem ser úteis para o planejamento ambiental, pois a percepção de
comunidades tradicionais sobre a conservação de ecossistemas locais tende a ser crucial para o
êxito da gestão ambiental e conservação de UCs e áreas prioritárias. Estudos sobre percepção
ambiental na Caatinga já realizados podem ser usados como estratégias para a conservação (e.g.
ALVES; SILVA; VASCONCELOS, 2009; ARAÚJO; SOUSA, 2011).
Estas abordagens (etnobotânica e percepção ambiental) tem grande potencial para
serem empregadas como estratégias para aliar moradores tradicionais para a conservação de
UCs e/ou de áreas prioritárias, uma vez que habitantes do entorno têm informações mais
completas sobre alguns problemas com os usos dos recursos lenhosos e da biodiversidade destas
áreas (SILVA; CÂNDIDO; FREIRE, 2009; SILVA; FREIRE, 2010). As unidades de
conservação têm entre seus principais obstáculos para o sucesso problemas com moradores do
entorno, tais como a situações fundiárias não resolvidas, caça tradicional para subsistência e
esportiva, além do desmatamento para a retirada de lenha e fogo (TABARELLI; SILVA, 2003).
43

Outros obstáculos para a gestão de UCs são a falta de recursos para o funcionamento
e manutenção da UC e a implementação de planos que não geram os resultados esperados e
obtenção dos objetivos da gestão (TABARELLI; SILVA, 2003).

Gradiente altitudinal em ambientes serranos do semiárido do Brasil

A diversidade de espécies apresenta padrões de distribuição de acordo com as


condições ambientais locais/regionais, que influenciam, por sua vez, na distribuição de habitats,
muitas vezes de forma padronizada (BROWN; LOMOLINO, 2006).
O padrão de diversidade mais notório e também mais generalizado é conhecido como
“gradiente latitudinal”, onde a diversidade decresce da zona tropical para os polos, sendo a
queda da produtividade e quedas na temperatura as principais explicações para a ocorrência
deste padrão (RAHBEK, 1995; BROWN; LOMOLINO, 2006). Outra forma de padrão de
diversidade igualmente aceito e generalizado é o chamado “gradiente altitudinal” (Figura 01),
onde a diversidade, assim como no gradiente latitudinal, decresce com a diminuição da
temperatura, sendo ocorrente em montanhas e outras elevações (STEVENS, 1992; BROWN;
LOMOLINO, 2006).
A diminuição da diversidade de espécies ao logo de gradientes altitudinais e
latitudinais em virtude da queda da temperatura é também denominada de “padrão
monotônico”, e este padrão vem sendo observado e descrito desde a época dos naturalistas,
sendo o Alexander von Humboldt, naturalista mais proeminente nas descrições (STEVENS,
1992; RAHBEK, 1995; BROWN; LOMOLINO, 2006). Com a retomada e avanços nos estudos
em gradientes altitudinais nas últimas décadas (e.g. LOMOLINO, 2001; GRYTNES;
MCCAIN, 2007; KÖRNER, 2007; MARTINELLI, 2007; NOGUÉS-BRAVO et al., 2008;
KESSLER, 2009), as bases para os estudos em “Biogeografia Montana” começaram a ser
lançadas, e no intuito de montar uma agenda, Lomolino (2001) comenta que os estudos neste
ramo devem conter e compartilhar os seguintes procedimentos metodológicos: pesquisas e
coletas de dados sistematizadas, usando a mesma abordagem metodológica; medições de
variáveis ambientais; e análise integrada dos mesmos.
Com os estudos de revisões que sugiram nas últimas décadas, com destaque para os
estudos de Rahbek (1995) e Lomolino (2001), as reduções de biodiversidade em gradientes
altitudinais passaram a ser compreendidas também da combinação de fatores ambientais, tais
como: inclinação de vertentes, padrões de precipitações, fertilidade de solos, pressões e
distúrbios ambientais e demais condições ambientais que influenciem na produtividade de
44

habitats e efeitos da história climática e geológica (RAHBEK, 1995; MARTINELLI, 2007).


Ainda podem ser acrescentados fatores bióticos como predação, competição e capacidades
dispersivas e adaptativas (BROWN; LOMOLINO, 2006).
A biodiversidade presente em gradientes altitudinais culminou com produção de
importantes estudos e inventários em ambientes montanos (e.g. e.g. HEDBERG, 1969;
GRYTNES; MCCAIN, 2007; KÖRNER, 2007) e, especificamente em ambientes montanos e
serranos neotropicais (e.g. MARTINELLI, 2007). Dessa forma, as montanhas e serras se
tornaram ambientes de interesse para a conservação da biodiversidade e de ecossistemas
(UNEP/CBD/AHTEG-MB, 2003).
No Brasil, os estudos de diversidade biológica em ambientes serranos de Caatinga
(neste texto, optou-se pelo termo “serra” em vez de “montanha” devido o primeiro ser
largamente usado para nomear elevações topográficas no Brasil) são escassos, se comparado
ao número de serras e demais elevações, como os inselbergues, que existem nos biomas do
Brasil (MARTINELLI, 2007). Além disso, os estudos se encontram de forma fragmentada e
concentrados principalmente no Cerrado e havendo incipiente quantidade de estudos em
ambientes serranos na Caatinga (MARTINELLI, 2007), ainda que nos últimos anos, os
ambientes serranos do semiárido tem experimentado crescente produção de artigos sobre sua
biodiversidade e importância ecológica (e.g. TABARELLI; SANTOS, 2004; CAVALCANTE,
2005; RODAL et al., 2005; MEDEIROS, 2016).
Os ecossistemas de ambientes serranos da Caatinga estão localizados em formações
geomorfológicas com altitudes modestas, onde dificilmente superam os 1.500 metros. A
morfogênese e as diferentes litologias caracterizam algumas das serras presentes no bioma
Caatinga, bem como suas dimensões, que podem variar de planaltos e chapadas, como o
planalto da Borborema e a chapada do Araripe, de maciços como serra do Pereiro, ou ainda de
inselbergues isolados em meio a depressão sertaneja, como o pico do Cabugi (CORRÊA et al.,
2010; MAIA; AMARAL; PRAXEDES, 2013; MAIA; BEZERRA, 2014). Há também
formações geomorfológicas que se caracterizam pela presença de capeamentos areníticos
sobrepostas a maciços, o que confere a tais serras um topo plano, como os maciços de Portalegre
e Martins (MORAIS NETO; ALKMIM, 2001; MAIA; AMARAL; PRAXEDES, 2013; MAIA;
BÉTARD; BEZERRA, 2016; MEDEIROS, 2016).
Sem grandes altitudes, o gradiente altitudinal de diversidade biótica nas serras da
Caatinga não obedecem o padrão monotônico, havendo, muitas vezes, ganhos em diversidade
de vida com a elevação da altitude (CAVALCANTE, 2005). Tal ganho tem relação no aumento
da umidade em virtude de condições orográficas e da presença de capeamentos pedológicos
45

mais espessos e férteis (MEDEIROS, 2016), o que contrasta fortemente com ambientes de
Caatinga na depressão sertaneja, que em geral, apresentam baixos índices anuais de umidade e
conta com solos pouco desenvolvidos.
Em termos de bioma, a diversidade fitogeográfica em serras do bioma Caatinga vem
sendo documentada em levantamentos fitogeográficos nas últimas décadas, sendo dado maior
ênfase a áreas serranas onde as condições ambientais permitiram colonização e permanência de
vegetação florestal, sendo estas áreas denominadas de “brejos” ou “brejos de altitude”, e estão
localizados principalmente no planalto da Borborema (TABARELLI; SANTOS, 2004;
CAVALCANTE, 2005; RODAL et al., 2005). Os enclaves florestais existentes são
frequentemente interpretados como refúgio de determinadas comunidades ecossistêmicas
florestais que durante o Quaternário tiveram distribuição mais ampla, e que no decorrer das
mudanças climáticas, retraíram, havendo expansão da Caatinga e permanecendo enclaves
florestais os topos de algumas serras, chapadas e planalto da Borborema (TABARELLI;
SANTOS, 2004; CAVALCANTE, 2005; DE OLIVEIRA; AQUINO, 2007; MARQUES;
SILVA; SILVA, 2015; MEDEIROS, 2016). Dessa forma, estes enclaves são disjunções de
florestas tropicais (ANDRADE LIMA, 2014).
A relação entre diversidade e gradiente altitudinal é positiva em ambientes serranos da
Caatinga recoberto por florestas (e.g. CAVALCANTE, 2005; RODAL et al., 2005;
ANDRADE; RODAL, 2004; LIMA et al., 2008; LIMA et al., 2009; LIMA; FREITAS
MANSANO, 2011; MEDEIROS, 2016). Há também ambientes serranos que não abrigam
relictos florestais, mas sim uma cobertura vegetal de Caatinga que difere florística e
fisionomicamente da que recobre a depressão sertaneja, sendo que tais ambientes já apresentam
estudos que comprovem sua riqueza em diversidade, quando comparados com as áreas mais
rebaixadas do entorno (e.g. OLIVEIRA et al., 2009; NETO; SILVA, 2012; PEREIRA JÚNIOR;
ANDRADE; ARAÚJO, 2012; MORO et al., 2015; MEDEIROS, 2016).
A diversidade desses ambientes serranos está aliada a condições ambientais distinta de
umidade e solos, bem como um grau menor de degradação se comparado com o estado atual de
conservação de ecossistemas da depressão sertaneja (MORO et al., 2015; NETO;
FERNANDES, 2016; MEDEIROS, 2016). Por fim, os inselbergues também experimentam
aumento de diversidade em relação a depressão sertaneja (e.g. CONCEIÇÃO; PIRANI;
MEIRELLES, 2007; PORTO et al., 2008; TOLKE et al., 2011). A diversidade em tais
formações geomorfológicas decorre principalmente da degradação da Caatinga na depressão
sertaneja (PORTO et al., 2008).
46

CAPÍTULO 02 - CONSIDERAÇÕES SOBRE AS IMPLICAÇÕES DAS OSCILAÇÕES


CLIMÁTICAS DURANTE O QUATERNÁRIO TARDIO NA EVOLUÇÃO
FISIONÔMICA DA COBERTURA VEGETAL NO NORDESTE SETENTRIONAL E
NA SERRA JOÃO DO VALE (RN/PB) 4

Introdução

A cobertura vegetal de Caatinga na porção semiárida do Nordeste setentrional do


Brasil (sobretudo a PB, o RN e o CE) é fisionomicamente caracterizada por ser arbustiva, com
indivíduos espaçados entre si e apresentando um estrato herbáceo bem definido, sendo este
estrato vegetal composto por plantas anuais (AMORIM; SAMPAIO; ARAÚJO, 2005;
AMORIM; SAMPAIO; ARAÚJO, 2009; SANTANA et al., 2011; NETO; FERNANDES,
2016), o que a faz ser classificada como Savana-Estépica Gramíneo-Lenhosa (VELOSO, 1991;
IBGE, 1992; IBGE, 2012). Esta fisionomia está presente principalmente na Depressão
Sertaneja e em encostas rochosas, onde predominam Neossolos Litólicos e Luvissolos
Crômicos.
Do ponto de vista geomorfológico, o relevo da região apresenta formas suavemente
onduladas e bastante dissecadas pertencentes à Depressão Sertaneja, sendo a monotonia da
paisagem quebrada por maciços ígneos, inselbergs, que criam formas de relevo destoantes do
contexto regional (MAIA; AMARAL; PRAXEDES, 2013; MAIA; BEZERRA, 2014). A
cobertura vegetal presente nos maciços e inselbergs difere florística e fisionomicamente da que
recobre as áreas mais depressivas (RODAL; BARBOSA; THOMAS, 2008; NETO; SILVA,
2012), mudança essa especialmente relacionada aos controles do relevo. No contexto dessas
diferenças, é cada vez mais recorrente a ideia de que a atual fisionomia da Caatinga da região
seja resultado do intenso uso de seus recursos lenhosos desde o início da ocupação pelos
colonos, entre os séculos XVIII e XIV, sendo que esta utilização culminou com áreas de
desertificação (NETO; SILVA, 2012).
Devido à intensa alteração da cobertura vegetal, não há fragmentos ou formações
vegetais, intactas, remanescentes da pré-colonização, dificultando a iniciativa de inferências
acerca de uma fisionomia vegetal da Caatinga antes da chagada dos colonos. Além disso, em

4
Capítulo já publicado como artigo na Revista de Geociências do Nordeste: OLIVEIRA, A. M.; AMORIM,
R.F.; COSTA, D F.S. Implicações das oscilações climáticas do Quaternário tardio na evolução da fisionomia da
vegetação do semiárido do Nordeste Setentrional. Revista de Geociências do Nordeste, v. 4, p. 50-65, 2018.
47

virtude sobreutilização dos componentes vegetais de Caatinga, a erosão dos solos da região foi
amplificada (SANTOS et al., 2000), gerando ambientes com relações edafológicas que
permitem a colonização apenas por vegetais de comunidades secundárias, sobretudo de
espécies indicadoras de ambientes ecologicamente estressados (SANTANA et al., 2011).
Para a área em questão, estudos paleoambientais são escassos (e.g. MUTZENBERG,
2007; KINOSHITA et al., 2005; DANTAS et al., 2013). Bem como na Região Nordeste, há
falta de dados e estudos sobre a dinâmica da vegetação de Caatinga ao longo do
Pleistoceno/Holoceno (BEHLING et al., 2000). No contexto de estudos paleoambientais e
dinâmica fisionômica da cobertura vegetal na área de estudo durante o Quaternário tardio, a
área carece de informações, e aproveitando esta lacuna, este capítulo objetiva realizar uma
discussão sobre a evolução da dinâmica fisionômica da vegetação no Semiárido do Nordeste
Setentrional e para a serra João do Vale.

Oscilações paleoclimáticas e dinâmica biogeográfica neotropical no Quaternário

As oscilações climáticas no período Quaternário têm singular importância na


compreensão paleoambiental, e tais mudanças climáticas influenciaram a dinâmica
paleoambiental em todo o planeta (ADAMS; MASLIN; THOMAS, 1999; PETIT et al., 1999).
Desde o último estágio interglacial semelhante ao atual (interglacial Eemian), que ocorreu entre
140 mil e 120 mil anos A.P., oscilações climáticas têm ocorrido, ora apresentando temperaturas
mais elevadas do que a atual, ora com temperaturas mais baixas (ADAMS; MASLIN;
THOMAS, 1999), além do Último Máximo Glacial – UMG, onde a bibliografia estima seu
início e fim entre 20 mil anos – 10 mil anos A.P., respectivamente (SUGUIO, 2010). A Figura
13 destaca os principais eventos ocorridos no Pleistoceno e Holoceno, as épocas mais
importantes para a compreensão paleoambiental e paleobiogeográfica.
48

Figura 13: Principais eventos e oscilações climáticas ocorridas no Quaternário.

Fonte: Adaptado de Adams; Maslin; Thomas, (1999).

No contexto da região biogeográfica Neotropical, as implicações do Quaternário são


pesquisadas principalmente no que se refere à paleoclimas, paleoambientes e megafauna, sendo
a região amazônica uma das áreas com mais lacunas. Em 1969, o biogeógrafo Jürgen Haffer
identificou áreas de endemismo de aves em meio a florestas amazônica, e foi interpretado que
durante o Pleistoceno os ecossistemas florestais se retraíram em manchas de vegetação onde as
condições ambientais permitiram a permanência de espécies vegetais e animais (HAFFER,
1969). Essa dinâmica de retração de florestas é explicada pela hipótese dos Refúgios
Pleistocênicos, a qual versa que durante as condições climáticas mais secas e frias que as atuais,
as florestas tropicais retraíram, e como consequência, houve a expansão de savanas
(AB’SÁBER, 1982; PRADO; GIBBS, 1993; BROWN; LOMOLINO, 2006).
Segundo Van Der Hammen; Absy (1994), o clima na Amazônia se caracterizou por
ser mais seco e frio que as condições atuais entre 22.000 – 11.000 anos A.P., já durante o UMG.
Nestas condições, a floresta amazônica ficou retida em refúgios (Figura 14), enquanto que
formações vegetais de savanas se expandiram (HAFFER, 1969; AB’SÁBER, 1982). Apesar de
bem difundida, a hipótese vem sendo contestada por novos dados paleoambientais (OLIVEIRA
et al., 2014).
49

Figura 14: Refúgios identificados por Haffer (numerados de 1 a 9).

Fonte: Haffer (1969).

Em resposta as condições climáticas mais frias e secas no UMG, os ecossistemas de


savanas do Neotrópico experimentaram expansão em suas áreas de ocorrência (AB’SÁBER,
1982; PRADO; GIBBS, 1993). A expansão de tais fisionomias vegetais levou a hipótese de que
os principais ecossistemas de savanas da América do Sul (Llanos, Chaco, Cerrado e Caatinga)
formaram uma Floresta Tropical Sazonalmente Seca - FTSS (SDTF, sigla em inglês) que se
distribuiu pelo leste, centro-sul, oeste e norte da América do Sul (Figura 15), hipótese que
recebeu o nome de “Arco Pleistocênico” (PRADO; GIBBS, 1993; PENNINGTON; PRADO;
PENDRY, 2000).
50

Figura 15: Ecossistemas de savanas da América do Sul, que no UMG, formaram a FTSS.

Fonte: Adaptado de Pennington; Prado; Pendry (2000).

