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Natal – RN
2022
Natal, 19/08/2022
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Ana Beatriz Câmara Maciel – Rede Municipal de Educação de Natal
(Examinadora externa)
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, meu maior e mais sincero agradecimento a Deus, meu Pai e
provedor de tudo até hoje em minha vida. Sou grata por todo carinho, amor e milagres
no processo de escrita da tese, por me ajudar a fazer ciência e pela oportunidade de
concluir esta pesquisa em um tempo de pandemia da COVID-19, onde muitos
pesquisadores não tiveram a graça de concluir suas pesquisas.
Agradeço a minha orientadora Profa. Dra. Zuleide Lima por todo apoio,
compreensão, conhecimentos passados para mim no processo de orientação e
principalmente por acreditar no meu trabalho como pesquisadora. Eu aprendi muito com
você como pessoa e como profissional. Agradeço ao meu co-orientador Prof. Dr.
Marcos Nascimento pela disponibilidade na co-orientação desde a pesquisa de mestrado
e por todas as dúvidas tiradas e direcionamentos dados para a construção deste trabalho.
Seu trabalho com a temática geodiversidade é uma inspiração para mim como
pesquisadora.
Não tenho como deixar de agradecer as minhas tias, concita, uma segunda mãe,
e Vitória, que sempre estiveram acompanhando este processo em minha vida e
demonstrando cuidado e preocupação. E agradeço aqui aos meus avós paternos Marco
Rabelo e Júlia Rabelo e aos avós maternos Sebastião Oliveira e Carmelita Machado por
serem a base no incentivo para a busca por alçar voos maiores através da educação.
Agradeço, com todo amor, ao meu noivo Matheus Medeiros, que desde o
primeiro dia segurou firme na minha mão e abraçou esse processo de pesquisa
doutorado junto comigo. Você teve um papel crucial na etapa de quantificação desta
pesquisa, contribuindo muito através dos seus conhecimentos matemáticos. Obrigada
pelos seus ouvidos, pelo ombro amigo, por me ajudar a espairecer nas horas de tensão,
pelos risos, pelas conversas, pelas palavras de encorajamento e por sempre me lembrar
da soberana vontade de Deus nesta resta final. Obrigada por todo amor, meu bem. E sou
grata por todo cuidado da sua família comigo nesta reta final da pesquisa, obrigada dona
Maria Onzieme, seu Franciso e Larissa, vocês são pessoas ímpares.
Sou grata por todo apoio dos meus grandes amigos Ozimo e Naiara. Ozimo
você sempre foi um norte acadêmico para mim e muito obrigada por todo apoio sempre,
pela amizade, por todo carinho e preocupação comigo, não restrita apenas a vida
acadêmica, obrigada por permanecer. Naiara, sou tão grata por essa amizade/irmandade
que construímos. Por não desistirmos nunca uma da outra e por não deixar jamais que a
distância diminuísse nossa amizade. Obrigada pelas ajudas durante a pesquisa, nas
atividades de campo e no laboratório. Obrigada por sempre está presente minha amiga.
Agradeço ainda aos secretários do PPGE: André, por toda paciência para tirar
as dúvidas e ao Thiago pela prontidão em nos responder sempre que preciso. Sou grata
a todos os professores do PPGE – UFRN por todos os importantes conhecimentos
passados e compartilhados durante as disciplinas do doutorado, aprendi muito com
todos vocês.
essenciais para este trabalho. Agradeço ao meu amigo, Wagner (Wa) por sempre se
mostrar presente neste processo de doutorado e por me acompanhar também quando
preciso nas atividades de campo na Raposa. Sou grata a Dona Graça e Dona Rosário por
sempre me incluírem em suas orações que foram sempre tão necessárias durante esse
período, vocês são especiais.
RESUMO
A geodiversidade é uma temática necessária no âmbito das geociências e do
planejamento e gestão ambiental. O seu surgimento trouxe para as ciências ambientais e
aplicadas o resgate da importância das discussões sobre as potencialidades e a
conservação dos recursos abióticos através da geoconservação. Neste contexto,
destacamos os ambientes costeiros, que se constituem como áreas frágeis, visto que
estão em situações de transição entre o continente, o mar e a atmosfera e apresentam
grandes índices de ocupação humana e consequentemente estão expostos a várias
formas de uso do solo. Desta forma, destacamos a necessidade da geoconservação de
sítios prioritários da geodiversidade costeira levando em consideração suas
potencialidades e os riscos de degradação ao quais estão expostos. As metodologias de
avaliação do geopatrimônio são ferramentas essenciais para pensarmos em estratégias
para a geoconservação e gestão ambiental. O objetivo geral desta tese é contribuir
metodologicamente com a proposta de critérios que possam auxiliar a avaliação do
geopatrimônio costeiro considerando suas potencialidades, suas vulnerabilidades e
fragilidades a partir, das especificidades dos ambientes costeiros, fazendo neste trabalho
uma análise da geodiversidade costeira dos municípios de Raposa (MA) e Galinhos
(RN). O percurso metodológico desta pesquisa foi baseado principalmente no
levantamento de material bibliográfico e cartográfico sobre a temáticas e as áreas de
estudo, atividades de campo para levantamento de dados e aplicação de ficha de
inventariação dos sítios costeiros identificados em ambas as áreas, aplicação da
metodologia de quantificação com os critérios propostos neste trabalho e espacialização
dos dados da quantificação a partir de técnicas de geoprocessamento. A análise feita em
duas áreas de estudo possibilitou a compressão da geodiversidade costeira em contextos
geoambientais diferentes e possibilitou a proposta de critérios que viessem a contemplar
diferentes realidades costeiras. Os municípios de Raposa (MA) e Galinhos (RN)
apresentaram sítios costeiros de relevância nacional e internacional que estão
diretamente associados as maiores médias obtidas em relação ao risco de degradação. O
turismo em ambas as áreas foi identificado como fator causador de impactos ambientais
negativos e responsável pela conservação paisagística da área, sendo considerado o
geoturismo uma ferramenta que viria a trazer ganhos em relação a uso e conservação
para ambas as realidades. A avaliação do geopatrimônio costeiro a partir de critérios
específicos voltados para a zona costeira se mostrou eficaz para identificar
potencialidades e ameaças específicas que podem possibilitar o planejamento futuro de
estratégias de geoconservação mais precisas paras as duas áreas de estudo.
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
Figura 23- Produtos artísticos que fazem uso dos elementos da geodiversidade 103
costeira da área
Figura 24– Indicação da disposição das dunas móveis e bancos de areia no 104
município de Raposa - MA
Figura 25– Terraços de abrasão da praia de Taputiua, Raposa - MA 105
Figura 26- Localização do geossítio Dunas de Carimã no município de Raposa 110
- MA
Figura 27– Vista do ponto de parada turística nas Dunas de Carimã 112
Figura 28- Localização do geossítio Praia de Carimã no município de Raposa - 114
MA
Figura 29- Banhistas na Praia de Carimã – Raposa (MA) 115
Figura 30- Obra de arte feita por artista local utilizando a areia para 116
texturização
Figura 31- Localização do geossítío Praia do Mangue Seco no município de 117
Raposa - MA
Figura 32– Canais de maré que recortam a zona de praia em Mangue Seco 118
Figura 33 – Moluscos encontrados na Praia de Mangue Seco 120
Figura 34- Localização do geossítio Praia de Pucal no município de Raposa - 121
MA
Figura 36- Localização do geossítio Praia de Taputiua no município de Raposa 123
– MA.
Figura 37- Representação da zona de estabilidade costeira praia de Taputiua 124
Figura 38– Terraços de abrasão na Praia de Taputiua 125
Figura 39- Localização do sítio da geodiversidade Praia de Curupu no 126
município de Raposa – MA.
Figura 40- Moradores recebendo alimentos na Praia de Curupu 127
Figura 41– Registro de espécies de moluscos encontrados em diferentes pontos 137
da área de estudo
Figura 42– Estruturas de bares e restaurantes na Praia de Mangue Seco, Raposa 139
(MA)
Figura 43– Áreas de Depósitos Flúviomarinhos na área de estudo 147
Figura 44– Campo de Dunas Móveis em Galinhos – RN (Duna do André) 148
Figura 45- Indicação de locais com dunas fixas e móveis em Galinhos - RN 151
Figura 46– Eólicas instaladas no campo de dunas móveis em Galinhos – RN 154
Figura 47– Locais para visitação turística em Galinhos - RN 155
Figura 48– Ocorrência de beachrocks ao longo da praia de Galinhos - RN 156
Figura 49- Ocupações humanas na Praia de Galinhos 157
Figura 50– Localização do geossítio Praia de Galinhos no município de 162
Galinhos - RN
Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022
15
LISTA DE MAPAS
LISTA DE QUADROS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 21
3 PERCUSSO METODOLÓGICO 66
3.1 Identificação dos geossítios/sítios da geodiversidade 66
3.2 Análise sedimentológica 69
3.3 Proposta metodológica para avaliação do geopatrimônio costeiro 72
3.3.1 Inventariação 73
3.3.2 Quantificação 76
3.3.3 Quantificação dos valores potenciais 77
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
Introdução
INTRODUÇÃO
A conservação da natureza é um tema atual que está em constante discussão
devido à alta demanda humana pelo uso de recursos naturais. A geoconservação é uma
das temáticas emergentes relacionadas as geociências e que tem sido alvo de muitas
discussões e que está voltada para a conservação dos recursos abióticos.
Alguns autores, como Araújo (2005), Cañadas e Flaño (2007), Pereira e Farias
(2016), destacam os processos antrópicos como fator importantes para os estudos em
geodiversidade, o que pode ser interpretado como um ponto positivo para esse tipo de
estudo, visto que o homem pode ser, em diferentes escalas, atuante e responsável por
algumas alterações exógenas causadas sobre os recursos geodiversos.
Raposa possui uma zona costeira com praias arenosas, falésias e um extenso
campo de dunas e planícies interdunares. Estes ambientes estão sobre uma base
sedimentar formada pelos depósitos arenosos decorrentes principalmente da Formação
Barreiras que além de apresentar um potencial paisagístico acentuado é de suma
importância para a prestação se serviços ecossistêmicos prestados para o local, tais
como o armazenamento de água subterrânea etc.
Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022
25
Dentre estas feições, Lima (2004) destacou a presença de recifes praiais, zona
de estirâncio, planície de deflação, dunas, planícies de inundação, esporões arenosos
(spits). A autora ainda identificou feições na porção submersa da plataforma adjacente a
Galinhos, as quais se caracterizam pela formação de crista em fundo sub-aquoso
originada por movimentação de silte, areia ou cascalho denominadas de dunas
submersas (sand waves).
Com base nos valores que a geodiversidade costeira representa para o ser
humano, considerando o potencial da geodiversidade das áreas apresentadas, e por
possuírem características peculiares e diferenciadas uma da outra, relacionada
principalmente a dinâmica de ventos e de marés e as formas diferenciadas de uso desta
geodiversidade pelo homem, esta tese de doutorado parte das seguintes questões que
serviram como base para desenvolvimento desta tese: Como inserir critérios de
vulnerabilidade/fragilidades em metodologias de quantificação da geodiversidade
costeira? A quais tipos de fragilidades e/ou vulnerabilidades estas áreas estão expostas?
Como identificá-las? As metodologias existentes contemplam de forma eficaz a
quantificação da geodiversidade com vista em uma geoconservação eficaz para
ambientes costeiros?
eficaz do geopatrimônio e do risco de degradação aos quais estes locais estão expostos,
contribuindo para uma geoconservação mais eficaz.
Desta forma, a partir da discussão aqui exposta, acredita-se que esta pesquisa
contribuirá, em níveis científicos, para maior entendimento da importância da
geodiversidade e geoconservação de ambientes costeiros para o ser humano no que diz
respeito a adaptação de metodologias de quantificação de pontos de interesse da
geodiversidade com base no maior detalhamento de suas vulnerabilidades e
fragilidades. Justificando a importância do tema aqui proposto e a relevância enquanto
temática de interesse para a geografia, para os estudos sobre geodiversidade e para o
gerenciamento costeiro brasileiro.
Capítulo 1
Gray (2005) destaca dois principais motivos que a geodiversidade deve ser
conservada: “primeiro, a geodiversidade é valiosa e avaliados de várias maneiras, e
segundo, é ameaçado por uma enorme variedade de atividades humanas”. O autor
continua sua reflexão dizendo que a geoconservação é uma medida de uma sociedade
civilizada e sociedade sofisticada que deve querer conservar elementos do planeta que
possuem muito valor e tem sido ameaçados.
