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Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


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THIARA OLIVEIRA RABELO

GEOCONSERVAÇÃO E RISCO DE DEGRADAÇÃO EM AMBIENTES


COSTEIROS: uma proposta de avaliação do geopatrimônio costeiro dos
munícipios de Raposa–MA e Galinhos-RN, Brasil

Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Geografia da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte como pré-requisito para
obtenção do título de doutora em Geografia.
Orientadora: Profa. Dra. Zuleide Maria Carvalho
Lima
Co-Orientador: Prof. Dr. Marcos Antonio Leite do
Nascimento

Natal – RN
2022

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THIARA OLIVEIRA RABELO

GEOCONSERVAÇÃO E RISCO DE DEGRADAÇÃO EM AMBIENTES


COSTEIROS: uma proposta de avaliação do geopatrimônio costeiro dos
munícipios de Raposa–MA e Galinhos-RN, Brasil
Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Geografia da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte como pré-requisito para
obtenção do título de doutora em Geografia.

Natal, 19/08/2022

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Zuleide Maria Carvalho Lima - UFRN


(Orientadora)

Prof. Dr. Marcos Antônio Leite do Nascimento - UFRN


(Co-orientador)

Prof. Dr. Marco Túlio Mendonça Diniz - UFRN


(Examinador interno)

Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva Costa - UFRN


(Examinador interno)

Profa. Dra. Simone Cardoso Ribeiro – URCA


(Examinadora externa)

Profa. Dra. Ana Beatriz Câmara Maciel – Rede Municipal de Educação de Natal
(Examinadora externa)

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN


Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes -
CCHLA

Rabelo, Thiara Oliveira.


Geoconservação e risco de degradação em ambientes costeiros :
uma proposta de avaliação do geopatrimônio costeiro dos
munícipios de Raposa?MA e Galinhos-RN, Brasil / Thiara Oliveira
Rabelo. - Natal, 2022.
236 f.: il. color.

Tese (doutorado) - Centro de Ciências Humanas, Letras e


Artes, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2022.
Orientador: Prof. Dr. Zuleide Maria Carvalho Lima.
Coorientador: Prof. Dr. Marcos Antônio Leite do Nascimento.

1. Geoconservação - Tese. 2. Ambientes costeiros - Tese. 3.


Avaliação do geopatrimônio - Tese. 4. Maranhão - Tese. 5. Rio
Grande do Norte - Tese. I. Lima, Zuleide Maria Carvalho. II.
Nascimento, Marcos Antônio Leite do. III. Título.

RN/UF/BS-CCHLA CDU 551.4.038

Elaborado por Heverton Thiago Luiz da Silva - CRB-15/710

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A Deus, meu Pai. Aos meus amados pais e minha irmã


E aos meus avós, Marcos e Júlia Rabelo (in memorian), Sebastião Oliveira (in
memorian) e Carmelita Machado.

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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, meu maior e mais sincero agradecimento a Deus, meu Pai e
provedor de tudo até hoje em minha vida. Sou grata por todo carinho, amor e milagres
no processo de escrita da tese, por me ajudar a fazer ciência e pela oportunidade de
concluir esta pesquisa em um tempo de pandemia da COVID-19, onde muitos
pesquisadores não tiveram a graça de concluir suas pesquisas.

Agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade


Federal do Rio Grande do Norte por toda a estrutura prestada ao longo destes quatro
anos de doutorado e pelo apoio para o meu desenvolvimento acadêmico e profissional.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior por todo apoio dado
para o desenvolvimento da pesquisa científica do Brasil.

Presto agradecimentos a FAPEMA (Fundação de Amparo à Pesquisa e


Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Maranhão) a concessão da
bolsa de doutorado para pesquisadores que estavam desenvolvendo suas pesquisas sobre
o Maranhão em programas de pós-graduação fora do Estado. Este a apoio aos
pesquisadores maranhenses tem sido essencial para a comunidade científica do
Maranhão.

Agradeço a minha orientadora Profa. Dra. Zuleide Lima por todo apoio,
compreensão, conhecimentos passados para mim no processo de orientação e
principalmente por acreditar no meu trabalho como pesquisadora. Eu aprendi muito com
você como pessoa e como profissional. Agradeço ao meu co-orientador Prof. Dr.
Marcos Nascimento pela disponibilidade na co-orientação desde a pesquisa de mestrado
e por todas as dúvidas tiradas e direcionamentos dados para a construção deste trabalho.
Seu trabalho com a temática geodiversidade é uma inspiração para mim como
pesquisadora.

Ao Laboratório de Geografia Física da UFRN, por toda a estrutura cedida para


análise granulométrica desta pesquisa e aos seus integrantes por toda ajuda e apoio para
esta etapa da pesquisa nas figuras de Ivaniza e Joyce e em especial a Moacir, que foi
essencial para esta etapa da pesquisa me ensinando com toda paciência e cuidados os
procedimentos necessários para as análises dos sedimentos. Agradeço a disponibilidade
e amizade. Agradeço também a Vitória, sempre solicita em tirar dúvidas e compartilhar
seus conhecimentos sobre a zona costeira de Galinhos.

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Aproveito a oportunidade para agradecer Núcleo de Estudos e Pesquisas


Ambientais da UFMA nas figuras do Prof. Dr. Antônio Cordeiro Feitosa, Profa. Dra.
Márita Ribeiro e Prof. Ms. Ulisses Denache por todo apoio dado durante a minha vida
acadêmica e pelo apoio para as atividades de campo e recepção dos professores
pesquisadores da UFRN no Maranhão.

Agradeço imensamente a minha família. Aos meus pais Domingos Cutrim


Rabelo e Edilene de Jesus Oliveira Rabelo vocês são meus maiores incentivadores e
apoiadores. Obrigada por todo amor dedicado a mim até hoje e por fazerem esta
pesquisa junto comigo, dando suporte para as atividades de campo no Maranhão. A
minha maravilhosa amiga e irmã Thauana, como sou agraciada por ter você na minha
vida e poder contar com seus conselhos e apoio na vida acadêmica também, sou grata
por cada conversa que tivemos durante este processo de doutorado. Essa conquista é da
nossa família.

Não tenho como deixar de agradecer as minhas tias, concita, uma segunda mãe,
e Vitória, que sempre estiveram acompanhando este processo em minha vida e
demonstrando cuidado e preocupação. E agradeço aqui aos meus avós paternos Marco
Rabelo e Júlia Rabelo e aos avós maternos Sebastião Oliveira e Carmelita Machado por
serem a base no incentivo para a busca por alçar voos maiores através da educação.

Agradeço, com todo amor, ao meu noivo Matheus Medeiros, que desde o
primeiro dia segurou firme na minha mão e abraçou esse processo de pesquisa
doutorado junto comigo. Você teve um papel crucial na etapa de quantificação desta
pesquisa, contribuindo muito através dos seus conhecimentos matemáticos. Obrigada
pelos seus ouvidos, pelo ombro amigo, por me ajudar a espairecer nas horas de tensão,
pelos risos, pelas conversas, pelas palavras de encorajamento e por sempre me lembrar
da soberana vontade de Deus nesta resta final. Obrigada por todo amor, meu bem. E sou
grata por todo cuidado da sua família comigo nesta reta final da pesquisa, obrigada dona
Maria Onzieme, seu Franciso e Larissa, vocês são pessoas ímpares.

Sou grata por todo apoio dos meus grandes amigos Ozimo e Naiara. Ozimo
você sempre foi um norte acadêmico para mim e muito obrigada por todo apoio sempre,
pela amizade, por todo carinho e preocupação comigo, não restrita apenas a vida
acadêmica, obrigada por permanecer. Naiara, sou tão grata por essa amizade/irmandade
que construímos. Por não desistirmos nunca uma da outra e por não deixar jamais que a

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distância diminuísse nossa amizade. Obrigada pelas ajudas durante a pesquisa, nas
atividades de campo e no laboratório. Obrigada por sempre está presente minha amiga.

Nayara e Andreza, agradeço a vocês neste processo de doutorado por


incontáveis motivos. Vocês são minhas amigas, irmãs e de quebra colegas de profissão
que admiro imensamente, como eu aprendo com vocês. Nayara, você literalmente me
acompanha desde a graduação nas áreas de estudo, sempre foi melhor pesquisar por te
ter dividido os conhecimentos e análises geográficas sobre as áreas de pesquisa.
Obrigada por ser essa amiga de todas as horas, pelos conselhos, pelo cuidado comigo,
por sempre me fazer rir, pelas orações e por me levar para mais perto de Deus.

Andreza, minha eterna companheira de turma, iniciou esta jornada geográfica


comigo e até hoje estamos crescendo juntas. Sou tão grata por crescemos como amigas,
pelas discussões geográficas, pelo cuidado e carinho comigo, por me ensinar tanto e
pela honra de acompanhar e crescer com você na área geográfica e espiritual. Vocês
duas foram essenciais para o desenvolvimento e conclusão dessa pesquisa. Foram
socorro presente em vários momentos, foram luz com várias ideias e sempre
acreditaram na proposta desta pesquisa. A vocês duas meu muito obrigada. E desejo que
a cada dia nossa amizade se fortaleça em Deus.

Agradeço com muita alegria aos amigos que a Pós-Graduação me trouxe, em


especial a Welton e Leonardo, vocês foram responsáveis por muitas alegrias neste
processo, ampliaram meu olhar geográfico e da vida como um todo. Em muitos
momentos vocês foram como família, com certeza um dos grandes presentes trazidos
pela geografia na UFRN em Natal. Agradeço a todos os conhecimentos geográficos
compartilhados pelos queridos amigos intitulados “Ridículos” em nosso grupo do
whastapp, não colocarei aqui o nome de todos, mas ao ler esta parte sei que vocês de
identificarão nestas linhas. Vocês são pessoas maravilhosas.

Agradeço ainda aos secretários do PPGE: André, por toda paciência para tirar
as dúvidas e ao Thiago pela prontidão em nos responder sempre que preciso. Sou grata
a todos os professores do PPGE – UFRN por todos os importantes conhecimentos
passados e compartilhados durante as disciplinas do doutorado, aprendi muito com
todos vocês.

Agradeço a Kerlon, por todo apoio e solicitude em atividades de campo no


município de Raposa, dividindo conosco seus conhecimentos de oceanógrafo que foram

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essenciais para este trabalho. Agradeço ao meu amigo, Wagner (Wa) por sempre se
mostrar presente neste processo de doutorado e por me acompanhar também quando
preciso nas atividades de campo na Raposa. Sou grata a Dona Graça e Dona Rosário por
sempre me incluírem em suas orações que foram sempre tão necessárias durante esse
período, vocês são especiais.

Agradeço ainda a alguns amigos que foram importantes neste processo:


Raquel, sou grata pela amizade, apoio, orações e por tantos ensinamentos espirituais que
contribuíram com certeza para minha maturidade acadêmica. Assim estendo meus
agradecimentos a todas as amizades surgidas através do grupo de crescimento da
CCVideira.

Por fim, presto meus agradecimentos a banca examinadora deste trabalho de


tese pela prontidão em aceitar o convite e pela leitura e análise feita sobre a pesquisa.
Agradeço ao Prof. Dr. Marco Túlio Diniz pelas essenciais contribuições e sugestões na
pesquisa desde a etapa de qualificação. Sou grata ao Prof. Dr. Diógenes Costa pelas
contribuições e apoio para o meu crescimento profissional desde o mestrado e por
sempre dar ideias e fazer sugestões que vieram contribuiram com o desenvolvimento da
pesquisa. Aproveito a oportunidade para agradecer a Profa. Dra. Ana Beatriz Maciel
pelas contribuições a este trabalho, por se mostrar sempre solícita e por ser um exemplo
de determinação na pesquisa científica. Agradeço as contribuições da Profa. Dra.
Simone Ribeiro, pela prontidão em colaborar com este trabalho e por se mostrar solícita
em transbordar suas contribuições para esta pesquisa. Muito obrigada a todos vocês.

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Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo!


Vocês não a reconhecem? Até no deserto vou abrir um
caminho e riachos no ermo.
(Isaías 43:19)

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RESUMO
A geodiversidade é uma temática necessária no âmbito das geociências e do
planejamento e gestão ambiental. O seu surgimento trouxe para as ciências ambientais e
aplicadas o resgate da importância das discussões sobre as potencialidades e a
conservação dos recursos abióticos através da geoconservação. Neste contexto,
destacamos os ambientes costeiros, que se constituem como áreas frágeis, visto que
estão em situações de transição entre o continente, o mar e a atmosfera e apresentam
grandes índices de ocupação humana e consequentemente estão expostos a várias
formas de uso do solo. Desta forma, destacamos a necessidade da geoconservação de
sítios prioritários da geodiversidade costeira levando em consideração suas
potencialidades e os riscos de degradação ao quais estão expostos. As metodologias de
avaliação do geopatrimônio são ferramentas essenciais para pensarmos em estratégias
para a geoconservação e gestão ambiental. O objetivo geral desta tese é contribuir
metodologicamente com a proposta de critérios que possam auxiliar a avaliação do
geopatrimônio costeiro considerando suas potencialidades, suas vulnerabilidades e
fragilidades a partir, das especificidades dos ambientes costeiros, fazendo neste trabalho
uma análise da geodiversidade costeira dos municípios de Raposa (MA) e Galinhos
(RN). O percurso metodológico desta pesquisa foi baseado principalmente no
levantamento de material bibliográfico e cartográfico sobre a temáticas e as áreas de
estudo, atividades de campo para levantamento de dados e aplicação de ficha de
inventariação dos sítios costeiros identificados em ambas as áreas, aplicação da
metodologia de quantificação com os critérios propostos neste trabalho e espacialização
dos dados da quantificação a partir de técnicas de geoprocessamento. A análise feita em
duas áreas de estudo possibilitou a compressão da geodiversidade costeira em contextos
geoambientais diferentes e possibilitou a proposta de critérios que viessem a contemplar
diferentes realidades costeiras. Os municípios de Raposa (MA) e Galinhos (RN)
apresentaram sítios costeiros de relevância nacional e internacional que estão
diretamente associados as maiores médias obtidas em relação ao risco de degradação. O
turismo em ambas as áreas foi identificado como fator causador de impactos ambientais
negativos e responsável pela conservação paisagística da área, sendo considerado o
geoturismo uma ferramenta que viria a trazer ganhos em relação a uso e conservação
para ambas as realidades. A avaliação do geopatrimônio costeiro a partir de critérios
específicos voltados para a zona costeira se mostrou eficaz para identificar
potencialidades e ameaças específicas que podem possibilitar o planejamento futuro de
estratégias de geoconservação mais precisas paras as duas áreas de estudo.

Palavras-Chave: Geosonservação; Ambientes costeiros; Avaliação do geopatrimônio;


Maranhão; Rio Grande do Norte.

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ABSTRACT

Geodiversity is a necessary topic within the scope of geosciences and environmental


planning and management. Its emergence brought to the environmental and applied
sciences the rescue of the importance of discussions about the potential and
conservation of abiotic resources through geoconservation. In this context, we highlight
coastal environments, which constitute fragile areas, since they are in transition
situations between the continent, the sea and the atmosphere and present high rates of
human occupation and consequently are exposed to various forms of land use. In this
way, we highlight the need for geoconservation of priority sites of coastal geodiversity,
taking into account their potential and the risks of degradation to which they are
exposed. Geoheritage assessment methodologies are essential tools for thinking about
strategies for geoconservation and environmental management. The general objective of
this thesis is to contribute methodologically with the proposal of criteria that can help
the evaluation of coastal geoheritage considering its potentialities, vulnerabilities and
weaknesses from the specificities of coastal environments, making in this work an
analysis of the coastal geodiversity of the municipalities of Raposa (MA) and Galinhos
(RN). The methodological course of this research was based mainly on the collection of
bibliographic and cartographic material on the themes and areas of study, field activities
for data collection and application of an inventory form of the coastal sites identified in
both areas, application of the methodology of quantification with the criteria proposed
in this work and spatialization of quantification data from geoprocessing techniques.
The analysis carried out in two study areas enabled the compression of coastal
geodiversity in different geoenvironmental contexts and enabled the proposal of criteria
that would contemplate different coastal realities. The municipalities of Raposa (MA)
and Galinhos (RN) presented coastal sites of national and international relevance that
are directly associated with the highest averages obtained in relation to the risk of
degradation. Tourism in both areas was identified as a factor causing negative
environmental impacts and responsible for the landscape conservation of the area, with
geotourism being considered a tool that would bring gains in terms of use and
conservation for both realities. The evaluation of coastal geoheritage based on specific
criteria aimed at the coastal zone proved to be effective in identifying specific
potentialities and threats that could enable the future planning of more precise
geoconservation strategies for the two study areas.

Key words: Geosonservation; Coastal environments; Geoheritage assessment;


Maranhão; Rio Grande do Norte.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Síntese da evolução do conceito de geodiversidade 29


Figura 2- Serviços abióticos do ecossistema e suas subdivisões segundo a 30
proposta de Gray (2013).
Figura 3- Marcos da geoconservação no mundo 32
Figura 4- Marcos nacionais da geoconservação 35
Figura 5- Propostas dos roteiros geoturísticos disponíveis no site do Geoparque 40
do Araripe
Figura 6- Mapa geoturístico de Geoparque Seridó 41
Figura 7- Evolução das publicações voltadas para a geodiversidade costeira no 46
Brasil em anais de eventos científicos
Figura 8 - Categorias potenciais para inventariação de geossítios 55
Figura 9- Critérios de vulnerabilidade presentes na ficha de inventariação de 58
Lopes (2017)
Figura 10- Valores secundários de avaliação da geodiversidade e seus 60
principais critérios
Figura 11- Critérios da quantificação do grau de suscetibilidade proposto por 63
Lopes (2017)
Figura 12- Síntese das etapas de desenvolvimento da pesquisa 68
Figura 13- Registro da etapa da coleta de sedimentos na zona de estirâncio da 69
Praia de Mangue Seco, Raposa - MA
Figura 14- A/B: Etapas de pesagem, quarteamento e separação de amostra para
análise; C/D: Etapa de peneiramento e separação de frações amostrais em cada 70
peneira; E/F: Medida do teor de carbonato; F/G: Medição da matéria orgânica.
Figura 15- A) Marcas da dinâmica dos canais de maré em Raposa - MA; B) 74
Berma na praia de Pucal em Raposa – MA
Figura 16- Classificação dos sítios de geodiversidade segundo sua extensão 75
areal
Figura 17- Área de ocorrência dos depósitos constituídos por sedimentos lamosos 94
localizados na comunidade de Mangue Seco, Raposa – MA

Figura 18– A) Sedimentos analisados em laboratório representando a


granulometria média a fina da área e sua coloração esbranquiçada; B) Depósitos 95
eólicos do município de Raposa – MA (Dunas de Carimã)
Figura 19– Canais de maré associados a Planície Flúviomarinha no município 97
de Raposa
Figura 20– Campo de Dunas no município de Raposa (Dunas de Carimã) 98
Figura 21– Praia do Pucal – Município de Raposa, MA 100
Figura 22– A) Praia de mangue seco, Raposa – MA; B) Praia de Carimã – 102
Raposa Ma C) Campo das Dunas de Carimã

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Figura 23- Produtos artísticos que fazem uso dos elementos da geodiversidade 103
costeira da área
Figura 24– Indicação da disposição das dunas móveis e bancos de areia no 104
município de Raposa - MA
Figura 25– Terraços de abrasão da praia de Taputiua, Raposa - MA 105
Figura 26- Localização do geossítio Dunas de Carimã no município de Raposa 110
- MA
Figura 27– Vista do ponto de parada turística nas Dunas de Carimã 112
Figura 28- Localização do geossítio Praia de Carimã no município de Raposa - 114
MA
Figura 29- Banhistas na Praia de Carimã – Raposa (MA) 115
Figura 30- Obra de arte feita por artista local utilizando a areia para 116
texturização
Figura 31- Localização do geossítío Praia do Mangue Seco no município de 117
Raposa - MA
Figura 32– Canais de maré que recortam a zona de praia em Mangue Seco 118
Figura 33 – Moluscos encontrados na Praia de Mangue Seco 120
Figura 34- Localização do geossítio Praia de Pucal no município de Raposa - 121
MA
Figura 36- Localização do geossítio Praia de Taputiua no município de Raposa 123
– MA.
Figura 37- Representação da zona de estabilidade costeira praia de Taputiua 124
Figura 38– Terraços de abrasão na Praia de Taputiua 125
Figura 39- Localização do sítio da geodiversidade Praia de Curupu no 126
município de Raposa – MA.
Figura 40- Moradores recebendo alimentos na Praia de Curupu 127
Figura 41– Registro de espécies de moluscos encontrados em diferentes pontos 137
da área de estudo
Figura 42– Estruturas de bares e restaurantes na Praia de Mangue Seco, Raposa 139
(MA)
Figura 43– Áreas de Depósitos Flúviomarinhos na área de estudo 147
Figura 44– Campo de Dunas Móveis em Galinhos – RN (Duna do André) 148
Figura 45- Indicação de locais com dunas fixas e móveis em Galinhos - RN 151
Figura 46– Eólicas instaladas no campo de dunas móveis em Galinhos – RN 154
Figura 47– Locais para visitação turística em Galinhos - RN 155
Figura 48– Ocorrência de beachrocks ao longo da praia de Galinhos - RN 156
Figura 49- Ocupações humanas na Praia de Galinhos 157
Figura 50– Localização do geossítio Praia de Galinhos no município de 162
Galinhos - RN
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Figura 51– Prática de Kite-surf na Praia de Galinhos 164


Figura 52- Destruição causada por ondas em construções na Praia de Galinhos 164
Figura 53- Localização do geossítio Duna do André no município de Galinhos 166
- RN
Figura 54- Localização das Dunas do Capim no município de Galinhos - RN 168
Figura 55- Área com os sub-fósseis vegetais nas Dunas do Capim 169
Figura 56- Localização do geossítio Eolianitos nas Dunas do Capim no 171
município de Galinhos - RN
Figura 57- Representação da posição das camadas do eolianito 172
Figura 58- Localização da Praia do Farol no município de Galinhos - RN 173
Figura 59 - Arenitos praiais como suporte para o habitat para cracas-de-praia 175
Figura 60- Localização da Praia de Galos no município de Galinhos - RN 176
Figura 61-Casas na zona de pós-praia da Praia de Galos 177
Figura 62 – Aula de campo com turma de alunos da Pós-Graduação em
Geografia da UFRN na Praia de Galinhos – RN mostrando a estrutura dos 184
beachrocks
Figura 63–Vegetação arbustiva sobre área de dunas na Praia de Galos em 186
Galinhos – RN
Figura 64– Poesias sobre a praia de Galinhos e a Praia do Farol no livro 188
“Histórias da Minha Terra” do autor Ivo Rodrigues Ribeiro
Figura 65- Destaque para critérios A1 e D1 na cor laranja na tabela de 198
quantificação do município de Galinhos que obtiveram maiores pesos
mostrando sua correlação na planilha do Excel
Figura 66– Destaque para os valores de RD e VUG dos municípios de Raposa 202
(MA) e Galinhos (RN) mostrando a correlação entre os dois valores na planilha
do Excel

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1- Localização do município de Raposa – Porção Norte do litoral da Ilha 24


do MA
Mapa 2 - Localização do litoral do município de Galinhos –RN 25
Mapa 3- Geologia predominante da área do munícipio de Raposa -MA 92
Mapa 4– Classificação geomorfológica do município de Raposa - MA 96
Mapa 5– Sítios inventariados no município de Raposa - MA 109
Mapa 6– Espacialização das médias do VPC em Raposa - MA 133
Mapa 7– Espacialização das médias do VPE em Raposa - MA 135
Mapa 8– Espacialização das médias do VPSE em Raposa - MA 137
Mapa 9– Espacialização das médias do VPT em Raposa - MA 138
Mapa 10– Espacialização das médias do NF em Raposa - MA 140
Mapa 11– Espacialização das médias do NV em Raposa - MA 141
Mapa 12– Geologia do município de Galinhos, RN 145
Mapa 13- Unidades geomorfológicas da zona costeira de Galinhos-RN 149
Mapa 14 – Sítios inventariados no município de Galinhos – RN 161
Mapa 15– Espacialização das médias do VPC em Galinhos - RN 182
Mapa 16– Espacialização das médias do VPE em Galinhos - RN 183
Mapa 17– Espacialização das médias do VPSE em Galinhos - RN 185
Mapa 18 – Espacialização das médias do VPT em Galinhos - RN 187
Mapa 19– Espacialização das médias do NF em Galinhos - RN 189
Mapa 20– Espacialização das médias do NV em Galinhos - RN 190
Mapa 21– Espacialização das médias do VUC para Raposa – MA e Galinhos - 194
RN
Mapa 22– Espacialização das médias do VUTD para Raposa – MA e Galinhos 196
- RN
Mapa 23– Espacialização das médias do VUG para Raposa – MA e Galinhos - 199
RN
Mapa 24– Espacialização do RD para os municípios de Raposa (MA) e 201
Galinhos (RN)
Mapa 25– Espacialização da Relevância para Raposa (MA) e Galinhos (RN) 203

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Conceitos similares relacionados ao risco de degradação 49


Quadro 2- Síntese das principais metodologias de inventariação em contexto 55
nacional e internacional
Quadro 3- Critérios avaliados em metodologia de quantificação da 61
geodiversidade
Quadro 4- Possíveis critérios voltados para quantificação do risco de 64
degradação de áreas prioritárias da geodiversidade
Quadro 05- Classificação da morfoscopia dos grãos segundo Cailleux (1942) 71
Quadro 6- Descrição dos critérios utilizados para cálculo do valor de Potencial 78
Científico
Quadro 7- Descrição dos critérios utilizados para cálculo do Valor de Potencial 79
Educativo
Quadro 8- Descrição dos critérios do Valor do Potencial de Suporte Ecológico 80
Quadro 9- Descrição dos critérios do Valor de Potencial Turístico 81
Quadro 10- Descrição dos critérios do Nível de Fragilidade 82
Quadro 11- Descrição dos critérios do nível de vulnerabilidade 83
Quadro12- Indicação de valores e cores utilizados na espacialização dos 89
valores de uso
Quadro 13- Indicação de valores de cores e utilizados na espacialização da 89
relevância
Quadro 14– Resumo de informações de localização de sítios inventariados 114
Quadro 15- Valores obtidos na quantificação do geopatrimônio costeiro do 130
município de Raposa-MA
Quadro 16- Resumo de informações de localização de sítios inventariados 160
Quadro 17- Valores obtidos na quantificação do geopatrimônio costeiro do 179
município de Galinhos-RN
Quadro 18– Ranking de relevância dos geossítios da geodiversidade em Galinhos 204
(RN)
Quadro 19– Ranking de relevância dos geossítios da geodiversidade em 205
Raposa (MA)

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

TGS Teoria Geral dos Sistemas


LABGEOFIS Laboratório de Geografia Física
SAG Sistema de Análises Granulométricas
VPC Valor de Potencial Científico
VPE Valor de Potencial Educativo
VPSE Valor de Potencial de Suporte Ecológico
VPT Valor de Potencial Turístico
NF Nível de Fragilidade
NV Nível de Vulnerabilidade
VUC Valor de Uso Científico
VUTD Valor de Uso Turístico e Didático
VUG Valor de Uso e Gestão
RD Risco de Degradação
R Relevância
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia Física e Aplicada
CPRM Companhia de Pesquisa e Recursos Naturais
CNPM Conselho Nacional de Pesquisa Mineral
SIGEP Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos

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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 21

CAPÍTULO 1- PANORAMA ATUAL DA GEODIVERSIDADE 29


1.1 A geoconservação no Brasil: um olhar voltado para a região nordeste 31
1.2 O geopatrimônio e as estratégias de geoconservação na região Nordeste 38
1.3 Geoconservação de ambientes costeiros 42
1.4 O risco de degradação de áreas costeiras 47

2 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO 54


2.1 Metodologias de inventariação: considerações sobre os ambientes costeiros 54
2.2 Metodologias de quantificação: considerações voltadas para os ambientes 59
costeiros

3 PERCUSSO METODOLÓGICO 66
3.1 Identificação dos geossítios/sítios da geodiversidade 66
3.2 Análise sedimentológica 69
3.3 Proposta metodológica para avaliação do geopatrimônio costeiro 72
3.3.1 Inventariação 73
3.3.2 Quantificação 76
3.3.3 Quantificação dos valores potenciais 77

4 A GEODIVERSIDADE COSTEIRA DO MUNICÍPIO DE RAPOSA - 91


MA
4.1 Geologia 91
4.2 Geomorfologia 95
4.3 Aspectos climáticos e oceanográficos 100
4.4 Principais usos da geodiversidade costeira na área 102
4.5 Processos e interações 103

5 AVALIAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO COSTEIRO DO MUNICÍPIO 108


DE RAPOSA-MA
5.1 Inventariação dos geossítios/sítios da geodiversidade de Raposa -MA 108
5.1.1 Geossítios 110
5.1.2 Sítios da geodiversidade 125
5.2 Quantificação dos geossítios/sítios da geodiversidade de Raposa-MA 128
5.2.1 Valor do Potencial Científico 133
5.2.2 Valor Potencial Educativo 134
5.2.3 Valor Potencial de Suporte Ecológico (VPSE) 136
5.2.4 Valor Potencial Turístico (VPT) 138
5.2.5 Nível de Fragilidade (NF) 139
5.2.6 Nível de Vulnerabilidade (NV) 141

6 A GEODIVERSIDADE COSTEIRA DO MUNICÍPIO DE GALINHOS - 144


RN
6.1 Geologia 144
6.2 Geomorfologia 148
6.3 Aspectos climáticos e oceanográficos 152
6.4 Principais tipos de uso da geodiversidade costeira na área 153
6.5 Processos e interações 156
Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022
20

7 AVALIAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO COSTEIRO DO MUNICÍPIO 160


DE GALINHOS-RN
7.1 Inventariação dos geossítios/sítios da geodiversidade de Galinhos-RN 160
7.1.1 Geossítios 162
7.1.2 Sítios da geodiversidade 175
7.2 Quantificação dos geossítios/sítios da geodiversidade de Galinhos – RN 178
7.2.1 Valor do Potencial Científico 182
7.2.2 Valor do Potencial Educativo 183
7.2.3 Valor Potencial de Suporte Ecológico (VPSE) 184
7.2.4 Valor Potencial Turístico (VPT) 186
7.2.5 Nível de Fragilidade (NF) 188
7.2.6 Nível de Vulnerabilidade (NV) 190

8 ANÁLISE COMPARATIVA DA GEOCONSERVAÇÃO COSTEIRA 193


DE RAPOSA-MA E GALINHOS-RN
8.1 Valor de Uso Científico (VUC) 193
8.2 Valor de Uso Turístico e Didático (VUTD) 195
8.3 Valor de Uso e Gestão (VUG) 198
8.4 Risco de Degradação (RD) 200
8.5 Relevância (R) 203

CONSIDERAÇÕES FINAIS 208

REFERÊNCIAS

APÊNDICES

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


21

Introdução

Tese de Doutorado Thiara


Dunas Oliveira
de Carimã Rabelo
– Raposa (MA) 2022

Tese de doutorado Thiara Oliveira Rabelo


22

INTRODUÇÃO
A conservação da natureza é um tema atual que está em constante discussão
devido à alta demanda humana pelo uso de recursos naturais. A geoconservação é uma
das temáticas emergentes relacionadas as geociências e que tem sido alvo de muitas
discussões e que está voltada para a conservação dos recursos abióticos.

Porém, antes de falarmos sobre geoconservação devemos compreender o


conceito de geodiversidade, que corresponde a variedade de formações geológicas,
fenômenos e processos ativos geradores de paisagens, rochas, minerais, fósseis e outros
depósitos superficiais que constituem a base para a vida na Terra, considerando suas
interações com os demais elementos do sistema terrestre e interferências antrópicas,
conforme afirmam Gray (2013) e Brilha (2016).

É a partir da compreensão da importância destes elementos para os seres


humanos que destacamos a importância da geoconservação, que segundo Andrasanu
(2006) “lida com a conservação focada em partes não vivas do ambiente natural, como
características geológicas, formas de relevo e solos”.

Para melhor compreensão sobre a geoconservação é importante termos em


mente que ela está muito ligada a compreensão e conservação dos recursos abióticos e
suas formas de uso pelo homem. Estes recursos favoreceram o desenvolvimento da
civilização, ao disponibilizar alimentos, abrigo e materiais para construção, por
exemplo, proporcionando certas condições de subsistência e evolução de todas as
espécies.

A partir da inserção das atividades humanas, no ponto de vista conceitual,


como fator diretamente atuante sobre a geodiversidade ideias relacionadas aos valores
destes elementos para o homem começaram a ser discutidas. Autores percussores dessas
abordagens, como Sharples (2002), indicou três categorias como valores da
geodiversidade para o ambiente: ecológico, intrínseco e humano; e Gray (2004)
estabeleceu sete categorias: intrínseco, cultural, estético, econômico, funcional,
científico e educacional.

Alguns autores, como Araújo (2005), Cañadas e Flaño (2007), Pereira e Farias
(2016), destacam os processos antrópicos como fator importantes para os estudos em
geodiversidade, o que pode ser interpretado como um ponto positivo para esse tipo de

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


23

estudo, visto que o homem pode ser, em diferentes escalas, atuante e responsável por
algumas alterações exógenas causadas sobre os recursos geodiversos.

Nesta perspectiva, é importante lembrar que o termo vulnerabilidade está


ligado a suscetibilidade de um sistema em ser alterado, ou seja, quando há alguma
interferência no dinamismo do estado de equilíbrio do ambiente, o sistema pode entrar
em situação de risco ambiental. Que segundo Veyret (2007), podem ser resultado de um
processo físico natural, cujo impacto pode ser ampliado pelas atividades humanas e pela
ocupação do território.

Rabelo (2015) ressalta que qualquer intervenção realizada em um ambiente não


respeitando as vulnerabilidades do sistema podem resultar em alterações da paisagem e
em impactos que podem ser negativos tanto ao homem quanto aos demais elementos
naturais do ambiente. Porém, podemos observar esta realidade em vários tipos de
situações e em áreas com tipos diferentes de vulnerabilidades.

É neste contexto, que podemos destacar os ambientes costeiros, que se


constituem como áreas frágeis, visto que estão em situações de transição entre o
continente, o mar e a atmosfera (BRANDÃO, 2008). A alta vulnerabilidade destes
ambientes ocorre também devido a serem áreas territoriais com o maior índice de
ocupação humana, segundo Ross (1994), e consequentemente exposto a várias formas
de uso do solo.

Desta forma, tanto quanto a biodiversidade costeira, a geodiversidade destes


locais também exige atenção, no que se refere as medidas de gestão e geoconservação
que considerem suas vulnerabilidades tanto quanto suas potencialidades, sendo
necessário discutir mais sobre as metodologias de análise do geopatrimônio. As
metodologias de avaliação do geopatrimônio são uma etapa importante para se pensar
na geoconservação de uma área, que inserem parâmetros relacionados as
vulnerabilidades e estão em constante amadurecimento metodológico, visto que as
mesmas são pensadas com focos específicos e levando em consideração suas áreas de
aplicação.

É possível citar várias metodologias que já foram propostas para quantificação


do geopatrimônio (Rivas et al, 1997; Brilha, 2005;2016; Bruschi e Cendrero, 2005;
Coratza e Giusti,2005; Serrano e Gonzales e Trueba, 2005; Pralong, 2005; Pereira,
2006; Gárcia-Cortez e Úrqui, 2009; Lopes, 2017; Santos et al, 2020). Todavia, Reynard

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


24

et al. (2007) ressalta que as maiorias da metodologia propostas estiveram focadas no


valor científico da geodiversidade. De uma maneira geral, podemos afirmar que estas
metodologias foram desenvolvidas para avaliação da geodiversidade para fins
específicos, como para avaliação turística ou de qualidade científica e para serem
aplicados a uma determinada área. Pereira (2010) ao analisar todas as metodologias
criadas até a primeira década dos anos 2000, afirma que todas partiram da ideia de
estabelecer um conjunto de valores subdivididos em um conjunto de parâmetros, que
são pontuados mediante uma série de critérios. Observamos que as metodologias
posteriores a este período seguem, até agora, esta mesma ideia.

Sendo assim, pensando na geoconservação de ambientes costeiros é preciso


estabelecer mecanismos locais importantes para sua conservação. Uma vez que, este
reúne características de destaque que sejam representativos dos elementos mais
característicos destes ambientes, ligadas a regime de ondas, ventos, marés, tipos de
ocupações costeiras e dentre outros, que não estão presentes em outras metodologias já
propostas. Desenvolvendo assim uma abordagem prática que venha contribuir para
valorizar e conservar estas áreas e prevenir a redução acentuada da diversidade natural
do planeta.

Esta necessidade faz-se presente em várias partes da zona costeira brasileira,


devido ao potencial que a sua geodiversidade costeira apresenta, e consequentemente,
por conta das fragilidades intrínsecas e das vulnerabilidades associadas a ação humana.
Nesta pesquisa será feita a avaliação do litoral do munícipio de Raposa, localizada na
porção norte do Estado do Maranhão e do litoral do município de Galinhos, localizado
na porção setentrional do Estado do Rio Grande do Norte.

A cidade de Raposa, está localizado na porção norte do Estado do Maranhão, e


possui uma área de 64 km² e faz parte da Ilha do Maranhão juntamente com os
municípios de São Luís, capital do Estado, São José de Ribamar e Paço do Lumiar
(Mapa 1).

Raposa possui uma zona costeira com praias arenosas, falésias e um extenso
campo de dunas e planícies interdunares. Estes ambientes estão sobre uma base
sedimentar formada pelos depósitos arenosos decorrentes principalmente da Formação
Barreiras que além de apresentar um potencial paisagístico acentuado é de suma
importância para a prestação se serviços ecossistêmicos prestados para o local, tais
como o armazenamento de água subterrânea etc.
Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022
25

Mapa 1- Localização do município de Raposa – Porção Norte do litoral da Ilha do MA

Fonte: Elaborado pela autora, 2022.

O município de Galinhos está localizado a 166 km da cidade de Natal, capital


do Estado do Rio Grande do Norte e está situado no litoral setentrional do Estado.
Galinhos, limita-se ao norte com o oceano Atlântico, à leste com o município de Caiçara
do Norte, ao sul com o município de Jandaíra e a oeste com o município de Guamaré
(Mapa 2). A área apresenta diversas feições geomorfológicas que marcam a paisagem
da área.

Dentre estas feições, Lima (2004) destacou a presença de recifes praiais, zona
de estirâncio, planície de deflação, dunas, planícies de inundação, esporões arenosos
(spits). A autora ainda identificou feições na porção submersa da plataforma adjacente a
Galinhos, as quais se caracterizam pela formação de crista em fundo sub-aquoso
originada por movimentação de silte, areia ou cascalho denominadas de dunas
submersas (sand waves).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


26

Mapa 2- Localização do litoral do município de Galinhos –RN

Fonte: Elaborado pela autora, 2022.

Com base nos valores que a geodiversidade costeira representa para o ser
humano, considerando o potencial da geodiversidade das áreas apresentadas, e por
possuírem características peculiares e diferenciadas uma da outra, relacionada
principalmente a dinâmica de ventos e de marés e as formas diferenciadas de uso desta
geodiversidade pelo homem, esta tese de doutorado parte das seguintes questões que
serviram como base para desenvolvimento desta tese: Como inserir critérios de
vulnerabilidade/fragilidades em metodologias de quantificação da geodiversidade
costeira? A quais tipos de fragilidades e/ou vulnerabilidades estas áreas estão expostas?
Como identificá-las? As metodologias existentes contemplam de forma eficaz a
quantificação da geodiversidade com vista em uma geoconservação eficaz para
ambientes costeiros?

Com vistas nas inquietações e necessidades apresentadas, esta tese parte da


hipótese que: o uso de metodologias de avaliação do geopatrimônio que considerem,
nas etapas de inventariação e quantificação, as fragilidades e vulnerabilidades dos sítios
em questão com critérios específicos das zonas costeiras contribuem para análise mais

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


27

eficaz do geopatrimônio e do risco de degradação aos quais estes locais estão expostos,
contribuindo para uma geoconservação mais eficaz.

Neste contexto, o objetivo geral do trabalho foi avaliar a geodiversidade da


zona costeira do município de Raposa – MA e da zona costeira do município de
Galinhos – RN, a partir de uma proposta metodológica adaptada com critérios voltados
para análise do valor de uso científico, turístico, de uso e gestão e do risco de
degradação com foco na avaliação do geopatrimônio costeiro com vistas em uma
geoconservação mais eficaz para áreas litorâneas.

Para alcance do objetivo geral proposto essa pesquisa possui os seguintes


objetivos específicos: identificar os elementos abióticos relevantes para análise da
geodiversidade do ambiente costeiro do município de Raposa - MA e da porção norte
do município de Galinhos - RN; verificar os impactos das ações humanas na
geodiversidade de ambas as áreas; realizar o levantamento de geossítios/sítios da
geodiversidade locais; indicar critérios de vulnerabilidade/fragilidade para quantificação
de áreas costeira; apontar valores de relevância para quantificação nos ambientes
costeiros das áreas citadas; comparar os resultados obtidos entre as duas áreas de estudo
com vistas em contribuir para estratégias mais eficazes de geoconservação costeira.

Desta forma, a partir da discussão aqui exposta, acredita-se que esta pesquisa
contribuirá, em níveis científicos, para maior entendimento da importância da
geodiversidade e geoconservação de ambientes costeiros para o ser humano no que diz
respeito a adaptação de metodologias de quantificação de pontos de interesse da
geodiversidade com base no maior detalhamento de suas vulnerabilidades e
fragilidades. Justificando a importância do tema aqui proposto e a relevância enquanto
temática de interesse para a geografia, para os estudos sobre geodiversidade e para o
gerenciamento costeiro brasileiro.

Esta tese está compartimentada na introdução do trabalho, em 8 capítulos


contendo os procedimentos metodológicos, os resultados e discussões, seguidos das
considerações finais da pesquisa. A introdução consiste em apresentar a proposta de
discussão do trabalho e as áreas em estudo. O capítulo 1 apresenta um panorama sobre a
geodiversidade, focando na geoconservação e nas ações voltadas para a região nordeste,
assim nas contribuições da geografia neste contexto. O capítulo 2 traz uma discussão
sobre as principais metodologias de avaliação quantitativa do geopatrimônio, voltando a
discussão para os ambientes costeiros e para uma avaliação da presença dos critérios de

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


28

vulnerabilidade/fragilidades nestas metodologias. O capítulo 3 traz o percurso


metodológico desta pesquisa e a proposta metodológica voltada para quantificação do
geopatrimônio de ambientes costeiros com critérios específicos para estas áreas e com
uma proposta específica análise do risco de degradação costeira. O capítulo 4 discorre
de forma geral sobre a geodiversidade do município de Raposa – MA, com foco na
geologia e geomorfologia local, nos processos interações ambientais e nos principais
usos destes elementos. O capítulo 5 traz a avaliação dos geossítios e sítios da
geodiversidade do município de Raposa-MA e apresenta os resultados obtidos nas
etapas de inventariação e quantificação.

O capítulo 6 discorre sobre os principais aspectos geológicos e


geomorfológicos da geodiversidade de Galinhos-RN. Seguido do capítulo 7 que traz os
resultados da avaliação do geopatrimônio costeiros do município de Galinhos
mostrando os resultados obtidos nas etapas de inventariação e quantificação. O capítulo
8 desta tese faz uma análise comparativa entre as duas áreas de estudo que fazendo
correlações entre os valores de uso científico, turístico e de uso e gestão das áreas.
Assim como também traz avaliações para as semelhanças e diferenças obtidas para o
risco de degradação e relevância dos geossítios avaliados nesta pesquisa.

As considerações finais da tese apresentam discussões sobre os avanços


metodológicos obtidos neste trabalho para a análise do geopatrimônio de áreas costeiras
e traz algumas reflexões sobre a contribuição da geografia para a geoconservação dos
ambientes correspondentes as áreas de estudo considerando as especificidades
observadas nas duas áreas de estudo.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


29

Capítulo 1

PANORAMA ATUAL DA GEODIVERSIDADE

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


Pôr-do-sol visto da Praia de Galinhos (RN)

Thiara Oliveira Rabelo Tese de Doutorado


30

1 PANORAMA ATUAL DA GEODIVERSIDADE


A geodiversidade se constitui como uma temática relativamente recente nas
geociências, que nas últimas três décadas já evoluiu em vários aspectos, principalmente
no que diz respeito a abrangência do seu conceito. Por geodiversidade entende-se a
variedade natural de feições ou elementos geológicos (rochas, minerais),
geomorfológicos (formas de relevo ou processos ativos) e de solo, incluindo suas
associações, relações e propriedades (GRAY, 2004; 2013, BRILHA, 2015; GUERRA e
JORGE, 2018, RABELO, LIMA e NASCIMENTO, 2018; RABELO, 2018).

Gray (2013) define a geodiversidade como “a faixa natural (diversidade) de


características geológicas (rochas, minerais, fósseis), geomorfológicas (formas
terrestres, topografia, processos físicos), solos e hidrológicas”. Inclui suas assembleias,
estruturas, sistemas e contribuições para paisagens. Pensar a geodiversidade do ponto de
vista geográfico, vai além de tentar compreender a diversidade dos aspectos abióticos a
superfície terrestre. Mas sim, envolver e correlacionar estes elementos com o homem,
com as sociedades, seja em sua esfera social, política, econômica, ambiental e além,
entender a contribuição destas interações para o processo de formação do espaço
geográfico (RABELO et al., 2019).