A Floresta Tropical Sazonalmente Seca teve seu apogeu em termos espaciais no UMG
entre 18.000 e 12.000 anos A.P. (PRADO; GIBS, 1993), e permitiu que espécies dessa floresta
se dispersassem pelo Neotrópico, explicando assim a ocorrência de diferentes espécies de
distintos ambientes de savanas (e.g. Anadenanthera colubrina (Vellozo), Amburana
cearensis (A. C. Smith) e Myracrodruon urundeuva (Allemão) (PRADO; GIBS, 1993;
PENNINGTON; PRADO; PENDRY, 2000; PENNINGTON et al., 2004; CAETANO et al.,
2008). No intuito de corroborar com a hipótese que as espécies se dispersaram pela América do
Sul por meio da FTSS, foi realizado um estudo sobre a estrutura genética da Myracrodruon
urundeuva (Allemão), com dados coletados em ambientes que formaram a FTSS. A pesquisa
mostrou que o cloroplasto do vegetal investigado teve poucas mudanças, indicando pouco
isolamento, o que significa dizer que a Myracrodruon urundeuva (Allemão) não colonizou o
Neotrópico se dispersando por meio de savanas fragmentadas (o que implicaria em isolamento
e mudanças na estrutura genética, ou até mesmo em especiação) (CAETANO et al., 2008).
Atualmente, a Floresta Tropical Sazonalmente Seca está distribuída de forma disjunta
pelo Neotrópico, sendo a Caatinga um bioma considerado uma dessas disjunções
(PENNINGTON; PRADO; PENDRY, 2000; CAETANO et al., 2008). A FTSS
51

fisionomicamente diferente das savanas, pois a primeira apresenta ecossistemas dominados por
árvores e copa relativamente contínua (PENNINGTON; PRADO; PENDRY, 2000). Contudo,
a Caatinga não vem sendo considerada uma FTSS, mas uma savana (VELOSO, 1991; IBGE,
1992; RODAL; BARBOSA; THOMAS, 2008; IBGE, 2012). É importante salientar que a
Caatinga já foi bastante antropizada desde a ocupação deste bioma pelos colonos europeus,
sendo sua fisionomia atual decorrência da sua alteração. A seguir, a Figura 16 mostra três
ambientes atuais de FTSS no Neotrópico. No que tange a ocorrência de paleofauna, Dantas et
al. (2013a) realizaram um estudo sobre o potencial de distribuição do Mastodonte pela América
do Sul (Notiomastodon platensis (Ameghino, 1888)) (Figura 17).

Figura 16: Atual FTSS no Neotrópico: Formações no México - A (PENNINGTON et al., 2004), Brasil – B
(Acervo do autor) e Equador - C (PENNINGTON et al., 2004).

Fonte: Adaptado de Pennington; Prado; Pendry (2000) e Pennington et al (2004).


52

Figura 17: Potencial de distribuição do Notiomastodon platensis (Ameghino, 1888) para 120 mil anos A.P. e 21
mil anos A.P.

Fonte: Dantas et al (2013a).

Inferências sobre a influência do Quaternário em paleoambientes do semiárido do


Nordeste Setentrional

Para o semiárido do Nordeste Setentrional, há registros de Caatinga para 42.000 anos


A.P., em datação realizada Behling et al. (2000) de uma amostra de sedimentos da plataforma
continental (GeoB 3104-1), no litoral do Ceará. As condições climáticas interpretadas para
42.000 anos A.P. na amostra de sedimentos GeoB 3104-1 era de condições úmidas (a primeira
de quatro fases úmidas para a amostra, ver Figura 18), porém de rápida duração (BEHLING et
al., 2000). Esta interpretação climática dá base para uma possível fisionomia de savana para a
Caatinga, mas com todos os estratos vegetais sendo bem mais desenvolvidos que os estratos
atuais. É possível que este porte fisionômico de 42.000 anos A.P. tenha dado condições
ambientais para o suporte de uma megafauna de ecossistemas de savanas, pois entre 35.000 e
25.000 anos A.P., condições úmidas (cerca de 33.000 anos A.P.) podem ter influenciado para a
formação (ou continuidade da fisionomia de savanas desde 42.000 anos A.P.) de savanas onde
o Notiomastodon platensis (Ameghino, 1888) foi registrado na Paraíba, sendo seu fóssil datado
de 30 ± 5 mil anos A.P. (KINOSHITA et al., 2005; DANTAS et al., 2013a). As fisionomias em
53

maciços e inselbergs provavelmente refletiram as mesmas que foram inferidas a partir destas
datações.

Figura 18: Fases úmidas ocorridas no NE setentrional registrados em sedimentos marinhos.

Fonte: Behling et al (2000).

É provável que este ambiente de savana tenha se mantido entre 24 mil e 18 mil anos
A.P., pois as condições climáticas se mantiveram com fases úmidas relativamente rápidas e
intercaladas por condições secas (BEHLING et al., 2000). Além disso, a megafauna
pleistocênica ainda ocorria nesse período, sendo registados fósseis do Notiomastodon platensis
(Ameghino, 1888), datados entre 19.450 – 18.930 anos A.P. no município de Barcelona-RN, e
de preguiças gigantes (Eremotherium laurillardi (Lund, 1842)) nos municípios de Currais
Novos-RN e Barcelona-RN, datados de 18.850 – 18.580 anos A.P. (DANTAS et al., 2013). Por
volta de 15.000 anos A.P., as condições climáticas na área de estudo se tornam úmidas, podendo
ter havido no máximo 3 meses secos ao longo do ano (BEHLING et al., 2000), sendo que neste
cenário climático houve a expansão da Floresta Tropical Sazonalmente Seca (PRADO; GIBS,
1993).
Para o semiárido do Nordeste Setentrional, é inferido que a cobertura vegetal tenha
mudado sua formação, passando de um ambiente com ecossistemas de sanavas e com condições
semiáridas intercaladas por momentos úmidos para um ambiente com ecossistemas de florestas
54

montanas nos maciços, expansão das matas de galerias, ambas com características decíduas,
estrato herbáceo bem definido ainda ocorrente e condições climáticas mais úmidas que o atual.
Para a depressão sertaneja, o porte da vegetação provavelmente era dominado pelo estrato
arbóreo com presença de lianas e estratos arbustivo e herbáceo ocorrendo de forma mais densa
que o atual. Estas condições paleoambientais e paleoclimáticas persistiram provavelmente até
cerca de 11.800 anos A.P. (PRADO; GIBS, 1993; BEHLING et al., 2000). O último registro
da megafauna pleistocênica para a região era de um mamífero de pasto, o Toxodonte (Toxodon
platensis (Owen, 1840)), encontrado no município de Rui Barbosa-RN e datado de 12.720 –
12.560 anos A.P. (DANTAS et al., 2013).
Por volta de 11 mil anos A.P., as condições climáticas semiáridas retornaram, sendo
mais frio e seco que o clima semiárido atual, sendo que este paleoclima pode estar ligado ao
evento Younger Dryas (BEHLING et al., 2000; MUTZENBERG, 2007; AMORIM, 2015). A
provável resposta da cobertura vegetal às características climáticas foi a de perda da densidade
de todos os estratos e provável aceleração da erosão dos solos em eventos de pluviosidade com
baixa recorrência e alta magnitude. Com base em datação de sedimentos aluviais no município
de Carnaúba dos Dantas-RN, Mutzenberg (2007) identificou o retorno de condições úmidas por
volta de 7.600 anos A.P. e provável adensamento da cobertura vegetal.
Já no Holoceno Médio, por volta de 7 mil anos antes do presente, o clima no semiárido
do Nordeste Setentrional passa possivelmente a ter maior influência do El Niño Oscilação Sul
(ENOS), que eram mais duradouros que os atuais eventos ENOS (MARTIN et al., 1993;
AMORIM, 2015). Com as estações secas mais prolongadas na região, é possível que tenha
havido aumento da dissecação de solos da região com a volta das estações chuvosas. Devido às
características xerofíticas e caducifólias da cobertura vegetal, é provável que não tenha havido
grandes alterações na fisionomia da mesma, que do Holoceno Médio até meados do século
XVII, poderia ter fisionomia arbóreo-arbustiva para todo o semiárido, sendo o estrato arbustivo
dominante na depressão sertaneja, onde também poderia ter havido presença do estrato arbóreo
aliado a lianas. Já nos maciços e inselbergs, o estrato arbóreo juntamente com trepadeiras
lenhosas era dominante (atualmente, em muitos desses relevos, este estrato ainda é dominante).
Antes e durante o início da ocupação dos colonos europeus, o evento climático
conhecido como a Pequena Idade do Gelo (1.700 – 200 anos A.P.) rebaixou as temperaturas
médias em todo o planeta, sendo que suas influências climáticas no Nordeste do Brasil foram
registradas por Amorim (2015). Este evento climático provavelmente produziu condições mais
secas que as atuais, podendo ter levado a um aumento das taxas de remobilização dos solos em
eventos pluviométricos mais intensos.
55

Após a chegada dos colonos no semiárido do Nordeste Setentrional, por volta do


século XVII, a fisionomia da Caatinga passa então a ser alterada até atingir a sua atual
fisionomia que em muito se assemelha a uma savana, sendo classificada, principalmente na
depressão sertaneja (unidade geomorfológica primeiramente ocupada) como Savana-Estépica
Gramíneo-Lenhosa (VELOSO, 1991; IBGE, 1992; IBGE, 2012). Além disso, o evento ENOS
passa a ser mais atuante, e consequentemente, os seus efeitos sobre a cobertura vegetal e sobre
a remobilização das coberturas pedogenéticas passam a ser mais intensos. Tanto a Pequena
Idade do Gelo quanto o ENOS são registrados como fases climáticas que influenciaram a
dinâmica geomorfológica no maciço de Baixa Verde-PE (AMORIM, 2015).
Em mais de três séculos de ocupação, os componentes lenhosos da Caatinga sempre
apresentaram usos, sendo que durante a ocupação e estabelecimento dos colonos, o estrato
arbóreo foi amplamente utilizado na edificação de casas e fazendas (FEIJÓ, 2002). Na
edificação das residências empregavam-se vegetais nativos com caules resistentes, tais como a
aroeira (Myracrodruon urundeuva (Allemão)), o angico (Anadenanthera colubrina (Vell.)), a
craibeira (Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f ex S. Moore), a braúna (Schinopsis
brasiliensis (Engl. 1876)), o brejuí (Myroxylon peruiferum L. f.) e o pereiro (Aspidosperma
pyrifolium (Mart. & Zucc.) (FEIJÓ, 2002). A seguir, a Figura 19 mostra a cobertura de uma
fazenda nas proximidades do maciço João do Vale, na qual foram empregadas duas espécies
vegetais em sua estruturação, e que foram retiradas da serra, são elas: a carnaúba (Copernicia
prunifera (Mill.) H.E.Moore) e o brejuí (Myroxylon peruiferum L. f.).
Além de usos na edificação das residências, a vegetação era também usada para a
confecção de utensílios domésticos, como o pilão, que é feito do caule da aroeira
(Myracrodruon urundeuva (Allemão)). A seguir, a Figura 20 mostra um pilão que foi feito
utilizando-se o caule da Myracrodruon urundeuva (Allemão), que foi extraída na serra João do
Vale.
No caso do pilão, a sua ocorrência é comum no semiárido, sendo encontrado com
facilidade em comunidades rurais mais tradicionais e em antigas fazendas, o que permite dizer
que a sua matéria prima, a aroeira (Myracrodruon urundeuva (Allemão)) foi mais abundante
no semiárido do Nordeste Setentrional. A mesma interpretação pode ser feita com relação aos
vegetais cujo seus caules foram usados na construção de residências, já que não eram
empregados só em edificações da zona rural, mas também em cidades já existentes na época
(FEIJÓ, 2002). Dessa forma, as comunidades humanas que residem na serra exploraram
demasiadamente os recursos lenhosos da Caatinga na serra João do Vale, principalmente o
componente arbóreo, alterando significativamente a fitofisionomia da cobertura vegetal.
56

Figura 19: Caule do Myroxylon peruiferum (L. f.) em primeiro plano (juntamente com a lâmpada) e o caule da
Copernicia prunifera (Mill.) H.E.Moore, ao fundo.

Fonte: Acervo do autor.

Figura 20: Caule da Myracrodruon urundeuva (Allemão) convertida em um pilão.

Fonte: Acervo do autor.


57

Considerações finais do capítulo

As condições paleoambientais do semiárido do Nordeste Setentrional permitem inferir


que a fisionomia da Caatinga oscilou entre savanas com condições de manter uma megafauna
pleistocênica e fisionomias florestais (a fisionomia da FTSS não deve ser associada a fisionomia
das florestas tropicais úmidas). Antes do início de sua alteração pela ação humana, a cobertura
vegetal tinha marcante presença de indivíduos arbóreos, que atualmente se encontram
confinados em alguns maciços e inselbergs em meio à depressão sertaneja. Pode-se concluir
que a atual fisionomia da vegetação é mais resultado de antropização do que por influências
ambientais, sendo que tal conclusão reside no fato que componentes arbóreos foram largamente
usados até o seu quase desaparecimento.
Outros fatores a serem considerados são dissecação generalizada dos solos, tornando
o ambiente menos favorável para a evolução dos estágios serais e colonização de espécies
arbóreas, e as práticas agropecuárias, as quais exigiam a retirada da cobertura vegetal para
plantio e em alguns casos, pastagem dos rebanhos (a retirada da vegetação era – e ainda é –
feita por meio de queimadas).
58

CAPÍTULO 03 - EVOLUÇÃO DO USO E COBERTURA DA TERRA NOS ÚLTIMOS


30 ANOS NA SERRA JOÃO DO VALE (RN/PB)

Introdução

O mapeamento de diversos ambientes de Caatinga tem se intensificado nas últimas


décadas em resposta a popularização dos mais variados métodos de obtenção de informações
via sensoriamento remoto, dentre os quais destacam-se a produção cartográfica baseada em
índices de vegetação (RIBEIRO; SILVA; SILVA, 2016). Anterior a isto, os levantamentos
florísticos e fitossociológicos da Caatinga eram prioridades devido ao baixo nível de
compreensão deste importante bioma no início dos anos 2000 (CASTELLETTI et al., 2003;
GIULIETTI, 2003; LEAL et al., 2005; M. M. A., 2007).
Com o avanço do conhecimento sobre ecologia da Caatinga e com o crescente
emprego de técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento, diversos ambientes de
Caatinga experimentaram um aumento expressivo de mapeamentos com diversos fins, tais
como para ambientes serranos (e.g. BARBOSA; CARVALHO; CAMACHO, 2017), bacias
hidrográficas (e.g. ALVES et al., 2014), núcleos de desertificação (e.g. AQUINO; ALMEIDA;
OLIVEIRA, 2012) e ambientes de depressão sertaneja pontilhados por serras (e.g. COSME
JÚNIOR, 2011). Dessa forma, tem-se o emprego cada vez mais amplo dos índices de vegetação
nos mapeamentos, uma vez que permitem mapear a cobertura vegetal de Caatinga através de
sua atividade fotossintética, tendo um número crescente de estudos comparando o desempenho
do NDVI – Normalized Difference Vegetation Index e SAVI - Soil Adjusted Vegetation Index
(RIBEIRO; SILVA; SILVA, 2016).
Baseado nos índices mais utilizados para a produção de mapas da cobertura vegetal da
Caatinga, o presente capítulo teve como objetivos caracterizar a evolução temporal do os usos
e cobertura da terra no maciço serrano de João do Vale (RN/PB). Considerando-se a
complexidade das paisagens semiáridas, os resultados foram obtidos avaliando-se os valores do
NDVI e SAVI.
59

Materiais e métodos

Para o mapeamento multitemporal, foram utilizadas imagens dos satélites Landsat 5


(sensor TM com resolução espacial de 30 metros) disponibilizado pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais – INPE, e o Landsat 8 (sensor OLI/TIRS com resolução espacial de 30
metros), disponibilizado pelo United States Geological Survey – USGS. As datas das imagens
de Landsat 5 são estas: 11/11/1885, 20/09/1995 e 01/10/2005. Já para o Landsat 8, a data da
imagem foi de 29/10/2015. As cenas Landsat 5 e Landsat 8 passaram por um pré-
processamento, onde serão aplicadas técnicas de calibração radiométrica. O intervalo de tempo
para esta pesquisa foi partir do critério da resolução do Landsat 5 (30 m), pois os sensores
anteriores têm resolução de 80m (resolução com 2x menos resolução).
Esta etapa inicial (pré-processamento) foi realizada conforme os procedimentos
descritos por Chander; Markham; Helder (2009), os quais empregam as calibrações
radiométricas segundo a Fórmula 01 (Para Landsat 5):

𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝝀𝝀 − 𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝝀𝝀
𝑳𝑳𝝀𝝀 = � � (𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 − 𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸) + 𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝝀𝝀
𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 − 𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸

Ou

𝑳𝑳𝑳𝑳 = 𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮 × 𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 + 𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩

Onde:
(01)
𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝝀𝝀 − 𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝝀𝝀
𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮𝑮 =
𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 − 𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸

𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝝀𝝀 − 𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝝀𝝀
𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩𝑩 = 𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝑳𝝀𝝀 − � � 𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸
𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸 − 𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸𝑸

Onde:

Lλ = luminosidade espectral na abertura do sensor [W / (m2sr.μm)];


Qcal = Valor do píxel quantificado calibrado [DN];
Qcalmin = valor de pixel calibrado quantificado mínimo correspondente para LMINλ [DN];
60

Qcalmax = valor de pixel calibrado quantificado máximo correspondente


para LMAXλ [DN];
LMINλ = radiação espectral do sensor que é dimensionada para Qcalmin [W/(m2srμm)];
MAXλ = radiação espectral no sensor que é dimensionada para Qcalmax [W/(m2sr μm)];
Grescale = fator de ganho de redimensionamento específico da banda [(w/(m2srμm))/DN];
Brescale = fator de polarização de redimensionamento específico da banda [W/(m2srμm)].

Já para o Landsat 8, a calibração radiométrica empregada seguiu a Equação 02


disponibilizada pelo USGS 5.

