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Tetrápodes do Cretáceo do sul de Goiás,

Triângulo Mineiro e Mato Grosso


Atividades e Reuniões 2015-2019
Carlos Roberto A. Candeiro
Drielli Peyerl
Felipe Medeiros Simbras
Adelino Adilson de Carvalho
Suely G. Moreita
Organizadores

Tetrápodes do Cretáceo do sul de Goiás,


Triângulo Mineiro e Mato Grosso
Atividades e Reuniões 2015-2019
Tetrápodes do Cretáceo do sul de Goiás,
Triângulo Mineiro e Mato Grosso
Atividades e Reuniões 2015-2019

Organizadores
Carlos Roberto A. Candeiro
(Lab. de Paleontologia Evolução-UFG)
Drielli Peyerl
(Instituto de Energia e Ambiente.
Research Centre for Gas Innovation. Universidade de São Paulo)
Felipe Medeiros Simbras
(Lab. Paleontologia e Evolução/UFG)
Adelino Adilson de Carvalho
(Museu Antropológico/UFG)
Suely G. Moreita
(ESEBA/UFU)

Pesquisadores
André Luis de Souza Júnior (Curso de Ciências Biológicas
Rondonópolis/UFR)
Bianca Gabrielly de Almeida Alves (Lab. Paleontologia e Evolução/UFG)
Bruno Martins Ferreira (PPG-Geografia/UFG)
Camila dos Santos Pereira (Curso de Geologia/UFOP)
Cláudia Valéria Lima (Curso de Geografia/UFG)
Daniel Carelli Batista Santos (Curso de Geologia/UFG)
Débora Santos Maia (Curso de Geologia/UFG)
Glace Kelly de Queiroz (Curso de Geologia/UFG)
Lívia Motta Gil (Programa de Pós-Graduação
em Evolução/UFG)
Lucas Marques Barros (Curso de Geologia/UFG)
Lucas Fernandes Monteiro (Curso de Ciências Biológicas/
Goiânia/UNIP)
Luciano da Silva Vidal (PPG-Geologia/UFRJ)
Michael Ulian (Curso de Geologia/UFG)
Millena Silva Mendes (Curso de Ciências Biológicas/UFG)
Mozer Nogueira Gomes (Curso de Geologia/UFG)
Musa Maria Nogueira Gomes (Curso de Geologia/UFG)
Nathalia Melo Oliveira (Curso de Geologia/UFG)
Paulo Victor Luiz G. Costa Pereira (PPG-Geologia/UFRJ)
Ramon Cavalcanti (Curso de Ciências Biológicas/UFRJ)
Raylon da Frota Lopes (PPG-Geografia/Goiânia/UFG)
Stephany Lopes de França Ferreira (Curso de Geografia/PUC-GO)
Tamires do Carmo Dias (PPG-Biodiversidade Animal/UFG)
Copyright © Carlos Roberto A. Candeiro, Drielli Peyerl,
Felipe Medeiros Simbras, Adelino Adilson de Carvalho e
Suely G. Moreita (Orgs.), 2019
Esta obra não pode ser reproduzida total ou parcialmente sem
a autorização por escrito do editor.

Editor João Baptista Pinto


Capa Luciano Vidal
Projeto Gráfico e Editoração Luiz Guimarães
Revisão Dos autores

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

T327

Tetrápodes do Cretáceo do sul de Goiás, Triângulo Mineiro e Mato Grosso: atividades


e reuniões 2015-2019 / organização Carlos Roberto A. Candeiro ... [et al.]. - 1. ed. -
Rio de Janeiro: Letra Capital, 2020.
212 p. : il. ; 15,5x23 cm.

Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7785-724-1

1. Paleontologia. 2. Paleobiologia - Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba (MG:


Mesorregião). 3. Paleobiologia - Goiás (Estado). I. Candeiro, Carlos Roberto A.

20-62233 CDD: 560.981


CDU: 56:57(81)

Meri Gleice Rodrigues de Souza - Bibliotecária CRB-7/6439

Letra Capital Editora


Telefax: (21) 3553-2236/2215-3781
letracapital@letracapital.com.br
Conselho Editorial
Dra. Cláudia Valéria Lima
(Curso de Geografia/Goiânia/UFG)
Dra. Dilamar Candida Martins
(Universidade Federal de Goiás)
Dr. Elvio Pinto Bosetti
(Departamento de Geociências/Universidade Estadual de Ponta Grossa)
Dra. Fernanda Gervasoni
(Curso de Geologia/UFG)
Dra. Isa Lúcia Morais
(UEG/Quirinópolis)
Dra. Jaíne Jehniffer Gonçalves de Souza
(Curso de Jornalismo/PUC-GO)
Dra. Joana Sanchéz
(Curso de Geologia/UFG)
Dr. José de Araújo Nogueira Neto
(Curso de Geologia/UFG)
Dra. Júlia Barbosa Curto Ma
(Curso de Geologia/UNB)
Dra. Martha Noélia Lima
(Curso de Geologia/UFG)
Dr. Manuel Ferreira Lima Filho
(Museu Antropológico/UFG)
Dr. Renato Pirani Ghilardi
(Campus Bauru, Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Dr. Roberto Barboza Castanho
(Curso de Geografia/UFU-Ituiutaba)
Dr. Yuri Modesto Alves
(PPG-Evolução/UERJ)
Dedicatória
Este livro é dedicado a todas as pessoas entusiastas
em trazer para a Ciência e a Paleontologia,
jovens que poderão em breve mudar a vida da nossa sociedade
a partir do conhecimento.
Agradecimentos

E ste livro é resultado das atividades do Grupo de Pesquisa


do CNPq “Tetrápodes do Cretáceo de Goiás, Mato
Grosso e Pontal do Triângulo Mineiro” realizadas entre os
anos de 2015 e 2019 na Universidade Federal de Goiás no
âmbito do Laboratório de Paleontologia e Evolução/Curso
de Geologia/Faculdade de Ciências e Tecnologia/Campus
Aparecida de Goiânia/UFG. Agradecemos aos inúmeros
órgãos de fomentos de Extensão e Pesquisas que contribuíram
com o Grupo de Pesquisa do CNPq que sempre colaboram
e incentivam os discentes e os docentes pesquisadores
interessados nas diferentes temáticas da Paleontologia e suas
interfaces: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior, Fundação de Amparo a Pesquisa de Goiás.
Fundação de Apoio a Pesquisa da Universidade Federal de
Goiás, Pró-Reitoria de Inovação e Pesquisa, Pró-Reitoria de
Extensão, Direção da Faculdade de Ciências e Tecnologia/
UFG, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Processos 2017/18208-8 e 2018/26388-9), Instituto de Energia
e Ambiente da Universidade de São Paulo, da SHELL Brasil
(subsidiária da companhia Royal Duth Shell e Fapesp, por
meio do Research Centre for Gas Innovation (RCGI) vinculado a
Universidade de São Paulo (Fapesp Processo 2014/50279-4).
Também estendemos nossos agradecimentos aos dirigentes
das instituições pela colaboração em nossas atividades
acadêmicas, principalmente ao Museu Antropológico/UFG.
Estas parcerias foram e têm sido determinantes para as
pesquisas do Grupo de Pesquisas/CNPq.

Carlos Roberto A. Candeiro, Drielli Peyerl,


Felipe Medeiros Simbras, Adelino A. Carvalho e Suely A. Gomes
Sumário

Prefácio.....................................................................................17
Dra. Fernanda Gervasoni
Dr. Júlio Cesar Valandro Soares

Capítulo I - Grupo de Pesquisas/CNPq Tetrápodes


do Cretáceo de Goiás, Mato Grosso e Pontal do
Triângulo Mineiro: suas pesquisas paleontológicas
e o seu papel formador...........................................................21
Carlos Roberto A. Candeiro, Drielli Peyerl,
Felipe M. Simbras, Adelino A. Carvalho, Suely A. Gomes

Capítulo II - Saurópodes da América do Sul;


características gerais, distribuição e histórico
do clado Aeolosaurini.............................................................25
Luciano Vidal, Gabriel A. Casal, Lucio M. Ibiricu

Capítulo III - Acervo de petróleo “Marília Regali”


do Laboratório de Paleontologia e Evolução........................40
Débora Maia

Capítulo IV - Histologia de dentes de dinossauros


e crocodiliformes do Neocretáceo do Grupo Bauru
do estado de São Paulo...........................................................45
Michael Ulian

Capítulo V - Análise das pré-maxilas de


Abelisauridae sob um enfoque informativo...........................49
André Luis de Souza Júnior, Luciano Silva Vidal,
Paulo Victor Luiz Gomes da Costa Pereira

Capítulo VI - Observações sobre icnofósseis:


características e classificação...................................................58
Raylon da Frota Lopes

13
Capítulo VII - Os Titanosauria e um breve histórico
da paleobiota cretácea dos estados de Goiás e
Mato Grosso, Brasil.................................................................65
Lívia Motta Gil

Capítulo VIII - Listagem taxonômica dos dinossauros


saurópodes do Neocretáceo do Brasil...................................75
Tamires do Carmo Dias

Capítulo IX - Gigantismo nos saurópodes e suas


implicações paleobiológicas e locomotoras...........................84
Ramon Cavalcanti, Luciano Vidal

Capítulo X - Estratigrafia dos afloramentos da


Formação Adamantina e Marília (Grupo Bauru,
Cretáceo Superior) portadores de fósseis do município
de Quirinópolis/GO...............................................................90
Musa Maria Nogueira Gomes

Capítulo XI - Curadoria e Catalogação de restos


de Vertebrados do Neocretáceo da Formação Marília
(Grupo Bauru) do município de Rio Verde..........................99
Mozer Nogueira Gomes

Capítulo XII - O Museu Antropológico da Universidade


Federal de Goiás: um importante campo de atividades
da Ciência no estado de Goiás..............................................106
Adelino Adilson de Carvalho,
Camila Azevedo de Moraes Wichers

Capítulo XIII - Princesa dos fósseis do Brasil: Carlotta


Joaquina Maury (1874-1938) e as suas contribuições
para a Paleontologia de vertebrados....................................114
Bianca Gabrielly de Almeida Alves, Drielli Peyerl

14
Capítulo XIV - Catalogação de restos de vertebrados
do Neocretáceo das Formações Adamantina e Marília
(Grupo Bauru) do município de Quirinópolis....................119
Fernanda Barbosa da Silva

Capítulo XV - Paleobiota do Grupo Bauru


(Bacia do Paraná) do sul do estado de Goiás:
listagem taxonômica preliminar...........................................123
Glayce Queiroz, Nathalia Melo

Capítulo XVI - Relato de experiência de alunos


no Programa de Treinamento de Estudantes
Universitários, Peirópolis, Uberaba, MG.............................127
Stephany Lopes de França Ferreira

Capítulo XVII - Projetos de Educação e percepção


em áreas de Risco da Geoconsultoria Jr, empresa
Júnior do curso de Engenharia Geológica da
Universidade Federal de Ouro Preto...................................136
Camila dos Santos Pereira, Edgar Batista de Medeiros Júnior,
Alice Santos, Ana Paula Félix, Arthur Palhares,
Gustavo Camargos, João Henrique Guidete, Julia Nunes,
Nayara Carolinne, Matheus Felipe Lopes, Philippe Resende,
Vinicius Bardi, Alessandra Pessoa, Beatriz Rodrigues,
Camila Broeto Milli, Mariana Pimenta,
Mariana Serrano Guimarães, Raphael Perpetuo Soares e
Wanessa dos Santos Neves

Capítulo XVIII - Distribuição dos grupos de


dinossauros: Brasil – Norte da África no Cretáceo
passagem Cretáceo Inferior-Cretáceo Superior e
implicações biogeográficas...................................................141
Paulo Victor Luiz Gomes da Costa Pereira,
Luciano da Silva Vidal

15
Capítulo XIX - Os Estromatólitos de Ponte Branca:
uma breve comunicação........................................................150
Lucas M. Barros

Capítulo XX - Estruturação e curadoria da Coleção


do Laboratório de Paleontologia e Evolução do Curso
de Geologia da Universidade Federal de Goiás...................153
Lucas Monteiro Fernandes

Capítulo XXI - Geodiversidade: uma breve apresentação.....157


Bruno Martins Ferreira e Cláudia Valéria Lima

Capítulos: Palestras e Discussões apresentadas


no âmbito do Grupo de Pesquisa/CNPq...........................165

Capítulo XXII - Geofísica aplicada ao desenvolvimento


da indústria de petróleo no Brasil (1930-1960)...................167

Capítulo XXIII - Precisamos falar sobre gênero..................171

Capítulo XXIV - Evolução dos crocodilomorfos,


um rápido vislumbre!............................................................175

Capítulo XXV - Astrobiologia: o relógio biológico


do espaço................................................................................186

Capítulo XXVI - Equipe do Laboratório de


Paleontologia e Evolução e seu Grupo de
Pesquisa/CNPq......................................................................196
Érica Cristina de O. Araújo e Millena Silva Mendes

16
Prefácio
Dra. Fernanda Gervasoni
Dr. Júlio Cesar Valandro Soares

O Grupo de Pesquisa“Tetrápodes do Cretáceo de Goiás,


Mato Grosso e Pontal do Triângulo Mineiro”, vem
realizando diversos trabalhos sobre Paleontologia nos estados
de Goiás, Mato Grosso e na região de Pontal do Triângulo
Mineiro desde o ano de 2015. A região do Triângulo Mineiro
sempre foi muito conhecida em todo o Brasil pelas ocorrências
de fósseis de vertebrados. Entretanto, os estados de Goiás
e Mato Grosso haviam até então sido pouco investigados. O
grupo de pesquisa, através dos trabalhos realizados, demonstra
a importância paleontológica da região centro-oeste.
Neste livro, o leitor irá embarcar nos diversos trabalhos
que o grupo de pesquisa “Tetrápodes do Cretáceo de Goi-
ás, Mato Grosso e Pontal do Triângulo Mineiro” realizou
entre os anos de 2015 até 2019. O livro contém capítulos
escritos por diferentes autores pertencentes ao grupo, e
que relatam as suas respectivas pesquisas. Os temas de cada
capítulo deste livro adentram as diversas áreas das Geociên-
cias, mostrando a diversidade e interdisciplinariedade dos
integrantes do grupo de pesquisa. O leitor irá se deparar
com capítulos bastante instigantes, sobre assuntos relacio-
nados à Paleontologia e às descobertas feitas na região do
centro-oeste, e também sobre temas de extrema relevância
como Estratigrafia, Biologia, Geografia, História e Educa-
ção nas Geociências, Museus de Antropologia e Geociên-
cias, e Curadorias realizadas nos Museus.
Sendo assim, essa obra traz em suas entrelinhas um con-
junto de abordagens e discussões inerentes a trajetória e ca-
racterísticas dos Tetrápodes do Cretáceo, sobretudo da região

17
Prefácio

Centro-Oeste brasileira, muito embora não se limite a esse es-


paço geográfico. Norteadas pela equipe do Laboratório de Pa-
leontologia e Evolução (Labpaleoevo) do Curso de Geologia
da Faculdade de Ciência e Tecnologia (FCT) da UFG, o livro
descortina um espectro eclético e diverso no âmbito da temá-
tica supracitada e se revela como um convite atrativo à leitu-
ra do mesmo à medida que tal leitura acena a uma viagem
para diferentes interpretações e visões acerca desta área da
Paleontologia. Desta maneira, essa obra inicia por um levanta-
mento histórico dos Saurópodes da América do Sul, passando
por uma espécie de tributo à Marília Regali e seu acervo de
petróleo do Laboratório de Paleontologia e Evolução e pelo
trabalho que trata do estudo paleo histológico de dentes de
crocodiliformes e dinossauros terópodes, onde analisa as mi-
croestruturas dentárias em dentes isolados de dinossauros e
crocodiliformes provenientes do Grupo Bauru, seguindo com
uma perspectiva informativa e analítica acerca das pré-maxilas
de Abelisauridae, grandes terópodes.
A seguir, o livro aborda os Icnofósseis, suas classificações e
qual sua importância para a Paleontologia, mostra um breve his-
tórico da Paleobiota Cetácea dos estados de Goiás e Mato Gros-
so, ilustra uma listagem taxonômica dos dinossauros Saurópo-
des do Neocretáceo do Brasil e um estudo sobre o gigantismo
dessa espécie e suas implicações paleobiológicas e locomotoras,
além de caracterizar em detalhe a estratigrafia e a sequência de
afloramentos na região de Quirinópolis, área pouco explorada
em se tratando de Geologia. Na sequência a obra relata o pro-
cesso de catalogação de fósseis de vertebrados provenientes de
rochas do Cretáceo do sul do estado de Goiás depositadas no
Laboratório de Pesquisa do Curso de Geologia/UFG, denomi-
nado Laboratório de Paleontologia e Evolução (Labpaleoevo)
e posteriormente apresenta o Museu Antropológico da Univer-
sidade Federal de Goiás enquanto um importante campo de
atividades de Paleontologia no estado de Goiás.

18
Dra. Fernanda Gervasoni
Dr. Júlio Cesar Valandro Soares

Seguindo uma linha histórica e de homenagem, o livro


apresenta a trajetória e o trabalho da paleontóloga norte-ame-
ricana Carlotta Joaquina Maury (1874-1938) no Brasil, relacio-
nado principalmente aos estudos de vertebrados. A seguir, o
texto registra o processo de incorporação de espécimes prove-
nientes de trabalhos de campo no município de Quirinópolis,
sul do estado de Goiás, junto ao acervo do Laboratório de
Paleontologia e Evolução (Labpaleoevo) da Universidade Fe-
deral de Goiás (UFG), Campus Aparecida de Goiânia, registro
esse importante enquanto memória histórica do Labpaleoe-
vo. Na sequência, a obra apresenta uma lista taxonômica dos
fósseis de plantas, invertebrados e vertebrados das formações
Adamantina e Marília do sul do estado de Goiás, além de mos-
trar, no capítulo subsequente, projetos de educação e percep-
ção em áreas de risco da Geoconsultoria Jr, empresa júnior do
curso de Engenharia Geológica da Universidade Federal de
Ouro Preto.
Mudando o foco, no capítulo seguinte apresenta um estu-
do acerca da distribuição dos grupos de dinossauros no Bra-
sil e norte da África na passagem Cretáceo Inferior-Cretáceo
Superior, estudo que corrobora a hipótese da existência de
uma rota terrestre ligando as massas do Oeste do Gondwana,
que possivelmente se deu pela região equatorial e persistiu
até o início do Cretáceo. Já o capítulo subsequente comunica
a existência de um afloramento em uma propriedade rural a
aproximadamente 2km à nordeste da zona urbana de Ponte
Branca, próximo ao rio Araguaia, mostrando, logo a seguir,
a reestruturação e organização do acervo ao Laboratório de
Paleontologia e Evolução que visou o tombamento e alocação
dos exemplares da coleção. Numa perspectiva da Geodiversi-
dade, o texto apresenta, na sequência, uma breve apresenta-
ção acerca da evolução do conhecimento nessa área.
A presente obra finaliza apresentando relatos de palestras
e discussões no âmbito do Grupo de Pesquisa/CNPq já refe-

19
Prefácio

rido anteriormente, trazendo temas como Geofísica aplicada


ao desenvolvimento da indústria de petróleo no Brasil (1930-
1960), gênero, evolução dos crocodilomorfos e Astrobiologia.
Seja bem vindo, caro Leitor! E aproveite cada instante, ou
melhor, cada capítulo!

Goiânia, dezembro de 2019.

Dra. Fernanda Gervasoni


Coordenadora de Pesquisa FCT/Campus
Aparecida de Goiânia/UFG
Dr. Júlio Cesar Valandro Soares
Diretor da Faculdade de Ciências e Tecnologia/Campus
Aparecida de Goiânia/UFG

20
Capítulo I

Grupo de Pesquisas/CNPq
Tetrápodes do Cretáceo de Goiás,
Mato Grosso e Pontal do Triângulo
Mineiro: suas pesquisas paleontológicas
e o seu papel formador
Carlos Roberto A. Candeiro, Drielli Peyerl,
Felipe M. Simbras, Adelino A. Carvalho, Suely A. Gomes

Introdução
Este livro é resultado das atividades de pesquisas realiza-
das desde a institucionalização do Grupo de Pesquisas cadas-
trado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico no ano de 2015. Estas atividades compreende-
ram num total de 32 reuniões semanais e/ou mensais, além
de promover doze palestras, oito cursos com especialistas re-
nomados, cinco exposições, seis eventos científicos, seis traba-
lhos de campo, entre outros. As inúmeras praxis relacionadas
a pesquisa, ensino e extensão foram norteadas pelo Laborató-
rio de Paleontologia e Evolução (Labpaleoevo) do Curso de
Geologia/UFG. Na sua grande maioria os autores para o nos-
so deleite científico são estudantes de Ensino Médio da rede
Pública e Privada de Aparecida de Goiânia/GO; da Gradua-
ção e Pós-Graduação que são provenientes dos cursos de Ge-
ologia, Ciências Biológicas e do Programa de Pós-Graduação
em Biodiversidade Animal, Programa de Pós-Graduação em
Antropologia Social da Universidade Federal de Goiás; além
de alunos do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade,
Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Tocantins
e Programa de Pós-Graduação em Geologia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Todos estes estudantes, no desen-

21
Capítulo I - Grupo de Pesquisas/CNPq Tetrápodes do Cretáceo de Goiás, Mato Grosso e Pontal do
Triângulo Mineiro: suas pesquisas paleontológicas e o seu papel formador

volvimento de suas atividades diárias no período de 2015 à


2018, possibilitaram a produção e consolidação de uma ampla
rede integrada que vem gerando conhecimentos relacionados
as importantes áreas da Paleontologia, principalmente no es-
tado de Goiás, Brasil.
Com a institucionalização do Labpaleoevo em 2015, com
grande entusiasmo desde este momento, iniciou a produção
de conhecimentos na área de Paleontologia. Isto culminou com
a primeira edição deste livro, o qual espera-se que tenha uma
boa repercussão devido, principalmente, ao fato deste trazer à
luz os resultados das pesquisas de nossos colaboradores, pro-
duzidas durante estes quatro anos. Os 22 capítulos contidos
nesta primeira edição refletem as pesquisas desenvolvidas por
discentes, técnicos e docentes das áreas de Ciências Naturais,
que demonstram convergência com o eixo interdisciplinar re-
lacionado à Paleontologia. Os tópicos ratificam essa linha cen-
tral de pesquisa partindo de capítulos de natureza científica,
mas que tentam exercer o ofício reflexivo e crítico da praxis
paleontológica. Este livro, ainda, tem o papel de estimular e
exercitar diferentes pensamentos científicos destes jovens que
aqui colaboram com seus capítulos, na maioria focados em
trabalhos científicos sobre a Paleontologia do estado de Goiás
e de dinossauros, assim como outros grupos taxonômicos, e
História da Ciência. Acredita-se que a divulgação da Paleonto-
logia de Goiás, com esta obra, poderá trazer entusiastas para
o seu desenvolvimento.
O Labpaleoevo tem se envolvido na formação científica
de discentes do Ensino Médio, da Graduação e da Pós-Gra-
duação com a sua recém-criada e organizada coleção. Isto
tem conferido liderança em diferentes ramos de investigação
de Paleontologia no Brasil Central. Esta obra é um conjunto
com diferentes parceiros, desde o tradicional Museu Antro-
pológico/UFG e outras instituições. Os capítulos apresentam
temas científicos da Paleontologia e Vertebrados e Curadoria,
assim como palestras ministradas por alguns de nossos cola-

22
Carlos Roberto A. Candeiro, Drielli Peyerl, Felipe M. Simbras, Adelino A. Carvalho, Suely A. Gomes

boradores. Isto evidencia como é possível um grupo científico


baseado e fomentado por um Grupo de Pesquisas do CNPq
produzir conhecimento científico, e comprova o gradativo
amadurecimento de pesquisadoras e pesquisadores e, como
consequência, a formação de novos cientistas advindos da gra-
duação e pós-graduação.
Além dessa obra ser de cunho científico, tanto a sua lin-
guagem como a articulação entre o conteúdo foram trabalha-
dos no intuito de corresponder a um público mais abrangente,
classificando-se assim como também de divulgação científica.
A iniciativa de promover as atividades anteriormente citadas,
não apenas apresentam resultados concretos da ciência sendo
realizada no Brasil, mas a mudança em cada estudante e/ou
participante tornam-se perceptíveis por meio destes capítulos.
Quando nos deparamos com as condições atuais de ensino,
percebemos o esforço e a determinação de estudantes e pro-
fessores tentando transformar por meio da sua dedicação, co-
nhecimento e respeito a realidade, seja em nível social, educa-
cional, intelectual ou/e econômico.
Assim, este livro revela em cada linha estudos pioneiros
e/ou em desenvolvimento, lançando luzes à pesquisa cientí-
fica do Brasil, relacionando áreas como: Paleontologia, His-
tória da Ciência, Geologia, Geociências, entre outras. Assim,
demonstrando a possibilidade da Interdiciplinariedade, Mul-
tidisciplinariedade de diferentes áreas, as quais conversam en-
tre si, alimentando ainda mais o conhecimento a ser oferecido
e disponibilizado para um público acadêmico, mas também
um público mais amplo, em que a leitura complementaria e
traria novos horizontes de como se realiza a pesquisa científica
no Brasil.
A linguagem clara e diversificada revela os inúmeros es-
forços construídos para se fazer ciência no Brasil. Onde os
caminhos tornam-se muitas vezes curvos, com muitas “rochas”
e aparentemente de difícil acesso, mas como o próprio livro se
propõe ao estudo da Paleontologia (do grego palaiós= antigo

23
Capítulo I - Grupo de Pesquisas/CNPq Tetrápodes do Cretáceo de Goiás, Mato Grosso e Pontal do
Triângulo Mineiro: suas pesquisas paleontológicas e o seu papel formador

+ óntos= ser + lógos= estudo), ou também conhecida como o


estudo dos fósseis, ou ainda no coloquial restrito muitas vezes
aos Dinossauros. Dessa mesma maneira que encontramos es-
tes fósseis em meio as camadas geológicas, sendo necessário
horas de campo, caminhadas, estudos teóricos e sistemáticos,
mas também de martelo em ‘barrancos’, vamos moldando o
caminho desses jovens pesquisadores. Os quais buscam em
cada martelada a ciência a ser revelada, e diferente das “ro-
chas” que aparecem em seu caminho serem um impedimento,
o desmembramento dela pode nos revelar uma nova desco-
berta paleontológica, não muitas vezes de um dinossauro, mas
de um microfóssil. Dessa forma, o estudo apenas se expande,
se transforma, se conecta com outras áreas.
No Brasil, vivemos a ciência não só pela descoberta, mas
pela paixão. Paixão esta que muitas vezes nos cega frente
a falta de investimentos e de reconhecimento, mas que nos
oferece força para modificar a nossa realidade, seja ela por
melhores condições de vida, por um nome num livro, ou
pelos próprios sorrisos. Fazer ciência é mais do que apenas
o verbo que a acompanha nessa frase, é tornar isso possível,
é trazer resultados, é demonstrar que temos uma história, e
que podemos realizar um bom trabalho, como foi feito pelos
autores destes livros, principalmente pelos jovens e futuros
cientistas deste país.

Boa Leitura!
Saudações paleontológicas.

24
Capítulo II

Saurópodes da América do Sul;


características gerais, distribuição e
histórico do clado Aeolosaurini
Luciano Vidal, Gabriel A. Casal, Lucio M. Ibiricu

Introdução
Os saurópodes representam um grupo de dinossauros
com distribuição mundial com idades entre Triássico (200 Ma)
até o final do Cretáceo (65 Ma) (UPCHURCH et al., 2004;
GONZÁLEZ-RIGA, 2003; GONZÁLEZ-RIGA, ORTIZ, 2014).
Estes são caracterizados por serem animais exclusivamente
herbívoros, quadrúpedes, com crânio relativamente pequeno
em relação ao corpo, pescoço e cauda longos, membros colu-
nares e geralmente de grande porte (SANTUCCI & BERTINI,
2001; UPCHURCH et
al., 2004). Os titanossauros foram dinossauros saurópodes
que têm em sua maioria registros para o Cenomaniano-Maas-
trichtiano, possuindo uma distribuição cosmopolita com re-
presentantes em todos os continentes (SALGADO, 1999; CER-
DA et al., 2012; SANTUCCI, 2015; BANDEIRA et al., 2016),
mas tendo o seu maior número de representantes reportados
para a América do Sul (SALGADO et al., 1997; SANTUCCI
& BERTINI, 2001; GONZÁLEZ-RIGA, 2003; CALVO et al.,
2007; BANDEIRA et al., 2016).
Algumas das principais características morfológicas dos
titanossauros (Fig. 1) são: a presença de vértebras dorsais com
pleurocelos em forma de olho; placas esternais em forma de
meia-lua; lâmina anterior do ílio inclinada lateralmente; púbis
maior que o ísquio e vértebras caudais fortemente procélicas
(face anterior côncava e posterior convexa), que proporcio-
naria movimentação mais livre da cauda (BONAPARTE &

25
Capítulo II - Saurópodes da América do Sul; características gerais, distribuição e histórico
do clado Aeolosaurini

CORIA, 1993; SALGADO, 1999; UPCHURCH et al., 2004;


D’EMIC, 2012; SANTUCCI, 2015). (Fig. 1).

Figura 1: Reconstrução do esqueleto de saurópode exemplificando as


características mencionadas. a) placa dérmica (vista lateral e dorsal); b)
lâmina anterior do ílio inclinada lateralmente (vista lateral e dorsal); c)
Vértebra caudal anterior procélica (vista lateral esquerda); d) Vértebra
caudal posterior procélica (vista lateral esquerda); e) Púbis maior que
o ísquio; f) Vértebra dorsal com pleurocelos em forma de olho; g) Placa
esternal em forma de meia-lua.

Dentre os diversos grupos de Titanosauria, o clado Aeolo-


saurini se constitui como um dos mais representativos o qual
foi formalizado por Franco-Rosas et al. (2004) com base em
caracteres caudais: corpos caudais anteriores e médios com
a margem anterior inclinada para frente; arcos neurais dis-
postos sobre a borda anterior do centro nas vértebras caudais
médias; espinho neural inclinado para frente pelo menos nas
vértebras caudais médias; pré-zigapófises expandidas nas cau-
dais anteriores e média, em comparação com o deslocamento
do arco neural para frente; facetas articulares das pré-zigapó-
fises e pós-zigapófises expandidas anteroposteriormente ao
menos nas caudais anteriores e médias. O presente trabalho
apresenta um levantamento histórico do clado Aeolosaurini
formalmente descritos até o momento, além disso, investiga
através dos registros fósseis a distribuição paleogeográfica e
geocronológica destes saurópodes.

26
Luciano Vidal, Gabriel A. Casal, Lucio M. Ibiricu

Figura 2. Reconstrução de Aeolosaurus maximus (Luciano Vidal, 2016).

Classificação do clado Aeolosaurini


DINOSAURIA Owen, 1842
SAURISCHIA Seeley, 1887
SAUROPODA Marsh, 1878
MACRONARIA Wilson & Sereno, 1998
TITANOSAURIA Bonaparte, Coria, 1993
AEOLOSAURINI Franco-Rosas, Salgado, Rosas e Carva-
lho, 2004

Aeolosaurus rionegrinus Powell 1987, foi descrito para ro-


chas da Formação Los Alamitos (Campaniano-Maastricthiano)
da localidade de Ingeniero Jacobacci, Província de Río Negro.
Em 1999, outro táxon foi associado à A. rionegrinos por apre-
sentar características diagnósticas do gênero Aeolosaurus pro-
postas por Powell (1987), este foi descrito como Gondwanati-
tan faustoi Kellner & Azevedo, 1999 proveniente do município
de Álvares Machado, estado de São Paulo, encontrado em ro-
chas da Formação Adamantina (Campaniano-Maastricthiano)
(BERTINI et al., 2000; GOBBO-RODRIGUES et al., 2000).
Um novo Aeolosaurini, Rinconsaurus caudamirus Calvo

27
Capítulo II - Saurópodes da América do Sul; características gerais, distribuição e histórico
do clado Aeolosaurini

& González-Riga, 2003 foi descrito para rochas do Subgrupo


Río Neuquén (LEANZA & HUGO, 2001) do norte da Pata-
gônia da Argentina. No entanto, estudos estratigráficos mais
recentes indicam que esta espécie provém especificamente de
rochas da Formação Bajo de La Carpa (Santoniano Inferior-
-Médio) (FILIPPI, 2015).
Salgado & Coria (1993) reportaram materiais de Aeolosau-
rus sp. associado ao gênero Aeolosaurus para a Formação Allen
(Campaniano-Maastrichtiano) da província de Río Negro. Sal-
gado & Coria (1997) descreveram Aeolosaurus sp. procedente
da Formação Los Alamitos (Maastrichtiano) de Río Negro.
Santucci & Bertini (2001) registraram Aeolosaurus sp. para
as rochas da Formação Adamantina (Campaniano-Maastric-
thiano) no município de Monte Alto, estado de São Paulo.
Outro achado associado a Aeolosaurus sp. por Santucci & Ber-
tini(2001) coletado em rochas da Formação Marília, Membro
Serra da Galga, (Maastricthiano), (Almeida & Barbosa, 1953;
Soares et al., 1980), no município de Peirópolis, Minas Gerais,
é constituído de vértebras caudais médias. Inúmeros outros
materiais foram atribuídos a Aeolosaurini a partir de mate-
riais isolados e fragmentários (MARINHO & CANDEIRO,
2005; LOPES & BUCHMANN, 2008; CANDEIRO, 2010; MA-
TINELLI et al., 2011).
Franco-Rosas et al. (2004), propuseram a inclusão de
Gondwanatitan e Rinconsaurus em um clado que denomina-
ram Aeolosaurini. Segundo Franco-Rosas et al. (2004) o clado
compreendia Aeolosaurus rionegrinus, Gondwanatitan faustoi e
Rinconsaurus caudamirus, mantendo de fora Saltasaurus lorica-
tus Bonaparte & Powell, 1980 e Opisthocoelicaudia skarzynskii
Borsuk-Bialynicka, 1977.
Maxakalisaurus topai Kellner, Campos, Azevedo, Trotta,
Henriques, Craik & Silva, 2006 coletados em rochas da Forma-
ção Adamantina (Campaniano-Maastricthiano) proveniente
do município de Prata, estado de Minas Gerais apresentava si-
napomorfias com de Aeolosauruni (FRANÇA et al., 2016). No

28
Luciano Vidal, Gabriel A. Casal, Lucio M. Ibiricu

entanto, teve sua definição taxonômica indeterminada devido


à complexidade dos dados adquiridos (KELLNER et al., 2006).
Outro táxon que foi atribuído a Aeolosaurini é Adaman-
tisaurus mezzalirai Santucci & Bertini, 2006, proveniente de
rochas da Formação Marilia (Campaniano–Maastrichtiano),
nas proximidades da Flórida Paulista, estado de São Paulo
(SANTUCCI & BERTINI, 2006). Entretanto, apesar destes au-
tores identificarem algumas semelhanças, estes afirmam que
os resultados das análises filogenéticas foram inconclusivos e
insuficientes para corroborar o parentesco de Adamantisaurus
mezzalirai com Aeolosaurini (SANTUCCI & BERTINI, 2006).
Aeolosaurus colhuehuapensis Casal, Martínez, Luna, Sciut-
to & Lamanna, 2007 foi registrado para rochas da Formação
Lago Colhué Huapi (Campaniano-Maastrichtiano), Província
de Chubut, Argentina (CASAL et al., 2015, 2016). A. colhuehua-
pensis foi alocado no clado Aeolosaurini por Casal et al. (2007),
embora o mesmo apresentasse características nas vértebras
caudais não inclusos nos caracteres propostas por Franco
Rosas et al. (2004). Para tanto, propuseram a modificação de
caracteres disgnósticos para o gênero Aeolosaurus: “pósziga-
pófises localizadas na borda anterior do centro; e hemapófises
abertas com as faces de articulação dispostas em dois planos.
Por sua vez, estes autores indicam que nas vértebras caudais
distais do espécime do sul de Chubut, o arco neural é curto e
alto e localizado sobre a margem anterior do corpo vertebral,
características também observadas em G. faustoi e Aeolosaurus
sp., logo, seria possível pensar que o arco neural se localizaria
anteriormente ao longo de toda a série caudal dos Aeolosau-
rini (SALGADO & CORIA, 1993; KELLNER & AZEVEDO,
1999; CASAL et al., 2015, 2016). A disposição do arco neu-
ral nas caudais distais de A. colhuehuapensis e G. faustoi, suge-
rem que neste trecho da sequência caudal dos Aeolosaurini,
o arco neural já não está inclinado para frente, possivelmente
projetando-se verticalmente (CASAL et al., 2007). Portanto,
o sinal do arco neural localizado muito anteriormente e po-

29
Capítulo II - Saurópodes da América do Sul; características gerais, distribuição e histórico
do clado Aeolosaurini

sicionado verticalmente nas caudais distais, poderia ser uma


sinapomorfia de Aeolosaurini (CASAL et al., 2007). O táxon
descrito por Casal et al. (2007) compartilha a grande maioria
das sinapomorfias do gênero Aeolosaurus proposto por Powell
(1987) sendo adicionado ao gênero que passou a compreen-
der A. rionegrinus e A. colhuehuapensis.
Muyelensaurus pecheni Calvo, González-Riga & Porfiri,
2007 coletado em rochas da Formação Plottier (Santoniano)
Província de Neuquén, Argentina, foi associado ao gênero
Rinconsaurus caudamirus, incluso no clado Aeolosaurini. Se-
gundo os autores, o novo achado permitia, através de análises
filogenéticas, discutir um novo clado denominado Rinconsau-
ria que apresentam os seguinte caracteres: dentes suboval com
face labial e lingual bem diferenciadas por cristas, processos
ósseos que suportam as facetas das pós-zigapófises nas vérte-
bras caudais médias, e o centro caudal posterior deprimido
posteriormente.
Pitekunsaurus macayai Fillipi & Garrido, 2008, foi encon-
trado em rochas da Formação Anacleto (Campaniano) locali-
zado em Aguada Grande, Sítio próximo à cidade de Rincón
de los Sauces na Província de Neuquén. De acordo com Fillipi
& Garrido (2008), as vértebras caudais permitiram a associa-
ção de Pitekunsaurus macayai com Rinconsaurus caudamirus.
Panamericansaurus schroederi Calvo & Porfiri, 2010 das ro-
chas da Formação Allen (Campaniano-Maastrichtiano), locali-
dade de San Patricio del Chanã, Província de Neuquén, foi re-
portado para o clado Aeolosaurini, pois o mesmo apresentava
as sinapomorfias atribuídas ao grupo. Os autores consideram
a eliminação do caracter “caudais anteriores com a margem
anterior inclinadas para frente” já que A. colhuehuapensis e Pa-
namericansaurus schroederi não apresentam este caracter.
Análises mais recentes realizadas por Santucci & Arruda-
-Campos (2011) demonstram que existem problemáticas quan-
to à inserção de alguns indivíduos ao clado. Em função do mau
posicionamento de Rinconsaurus caudamirus estes autores afir-

30
Luciano Vidal, Gabriel A. Casal, Lucio M. Ibiricu

mam haver apenas duas possibilidades para o táxon: ele perma-


nece no grupo e se torna de fato um Aeolosaurini ou ele assume
um papel externo ao grupo proporcionando maior estabilidade
ao clado proposto por Franco-Rosas et al. (2004). A problemá-
tica se deve a possibilidade de futuras análises demonstrarem
que Rinconsaurus caudamirus é mais associado a outro gênero
não-Aeolosaurini (e.g., Saltasauridae) do que com Aeolosaurus e
Gondwanatitan, podendo colapsar o clado proposto por Franco-
-Rosas et al. (2004). Por este motivo Santucci & Arruda-Campos
(2011) propõe a retirada de Rinconsaurus caudamirus do clado
para que o mesmo se mantenha estável suportado pelas defini-
ções de Franco-Rosas et al. (2004).
Santucci & Arruda-Campos, (2011) descreveram Aeolosau-
rus maximus, proveniente de rochas da Formação Adamantina
(Campaniano-Maastricthiano), da proximidade do município
de Monte Alto, estado de São Paulo, que compartilhava das
sinapomorfias com o clado Aeolosaurini. A. maximus foi atri-
buído ao gênero Aeolosaurus por Santucci & Arruda-Campos,
(2011), por demonstrar grandes semelhanças com o táxon
tipo Aeolosaurus rionegrinus, embora ainda apresente estrutu-
ras mais basais, neste sentido A. rionegrinos e A. colhuehuapen-
sis permaneceram mais proximamente relacionados do que A.
maximus.
O último táxon a ser formalmente descrito que faz rela-
ções com Aeolosaurini é Overosaurus paradasorum Coria, Fili-
ppi, Chiappe, García & Arcucci, 2013, coletado em rochas da
Formação Bajo de la Carpa recentemente datadas para o San-
toniano (FILIPPI, 2015), reportado para Cerro Overo, próxi-
mo de Rincón de Sauces, Província de Neuquén.
Segundo Santucci & Arruda-Campos (2011) o clado Ae-
olosaurini abriga Aeolosaurus colhuehuapensis, Aeolosaurus
maximus, Aeolosaurus rionegrinus, Overosaurus paradasorum,
Panamericansaurus schoederi, Rincosaurus caudamirus e Maxa-
calisaurus topai (Fig. 2 - a). Bandeira et al. (2016) posicionam
Aeolosaurus maximus mais proximamente relacionado ao clado

31
Capítulo II - Saurópodes da América do Sul; características gerais, distribuição e histórico
do clado Aeolosaurini

Rinconsauria. Muyelensaurus pecheni e Rinconsaurus caudami-


rus seriam mais proximamente relacionados tendo A. maximus
como táxon irmão de Rinconsauria (Fig. 2 - b). A adição de
novos integrantes ao clado se dá devido às semelhanças das
vértebras caudais que são usadas para diagnosticar o clado e
também pelo fato de, na maioria dos casos, apenas estes ele-
mentos serem preservados.

