Você está na página 1de 208

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO

DIVERSIDADE DE MINHOCAS E SUA RELAÇÃO COM


ECOSSISTEMAS NATURAIS E ALTERADOS NO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

TESE DE DOUTORADO

Gerusa Pauli Kist Steffen

Santa Maria, RS, Brasil


2012
2

DIVERSIDADE DE MINHOCAS E SUA RELAÇÃO COM


ECOSSISTEMAS NATURAIS E ALTERADOS NO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL

Gerusa Pauli Kist Steffen

Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação


em Ciência do Solo, Área de Concentração em Biodinâmica e Manejo do
solo, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito
parcial para obtenção do grau de
Doutor em Ciência do Solo.

Orientadora: Profa. Dra. Zaida Inês Antoniolli

Santa Maria, RS, Brasil


2012
3

Universidade Federal de Santa Maria


Centro de Ciências Rurais
Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo

A Comissão Examinadora, abaixo-assinada,


aprova a Tese de Doutorado

DIVERSIDADE DE MINHOCAS E SUA RELAÇÃO COM


ECOSSISTEMAS NATURAIS E ALTERADOS NO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL

elaborada por
Gerusa Pauli Kist Steffen

como requisito para obtenção do grau de


Doutor em Ciência do Solo

COMISSÃO EXAMINADORA:

Zaida Inês Antoniolli, Dra.


(Presidente/Orientadora)

Ana Cláudia Rodrigues de Lima, Dra. (UFPel)

Marie Luise Carolina Bartz, Dra. (UDESC)

Andressa de Oliveira Silveira, Dra. (UFSM)

Rodrigo Ferreira da Silva, Dr. (UFSM-CESNORS)

Santa Maria, 22 de junho de 2012.


4

Aos meus pais, Gerônimo e Lúcia,


por todo amor, apoio, incentivo e
ensinamentos,
OFEREÇO

Ao meu esposo Ricardo, por todo


amor, dedicação, compreensão e
auxílio durante a realização deste
trabalho e ao nosso filho Nicolas,
alegria e razão de nossas vidas,
DEDICO
5

AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar sempre ao meu lado, guiando meus passos e abençoando
meu caminho.
Ao meu esposo Ricardo Bemfica Steffen, pelo seu amor, carinho, dedicação,
companheirismo, compreensão e auxílio em todas as etapas desta jornada, pessoa
maravilhosa que está sempre ao meu lado, apoiando e incentivando todos os meus
passos. Ao nosso filho Nicolas, luz de nossas vidas, por nos proporcionar tanta alegria
e ensinamentos nesta nova caminhada de pais. Amo muito vocês.
Aos meus pais Gerônimo Kist e Lúcia Maria Pauli Kist, por todo cuidado, amor,
ensinamentos e oportunidades disponibilizadas a mim, mas principalmente, por sorrirem
com minhas conquistas.
Às minhas irmãs Luana Carla Kist Poersch e Priscila Pauli Kist, por todos os
anos de convivência, companheirismo e apoio para a realização deste trabalho.
Aos cunhados Flávio Schuh Poersch e Norton Franciscatto de Paula, pelo
incentivo e aos sobrinhos Diogo e Douglas, “pequenos pesquisadores”, pela
participação na coleta de minhocas.
A Bertilo Steffen, Nara Lúcia Steffen, Carolina Steffen e João Paulo Silveira
Júnior, pessoas maravilhosas que sempre estiveram ao meu lado, apoiando e
incentivando em todos os momentos. Um agradecimento especial à minha sogra Nara,
por ter passado diversas tardes cuidando do Nicolas para que eu pudesse concluir este
trabalho.
À professora Drª Zaida Inês Antoniolli, pela orientação, amizade, confiança,
compreensão e oportunidades durante todos os anos de realização deste trabalho.
Ao pesquisador Gustavo Schiedeck e ao professor Rodrigo Jacques, co-
orientadores deste trabalho, pela amizade, orientação, disponibilidade e auxílio durante
a realização deste estudo.
Às colegas e amigas do laboratório de Biologia do Solo e do Ambiente: Edicarla
Trentin, Daiana Bortoluzzi, Andressa de Oliveira Silveira, Cristiane Loureiro e Manoeli
Lupatini pelo grande auxílio nas análises moleculares. Aos amigos do laboratório:
Antônio Carlos Bassaco, Daniel Pazzini, Marcos Leandro dos Santos, Natielo Santana,
6

Matheus Ponteli, Deisy Morales, Sabrina de Fátima Dahmer, Diogo Vendruscolo e


Diego Amaro, pelo companheirismo, amizade e auxílio durante a realização deste
trabalho.
Aos professores e colegas do Programa de Pós-graduação em Ciência do Solo,
pelas horas de estudo, aprendizado, troca de idéias e descontração durante esta longa
caminhada.
Ao Dr. George Gardner Brown (Embrapa Florestas, Colombo, Paraná), grande
incentivador deste trabalho, pelas grandes oportunidades de aprendizado nos cursos e
eventos ligados à taxonomia de minhocas. Aos taxonomistas de oligoquetas, Doutores
Samuel Wooster James (University of Iowa, Estados Unidos) e Alexander Feijoo
Martínez (Universidad Tecnológica de Pereira, Colômbia), pelos imensuráveis
ensinamentos durante os cursos de taxonomia. À professora Drª Maria Raquel Santos
Carvalho (Universidade Federal de Minas Gerais), pela atenção, amizade e
ensinamentos na área de genética molecular de minhocas.
À Drª Marie Luise Carolina Bartz, pela amizade, incentivo e contribuições durante
a realização deste trabalho. Obrigado pelo auxílio na identificação das minhocas e pela
descrição das novas espécies coletadas neste trabalho.
A todos os amigos participantes dos cursos e encontros de taxonomia e ecologia
de minhocas em Curitiba, principalmente às pesquisadoras Marie Luise Carolina Bartz,
Greice Schiavon, Ana Cláudia Rodrigues Lima e Catarina Praxedes, pela parceria,
incentivo, amizade e maravilhoso convívio durante os longos dias de cursos.
Um agradecimento especial à família de Aloísio Steffen, pela parceria, apoio e
envolvimento neste trabalho, permitindo a “caça às minhocas” em sua propriedade em
Santo Cristo.
A todas as pessoas que auxiliaram nas coletas de minhocas, seja pela
disponibilização de áreas de sua propriedade, participação ou apoio para realização
desta pesquisa.
Aos membros da comissão examinadora deste trabalho, pela leitura atenta,
sugestões e contribuições realizadas.
Aos funcionários Flávio Vieira da Silva, Héverton Heinz, Carlos Vargas e Roseni
dos Santos, pelo apoio e amizade.
7

À Universidade Federal de Santa Maria, ao Departamento de Solos e ao


Programa de Pós-graduação em Ciência do Solo pela oportunidade e pelo apoio
durante o desenvolvimento da minha tese de doutorado.
À CAPES pela concessão da bolsa de estudos.
A todos os familiares e amigos que torceram por esta conquista.
8

“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao


seu tamanho original.”
(Albert Einstein)
9

RESUMO
Tese de Doutorado
Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo
Universidade Federal de Santa Maria

DIVERSIDADE DE MINHOCAS E SUA RELAÇÃO COM ECOSSISTEMAS NATURAIS


E ALTERADOS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
AUTORA: GERUSA PAULI KIST STEFFEN
ORIENTADORA: ZAIDA INÊS ANTONIOLLI
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 22 de junho de 2012.

O conhecimento sobre a diversidade de minhocas no Estado do Rio Grande do Sul (RS),


assim como no Brasil, está muito aquém da diversidade estimada pelos taxonomistas. O
trabalho teve como objetivos: 1) avaliar a diversidade de minhocas em ecossistemas de três
regiões do Estado do RS; 2) caracterizar propriedades físicas e químicas do solo, tipo de
vegetação e uso da terra; e 3) determinar o potencial de uso de uma solução atóxica para
extração de minhocas do solo, como forma de reduzir os impactos ambientais sobre os
ecossistemas avaliados. Realizou-se levantamento qualitativo de minhocas, através da retirada
de monólitos e triagem manual, em 15 diferentes ecossistemas. As coletas foram realizadas em
29 municípios das regiões noroeste, central e sudoeste do Estado do RS, totalizando 77 locais
amostrados. A identificação das espécies foi realizada com base em parâmetros morfológicos
e/ou moleculares. Vinte e uma espécies de minhocas foram encontradas, pertencentes às
famílias Glossoscolecidae (10), Ocnerodrilidae (4), Megascolecidae (4), Acanthodrilidae (1),
Lumbricidae (1) e Criodrilidae (1). Destas, dez corresponderam a novos registros, pertencentes
aos gêneros Glossoscolex (6), Fimoscolex (1), Kerriona (1), Eukerria (1) e uma nova espécie da
família Criodrilidae. A ocorrência das espécies de minhocas apresentou relação com o tipo de
ecossistema avaliado, sendo observada maior diversidade em áreas de fragmento de mata
nativa e campo nativo. A maioria das espécies nativas (Urobenus brasiliensis, Fimoscolex n. sp.
1 e Glossoscolex sp.) predominou em ecossistemas pouco alterados pelo homem, enquanto
que as espécies exóticas (Amynthas gracilis, Amynthas rodericensis, Metaphire californica,
Aporrectodea trapezoides) e peregrina (Pontoscolex corethrurus) predominam em áreas com
maior grau de antropização. O grau de perturbação dos ecossistemas e o uso do solo
interferem na presença de minhocas, seguido pelas características físicas e químicas do solo. O
gene nuclear 28S rDNA, assim como os genes mitocondriais 16S e subunidade I da citocromo
c oxidase foram ferramentas importantes para caracterização molecular das minhocas. As
avaliações do potencial do extrato de cebola como solução extratora de minhocas do solo
demonstraram que a concentração de 175 g L-1 de extrato apresenta capacidade semelhante à
solução extratora padrão (formaldeído 0,5%) na extração de minhocas em solos de textura
argilosa e arenosa. Os resultados obtidos neste trabalho evidenciaram que o Estado do Rio
Grande do Sul apresenta diversidade de minhocas superior à conhecida atualmente,
justificando a importância de estudos da diversidade de organismos do solo em ecossistemas.

Palavras-chave: Oligoquetas. Diversidade. Taxonomia. Biologia molecular. Método de


extração.
10

ABSTRACT
Doctor Science Thesis
Graduate Program in Soil Science
Federal University of Santa Maria

DIVERSITY OF EARTHWORMS AND ITS RELATION TO NATURAL AND ALTERED


ECOSYSTEMS IN THE STATE OF RIO GRANDE DO SUL
AUTHOR: GERUSA PAULI KIST STEFFEN
ADVISER: ZAIDA INÊS ANTONIOLLI
Date and Local: Santa Maria, June 2012

Knowledge on earthworms diversity in Rio Grande do Sul (RS) State, as well as in Brazil,
is lower than the range estimated by taxonomists. The study aimed to: 1) evaluate the diversity
of earthworms present in ecosystems of three regions of the RS State; 2) characterize the
physical and chemical properties of soil, vegetation and land use; and 3) determine the potential
use of a nontoxic solution to extract earthworms from the soil, in order to reduce the
environmental impacts on ecosystems assessed. A qualitative survey of earthworms was
conducted by the withdrawal of monoliths and manual screening in 15 different ecosystems.
Samples were collected in 29 municipalities of the northwestern, central and southwestern
regions of the RS State, comprising 77 sampling sites. Species identification was based on
morphological parameters and / or molecular. Twenty-one species of earthworms were found,
belonging to the families Glossoscolecidae (10), Ocnerodrilidae (4), Megascolecidae (4),
Acanthodrilidae (1), Lumbricidae (1) and Criodrilidae (1). Ten correspond to new records,
belonging to the genus Glossoscolex (6), Fimoscolex (1), Kerriona (1), Eukerria (1) and a new
specie of the Criodrilidae family. The occurrence of earthworms species was correlated with the
type of ecosystem. The highest diversity was observed in sites of native forest fragment and
native grassland. Most native species (Urobenus brasiliensis, Fimoscolex n. sp. and
Glossoscolex sp.) predominated in ecosystems altered by human activities, while the exotic
species (Amynthas gracilis, Amynthas rodericensis, Metaphire californica, Aporrectodea
trapezoides) and pilgrim (Pontoscolex corethrurus) predominate in sites with highest degree of
human disturbance. The degree of disturbance of ecosystems and land use influence the
presence of earthworms, followed by physical and chemical characteristics of soil. The nuclear
gene 28S rDNA, as well as mitochondrial genes 16S and subunit I of cytochrome c oxidase were
important tools for the molecular characterization of earthworms. Assessments of the potential of
onion extract as the extraction solution for soil earthworms showed that the concentration of 175
g L-1 extract shows capacity comparable to standard extraction solution (formaldehyde 0.5%) in
the extraction of earthworms in clay and sandy soils. The results of this study indicated that the
Rio Grande do Sul State has greater earthworms diversity than the currently known, justifying
the importance of studies of the diversity of these soil organisms.

Keywords: Oligochaetes. Diversity. Taxonomy. Molecular biology. Extraction method.


11

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Famílias de oligoquetas e suas regiões de origem.......................... 30

Tabela 2.2 – Lista de famílias, gêneros e espécies de minhocas exóticas (EX),


invasoras (IN), potencialmente invasoras (PI), nativas peregrinas
(NP) ou nativas (N) encontradas no Estado do Rio Grande do Sul
35
e sua distribuição..............................................................................
Tabela 2.3 – Categorias ecológicas, habitat, alimentação e características
42
morfológicas das minhocas..............................................................
Tabela 3.1 – Diversidade de minhocas exóticas (EX), invasoras (IN), nativas
peregrinas (NP) ou nativas (N) em ecossistemas de diferentes
75
municípios do Rio Grande do Sul.....................................................
Tabela 3.2 – Riqueza de espécies (S) e índice de McIntosh (U) para os
89
diferentes ecossistemas amostrados no Rio Grande do Sul............
Tabela 4.1 – Ocorrência de minhocas em ecossistemas do Rio Grande do Sul.. 111

Tabela 4.2 – Frequência de ocorrência das espécies de minhocas em solos


114
com diferentes valores de pH e conteúdos de matéria orgânica......
Tabela 4.3 – Frequência de ocorrência das espécies de minhocas em solos
115
com diferentes teores de fósforo e potássio.....................................
Tabela 4.4 – Frequência de ocorrência das espécies de minhocas em solos
116
com diferentes teores de cálcio e magnésio....................................
Tabela 4.5 – Frequência de ocorrência das espécies de minhocas em solos
117
com diferentes valores de CTCpH7,0 e CTCefetiva...............................................
Tabela 5.1 – Caracterização dos locais onde foram coletadas as espécies de
137
minhocas...........................................................................................
Tabela 5.2 – Oligonucleotídeos iniciadores utilizados para amplificação do DNA
139
das minhocas....................................................................................
Tabela 5.3 – Relação de espécies e sequências obtidas nos bancos de dados
GenBank e Global Mirror System of DNA Barcode Data para a
construção de dendrogramas filogenéticos para os genes mtDNA
COI, mtDNA 16S e rDNA 28S, com os respectivos números de
141
acesso...............................................................................................
Tabela 5.4 – Código de depósito no Global Mirror System of DNA Barcode
Data (GMS-DBD) de sequências obtidas da região do gene
mitocondrial da subunidade I da citocromo c oxidase (COI) de
148
minhocas coletadas no Rio Grande do Sul......................................
12

Tabela 6.1 – Comparison of characters of the new species (in bold)


Glossoscolex (Glossoscolex), the type species for each genus and
subgenus and the species compared in the remarks. Genus, 172
subgenus and species in bold are the new species described……..
Tabela 6.2 – Soil chemical and textural attributes from some areas where the
173
new species of genus Glossoscolex occur…………………………...
13

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1.1 – Sequência da realização do trabalho sobre a diversidade de


minhocas no Estado do Rio Grande do Sul e sua relação com
23
ecossistemas naturais e alterados...............................................
Figura 2.1 – Efeitos da invasão de espécies exóticas sobre espécies nativas
33
em ecossistemas naturais e alterados.........................................
Figura 2.2 – Bioporo formado pela espécie Amynthas gracilis em solo
arenoso (A) e coprólitos de uma espécie endogéica
45
depositados na superfície de um campo nativo (B).....................
Figura 2.3 – Vantagens e desvantagens de alguns métodos de extração de
52
minhocas do solo..........................................................................
Figura 3.1 – Localização dos municípios gaúchos onde foram realizadas
amostragens qualitativas da ocorrência de minhocas em
71
diferentes ecossistemas...............................................................
Figura 3.2 – Representação gráfica da análise de componentes principais
(PCA) relacionando as dimensões 1 e 2 referentes à
amosragem de minhocas em diferentes ecossistemas do Rio
Grande do Sul. (A) Glossoscolex sp., (B) Glossoscolex n. sp. 1,
(C) Glossoscolex n. sp. 2, (D) Glossoscolex n. sp. 3, (E)
Glossoscolex n. sp. 4, (F) Glossoscolex n. sp. 5, (G)
Glossoscolex n. sp. 6, (H) Glossoscolex uruguayensis
uruguayensis, (I) Pontoscolex corethrurus, (J) Urobenus
brasiliensis, (K) Juvenis de Glossoscolecidae, (L) Aporrectodea
trapezoides, (M) Amynthas gracilis, (N) Amynthas corticis, (O)
Metaphire californica, (P) Eukerria saltensis, (Q) Eukerria n. sp.
1, (R) Kerriona n. sp. 1, (S) Ocnerodrilus sp, (T) Nova espécie
80
de Criodrilidae..............................................................................
Figura 3.3 – Exemplar de Urobenus brasiliensis coletado em Santo Cristo,
82
RS.................................................................................................
Figura 3.4 – Nova espécie da Família Criodrilidae coletada no município de
Santo Cristo, RS (A); detalhe da parte ventral da minhoca na
região clitelar (B); exemplar após armazenamento em etanol
70% (C) e em formol 6% (D); locais alagados onde foram
coletados exemplares desta espécie de minhoca aquática (E e
87
F)..................................................................................................
Figura 3.5 – Nova espécie de Eukerria sp. coletada em três diferentes
ecossistemas do RS (A) e exemplar do gênero Ocnerodrilus
coletado em pastagem cultivada no município de Santa Maria,
88
RS (B)...........................................................................................
14

Figura 4.1 – Diversidade de minhocas de acordo com a classe textural do


solo onde foram coletadas........................................................... 112

Figura 5.1 – Dendrograma filogenético baseado no algoritmo Neighbor-


joining da região do gene mitocondrial subunidade I da
citocromo c oxidase (COI) de espécies de minhocas coletadas
no Estado do Rio Grande do Sul e de sequências de minhocas
obtidas a partir do banco de dados GenBank e no Global Mirror
System of DNA Barcode Data. O número acima ou abaixo das
ramificações representa o valor de bootstrap com base em
1000 repetições. A espécie Ctenocardia fornicata e as espécies
143
do gênero Hirudo foram inseridas como outgroup.......................
Figura 5.2 – Dendrograma filogenético baseado no algoritmo Neighbor-
joining da região da subunidade 16S do mtDNA de espécies de
minhocas coletadas no Estado do Rio Grande do Sul e de
sequências de minhocas obtidas a partir do banco de dados
GenBank. O número acima ou abaixo das ramificações
representa o valor de bootstrap com base em 1000 repetições.
As espécies do gênero Enchytraeus foram inseridas como
145
outgroup........................................................................................
Figura 5.3 – Dendrograma filogenético baseado no algoritmo Neighbor-
joining da região da subunidade 28S do rDNA de espécies de
minhocas coletadas no Estado do Rio Grande do Sul e de
sequências de minhocas obtidas a partir do banco de dados
GenBank. O número acima ou abaixo das ramificações
representa o valor de bootstrap com base em 1000 repetições.
146
As espécies do gênero Hirudo foram inseridas como outgroup...
Figura 6.1 – New species of Glossoscolex. a,b. Glossoscolex (Glossoscolex)
knapperae n. sp. c,d. Glossoscolex (Glossoscolex) pastivus n.
sp. e,f. Glossoscolex (Glossoscolex) pampas n. sp. FM =
161
female pores; MP = male pores………………………………........
Figura 6.2 – New species of Glossoscolex. a,b. Glossoscolex (Glossoscolex)
riograndensis n. sp. c,d. Glossoscolex (Glossoscolex) nativus
n. sp. e,f. Glossoscolex (Glossoscolex) parvus n. sp. FM =
167
female pores; MP = male pores…………………………………….
Figura 7.1 – Locais onde foram conduzidos os experimentos. (A) Pomar de
citros, município de Santa Maria, RS e (B) Lavoura de milho, 179
município de Santo Cristo, RS e (B).............................................
181
Figura 7.2 – Anel metálico utilizado na extração de minhocas do solo............
15

Figura 7.3 – Número de minhocas adultas e jovens (ind. m-2) extraídas de


solo com textura argilosa pelo uso de formaldeído 0,5% e de
soluções contendo extrato de cebola nas concentrações de 25,
75, 125 e 175 g de cebola por litro de solução. Média de seis
repetições..................................................................................... 184
Figura 7.4 – Número total (ind. m-2) e biomassa fresca (g m-2) de minhocas
extraídas de solo com textura argilosa pelo uso de formaldeído
0,5% e de soluções contendo extrato de cebola nas
concentrações de 25, 75, 125 e 175 g de cebola por litro de
185
solução. Média de seis repetições................................................
Figura 7.5 – Minhocas adultas (ind. m-2) e correlação entre o número de
minhocas adultas extraídas de solo arenoso pelo uso de
formaldeído 0,5% e solução contendo extrato de cebola na
concentração 175g de cebola por litro de solução. Médias
seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de
186
Tukey a 5% de significância. Média de seis repetições...............
Figura 7.6 – Número total (ind. m-2) e correlação entre o número total de
minhocas extraídas de solo arenoso pelo uso de formaldeído
0,5% e solução contendo extrato de cebola na concentração
175g de cebola por litro de solução. Médias seguidas pela
mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
187
significância. Média de seis repetições........................................
Figura 7.7 – Biomassa fresca de minhocas (g m-2) e correlação entre a
biomassa fresca de minhocas extraídas de solo arenoso pelo
uso de formaldeído 0,5% e solução contendo extrato de cebola
na concentração 175g de cebola por litro de solução. Médias
seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de
188
Tukey a 5% de significância. Média de seis repetições...............
16

LISTA DE REDUÇÕES

BLAST Basic Local Alignment Search Tool


BSA Albumina Sérica Bovina
cm Centímetro(s)
COI Citocromo c oxidase subunidade I
COII Citocromo c oxidase subunidade II
CTC Capacidade de troca de cátions em pH 7,0
DNA Ácido desoxirribonucléico
mtDNA DNA mitocondrial
rDNA DNA ribossomal
DNTP Trifosfato de desoxinucleotídeo
Ds Densidade do substrato em Kg m-3
EDTA Ácido etilenodiaminotetracético
g Grama(s)
Kg Quilograma(s)
L Litro(s)
m Metro(s)
mg Miligrama(s)
mL Mililitro(s)
mm Milímetro(s)
n° Número
NADH Nicotinamida Adenina Dinucleotídeo
NCBI National Center for Biotechnology
pb Pares de bases
PCR Reação em cadeia da polimerase
pH Potencial hidrogeniônico em água
RNA Ácido ribonucléico
rRNA RNA ribossômico
SDS Duodecil sulfato de sódio
Taq Thermophillus aquaticus
TE Tampão Tris-EDTA
ºC Grau(s) Celsius
µL Microlitro(s)
% Porcentagem
17

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice A – Tabela contendo informações sobre a localização, o tipo de


ecossistema, o valor de pH e as espécies de minhocas
encontradas nos pontos amostrados no Estado do Rio Grande do
Sul (Capítulos 1 e 2)......................................................................... 196
Apêndice B – Tabela contendo informações sobre os porcentuais de matéria
orgânica (MO) e argila, textura, teores de fósforo (Mehlich),
potássio, cálcio e magnésio, soma de bases, CTCefetiva e CTCpH7,0
dos pontos amostrados no Estado do Rio Grande do Sul
200
(Capítulos 1 e 2)...............................................................................
Apêndice C – Sequências de nucleotídeos da região do gene mtDNA da
subunidade I da citocromo c oxidase (COI) de novas espécies de
minhocas coletadas no Estado do Rio Grande do Sul (Capítulo 3). 204
18

LISTA DE ANEXOS

Anexo A – Médias de temperatura mínima e máxima para o Estado do Rio


Grande do Sul..................................................................................
206
Anexo B – Temperatura média anual e precipitação pluviométrica média para
o Estado do Rio Grande do Sul........................................................
207
Anexo C – Médias de umidade relativa do ar e radiação solar anual para o
Estado do Rio Grande do Sul........................................................... 208
19

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 22
1.1 Referências bibliográficas 25

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 27
2.1 Minhocas 27
2.2 Diversidade de minhocas 28
2.3 Categorias ecológicas 41
2.4 Importância das minhocas para o solo 44
2.5 Métodos de extração de minhocas do solo 50
2.6 Caracterização e identificação de espécies 53
2.7 Referências bibliográficas 56

3 CAPÍTULO I – Levantamento da diversidade de minhocas em três 68


regiões do Estado do Rio Grande do Sul
3.1 Resumo 69
3.2 Introdução 69
3.3 Material e métodos 71
3.3.1 Locais amostrados 71
3.3.2 Coleta dos indivíduos 72
3.3.3 Análise dos dados 73
3.4 Resultados e discussão 74
3.5 Conclusões 93
3.6 Referências bibliográficas 94

4 CAPÍTULO II – Comunidade de minhocas em ecossistemas no Rio


Grande do Sul: caracterização ecológica e edáfica dos ambientes 101
4.1 Resumo 101
4.2 Introdução 102
4.3 Material e métodos 105
4.3.1 Locais amostrados 105
4.3.2 Coleta dos indivíduos 105
4.3.3 Caracterização dos solos e da vegetação das regiões amostradas 106
4.3.4 Caracterização das condições climáticas das regiões amostradas 108
4.4 Resultados e discussão 110
4.5 Conclusões 124
4.6 Referências bibliográficas 125
20

5 CAPÍTULO III – Identificação de minhocas utilizando genes do DNA


mitocondrial (COI e 16S mtDNA) e nuclear (28S rDNA) 133
5.1 Resumo 133
5.2 Introdução 134
5.3 Material e métodos 137
5.3.1 Obtenção das espécies de minhocas 137
5.3.2 Extração do DNA 138
5.3.3 Amplificação de fragmentos por Reação da Cadeia de Polimerase 139
5.3.4 Purificação, sequenciamento e análise das sequências de DNA 140
5.4 Resultados e discussão 142
5.5 Conclusões 150
5.6 Referências bibliográficas 151

6 CAPÍTULO IV – New species of Glossoscolex (Clitellata:


Glossoscolecidae) from Rio Grande do Sul, Brazil 155
6.1 Abstract 155
6.2 Resumo 155
6.3 Introduction 156
6.4 Material and methods 157
6.5 Descriptions 158
6.5.1 Glossoscolecidae (MICHAELSEN, 1900) 158
6.5.1.1 Genus Glossoscolex (LEUCKART, 1835) in Froriep (1835) 158
6.5.1.1.1 Subgenus Glossoscolex (LEUCKART, 1835) in Froriep (1835) 158
6.5.1.1.1.1 Glossoscolex (Glossoscolex) knapperae n. sp. Bartz & James 158
6.5.1.1.1.2 Glossoscolex (Glossoscolex) pastivus n. sp. Bartz & James 160
6.5.1.1.1.3 Glossoscolex (Glossoscolex) pampas n. sp. Bartz & James 163
6.5.1.1.1.4 Glossoscolex (Glossoscolex) riograndensis n. sp. Bartz & James 165
6.5.1.1.1.5 Glossoscolex (Glossoscolex) nativus n. sp. Bartz & James 168
6.5.1.1.1.6 Glossoscolex (Glossoscolex) parvus n. sp. Bartz & James 169
6.6 Conclusions 174
6.7 References 175

7 CAPÍTULO V – Extração de minhocas do solo com solução atóxica


alternativa ao formaldeído 177
7.1 Resumo 177
7.2 Introdução 178
7.3 Material e métodos 179
7.4 Resultados e discussão 183
21

7.5 Conclusões 190


7.6 Referências bibliográficas 191

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS 193

APÊNDICES 195
Apêndice A – Tabela contendo informações sobre a localização, o tipo de
ecossistema, o valor de pH e as espécies de minhocas encontradas nos
pontos amostrados no Estado do Rio Grande do Sul 196
Apêndice B – Tabela contendo informações sobre os porcentuais de matéria
orgânica (MO) e argila, textura, teores de fósforo (Mehlich), potássio, cálcio e
magnésio, soma de bases, CTCefetiva e CTCpH7,0 dos pontos amostrados no
Estado do Rio Grande do Sul 200
Apêndice C - Sequências de nucleotídeos da região do gene mtDNA da
subunidade I da citocromo c oxidase (COI) de novas espécies de minhocas
coletadas no Estado do Rio Grande do Sul 204

ANEXOS 205
Anexo A - Médias de temperatura mínima e máxima para o Estado do Rio
Grande do Sul 206
Anexo B - Temperatura média anual e precipitação pluviométrica média para
o Estado do Rio Grande do Sul 207
Anexo C - Médias de umidade relativa do ar e radiação solar anual para o
208
Estado do Rio Grande do Sul
22

1 INTRODUÇÃO

Em todo o mundo, esforços e recursos têm sido direcionados para a realização


de avaliações da diversidade de oligoquetas. Devido à vasta extensão territorial e ao
clima favorável à ocorrência de minhocas, acredita-se que o Brasil seja um dos países
com maior diversidade destes organismos. No entanto, poucas regiões do Brasil foram
avaliadas quanto à ocorrência de minhocas, além de, no momento, não haver um
taxonomista de oligoquetas efetivo no país (BROWN; JAMES, 2007). Desta forma, é
fundamental que haja continuidade nas pesquisas sobre a diversidade de minhocas em
ecossistemas, antes que esta seja comprometida por alterações antrópicas.
Estudos sobre a ocorrência de espécies de minhocas no Estado do Rio Grande
do Sul foram realizados por pesquisadores ainda nas décadas de 1960 e 1970
(KNÄPPER, 1972a, 1972b, 1976, 1977, 1979; KNÄPPER; HAUSER, 1969; KNÄPPER;
PORTO, 1979) e mais recentemente, no sul do Estado (LIMA; RODRIGUEZ, 2007;
SCHIAVON et al., 2009), inclusive com a descoberta de uma nova espécie da família
Criodrilidae (LIMA; RODRIGUEZ, 2007). No entanto, os locais amostrados nestes
estudos concentraram-se em algumas regiões do estado, e ainda existem diversas
áreas e regiões que não foram estudadas.
Neste sentido, estudos relacionados à ocorrência e diversidade de minhocas no
Rio Grande do Sul são de extrema importância taxonômica, econômica e ecológica, por
possibilitarem a descoberta de espécies novas e contribuírem para a ampliação do
conhecimento sobre a diversidade brasileira de minhocas. Além disso, possibilitam
relacionar a ocorrência de espécies de minhocas presentes em um determinado
ecossistema com características e propriedades físicas e químicas do solo, tipo de
vegetação e uso da terra.
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de caracterizar e relacionar a
diversidade de espécies de minhocas ocorrentes em ecossistemas do Estado do Rio
Grande do Sul com características e propriedades físicas e químicas do solo, tipo de
vegetação e uso da terra. Objetivou-se também validar o uso de uma solução atóxica
23

para extração de minhocas do solo, como forma de reduzir os impactos ambientais


sobre os ecossistemas avaliados (Figura 1.1).

DIVERSIDADE DE MINHOCAS E SUA RELAÇÃO COM ECOSSISTEMAS


NATURAIS E ALTERADOS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Objetivo
Capítulo I
Levantamento da diversidade de minhocas em três regiões Identificação de
do Estado do Estado do Rio Grande do Sul espécies de minhocas

Capítulo II Determinação da influência


Comunidade de minhocas em ecossistemas no Rio Grande de fatores edáficos, uso e
do Sul: caracterização ecológica e edáfica dos ambientes manejo do solo na
comunidade de minhocas

Capítulo III
Identificação de minhocas utilizando genes do DNA Identificação de minhocas
mitocondrial (COI e 16S mtDNA) e nuclear (28S rDNA) por técnicas moleculares

Capítulo IV Descrição morfológica de


New species of Glossoscolex (Clitellata: Glossoscolecidae) seis novas espécies do
from Rio Grande do Sul, Brazil gênero Glossoscolex

Capítulo V Determinação da eficiência


Extração de minhocas do solo com solução atóxica do extrato de cebola na
alternativa ao formaldeído extração de minhocas

Figura 1.1 - Sequência da realização do trabalho sobre a diversidade de minhocas no


Estado do Rio Grande do Sul e sua relação com ecossistemas naturais e
alterados.
24

As hipóteses do trabalho foram:


a) O Estado do Rio Grande do Sul apresenta diversidade de espécies de
minhocas superior à conhecida atualmente;
b) A ocorrência de espécies de minhocas nativas, exóticas e peregrinas em
ecossistemas é influenciada pelo uso, manejo e pelas características físicas e químicas
do solo;
c) A solução à base de extrato de cebola é eficiente para extração de minhocas
do solo.
25

1.1 Referências bibliográficas

BROWN, G. G.; JAMES, S. W. Ecologia, biodiversidade e biogeografia das minhocas


no Brasil. In: BROWN, G. G.; FRAGOSO, C. (Eds.). Minhocas na América Latina:
Biodiversidade e ecologia. Londrina: Embrapa Soja, 2007. p. 297-381.

KNÄPPER, C. F. U. Dominanzverhältnisse der verschiedenen arten der gattung


Pheretima in kulturböden von Rio Grande do Sul. Pedobiologia, Berlin, v. 12, p. 23-25,
1972a.

KNÄPPER, C. F. U. Oligoquetas terrestres - uma moderna avaliação. Publicação do


Instituto André Voisin, Porto Alegre, n. 1, p.11-19, 1972b.

KNÄPPER, C. F. U. Preliminar considerations on the occurrence of Oligochaetes in the


Estuary of the Guaíba RS. Estudos Leopoldenses, São Leopoldo, v. 38, p. 39-41,
1976.

KNÄPPER, C. F. U. Ecological niches of P. diffringens (Baird, 1869) and E. lucens


(Waga, 1857) at São Francisco de Paula. Estudos Leopoldenses, São Leopoldo, v.
42, p.194-196, 1977.

KNÄPPER, C. F. U. Velhos habitats de P. corethrurus (Fr. Müller, 1857). Estudos


Leopoldenses, São Leopoldo, v.16, p. 39-50, 1979.

KNÄPPER, C. F. U.; HAUSER, J. Eine anomalie bei “Allolobophora caliginosa”


(Savigny, 1826) (Oligochaeta). Revista Brasileira de Biologia, Rio de Janeiro, v. 29, v.
411-412, 1969.

KNÄPPER, C. F. U.; PORTO, R. P. Ocorrência de Oligoquetas nos solos do Rio Grande


do Sul. Acta Biologica Leopoldensia, São Leopoldo, v.1, p.137-166, 1979.

LIMA, A. C. R. de; RODRÍGUEZ, C. Earthworm diversity from Rio Grande do Sul, Brazil,
with a new native Criodrilid genus and species (Oligochaeta: Criodrilidae).
Megadrilogica, Canadá, v. 11, n. 2, p. 9-18, 2007.
26

SCHIAVON, G. de A. et al. Biodiversidade de Minhocas do Solo na Estação


Experimental Cascata, Embrapa Clima Temperado. Pelotas: Embrapa Clima
Temperado, 2009. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento).
27

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Minhocas

As minhocas são importantes organismos do solo, que pertencem ao Domínio


Eukarya, Reino Animalia, Filo Annelida, Classe Clitellata, Subclasse Oligochaeta
(RUPPERT, 2005; MADIGAN et al., 2010). Apresentam corpo alongado e segmentado
em forma de anéis, o que originou o nome do Filo (RUPPERT, 2005). Em muitos
idiomas, o termo que designa minhoca está relacionado ao seu ambiente natural, o
solo, e à sua semelhança com os vermes1 (SCHIEDECK et al., 2010). A grande maioria
destes organismos essencialmente edáficos habita as camadas superficiais, geralmente
até profundidades de 30 a 50 cm no perfil do solo (BROWN; JAMES, 2007), onde
desempenham importantes funções ecológicas e ambientais. Segundo Hendrix e
Bohlen (2002), as minhocas são os organismos mais conhecidos e, muitas vezes, os
mais importantes que influenciam o funcionamento do sistema solo.
Devido à intensa movimentação de solo que promovem no sistema edáfico, as
minhocas, juntamente com cupins, besouros e formigas, foram denominadas
“engenheiros do ecossistema” (LAVELLE, 1988; JOUQUET et al., 2006; BROWN;
DOMÍNGUEZ, 2010). Os horizontes orgânicos e organo-minerais do solo são repletos
de excrementos da meso e da macrofauna2, o que demonstra a importância destes

1
Por exemplo, em inglês, minhoca é “earthworm” (verme da terra), em francês é “ver de terre” (verme da
terra), em espanhol é “lombriz de tierra” (lombriga da terra), em italiano é “lombrico” (lombriga) e em
alemão é “regenwurm” (verme das chuvas). No entanto, ao contrário das principais línguas ocidentais, a
língua portuguesa, aparentemente, não vincula o nome genérico atribuído aos representantes da Classe
Oligochaeta à morfologia vermiforme ou ao solo, sendo a real origem da palavra minhoca considerada
controversa (SCHIEDECK et al., 2010).
2
De acordo com o tamanho que apresentam, os organismos que vivem no solo são classificados em
microfauna (menores do que 0,2 mm), mesofauna (entre 0,2 e 2,0 mm) e macrofauna (maiores do que
2,0 mm) (SWIFT et at., 1979). A microfauna edáfica compreende os invertebrados aquáticos que vivem
no filme de água do solo, como protozoários e nematóides, enquanto que a mesofauna é representada
por um grupo diverso de organismos, tais como ácaros, colêmbolos e enquitreídeos (LAVELLE, 1997). A
macrofauna do solo é composta por minhocas, cupins, coleópteros e diplópodos, organismos que
possuem habilidade para cavar e criar estruturas específicas que permitem a sua movimentação e
28

organismos na transformação e movimentação de materiais orgânicos no solo


(DAVIDSON; GRIEVE, 2006).
Acredita-se que as minhocas tenham surgido na Terra há 570 milhões de anos,
no período Edicariano (Era Paleozóica), estando entre os primeiros organismos a surgir
no planeta (BOUCHÉ, 1983). Do oceano migraram para a crosta terrestre, há
aproximadamente, 225 milhões de anos, adaptando-se à vida no solo (BROWN;
JAMES, 2007). Após um longo período de adaptação e diversificação, as minhocas
migraram para as mais distintas regiões do planeta, sendo atualmente encontradas em
praticamente todos habitats terrestres, com exceção dos glaciais, desertos, solos muito
ácidos ou salgados (LEE, 1985; REYNOLDS; WETZEL, 2007). No entanto, existem
muitas regiões da crosta terrestre que ainda não foram avaliadas quanto à diversidade
de minhocas.

2.2 Diversidade de minhocas

A diversidade ecológica pode ser definida como a variedade de espécies


existente em uma comunidade de organismos de uma região, sendo reflexo das
complexas interações que ocorrem no ecossistema (ODUM, 2004; ARAUJO, 2007).
Segundo Odum (2004), o conceito de diversidade de espécies possui dois
componentes: (1) riqueza, também chamada de densidade de espécies, baseada no
número total de espécies presentes, e (2) uniformidade, baseada na abundância
relativa de espécies e no grau de sua dominância ou falta desta. Para Araujo (2007), a
diversidade de um determinado local apresenta três componentes principais: os genes,
as espécies e os ecossistemas.
No mundo, são conhecidas em torno de 8.800 espécies de minhocas, embora
seja estimada uma diversidade superior (REYNOLDS; WETZEL, 2007). Existem
registros da presença de, aproximadamente, 310 espécies/subespécies de minhocas

sobrevivência no solo, tais como ninhos, galerias, montículos e câmaras, além da deposição de
excrementos resultantes da sua atividade alimentar (STORK; EGGLETON, 1992).
29

catalogadas no Brasil. No entanto, inúmeras novas espécies foram coletadas em


território brasileiro nos últimos anos, as quais encontram-se em coleções institucionais
aguardando para serem descritas.
Estima-se a existência de mais de 1.400 espécies ainda desconhecidas no
Brasil, devido à enorme extensão territorial, ao reduzido número de locais amostrados e
também pelo país possibilitar clima favorável à presença destes organismos, tornando o
território brasileiro quase inteiramente habitável por minhocas (BROWN; JAMES, 2007).
Desse modo, há muito ainda a ser feito na área de levantamento e identificação de
minhocas, visando aumentar os conhecimentos sobre a diversidade de espécies
presentes no país. Dentre as espécies encontradas no Brasil, 85% correspondem a
nativas e apenas 15% representam espécies exóticas (BROWN; JAMES, 2007).
No Brasil, foram encontradas minhocas pertencentes a nove famílias oriundas
das mais diversas regiões do mundo (Tabela 2.1). As famílias mais diversificadas são a
Glossoscolecidae (Michaelsen, 1900), com 201 espécies/subespécies (todas nativas do
Brasil) agrupadas em 24 gêneros, a Ocnerodrilidae (Beddard, 1891), com 46
espécies/subespécies (39 nativas) agrupadas em 15 gêneros e a Acanthodrilidae
(Claus, 1880), com 24 espécies/subespécies (12 nativas) pertencentes a sete gêneros.
As demais famílias são Lumbricidae (13 espécies), Megascolecidae (11 espécies),
Almidae e Criodrilidae (7 espécies), Eudrilidae (2 espécies) e Sparganophilidae (1
espécie). Dentro da família Glossoscolecidae, a mais diversificada do Brasil, os gêneros
que apresentam maior diversidade de espécies são: Glossoscolex (54
espécies/subespécies), Rhinodrilus (31 espécies/subespécies) e Righiodrilus (21
espécies/subespécies) (BROWN; JAMES, 2007).
Inúmeros pesquisadores estudaram a diversidade de minhocas no Brasil e
contribuíram para a identificação das espécies/subespécies conhecidas atualmente. Em
revisão publicada por Brown e James (2007), os autores descreveram um histórico da
taxonomia de minhocas no Brasil, onde destacaram os pesquisadores e suas
contribuições mais relevantes para a identificação da diversidade de minhocas no país.
Segundo os autores, o alemão Friedrich Sigismund Leuckart descreveu a primeira
minhoca brasileira em 1835 e, no ano seguinte, descreveu a espécie Glossoscolex
giganteus, um minhocuçu com mais de um metro de comprimento. Em 1857, o
30

naturalista alemão Fritz Müller descreveu a espécie Pontoscolex corethrurus, a minhoca


mais comum e abundante no Brasil (MÜLLER, 1857) e no mundo (GONZÁLEZ et al.,
2006).

Tabela 2.1 – Famílias de oligoquetas e suas regiões de origem.

Família Regiões de origem


Acanthodrilidae África, América do Sul, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia
Almidae Europa, África, América do Sul, Ásia

Criodrilidae África

Eudrilidae África

Glossoscolecidae América do Sul e América Central

Lumbricidae América do Norte e Europa


América do Norte, América Central, América do Sul, Oceania, Ásia,
Megascolecidae
África e Madagascar
Ocnerodrilidae América do Sul, América Central, África, Ásia e Madagascar

Sparganophilidae América do Norte e Europa

Fonte: Extraída e modificada de Hendrix e Bohlen (2002).