De um lado, aqueles que pretendem conservar tudo o que, para eles, possua
algum valor. Do outro, aqueles que pretendem conservar apenas os expoentes
máximos da geodiversidade. Porém, como é impossível conservar toda a
geodiversidade, a geoconservação somente deve ser implementada após um
detalhado estudo de definição daquilo que realmente deve ser encarado como
patrimônio geológico.
território. Isto acontece, principalmente, pela falta de atenção aos elementos abióticos
como recursos naturais finitos devido ao seu processo deterioração a médio ou longo
prazo.
Pereira (2016) diz que geoconservação pode se tornar uma eficaz ferramenta
para o uso sustentável do patrimônio geológico do agreste de Pernambuco, contribuindo
Porém, a autora destaca que este território se apresenta também com muitas
desigualdades socioeconômicas e possíveis riscos de perder sua identidade
sociocultural, bem como comprometer seus elementos naturais, sejam eles bióticos ou
abióticos. É neste sentido que seu trabalho vem visando demonstrar o potencial da
geodiversidade presente no litoral sul pernambucano com vistas para desenvolvimento
territorial sustentável, garantindo sua identidade, assegurando, principalmente às
comunidades tradicionais, a manutenção de seu sustento e a valoração de seu trabalho e
de sua cultura.
Sobre a consolidação dos geoparques a nível mundial, Meira (2018) infere que
Atualmente, este geoparque conta com 21 geossítios (Figura 6), sendo quatro
geossítios no município de Cerro Corá (Serra verde, Cruzeiro de Cerro Corá, Nascente
do rio Potengi e o Vale Vulcânico); dois geossítios no município de Lagoa Nova
(Mirante Santa Rita e Tanque dos Poscianos); cinco geossítios no município de Currais
Novos (Lagoa do Santo, Pico do Tororó, Morro Cruzeiro, Mina Brejuí, Cânion dos
Apertados); quatro geossítios em Acari (Açude Gargalheiras, Poço do Arroz, Cruzeiro
de Acari, Marmitas do rio Carnaúba); quatro geossítios em Carnaúbas dos Dantas (Serra
da Rajada, Monte do Galo, Xiquexique e Cachoeira dos Fundões); e dois geossítios em
Parelhas (Açude Boqueirão e Mirador).
Outro fator que deve ser observado nestes ambientes, são os usos e
ocupações humanas que ocorrem em diversos fluxos e em diferentes ordens e
Figura 7- Evolução das publicações voltadas para a geodiversidade costeira no Brasil em anais
de eventos científicos
Nesta análise foi possível perceber que ainda grande parte dos trabalhos
voltados para estes ambientes demonstram o potencial da geodiversidade de cada área, o
que demostra a valorização científica sobre este aspecto. Uma menor parte dos trabalhos
trazem em suas discussões as vulnerabilidades associadas a estes ambientes como foco
de discussão para a gestão de uso do potencial natural da geodiversidade costeira. Essa
discussão mostra-se essencial para a gestão de áreas costeiras visto que em sua maioria
são áreas naturalmente mais instáveis e que suportam uma grande carga de
interferências antrópicas. Compreender as vulnerabilidades tratadas nestes trabalhos
analisados foi essencial para a melhor adaptação da proposta metodológica desta
pesquisa.
Trabalhos como o de Costa et al. (2006), Rabelo (2015); dentre muitos outros,
utilizam o termo vulnerabilidade ambiental e trazem em suas aplicações as mesmas
variáveis de análise (aspectos geológicos, geomorfológicos, vegetacionais, pedológicos,
climáticos, de uso e ocupação etc.) que Ross (1994), por exemplo, utiliza em seu
trabalho só que usando o termo fragilidade ambiental. O termo vulnerabilidade vêm
Desta forma, para esta pesquisa, vamos adotar o uso dos conceitos de
vulnerabilidade e fragilidade natural para o cálculo do risco de degradação das áreas
prioritárias de geodiversidade. Para compor este índice iremos considerar o temor
fragilidade ambiental para nos referirmos ao aspectos físicos-naturais e o termo
vulnerabilidade para nos referimos aos aspectos de ordem antrópica que podem afetar a
integridade dos geossítios, seguindo assim, a mesma lógica de aplicação de outros
trabalhos voltados para a geoconservação como Brilha et al. (2016), Lopes (2017), etc.
Santos et al. (2020) em seu trabalho aplicado no litoral sudeste do Estado Rio
de Janeiro teve como foco trazer algumas propostas em seu trabalho que vieram avaliar
questões pouco exploradas do ponto de vista científico, educacional e geoturístico com
foco no auxílio a gestão ambiental, fato importante no que se refere a gestão de áreas
prioritárias em ambientes costeiros.
Capítulo 2
METÓDOS DE AVALIAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO
Este capítulo visa fazer uma breve discussão sobre as principais metodologias
de inventariação e quantificação do geopatrimônio, analisando as quais apresentam
critérios relacionados a vulnerabilidade e a especificidades intrínsecas dos ambientes
costeiros.
Brilha (2005) afirma que a inventariação deve ser feita de forma sistemática em
toda área de estudo. Portanto, a partir do conhecimento dos tipos de ocorrências da
geodiversidade é possível definir a tipologia das áreas prioritárias e definir quais serão
inventariadas através de características de exceção, se comparados a demais
características do local.
Rabelo et al. (2018) elencam com base em Ellis (2008) algumas categorias pré-
definidas para inventariação de geossítios, segundo suas características mais
proeminentes (Figura 8):
- Identificação do geossítio;
CPRM - Enquadramento
(2017) - Caracterização Patrimônio Não
geológica/geomorfológica; geológico/geomorfológico
- Medidas de conservação
Informações do pesquisador.
brasileiro
- Nome do geomorfossítio;
- Localização administrativa;
- Vias de acesso
- Enquadramento legal
- Classificação principal
- Escala Patrimônio geomorfológico
- Valores
Lopes em áreas costeiras no
- Condições de observação
(2017) - Estado de conservação contexto brasileiro
- Descrição geomorfológica Sim
- Contexto geológico
-Associação com outros
interesses.
- Uso atual
- Observações
- Referências
- Cartografia
- Fotografias
- Identificação
Diniz, De - Enquadramento geral Patrimônio
Araújo e - Avaliação preliminar Geomorfológicos em áreas
Das Chagas - Estatuto legal-local costeiras no contexto Não
-Serviços ecossistêmicos
(2022) abióticos
brasileiro
- Uso atual e uso potencial
- Fenômenos geológicos-
processos sedimentares
Fonte: Adaptado pela autora de Pereira (2010) e Silva e Lima (2018).
Neste sentido Rabelo, Lima e Nascimento (2019) afirmam que em relação aos
ambientes costeiros podemos perceber que as metodologias de quantificação do
Geopatrimônio existentes ainda precisam ser aprimoradas. Principalmente, quanto aos
critérios mais específicos que correspondam não apenas as potencialidades de uma área,
mas também de forma mais direcionada para as suas vulnerabilidades dos sistemas.
Estes critérios são essenciais para quantificar geossítios de ambientes costeiros, levando
em consideração a intensa dinâmica natural e social desta zona.
Figura 11– Critérios da quantificação do grau de suscetibilidade proposto por Lopes (2017)
CRITÉRIOS
Fragilidade Vulnerabilidade
Vegetação arbustiva ou herbácéa Pouca urbanização
Vegetação arbórea Urbanização moderada
Presença de recifes ou beach rocks Urbanização intensa
Bancos de areia Vegetação agrícola
Tipo de praias Viveiros
Recifes Áreas portuárias
Terraços de abrasão Extração mineral
Fonte: Elaborado pela autora (2019).
Capítulo 3
PERCURSO METODOLÓGICO
3 PERCUSSO METODOLÓGICO
Para o alcance dos objetivos de investigação desta pesquisa recorreu-se a
procedimentos técnicos e teóricos que colaboraram para o entendimento das relações e
dinâmicas espaciais enquanto totalidade, a partir da associação sistêmica do meio físico
e social, defendida por Ludwing Von Bertalanffy, a partir da década de 50, a partir da
Teoria Geral dos Sistemas (TGS), trazida para geografia a partir por Vicktor Sochava a
com a sistematização da abordagem geossitêmica difundida no final da década de 70. A
perspectiva geossistêmica contribui para percebermos a relação existente entre a
geodiversidade, os usos humanos dos recursos abióticos e a geoconservação, a partir da
análise da paisagem.
Para este trabalho foi feita a divisão deste estudo bibliográfico em duas partes:
sobre os autores que colaboram com reflexões sobre os conceitos de geodiversidade e
Foi feita uma divisão entre publicações feitas em periódicos os anos de 2016 e
2021 com o foco de compreender a evolução dos trabalhos sobre geodiversidade
voltados principalmente para as áreas costeiras no Brasil, visto que esta pesquisa é
voltada para aplicação nestes ambientes, servindo de base para o desenvolvimento da
proposta metodológica desta tese.
Figura 13- Registro da etapa da coleta de sedimentos na zona de estirâncio da Praia de Mangue
Seco, Raposa - MA
Figura 14– A/B: Etapas de pesagem, quarteamento e separação de amostra para análise; C/D:
Etapa de peneiramento e separação de frações amostrais em cada peneira; E/F: Medida do teor
de carbonato; F/G: Medição da matéria orgânica.
Granulometria
Morfoscopia e Morfometria
De acordo com Dias (2004), a análise morfoscópica consiste na identificação
de marcas existentes sobre a superfície dos grãos que, de certa forma, registram a
“história” dos mesmos. Para morfoscopia foi utilizada a classificação de Cailleux
(1942), onde as categorias estabelecidas definem o tipo de transporte predominantes nos
grãos analisados (Quadro 05).
ênfase a uma avaliação descritiva mais específica para ambientes costeiros e a inserção
da fragilidade/vulnerabilidade de forma mais detalhada para estas áreas tanto na etapa
de inventariação quanto na etapa de quantificação. O objetivo através desta proposta de
inventariação e quantificação foi contribuir para avaliação do geopatrimônio costeiro,
apresentando novas discussões e critérios que possam subsidiar futuras pesquisas e
contribuir para uma gestão costeira mais eficaz.
3.3.1 Inventariação
Segundo Rabelo et al. (2019), a inventariação consiste em elencar os sítios
potenciais de geodiversidade de uma área, ou seja, aqueles que possuem maior interesse
do ponto de vista geológico, geomorfológico etc. ou que estão expostos a alguma
vulnerabilidade latente. Pereira (2010), afirma que o ato de inventariar envolve a
realização de um levantamento, avaliação e catalogação, seguida da descrição
minuciosa dos bens ou locais de interesse de um determinado local.
parte da ficha são descritos dados mais direcionados a localização geográfica como
coordenadas geográficas, vias de acesso, proximidade com comunidades, nível de
acessibilidade. Estas informações além de serem importantes para conhecimento da
localização do geossítio/sítio da geodiversidade também podem ser relevantes para a
etapa de quantificação na mensuração do valor turístico, por exemplo.
Figura 15- A) Marcas da dinâmica dos canais de maré em Raposa - MA; B) Berma na praia de
Pucal em Raposa – MA.
A B
O próximo tópico da ficha foi feito com base em Lopes (2017), Rabelo (2018),
Brilha (2016) e Santos et al. (2022) que traz uma caracterização mais geral do geossítio
com categorias referentes a condições de observação, enquadramento legal,
classificação principal do que é observado de forma mais latente no geossítio
(geoforma/processo), a escala de classificação (ponto, faixa, área ou panorama), nível
de divulgação do local, aproveitamento do terreno e o estado de conservação.
Visto que muitos pontos de interesse costeiro podem ser classificados como
áreas ou faixas, identificados por meio de praias, optou-se nesta inventariação colocar
um tópico específico para classificação do ambiente praial selecionado, onde busca-se
descrever melhor as formas e processos encontradas nestes ambientes, deixando o
inventário mais robusto.
didático. Em relação a classificação dos tipos de áreas dos geossítios foram utilizadas as
definições de Fuertes-Gutiérrez e Fernández-Martínez (2010) que definem quatro tipos
de classes: ponto, faixa, área e panorama (Figura 16).