𝑳𝑳𝑳𝑳 = 𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴𝑴 + 𝑨𝑨𝑨𝑨 (02)

Onde:

Lλ = Radiância espectral;
ML = Parâmetros de radiância (Fator de redimensionamento multiplicativo de cada banda
específica);
AL = Parâmetros de radiância (Banda específica de aditivo);
Qcal = Valores de pixel do produto padrão de cada banda (ND);

Após a etapa de calibrações radiométricas, as cenas do Landsat 5 e Landsat 8 passaram


para a etapa seguinte, a correções atmosférica, utilizando-se a correção por Dark-Object
Subtraction – DOS (CHAVEZ-JR, 1988). As cenas foram processadas com os softwares ENVI
v. 4.7 e ArcGIS v. 10.2 (ESRI® – versão acadêmica/Licença n°: EVA901905151). A etapa de
pré-processamento das imagens de satélite se encerraram com a conversão de seus respectivos
sistemas de coordenadas para o Datum SIRGAS 2000 Zona 24 S. Os mapeamentos com cenas
Landsat tiveram intervalo decadal, sendo os seguintes anos: 1985 – 1995 – 2005 – 2015.
A classificação da cobertura vegetal e das demais classes foram apoiadas por uma
bateria preliminar de campo, no qual foram identificadas 06 (seis): Caatinga arbórea, Caatinga
arbustiva, Corpos hídricos, Floreta tropical sazonalmente seca, Solo
exposto/Habitações/Rochas e Usos agrícolas/Cajucultura. Para as classes vegetais, foram

5
Disponível em <http://landsat.usgs.gov/Landsat8_Using_Product.php> Acesso em 18 de setembro de 2017.
61

definidos padrões quanto a fisionomia (Caatinga e floresta), estrato (arbóreo e arbustivo) e


localização quanto ao relevo (encostas, cristas e platôs) e a altimetria (m).
Por sua vez, para o mapeamento de detalhe da cobertura vegetal atual, foram utilizadas
imagens do satélite Sentinel-2, com resolução espacial 10 metros (Data: 21/04/2018, Tile
number: T24MYU e sensor MSI). O pré-processamento foi realizado em ambiente de SIG –
Sistema de Informações Geográficas, empregando o plugin Semi-Automatic Correction, do
QGIS v. 3.0 (Essen/GNU - General Public License©) (QGIS TEAM, 2015).
Com base nas imagens do Sentinel-2 foi calculado o NDVI (Normalized Difference
Vegetation Index) (Equação 03), que são valores referente à vegetação fotossinteticamente ativa
(HUETE, 1988).

NDVI = (PIVP - PV) / (PIVP + PV) (03)

Onde:

ΡIVP - Banda do infravermelho próximo.


ΡV - Banda do vermelho.

No intuito de oferecer suporte de resultados do NDVI, também foi aplicado nas


imagens o SAVI (Soil Adjusted Vegetation Index), detalhado a Equação 04.

SAVI = [(PIVP - PV) / (PIVP + PV + L)] x (1 + L) (04)

Onde:

ΡIVP - Banda do infravermelho próximo.


ΡV - Banda do vermelho.
L - Constante que minimiza o efeito do solo e pode variar de 0 a 1.

Sendo os valores ótimos de L (nesta pesquisa, foi usado L = 0,5) (HUETE; JACKSON;
POST, 1985):

L = 1 (para densidades baixas de vegetação)


L = 0,5 (densidades médias)
62

L = 0,25 (densidades altas)

Os produtos do NDVI e SAVI foram segmentados em 12 classes (Natual Breaks, do


ArcGIS) os quais foram posteriormente agrupados em suas prováveis classes vistas em campo.
Após a segmentação em classes e a elaboração dos mapas de usos da terra com base nos
resultados do NDVI e SAVI, estes produtos foram submetidos a análise de exatidão global de
mapas através de uma Matriz de Confusão. A matriz de confusão é amplamente utilizada para
se quantificar a acurácia de um mapa (CONGALTON, 1991; PONZONI; SHIMABUKURO;
KUPLICH, 2012). A Matriz de Confusão foi proposta por Congalton (1991) e consiste numa
matriz onde são confrontadas informações coletadas em campo com as classes atribuídas pelo
usuário ao mapa.
Para se obter a acurácia do mapa, são somados os valores da coluna diagonal da Matriz,
que são referentes aos pontos que corroboram com as classes do mapa em campo, e depois estes
valores são divididos com a amostragem total de pontos, seguindo então para conversão em
porcentagem (CONGALTON, 1991; PONZONI; SHIMABUKURO; KUPLICH, 2012). A
seguir, a Tabela 06 mostra um exemplo de aplicação de uma Matriz de Confusão com valores
hipotéticos.

Tabela 06: Matriz de Confusão segundo Congalton (1991).


Matriz de confusão
Classes
C SE AS CH Total
classificadas
CH X11 X21 X31 X41 AC = Σ (X11...X41) = %
SE X12 X22 X32 X42 AC = Σ (X12...X42) = %
AS X13 X23 X33 X43 AC = Σ (X13...X43) = %
CH X14 X24 X34 X44 AC = Σ (X14...X44) = %
Total AM = Σ (X11...X44) = %
Fonte: Adaptado de Congalton (1991).

Onde:

C = Caatinga;
SE = Solo Exposto;
AS = Agrossistemas;
CH = Corpos Hídricos;
Σ = Somatória;
% = Resultado em porcentagem;
63

AM = Acurácia do mapa;
AC = Acurácia da classe.

No intuito de avaliar os resultados da Matriz de Confusão, será feito um confronto de


dados da Matriz com o Índice de Kappa (Equação 05). Este procedimento é aconselhado por
Congalton (1991) para melhor avaliar a acurácia e qualidade do mapa produzido.

�𝑵𝑵 ∑𝒄𝒄𝒊𝒊=𝟏𝟏 𝒙𝒙𝒙𝒙𝒙𝒙− ∑𝑪𝑪


𝒊𝒊=𝟏𝟏(𝒙𝒙𝒙𝒙+𝒙𝒙+𝒊𝒊)�
𝑲𝑲 = (𝒏𝒏𝟐𝟐 − ∑𝒄𝒄𝒊𝒊=𝟏𝟏 𝒙𝒙𝒙𝒙+𝒙𝒙+𝒊𝒊)
(05)

Onde:

K - é uma estimativa do coeficiente Kappa;


Xii - é o valor na linha i e coluna i;
Xi - é a soma da linha i;
X+ i - é a soma da coluna i da matriz de confusão;
n - é o número total de pontos e c o número total de classes;

Para avaliar a qualidade do Índice de Kappa, Landis; Koch (1977) elaboraram uma
tabela contendo valores do índice e suas respectivas qualidades com relação a acurácia dos
mapas (Tabela 07).

Tabela 07: Valores e suas respetivas do Índice de Kappa.

Valores do Índice de Kappa Qualidade da classificação


< 0,00 Péssimo
0,00 – 0,20 Ruim
0,21 – 0,40 Razoável
0,41 – 0,60 Moderado
0,61 – 0,80 Bom
0,81 – 1,00 Excelente
Fonte: Adaptado de Landis; Koch (1977).

A amostragem dos pontos para avaliar a acurácia dos mapas resultantes dos índices
acumulou 125 pontos, os quais foram armazenados em planilhas eletrônicas do OpenOffice.org
Calc/Apache OpenOffice v. 4.1.5 (2013 GNU Lesser General Public License v.3®).
Posteriormente, foram submetidos a análise de suficiência amostral no software PAST v. 3.0
64

(HAMMER; HARPER; RYAN, 2001), onde foi adotado o estimador “JackKnife 1”. O software
usado para a confecção dos mapas foi o ArcGIS 10.3.
Com intensão de apresentar um mapeamento alternativo para a área de estudo, o
presente estudo apresenta um produto fruto de segmentação de classes com base em imagens
de média resolução. Este mapeamento foi auxiliado pelos 125 pontos amostrais.
Para a classificação dos usos e coberturas da terra foi usado o software Ecognition
Developer (Trimble®), que deu suporte na segmentação de classes, no qual foi usado o
algoritmo “multiresolution segmentation” e fator escala “10”, que se mostrou o mais
apropriado. A imagem de entrada foi a banda pancromática do satélite CBERS 4, (resolução
espacial de 5 metros, Órbita: 149, Ponto: 107, e Data: 27/12/2017). A segmentação foi auxiliada
por uma imagem CBERS 4 composta pelas bandas R3G4B2 (resolução espacial de 10 metros,
Órbita: 149, Ponto: 107, e Data: 27/12/2018). No ato da classificação, foram levados em
consideração a tonalidade, a geometria e a localização dos agrupamentos resultantes da
segmentação, para que cada um deles fosse classificado corretamente nas classes pré-
estabelecidas. A Figura 21 dispõe dos critérios para a classificação das formas de usos e
ocupações.
Por fim, no intuito de guiar a escolhas das imagens de satélite para os mapeamentos,
foram coletados dados referentes a pluviosidade na serra João do Vale. Como este ambiente
serrano não conta com estações pluviométricas de instituições oficiais, utilizou-se dados de um
pluviômetro manual J. Prolab com capacidade máxima de registro de 130 mm (710.831,63E e
9.337.640,00S, a altitude 458 metros – UTM/DATUM SIRGAS 2000/Zona 24S), localizada
numa encosta a barlavento. Para este estudo, as imagens de entrada para a geração do NDVI e
do SAVI foram escolhidas dando prioridade a sua disponibilidade em meses que marcam o fim
do período chuvoso, neste caso, o mês de abril.
65

Figura 21: Critérios básicos para a definição de cada classe.

Fonte: Elaborado pelo autor.


66

Dinâmica temporal das formas de uso, cobertura e ocupações entre 1985 e 2015

Com base nas imagens de Landsat 5 e Landsat 8, foram gerados mapas multitemporais
das formas de uso e ocupação do maciço estudado, tais mapas são referentes aos anos de 1985,
1995, 2005 e 2015. A seguir, a Figura 22 dispõe a distribuição das classes mapeadas para cada
ano na área de estudo. A Figura 23 apresenta um gráfico mostrando a variação temporal da área
ocupada por cada classe.
A Caatinga arbórea foi a classe que dominou em termos de área ocupada, sendo a
maior para os anos de 1985 (140 km2/50,2%), 1995 (167,4 km2/60%), 2005 (134,2 km2/48,1%)
e em 2015 (160,3km2/57,5%). Tal superioridade deve-se a resolução da imagem (média
resolução) e também devido a declividade das encostas, dificultando a retirada dos indivíduos
arbóreos. A classe Caatinga arbustiva foi a segunda maior em extensão, estando intimamente
relacionada com a Caatinga arbórea, sendo percebido que quando há expansão da primeira, a
segunda retrai, tal como foi registrado para o intervalo de 1995 para 2005.
Já Floresta tropical sazonalmente seca teve distribuição reduzida e restrita em
fragmentos no plateau, não ultrapassando os 15% da área de estudo. Sua localização pode
explicar a baixa área ocupada, estando próximo as classes “Usos agrícolas” e a “Solo
exposto/habitações/rochas”. A conversão de áreas com FTSS e Caatinga arbórea no local de
estudo pode ser explicada pelo uso dos componentes arbóreos para a edificação de casas, cercas
para delimitação de terrenos particulares e públicos e também para a combustão para usos
domésticos, comprovado por informações dos moradores locais. Quanto as fisionomias
florestais que recobrem ambientes serranos do semiárido, é observado queda na área ocupada
para outros ambientes serranos, tais como a chapada do Araripe (PE/CE) (e.g. SILVA NETO,
2013), serra de Martins-Portalegre (RN) (e.g. MEDEIROS, 2016; BARBOSA; CARVALHO;
CAMACHO, 2017) e no planalto da Borborema (PB/PE) (e.g. LIMA, 2013).
67

Figura 22: Mapa de multitemporal das classes de uso e cobertura da terra.

Fonte: Acervo do autor.


68

Figura 23: Gráfico multitemporal das formas de uso e ocupação.

DINÂMICA TEMPORAL DOS USOS,


COBERTURAS E OCUPAÇÕES
Caatinga arbórea Caatinga arbustiva
Corpo hídrico FTSS
Solo exposto/habitações/rochas Usos agrícolas

180,0
160,0
140,0
120,0
Área (km2)

100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
1985 1995 2005 2015
Anos

Fonte: Elaborado do autor.

Em virtude das condições ambientais mais favoráveis para a implantação de culturas


agrícolas, os maciços presentes no Nordeste setentrional já não contam com sua cobertura
vegetal primária (SOUZA; OLIVEIRA, 2006). Em diversos estudos sobre cobertura vegetal
e/ou usos e ocupações em ambientes serranos, é verificado nos resultados a alteração ou usos
dos componentes lenhosos presentes em cada maciço/inselberg estudado (e.g. SOUZA;
OLIVEIRA, 2006; FREIRE; SOUZA, 2007; LIMA, 2013; SILVA NETO, 2013; GUEDES,
2016; BARBOSA; CARVALHO; CAMACHO, 2017), e para o maciço serra João do Vale, os
resultados disposto aqui comprovam alterações na cobertura vegetal do maciço estudado.
Os usos agrícolas foram significativos para os momentos analisados (chegando a no
máximo 41,1 km2/14,4% em 1985), porém, a localização desta classe se concentrou de forma
maciça no platô, onde há a presença de solos mais desenvolvidos (Latossolos) e que se
desenvolve as fisionomias arbóreas mais significativas (em virtude das melhores condições
edafoclimáticas). Dessa forma, os usos agrícolas acabaram degradando ambientes antes
(possivelmente) ocupados pela Caatinga arbórea e pela FTSS (o início da série temporal já
consta os usos agrícolas).
Por fim, a classe “Solo exposto/habitações/rochas” teve uma dinâmica inversamente
proporcional com a Caatinga arbustiva, pois como mostra o gráfico da Figura 04, quando havia
crescimento de área ocupada pela Caatinga arbustiva, era observado o decréscimo da área com
69

Solo exposto/habitações/rochas. Tal dinâmica pode ser atribuída tanto ao desmate de Caatinga
arbustivas em algumas áreas como pela colonização de espécies e desenvolvimento de
comunidades secundárias. Já os corpos hídricos registrados são referentes a “barreiros” com
baixa capacidade armazenamento hídrico.

Resultados e produtos cartográficos obtidos via NDVI e SAVI

Entre os anos de 2014 e 2018, o contexto pluviométrico da serra João do Vale


apresentou precipitações concentradas nos meses que compõe a quadra chuvosa nordestina (de
janeiro a abril) (Figura 24). Para as imagens Sentinel-2, a pluviosidade registrada no mês de
abril de 2018 foi de 498 mm.ano-1. No caso da pluviosidade do mês de dezembro de 2017 (mês
da imagem CBERS-4 para este estudo) não foram registrados nenhuma precipitação.

Figura 24: Registro pluviométrico para a serra João do Vale entre os anos de 2014 e 2018.

Fonte: Elaborado pelo autor.


70

Antes da segmentação dos produtos dos índices de vegetação, foram realizados


campos para fins de reconhecimento das classes de uso e cobertura da terra. Após isto, foi dado
o andamento com a segmentação das classes e posterior coleta de pontos de controle/avaliação
para analisar os desempenhos dos índices usados.
Os dados obtidos dos índices NDVI e SAVI tiveram tendências semelhantes no que
diz respeito a distribuição dos valores pelas classes de cobertura da terra: os valores de pixel
mais altos correspondem as classes de cobertura vegetal de Floresta tropical sazonalmente seca
e de Caatinga arbórea, havendo decréscimo para as classes com presença rarefeita ou
inexistência de atividade fotossintética, tais como os Corpos hídricos e Solo
exposto/Habitações/Rochas. A classe “Usos agrícolas” não foi segmentada em nenhum dos
índices, assim como a classe “Vias de acesso” não foi segmentada em nenhum dos índices. A
seguir, a Tabela 08 dispõe os valores que cada classe apresenta nos dois índices.

Tabela 08: Classes de cobertura da terra e seus respectivos valores segundo o NDVI e SAVI.

Classes de usos e cobertura da terra NDVI SAVI


Caatinga arbórea entre 0,58 e 0,66 entre 0,35 e 0,43
Caatinga arbustiva entre 0,42 e 0,58 entre 0,26 e 0,35
Corpos hídricos entre -0,13 e 0,22 entre -0,07 e 0,10
Floresta tropical sazonalmente seca entre 0,66 e 0,77 entre 0,43 e 0,61
Solo exposto/Habitações/Rochas entre 0,22 e 0,42 entre 0,10 e 0,26
Usos agrícolas/Cajucultura - -
Fonte: Acervo do autor.

Após a segmentação das classes ocorrentes, foram gerados produtos cartográficos com
base dos dois índices. A Figura 25 espacializa as classes segundo os valores do NDVI, e em
seguida, a Figura 26 mostra as classes reconhecidas pelos valores de pixel advindos do SAVI.
71

Figura 25: Classe de cobertura reconhecidas pelo NDVI.

Fonte: Elaborado do autor.

Figura 26: Classe de cobertura reconhecidas pelo SAVI.

Fonte: Elaborado do autor.


72

Para avaliar o desempenho dos índices, foram realizadas campanhas de campo para
coletar pontos de controle/avaliação nas classes de cobertura da terra existentes no ambiente
serrano estudado. Foram plotados 125 pontos de controle/avaliação, todas as classes foram
visitadas, havendo representatividade de todas elas para análise. A seguir, a Tabela 09 mostra
a quantidade de pontos que cada classe concentrou, e a Figura 27 mostra um gráfico de Curva
de Coletor atestando a suficiência amostral para esta pesquisa. Na sequência, a Figura 28 dispõe
o mapa com a localização de cada ponto amostral na área de estudo. O Apêndice 01 mostra a
ficha de campo e o Apêndice 02 traz listado os pontos e suas coordenadas.

Tabela 09: Pontos de controle/avaliação para as classes de cobertura da terra.

Classe de usos e cobertura da N° de pontos coletados em cada


terra classe
Caatinga arbórea 11
Caatinga arbustiva 46
Corpos hídricos 9
Floresta tropical sazonalmente seca 11
Solo exposto/Habitações/Rochas 24
Usos agrícolas/Cajucultura 24
Total 125
Fonte: Acervo do autor.

Figura 27: Curva de Coletor assegurando a suficiências amostral em relação as classes observadas.

Curva de Coletor
7
6
N° classe observadas

5
4
3
2
1
0
11
16
21
26
31
36
41
46
51
56
61
66
71
76
81
86
91
96
1
6

101
106
111
116
121

N° pontos amostrasdo

Riqueza observada Jackknife 1

Fonte: Acervo do autor.


73

Figura 28: Pontos amostrais na área de estudo.

Fonte: Acervo do autor.