Nativa do Platô ou Planalto Guianense, acredita-se que P. corethrurus tenha se


dispersado do seu local de origem com o auxílio de grupos indígenas que
transportavam materiais contendo casulos e pequenos indivíduos (RIGHI, 1990). No
entanto, devido à sua ampla distribuição e ao elevado potencial de estabelecimento em
novos ecossistemas, embora seja nativa do Brasil, esta espécie pode ser considerada
como invasora peregrina na maior parte do país (BROWN; JAMES, 2007). Indivíduos
de P. corethrurus podem ser encontrados em todas as regiões úmidas de mais de 56
países de clima tropical do mundo (FRAGOSO et al., 1999).
No final do século XIX, inúmeras espécies de minhocas, inclusive espécies
novas, foram coletadas no Rio de Janeiro e em estados do sul do Brasil por
pesquisadores europeus que realizavam pesquisas biológicas. A maior parte dos
31

exemplares coletados foi enviada a especialistas na Alemanha (Michaelsen, Ude, Horst,


Kinberg), Itália (Cognetti, Rosa), Inglaterra (Benham) e França (Perrier), onde
permanecem até hoje depositados em coleções (BROWN; JAMES, 2007). Em 1867,
Kinberg descreveu a espécie Amynthas gracilis (sinônimos: Pheretima hawayana
(Rosa, 1891) e Amynthas hawayanus (Beddard, 1900)), que corresponde à espécie
exótica mais amplamente distribuída no Brasil e no mundo (BROWN et al., 2006).
De acordo com Fragoso et al. (2003), o conhecimento atual sobre a diversidade
de minhocas no Brasil foi construído, principalmente, pelo esforço de dois taxonomistas:
Johann Wilhelm Michaelsen e Gilberto Righi, os quais descreveram, aproximadamente,
60% das minhocas conhecidas no país.
No final do século XIX até o início do século XX, Michaelsen descreveu mais de
34 espécies brasileiras. O pesquisador brasileiro Righi, professor da Universidade de
São Paulo, juntamente com seus alunos, descreveram 144 espécies/subespécies de
minhocas brasileiras no período de 1960 até 1999, quando faleceu. Contribuições
importantes também foram dadas pelo pesquisador Cernosvitov, o qual descreveu 12
espécies nativas brasileiras coletadas em expedições de europeus no Brasil, e por
Ergasto Cordero, que descreveu três novas espécies de minhocas da família
Glossoscolecidae encontradas no estado do Ceará (BROWN; JAMES, 2007).
Mais recentemente, Zicsi e Csuzdi identificaram minhocas coletadas em diversas
regiões do Brasil, descrevendo um novo gênero, Righiodrilus (ZICSI, 1995), com 21
espécies/subespécies brasileiras e uma nova espécie, Cirodrilus righii (ZICSI et al.,
2001). No ano de 2011, em diversos sistemas de uso do solo no Estado do Paraná,
Marie L. C. Bartz coletou e descreveu dez novas espécies, sendo nove do gênero
Glossoscolex e uma do gênero Fimoscolex do norte do estado do Paraná: Glossoscolex
(Praedrilus) lutocolous n. sp. (Bartz; James, 2011), Glossoscolex (Praedrilus) uliginosus
(Bartz; James, 2011), Glossoscolex (Praedrilus) itaguajei (Bartz; James, 2011);
Glossoscolex (Glossoscolex) palus (Bartz; James, 2011), Glossoscolex (Glossoscolex)
primaensis (Bartz; James, 2011), Glossoscolex (Glossoscolex) mariae (Bartz; James,
2011), Glossoscolex (Glossoscolex) sanpedroensis (Bartz; James, 2011), Glossoscolex
(Glossoscolex) terraopimus (Bartz; James, 2011), Glossoscolex (Glossoscolex)
giocondoi e Fimoscolex bartzi (Bartz; James, 2011) (BARTZ, 2011).
32

A ocorrência de espécies de minhocas nativas ou exóticas em um determinado


local, possibilita ao pesquisador inferir sobre o grau de alterações às quais o ambiente
foi submetido. De acordo com Fragoso et al. (1999), as espécies nativas apenas
persistem onde a influência antrópica não é significativa e a vegetação nativa não foi
substituída. Segundo Brown et al. (2006), o homem tem transportado minhocas
exóticas em todo o mundo e, em algumas situações, estes organismos podem se tornar
invasores, modificando populações nativas de minhocas, propriedades e processos do
solo de forma significativa, bem como influenciando positiva ou negativamente o
crescimento das plantas.
É provável que as invasões de minhocas exóticas em agroecossistemas tenham
se intensificado com o comércio global da agricultura e com práticas relacionadas à
gestão de resíduos e à biorremediação. Existem evidências de que minhocas invasoras
têm provocado mudanças significativas no ambiente edáfico, na dinâmica da matéria
orgânica e de nutrientes, e nas comunidades de plantas e organismos do solo. No
entanto, não está claro se esses efeitos são comuns em ecossistemas habitados por
minhocas nativas, especialmente em solos perturbados (HENDRIX et al., 2006).
Segundo Hendrix et al. (2006), comunidades de minhocas nativas e as
características de seu habitat podem resistir à invasão por minhocas exóticas,
reduzindo, consequentemente, o impacto de espécies exóticas sobre o ambiente. Após
análise de diversos dados e estudos de caso, os autores concluíram que: 1) minhocas
exóticas invadem ecossistemas habitados por minhocas nativas, mesmo na ausência
de perturbação evidente, 2) a exclusão de minhocas nativas por competição com
espécies exóticas não é demonstrada facilmente, 3) a co-existência de espécies nativas
e exóticas tem sido frequentemente observada, mesmo que transitória, e 4) nos casos
em que há resistência a invasões de minhocas exóticas em ambientes, o fato pode
estar mais relacionado às características físicas e químicas do habitat, do que às
interações biológicas entre minhocas nativas e exóticas.
O estabelecimento de minhocas exóticas em um novo ambiente pode ocorrer em
duas situações: (1) em ecossistema preservado, quando há competição com espécies
nativas ou (2) após colonização em ambientes alterados, provocando a eliminação ou a
redução de espécies nativas (Figura 2.1) (GONZÁLEZ et al., 2006).
33

Em ecossistemas inalterados, minhocas nativas podem impedir a invasão de


espécies exóticas, por estarem mais adaptadas ao ambiente original. No entanto,
alterações no ecossistema, sejam elas provocadas pelo homem ou por eventos
naturais, podem resultar na eliminação ou redução das populações nativas, devido a
alterações bruscas na estrutura do solo, na ciclagem de nutrientes e no microclima.
Estas mudanças no ecossistema podem prejudicar e reduzir as populações de
minhocas nativas, favorecendo a invasão de espécies exóticas (LAVELLE et al., 1999;
GONZÁLEZ et al., 2006) (Figura 2.1).

Invasão de minhocas exóticas

Ecossistemas nativos Ecossistemas alterados

Somente Distúrbios de habitat Redução de Extinção de


espécies nativas espécies nativas espécies nativas
Sucessão
secundária

Competição Redução da competição Sem competição


exclusão das exóticas com nativas com nativas

Somente Coexistência de Coexistência de Somente


espécies nativas nativas e exóticas nativas e exóticas espécies exóticas

Aumento do gradiente de alteração do ecossistema


Redução das espécies nativas e aumento das espécies exóticas

Figura 2.1 – Efeitos da invasão de espécies exóticas sobre espécies nativas em


ecossistemas naturais e alterados. Extraído e modificado de González et
al. (2006).

A disseminação de minhocas exóticas em ecossistemas naturais e antropizados


é um fato observado em diversos países do mundo. Pesquisas já demonstraram que a
34

invasão de minhocas em ambientes naturais pode resultar em modificações importantes


na superfície do solo, nos processos do ecossistema, na cadeia alimentar dos
organismos que vivem no solo e acima dele e na comunidade de plantas (GUNDALE et
al., 2005; CALLAHAM et al., 2006; HENDRIX, 2006). No entanto, os impactos diretos e
indiretos provocados por invasões de minhocas em outros organismos têm sido
ignorados (MIGGE-KLEIAN et al., 2006).
Em virtude de evidências sobre os impactos negativos da invasão de minhocas
sobre ecossistemas nativos, pesquisas vêm sendo realizadas para avaliar,
compreender e buscar alternativas para solucionar essa questão (CALLAHAM et al.,
2009; GUNDALE et al., 2005; MIGGE-KLEIAN et al., 2006; DIDHAM et al., 2007;
CAMERON et al., 2008; ADDISON, 2009; LEÓN; JOHNSON-MAYNARD, 2009).
Callaham et al. (2006) discutiram políticas de gestão para reduzir e, se possível, evitar a
introdução de espécies exóticas em áreas naturais habitadas exclusivamente por
espécies nativas na América do Norte, as quais podem ser aplicadas em outros países
do mundo.
De acordo com McNeely et al. (2001), geralmente espécies invasoras (exóticas)
tendem a estar associadas com impactos negativos em ecossistemas naturais,
alterando a comunidade de organismos e plantas, bem como propriedades, processos
e funções do ecossistema. No entanto, é importante ressaltar que, em áreas
antropizadas, como são os casos de áreas agrícolas e silvipastoris, a introdução de
espécies de minhocas exóticas pode promover a melhoria de algumas propriedades
químicas, físicas e biológicas do solo.
Dentre os estados brasileiros que necessitam ser melhor amostrados em relação
à diversidade de minhocas encontra-se o Rio Grande do Sul (RS), o qual
possivelmente, abrigue grande riqueza de espécies ainda desconhecidas.
Levantamentos realizados no estado do RS, desde a década de 1920 até o ano de
2010, apontaram a existência de, pelo menos, 44 espécies de minhocas já descritas,
sendo 15 nativas e 29 exóticas. As espécies estão agrupadas em seis famílias, sendo
que a maior parte delas pertence às famílias Lumbricidae (12 espécies) e
Glossoscolecidae (11 espécies) (Tabela 2.2).
35

(continua)
Tabela 2.2 - Lista de famílias, gêneros e espécies de minhocas exóticas (EX), invasoras (IN), potencialmente invasoras (PI),
nativas peregrinas (NP) ou nativas (N) encontradas no Estado do Rio Grande do Sul e sua distribuição.

Família
Gênero e espécie Localização no RS Classificação Referências

Acanthodrilidae
Luederwaldt (1927), Righi
Dichogaster annae Horst (1893) Diversos locais do estado do RS EX, PI (1968, 1984a, 1984b, 1999);
Righi; Ayres (1975)

Dichogaster saliens Beddard (1892) Fontoura Xavier, Ibirubá EX, IN Knäpper; Porto (1979)

Eodrilus doellojuradoi Cordero (1942) Porto Alegre EX Knäpper (1976)

Eodrilus magellanicus Beddard (1895) Porto Alegre EX Knäpper (1976)

Camaquã, Canguçu, Guaíba, Jaguarão,


Knäpper (1976); Schiavon et al.
Microscolex dubius Fletcher (1887) Pedro Osório, Pelotas, Pinheiro Machado, EX
(2009); Lima; Rodríguez (2007)
Piratini, Porto Alegre, Santana do Livramento,
Taquara

Microscolex michaelseni Beddard (1895) Porto Alegre EX Knäpper (1976)

Moreira (1903); Martiis (1905);


Microscolex phosphoreus Dugès (1837) Guaíba e outros locais inespecíficos do
EX Michaelsen (1927); Knäpper
Estado do RS
(1976)

Criodrilidae
Knäpper; Porto (1979)
Criodrilus lacuum Hoffmeister (1845) Porto Alegre, Triunfo EX

Guarani camaqua Lima e Rodríguez (2007) Camaquã N Lima; Rodríguez (2007)


36

(continuação)
Tabela 2.2 - Lista de famílias, gêneros e espécies de minhocas exóticas (EX), invasoras (IN), potencialmente invasoras
(PI), nativas peregrinas (NP) ou nativas (N) encontradas no Estado do Rio Grande do Sul e sua distribuição.

Família
Localização no RS Classificação Referências
Gênero e espécie

Glossoscolecidae

Alexidrilus icomi Righi (1971) Porto Alegre N Knäpper (1976)

Alexidrilus littoralis Ljungstrom (1972) Canela, Guaíba, São Leopoldo, Tenente N Knäpper (1976, 1977); Knäpper
Portela (registro pessoal)

Alexidrilus lourdesae Righi (1971) Estrela N Righi (1971)

Glossodrilus parecis Righi; Ayres (1975) Parecis N Righi; Ayres (1975)

Glossoscolex catharinensis Michaelsen (1918) São Sebastião do Caí N Righi (1974)

Glossoscolex grandis Michaelsen (1892) Passo Fundo N Michaelsen (1892, 1918)

Glossoscolex truncatus Rosa (1895) Uruguaiana N Luederwaldt (1927)

Glossoscolex uruguayensis uruguayensis


São Leopoldo N Righi (1974)
Cordero (1943)
= Glossoscolex uruguayensis Cordero (1943)

Glossoscolex wiengreeni Michaelsen (1897) Guaíba, Porto Alegre, Santa Maria N Knäpper; Porto (1979)

Alegria, Charqueadas, Chuí, General


Knäpper (1972b, 1976, 1979);
Pontoscolex corethrurus Müller (1857) Câmara, Guaíba, Ilha da Pintada (Porto IN, NP
Knäpper; Porto (1979)
Alegre), Rolante, São Leopoldo, São Luiz
Gonzaga, Sapucaia do Sul, Tramandaí

Urobenus brasiliensis Benham (1887) Itaqui, Pelotas, Porto Alegre, Taquara, Turuçu N Righi (1971), Schiavon et al.
= Rhinodrilus papillifer Michaelsen (1892) (2009)
37

(continuação)
Tabela 2.2 - Lista de famílias, gêneros e espécies de minhocas exóticas (EX), invasoras (IN), potencialmente invasoras
(PI), nativas peregrinas (NP) ou nativas (N) encontradas no Estado do Rio Grande do Sul e sua distribuição.

Família
Localização no RS Classificação Referências
Gênero e espécie

Lumbricidae

Aporrectodea trapezoides Dugès (1828) Porto Alegre EX Michaelsen (1892); Knäpper


(1976)
Canela, Canguçu, Charqueadas, Estrela,
Guaíba, Herval, Mariluz, Nova Petrópolis, Righi (1967); Knäpper; Hauser
Novo Hamburgo, Pelotas, Pinheiro Machado, (1969); Knäpper (1976);
Aporrectodea caliginosa Savigny (1826) EX, PI
Piratini, Porto Alegre, Rolante, Santa Cruz do Knäpper; Porto (1979);
Sul, São Francisco de Paula, São Leopoldo, Knäpper (registro pessoal)
Sapucaia do Sul, Sobradinho, Viamão

Aporrectodea rosea Savigny (1826) Porto Alegre EX Michaelsen (1892)


a
Bimastos parvus Eisen (1874) Camaquã, Nova Teutônia EX J&B ; Lima; Rodríguez (2007)

Dendrobaena veneta Rosa (1886) Porto Alegre EX Knäpper; Porto (1979)

Eisenia andrei Bouché (1972) Santa Maria, Pelotas EX Steffen (2010); Schiedeck et al.
(2009b)
Barra do Ribeiro, Gramado, Guaíba, Ilha
Grande dos Marinheiros (Porto Alegre), Ivoti, Michaelsen (1892); Knäpper;
Eisenia fetida Savigny (1826) Lajeado, Mariluz, Novo Hamburgo, Pelotas, EX Porto (1979); Righi (1967);
Piratini, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Knäpper (1972a, 1976)
Tramandaí, Viamão

Eisenia lucens Waga (1857) Fontoura Xavier, Porto Alegre, Santo Ângelo, EX Knäpper (1976); Knäpper;
São Francisco de Paula Porto (1979)

Eiseniella tetraedra pupa Eisen (1874) Porto Alegre EX Knäpper (1976)

Eiseniella tetraedra tetraedra Savigny (1826) Diversos municípios do estado do RS EX Pacheco et al. (1992)
38

(continuação)
Tabela 2.2 - Lista de famílias, gêneros e espécies de minhocas exóticas (EX), invasoras (IN), potencialmente invasoras
(PI), nativas peregrinas (NP) ou nativas (N) encontradas no Estado do Rio Grande do Sul e sua distribuição.

Família
Localização no RS Classificação Referências
Gênero e espécie

Octolasion cyaneum Savigny (1826) Gramado, Pelotas, Porto Alegre, São EX Righi (1967); Knäpper (1976)
Leopoldo

Octolasion lacteum Hoffmeister (1845) Porto Alegre EX Knäpper (1976)

Megascolecidae

Barra do Ribeiro, Caí, Canela, Canoas,


Caxias do Sul, Cruz Alta, Dois Irmãos, Dom
Pedrito, Erval, Estância Velha, Estrela,
Gramado, Guaíba, Harmonia, Ilópolis,
Itaimbezinho, Ivoti, Lajeado, Lavras do Sul,
Amynthas corticis Kinberg (1867) Knäpper (registro pessoal);
Montenegro, Nova Petrópolis, Novo EX, IN
= Pheretima deffringens Baird (1869) Krabbe et al. (1993)
Hamburgo, Roca Sales, Paim Filho, Passo
Fundo, Picada Café, Piratini, Portão, Porto
Alegre, Salvador do Sul, Santa Cruz do Sul,
Santa Maria, São Francisco de Paula, São
Leopoldo, Sapucaia do Sul, Taquara,
Teutônia, Uruguaiana, Viamão

Alvorada, Arroio Grande, Barra do Ribeiro,


Cachoeirinha, Camaquã, Canoas, Caxias do
Sul, Charqueadas, Cruz Alta, Cruzeiro do Sul,
Dois Irmãos, Erval, Estância Velha, Esteio, Knäpper (1972a, 1972b);
Estrela, Gramado, Gravataí, Guaíba, Knäpper; Porto (1979); Krabbe
Amynthas morrisi Beddard (1892)
Harmonia, Herval, Itaqui, Ivoti, Lajeado, EX, PI et al. (1993); Lima; Rodríguez
= Pheretima morrisi Beddard (1892)
Mariluz, Montenegro, Morro Reuter, Nova (2007); Knäpper (registro
Petrópolis, Novo Hamburgo, Pedro Osório, pessoal)
Pelotas, Portão, Porto Alegre, Rolante,
Rosário do Sul, Santa Cruz do Sul, São
Leopoldo, Sapiranga, Sapucaia do Sul,
Taquara, Teutônia, Tramandaí, Viamão
39

(continuação)
Tabela 2.2 - Lista de famílias, gêneros e espécies de minhocas exóticas (EX), invasoras (IN), potencialmente invasoras
(PI), nativas peregrinas (NP) ou nativas (N) encontradas no Estado do Rio Grande do Sul e sua distribuição.

Família
Localização no RS Classificação Referências
Gênero e espécie

Arroio Grande, Barra do Ribeiro,


Cachoeirinha, Camaquã, Canoas, Caxias do
Sul, Charqueadas, Chuí, Cruz Alta, Cruzeiro
do Sul, Dom Pedrito, Encantado, Estância
Velha, Esteio, Estrela, Feliz, General Câmara,
Gramado, Gravataí, Guaíba, Herval,
Knäpper (1972a, 1972b, 1976);
Harmonia, Ilha da Pintada e Ilha do Pavão
Knäpper; Porto (1979);
Amynthas gracilis Kinberg (1867) (Porto Alegre), Ivoti, Lajeado, Lavras da Sul,
Knäpper (registro pessoal);
= Amynthas hawayanus Rosa (1891) Mariluz, Montenegro, Nova Petrópolis, Novo EX, IN
Krabbe et al. (1993); Lima;
= Pheretima hawayana Rosa (1891) Hamburgo, Paim Filho, Pedro Osório,
Rodríguez (2007); Schiavon et
Pelotas, Pinheiro Machado, Piratini, Portão,
al. (2009)
Quaraí, Roca Sales, Rolante, Rosário do Sul,
Salvador do Sul, Santa Cruz do Sul, Santa
Maria, Santa Vitória do Palmar, Santo Ângelo,
São Borja, São Leopoldo, São Lourenço do
Sul, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Tapes,
Taquara, Teutônia, Tramandaí, Uruguaiana,
Viamão

Alvorada, Arroio Grande, Cachoeirinha,


Canguçu, Canoas, Charqueadas, Cruz Alta,
Cruzeiro do Sul, Dois Irmãos, Estância Velha,
Esteio, Estrela, Guaíba, Jaguarão, Lajeado,
Metaphire californica Kinberg (1867) Mariluz, Montenegro, Nova Petrópolis, Novo
Knäpper (registro pessoal);
= Pheretima californica Michaelsen (1900) Hamburgo, Osório, Pedro Osório, Pelotas, EX, PI
Krabbe et al. (1993)
Piratini, Portão, Porto Alegre, Rolante,
Rosário do Sul, Santa Cruz do Sul, Santa
Maria, Santana do Livramento, São Leopoldo,
São Luiz Gonzaga, Sapucaia do Sul,
Taquara, Teutônia, Torres, Tramandaí,
Venâncio Aires
40

(conclusão)
Tabela 2.2 - Lista de famílias, gêneros e espécies de minhocas exóticas (EX), invasoras (IN), potencialmente invasoras
(PI), nativas peregrinas (NP) ou nativas (N) encontradas no Estado do Rio Grande do Sul e sua distribuição.

Família
Localização no RS Classificação Referências
Gênero e espécie

Arroio Grande, Bagé, Barra do Ribeiro,


Camaquã, Charqueadas, Cruz Alta, Dois
Irmãos, Estância Velha, Esteio, General Michaelsen (1927); Knäpper
Metaphire schmardae Horst (1883)
Câmara, Gramado, Guaíba, Harmonia, (1972a, 1972b); Knäpper; Porto
= Pheretima schmardae Horst (1883) EX, PI
Herval, Ijuí, Mariluz, Montenegro, Novo (1979); Knäpper (registro
= Amynthas schmardae Beddard (1900)
Hamburgo, Pelotas, Portão, Porto Alegre, pessoal)
Quaraí, Santa Maria, São Leopoldo,
Sapiranga, Sapucaia do Sul, Taquara,
Tramandaí, Viamão, São Leopoldo

Righi; Knäpper (1965, 1966);


Pheretima darnleiensis Fletcher (1886) 15 municípios do estado do RS EX, PI
Knäpper (1972a, 1972b)

Polypheretima taprobanae Beddard (1892) Gramado, Nova Petrópolis, Porto Alegre, EX, PI Knäpper (1976); Knäpper
Santa Cruz do Sul, São Leopoldo, Viamão (registro pessoal)

Pontodrilus litoralis Grubbe (1855) Vários locais ao longo do litoral EX, PI Righi (1968)

Ocnerodrilidae

Eukerria eiseniana Rosa (1895) Camaquã N? Lima; Rodríguez (2007)

Eukerria garmani argentinae Jamieson (1970) Camaquã, Estrela N? Righi; Ayres (1975); Lima;
Rodríguez (2007)

Eukerria saltensis Beddard (1895) Camaquã EX Lima; Rodríguez (2007)

Eukerria stagnalis Kinberg (1867) Camaquã, Estrela, Porto Alegre N? Righi; Ayres (1975); Lima;
Rodríguez (2007)
a
Observações pessoais de Samuel Wooster James e George Gardner Brown.
Fonte: Extraída e modificada de Brown et al. (2006) e James e Brown (2006).
41

2.3 Categorias ecológicas

De acordo com a atividade e a estratégia alimentar, as minhocas podem ser


classificadas em diferentes categorias ecológicas, as quais caracterizam o
comportamento destes organismos nos ecossistemas. As minhocas são onívoras e
se alimentam de resíduos vegetais em diferentes graus de decomposição,
juntamente com organismos decompositores acompanhantes, tais como fungos,
bactérias, protozoários e nematóides. Também podem ingerir seus próprios
excrementos, bem como fezes de outros organismos. As minhocas são capazes de
selecionar seu alimento ingerindo, preferencialmente, as partes macias das folhas,
bem como resíduos contendo teores elevados de nitrogênio e cálcio (RIGHI, 1999).
Em relação à categoria nutricional ou estratégia alimentar, as minhocas são
divididas em dois grandes grupos: detritívoras e geófagas. As detritívoras são
aquelas que se alimentam próximo à superfície do solo ingerindo, principalmente
serrapilheira3, raízes de plantas mortas e outros resíduos vegetais. As minhocas
geófagas alimentam-se no subsolo, ingerindo restos orgânicos sem estrutura celular
reconhecível, dispersos entre as partículas minerais do solo (LEE, 1985; RIGHI,
1999).
Tanto as espécies detritívoras como as geófagas alimentam-se de material
orgânico e mineral. No entanto, as detritívoras consomem, preferencialmente,
resíduos orgânicos, havendo predominância de matéria orgânica no seu trato
digestivo, enquanto que no trato digestivo das geófagas, a maior proporção dos
materiais ingeridos corresponde a partículas minerais (LEE, 1985).
As diferentes espécies de minhocas foram classificadas em três grupos
funcionais ou categorias ecológicas, relativas à estratificação vertical: epigéicas,
endogéicas e anécicas (BOUCHÉ, 1977; LEE, 1985; JAMES, 2000) (Tabela 2.3).
As espécies epigéicas ou epígeas vivem na superfície dos solos, podendo
habitar tanto a serrapilheira, quanto os solos suspensos sobre galhos, axilas de
folhas de palmeiras e bromélias (BROWN; JAMES, 2007; DOMÍNGUEZ et al., 2009).

3
Serrapilheira ou serapilheira é a camada de resíduos orgânicos em diferentes estágios de
decomposição, que se acumula na superfície do solo. Nos ecossistemas, sua composição varia de
acordo com o tipo de vegetação. A serrapilheira pode ser composta por resíduos vegetais, como
folhas, caules, ramos, frutos, flores e sementes, bem como por resíduos animais, tais como
excrementos e restos de animais mortos (LAVELLE et al., 1997).
42

Normalmente, são pigmentadas, apresentam comprimento menor do que as


espécies endogéicas e anécicas, possuem altas taxas de reprodução e expectativa
de vida curta (JAMES, 2000). Alimentam-se de matéria orgânica em etapas
primárias ou intermediárias de decomposição, o que torna seus coprólitos4
essencialmente orgânicos (BROWN; JAMES, 2007).

Tabela 2.3 – Categorias ecológicas, habitat, alimentação e características


morfológicas das minhocas.

Tamanho e
Categoria Subcategoria Habitat Alimento
Pigmentação
serrapilheira, < 10 cm, altamente
Epigéica liteira
micróbios pigmentada
EPIGÉICA
Epi-anécica/ serrapilheira, 10-15 cm, parcialmente
superfície do solo
Epi-endogéica microrganismos pigmentada
> 15 cm, pigmentação
ANÉCICA Anécica galerias (> 40 cm) liteira e solo
anterodorsal
solo com alto
superfície do solo < 15 cm, filiforme,
Polihúmica teor de matéria
e rizosfera despigmentada
orgânica
camada de solo 10-20 cm,
Mesohúmica 0-20 cm do solo
de 0–10 cm despigmentada
ENDOGÉICA
0-50 cm do solo,
camada de solo
Endo-anécica algumas fazem > 20 cm, despigmentada
de 0–10 cm
galerias
camada de solo
Oligohúmica 15-80 cm do solo > 20 cm, despigmentada
de 20–40 cm

Fonte: Extraída e modificada de Hendrix e Bohlen (2002).

As espécies endogéicas habitam os horizontes minerais do solo, onde


constróem galerias semipermanentes e permanentes. Em comparação às espécies
epigéicas, as endogéicas são maiores, menos pigmentadas, possuem maior
expectativa de vida e taxa reprodutiva menor. Em função do tipo de alimentação,
formam coprólitos minerais, frequentemente enriquecidos com matéria orgânica e
partículas de argila (JAMES, 2000). A maior parte das espécies de minhocas
pertence a esta categoria ecológica (BROWN; JAMES, 2007), sendo consideradas

4
Coprólitos são os excrementos das minhocas, ou seja, corresponde ao produto final da
transformação de resíduos orgânicos e matéria mineral que passou pelo trato digestivo das minhocas
e foi eliminado após ter sofrido ação física (minhoca), química (enzimas e hormônios) e biológica
(microrganismos existentes nos órgãos do aparelho digestivo das minhocas) (LAVELLE et al., 1997).
43

os agentes responsáveis pela agregação e estabilização da matéria orgânica do solo


(LAVELLE; SPAIN, 2001).
As espécies anécicas são, geralmente, grandes e vivem em galerias
essencialmente verticais e permanentes que podem ultrapassar 40 cm de
profundidade. Durante a noite, alimentam-se de material orgânico em estágios
intermediários de decomposição na superfície do solo, o qual frequentemente é
enterrado para acelerar a decomposição e aumentar a palatabilidade (JAMES, 2000;
BROWN; JAMES, 2007; DOMÍNGUEZ et al., 2009).
Reunindo as duas classificações, pode-se afirmar que as minhocas epigéicas
e anécicas agrupam as espécies detritívoras e que as endogéicas incluem as
espécies geófagas. De acordo com a preferência alimentar, Lavelle (1983) propôs a
divisão das espécies de minhocas da categoria endogéica em oligohúmicas,
mesohúmicas e polihúmicas, as quais dependem, respectivamente, de quantidades
pequenas, moderadas e altas de matéria orgânica humificada (húmus) vinculada ao
solo mineral ingerido (Tabela 2.3).
As minhocas podem ainda ser divididas entre engenheiras do ecossistema e
decompositoras ou transformadoras da serrapilheira. As engenheiras do
ecossistema são aquelas minhocas que vivem dentro do solo (endogéicas e
anécicas), que constróem galerias e produzem estruturas organominerais altamente
resistentes, que persistem no solo (meses a anos) afetando o ambiente e os
organismos menores que vivem nele. Estas minhocas interagem com a microbiota
edáfica, desenvolvendo relação mutualística com os organismos que vivem em seu
trato digestivo (intestino) e nas estruturas que constróem. As transformadoras da
serrapilheira ou decompositoras são as minhocas epigéicas que vivem e se
alimentam da serrapilheira, produzindo estruturas puramente orgânicas que são
menos persistentes no ambiente (GILLER et al., 1997; LAVELLE, 1997).
Cabe ressaltar ainda que, em função do menor valor energético do material
mineral em relação ao orgânico, as minhocas endogéicas necessitam ingerir maior
quantidade de alimento, quando comparadas às minhocas epigéicas e anécicas,
para poder atender suas exigências energéticas. Assim, as minhocas endogéicas
produzem maior quantidade de excrementos, os quais são liberados na superfície e,
mais frequentemente, no interior do solo (LEE, 1985; JAMES, 2000).
44

Os padrões ecológicos de vida dos diferentes tipos de minhocas presentes no


solo, refletem em distintos papéis funcionais e efeitos ambientais das espécies sobre
o ecossistema (JAMES, 2000). Assim, o conhecimento da diversidade de minhocas
em um determinado ambiente possibilita a compreensão dos efeitos e alterações
que a atividade destes organismos provoca no solo.

2.4 Importância das minhocas para o solo

As minhocas são importantes para o funcionamento do solo e a manutenção


da sustentabilidade dos ecossistemas. Esses organismos contribuem para a
melhoria da estrutura e qualidade física do solo, através da movimentação de
partículas dentro e entre os horizontes, da formação de agregados e consequente
aumento da resistência do solo à erosão, além do aumento da porosidade, aeração,
infiltração e retenção de água no solo (BLANCHART et al., 1999; LAVELLE et al.,
2006). Através da formação de bioporos (Figura 2.2 A), facilitam a aeração,
infiltração de água e a formação de macroagregados estáveis no solo. Participam da
decomposição de matéria orgânica, da mineralização e disponibilização de
nutrientes para as plantas (LAVELLE et al., 2006), sendo por isso, sua presença
considerada indicativo de solo fértil e saudável pelos agricultores (SCHIEDECK et
al., 2009a; LIMA; BRUSSAARD, 2010). Domínguez et al. (2010) relatam ainda efeito
benéfico das minhocas sobre a germinação e distribuição de sementes no solo.
A atividade das minhocas no solo, mais especificamente a movimentação e
ingestão de partículas minerais e orgânicas, forma uma ampla rede de galerias,
tanto na direção vertical como na horizontal, que contribui para os processos físicos
e para a manutenção da vida no solo. A abertura de galerias no perfil do solo, além
de contribuir para a infiltração de água e troca de gases, quando não mais utilizadas
pelas minhocas, servem de abrigo a outros organismos (BROWN et al., 2004;
BROWN; JAMES, 2007).
45

A B
A

Foto: Gerusa Pauli Kist Steffen Foto: Gerusa Pauli Kist Steffen

Figura 2.2 – Bioporo formado pela espécie Amynthas gracilis em solo arenoso (A) e
coprólitos de uma espécie endogéica depositados na superfície de um
campo nativo (B).

A atividade constante das minhocas no perfil do solo resulta na formação de


um ambiente característico, denominado de drilosfera. De acordo com Beare et al.
(1995), a drilosfera corresponde à zona do solo influenciada pela ação das
minhocas, que se estende da serrapilheira ao volume de solo ao redor das suas
galerias e câmaras. Normalmente, o ambiente edáfico influenciado por minhocas é
caracterizado não apenas pela presença de amplas redes de galerias, mas também
pela deposição de excrementos (Figura 2.2 B), também denominados de coprólitos
ou estruturas biogênicas5 (ROSSI et al., 2006), os quais têm papel importante no
funcionamento do ecossistema. Barois et al. (1999) ressaltam que, quando secas,
além de concentrarem carbono orgânico e nutrientes, estas estruturas conferem ao
solo maior resistência ao processo erosivo devido à sua elevada estabilidade.
Segundo Lafont et al. (2007) a construção de galerias e a produção de coprólitos,
resultado da ingestão de resíduos orgânicos e minerais, estão entre as atividades
das minhocas que causam alterações significativas nas propriedades físicas,
químicas e biológicas do solo.
Em agrossistemas sob diferentes usos da terra, as minhocas representam um
dos principais grupos de macroinvertebrados edáficos presentes. Conforme Fragoso
et al. (1999), as minhocas correspondem entre 40% a 90% da biomassa da
macrofauna na maioria dos ecossistemas tropicais, onde contribuem para a
manutenção da fertilidade do solo por meio de três ações principais: (1) constróem e

5
Estruturas biogênicas são aquelas produzidas pela atividade biológica de algum organismo
(LAVELLE, 1996). No caso das minhocas, estas estruturas são túneis, galerias e coprólitos.
46

mantêm a estrutura do solo, baseada em macroagregados resistentes; (2) liberam


os nutrientes contidos na matéria orgânica do solo; e (3) protegem fisicamente a
matéria orgânica no interior de coprólitos compactos (LAVELLE et al., 1997;
LAVELLE et al., 2006). Também promovem a fragmentação e redistribuição da
matéria orgânica no solo, contribuindo com a ciclagem e liberação de nutrientes
contidos nesse material (KENNETTE et al., 2002). As minhocas promovem uma
redistribuição da serrapilheira tanto vertical quanto horizontalmente no solo, criando
sítios (patches) de matéria orgânica que são, ao mesmo tempo, substrato e refúgio
para microrganismos e demais organismos da fauna edáfica (JAMES, 2000;
LAVELLE et al., 2006).
Considerando a densidade populacional, a biomassa e as funções que
desempenham no solo, as minhocas são consideradas organismos chave na
conservação da estrutura do ambiente e no controle da dinâmica dos nutrientes no
solo (EDWARDS; BOHLEN, 1996).
A presença de minhocas no ecossistema provoca alterações nas
propriedades químicas do solo, tais como valor de pH e disponibilidade de nutrientes
como cálcio, magnésio, fósforo, potássio e nitrogênio; nas propriedades físicas, tais
como aumento da capacidade de retenção e infiltração de água, aeração e formação
da estrutura do solo; além de alterações na atividade e população de
microrganismos existentes no ambiente, devido à elevada diversidade de
microrganismos que habitam o trato digestivo das minhocas (LEE, 1985; BROWN;
JAMES, 2007). Segundo Brito-Veja e Espinosa-Victoria (2009), dentre os
microrganismos que habitam o trato digestivo das minhocas, destacam-se os
fixadores de nitrogênio, produtores de hormônios de crescimento vegetal e
solubilizadores de fosfato, os quais estão envolvidos em importantes processos no
solo.
Além de representarem um meio de incubação de microrganismos benéficos
para a sustentabilidade dos ecossistemas, as minhocas atuam na dispersão destes
microrganismos através da constante deposição de coprólitos (BRITO-VEGA;
ESPINOSA-VICTORIA, 2009). Os excrementos frescos das minhocas apresentam
maior concentração e atividade de microrganismos do que o solo circundante onde
vivem (DELL’ AGNOLA; NARDI, 1987; FIUZA et al., 2011), o que favorece a
biodisponibilização de nutrientes para as plantas devido ao processo de
47

mineralização. Além disso, apresentam elevada disponibilidade de nutrientes,


tamponamento da acidez do solo, alta capacidade de troca catiônica e de retenção
de umidade, sendo capazes de contribuir com o crescimento e desenvolvimento das
plantas (BROWN; JAMES, 2007).
Fiuza et al. (2011) compararam a disponibilidade de nutrientes, o teor de
carbono orgânico e a atividade microbiana dos coprólitos de Chibui bari6 com o solo
adjacente em áreas de floresta secundária, cultivo de seringal e pastagem. Os
autores observaram que os coprólitos apresentaram melhor condição química e
biológica do que o solo adjacente nas três áreas avaliadas, pois apresentaram
maiores concentrações de cálcio, magnésio, potássio, fósforo e carbono orgânico
total, maiores valores de pH e CTC, redução nos teores de alumínio trocável (Al3+),
além de maior respiração microbiana.
Aliada à concentração e biodisponibilização de nutrientes, existe a liberação
de compostos orgânicos capazes de estimular o crescimento vegetal e de controlar
determinados fitopatógenos. Segundo Brown et al. (2004), os coprólitos podem
influenciar direta e indiretamente o crescimento de plantas, devido à presença de
quantidades significativas de ácidos húmicos e hormônios reguladores do
crescimento vegetal. Acredita-se também que os compostos orgânicos estáveis
presentes nos coprólitos possam causar supressividade sobre alguns fitopatógenos
fúngicos e bacterianos, contribuindo para o controle de determinados
microrganismos fitopatogênicos.
Como efeitos negativos da introdução de P. corethrurus em ecossistemas,
além da dominância sobre espécies de minhocas nativas, quando presente em
densidades elevadas, a alta produção de coprólitos na superfície do solo pode
compactar a camada superficial, dificultando a infiltração de água no perfil, a
atividade de outros organismos e o crescimento de raízes. Em períodos chuvosos, a
dificuldade de infiltração de água no solo pode saturar as camadas superficiais,
gerando um ambiente com condições anaeróbicas. Em períodos de seca, a abertura
de fendas na superfície do solo pode facilitar a perda de umidade, prejudicar o
crescimento radicular e a absorção de água pelas raízes, o que pode provocar

6
Chibui bari (Righi e Guerra, 1985) é uma espécie de minhocuçu pertencente à família
Glossoscolecidae, nativa da região amazônica, de hábito geófago e endogéico, que apresenta
distribuição em todo o Estado do Acre (FIUZA et al., 2011).
48

declínio ou até mesmo a morte da vegetação existente (CHAUVEL et al., 1999;


BARROS et al., 2001).
Além de todos os benefícios descritos em relação à melhoria de propriedades
físicas, químicas e biológicas do solo, por apresentarem sensibilidade aos diferentes
tipos de uso e manejo adotados em áreas agrícolas, as minhocas tem sido utilizadas
como indicadores biológicos da qualidade do solo por muitos pesquisadores
(RESSETTI, 2006; NUNES et al., 2007; VELAZQUEZ et al., 2007; SUTHAR, 2009;
LIMA; BRUSSAARD, 2010).
As minhocas são consideradas excelentes indicadores da qualidade de
agroecossistemas por responderem a diferentes tipos de uso e manejo dos solos
(PAOLETTI, 1999; LAVELLE et al., 2006), estando relacionadas às condições
ambientais como a fertilidade do solo e sendo susceptíveis à perturbação e
contaminação do habitat (BROWN; DOMÍNGUEZ, 2010).
Práticas de manejo que provocam revolvimento do solo tendem a reduzir as
populações de minhocas e, consequentemente, a atividade e os benefícios destes
organismos no meio edáfico (CLAPPERTON et al., 1997; BROWN; DOMÍNGUEZ,
2010). A redução do número de minhocas em áreas agrícolas pode ser ocasionada
diretamente pela morte dos organismos, devido a lesões provocadas pelos
equipamentos utilizados no revolvimento do solo, ou ainda indiretamente, pela
destruição das galerias (drilosfera), redução das fontes de alimento, alteração da
temperatura, umidade e aeração do solo (CURRY et al., 2002).
De acordo com Brown e Domínguez (2010), a comunidade de minhocas
presente em um determinado local é uma função das condições edáficas (tipo de
solo, mineralogia, teor de matéria orgânica, textura, estrutura, temperatura, umidade
e valor de pH), da vegetação (espécie e cobertura), da topografia (posição
fisiográfica, inclinação), do clima (precipitação, temperatura, umidade relativa do ar,
vento), das interações com outros organismos edáficos, além das condições
históricas que originaram o solo e o local (história humana e geológica).
Dados referentes à comunidade de minhocas presente em um determinado
local podem indicar a integridade do ecossistema e sua capacidade de resistir a
perturbações, sendo úteis na determinação de áreas prioritárias para atividades de
conservação (BROWN; JAMES, 2007). Assim, o levantamento e a identificação das
espécies nativas e exóticas presentes no solo são relevantes para o conhecimento
49

da diversidade e para a compreensão das inter-relações existentes nos


ecossistemas.
Cinquenta e uma espécies exóticas e até sete espécies peregrinas de
minhocas nativas são conhecidas do Brasil, geralmente de agroecossistemas ou
outros locais perturbados próximos a habitações humanas. Oito espécies são
consideradas invasoras e outras 16 são potencialmente invasoras. No entanto,
pouco se conhece a respeito dos efeitos que promovem sobre espécies de plantas,
propriedades e processos do solo, bem como sobre espécies de minhocas nativas
(BROWN et al., 2006) potencialmente importantes para identificar ambientes que
tiveram pouca ou nenhuma interferência antrópica.
Espécies de Lumbricidae e algumas espécies de Acanthodrilidae são
encontradas principalmente nas regiões sul e sudeste do Brasil, onde o clima
subtropical é mais adequado às suas atividades. Outras Acanthodrilidae
(principalmente Dichogaster spp.), espécies da família Megascolecidae (Amynthas
spp.) e P. corethrurus estão disseminadas por todo o Brasil e, às vezes, migram para
ecossistemas nativos servindo como indicadores de perturbação do solo. No
entanto, poucas espécies de minhocas foram estudadas com elevado grau de
detalhamento, como as conhecidas Amynthas spp. e P. corethrurus. Resultados
disponíveis na literatura indicam que a atividade destas espécies de minhocas pode
ter efeitos tanto positivos como negativos sobre os solos, as plantas e a biota nativa,
e que isto pode depender de características do local (solo, clima e tipo de
vegetação) (BROWN et al., 2006).
Em suma, não há dúvidas de que a presença, a abundância e a diversidade
de minhocas possam indicar o impacto causado por atividades antrópicas em
ecossistemas agrícolas e naturais. No entanto, o uso das minhocas como
indicadores ambientais continua restrito na América Latina, principalmente devido às
limitações no conhecimento da biologia básica, da ecologia e taxonomia da maioria
das espécies presentes em agroecossistemas latino-americanos (BROWN;
DOMÍNGUEZ, 2010).
50

2.5 Métodos de extração de minhocas do solo

A metodologia para extração de minhocas do solo deve estar relacionada ao


objetivo do trabalho. Segundo Brown e James (2007) o método de extração deve
facilitar o trabalho de avaliação a ser realizado, no entanto, sem comprometer a
representatividade dos resultados a serem obtidos.
Diferentes métodos de coleta podem ser empregados para a avaliação da
densidade populacional e da biomassa de minhocas em ecossistemas, os quais são
agrupados em físicos, comportamentais e indiretos. Os métodos físicos envolvem a
remoção direta das minhocas do solo, o que pode ser feito através de triagem
manual, lavagem e peneiramento de amostras de solo. Os métodos
comportamentais incluem o uso de armadilhas instaladas na superfície do solo, de
equipamentos que produzem pulsos elétricos ou de soluções irritantes. Os métodos
indiretos envolvem a contagem de estruturas físicas criadas pelas minhocas na
superfície do solo, tais como excrementos e galerias (BROWN; JAMES, 2007).
As particularidades de cada método resultam em vantagens e desvantagens
quanto à sua aplicação. Os métodos frequentemente utilizados são a coleta manual,
por ser o mais preciso e possibilitar tanto a coleta de casulos, quanto de indivíduos
latentes, e o uso de soluções irritantes, por ser mais rápido e prático (RESSETTI,
2004).
O método de coleta manual, recomendado pelo Programa "Tropical Soil
Biology and Fertility" (TSBF), corresponde à retirada de monólitos de solo de 25 × 25
cm de lado e 30 cm de profundidade (ANDERSON; INGRAM, 1993). No caso de
avaliações qualitativas de minhocas em locais onde há suspeita da presença de
espécies endogéicas, as dimensões do monólito de solo podem variar. Segundo
Baretta et al. (2007), o uso de monólitos de grandes dimensões (40 x 40 cm) é mais
eficiente para a coleta de espécies dessa categoria de minhocas, como as do
gênero Glossoscolex.
A extração de minhocas por soluções químicas envolve a adição de uma
solução irritante em uma área pré-definida, com posterior coleta das minhocas que
emergem à superfície em um determinado período de tempo (ZABORSKI, 2003).
Dentre os extratores químicos irritantes que podem ser utilizados estão soluções à
51

base de formaldeído, alil isotiocianato, detergente, permanganato de potássio,


vinagre e pó de mostarda (BROWN; JAMES, 2007).
Para a realização de estudos sobre diversidade de minhocas, a amostragem
com base na instalação de armadilhas do tipo “pitfall” (BIGNELL et al., 2010) é um
método pouco preciso, pois possibilita apenas a captura de espécies ativas que
vivem na superfície do solo (BROWN; JAMES, 2007). O uso de equipamentos que
produzem campo elétrico a partir da introdução de eletrodos no solo é uma
alternativa válida para capturar minhocas. No entanto, sua eficiência é dependente
das condições de umidade do solo, além do equipamento ter elevado valor
monetário, exigir manutenção e cuidados por parte do operador para evitar
acidentes (RÖMBKE, 2007).
Devido à baixa eficiência, o uso de métodos indiretos para avaliar a
população de minhocas é pouco recomendado, embora sejam válidos para estudos
sobre os efeitos da atividade de minhocas nas propriedades e processos edáficos
(BROWN; JAMES, 2007). As principais vantagens e desvantagens das metodologias
baseadas na coleta manual, no uso de soluções irritantes e de campo elétrico estão
descritas na figura 2.3.
Um dos extratores químicos de minhocas mais utilizado é a solução de
formaldeído (0,5%), considerada padrão (ISO 23611-1, 2002). No entanto, por ser
fitotóxico e carcinogênico, representando riscos ao ambiente e ao pesquisador, a
legislação poderá impedir o uso do formaldeído como extrator (SCHMIDT et al.,
2001). Neste sentido, devido às inúmeras vantagens do método químico de extração
de minhocas, é fundamental que novas soluções irritantes atóxicas sejam testadas,
visando facilitar a avaliação da diversidade destes organismos nos ecossistemas,
sem oferecer riscos ao ambiente e à saúde dos pesquisadores.
Para realização de amostragem precisa e segura das espécies de minhocas
que habitam determinado ambiente, recomenda-se a combinação de dois métodos
de amostragem. Primeiramente, pode ser realizada a coleta de um monólito de solo
(25 x 25 x 25 cm) com posterior triagem manual das espécies presentes. Em
seguida, pode ser aplicada uma solução irritante à base de formaldeído sobre a área
escavada, possibilitando a coleta de espécies anécicas, que habitam profundidades
superiores a 25 cm (RÖMBKE, 2007).
52

MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE MINHOCAS

VANTAGENS DESVANTAGENS

• Dificilmente permite a coleta de


minhocas que habitam profundidades
• Método de amostragem mais superiores a 25 cm, bem como de
preciso; espécies ativas, capazes de fugir por
• Obtém maior número e biomassa de galerias permanentes;
minhocas na camada amostrada em COLETA MANUAL • Método trabalhoso que exige maior
relação à extração química; período de tempo para sua execução;
• Permite a amostragem de indivíduos • Promove alterações físicas à estrutura
em estado latente e a coleta de
da área amostrada;
casulos.
• Não pode ser utilizado para amostrar
áreas próximas ao sistema radicular de
plantas.