Figura 16: Classificação dos sítios de geodiversidade segundo sua extensão areal
3.3.2 Quantificação
Lopes (2017) descreve o principal foco da quantificação de geossítios quando
diz que esta etapa tem como principal objetivo reduzir a subjetividade da inventariação
e torna-se uma medida necessária quando se tem a intenção de fazer uso de uma
determinada área, como é o caso das áreas em estudo desta pesquisa, que já apresentam
muitos usos humanos relacionados aos elementos da geodiversidade.
Pereira (2010) afirma que esta prática também possui um caráter subjetivo,
uma vez que, parte do ponto de vista humano e do uso potencial dos elementos da
natureza pelos seres humanos. Por isso, pensando em deixar os resultados obtidos
através da quantificação mais robustos e objetivos, pensamos em uma etapa posterior de
análise estatística destes dados.
Cada valor de uso está relacionado com aspectos que envolvem vários serviços
potenciais da geodiversidade que precisam ser quantificados. Então, antes da
quantificação dos valores de uso, será feira a quantificação do que chamaremos de
valores potenciais, sendo eles: potencial científico, potencial educativo, potencial de
suporte ecológico, potencial turístico, nível de fragilidade e nível de vulnerabilidade.
Nesta etapa cada um dos valores apresenta critérios quantificáveis nos quais
devem ser atribuído pontos, consoante as definições atribuídas a cada um que estão
dispostas no apêndice 2. Os valores que estão sendo propostos nesta pesquisa tiveram
como pontos de partida as propostas de Pereira (2010) e Lopes (2017) e Santos et al.
(2020), assim como outros critérios que acreditamos ser relevantes para a quantificação
destes valores.
Quadro 6- Descrição dos critérios utilizados para cálculo do valor de Potencial Científico
VALOR DE POTENCIAL CIENTÍFICO
Critério Descrição
A1 Abundância/raridade Importância do sítio em termos de sua ocorrência na
área de pesquisa.
Objeto de referência Indica se o sítio investigado já foi alvo de estudos
A2 bibliográfica acadêmicos ou citados em artigos teóricos-
científicos.
Representatividade de Relevância do local como registro de elementos ou
A3 processos processos relacionados com a evolução geológica ou
geológicos/geomorfológicos geomorfológica da região ou do contexto em que está
costeiros inserida.
Diversidade de Associação do sítio a outros tipos de interesse dentro
A4 interesse/temáticas das geociências e outras temáticas de estudo
associadas (Exemplo: biodiversidade, aspectos socioculturais
e econômicos).
A5 Diversidade abiótica (mais Número de elementos interessantes associados a
de um ou mais elementos) geodiversidade no local.
Fonte: Adaptado pela autora de Pereira (2010).
Quadro 7- Descrição dos critérios utilizados para cálculo do Valor de Potencial Educativo
VALOR DE POTENCIAL EDUCATIVO
Descrição
Critério
Indica se o sítio apresenta boas condições de
B1
Condições de observação observações ou possui obstáculos de visualização dos
elementos da geodiversidade.
Relevância didática Potencial do local para ilustrar elementos ou processos
B2
da geodiversidade com possibilidade de uso local para
ensino das geociências para todos os níveis de ensino.
Condições de acessibilidade Possíveis dificuldades de acesso ao local.
B3
Uso didático em curso Indica se o sítio já é utilizado para fins didáticos para
B4
público de diferentes níveis de ensino.
Fonte: Adaptado pela autora de Pereira (2010); Lopes (2017) e Santos et al. (2020)
Para o caso do NF, caso não haja possibilidade de observação de alguns destes
critérios no sítio estudado, ele não precisa ser contabilizado para fins de resultado e a
soma de valores e, posterior, divisão pode acontecer apenas os critérios observados no
local. O cálculo da média do nível de fragilidade dos geossítios/sítios da geodiversidade
inventariados é a soma do NF de cada sítio dividido pela quantidade de geossítios/sítios
e) Relevância (R)
Para realização deste cálculo estes valores foram divididos por 29, valor que
representa a quantidade total de critérios adotados na avaliação dos sítios.
Posteriormente, esses valores foram multiplicados por 150 visando normalizar os
resultados. Esta pesquisa seguiu os mesmos níveis propostos por Pereira (2010) para
- Relevância regional: locais onde 10 < R < valor médio obtido pela relevância do
conjunto sítios inventariados;
- Relevância nacional: locais onde R > valor médio obtido pela relevância do conjunto
sítios inventariados;
- Relevância Internacional: locais onde R > valor médio obtido para relevância do
conjunto de sítios inventariados e onde simultaneamente os critérios A1 e B1 são
maiores ou iguais a 3 e os parâmetros A2, A3, B3, D8 maiores ou iguais a 2.
Esta etapa do trabalho foi feita com o intuito de possibilitar uma leitura mais
didática dos resultados da quantificação, visto que esta pesquisa também busca
contribuir com estratégias geoconservação costeira, e para isso, deve estes dados
possam ser interpretados por públicos diferenciados e a cartografia possa auxiliar neste
processo. A partir de adaptações de metodologias voltados para o mapeamento de
serviços ecossistêmicos utilizadas por Macedo et al. (2017) e Burkhard e Maes (2017)
foi possível chegar a produtos de espacialização dos dados quantificados neste trabalho.
Tese de Doutorado Thiara Oliveira Rabelo 2022
90
Capítulo 4
A GEODIVERSIDADE COSTEIRA DO MUNICÍPIO DE
RAPOSA – MA
4.1 Geologia
De acordo com relatório de geodiversidade do Serviço Geológico Brasileiro -
CPRM (2013) do Estado do Maranhão, o munícipio de Raposa abriga,
predominantemente, três tipologias geológicas: a formação Itapecuru, compostas por
sedimentos formados no Cretáceo e por sedimentos mais recentes que formam na área o
• Formação Itapecuru
Figura 17- Área de ocorrência dos depósitos constituídos por sedimentos lamosos localizados
na comunidade de Mangue Seco, Raposa – MA.
• Depósitos Litorâneos
Quanto aos depósitos litorâneos destacamos que estes estão presentes na faixa
costeira, destacando-se a zona de praia da planície costeira da área e os depósitos
eólicos sob forma de dunas presente na região. Veiga Júnior (2000) afirma que estes
depósitos estão sobre áreas suavemente inclinadas em direção ao mar, submetida
também a ação de marés e tendo praias compostas areias esbranquiçadas e quartzosas.
De forma geral, a partir das análises feitas em laboratório, foi possível observar
que na área as areias ocorrem predominantemente de granulometria média a fina,
aproximadamente simétricas e bem selecionadas (Figura 18), características presentes
também nos depósitos eólicos costeiros da área.
4.2 Geomorfologia
No que se refere a geomorfologia, o município de Raposa é composto por 5
tipos de formações geomorfológicas de acordo com a CPRM (2018), sendo elas:
Tabuleiros, Campos de Dunas Fixas, Campos de Dunas Móveis, Planícies
Flúviomarinhas e Planícies marinhas, conforme representado no mapa 4.
bem como as baías de Cumã e Tubarão, demarcando o Golfão na parte oeste e leste,
respectivamente.
Mapa 4– Classificação geomorfológica do município de Raposa - MA
• Tabuleiros
• Planícies Flúviomarinhas
Estas dunas caracterizam-se por serem mais recentes na área e não apresentam
praticamente nenhuma vegetação, o que facilita o seu processo migratório e o acúmulo
de partículas em outras unidades geomorfológicas, como as planícies Flúviomarinhas.
França (2018) afirma que em alguns locais de ocorrência das dunas fixas, encontra-se
uma vegetação de gramíneas, incipientes, rarefeita e com vida efêmera que ao
desaparecer perde sua importância como elemento de fixação dos sedimentos durante o
período de estiagem.
• Planícies marinhas
Figura 22– A) Praia de mangue seco, Raposa – MA; B) Praia de Carimã – Raposa Ma C) Campo
das Dunas de Carimã
Figura 23- Produtos artísticos que fazem uso dos elementos da geodiversidade costeira da área
Figura 24– Indicação da disposição das dunas móveis e bancos de areia no município de
Raposa - MA
No que se refere a migração de dunas na área, França (2018), afirma que este
fenômeno pode ser observado nas marcas basais das faces de barlavento que formam
um tapete de cristas sinuosas de areia denominadas de esteiras de dunas. As esteiras de
dunas são arcos parabólicos definidos na superfície do terreno por semelhantes ressaltos
aos contornos de barlavento formados quando há a migração de vários tipos de dunas.
Gonçalvez et al. (2003) explica que essas feições obedecem a um controle sazonal, visto
que durante os meses de janeiro a junho, tem-se a estação chuvosa quando ocorre a
elevação do lençol freático e a época de fixação de dunas; e no período de julho a
dezembro ocorre o rebaixamento do lençol freático e a migração de dunas; esses
processos cíclicos deixam registrados as esteiras de dunas.
Não foi observado de fato ainda grandes alterações do homem sobre estas
feições na área, posto que a maior parte das praias ainda encontra-se em locais de
intensa dinâmica, que não permitem a fixação de hotéis e restaurantes muito próximo a
alguns destes locais. Embora muitas construções mais próximas as praias, geralmente
residências, já tenham sido atingidas pela amplitude das marés nos últimos anos,
fazendo com que vários moradores colocassem suas casas a venda.
Os passeios realizados na área são feitos em sua maioria com barcos, com
paradas para banhos e visitação ao campo das Dunas de Carimã. O acentuado uso destas
embarcações para passeios turísticos, travessias ou até mesmo a pesca ocasionam o
acúmulo de hidrocarbonetos da superfície da água, que segundo Bastos e Freitas (2006)
por ter um caráter hidrófobo, o petróleo se espalha pela superfície da água e forma uma
película que impede a troca de gases entre a água e o ar impossibilitando a capacidade
fotossintética de algumas espécies vegetais.
Capítulo 5
AVALIAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO COSTEIRO DO
MUNICÍPIO DE RAPOSA-MA
5.1.1 Geossítios
A seguir estarão descritos os sítios identificados com grande relevância científica no
local. Estes locais também possuem interesses turísticos, educativos, ecológicos e
econômicos associados à sua importância para a área.
a) Dunas de Carimã
O geossítio Dunas de Carimã fica localizado na porção norte do munícipio de
Raposa. É um dos sítios que mais atrai os olhares de visitantes na área (Figura 26). A sua
acessibilidade é considera moderada, visto que o acesso ao local se dá através de
transportes marítimos com a saída do Porto principal do munícipio de Raposa. A distância
do porto até as dunas de Carimã é de 1,51 milhas náuticas.
que vão de que 0,235% a 0.959 %, a área apresenta-se com forte dinâmica eólica e
marinha, característica com muitos materiais que são carregados pelos ventos para as
dunas.
O geossítio Dunas de Carimã é formado por dunas móveis e não está enquadrado
segundo a Lei N° 12.651/2012 (Lei de Proteção a Mata Nativa) como áreas de APP,
embora no complexo dunar da área esteja associado a áreas de dunas vegetadas. Porém, A
Lei Estadual nº 5.405/ 1992 que institui o Código de Proteção de Meio Ambiente e dispõe
sobre o Sistema Estadual de Meio Ambiente e o uso adequado dos recursos naturais do
Estado do Maranhão, em seu artigo 54, cita: “Art. 54 - Consideram-se de preservação
permanente: (...) II – as restingas; III - as dunas; (...) VI - as paisagens notáveis”. Desta
forma, como a lei não faz dissociação entre dunas fixas ou móveis, a área está inserida sob
um regime de proteção legal.
Este campo de dunas não está localizado em uma área de intensa urbanização,
devido a sua dificuldade para o acesso diário para moradores e principalmente devido a
ação conjunta de fatores climáticos e oceanográficos que não permitem a fixação de
moradias no local. Na área de dunas vegetadas foi possível identificar poucas moradias e
criação de animais como cavalos e bois.
O principal uso humano das Dunas de Carimã está associado a turismo (Figura
27). O geossítio é um dos cartões-postais da Ilha do Maranhão e recebe banhistas e turistas
que vem de outros Estados e do aglomerado urbano de São Luís. A atividade na área
acontece através de empresas de turismo especializadas em passeios náuticos que saem do
cais do porto principal do Município de Raposa e vão recortando os manguezais, com
paradas para banhos em locais com bancos de areia até a Ilha de Carimã onde os campos
de dunas são atrativos principais do passeio. É importante frisar também que as dunas são
o caminho de muitos pescadores que vão até Carimã pescar na parte correspondente a praia
de Carimã.
b) Praia de Carimã
O geossítio Praia de Carimã está localizado na área conhecida como Ilha de
Carimã, localizado na porção norte do município de Raposa (Figura 28). A sua
acessibilidade é considera moderada, visto que o acesso ao local se dá através de
transportes marítimos com a saída do Porto principal do munícipio de Raposa e para
chegar até a praia é necessário passar pelo campo de duna de Carimã. A distância do porto
até a praia de Carimã corresponde a mesma para chegar até as dunas de Carimã é de 1,51
milhas náuticas. Chegando nas dunas há uma caminhada de cerca de 300 metros até a Praia
de Carimã.