74

Após confecção dos mapas com base nos índices e as campanhas de campo, foram
montadas duas matrizes de confusão (uma para cada índice) para avaliar a acurácia de cada
mapa, que servirá para analisar o desempenho de cada um dos índices. A montagem da matriz
de confusão foi elaborada a partir do confronto dos pontos plotados em campo com os produtos
gerados do NVDI e do SAVI. A seguir, a Tabela 10 dispõe a matriz elaborada para o NDVI.
Dos 125 pontos amostrais para a análise do NDVI, apenas 37 foram classificados
corretamente, havendo confusão principalmente entre as classes, “Caatinga arbórea”, “Caatinga
arbustiva”, “Floresta tropical sazonalmente seca” e “Usos agrícolas/Cajucultura”, sendo esta
última não reconhecida pelo NDVI. Na sequência, a Tabela 11 traz os resultados da acurácia
do produtor e a Tabela 12 traz os resultados do usuário, que juntas, oferecem mais detalhes
sobre a acurácia de cada classe.
75

Tabela 10: Matriz de confusão elaborado para o mapa produzido com base no NDVI.

Formas de uso e Caatinga Floresta tropical Solo exposto/ Usos agrícolas/


Caatinga arbórea
arbustiva
Corpos hídricos
sazonalmente seca Habitações/Rochas Cajucultura
Total
cobertura

Caatinga arbórea 8 24 0 6 0 2 40

Caatinga
2 9 0 1 11 13 36
arbustiva

Corpos hídricos 0 0 8 0 5 0 13

Floresta tropical
1 13 0 4 0 6 24
sazonalmente seca

Solo exposto/
0 0 1 0 8 3 12
Habitações/Rochas

Usos agrícolas/
0 0 0 0 0 0 0
Cajucultura

Total 11 46 9 11 24 24

SOMATÓRIA DA DIAGONAL PRINCIPAL 37

NÚMERO TOTAL DE PONTOS 125

Fonte: Acervo do autor.


76

Tabela 11: Acurácia do Produtor para a matriz de confusão do NDVI.

Classes Acur. Prod. (%) Erros de omis. (%)


Caatinga arbórea 72,7 27,3
Caatinga arbustiva 19 81
Corpos hídricos 88,8 11,2
Floresta tropical sazonalmente
36,6 63,4
seca
Solo exposto/Habitações/Rochas 33,3 66,7
Usos agrícolas/ Cajucultura 0 100
Acurácia total 41,73 58,26
Fonte: Acervo do autor.

Tabela 12: Acurácia do Usuário para a matriz de confusão do NDVI.

Classes Acur. Usua. (%) Erros de omis. (%)


Caatinga arbórea 20 80
Caatinga arbustiva 25 75
Corpos hídricos 61,5 38,5
Floresta tropical sazonalmente
16,6 83,4
seca
Solo exposto/Habitações/Rochas 66,6 33,4
Usos agrícolas/ Cajucultura 0 100
Acurácia total 31,61 68,38
Fonte: Acervo do autor.

Cerca de 52,1% dos pontos da classe “Caatinga arbustiva” foram confundidos com a
“Caatinga arbórea”, o que contribui para que a primeira tivesse um baixo desempenho, como é
notado na acurácia do produtor, com apenas 19%. Já com relação a classe “Caatinga arbórea”,
houve melhor desempenho na acurácia do produtor, sendo registrado um erro de omissão de
27,3%. Como a classe “Usos agrícolas/Cajucultura” não foi reconhecida pelo NDVI, os pontos
coletados para esta classe foram em sua maioria confundidos com a classe “Caatinga arbustiva”
(54,1% dos pontos). A Floresta tropical sazonalmente seca teve cerca de 54,5% de seus pontos
confundidos com a classe “Caatinga arbórea”, tendo baixo desempenho no NDVI.
A classe de cobertura com melhor desempenho em acurácia do produtor foi “Corpos
hídricos”, que teve 88,8% de acurácia do produtor. Já a classe “Habitações/rochas/Solo
exposto” teve acurácia baixa, registrando apenas 33,3% na acurácia do produtor. Por fim, o
desempenho do NDVI pode ser avaliado pela acurácia total do produtor, que marcou apenas
41,73%, sendo este valor considerado “Moderado”, segundo a classificação de Landis; Kock
(1977).
77

Já com relação a acurácia do usuário, os valores da acurácia são ainda mais baixos,
com a exceção da classe “Caatinga arbustiva”, que teve leve aumento (6%), mas sendo
considerado baixo. Devido ao baixo desemprenho da acurácia das classes na acurácia do
usuário, a acurácia total do usuário foi de apenas 31,61%, sendo considerado “Razoável”
segundo a classificação de Landis; Kock (1977).
Para avaliar os resultados obtidos por meio do SAVI, foi montado uma matriz de
confusão (Tabela 13), a partir do qual foram analisadas as acurácias do produtor (Tabela 14) e
do usuário (Tabela 15). Dos 125 pontos de controle/avaliação, apenas 38 foram classificados
de forma correta.
Assim como na análise dos resultados do NDVI, houve confusão dos pontos coletados
para a classe “Caatinga arbustiva” com a “Caatinga arbórea”, sendo confundidos cerca de
52,1% dos pontos. Dessa forma, a acurácia do produtor da classe “Caatinga arbustiva” teve
baixo desempenho (17,3%). Já a classe “Caatinga arbórea” teve igual desempenho se
comparado com esta mesma classe no NDVI, apresentando acurácia do produtor de 72,7%,
sendo que cerca de 18,1% de seus pontos foram confundidos com a classe “Floresta tropical
sazonalmente seca”. No tocante a classe “Floresta tropical sazonalmente seca”, esta classe teve
81,8% de seus pontos confundidos com a classe “Caatinga arbórea”, culminando com uma
baixa performance (9%).
Com relação a classe “Usos agrícolas/Cajucultura”, esta também não foi reconhecida
pelo SAVI, sendo que 95,8% de seus pontos foram confundidos com as classes “Floresta
tropical sazonalmente seca” (25%), “Caatinga arbórea” (33,3%) e “Caatinga arbustiva”
(37,5%). Já a classe “Solo exposto/Habitações/Rochas” performance, com 54,1% de acurácia
do produtor. A classe com os melhores resultados foi “Corpos hídricos”, com 88,8% de acurácia
do produtor.
O desempenho geral do SAVI pode ser atestado com a acurácia total do produtor, que
foi de 40,31%, sendo considerado “Razoável”, segundo a classificação de Landis; Kock (1977).
Neste caso, a acurácia do produtor do NDVI teve melhor desempenho que o registrado para o
SAVI.
78

Tabela 13: Matriz de confusão elaborado para o mapa produzido com base no SAVI.
Floresta tropical
Formas de uso e Caatinga Caatinga Solo exposto/ Usos agrícolas/
arbórea arbustiva
Corpos hídricos sazonalmente
Habitações/Rochas Cajucultura
Total
cobertura seca

Caatinga arbórea 8 24 0 9 2 8 51

Caatinga
1 8 0 1 9 9 28
arbustiva

Corpos hídricos 0 0 8 0 0 0 8

Floresta tropical
2 13 0 1 0 6 22
sazonalmente seca

Solo exposto/
0 1 1 0 13 1 16
Habitações/Rochas

Usos agrícolas/
0 0 0 0 0 0 0
Cajucultura

Total 11 46 9 11 24 24

SOMATÓRIA DA DIAGONAL PRINCIPAL 38

NÚMERO TOTAL DE PONTOS 125

Fonte: Acervo do autor


79

Tabela 14: Acurácia do Produtor para a matriz de confusão do SAVI.

Classes Acur. Prod. (%) Erros de omis. (%)


Caatinga arbórea 72,7 27,3
Caatinga arbustiva 17,3 82,7
Corpos hídricos 88,8 11,2
Floresta tropical sazonalmente
9 91
seca
Solo exposto/Habitações/Rochas 54,1 45,9
Usos agrícolas/ Cajucultura 0 100
Acurácia total 40,31 59,68
Fonte: Acervo do autor.

Tabela 15: Acurácia do Usuário para a matriz de confusão do SAVI.

Classes Acur. Usua. (%) Erros de omis. (%)


Caatinga arbórea 15,6 84,4
Caatinga arbustiva 28,5 71,5
Corpos hídricos 100 0
Floresta tropical sazonalmente
4,5 95,5
seca
Solo exposto/Habitações/Rochas 81,2 18,8
Usos agrícolas/ Cajucultura 0 100
Acurácia total 38,30 61,70
Fonte: Acervo do autor.

Para os resultados obtidos via SAVI, a acurácia do usuário apresentou valores que
aumentaram a acurácia de algumas classes (Caatinga arbórea e Corpos) e diminuiu os valores
de outras (Caatinga arbustiva, Floresta tropical sazonalmente seca e Solo
exposto/Habitações/Rochas). A acurácia total do usuário apresentou melhores resultados se
comparado os dados obtidos para o NDVI, sendo registrado 38,30%, valor este considerado
“Razoável”, segundo a classificação de Landis; Kock (1977).

Desempenho dos índices NDVI e SAVI no mapeamento de detalhe da cobertura vegetal

Os resultados obtidos nas matrizes confusão elaboradas para cada índice de vegetação
deixaram claro que o NDVI apresentou melhor desempenho que o SAVI. Esta superioridade
não era esperada, haja vista que a bibliografia que abordou este tema aponta, em sua maioria,
que os resultados do SAVI superam o NDVI (e.g. ALVES et al., 2014; GUEDES, 2016;
RIBEIRO; SILVA; SILVA, 2016). Além de cruzamentos perdidos para o SAVI, o NDVI
80

também apresenta atuação inferior se comparado com outros índices (YANG; WEISBERG;
BRISTOW, 2012; LI; JIANG; FENG, 2013).
Apesar da performance ter sido melhor, a vantagem do NDVI sobre o SAVI não foi
tão ampla, e mesmo que a bibliografia aponte o SAVI como o melhor índice, o NDVI ainda
presenta ampla aplicação em estudos sobre a fenologia da Caatinga e em mapeamentos com
viés ambiental (e.g. COSME JÚNIOR, 2011; MELO; SALES; OLIVEIRA, 2011; CHAVES et
al., 2013; DANTAS, 2013), e em alguns casos, apresentam acurácia total satisfatória (e.g. SÁ
et al., 2010).
Ao avaliar a atuação dos índices aqui empregados, foi observado que as classes
“Caatinga arbórea”, “Caatinga arbustiva” “Floresta tropical sazonalmente seca” e “Usos
agrícolas/Cajucultura” foram as classes que mais exibiram confusões, o que pode ser resultado
de uma leve deficiência dos índices em reconhecer separadamente a atividade fotossintética
dessas classes. Os vegetais da Caatinga arbórea, de Caatinga arbustiva (normalmente em
rebrota) e as culturas agrícolas (comumente perenifólias em ambientes serranos) mostram
atividade fotossintética semelhante, dificultando a segmentação, algo que a bibliografia
especializada já observou tanto para o NDVI quanto para o SAVI em ambiente serrano (e.g.
GUEDES, 2016; RIBEIRO; SILVA; SILVA, 2016) e em demais ambientes de Caatinga
(CHAVES et al., 2013).
Por fim, os resultados aqui dispostos para o NDVI e SAVI são considerados
insatisfatórios, haja vista que bons produtos cartográficos com elaboração fundada em índices
deveriam ter classificações, segundo Landis; Kock (1977), de “Bom” a “Excelente”, como foi
observado por Guedes (2016) no ambiente serrano do município de Martins-RN, onde foi
obtido uma acurácia com classificação “Bom” segundo Landis; Kock (1977).

Mapeamento alternativo: classificação orientada ao objeto com base em imagens CBERS


4

Em resposta ao baixo desempenho dos índices de vegetação nesta pesquisa, realizado


um mapeamento orientado ao objeto como procedimento metodológico alternativo.
O mapeamento orientado ao objeto das formas de usos e coberturas da terra para área
de estudo se mostrou eficaz em relação os produtos oriundos dos índices de vegetação, uma vez
que neles não foi possível segmentar a classe “Usos agrícolas/Cajucultura”, que ocupa 4,2% do
total (Tabela 17), além da impossibilidade de identificar outras feições, tais como as estradas e
vias de acesso que permeiam o ambiente serrano estudado. A Figura 29 dispõe a distribuição
81

de cada forma de usos e cobertura da terra mapeada com base nas imagens CBERS 4 (Data:
27/12/2018).

Tabela 16: Área ocupada por cada classe de usos e cobertura da terra.
Formas de usos e cobertura Área (Km2) Área (%)
Caatinga arbórea 39,4 14,1
Caatinga arbustiva 191,8 68,5
Corpo hídrico 0,5 0,2
Floresta tropical sazonalmente seca 21,8 7,8
Solo exposto/Habitações/Rochas 14,7 5,3
Usos agrícolas/Cajucultura 11,8 4,2
Total 280,0 100,0
Fonte: Elaborado pelo autor.

Além de ter apresentado um melhor desempenho na classificação e representação das


classes “Caatinga arbórea” e “Caatinga arbustiva”, foi observado que a classe “Floresta tropical
sazonalmente seca” foi classificada corretamente de acordo com sua distribuição vista nas
baterias de campo, bem como em concordância com os 125 pontos amostrado in loco.
A classificação orientada ao objeto em ambientes de Caatinga apresentou também
bons resultados em estudos onde imagens Landsat 5 foram usadas como imagem de entrada
(e.g. SEABRA; XAVIER; DAMASCENO, 2014) e também com imagens CBERS 2-B (e.g.
ROCHA, 2011).
82

Figura 29: Mapa de localização das classes de uso e cobertura da terra.

Fonte: Acervo do autor.


83

Considerações finais do capítulo

Com relação à dinâmica multitemporal, atesta-se a eficácia dos procedimentos


metodológicos quanto ao processamento e construção dos produtos cartográficos. O padrão
dinâmico da distribuição das formas de usos e coberturas da terra vieram ao encontro do que a
bibliografia especializada aponta para os ambientes serranos do semiárido: avanço da
devastação de fisionomias vegetais (principalmente florestais), abandono do uso agrícola e
posterior rebrota, e fisionomias em sucessão ecológica (principalmente ecossistemas de
Caatinga).
Embora tenham eficiência e sejam amplamente aplicados em estudos e mapeamentos
da vegetação, neste estudo, os índices NDVI e SAVI não foram suficientes para mapear a
cobertura vegetal e as demais classes do ambiente serrano pesquisado. O mapeamento com base
na orientação em objetos foi capaz de construir um produto que melhor representou as classes
observadas em campo, além de ter correspondido aos pontos amostrais plotados em campo.
Um fato a ser observado diz respeito aos melhores resultados obtidos com a
classificação orientada ao objeto em virtude de que, além de uma segmentação mais detalhada,
a banda pancromática do CBERS 4 tem uma resolução espacial de 5,0 metros, enquanto que os
produtos NDVI e SAVI foram gerados com imagens do Sentinel-2, com resolução de 10 metros.
84

CAPÍTULO 04 - UNIDADES FITOECOLÓGICAS DA SERRA DE JOÃO DO VALE

Introdução

6
Os ambientes serranos do semiárido do Brasil se mostram, em sua grande maioria,
como ambientes de cobertura vegetal conservada ou em estágio de sucessão ecológica
avançado, o que confere a tais ambientes uma maior diversidade florística (ocorrência de
espécies que não ocorrem no seu entorno) e estrutural (geralmente, o porte da cobertura vegetal
é maior do que no entorno) (TABARELLI; SANTOS, 2004; CAVALCANTE, 2005; LEAL et
al., 2005; MARTINELLI, 2007; MARQUES; SILVA; SILVA, 2015). Além disso,
consideráveis parcelas desses ambientes suportam estruturas e fisionomias vegetais de Floresta
tropical sazonalmente seca (FTSS), comumente dispostas de forma fragmentária (ESPÍRITO-
SANTO et al., 2008; SANTOS et al., 2011).
Os fragmentos da FTSS distribuídos pelo bioma Caatinga costumam ser apontados
como disjunções de uma formação florestal outrora distribuída como um “arco” bordejando as
florestas Amazônica e Atlântica durante o Quaternário tardio (PRADO; GIBBS, 1993;
PENNINGTON; PRADO; PENDRY, 2000; PENNINGTON et al., 2004). Compreende-se
como FTSS formações florestais ocorrendo em regiões com estação seca de vários meses, com
precipitações anuais totalizando entre 700 e 1.500 mm.ano-1 e temperaturas iguais ou maiores
a 25°C, culminando com a resposta do hábito foliar predominantemente decídua (> 50% da
flora decídua), havendo também perenifólias (MOONEY; BULLOCK; MEDINA, 1995;
SÁNCHEZ‐AZOFEIFA et al., 2005).
Estima-se que 52,2% das Florestas tropicais sazonalmente secas estejam na América
do Sul, e por se distribuírem em solos ricos em minerais e nutrientes, a FTSS vem sendo alvo
de práticas agrícolas (PRADO; GIBBS, 1993; MILES et al., 2006). Estes ambientes apresentam
baixa resiliência se comparados com florestas úmidas (POORTER et al., 2016) e importantes
serviços ecossistêmicos tem sido documentado para estas formações florestais (CALVO-
RODRIGUEZ et al., 2017), e importantes discussões envolvendo a conservação da FTSS vem
sendo realizadas (e.g. MILES et al., 2006; CAO et al., 2015; SUNDERLAND et al., 2015).
Diante do contexto de complexidade fitogeográfica em que os ambientes serranos se
associam, esta pesquisa teve como objetivo compreender os padrões e processos biogeográficos

6
Este capítulo está em fase de formatação e revisão para ser submetido ao Journal of Forest Ecology and
Management (QualisCAPES – A1/GEOGRAFIA).
85

da cobertura vegetal da serra João do Vale, recoberta por fisionomias de Caatinga e de Floresta
tropical sazonalmente seca. Além disso, para dar suporte a conservação dos ambientes serranos
do semiárido, a cobertura vegetal foi agrupada em unidades fitoecológicas.