• Não apresenta a mesma eficiência de


extração para todas as espécies de
minhocas presentes no solo;
• A eficiência é influenciada pelo tipo de
extrator químico, pela concentração na
solução, temperatura (relacionada com
a atividade das minhocas) e umidade
• Método rápido e simples; do solo (solos úmidos dificultam a
infiltração da solução no perfil);
• Eficiente para a amostragem de
espécies anécicas; USO DE SOLUÇÃO • Não possibilita a amostragem de
QUÍMICA indivíduos em estado latente e a coleta
• Não promove alterações físicas à
de casulos;
estrutura do solo.
• O extrator químico usualmente
utilizado (formaldeído) é tóxico e
carcinogênico, podendo provocar a
contaminação do ambiente e afetar a
saúde do aplicador;
• O uso de soluções muito concentradas
pode provocar a morte dos organismos
no interior do solo, antes de atingirem
a superfície, resultando em erros de
amostragem.

• Equipamento de custo elevado;


• Dificuldade de transporte do
• Preserva a integridade do solo; equipamento aos locais amostrados;
• Método rápido e de simples CAMPO ELÉTRICO • A eficiência depende das condições de
execução. umidade do solo;
• Manejado inadequadamente, o
equipamento pode oferecer riscos ao
operador.

Figura 2.3 – Vantagens e desvantagens de alguns métodos de extração de


minhocas do solo.
53

Cabe ressaltar ainda que, independentemente do método utilizado para


avaliação da comunidade de minhocas, é importante considerar alguns parâmetros,
tais como: tamanho e número de amostras, características do local, tempo de
amostragem e condições ambientais. O número e o tamanho das amostras devem
ser suficientemente grande para garantir a avaliação segura e precisa da população
de minhocas do local avaliado. A distância entre as amostras deve ser respeitada
para evitar interferências. A distribuição das amostras na área deve considerar as
características físicas e biológicas do ambiente, tais como tamanho da parcela,
diferenças de vegetação e tipo de solo (BROWN; JAMES, 2007). Além disso, é
fundamental considerar o tempo disponível para a realização da amostragem, bem
como os materiais necessários, a disponibilidade de recursos e de mão-de-obra
(BROWN; JAMES, 2007).
Ao comparar o uso de métodos comportamentais (formol 0,5% e eletricidade)
e da coleta manual para extração de minhocas em diferentes ecossistemas
(fragmento de mata secundária, margem de um pântano, área agrícola de cultivo
anual e pastagem), Azevedo et al. (2010) observaram que alguns fatores ambientais
e comportamentais das espécies presentes influenciaram a eficiência dos diferentes
métodos utilizados: a) composição específica da comunidade de minhocas; b)
diferenças na reação de indivíduos adultos e juvenis; c) tipo de cobertura vegetal
estabelecida no local; d) condições edáficas, especialmente o teor de umidade; e)
hábito/categoria ecológica das espécies de minhocas presentes no local. Neste
sentido, para que a avaliação da comunidade de minhocas presente em uma
determinada área seja realizada corretamente, Azevedo et al. (2010) sugerem que a
escolha dos métodos de coleta deve ser realizada com base nas condições de cada
local a ser amostrado.

2.7 Caracterização e identificação de espécies

A caracterização e identificação das espécies de minhocas usualmente é


realizada com base nos caracteres externos e internos dos exemplares coletados, a
qual é denominada caracterização morfológica. Os estudos anátomo-taxonômicos
54

são realizados em exemplares previamente fixados em formol (4 a 10%) ou em


etanol (100%), os quais são mergulhados em água, em cubas para dissecação,
onde são presos com alfinetes entomológicos (RIGHI, 1990).
As observações gerais são realizadas com auxílio de microscópio
estereoscópio (lupa) e as mais detalhadas necessitam de um microscópio óptico
comum. Os trabalhos taxonômicos exigem o conhecimento dos caracteres externos
(cor, forma, comprimento, diâmetro, segmentos, forma do prostômio e do clitelo,
sulcos intersegmentares, forma e localização das cerdas, tipos de poros, marcas
genitais, traves pubertais, sulcos seminais, papilas e zona caudal) e internos
(septos, moela, esôfago, glândulas calcíferas, intestino, cecos intestinais, tiflosole,
nefrídios, sistema circulatório, testículos, funis seminais, sacos testiculares,
vesículas seminais, canais deferentes, próstatas, câmaras copulatórias, ovários,
ovisacos, funis ovulares, espermatecas e glândulas das marcas pubertais) (RIGHI,
1990).
Pode-se perceber que a taxonomia de minhocas é trabalhosa e baseia-se em
toda sua anatomia, sendo que a descrição de uma espécie constitui-se em pequena
monografia anatômica, como assinalou Pickford (1947) citado por Righi (1990).
Devido à dificuldade e à grande demanda de tempo para identificar os exemplares,
aliada ao reduzido número de pesquisadores e taxonomistas de oligoquetas ativos
no mundo inteiro, novas ferramentas surgiram com o intuito de facilitar a
identificação das espécies de minhocas, como é o caso das técnicas moleculares.
As avaliações moleculares surgiram como ferramenta auxiliar nos estudos de
taxonomia de oligoquetas, facilitando e acelerando o processo de identificação das
espécies. A filogenética molecular é uma das mais ativas áreas de pesquisa em
biologia evolutiva e tem grande ligação com a genética da conservação. É uma
ciência aplicada que possibilita a descrição da composição genética e genômica de
populações (SIQUEIRA et al., 2010). A maioria dos estudos moleculares
desenvolvidos em minhocas é de filogenia e se baseia no sequenciamento de genes
de regiões conservadas e variáveis do DNA, tais como: 5.8S, 18S, 28S, 12S, 16S
rRNA (BEAUCHAMP et al., 2001; JAMIESON et al., 2002; POP et al., 2007; CHANG
et al., 2008; KLARICA et al., 2012), subunidades I e II da citocromo c oxidase (COI)
(POP et al., 2003; KLARICA et al., 2012), citocromo B (BLEIDORN et al., 2006),
subunidade I de NADH desidrogenase (CHANG et al., 2008), genes do
55

desenvolvimento (Hox e ParaHox) (FRÖBIUS; SEAVER, 2006) e fator de


alongamento I alfa (KOJIMA, 1998).
Neste sentido, tem sido intensificado o uso de ferramentas moleculares em
estudos sobre diversidade de minhocas, visando aproximar a caracterização
morfológica da caracterização molecular e, assim, produzir conhecimentos sólidos e
consistentes sobre a população de minhocas presente nos mais diversos
agroecossistemas do planeta Terra.
56

2.8 Referências bibliográficas

ADDISON, J. A. Distribution and impacts of invasive earthworms in Canadian forest


ecosystems. Biological Invasions, Knoxville, v. 11, n. 1, p. 59-79, Jan. 2009.

ANDERSON, J. M.; INGRAM, J. S. I. Tropical Soil Biology and Fertility: a


handbook of methods, 2nd ed. Wallingford: CAB International. 1993. 221p.

ARAUJO, M. A. R. Unidades de Conservação no Brasil: da república à gestão de


classe mundial. Belo Horizonte: SEGRAC, 2007. 272p.

AZEVEDO, P. T. M. et al. Populações de minhocas amostradas por diferentes


métodos de coleta (elétrico, químico e manual) em ecossistemas da região de
Londrina, Paraná, Brasil. Acta Zoológica Mexicana (n.s.), Xalapa, v. 26, Número
Especial 2, p. 79-93, Oct. 2010.

BARETTA, D. et al. Earthworm populations sampled using collection methods in


atlantic forests with Araucaria angustifolia. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 64, n. 4,
p. 384-392, July/Aug. 2007.

BAROIS, I. et al. Ecology of species with large environmental tolerance and/or


extended distributions. In: LAVELLE, P.; BRUSSAARD, L.; HENDRIX, P. F. (Ed.).
Earthworm management in tropical agroecosystems. Wallingford: CAB
International, 1999. p. 57-85.

BARROS, M. E. et al. The role of macrofauna in the transformation and reversibility


of soil structure of an oxisol in the process of forest to pasture conversion.
Geoderma, Tucson, v. 100, n. 1-2, p. 193-213, Mar. 2001.

BARTZ, M. L. C. Ocorrência e taxonomia de minhocas em agroecossistemas no


Paraná, Brasil. 2011. 175f. Tese (Doutorado em Agronomia) – Universidade
Estadual de Londrina, Londrina.

BEARE, M. H. et al. A hierarchical approach to evaluating the significance of soil


biodiversity to biogeochemical cycling. Plant and Soil, Hague, v. 170, n. 1, p. 5-22,
Mar. 1995.

BEAUCHAMP, K. A. et al. Molecular phylogeny of the tubificid oligochaetes with


special emphasis on Tubifex tubifex (Tubificidae). Molecular Phylogenetics and
Evolution, Detroit, v. 19, n. 2, p. 216-224, May 2001.
57

BIGNELL, D. E. et al. Macrofauna. In: MOREIRA, F. M. S.; HUISING, E. J.;


BIGNELL, D. E. (Ed.). Manual de biologia dos solos tropicais: Amostragem e
caracterização da biodiversidade. Lavras: UFLA, 2010. 368p.

BLANCHART, E. et al. Effects of earthworms on soil structure and physical


properties. In: LAVELLE, P.; BRUSSAARD, L.; HENDRIX, P. (Ed.). Earthworm
management in tropical agroecosystems. New York: CAB International, 1999. p.
149-172.

BLEIDORN, C.; PODSIADLOWSKY, L.; BARTOLOMAEUS, T. The complete


mitochondrial genome of the orbiniid polychate Orbinia latreillii (Annelida: Orbiniidae)
– A novel gene order for Annelida and implications for annelid phylogeny. Gene,
Worcester, v. 370, p. 96-103, Mar. 2006.

BOUCHÉ, M. B. Strategies lombriciennes. In: LOHM, U.; PERSSON, T. (Eds.). Soil


organisms as components of ecosystems. Ecological Bulletins, Stockholm, v. 25,
p. 122-123, 1977.

BOUCHÉ, M. B. The establishment of earthworm communities. In: SATCHELL, J. E.


(Ed.). Earthworm ecology: from Darwin to vermiculture. London: Chapman and
Hall, 1983. p. 431-448.

BRITO-VEGA, H.; ESPINOSA-VICTORIA, D. Bacterial diversity in the digestive tract


of earthworms (Oligochaeta). Journal of Biological Sciences, Turkey, v. 9, n. 3, p.
192-199, 2009.

BROWN, G. G.; EDWARDS, C. A.; BRUSSAARD, L. How earthworms affect plant


growtt: burrowing into the mechanisms. In: EDWARDS, C. A. (Ed.). Earthworm
ecology. Boca Raton: CRC Press, 2004. p. 13-49.

BROWN, G. G. et al. Exotic, peregrine, and invasive earthworms in Brazil: diversity,


distribution, and effects on soils and plants. Caribbean Journal of Science, Puerto
Rico, v. 42, n. 3, p. 339-358, Dec. 2006.

BROWN, G. G.; DOMÍNGUEZ, J. Uso das minhocas como bioindicadoras


ambientais: princípios e práticas – o 3° Encontro Latino Americano de Ecologia e
Taxonomia de Oligoquetas (ELAETAO3). Acta Zoológica Mexicana (n.s.), Xalapa,
v. 26, Número Especial 2, p. 1-18, Oct. 2010.

BROWN, G. G.; JAMES, S. W. Ecologia, biodiversidade e biogeografia das


minhocas no Brasil. In: BROWN, G. G.; FRAGOSO, C. (Eds.). Minhocas na
58

América Latina: Biodiversidade e ecologia. Londrina: Embrapa Soja, 2007. p. 297-


381.

CALLAHAM, M. A. et al. Policy and management responses to earthworm invasions


in North America. Biological Invasions Belowground: Earthworms as Invasive
Species, Georgia, v. 8, n. 6, p. 117-129, Sept. 2006.

CAMERON, E. K.; BAYNE, E. M.; COLTMAN, D. W. Genetic structure of invasive


earthworms Dendrobaena octaedra in the boreal forest of Alberta: insights into
introduction mechanisms. Molecular Ecology, Vancouver, v. 17, n. 5, p. 1189-1197,
Mar. 2008.

CHANG, C.-H.; LIN, S.-M.; CHEN, J.-H. Molecular systematics and phylogeography
of the gigantic earthworms of the Metaphire formosae species group (Clitellata,
Megascolecidae). Molecular Phylogenetics and Evolution, Detroit, v. 49, n. 3, p.
958-968, Dec. 2008.

CHAUVEL, A. et al. Pasture degradation by an Amazonian earthworm. Nature,


London, v. 389, p. 32-33, 1999.

CLAPPERTON, M. J. et al. Earthworm populations as affected by long-term tillage


practices in southern Alberta, Canada. Soil Biology and Biochemistry, v. 29, n. 3-
4, p. 631-633, Mar.-Apr. 1997.

CURRY, J. P.; BYRNE, D.; SCHMIDT, O. Intensive cultivation can drastically reduce
earthworm populations in arable land. European Journal of Soil Biology,
Brawnscheweig, v. 38, n. 2, p. 127-130, Apr.-June 2002.

DAVIDSON, D. A.; GRIEVE, I. C. Relationships between biodiversity and soil


structure and function: evidence from laboratory and field experiments. Applied Soil
Ecology, Amsterdan, v. 33, n. 2, p. 176-185, Sept. 2006.

DELL’ AGNOLA, G.; NARDI, S. On overview of earthworm activity in the soil. In:
BONVICINI-PAGLIAI, A. M.; OMODEO, P. (Eds.). On earthworms. Modena: Mucchi
Ed., 1987, p. 103-112.

DIDHAM, R. K. et al. Interactive effects of habitat modification and species invasion


on native species decline. Trends in Ecology & Evolution, Vancouver, v. 22, n. 9,
p. 489-496, Sept. 2007.
59

DOMÍNGUEZ, A.; BEDANO, J. C.; BECKER, A. R. Cambios en la comunidad de


lombrices de tierra (Annelida: Lumbricina) como consecuencia del uso de la técnica
de siembra directa en el centro-sur de Córdoba, Argentina. Ciencia del Suelo,
Buenos Aires, v. 27, n.1, p. 11-19, enero/jun. 2009.

DOMÍNGUEZ, J. Influencia del vermicompost en el crecimiento de las plantas.


Aportes para la elaboración de un concepto objetivo. Acta Zoológica Mexicana
(n.s.), Xalapa, v. 26, Número Especial 2, p. 359-371, Oct. 2010.

EDWARDS, C. A.; BOHLEN, P. J. Biology and ecology of earthworms. 3rd Ed.


Chapman & Hall, London, 1996. 426p.

FIUZA, S. da S.; KUSDRA, J. F.; FURTADO, D. T. Caracterização química e


atividade microbiana de coprólitos de Chibui bari (Oligochaeta) e do solo adjacente.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 35, n. 3, p. 723-728, maio/jun.
2011.

FRAGOSO, C. et al. A survey of tropical earthworms: taxonomy, biogeography and


environmental plasticity. In: LAVELLE, P.; BRUSSAARD, L.; HENDRIX, P. (Coord.)
Earthworm Management in Tropical Agroecosystems. Oxon: CAB International,
1999. p. 01-25.

FRAGOSO, C.; BROWN, G. G.; FEIJOO, A. The influence of Gilberto Righi on


tropical earthworm taxonomy: the value of a full-time taxonomist. Pedobiologia,
Goettingen, v. 47, n. 5-6, p. 400-404, 2003.

FRÖBIUS, A. C.; SEAVER, E. C. ParaHox gene expression in the polychaete annelid


Capitella sp. I. Development Genes and Evolution, Los Angeles, v. 216, n. 2, p. 81-
88, Jan. 2006.

GILLER, K. E. et al. Agricultural intensification, soil biodiversity and agroecosystem


function. Applied Soil Ecology, Amsterdam, v. 6, n. 1, p. 3-16, Aug. 1997.

GONZÁLEZ, G. et al. Earthworm invasions in the tropics. Biological Invasions


Belowground: Earthworms as Invasive Species, Georgia, v. 8, n. 6, p. 1247-1256,
Sept. 2006.

GUNDALE, M. J.; JOLLY, W. M.; DELUCA, T. H. Susceptibility of a Northern


Hardwood Forest to exotic earthworm invasion. Conservation Biology, Davis, v. 19,
n. 4, p. 1075-1083, Aug. 2005.
60

HENDRIX, P. F.; BOHLEN, P. J. Exotic earthworm invasions in North America:


ecological and policy implications. Biological Sciences, California, v. 52, n. 9, p.
801–811, Sept. 2002.

HENDRIX, P. F. Biological invasions belowground: earthworms as invasive species.


Biological Invasions Belowground: Earthworms as Invasive Species, Georgia,
v. 8, n. 6, p. 1201-1204, Sept. 2006.

HENDRIX, P. F. et al. Invasion of exotic earthworms into ecosystems inhabited by


native earthworms. Biological Invasions, Georgia, v. 8, n. 6, p. 1287-1300, Sept.
2006.

ISO/WD (INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION) 23611-1.


Soil Quality – sampling of soil invertebrates. Part 1: hand-sorting and formalin
extraction of earthworms. Version 12. December, 2002. 18p.

JAMES, S. Earthworms (Annelida: Oligochaeta) of the Columbia River basin


assessment area. General Technical Report PNW-GTR-491. Portland, Oregon,
2000. 13p.

JAMES, S. W.; BROWN, G. G. Earthworm ecology and diversity in Brasil. In:


MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J. O.; BRUSSAARD, L. (Eds.). Soil Biodiversity in
Amazonian and Other Brazilian Ecosystems. CABI Publishing: Wallingford, 2006.
p. 56-116.

JAMIESON, B. G. M. et al. Phylogeny of the Megascolecidae and Crassiclitellata


(Annelida: Oligochaeta): combined versus partitioned analysis using nuclear (28S)
and mitochondrial (12S, 16S) rDNA. Zoosystema, Paris, v. 24, n. 4, p. 707-734, Dec.
2002.

JOUQUET, P. et al. Soil invertebrates as ecosystem engineers: Intended and


accidental effects on soil and feedback loops. Applied Soil Ecology, Amsterdam, v.
32, n. 2, p. 153-164, Jun. 2006.

KENNETTE, D. et al. Uptake of trace metals by the earthworm Lumbricus terrestris L.


in urban contaminated soils. Applied Soil Ecology, Amsterdam, v. 19, p. 191–198,
Feb. 2002.

KLARICA, J. et al. Comparing four mitochondrial genes in earthworms – Implications


for identification, phylogenetics, and discovery of cryptic species. Soil Biology and
Biochemistry, Brisbane, v. 45, p. 23-30, Feb. 2012.
61

KNÄPPER, C. F. U. Dominanzverhältnisse der verschiedenen arten der gattung


Pheretima in kulturböden von Rio Grande do Sul. Pedobiologia, Berlin, v. 12, p. 23-
25, 1972a.

KNÄPPER, C. F. U. Oligoquetas terrestres - uma moderna avaliação. Publicação do


Instituto André Voisin, Porto Alegre, n. 1, p.11-19, 1972b.

KNÄPPER, C. F. U. Preliminar considerations on the occurrence of Oligochaetes in


the Estuary of the Guaíba RS. Estudos Leopoldenses, São Leopoldo, v. 38, p. 39-
41, 1976.

KNÄPPER, C. F. U. Ecological niches of P. diffringens (Baird, 1869) and E. lucens


(Waga, 1857) at São Francisco de Paula. Estudos Leopoldenses, São Leopoldo, v.
42, p.194-196, 1977.

KNÄPPER, C. F. U. Velhos habitats de P. corethrurus (Fr. Müller, 1857). Estudos


Leopoldenses, São Leopoldo, v.16, p. 39-50, 1979.

KNÄPPER, C. F. U.; HAUSER, J. Eine anomalie bei “Allolobophora caliginosa”


(Savigny, 1826) (Oligochaeta). Revista Brasileira de Biologia, Rio de Janeiro, v.
29, v. 411-412, 1969.

KNÄPPER, C. F. U.; PORTO, R. P. Ocorrência de Oligoquetas nos solos do Rio


Grande do Sul. Acta Biologica Leopoldensia, São Leopoldo, v.1, p.137-166, 1979.

KOJIMA, S. Paraphyletic status of Polychaeta suggested by phylogenetic analysis


based on the amino acid sequences of elongation factor-1 alpha. Molecular
Phylogenetics and Evolution, Detroit, v. 9, n. 2, p. 255-261, Apr. 1998.

KRABBE, E. L. et al. Avaliação populacional de oligoquetas e características físicas


do solo em diferentes sistemas de cultivo. Ciência Rural, Santa Maria, v. 23, n. 1, p.
21-26, jan./abr., 1993.

LAFONT, A. et al. Effects of the earthworm Pontoscolex corethrurus on banana


plants infected or not with the plant-parasitic nematode Radopholus similis.
Pedobiologia, Berlin, v. 51, n. 4, p. 311-318, Oct. 2007.

LANDGRAF, M. D.; MESSIAS, R. A.; REZENDE, M. O. O. A importância ambiental


da vermicompostagem: vantagens e aplicações. São Carlos: RiMa, 2005. 106p.
62

LAVELLE, P. The structure of earthworm communities. In: SATCHELL, J. E. (Ed.).


Earthworm ecology: from Darwin to vermiculture. London: Chapman and Hall,
1983. p. 449-467.

LAVELLE, P. Earthworm activities and the soil system. Biology and Fertility of
Soils, Berlin, v. 6, n.3, p. 237-251, May 1988.

LAVELLE, P. Diversity of soil fauna and ecosystem function. Biology International,


Paris, v. 33, p. 3-16, July 1996.

LAVELLE, P. Faunal activities and soil processes: adaptative strategies that


determine ecosystem function. Advanced in Ecological Research, New York, v. 27,
p. 93-132, 1997.

LAVELLE, P. et al. Soil function in a changing world: the role of invertebrate


ecosystem engineers. European Journal of Soil Biology, Paris, v. 33, n. 4, p. 159-
193, 1997.

LAVELLE, P.; BRUSSAARD, L.; HENDRIX, P. Earthworms management in


tropical agroecosystems. CABI International, Wallingford, UK, 1999, 320p.

LAVELLE, P.; SPAIN, A. V. Soil ecology. Dordrecht: Kluwer Academic, 2001.

LAVELLE, P. et al. Soil invertebrates and ecosystem services. European Journal of


Soil Biology, Braunschweig, v. 42, n. 1, p. 3-15, Nov. 2006.

LEE, K. E. Earthworms: Their Ecology and Relationships with Soils and Land Use.
Sydnei: Academic Press, 1985, 411p.

LEÓN, Y. S. de; JOHNSON-MAYNARD, J. Dominance of an invasive earthworm in


native and non-native grassland ecosystems. Biological Invasions, Knoxville, v. 11,
n. 6, p. 1393-1401, June 2009.

LIMA, A. C. R. de; BRUSSAARD, L. Earthworms as soil quality indicators: local and


scientific knowledge in rice management systems. Acta Zoológica Mexicana (n.s.),
Xalapa, v. 26, Número Especial 2, p. 109-116, Oct. 2010.
63

LIMA, A. C. R. de; RODRÍGUEZ, C. Earthworm diversity from Rio Grande do Sul,


Brazil, with a new native Criodrilid genus and species (Oligochaeta: Criodrilidae).
Megadrilogica, Canadá, v. 11, n. 2, p. 9- 18, 2007.

LUEDERWALDT, H. A coleção de minhocas (Oligochaeta) no Museu Paulista.


Revista do Museu Paulista, São Paulo, v. 15, p. 545- 556, 1927.

MARTIIS, L. C. de. Gli Oligocheti della Regione Neotropicale, I. Mem. Real. Acad.
Sci., Torino, v. 2, p. 1-72, 1905.

MADIGAN, M. T. et al. Microbiologia de Brock. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
1160p.

McNEELY, J. A. et al. A global strategy on invasive alien species. Gland,


Switzerland and Cambridge, UK, World Conservation Union (IUCN), 2001.

MERLIM, A. de O. et al. Soil macrofauna in cover crops of figs grown under organic
manegement. Scientia Agrícola, Piracicaba, v. 62, n. 1, p. 57-61, Jan. 2005.

MICHAELSEN, J. W. Terricolen der Berliner Zoologischen Sammlung, II. Archiv fur


Naturgeschiechte, Berlin, v. 58, p. 209- 261, 1892.

MICHAELSEN, J. W. Die Oligochatenfauna Brasiliens. Sonderabdruck Aus den


Abhandlungen der Senckenbergischen Gesellschaft, v. 40, p. 367-375, 1927.

MIGGE-KLEIAN, S.; McLEAN, M. A.; HENEGHAN, L. The influence of invasive


earthworms on indigenous fauna in ecosystems previously uninhabited by
earthworms. Biological Invasions, Knoxville, v. 8, n. 6, p. 1275-1285, Sept. 2006.

MOREIRA, C. Vermes oligochetos do Brasil. Arch. Mus. Nac. Rio de Janeiro, v. 12,
p. 125-136, 1903.

MÜLLER, F. II-Description of a new species of earthworm (Lumbricus corethrurus).


Annals and Magazine of Natural History, v. 20, p. 13-15, 1857.

NUNES, D. H. et al. Minhocas como bioindicadoras da qualidade ambiental. Um


estudo de caso na região de Jaguapitã, PR, Brasil. In: BROWN, G. G.; FRAGOSO,
C. (Eds.). Minhocas na América Latina: Biodiversidade e ecologia. Londrina:
Embrapa Soja, 2007. p. 467-480.
64

ODUM, E. P. Fundamentos de Ecologia. 7 ed. Lisboa: Fundação Calouste


Gulbenkian, 2004. 928p.

PACHECO, S. M. et al. Contribuição ao conhecimento da fauna de Oligochaeta das


áreas de alagamento das unisas hidrelétricas de Itá-Machadinho (RS, SC) e
Campos Novos (SC). Com. Mus. Ciênc. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 5, p. 23-
28, 1992.

PAOLETTI, M. G. The role of earthworms for assessment of sustainability and as


bioindicators. Agriculture, Ecosystems and Environment, Amsterdam, v. 74, n. 1-
3, p. 137-155, June 1999.

POP, A. A.; WINK, M.; POP, V. V. Use of 18S, 16S rDNA and cytochrome c oxidase
sequences in earthworm taxonomy (Oligochaeta, Lumbricidae). Pedobiologia,
Berlin, v. 47, n. 5-6, p. 428-433, 2003.

POP, A. A. et al. Application of 16S, 18S rDNA and COI sequences in the molecular
systematics of the earthworm family Lumbricidae (Annelida, Oligochaeta). European
Journal of Soil Biology, Braunschweig, v. 43, s. 1, p. 43-52, Nov. 2007.

RESSETTI, R. R. Determinação da dose de Alil isotiocianato em substituição à


solução de formol na extração de oligochaeta edáficos. 2004. 57f. Dissertação
(Mestrado em Agronomia – Área de concentração Ciência do Solo) – Universidade
Federal do Paraná, Curitiba.

RESSETTI, R. R. Densidade populacional, biomassa e espécies de minhocas em


ecossistemas de áreas urbanas. Scientia Agraria, Curitiba, v. 7, n. 1-2, p. 61-66,
2006.

REYNOLDS, J. W.; WETZEL, M. J. Nomeclatura Oligochaetologica,


suplementum quartum. Champaign: Illinois Natural History Survey Special
Publication, 2007 (no prelo). http://www.inhs.uiuc.edu/~mjwetzel/Nomen.Oligo.html

RIGHI, G. Sobre algumas Lumbricidae (Oligochaeta) do Estado do Rio Grande do


Sul. Ciência & Cultura, São Paulo, v. 19, 342 p., 1967.

RIGHI, G. Sobre alguns Oligochaeta do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia,


Curitiba, v. 28, p. 369-382, 1968.
65

RIGHI, G. Sobre a família Glossoscolecidae (Oligochaeta) no Brasil. Arquivos de


Zoologia, São Paulo, v. 20, p. 1-96, 1971.

RIGHI, G. Notas sobre as Oligochaeta Glossoscolecidae do Brasil. Revista


Brasileira de Biologia, Rio de Janeiro, v. 34, p. 551-564, 1974.

RIGHI, G. Alguns Oligochaeta, Ocnerodrilidae e Glossoscolecidae do Brasil. Papéis


Avulsos de Zoologia, São Paulo, v. 33, p. 239-246, 1980.

RIGHI, G. On a collection of Neotropical Megadrili Oligochaeta. I. Ocnerodrilidae,


Acanthodrilidae, Octochaetidae, Megascolecidae. Studies on Neotropical Fauna
and Environment, Berlin, v. 19, n.1, p. 9-31, 1984a.

RIGHI, G. Oligochaeta Megadrili da Chapada do Guimarães, Mato Grosso. Bol.


Zool., São Paulo, v. 8, n. 17-23, 1984b.

RIGHI, G. Minhocas de Mato Grosso e de Rondônia. Brasília: SCT/PR-CNPq,


1990. Programa do Trópico Úmido, Programa Polonoroeste, Relatório de Pesquisa
n° 12. 157p.

RIGHI, G. Oligochaeta (Annelida) Diversidade e Agro-Ecologia. In: BRANDÃO, C. R.


F.; CANCELLO, E. M. (Ed.). Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil:
síntese do conhecimento ao final do século XX. 5. Invertebrados Terrestres. São
Paulo: FAPESP, 1999. p. 13-21.

RIGHI, G.; AYRES, I. Alguns Oligochaeta sul brasileiros. Revista Brasileira de


Biologia, Rio de Janeiro, v. 35, p. 309-316, 1975.

RIGHI, G.; KNÄPPER, C. U. F. O gênero Pheretima Kinberg, no Estado de Rio


Grande do Sul. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba, v. 25, p. 419-427, 1965.

RIGHI, G.; KNÄPPER, C. U. F. Ciclo anual de Pheretima indica (Horst, 1883)


(Oligochaeta, Megascolecidae). Revista Brasileira de Biologia, Rio de Janeiro, v.
26, p. 341-343, 1966.

RÖMBKE, J. Searching for a standardization of quantitative terrestrial oligochaete


sampling methods: The ISO methodology. In: BROWN, G. G.; FRAGOSO, C. (Ed.).
Minhocas na América Latina: Biodiversidade e ecologia. Londrina: Embrapa Soja,
2007. p. 497-505.
66

ROSSI, J. P. et al. Soil properties inside earthworm patches and gaps in a tropical
grassland (la Mancha, Veracruz, Mexico). European Journal of Soil Biology,
Braunschweig, v. 42, n. 1, p. 284-288, Nov. 2006.

RUPPERT, E. E.; FOX, R. S.; BARNES, R. D. Zoologia dos Invertebrados: uma


abordagem funcional-evolutiva. 7ª ed. São Paulo: Roca, 2005. 1145p.

SCHIAVON, G. de A. et al. Biodiversidade de Minhocas do Solo na Estação


Experimental Cascata, Embrapa Clima Temperado. Pelotas: Embrapa Clima
Temperado, 2009. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento).

SCHIEDECK, G. et al. Percepção de agricultores sobre o papel das minhocas nos


agroecossistemas. Revista Brasileira de Agroecologia, Porto Alegre, v. 4, n. 2, p.
856-859, 2009a.

SCHIEDECK, G.; SCHIAVON, G. de A. ; SCHWENGBER, J. E. Sanguessugas em


minhocários. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2009b. (Comunicado técnico).

SCHIEDECK, G. et al. Aspectos culturais associados às minhocas no Brasil. Acta


Zoológica Mexicana (n.s.), Xalapa, v. 26, Número Especial 2, p. 19-33, Oct. 2010.

SCHMIDT, O. et al. Earthworm communities in conventional wheat monocropping


and low-input wheat-clover intercropping systems. Annals of Applied Biology,
Harpenden, v. 138, n. 3, p. 377-388, June 2001.

SIQUEIRA, F. de F. et al. Análise filogenética do minhocuçu Rhinodrilus alatus, Righi


1971 (Glossoscolecidae: Annelida) baseada em sequências dos genes de RDNA
5.8S, do espaço interno transcrito (ITS1) e da subunidade I da Citocromo C Oxidase
mitocondrial. Acta Zoológica Mexicana (n.s.), Xalapa, v. 26, Número Especial 2, p.
59-77, Oct. 2010.

STEFFEN, G. P. K. et al. Casca de arroz e esterco bovino como substratos para a


multiplicação de minhocas e produção de mudas de tomate e alface. Acta
Zoológica Mexicana (n.s.), Xalapa, v. 26, Número Especial 2, p. 333-343, Oct.
2010.

STORK, N. E.; EGGLETON, P. Invertebrates as determinants and indicators of soil


quality. American Journal of Alternative Agriculture, Greenbelt, v. 7, Special Issue
1-2, p. 38-47, June 1992.
67

SUTHAR, S. Earthworm communities a bioindicator of arable land management


practices: A case study in semiarid region of India. Ecological Indicators,
Olshausenstrasse, v. 9, n. 3, p. 588-594, May 2009.

SWIFT, M. J.; HEAL, O. W.; ANDERSON, J. M. Decomposition in terrestrial


ecosystems. Berkeley. University of California Press, 1979. p. 66-117.

VELAZQUEZ, E.; LAVELLE, P.; ANDRADE, M. GISQ, a multifunctional indicator of


soil quality. Soil Biology & Biochemistry, Brisbane, v. 39, n. 12, p. 3066-3080, Dec.
2007.

ZABORSKI, E. R. Allyl isothiocyanate: na alternative chemical expellant for sampling


earthworms. Applied Soil Ecology, Amsterdam, v. 22, n.1, p. 87-95, Jan. 2003.

ZICSI, A. A revision der gattung Glossodrilus Cognetti, 1905 auf grund der arten aus
dem andengebiet (Oligochaeta: Glossoscolecidae). Regenwürmer aus Südamerika,
25. Opuscula Zoologica, Budapest, v. 27-28, p. 79-116, 1995.

ZICSI, A.; RÖMBKE, J.; GARCIA, M. V. Regenwürmer (Oligochaeta) aus der


Umgebung von Manaus (Amazonien). Regenwürmer aus Südamerika 32. Revue
Suisse de Zoologie, Genève, v. 108, p. 153-164, 2001.
68

3 CAPÍTULO I – LEVANTAMENTO DA DIVERSIDADE DE MINHOCAS EM TRÊS


REGIÕES DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

3.1 Resumo
O conhecimento da diversidade de minhocas no Estado do Rio Grande do Sul
(RS) é limitado. O objetivo deste estudo foi determinar a diversidade de minhocas
em diferentes ecossistemas do RS, priorizando regiões do Estado que ainda não
haviam sido avaliadas. Foram amostrados 15 tipos de ecossistemas em 29
municípios do RS, totalizando 77 locais de amostragem. As avaliações foram
qualitativas, através da retirada de monólitos de solo e triagem manual. A
identificação das espécies foi realizada com base em parâmetros morfológicos e,
para alguns exemplares, através de análises moleculares. Para cada ecossistema
avaliado foram calculados a riqueza de espécies e o índice de McIntosh (U). Foram
observadas diferenças na riqueza de espécies dos ecossistemas avaliados, sendo
que as áreas com menor grau de perturbação (fragmento de mata nativa e campo
nativo) apresentaram maior riqueza. Vinte e uma espécies de minhocas foram
identificadas, pertencentes às famílias Glossoscolecidae (10), Ocnerodrilidae (4),
Megascolecidae (4), Acanthodrilidae (1), Lumbricidae (1) e Criodrilidae (1). Destas,
dez corresponderam a novos registros, sendo seis do gênero Glossoscolex, uma do
gênero Fimoscolex, uma do gênero Kerriona, uma do gênero Eukerria e uma nova
espécie da família Criodrilidae, de hábito aquático, com possibilidade de se tornar
um novo gênero de oligoquetas. Observou-se que a maioria das espécies nativas
(Urobenus brasiliensis Benham (1887), Fimoscolex n. sp. 1 e Glossoscolex sp.)
predomina em ecossistemas pouco alterados pelo homem, enquanto que as
espécies exóticas (Amynthas gracilis Kinberg (1867), Amynthas rodericensis Grube
(1879), Metaphire californica Kinberg (1867), Aporrectodea trapezoides Dugès
(1828)) e peregrina (Pontoscolex corethrurus Müller (1857)) predominam em áreas
com maior antropização.

Palavras-chave: Oligoquetas; diversidade; taxonomia.


69

3.2 Introdução

As minhocas estão presentes em quase todos os ecossistemas terrestres e


representam um dos mais importantes componentes da macrofauna invertebrada do
solo. No mundo, cerca de 8.300 espécies de oligoquetas já foram descritas em 38
famílias e 811 gêneros (REYNOLDS; WETZEL, 2009), embora seja estimada a
existência de um número ainda maior de espécies (FRAGOSO et al., 2003). Estima-
se que mais de 3.000 espécies podem ocorrer na região neotropical (BROWN;
JAMES, 2007). Entretanto, apenas 960 são conhecidas atualmente (FRAGOSO;
BROWN, 2007).
Até o ano de 2010, havia registro de 305 espécies/subespécies de minhocas
(Megadrili) no Brasil, agrupadas em 65 gêneros (BROWN; JAMES, 2007), das quais
259 são nativas (85%) e 46 são exóticas (15%). Em 2011, nove novas espécies
brasileiras foram descritas, as quais foram coletadas em diferentes sistemas de uso
do solo no Estado do Paraná (BARTZ, 2011). No entanto, supõe-se que ainda exista
grande número de espécies de minhocas a serem descobertas no Brasil, porque
somente em poucas regiões foi avaliada a diversidade de oligoquetas, além do país
possuir grande território e diversidade de climas e solos favoráveis ao
estabelecimento destes organismos. Se as estimativas referentes à biodiversidade
de minhocas estiverem corretas, a maioria das espécies presentes no Brasil ainda
não foi encontrada e descrita (BROWN; JAMES, 2007), representando um grande
desafio para os pesquisadores de oligoquetas.
As famílias mais diversificadas no Brasil são a Glossoscolecidae (Michaelsen,
1900), com 201 espécies/subespécies (todas nativas) agrupadas em 24 gêneros, a
Ocnerodrilidae (Beddard, 1891), com 46 espécies (39 nativas) agrupadas em 15
gêneros e a Acanthodrilidae (Claus, 1880), com 24 espécies (12 nativas) agrupadas
em sete gêneros. As demais famílias menos expressivas são Lumbricidae (13
espécies), Megascolecidae (11 espécies), Almidae e Criodrilidae (7 espécies),
Eudrilidae (2 espécies) e Sparganophilidae (1 espécie). Dentro da família
Glossoscolecidae, os gêneros que apresentam maior diversidade de espécies são
Glossoscolex (54 espécies/subespécies), Rhinodrilus (31 espécies/subespécies) e
Righiodrilus (21 espécies/subespécies) (BROWN; JAMES, 2007).
70

O Rio Grande do Sul (RS) é um Estado que apresenta condições para abrigar
uma diversa comunidade de minhocas. Possui área de 281.748,5 km2 e clima
subtropical. O relevo é caracterizado por planaltos a oeste e nordeste, depressão na
área central e planície litorânea com restinga e areia. A vegetação é composta por
campo (campanha gaúcha) a sul e oeste, floresta tropical a leste, matas de
araucárias a norte e por mangues no litoral (PORTAL BRASIL, 2012).
Poucos pesquisadores realizaram levantamentos no Estado do RS, o que
resultou em reduzido conhecimento sobre a real diversidade de minhocas em
ecossistemas gaúchos. Aliado a isso, as pesquisas realizadas no RS priorizaram a
amostragem em localidades próximas a Porto Alegre, em áreas perturbadas
(BROWN; JAMES, 2007). De acordo com Brown et al. (2006) e James e Brown
(2006), há o registro da ocorrência de 44 espécies de minhocas no RS, as quais
estão distribuídas nas Famílias Glossoscolecidae (11), Lumbricidae (12),
Megascolecidae (8), Acanthodrilidae (7), Ocnerodrilidae (4) e Criodrilidae (2) (Tabela
2.2, Revisão bibliográfica).
Considerando a estimativa de grande diversidade de minhocas no Brasil e a
reduzida disponibilidade de informações em determinadas regiões, é necessário e
justificável a realização de outros estudos para avaliar adequadamente a diversidade
e distribuição de minhocas nativas e exóticas no Brasil. Além disso, esses estudos
podem ser úteis para prever o potencial de impactos ambientais, positivos ou
negativos, que a colonização de espécies exóticas podem acarretar em novos
ambientes (BROWN et al., 2006). A hipótese do trabalho foi que o Estado do Rio
Grande do Sul apresenta diversidade de espécies de minhocas superior à conhecida
atualmente. Assim, o objetivo deste trabalho foi determinar a diversidade de
minhocas em diferentes ecossistemas do Estado do Rio Grande do Sul.
71

3.3 Material e métodos

3.3.1 Locais amostrados

Minhocas foram coletadas em diferentes ecossistemas das regiões noroeste,


central e sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul (RS), através de levantamento
qualitativo. Foram amostrados 15 ecossistemas: fragmento de mata nativa7 (17),
campo nativo (13), cultivos anuais (8) mata ciliar (7), pastagem cultivada (6),
monocultivos de eucalipto (12), pinus (3) e acácia negra (2), várzea em pousio (2),
beira de córrego (2), banhado (1), pomar de citros (1), gramado residencial (1),
locais para deposição de resíduos domésticos (1) e dejetos animais (1), totalizando
77 locais amostrados distribuídos em 29 municípios do Estado do RS (Figura 3.1).

Legenda:
1 - Alegrete 16 – Roque Gonzales
2 – Bagé 17 – Rosário do Sul
3 – Barra do Quaraí 18 – Santa Maria
4 – Caçapava do Sul 19 – Santa Rosa
5 – Cacequi 20 – Santana do Livramento
6 – Dilermando de Aguiar 21 – Santiago
7 – Formigueiro 22 – São Borja
8 – Hulha Negra 23 – São Francisco de Assis
9 – Itaara 24 – Santo Cristo
10 – Itaqui 25 – São Gabriel
11 – Jaguari 26 – São Vicente do Sul
12 – Júlio de Castilhos 27 – Tupanciretã
13 – Maçambará 28 – Uruguaiana
14 – Mata 29 – Vila Nova do Sul
15 – Nova Esperança do Sul

Figura 3.1 – Localização dos municípios gaúchos onde foram realizadas


amostragens qualitativas da ocorrência de minhocas em diferentes
ecossistemas.

7
Entende-se por fragmento florestal toda área de vegetação natural, interrompida por barreiras
antrópicas (estradas, pastagens, culturas agrícolas, moradias, etc.) ou naturais (rios, montanhas,
etc.), capazes de reduzir, significativamente, o fluxo de animais, pólen ou sementes (VIANA, 1990).
São considerados fragmentos florestais pequenos aqueles menores do que 10 ha e grandes, aqueles
com dimensões superiores a 40 ha (VIANA; PINHEIRO, 1998).
72

As regiões amostradas neste estudo (bioma Campos Sulinos e Pampas)


representam locais de coleta considerados prioritários por Brown e James (2007)
para a ampliação do conhecimento sobre diversidade de espécies nativas dentro
dos principais biomas do Brasil.

