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INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
Rio de Janeiro
2003
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA
Rio de Janeiro
2003
ii
APROVADA POR
________________________________________________________
Prof. Dr. Antonio Carlos Sequeira Fernandes / Museu Nacional - UFRJ
________________________________________________________
Prof. Dr. Arnaldo Campos dos Santos Coelho / Museu Nacional – UFRJ
________________________________________________________
Profª. Dra. Maria Dolores Wanderley / Instituto de Geociências – UFRJ
________________________________________________________
Prof. Dr. Rodolfo Dino / Faculdade de Geologia da UERJ
________________________________________________________
Profª. Dra. Vera Maria Medina da Fonseca / Museu Nacional – UFRJ
Rio de Janeiro
2003
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E a minha mestra,
Maria Eugênia de Carvalho Marchesini Santos,
pelo muito que me ensinou de geociências e de artes.
v
FICHA CATALOGRÁFICA
AGRADECIMENTOS
Prof. MSc Maria Helena Zucon (UFS), Dr. Leonardo Borghi de Almeida (IGEO/UFRJ), Dra.
Norma Maria da Costa Cruz (DIPALE/DEGEO/CPRM), Dra. Lílian Paglarelli Bergqvist
(IGEO/UFRJ), Dra. Cibele Schwanke (Dep. Ensino/UERJ) que sempre estiveram
disponíveis, com palavras de carinho, estímulo e companheirismo, colaborando das mais
variadas formas.
Aos estagiários do Setor de Paleontologia, Vanessa Gomes Souza, Diogo Jorge
de Melo, Aline Marise Cardoso Ribeiro, Renata Croner Gicquel da Silva e à MSc
Fernanda Siviero (IGEO/UFRJ), que durante a elaboração da tese colaboraram em várias
atividades.
À Milena Salgado de Carvalho e Flávio Veloso Neves da Silva, que gentilmente
realizaram serviços fotográficos e a Luiz Antônio Sampaio Ferro, responsável pela
confecção gráfica das figuras do trabalho.
Ao Departamento de Geologia do Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE,
representado pela Profª Dra Maria Somália Sales Viana e Profª MSc Sonia Maria
Agostinho, que facilitaram o acesso às coleções paleontológicas dessa instituição,
fundamentais para o desenvolvimento dessa tese. Ao Departamento de Geologia e
Paleontologia do Museu Nacional e Instituto de Geociências, da UFRJ, onde também
efetuou-se o exame dos fósseis de seu acervo.
À minha família, cúmplices e incentivadores de todas as minhas atividades, minha
mãe Arleida, meus irmãos Maria Aparecida e Carlos Alberto, meu cunhado Paulo
Roberto, meus queridos sobrinhos Mariana, Clarice, Lucas, Gabriela e André e ao amigo
Paulo Victor.
viii
The Cretaceous was a period of great changes transformations in the of the Earth's
history, new oceans were formed, significant variations of the sea level, climatic
modifications and a redistribution of the sea and continental areas, allowing an intense
biological evolution. The Potiguar Basin, situated on the Northeast coast of Brazil, was
formed under these conditions, and the fossils preserved in the sediments of the Jandaíra
Formation registered such transformations which took place in the biosphere.
The study of the gastropod paleobiology showed that during the Lower Turonian
transgression, a fauna belonging to the Tethyan Domain, a tropical paleobiogeographic
province, was installed. The gastropod fauna is characteristic of that time, signaled by the
representatives of the families Nerineidae, Naticidae and Aporrhaidae, as well as of the
genus Trochactaeon. The carnivorous predators were well established during this time.
The gastropods, which are represented in the formation by the naticids, standing out
among them the genus Tylostoma due to their abundance. The knowledge of the
taphonomic process was fundamental for the identification of the species. The fossils of
the tidal- plain- facies are highly deformed, masking the identification of the species, but
those of the lagoonal -facies suffered destruction of the internal characters. The study of
gastropod paleobiology and of the associated fauna permitted the identification of two
depositional sequences during the Lower Turonian. The first, a transgressive, belonging to
xi
a high sea-level tract and the second a regressive one, corresponding to a lower sea-level
tract, culminating with the sediments indicating a subareal exposure. The transgressive
sequence was dated as belonging to the lower Turonian due to the presence of the
inoceramid Mytiloides submytiloides, which represents a global biological event. Other two
transgressive sedimentary sequences were identified on the basis of the occurrence of
cephalopods and are dated in upper Coniacian and in upper Campanian.
xii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
1.1 INTRODUÇÃO
O período Cretáceo foi um tempo de grandes transformações na história da Terra.
A abertura de novos oceanos em decorrência da fragmentação do Pangea possibilitou o
surgimento de muitos biótopos, favorecendo a expansão de diversas populações de
organismos marinhos. Ocorreram variações no nível do mar, modificações climáticas e
uma redistribuição das áreas marinhas e continentais, terminando por propiciar uma
intensa evolução biológica.
Essa movimentação das placas tectônicas ocasionou uma mudança nos padrões
de circulação oceânica, alterando as antigas rotas de migração dos organismos,
possibilitando o surgimento de uma fauna moderna, que colonizou os novos territórios.
Além dos gastrópodos, outros grupos como peixes teleósteos, crustáceos braquiúros e
cefalópodos coleóideos, passaram por modificações, que refletiam as mudanças que
estavam ocorrendo na litosfera.
Os depósitos marinhos cretáceos brasileiros possuem muitos elementos que
testemunham essa evolução. No que diz respeito aos invertebrados, os melhores
registros estão na região Nordeste, cujas bacias Potiguar, Sergipe-Alagoas e
Pernambuco-Paraíba são as mais representativas. Os moluscos e equinodermos que
ocorrem nessas bacias são característicos do Cretáceo Superior e apresentam
afinidades com representantes de outras faunas tropicais sincrônicas que viveram dentro
dos limites do Domínio Paleobiogeográfico Tetiano.
Na Formação Jandaíra da Bacia Potiguar, preservou-se uma rica e diversificada
associação fossilífera desse período. Gastrópodos, biválvios e equinóides são os
elementos mais abundantes, com grande diversidade de espécies. Os amonóides são
raros, mas os exemplares encontrados contribuíram de maneira eficaz para a datação
dos sedimentos. Estão presentes também conchostráceos, corais, icnofósseis, alguns
peixes e uma tartaruga, enquanto as algas calcárias informaram sobre as condições
ambientais reinantes durante a deposição dos sedimentos.
Os macrofósseis representados nos calcários aflorantes da Formação Jandaíra
são potencialmente capazes de serem utilizados para obtenção de informações
2
1.2 OBJETIVOS
2. MÉTODOS E MATERIAIS
O desenvolvimento do projeto ocorreu em três fases: levantamento de dados,
análise e interpretação dos dados e síntese dos resultados.
2.1 MÉTODOS
2.1.1 Levantamento de dados
Foi feita uma pesquisa bibliográfica sobre a Geologia e Paleontologia da parte
emersa aflorante da Bacia Potiguar, com ênfase nos trabalhos publicados sobre a
Formação Jandaíra. Tinha como objetivo o conhecimento da evolução da bacia, desde a
deposição dos primeiros sedimentos cretáceos até os holocênicos. Foram identificados
os eventos geológicos mais significativos para compreensão das modificações ocorridas
a nível local, regional e global durante o Cretáceo. Essas informações estão reunidas no
capítulo três.
Foram levantados também os mapas topográficos e geológicos da área de
ocorrência da Formação Jandaíra nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará para
utilização nos trabalhos de campo e na confecção de modelos explicativos.
A partir desses levantamentos foram organizadas duas listagens com os fósseis
de invertebrados da Formação Jandaíra. A primeira, por localidade fossilífera, com a
relação das espécies que ocorrem em cada afloramento (ANEXO 1). Na segunda estão
listadas as espécies de moluscos e equinóides e as localidades onde eles ocorrem
(ANEXO 2).
calcários que a capeiam são muito duros e os melhores locais para estudo e coleta estão
em cortes de estradas e pedreiras ativas. Atualmente poucos fósseis são encontrados
nos afloramentos, de modo que grande parte do estudo sistemático só pôde se realizar
com material depositado nas coleções.
Na primeira viagem foram visitados oito afloramentos da Formação Jandaíra.
Parte das amostras coletadas foram entregues ao Prof. Dr. Rodolfo Dino, do Cenpes -
Petrobras, para análises palinológicas. Os resultados das análises foram negativos.
No segundo trabalho de campo outros três novos afloramentos foram visitados.
Procedeu-se a novas coletas, contando-se desta vez com a ajuda dos alunos do curso
de Geologia da UFRN. Nessas duas viagens o orientador da tese, professor Dr.
Narendra Kumar Srivastava, acompanhou o desenvolvimento dos trabalhos.
No terceiro trabalho de campo foram visitadas as pedreiras da região de Limoeiro,
na borda leste da bacia, no Estado do Ceará. As atividades foram orientadas pela
geóloga Vanessa Mamede Cavalcanti, do 10° distrito do DNPM, em Fortaleza, Ceará.
Lâminas de seis amostras de calcários desta pedreira foram examinadas e descritas pelo
Prof. Dr. Paulo Tibana, da Faculdade de Geologia da UERJ.
a
Onze amostras de pontos variados da formação foram analisados pela Prof . Dra.
Maria Dolores Wanderley, do Instituto de Geociências da UFRJ, para pesquisa de
nanofósseis. Os resultados dessas análises também foram negativos.
Os afloramentos visitados durante os trabalhos de campo estão localizados no
mapa da figura 1, onde cada afloramento recebeu uma sigla de acordo com a região em
que se encontra.
2.1.3 Síntese
A terceira e última fase foi a da síntese dos resultados obtidos durante as
pesquisas com a integração dos dados paleobiológicos e estratigráficos e a redação final
do texto.
2.2 MATERIAIS
As coleções
Toda a pesquisa foi desenvolvida com material fossilífero proveniente de coleções
de várias instituições, principalmente as do Museu de Ciências da Terra do DNPM, do
Laboratório de Paleontologia do Departamento de Geologia do Centro de Tecnologia e
Geociências da UFPE e de coletas feitas durante os três trabalhos de campo realizados
na Bacia Potiguar nos anos de 1999, 2000 e 2001. Foram examinados ainda, os fósseis
do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional-UFRJ, do
Departamento de Geologia do Instituto de Geociências da UFRJ, do Museu Câmara
Cascudo da UFRN e do Museu de Paleontologia da Escola Superior de Agronomia de
Mossoró.
A Coleção de Invertebrados Fósseis do Museu de Ciências da Terra, do
DNPM/RJ é a mais representativa. Ali estão depositados exemplares coletados no início
do século 20, que hoje são locais inacessíveis, em margens de rios ou dentro do
perímetro urbano. As coleções foram organizadas entre 1909 e 1961, por Roderic
Crandall e L.P. Sigaud, em 1909, Luciano Jacques de Moraes, em 1923 e 1952, William
Kegel, em 1956, Llewellyn Ivor Price, em 1957, Rubens da Silva Santos e Lélia Duarte,
em 1961. É uma coleção com expressivo número de exemplares e contém os fósseis-
tipo utilizados por Carlota Joaquina Maury em sua monografia de 1925.
Na coleção do Laboratório de Paleontologia do Departamento de Geologia do
Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE estão depositados os fósseis utilizados por
Karl Beurlen em suas pesquisas sobre a geologia e paleontologia da Formação Jandaíra
(BEURLEN, 1961a; 1964a; 1967).