Materiais e métodos

A classificação da cobertura vegetal e das demais classes foram apoiadas por uma
bateria preliminar de campo, no qual foram identificados 06 (seis) classes: Caatinga arbórea,
Caatinga arbustiva, Corpos hídricos, Floreta tropical sazonalmente seca, Solo exposto/
Habitações/ Rochas e Usos agrícolas/ Cajucultura. Para as classes vegetais, foram definidos
padrões quanto a fisionomia (Caatinga e floresta), estrato (arbóreo e arbustivo) e localização
quanto ao relevo (encostas, cristas e platôs) e a altimetria (m).
Para a classificação dos usos e coberturas da terra foi usado o software Ecognition
Developer (Trimble®), que deu suporte na segmentação de classes, no qual foi usado o
algoritmo “multiresolution segmentation” e fator escala “10”, que se mostrou o mais
apropriado. A imagem de entrada foi a banda pancromática do satélite CBERS 4, (resolução
espacial de 5 metros, Órbita: 149, Ponto: 107, e Data: 27/12/2017). A segmentação foi auxiliada
por uma imagem CBERS 4 composta pelas bandas R3G4B2 (resolução espacial de 10 metros,
Órbita: 149, Ponto: 107, e Data: 27/12/2018). No ato da classificação, foram levados em
consideração a tonalidade, a geometria e a localização dos agrupamentos resultantes da
segmentação, para que cada um deles fosse classificado corretamente nas classes pré-
estabelecidas.
Por sua vez, a identificação das espécies botânicas se deu a partir do sistema APG II,
com auxílio de bibliografia especializada (SOUZA; LORENZI, 2005). De maneira
complementar, também foram realizadas consultas ao sistema Trópicos®
(https://www.tropicos.org/home.aspx?langid=66), o qual contém dados e amostras botânicas
do Missouri Botanical Garden, assim como ao Flora do Brasil 2020 - INCT Herbário Virtual
da Flora e dos Fungos (http://reflora.jbrj.gov.br/reflora). Os exemplares botânicos foram
arquivados no Acervo de Amostras Botânicas do Laboratório de Biogeografia (UFRN/CERES
– Campus de Caicó).
Após a classificação, foram feitas novas visitas de campo para constatar as classes e
os padrões vistos no mapeamento, e eventuais erros foram corrigidos. Nesta segunda bateria de
campo, foram anotadas as espécies-chave que caracterizam cada classe de cobertura vegetal e
observados com mais detalhes padrões de distribuição da cobertura vegetal na serra João do
86

Vale. Por fim, com base em Moro et al. (2015), foram identificadas as unidades fitoecológicas
da serra João do Vale. Os parâmetros para a delimitação foram: fisionomia vegetal, unidades
do relevo e espécies-chave de cada fisionomia vegetal.

Diversidade fisionômica e padrões fitogeográficos

A diversidade de fisionomias encontradas na serra João do Vale era esperada, uma vez
que a bibliografia que tratam de ambientes serranos costuma apontar complexidade em
fisionomias e no componente florístico (e.g. OLIVEIRA et al., 2009; NETO; SILVA, 2012;
PEREIRA JÚNIOR; ANDRADE; ARAÚJO, 2012; MORO et al., 2015). Foram, ao todo, três
fisionomias registradas, todas condicionadas tanto por fatores ambientais como pela
intervenção humana, gerando padrões complexos de distribuição, algumas vezes não havendo
tendências, onde a aleatoriedade era proeminente. Para serra João do Vale, somando-se as áreas
ocupadas por cada classe de cobertura vegetal, ver-se que o ambiente serrano tem cobertura
vegetal predominando sobre as demais classes de usos e cobertura, totalizando 90,4% (ver
Tabela 17).
Das três classes de cobertura vegetal encontradas na serra João do Vale, a classe
“Caatinga arbustiva” foi a que predominou, abrangendo cerca de 68,5% do ambiente estudado.
Esta classe ocorre desde as encostas localizadas no contato com a Depressão Sertaneja, até as
encostas mais altas e em cristas rochosas cujo a altitude não supera os 600 metros. Assim como
ocorre na Depressão Sertaneja, a “Caatinga arbustiva” tem sua fisionomia induzida pelas
pressões dos usos de seu componente lenhoso, ou sua completa retirada para demais fins, o que
acarreta uma sucessão secundária, gerando uma fisionomia arbustiva e geralmente densa. Sua
fisionomia compreendia o estrato arbustivo, com indivíduos atingindo até 6 metros, o estrato
herbáceo é bem definido e havia a ocorrência de lianas, contribuindo para a densidade desta
classe.
O padrão de distribuição desta fisionomia pode ser explicado pela sucessão ecológica,
que pode ser mais ativa em encostas com densa camada de colúvios, ou menos atuante em
encostas declivosas com presença de afloramentos rochosos (Figura 30). Outro fator importante
é a atuação humana, a qual atua na retirada total ou seletiva da cobertura vegetal, retardando a
sucessão. Os processos ocorrentes são semelhantes aos que se desenvolvem na Caatinga
arbustiva na Depressão Sertaneja (e.g. AMORIM; SAMPAIO; ARAÚJO, 2005; AMORIM;
SAMPAIO; ARAÚJO, 2009), contudo, os efeitos da secessão ecológica são mais proeminentes
no ambiente serrano estudado.
87

Figura 30: Fisionomia de Caatinga arbustivas na serra João do Vale.

Fonte: Elaborado pelo autor.


88

A classe “Caatinga arbórea” foi a segunda maior em área (14,1% do total), seu padrão
de distribuição se assemelha com a classe “Caatinga arbustiva”, diferindo apenas na declividade
das encostas (ocorrem em encostas mais declivosa e de difícil acesso) e em cristas, escarpas e
em colúvios, também de difícil acesso (Figura 31). Ocorrem cotas altimétricas abaixo dos 600
metros, e dificilmente chega a ter contato com Depressão Sertaneja, pois logo é sucedida pela
Caatinga de porte arbustivo. A cobertura vegetal de Caatinga arbórea tem porte, para a área de
estudo, entre 6 e 10 metros, e assim como a Caatinga arbustiva, há nela a ocorrência de lianas.
89

Figura 31: Fisionomia de Caatinga arbórea na serra João do Vale.

Fonte: Elaborado pelo autor.


90

Os principais processos que podem explicar este padrão de distribuição são os da


sucessão ecológica tardia, onde as espécies tiveram tempo suficiente para atingir o porte
arbórea, e a ausência da retirada seletiva de espécies arbóreas da Caatinga. A localização dos
fragmentos de Caatinga arbórea também influencia, já que quanto mais distantes de
comunidades rurais ou recobrindo encostas declivosas, maior será o isolamento, contribuindo
para o crescimento dos vegetais e facilitando o surgimento do estrato arbóreo. A seguir, a Figura
32 o padrão de localização observado para esta fisionomia, bem como o padrão da Caatinga
arbustiva.

Figura 32: Padrão de localização da Caatinga.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A Floresta tropical sazonalmente seca é mais notória das fisionomias vegetais


ocorrente na serra João do Vale, e é também a menor, ocupando cerca 7,8% da área total (Figura
33). Seu padrão de distribuição é mercado por sua ocorrência em platôs e nas escarpas e
encostas acima dos 600 metros, podendo ocorrer abaixo dessa cota por meio de drenos. Está
presente de forma marcante nas escarpas e encostas a barlavento, nas direções L-NE, e também
nos platôs, onde desenvolvem maiores portes, com vegetais chegando a atingir 15 metros. Há
nos fragmentos mais conservados a presença de lianas, um sub-bosque herbáceo bem definido
e dossel rarefeito, podendo ser denso na estação chuvosa.
91

Figura 33: Fisionomia de FTSS na serra João do Vale.

Fonte: Elaborado pelo autor.


92

Os processos que influenciam a distribuição desta fisionomia são mais complexos,


havendo influência direta da altitude, da direção dos ventos e da disposição das encostas e
escarpas. A Floresta tropical sazonalmente seca se distribui geralmente acima da cota dos 600
metros, nesta cota, as encostas a barlavento são mais expostas aos ventos. Há também a
influência da percolação da água pelos solos, que ao entrarem em contato com rochas
sotopostas, fluem em direção as encostas, tornando-as úmidas. No platô da serra, a ocorrência
pode ser explicada também pela ocorrência de latossolos. Abaixo, a Figura 34 simplifica os
processos que influenciam a distribuição desta fisionomia.

Figura 34: Padrão de localização da FTSS.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Unidades fitoecológicas

Dispostos os padrões e processos das fisionomias encontradas na serra João do Vale,


segue-se agora com a discussão sobre as unidades fitoecológicas resultantes. As unidades
presentes na área de estudo refletem os padrões e processos fitogegráficos que se dão na
paisagem, e em cada uma delas foram registrados espécies-chave, as quais ajudaram na
definição de cada unidade. A seguir, a Tabela 17 dispõe as unidades fitoecológicas ocorrentes
na área de estudo.
93

A FTSS concentra 04 unidades fitoecológicas, sendo que 03 destas (FTSS de escarpas


areníticas e a FTSS de escarpas cristalinas) são caracterizadas pela espécie-chave Syagrus
cearensis Noblick. (Família Arecaceae), onde sua ocorrência indica a presença da Floresta
tropical sazonalmente seca em encostas e escarpas. Esta espécie é largamente citada em
trabalhos no Nordeste setentrional onde a FTSS se faz presente (e.g. CESTARO; SOARES,
2004; RODAL; BARBOSA; THOMAS, 2008; OLIVEIRA et al., 2009; BARBOSA, 2017;
CORDEIRO; SOUZA; FELIX, 2017).
A unidade “Floreta tropical sazonalmente seca de platôs” é a mais conservada das que
foram registradas para este estudo, sendo caracterizada pelo seu porte bem desenvolvido e pela
ocorrência das espécies-chave Syagrus cearensis Noblick. (Família Arecaceae) e Copaifera
duckei Dwyer (Família Fabaceae). Estes táxons são comumente registrados em fragmentos de
FTSS (e.g. CESTARO; SOARES, 2004; OLIVEIRA et al., 2009; MEDEIROS, 2016;
BARBOSA, 2017).

Tabela 17: Unidades fitoecológicas da serra João do Vale.


Unidade do Fisionomia Unidade
Espécies-chave
relevo vegetal fitoecológica
Escarpas Floreta tropical FTSS de escarpas
Syagrus cearensis Noblick.
areníticas sazonalmente seca areníticas

Manihot glaziovii Müll. Arg.;


Myracrodruon urundeuva
Caatinga arbórea
Caatinga de escarpas Allemão; Anadenanthera
e/ou Caatinga colubrina (Vell.) Brenan;
cristalinas
Escarpas arbustiva Bauhinia cheilantha (Bong.)
cristalinas Steud.; Bauhinia forficata Link

Floreta tropical FTSS de escarpas


Syagrus cearensis Noblick.
sazonalmente seca cristalinas

Manihot glaziovii Müll. Arg.;


Myracrodruon urundeuva
Caatinga arbórea
Allemão; Anadenanthera
e/ou Caatinga Caatinga de encostas colubrina (Vell.) Brenan;
arbustiva Bauhinia cheilantha (Bong.)
Encostas
Steud.; Bauhinia forficata Link

Floreta tropical
FTSS de encostas Syagrus cearensis Noblick.
sazonalmente seca

Floreta tropical Syagrus cearensis Noblick. e


Platôs FTSS de platôs Copaifera duckei Dwyer
sazonalmente seca
Fonte: Elaborado pelo autor.
94

A Caatinga, por sua vez, apresentou duas unidades fitoecológicas, sendo que a unidade
“Caatinga de escarpas cristalinas” pode apresentar fisionomias arbustiva ou arbórea, bem como
na unidade “Caatinga de encostas”. As unidades que representam as fisionomias de Caatinga
foram simplificadas devido, salvo algumas exceções, à similaridade florística entre elas,
diferenciando-se basicamente pelo porte dos vegetais.
Para a unidade que apresentou a fisionomia “arbórea”, as espécies-chave foram a
Manihot glaziovii Müll. Arg. (Família Euphorbiaceae) e a Myracrodruon urundeuva Allemão
(Família Anacardiaceae), ambas com porte arbóreo. As espécies-chave da fisionomia arbustiva
foram os táxons Croton sonderianus Müll. Arg. (Família Euphorbiaceae), a Anadenanthera
colubrina (Vell.) Brenan (Família Fabaceae), Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (Família
Fabaceae) e a Bauhinia forficata Link (Família Fabaceae). As ocorrências destes táxons podem
ser observadas para ambientes serranos (e.g. PEREIRA NETO; SILVA, 2012; CALIXTO
JÚNIOR; DRUMOND, 2014; MEDEIROS, 2016).

Considerações finais do capítulo

Diante dos padrões e processos observados, a FTSS que recobre os platôs e as escarpas
e encostas mais altas são disjunções de formações florestais que recobrem ouras serras com
condições ambientais semelhante à da serra João do Vale (e.g. serra Martins-Portalegre, serra
de Sant’ana e encostas e cristas do planalto da Borborema) e em fragmentos nas cercanias da
Floresta Atlântica. No tocante as unidades fitoecológicas, foi observado que a área de estudo
apresenta complexidade fitogeográfica e paisagística.
Destaca-se, portanto, a consideração de que ambientes serranos, principalmente os que
são recobertos pela FTSS, devem ser incluídos em planos de conservação e manejo do bioma
Caatinga.
95

CAPÍTULO 05 - SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS PRESTADOS PELA COBERTURA


VEGETAL DA SERRA DE JOÃO DO VALE 7

Introdução

Os levantamentos de serviços ecossistêmicos oferecem bases para o entendimento de


como funções e processos ecossistêmicos contribuem com seus benefícios para o bem-estar
humano (e.g. COSTANZA et al., 1997; COSTANZA et al., 2014; COSTANZA et al., 2017), e
por isso, é crescente a aplicação dos levantamentos de serviços para a conscientização sobre a
conservação e uso inteligente dos recursos naturais dos ecossistemas (e.g. HAINES-YOUNG;
POTSCHIN, 2009; HAINES-YOUNG; POTSCHIN, 2010).
No âmbito dos levantamentos de serviços, as representações cartográficas de serviços
ecossistêmicos têm experimentado crescente aplicação pela sua importância em análises
integradas com outras abordagens, tal como a produção de artigos relacionando serviços
ecossistêmicos com as dinâmicas de usos e ocupações (e.g. WANG et al., 2015; JACOBS et
al., 2015; MAES; CROSSMAN; BURKHARD, 2016; KINDU et al., 2016; OWUOR et al.,
2017). Dessa forma, os levantamentos e análises de serviços ganham força com a espacialização
dos serviços e onde eles ocorrem.
Em ambientes semiáridos do Nordeste do Brasil, importantes levantamentos e
mapeamentos de serviços ecossistêmicos já foram realizados (e.g. COSTA et al., 2014;
OLIVEIRA et al., 2016; GUEDES, 2018), porém, ainda é evidente a lacuna a ser preenchida
por este conhecimento no tocante aos serviços ecossistêmicos prestados pela Caatinga e outras
formações vegetais que recobrem ambientes serranos. É sabido que diversos processos
ecológicos ocorrentes na Caatinga podem desencadear serviços, tais como a produção de
biomassa (e.g. MENEZES et al., 2012; MORAIS et al., 2017), a atuação da cobertura vegetal
no controle da erosão (e.g. DORNELLAS et al., 2017; MOURA et al., 2018) e a apropriação
destes processos pelas comunidades rurais, bem como os usos dos recursos lenhosos/vegetais e
faunísticos (e.g. SILVA et al., 2014; NASCIMENTO; RAMOS; SILVA, 2019).
Neste contexto, o presente capítulo teve como objetivo avaliar os serviços
ecossistêmicos da vegetação nativa remanescente do maciço João do Vale (RN/PB).

7
Este capítulo está em fase de formatação e revisão para ser submetido ao Journal of Ecosystem Services
(QualisCAPES – A1/CIÊNCIAS AMBIENTAIS).
96

Materiais e métodos

Com relação aos serviços ecossistêmicos prestados pela cobertura vegetal dos
ambientes serranos, estes foram listados com base na classificação CICES – The Common
International Classification of Ecosystem Services V4.3 (HAINES-YOUNG; POTSCHIN,
2013). Os serviços listados foram enquadrados nas seguintes classes: 1) Serviços de provisão
(provisão comida e outros recursos, etc.); 2) Serviços de regulação e manutenção (regulação da
qualidade da água e do solo e degradação de áreas, etc.); 3) Serviços culturais (benefícios
recreacionais, de saúde física e mental, turismo, apreciação estética da paisagem e outros
benefícios não materiais) (HAINES-YOUNG; POTSCHIN, 2013).
As etapas de coletas de dados via questionários (Apêndice 03) foram importantes para
a listagem e corroboração da prestação dos serviços ecossistêmicos de “Serviços de provisão”
e de “Serviços culturais”. O levantamento de serviços via questionários foram feitas em duas
etapas: 1) Submissão do protocolo de coleta de dados via questionário semiestruturado ao
Comitê de Ética da UFRN (CEP/UFRN) e 2) Posterior a liberação do protocolo (CAAE:
98794918.5.0000.5537 e n° do parecer: 2.996.474 – Anexo 01), os questionários foram
aplicados com base no método “informante-chave” ou “bola de neve” (MARSHALL, 1996),
onde um entrevistado indicou o próximo participante, e assim por diante. Entre dezembro de
2018 e janeiro de 2019, foram 18 entrevistados, sendo 07 mulheres e 11 homens.
Para a espacialização dos “Serviços de provisão” e de “Serviços culturais”, e obtenção
dos “Serviços de regulação e manutenção” foram usados métodos de álgebra de mapas, onde
arquivos matriciais submetidos a ferramenta Weighted Overlay (Sobreposição Ponderada)
(Figura 35). Por fim, os resultados das álgebras foram inseridos na planilha de somatório de
serviços para definição dos pesos e respectivas cores para os mapas finais seguindo os descritos
em Burkhard et al. (2009) e Burkhard; Maes (2017).
97

Figura 35: Procedimentos dos cálculos Weighted Overlay.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para a geração do mapa de “Serviços de provisão” do ambiente serrano estudado,


foram ponderados os serviços listados pelos entrevistados (Figura 36). O mesmo procedimento
foi aplicado para o mapa de “Serviços Culturais” (Figura 37).
98

Figura 36: Procedimentos dos cálculos Weighted Overlay para o SE “Provisão”.