3.3.2 Coleta dos indivíduos

Para conhecer a diversidade de minhocas existente em cada uma das áreas


avaliadas, realizou-se amostragem qualitativa através da abertura de buracos
aleatórios (mínimo de dez por ecossistema). A profundidade da amostragem variou
entre 30 a 50 cm, dependendo da categoria ecológica das espécies de minhocas
presentes. A triagem do solo foi realizada no campo e as minhocas coletadas foram
imediatamente armazenadas em etanol 70%.
As coletas foram realizadas no período de setembro de 2009 a outubro de
2012. No laboratório, as minhocas armazenadas em etanol 70% foram transferidas
para frascos contendo solução de formaldeído a 4% (TALAVERA, 1987), sendo que
um exemplar de cada ponto amostrado foi fixado em etanol 100% para possibilitar a
realização de avaliações moleculares. A identificação morfológica das espécies8 foi
realizada através do uso de chaves de identificação e descrição de famílias, gêneros
e espécies de acordo com Righi (1990, 1995) e Blakemore (2002).
Foram consideradas as designações nativa, exótica, invasora e nativa
peregrina (BROWN et al., 2006) para classificar as espécies de minhocas de acordo
com seu local de origem. Espécies nativas são aquelas nativas do Brasil e exóticas
são aquelas nativas de outros países. Foram consideradas invasoras as espécies
exóticas que colonizaram ambientes diferentes do seu habitat de origem e
designadas nativas peregrinas aquelas espécies nativas que possuem alto potencial
de disseminação, tal como a Pontoscolex corethrurus.
Alguns exemplares de minhocas coletados, cuja identificação taxonômica ao
nível de espécie não foi possível através da análise morfológica, foram submetidos a
análises moleculares (Capítulo 3).
8
Dúvidas taxonômicas foram atendidas pelos especialistas Samuel Wooster James (University of
Iowa, Estados Unidos) e Marie Luise Carolina Bartz (Universidade do Estado de Santa Catarina).
73

3.3.3 Análise dos dados

A riqueza de grupos foi definida pelo número de espécies identificadas em


cada ecossistema avaliado. O índice de McIntosh (U), o qual expressa a dominância
de determinado grupo taxonômico dentro de uma comunidade, foi calculado
segundo metodologia descrita por Pinto-Coelho (2000), com auxílio do software BIO-
DAP (THOMAS; CLAY, 1988).
Os valores obtidos pelo cálculo do índice de McIntosh foram comparados
quanto à significância pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade (p<0,05).
Utilizou-se o software SISVAR (FERREIRA, 2000).
O estudo da relação entre a distribuição das espécies e os diferentes
ecossistemas foi realizado por meio de uma ordenação gerada pela análise de
componentes principais (DCA), utilizando-se o software CANOCO Versão 4.0 (TER
BRAAK; SMILAUER, 1998).
Após análise de discriminação canônica (DCA), optou-se por fazer análise de
componentes principais (PCA), porque o comprimento de onda do gradiente foi
menor do que 3.
74

3.4 Resultados e discussão

Foram encontradas vinte e uma espécies de oligoquetas, as quais foram


agrupadas em 11 gêneros conhecidos e um gênero desconhecido (família
Criodrilidae), e em seis famílias: Acanthodrilidae, Criodrilidae, Glossoscolecidae,
Lumbricidae, Megascolecidae e Ocnerodrilidae. Dentre os exemplares coletados,
foram encontradas dez espécies novas pertencentes aos gêneros: Glossoscolex (6),
Fimoscolex (1), Kerriona (1), Eukerria (1) e uma espécie de hábito aquático ainda
não identificada, pertencente à família Criodrilidae, que possivelmente corresponda
a um novo gênero (Tabela 3.1).
Novas espécies de minhocas foram encontradas em sistemas de cultivo do
solo que visam a diminuição da perturbação mecânica (várzea em pousio, áreas de
banhado, campo nativo) e a manutenção dos resíduos vegetais sobre o solo
(monocultivos florestais) (Tabela 3.1), fatores que contribuem significativamente para
a sobrevivência dos organismos edáficos.
As novas espécies do gênero Glossoscolex coletadas neste trabalho estão
descritas no capítulo 4. As descrições foram realizadas pelos taxonomistas Marie
Luise Carolina Bartz e Samuel Wooster James.
Glossoscolecidae é a família de oligoquetas mais diversificada do Brasil e da
América Latina, cuja ocorrência é verificada na América Central e América do Sul,
desde a Guatemala até o norte da Argentina (RIGHI, 1990; BROWN; JAMES, 2007).
Na América do Sul, há o registro da presença de 429 espécies de minhocas desta
família (CHRISTOFFERSEN, 2010).
Dentre os pontos amostrados no presente trabalho, o maior número de
espécies encontradas (10) pertence à família Glossoscolecidae, sendo que a maioria
delas (7 espécies) corresponde ao gênero Glossoscolex (7). As minhocas do gênero
nativo Glossoscolex foram encontradas em áreas com baixo nível de perturbação,
como fragmento de mata nativa, campo nativo, mata ciliar e pastagem cultivada.
Seis novas espécies deste gênero foram encontradas, sendo que três estavam
presentes em áreas de campo nativo (Tabela 3.1).
75

(continua)
Tabela 3.1 - Diversidade de minhocas exóticas (EX), invasoras (IN), nativas peregrinas (NP) ou nativas (N) em ecossistemas de
diferentes municípios do Rio Grande do Sul.

Identificação Classificação Ecossistema Município

Família Acanthodrilidae
a
Mata nativa Barra do Quaraí (Parque Estadual do Espinilho )
Microscolex dubius (Fletcher, 1887) EX
Monocultivo de eucalipto Itaqui

Família Criodrilidae
Nova espécie N Banhado Santo Cristo

Família Glossoscolecidae
Fimoscolex n. sp. 1 N Fragmento de mata nativa Maçambará

Campo nativo Santa Maria


Fragmento de mata nativa Caçapava do Sul, Itaara, Rosário do Sul
Glossoscolex sp. (Leuckart, 1835) N Lavoura de aveia Tupanciretã
Monocultivo de pinus Caçapava do Sul
Pastagem cultivada Itaara

Fragmento de mata nativa Rosário do Sul


Glossoscolex n. sp. 1 N Monocultivo de acácia negra Rosário do Sul
Monocultivo de eucalipto São Vicente do Sul

Campo nativo Uruguaiana


Glossoscolex n. sp. 2 N Gramado residencial Santa Maria
Pastagem cultivada Itaara, Santa Maria

Glossoscolex n. sp. 3 N Campo nativo Caçapava do Sul


76

(continuação)
Tabela 3.1 – Diversidade de minhocas exóticas (EX), invasoras (IN), nativas peregrinas (NP) ou nativas (N) em ecossistemas de
diferentes municípios do Rio Grande do Sul.

Identificação Classificação Ecossistema Município

Glossoscolex n. sp. 4 N Pastagem cultivada Santa Maria

Glossoscolex n. sp. 5 N Fragmento de mata nativa Santa Maria

Glossoscolex n. sp. 6 N Campo nativo Santana do Livramento

Glossoscolex uruguayensis uruguayensis


N Mata ciliar Jaguari
(Cordero, 1943)

Beira de córrego Santo Cristo


Campo nativo Alegrete, Santo Cristo, São Francisco de Assis
Fragmento de mata nativa Santa Maria
Lavoura de aveia Tupanciretã
Pontoscolex corethrurus (Müller, 1857) NP, IN Lavoura de milho Jaguari
Lavoura de soja Júlio de Castilhos
Mata ciliar Caçapava do Sul
Monocultivo de eucalipto Cacequi, Jaguari
Monocultivo de pinus Jaguari

Campo nativo Caçapava do Sul


Fragmento de mata nativa Itaara, Santo Cristo
Urobenus brasiliensis (Benham, 1887) N a
Mata nativa Barra do Quarai (Parque Estadual do Espinilho )
Monocultivo de eucalipto Dilermando de Aguiar, Caçapava do Sul
77

(continuação)
Tabela 3.1 – Diversidade de minhocas exóticas (EX), invasoras (IN), nativas peregrinas (NP) ou nativas (N) em ecossistemas de
diferentes municípios do Rio Grande do Sul.

Identificação Classificação Ecossistema Município


Campo nativo Nova Esperança do Sul
Fragmento de mata nativa Caçapava do Sul, Jaguari, Maçambará
Juvenis de Glossoscolecidae N
Monocultivo de acácia negra Rosário do Sul
Monocultivo de eucalipto Dilermando de Aguiar, Vila Nova do Sul

Família Megascolecidae
Campo nativo Santa Maria, Santiago, Roque Gonzales
b
Esterqueira Santo Cristo
Beira de córrego Santo cristo
Fragmento de mata nativa Santa Maria, Santiago
Lavoura de aveia Tupanciretã
Amynthas gracilis (Kinberg, 1867) Lavoura de milho Santo Cristo
Lavoura de soja Júlio de Castilhos, Santa Rosa
= Amynthas hawayanus (Rosa, 1891) EX
Local deposição de resíduos domésticos Roque Gonzales
= Pheretima hawayana (Rosa, 1891) Mata ciliar São Vicente do Sul
Alegrete, Bagé, Caçapava do Sul, Hulha Negra,
Monocultivo de eucalipto
São Sepé, São Vicente do Sul
Monocultivo de pinus Jaguari
Pastagem cultivada Santo Cristo
Pomar de citros Santa Maria

Amynthas rodericensis (Grube, 1879) EX Monocultivo de pinus Caçapava do Sul


78

(conclusão)
Tabela 3.1 – Diversidade de minhocas exóticas (EX), invasoras (IN), nativas peregrinas (NP) ou nativas (N) em ecossistemas de
diferentes municípios do Rio Grande do Sul.

Identificação Classificação Ecossistema Município


Campo nativo Roque Gonzales
Amynthas corticis (Kinberg, 1867)
Mata ciliar Jaguari
= Amynthas diffringens (Baird, 1869) EX
Fragmento de mata nativa Santo Cristo
= Pheretima diffringens (Baird, 1869)
Pastagem cultivada Formigueiro, Santiago

Metaphire californica (Kinberg, 1867) Fragmento de mata nativa Santa Maria


EX
= Pheretima californica (Michaelsen, 1900) Mata ciliar Jaguari

Família Lumbricidae
Aporrectodea trapezoides (Dugès, 1828) EX Monocultivo de pinus São Gabriel

Família Ocnerodrilidae
Lavoura de trigo (Sistema Plantio Direto) São Gabriel
Eukerria saltensis (Beddard, 1895) EX Mata nativa (mata de restinga) Rosário do Sul
a
Mata nativa Barra do Quarai (Parque Estadual do Espinilho )

Banhado Santo Cristo


Eukerria n. sp. 1 N Pastagem cultivada Santa Maria
Várzea em pousio Santo Cristo

Kerriona n. sp. 1 N Várzea em pousio Mata

Ocnerodrilus sp. (Eisen, 1878) N Pastagem cultivada Santa Maria


a
Localizado no extremo sudoeste do RS, o Parque Estadual do Espinilho ocupa uma área de 1.617,14 hectares e abriga uma formação vegetal singular: a
savana estépica, além de formações de matas ciliares. Este ecossistema não possui outra ocorrência em outra área no Brasil.
b
Área de armazenamento de esterco sólido de bovinos a céu aberto.
79

As espécies do gênero Glossoscolex são todas endêmicas do continente sul-


americano (CHRISTOFFERSEN, 2007). Uma espécie é considerada endêmica
quando sua distribuição é restrita a uma pequena área ou a pequenas manchas
localizadas em um mesmo tipo de habitat dentro de uma região mais ampla. Uma
característica que tem sido observada no gênero Glossoscolex é a diversificação
das espécies em um mesmo tipo de habitat, porém em áreas separadas por
barreiras geográficas (BROWN; JAMES, 2007). O fato de terem sido encontradas
seis novas espécies deste gênero neste trabalho, pode estar relacionado a esta
característica do gênero Glossoscolex e/ou ao reduzido número de amostragens
realizadas anteriormente a este levantamento no RS.
Em relação à distribuição das minhocas em ambientes naturais e
perturbados9, os dados indicaram maior quantidade de espécies em ambientes
naturais (16) do que em perturbados (14). Foi observada a presença de número
maior de espécies nativas em ecossistemas naturais, sendo encontradas 11
espécies em ambientes naturais e oito espécies em ambientes perturbados. No caso
das exóticas, foram encontradas cinco espécies vivendo em ambientes naturais e
seis espécies em locais que tenham recebido algum tipo de interferência do homem
(Tabela 3.1).
Seis espécies nativas (nova espécie de Criodrilidae, Fimoscolex n. sp. 1,
Glossoscolex uruguayensis uruguayensis, Glossoscolex n. sp. 3, Glossoscolex n. sp.
5 e Glossoscolex n. sp. 6) foram encontradas exclusivamente em ambientes não
perturbados e apenas uma espécie exótica (Metaphire californica). Quatro espécies
nativas (Glossoscolex n. sp. 1, Glossoscolex n. sp. 2, Urobenus brasiliensis e
Eukerria n. sp. 1) e uma peregrina (Pontoscolex corethrurus) foram encontradas
tanto em ambientes naturais quanto nos perturbados vs quatro exóticas (Amynthas
corticis, A. gracilis, Eukerria saltensis e Microscolex dubius). Apenas três espécies
nativas (Glossoscolex n. sp. 4, Kerriona n. sp. 1 e Ocnerodrilus sp.) foram
encontradas unicamente em ambientes perturbados e duas espécies exóticas
(Aporrectodea trapezoides e Amynthas rodericensis) (Tabela 3.1).
A presença de cobertura vegetal sobre o solo proporciona um ambiente
favorável tanto no tempo como no espaço para a manutenção e proliferação dos
organismos epiedáficos, os quais ingerem e redistribuem o material orgânico,
9
Entende-se por perturbado qualquer ambiente que tenha recebido algum tipo de interferência
antrópica.
80

influenciando na sua dinâmica populacional. O modelo multivariado utilizado para


avaliar a diversidade de minhocas nos diferentes ecossistemas demonstrou esta
variabilidade biológica presente nas áreas estudadas, apresentando relação dos
gêneros e/ou espécies com as modificações no solo, decorrentes dos diferentes
usos dos ambientes (Figura 3.2).

Figura 3.2 - Representação gráfica da análise de componentes principais (PCA)


relacionando as dimensões 1 e 2 referentes à amostragem de
minhocas em diferentes ecossistemas do RS. (Glos) Glossoscolex sp.,
(Glos n. 1) Glossoscolex n. sp. 1, (Glos n. 2) Glossoscolex n. sp. 2,
(Glos n. 3) Glossoscolex n. sp. 3, (Glos n. 4) Glossoscolex n. sp. 4,
(Glos n. 5) Glossoscolex n. sp. 5, (Glos n. 6) Glossoscolex n. sp. 6, (G.
uru) Glossoscolex uruguayensis uruguayensis, (Pontos) Pontoscolex
corethrurus, (Urob) Urobenus brasiliensis, (j Glo) Juvenis de
Glossoscolecidae, (Apor) Aporrectodea trapezoides, (A. gra) Amynthas
gracilis, (A. cor) Amynthas corticis, (A. Rod) Amynthas rodericensis,
(Met cal) Metaphire californica, (E. salt) Eukerria saltensis, (Euk n. 1)
Eukerria n. sp. 1, (Ker n. 1) Kerriona n. sp. 1, (Ocn) Ocnerodrilus sp,
(Mic dub) Microscolex dubius, (Fim n. 1) Fimoscolex n. sp. 1, (Crio)
Nova espécie de Criodrilidae.
81

Observou-se que os exemplares de Glossoscolex sp., Glossoscolex n. sp. 1,


Glossoscolex n. sp. 5, Glossoscolex uruguayensis uruguayensis, Fimoscolex n. sp.
1, Urobenus brasiliensis, Metaphire californica, Aporrectodea trapezoides, Amynthas
rodericensis, Microscolex dubius e juvenis da família Glossoscolecidae estiveram
presentes, principalmente, em ecossistemas com grande deposição de resíduos na
superfície, devido ao tipo de vegetação existente. Os exemplares de Glossoscolex n.
sp. 3 e Glossoscolex n. sp. 6 foram encontrados, exclusivamente, em áreas de
campo nativo, com menor deposição de material orgânico em superfície (Figura 3.2).
Minhocas do gênero Glossoscolex são endogéicas, habitam o interior do solo,
vivendo em galerias próximas a 40 cm de profundidade. A alimentação consiste na
ingestão de solo mineral (LEE, 1985; BARETTA et al., 2007).
Possivelmente, a variação da diversidade de minhocas nos ecossistemas seja
decorrente da variabilidade das características de cada habitat. JIMÉNEZ et al.
(2006) descrevem que a densidade e a diversidade de minhocas em um
ecossistema apresentam relação espécie-habitat, no qual a estrutura do solo e o
aporte de material orgânico possuem grande influência.
Com base nos resultados obtidos neste trabalho, observou-se que a
distribuição das espécies de minhocas apresentou relação com o uso e manejo do
solo e com a cobertura vegetal existente, corroborando com os dados descritos na
literatura, os quais demonstram a influência da bioperturbação do solo nas
comunidades e cadeias alimentares de organismos edáficos (BARETTA et al., 2003;
BARETTA et al., 2005; MOÇO et al., 2005).
Além de minhocas do gênero Glossoscolex, outra espécie nativa da família
Glossoscolecidae foi frequentemente encontrada, a U. brasiliensis (Figura 3.3). Esta
espécie possui ampla distribuição nas regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil
(BROWN; JAMES, 2007). Neste trabalho, foi encontrada em áreas de campo nativo,
monocultivo de eucalipto, mata ciliar, mata nativa e fragmento de mata nativa
(Tabela 3.1), porém com maior frequência neste último ecossistema (dado não
apresentado).
82

Foto: Gerusa Pauli Kist Steffen

Figura 3.3 – Exemplar de Urobenus brasiliensis coletado em Santo Cristo, RS.

Os dados da análise de componentes principais (PCA) demonstraram que a


ocorrência de U. brasiliensis esteve associada a fragmentos de mata nativa e a
monocultivos de eucalipto (Figura 3.2), o que pode ser explicado por esta espécie
ser epigéica e estar associada à presença de liteira na superfície do solo em
florestas ou fragmentos de florestas primárias e secundárias (SAUTTER et al.,
2006).
A presença de minhocas do gênero Urobenus é considerada indicador de
ecossistemas bem preservados (matas nativas) e/ou com densa camada de matéria
orgânica superficial, sendo frequentemente encontradas em florestas nas regiões sul
e sudeste do Brasil (BARTZ et al., 2011). Neste trabalho, indivíduos da espécie U.
brasiliensis foram encontrados em diversos locais correspondentes a ecossistemas
pouco perturbados, não sendo observados em agrossistemas. Segundo Sautter et
al. (2007), a ausência de indivíduos desta espécie em sistemas cultivados,
possivelmente esteja atribuída à movimentação do solo, bem como à ausência de
serrapilheira abundante e diversificada. Brown e James (2007) relatam que embora
a espécie U. brasiliensis possua ampla distribuição no Brasil, as demais espécies do
gênero (cinco) possuem distribuição bastante restrita, habitando principalmente a
região Amazônica.
Uma nova espécie do gênero Fimoscolex foi encontrada em fragmento de
mata nativa no município de Maçambará (Tabela 3.1). Este gênero pertencente à
família Glossoscolecidae possui 11 espécies descritas e, no Brasil, apresenta
distribuição restrita às regiões sul e sudeste. As espécies deste gênero apresentam
grande variação no comprimento, existindo exemplares adultos de 6 cm, como a F.
sporadochaetus Michaelsen (1918), até indivíduos medindo mais de um metro, como
83

a F. saci Righi (1971) (BROWN; JAMES, 2007). A espécie nativa F. sporadochaetus


foi considerada extinta do território brasileiro em 2003 pelo Ministério do Meio
Ambiente do Brasil. No entanto, em 2006, foi redescoberta em uma reserva do
Bosque Atlântico (Parque Estatal de Itacolomi) no município de Ouro Preto, Minas
Gerais (JAMES; BROWN, 2010).
De acordo com a distribuição geográfica conhecida das espécies de minhocas
do gênero Fimoscolex no Brasil, publicada por Brown e James (2007), não havia
registros da ocorrência deste gênero no RS, mas apenas nos Estados de Santa
Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, Estado este com maior
número de locais amostrados. A coleta da nova espécie do gênero Fimoscolex no
RS, além de representar o registro da ocorrência deste gênero no Estado,
demonstra a importância e a necessidade da realização de avaliações da
diversidade de minhocas em solos gaúchos.
A espécie Pontoscolex corethrurus, também da família Glossoscolecidae, foi
encontrada em diversos ecossistemas amostrados (áreas de lavoura, monocultivos
florestais, campo nativo, mata ciliar, fragmento de mata nativa e beira de córrego)
em oito municípios do Estado (Tabela 3.1). Esta espécie, comumente conhecida
como minhoca mansa, é a espécie mais comum e abundante no Brasil (BROWN;
JAMES, 2007) e no mundo (GONZÁLEZ et al., 2006).
Embora tenha sido encontrada em ecossistemas preservados, a ocorrência
da espécie P. corethrurus esteve mais associada a ambientes alterados (Tabela
3.1). Levantamentos para avaliar a diversidade de minhocas em diferentes
ecossistemas têm demonstrado que em ambientes desmatados, ou que passaram
por algum tipo de transformação antrópica, ocorre invasão de P. corethrurus, e
muitas vezes, esta espécie acaba se tornando dominante (BARROS et al., 2004),
afugentando ou até mesmo interferindo na permanência de espécies nativas no local
(LAPIED; LAVELLE, 2003). Segundo Lavelle et al. (1987; 1999), este
comportamento pode estar relacionado ao fato desta espécie apresentar reprodução
partenogenética, bem como à sua tolerância e adaptabilidade a diferentes tipos de
solo e habitats.
Kalisz e Wood (1995) sugerem quatro estágios no estabelecimento de
populações de minhocas exóticas em solos habitados por espécies nativas: (1)
perturbação do habitat, (2) extinção ou redução das populações nativas, (3)
84

introdução de espécies exóticas e colonização, (4) colonização dos espaços e


nichos vagos por espécies exóticas.
Em algumas áreas amostradas, observou-se a co-existência das espécies P.
corethrurus e Amynthas gracilis (exótica da família Megascolecidae) (Tabela 3.1),
que também apresenta alta adaptabilidade a sistemas perturbados e comportamento
dominante em relação a espécies nativas. Segundo Sautter et al. (2006), as
espécies P. corethrurus, Amynthas gracilis e A. corticis, apesar de sua ampla
distribuição geográfica, estão associadas à presença do homem colonizando áreas
perturbadas.
As espécies P. corethrurus, A. gracilis e A. corticis estiveram presentes em
diversos ecossistemas avaliados (Tabela 3.1). Por este motivo, a figura 3.2 não
representou, satisfatoriamente, a ocorrência destas espécies nos ambientes.
Registrou-se a ocorrência de quatro espécies da família Megascolecidae:
Metaphire californica, A. gracilis, A. corticis e A. rodericensis. A coleta de um
exemplar desta última espécie representa um novo registro para o Brasil, já que não
existem trabalhos, até o momento, que relatem sua ocorrência. A espécie A. gracilis,
originária do sudeste asiático, é uma das espécies exóticas mais amplamente
distribuídas no Brasil e no mundo. As espécies do gênero Amynthas são
popularmente conhecidas como minhoca louca, saltadora, brava ou puladora, devido
ao comportamento vivaz que exibem quando manipuladas ou perturbadas (BROWN;
JAMES, 2007). Acredita-se que estas espécies, assim como demais espécies
exóticas da família Megascolecidae, tenham chegado ao Brasil no século XIX, com o
início da troca de material vegetal, juntamente com solo entre a Ásia e o Novo
Mundo, realizada por navios mercantes (CHANG, 1997). Para Hendrix e Bohlen
(2002), a expansão do comércio global pode ter contribuído para o aumento das
invasões de espécies exóticas, o que pode causar implicações negativas sobre os
processos do solo, outros organismos e comunidade de plantas, além da importação
de certos patógenos.
As espécies do gênero Amynthas foram encontradas, principalmente, em
áreas influenciadas pela ação humana, como lavouras, monocultivos florestais,
pastagem cultivada, pomar, área de deposição de esterco bovino e de resíduos
domiciliares (Tabela 3.1). A presença de Amynthas sp. nestas áreas está associada
ao fato destas minhocas habitarem a camada superficial do solo e serem
85

dependentes de elevados teores de matéria orgânica. Estes resultados vão ao


encontro das informações apresentadas por Brown et al. (2006), os quais citam que
as espécies do gênero Amynthas colonizaram amplamente jardins, pomares, hortas
e plantações, sendo abundantes em lavouras manejadas sob sistema de plantio
direto na região dos campos gerais no Paraná (PEIXOTO; MAROCHI, 1996).
No entanto, o fato de terem sido encontradas minhocas do gênero Amynthas
em áreas com ação antrópica reduzida, tais como campo nativo, fragmento de mata
nativa e mata ciliar, possivelmente pode sugerir que, em algum momento, estas
áreas tenham recebido influência humana, além de afirmar o alto potencial de
disseminação destas espécies exóticas. Tondoh (2006) descreve que a presença de
espécies comumente encontradas em locais antropizados depende do grau e do tipo
de perturbação, do teor de matéria orgânica, das características do solo, do regime
hídrico e da vegetação presente.
Apenas uma espécie da família Acanthodrilidae foi encontrada neste trabalho,
a Microscolex dubius. Exemplares desta espécie exótica foram coletados em mata
nativa e monocultivo de eucalipto, respectivamente nos municípios de Barra do
Quaraí e Itaqui, ambos localizados na região da fronteira oeste do RS (Tabela 3.1).
Segundo James e Brown (2006), minhocas das famílias Acanthodrilidae
(principalmente Microscolex spp.) e Lumbricidae (com exceção de Eisenia Andrei e
Eisenia fetida, utilizadas para vermicompostagem) possuem distribuição restrita ao
sul do Brasil, particularmente no Estado do RS, onde o clima subtropical é mais frio
e parecido com o clima da região de origem destas minhocas, no hemisfério norte.
Encontrou-se exemplares de minhocas habitando solos úmidos de várzea e
de banhado10, pertencentes aos gêneros Eukerria e Kerriona (família
Ocnerodrilidae), além de uma espécie rara ainda não identificada, de corpo com
secção quadrangular, pertencente à família Criodrilidae (Figura 3.4). Esta espécie
está em processo de descrição e, possivelmente, corresponderá a um novo gênero
de minhocas. Embora o ecossistema banhado represente uma formação comum no

10
Existem diferenças entre solos de várzea e solos de banhado. De acordo com Ringuelet (1962), os
banhados são definidos como corpos d’água permanentes ou temporários, sem uma bacia bem
definida, de contorno ou perímetro indefinido e sem sedimentos próprios, apresentando vegetação
emergente abundante e poucos espaços livres. Os solos de várzea são sazonalmente alagados,
principalmente para o cultivo do arroz, apresentando alternância nas condições de oxidação e
redução, a qual determina modificações intensas na fase sólida mineral do solo e na dinâmica de
elementos químicos.
86

Rio Grande do Sul (INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL, 2005), os estudos quanto à


biologia destes ambientes são restritos a vertebrados, sabendo-se muito pouco
sobre a meso e macrofauna presente nestes locais (CARVALHO; OZÓRIO, 2007).
Algumas espécies de minhocas habitam solos encharcados, estacionalmente
submersos ou até ambientes aquáticos. No entanto, a maioria das espécies de
minhocas existentes no Brasil não consegue sobreviver por longos períodos em
solos permanentemente alagados, tais como pântanos, brejos, várzeas cultivadas
com arroz irrigado, florestas inundáveis, áreas de nascentes e acúmulo de água.
Apenas algumas espécies de minhocas pertencentes às famílias Almidae,
Criodrilidae e Ocnerodrilidae habitam estes ambientes alagados permanentemente,
por possuírem adaptações especiais para suportar a falta de oxigênio ou alternativas
para escapar a longos períodos de inundação (BROWN; JAMES, 2007). Segundo
Carter e Beadle (1931) e Beadle (1957) citados por Brown e James (2007),
minhocas da família Almidae, por exemplo, possuem estruturas especiais nas
caudas, que são levemente achatadas, e uma ampla rede de vasos sanguíneos
usada para auxiliar na respiração. Em solos alagados, estas minhocas se
posicionam com a parte anterior para baixo e com a cauda próxima à superfície do
solo, possibilitando a respiração (BROWN; JAMES, 2007).
Segundo Carvalho e Ozório (2007), as características comuns que reúnem
ambientes tão diversos em “áreas úmidas” são: a presença de água rasa ou solo
saturado, o acúmulo de material orgânico proveniente de vegetais em decomposição
e a presença de plantas e animais adaptados à vida aquática. Possivelmente, as
espécies de minhocas encontradas em solos úmidos ou alagados (Eukerria n. sp. 1,
Kerriona n. sp. 1 e nova espécie de Criodrilidae), pertencentes às famílias
Ocnerodrilidae e Criodrilidae, apresentem algum tipo de adaptação que permita a
sobrevivência em solo saturado.
Os gêneros de minhocas aquáticas e semi-aquáticas encontrados no Brasil
são Criodrilus, Drilocrius, Guarani e Glyphydrilocrius, pertencentes às famílias
Almidae e Criodrilidae, e o gênero Eukerria pertencente à família Ocnerodrilidae
(BROWN; JAMES, 2007).
O gênero Eukerria distribui-se na América do Sul, nos países Brasil, Paraguai,
Uruguai, Argentina e Chile (RIGHI, 1990). No Estado do RS, há o registro de apenas
quatro espécies do gênero Eukerria: E. eiseniana (Rosa, 1895) e E. saltensis (LIMA;
87

RODRÍGUEZ, 2007), E. stagnalis (Kinberg, 1867) (RIGHI; AYRES, 1975; LIMA;


RODRÍGUEZ, 2007) e E. garmani argentinae (Jamieson, 1970) (RIGHI; AYRES,
1975) (Tabela 2.2, Revisão bibliográfica).

A B

Foto: Gerusa Pauli Kist Steffen Foto: Gerusa Pauli Kist Steffen

C D

Foto: Gerusa Pauli Kist Steffen Foto: Gerusa Pauli Kist Steffen

E F

Foto: Gerusa Pauli Kist Steffen Foto: Gerusa Pauli Kist Steffen

Figura 3.4 – Nova espécie da família Criodrilidae coletada no município de Santo


Cristo, RS (A); detalhe da parte ventral da minhoca na região clitelar
(B); exemplar após armazenamento em etanol 70% (C) e em formol
6% (D); locais alagados onde foram coletados exemplares desta
espécie de minhoca aquática (E e F).
88

Neste trabalho, além da espécie E. saltensis, uma nova espécie deste gênero
foi registrada em três diferentes ecossistemas (pastagem cultivada, várzea em
pousio e banhado) nos municípios de Santa Maria e Santo Cristo (Tabela 3.1).
Além da nova espécie do gênero Eukerria, duas outras espécies da família
Ocnerodrilidae foram encontradas, representando novos registros para o RS: uma
nova espécie do gênero Kerriona coletada em área de várzea em pousio no
município de Mata e exemplares do gênero Ocnerodrilus foram registrados em
pastagem cultivada no município de Santa Maria (Tabela 3.1, Figura 3.5).

A B
b

Foto: Gerusa Pauli Kist Steffen Foto: Gerusa Pauli Kist Steffen

Figura 3.5 – Nova espécie de Eukerria sp. coletada em três diferentes ecossistemas
do RS (A) e exemplar do gênero Ocnerodrilus coletado em pastagem
cultivada no município de Santa Maria, RS (B).

O gênero Ocnerodrilus é encontrado na América Central e América do Sul


(RIGHI, 1990), porém ainda não havia registro da sua presença no RS, bem como
da presença do gênero Kerriona. No Brasil, as espécies K. limae Righi (1980) e K.
luederwaldti Michaelsen (1926), comumente encontradas em ambientes aquáticos,
já foram coletadas em poças de água acumuladas no interior de folhas de bromélias
(BROWN; JAMES, 2007). Segundo os mesmos autores, considerando a distribuição
e a biodiversidade no Brasil, a família Ocnerodrilidae deve receber atenção especial
para estudos moleculares, visando esclarecer sua complexa origem filogenética e a
relação com demais famílias de minhocas.
Observou-se que os ecossistemas fragmento de mata nativa e campo nativo
apresentaram a maior riqueza de espécies de minhocas (Tabela 3.2).
Provavelmente, esta diversidade esteja relacionada ao menor grau de perturbação e
ao maior nível de preservação destes ecossistemas, quando comparados aos
demais ambientes avaliados. Nesse sentido, diversos fatores podem ter favorecido a
89

diversidade e permanência desses organismos no ambiente, tais como: deposição


de serrapilheira sobre o solo, aumento do teor de matéria orgânica, diversidade e
abundância de alimento, ausência de revolvimento, formação de microhabitats e
microclimas favoráveis nas áreas nativas.

Tabela 3.2 - Riqueza de espécies (S) e índice de McIntosh (U) para os diferentes
ecossistemas amostrados no Rio Grande do Sul.

Ecossistema Riqueza (S) Índice de McIntosh (U)


Fragmento de mata nativa 12 16,37 a
Campo nativo 9 8,26 c
Pastagem cultivada 7 9,16 c
Monocultivo de eucalipto 6 13,71 b
Mata ciliar 5 7,48 d
Monocultivo de pinus 5 7,48 d
Áreas de lavoura 4 12,00 b
Várzea em pousio 2 2,82 e
Monocultivo de acácia negra 2 2,82 e
Beira de córrego 2 2,82 e
Banhado 2 2,82 e
Pomar de citros 1 2,00 e

* Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5%
de probabilidade.

Estes resultados concordam com os apresentados por Sinha et al. (2003) e


Suthar (2009), os quais demonstram maior diversidade e densidade de minhocas em
solos de matas nativas. Segundo Chan (2001), o aporte de alimento aliado à
ausência de perturbação do solo resulta em um ambiente propício para multiplicação
e manutenção de populações de minhocas, por conferir estabilidade ao sistema.
Além disso, quanto mais diversa for a cobertura vegetal, maior será a
heterogeneidade da serrapilheira, possibilitando maior diversidade de organismos.
Os ecossistemas pomar de citros, áreas de lavoura, monocultivo de acácia
negra, várzea em pousio, beira de córrego e banhado apresentaram menor riqueza
de espécies (Tabela 3.2). Segundo Moço et al. (2005) a maior ou menor associação
de um determinado grupo da fauna edáfica, em cada agroecossistema, deve-se ao
90

tipo de preparo do solo e, principalmente, aos efeitos benéficos dos resíduos


vegetais mantidos na superfície do mesmo, os quais proporcionam ambiente mais
favorável para a sobrevivência de determinados grupos. Possivelmente, os
ecossistemas que apresentaram menor diversidade de espécies de minhocas
apresentavam um ou mais fatores associados que, de alguma forma, não
propiciaram a co-existência de outras espécies de minhocas, seja por restrições de
oferta de alimento (monocultivo de acácia negra, lavouras, pomar de citros), regime
de umidade do solo (área de várzea, banhado) ou condições edafoclimáticas
desfavoráveis (beira de córrego). Segundo Jiménez et al. (2006), existe uma relação
espécie-habitat que determina a diversidade de minhocas nos ecossistemas.
O índice de McIntosh (U), que demonstra a dominância de determinadas
espécies nos ambientes, foi maior para fragmento de mata nativa, seguido pelos
agrossistemas áreas de lavoura e monocultivo de eucalipto (Tabela 3.2). Estes
resultados devem-se ao predomínio da espécie U. brasiliensis nos fragmentos de
mata nativa, de P. corethrurus em áreas de lavoura e de A. gracilis em monocultivos
de eucalipto.
Em solos sob vegetação natural, os recursos biológicos resultam de
processos de adaptação às condições ambientais, refletindo os mecanismos de
evolução do ecossistema como um todo (CORREIA; ANDRADE, 1999). Com as
modificações impostas pelo uso do solo e, em particular pela agricultura, a fauna e
os microrganismos, em diferentes graus de intensidade, são afetados pelos
impactos provocados pelas práticas agrícolas (ANDRÉN et al., 1988; ALVAREZ et
al., 2001), tanto devido às modificações nas propriedades do solo, como pela ação
direta dessas práticas sobre os organismos. Isso explica, em parte, o porquê da
dominância de cada uma das espécies nos diferentes ecossistemas avaliados.
As espécies mais sensíveis a alterações ambientais e dependentes da
presença de serrapilheira e de altos teores de matéria orgânica, como é o caso de
U. brasiliensis, foi mais abundante em fragmentos de mata nativa. Já as espécies
mais adaptadas a ambientes alterados e que toleram condições edafoclimáticas
menos favoráveis, como as espécies exóticas P. corethrurus e a A. gracilis, foram
frequentemente encontradas em sistemas agrícolas e florestais.
Segundo Leon et al. (2003) áreas anteriormente perturbadas e em processo
de revegetação são primeiramente colonizadas por espécies exóticas de minhocas,
91

as quais passam a exercer domínio sobre as demais espécies. Os autores citam,


como exemplo, a espécie P. corethrurus como colonizadora destes ambientes. No
caso das áreas de lavoura amostradas neste trabalho, conduzidas no sistema de
plantio direto, com ausência de revolvimento do solo e contínua deposição de
material orgânico em superfície, pode-se considerar que essas áreas sofreram
processo de perturbação quando passaram de campo nativo ou fragmento de mata
para lavoura. Após a perturbação, é provável que a espécie P. corethrurus foi
encontrada com maior frequência nessas áreas agrícolas, devido à sua capacidade
de colonização e estabelecimento em novas áreas.
Embora alguns autores citem que os monocultivos florestais são
desfavoráveis à diversidade de organismos devido à baixa diversidade vegetal
(BATTIROLA et al., 2007), este trabalho demonstrou que existe atividade e riqueza
de minhocas nestes tipos de agrossistemas. Foram encontradas duas espécies de
minhocas em monocultivo de acácia negra e seis espécies nos monocultivos de
eucalipto e de pinus, sendo que uma nova espécie do gênero Glossoscolex
(Glossoscolex n. sp. 1) foi descoberta habitando plantações de eucalipto e acácia
negra (Tabela 3.1). Possivelmente, estes resultados estejam relacionados ao grande
aporte de resíduos vegetais e à amenização dos fatores climáticos observados em
monocultivos florestais, o que favorece o estabelecimento de organismos edáficos.
O monocultivo de pinus foi o único ecossistema onde foram encontrados
indivíduos de Amynthas rodericensis e Aporrectodea trapezoides, única espécie da
família Lumbricidae coletada neste trabalho. Esta espécie exótica vive na superfície
do solo e já havia registros de sua presença no RS, no município de Porto Alegre
(KNÄPPER, 1976). Segundo Silva (2007) a baixa diversidade de espécies de
minhocas em áreas de monocultura de pinus pode estar associada ao tipo de
resíduo vegetal depositado sobre o solo, o qual apresenta alta saturação de alumínio
e elevados teores de matéria orgânica, caracterizando-se pelo baixo grau de
humificação. De acordo com Copatti e Daudt (2009) a implantação de monocultivos
de pinus resulta em empobrecimento do solo no que diz respeito ao complexo de
troca e ao teor de micronutrientes.
Segundo Lavelle et al. (1992) e Lavelle (1996), a diversidade da fauna edáfica
está relacionada com a grande variedade de recursos e microhabitats que o sistema
solo-serrapilheira oferece, como uma mistura de fases altamente
92

compartimentalizadas, gerando um mosaico de condições microclimáticas. Assim, a


avaliação da comunidade de organismos presentes em um determinado
ecossistema deve levar em conta todos os fatores possíveis que estão interferindo
no sistema, visando compreender as relações existentes entre as espécies e seus
habitats.
O conhecimento da diversidade dos organismos que vivem no solo, os quais
mantêm a sua funcionalidade, é essencial para a proteção das espécies. Portanto,
estudos como este devem ter continuidade em outros locais e ambientes do RS,
objetivando a descoberta de novas espécies, o monitoramento e a distribuição das
espécies já conhecidas, bem como a avaliação ecológica das novas espécies
encontradas.
93

3.5 Conclusões

O número de espécies registradas no Estado do Rio Grande do Sul foi


ampliado de 44 (15 nativas e 29 exóticas) para 56 espécies (26 nativas e 30
exóticas), distribuídas em seis famílias: Glossoscolecidae (18), Lumbricidae (12),
Megascolecidae (9), Ocnerodrilidae (7), Acanthodrilidae (7) e Criodrilidae (3).
As espécies de minhocas identificadas neste trabalho, em ecossistemas
naturais e agroflorestais do Rio Grande do Sul são: Amynthas corticis, A. gracilis, A.
rodericensis, Aporrectodea trapezoides, Eukerria saltensis, Glossoscolex
uruguayensis uruguayensis, Metaphire californica, Microscolex dubius, Ocnerodrilus
sp., Pontoscolex corethrurus, Urobenus brasiliensis, além de seis novas espécies de
Glossoscolex sp., três novas espécies pertencentes aos gêneros Eukerria,
Fimoscolex e Kerriona, e uma nova espécie da família Criodrilidae.
A ocorrência das espécies de minhocas apresenta relação com o tipo de
ecossistema avaliado, sendo observada maior riqueza de espécies em áreas de
fragmento de mata nativa e campo nativo.
94

3.6 Referências bibliográficas

ALTSCHUL, S. F. et al. Gapped BLAST and PSI-BLAST: a new generation of protein


database search programs. Nucleic Acids Research, Southampton, v. 25, n. 17, p.
3389-3402, Sept. 1997.

ALVAREZ, T.; FRAMPTON, G. K.; GOULSON, D. Epigeic Collembola in wheat


hunter organic, integrated and conventional farm management regimes. Agriculture,
Ecosystems & Environment, Zürich, v. 83, n. 1-2, p. 95-110, Jan. 2001.

ANDRÉN, O.; PAUSTIAN, K.; ROSSWALL, T. Soil biotic interactions in the


functioning of agroecosystems. Agriculture, Ecosystems & Environment,
Charlottetown, v. 24, n. 1, p. 57-67, Nov. 1988.

BARETTA, D.; SANTOS, J. C. P.; MAFRA, Á. L. Fauna edáfica avaliada por


armadilhas de catação manual afetada pelo manejo do solo na região oeste
catarinense. Revista de Ciência Agroveterinárias, Lages, v. 2, n. 2, p. 97-106,
jul./dez. 2003.

BARETTA, D. et al. Efeito do monocultivo de pinus e da queima do campo nativo em


atributos biológicos do solo no Planalto Sul Catarinense. Revista Brasileira de
Ciência do Solo, Viçosa, v. 29, n. 5, p. 715-724, set./out. 2005.

BARETTA, D. et al. Earthworm populations sampled using collection methods in


atlantic forests with Araucaria angustifolia. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 64, n. 4,
p. 384-392, July/Aug. 2007.

BARROS, E. et al. Soil physical degradation and changes in macrofaunal


communities in Central Amazon. Applied Soil Ecology, Amsterdam, v. 26, n. 2, p.
157-168, Mar./Apr. 2004.

BARTZ, M. L. C. Ocorrência e taxonomia de minhocas em agroecossistemas no


Paraná, Brasil. 2011. 175f. Tese (Doutorado em Agronomia) – Universidade
Estadual de Londrina, Londrina.

BARTZ, M. L. C. et al. Minhocas Urobenus sp.: das matas para as áreas sob plantio
direto. Revista Plantio Direto, Passo Fundo, n. 124, p. 6-7, jul./ago. 2011.

BATTIROLA, L. D. et al. Composição da comunidade de artrópodes associada à


copa de Attalea phalerata Mart. (Arecaceae), durante o período de cheia no
95

Pantanal de Poconé, Mato Grosso, Brasil. Neotropical Entomology, Londrina, v.


36, n. 5, p. 640-651, Sept./Oct. 2007.

BLAKEMORE, R. J. Cosmopolitan earthworms – an eco-taxonomic guide to the


peregrine species of the world. Kippax: VermEcology. CD-ROM, 2002.

BROWN, G. G.; JAMES, S. W. Ecologia, biodiversidade e biogeografia das


minhocas no Brasil. In: BROWN, G. G.; FRAGOSO, C. (Ed.). Minhocas na América
Latina: Biodiversidade e ecologia. Londrina: Embrapa Soja, 2007. p. 297-381.

BROWN, G. G. et al. Exotic, peregrine, and invasive earthworms in Brazil: diversity,


distribution, and effects on soils and plants. Caribbean Journal of Science, Puerto
Rico, v. 42, n. 3, p. 339-358, Dec. 2006.

CARVALHO, A. B. P.; OZÓRIO, C. P. Avaliação sobre os banhados do Rio Grande


do Sul, Brasil. Revista de Ciências Ambientais, Canoas, v. 1, n. 2, p. 83- 95,
ago./dez. 2007.

CHAN, K. Y. An overview of some tillage impacts on earthworm population


abundance and diversity – implications for functioning in soils. Soil and Tillage
Research, Beckenham, v. 57, n. 4, p. 179-191, Jan. 2001.

CHANG, Y. C. Minireview: Natural history of Amynthas hawayanus (Rosa, 1891).


Acta Biologica Paranaense, Curitiba, v. 26, n. 1-4, p. 39-50, 1997.

COPATTI, C. E.; DAUDT, C. R. Diversidade de artrópodes na serapilheira em


fragmentos de mata nativa e Pinus elliottii (Engelm. Var elliottii). Ciência e Natura,
Santa Maria, v. 31, n. 1, p. 95-113, jun. 2009.

CORREIA, M. E. F.; ANDRADE, A. G. Formação da serapilheira e ciclagem de


nutrientes. In: SANTOS, G. A.; CAMARGO, F. A. O. (Eds.). Fundamentos da
matéria orgânica do solo: ecossistemas tropicais e subtropicais. Porto Alegre,
Gênesis, 1999. p. 197-225.

CHRISTOFFERSEN, M. L. Biodiversity and distribution of the Glossoscolex genus-


group (Annelida, Clitellata, Lumbricina, Glossoscolecidae) in South America.
Neotropical Biology and Conservation, São Leopoldo, v. 2, n. 3, p. 155-160,
Sept./Dec. 2007.
96

CHRISTOFFERSEN, M. L. Continental biodiversity of South American oligochaetes:


the importance of inventories. Acta Zoológica Mexicana (n.s.), Xalapa, v. 26,
Número Especial 2, p. 35-46, Oct. 2010.

FERREIRA, D. F. Sistemas de análise estatística para dados balanceados.


Lavras: UFLA/DEX/SISVAR, 2000. 145 p.

FOLMER, O. et al. DNA primers for amplification of mitochondrial cytochrome c


oxidase subunit I from diverse metazoan invertebrates. Molecular Marine Biology
and Biotechnology, Newcastle, v. 3, n. 5, p. 294-299, Oct. 1994.

FRAGOSO, C.; BROWN, G. G. Ecología y taxonomía de las lombrices de tierra en


Latinoamérica: el primer Encuentro Latino-Americano de Ecología y Taxonomía de
Oligoquetas (ELAETAO1). In: BROWN, G. G.; FRAGOSO, C. (Ed.). Minhocas na
América Latina: biodiversidade e ecologia. Londrina: Embrapa Soja, 2007. p. 33-75.

FRAGOSO, C.; BROWN, G. G.; FEIJOO, A. The influence of Gilberto Righi on


tropical earthworm taxonomy: the value of a full-time taxonomist. Pedobiologia,
Berlin, v. 47, n. 5-6, p. 400-404, 2003.

GONZÁLEZ, G. et al. Earthworm invasions in the tropics. Biological Invasions


Belowground: Earthworms as Invasive Species, Georgia, v. 8, n. 6, p. 1247-1256,
Sept. 2006.