Os mapas
Os mapas que forneceram subsídios para este estudo foram:
∗ Mapa Geológico da Bacia Potiguar, elaborado pelo geólogo Fernando Parentes
Fortes, da Petrobrás, escala 1:100.000. São 17 folhas abrangendo toda a parte
a
emersa da bacia, cuja base utilizada para confecção foi a 1 . edição dos mapas
7
b. Fase sin-rifte II
Nesta etapa ocorreu o estiramento da crosta provocando a formação de riftes com
grabens assimétricos, preenchidos inicialmente por depósitos gravitacionais de lago
profundo e depois por lobos deltaicos progradantes (Figura 5).
Esta fase teria ocorrido durante os andares Rio da Serra a Aratu, cuja idade
corresponde ao Berriasiano-Hauteriviano. Na Bacia Potiguar estão representados pelos
Quadro 1 - Etapas da evolução das bacias do Nordeste durante o Cretácio, com as respectivas formações da Bacia Potiguar.
Figura 4 - Fase sin-rifte I. Formação do Domo Borborema e das
depressões Afro-Brasileira e Araripe-Potiguar na Província
Borborema. (Segundo LIMA FILHO et al., 1999).
Fm.
Rifte Buracica-Jiquiá-
G. MESSEJANA Alagoas Inferior
Rifte Buracica-Jiquiá-
G. JACAÚNA Alagoas Inferior
sobreposto ao
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Rifte Rio da Serra-Aratu
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NDE
0 25 km
! FORMAÇÕES CRETÁCEAS
a. Formação Pendência
A idade absoluta do rifteamento foi calculada em 140 Ma (Berriasiano). Os
sedimentos mais antigos depositados no rifte estão associados à parte basal desta
formação e foram datados pela presença de pólens característicos do andar Rio da Serra.
Em sua maior parte está em subsuperfície, só aflorando ao sul da bacia. Estes
sedimentos constituem-se de rochas vulcanoclásticas contemporâneas a rochas
siliciclásticas, passando a arenitos finos, argilosos, intercalados com siltitos e folhelhos
ricos em matéria orgânica. Estes sedimentos foram depositados em ambiente lacustre
associado a deltas progradantes e planícies aluviais (DELLA FÁVERA, 2001).
Essa unidade chega a alcançar 5.000 m junto à falha de Carnaubais. O modelo
deposicional proposto para as seqüências da Formação Pendência, baseia-se no obtido
para os lagos do sistema de riftes da África Oriental. BRASIL (1998), registra pela primeira
vez a ocorrência da formação em superfície, ao sul da Bacia Potiguar.
b. Formação Alagamar
Constitui-se de arenitos finos a grossos, intercalados com folhelhos lagunares
ricos em matéria orgânica, depositados em ambiente transicional. Também ocorrem
Figura 9 - Coluna cronoestratigráfica da Bacia Potiguar, parte emersa.
(Modificada de BRASIL, 1998).
20
c. Formação Açu
São camadas espessas de arenitos finos a grossos, esbranquiçados, intercalados
com folhelhos, argilitos e siltitos, especialmente em direção ao topo. Foram identificados
sedimentos provenientes de leques aluviais e de sistemas fluviais entrelaçados e
meandrantes e ainda uma transgressão estuarina.
As datações com palinomorfos apontam uma idade albiana-cenomaniana para
estes estratos, mas na parte emersa devem atingir também o Eoturoniano (SOUZA, 1982).
d. Formação Quebradas
Outra unidade de subsuperfície, constituída por um folhelho síltico-arenoso, com
finas camadas de carbonatos. Ocorre na faixa norte da Bacia Potiguar e grada
lateralmente para o nível superior da Formação Açu (BRASIL, 1998).
e. Formação Jandaíra
Seção carbonática, sobreposta concordantemente aos arenitos da Formação Açu.
Pelo seu conteúdo fossilífero é datada do Turoniano ao Eocampaniano. É composta por
calcarenitos e calcilutitos bioclásticos, cujas cores variam do cinza claro ao amarelado,
com um nível evaporítico na base.
A ocorrência de foraminíferos bentônicos, de algas verdes, a presença de marcas
de raízes e gretas de contração são características que apontam para um ambiente de
planície de maré, embora em alguns locais predominasse uma plataforma rasa (ARARIPE
& FEIJÓ, 1994a).
! FORMAÇÕES PÓS-CRETÁCEAS
4. FORMAÇÃO JANDAÍRA
A Formação Jandaíra é uma seqüência de sedimentação carbonática, de idade
eoturoniana-eocampaniana, que se caracteriza pela predominância de carbonatos
marinhos, de águas rasas e agitadas, tanto em superfície como em subsuperfície. A área
de ocorrência da formação está ilustrada na figura 10 (TIBANA & TERRA, 1981).
4.3 LITOLOGIA
Na área localizada entre o limite ocidental da Formação Jandaíra até o rio Açu,
predominam calcários creme-claros, com textura detrítica, variando de calcarenítica a
oolítica, tanto em afloramento como em poço. Ocorrem também calcários
microcristalinos, às vezes nodulosos ou coquinoidais, com bancos fossilíferos, podendo
ÁREAS DE OCORRÊNCIA DAS SEQÜÊNCIAS CARBONÁTICAS DA BACIA POTIGUAR
4º
BRASIL
ARACATI
SEQÜÊNCIA TURONIANA /
CAMPANIANA
5º
S. BENTO
MACALI DO NORTE
MOSSORÓ
TOUROS
AÇU
APODI
0 10 20 km
NATAL
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CONVENÇÕES
9500 ARACATI 0
20 POÇO
0
EMBASAMENTO
400
60
0
MACAU
? ? TOUROS
400 ?
200?
9400 200
AÇU
0
NATAL
9350
4.4 IDADE
MAURY (1925, 1934a), datou os fósseis no Turoniano, após comparar o material
estudado com o de outras faunas sincrônicas da Venezuela, Colômbia e México.
KEGEL (1957) dividiu a Formação Jandaíra em três partes, uma parte inferior, que
teria a idade Turoniano-Coniaciano, uma parte média, datada no Santoniano-Campaniano
e uma parte superior, que considerou como Maastrichtiano.
BEURLEN (1961a, 1964a, 1967) subdividiu a Formação Jandaíra, denominando a
parte inferior de “Formação Sebastianópolis”, de idade turoniana e a parte superior, de
“Formação Jandaíra”, com sedimentos do Campaniano-Maastrichtiano. Considerou a
ocorrência de duas transgressões, uma no Turoniano e outra no Campaniano-Maastrichtiano,
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DEPÓSITOS DE SUPRA
A INTERMARÉ
área estudada. Identificaram cinco fácies deposicionais nos carbonatos, sendo três
atribuídas à sedimentação em barras de maré, uma em fácies de planície de maré e uma
em laguna.
Na fácies de planície de maré identificada na localidade AÇ-01 (Figura 16), podem
ser observadas delgadas camadas de calcários com birdseyes alternados com margas,
demonstrando as oscilações do nível do mar no início da fase transgressiva. No
afloramento UP-02, da mesma fácies (Figura 17), encontram-se uma espessa camada de
margas intensamente bioturbadas.
O afloramento MO-03, nos arredores da cidade de Mossoró, também exemplifica a
fácies de planície de maré. Apresenta uma seqüência de calcários biomicríticos, margas e
calcários bioesparitos. Há um banco de ostreídeos preservado in situ, gastrópodos de
grande porte, biválvios fossilizados com as conchas fechadas e duas espécies de
equinóides. Ao lado do banco de ostras registrou-se a presença de uma camada de
caliche, que são crostas calcárias formadas por dissolução e reprecipitação do CaCO3. A
formação do caliche ocorre quando uma superfície fica exposta durante um longo tempo,
em regiões de clima árido e semi-árido, onde os sedimentos sofrem exposição subaérea.
Na figura 18 estão a foto e um esboço do perfil deste afloramento.
A fácies de planície de maré foi observada também na pedreira da Fábrica de
Cimento Nassau, a 7 km do centro de Mossoró (afloramento MO-02). Na figura 19 estão
os carbonatos com estruturas sigmóides, na figura 20 os calcários margosos atribuídos à
planície de maré e na figura 21, bioturbações encontradas no topo da seqüência.
A fácies de laguna ocorre na localidade LI-01, na região de Limoeiro, Ceará, lado
ocidental da bacia. A foto da figura 22 mostra a frente de extração de calcários para
fabricação de cimento e nas figuras 23 e 24, as camadas do topo da formação. Um perfil
deste afloramento é apresentado na figura 25, com a posição das lâminas que foram
examinadas.
A análise das lâminas do perfil da pedreira LI-01 revelou:
Lâmina 02 – Foraminíferos miliolídeos (interior da plataforma) e textulariídeos; presença
de ostrácodos; lama micrítica, com processo de dolomitização incipiente, com muita
matriz; baixa energia.
Lâmina 01 – Calcários com miliolídeos, dentro e fora dos oncólitos, estruturas algálicas;
gastrópodos; sedimentação precoce; ambiente marinho raso, lagunar; mais energia que o
anterior.
Figura 16 - Fácies de planície de maré. Borda sudoeste da Bacia Potiguar
(AÇ-01). Calcários com birdseyes intercalados com margas.
0,25 m
estilólitos gastrópodos
A menção mais antiga aos fósseis do Rio Grande do Norte foi feita por Frederico
Burlamaqui, em 1855, quando assinalou a ocorrência de três conchas fósseis coletadas
na Chapada do Apodi, pelo médico francês Jacques Brunet. Esse médico viajou pelo
interior das “províncias” da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará em viagem de
estudos organizada pelo governo da Paraíba e trouxe uma coleção de fósseis, entre os
quais, estavam as três conchas citadas. Em seu trabalho, F. Burlamaqui diz que
examinou o material e destacou que aqueles seriam os primeiros moluscos fósseis
brasileiros a fazer parte da coleção do Museu Nacional (MORAES, 1953).
As rochas calcárias da Bacia Potiguar foram descobertas em 1886, por João
Martins da Silva Coutinho, naturalista do Museu Nacional do Rio de Janeiro, durante sua
participação em uma expedição ao “Vale do Rio Mossoró”, na “Província do Rio Grande
do Norte” (MORAES, 1953).
A primeira citação sobre a presença de rochas cretáceas no Rio Grande do
Norte foi feita na Monografia 1, de 1887, do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Neste
trabalho, Charles Abiatar White, paleontólogo norte-americano, publicou os resultados
de suas pesquisas sobre os fósseis “cretáceos” da Bahia, Sergipe, Pernambuco e Pará.
Destacamos o texto abaixo da página 10 da monografia, que mostra as previsões sobre
a provável ocorrência de rochas cretáceas no Rio Grande do Norte.
“No longo trecho da costa entre a localidade do Rio Piabas (sic) e o cotovelo
setentrional do continente, no Cabo de São Roque, nenhuma rocha cretácea é
definitivamente conhecida, mas é provável que elas apareçam aí”.
Orville Adelbert Derby, que na época era diretor da Seção de Mineralogia e
Geologia do Museu Nacional do Rio de Janeiro, foi o editor desta monografia de White e
aproveitou a oportunidade para divulgar a descoberta das rochas cretáceas previstas
pelo autor. Na mesma página, em nota de rodapé, ele publicou o seguinte texto:
“Esta suposição foi confirmada em 1886 pela descoberta do Dr. Silva Coutinho
de uma bacia cretácea na Província do Rio Grande do Norte no Vale do Rio Mossoró”.