Com o amadurecimento das discussões sobre a temática vem surgindo a


preocupação não apenas de estudar a diversidade de elementos abióticos, mas também
seus processos e interações com os demais elementos do ambiente, assim como seus
valores e serviços (Figura 1). O que corrobora para a formulação de novas concepções
teóricas e metodológicas considerando a relação sociedade–natureza, enfatizando a
parte abiótica.
Figura 1- Síntese da evolução do conceito de geodiversidade

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


31

Desta forma, considerando a importância destes recursos para as sociedades,


Brilha (2005) destaca as principais ameaças a geodiversidade como a exploração sem
precedentes de recursos minerais, desenvolvimento de obras de engenharia,
desmatamento, agricultura, atividades militares, atividades recreativas e turísticas,
iliteracia cultural etc.

Em 2004, Murray Gray elencou os principais valores da geodiversidade,


definindo 6 valores e 32 sub-valores. Os valores elencados pelo autor foram: intrínseco,
cultural, estético, econômico, funcional e científico. Em 2013, estes valores foram
redefinidos pelo autor como serviços abióticos do ecossistema subdivididos em serviços
de: regulação, provisão, suporte, culturais e de conhecimento (Figura 2).

Figura 2- Serviços abióticos do ecossistema e suas subdivisões segundo a proposta de Gray


(2013).

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


32

A compreensão dos serviços prestados pela geodiversidade para a sociedade e


das ameaças que atingem estes recursos são essenciais para pensarmos em estratégias
ligadas a geoconservação. Assim como, para efetuar etapas metodológicas ligadas a
inventariação de geossítios que consiste em elencar os pontos de valor excepcional da
geodiversidade de uma área. Ou ainda, etapas de quantificação cuja base é elencar o
nível de importância dos geossítios de uma determinada área (RABELO, LIMA E
NASCIMENTO, 2019).

É importante ressaltar que:


A inventariação consiste em elencar os pontos potenciais de Geodiversidade
de uma área, ou seja, aqueles que possuem maior interesse do ponto de vista
geológico, geomorfológico etc. Ou estão expostos a alguma vulnerabilidade
latente. Alguns autores utilizam os termos geossítios, ou geomorfossítios para
definir estes pontos de interesse (Brilha 2005; Carvalhido, 2014; Rodrigues et
al.; 2016). Por exemplo, Brilha (2005), define geossítios como ocorrências
geológicas que possuem inegável valor científico, pedagógico, cultural,
turístico ou outros (RABELO, LIMA E NASCIMENTO, 2019).

Desta forma, inventariar os geossítios/sítios da geodiversidade já elencando de


forma clara suas vulnerabilidades já teria um papel fundamental para etapas seguintes,
como a quantificação. Aperfeiçoar estas metodologias é de suma importância para a
geração de dados sobre os diferentes sistemas ambientais, essenciais para pensarmos em
melhores estratégias de planejamento para o geopatrimônio de diversas áreas. Por
exemplo, como os ambientes costeiros, caracterizados por frequentes mudanças de
cunho natural, espacial e temporal devido a se encontrarem na interface entre a
atmosfera, o mar e o continente e por serem áreas caracterizadas pelo adensamento das
ocupações humanas.

1.1 A geoconservação no Brasil: um olhar voltado para a região nordeste


Considerando a gama de serviços e funções da geodiversidade prestados para a
sociedade e para o ambiente, motivam iniciativas de conservação, ou de
geoconservação. Pereira e Farias (2016), enfatizam que a inserção do termo
“geoconservação” na literatura geocientífica é incerta, mas provavelmente deve ter suas
raízes alicerçadas nos trabalhos de manutenção de áreas verdes no ‘Novíssimo
Continente’, em especial na Tasmânia e/ou Austrália, a partir de trabalhos executados
pelo Serviço Geológico Australiano e geólogos locais nos anos 1990. Abaixo é
apresentado alguns marcos principais da geoconservação no mundo (Figura 3).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


33

Figura 3- Marcos da geoconservação no mundo

Fonte: Elaborado pela autora a partir de Pereira e Farias (2016).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


34

É importante destacar que um dos trabalhos mais referenciados sobre


geoconservação é o livro “Concepts and Principles of Geoconservation” de Chris
Sharples, publicado em 2002. Neste trabalho, Sharples define geoconservação como “a
preservação da diversidade natural de feições geológicas, geomorfológicas e de solo
significativas, mantendo a evolução natural destas feições e processos”.

Gray (2005) destaca dois principais motivos que a geodiversidade deve ser
conservada: “primeiro, a geodiversidade é valiosa e avaliados de várias maneiras, e
segundo, é ameaçado por uma enorme variedade de atividades humanas”. O autor
continua sua reflexão dizendo que a geoconservação é uma medida de uma sociedade
civilizada e sociedade sofisticada que deve querer conservar elementos do planeta que
possuem muito valor e tem sido ameaçados.

Ou seja, a ideia da geoconservação é o disseminar o uso sustentável dos


recursos abióticos e conservar aquelas áreas que apresentam elementos com
características relevantes e estão ou podem ser futuramente ameaçados. Nascimento et
al. (2008) fala que existem pesquisadores com visões diferenciadas discutindo a
temática, destacando que há

De um lado, aqueles que pretendem conservar tudo o que, para eles, possua
algum valor. Do outro, aqueles que pretendem conservar apenas os expoentes
máximos da geodiversidade. Porém, como é impossível conservar toda a
geodiversidade, a geoconservação somente deve ser implementada após um
detalhado estudo de definição daquilo que realmente deve ser encarado como
patrimônio geológico.

Andrassanu (2006) destaca que durante a última década as atividades de


geoconservação foram mais bem integradas ao planejamento físico e estratégias de
desenvolvimento, sendo seu impacto social e econômico cada vez mais considerado.
Sharples (2002) destaca que os principais objetivos da geoconservação, são: conservar e
assegurar a manutenção da geodiversidade; proteger e manter a integridade dos locais
com relevância em termos de geoconservação; minimizar os impactos adversos dos
locais importantes em relação a geoconservação; interpretar a geodiversidade para os
visitantes de áreas protegidas; e contribuir para a manutenção da biodiversidade e dos
processos ecológicos dependentes da geodiversidade.

Ações e estudos relativos à conservação da geodiversidade ainda são


incipientes. Silva (2012), enfatiza que a integração dos componentes bióticos e abióticos
ainda é pouco desenvolvida, tanto no meio científico quanto no nível de gestão do

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


35

território. Isto acontece, principalmente, pela falta de atenção aos elementos abióticos
como recursos naturais finitos devido ao seu processo deterioração a médio ou longo
prazo.

No Brasil, a conservação ambiental ainda necessita de muita atenção. Mesmo


com a abundância de recursos naturais presentes no país, as medidas de proteção aos
mesmos não são executadas com rigor. Porém, estas discussões vêm ganhando mais
espaço nas últimas décadas e no que se refere a atenção dada a proteção dos recursos da
geodiversidade, Pereira e Farias (2016) ainda comentam que o marco de proteção legal
destes recursos foi
Após a Proclamação da República (1889), na Constituição Republicana de
1891, era atribuída à União a competência para legislar sobre minas e terras,
descrita no artigo nº 34, inciso 29, vinculado a propriedade do subsolo a do
solo. Esta foi a primeira inserção oficial de elementos da geodiversidade na
legislação ambiental brasileira. Em 1907, no governo de Nilo Peçanha, é
criado o Serviço geológico e Mineralógico.
É no governo de Getúlio Vargas (1930 – 1945; 1951 – 1954), entretanto, que
a Geodiversidade, na forma de recursos minerais e energéticos,
principalmente, foram inseridos efetivamente, na pauta das discussões do
Congresso, com a criação da Petrobras (1930), Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM, em 1934), criação do primeiro parque nacional,
que possui na geomorfologia um elemento determinante, as montanhas de
Itatiaia no Rio de Janeiro (1937), Conselho Nacional de Petróleo (CNP) e
Código das Minas (1938), entre outros decretos e leis.

Todavia, os recursos abióticos se comparados aos bióticos no Brasil ainda


permanecem em segundo plano quando o assunto é a conservação. Por exemplo, o
artigo 4, da Lei de número 9.985, inciso VII e VII, de 2000, prever em 2 dos 13
objetivos do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) visam a proteção
da geodiversidade, quando se referem a “proteger as características relevantes da
natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica e cultural” e “proteger
e recuperar recursos hídricos e edáficos”. Ou seja, promover a geoconservação destes
recursos.

No trabalho intitulado “Um histórico sobre a geoconservação no Brasil e no


mundo: uma prática possível?”, Pereira e Farias (2016), traçam um panorama das
principais medidas nacionais de gestão e conservação que inserem os elementos
abióticos (Figura 4). Os autores destacam desde a atribuição feita na Constituição
Republicana de 1988, sobre a competência para legislar sobre suas minas e terras,
descrito no artigo nº 34, inciso 29, vinculando a propriedade do subsolo a do solo; até a
criação do Conselho Nacional de Pesquisa Mineral (CNPM) em 2013.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


36

Figura 4- Marcos nacionais da geoconservação

Fonte: Elaborado e adaptado pela autora a partir de Pereira e Farias (2016).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


37

Diante da temática de conservação dos recursos abióticos e a partir das


inferências como Pereira e Nogueira (2016), Jorge e Guerra (2016), Meira e Silva
(2018), Fereira, Brilha e Cerantôla (2018), Munhoz e Lobo (2018), Crofts (2022), etc.
observa-se que embora seja possível perceber avanços nos últimos anos ligados a
temática, na realidade nacional ainda são muito escassos os dispositivos legais voltados
para a geoconservação, seja de forma direta ou indireta.

Ferreira, Brilha e Cerantôla (2018) ao fazerem um estudo comparativo entre do


enquadramento legal relacionado a geoconservação entre os países Portugal, Brasil e
Espanha, constataram que

A comunidade geocientífica brasileira considera que o Brasil não possui


instrumentos legais para a proteção do patrimônio geológico, apontando
apenas o Decreto-lei nº 25/1937 (Proteção do Patrimônio Histórico e seu
Tombamento) e a Lei nº 9.985/2000 (SNUC) como o arcabouço jurídico mais
adequado. No entanto, constatou-se que o patrimônio geológico brasileiro
possui outras leis para a proteção direta nas modalidades de patrimônios
paleontológico e espeleológico, existindo para o último um Programa
Nacional de Proteção com um inventário em andamento. Com base na análise
da legislação ambiental brasileira, pode-se afirmar que as cavidades naturais
subterrâneas existentes no território nacional se encontram bem representadas
juridicamente.
É importante ressaltar que embora os elementos espeleológicos e
paleontológicos estejam bem representados legalmente é necessário que as instituições
de gestão pública desse tipo de patrimônio geológico possuam um corpo técnico
adequado para cuidar destas questões. No que se refere a legislação voltada
geoconservação no Brasil, Ferreira, Brilha e Cerantôla (2018) ainda destacam que

O Brasil, apesar de apresentar avanços significativos em relação à legislação


para proteção do patrimônio geológico ainda deve melhorar a implementação
de uma estratégia de geoconservação. [...] Desse modo, apesar da existência
de leis brasileiras com vistas à proteção do patrimônio geológico (em
especial nas suas componentes paleontológicas e espeleológicas), o
questionamento que surge é saber como o Estado efetivamente as aplica e
fiscaliza, a fim de garantir a compatibilização entre o desenvolvimento
econômico-social, a proteção ambiental e o equilíbrio ecológico.

É neste paradigma de discussão sobre como garantir proteção ambiental,


equilíbrio ecológico e desenvolvimento socioeconômico que Santos (2016), destaca em
sua pesquisa a importância da geoconservação para o desenvolvimento sustentável em
regiões semiáridas, fazendo suas ponderações voltadas para o agreste pernambucano.

Pereira (2016) diz que geoconservação pode se tornar uma eficaz ferramenta
para o uso sustentável do patrimônio geológico do agreste de Pernambuco, contribuindo

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


38

para impulsionar o desenvolvimento socioeconômico da região, especialmente, através


do geoturismo se o mesmo for realizado de forma planejada e focado na transmissão de
conhecimentos ao público visitante e na defesa da valorização da “identidade
geológica” da região, contando para isso, com a participação ativa da população
local/regional.

A geoconservação como prática voltada para o desenvolvimento ambiental e


socioeconômico de uma área vem sendo uma estratégia enfatizada em vários trabalhos
voltados para a região nordeste, como no caso de Araújo, Lopes e Nascimento (2012);
Silva, Nascimento e Mansur (2018); Pereira, Cunha e Nascimento (2018); Silveira,
Bastos, Meira e Silva (2018), dentre outros trabalhos que, vem agregando valor
atualmente a esta discussão.

Devido à expansão da temática e a riqueza de elementos abióticos nesta região


do país, seja em suas áreas continentais ou em suas áreas costeiras, a geoconservação
tornou-se uma ferramenta tanto de valorização da geodiversidade, da cultura e da
identidade das comunidades ligadas a estes ambientes e como uma alternativa de
desenvolvimento socioeconômico.

Enviesando por esta discussão, Guimarães (2016) faz ponderações relacionadas


ao litoral sul do Estado de Pernambuco, na região nordeste, afirmando que se apresenta
como um território histórico e promissor, importante do ponto de vista cultural e
socioeconômico. E que possui primeiro um patrimônio geológico de relevância
internacional.

Porém, a autora destaca que este território se apresenta também com muitas
desigualdades socioeconômicas e possíveis riscos de perder sua identidade
sociocultural, bem como comprometer seus elementos naturais, sejam eles bióticos ou
abióticos. É neste sentido que seu trabalho vem visando demonstrar o potencial da
geodiversidade presente no litoral sul pernambucano com vistas para desenvolvimento
territorial sustentável, garantindo sua identidade, assegurando, principalmente às
comunidades tradicionais, a manutenção de seu sustento e a valoração de seu trabalho e
de sua cultura.

Com a discussão voltada para região nordeste, que destacamos a região


Nordeste no Projeto Geoparques do Brasil, criado pelo Serviço Geológico Brasileiro
(CPRM) em 2006, que em 2012, apresentou 28 propostas de geoparques para o país e

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


39

atualmente anunciaram a documentação de mais 12 propostas que serão publicadas em


breve no seu volume II. Meira e Silva (2018), destacam que a região nordeste é
destaque com maior quantitativo de projetos submetidos, visto que concentra 17
propostas elencadas, dos quais 9 territórios já possuem relatórios concluídos,
construindo assim, um inventário importante do geopatrimônio do nordeste.

1.2 O geopatrimônio e as estratégias de geoconservação na região Nordeste


Os elementos que formam a geodiversidade são de extrema importância para a
sociedade e são essenciais para a qualidade de vida humana. Porém, é necessário
pensarmos em uso sustentável destes elementos ou até mesmo medidas mais restritas de
uso da geodiversidade segundo a sua relevância.

Neste cenário destacamos o conceito de geopatrimônio que segundo Brilha


(2018) seria exatamente aquela parcela da geodiversidade com destacada relevância em
relação ao valor científico, estético, cultural, funcional, ecológico e/ou funcional. É
neste sentido que, Gray (2008) lista algumas estratégias de geoconservação para
elementos abióticos que apresentem vulnerabilidades ou ameaças que podem
comprometer a continuidade da existência destes elementos, dentre elas está a
sinalização com informativos, barreiras físicas para a restrição do acesso, envio de
materiais para museus etc.

Em todo território nacional é possível perceber pesquisas e ações que visam a


promoção da conservação dos elementos abióticos, relacionando geoturismo e educação
por meio dos geoparques, sendo uma estratégia de gestão territorial que tem ganhado
notoriedade mundial.

Sobre a consolidação dos geoparques a nível mundial, Meira (2018) infere que

A instituição dos primeiros geoparques se deu em 2000, através da Rede


Européia de Geoparques, que teve seu início na troca de experiências entre
quatro território Europeus (Reserva Geológica de Haute-Provence, França;
Florestas petrificadas de Lesvos, Grécia; Geoparque Vulkanaifel, Alemanha;
Geoparque do Maestrazgo, Espanha) que apresentavam problemas de caráter
socioeconômicos em contraste com um rico patrimônio geológico. Os
geoparques foram rapidamente reconhecidos como um meio de valorização
territorial e de conservação dos elementos naturais em conjunto com os
aspectos culturais.

O Brasil, até meados de 2022 possui 3 geoparques reconhecidos pelas Global


Network of National Geopark (GNN): O Geopark Araripe, localizado no Estado do

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


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Ceará; o Geoparque Seridó, localizado no Estado do Rio Grande do Norte; e o


Geoparque Canions do Sul, localizado no Rio Grande do Sul, sendo estes dois últimos
reconhecidos oficialmente pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura) no mês de abril do ano de 2022.

O Geopark Araripe foi o primeiro território no país a ser reconhecido


mundialmente pela UNESCO. Alves et al. (2010) atestam que o Geopark Araripe situa-
se na região sul do Ceará/Brasil, pertencendo aos municípios de Santana do Cariri,
Nova Olinda, Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Missão Velha. O geoparque, que
compreende aproximadamente 5.000 km², foi criado em 2006, e está inserido na
Chapada do Araripe, na Região do Complexo Sedimentar do Araripe.

De acordo com Carvalho-Neta, Corrêa e Bétard (2019) o geopark conta com


nove geossítios, ou seja, os sítios de grande interesse e significância arqueológico-
paleontológico-geológico, abertos para visitação: 1) geossítio Colina do Horto; 2)
geossítio Cachoeira de Missão Velha; 3) geossítio Floresta Petrificada do Cariri; 4)
geossítio Batateiras; 5) geossítio Pedra do Cariri; 6) geossítio Parque dos Pterossauros;
7) geossítio Riacho do Meio; 8) ;geossítio Ponte de Pedra; 9) geossítio Pontal da Santa
Cruz.

Em visita à página virtual do Geopark Araripe é possível perceber não apenas a


importância dada a geodiversidade que a área abarca, relacionada principalmente a sua
riqueza fossilífera presente na Bacia Sedimentar do Araripe, mas também, a
preocupação na manutenção e valorização das práticas sociais que envolvem este
território.

As atividades em geoeducação no Geopark Araripe são configuradas mediante


o Artigo 1º da Lei Nº 9795/1999 – Lei de Educação Ambiental. Desta forma, a equipe
de educação ambiental do Geopark, nos últimos quatro anos, vem desenvolvendo
projetos e ações de educação formal e informal. Estes projetos ocorrem em parcerias
com as instituições educacionais do território, proporcionando o conhecimento
relacionado aos temas do Geopark Araripe para a sociedade, a saber: reutilização de
materiais recicláveis; réplica de fósseis; biojóias; teatro de bonecos; livro de pano
(GEOPARK ARARIPE, 2019).

Outras iniciativas voltadas para valorização cultural e geoturistica que


envolvem a área do Geoparque Araripe são: o projeto de cartografia cultural do Crato,

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


41

que visa o apoio e fortalecimento da cultura local e os roteiros geoturisticos que


envolvem a cidade de Nova Olinda e Santana do Cariri (Figura 5), mostrando os valores
da geodiversidade local, assim como seus aspectos culturais, históricos e
socioeconômicos.

Figura 5- Propostas dos roteiros geoturísticos disponíveis no site do Geoparque do Araripe

Fonte: Geopark Araripe (2019).

Outra iniciativa mais recente e já é bem popularizada ao nível nacional,


também localizada na região nordeste é o Geoparque Seridó. Este geoparque situa-se no
semiárido nordestino, na região centro-sul do Estado do Rio Grande do Norte,
envolvendo totalmente os territórios dos municípios de Cerro Corá, Lagoa Nova,
Currais Novos, Acari, Carnaúba dos Dantas e Parelhas. Estes municípios fazem parte da
mesorregião Central Potiguar e englobam partes das microrregiões Serra de Santana e
Seridó Oriental (GEOPARQUE SERIDÓ, 2019).

Esta área possui parte importante do patrimônio geológico e geomorfológico da


região nordeste. Nascimento, Gomes e Soares (2015) enfatizam que o Geoparque Seridó
possui uma

[...] paisagem exuberante formada por granitos, gnaisses, quartzitos e arenitos


tendo ainda a mineração que representa um grande potencial geoturístico,
com destaque para o Distrito Mineiro da Brejuí, sem falar dos sítios
paleontológicos e sua megafauna pleistocênica. A região possui uma riqueza
cultural regional ímpar, com registros da presença homem e de animais pré-
históricos, incluindo arte rupestre, além de inúmeros artesanatos em minerais
e rochas.

Atualmente, este geoparque conta com 21 geossítios (Figura 6), sendo quatro
geossítios no município de Cerro Corá (Serra verde, Cruzeiro de Cerro Corá, Nascente
do rio Potengi e o Vale Vulcânico); dois geossítios no município de Lagoa Nova

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


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(Mirante Santa Rita e Tanque dos Poscianos); cinco geossítios no município de Currais
Novos (Lagoa do Santo, Pico do Tororó, Morro Cruzeiro, Mina Brejuí, Cânion dos
Apertados); quatro geossítios em Acari (Açude Gargalheiras, Poço do Arroz, Cruzeiro
de Acari, Marmitas do rio Carnaúba); quatro geossítios em Carnaúbas dos Dantas (Serra
da Rajada, Monte do Galo, Xiquexique e Cachoeira dos Fundões); e dois geossítios em
Parelhas (Açude Boqueirão e Mirador).

Figura 6- Mapa geoturístico de Geoparque Seridó

Fonte: Geoparque Seridó (2021).

Os trabalhos publicados sobre este geoparque demonstram a preocupação em


não apenas enfatizar a importância dos elementos abióticos que compõe o local, mas
também, as relações sociais e culturais que estão associadas a geodiversidade da área.
Trabalhos como o de Medeiros e Oliveira (2011); Silva, Nascimento e Mansur (2018);
Bezerra et al. (2014); Medeiros et al. (2017); Almeida (2016) e dentre outros, revelam a
preocupação da gestão do geoparque em associar o valor da geodiversidade local para a
as comunidades da área, seja em seu aspecto funcional, estético, cultural e econômico.

Outro marco importante para a geoconservação no Nordeste foi o tombamento


do geossítio Pedra do Navio/Cruzeiro no município de Currais Novos no Rio Grande do

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


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Norte. Segundo Pereira e Farias (2016), através do decreto nº 4406, de 23 de novembro,


conforme o art. 4º e seguintes da Lei nº 3102/ 2014, considerando a indicação do
Serviço de Patrimônio Histórico, Natural e Artístico Municipal, considerado um bem
natural geológico e inserido no Geoparque Seridó.

Outras iniciativas voltadas para propostas de geoconservação na região


nordeste podem ser percebidas em vários trabalhos acadêmicos, principalmente sob
forma de dissertações e teses. Trabalhos como o de Lopes (2012), Meira (2016), Pereira
(2010), Santos (2016), Rabelo (2018), Guimarães (2016), Silva (2018), Lopes (2017),
Carvalho Neta (2019), Silva (2020), Maciel (2020), Araújo (2021), Terto (2021), dentre
outros.

Estas pesquisas trazem em seus resultados análises voltadas para identificação


de áreas prioritárias da geodiversidade, trazendo em suma indicações dos seus principais
valores (intrínseco, ecológico, turístico, científico etc.) e alguns destes trabalhos, como
os de Meira (2016) e Guimarães (2016) e Maciel (2020) trazem inseridos em seus
resultados propostas de roteiros geoturísticos, cartões postais e cartilhas geoeducativas,
sobre a geodiversidade de suas respectivas áreas de estudo.

Alguns destes trabalhos mencionados trazem suas aplicações voltadas para


áreas costeiras, ambientes em que as discussões sobre gestão territorial são mais
desafiadoras devido a sua intensa dinâmica geoambiental e por serem áreas onde a
ocupação humana é acentuada tanto em contexto mundial quanto no contexto nacional.

Dessa forma, a discussão sobre as particularidades da geoconservação em


ambientes costeiros ou das outras etapas de estudos da geodiversidade, sejam elas
qualitativas ou quantitativas são extremamente necessárias. Essas discussões vêm
ganhando destaque em trabalhos sobre geodiversidade costeira principalmente, na
última década, o que nos indica futuros avanços na conservação de ambientes costeiros.

1.3 Geoconservação de ambientes costeiros


As potencialidades identificadas na geodivesidade para o uso humano são
ameaçadas por uma gama de atividades antrópicas que não são planejadas de forma
sustentáveis. Gray (2005) destaca em suas discussões a importância da geoconservação
como medida de uma sociedade civilizada e sofisticada que deve querer conservar
elementos do planeta que possuem muito valor e são ameaçados.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


44

No que diz respeito a várias atividades humanas em ambientes onde a


geodiversidade é marcante, destacamos os ambientes costeiros. Segundo o Ministério
do Meio Ambiente-MMA (2016), a zona costeira representa um dos maiores desafios
para a gestão ambiental do Brasil, especialmente quando abordadas em conjuntos e na
perspectiva da escala da União. Isto ocorre principalmente por conta da grande extensão
do litoral brasileiro e de suas formações bióticas e abióticas diversificadas.

No documento “Panorama de Conservação dos Ecossistemas Costeiros do


Brasil” produzido pelo MMA por Prates, Gonçalves e Rosa (2010) afirma-se que além
de acolher uma ampla variedade de seres vivos, os ecossistemas marinhos proporcionam
serviços essenciais à sobrevivência humana, como alimentos, manutenção do clima,
purificação da água, controle de inundações e proteção costeira, além da possibilidade
de uso recreativo e espiritual.

Estes são exemplos de serviços prestados pelas zonas costeiras. Enfatizando os


serviços prestados pela geodiversidade nestes ambientes, destacamos o trabalho de Silva
(2016) que indica os principais serviços prestados pelos elementos abióticos da cidade
de Natal em seus ambientes costeiros. O autor elenca, por exemplo, os serviços de
suporte prestados pelos arrecifes na praia do Forte que serviram como plataforma sólida
para construção do Forte dos Reis Magos, importante ponto turístico da cidade. Como
outro exemplo, destacamos a pesquisa Rabelo (2018), que identifica os serviços da
geodiversidade setor costeiro sudeste da Ilha do Maranhão. Entre vários serviços
destaca os serviços de provisão, a partir de pontos de extração de água doce pelas
comunidades locais em falésias da praia de Catatiua, localizada na região estudada.

Entender e compreender os serviços prestados pela geodiversidade é mais uma


forma de justificarmos a importância da conservação do geopatrimônio costeiro. Para
Gray (2008), as zonas costeiras são consideradas um dos “hot-spots de geodiversidade”,
pois são áreas onde processos terrestres e marinhos ativos compartilham de uma mesma
área da superfície do planeta. Principalmente, por conta destas interações e processos
tão intensos, os estudos da geodiversidade destes ambientes são essenciais, pois a
conservação destas áreas está diretamente relacionada ao conhecimento dos serviços
prestados por elas.

Rabelo, Lima e Nascimento (2019), destacam também que

Outro fator que deve ser observado nestes ambientes, são os usos e
ocupações humanas que ocorrem em diversos fluxos e em diferentes ordens e

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


45

compõem um mosaico complexo de formas e padrões de ocupação humana,


que em muitos casos está relacionada às dinâmicas urbanas. No que se refere
ao aprofundamento dos estudos referentes a geodiversidade costeira, as
geotecnologias se apresentam como uma ferramenta de imprescindível ajuda.
Visto que, podem tanto auxiliar na identificação de feições costeiras quanto
para, segundo Rossetti (2008), caracterização dos sistemas deposicionais,
possibilitando não só a distinção entre eles, mas também o reconhecimento
de variações dentro de um mesmo sistema.

É importante ressaltar que estas pesquisas realizadas em ambientes costeiros,


atreladas ao uso de geotecnologias, permitem o monitoramento de feições costeiras
como praias, dunas, planícies Flúviomarinhas, falésias, linhas de costa etc. Assim como
a evolução das formas de ocupação humana nestes ambientes.

No artigo “De frente para o mar: os geossítios costeiros do Brasil” Meira


(2016) busca apresentar os principais elementos da geodiversidade presente na zona
costeira brasileira, que adquirem caráter excepcional e são classificados como geossítios
pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP).

O trabalho apresenta vinte e um geossítios costeiros inventariados pela SIGEP


em seus três livros (volumes) disponibilizados ao público. Estes geossítios
correspondem a 18,1% dos geossítios inventariados nos três livros. Meira (2016, p.
1187), destaca que
Dos geossítios costeiro doze estão inseridos em áreas com algum regime de
proteção legal, o que corresponde a 57,14% do total. Quanto ao nível de
degradação e potencial de alteração por ação antrópica três geossítios
(14,29% do total) se encontram em estágio que requer preocupação enquanto
a sua manutenção, bem como a instituição de medidas mitigadoras e de
geoconservação, outros seis geossítios (28,57% do total) se apresentam
parcialmente atingidos por alterações em sua dinâmica e características
originais o que faz necessário o incentivo de medidas de educação ambiental
que conscientizem a população. Os doze demais geossítios (57,14% do total)
se apresentam em bom estágio de conservação o que se configura enquanto
uma supressa mediante ao elevado índice de ocupação e degradação da Zona
Costeira brasileira.
Como exemplo de pesquisas que buscam trazer sugestões mais acionais
voltadas para a geoconservação, damos destaque ao trabalho de Meira (2016) que após
buscar analisar de forma quantitativa o patrimônio geológico do Patrimônio Nacional de
Jericoacoara em sua dissertação de mestrado, trouxe como sugestão a proposta de
cartões postais como ferramenta de divulgação da geodiversidade do parque nacional de
Jericoacoara – CE. Outro exemplo é o trabalho de Maciel (2020), que trabalhou com a
inventariação de geomorfissítios costeiros da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte e
apresentou como propostas de popularização da geodiversidade costeira do município a

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


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construção de sites, panfletos, página em redes socias como o Facebook e outros


materiais de divulgação.

Outro exemplo é o trabalho de Guimarães (2016), a partir da identificação e


avaliação quantitativa da importância dos geossítios inventariados no litoral sul
pernambucano, a autora propôs sugestões e aplicou diversas metodologias
geoeducativas que ajudam na sensibilização e divulgação da importância da
geodiversidade da área para a sociedade, através de mapas de roteiros geoturísticos,
cartilha explicativa de roteiro geoturístico do litoral sul paraíbano, criação de blog
falando sobre geodiversidade da área e criação de jogos educativos, que foram
utilizados com alunos do ensino superior.

Estes trabalhos apontam soluções interessantes para a geoconservação costeira,


assim como para a necessidade de mais pesquisas que consigam trabalhar de forma mais
direcionada para a geoconservação destes ambientes. As etapas que precedem a
propostas e ações geoconservacionistas, ainda estão, em suma, focadas na aplicação de
metodologias de áreas continentais em ambientes costeiros.

Visto que ambientes costeiros são sistemas de intensa dinâmica ambiental


devido a estarem na interface mar-continente-atmosfera, as suas vulnerabilidades são
mais latentes do que em sistemas continentais. Esta característica deve estar presente
nas metodologias de inventariação e quantificação do geopatrimônio costeiro. A
identificação dessas ameaças as estas áreas é uma etapa importante já nestas etapas de
estudo e podem contribuir significativamente para pensamos em estratégias de
geoconservação para geossítios localizados nestas áreas.

Os trabalhos voltados para estes ambientes envolvendo a temática


geodiversidade vem ganhando espaço no decorrer dos últimos 10 anos. A Figura 7 nos
mostra informações que indicam esse crescimento no Brasil com base nas publicações
feitas em anais de eventos científicos reconhecidos em âmbito nacional na área das
geociências.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


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Figura 7- Evolução das publicações voltadas para a geodiversidade costeira no Brasil em anais
de eventos científicos

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Os gráficos acima mostram avanços no decorrer dos últimos cinco anos no


aumento de pesquisas publicadas e discutidas no âmbito de eventos científicos voltadas
para a geodiversidade de ambientes costeiros. A maior parte das publicações no
intervalo de tempo analisado estão voltadas para as regiões sudeste (34 trabalhos) e
nordeste (28 trabalhos) visto que são regiões político-administrativas que abarcam a
maior parte das áreas costeiras do país, tendo também em menor número trabalhos
voltados para as regiões norte (3 trabalhos) e sul (14 trabalhos) do país.

Nesta análise foi possível perceber que ainda grande parte dos trabalhos
voltados para estes ambientes demonstram o potencial da geodiversidade de cada área, o
que demostra a valorização científica sobre este aspecto. Uma menor parte dos trabalhos
trazem em suas discussões as vulnerabilidades associadas a estes ambientes como foco
de discussão para a gestão de uso do potencial natural da geodiversidade costeira. Essa
discussão mostra-se essencial para a gestão de áreas costeiras visto que em sua maioria
são áreas naturalmente mais instáveis e que suportam uma grande carga de
interferências antrópicas. Compreender as vulnerabilidades tratadas nestes trabalhos
analisados foi essencial para a melhor adaptação da proposta metodológica desta
pesquisa.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


48

1.4 O risco de degradação de áreas costeiras


É importante lembrar que o ambiente é um complexo de processos e interações
entre seus elementos que levam em consideração suas vulnerabilidades e
potencialidades em processos resultantes que estão em constante dinamismo. É
importante destacar que a acentuada intervenção humana na natureza gerou no ambiente
cenários de vulnerabilidade, que em nossas análises também precisam ser levados em
consideração.

Na ciência geográfica ainda não existe um consenso entre os termos fragilidade


ambiental, suscetibilidade ambiental, vulnerabilidade, exposição. Percebe-se vários
trabalhos tratando estes diferentes conceitos de formas similares. Nesta esfera de
discussão o termo “fragilidade” foi um dos primeiros a ser mais disseminado nas
ciências ambientais e já trazia consigo termos sinônimos que são utilizados atualmente
com sentidos diferenciados, como podemos ver a seguir:

Fragilidade ambiental é a susceptibilidade do ambiente de sofrer


intervenções, ou de ser alterado. Quando é quebrado o estado de equilíbrio
dinâmico, o sistema pode entrar em colapso, passando para uma situação de
risco. A desestabilização do sistema pode ter como indutores tanto processos
naturais quanto antrópicos. (SPORL, 2004, grifo nosso.)

A fragilidade dos ambientes naturais face as intervenções humanas é maior


ou menor em função de suas características genéticas. A princípio, salvo
algumas regiões do planeta os ambientes naturais mostram-se ou mostravam-
se em estado de equilíbrio dinâmico até o momento em que as sociedades
humanas passaram progressivamente a intervir cada vez mais intensamente
na exploração dos recursos naturais (ROSS, 1994, grifo nosso).

Percebemos nestas definições de fragilidade ambiental, assim como em outros


trabalhos como (SPORL, 2007; GONÇALVES et al., 2011.), que palavras e elementos
característicos deste termo também estão presentes em termos similares como
vulnerabilidade e suscetibilidade, risco. Atualmente, estas características são bastante
utilizadas em trabalhos que se dispõe a estudar a “vulnerabilidade ambiental”, que
geralmente fazem uso deste termo, porém, estão voltados a trabalhar de forma mais
metodológica e aplicada.

Trabalhos como o de Costa et al. (2006), Rabelo (2015); dentre muitos outros,
utilizam o termo vulnerabilidade ambiental e trazem em suas aplicações as mesmas
variáveis de análise (aspectos geológicos, geomorfológicos, vegetacionais, pedológicos,
climáticos, de uso e ocupação etc.) que Ross (1994), por exemplo, utiliza em seu
trabalho só que usando o termo fragilidade ambiental. O termo vulnerabilidade vêm

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


49

sendo atualmente, mais amplamente usado e direciona-se em muitas pesquisas para


congregar tanto aspectos sociais e físicos.

Barros e Mansur (2018), ponderam que

O conceito de vulnerabilidade vem sendo debatido na literatura acadêmica há


algumas décadas. Conforme destaca Adger et al. (2004), cientistas sociais e
cientistas naturais geralmente querem expressar diferentes significados
quando usam o termo vulnerabilidade. Com isso, os autores ressaltam que é
cada vez mais comum usar os adjetivos socioeconômico, físico, ou biofísico,
associados ao termo. Apesar das inúmeras abordagens, parece ser consenso a
ideia de que o termo vulnerabilidade está relacionado à resiliência, ou à
capacidade de indivíduos, grupos sociais, ecossistemas, ou mesmo os
sistemas físicos, de se adaptarem a algum tipo de impacto.
A visão de vulnerabilidade de Serafin e Bonetti (2017) de que “a
vulnerabilidade se vincula à ideia ampla de se estar propenso a sofrer danos ou perdas
devido à ação de um perigo. Aqui ela é entendida como resultante da associação entre
suscetibilidade e capacidade adaptativa.

Aquino et al. (2017), buscando colaborar para a atenuação da falta de consenso


entre os conceitos de risco e vulnerabilidade trazem a partir de suas análises algumas
ponderações, afirmando que
[...] risco ambiental está ligado a probabilidade de um evento de determinada
magnitude – esperado ou não - ocorrer num sistema, perturbando assim o seu
estado imediatamente anterior. Já a vulnerabilidade ambiental pode ser
definida como o grau em que um sistema natural é suscetível ou incapaz de
lidar com os efeitos das interações externas. Pode ser decorrente de
características ambientais naturais ou de pressão causada por atividade
antrópica; ou ainda de sistemas frágeis de baixa resiliência, isto é, a
capacidade concreta do meio ambiente em retornar ao estado natural de
excelência, superando uma situação crítica (Grifo nosso).
Desta forma, como a ideia desta pesquisa é pensar em um modelo de avaliação
do geopatrimônio costeiro, que considere de forma mais específica suas
vulnerabilidades, acreditamos que o conceito de vulnerabilidade e fragilidade (quadro
10) sejam os que melhor se adequem a esta discussão, visto que abarca tantos aspectos
físicos como de cunho antrópico.

O objetivo deste trabalho não é entrar na discussão de definição desta gama de


conceitos, e sim ressaltar a importância de estudar sobre critérios que envolvam o risco
de degradação relacionados a gestão da geodiversidade e da sua geoconservação. Para
este trabalho, interessa-nos saber a vulnerabilidade/fragilidade das áreas prioritárias
(geossítios ou sítios da geodiversidade) em ambientes costeiros, tendo em vista a sua
geoconservação, levando em consideração tanto o grau de vulnerabilidade quanto à
capacidade adaptativa dos hot-spots presentes nestas áreas.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


50

Porém, é importante haver uma ambientação com os conceitos semelhantes


relacionados aos estudos de risco de degradação, para que possamos delimitar melhor
nossas pesquisas de acordo com nossos objetivos. Visando deixar mais clara estas
diferenças Veyret (2007) e Schiavo et al. (2016), visando deixar mais clara estas
diferenças, resume de forma esquemática esses termos no quadro 1.
Quadro 1- Conceitos similares relacionados ao risco de degradação
CONCEITO DEFINIÇÃO
Percepção de um perigo possível, mais ou menos previsível por um grupo
RISCO
social ou por um indivíduo que tenha sidoexposto a ele
INCERTEZA Possibilidade de ocorrer um acontecimento perigoso sem que se conheça sua
probabilidade.
INDETERMINAÇÃO Trata-se da situação em que um acontecimento desconhecido poderia acontecer.
Consequências objetivas de uma álea sobre um indivíduo, grupo de indivíduos,
PERIGO
organização do território ou meio ambiente.
ALVO Elementos ou sistemas sob ameaça de áleas (acontecimentos possíveis).
VULNERABILIDADE Magnitude do impacto previsível de uma álea sobre os alvos. Pode ser humana,
socioeconômica ou ambiental.
FRAGILIDADE NATURAL Situação natural de fragilidade a que uma determinada área está submetida, ou
seja, em função de suas características físicas, bem como: tipo de solo,
declividade, índice de pluviosidade, entre outros.
CATÁSTROFE Definida em função da amplitude das perdas causadas às pessoas e aos bens.

Fonte: Adaptado de Veyret (2007) e Schiavo et al. (2016).

Desta forma, para esta pesquisa, vamos adotar o uso dos conceitos de
vulnerabilidade e fragilidade natural para o cálculo do risco de degradação das áreas
prioritárias de geodiversidade. Para compor este índice iremos considerar o temor
fragilidade ambiental para nos referirmos ao aspectos físicos-naturais e o termo
vulnerabilidade para nos referimos aos aspectos de ordem antrópica que podem afetar a
integridade dos geossítios, seguindo assim, a mesma lógica de aplicação de outros
trabalhos voltados para a geoconservação como Brilha et al. (2016), Lopes (2017), etc.

Barros (2012) pondera que:


Como foi definido por Dolan e Walker (2004) e Ford (2002) a
vulnerabilidade não deve ser entendida apenas em termos da exposição a
eventos e como estes afetam as pessoas e estruturas. Tão pouco a
vulnerabilidade deve ser entendida apenas socialmente. Este conceito deve
ter uma perspectiva integrada dos eventos físicos e das características da
população relacionadas à sua capacidade em lidar com o risco (op. cit.).

A partir disto entende-se a necessidade da compreensão da vulnerabilidade


ambiental costeira considerando a sua esfera natural e antrópica, visto que em relação
aos processos físicos pode-se destacar a instabilidade da linha de costa, a complexa
dinâmica da geomorfologia costeira (desde a geração de ondas e correntes marítimas até

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


51

o transporte de sedimentos e formação de feições), são fatores naturais que estão


diretamente associados a vulnerabilidade costeira.

Já em relação aos processos antrópicos podemos destacar segundo Barros


(2012) o acelerado ritmo de crescimento urbano das cidades costeiras, muito acima da
média nacional e das cidades interioranas; à sazonalidade da atividade turística e a
consequente superação da capacidade de suporte ambiental; e à falta de planejamento
urbano adequado para as orlas costeiras, resultando em áreas de risco.

Barros e Mansur (2018) destacam que as zonas costeiras são intrinsecamente


expostas a ressacas do mar e tempestades, além de apresentarem condições ecológicas
muito específicas, o que torna seus habitats especialmente expostos a situações
extremas, como forte insolação, salinidade excessiva, e déficit hídrico. Em relação aos
aspectos sociais, a elevada densidade demográfica e a concentração de diversas
atividades econômicas frequentemente resultam na ocupação de áreas ecologicamente
frágeis ou de áreas expostas à erosão e inundação litorânea levando a situações de risco
e degradação ambiental.

As particularidades naturais e de cunho antrópico que envolvem o ambiente


costeiro fazem com que seja necessário a criação de teorias, metodologias e ações de
gestão específicas para a quantificação da geodiversidade costeira, inserindo nestes
modelos não apenas fatores relacionados as suas potencialidades, mas também, as suas
vulnerabilidades.

Alguns trabalhos sobre geodiversidade trazem em suas discussões algumas


correlações entre geodiversidade e conceitos como “vulnerabilidade”, “risco”,
“fragilidade”. Por exemplo, a pesquisa de Ferreira (2014), apresenta como objetivo
analisar a geodiversidade do Parque Estadual da Serra de Ricardo Franco, localizado do
Estado do Mato Grosso, por meio principalmente de componentes geomorfológicos,
para estudo e determinação da fragilidade como subsídio para o planejamento ambiental
do parque em questão.

Reverte, Garcia e Moura (2016, p. 1182), em sua pesquisa sobre os desafios


para geoconservação na Bacia de Taubaté, afirmam que:

O desenvolvimento de estratégias para a geoconservação de uma


determinada região deve levar em consideração fatores como a relevância
das informações geológicas observadas nos geossítios, além do grau de
vulnerabilidade aos impactos a que estão submetidos, de modo a criar

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


52

mecanismos que facilitem a aproximação das pessoas e também protejam


estas áreas de interesse geológico.

É importante considerar que estes mecanismos de aproximação de pessoas e de


proteção devem ser voltados não apenas pra áreas de interesse geológico, mas também
pra áreas de interesse geomorfológico, pedológicos, hidrológico, hidrográfico etc. Em
suas pesquisas sobre índices de geodiversidade, Jahan et al. (2018) afirmam que
produtos cartográficos de espacialização de índices geodiversidade são requisitos
principais para a mitigação de áreas propensas a riscos e sistemas de gerenciamento de
desastres.

Ainda levando em consideração geodiversidade e conceitos como


“vulnerabilidade”, “risco”, “fragilidade” destacamos no contexto dos ambientes
costeiros os trabalhos de Barros e Mansur (2018) e de Lopes (2017). Barros e Mansur
(2018) e Santos et al. (2020) em sua pesquisa, tem como foco, a partir de conceitos
norteadores como vulnerabilidade costeira integrada e os serviços ecossistêmicos da
geodiversidade, identificar e destacar os principais problemas da zona costeira da
Região dos Lagos no Rio de Janeiro, em especial a erosão costeira e os efeitos das
ressacas, a pressão urbana e turística nos ecossistemas costeiros, a fragilidade
econômica dos municípios e as ameaças à geodiversidade.

Lopes (2017) tem como principal foco fazer um estudo metodológico de


avaliação do patrimônio geomorfológico que foi aplicado no litoral do Estado do Piauí.
Em sua proposta de ficha de inventariação a autora traz aspectos relacionados a
vulnerabilidade antrópica e natural, propondo de forma qualitativa sua classificação em
vulnerabilidade “baixa, média, alta e muito alta”.

No que concerne às paisagens e geoformas litorâneas, estas passam por


processos naturais e antrópicos que podem comprometer a integridade de sítios
geomorfológicos. A erosão e a deposição de sedimentos podem destruir formas e
modificar os processos dinâmicos. A construção de obras de infraestrutura como diques,
pontões, urbanização e a prática agrícola também podem destruir ou modificar as
características destes sítios (LOPES, 2017).