HENDRIX, P. F.; BOHLEN, P. J. Exotic earthworm invasions in North America:


ecological and policy implications. Biological Sciences, California, v. 52, n. 9, p.
801–811, Sept. 2002.

INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Almanaque Brasil Socioambiental. 1. ed. São


Paulo, 2005, 479p.

ISHIZUKA, K. A review of the Genus Pheretima s. Lat. (Megascolecidae) from Japan.


Edaphologia, Yokohama, n. 62, p. 55-80, Feb. 1999.

JAMES, S. W.; BROWN, G. G. Earthworm ecology and diversity in Brazil. In:


MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J. O.; BRUSSAARD, L. (Ed.). Soil biodiversity in
Amazonian and other Brazilian ecosystems. Wallingford: CAB International, 2006.
p. 56-116.
97

JAMES, S. W.; BROWN, G. G. Rediscovery of Fimoscolex sporadochaetus


Michaelsen 1918 (Clitellata: Glossoscolecidae), and considerations on the endemism
and diversity of Brazilian earthworms. Acta Zoológica Mexicana (n.s.), Xalapa, v.
26, Número Especial 2, p. 47-58, Oct. 2010.

JIMÉNEZ, J. J.; LAVELLE, P.; DECAËNS, T. The efficiency of soil hand-sorting in


assessing the abundance and biomass of earthworm communities. Its usefulness in
population dynamics and cohort analysis studies. European Journal of Soil
Biology, Rouen, v. 42, s. 1, p. 225-230, Nov. 2006.

KALISZ, P. J.; WOOD, H. B. Native and exotic earthworms in wild land ecosystems.
In: HENDRIX, P. F. (Ed.) Earthworm Ecology and Bio-geography in North
America. Boca Raton: Lewis Publishers, 1995. p. 117- 126.

KNÄPPER, C. F. U. Preliminar considerations on the occurrence of Oligochaetes in


the Estuary of the Guaíba RS. Estudos Leopoldenses, São Leopoldo, v. 38, p. 39-
41, 1976.

KUMAR, S. et al. MEGA: A biologist-centric software for evolutionary analysis of DNA


and protein sequences. Briefings in Bioinformatics, Oxford, v. 9, n. 4, p. 299-306,
July 2008.

LAPIED, E.; LAVELLE, P. The peregrine earthworm Pontoscolex corethrurus in the


East coast of Costa Rica. Pedobiologia, Berlin, v. 47, n. 5-6, p. 471-474, 2003.

LAVELLE, P. et al. Impact of soil fauna on the properties of soils in the humid tropics.
In: LAL, R.; SANCHEZ, P. A. Myths and science of soils of the tropics. Soil
Science Society of America, Madison, p. 157-185, 1992.

LAVELLE, P. Diversity of soil fauna and ecosystem function. Biology International,


n. 33, p. 3-16, July 1996.

LAVELLE, P. et al. Adaptative strategies of Pontoscolex corethrurus


(Glossoscolecidae, Oligochaeta), a peregrine geophagous earthworm of the humid
tropics. Biology and Fertility of Soils, Berlin, v. 5, n. 3, p. 188-194, 1987.

LAVELLE, P.; BRUSSAARD, L.; HENDRIX, P. Earthworms management in


tropical agroecosystems. CABI International, Wallingford, UK, 1999, 320p.
LEON, Y. S. D. et al. Recovery of native earthworm in abandoned tropical pastures.
Conservation Biology, v. 17, n. 4, p. 999-1006, Aug. 2003.
98

LEE, K. E. Earthworms: Their Ecology and Relationships with Soils and Land Use.
Sydnei: Academic Press, 1985, 411p.

LIMA, A. C. R. de; RODRÍGUEZ, C. Earthworm diversity from Rio Grande do Sul,


Brazil, with a new native Criodrilid genus and species (Oligochaeta: Criodrilidae).
Megadrilogica, Canadá, v. 11, n. 2, p. 9- 18, 2007.

MILLER, A. S.; DYKES, D. D.; POLESKI, H. F. A simple salting out procedure for
extracting DNA from human cells. Nucleic Acids Research, Southampton, v. 16, n.
3, p. 1215, 1988.

MOÇO, M. K. et al. Caracterização da fauna edáfica em diferentes coberturas


vegetais na região norte fluminense. Revista Brasileira de Ciência do Solo,
Viçosa, v. 29, n. 4, p. 555-564, jul./ago. 2005.

PEIXOTO, R. T.; MAROCHI, A. I. A influência da minhoca Pheretima sp. nas


propriedades de um latossolo vermelho escuro álico e no desenvolvimento de
culturas em sistema de plantio direto em Arapoti-PR. Revista Plantio Direto, Passo
Fundo, v. 35, p. 23-35, 1996.

PINTO-COELHO, R. M. Fundamentos em ecologia. Porto Alegre: Artmed Editora,


2000. 252p.

PORTAL BRASIL. Geografia. Acesso em: 16 de fevereiro de 2012. Disponível em:


<http://www.portalbrasil.net/geografia.htm >.

REYNOLDS, J. W.; WETZEL, M. J. Nomenclatura Oligochaetologica -


Supplementum Quartum [N.O.S.Q.]. Champaign: University of Illinois, 2009.
Disponível em: < http://www.inhs.uiuc.edu/~mjwetzel/Nomen.Oligo.html.>. Acesso
em: 20 de maio de 2011.

RIGHI, G. Minhocas de Mato Grosso e de Rondônia. Brasília: SCT/PR-CNPq.


Programa do Trópico Úmido, Programa Polonoroeste, Relatório de Pesquisa n° 12.
1990. 157p.

RIGHI, G. Colombian earthworms. In: VAN DER HAMMEN, T. (Ed). Studies on


Tropical Andean Ecosystems, Vol. 4, Cramer (Borntraeger), Berlin-Stuttgart, 1995.
p. 485–607.
99

RIGHI, G.; AYRES, I. Alguns Oligochaeta sul brasileiros. Revista Brasileira de


Biologia, Rio de Janeiro, v. 35, p. 309-316, 1975.

RINGUELET, R. A. 1962. Ecologia acuática continental. Buenos Aires: EUDEBA,


138p.

SAITOU, N.; NEI, M. The neighbor joining method: a new method for reconstructing
phylogenetic trees. Molecular Biology and Evolution, Oxford, v. 4, n. 4, p. 406-425,
July 1987.

SAMBROOK, J.; RUSSEL, D. W. Molecular cloning: a laboratory manual. 3ª ed.


Cold Spring Harbor Laboratory, New York, 2001.

SAUTTER, K. D. et al. Present knowledge on earthworm biodiversity in the State of


Paraná, Brazil. European Journal of Soil Biology, Rouen, v. 42, s. 1, p.296-300,
Aug./Sept. 2006.

SAUTTER, K. D. et al. Ecologia e biodiversidade das minhocas no Estado do


Paraná, Brasil. In: BROWN, G. G.; FRAGOSO, F. (Org). Minhocas na América
Latina: Biodiversidade e ecologia. Londrina: Embrapa Soja, 383-396, 2007.

SILVA, L. B. Caracterização e quantificação da matéria orgânica em horizontes


de solos sob pastagem natural dos Campos de Cima da Serra, RS. 2007. 70f.
Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) – Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, Porto Alegre.

SINHA, B. et al. Impact of landscape modification on earthworm diversity and


abundance in the Hariyali sacred landscape Garhwal Himalaya. Pedobiologia,
Goettingen, v. 47, n. 4, p. 357-370, 2003.

STADEN, R.; BEAL, K. F.; BONFIELD, J. K. The Staden Package, 1998. Methods in
Molecular Biology, v. 132, p.115-130, 2000.

SUTHAR, S. Earthworm communities a bioindicator of arable land management


practies: A case study in semiarid region of India. Ecological Indicators, Kiel, v. 9,
n. 3, p. 588-594, May 2009.

TALAVERA, J. A. Lombrices de tierra presentes en la laurisilva de Tenerife (Islas


Canarias). Miscellania Zoologica, Barcelona, v. 11, p. 93-103, 1987.
100

TER BRAAK, C. J. F.; SMILAUER, P. CANOCO reference manual and user’s


guide to Canoco for Windows: Software for canonical community ordination
(version 4). New York: Microcomputer Power, 1998.

THOMAS G.; CLAY, D. Biodiversity data analysis package Bio-DAP. Resourse


Conservation Fundy National Park, New Brunswick, Canada, 1988.

THOMPSON, J. D., HIGGINS, D. G.; GIBSON, T. J. CLUSTAL W: improving the


sensitivity of progressive multiple sequence alignment through sequence weighting,
position-specific gap penalties and weight matrix choice. Nucleic Acids Research,
Oxford, v. 22, n. 22, p. 4673–4680, Nov. 1994.

TONDOH, J. E. Seasonal changes in earthworm diversity and community structure in


Central Côte d’Ivoire. European Journal of Soil Biology, Rouen, v. 42, s. 1, p. 334-
340, Nov. 2006.

VIANA, V. M. Biologia e manejo de fragmentos de florestas naturais. Congresso


Florestal brasileiro, 1990.

VIANA, V. M.; PINHEIRO, L. A. F. V. Conservação da biodiversidade em fragmentos


florestais. Série técnica IPEF, v. 12, n. 32, p. 25-42, dez. 1998.
101

4 CAPÍTULO II - COMUNIDADE DE MINHOCAS EM ECOSSISTEMAS NO RIO


GRANDE DO SUL: CARACTERIZAÇÃO ECOLÓGICA E
EDÁFICA DOS AMBIENTES

4.1 Resumo
As minhocas desempenham importantes funções no ecossistema solo, sendo
a ocorrência das espécies relacionada com fatores edafo-climáticos e vegetação. O
objetivo do trabalho foi determinar a influência de fatores edáficos, uso e manejo do
solo na ocorrência de minhocas em ecossistemas naturais e alterados do Rio
Grande do Sul (RS). Avaliação qualitativa da diversidade de minhocas foi realizada
em 15 diferentes de ecossistemas, em 29 municípios do RS, totalizando 77 locais de
amostragem. Em cada local avaliado foram retirados, no mínimo, dez monólitos de
solo. A identificação das espécies foi realizada com base em parâmetros
morfológicos. Foram encontradas diversas espécies de minhocas no Estado do RS,
vivendo em solos de ecossistemas naturais e agrícolas, com variações quanto às
características físicas e químicas. A maioria das espécies encontradas foi nativa,
pertencente à família Glossoscolecidae e ao gênero Glossoscolex. A caracterização
do solo e do uso dos ambientes onde foram coletadas as diferentes espécies de
minhocas possibilitou o levantamento de informações associadas ao ecossistema
com ocorrência de minhocas. A ocorrência das espécies esteve mais relacionada ao
grau de perturbação do ambiente e ao tipo de uso do solo, do que às características
físicas e químicas. As espécies de minhocas encontradas neste trabalho, em
ecossistemas naturais e agroflorestais do Estado do Rio Grande do Sul são:
Amynthas corticis, A. gracilis, A. rodericensis, Aporrectodea trapezoides, Eukerria
saltensis, Glossoscolex uruguayensis uruguayensis, Metaphire californica,
Microscolex dubius, Ocnerodrilus sp., Pontoscolex corethrurus, Urobenus
brasiliensis, além de seis novas espécies de Glossoscolex sp. e uma nova espécie
de cada um dos gêneros Eukerria, Fimoscolex e Kerriona e da família Criodrilidae. O
grau de perturbação dos ecossistemas e o uso do solo interferem na presença de
minhocas, seguido pelas características físicas e químicas do solo.

Palavras-chave: Oligoquetas; distúrbio ambiental; solo.


102

4.2 Introdução

As minhocas participam de diversos processos no solo, sendo importantes


para a manutenção da qualidade dos ecossistemas. Participam da trituração e
incorporação da serrapilheira, construção e manutenção da porosidade e agregação
do solo através da formação de galerias, do controle de comunidades microbianas,
da proteção de plantas contra algumas pragas e doenças e do crescimento vegetal
(JOUQUET et al., 2006; LAVELLE et al., 2006; ANDERSON, 2009).
Embora a dinâmica da atuação das minhocas sobre a decomposição da
matéria orgânica do solo seja constantemente estudada (AIRA; DOMÍNGUEZ, 2004;
EDWARDS; ARANCON, 2004; PULLEMAN et al., 2005; BHADAURIA; SAXENA,
2010), existe carência de pesquisas quanto à ocorrência de minhocas em diferentes
ecossistemas e sobre a relação entre espécies nativas e exóticas presentes em um
determinado local (BROWN et al., 2000; NUNES et al. 2007). Os efeitos que a
invasão de minhocas exóticas provocam no solo e na comunidade de minhocas
nativas em agroecossistemas ainda não estão claros (HENDRIX et al., 2006).
A diversidade e abundância das populações de minhocas que habitam um
local específico são determinadas e controladas por fatores hierárquicos, que
operam em diferentes escalas de tempo e de espaço (LAVELLE, 1996; BROWN et
al., 2006). Dentre os fatores determinantes da fauna do solo, o clima encontra-se no
nível hierárquico mais elevado, caracterizando os regimes hídricos e de temperatura,
que interferem no tipo de solo e de vegetação. Estes dois últimos fatores, por sua
vez, definem a natureza e a abundância dos constituíntes minerais e orgânicos do
solo e, consequentemente, o nível de fertilidade do solo, influenciado também pelo
tipo de material de origem. O homem também representa um fator determinante da
abundância e riqueza de espécies de minhocas, pois define o tipo de uso do solo e
as práticas de manejo associadas à produção agrícola (BROWN; DOMÍNGUEZ,
2010).
De modo geral, as minhocas são consideradas benéficas e importantes para
a manutenção da fertilidade e sustentabilidade do solo, independentemente de sua
origem nativa, exótica ou peregrina (LIMA; BRUSSAARD, 2010). Estes efeitos
positivos são associados ao comportamento e à mobilidade das minhocas,
103

principalmente pela construção de galerias e liberação de excrementos na superfície


do solo. Segundo Peixoto e Marochi (1996), normalmente, o aumento populacional e
indícios da atividade de minhocas são associados à melhoria na fertilidade e
qualidade do solo, bem como na produtividade agrícola, embora poucos dados de
pesquisa tenham comprovado isto no campo (BROWN; DOMÍNGUEZ, 2010).
Do ponto de vista biológico, as práticas agrícolas provocam mudanças em
grandes extensões territoriais, por meio da retirada da vegetação natural presente
para implantação de monocultivos, interferindo nos complexos nichos ecológicos e
na cadeia alimentar de diversos organismos edáficos (DE-POLLI; PIMENTEL, 2005).
Os sistemas de uso, manejo e preparo do solo afetam a estrutura dos grupos
taxonômicos dominantes da macrofauna edáfica (MARCHÃO et al., 2009; LIMA et
al., 2010), sendo que a abundância e a biomassa de minhocas tendem a diminuir,
independentemente das técnicas de manejo empregadas (PEIGNÉ et al., 2009).
Determinadas práticas agrícolas, além de promoverem a redução da densidade de
minhocas, podem proporcionar condições edáficas para a substituição de espécies
nativas por espécies exóticas, melhor adaptadas a condições edáficas menos
favoráveis (GONZÁLEZ et al., 2006; FERNANDES et al., 2010).
Em ecossistemas naturais e agrícolas, a ciclagem de nutrientes está
diretamente relacionada com a atividade de organismos e microrganismos presentes
no solo, sendo determinante para a manutenção da sustentabilidade dos ambientes.
A abundância e diversidade dos organismos que compõem a cadeia alimentar
decompositora de um ecossistema determinam a velocidade e a magnitude dos
processos de mineralização e imobilização de nutrientes, favorecendo a assimilação
de elementos pelas plantas (COLEMAN; WHITMAN, 2005; CORREIA; OLIVEIRA,
2005; LAVELLE et al., 2006; ANDERSON, 2009). Dentre esses organismos, os
pertencentes à macrofauna edáfica (diâmetro > 2,0 mm), como as minhocas, são
capazes de realizar grandes deslocamentos de resíduos orgânicos e partículas
minerais pelo perfil do solo, sendo influenciados pela qualidade e quantidade dos
resíduos vegetais superficiais (WARREN; ZOU, 2002; LIMA et al., 2010). Portanto,
assim como a atividade de minhocas é capaz de modificar o ambiente edáfico, é
possível que as características do ambiente favoreçam a ocorrência e a diversidade
da comunidade de minhocas nos ecossistemas.
104

A hipótese deste trabalho foi que a ocorrência de espécies de minhocas


nativas, exóticas e peregrinas em ecossistemas é influenciada pelo uso, manejo e
pelas características físicas e químicas do solo. Neste sentido, o objetivo do trabalho
foi determinar a influência de fatores edáficos, uso e manejo do solo na ocorrência
de minhocas em ecossistemas naturais e alterados do Rio Grande do Sul.
105

4.3 Material e métodos

4.3.1 Locais amostrados

As minhocas foram coletadas em diversos ecossistemas do Estado do Rio


Grande do Sul (RS), através de levantamento qualitativo. Foram amostrados 15
ecossistemas: fragmento de mata nativa (17), campo nativo (13), cultivos anuais (8)
mata ciliar (7), pastagem cultivada (6), monocultivos de eucalipto (12), pinus (3) e
acácia negra (2), várzea em pousio (2), beira de córrego (2), pomar de citros (1),
gramado residencial (1), encosta de açúde (1), locais para deposição de resíduos
domésticos (1) e animais (1). Estas amostragens foram realizadas em 29 municípios
do Estado do RS, totalizando 77 locais amostrados.
Os ecossistemas amostrados localizam-se nos municípios das regiões:
Centro-oeste (Cacequi, Dilermando de Aguiar, Formigueiro, Itaara, Jaguari, Júlio de
Castilhos, Mata, Nova Esperança do Sul, Santa Maria, Santiago, São Francisco de
Assis, São Vicente do Sul, Tupanciretã), Fronteira Sudoeste (Bagé, Caçapava do
Sul, Hulha Negra), Fronteira Oeste (Alegrete, Barra do Quaraí, Itaqui, Maçambará,
Rosário do Sul, Santana do Livramento, São Borja, São Gabriel, Uruguaiana, Vila
Nova do Sul), Fronteira Noroeste (Santa Rosa, Santo Cristo) e Missões (Roque
Gonzales).

4.3.2 Coleta dos indivíduos

Para conhecer a diversidade de minhocas existente em cada uma das áreas


avaliadas, realizou-se amostragem qualitativa através da abertura de buracos
aleatórios (mínimo de dez por ecossistema). A profundidade da amostragem variou
entre 30 a 50 cm, dependendo da categoria ecológica das espécies de minhocas
presentes. A triagem do solo foi realizada no campo e as minhocas coletadas foram
imediatamente armazenadas em etanol 70%.
106

As coletas foram realizadas no período de setembro de 2009 a fevereiro de


2012, preferencialmente nos meses chuvosos. No laboratório, as minhocas foram
transferidas para frascos contendo solução de formaldeído a 4% (TALAVERA,
1987). A identificação morfológica das espécies foi realizada por meio do uso de
chaves de identificação e descrição de famílias, gêneros e espécies de acordo com
Righi (1990, 1995) e Blakemore (2002).
A frequência de ocorrência das espécies de minhocas em solos com
diferenças em relação aos parâmetros de fertilidade avaliados, foi determinada pelo
número de vezes que cada espécie foi encontrada em cada ambiente.

4.3.3 Caracterização dos solos e da vegetação das regiões amostradas

Amostras de solo da camada 0 a 20cm foram coletadas em cada ponto


amostrado com o auxílio de pá de corte. O material foi enviado ao laboratório para
determinação de características e propriedades físicas e químicas. As amostras
deformadas de solo foram secas ao ar, destorroadas manualmente, tamisadas em
peneiras com abertura de 2,0 mm e armazenadas em potes plásticos com tampa.
Foram determinados o valor de pH, a textura, o teor de nutrientes (cálcio,
magnésio, fósforo, potássio), o conteúdo de matéria orgânica, a soma de bases e a
capacidade de troca de cátions (CTCefetiva e CTCpH7,0).
O valor de pH foi determinado em água, na proporção 1:1, conforme
metodologia proposta por Tedesco et al. (1995). Foram considerados valores de pH
em água muito baixo (≤ 5,0), baixo (5,1 – 5,4), médio (5,5 – 6,0) e alto (> 6,0).
A textura do solo foi determinada pelo método da pipeta (EMBRAPA, 1997),
visando quantificar as frações granulométricas dos constituintes do solo. As classes
texturais, baseadas no teor de argila do solo, foram classificadas em: 1 (> 60%), 2
(41 - 60%), 3 (21 - 40%) e 4 (≤ 20%).
Os teores de cálcio e magnésio extraídos por KCl 1 mol L-1 foram
determinados por espectrofotometria de absorção atômica e o teor de alumínio
trocável extraído por KCl 1 mol L-1, determinado através de titulação com NaOH,
conforme Tedesco et al. (1995). Os teores de cálcio (cmolc dm-3) foram classificados
107

como baixo (≤ 2,0), médio (2,1 – 4,0) e alto (> 4,0), assim como os teores de
magnésio (cmolc dm-3): baixo (≤ 0,5), médio (0,6 – 1,0) e alto (> 1,0).
Os teores de fósforo e potássio extraídos por Mehlich–1 foram determinados
por colorimetria e fotometria de chama, respectivamente. As análises realizadas
seguiram metodologias descritas em Tedesco et al. (1995). Os teores de fósforo (mg
dm-3) foram classificados em cinco faixas: muito baixo (≤ 5,0), baixo (5,1 – 10,0),
médio (10,1 – 20,0), alto (20,1 – 40,0) e muito alto (> 40,0). Os teores de potássio
(cmolc dm-3) foram classificados em faixas de acordo com o valor de CTCpH7,0.
Quando CTCpH7,0 > 15: muito baixo (≤ 30), baixo (31 – 60), médio (61 – 90), alto (91
– 180) e muito alto (> 180); quando CTCpH7,0 entre 5,1 e 15,0: muito baixo (≤ 20),
baixo (21 – 40), médio (41 – 60), alto (61 – 120) e muito alto (> 120); quando
CTCpH7,0 ≤ 5,0: muito baixo (≤ 15), baixo (16 – 30), médio (31 – 45), alto (46 – 90) e
muito alto (> 90).
O teor de matéria orgânica do solo (MO) foi analisado por oxidação úmida,
utilizando dicromato de potássio em meio sulfúrico (0,4 N). A determinação foi
realizada por titulação com sulfato ferroso amoniacal (0,1 N), segundo Embrapa
(1997). Os níveis de matéria orgânica foram classificados como baixo (≤ 2,5 %),
médio (2,6 – 5,0 %) e alto (> 5,0 %).
A capacidade de troca de cátions efetiva (CTCefetiva) foi obtida pela soma das
bases Ca2+, Mg2+ e K+ mais Al3+ (CQFS-RS/SC, 2004). Os valores de CTCefetiva (%)
foram classificados em: muito baixo (< 1,0), baixo (1,0 – 10,0), médio (10,1 – 20,0) e
alto (> 20,0). A capacidade de troca de cátions em pH 7 (CTCpH7,0) foi estimada pela
soma de bases mais H + Al. Foram considerados três níveis de valores de CTCpH7,0
(cmolc dm-3): baixo (≤ 5,0), médio (5,1 – 15) e alto (> 15,0).
Girardi-Deiro e Gomes (2003) descreveram a vegetação dos ecossistemas
das regiões Sudoeste e Sudeste do RS. Os municípios de Uruguaiana, Quaraí,
áreas pertencentes a Alegrete, Santana do Livramento e Itaqui situam-se na zona
conhecida como campos duros e pedregosos com solo de pouca profundidade.
Estes campos são limpos, com elevado número de espécies vegetais de porte baixo,
de valor forrageiro, que proporcionam boa cobertura do solo. Os municípios de Bagé
e Hulha Negra fazem parte da região conhecida como campos finos de solos férteis
de maior profundidade. Os campos são produtivos e apresentam áreas com partes
limpas e outras invadidas, principalmente, por espécies dos gêneros Eupatorium,
108

Baccharis e Eryngium. Em geral, os solos são medianamente profundos e


apresentam boa fertilidade, sendo aptos para a agricultura. (GIRARDI-DEIRO;
GOMES, 2003).
São Gabriel, Rosário do Sul, áreas de Santana do Livramento e Alegrete
estão localizados em uma zona típica de transição entre os campos grossos da
Depressão Central e os campos finos da Campanha gaúcha, conhecida como
campos médios e grossos sobre solos profundos. Os campos são relativamente
sujos e estão localizados sobre arenito, sendo suscetíveis à degradação por
arenização (GIRARDI-DEIRO; GOMES, 2003).
A região conhecida como campos duros sobre solos com afloramentos
rochosos, associados com mata arbustiva compreende os municípios da serra do
sudeste, onde predominam solos litólicos entremeados com várzeas aluvionais. Os
campos estão associados a uma mata arbustiva-arbórea com espécies como o chal-
chal (Allophylus eduli Radlk), a pitangueira (Eugenia uniflora L.), aroeiras (Schinus
spp.), vassouras (Baccharis spp.), entre outras. Nas partes elevadas, o campo é
pouco denso e a cobertura de gramíneas é rala. Nos vales e ao longo dos cursos
d’água, o solo é mais profundo e há densa vegetação campestre (GIRARDI-DEIRO;
GOMES, 2003).
Nos municípios localizados na região Noroeste do Estado (Santa Rosa, Santo
Cristo e Roque Gonzales), predominam solos antigos e profundos, de excelente
aptidão agrícola (STRECK et al., 2002).

4.3.4 Caracterização das condições climáticas das regiões amostradas

O Estado do RS apresenta as estações do ano bem definidas: inverno,


primavera, verão e outono. De acordo com a classificação de Wladimir Köeppen, o
clima do RS se enquadra na zona fundamental C, apresentando dois tipos
climáticos: Cfa (verões quentes) e Cfb (verões amenos). A letra C indica que o
território gaúcho situa-se na faixa de climas subtropicais ou temperados, com
temperatura do mês mais frio próxima a 3 °C. O clima Cf significa temperado úmido,
com precipitações pluviais médias razoavelmente bem distribuídas durante todos os
109

meses do ano, de forma que não há estação seca nem estação chuvosa bem
caracterizada (MORENO, 1961; BERLATO; FONTANA, 2003).
A variedade Cfa caracteriza-se por apresentar temperatura do mês mais
quente superior a 22 °C e temperatura do mês mais frio entre 3 e 18 °C. A variedade
Cfb é caracterizada por apresentar temperatura do mês mais quente inferior a 22°C
e a do mês mais frio superior a 3 °C. O clima Cfa é dominante no Estado, enquanto
que o Cfb aparece nas regiões de maiores altitudes como a Serra do Nordeste, os
Campos de Cima da Serra e o Escudo Riograndense (Serra do Sudeste)
(BERLATO; FONTANA, 2003).
A temperatura média para o Estado é de 18 °C, sendo o clima variável nas
regiões de acordo com a altitude e a proximidade da costa marítima. Janeiro e
fevereiro são os meses mais quentes, quando se registram temperaturas em torno
dos 40 °C. O inverno é rigoroso, sendo julho o mês mais frio, com temperaturas
negativas atingindo -3,0°C (PEZZA; AMBRIZZI, 1999).
O regime pluviométrico do Estado do RS é regular e as chuvas são bem
distribuídas durante todo o ano. No entanto, existe a probabilidade de ocorrer
estiagens nos meses do verão (dezembro a fevereiro), prejudicando as culturas
agrícolas (AGUIAR, 2005). A média pluviométrica anual do Estado do RS é de
1.700mm, embora haja regiões mais ou menos chuvosas (MALUF, 2000).
No Estado do RS, o valor de umidade relativa do ar é muito elevado. No verão
e na primavera, os valores oscilam entre 68% e 85%. No outono e no inverno, os
valores variam entre 76% e 90%, sendo relativamente estáveis durante as quatro
estações do ano. As partes mais elevadas do Estado localizam-se na região
Nordeste, com altitudes superiores a 600m, podendo atingir 1.300m (BERLATO;
FONTANA, 2003).
110

4.4 Resultados e discussão

Vinte e uma espécies de minhocas foram encontradas no Estado do RS, as


quais foram agrupadas em doze gêneros e seis famílias (Tabela 4.1).
Dez novas espécies de minhocas foram encontradas, pertencentes aos
gêneros: Glossoscolex (6), Fimoscolex (1), Kerriona (1) e Eukerria (1), e uma
espécie de hábito aquático pertencente à família Criodrilidae, com possibilidade de
corresponder a um novo gênero. Além das espécies novas, a coleta de exemplares
dos gêneros Ocnerodrilus e Kerriona representou novos registros de espécies para o
RS (Tabela 4.1).
No solo, as minhocas podem apresentar distribuição espacial agrupada,
representada por manchas que podem variar de um a 50 metros de diâmetro, com
possível diferença marcante na distribuição de espécies (POIER; RICHTER, 1992).
No entanto, como as manchas não são estáticas, nem sempre são observadas
correlações entre a ocorrência de espécies com as características químicas e físicas
do solo (ROSSI et al., 1997; JIMÉNEZ et al., 2001). Anderson (2009) sugere que,
raramente é possível identificar o papel dos invertebrados edáficos como
determinantes de processos edáficos em escala de parcela e ecossistema
(hectares) e em maiores escalas, porque seus efeitos acabam sendo superados por
outros controles biofísicos.
Neste trabalho, foram observadas diferenças nas características edáficas e no
tipo de vegetação dos ambientes onde foram coletadas as diferentes espécies de
minhocas. A maioria das espécies foi coletada em solos com teores de argila de até
40% (classes texturais 3 e 4). As espécies do gênero Eukerria, por terem sido
coletadas em ambiente de planície, encontravam-se em solos de classes texturais 2
e 3, com teores de argila em torno de 20 a 60%. A espécie exótica A. gracilis foi
encontrada em solos das quatro classes texturais (Figura 4.1). Isso se deve a essa
espécie apresentar facilidade para colonizar novas áreas e adaptabilidade a
diferentes tipos de solos e ambientes (BROWN et al., 2006; FERNANDES et al.,
2010).
111
Tabela 4.1 - Ocorrência de minhocas em ecossistemas do Rio Grande do Sul.

Ecossistemas
Gênero/Espécie
CN FMN MN* ME MA MP MC BC B GR PC PO L VP RD RA
Amynthas corticis X X X X
Amynthas gracilis X X X X X X X X X X X
Amynthas rodericensis X
Aporrectodea trapezoides X
Eukerria n. sp. 1 X X X
Eukerria saltensis X X
Fimoscolex n. sp. 1 X
Glossoscolex n. sp. 1 X X X
Glossoscolex n. sp. 2 X X X
Glossoscolex n. sp. 3 X
Glossoscolex n. sp. 4 X
Glossoscolex n. sp. 5 X
Glossoscolex n. sp. 6 X
Glossoscolex sp. X X X X X
Glossoscolex uruguayensis** X
Juvenis de Glossoscolecidae X X X X
Kerriona n. sp. 1 X
Metaphire californica X X
Microscolex dubius X X
Nova espécie de Criodrilidae X
Ocnerodrilus sp. X
Pontoscolex corethrurus X X X X X X X
Urobenus brasiliensis X X X X
Número total de espécies 9 10 3 6 2 5 5 2 2 1 7 1 4 2 1 1

Ecossistemas: CN = campo nativo, FMN = fragmento de mata nativa, MN = mata nativa, ME = monocultivo de eucalipto, MA = monocultivo de acácia negra,
MP = monocultivo de pinus, MC = mata ciliar, BC = beira de córrego, B = banhado, GR = gramado residencial, PC = pastagem cultivada, PO = pomar de
citros, L = lavoura, VP = várzea em pousio, RD = local de deposição de resíduos domésticos, RA = local de deposição de dejetos animais.
*Parque Estadual do Espinilho, Barra do Quaraí, RS.
**Glossoscolex uruguayensis uruguayensis
112

Figura 4.1 – Diversidade de minhocas de acordo com a classe textural do solo onde
foram coletadas. Classe textural baseada no teor de argila do solo: 1 (>
60%), 2 (41 - 60%), 3 (21 - 40%) e 4 (≤ 20%). *Glossoscolex
uruguayensis uruguayensis.

Minhocas juvenis da família Glossoscolecidae foram encontradas em solos


com teores de argila inferiores a 60% (classes texturais 2, 3 e 4). Exemplares do
gênero Fimoscolex foram coletados em solo contendo 43% de argila (Figura 4.1). De
acordo com Fragoso et al. (1999), solos com elevados teores de argila (≥ 70%)
podem não ser apropriados para P. corethrurus. Os dados encontrados neste
trabalho estão de acordo com esta afirmação, pois esta espécie foi encontrada em
solos de classe textural 3 e 4, contendo até 40% de argila (Figura 4.1).
Existem 429 espécies de Glossoscolecidae na América do Sul, sendo o
gênero Glossoscolex o mais diversificado (CHRISTOFFERSEN, 2010). As espécies
113

do gênero Glossoscolex são todas endêmicas do continente sul-americano


(CHRISTOFFERSEN, 2007). Neste trabalho, a maioria dos exemplares coletados e
das novas espécies encontradas pertence ao gênero Glossoscolex (Tabela 4.1).
Christoffersen (2007) compilou as informações disponíveis sobre a
diversidade e a distribuição de minhocas do gênero Glossoscolex na América do
Sul. Segundo o autor, as minhocas correspondem a um negligenciado grupo
zoológico em um megadiverso continente amostrado apenas superficialmente.
A espécie nativa Glossoscolex uruguayensis uruguayensis foi encontrada em
solos com valores médios de CTCpH7,0 e elevados teores de cálcio e potássio. O pH
dos solos variaram entre baixo e alto, os teores de fósforo entre muito baixo e
médio, o teor de magnésio entre médio e alto, e o conteúdo de matéria orgânica e a
CTCefetiva entre baixo e médio (Tabelas 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5).
G. uruguayensis uruguayensis Cordero (1943), sinônimo de G. uruguayensis
Cordero (1943), possui distribuição na Argentina, no Uruguai e no Brasil, cuja
ocorrência já havia sido registrada no município de São Leopoldo (RS)
(CHRISTOFFERSEN, 2007). Segundo Ljungström (1972), a espécie G.
uruguayensis Cordero (1943) é sinônimo de G. corderoi Righi (1968).
As demais espécies do gênero Glossoscolex podem não apresentar
seletividade a solos em relação à acidez, aos teores de fósforo, potássio, cálcio,
magnésio, matéria orgânica e CTC. Os juvenis da família Glossoscolecidae
apresentaram este mesmo comportamento, com exceção do teor de fósforo e do
conteúdo de matéria orgânica, sendo encontrados em solos contendo baixos teores
de fósforo e conteúdo de matéria orgânica variando entre baixo e médio (Tabelas
4.2, 4.3, 4.4 e 4.5).
Maior número de espécies de minhocas foi observado em solos com valores
de pH muito baixos, teores de matéria orgânica de até 5% (Tabela 4.2), teores de
fósforo muito baixos e altos níveis de potássio (Tabela 4.3), cálcio e magnésio
(Tabela 4.4).
A ocorrência da espécie nativa Urobenus brasiliensis esteve associada a
ambientes pouco alterados pelo homem, sendo encontrada, principalmente, em
fragmentos de mata nativa. Por ser epigéica e se alimentar de serrapilheira,
necessita de matéria orgânica para sobreviver. No entanto, neste trabalho, U.
brasiliensis foi encontrada em solos contendo teores baixos, médios e altos de
114

matéria orgânica (Tabela 4.2). O pH dos solos variaram entre muito baixo, médio e
alto, os teores de cálcio e a CTCpH7,0 entre médio e alto. Esta espécie pode não
apresentar seletividade a solos em relação aos teores de fósforo, potássio e
magnésio. Os valores de CTCefetiva dos solos variaram entre baixo, médio e alto
(Tabelas 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5).

Tabela 4.2 – Frequência de ocorrência das espécies de minhocas em solos com


diferentes valores de pH e conteúdos de matéria orgânica.

pH Matéria orgânica
Gênero/espécie
MB B M A B M A
Amynthas corticis 1 1 3 - - 4 1
Amynthas gracilis 7 4 8 6 12 10 3
Aporrectodea trapezoides - - 1 - - 1 -
Eukerria n. sp. 1 3 - - - 2 1 -
Eukerria saltensis 1 - 1 1 2 1 -
Fimoscolex n. sp. 1 - 1 - - - 1 -
Glossoscolex n. sp. 1 2 1 1 - 2 1 1
Glossoscolex n. sp. 2 2 - - - 1 1 -
Glossoscolex n. sp. 3 1 - - - 1 - -
Glossoscolex n. sp. 4 1 - - - - 1 -
Glossoscolex n. sp. 5 1 - - - - 1 -
Glossoscolex n. sp. 6 - 1 - - 1 - -
Glossoscolex sp. 1 1 1 3 5 - 1
Glossoscolex uruguayensis* - 1 - 1 1 1 -
Juvenis de Glossoscolecidae 3 2 1 - 4 2 -
Kerriona n. sp. 1 1 - - - - - 1
Metaphire californica 2 - - 1 2 1 -
Microscolex dubius 1 - - 1 1 1 -
Nova espécie de Criodrilidae 1 - - - 1 - -
Ocnerodrilus sp. 1 - - - - 1 -
Pontoscolex corethrurus 8 2 1 1 8 4 -
Urobenus brasiliensis 1 - 5 1 2 4 1
Total de espécies 18 9 9 8 15 17 6

*Glossoscolex uruguayensis uruguayensis. Valor do pH em água: MB = muito baixo (≤ 5,0), B = baixo


(5,1 – 5,4), M = médio (5,5 – 6,0) e A = alto (> 6,0). Matéria orgânica (%): B = baixo (≤ 2,5), M =
médio (2,6 – 5,0) e A = alto (> 5,0).
115

Tabela 4.3 – Frequência de ocorrência das espécies de minhocas em solos com


diferentes teores de fósforo e potássio.

Fósforo Potássio
Gênero/espécie
MB B M A MA MB B M A MA
Amynthas corticis 2 1 - - 1 1 - - - -
Amynthas gracilis 7 6 3 2 8 1 3 - 10 12
Aporrectodea trapezoides - - - - 1 - - - 1 -
Eukerria n. sp. 1 1 1 1 - - - - 2 1 -
Eukerria saltensis 1 - - 1 1 - 1 1 - 1
Fimoscolex n. sp. 1 1 - - - - 1 - - - -
Glossoscolex n. sp. 1 1 - - 2 1 - - - 2 2
Glossoscolex n. sp. 2 1 1 - - - - 1 1 - -
Glossoscolex n. sp. 3 1 - - - - - - - 1 -
Glossoscolex n. sp. 4 - 1 - - - - - 1 - -
Glossoscolex n. sp. 5 1 - - - - - - 1 - -
Glossoscolex n. sp. 6 1 - - - - - - - 1 -
Glossoscolex sp. - 2 - 2 2 - 1 1 3 1
Glossoscolex uruguayensis* 1 - 1 - - - - - 1 1
Juvenis de Glossoscolecidae 5 1 - - - 1 - 2 1 2
Kerriona n. sp. 1 - 1 - - - - - - 1 -
Metaphire californica 2 - - 1 - - - - 3 -
Microscolex dubius 2 - - - - - 1 1 - -
Nova espécie de Criodrilidae - - 1 - - - - - 1 -
Ocnerodrilus sp. - 1 - - - - - 1 - -
Pontoscolex corethrurus 3 4 1 3 1 2 1 4 4 1
Urobenus brasiliensis 4 2 - 2 - - 1 2 1 4
Total de espécies 16 11 5 7 7 5 7 11 14 8
-3
*Glossoscolex uruguayensis uruguayensis. Teores de fósforo (mg dm ): MB = muito baixo (≤ 5,0), B =
baixo (5,1 – 10,0), M = médio (10,1 – 20,0), A = alto (20,1 – 40,0) e MA = muito alto (> 40,0). Teores
-3
de potássio (cmolc dm ) se CTCpH7,0 > 15: MB = muito baixo (≤ 30), B = baixo (31 – 60), M = médio
(61 – 90), A = alto (91 – 180) e MA = muito alto (> 180); se CTCpH7,0 entre 5,1 e 15,0: MB = muito
baixo (≤ 20), B = baixo (21 – 40), M = médio (41 – 60), A = alto (61 – 120) e MA = muito alto (> 120);
se CTCpH7,0 ≤ 5,0: MB = muito baixo (≤ 15), B = baixo (16 – 30), M = médio (31 – 45), A = alto (46 –
90) e MA = muito alto (> 90).

A nova espécie do gênero Kerriona foi encontrada em solo de várzea com


valor de pH muito baixo, baixo teor de fósforo e altos teores de potássio, cálcio,
magnésio e matéria orgânica (Tabelas 4.2, 4.3 e 4.4).
116

Tabela 4.4 – Frequência de ocorrência das espécies de minhocas em solos com


diferentes teores de cálcio e magnésio.

Cálcio Magnésio
Gênero/espécie
B M A B M A
Amynthas corticis 1 - 4 1 - 4
Amynthas gracilis 4 5 17 6 4 16
Aporrectodea trapezoides - 1 - - 1 -
Eukerria n. sp. 1 - - 3 - - 3
Eukerria saltensis - - 3 - - 3
Fimoscolex n. sp. 1 1 - - 1 - -
Glossoscolex n. sp. 1 1 1 2 1 1 2
Glossoscolex n. sp. 2 - - 2 - - 2
Glossoscolex n. sp. 3 - 1 - 1 - -
Glossoscolex n. sp. 4 - - 1 - - 1
Glossoscolex n. sp. 5 - 1 - - 1 -
Glossoscolex n. sp. 6 1 - - 1 - -
Glossoscolex sp. 2 4 - 2 3 1
Glossoscolex uruguayensis uruguayensis - - 2 - 1 1
Juvenis de Glossoscolecidae 3 1 2 2 1 3
Kerriona n. sp. 1 - - 1 - - 1
Metaphire californica 2 - 1 2 - 1
Microscolex dubius - 1 1 - 1 1
Nova espécie de Criodrilidae - - 1 - - 1
Ocnerodrilus sp. - - 1 - - 1
Pontoscolex corethrurus 3 5 4 3 6 3
Urobenus brasiliensis - 2 6 2 - 6
Total de espécies 9 10 16 11 9 17
-3
Teores de cálcio (cmolc dm ): B = baixo (≤ 2,0), M = médio (2,1 – 4,0) e A = alto (> 4,0). Teores de
-3
magnésio (cmolc dm ): B = baixo (≤ 0,5), M = médio (0,6 – 1,0) e A = alto (> 1,0).

Exemplares do gênero Ocnerodrilus foram coletados em solo ácido (pH muito


baixo), com baixos valores de fósforo e CTCefetiva, teores médios de potássio,
matéria orgânica e CTCpH7,0, porém com elevados teores de cálcio e magnésio
(Tabelas 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5).
Ocnerodrilus occidentalis (Eisen, 1878), espécie epigéica de hábito aquático,
foi encontrada em um canal de água localizado em uma floresta de pinus em Gran
Canaria (Ilhas Canárias) (TALAVERA, 2007). Os fatores edáficos indicam que os
117

solos onde vivem exemplares de O. occidentalis são úmidos, levemente alcalinos,


pobres em matéria orgânica e moderadamente oxigenados (TALAVERA, 1990).

Tabela 4.5 – Frequência de ocorrência das espécies de minhocas em solos com


diferentes valores de CTCpH7,0 e CTCefetiva.

CTCpH7,0 CTCefetiva
Gênero/espécie
B M A MB B M A
Amynthas corticis - 2 4 - 2 1 2
Amynthas gracilis 1 12 13 - 12 6 8
Aporrectodea trapezoides - 1 - - 1 - -
Eukerria n. sp. 1 - 1 2 - 1 1 1
Eukerria saltensis - 2 1 - 2 - 1
Fimoscolex n. sp. 1 - - 1 - 1 - -
Glossoscolex n. sp. 1 - 4 - - 4 - -
Glossoscolex n. sp. 2 - 1 1 - 1 1 -
Glossoscolex n. sp. 3 - 1 - - 1 - -
Glossoscolex n. sp. 4 - 1 - - 1 - -
Glossoscolex n. sp. 5 - 1 - - 1 - -
Glossoscolex n. sp. 6 1 - - - 1 - -
Glossoscolex sp. 2 4 - - 6 - -
Glossoscolex uruguayensis* - 2 - - 1 1 -
Juvenis de Glossoscolecidae 2 2 1 - 4 1 -
Kerriona n. sp. 1 - 1 - - - 1 -
Metaphire californica - 2 1 - 2 - 1
Microscolex dubius - 2 - - 2 - -
Nova espécie de Criodrilidae - - 1 - - - 1
Ocnerodrilus sp. - 1 - - 1 - -
Pontoscolex corethrurus 1 10 - - 10 1 -
Urobenus brasiliensis - 4 4 - 4 1 3
Total de espécies 5 19 10 0 20 9 7
-3
*Glossoscolex uruguayensis uruguayensis. Valores de CTCpH7,0 (cmolc dm ): B = baixo (≤ 5,0), M =
médio (5,1 – 15) e A = alto (> 15,0). Valores de CTCefetiva (%): MB = muito baixo (< 1,0), B = baixo (1,0
– 10,0), M = médio (10,1 – 20,0) e A = alto (> 20,0).