Figura 2: Cladograma do grupo Aeolosaurini; a) recortado de Santucci &


Arruda-Campos, (2011) mostra A. maximus mais proximamente relacionado
com o gênero Aeolosaurus e b) recortado de Bandeira et al., (2016) mostra
A. maximus como táxon irmão de Rinconsauria; 1) Aeolosaurini; 2)
Rinconsauria.

Até o momento foram formalizadas onze espécies com


associações ao clado Aeolosaurini, encontradas na Argentina
e Brasil e que compartilham sinapomorfias, embora alguns
sejam mais relacionadas ao ponto de serem agregados ao gê-
nero enquanto outros apresentam características mais basais
ou duvidosas (CANDEIRO, 2010; SANTUCCI & ARRUDA
CAMPOS, 2011; MATINELLI et al., 2011; CASAL et al., 2016).

Distribuição paleogeográfica e geocronológica


dos Aeolosaurini na América do Sul
O Neocretáceo da América do Sul tem oferecido diversos
materiais fósseis e dentre eles estão os titanossauros Aeolo-
saurini. Na Argentina os restos de Aeolosaurus são provenien-
tes das Formações Allen, Los Alamitos, Angostura Colorada,

32
Luciano Vidal, Gabriel A. Casal, Lucio M. Ibiricu

Lago Colhué Huapi e Loncoche (POWELL, 1987; GONZÁ-


LEZ RIGA, 1995; GONZÁLEZ RIGA, 1999; CALVO & GON-
ZÁLEZ RIGA, 2003; CALVO et al., 2007; CASAL et al., 2007;
FILLIPI & GARRIDO, 2008; PREVITERIA & GONZÁLEZ
RIGA, 2008; CALVO & PORFIRI, 2010; CORIA et al., 2013;
CASAL et al., 2016;) e no Brasil são encontrados nas Forma-
ções Adamantina e Marília (KELLNER & AZEVEDO, 1999;
SANTUCCI & BERTINI, 2001; MARINHO & CANDEIRO,
2005; KELLNER et al., 2006; SANTUCCI & BERTINI, 2006;
LOPES & BUCHMANN, 2008; SANTUCCI & ARRUDA-
-CAMPOS, 2010; MATINELLI et al.,2011) (Fig. 4).

Figura 4. Mapa representando as ocorrências formalmente descritas do


clado Aeolosaurini na América do Sul (Luciano Vidal, 2015).

O Brasil Central e a Patagônia exibem rochas com ida-


des comparáveis com depósitos Campaniano-Maastrichtiano,
além disso, seus registros fósseis são semelhantes. Dentre es-
sas similaridades está a presença de titanossauros Aeolosau-
rini reportados para rochas da Argentina e Brasil indicando

33
Capítulo II - Saurópodes da América do Sul; características gerais, distribuição e histórico
do clado Aeolosaurini

que a distribuição geográfica deste clado foi maior do que


se pensava inicialmente, quando seus únicos representantes
eram reportados para a Argentina (MATINELLI et al, 2011;
CANDEIRO, 2010; CASAL et al., 2016). A presença de dinos-
sauros pertencentes ao clado Aeolosaurini nas formações Ada-
mantina e Marília, no Brasil, permitiu sugerir que este clado
ocupava uma vasta área na América do Sul (MATINELLI et
al, 2011; CASAL et al., 2016), no entanto os dados também
sugerem um estilo de vida endêmico já que seus restos foram
encontrados, até o momento, apenas na Argentina e Brasil
(Quadro 1). Para a Argentina destacamos os táxons A. rionegri-
nus; A. colhuehuapensis; Panamericanasaurus; Rinconsaurus e os
associados ao clado Aeolosaurini, Overosaurus; Pitekunsaurus
e Muyelensaurus e para o Brasil, A. máximus; Gondwanatitan;
Adamantisaurus e associado ao clado Maxakalisaurus, (Fig. 4).

Quadro 1.
Distribuição paleogeográfica e geocronológica dos Aeolosaurini
formalmente descritos.
Táxon Idade Brasil Argentina

Rinconsaurus caudamirus Santoniano


X
(Calvo e Riga, 2003) (Garrido, 2010)

Overosaurus paradasorum Santoniano


X
Coria et al., 2013 (Garrido, 2010)
Campaniano-
Aeolosaurus colhuehuapensis Maastrichtiano
X
(Casal et al., 2007) (Casal et al., 2015,
2016)
Panamericansaurus
Maatrichtiano
schroederi X
Inferior
(Calvo & Porfiri, 2010)

Aeolosaurus rionegrinus Campanian-


X
(Powell, 1987) Maastrichtiano

Gondwanatitan faustoi Campanian-


X
(Kellner & Azevedo, 1999) Maastrichtiano

Maxakalisaurus topai Campanian-


X
(Kellner et al., 2006) Maastrichtiano

34
Luciano Vidal, Gabriel A. Casal, Lucio M. Ibiricu

Aeolosaurus maximus
Campaniano –
(Santucci & Arruda- X
Maastrichtiano
Campos, 2011)
Campaniano
Pitekunsaurus macayai
Inferior - Medio X
(Fillipi & Garrido, 2008)
(Garrido, 2010)
Coniaciano tarde-
Muyelensaurus pecheni
início santoniana X
(Calvo et al., 2007)
(Garrido, 2010)
Adamantisaurus mezzalirai Campaniano–
X
(Santucci & Bertini, 2006) Maastrichtiano

Os registros Aeolosaurini, até o momento, foram repor-


tados para bacias com períodos respectivamente próximos
(MATINELLI et al; ,2011; CANDEIRO, 2010; CASAL et al.,
2016) (Tabela 1). Ao comparar as idades, percebe-se um au-
mento exponencial do número de Aeolosaurini iniciando no
Coniaciano tardio (~ 89 Ma) e tendo uma ampla diversificação
no final do Cretáceo (Massstrichtiano 65,5 – 70,6 Ma), como
mostra a Figura 5.

Figura 5. Demonstração da geoocronologia do clado Aeolosaurini.

35
Capítulo II - Saurópodes da América do Sul; características gerais, distribuição e histórico
do clado Aeolosaurini

Considerações finais
Os saurópodes foram dinossauros que tiveram ampla dis-
tribuição mundial, com representantes em diversos continen-
tes durante todo o Mesozoico. Na América do Sul, o registro
desses dinossauros é majoritariamente constituído pelos tita-
nossauros, dentre eles está a clado Aeolosaurini, que possui
até o momento onze espécies atribuídas provenientes do Bra-
sil e da Argentina, configurando um grupo de titanossauros
endêmico desta região. Suas relações filogenéticas demons-
tram que, embora alguns representantes sejam mais relacio-
nados ao gênero Aeolosaurus outros apresentam características
mais basais ou duvidosas, sugerindo que as sinapomorfias do
grupo são demasiadamente inclusivas tornando a classificação
filogenética confusa, isso reflete a complexidade do grupo exi-
gindo estudos mais apurados para determinar uma filogenia
estável. É importante frisar a diversificação deste grupo du-
rante o Cretáceo tardio da América do Sul, já que eles pare-
cem ser uns dos componentes dominantes desta paleofauna.
O número crescente de dinossauros saurópodes associados à
Aeolosaurini reportados para a América do Sul mostra-se rele-
vante para a pesquisa sobre saurópodes e pode explicar como
se deu o processo evolutivo deste clado.

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39
Capítulo III

Acervo de petróleo “Marília Regali” do


Laboratório de Paleontologia e Evolução
Débora Maia

Introdução
O Laboratório de Paleontologia e Evolução (Labpaleo-
evo) pertence ao curso de Geologia da Faculdade de Ciên-
cias e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás, e está
localizado à rua Mucuri, s/n em Aparecida de Goiânia. No
laboratório, há instrumentos destinados tanto para o trabalho
em campo, como também para a preparação de fósseis (como
lupas eletrônicas, pinças, escavador, lupas de bolso, ponteiros,
pincéis, panos, cordas, fios, martelos, picareta, cinzéis, pinos,
trena, nível, etc.). Há também livros, revistas, teses, disserta-
ções, banners informativos, mapas, bancadas de estudos e pes-
quisas e amostras de fósseis (Fig. 1).

Figura 1. Registro do local do laboratório (autor Débora Maia/mar-2017).

O Labpaleoevo possui um pequeno acervo do tema petró-


leo, chamado de Acervo Marília Regali, que é disponibilizado

40
Débora Maia

não somente para os colaboradores do laboratório, como tam-


bém para os estudantes de toda a universidade, no propósito
de complementar seus estudos, e em certos casos, ficam ex-
postos aos visitantes para observação e análise.
Este trabalho tem o intuito de apresentar o Acervo Marília
Regali do Laboratório de Paleontologia e Evolução, que vem
sendo ampliado por meio do desenvolvimento desta pesquisa.

Quem foi Marília Regali?


Marília da Silva Pares Regali (Fig. 2) se formou na primei-
ra turma de Geologia na Universidade de São Paulo em 1959.
Historiadora e geóloga, foi a primeira pessoa brasileira profis-
sional em Geologia contratada pela Petrobras em 1960. Ela se
destacou como uma das principais bioestratígrafas do país e
virou referência na área de Palinologia.

Figura 2. Marília Regali.


(Fonte: http://sbgeo.org.br)

O que é petróleo?
Petróleo é o termo utilizado para designar ambos, o óleo
e o gás natural. De acordo com Smith (1976, apud Peyerl,

41
Capítulo III - Acervo de petróleo “Marília Regali” do Laboratório de Paleontologia e Evolução

2016), ele é formado através de restos de minúsculos animais


e plantas aquáticas que viveram há milhões de anos atrás. Es-
tes restos misturados com lama e areia do mar foram cobertos
e recobertos com novas camadas do mesmo sedimento que
então, ao longo dos anos, a pressão em cima desses sedimen-
tos os transformaria em rocha e por fim, calor e pressão trans-
formou em óleo.
A cor do petróleo, de acordo com Taoli (2009, apud
Peyerl, 2016), varia de incolor a preto, passando pelo verde
e marrom e é constituído por carbono e hidrogênio, com
pequenas quantidades de enxofre, nitrogênio e oxigênio. Os
grandes depósitos, de acordo com Pereira (1927, apud Peyerl,
2016), são fornecidos por uma impregnação em sedimentos,
principalmente arenitos e folhelhos.

O acervo Marília Regali do Laboratório de


Paleontologia e Evolução da UFG
O acervo sobre petróleo “Marília Regali” do Laboratório
de Paleontologia e Evolução (Fig. 3) está constituído por:
a)livros que compreendem os autores Daniel Yergin,
Drielli Peyerl, Ismar de Souza Carvalho, José Henrique Popp,
Oton Luiz Silva Corrêa, Tom Garrison, Viktor Leinz e Wilson
Teixeira;
b) amostras de petróleo provenientes da Bacia do Espírito
Santo;
c) amostras de microfósseis (ostracodes, foraminíferos,
entre outros), os quais são muito importantes para
identificar se é possível haver hidrocarbonetos no am-
biente onde foram encontrados;
d) amostras de rochas geradoras e reservatórias para
exemplificar o processo de formação;
e) amostras de piche, asfalto e plástico para demonstrar
produtos resultantes do petróleo.

42
Débora Maia

Figura 3. Alguns materiais que fazem parte do acervo (Fonte: Débora Maia/
set-2018).

Considerações
A formação e descoberta do petróleo estão bastante co-
nectadas à paleontologia e esse assunto atrai a atenção de mui-
tos. Como diz Pássaro, Hessel e Nogueira Neto (2014, p. 56):
“Acervos [...] emocionam, mas não o grande público, e sim o
cientista, que vê o potencial de determinada peça para resol-
ver uma questão há muito formulada ou para preencher uma
lacuna no conhecimento já estabelecido”.
Como o petróleo é uma das principais riquezas nacionais,
é imprescindível que a Universidade tenha um acervo para es-
tudos afins, oportunizando cientistas da região desenvolverem
novas técnicas e pesquisas que contribuam para esse campo,
principalmente no estado de Goiás onde não há reservas na-
turais dessa matéria-prima.
A digitalização do acervo, além de ajudar na sua preser-
vação, possibilita aos interessados a chance de conhecê-lo me-
lhor.

43
Capítulo III - Acervo de petróleo “Marília Regali” do Laboratório de Paleontologia e Evolução

Referências
CORRÊA, Oton Luiz Silva. Petróleo: noções de exploração, perfuração,
produção e microbiologia. Rio de Janeiro: Interciência, 2003. 90 p.
BARBOSA, Liana Maria. Importância de uma coleção mineralógica-petro-
gráfica-paleontológica e o acervo do laboratório de geociências e geologia
da UFES. Sitientibus, Feira de Santana, n. 23, p.9-18, jul. 2000.
LEINZ, Viktor. Geologia Geral. São Paulo: Editora Nacional, 1989. 399 p.
PEYERL, Drielli; FIGUEIRÔA, Silvia F. M. “Black Gold”: Discussions on
the origin, exploratory techniques, and uses of petroleum in Brazil. Oil-
-Industry History, v. 17, no. 1, p. 98-109, dez. 2016.
PÁSSARO, Eloisa Magalhães; HESSEL, Maria Helena; NOGUEIRA NETO,
José de Araújo. Principais Acervos de Paleontologia do Brasil. Anuário do
Instituto de Geociências - UFRJ. Rio de Janeiro, p. 48-59. ago. 2014.
GEOLOGIA, Sociedade Brasileira de. Nota de Pesar - Marília da Silva Pa-
res Regali. Disponível em: <http://sbgeo.org.br/home/news/353>. Acesso
em: 26 mar. 2019.

44
Capítulo I V

Histologia de dentes de dinossauros e


crocodiliformes do Neocretáceo
do Grupo Bauru do estado de
São Paulo
Michael Ulian

Introdução
O processo de fossilização pode preservar tecidos du-
ros de animais bem como estruturas internas microscópi-
cas de tecido ósseo, tendões ossificados, cascas de ovos e
dentes. (SAYÃO, 2003; MEUNIER; BRITO, 2004; LAMM,
2007, CERDA et al., 2011; VEIGA, 2013). O estudo dessas
microestruturas se dá através da análise por microscópio
ótico ou outro aparelho de ampliação de cortes delgados no
material de estudo. Tal estudo permite melhor entendimen-
to da fisiologia, comportamento, crescimento (aspectos on-
togenéticos, por exemplo) (PADIAN et al., 2001), patologia
e anatomia funcional dos animais extintos (LAMM, 2007).
Um exemplo das estruturas a ser analisada são as linhas de
crescimento com dezenas de micrômetros encontradas na
dentina de mamíferos e répteis e que já foram constatadas
em fósseis de animais dos grupos que são foco deste traba-
lho (ERICKSON, 1996).
Este capítulo busca mostrar os estudos paleohistológi-
cos de dentes de crocodiliformes e dinossauros terópodes, e
analisar as microestruturas dentárias em dentes isolados de
dinossauros e crocodiliformes provenientes do Grupo Bauru
visando o maior entendimento destes que compuseram parte
destacável da macrofauna desta unidade.

45
Capítulo IV - Histologia de dentes de dinossauros e crocodiliformes do Neocretáceo
do Grupo Bauru do estado de São Paulo

Materiais e métodos
O material de estudo é composto por cinco dentes de Di-
nosauria e sete dentes de Crocodyliformes, onde um deles, já
preparado, tem sido analisado através de uma lupa binocular
Leica EZ4 HD, que possui capacidade de ampliação de até 30x
e pode ser utilizada para obtenção de microfotografias, além
da lupa binocular, outras análises serão feitas em microscó-
pios óticos. Os objetivos das análises em microscópios ópticos
é identificar microestruturas que tenham sido preservadas nas
amostras e obter imagens das mesmas para comparação com
outros trabalhos.
Além do processo de observação e descrição das micro-
estruturas, tem sido feito um extenso levantamento biblio-
gráfico sobre estudos que estejam relacionados ao padrão de
deposição de dentina e cortes histológicos em répteis, bem
como a confecção de novos cortes histológicos longitudinais e
transversais de dentes fósseis dos animais estudados no Labo-
ratório de Macrofósseis (LABMACRO) do Departamento de
Geologia da UFRJ.

Resultados e discussão
A primeira análise provém de um corte histológico trans-
versal na base da coroa de um dente de Crocodyliformes en-
contrado no município de Alfredo Marcondes, São Paulo. As
microestruturas dentárias observadas consistem em túbulos
dentários e zonas opacas da dentina que foram provavelmente
formados durante o processo tafonômico ou pela ação de mi-
croorganismos. A cavidade da polpa tem sua camada central
composta por um material poroso acastanhado, o que indica
uma possível área de reabsorção. A camada mais externa é com-
posta por um material opaco e uniforme, a dentina por sua vez
é de cor esbranquiçada apresentando uma mancha escura.
Também é possível observar na dentina uma fratura lon-
gitudinal profunda que atravessa quase todo o comprimento

46
Michael Ulian

do corte. Existem também duas fraturas menores próximas ao


esmalte que possuem sinais de reabsorbção, com suas extre-
midades arredondadas sugerindo uma formação por estresse,
além de numerosos (pits) alinhados radialmente ao longo da
dentina. O esmalte tem uma fractura onde a carena foi sepa-
rada do resto da estrutura do dente devido ao procedimento
de corte. O corte apresenta diferenças entre ambos os lados
do esmalte, sendo um liso e uniforme e o outro lado irregular
e ondulado. Além disso, na secção transversal dos dentes exis-
tem várias e irregulares fraturas ao longo de todo o esmalte,
algumas das quais atingem a dentina.
Outro resultado vem do levantamento, que resultara na
criação de uma biblioteca de referência sobre a histologia
de dentes e ossos de vertebrados do Cretáceo Superior hoje
encontrados no sul do estado de Goiás, que estará sediada
no Laboratório de Paleontologia e Evolução (Labpaleoevo),
Curso Geologia, Campus Aparecida de Goiânia, Universidade
Federal de Goiás.

Conclusão
Dentre as fraturas reportadas foram encontrados sinais
de processos que ocorreram em vida porque essas várias fra-
turas irregulares não são compatíveis com a pressão litostática
ou campo de tensões regional, rolamento ou outro processo
tafonômico bioestratinômico e as mesmas possuem sinais de
rabsorbção em suas bordas, indicando que o processo foi fei-
to enquanto o animal estava vivo. Esta característica combina
com fraturas induzidas pelo estresse causado pela força de
mordida durante a alimentação ou pela sobrecarga impacto
durante o contato dos dentes com um material duro.

Referências
CERDA, I.A.; DESOJO, J.B. Dermal armour histology of aetosaurs (Archo-
sauria: Pseudosuchia), from the Upper Triassic of Argentina and Brazil. Le-
thaia, v. 44, n. 4, p. 417-428, 2011.

47
Capítulo IV - Histologia de dentes de dinossauros e crocodiliformes do Neocretáceo
do Grupo Bauru do estado de São Paulo

ERICKSON, G. M., Incremental lines of von Ebner in dinosaurs and the as-
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f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Instituto de Geociências, Universi-
dade Federal do Rio Grande do Sul. 2013.

48
Capítulo V

Análise das pré-maxilas de Abelisauridae


sob um enfoque informativo
André Luis de Souza Júnior, Luciano Silva Vidal,
Paulo Victor Luiz Gomes da Costa Pereira

Introdução
Os Abelissaurídeos (Theropoda, Abelisauridae) são di-
nossauros carnívoros de médio e grande porte que viveram
durante os períodos Jurássico e Cretáceo. Até o momento, os
restos destes dinossauros foram encontrados apenas na Amé-
rica do Sul, África, Índia, Austrália e Europa.
Muitos trabalhos abordam as relações de parentesco dos
Abelisauridae, determinando características diagnósticas do
grupo. Um dos mais notáveis caracteres distintivos do grupo é
o encurtamento, no sentido anteroposterior de suas pré-maxilas
(Bonaparte, 1991b). Outra característica notável das pré-maxi-
las de Abelisauridae é a presença do forame neurovascular bem
desenvolvido. Esta estrutura está presente em outros terópodes
e conduzia ramos do nervo cranial V1 e vasos sanguíneos. No
entanto, nos materiais de Majungasaurus crenatissimus este fo-
rame pode variar no diâmetro e posição em relação a outros
clados de terópodes. Este trabalho se empenha em levantar e
relacionar os materiais com ausência ou presença do forame
neurovascular em Abelisauridae e discutir as implicações infor-
mativas acerca da paleobiologia destes grandes terópodes.

As pré-maxilas de Abelisauridae: uma breve


descrição
A pré-maxila é um osso par que junto às maxilas e na-
sais formam a série facial de Abelisauridae. As pré-maxilas
de Abelisauridae possuem forma de bloco e possui quatro

49
Capítulo V - Análise das pré-maxilas de Abelisauridae sob um enfoque informativo

(4) alvéolos com seus respectivos dentes. Esta estrutura é


constituída de duas porções principais: uma porção superior
achatada orientada verticalmente e relativamente reduzida
que bordeia a narina e outra inferior mais robusta e cúbica,
orientada horizontalmente, que constitui o corpo pré-maxi-
lar e compõe o palato. Anterolateralmente, estão presentes
inúmeros forames, outra característica comum das pré-ma-
xilas de abelisaurídeos. Próximo a borda da narina, medial-
mente, existe um forame neuravascular muito grande com
relação aos demais.

Espécimes: pré-maxilas de Abelisauridae


Manjugasaurus crenatissimus
(Depéret, 1896) Lavocat, 1955
Como nos demais Abelisauridae, a pré-maxila é subdi-
vidida em duas partes, corpo e processo nasal (Fig. 1), com
o processo maxilar reduzido nesta espécie. M. crenatissimus
apresenta a pré-maxila quadrangular, com uma conformação
em bloco, caractere típico deste elemento nos abelissaurídeos
(Sampson et al., 1996, 1998). O processo palatal varia de uma
crista baixa para um processo semelhante a uma aba (Samp-
son e Witmer, 2007).

Figura 1. Pré-maxila de Majungasaurus crenatissimus (FMNH PR 2100)


A, lateral; B, medial; e C, vistas caudais. Somente a base do processo
nasal (np) é preservada neste espécime. D, pré-maxilas direita e esquerda
fundidas (FMNH PR 2278) em vista ventral demonstrando o focinho
arredondado. Barra de escala é igual a 5 cm (Adaptado de Sampson e
Witmer, 2007).

50
André Luis de Souza Júnior, Luciano Silva Vidal, Paulo Victor Luiz Gomes da Costa Pereira

A superfície lateral da pré-maxila é suavemente convexa e


em grande parte rugosa, no entanto a região associada com a
fossa nasal é lisa. A rugosidade supracitada varia entre os espé-
cimes de Majungasaurus e esta variação provavelmente relacio-
na-se ao seu estágio ontogenético dos espécimes. Externamen-
te, essa estrutura apresenta forames (60 aproximadamente) e
de acordo com Witmer (1995) estes forames transmitiam ra-
mos do nervo oftálmico, assim como os ramos pré-maxilares
das regiões dorsal alveolar, medial nasal e subnarinal (Currie
e Zhao, 1994; Sedlmayr, 2002). A superfície de contato entre
as pré-maxilas é robusta e plana, sendo perfurada por diversos
pequenos orifícios.
O ângulo entre o contato das pré-maxilas e o corpo pré-
-maxilar é grande em M. crenatissimus, a consequência desta
angulação é um focinho mais largo lateralmente do que na
maioria dos outros terópodes. Embora os ângulos equivalen-
tes não possam ser medidos com precisão em Carnotaurus e
Abelisaurus, seus focinhos parecem assemelhar-se aos de Ma-
jungasaurus, sendo relativamente amplos, pouco agudos. No
entanto, a amplitude lateral relativa do focinho é extrema em
Majungasaurus, podendo ser maior do que em qualquer outro
terópode basal (Sampson e Witmer, 2007).
M. crenatissimus possui um processo maxilar abreviado,
não possuindo nenhum prolongamento anteroposterior ou
crânio-caudal, sendo apenas uma protuberância localizada
na porção crânio-dorsal da pré-maxila. Devido às diferenças
morfológicas, ontogenéticas e tafonômicas dos materiais pré-
-maxilares, este processo pode ser grácil ou pode não existir
devido à ruptura post-mortem. Sua forma abreviada em todos
os espécimes pode ser considerada como vestigial. O mesmo
parece acontecer com Carnotaurus e Ceratosaurus. Assim, nes-
tes táxons, a pré-maxila e o nasal não têm qualquer contato
abaixo do nariz ósseo (Sampson e Witmer, 2007).
Uma linha oblíqua divide a superfície pré-maxilar interna
em uma porção alveolar ventral e uma porção dorsal. Acima

51
Capítulo V - Análise das pré-maxilas de Abelisauridae sob um enfoque informativo

desta linha estão presentes forames dentais e a porção dorsal


inclui uma baixa intumescência e uma fossa associada. Ao re-
dor desta fossa rostral e ventral existe uma estrutura que cor-
responde ao processo palatino. Em alguns espécimes (FMNH
PR 2008, FMNH PR 2100 e UA 8716) o processo palatino é
vestigial, formando uma crista baixa, enquanto que nas pré-
-maxilas UA 8717, o processo é maior, mais semelhante a uma
aba (Sampson e Witmer, 2007).
De forma similar ao que ocorre em outros grupos de
grandes terópodes (Allosauroidea, Spinosauroidea e Tirano-
sauroidea), existe na pré-maxila de M. crenatissimus um forame
neurovascular bem desenvolvido. Este caracter é orientado
rostralmente, estando presente apenas na margem ventral em
M. crenatissimus, localizado acima do corpo pré-maxilar e cau-
dalmente à superfície articular entre as pré-maxilas.
Quando as pré-maxilas são colocadas em contato, os fora-
mes contralaterais são muito próximos uns dos outros e em vida
teriam flanqueado o septo internasal cartilaginoso (cuja presen-
ça é confirmada pela estrutura dos ossos nasais coossificados).
Estes forames quase certamente levaram ramos do nervo nasal
mediano (Nervo Craniano VI) e vasos que, nos sauropsídeos
modernos, percorrem a mucosa septal em direção ao osso pré-
-maxilar (adaptado de Witmer, 1995; Sampson e Witmer, 2007).
No limite dorsal da região alveolar encontra-se uma série de
quatro orifícios dentários (5-7 mm) excepcionalmente grandes.
As placas interdentais completamente fundidas possuem sulcos
proeminentes orientados verticalmente e concentrados à região
medial de cada um dos alvéolos. Estas placas interdentais aumen-
tam em altura caudalmente, atingindo aproximadamente a altu-
ra média do corpo pré-maxilar (Sampson e Witmer, 2007).

Rahiolisaurus gujaratensis Novas (2010)


No espécime ISIR 401, correspondente a uma pré-maxila
direita parcial, o componente alveolar tem quatro dentes par-
ciais. Esta contagem dentária plesiomórfica está presente em

52
André Luis de Souza Júnior, Luciano Silva Vidal, Paulo Victor Luiz Gomes da Costa Pereira

todas as outras pré-maxilas de abelissaurídeos. A pré-maxila


possui uma base sub-retangular com margens rostral e caudal
quase verticais, mas o processo nasal ascendente é interrom-
pido. A base preservada é um osso grosso, que é suavemente
convexo lateralmente refletindo o processo de arredondamen-
to do focinho. A superfície lateral exibe um padrão de rugo-
sidade presente em outros abelissaurídeos (por exemplo, A.
comahuenis, C. sastrei, M. crenatissimus) e contém uma fileira de
pequenos forames neurovasculares imediatamente acima da
margem alveolar (Novas et al., 2010).
A superfície mediana é lisa e não apresenta ornamentação
nas placas interdentais. Nos abelissaurídeos, onde esta região é
preservada, as placas interdentais são decoradas com um padrão
distintivo de cristas verticais. Provavelmente, placas interdentais
são fundidas em Rahiolisaurus gujaratensis para formar um único
osso na superfície lingual da pré-maxila. Em contraste, as pla-
cas interdentais são grandes e bastante distintas em outros abe-
lissaurídeos como em M. crenatissimus. Assim como em outros
abelissaurídeos, o processo palatino da pré-maxila está altamente
atrofiado e sem qualquer projeção medial (Novas et al., 2010).

Indosuchus raptorius/Abelisauridae indet.


Huene e Matley (1933)
Este terópode foi classificado por Huene (1933) como um
“Alossaurídio”, mas posteriormente foi reclassificado como um
tiranossauro por Chatterjee (1978). Atualmente, Indosuchus
raptorius é posicionado dentro de Abelisauridae, possuindo
relação de parentesco sustentada por Bonaparte (1986, 1991b)
e Bonaparte et al. (1990). Novas et al. (2004) em análise do
lectótipo e outros materiais relacionados a Indosuchus raptorius
concluiu que os mesmos pertenceriam a Abelisauridae. Outros
materiais analisados por Novas et al. (2004) foram os espécimes
GSI K27/710 (uma pré-maxila esquerda), GSI K20/619 (uma
pré-maxila direita) e um par de pré-maxilas (AMNH 1753)
que Chatterjee (1978) interpretou como sendo de um único

53
Capítulo V - Análise das pré-maxilas de Abelisauridae sob um enfoque informativo

indivíduo. A descrição feita por Chatterjee (1978) referia-


se a AMNH 1753 como pertencente a Indosuchus. Novas et
al. (2004) salientam que não existem bases firmes para tal
suposição, porque o holótipo desta espécie não preserva os
ossos pré-maxilares. Neste contexto, utilizamos a perspectiva
de Novas et al. (2004), que descreveu as pré-maxilas da
Formação Lameta como pertencentes a Abelisauridae indet.
A pré-maxila é maior dorsoventralmente do que rostrocau-
dalmente (por exemplo, em GSI K27/710, a largura anteropos-
terior é de 6,2 cm, enquanto sua altura dorsoventral é de 8,5
cm), característica marcante dos abelissaurídeos (Novas, 1997).
A superfície anterior do processo nasal é conspicuamente de-
finida. A superfície lateral é ornamentada por numerosos pe-
quenos forames que são particularmente abundantes no ramo
ascendente e os forames maiores ao longo da margem alveolar.
A sínfise mediana para o contato com a pré-maxila oposta é
estendida. Atrás da depressão nasal existem dois processos dis-
tintos, semelhantes a ganchos, que suturam com um par de es-
cavações no processo pré-maxilar medial da maxila. A margem
posterior da pré-maxila é transversalmente ampla e convexa,
sua superfície pontilhada sugere um contato perdido ou um
tanto móvel com a maxila. Em AMNH 1753, um entalhe raso,
mas distinto, é identificado na borda posterior da pré-maxila,
correspondente ao forame subnarinal. Segundo Sampson et al.
(1996), Em I. raptorius (espécime AMNH 1733 (Fig 2)) apre-
senta uma leve concavidade na porção superior dorsal da pré-
-máxila, em uma região que em M. crenatissimus está presente
o forame neurovascular. Este vestígio pode indicar a presença
do forame neurovascular nas pré-maxilas de I. raptorius.
A fossa narinal é profunda e bem delimitada, em contraste
com Carnotaurus sastrei e Abelisaurus comahuensis. A superfície
externa da pré-maxila direita (K201619) não é decorada com
os forames e tuberosidades presentes nos demais abelissaurí-
deos e o ramo ascendente parece mais robusto e complexo do
que em AMNH 1753.

54
André Luis de Souza Júnior, Luciano Silva Vidal, Paulo Victor Luiz Gomes da Costa Pereira

Abelisaurus comahuensis Bonaparte e Novas (1985)


O holótipo (MPCA 11908) possui grande parte bem pre-
servada do crânio. Neste material as pré-maxilas estão fundi-
das e apresentam redução anteroposterior suportando quatro
alvéolos e quatro dentes de cada lado. O processo nasal da
pré-maxila é robusto, embora sua extensão não seja conhecida
devido à fratura sinfisial. A região pré-maxilar apresenta algu-
mas rugosidades.
Carnotaurus sastrei, Aucasaurus garridoi, Rugops primus e
Skorpiovenator bustingorryi possuem pré-maxilas preservadas.
No entanto, na literatura não existe uma descrição detalhada
das mesmas, impedindo a análise destes materiais.

Pré-maxilas de Abelisauridae: enfoque filogenético


e informativo
Ao longo da última década, as relações filogenéticas dos
abelissaurídeos têm sido amplamente estudadas e muito pro-
gresso tem sido feito na compreensão da evolução do grupo.
Neste sentido as pré-maxilas apresentam inúmeros caracteres
críticos de significância taxonômica que são utilizados em es-
tudos filogenéticos. Por exemplo, os Abelisauridae são diag-
nosticados por um encurtamento craniocaudal da pré-maxila,
em que o osso é mais expandido dorsoventralmente (alto) do

55
Capítulo V - Análise das pré-maxilas de Abelisauridae sob um enfoque informativo

que anteroposteriormente (longo). Outro carácter de impor-


tante valor taxonômico em pré-maxilares de Abelisauridae é o
encurtamento do processo maxilar da pré-maxila.

Considerações e perspectivas
Conforme já abordado anteriormente, existe abaixo do
processo nasal da pré-maxila um forame neurovascular em
Majungasaurus crenatissimus e possivelmente em I. raptorius.
Este forame provavelmente carregava um ramo Nervo Cranial
– V1 (Witmer, 1995) e está localizado mais ventralmente do
que em Allosauridae de grande porte (por exemplo: Sinraptor
dongi Currie et al., 1993; e Allosaurus fragilis Marsh, 1877).
Além disso, este forame neurovascular apresenta menor cali-
bre quando comparado com os de outros terópodes de tama-
nho médio-grande (por exemplo: alossaurídeos, spinossaurí-
deos e tiranossaurídeos). Esta observação demonstra que a
posição e o tamanho dos forames neurovasculares são variá-
veis entre os táxons de terópodes que alcançam grande porte.
Neste sentido, o estudo desta característica das pré-maxilas
pode contribuir para compreensão das relações filogenéticas
dos theropoda. Contudo, é preciso reforçar que a posição ven-
tral e o menor calibre do forame neurovascular e até mesmo
sua ausência, pode ser um caráter diagnóstico dos abelissau-
rídeos, o que seria importante testar filogeneticamente, bem
como a função e as implicações paleobiológicas dos nervos e
vasos sanguíneos associados também devam ser testadas. Um
estudo mais aprofundado dos fósseis de Abelisauridae permi-
tirá uma melhor compreensão de suas morfologias pré-maxi-
lares e ajudará a avaliar melhor esta hipótese.