Santos et al. (2020) em seu trabalho aplicado no litoral sudeste do Estado Rio
de Janeiro teve como foco trazer algumas propostas em seu trabalho que vieram avaliar
questões pouco exploradas do ponto de vista científico, educacional e geoturístico com

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


53

foco no auxílio a gestão ambiental, fato importante no que se refere a gestão de áreas
prioritárias em ambientes costeiros.

A partir da análise feita nestas pesquisas é possível perceber que em grande


parte os autores fizeram suas análises de forma sistêmica. Embora seus focos estivessem
voltados para geodiversidade, os autores apresentaram em suas análises correlações que
envolviam os elementos abióticos com elementos da biodiversidade, assim como com
aspectos antrópicos.

Desta forma, fica evidente a importância da análise sistêmica da


geodiversidade pois os elementos que envolvem a mesma não encontram-se sozinhos
dentro do sistema terrestre, sendo evidente sua relação com a biodiversidade e com as
sociedades humanas uma provendo alterações sobre a outra. Estas correlações com os
outros elementos do sistema são essenciais para estarem presentes na análise dos usos,
potencialidades e vulnerabilidades da geodiversidade, destacando aqui os ambientes
costeiros que são áreas instáveis, ricas em biodiversidade e geodiversidade, com
múltiplos usos e é foco de análise deste trabalho.

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54

Capítulo 2
METÓDOS DE AVALIAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022

Subfósseisencontrados em dunas do município de Galinhos (RN)


Thiara Oliveira Rabelo Tese de Doutorado
55

2 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO


O geopatrimônio tem sido foco de diversos estudos teóricos e metodológicos
que se dedicam principalmente a inventariação e quantificação da relevância de áreas
prioritárias da geodiversidade. Essas metodologias vêm sendo elaboradas ao longo das
últimas três décadas voltadas, principalmente, para as áreas continentais e levando em
consideração aspectos relacionados as potencialidades, ao valor científico e ao aspecto
cênico do geopatrimônio.

Rabelo, Lima e Nascimento (2018) expõe a necessidade de metodologias de


quantificação do geopatrimônio que insiram parâmetros mais detalhados voltados para
as vulnerabilidades do ambiente assim como para características específicas dos
ambientes costeiros, por isso, verificar estes fatores na etapa de quantificação são
essenciais para estas áreas que são ambientes de transição entre o continente, o mar e a
atmosfera, configurando-se assim como regiões naturalmente mais frágeis.

Este capítulo visa fazer uma breve discussão sobre as principais metodologias
de inventariação e quantificação do geopatrimônio, analisando as quais apresentam
critérios relacionados a vulnerabilidade e a especificidades intrínsecas dos ambientes
costeiros.

2.1 Metodologias de inventariação: considerações sobre os ambientes costeiros

Segundo Pereira (2010) o ato de inventariar envolve a realização de um


levantamento, avaliação e catalogação, seguida da descrição minuciosa dos bens ou
locais de interesse de um determinado local. Em seu trabalho, o autor ainda afirma que
a Grã-Bretanha foi o primeiro país a iniciar um programa sistemático de inventariação
de sítios de interesse geológico. Iniciou em meados dos anos 70 e culminou o
lançamento do ‘Geological Conservation Review’ (GCR) em 1977, que representa o
primeiro programa de avaliação do patrimônio geológico, realizado à escala de um país.

Brilha (2005) afirma que a inventariação deve ser feita de forma sistemática em
toda área de estudo. Portanto, a partir do conhecimento dos tipos de ocorrências da
geodiversidade é possível definir a tipologia das áreas prioritárias e definir quais serão
inventariadas através de características de exceção, se comparados a demais
características do local.

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56

Rabelo et al. (2018) elencam com base em Ellis (2008) algumas categorias pré-
definidas para inventariação de geossítios, segundo suas características mais
proeminentes (Figura 8):

Figura 8- Categorias potenciais para inventariação de geossítios

Fonte: Rabelo et al. (2019).


Ruchkys et al. (2018) afirma que a inventariação do geopatrimâonio tem sua
origem em países europeus

[...] notadamente na Inglaterra, Espanha e Portugal. Nesses países os


inventários nacionais foram baseados na representatividade de geossítios
geralmente subdivididos em categorias temáticas. No Brasil a inventariação
do geopatrimônio nacional teve início com a criação da Comissão Brasileira
de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP) em 1997. Foram
inventariados, em todo o território nacional, 116 geossítios publicados em
três livros (SIGEP 2002, 2009, 2013). No âmbito dos estados os inventários
têm sido realizados principalmente por meio do desenvolvimento de
trabalhos acadêmicos em nível de mestrado e doutorado.

Alguns trabalhos se propuseram a fazer uma análise das principais


metodologias de inventariação do geopatrimônio, como Pereira (2010), Silva e Lima
(2018), elencando suas principais características. Com base nestes trabalhos e
identificando outros critérios relacionadas a ambientes costeiros fizemos uma
compilação destes dados no quadro 2.

Quadro 2- Síntese das principais metodologias de inventariação em contexto nacional e


internacional
Principais categorias de Presença de critérios de
Autor análise Área de aplicação vulnerabilidade
- Levantamento sistemático
na área de análise.
- Reconhecimento prévio
da área
-Trabalho de campo Patrimônio geológico
Brilha - Registro fotográfico; português Não
(2005) - Ficha de caracterização
dos geossítios
- Pesquisa bibliográfica

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57

Continuação do quadro da página anterior.


Presença de critérios de
Autor Principais categorias de Área de aplicação vulnerabilidade/fragilidade
análise
- Cartografia
- Descrição
- Localização Patrimônio geológico
- Geologia Francês Sim
De Wever et - Estatuto de propriedade
al. (2006) - Proteção
- Interesses associados
- Vulnerabilidade
- Tipo de local
- Categoria temática
Pereira et. - Localização Patrimônio geomorfológico Não
al. (2006) - Avaliação por valores português
- Potencialidade de uso
- Necessidade de proteção
- Nome do lugar
- Comentários importantes
-Parâmetros justificativos para
García- seleção do lugar. Patrimônio geológico Não
Cortés & - Localização espanhol
- Descrição de acesso
Urquí - Desenho da situação com
(2009) proposta de delimitação
- Fotografias
-Referências bibliográficas
- Definição do objetivo da
inventariação;
- Organização de grupo de
Lima (2008) trabalhos;
- Revisão bibliográfica;
- Identificação do contexto
Patrimônio geológico Não
geológico; brasileiro
-Identificação e caracterização
dos geossítios;

- Identificação do geossítio;
CPRM - Enquadramento
(2017) - Caracterização Patrimônio Não
geológica/geomorfológica; geológico/geomorfológico
- Medidas de conservação
Informações do pesquisador.
brasileiro

- Nome do geomorfossítio;
- Localização administrativa;
- Vias de acesso
- Enquadramento legal
- Classificação principal
- Escala Patrimônio geomorfológico
- Valores
Lopes em áreas costeiras no
- Condições de observação
(2017) - Estado de conservação contexto brasileiro
- Descrição geomorfológica Sim
- Contexto geológico
-Associação com outros
interesses.
- Uso atual
- Observações
- Referências
- Cartografia
- Fotografias

Continuação do quadro na página seguinte.

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Autor Principais categorias de Área de aplicação Presença de critérios de


análise vulnerabilidade/fragilidade
- Identificação
- Geomorfologia Patrimônio geomorfológico
- Interesses associados em áreas costeiras no Sim
Santos et al. - Uso e Gerenciamento contexto brasileiro
- Avaliação quantitativa
(2020) - Fotos
- Referencias

- Identificação
Diniz, De - Enquadramento geral Patrimônio
Araújo e - Avaliação preliminar Geomorfológicos em áreas
Das Chagas - Estatuto legal-local costeiras no contexto Não
-Serviços ecossistêmicos
(2022) abióticos
brasileiro
- Uso atual e uso potencial
- Fenômenos geológicos-
processos sedimentares
Fonte: Adaptado pela autora de Pereira (2010) e Silva e Lima (2018).

A partir da síntese de informações das principais metodologias de


inventariação do geopatrimônio é possível perceber que alguns critérios como
localização, classificação por valores, estado de conservação e descrição
geológico/geomorfológica estão presentes em todas as propostas de fichas de
inventariação. Sobre estes critérios, cabe aqui salientar a afirmação de Lopes (2017) que
fala sobre a importância de entendermos o objetivo de cada inventário, antes de
qualquer outro passo de avaliação.

Estes objetivos diferenciados e bem definidos é que regem a criação destes


critérios de inventariação. Geralmente o foco dos inventários atuais é voltado para o
patrimônio geológico e geomorfológico sendo aplicados a áreas continentais e
adaptados para uso em áreas costeiras.

Os ambientes costeiros possuem características relacionados, principalmente, a


processos geológicos e geomorfológicos que podem ser mais bem detalhados na
inventariação de pontos de interesse da geodiversidade costeira. Voltando essa atenção
para ambientes praiais, por exemplo, aspectos relacionados a caracterização de
ambientes de ante-praia, praia e pós-praia podem deixar mais claro os processos que
ocorrem nestes ambientes de intensa dinâmica e podem contribuir para pensarmos em
estratégias de uso e conservação da geodiversidade mais eficazes.

No que se refere a presença de aspectos relacionados a vulnerabilidade,


algumas inventariações apresentam estes critérios como é o caso de Lopes (2017),
Wever et al. (2006) e Santos et al. (2013) que são importantes contribuições para
inserção das características de vulnerabilidade nos inventários.

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59

A intenção desta pesquisa de tese é somar esforços com estas pesquisas


deixando claro quais tipos de aspectos visíveis relacionados a vulnerabilidade, tanto de
ordem antrópica quanto de ordem natural, onde pudéssemos deixar mais claro, mesmo
que de forma qualitativa, os graus de vulnerabilidade de cada geossítio/sítio da
geodiversidade. Destaca-se aqui a proposta de inventariação de Lopes (2017), que teve
como foco fazer uma proposta de metodológica para avaliação do patrimônio
geomorfológico costeiro, aplicada na zona costeira do Estado do Piauí. Nesta proposta
de inventariação, a avaliação qualitativa proposta a partir da ficha de inventariação traz
aspectos voltados para os graus de vulnerabilidade e descrição geomorfológica do
geossítio (Figura 9).

Figura 9- Critérios de vulnerabilidade presentes na ficha de inventariação de Lopes (2017)

Fonte: Adaptado de Lopes (2017).


Em sua ficha de inventariação, Lopes (2017) também adiciona um espaço para
informações relacionadas a associações da geossítio com outros interesses voltados aos
valores da geodiversidade e adiciona espaços para falar sobre os usos atuais que indica
as atividades humanas presentes no sítio geomorfológico que possam afetá-lo de forma
direta ou indireta.

Estes aspectos são essenciais para pensarmos em detalhes mais específicos


voltados para vulnerabilidade e fragilidades destes ambientes, como por exemplo,
granulometria de sedimentos, tipos vegetacionais, presença de corais e recifes, dentre

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


60

outros aspectos naturais. Ou ainda a presença de viveiros, urbanização, extração


mineral, acúmulo de resíduos sólidos etc., que estão relacionados aos aspectos
antrópicos. Agregar estas informações a inventariação de pontos de interesse da
geodiversidade seria uma forma mais eficaz de reconhecermos sua importância, visto
que as vulnerabilidades de uma área estão intimamente associadas a suas
potencialidades.

A presença destes critérios pode auxiliar também em outras etapas de pesquisa,


como é o caso da mensuração do nível de relevância dos geossítios/sítios da
geodiversidade a partir da quantificação, etapa essencial para pensarmos em
geoconservação e que ainda possuem poucos graus e valores quantificáveis propostos
que enfatizam também a vulnerabilidade nesta etapa.

2.2 Metodologias de quantificação: considerações voltadas para os ambientes


costeiros
Brilha (2005) afirma que após levar a cabo a inventariação, cada geossítio deve
ser sujeito a um processo de quantificação do seu valor ou relevância com vista ao
estabelecimento de uma seriação de todos os geossítios. Avaliar de forma quantitativa o
valor dos elementos naturais de uma área é uma tarefa árdua e que exige cuidado devido
a sua subjetividade em definir valores para o nível de importância de um dado elemento
da natureza (RABELO et al., 2018).

Assim, como a inventariação, as propostas de quantificações existentes


possuem objetivos diferenciados que norteiam seus parâmetros quantitativos. Reynard
et al. (2007), ressalta que a maioria das metodologias propostas estiveram focadas no
valor científico da geodiversidade.

Em sua avaliação sobre os métodos de quantificação do patrimônio


geomorfológico Mucivuna, Reynard e Garcia (2019) avaliaram cerca de quarenta e nove
trabalhos descrevendo métodos de avaliação quantitativa. Entre eles, vinte e sete (27)
desenvolveram um novo método, dezesseis (16) aplicaram métodos anteriores e seis (6)
compararam dois (2) ou mais métodos anteriores e, com base nessa comparação, três
propuseram um novo método de avaliação. Os autores mencionam que:

Duas etapas principais foram geralmente mencionadas em conexão com a


avaliação quantitativa: (i) atribuir valores a cada critério com base em sua
relevância e (ii) calcular o valor final com base na ponderação e fórmula
determinada pelo método. Todos os artigos avaliaram o valor científico dos

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61

geomorfositos, enquanto os valores adicionais foram avaliados em 70%, o


uso e o gerenciamento em 60% e os valores de proteção em 47% dos artigos.
(MUCIVUNA, REYNARD E GARCIA, 2019).

Embora o valor científico seja o mais enfatizado nestes trabalhos, estas


metodologias também apresentam outros valores que vêm sendo importantes para
analisar a relevância de pontos de interesse da geodiversidade (Figura 10). Estes outros
valores estão relacionados principalmente aos valores estéticos, ecológico, econômico e
cultural.
Figura 10- Valores secundários de avaliação da geodiversidade e seus principais critérios

Fonte: Mulcivuna et al (2019).

Várias já foram as metodologias propostas para quantificação do


geopatrimônio (RIVAS et al, 1997; BRILHA, 2005; BRUSCHI & CENDRERO, 2005;
CORATZA E GIUSTI, 2005; SERRANO E GONZALES TRUEBA, 2005; PRALONG,
2005; PEREIRA, 2006; GÁRCIA-CORTEZ E ÚRQUI, 2009), dentre outras. Nesta
pesquisa foi feita a análise das metodologias mais mencionadas em trabalhos
acadêmicos aplicados no contexto brasileiro, analisando as adaptações já feitas por estes
pesquisadores, visto que apresentamos uma proposta de avaliação voltada para os
ambientes costeiros com base na realidade do nordeste do Brasil.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


62

Neste sentido Rabelo, Lima e Nascimento (2019) afirmam que em relação aos
ambientes costeiros podemos perceber que as metodologias de quantificação do
Geopatrimônio existentes ainda precisam ser aprimoradas. Principalmente, quanto aos
critérios mais específicos que correspondam não apenas as potencialidades de uma área,
mas também de forma mais direcionada para as suas vulnerabilidades dos sistemas.
Estes critérios são essenciais para quantificar geossítios de ambientes costeiros, levando
em consideração a intensa dinâmica natural e social desta zona.

Dentre as metodologias analisadas (Quadro 3) destacamos o trabalho de


García-Cortés e Úrqui (2009) que apresentam a vulnerabilidade como um parâmetro
específico de avaliação. Para ambientes costeiros, destacamos a metodologia de Lopes
(2017), que traz uma proposta de quantificação aplicada para o ambiente costeiro do
Estado do Piauí e que traz em sua abordagem o grau de suscetibilidade, que busca
avaliar o quanto os geomorfossítios estão suscetíveis às perturbações geradas por estas
atividades humanas e pelas características intrínsecas do próprio sítio.

Esta contribuição científica de Lopes (2017) é um importante ponta pé inicial


para a inserção da vulnerabilidade na quantificação de forma mais substancial. Porém,
nesta metodologia as características naturais e antrópicas são tratadas de forma mais
generalizada sem especificar tanto o que seriam os aspectos ligados a vulnerabilidade de
cunho natural ou de origem antrópica ou ainda fazendo uma diferenciação entre
fragilidades e vulnerabilidades do sistema costeiro.
Quadro 3- Critérios avaliados em metodologia de quantificação da geodiversidade
METODOLOGIAS DE QUANTIFICAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO
Autor Ano Objetivo Critérios Vulnerabilidade
/Fragilidade
UG
Rivas et 1997 Avaliação de impactos ambientais sobre as Não
al geoformas
Seriação de geossítios para estabelecimento
Brilha 2005;2016 de prioridades de medidas de P/UG Sim
geoconservação.
Bruschi e Seriação de geossítios com prioridades
2005 associadas a questões históricas e culturais. C/UG Não
Cendrero
Coratza e Avaliação quantitativa da qualidade C
Giusti 2005 científica de geomorfossítios. Não

Serrano e Avaliação quantitativa de geomorfossítios


González- 2005 aplicada a áreas naturais protegidas. C/Ce/Cu/E Não
Trueba
Pralong Avaliação quantitativa de geomorfossítios
Não
2005 em contexto turístico e recreativo. C/Ce/UG/P

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


63

Seriação de geomorfossítios em áreas de


Pereira 2006 qualquer dimensão com objetivo de C/Ce/UG/P Não
clarificar critérios desde a etapa de
inventariação.
Quantificação de geomorfossítios em áreas
Zouros 2007 protegidas na Grécia em escalas C/E/Ec/Cu/ Não
diferenciadas.
García- Avaliação da quantitativa de geossítios com
Cortés e 2009 foco no interesse geológico. I/UG/P/V Sim
Urqui
Avaliação quantitativa de geossítios a partir C / T/ E/ UG
Pereira 2010 de contexto turístico, científico, educativo e
Não
de uso e gestão.

Avaliação quantitativa de geossítios com


foco no valor científico, geoturistico e C/G/D/GS
Lopes 2017
didático e grau de suscetibilidade.
Sim

Avaliação quantitativa de geomorfossítios


Santos et segundo o valor científico, educacional, C/E/G/RD
2020 Sim
al. geoturístico e Risco de Degradação com
foco na gestão ambiental.
Diniz, De
Araújo e Avaliação quantitativa de geomorfossítios C/E
Das 2022 com foco no valor científico e estético. Não
Chagas
(2022)
Legenda UG: Uso e Gestão/ P: Proteção/ C: Científico/ Ce/E: Cênico ou Estético/ Cu: Cultural/ E:
educacional/ G: Geoturístico/ D: Didático/ Ec: Ecológico/ I:Intríseco/T: Turístico / GS: Grau de
suscetibilidade / RD: Risco de Degradação
Fonte: Adaptado de Rabelo, Lima e Nascimento (2019).

Embora pesquisas como a de Pereira e Farias (2016); Reverte (2014); Rabelo


(2018), Lopes (2017), Santos et al. (2020) apontem resultados que já contribuem para
pensar na geoconservação dos geossítios locais, é possível perceber algumas
considerações que indicam a necessidade de metodologias mais específicas para
ambientes costeiros.

A metodologia proposta por Lopes (2017) para avaliação do geopatrimônio


costeiro mensura o chamado grau de suscetibilidade, partindo do princípio que a partir
do momento em que geomorfossítios são alvos de visitação, deve-se avaliar o quanto eles
estão suscetíveis às perturbações geradas por estas atividades e pelas características
intrínsecas do próprio sítio. Os critérios mensurados são: Intensidade de Uso; Controle de
Visitação; Proteção Legal; Vulnerabilidade Antrópica e/ou Natural e; Fragilidade (Figura
11).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


64

Figura 11– Critérios da quantificação do grau de suscetibilidade proposto por Lopes (2017)

Fonte: Lopes (2017).

Santos et al. (2020) em sua pesquisa trazem critérios de avaliação que


correspondem ao que os autores chamam de vulnerabilidade antrópica (relacionado as
intervenções de ordem humana no sítio), vulnerabilidade natural (relacionados a
intervenções físicas externas a dinâmica da área) e fragilidade (relacionado a questões
físicas intrínsecas ao sítio).

Os critérios apresentados metodologia de Lopes (2017) e Santos et al. (2020)


contribuem bastante para pensarmos em metodologias que trabalhem as
vulnerabilidades e fragilidades de forma mais sistemática, deixando claro o uso do
termo a partir de um ponto de vista conceitual, como já discutimos no capítulo anterior
e que traga critérios mais específicos relacionados a vulnerabilidade/fragilidades de
ambientes costeiros.

Estes sistemas reúnem características de destaque ligadas a regime de ondas,


ventos, maré, presença de vegetação, tipos de ocupação e usos, e dentre outros, que não
estão presentes em outras metodologias já propostas. Parâmetros ligados a
vulnerabilidades e fragilidades são critérios importantes que devem estar presente de
forma mais enfática nas metodologias de quantificação voltada para ambientes
costeiros, como os exemplos do quadro 4.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


65

Quadro 4- Possíveis critérios voltados para quantificação do risco de degradação de áreas


prioritárias da geodiversidade

CRITÉRIOS
Fragilidade Vulnerabilidade
Vegetação arbustiva ou herbácéa Pouca urbanização
Vegetação arbórea Urbanização moderada
Presença de recifes ou beach rocks Urbanização intensa
Bancos de areia Vegetação agrícola
Tipo de praias Viveiros
Recifes Áreas portuárias
Terraços de abrasão Extração mineral
Fonte: Elaborado pela autora (2019).

A inserção destes critérios em metodologias de quantificação do geopatrimônio


são essenciais principalmente para metodologias que visam contribuir para
quantificação de valor de uso e gestão, valor turístico, valor ecológico, visto que são
valores que estão intimamente ligados com a relação da sociedade com a geodiversidade
e que são essenciais para pensarmos em usos sustentável e medidas de geoconservação.

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66

Capítulo 3

PERCURSO METODOLÓGICO

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


Lâmina com grãos de areia das Dunas de Carimã - MA
Thiara Oliveira Rabelo Tese de Doutorado
67

3 PERCUSSO METODOLÓGICO
Para o alcance dos objetivos de investigação desta pesquisa recorreu-se a
procedimentos técnicos e teóricos que colaboraram para o entendimento das relações e
dinâmicas espaciais enquanto totalidade, a partir da associação sistêmica do meio físico
e social, defendida por Ludwing Von Bertalanffy, a partir da década de 50, a partir da
Teoria Geral dos Sistemas (TGS), trazida para geografia a partir por Vicktor Sochava a
com a sistematização da abordagem geossitêmica difundida no final da década de 70. A
perspectiva geossistêmica contribui para percebermos a relação existente entre a
geodiversidade, os usos humanos dos recursos abióticos e a geoconservação, a partir da
análise da paisagem.

Considerando que o emprego do método em um trabalho é inerente ao


pesquisador, a vertente crítica desta pesquisa baseia-se na concepção hipotético-
dedutiva dos processos. O uso deste método, justifica-se pela busca da compreensão do
espaço geográfico a partir da relação entre os elementos naturais e antrópicos que
envolvem a área em questão, considerando que “o conhecimento não começa com
percepções ou observações, nem com a coleta de dados ou fatos, mas com problemas”
(POPPER, 1976 apud PEREIRA et al., 2003).

Desta forma, esta concepção metodológica justifica-se para discussão do


problema exposto nesta tese, visto que as aplicações geográficas relacionadas a
geodiversidade também enfatizam a importância das complexas relações entre os
elementos abióticos e a sociedade, voltadas para os ambientes costeiros. Com o intuito
de operacionalizar esta pesquisa, torna-se necessário a adoção, adaptação e formulação
de alguns procedimentos metodológicos que serão descritos a seguir, conforme os
objetivos previamente citados na introdução do trabalho.

3.1 Identificação dos geossítios/sítios da geodiversidade


As teorizações iniciais desta tese foram realizadas a partir de um levantamento
bibliográfico pautado em autores que trabalham com os conceitos e categorias de
análise essenciais para a pesquisa, nos mais diversos meios de publicação (livros,
periódicos, dissertações e teses, em meio digital ou impresso).

Para este trabalho foi feita a divisão deste estudo bibliográfico em duas partes:
sobre os autores que colaboram com reflexões sobre os conceitos de geodiversidade e

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


68

geoconservação pertinentes para a ciência geográfica e sobre a produção sobre a


geodiversidade costeira na região nordeste e a segunda parte sobre os autores que
abordam as análises e pesquisas sobre os elementos abióticos que envolvem as áreas de
aplicação desta pesquisa.

Em relação aos autores fundamentadores da primeira parte desta proposta


citamos exemplos: Brilha (2005; 2016), Gray (2004; 2013), Dantas et al. (2008),
Cañadas & Ruiz Flaño, (2007); Henriques et al. (2011), Pereira, Azevedo e Ondicol
(2013), Onésimo e Nascimento (2013), Borba e Sell (2018), Carvalho Neta (2019),
Santos et al. (2020); dentre outros que podem contribuir nesta parte. Destacam-se
autores como Silva (1973), Muehe (2006), Feitosa (2006), Klein e Souza (2012),
Bandeira (2013), Rabelo (2018), Ribeiro et al. (2017), Lima (2004), Pinheiro (2016),
Costa Neto (2009), Silva (2020), Souza (2022), etc., que estarão inseridos na segunda
parte do levantamento bibliográfico relacionados as áreas de estudo.

Enfatiza-se também a busca por trabalhos que envolviam a temática


geodiversidade, buscando traçar um comparativo nas publicações sobre este tema
segundo cada região do país, com base nas publicações encontradas no Congresso
Brasileiro de Geologia, Simpósio Brasileiro de patrimônio Geológico, Simpósio
Nacional de Geomorfologia e o Encontro Nacional de Pós-graduação em Geografia,
com base em trabalhos como o de Von Ahn et al. (2018) e Silva, Rocha e Aquino
(2018) que justificam a importância deste tipo de levantamento como um indicador para
a compreensão do desenvolvimento da temática na geologia e geografia física.

Foi feita uma divisão entre publicações feitas em periódicos os anos de 2016 e
2021 com o foco de compreender a evolução dos trabalhos sobre geodiversidade
voltados principalmente para as áreas costeiras no Brasil, visto que esta pesquisa é
voltada para aplicação nestes ambientes, servindo de base para o desenvolvimento da
proposta metodológica desta tese.

Além dos levantamentos bibliográficos que foram essenciais para identificação


de áreas prioritárias da geodiversidade na área, destacam-se as técnicas de
geoprocessamento e sensoriamento remoto utilizadas na pesquisa. No que se refere ao
sensoriamento remoto, foram usadas imagens de satélite do Google Earth PRO
(Copyright Google) do ano de 2020 e imagens disponíveis na ferramenta Basemap do
software ArcGis 10.5 (Esri.com) para delimitação da área em estudo na zona costeira do
município de Raposa – MA e Galinhos – RN, na identificação, espacialização e
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69

delimitação de pontos de interesse da geodiversidade na área, tipos de uso e ocupação


que podem ameaçar a geodiversidade local e espacialização dos dados vetoriais gerados
através da etapa de quantificação da pesquisa.

As técnicas de geoprocessamento foram utilizadas no trabalho principalmente


para a identificação e espacialização dos tipos geológicos e geomorfológicos das áreas
em estudo a partir dos bancos de dados vetoriais disponibilizados pela CPRM (2013;
2018). Os produtos desta etapa foram gerados com auxílio do software Arcgis 10.5 da
ESRI.

É importante ressaltar que as atividades de campo foram procedimentos


essenciais para a análise da geodiversidade local, visto que a partir destas atividades
houve a verificação de serviços prestados pela geodiversidade, identificação/
inventariação dos geossítios/sítios da geodiversidade e coleta de sedimentos nos pontos
inventariados (Figura 12).

Figura 12- Síntese das etapas de desenvolvimento da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora, 2022.

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70

3.2 Análise sedimentológica


Na zona costeira do município de Galinhos já foram realizados vários estudos
que buscaram entender os aspectos sedimentológicos da área, como os trabalhos de
Lima (2004) e Costa Neto (2009). Estas pesquisas são fundamentais para uma
inventariação mais detalhada dos geossítios identificados no local. Desta forma, com o
intuito de trazer mais detalhamentos para a inventariação dos sítios costeiros do
município de Raposa – MA foi feita a coleta de sedimentos em cada ponto inventariado.
Estas informações darão base inclusive para as ponderações comparativas dos
resultados obtidos entre as duas áreas de estudo nas etapas de quantificação e na análise
estatística.

Foram coletadas amostras dos seis pontos inventariados no município de


Raposa – MA, estes pontos correspondem as áreas das respectivas praias: Curupu,
Carimã, Pucal, Mangue Seco, Taputiua e do campo de dunas da Ilha de Carimã. Na
planície costeira, foram coletados sedimentos nas áreas de: pós-praia, zona de estirâncio
e ante-praia conforme indicações encontradas em Lima (2004) (Figura 13).

Figura 13- Registro da etapa da coleta de sedimentos na zona de estirâncio da Praia de Mangue
Seco, Raposa - MA

Fonte: Acervo da pesquisa / Nayara M. Santos (2019).

A análise sedimentológica ocorreu com base em Suguio (1973) e Dias (2004)


foram realizadas no Laboratório de Geografia Física – LABGEOFIS do DGE/CCHLA
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Ao chegar no laboratório as amostras
passaram por processo de secagem em estufa a 100º C e foram quarteadas obtendo-se

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


71

frações representativas para os procedimentos de peneiramento, teor de carbonato, teor


de matéria orgânica, morfoscopia e morfometria (Figura 14).

Figura 14– A/B: Etapas de pesagem, quarteamento e separação de amostra para análise; C/D:
Etapa de peneiramento e separação de frações amostrais em cada peneira; E/F: Medida do teor
de carbonato; F/G: Medição da matéria orgânica.

Fonte: Nayara M. Santos (2019).

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72

Granulometria

Para classificação textural dos sedimentos utilizou-se o método de


peneiramento a seco, visto que apresenta resultados melhores para fração de areia em
relação aos processos de sedimentação. Nesta parte utilizou-se um jogo de peneiras com
séries predispostas de phi em phi (Φ) e um agitador de peneiras (rot-up) por cerca de 15
minutos.

Após o peneiramento, a fração detida em cada peneira foi pesada e registrada


em ficha de descrição de sedimento. Feito isto, os resultados foram inseridos e
processados no software Sistema de Análises Granulómétricas (SAG) da Universidade
Fluminense proposto por Dias e Ferraz (2004), que contribui para interpretação dos
dados.

O SAG se constitui como um Software de estatística descritiva, que nos


permite verificar, segundo Ferreira (2015), a textura das amostras, quantidade de
determinado tipo de granulometria nas amostras, energia do ambiente de sedimentação,
além de permitir um rápido diagnóstico da amostragem (devido aos gráficos
fornecidos), atrelado aos conceitos da sedimentologia.

Morfoscopia e Morfometria
De acordo com Dias (2004), a análise morfoscópica consiste na identificação
de marcas existentes sobre a superfície dos grãos que, de certa forma, registram a
“história” dos mesmos. Para morfoscopia foi utilizada a classificação de Cailleux
(1942), onde as categorias estabelecidas definem o tipo de transporte predominantes nos
grãos analisados (Quadro 05).

Quadro 05- Classificação da morfoscopia dos grãos segundo Cailleux (1942)


Classificação Descrição
Origina-se do intemperismo das rochas. Estes grãos apresentam-se
características de inserção recente no ciclo sedimentar: angulosos
Angulosos
com arestas cortantes e brilho gorduroso.
Boleados Possui contornos mais ou menos arrendondados, com aspecto
brilhantes brilhante devido ao suave atrito entre os grãos dentro d’água.
Arrendondados São grãos com aspecto fosco e desgastado devido ao atrito entre
baços os mesmos e os obstáculos são típicos de materiais transportados
pela ação eólica.
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Dias (2004).

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73

A análise morfométrica e morfoscópica feita nesta pesquisa consistiu,


metodologicamente, na homogeneização da amostra, quarteamento e separação de uma
média de 100 gramas da mesma para a análise comparativa (POWERS, 1954;
CAILLEUX, 1942; DIAS, 2004). Para esta etapa, foi necessário o auxílio de pinça e
lupa binocular, ambas disponíveis no LABGEOFIS. Por fim, foi feito o tratamento
estatístico dos dados por meio de uma média simples.

Quantificação de matéria orgânica

Para indicação do teor de matéria orgânica das amostras trabalhadas foram


realizados alguns testes empregando o método da calcinação dos sedimentos coletados
em campo tendo como base os trabalhos de Ferreira (2015), Paula et al. (2009),
Conceição et al. (1999).

Para a calcinação consistiu em forno muffla da marca Jung, modelo LF0612


com potencial térmico atingindo a 1.200° C. A temperatura estabelecida para esta etapa
foi de 500º C durante 5 horas, que resultou em queima de material orgânico suficiente
presente em uma amostra representativa de 10 g. As amostras foram acomodadas em
cadinhos com pesos conhecidos e levada a muffla. Após a queima do material orgânico,
realizou-se a diferença entre o peso da amostra com matéria orgânica menos o peso da
amostra retirada da muffla não contendo mais matéria orgânica.

Quantificação do teor de carbonato – CaCO³


Para esta etapa da pesquisa tomou-se como referência a metodologia utilizada
nos trabalhos de Santana e Costa (2008), Lima (2004) e Ferreira (2015) que consiste na
separação de 10 g de amostra representativa e ataque com ácido clorídrico diluído a
10%. As amostras passaram 24 horas sob ação do ácido dentro de beckers inseridos a
capela do LABGEOFIS. Logo após, as amostras foram lavadas para retirada do ácido, e
em seguida foram encaminhadas para estufa para posterior pesagem e quantificação do
carbono, no qual o resultado do peso inicial menos o peso final.

3.3 Proposta metodológica para avaliação do geopatrimônio costeiro


Esta proposta de avaliação do geopatrimônio costeiro foi moldada segundo
questionamentos que ajudaram a formular o objetivo desta pesquisa. Portanto, foi dada

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74

ênfase a uma avaliação descritiva mais específica para ambientes costeiros e a inserção
da fragilidade/vulnerabilidade de forma mais detalhada para estas áreas tanto na etapa
de inventariação quanto na etapa de quantificação. O objetivo através desta proposta de
inventariação e quantificação foi contribuir para avaliação do geopatrimônio costeiro,
apresentando novas discussões e critérios que possam subsidiar futuras pesquisas e
contribuir para uma gestão costeira mais eficaz.

Embora, tenham sido feitas leituras e análises sobre diversas metodologias de


inventariação, nesta pesquisa foi dada ênfase a trabalhos nacionais que fizeram
criteriosamente a análises metodológicas em propostas já existentes de avaliação do
geopatrimônio de cunho nacional e internacional e que trouxeram suas propostas
adaptadas para realidades brasileiras, como as pesquisas de Pereira (2010), Lopes
(2017), Rabelo (2018), Araújo, Chagas, Diniz (2020), e Silva et al (2020). Estas
pesquisas foram basilares para a presente proposta metodológica de avaliação de
geopatrimônio costeiro.

3.3.1 Inventariação
Segundo Rabelo et al. (2019), a inventariação consiste em elencar os sítios
potenciais de geodiversidade de uma área, ou seja, aqueles que possuem maior interesse
do ponto de vista geológico, geomorfológico etc. ou que estão expostos a alguma
vulnerabilidade latente. Pereira (2010), afirma que o ato de inventariar envolve a
realização de um levantamento, avaliação e catalogação, seguida da descrição
minuciosa dos bens ou locais de interesse de um determinado local.

Desta forma, nesta pesquisa antes da inventariação foi feito um processo de


identificação de possíveis sítios de interesse da geodiversidade costeira em ambas as
áreas de estudo, a partir de levantamento bibliográfico em livros, teses e dissertações e
através de atividades de campo, onde foram selecionadas áreas representativas de
acordo com suas características geológicas/ geomorfológicas e seus processos.

O processo de inventariação partiu da identificação estratégica de locais


seguindo a linha metodológica dos inventários de conhecimento propostos por Sharples
(2000). Nesta etapa houve um detalhamento qualitativo dos sítios selecionados a partir
do uso de uma ficha de caracterização dos geossítios/sítios da geodiversidade que serviu
para descrever os processos observados na área em questão (Figura 15). Na primeira

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75

parte da ficha são descritos dados mais direcionados a localização geográfica como
coordenadas geográficas, vias de acesso, proximidade com comunidades, nível de
acessibilidade. Estas informações além de serem importantes para conhecimento da
localização do geossítio/sítio da geodiversidade também podem ser relevantes para a
etapa de quantificação na mensuração do valor turístico, por exemplo.

Figura 15- A) Marcas da dinâmica dos canais de maré em Raposa - MA; B) Berma na praia de
Pucal em Raposa – MA.

A B

Fonte: Thauana O. Rabelo (2021)

O próximo tópico da ficha foi feito com base em Lopes (2017), Rabelo (2018),
Brilha (2016) e Santos et al. (2022) que traz uma caracterização mais geral do geossítio
com categorias referentes a condições de observação, enquadramento legal,
classificação principal do que é observado de forma mais latente no geossítio
(geoforma/processo), a escala de classificação (ponto, faixa, área ou panorama), nível
de divulgação do local, aproveitamento do terreno e o estado de conservação.

Visto que muitos pontos de interesse costeiro podem ser classificados como
áreas ou faixas, identificados por meio de praias, optou-se nesta inventariação colocar
um tópico específico para classificação do ambiente praial selecionado, onde busca-se
descrever melhor as formas e processos encontradas nestes ambientes, deixando o
inventário mais robusto.

Está presente na ficha de inventariação o tipo de interesse do local


(geomorfológico, paleontológico, mineiro, estratigráfico, tectônico etc.) e os níveis de
possíveis usos, sendo elencadas as categorias de uso turístico, econômico, científico e

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76

didático. Em relação a classificação dos tipos de áreas dos geossítios foram utilizadas as
definições de Fuertes-Gutiérrez e Fernández-Martínez (2010) que definem quatro tipos
de classes: ponto, faixa, área e panorama (Figura 16).

Figura 16: Classificação dos sítios de geodiversidade segundo sua extensão areal

Fonte: Silva (2016) adaptado de Fuertes-Gutiérrez e Fernández-Martínez (2010)

Lopes (2017) e Santos et al. (2020), trazem em seu trabalho os níveis de


vulnerabilidade a que estes geossítios estão submetidos, sendo este aspecto de grande
importância para a avaliação dos geossítios costeiros. Porém, com objetivo de detalhar
melhor estas vulnerabilidades, principalmente para fins de pensarmos em formas de
usos mais sustentáveis para estas áreas, propomos aqui nesta pesquisa critérios de
vulnerabilidade e fragilidade específicas paras as áreas costeiras. A fragilidade refere-se
as limitações de ordem intrínseca e natural dos elementos da geodiversidade aqui
analisados. Os critérios de vulnerabilidade estão relacionados a associação das ações
humanas sobre os recursos da geodiversidade das áreas.

Considerando a classificação proposta por Gray (2013) mudando a


nomenclatura de valores da geodiversidade para serviços ecossistêmicos da
geodiversidade, como já se mencionou anteriormente, adicionamos a esta ficha uma
parte de identificação destes serviços para cada geossítio/sítio da geodiversidade
inventariado, tendo como foco descrever melhor os tipos de serviços prestados por
aquele local para a sociedade. Os critérios que compõe esta proposta metodológica, que
estão estruturadas em formato de ficha no apêndice 1, contribuíram para a quantificação

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77

conforme os objetivos aqui propostos, os valores elencados, o risco de degradação e a


relevância dos geossítios/sítios da geodiversidade das áreas em estudo.

3.3.2 Quantificação
Lopes (2017) descreve o principal foco da quantificação de geossítios quando
diz que esta etapa tem como principal objetivo reduzir a subjetividade da inventariação
e torna-se uma medida necessária quando se tem a intenção de fazer uso de uma
determinada área, como é o caso das áreas em estudo desta pesquisa, que já apresentam
muitos usos humanos relacionados aos elementos da geodiversidade.

Pereira (2010) afirma que esta prática também possui um caráter subjetivo,
uma vez que, parte do ponto de vista humano e do uso potencial dos elementos da
natureza pelos seres humanos. Por isso, pensando em deixar os resultados obtidos
através da quantificação mais robustos e objetivos, pensamos em uma etapa posterior de
análise estatística destes dados.

Os valores mensurados nesta proposta de quantificação têm por base as


propostas de Lopes (2017), Pereira (2010) e Santos et al. (2020). Foram adicionados
nesta proposta valores relacionados diretamente aos serviços da geodiversidade
encontrados na área e ao grau de fragilidade e vulnerabilidade identificado nos
geossítios/sítios da geodiversidade.

O foco desta proposta de avaliação do geopatrimônio costeiro é enfatizar o


valor científico/didático, valor turístico, valor de uso e gestão e o risco de degradação a
que cada geossítio está submetido, onde estão classificados no que definimos aqui como
valor de uso. Os valores de uso irão contribuir indicações relacionados a melhor forma
de aproveitamento das áreas prioritárias da geodiversidade nas áreas em estudo.

Cada valor de uso está relacionado com aspectos que envolvem vários serviços
potenciais da geodiversidade que precisam ser quantificados. Então, antes da
quantificação dos valores de uso, será feira a quantificação do que chamaremos de
valores potenciais, sendo eles: potencial científico, potencial educativo, potencial de
suporte ecológico, potencial turístico, nível de fragilidade e nível de vulnerabilidade.

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78

3.3.3 Quantificação dos valores potenciais

Nesta etapa cada um dos valores apresenta critérios quantificáveis nos quais
devem ser atribuído pontos, consoante as definições atribuídas a cada um que estão
dispostas no apêndice 2. Os valores que estão sendo propostos nesta pesquisa tiveram
como pontos de partida as propostas de Pereira (2010) e Lopes (2017) e Santos et al.
(2020), assim como outros critérios que acreditamos ser relevantes para a quantificação
destes valores.

Os critérios para definição do grau de vulnerabilidade foram definidos a partir


de trabalhos voltados para a vulnerabilidade costeira, como Barros (2010), Serafim e
Bonnetti (2017), Santos et al. (2020), etc. Assim como, a partir das observações feitas
nas atividades de campo feitas nas áreas de estudo.

A estes critérios serão atribuídas notas que variam de 0 a 4 conforme a


realidade do geossítio/sítio da geodiversidade. Para cada nota atribuída em um destes
critérios, propomos uma definição de pontuação, indicada no apêndice 2, com objetivo
de diminuir a subjetividade nesta proposta de quantificação. Para cada valor potencial
será obtida uma nota, através das médias aritméticas dos valores atribuídos para o
conjunto de parâmetros incluídos em cada categoria, conforme as equações abaixo e
considerando sempre duas casas decimais no resultado.

a) Valor de Potencial Científico (VPC)


Este valor potencial refere-se aos trabalhos relacionados a pesquisas científicas
realizados no local e potencialidades para ilustrar aspectos relevantes da geologia e
geomorfologia da área. Este valor também busca identificar a possibilidade de interesse
dos elementos da geodiversidade com outras temáticas associadas na área, como a
biodiversidade local, aspectos socioculturais e econômicos etc. Assim, como também,
visa quantificar a variedade de elementos da geodiversidade nos locais.
Os critérios que definem este valor são: abundância/raridade, objeto de
referência bibliográfica, representatividade de processos geológicos/geomorfológicos
costeiros, diversidade de interesse/temáticas associadas, diversidade abiótica (mais de
um ou mais elementos), descritas no quadro 6.

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Quadro 6- Descrição dos critérios utilizados para cálculo do valor de Potencial Científico
VALOR DE POTENCIAL CIENTÍFICO
Critério Descrição
A1 Abundância/raridade Importância do sítio em termos de sua ocorrência na
área de pesquisa.
Objeto de referência Indica se o sítio investigado já foi alvo de estudos
A2 bibliográfica acadêmicos ou citados em artigos teóricos-
científicos.
Representatividade de Relevância do local como registro de elementos ou
A3 processos processos relacionados com a evolução geológica ou
geológicos/geomorfológicos geomorfológica da região ou do contexto em que está
costeiros inserida.
Diversidade de Associação do sítio a outros tipos de interesse dentro
A4 interesse/temáticas das geociências e outras temáticas de estudo
associadas (Exemplo: biodiversidade, aspectos socioculturais
e econômicos).
A5 Diversidade abiótica (mais Número de elementos interessantes associados a
de um ou mais elementos) geodiversidade no local.
Fonte: Adaptado pela autora de Pereira (2010).