Fonte: Elaborado pelo autor.


99

Figura 37: Procedimentos dos cálculos Weighted Overlay para o SE “Cultural”.

Fonte: Elaborado pelo autor.


100

Para a geração do mapa de “Mediação de Fluxos” com ênfase no grupo “Fluxos de


massas” do ambiente serrano estudado, foi atribuído para cada layer um “peso” (Figura 38). Os
procedimentos para a produção de mapas dos serviços de “Serviços de regulação e manutenção”
empregaram imagens de radar ALOS/sensor Palsar, com resolução espacial de 12,5 metros
(Data: 30/10/2012, Órbita Absoluta: 26270, Ângulo: 34.3° e Data: 16/01/2011, Órbita
Absoluta: 26518, Ângulo: 34.3°). O software utilizado foi o ArcMap/ArcGIS 10.3 (ESRI®).

Figura 38: Procedimentos dos cálculos Weighted Overlay para o SE “Mediação de Fluxos”.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para a geração do mapa de “Mediação de Fluxos” com ênfase no grupo “Fluxos de


líquidos”, foi gerado a drenagem da área de estudo, por meio da qual criou-se um buffer com
raio de distância de 30 metros. O tamanho deste foi justificado pelo raio da Área de Preservação
Permanentes (APPs) de cada dreno, levando em consideração os critérios descritos na Lei
Federal nº 12.651/2012. Foram empregados também a altimetria e as classes de usos e
coberturas. Após isto, procedeu-se com a geração do mapa empregando a ferramenta Weighted
Overlay, sendo conferido a cada layer um “peso” (Figura 39).
101

Figura 39: Procedimentos dos cálculos Weighted Overlay para o SE Mediação de Líquidos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os resultados obtidos para o “Serviços de Mediação de Resíduos” com ênfase no grupo


“Mediação por Ecossistema” foram adquiridos por meio da sobreposição ponderada do Índice
de Vegetação Ajustado ao Solo (SAVI) correspondente a dois momentos no tocante a
precipitação anual na área de estudo (período chuvoso e período seco), e também das formas
de usos e coberturas da terra. As bandas espectrais para o cálculo do SAVI foram do satélite
Sentinel-2A, com resolução espacial 10 metros. As datas para cada período foram: para o
período chuvoso (Data: 21/04/2018, Tile number: T24MYU e sensor MSI) e para o período
seco (Data: 17/11/2018, Tile number: T24MYU e sensor MSI). O pré-processamento foi
realizado em ambiente de SIG, empregando o plugin Semi-Automatic Correction, do QGIS v.
3.0 (Essen/GNU - General Public License©) (QGIS TEAM, 2015).
A bibliografia especializada (e.g. COSTA et al., 2007; ANDRADE et al., 2008;
MENEZES et al., 2012) contribui na decisão de atribuir maiores pesos ao período chuvoso em
virtude de a biomassa produzida pela Caatinga ser maior nesta época do ano (Figura 40).
102

Figura 40: Procedimentos dos cálculos Weighted Overlay para o SE Mediação por Ecossistema.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para o mapa de serviço de “Manutenção das condições físicas, químicas e biológicas”


com ênfase no grupo “Formação de Solo”, foram sobrepostos de forma ponderada os arquivos
referentes a declividade da área de estudo, a produção de biomassa (raster correspondente ao
SE Mediação por Ecossistema) e as formas de usos e cobertura da terra (Figura 41).
103

Figura 41: Procedimentos dos cálculos Weighted Overlay para o SE Formação de Solo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Resultados e Discussões

A cobertura vegetal da serra João do Vale presta, segundo a parcela amostral, serviços
ecossistêmicos de “Provisão”, direta e indiretamente, por meio do componente vegetal e
faunístico. Dos recursos vegetais são extraídos para alimentação frutas e/ou sementes, tais como
o côco-catolé (fruto do Syagrus cearensis Noblick. ), maracujá do mato (Passiflora cincinnata
Mast.), umbú (fruto da Phytolacca dioica L.) e a semente da mucunã (Dioclea grandiflora Mart.
ex Benth.), além disso, o estrato herbáceo tem utilidade na alimentação de rebanhos de bovinos
e caprinos. Na Caatinga, a coleta de frutos e sementes, bem como o uso de herbáceas para
alimentar rebanhos são práticas realizadas principalmente em comunidades rurais do semiárido
(e. g. ARAUJO et al., 2010; LUCENA et al., 2012; SILVA et al., 2014; NASCIMENTO;
RAMOS; SILVA, 2019), sendo estes, portanto, serviços ecossistêmicos largamente prestados
pela Caatinga no semiárido.
A fauna local também é empregada na alimentação, principalmente mamíferos (e.g.
Euphractus sexcinctus Linnaeus 1758; Dasypus novemcinctus L.; Conepatus semistriatus
(Boddaert, 1785); Cavia aperea Erxleben, 1777; Tamandua tetradactyla (Linnaeus,1758)) e
aves (e.g. Crypturellus tataupa (Temminck, 1815); Zenaida auriculata (DesMurs 1847);
104

Patagioenas picazuro Temminck, 1813), além da extração de mel (e.g. Trigona spinipes
Fabricius). A obtenção destes se dá principalmente pela caça, cuja prática é proibida, mas
amplamente empregada no semiárido para fins alimentícios (e.g. ALVES; PEREIRA FILHO,
2007; ALVES et al., 2009; BARBOSA; NOBREGA; ALVES, 2011; ALVES; GONÇALVES;
VIEIRA, 2012; BARBOSA; AGUIAR, 2015; ALVES et al., 2016). A seguir, a Tabela 18
dispõe os serviços de “Provisão” listados pelos entrevistados.

Tabela 18: Serviços de Provisão prestados pela cobertura vegetal da serra João do Vale. Legenda: CaaArbó –
Caatinga arbórea; CaaArbu – Caatinga arbustiva; Ch – Corpos hídricos; FTSS – Floresta tropical sazonalmente
seca; Us - Usos agrícolas/Cajucultura; S. exp./H. – Solo exposto/Habitações/Rocha.
Seção Divisão Grupo Classe Uso Exemplo CaaArbó CaaArbu Ch FTSS Ua S. exp./Hab

Ameixa da Caatinga;
Côco-catolé; Mucunã;
Umbú; Maracujá do
Plantas selvangens Coleta X X X X X
mato; Guabiraba;
Herbáceas para
Nutrição Biomassa alimentação do gado

Mel de abelha, Tatu-


peba, Tatu verdadeiro,
Os animais
Caça Arribaçã, Asa Branca, X X X
selvagens
Ticaca, Juriti, Lambú,
Tamanduá e o Preá

Resina de Cumarú, do
Provisão Jatobá, Marmeleiro, da
Burra Leitera, Palha e
Fibras/materiais de
resina/óleo da palmeira
plantas e animais
Materiais Biomassa Coleta Catolé, Cipó d'água da X X X X
para usos direto ou
Caatinga, Casca do
transformação
Cumarú, do Brejuí, da
Jurema preta, da
Imburana e da Sucupira

Recursos lenhosos do
Marmeleiro, da Jurema
Fontes de
Recursos à base de preta, da Podolha, do
Energia energia a base Coleta X X X X
plantas Coração de Nego, da
de biomassa
Sucupira e do
Limãozinho

Fonte: Elaborado pelo autor.

Além dos usos para alimentação, os recursos lenhosos tanto da Caatinga como da
Floresta tropical sazonalmente seca tem aplicações para a elaboração de estruturas como
faxinas, cercas, porteiras, linhas, caibros e ripas (e.g. Myracrodruon urundeuva (Allemão);
Myroxylon peruiferum L. f.; Copernicia prunifera (Mill.) H.E.Moore; Croton sonderianus
Müll. Arg.; Copaifera duckei Dwyer; Amburana cearenses (Allemão) A.C. Sm.; Syagrus
cearensis Noblick. ; Mimosa tenuiflora Benth.), assim como o emprego de cascas, resina e óleos
para usos medicinais (e.g. Mimosa tenuiflora Benth.; Amburana cearenses (Allemão) A.C. Sm.;
Myroxylon peruiferum L. f.). Tais usos são comuns em todo o semiárido (e.g. LUCENA et al.,
2011; LUCENA et al., 2012; SILVA et al., 2014; SILVA et al., 2015; SANTOS et al., 2017;
105

NASCIMENTO; RAMOS; SILVA, 2019). Por fim, o componente lenhoso das formações
vegetais na serra João do Vale também tem emprego do ponto de vista energético (e.g. Croton
sonderianus Müll. Arg.; Copaifera duckei Dwyer; Mimosa tenuiflora Benth.), principalmente
para usos do “fogão a lenha”, sendo que tal emprego é bastante citado na bibliografia
especializada (e.g. RAMOS et al., 2008; LUCENA et al., 2012; SILVA et al., 2014; LIMA et
al., 2016; NASCIMENTO et al., 2019).
Quantos aos serviços “Culturais”, foram observados elementos
míticos/supersticiosos/simbólicos associadas as formações vegetais, como a lenda da “Comadre
Fulozinha” (umas das variações da lenda da Caipora), e de componentes vegetais e animas (uso
de sementes e casulos de insetos como elementos coibidores de sentimentos como a inveja,
popularmente conhecida como “mal olhado”). Do ponto de vista sagrado/religioso, os usos
abrangem a religião cristã, onde alguns vegetais são empregados em datas religiosas específicas
(e.g. Copaifera duckei Dwyer; Syagrus cearensis Noblick; Phytolacca dioica L.). Há também
interações físicas e vivenciais com os ecossistemas presentes na serra, tal como o
entretenimento por meio de trilhas, a produção de trabalhos acadêmicos (e.g. SIMÃO, 2017) e
suporte na educação ambiental, como mostra a Tabela 19.

Tabela 19: Serviços Culturais prestados pela cobertura vegetal da serra João do Vale. Legenda: CaaArbó –
Caatinga arbórea; CaaArbu – Caatinga arbustiva; Ch – Corpos hídricos; FTSS – Floresta tropical sazonalmente
seca; Us - Usos agrícolas/Cajucultura; S. exp./Hab – Solo exposto/Habitações/Rocha.
Seção Divisão Grupo Classe Exemplo CaaArbó CaaArbu Ch FTSS Ua S. exp./Hab
Comadre Fulozinha (variação
da lenda da Caipora); Casulo
da Cigarra contra "mal
Simbólico X X X X
olhado"; Semente da
mucunã contra "mal
olhado"
Interações intelectuais
Espiritual ou Palha da palmeira Catolé no
e simbólicas com o
emblemática "Domingo de ramos" (data
ecossistema
religiosa Cristã); Lenha da
Cultural Sagrado ou podolha para fogueiras das
X X X X
religioso festas juninas (data religiosa
Cristã); Fruto do umbú para
consumo na "semana
santa" (data religiosa Cristã)

Produção de trabalhos
Interações físicas e Interações
Científica X X X X X X
acadêmicos
intelectuais com o físicas e
ecossistema vivenciais Educacional Educação ambiental X X X X X X
Entretenimento Mirantes e trilhas X X X X X

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quanto a espacialização dos serviços de Provisão, (Figura 42) observou-se que toda a
cobertura vegetal presta serviços, havendo destaque para as fisionomias de Caatinga e FTSS,
que tiveram relevância “Alta capacidade relevante”. Quanto aos serviços culturais, todas as
106

classes apresentaram capacidade relevante, até mesmo Solo exposto/Habitações, que teve
serviços classificados como “Capacidade relevante” (Figura 43).

Figura 42: Espacialização do SE de Provisão.

Fonte: Elaborado pelo autor.


107

Figura 43: Espacialização do SE Cultural.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quanto as interações bióticas e abióticas nos diversos ambientes do semiárido do


Brasil, a cobertura vegetal de Caatinga desempenha funções importantes no que diz respeito a
regulação e manutenção de fluxos de massa, e seu estado de conservação tem influência
marcante na erosão de solos (e.g. DORNELLAS et al., 2017; MOURA et al., 2018). Para a área
de estudo, os ecossistemas recobrem áreas declivosas, encostas e escarpas onde a morfogênese
é predominante, havendo, naturalmente, maior incidência de fluxos de massas. Neste contexto,
a presença da cobertura vegetal em ambientes mais declivosos resulta em serviços
ecossistêmicos de “Mediação de Fluxos”, como mostra a Figura 44.
108

Figura 44: Espacialização do SE Mediação de Fluxo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A prestação desse tipo de serviço ecossistêmico com classificações “Alta capacidade


relevante” a “Capacidade relevante muito alta” se distribui principalmente na ocorrência de
áreas declivosas vegetadas por Floresta tropical sazonalmente seca e Caatinga arbórea. Encostas
com declividades menos acentuadas recobertas por Caatinga (tanto arbórea como arbustiva) e
platôs vegetados por FTSS prestam SE de “Medição de Fluxo” com importância variando de
“Baixa capacidade relevante” a “Capacidade relevante média”. Áreas com classificação
“Nenhuma capacidade relevante” são representadas sobretudo pela ocorrência de solo exposto
associadas a baixas declividades.
Além da mediação de fluxo, há também a prestação do SE “Mediação de Líquidos”,
desempenhados principalmente pelos drenos de primeira ordem presentes na serra João do
Vale. Os resultados da sobreposição ponderada indicaram que os ecossistemas prestam serviços
com maior enquadramento entre as classificações “Baixa capacidade relevante” a “Alta
capacidade relevante”. Explica-se a ocorrência de drenos com classificação inferior pela
combinação de altas declividades, Caatinga arbustiva e altitudes elevadas, os quais
potencializam a erosão e baixa infiltração/percolação. Além disso, tem-se a retirada de mata
ciliar, que amplifica os efeitos da erosão e degradação ambiental (e.g. SILVA et al., 2015). No
semiárido, a presença/ausência da cobertura vegetal tem impactos significativos na dinâmica
109

hídrica de um dreno ou bacia hidrográfica (e.g. SILVA et al., 2015; DORNELLAS et al., 2017;
MOURA et al., 2018).
O padrão de distribuição desse tipo de serviço pelo maciço estudado foi a de que
quanto mais alto, mais declivoso e mais esparsa a cobertura vegetal, menor será a infiltração, e
assim, menor será a classificação em nível de importância. A seguir, a Figura 45 dispõe a
espacialização dos serviços “Mediação de Líquidos”.

Figura 45: Espacialização do SE Mediação de Líquidos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os ecossistemas presentes na área de estudo são importantes variáveis na prestação de


serviços ecossistêmicos listados até aqui, e alguns processos que se desenvolvem nestes
sistemas originam serviços primordiais para a manutenção e funcionamento de processos
ecológicos. A sobreposição ponderada de índices de vegetação de diferentes períodos
pluviométricos juntamente com os usos e coberturas da terra permitiu classificar os serviços de
produção de biomassa e inferir o sequestro de carbono. Consideráveis parcelas dos ecossistemas
apresentaram prestação deste tipo de serviço com níveis de importância variando de “Baixa
capacidade relevante” até “Capacidade relevante média”. O predomínio de tais classificações
pode ser explicado pela sobreposição de ecossistemas de Caatinga arbustiva e os baixos valores
de atividade fotossintética (baixos se comparados com os observados para a FTSS).
110

Os níveis mais altos de importância na prestação de SE “Mediação por ecossistema”


estão distribuídos em conformidade com localização da FTSS, a qual é responsável pelos
maiores valores de na atividade fotossintética, mesmo em períodos de estiagem. Os processos
de sequestro de carbono, ciclagem e produção de biomassa nos ecossistemas de Caatinga são
mais atuantes durante a estação chuvosa, período no qual há intensa atividade fotossintética e
produção de biomassa (e.g. MENEZES et al., 2012; MORAIS et al., 2017), havendo produção
de serapilheira logo após o fim da estação chuvosa (e.g. COSTA et al., 2007; ANDRADE et
al., 2008). Salienta-se que a supressão da cobertura vegetal prejudica a prestação deste tipo de
serviço (ARAÚJO FILHO et al., 2018). A seguir, a Figura 46 mostra a distribuição do SE
“Mediação por ecossistema” pela área de estudo, expondo também as relevâncias dos serviços.

Figura 46: Espacialização do SE Mediação por ecossistema.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os ecossistemas de ambientes semiáridos atuam de forma incisiva tanto no processo


de pedogênese, quando presentes, quanto nos processos de erosão, quando ausentes (e.g.
DORNELLAS et al., 2017; MOURA et al., 2018). Para a área de estudo, os ecossistemas
desempenham o SE “Formação de Solo” com relevâncias entre “Capacidade relevante média”
a “Capacidade relevante muito alta”, o que denota importância singular da cobertura vegetal.
Este padrão de importância é explicado pela sobreposição de ecossistemas com produção de
111

biomassa sobrepostos a declividades medianas a suaves, uma vez que estas características
amplificam os processos de intemperismo e decomposição de biomassa.
O inverso é observado nas encostas mais declivosas, onde as importâncias mais baixas
na prestação deste tipo de serviço foram registradas. Contudo, as formações vegetais que
recobrem estas encostas desempenham importantes serviços de “Mediação de Fluxos”,
impedindo/retardando a dissecação dos solos e colúvios. A seguir, a Figura 47 espacializa os
serviços de “Formação de Solo”.