O geossítio Praia de Carimã não está submetido a nenhum tipo de proteção legal e
por estar localizado após o campo de Dunas de Carimã não está próximo a uma área
urbanizada. Porém, o aproveitamento deste local pelo homem se dá através de duas
principais formas: o aproveitamento turístico do local e uso dos bancos de areia na área de
pós-praia para a fixação de armadilhas de pesca.
A Praia de Carimã é um dos pontos mais visitados do município de Raposa, grande
parte dos roteiros turísticos do município finalizam com um momento de banho nesta praia
depois da travessia no campo de dunas (Figura 29). O potencial paisagístico do campo de
dunas e a possibilidade contemplativa do mar e local para banho presentes na praia se
complementam em relação ao potencial turístico de Carimã.
jovem que mudou-se para região e depois de um conflito familiar entre o marido e seu
irmão gêmeo o mesmo foi em direção as águas da praia de Carimã e desapareceu, há quem
diga que até hoje é possível ver uma jovem na praia a espera do seu amor.
Os serviços de conhecimento identificados neste geossítio ocorrem de forma
semelhante aos das Dunas de Carimã e estão relacionados aos bens e processos de “história
da Terra” por obter informações correspondente a formação dos ambientes costeiros do
Quaternário na Ilha do Maranhão e a “Educação e Emprego” devido a área ser utilizada
para aulas de campo por docentes e discentes cursos de graduação das áreas ambientais,
assim como para visitas de campo de discentes do ensino básico.
pontos da praia foram observadas construções de segunda residência utilizadas por seus
proprietários em épocas de férias ou finais de semana.
A partir destas interrelações foi possível identificar os serviços de regulação no
geossítio a partir das categorias de processos terrestres devido aos processos costeiros
observados na área e foram identificados os serviços de suporte associados aos bens e
processos de plataforma para o uso dos visitantes e população local e habitat de espécies de
crustáceos e moluscos (Figura 33).
Figura 33– Moluscos encontrados na Praia de Mangue Seco
d) Praia de Pucal
O geossítio Praia de Pucal encontra-se na porção noroeste do município de
Raposa (Figura 34). A sua acessibilidade moderada visto que o acesso a esta praia se dá
através da Praia de Mangue Seco a partir da travessia de um canal de maré ou através de
transportes marítimos saídos do porto da sede do município de Raposa, este último acesso
é utilizado mais por pescadores. A caminhada da Praia de Mangue Seco até a Praia de
Pucal possui uma distância de cerca de 4 km.
Baía de São Marcos contribuindo para a formação destas feições devido ao intenso
processo de erosão.
Figura 35- Bermas da Praia de Pucal
e) Praia de Taputiua
A localização geográfica mais recuada para o interior da Baía de Curupu faz com
que este sítio apresente características diferenciadas em comparação com os demais locais
inventariados no município de Raposa-MA e apresentando uma dinâmica mais estável em
relação aos processos de deposição e erosão na área (Figura 37).
Figura 37- Representação da zona de estabilidade costeira praia de Taputiua
O local não está sob nenhum tipo de proteção legal específica, estando apenas
conectado com as áreas de manguezais que são protegidas pela Lei. n°12. 12.651. Não foi
observada a presença humana de forma fixa no local. A praia é utilizada apenas por
pescadores que possuem transporte marítimos e que conseguem se deslocar até Taputiua
para pescar, desta forma, não foram observadas nenhum tipo de impacto de origem
antrópica que colaborasse para a vulnerabilidade costeira. Em relação a fragilidade costeira
a área apresenta a uma dinâmica intrínseca que se configura instável devido estar em uma
área de contato com o mar e com a dinâmica dos rios, porém, a sua localização a torna
mais protegida de agentes oceanográficos que contribuem para a erosão costeira.
Diante das informações levantadas na pesquisa os serviços identificados neste
geossítio foram os serviços de regulação relacionados a categoria de “processos terrestres”
representados principalmente pelos geológicos e geomorfológicos da área. Os serviços de
suporte foram identificados na categoria “plataforma” e “habitat” devido a atividade
pesqueira no local e a presença de moluscos na área. Os serviços de conhecimento estão
relacionados aos bens e processos de “história da terra”, visto que a área apresenta uma
dinâmica diferenciada em relação aos outros pontos inventariados e que podem contribuir
para a compreensão dos processos costeiros da Ilha do Maranhão.
f) Praia de Curupu
Figura 39- Localização do sítio da geodiversidade Praia de Curupu no município de Raposa – MA.
também devido aos olhares dos visitantes curiosos em conhecer o local que abriga uma das
casas do ex-presidente da república José Sarney.
A praia de Curupu apresenta alguns indícios de vulnerabilidade associados a
presença humana como o acúmulo de resíduos sólidos e despejos de esgotos das casas
fixadas no local e retirada da vegetação fixada na parte de pós-praia. Em relação aos
aspectos de fragilidade costeira observados neste trabalho destacamos que o local é
exposto a uma intensa dinâmica oceanográfica relacionada principalmente ao regime de
marés e ação dos ventos unidirecionais do quadrante nordeste juntamente com o aporte
fluvial na área que aumentam os níveis de erosão e deposição de forma constante deixando
o ambiente instável.
A partir das observações feitas em campo foi possível identificar no local serviços
de regulação associados a categoria “processos terrestres” devido a dinâmica costeira
existente no local; serviços de suporte associados as categorias “plataforma” e “habitat”
visto que a área é utilizada para construção de moradias e devido aos bancos de areia que
proporcionam o acúmulo dos moluscos que são coletados pela população local; e “habitat”
pois foi observada na área de praia a presença de bivalves e moluscos. Os serviços
culturais são atrelados principalmente a categoria de “geoturismo e lazer” devido a
atividade turística desenvolvida na área.
Sendo assim, a quantificação destes sítios traz valores e análises necessários para
gestão territorial da área costeira do município de Raposa e apresenta informações que
podem contribuir tanto para a conservação deste ambiente quanto para o desenvolvimento
de uma atividade turística sustentável e com rentabilidade econômica para o município.
costeira
F7 Presença de empresas turísticas 3 3 1 0 0 2 Média do NV
NV = (F1+F2+F3+F4+F5+F6+F7)/7 0,57 0,57 0,86 0,00 0,14 0,86 0,50
que vem atuando na área dos manguezais de mangue seco e na dinâmica praial do sítio
através da pesquisa e da extensão através de ações de educação ambiental.
As condições de acessibilidade e de observação são essenciais para obter os
maiores pesos neste valor potencial, visto que são dois critérios importantes para fins
educacionais de aulas de campo. Os geossítio Praia de Mangue Seco se destaca pela
acessibilidade pois é possível chegar até o local através de transportes públicos ou privados
através de estrada asfaltada e a parte que precisa ser feita a pé até as praias não apresenta
muitos obstáculos naturais.
As Dunas de Carimã e a Praia de Carimã só podem ser acessadas de forma mais
fácil através de transportes marítimos do Porto de Raposa até o local, porém o tempo de
travessia é de cerca de 15 minutos, o custo é de cinco reais e sempre há barcos a disposição
no local para ser feito o transporte de pessoas devido também ao potencial turístico
atrelados a estes locais. Os demais sítios inventariados tiveram seus pesos mais baixo na
quantificação deste parâmetro por conta principalmente das condições de acessibilidade
descritas no capítulo 6 na etapa de inventariação.
Figura 41– Registro de espécies de moluscos encontrados em diferentes pontos da área de estudo
Nos locais também foi observado suporte de algumas espécies dos ecossistemas
manguezal, principalmente a Laguncularia racemosa (L.) C.F.Gaertn. da família
Combretacea (mangue branco), assim como de plantas levadas para o local através da ação
humana como é o caso da Anacardium occidentale L. da família Anacardiaceae (Cajueiro)
e da Cocos nucifera L. da família Arecaceae (coqueiro) e das demais culturas para
consumo próprio dos moradores da região da Praia de Curupu
presença de rochas praiais, ou com presença de dunas ou vasta área de estirâncio com
areias de granulometria fina a muito fina, o que contribui para que o visitante possa
caminhar com mais facilidade e conforto e fique mais tempo no local.
Além dos critérios já citados o critério “condições de infraestrutura” contribuiu
fortemente para que as Dunas de Carimã, a Praia de Carimã e a Praia de Mangue Seco
(Figura 42) obtivessem as maiores médias em relação a valor de potencial turístico. Os
demais sítios como Praia de Curupu e Praia de Pucal não apresentam estruturas para
permanência do turista e ainda são pouco explorados devido as dificuldades de
acessibilidade, embora possuam “aspecto estético” relevante para a ocorrência da atividade
na área.
Figura 42– Estruturas de bares e restaurantes na Praia de Mangue Seco, Raposa (MA)
observação em campo dos critérios expostos no item 1.3.2. Estes critérios estão
relacionados apenas as características físico-naturais observadas na área e obteve uma
média baixa (1,5) em relação a análise feita. Porém, nas médias individuais os geossítios
localizados em Carimã obtiveram valores intermediários de fragilidade devido a fatores
como ausência de beachrocks, ausência de vegetação arbustiva-arbórea e devido a estarem
mais expostos a ação dos ventos e correntes oceanográficas devido a sua localização
geográfica (Mapa 10).
A Praia de Curupu que também recebe visitantes e turistas não apresentou muitos
sinais de poluição por resíduos sólidos o único impacto associado a parte de pós-praia
neste local foi a retirada da vegetação arbustiva para o uso da madeira, o que deixa terreno
mais vulnerável em relação agentes erosivos.
Capítulo 6
6.1 Geologia
De acordo com o relatório de geodiversidade do Estado do Rio Grande do Norte
produzido pela CPRM, organizado por Pfaltzgraff e Torres (2009), o município de
Galinhos abriga quatro tipologias geológicas principais, sendo elas: a Formação Jandaíra, a
Formação Barreiras, os Depósitos flúvio-marinhos e os Depósitos litorâneos de praias e
dunas móveis, representados no mapa 12.
• Formação Jandaíra
De acordo com a CPRM (2009), os sedimentos da Formação Jandaíra estão
presentes nas unidades tabulares na área e são representados, principalmente, por calcários
e calcarenitos. Esta formação está disposta mais ao sul do município de Galinhos e de
menor representatividade na área.
Esta formação ocorre na porção sul da área de estudo e é constituída por arenitos
argilosos com níveis conglomeráticos ferruginosos mal selecionados, cor amarelo-
avermelhado inserida na unidade geomorfológica tabuleiros costeiros e que representa o
limite a planície costeira que abriga depósitos sedimentares (COSTA NETO, 2009).
• Depósitos Flúviomarinhos
Estes depósitos ocorrem em áreas de declividade mais baixas, nas porções mais
próximas aos canais de maré. Lima (2004), afirma que estes ocorrem nas regiões
protegidas da ação das ondas nas margens dos canais de maré. Estes depósitos estão
associados as áreas de manguezais, e segundo a autora, são formados por vasas arenosas
orgânicas e/ou argilo-arenosas, que se encontram localizadas entre o estuário e o mar
(Figura 43) formadas por sedimentos finos associados às argilas orgânicas e silte
denominadas por sedimentos de mangues.
Costa Neto (2009), caracteriza estes depósitos na área como constituídos por uma
sequência sedimentar constituída de areias, areias lamosas, lamas arenosas e lamas
depositadas pelo movimento de marés onde ocorrem ecossistemas de manguezais e
apicuns e são classificados em depósitos de supramaré e intermaré.
Lima (2004), caracteriza esses depósitos, associados aos ambientes de praia, como
constituídos predominantemente por areias quartzosas, variando desde finas até grossas,
conchas de moluscos e outros que se apresentam em uma faixa estreita, ocorrendo
diretamente na linha de costa, geralmente com uma pequena inclinação no sentido mar.