A média do valor potencial científico para cada geossítio/sítio da


geodiversidade é calculada da seguinte forma:

O cálculo da média do valor de potencial científico dos geossítios


inventariados é a soma do VPC de cada geossítio dividido pela quantidade de geossítios
da área inventariada. Estes valores irão compor, posteriormente, as médias finais dos
valores de uso.

b) Valor de Potencial Educativo (VPE)


Este valor potencial refere-se à capacidade do sítio ser utilizado para fins
didáticos, ou seja, para ilustrar elementos ou processos da geodiversidade e sua
possibilidade de uso local para ensino das geociências em todos os níveis de ensino,
desde o básico até o superior.
A definição deste valor pode contribuir também para criação futura de
estratégias geoturísticas, visto que a ideia contida no geoturismo é a de propagar os
conhecimentos sobre a geodiversidade a fim de mostrar sua importância para fins de
geoconservação. Os critérios que definem este valor são: condições de observação,
relevância didática, condições de acessibilidade e uso didático em curso (Quadro 7).
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Quadro 7- Descrição dos critérios utilizados para cálculo do Valor de Potencial Educativo
VALOR DE POTENCIAL EDUCATIVO
Descrição
Critério
Indica se o sítio apresenta boas condições de
B1
Condições de observação observações ou possui obstáculos de visualização dos
elementos da geodiversidade.
Relevância didática Potencial do local para ilustrar elementos ou processos
B2
da geodiversidade com possibilidade de uso local para
ensino das geociências para todos os níveis de ensino.
Condições de acessibilidade Possíveis dificuldades de acesso ao local.
B3
Uso didático em curso Indica se o sítio já é utilizado para fins didáticos para
B4
público de diferentes níveis de ensino.
Fonte: Adaptado pela autora de Pereira (2010); Lopes (2017) e Santos et al. (2020)

A média do valor potencial educativo é calculada da seguinte forma:

O cálculo da média do valor de potencial educativo dos geossítios


inventariados é a soma do VPE de cada geossítio dividido pela quantidade de geossítios
da área inventariada. Estes valores irão compor, posteriormente, as médias finais dos
valores de uso, apresentado ligação direta com o valor de uso científico e turístico.

c) Valor de Potencial de Suporte Ecológico (VPSE)


Este valor potencial refere-se a influência que a geodiversidade identificada
no local oferece para a capacidade de suporte e manutenção do ecossistema encontrado
no local. Este valor contribui diretamente para uma visão integrada entre elementos
bióticos e abióticos nos ambientes costeiros.
Os critérios que definem este valor são: suporte para biodiversidade costeira,
relevância paleogeográfica e características da geodiversidade costeira que determinam
o ecossistema, descritas no quadro 8. Este valor potencial estará diretamente ligado a
categoria de Valor de Uso e Gestão (VUG).

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81

Quadro 8- Descrição dos critérios do Valor do Potencial de Suporte Ecológico


VALOR DO POTENCIAL DE SUPORTE ECOLÓGICO
Descrição
Critério
Indica se os elementos da geodiversidade da área
C1
Suporte para biodiversidade oferecem suporte para biodiversidade costeira do local
costeira através dos serviços de plataforma ou habitat, por
exemplo. Ou ainda para espécies observadas no local
que não são genuínas daquele ecossistema, mas, foram
trazidas e fixaram-se ali.
Indica se os elementos da geodiversidade influênciam de
forma relevante na observação de formas pretéritas ou
C2
Relevância paleogeográfica em espécies de fauna ou flora que façam parte da
paleogeografia da região, como fosséis ou iconofosséis,
por exemplo.
Características da Indica se as características da geodiversidade costeira
geodiversidade costeiras (geologia, geomorfologia, sedimentologia, dinâmicas de
C3
que condicionam a ventos e marés) influenciam na determinação de
ocorrência o ecossistema ocorrência do ecossistema local.
Fonte: Elaborado pela autora (2020).

A média do valor do potencial de suporte ecológico é calculada da seguinte


forma:

O cálculo da média do valor de potencial de suporte ecológico dos


geossítios/sítios das geodiversidade inventariados é a soma do VPSE de cada geossítio
dividido pela quantidade de geossítios da área inventariada.

d) Valor de Potencial Turístico (VPT)


Este valor reúne critérios que permitem uma avaliação referente ao uso
turístico do geossítio, tanto ao uso atual quanto as possibilidades de uso futuras. Os
critérios que definem este valor são: aspecto estético, condições de acessibilidade,
condições de observação, associação com aspectos culturais da área, condições
sedimentológicas do terreno e práticas de esportes radicais na área, descritas no quadro
9.

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82

Quadro 9- Descrição dos critérios do Valor de Potencial Turístico


VALOR DO POTENCIAL TURÍSTICO
Critérios Descrição
Relativo ao aspecto à beleza cênica do local.
Consiste no parâmetro com maior grau de
Aspecto estético subjetividade, uma vez que depende do
D1 sentimento que o local provoca no avaliador.
Porém indicamos com maior apelo estético
aqueles sítios com diversidade de formas e cores.
D2 Condições de acessibilidade Indica possíveis dificuldades de acesso ao local.
Indica se o sítio apresenta boas condições de
D3 Condições de observação observações ou possui obstáculos de visualização
dos elementos da geodiversidade.
Associação com aspectos Indica se o sítio apresenta forte relação ou não de
D4 culturais da área identidade cultural ligadas a aspectos como
toponímia, lendas e crenças religiosas etc.
Indica se o sítio apresenta presença ou não do
rochas praiais e caraterísticas sedimentológicas
relacionadas principalmente a tamanho dos
D5 Condições sedimentológicas do sedimentos. Estas características são importantes
terreno para indicar os tipos de atividades turísticas que
podem ser inseridas no local (turismo “sol e praia,
turismo radical, geoturismo etc.)
Indica se o sítio apresenta ou não a presença de
D6 Presença de formas litorâneas forma de baias ou enseadas, falésias ou dunas.
Essas formas litorâneas apresentam relevante
potencial estético.
Prática de esportes radicais ou Indica a ocorrência de atividades físicas ou
D7 outras atividades físicas esportes radicais que dependem das características
da geodiversidade do local.
D8 Condições de infraestrutura Indica a presença de infraestruturas que facilitem
o uso turístico do local.
Fonte: Adaptado pela autora de Pereira (2010); Lopes (2017) e Santos et al. (2020), com os
critérios D5, D6 e D7 propostos nesta pesquisa.

A média do valor do potencial turístico é calculada da seguinte forma:

O cálculo da média do valor do potencial turístico dos geossítios/sítios da


geodiversidade inventariados é a soma do VPSE de cada sítio dividido pela quantidade
de geossítios/sítio da geodiversidade da área inventariada. Estes resultados estarão
diretamente ligados a quantificação do valor de uso turístico, posteriormente.

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83

e) Nível de Fragilidade (NF)


O nível de fragilidade agrega critérios apenas relacionados as características
físico-naturais do ambiente. Espera-se indicar através do NF o nível de fragilidade
daquele sítio ligada especificamente a fatores intrínsecos de ordem natural. Os critérios
relacionados ao NF, são: presença de vegetação, presença de recifes, beachrocks ou
terraços de abrasão, tipos de praia, tipos de dunas, descritas no quadro 10.
Quadro 10- Descrição dos critérios do Nível de Fragilidade
NÍVEL DE FRAGILIDADE (NF)
Descrição
Critérios
Indica se o sítio possui ou não presença de vegetação herbácea,
E1
Presença de vegetação arbustiva ou arbórea, visto que a vegetação pode contribuir para
o nível de conservação.
Presença de recifes Indica se o sítio possui ou não a presença recifes beachrocks que
E2
beachrocks ou terraços de podem servir como zonas de proteção a processos costeiros
abrasão ligados a ação das ondas ou terraços de abrasão que se
encontram em áreas de falésias ativas.
Indica o tipo da praia de acordo com sua classificação (refletiva,
E3
Tipos de praia intermediária ou dissipativa) que podem manifestar indicações
sobre a declividade, quebramentos das ondas etc., que
influenciam no grau de vulnerabilidade a que este sítio está
exposto.
Indica a classificação das dunas segundo a sua movimentação
E4
Tipos de dunas (paleodunas, fixas, semi-fixas, móveis). Estas características são
importantes pois dão uma noção sobre a presença de vegetação
no sítio e velocidade de movimentação das dunas.
Granulometria dos Indica a importância do tamanho dos grãos para inferir a o grau
E5
sedimentos de atuação da erosão costeira ou relação da composição
sedimentar com situações de ordem antrópica como
derramamento de óleos.
Fonte: Elaborado pela autora (2020).

A média do nível de fragilidade é calculado da seguinte forma:

Para o caso do NF, caso não haja possibilidade de observação de alguns destes
critérios no sítio estudado, ele não precisa ser contabilizado para fins de resultado e a
soma de valores e, posterior, divisão pode acontecer apenas os critérios observados no
local. O cálculo da média do nível de fragilidade dos geossítios/sítios da geodiversidade
inventariados é a soma do NF de cada sítio dividido pela quantidade de geossítios/sítios

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


84

da geodiversidade da área inventariada. Estes valores são essenciais para o cálculo do


grau de vulnerabilidade final dos geossítios.

f) Nível de Vulnerabilidade (NV)


O nível de vulnerabilidade agrega critérios apenas relacionados as
características que envolvem interferências antrópicas no sítio. Espera-se indicar através
NV a vulnerabilidade daquele sítio ligada especificamente a fatores relacionados a
atuação humana na área segundo os seguintes critérios: presença de urbanização,
presença de vegetação agrícola, presença de viveiros e/ou áreas portuárias, presença de
estruturas de empresas eólicas, presença de extração mineral, presença de obras de
contenção costeira (Quadro 11).

Quadro 11- Descrição dos critérios do nível de vulnerabilidade


NÍVEL DE VULNERABILIDADE
Critério Descrição
F1 Indica se o sítio apresenta presença ou não de urbanização
Presença de urbanização como casas de primeira e segunda residência, posto de
saúde e supermercado, rede hoteleira e restaurantes,
empresas turísticas.
F2 Presença de vegetação Indica se no sítio é utilizado para fins de cultivo de algum,
agrícola produto agrícola.
F3 Presença de viveiros ou Indica se o sítio está inserido em áreas de viveiros ou áreas
área portuárias portuárias com sinais de degradação ou não.
F4 Presença de estruturas de Indica se o sítio está inserido ou não em áreas de eólicas
empresas eólicas com sinais de degradação ou alteração da dinâmica
ambiental da área.
F5 Presença de extração Indica se na área do sítio ocorre ou não extração de um ou
mineral mais tipos de minerais.
F6 Presença de obras de Indica se o sítio está em uma área com obras de contenção
contenção costeira costeira ou não apresentando sinais de erosão costeira.
F7 Presença de empresas Indica se o sítio está em uma área com sinais de atividade
turísticas turísticas que colaboram para degradação do sítio ou não.
Fonte: Elaborado pela autora (2020).

A média do nível de vulnerabilidade é calculada da seguinte forma:

Para o caso também do NV, caso não haja possibilidade de observação de


alguns destes critérios no sítio estudado ele não precisa ser contabilizado para fins de

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85

resultado e a soma de valores e posterior divisão pode acontecer apenas os critérios


observados no local. A média final do nível de vulnerabilidade dos geossítios/sítios da
geodiversidade inventariados é a soma do NV de cada sítio dividido pela quantidade de
geossítios/sítios da geodiversidade da área inventariada. Estes valores também são
essenciais para o cálculo do grau de vulnerabilidade final dos geossítios.

3.3.4 Quantificação dos valores de uso e do grau de vulnerabilidade


A segunda parte da etapa de quantificação trata-se da quantificação dos valores
de uso científico/didático, de uso valor turístico, valor de uso e gestão e o grau de
vulnerabilidade. O cálculo destes valores e do grau de vulnerabilidade dependem da
associação dos resultados obtidos a partir da quantificação dos valores potenciais.

É importante enfatizar que aqui serão propostos modelos equacionais seguindo,


principalmente, a metodologia de Pereira (2010), atribuindo maiores pesos a valores
potenciais mais relevantes para o cálculo de cada valor de uso, assim como do grau de
vulnerabilidade.

a) Valor de Uso Científico (VUC)


O valor de uso científico foi calculado a partir da média ponderada dos valores
potenciais científicos e educativo. Neste cálculo foi atribuído um peso maior ao VPC,
visto que este valor é obtido por critérios que indicam o nível de abundância da
ocorrência de exemplares da geodiversidade em destaque na área, disponibilidade de
trabalhos científicos já realizados no local, a diversidade de processos
geológicos/geomorfológicos que ocorrem na área e a possibilidade de associação da
geodiversidade local com outras temáticas de estudo.
O valor potencial didático também se mostrou importante para este cálculo,
pois apresenta o potencial didático do local atrelado a diversidade de processos
geológicos/geomorfológicos da área. O cálculo do Valor de Uso Científico (VUC) é
obtido da seguinte forma:

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86

O resultado obtido a partir da quantificação do Valor de Uso Científico (VUC)


expressa o potencial científico já consagrado do sítio em questão ou ainda inexplorado
deste geossítio/sítio da geodiversidade, o que pode contribuir para futuros usos
relacionados a novas pesquisas científicas na área.

b) Valor de Uso Turístico e Didático (VUTD)


O valor de uso turístico e didático (VUTD) foi calculado a partir da média
ponderada dos valores potenciais turístico e educativo. Neste cálculo foi atribuído um
peso maior ao Valor Potencial Turístico (VPT) visto que este valor agrega informações
referentes a aspecto estético, condições de observação e acessibilidade, que também
estão presentes como critérios no Valor Potencial Educativo (VPE), assim como
associação com outros aspectos culturais da área e prática de esportes radicais.
O valor de potencial didático é importante para este cálculo visto que agrega
critérios relacionados a possibilidade do desenvolvimento do geoturismo na área, que
tem como proposta basilar um turismo educativo sobre as geociências. O cálculo do
Valor de Uso Turístico e Didático (VUTD) é feito da seguinte forma:

O resultado obtido a partir da quantificação do Valor de Uso Turístico e


Didático (VUTD) expressa o potencial atual ou futuro de utilização do sítio como para
estes fins em diferentes categorias como turismo sol e praia, turismo de aventura,
geoturismo etc.

c) Valor de Uso e Gestão


O Valor de Uso e Gestão (VUG) foi calculado a partir da média ponderada
entre os valores potenciais de suporte ecológico, científico e turístico. Neste cálculo, foi
atribuído um peso maior VPSE visto que este valor potencial apresenta critérios ligados
a características da geodiversidade costeira que determinam a ocorrência de

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


87

ecossistemas locais e possuem alguma relevância paleogeográfica, indicando o nível de


importância da geodiversidade da área para a biodiversidade local.
O VPC também é importante para o cálculo do valor de uso e gestão, pois as
características relacionadas a este valor indicam o nível de abundância da ocorrência de
exemplares da geodiversidade em destaque na área que indicam diretamente que locais
necessitam de maior atenção do ponto de vista de suas potencialidades.
Os resultados do VPT também são importantes para quantificação deste valor,
pois agrega critérios que indicam usos atuais e futuros relacionadas ao turismo, fazendo
com que possa ser pensado a melhor forma de prática desta atividade econômica na
área, considerando aspecto estético, condições de observação e acessibilidade, dentre
outros. O cálculo do Valor de Uso e Gestão (VUG) ocorre da seguinte forma:

O resultado obtido a partir da quantificação do Valor de Uso e Gestão (VUG)


expressa o potencial de uso do geossítio/sítio da geodiversidade estudado a partir,
principalmente, das suas potencialidades e importância para o sistema local.

d) Risco de Degradação (RD)

O Risco de Degradação (RD) será calculado a partir dos resultados obtidos a


partir dos níveis de fragilidade e vulnerabilidade. Neste cálculo foi atribuído valor maior
ao NV, pois entendemos que os aspetos relacionados vulnerabilidades que tem como
fator principal a atuação humana no local tornam o ambiente mais vulnerável devido à
ação, muitas vezes, desenfreada das atividades humanas.

O NF é importantíssimo para o cálculo do Risco de Degradação, posto que as


características naturais de um sistema apresentam vulnerabilidades que podem torná-lo
menos propenso para a determinados tipos de uso. O Risco de Degradação (RD) é
calculado da seguinte forma:

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88

O resultado obtido a partir da quantificação do Risco de Degradação (RD) é


essencial para a correlação com os valores de uso propostos nesta pesquisa, visto que
gerará um contraponto em relação as possibilidades de uso. A quantificação do risco de
degradação pode dar base a estratégias de uso de geossítios/sítios da geodiversidade que
sejam pautadas tanto nas suas potencialidades como no seu grau de vulnerabilidade com
vistas na sustentabilidade e na capacidade de resiliência do local. A apresentação e a
representação destes resultados por meio de gráficos específicos.

e) Relevância (R)

A relevância dos geossítios/sítios da geodiversidade nesta pesquisa considerará


os critérios estabelecidos por Pereira (2010) baseados no valor de uso científico (VUC)
o e valor de uso turístico e didático (VUTD) para indicar a relevância local.
Acrescentamos a esta proposta o valor de uso e gestão (VUG) por compreendermos que
nele estão implícitas outras características científicas que mostram a importância a
geodiversidade para a manutenção dos ecossistemas.

A relevância (R) será calculada da seguinte forma:

Para realização deste cálculo estes valores foram divididos por 29, valor que
representa a quantidade total de critérios adotados na avaliação dos sítios.
Posteriormente, esses valores foram multiplicados por 150 visando normalizar os
resultados. Esta pesquisa seguiu os mesmos níveis propostos por Pereira (2010) para

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89

seriação dos resultados de Relevância, adaptando apenas os critérios dispostos a


relevância internacional, porém, mantendo a similaridade entre as metodologias:

- Relevância local: locais onde R = < 10;

- Relevância regional: locais onde 10 < R < valor médio obtido pela relevância do
conjunto sítios inventariados;

- Relevância nacional: locais onde R > valor médio obtido pela relevância do conjunto
sítios inventariados;

- Relevância Internacional: locais onde R > valor médio obtido para relevância do
conjunto de sítios inventariados e onde simultaneamente os critérios A1 e B1 são
maiores ou iguais a 3 e os parâmetros A2, A3, B3, D8 maiores ou iguais a 2.

Nesta proposta, faremos um ranking de associações do valor de Relevância de


cada sítio inventariado com os valores de Risco de Degradação obtidos na pesquisa por
compreendemos que as fragilidades e vulnerabilidades são essenciais para pensarmos
em estratégias de gestão para a conservação destas áreas prioritárias.

3.4 Espacialização geográfica da quantificação dos geossítios/sítios inventariados


Com foco na distribuição geográfica dos valores quantificados correspondentes
ao geopatrimônio costeiro correspondente a cada geossítio/sítio da geodiversidade, foi
feita a espacialização dos dados obtidos na etapa de quantificação do trabalho. Os dados
quantificados foram organizados em planilhas eletrônicas no software Excel e
transformados, posteriormente, em vetores no software de geoprocessamento ARCGIS
10.5 (ESRI.com). A organização das informações referentes a quantificação do
geopatrimônio nas duas áreas de estudo foi feita no Excel 2013 em forma de tabela,
relacionando os resultados da quantificação de cada tipo de e valor de uso a sua área
específica.

Esta etapa do trabalho foi feita com o intuito de possibilitar uma leitura mais
didática dos resultados da quantificação, visto que esta pesquisa também busca
contribuir com estratégias geoconservação costeira, e para isso, deve estes dados
possam ser interpretados por públicos diferenciados e a cartografia possa auxiliar neste
processo. A partir de adaptações de metodologias voltados para o mapeamento de
serviços ecossistêmicos utilizadas por Macedo et al. (2017) e Burkhard e Maes (2017)
foi possível chegar a produtos de espacialização dos dados quantificados neste trabalho.
Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022
90

A diferenciação dos valores foi feita por meio de mapas corocromáticos


(Quadros 12 e 13) com escala diferenciada de cores que variam dos menores aos
maiores resultados a partir de intervalos criados correspondentes aos de valores de 0 a 4
relacionados aos valores de uso científico, turístico e didático, uso e gestão, risco de
degradação e relevância.
Quadro12- Indicação de valores e cores utilizados na espacialização dos valores de uso
Valor de uso Baixo Médio Alto
Científico (VUC) <1a1 1,5 - 2 3- 4
Turístico e didático (VUTD) <1a1 1,5 - 2 3- 4
Uso e Gestão (VUG) <1a1 1,5 - 2 3- 4
Risco de Degradação (RD) <1a1 1,5 - 2 3- 4
Fonte: Elaborado pela autora.

Quadro 13- Indicação de valores de cores e utilizados na espacialização da relevância

Local Regional Nacional Internacional


R> VMRSI e
Relevância A1 e B1 > ou =
< 10 10 < R < R> VMRSI
a 3 e A2, A3,
VMRSI
B3, D8 > ou =
2.
VMSR* Valor médio de relevância do geossítio
Fonte: Elaborado pela autora.

No software ArcGis versão 10.5 foram adicionadas novas colunas na tabela de


atributos das áreas mapeadas com os valores das médias da quantificação para o
mapeamento considerando para contagem os totais de geossítios/sítios da
geodiversidade inventariados e um intervalo entre os resultados. Ainda neste software,
com a tabela de atributos preenchidas com seus respectivos valores associados aos
arquivos vetoriais (formato shapefile) dos geossítios/sítios da geodiversidade mapeados,
foi feita a correlações destes valores de uso associados as unidades geomorfológicas de
Raposa – MA e Galinhos – RN. O foco desta foi a análise e representação das unidades
que apresentaram maior número de valores de uso associados, visto que a
geomorfologia é o elemento que mais se destacou nas duas áreas de estudo, gerando
assim produtos cartográficos derivados dos valores de uso, risco de degradação e a
relevância das áreas.

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91

Capítulo 4
A GEODIVERSIDADE COSTEIRA DO MUNICÍPIO DE
RAPOSA – MA

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


Vista do manguezal do município de Raposa a partir das dunas de Carimã – Raposa (MA))
Thiara Oliveira Rabelo Tese de Doutorado
92

4 A GEODIVERSIDADE COSTEIRA DO MUNICÍPIO DE RAPOSA - MA


O município de Raposa está inserido na porção nordeste da Ilha do Maranhão –
MA e entre as coordenadas geográficas 2º24' e 2º 28' S e 44º01' e 44º06' W. A zona
costeira do município está inserida em uma zona de clima equatorial chuvoso e de
acordo com Feitosa (1996), a área é regida por marés de baixa energia, ocorre o
acúmulo de sedimentos e material orgânico que proporciona a produção de um
ecossistema de manguezal. De acordo com Vale et al. (2009) a área está associada
geologicamente pelas Formações Itapecuru, Barreiras e por sedimentos recentes do
Quaternário.

Na área são encontrados principalmente ambientes de praias, dunas e planícies


Flúviomarinhas que representam geomorfologicamente o local. No que se refere a
vegetação, França (2018) destaca que no município podem ser observados,
principalmente, espécies vegetacionais de manguezal, faixas de vegetação de restinga,
assim como tipologias vegetacionais herbáceas que recobrem as dunas frontais como a
Ipomoea pes-caprae (L.) R.Br. da família Convolvulaceae (salsa-da-praia) ou o
Blutaparon portulacoides (A.St.-Hil.) Mears da família Amaranthaceae (capim de
areia), que encontram-se presentes na região interdunar.

Muitas pesquisas estão voltadas para a dinâmica do ecossistema manguezal do


município da Raposa (FEITOSA, 1996; DIAS, RANGEL E COELHO, 2006;
PINHEIRO E MACHADO, 2016; FRANÇA, 2018), assim como para a sua peculiar
dinâmica costeira. Levando em consideração a representatividade da geodiversidade
para o município, visto que os elementos abióticos da área prestam diversos serviços
para a sociedade local, iremos destacar aqui a caracterização da geodiversidade mais
representativos da local. Desta forma, a partir de um olhar geográfico iremos destacar
aqui os processos e interações entre estes elementos em conjunto com os tipos de usos
dos mesmos, que podem ser relavantes, posteriormente, para a quantificação do
geopatrimônio costeiro da área.

4.1 Geologia
De acordo com relatório de geodiversidade do Serviço Geológico Brasileiro -
CPRM (2013) do Estado do Maranhão, o munícipio de Raposa abriga,
predominantemente, três tipologias geológicas: a formação Itapecuru, compostas por
sedimentos formados no Cretáceo e por sedimentos mais recentes que formam na área o

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


93

que a CPRM destaca geologicamente no seu relatório de geodiversidade como


Depósitos de Pântanos e Mangues e Depósitos Litorâneos, conforme apresentado no
mapa 3.

Mapa 3- Geologia predominante da área do munícipio de Raposa -MA

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


94

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Localizada a sudoeste da Bacia Sedimentar de Barreirinhas, próximo ao


extremo oriental da bacia sedimentar de barreirinhas, o município de Raposa abriga as
formações superficiais das bacias Barreirinhas e São Luís. Segundo Feitosa (1996),
existe uma predominância de sedimentos quaternários, compostos por material clástico
de granulometria homogênea e que podem ser observados nas áreas de praias, dunas,
solos lateríticos etc.

• Formação Itapecuru

A formação Itapecuru no município de Raposa está assentada sobre áreas tabulares


e segundo Moura (2002) op cit França (2018) esta formação é datada do Cretáceo Superior,
sendo constituída por arenitos finos argilosos e muito argilosos ricos em argilas dos grupos
das caulinitas e intercalados por folhelhos, uma vez que dada as condições de altas
porcentagens de umidade e de médias térmicas na região, estes sedimentos apresentam alto
estado de intemperização.

Segundo Feitosa (1996), a formação Itapecuru compõe o substrato modelado


por processos erosivos anteriores ao afogamento da área conhecida como Golfão
Maranhense e ocupa toda a área dos afloramentos mais antigos no contato com a Ilha do
Maranhão, havendo pequenas ocorrências de sedimentos das séries Barreiras.

Estas ocorrências do grupo Barreiras, segundo Veiga Júnior (2000), se


distribuem superficialmente, predominando essencialmente arenitos que repousam sobre
unidades mais antigas do Pré-Cambriano até o Paleogeno e é recoberto
discordantemente pelos sedimentos de idade quaternária.

• Depósitos de Pântanos e Mangues

Segundo a CPRM (2013), a sedimentação do depósito de pântanos e mangues


ocorreu durante a Era Holocênica, principalmente na costa ocidental maranhense, que é
caracterizada pela presença de inúmeros estuários, com a presença de ilhas, baías e
canais. Rodrigues et al. (1994), afirma que estes depósitos são constituídos,
predominantemente, por sedimentos lamosos (argila e silte), como é possível observar
na figura 17, de coloração cinza, não adensados, maciços e bioturbados. Esta unidade
geológica abrange grande parte das bacias hidrográficas da área.
Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022
95

Figura 17- Área de ocorrência dos depósitos constituídos por sedimentos lamosos localizados
na comunidade de Mangue Seco, Raposa – MA.

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

• Depósitos Litorâneos
Quanto aos depósitos litorâneos destacamos que estes estão presentes na faixa
costeira, destacando-se a zona de praia da planície costeira da área e os depósitos
eólicos sob forma de dunas presente na região. Veiga Júnior (2000) afirma que estes
depósitos estão sobre áreas suavemente inclinadas em direção ao mar, submetida
também a ação de marés e tendo praias compostas areias esbranquiçadas e quartzosas.
De forma geral, a partir das análises feitas em laboratório, foi possível observar
que na área as areias ocorrem predominantemente de granulometria média a fina,
aproximadamente simétricas e bem selecionadas (Figura 18), características presentes
também nos depósitos eólicos costeiros da área.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


96

Figura 18 – A) Sedimentos analisados em laboratório representando a granulometria média a


fina da área e sua coloração esbranquiçada; B) Depósitos eólicos do município de Raposa – MA
(Dunas de Carimã).

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

Os depósitos eólicos litorâneos no município de Raposa apresentam-se


principalmente sob forma de dunas costeiras móveis e fixas, compostas por sedimentos
que são recebidos da plataforma continental e das descargas de drenagem dos rios da
área e que depois de depositados na face praial são levados a partir das ações do vento
em direção ao interior da planície costeira, formando assim as formações dunares
presentes na área.

4.2 Geomorfologia
No que se refere a geomorfologia, o município de Raposa é composto por 5
tipos de formações geomorfológicas de acordo com a CPRM (2018), sendo elas:
Tabuleiros, Campos de Dunas Fixas, Campos de Dunas Móveis, Planícies
Flúviomarinhas e Planícies marinhas, conforme representado no mapa 4.

É importante destacar que a área em estudo integra o segmento costeiro do


Golfão Maranhense, que é segundo maior golfo da costa brasileira e segundo França
(2018) estende-se da ponta de Atins na Ilha de Santana, abrangendo os municípios de
Alcantâra, São Luís e Paço do Lumiar, São José de Ribamar, Humberto de Campos e
Raposa. O Golfão abrange as áreas da baía de São Marcos, São José (na parte interna),

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


97

bem como as baías de Cumã e Tubarão, demarcando o Golfão na parte oeste e leste,
respectivamente.
Mapa 4– Classificação geomorfológica do município de Raposa - MA

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


98

• Tabuleiros

A unidade geomorfológica tabuleiros é a menos representativa no município de


Raposa. Segundo a CPRM (2013), apresentam suscetibilidade à erosão moderada a alta,
formas de relevo esculpidos em baixos platôs dissecados e colinas tabulares, entalhados
por uma rede de canais de moderada densidade de drenagem.

A área de tabuleiros no munícipio corresponde as áreas de depósitos dos


sedimentos da formação Itapecuru e segundo apresentam formas de relevo suavemente
dissecadas, topos planos e alongados e vertentes retilíneas apresentando cerca de 40
metros de elevação no máximo, assim como os tabuleiros presentes no setor sudeste da
Ilha do Maranhão descritos por Rabelo (2018).

• Planícies Flúviomarinhas

Esta unidade geomorfológica ocupa a maior parte em extensão territorial do


município. Segundo França (2018), posto que a área do município está inserida na parte
central da Planície Flúviomarinha do Golfão Maranhense, apresenta uma dinâmica
geomorfológica caracterizada pela atuação de processos de acumulação fluvial,
flúviomarinha, associados principalmente aos canais de maré (Figura 19) e eólica que,
por sua vez, originam diferentes feições com elevado dinamismo favorecido nos trechos
correspondentes a dunas móveis.

Figura 19– Canais de maré associados a Planície Flúviomarinha no município de Raposa

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


99

Além dos canais de maré, as planícies Flúviomarinhas abrangem as redes de


drenagem das zonas estuarinas locais, sendo as mais representativa a bacia do rio
Paciência no local. Estas planícies são caracterizadas pelo predomínio de áreas planas
que potencializam a ocorrência da inundação destas planícies por águas doces e
salgadas que favorecem a ocorrência da vegetação de mangue.

• Campos de Dunas Fixas e Móveis


No município de Raposa as dunas ocorrem durante em quase toda a extensão
da linha de costa e são de diferentes altitudes devido a deflação eólica da área. Feitosa
(1996), afirma que estas feições formam-se na área de aporte de sedimentos ocorrendo
no sentindo nordeste-sudoeste, a partir da zona sub-litorânea (que se estende da zona de
arrebentação até as águas mais profundas) mediante o aporte de sedimentos pelas
correntes marinhas, que são carreados até a praia através dos processos oceanográficos e
através das ações eólicas transportam os sedimentos pela praia em direção as dunas
(Figura 20).

Figura 20– Campo de Dunas no município de Raposa (Dunas de Carimã)

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

Sobre as dunas móveis do município de Raposa, França (2018) destaca que

As dunas da área de estudo apresentam-se relativamente baixas entre 2 a 10


m de altura intercaladas por áreas planas (planície interdunar), onde as
características dinâmicas denunciam os processos morfogênicos como

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


100

aportes de sedimentos pelas correntes costeiras os quais são carreadas pelos


agentes oceanográficos (ondas e correntes) sendo transportados para área
emersa pelos ventos.

Estas dunas caracterizam-se por serem mais recentes na área e não apresentam
praticamente nenhuma vegetação, o que facilita o seu processo migratório e o acúmulo
de partículas em outras unidades geomorfológicas, como as planícies Flúviomarinhas.
França (2018) afirma que em alguns locais de ocorrência das dunas fixas, encontra-se
uma vegetação de gramíneas, incipientes, rarefeita e com vida efêmera que ao
desaparecer perde sua importância como elemento de fixação dos sedimentos durante o
período de estiagem.

No município de Raposa também é possível observar a presença de dunas


frontais, que ocorrem na área de contato da praia com a costa emersa. Estas feições são
formadas mais próximas ao mar e estão localizadas nas faixas de pós-praia, alinhadas
paralelamente a faixa de praia. Embora estas dunas apresentem uma vegetação mais fixa
em suas cristas, a área de dunas fixas na região encontra-se mais próxima a região das
Planícies Flúviomarinhas. Estas dunas são consideradas dunas estabilizadas que estão
recobertas por vegetação herbácea ou arbustiva e que segundo, França (2018), são
imobilizadas e bioestabilizadas, o que favorece a estabilização do relevo e contribui
para melhoria das condições edáficas, contribuindo para uma maior estruturação das
camadas superficiais através do suporte da matéria orgânica.

• Planícies marinhas

Esta unidade é representada na área principalmente pela ocorrência de praias


dissipativas (Figura 21), formadas por materiais inconsolidados que são retrabalhados
por processos oceanográficos com limites definidos de acordo com a amplitude das
marés. A partir das análises feitas em laboratórios, observou-se que as praias da região
são compostas por sedimentos quartzosos de granulometria médio a fino e coloração
esbranquiçada.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


101

Figura 21– Praia do Pucal – Município de Raposa, MA.

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

França (2018) afirma que

Em se tratando de estágios morfológicos, as praias da área de estudo, [...] se


destaca por apresentar, segundo Calliari et al (2003) uma zona de surfe larga,
com baixo gradiente topográfico e elevado estoque de areia na porção subaquosa
da praia cuja condições dissipativas são favorecidas pela ocorrência de ondas
altas e elevadas esbeltez e pela presença de areias de granulometris fina. Neste
estágio, onde a reserva de areia se encontra na zona submarina da praia, bancos
longitudinais paralelos à praia, são comuns.

As praias representativas desta unidade geomorfológica no município são:


praia de Carimã, praia do Pucal, praia de Mangue Seco e praia de Itapetiua. Sendo que a
praia de Pucal e Mangue Seco apresentam uma dinâmica morfológica mais diferenciada
por conta da sua proximidade aos processos relacionados aos canais de maré da área.

4.3 Aspectos climáticos e oceanográficos


Os aspectos climáticos e oceanográficos são essencialmente importantes na
formação e modificação das paisagens costeiras. Sobre os aspectos climáticos da área
em estudo El Robrini (2003) destaca que as temperaturas médias variam pouco de uma
estação para outra e que sofrem mais variação da maritimidade do que da variação
latitudinal. O autor ainda destaca que as temperaturas máximas ocorrem entre os meses
de agosto a novembro e seu valor médio está acima de 30º C e o aumento da cobertura

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


102

de nuvens diminui os efeitos da radiação solar direta durante o período de chuva, de


janeiro a julho.

Em relação a dinâmica de ventos na área em estudo atuam os ventos alísios


(NE) e segundo França (2018) constitui-se como um importante elemento para a
morfogênese costeira, visto que este influencia na dinâmica de partículas para a
formação dos campos de dunas costeiras do município e na remoção dos sedimentos
que chegam até os canais e são levados novamente para a zona sublitorânea, sendo
submetidos mais uma vez a ação das correntes costeiras e de maré.

Em relação a atuação dos ventos na área, Feitosa (1996), destaca que

Os índices obtidos para a velocidade do vento, durante os períodos de


observação dos parâmetros oceanográficos, demonstraram-se coincidentes
com os registrados por ocasião das medições de trabalhos morfoclimáticos.
Os valores médios oscilaram entre 11,2 e 21 km/h, com recorrência das
categorias de vento suave e vento moderado.

Desta forma, os aspectos oceanográficos e climáticos atuam de forma conjunta


na morfologia da paisagem costeira local. No que se refere a dinâmica das ondas na
área, Feitosa (1996) indica em seus estudos que a altura das ondas varia entre 0,6 a 1,4
m e está diretamente associado com a velocidade dos ventos a espessura da lâmina
d’água e topografia do relevo na zona de arrebentação.

França (2018), destaca que por se enquadrar no padrão dissipativo, as ondas


que ocorrem neste setor costeiro são do tipo de translação ou de ondulação, que se
caracterizam por terem apenas um tipo de arrebentação, sendo essas típicas de áreas
rasas e com topografia plana.

Em relação a amplitude das marés, o trabalho de Feitosa (1996), que propôs-se


a observar também este aspecto oceanográfico da área, representa ainda muito bem a
dinâmica de marés do município, indicando que as amplitudes máximas de maré
oscilam no município de Raposa entre 6,5 m e 4,4 m e as mínimas entre 4,8 m e 5,2 m.
É importante ressaltar que estas amplitudes são níveis comuns para toda a costa
maranhense e coincidem com marés de sizígia e quadratura, que ainda indicam, segundo
o autor, altas energias das marés.

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103

4.4 Principais usos da geodiversidade costeira na área

No município de Raposa os usos atrelados diretamente a geodiversidade


costeira estão associados principalmente às áreas de planície costeira e aos campos de
dunas. Porém, em conversas com os moradores da área foi possível detectar o uso de
sedimentos lamosos retirados das planícies-flúvio marinhas cerca de 20 anos atrás para
serem usados como tratamentos estéticos para pele por mulheres da comunidade
embora, atualmente, esta prática esteja em desuso.

Destacamos aqui também o suporte dados pelos bancos de areia, conhecidos


popularmente como croas, que ocorrem na área, visto que nestas áreas acontecem a
coleta de mariscos que ficam fixados nestas regiões como o sarnambi (Anomalocardia
Brasiliana) e a tarioba (Iphigenia Brasiliensis). Estas áreas também são utilizadas para a
fixação de armadilhas de pesca chamadas de currais, que segundo Piorky et al. (2009),
são armadilhas fixas, geralmente de esteiras tecidas com varas e arames, implantados no
solo que aprisionam o peixe dentro de um cercado, os quais são removidos durante a
maré vazante.

As praias do município e as dunas da região são atrativos naturais que


potencializam cada vez mais a prática das atividades turísticas, sendo considerada a
principal atividade econômica em expansão na área. Os locais mais conhecidos no
município atualmente voltados para o turismo são a praia de Carimã, o campo de dunas
de Carimã e a praia de Mangue Seco (Figura 22).

Figura 22– A) Praia de mangue seco, Raposa – MA; B) Praia de Carimã – Raposa Ma C) Campo
das Dunas de Carimã

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

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104

Os elementos da geodiversidade também são utilizados para confecção de


produtos ligados criações artísticas, que buscam representar as características naturais
do município. Os artesãos da área fazem uso de areia (Figura 23) para texturização dos
quadros juntamente com a tinta e representam cenas do cotidiano da comunidade e dos
elementos naturais como praias, dunas, a fauna e a flora local.

Figura 23- Produtos artísticos que fazem uso dos elementos da geodiversidade costeira da área

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

É importante ressaltar que a expansão do turismo no município está trazendo


benefício socioeconômicos para a população devido ao aumento da oferta de empregos
em empresas de passeios turísticos, pousadas, hotéis e restaurantes, ou ainda pescadores
que utilizam seus barcos de pesca para fazerem a travessia de turistas para a praia e para
as dunas de carimã. Porém, impactos relacionados principalmente ao acúmulo de
resíduos sólidos nestes pontos turísticos e o acúmulo de hidrocarbonetos na superfície
da água, gerado pelo óleo que sai dos barcos utilizados para atividade turística e para
pesca na área.

4.5 Processos e interações


Christofolletti (1982), infere que os processos costeiros resultam da interação
de fatores geológicos (forma e resistência a erosão), climáticos (ação dos processos
físico, químicos e biológicos), fatores bióticos (os organismos podem apresentar
consequências erosivas, escavando e promovendo desagregação dos minerais das rochas
ou protetoras e construtivas, facilitando a retenção dos sedimentos e o acúmulo de
detritos), ventos (geração de ondas e correntes) e oceanográficos (natureza da água do
mar, apresentando variações na salinidade).

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105

Estas interações podem ser observadas fortemente no município de Raposa,


principalmente no que se refere a atuação de processos oceanográficos e climatológicos,
visto que o local possui a maior dos ambientes dunares da Ilha do Maranhão. Neste
sentido, França (2018) faz uma conexão entre estas interações afirmando que os índices
pluviométricos da área de estudo estão diretamente associados ao suprimento de água
para o lençol freático que aflora durante o período chuvoso deixando todo o estirâncio
úmida, dificultando o trabalho eólico devido a agregação das partículas de areia e o
abastecimento das lagoas interdunares e efêmeras que ocorrem durante esse período.

As intensas e dinâmicas amplitudes de maré, relacionada ao trabalho das


correntes oceanográficas na área correlacionadas aos ventos que vem na direção NNE
são responsáveis pela formação dos campos de dunas e dos bancos de areia presentes
nesta área da Ilha do Maranhão (Figura 24). O fato de as dunas da área serem do tipo
barcanas, em sua maioria, e apresentarem-se de forma mais isolada e com um espaço
razoável para arranque de rajadas de vento e por não possuírem obstáculos, como tipos
vegetacionais, faz com que o campo de dunas continue avançando em direção as áreas
de manguezais do município.

Figura 24– Indicação da disposição das dunas móveis e bancos de areia no município de
Raposa - MA

Fonte: Adaptado de Google Earth pela autora (2021).

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Na maioria das praias do munícipio de Raposa não são encontradas a presença


de rochas praiais (Figura 25) ou terrações de abrasão, a única exceção é a praia de
Taputiua, que já está localizada nas reentrâncias próximo as áreas de canais de maré.
Neste local há uma ação menos direta dos ventos e dos agentes oceanográficos e por
estar mais próxima das áreas de ocorrência dos afloramentos da formação Itapecuru,
apresenta a ocorrência de terrações de abrasão formados por arenitos ferruginosos.

Figura 25 – Terraços de abrasão da praia de Taputiua, Raposa - MA

Fonte: Adaptado de Google Earth pela autora (2021).

No que se refere a migração de dunas na área, França (2018), afirma que este
fenômeno pode ser observado nas marcas basais das faces de barlavento que formam
um tapete de cristas sinuosas de areia denominadas de esteiras de dunas. As esteiras de
dunas são arcos parabólicos definidos na superfície do terreno por semelhantes ressaltos
aos contornos de barlavento formados quando há a migração de vários tipos de dunas.
Gonçalvez et al. (2003) explica que essas feições obedecem a um controle sazonal, visto
que durante os meses de janeiro a junho, tem-se a estação chuvosa quando ocorre a
elevação do lençol freático e a época de fixação de dunas; e no período de julho a
dezembro ocorre o rebaixamento do lençol freático e a migração de dunas; esses
processos cíclicos deixam registrados as esteiras de dunas.

Embora a maior parte das comunidades no município de Raposa estejam


assentadas próximo as áreas de manguezais e façam uso dos serviços prestados por esse

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


107

ecossistema através da pesca e da coleta de crustáceos e moluscos, o olhar da população


local tem voltado-se cada vez mais para o turismo na área que está intimamente
relacionado as praias e campos de dunas, como já mencionamos anteriormente.

Não foi observado de fato ainda grandes alterações do homem sobre estas
feições na área, posto que a maior parte das praias ainda encontra-se em locais de
intensa dinâmica, que não permitem a fixação de hotéis e restaurantes muito próximo a
alguns destes locais. Embora muitas construções mais próximas as praias, geralmente
residências, já tenham sido atingidas pela amplitude das marés nos últimos anos,
fazendo com que vários moradores colocassem suas casas a venda.

Os passeios realizados na área são feitos em sua maioria com barcos, com
paradas para banhos e visitação ao campo das Dunas de Carimã. O acentuado uso destas
embarcações para passeios turísticos, travessias ou até mesmo a pesca ocasionam o
acúmulo de hidrocarbonetos da superfície da água, que segundo Bastos e Freitas (2006)
por ter um caráter hidrófobo, o petróleo se espalha pela superfície da água e forma uma
película que impede a troca de gases entre a água e o ar impossibilitando a capacidade
fotossintética de algumas espécies vegetais.

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Capítulo 5
AVALIAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO COSTEIRO DO
MUNICÍPIO DE RAPOSA-MA

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Duna com vegetação da Ilha de Carimã- Raposa (MA))

Thiara Oliveira Rabelo Tese de Doutorado


109

5 AVALIAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO COSTEIRO DO MUNICÍPIO DE


RAPOSA-MA
A partir do levantamento de informações bibliográficas e cartográficas e de
dados coletados nas atividades de campo da pesquisa foi possível fazer a inventariação
dos sítios com potenciais interesses geológicos/geomorfológicos do município de
Raposa – MA. Nesta etapa descritiva do trabalho, utilizamos em campo a ficha de
inventariação para sítios costeiros (Apêndice 1), as informações obtidas através das
análises granulométricas e os registros fotográficos das atividades de campo.

5.1 Inventariação dos geossítios/sítios da geodiversidade de Raposa -MA


Conforme os critérios da proposta de Brilha (2016), foi identificado na área a
presença de um sítios da geodiversidade e cinco geossítios (Quadro 14). Os sítios
inventariados neste trabalho foram classificados como tipo área ou faixa e apresentaram
em sua maioria condições de observação entre boas e satisfatórias.
Quadro 14– Resumo de informações de localização de sítios inventariados
SÍTIOS INVENTARIADOS NO MUNICÍPIO DE RAPOSA - MA
Potenciais Geossítios

Sítio Coordenadas geográficas Tipo do sítio Condições de


observação
Dunas de Carimã 2°24’307”S Área Boas
44°04’576”W
Praia de Carimã 2°24'23.88"S Faixa Boas
44° 4'51.66"W
Praia do Mangue Seco 2°27'1.02"S Faixa Boas
44° 9'38.97"W
Praia de Pucal 2°25'50.30"S Faixa Satisfatórias
44° 7'55.41"W
Praia de Taputiua 02°26”995’ S Faixa Regulares
44°04”507’ W
Potenciais Sítios da geodiversidade
Sítio Coordenadas geográficas Tipo do sítio Condições de
observação
Praia de Curupu 02° 27”061’S Faixa Satisfatórias
44°01”791’W

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Os sítios inventariados no município de Raposa estão associados às áreas de


planícies costeiras e campos de dunas móveis (Mapa 5). Neste tópico, apresentamos
uma inventariação e descrição ambiental sumária destes locais com base nos dados
levantados a partir das atividades de campo e de materiais bibliográficos e cartográficos
da área.