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Hermann von Ihering, era diretor do Museu de São Paulo quando recebeu um
molde interno de um grande gastrópodo proveniente da região de Mossoró. O fóssil lhe
foi enviado pelo naturalista Francisco Dias da Rocha, proprietário do “Museu Rocha”, em
Fortaleza, no Ceará. Denominou a nova espécie de Tylostoma rochai em homenagem
ao naturalista cearense, descrevendo formalmente o primeiro fóssil da Formação
Jandaíra (MORAES, 1953).
Roderic Crandall e Horace E. Williams, geólogos norte-americanos, vieram ao
Brasil a serviço da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas e realizaram uma
viagem, em 1909, para reconhecimento geológico no Estado do Rio Grande do Norte.
Visitaram várias localidades e organizaram uma grande coleção de fósseis, que hoje se
encontra depositada no MCTer / DNPM. No relatório feito por CRANDALL (1910), está a
citação do encontro de rochas fossilíferas nos arredores de Mossoró, com uma fauna
exclusivamente marinha, onde predominavam gastrópodos e biválvios bem
característicos, aparentando ter idade cretácea. Constatou que eles eram diferentes dos
moluscos encontrados em outras bacias do Nordeste, como a do Araripe e de Sergipe-
Alagoas. Os fósseis foram estudados pela paleontológa Carlota Joaquina Maury, da
Universidade de Cornell.
Em 1911, a Universidade de Stanford, na Califórnia, organizou a “Stanford
Expedition to Brazil” que tinha como principal objetivo a coleta de material zoológico nos
arredores da cidade de Natal. O geólogo Olaff Pitt Jenkins, integrante da expedição,
aproveitou a oportunidade para estudar a geologia da região. Ressaltou a ocorrência de
vários tipos de calcários, alguns com fósseis mal preservados, sob a forma de moldes
internos ou impressões. Identificou 11 espécies de moluscos, uma de crustáceo e
algumas folhas, que foram comparadas com as das palmeiras atuais. Entre as espécies
de gastrópodos estudadas, havia uma que foi considerada como sendo a mesma que
ocorria na Formação Maria Farinha, em Pernambuco, datada na época como eocênica,
o que levou o autor a datar os fósseis de Natal no Terciário Inferior. Uma parte da
coleção foi enviada para ser examinada pelo prof. Gilbert Harris, especialista em
moluscos fósseis da Universidade de Cornell. Após o estudo afirmou que com exceção
dos gastrópodos do gênero Nerinea, característicos do Cretáceo, os outros fósseis
identificados pertenciam a gêneros atuais. Mesmo assim, datou os fósseis como
eocênicos, levando em conta a presença da espécie que Jenkins julgava ser a mesma
que ocorria na Formação Maria Farinha (JENKINS, 1913).
38
concha original foi substituída, mas a ornamentação externa ficou conservada, como os
gastrópodos do gênero Otostoma d’Archiac, 1859.
Nos ostreóideos a concha está sempre preservada e a fossilização se deu através
do processo de mineralização. Segundo SENRA (1997) algumas delas apresentam
vestígios da coloração original. Isto deve-se ao fato de suas conchas serem
predominantemente formadas de calcita, com pouco teor de aragonita, portanto sofrendo
menos desgaste. Os organismos que viviam sobre elas, como os briozoários e
serpulídeos, estão igualmente bem conservados (Figura 27a).
Os fósseis que ocorrem na fácies de planície de maré, cujos sedimentos
margosos apresentam natureza mais plástica, encontram-se bastante deformados.
Essas deformações, consideradas como pelomorfose por BEURLEN (1964a), foram
definidas por BABIN (1990), como um achatamento sem rupturas, com ondulações e que
resultam no alongamento do indivíduo (Figura 26).
De um modo geral, os fósseis preservaram-se no ambiente em que viveram. Na
fácies de planície de maré, os biválvios encontram-se com as conchas fechadas, em
posição de vida (Figuras 27a e b) e há ocorrências de bancos de ostras intactos. Os
equinóides apresentam as carapaças completas, alguns até com espinhos preservados
(Figura 27c), indicando curto tempo de exposição antes do soterramento. Os
gastrópodos apresentam-se com as conchas completas, inclusive aquelas que possuem
espiras longas, com muitas voltas, como é o caso dos turritelídeos.
Na fácies de laguna, as conchas de gastrópodos apresentam-se inteiramente
recristalizadas, com as características externas preservadas, mas as internas foram
destruídas pela formação de grandes cristais de calcita. Nas pedreiras observamos os
fósseis esparsos nos calcários, mas no afloramento próximo à borda oeste da Chapada
do Apodi, no Ceará, foram encontrados blocos formados somente por conchas de
nerineídeos, sem alinhamento, indicando que houve um tempo de exposição antes do
soterramento.
6.2 CONCHOSTRÁCEOS
REBOUÇAS (1962), registrou a ocorrência de uma fauna de conchostráceos,
quando estudava os depósitos gipsíferos da Pedreira Espadilha, no município de
Governador Dix-Sept Rosado Maia. Os fósseis eram abundantes, bem conservados e
foram atribuídos ao gênero Estheria. Nos níveis argilosos em que os conchostráceos
a b
1 cm 1 cm
a b c
6.3 ANTOZOÁRIOS
FERNANDES & W ANDERLEY (2000) registraram a ocorrência de exemplares de
corais na localidade de Ipanguaçu. Um foi atribuído ao gênero Astrocoenia Milne Edwards
& Haime, 1848 e os outros eram fragmentos de colônias maciças da ordem Scleractinia.
6.4 BRIOZOÁRIOS
BARBOSA (1961) descreveu um representante do gênero Conopeum Gray, 1848 na
Formação Jandaíra, proveniente da localidade de Santana. Em vários afloramentos são
encontradas conchas de gastrópodos e biválvios cobertas por fósseis desse grupo.
6.5 ICNOFÓSSEIS
Em todos os afloramentos visitados havia sempre a ocorrência de estruturas
biogênicas, indicando o final de um ciclo de sedimentação, como foi ilustrado nas figuras
21 e 24. Somente dois trabalhos foram publicados sobre icnofósseis, o de MUNIZ &
OLIVEIRA (1982), onde registraram duas formas atribuídas ao icnogênero Thalassinoides e
SENRA (1997), que identificou marcas de predação em conchas de ostreóideos. Esses
últimos foram interpretados como orifícios feitos por rádulas de gastrópodos carnívoros,
provavelmente naticídeos, que são abundantes na formação.
6.6 VERTEBRADOS
6.6.1 PEIXES
SANTOS (1963) descreveu duas espécies de peixes provenientes de uma marga
cinzenta que ocorre intercalada com as camadas de gipsita. Tratam-se de Coelodus
rosadoi, um picnodontídeo e Lepidotes dixseptiensis, um semionotídeo. Uma terceira
forma foi identificada, mas a preservação do exemplar só possibilitou a classificação
dentro dos clupeiformes.
45
6.6.2 TETRAPODAS
PRICE (1954) descreveu uma espécie de quelônio pleuródiro, Apodichelus lucianoi,
com base em um molde interno de um plastrão e a carapaça, provenientes da Serra de
Mossoró. Esses quelônios vivem geralmente em ambientes de água doce e devem ter
sido transportados para o mar por cursos d’água.
6.7 PLANTAS
MAURY (1925) recebeu para estudo fragmentos de madeira, material carbonizado
e alguns restos de folhas de angiospermas provenientes da localidade de João Câmara,
que na época era conhecida como Baixa Verde. As espécies foram descritas como
Coccolobites ? riograndensis, Sideroxylon ? baixaverdensis e Leguminosites ? vireti, uma
quarta forma foi atribuída com dúvidas ao gênero Platypodium . Esses restos vegetais
estavam associados a conchas de inoceramídeos.
A mesma associação de folhas e inoceramídeos foi coletada por DUARTE &
SANTOS (1961), na localidade de Corte do Inglês, nas proximidades da cidade de
Governador Dix-Sept Rosado. Já em Campestre, próximo à cidade de Mossoró,
encontraram fragmentos de caules de fanerógamos juntamente com dentes de peixes
picnodontídeos.
7. CLASSE BIVALVIA
A superfamília Ostreoidea e a família Inoceramidae destacam-se entre os
representantes da Classe Bivalvia. A primeira, porque além de ser abundante, apresenta-
se bem diversificada na formação e a segunda, pelo seu potencial para estudos crono- e
bioestratigráficos.
A família Cardiidae possui duas espécies, que foram abundantes nas fácies de
planície de maré. Ocorrem ainda representantes das famílias Mytilidae, Pteriidae,
Anomiidae, Corbulidae e Limidae. Destacamos abaixo as características das
superfamílias e famílias de biválvios da Formação Jandaíra.
e
1 cm
d f
1 cm 1 cm
g
1 cm
atuarem como bons fósseis-guia, muitas vezes até superando os amonóides. A maioria
é cosmopolita e viveu no Domínio Tetiano, alcançando grande desenvolvimento no
Cretáceo Superior, extinguindo-se ao final desse período. Têm sido utilizados
freqüentemente em estudos bioestratigráficos (BENGTSON , 1979).
Na Formação Jandaíra foram reconhecidos cinco morfotipos da família. O
primeiro, foi identificado como a espécie Mytiloides submytiloides Seitz, 1935 (Figura
29a), que é característica do Turoniano inferior e possibilitou a datação dos sedimentos
nesse andar do Cretáceo. Dois morfotipos foram encontrados associados a esta
espécie, tendo sido aqui denominados de Inoceramidae sp. a e b (Figura 29b e c). Um
foi coletado em um afloramento a 17 km ao norte da cidade de Mossoró (MO-06), por
BEURLEN (1967), que o comparou com Inoceramus (Haenleinia) cf. koeplitzi Seitz, 1961
do Campaniano da Alemanha. MAURY (1925) descreveu Inoceramus baixaverdensis,
procedente da região de João Câmara, na parte oriental da bacia (Figura 29d).
1cm c 1cm d
a b
Figura 30 - a) Plagiostoma laevissima Beurlen, 1964 (DGM 6.908 - I). b) Anomia
barbadinhica Maury, 1925 (DGM 1.003 - I).
1cm 1cm
a b
Figura 31 - Família Cardiidae. a) Granocardium brasiliensis (Beurlen, 1964)
(DGM 6.907- I). b) Vepricardium soperi (Maury, 1925) / (DGM 1.001- I).
52
Inoceramidae sp. a
Inoceramidae sp. b
Isognomonidae Isognomon Isognomon arvoredensis
Pectinoidea Plicatulidae Plicatula Plicatula independenciae
Plicatula cf. mullicaensis
Pterioida Anomioidea Anomiidae Anomia Anomia barbadinhica
Acesta Acesta apodiensis
Limoidea Limidae Plagiostoma Plagiostoma laevissima
Ostreoidea indet
Gryphaeidae Gyrostrea Gyrostrea cascudoi
Crassostrea Crassostrea lagoapiatensis
Crassostrea pendenciana
Ostrea Ostrea jacobi
Ostreoidea
Flemingostrea Flemingostrea crenulata
Ostreidae
Lopha Lopha ? plicatuliformis
Dendostrea Dendostrea mossoroensis
Dendostrea ramicola
Dendostrea cf. mesenterica
Lucinoidea Fimbridae Fimbria Fimbria maiae
Fimbria mauryae
Carditoidea Carditidae Venericardia Venericardia mossoroensis
Veneroida
Cardium “Cardium” itapassarocanum
“Cardium” jenkinsi
Cardioidea Cardiidae
Granocardium Granocardium brasiliensis
Vepricardium Vepricardium soperi
Corbula Corbula mossoroensis
Myoida Myoidea Corbulidae Caestocorbula Caestocorbula
(Parmicorbula) assuana
Pholadomyoidea Pholadomyidae Pholadomya Pholadomya baixaleitensis
P. cf. coloradoensis
Pholadomyoida
Pandoroidea Laternulidae Laternula Laternula linistriata
Poromyoidea Poromyidae Liopistha Liopistha (Psilomya)
aracatiensis
54
Inoceramus (Cordiceramus) sp. cf. koeplitzi - Beurlen, 1967, p. 113-115, fig. 9-10.