6.2 Geomorfologia
Segundo a CPRM (2009), no relatório de Geodiversidade do Estado do Rio
Grande do Norte, as unidades geomorfológicas mais representativas do município de
Galinhos associadas a zona costeira são os: Tabuleiros, Planícies Flúviomarinhas e
Flúviolacustres e Campos de dunas Fixas e Móveis. Outra unidade geomorfológica que
não consta nos trabalhos da CPRM, mas que foi observada na área e que também é
mencionada nos trabalhos de Lima (2004) e Costa Neto (2009) é a Planície Costeira. Silva
(2018) em seu trabalho aponta as planícies hipersalinas associadas as áreas de Planíce
Flúviomarinha assim como indica as áreas de depressão de deflação mais conhecido na
literatura como planícies de deflação que estão associados aos campos de dunas móveis.
Todas estas unidades geomorfológicas estão representadas no mapa 13.
• Tabuleiros
Lima (2004), afirma que nestas áreas o gradiente de declividade é quase nulo
estando sujeito a ação das marés e devido a topografia estas áreas são ambientes favoráveis
aos processos de sedimentação flúviomarinha. Esta unidade abriga o ecossistema
manguezal na área e dão suporte para o desenvolvimento da carcinicultura e da atividade
salineira na área.
Sobre os campos de dunas da área, Lima (2004) afirma que na área são
encontradas Dunas Móveis do tipo barcana na porção mais a leste e dunas fixas na porção
mais central e a oeste de galinhos (Figura 45). A autora ainda indica que as dunas da área
são bem representadas por padrões de reflexão obliquo a paralelos e que as superfícies de
reativação na área são marcantes e comuns, indicando lapsos de tempo na deposição do
material, caracterizando pelo menos duas gerações de depósitos eólicos, uma mais antiga
depositada discordantemente sobre as fácies de canal de maré, e a outra mais recente que
se sobrepõe a estas fáceis e são caracterizadas por apresentar formas de leito assimétricas e
por apresentar cunhas e acanalamentos de ordem de 15 a 30 metros de extensão
deflação. Silva (2018) destaca que os ventos de NE e L são os responsáveis pela migração
contínua de sedimentos nesta área, fato que dificulta a formação de solos na área e justifica
a ausência de vegetação devido a transitoriedade da recarga de sedimentos.
• Planície Costeira
A Planície Costeira na área é representada pelos ambientes de praias presentes no
munícipio, como as praias de Galos e Galinhos. Estes ambientes apresentam entre 1 a 4
metros de elevação e correspondem as áreas de sedimentos de depósitos litorâneos de
praias e dunas móveis.
Lima (2004) caracteriza esta unidade no munícipio como apresentando estruturas
sedimentares como marcas de ondas, marcas de corrente, canaletas e marcas de
escorregamento. A autora também enfatiza que na área há a presença de cúspides praiais
que apresentam equidistâncias média de 25m. Também é possível observar na área a
presença de arenitos praiais (beachrocks) em vários pontos da linha de costa.
Em relação ao regime dos ventos na área, esta sofre atuação dos ventos alísios de
NE e segundo Costa Neto (2009), a velocidade média dos ventos na área é de 6,2 m/s e que
as menores velocidades mensais ocorrem nos meses de março a junho, as quais oscilam
entre 4,8 e 5,3 m/s, enquanto as maiores ocorrem nos meses de setembro a novembro, com
valores entre 7,3 e 7,7 m/s.
Santos (2018) refere-se aos ventos com velocidade de 6 a 6,5 [m/s], afirmando
que os ventos que proporcionam a maior potência de instalação das eólicas na área, e logo,
também possibilitam uma maior produção energética. Porém, Sousa (2019), destaca que
após a instalação das eólicas (Figura 46) a população local começou a surgir com
preocupações sobre o acesso as dunas, o comprometimento das formas dunares, a
transformação da paisagem, a proximidade das torres eólicas com o distrito de Galos, os
roteiros turísticos e a alteração nos comportamentos dos peixes devido ao barulho emitido
pelas torres.
É importante enfatizar que esta atividade também vem causando danos ao local,
principalmente por conta as atividades turísticas feitas por bugueiros na área. O uso dos
buggys sem fiscalização e sem uma rota definida na área está diretamente atrelado a
deformação das feições dunares.
Outro uso na área, relatado por Lima (2004), é o uso antrópico no setor de
estirâncio das praias, onde a população e a própria prefeitura retiram fragmentos dos
Capítulo 7
AVALIAÇÃO DO GEOPATRIMÔNIO COSTEIRO DE
GALINHOS-RN
7.1.1 Geossítios
A seguir estarão descritos os sítios que foram identificados com grande relevância
científica no local. Estes locais também possuem interesses turísticos, educativos,
ecológicos e econômicos associados à sua importância para a área.
a) Praia de Galinhos
A Praia de Galinhos é formada por depósitos holocênicos que estão sob forma de
depósitos praiais e por arenitos ferruginosos que estão sob forma de beachrocks neste
geossítio. Segundo as análises da área da pesquisa de Lima (2004) e Costa Neto (2009)
afirmam que o local apresenta areias quartzosas de granulometria média a fina, bem
b) Duna do André
A Duna do André é formada por sedimentos do Holoceno que estão sob forma de
depósitos eólicos que são formados pela amplitude de variação dos ventos de SE e NE e
pelas relativamente altas velocidades dos ventos, que segundo Costa Neto (2009) variam
entre os meses de março e julho (12,09 km/h) e entre os meses de agosto e fevereiro (17,72
km/h) e resultam na formação e migração dos campos de dunas.
Do ponto de vista geológico a Duna do André é formada por areias quartzosas que
segundo Silva et al (2005) são compostos de areia média a muito fina inconsolidadas, bem
selecionadas, desprovidos de cobertura vegetal, sujeitos à dissipação pelos ventos. A Duna
do André corresponde a classificação de dunas móveis com perfil longitudinal
apresentando crista paralela ao sentido do fluxo de sedimentos com cerca de 13 metros de
elevação.
Essas características geológicas e geomorfológicas reforçam o valor científico e
educativo deste sítio devido a possibilidade vislumbrar muitos elementos da paisagem,
destacados já no trabalho de Silva (2020), como o contato do sistema dunar com os canais
de maré, a vegetação do manguezal e as demais dunas da zona costeira de Galinhos.
O potencial turístico deste sítio é considerado acentuado visto que esta duna é um
ponto de parada obrigatório presente nos roteiros turísticos do município. Os bugueiros
indicam este local utilizado pelos visitantes para contemplação da paisagem, ponto de
parada para fotos e como local onde ocorrem luais em noites de lua cheia.
O geossítio encontra-se submetido a proteção legal como Área de Preservação
Permanente (APP) pela Lei Estadual nº 6.950, de 20 de agosto de 1996 que dispõe sobre o
Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro. Porém, os usos que ocorrem na área não são
planejados de acordo com esta legislação.
Os fatores climáticos e oceanográficos que atuam sobre esta duna contribuem para
considerá-lo um sistema frágil, porém, mais estável se comparado com as Dunas do
Capim, pois a Duna do André encontra-se localizada em um ponto menos exposto a ação
das correntes oceanográficas. Como a atividade turística é a principal atividade humana
associada a este geossítio o único sinal associado a vulnerabilidade observado foi a
passagem dos buggys se forma não planejada sobre a duna. Porém, como observamos em
campo e conforme Silva (2020) afirma não foram identificados significativas mudanças na
sua forma ou ameaças que venham a descaracterizá-lo.
Os serviços ecossistêmicos da geodiversidade identificados no local foram os
serviços de regulação associados a categoria “qualidade da água” devido a potencial de
recarga de aquíferos dos sistemas dunares e “processos terrestres” justificado pela
formação da própria duna em si. Também foram identificados os serviços de suporte
principalmente a partir da categoria “Plataforma” visto que o geossítio serve de base para a
atividade turística. E os serviços culturais sob forma dos bens e processos
“Desenvolvimento social”, “Geoturismo e lazer” devido a atuação da atividade turística no
local e nas categorias “inspiração artística” e “Significados culturais, espirituais e
históricos” posto que a área é representada nas pinturas de artistas locais e utilizada para
fazer encontros como luais. Os serviços de conhecimento são encontrados na área devido a
menção do local em trabalhos científicos.
c) Dunas do Capim
O geossítio Duna do Capim está localizado na porção oeste do Spit de Galinhos
(Figura 54). O acesso a área é considerado fácil, visto que por ser um dos maiores atrativos
turísticos da área apresenta a possibilidade de acesso por meio de transportes marítimos
saindo do píer localizado as margens do canal de maré chamado Pisa Sal. O acesso de
Silva (2020) afirma que este geossítio tem seu nome associado à ocorrência de
uma vegetação rasteira que se desenvolve nas áreas mais rebaixadas do campo dunar, onde
o lençol freático emerge e a maior umidade permite o desenvolvimento desse tipo de
vegetação. Através de conversas informais com moradores da área foi relatado que esta
área antes era utilizar para levar os animais para se alimentarem do capim existente ali o
que reforça a toponímia do lugar.
As Dunas do Capim são compostas por depósitos eólicos do holoceno formados
pela variação de velocidade e amplitude dos ventos de sentindo SE e NE e que contribuem
de forma determinante para sua formação e processo migratório. De acordo com Lima
(2004) e Silva et al. (2005) a granulometria desta área dunar no município varia de fina a
média, bem selecionadas em um ambiente onde a insolação é de cerca de 7,22 hora/dia o
que contribui para a dissipação dos grãos pelos ventos.
As dunas que formam este geossítio correspondem a classificação de dunas
móveis do tipo barcanas de acordo com Lima (2004), apresentando forma de meia-lua e
com dobras voltadas para o mesmo sentido de direção dos ventos. Outra característica que
agrega ainda mais o valor científico do local é a presença se sub-fósseis vegetais (Figura
53), muito provavelmente advindos da fossilização da Calotropis procera (Aiton)
W.T.Aiton da família Apocynaceae, conhecida popularmente como flor-de-seda, rosa-seda,
algodão-da-praia etc. A espécie se adapta muito bem a regiões áridas e é proveniente do
norte da África e do sudoeste da Ásia (MOREIRA FILHO E VIANA, 2014). Silva (2020)
desta a ocorrência deste sub-fósseis vegetais em seu trabalho e destaca que são
rizoconcreções preservados em feições verticais que remontam a sua época de formação e
que tiveram o tecido vegetal substituído por quartzo e cimento carbonático (Figura 55).
Figura 55 - Área com os sub-fósseis vegetais nas Dunas do Capim
seria descaracterização de feições dunares e das áreas de sub-fosséis pelo acesso feito pelos
buggys. Em relação a atividade eólica na área destacamos a tentativa de construção de
estradas no meio do campo de dunas, a poluição visual da paisagem e o retrabalhamento
das feições dunares para o bom andamento das atividades eólicas.
Em relação aos serviços ecossistêmicos da geodiversidade identificados na área
destacamos a presença dos serviços de regulação através das categorias de “qualidade da
água” (recarga de aquíferos) e “processos terrestres” (dinâmica de formação da paisagem).
Os serviços de suporte foram identificados sob forma das classes, “plataforma” e “habitat”
que estão representados pelo uso do local para atividades turísticas e como habitat de
alguns tipos de bivalves.
Os serviços culturais identificados na área relacionados as bens e processos de
“geoturismo e lazer” e “desenvolvimento social”, devido a área ser um dos destaques
turísticos do município e inspiração artística visto que, observamos o local presente em
pinturas de artistas locais em muros e paredes no distrito de Galinhos.
9,0 x 4,20 x 1,15 m de comprimento, largura e altura, respectivamente, com mergulho das
camadas de 10° e estratificação plano paralela variando entre 2 e 5 cm, características essas
que o diferem de seu entorno. Esse eolianito encontra-se a 7,2 km à leste do centro da
cidade de Galinhos. A formação é composta predominantemente por quartzo com camadas
plano-paralelas (Figura 57).
Este geossítio não está submetido a nenhum tipo de proteção legal específica. O
fato de estar na área correspondente as Dunas do Capim faz com esteja associado a uma
área considerada APP pela Lei Estadual nº 6.950/1996 porém, como destacado
anteriormente os usos humanos que ocorrem na área não demonstram os cuidados
previstos por lei.
e) Praia do Farol
A Praia do Farol é formada por depósitos holocênicos que estão sob forma de
depósitos praiais e por arenitos ferruginosos que estão sob forma de beachrocks neste sítio
e que serviram de base para a construção do farol. Lima (2004) afirma que o local
apresenta areias quartzosas de granulometria média a fina com cascalho esparso, e bem
selecionadas. Esta praia apresenta um perfil que varia de refletivo a intermediários com
uma área de estirâncio de 135 metros de acordo com Lima (2004).