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Mapa 5– Sítios inventariados no município de Raposa - MA

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

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111

5.1.1 Geossítios
A seguir estarão descritos os sítios identificados com grande relevância científica no
local. Estes locais também possuem interesses turísticos, educativos, ecológicos e
econômicos associados à sua importância para a área.

a) Dunas de Carimã
O geossítio Dunas de Carimã fica localizado na porção norte do munícipio de
Raposa. É um dos sítios que mais atrai os olhares de visitantes na área (Figura 26). A sua
acessibilidade é considera moderada, visto que o acesso ao local se dá através de
transportes marítimos com a saída do Porto principal do munícipio de Raposa. A distância
do porto até as dunas de Carimã é de 1,51 milhas náuticas.

Figura 26- Localização do geossítio Dunas de Carimã no município de Raposa - MA

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

As Dunas de Carimã são coberturas quaternárias holocênicas formadas por


depósitos eólicos litorâneos formados principalmente por areias quartzosas de
granulometria finas a muito finas, bem selecionadas e com grãos aproximadamente
simétricos e com cristalinidade vítrea a oxidada. O sítio possui níveis de matéria orgânica

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


112

que vão de que 0,235% a 0.959 %, a área apresenta-se com forte dinâmica eólica e
marinha, característica com muitos materiais que são carregados pelos ventos para as
dunas.
O geossítio Dunas de Carimã é formado por dunas móveis e não está enquadrado
segundo a Lei N° 12.651/2012 (Lei de Proteção a Mata Nativa) como áreas de APP,
embora no complexo dunar da área esteja associado a áreas de dunas vegetadas. Porém, A
Lei Estadual nº 5.405/ 1992 que institui o Código de Proteção de Meio Ambiente e dispõe
sobre o Sistema Estadual de Meio Ambiente e o uso adequado dos recursos naturais do
Estado do Maranhão, em seu artigo 54, cita: “Art. 54 - Consideram-se de preservação
permanente: (...) II – as restingas; III - as dunas; (...) VI - as paisagens notáveis”. Desta
forma, como a lei não faz dissociação entre dunas fixas ou móveis, a área está inserida sob
um regime de proteção legal.
Este campo de dunas não está localizado em uma área de intensa urbanização,
devido a sua dificuldade para o acesso diário para moradores e principalmente devido a
ação conjunta de fatores climáticos e oceanográficos que não permitem a fixação de
moradias no local. Na área de dunas vegetadas foi possível identificar poucas moradias e
criação de animais como cavalos e bois.
O principal uso humano das Dunas de Carimã está associado a turismo (Figura
27). O geossítio é um dos cartões-postais da Ilha do Maranhão e recebe banhistas e turistas
que vem de outros Estados e do aglomerado urbano de São Luís. A atividade na área
acontece através de empresas de turismo especializadas em passeios náuticos que saem do
cais do porto principal do Município de Raposa e vão recortando os manguezais, com
paradas para banhos em locais com bancos de areia até a Ilha de Carimã onde os campos
de dunas são atrativos principais do passeio. É importante frisar também que as dunas são
o caminho de muitos pescadores que vão até Carimã pescar na parte correspondente a praia
de Carimã.

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Figura 27– Vista do ponto de parada turística nas Dunas de Carimã

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

As características geomorfológicas e granulométricas do geossítio potencializam o


seu uso turístico, porém estas características também dão a área um elevado valor
científico visto que muitos processos costeiros relacionados. principalmente, a formação de
extensas áreas de dunas móveis associadas a áreas de manguezais só podem ser observados
no município de Raposa no contexto da Ilha do Maranhão. Essa dinâmica já foi alvo de
trabalhos científicos como de Feitosa (1996), Oliveira, Corrêa e Farias Filho (2016),
França (2018), dentre outros trabalhos.
Em relação à fragilidade costeira consideramos este geossítio com características
intrinsecamente frágeis visto que se encontra em uma área de intensa atuação de fatores
oceanográficos e climáticos. Nesse geossítio a ação eólica se manifesta principalmente sob
forma de rajadas com intensidades diversas, que segundo Feitosa (1996) se modificam
durante o ano devido à transição da estação seca para a estação chuvosa e que variam de 26
km/h a 29 km/h, o que com as demais características físicas da área dificulta a fixação de
uma vegetação permanente.
A vulnerabilidade costeira, relacionada neste trabalho aos usos humanos, está
associada principalmente ao uso turístico deste geossítio, visto que devido à presença de
turistas na área semanalmente e falta de coleta de lixo na região do geossítio ou a presença
de lixeiras é possível observar em alguns pontos a presenças de resíduos sólidos como
plásticos e vidros de garrafas. Embora, a maioria dos passeios e trilhas feitos nas dunas

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


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ocorram a partir de caminhadas, há também muitas pessoas, principalmente moradores do


município, que atravessam as dunas utilizando motos, o que em muitos casos leva a
descaracterização das feições dunares.
Em relação aos serviços ecossistêmicos da geodiversidade observados neste
geossítio destacamos os serviços de regulação referentes a “Qualidade da água” e
“Processos terrestres” devido recarga de aquíferos para formações de lagoas interdunares
paras os rios e canais da região que contribuem para a manutenção do ecossistema
manguezal na área e que é fonte de renda para grande parte da população do município.
Destacamos como serviços culturais identificados neste geossítio os bens e
processos relacionados ao “desenvolvimento social”, ao “geoturismo e lazer” e a
“inspiração artística”, posto que as Dunas de Carimã são um dos cartões postais do turismo
na Ilha do Maranhão e estão representadas em forma de ilustrações artísticas em vários
elementos do artesanato maranhense como quadros, azulejos, camisas etc., influenciando
diretamente o desenvolvimento econômico e social da região.
Em relação aos serviços de conhecimento destacamos neste geossítio os bens e
processos relacionados a história da Terra por obter informações correspondentes a
formação dos ambientes costeiros do Quaternário na Ilha do Maranhão e a Educação e
Emprego devido à área ser utilizada para aulas de campo pelos cursos de graduação em
geografia e ciências biológicas das instituições públicas e privadas localizadas na Ilha do
Maranhão, assim como para visitas de campo de alunos do ensino básico. O turismo
desenvolvido na região também corrobora para a criação de empregos associados
principalmente as empresas turísticas e aos bares e restaurantes voltados para a recepção
dos visitantes na área.

b) Praia de Carimã
O geossítio Praia de Carimã está localizado na área conhecida como Ilha de
Carimã, localizado na porção norte do município de Raposa (Figura 28). A sua
acessibilidade é considera moderada, visto que o acesso ao local se dá através de
transportes marítimos com a saída do Porto principal do munícipio de Raposa e para
chegar até a praia é necessário passar pelo campo de duna de Carimã. A distância do porto
até a praia de Carimã corresponde a mesma para chegar até as dunas de Carimã é de 1,51
milhas náuticas. Chegando nas dunas há uma caminhada de cerca de 300 metros até a Praia
de Carimã.

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Figura 28- Localização do geossítio Praia de Carimã no município de Raposa - MA

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

A Praia de Carimã é formada por coberturas quaternárias holocênicas constituída


principalmente por areias quartzosas de granulometria média a muito a fina, bem
selecionadas e com grãos aproximadamente simétricos, arredondados e com cristalinidade
vítrea. O sítio apresentou níveis matéria orgânica que vão entre 0,246% a 0,332%, neste
ambiente a ação dos ventos e das ondas são mais intensas característica que não permite
um maior acúmulo de matéria orgânica no local se comparado as Dunas de Carimã que
estão mais próximas das áreas de manguezais.
Na Praia de Carimã é possível observar a atuação de ondas do tipo deslizantes visto
que a praia apresenta um perfil dissipativo devido a sua topografia acentuadamente plana
que vai do grau nulo a 1 metro de elevação e com o estirâncio com cerca de 11 metros na
zona de praia. Ao longo da praia é possível identificar estruturas sedimentares como
marcas de ondas, marcas de correntes. Na parte da pós-praia são encontradas dunas
frontais recobertas por uma vegetação rasteira como a Ipomoea pes-caprae (L.) R.Br. da
família Convolvulaceae (salsa-da-praia) e pouco densa em suas cristas, fator que permite a
fixação destas feições na praia de Carimã.

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O geossítio Praia de Carimã não está submetido a nenhum tipo de proteção legal e
por estar localizado após o campo de Dunas de Carimã não está próximo a uma área
urbanizada. Porém, o aproveitamento deste local pelo homem se dá através de duas
principais formas: o aproveitamento turístico do local e uso dos bancos de areia na área de
pós-praia para a fixação de armadilhas de pesca.
A Praia de Carimã é um dos pontos mais visitados do município de Raposa, grande
parte dos roteiros turísticos do município finalizam com um momento de banho nesta praia
depois da travessia no campo de dunas (Figura 29). O potencial paisagístico do campo de
dunas e a possibilidade contemplativa do mar e local para banho presentes na praia se
complementam em relação ao potencial turístico de Carimã.

Figura 29- Banhistas na Praia de Carimã – Raposa (MA)

Fonte: Nayara Marques Santos (2019).

A Praia de Carimã é utilizada como local de pesca por muitos pescadores


residentes no município de Raposa. Neste aspecto, a geodiversidade auxilia através dos
bancos de areia que servem como suporte para a fixação de armadilhas de pesca
conhecidas popularmente na área como currais. A associação desta atividade na praia em
alguns pontos pode ser prejudicial para o turismo pois segundo Sampaio Filho et al. (2008)
“o pescado não utilizado pelos pescadores é jogado ao longo da faixa de praia, e com o
mau cheiro ocasionado pela putrefação dos peixes acaba por atraindo a presença de urubus
ao local”. Os processos costeiros observados justificam o valor científico encontrado na
área que é alvo de muitas pesquisas que buscam compreender a dinâmica costeira do

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município de Raposa (FEITOSA, 1996; SAMPAIO FILHA et al.; 2008; OLIVEIRA,


CORRÊA E FARIAS FILHO, 2016; FRANÇA, 2018).
Este geossítio encontra em uma área de intensa atuação de fatores oceanográficos
e climáticos, e por isso, é considerado uma área intrinsecamente frágil. As suas
características granulométricas associadas ao perfil dissipativo da praia fazem do terreno
um local mais propenso a atuação eólica que colabora para formação das dunas da área. A
vegetação que se fixa sobre parte das dunas frontais colabora para a minimização da
rapidez do transporte de sedimentos. Associado a estes processos destacamos a atuação
humana no local que colabora para com algumas situações de vulnerabilidade
principalmente sob forma de resíduos sólidos deixados no local pelos turistas e banhistas
da área e pelos restos de peixes mortos deixados pelos pescadores no local.
Desta forma, na área foram identificados nesta pesquisa serviços de suporte
associados aos “processos atmosféricos e oceânicos”, a “plataforma” através dos bancos de
areia para fixação das armadilhas de pesca e terreno para os banhistas aproveitarem o
ambiente da praia e como “habitat” para espécies de bivalves. Em relação aos serviços
culturais destacamos o “desenvolvimento social” e o “geoturismo e lazer” visto que a praia
é um dos pontos mais visitados da Ilha do Maranhão e presta serviços relacionados a
inspiração artística visto que a areia da praia é utilizada texturizar algumas obras de artes
feitas por artistas locais do município (Figura 30).
Figura 30- Obra de arte feita por artista local utilizando a areia para texturização

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

Ainda na classe dos serviços culturais atrelamos a categoria “Significados


históricos, espirituais e culturais” a lenda da Praia de Carimã que conta a história de uma

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jovem que mudou-se para região e depois de um conflito familiar entre o marido e seu
irmão gêmeo o mesmo foi em direção as águas da praia de Carimã e desapareceu, há quem
diga que até hoje é possível ver uma jovem na praia a espera do seu amor.
Os serviços de conhecimento identificados neste geossítio ocorrem de forma
semelhante aos das Dunas de Carimã e estão relacionados aos bens e processos de “história
da Terra” por obter informações correspondente a formação dos ambientes costeiros do
Quaternário na Ilha do Maranhão e a “Educação e Emprego” devido a área ser utilizada
para aulas de campo por docentes e discentes cursos de graduação das áreas ambientais,
assim como para visitas de campo de discentes do ensino básico.

c) Praia do Mangue Seco


O geossítio Praia de Mangue Seco encontra-se na porção noroeste do município
de Raposa (Figura 31). A sua acessibilidade é considera fácil, visto que o acesso ao local se
dá através de transportes terrestres como carro ou ônibus. A distância da sede do município
de Raposa até a Praia de Mangue Seco é cerca de 10 km e o acesso se dá pela Estrada da
Raposa.

Figura 31- Localização do geossítío Praia do Mangue Seco no município de Raposa - MA

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

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A Praia de Mangue Seco é formada por coberturas quaternárias holocênicas


constituída principalmente por areias quartzosas de granulometria fina a média, bem
selecionadas e com grãos aproximadamente simétricos, sub-arrendondados a arredondados
e com cristalinidade vítrea. O sítio apresentou níveis matéria orgânica que vão entre
0,132% a 0,385%, apresentando dentre os geossítios um dos maiores percentuais de
matéria orgânica justificados pela sua proximidade com vários canais de maré que são
bordejados pela vegetação de mangue e transportam matéria orgânica do manguezal para o
ambiente de praia.
Na Praia de Mangue Seco é possível observar a presença de ondas do tipo
deslizantes devido ao seu perfil dissipativo devido a sua topografia acentuadamente plana
que apresenta cerca a 1 metro de elevação e com o estirâncio com cerca de 10 a 11 metros
na zona de praia. Este geossítio é recortado em vários pontos por canais de maré que
modificam sua posição constantemente devido ao dinamismo dos ciclos das marés na área
(Figura 32).
Figura 32– Canais de maré que recortam a zona de praia em Mangue Seco

Fonte: Elaborado pela autora a partir de imagem do Google Earth (2020).

Ao longo da praia, é possível identificar estruturas sedimentares como marcas de


ondas, marcas de correntes, linhas de deixa, escarpas de bermas. Na parte da pós-praia são
encontradas dunas frontais recobertas por uma vegetação rasteira densa como a Ipomoea
pes-caprae (L.) R.Br. da família Convolvulaceae (salsa-da-praia) e por algumas espécies de
mangue como é o caso da Laguncularia racemosa (L.) C.F.Gaertn. da família

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Combretaceae (mangue branco) e da Rhizophora mangle L. da família Rhizophoraceae


(mangue vermelho) em alguns pontos próximos aos canais na zona de pós-praia.
A Praia do Mangue Seco não está submetida a nenhum tipo de proteção legal,
porém, a sua associação ao ecossistema manguezal através da presença de canais de marés
que são bordejados pela vegetação de mangue até muitos pontos da praia fazem com que a
conservação da praia seja pensada em muitos pontos de forma associada a este
ecossistema, que é considerado Área de Preservação Permanente (APP) pela Lei n° 12.651.
Este geossítio está localizado próximo a áreas de adensamentos populacionais
localizados nas áreas de transição entre os tabuleiros e as planícies fluviomarinhas. Estas
populações fazem uso direto do ecossistema manguezal para a pesca, porém também
praticam esta atividade nas zonas de praia utilizando os bancos de areia para a fixação de
armadilhas de pesca.
Nos últimos anos a área ganhou um acentuado destaque turístico na Ilha do
Maranhão por proporcionar ao visitante um contato maior com o manguezal e por
possibilitar vários tipos de banhos, posto que tanto o mar quanto as áreas de canais de maré
são utilizadas pelos banhistas. O geossítio apresenta várias opções de bares e restaurantes
que foram estruturados principalmente pela população da área e que funcionam durante
toda a semana. O turista que chega a Mangue Seco tem contato com arte presente nas
pinturas de estabelecimentos, com a cultura da atividade pesqueira local e com a beleza
paisagística a associada a este ambiente costeiro.
A Praia de Mangue Seco apresenta valor científico reconhecido por algumas
pesquisas (ROCHA, AMORIM E MOCHEL, 2019; PEREIRA, 2018; OLIVEIRA E
PEREIRA, 2021) que já se debruçaram em compreender a dinâmica do local, devido
principalmente a sua localização que já está na divisa com a zona costeira do município de
São Luís e apresenta uma dinâmica diferenciada se comparada com a Praia de Carimã.
Em relação a fragilidade costeira destacamos principalmente a sua intensa dinâmica
associada ao regime de marés e mudança de posição dos canais de maré nesta praia que
colaboram para um intenso processo de sedimentação no local. As suas características
granulométricas conectadas ao perfil dissipativo da praia e sua intensa relação com o
manguezal fazem do terreno uma área considerada intrinsecamente frágil.
Em relação a ação humana o local encontra-se vulnerável principalmente devido as
consequências negativas da atividade turística na área envolvendo o acúmulo de resíduos
sólidos em alguns pontos da área de praia e principalmente da pós-praia onde encontram-se
maior parte de estruturas para recepção de visitantes como restaurantes e bares. Em alguns

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


121

pontos da praia foram observadas construções de segunda residência utilizadas por seus
proprietários em épocas de férias ou finais de semana.
A partir destas interrelações foi possível identificar os serviços de regulação no
geossítio a partir das categorias de processos terrestres devido aos processos costeiros
observados na área e foram identificados os serviços de suporte associados aos bens e
processos de plataforma para o uso dos visitantes e população local e habitat de espécies de
crustáceos e moluscos (Figura 33).
Figura 33– Moluscos encontrados na Praia de Mangue Seco

Fonte: Thiara O. Rabelo (2021).

Em relação aos serviços culturais foram identificados na área os bens e processos


relacionados ao “desenvolvimento social” e “geoturismo e lazer” associados a prática da
atividade turística e aos bens de “qualidade ambiental” e “inspiração artística” posto que a
praia de mangue seco já está ilustrada em vários artesanatos e pinturas de artistas
maranhenses e significados culturais posto que área está a cada dia mais se consolidando
como um ponto de visitação e refúgio da vida agitada da parte urbana da Ilha do
Maranhão, assim como a presença dos serviços de conhecimento associadas as pesquisas
que já ocorrem na área de Mangue Seco.

d) Praia de Pucal
O geossítio Praia de Pucal encontra-se na porção noroeste do município de
Raposa (Figura 34). A sua acessibilidade moderada visto que o acesso a esta praia se dá
através da Praia de Mangue Seco a partir da travessia de um canal de maré ou através de
transportes marítimos saídos do porto da sede do município de Raposa, este último acesso

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


122

é utilizado mais por pescadores. A caminhada da Praia de Mangue Seco até a Praia de
Pucal possui uma distância de cerca de 4 km.

Figura 34- Localização do geossítio Praia de Pucal no município de Raposa- MA

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

A Praia de Pucal é constituída principalmente por areias quartzosas de


granulometria muito fina, bem selecionadas e com grãos aproximadamente simétricos, sub-
arrendondados a arredondados e com cristalinidade vítrea a oxidada. O sítio apresentou
níveis matéria orgânica que vão entre 0,368% a 1,032%, apresentando dentre os geossítios
um dos maiores percentuais de matéria orgânica, assim como a praia de Mangue Seco,
justificados pela sua proximidade com vários canais de maré que são bordejados pela
vegetação de mangue e transportam matéria orgânica do manguezal para o local.
As ondas observadas no geossítio são do tipo deslizantes característica associada a
uma praia de perfil dissipativo, como é o caso de Pucal que apresenta topografia plana com
cerva de 1 a 2 metros de elevação e com zona de praia com cerca de 11 metros. Na parte de
pós-praia encontra-se a presença de bermas que vão de 1 m a 1,5m (Figura 35) que são
recobertas por vegetação rasteira densa como a Ipomoea pes-caprae (L.) R.Br. da família
Convolvulaceae (salsa-da-praia). A localização geográfica da Praia de Pucal encontra-se
mais exposta a atuação dos fatores oceanográficos e regimes dos ventos no contexto da

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


123

Baía de São Marcos contribuindo para a formação destas feições devido ao intenso
processo de erosão.
Figura 35- Bermas da Praia de Pucal

Fonte: Thauana O. Rabelo (2021).

Neste geossítio é possível observar estruturas sedimentares como escarpas de


bermas, marcas de onda, marcas de correntes e marcas de espraiamento o que de forma
conjunta com os demais processos descritos justificam o potencial científico do geossítio
embora ainda existam poucos trabalhos, como o de Castro (2018), que se voltaram para
estudar a dinâmica costeira de Pucal.
O local não está submetido a nenhum um tipo de proteção legal, porém sua
proximidade com as áreas de manguezais que são protegidas pela Lei. n°12. 12.651 e seu
acesso mais difícil contribuem para que não haja tantas interferências antrópicas no local.
A praia ainda possui pouca visibilidade turística e não apresenta uma estrutura que possa
receber muitos visitantes e o regime das marés não permite um acesso fácil a este geossítio
durante todo o dia, embora existam poucos visitantes que buscam a tranquilidade
proporcionada por Pucal justamente por ter um caráter mais parecido com uma praia
deserta.
Na Praia de Pucal é possível observar a presença de alguns ranchos de pescadores
e algumas armadilhas de pesca fixadas (currais de pesca) na área de pós-praia. Sendo
assim, observou-se poucos indícios de vulnerabilidades associadas a presença humana
sendo observados no local poucos resquícios de plásticos e vidros. Quanto fragilidade

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


124

costeira destacamos principalmente a sua intensa dinâmica associada ao regime de marés e


mudança de posição dos canais de maré nesta praia que colaboram para um intenso
processo de sedimentação e de erosão na área.
A partir disto foi possível observar neste geossítio a presença de serviços de
regulação relacionados aos “processos terrestres” e serviços de suporte do tipo
“plataforma”, relacionados a fixação de armadilhas de pesca e “habitat” para espécies de
moluscos. Como a praia é mais utilizada por pescadores ainda não foram até o momento
identificados serviços culturais. Porém, destacamos a identificação dos serviços de
conhecimento visto que a área possui processos interessantes voltados para “história da
Terra” no Quaternário relacionados a realidade da Ilha do Maranhão.

e) Praia de Taputiua

O geossítio Praia de Taputiua é o que encontra-se mais próximo da


desembocadura do rio Paciência na região da baía do Curupu (Figura 36). A sua
acessibilidade é considerada difícil visto que é um dos pontos da região onde o acesso se
dá apenas pelos transportes marítimos dos pescadores locais. A distância do Porto do
Braga, outro muito conhecido no município de Raposa até a Praia de Taputiua corresponde
a cerca de 11, 36 milhas náuticas.

Figura 36- Localização do geossítio Praia de Taputiua no município de Raposa – MA.

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


125

A localização geográfica mais recuada para o interior da Baía de Curupu faz com
que este sítio apresente características diferenciadas em comparação com os demais locais
inventariados no município de Raposa-MA e apresentando uma dinâmica mais estável em
relação aos processos de deposição e erosão na área (Figura 37).
Figura 37- Representação da zona de estabilidade costeira praia de Taputiua

Fonte: Elaborado pela autora a partir de imagem do Google Earth (2020).

A Praia de Taputiua é formada por coberturas quaternárias holocênicas constituída


principalmente por areias quartzosas de granulometria fina com cascalho esparso,
moderadamente selecionada e com assimetria negativa, sub-angulares a sub-arredondados
e com cristalinidade vítrea em maior proporção. O sítio apresentou níveis matéria orgânica
que vão entre 0,288% a 0,751%, apresentando dentre os geossítios o maior percentual de
matéria orgânica justificados pela sua localização mais recuada no contexto na Baía de
Curupu o que proporciona um ambiente mais estável para o desenvolvimento dos
manguezais que estão conectados a este geossítio e atrelados a pouca erosão no local
contribuem para manter maiores os níveis de matéria orgânica.
Na Praia Taputiua é possível observar a presença de ondas do tipo deslizantes
devido ao seu perfil dissipativo oriundo de uma topografia plana que apresenta cerca a 1 a
2 metros de elevação e com o estirâncio com cerca de 16 metros na zona de praia. É
possível observar na praia a presença de arenitos ferruginosos sob forma de terraços de
abrasão e de rochas praiais. Estas formações foram observadas apenas na Praia de Taputiua
justificada por receber menos ação de agentes erosivos o que colabora para a manutenção
destes terraços (Figura 38) assim como para a presença de dunas frontais vegetadas com
mais de 1 metro de altura. Estes aspectos da praia diferentes das demais do município
evidenciam o valor científico deste geossítio.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


126

Figura 38– Terraços de abrasão na Praia de Taputiua

Fonte: Thiara O. Rabelo (2021).

O local não está sob nenhum tipo de proteção legal específica, estando apenas
conectado com as áreas de manguezais que são protegidas pela Lei. n°12. 12.651. Não foi
observada a presença humana de forma fixa no local. A praia é utilizada apenas por
pescadores que possuem transporte marítimos e que conseguem se deslocar até Taputiua
para pescar, desta forma, não foram observadas nenhum tipo de impacto de origem
antrópica que colaborasse para a vulnerabilidade costeira. Em relação a fragilidade costeira
a área apresenta a uma dinâmica intrínseca que se configura instável devido estar em uma
área de contato com o mar e com a dinâmica dos rios, porém, a sua localização a torna
mais protegida de agentes oceanográficos que contribuem para a erosão costeira.
Diante das informações levantadas na pesquisa os serviços identificados neste
geossítio foram os serviços de regulação relacionados a categoria de “processos terrestres”
representados principalmente pelos geológicos e geomorfológicos da área. Os serviços de
suporte foram identificados na categoria “plataforma” e “habitat” devido a atividade
pesqueira no local e a presença de moluscos na área. Os serviços de conhecimento estão
relacionados aos bens e processos de “história da terra”, visto que a área apresenta uma
dinâmica diferenciada em relação aos outros pontos inventariados e que podem contribuir
para a compreensão dos processos costeiros da Ilha do Maranhão.

5.1.2 Sítios da geodiversidade


A seguir estará descrito o sítio que foi identificado na área com relevância turística e
para a economia local, neste sítio o valor científico fica em caráter secundário.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


127

f) Praia de Curupu

O sítio da geodiversidade Praia de Curupu encontra-se na porção nordeste do


município de Raposa (Figura 39). A sua acessibilidade é considerada moderada posto que a
chegada até Curupu se dá apenas por meio de transportes marítimos, sendo acessada
principalmente por pescadores e marisqueiros e por ser um ponto de visitação previsto no
roteiro turístico de algumas empresas do município. A distância do porto principal da
Raposa até a Praia de Curupu é de cerca de 7,9 milhas náuticas.

A Praia de Curupu é formada por coberturas holocênicas do Quaternário constituída


principalmente por areias quartzosas de granulometria muito fina, bem selecionadas e com
grãos que variam de assimétricos a simétricos em maior parte, com forma que variam de
angular a sub-arrendondados a arredondados e com cristalinidade vítrea. O sítio apresentou
níveis matéria orgânica que vão de 0,262% a 0,306%. O fato desta praia estar localizada
em uma área de acentuado aporte de sedimentos tanto de origem marinha quanto de origem
fluvial faz com a praia apresente essas características que são mencionadas também no
trabalho de França (2018).

Figura 39- Localização do sítio da geodiversidade Praia de Curupu no município de Raposa – MA.

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


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A praia apresenta um perfil dissipativo justificando a presença de ondas


deslizantes, assim como as demais praias inventariadas no município. Curupu apresenta
topografia plana com cerca de 1 a 2 metros de elevação e com zona de praia com cerca de
11 metros e uma área de ante-praia formada por bermas com cerca de 30 cm a 0,5 metro.
O local não está submetido a nenhum um tipo de proteção legal, porém está
conectado com as áreas de manguezais que são protegidas pela Lei. n° 12. 12.651, o que
não garante a preservação da praia, mas pode diminuir possíveis impactos. A Praia de
Curupu está inventariada nesta pesquisa devido a sua importância turística e econômica
para o município.
O local também conhecido como “Ilha de Curupu” ou “Ilha de Sarney”, pelo fato
da família do ex-presidente José Sarney possuir uma casa no local. A “Ilha de Curupu”
abriga vários moradores e que utilizam o local para a agricultura, principalmente a
plantação de árvores frutíferas como o caju (Anacardium occidentale) e mangueira
(Mangifera indica), e criação de animais para consumo próprio. Grande parte de alimentos
e outros produtos voltados para a necessidade dos moradores da área chegam ao local por
meio de transportes marítimos (Figura 40).
Figura 40- Moradores recebendo alimentos na Praia de Curupu

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).


Os bancos de areia localizados próximos a Curupu e que ficam expostos durante a
baixa das marés são muito utilizados pela população local para a coleta de moluscos e para
fixação de armadilhas de pesca, fatores que justificam a importância econômica da área.
Este sítio se destaca também pelo valor turístico atrelado a ele. A Praia de Curupu está
presente nos roteiros turísticos da área devido não apenas a seu caráter paisagístico, mas

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


129

também devido aos olhares dos visitantes curiosos em conhecer o local que abriga uma das
casas do ex-presidente da república José Sarney.
A praia de Curupu apresenta alguns indícios de vulnerabilidade associados a
presença humana como o acúmulo de resíduos sólidos e despejos de esgotos das casas
fixadas no local e retirada da vegetação fixada na parte de pós-praia. Em relação aos
aspectos de fragilidade costeira observados neste trabalho destacamos que o local é
exposto a uma intensa dinâmica oceanográfica relacionada principalmente ao regime de
marés e ação dos ventos unidirecionais do quadrante nordeste juntamente com o aporte
fluvial na área que aumentam os níveis de erosão e deposição de forma constante deixando
o ambiente instável.
A partir das observações feitas em campo foi possível identificar no local serviços
de regulação associados a categoria “processos terrestres” devido a dinâmica costeira
existente no local; serviços de suporte associados as categorias “plataforma” e “habitat”
visto que a área é utilizada para construção de moradias e devido aos bancos de areia que
proporcionam o acúmulo dos moluscos que são coletados pela população local; e “habitat”
pois foi observada na área de praia a presença de bivalves e moluscos. Os serviços
culturais são atrelados principalmente a categoria de “geoturismo e lazer” devido a
atividade turística desenvolvida na área.

5.2 Quantificação dos geossítios/sítios da geodiversidade de Raposa-MA


Este tópico apresenta os resultados da quantificação dos geossítios/sítios da
geodiversidade inventariados no município de Raposa, Maranhão. Estes resultados foram
obtidos com base na aplicação da proposta metodológica desta pesquisa discutida no
capítulo 1 deste trabalho, especificamente a partir do item 1.3. É importante frisar que esta
proposta utilizou como ponto de partida as metodologias de Pereira (2010); Lopes (2017) e
Santos et al (2020) que foram analisadas e serviram de base para a estruturação da
proposta de quantificação desta pesquisa.
O foco desta proposta está em propor critérios que sejam mais específicos para o
ambiente costeiro e que possam auxiliar na conservação e no uso e gestão mais sustentável
de áreas prioritárias nestes ambientes. Por isso, os resultados neste capítulo estarão
voltados para identificar os sítios com maior valor científico, turístico e de uso e gestão
associando esses valores ao risco de degradação associado a cada sítio inventariado.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


130

Consideramos estes fatores em conjunto essenciais para o planejamento, gestão e


conservação de geossítios/sítios da geodiversidade localizados em ambientes costeiros
devido a intensa dinâmica natural e de usos humanos nos quais estas áreas estão inseridas.
É neste contexto que destacamos a importância da quantificação dos sítios inventariados no
município de Raposa – MA, visto que os mesmos estão inseridos em uma área de dinâmica
costeira expressiva na Ilha do Maranhão e atrai o olhar humano para região para o
desenvolvimento da atividade turística, principalmente, por conta da presença de praias dos
campos de dunas.

Sendo assim, a quantificação destes sítios traz valores e análises necessários para
gestão territorial da área costeira do município de Raposa e apresenta informações que
podem contribuir tanto para a conservação deste ambiente quanto para o desenvolvimento
de uma atividade turística sustentável e com rentabilidade econômica para o município.

A seguir estão expostos os valores atribuídos a cada geossítio/sítio da


geodiversidade na etapa de quantificação deste trabalho a partir da metodologia proposta
levando em consideração os parâmetros científicos, educativos, de suporte ecológico,
turístico e os níveis de fragilidade e vulnerabilidade associados as especificidades costeiras
da área de estudo. Os pesos atribuídos a cada critério foram dados a partir das análises
durante a etapa de inventariação e estão dispostos no quadro 15.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


131

Quadro 15-Valores obtidos na quantificação do geopatrimônio costeiro do município de Raposa-MA


Quantificação – Munícipio de Raposa (MA)
A ) Valor Potencial científico (VPC) Dunas de Praia de Praia de Praia de Praia de Pucal Praia de
Carimã Carimã Curupu Taputiua Mangue Seco
A1 Abundância/raridade 4 2 2 2 2 2
A2 Objeto de referência bibliográfica 4 4 4 0 2 2
A3 Representatividade de processos
geológicos/geomorfológicos 3 2 2 3 3 3
costeiros Média do VPC
A4 Diversidade de interesse/temáticas
2 3 3 2 3 3
associadas
A5 Diversidade abiótica (mais de um ou
2 2 2 2 2 3
mais elementos)
2,50
VPC = (A1+A2+A3+A4+A5)/5 3,00 2,60 2,60 1,80 2,40 2,60

B) Valor Potencial Educativo Dunas de Praia de Praia de Praia de Praia de


Praia de Pucal
Carimã Carimã Curupu Taputiua Mangue Seco Média do VPE
B1 Condições de observação 3 3 3 2 3 3
B2 Relevância didática 4 3 1 1 1 3
B3 Condições de acessibilidade 1 1 1 1 2 3
B4 Uso didático em curso 3 3 0 0 1 1
VPE = (B1+B2+B3+B4)/4 2,8 2,5 1,3 1,00 1,8 2,5 1,96

C) Valor Potencial de Suporte Ecológico Dunas de Praia de Praia de Praia de Praia de


Praia de Pucal
(VPSE) Carimã Carimã Curupu Taputiua Mangue Seco
C1 Suporte para biodiversidade costeira 1 2 3 2 3 3
C2 Relevância paleogeográfica 0 0 0 0 0 0
Média do VPSE
Características da geodiversidade
C3 costeiras que condicionam a 4 4 4 3 4 4
ocorrência o ecossistema
VPSE= (C1+C2+C3)/3
1,6 2,00 2,3 1,7 2,3 2,3 2,06

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


132

Dunas de Praia de Praia de Praia de Praia de


D) Valor Potencial Turístico (VPT) Praia de Pucal
Carimã Carimã Curupu Taputiua Mangue Seco
D1 Aspecto estético 3 3 1 1 2 3
D2 Condições de acessibilidade 1 1 1 1 2 3
D3 Condições de observação 4 4 2 2 3 4
Associação com aspectos culturais
D4 0 3 3 0 0 0
da área
Condições sedimentológicas do
D5 4 3 4 3 4 3
terreno
Média do VPT
D6 Presença de formas litorâneas 3 2 2 2 2 2
Prática de esportes radicais ou outras
D7 0 0 0 0 0 0
atividades físicas
D8 Condições de Infraestrutura 4 3 1 0 1 1
VPT= (D1+D2+D3+D4+D5+D6+D7+D8)/8 2,4 2,4 1,8 1,1 1,8 2 2

Dunas de Praia de Praia de Praia de Praia de


E) Nível de Fragilidade (NF) Praia de Pucal
Carimã Carimã Curupu Taputiua Mangue Seco
E1 Presença de vegetação 4 3 1 1 3 3
Presença de recifes beachrocks ou 0
0 0 0 3 0
E2 terraços de abrasão Média do NF
E3 Tipos de praia 4 4 1 3 0 0
E4 Tipos de dunas 3 2 1 0 2 2
E5 Granulometria dos sedimentos 1 1 1 0 1 1
NF = (E1+E2+E3+E4+E5)/5 2,4 2,0 1,0 1,4 1,2 1,2 1,5

Dunas de Praia de Praia de Praia de Praia de


F) Nível de Vulnerabilidade (NV) Praia de Pucal
Carimã Carimã Curupu Taputiua Mangue Seco
F1 Presença de urbanização 0 0 2 0 1 2
F2 Presença de vegetação agrícola 0 0 2 0 0 0
Presença de viveiros ou área Média do NV
F3 1 1 1 0 0 0
portuárias
Presença de estruturas de empresas
F4 0 0 0 0 0 0
eólicas
F5 Presença de extração mineral 0 0 0 0 0 0
F6 Presença de obras de contenção 0 0 0 0 0 2

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


133

costeira
F7 Presença de empresas turísticas 3 3 1 0 0 2 Média do NV
NV = (F1+F2+F3+F4+F5+F6+F7)/7 0,57 0,57 0,86 0,00 0,14 0,86 0,50

Valores de Uso Dunas de Praia de Praia de Praia de Praia de


Praia de Pucal Média
Carimã Carimã Curupu Taputiua Mangue Seco
Valor de Uso Científico (VUC) =
2,9 2,6 2,1 1,5 2,1 2,6 2,3
3xVPC + 2xVPE /5
Valor de Uso Turístico e Didático (VUTD)=
2,5 2,4 1,6 1,1 1,8 2,2 1,9
3xVPT + 2xVPE/5
Valor de Uso e Gestão (VUG)= 3xVPSE +
2,3 2,3 2,2 1,6 2,2 2,3 2,1
2xVPC + 2VPT/7
Risco de Degradação (RD) =
1,3 1,1 0,9 1 1 1,0 0,9
2xNF + 3xNV/5
Relevância (R)= {
3x[(VUC/30)x150] + [(VUTD/30)x150] + 13,5 12,4 10,0 7,1 10 12,2 11
[(VPSE/30)x150}/5
Local (L)* Regional (R)* Nacional (N)* Internacional (I)* N N L L R N
*média aritmética

Fonte: Dados da Pesquisa, 2022.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


134

5.2.1 Valor do Potencial Científico


O potencial científico dos sítios inventariados no município de Raposa vem
ilustrar o potencial geológico e geomorfológico presentes na área, onde obtivemos valores
que variaram de médio a alto a partir das características analisadas para o ambiente
costeiro em questão (Mapa 6). Dentro deste valor potencial destacamos no critério
“abundância/raridade” o geossítio dunas de Carimã que recebeu o peso máximo neste
critério de quantificação visto que o local é uma ocorrência única na Ilha do Maranhão,
sendo conhecido popularmente como “Fronhas maranhenses” remetendo o seu valor no
contexto da Ilha o mesmo que teria os “Lençóis maranhenses” para o Estado do
Maranhão.

Mapa 6– Espacialização das médias do VPC em Raposa - MA

Fonte: Elaborado pela autora (2022).


A zona costeira do munícipio de Raposa também apresenta uma
representatividade média de processos geológicos/geomorfológicos obtendo peso 3 para a
maior parte dos sítios inventariados no local, que apresentam muitos processos marcantes
para dinâmica costeira da Ilha do Maranhão principalmente para a região do Golfão
Maranhense, que já está bem mais situado próximo a porção norte do Brasil e apresenta

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


135

características diferentes se comparadas a dinâmica litorânea dos outros Estados do


nordeste.
Destacamos também a importância científica já registrada na área, quantificada no
critério “objeto de referência bibliográfica” onde os maiores pesos foram dados aos
geossítios Dunas de Carimã, Praia de Carimã e Praia de Curupu que já foram alvos de
trabalhos voltados para sua dinâmica costeira levando em consideração tanto aspectos da
geodiversidade, quanto da biodiversidade ou de usos humanos voltados principalmente
para o turismo no local. Dentre estes trabalhos (Apêndice 3) destacamos aqui os trabalhos
de Feitosa (1996) e França (2018) que são trabalhos oriundos de pesquisas de mestrado e
doutorado e agregam maior valor a estes geossítios nesta categoria.
O sítio da geodiversidade Praia de Taputiua não apresentou relevância no critério
“objeto de referência bibliográfica” pois até o momento não está documentado em nenhum
trabalho científico, provavelmente pelo difícil acesso ao local, pouca divulgação e por
apresentar uma dinâmica costeira menos representativa em relação a processos
geomorfológicos costeiros, aspecto atrai muitos pesquisadores para a zona costeira da
Raposa, se comparado aos demais pontos inventariados.
Na última década, os olhos dos pesquisadores começaram a voltar-se também para
a dinâmica costeira das Praias de Pucal e Mangue Seco, sendo esta última mais estudada
por pesquisadores devido a apresentar um ambiente muito dinâmico e com forte influência
da ação dos canais de marés conectados as áreas de manguezais. Destacamos também a
associação dos aspectos da geodiversidade com outras temáticas científicas como a
biodiversidade local, aspectos socioculturais e econômicos etc., o que abre um leque de
oportunidades para novas pesquisas na área e onde algumas destas associações já podem
ser vistas em alguns trabalhos científicos sobre este setor do município (Apêndice 3).

5.2.2 Valor Potencial Educativo

O potencial educativo dos sítios inventariados na zona costeira do município de


Raposa vem apresentar a capacidade do sítio ser utilizado para fins didáticos para o ensino
das geociências desde o ensino básico a superior e para futuras práticas que envolvam a
aplicação do geoturismo na área que tem na educação um de seus pilares. Para a área em
questão obtivemos valores de baixo a médios associados ao uso didático dos sítios
inventariados (Mapa 7).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


136

Mapa 7– Espacialização das médias do VPE em Raposa - MA

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Os geossítios que apresentaram os maiores valores foram as Dunas de Carimã, a


Praia de Carimã e a Praia de Mangue Seco. Estes locais por serem os mais divulgados do
ponto de vista turístico e por seu destaque em relação a processos
geológicos/geomorfológicos nas áreas são os mais visitados pelo público ligado a
educação. As Dunas de Carimã e a Praia de Carimã, devido as suas proximidades com as
dunas são alvos de aulas de campo dos cursos de graduação das áreas ambientais das
universidades federais, estaduais e privadas na Ilha do Maranhão. Algumas escolas do
ensino básico também levam os alunos ao local como ponto de visita e visualização de
temas tratados em disciplinas como geografia, ciências ou biologia ou através de atividades
de projetos de educação ambiental.
A Praia de Mangue Seco, nos últimos anos, vem recebendo também alunos dos
cursos de graduação das áreas ambientais da Ilha do Maranhão, visto que o interesse
científico pelo local também vem crescendo, a exemplo disto citamos as ações do Centro
de Recuperação de Manguezais (CERMANGUE) criado pelo Laboratório de Manguezais
do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Maranhão e

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


137

que vem atuando na área dos manguezais de mangue seco e na dinâmica praial do sítio
através da pesquisa e da extensão através de ações de educação ambiental.
As condições de acessibilidade e de observação são essenciais para obter os
maiores pesos neste valor potencial, visto que são dois critérios importantes para fins
educacionais de aulas de campo. Os geossítio Praia de Mangue Seco se destaca pela
acessibilidade pois é possível chegar até o local através de transportes públicos ou privados
através de estrada asfaltada e a parte que precisa ser feita a pé até as praias não apresenta
muitos obstáculos naturais.
As Dunas de Carimã e a Praia de Carimã só podem ser acessadas de forma mais
fácil através de transportes marítimos do Porto de Raposa até o local, porém o tempo de
travessia é de cerca de 15 minutos, o custo é de cinco reais e sempre há barcos a disposição
no local para ser feito o transporte de pessoas devido também ao potencial turístico
atrelados a estes locais. Os demais sítios inventariados tiveram seus pesos mais baixo na
quantificação deste parâmetro por conta principalmente das condições de acessibilidade
descritas no capítulo 6 na etapa de inventariação.

5.2.3 Valor Potencial de Suporte Ecológico (VPSE)

O potencial de suporte ecológico dos locais inventariados no município de Raposa


vem mostrar a importância de cada sítio para o ecossistema em que se encontra alocado e
demonstra a importância da geodiversidade como suporte para a biodiversidade local. Os
trabalhos de outras áreas como a oceanografia e a biologia foram essenciais para
agregarem valor aos pesos atribuídos a cada sítio, atrelados as observações de campo.
Neste valor potencial destacamos no critério “características da geodiversidade
costeiras que condicionam a ocorrência o ecossistema” onde praticamente todos os sítios
inventariados receberam peso 4, com exceção da Praia de Taputia que recebeu peso 3 neste
critério, devido a sua localização geográfica menos expostas a ação de ventos e correntes
oceanográficas, que são fatores de acentuada influência na forma de organização do
ecossistema local e influenciam na forma como a biodiversidade ocorre nos locais
inventariados (Mapa 8).

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Mapa 8– Espacialização das médias do VPSE em Raposa - MA

Fonte: Elaborado pela autora (2022).


Não foi detectado no local nenhuma contribuição da geodiversidade que
remetesse a sua importância paleográfica em relação a ocorrência de fósseis de espécies da
biodiversidade. Porém, em todos os pontos forma identificados em campo o suporte
principalmente para espécies de crustáceos, bivalves e moluscos (Figura 41), assim como o
suporte para a fixação de espécies florísticas características dos ecossistemas costeiros
como da Panicum racemosum (P.Beauv.) Spreng da família Poaceae (capim-das-dunas) e
da Ipomoea pes-caprae (L.) R.Br. da família Convolvulaceae (salsa-da-praia).

Figura 41– Registro de espécies de moluscos encontrados em diferentes pontos da área de estudo

Fonte: Thiara O. Rabelo (2021).