Os organismos presentes em uma determinada área são reflexos das inter-


relações entre características do solo, clima e vegetação. Em solos agrícolas, além
destas variáveis, o tipo de uso e manejo adotado, bem como o uso de insumos e a
118

introdução de novas espécies vegetais também interferem na população de


organismos edáficos, refletindo na diversidade de espécies (FRAGOSO et al., 1999).
Os dados observados neste trabalho estão de acordo com as afirmações de
Fragoso et al. (1999), sendo verificada baixa diversidade de minhocas em áreas de
lavoura agrícola e a ocorrência de espécies adaptadas a ambientes antropizados,
tais como P. corethrurus e A. gracilis (Tabela 4.1).
Segundo levantamento realizado por Bartz (2011) no Estado do Paraná,
algumas espécies nativas de minhocas sobrevivem em áreas agrícolas manejadas
sob sistema plantio direto, embora em baixas densidades. Neste trabalho, apenas
espécies exóticas foram encontradas em áreas de lavoura, o que pode ser um
indicativo de que o sistema agrícola adotado pelos agricultores nas áreas avaliadas
está causando impactos negativos sobre a comunidade de organismos do solo.
Embora o sistema de plantio direto (SPD) seja reconhecido como um sistema
agrícola de baixo impacto ambiental, Domínguez et al. (2010) acreditam que,
quando não realizado de forma satisfatória (produção de palhada suficiente e
rotação com culturas de cobertura), esse sistema pode resultar na degradação
física, química e biológica do solo. Comparando áreas agrícolas manejadas em SPD
e pastagens naturais, Domínguez et al. (2010) observaram redução na abundância
de minhocas, o que atribuíram ao intenso uso de agroquímicos, e alterações na
comunidade de macrofauna edáfica nas áreas em SPD, provavelmente por causa da
alta compactação e ao menor conteúdo de matéria orgânica.
Os solos habitados pelas espécies exóticas A. gracilis e A. corticis, bem como
pela espécie nativa peregrina P. corethrurus apresentaram variações nos teores de
nutrientes, valor de pH e conteúdo de matéria orgânica (Tabelas 4.2, 4.3 e 4.4).
Provavelmente, a presença dessas espécies esteja relacionado à sua alta
adaptabilidade à maioria dos habitats e tipos de solo, o que explica a elevada
disseminação que apresentam em nível mundial. O trabalho realizado por
Fernandes et al. (2010) sugere que minhocas do gênero Amynthas apresentam
potencial para bioindicação de ambientes perturbados em áreas de Floresta
Atlântica e para colonização de novos ambientes.
As espécies A. gracilis e Aporrectodea caliginosa apresentam ampla
tolerância quanto ao clima e a tipos de solo. No entanto, não estão definidas as
preferências em relação ao conteúdo de matéria orgânica do solo (FALCO; MOMO,
119

2010). Neste trabalho, A. gracilis foi encontrada em solos contendo teores baixos,
médios e altos de matéria orgânica (Tabela 4.2).
Avaliando a seletividade de habitats das espécies exóticas A. gracilis e A.
caliginosa, em relação ao conteúdo de matéria orgânica do solo e à presença de
folhas de carvalho (Quercus robur), Falco e Momo (2010) observaram, em condições
de laboratório, que as espécies respondem de forma diferenciada às alterações de
ambiente aos quais foram expostas. A espécie A. gracilis demonstrou preferência
pelo solo com cobertura de folhas de carvalho, um comportamento típico de minhoca
epi-endogéica. No entanto, não foi observada interação significativa entre o
conteúdo de matéria orgânica do solo e a presença de folhas. Esta espécie não
apresentou resposta diferenciada ao teor de matéria orgânica dos solos avaliados
(solo 1: 5,1% de M.O. e solo 2: 3,27% de M.O.), corroborando com os dados
observados neste trabalho (Tabela 4.2).
Exemplares de Aporrectodea trapezoides (Lumbricidae) foram coletados em
monocultivo de pinus, cujo solo apresentava valores médios de pH, cálcio,
magnésio, matéria orgânica (2,8%) e CTCpH7,0. Os teores de fósforo e potássio
encontravam-se muito alto e alto, respectivamente, e o valor de CTCefetiva estava
baixo (Tabelas 4.1, 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5).
A. trapezoides é uma espécie anécica dominante em florestas de pinus nas
Ilhas de Tenerife e Gran Canaria (Ilhas Canárias, Espanha), a qual tolera bem
variações edáficas em ambientes expostos a condições climáticas adversas e
alterados pela ocupação humana (TALAVERA, 2007). Segundo o mesmo autor, esta
espécie foi encontrada em solos das Ilhas Canárias, apresentando as seguintes
características: valores de pH entre 5,9 e 7,3; teores de matéria orgânica entre 1,5 e
18,5; teores de cálcio variando entre 3,4 e 21,5; e teores de potássio entre 0,4 e 4,5.
Microscolex dubius foi a única espécie da família Acanthodrilidae coletada
neste trabalho. Esteve presente em solos com baixos teores de argila (≤ 20%),
níveis de fósforo muito baixos, com variações no valor de pH (muito baixo e alto),
nos teores de matéria orgânica (baixo e médio), potássio (baixo e médio), cálcio e
magnésio (médio e alto) (Figura 4.1, Tabelas 4.2, 4.3 e 4.4).
O clima é um fator que influencia a ocorrência de espécies das famílias
Acanthodrilidae e Lumbricidae. Segundo James e Brown (2006), a distribuição de
minhocas da família Acanthodrilidae (principalmente Microscolex spp.), assim como
120

da Lumbricidae (com exceção das espécies utilizadas para vermicompostagem,


Eisenia fetida e E. andrei) é restrita à região sul do Brasil, particularmente ao Estado
do RS, onde o clima subtropical é mais frio e semelhante ao clima das regiões de
origem destas minhocas no hemisfério norte.
A espécie exótica Metaphire californica foi encontrada em solos com distintas
variações no valor de pH, demonstrando que, possivelmente, não seja sensível a
este parâmetro de solo. A CTCefetiva e os teores de cálcio e magnésio dos solos
habitados por esta espécie variaram entre baixo e alto, e o conteúdo de matéria
orgânica variou entre baixo e médio. O teor de potássio dos solos foi alto e os
valores de CTCpH7,0 variaram entre médio e alto (Tabelas 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5).
Fragoso et al. (1999) estabeleceram condições edáficas consideradas limite
para a presença de M. californica. Segundo os autores, esta espécie tolera solos
com limite inferior de pH igual a 5,2, contendo entre 24 e 28% de argila, valores
máximos de 5,8 cmolc dm-3 de cálcio (Ca) e 3,5 cmolc dm-3 de magnésio (Mg). Os
dados obtidos neste trabalho concordam em parte com os apresentados por
Fragoso et al. (1999). M. californica foi encontrada em solo com pH 4,3 e 16% de
argila, demonstrando que, possivelmente, esta espécie apresente amplitude de
tolerância a solos mais ácidos e arenosos (Tabela 4.2, Figura 4.1). Em relação aos
teores de Ca e Mg, os dados do presente trabalho corroboraram com Fragoso et al.
(1999), sendo que o solo apresentou 1,1 e 0,4 cmolc dm-3 de Ca e Mg
respectivamente (Tabela 4.4).
Os exemplares da nova espécie da família Criodrilidae foram coletados em
solo que apresentava valor de pH muito baixo, baixo conteúdo de matéria orgânica,
teor médio de fósforo e elevados teores de potássio, cálcio, magnésio, CTCefetiva e
CTCpH7,0 (Tabelas 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5).
Os solos onde foram coletadas minhocas da espécie Eukerria saltensis
apresentaram valores de pH muito baixo, médio e alto, baixo percentual de matéria
orgânica e elevados teores cálcio e magnésio. O teor de potássio variou entre baixo,
médio e muito alto, o teor de fósforo entre muito baixo, alto e muito alto, a CTCefetiva
variou entre baixa e alta e a CTCpH7,0 entre média e alta (Tabelas 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5).
Esta espécie foi encontrada em áreas nativas (mata nativa) e antropizadas (lavoura)
(Tabela 4.1).
121

Minhocas da espécie E. saltensis habitam, geralmente, solos encharcados ou


irrigados, cursos de água, esgotos, cultivos de arroz, cana-de-açúcar e pastagens,
podendo sobreviver em solos argilosos (BLAKEMORE et al., 2006). Quando
presentes em cultivos irrigados, a drenagem do solo e a implantação de culturas de
sequeiro resultam na redução da população desta espécie (STEVENS, 2003).
A ocorrência de E. saltensis, espécie semi-aquática originária da América do
Sul e disseminada mundialmente pelo homem (BLAKEMORE et al., 2006) tem sido
reportada no Japão (BLAKEMORE et al., 2006) e na Austrália, em áreas cultivadas
com a rotação arroz/pastagem (BLACKWELL; BLACKWELL, 1989). A presença de
elevadas densidades desta espécie em áreas de cultivo de arroz na Austrália, tem
sido associada a danos à cultura do arroz (STEVENS; WARREN, 2000).
Em Samford (Austrália), exemplares de E. saltensis foram coletados em solo
argiloso muito úmido, na profundidade de 5 a 10cm e em zona ativa de raízes,
estando associada a outras espécies de minhocas, inclusive Aporrectodea
trapezoides (BLAKEMORE et al., 2006). E. saltensis foi encontrada em cultivo de
arroz intensamente alterado no Uruguai, associada à zona radicular de plantas de
arroz, podendo desempenhar papel importante na fertilidade e produtividade destes
sistemas agrícolas (GROSSO et al., 2006).
A nova espécie do gênero Eukerria foi coletada em três diferentes
ecossistemas: banhado, pastagem cultivada e várzea em pousio (Tabela 4.1). Os
solos destes ambientes apresentavam as seguintes características: pH muito baixo,
altos teores de cálcio e magnésio, teores de fósforo entre muito baixo e médio,
teores de potássio e CTCpH7,0 entre médio e alto, conteúdo de matéria orgânica
variando entre baixo e médio, e valores de CTCefetiva variando entre baixo, médio e
alto (Tabelas 4.2, 4.3, 4.4 e 4.5). Com exceção da pastagem cultivada, o solo das
demais áreas apresentava elevado teor de umidade.
Estudos indicam que alguns fatores ambientais são responsáveis e
determinantes do êxito de espécies exóticas em adaptar-se a novos habitats,
inserindo-se permanentemente neles. Dentre os fatores principais estão a
temperatura, a umidade (SATCHELL, 1967; LAL, 1988; MOMO et al., 1993), o
conteúdo de matéria orgânica (MOMO et al., 1993), sendo que o valor de pH, os
conteúdos de fósforo e cálcio, o nível de compactação e o grau de perturbação do
122

solo (DECAËNS; JIMÉNEZ, 2002), o tipo e a extensão da cobertura vegetal (FALCO


et al., 1995) também são fatores relevantes.
A diversidade e a extensão da cobertura vegetal relacionam-se diretamente
com a temperatura, a umidade e o conteúdo de matéria orgânica do solo. A
cobertura permanente do solo fornece alimento continuamente e proteção contra
predadores, além de reduzir flutuações na temperatura do solo (LAVELLE; SPAIN,
2001; SILVA et al., 2006). Essa condição pode favorecer o crescimento e o
desenvolvimento das minhocas já estabelecidas (PAOLETTI, 1999).
A atividade de minhocas, além de alterar a estrutura física do solo, pode
promover mudanças na fertilidade, através da concentração de nutrientes na
superfície do solo pela intensa deposição de coprólitos. Segundo Fiuza et al. (2011),
a maior qualidade química dos coprólitos é explicada pelo efeito de concentração de
carbono orgânico total (COT) e pelo aumento da atividade microbiana, que acelera
os processos de mineralização, aumentando a saturação por bases e reduzindo os
teores de alumínio trocável (Al3+).
De acordo com Oliveira e Santos (2009), as minhocas interferem nas
características químicas da matéria orgânica, reduzindo o alumínio, aumentando a
soma de bases e a CTC, fazendo com que determinados nutrientes tornem-se mais
disponíveis para plantas e microrganismos. Segundo Kiehl (1985), a mistura da
matéria orgânica com excreções intestinais e urinárias das minhocas, resulta em um
material mais avançado na decomposição, favorecendo o processo de mineralização
dos nutrientes.
Neste trabalho, não foi avaliado o teor de nutrientes de coprólitos das
minhocas coletadas. No entanto, é possível que a atividade das minhocas,
principalmente a ingestão de alimentos e a eliminação de excrementos, tenha
promovido alterações na superfície do solo, onde a maioria dos coprólitos são
eliminados. Como as amostras de solo foram coletadas na camada de 0 a 20cm, é
provável que estes efeitos não tenham sido observados significativamente na
caracterização química dos solos, devido à homogeneização da amostra.
No Brasil, questões relativas à conservação de espécies nativas tendem a ser
relacionadas com o tamanho da minhoca, com a dimensão da área e a
fragmentação do seu habitat original. Infelizmente, pouco se conhece sobre a
biologia das minhocas e as necessidades relativas ao ambiente onde a maioria das
123

espécies estão presentes. O período é de descoberta e descrição de novas espécies


no Brasil (JAMES; BROWN, 2010).
Com a constante transformação de habitats e destruição de ambientes
originais (preservados), existe a preocupação de assegurar a preservação de
espécies nativas de minhocas no país. De acordo com James e Brown (2010), a
efetiva conservação da diversidade de minhocas depende, primeiramente, de uma
adequada caracterização da sensibilidade das espécies à perturbação do ambiente,
da situação atual e das tendências de preservação da integridade destes habitats.
Viana e Pinheiro (1998) discutem a definição de fragmentos florestais
prioritários para a conservação da diversidade. Os autores sugerem que o elemento
chave para a recuperação qualitativa de paisagens visando a conservação da
biodiversidade é a utilização de fragmentos florestais como “ilhas de biodiversidade”
e a interligação destes através de corredores de alta porosidade. Além dos grandes
fragmentos, devem ser priorizados fragmentos pequenos (<10 ha), que sejam raros
na paisagem, como aqueles localizados em topografias planas e suaves, em solos
férteis e bem drenados, próximos a vias de transporte. Em muitos casos, estes
fragmentos apresentam pequenas populações de espécies ameaçadas de extinção.
Neste sentido, a caracterização edafo-ambiental dos ecossistemas habitados
por minhocas, à semelhança do trabalho desenvolvido neste estudo, é uma
ferramenta fundamental e aliada da preservação da diversidade de oligoquetas.
Os resultados obtidos neste trabalho reforçam a importância da manutenção
da integridade de ecossistemas naturais (campo nativo, mata nativa e fragmentos) e
da qualidade dos solos de cultivos agrícolas e florestais. Pois a descoberta de novas
espécies em ecossistemas do Estado do RS sugere a necessidade de preservação
dos ambientes para garantir a ocorrência de minhocas e evitar a sua extinção, antes
mesmo do comportamento destes organismos no ecossistema ser conhecido pelos
pesquisadores.
Assim, novos levantamentos da diversidade de minhocas em
agroecossistemas do RS são necessários para avaliar o comportamento e
complementar o estudo da relação entre a ocorrência de espécies e as
características edáficas dos ambientes.
124

4.5 Conclusões

No Estado do Rio Grande do Sul, nos diferentes ecossistemas avaliados,


foram encontradas 21 espécies de minhocas.
Foi observada maior ocorrência de espécies de minhocas em solos com
valores de pH muito baixos, teores de matéria orgânica de até 5%, teores de fósforo
muito baixos e altos níveis de potássio, cálcio e magnésio.
O grau de perturbação dos ecossistemas e o uso do solo interferem na
presença de minhocas, seguido pelas características físicas e químicas do solo.
125

4.6 Referências bibliográficas

AGUIAR, R. Estiagem: como conviver com esse fenômeno? Extensão Rural e


Desenvolvimento Sustentável, Porto Alegre, v. 1, n. 4, p. 11-14, nov./dez. 2005.

AIRA, M.; DOMÍNGUEZ, J. Microbial and nutrient stabilization of two animal manures
after the transit through the gut of the earthworm Eisenia fetida (Savigny, 1826).
Journal of Hazardous Materials, Buffalo, v. 161, n. 2-3, p. 1234-1238, Jan. 2009.

ANDERSON, J. M. Why should we care about soil fauna? Pesquisa Agropecuária


Brasileira, Brasília, v. 44, n. 8, p. 835-842, Aug. 2009.

BARTZ, M. L. C. Ocorrência e taxonomia de minhocas em agroecossistemas no


Paraná, Brasil. 2011. 175f. Tese (Doutorado em Agronomia) – Universidade
Estadual de Londrina, Londrina.

BERLATO, M. A.; FONTANA, D. C. El Niño e La Niña: impactos no clima, na


vegetação e na agricultura do Rio Grande do Sul; aplicações de previsões climáticas
na agricultura. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003. 110p.

BLACKWELL, P. S.; BLACKWELL, J. The introduction of earthworms to an


ameliorated, irrigated duplex soil in south-eastern Australia and the influence on
macropores. Australian Journal of Soil Research, Collingwood, v. 27, n. 4, p. 807-
814, 1989.

BLAKEMORE, R. J. Cosmopolitan earthworms – an eco-taxonomic guide to the


peregrine species of the world. Kippax: VermEcology. CD-ROM, 2002.

BLAKEMORE, R. J.; ITO, M. T.; KANEKO, N. Alien earthworms in the Asia/Pacific


region with a checklist of species and the first records of Eukerria saltensis
(Oligochaeta : Ocnerodrilidae) and Eiseniella tetraedra (Lumbricidae) from Japan,
and Pontoscolex corethrurus (Glossoscolecidae) from Okinawa. In: KOIKE, F. et al.
(Eds). Assessment and Control of Biological Invasion Risks. Shoukadoh Book
Sellers, Kyoto, Japan and IUCN, Gland, Switzerland, 2006. p. 173-181.

BHADAURIA, T.; SAXENA, K. G. Role of earthworms in soil fertility maintenance


through the production of biogenic structures. Applied and Environmental Soil
Science, Perth, v. 2010, p. 1-7, 2010.
126

BROWN, G. G. et al. Biodiversity and function of soil animals in Brazilian agroforestry


systems. In: GAMA-RODRIGUES, A. C. et al. (Eds.). Sistemas agroflorestais:
bases científicas para o desenvolvimento sustentado. UENF, Campos dos
Goytacazes, 2006, p. 217-242.

BROWN, G. G. et al. Exotic, Peregrine, and Invasive Earthworms in Brazil: Diversity,


Distribution, and Effects on Soils and Plants. Caribbean Journal of Science, Puerto
Rico, v. 42, n. 3, p. 339-358, Dec. 2006.

BROWN, G. G.; DOMÍNGUEZ, J. Uso das minhocas como bioindicadoras


ambientais: princípios e práticas – o 3° Encontro Latino Americano de Ecologia e
Taxonomia de Oligoquetas (ELAETAO3). Acta Zoológica Mexicana (n.s.), Xalapa,
v. 26, Número Especial 2, p. 1-18, Oct. 2010.

CENTRO ESTADUAL DE METEOROLOGIA (CemetRS). Atlas climático do Rio


Grande do Sul. FEPAGRO, Porto Alegre, 2012 (versão online).

CHRISTOFFERSEN, M. L. Biodiversity and distribution of the Glossoscolex genus-


group (Annelida, Clitellata, Lumbricina, Glossoscolecidae) in South America.
Neotropical Biology and Conservation, São Leopoldo, v. 2, n. 3, p. 155-160,
Sept./Dec. 2007.

CHRISTOFFERSEN, M. L. Continental biodiversity of South American oligochaetes:


the importance of inventories. Acta Zoológica Mexicana (n.s.), Xalapa, v. 26,
Número Especial 2, p. 35-46, Oct. 2010.

COLEMAN, D. C.; WHITMAN, W. B. Linking species richness, biodiversity and


ecosystem function in soil systems. Pedobiologia, v. 49, n. 6, p. 479-497, Nov.
2005.

COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO – CQFS-RS/SC. Manual de


adubação e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Porto
Alegre, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo/Núcleo Regional Sul, 2004. 400p.

CORREIA, M. E. F.; OLIVEIRA, L. C. M. de. Importância da fauna de solo para a


ciclagem de nutrientes. In: AQUINO, A. M.; ASSIS, R. L. (Eds.). Processos
biológicos no sistema solo - planta: ferramentas para uma agricultura sustentável.
Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2005, p. 77-99.
127

DECAËNS, T.; JIMÉNEZ, J. J. Earthworm communities under an agricultural


intensification gradient in Colombia. Plant and Soil, Hague, v. 240, n. 1, p. 133-143,
Mar. 2002.

DE-POLLI, H.; PIMENTEL, M. S. Indicadores de qualidade do solo. In: AQUINO, A.


M.; ASSIS, R. L. (Eds.). Processos biológicos no sistema solo-planta:
ferramentas para uma agricultura sustentável. Brasília: Embrapa Informação
Tecnológica, 2005, p.17-28.

DOMÍNGUEZ, A.; BEDANO, J. C.; BECKER, A. R. Negative effects of no-till on soil


macrofauna and litter decomposition in Argentina as compared with natural
grasslands. Soil and Tillage Research, Beckenham, v. 110, n. 1, p. 51-59, Sept.
2010.

EDWARDS, C. A.; ARANCON, N. Q. Interactions among organic matter,


earthworms, and microorganisms in promoting plant growth. In: MAGDOFF, F.; RAY,
R. W. Soil organic matter in sustainable agriculture. 2004. p. 327-376.

EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Manual de


métodos de análises de solo. 2.ed. Rio de Janeiro, Ministério da Agricultura e do
Abastecimento, 1997. 212p.

FALCO, L.; MOMO, F.; CRAIG, E. Asociaciones de lombrices de tierra y su relación


con la cobertura vegetal en suelos forestados. Revista Chilena de Historia Natural,
Santiago, v. 68, n. 4, p. 523-528, Dec. 1995.

FALCO, L. B.; MOMO, F. Selección de hábitat: efecto de la cobertura y tipo de suelo


em lombrices de tierra. Acta Zoológica Mexicana (n.s.), Xalapa, v. 26, Número
Especial 2, p. 179-187, Oct. 2010.

FERNANDES, J. O.; UEHARA-PRADO, M.; BROWN, G. G. Minhocas exóticas como


indicadoras de perturbação antrópica em áreas de Floresta Atlântica. Acta
Zoológica Mexicana (n.s.), Xalapa, v. 26, Número Especial 2, p. 211-217, Oct.
2010.

FIUZA, S. da S.; KUSDRA, J. F.; FURTADO, D. T. Caracterização química e


atividade microbiana de coprólitos de Chibui bari (Oligochaeta) e do solo adjacente.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 35, n. 3, p. 723-728, maio/jun.
2011.
128

FRAGOSO, C.; KANYONYO, J.; MORENO, A.; SENAPATI, B. K.; BLANCHART, E.;
RODRIGUEZ, C. A survey of tropical earthworms: taxonomy, biogeography and
environmental plasticity. In: LAVELLE, P.; BRUSSAARD, L.; HENDRIX, P. (Coord.)
Earthworm Management in Tropical Agroecosystems. Oxon: CAB International,
1999. p. 01-25.

GIRARDI-DEIRO, A. M.; GOMES, K. E. Descrição do ecossistema das regiões


sudoeste e sudeste do Rio Grande do Sul. In: OLIVEIRA, N. M. de. Sistemas de
Produção 2: Sistemas de criação de ovinos nos ambientes ecológicos do sul do Rio
grande do Sul. Embrapa. Centro de Pesquisa de Pecuária dos Campos
Sulbrasileiros, Bagé, 2003. p. 33-38.

GONZÁLEZ, G. et al. Earthworm invasions in the tropics. Biological Invasions


Belowground: Earthworms as Invasive Species, Georgia, v. 8, n. 6, p. 1247-1256,
Sept. 2006.

GROSSO, E.; JORGE, G.; BROWN, G. G. Exotic and native earthworms in various
land use systems of Central, Southern and Eastern Uruguay. Caribbean Journal of
Science, Puerto Rico, v. 42, n. 3, p. 294-300, Dec. 2006.

JAMES, S. W.; BROWN, G. G. Earthworm ecology and diversity in Brazil. In:


MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J. O.; BRUSSAARD, L. (Ed.). Soil biodiversity in
Amazonian and other Brazilian ecosystems. Wallingford: CAB International, 2006.
p. 56-116.

JAMES, S. W.; BROWN, G. G. Rediscovery of Fimoscolex sporadochaetus


Michaelsen 1918 (Clitellata: Glossoscolecidae), and considerations on the endemism
and diversity of Brazilian earthworms. Acta Zoológica Mexicana (n.s.), Xalapa, v.
26, Número Especial 2, p. 47-58, Oct. 2010.

JIMÉNEZ, J. J.; ROSSI, J. P.; LAVELLE, P. Spatial distribution of earthworms in


acid-soil savannas of the eastern plains of Colombia. Applied Soil Ecology,
Amsterdam, v.17, n. 3, p. 267-278, July 2001.

JOUQUET, P. et al. Soil invertebrates as ecosystem engineers: intended and


accidental effects on soil and feedback loops. Applied Soil Ecology, Amsterdam, v.
32, n. 2, p. 153- 164, June 2006.

KIEHL, E. J. Fertilizantes Orgânicos. São Paulo: Agronômica Ceres, 1985. p. 20-


33.
129

LAL, R. Effects of macrofauna on soil properties in tropical ecosystems. Agriculture,


Ecosystems and Environment, Amsterdam, v. 24, n. 1-3, p. 101-116, Nov. 1988.

LAVELLE, P.; SPAIN, A. V. Soil ecology. Dordrecht: Kluwer Academic, 2001.

LAVELLE, P. et al. Soil invertebrates and ecosystem services. European Journal of


Soil Biology, Rouen, v. 42, s. 1, p. 3-15, Nov. 2006.

LAVELLE, P. Diversity of soil fauna and ecosystem function. Biology International,


v. 9, n. 33, p. 3-16, 1996.

LIMA, A. C. R. de; BRUSSAARD, L. Earthworms as soil quality indicators: local and


scientific knowledge in rice management systems. Acta Zoológica Mexicana (n.s.),
Xalapa, v. 26, Número Especial 2, p. 109-116, Oct. 2010.

LIMA, S. S. de et al.Relação entre macrofauna edáfica e atributos químicos do solo


em diferentes agroecossistemas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 45,
n. 3, p. 322-331, mar. 2010.

LJUNGSTRÖM, P. O. Biology of Glossoscolex uruguayensis (Glossoscolecidae,


Oligochaeta). A new species for Argentina. Studies on Neotropical Fauna and
Environment, Tübingen, v. 7, n. 2, p. 195-205, 1972.

MALUF, J. R. T. Nova classificação climática do Estado do Rio Grande do Sul.


Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v. 8, n. 1, p. 141-150, 2000.

MARCHÃO, R. L. et al. Soil macrofauna under integrated crop-livestock systems in a


Brazilian Cerrado Ferralsol. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 44, n. 8,
p. 1011-1020, Aug. 2009.

MOMO, F. R.; GIOVANETTI, C. M.; MALACALZA, L. Relación entre la abundancia


de distintas especies de lombrices de tierra (Annelids, Oligochaeta) y algunos
parámetros fisicoquímicos en un suelo típico de la estepa pampeana. Ecología
Austral, Buenos Aires, v. 3, n. 1, p. 7-14, Ago. 1993.

MOMO, F. R.; FALCO, L. B. Meso fauna del suelo. Biología y ecología. In:
ALBANESI, A. et al. (Eds.). Microbiología agrícola. Un aporte de la investigación
argentina. Editorial de la Universidad Nacional de Santiago del Estero, Santiago del
Estero, 2003. p. 51-58.
130

MORENO, J. A. Clima do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria da


Agricultura do Rio Grande do Sul, 1961. 42p.

NUNES, D. H. et al. Minhocas como bioindicadoras da qualidade ambiental. Um


estudo de caso na região de Jaguapitã, PR, Brasil. In: BROWN, G. G.; FRAGOSO,
C. (Eds.). Minhocas na América Latina: Biodiversidade e ecologia. Londrina:
Embrapa Soja, 2007. p. 467-480.

OLIVEIRA, E. M. de.; SANTOS, M. J. dos. Influência das minhocas sobre as


características químicas de composto, vermicomposto e solo. Engenharia
Ambiental, Espírito Santo do Pinhal, v. 6, n. 1, p. 74-81, jan./abr. 2009.

PAOLETTI, M. G. The role of earthworms for assessment of sustainability and as


bioindicators. Agriculture, Ecosystems & Environment, Amsterdam, v. 74, p. 137–
155, 1999.

PEIGNÉ, J. et al. Earthworm populations under different tillage systems in organic


farming. Soil and Tillage Research, Beckenham, v. 104, n. 2, p. 207-214, July
2009.

PEIXOTO, R. T. dos G.; MAROCHI, A. I. A influência da minhoca Pheretima sp. nas


propriedades de um latossolo vermelho escuro álico e no desenvolvimento de
culturas em sistema de plantio direto, em Arapoti-PR. Revista Plantio Direto, Passo
Fundo, v. 35, p. 23-25, 1996.

PEZZA, A. B.; AMBRIZZI, T. Um estudo das flutuações de temperatura para o


período de inverno na América do Sul, correlacionando a Patagônia com o sul do
Brasil. Revista Brasileira de Meteorologia, São José dos Campos, v. 14, n. 1, p.
23-34, 1999.

POIER, K. R.; RICHTER, J. Spatial distribution of earthworms and soil properties in


an arable loess soil. Soil Biology & Biochemistry, Oxford, v. 24, n. 12, p. 1601–
1608, Dec. 1992.

PULLEMAN, M. M. et al. Earthworms and management affect organic matter


incorporation and microaggregate formation in agricultural soils. Applied Soil
Ecology, Stillwater, v. 29, n. 1, p. 1-15, May 2005.

RIGHI, G. Minhocas de Mato Grosso e de Rondônia. Brasília: SCT/PR-CNPq.


Programa do Trópico Úmido, Programa Polonoroeste, Relatório de Pesquisa n° 12.
1990. 157p.
131

RIGHI, G. Colombian earthworms. In: VAN DER HAMMEN, T. (Ed). Studies on


Tropical Andean Ecosystems, Vol. 4, Cramer (Borntraeger), Berlin-Stuttgart, 1995.
p. 485–607.

ROSSI, J. P.; LAVELLE, P.; ALBRECHT, A. Relationships between spatial pattern of


the endogeic earthworm Polypheretima elongata and soil heterogeneity. Soil
Biology & Biochemistry, Oxford, v. 29, n. 3-4, p. 485-488, Mar./Apr. 1997.

SATCHELL, J. E. Lumbricidae. In: BURGES, A.; RAW, F. (Eds.). Soil biology.


Academic Press, London, 1967. p. 259-322.

SILVA, R. F. da et al. Macrofauna invertebrada do solo sob diferentes sistemas de


produção em Latossolo da Região do Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v. 41, n. 4, p. 697-704, abr. 2006.

STEVENS, M. M. Improving bloodworm, earthworm and snail control in rice.


RIRDC Publication No 03/083, Rural Industries Research and Development
Corporation, Canberra, Austrália, 2003.

STEVENS, M. M.; WARREN, G. N. Laboratory studies on the influence of the


earthworm Eukerria saltensis (Beddard) (Oligochaeta: Ocnerodrilidae) on overlying
water quality and rice plant establishment. International Journal of Pest
Management, Cardiff, v. 46, n. 4, p. 303-310, 2000.

STRECK, E. V. et al. Solos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EMATER/RS;


UFRGS, 2002. 126p.

TALAVERA, J. A. Considerations about Ocnerodrilus occidentalis (Oligochaeta:


Ocnerodrilidae) in the Canary Islands. Bonner Zoologische Beiträge, Bonn, v. 41,
n. 1, p. 81-87, März 1990.

TALAVERA, J. A. Pine forest earthworms from Canary Islands (Tenerife and Gran
Canaria). Acta Zoologica Academiae Scientiarum Hungaricae, Gödöllo, v. 53, n.
2, p. 157–167, 2007.

TEDESCO, M. J. et al. Análises de solo, plantas e outros materiais. Porto Alegre:


Departamento de Solos, UFRGS, 1995, 174p.
132

TER BRAAK, C. J. F. The analysis of vegetation-environment relationships by


canonical correspondence analysis. Plant Ecology, Perth, v. 69, n. 1-3, p. 69-77,
1987.

TER BRAAK, C. J. F.; SMILAUER, P. CANOCO reference manual and user’s


guide to Canoco for Windows: Software for canonical community ordination
(version 4). New York: Microcomputer Power, 1998.

VIANA, V. M.; PINHEIRO, L. A. F. V. Conservação da biodiversidade em fragmentos


florestais. Série técnica IPEF, v. 12, n. 32, p. 25-42, dez. 1998.

WARREN, M. W.; ZOU, X. Soil macrofauna and litter nutrients in three tropical tree
plantations on a disturbed site in Puerto Rico. Forest Ecology and Management,
Amsterdam, v. 170, n. 1-3, p. 161-171, Oct. 2002.
133

5 CAPÍTULO III – IDENTIFICAÇÃO DE MINHOCAS UTILIZANDO GENES DO DNA


MITOCONDRIAL (COI E 16S mtDNA) E NUCLEAR (28S rDNA)

5.1 Resumo
A identificação das espécies de minhocas pode ser determinada por meio da
caracterização morfológica ou molecular. O objetivo deste trabalho foi identificar
espécies de minhocas por meio do uso dos genes mitocondriais subunidade I da
citocromo c oxidase (COI) e 16S, e do gene nuclear 28S. A partir da extração do
DNA das minhocas foram realizadas reações de PCR com sequências dos genes
analisados, cujo produto amplificado foi purificado e sequenciado. As sequências
obtidas foram comparadas com sequências depositadas no GenBank – NCBI
(National Center for Biotechnology Information). O dendrograma filogenético foi
construído utilizando-se o algotitmo Neighbor-joining com o teste de bootstrap com
1000 repetições. Os genes COI mtDNA, 16S mtDNA e 28S rDNA mostraram-se
eficientes para a identificação de espécies de minhocas conhecidas, cujas
sequências nucleotídicas encontram-se disponibilizadas no banco de dados do
GenBank. A carência de dados relativos às sequências nucleotídicas de algumas
espécies e gêneros de minhocas (Glossoscolex sp., Fimoscolex sp. e Criodrilidae
spp.) impossibilitou a identificação de alguns exemplares de minhocas coletados
neste estudo.

Palavras-chave: Identificação molecular; oligoquetas; sistemática filogenética.


134

5.2 Introdução

As minhocas são organismos essencialmente edáficos e importantes para a


manutenção da sustentabilidade de ecossistemas naturais e agrícolas (LAVELLE et
al., 2006). O Brasil possui clima favorável à ocorrência de minhocas. No entanto,
existem muitas regiões e biomas que ainda não foram avaliados quanto à
diversidade desses organismos (BROWN; JAMES, 2007). Avaliações em
ecossistemas de regiões nos Estados do Paraná (BARTZ, 2011; LIMA, 2011), de
São Paulo (BROWN; JAMES, 2006), do Mato Grosso (BARTZ et al., 2009) e do Rio
Grande do Sul (LIMA; RODRÍGUEZ, 2007; este trabalho) revelaram a presença de
novas espécies de minhocas, ressaltando a importância de levantamentos para
avaliar a diversidade de oligoquetas.
A morfologia é uma característica importante para a identificação de
organismos e, em muitos casos, pode proporcionar uma rápida e confiável
caracterização. No entanto, a identificação de minhocas com base em caracteres
morfológicos é limitada devido à complexidade e ao reduzido número de
taxonomistas no mundo. A identificação de indivíduos por meio de análises do DNA
apresenta a vantagem de ser um processo rápido e altamente sensível, não estando
sujeito a possíveis erros ocasionados por variações fenotípicas, estádio de
desenvolvimento do organismo e ação do ambiente (RICHARD et al., 2010). Por ser
uma investigação direta da constituição genotípica, a análise molecular oferece
ainda a vantagem de permitir a detecção da variação em nível de DNA (SIQUEIRA
et al., 2010).
Avanços têm sido observados na biologia molecular, resultando na deposição
de sequências de DNA em bancos de dados públicos. A disponibilização destes
dados permite a realização de estudos comparativos de genomas ou sequências
gênicas (SIQUEIRA et al., 2010). Entretanto, existem muitas espécies de minhocas
que ainda não foram analisadas por meio de técnicas moleculares, ou suas
sequências ainda não foram depositadas em bancos de dados públicos. Como são
sensíveis na detecção da diversidade genética de indivíduos, as ferramentas
moleculares podem complementar os métodos clássicos de identificação de
espécies baseados na caracterização morfológica (BUSO, 2005).
135

Chang et al. (2009) observaram inúmeros erros em sequências depositadas


em bancos de dados, o que pode resultar em equívocos na identificação dos
organismos. Por este motivo, a identificação morfológica não deve ser descartada no
processo de identificação dos indivíduos coletados. É importante que o DNA das
espécies de minhocas seja caracterizado através do estudo de diferentes regiões do
genoma, incluíndo genes conservados e que revelem variabilidade inter e intra-
específica, para que as sequências nucleotídicas sejam depositadas em banco de
dados públicos, possibilitando estudos moleculares comparativos.
Um fragmento da sequência nucleotídica do DNA mitocondrial da subunidade
I do gene citocromo c oxidase (mtDNA COI), com 658 pares de base, têm sido
proposto como padrão para identificação molecular de espécies animais (HEBERT
et al., 2003). Este método conhecido como barcode, foi proposto como um sistema
de identificação de espécies de minhocas e como um método para detecção de
supostas novas espécies. Através dele é possível discriminar uma grande variedade
de espécies, considerando-se que a variação intra-específica nesta sequência é
muito mais baixa do que a variação interespecífica (HEBERT et al., 2003;
TAVARES; BAKER, 2008). De acordo com Siqueira et al. (2010), o gene mtDNA COI
pode conter informações filogenéticas relevantes, sendo fundamental, associado a
outros genes nucleares, para estudos de filogenia e genética populacional de
minhocas.
Além do gene mtDNA COI, outras regiões do genoma têm sido analisadas em
estudos de genética populacional e identificação de minhocas, tais como: gene 5.8S,
espaço interno transcrito (ITS) (SIQUEIRA et al., 2010), gene 18S (POP et al., 2007)
e gene 28S do DNA nuclear ribossomal (rDNA) (JAMIESON et al., 2002), além dos
genes do DNA mitocondrial 12S (JAMIESON et al., 2002; KLARICA et al., 2012),
16S (JAMIESON et al., 2002; POP et al., 2007; CHANG et al., 2008; KLARICA et al.,
2012), subunidade II da citocromo c oxidase (COII) (KLARICA et al., 2012) e
subunidade I de NADH desidrogenase (CHANG et al., 2008). Segundo Klarica et al.
(2012), os genes COI e COII do mtDNA apresentam maior variação intraespecífica
do que os genes mitocondriais 12S e 16S. As regiões 18S, 5.8S e 28S do DNA
nuclear (rDNA) são consideradas muito conservadas.
Neste estudo, exemplares de minhocas coletados no Estado do Rio Grande
do Sul foram analisados por meio de técnicas moleculares visando sua identificação.
136

O objetivo do trabalho foi identificar espécies de minhocas através do uso dos genes
mitocondriais subunidade I da citocromo c oxidase (COI) e 16S, e do gene nuclear
28S.
137

5.3 Material e métodos

5.3.1 Obtenção das espécies de minhocas

Dentre os exemplares de minhocas coletados no Estado do Rio Grande do


Sul (RS), apenas 15 foram analisados por técnicas moleculares, visando sua
identificação (Tabela 5.1). Foram selecionados para análise neste estudo,
exemplares coletados na forma juvenil, alguns correspondentes a novas espécies de
minhocas e outros para confirmação da identificação morfológica.

Tabela 5.1 - Caracterização dos locais onde foram coletadas as espécies de


minhocas.

Identificação Ecossistema Coordenadas geográficas


Amynthas corticis campo nativo 28° 09’ 43,30’’ S 55° 00’ 25,20’’ O
Amynthas gracilis lavoura de milho 27° 50’ 48,81’’ S 54° 38’ 44,93’’ O
Amynthas rodericensis monocultivo de pinus 30° 54’ 35,44’’ S 53° 25’ 13,46’’ O
Criodrilidae n. sp. banhado 27° 50’ 52,31’’ S 54° 38’ 43,08’’ O
Eukerria n. sp. 1 banhado 27° 50’ 52,31’’ S 54° 38’ 43,08’’ O
Eukerria saltensis fragmento de mata nativa 30° 11’ 03,80’’ S 57° 29’ 43,60’’ O
Fimoscolex n. sp.1 fragmento de mata nativa 28° 41’ 31,00’’ S 55° 54’ 09,30’’ O
Glossoscolex n. sp.1 monocultivo de eucalipto 29° 38’ 58,90’’ S 54° 32’ 34,70’’ O
Glossoscolex n. sp.2 campo nativo 29° 49’ 15,80’’ S 57° 04’ 56,70’’ O

Glossoscolex n. sp.6 campo nativo 30° 47’ 23,72” S 55° 22’ 08,77” O

Metaphire californica mata ciliar 29° 17’ 30,80’’ S 54° 51’ 23,90’’ O

Microscolex dubius fragmento de mata nativa 30° 11’ 03,80’’ S 57° 29’ 43,60’’ O

Microscolex dubius monocultivo de eucalipto 28° 55’ 12,20’’ S 56° 06’ 41,00’’ O

Ocnerodrilus sp. pastagem cultivada 29° 43’ 05,32’’ S 53° 42’ 25,19’’ O

Urobenus brasiliensis fragmento de mata nativa 27° 50’ 49,77’’ S 54° 38’ 42,04’’ O
138

Os exemplares de minhocas coletados no campo foram imediatamente


armazenados em etanol 70%. No laboratório, as minhocas foram limpas
externamente com etanol 100% e transferidas para frascos contendo esse reagente,
os quais foram mantidos sob refrigeração a 4 °C.

5.3.2 Extração do DNA

Fragmentos de tecido da região caudal foram retirados de exemplares fixados


em etanol 100% e mantidos sob refrigeração a 4 °C (SIQUEIRA et al., 2010). A
extração de DNA foi realizada seguindo-se o protocolo de precipitação salina
descrito por Miller et al. (1988), adaptado conforme descrição a seguir. Para cada
amostra, um fragmento de tecido medindo 0,4 x 0,4 cm foi transferido para tubo tipo
Eppendorf, de 1,5 µL, ao qual foi adicionado 500 µL de tampão SE (75mM NaCl,
25mM EDTA, pH 8,0), 25 µL de SDS a 20% e 20 µL de proteinase K a 20 mg mL-1.
Após incubar a 56 °C por período necessário para ocorrer a total digestão dos
tecidos (SIQUEIRA et al., 2010), adicionou-se dois décimos do volume total de NaCl
5M e centrifugou-se durante 10 minutos na velocidade de 18.894 g. Em seguida, o
sobrenadante foi transferido para outro tubo tipo Eppendorf, de 1,5 µL, onde foi
adicionado o dobro do volume de etanol 100% gelado.
O tubo foi colocado em freezer a -20 °C durante 20 minutos. Posteriormente,
foi centrifugado a 18.894 g, em centrífuga refrigerada e o sobrenadante foi
descartado. Lavou-se o pellet duas vezes com etanol 70% gelado a -20 °C. Uma vez
desprezado o etanol 70%, o tubo permaneceu à temperatura ambiente durante 15
minutos para possibilitar a evaporação do etanol restante. O DNA foi ressuspendido
com 30 µL de tampão TE (10mM Tris, 1 mM EDTA, pH 7,4).
139

5.3.3 Amplificação de fragmentos por Reação da Cadeia de Polimerase

Foram amplificadas três regiões distintas do DNA das minhocas, duas do


DNA mitocondrial (16S rRNA e COI) e uma do DNA nuclear (28S rDNA), utilizando-
se três pares de oligonucleotídeos iniciadores (Tabela 5.2).

Tabela 5.2 - Oligonucleotídeos iniciadores utilizados para amplificação do DNA das


minhocas.

Oligonucleotídeos
Sequência 5’ a 3’ Gene Autor
iniciadores
HCO2198 TAAACTTCAGGGTGACCAAAAAATCA COI Folmer et al. (1994)
LCO1490 GGTCAACAAATCATAAAGATATTGG COI Folmer et al. (1994)
16SAR CGCCTGTTTATCAAAAACAT 16S rRNAH Palumbi (1996)
16SBR CCGGTCTGAACTCAGATCACGT 16S rRNA H Palumbi (1996)
C1 ACCCGCTGAATTTAAGCAT 28S rDNA Lê et al. (1993)
D2 TCCGTGTTTCAAGACGG 28S rDNA Lê et al. (1993)

O programa de amplificação utilizado em todas as reações, para os três pares


de oligonucleotídeos iniciadores, foi composto por uma desnaturação a 94 °C
durante 4 minutos, seguida por 25 ciclos compostos por uma desnaturação inicial a
94 °C durante 1 minuto, anelamento a 50 °C durante 1 minuto e extensão a 72 °C
por 1 minuto e meio, seguido por uma etapa de extensão final a 72 °C durante 5
minutos.
As reações de PCR tiveram como volume final 26 µL, sendo 4,88 µL de água
ultra pura; 2,6 µL de Tampão 10x; 0,8 µL de cloreto de Mg (1,5 mM); 2,6 µL de BSA
(2,5 mg mL-1); 2,6 µL de DNTP (2,5 mM); 4 µL de cada oligonucleotídeo iniciador,
0,52 µL de Taq DNA polimerase (5 unidades µL-1) e 4 µL da amostra de DNA. A
qualidade das amplificações foi avaliada por eletroforese em gel de agarose 1,2%.
Os géis foram visualizados e fotografados através do sistema Canon Snot S2IS.
140

5.3.4 Purificação, sequenciamento e análise das sequências de DNA

Os produtos da PCR foram purificados com o kit “DNA Purification Kit


UltraClean PCR Clean-up” Mobio Laboratories. O sequenciamento do DNA foi
realizado em Sequenciador Automático de DNA - ABI 3500 Genetic Analyzer. As
sequências obtidas foram editadas com programa computacional STADEN
PACKAGE (STADEN et al., 2000) montando-se uma sequência consensus para
cada indivíduo. O alinhamento das sequências foi realizado com o algoritmo
CLUSTALW (THOMPSON et al., 1994).
Utilizou-se o banco de dados público GenBank - NCBI Blast (ALTSCHUL et
al., 1997) para a obtenção de sequências de espécies de oligoquetas para o estudo
de relações filogenéticas, conforme o gene analisado. A sequência do exemplar da
espécie Urobenus brasiliensis foi comparada com dados depositados no Global
Mirror System of DNA Barcode Data (http://www.boldmirror.net) (Tabela 5.3).
Para cada gene analisado, foi construído um dendrograma filogenético a partir
da comparação das sequências nucleotídicas das minhocas do RS com sequências
de minhocas disponíveis nos bancos de dados. Os dendrogramas filogenéticos
foram construídos por meio do algoritmo Neighbor-joining (SAITOU; NEI, 1987),
utilizando-se o método de distância p e assumindo-se taxas evolutivas uniformes. A
confiabilidade do resultado dessa topologia foi testada por bootstrap11 no programa
MEGA 5.0 (KUMAR et al., 2008) com 1000 repetições.
O método de Neighbor-joining produz a mesma topologia das árvores
construídas com o método de Minimum Evolution, quando a variabilidade ou o
número de nucleotídeos analisados é grande (>500). Se existirem diferenças,
geralmente, estas são estatisticamente não-significantes. Além disso, a distância p
tende a produzir topologias adequadas quando a variabilidade é grande, como no
gene mtDNA COI (NEI, 1996).