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57
Capítulo V I

Observações sobre icnofósseis:


características e classificação
Raylon da Frota Lopes

Introdução
De forma geral fósseis podem ser entendidos como restos
ou vestígios de organismos que de alguma forma foram pre-
servados. Os restos ou vestígios podem ser partes do corpo,
ossos petrificados e até mesmo rastros ou quaisquer outros
resquícios de atividades biológicas pretéritas (Souto et al.,
2017). Os fósseis são classificados, de acordo com seu tipo
de preservação, em restos quando a estrutura corpórea está
totalmente ou parcialmente preservada e em vestígios quando
há apenas um molde ou impressão de atividade biológica pre-
servada. Os vestígios, ou icnofósseis, são objetos de estudo da
icnologia (Souto et al., 2017). Este trabalho tem como objetivo
discorrer sobre o que são icnofósseis e suas classificações e
qual sua importância para a Paleontologia.

Os tipos de icnofósseis e sua significância para


a Paleontologia
Os icnossófeis abrangem todas as estruturas de biotur-
bações (escavações, trilhas de pegadas em sedimentos) ou
erosões de origem biológicas, as bioerosões (perfurações em
substratos duros, conchas, rochas, madeira, etc) (Dentzien-
-Dias & Schultz, 2006).
As pesquisas sobre os icnofósseis são de grande impor-
tância para a Paleontologia, principalmente por estes per-
mitirem o registro de atividades de organismos sem partes
duras, cuja potencialidade de preservação é reduzida, além

58
Raylon da Frota Lopes

de revelar alguns aspectos comportamentais de espécies


extintas (Buatois et al., 2002; Fernandes et al., 2002, 2007;
Carvalho, 2004).
A grande maioria dos icnofósseis descobertos em re-
giões continentais está relacionada a vertebrados, os tipos
mais comuns são escavações no sedimento para abrigo, po-
dendo ser tocas ou túneis, tafoglifos que são marcas de pele
preservadas no sedimento, e também as pegadas fósseis
que são rastros ou impressões preservados, sendo moldes
das plantas dos pés deixados no sedimento (Souto et al.,
2017). Outros tipos comuns de icnofósseis encontrados
em ambientes continentais são ovos fósseis que podem ser
achados quebrados ou inteiros e até mesmo com embriões
preservados, coprólitos que são excrementos fossilizados
apresentando formas e tamanhos bem distintos de acordo
com o espécime que o produziu, e urólitos que são fendas
superficiais no sedimento causadas pelo jato urinário do
espécime (Souto et al., 2017).
Os icnofósseis de vertebrados mais comuns são estruturas
resultadas da movimentação do substrato por diversos orga-
nismos, seja por meios mecânicos ou bioquímicos (Carvalho
& Fernandes, 2000). No Brasil, existem diversos registros des-
te tipo de icnofóssil em vários paleoambientes de diferentes
idades, répteis terrestres na Formação Rio do Rasto (Leonardi
et al., 2002), tetrápodes do Jurássico em arenitos de origem
eólica desértica das formações Guará e Botucatu (Leonardi et
al., 1999; Schultz et al., 2002), saurópodes na Formação Cor-
da, Cretáceo Inferior da Bacia do Parnaíba (Leonardi, 1980;
de Valais et al., 2015), dentre outros. Estes registros são com-
postos por marcas de locomoção preservadas como fósseis,
especialmente pegadas e rastros.
Pegadas fósseis têm sua preservação mais comum em ro-
chas sedimentares interpretadas como bordas ou praias de
lagos, ou regiões alagadiças costeiras, ou ainda em planícies
de inundação em condições de paleoclimas áridos ou semiá-

59
Capítulo VI - Observações sobre icnofósseis: características e classificação

ridos (Dentzien-Dias & Schultz, 2006). Quando os sedimentos


são transformados por processos de litificação as impressões
podem sofrer destruição total ou parcial dificultando sua iden-
tificação (Fig.1).

Figura 1 – Pegadas de dinossauros Saurópodes no Geossítio São Domingos,


Itaguatins estado do Tocantins. Uma trilha de três pegadas, a trilha
mais próxima (a) é coberta por sedimentos modernos; (b) e (C) pegadas
moderadamente preservadas. Fonte: de Valais et al., (2015).

Uma grande parte das pegadas fósseis preservadas são de


espécimes de tamanho consideravelmente grande, que por
seu peso causam compressão no substrato e consequentemen-
te a impressão de seus pés e mãos no terreno (de Valais et al.,
2015; Souto et al., 2017).
Um fato importante a se destacar é a dificuldade em apon-
tar o gênero ou a espécie do animal que fez uma determinada
trilha de pegadas, no entanto, normalmente é possível deter-
minar um grupo taxonômico mais inclusivo ao qual pertence-
ria o espécime gerador da pegada ou trilha, já que a morfolo-
gia dos pés e os padrões de locomoção são consideravelmente
variados entre eles (Dentzien-Dias & Schultz, 2006; Leonardi,
1994; de Valais et al., 2015).

60
Raylon da Frota Lopes

O estudo dos icnofósseis é importante, pois indica o


grau que os organismos retrabalharam o sedimento, retra-
ta a heterogeneidade de hábitos e comportamento das as-
sembleias fossilíferas, além de contribuir nas interpretações
paleoambientais e paleoecológicas (Carvalho, 2004; Souto
et al., 2017).
A origem e diversidade de icnitos estão intimamente
ligadas com as condições ambientais, tais como, tipo de
substrato, granulometria do sedimento, profundidade e
quantidade de água presente na área, com isso, mudanças
nos agrupamentos de icnofósseis podem indicar mudanças
também no regime de sedimentação, sendo então impor-
tante para reconstruções peleogeográficas e paleoecológi-
cas (Carvalho, 2004).
Para melhor organizar o conhecimento dos icnofósseis
foi criada uma classificação de acordo com os tipos de tra-
ços fósseis, assim os icnitos foram classificados de acordo
com sua morfologia e com a finalidade com que foram ge-
rados. A classificação etológica baseia-se no esclarecimento
do comportamento dos organismos produtores dos icnitos
(Carvalho, 2004; Neves & Abreu, 2017). Para Ekdale et al.
(1984) a classificação etológica é formada pelos seguintes
tipos de icnitos:

• Icnitos de Locomoção, que abrangem os traços origi-


nados pelo deslocamento ou locomoção dos organis-
mos, refere-se principalmente a sequências de pegadas.
• Icnitos de Habitação, que são referentes a perfurações
que foram habitadas pelos animais.
• Icnitos de Descanso, que são impressões produzidas
por uma interrupção temporária na locomoção do ani-
mal ao longo de sua procura por alimento ou refúgio,
essas feições quando bem definidas podem retratar
bem a morfologia lateral e ventral dos organismos.

61
Capítulo VI - Observações sobre icnofósseis: características e classificação

• Icnitos de Pastagem caracterizam-se por serem pistas


de alimentação criadas por organismos vágeis que se
alimentam com a ingestão de sedimentos superficiais,
as estruturas meandriformes ou enroladas mostram
um padrão de busca por alimento.
• Icnitos de Alimentação são caracterizados por serem
escavações, tubos e perfurações do organismo feitas
no ato da procura por alimento, podendo em alguns
casos possuir padrões de complexos de comportamen-
to nessa busca.
• Icnitos de Escape são produzidos em sua maioria por
moluscos biválvios e outros seres que se alimentam de
materiais suspensos, essas estruturas ocorrem pela lo-
comoção rápida do organismo após o aporte de sedi-
mento, pois ocorre a erosão da superfície por conta da
movimentação dos mesmos.

Classificação tafonômica de icnofósseis


Os icnofósseis são estruturas sedimentares e podem ser
classificados de acordo com seu modo de preservação na ca-
mada em que se encontram. Seilacher (1964) e Martinsson
(1970) propuseram classificações de icnitos levando em conta
os aspectos tafonômicos. Este primeiro autor classifica os ic-
nofósseis de acordo com seu relevo, o segundo classifica com
base na sua posição dentro da camada.
A classificação proposta por Seilacher (1964) descreve o
relevo do icnosóssil, distinguindo semirrelevos e relevos com-
pletos. São designados conforme sua posição dentro da cama-
da. Em epirrelevos, no topo, e hiporrelevos na base, sendo
complementados quanto à sua forma pelos adjetivos côcavo
ou convexo (Fig.2). Os relevos completos são estruturas en-
contradas inteiras, geralmente dentro das camadas, ou na in-
terface entre estratos.

62
Raylon da Frota Lopes

Figura 2 – Comparação das classificações de Seilacher (1964) e Martinsson


(1970) (modificado de Paleos.com).

A classificação de Martinsson (1970) leva em consideração


a posição do incnito em relação à camada em estudo. Quando
os se localizam dentro da camada são chamados de endícnios
(Endichnia), quando são externos à camada são exícnios (Exi-
chinia). Quando encontrados na superfície supeior do estrato
são epícnios (Epichnia), se encontrados na superfície inferior
são classificados como hipícnios (Hypichnia).

Considerações finais
Os icnofósseis muito contribuem com o conhecimento
dos registros paleontológicos, pois mostram padrões de loco-
moção e dieta dos organismos, além de evidenciar a morfolo-
gia dos espécimes. Contribuem também com o esclarecimento
de relações evolutivas e padrões de comportamento, que tal-
vez seja seu maior contributo (Carvalho et al., 2004; Souto et
al., 2017). Além destas aplicações, permitem interpretações
paleoambientais mais refinadas, como energia dos processos
sedimentares, condições de oxigenação do meio, condições de
oxi-redução, disponibilidade de nutrientes, taxas de sedimen-
tação, tendo, portanto, relevante papel na análise de fácies.

63
Capítulo VI - Observações sobre icnofósseis: características e classificação

Referências
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64
Capítulo V II

Os Titanosauria e um breve histórico


da paleobiota cretácea dos estados
de Goiás e Mato Grosso, Brasil
Lívia Motta Gil

Introdução
Segundo Wilson (2006), os saurópodes foram dinossau-
ros herbívoros, quadrúpedes, com crânio pequeno e pescoço
comprido com 12 ou mais vértebras cervicais opistocélicas
(vértebra cujo corpo apresenta concavidade na face posterior).
Estes répteis alcançaram o gigantismo e têm sido considera-
dos os maiores animais terrestres que já existiram, algumas
estimativas sugerem que alcançaram comprimentos de 37m,
podendo ter pesado até 100 toneladas (Wilson, 2002; Curry
Rogers, 2005).
Alguns autores (e.g., Bonaparte, 1978; Powell, 1986; Bona-
parte & Coria, 1993; Wilson, 2002; Curry Rogers, 2005) têm
indicado que estes foram os herbívoros terrestres mais repre-
sentativos na maior parte do Jurássico até a sua extinção, no
final do Cretáceo (Fig.1).
Dentre os saurópodes, um grupo muito especializado e
diversificado de distribuição muito ampla no Gondwana, so-
bretudo na América do Sul, foram os Titanosauria (Fig.2) que
possuíam um papel importante nos ecossistemas do Cretáceo
como gigantescos herbívoros, uma zona adaptativa que, evi-
dentemente, só eles ocuparam durante a maior parte do perí-
odo (Powell, 2003).
Os primeiros titanossauros foram descobertos em 1828
sendo reportados por Falconer (1868) e descritos como Ti-
tanosaurus indicus Lydekker, 1877 baseado em duas vérte-
bras caudais e um fêmur isolado proveniente de rochas do

65
Capítulo VII - Os Titanosauria e um breve histórico da paleobiota cretácea dos estados
de Goiás e Mato Grosso, Brasil

Neocretáceo, da região central da Índia (Lydekker, 1877).


Segundo Wilson & Upchurch (2003), os restos originais do
novo táxon eram fragmentados e informações detalhadas
sobre a localidade não foram coletadas - relatórios de com-
pradores locais e pistas geológicas, como matriz aderida
ao osso, formou os dados básicos de proveniência. Pouco
foi registrado sobre dados de campo entre os elementos do
tipo de Titanosaurus ou entre eles e outros espécimes en-
contrados no mesmo estrato.

Figura 1. Distribuição dos titanossauros durante o Jurássico e Cretáceo


(modificado de Paleobiology Database, 2019).

Segundo Wilson (2006), mesmo com alguns conflitos ta-


xonômicos e filogenéticos, o clado Titanosauria inclui várias
espécies com grandes dimensões, aproximadamente 33 me-
tros (e.g., Antarctosaurus wichmannianus Huene, 1929; Argyro-
saurus superbus Lydekker; 1893; Argentinosaurus huinculensis

66
Lívia Motta Gil

Bonaparte & Coria, 1993), bem como espécies de menores


tamanhos aproximadamente 8 metros (e.g., Saltasaurus lorica-
tus Powell, 1992; Neuquensaurus australis Salgado, Apesteguía
& Heredia, 2005).

Figura 2. Esqueleto completo do titanossauro argentino Notocolossus


gonzalezparejasi (modificado de Gonzalez- Riga et.al., 2016).

Os registros de titanossauros têm demonstrado uma


distribuição mundial, sendo os dinossauros herbívoros mais
abundantes no Gondwana, tornando-os assim úteis para os
estudos paleobiogeográficos (González Riga, 2011). A sua
distribuição na América do Sul, é confirmada por espéci-
mes de ocorrência na Argentina (principalmente), Brasil,
Chile e Uruguai. Os seus registros no Brasil, dentre os di-
nossauros encontrados, são considerados os mais abundan-
tes e representativos em termos de números de ocorrências
e espécies, sendo o maior número de achados proveniente
dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso (San-
tucci & Bertini, 2001).
Para a região Central do país, temos um número inferior
de ocorrências de fósseis reportados, destacando assim a ne-
cessidade de se realizar estudos em áreas com um número
limitado de registros (com poucas ou sem espécimes formais
descritas) e de trabalhos de campo.

67
Capítulo VII - Os Titanosauria e um breve histórico da paleobiota cretácea dos estados
de Goiás e Mato Grosso, Brasil

Breve histórico da Paleobiota Cretácea


Goiás
O Grupo Bauru apresenta uma das mais ricas assem-
bleias fossilíferas provenientes de estratos do Cretáceo
Superior do Gondwana (Powell, 2003). Os materiais pro-
venientes do oeste do estado de São Paulo e extremo oes-
te de Minas Gerais constituem quase a totalidade do co-
nhecimento da paleobiota do Grupo Bauru que é repre-
sentada por microfósseis (carófitas; palinomorfos de pte-
ridófitas, gimnospermas e angiospermas), invertebrados
(moluscos, ostrácodos e “conchostráceos”), e vertebrados
(peixes, testudinos, lacertílios, ofídios, crocodilomorfos, di-
nossauros e mamíferos) (Candeiro et al., 2006; Candeiro
& Rich, 2010).
Os restos fósseis do Grupo Bauru do estado de Goiás
se resumia unicamente a referências sem detalhes de dinos-
sauros terópodes e saurópodes (Bonaparte, 1978; Bertini,
1993; Santucci & Bertini, 2001; Weishampel, 2007). Recen-
temente, Candeiro et.al (2018) descreveram materiais de
vertebrados provenientes de afloramentos das formações
de Adamantina e Marília nos municípios de Quirinópolis
e Rio Verde no sul do estado de Goiás, que foram identifi-
cados como pertencentes a tartarugas podocemidoides, no-
tosuchia (crocodiliformes) e dinossauros titanossaurídeos.
Dentre os materiais que foram identificados como fragmen-
tos de Titanosauria foram encontrados um rádio direito,
um dente fragmentado e um fragmento de costela (Fig.3)
no município de Rio Verde.
Estes achados reforçam a necessidade de se intensificar
as pesquisas para o estado de Goiás, viabilizando o melhor
conhecimento da distribuição deste grupo.

68
Lívia Motta Gil

Figura 3 Titanosauria indet (Paleo-UFG/V-0027) fragmento de dente: A e B


vista lateral; C vista frontal (Candeito et.al 2018).

Mato Grosso
Os primeiros registros de tetrápodes do Cretáceo do Mato
Grosso são provenientes da região do Morro do Cambambe,
sudoeste do estado. Estes materiais foram encontrados no fi-
nal do século XIX e são representados por um casco de tar-
taruga e uma vértebra “reptiliana” que foram reportados por
Derby (1890) e Evans (1894).
Registros de dinossauros só foram identificados posterior-
mente por Leme em 1911 (Oliveira & Leonardos, 1943), mas
foi somente nas décadas de 1940 e 1950, com os esforços do
paleontólogo Llewellyn Ivor Price (Serviço Geológico e Mi-
neralógico do Brasil) e sua equipe, que grandes trabalhos de
campo foram realizados nas localidades do Morro do Cam-
bambe e da Fazenda Roncador, esta última hoje conhecida
como Vila de Jangada Roncador. Estes esforços geraram uma
grande quantidade materiais coletados e que atualmente se
encontram depositados no Museu de Ciências da Terra, Rio
de Janeiro.
Posteriormente, parte destes materiais (dentes, sete vér-
tebras caudais, fragmentos de costelas e tíbia e fíbula direita
incompletas), foram encontrados, identificados e descritos
como holótipo de Pycnonemosaurus nevesi Kellner & Campos
(2002). Bittencurt & Kellner (2002) descreram nove dentes
isolados da mesma região e atribuíram estes materiais a Abe-
lisauria indet. Franco-Rosas et al. (2004) descreveram cinco

69
Capítulo VII - Os Titanosauria e um breve histórico da paleobiota cretácea dos estados
de Goiás e Mato Grosso, Brasil

ossos isolados (quatro vértebras parciais e uma parte da tíbia)


do Morro do Cambambe como pertencentes ao titanossauro
aeolosaurine Gondwanatitan sp. (Fig.4), mas de áreas diferen-
tes dos terópodes descritos.
Recentemente, Souza et al. (2011) descreveram brevemen-
te um centro vertebral e um rádio atribuído a Sauropoda in-
det., além de um centro vertebral e um dente, atribuídos a
Abelisauridae indet., todos da localidade de Jangada Ronca-
dor. Outras menções de dinossauros da região incluem ossos
e dentes de saurópodes e terópodes do Morro do Cambambe,
Fazenda Confusão e Rio Araguaia (Kellner et al., 1995, 2002,
2004; Guilardi et al., 2011; Bandeira et al., 2016; Pereira et al.,
2018). Os registros de coprólitos e esqueletos parciais de cro-
codilomorfos foram descritos para o Neocretáceo do estado
do Mato Grosso (Franco-Rosas et al., 2001; Marconato et al.,
2003; 2004; Marconato 2006; Souto & Fernandes, 2015).

Figura 4. Gondwanatitan sp., MP 286: Tíbia esquerda


em A vista lateral e B vista medial (Franco-Rosas et
al. 2004).

Desde as descobertas iniciais dos fosséis do Neocretáceo


em Mato Grosso, poucas contribuições foram feitas para abor-
dar essa fauna e a maioria dos dados ainda está disponível

70
Lívia Motta Gil

apenas como notas preliminares e relatórios técnicos do Ser-


viço Geológico e Mineralógico do Brasil, resumos de reuniões
científicas e ou teses não publicadas (Sales et al., 2017).

Considerações
Os registros de dinossauros para os estados de Goiás e
Mato Grosso ainda são pouco representativos, em grande par-
te justificado pela falta de pesquisas e de profissionais atuantes
nesta porção do país. De tal forma, é notável a existência de
uma grande oportunidade de trabalho para a região central
do país, principalmente quando se avalia o potencial para
pesquisas paleontológicas, devido aos registros já formais ou
encontrados em estados adjacentes, além de extensas áreas
mapeadas com rochas das eras Paleozoica e Mesozoica. As-
sim, pesquisas e trabalhos de campo estão sendo realizadas
pelo Laboratório de Paleontologia e Evolução do Curso de
Geologia da Universidade Federal de Goiás, juntamente com
seus colaboradores, gerando materiais que ainda não foram
descritos de dinossauros herbívoros e carnívoros. De modo
que a preparação, descrição e possível identificação de novos
materiais provenientes de rochas do Grupo Bauru do sul do
estado de Goiás, e de materiais ainda não descritos da porção
sudeste do estado do Mato Grosso virão a contribuir signifi-
cativamente para o conhecimento dos registros, sistemática e
paleobiogeografia de dinossauros na América do Sul.

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74
Capítulo V III

Listagem taxonômica dos dinossauros


saurópodes do Neocretáceo do Brasil
Tamires do Carmo Dias

Introdução
Os dinossauros foram apresentados inicialmente por Ri-
chard Owen em 1841, que realizou a descrição de três animais
encontrados na Grã-Bretanha (OWEN, 1842 apud TROTTA,
2002). Os dinossauros saurópodes obtiveram maior sucesso
adaptativo durante o período Jurássico no Hemisfério Norte,
seus representantes apresentavam espécies que possuíam um
grande comprimento (alguns maiores que 30 metros) e pe-
savam estimadamente até 80 toneladas (TROTTA, 2002). No
Hemisfério Sul, os saurópodes prosperaram durante o Cre-
táceo, se estabelecendo no paleocontinente Gondwana até a
grande extinção que marcou o fim do Mesozoico.
Os saurópodes viviam de modo gregário em manadas,
ocupando o ambiente terrestre. Dodson (1990) aponta que
essa interpretação, se deu através do estudo de evidências
icnológicas. Tais evidências corroboram com a afirmação de
que os Saurópodes são ovíparos, uma vez que foram encontra-
dos ovos fossilizados em jazigos fossilíferos formados por res-
tos de saurópodes no Brasil (TROTTA, 2002). Os dinossauros
saurópodes era quadrúpedes, possuindo caudas e pescoços
longos e sua cabeça é pequena em relação ao tamanho corpo-
ral (Fig. 1). A sustentação corporal desses animais requereu
modificações morfológicas em sua anatomia: o sistema axial
adaptou-se de modo que os saurópodes desenvolveram uma
série de escavações e lâminas em suas vértebras cervicais e
dorsais, conferindo-as leveza e reforço ósseo. Cada gênero
apresenta uma morfologia vertebral própria, sendo utilizada

75
Capítulo VIII - Listagem taxonômica dos dinossauros saurópodes do Neocretáceo do Brasil

como diagnóstico, auxiliando na identificação e classificação


dos saurópodes (McINTOSH, 1990).

Figura 1: Dinossauro saurópode Aeolosaurus maximus (Santucci & Arruda-


Campos, 2011), características gerais. Fonte: VIDAL, L. (2017).

O presente trabalho possui o intuito de apresentar os


registros de dinossauros saurópodes do Cretáceo do Brasil,
apresentando sua listagem taxonômica e distribuição.

Classificação dos dinossauros saurópodes


Dinosauria Owen, 1842
Saurischia Seeley, 1887
Sauropoda Marsh, 1878

A filogenia de Sauropoda foi bastante discutida em im-


portantes estudos (ex. UPCHURCH, 1995; CALVO & SALGA-
DO, 1995; SALGADO, CORIA & CALVO, 1997; WILSON &
SERENO, 1998), cada qual apresentando um sistema de classi-
ficação diferente. Considerando as relações filogenéticas apre-
sentadas por Salgado, Coria & Calvo (1997); Wilson & Sereno,
(1998) posicionam como táxons mais basais até a formação
de um clado que contemple as formas do Cretáceo. Na figu-

76
Tamires do Carmo Dias

ra 2, se pode observar a classificação de dois clados irmãos:


Diplodocoidea (WILSON & SERENO, 1998) em oposição ao
seu grupo irmão Macronaria (WILSON & SERENO, 1998).
Camarasaurus (WILSON & SERENO, 1998) é posicionado
como grupo irmão de Titanosauriformes que por sua vez se
subdivide em Brachiosauridae (WILSON & SERENO, 1998)
e Titanosauria.

Fig. 2. Cladograma simplificado de Sauropoda (Modificado por Mannion


et. al, 2011). Fonte: FARIA, et al., (2015).

Os saurópodes do Brasil
Os dinossauros saurópodes do Cretáceo do Brasil são
constituídos por Titanosauria. Faria, et al. (2015) apontam
que os Titanosauria foram relatados em sua maioria no Gru-
po Bauru (Bacia Paraná) reportados para os estados de Minas
Gerais e São Paulo. Com o avanço das pesquisas sobre sauró-
podes tem demostrado que sua distribuição não se restringiu
somente a região Sudeste do Brasil, mas que o grupo teve
ampla distribuição em estados como: Goiás, Mato Grosso, Ma-
ranhão e Paraíba. Na tabela 1, pode-se observar a listagem das
principais ocorrências do grupo no Brasil.

77
Capítulo VIII - Listagem taxonômica dos dinossauros saurópodes do Neocretáceo do Brasil

Tabela 1.
As principais ocorrências de saurópodes do Cretáceo do Brasil
Classificação Unidade Geológica,
Taxon/espécie Referência
Taxonômica idade
Formação
Adamantisaurus Adamantina, Santucci e
Titanosauria
mezzalirai Campaniano – Bertini, 2006.
Maastrichtiano
Aeolosaurini Aeolosaurini Formação Marília, Santucci e
indet. indet. Maastrichtiano Bertini (2001).
Aeolosaurini Aeolosaurini Formação Marília, Lopes e
indet. indet. Maastrichtiano Buchman (2008)
Formação
Santucci e
Aeolosaurus Titanosauria/ Adamantina,
Arruda-Campos,
maximus Aeolosaurini Campaniano -
2011
Maastrichtiano
Andesauridae Andesauridae Formação Alcântara, Medeiros e
indet. indet. Cenomaniano. Schultz (2002)
Antarctosaurus Formação
Arid e Vizotto
brasiliensis Adamantina,
Titanosauria (1971)
(Nomen nudum) Campaniano -
Maastrichtiano
Amazonsaurus Itapecuru Formation, Carvalho et al,
Diplodocoidea
maranhensis Aptian-Albian 2003.
Formação
Austroposeidon Adamantina, Bandeira et al,
Titanosauria
magnificus Campaniano- 2016.
Maastrichtiano
Formação Marília, Kellner et al,
Baurutitan britoi Titanosauria
Maastrichtiano 2005.
Formação
Brasilotitan Machado et al,
Titanosauria Adamantina,
nemophagus 2013.
Turonian-Santonian
Diplodocoidea Grupo Itapecuru, Castro et al.
Diplodocoidea
indet. Albiano. (2007)
Formação
Gondwanatitan Titanosauria/ Adamantina, Kellner e
faustoi Aeolosaurini Campaniano – Azevedo, 1999.
Maastrichtiano
Formação
Titanosauria/ Franco-Rosas et.
Gondwanatitan sp. Cambambe, Cretáceo
Aeolosaurini al. (2004).
Superior
Formação
Maxakalisaurus Titanosauria/ Kellner et al,
Adamantina,
topai Aeolosaurini 2006.
Campaniano.

78
Tamires do Carmo Dias

Formação Alcântara, Medeiros e


Rayososaurus sp. Diplodocoidea
Cenomaniano. Schultz (2004)
Tapuiasaurus
Titanosauria Formação Quiricó Zaher et al, 2011.
macedoi
Trigonosaurus Formação Marília, Campos et al,
Titanosauria
pricei Maastrichtiano 2005.
Titanosauria Grupo Itapecuru, Castro et al.
Titanosauria indet.
indet. Albiano. (2007)
Titanosauria
Titanosauria Formação Marília, Santucci e
indet. (Marinho e
indet. Maastrichtiano Bertini (2001)
Candeiro, 2005)
Titanosauria Formação Marília, Candeiro et al.
Titanosauria indet.
indet. Maastrichtiano (2018)
Titanosauria Formação Rio Ghilardi et al.
Titanosauria indet.
indet. Priranhas, Cretáceo. (2016)
Titanosauriformes Titanosauriformes Formação Marília, Candeiro et al.
indet indet. Maastrichtiano (2018)
Triunfosaurus Formação Rio
Carvalho, et al.
leonardii Titanosauria Piranhas, Cretáceo
2017.
Inferior.
Uberabatitan Formação Marília, Salgado e
Titanosauria
ribeiroi Maastrichtiano Carvalho, 2008.

Fonte: Organizado pela autora.

A identificação dos táxons de Sauropoda se dá princi-


palmente pela análise dos caracteres vertebrais, que são a
estrutura mais diagnóstica do grupo. As técnicas utilizadas
na identificação do grupo permitem a realização da compa-
ração entre diferentes táxons, sendo estes próximos ou não
filogeneticamente. Atualmente o maior grupo representante
do clado são os Titanossauros, seguido pelos Aeolosaurini. As
classificações menores dos grupos têm sofrido modificações
de acordo com os estudos comparativos realizados, podendo
ocorrer realocações no clado ao qual o táxon foi adicionado
originalmente.

Considerações
Os saurópodes relatados no Brasil pertencem a um gru-
po diversificado, contendo representantes que vão desde di-

79
Capítulo VIII - Listagem taxonômica dos dinossauros saurópodes do Neocretáceo do Brasil

nossauros juvenis e de pequeno porte a indivíduos adultos.


Como apresentado neste capítulo, observa-se a distribuição
dos dinossauros saurópodes em diferentes pontos do país. Os
registros associados ao Grupo Bauru, possuem a maior con-
centração de descobertas de Saurópodes no Brasil. Registros
fósseis apontam espécimes encontrados em outras localida-
des, tais como: as Formações Itapecuru, Quiricó e Formação
Rio Piranhas, além do Município de Sousa. O registro des-
ses materiais evidencia o potencial fossilífero dessas regiões,
fornecendo novos campos de pesquisa e atraindo estudos em
distintas áreas do país, permitindo a comparação entre os ma-
teriais e maior conhecimento da fauna brasileira durante o
Gondwana.

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Capítulo VIII - Listagem taxonômica dos dinossauros saurópodes do Neocretáceo do Brasil

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83
Capítulo IX

Gigantismo nos saurópodes e suas


implicações paleobiológicas e locomotoras
Ramon Cavalcanti, Luciano Vidal

Introdução
Para compreender como eram os movimentos em taxa ex-
tintos a morfologia comparada destes com taxa coronais é um
recurso amplamente utilizado (Carrano, 2005, Sellers et al 2013,
Christian e Dzemski 2007, Wedel 2003, Senders e Claus 2008).
Saurópodes são dinossauros de grande porte com ampla distri-
buição tendo representantes em todos os continentes (Huene
e Matley 1933, Le Loeuff 2005, Gomani 2005; Hocknull et al.
2009, Smith et al. 2011; Cerda et al. 2012). Apresentavam ana-
tomia impar com longos pescoço e cauda (Upchurt et al 2004).
No inicio do século XIX paleontólogos debruçaram-se sobre
estudos que tinham como objetivo compreender como eram
os hábitos desses gigantes (Curry-Rogers e Wilson, 2003). Os-
born (1898) sugeriu que os saurópodes fossem como as baleias,
por conta de aspectos presumidamente relacionados aos taxa
aquáticos, além de suas grandes proporções. O debate sobre os
hábitos locomotores dos saurópodes se estendeu por um século
e somente no século XX, devido ao avanço nas áreas da pale-
ontologia, os saurópodes começaram a ser caracterizados como
animais estritamente terrestres (Hatcher 1903; Riggs 1903).

Figura 1. Imagem representativa de um saurópode Saltasaunni


Neuquensaurus australis do Cretáceo Superior da Patagônia, Argentina, em
comparação com um Elefante.

84
Ramon Cavalcanti, Luciano Vidal

As comparações entre saurópodes e mamíferos terrestres


de grande porte (eg. elefante, rinoceronte e hipopótamo) fo-
ram mais exploradas no final do século XX, devido algumas si-
milaridades (Sallers et al 2014). Estes grupos são animais gravi-
portais, ou seja, possuem membros colunares para sustentação
de grandes massas assim como os saurópodes (Fig. 1). Apesar
disso, suas similaridades se restringem a isso devido a distância
taxonômica entre ambos. Dinossauros pertencem ao clado Ar-
chosauria bem como crocodilos e aves (Fig. 2), desta forma, é
mais correto relacioná-los a estes grupos viventes do que com
mamalia (Witmer 1997, Hutchinson 2001). As definições filo-
genéticas são de suma importância para estreitar as relações
de parentesco entre os saurópodes permitindo comparações
morfológicas entre os taxa relacionados culminando num refi-
namento do conhecimento acerca das características locomoto-
ras de cada grupo (Upchurch 1995, 1998; Salgado et al. 1997;
Wilson e Sereno 1998; Curry Rogers 2001; Wilson 2002).

Figura 2: Filogenia simplificada de Sauria. Modificado de Witmer (1997).

Gigantismo: implicações paleobiológicas e


locomotoras
Os saurópodes são dinossauros saurisquíos que conse-
guiram alcançar grandes proporções. Senders e Claus (2008)

85
Capítulo IX - Gigantismo nos saurópodes e suas implicações paleobiológicas e locomotoras

sugerem que o gigantismo foi possível graças a uma combi-


nação de herança filogenética e pontuam: 1) a falta de um
aparelho mastigatório que contribuiu para que a cabeça dos
saurópodes permanecessem pequenas com relação ao corpo,
isso foi um pré-requisito para o desenvolvimento de seu longo
pescoço que teria fornecido acesso alimentos fora do alcance
de outros animais; 2) a postura de ovos como estratégia de
reprodução; 3 alta taxa de crescimento, que permitiam chegar
a fase adulta em pouco tempo; 4) sistema respiratório seme-
lhante ao das aves e 5) uma flexível taxa metabólica.
O longo pescoço também implicava em problemas fi-
siológicos como o superaquecimento para animais endotér-
micos e o grande volume de ar que circulava pela traqueia
durante respiração (Dzemski 2007; Wedel 2003, 2005). Es-
tes problemas parecem ter sido resolvidos por uma inova-
ção evolutiva compartilhada por saurópodes e terópodes
(carnívoros dinossauros) e seus descendentes, os pássaros:
um aparelho respiratório semelhante ao das aves com siste-
ma de troca gasosa de corrente cruzada no pulmão e sacos
aéreos que pneumatizavam as vértebras do pescoço e do
tronco (Wedel 2003, 2005 ).
Para sustentar um grande corpo o sistema esquelético
também sofreu modificações (Sellers et al. 2013). O qua-
drupedalismo permitiu melhor distribuição da massa cor-
pórea e por isso os saurópodes apresentavam membros ro-
bustos, diferente de seus parentes basais sauropodomorfas
que possuíam um bipedalismo “facultativo” (Carrano 2005;
Galton 1990). Essa adaptação, associada ao aumento da
massa corporal, acarretou uma série de modificações nas
estruturas apendiculares como, por exemplo, a diminuição
da quantidade de falanges nos membros anteriores e o en-
curtamento da porção distal (epífise) dos segmentos dos
membros como o fêmur, tíbia, fíbula, úmero, ulna, rádio,
metacarpos e tarso (Salgado, 1999; Wilson e Carrano 1999;
Carrano, 2005). Essa variação poderia significar que o peso

86
Ramon Cavalcanti, Luciano Vidal

do animal fosse mais bem distribuído sobre os membros


colunares (Carrano, 2005).
O gigantismo implica na movimentação dos saurópodes já
que os membros colunares deveriam sustentar a grande massa
corpórea em contraste com a gravidade e ainda exercer for-
ças necessárias para se locomover (Carrano 2001; Sellers et al
2013; Wilson e Carrano, 1999). Entretanto, o aumento das pro-
porções e da massa corporal não apresentam apenas melhorias
para as condições de suporte corporal, além disso, atribuíram
problemas mecânicos como a baixa mobilidade dos membros
(Curry-Rogers e Wilson, 2003, Sellers et al 2013). Um estudo
realizado por Sellers et al (2013) demonstrou que saurópodes
gigantes com peso aproximado de 80 toneladas eram mecanica-
mente competente em locomoção de baixa velocidade e conclu-
íram que o gigantismo em saurópodes provavelmente exigiriam
remodelação da forma do corpo e mudanças comportamental
significativa para evitar o colapso dos ossos.

Figura 2. (A;B) Fêmur de saurópode nas vistas anterior e posterior


respectivamente, (C) úmero em vista medial, ( D;E ) vistas medial e proximal
de metacarpo (OTERO, A. et al 2010).

87
Capítulo IX - Gigantismo nos saurópodes e suas implicações paleobiológicas e locomotoras

Considerações
A adaptação para o quadrupedelismo é acompanhada por
mudanças significantes nos membros, do mesmo modo, es-
tão concomitantemente associadas ao aumento da proporção
e massa corporal. Os membros tornaram-se fortes e robustos
para sustentar o peso forçando aos saurópodes ao padrão gra-
viportal. O gigantismo em saurópodes traz à tona as questões
paleobiológicas como, por exemplo, atividades como alimen-
tação, estratégias de reprodução, defesa contra predadores
e diversas outras interações com o meio ambiente. O clado
Sauropoda abriga clados menores como os Diplodocidae, Ma-
cronarios basais e titanossauros que possuem características e
tamanhos distintos, para tanto, estudos generalizados apenas
nos dão uma noção de como estes deveriam se comportar.
Estudos futuros devem ser focados nas diferenças morfológi-
cas e funcionais dentro dos grupos do clado Sauropoda para
melhor compreensão de sua locomoção e evolução.