Inoceramidae sp. a
(Figura 29b)
Inoceramidae sp. b
(Figura 29c)
Ocorrências: Gangorrinha, mun. de Gov. Dix-Sept Rosado; Estreito, mun. de Açu; RN.
Banco calcário que aflora na praia, entre as localidades de Tibau e Aracati, mun. de
Aracati, CE.
Observações: Nesta última localidade está associada ao amonóide Hoplitoides sp.,
característico do Turoniano.
Ostrea mossoroensis Beurlen, 1964a, p. 25-27, est. 3, fig. 16-17; est. 4, fig. 18-19.
Ostrea mossoroensis - Beurlen, 1967, p. 119.
Dendostrea mossoroensis - Senra, 1997, p. 63-64, est. 9, fig. 1-5.
Dendostrea mossoroensis - Senra, 2000.
Ostreoidea indet.
Cardium (Criocardium) soaresanum - Jenkins, 1913, p. 19, est. 20, fig. 2-2a. (non Cardium
soaresanum Rathbun, 1874)
Cardium jenkinsi Maury, 1934a, p. 132, est. 12, fig. 1.
63
aos processos tafonômicos ocorridos com cada uma delas, por isso foram consideradas
como sinônimas. Cardium endymionis foi descrito com base em um molde interno, sendo
necessária a obtenção de novos exemplares para melhor identificação. A princípio trata-
se da mesma espécie.
Ocorrência: Km 73 da E.F. Mossoró-Gov. Dix-Sept Rosado; arredores de Gov. Dix-Sept
Rosado, RN.
Material estudado: MCT 6.910-I; DGM 985-I (Tipo de C. amphitrites); DGM 986-I (Tipo de
C. perinfaustum); DGM 987-I (Tipo de C. riograndensis).
8. CLASSE CEPHALOPODA
Os fósseis de amonóides na Formação Jandaíra são raros e encontram-se sob a
forma de moldes internos de conchas fragmentadas. Segundo BEURLEN (1964a), deve-se
ao fato de que as correntes oceânicas não alcançavam o ambiente de sedimentação e as
poucas conchas que chegavam à bacia já deviam ter flutuado durante muito tempo.
Mesmo assim, as ocorrências de exemplares desse grupo foram importantes na datação
dos sedimentos em que foram encontrados.
Entre os amonóides registrados, constam quatro gêneros turonianos, Mammites,
Hoplitoides, Hypophylloceras e Coilopoceras, dois gêneros do Neoconiaciano,
Protexanites e Gauthiericeras, e os gêneros Pachydiscus e Sphenodiscus, característicos
do Campaniano - Maastrichtiano. No quadro 3 listamos as espécies e a respectiva
classificação sistemática, baseada em W RIGHT (1996).
Hypophylloceras sp.
Pachydiscus sp.
(Figura 32a-b)
Pachydiscus sp. - Oliveira, 1957, p. 246, est. 1, fig. 1-3; est. 2, fig. 3.
Ocorrência: Macauzinho, ao lado da Est. Rod. que vai de Macau para Barreiras, RN.
Material estudado: DGM 4.311-I.
a
b
Figura 32 - Pachydiscus sp. (DGM 4.311 - I). a) Fragmento
com 7 câmaras. b) Detalhe da sutura.
1cm
Placenticeratidae indet.
Placenticeratidae (?) gên. e sp. indet. - Beurlen, 1964a, p. 141-142, est. 7, fig. 106.
Hoplitoides sp. a
Hoplitoides sp. b
Hoplitoides sp. c
Holótipo: MN 5.010-I.
Localidade-tipo: Praia de Ponta Grossa, 35 km à leste da cidade de Aracati, CE.
Gauthiericeras ? sp.
Protexanites (Protexanites) aff. bourgeoisianus (d’Orbigny, 1850) - Muniz & Bengtson, 1986, p. 448,
450, fig. 4a-b.
Sphenodiscus sp.
9. CLASSE ECHINOIDEA
Phymosoma tinocoi Santos, 1960, p. 18-20, est. 5, fig. 1-3; fig. texto 4.
Phymosoma tinocoi - Beurlen, 1964a, p. 145-146.
Phymosoma tinocoi - Brito, 1980, p. 582-584, est. 4, fig. 1-3.
Phymosoma tinocoi - Smith & Bengtson, 1991, p. 13.
Phymosoma tinocoi - Néraudeau & Mathey, 2000, p. 80.
Holótipo: DGM 4.558-I. / Parátipos: DGM 4.559-I, DGM 4.560-I, DGM 4.650-I.
Localidade-tipo: Arredores de Gov. Dix-Sept Rosado Maia, RN.
Ocorrência: Arredores de Upanema, algumas localidades do vale do rio Açu, afloramento
MO-03, RN.
Observações: Para BEURLEN (1964a) a espécie assemelha-se a Rosadosoma
riograndensis. BRITO (1980) comparou-a com Phymosoma texanum e SMITH & BENGTSON
(1991) consideraram a espécie idêntica a Phymosoma major Coquand, 1862 do
Turoniano da Argélia.
Coenholectypus (?) upanemensis Beurlen, 1964a, p.146, est. 4, fig. 7-10; fig. texto 5-8.
Coenholectypus (?) upanemensis - Brito, 1981a, p. 514-516, est. 1, fig. 2.
Coenholectypus upanemensis - Smith & Bengtson, 1991, p. 13.
Lectótipo: DG-CTG 607; Paralectótipo: DG-CTG 608, designados por BRITO (1981a).
Ocorrências: Fazenda Independência e Fazenda Olheiros, mun. de Upanema, RN.
Observações: É um fóssil raro, os poucos exemplares foram encontrados nos primeiros
sedimentos depositados na Formação Jandaíra (BEURLEN, 1967). Segundo SMITH &
BENGTSON (1991) esta espécie pertence ao grupo de Coenholectypus turonensis-serialis
que ocorre na África e na Europa.
73
Phyllobrissus brasiliensis - Beurlen, 1964a, p. 150-152, est. 19, fig. 116a-c, 117a-b.
Phyllobrissus brasiliensis - Brito, 1981a, p. 520-521, est. 2, fig. 6-7.
Petalobrissus cubensis - Smith & Bengtson, 1991, p. 43-45, est. 8L-M, fig. texto. 35-36. (com
sinonímia até a data)
Ocorrências: Mutamba do Arisco, Estreito e Buraco d’Água, no vale do rio Açu; Sítio
Bonito e Gangorrinha, mun. de Governador Dix-Sept Rosado Maia; afloramento MO-03,
RN.
Observações: Ocorrem muitos bancos com essa espécie na borda sul da Chapada do
Apodi (BEURLEN, 1964a). Segundo SMITH & BENGTSON (1991) os espécimes mexicanos
são do Coniaciano-Santoniano, enquanto que os do Texas são do Campaniano. Mas,
muitos exemplares classificados como Clypeopygus no norte da África também
pertencem a essa espécie e podem ocorrer em sedimentos do Turoniano, Coniaciano e
Santoniano.
Goniopygus sp.
Concha
Opérculo
Olho
Tentáculo a
Pé
Probóscide
Coração
Massa visceral
Brânquia
Cavidade do manto
Cabeça
b
Boca Pé
Rádula
Ápice
Volta
Espira Columela
Volta
Volta Abertura
corporal Lábio externo
Lábio interno Abertura
c Canal sifonal d
a b c
d e f
Descrição: Concha inflada, constituída em sua maior parte pela volta corporal; espira
baixa, enrolada quase num plano; volta corporal com duas carenas fortes, no primeiro
quarto e no meio da volta corporal; ornamentação composta de linhas de crescimento e
de costelas delicadas, discretamente espaçadas, dando à concha um aspecto estriado;
em cada costela ocorrem dois nódulos, o mais forte fica na parte distal, as linhas de
crescimento são nítidas posicionando-se sobre as costelas e os nódulos.
Material-tipo: Holótipo: DGM 973-I.
Localidade-tipo: Rio Açu, perto de Pendência, RN.
Material estudado: DG-CTG 905; DGM 973-I, DGM 974-I, DGM 975-I, DGM 988-I, MCT
6.860-I, MCT 6.863-I, MCT 6.864-I.
Dimensões: Holótipo: 18 mm de altura, 23 mm de largura. Maior exemplar, incompleto: 26
mm de altura e 42 de largura (MCT 6.863-I).
Ocorrências: Arredores de Gov. Dix-Sept Rosado e no km 73, 74 e 75 da E. F. Mossoró-
Gov. Dix-Sept Rosado, RN.
Descrição: Concha muito pequena, turriculada, com oito voltas, espira cônica, volta
corporal grande e arredondada na base com linhas espirais; voltas ornamentadas com
88
dez costelas longitudinais, fortes, interrompidas nas suturas, às vezes alternadas a cada
volta; cordas espirais atravessam as costelas, que nas primeiras voltas da espira são em
número de quatro, aumentando para seis ou sete nas últimas voltas.
Localidade-tipo: Km 45 da E. F. Central do Rio Grande do Norte, cerca de 500 m depois
de Itapassaroca, RN.
Material-tipo: AMNH, número não designado.
Dimensões: 15 mm de altura, 6 mm de largura.
Ocorrências: Macaíba, João Câmara e Natal.
Observações: Segundo MAURY (1934a) a espécie é abundante nos calcários provenientes
da localidade-tipo. Assemelha-se ao subgênero Thericium Monterosato, 1890, cujo
registro mais antigo data do Turoniano, vivendo até hoje em mares das regiões tropicais.
Descrição: Concha turriculada, pouco esguia, de tamanho médio, com 8 voltas que
aumentam gradativamente; flanco das voltas plano, sutura linear, impressa, deixando a
lateral da espira plana; ornamentação consiste de oito a nove costelas axiais, contínuas
do ápice até a base da concha, interrompidas nas suturas; as costelas são cruzadas por
três sulcos espirais, que a dividem em quatro partes; abertura pequena, ovalada, um
pouco inclinada, lábio interno espesso e bem expandido sobre a base da concha.
Localidade-tipo: Rio Açu, perto de Pendência, RN.
Material-tipo: Holótipo: DGM 981-I.
Material estudado: DGM 981-I; MCT 6.918-I e MCT 6.919-I (cerca de 50 exemplares
provenientes da localidade “km 73 da E. F. Mossoró - Gov. Dix-Sept Rosado”).
90
Descrição: Concha turriculada, flanco das voltas reto, sutura simples, rasa, mascarando
os limites das voltas; ornamentação consiste de três ou quatro linhas espirais mais fortes
e nos espaço entre elas, uma ou duas linhas espirais mais delicadas.
Localidade-tipo: Baixa do Leite, sudeste da cidade de Macau, RN.