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Nos locais também foi observado suporte de algumas espécies dos ecossistemas
manguezal, principalmente a Laguncularia racemosa (L.) C.F.Gaertn. da família
Combretacea (mangue branco), assim como de plantas levadas para o local através da ação
humana como é o caso da Anacardium occidentale L. da família Anacardiaceae (Cajueiro)
e da Cocos nucifera L. da família Arecaceae (coqueiro) e das demais culturas para
consumo próprio dos moradores da região da Praia de Curupu

5.2.4 Valor Potencial Turístico (VPT)


O potencial turístico dos sítios inventariados na área em questão vem comprovar o
valor turístico de áreas que são explorados pela atividade turística no município, como as
Dunas de Carimã e a Praia de Carimã e indicar o potencial dos demais sítios inventariados
(Mapa 9). A média geral dos valores de potencial turístico de todos os sítios inventariados
foi média (2), apresentando os maiores pesos nos critérios “condições sedimentológicas do
terreno”, “condições de observação” e “presença de formas litorâneas”.

Mapa 9– Espacialização das médias do VPT em Raposa - MA

Fonte: Elaborado pela autora (2022).


O critério “condições sedimentológicas” obteve peso máximo na maioria dos
sítios, com exceção da Praia de Taputiua, pois apresentaram em suma poucas ou nenhuma

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


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presença de rochas praiais, ou com presença de dunas ou vasta área de estirâncio com
areias de granulometria fina a muito fina, o que contribui para que o visitante possa
caminhar com mais facilidade e conforto e fique mais tempo no local.
Além dos critérios já citados o critério “condições de infraestrutura” contribuiu
fortemente para que as Dunas de Carimã, a Praia de Carimã e a Praia de Mangue Seco
(Figura 42) obtivessem as maiores médias em relação a valor de potencial turístico. Os
demais sítios como Praia de Curupu e Praia de Pucal não apresentam estruturas para
permanência do turista e ainda são pouco explorados devido as dificuldades de
acessibilidade, embora possuam “aspecto estético” relevante para a ocorrência da atividade
na área.
Figura 42– Estruturas de bares e restaurantes na Praia de Mangue Seco, Raposa (MA)

Fonte:Thiara O. Rabelo (2019).

A “associação com aspectos culturais” foram identificadas nos sítios Praia de


Carimã e Praia de Curupu, devido a associação com lendas do município e com aspectos
relacionados a história política do Maranhão e do Brasil. Porém, podemos perceber que as
características estéticas da geodiversidade costeira é o que mais chama atenção dos
visitantes, de modo geral, para os sítios inventariados.

5.2.5 Nível de Fragilidade (NF)


O nível de fragilidade de cada sítio inventariado no município de Raposa foi
obtido através dos conhecimentos levantados através dos estudos bibliográficos e da

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141

observação em campo dos critérios expostos no item 1.3.2. Estes critérios estão
relacionados apenas as características físico-naturais observadas na área e obteve uma
média baixa (1,5) em relação a análise feita. Porém, nas médias individuais os geossítios
localizados em Carimã obtiveram valores intermediários de fragilidade devido a fatores
como ausência de beachrocks, ausência de vegetação arbustiva-arbórea e devido a estarem
mais expostos a ação dos ventos e correntes oceanográficas devido a sua localização
geográfica (Mapa 10).

Mapa 10– Espacialização das médias do NF em Raposa - MA

Fonte: Elaborado pela autora (2022).


O demais sítios inventariados estão em um contexto de praias dissipativas com
topografia muito plana e com uma região extensa para o quebramento de ondas contribui
para a área apresentar médias menores para a fragilidade, entre 1 e 1,4. O fato de os locais
estarem associados a dinâmica intensa dos ventos e marés, dos os canais de maré, como é o
caso da Praia de Mangue Seco e Praia de Pucal, contribuem para o ambiente se apresentar
como altamente dinâmico, porém em constate equilíbrio em relação a erosão e deposição
de sedimentos na área. Destacamos também a esta dinâmica costeira o aporte fluvial do rio
Paciência, sendo a Praia de Curupu o local mais próximo a este rio.

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5.2.6 Nível de Vulnerabilidade (NV)

Os pesos para os níveis de vulnerabilidade de cada sítio inventariado no município


de Raposa foram associados as principais atividades antrópicas que ocorrem nos locais ou
em suas imediações observadas em campo assim como analisadas através da literatura.
Como os locais analisados nesta área não estão inseridos em áreas de intensa urbanização e
sem estruturas de empresas exploradoras de recursos minerais a média deste parâmetro foi
tida como baixa (0,5) e apresentando-se menor do que a média do NV (1,2) (Mapa 11).

Mapa 11– Espacialização das médias do NV em Raposa - MA

Fonte: Elaborado pela autora (2022).


A atividade turística foi a ação de origem humana mais atuante na região e que
está atrelada principalmente aos geossítios Dunas de Carimã, Praia de Carimã e Praia de
Mangue Seco. Em Carimã os principais impactos negativos associados a presença do
turismo é a poluição, pois durante as atividades de campo foi possível observar a presença
de resíduos sólidos em alguns pontos da planície interdunar e na Praia de Carimã. Não foi
identificado nas dunas nenhum impacto latente a estrutura das geoformas posto que a
travessia neste geossítio é feita a pé.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


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É importante ressaltar que os barcos de passeios turísticos possuem coletores de


lixo e a maior parte da alimentação oferecida pelos guias ainda é dentro da própria
embarcação. Porém alguns vendedores de picolés e bebidas geladas atravessam para
Carimã em dias de muitos passeios turísticos os resíduos gerados através desta ação acaba
ficando em portal de entrada das dunas e sendo levado pela ação dos ventos para outros
pontos do campo de dunas. Alguns destes resíduos são deixados por alguns visitantes que
trazem alimentos e bebidas para serem consumidos na praia depois da travessia na praia
das Dunas de Carimã.

Destacamos as praias de Mangue Seco e Pucal com pesos maiores na categoria


“presença de urbanização” por estarem inseridas muito próximas ao núcleo do povoado de
Mangue Seco no município de Raposa. Principalmente na praia de Mangue Seco, por
apresentar na parte de pós-praia a presença de bares e restaurantes e ter uma acessibilidade
fácil para a chegada de visitantes. Também foi possível observar a presença de poluição
por resíduos sólidos em alguns pontos da praia.

A Praia de Curupu que também recebe visitantes e turistas não apresentou muitos
sinais de poluição por resíduos sólidos o único impacto associado a parte de pós-praia
neste local foi a retirada da vegetação arbustiva para o uso da madeira, o que deixa terreno
mais vulnerável em relação agentes erosivos.

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Capítulo 6

A GEODIVERSIDADE COSTEIRA DO MUNICÍPIO DE


GALINHOS - RN

Aerogeradores do município de Galinhos (RN)


Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022

Thiara Oliveira Rabelo Tese de Doutorado


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6 A GEODIVERSIDADE COSTEIRA DO MUNICÍPIO DE GALINHOS - RN


O munícipio de Galinhos está inserido no litoral setentrional potiguar e é
compreendido entre as coordenadas geográficas 05º 05’15,6” S e 36° 17’ 39,1” W.
Galinhos está inserido em uma área de clima semiárido, caracterizada por um período seco
por cerca 6 a 8 meses por ano, segundo Lima (2004).

A área está inserida no contexto geológico da Bacia Potiguar, sendo caracterizada


por uma acentuada instabilidade morfológica ocasionada pela ação de processos costeiros e
pela grande influência de atividades humanas como indústrias salineiras e eólicas, por
exemplo. De acordo com Lima (2004), as sequências sedimentares quaternárias da área,
que correspondem ao território costeiro, são representadas pelos depósitos holocênicos de
ambientes praiais, eólicos e flúvio-lagunares. A vegetação do munícipio de Galinhos, de
acordo com Lima (2004), divide-se em ambientes de vegetação de duna, apresentando
espécies do tipo Ipomoea pes-caprae (L.) R.Br. da família Convolvulaceae (salsa-da-
praia); ambientes de vegetação de mangue, com espécies como Rhizofora mangle,
Avicennia germinans, Laguncaria rancemosa e Cornocarpus erectus; e ambientes de
vegetação de caatinga, com espécies como a Cereus jamacaru DC. da família Cactaceae
(mandacaru).

Embora Galinhos, apresente um ambiente rico e de dinâmica peculiar do ponto de


vista biótico e abiótico, aqui nós iremos destacar as características da geodiversidade
costeira para o munícipio, que serve de suporte para a prestação de vários serviços para
comunidade local. A partir de uma análise geográfica foi feita a caracterização da
geodiversidade local com destaque para os principais processos e interações destes
elementos associados também aos tipos de uso feitos pelo homem na área. Essas
informações foram relevantes posteriormente para a quantificação do geopatrimônio
costeiro do município.

6.1 Geologia
De acordo com o relatório de geodiversidade do Estado do Rio Grande do Norte
produzido pela CPRM, organizado por Pfaltzgraff e Torres (2009), o município de
Galinhos abriga quatro tipologias geológicas principais, sendo elas: a Formação Jandaíra, a
Formação Barreiras, os Depósitos flúvio-marinhos e os Depósitos litorâneos de praias e
dunas móveis, representados no mapa 12.

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Mapa 12– Geologia do município de Galinhos, RN

Fonte: Elaborado pela autora. Dados da CPRM (2022).

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147

• Formação Jandaíra
De acordo com a CPRM (2009), os sedimentos da Formação Jandaíra estão
presentes nas unidades tabulares na área e são representados, principalmente, por calcários
e calcarenitos. Esta formação está disposta mais ao sul do município de Galinhos e de
menor representatividade na área.

De acordo com Costa Neto (2009) os sedimentos desta formação são


representados principalmente por calcarenitos bioclásticos, foraminíferos bentônicos e
algas verdes e calcilutito com marcas de raízes, dismicrito e gretas de contração. O modelo
deposicional proposto para esta formação é planície de maré, laguna rasa e plataforma rasa
(LIMA, 2004).
• Formação Barreiras
As rochas da formação Barreiras no munícipio estão associadas a depósitos
sedimentares mais jovens, comparados ao contexto geológico do Rio Grande do Norte.
Costa Neto (2009), afirma que as rochas da formação Barreiras apresentam,
predominantemente, arenitos quartzosos e sub-arcosianos, com intercalações de níveis de
argila, silte e conglomerados.

Esta formação ocorre na porção sul da área de estudo e é constituída por arenitos
argilosos com níveis conglomeráticos ferruginosos mal selecionados, cor amarelo-
avermelhado inserida na unidade geomorfológica tabuleiros costeiros e que representa o
limite a planície costeira que abriga depósitos sedimentares (COSTA NETO, 2009).

• Depósitos Flúviomarinhos

Estes depósitos ocorrem em áreas de declividade mais baixas, nas porções mais
próximas aos canais de maré. Lima (2004), afirma que estes ocorrem nas regiões
protegidas da ação das ondas nas margens dos canais de maré. Estes depósitos estão
associados as áreas de manguezais, e segundo a autora, são formados por vasas arenosas
orgânicas e/ou argilo-arenosas, que se encontram localizadas entre o estuário e o mar
(Figura 43) formadas por sedimentos finos associados às argilas orgânicas e silte
denominadas por sedimentos de mangues.

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Figura 43 – Áreas de Depósitos Flúviomarinhos na área de estudo

Fonte: Acervo da pesquisa/ Thiara O. Rabelo (2019).

Costa Neto (2009), caracteriza estes depósitos na área como constituídos por uma
sequência sedimentar constituída de areias, areias lamosas, lamas arenosas e lamas
depositadas pelo movimento de marés onde ocorrem ecossistemas de manguezais e
apicuns e são classificados em depósitos de supramaré e intermaré.

• Depósitos Litorâneos de Praias e Dunas Móveis

Lima (2004), caracteriza esses depósitos, associados aos ambientes de praia, como
constituídos predominantemente por areias quartzosas, variando desde finas até grossas,
conchas de moluscos e outros que se apresentam em uma faixa estreita, ocorrendo
diretamente na linha de costa, geralmente com uma pequena inclinação no sentido mar.

Os depósitos litorâneos dão origem as seguintes sequências: areias praiais mal


selecionadas, na linha de praia; areia praiais e eólicas da zona de pós-praia formando dunas
embrionárias, oriundas da remobilização do sedimento praial pela ação dos ventos (LIMA,
2004). Esses depósitos dão origem aos depósitos de dunas móveis da área (Figura 44), que
apresentam características sedimentares semelhantes.

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Figura 44 – Campo de Dunas Móveis em Galinhos – RN (Duna do André)

Fonte: Acervo da pesquisa/ Thiara O. Rabelo (2019).

Os Depósitos Litorâneos associados aos ambientes de dunas são, segundo Costa


Neto (2009), constituídos por areias quartzosas, granulometria fina a média, cor amarelo-
claro a creme, bem selecionadas, sub-arredondadas a arredondadas, com coberturas
vegetais e gramíneas e arbustos espaçados que ocorrem na península de Galinhos.

6.2 Geomorfologia
Segundo a CPRM (2009), no relatório de Geodiversidade do Estado do Rio
Grande do Norte, as unidades geomorfológicas mais representativas do município de
Galinhos associadas a zona costeira são os: Tabuleiros, Planícies Flúviomarinhas e
Flúviolacustres e Campos de dunas Fixas e Móveis. Outra unidade geomorfológica que
não consta nos trabalhos da CPRM, mas que foi observada na área e que também é
mencionada nos trabalhos de Lima (2004) e Costa Neto (2009) é a Planície Costeira. Silva
(2018) em seu trabalho aponta as planícies hipersalinas associadas as áreas de Planíce
Flúviomarinha assim como indica as áreas de depressão de deflação mais conhecido na
literatura como planícies de deflação que estão associados aos campos de dunas móveis.
Todas estas unidades geomorfológicas estão representadas no mapa 13.

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Mapa 13: Unidades geomorfológicas da zona costeira de Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

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• Tabuleiros

Diniz, Ferreira e Maria (2015) descrevem os tabuleiros são formas de relevo


assentadas sobre as formações Jandaíra e a formação Barreiras e ocupam a maior parte
territorial no munícipio. Costa Neto (2009) afirma que esta unidade geomorfológica
apresenta um relevo plano, suavemente ondulado e com cotas variando entre 12 a 34
metros.

Os tabuleiros constituem um domínio geomorfológico distribuído continuamente


ao longo da linha de costa, marcado por relevo tabular com declividade que quase nunca
ultrapassam cinco graus e em posição de rampa que se declina para o litoral (DINIZ,
FERREIRA e MARIA, 2015).

• Planícies Flúviomarinhas e Flúviolacustres e Planícies hipersalinas

A CPRM (2009) caracteriza as planícies Flúviomarinhas como superfícies planas


na interface com os sistemas deposicionais continentais e marinhos, constituídos por
depósitos arenoargilosos e argilosos que são muito maldrenados e prolongadamente
inundáveis com padrões de canais bastante meandrantes e divagantes, sob influência de
refluxo de marés.

Embora a classificação da CPRM utilize a expressão “flúviomarinha e


flúviolacustre” para área, é importante destacarmos que em Galinhos ocorre planícies sobre
influências predominantemente marinhas, cabendo aqui as observações de Diniz, Ferreira e
Maria (2019) sobre esta unidade na área:

Pfaltzgraff e Torres (2009) mapearam a área como planície fluviomarinha,


contudo não há rios em Galinhos, portanto a influência é somente marinha, por
isso a denominação da unidade Planície de Maré, esta foi formada por um delta
de maré enchente que está localizado à retaguarda da restinga, se estendendo até
o limite da influência das marés e estando composta por vários canais de maré,
através dos quais se dá o acesso à restinga de Galinhos por meio de barcos.

Lima (2004), afirma que nestas áreas o gradiente de declividade é quase nulo
estando sujeito a ação das marés e devido a topografia estas áreas são ambientes favoráveis
aos processos de sedimentação flúviomarinha. Esta unidade abriga o ecossistema
manguezal na área e dão suporte para o desenvolvimento da carcinicultura e da atividade
salineira na área.

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Associadas as áreas de Planícies Flúviomarinhas destacam-se a presença das


planícies hipersalinas que são áreas de transição entre o manguezal e as terras sempre
emersas. Sobre essa unidade Silva (2018) destaca que nestas áreas é possível perceber
apenas uma vegetação rala em determinadas porções da paisagem (Apicum) e superfícies
inundadas por sal, sem vegetação alguma, em outras partes (Salgado).

• Campos de Dunas Móveis e Fixas e Depressões de deflação

Sobre os campos de dunas da área, Lima (2004) afirma que na área são
encontradas Dunas Móveis do tipo barcana na porção mais a leste e dunas fixas na porção
mais central e a oeste de galinhos (Figura 45). A autora ainda indica que as dunas da área
são bem representadas por padrões de reflexão obliquo a paralelos e que as superfícies de
reativação na área são marcantes e comuns, indicando lapsos de tempo na deposição do
material, caracterizando pelo menos duas gerações de depósitos eólicos, uma mais antiga
depositada discordantemente sobre as fácies de canal de maré, e a outra mais recente que
se sobrepõe a estas fáceis e são caracterizadas por apresentar formas de leito assimétricas e
por apresentar cunhas e acanalamentos de ordem de 15 a 30 metros de extensão

Figura 45 - Indicação de locais com dunas fixas e móveis em Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora adaptado de imagem do Google Earth (2020).

Entre as formas de dunas mais comuns encontradas em Galinhos verificou-se a


presença de algumas dunas barcanóides na porção mais ao leste da restinga, onde está
concentrada a maior parte das dunas móveis (DINIZ, FERREIRA E MARIA, 2015). Esta
unidade geomorfológica é a mais dinâmica no que se refere a sua morfogênese no
município e é onde ocorre as ocupações humanas mais acentuadas na área.
Associados aos campos de Dunas móveis na área destacamos também a presença
das depressões de deflação, mais comumente conhecidas na literatura como planícies de

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deflação. Silva (2018) destaca que os ventos de NE e L são os responsáveis pela migração
contínua de sedimentos nesta área, fato que dificulta a formação de solos na área e justifica
a ausência de vegetação devido a transitoriedade da recarga de sedimentos.

• Planície Costeira
A Planície Costeira na área é representada pelos ambientes de praias presentes no
munícipio, como as praias de Galos e Galinhos. Estes ambientes apresentam entre 1 a 4
metros de elevação e correspondem as áreas de sedimentos de depósitos litorâneos de
praias e dunas móveis.
Lima (2004) caracteriza esta unidade no munícipio como apresentando estruturas
sedimentares como marcas de ondas, marcas de corrente, canaletas e marcas de
escorregamento. A autora também enfatiza que na área há a presença de cúspides praiais
que apresentam equidistâncias média de 25m. Também é possível observar na área a
presença de arenitos praiais (beachrocks) em vários pontos da linha de costa.

6.3 Aspectos climáticos e oceanográficos


É importante compreendermos sobre a atuação características climáticas e
oceanográficas da zona costeira do munícipio de Galinhos. O Clima na região de Galinhos
é quente e semiárido, caracterizado por um período seco e com época de máxima
precipitação ocorrendo entre o verão e o outono.

A temperatura anual de Galinhos é elevada e não apresenta grandes variações ao


longo do ano. Costa Neto (2009) afirma que a média de temperatura do munícipio é de 25°
a 28º C, sendo que as temperaturas máximas maiores e as mínimas menores ocorrem mais
para o sul do munícipio, zona em que diminui a influência direta do mar e predomina a
cobertura vegetal de caatinga.

Os maiores índices de pluviosidade no munícipio ocorrem mais próximos ao mar


e, segundo Costa Neto (2009), apresentam precipitação anual média de 902 mm, com uma
estação chuvosa curta de alta variação, distribuindo-se diferentemente em relação ao
interior do município e as localidades próximas ao mar.

Com relação a insolação e nebulosidade podemos destacar que

[...] estes dois elementos do clima estão inversamente relacionados. A insolação


média anual é de aproximadamente 2600 h/ano, com média de 7,22 h/dia. No
mês de fevereiro é notada a menor média mensal de insolação, atingindo 6 h/dia,
e no mês de outubro ocorre a maior média mensal de 7,6 h/dia de insolação.

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Quanto à nebulosidade, foi notado que a região de galinhos apresenta uma


nebulosidade entre 5 e 6 na escala de 0-10. A média anual do período observado
foi de 5,3 e o meses que apresentaram maior nebulosidade foram janeiro, maio e
junho (LIMA, 2004, p.18).

Em relação ao regime dos ventos na área, esta sofre atuação dos ventos alísios de
NE e segundo Costa Neto (2009), a velocidade média dos ventos na área é de 6,2 m/s e que
as menores velocidades mensais ocorrem nos meses de março a junho, as quais oscilam
entre 4,8 e 5,3 m/s, enquanto as maiores ocorrem nos meses de setembro a novembro, com
valores entre 7,3 e 7,7 m/s.

No que se refere aos aspectos oceanográficos, as marés do munícipio de Galinhos


podem ser classificadas como semi-diurnas, com período de 12 horas, com picos de
preamar e baixa-mar em intervalos aproximados de 6 horas (COSTA NETO, 2009).

LIMA (2004) descreve a hidrodinâmica da área, e no que diz respeito as ondas


caracteriza as maiores alturas de ondas entre 35 cm e 44 cm de altura na fase de lua
minguante,e a menores alturas de onda com 9 cm e 6 cm registradas na maré de sizígia de
lua cheia. A autora ainda destaca que as correntes litorâneas observadas na área variam
entre 1,02 m/s e 0,09 m/s.

6.4 Principais tipos de uso da geodiversidade costeira na área


No município de Galinhos os usos ligados diretamente a geodiversidade estão
associados principalmente as áreas de praias e dunas fixas e móveis. Porém, neste
munícipio a exploração dos recursos da geodiversidade ocorrem de forma mais intensa e
sob várias formas através de atividades turísticas, atividades ligadas a indústria eólica,
atividades ligadas a indústria salineira, que mesmo ocupando a maior parte das planícies
Flúviomarinhas encontra-se muito próxima a área de dunas do munícipio de Galinhos.

As áreas de Planícies Flúviomarinhas do munícipio são ocupadas em grande parte


pelos tanques de sal das salinas e substituíram as muitas áreas de vegetação de manguezal.
Diniz (2013) apontou vários termos de potenciais para a extração de sal marinho na Costa
Branca e área adjacente, as planícies do Pirangi e do Jaguaribe, também denominada Costa
do Sal. Nessa região, o clima é semiárido quente e seco, com considerável déficit entre
precipitação e evaporação. Empiricamente, após séculos de atividade salineira no Brasil, o
grande capital percebeu esse maior potencial da Costa Branca (DINIZ E
VASCONCELOS, 2017).

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Em relação a atividade das empresas eólicas em Galinhos, Santos (2019),


atualmente o munícipio conta com os parques eólicos Rio dos Ventos 1 com 35 torres
eólicas e 36 torres no Parque Rio dos Ventos 3, totalizando 71 torres eólicas em
funcionamentos autorizadas pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica –
ANEEL), desde maio de 2014.

Santos (2018) refere-se aos ventos com velocidade de 6 a 6,5 [m/s], afirmando
que os ventos que proporcionam a maior potência de instalação das eólicas na área, e logo,
também possibilitam uma maior produção energética. Porém, Sousa (2019), destaca que
após a instalação das eólicas (Figura 46) a população local começou a surgir com
preocupações sobre o acesso as dunas, o comprometimento das formas dunares, a
transformação da paisagem, a proximidade das torres eólicas com o distrito de Galos, os
roteiros turísticos e a alteração nos comportamentos dos peixes devido ao barulho emitido
pelas torres.

Figura 46– Eólicas instaladas no campo de dunas móveis em Galinhos – RN

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

No que se refere a atividade turística, Galinhos apresenta acentuado potencial


estético em sua paisagem costeira que incentiva as atividades de recreação, lazer e turismo
na área. Cada vez mais o munícipio vem sendo apontado como destino turístico no Rio
Grande do Norte e apresenta certa de 14 pontos indicados pela Secretaria de Turismo do
município como locais de visitação na área (Figura 47).

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156

Figura 47– Locais para visitação turística em Galinhos - RN

Fonte: Secretaria de Turismo de Galinhos (2017).

A maior parte destes pontos de visitação estão ligados a exuberância da


geodiversidade local, como as dunas do Capim, dunas do André, Praia do Farol e praia de
Galos. O munícipio apresenta uma rede razoável de pousadas para recepção do turista,
porém ainda há um déficit no que se refere a infraestrutura relacionada a diversidade de
restaurantes e entretenimento noturno para os turistas na cidade.

É importante enfatizar que esta atividade também vem causando danos ao local,
principalmente por conta as atividades turísticas feitas por bugueiros na área. O uso dos
buggys sem fiscalização e sem uma rota definida na área está diretamente atrelado a
deformação das feições dunares.

Esta prática também ameaça a ocorrência de impactos ambientais pela falta de


conhecimento sobre o potencial científico e turístico de fáceis sedimentares presentes em
seus campos de dunas como os eolianitos, que são considerados por Valença et al. (2005),
rochas sedimentares consolidadas que foram depositadas pelo vento. E os subfósseis
(registros geológicos de atividade biológicas) de uma espécie florística africana que
adaptou-se muito bem a região chamada Calotropis procera (Aiton) W.T.Aiton da família
Apocynaceae (flor-de-seda).

Outro uso na área, relatado por Lima (2004), é o uso antrópico no setor de
estirâncio das praias, onde a população e a própria prefeitura retiram fragmentos dos

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


157

beachrocks para utilização na construção civil, provocando assim um estado de erosão


localizada nestes locais de extração. Diniz e Vasconcelos (2017) também indicam em sua
pesquisa dois pequenos setores da planície costeira com a plantação de coqueiros, situadas
nas proximidades das áreas de urbanização, onde há também a presença de dunas semi-
fixas. Os autores afirmam que tratam-se de pequenas superfícies de deflação eólica nas
quais o lençol freático praticamente aflora, possibilitando a formação de Neossolos e da
cultura agrícola que abastece bares, pousadas e restaurantes do próprio município.

6.5 Processos e interações


Os elementos inseridos em um sistema, sejam eles de ordem natural ou a partir das
ações humanas, interagem entre si e participam de processos que são essenciais na
dinâmica de um ambiente. Quando esta dinâmica, se refere a sistemas costeiros, sabemos
que se trata de processos e interações bem mais frágeis, visto que estas áreas encontram-se
em ambientes de transição entre o mar e o continente (RABELO, 2018).

Estas interações podem ser facilmente percebidas na zona costeira do município de


Galinhos, principalmente no que diz respeito a interação dos elementos naturais ali
presentes para a morfogênese do relevo litorâneo. A presença de beachrocks (Figura 48) é
fundamental para estes processos de configuração do litoral do munícipio, sendo
responsáveis pela criação de pontas e reentrâncias, segundo Diniz e Vasconcelos (2017).

Figura 48– Ocorrência de beachrocks ao longo da praia de Galinhos - RN

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


158

A presença destas feições na linha de costa também é responsável pela atenuação


da erosão costeira na área, visto que os beachrocks estão localizados paralelos a linha de
costa e impedem a ação direta das ondas nestas áreas. No que se refere aos processos de
formações dunares, os ventos fortes na região são os principais responsáveis pelo
transporte de sedimentos inconsolidados na formação de dunas. Sobre este processo, Diniz
e Vasconcelos (2017) indicam em suas pesquisas que

com rajadas de mais de 50 km/h, que juntamente com a quantidade de


sedimentos inconsolidados disponíveis na planície litorânea são suficientes para
formar dunas por meio da deposição dos sedimentos pela ação eólica mesmo em
uma restinga de cerca de 500 m de largura, pois mesmo nas áreas urbanizadas
grande parte dos sedimentos encontra-se ainda inconsolidado.

A sede de Galinhos está localizada nesta área e encontra-se muito próximas as


áreas de dunas móveis e fixas, próximas as praias e sobre a restinga existente na área
(Figura 49). Estas ocupações estão associadas diretamente a impermeabilização das dunas
que são responsáveis pela diminuição do nível do lençol freático.

Figura 49- Ocupações humanas na Praia de Galinhos

Fonte:Thiara O. Rabelo (2019).

Porém, é necessário lembrar que os campos de dunas são de suma importância


para a captação de água nas regiões litorâneas, porém, a elevada porosidade e
permeabilidade dos sedimentos que formam estas feições, os ambientes dunares são mais
vulneráveis a contaminação hídrica por diversos meios (presença de lixões, fossas sépticas,
poços construídos indevidamente etc.).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


159

Esta realidade é presente no município de Galinhos, e em seu trabalho Rocha


(2008) destaca que a contaminação da água no município acontece pelos seguintes fatores:
a) Introdução da água salgada, com o advento das bombas hidráulicas, visto que as águas
se misturam elevando a salinidade da água consumida ou tornado-a imprópria ao consumo
humano e animal; b) O regime de bombeamento na área, tendo em vista que a utilização
indiscriminada da bomba hidráulica, sem a preocupação com a vazão efetiva do poço altera
a relação hidrostática entre a água doce e a água salgada; c) Permeabilidade do aquífero,
que aliada à utilização de bombas hidráulicas, vem causando a introdução de um maior
nível de salinidade na água consumida; d) Proximidade com os locais com presença de
fossas negras (que ocorrem em praticamente toda a sede de Galinhos) que elevam a
contaminação do lençol.

Ainda sobre a ocorrência de dunas na área em questão, é importante ressaltar que


a vegetação possui papel importante para os tipos dunares diferentes no que se refere a sua
movimentação. Por exemplo, na área de pós-praia das praias de Galinhos e Galos, é
observada a presença de uma vegetação rasteira e incipiente, mas que se configura como
barreira necessária para formação de dunas embrionárias. Lima (2004) indica que

[...] as dunas móveis não possuem vegetação ou apresenta vegetação bastante


espaçadas como salsa roxa ou salsa-de-praia (Ipomea prescaprae) e o capim
praturá (Paspalum vaginatum), apresentando-se bastante espaçadas devido ao
solo ser pobre em nutrientes e com altura de aproximadamente trinta
centímetros. Nas dunas fixas, as espécies vegetais que destacam são a flor-de-
seda (Calotropis procera) com ramos sempre verdes, o pinhão branco (Jatropha
urens mueli) e a salsa roxa (Ipomea prescaprae).

No que se refere a formação de bermas e barras arenosas na área, este processo


está intimamente relacionado com a maior deposição de sedimentos no perfil praial. Lima
(2004), afirma que existe uma ciclicidade na morfologia dos perfis praiais na área, que
hora formam barras arenosas longitudinais, ora proporcionam a formação de bermas e,
posteriormente, a formação de barras arenosas longitudinais novamente, caracterizando um
ciclo sazona

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160

Capítulo 7
AVALIAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO COSTEIRO DE
GALINHOS-RN

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022

Farol de Galinhos – Galinhos (RN)


Thiara Oliveira Rabelo Tese de Doutorado
161

7 AVALIAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO COSTEIRO DO MUNICÍPIO DE


GALINHOS-RN
Através do levantamento de dados bibliográficos e cartográficos e de informações
coletadas nas atividades de campo da pesquisa foi possível fazer a inventariação dos sítios
com potenciais interesses geológicos/geomorfológicos do município de Galinhos – RN.
Nesta etapa descritiva do trabalho, utilizamos em campo a ficha de inventariação para
sítios costeiros (Apêndice 1), as informações obtidas através de pesquisas que já
trabalharam com a inventariação do patrimônio geomorfológico da área (SILVA, 2020) e
os registros fotográficos das atividades de campo.

7.1 Inventariação dos geossítios/sítios da geodiversidade de Galinhos-RN

Com base com os critérios da proposta de Brilha (2016), identificamos na área a


presença de 1 (um) sítio da geodiversidade e 5 (cinco) geossítios (Quadro 16). Os sítios
inventariados nesta pesquisa foram classificados como tipo área, faixa e ponto e
apresentaram em sua maioria boas condições de observação.
Quadro 16- Resumo de informações de localização de sítios inventariados
SÍTIOS INVENTARIADOS NO MUNICÍPIO DE RAPOSA - MA
Potenciais Geossítios
Coordenadas geográficas Tipo do sítio Condições de
Sítio
observação
5° 5'57.65"S Área Boa
Duna do André
36°15'0.26"O
5° 6'8.19"S Área Boa
Dunas do Capim
36°12'56.95"O
5° 5'56.85"S Ponto Boa
Eolianitos das dunas do
36°12'34.99"O
Capim
5° 5'28.66"S Faixa Boa
Praia de Galinhos
36°16'49.01"O
5° 5'16.37"S Faixa Boa
Praia do Farol
36°17'24.18"O
Potenciais Sítios da geodiversidade
Coordenadas geográficas Tipo do sítio Condições de
Sítio
observação
5° 5'48.04"S Faixa Boa
Praia de Galos
36°14'51.02"O

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Os sítios inventariados no município de Galinhos estão associados as planícies


costeiras e campos de dunas móveis da área (Mapa 14). Esta inventariação apresenta uma
descrição ambiental sumária destes sítios com base nas informações levantadas a partir das
atividades de campo e de materiais bibliográficos e cartográficos da área.

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162

Mapa 14– Sítios inventariados no município de Galinhos – RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

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163

7.1.1 Geossítios
A seguir estarão descritos os sítios que foram identificados com grande relevância
científica no local. Estes locais também possuem interesses turísticos, educativos,
ecológicos e econômicos associados à sua importância para a área.

a) Praia de Galinhos

O geossítio Praia de Galinhos está localizada na porção oeste do spit de Galinhos


(Figura 50). O local é um dos principais atrativos turísticos do município e seu acesso é
considerado fácil visto que o acesso à praia pode ser feito a pé para quem sai do distrito de
Galinhos ou por meio de carros traçados como 4x4 seguindo pelas praias e dunas que estão
localizados na porção leste da cidade. A distância a pé da praça central até a praia de
Galinhos é menos de 1 km.

Figura 50– Localização do geossítio Praia de Galinhos no município de Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

A Praia de Galinhos é formada por depósitos holocênicos que estão sob forma de
depósitos praiais e por arenitos ferruginosos que estão sob forma de beachrocks neste
geossítio. Segundo as análises da área da pesquisa de Lima (2004) e Costa Neto (2009)
afirmam que o local apresenta areias quartzosas de granulometria média a fina, bem

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


164

selecionadas, com biodetritos e minerais pesados, derivadas da plataforma rasa adjacente.


As concentrações de matéria orgânica da área são justificadas por Costa Neto (2009) pela
grande quantidade de fragmentos de conchas e moluscos associados a presença dos
manguezais próximos ao spit de Galinhos.
Este geossítio apresenta ondas do tipo mergulhantes o que condiz com seu perfil
que varia de refletivo a intermediários de acordo com Lima (2004) que contribui em
Galinhos para que no período seco ocorra a formação de barras arenosas e no período
chuvoso ocorra a formação de bermas que podem chegar até 1,5 m de altura. A praia
apresenta cerca de 135 metros de estirâncio, segundo Lima (2004) e intensa dinâmica
eólica e oceanográfica da área, faz com o local este geossítio apresente um balanço
sedimentar negativo justificando os níveis acentuados de erosão observados. No local
também é possível identificar outras estruturas sedimentares como marcas de ondas,
marcas de correntes e linhas de deixa.
Destacamos também na Praia de Galinhos a presença de beachrocks que estão
dispostos de forma paralela a linha de costa. Mansur et al. (2011) destaca que beachrocks
são
Beachrocks são depósitos sedimentares de praia cimentados pela precipitação em
geral carbonática e cuja litificação usualmente se dá na zona intermarés. Podem
envolver sedimentos de origem clástica ou bioclástica, nas frações
granulométricas que variam de areia até bloco (Vousdoukas et al. 2007, Kelletat
2006). São também chamados de arenitos de praia e, na região Nordeste do
Brasil, recebem o nome dearrecifes. Podem ser friáveis ou bem cimentados
(Bates & Jackson 1987), sendo que a cimentação pode ocorrer em poucos anos.

Em sua pesquisa na zona costeira do município de Galinhos, Silva (2020) destaca


que este afloramento é composto por sedimentos (bioclástico e fragmento de rochas) mal
selecionados, com granulometria grossa a fina e cimentação carbonática com estruturas em
forma de camadas plano paralelas com leve inclinação para o mar. Essas características de
formas e processos costeiros justificam o valor científico deste sítio.
O geossítio não está submetido a nenhum tipo de proteção legal. No caso de
Galinhos, nem a proximidade do local com áreas de manguezais contribui para a proteção
desse ambiente costeiro pois grande parte deste ecossistema na área já foi historicamente
degradado devido a fixação de tanques de carcinicultura na área.
A Praia de Galinhos possui um elevado potencial turístico para o município. O
valor estético atribuído a paisagem encontrada no geossítio e a estrutura de bares, pousadas
e locais que condicionam as práticas esportivas como Surf e Kite-surf atraem visitantes e
turistas para o local (Figura 51).

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165

Figura 51– Prática de Kite-surf na Praia de Galinhos

Fonte:Thiara O. Rabelo (2019).

Em relação as fragilidades específicas intrínsecas deste geossítio destacamos o


balanço sedimentar negativo visível nos pontos de erosão observados na praia de Galinhos,
porém a presença dos beachrocks no local deixa o geossítio mais protegido em relação
ação das ondas, o que colabora para a continuidade de algumas construções no local.
Outras construções que encontram-se mais afastadas destas estruturas sedimentares sofrem
com os impactos causados devido ao avanço do mar (Figura 52).
Figura 52- Destruição causada por ondas em construções na Praia de Galinhos

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

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166

Em relação a intervenções antrópicas no geossítio que contribuem para situações


de vulnerabilidade no local destacamos o acúmulo de resíduos sólidos, o despejo de
esgotos, a extração mineral dos arenitos ferruginosos utilizados para construção civil já
apontados por Lima (2004) em seu trabalho. Silva (2020) destaca o uso dos beachrocks
como suporte para o preparo dos equipamentos para o Kite-surf e o uso de automóveis na
parte do estirâncio da praia que passam muito próximo a estas estruturas sedimentares
podendo com o tempo trazer um alto percentual de degradação.
A partir do levantamento de informações feitas sobre este geossítio foi possível
identificar na área serviços de regulação atrelados a categoria “processos terrestres” devido
a dinâmica costeira descrita. Foram identificados serviços de suporte nas categorias
“Processos atmosféricos e oceânicos” devido a dinâmica ocenográfica e climática da área,
“Plataforma” e “Habitat” justificados pela praia servir de plataforma para a construção de
estruturas voltadas para o turismo e de habitat para espécies de bivalves e moluscos
observadas durante o campo. Os serviços de provisão foram identificados na classe
“Materiais de construção” devido a retirada dos arenitos praiais para a construção civil.
Os serviços culturais do sítio estão representados na área relacionados aos bens e
processos de “Desenvolvimento social”, “Geoturismo e lazer”, devido ao desenvolvimento
da atividade turística que traz lazer e retorno econômico para a população; e a “Inspiração
artística” visto que a praia é inspiração para quadros e desenhos em muros feitos por
artistas locais. Os serviços de conhecimento estão atrelados as categorias “história da
pesquisa” e “história da Terra” e “Educação e emprego” posto que já foram realizadas
muitas pesquisas em Galinhos que justificam a importância do local para a compreensão
do comportamento costeiro do litoral setentrional do Rio Grande do Norte e o sítio é ponto
de aulas de campos de professores e alunos dos cursos de graduação das áreas ambientais.

b) Duna do André

O geossítio Duna do André está localizado na parte central do spit de Galinhos e a


oeste do povoado de Galos (Figura 53). O local é um dos atrativos turísticos do município
e seu nome foi dado, segundo a população local, em homenagem a um antigo morador da
área que morava muito próximo a duna que tinha por nome André. O acesso a Duna do
André ocorre geralmente por meio buggys.

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167

Figura 53- Localização do geossítio Duna do André no município de Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

A Duna do André é formada por sedimentos do Holoceno que estão sob forma de
depósitos eólicos que são formados pela amplitude de variação dos ventos de SE e NE e
pelas relativamente altas velocidades dos ventos, que segundo Costa Neto (2009) variam
entre os meses de março e julho (12,09 km/h) e entre os meses de agosto e fevereiro (17,72
km/h) e resultam na formação e migração dos campos de dunas.
Do ponto de vista geológico a Duna do André é formada por areias quartzosas que
segundo Silva et al (2005) são compostos de areia média a muito fina inconsolidadas, bem
selecionadas, desprovidos de cobertura vegetal, sujeitos à dissipação pelos ventos. A Duna
do André corresponde a classificação de dunas móveis com perfil longitudinal
apresentando crista paralela ao sentido do fluxo de sedimentos com cerca de 13 metros de
elevação.
Essas características geológicas e geomorfológicas reforçam o valor científico e
educativo deste sítio devido a possibilidade vislumbrar muitos elementos da paisagem,
destacados já no trabalho de Silva (2020), como o contato do sistema dunar com os canais
de maré, a vegetação do manguezal e as demais dunas da zona costeira de Galinhos.

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168

O potencial turístico deste sítio é considerado acentuado visto que esta duna é um
ponto de parada obrigatório presente nos roteiros turísticos do município. Os bugueiros
indicam este local utilizado pelos visitantes para contemplação da paisagem, ponto de
parada para fotos e como local onde ocorrem luais em noites de lua cheia.
O geossítio encontra-se submetido a proteção legal como Área de Preservação
Permanente (APP) pela Lei Estadual nº 6.950, de 20 de agosto de 1996 que dispõe sobre o
Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro. Porém, os usos que ocorrem na área não são
planejados de acordo com esta legislação.
Os fatores climáticos e oceanográficos que atuam sobre esta duna contribuem para
considerá-lo um sistema frágil, porém, mais estável se comparado com as Dunas do
Capim, pois a Duna do André encontra-se localizada em um ponto menos exposto a ação
das correntes oceanográficas. Como a atividade turística é a principal atividade humana
associada a este geossítio o único sinal associado a vulnerabilidade observado foi a
passagem dos buggys se forma não planejada sobre a duna. Porém, como observamos em
campo e conforme Silva (2020) afirma não foram identificados significativas mudanças na
sua forma ou ameaças que venham a descaracterizá-lo.
Os serviços ecossistêmicos da geodiversidade identificados no local foram os
serviços de regulação associados a categoria “qualidade da água” devido a potencial de
recarga de aquíferos dos sistemas dunares e “processos terrestres” justificado pela
formação da própria duna em si. Também foram identificados os serviços de suporte
principalmente a partir da categoria “Plataforma” visto que o geossítio serve de base para a
atividade turística. E os serviços culturais sob forma dos bens e processos
“Desenvolvimento social”, “Geoturismo e lazer” devido a atuação da atividade turística no
local e nas categorias “inspiração artística” e “Significados culturais, espirituais e
históricos” posto que a área é representada nas pinturas de artistas locais e utilizada para
fazer encontros como luais. Os serviços de conhecimento são encontrados na área devido a
menção do local em trabalhos científicos.

c) Dunas do Capim
O geossítio Duna do Capim está localizado na porção oeste do Spit de Galinhos
(Figura 54). O acesso a área é considerado fácil, visto que por ser um dos maiores atrativos
turísticos da área apresenta a possibilidade de acesso por meio de transportes marítimos
saindo do píer localizado as margens do canal de maré chamado Pisa Sal. O acesso de

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169

carro ou de buggys é feito saindo do distrito de Galinhos, com a distância de cerca de 2 km


ou do distrito de Galos.
Figura 54- Localização das Dunas do Capim no município de Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Silva (2020) afirma que este geossítio tem seu nome associado à ocorrência de
uma vegetação rasteira que se desenvolve nas áreas mais rebaixadas do campo dunar, onde
o lençol freático emerge e a maior umidade permite o desenvolvimento desse tipo de
vegetação. Através de conversas informais com moradores da área foi relatado que esta
área antes era utilizar para levar os animais para se alimentarem do capim existente ali o
que reforça a toponímia do lugar.
As Dunas do Capim são compostas por depósitos eólicos do holoceno formados
pela variação de velocidade e amplitude dos ventos de sentindo SE e NE e que contribuem
de forma determinante para sua formação e processo migratório. De acordo com Lima
(2004) e Silva et al. (2005) a granulometria desta área dunar no município varia de fina a
média, bem selecionadas em um ambiente onde a insolação é de cerca de 7,22 hora/dia o
que contribui para a dissipação dos grãos pelos ventos.
As dunas que formam este geossítio correspondem a classificação de dunas
móveis do tipo barcanas de acordo com Lima (2004), apresentando forma de meia-lua e

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


170

com dobras voltadas para o mesmo sentido de direção dos ventos. Outra característica que
agrega ainda mais o valor científico do local é a presença se sub-fósseis vegetais (Figura
53), muito provavelmente advindos da fossilização da Calotropis procera (Aiton)
W.T.Aiton da família Apocynaceae, conhecida popularmente como flor-de-seda, rosa-seda,
algodão-da-praia etc. A espécie se adapta muito bem a regiões áridas e é proveniente do
norte da África e do sudoeste da Ásia (MOREIRA FILHO E VIANA, 2014). Silva (2020)
desta a ocorrência deste sub-fósseis vegetais em seu trabalho e destaca que são
rizoconcreções preservados em feições verticais que remontam a sua época de formação e
que tiveram o tecido vegetal substituído por quartzo e cimento carbonático (Figura 55).
Figura 55 - Área com os sub-fósseis vegetais nas Dunas do Capim

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

O trabalho de Silva (2020) também indica ter encontrado materiais sugestivos de


sambaquis nas Dunas do Capim. O geossítio encontra-se submetido a proteção legal como
Área de Preservação Permanente (APP) pela Lei Estadual nº 6.950, de 20 de agosto de
1996 que dispõe sobre o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro. Porém, os usos que
ocorrem no geossítio demonstram que não há fiscalizações sobre a conservação da área de
acordo com a legislação.
A dinâmica de ventos e oceanográfica no local já contribui para ser considerado
uma área intrinsecamente frágil e os usos humanos que ocorrem na área contribuem para
situações que podem deixar o geossítio em estado de vulnerabilidade, visto que o turismo e
a atividade eólica são muito presentes no local. O principal impacto trazido pelo turismo

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


171

seria descaracterização de feições dunares e das áreas de sub-fosséis pelo acesso feito pelos
buggys. Em relação a atividade eólica na área destacamos a tentativa de construção de
estradas no meio do campo de dunas, a poluição visual da paisagem e o retrabalhamento
das feições dunares para o bom andamento das atividades eólicas.
Em relação aos serviços ecossistêmicos da geodiversidade identificados na área
destacamos a presença dos serviços de regulação através das categorias de “qualidade da
água” (recarga de aquíferos) e “processos terrestres” (dinâmica de formação da paisagem).
Os serviços de suporte foram identificados sob forma das classes, “plataforma” e “habitat”
que estão representados pelo uso do local para atividades turísticas e como habitat de
alguns tipos de bivalves.
Os serviços culturais identificados na área relacionados as bens e processos de
“geoturismo e lazer” e “desenvolvimento social”, devido a área ser um dos destaques
turísticos do município e inspiração artística visto que, observamos o local presente em
pinturas de artistas locais em muros e paredes no distrito de Galinhos.

d) Eolianitos das dunas do Capim


O geossítio Eolianitos Dunas do Capim encontra-se situado na porção leste do spit
de Galinhos, inserido na área correspondente ao campo das Dunas do Capim (Figura 56).
O acesso a área é considerado moderado, visto que é possível chegar até as Dunas do
Capim através de automóveis como buggys e ir caminhando até o local ou ir caminhando a
partir da borda do canal de onde se tem acesso as dunas, caminhando cerca de 1,0 km até
os eolianitos. Silva (2020) relata que apesar das limitações de acesso esse afloramento
acaba fazendo parte do trajeto realizado por turistas que frequentam a área, podendo,
assim, ser mais bem explorado, principalmente em termos de informações a respeito de sua
formação.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


172

Figura 56-Localização do geossítio Eolianitos nas Dunas do Capim no município de Galinhos -


RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Essas formações ocorrem a partir do processo de litificação de depósitos eólicos a


partir da cimentação de seus grãos. Carvalho et al. (2008) afirmam que os eolianitos são
formados por pacotes de rocha sedimentar arenosa, quartzo-bioclástica, com cimento de
carbonato de cálcio. Constituem uma unidade geológica holocênica, rara na zona costeira
brasileira, com estruturas e composição de características especiais que fornecem
importantes informações sobre a dinâmica eólica e as condições climáticas e de ambiente
costeiro existentes à época de sua formação.