11
Os valores de bootstrap são um índice de suporte e representam as porcentagens de casos nos
quais os grupos aparecem no dendrograma resultante. Esses valores indicam se a filogenia tem ou
não suporte.Valores iguais ou acima de 90 são considerados ótimos (STEARNS; HOEKSTRA, 2003).
141

Tabela 5.3 - Relação de espécies e sequências obtidas nos bancos de dados


GenBank e Global Mirror System of DNA Barcode Data para a
construção de dendrogramas filogenéticos para os genes mtDNA COI,
mtDNA 16S e rDNA 28S, com os respectivos números de acesso.
Organismo Número de acesso* Referência
gene mtDNA COI
Amynthas corticis AB542463 Minamiya et al. (2010)
Amynthas corticis EF077550 Huang et al. (2006)
Amynthas corticis EF077548 Huang et al. (2006)
Amynthas gracilis AB542484 Minamiya et al. (2010)
Amynthas gracilis AB542485 Minamiya et al. (2010)
Glossoscolecidae sp. GU013890 Porco (2009)
Glossoscolecidae sp. GU013898 Porco (2009)
Glossoscolecidae sp. GU013914 Porco (2009)
Glossoscolecidae sp. GU013944 Porco (2009)
Glossoscolecidae sp. GU013957 Porco (2009)
Glossoscolecidae sp. GU013958 Porco (2009)
Glossoscolecidae sp. GU013964 Porco (2009)
Glossoscolecidae sp. GU013967 Porco (2009)
Ocnerodrilidae sp. GU013966 Porco (2009)
Ocnerodrilidae sp. GU013971 Porco (2009)
Ocnerodrilidae sp. GU013976 Porco (2009)
Ocnerodrilidae sp. GU013977 Porco (2009)
Ocnerodrilidae sp. GU013978 Porco (2009)
Urobenus brasiliensis ewsjc727-10/Brasil2010 -138** Brown et al. (2010)
Hirudo verbana JN104644 Utevsky e Trontelj (2011)
Hirudo orientalis JN104646 Utevsky e Trontelj (2011)
Hirudo medicinalis HQ333518 Kvist et al. (2010)
Ctenocardia fornicata EU733113 Kirkendale (2008)
gene mtDNA 16S
Amynthas corticis AB474289 Minamiya et al. (2008)
Amynthas corticis AB474290 Minamiya et al. (2008)
Amynthas rodericensis HQ232534 Buckley et al. (2010)
Metaphire abdita EF490527 Huang et al. (2007)
Metaphire californica AB474335 Minamiya et al. (2008)
Metaphire tschiliensis EF490525 Huang et al. (2007)
Pontoscolex corethrurus FQ704774 Genoscope (2011)
Pontoscolex corethrurus FQ704778 Genoscope (2011)
Pontoscolex corethrurus FQ704780 Genoscope (2011)
Enchytraeus albidus EF442026 Tartaglia e Shain (2007)
Enchytraeus buchholzi EF442027 Tartaglia e Shain (2007)
Enchytraeus buchholzi EF443156 Tartaglia e Shain (2007)
gene rDNA 28S
Amynthas rodericensis HQ232671 Buckley et al. (2010)
Amynthas rodericensis AY101562 Jamielson et al. (2003)
Eukerria saltensis AY048496 Jamielson et al. (2001)
Glossoscolecidae sp. AY048507 Jamielson et al. (2001)
Microscolex dubius HQ232742 Buckley et al. (2010)
Ocnerodrilidae sp. HQ232640 Buckley et al. (2010)
Hirudo troctina GQ368772 Phillips e Siddall (2009)
Hirudo verbana CQ368772 Phillips e Siddall (2009)
Hirudo medicinalis EU100079 Borda et al. (2007)
Hirudo orientalis EF733022 Utevsky et al. (2007)
*Número de acesso no GenBank - Natitonal Center of Biotechnology Information (NCBI)
(site:www.ncbi.nlm.nih.gov)
**Número de acesso no Global Mirror System of DNA Barcode Data (GMS-DBD)
(site:http://www.boldmirror.net)
142

5.4 Resultados e discussão

O método utilizado para a extração do DNA das minhocas, adaptado de Miller


et al. (1988), resultou em quantidade de DNA suficiente para a amplificação das
regiões do genoma estudadas. A amplificação das regiões dos genes 28S rDNA,
16S mtDNA e COI mtDNA das espécies de minhocas gerou fragmentos de DNA com
tamanho variável entre 670 a 780, 640 a 670 e 680 a 720 pares de bases (pb),
respectivamente.
Dentre os genes mitocondriais, as subunidades I e II do gene citocromo c
oxidase (COI e COII) apresentam maior variação intraespecífica do que a
subunidade 16S (KLARICA et al., 2012), sendo portanto, úteis para avaliação de
variação genética entre indivíduos da mesma espécie. O estudo destes genes pode,
também, facilitar a identificação de espécies distintas que apresentam morfologia
semelhante em estudos de diversidade.
No dendrograma filogenético com base na comparação do gene COI,
observou-se que os indivíduos de Amynthas corticis agruparam-se em um mesmo
ramo, assim como os de Amynthas gracilis. O exemplar do gênero Ocnerodrilus,
pertencente à família Ocnerodrilidae, formou um agrupamento monofilético com as
sequências nucleotídicas de dois indivíduos da mesma família, disponíveis no banco
de dados do GenBank (Ocnerodrilidae sp. GU013978 e Ocnerodrilidae sp.
GU013971). O alto valor de bootstrap (=100) indicou que o resultado está bem
suportado (Figura 5.1).
A análise de agrupamento das novas espécies de minhocas dos gêneros
Glossoscolex e Fimoscolex, pertencentes à família Glossoscolecidae, foi dificultada
por não ter sido encontrado registro de sequências de nucleotídeos destes gêneros
no GenBank. As espécies Glossoscolex n. sp. 2 e Fimoscolex n. sp. 1 aproximaram-
se, filogeneticamente, de sequências nucleotídicas de organismos da família
Glossoscolecidae depositadas no banco de dados (Figura 5.1).
143

58 Amynthas corticis (Steffen 2012)


37 Amynthas corticis AB542463
100
Amynthas corticis EF077548
40 Amynthas corticis EF077550
Amynthas gracilis JX177860 (Steffen 2012)

32 100 Amynthas gracilis AB542484


100 Amynthas gracilis AB542485

Ocnerodrilidae sp. GU013971


10 Ocnerodrilidae sp. GU013978
100
100 Ocnerodrilus sp. JX177858 (Steffen 2012)

Eukerria n. sp. 1 JX177856 (Steffen 2012)


3
61 Ocnerodrilidae sp. GU013977
100 Ocnerodrilidae sp. GU013976

Glossoscolex n. sp. 1 JX177853 (Steffen 2012)


11
35 Ocnerodrilidae sp. GU013966
70 Criodrilidae n. sp. 1 JX177857 (Steffen 2012)
Glossoscolecidae sp. GU013890

22 Fimoscolex n. sp. 1 JX177852 (Steffen 2012)


32
Glossoscolecidae sp. GU013944
20
45 Glossoscolecidae sp. GU013914
100 Glossoscolecidae sp. GU013914
92
Glossoscolex n. sp. 6 JX177855 (Steffen 2012)

100 Urobenus brasiliensis ewsjc727-10|Brasil2010-138*


Urobenus brasiliensis JX177861 (Steffen 2012)

91 Glossoscolex n. sp. 2 JX177854 (Steffen 2012)


Glossoscolecidae sp. GU013964
63
Glossoscolecidae sp. GU013898
62
Glossoscolecidae sp. GU013967
51
Glossoscolecidae sp. GU013958
100
Glossoscolecidae sp. GU013957
Ctenocardia fornicata EU733113
Hirudo verbana JN104644

100 Hirudo orientalis JN104646


69 Hirudo medicinalis HQ333518

0.05

Figura 5.1 - Dendrograma filogenético baseado no algoritmo Neighbor-joining da


região do gene mitocondrial subunidade I da citocromo c oxidase (COI)
de espécies de minhocas coletadas no Estado do Rio Grande do Sul e
de sequências de minhocas obtidas a partir do banco de dados
GenBank e no Global Mirror System of DNA Barcode Data. O número
acima ou abaixo das ramificações representa o valor de bootstrap com
base em 1000 repetições. A espécie Ctenocardia fornicata e as
espécies do gênero Hirudo foram inseridas como outgroup.
144

Dentre as minhocas nativas brasileiras, o gênero Glossoscolex é o mais


diversificado, apresentando 54 espécies/subespécies. Algumas espécies deste
gênero são, morfologicamente, muito semelhantes, o que dificulta sua identificação.
Além disso, possuem a característica de se diversificarem no mesmo tipo de habitat,
porém em áreas separadas por barreiras geográficas, gerando novas espécies
(BROWN; JAMES, 2007). Nestes casos, em que há um grande número de espécies
do mesmo gênero e a distinção de espécies baseada em caracteres morfológicos é
dificultada, o uso de técnicas moleculares pode ser uma ferramenta útil para a
identificação das minhocas.
Foi observada a formação de um grupo monofilético entre as espécies de
Urobenus brasiliensis, as quais apresentaram similaridade de 100% (Figura 5.1).
Assim como para o gênero Glossoscolex, não foi encontrado o registro de
sequências de organismos de gêneros pertencentes à família Criodrilidae para a
região do gene mtDNA COI. As espécies Glossoscolex n. sp. 1 e Glossoscolex n. sp.
6, assim como a nova espécie da família Criodrilidae não apresentaram identidade
com os demais organismos selecionados do banco de dados (Figura 5.1).
O dendrograma filogenético construído com base nas sequências do gene
16S demonstrou a formação de diferentes agrupamentos (clusters), englobando as
espécies analisadas (Figura 5.2). Foi observada alta identidade entre os organismos
da espécie Amynthas rodericensis, suportada pelo elevado valor de bootstrap
(=100). O exemplar de Metaphire californica se aproximou do organismo da mesma
espécie depositado no banco de dados, formando um grupo monofilético. Os
organismos desta espécie permaneceram distantes, filogeneticamente, das espécies
M. abdita e M. tschiliensis (Figura 5.2).
A minhoca da espécie Amynthas corticis coletada neste trabalho agrupou-se
aos demais organismos dessa espécie, formando um agrupamento monofilético
(Figura 5.2).
Conforme observado para o gene mtCOI, não foi possível realizar
comparações entre as sequências nucleotídicas dos indivíduos do gênero
Glossoscolex coletados no RS e sequências disponíveis no GenBank, por causa da
à carência de dados. A análise de sistemática filogenética revelou proximidade entre
os organismos das espécies Glossoscolex n. sp. 1 e Glossoscolex n. sp. 6 (Figura
5.2).
145

100 Amynthas rodericensis HQ232534

48 Amynthas rodericensis JX177846 (Steffen 2012)


Metaphire californica AB474335
28 95 Metaphire californica (Steffen 2012)
Amynthas corticis AB474289
99 Amynthas corticis JX177845 (Steffen 2012)
82
Amynthas corticis AB474290
Metaphire abdita EF490527
98 Metaphire tschiliensis EF490525

Glossoscolex n. sp. 2 JX177842 (Steffen 2012)

81 Glossoscolex n. sp. 1 JX177843 (Steffen 2012)


95 Glossoscolex n. sp. 6 JX177844 (Steffen 2012)
Enchytraeus buchholzi EF443156

100 Enchytraeus albidus EF442026


99 Enchytraeus buchholzi EF442027

0.2

Figura 5.2 - Dendrograma filogenético baseado no algoritmo Neighbor-joining da


região da subunidade 16S do mtDNA de espécies de minhocas
coletadas no Estado do Rio Grande do Sul e de sequências de
minhocas obtidas a partir do banco de dados GenBank. O número
acima ou abaixo das ramificações representa o valor de bootstrap com
base em 1000 repetições. As espécies do gênero Enchytraeus foram
inseridas como outgroup.

As sequências nucleotídicas da subunidade 16S do DNA mitocondrial são


consideradas padrão na determinação de relações filogenéticas (HEAD et al., 1998;
KIRK et al., 2004). Estas agrupam um conjunto de características necessárias a um
bom marcador molecular: distribuição universal, estrutura e função conservada entre
os táxons, ausência de transferência lateral e tamanho suficiente para estudos de
filogenia (cerca de 1500 nucleotídeos) (AMANN; LUDWIG, 2000). Esta região do
DNA mitocondrial, assim como o gene 28S do DNA nuclear, são consideradas
regiões muito conservadas do genoma (NAVAJAS et al., 1999; KLARICA et al.,
2012).
No dendrograma filogenético construído com base nas sequências do gene
nuclear 28S, observou-se um agrupamento monofilético formado pelos organismos
da espécie Eukerria saltensis. As sequências nucleotídicas dos organismos de E.
146

saltensis aproximaram-se do organismo da família Ocnerodrilidae disponível no


banco de dados do GenBank (Figura 5.3).

87 Eukerria saltensis JX177849 (Steffen 2012)


54 Eukerria saltensis AY048496
41 Ocnerodrilidae sp. HQ232640
Fimoscolex n. sp. 1 JX177850 (Steffen 2012)
36
93 Glossoscolecidae AY048507
Amynthas rodericensis HQ232671

75 Amynthas rodericensis JX177851(Steffen 2012)


37 Amynthas rodericensis AY101562

Microscolex dubius (Steffen 2012)

65 Microscolex dubius JX177848 (Steffen 2012)


71 Microscolex dubius HQ232742

Hirudo verbana CQ368772


Hirudo troctina GQ368772
100 Hirudo medicinalis EU100079

Hirudo orientalis EF405591

0.05

Figura 5.3 - Dendrograma filogenético baseado no algoritmo Neighbor-joining da


região da subunidade 28S do rDNA de espécies de minhocas
coletadas no Estado do Rio Grande do Sul e de sequências de
minhocas obtidas a partir do banco de dados GenBank. O número
acima ou abaixo das ramificações representa o valor de bootstrap com
base em 1000 repetições. As espécies do gênero Hirudo foram
inseridas como outgroup.

O exemplar de E. saltensis analisado foi coletado em fragmento de mata


nativa no município de Barra do Quaraí (Tabela 5.3). Por estar em fase juvenil, a
caracterização morfológica possibilitou sua identificação apenas no nível de família
(Ocnerodrilidae). No entanto, por meio das análises moleculares, foi possível obter a
identificação do exemplar no nível de espécie (E. saltensis), a qual foi suportada
pelo valor de bootstrap (Figura 5.3).
147

A identificação de minhocas com base em caracteres morfológicos é


complexa e possível somente quando os espécimes são adultos e estão bem-
preservados. Nos casos em que o material a ser identificado foi mal conservado, as
minhocas encontram-se em estágio juvenil ou mutiladas, o uso de marcadores
moleculares representa uma oportunidade de identificação dos exemplares
(KLARICA et al., 2012).
O organismo referente à nova espécie do gênero Fimoscolex coletado no RS
formou, separadamente, um agrupamento com indivíduo da família
Glossoscolecidae (Glossoscolecidae sp. AY048507). Não houve comparação entre
organismos do mesmo gênero, por não terem sido encontrados registros de
sequências de organismos pertencentes ao gênero Fimoscolex no banco de dados
do GenBank (Figura 5.3).
Outro agrupamento foi formado pelas espécies de Amynthas rodericensis. Os
exemplares de Microscolex dubius coletados no Estado do RS aproximaram-se
filogeneticamente do organismo da mesma espécie cadastrado no banco de dados
(Figura 5.3).
As sequências de nucleotídeos obtidas neste trabalho foram submetidas ao
GenBank. Representam os primeiros registros de sequências de organismos
pertencentes aos gêneros Glossoscolex e Fimoscolex depositadas nesse banco de
dados público.
Sequências nucleotídicas da região do gene mitocondrial COI de algumas
espécies de minhocas coletadas neste trabalho foram depositadas no banco de
dados Global Mirror System of DNA Barcode Data pelo pesquisador Samuel
Wooster James (Tabela 5.4).
A análise do DNA mitocondrial apresenta a vantagem de ser facilmente
amplificado e a tendência de acumular mutações mais rapidamente do que algumas
regiões nucleares. No entanto, o gene codificador de proteínas COI apresenta
tipicamente variações específicas (TAVARES; BAKER, 2008). Analisando a
variabilidade genética de minhocuçus da espécie Rhinodrilus alatus Righi (1971),
Siqueira et al. (2010) observaram que as sequências produzidas para a subunidade I
do gene mtDNA da COI mostraram abundante variação intra e interespecífica entre
os minhocuçus.
148

Tabela 5.4 - Código de depósito no Global Mirror System of DNA Barcode Data
(GMS-DBD) de sequências obtidas da região do gene mitocondrial da
subunidade I da citocromo c oxidase (COI) de minhocas coletadas no
Rio Grande do Sul.

Código de depósito Exemplar de minhoca


ewsjc810-10|brasil2010-221* Glossoscolex sp.
ewsjc813-10|brasil2010-224 Ocnerodrilus sp.
ewsjc815-10|brasil2010-226 Eukerria sp.
ewsjc816-10|brasil2010-227 Glossoscolex sp.
ewsjc817-10|brasil2010-228 Ocnerodrilus sp.
ewsjc819-10|brasil2010-230 Glossoscolex sp.
ewsjc822-10|brasil2010-233 Urobenus brasiliensis

*Global Mirror System of DNA Barcode Data (GMS-DBD) (site: http://www.boldmirror.net)

A análise do DNA mitocondrial apresenta a vantagem de ser facilmente


amplificado e a tendência de acumular mutações mais rapidamente do que algumas
regiões nucleares. No entanto, o gene codificador de proteínas COI apresenta
tipicamente variações específicas (TAVARES; BAKER, 2008). Analisando a
variabilidade genética de minhocuçus da espécie Rhinodrilus alatus Righi (1971),
Siqueira et al. (2010) observaram que as sequências produzidas para a subunidade I
do gene mtDNA da COI mostraram abundante variação intra e interespecífica entre
os minhocuçus.
O uso da metodologia de código de barras (DNA barcode) em análises
genéticas de organismos do solo está crescendo rapidamente e existe um apelo por
parte da comunidade de biólogos à adoção deste método pelos pesquisadores
(ROUGERIE et al., 2009). Chang e James (2011) avaliaram publicações referentes a
estudos filogenéticos de minhocas, discutindo os resultados obtidos e os métodos
utilizados. Segundo os autores, embora estudos relacionados ao DNA barcode
estejam aumentando, eles destacam a importância do uso de três genes adequados
para análises intergenéricas, ou seja, dentro de famílias, que são: 28S rDNA (DNA
nuclear), 16S e 12S rRNA (DNA mitocondrial).
Considerando os valores de bootstrap, os quais conferem suporte às
informações representadas nos dendrogramas filogenéticos, os genes mitocondriais
COI e 16S mostraram ser mais eficientes para a identificação das espécies de
minhocas.
149

Os resultados obtidos neste trabalho sugerem a necessidade de realização de


estudos complementares do DNA das novas espécies de minhocas encontradas no
Estado do RS, visando obter informações mais conclusivas sobre sua identificação.
O presente trabalho também apontou a carência de dados no GenBank, relativos à
caracterização do genoma de alguns gêneros e de algumas espécies de minhocas.
Contudo, para que as ferramentas moleculares sejam mais utilizadas no
processo de identificação de minhocas, é fundamental que novos estudos de
sistemática filogenética sejam realizados, com o maior número possível de espécies
de minhocas, e que os resultados obtidos sejam depositados em bancos de dados.
Estando acessíveis aos pesquisadores, os dados moleculares possibilitarão a
comparação das sequências nucleotídicas e a identificação de exemplares de
minhocas.
150

5.5 Conclusões

Os genes mitocondriais 16S e subunidade I da citocromo c oxidase (COI),


assim como o gene nuclear 28S, podem ser utilizados para identificação molecular
de minhocas. O gene mitocondrial COI foi o mais eficiente.
Através da utilização do gene COI é possível identificar as espécies Amynthas
corticis, Amynthas gracilis, Eukerria saltensis, Ocnerodrilus sp. e Urobenus
brasiliensis. O uso do gene mitocondrial 16S possibilita a identificação das espécies
Amynthas corticis, A. rodericensis e Metaphire californica, e o gene 28S rDNA, a
identificação das espécies Amynthas rodericensis, Eukerria saltensis e Microscolex
dubius.
151

5.6 Referências bibliográficas

ALTSCHUL, S. F. et al. Gapped BLAST and PSI-BLAST: a new generation of protein


database search programs. Nucleic Acids Research, Southampton, v. 25, n. 17, p.
3389-3402, Sept. 1997.

AMANN, R. I.; LUDWIG, W. Ribosomal RNA-targeted nucleic acid probes for studies
in microbial ecology. FEMS Microbiology Reviews, Amsterdam, v. 24, n. 5, p. 555-
565, Dec. 2000.

BARTZ, M. L. C. Ocorrência e taxonomia de minhocas em agroecossistemas no


Paraná, Brasil. 2011. 175f. Tese (Doutorado em Agronomia) – Universidade
Estadual de Londrina, Londrina.

BARTZ, M. L. C.; PASINI, A.; BROWN, G. G. Earthworms from Mato Grosso, Brazil,
and new records of species from the state. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v. 44, n. 8, p. 934-939, Ago. 2009.

BROWN, G. G.; JAMES, S. W. Earthworm biodiversity in São Paulo state, Brazil.


European Journal of Soil Biology, Rouen, v. 42, n. 1, p. 145-149, Nov. 2006.

BROWN, G. G.; JAMES, S. W. Ecologia, biodiversidade e biogeografia das


minhocas no Brasil. In: BROWN, G. G.; FRAGOSO, C. (Eds.). Minhocas na
América Latina: Biodiversidade e ecologia. Londrina: Embrapa Soja, 2007. p. 297-
381.

BUSO, G. S. C. Marcadores moleculares e análise filogenética. Embrapa Recursos


Genéticos e Biotecnologia, Série Documentos No. 136. CENARGEN, Brasília. 2005.

CHANG, C.-H.; LIN, S.-M.; CHEN, J.-H. Molecular systematics and phylogeography
of the gigantic earthworms of the Metaphire formosae species group (Clitellata,
Megascolecidae). Molecular Phylogenetics and Evolution, Detroit, v. 49, n. 3, p. 958-
968, Dec. 2008.

CHANG, C.-H.; ROUGERIE, R.; CHEN, J.-H. Identifying earthworms through DNA
barcodes: Pitfalls and promise. Pedobiologia, Berlin, v. 52, n. 3, p. 171-180, Mar.
2009.
152

CHANG, C.-H.; JAMES, S. A critique of earthworm molecular phylogenetics.


Pedobiologia, Berlin, v. 54, Supplement, p. 3-9, Dec. 2011.

FOLMER, O. et al. DNA primers for amplification of mitochondrial cytochrome c


oxidase subunit I from diverse metazoan invertebrates. Molecular Marine Biology
and Biotechnology, Newcastle, v. 3, n. 5, p. 294-299, Oct. 1994.

HEAD, I. M.; SAUNDERS, J. R.; PICKUP, R. W. Microbial evolution, diversity and


ecology: a decade of ribosomal RNA analysis of uncultivated microorganisms.
Microbial Ecology, New York, v. 35, n. 1, p. 1-21, Jan. 1998.

HEBERT, P. D. N. et al. Biological identifications through DNA barcodes.


Proceedings of the Royal Society. Serie B: Biological Sciences, London, v. 270,
p. 313-322, Feb. 2003.

HUANG, J. et al. Identifying earthworms through DNA barcodes. Pedobiologia,


Berlin, v. 51, n. 4, p. 301-309, Oct. 2007.

JAMIESON, B. G. M. et al. Phylogeny of the Megascolecidae and Crassiclitellata


(Annelida, Oligochaeta): combined versus partitioned analysis using nuclear (28S)
and mitochondrial (12S, 16S) rDNA. Zoosystema, Paris, v. 24, n. 4, p. 707-734, Dec.
2002.

KIRK, J. L. et al. Methods of studying soil microbial diversity. Journal of


Microbiological Methods, Amsterdam, v. 58, n. 2, p. 169-188, Aug. 2004.

KLARICA, J. et al. Comparing four mitochondrial genes in earthworms – Implications


for identification, phylogenetics, and discovery of cryptic species. Soil Biology and
Biochemistry, Brisbane, v. 45, p. 23-30, Feb. 2012.

KUMAR, S. et al. MEGA: A biologist-centric software for evolutionary analysis of DNA


and protein sequences. Briefings in Bioinformatics, Oxford, v. 9, n. 4, p. 299-306,
July 2008.

LAVELLE, P. et al. Soil invertebrates and ecosystem services. European Journal of


Soil Biology, Braunschweig, v. 42, n. 1, p. 3-15, Nov. 2006.

LÊ, H. L. V.; LECOINTRE, G.; PERASSO, R. A 28S rRNA based phylogeny of the
Gnathostomes: first steps in the analysis of conflict and congruence with
153

morphologically based cladograms. Molecular Phylogenetics and Evolution,


Detroit, v. 2, n. 1, p. 31–51, Mar. 1993.

LIMA, A. C. R. de; RODRÍGUEZ, C. Earthworm diversity from Rio Grande do Sul,


Brazil, with a new native Criodrilid genus and species (Oligochaeta: Criodrilidae).
Megadrilogica, Canadá, v. 11, n. 2, p. 9- 18, 2007.

LIMA, O. G. de. Indicadores físicos, químicos e biológicos da qualidade do solo


em plantios florestais e floresta ombrófila mista na Embrapa Florestas,
Colombo - PR. 2011. 67f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Solo) –
Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

MILLER, A. S.; DYKES, D. D.; POLESKI, H. F. A simple salting out procedure for
extracting DNA from human cells. Nucleic Acids Research, Southampton, v. 16, n.
3, p. 1215, 1988.

NAVAJAS, M. et al. Sequence variation of ribosomal Internal Transcribed Spacers


(ITS) in commercially important Phytoseiidae mites. Experimental and Applied
Acarology, Amsterdam, v. 23, n. 11, p. 851-859, Nov. 1999.

NEI, M. Phylogenetic analysis in molecular evolutionary genetics. Annual Review in


Genetics, Palo Alto, v. 30, p. 371-403, Dec. 1996.

PALUMBI, S. R. Nucleic Acids II: The Polymerase Chain Reaction. In: HILLIS, D. M.;
MORITZ, C.; MABLE, B. K. (Eds.). Molecular Systematics, 2nd ed. Sinauer,
Sunderland, Massachusetts, 1996. p. 205-247.

POP, A. A. et al. Application of 16S, 18S rDNA and COI sequences in the molecular
systematics of the earthworm family Lumbricidae (Annelida, Oligochaeta). European
Journal of Soil Biology, Braunschweig, v. 43, s. 1, p. 43-52, Nov. 2007.

RICHARD, B. et al. Re-integrating earthworm juveniles into soil biodiversity studies:


species identification through DNA barcoding. Molecular Ecology Resources, San
Antonio, v. 10, n. 4, p. 606-614, July 2010.

ROUGERIE, R. et al. DNA barcodes for soil animal taxonomy. Pesquisa


Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 44, n. 8, p. 789-802, Aug. 2009.
154

SAITOU, N.; NEI, M. The neighbor joining method: a new method for reconstructing
phylogenetic trees. Molecular Biology and Evolution, Oxford, v. 4, n. 4, p. 406-425,
July 1987.

SIQUEIRA, F. de F. et al. Análise filogenética do minhocuçu Rhinodrilus alatus, Righi


1971 (Glossoscolecidae: Annelida) baseada em sequências dos genes de RDNA
5.8S, do espaço interno transcrito (ITS1) e da subunidade I da Citocromo C Oxidase
mitocondrial. Acta Zoológica Mexicana (n.s.), Xalapa, v. 26, Número Especial 2, p.
59-77, Oct. 2010.

STADEN, R.; BEAL, K. F.; BONFIELD, J. K. The Staden Package, 1998. Methods in
Molecular Biology, v. 132, p.115-130, 2000.

STEARNS, S. C.; HOEKSTRA, R. F. Evolução: uma introdução. São Paulo:


Atheneu Editora, 2003. 379p.

TAVARES, E. S.; BAKER, A. J. Single mitochondrial gene barcodes reliably identify


sister-species in diverse clades of birds. BMC Evolutionary Biology, London, v. 8,
p. 81-95, Mar. 2008.

THOMPSON, J. D., HIGGINS, D. G.; GIBSON, T. J. CLUSTAL W: improving the


sensitivity of progressive multiple sequence alignment through sequence weighting,
position-specific gap penalties and weight matrix choice. Nucleic Acids Research,
Oxford, v. 22, n. 22, p. 4673–4680, Nov. 1994.
155

6 CAPÍTULO IV - NEW SPECIES OF GLOSSOSCOLEX (CLITELLATA:


GLOSSOSCOLECIDAE) FROM RIO GRANDE DO SUL,
BRAZIL1213

6.1 Abstract
Six new species of Oligochaeta of the genus Glossoscolex from Rio Grande
do Sul State, Brazil are described in this paper: Glossoscolex (Glossoscolex)
knapperae n. sp., G. (G.) pastivus n. sp., G. (G.) pampas n. sp., G. (G.) riograndensis
n. sp., G. (G.) nativus n. sp. and G. (G.) parvus n. sp. All new species are part of the
truncatus species group of Glossoscolex (Glossoscolex) (male pores in xvii). A table
of characters is presented in order to clarify the differences among the species
described and related species. Habitat and soil associations of the new species are
given.

Keywords: Earthworms; South Brazil; Glossoscolecidae.

6.2 Resumo
Seis novas espécies de Oligochaeta do gênero Glossoscolex do Estado do
Rio Grande do Sul, Brasil são descritas neste trabalho: Glossoscolex (Glossoscolex)
knapperae n. sp., G. (G.) pastivus n. sp., G. (G.) pampas n. sp., G. (G.) riograndensis
n. sp., G. (G.) nativus n. sp. and G. (G.) parvus n. sp. Todas novas espécies são
parte do grupo de espécies truncatus de Glossoscolex (Glossoscolex) (poros
masculinos em xvii). Uma tabela com as características das espécies descritas e das
espécies de Glossoscolex é apresentada nos comentários, de modo que seja
possível identificar as diferenças morfológicas entre elas. Também estão incluídas
informações das novas espécies com associações de habitat e tipos de solo onde
foram encontradas.

Palavras-chave: Minhocas; Sul do Brasil; Glossoscolecidae.

12
As descrições das espécies de minhocas foram realizadas pelos pesquisadores Marie Luise
Carolina Bartz e Samuel Wooster James. Este capítulo foi escrito por Marie L. C. Bartz, com
colaboração de Samuel W. James, Gerusa Pauli Kist Steffen e George Gardner Brown.
13
156

6.3 Introduction

In the course of collections of earthworms made throughout the State of Rio


Grande do Sul (RS), Brazil by researchers of the Federal University of Santa Maria
(UFSM), many unidentifiable earthworms of the genus Glossoscolex were
discovered.
Surveys conducted in the State of RS, from the 1920s until the year 2010,
indicated the existence of at least 44 species of earthworms have been identified, 15
native (34%) and 29 exotic (66%). The species are grouped into six families, and
most of them belong to the family Lumbricidae (12 species) and Glossoscolecidae
(11 species). So far, there were registered only five species of the genus
Glossoscolex: G. catharinensis Michaelsen 1918, G. grandis Michaelsen 1892, G.
truncatus Rosa 1895, G. uruguayensis uruguayensis Cordero 1943 and G.
wiengreeni Michaelsen 1897.
The objective of this study was to present a description of six new species of
native earthworms of the genus Glossoscolex collected in ecosystems of the State of
RS, Brazil.
157

6.4 Material and methods

Specimens were obtained by digging and hand sorting in sites with natural
vegetation (swamp, native grassland, fragments of forest) and also with human
impact, such as annual crops (oats) and pastures.
Specimens were killed in 70% ethanol and fixed in 4% formaldehyde. In some
cases duplicates or tissue samples were preserved in absolute ethanol for later DNA
extraction and DNA sequencing. Long-term storage of fixed material was in 70-80%
ethanol. All anatomical observations were conducted by dorsal dissection under a
stereomicroscope, and illustrations were prepared by camera lucida (Figures 6.1 and
6.2). The collection numbers refer to the Coleção de Oligochaetas Fritz Müller
(COFM) at Embrapa Florestas in Colombo, Paraná State. Taxonomy largely follows
Righi (1971, 1978, 1995) and Zicsi and Csuzdi (1999) and the Table 6.1 summarize
main characters of the new Glossoscolex species and some similar described
species.
For some sites soil samples were also collected in the 0-20 cm upper layer
and submitted to physical (clay) and chemical: pH, cation exchange capacity (CEC),
exchangeable aluminum (Al), calcium (Ca), magnesium (Mg), potassium (K),
phosphorus (P), sulfur (S), boron (B), copper (Cu), zinc (Zn) and organic matter (OM)
analyses following standard methodologies described in Tedesco et al. (1995) (Table
6.2).
158

6.5 Descriptions

6.5.1 Glossoscolecidae (MICHAELSEN, 1900)

6.5.1.1 Genus Glossoscolex (LEUCKART, 1835) in Froriep (1835)

Diagnosis. Setae in 8 longitudinal lines. One pair of intraclitellar male pores,


rarely preclitellar, or a single intraclitellar male pore, but always paired copulatory
bulbs. One pair of calciferous glands in 11th or 12th segment with composite-tubular
structure. Sexual system metandric and metagynic; seminal vesicles in general long;
a pair of copulatory bulbs connecting sperm ducts and the external male genital
pores; spermathecae absent.
Type species. Glossoscolex giganteus Leuckart, 1836 (in Oken, 1836).

6.5.1.1.1 Subgenus Glossoscolex (LEUCKART, 1835) in Froriep (1835)

Diagnosis. One pair of intraclitellar male pores associated with a pair of


intracelomic copulatory bulbs.
Type species. Glossoscolex (Glossoscolex) giganteus Leuckart 1836 (in
Oken, 1836)

6.5.1.1.1.1 Glossoscolex (Glossoscolex) knapperae n. sp. Bartz & James (Figures


6.1a and 6.1b)

Holotype. COFM BRRS0028 one adult, amputee. Type locality: Near a creek,
next to a native grassland in Minas do Camaquã, Caçapava do Sul, Rio Grande do
159

Sul, Brazil, 29º 39’ 36.9’’ S 54º 30’ 09.5’’ W, 161 masl. 05 December 2010, G.P.K.
Steffen & R.B. Steffen colls.
Etymology. The species is named in honor to the researcher Christa Knapper.
Description. Dimensions amputee by 5.5 mm at x, 6.1 mm at clitellum, 4.6 mm
at xxx. Body cylindrical and slightly flattened. Setae closely paired throughout; setal
formula aa:ab:bc:cd:dd = 8.8:0.3:1:0.2:6.8. Setae quite visible preclitellar.
Prostomium zygolobic. Rosy, clitellum slightly brownish. Ovipores not visible; male
pores 3 mm apart on xvii within slits in paired elevated porophores; clitellum annular,
xv-xxv (Figures 6.1a and 6.1b). Nephropores just above B.
Septa 6/7-10/11 equally thick and muscular, septa 13/14/15/16 highly
expanded with a circumesophageal barrier to make a sac, knobby outside and fuzzy
inside. Alimentary canal with cylindrical gizzard in vi; esophagus with high chevron-
patterned lamellae vii-xi, valvular in xiv, intestinal origin xxiii; typhlosole origin xxiii,
simple lamina xxiii-xxvi, zig-zag with ventral edge bent over to form pockets xxvii-
xxxvi, after xxxvii gradually becoming simple lamina. Calciferous glands paired xii,
composite-tubular type, heart shaped, pedunculated; blood vessels to gland include
large branch of dorsal vessel to approximate center of each gland, two coalescing
vessels from ventral gland margin to extra-esophageal vessel. Holonephric,
vesiculate; ducts to body wall near level of B.
Vascular system with ventral trunk, single dorsal trunk, lateral vessels in vii-ix,
latero-esophageal hearts in x-xi. Extra-esophageal vessel from pharyngeal glands,
along ventral-lateral face of gizzard, esophagus back to calciferous glands;
supraesophageal vessel in x-xi.
Ovaries, ovarian funnels free in xiii; spermathecae absent. Male sexual system
metandric, testes and funnels in single midventral subesophageal sac in xi; seminal
vesicles absent; vasa deferentia long, looped from xi, form S on body wall in route to
ventrolateral outside of large reniform muscular copulatory bulbs; bulbs extend over
xvi-xvii. Copulatory bulbs with thin muscular outer layer, dense, delicate corrugated
glandular inner surface with small lumen leading to male pore at approximate center
of bulb connection to body wall; no transverse muscle bands crossing over bulbs.
Remarks. Glossoscolex (Glossoscolex) knapperae belongs to the
Glossoscolex (Glossoscolex) truncatus Rosa, 1895 group as defined in Cordero
(1943) and Righi (1978). The group includes species with male pores in xvii, except
160

the subgenus Praedrilus (Righi 1971) with male pores in xvi, xvi/xvii and xvi and
clitellum beginning behind the male pores. The differences between G. (G.)
knapperae and G. (G.) truncatus Rosa 1895 are as follows, with the characteristics of
the latter in parentheses: clitellum annular xv-xxv (annular xvi-xxv), hearts of xi free
(hearts of xi enclosed in testes sacs), testes sacs single midventral subesophageal
(testes sacs circumesophageal), septa 12/13/14 highly expanded (no such
development in septa 12/13/14), seminal vesicle absent (present and tubular
elongated) (Table 6.1).
Glossoscolex (Glossoscolex) knapperae corresponds to Glossoscolex n. sp. 3,
as cited in chapters 1 and 2 this thesis.

6.5.1.1.1.2 Glossoscolex (Glossoscolex) pastivus n. sp. Bartz & James (Figures 6.1c
and 6.1d)

Holotype. COFM BRRS0029 one adult. Type locality. Cultivated pasture,


Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brazil, 29° 43’ 05.32’’ S 53° 42’ 25.19’’ W, 79 masl.
09 November 2010, G.P.K. Steffen & R.B. Steffen colls.
Paratype. COFM BRRS0030 one adult. Some locality as holotype.
Etymology. The species is named due its occurrence in pastures.
Description. Dimensions: holotype - 134 mm by 9.0 mm at x, 10.0 mm at
clitellum, 7.0 mm at xxx, 194 segments; paratype - 126 mm by 9.0 mm at x, 10.0 mm
at xvii and 7.0 mm at xxx, 209 segments. Body cylindrical and slightly flattened.
Setae ab commence on xxii, but just ab are visible, cd visible after clitellum. Setae
closely paired throughout; setal formula aa:ab:bc:cd = 8.7:0.2:1:0.1 at xxx, dd > 1/2
circumference throughout. Prostomium prolobous, post-setal secondary annulations
present viii-xiv and after clitellum. Unpigmented/whitish, clitellum slightly pink.
Ovipores in b 7 mm apart on xiv; male pores 6.7 mm apart on xvii within paired oval
dimpled porophores; clitellum saddle to just above b, xv-xxii (Figures 6.1c and 6.1d).
Nephropores near ab line.
161

Figure 6.1 - New species of Glossoscolex. a,b. Glossoscolex (Glossoscolex)


knapperae n. sp. c,d. Glossoscolex (Glossoscolex) pastivus n. sp.
e,f. Glossoscolex (Glossoscolex) pampas n. sp. FM = female pores;
MP = male pores.
162

Septa 5/6 thin, 6/7-10/11 equally thick and, muscular, septum 11/12 absent.
Alimentary canal with large cylindrical gizzard in vi; esophagus with high lamellae in
chevron pattern vii-ix, valvular in xiv, intestinal origin xv; typhlosole origin xvi-xxviii
simple lamina, xix-xxviii, zig-zag with ventral edge bent over to form pockets, after
xxix becoming triple lamina. Calciferous glands paired xii, under seminal vesicles,
composite-tubular type, oval, pedunculated; blood vessels to gland include large
branch of dorsal vessel to approximate center of each gland. Holonephric, vesiculate;
ducts to body wall near level of b.
Vascular system with ventral trunk, single dorsal trunk, lateral vessels in vii-ix,
latero-esophageal hearts in x-xi, last pair (xi) enclosed in test sac. Extra-esophageal
vessel from pharyngeal glands, along ventral-lateral face of gizzard, esophagus back
to calciferous glands; supraesophageal vessel in x-xi.
Ovaries, ovarian funnels free in xiii; spermathecae absent. Male sexual system
metandric, testes and funnels in single midventral subesophageal sac in xi; medial to
hearts of xi pass narrow tubes to seminal vesicles; seminal vesicles expanded in xii,
penetrate septa and range posteriorly along intestine to xvii-xviii; seminal vesicles
lobulated occupying xi to xvii (surrounding testes sacs in xi); vasa deferentia long,
looped from xi, form dense zig-zag on body wall en route to front face of flattened
short oval muscular copulatory bulbs, join bulbs in xvi, the with inner face of the bulbs
are quite flattened, bulbs extend over xvi-1/3 xix. Copulatory bulbs with thin muscular
outer layer, dense, delicate corrugated glandular inner surface with small lumen
leading to male pore at approximate center of bulb connection to body wall; many
thin muscle bands crossing transversly over bulbs.
Remarks. Glossoscolex (Glossoscolex) pastivus is similar to Glossoscolex (G.)
colonorum Michaelsen 1918. The differences between G. (G.) pastivus and G. (G.)
colonorum are as follows, with the characteristics of the latter in parentheses: length
126-134 mm (112-175 mm), number of segments 194-209 (175-323), setae
beginning in xxii (setae beginning in segment vii), seminal vesicles lobulated xxi-xxviii
(irregular stripes xxii-xvii), copulatory bulbs flattened short oval with flattened inner
face (globular flattened) (Table 6.1). Glossoscolex (G.) pativus belongs to the
truncatus group, defined in Michaelsen (1918) and Righi (1978).
Glossoscolex (Glossoscolex) pastivus corresponds to Glossoscolex n. sp. 4,
as cited in chapters 1 and 2 this thesis.
163

6.5.1.1.1.3 Glossoscolex (Glossoscolex) pampas n. sp. Bartz & James (Figures 6.1e
and 6.1f)

Holotype. COFM BRRS0031 one adult, cultivated pasture, Santa Maria, Rio
Grande do Sul, Brazil, 29° 43’ 05.32’’S 53° 42’ 25.19’’ W, 79 masl. 09 November
2010, G.P.K. Steffen & R.B. Steffen colls.
Paratype. COFM BRRS0032 one adult. Some locality as holotype.
Other material. COFM BRRS0034 two adults, native grassland, Uruguaiana,
Rio Grande do Sul, Brazil, 29° 49’ 15.8’’ S 57° 04’ 56.7’’ W, 59 masl. 08 Setember
2010, G.P.K. Steffen & R.B. Steffen colls. COFM BRRS0036 one adult, residential
lawn, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brazil, 29° 41’ 53.19’’ S 53° 45’ 20.57’’ W, 121
masl. 22 November 2009, G.P.K. Steffen & R.B. Steffen colls. COFM BRRS0037
three adults, black oats, Itaara, Rio Grande do Sul, Brazil, 29º 38’ 55.50’’ S 53º 44’
41.38’’ W, 438 masl. 02 March 2012, G.P.K. Steffen & R.B. Steffen colls. COFM
BRRS0035 one adult and three subadult, cultivated pasture, Santa Maria, Rio
Grande do Sul, Brazil, 29° 43’ 05.32’’ S 53° 42’ 25.19’’ W, 79 masl. 15 December
2012, G.P.K. Steffen & R.B. Steffen colls. COFM BRRS0033 two adults, cultivated
pasture, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brazil, 29° 43’ 05.32’’ S 53° 42’ 25.19’’ W,
79 masl. 03 October 2011, G.P.K. Steffen & R.B. Steffen colls.
Etymology. The species is named due its occurrence in cultivated pastures
and native grasslands and is the latin name for “campeiro”.
Description. Dimensions: Holotype - 176 mm by 7.0 mm at x, 8.0 mm at
clitellum, 6.5 mm at xl, 274 segments; paratype - 199 mm by 8.1 mm at x, 8.3 mm at
clitellum, 6.3 mm at xl, 268 segments. Body cylindrical. Setae closely paired
throughout; setal formula aa:ab:bc:cd = 4.9:0.1:1:0.1 at xxx, dd > 1/2 circumference
throughout. Setae quite visible before clitellum. Prostomium proepilobous, post-setal
secondary annulations present vii-xxiv and after clitellum. Unpigmented/withish.
Ovipores in ab in xiv. Male pores 3.8 mm apart on xvii within paired round papillae;
segment xvii much narrowed; clitellum saddle, xv-xxii (Figures 6.3a and 6.3b).
Nephropores just above b.
Septa 6/7-10/11 equally thick and muscular, septa 13/14/15/16 highly
expanded with a circumesophageal barrier to make a sac, knobby outside and fuzzy
164

inside. Alimentary canal with barrel shaped gizzard in vi; esophagus with high
chevron-patterned lamellae vii-xi, valvular in xiii, intestinal origin xiv; typhlosole origin
xiv, in xv-xix is very wavy simple lamina, xx-xxi zig-zag with ventral edge bent over to
form pockets, after xxii gradually becoming simple triple lamina. Calciferous glands
paired xii, egg shaped, anterior face flattened and attached to septum 11/12, short
pedunculated, composite-tubular type; blood vessels to gland include large branch of
dorsal vessel to approximate center of each gland. Holonephric, vesiculate; ducts to
body wall near level of b.
Vascular system with ventral trunk, single dorsal trunk, lateral vessels in vii-ix,
esophageal hearts in x-xi, last hearts enclosed in test sacs. Extra-esophageal vessel
from pharyngeal glands, along ventral-lateral face of gizzard, esophagus back to
calciferous glands; supraesophageal vessel in x-xi.
Ovaries, ovarian funnels free in xiii. Male sexual system metandric, testes and
funnels in single midventral subesophageal sac in xi; medial to hearts of xi pass
narrow tubes to seminal vesicles; seminal vesicle lobulated, like butterflies wings, in
xi-xii, surrounding testes sacs; vasa deferentia long, looped from xi, form dense zig-
zag on body wall en route to middle ventro-anterior face of muscular short oval
copulatory bulbs; bulbs extend over xv-xviii. Copulatory bulbs with thin muscular
outer layer, dense, delicate corrugated glandular inner surface with small lumen
leading to male pore at approximate center of bulb connection to body wall; no
transverse muscle bands crossing over bulbs, inner face of bulb attached to body
wall.
Remarks. Glossoscolex (Glossoscolex) pampas is similar to Glossoscolex (G.)
colonorum Michaelsen 1918. The differences between G. (G.) pampas and G. (G.)
colonorum are as follows, with the characteristics of the latter in parentheses: length
126-134 mm (112-175 mm), number of segments 176-199 (175-323), setae not
visible before clitellum (setae beginning in segment vii), seminal vesicles lobulated xi-
xii (irregular stripes xxii-xvii), copulatory bulbs short oval (globular flattened). G. (G.)
pampas is also very similar to G. (G.) pastivus, the differences are in the extension of
the seminal vesicles xi-xii (xxi- xxviii), extension of the typhlosole pocket part xx-xxi
(xix-xxviii), and specially the form of the male pores round papillae (oval dimples
porophores) (Table 6.1). Glossoscolex (G.) pampas belongs to the truncatus group,
defined in Michaelsen (1918) and Righi (1978).
165

Glossoscolex (Glossoscolex) pampas corresponds to Glossoscolex n. sp. 2,


as cited in chapters 1, 2 and 3 this thesis.