Material-tipo: Holótipo: AMNH 24134.
Dimensões: 11 mm de altura e 7 mm de largura, com três voltas preservadas, mas
segundo MAURY (1934a), a altura total da concha deveria chegar a 23 mm.
Descrição: Concha turriculada, esguia, ângulo apical com 25°; flanco das voltas planos,
suturas simples, rasas; voltas com 5 carenas espirais, eqüidistantes e iguais,
relativamente largas, com o topo arredondado e crenulado, largura das carenas é quase
igual a dos sulcos entre as carenas.
Material-tipo: Holótipo: DG-CTG 861.
Localidade-tipo: Fazenda Independência, mun. de Upanema, RN.
Dimensões: 22 mm de altura e 12 de largura, 7 mm de altura da volta.
Observações: A descrição foi baseada em dois fragmentos, mas que segundo BEURLEN
(1964a) estavam bem conservados.
Descrição: Concha turriculada, esguia, com 16 a 22 voltas nos adultos; nas conchas
jovens o ângulo é mais agudo e as conchas são mais pontiagudas e delgadas; a volta na
concha adulta apresenta 3 cordões espirais finamente nodulosos, um proximal, junto à
base da volta, um segundo no centro, mais fraco e um distal, de tamanho mediano,
próximo à sutura; o distal é o mais forte e constante, pois os outros tendem a
desaparecer com a maturidade; às vezes, alguns cordões tornam-se espinhosos.
Localidade-tipo: Itapassaroca, em corte da E. F. Central do Rio Grande do Norte, RN.
Material-tipo: AMNH, número não designado.
Dimensões: Holótipo: 35 mm de altura e 6 mm de largura. O maior exemplar encontrado
apresentava 50 mm de altura, segundo MAURY (1934a), que examinou os espécimens
estudados por JENKINS (1913).
Descrição: Concha turriculada, com cerca de 15 voltas, ornamentadas com dois finos
cordões crenulados em volta da sutura, um proximal e um distal; no restante da volta
92
ocorrem pequenas linhas espirais, mais suaves, destacando-se apenas uma próxima à
base, que é um pouco mais nítida; flanco das voltas abaulado.
Localidade-tipo: Rio Açu, perto de Pendência, RN.
Material-tipo: Holótipo: DGM 978-I.
Dimensões: 18 mm de altura e 3 mm de largura.
Observações: No mesmo fragmento de calcário onde está o holótipo, existem mais
conchas desta espécie, não tão bem preservadas, algumas até de maior tamanho, mas
pouco acrescentam à descrição da mesma. As conchas apresentam-se orientadas,
indicando deposição em lugar com corrente de água.
Descrição: Concha turriculada, de porte médio, esguia; voltas baixas, flancos quase
planos, sutura simples, pouco nítida; volta com quatro cristas espirais, estreitas, elevadas,
com o topo agudo; são eqüidistantes e iguais, exceto a crista mais distal, sobre a sutura,
que é a mais pronunciada, formando um colarinho.
Localidade-tipo: Toletes, mun. de Mossoró, RN.
Material-tipo: DG-CTG, número não designado.
Dimensões: 50 mm de altura e 30 mm de largura, segundo BEURLEN (1967).
Descrição: Concha pequena, cônica, com cerca de nove voltas, altas, com os flancos
retos; sutura distinta, formando uma suave rampa na parte distal; na parte proximal da
volta, logo após a sutura, ocorrem duas linhas espirais finas; no restante do primeiro terço
não há ornamentação; no terço médio e superior das voltas apresentam linhas espirais
crenuladas, suaves, mais desenvolvidas, e entre elas linhas espirais finas, somente
visíveis com auxílio da lupa.
Localidade-tipo: Fazenda Independência, mun. de Upanema, RN.
Material-tipo: Holótipo: AMNH 24156.
Dimensões: 13 mm de altura e 7 mm de altura, 17 mm de altura da volta, segundo MAURY
(1934a).
a b c
Figura 41 - Pyrazus rioassuanus MAURY, 1925 a) Lado da abertura.
b) Lado dorsal. c) Detalhe do lábio interno preservado (DGM 6.918 - I).
a b
a b c
Aporrhaidae sp. a
Drepanocheilus baixaleitensis - Beurlen, 1964a, p. 106-108, est.12, fig. 80 (não Maury, 1934a).
Descrição: Concha turriculada, grande, com oito a nove voltas; flanco das voltas
abaulado, sutura escavada, base da última volta achatada, canal anterior reto e
destacado da base; lábio externo estende-se para trás; volta corporal com uma carena
espiral no meio do flanco, com oito tubérculos prolongados axialmente.
Ocorrência: Arredores de Gov. Dix Sept. Rosado, RN.
Material estudado: DG-CTG 848 e 852.
Dimensões: DG-CTG 852: 112 mm de altura e 85 mm de largura, 50 mm altura da volta
corporal. Maior exemplar alcançou150 mm de altura.
Observações: BEURLEN (1964a) estudou apenas moldes internos e ressalta que os
tubérculos axiais refletem uma ornamentação de costelas axiais. A identificação é
precária devido à preservação do material.
95
Aporrhaidae sp. b
(Figura 44a-b)
Aporrhaidae sp. c
(Figura 43c)
Aporrhaidae sp. d
(Figura 45c)
Aporrhaidae gen. et sp. indet. - Beurlen, 1964a - p. 108-109, est. 12, fig. 79.
Aporrhais mauryae Beurlen, 1964a, p. 105-106, est. 11, fig. 78.
Aporrhais mauryae - Beurlen, 1967, p. 139.
Descrição: Concha turriculada, de porte médio, com cinco a seis voltas; volta corporal
destaca-se pelo tamanho, 0,6 do comprimento total da concha; voltas da espira são altas
com uma quilha espiral nos flancos, situada próxima da sutura distal, apresentando
nódulos suaves; o flanco da parte proximal da volta, entre a sutura e a quilha, é mais
largo e plano, e na parte distal, entre a quilha e a sutura, é inclinado, ficando a volta com
uma forma cilíndrica e a concha com aspecto escalariforme.
96
Ocorrências: Arredores de Gov. Dix Sept. Rosado; Est. Rod. Upanema - Gov. Dix Sept.
Rosado e Ipanguaçu, no vale do rio Açu, RN. Pedreira Carbomil, Limoeiro, CE.
Material estudado: MCT 6.923-I.
Dimensões: 55 mm de altura e 31 mm de largura, 18 mm de altura da volta corporal.
Observações: Segundo BEURLEN (1964a) trata-se de um fóssil relativamente comum. Só
o exame de exemplares mais bem preservados poderá confirmar o gênero.
Pterocerella (?) mossoroensis Beurlen, 1964a, p. 103-105, est. 12, fig. 83-84.
Pterocerella (?) mossoroensis - Beurlen, 1967, p. 139.
Descrição: Concha média, celoconóide, pouco esguia, com seis a sete voltas; estrias de
crescimento nítidas, flanco das voltas bem inclinado, com uma carena espiral,
arredondada, proeminente, situada logo acima da sutura; cordão espiral na base, na
parte distal próximo à sutura. Esse cordão e a carena se distanciam logo após a abertura
para formar a expansão alada do lábio externo, que se subdivide ou não em apófises,
características da família, abertura pequena.
Material-tipo: Lectótipo: DG-CTG 837, paralectótipo: DG-CTG 839, aqui designados.
Material estudado: MCT 6.921-I e 6.922-I.
Dimensões: 62 mm de altura e 41 mm de largura (A expansão do lábio externo não está
preservada).
Ocorrência: Km 73 da E.F. Mossoró-Gov. Dix-Sept Rosado e Mutamba do Arisco, no vale
do rio Açu, RN
Observações: Foram examinados 55 exemplares com a espira bem preservada, sem a
expansão do lábio externo. Em apenas um exemplar há um esboço desse prolongamento
que poderia indicar se o lábio se elevava até a volta precedente, como no gênero
Pterocerella. Como os detalhes da abertura não são conhecidos poderia ter pertencido
também aos gêneros Anchura ou Drepanocheilus.
Em vários exemplares foram encontrados fósseis de Vepricardium soperi, Pyrazus
rioassuanus e pequenas nerineas no ponto onde se localizava a expansão alada. As
conchas deveriam estar aninhadas aí antes do soterramento.
97
Descrição: Molde interno com costelas verticais estreitas; o plano de enrolamento muda
na última volta, do lado aboral da concha, virando-se fortemente para cima, cobrindo mais
da metade da volta precedente.
Localidade-tipo: Baixa do Leite, 11 km SE da cidade de Macau, RN.
Material-tipo: Holótipo: AMNH 24132.
Dimensões: 40 mm de altura e 38 mm de largura.
Observações: MAURY (1934a) descreveu a espécie baseada em um único molde interno
incompleto, com apenas três voltas da espira. Essa forma foi mantida para demonstrar a
diversidade dessa família na formação.
Aporrhais sp.
(Figura 45b)
Descrição: Concha com a espira pouco elevada; ângulo apical de 50°; flancos das voltas
da espira planos, sem quilhas espirais; perto da abertura a sutura da volta corporal dirige-
se para trás, sobre o flanco da volta precedente; canal anterior bem pronunciado e
prolongado, recurvado para trás; lábio externo com amplas expansões, crista espiral na
volta corporal, que se prolonga em uma apófise posterior do lábio externo; entre essa
apófise posterior e o canal anterior há uma larga expansão alar, da qual provavelmente
sairiam mais duas ou três apófises. A espira pouco elevada, as características da volta
corporal indicam que se trata de um representante do gênero Aporrhais.
Dimensões: 90 mm de altura, 55 mm de largura e 50 mm de altura da volta corporal.
Ocorrência: Km 22 da Est. Rod. Mossoró - Areia Branca, RN.
Observações: A descrição foi baseada em um único exemplar, com três voltas da espira.
1cm
a b
a b c
1cm 1cm
a b
Descrição: Concha muito pequena, com espira turriculada nas cinco ou seis voltas
iniciais, mas ficando com aspecto bulimóide nas voltas seguintes; o aspecto geral da
ornamentação é reticulado, mas em detalhe, são 4 cordões espirais de pequenos
nódulos, organizados em fileiras formando 15 costelas axiais ao longo da espira; contorno
da abertura subquadrado, apresentando na parte anterior, uma pequena incisão,
retorcida e ampla.
100
Material estudado: MCT 6.852-I; MCT 6.924-I; MCT 6852-I; MCT 6853-I
Ocorrência: Km 15 da BR 117, na Est. Rod. Mossoró-Gov Dix-Sept Rosado, o segundo,
no km 22 da Est. Rod. Mossoró-Areia Branca e o terceiro, de Gangorrinha, no município
de Gov. Dix-Sept Rosado, RN.
101
A origem da família é considerada por TRACEY et al. (1993) como tendo ocorrido
no Triássico e por SOHL (1987) como cretácea. O subgênero Architectonica possui
representantes na Europa, Índia, África do Sul, Ámerica do Norte e do Sul e vive até os
dias de hoje.
Architectonica ? sp.
Descrição: Concha média, espira baixa com cinco voltas, volta corporal grande ocupando
a maior parte da concha; quilha periférica pronunciada próxima da sutura, que separa os
lados distal e proximal da volta; o lado distal é quase plano, moderadamente inclinado da
sutura para a quilha; base da volta corporal abaulada; umbílico amplo e medianamente
profundo, quilha umbilical pouco pronunciada.
Material estudado: DG-CTG 855 e 857.