De acordo com Lima (2004) os eolianitos são encontrados no spit de Galinhos de


forma pontual tanto nos terraços mais antigos como também formados por terraços
aflorantes nas bordas dos canais, compostos por areias que variam desde grossa a fina, com
cimentação carbonática.

O eolianito em questão encontra-se inserido na área das Dunas do Capim e ganha


destaque devido as suas dimensões e sua forma que apresenta de forma conservada as suas
fácies sedimentares. Silva (2020) destaca que este afloramento apresenta aproximadamente

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


173

9,0 x 4,20 x 1,15 m de comprimento, largura e altura, respectivamente, com mergulho das
camadas de 10° e estratificação plano paralela variando entre 2 e 5 cm, características essas
que o diferem de seu entorno. Esse eolianito encontra-se a 7,2 km à leste do centro da
cidade de Galinhos. A formação é composta predominantemente por quartzo com camadas
plano-paralelas (Figura 57).

Figura 57- Representação da posição das camadas do eolianito

Fonte: Nayara M. Santos (2019).

Este geossítio não está submetido a nenhum tipo de proteção legal específica. O
fato de estar na área correspondente as Dunas do Capim faz com esteja associado a uma
área considerada APP pela Lei Estadual nº 6.950/1996 porém, como destacado
anteriormente os usos humanos que ocorrem na área não demonstram os cuidados
previstos por lei.

Em relação a fragilidade deste geossítio destacamos a sua exposição a erosão que


ocorre na área proveniente da dinâmica costeira principalmente devido a sua exposição da
ação dos ventos e as águas pluviais no período chuvoso. Em relação as ações humanas que
podem acarretar situações de vulnerabilidade destacamos a atividade turística devido as
rotas de passagem dos bugueiros que não compreendem a importância desta formação e
passam muito próximo com seus veículos podendo comprometer a estrutura desta forma.

Desta forma, através dos levantamentos de informações sobre o geossítio


identificamos os seguintes serviços ecossistêmicos associados ao local: os serviços de
regulação associados a categoria “processos terrestres” devido ao processo de formação
Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022
174

desta forma e os serviços de conhecimento associados as categorias de “história da terra” e


“história da pesquisa” visto que este ponto apresenta informações importantes relacionadas
a dinâmica do ambiente costeiro que vem sendo documentadas em pesquisas da área como
é caso de Lima (2004) e Silva (2020).

e) Praia do Farol

O sítio da geodiversidade está localizado na porção mais extrema ao oeste do spit


de Galinhos (Figura 58). Este local é um dos cartões de visitas município sendo conhecido
como um local mais calmo, propício para banhos e que conta com o próprio farol como
atrativo até o lugar. O acesso a este sítio é considerado fácil e se dá através da Praia de
Galinhos podendo ser feito a pé, por veículos 4x4 ou atráves de passeios de charretes. A
distância da Praia de Galinhos até a Praia do Farol é de cerca de 1,38 km.

Figura 58 - Localização da Praia do Farol no município de Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

A Praia do Farol é formada por depósitos holocênicos que estão sob forma de
depósitos praiais e por arenitos ferruginosos que estão sob forma de beachrocks neste sítio

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


175

e que serviram de base para a construção do farol. Lima (2004) afirma que o local
apresenta areias quartzosas de granulometria média a fina com cascalho esparso, e bem
selecionadas. Esta praia apresenta um perfil que varia de refletivo a intermediários com
uma área de estirâncio de 135 metros de acordo com Lima (2004).
Segundo pesquisas de Lima et al. (2003) a dinâmica da praia apresenta a
formação de barras arenosas nos meses de dezembro a março e a implantação de bermas
nos meses de novembro até junho, apresentando segundo a autora um comportamento
parecido ao da Praia de Galinhos. Observamos também neste sítio a formação de dunas
semi-fixas na parte de pós-praia e outras estruturas sedimentares como marcas de corrente,
marcas de ondas e marcas de espraiamento.
O local não está submetido a nenhum tipo de proteção legal. Além da dinâmica da
praia que permite a formação de uma lagoa que é utilizada pelos banhistas esta praia
recebe muitos visitantes que buscam chegar até o farol que encontra-se construído no local.
Segundo Vainsencher (2008), o Farol Galinhos foi construído em 1931, representa o oitavo
farol erigido no Rio Grande do Norte. É importante destacar os passeios de charretes que
saem da Praia de Galinhos com destino a Praia do Farol e que contam como uma atividade
importante associada ao turismo no local.
O local também apresenta outra importância cultural além de ser o atrativo
turístico, segundo os autóctones o Farol está associado a um significado sagrado, posto que
conta-se que morava no distrito de Galinhos uma senhora muito conhecida por todos
chamada Maria Faustina ou Maria Fulô. Os moradores contam que ao morrer esta senhora
foi enterrada em um local próximo ao Farol há cerca de 40 anos e muitas pessoas vão ao
local rezar e pedir a intercessão de dona Maria Faustina por seus problemas e contam ser
atendidos obtendo milagres.
Em relação a fragilidade associada a este sítio destacamos a dinâmica local
associada as oscilações de marés que causam mudanças abruptas na sua morfologia. Em
relação as vulnerabilidades decorrentes da ação humana destacamos que o local está
localizado a 600 m do lixão do distrito de Galinhos.
Rocha (2008) aponta em sua pesquisa esta proximidade como um risco para o
potencial turístico e para a poluição da praia posto que resíduos sólidos são arrastados pelo
vento até as mediações próximas da praia do Farol ou já estão tendo alguns pontos da área
de dunas que ficam localizadas na parte de pós-praia ocupadas como local de despejo do
lixo. Em conversas com os moradores locais foi obtida a informação de que há o despejo
de esgotos através de sumidouros que chegam até estas dunas. Os arenitos próximos ao

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


176

farol apresentam um bom estado de conservação e não foram observados danos causados
pela atividade turística a estas feições.
A partir das informações levantadas identificamos no local os seguintes serviços
prestados pela geodiversidade: os serviços de regulação associados a categoria de
“processos terrestres” devido a dinâmica costeira local e os serviços de suporte associados
a categoria “plataforma” visto que o local serve de suporte para as estruturas atreladas ao
turismo e os arenitos são base para a construção do farol; destacamos também a categoria
“habitat” devido a ser observado no arenito a presença de bivalves nas parte do estirâncio e
barras arenosas e de moluscos gastrópodes nos arenitos (Figura 59), conhecidos
popularmente como cracas-de-praia (Cerithium atratum).
Figura 59- Arenitos praiais como suporte para o habitat para cracas-de-praia

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).


Os serviços culturais estão presentes no local na categoria “desenvolvimento
social” e “geoturismo e lazer” devido ao desenvolvimento da atividade turística associada
também a este sítio. E na categoria “significados culturais, espirituais e históricos” devido
as histórias de milagres contadas sobre a senhora Maria Faustina. Os serviços de
conhecimento destacamos as categorias “história da terra” e “Educação e emprego” posto
que o local apresenta processos que podem ser utilizados como exemplos em aulas de
campo e acesso fácil para levar grupos de alunos ao local.

7.1.2 Sítios da geodiversidade


Neste tópico estarão descritos os sítios que foram identificados na área com
relevância turística e para a economia local, nestas áreas o valor científico fica em caráter
secundário.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


177

a) Praia de Galos

Este sítio da geodiversidade fica localizado na porção central do spit de Galinhos


(Figura 60). A Praia de Galos situa-se próximo a Duna do André e seu acesso é
considerado fácil posto que a praia pode acessada através de veículos 4x4 ou buggys a
partir do distrito de Galinhos ou indo caminhando do distrito de Galos até o local cerca de
0,5 Km. Este sítio possui importância turística para o local, porém não é o que mais se
destaca neste aspecto, sendo mais um ponto de passagem e parada as Dunas do Capim.

Figura 60- Localização da Praia de Galos no município de Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

A Praia de Galos é formada por depósitos praiais do holoceno que segundo Lima
(2004) apresentam granulometria fina a média com cascalhos esparsos que variam de bem
selecionadas a pobremente selecionadas. Segundo a autora a parte de pós-praia é
constituída por sedimentos que variam de areia a areia siltosa. Esta praia apresenta um
perfil que varia de refletivo a intermediário, com ondas mergulhantes e com uma área de
estirâncio de 50 metros de acordo com Lima (2003; 2004). Neste sítio é possível observar a
presença de conglomerados com arenitos ferruginosos e sob forma de beachrocks. Outras
estruturas sedimentares podem ser observadas no local como marcas de ondas, marcas de
corrente, cúspides praiais e a formação de dunas frontais em alguns pontos da praia.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


178

A Praia do Galo não está submetida a nenhum tipo de proteção legal. A


fragilidade do local é justificada pela dinâmica natural da área que torna a praia um local
de constantes transformações e com níveis consideráveis de erosão durante o ano, segundo
Lima (2004). A ações humanas que podem contribuir para a vulnerabilidade deste sítio
estão associadas a retirada dos arenitos praiais para a construção civil já mencionados na
pesquisa de Lima (2004) e a proximidade com as casas do distrito de Galos (Figura 61) que
contribuem para o acúmulo de resíduos sólidos em alguns pontos da praia e possivelmente
os despejos de esgotos. Como a atividade turística acontece de forma menos acentuada
neste sítio não foram observados impactos negativos associados ao turismo.
Figura 61-Casas na zona de pós-praia da Praia de Galos

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).


A partir das informações levantadas sobre este sítio identificamos no local a
prestação de serviços ecossistêmicos da geodiversidade nas seguintes classes: serviços de
regulação através da categoria “processos terrestres” justificados pela dinâmica costeira da
área; os serviços de suporte associados principalmente as classes de “plataforma” para as
construções civis no local, “habitat” relacionados as espécies de bivalves e moluscos que
ocorrem no local. Os serviços de provisão foram identificados na categoria “materiais de
construção” devido a retira dos arenitos praiais para a construção civil e os serviços
culturais foram classificados na área como “geoturismo e lazer”. Destaca-se também os
serviços de conhecimento associados a “história da terra” e “história da pesquisa” visto que
é citado em alguns trabalhos (LIMA 2003; 2004) sobre a dinâmica costeira do munícipio
de Galinhos.

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179

7.2 Quantificação dos geossítios/sítios da geodiversidade de Galinhos - RN


Este capítulo apresenta a análise dos resultados da quantificação dos
geossítios/sítios da geodiversidade inventariados no município de Galinhos, Rio Grande do
Norte. Assim como foi feito aos sítios inventariados na área de estudo anterior, os
resultados de Galinhos foram obtidos com base na aplicação da proposta metodológica
apresentada no item 1.3 do capítulo 1 deste trabalho.
Os critérios analisados nesta proposta partiram das metodologias de Pereira
(2010); Lopes (2017) e Santos et al. (2020) sendo adicionados cerca de 10 critérios a mais
que foram observados em atividades de campo no munício de Galinhos (RN) e Raposa
(MA). Nesta parte do trabalho os sítios com maior valor científico, turístico e de uso e
gestão, associando esses valores ao risco de degradação associado a cada sítio inventariado
na zona costeira do município de Galinhos.

As médias apresentadas aqui são resultantes da associação pesos dados aos


critérios dispostos no quadro do anexo 01 que foram quantificados a partir da etapa de
inventariação presente no capítulo 7 desta pesquisa. Destacamos então, a importância da
quantificação dos sítios inventariados no município de Galinhos - RN, visto que eles estão
inseridos em uma área de dinâmica costeira expressiva e diversa devido aos processos e
geoformas observados na área que atraem a atenção humana, principalmente sob forma da
atividade turística e eólica.

Desta forma, a quantificação destes sítios traz ponderações necessárias para


gestão territorial da área costeira do município de Galinhos e que juntamente a outros
trabalhos da área que buscaram avaliar o geopatrimônio costeiro do município, como no
caso de Silva (2020), apresenta contribuições para continuidade do desenvolvimento da
atividade turística na área com vistas na geoconservação dos sítios com alto valor
científico e turístico identificados no local.

A seguir estão expostos os valores atribuídos a cada geossítio/sítio da


geodiversidade para esta etapa de quantificação a partir da metodologia proposta,
considerando os parâmetros científicos, educativos, de suporte ecológico, turístico e os
níveis de fragilidade e vulnerabilidade associados as especificidades costeiras da área de
estudo (Quadro 17).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


180

Quadro 17-Valores obtidos na quantificação do geopatrimônio costeiro do município de Galinhos-RN


Quantificação – Munícipio de Galinhos (RN)
A ) Valor Potencial científico (VPC) Praia de Dunas do Dunas do Eolianitos D.
Praia do Farol Praia de Galos
Galinhos André Capim Capim
A1 Abundância/raridade 3 3 3 4 3 3
A2 Objeto de referência bibliográfica 4 3 4 4 4 3
A3 Representatividade de processos
geológicos/geomorfológicos 4 3 3 3 2 2 Média do
costeiros VPC
A4 Diversidade de interesse/temáticas
3 3 3 2 3 2
associadas
A5 Diversidade abiótica (mais de um ou
4 2 2 2 3 3
mais elementos)
VPC = (A1+A2+A3+A4+A5)/5 3,6 2,8 3,0 3,0 3,0 2,6 3,0

B) Valor Potencial Educativo Praia de Dunas do Dunas do Eolianitos D.


Praia do Farol Praia de Galos
Galinhos André Capim Capim
B1 Condições de observação 3 3 3 4 3 3
Média do
B2 Relevância didática 4 4 4 4 4 4
VPE
B3 Condições de acessibilidade 2 2 2 2 3 2
B4 Uso didático em curso 3 3 3 1 3 2
VPE = (B1+B2+B3+B4)/4 3,0 3,0 3,0 2,8 3,3 2,8 3,0

C) Valor Potencial de Suporte Ecológico Praia de Dunas do Dunas do Eolianitos D.


Praia do Farol Praia de Galos
(VPSE) Galinhos André Capim Capim
C1 Suporte para biodiversidade costeira 2 2 2 0 2 3
Média do
C2 Relevância paleogeográfica 0 0 3 4 0 0
VPSE
Características da geodiversidade
C3 costeiras que condicionam a 3 4 4 1 3 3
ocorrência o ecossistema
VPSE = (C1+C2+C3)/3 1,7 2,0 3,0 1,7 1,7 2,0
2,00

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


181

Praia de Dunas do Dunas do Eolianitos D.


D) Valor Potencial Turístico (VPT) Praia do Farol Praia de Galos
Galinhos André Capim Capim
D1 Aspecto estético 4 2 3 2 3 3
D2 Condições de acessibilidade 2 2 2 2 3 2
D3 Condições de observação 3 3 3 4 3 3
Associação com aspectos culturais
D4 2 0 0 0 3 0
da área
Média do
Condições sedimentológicas do
D5 2 4 4 3 3 4 VPT
terreno
D6 Presença de formas litorâneas 2 3 4 4 2 1
Prática de esportes radicais ou outras
D7 4 0 0 0 0 0
atividades físicas
D8 Condições de Infraestrutura 4 4 4 0 4 2
VPT = (D1+D2+D3+D4+D5+D6+D7+D8)/8 2,9 2,3 2,5 1,9 2,6 1,9 2,3

Praia de Dunas do Dunas do Eolianitos D.


E) Nível de Fragilidade (NF) Praia do Farol Praia de Galos
Galinhos André Capim Capim
E1 Presença de vegetação 3 4 3 4 1 1
Presença de recifes beachrocks ou 1 4 4 4 1 1
E2 terraços de abrasão Média do NF
E3 Tipos de praia 4 0 0 0 2 2
E4 Tipos de dunas 3 4 4 0 3 3
E5 Granulometria dos sedimentos 2 1 1 3 2 1
NF = (E1+E2+E3+E4+E5)/5 * 2,6 2,6 2,4 2,2 1,8 1,6 2,2

Praia de Dunas do Dunas do Eolianitos D.


F) Nível de Vulnerabilidade (NV) Praia do Farol Praia de Galos
Galinhos André Capim Capim
F1 Presença de urbanização 4 0 0 0 4 3
F2 Presença de vegetação agrícola 0 0 0 0 0 0
Presença de viveiros ou área Média do NV
F3
portuárias 1 1 1 1 0 0
Presença de estruturas de empresas
F4
eólicas 1 3 1 3 1 1
F5 Presença de extração mineral 2 0 0 0 0 2
Presença de obras de contenção
F6 costeira 3 0 0 0 2 0

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


182

F7 Presença de empresas turísticas 4 3 4 4 3 2 Média do NV


NV = (F1+F2+F3+F4+F5+F6+F7)/7 2,1 1,0 0,86 1,1 1,4 1,1 1,3

Valores de Uso Praia de Dunas do Dunas do Eolianitos D.


Praia do Farol Praia de Galos Média
Galinhos André Capim Capim
Valor de Uso Científico (VUC) =
3,4 2,9 3,0 2,9 3,1 2,7 3,0
3xVPC + 2xVPE /5
Valor de Uso Turístico e Didático
2,9 2,6 2,7 2,2 2,9 2,2 2,6
(VUTD)= 3xVPT + 2xVPE/5
Valor de Uso e Gestão (VUG)= 3xVPSE +
2,6 2,7 2,4 2,1 2,3 2,1 2,4
2xVPC + 2VPT/7
Risco de Degradação (RD) =
2,3 1,6 1,47 1,6 1,6 1,3 1,7
2xNF + 3xNV/5
Relevância (R)= {
3x[(VUC/30)x150] + [(VUTD/30)x150] + 16 13 15 13 14 12 13,9
[(VPSE/30)x150}/5
Local (L)* Regional (R)* Nacional (N)* Internacional
(I)* I I I R I R
*média aritmética
Fonte: Dados da pesquisa, 2022.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


183

7.2.1 Valor do Potencial Científico


O potencial de processos geológico e geomorfológico presentes no município de
Galinhos estão dispostos no potencial científico dos sítios inventariados na área (Mapa 15)
que obtiveram uma média considerada alta (3,0). No critério “abundância/raridade” onde
todos os sítios inventariados obtiveram peso 3 devido ao quantitativo de exemplares com
características similares na área, dentro do mesmo contexto geológico-geomorfológico,
com destaque para o geossítio Eolianitos das dunas do Capim que recebeu peso 4 pois, é
considerado como exemplar única na área.

Mapa 15– Espacialização das médias do VPC em Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).


O critério “objeto de referência bibliográfica” também recebeu pesos entre 3 e 4
devido as pesquisas que tratam sobre os aspectos relacionadas dinâmica costeira da região
e que abarcam a maioria dos locais inventariados como é o caso de Lima (2003), Lima
(2004), Costa Neto (2009), Silva (2020), etc. conforme apresentamos no apêndice 4. Estes
trabalhos são oriundos de pesquisas a nível de mestrado e doutorado e agregaram maior
valor nos pesos atribuídos aos sítios.
A Praia de Galinhos obteve destaque com maior média relacionado ao VPC (3,6),
visto que se apresentou como um geossítio que agregou bastante representatividade de

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


184

processos costeiros e diversidade abiótica de vários elementos da geodiversidade


(depósitos praiais, beachrocks, dunas frontais, bermas, barras arenosas) presentes neste
local. A praia do Farol foi um sítio da geodiversidade que apresentou média 3 para o valor
potencial científico. Todos os geossítios apresentaram representatividade alta de processos
geológicos/geomorfológicos (entre 3 e 4) e sítio da geodiversidade apresentou peso médio
(2), fator que justifica sua classificação nesta categoria de inventariação. Todos os sítios
inventariados apresentaram valores de médio a alto em relação a associação com outras
temáticas científicas como a biodiversidade local, aspectos socioculturais e
socioeconômicos, entre outros.

7.2.2 Valor do Potencial Educativo


O potencial educativo dos sítios inventariados na zona costeira do município de
Galinhos representa a capacidade do sítio ser utilizado para fins didáticos para o ensino das
geociências, assim como, de futuras práticas associadas ao geoturismo na área que tem na
educação um de seus pilares. A média em geral para o potencial de valor educativo da área
foi considerada alta (3), sendo o geossítio Praia do Farol com a maior média deste valor
potencial para a área. (Mapa 16).

Mapa 16– Espacialização das médias do VPE em Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


185

Todos os sítios inventariados receberam o peso máximo na categoria “relevância


didática”, visto que a área apresenta processos costeiros muito ilustrativo e passíveis de
serem utilizado para fins didáticos por públicos de qualquer nível, desde leigo a
especialistas (Figura 62). Apenas o geossítio Eolianitos dunas do Capim apresentou um
peso baixo no critério “uso didático em curso” visto que apenas o público do ensino
superior faz uso didático atualmente deste sítio em aulas de campo.

Figura 62– Aula de campo com turma de alunos da Pós-Graduação em Geografia da UFRN na
Praia de Galinhos – RN mostrando a estrutura dos beachrocks

Fonte: Nayara M. Santos (2019).

Todos os locais apresentaram peso alto em relação as condições de observação e


em relação a acessibilidade, 90% dos sítios obtiveram mobilidade média, o que representa
condições razoáveis para o acesso até o geossítio, visto que para chegar até os locais é
necessário transportes marítimos ou veículos traçados. O critério acessibilidade foi um dos
que contribui para que a Praia do Farol obtivesse a maior média em relação ao VPE visto
que este local pode ser acessado a pé, através de veículo traçado ou a partir dos passeios de
charretes que saem da Praia de Galinhos com destino na Praia do Farol.

7.2.3 Valor Potencial de Suporte Ecológico (VPSE)

O potencial de suporte ecológico dos locais inventariados no município de


Galinhos vem mostrar a importância de cada sítio para o ecossistema local sendo possível
observar a relação de suporte que a geodiversidade possui para o desenvolvimento e

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


186

conservação da vida. A média para este valor potencial em Galinhos foi 2 sendo atribuído
um peso médio para este parâmetro na área.

Em relação à relevância paleogeográfica, os maiores pesos atribuídos foram aos


geossítios Eolianitos das Dunas do Capim e as Dunas do Capim, esta última devido à
ocorrência de sub-fósseis na área e possibilidade de indicações de sambaquis no local.
Neste critério, Galinhos já mostrou destaque (Mapa 17) em relação ao município de
Raposa, onde não foi identificado relevância paleogeográfica em nenhum dos sítios
inventariados.

Mapa 17– Espacialização das médias do VPSE em Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Com exceção dos Eolianitos das Dunas do Capim, os demais sítios apresentaram
peso 2 no critério suporte para a biodiversidade costeira, indicando um valor médio
atribuídos aos sítios nesta categoria, sendo possível observar nas inventariações a
ocorrências de espécies faunísticas como moluscos e bivalves e espécies florísticas
herbáceas e arbustivas (Figura 63) que ocorrem nestes ambientes como a Panicum
racemosum (P.Beauv.) Spreng da família Poaceae (capim-das-dunas), Ipomoea pes-caprae
(L.) R.Br. da família Convolvulaceae (salsa-da-praia), rosa-seda (Calotropis procera), etc.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


187

Figura 63–Vegetação arbustiva sobre área de dunas na Praia de Galos em Galinhos – RN

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

Os Eolianitos apresentaram o menor peso (1) em relação ao critério


“características da geodiversidade costeiras que condicionam a ocorrência do ecossistema”
devido a ser um geossítio tipo ponto e considerado de exemplar único na área. Porém,
todos os outros sítios apresentaram pesos entre 3 e 4 em relação a este critério, o que indica
a importância dos mesmos como condicionantes para o ecossistema local.

7.2.4 Valor Potencial Turístico (VPT)


O potencial turístico dos sítios inventariados na zona costeira do município de
Galinhos corrobora com as discussões trazidas por Silva (2020) que também menciona o
acentuado valor turístico existente no município de Galinhos (Mapa 18). A média geral do
VPT para a área foi 2,3, sendo que os sítios que obtiveram maior destaque nesta categoria
foram a Praia de Galinhos, a Praia do Farol e as Dunas do Capim.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


188

Mapa 18 – Espacialização das médias do VPT em Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

As “condições de infraestrutura” foram importantes para agregar maior valor as


médias dos valores potenciais dos sítios, posto a atividade turística já ocorre de forma
estruturada na área, tendo assim aparelhos para recepção de turistas como pousadas, hotéis,
restaurantes, empresas de turismo e de aluguéis de equipamentos para esportes radicais.
O critério “prática de esportes radicais ou outras atividades físicas” foi pontuado
apenas no geossítio Praia de Galinhos com peso máximo e teve importância acentuada para
este geossítio obter a maior média do VPT em relação aos demais sítios inventariados. As
condições sedimentológicas do terreno também contribuem para a recepção de visitantes
no local devido às características granulométricas descritas no capítulo de inventariação e
desta forma receberam pesos médios a alto entre 3 e 4. Os critérios “condições de
observação” e “condições de acessibilidade” foram pontuados com pesos entre médios a
altos, estas características são essenciais para um sítio obter uma média que indique um
alto potencial para o desenvolvimento do turismo no local.
As poesias (Figura 64) e os significados espirituais associados a Praia de Galinhos
e a Praia do Farol contribuíram para que estes geossítios tivessem médias maiores que os

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


189

demais e estas informações ficam como indicativo para agregar valor a atividade turística
que já existe em Galinhos, o que contribui para conservação do local.
Figura 64– Poesias sobre a praia de Galinhos e a Praia do Farol no livro “Histórias da Minha
Terra” do autor Ivo Rodrigues Ribeiro

Fonte: Thiara O. Rabelo (2019).

A Praia de Galos recebeu a menor devido a ter pontuado menos nos critérios
“presença de formas litorâneas”, “prática de esportes radicais ou outras atividades físicas”
e “associação com aspectos culturais”, segundo conversas com guias turísticos locais, este
ponto é mais visitado por turistas que realmente valorizam um turismo de natureza e que
buscam um local mais tranquilo para contemplar a natureza onde pode ser observado o
contato entre o ambiente de praia com o manguezal. A praia também é um ponto de parada
rápida para os demais visitantes e caminho entre a Praia de Galinhos e as Dunas do Capim.

7.2.5 Nível de Fragilidade (NF)

O nível de fragilidade dos sítios inventariados em Galinhos obteve média geral


2,2, apresentando um resultado maior do que o do município de Raposa – MA. Os
conhecimentos levantados através dos estudos bibliográficos e da observação em campo
foram essenciais para atribuir os pesos para este parâmetro que está direcionado a perceber
as fragilidades dos sítios em relação as suas características físico-naturais.
Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022
190

A maior parte dos sítios inventariados no município apresentaram um valor médio


em relação a fragilidade com destaque para a Praia de Galinhos, Dunas do André e Dunas
do Capim que obtiveram as maiores médias de NF (Mapa 19). Este fato deve-se
principalmente aos pesos recebidos nos critérios “presença de vegetação”, “tipos de dunas”
e “presença de recifes beachrocks ou terraços de abrasão” e “tipos de praia” que obtiveram
pesos baixos nestes geossítios devidos as características intrínsecas de cada um discorridas
no capítulo 7.

Mapa 19 – Espacialização das médias do NF em Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022.).


Em suma, características como ausência/presença de vegetação herbácea,
presença de dunas móveis (Dunas do Capim e Duna do André), praias intermediárias a
refletivas atreladas a ação dos ventos e das correntes oceanográficas contribuem para um
ambiente intrinsecamente mais instável, apresentando níveis maiores de erosão como é
possível constatar nas pesquisas de Lima (2004).

O critério “granulometria dos sedimentos” obteve os menores pesos para os sítios


inventariados visto que a maior parte apresentou granulometria média a fina o que
contribui para compreender a energia de transporte de sedimentos na área e sua associação

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


191

com as demais características dos sítios e analisar o nível de exposição destes locais a
ocorrência de erosão costeira devido a ação dos ventos e das marés.

7.2.6 Nível de Vulnerabilidade (NV)

As médias dos níveis de vulnerabilidade obtidas para cada sítio inventariado no


município de Galinhos foram associadas as atividades antrópicas atuantes na área,
conforme proposto na metodologia do trabalho. Galinhos obteve uma média geral maior
para este parâmetro do que o município de Raposa, apresentando a média de 1,3 para o
nível de fragilidade (Mapa 20).

Mapa 20– Espacialização das médias do NV em Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).


Em Galinhos é possível destacar três principais ações antrópicas que podem
contribuir para a vulnerabilidade dos sítios inventariados em diferentes escalas: a atividade
turística, a atividade das empresas eólicas e a extração mineral. Em relação a atividade
turística, destacamos na metodologia o critério “presença de empresas turísticas” onde a
maior parte dos sítios receberam pesos entre 3 e 4, o que indica que os locais possuem
algum tipo de impacto ligado a presença turística como a poluição por resíduos sólidos

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


192

(Dunas do André e Praia do Farol) ou o risco associado a alteração da estrutura de


geoformas (Praia de Galinhos, Dunas do Capim e os Eolianitos das Dunas do Capim).

As ameaças causadas por empresas eólicas estão associadas diretamente aos


geossítios Dunas do capim e Eolianitos dunas do Capim e receberam peso 3 que indica o
local apresenta alguns sinais de degradação na área, como é o caso da tentativa de
construção de estradas nos campos de dunas e retrabalhamento dos campos de dunas.

A extração mineral na área recebeu peso 2 sendo identificada no geossítio Praia


de Galinhos e no sítio da geodiversidade Praia de Galos. Esta atividade ocorre há anos na
região do Spit de Galinhos, realizada por parte da própria população local para a
construção civil. Esta atividade não ocorre em larga escala, porém, no decorrer dos anos
contribui para deixar o geossítios mais vulneráveis ao desgaste trazido pelas ondas devido
à atuação das marés.

O geossítio Duna do André foi o que obteve a menor média no NV (0,86), visto
que a única atividade antrópica que se encontra em atuação no local é o turismo, onde não
identificamos no local impactos negativos tão aparentes quanto nos demais locais em
relação a esta atividade.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


193

Capítulo 8
ANÁLISE COMPARATIVA DA GEOCONSERVAÇÃO
COSTEIRA DE RAPOSA-MA E GALINHOS-RN

Dunas de Carimã – Raposa (Ma)

Beachrocks da Praia do Farol- Galinhos (RN)

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022

Thiara Oliveira Rabelo Tese de Doutorado


194

8 ANÁLISE COMPARATIVA DA GEOCONSERVAÇÃO COSTEIRA DE


RAPOSA-MA E GALINHOS - RN
Neste capítulo discutiremos os resultados dos valores de usos obtidos para as duas
áreas de aplicação da proposta metodológica. Considerando os valores potenciais obtidos
para Raposa–MA e Galinhos-RN foi possível fazer a análise das principais semelhanças e
diferenças obtidas na aplicação da quantificação das duas áreas e verificar as necessidades
de geoconservação para cada local, a partir dos valores de uso científico, turístico, de uso e
gestão, do risco de degradação e da relevância geográfica de cada sítio avaliado.

8.1 Valor de Uso Científico (VUC)

Para a obtenção dos resultados deste valor de uso foi utilizada a aplicação da
equação apresentada no capítulo 1 no tópico 1.3.4 que considerou as médias do Valor de
Potencial Científico (VPC) e do Valor de Potencial Educativo (VPE) dos sítios
inventariados. As médias gerais obtidas para os sítios inventariados apresentaram as
diferenças da diversidade de processos geológicos/geomorfológicos entre os dois
municípios, tendo Galinhos (RN) apresentado a média 3 e Raposa (MA) apresentando
média 2,3 para o Valor de Uso Científico do local (Mapa 21).
Ambas as áreas apresentaram números considerados de médio a alto para
classificação de relevância do uso científico, tendo sido principalmente os critérios
“abundância/raridade”(A1), “objeto de referência bibliográfica”(A2) e “Representatividade
de processos geológicos/geomorfológicos costeiros”(A3) do VPC e os critérios “condições
de observação” (B1), “condições de acessibilidade” (B2) e “relevância didática” (B3) do
VPE que obtiveram destaque da pontuação dos pesos na maior parte dos sítios
inventariados nas duas áreas e contribuíram para as médias obtidas para o Valor de Uso
Científico.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


195

Mapa 21– Espacialização das médias do VUC para Raposa – MA e Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).


A média maior (3,0) neste valor de uso obtida para o município de Galinhos (RN)
pode ser justificada principalmente pela representatividade de processos costeiros
geológicos e geomorfológico, posto que na área encontramos uma maior diversidade de
estruturas sedimentares não encontradas no município de Raposa (MA) como os
beachrocks, os eolianitos e associação de mais de um elemento da geodiversidade em um

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


196

mesmo local como, por exemplo, na Praia do Farol. Neste local, podemos observar a
presença dos arenitos ferruginosos, os depósitos arenosos na faixa de praia e sob forma de
dunas frontais e outras estruturas sedimentares como bancos arenosos e bermas.
Ainda em relação aos as médias obtidas neste Valor de Uso Científico para o
município de Galinhos, damos destaque a contribuição da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte para os estudos costeiros da região de Galinhos-Guamaré-Macau (LIMA,
2004; COSTA NETO, 2009; ARAÚJO, 2015; MARCELINO, PINHEIRO E COSTA,
2018) muitos deles derivados das preocupações ambientais devido a presença da Petrobrás
e das empresas eólicas na área.
O município de Raposa apresenta em sua dinâmica costeira uma conexão mais
forte com a ação dos canais de maré nas áreas de praia, posto que o município é
praticamente todo recortado pelo ecossistema manguezal, deixando a sua dinâmica mais
associada a ação destes agentes além dos ventos e das correntes oceanográficas. A
localização recuada no Golfão Maranhense, como no caso de praia de Taputiua, permitem
a ocorrência de arenitos ferruginosos na zona de praia, assim como, ocorrem em Galinhos
nas Praias de Galinhos, Galos e Farol. Este fator trouxe maior valor científico a este
geossítio no município de Raposa, posto que foi o único no local que apresentou este tipo
de estrutura sedimentar.
A relevância didática e as referências bibliográficas que ambas as áreas já
possuem destacam ainda mais o seu potencial para uso científico em novas ações de
divulgação sobre a importância sobre o local, como a estruturação de roteiros
geocientíficos para os municípios, posto que alguns como as Dunas de Carimã, Praia de
Carimã e Praia de Mangue Seco, no município de Raposa; e as dunas do André, Dunas do
Capim, Praia de Galinhos, Eolianitos das Dunas do André já são utilizados para fins
didáticos, principalmente, para o público voltado para o ensino superior. Este tipo de
roteiro, além de valorizar as informações científicas, contribui para que pesquisadores de
diferentes áreas possam conhecer em campo o potencial da geodiversidade nestes locais e
fazer novas associações científicas com suas esferas de atuação (Ex: história e
geodiversidade, sociologia e geodiversidade, geopolítica e geodiversidade, botânica e
geodiversidade etc.).

8.2 Valor de Uso Turístico e Didático (VUTD)


O Valor de Uso Turístico e Didático foi obtido através da média ponderada entre
o Valor de Potencial Turistico (VPT) e o Valor de Potencial Educativo (VPE) dos

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


197

geossítios e sítios da geodiversidade das duas áreas de estudo. Em contexto geral de análise
dos locais obtivemos a média 2,6 para Galinhos (RN) e 1,9 para Raposa (MA) para o Valor
de Uso Turístico e Didático (Mapa 22).

Mapa 22– Espacialização das médias do VUTD para Raposa – MA e Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


198

A diferença entre as médias obtidas para as áreas reflete a forma, a intensidade, a


estrutura em que vem sendo desenvolvida a atividade turística nos municípios. O
município de Raposa está inserido no contexto geográfico da Ilha do Maranhão, local onde
fica localizada São Luís, a capital do Estado do Maranhão. Raposa divide espaço como
turismo ocorre de forma mais estruturada no município de São Luís através do turismo de
sol e praia e do turismo cultural e histórico, representado principalmente pelo Centro
Histórico de São Luís. Diferente de Galinhos, onde todo o turismo do município concentra-
se na zona costeira e os investimentos de aparelhos para o recebimento de visitantes e
turistas estão todos concentrados nesta parte do município.
Esta análise foi feita com base nos resultados dos critérios “condições de
acessibilidade” (D2) e “condições de infraestrutura” (D8), onde no município de Raposa os
pesos recebidos nestes critérios são peso 1 para acessibilidade na maior parte dos sítios e
peso 1 para condições de infraestrutura na maior parte dos locais, com exceção das Dunas
de Carimã e Praia de Carimã. Em Galinhos, a maioria dos sítios receberam peso 2 para o
critério “acessibilidade” e no critério “condições de infraestrutura” a maioria dos sítios
foram inventariados com peso 4. Estes critérios estão sendo enfatizados nesta análise, pois
em ambas as áreas os sítios que apresentaram as maiores médias em relação ao Valor de
Uso Turístico e Didático (VUTD) são aqueles que apresentam acesso mais fácil e de
infraestrutura adequada para a recebimento de visitantes.
Porém, o critério “apelo estético” D1 é o critério basilar para o início da indicação
do potencial turístico de uma área e em ambas as áreas de estudo a maioria dos sítios
inventariados receberam peso 3 na quantificação deste critério, constatando o potencial
cênico e estético presente em ambas as áreas (Figura 84). No município de Raposa (MA) é
importante destacar que os municípios que receberam peso 1 neste critério estão
localizados em uma área menos expostos a agentes da dinâmica costeira como ventos e
correntes oceanográficas e, por isso, o apelo cênico da geodiversidade neste espaço divide
palco com os manguezais.
O “apelo estético” (D1) tem forte ligação com a “representatividade de processos
geológico/geomorfológicos costeiros” (A3) e as associações entre estes critérios ficou
constatada nas diferenças entre os pesos dados nas duas áreas (Figura 65). Os sítios
inventariados no município de Galinhos (RN) apresentaram pesos maiores para o apelo
estético/cênico devido à representatividade de processos geológicos/geomorfológicos da
dinâmica costeira, que também foi mais acentuado nesta área se comparado ao município
de Raposa (MA).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


199

Figura 65- Destaque para critérios A1 e D1 na cor laranja na tabela de quantificação do município
de Galinhos que obtiveram maiores pesos mostrando sua correlação na planilha do Excel

Fonte: Dados da Pesquisa (2022).

Devido ao fato de as duas áreas de estudo apresentarem estrutura para o


desenvolvimento da atividade turística e possuir forte representatividade de processos
geológicos e geomorfológicos costeiros, sugerimos para os locais como estratégia para
potencialização da atividade turística da área e geoconservação costeira o desenvolvimento
do geoturismo na área. Esta atividade tem base no potencial educativo e científico que as
áreas oferecem e pode ser explorado por roteiros geoturísticos e capacitação do setor
turístico das áreas para o desenvolvimento da atividade.

8.3 Valor de Uso e Gestão (VUG)


As médias obtidas no Valor de Uso e Gestão foram obtidas a partir da média
ponderada do Valor de Potencial Científico (VPC), do Valor de Potencial Turístico (VPT)
e do Valor de Potencial de Suporte Ecológico (VPSE). As médias obtidas para as áreas em
um contexto geral de análise dos sítios inventariados foi de 2,4 para Galinhos (RN) e 2,1
para Raposa (MA).
Este valor de uso vem identificar a necessidade de gestão associadas aos sítios
inventariados com base nas suas potencialidades cientificas, turísticas e na sua importância
como suporte ecológico. Desta, visto que durante as etapas de inventariação e
quantificação foram constatadas a importância destas potencialidades em ambas as áreas
de estudo, é possível perceber que não houve grandes diferenças entres as médias obtidas
paras áreas no VUG (Mapa 23).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


200

Mapa 23– Espacialização das médias do VUG para Raposa – MA e Galinhos - RN

Fonte: Elaborado pela autora (2022).


O Valor do Potencial de Suporte Ecológico (VPSE) apresentou médias
semelhantes para às duas áreas e indicou uma importância média dos geossítios na

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


201

ocorrência dos ecossistemas da área. É importante lembrar que estes pesos são atribuídos a
partir de observações feitas em campo e a partir de pesquisas de outras áreas das ciências
ambientais como a oceanografia e limnologia, a ecologia, a botânica etc.
O VUG apresentou as maiores médias nas áreas de estudo, justamente nos sítios
que apresentaram os maiores valores no Valor de Uso Científico (VUC) e no Valor de Uso
Turístico e Didático (VUTD). No município de Raposa destacamos os geossítios Praia de
Carimã (2,3), Dunas de Carimã (2,3) e Praia de Mangue Seco (2,3) com as médias mais
altas para o VUG e no município de Galinhos (RN) destacamos os geossítios Dunas do
Capim (2,9) e Praia de Galinhos (2,3) com as maiores médias.
Considerando as possibilidades de estratégias de conservação mencionadas nos
tópicos anteriores atreladas ao potencial científico e turístico do local, destacamos também
a importância de pensarmos em estratégias voltadas para a geoconservação que contribuam
também a manutenção da parte biótica dos ecossistemas. Pois em muitos casos a
biodiversidade acaba sendo suporte também para a manutenção das geoformas e
diminuição de problemas ambientais, como no caso da importância da vegetação rasteira
sobre as dunas frontais em ambientes costeiros que contribuem para a contenção dos
sedimentos e diminuição dos avanços destas feições nas áreas de planície costeira.

8.4 Risco de Degradação (RD)


O Risco de Degradação dos sítios inventariados foi obtido através das médias do
Nível de Fragilidade (NF) e Nível de Vulnerabilidade (NV). Este parâmetro visa indicar
quantitativamente o risco que um sítio tem de ser degradado levando em consideração as
fragilidades intrínsecas ao local e as possíveis ameaças de ordem antrópica que podem
deixá-lo mais vulnerável.
As áreas em questão obtiveram médias para cada geossítio refletiram as
características físico-naturais da área e, principalmente, os tipos de uso que ocorrem nos
locais, sendo em ambas as áreas muito forte a presença da atividade turística. As médias
gerais deste parâmetro para as áreas são consideradas baixas, porém mostram diferenças
marcantes importantes em seus valores, visto que a média geral do RD para os sítios do
município de Raposa foram 0,9 e a média geral para os sítios do município de Galinhos
foram 1,7 (Mapa 24).

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


202

Mapa 24– Espacialização do RD para os municípios de Raposa (MA) e Galinhos (RN)

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

As médias obtidas no Nível de Vulnerabilidade (NV) para os sítios inventariados


no município de Galinhos-RN apresentaram médias muito maiores que os sítios
inventariados no município de Raposa-MA devido na área ter sido identificado além da

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


203

atividade turística a ocorrência da atividade eólica e da extração mineral que trazem


ameaças associadas a geodiversidade da área.
Os sítios que apresentaram as maiores médias do RD no município de Raposa
(MA) foram os geossítios Dunas de Carimã (1,3) e Praia de Carimã (1,1) e no município de
Galinhos (RN) foram os geossítios Praia de Galinhos (2,3) seguido dos geossítios Dunas
do Capim, Eolianitos das Dunas do Capim e a Praia do Farol com média 1,6 (Figura 63).

Figura 66– Destaque para os valores de RD e VUG dos municípios de Raposa (MA) e Galinhos
(RN) mostrando a correlação entre os dois valores na planilha do Excel

Fonte: Dados da pesquisa (2022).