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89
Capítulo X

Estratigrafia dos afloramentos


da Formação Adamantina e Marília
(Grupo Bauru, Cretáceo Superior)
portadores de fósseis do município
de Quirinópolis/GO
Musa Maria Nogueira Gomes

Introdução
No início do Cretáceo Inferior a crosta terrestre foi sub-
metida à colossal fendilhamento, associado ao magmatismo
de proporções similares na história do Planeta. Com isto o
Megacontinente Gondwana se rompeu dando surgimento
ao Oceano Atlântico Sul, iniciando a nova fase da evolu-
ção das plataformas continentais. O vulcanismo que gerou
a Formação Serra Geral marcou o fim dos eventos de sedi-
mentação de forma generalizada na Bacia do Paraná, ocor-
rido antes do início da deriva dos continentes. Em algumas
centenas de milhares de quilômetros quadrados desta área
foi depositada uma sequência sedimentar essencialmente
arenítica, delimitada por duas discordâncias definidas por
superfícies erosivas de caráter continental: uma basal, pós
gondwânica, sobre a qual ocorre a Formação Adamantina e
outra nomeada Sul–Americana, acima da qual ocorre a For-
mação Marília, ambas pertencentes ao Grupo Bauru (FER-
NANDES & COIMBRA, 1996).
O Grupo Bauru (Bacia do Paraná) constitui uma sequên-
cia única formada por rochas siliciclásticas de origem conti-
nental com colaboração de rochas vulcânicas associadas local-
mente, sendo composto por quatro unidades litoestratigráfi-
cas da base para o topo: Caiuá, Santo Anastácio, Adamantina

90
Musa Maria Nogueira Gomes

e Marília. (SOARES, et al. 1980). Segundo Fernandes e Coim-


bra (1996), no sul de Goiás o Grupo Bauru é caracterizado
por rochas das formações Adamantina e Marília.
A Formação Adamantina foi estabelecida por Soares et
al. (1980), onde reconheceu rochas dessa unidade nos esta-
dos de Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais (Triângulo
Mineiro). Decorrente das análises da variabilidade litológica
regional da unidade, Barcelos (1984) subdividiu esta forma-
ção nos membros Araçatuba e São José do Rio Preto. A For-
mação Adamantina constitui-se da associação de arenitos fi-
nos a muito finos e lamitos siltosos, de cor rósea a castanho,
com intercalações de argilitos de cor castanho – avermelha-
do. São distribuídos normalmente em estratos maciços ou de
acamamento plano – paralelo, alternando com camadas com
estratificação cruzada de médio a pequeno porte. A unidade
frequentemente exibe outras estruturas hidrodinâmicas, tais
como marcas de onda, laminação cruzada cavalgante, feições
de corte e preenchimento, brechas intraformacionais com in-
traclastos silto – argilosos e feições de gradação normal para
o topo (fining upward).
Segundo Soares et al. (1980) a Formação Marília é cons-
tituída por arenitos grosseiros a conglomeráticos, com grãos
angulosos, cimentados por matriz carbonática com cristais
de calcita. A Formação Marília foi subdividida em membros
Echaporã, Ponte Alta e Serra da Galga, por Barcelos (1984).
Essa unidade se distribui nos estados de Goiás, Mato Grosso
do Sul, São Paulo e Minas Gerais (Triângulo Mineiro).
O objetivo deste trabalho é caracterizar em detalhe a es-
tratigrafia e a sequência de afloramentos na região de Quiri-
nópolis, já que pouco se conhece da geologia na área. Preten-
de-se estudar as áreas de afloramento da Formação Adaman-
tina e Marília. Porém neste trabalho será detalhado apenas
a estratigrafia da Formação Marília, descrevendo as camadas
litológicas vistas em campo, e os níveis correspondentes que
foram encontrados fragmentos fósseis.

91
Capítulo X - Estratigrafia dos afloramentos da Formação Adamantina e Marília
(Grupo Bauru, Cretáceo Superior) portadores de fósseis do município de Quirinópolis/GO

Metodologia
Área de estudo
O estudo foi realizado no município de Quirinópolis,
localizado no estado de Goiás, na região sul do estado, a
uma distância de 285 km da capital do estado (Figura 1),
possui uma área de 3.787 km2 e uma população de 42.216
habitantes, segundo dados do censo de 2010 (IBGE, 2010).
Nessa região encontram-se rochas do Grupo Bauru, onde
afloram as formações Adamantina e Marília (Figura 2). Ain-
da pouco se conhece da geologia do Cretáceo Superior na
região de Quirinópolis.

Figura 1- Mapa de localização da área de estudo. Sistema de coordenadas


geográficas: SIRGAS 2000, base cartográfica: SIEG.Elaboração:
Março/2019

92
Musa Maria Nogueira Gomes

Figura 2 - Mapa geológico da área de estudo. Sistema de coordenadas


geográficas: SIRGAS 2000, base cartográfica: IBGE. Elaboração:
Março/2019.

Trabalho de campo
Com o objetivo de conhecer a estratigrafia do Grupo
Bauru, Formação Adamantina e Formação Marília, no muni-
cípio de Quirinópolis, foi realizado um trabalho de campo.
Durante a expedição de campo foi analisada a área de estu-
do, observando o substrato rochoso presente, identificando a
rocha, destacando sua coloração, granulometria e estruturas
sedimentares. Foi possível identificar e visualizar em alguns
locais o perfil estratigráfico, ou pelo menos parte dele. Nos
afloramentos foram feitas pesquisas de ocorrência de fósseis,
pois os locais são compostos de rochas propícias para a con-
servação dos mesmos.

Resultados
Estratigrafia local do Grupo Bauru
Como resultado dos trabalhos de campo e os estudos bi-
bliográficos realizados foi possível observar que no local de
estudo, o Morro da Antena no município de Quirinópolis,

93
Capítulo X - Estratigrafia dos afloramentos da Formação Adamantina e Marília
(Grupo Bauru, Cretáceo Superior) portadores de fósseis do município de Quirinópolis/GO

aflora rochas da Formação Marília, pois, foram observadas


rochas compostas de arenito finos à médio, com níveis con-
glomeráticos, ocorrendo seixos angulosos, apresentando tam-
bém níveis carbonáticos. Alguns seixos presentes são compos-
tos de sílex, são mal selecionados e sua ocorrência marcam as
zonas de transição do ambiente deposicional (Figura 3). Só é
possível ocorrer o afloramento da Formação Marília devido à
sustentação dos conglomerados e do carbonato.

Figura 3 - Nível conglomerático, intercalado com arenito fino. Autor:


GOMES, M.M.N.

Segundo Almeida e Barbosa (1953) o Membro Ponte Alta


é constituído de calcários, formados provavelmente em lagos
tipo (playa lakes), passando lateral e verticalmente a vários ti-
pos de calcretes. O Membro Echaporã é composto por are-
nitos de granulação fina passando à grossa, frequentemente
conglomeráticos, mal selecionada com calcretes associados e
o Membro Serra da Galga é constituído por arenitos imaturos

94
Musa Maria Nogueira Gomes

e conglomerados superposta a níveis carbonáticos do Mem-


bro Ponte Alta.
Sendo assim, de acordo com a análise estratigráfica rea-
lizada, é notável que no local parte do Membro Echaporã e o
Membro Serra da Galga afloram localmente, devido à sua li-
tologia presente, o arenito fino à médio conglomerático, com
níveis carbonáticos e o seu contato com blocos basálticos.

Coluna estratigráfica
De acordo com a análise estratigráfica realizada em cam-
po, foi possível observar em todo o afloramento as seguintes
camadas, descrevendo do topo para a base 1,6 m de ortocon-
glomerado polimitico, com o arcabouço composto de areni-
tos siltosos, lamitos e silexitos e matriz siltosa; 4 m de argilito
bege avermelhado apresentando empilhamento, gradacionan-
do para siltito arenoso; 2,4 m de arenito fino avermelhado; 3
m calcário maciço bege avermelhado, com cristais de calcita
bem desenvolvidos; 0,6 m de arenito fino a médio, polimítico
de matriz carbonática; 3 m de microconglomerado sustentado
por matriz carbonática. Apresentam fraturas e diques clásti-
cos de arenito, lentes métricas de calcário e siltito, indicando
um paleoambiente fluvial do tipo entrelaçado; 5 m de arenito
médio vermelho, apresentando leques métricos de calcário e
siltito; 6 m de paraconglomerado rosa avermelhado suporta-
do por matriz arenosa. Na base do pacote há um aumento
granulométrico dos seixos e diminuição da matriz; 4 m de
set’s com gradações de conglomerado (base) para o arenito
fino; 0,6 m de arenito fino à médio com ocorrências de estrati-
ficações cruzadas, indicando paleofluxo com direções SE; 2,8
m de ortoconglomerado polimítico, com arcabouço composto
por blocos decimétricos; 3,4 m de arenito médio avermelha-
do, com gradações para arenito grosso na base, com poucos
seixos; 2 m de microconglomerado de matriz carbonática; 2,2
m de arenito fino a médio; 0,8 m de ortoconglomerado poli-
mítico; 1 m de arenito fino; e finalizando com uma camada

95
Capítulo X - Estratigrafia dos afloramentos da Formação Adamantina e Marília
(Grupo Bauru, Cretáceo Superior) portadores de fósseis do município de Quirinópolis/GO

de 1 m de blocos de seixos basálticos na base do afloramento.


É possível observar na imagem (Figura 4 e 5) a seguir algu-
mas dessas camadas descritas anteriormente, apresentando na
mesma, apenas 6 camadas sedimentares.

Figura 4 - Parte do talude que demonstra o afloramento no Morro da


Antena, Quirinópolis/GO. Autor: GOMES, M.M.N

Figura 5 - Afloramento, estratigrafia, no Morro da Antena, Quirinópolis.


Autor: GOMES, M.M.N.

96
Musa Maria Nogueira Gomes

Ocorrências fossilíferas
As unidades do Grupo Bauru (níveis conglomeráticos da
Formação Adamantina, de importância econômica e paleonto-
lógica) no município de Quirinópolis foram pouco estudadas,
consequentemente possuem reduzidos dados paleontológicos.
Restos de dinossauros e outros fósseis têm sido encontrados em
rochas do Cretáceo Superior do Grupo Bauru (92 a 65 milhões
de anos) na região do sul de Goiás, (SIMBRAS et al. 2013), que
em conjunto com áreas fossilíferas do oeste paulista e Triângu-
lo Mineiro ( FERNANDES, 1998) se constituem de relevantes
registros do Cretáceo do Brasil Central. Os níveis portadores
de fósseis da Formação Marília do município de Quirinópolis
apresentam boas exposições, no entanto, até o momento, ain-
da não foram descritos em detalhes. Desse modo, a realização
pela primeira vez destes estudos anteriormente mencionados,
contribuiria para um melhor conhecimento da estratigrafia das
rochas do Cretáceo Superior da região de Quirinópolis.
Durante as expedições para o presente trabalho, foram en-
contrados alguns fragmentos de fósseis, ainda não identificados,
entre eles ocorrências de icnofósseis, como bioturbações e ossos
pequenos. E outro fragmento foi encontrado no local durante
outro trabalho de campo realizado pela a equipe de trabalho do
Laboratório de Paleontologia e Evolução, este material refere-se
a um fragmento de uma possível costela de dinossauro com apro-
ximadamente 10 cm de comprimento, no qual serão submetidos
a análises histológicas para um melhor e mais detalhado diagnós-
tico. Esses matérias foram encontrados em níveis de arenito fino
a médio à níveis microconglomeráticos a conglomeráticos.

Conclusão
Com os resultados obtidos a partir da realização deste tra-
balho, foi possível determinar que no ponto descrito e detalha-
do na região de Quirinópolis, sendo ele o Morro da Antena,
aflora apenas Formação Marília, apesar da região englobar aflo-

97
Capítulo X - Estratigrafia dos afloramentos da Formação Adamantina e Marília
(Grupo Bauru, Cretáceo Superior) portadores de fósseis do município de Quirinópolis/GO

ramentos da Formação Adamantina também, segundo alguns


autores. Com isso, a partir da pesquisa realizada foi observada a
estratigrafia local, que designa a um arenito fino a médio, com
níveis carbonáticos e também níveis conglomeráticos. Outro fa-
tor diagnosticado foi a ocorrência de fósseis na região, sendo
que não apenas nas visitas de campo realizadas para a constru-
ção deste, mas também outros campos previamente feitos, foi
possível identificar fósseis, como possíveis fragmentos de coste-
las de dinossauros, outros ossos indeterminados, e ocorrências
de icnofósseis, como as bioturbações encontradas.

Referências
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98
Capítulo XI

Curadoria e Catalogação de restos


de Vertebrados do Neocretáceo da
Formação Marília (Grupo Bauru)
do município de Rio Verde
Mozer Nogueira Gomes

Introdução
O estado de Goiás tem uma grande riqueza natural do
ponto de vista da Geodiversidade no que se refere ao seu pa-
trimônio fossilífero. Conhecer este patrimônio e resguardá-lo
é importante para a sua preservação, de igual importância é
a organização e manutenção de coleções científicas, uma vez
que, a partir delas é possível construir o entendimento cientí-
fico desta riqueza derivada de processos naturais.
As coleções científicas são consideradas de grande impor-
tância para a Paleontologia, pois é a mais significativa forma
de registro e guarda de espécimes fósseis de interesse acadê-
mico. Enquanto patrimônio científico, esses acervos fornecem
aos pesquisadores os meios necessários para o crescimento e
legitimação do seu próprio campo de conhecimento, a Paleon-
tologia. Isto possibilita o acesso de pesquisadores a importan-
tes materiais do patrimônio geológico, através das descrições
são gerados resultados de investigação, além da produção e
divulgação do conhecimento científico (Cristin & Perrilliat,
2011; Pinto et al., 2011). Os fósseis e as informações que eles
carregam consigo são elementos valiosos de produção para o
campo, propiciando assim a extensão do conhecimento.
Os acervos paleontológicos estão geralmente localizados
em coleções de universidades e museus, dentre os quais desta-
cam-se no Brasil o Museu Nacional da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Museu dos Dinossauros de Uberaba, localizado

99
Capítulo XI - Curadoria e Catalogação de restos de Vertebrados do Neocretáceo da Formação Marília
(Grupo Bauru) do município de Rio Verde

no bairro rural de Peirópolis, em Uberaba (Minas Gerais), o


Laboratório de Macrofósseis do Departamento de Geologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, entre muitas outras
instituições espalhadas pelo Brasil. Recentemente Pássaro et al.
(2014) forneceram a listagem mais completa das principais ins-
tituições de interesse paleontológico com coleções de fósseis
do Brasil. Este trabalho objetiva em demonstrar a importância
da existência e/ou implementação de locais apropriados para a
guarda e divulgação de acervos fossilíferos.
Nos anos de 2017 e 2018 se deu início aos trabalhos volta-
dos para a catalogação de fósseis de vertebrados provenientes
de rochas do Cretáceo do sul do estado de Goiás depositadas
no Laboratório de pesquisa do Curso de Geologia/UFG, de-
nominado Laboratório de Paleontologia e Evolução (Labpa-
leoevo). Os trabalhos iniciaram em agosto de 2017 seguindo
os procedimentos básicos indicados por Carvalho (2004).

Materiais e Métodos
Este estudo foi realizado se baseando nas respectivas fi-
chas informativas do acervo fóssil, bem como por meio das
bibliografias existentes no Laboratório de Paleontologia e
Evolução (Curso de Geologia, Campus Aparecida de Goiânia,
Universidade Federal de Goiás). A metodologia para a organi-
zação taxonômica deste artigo segue as orientações contidas
no Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (Ride,
2003). Todos os fósseis estão sendo catalogados e devidamen-
te numerados com acrônicos específicos. Ademais, já se en-
contram cadastrados em um livro próprio com as seguintes
informações: número da coleção; identificação do material;
proveniência; unidade geológica/idade; coletor e observação.
Após a análise dos fósseis e suas respectivas descrições
e classificações nas fichas descritivas citadas acima, o acervo
permanece guardado em armários dispostos segundo seus es-
tratos taxonômicos.

100
Mozer Nogueira Gomes

Resultados e Discussões
A coleção de Paleontologia do Laboratório de Paleonto-
logia e Evolução/Curso de Geologia/UFG possui um acervo
de fósseis de vertebrados provenientes de rochas do Cretáceo
Superior do Grupo Bauru (Bacia do Paraná) estimado de
13 vertebrados indeterminados, dois crocodilyformes e três
restos de dinossauros herbívoros saurópodes, totalizando 18
espécimes. Estes fósseis são provenientes exclusivamente de
jazigos fossilíferos do Grupo Bauru. Todos os espécimes da
coleção foram coletados em trabalhos de campo do Labpaleo-
evo/UFG nos anos de 2015 a 2018 em Rio Verde.
Os fósseis indeterminados são os mais numerosos (72%).
A primeira separação no Labpaleoevo identificou inúmeros
fragmentos que foram colados aos maiores com cola “super
bonder” (Quad. 1, Fig. 1). A proveniência destes materiais é
exclusivamente da Pedreira RioCal de rochas constituídas por
arenitos calcários. Entre os espécimes predominam materiais
de pequenas proporções que variam de 30mm a 256mm (es-
tão em melhor estado de preservação) – sobre estes foram
aplicados a resina de proteção paralóide. Em menor quantida-
de considerando o estado de preservação os répteis fragmen-
tários apresentam fraturas ocasionadas por má acondiciona-
mento. Os répteis em menor número de espécies são os mais
diagnósticos que foram identificados como pertencentes a
Crocodyliformes e dinossauros Saurópodes. Estes são os mais
importantes registros para a região, foram descritos por Can-
deiro et al. (2018) e estão na coleção agora devidamente acon-
dicionados. Segundo estes autores, o sul de Goiás apresenta
potencial que o credencia a uma promissora área de explora-
ção paleontológica do Grupo Bauru no Brasil Central.

101
Capítulo XI - Curadoria e Catalogação de restos de Vertebrados do Neocretáceo da Formação Marília
(Grupo Bauru) do município de Rio Verde

Quadro 2.
Levantamento e identificação do acervo do Labpaleoevo.
Quan-
Taxa Proveniência Estratigrafia Idade
tidade
Rio Verde Grupo Bauru,
Cretáceo
Vertebrata 13 (Pedreira Bacia do
Superior
RioCal) Paraná
Rio Verde Grupo Bauru,
Cretáceo
Crocodyliformes 2 (Pedreira Bacia do
Superior
RioCal) Paraná
Rio Verde Grupo Bauru,
Cretáceo
Sauropoda 3 (Pedreira Bacia do
Superior
RioCal) Paraná

Figura 1 - Representantes fósseis do Grupo Bauru do


município de Rio Verde depositados na Coleção do
Laboratório de Paleontologia e Evolução/Curso de
Geologia/UFG no ano de 2018.

Na coleção há blocos de arenitos e conglomerados carbo-


náticos podendo conter dentes, escamas e ossos fósseis de verte-
brados do Grupo Bauru do município de Rio Verde. Estes blo-
cos são fontes de espécimes que irão ser incorporados à coleção
do laboratório, mantendo-se, portanto, na coleção como não
identificados. Os mesmos irão aumentar consideravelmente o
número de fósseis catalogados, além de poderem servir de base
para trabalhos científicos a partir do estudo dos mesmos.

102
Mozer Nogueira Gomes

Curadoria
Todos os fósseis foram catalogados, devidamente nume-
rados e registrados em um livro próprio com as seguintes in-
formações: número da coleção, identificação do material, pro-
veniência, unidade geológica/idade, coletor e observações.
Fichas informativas para cada fóssil foram confeccionadas e
preenchidas com as mesmas informações. A coleção do Labo-
ratório de Paleontologia e Evolução (Labpaleoevo) visa acres-
centar novos dados à Paleontologia brasileira. A criação do
Labpaleoevo na Universidade Federal de Goiás permite a ex-
pansão da pesquisa paleontológica no Estado de Goiás, além
de dar suporte às disciplinas do curso de Geologia.
Para a formalização da Coleção de Paleontologia do La-
bpaleoevo criou-se o registro dos espécimes a partir de acrô-
mios que seguem o padrão: (1) nível taxonômico segundo as
categorias de Lineu, onde cada ordem, ou nível taxonômico
superior, é indicado por uma letra. Cada fóssil triado e cata-
logado foi tombado sob o seguinte padrão: Labpaleoevo/A
– 0000, onde: Labpaleoevo: acrônimo do Laboratório de
Paleontologia e Evolução. A: letra variável que representa a
identificação taxonômica da peça (Quad. 2) 0000: numeração
com quatro dígitos que segue a partir de 0001 para cada nível
taxonômico.

Quadro 2.
Informação da Coleção de Paleontologia do
Laboratório de Paleontologia e Evolução/UFG.
Legenda Taxonomia – Latim Taxonomia – Português
Labpaleoevo/P Plantae Plantas
Labpaleoevo/In Invertebrae Invertebrados
Labpaleoevo/Vr Vertebratae Vertebrados
Labpaleoevo/Ic Ichnos Icnofósseis

103
Capítulo XI - Curadoria e Catalogação de restos de Vertebrados do Neocretáceo da Formação Marília
(Grupo Bauru) do município de Rio Verde

Considerações
A Universidade Federal de Goiás é pioneira no Curso de
Geologia no estado. Nesta perspectiva, o Laboratório de Pa-
leontologia e Evolução objetiva ser um norteador ao envol-
ver informações e pesquisas acerca dos acervos fossilíferos da
região. Os exemplares que aqui passaram pelo processo de
curadoria, provêm exclusivamente de rochas carbonáticas do
Grupo Bauru do município de Rio Verde, sul do estado de
Goiás. Um total 18 espécimes fósseis foram incorporados à
coleção do Labpaleoevo no ano de 2017-2018, materiais estes
que têm sido registrados em livro Tombo, se ressalta ainda
que a coleção está em processo de catalogação e serão organi-
zados segundo as normas curatoriais já descritas.
Porém, apesar de incipiente, os exemplares já são de gran-
de importância para a Paleontologia do Brasil Central devido
a sua composição e registro disponibilizado à toda comunida-
de científica. O Labpaleoevo visa consolidar a implantação de
um núcleo de pesquisa nesta importante área das geociências,
produzindo conhecimento através de um patrimônio Paleon-
tológico da própria região.

Referências
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104
Mozer Nogueira Gomes

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NOGUEIRA NETO, J. A. Inventário da coleção paleontológica do Museu
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Campus de Porto Nacional, Universidade Federal do Tocantins. Observato-
rium, v. 2, p. 74-83, 2010.

105
Capítulo XII

O Museu Antropológico da
Universidade Federal de Goiás: um
importante campo de atividades da Ciência
de Paleontologia no estado de Goiás
Adelino Adilson de Carvalho, Camila Azevedo de Moraes Wichers

Introdução
Este capítulo de livro é parte da divulgação/publicação
da minha pesquisa de dissertação de mestrado defendida em
2019 com a orientação da Profa. Dra. Camila Azevedo de Mo-
raes Wichers.

O Museu Antropológico da UFG (MA/UFG)


O Museu Antropológico (MA) atualmente é um órgão
suplementar da Universidade Federal de Goiás (UFG). É um
museu universitário importante para a Antropologia no Brasil
Central e Brasileira. Este tem o seu nascimento proveniente
do idealismo e da persistência de professores do então Depar-
tamento de Antropologia e Sociologia do antigo Instituto de
Ciências Humanas e Letras da UFG, tendo o MA sido funda-
do em 1969 e inaugurado em 1970.
Para a Profa. Dra. Nei Clara de Lima, diretora do MA do
período de 2006 a 2013, o museu foi “idealizado no contex-
to da modernização da região Centro-Oeste, decorrente do
empreendimento de interiorização do país e, comprometido
com o ideário de modernidade” (LIMA, 2016, p.135). E ainda
sobre a criação do MA/UFG, a mesma autora aponta que,

“Como outros museus etnográficos brasileiros, o Mu-


seu Antropológico da UFG foi fundado num contexto
ideológico em que se acreditava que os processos de

106
Adelino Adilson de Carvalho, Camila Azevedo de Moraes Wichers

industrialização e urbanização em curso no país viriam


provocar mudanças de tal monta que fariam desapare-
cer os modos de vida de vários grupos populacionais
distanciados daqueles processos. Era, portanto, neces-
sário e urgente resgatar e registrar aquilo que os in-
telectuais de várias filiações imaginavam estar em vias
de extinção, especialmente as expressões culturais indí-
genas, como artefatos, mitos, rituais, cantos e danças.
[...] Assim, a Antropologia dos tempos pioneiros do
Museu Antropológico em suas relações com os povos
indígenas, por força das idéias dominantes na época
- mas também contribuindo para a sua disseminação -
colaborou para a produção de uma alteridade atribuída
aos indígenas que, entre outras coisas, considerava-os
localizados no passado da região. Por sua vez, essa alte-
ridade era útil à constituição de uma nova identidade
regional que vinha com os novos arranjos da sociedade
que se urbanizava. A modernização chegava para civi-
lizar todos os quadrantes atrasados do país, no nosso
caso, especialmente pelos caminhos que a Universidade
abria ao projeto modernizante brasileiro”. (ARAÚJO,
2016, p.16).

Ainda, segundo Oliveira (2016), o mote de muitos profis-


sionais que atuariam em tais instituições passou a ser: preser-
var para não perecer! De algum modo a criação do MA/UFG
em 1969 “responderá” esse anseio “preservacionista”.
Não se pode deixar de mencionar a importância da Profa.
Dra. Edna Luisa de Melo Taveira, que de acordo com as infor-
mações no sítio do órgão, foi diretora do Museu no período
de 1983-1993 e 1995-1997 na história do museu, pois desde
quando estagiava no órgão, essa pesquisadora tinha a preo-
cupação em ordenar o acervo, em mostrá-lo para não ficar
esquecido e, principalmente, revelar o que era o Museu.
A partir da década de 1980, o Museu Antropológico inicia
um processo de adequação de seus procedimentos às normas
internacionais previstas para as instituições museológicas,

107
Capítulo XII - O Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás: um importante campo
de atividades da Ciência no estado de Goiás

bem como a um perfil de museu universitário, se caracteri-


zando também como centro de pesquisa interdisciplinar em
antropologia e áreas afins. Essas mudanças se devem princi-
palmente à atuação da mencionada professora Edna Luísa de
Melo Taveira, que assumiu a direção do MA em 1983.
Etnóloga e museóloga, com formação em antropologia na
Universidade de São Paulo e estágio no Museu de Arqueolo-
gia e Etnologia (USP) e no Museu Nacional (UFRJ), Edna Ta-
veira se dedicou aos estudos de cultura material e documenta-
ção museológica, tendo sido aluna de reconhecidas etnólogas
como Tekla Hartman e Sonia Dorta.
As experiências dessa formação deram suporte a um novo
ordenamento teórico-metodológico às ações do Museu Antro-
pológico. Em uma entrevista concedida, em 18 de outubro de
2010, à equipe do Museu, destinada a uma publicação come-
morativa dos 40 anos deste órgão, Edna Taveira relata que foi
em 1983, data que coincide com seu ingresso como diretora,
que teve início um processo de criação de uma proposta pen-
sando o MA como um museu universitário especializado em
antropologia. Partindo de uma concepção de museu antropo-
lógico com um grande leque de atuação nas grandes áreas da
antropologia, além da documentação museológica e da ação
educativa, a base dessa proposta, nas próprias palavras de Ta-
veira era o próprio acervo e o potencial do MA. Diante disso
podemos afirmar que, com ela a instituição passa a ter um
olhar propriamente antropológico e uma preocupação com o
ordenamento museológico.
Um passo importante dado pelo órgão iniciou-se em 1989
e teve sua conclusão em 1992, quando se deu a transferência
da sua sede, que passou do Lago das Rosas para a sede atual,
na Praça Universitária, com a adaptação do antigo prédio das
Faculdades de Farmácia e Odontologia.
O Museu tem no seu acervo sua primeira ligação no
que diz respeito às atividades de pesquisa. Esse acervo é
resultante de investigações direcionadas para a compreen-

108
Adelino Adilson de Carvalho, Camila Azevedo de Moraes Wichers

são dos costumes dos povos do Brasil central. A primeira


coleção etnográfica do acervo do MA teve origem em uma
pesquisa desenvolvida no Parque Indígena do Xingu. Em
seu início, o acervo era constituído tão somente por peças
indígenas, o que ia de encontro à proposta quando da cria-
ção do Museu, que era a de salvaguardar a cultura material
indígena da região.
Quando da sua criação, o museu era dividido em três se-
tores: 1- o setor de estudos e pesquisas, cuja finalidade era
reunir, classificar e codificar os objetos que eram ligados ao
artesanato indígena, às artes, à ciência e às tradições do Cen-
tro-Oeste, cujo estudo das peças e coleções adquiridas, visa-
vam a compreensão cultural, artística, científica e da natureza
da região; 2 - o setor de conservação, exposição e documen-
tação, cuja finalidade era manter um fichário atualizado de
todo o acervo do museu, providenciar as condições favorá-
veis à conservação do acervo museológico em depósitos ou
exposições e tomar as providências relativas à recuperação de
peças estragadas; 3 - setor de promoção e divulgação, ao qual
competia providenciar publicações referentes ao museu e suas
atividades.
Neste sentido, a presente pesquisa buscou mapear como
essas mentalidades estão ainda marcadas nos discursos do mu-
seu e, principalmente, como aparecem nos olhares dos diver-
sos públicos que visitam o museu.
Quando da sua criação, o museu era dividido em três seto-
res: o setor de estudos e pesquisas, cuja finalidade era reunir,
classificar e codificar os objetos que sejam ligados ao artesana-
to indígena, às artes, à ciência e às tradições do Centro-Oeste,
efetuar estudo das peças e coleções adquiridas, visando à com-
preensão cultural, artística, científica e da natureza da região;
o setor de conservação, exposição e documentação, cuja fina-
lidade era manter um fichário atualizado de todo o acervo do
museu, providenciar as condições favoráveis à conservação do
acervo museológico em depósitos ou exposições e tomar as

109
Capítulo XII - O Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás: um importante campo
de atividades da Ciência no estado de Goiás

providências relativas à recuperação de peças estragadas; se-


tor de promoção e divulgação, ao qual competia providenciar
publicações referentes ao museu e suas atividades.
Ao se dividir o Museu nestes três setores, seguia-se a ten-
dência da época, ou seja, ênfase nas coleções, nos objetos,
uma vez que não havia, ainda, a preocupação de como o pú-
blico iria se relacionar com esses objetos. Entretanto, no Re-
gimento Interno do Museu Antropológico, de maio de 1987,
quando diz da característica do museu, mais especificamente
nos artigos 40 e 50.
E isso é reforçado quando o Regimento Interno, em seu
artigo 31, alínea F que transcreve “o museu deve articular-
-se com as escolas de todos os níveis (lembrando que este é
um museu universitário), a fim de colocar o aluno em contato
com os testemunhos materiais da cultura brasileira” e, mais
ainda, em seu artigo seguinte (32), alíneas D e F, está escrito
que é competência do museu “promover a interação entre o
museu e a comunidade”, “desenvolver atividades com o pro-
pósito de alertar o público em geral sobre a necessidade de se
preservar o Patrimônio Cultural”.
O MA, ao longo dos seus quase 50 anos, desenvolveu pro-
jetos de pesquisa e extensão ligados aos povos indígenas e a
outros grupos regionais, dando ênfase às questões culturais
dos povos, comunidades e grupos sociais da região Centro-
-Oeste. Isto é reforçado pela exposição Lavras e Louvores,
adiante apresentada.
Na atualidade, resulta em um museu universitário e um
centro de pesquisa interdisciplinar no campo da antropolo-
gia e áreas afins, que agrega a ação de pesquisadores do seu
próprio quadro e de distintas unidades de ensino da UFG, se
constituindo também em local de estágios e espaço de apren-
dizado para os estudantes, sobretudo, do bacharelado em Mu-
seologia da UFG.
As linhas de investigação do MA são definidas pelos diver-
sos projetos em curso, os quais contemplam diferentes áreas

110
Adelino Adilson de Carvalho, Camila Azevedo de Moraes Wichers

do conhecimento. Os projetos têm permitido a formação de


grupos de trabalho onde estão agregados professores, alu-
nos (bolsistas, estagiários e colaboradores) da graduação e da
pós-graduação, técnicos administrativos e alunos egressos da
instituição, mas que ainda permanecem desenvolvendo pes-
quisas no museu. A colaboração de profissionais de outras ins-
tituições e as parcerias estabelecidas têm colaborado significa-
tivamente para a renovação das pesquisas. Atualmente há par-
cerias de extensão e pesquisa com outros Campi da UFG, onde
se destaca o já estabelecido com o Campus de Aparecida de
Goiânia com colaboração mútua com o Curso de Geologia.O
MA conta atualmente com reservas técnicas etnográfica e ar-
queológica e dois espaços expositivos, sendo um onde está a
exposição de longa duração e o outro ambiente se destina às tem-
porárias ou de curta duração. O acervo estimado é composto por
mais de seis mil peças etnográficas e 150 mil peças arqueoló-
gicas, mais um acervo documental (fotográfico, audiovisual,
cartográfico e textual), que ainda não foi quantificado.
De acordo com o novo Regimento Interno, aprovado em
2017, “o Museu Antropológico está institucionalmente orga-
nizado a partir de quatro coordenações: Museologia; Antro-
pologia; Intercâmbio Cultural e Integração do curso de gradu-
ação em Museologia com o Museu Antropológico”.
A Coordenação de Museologia abrange os setores: Cura-
doria e Documentação; Preservação, Conservação e Restauro
e; Museografia. Por sua vez, o Setor de Curadoria e Docu-
mentação integra as reservas técnicas do Museu (etnográfica,
arqueológica, cultura popular e audiovisual). O Setor de Pre-
servação, Conservação e Restauro abarca o Laboratório de
Conservação e Restauro e o Laboratório de Documentação
da Conservação e Restauro. O Setor de Museografia abarca o
Laboratório de Museografia.
A Coordenação de Museologia abrange os setores: Cura-
doria e Documentação; Preservação, Conservação e Restauro
e; Expografia. Por sua vez, o Setor de Curadoria e Documen-

111
Capítulo XII - O Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás: um importante campo
de atividades da Ciência no estado de Goiás

tação incorpora as reservas técnicas do Museu (etnográfica;


arqueológica; documental). O Setor de Preservação, Conser-
vação e Restauro engloba o Laboratório de Conservação e
Restauro (LCR) e o Laboratório de Conservação e Restauro
de Acervos em Papel (LaCRAP).
A Coordenação de Antropologia é constituída pelos se-
guintes setores: Antropologia Biológica; Arqueologia; Etno-
logia e Etnohistória; e Etnolinguística). Compete a ela, entre
outras coisas, articular-se e propor ações interdisciplinares de
ensino, pesquisa, extensão e inovação, visando à integração
entre as coordenações do Órgão e, para além de seus espaços
físicos, com outras instituições de ensino formal e não formal
e a sociedade em geral, o que reforça ainda mais a preocu-
pação da instituição na abertura e divulgação do seu espaço
para a comunidade. Cabe apontar que apenas os setores de
Arqueologia e Etnologia Indígena encontram-se em pleno
funcionamento.
A Coordenação de Integração do Curso de Museologia
com o Museu Antropológico é exercida por um docente do
curso de graduação em Museologia/UFG escolhido pelos
seus pares e referendado pelo Conselho Diretor da Faculdade
de Ciências Sociais (FCS/UFG) com mandato de dois anos,
podendo ser reconduzido por mais um ano. É de competência
desta Coordenação promover a integração do curso de gradu-
ação em Museologia da Faculdade de Ciências Sociais/UFG
com o Museu Antropológico, tornando o museu um laborató-
rio de práticas museológicas e também de pesquisa.
Na Coordenação de Intercâmbio Cultural estão os seguin-
tes setores: Educativo-Cultural; Biblioteca; Publicação e Di-
vulgação; Estágio; e Desenvolvimento de Recursos Humanos.
Destaca-se que somente os três primeiros estão funcionando
perfeitamente e, que os outros, embora pertençam à estrutura
do setor, estão inativos por motivos diversos.
Dentre as responsabilidades desse setor, além das ativi-
dades administrativas, busca-se a interação com as demais co-

112
Adelino Adilson de Carvalho, Camila Azevedo de Moraes Wichers

ordenações para a promoção e execução de atividades edu-


cativo-culturais, de modo a tornar o patrimônio cultural do
Museu acessível aos diversos segmentos sociais. Além disso é
de sua responsabilidade atender e acompanhar os visitantes,
com a finalidade de mostrar à sociedade a importância desse
espaço como centro de pesquisa e divulgação da Ciência na
região do Centro-Oeste.

Referências
ARAÚJO, G.O. Com quantos paus se faz uma boneca? “Entalhes” de uma
etnografia da boneca de madeira Karajá. 2016. 140f. Dissertação (Mestra-
do em Antropologia Social) – Programa de Pós-Graduação em Antropolo-
gia Social, Universidade Federal de Goiás.
LIMA, N.C. Pensando retóricas expositivas no Museu Antropológico da
UFG. In: LIMA FILHO, MF.; ABREU, R.; ATHIAS, R. (Org.). Museus e
atores sociais: perspectivasantropológicas. 1a.ed. Recife: Editora da UFPE,
2016, v., p. 135-14.
MUSEU ANTROPOLÓGICO, https://museu.ufg.br/p/1333-historia -
Acesso em 14 de abril de 2019 – às 22:04h.
VASCONCELLOS, C. M. Museus Antropológicos e Universitários: por um
novo diálogo junto ao público. In: VASCONCELLOS, C.M.; CURY, M.X.;
ORTIZ, J. (Org.). Questões indígenas e Museus: debates e possibilidades.
1ed.São Paulo e Brodowski: SEC; ACAM Portinari e MAE-USP, 2012, v., p.
129-136.