Dimensões: 13 mm de altura e 22 mm de largura.
Ocorrências: Gangorrinha, mun. de Gov. Dix-Sept Rosado e Est. Rod. Upanema-Gov.
Dix-Sept Rosado, RN.
Observações: O encontro de material melhor preservado permitirá a classificação correta
destes gastrópodos.
a b
c d e
Descrição: Concha muito pequena, subcilindrica, espira involuta, lábio externo um pouco
alongado na parte anterior, base da concha estriada transversalmente.
Localidade-tipo: Rio Açu, perto de Pendência, RN
Material-tipo: Holótipo: DGM 976-I.
Dimensões: 5 mm de altura e 2 mm de largura.
ANG
AE
AV DMA DME
b c
Observações: Alguns moldes internos sugerem que a concha era perfurada, mas a
cavidade observada na base pode corresponder ao espaço ocupado anteriormente pela
columela. Não observamos também os sulcos formados em decorrência do
espessamento do lábio externo, considerado como caráter diagnóstico por CALLAPEZ &
FERREIRA SOARES (1991).
Organizamos as conchas em seqüência, formando uma série que se iniciava por
uma não deformada, passando por vários estágios de deformação. Verificamos que
Tylostoma brasilianum é sinônima de Tylostoma crandalli, pois os aspectos morfológicos
utilizados na caracterização dessa última espécie são resultados de alterações de ordem
tafonômica. A figura 53c mostra o exemplar que foi designado como holótipo da espécie
Tylostoma crandalli.
Ocorrências: Muitos dos exemplares atribuídos a Tylostoma brasiliensis, tanto na
literatura como nas coleções, são pertencentes a vários morfotipos. São moldes internos,
deformados, que apresentam semelhanças quanto ao aspecto geral, mas apresentam
variações na forma da volta corporal ou na altura da espira. De modo que não foram
utilizadas as informações obtidas na literatura para mostrar a ocorrência desta espécie.
Diagnose: Concha delgada, espira alta, com cerca de seis voltas, flancos das voltas
pouco abaulados; ângulo apical em torno de 100°; volta corporal ocupando 3/4 da altura
total.
Descrição: A espira é relativamente grande, com voltas numerosas, pouco altas, em
número de seis. O topo tem um corte com diâmetro de 10 mm de modo que a parte que
falta da espira corresponde a umas três voltas. As voltas são lisas aproximadamente
planas, a superfície externa inclina ligeiramente do alto em direção à base e para fora. A
sutura é profundamente canaliculada (IHERING, 1907).
Localidade-tipo: Não especificada. O autor relatou apenas que recebeu um exemplar
proveniente do Rio Grande do Norte das mãos de Francisco Rocha.
Material-tipo: Não designado no trabalho de IHERING (1907).
5 cm
1 cm 1 cm
a b
Diagnose: Concha delgada, esguia, com cerca de seis voltas, flancos das voltas
o
levemente abaulados; ângulo apical com 70 ; volta corporal ocupando 2/3 da altura total.
Descrição: Concha delgada, esguia, espira elevada, com cerca de seis voltas
relativamente altas com suturas rasas e distintas; flanco da volta corporal abaulado;
abertura ovóide, expandida na parte anterior e na parte posterior levemente recurvada
parta trás; eixo longitudinal pouco oblíquo.
Material-tipo: Lectótipo: DG-CTG 877, paralectótipos: DG-CTG 5694 (cinco exemplares),
aqui designados.
Localidade-tipo: Estrada Rodoviária de Upanema para Governador Dix-Sept Rosado,
mun. de Upanema, RN.
Observações: O tipo mede 74 mm de altura, 43 mm na maior largura, altura da volta
corporal 37 mm. Em todos os seis exemplares estudados, a parte terminal da abertura
está quebrada cerca de 30 mm e restou uma marca mostrando que o lábio externo
voltava-se para trás ao se prender no flanco da volta.
113
CAMPANIANO
SANTONIANO
CONIACIANO
TURONIANO
CENOMANIANO
ALBIANO
APTIANO
BARREMIANO
HAUTERIVIANO
VALANGINIANO
BERRIASIANO
40 30 20 10 0 10 20 30 40 50
a
a Ângulo apical
Sutura
Altura
b c
Selenizona
Dobra parietal
Dobra labial
Dobra parietal
Dobra columelar
Dobra labial
Dobra columelar Diâmetro máximo
d e
· 1 columelar
1a
Cryptoplocus · 1 parietal
1b
· 1 columelar + 1 labial
2b
região parietal
columela lábio
base
Diozoptyxis biplicata 2b + 1
Diozoptyxis baixadoleitensis 2b + 1
Diozoptyxis sp.
Nerinea brasiliana 2a + 1
Nerinea coutinhoi 2a + 1
Nerinea sp.
Plesioptygmatis upanemensis 2b + 2
Plesioptygmatis mossoroensis 2b + 2
Plesioptygmatis sp. a 2b + 2
Diagnose: Concha pequena, forma cônica, ângulo apical com 35°, molde interno
apresentando um sulco profundo na parte mediana da voltas.
Descrição: Concha pequena, forma cônica; ângulo apical com 35°, sutura linear, molde
interno apresentando um sulco profundo na parte mediana da voltas, dividindo-a em duas
partes iguais, ornamentação externa desconhecida, dobra parietal bem desenvolvida e
duas dobras columelares (MAURY, 1934a).
Material-tipo: Holótipo: AMNH 24160.
Loalidade-tipo: Baixa do Leite, RN.
Dimensões: Molde interno com 12 mm de altura, 5 mm de espessura.
Observações: Os fósseis atribuídos por BEURLEN (1964a) a Ptygmatis baixadoleitensis,
não foram coletados na localidade-tipo de MAURY (1934a), sendo provenientes de
Ipanguaçu e arredores de Gov. Dix-Sept Rosado (DG-CTG 803). Estão mal preservados
e não apresentam características que possam definir a espécie. O exemplar de Ptygmatis
baixadoleitensis secionado por BEURLEN (1964a) para análise da cavidade da volta não
foi examinado, impossibilitando uma classificação segura. O exemplar descrito por MAURY
(1934a) como Nerinea (Ptygmatis) riograndensis (Figura 59b) foi colocado em sinonímia,
pois provém da mesma localidade e não apresenta diferenças morfológicas.
Diagnose: Concha grande, turriculada, faixa espiral crenulada nas bordas proximal e
distal da volta, estrias de crescimento pronunciadas, sutura distinta entre as elevações
espirais.
Descrição: Concha grande, esguia, turriculada, cilíndrica, ângulo da espira com menos de
10°; base da volta projeta-se para fora formando uma concavidade leve na parte mediana
do flanco, nas formas jovens ocorrem quatro fileiras de nódulos, igualmente espaçados
a b
c d
Figura 59 - a) Diozoptyxis baixadoleitensis. b) Nerinea (Ptygmatis)
riograndensis. Ambas figuradas por MAURY (1934a). c) Diozoptyxis
biplicata (Beurlen, 1964) (DG - CTG 811). d) Diozoptyxis sp. (DG - CTG
856 - I).
a b
entre si, que nas formas adultas resultam apenas em uma leve crenulação nos bordos da
volta, formando dois cordões próximos aos bordo da volta; sutura distinta, pouco
escavada, localizada entre esses cordões espirais; estrias de crescimento bem
pronunciadas, reforçadas sobre os cordões espirais.
Material-tipo: Lectótipo: DG-CTG 811.
Localidade-tipo: Mutamba do Arisco, vale do rio Açu, RN.
Material estudado: DG-CTG 819 e DG-CTG 5695.
Dimensões: Lectótipo: 55 mm de altura, 30 mm de largura.
Ocorrências: Km 73 da E.F. Mossoró-Gov. Dix-Sept Rosado; Ipanguaçu e Buraco
d’Água, RN.
Diozoptyxis sp.
(Figura 59d)
Campanile (?) sp. indet. - Beurlen, 1964a, p. 88-89, est. 10, fig. 67.
Diozoptyxis sp. - Beurlen, 1967, p. 139.
Descrição: Concha grande, espira turriculada, ângulo apical com 20°, voltas baixas; flanco
da espira quase plano, com suturas distintas e rasas; nas bordas proximal e distal
possuem duas elevações com tubérculos nítidos, baixos e arredondados.
Material estudado: DG-CTG 856 (2 exemplares).
Dimensões: 57 mm de altura e 27 mm de largura.
Ocorrência: Fazenda Independência, mun. Upanema, RN.
Observações: Segundo BEURLEN (1967), assemelha-se à espécie Campanile sp., do
Turoniano de Gabão, que também deve pertencer a este gênero.
Diagnose: Concha turriculada, delgada, com cerca de 18 voltas; flanco das voltas
côncavos, abaulados na parte distal; sutura linear escavada; uma fileira de nódulos bem
suaves na parte mais proximal da volta; três dobras columelares.
a b
c d
Descrição: Concha turriculada, muito comprida, com cerca de 18 voltas; ângulo apical
com 12°; voltas apresentando a parte proximal côncava e a parte distal bem arredondada,
dando às voltas um aspecto côncavo no meio e arredondado próximo à sutura; as voltas
são ornamentadas com uma fileira de nódulos muito fracos, na parte proximal; linhas de
crescimento quase verticais na parte proximal, e voltadas para trás na parte distal; três
dobras columelares, finas e eqüidistantes, características do gênero (MAURY, 1925).
Localidade-tipo: Rio Açu, perto de Pendência.
Material-tipo: Lectótipo: DGM 979-I, paralectótipo: DGM 980-I. Aqui designados.
Dimensões do lectótipo: 131 mm de comprimento, 24 mm de largura e 23 mm de altura
da volta corporal.
Ocorrências: Arredores de Gov. Dix-Sept Rosado; km 73 da E.F.Mossoró-Gov. Dix-Sept
Rosado; arredores de Upanema, RN.
Observações: As dobras columelares podem ser observadas no exemplar DGM 980-I
(Figura 61c). Um corte no sentido longitudinal do exemplar DGM 3.726-I mostra a
sinuosidade das cavidades da parte interna das voltas em decorrência das dobras
columelares (Figura 61d).
Nerinea (Plesioptygmatis) coutinhoi Maury, 1934a - p. 146-147, est. 13, fig. 4-5.
Nerinea (Gonzagia) coutinhoi - Beurlen, 1964a, p. 98, est. 11, fig. 74.
Nerinea (Gonzagia) coutinhoi - Beurlen, 1967, p. 139.
Nerinea (Gonzagia) coutinhoi - Beurlen, 1967, p. 139.
Nerinea sp. a
(Figura 60b)
Diagnose: Concha turriculada, com flancos das voltas bem côncavos, elevações
contínuas próximas aos bordos de duas voltas consecutivas, cavidade interna da volta
com quatro dobras.
Descrição: Concha turriculada, de pequeno a médio porte; flancos das voltas bem
côncavos, com uma elevação contínua do bordo distal e proximal, sutura fica no alto
dessas duas elevações; quatro dobras na parte interna da volta, uma labial, uma parietal
e duas columelares.
Localidade-tipo: Km 73 da E.F. Mossoró-Gov. Dix-Sept Rosado, RN.
Material-tipo: Lectótipo: DG-CTG 814, paralectótipo: DG-CTG 5697. Aqui designados.
Material estudado: DG-CTG 5698 (quatro exemplares).
Dimensões: Maior fragmento, com três voltas: 24 mm de altura, 13 mm de largura, altura
da volta com 9 mm.