Figura 47: Espacialização do SE Formação de Solo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os levantamentos de dados para a avaliação de prestação de serviços ecossistêmicos


com foco em dados preferencialmente qualitativos são melhores adquiridos com o emprego de
entrevistas semiestruturadas. Estudos que empregaram levantamentos de dados por meio de
entrevistas semiestruturadas (e.g. KOVÁCS et al., 2015) obtiveram exitoso desenvolvimentos
em tanto para discussões acerca dos trade-offs (e.g. KOVÁCS et al., 2015) como para guiar a
ponderação de elementos importantes na avaliação de serviços ecossistêmicos (e.g. INKOOM
et al., 2018). Apesar de os estudos terem atingido os objetivos alçados e terem atingido
resultados importantes para cada tema, foi observado que nenhuma das pesquisas citada
112

abarcaram a esfera cultural dos serviços ecossistêmicos, tal como a presente pesquisa se dispôs
a fazer.
No tocante aos serviços que foram analisados por meio de sobreposições ponderadas,
admite-se que não foram empregadas entrevistas semiestruturadas para mensurar pesos para
cada variável utilizada, tal como foi observado nos métodos empregados em Inkoom et al.
(2018). É possível que no ato da conversão de dados para arquivos raster, que tenham
acontecido os controles dos resultados por estes conforme os descritos em Bagstad et al. (2018),
onde foi destacado que tanto a escolhas dos modelos como dos tipos de arquivos podem
influenciar significativamente os resultados. Não obstante, os modelos simples empregados na
presente pesquisa tendem a ter resultados robustos (BAGSTAD et al., 2018).
Os levantamentos e análises de serviços vem sofrendo abordagens mais integradas,
levando em consideração tanto as interações entre os serviços como a integração e os principais
condicionantes dos serviços na paisagem (ou cada um destes em separado) (e.g. CASTRO et
al., 2014; BASTIAN; GRUNEWALD; KHOROSHEV, 2015; INKOOM et al., 2018). Neste
contexto, os resultados obtidos aqui são frutos de uma análise integrada de variáveis intrínsecas
da paisagem (e.g. SE Mediação de Fluxos e SE Fluxos de líquidos), bem como da relação entre
serviços (e.g. SE Formação de Solo).
Apesar dos avanços na análise entre os serviços e a paisagem, tem sido chamada a
atenção acerca da dificuldade em que os resultados destas pesquisas tem de serem absorvidas
pelos planejadores e tomadores de decisão (PORTMAN, 2013). Tal dificuldade reside na
incapacidade de se simplificarem as relações entre serviços e a paisagem e também entre
serviços (PORTMAN, 2013), que podem ser complexas tanto do ponto de vista teórico (e.g.
BASTIAN; GRUNEWALD; KHOROSHEV, 2015) como em representações cartográficas
(e.g. BAGSTAD et al., 2018; INKOOM et al., 2018).
Os resultados obtidos neste trabalho não são exceção ao que foi dito acima, porém,
esforços foram feitos no sentido de amenizar as dificuldades, e para tanto, foram empregadas
as entrevistas semiestruturadas para garantir a participação dos maiores beneficiados pelos
serviços. Além do mais, foram abarcadas pessoas com protagonismo social e local, como
lideranças locais e professores, tal como foi observado nos procedimentos metodológicos em
Kovács et al. (2015).
Quanto as classes mapeadas, as que mais contribuíram para a prestação dos serviços
foram as relacionadas as coberturas vegetais, que influenciaram positivamente os resultados
dos cálculos. As coberturas vegetais (Caatinga arbustiva, Caatinga arbórea, FTSS e Usos
113

agrícolas/Cajucultura) tiveram papel fundamental nos serviços relacionados à Cultura e a


Provisão, sendo também cruciais nos serviços referentes a Regulação e manutenção.

Considerações finais do capítulo

Os métodos empregados na obtenção de informações sobre os serviços de “Provisão”


e “Cultural” se mostraram eficientes, uma vez que foram adquiridos in loco informações doa
moradores da área de estudo, que dependem direta e indiretamente dos componentes vegetais e
faunísticos para sobrevivência/sustento, bem como suas interações simbólicas/culturais
religiosas. É chamada a atenção para os problemas de representação cartográfica destes serviços
para este estudo, pois as experiências vividas por cada entrevistado eram relatadas de forma
aleatória, no tempo e no espaço.
Quanto aos métodos empregados para a obtenção dos serviços de “Regulação e
manutenção”, estes se mostraram eficazes tanto para distribuir quanto para classificar segundo
Burkhard et al. (2009). Salienta-se, contudo, que muitos serviços não foram obtidos devido à
ausência de dados para serem submetidos a sobreposição ponderada.
Por fim, os serviços obtidos para a área de estudo integram-se para caracterizar o modo
de vida e as relações entre as comunidades rurais ali presentes. Tais relações podem ser
harmônicas (e.g. entretenimento, produção de conhecimento científico) e antagônicas (e.g. caça
e coleta de recursos animais e vegetais), e a intensidade dessas relações podem tanto ampliar
alguns serviços (e.g. educação ambiental atuando sobre a conscientização da caça predatória)
como suprimir outros (e.g. desflorestamento suprimindo a formação de solos e/ou a mediação
de fluxos).
114

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base na bibliografia e em datações de estudos realizados no NE setentrional,


infere-se que os ecossistemas da serra João do Vale passaram por mudanças fisionômicas nos
20 – 22 mil anos AP, como informa o capítulo 02 desta pesquisa, sendo que as mudanças mais
drásticas e marcantes vêm ocorrendo nos últimos séculos com as intervenções humanas. A atual
disposição e localização dos ecossistemas da serra refletem essas mudanças, como foi discutido
no capítulo 04.
A Caatinga arbustiva, a fitofisionomia mais abrangente na área de estudo, tem sua
estrutura possivelmente influenciada pela intervenção do homem, bem como pela sucessão
ecológica. A Caatinga arbórea, por sua vez, tem sua estrutura influenciada pela sucessão
ecológica tardia, onde as espécies tiveram tempo suficiente para atingir o porte arbórea, e a
ausência da retirada seletiva de espécies arbóreas da Caatinga pelos moradores da serra João do
Vale. A localização da FTSS foi determinante para a sua disposição de sua atual estrutura, pois
recobria, em grande parte, platôs capeados por solo mais desenvolvidos, os mais cobiçados para
o plantio. Esse contexto levou a supressão desta fisionomia nos platôs, restando apenas alguns
fragmentos em encostas e escarpas mais declivosas e em pequenos platôs. Considerável porção
destes fragmentos encontram-se em estágio de sucessão.
Devido à complexidade das dinâmicas dos usos e coberturas, bem como as fisionomias
dos ecossistemas presenta na serra, os índices de vegetação comumente empregados em estudos
de vegetação no semiárido não obtiveram excelente desempenho, como era esperado. Conforme
os resultados dispostos no capítulo 03, os valores do NDVI e do SAVI apresentaram confusão
entre as fisionomias de Caatinga arbustiva e Caatinga arbórea, e ao não reconhecimento dos
usos agrícolas. Como forma alternativa de mapeamento, lançou-se mão do método de
mapeamento orientado ao objeto, com o emprego de imagens multiespectrais e pancromáticas
do CBERS – 4, aliados a 125 pontos de observação para correção de erros. Os resultados foram
melhores e muito aproximados aos vistos em campo.
No tocante aos serviços ecossistêmicos prestados pela cobertura vegetal da serra João
do Vale, estes apresentaram importâncias diferentes para cada serviço, permitindo analisar cada
forma de uso e cobertura por um espectro diferente para serviço, como mostra o capítulo 05.
Os métodos de sobreposição mostraram-se eficazes na espacialização de cada serviço, além de
ter empregado níveis de importância para cada SE. Dá-se destaque aos SE de Provisão e SE
Culturais, os quais tiveram informações obtidas diretamente de seus moradores.
115

Diante do problema suscitado nessa pesquisa (“Como os serviços ecossistêmicos


podem atuar na conservação de ecossistemas na serra de João do Vale (RN/PB)?”), os
resultados alcançados corroboraram com hipótese levantada: os serviços ecossistêmicos
prestados pelos ecossistemas de ambientes serranos se diferenciam de acordo com as variações
fisionômicas da cobertura vegetal, declividade e localização. Tais serviços podem ser usados
como argumentos para conservar determinados ecossistemas, seja em sua totalidade ou em
fragmentos, mediantes os serviços prestados.
Foi observado que tanto as variações fisionômicas da cobertura vegetal da serra João
do Vale quanto as declividades recobertas por elas e ainda sua localização diferenciam
substancialmente cada serviço prestado. Tal fato pode ser constatado observando-se os SE de
Provisão e os Culturais, que apresentaram diferentes importâncias. Outro fator que contribui
para esse ponto de vista foram as diferentes localizações dos SE de Regulação e Manutenção,
que variaram principalmente de acordo com a declividade e as fisionomias vegetais.
Aliado às fisionomias, os serviços ecossistêmicos prestados têm elevado potencial
auxiliar e embasar tomadas de decisão referentes a conservação de ecossistemas, bem como
ações para conscientização e educação ambiental. Conclui-se que o referencial teórico, os
objetivos, procedimentos metodológicos empregados e os resultados obtidos foram essenciais
para corroborar a hipótese conjecturada.
Por fim, a presente pesquisa não esgota os temas abordados aqui para a área de estudo,
pois outros problemas ainda permanecem sem respostas: A quanto tempo (no Quaternário) as
fisionomias de FTSS estiveram recobrindo a serra João do Vale? As resoluções das imagens
empregadas nos índices aplicados nesse estudo eram compatíveis com a complexidade das
formas de usos e coberturas, bem como das fitofisionomias do semiárido? Quais as implicações
do uso do método de Burkhard et al. (2009) no levantamento de serviços ecossistêmicos para
ambientes tropicais?
116

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133

APÊNDICE 01
UNIVERSIDADE FERERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ / DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
LABORATÓRIO DE BIOGEOGRAFIA - LABIGEO
PROJETO - Mapeamento da cobertura vegetal e serviços ecossistêmicos prestados pelas paisagens do Rio Grande do Norte
- (PROPESQ/PFV14404-2017).

FICHA DE COLETA DE DADOS DE CAMPO PARA DESCRIÇÃO DAS FITOFISIONOMIAS E


CLASSES DA COBERTURA VEGETAL OBTIDAS POR SENSORIAMENTO REMOTO

Levantamento de dados fitofisionômicos da vegetação

Identificação

N° da ficha: N° do ponto: Data: / / Autor da coleta:

Coordenadas UTM: Altitude: N° de fotos feitas Observações:

Formas de usos, ocupações e unidades da paisagem

Forma de usos/ocupações Fitofisionomia

Agricultura ( ) Caatinga arbórea ( )


Pecuária ( ) Caatinga arbustiva ( )
Monocultura ( ) Caatinga rala ( )
Habitação ( )
Açudagem ( ) Cobertura vegetal alterada:
Cobertura vegetal ( ) Outros:
Queimada ( )
Outros: Retirada total ( )
Retirada de madeira ( )

Unidade da paisagem:

Cristas vegetadas e/ou com usos agrícolas ( )


Depressão sertaneja vegetada e/ou com usos agrícolas ( )
Encostas vegetadas e/ou com usos múltiplos ( )
Escarpa vegetada e/ou com usos agrícolas pontuais ( )
Platô com predomínio de usos agrícolas ( )
Platô vegetado ( )

Estrutura da vegetação herbácea


( ) Epífetas; ( ) Líquéns; ( ) Musgos; ( ) Lianas
Densidade: ( ) Denso monoespecífico; ( ) Denso diverso; ( ) Aberto monoespecífico; ( )
Aberto diverso
Estrutura da vegetação não-herbácea
Densidade: ( ) Denso monoespecífico; ( ) Denso diverso; ( ) Aberto monoespecífico; ( )
Aberto diverso

Altura: ( ) 100 % > 10,0 m / ( ) 100 % entre 5,0 e 10,0 m /( ) 100 % entre 2,0 e 5,0 m /( )
100 % < 5,0 m

Indícios de fauna
Indiretos: ( ) ninhos / ( ) pegadas / ( ) excrementos / ( ) pêlos / ( ) penas / ( ) cupins

Diretos: ( ) avistamento / ( ) comunicação oral. Obs.


_____________________________________________

Aspectos gerais
Sucessão ecológica: ( ) Ambiente em sucessão; ( ) Ambiente em clímax
Ação antrópica:( ) Clara presença de ação antrópica; ( ) Baixa presença de ação antrópica
Sub-bosque: ( ) Presença de sub-bosque de plântulas; ( ) Presença de sub-bosque de arbustos;
( ) Ausente

Aspectos fenológicos:
( ) Abundância de flores; ( ) Presença de frutos; ( ) Folhagem perenifólia; ( ) Folhagem
caducifólia; ( ) F. Mista

Serrapilheira: ( ) Abundante; ( ) Regular; ( ) Pouca; ( ) Ausente


Aspectos gerais
136

APÊNDICE 02
Formas de Caatinga
36 705380,102 9334971,639
Ponto X Y usos e arbórea
cobertura Caatinga
37 705137,889 9335097,233
Usos arbustiva
1 705673,767 9337391,815
agrícolas Caatinga
38 704938,614 9335129,571
Usos arbustiva
2 705705,349 9337453,276
agrícolas 39 704468,493 9335438,759 FTSS
Usos
3 708178,762 9337686,889
agrícolas 40 703401,539 9335352,563 Habitação
Usos Usos
4 708023,684 9337703,736 41 703067,972 9335446,204
agrícolas agrícolas
Usos Caatinga
5 708054,099 9337660,213 42 703047,382 9335518,868
agrícolas arbustiva
Usos Caatinga
6 707200,016 9336964,499 43 704151,745 9336145,728
agrícolas arbustiva
7 707156,133 9336954,970 Habitação 44 704272,356 9335949,351 Solo exposto
Usos
8 707815,090 9336847,370 45 704416,240 9335412,309 Açude
agrícolas
Usos Estrada/via
9 707618,753 9337016,157 46 704998,998 9335048,301
agrícolas de acesso
Usos Caatinga
10 706132,740 9336793,199 47 706816,517 9334738,047
agrícolas arbustiva
Usos Estrada/via
11 706192,556 9336758,260 48 709782,217 9334292,842
agrícolas de acesso
Usos 49 709802,253 9334272,173 Habitação
12 706094,896 9336460,162
agrícolas
Usos Estrada/via
13 703679,903 9335541,202 50 700582,215 9331443,917
agrícolas de acesso
Usos Caatinga
14 703644,809 9335562,918 51 700607,286 9331382,826
agrícolas arbustiva
Caatinga
15 703592,883 9334730,796 Solo exposto 52 700578,933 9331477,612
arbustiva
Usos Caatinga
16 703674,882 9334663,718 53 700543,287 9331498,816
agrícolas arbustiva
Usos Caatinga
17 704940,794 9333501,337 54 700503,28 9331494,631
agrícolas arbustiva
Usos Estrada/via
18 703360,394 9332925,304 55 700498,674 9331475,428
agrícolas de acesso
Usos 56 700228,015 9331502,655 Solo exposto
19 703980,160 9336953,147
agrícolas
Caatinga Caatinga
20 709748,704 9334151,035 57 700210,218 9331453,968
arbustiva arbustiva
Caatinga Caatinga
21 708908,937 9334633,705 58 700119,758 9331489,300
arbórea arbustiva
Caatinga Caatinga
22 708859,155 9334597,329 59 700100,604 9331416,776
arbórea arbustiva
Caatinga Caatinga
23 708680,794 9334751,169 60 700122,328 9331375,229
arbustiva arbustiva
Caatinga Caatinga
24 708677,831 9334811,168 61 700134,123 9331483,892
arbustiva arbórea
Caatinga Caatinga
25 708250,562 9334723,871 62 700070,786 9331514,772
arbustiva arbustiva
Caatinga 63 700072,343 9331969,787 FTSS
26 708305,143 9334791,362
arbustiva
64 700006,345 9331992,213 FTSS
Caatinga
27 708223,624 9334577,697 Caatinga
arbustiva 65 699858,413 9332309,663
Caatinga arbórea
28 708174,736 9334545,290 Caatinga
arbustiva 66 699803,057 9332390,654
Caatinga arbórea
29 706682,748 9334811,995 Caatinga
arbustiva 67 699710,44 9332362,081
Caatinga arbórea
30 706638,266 9334866,255 Caatinga
arbustiva 68 699691,623 9332362,524
Caatinga arbórea
31 706652,097 9334882,770
arbustiva 69 699511,271 9332599,544 FTSS
Caatinga
32 706714,582 9334807,308 Estrada/via
arbustiva 70 699408,724 9332750,928
de acesso
Caatinga
33 706732,364 9334862,192 71 699293,057 9332786,669 FTSS
arbustiva
Caatinga Caatinga
34 706689,62 9334681,251 72 700654,266 9331421,959
arbustiva arbórea
Caatinga Caatinga
35 706706,249 9334575,599 73 701109,519 9331249,863
arbustiva arbustiva
Caatinga 113 706624,066 9339453,301 Açude
74 701140,693 9331086,224
arbustiva
75 708627,902 9337389,658 FTSS 114 706598,432 9339517,407 Açude
Estrada/via Estrada/via
76 709340,646 9336963,565 115 703802,745 9337835,815
de acesso de acesso
Caatinga Estrada/via
77 709688,818 9337225,145 116 702728,733 9338305,250
arbustiva de acesso
Usos Caatinga
78 709741,394 9337049,783 117 702326,564 9338734,122
agrícolas arbustiva
Caatinga Estrada/via
79 709682,148 9336834,68 118 702269,027 9338911,516
arbustiva de acesso
Caatinga Caatinga
80 709947,332 9337521,747 119 701699,819 9338756,270
arbustiva arbustiva
Caatinga Caatinga
81 709458,76 9337720,888 120 706140,600 9333444,150
arbórea arbustiva
Caatinga 121 706376,240 9333590,100 FTSS
82 709504,102 9337693,76
arbustiva
Caatinga 122 706533,540 9333520,580 FTSS
83 709627,09 9337761,58
arbustiva 123 699806,420 9332152,380 FTSS
Usos
84 710022,455 9337985,046 124 699824,600 9332027,720 FTSS
agrícolas
Usos
85 710412,373 9337850,267 125 699691,740 9332038,340 FTSS
agrícolas
86 710366,983 9337785,085 Açude
87 710794,321 9337652,982 Habitação
88 710879,819 9338061,33 Açude
89 710826,659 9338143,106 Açude
90 711099,546 9337889,611 Solo exposto
91 711189,862 9337824,343 Solo exposto
Caatinga
92 711025,34 9338008,876
arbórea
Usos
93 711722,031 9338012,961
agrícolas
Usos
94 711828,788 9338006,712
agrícolas
95 711934,244 9337974,233 Habitação
96 712000,169 9338029,782 Açude
97 711976,884 9338156,612 Solo exposto
98 712010,208 9338191,831 Solo exposto
Caatinga
99 711775,681 9338259,309
arbustiva
Caatinga
100 703934,668 9338143,339
arbustiva
Caatinga
101 703883,540 9338453,440
arbustiva
Estrada/via
102 703981,821 9338584,982
de acesso
Caatinga
103 704821,132 9338936,639
arbustiva
Caatinga
104 704983,786 9339177,990
arbustiva
105 705015,688 9339244,837 Habitação
Caatinga
106 705314,793 9338839,455
arbustiva
Usos
107 705487,550 9338857,713
agrícolas
108 705507,312 9338969,680 Açude
109 705567,155 9339080,360 Açude
Caatinga
110 706057,561 9339246,164
arbustiva
111 706349,296 9339343,896 Habitação
Caatinga
112 706476,168 9339305,784
arbustiva
139

APÊNDICE 03
UNIVERSIDADE FERERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ / DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
LABORATÓRIO DE BIOGEOGRAFIA - LABIGEO
PROJETO - Mapeamento da cobertura vegetal e serviços ecossistêmicos prestados pelas paisagens do Rio Grande do Norte -
(PROPESQ/PFV14404-2017).