113
Capítulo XIII

Princesa dos fósseis do Brasil:


Carlotta Joaquina Maury (1874-1938)
e as suas contribuições para a
Paleontologia de vertebrados
Bianca Gabrielly de Almeida Alves, Drielli Peyerl

Introdução
O presente capítulo tem como intuito caracterizar e ana-
lisar a trajetória e o trabalho da paleontóloga norte-america-
na Carlotta Joaquina Maury (1874-1938) no Brasil, relaciona-
do principalmente aos estudos de vertebrados. A paleontó-
loga norte-americana (Fig. 1) filha mais nova do Reverendo
Mytton Maury (1839-1919) e Virginia Draper (1839-1885), os
quais tinham uma grande apreciação e conhecimento sobre
o mundo natural. Carlotta e seus irmãos, Antonia Caetana
de Paiva Pereira (1866-1952) e John William (1871-1931),
eram levados pelos seus pais para passeios pela natureza
diariamente nas redondezas
de sua casa, onde eles podiam
coletar espécimes da fauna,
flora, rochas e fósseis, para
serem examinados ao micros-
cópio após o passeio. Com a
influência de seus pais Maury
dedicou a maior parte de sua
vida em estudos de fósseis in-

Figure 1. Carlotta Joaquina Maury


(1874-1938), data desconhecida (foto
reproduzida por cortesia de Hastings,
New York Sociedade Histórica). Fonte:
Hastings Historian. Vol. 28, No.2

114
Bianca Gabrielly de Almeida Alves, Drielli Peyerl

vertebrados e vertebrados pertencentes ao território brasi-


leiro, especialmente os reportados para os seguintes perío-
dos geológicos: Cretáceo, Neógeno e Paleógeno do Nordeste
(LOIS, 2009).
Destaca-se, que Carlotta Joaquina Maury ainda é consi-
derada uma das maiores especialistas da área paleontológica
(Fig. 2), pois seus trabalhados ainda são fontes de estudos, pes-
quisas e citações por pesquisadores de diversos países. Maury
também atuou como paleontóloga do Serviço Geológico e Mi-
neralógico do Brasil (atualmente Agência Nacional de Mine-
ração) (MELO, et al. 2013), do Museu de Cape Fown e da Royal
Dulch, ocupando também o cargo de professora assistente de
Geologia e Paleontologia da Universidade de Columbia (New
York) e mais tarde, atuou como diretora do Serviço Geológico
da China (MAURY, 1921). Além de seu trabalho nesses cen-
tros de pesquisa, Maury deixou uma enorme quantidade de
trabalhos publicados na área de Paleontologia e Geologia de
países latino-americanos como Brasil, Venezuela, San Domin-
gos, e Haiti (MAURY, 1921).

Figure 2. Carlotta Maury (centro em chapéu branco), examinando fósseis em


uma pedreira em Argenteuil, França, em 1899 (foto reproduzido por cortesia
da Hastings NY Historical Society). Fonte: Earth Sciences History. 2009.

115
Capítulo XIII - Princesa dos fósseis do Brasil: Carlotta Joaquina Maury (1874-1938)
e as suas contribuições para a Paleontologia de vertebrados

Embora seus trabalhos direcionam-se aos estudos de in-


vertebrados, inclusive brasileiros, Maury também se dedicou
aos estudos de fósseis de vertebrados (Fig. 3), inclusive descre-
vendo novas espécies de peixes, tartarugas, crocodilo e retifi-
cando espécies já conhecidas (LOIS, 2009 b). Entre seus locais
de pesquisa, destaca-se a Baía de Todos os Santos onde são re-
portados restos de peixes, répteis, moluscos e entomostráceos
(MAURY, 1921).
A Formação Jadaíra, por exemplo, se tornou conhecida so-
mente após os trabalhos de Carlotta Joaquina Maury (MAURY,
1925, 1934a e b). O trabalho realizado em 1925 foi feito com
exemplares das coleções organizadas anteriormente por Ro-
deric Crandall. Neste trabalho foi ressaltado que apesar das
diferenças na composição das faunas, sempre havia um fóssil
característico do Cretáceo. Após feita uma comparação com
outras faunas sincrônicas da Colômbia, México e Venezuela,
chegou à conclusão que os calcários deveriam ser datados no
período Turoniano. Essa coleção faz parte do acervo do Mu-
seu de Ciências da Terra/DNPM-RJ (CASSAB, 2003).
No ano de 1934, Maury publicou um de seus mais im-
portantes trabalhos onde identificou 17 espécies de biválvios,
12 de gastrópodos e 07 de equinoides, provenientes de sete
localidades de vários pontos da bacia. Ainda no ano de 1934,
Carlotta descreveu um novo gênero de equinoide da forma-
ção Jandaíra (MAURY. 1934b). Os fósseis usados para este tra-
balho foram enviados para completar a coleção do Americam
Museum of Natural History, de Nova York (CASSAB, 2003).
Entre diversas publicações de Muary, se destacam três
monografias: “Fósseis Terciarios do Brasil com novas formas
cretáceas” (1925), “O Cretáceo de Sergipe” (1936) e “O Cre-
táceo da Paraíba do Norte” publicado no ano de 1930 onde
Carlotta aborda a localidade da Paraíba do Norte, referindo-
-se ao período Cretáceo, e descrevendo novas espécies, dentre
elas peixes, tartarugas, répteis, dentre outros (LOIS, 2009). Na
mesma obra também é descrito um crocodilo. Muitas das es-

116
Bianca Gabrielly de Almeida Alves, Drielli Peyerl

pécies descritas eram novidades para a ciência da época, pois


se tratava de novas espécies

Figure 3. Figura da monografia de Maury (1930a) da parte superior


Cretáceo da Parahyba do Norte. Fonte: Earth Sciences History. 2010

Contudo, é observável o valoroso trabalho realizado por


Maury em meio a um período tão complexo para o sexo femi-
nino, onde não havia espaço na ciência, no entanto isso não
a conteve, pois Carlotta Joaquina Maury não somente contri-
buiu intensamente com a Biologia, Geologia e a Paleontologia
brasileira no final do século XX, mas também vem agregando
conhecimento de novas descobertas, corroborando e refutan-
do antigos conceitos previamente estabelecidos.

Referências
Arnold, L. B. 2009. The Education and career of Carlotta J. Maury: Part 1.
Earth Sciences History.
Arnold, L. B. 2010. The Education and career of Carlotta J. Maury: Part 2.
Earth Sciences History.

117
Capítulo XIII - Princesa dos fósseis do Brasil: Carlotta Joaquina Maury (1874-1938)
e as suas contribuições para a Paleontologia de vertebrados

Cassab, R. C. T. 2003. Paleontologia da Formação Jandaíra, Cretáceo Supe-


rior da Bacia Potiguar, com ênfase na Paleobiologia dos gastrópodes. Uni-
versidade Federal do Rio de Janeiro.
Mary, L. Allison. 1998. Science, Scholar, Scribe: Carlotta Joaquina Maury.
Hastings Historian. Vol. 28, No.2.
Maury, C.J. 1925. Fósseis Terciários do Brasil com Descrição de Novas For-
mas Cretáceas.
Maury, C. J. 1930a. O Cretaceo da Parahyba do Norte. Monographias do
Serviço Geologico e Mineralogico do Brasil
Melo, D. J. et al. 2013. A Trajetória de Carlota Joaquina Maury e suas con-
tribuições para a paleontologia brasileira. XXIII Congresso brasileiro de
paleontogia.

118
Capítulo XI V

Catalogação de restos de vertebrados


do Neocretáceo das Formações
Adamantina e Marília (Grupo Bauru)
do município de Quirinópolis
Fernanda Barbosa da Silva

Introdução
No ano de 2018 o Laboratório de Paleontologia e
Evolução (Labpaleoevo) da Universidade Federal de Goiás
(UFG), Campus Aparecida de Goiânia; recebeu alguns
espécimes provenientes de trabalhos de campo do município
de Quirinópolis, sul do estado de Goiás. Destas atividades
foram recuperados restos de vertebrados fragmentários das
formações Adamantina e Marília (Grupo Bauru), os quais
se encontravam sem catalogação e cuidados curadoriais. O
objetivo deste capítulo de livro é apresentar o processo de
incorporação de parte destes fósseis.

O Patrimônio Geológico e os materiais


O estado de Goiás tem uma grande riqueza natural do
ponto de vista da Geodiversidade no que se refere ao seu pa-
trimônio fossilífero. Conhecer este patrimônio e resguardá-lo
é importante para a sua preservação, assim como o é a orga-
nização e manutenção de coleções científicas, uma vez que,
a partir delas é possível construir o entendimento científico
desta riqueza derivada de processos naturais. As coleções cien-
tíficas são consideradas de grande importância para a Paleon-
tologia, pois é a mais significativa forma de registro e guarda
de espécimes fósseis de interesse acadêmico (CARVALHO,
2010). Enquanto patrimônio científico, esses acervos forne-

119
Capítulo XIV - Catalogação de restos de vertebrados do Neocretáceo das Formações Adamantina e Marília
(Grupo Bauru) do município de Quirinópolis

cem aos pesquisadores os meios necessários para o crescimen-


to e legitimação do seu próprio campo de conhecimento: a
Paleontologia.
A região conhecida como sul do estado de Goiás aflora
do Cretáceo exclusivamente rochas das formações Adaman-
tina e Marília (Grupo Bauru; FERNANDES & COIMBRA,
1996). A Formação Adamantina foi datada do Turoriano-
-Santoniano (93 a 83 milhões de anos) e Marília do Mas-
trichtiano (71 a 65 milhões de anos) (DIAS-BRITO et al.
2001). O potencial destas unidades estratigráficas é dado
pela presença de crocodiliformes, dinossauros saurópo-
des (herbívoros) e outros vertebrados indeterminados en-
contrados em afloramentos no município de Quirinópolis
(SIMBRAS et al, 2013).
Parte dos materiais coletados nas referidas unidades geo-
lógicas estão depositados no Laboratório de Paleontologia e
Evolução (Labpaleoevo) Curso de Geologia/Campus Apareci-
da de Goiânia/UFG.

Materiais e métodos
Os materiais estudados neste trabalho são constituídos
por vertebrados fósseis fragmentários.
A metodologia utilizada foi: (1) levantamento bibliográfi-
co; (2) curadoria paleontológica, através da limpeza, organi-
zação dos materiais nos armários (figura 1) do laboratório de
paleontologia e evolução.

Resultados preliminares
Curadoria
Está sendo realizada a catalogação, numeração e registro
com as seguintes informações dos espécimes: (1) identificação
do material; (2) proveniência/geologia; (3) idade; (4) coletor;
e (5) observação (fig. 2).

120
Fernanda Barbosa da Silva

Figura 1 - Gaveta com parte dos materiais das formações Marília e


Adamantina do município de Quirínópolis (GO) (autor Fernanda Barbosa/
abril 2019).

Figura 2. Exemplo de fichamento de materiais do município de Quirinópolis


armazenados no Labpaleoevo. (autor Fernanda Barbosa/ abril 2019)

121
Capítulo XIV - Catalogação de restos de vertebrados do Neocretáceo das Formações Adamantina e Marília
(Grupo Bauru) do município de Quirinópolis

Conclusão
A curadoria é essencial para a preservação dos fosseis em
bom estado, fazendo com que eles sofram menos danos com
a ação do intemperismo, e assim dure mais tempo, contribuin-
do para o estudo e aprendizagem do passado geológico. A
utilização das técnicas de curadoria tem auxiliado na orga-
nização e incorporação de materiais recentemente incorpor-
tados ao Laboratório de Paleontologia e Evolução/Curso de
Geologia/UFG.

Agradecimentos
Agradeço a bolsa de Iniciação Científica Ensino Médio
condida pelo CNPq para o período de 2018-2019 e todas e to-
dos que colaboraram com este trabalho. A minha família pelo
apoio sempre presente.

Referências
CARVALHO, Ismar de Souza. Curadoria paleontológica. Rio de Janeiro:
Interciencia, 2010.
DIAS-BRITO, D.; MUSACCHIO, E A ; CASTRO, J C ; MARANHAO,
M.S.A.S. ; SUAREZ, J M ; RODRIGUES, René . Grupo Bauru: uma unidade
continental do Cretáceo no Brasil - concepções baseadas em dados micro-
paleontológicos, isotópicos e estratigráficos. Revue de Paléobiologie, v. 20,
p. 245-304-304, 2001.
FERNANDES, L.A.; COIMBRA, A.M. A Bacia Bauru (Cretáceo Superior, Bra-
sil). Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, v.8, n. 2, p.
195 – 205, 1996.
SIMBRAS, F. M. ; SOUZA, L. C. A. ; MACHADO, R. ; ALVES, M. C. ; MU-
NIZ, F. ; RESENDE, I. L. M.; LOPES, W. H. ; SANTOS, J. C. V. ; SARGES, R.
R. . BONES OUT OF THE CERRADO: NEW DINOSAUR EXPLORATO-
RY FRONTIER IN GOIÁS STATE. In: 1st Brazilian Dinosaur Symposium,
2013, Ituiutaba. Paleontologia em Destaque (Rio de Janeiro). Ituiutaba: Uni-
versidade Federal de Uberlândia, 2013. v. 1. p. 75-75

122
Capítulo XV

Paleobiota do Grupo Bauru


(Bacia do Paraná) do sul do estado
de Goiás: listagem taxonômica
preliminar
Glayce Queiroz, Nathalia Melo

Introdução
O sul do estado de Goiás possui um importante registro
de fósseis do Cretáceo Superior do Grupo Bauru do Centro-
-Oeste brasileiro. Estes taxa são conhecidos, principalmente,
a partir de restos materiais de plantas, invertebrados, icnofós-
seis e vertebrados. Este material se constitui de oito espécimes
de taxa válidos do grupo Bauru que provém das formações
Adamantina (Turoniano-Santoniano) e Marília (Maastrichtia-
no) que afloram nos municípios de Itajá, Quirinópolis, Para-
núna e Rio Verde.
Todos os taxa de plantas e vertebrados ocorrentes no
sul do estado de Goiás foram apresentados e discutidos em
capítulos anteriores deste livro. Esta flora e fauna são im-
portantes do ponto de vista paleobiogegráfico e é compre-
endida as vezes de forma isolada. Poucos são os trabalhos
realizados que sintetizem esta temática da região. Aqui re-
alizamos e apresentamos esta listagem que irá auxiliar aos
pesquisadores na compreensão da totalidade florística e
faunística desta importante região.
A pesquisa tem como objetivo apresenta uma lista taxa-
nômica dos fósseis de plantas, invertebrados e vertebrados
das formações Adamantina e Marília do sul do estado de
Goiás.

123
Capítulo XV - Paleobiota do Grupo Bauru (Bacia do Paraná) do sul do estado de Goiás:
listagem taxonômica preliminar

Listagem taxonômica
Os fósseis provenientes da Formação Marilía são os mais
numerosos em quantidade de espécimes, contabilizando cinco
taxa. Esta listagem taxonômica pode ser alterada, aumentan-
do ou diminuindo o registro desta paleobiota.
A partir de tais dados, pode se concluir que a região do Sul
de Goiás passou a ser uma das regiões com grande potencial
fossilífero do Brasil Central, sendo os fósseis encontrados nessa
região utilizados para a elaboração dos mais diversos trabalhos
científicos e auxiliam nas interpretações paleoambientais, pa-
leoecológicas e paleoclimáticas do Cretáceo brasileiro.

Formação Adamantina
Vertebrata:
Vertebrata indet.
Tetrapoda indet .
“Reptilia”
Crocodylia:
Crocodylomorpha
Crocodyliformes indet.
Crocodylomorpha
Dinossauria:
Theropoda indet.

Formação Marilia
Plantae:
Plantae indet
Invertebrata
Icnofossil
Vertebrata:
Vertebrata indet.
Thetrapoda indet

124
Glayce Queiroz, Nathalia Melo

Testudinata:
Podocnemidoidae
Crocodylomorpha:
Crocodyloliformes,ef. Notosuchia
Dinosauria:
Sauropoda:
?Titonosauriformes

Referências
Basilici, G. & Dal’ Bo, P.F.F. 2010. Anatomy and controlling factors of a
Late Cretaceous aeolian sand sheet: the Marília and the Adamantina for-
mations,NW Bauru Basin, Brazil. Sedimentary Geology, v. 226, p. 71-93.
CANDEIRO, C. R. A. ; MARTINS, D. C. ; CARVALHO, A. A. ; SIMBRAS,
F. M. ; SANTORO, A. C. M. ; BARRETO, R. F. B. N. ; MOREIRA, S. A. G. ;
PEYERL, D. ; SANTOS, D. C. B. ; VIDAL, L. S. ; PEREIRA, C. S. ; SOUZA,
A. L. ; LIMA, H. F. ; CAVALCANTI, R. ; GOMES, M. M. N. ; MELO, N. T. P.
; MONTEIRO, E. B. ; SOUZA, F. I. ; OLIVEIRA, J. F. ; AGUIAR-SOARES,
M. V. ; DIAS, T. C. ; Souza, J. B. F. ; BAMPI, H. . Exposição ?Dinossauros
do Brasil Central?, um primeiro olhar sobre os dinossauros dos estados
de Goiás e Mato Grosso. In: X Simposio Brasileiro de Paleontologia de
Vertebrados, 2016, Rio de Janeiro. Simpósio Brasileiro de Paleontologia de
Vertebrados (10. : 2016: Rio de Janeiro, RJ) Boletim de Resumos / Paleon-
tologia em Destaque: Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Pale-
ontologia.. Rio de Janeiro: Universidade Federal de Goiás, Museu Nacional,
2016. v. 1. p. 01-230.
CANDEIRO, C. R. A.; GOMES, S. (Org.) . Tetrápodes do Cretáceo do Pon-
tal do Triângulo Mineiro e Sul de Goiás: Atividades e Reuniões 2009-
2010. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2011. v. 1. 128p .
FERREIRA, J. B. S.; CAVALCANTI, R. ; PEREIRA, C. S. ; CARELLI, D. ;
SOUZA, A. L. ; SIMBRAS, F. M. ; BRUSATTE, S. L. ; CANDEIRO, C. R. A.
. A New
Fulfaro, V.J., Perinotto, J.A.J.; Barcellos, J.H. 1994. A margem goiana do
Grupo Bauru: implicações na litoestratigrafia e paleogeografia. In: SIM-
PÓSIO SOBRE O CRETÁCEO DO BRASIL, 3, 1994, Rio Claro, Boletim...
Rio Claro, 1994, p. 81-84.
GOMES, M. M. N.. Estratigrafia dos afloramentos da Formação Marília
(Grupo Bauru, Cretáceo Superior) portadores de fósseis do município
de Quirinópolis/GO. In: II Seminário do Laboratório de Paleontologia e
Evolução/UFG, 2017, Goiânia. Boletim de Resumos do II Seminário do
Laboratório de Paleontologia e Evolução/UFG, 2017.
SOUZA, A. L.; SOARES, D. D. M. ; OLIVEIRA, J. F. ; SILVA, L. F. . Dis-

125
Capítulo XV - Paleobiota do Grupo Bauru (Bacia do Paraná) do sul do estado de Goiás:
listagem taxonômica preliminar

tribuição dos registros fósseis de dinossauros (Dinosauria: Saurischia)


no Brasil Central (estados de Goiás e Mato Grosso). In: I Seminário de
Pesquisa do Laboratório de Paleontologia e Evolução, 2015, Aparecida de
Goiânia. Boletim de Resumos - I Seminário de Pesquisa do Laboratório
de Paleontologia e Evolução. Aparecida de Goiânia: labpaleoevo/Curso de
Geologia/UACeT/UFG. v. 1. p. 37-38.
SOUZA, J. B. F. ; CAVALCANTI, R. ; PEREIRA, C. S. ; CARELLI, D. ; SOU-
ZA, A. L. ; SIMBRAS, F. M. ; BRUSATTE, S. L. ; CANDEIRO, C. R. A. . New
fossilvertebratelocalitiesfromsouthern Goiás State, Brazil. In: X Simpósio
Brasileiro de Paleontologia de Vertebrados, 2016, Rio de Janeiro. Simpósio
Brasileiro de Paleontologia de Vertebrados (10. : 2016: Rio de Janeiro, RJ)
Boletim de Resumos / Paleontologia em Destaque: Boletim Informativo da
Sociedade Brasileira de Paleontologia.. Rio de Janeiro: Universidade Fede-
ral do Rio de Janeiro, Museu Nacional, 2016. v. 1. p. 1-230.

126
Capítulo XV I

Relato de experiência de alunos no


Programa de Treinamento de Estudantes
Universitários, Peirópolis, Uberaba, MG
Stephany Lopes de França Ferreira

Introdução
Desde o século passado, o município de Uberaba vem sen-
do um grande alvo de pesquisas quando se trata de Paleonto-
logia, pois o local é um dos maiores e mais importante sítio pa-
leontológico do Brasil, tendo registros fósseis datado do final
do Cretáceo (RIBEIRO & CARVALHO, 2007). As primeiras
descobertas tiveram início em 1945, a partir da construção
do trecho rodoviário próximo à estação de Mangabeira, loca-
lizada na Serra da Galga. Até o ano de 1974 o paleontólogo
Llewellyn Ivor Price do Departamento Nacional de Produção
Mineral, conduziu os trabalhos em torno de Peirópolis. Dessa
forma, em 1992 ocorreu a implantação do Museu dos Dinos-
sauros, com a proposta de promover vínculo entre os materiais
e a população local, promovendo também, um conhecimento
didático acerca dos materiais encontrados. Assim com a mes-
ma proposta didática o Programa de Treinamento de Estu-
dantes Universitários é um dos projetos oferecido pelo Centro
de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price, ele está em
vigência em sua 18ª edição atendendo estudantes de várias
universidades do país (RIBEIRO et al., 2011). Teve atividades
como: participação em diversos pontos de escavação, prepara-
ção de fósseis, conhecimento sobre a técnica Screen washing e
discussão com base na bibliografia oferecida (RIBEIRO, 214).
Portanto, ao longo da experiência no programa foi possível
conhecer e agregar um significativo conhecimento tanto na
área da paleontologia quanto na área da geologia.

127
Capítulo XVI - Relato de experiência de alunos no Programa de Treinamento de Estudantes
Universitários, Peirópolis, Uberaba, MG

Figura 1. Mapa de localização do Município de Uberaba – MG (Schobbenhaus


& Silva 2012).

Paleontologia e o Centro de Pesquisas


Paleontológicas Llewellyn Ivor Price e o Museu
dos Dinossauros
Desde o século passado Uberaba tem sido um forte lo-
cal de escavações, pois todos os municípios compõem um dos
maiores sítios paleontológicos do Cretáceo Superior, com re-
gistros fósseis datados de 80 a 65 milhões de anos, a desco-
berta dos primeiros fósseis foi em 1945, e em 1946 Llewellyn
Ivor Price, iniciou escavações sendo realizadas anualmente até
o ano de 1974. Com a intenção de continuar os trabalhos de
Llewellyn Price que ocorreu de 1940 a 1970, a prefeitura ini-
ciou o projeto de construção do Centro de Pesquisas Paleon-
tológicas Llewellyn Ivor Price em 1991, localizado no bairro
de Peirópolis em Uberaba – MG. O centro de pesquisas conta
com uma ampla infraestrutura (Fig. 2) como: laboratórios, re-
serva técnica, administração e o Museu Paleontológico.

128
Stephany Lopes de França Ferreira

Figura 2. Museu dos Dinossauros (França, 2019).

Programa de Treinamento de Estudantes


Universitários
O PROTEU é um Programa de Treinamento de estudan-
tes Universitários, que visa promover um espaço de divulga-
ção científica entre o programa e estudantes universitários de
várias regiões do Brasil. A presente experiência foi realizada
entre os dias de 12 a 19 de julho de 2019, no bairro rural de
Peirópolis, município de Uberaba, Minas Gerais. Foram de-
senvolvidas atividades como:

Participação em diversos pontos de escavação


Geossitio Ponte Alta
Latitude: 19°43’43,92”S Longitude: 47°38’23,13”W
Localização: Município de Uberaba, “Cachoeirão do Pon-
te Alta” em Ponte Alta
Altitude: 802 m

A atividade em Ponto Alta foi realizada na terça feira (Ta-

129
Capítulo XVI - Relato de experiência de alunos no Programa de Treinamento de Estudantes
Universitários, Peirópolis, Uberaba, MG

bela.1), o local está inserido a uma propriedade privada, porém


no âmbito do lazer é bastante frequentado e apresenta fragmen-
tos de Mata atlântica (SCHOBBENHAUS & SIVA 2012), o pro-
pósito do campo no local foi entender e observar as unidades
geológicas que compõem o substrato da Bacia Bauru (Cretáceo
Superior), representado em 3 metros de afloramento (Fig. 3).

Figura 3. Afloramento de Ponte Alta, visualização das unidades geológicas


(Schobbenhaus & Silva 2012).

Geossitio Caieira (Ponto 1 de Price)


Latitude: 19°43’26,89”S Longitude: 47°44’47,45”W
Localização: Peirópolis, Município de Uberaba.
Altitude: 900 m

O local foi o marco inicial nas escavações paleontológicas


de Llewellyn Ivor Price, no ano de 1946, por esse fato, carrega
o nome de Ponto 1 de Price. Nesse ponto já foram encontrados
oito novas espécies como: titanosauria Trigonosaurus Pricei,
Baurutitan britoi, os crocodyliformes Uberabasuchus terrifi-

130
Stephany Lopes de França Ferreira

cus, Peirosaurus tormini e Itasuchus jesuinoi, os podocnemí-


deos Peiropemys mezzalirai e Pricemys caiera e o anura Ubera-
batrachus carvalhoi (SCHOBBENHAUS & SIVA 2012), sendo
considerado um dos mais importantes sítios de vertebrados, do
cretáceo continental brasileiro. Dessa forma, o campo foi reali-
zado nesse local na terça feira, foi possível compreender o ciclo
da cal na região, que durou de 1900 – 1960, coletar material
para o Screen wash, como também todas as peças que foram
preparadas no laboratório foram retiradas desse local.

Figura 4. Segundo ponto de escavação, Ponto 1 de Price (França, 2019)

Geossitio Serra da Galga


Latitude: 19°35’32,39”S Longitude: 48°01’42,80”W
Localização: km 153 da BR-050, ao norte de Uberaba, MG
Altitude: 840 m

Serra da Galga foi o último ponto de escavação descrito no


cronograma teve sua realização na Quarta – feira pela manhã,
nesse local foi possível compreender o histórico geológico local,
apresenta a seção-tipo do membro Serra da Galga da Formação
Marília, sendo possível observar contato com a unidade basal.

131
Capítulo XVI - Relato de experiência de alunos no Programa de Treinamento de Estudantes
Universitários, Peirópolis, Uberaba, MG

Figura 5. Terceiro Ponto, Serra da Galga (França, 2019).

Preparação de fósseis
Todos os fósseis que foram usados para a preparação den-
tro do Laboratório de Paleontologia no Museu dos Dinossau-
ros, são provenientes do Ponto 1 de Price, para a preparação
foram usados alguns materiais como: martelo, lupa e pinça.

Figura 6. Preparação de Fósseis (França, 2019).

132
Stephany Lopes de França Ferreira

Conhecimento sobre a técnica Screen washing


Vários paleontólogos vêm ao longo dos anos aplicando a
técnica chamada de “Peneiramento por lavagem” (HIBBARD,
1949, Mckenna, 1962,1965). Fósseis pequenos de invertebrados
geralmente não são encontrados de forma convencional, assim,
é necessário aplicar a técnica de recuperação especializada para
obter amostras que representam as espécimes. Esses pequenos
registros são elementos esclarecedores para fornecer dados im-
portantes para o controle de reconstrução de paleoambiente.
Método Screen Washing: Identificar um local no afloramen-
to, tendo preferência onde exista uma grande concentração de
fósseis como pequenos fragmentos ósseos, escamas, dentes e
cascas de ovos. Com enxada, vassourão ou pá, reúna o sedimen-
to fossilífero (Fig. 8). Coloque o sedimento em uma peneira re-
lativamente fina (Fig. 7), esse material coletado será ensacado e
transportado para o laboratório. Sob água corrente o material
é lavado, através de 3 peneiras com vários diâmetros, o objetivo
é concentrar os restos fósseis, os materiais que foram lavados,
serão colocados para secar no sol, e por fim sendo triados em
um prato branco, onde será colocado 10 em 10 grãos de cada.

Figura 7. Coleta de Material para a técnica Screen Wash (Foto: França, 2019).

133
Capítulo XVI - Relato de experiência de alunos no Programa de Treinamento de Estudantes
Universitários, Peirópolis, Uberaba, MG

Figura 8. Primeira triagem de sedimentos fósseis (Foto: França, 2019).

Tabela 1.
Atividades Realizadas (França, 2019).
ATIVIDADES REALIZADAS
SEGUNDA - FEIRA Manhã 09:00 – Aula sobre o CCCP/Visita à
coleção Cientifica
Tarde 13:00 – Distribuição dos Materiais
de divulgação do museu/Capítulo
do Livro Sítios Geológicos
TERÇA-FEIRA Manhã 08:00 – Geologia Regional – saída á
cachoeira de Ponte Alta

Tarde 13:00 – Saída ao Ponto 1 e Ponto 2


de escavações
QUARTA-FEIRA Manhã 08:00 - Saída ao Ponto 153 (BR-050)
Tarde 14:00 - Saída ao Calcário Triângulo
(Coleta de material)
QUINTA-FEIRA Manhã 09:00 – Preparação de Fósseis
Tarde 13:00 – Sreen-Wash de material
coletado
SEXTA-FEIRA Manhã 09:00 - Oficina de réplicas

Tarde 13:00 – Picking de material


peneirado

134
Stephany Lopes de França Ferreira

Considerações finais
Portanto, além de proporcionar contato com várias técnicas
e aulas de campo, a experiência também proporcionou um
conhecimento a cerca de local, entendendo todo o processo
de interação entre a população e o museu, promovendo uma
interação entre os estudantes de várias universidades do Brasil
que participaram do curso, estabelecendo uma importante
troca de experiências e de projetos.

Referências
HIBBARD, Claude W. Techniques of collecting microvertebrate fossils.
1949.
MCKENNA, Malcolm C. Collecting small fossils by washing and screening.
Curator, 1962, 5.3: 221-235
RIBEIRO, Luiz CB, Ismar S. Carvalho. Sítio Peirópolis e Serra da Galga,
Uberaba, MG–Terra dos dinossauros do Brasil. Sítios Geológicos e Paleon-
tológicos do Brasil 1 (2007): 389-402.
RIBEIRO, L.C.B. Geoparque Uberaba–Terra dos Dinossauros do Brasil.
Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2014.
SCHOBBENHAUS, Carlos; DA SILVA, Cassio Roberto. Geoparques do
Brasil. Serviço Geológico do Brasil-CPRM: Brasília, Brazil, 2012, 1.

135
Capítulo XV II

Projetos de Educação e percepção em


áreas de Risco da Geoconsultoria Jr,
empresa Júnior do curso de Engenharia
Geológica da Universidade Federal
de Ouro Preto
Camila dos Santos Pereira, Edgar Batista de Medeiros Júnior,
Alice Santos, Ana Paula Félix, Arthur Palhares, Gustavo Camargos,
João Henrique Guidete, Julia Nunes, Nayara Carolinne,
Matheus Felipe Lopes, Philippe Resende, Vinicius Bardi,
Alessandra Pessoa, Beatriz Rodrigues, Camila Broeto Milli,
Mariana Pimenta, Mariana Serrano Guimarães,
Raphael Perpetuo Soares e Wanessa dos Santos Neves

Introdução
O aumento da ocupação de áreas pelas atividades antró-
picas desencadeia problemas principalmente em áreas de
topografia acidentada, como ocorre no município de Ouro
Preto, que ainda são agravados pelo desmatamento, chuvas
constantes e ocupação desordenada das encostas. Diante dis-
so, a Empresa Júnior do curso de Engenharia Geológica, Geo-
consultoria Júnior, com o apoio da Pró Reitoria de Extensão,
do Serviço Geológico do Brasil e da Defesa Civil de Ouro Pre-
to, desenvolveu dois projetos que tratam concomitantemente
do mesmo problema de formas diferentes, e possuem como
objetivo contribuir para uma gestão de risco mais efetiva na
cidade.

136
Camila dos Santos Pereira, Edgar Batista de Medeiros Júnior, Alice Santos, Ana Paula Félix, Arthur
Palhares, Gustavo Camargos, João Henrique Guidete, Julia Nunes, Nayara Carolinne, Matheus Felipe
Lopes, Philippe Resende, Vinicius Bardi, Alessandra Pessoa, Beatriz Rodrigues, Camila Broeto Milli,
Mariana Pimenta, Mariana Serrano Guimarães, Raphael Perpetuo Soares e Wanessa dos Santos Neves

Figura 1. Movimento de Massa próximo à Rodoviária de Ouro Preto, que


ocasionou óbitos (Fonte: dos autores).

Metodologia
O primeiro deles é o chamado Projeto de Percepção de
Risco Geológico dos Moradores de Ouro Preto, que se trata
do levantamento estatístico de dados baseado nas respostas
dos moradores de bairros com potencial risco de deslizamen-
to, de um formulário de pesquisa desenvolvido pela empresa
utilizando como base em Dissertação de Mestrado em Geotec-
nia (FONTES, 2011).
A partir disso é possível mensurar o nível de percepção da
população quanto ao risco de acordo com a faixa etária, esco-
laridade e demais aspectos sociais, e levar informações sobre
a necessidade de alguma medida remediadora nas áreas mais
suscetíveis a movimentos de massa e outros desastres. Com os
dados gerados é possível mapear e priorizar os bairros mais
carentes de informação para a intervenção do Projeto PEGAR
– Programa Educacional de Geologia em Áreas de Risco e dos
demais órgãos responsáveis, como a Defesa Civil.

137
Capítulo XVII - Projetos de Educação e percepção em áreas de Risco da Geoconsultoria Jr, empresa
Júnior do curso de Engenharia Geológica da Universidade Federal de Ouro Preto

Resultados e Discussões
Os bairros estudados foram São Cristóvão, Morro Santa-
na, Piedade, Antônio Dias, Taquaral, foram consultados cerca
de 40 residentes, e os dados mostram que 62,2% dos consul-
tados acreditam que suas construções não se encontram em
local de risco, e que estes acreditam que eventos como escor-
regamento do solo, alagamentos, são de responsabilidade dos
períodos de fortes chuvas. Em contrapartida não acreditam
que o desmatamento possa ser agente causador dos riscos e
poucos apontam a localização de suas construções em áreas
de risco como um possível fator de risco. Apesar de 91,7%
relatarem o conhecimento de casos de deslizamento com víti-
mas e óbitos em seu bairro de residência, apenas 41,7% con-
sideram as chances de um novo evento como alta ou muito
alta. Além disso, apenas 13,9% acreditam que o lançamento
de esgoto diretamente no terreno é de ínfimo perigo e 34,3%
acredita que bananeiras não causam problemas na estrutura
do solo.
Como resposta a estes dados coletados, e à visível desin-
formação da população com relação aos riscos em que estão
expostos quase que diariamente a condições de risco eminen-
tes, responsabilizando a natureza somente, e não suas pró-
prias intervenções nos terrenos, como por exemplo a retirada
da vegetação natural.
A fim de diminuir estas porcentagens e devolver à socieda-
de a oportunidade de acesso ao conhecimento que temos den-
tro da academia, foi desenvolvido o Projeto PEGAR – Progra-
ma Educacional de Geologia em Áreas de Risco, uma resposta
criativa, com público alvo as pessoas que mais levam informa-
ções de conscientização para dentro de seus lares, as crianças.
Este projeto tem o intuito de levar conhecimento geológico à
população de Ouro Preto, principalmente àquela que habita
comunidades consideradas áreas de risco geológico, orientan-
do como evitar ocupações que corram este perigo e como
identificar sinais e lidar com casos de emergência.

138
Camila dos Santos Pereira, Edgar Batista de Medeiros Júnior, Alice Santos, Ana Paula Félix, Arthur
Palhares, Gustavo Camargos, João Henrique Guidete, Julia Nunes, Nayara Carolinne, Matheus Felipe
Lopes, Philippe Resende, Vinicius Bardi, Alessandra Pessoa, Beatriz Rodrigues, Camila Broeto Milli,
Mariana Pimenta, Mariana Serrano Guimarães, Raphael Perpetuo Soares e Wanessa dos Santos Neves

Figura 3. Capa da cartilha de conscientização.

Assim, são organizadas visitas à escolas, levando uma


apresentação em vídeo e materiais gráficos, como panfletos,
cartilhas de cartoons, adesivos de conscientização, de cunho
didático, interativo e lúdico, para atender o público de 5 a
15 anos. Todo o material foi elaborado com base em traba-
lhos pré-existentes da CPRM e de outros órgãos públicos e
privados, adequando-os à realidade das comunidades englo-
badas por ele. Nesse processo são envolvidos além dos alunos,
os professores, funcionários das escolas ou centros recreati-
vos, suas respectivas famílias com a exposição das áreas há
a consequente identificação das pessoas com seus bairros de
residência ou de trabalho de algum parente, e a consequente
conscientização do risco ao qual estas pessoas estão expostas.

Figura 4. Foto do segundo slide da apresentação para os alunos


(as imagens na realidade estão em formato gif, movimentam-
se e causam uma ótima impressão para o público).

139
Capítulo XVII - Projetos de Educação e percepção em áreas de Risco da Geoconsultoria Jr, empresa
Júnior do curso de Engenharia Geológica da Universidade Federal de Ouro Preto

Considerações
Ainda existem muitos bairros, escolas e pessoas cujo o pro-
jeto pretende atingir, daí a necessidade de sua continuidade,
possibilitando uma melhor disseminação do conhecimento e
aumentando o contato da universidade com a comunidade
ouro-pretana, que é de extrema importância e deve acontecer
tanto neste município quanto em tantos outros, que produzem
conteúdo aplicável de extrema qualidade e podem transmití-lo
de inúmeras maneiras educando a sociedade como um todo,
denotando a importância da propagação dessas informações,
explicando e prevenindo acidentes.