Segundo pesquisas de Lima et al. (2003) a dinâmica da praia apresenta a
formação de barras arenosas nos meses de dezembro a março e a implantação de bermas
nos meses de novembro até junho, apresentando segundo a autora um comportamento
parecido ao da Praia de Galinhos. Observamos também neste sítio a formação de dunas
semi-fixas na parte de pós-praia e outras estruturas sedimentares como marcas de corrente,
marcas de ondas e marcas de espraiamento.
O local não está submetido a nenhum tipo de proteção legal. Além da dinâmica da
praia que permite a formação de uma lagoa que é utilizada pelos banhistas esta praia
recebe muitos visitantes que buscam chegar até o farol que encontra-se construído no local.
Segundo Vainsencher (2008), o Farol Galinhos foi construído em 1931, representa o oitavo
farol erigido no Rio Grande do Norte. É importante destacar os passeios de charretes que
saem da Praia de Galinhos com destino a Praia do Farol e que contam como uma atividade
importante associada ao turismo no local.
O local também apresenta outra importância cultural além de ser o atrativo
turístico, segundo os autóctones o Farol está associado a um significado sagrado, posto que
conta-se que morava no distrito de Galinhos uma senhora muito conhecida por todos
chamada Maria Faustina ou Maria Fulô. Os moradores contam que ao morrer esta senhora
foi enterrada em um local próximo ao Farol há cerca de 40 anos e muitas pessoas vão ao
local rezar e pedir a intercessão de dona Maria Faustina por seus problemas e contam ser
atendidos obtendo milagres.
Em relação a fragilidade associada a este sítio destacamos a dinâmica local
associada as oscilações de marés que causam mudanças abruptas na sua morfologia. Em
relação as vulnerabilidades decorrentes da ação humana destacamos que o local está
localizado a 600 m do lixão do distrito de Galinhos.
Rocha (2008) aponta em sua pesquisa esta proximidade como um risco para o
potencial turístico e para a poluição da praia posto que resíduos sólidos são arrastados pelo
vento até as mediações próximas da praia do Farol ou já estão tendo alguns pontos da área
de dunas que ficam localizadas na parte de pós-praia ocupadas como local de despejo do
lixo. Em conversas com os moradores locais foi obtida a informação de que há o despejo
de esgotos através de sumidouros que chegam até estas dunas. Os arenitos próximos ao
farol apresentam um bom estado de conservação e não foram observados danos causados
pela atividade turística a estas feições.
A partir das informações levantadas identificamos no local os seguintes serviços
prestados pela geodiversidade: os serviços de regulação associados a categoria de
“processos terrestres” devido a dinâmica costeira local e os serviços de suporte associados
a categoria “plataforma” visto que o local serve de suporte para as estruturas atreladas ao
turismo e os arenitos são base para a construção do farol; destacamos também a categoria
“habitat” devido a ser observado no arenito a presença de bivalves nas parte do estirâncio e
barras arenosas e de moluscos gastrópodes nos arenitos (Figura 59), conhecidos
popularmente como cracas-de-praia (Cerithium atratum).
Figura 59- Arenitos praiais como suporte para o habitat para cracas-de-praia
a) Praia de Galos
A Praia de Galos é formada por depósitos praiais do holoceno que segundo Lima
(2004) apresentam granulometria fina a média com cascalhos esparsos que variam de bem
selecionadas a pobremente selecionadas. Segundo a autora a parte de pós-praia é
constituída por sedimentos que variam de areia a areia siltosa. Esta praia apresenta um
perfil que varia de refletivo a intermediário, com ondas mergulhantes e com uma área de
estirâncio de 50 metros de acordo com Lima (2003; 2004). Neste sítio é possível observar a
presença de conglomerados com arenitos ferruginosos e sob forma de beachrocks. Outras
estruturas sedimentares podem ser observadas no local como marcas de ondas, marcas de
corrente, cúspides praiais e a formação de dunas frontais em alguns pontos da praia.
Figura 62– Aula de campo com turma de alunos da Pós-Graduação em Geografia da UFRN na
Praia de Galinhos – RN mostrando a estrutura dos beachrocks
conservação da vida. A média para este valor potencial em Galinhos foi 2 sendo atribuído
um peso médio para este parâmetro na área.
Com exceção dos Eolianitos das Dunas do Capim, os demais sítios apresentaram
peso 2 no critério suporte para a biodiversidade costeira, indicando um valor médio
atribuídos aos sítios nesta categoria, sendo possível observar nas inventariações a
ocorrências de espécies faunísticas como moluscos e bivalves e espécies florísticas
herbáceas e arbustivas (Figura 63) que ocorrem nestes ambientes como a Panicum
racemosum (P.Beauv.) Spreng da família Poaceae (capim-das-dunas), Ipomoea pes-caprae
(L.) R.Br. da família Convolvulaceae (salsa-da-praia), rosa-seda (Calotropis procera), etc.
demais e estas informações ficam como indicativo para agregar valor a atividade turística
que já existe em Galinhos, o que contribui para conservação do local.
Figura 64– Poesias sobre a praia de Galinhos e a Praia do Farol no livro “Histórias da Minha
Terra” do autor Ivo Rodrigues Ribeiro
A Praia de Galos recebeu a menor devido a ter pontuado menos nos critérios
“presença de formas litorâneas”, “prática de esportes radicais ou outras atividades físicas”
e “associação com aspectos culturais”, segundo conversas com guias turísticos locais, este
ponto é mais visitado por turistas que realmente valorizam um turismo de natureza e que
buscam um local mais tranquilo para contemplar a natureza onde pode ser observado o
contato entre o ambiente de praia com o manguezal. A praia também é um ponto de parada
rápida para os demais visitantes e caminho entre a Praia de Galinhos e as Dunas do Capim.
com as demais características dos sítios e analisar o nível de exposição destes locais a
ocorrência de erosão costeira devido a ação dos ventos e das marés.
O geossítio Duna do André foi o que obteve a menor média no NV (0,86), visto
que a única atividade antrópica que se encontra em atuação no local é o turismo, onde não
identificamos no local impactos negativos tão aparentes quanto nos demais locais em
relação a esta atividade.
Capítulo 8
ANÁLISE COMPARATIVA DA GEOCONSERVAÇÃO
COSTEIRA DE RAPOSA-MA E GALINHOS-RN
Para a obtenção dos resultados deste valor de uso foi utilizada a aplicação da
equação apresentada no capítulo 1 no tópico 1.3.4 que considerou as médias do Valor de
Potencial Científico (VPC) e do Valor de Potencial Educativo (VPE) dos sítios
inventariados. As médias gerais obtidas para os sítios inventariados apresentaram as
diferenças da diversidade de processos geológicos/geomorfológicos entre os dois
municípios, tendo Galinhos (RN) apresentado a média 3 e Raposa (MA) apresentando
média 2,3 para o Valor de Uso Científico do local (Mapa 21).
Ambas as áreas apresentaram números considerados de médio a alto para
classificação de relevância do uso científico, tendo sido principalmente os critérios
“abundância/raridade”(A1), “objeto de referência bibliográfica”(A2) e “Representatividade
de processos geológicos/geomorfológicos costeiros”(A3) do VPC e os critérios “condições
de observação” (B1), “condições de acessibilidade” (B2) e “relevância didática” (B3) do
VPE que obtiveram destaque da pontuação dos pesos na maior parte dos sítios
inventariados nas duas áreas e contribuíram para as médias obtidas para o Valor de Uso
Científico.
mesmo local como, por exemplo, na Praia do Farol. Neste local, podemos observar a
presença dos arenitos ferruginosos, os depósitos arenosos na faixa de praia e sob forma de
dunas frontais e outras estruturas sedimentares como bancos arenosos e bermas.
Ainda em relação aos as médias obtidas neste Valor de Uso Científico para o
município de Galinhos, damos destaque a contribuição da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte para os estudos costeiros da região de Galinhos-Guamaré-Macau (LIMA,
2004; COSTA NETO, 2009; ARAÚJO, 2015; MARCELINO, PINHEIRO E COSTA,
2018) muitos deles derivados das preocupações ambientais devido a presença da Petrobrás
e das empresas eólicas na área.
O município de Raposa apresenta em sua dinâmica costeira uma conexão mais
forte com a ação dos canais de maré nas áreas de praia, posto que o município é
praticamente todo recortado pelo ecossistema manguezal, deixando a sua dinâmica mais
associada a ação destes agentes além dos ventos e das correntes oceanográficas. A
localização recuada no Golfão Maranhense, como no caso de praia de Taputiua, permitem
a ocorrência de arenitos ferruginosos na zona de praia, assim como, ocorrem em Galinhos
nas Praias de Galinhos, Galos e Farol. Este fator trouxe maior valor científico a este
geossítio no município de Raposa, posto que foi o único no local que apresentou este tipo
de estrutura sedimentar.
A relevância didática e as referências bibliográficas que ambas as áreas já
possuem destacam ainda mais o seu potencial para uso científico em novas ações de
divulgação sobre a importância sobre o local, como a estruturação de roteiros
geocientíficos para os municípios, posto que alguns como as Dunas de Carimã, Praia de
Carimã e Praia de Mangue Seco, no município de Raposa; e as dunas do André, Dunas do
Capim, Praia de Galinhos, Eolianitos das Dunas do André já são utilizados para fins
didáticos, principalmente, para o público voltado para o ensino superior. Este tipo de
roteiro, além de valorizar as informações científicas, contribui para que pesquisadores de
diferentes áreas possam conhecer em campo o potencial da geodiversidade nestes locais e
fazer novas associações científicas com suas esferas de atuação (Ex: história e
geodiversidade, sociologia e geodiversidade, geopolítica e geodiversidade, botânica e
geodiversidade etc.).
geossítios e sítios da geodiversidade das duas áreas de estudo. Em contexto geral de análise
dos locais obtivemos a média 2,6 para Galinhos (RN) e 1,9 para Raposa (MA) para o Valor
de Uso Turístico e Didático (Mapa 22).
Figura 65- Destaque para critérios A1 e D1 na cor laranja na tabela de quantificação do município
de Galinhos que obtiveram maiores pesos mostrando sua correlação na planilha do Excel
ocorrência dos ecossistemas da área. É importante lembrar que estes pesos são atribuídos a
partir de observações feitas em campo e a partir de pesquisas de outras áreas das ciências
ambientais como a oceanografia e limnologia, a ecologia, a botânica etc.
O VUG apresentou as maiores médias nas áreas de estudo, justamente nos sítios
que apresentaram os maiores valores no Valor de Uso Científico (VUC) e no Valor de Uso
Turístico e Didático (VUTD). No município de Raposa destacamos os geossítios Praia de
Carimã (2,3), Dunas de Carimã (2,3) e Praia de Mangue Seco (2,3) com as médias mais
altas para o VUG e no município de Galinhos (RN) destacamos os geossítios Dunas do
Capim (2,9) e Praia de Galinhos (2,3) com as maiores médias.
Considerando as possibilidades de estratégias de conservação mencionadas nos
tópicos anteriores atreladas ao potencial científico e turístico do local, destacamos também
a importância de pensarmos em estratégias voltadas para a geoconservação que contribuam
também a manutenção da parte biótica dos ecossistemas. Pois em muitos casos a
biodiversidade acaba sendo suporte também para a manutenção das geoformas e
diminuição de problemas ambientais, como no caso da importância da vegetação rasteira
sobre as dunas frontais em ambientes costeiros que contribuem para a contenção dos
sedimentos e diminuição dos avanços destas feições nas áreas de planície costeira.
Figura 66– Destaque para os valores de RD e VUG dos municípios de Raposa (MA) e Galinhos
(RN) mostrando a correlação entre os dois valores na planilha do Excel
Relevância Valor do RD
Valor
Sítio Risco de Ameaças associadas
da R
Degradação
Considerações Finais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Geodiversidade é uma temática necessária no âmbito das geociências e do
planejamento e gestão ambiental. O seu surgimento trouxe para as ciências ambientais e
aplicadas novas possibilidades para falarmos de um assunto tão necessário já tratado em
várias pesquisas, mas que nem sempre conseguia a visibilidade necessária: a importância
das potencialidades e da conservação dos recursos abióticos. Dentre as várias contribuições
e aplicações possíveis que podem ser dadas para o avanço das ciências da História da Terra
sobre o conhecimento específico de áreas prioritárias da geodiversidade, destacamos a
possibilidade de contribuir para geoconservação destes locais, considerando suas
relevâncias científicas, de suporte ecológico, turísticas, econômicas, culturais etc. para a
sociedade.