FICHA PARA INVENTÁRIO E CLASSIFICAÇÃO DO SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS

DADOS GERAIS DA FICHA

N° da ficha: Data: / / Observações:

Coordenadas UTM:

DADOS GERAIS DO ENTREVISTADO

Sexo: Local de residência: Idade:

( ) Feminino ( ) Masculino ( ) Serra João do Vale ( ) Entre 15 e 25


( ) comunidade rural no entorno ( ) Entre 25 e 35
Renda: ( ) Zona urbana de Jucurutu - RN ( ) Entre 35 e 45
( ) Zona urbana de Triunfo Potiguar - RN ( ) Entre 45 e 55
( ) Até 01 salário mínimo ( ) Zona urbana de Campo Grande - RN ( ) 55 ou mais
( ) Até 02 salários mínimo Outro:
( ) Mais 03 salários mínimo

Escolaridade:

( ) Ensino fundamental completo ( ) Ensino superior completo ( ) Nunca estudou


( ) Ensino fund. incompleto ( ) Ensino superior incompleto Outro:
( ) Ensino médio completo ( ) Pós-graduado
( ) Pós-graduação em
( ) Ensino médio incompleto andamento

SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS

PROVISÃO

Nutrição (alimentação) Sim ( ) Não ( )


O que é retirado da Caatinga para alimentação? Onde?

Materiais (óleos, resinas, fibras) Sim ( ) Não ( )


O que é retirado da Caatinga como matéria-prima? Onde?
Energia (por exemplo, galhos e gravetos para fogão a lenha) Sim ( ) Não ( )
O que é retirado da Caatinga para este fim? Onde?

CULTURAL

Interações intelectuais e simbólicas com o ecossistema (ligação religiosa/espiritual com a Caatinga)


Sim ( ) Não ( )
O que é usado para fins religiosos na Caatinga? Onde?
142

ANEXO 01
UFRN - UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO
NORTE - LAGOA NOVA

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: FITOFISIONOMIA E SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS DA COBERTURA VEGETAL DA


SERRA JOÃO DO VALE (RN/PB)
Pesquisador: ALISSON MEDEIROS DE OLIVEIRA
Área Temática:
Versão: 2
CAAE: 98794918.5.0000.5537
Instituição Proponente: Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 2.996.474

Apresentação do Projeto:
Trata-se de uma pesquisa com nível de abrangência de Mestrado proposta pelo Programa de Pós-
graduação em Geografia. O objetivo geral da pesquisa é inventariar, analisar e agrupar os serviços
ecossistêmicos prestados pela cobertura vegetal na paisagem da serra de João do Vale (RN/PB) nas
unidades da paisagem para definir áreas prioritárias para a conservação. Os primeiros resultados desta
pesquisa, dispostos no Capítulo 01: “Dinâmica multitemporal da Caatinga no maciço Serra João do Vale
(RN/PB) como subsídio para o estudo da paisagem” apresentam o contexto multitemporal da Caatinga no
ambiente serrano, indo além da série histórica humana na área de estudo. As interpretações das condições
paleoambientais do semiárido do Nordeste Setentrional permitem inferir que a fisionomia da Caatinga
oscilou entre savanas com condições de manter uma megafauna pleistocênica e fisionomias florestais
entren42 mil anos A.P. e 11.800 anos A.P., e que a área de estudo apresentou variações semelhantes. Sua
atual fisionomia é resultado de ações humanas que começaram noséculo VXII. Após essas considerações,
com base nas imagens de Landsat 5 e Landsat 8, foram gerados mapas multitemporais das formas de uso e
ocupação do maciço, tais mapas são referentes aos anos de 1985, 1995, 2005 e 2015. Por fim, com base
nos resultados dos usos históricos, foram delimitados e classificados 06 (seis) unidades da paisagem na
área estudada: Cristas vegetadas e com usos agrícolas; Depressão sertaneja vegetada e com usos
agrícolas; Encostas vegetadas e com múltiplos usos; Escarpas vegetadas e com usos agrícolas pontuais;
Platô com predomínio de usos agrícolas e Platô vegetado.

Endereço: Av. Senador Salgado Filho, 3000


Bairro: Lagoa Nova CEP: 59.078-970
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Objetivo da Pesquisa:
Hipótese:

Os serviços ecossistêmicos prestados pelos ecossistemas de ambientes serranos se diferenciam de acordo


com as variações fisionômicas e florísticas da cobertura vegetal, e tais serviços podem ser usados para
subsidiar a conservação na Caatinga.

Objetivo Primário:

Objetivo geral

Avaliar os serviços ecossistêmicos prestados pela cobertura vegetal na paisagem da Serra de João do Vale
(RN/PB) para definir áreas prioritárias para a conservação.

Objetivo Secundário:

Objetivos específicos

•Caracterizar a os usos e cobertura da terra no período entre 1985 e 2015;

•Identificar e descrever as variações fisionômicas e florísticas da cobertura vegetal;

•Avaliar os serviços ecossistêmicos da vegetação nativa remanescente;

•Elaborar uma proposta de áreas prioritárias para a conservação da vegetação na área.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:


Riscos:
Os possíveis riscos na aplicação de questionários e entrevistas semiestruturadas no âmbito da pesquisa
“Fitofisionomia e serviços ecossistêmicos da cobertura vegetal da Serra João do Vale (RN/PB)” se resumem
a:
O participante da pesquisa pode se não sentir à vontade responder as questões;
O participante da pesquisa pode se irritar mediante as perguntas ou com a duração da pesquisa;

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O participante da pesquisa poderá temer que a pesquisa seja ligada a uma fiscalização de um órgão
ambiental, o que pode gerar riscos de agressão verbal.

Para cada risco, serão tomadas medidas preventivas e de reparação, as quais serão dispostas a seguir:
1) Para diminuir o risco de o participante não se sentir à vontade de participar da pesquisa ou de o mesmo
se irritar no ato da entrevista, será apresentado o projeto de pesquisa seguindo todas as recomendações do
capítulo III da Resolução 510/2016;
2) No caso do participante se sentir inseguro ou apresentar sinais de impaciência ou irritação, o processo de
entrevista será imediatamente interrompido, e logo depois será perguntado se o participante deseja encerrar
a entrevista, e caso a resposta seja positiva em relação a pergunta, a entrevista será finalizada.
3) Será esclarecido aos participantes que a entrevista e a pesquisa não têm ligações com órgãos
ambientais, e que as informações cedidas por eles
serão vistas como sigilosas. Em caso de persistência da dúvida ou do medo do participante de que a
pesquisa esteja ligado a algum órgão ambiental, a entrevista será cancelada e/ou interrompida.

Benefícios:
Os possíveis benefícios na aplicação de questionários e entrevistas semiestruturadas no âmbito da pesquisa
“Fitofisionomia e serviços ecossistêmicos da cobertura vegetal da Serra João do Vale (RN/PB)” se resumem
a:
O participante da pesquisa poderá ter melhor conhecimento sobre o bioma Caatinga;
O participante da pesquisa pode ter noções de educação ambiental;
O participante da pesquisa poderá ter acesso, no término da pesquisa, aos mapas de serviços
ecossistêmicos da Caatinga.

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:


Pesquisa é interessante para o conhecimento do bioma caatinga tanto para população acadêmica quanto
para população que vive nesse ambiente, bem como para entidades governamentais e sociedade em geral.

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:


Na atual versão estão adequados.
Lembrar que a dispensa da assinatura do registro de consentimento de forma escrita, não invalida, o
processo de consentimento. O pesquisador deve empreender esforços no sentido de esclarecer a

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população alvo do estudo acerca dos objetivos da pesquisa e da participação voluntária.

Recomendações:
Ler todos os campos desse parecer.

Desenvolver o protocolo de pesquisa conforme versão aprovada.

Enviar os relatórios da pesquisa.

Seguir rigorosamente as Resoluções e normativas éticas vigentes.

Atentar para necessidade ou não de cadastro no SISGEN Sistema de Cadastro do Acesso ao Patrimônio
Genético e ao Conhecimento Tradicional Associado.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:


Segue análise das respostas às pendências:

Pendência nº 01
1) Incluir o orientador do Mestrando na equipe da pesquisa no PB projeto de pesquisa.
Resposta
O orientador de mestrado deste projeto de pesquisa não foi incluído como membro da equipe na execução
do presente projeto de pesquisa na Plataforma Brasil devido ao mesmo não possuir cadastro na plataforma,
mas é assegurado que o orientador está ciente da pesquisa (o que pode ser visto nos documentos em tem a
assinatura do próprio).
Análise: como trata-se de uma recomendação e não de uma obrigatoriedade, a pendência foi justificada.

Pendência nº 02
2) O pesquisador solicita dispensa de TCLE, na verdade o que está sendo solicitado é a dispensa do
registro formal do consentimento livre e esclarecido, porém tal dispensa não isenta do processo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Recomendamos que o pesquisador tenha atenção a RES 510/16 CNS
no seu capítulo III e que siga rigorosamente o disposto nesse capítulo. Veja a possibilidade de ter esse
registro sob forma de gravação de voz e caso, opte por esse meio

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informar em todos os documentos em que essa informação esteja presente.


Resposta
Conforme o esclarecimento da dispensa formal do TCLE, foi enfatizado no documento
“Justificativa para Dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” (que será enviado pela
Plataforma Brasil, com modificações em vermelho), que será garantido a apresentação do projeto de
pesquisa ao participante, o qual será feito seguindo todas as recomendações do capítulo III da Resolução
510/2016. Em resposta a recomendação, não serão feitos registros em áudio das respostas dos
participantes.
Análise: pendência: atendida.

Pendência nº 03
3) Riscos da pesquisa: Art. 19 Res 510/16 CNS. O pesquisador deve estar sempre atento aos riscos que a
pesquisa possa acarretar aos participantes em decorrência dos seus procedimentos, devendo para tanto
serem adotadas medidas de precaução e proteção, a fim de evitar dano ou atenuar seus efeitos. O
pesquisador deverá explicitar no PB projeto de pesquisa melhor os riscos e as formas de minimizá-los.
Resposta
Os possíveis riscos na aplicação de questionários e entrevistas semiestruturadas no âmbito da pesquisa
“Fitofisionomia e serviços ecossistêmicos da cobertura vegetal da Serra João do Vale (RN/PB)” se resumem
a:
O participante da pesquisa pode se não sentir à vontade responder as questões;
O participante da pesquisa pode se irritar mediante as perguntas ou com a duração da pesquisa;
O participante da pesquisa poderá temer que a pesquisa seja ligada a uma fiscalização de um órgão
ambiental, o que pode gerar riscos de agressão verbal.
Para cada risco, serão tomadas medidas preventivas e de reparação, as quais serão dispostas a seguir:
1) Para diminuir o risco de o participante não se sentir a vontade de participar da pesquisa ou de o mesmo
se irritar no ato da entrevista, será
apresentado o projeto de pesquisa seguindo todas as recomendações do capítulo III da Resolução
510/2016;
2) No caso do participante se sentir inseguro ou apresentar sinais de impaciência ou irritação, o processo de
entrevista será imediatamente interrompido, e logo depois será perguntado se o participante deseja encerrar
a entrevista, e caso a resposta seja positiva em relação a pergunta, a

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entrevista será finalizada.


3) Será esclarecido aos participantes que a entrevista e a pesquisa não têm ligações com órgãos
ambientais, e que as informações cedidas por eles serão vistas como sigilosas. Em caso de persistência da
dúvida ou do medo do participante de que a pesquisa esteja ligado a algum órgão ambiental, a entrevista
será cancelada e/ou interrompida.

Diante do exposto, o protocolo de pesquisa está APROVADO.

Considerações Finais a critério do CEP:


Em conformidade com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde - CNS e Manual Operacional
para Comitês de Ética - CONEP é da responsabilidade do pesquisador responsável:
1. elaborar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE em duas vias, rubricadas em todas as
suas páginas e assinadas, ao seu término, pelo convidado a participar da pesquisa, ou por seu
representante legal, assim como pelo pesquisador responsável, ou pela (s) pessoa (s) por ele delegada(s),
devendo as páginas de assinatura estar na mesma folha (Res. 466/12 - CNS, item IV.5d);
2. desenvolver o projeto conforme o delineado (Res. 466/12 - CNS, item XI.2c);
3. apresentar ao CEP eventuais emendas ou extensões com justificativa (Manual Operacional para Comitês
de Ética - CONEP, Brasília - 2007, p. 41);
4. descontinuar o estudo somente após análise e manifestação, por parte do Sistema CEP/CONEP/CNS/MS
que o aprovou, das razões dessa descontinuidade, a não ser em casos de justificada urgência em benefício
de seus participantes (Res. 446/12 - CNS, item III.2u) ;
5. elaborar e apresentar os relatórios parciais e finais (Res. 446/12 - CNS, item XI.2d);
6. manter os dados da pesquisa em arquivo, físico ou digital, sob sua guarda e responsabilidade, por um
período de 5 anos após o término da pesquisa (Res. 446/12 - CNS, item XI.2f);
7. encaminhar os resultados da pesquisa para publicação, com os devidos créditos aos pesquisadores
associados e ao pessoal técnico integrante do projeto (Res. 446/12 - CNS, item XI.2g) e,
8. justificar fundamentadamente, perante o CEP ou a CONEP, interrupção do projeto ou não publicação dos
resultados (Res. 446/12 - CNS, item XI.2h).

Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:

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do Projeto ROJETO_1164054.pdf 09:33:12
Outros PDF_Modelo_02_Resposta_s_pendncia 19/10/2018 ALISSON Aceito
s.pdf 09:32:37 MEDEIROS DE
Outros Modelo_02_Resposta_s_pendncias.pdf 19/10/2018 ALISSON Aceito
09:32:05 MEDEIROS DE
TCLE / Termos de PDF_Modelo_02_Justificativa_de_dispe 19/10/2018 ALISSON Aceito
Assentimento / nsa_de_TCLE.pdf 09:31:10 MEDEIROS DE
Justificativa de OLIVEIRA
Ausência
TCLE / Termos de Modelo_02_Justificativa_de_dispensa_d 19/10/2018 ALISSON Aceito
Assentimento / e_TCLE.pdf 09:30:43 MEDEIROS DE
Justificativa de OLIVEIRA
Ausência
Outros Modelo_05_Termo_de_autorizao_para_ 04/09/2018 ALISSON Aceito
use_de_imagens.pdf 16:46:32 MEDEIROS DE
Outros Modelo_09_Formulrio_CEP_CENTRAL_ 04/09/2018 ALISSON Aceito
UFRN_2018.pdf 14:39:40 MEDEIROS DE
Outros 24071800.PDF 04/09/2018 ALISSON Aceito
14:38:54 MEDEIROS DE
Outros Modelo_07_Termo_de_confidencialidad 04/09/2018 ALISSON Aceito
e_2018.pdf 14:37:37 MEDEIROS DE
Cronograma cronograma.pdf 04/09/2018 ALISSON Aceito
14:36:23 MEDEIROS DE
Outros Modelo_03_Carta_de_anuncia.pdf 04/09/2018 ALISSON Aceito
14:35:31 MEDEIROS DE
Declaração de Modelo_02_Declarao_de_no_incio_201 04/09/2018 ALISSON Aceito
Pesquisadores 8.pdf 14:35:05 MEDEIROS DE
TCLE / Termos de Modelo_08_Justificativa_de_dispensa_d 04/09/2018 ALISSON Aceito
Assentimento / e_TCLE.pdf 14:34:10 MEDEIROS DE
Justificativa de OLIVEIRA
Ausência
Orçamento orcamento.pdf 04/09/2018 ALISSON Aceito
14:33:41 MEDEIROS DE
Projeto Detalhado / Projeto.pdf 22/08/2018 ALISSON Aceito
Brochura 15:00:06 MEDEIROS DE
Investigador OLIVEIRA
Folha de Rosto folha_de_rosto.PDF 22/08/2018 ALISSON Aceito
14:55:54 MEDEIROS DE
Outros Carta_de_anuencia.PDF 22/08/2018 ALISSON Aceito
14:55:32 MEDEIROS DE
Outros Declaracao_de_nao_inicio.PDF 22/08/2018 ALISSON Aceito
14:54:20 MEDEIROS DE
Outros Termo_confidencialidade.PDF 22/08/2018 ALISSON Aceito
14:51:50 MEDEIROS DE
TCLE / Termos de Dispenas_TCLE.PDF 22/08/2018 ALISSON Aceito

Endereço: Av. Senador Salgado Filho, 3000


Bairro: Lagoa Nova CEP: 59.078-970
UF: RN Município: NATAL
Telefone: (84)3215-3135 E-mail: cepufrn@reitoria.ufrn.br

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UFRN - UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO
NORTE - LAGOA NOVA
Continuação do Parecer: 2.996.474

Assentimento / Dispenas_TCLE.PDF 14:50:30 DE OLIVEIRA Aceito


Justificativa de
Ausência

Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não

NATAL, 01 de Novembro de 2018

Assinado por:
LÉLIA MARIA GUEDES QUEIROZ
(Coordenador(a))

Endereço: Av. Senador Salgado Filho, 3000


Bairro: Lagoa Nova CEP: 59.078-970
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