Referências
CPRM, Setorização de Riscos Geológicos - Minas Gerais, 2016. Disponível
em: <http://www.cprm.gov.br/publique/Gestao-Territorial/Geologia-de-Engenharia-
-e-Riscos-Geologicos/Setorizacao-de-Riscos-Geologicos---Minas-Gerais-4880.html>.
DISCOVERY CHANNEL, Blumenau no Discovery Channel, 2010. Disponí-
vel em: <https://www.youtube.com/watch?v=V1jtBvdxMgg>. Acesso em jan. 2018.
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de análise, gestão e controle de riscos geotécnicos para a área urbana da
cidade de Ouro Preto. 2011. 132 f. Dissertação (Mestrado em Geotecnia) -
Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2011.
GEOCONSULTORIA JR, PEGAR Como Identificar Areas de Risco, 2017.
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=V318lEOA_tI&feature=youtu.
be >. Acesso em jan. 2018.
SILVA, J. P., Ouro Preto ganha ações de prevenção em áreas de risco, 2017.
Disponível: <http://www.jornalvozativa.com/ouro-preto-mg-ganha-acoes-de-pre-
vencao-em-areas-de-risco-feitas-por-empresa-junior/ >.
SOUZA, L. A. de. Cartografia geoambiental e cartografia geotécnica pro-
gressiva em diferentes escalas: aplicação na bacia hidrográfica do Ribeirão
do Carmo, municípios de Ouro Preto e Mariana, Minas Gerais. 2015. 461f.
Tese (Doutorado em Geotecnia) - Universidade Federal de Ouro Preto,
Ouro Preto, 2015.
TOMINAGA, L. K., SANTORO, J., AMARAL, R. Desastres Naturais: conhe-
cer para prevenir. Instituto Geológico, São Paulo, 2009.
TV UFOP, Boletim TV UFOP - Geoconsultoria Projeto Pegar, 2017.
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=sOMyMAfOC2w >
VILELA, I., Empresa Júnior da Engenharia Geológica dá início a progra-
ma de educação sobre áreas de risco, 2017. Disponível em: < http://www.
ufop.br/noticias/comunidade/empresa-junior-da-engenharia-geologica-da-
-inicio-programa-de-educacao-sobre >

140
Capítulo XV III

Distribuição dos grupos de dinossauros:


Brasil – Norte da África no Cretáceo
passagem Cretáceo Inferior-Cretáceo
Superior e implicações biogeográficas
Paulo Victor Luiz Gomes da Costa Pereira, Luciano da Silva Vidal

Introdução
Registros de dinossauros para Brasil
A Formação Santana (Bacia do Araripe, Cretáceo Infe-
rior) é a unidade litoestatigráfica com a maior quantidade de
espécies descritas até o presente momento possuindo quatro
espécies pertencentes ao grupo Theropoda: Irritator challen-
geri (espinosaurideo) descrito com base em uma porção pre-
servada do crânio; Dromaeosauridae, Santanaraptor placidus,
descrito anteriormente como pertencente ao grupo dos Dro-
meusauridae, mas recentemente realocado como um membro
basal de Tyrannosauroidea (Holz, 2004; Porfiri et al., 2014);
Mirischia asymmetrica (Compsognathidae) e o Cratoavis cearen-
ses (Enantiornites).
A fauna de dinossauros do Grupo Itapecuru (Cretáceo
Superior) é composta por dinossauros saurópodes e terópo-
des, além disso, há registros que apontam um possível Orni-
thopoda (Avilla et al. 2003; Candeiro et al., 2011). Entre os
materiais de saurópodes destaca-se Amazonsaurus maranhensis
descrito formalmente, além de restos atribuídos a Rebbachisau-
ridae cf. Limaysaurus (Medeiros & Schultz, 2004; Medeiros et
al., 2014), Titanosauria indet. (Castro & Medeiros, 2007; Lin-
doso et al., 2013) e Diplodocoidea indet. (Medeiros e Schultz,
2004). Entre os terópodes, a única espécie formalizada é o
espinosaurideo Oxalaia quilombensis, entretanto há o registro
dos táxons Carcharodontosaurus sp., Spinosaurus sp. (Medeiros

141
Capítulo XVIII - Distribuição dos grupos de dinossauros: Brasil – Norte da África no Cretáceo
passagem Cretáceo Inferior-Cretáceo Superior e implicações biogeográficas

et al., 2014), Baryonychinae (Furtado & Candeiro, 2009a, b),


Dromaeosauridae indet. (Medeiros et al., 2014) e o Noasauri-
dae cf. Masiakasaurus (Lindoso et al., 2012). Há também uma
vértebra isolada atribuída a Sigilmassasaurus brevicollis Russell,
1996, mas que precisa ser revisada. Além disso, dinossauros
Saurópodes e theropodes são reportados para a Bacia Poti-
guar, situada no Nordeste do Brasil (Albiano-Cenomaniano)
(Santos et al., 2005; Pereira et al., 2016).

Registros de dinossauros para a África


Níger
A Formação de Elrhaz (Cretáceo médio) possui repre-
sentação dos três grandes grupos de dinosauria, Theropoda,
Saurópoda e Ornithischia. Dentre estes dois últimos estão os
herbívoros Valdosaurus nigeriensis (Dryosauridae) Galton &
Taquet, 1982, os ornitópodes Lurdusaurus arenatus Taquet
& Russell, 1999, Ouranosaurus nigeriensis Taquet, 1976 e o
saurópode Nigersaurus taqueti Sereno, 1999, respectivamen-
te. A fauna de dinossauros carnívoros é representada, prin-
cipalmente, por animais de grande porte. Dentre eles estão:
Abelisauridae Kryptops palaios Sereno & Brusatte, 2008, Ru-
gops primus Sereno, 2004; Carcharodontosauridae Eocarcha-
ria dinops Sereno & Brusatte, 2008, e o Spinosauridae Sucho-
mimus tenerensis (Sereno et al., 1998).
A Formação de Echkar (Cenomaniano) da série Tegama
(Taquet, 1976) é menos diversa que a Formação Elrhaz, apre-
sentando registros de grupos como Rebbachisauridae indet. e
Titanosauriformes indet. (Sereno et al., 2004), Rugops primus
(Sereno et al., 2004), Carcharodontosaurus iguidensis Brusatte &
Sereno 2007, Sigilmassasaurus cf. brevicollis (McFeeters et al.,
2013) e Spinosaurus sp. (Sereno et al., 2004).

Sudão
Os fósseis encontrados na Formação Wadi Milk apresen-
tam-se muito fragmentados impossibilitando estudos taxonô-

142
Paulo Victor Luiz Gomes da Costa Pereira, Luciano da Silva Vidal

micos mais apurados. Foram encontrados cf. Ouranosaurus,


Dicraeosauridae indet., Lithostrotia indet., Bahariasaurus sp.,
Carcharodontosaurus sp. e Dromaeosauridae indet. (Weisham-
pel, 1990, 2004; Rauhut & Werner, 1995; Rauhut, 1999).

Egito
A fauna da Formação Bahariya (Cenomaniano) inclui Ti-
tanosauria representado por Aegyptosaurus baharijensis Stro-
mer, 1932 e Paralititan stromeri Smith et al., 2001, Ceratosau-
ria, contituido por Bahariasaurus ingens Stromer, (1934) e
Theropoda Tetanurae representados por Carcharodontosaurus
saharicus Stromer, 1931 e o emblemático Spinosaurus aegypti-
cus Stromer,1915.

Marrocos
A região marroquina conhecida como Kem Kem beds possui
um grande registro de dinossauros (Cavin et al., 2010). Os Sau-
ropoda incluem o Diplodocoidae Rebbachisaurus garasbae Lavo-
cat, 1954, Rebbachsauridae indet. (Mannion & Barrett, 2013),
Somphosponyli indet. (Mannion & Barrett, 2013; Lamanna &
Hasegawa, 2014) e o Lithostrotia indet. (Cavin et al., 2010). Já
entre os Theropoda estão registrados Carcharodontosaurus saha-
ricus Stromer, 1931; Sauroniops pachytholus Cau, 2013, Deltadro-
meus agilis Sereno et al., 1996 (Ceratosauria sensu Carrano &
Sampson, 2002, 2008; Wilson et al., 2003; Sereno et al., 2004);
Spinosaurus cf. Aegyptiacus (Dal Sasso et al., 2005), Sigilmassa-
saurus brevicollis Russell, 1996; Dromaeosauridae indet. (Amiot
et al., 2004; Richter et al., 2013) e Abelisauridae indet (Richter
et al., 2013). Recentemente, foram descritos Averostra indet. e
Noasauridae indet. por Evans et al. (2014).

Líbia
Poucos materiais de dinossauros são conhecidos, até o
presente momento, para a Líbia (Candeiro, 2015). Smith &
Dalla Vecchia (2006) apontaram a existência de dentes de Abe-

143
Capítulo XVIII - Distribuição dos grupos de dinossauros: Brasil – Norte da África no Cretáceo
passagem Cretáceo Inferior-Cretáceo Superior e implicações biogeográficas

lisauridae que foram atribuídas posteriormente a Indosuchus


enquanto Smith et al. (2010) descreveram um esqueleto par-
cial de um grande Abelisauroidea. Ambos os materiais são
provenientes do Aptiano-Albiano da Formação Chicla (Barale
et al., 1997; Barale & Ouaja, 2002).

Tunísia
Duas formações se destacam pelo potencial fossilífero na
Bacia Tataouine (Aptiano-Albiano): Douiret e Ain El Guettar
(Bouaziz et al., 1988; Bodin et al., 2010). Na Formação Douiret
temos registro de Ornithischia indet. (Benton et al., 2000) e
Carcharodontosaurus sp. (Srarfi et al., 2004). A Formação Ain
El Guettar pode ser dividida em dois membros (Bodin et al.,
2010): o Membro Chenini, com fósseis dos grupos Carcharo-
dontosaurus sp., Spinosaurus sp., Abelisauridae indet., Rebba-
chisauridae indet. e Iguanodontidae indet. (Srarfi et al., 2004;
Fanti et al., 2012); enquanto a fauna do Membro Oum ed Diab
é composta por Ornithopoda indet., Rebbachisauidae indet.,
Tataouinea hannibalis Fanti, 2012, Carcharodontosaurus sahari-
cus (Sereno & Brusatte, 2008), Spinosaurus sp. (Russell, 1998;
Buffetaut & Ouaja, 2002), Abelisauridae indet. (Fanti et al.,
2012) e Baryonychinae indet. (Fanti et al., 2014).

As principais teorias da separação continental:


um pedaço da América na África
Com base em eventos de vicariância e modelos de disper-
são, foram criadas diversas propostas que serão explanadas:
“Africa-first” (Sampson et al., 1998), “Pan-Gondwana” (Sereno
et al., 2004). “Teoria das Jangadas” (Simpson, 1940) e “Postage
stamp” (Maisey, 2011). A hipótese “Africa-first” ou “primeiro a
África”, postula que a África continental se separou das demais
massas de terra no Cretáceo Inicial, mas os táxons terrestres
continuaram a se dispersar por conexões entre América do
Sul, Antártica, Indo-Madagascar e Austrália até o Cretáceo Fi-

144
Paulo Victor Luiz Gomes da Costa Pereira, Luciano da Silva Vidal

nal. Enquanto a “Pan-gondwana”, propõe a manutenção da co-


nexão América do Sul-África e as demais conexões terrestres
(América do Sul – Antártica e Antártica – Indo-Madagascar)
até o Cenomaniano, quando começam a se separar. Sendo a
diversidade encontrada no Cretáceo Superior seria explicada
por grupos que se diferenciaram e continuaram isolados por
processos vicariantes.
A teoria das jangadas é uma teoria antiga onde possíveis
náufragos de pequeno porte em jangadas, ajudados por cor-
rentes propícias, poderiam ultrapassar corpos de água de ta-
manho moderado, assim como o Atlântico em formação no
começo do Cretáceo tardio (Simpson, 1940). Havia sido desa-
creditada, mas tem sido reexaminada para explicar na tentati-
va de explicar certas dispersões faunísticas como fauna atual
de lêmures endêmicos de Madagascar e a chegada de peque-
nos mesoeucrodilídeos, como Araripesuchus e Simosuchus, em
Madagascar vindos do continente africano (por exemplo, Ali
& Huber, 2010; Pinheiro et al., 2011). Essa teoria não se mos-
tra muito provável, pois a fauna de dinossauros encontrada
são animais de grande porte.
Por último, temos a proposta de Maisey (2011) do “Postage
stamp” ou hipótese do selo postal, que compara a separação
entre América do Sul e África como dois selos unidos que
estão sendo destacados entre si. As hipóteses biogeográficas
como “África primeiro” e “Pan-Gondwana” assumem que as
fronteiras biogeográficas e tectônicas da África e da América
do Sul sempre foram as mesmas.
No entanto, a separação do Brasil da África não parece
ser tão simples, com novas evidências sugerindo que o siste-
ma de rifteamento e o sistema extensivo de vias marítimas
epicontinentais se desenvolveram durante o Aptiano (Arai,
1999, 2011; Arai et al., 2007); isto é, antes da separação tectô-
nica final da América do Sul e da África (Maisey, 2011). Antes
do Brasil se separar tectonicamente da África ocidental, “East
Brazilian Rift System” (EBRIS; Chang et al., 1992) áreas foram

145
Capítulo XVIII - Distribuição dos grupos de dinossauros: Brasil – Norte da África no Cretáceo
passagem Cretáceo Inferior-Cretáceo Superior e implicações biogeográficas

provavelmente inundadas por uma elevação do nível do mar,


podem ter subdividido o Gondwana ocidental em massas se-
paradas: a América do Sul continental, norte do Brasil. e nor-
deste do Brasil + África. Implicando que no Albiano-Começo
do Cenomaniano, o nordeste do Brasil seria geograficamente
parte da África, mesmo que atualmente seja parte da América
do Sul (Maisey, 2011).

Considerações Finais
Diversas teorias sobre a separação continental entre Amé-
rica do Sul e África são amplamente discutidas, algumas con-
traditórias ou inviáveis. No entanto, a grande semelhança en-
tre a fauna de Dinosauria do Cretáceo “médio” do Norte da
África e do Brasil corrobora a hipótese da existência de uma
rota terrestre ligando as massas do Oeste do Gondwana, que
possivelmente se deu pela região equatorial e persistiu até o
início do Cretáceo.

Referências
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trolled by ocean currents. Nature, 463:653656.
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PÓSIO SOBRE O CRETÁCEO DO BRASI, 5. UNESP, Rio Claro, Boletim,
p. 577–582. ARAI, M. 2000. Chapadas: relicts of mid-Cretaceous interior
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149
Capítulo XIX

Os Estromatólitos de Ponte Branca:


uma breve comunicação
Lucas M. Barros

Introdução
Os estromatólitos são corpos biossedimentares gerados
pela atividade metabólica de microrganismos planctônicos em
ambiente marinho. As bactérias, geralmente em colônias, utili-
zam a matéria particulada dispersa na água para gerar e depo-
sitar lamelas de minerais, principalmente carbonato de cálcio.
Os aglomerados de partículas ao serem sedimentados, formam
pequenos montes que posteriormente tornam-se colunas cilín-
dricas, ou corpos dômicos, que são em si os estromatólitos. Este
processo de formação possui registros fósseis relacionados ao
Pré-Cambriano e ainda pode ser observado nos dias de hoje,
como no campo de estromatólitos de Shark Bay na Austrália.

Localização
Todo o material descrito neste capítulo, advém de um úni-
co afloramento pertencente ao Subgrupo Irati localizado no
município de Ponte Branca, sudoeste do estado do Mato Gros-
so, 494Km de Cuiabá, capital mato-grossense. O afloramento
está em uma propriedade rural a aproximadamente 2Km à
nordeste da zona urbana de Ponte Branca, próximo ao rio
Araguaia. O acesso à propriedade pode ser realizado ao dei-
xar a cidade pela Rua Don Aquino.

Materiais e Métodos
O material em discussão constitui a atual coleção de es-
tromatólitos do Laboratório de Paleontologia e Evolução

150
Lucas M. Barros

(Labpaleoevo), da Universidade Federal de Goiás (UFG). Os


exemplares foram encontrados in situ e coletados em agosto
de 2018, sem procedimento específico. A coleta foi realizada
por alunos do curso de Geologia da UFG durante um traba-
lho de campo no Domo de Araguainha, também na região
Sudoeste do estado do Mato Grosso, próximo ao município
de Ponte Branca.
Após a coleta, foram trazidos ao espaço físico do Labpa-
leoevo encrustados por solo e com poucas informações visí-
veis, logo encaminhados para preparo. A limpeza da coleção
foi efetuada com cautela, visando preservar ao máximo suas
informações, para isto foram utilizados água corrente, sabão
em pó e uma escova com cerdas de plástico rígido. Após a la-
vagem em água e a secagem em sombra, o restante da sujeira
foi removido com o auxílio de espátulas e escovas odontológi-
cas. Conseguinte, os exemplares foram armazenados em uma
caixa plástica vazada.

Os estromatólitos de Ponte Branca


Os estromatólitos coletados em Ponte Branca são um con-
junto de 22 espécimes pertencentes ao mar Permiano Irati de
tamanho, coloração e morfologia variados. A maior dimensão
de cada espécime varia, sendo aproximadamente, 08cm no
menor dos exemplares e 30cm no maior. As colorações super-
ficiais estão entre bege claro e cinza escuro. Em pontos com
rupturas é possível observar a zona interna, que por sua vez
apresenta uma coloração em tons róseos, laranjas e/ou aver-
melhados. Parte dos exemplares possuem coberturas lateríti-
cas na superfície, dispostas como pequenas saliências de colo-
ração marrom. Devido à erosão e intemperismo, os formatos
originais dos blocos de estromatólitos foram perdidos, mas
ainda preserva o encontro entre colônias vizinhas ou sobre-
postas. Dentre os exemplares há variação granulométrica em
suas camadas, alguns espécimes apresentam apenas camadas
homogêneas milimétricas, ou submilimétricas, de material

151
Capítulo XIX - Os Estromatólitos de Ponte Branca: uma breve comunicação

particulado fino, enquanto outros apresentam aglomerados


de seixos (<4mm) envoltos no material citado anteriormente.
Uma das amostras sofreu o processo de substituição, cristali-
zando parte de suas cavidades.

Considerações
Os estromatólitos são um ponto chave na história da evo-
lução terrestre, uma vez que são as mais antigas evidências de
vida e estão diretamente envolvidos aos Paleoambientes des-
de o Pré-Cambriano. As informações contidas em seus corpos
podem inferir a composição, profundidade e quantidade de
energia do ambiente onde foram formados. Os estromatólitos
de Ponte Branca possuem em sua maioria formas tabulares
levemente convexas, características de ambiente marinho raso
de pouca energia. Em contrapartida de uma melhor descrição
e comparação para determinar as espécies dos exemplares dis-
poníveis, existe a carência de informações obtidas em procedi-
mentos experimentais tais como corte, polimento, confecção
de lâminas e análise química.

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[Atualmente http://sigep.cprm.gov.br/sitio125/sitio125.pdf ]

152
Capítulo X X

Estruturação e curadoria da
Coleção do Laboratório de Paleontologia
e Evolução do Curso de Geologia
da Universidade Federal de Goiás
Lucas Monteiro Fernandes

Apresentação do acervo do LabPaleoEvo


O Laboratório de Paleontologia e Evolução (Labpaleovo)
do Curso de Geologia do Campus Aparecida de Goiânia da
Universidade Federal de Goiás possui um acervo de relevância
regional no Brasil Central. Esta coleção possui aproximada-
mente 344 espécimes, que se encontram organizados em se-
tores (Armário/Coluna/Gaveta) definidos/sistematizados de
acordo com o Sistema de Lineu (Sistema de organização taxo-
nômica utilizado pelas Ciências Biológicas e áreas afins para
classificar e agrupar os organismos, desenvolvido por Carolus
Linnaeus) representado na Figura 1.
Os espécimes correspondem a todo o acervo da coleção
do Labpaleoevo em compartimentos (dois armários de ma-
deira divididos em duas colunas com 10 gavetas cada, e um
armário de metal com tranca, definido por uma coluna de 10
gavetas) que comportam materiais fósseis de paleobotânica,
microfósseis, paleoinvertebrados e paleovertebrados.
O presente trabalho teve como objetivo a reestruturação
e organização do acervo ao Laboratório de Paleontologia e
Evolução que visou o tombamento e alocação dos exemplares
da coleção. Deste modo, as prioridades no desenvolvimento
desse trabalho foram: (1) desenvolver condições adequadas
de preservação dos materiais fósseis, (2) garantir que o acervo
já existente mantivesse sua integridade conservada de agentes
físicos e químicos agressores e (3) proporcionar sua inserção

153
Capítulo XX - Estruturação e curadoria da Coleção do Laboratório de Paleontologia e Evolução do
Curso de Geologia da Universidade Federal de Goiás

como ferramenta de divulgação científica, pesquisa e educa-


cional como bem constituinte da Geodiversidade brasileira.

Figura 1. Carolus Linnaeus (1707-1778) idealizador do sistema de


classificação dos seres vivos conhecida como taxonomia, representada no
pequeno modelo a direita da foto.
<Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_Linn%C3%A9
https://moresemantic.blogspot.com/2007/09/taxonomy-really-its-
battleground.html>

O trabalho de curadoria (função atribuída ao curador,


“pessoa responsável pela organização e manutenção das obras
de arte em museus, galerias: curador de artes”, essa função
também se aplica a coleções científicas.), realizou atividades
de manutenção das estantes e gavetas de repositório, assim
como higienização, catalogação e acomodação dos materiais.
<Disponível em: www.dicio.com.br/curador/)
O acervo passou por uma revisão sendo realizada através
de: (1) conferência das informações presentes nas fichas de
cada uma de suas peças, em prol de uma maior confiabilida-
de e veracidade nas descrições; (2) lastreamento* (método de

154
Lucas Monteiro Fernandes

marcação, realizado a partir da adição de tinta acrílica branca


sob a peça em área não diagnóstica e marcação do número de
tombo com caneta nanquim sob o lastro); (3) acondicionamen-
to em caixas individuais forradas com etaflon e devidamente
posicionadas em suas respectivas localizações; (4) desenvolvi-
mento de ficha de controle externo; contendo descrição, histó-
rico e condição do material na coleção (presente, emprestado
ou extraviado).
Dentre os materiais mais importantes para a paleontologia
do sul do estado de Goiás depositados no acervo do
Labpaleoevo, são espécimes do Permiano originários da
formação Irati (Bacia Paraná), referente a Mesosauridae de Jatai
e Montevidiu, material fragmentado de Podocnemidoiea do
Neocretáceo do Grupo Bauru (Bacia do Paraná), e espécimes
de Mesoeucrocodylia, Notosuchia, Titanosauria, e um dente
de Theropoda, dente este que foi recentemente adicionado a
coleção.
Todos os espécimes depositados na coleção do Labpaleoevo
então denominados pelo acrônimo Paleo-UFG/V-, que foi
inserido juntamente com o número de tombo referente ao
material, em seu lastro de identificação. Isso permite uma
rápida identificação do local de depósito e origem do material,
mesmo que este esteja em trânsito com outra instituição ou
sem sua ficha de identificação no local.

Considerações
A estruturação da coleção do Laboratório de Paleontologia
e Evolução, possibilitou neste momento à manutenção e
preservação dos espécimes nela depositados, minimizando
perdas do material e incoerências, fornecendo dados mais
precisos para a comunidade científica, assim se tornando
referência no estudos paleontológicos no estado de Goiás e
no Brasil Central.

155
Capítulo XX - Estruturação e curadoria da Coleção do Laboratório de Paleontologia e Evolução do
Curso de Geologia da Universidade Federal de Goiás

Referências
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em: http://biografias.netsaber.com.br/biografia-2544/biografia-de-carl-
-von-linne--latinizado-carolus-linnaeus>

156
Capítulo X XI

Geodiversidade: uma breve


apresentação
Bruno Martins Ferreira e Cláudia Valéria Lima

Evolução do conhecimento – uma breve


apresentação
A partir da década de 1990, o termo “geodiversidade”
vem sendo utilizado por geólogos e geógrafos no intuito de
descrever a variedade do meio abiótico. Essa terminologia
surgiu no Reino Unido, durante a Conferência de Malven so-
bre Conservação Geológica e Paisagística, realizada em 1993
(BRILHA, 2005). Nessa ocasião, Sharples (1993) caracterizou
a geodiversidade como a diversidade de características, assem-
bleias, sistemas e processos geológicos (relacionados ao subs-
trato), geomorfológicos (formas da paisagem) e do solo.
O conceito geodiversidade é o título do artigo publicado
por Stanley (2000), adaptado pela Royal Society for Nature Con-
servation, do Reino Unido, que também intitula seu relatório
de Ciência da Terra (Geodiversity Update). Tal relatório define
geodiversidade como “variedade de ambientes, fenômenos e
processos ativos de caráter geológico, geradores de paisagens,
rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos superficiais
que constituem a base para vida na Terra”.
Segundo Nascimento, Schobbenhaus e Medina (2008), a
geodiversidade “é também o elo entre as pessoas, paisagens
e sua cultura, por meio da interação com a biodiversidade”.
Nesse âmbito, reconhecê-la é essencial para que a humanida-
de desenvolva ações sustentáveis.
O Serviço Geológico do Brasil/Companhia de Pesquisa
de Recursos Minerais (CPRM, 2006, s/p) define geodiversida-
de como:

157
Capítulo XXI - Geodiversidade: uma breve apresentação

O estudo da Natureza abiótica (meio físico) constitu-


ída por uma variedade de ambientes, composição, fe-
nômenos e processos geológicos que dão origem às
paisagens, rochas, minerais, águas, fósseis, solos, clima
e outros depósitos superficiais que proporcionam o de-
senvolvimento da vida na Terra, tendo como valores
intrínsecos a cultura, o estético, o econômico, o cientí-
fico, o educativo e o turístico.

As discussões acerca dessa temática envolvem também a


valoração da geodiversidade, que pode ter os seguintes valo-
res: intrínseco, cultural, estético, econômico, funcional, cien-
tífico e educativo.
A geodiversidade abarca, no seu conjunto, a conceituação
de geossítios e patrimônio geológico.
Segundo Brilha (2005, p. 52), o termo geossítio pode ser
definido como:

[o]corrência de um ou mais elementos da geodiversida-


de (aflorantes, quer em resultado da ação de processos
naturais, quer devido à intervenção do homem), bem
delimitado geograficamente e que apresente valor sin-
gular do ponto de vista científico, pedagógico, cultural,
turístico, ou outro.

Tido como um lugar particular para o estudo da geologia,


os geossítios são áreas com características notáveis do ponto
de vista científico, didático ou turístico. É também considera-
do, do ponto de vista físico natural, como um sítio geológico.
Rivas, Rivera e Guadalupe (2001, p. 34) conceituam patri-
mônio geológico como:

[r]ecursos naturais não renováveis de interesse científi-


co, cultural, educacional, paisagístico e recreativo, que
sejam formações rochosas, estruturas, formas de rele-
vo, acumulações sedimentares, ocorrências minerais,
paleontológicas e outras que permitam reconhecer, es-

158
Bruno Martins Ferreira e Cláudia Valéria Lima

tudar e interpretar a evolução da história geológica da


Terra e os processos que a moldaram.

Para Brilha (2005), o patrimônio geológico é entendido


como o conjunto de geossítios inventariados e caracterizados
numa determinada área ou região e que “integra todos os ele-
mentos notáveis que constituem a geodiversidade, incluindo
o patrimônio paleontológico, o patrimônio mineralógico, o
patrimônio geomorfológico, o patrimônio hidrogeológico en-
tre outros”.
Munoz (1988) define patrimônio geológico como consti-
tuído por georrecursos naturais, que são aqueles não renová-
veis de índole cultural, que contribuem para o reconhecimen-
to e a interpretação dos processos que modelaram o Planeta
Terra e que podem ser caracterizados de acordo com seu va-
lor (científico, didático), com sua utilidade (científica, pedagó-
gica, museológica, turística) e com sua relevância (local, regio-
nal, nacional e internacional).
Garcia-Cortés (1996), por sua vez, classifica o patrimônio
geológico por seu conteúdo, utilização e influência, conforme
apresentado a seguir:

a) Conteúdo: estratigráfico, paleontológico, tectônico,


hidrogeológico, petrológico, geotécnico, mineiro, mi-
neralógico, geomorfológico, geofísico, geoquímico e
museus e coleções.
b) Utilização: turística, científica, didática e econômica.
c) Influência: local, estadual, nacional e internacional.

Nascimento, Azevedo e Mantesso-Neto (2008) consideram


a diversidade de tipos de patrimônios geológicos diferencian-
do-os em: patrimônio geomorfológico (formas de relevo); pa-
trimônio paleontológico (registros fósseis); patrimônio espele-
ológico (cavernas); e patrimônio mineiro (minas).
A conservação de elementos representativos da geodiver-

159
Capítulo XXI - Geodiversidade: uma breve apresentação

sidade é denominada de geoconservação e tem implicações di-


retas em todo o meio ambiente. Em relação à geoconservação,
Sharples (2002) explica que ela visa à preservação da diver-
sidade natural (ou geodiversidade) de significativos aspectos
e processos geológicos (substrato), geomorfológicos (formas
de paisagem) e de solo, pela manutenção da evolução natural
desses aspectos e processos.
A geoconservação reconhece que, no processo de conser-
vação da natureza, o componente abiótico é tão importante
quanto o biótico. A geoconservação pode se dar por meio da
criação de leis/programas específicos para o patrimônio ge-
ológico e/ou por meio da sensibilização do público sobre a
importância desse patrimônio.
De acordo com Nascimento, Ruchkys e Mantesso-Neto
(2008), os principais objetivos da geoconservação são: conser-
var e assegurar a manutenção da geodiversidade; proteger e
manter a integridade dos locais com relevância em termos de
geoconservação; minimizar os impactos adversos dos locais
importantes em termos de geoconservação; interpretar a geo-
diversidade para os visitantes de áreas protegidas; contribuir
para a manutenção da biodiversidade e dos processos ecológi-
cos dependentes da geodiversidade.
Segundo Brilha (2005, p. 92), as estratégias de geocon-
servação “consistem na concretização de uma metodologia de
trabalho que visa sistematizar as tarefas no âmbito da con-
servação do patrimônio geológico de uma dada área”. Assim,
essas estratégias devem ser utilizadas por meio das seguintes
etapas: inventariação, classificação, conservação, valorização e
divulgação e, finalmente, monitoramento.
A valorização e a divulgação são ações executadas com a
finalidade de demonstrar a importância dos geossítios (NAS-
CIMENTO; MANSUR; MOREIRA, 2015). Conforme Brilha
(2005, p. 105), “entende-se por valorização o conjunto das
ações de informação e interpretação que vão ajudar o público
a reconhecer o valor do geossítio”. Tais ações incluem pales-

160
Bruno Martins Ferreira e Cláudia Valéria Lima

tras, aulas, impressão de guias e livros, implantação de painéis


interpretativos, confecção de folhetos, uso da mídia eletrôni-
ca, jogos lúdicos, entre outros.
Brilha (2005) explica que a geoconservação, em sentido
amplo, tem como objetivos a utilização e a gestão sustentável
de toda a geodiversidade, englobando todos os tipos de recur-
sos geológicos. O autor ressalta, também, os aspectos emocio-
nais e estéticos ligados à geodiversidade, além de colocar que
a educação, o ordenamento territorial e a ciência são elemen-
tos fundamentais para compor a geoconservação (Figura 2).

Figura 2
Iniciativas de geoconservação.

Fonte: Brilha (2010).

Becker (2005, p. 72) define ordenamento territorial


“como o conjunto de decisões que afetam o território e que
são da competência do setor público”. Para Ogata (2005), or-
denamento territorial consiste no disciplinamento do uso dos
recursos ambientais, possibilitando melhorar o uso do espaço
geográfico, do ponto de vista ambiental, social, econômico,
dentre outros, valorizando as suas potencialidades e respeitan-
do as suas restrições e limitações.
Nesse sentido, por meio do ordenamento territorial, as
políticas públicas de conservação e preservação do patrimô-

161
Capítulo XXI - Geodiversidade: uma breve apresentação

nio geológico e geomorfológico tendem a ser intensificadas,


levando à geoconservação desses espaços.
Mansur (2010) aborda que no Brasil existe um arcabouço
legal apropriado à geoconservação, porém, ainda há pouco
entendimento em relação à importância da preservação de sí-
tios, e de sua singularidade geológica, pela população e pelos
governantes.
Brilha (2005) aborda que a geoconservação deve estabe-
lecer ligações próximas com todas as estratégias educativas
de caráter formal, não formal e informal. A educação é um
instrumento de propagação da cultura humana, construção de
saberes e transmissão de conhecimentos. Por meio da educa-
ção, a humanidade desperta e se conscientiza para as questões
ambientais.
Brilha, Dias e Pereira (2006) afirmam que, ao incentivar
a comunidade local em busca de entender os geossítios com
fins pedagógicos, colaborará com o processo de ensino apren-
dizagem da geologia. Assim, ao compreender a abordagem
das temáticas físico-naturais na geoconservação, provocará
nos sujeitos uma sensibilidade em relação a essas temáticas,
impulsionando-os na necessidade de conservar o patrimônio
geológico.
O geoturismo caracteriza-se como um novo segmento do
turismo de natureza e surge, no Brasil, com a intenção de di-
vulgar o patrimônio geológico. Tal atividade utiliza feições
geológicas como atrativo turístico, divulgando a geodiversida-
de da região turística, sendo útil, portanto, para promover a
associação com as atividades de ecoturismo.
Para Hose (1995, p. 17), geoturismo é a “provisão de ser-
viços e facilidades interpretativas no sentido de possibilitar
aos turistas a compreensão e aquisição de conhecimentos de
um sitio geológico e geomorfológico ao invés da simples apre-
ciação estética”.
Segundo a National Geographic (STUEVE; COOKS;
DREW, 2002), o geoturismo envolve atributos naturais e cultu-

162
Bruno Martins Ferreira e Cláudia Valéria Lima

rais, considerando uma distinção de determinado local, com


foco em características geográficas do destino.
Para Moreira (2010, p. 8), o “Geoturismo deve ser um tu-
rismo sustentável no sentido de permitir um desenvolvimento
turístico sem degradar ou esgotar os recursos que estão sendo
utilizados na atividade”.
Do ponto de vista científico, as publicações e discussões
em eventos e palestras acerca da geodiversidade esperam con-
tribuir para o amadurecimento e o reconhecimento do tema
pela sociedade e comunidade geocientífica internacional. Se-
gundo Brilha (2010 p. 5), “as iniciativas de geoconservação
devem estar suportadas em critérios científicos e enquadradas
nas políticas de conservação da natureza e de ordenamento
do território”.

Referências
BECKER, B. K. Síntese geral sobre política nacional de ordenamento ter-
ritorial. In: Para pensar uma política nacional de ordenamento territorial:
anais de oficina sobre a política nacional de ordenamento territorial, Brasí-
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Secretarias de Políticas de Desenvolvimento Regional-SDR, 2005. p. 71-78.
BRILHA, J. B. R. Patrimônio geológico e geoconservação: a conservação da
natureza na sua vertente geológica. Lisboa: Editora Palimage, 2005. 190 p.
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and the Role of IGCP (First Meeting of ProGEO Regional Working Group
SW Europe), Ayuntamiento de Caravaca de la Cruz, Spain, 2010. p. 207-209.
BRILHA, J.; DIAS, G.; PEREIRA, D. A geoconservação e o ensino/apren-
dizagem da Geologia. Simpósio Ibérico do Ensino da Geologia, Simpósio
sobre Enseñanza de la Geologia, XIV, Curso de Actualização de Professores
de Geociências, XXVI, Universidade de Aveiro, 2006. Resumo... Universida-
de de Aveiro, 2006. p. 445-448.
CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. Mapa Geodiversi-
dade do Brasil. Escala 1:2.500.000. Legenda expandida. Brasília: CPRM/
Serviço Geológico do Brasil, 2006. p. 68.
GARCÍA-CORTÉS, A. G. Inventario del Patrimonio Geológico. In: MINIS-
TERIO DE GOMES, R. R.; FRIEDRICH, M. A Contribuição dos jogos didá-
ticos na aprendizagem de conteúdos de Ciências e Biologia. EREBIO, 1, Rio
de Janeiro, 2001, Anais..., Rio de Janeiro, 2001, p. 389-92.

163
Capítulo XXI - Geodiversidade: uma breve apresentação

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ológico do Estado do Rio de Janeiro: o caso do Domínio Tectônico Cabo
Frio. 2010. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio
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MOREIRA. J. C. Geoturismo: uma abordagem histórico-conceitual. Turis-
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1988. p. 85-100.
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RIVAS, F. V.; RIVERA, F. M.; GUADALUPE, G. Situación ambiental del
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la Facultad de Ingeniería Geológica, Minera, Metalurgica y Geográfica, v. 4,
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STUEVE, A. M.; COOKS, S. D; DREW, D. The geotourism study: phase I
– executive summary. Washington: Travel industry Association of América,
2002. 22p.