Observações: Externamente, a concha se assemelha a Nerinea brasiliana, mas em corte
longitudinal pode-se constatar a ausência de dobras columelares. O contorno da cavidade
da volta é diferente.
Ocorrência: Arredores de Gov. Dix-Sept Rosado, RN.
Diagnose: Concha turriculada, voltas com leve sinuosidade, selenizona junto à sutura,
voltas altas, sem ornamentação externa, cavidade das voltas alongada, com quatro
dobras, espaço ocupado pelo corpo do animal reduzido.
Descrição: Concha turriculada, de porte médio, ângulo espiral menor que 10°, flancos das
voltas com leve sinuosidade, selenizona, formando uma discreta elevação espiral junto à
sutura, altura das voltas com 0,6 do diâmetro, ângulo sutural de 15°, sem ornamentação
externa, columela espessa, corte transversal da volta alongado, com uma dobra labial,
a b
c d
duas dobras columelares e uma dobra parietal. Molde interno com um sulco no meio da
volta, dividindo-a em duas.
Localidade-tipo: Estreito, no vale do rio Açu, RN.
Material tipo: Lectótipo: DG-CTG 822, paralectótipo: DG-CTG 5699. Aqui designados.
Material estudado: DG-CTG 5700.
Dimensões: Lectótipo (com seis voltas): 38 mm de altura, 12 mm de largura, 8 mm de
altura da volta. Paralectótipo (com seis voltas): 41 mm de altura, 16 mm de largura, 11
mm de altura da volta.
Diagnose: Concha de porte médio, trocóide, ângulo espiral de 40°, molde interno com
concavidade acentuada no flanco das voltas, apresentando uma linha média escavada
bem no meio da volta.
Descrição: Concha de porte médio, forma trocóide, ângulo espiral de 40°; molde interno
com uma linha média escavada no meio da volta, decorrente de uma dobra palatal,
deixando o flanco das voltas com uma concavidade acentuada; columela espessa, o
contorno do interior da volta é ovalado, com três dobras, uma labial e duas columelares.
Observações: São desconhecidas as características da ornamentação externa.
Reconhece-se esse morfotipo pela presença da linha escavada no meio da volta do
molde interno, que parece dividir a volta em duas. Todo o material está muito mal
preservado.
Material-tipo: Lectótipo: DG-CTG 808, paralectótipo: DG-CTG 823. Aqui designado.
Localidade-tipo: Est. Rod. Upanema-Gov. Dix-Sept Rosado, RN.
Material estudado: DG-CTG 808, DG-CTG 823, DG-CTG 5701; MCT 6.871-I.
Ocorrências: Arredores de Gov. Dix-Sept Rosado, RN.
Dimensões: Maior fragmento, com três voltas: 35 mm de altura, 24 mm de largura, 10 mm
de altura da volta.
Plesioptygmatis sp. a
(Figura 62d)
Diagnose: Concha turriculada, ângulo espiral com 25°, flanco das voltas levemente
deprimido no primeiro terço, três dobras columelares e uma dobra parietal.
Descrição: Concha turriculada, ângulo espiral com 25°, flanco das voltas com leve
depressão no primeiro terço, formando uma pequena elevação espiral próximo ao bordo
da volta; molde interno apresenta um sulco raso que divide a volta em duas; o corte das
voltas é rombóide, arredondado, muito oblíquo, uma dobra columelar e uma parietal bem
pronunciadas, que parecem dividir a cavidade em duas, mais duas dobras ocorrem, uma
columelar e a outra labial, mais suaves.
Material estudado: DG-CTG 804, DG-CTG 5702 e DG-CTG 5703.
Dimensões: DG-CTG 5702: 45 mm de altura, 12 mm de largura, altura da volta 4 mm.
Ocorrências: Ipanguaçu e arredores de Gov. Dix-Sept Rosado, RN
Observações: Estes exemplares foram considerados por BEURLEN (1964a) como
pertencentes à espécie descrita por MAURY (1934) como Nerinea (Ptygmatis)
riograndensis, reclassificada neste trabalho como Diozoptyxis baixadoleitensis. O ângulo
apical mais agudo, a forma turriculada da concha e o sulco profundo na parte mediana da
voltas diferenciam estes fósseis da espécie citada.
3
4
5
a b
c d
(Figura 65a-d)
Diagnose: Volta corporal fortemente inflada no quarto superior, parte inferior afilada,
columela curta, fraca elevação na parte inferior lábio interno.
Descrição: Conchas grandes, ovais, diâmetro máximo de 46 a 58 % da altura total; 6 a 7
voltas, altura da espira variável; volta corporal com 80 a 92 % da altura total, fortemente
inflada no quarto superior; abertura estreita, proporcionalmente extensa; columela com
1/3 da altura da abertura; três dobras na base da columela, a primeira é
mais forte e voltada para a parte anterior, as duas outras são mais fracas; forte indutura
no lábio interno, sobre a columela.
Hipótipos: USNM 306076-306080, 306088-306090.
Localidade-tipo: Tenantitlan, perto de Zumpango de Rio, Estado de Guerrero, México.
Observações: Foram SOHL & KOLLMANN (1985) que colocaram as espécies descritas por
MAURY (1930), da Formação Estiva da Bacia do Cabo, como sinônimas desta espécie. Os
fósseis não foram localizados e não puderam ser examinados, mas pelas ilustrações da
autora, aqui reproduzidas na figura 66, indicam ser da mesma espécie da Formação
Jandaíra.
Ocorrências: No Brasil, na Formação Jandaíra: arredores de Gov. Dix-Sept Rosado e km
74 e 75 da E. F. Mossoró - Gov. Dix-Sept Rosado; Fazenda Olheiros e na Est. Rod.
Upanema - Gov. Dix-Sept Rosado, mun. de Upanema; Mutamba do Arisco, Estreito e
Buraco d’ Água, no vale do rio Açu, RN. Na Bacia do Cabo, Formação Estiva, próximo da
localidade de Tamandaré, mun. de Formoso, Turoniano de Pernambuco.
Segundo SOHL & KOLLMANN (1985), ocorre no México, no Coniaciano (?) e na
Jamaica, no Maastrichtiano.
a
b c d
a b c d e
Material estudado: DG-CTG 912, 921, 923; DGM 6.902-I, DGM 6.903-I.
Diagnose: Concha grande, espira pouco elevada, com seis voltas e 0,2 da altura total da
concha, volta corporal alongada, cilíndrica, abertura estreita, alargada na parte anterior.
Descrição: Concha grande, voltas fracamente enroladas, espira pouco elevada,
relativamente involuta, com seis voltas e 1/5 da altura total da concha, ângulo apical de
90°, volta corporal alongada, cilíndrica, abertura estreita, alargada na parte anterior, com
o eixo longitudinal paralelo ao eixo da espira.
Localidade-tipo: Governador Dix-Sept Rosado, RN.
Material-tipo: Lectótipo: DG-CTG 909, paralectótipo: DG-CTG 925, aqui designados.
Material estudado: DG-CTG 5704.
Dimensões: Lectótipo: 90 mm de altura, 59 mm de largura da concha, altura da espira 1,9
mm.
Ocorrências: Gangorrinha e Sítio Bonito, mun. de Gov. Dix-Sept Rosado; Fazenda
Olheiros e Fazenda Conceição, na Est. Rod. Upanema - Mossoró; Mutamba do Arisco,
Estreito e Buraco d’ Água, no vale do rio Açu, RN.
Diagnose: Concha grande, com seis a sete voltas, fracamente enroladas, espira baixa,
pouco involuta, com 1/5 da altura total da concha.
Descrição: Concha média, voltas fortemente enroladas, aumentando rapidamente de
tamanho, dando à espira um aspecto afilado; volta corporal abaulada próximo à sutura,
afilando em direção à parte anterior; voltas da espira com 1/5 da altura total da concha.
Em corte transversal pode-se notar a espiral perfeita formada pelo forte enrolamento da
concha; três dobras na base da columela.
Localidade-tipo: Santana, RN
a b
Figura 67 - Trochactaeon elongatus (Beurlen, 1964). a) Lectótipo
(DG - CTG 909). b) Corte transversal mostrando o enrolamento das
voltas (DG - CTG 925).
a b
a b
Trochactaeon sp. a
(Figura 69)
Diagnose: Concha pequena, baixa, globosa a ovalada, quatro voltas, abertura estreita,
mais expandida na parte anterior.
Descrição: Concha pequena, baixa, quatro voltas fracamente enroladas; volta corporal
abaulada próximo à sutura, afilando levemente em direção à parte anterior, dando à
concha um contorno ovalado; voltas da espira com 1/4 da altura total da concha; columela
curta; abertura estreita, mais expandida na parte anterior, paralela ao flanco da volta.
Dimensões: Exemplar completo: 31 mm de altura, 11 mm de largura, altura da espira com
8 mm.
Localidade-tipo: Gov. Dix-Sept Rosado, RN
Material estudado: DGM 6.863-I, DGM 6.915-I e DGM 6.916-I (2 exemplares).
Ocorrências: Km 74 e 75 da E.F. Mossoró - Gov. Dix-Sept Rosado, mun. de Gov. Dix-
Sept Rosado; Est. Rod. Upanema - Mossoró, Mutamba do Arisco, no vale do rio Açu, RN.
134
Estratigrafia de seqüências
A Estratigrafia de Seqüências possibilita a visão do todo na análise de bacias
sedimentares, conciliando num só arcabouço as informações advindas de diversos
campos da geologia sedimentar, tais como a sedimentologia, a bioestratigrafia a
paleogeografia, entre outros. Permite agregar no mesmo arcabouço informações
provenientes de diferentes fontes de dados geológicos, como descrição litológica,
informações paleontológicas, seções sísmicas, ou seja, diferentes visões de cada uma
das especialidades da geologia sedimentar, mas observadas de forma integrada
(SEVERIANO RIBEIRO, 2001).
Segundo DELLA FÁVERA (2001), a Estratigrafia de Seqüências fundamenta-se no
estudo das relações entre rochas sedimentares geneticamente relacionadas, delimitadas
por superfícies de erosão, não deposição ou concordâncias relativas, em um determinado
intervalo de tempo. Considera-se como unidade, uma seqüência delimitada por
discordâncias e marcadas por eventos físicos, químicos e biológicos. Os princípios da
estratigrafia de seqüências apresentam estreita relação com as variações do nível do mar
e a sedimentação das margens continentais.
REGRESSÃO
EVENTO
SEQÜÊNCIA AMBIENTE
NÍVEL DO MAR
QUÍMICO E
EVENTO BIOLÓGICO SEDIMENTOLÓGICO ESTRATIGRAFICA DEPOSICIONAL
Transgressão
CAMPANIANO
73 Ma
87
Transgressão
Protexanites (Protexanites) sp.
CONIACIANO
88
Trato de Influência de
Tartaruga de água doce Carbonatos mar mais Ambiente
baixo Continental
Exposição Ambiente
Caliche Continental
subaérea
Regressão
89
TURONIANO INFERIOR
Banco de ostras
Trato de
Carbonatos mar baixo Litorâneo
90
Fauna semelhante à da fase transgressiva
Redução da fauna
91
Trochactaeon Nerinea Tylostoma Plataforma
Trato de
Carbonatos mar alto rasa
Mammites, Hoplitoides, Coilopoceras
Mytiloides submytiloides
12. PALEOBIOGEOGRAFIA
Figura 72 - Domínio Tetiano durante o Cretáceo Superior, o Megatethys, segundo DIAS-BRITO, 2000. Os limites de
SOHL, 1987, também estão assinalados.