As discussões trazidas nesta pesquisa vêm no sentido de agregar valor as
metodologias de avaliação do geopatrimônio, contribuindo para o desenvolvimento e
robustez das discussões e aplicações voltadas para a conservação destas áreas. Neste
trabalho, foi dada ênfase para a geodiversidade de ambientes costeiros por dois principais
motivos: 1) para enfatizarmos a diversidade em escala macro ou micro da geodiversidade
nestes espaços, formada num contexto mais recente da História da Terra que é de extrema
importância para a manutenção dos ecossistemas e para as necessidades atuais das
sociedades; 2) contribuirmos para o detalhamento metodológico de algumas
especificidades costeiras que se consideradas no momento da avaliação do geopatrimônio
podem trazer resultados que permitirão tratar de forma mais específica as ameaças
associadas a estes ambientes.
A proposta metodológica desta pesquisa vem somar esforços para trazer às etapas de
inventariação e quantificação do geopatrimônio costeiros critérios que venham enfatizar
ainda mais a importância destes ambientes, como já vem sendo feito por Santos et al.
(2020) que trouxe análises mais específicas para realidade do litoral do Rio de Janeiro ou
Araújo, Chagas, Diniz (2020), que trouxeram contribuições relevantes para a avaliação do
valor estético e científico da geomorfordiversidade da zona costeira de Icapuí–CE.
Na proposta foram trazidas contribuições que detalhassem mais as fragilidades
intrínsecas e vulnerabilidades decorrentes de ações antrópicas associadas aos
geossítios/sítios da geodiversidade, neste caso considerando os critérios geralmente
presentes em áreas costeiras, como foi apresentado no capítulo 1. O apêndice 2 traz o
detalhamento destes critérios que vem contribuir para a análise do Risco de Degradação de
forma mais específica para estes ambientes. A análise de dois ambientes costeiros com
Outra consideração que merece destaque sobre o VPT neste trabalho é repetição
dos critérios “condições de acessibilidade” e “condições de observação” que estão
presentes também no VPE (Valor de Uso Educativo), porém, consideramos necessárias
para a indicação do potencial turístico de um geossítio/sítio da geodiversidade visto que
são informações importantes e de muito valor para o desenvolvimento de estratégias de uso
Desta forma, destacamos nesta tese como avanços metodológicos para avaliação
do geoapatrimônio nas especificidades voltadas para os ambientes costeiros presentes nas
descrições dos guias dos valores potenciais (Apêndice 2), os critérios propostos para a
quantificação do Nível de Fragilidade (NF) e Nível de Vulnerabilidade (NV) que compõe
os cálculos do Risco de Degradação (RD).
Além disto, destacamos outros critérios relacionados aos valores potenciais que
correspondem a avanços metodológicos como: “condições sedimentológicas do terreno” e
“práticas de esporte radicais e outras atividades fisícas” para a avaliação do VPT (Valor
Potencial Turístico); a importância paleogeográfica para a avaliação do VPSE (Valor de
Potencial de Suporte Ecológico) e inserção do Valor de Uso e Gestão (VUG) para o
cálculo de Relevância dos sítios inventariados, visto que este trabalho tem como foco
contribuir para a gestão e geoconservação dos sítios costeiros. É importante ressaltarmos
que o Apêndice 2 apresenta todos os critérios apresentados adaptados a realidade costeira
com foco de contribuir para a avaliação do geopatrimônio nestes ambientes em localidades
diferentes.
Os municípios de Raposa (MA) e Galinhos (RN) são duas áreas que apresentam
destaque em sua geodiversidade costeira e estão inseridos em contextos ambientais e
sociais diferentes dentro da região nordeste. Em relação às médias obtidas para os Valores
de Uso Científico (VUC) é possível observar que os pesos maiores obtidos para Galinhos
no critério “representatividade de processos geológicos/geomorfológicos costeiros” foram
determinantes para que os sítios deste município apresentassem médias maiores em
Raposa (MA) e Galinhos (RN) obtiveram pesos semelhantes nos critérios voltados
para o VPE (Valor de Potencial Educativo), fator de grande importância para que o Valor
de Uso Científico das duas áreas fossem considerados altos e apresentassem geossítio com
fator de Relevância (R) internacionais e nacionais. A atividade turística está presente nas
duas áreas, destacando o Valor de Uso Turístico e Didático (VUTD) associados
principalmente aos geossítios Praia de Carimã, Dunas de Carimã e Praia de Mangue Seco
em Raposa (MA); e aos geossítios Praia de Galinhos, Praia do Farol, Dunas do Capim e
Duna do André em Galinhos (RN).
Porém, a forma como o turismo ocorre nas duas áreas, influência para que os
valores do Risco de Degradação de Galinhos (RN) serem maiores que o de Raposa (MA)
posto que a prática desta atividade na segunda área não é desenvolvida ainda de forma tão
acentuada se comparada a primeira e a forma que ocorrem nos locais são diferentes. Por
exemplo, os passeios turísticos nas dunas de Carimã são geralmente realizados através de
caminhadas guiadas ou não pelas empresas turísticas, enquanto em Galinhos, nas dunas do
Capim, os deslocamentos ocorrem na maioria por meio de carros traçados como 4x4 e
buggys.
É por perceber este aspecto que destacamos o geoturismo de base local como
principal ferramenta de geoconservação para os sítios inventariados nas duas áreas, visto
que este segmento do turismo ainda viria agregar o valor científico e educativo para o local
e contribuiria para aumentar as possibilidades de públicos que iriam utilizar as áreas
aumentando assim, retorno econômico para os municípios, que já obtém lucro com esta
atividade, e contribuindo para a geoconservação costeira de Raposa (MA) e Galinhos
(RN).
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
APÊNDICE 1
FICHA DE INVENTARIAÇÃO – PONTOS DE INTERESSE DA GEODIVERSIDADE
(Zona Costeira)
Nº do ponto Data:
Localização Geográfica
Coordenadas
Geográficas:
Acesso (avenida,
rua, estrada):
Povoado / Distância:
comunidade
mais próxima:
Acessibilidade: ( ) Fácil ( ) Moderada ( ) Difícil
Caracterização Geral
Condições de ( ) Boas ( ) Satisfatórias ( ) Regulares ( ) Ruins
observação:
Enquadramento ( ) Nenhum ( ) Uso Sustentável ( ) Proteção Integral ( )Outras
legal:
Classificação ( ) Geoforma ( ) Processo
Principal:
Escala: ( ) Ponto ( ) Faixa ( ) Área ( ) Panorama
( ) Turismo ( ) Aquicultura e pesca ( ) Explotação petrolífera
Aproveitamento ( ) Exploração Mineral ( ) Estruturas industriais ( ) Estruturas portuárias (
do terreno: ) Parques eólicos ( ) Outros. Quais: -------------------------------------------------------
---------------------------------------------
Local sensível a ( ) Muita ( ) Pouca ( ) Nenhuma
divulgação:
Estado de ( ) Boa ( ) Razoável ( ) Ruim
conservação:
Caracterização do ambiente praial
Horário de Início: Horário de fim:
Pós-praia
Erosão ( ) Sim ( ) Não Deposição: ( ) Sim ( ) Não / Largura:
Presença de dunas ( ) Sim ( ) Não Tipo: ( ) Móveis ( ) Semi-fixas ( ) Fixas
Forma das dunas: (...) barcana ( ) barcanóide ( ) parabólicas ( ) estrela (...) transversais (...)
(...) longitudinais
Escarpa de Berma ( ) Sim ( ) Não Altura:
Falésias: ( ) Sim ( Tipos:
) Não( ) Ativas ( ) Inativas
Praia (estirâncio)
Erosão ( ) Sim ( ) Não Largura:
Estrutura sedimentar: ( ) marca de onda ( ) marca de corrente ( ) caneleta ( ) estratificação
( ) marca de escorregamento ( ) marca de espraiamento (...)linha de deixa
( ) cúspide
Antepraia
Recifes: ( ) Sim ( ) Não / Tipo: ( ) Atol ( ) Franja ( ) Barreiras
Composição: ( ) Arenitos ( ) Corais
Tipos de ondas: ( ) Mergulhantes ( ) Deslizante ( ) Frontal ( )Ascendente
Tipo de interesse do local
Pelo conteúdo (B – baixo; M – médio; A – alto):
Geomorfológico ( ) B ( ) M ( ) Estratigráfico ( )B ( )M ( )A
A
Paleontológico ( ) B ( ) M ( ) Tectônico ( )B ( )M ( )A
A
Hidrogeológico ( ) B ( ) M ( ) Mineralógico ( )B ( )M ( )A
A
Geoquímica ( ) B ( ) M ( ) Petrológicos ( )B ( )M ( )A
A
Mineiro ( ) B ( ) M ( ) Museus e coleções ( ) B ( ) M ( ) A
A
Pelo possível uso (B – baixo; M – médio; A – alto):
Turístico ( ) B ( ) M ( ) A Científico ( ) B ( ) M ( ) A
Econômico ( ) B ( ) M ( ) A Didático ( )B ( ) M ( ) A
Fragilidade costeira
Sedimentos: ( ) Fino ( ) Grosso ( ) Médio Praia: ( ) Refletiva ( ) Dissipativa
Vegetação arbórea: ( ) Sim ( ) Não / Exemplos:
Vegetação arbustiva: ( ) Sim ( ) Não / Exemplos:
Vegetação herbácea: ( ) Sim ( ) Não / Exemplos:
Recifes: ( ) Bancos de Areia: ( ) Sim ( ) Não
Coralíneos ( )
Algálicos ( )
Arenitos
Minerais Pesados: ( ) Sim ( ) Terraço de abrasão: ( )Sim ( ) Não
Não
Vulnerabilidade Costeira
Urbanização: ( ) Vegetação agrícola: ( ) Sim ( ) Não
Alta ( )
Moderada ( )
Intensa
Presença de viveiros: ( ) Sim ( ) Extração Mineral: ( ) Sim ( ) Não / Qual? -----------------
Não
Acúmulo de resíduos sólidos: ( ) Sim ( ) Não / Exemplos:
Despejo de esgotos:( ) Sim Tipo: ( ) Domésticos ( ) Industriais
( ) Não
Obras de contenção: ( ) Espigão ( ) Muro de arrimo ( ) Enrocamento ( ) Gabião
Serviços ecossistêmicos da geodiversidade
Serviços de regulação: ( ) Controle de Inundação ( ) Qualidade da água ( ) Processos terrestres
Exemplos:
• Descrição Geomorfológica:
• Mapa de localização:
• Observações
APÊNDICE 2
PARÂMETROS E PONTOS ATRIBUÍDOS PARA QUANTIFICAÇÃO DOS GEOSSÍTIOS
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
POTENCIAL CIENTÍFICO
Sítio de ocorrência Sitio com existência Sítio com existência de Existência de até 3
comum na área de entre 5 e 10 até 5 exemplares com exemplares com
A1 Abundância/raridade investigação (mais exemplares com características similares características similares na Exemplar único na área
de 10 ocorrências) características na área dentro do área, dentro do mesmo
similares na área mesmo contexto contexto geológico-
dentro do mesmo geológico- geomorfológico.
contexto geológico- geomorfológico.
geomorfológico.
Objeto de referência Ausência de Citado em relatórios Citado em artigo de Citado em uma tese ou outro Citado em mais de uma tese
A2 bibliográfica qualquer referência ou plano de manejo. revista nacional e tipo de publicação técnico- acadêmica e capítulo de livro ou
sobre o local. relatórios ou plano de científica. artigos de revista científica.
manejo.