164
Capítulos: Palestras e Discussões
apresentadas no âmbito do Grupo de
Pesquisa/CNPq

165
Capítulo X XII

Geofísica aplicada ao desenvolvimento


da indústria de petróleo no Brasil
(1930-1960)

Drielli Peyerl
(Jovem pesquisadora, Universidade de São Paulo)

O presente capítulo tem como objetivo abordar pontos de


destaque e discussão da palestra intitulada ‘Geofísica aplicada
ao desenvolvimento da indústria de petróleo no Brasil (1930-
1960)’, por mim proferida e realizada no dia 30 de setembro
de 2016, nas dependências do Campus Aparecida de Goiânia/
UEG-UFG.
Primeiramente, introduziu-se o assunto da palestra con-
textualizando e situando o público nos estudos referentes à
História da Ciência e Tecnologia no Brasil, demonstrando
a importância de se observar o desenvolvimento e aplicação
da técnica, e de instrumentos junto à construção do conheci-
mento científico. Em seguida, indagou-se o público presente,
formado em sua maioria por alunos e professores da área de
geociências, o quanto de combinação de sorte e de habilida-
de (FREHNER, 2011, p. 26) foi necessário para se encontrar
locais de exploração de petróleo, principalmente no século
XIX. Pode-se dizer que, essa sorte funcionava mais como uma
construção histórica que refletia o conhecimento construído
ao longo do tempo e lugar, principalmente na leitura geológi-
ca local e na sagacidade de utilizar a técnica disponível para
encontrar petróleo.
Até 1920, a geologia forneceu algumas pistas em termos
de anticlinais e domos de sal para se buscar, encontrar e per-
furar poços de petróleo (MAU & EDMUNDSON, 2015), per-
manecendo como um componente importante da exploração

167
Capítulo XXII - Geofísica aplicada ao desenvolvimento da indústria de petróleo no Brasil (1930-1960)

de petróleo até o presente. Porém, as técnicas e métodos em


geofísica expandiram esse universo, indo até as profundezas,
mapeando estratos petrolíferos.
A contribuição da assim denominada “geofísica de explo-
ração”, rapidamente se proliferou, e resultou na descoberta
de grandes jazidas de petróleo, principalmente ao longo da
Costa do Golfo da América do Norte, no Texas, no México e
em outros lugares do mundo. O seu desenvolvimento tecnoló-
gico e inovações contínuas tornaram-se base para exploração
de petróleo durante o século XX e prosseguiu (FREHNER,
2016).
O desenvolvimento tecnológico da Geofísica permitiu o
aumento do escopo de exploração de petróleo no mundo. A
necessidade e aplicação dos novos métodos geofísicos cruza-
ram fronteiras nacionais e internacionais, transformou a ex-
ploração de petróleo, e criou também grandes excedentes que
desestabilizaram os mercados, tanto dentro dos Estados Uni-
dos e internacionalmente, pois empresas norte-americanas fi-
nanciaram o desenvolvimento desta técnica, as que muito de-
pendeu sobre ideias patenteadas originadas fora dos Estados
Unidos (FREHNER, 2016).
O Brasil vive e sente as consequências desse processo no
período analisado (1930 – 1960), sendo dependente da im-
portação de tecnológica para a exploração de petróleo, como
exemplo de sondas norte-americanas, e serviços de empresas
contratadas para a pesquisa de petróleo. O país ainda neces-
sitava de profissionais, e de novas técnicas aplicadas especi-
ficamente à geologia do território brasileiro. Como apontou
em 1950, um dos fundadores da companhia consultora de pe-
tróleo DeGolyer &MacNaughton, em passagem pelo Brasil, o
geólogo Lewis Winslow MacNaughton (1902-1969), que não
existia “um único curso superior de geólogos (não confundir
geólogo com engenheiro de minas1) e o total de profissionais

1
A primeira turma de engenheiro de minas do Brasil data de 1878, pela Escola de
Minas de Ouro Preto (EMOP).

168
Capítulo XX - Geofísica aplicada ao desenvolvimento da indústria de petróleo no Brasil (1930-1960)

no país todos ou quase todos auto-didatas não ultrapassa algu-


mas dezenas”(LEONARDOS, 1950, p 47 e 48).
As atitudes governamentais do Brasil durante o século XX
resultaram inicialmente da formação de instituições que pu-
dessem desenvolver parcialmente ou totalmente as pesquisas
sobre petróleo no Brasil, como o Serviço Geológico e Mine-
ralógico do Brasil (1907), o Conselho Nacional do Petróleo
(1938) e a Petrobras (1953). Porém, para ocorrer o desenvol-
vimento da pesquisa e a primeira descoberta de petróleo no
país foi necessário o trabalho conjunto de brasileiros e norte-
-americanos2. Destacamos, o trabalho de empresas norte-ame-
ricanas no país como: United Geophysical Co. S.A., Geophysi-
cal Service Inc., e DeGolyer and Macnaughton.
Assim, objetivemos demonstrar os tortuosos caminhos que
o Brasil enfrentou para a descoberta de petróleo e formação da
indústria petrolífera por meio da necessidade de profissionais
estrangeiros e tecnologia importada. No caso, em específico,
da análise da aplicação da Geofísica no Brasil de 1930 e 1960.

“Unidade completa do Equipamento de Campo do Sismógrafo de


Reflexão. Da esquerda para a direita: Tanque dágua, Sonda Sismográfica,
Caminhonete do Topógrafo, Carro de Explosivos e Caminhão Registrador”
(Eichelberger Jr & Oddone, 1941, p.210.).

2
Para mais informações, ler: PEYERL, Drielli. O Petróleo no Brasil. Exploração,
capacitação técnica e ensino de geociências (1864-1968). São Bernardo do Campo,
SP: EdUFABC, 2017.

169
Capítulo XXII - Geofísica aplicada ao desenvolvimento da indústria de petróleo no Brasil (1930-1960)

Referências
FREHNER, Brian. Finding Oil – The Nature of Petroleum Geology, 1859-
1920. Lincoln: University of Nebraska Press, 2011, p. 26.
MAU, Mark, EDMUNDSON, Henry. Groundbreakers – The story of oil-
field technology and the people who made it happen. England: Fast-Print
Publishing of Peterborough, 2015.
FREHNER, Brian. Exploring Across Borders: Geophysics and the Mo-
dern Oil Industry,” American Society for Environmental History. (Seattle
2016). Lecture.
FREHNER, Brian. Exploring Across Borders: Geophysics and the Mo-
dern Oil Industry,” American Society for Environmental History.(Seattle
2016). Lecture.
A primeira turma de engenheiro de minas do Brasil data de 1878, pela Es-
cola de Minas de Ouro Preto (EMOP).
LEONARDOS, Othon Henry. Por que só Petróleo Estatal?.Mineração e Me-
talurgia. Rio de Janeiro, vol. XV, n° 86. July – August, 1950, pp. 47-48.
Para mais informações, ler: PEYERL, Drielli. O Petróleo no Brasil. Explora-
ção, capacitação técnica e ensino de geociências (1864-1968). São Bernardo
do Campo, SP: EdUFABC, 2017.
EICHELBERGER JR, A. M., ODDONE, Secio S. Pesquisa de petróleo com o
método sísmico de reflexão de prospecção geofísica. Mineração e Metalur-
gia. Rio de Janeiro. Janeiro – February, Vol.V – N. 29, 1941, p. 210.

170
Capítulo X XIII

Precisamos falar sobre gênero

Giórgia de Aquino Neiva


Doutora em Antropologia Social/UFG

A intenção dessa palestra ministrada no dia 29 de agos-


to de 2016, sob realização do Laboratório de Paleontologia e
Evolução, do curso de Geologia – FCT/UFG, foi o de trazer
para o debate um assunto que muito tem-se falado em âmbito
nacional: o que é, afinal, gênero? Por que gênero é motivo de
lutas sociais? Por que as mulheres sofrem violências? Todos os
dias surgem notícias nas mídias e nos jornais sobre casos de
violências contra mulheres, mas para além desses casos explí-
citos há também diversas formas de verificarmos comporta-
mentos (expressos por opiniões e atitudes) abusivos e que são
realizados sob a leviana justificativa de que as mulheres são in-
feriores aos homens. Ou seja, o machismo é a ideia errônea de
que os homens são superiores às mulheres e, assim, recusam a
igualdade de direitos e deveres entre os gêneros, favorecendo
e enaltecendo o sexo masculino sobre o feminino.
Mas, vamos começar pelo início. Para falar sobre gênero,
nada mais justo do que trazer as teorias feministas como apoio.
O movimento feminista se refere a um movimento político nas
sociedades ocidentais que questiona e combate a opressão e o
machismo que as mulheres sofrem nas relações de poder, que
são assimétricas no que se refere ao gênero (WITTIG, 1992;
SCOTT, 1989; PISCITELLI, 2009). O termo gênero, nesse sen-
tido, “rejeita explicitamente as justificativas biológicas, como
aquelas que encontram um denominador comum para várias
formas de subordinação” (SCOTT, 1989, p. 07) das mulheres.
Gênero é, portanto, uma categoria analítica sócio-histórica que
indica as construções sociais das relações de poder entre ho-
mens e mulheres ou entre masculinidades e feminilidades.

171
Capítulo XXIII - Precisamos falar sobre gênero

A desigualdade de gênero, no Brasil, surge ainda na infân-


cia. Quiçá, antes mesmo do sujeito nascer. Posto que quando
o/a médico/a comunica que é “um menino” ou “uma meni-
na” há uma explícita preparação masculinizadora ou femini-
lizadora para o nascimento. Quarto azul, roupas azuis para
os meninos, quarto rosa, roupas rosas para as meninas, por
exemplo. Enquanto o filho homem é preparado, ao nascer,
para trabalhar fora e encontrar a casa organizada e limpa, a
filha mulher ainda é vista como a principal responsável pelas
tarefas domésticas, por cuidar da casa, do marido e por cuidar
dos(as) filhos(as) e/ou cuidar dos irmãos mais novos – quando
a família tem menos recursos – prejudicando até mesmo os
estudos e a inserção no mercado de trabalho.
A educação dada em casa privilegia filhos homens e discri-
mina filhas mulheres, uma vez que elas são colocadas no lugar
de “cuidadoras”, “maternais”, “instinto maternal”, resultando em
uma falsa justificativa biológica para a opressão que mulheres
sofrem. Assim são os presentes que as filhas mulheres recebem:
casinha, panelas, bonecas, bichos de pelúcia, roupinhas para as
bonecas – que são chamadas de “filhinhas”. Enfim, são educadas
para serem futuras esposas e futuras mães, enquanto os homens
são educados com bolas, carrinhos, campeonatos variados, jogos
de tabuleiro, jogos de videogames, peças de montar.
No Brasil, a educação familiar é claramente desigual no que
se refere ao gênero. As justificativas para essas desigualdades de
tratamento não são biológicas e nem essencialistas, mas cultu-
rais e sociais, ainda que se tente justificá-las como da ordem da
natureza, do natural. Daí a importância e relevância de se falar
de gênero, uma vez que essas desigualdades culturais e sociais e
comportamentos machistas e sexistas promovem exclusões, pre-
conceitos e diversas formas de violências contra as mulheres.
De acordo com o Portal Brasil (2017), sítio do governo
brasileiro, estudos apontam que é principalmente no ambien-
te doméstico que ocorrem as situações de violência contra a
mulher. A taxa de ocorrência no ambiente doméstico é 71,8%,

172
Capítulo XXI - Precisamos falar sobre gênero

enquanto em vias públicas é 15,6%. Segundo a OMS (Organi-


zação Mundial da Saúde), alguns estudos brasileiros mostram
que até 70% das mulheres já foram vítimas de violência física
e/ou sexual por parte de um parceiro íntimo. Nesse sentido, é
preciso que se diga que no Brasil o índice de violência contra
mulheres é um dos maiores do mundo.
Violência contra a mulher, aqui, entendida segundo a de-
finição prevista na Convenção Interamericana, de 1994, que
postula que “qualquer ato ou conduta que cause morte, dano
ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na
esfera pública quanto na privada, é considerado violência”.
Dessa convenção que surgiu a Lei Maria da Penha, Lei Nº
11.340, de 7 de agosto de 2006, que é responsável pela crimi-
nalização da violência contra a mulher, já que prevê punição
para os agressores e cria mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do
art. 226 da Constituição Federal.
Ocorre que a lei, embora seja uma grande conquista, não
tem sido suficiente para evitar os preconceitos e as violências
dirigidos para as mulheres, uma vez que ela é eficaz na puni-
ção dos agressores, mas não se faz preventiva nessa luta contra
as desigualdades de gênero, porque isso só seria possível com
um grande esforço educacional e pedagógico nas famílias e
nas escolas. A educação é ferramenta indispensável para a
construção de uma sociedade mais justa, democrática e igua-
litária. É necessário que o sujeito, ao nascer, já seja inserido
em um ambiente em que promova e proporcione essa visão
mais igualitária e menos nociva das distinções entre homens e
mulheres e entre as masculinidades e as feminilidades.
A exemplo da Lei Maria da Penha, o movimento femi-
nista tem feito diversas conquistas ao longo dos anos de luta,
que data desde o fim do século XIX, como a conquista do
direito ao voto, estabelecido pela Constituição Federal em
1932 no Brasil, conquista do direito ao divórcio e a ingressar
no mercado de trabalho, conquista a decidir quando ter seus

173
Capítulo XXIII - Precisamos falar sobre gênero

filhos(as) com o advento do surgimento da pílula anticoncep-


cional e métodos contraceptivos. Obviamente que a invenção
da pílula anticoncepcional merece destaque para essa discus-
são, sobretudo porque foi a partir de sua comercialização que
brotaram debates sobre as mulheres nas sociedades ociden-
tais contribuindo decisivamente para mudanças no compor-
tamento reprodutivo e maior liberdade sexual. É necessário
reafirmar que essa maior liberdade é assimétrica no tocante
aos homens e às mulheres, posto que as assimetrias de gênero
estão presentes, ainda que de forma mais ou menos marcada,
e ter muitos(as) parceiros(as) sexuais não tem o mesmo senti-
do social quando comparados os homens e as mulheres.
De toda maneira, são conquistas que trouxeram grandes
contribuições para as reivindicações e lutas das mulheres por
direitos civis, políticos e sociais, mas ainda há muito que con-
quistar, especialmente porque as estatísticas nos mostram que a
herança da cultura patriarcal e machista é vista cotidianamente.
Isso porque nem todas as mulheres denunciam seus agressores
por medo, medo de sofrerem mais violência, medo de não terem
como se sustentarem, medo da impunidade. Medo de sofrerem
represálias, inclusive, sociais entre vizinhos, conhecidos e amigos.
Mas, fazer a denúncia é importante. Por mais dolorido que seja,
é um passo para prevenir mais violências e punir os agressores.

Referências
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DO PARÁ. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decre-
to/1996/D1973.htm. Acessado em Abril de 2017.
PORTAL BRASIL. Disponível em http://www.brasil.gov.br/. Acessado em
Abril de 2017.
PISCITELLI, Adriana. Gênero: a história de um conceito. IN: Diferenças, Igual-
dade. ORG: BUARQUE DE ALMEIDA, Heloísa e SZWAKO, José Eduardo.
São Paulo/SP: Berlendis & Verttechia, 2009.
SCOTT, Joan. Gender: a useful category of historical analyses. Gender and the
politics of history. New York, Columbia University Press. 1989.
WITTIG, Monique. El Pensamiento Heterosexualy Otros Ensayos. Beacon Press,
Boston, 1992.

174
Capítulo X XI V

Evolução dos crocodilomorfos,


um rápido vislumbre!

André Eduardo Piacentini Pinheiro


Prof. Dr. Curso de Ciências Biológicas/UERJ

Um observador da diversidade atual de vertebrados, em


especial dos répteis e anfíbios, poderia casualmente pensar
que a linhagem que envolve os crocodilos, jacarés, aligátores,
caimãs e gaviais, provenientes das bacias hidrográficas tro-
picais do mundo, seria relativamente recente ou até mesmo
uma linhagem de baixa diversidade evolutiva ao se verifcar a
ocorrência atual de apenas 25 espécies reconhecidas (Alliga-
toridae- Alligator: 2spp, Caiman :2spp; Paleosuchus: 2spp; Mela-
nosuchus: 1sp; Crocodylidae- Crocodylus: 13spp, Mecistops: 1sp,
Osteolaemus: 2spp, Tomistoma: 1sp; Gavialidae- Gavialis: 1sp).
Nada mais equivocado do que isso!
A linhagem Crocodylomorpha é de extremamente diver-
sidade de espécies ao se analisar o registro fóssil sob a pauta
do Tempo Geológico ou “tempo profundo”, e compreende to-
dos os representantes extintos e viventes mais relacionados aos
atuais crocodilianos (Crocodylia), do que com outros grupos
de arcossauros basais (e.g, aetossáurios, rauissúquios, fitossáu-
rios, etc.). Sendo a única desse vasto ramo evolutivo de rép-
teis: Archosauria (com exceçãos das aves), que persiste desde a
Era Mesozóica até os dias de hoje (CLARK, 1994) (Figura 1).
Crocodylomorpha é o clado, ou grupo monofilético
(quando todos os seus descendentes são provenientes de mes-
ma linhagem ou ancestral comum) que inclui as primeiras
formas, as quais eram mais leves, menores e terrestrializadas
quando comparadas com às formas modernas. Em termos de
morfologia esquelética, esses primevos crocodiliformes são ca-

175
Capítulo XXIV - Evolução dos crocodilomorfos, um rápido vislumbre!

racterizados por compartilhar certas características próprias,


ou sinapomorfias (BENTON & CLARK, 1988); das quais as
que mais se destacam são: alongamento dos ossos proximais
do carpo (i.e., radiale e ulnare); perda do elemento craniano
pós-frontal; expansão lateral do esquamosal, a qual geral um
recesso na região ótica aonde se encontra a membrana timpâ-
nica e o sistema de ajuste de pressão craniana; notável pneu-
matização da região do basicrânio; redução à quatro dígitos
nas patas posteriores (cinco nas anteriores). Desde seu surgi-
mento, e no contexto do supercontinente Pangéia, o grupo foi
muito bem sucedido num contexto global, com alguns picos
bem marcados de irradiação e riqueza de espécies.
O surgimento do grupo muito provavelmente se deu na
América do Sul, durante o Triássico Médio–Superior (há cer-
ca de 240Ma [Figura 2]), com os membros mais basais desco-
bertos em depósitos da Argentina, como Pseudhesperosuchus e
Trialestes. Essas formas basais, referidas como esfenossúquios
(Crocodylomorpha, “Sphenosuchia”), constituíam-se de ani-
mais adaptados à um hábito de vida terrestre e carnívoro (pe-
quenos animais como artrópodes; carcaças, etc.), relativamen-
te pequenos (menos de 1,5m de comprimento), gráceis, leves
e rápidos, com algumas formas como Saltoposuchus (Triássico
Sup. da Europa) valendo-se de postura bípede facultativa de
corrida, para a fuga ou predação. Segundo alguns estudos
recentes (e.g., BRUSATTE et al., 2010), os crocodilomorfos
compartilham de ancestral em comum a linhagem suchia AE-
TOSAURIA (Figura 1), formas arcossaurianas quadrúpedes,
fortemente protegidos por extensa armadura dérmica e de há-
bitos herbívoros–onívoros.
Com o aparecimento de características derivadas de alto
valor adaptativo, como por exemplo a formação do teto-
-craniano (skull roof) losangular e plano, e o alargamento dos
ossos proximais do tarso (i.e., astrágalo e calcâneo), o plano
anatômico básico para o grupo começa a se estabelecer. Esse
grupo, de aspecto um tanto mais “crocodilóide” e menos in-

176
Capítulo XXII - Evolução dos crocodilomorfos, um rápido vislumbre!

clusivo, conhecido como Crocodyliformes, ao que o registro


indica, possui a maioria de suas espécies ocorrendo durante
o Jurássico e Cretáceo da América do Norte (e.g., Protosuchus);
América do Sul (i.e., Neuquensuchus), África (e.g., Orthosuchus)
e Ásia (e.g., Gobiosuchus, Zaraasuchus, Shantungosuchus).

Figura 01. Origem do clado Crocodylomorpha dentro do contexto


evolutivo dos Archosauriformes (baseado em algumas propostas, como a
de BRUSATTE et al., 2010). A- Proterosuchus; B- Vjushkovia; C- Euparkeria; D-
Rutiodon; E- Saurosuchus; F- Riojasuchus; G- Stagonolepis; H- Pseudhesperosuchus;
I- Melanosuchus; J- Eudimorphodon; K- Lagosuchus; L- Herrerasaurus; M- Gansus.
Estrelas representam as duas linhagens coronais, Crocodylia e Aves.

A partir do Triássico Superior, o grupo como um todo se


distribui de forma cosmopolita e sofre o primeiro pico de irra-
diação e diversificação durante o Jurássico, com formas adap-
tadas à vida semi-aquática e aquática marinha estrita. Esses
talatossúquios (Neosuchia, Thalattosuchia) possuíram feições
morfofisiológicas bem adaptadas ao forrageio em ambientes
marinhos costeiros e pelágicos, como por exemplo: dentição
homodonte, desenvolvimento da musculatura rápida de mor-
dida; redução da cobertura orteodérmica (diminuição de ar-
rasto), membros moficados em nadadeiras, desenvolvimento
de cauda propulsora do tipo heterocerca hipocerca, etc. Essas
formas, se distribuíram ao longo das costas e nas águas tropi-

177
Capítulo XXIV - Evolução dos crocodilomorfos, um rápido vislumbre!

cais e prolíficas do extenso mar de Thethys, que banhava as


porções norte das terras do Gondwana (o megacontinente do
sul, que envolveu o que é hoje a América do Sul, África, An-
tártica, Austrália e Indo-Paquistão) e as costas sul das terras da
Laurasia (a grande massa continental à norte que, do final do
período Jurássico até o final do Cretáceo, aglutinou a América
do Norte com Europa e Ásia). Existem divergências quanto às
relações evolutivas de Thalattosuchia, com alguns trabalhos
propondo que esse grupo seria mais basal, enquanto outros
os relacionam com outros grupos e famílias mais derivadas,
em sua maioria formas aquáticas e semi-aquáticas, de ambien-
tes marinhos costeiros como Dyrosauridae, e de águas con-
tinentais como Pholidosauridae e outros grupos igualmente
derivados (i.e., Goniopholididae, Atoposauridae, Bernissarti-
dae, Stomatosuchidae, Susisuchidae e Eusuchia). Esses táxons,
compartilham de ancestralidade em comum, formando um
agrupamento bastante divesificado: Neosuchia. Esse grupo é
irmão de outro clado igualmente diversificado, mas radical-
mente distinto conhecido como Notosuchia (segundo POLet
al., 2014). Ambos os grupos, Neosuchia e Notosuchia, estão
contidos em um grupo monofilético mais amplo conhecido
por Mesoeucrocodylia (Figura 2), que é caracterizado por con-
ter as formas ancestrais portando características anatômicas
selecionadas tidas como mais derivadas, como, dentre outras,
as aberturas das narinas internas (coanas) ocorrendo entre
os ossos maxilares e palatinos, formando o chamado “palato
secundário intermediário”; não desenvolvido e parcialmente
aberto nas formas mais basais de crocodilomorfos.
Durante o Juro-Cretáceo, os neossuquianos foram mais
abundantes na Laurásia, apesar de ocorrem em terras gon-
duânicas da América do Sul e África, como o paralligatorí-
deo Batrachomimus, do Jurássio Sup. do nordeste brasileiro;
os folidossaurídeos Meridiosaurus (Formação Tucuarembón,
no Uruguai) e Sarcosuchus (Formação El Rhaz, no Niger, Áfri-
ca Ocidental, e Bacia do Recôncavo, na Bahia, Nordeste do

178
Capítulo XXII - Evolução dos crocodilomorfos, um rápido vislumbre!

Brasil); os estomatossuquídeos do Cretáceo Inferior do Saara


(grandes formas aquáticas e filtradoras de água doce, como
Stomatosuchus e Laganosuchus), e os susissuquídeos (i.e., Su-
sisuchus antoceps e S. jaguaribensis) do Cretráceo Inferior da
Bacia do Aripe, nordeste do Brasil. O grupo mais derivado
de Neosuchia, e também o único grupo coronal de Croco-
dylomorpha (aquele que contém táxons que persistem nos
dias atuais), surge durante o Jurássico Sup.–Cretáceo Inf. e
é conhecido como Eusuchia, a qual contém formas caracte-
rizadas por compartilharem certas características osteológi-
cas derivadas, como: aberturas das coanas retrodeslocadas e
abrindo-se entre os pterigóides fusionados; vértebras dorsais
possuidoras de centros vertebrais procélicos; armadura osteo-
dérmica dorsal formada por fileiras paravertebrais adicionais
(ao menos três de cada lado [divergindo da condição basal
que é a de fileira dupla, uma por lado]). Características estas
que foram selecionadas frente à pressões evolutivas para um
estilo de vida semi-aquático mais eficiente, que em Crocodylia
(grupo caracterizado, entre outras características, por exibir
uma escápula mais horizontalizada) envolveu reversão à uma
fisiologia ectotérmica (e.g., SUMMERS, 2005), e dieta piscívo-
ra e carnívora, tanto generalista e necrófaga quanto através
de comportamento predatoria de ataque por emboscada em
águas rasas à médios e grandes animais, como capivaras e
mamíferos ungulados, realizado por formas como Crocodylus
niloticus por exemplo.
Apesar das linhagens de Eusuchia terem se originado e
tornarem-se mais abundantes e distribuídas nas terras cretáci-
cas da Laurásia, como Hylaeochampsidae, Allodaposuchidae
e Crocodylia (que inclui Alligatoridae, Crocodylidae e Gavia-
lidae), o registro fóssil sugere um cenário biogeográfico mais
complexo, no qual a linhagem ancestral desse grupo pode
não ter surgido nas terras do norte. Isisfordia duncani, é con-
siderado por alguns pesquisadores como o eussuquiano mais
basal, e foi encontrado em rochas do Cretácio Superior da

179
Capítulo XXIV - Evolução dos crocodilomorfos, um rápido vislumbre!

Austrália, que há 100Ma fazia parte do chamado Gondwana


Oriental (SALYSBURI & FREY, 2006).
Na porção ocidental das terras gonduânicas mais ao sul
(i.e., América do Sul e África) e nas terras aonde hoje é Mada-
gascar, as formas terrestrializadas notossuquianas dominaram
muitas das paisagens cretácicas. Essas formas exploraram va-
riados nichos continentais e tiveram na variação dentária, de
forma análoga ao que ocorreu com os mamíferos, o gatilho
evolutivo para esse sucesso. Dentre os notossúquios, desta-
cam-se os membros da família Sphagesauridae (endêmicos da
América do Sul, como Armadillosuchus e Caipirasuchus) e ou-
tros notossúquios mais basais como Simosuchus, Malawisuchus
e Pakasuchus (em acordo com POL et al., 2014), por apresenta-
rem heterodontia com dentes molariformes multicuspidados,
os quais apontam para animais herbívoros e/ou onívoros. Se-
gundo alguns pesquisadores como ÖSI, (2013) esses notossú-
quios gonduânicos ocupariam nichos, que em outros lugares
do planeta estavam ocupados por grupos diferentes, como os
mamíferos nos continentes setentrionais.
Dentro de Notosuchia também existiram formas terres-
trializadas predadoras e de hábitos hipercarnívoros, das quais,
as mais adaptadas para esse hábito de vida foram as espécies
das famílias Baurusuchidae (Cretáceo Superior do Brasil, Ar-
gentina e Paquistão) e Sebecidae (Paleógeno do Brasil, Argen-
tina, Colômbia, Peru e Neógeno da Venezuela), que preser-
vam em seus fósseis crânios altos dorso-ventralmente (oreinir-
rostrinos); órbitas lateralizadas, narinas externas terminais e
redução dentária (apenas cinco dentes no maxilar para bau-
russuquideos). Quanto à dentição, seus dentes se encontram
comprimidos lábio-lingualmente, recurvados posteriormente
e exibindo serrilhamento através de dentículos isolados em
suas carenas mesiais e distais; uma morfologia conhecida
como zifodonte. Tal tipo de dentição é similar aquela encon-
trada em fósseis de dinossauros carnívoros terópodes, uma
consequência de fenômenos de paralelismo evolutivo dentro

180
Capítulo XXII - Evolução dos crocodilomorfos, um rápido vislumbre!

de Archosauria, e que levou alguns paleontólogos a erronea-


mente considerarem a presença de dinossauros não-avianos
após a crise biótica do limite Cretáceo-Paleógeno.
O aparecimento do grande grupo Notosuchia ocorreu
durante uma radiação Aptiano–Albiano (Cretáceo Inferior,
a aproximadamente 120-100Ma) nas terras conhecidas hoje
como América do Sul e África (e.g., Uruguaysuchus, Malawisu-
chus, Candidodon), com um gênero: Araripesuchus, que habitou
ambos continentes (Argentina e Brasil na América do Sul, e
Nigéria na Áfica), além de Madagascar (Cretáceo Superior);
reforçando a hipótese da união dessas terras no Gondwana
(BUFFETAUT & TAQUET, 1979).

Figura 2. Filogenia resumida de Crocodylomorpha à nível de família e


grupos mais inclusivos. Baseado em propostas como a de ORTEGA et al.
(2000), POL et al. (2012, 2014) e NARVÁEZet al., (2015). Linhagens em
aspas representam grupos considerados por muitos trabalhos como não
monofiléticos. Paleog- Paleógeno; Neog- Neógeno; Q- Quaternário; Inf-
Inferior; Med- Médio; Sup- Superior; Ma- milhões de anos.

Em termos de Brasil, o registro fóssilífero referente aos


notossúquios do Cretáceo Superior é especialmente rico nos
depósitos continentais do Grupo Bauru, com destaque para
as formações Adamantina, Marília e Presidente Prudente, as
quais juntas contabilizam cerca de 27 espécies conhecidas de

181
Capítulo XXIV - Evolução dos crocodilomorfos, um rápido vislumbre!

Notosuchia. O grupo Bauru extende-se por uma grande área,


cerca de 370.000 km², abrangendo parte do planalto ociden-
tal de São Paulo, noroeste do Paraná, parte oriental do Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul, Triângulo Mineiro e sul de
Goiás. A alta diversidade de espécies de distintos grupos (i.e.,
Peirosauridae, Sphagesauridae, Baurusuquidae), além de um
importante fóssil de baurussúquido (Aplestosuchus sordidus)
contendo restos de um esfagessaurídeo em sua cavidade abdo-
minal (GODOYet al., 2014), apontam para o estabelecimento
de redes tróficas entre esses animais em resposta à escassez
ou ausência de outros grupos, como mamíferos e dinossauros
carnívoros (terópodos) e herbívoros (ornitísquios).
Durante o final do período Cretácio, várias das linhagens
mesoeucrocodilianas entraram em declínio e se extinguiram,
sendo que a crise biótica que marca a extinção dos dinossau-
ros e o final do Mesozoico também crava o fim para muitas
espécies e grupos de mesoeucrocodilianos basais. Somente
três linhagens sobreviveram aos eventos relacionados à gran-
de extinção K–Pg (Cretáceo–Paleógeno): os táxons marinhos
costeiros da família Dyrosauridae; os carnívoros e terrestriali-
zados sebecídeos (e.g., Sebecus e Sahitisuchus, ambos da Améri-
ca do Sul [e.g.,KELLNER et al., 2014]); e as linhagens extintas
e viventes de Crocodylia.
Provavelmente, efeitos climáticos, como resfriamento
das águas oceânicas, podem estar relacionados com a ex-
tinção dos dirossaurídeos; enquanto possíveis pressões de
competição e/ou predação, exercidas pela invasão de gru-
pos exóticos vindos da América do Norte via Istmo do Pa-
namá durante o Mio–Plioceno, como mamíferos carnívoros
felídeos e canídeos, podem ter sido as responsáveis pelo
desaparecimento dos Sebecidae dos ambientes terrestres
da América do Sul. Com relação à Crocodylia, ocorreu a
extinção de numerosas famílias e grupos menores durante
o Cenozóico (e.g., Borealosuchidae, Planocraniidae, Mou-
rasuchidae, Nettosuchidae, Mekosuchinae, Eocaimaninae),

182
Capítulo XXII - Evolução dos crocodilomorfos, um rápido vislumbre!

mas ao mesmo tempo houve o estabelecimento das três fa-


mílias coronais de Crocodylia (i.e., Alligatoridae, Crocodyli-
dae e Gavialidae), além do aparecimento dos alligatorídeos
na América do Sul através de migrantes do norte, o que
originou a subfamília Caimaninae.
Durante o Mioceno (de 23–5Ma), apesar do resfriamen-
to global em curso desde o final do Eoceno e que causou
aridez e regressões de muitas florestas nessa época (dando
lugar a áreas abertas), e aliado à grande diversificação de
mamíferos de médio-grande porte, as regiões de florestas
equatoriais da Venezuela (Formação Urumaco), Colômbia
(Grupo Honda), Peru (Formação Pebas) e Brazil (Formação
Solimões) sustentaram um hot spot de diversidade de aliga-
torideos e gavialidos (e.g., SALAS-GISMONDI et al., 2015),
inclusive com o gigantismo de alguns táxons nessa grande
área alagada do sistema proto-Amazônico, como Purussau-
rus brasiliensis (caimanino de cerca de 13m de comprimen-
to) e Gryposuchus croizati (gavialido que atingiu cerca de
10m de comprimento).
O início do período das glaciações pleistocênicas (2,5Ma)
marca o fim dos crocodilianos gigantes, conduz os gavialidos
quase à extinção (com somente uma espécie sobrevivente: Ga-
vialis gangeticus, restrico às drenagens do Rio Ganges, na Ín-
dia e Nepal), e acarreta pontuais extinções de crocodilídeos
na América do Sul e África (e.g, SCHEYER et al., 2013), mas
consolida a distribuição de Alligaridae nas américas (América
do Sul e sul da América do Norte), com exceção de Alligator
sinensis, encontrado nas drenagens do Rio Yangtse, na China
(e.g., BROCHU, 2003).
Assim, apesar do inquestionável sucesso evolutivo, somen-
te as poucas espécies crocodilianas semi-aquáticas dos dias
atuais não refletem a enorme variedade morfo-adaptaviva ex-
perimentada por esse grande grupo em sua completude.

183
Capítulo XXIV - Evolução dos crocodilomorfos, um rápido vislumbre!

Agradecimentos
Agradeço ao Prof. Dr. Roberto A. Candeiro pela oportu-
nidade de contribuir e trabalhar em cooperação com a Uni-
versidade Federal de Goiás (UFG). Além de um paleontólogo
de sucesso e um professor competente e atencioso, é também
um estimado amigo.

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184
Capítulo XXII - Evolução dos crocodilomorfos, um rápido vislumbre!

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185
Capítulo X XV

Astrobiologia:
o relógio biológico do espaço

Daniel Bruno Vinhal dos Reis


Planetário/UFG

Introdução
O relógio da vida orgânica não trabalha em sentido ho-
rário ou anti-horário, se levar em conta que a vida no univer-
so pode ser uma breve coincidência astrobiológica. Aqui na
Terra, parece que esquecemos ser privilegiados pelo acidente
local da habitabilidade e acabamos por tornar essa situação
insustentável, destruindo o planeta de polo a polo. Mesmo as-
sim, olhar para o céu em uma noite estrelada e se sentir parte
de algo imensurável e extraordinário pode causar em nosso
ser uma profunda transformação e uma radical mudança de
hábitos e atitudes. Quando questionamos nossa realidade em
nosso endereço cósmico, mais precisamente sobre o nosso sis-
tema solar, a vida parece ser uma ínfima e rara circunstância
fenomenológica onde poucos ou nenhum dos nossos plane-
tas da nossa galáxia desfrutam de tal realidade. O astrônomo
Carl Sagan (1934 – 1996) disse que a Terra é um palco muito
pequeno nesta imensa arena cósmica.
Com base nisso é notável que para cada um de nós, existe
sempre algo muito intrigante na perspectiva que nos leva a
questionar se realmente estamos sós neste imenso e complexo
cosmo. Os projetos e as missões das grandes agências espa-
ciais destinam seus esforços e recursos para procurar vida fora
da Terra por meio de uma área multidisciplinar conhecida pe-
los termos “exobiologia”, “bioastronomia” e “cosmobiologia”
(Rodrigues, 2012). No entanto, é fundamental uma retomada
de pensamentos e atitudes no sentido de que a completa com-

186
Capítulo XXIII - Astrobiologia: o relógio biológico do espaço

preensão dos fenômenos que garantem a presença de vida em


outros mundos depende muito de como se deu a vida aqui
em nosso planeta. A astrobiologia, um termo mais atual, é
definida como um campo de pesquisa dedicado a entender a
origem, a evolução, a distribuição e o futuro da vida, na Ter-
ra ou fora dela (Blumberg, 2003). Com base nisso trata-se de
uma ciência emergente que pode ajudar substancialmente a
responder a uma das perguntas mais antigas da humanidade
desde os gregos, qual seja, como se deu a origem e a evolução
do universo e da vida. Quando falamos sobre a possível pre-
sença de vida fora da Terra, mesmo que seja em outros plane-
tas do sistema solar ou fora dele, precisamos ser cuidadosos
sobre o tipo de vida que podemos encontrar. O universo por
si só é um lugar de extremos a julgar os altos níveis de radia-
ção, pH alto ou baixo, ou mesmo a presença de elementos
tóxicos (RODRIGUES; GALANTE; AVELLAR, 2016, p. 35).
Para tentar descrever os mecanismos de como a vida surgiu
na Terra existe uma teoria que vem do século V a.C. na Grécia
chamada panspermia cósmica, que consiste em propor que a
vida pode ter vindo de fora por meio da queda de um mete-
orito vindo do espaço para a Terra, trazendo consigo os ele-
mentos químicos essenciais para a perpetuação da vida orgâ-
nica. Analisando os principais aspectos da química prebiótica,
pode-se, segundo Zaia (2016) determinar que esta área, estuda
todas as reações e processos que poderiam ter contribuído
para a origem da vida no planeta Terra, sendo uma ciência
multidisciplinar que utiliza informações e conhecimentos de
diversas áreas, tais como: astrofísica, geologia, química, bio-
química, biologia, matemática e física com o objetivo de ex-
plicar o aparecimento da vida. O que temos de mais concreto
é que a geologia e a atmosfera da Terra foram cruciais para a
síntese dos primeiros compostos orgânicos ou biomoléculas.
As moléculas que dominavam a Terra primitiva eram basea-
das em metano (CH4), vapor d’água (H2Og) e amônia (NH3),
e só mais tarde com a formação dos biopolímeros. Em um

187
Capítulo XXV - Astrobiologia: o relógio biológico do espaço

ambiente rico em compostos de hidrogênio, como metano e


amônia, chamado um ambiente redutor, os átomos de carbo-
no tenderão a se agarrar um a outro, formando filas gigantes
de carbono, e a se agrupar em colares de contas de carbono,
que chamamos de moléculas orgânicas complexas (Grinspo-
on, 2003). O aumento de moléculas de alta complexidade se
tornou cada vez mais presente fazendo com que a Terra fosse,
mais tarde, um ambiente favorável mantendo água líquida em
sua superfície durante os bilhões de anos necessários a vida
orgânica. Segundo Mello (p 75, 2016) esse longo tempo é ne-
cessário em função do que aprendemos com o exemplo da
Terra: a evolução da vida em nosso planeta exigiu uma longa
trajetória desde os mais simples micro-organismos até o surgi-
mento de vida complexa, ou pelo menos de seu aparecimento
no registro fóssil, e por fim de inteligência. Mas a inteligência
é algo relativamente recente e decorre do processo evolutivo
na qual, muitos organismos passaram. Todavia é importante
ter a consciência de que num contexto mais amplo comparti-
lhamos essa vantagem com os outros animais como o golfinho
e o chimpanzé, mas não é uma regra geral de que outros mun-
dos apresentam essa realidade. Em função do tempo de cada
ambiente em comparação com o tempo de vida das estrelas é
possível dizer que nem todos os planetas desenvolverão atribu-
tos que sustentem alguma forma de vida inteligente.
Para que se entenda de forma ampla e segura as possi-
bilidades de uma potencial chance de encontrarmos vida é
preciso se ater aos pré-requisitos primordiais que podem sus-
tentar a vida tal como a conhecemos. Em um dado sistema
que envolve uma estrela de massa considerável com planetas
orbitando a sua volta, a existência de água no estado líquido é
o fator mais importante, pois sabemos que este evento hídrico
determina as leis orgânicas aqui na Terra. Uma distância con-
siderada entre o planeta e a estrela de modo que o nível de ra-
diação emitido pela estrela esteja dentro dos padrões. O efeito
estufa que aprisiona moléculas gasosas devem ser favoráveis

188
Capítulo XXIII - Astrobiologia: o relógio biológico do espaço

em relação aos fatores astrofísicos e, claro, que o planeta seja


rochoso a fim de preencher os requisitos que coloquem tais
planetas em uma zona que chamamos de zona habitável.