Também podemos observar na figura 64 que as maiores médias do Risco de


Degradação estão associadas aos geossítios que apresentam maiores valores do Valor de
Uso e Gestão (VUG) o que nos remete a refletir sobre a necessidade da gestão dos
geossítios já virem acompanhas de estratégias que visem atenuar as ameaças específicas a
que cada geossítio encontra-se exposto.
Os valores obtidos para o RD dos sítios inventariados nas duas áreas de estudo são
considerados em sua maioria baixos, sendo que alguns pontos dos municípios de Galinhos
como a Praia de Galinhos, Dunas do Capim, Eolianitos das Dunas do Capim e a Praia do
Farol apresentaram valores que já estão muito próximos do que consideramos um valor
médio na classificação do Risco de Degradação, deixando um indicativo de que precisam
ser tomadas medidas na área que busquem conservar estes locais do aumento e da
intensidade das ameaças antrópicas sobre as áreas prioritárias da geodiversidade no
município de Galinhos. Para o município de Raposa esta atenção deve estar voltada no
momento principalmente para a forma que a atividade turística é desenvolvida no
município, não apresentando impactos negativos acentuados sobre a geodiversidade local,
mas que a medida for crescendo e se estruturando pode trazer mudanças negativas em
relação à conservação destes locais.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


204

8.5 Relevância (R)

As médias de Relevância (R) na quantificação tem como foco atribuir o grau de


importância geográfica de cada sítio. O cálculo da Relevância envolve a média entre o
Valor de Uso Científico (VUC) o e Valor de Uso Turístico e Didático (VUTD) e o Valor
de Uso e Gestão (VUG). As médias gerais obtidas para a Relevância em Galinhos (RN) foi
de 13,9 e para o município de Raposa (MA) obteve média 11 (Mapa 25).

Mapa 25– Espacialização da Relevância para Raposa (MA) e Galinhos (RN)

Fonte: Elaborado pela autora (2022)

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


205

O município de Raposa (MA) apresentou 3 sítios considerados de relevância


nacional, sendo justamente aqueles que apresentaram os maiores valores de uso científico,
turístico e de uso e gestão (Dunas de Carimã, Praia de Carimã e Praia do Mangue Seco).
Os demais geossítios devido principalmente aos seus valores científicos e turísticos foram
classificados com relevância local e regional.

O munícipio de Galinhos (RN) apresenta 4 sítios (Praia de Galinhos, Dunas do


André, Duna do Capim e Praia do Farol) inventariados com relevância internacional, este
fato se deu devido ao município apresentar maiores médias relacionadas ao Valor de Uso
Científico (VUC), ao Valor de Uso Turístico e Didático (VUTD) e também ao Valor de
Uso e Gestão, que agrega resultados do Valor de Potencial de Suporte Ecológico (VPT)
onde no critério “relevância paleográfica” (C2) apresentou pesos maiores para alguns dos
sítios inventariados no local. Os demais sítios apresentaram relevância regional (Eolianitos
das dunas do Capim e Praia de Galos).

Os quadros 18 e 19 mostram a classificação dos raking de relevância de cada sítio


com a descrição dos valores que os compõe, associando estas informações ao Risco de
Degradação identificado em cada local inventariado nas duas áreas de estudo, com vistas
em compreendermos por média de relevância qual destes pontos precisam de atenção
imediata em relação a medidas de geoconservação.

Quadro 18– Ranking de relevância dos geossítios da geodiversidade em Galinhos (RN)


Geossítios/Sítios da geodiversidade em Galinhos (RN)
Relevância Valor Valor do RD
Sítio Risco de Ameaças associadas
da R Degradação
- Poluição por resíduos
sólidos decorrentes da
atividade turística.
- Retirada de beachrocks para
construção civil.
1. Praia de
Internacional 16 2,3 - Beachrocks como apoio
Galinhos
para equipamentos pesados
para esportes radicais.
- Concentração da
urbanização no sentido da
praia
- Poluição por resíduos
sólidos decorrentes de
atividades turística.
2. Dunas do Capim Internacional 15 1,47 - Impactos futuros associados
a alteração de geoformas
dunares.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


206

Continuação do quadro da página anterior.


Relevância Valor Valor do RD
Sítio Risco de Ameaças associadas
da R Degradação
- Poluição por resíduos
sólidos decorrentes de
atividades turística.
3. Duna do André Internacional 13 1,6 - Impactos futuros associados
a atividade turística por meio
da alteração de geoformas
dunares.
- Poluição por resíduos
sólidos decorrentes de
atividades turística e da
proximidade com o lixão de
Galinhos.
- Impactos futuros associados
4. Praia do Farol Internacional 14 1,6
a atividade turística por meio
da alteração de geoformas
(beachrocks)
- Concentração da
urbanização no sentido da
praia.
- Impactos associados a
5. Eolianitos D. atividade turística por meio
Regional 13 1,6
Capim da alteração da geoforma do
Eolianito.
- Poluição por resíduos
sólidos decorrentes da
atividade turística.
6. Praia de Galos Regional 12 1,3 - Retirada de beachrocks para
construção civil.
- Avanço da urbanização no
sentido da praia
Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Quadro 19– Ranking de relevância dos geossítios da geodiversidade em Raposa (MA)

Geossítios/Sítios da geodiversidade em Raposa (MA)

Relevância Valor do RD
Valor
Sítio Risco de Ameaças associadas
da R
Degradação

- Poluição por resíduos


sólidos decorrentes da
atividade turística.

1. Dunas de Carimã Nacional 13,5 2,3


- Impactos futuros associados
a atividade turística por meio
da alteração de geoformas
dunares.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


207

Continuação do quadro da página anterior


Valor do RD
Valor
Sítio Relevância Risco de Ameaças associadas
da R
Degradação

- Poluição por resíduos


2. Praia de Carimã Nacional 12,4 1,47 sólidos decorrentes de
atividades turísticas.
- Poluição por resíduos
sólidos decorrentes de
atividades turística e pela
3. Praia de Mangue presença de bares e
Nacional 12,2 1,6 restaurantes na parte de pós-
Seco
praia.
- Avanço da urbanização no
sentido da praia.
- Poluição por resíduos
sólidos decorrentes de
4. Praia de Pucal Regional 10 1,6 atividades turística.

- Poluição por resíduos


sólidos decorrentes de
atividades turística.
5. Praia de Curupu Local 10 1,6 - Retirada da vegetação da
parte de pós-praia pela
comunidade deixando o
terreno mais exposto a
erosão.
- Sem ameaças observadas.
6. Praia de Taputiua Local 10 1,3

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

No município de Galinhos (RN) todos os geossítios que apresentam relevância


internacional estão associados as maiores médias de Risco de Degradação, assim como no
munícipio de Raposa (MA) onde aqueles que apresentaram relevância nacional também
apresentam as maiores médias do RD. Esta compressão testifica a importância de
pensarmos a geoconservação dos ambientes costeiros associadas não apenas a seus
potenciais científicos e turísticos, mas também, relacionando suas fragilidades e
vulnerabilidades, posto que muitos destes locais já encontram-se sendo utilizados pela
sociedade de múltiplas formas e necessitam de estratégias de geoconservação específicas
que contribuam para a sua manutenção e para a continuidade dos serviços prestados pela
geodiversidade costeira.

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


208

Considerações Finais

Tese de Doutorado Thiaravisto


Pôr-do-sol Oliveira Rabelo
da Praia de Galinhos (RN) 2022

Thiara Oliveira Rabelo Tese de Doutorado


209

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Geodiversidade é uma temática necessária no âmbito das geociências e do
planejamento e gestão ambiental. O seu surgimento trouxe para as ciências ambientais e
aplicadas novas possibilidades para falarmos de um assunto tão necessário já tratado em
várias pesquisas, mas que nem sempre conseguia a visibilidade necessária: a importância
das potencialidades e da conservação dos recursos abióticos. Dentre as várias contribuições
e aplicações possíveis que podem ser dadas para o avanço das ciências da História da Terra
sobre o conhecimento específico de áreas prioritárias da geodiversidade, destacamos a
possibilidade de contribuir para geoconservação destes locais, considerando suas
relevâncias científicas, de suporte ecológico, turísticas, econômicas, culturais etc. para a
sociedade.
As discussões trazidas nesta pesquisa vêm no sentido de agregar valor as
metodologias de avaliação do geopatrimônio, contribuindo para o desenvolvimento e
robustez das discussões e aplicações voltadas para a conservação destas áreas. Neste
trabalho, foi dada ênfase para a geodiversidade de ambientes costeiros por dois principais
motivos: 1) para enfatizarmos a diversidade em escala macro ou micro da geodiversidade
nestes espaços, formada num contexto mais recente da História da Terra que é de extrema
importância para a manutenção dos ecossistemas e para as necessidades atuais das
sociedades; 2) contribuirmos para o detalhamento metodológico de algumas
especificidades costeiras que se consideradas no momento da avaliação do geopatrimônio
podem trazer resultados que permitirão tratar de forma mais específica as ameaças
associadas a estes ambientes.
A proposta metodológica desta pesquisa vem somar esforços para trazer às etapas de
inventariação e quantificação do geopatrimônio costeiros critérios que venham enfatizar
ainda mais a importância destes ambientes, como já vem sendo feito por Santos et al.
(2020) que trouxe análises mais específicas para realidade do litoral do Rio de Janeiro ou
Araújo, Chagas, Diniz (2020), que trouxeram contribuições relevantes para a avaliação do
valor estético e científico da geomorfordiversidade da zona costeira de Icapuí–CE.
Na proposta foram trazidas contribuições que detalhassem mais as fragilidades
intrínsecas e vulnerabilidades decorrentes de ações antrópicas associadas aos
geossítios/sítios da geodiversidade, neste caso considerando os critérios geralmente
presentes em áreas costeiras, como foi apresentado no capítulo 1. O apêndice 2 traz o
detalhamento destes critérios que vem contribuir para a análise do Risco de Degradação de
forma mais específica para estes ambientes. A análise de dois ambientes costeiros com

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


210

características distintas em relação a processos geológicos e geomorfológicos e com usos


humanos diferentes nas duas áreas foi essencial para a construção da proposta e sua
aplicação corrobora com as afirmações feitas na hipótese desta pesquisa apresentando
médias do Risco de Degradação, específicas para cada local inventariado.

a) Considerações sobre os critérios propostos na pesquisa para avaliação do


geopatrimônio

Embora tenhamos destacado a importância de critérios mais específicos


associados ao Risco de Degradação de sítios costeiros, esta tese também trouxe
contribuições metodológicas em outros valores associados a geodiversidade que podem ser
observados mais precisamente no capítulo 1 e no apêndice 2.

Destacamos aqui o critério “relevância paleogeográfica” (C3) no Valor de


Potencial Ecológico (VPSE), como uma especificidade costeira observada a partir das
atividades de campo e levantamento bibliográfico feitos sobre Galinhos (RN) que foi
colocado neste trabalho para compor a quantificação deste valor potencial na pesquisa.

O VPSE é considerado um parâmetro de ligação entre a geodiversidade e a


biodiversidade no momento da quantificação e destaca-se a importância deste parâmetro
para agregar valor as necessidades de conservação do geossítio/sítio da geodiversidade. Por
isso, nesta pesquisa adicionamos aos cálculos de Relevância (R) o VPSE para destacar
ainda mais a importância científica e ambiental de forma direta e indireta dos sítios
inventariados.

Para o Valor de Potencial Turístico (VPT) destaca-se o critério “condições


sedimentológicas do terreno” (D5) adicionada nesta pesquisa por compreendermos o valor
destas informações para o desenvolvimento da atividade turística, visto que locais com
areia de granulometria que varia de fina a muito fina são mais agradáveis de permanecer
mais tempo caminhando e, portanto, são mais fáceis para a permanência do turista por mais
tempo.

Outra consideração que merece destaque sobre o VPT neste trabalho é repetição
dos critérios “condições de acessibilidade” e “condições de observação” que estão
presentes também no VPE (Valor de Uso Educativo), porém, consideramos necessárias
para a indicação do potencial turístico de um geossítio/sítio da geodiversidade visto que
são informações importantes e de muito valor para o desenvolvimento de estratégias de uso

Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022


211

do local para atividade turística. O critério “prática de esportes radicais ou outras


atividades físicas” (D7) também foi trazido neste trabalho para agregar valor ao potencial
de uso turístico nos sítios costeiros.

Para os NF (Nível de Fragilidade) foram congregadas informações ligadas


intrinsecamente às características físico-naturais do terreno e onde sua ausência ou
presença podem indicar um risco maior ou menor a erosão costeira, como é o caso dos
critérios aqui propostos: presença de vegetação (E1), presença de recifes beachrocks ou
terraços de abrasão (E2), tipos de praias (E3), tipos de dunas (E4), granulometria dos
sedimentos (E5).

Em relação a este último critério destacamos a importância das informações


granulométricas utilizadas neste trabalho a partir das análises feitas em laboratório e das
informações sobre granulometria, obtidas através da pesquisa de Lima (2004). A
granulometria ajuda na compreensão tanto sobre a erosão costeira do local quanto para
atribuir valor de uso do local como descrito acima para o VPT.

Os critérios do NV (Nível de Vulnerabilidade) foram estruturados a partir de


ações antrópicas geralmente observadas em ambientes costeiros, mas que ocorrem de
formas diferenciadas, dependendo em cada local conforme os aspectos culturais, políticos
e econômicos. A análise de duas áreas de pesquisa foi fundamental para propor estes
critérios e deixar esta parte da metodologia mais robusta, pois como foi possível perceber
nos capítulos 6 e 7 do trabalho que tratam das inventariações da pesquisa, o município de
Raposa (MA) e Galinhos (RN) possuem usos distintos da geodiversidade costeira.

Até mesmo a atividade turística envolvendo a geodiversidade que ocorrem em


ambas as áreas é desenvolvida de maneira diferente e apresenta impactos negativos e
positivos. Os critérios “presença de urbanização” (F1), “presença de vegetação agrícola”
(F2), “presença de viveiros ou área portuárias” (F3), “presença de estruturas de empresas
eólicas” (F3), “presença de extração mineral” (F4), “presença de obras de contenção
costeira” (F5), “presença de empresas turísticas” (F8) foram pensados a partir das
realidades observadas nas áreas de estudo e de levantamentos bibliográficos que tratam
sobre ameaças ao geopatrimônio costeiro.

Destaca-se aqui o critério D8 (presença de empresas turísticas) que geralmente


está presente nas metodologias de avaliação do geopatrimônio na parte de “presença de
infraestrutura” nos cálculos associados ao valor turístico, porém aqui neste trabalho ao

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observamos em campo as ameaças trazidas a estrutura da geoformas costeiras através de


passeios turísticos sem o planejamento devido nestes locais, dessa forma consideramos
importante associar este critério para o cálculo do NV.

A ficha de inventariação do trabalho (Apêndice 1) estruturada para a realidade de


ambientes costeiros e a identificação dos serviços ecossistêmicos prestados pela
geodiversidade presentes na ficha foram importantes para observamos os critérios de usos
antrópicos em cada local e associar suas potencialidades às ameaças.

Desta forma, destacamos nesta tese como avanços metodológicos para avaliação
do geoapatrimônio nas especificidades voltadas para os ambientes costeiros presentes nas
descrições dos guias dos valores potenciais (Apêndice 2), os critérios propostos para a
quantificação do Nível de Fragilidade (NF) e Nível de Vulnerabilidade (NV) que compõe
os cálculos do Risco de Degradação (RD).

Além disto, destacamos outros critérios relacionados aos valores potenciais que
correspondem a avanços metodológicos como: “condições sedimentológicas do terreno” e
“práticas de esporte radicais e outras atividades fisícas” para a avaliação do VPT (Valor
Potencial Turístico); a importância paleogeográfica para a avaliação do VPSE (Valor de
Potencial de Suporte Ecológico) e inserção do Valor de Uso e Gestão (VUG) para o
cálculo de Relevância dos sítios inventariados, visto que este trabalho tem como foco
contribuir para a gestão e geoconservação dos sítios costeiros. É importante ressaltarmos
que o Apêndice 2 apresenta todos os critérios apresentados adaptados a realidade costeira
com foco de contribuir para a avaliação do geopatrimônio nestes ambientes em localidades
diferentes.

b) Considerações sobre os resultados obtidos com a aplicação da metodologia nas


áreas de estudo

Os municípios de Raposa (MA) e Galinhos (RN) são duas áreas que apresentam
destaque em sua geodiversidade costeira e estão inseridos em contextos ambientais e
sociais diferentes dentro da região nordeste. Em relação às médias obtidas para os Valores
de Uso Científico (VUC) é possível observar que os pesos maiores obtidos para Galinhos
no critério “representatividade de processos geológicos/geomorfológicos costeiros” foram
determinantes para que os sítios deste município apresentassem médias maiores em

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comparação ao munícipio de Raposa, principalmente por aspectos geomorfológicos


presentes na área como os eolianitos e os beachrocks que não ocorrem em Raposa (MA).

Raposa (MA) e Galinhos (RN) obtiveram pesos semelhantes nos critérios voltados
para o VPE (Valor de Potencial Educativo), fator de grande importância para que o Valor
de Uso Científico das duas áreas fossem considerados altos e apresentassem geossítio com
fator de Relevância (R) internacionais e nacionais. A atividade turística está presente nas
duas áreas, destacando o Valor de Uso Turístico e Didático (VUTD) associados
principalmente aos geossítios Praia de Carimã, Dunas de Carimã e Praia de Mangue Seco
em Raposa (MA); e aos geossítios Praia de Galinhos, Praia do Farol, Dunas do Capim e
Duna do André em Galinhos (RN).

Porém, a forma como o turismo ocorre nas duas áreas, influência para que os
valores do Risco de Degradação de Galinhos (RN) serem maiores que o de Raposa (MA)
posto que a prática desta atividade na segunda área não é desenvolvida ainda de forma tão
acentuada se comparada a primeira e a forma que ocorrem nos locais são diferentes. Por
exemplo, os passeios turísticos nas dunas de Carimã são geralmente realizados através de
caminhadas guiadas ou não pelas empresas turísticas, enquanto em Galinhos, nas dunas do
Capim, os deslocamentos ocorrem na maioria por meio de carros traçados como 4x4 e
buggys.

Embora, esta atividade represente algumas ameaças a geodiversidade local,


identificadas principalmente no município de Galinhos (RN), é importante destacar que em
partes ela está associada também a conservação destes locais, visto que o potencial estético
e cênico das áreas são as principais estratégias de venda do turismo em ambas as áreas por
isso percebe-se o mínimo de cuidado em manter a beleza do local.

É por perceber este aspecto que destacamos o geoturismo de base local como
principal ferramenta de geoconservação para os sítios inventariados nas duas áreas, visto
que este segmento do turismo ainda viria agregar o valor científico e educativo para o local
e contribuiria para aumentar as possibilidades de públicos que iriam utilizar as áreas
aumentando assim, retorno econômico para os municípios, que já obtém lucro com esta
atividade, e contribuindo para a geoconservação costeira de Raposa (MA) e Galinhos
(RN).

A partir das análises feitas sobre as potencialidades e riscos de degradação dos


geossítios em cada área de estudo é possível pensar em estratégias de planejamento e

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geoconservação prioritárias para os geossítios que obtiveram maior relevância científica e


econômica através da atividade turística, visto que estes locais também foram os que
apresentaram maiores valores em relação ao risco de degradação. Essa realidade se dá
devido ao uso das áreas pelas atividades antrópicas citadas no decorrer da pesquisa que
aumentaram os valores associados ao risco de degradação.

A análise da avaliação do geopatrimônio costeiro, feita a partir de critérios


propostos nesta pesquisa especificamente para realidades encontradas em ambientes
costeiros, proporcionou resultados mais precisos que podem contribuir para a
geoconservação costeira de forma mais eficaz, tratando os riscos de degradação em cada
sítio inventariado de forma menos genérica e mais direcionada as necessidades da zona
costeira com vistas na conservação de suas potencialidades e continuidade da prestação de
serviços ecossistêmicos da geodiversidade em Raposa (MA) e Galinhos (RN) levando seus
diferentes contextos geoambientais.

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224

APÊNDICES

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APÊNDICE 1
FICHA DE INVENTARIAÇÃO – PONTOS DE INTERESSE DA GEODIVERSIDADE
(Zona Costeira)
Nº do ponto Data:
Localização Geográfica
Coordenadas
Geográficas:
Acesso (avenida,
rua, estrada):
Povoado / Distância:
comunidade
mais próxima:
Acessibilidade: ( ) Fácil ( ) Moderada ( ) Difícil
Caracterização Geral
Condições de ( ) Boas ( ) Satisfatórias ( ) Regulares ( ) Ruins
observação:
Enquadramento ( ) Nenhum ( ) Uso Sustentável ( ) Proteção Integral ( )Outras
legal:
Classificação ( ) Geoforma ( ) Processo
Principal:
Escala: ( ) Ponto ( ) Faixa ( ) Área ( ) Panorama
( ) Turismo ( ) Aquicultura e pesca ( ) Explotação petrolífera
Aproveitamento ( ) Exploração Mineral ( ) Estruturas industriais ( ) Estruturas portuárias (
do terreno: ) Parques eólicos ( ) Outros. Quais: -------------------------------------------------------
---------------------------------------------
Local sensível a ( ) Muita ( ) Pouca ( ) Nenhuma
divulgação:
Estado de ( ) Boa ( ) Razoável ( ) Ruim
conservação:
Caracterização do ambiente praial
Horário de Início: Horário de fim:
Pós-praia
Erosão ( ) Sim ( ) Não Deposição: ( ) Sim ( ) Não / Largura:
Presença de dunas ( ) Sim ( ) Não Tipo: ( ) Móveis ( ) Semi-fixas ( ) Fixas
Forma das dunas: (...) barcana ( ) barcanóide ( ) parabólicas ( ) estrela (...) transversais (...)
(...) longitudinais
Escarpa de Berma ( ) Sim ( ) Não Altura:
Falésias: ( ) Sim ( Tipos:
) Não( ) Ativas ( ) Inativas
Praia (estirâncio)
Erosão ( ) Sim ( ) Não Largura:
Estrutura sedimentar: ( ) marca de onda ( ) marca de corrente ( ) caneleta ( ) estratificação
( ) marca de escorregamento ( ) marca de espraiamento (...)linha de deixa
( ) cúspide
Antepraia
Recifes: ( ) Sim ( ) Não / Tipo: ( ) Atol ( ) Franja ( ) Barreiras
Composição: ( ) Arenitos ( ) Corais
Tipos de ondas: ( ) Mergulhantes ( ) Deslizante ( ) Frontal ( )Ascendente
Tipo de interesse do local
Pelo conteúdo (B – baixo; M – médio; A – alto):
Geomorfológico ( ) B ( ) M ( ) Estratigráfico ( )B ( )M ( )A
A
Paleontológico ( ) B ( ) M ( ) Tectônico ( )B ( )M ( )A
A

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226

Hidrogeológico ( ) B ( ) M ( ) Mineralógico ( )B ( )M ( )A
A
Geoquímica ( ) B ( ) M ( ) Petrológicos ( )B ( )M ( )A
A
Mineiro ( ) B ( ) M ( ) Museus e coleções ( ) B ( ) M ( ) A
A
Pelo possível uso (B – baixo; M – médio; A – alto):
Turístico ( ) B ( ) M ( ) A Científico ( ) B ( ) M ( ) A
Econômico ( ) B ( ) M ( ) A Didático ( )B ( ) M ( ) A
Fragilidade costeira
Sedimentos: ( ) Fino ( ) Grosso ( ) Médio Praia: ( ) Refletiva ( ) Dissipativa
Vegetação arbórea: ( ) Sim ( ) Não / Exemplos:
Vegetação arbustiva: ( ) Sim ( ) Não / Exemplos:
Vegetação herbácea: ( ) Sim ( ) Não / Exemplos:
Recifes: ( ) Bancos de Areia: ( ) Sim ( ) Não
Coralíneos ( )
Algálicos ( )
Arenitos
Minerais Pesados: ( ) Sim ( ) Terraço de abrasão: ( )Sim ( ) Não
Não
Vulnerabilidade Costeira
Urbanização: ( ) Vegetação agrícola: ( ) Sim ( ) Não
Alta ( )
Moderada ( )
Intensa
Presença de viveiros: ( ) Sim ( ) Extração Mineral: ( ) Sim ( ) Não / Qual? -----------------
Não
Acúmulo de resíduos sólidos: ( ) Sim ( ) Não / Exemplos:
Despejo de esgotos:( ) Sim Tipo: ( ) Domésticos ( ) Industriais
( ) Não
Obras de contenção: ( ) Espigão ( ) Muro de arrimo ( ) Enrocamento ( ) Gabião
Serviços ecossistêmicos da geodiversidade
Serviços de regulação: ( ) Controle de Inundação ( ) Qualidade da água ( ) Processos terrestres
Exemplos:

Serviços de suporte: ( ) Processos atmosféricos e oceânicos ( ) Plataforma ( ) Habitat


( ) Sepultamento e armazenamento ( ) Processos do solo ( ) Saúde
Exemplos:

Serviços de provisão: ( ) Materiais de construção ( ) Outros minerais industriais ( ) Combustíveis


( ) Fósseis ( ) Gemas ( ) Alimentação e bebida
Exemplos:

Serviços culturais: ( ) Desenvolvimento Social ( ) Geoturismo e Lazer ( ) Inspiração Artística


( ) Qualidade Ambiental ( ) Significados culturais, espirituais e históricos
Exemplos:

Serviços de conhecimento: ( ) História da Terra ( ) Educação e emprego ( ) História da Pesquisa


( ) Monitoramento Ambiental ( ) Geoforense
Exemplos:
Informações adicionais
• Contexto Geológico:

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• Descrição Geomorfológica:

• Mapa de localização:

• Fotografia ou desenhos da área

• Observações

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APÊNDICE 2
PARÂMETROS E PONTOS ATRIBUÍDOS PARA QUANTIFICAÇÃO DOS GEOSSÍTIOS
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
POTENCIAL CIENTÍFICO
Sítio de ocorrência Sitio com existência Sítio com existência de Existência de até 3
comum na área de entre 5 e 10 até 5 exemplares com exemplares com
A1 Abundância/raridade investigação (mais exemplares com características similares características similares na Exemplar único na área
de 10 ocorrências) características na área dentro do área, dentro do mesmo
similares na área mesmo contexto contexto geológico-
dentro do mesmo geológico- geomorfológico.
contexto geológico- geomorfológico.
geomorfológico.
Objeto de referência Ausência de Citado em relatórios Citado em artigo de Citado em uma tese ou outro Citado em mais de uma tese
A2 bibliográfica qualquer referência ou plano de manejo. revista nacional e tipo de publicação técnico- acadêmica e capítulo de livro ou
sobre o local. relatórios ou plano de científica. artigos de revista científica.
manejo.
Abriga 3 ou menos Abriga 4 ou mais Abriga 3 ou menos registros Abriga 4 ou mais elementos
Representatividade de Ausência de registros ilustrativos registros ilustrativos de ilustrativos que representam ilustrativos que representam
A3 processos qualquer aspecto de elementos ou elementos ou processos seções tipo de formações ou seções tipo de formações ou
geológicos/geomorfológicos relevante de processos da da geodiversidade, mas utilizados como exemplos utilizados como exemplos
costeiros natureza científica geodiversidade, mas que não sejam clássicos de elementos e clássicos de elementos e
que não sejam utilizados como processos processos
utilizados como exemplos clássicos geológicos/geomorfológicos. geológicos/geomorfológicos.
exemplos clássicos
Diversidade de Ausência de Apenas um tipo de Até 3 tipos de interesse Entre 4 e 5 tipos de interesse Mais de 5 tipos de interesse e/ou
A4 interesse/temáticas associações de interesse com outras e ou temática e/ou temática. temática
associadas interesse com temáticas
outras temáticas
Diversidade abiótica (mais Ausência de Associação com Associação de apenas Associação de três Associação de mais de três
A5 de um ou mais elementos) associações com apenas um elemento dois elementos da elementos da elementos das geodiversidade
outros elementos da da geodiversidade geodiversidade. geodiversidade.
geodiversidade
POTENCIAL EDUCATIVO
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
B1 Condições de observação Ausência de Pouca visualização. Razoável, com Boa para todos os elementos Excelente para todos os elementos
visualização. obstáculo para da geodiversidade em da geodiversidade em destaque.

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visualização. destaque.
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
Passível de ser Passível de ser utilizado Razoavelmente ilustrativo e Muito ilustrativo e passível de ser
B2 Relevância didática Ausência de utilizado para fins para fins didáticos por passível de ser utilizado para utilizado para fins didáticos por
relevância didática didáticos para um públicos de qualquer fins didáticos por públicos públicos de qualquer nível, desde
público de perfil nível, desde leigo a de qualquer nível, desde leigo a especialistas.
especializado. especialistas. leigo a especialistas.

Ausência de Acessível apenas Acessível a partir de Acessível a partir de Acessível diretamente através de
B3 Condições de acessibilidade condições razoáveis com transportes transportes marítimos estradas asfaltadas e trilha estradas principais (federais ou
de acessibilidade marítimos ou através ou de estradas não com menos de 2 km de estaduais) asfaltadas
de trilha com mais asfaltadas e trilha entre extensão
de 5 km de extensão 2 a 5 km de extensão
Sítio com uso didático em todos
B4 Uso didático em curso Sítio com ausência Sítio com uso Sítio com uso didático Sítio com uso didático no os níveis de ensino (público leigo,
de uso didático didático no ensino no ensino básico ensino superior e básico ensino básico a superior)
superior
POTENCIAL DE SUPORTE ECOLÓGICO
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
Apresenta suporte Apresenta suporte para
Ausência de suporte para biodiversidade biodiversidade costeira, Suporte para ocorrência de Suporte para ocorrência de
Suporte para biodiversidade
C1 para biodiversidade costeira, porém com porém com média habitats específicos da elevado número de habitats
costeira
baixa diversidade de diversidade de fauna e biodiversidade costeira específicos da biodiversidade
fauna e flora. flora. costeira.
Apresenta possíveis Apresenta boa Apresenta boas condições de Excelentes condições de
Ausência de observação da flora observação da flora e/ou observação de alguns observação de aspectos
conexões e/ou fauna com fauna com algum aspectos paleogeográficos paleogeográficos como fósseis e
paleogeográficas algum aspecto aspecto paleogeográfico como fósseis e sub-fosséis sub-fosséis, eolianitos etc.,
C2 Relevância paleogeográfica
paleogeográfico comprovado etc. comprovados comprovados cientificamente.
ainda não cientificamente. cientificamente.
comprovado
cientificamente.
Ausência de Pouca influência da Média influência da Muita influência de aspectos Muita influência de aspectos
Características da
influência da geodiversidade para geodiversidade para geológicos e geomorlógicos geológicos e geomorlógicos,
geodiversidade costeiras
geodiversidade na ocorrência do ocorrência do na ocorrência e manutenção dinâmica de ventos e marés na
C3 que determinam o
ocorrência dos ecossistema ecossistema do ecossistema ocorrência e manutenção dos
ecossistema
ecossistemas ecossistemas

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POTENCIAL TURÍSTICO
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
Ausência de Sítio com relevância Sítio localizado em Sítio localizado em local Sítio dotado de espetacularidade
D1 Aspecto estético relevância estética estética, porém, local aprazível e dotado aprazível e dotado de mais estética e inserido em local
inserido em área inserido em área sem de um elemento da de um elemento da aprazível, dotado de apelo cênico.
sem apelo cênico apelo cênico. geodiversidade com geodiversidade com apelo
apelo estético estético
Ausência de Acessível apenas Acessível a partir de Acessível a partir de Acessível diretamente através de
D2 Condições de acessibilidade condições razoáveis com transportes transportes marítimos estradas asfaltadas e trilha estradas principais (federais ou
de acessibilidade marítimos ou através ou de estradas não com menos de 2 km de estaduais) asfaltadas
de trilha com mais asfaltadas e trilha entre extensão
de 5 km de extensão 2 a 5 km de extensão
Ausência de Pouca visualização. Razoável, com Boa para todos os elementos Excelente para todos os elementos
D3 Condições de observação visualização. obstáculo para da geodiversidade em da geodiversidade em destaque.
visualização. destaque.
Ausência de Associação da Associação da Associação da Associação da geodiversidade a
D4 Associação com aspectos associação da geodiversidade a geodiversidade a geodiversidade a aspectos forte identidade cultural de grande
culturais da área geodiversidade com aspectos culturais da aspectos culturais da culturais da área ligadas a reconhecimento territorial ligadas
aspectos culturais área, ligados a área ligadas a toponímia toponímia, poesias, lendas e aspectos como toponímia, lendas
da área toponímia e poemas ou poesias. crenças religiosas e e crenças religiosas, etc.
comemorações culturais.

Sítio que apresenta Sítio com presença


extenso terraço de de terraço de abrasão
abrasão com e ou frações Sítio que apresenta Sítio que apresenta poucas Sitio sem a presença de rochas
Condições frações granulométricas que terraços de abrasão ou rochas praiais, com a praiais com a presença de dunas
D5 sedimentológicas do terreno granulométricas que apresentam calhaus e beachrocks, com a presença de área de ou vasta área de estirâncio com
apresentam muita cascalhos e com área presença de área de estirâncio ou outra geoforma areias de granulometria fina a
presença de calhaus de estirâncio visível estirâncio com areias de sedimentar com areias de muito fina.
e matacões. e pouco transitável granulometria média a granulometria média a fina.
com a areias de fina
granulometria grossa
a média

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PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
Ausência de Sítio com a presença Sítio com a presença de Sítio com a presença de Sítio com a presença de campos
geoformas de praia com praias com dunas campos de dunas móveis ou de dunas móveis com a presença
D6 Presença de formas litorâneas de grande paleodunas, dunas frontais, cúspides com a presença de praias de eolianitos ou sub-fósseis. Ou
litorâneas impacto visual. frontais, ou cúspides praiais, bermas ou com dunas frontais e Praias com a presença de dunas
praiais ou bermas. beachrocks. falésias. frontais, falésias ou beachrocks.
Ausência de prática Ocorre prática de Ocorre prática de Ocorre a prática de Pratica predominante de esportes
D7 Prática de esportes radicais de esportes radicais atividades de físicas atividades de físicas atividades físicas e a prática radicais como mergulho, kitesurf,
ou outras atividades físicas ou outras atividades como futsal, vôlei de como futsal, vôlei de de esportes radicais como surf, Stand-up Paddle, etc por
de lazer. praia, ciclismo, etc praia, ciclismo, etc. E mergulho, kitesurf, surf, empresas do ramo dos esportes
atividades de empresas Stand-up Paddle, etc. radicais.
do ramo da atividade
física como funcional
ou crossfit
Ausência de Presença de estrutura Presença de bares e Presença de bares, Presença de bares, restaurantes,
D8 Condições de infraestrutura infraestrutura para básica para o restaurantes, e empresas restaurantes, hotéis e hotéis e pousadas e empresas
aproveitamento recebimento de turísticas responsável pousadas e empresas turísticas responsável por passeios
turístico do local visitantes. Ex: por passeios turísticas. turísticas responsável por turísticos com ampla divulgação.
Apenas um ou dois passeios turísticos.
bares ou
restaurantes.

NÍVEL DE FRAGILIDADE
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
Presença de
E1 Presença de vegetação Presença de vegetação herbácea e
Presença de vegetação Presença de vegetação
vegetação arbustiva arbustiva. Ausência de vegetação
arbustiva herbácea
e arbórea

Presença de recifes,
E2 Presença de recifes, Presença elevada de Presença de recifes, Presença de recifes,
beachrocks ou
beachrocks ou terraços de recifes, beachrocks beachrocks ou terraços beachrocks ou terraços de Ausência de vegetação Ausência
terraços de abrasão
abrasão ou terraços de de abrasão em vários abrasão apenas um ponto do de recifes, beachrocks ou terraços
em vários pontos do
abrasão pontos do terreno terreno. de abrasão
terreno.
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4

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Intermediária, com
gradiente de fluxos de
Dissipativa, com
E3 Tipo de praia energia devido a Intermediária, com gradiente
extensa região de
irregularidade da zona de fluxos de energia devido Refletiva, com menor região de
Ausência de quebramento, ondas
de surf, apresentando a irregularidade da zona de quebramento, ondas com energia
ambiente praial. com energia mais
cúspides praiais e surf, formando correntes de mais alta e grande declividade.
baixa e pouca
correntes de retorno retorno acentuadas.
declividade.
incipientes.

Ausência de Paleodunas, Fixas, não alteram seu Semi-fixa, caracterizadas


ambiente de dunas apresentam uma local de origem devido por sua semi-mobilidade e Móveis, deslocam-se mediante a
E4 Tipos de dunas cronologia mais a serem recobertas por possuem partes de sua ação do vento e não são
antiga, vegetação vegetação arbóreo- estrutura coberta por recobertas por vegetação.
mais densa com arbustiva. vegetação.
maior produção
edáfica.

Sítio com frações


granulométricas que Sítio com frações granulométricas
Sitio sem calhaus e
E5 Granulometria dos Sitio com calhaus e Sitio sem calhaus e apresentam calhaus e que apresentam muito material
cascalhos com
sedimentos cascalhos com areias cascalhos com frações cascalhos e com a areias de bioclástico, calhaus e cascalhos e
areias de
de granulometria granulométricas grossa granulometria grossa a com a areias de granulometria
granulometria fina a
média a fina a média. média. grossa a média.
muito fina.

NÍVEL DE VULNERABILIDADE
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
Sítio com presença de
Sítio com sinais de Sítio com presença de Sítio com presença de urbanização como casas de
Ausência de sinais urbanização nas urbanização como casas urbanização como casas de primeira e segunda residência,
F1 Presença de urbanização de urbanização. mediações, como de primeira e segunda primeira e segunda posto de saúde e supermercado,
presença de casas de residência com posto de residência, posto de saúde e rede hoteleira e restaurantes,
segunda residência. saúde. supermercado. empresas turísticas.

PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
F2 Presença de vegetação Ausência de uso Sítio em uso com um Sítio em uso com dois a Sítio em uso com quatro a Sítio com mais de 5 tipos de

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agrícola para atividade tipo de cultura três tipos de cultura cinco tipos de cultura culturas agrícola.
agrícola agrícola. agrícola. agrícola.
F3 Presença de viveiros ou área Ausência de Sítio com a presença . Sítio inseridos em Sítio inseridos em áreas de Sítio inseridos em áreas de
portuárias viveiros o sem de viveiros ou áreas áreas de viveiros ou viveiros ou áreas portuárias viveiros ou áreas portuárias com
proximidade a áreas portuárias nas áreas portuárias. com alguns sinais de muitos sinais de degradação.
portuárias. mediações degradação
F4 Presença de estruturas de Ausência de Sítio com a presença Sítio inseridos em áreas Sítio inseridos em áreas com Sítio inseridos em áreas com
empresas eólicas estruturas de de estruturas de com estruturas de presença de estruturas de presença de estruturas de
empresas eólicas. empresas eólicas nas empresas eólicas sem empresas eólicas com alguns empresas eólicas com muitos
mediações. sinais de degradação. sinais de degradação. sinais de degradação.
F5 Presença de extração Ausência de Sitio com Sítio onde ocorre Sítio onde ocorre extração Sítio onde ocorre extração de
mineral extração mineral. identificação de extração mineral. de dois tipos de minerais. mais de dois tipos de minerais.
extração mineral nas
mediações.
F6 Presença de obras de Ausência de obras Sítio com a presença Sítio com presença de Sítio com a presença de dois Sítio com a presença de mais de
contenção costeira de contenção. de obras de uma obra de contenção. tipos obras de contenção. dois tipos obras de contenção.
contenção nas
mediações.
Ausência de Sítio com a presença Sítio com a presença de Sítio com a presença de Sítio com a presença de atividade
F7 Presença de empresas atividade turísticas de atividade turística atividade turística com atividade turística que turística que causam impactos
turísticas no local. sem impactos impactos aparentes ao causam impactos associados associados a poluição do local e
aparentes ao sítio. sítio. a poluição do local. afetam a estrutura das geoformas.

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APÊNDICE 3

Lista dos principais trabalhos verificados para análise do critério A2 do VPC em Raposa
(MA)

Título Autores Ano Tipo de publicação


Percepção socio-
ambiental das
marisqueiras no
município de Monteles, et al. 2009 Artigo
Raposa, Maranhão,
Brasil
Contribuição às Oliveira, Corrêa e
análises ambientais na Farias Filho
2016 Trabalho em anais de
zona costeira do
evento
município de Raposa /
Ma
Seleção de áreas
potenciais para o
cultivo de Ostra nativa,
Crassostrea SPP. e França et al 2013 Artigo
Sururu, Mytella
falcata, em Raposa,
Maranhã
Análise de herbivoria
foliar em dois
manguezais localizados
ao noroeste da Ilha de Rocha, Amorim e 2019 Artigo
São Luís (Maranhão – Mochel
Brasil
Caracterização da
macrofauna bêntica ao
Vieira et al 2017 Trabalho em anais de
longo do
evento
Manguezal de Pucal,
Raposa-MA
Caracterização
ambiental no município
de Raposa através de
análise espacial e Vale et al 2019 Trabalho em anais de
técnica de evento
sensoriamento remoto
Meios e ambientes:
natureza e produção na
Raíssa Moreira Lima 2010 Dissertação
carpintaria naval
Mendes
artesanal de
Raposa - MA
Uso de habitats e
sazonalidade de aves
limícolas no Canal
Laís de Morais Rego 2007 Dissertação
da Raposa, Ilha de São
Silva
Luís, Maranhão, Brasil.

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Título Autores Ano Tipo de publicação


A paisagem e a
vegetação na Ilha de
Pinheiro e Machado 2016 Artigo
Curupu, litoral
ocidental do Estado do
Maranhão
DIAGNOSE DE
SISTEMA
AMBIENTAL
COSTEIRO: Márcia Fernanda 2008 Trabalho em anais de
geomorfologia Pereira Gonçalves evento
ambiental,
agentes e processos de
interferência na área
costeira do município
da Raposa - MA
Práticas marítimas
modernas no litoral
maranhense: a
Jacilene dos Santos 2018 Dissertação
reconfiguração do
Castro
litoral dos municípios
de Raposa e São josé
de Ribamar
Caracterização
sedimentológica em
Lisboa, Sousa e Santos 2019 Trabalho em anais de
zona costeira,
evento
município de Raposa -
Maranhão
Análise espaço
temporal da linha de
Thaís Aguiar França 2018 Dissertação
costa e das áreas de
manguezais e apicuns
no município de
Raposa - Ma
Dinâmica dos
processos
Antônio Cordeiro 1996 Tese
geomorfológicos na
Feitosa
área costeira a nordeste
da Ilha do Maranhão
Subsídios para o
manejo da visitação na
Piorski et al 2009 Artigo
praia de Carimã,
Raposa - MA
Viver no Mangue: uma
análise urbanística no
Oliveira e Pereira 2021 Trabalho completo em
Mangue Seco na
anais de evento
Raposa – MA

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APÊNDICE 4

Lista dos principais trabalhos verificados para análise do critério A2 do VPC em Galinhos
(RN)

Título Autores Ano Tipo de publicação


Relatório de impacto
ambiental – RIMA
Central eólica Rei dos ventos
Tadeu Dote Sá 2011 Relatório técnico
I
Galinhos / Rio Grande do
Norte
Condicionantes naturais à
produção
Diniz e Vasconcelos 2017 Artigo
de sal marinho no Brasil
Classificação das áreas
úmidas no sistema estuarino
Souza, Oliveira e 2017 Trabalho em anais de
Galinhos e Guamaré (RN)
Costa evento
Mapeamento do uso e
ocupação do solo e unidades
geoambientais, na escala de
1:10.000, da região de Melo et al 2005 Trabalho em anais de
Guamaré-Galinhos/RN, com evento
base na interpretação de
produtos de
sensoriamento remoto com
alta resolução do sistema
IKONOS.
Análise integrada da
paisagem e formas de uso do
solo no litoral de
Diniz, Ferreira e 2015 Artigo
Galinhos/RN: subsídios à
Maria
gestão integrada da zona
costeira
Planejamento participativo
para a gestão da orla
marítima
de Galinhos/RN, nordeste
brasileiro, com apoio de Marcelino, Pinheiro e 2019 Artigo
sensores Costa
remotos e modelagem
costeira
Saúde e Saneamento no
munícipio de Galinhos (RN)
Adriana Cristina 2008 Dissertação
Soares da Rocha

Título Autores Ano Tipo de publicação

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Avaliação do Patrimônio
Geomorfológico
Maria das Vitórias da 2020 Dissertação
do spit de Galinhos-RN Silva
Aves aquáticas de ambientes
antrópicos
Azevedo Junior,;
(salinas) do Rio Grande do Larrazabal, Pena
2004 Artigo
Norte, Brasil
Percepção em movimento:
análise das transformações
Caroline Souza dos 2018 Dissertação
em
Santos
Galinhos/RN à luz da
implementação dos parques
eólicos
Caracterização
geológica.geomorfológica e
oceanográfica do sistema Pisa
Sal, Galinhos/RN – nordeste Leão Xavier da Costa 2009 Tese
do Brasil com ênfase a Neto
erosão, transporte e
sedimentação
Caracterização da dinâmica
ambiental da região costeira
Zuleide Maria 2004 Tese
do município de Galinhos,
Carvalho de Lima
litoral setentrional do Rio
Grande do Norte
Delimitação de unidades da Sandro Damião
paisagem do litoral Ribeiro da Silva
2018 Dissertação
setentrional potiguar e
adjacências

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