Abriga 3 ou menos Abriga 4 ou mais Abriga 3 ou menos registros Abriga 4 ou mais elementos
Representatividade de Ausência de registros ilustrativos registros ilustrativos de ilustrativos que representam ilustrativos que representam
A3 processos qualquer aspecto de elementos ou elementos ou processos seções tipo de formações ou seções tipo de formações ou
geológicos/geomorfológicos relevante de processos da da geodiversidade, mas utilizados como exemplos utilizados como exemplos
costeiros natureza científica geodiversidade, mas que não sejam clássicos de elementos e clássicos de elementos e
que não sejam utilizados como processos processos
utilizados como exemplos clássicos geológicos/geomorfológicos. geológicos/geomorfológicos.
exemplos clássicos
Diversidade de Ausência de Apenas um tipo de Até 3 tipos de interesse Entre 4 e 5 tipos de interesse Mais de 5 tipos de interesse e/ou
A4 interesse/temáticas associações de interesse com outras e ou temática e/ou temática. temática
associadas interesse com temáticas
outras temáticas
Diversidade abiótica (mais Ausência de Associação com Associação de apenas Associação de três Associação de mais de três
A5 de um ou mais elementos) associações com apenas um elemento dois elementos da elementos da elementos das geodiversidade
outros elementos da da geodiversidade geodiversidade. geodiversidade.
geodiversidade
POTENCIAL EDUCATIVO
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
B1 Condições de observação Ausência de Pouca visualização. Razoável, com Boa para todos os elementos Excelente para todos os elementos
visualização. obstáculo para da geodiversidade em da geodiversidade em destaque.
visualização. destaque.
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
Passível de ser Passível de ser utilizado Razoavelmente ilustrativo e Muito ilustrativo e passível de ser
B2 Relevância didática Ausência de utilizado para fins para fins didáticos por passível de ser utilizado para utilizado para fins didáticos por
relevância didática didáticos para um públicos de qualquer fins didáticos por públicos públicos de qualquer nível, desde
público de perfil nível, desde leigo a de qualquer nível, desde leigo a especialistas.
especializado. especialistas. leigo a especialistas.
Ausência de Acessível apenas Acessível a partir de Acessível a partir de Acessível diretamente através de
B3 Condições de acessibilidade condições razoáveis com transportes transportes marítimos estradas asfaltadas e trilha estradas principais (federais ou
de acessibilidade marítimos ou através ou de estradas não com menos de 2 km de estaduais) asfaltadas
de trilha com mais asfaltadas e trilha entre extensão
de 5 km de extensão 2 a 5 km de extensão
Sítio com uso didático em todos
B4 Uso didático em curso Sítio com ausência Sítio com uso Sítio com uso didático Sítio com uso didático no os níveis de ensino (público leigo,
de uso didático didático no ensino no ensino básico ensino superior e básico ensino básico a superior)
superior
POTENCIAL DE SUPORTE ECOLÓGICO
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
Apresenta suporte Apresenta suporte para
Ausência de suporte para biodiversidade biodiversidade costeira, Suporte para ocorrência de Suporte para ocorrência de
Suporte para biodiversidade
C1 para biodiversidade costeira, porém com porém com média habitats específicos da elevado número de habitats
costeira
baixa diversidade de diversidade de fauna e biodiversidade costeira específicos da biodiversidade
fauna e flora. flora. costeira.
Apresenta possíveis Apresenta boa Apresenta boas condições de Excelentes condições de
Ausência de observação da flora observação da flora e/ou observação de alguns observação de aspectos
conexões e/ou fauna com fauna com algum aspectos paleogeográficos paleogeográficos como fósseis e
paleogeográficas algum aspecto aspecto paleogeográfico como fósseis e sub-fosséis sub-fosséis, eolianitos etc.,
C2 Relevância paleogeográfica
paleogeográfico comprovado etc. comprovados comprovados cientificamente.
ainda não cientificamente. cientificamente.
comprovado
cientificamente.
Ausência de Pouca influência da Média influência da Muita influência de aspectos Muita influência de aspectos
Características da
influência da geodiversidade para geodiversidade para geológicos e geomorlógicos geológicos e geomorlógicos,
geodiversidade costeiras
geodiversidade na ocorrência do ocorrência do na ocorrência e manutenção dinâmica de ventos e marés na
C3 que determinam o
ocorrência dos ecossistema ecossistema do ecossistema ocorrência e manutenção dos
ecossistema
ecossistemas ecossistemas
POTENCIAL TURÍSTICO
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
Ausência de Sítio com relevância Sítio localizado em Sítio localizado em local Sítio dotado de espetacularidade
D1 Aspecto estético relevância estética estética, porém, local aprazível e dotado aprazível e dotado de mais estética e inserido em local
inserido em área inserido em área sem de um elemento da de um elemento da aprazível, dotado de apelo cênico.
sem apelo cênico apelo cênico. geodiversidade com geodiversidade com apelo
apelo estético estético
Ausência de Acessível apenas Acessível a partir de Acessível a partir de Acessível diretamente através de
D2 Condições de acessibilidade condições razoáveis com transportes transportes marítimos estradas asfaltadas e trilha estradas principais (federais ou
de acessibilidade marítimos ou através ou de estradas não com menos de 2 km de estaduais) asfaltadas
de trilha com mais asfaltadas e trilha entre extensão
de 5 km de extensão 2 a 5 km de extensão
Ausência de Pouca visualização. Razoável, com Boa para todos os elementos Excelente para todos os elementos
D3 Condições de observação visualização. obstáculo para da geodiversidade em da geodiversidade em destaque.
visualização. destaque.
Ausência de Associação da Associação da Associação da Associação da geodiversidade a
D4 Associação com aspectos associação da geodiversidade a geodiversidade a geodiversidade a aspectos forte identidade cultural de grande
culturais da área geodiversidade com aspectos culturais da aspectos culturais da culturais da área ligadas a reconhecimento territorial ligadas
aspectos culturais área, ligados a área ligadas a toponímia toponímia, poesias, lendas e aspectos como toponímia, lendas
da área toponímia e poemas ou poesias. crenças religiosas e e crenças religiosas, etc.
comemorações culturais.
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
Ausência de Sítio com a presença Sítio com a presença de Sítio com a presença de Sítio com a presença de campos
geoformas de praia com praias com dunas campos de dunas móveis ou de dunas móveis com a presença
D6 Presença de formas litorâneas de grande paleodunas, dunas frontais, cúspides com a presença de praias de eolianitos ou sub-fósseis. Ou
litorâneas impacto visual. frontais, ou cúspides praiais, bermas ou com dunas frontais e Praias com a presença de dunas
praiais ou bermas. beachrocks. falésias. frontais, falésias ou beachrocks.
Ausência de prática Ocorre prática de Ocorre prática de Ocorre a prática de Pratica predominante de esportes
D7 Prática de esportes radicais de esportes radicais atividades de físicas atividades de físicas atividades físicas e a prática radicais como mergulho, kitesurf,
ou outras atividades físicas ou outras atividades como futsal, vôlei de como futsal, vôlei de de esportes radicais como surf, Stand-up Paddle, etc por
de lazer. praia, ciclismo, etc praia, ciclismo, etc. E mergulho, kitesurf, surf, empresas do ramo dos esportes
atividades de empresas Stand-up Paddle, etc. radicais.
do ramo da atividade
física como funcional
ou crossfit
Ausência de Presença de estrutura Presença de bares e Presença de bares, Presença de bares, restaurantes,
D8 Condições de infraestrutura infraestrutura para básica para o restaurantes, e empresas restaurantes, hotéis e hotéis e pousadas e empresas
aproveitamento recebimento de turísticas responsável pousadas e empresas turísticas responsável por passeios
turístico do local visitantes. Ex: por passeios turísticas. turísticas responsável por turísticos com ampla divulgação.
Apenas um ou dois passeios turísticos.
bares ou
restaurantes.
NÍVEL DE FRAGILIDADE
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
Presença de
E1 Presença de vegetação Presença de vegetação herbácea e
Presença de vegetação Presença de vegetação
vegetação arbustiva arbustiva. Ausência de vegetação
arbustiva herbácea
e arbórea
Presença de recifes,
E2 Presença de recifes, Presença elevada de Presença de recifes, Presença de recifes,
beachrocks ou
beachrocks ou terraços de recifes, beachrocks beachrocks ou terraços beachrocks ou terraços de Ausência de vegetação Ausência
terraços de abrasão
abrasão ou terraços de de abrasão em vários abrasão apenas um ponto do de recifes, beachrocks ou terraços
em vários pontos do
abrasão pontos do terreno terreno. de abrasão
terreno.
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
Intermediária, com
gradiente de fluxos de
Dissipativa, com
E3 Tipo de praia energia devido a Intermediária, com gradiente
extensa região de
irregularidade da zona de fluxos de energia devido Refletiva, com menor região de
Ausência de quebramento, ondas
de surf, apresentando a irregularidade da zona de quebramento, ondas com energia
ambiente praial. com energia mais
cúspides praiais e surf, formando correntes de mais alta e grande declividade.
baixa e pouca
correntes de retorno retorno acentuadas.
declividade.
incipientes.
NÍVEL DE VULNERABILIDADE
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
Sítio com presença de
Sítio com sinais de Sítio com presença de Sítio com presença de urbanização como casas de
Ausência de sinais urbanização nas urbanização como casas urbanização como casas de primeira e segunda residência,
F1 Presença de urbanização de urbanização. mediações, como de primeira e segunda primeira e segunda posto de saúde e supermercado,
presença de casas de residência com posto de residência, posto de saúde e rede hoteleira e restaurantes,
segunda residência. saúde. supermercado. empresas turísticas.
PONTO ATRIBUÍDO 0 1 2 3 4
F2 Presença de vegetação Ausência de uso Sítio em uso com um Sítio em uso com dois a Sítio em uso com quatro a Sítio com mais de 5 tipos de
agrícola para atividade tipo de cultura três tipos de cultura cinco tipos de cultura culturas agrícola.
agrícola agrícola. agrícola. agrícola.
F3 Presença de viveiros ou área Ausência de Sítio com a presença . Sítio inseridos em Sítio inseridos em áreas de Sítio inseridos em áreas de
portuárias viveiros o sem de viveiros ou áreas áreas de viveiros ou viveiros ou áreas portuárias viveiros ou áreas portuárias com
proximidade a áreas portuárias nas áreas portuárias. com alguns sinais de muitos sinais de degradação.
portuárias. mediações degradação
F4 Presença de estruturas de Ausência de Sítio com a presença Sítio inseridos em áreas Sítio inseridos em áreas com Sítio inseridos em áreas com
empresas eólicas estruturas de de estruturas de com estruturas de presença de estruturas de presença de estruturas de
empresas eólicas. empresas eólicas nas empresas eólicas sem empresas eólicas com alguns empresas eólicas com muitos
mediações. sinais de degradação. sinais de degradação. sinais de degradação.
F5 Presença de extração Ausência de Sitio com Sítio onde ocorre Sítio onde ocorre extração Sítio onde ocorre extração de
mineral extração mineral. identificação de extração mineral. de dois tipos de minerais. mais de dois tipos de minerais.
extração mineral nas
mediações.
F6 Presença de obras de Ausência de obras Sítio com a presença Sítio com presença de Sítio com a presença de dois Sítio com a presença de mais de
contenção costeira de contenção. de obras de uma obra de contenção. tipos obras de contenção. dois tipos obras de contenção.
contenção nas
mediações.
Ausência de Sítio com a presença Sítio com a presença de Sítio com a presença de Sítio com a presença de atividade
F7 Presença de empresas atividade turísticas de atividade turística atividade turística com atividade turística que turística que causam impactos
turísticas no local. sem impactos impactos aparentes ao causam impactos associados associados a poluição do local e
aparentes ao sítio. sítio. a poluição do local. afetam a estrutura das geoformas.
APÊNDICE 3
Lista dos principais trabalhos verificados para análise do critério A2 do VPC em Raposa
(MA)
APÊNDICE 4
Lista dos principais trabalhos verificados para análise do critério A2 do VPC em Galinhos
(RN)
Avaliação do Patrimônio
Geomorfológico
Maria das Vitórias da 2020 Dissertação
do spit de Galinhos-RN Silva
Aves aquáticas de ambientes
antrópicos
Azevedo Junior,;
(salinas) do Rio Grande do Larrazabal, Pena
2004 Artigo
Norte, Brasil
Percepção em movimento:
análise das transformações
Caroline Souza dos 2018 Dissertação
em
Santos
Galinhos/RN à luz da
implementação dos parques
eólicos
Caracterização
geológica.geomorfológica e
oceanográfica do sistema Pisa
Sal, Galinhos/RN – nordeste Leão Xavier da Costa 2009 Tese
do Brasil com ênfase a Neto
erosão, transporte e
sedimentação
Caracterização da dinâmica
ambiental da região costeira
Zuleide Maria 2004 Tese
do município de Galinhos,
Carvalho de Lima
litoral setentrional do Rio
Grande do Norte
Delimitação de unidades da Sandro Damião
paisagem do litoral Ribeiro da Silva
2018 Dissertação
setentrional potiguar e
adjacências