Figura 1. Meteorito marciano e seus supostos microfósseis alienígenas.


Fonte: NASA

Figura 2. Zona habitável e massa estelar em relação ao Sol. Fonte: Adaptado


de Wikimedia Commons.

A presença de sondas no espaço contendo experimentos


sofisticados almeja identificar planetas fora do sistema solar,

189
Capítulo XXV - Astrobiologia: o relógio biológico do espaço

assim chamados de exoplanetas. É o caso da sonda Kepler que


consiste em um observatório espacial projetado pela NASA que
tem como principal objetivo procurar por planetas extrassolares
em uma missão que tem revelado distantes mundos, dentre eles
muitos com características próprias, mas também com eventos
similares aos que têm ocorrido na Terra por milhares de anos. O
que torna difícil afirmar com precisão os detalhes mais assertivos
destes mundos são suas imensas distâncias. Sendo assim só po-
demos inferir que são planetas potencialmente habitados, onde
muitos deles são muito parecidos com a Terra, sendo planetas
terrestres e de mesmo tamanho. A ciência astronômica por meio
de telescópios tem observado esses estranhos mundos, além das
sondas presentes no espaço, para que possamos conhecer ainda
mais o nosso próprio nicho cósmico, ou seja, a Via láctea.
Quando olhamos para Vênus ou Marte, ambos nos dão
dois extremos muito peculiares que aguçam nossos sentidos
e nos colocam imediatamente em profunda reflexão sobre
o nosso passado e o nosso futuro enquanto planeta verda-
deiramente habitável que somos. Para Mello (p. 85, 2016) a
realidade atual do planeta Vênus mostra que seu passado e
presente inviabilizam a sustentação da vida, pois sua configu-
ração se revela bastante sombria com centenas de vulcões ati-
vos e ricos em dióxido de enxofre, tornando-o o planeta mais
quente a partir do Sol. Os parâmetros que temos de Vênus só
nos afastam cada vez mais da perspectiva de que este planeta
possa algum dia ter ocupado a zona habitável.
Já o planeta Marte apresenta uma dinâmica um tanto
quanto perturbadora no que se diz respeito a sua “habitabili-
dade”. Trata-se de um planeta rochoso como a Terra, porém,
menor, Marte apresenta a configuração de um lugar que pos-
sivelmente sabe-se lá em que momento fora habitado por al-
gum tipo de vida. Um artigo publicado na revista Science
revela algo muito contundente: a presença de água em marte
já foi detectada a mais de 30 anos e agora novas detecções da
Mars Express dão conta de um lago de quase 20 Km de água

190
Capítulo XXIII - Astrobiologia: o relógio biológico do espaço

com alto teor de sais, o que teria inviabilizado seu total con-
gelamento. Pode ser um suposto “depósito biológico”, uma
vez que algumas bactérias podem sobreviver a baixas tempe-
raturas e graças a substâncias salinas (Revista Science 2018).
Marte sempre esteve na zona habitável, todavia sua dinâmica
astrobiológica e astrofísica não são recíprocos, pelo menos
não atualmente, para suportar vida até então. Com baixa
gravidade fica difícil manter uma atmosfera relativamente
espessa, além do que seu efeito estufa não tem forças para
aprisionar certos gases. Mesmo assim há esforços e missões
que procuram fazer com que o homem chegue a Marte em
2030, sendo um marco na história tornando o homem uma
espécie multi-planetária a fim de sermos menos suscetíveis a
extinção.
O sistema solar é relativamente jovem se comparado aos
13,7 bilhões de anos desde o evento do Big Bang, que após
expandir a dimensão cósmica formou com a ajuda da gra-
vidade e muita energia as complexas estruturas que conhe-
cemos. Entender a formação e a evolução do universo não
é tarefa fácil, pois só podemos conjecturar que tais eventos
ocorreram baseados no que nossos telescópios conseguem
alcançar dentro do universo observável. Alguns minutos
após o Big Bang, ocorreram algumas reações nucleares; ba-
sicamente, todo o hélio existente no universo foi sintetizado
nesta ocasião.
Hoje sabemos quais são os elementos químicos substan-
ciais presentes no Universo, sendo um deles o hidrogênio
o mais abundante, que quando transformado em hélio age
como precursor das atividades estelares gerando protoestrelas
e protoplanetas. A formação de um sistema composto por es-
trelas e planetas se dá pela condensação do que chamamos de
nebulosa protoestelar, acumulando pela força gravitacional os
resíduos sólidos a sua volta sendo importante na formação de
planetas rochosos (Silk,1980).

191
Capítulo XXV - Astrobiologia: o relógio biológico do espaço

Figura 3. Da protoestrela ao sistema planetário. Fonte: USP 1999.

Há água em todos os lugares. Existem 100 bilhões de es-


trelas em nossa galáxia e 100 mil bilhões de planetas no Uni-
verso. Mesmo se existir vida em apenas um em cada 100 mi-
lhões de planetas, ainda assim podemos dizer que existe muita
vida no Universo.
A água é um composto abundante no Universo, dadas às
proporções e distribuição. A presença de água é fundamental
para atividades astroquímicas nos arredores de um sistema so-
lar podendo ser encontrada em três estados físicos. No estado
de gelo (H2Os) tem ocupado espaço nos anéis de Saturno e
seus respectivos satélites, e faz parte da estrutura superficial
de vários outros satélites além de ser encontrada em planetas
rochosos sob a forma de gelo. Já o vapor de água é um gás de
estufa, isto é, absorve radiação infravermelha e ajuda um pla-
neta a se agarrar em seu vapor (Grinspoon, 2003). Um exem-
plo disso são os complexos sistemas de gêiseres com água
superaquecida encontrada em Encelado, um dos satélites de
Saturno.

192
Capítulo XXIII - Astrobiologia: o relógio biológico do espaço

Figura 4. Encelado e seus gêiseres “cuspindo” água em forma de vapor.


Fonte: NASA-JPL.

A água no estado líquido é um dos fortes pré-requisitos


para que a vida orgânica possa se perpetuar. Além da Terra
um icônico satélite de Júpiter chamado Europa pode ter em
seu interior mais água líquida do que todos os oceanos da
Terra juntos e reforça a tese de que possivelmente seja um
berço de vida marinha alienígena. A lua Europa está entre os
principais candidatos à procura de vida no nosso sistema so-
lar, mas não é o único. Por exemplo, a sonda Cassini, também
da NASA, recolheu amostras das plumas de Encelado que tem
igualmente um oceano por baixo da crosta e que continham
hidrogênio proveniente de fontes hidrotermais, um tipo de
ambiente que poderá ter dado origem à vida na Terra ( Du-
nham, 2018).
Nesta perspectiva de se encontrar planetas ou satélites
potencialmente habitáveis com água líquida, a descoberta de
exoplanetas cada vez mais parecidos com o nosso evidência
que existe algo muito semelhante à história natural da Terra.
Recentemente ficamos surpresos com as descobertas em tor-
no da estrela próxima B na constelação do centauro, que está a
4 anos-luz da Terra, sendo a mais próxima e com uma incrível
chance de se encontrar vida em seu planeta de mesmo nome

193
Capítulo XXV - Astrobiologia: o relógio biológico do espaço

planeta próxima B. O planeta Próxima B, além de ser rochoso,


possui um período orbital muito parecido com o nosso e está
a uma distância favorável de sua estrela mãe sob condições
radioativas controladas. Com grande chance de abrigar água
líquida, é mais um candidato a nos surpreender com alguma
forte evidência de vida.
Será possível que a seleção natural proposta por Darwin
ocorra em outros mundos? Como conseguimos nos instalar
tão rapidamente em tantos habitats distantes e tão diversos
em termos ecológicos? Neste contexto é notório que a Astro-
nomia, sendo uma das ciências mais antigas da humanidade,
deverá trazer luz sobre estas questões que até então parecem
tão obscuras. As respostas mais prováveis são aquelas que po-
dem tornar o debate possível: outros mundos ou planetas com
diferentes condições de habitabilidade devem estar nos espe-
rando.

Referências
BLUMBERG, B. S. The Nasa Astrobiology Institute: early history and orga-
nization. Astrobiology, v. 3, n. 3, p. 463-470, 2003.
DUNHAM, W. Público Revista Eletrônica, 2018. Lua europa é agora um
dos lugares mais promissores para procurar vida fora da Terra. Disponível
em: https://www.publico.pt/2018/05/15/ciencia/noticia/a-lua-europa-
-lanca-plumas-de-agua-no-espaco-1830173
GRINSPOON, D. Planetas Solitários: A filosofia natural da vida alienígena.
Editora Globo p. 79, 2003.
GRINSPOON, D. Planetas Solitários: A filosofia natural da vida alienígena.
Editora Globo. P.132, 2003.
MELLO, G. P. Astrobiologia – Uma ciência emergente. Universidade de São
Paulo, núcleo de pesquisa em astrobiologia p. 75, 2016.
MELLO, G. P. Astrobiologia – Uma ciência emergente. Universidade de São
Paulo, núcleo de pesquisa em astrobiologia p. 85, 2016.
OROSEI, R. et al. Radar evidence of subglacial liquid water on Mars. Sci-
ence Magazine 2018. Disponível em: http// science.sciencemag.org/con-
tent/early/2018/07/24/science.aar7268
RODRIGUES, F. et al. Astrobiology in Brazil: early history and perspectives.
International Journal of Astrobiology, 2012, v. 11, n.4, p. 189-202, 2012.
RODRIGUES, F; GALANTE, D; AVELLAR, M. G. B. Astrobiologia – Uma

194
Capítulo XXIII - Astrobiologia: o relógio biológico do espaço

ciência emergente. Universidade de São Paulo, núcleo de pesquisa em astro-


biologia p. 35, 2016.
SILK, J. O Big Bang - a origem do Universo. Editora UNB, segunda edição.
P.290, 1980.
ZAIA, D. M. A. Astrobiologia – Uma ciência emergente. Universidade de
São Paulo, núcleo de pesquisa em astrobiologia p.99, 2016.

195
Capítulo X XV I

Equipe do Laboratório de Paleontologia e


Evolução e seu Grupo de Pesquisa/CNPq
Érica Cristina de O. Araújo e Millena Silva Mendes

O Grupo de Pesquisa do Laboratório de Paleontologia e


Evolução (Labpaleoevo), do Curso de Geografia da Faculdade
de Ciências e Tecnologia, Campus Aparecida de Goiânia da Uni-
versidade Federal de Goiás foi institucionalizado no Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Mi-
nistério da Ciência e Tecnologia em 2015. Este grupo tem como
objetivo, realizar estudos descritivos e interpretativos de caráter
paleontológico na região do sul do estado de Goiás, Pontal do
Triângulo Mineiro e Mato Grosso com ênfase em estudos de
Tetrápodes do Cretáceo das regiões supracitadas. A equipe se
sobressai também no desenvolvimento de atividades de Ensino,
Pesquisa e Extensão, se destacando em pesquisas e análises da
paleobiologia dos fósseis das referidas áreas geográficas.
Desde 2015 importantes descobertas de invertebrados e
vertebrados fósseis têm sido feitas em rochas do Cretáceo Su-
perior da área de estudo do Grupo do CNPq. As atividades
proporcionaram, pela primeira vez, o achado de fósseis de di-
nossauros e outros répteis no sul do estado de Goiás, além das
descobertas e descrições de fósseis do Pontal do Triângulo Mi-
neiro e Mato Grosso. Estes registros têm demonstrando como
eram os paleoambientes em que viveram estes animais, além
de apresentar, por meio de imagens, quais foram os princi-
pais fatores que os levaram à extinção. De forma contínua tra-
balhos de iniciações científicas, mestrados e doutorados têm
sido gerados a partir das atividades do Grupo, demonstrando
a energia e sua solidificação no Brasil Central.
Um total de 31 reuniões do Grupo de Pesquisas/CNPq
foram realizadas entre os anos de 2015 e 2019, além de três

196
Érica Cristina de O. Araújo e Millena Silva Mendes

eventos denominados de “Seminário de Ensino, Pesquisa e


Extensão do Laboratório de Paleontologia e Evolução/UFG”;
também a implantação da série de cursos especializados na
temática dinossauros “Special Courses in Vertebrate Paleobio-
logy”, sendo o primeiro denominado de “Introducción a la
anatomia comparada de los dinosaurios” ministrado pelos pa-
leontólogos Dr. Federico Agnolin e Gabriel Lio/Argentina e,
o segundo curso “Paloneurologia de Dinossauros, com ênfase
em formas sul-americanas” ministrado pela profa. Dra Ariana
Paulina Carabajal/Argentina”. Inúmeros trabalhos de campo
foram realizados nas áreas de estudo que possibilitaram o co-
nhecimento da vida do Cretáceo de parte do Brasil Central.
Inúmeros outros cursos (ex. preparação de fósseis, taxonomia
de dinossauros, dentre outros) foram oferecidos à comunida-
de em geral que contou com a participação de pesquisadores,
pós-graduandos e graduandos interessados na temática “Pale-
ontologia”.
As atividades de Extensão foram representativas e impac-
tantes e percorreram várias cidades no estado de Goiás como,
Aparecida de Goiânia; Goiânia; Quirinópolis e Rio Verde, o
que possibilitou a divulgação das pesquisas do Grupo/CNPq.
Um total de oito exposições e mostras foram organizadas e ti-
veram como parceiro central o Museu Antropológico da UFG,
na cidade de Goiânia, que deu amplitude de acesso ao grande
público que não está na Universidade.
O fomento possibilitado pelo CNPq e Fundação de Ampa-
ro a Pesquisa do Estado de Goiás foram primordiais para o de-
senvolvimento das pesquisas do Grupo, além do apoio da Uni-
versidade Federal de Goiás através da Faculdade de Ciências
e Tecnologias/Campus Aparecida de Goiânia; Pró-Reitoria
de Pesquisa e Inovação; Pró-Reitoria de Extensão e Cultura;
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Programa de Biodiversidade
Animal/UFG e Laboratório Zoologia/profa. Dra. Maria Na-
zaré Stevaux. O desenvolvimento de inúmeras atividades con-
tou nestes anos com inúmeras colaboradoras e colaboradores

197
Capítulo XXVI - Equipe do Laboratório de Paleontologia e Evolução e seu Grupo de Pesquisa/CNPq

em Pesquisa e Extensão que são apresentad@s abaixo, sendo


que algumas/alguns dest@s publicaram nesta obra.

Membros
Carlos Roberto dos Anjos Candeiro
Coordenador do Laboratório de
Paleontologia e Evolução
candeiro@ufg.br

Graduado em Geografia pela Universidade Federal de


Uberlândia e Ciências Biológicas pela Universidade de Ubera-
ba, Especialista em Gestão Ambiental pela Faculdade Católica
de Uberlândia, Mestre e Doutor em Geologia (Paleontologia
e Estratigrafia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
com partes dos estudos realizados na Argentina e Canadá. Do-
cente do Curso de Geologia da Universidade Federal de Goiás.
É Professor/Orientador (Mestrado) do Programa de Pós-Gra-
duação em Biodiversidade Animal/UFG e do Programa de
Pós-Graduação em Geologia (Mestrado e Doutorado) da Uni-
versidade Federal do Ceará. Foi Editor-Chefe da Revista Cien-
tífica do Curso de Geografia//UFU “Brazilian Geographical
Journal: Geosciences and Humanities medium”. É assessor ad-
-hoc dos periódicos internacionais Atti della Società Italiana
di Scienze Naturali (Milão), Acta Paleontologica Polonica, Pa-
leoworld (China), Revista Sociedade & Natureza entre outras.
É autor sênior do livro “Dinossauros do Brasil”. Foi editor
do número especial do 1st Brazilian Dinosaur Sympoisum pu-
blicado na revista Journal of South American Earth Science.
Atualmente possui cooperação científica com pesquisadores
das universidades e institutos de pesquisas: Universidad Na-
cional de la Patagonia San Juan Bosco/Comodoro Rivadavia
(Chubut, Argentina), do Museo Argentino de Ciencias Natu-

198
Érica Cristina de O. Araújo e Millena Silva Mendes

rales (Buenos Aires, ARG), University of Alberta (Edmonton,


Canadá), University of Edinburgh (Escócia), além de diversas
universidades federais e estaduais brasileiras. Os projetos fo-
ram financiados pela Jurassic Foundation. É membro das mais
importantes sociedades paleontológicas do Brasil e exterior
(Sociedade Brasileira de Paleontologia, Sociedade Brasileira
de Geologia, Sociedade Brasileira de História da Ciência, Aso-
ciación Paleontológica Argentina, The Palaeontological Asso-
ciation/UK, The Paleontological Society/USA, The Geologi-
cal Society of Africa), assim como da National Geographic e
Greenpeace. Atualmente é Bolsista de Produtividade Nível 2
do CNPq.

Profa. Dra. Drielli Peyerl


Pesquisadora Colaboradora –
Bolsista Unicamp/ Fapesp
driellipeyerl@gmail.com

Graduou-se em História - Bacharelado (2007) e Geogra-


fia - Licenciatura (2012) ambos pela Universidade Estadual de
Ponta Grossa. Concluiu o mestrado em Gestão do Território
- Geografia, em 2010, pela também Universidade Estadual de
Ponta Grossa, tendo como tema da dissertação a trajetória in-
telectual do paleontólogo Frederico Waldemar Lange (1911-
1988) e a História das Geociências. Doutora em Ciências pela
Universidade Estadual de Campinas em 2014, com o tema re-
lacionado à História do Petróleo no Brasil (1864-1968). Atuou
como Professora visitante/Pesquisadora na Oklahoma State
University, Estados Unidos, entre agosto de 2015 a julho de
2016 (Bolsista BEPE/FAPESP), lecionando na matéria de His-
tória da Energia. De julho de 2014 até junho de 2017, reali-
zou pós-doutorado no Departamento de Política Científica e
Tecnológica na Unicamp (Bolsista FAPESP). Atualmente, está
como Residential fellow na Linda Hall Library, trabalhando

199
Capítulo XXVI - Equipe do Laboratório de Paleontologia e Evolução e seu Grupo de Pesquisa/CNPq

com História da Energia. Sua pesquisa concentra-se nas áreas


de História da Ciência e Tecnologia, História da Energia, Re-
lações Internacionais, História da América Latina e História
das Geociências.

Felipe Medeiros Simbras


Colaborador de pesquisa
felipe.simbras@gmail.com

Possui graduação em Geologia pela Universidade Federal


do Rio de Janeiro (2009), ensino-fundamental-primeiro-grau-
pelo Colégio Marista São José (2000) e ensino-medio-segun-
do-graupelo Colégio Marista São José (2003). Atualmente é
Pesquisador colaborador da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, GEÓLOGO do Petróleo Brasileiro - Rio de Janeiro -
Matriz, Pesquisador colaborador da Universidade Federal Ru-
ral de Pernambuco, Sócio da Sociedade Brasileira de Paleon-
tologia, Sócio da Sociedade Brasileira de Geologia e Pesquisa-
dor colaborador da Universidade Federal de Uberlândia. Tem
experiência na área de Geociências, com ênfase em Geologia.
Graduado em Geologia pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Geólogo da Petrobras. É colaborador de Pesquisa
do Labpaleoevo. Interesse: Estratigrafia e dinossauros.

Profa. Dr. Suely Aparecida Gomes


Pesquisadora
suelygomesgeo@gmail.com

Possui graduação em Geografia pela Universidade Fede-


ral de Uberlândia (1999), mestrado em Geografia pela Uni-
versidade Federal de Uberlândia (2004) e doutorado em Ge-

200
Érica Cristina de O. Araújo e Millena Silva Mendes

ografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita


Filho (2010). Atualmente é professor titular da Universidade
Federal de Uberlândia. Tem experiência na área de Geografia,
com ênfase em Ensino de Geografia, atuando principalmente
nos seguintes temas: Ensino e Aprendizagem de Geografia,
Metodologias de Aprendizagem, Cartografia Escolar, Carto-
grafia Multimídia e Formação Docente.

Adelino Adilson de Carvalho


Pesquisador

Doutorando em Antropologia Social pelo Programa de


Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) pela Univer-
sidade Federal de Goiás. Mestre em Antropologia Social pelo
PPGAS pela Universidade Federal de Goiás. Possui graduação
em Letras Espanhol pela Universidade de Uberaba (2009).
Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Letras Es-
panhol. Especializou-se em Tradução Português/Espanhol/
Português pela Universidade Gama Filho (2010). Atualmente
desempenha o cargo de Técnico em Assuntos Educacionais
na Universidade Federal de Goiás, no setor de Intercâmbio
Cultural sendo o Coordenador deste. Atua como colaborador
técnico-científico do Laboratório de Geologia, Curso de Geo-
logia Campus Aparecida de Goiânia, da Universidade Federal
de Goiás. Também faz parte do Conselho Diretor do Museu
Antropológico da UFG, bem como da Comissão de Acervo
do referido Órgão. É membro da Comissão Coordenadora do
Núcleo de Estudos de Antropologia, Patrimônio, Memória e
Expressões Museais (NEAP/UFG).

201
Capítulo XXVI - Equipe do Laboratório de Paleontologia e Evolução e seu Grupo de Pesquisa/CNPq

Colaboradores de pesquisa
André Luis de Souza Júnior
Colaborador de pesquisa no Laboratório de
Paleontologia e Evolução
andreluissouzajr@gmail.com

Acadêmico do Curso de Bacharelado em Ciências Bioló-


gicas da Universidade Federal do Mato Grosso/Rondonópo-
lis. Atua na área de paleontologia de vertebrados com ênfase
em dinossauros grandes dinossauros carnívoros do Gondwa-
na. Participa do Grupo de Pesquisa do CNPq “Tetrápodes do
Cretáceo do Sul de Goiás, Triangulo Mineiro e Mato Grosso”,
colaborando no Projeto de Pesquisa “Geologia e paleobio-
geografia dos vertebrados do Neocretáceo no sul do estado
de Goiás e Pontal do Triângulo Mineiro” do LabPaleoEvo do
Curso de Geologia da Faculdade de Ciência e Tecnologia da
UFG Campus Aparecida de Goiânia.

Bianca Gabrielly de Almeida Alves


Colaboradora de pesquisa no Laboratório de
Paleontologia e Evolução
science.biancaalves@gmail.com

Possui ensino médio pelo Colégio Estadual Olavo Bilac


(2009). É colaboradora de pesquisa no Laboratório de Paleon-
tologia e Evolução

202
Érica Cristina de O. Araújo e Millena Silva Mendes

Bruno Martins Ferreira


Colaborador de pesquisa no Laboratório
de Paleontologia e Evolução
brunomartins-2009@hotmail.com

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Geogra-


fia da Universidade Federal de Goiás, mestre pelo Programa
de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de
Goiás e licenciado em Geografia pelo Instituto de Estudos Só-
cio Ambientais da Universidade Federal de Goiás. Foi bolsista
PROBEC e PIBID, na graduação e atualmente é bolsista dou-
torado CAPES/FAPEG. Têm experiencia profissional prática e
de pesquisa nas áreas de Meio Ambiente, Geografia e Ensino;
atuando principalmente nos seguintes temas: Geodiversidade,
Geoconservação, Geoturismo, Geoeducação e Ensino de Geo-
ciências. Atua também, na pesquisa da Geodiversidade do mu-
nicípio de Paraúna em Goiás. Participa do Grupo de Pesquisa
‘’Tetrápodes do Cretáceo de Goiás, Mato Grosso e Pontal do
Triângulo Mineiro” e do Grupo de Pesquisa “Geodiversidade,
Geoconservação e Patrimônio Geológico no Estado de Goiás”.
Membro do Laboratório de Geologia Aplicada do Instituto de
Estudos Sócio Ambientais da Universidade Federal de Goiás.
Secretário do grupo de estudos: Geopatrimônio: Geodiversida-
de, Geoconservação e Patrimônio Geológico. Foi professor da
rede estadual de educação em Goiás, por cinco anos.

Camila dos Santos Pereira


Colaboradora de pesquisa no Laboratório de
Paleontologia e Evolução
cami.dspereira@hotmail.com

Graduanda em Engenharia Geológica pela Universidade


Federal de Ouro Preto é colaboradora de pesquisa no Labpa-
leoevo. Interesse – Petróleo.

203
Capítulo XXVI - Equipe do Laboratório de Paleontologia e Evolução e seu Grupo de Pesquisa/CNPq

Débora Santos Maia


Colaboradora de pesquisa no Laboratório de
Paleontologia e Evolução
deboramaia.geo@gmail.com

Graduanda em Geologia e aluna de Iniciação Científica


da Universidade Federal de Goiás - Campus Aparecida de Goi-
ânia. Colaboradora do Laboratório de Paleontologia e Evolu-
ção do curso de Geologia, Faculdade de Ciências e Tecnologia
da UFG (Labpaleoevo). Possui interesse na área de geologia
do petróleo, espeleologia e hidrogeologia.

Érica Cristina de Oliveira Araújo


Colaboradora de Pesquisa no Laboratório
de Paleontologia e Evolução
erica.biologia@hotmail.com

Graduada em Ciências Biológicas Bacharelado e Licencia-


tura pela FUG, especialista em Metodologia do Ensino e Quí-
mica e Biologia pela UNINTER. Professora da Rede Estadual
de Ensino e colaboradora do Laboratório de Paleontologia e
Evolução na UFG.

Fernanda Barbosa da Silva


Colaboradora de pesquisa no Laboratório de
Paleontologia e Evolução
fernandashekinah11@gmail.com

Estudante do ensino médio no Instituto Federal de Goiás/


Aparecida de Goiânia. Cursa o técnico em Logística pela
Universidade Estadual de Goiás e atualmente é colaboradora
do Laboratório de Paleontologia e Evolução Paleobiológica

204
Érica Cristina de O. Araújo e Millena Silva Mendes

do curso de Geologia, Faculdade de Ciências e Tecnologia


da UFG (Labpaleoevo). Foi bolsista de Iniciação Científica
Júnior do CNPq (PIBIC) e atuante no projeto de catalogação
de vertebrados do Neocretácio das formações Adamantina e
Marília (Grupo Bauru) do município de Quirinópolis (GO).

Glace Kelly de Queiroz


Colaboradora de pesquisa no Laboratório de
Paleontologia e Evolução
gleicygeo@gmail.com

Graduanda do Curso de Geologia (Bacharelado) pela Uni-


versidade Federal de Goiás. Colaboradora do Laboratório de
Paleontologia e Evolução Paleobiológica do curso de Geolo-
gia, Faculdade de Ciências e Tecnologia da UFG (Labpaleoe-
vo). Interesse na Área de Petróleo.

Lívia Motta Gil


Colaboradora de pesquisa no Laboratório de
Paleontologia e Evolução
liviamottagil@gmail.com

Graduada em Ciências Biológicas (Licenciatura e Bacha-


relado) pela Universidade Federal de Uberlândia (FACIP/
UFU); Mestra em Biodiversidade Animal pela Universidade
Federal de Goiás (UFG); Doutoranda em Ecologia e Evolução
na Universidade Federal de Goiás (UFG); Colaboradora do
Laboratório de Paleontologia e Evolução do curso de Geolo-
gia, Faculdade de Ciências e Tecnologia da UFG (Labpaleoe-
vo). Desenvolve pesquisas na área de Paleontologia, Zoologia,
Macroevolução, Gestão e Educação Ambiental.

205
Capítulo XXVI - Equipe do Laboratório de Paleontologia e Evolução e seu Grupo de Pesquisa/CNPq

Lucas Fernandes Monteiro


Colaborador de pesquisa no Laboratório de
Paleontologia e Evolução
lucasmf200@gmail.com

Acadêmico de licenciatura em Ciências Biológicas, com


experiência na área de Zoologia, no manejo de animais silves-
tres e guia de aulas de conscientização ambiental. Experiência
também em Paleontologia de vertebrados na área de gerencia-
mento de coleções Geocientíficas.

Lucas Marques Barros


Colaborador de pesquisa no Laboratório de
Paleontologia e Evolução
lucasbarros.geo@gmail.com

Atualmente é graduando em Geologia na Faculdade de Ci-


ências e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás (UFG)
- Campus Aparecida de Goiânia. Técnico em Informática pelo
Instituto Federal de Ciências e Tecnologia Goiano (IFGoiano)
- Campus Ceres. Colaborador do Laboratório de Paleontologia
e Evolução (LabPaleoEvo). Diretor de Marketing da Coríndon
Consultoria Jr.. Monitor do Museu de Geociências da UFG
(MusGeo/UFG). Possui interesse nas áreas de Geologia Foren-
se, Espeleologia, Geologia do Petróleo, Micropaleontologia, Pa-
linologia Forense, Programação, Cloud Computing e Botânica.

Luciano da Silva Vidal


Pesquisador colaborador
science.vidal@gmail.com

Possui graduação em Artes Visuais pelo Centro Universitá-

206
Érica Cristina de O. Araújo e Millena Silva Mendes

rio Leonardo da Vinci / SC. Mestrando em geologia, com ênfa-


se em paleontologia de vertebrados, pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Atualmente trabalhando com reconstrução
osteológica, miológica e biomecânica do fêmur e vértebras
caudais anteriores de Aeolosaurus maximus pelo Laboratório
de Macrofósseis da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É
colaborador de pesquisas no Laboratório de Paleontologia e
Evolução da Universidade Federal de Goiás. Tem interesse em:
anatomia osteológica e muscular de dinossauros e divulgação
científica através da Ilustração Científica (paleoarte).

Michael Ulian
Colaborador de pesquisa no Laboratório de
Paleontologia e Evolução
michael.ulian.geologia@gmail.com

Colaborador do Laboratório de Paleontologia e Evolu-


ção. Possui interesse na área paleozoologia. Atualmente estu-
da sobre cortes histológicos em dentes de crocodilomorphos
e terópodes e possui uma linha de pesquisa em terópodes
avianos.

Millena silva mendes


Colaboradora de pesquisa no Laboratório de
Paleontologia e Evolução
millenasmendes@gmail.com

Graduanda no Curso de Ciências Biológicas Licenciatura


pela Universidade Federal de Goiás, Campus samambaia no
Instituto de Ciências e Biológicas. Colaboradora do Laborató-
rio de Paleontologia e Evolução..

207
Capítulo XXVI - Equipe do Laboratório de Paleontologia e Evolução e seu Grupo de Pesquisa/CNPq

Mozer Nogueira Gomes


Colaborador/bolsista de pesquisa no
Laboratório de Paleontologia e Evolução
mozer.nogueira@gmail.com

Colaborador do Laboratório de Paleontologia e Evolução


Paleobiológica do curso de Geologia, Faculdade de Ciências e
Tecnologia da UFG (Labpaleoevo). Bolsista de Iniciação Cien-
tífica Junior PIBIC-EM do CNPq no Labpaleoevo da UFG.
Tem experiência na área de Paleozoologia e Paleobotânica.

Musa Maria Nogueira Gomes


Colaboradora/bolsista de pesquisa no
Laboratório de Paleontologia e Evolução
musa.maria.min@gmail.com

Formada em Técnico em Mineração, pelo Instituto Fede-


ral de Goiás. Experiência profissional na área de exploração
mineral, especificadamente na área de sondagem geológica
e mapeamento geológico. Graduanda do curso de Geologia
(Bacharelado) pela Universidade Federal de Goiás. Atualmen-
te colaboradora do Laboratório de Paleontologia e Evolução
Paleobiológica do curso de Geologia, Faculdade de Ciências e
Tecnologia da UFG (Labpaleoevo). Nos projetos: Geologia e
paleobiogeografia dos vertebrados do Grupo Bauru durante
o Cretáceo Superior no sul do Estado de Goiás - Estratigrafia
dos afloramentos da Formação Marília (Grupo Bauru, Cretá-
ceo Superior) portadores de fósseis do município Quirinó-
polis/GO; e Inventário do Patrimônio Geológico da Micror-
região do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros - GO.
Diretora de Marketing da empresa júnior Coríndon Consul-
toria Geológica Jr.. Coordenadora do grupo de espeleologia
Espeleo Grupo Goiano da UFG. Com interesse eventos de ex-

208
Érica Cristina de O. Araújo e Millena Silva Mendes

tinções, petróleo e patrimônio geológico. Sócia da Sociedade


Brasileira de Geologia (SBG); e da Sociedade Brasileira de
Paleontologia (SBP).

Paulo Victor Luiz Gomes da Costa Pereira


Colaborador de pesquisa no Laboratório de
Paleontologia e Evolução
paulovictor29@yahoo.com.br

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universi-


dade Federal do Rio de Janeiro (2010). Tem experiência na
área de Geociências, com ênfase em Paleontologia, atuando
principalmente nos seguintes temas: paleohistologia, paleo-
fisiologia e taxonomia de dinossauros. Também possui mes-
trado pela UFRJ no Programa de Pós-Graduação em Geolo-
gia com o tema: Descrição Paleohistológica de Osteodermos
de Crocodiliformes da Bacia Bauru ano de 2014. Cursando
doutorado também na UFRJ, em Fauna de dinossauros do
Cretáceo médio da Bacia Potiguar: Taxonomia, Filogenia e
implicações paleobiogeograficas.

Ramon Cavalcanti
Colaborador de pesquisa no Laboratório de
Paleontologia e Evolução
rcavalcanti18@gmail.com

Formação Técnico em Mineração (nível médio) pelo Ins-


tituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFG) - Cam-
pus Goiânia. Cursando o terceiro período do Curso Superior
em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Goiás
(UFG) - Campus II.Tem experiência na área de mineração, Ge-
ologia, Paleontologia e Biologia.

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Capítulo XXVI - Equipe do Laboratório de Paleontologia e Evolução e seu Grupo de Pesquisa/CNPq

Raylon da Frota Lopes


Colaborador de pesquisa no Laboratório de
Paleontologia e Evolução
railonfl@hotmail.com

Licenciado em Geografia pela Universidade Federal do


Tocantins - UFT (2017). Mestrando no Programa de Pós-gra-
duação em Biodiversidade, Ecologia e Conservação (PPG-
BEC) da Universidade Federal do Tocantins. Colaborador do
Laboratório de Paleontologia e Evolução (LABPALEOEVO)
do curso de Geologia da Universidade Federal de Goiás, cam-
pus Aparecida de Goiânia. Desenvolve pesquisas na área de
geografia física, atuando principalmente nos seguintes temas:
Geoconservação, Geologia geral e Biodiversidade.

Stephany Lopes de França Ferreira


Pesquisadora colaboradora
stephanylopesff@gmail.com

Discente do curso de Licenciatura em Geografia na Insti-


tuição Pontifícia Universidade Católica de Goiás, colaborado-
ra do Laboratório de Paleontologia e Evolução do Curso de
Geologia LABPALEOEVO da Faculdade de Ciências e Tec-
nologia da Universidade Federal de Goiás - UFG. Atua como
bolsista no PIBID (Programa de Bolsas de Iniciação à Docên-
cia - CAPES) no CEPI Pré Universitário. Trabalhou como es-
tagiária no ITS - Instituto do Trópico Subúmido no projeto
Museu Memorial do Cerrado em Goiânia - Goiás, e atualmen-
te trabalha como estagiária no IBGE - Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística.

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Érica Cristina de O. Araújo e Millena Silva Mendes

Tamires do Carmo Dias


Pesquisadora colaboradora
dias.tamiresdc@gmail.com

Graduanda em Ciências Biológicas - Licenciatura pela


Faculdade de Ciências Integradas do Pontal - FACIP da Uni-
versidade Federal de Uberlândia - UFU. Atualmente Bolsista
no Programa de Bolsas de Graduação - PBG, no Laboratório
de Ensino do Curso de Ciências Biológicas. Colaboradora de
pesquisas do Laboratório de Paleontologia e Evolução do Cur-
so de Geologia LABPALEOEVO da Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidade Federal de Goiás - UFG. Partici-
pa dos Grupo de Pesquisa: Tetrápodes do Cretáceo de Goiás,
Mato Grosso e Pontal do Triângulo Mineiro, atuando na linha
de pesquisa: Paleobiologia dos tetrápodes do Brasil Central e
do Grupo de Pesquisa: Ensino e aprendizagem de Ciências e
Biologia na linha de pesquisa: Etnia, Gênero e Sexualidade. É
membro do Grupo de Estudos em Tafonomia e Paleobiologia
da Conservação.

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Esta obra foi impressa em processo digital, na Letras e Versos
para a Letra Capital Editora. Utilizou-se o papel creme 80g/m² e a fonte
ITC-NewBaskerville, corpo 11/15. Rio de Janeiro, dezembro de 2019.

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