151
13.1 CONCLUSÕES
O estudo da paleobiologia dos gastrópodos da Formação Jandaíra demonstrou a
importância de uma continuidade nas pesquisas sobre os macrofósseis para obtenção de
dados mais detalhados sobre paleobiogeografia, tafonomia e variação do nível do mar
nas bacias da Margem Continental Leste do Brasil. As conclusões obtidas com esse
trabalho estão relacionadas a seguir.
marcadores que representam um trato de mar mais baixo são os bancos de ostras,
recobertos por caliche, indicadores de exposição subaérea em ambientes continentais,
durante uma fase de não deposição. A presença de restos de vegetais continentais e uma
tartaruga de água doce marcam o final da fase regressiva do Turoniano.
• A quarta associação foi datada como Campaniano superior, com base nas
informações obtidas a partir de microfósseis que ocorrem em subsuperfície. A ocorrência
do amonóide Sphenodiscus nessa associação indica uma idade Campaniano Superior-
Maastrichtiano.
13.2 RESULTADOS
Alguns resultados foram alcançados com o estudo da macrofauna associada aos
gastrópodos.
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163
(G) GASTROPODA (B) BIVALVIA (C) CEPHALOPODA (E) ECHINOIDEA (A) ANTHOZOA
1. ARACATI
! (AR-01) Praia de Retiro Grande, à leste da cidade de Aracati, CE.
(B) Liopistha (Psilomya) aracatiensis (Beurlen, 1964)
Ostrea jacobi Beurlen, 1964
Plicatula cf. mullicaensis Weller, 1907
(C) Hoplitoides sp. a
Hoplitoides sp. b
Mammites jacobi Beurlen, 1964
Placenticeratidae indet.
(E) Hemiaster cearensis Brito, 1981
Hemiaster sanctisebastiani Maury, 1925
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UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS
FORMAÇÕES PÓS - CRETÁCEOS 1. ARACATI (AR) 4. GOV. DIX SEPT- ROSADO (GD) 7. AÇU (AÇ) 10. CATANDUBA (CA)
Kj FORMAÇÃO JANDAÍRA 2. LIMOEIRO (LI) 5. SANTANA (SA) 8. PENDÊNCIAS (PE) 11. JOÃO CÂMARA (JC)
Ka FORMAÇÃO AÇU 3. MOSSORÓ (MO) 6. UPANEMA (UP) 9. MACAU (MA) 12. NATAL (NA)
EMBASAMENTO CRISTALINO
Referências: DUARTE & SANTOS, 1961; MAURY, 1925; BEURLEN, 1964a; BEURLEN, 1967.
! (GD- 02) BR 117, trecho Gov. Dix-Sept Rosado - Caraúbas, 1,5 km ao sul da
cidade de Gov. Dix Sept Rosado, próximo ao entroncamento para esta cidade, mun. de
Gov. Dix-Sept Rosado, RN.
! (GD- 03) Estrada BR 117, trecho Gov. Dix-Sept Rosado-Caraúbas, mun. de Gov.
Dix-Sept Rosado, RN.
! (GD- 06) Arredores da cidade de Gov. Dix-Sept Rosado (antiga São Sebastião),
mun. de Gov. Dix-Sept Rosado, RN. Segundo MAURY (1925), 40 km ao sul de Mossoró.
! (GD- 07) Km 73 da E.F. Mossoró - Gov. Dix-Sept Rosado, mun. de Gov. Dix-Sept
Rosado, RN.
! (GD- 08) Camurim, perto da cidade de Gov. Dix-Sept Rosado, mun. de Gov. Dix-
Sept Rosado, RN.
! (GD- 09) Fazenda Olheiros, Est. Rod. Upanema-Gov. Dix-Sept Rosado, mun. de
Gov. Dix-Sept Rosado, RN.
(G) Trochactaeon elongatus Beurlen, 1964
Trochactaeon (Mexicotrochactaeon) burkhardti (Böse, 1923)
(B) Dendostrea ramicola (Beurlen, 1964)
(E) Coenholectypus upanemensis Beurlen, 1964
Referências: BEURLEN, 1964a; BEURLEN, 1967.
4. SANTANA
! (SA- 01) Rio Upanema, em frente à Santana, RN.
(G) Tylostoma rochai Ihering, 1907
Trochactaeon silvai (Maury, 1925)
(B) Gyrostrea cascudoi (Beurlen, 1967)
(E) Mecaster rioupanemensis (Maury, 1925)
Rosadosoma riograndensis (Maury, 1925)
Petalobrissus cubensis (Weisbord, 1934)
Petalobrissus aff. setifensis (Coquand in Cotteau, 1866)
170
5. UPANEMA
! (UP- 01) Estrada Mossoró-Upanema, 64 km do entroncamento da BR 117, mun.
de Upanema, RN.
! (UP- 05) Fazenda Independência, Est. Rod. Upanema - Gov. Dix-Sept Rosado,
mun. de Upanema, RN.
! (UP- 11) Est. Rod. Upanema-Gov. Dix-Sept Rosado, mun. de Upanema, RN.
6. AÇU
! (AÇ- 01) Corte na estrada de rodagem BR 304, trecho Mossoró-Açu, próximo à
escarpa da Chapada do Apodi, mun. de Açu, RN.
! (AÇ- 06) Serra do Gado, próximo do rio Açu e de Angélica, mun. de Ipanguaçu, RN.
173
! (AÇ- 07) Buraco d’Água, 12 km de Irapua, na estrada para Pendência, vale do rio
Açu, mun. de Ipanguaçu, RN.
! (AÇ- 08) Fazenda Arapuá, vale do rio Açu, próximo a Ipanguaçu, entre Açu e
Pendência, mun. de Ipanguaçu, RN.
! (AÇ- 09) Estreito, vale do rio Açu, entre as cidades de Açu e Pendência, mun. de
Açu, RN.
! (AÇ- 11) Mutamba do Arisco, vale do rio Açu, mun. de Açu, RN.
(G) Pterocerella (?) mossoroensis Beurlen, 1964
Diozoptyxis biplicata (Beurlen, 1964)
Trochactaeon elongatus Beurlen, 1964
Trochactaeon (Mexicotrochactaeon) burkhardti (Böse, 1923)
Trochactaeon silvai (Maury, 1925)
174
! (AÇ- 13) Entre a Fazenda Arapuá e Estreito, ao sul de Pendência, mun. de Açu,
RN.
7. MOSSORÓ
! (MO- 01) Pedreira da Fábrica de Cimento Itapetinga Agroindustrial, a sudoeste de
Mossoró.
! (MO- 05) Est. Rod. Mossoró-Areia Branca, 3,5 km a sudeste da ponte sobre o rio
Carmo, no mun. de Mossoró, RN.
! (MO- 06) Est. Rod. Mossoró-Areia Branca, km 22, no mun. de Mossoró, RN.
! (MO- 12) Baixa da Alegria, 6 km para oeste do rio Angicos, na Est. Rod. Mossoró-Açu, RN.
Ostreoidea sp.
! (MO- 16) Margem direita do rio Apodi, próximo à cidade de Mossoró, mun. de
Mossoró, RN.
8. PENDÊNCIA
! (PE- 02) Rio Açu, na Est. Rod. Pendência-Açu , mun. de Pendência, RN.
9. MACAU
10. CATANDUBA
12. NATAL
! (NA- 01) Corte da E.F. Central do Rio Grande do Norte, no km 45, cerca de 500 m
após a localidade de Itapassaroca, próximo de Macaíba, a oeste de Natal, RN.
GASTROPODA AR LI GD UP AÇ SA PE MO MA CA JC NA
Otostoma assuana x x
Turritella euphrosynes x
Turritella independenciae x
Turritella natalensis x
Turritella rioassuana x
Turritella rosadoi x
Turritella thaliae x
Pseudomesalia (Pseudomesalia) x
sp. a
Gymnentome (Craginia) cf. x
turriformis
Architectonica ? sp. x
Pyrazus rioassuanus x x
Cerithium mirimense x x
Monroea mossoroensis x
Aporrhaidae sp. a x
Aporrhaidae sp. b x
Aporrhaidae sp. c x
Aporrhaidae sp. d x x x
Pterocerella ? mossoroensis x x
Aporrhais ? baixaleitensis x
Aporrhais sp. a x
Tudicla (Pyropsis) sp. a x x
Cylichna delicia x
Tylostoma brasilianum x x x x x
Tylostoma rochai x x x
Tylostoma mauryae x
Diozoptyxis baixadoleitensis x
Diozoptyxis biplicata x
Diozoptyxis sp. x
Nerinea brasiliana x x x
Nerinea coutinhoi x x ?
Nerinea sp. a x
Plesioptygmatis mossoroensis x
Plesioptygmatis rosadoi x
Plesioptygmatis upanemensis x x
Ptygmatis sp. a x x
Trochactaeon x
(Mexicotrochactaeon) burkhardti
Trochactaeon elongatus x
Trochactaeon silvai x x x
Trochactaeon sp. a x x
183
BIVALVIA AR LI GD UP AÇ SA PE MO MA CA JC NA
Brachidontes arvoredensis x x
Brachidontes axistriatus x x
Pteria ? camurupimica x
Pteria ? mossoroensis x
Inoceramus baixaverdensis x x
I. (Haenleinia) cf. koeplitzi x
Mytiloides submytiloides x x
Inoceramidae sp. a x
Inoceramidae sp. b x
Isognomon arvoredensis x x
Plicatula independenciae x x
Plicatula cf. mullicaensis x x x
Anomia barbadinhica x
Acesta apodiensis x x
Plagiostoma laevissima x x x
Gyrostrea cascudoi x
Crassostrea lagoapiatensis x x
Crassostrea pendenciana x x x
Ostrea jacobi x
Flemingostrea crenulata x x
Lopha ? plicatuliformis x
Dendostrea mossoroensis x x x
Dendostrea ramicola x x x
Dendostrea cf. mesenterica x x x
Ostreoidea indet. x
Fimbria maiae x
Fimbria mauryae x x
Venericardia mossoroensis x
“Cardium itapassarocanum” x
“Cardium jenkinsi” x x
Granocardium brasiliensis x x
Vepricardium soperi x x
Corbula mossoroensis x x
Caestocorbula x
(Parmicorbula) assuana
Pholadomya baixaleitensis x
P. cf. coloradoensis x x
Laternula linistriata x
Liopistha (Psilomya) x
aracatiensi
184
CEPHALOPODA AR LI GD UP AÇ SA PE MO MA CA JC NA
Hypophylloceras sp. x
Pachydiscus sp. x
Placenticeratidae indet. x
Mammites jacobi x
Hoplitoides sp. a x
Hoplitoides sp. b x
Hoplitoides sp. c x
Coilopoceras lucianoi x
Gauthiericeras ? sp.
Protexanites (P.) aff. x
bourgeoisianus
Sphenodiscus sp. x
ECHINOIDEA AR LI GD UP AÇ SA PE MO MA CA JC NA
Rosadosoma riograndensis x x
Phymosoma tinocoi x x x
Coenholectypus x
upanemensis
Petalobrissus cubensis x x x
Petalobrissus aff. setifensis x x x x
Goniopygus sp. x
Mecaster fourneli x
Mecaster rioupanemensis x x x x
Mecaster texanum x
Hemiaster cearensis x
Hemiaster sanctisebastiani x x x x