6.5.1.1.1.4 Glossoscolex (Glossoscolex) riograndensis n. sp. Bartz & James (Figures


6.2a and 6.2b)

Holotype. COFM BRRS0038 one adult, fragment of native forest, Rosário do


Sul, Rio Grande do Sul, Brazil, 30º 02’ 07,7’’ S 54º 34’ 51,8’’ W, 105 masl. 09
November 2011, G.P.K. Steffen & R.B. Steffen colls.
Paratype. COFM BRRS0039 one adult. Some locality as holotype.
Other material. COFM BRRS0040 one adult and 2 subadults, fragment of
native forest, Rosário do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil, 30º 02’ 07,7’’ S 54º 34’ 51,8’’
W, 105 masl. 09 November 2011, G.P.K. Steffen & R.B. Steffen colls. COFM
BRRS0041 four adults and two subadults, fragment of native forest, Rosário do Sul,
Rio Grande do Sul, Brazil, 30º 02’ 07,7’’ S 54º 34’ 51,8’’ W, 174 masl. 09 November
2009, G.P.K. Steffen & R.B. Steffen colls. COFM BRRS0042 four adults and two
subadults, black acacia plantation, Rosário do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil, 30º 05’
50,7’’ S 54º 37’ 53,4’’ W, 151 masl. 09 November 2009, G.P.K. Steffen & R.B.
Steffen colls.
Etymology. The species is named due its occurrence at the State of Rio
Grande do Sul, Brazil.
Description. Dimensions: Holotype - 54 mm by 3.7 mm at x, 4.0 mm at
clitellum, 3.5 mm at xl, 195 segments; paratype - 53 mm by 4.1 mm at x, 4.2 mm at
clitellum, 3.7 mm at xl, 125 segments. Body cylindrical. Setae closely paired
throughout; setal formula aa:ab:bc:cd = 2.7:0.1:0.3:0.1 at xxx, dd > 1/2 circumference
throughout. Setae not visible before clitellum. Prostomium prolobous.
Unpigmented/whitish. Ovipores in a in xiv. Male pores 2.8 mm apart on xvii within
paired round elevations (like a mound); clitellum saddle, xv-xxiii (Figures 6.2a and
6.2b). Nephropores just above b.
Septa 6/7-10/11 equally thick and muscular. Alimentary canal with barrel
shaped gizzard in vi; esophagus with high chevron-patterned lamellae vii-xi, valvular
166

in xii, intestinal origin xiii; typhlosole origin xiii, in xiii-xxv zig-zag with ventral edge
bent over to form pockets, xxvi-xlii straight lamina in Z form occupying half of the
diameter of the intestine, after xliii gradually becoming simple S form lamina.
Calciferous glands paired xii, heart shaped, pedunculated, composite-tubular type;
blood vessels to gland include large branch of dorsal vessel to approximate center of
each gland. Holonephric, vesiculate; ducts to body wall near level of c.
Vascular system with ventral trunk, single dorsal trunk, lateral vessels in vii-ix,
esophageal hearts in x-xi. Extra-esophageal vessel from pharyngeal glands, along
ventral-lateral face of gizzard, esophagus back to calciferous glands;
supraesophageal vessel in x-xi.
Ovaries, ovarian funnels free in xiii. Male sexual system metandric, testes and
funnels in U shaped sac in xii projected to-xiii; medial to hearts of xii pass narrow
tubes to seminal vesicles; seminal vesicles tubular while passing through xii-xiii, in xii
the edges of the seminal vesicles are connected to the testes sacs and in xii passing
under testes sacs, after xiii seminal vesicle tubular with lobulated edges ranging
posteriorly along intestine farther than lxii; vasa deferentia long, looped from seminal
vesicles in xii, form dense zig-zag on body wall en route to middle-anterior face of
muscular round, slightly oval copulatory bulbs; bulbs extend over xvi-xviii. Copulatory
bulbs with thin muscular outer layer, dense, delicate corrugated glandular inner
surface with small lumen leading to male pore at approximate center of bulb
connection to body wall; no transverse muscle bands crossing over bulbs, under face
of bulb attached to body wall.
Remarks. Glossoscolex (Glossoscolex) riograndensis is similar to
Glossoscolex (G.) uruguayensis uruguayensis Cordero 1943. The differences
between G. (G.) riograndensis and G. (G.) uruguayensis uruguayensis are as
follows, with the characteristics of the latter in parentheses: length 53-54 mm (170-
221 mm), number of segments 125-195 (230-285), clitellum extension xv-xxiii (xv-
xxii), test sacs U shaped sac in xii-xiii (U shaped in xi), seminal vesicles big tubular
with lobulated edges until lxii (big lobulated until xiv), copulatory bulbs round, slightly
oval (big oval) (Table 6.1). Glossoscolex (G.) riograndensis belongs to the truncatus
group, defined in Michaelsen (1918) and Righi (1978).
Glossoscolex (Glossoscolex) riograndensis corresponds to Glossoscolex n.
sp. 1, as cited in chapters 1, 2 and 3 this thesis.
167

Figure 6.2 - New species of Glossoscolex. a,b. Glossoscolex (Glossoscolex)


riograndensis n. sp. c,d. Glossoscolex (Glossoscolex) nativus n. sp.
e,f. Glossoscolex (Glossoscolex) parvus n. sp. FM = female pores;
MP = male pores.
168

6.5.1.1.1.5 Glossoscolex (Glossoscolex) nativus n. sp. Bartz & James (Figures 6.2c
and 6.2d)

Holotype. COFM BRRS0043 one adult, native grassland, Santana do


Livramento, Rio Grande do Sul, Brazil, 29º 46’ 23,1’’ S 54º 05’ 43,1’’ W, 181 masl. 19
August 2010, M.P. Pontelli coll.
Paratype. COFM BRRS0044 one adult. Some locality as holotype.
Etymology. The species is named from latin for “native”, a native species from
the State of Rio Grande do Sul, Brazil.
Description. Dimensions: Holotype - 48 mm by 3.2 mm at x, 4.0 mm at
clitellum, 3.8 mm at xl, 169 segments; paratype - 53 mm by 4.1 mm at x, 4.2 mm at
clitellum, 3.7 mm at xl, 180 segments. Body cylindrical. Setae closely paired
throughout; setal formula aa:ab:bc:cd = 2.6:0.1:0.4:0.1 at xxx, dd > 1/2 circumference
throughout. Setae not visible before clitellum. Prostomium prolobous. Unpigmented.
Ovipores almost invisible, in ab. Male pores 1.9 mm apart on xvii within paired round
elevations (like a mound); clitellum saddle, ½ xiv-½ xxv in the dorsal face, ventral xv-
½ xxv (Figures 6.2c and 6.2d). Nephropores after clitellum in line of b.
Septa 6/7-10/11 equally thick and muscular. Alimentary canal with barrel
shaped gizzard in vi; esophagus with high chevron-patterned lamellae vii-xi, valvular
in xii, intestinal origin xiii; typhlosole origin xiii, in xiii-xxvii zig-zag with ventral edge
bent over to form pockets, after xxviii simple wavy lamina. Calciferous glands paired
xii, flat bean shaped, pedunculated, composite-tubular type; blood vessels to gland
include large branch of dorsal vessel to approximate center of each gland.
Holonephric, vesiculate; ducts to body wall near level of b.
Vascular system with ventral trunk, single dorsal trunk, lateral vessels in vii-ix,
esophageal hearts in x-xi. Extra-esophageal vessel from pharyngeal glands, along
ventral-lateral face of gizzard, esophagus back to calciferous glands;
supraesophageal vessel in x-xi.
Ovaries, ovarian funnels free in xiii. Male sexual system metandric, testes and
funnels in U shaped sac in xii projected to xiii; medial to hearts of xii pass narrow
tubes to seminal vesicles; seminal vesicle tubular with lobulated edges pass through
xi-xii range posteriorly along intestine farther than lxxiv; vasa deferentia long, looped
169

from seminal vesicles in xii, form dense zig-zag on body wall en route to middle-
anterior face of muscular round copulatory bulbs; bulbs extend over xvi-xviii.
Copulatory bulbs with thin muscular outer layer, dense, delicate corrugated glandular
inner surface with small lumen leading to male pore at approximate center of bulb
connection to body wall; transverse muscle bands crossing over bulbs on the anterior
and posterior faces.
Remarks. Glossoscolex (Glossoscolex) nativus is similar to Glossoscolex (G.)
uruguayensis uruguayensis Cordero 1943. The differences between G. (G.)
riograndensis and G. (G.) uruguayensis uruguayensis are as follows, with the
characteristics of the latter in parentheses: length 48-53 mm (170-221 mm), number
of segments 169-180 (230-285), clitellum extension ½ xiv- ½ xxv (xv-xxii), test sacs U
shaped sac in xii-xiii (U shaped in xi), seminal vesicles big tubular with lobulated
edges until lxxiv (big lobulated until xiv), copulatory bulbs round (big oval). G. (G.)
nativus is very similar to G. (G.) riograndensis, the differences are the clitellum
extension ½ xiv-xv (xv-xxii), seminal vesicle extension xii- lxii (xi- xiv) (Table 6.1).
Glossoscolex (G.) nativus belongs to the truncatus group, defined in Michaelsen
(1918) and Righi (1978).
Glossoscolex (Glossoscolex) nativus corresponds to Glossoscolex n. sp. 6, as
cited in chapters 1, 2 and 3 this thesis.

6.5.1.1.1.6 Glossoscolex (Glossoscolex) parvus n. sp. Bartz & James (Figures 6.2e
and 6.2f)

Holotype. COFM BRRS0045 one adult, fragment of native forest, Santa Maria,
Rio Grande do Sul, Brazil, 29º 39’ 44,89’’ S 53º 54’ 50,36’’ W, 276 masl. 26 October
2009, G.P.K. Steffen & R.B. Steffen colls.
Paratype. A - COFM BRRS0046 one adult. Some locality as holotype. B -
COFM BRRS0047 one subadult. Some locality as holotype.
Other material. COFM BRRS0048 one subadult, fragment of native forest,
Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brazil, 29º 39’ 44,89’’ S 53º 54’ 50,36’’ W, 276 masl.
26 October 2009, G.P.K. Steffen & R.B. Steffen colls.
170

Etymology. The species is named from Latin for “small”.


Description. Dimensions: Holotype - 31 mm by 3.5 mm at x, 3.8 mm at
clitellum, 3.8 mm at xl, 134 segments; paratypes: A - 33 mm by 3.0 mm at x, 3.7 mm
at clitellum, 3.5 mm at xl, 139 segments; B - 36 mm by 3.5 mm at x, 4.0 mm at
clitellum, 3.7 mm at xl, 116 segments. Body cylindrical. Setae closely paired
throughout; setal formula aa:ab:bc:cd:dd = 3.2:0.1:0.5:0.1:3.8. Setae commence in xi.
Prostomium prolobous. Unpigmented.whitish. Ovipores post setal, in a line. Male
pores 2.0 mm apart on xvii within paired round elevations (like a mound); clitellum
saddle, xv- xxiii (Figures 6.2e and 6.2f). Nephropores after clitellum in line of b.
Septa 6/7-10/11 equally thick and muscular. Alimentary canal with barrel
shaped gizzard in vi; esophagus with high chevron-patterned lamellae vii-xi, valvular
in xii, intestinal origin xiii; typhlosole origin xiii, in xiii-xxvi zig-zag with ventral edge
bent over to form pockets, after xxvii simple wavy lamina. Calciferous glands paired
xii, small heart shaped, pedunculated, composite-tubular type; blood vessels to gland
include large branch of dorsal vessel to approximate center of each gland.
Holonephric, vesiculate; ducts to body wall near level of b. Some nephridia in the
anterior segments (vi) full of sperm (or other highly iridescent material).
Vascular system with ventral trunk, single dorsal trunk, lateral vessels in vii-ix,
esophageal hearts in x-xi. Extra-esophageal vessel from pharyngeal glands, along
ventral-lateral face of gizzard, esophagus back to calciferous glands;
supraesophageal vessel in x-xi.
Ovaries, ovarian funnels free in xiii. Male sexual system metandric, testes and
funnels in U shaped sac in xii projected to xiii; medial to hearts of xii pass narrow
tubes to seminal vesicles; seminal vesicle tubular with lobulated edges pass through
xi-xii range posteriorly along intestine farther than lxxiv; vasa deferentia long, looped
from seminal vesicles in xii, form dense zig-zag on body wall en route to middle-
anterior face of muscular round copulatory bulbs; bulbs extend over xvi-xviii.
Copulatory bulbs with thin muscular outer layer, dense, delicate corrugated glandular
inner surface with small lumen leading to male pore at approximate center of bulb
connection to body wall; transverse muscle bands crossing over bulbs on the anterior
and posterior faces.
Remarks. Glossoscolex (Glossoscolex) parvus is similar to Glossoscolex (G.)
minor Zicsi & Czusdi 1999. The differences between G. (G.) parvus and G. (G.) minor
171

are as follows, with the characteristics of the latter in parentheses: length 31-36 mm
(22-45mm), number of segments 116-139 (198-231), clitellum saddle (annular),
clitellum extension xv- xxii (xiv-xxiii), test sacs U shaped sac in xii-xiii (unpaired in xi),
seminal vesicles big tubular with lobulated edges until lxxiv (band until l), copulatory
bulbs round (elongated). G. (G.) nativus is very similar to G. (G.) riograndensis, the
differences are the length 31-36 (53-54) and specially because the storage of sperm
in the anterior nephridia in G. G. parvus (Table 6.1). Glossoscolex (G.) parvus
belongs to the truncatus group, defined in Michaelsen (1918) and Righi (1978).
Glossoscolex (Glossoscolex) parvus corresponds to Glossoscolex n. sp. 5, as
cited in chapters 1 and 2 this thesis.
172

Table 6.1 - Comparison of characters of the new species (in bold) Glossoscolex (Glossoscolex), the type species for each genus and
subgenus and the species compared in the remarks. Genus, subgenus and species in bold are the new species described.
Genus and Male Calciferous Testes Septa Last Seminal Copulatory
Species Author Length Segments Setal ratio Clitellum
subgenus pore gland sacs 12/13/14 hearts vesicle bulbs
Glossoscolex Bartz & 8.8:0.3:1:0. annular, heart unpaired, developed, reniform,
knapperae - - xvii free absent
(Glossoscolex) James 2:6.8 xv-xxv shaped, xii xi united xv-xvii
tubular,
2.6:0.1:0.4: saddle, 1 pair, U
Glossoscolex Bartz & flat bean lobular round, xvi-
nativus 48-53 169-180 0.1, dd > 1/2 xv- xvii form, xii- simple free
(Glossoscolex) James shaped, xii edges, xviii
1/2 Ø 1/2 xxv xiii
xii-lxxiv
tubular,
2.7:0.1:0.3: 1 pair, U
Glossoscolex Bartz & saddle, heart lobular round, xvi-
riograndensis 53-54 125-195 0.1, dd > xvii form, xii- simple free
(Glossoscolex) James xv-xxiii shaped, xii edges, xviii
1/2 Ø xiii
xii-lxii
tubular,lo
round,
1 pair, U
Glossoscolex Bartz & 3.2:0.1:0.5: saddle, small heart bular slightly
parvus 31-36 116-139 xvii form, xii- simple free
(Glossoscolex) James 0.1:3.8 xv-xxiii shaped, xii edges, oval, xvi,
xiii
xii-lxii xviii
8.7:0.2:1:0. flattaned
Glossoscolex Bartz & 126- saddle, unpaired, lobulated,
pastivus 194-209 1, dd > 1/2 xvii oval, xii simple enclosed short oval,
(Glossoscolex) James 134 xv-xxii xi xi-xvii
Ø xvi-1/3 xix
4.9:0.1:1:0.
Glossoscolex Bartz & 176- saddle, egg unpaired, developed lobulated, short oval,
pampas 268-274 1, dd > 1/2 xvii enclosed
(Glossoscolex) James 199 xv-xii shaped, xii xi , united xi-xvii xv-xviii
Ø
aa = 2 ½ - irregular
Glossoscolex Michaelsen 112- saddle, unpaired, flattened
colonorum 175-323 3 1/2 bc, dd xvii oval, xi - - stripes,
(Glossoscolex) 1918 175 xv/xx,xxi xi globular
= ca.1/2 u. xii-xvii
Zicsi & band
Glossoscolex 30:1:10:1:5 annular, unpaired, elongated,
minor Csuzdi 24-45 198-231 xvii xi/xii - - shaped,
(Glossoscolex) 0 xiv-xxiii xi xiv-xix
1999 xi-50
tubular
Glossoscolex annular, 1 pair, U long oval,
truncatus Rosa 1895 80-160 200-300 - xvii xii - enclosed elongate,
(Glossoscolex) xvi-xxv form, xi xvii-xviii
xi,xii-xviii
big and
Glossoscolex uruguayensis Cordero 170- saddle, 1 pair, U big oval,
230-285 42:1:8:1:52 xvii oval, xii incomplete enclosed lobulated,
(Glossoscolex) uruguayensis 1943 221 xv-xxii form, xi xiv-xviii
xi-xiv
173

Table 6.2 - Soil chemical and textural attributes from some areas where the new species of Glossoscolex occur.

Soil characteristics
Specie COFM N° Locality in RS Vegetation Ca Mg Al Bases OM Clay S P K Cu Zn B
pH CEC -3 -3
cmolc dm % mg dm

G. (G.) knapperae 0028 Caçapava do Sul Native grassland 4.6 3.7 2.5 0.3 0.6 50 2.2 9 14.7 6 108 5.3 3.2 0.1

G. (G.) pastivus 0029; 0030 Santa Maria Cultivated pasture 4.9 8.0 5.2 2.2 0.4 55 2.8 18 - 8.4 60 - - -
0031; 0032;
G. (G.) pampas Uruguaiana Native grassland 4.8 12.2 7.3 2 2.8 49 1.1 30 8.6 3 32 4 1.8 0.1
0033; 0035
0038;0039; Fragment of
G. (G.) riograndensis Rosário do Sul 5.9 4.2 2.5 0.9 0 63 1.2 19 4.6 35.8 328 0.3 2.7 0.5
0040 native forest
Fragment of
G. (G.) riograndensis 0041 Rosário do Sul 5.4 8.7 6.2 1.7 0.1 64 5.5 18 10 76 268 0.2 10.3 0.2
native forest
Black acacia
G. (G.) riograndensis 0042 Rosário do Sul 4.8 2.3 0.9 0.4 0.8 28 1.5 14 7 6 80 0.4 2 0.2
plantation
Santana do
G. (G.) nativus 0043; 0044 Native grassland 5.1 1.6 0.7 0.5 0.2 38 0.8 8 11.4 3 68 1.3 1.4 0.3
Livramento
0045; 0046; Fragment of
G. (G.) parvus Santa Maria 4.9 3.8 2.3 0.7 0.6 36 2.8 14 12.6 5.3 60 0.3 1.5 0.4
0047; 0048 native forest
174

6.6 Conclusions

Six new species of Oligochaeta of the genus Glossoscolex were described:


Glossoscolex (Glossoscolex) knapperae n. sp., Glossoscolex (Glossoscolex) pastivus n.
sp., Glossoscolex (Glossoscolex) pampas n. sp., Glossoscolex (Glossoscolex)
riograndensis n. sp., Glossoscolex (Glossoscolex) nativus n. sp. and Glossoscolex
(Glossoscolex) parvus n. sp.
175

6.7 References

CORDERO, E. H. Oligoquetos sudamericanos de la familia Glossoscolecidae, 1. El


género Glossoscolex en el Uruguay, con una synopsis de las especies del grupo
truncatus. Comunicaciones Zoologicas del Museo de Historia Natural de
Montevideo, v. 1, n. 2, p. 1-9, 1943.

FRORIEP, L. F. Versammlung deutscher Naturforscher und Aerzte zu Bonn, im


September 1835. Notizen aus dem Gebiete der Natur- und Heilkunde, v. 46, p. 82-
96, 1835.

MICHAELSEN, W. Terricolen der Berliner Zoologischen Sammlung, II. Archiv für


Naturgeschiechte, Berlin, v. 58, p. 209-261, 1892.

MICHAELSEN, W. Organisation einiger neuer oder wennig bekannter Regenwürmer


von Westingen und Südmareka. Zoologiches Jahrbüchern, Abteilung für Anatomie
und. Ontogenie der Thiere, v. 10, p. 359-388, 1897.

MICHAELSEN, W. Oligochaeta. DasTierreich 10. Berlin, R. Frieländer and Sohn, 1-


575, 1900.

MICHAELSEN, W. Die Lumbriciden, mit besonderer Berücksichtigung der bisher als


Familie Glossosolecidae zusammengefassen Unterfamilien. Zoologisches
Jahrbücher, Abteilung für Systematik, Ökologie und Geographie der Tiere v. 41, p.
1-398, 1918.

OKEN, L. Versammlung der Naturforscher und Aerzte zu Bonn im September 1835.


Isis, v. 46, p. 757-808, 1835.

RIGHI, G. Sobre a Familia Glossoscolecidae (Oligochaeta) no Brasil. Arquivos de


Zoologia, v. 20, n. 1, p. 1-96, 1971.

RIGHI, G. Alguns Oligochaeta Megadrili da Argentina. Fave, v. 1, n. 3, p. 167-178,


1978.
176

RIGHI, G. Colombian earthworms. In: Studies on Tropical Andean Ecosystems Vol.


4, ed. T. van der Hammen, Cramer (Borntraeger), Berlin-Stuttgart, p. 485-607, 1995.

ROSA, D. Oligocheti terricoli (Inclusi quelli raccolti nel Paraguay dal Dr. Paul Jordan).
Bolletino dei Museo di Zoologia et Anatomia Comparata di Torino, v. 10, n. 204, p.
1-3, 1895.

TEDESCO, M. J. et al. Análises de solo, plantas e outros materiais. Porto Alegre:


Departamento de Solos, UFRGS, 1995, 174p.

ZICSI, A.; CSUZDI, C. Neue und bekannte Regenwürmer aus verschiedenen Teilen
Südamerikas. Senckenbergiana Biologica, v. 78, n. 1/2, p. 123-134, 1999.
177

7 CAPÍTULO V - EXTRAÇÃO DE MINHOCAS DO SOLO COM SOLUÇÃO ATÓXICA


ALTERNATIVA AO FORMALDEÍDO14

7.1 Resumo
Soluções contendo formaldeído em diferentes concentrações são os extratores
químicos mais utilizados na amostragem de minhocas, embora representem riscos
potenciais de contaminação ao homem e ao ambiente. O objetivo deste estudo foi
determinar a capacidade do extrato de cebola, uma solução de baixo custo e potencial
poluente, alternativa ao uso do formaldeído, na extração de minhocas do solo.
Primeiramente, foram comparadas soluções de extrato de cebola (Allium cepa L.) nas
concentrações de 25, 75, 125 e 175 g de cebola por litro de solução com a solução
padrão para extração de minhocas, formaldeído 0,5%, em solo argiloso pertencente à
classe dos Latossolos. Em uma segunda etapa, após a determinação da concentração
de extrato de cebola que apresentou capacidade comparável à solução padrão de
formaldeído na extração de minhocas do solo, realizou-se uma avaliação em solo
arenoso pertencente à classe dos Argissolos. Em solo argiloso, a solução de extrato de
cebola na concentração de 175 g L-1 apresentou capacidade semelhante ou superior à
solução de formaldeído 0,5% na extração de minhocas do solo. Em solo arenoso, não
foi observada diferença significativa na capacidade das soluções de formaldeído 0,5% e
extrato de cebola na concentração de 175 g L-1 na extração de minhocas adultas e na
biomassa fresca de minhocas. A solução de extrato de cebola apresentou capacidade
superior à solução de formaldeído no número total de minhocas extraídas do solo. A
solução contendo extrato de cebola na concentração de 175 g L-1 apresenta capacidade
semelhante à solução extratora padrão (formaldeído 0,5%) na extração de minhocas
em solos de textura argilosa e arenosa. O extrato de cebola pode ser uma alternativa
atóxica, eficiente e de baixo custo, alternativa à solução de formaldeído, para extração
de minhocas do solo.

Palavras-chave: Oligoquetas; extratores; Allium cepa L.

14
Trabalho aceito para publicação na Applied Soil Ecology.
178

7.2 Introdução

Em solos, a avaliação da densidade populacional e biomassa de minhocas pode


ser realizada por diferentes métodos de extração, sendo que a coleta manual e o uso
de soluções irritantes são frequentemente utilizados (RESSETTI et al., 2008). O
formaldeído é utilizado em métodos padrão (ISO 23611-1, 2002) de extração química,
por causa da sua elevada eficiência em expulsar minhocas do interior do solo. No
entanto, sua utilização como solução extratora tem sido questionada devido ao seu
potencial carcinogênico e destrutivo, representando riscos à saúde humana e do
ambiente. Por esta razão, buscam-se soluções eficientes para extração de minhocas do
solo, porém inofensivas ao homem e à vida animal e vegetal que habita os
ecossistemas.
A cebola (Allium cepa L.), assim como as demais espécies do gênero Allium,
caracteriza-se pelo seu teor de compostos sulfurados (SCHUNEMANN et al., 2006).
Quando os tecidos frescos da cebola são danificados por corte, trituramento ou
maceração, ocorre a destruição de milhões de células que liberam seu conteúdo. Os
compostos sulfurados 1-propenil-L-cisteína sulfóxido, através de uma reação enzimática
catalizada pela alinase, produzem inicialmente, ácidos sulfênicos (ácido 1-
propenilsulfênico, ácido pirúvico e amônia) (RANDLE; LANCASTER, 2002;
SCHUNEMANN et al., 2006; MUNIZ, 2007). Os ácidos sulfênicos são os intermediários
altamente reativos que produzem imediatamente tiossulfinatos por reação de
condensação (LANZOTTI, 2006). O ácido propenilsulfênico transforma-se
espontaneamente em propanotial-S-ácido, composto volátil reconhecidamente irritante
(RANDLE; LANCASTER, 2002; SCHUNEMANN et al., 2006). Possivelmente, estes
compostos ácidos presentes no interior das células da cebola sejam eficientes na
expulsão de minhocas do solo.
O objetivo deste trabalho foi determinar a capacidade do extrato de cebola na
extração de minhocas do solo.
179

7.3 Material e métodos

O estudo foi realizado em dois municípios do Estado do Rio Grande do Sul


(Santa Maria e Santo Cristo), em áreas com diferentes classes de solo (Argissolo e
Latossolo).
Para testar à eficiência na extração de minhocas, um estudo preliminar foi
realizado para definição das concentrações de extrato de cebola que seriam
posteriormente comparadas à solução considerada padrão pela ISO 23611-1 (2002),
formaldeído 0,5%. Neste ensaio, foram avaliadas as concentrações de 60, 80, 100, 170
e 200 g de cebola por litro de água, utilizando-se quatro repetições por tratamento, em
solo de textura arenosa (14% de argila) classificado como Argissolo Vermelho-amarelo,
localizado sob pomar de citros no município de Santa Maria (Figura 7.1 A).

A B

Foto: Gerusa Pauli Kist Steffen Foto: Gerusa Pauli Kist Steffen

Figura 7.1 - Locais onde foram conduzidos os experimentos. (A) Pomar de citros,
município de Santa Maria, RS e (B) Lavoura de milho, município de Santo
Cristo, RS.

No experimento seguinte, quatro soluções contendo diferentes concentrações de


extrato de cebola (25, 75, 125 e 175 g de cebola por litro de água) foram comparadas
com a solução de formaldeído a 0,5%, para testar sua eficiência na extração de
oligoquetas do solo. Este ensaio foi realizado em solo de textura argilosa (39% de
180

argila), em lavoura de milho, com 40 dias de implantação, cultivado em sistema de


plantio direto no município de Santo Cristo. O solo da área foi classificado como
Latossolo Vermelho de textura argilosa (Figura 7.1 B). O delineamento experimental
utilizado foi inteiramente casualizado com cinco tratamentos e seis repetições.
Posteriormente, comparou-se a viabilidade da solução de extrato de cebola que
apresentou maior eficiência na extração de minhocas do solo no ensaio anterior (175 g
de cebola por litro de água) com solução de formaldeído 0,5%. Esta avaliação foi
realizada no Argissolo sob pomar de citros no município de Santa Maria (Figura 7.1 B).
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com dois
tratamentos e seis repetições.
A solução de formaldeído 0,5% foi previamente preparada em laboratório por
meio da diluição de 20 mL de formaldeído (37%) em quatro litros de água. As soluções
contendo extrato de cebola foram preparadas momentos antes da sua aplicação no
solo, sendo utilizadas cebolas de coloração branca, variedade Nacional, as quais foram
descascadas e pesadas em lotes correspondentes a cada tratamento. Em seguida,
cada lote foi fragmentado em liquidificador juntamente com 500 mL de água, durante 60
segundos. Posteriormente, a solução foi filtrada em coador de tecido para retirada do
material vegetal e armazenada em recipientes plásticos com capacidade para 5 litros de
solução, completando-se o volume para quatro litros.
Os solos nos quais foram conduzidos os experimentos apresentaram as
seguintes características: Argissolo (140 g kg-1 de argila; 39 g kg-1 de matéria orgânica;
pH H2O = 6,0; P = 39 mg kg-1; K = 0,56 cmolc kg-1; Al = 0 cmolc kg-1; Ca+Mg = 7,60
cmolc kg-1) e Latossolo (390 g kg-1 de argila; 21 g kg-1 de matéria orgânica; pH H2O =
5,7; P = 4,5 mg kg-1; K = 0,72 cmolc kg-1; Al = 0 cmolc kg-1; Ca+Mg = 24,8 cmolc kg-1).
Em cada local analisado, foram amostrados seis pontos por tratamento, distantes
5 m entre si para evitar interferência na avaliação. Definido aleatoriamente o primeiro
ponto de coleta, foram retirados manualmente os resíduos orgânicos presentes na
superfície do solo e, em seguida, fixado um anel metálico de 0,5 m de diâmetro e 0,05
m de altura, totalizando uma área de 0,196 m2 (Figura 7.2). O anel foi fixado no solo a
uma profundidade de 1 cm.
181

Foto: Gerusa Pauli Kist Steffen

Figura 7.2 - Anel metálico utilizado na extração de minhocas do solo.

Na sequência, aplicou-se um volume total de quatro litros da solução extratora


correspondente ao ponto avaliado na área interna do anel metálico. Durante um período
de dez minutos após a completa infiltração da solução (TANCK et al., 2000; ZABORSKI,
2003), procedeu-se a coleta das minhocas expulsas do solo, as quais foram retiradas
com o auxílio de pinças e armazenadas em recipientes plásticos, previamente
identificados, contendo etanol 70%, para posterior determinação da densidade
populacional e biomassa de minhocas.
As minhocas foram transportadas para o laboratório, onde foi realizada a
contagem e pesagem dos organismos para determinação da densidade e biomassa
fresca de minhocas, respectivamente. Os dados de densidade populacional e biomassa
de minhocas foram transformados para área de um metro quadrado. Em seguida, foram
submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro,
com o auxílio do software SISVAR (FERREIRA, 2000).
Os resultados referentes ao número total de minhocas, minhocas adultas,
minhocas jovens e biomassa foram submetidos à análise de variância pelo teste F e as
médias foram comparadas por análise de variância de regressão, por meio do programa
SISVAR (FERREIRA, 2000), utilizando o nível de 5% de significância. Os valores de
número total, número de minhocas adultas e biomassa fresca de minhocas extraídas
em solo arenoso pelas soluções de formaldeído 0,5% e extrato de cebola na
182

concentração de 175 g L-1 também foram correlacionados através da análise de


correlação de Pearson, conforme metodologia descrita por Motta e Wagner (2003).
183

7.4 Resultados e discussão

No experimento preliminar conduzido para definição das concentrações de


extrato de cebola que seriam posteriormente comparadas à solução de formaldeído
0,5%, as soluções contendo 60, 80, 100, 170 e 200 g de cebola por litro de água
extraíram, em média, 19, 22, 27, 47 e 38 minhocas (jovens e adultas) por metro
quadrado, respectivamente. Estes resultados indicaram que, possivelmente, soluções
contendo concentrações iguais ou superiores a 200 g de cebola por litro de água não
proporcionariam aumento do número total de minhocas extraídas do solo. Resultados
similares foram obtidos por Chan e Munro (2001) ao avaliarem o uso de suspensão de
mostarda na extração de minhocas. Os autores observaram que a densidade de
minhocas extraídas do solo aumentou com a elevação da concentração da suspensão
de mostarda até determinado ponto, quando a capacidade da solução irritante começou
a diminuir.
Com base nos resultados obtidos no ensaio preliminar, definiram-se as
concentrações de extrato de cebola testadas no experimento seguinte: 25, 75, 125 e
175 g de cebola por litro de solução. A concentração de 175 g foi definida por ser
intermediária entre 150 (tratamento que apresentou maior eficiência na extração de
minhocas) e 200 g de cebola por litro de solução.
Comparando a solução de formaldeído 0,5% (solução padrão) com as soluções
contendo diferentes concentrações de extrato de cebola, observou-se que o extrato de
cebola apresenta potencial para ser utilizado na extração de minhocas do solo na
concentração de 175 g de cebola por litro de solução (Figura 7.3). Nessa concentração,
o extrato de cebola apresentou eficiência semelhante à solução de formaldeído na
extração de minhocas adultas e superior na extração de minhocas jovens presentes no
solo de textura argilosa (Figura 7.3).
Em relação ao número total e à biomassa fresca de minhocas extraídas do solo
pela aplicação das soluções com diferentes concentrações de extrato de cebola,
observou-se que à medida em que houve aumento da concentração de extrato de
184

cebola na solução, ocorreram aumentos no número total de minhocas expulsas do solo


e, consequentemente, nos valores de biomassa fresca de minhocas (Figura 7.4).

A B
16 Formaldeído 0,5%
50
-2

14

-2
Minhocas adultas, ind m

Minhocas jovens, ind m


12 40
Formaldeído 0,5%
10
30
8
y = 0,2615x - 0,7215
6 20 2
R = 0,98
2
4 y = 0,0003x + 0,0539x - 0,9577
2 10
2 R = 0,90

0 0
0 25 50 75 100 125 150 175 0 25 50 75 100 125 150 175
-1 -1
Concentração de extrato de cebola, g L Concentração de extrato de cebola, g L

Figura 7.3 – Número de minhocas adultas (A) e jovens (ind. m-2) (B) extraídas de solo
com textura argilosa pelo uso de formaldeído 0,5% e de soluções
contendo extrato de cebola nas concentrações de 25, 75, 125 e 175 g de
cebola por litro de solução. Média de seis repetições.

Soluções contendo extrato de cebola em concentrações inferiores a 175 g L-1 não


são recomendadas para extração de minhocas do solo, por apresentarem menor
capacidade de extração desses organismos, comparadas à solução de formaldeído
(Figuras 7.3 e 7.4).
Na literatura disponível, não há relatos sobre o uso de extrato de cebola como uma
alternativa ao formaldeído na extração de minhocas do solo. No entanto, outras
soluções já foram testadas, como a mostarda (Brassica alba L.) em diferentes formas
(pó ou líquida) (CHAN; MUNRO, 2001; GUNN, 1992; EAST; KNIGHT, 1998;
LAWRENCE; BOWERS, 2002; PELOSI et al., 2009), o ingrediente ativo da mostarda
Alil isotiocianato (AITC) (ZABORSKI, 2003; RESSETTI, 2006; ČOJA et al. (2008);
RESSETTI et al., 2008; PELOSI et al., 2009) e detergente doméstico (EAST; KNIGHT,
1998). Por causa da alta variabilidade nos resultados e ao baixo número de trabalhos
185

comparando a eficiência de mostarda e da solução de formaldeído em ambientes


diferentes ao redor do mundo, o uso de mostarda e de seus derivados ainda é limitado
e pouco aceito.

A B
70 18 Formaldeído 0,5%
Total de minhocas, ind m-2

-2
60 16

Biomassa de minhocas, g m
Formaldeído 0,5% 14
50
12 2
y = 0,0005x + 5E-05x - 0,1223
40 10 R2 = 0,99
30 8
y = 0,361x - 2,5624 6
20
2
R = 0,99 4
10 2
0 0
0 25 50 75 100 125 150 175 0 25 50 75 100 125 150 175
-1 -1
Concentração de extrato de cebola, g L Concentração de extrato de cebola, g L

Figura 7.4 – Número total (ind. m-2) (A) e biomassa fresca (g m-2) de minhocas (B)
extraídas de solo com textura argilosa pelo uso de formaldeído 0,5% e de
soluções contendo extrato de cebola nas concentrações de 25, 75, 125 e
175 g de cebola por litro de solução. Média de seis repetições.

Utilizando detergente (20 ml L-1) e mostarda (25 ml L-1) para extrair minhocas do
solo, East e knight (1998) observaram que a solução de mostarda foi tão eficiente
quanto o detergente na extração desses organismos. No entanto, apresenta a
desvantagem de ser mais cara e difícil de aplicar.
Ressetti et al. (2008) avaliaram a eficiência do reagente Alil isotiocianato (AITC),
fitocomplexo da mostarda sintetizado em laboratório, em relação à solução de
formaldeído 2,2 g L-1 na extração de minhocas em diferentes sistemas de uso do solo.
Os autores avaliaram a densidade populacional e biomassa de minhocas extraídas em
três sistemas: talhão de plantio direto, pastagem perene e mata subtropical no Estado
do Paraná. Os resultados variaram com a concentração da solução extratora (AITC nas
doses de 50, 100 e 150 mg L-1) e com o sistema avaliado. Embora a solução de
formaldeído tenha apresentado maior eficácia na extração de minhocas na pastagem
186

perene e na mata, os autores consideraram o AITC promissor na determinação de


densidade e biomassa de minhocas em áreas agrícolas manejadas em sistema de
plantio direto.
Na avaliação do extrato de cebola (175 g L-1) em relação à solução de
formaldeído 0,5%, verificou-se que não houve diferença significativa em relação ao
número de minhocas adultas extraídas pelas duas soluções em solo arenoso (Figura
7.5).

A B
45 a 60
a y = 0,8689x + 7,2291
40 2
50 R = 0,937
-2

35
Minhocas adultas, ind m

Formaldeído 0,5%

30 40
25
30
20

15 20
10
10
5

0 0
-1
Extrato de cebola 175 g L Formaldeído 0,5% 0 10 20 30 40 50 60
-1
Extrato de cebola 175 g L

Figura 7.5 – Minhocas adultas (ind. m-2) (A) e correlação entre o número de minhocas
adultas extraídas de solo arenoso pelo uso de formaldeído 0,5% e solução
contendo extrato de cebola na concentração 175 g de cebola por litro de
solução (B). Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo
teste de Tukey a 5% de significância. Média de seis repetições.

Čoja et al. (2008) determinaram o potencial de cinco métodos comuns para a


amostragem de minhocas do solo (triagem manual, soluções de formaldeído e AITC,
extração por calor no aparelho Kempson e aplicação de corrente elétrica). Os
resultados indicaram que a aplicação das soluções de formaldeído e AITC apresentou
menor eficiência, embora tenha proporcionado a extração de números elevados de
minhocas adultas. O maior número de indivíduos expulsos do solo foi verificado com o
187

uso do aparelho de Kempson, seguido pelo método de corrente elétrica e pela triagem
manual.
Em relação ao número total de minhocas expulsas do solo arenoso, observou-se
que a solução de formaldeído 0,5% foi significativamente inferior à solução contendo
extrato de cebola (175 g L-1). Foi obervada correlação significativa entre o número total
de minhocas extraídas pelas duas soluções extratoras, comprovando a eficiência da
cebola na extração destes organismos (Figura 7.6).

A B
80 80
y = 0,8928x - 15,53
a 2
70 70 R = 0,813
-2
Total de minhocas, ind m

60 60
b
Formaldeído 0,5%

50 50

40 40

30 30

20 20

10 10

0 0
-1
Extrato de cebola 175 g L Formaldeído 0,5% 0 10 20 30 40 50 60 70 80
-1
Extrato de cebola 175 g L

Figura 7.6 – Número total (ind. m-2) (A) e correlação entre o número total de minhocas
extraídas de solo arenoso pelo uso de formaldeído 0,5% e solução
contendo extrato de cebola na concentração 175 g de cebola por litro de
solução (B). Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo
teste de Tukey a 5% de significância. Média de seis repetições.

Analisando-se o tempo necessário para as minhocas emergirem à superfície do


solo após a aplicação da solução extratora, observou-se que a expulsão das minhocas
ocorre mais rapidamente após a aplicação da solução contendo extrato de cebola,
iniciando instantaneamente após a completa infiltração do volume aplicado, enquanto
que é necessário esperar, aproximadamente, um minuto após a aplicação de
formaldeído, para que as primeiras minhocas comecem a emergir do interior do solo.
188

Assim como para o número de minhocas adultas, não foi observada diferença
significativa entre a biomassa fresca de minhocas (g m-2) coletadas pelas soluções de
formaldeído 0,5% e extrato de cebola (175 g L-1), sendo extraídos em torno de 25 g de
minhocas m-2 de solo. A análise de correlação entre a biomassa fresca de minhocas
extraídas pelas duas soluções demonstrou ser significativa (Figura 7.7).

A B
30
40
a y = 1,3067x - 7,5507
a
-2

25 35 2
R = 0,892
Biomassa de minhocas, g m

Formaldeído 0,5% 30
20
25
15 20

10 15

10
5
5
0 0
-1
Extrato de cebola 175 g L Formaldeído 0,5% 0 10 20 30 40
-1
Extrato de cebola 175 g L

Figura 7.7 – Biomassa fresca de minhocas (g m-2) (A) e correlação entre a biomassa
fresca de minhocas extraídas de solo arenoso pelo uso de formaldeído
0,5% e solução contendo extrato de cebola na concentração 175g de
cebola por litro de solução (B). Médias seguidas pela mesma letra não
diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. Média de seis
repetições.

Ressetti (2006) avaliou a densidade populacional, biomassa e diversidade de


espécies de minhocas em ecossistemas de um ambiente urbano da Universidade
Federal do Paraná, visando determinar o impacto do processo de urbanização sobre a
população de minhocas. A extração de minhocas foi realizada por método químico,
utilizando-se solução de formaldeído a 0,22%. Foi verificada grande variação na
densidade populacional de minhocas, sendo encontradas 73, 44, 36, 23 e 17 indivíduos
por metro quadrado nos ecossistemas pastagem perene, plantação de manduirana
189

(Senna macranthera Collad.), bosque, gramado e pastagem cultivada, respectivamente.


Foram encontradas as espécies exóticas Metaphire californica Kinberg (1867),
Amynthas gracilis Kinberg (1867) e Pontoscolex corethrurus Müller (1857).
Em ambas as áreas onde os experimentos foram realizados, foram coletadas
apenas espécies exóticas do gênero Amynthas, que são comuns e abundantes em
ambientes alterados pelo homem. Minhocas desse gênero proporcionam aporte
contínuo de material orgânico na superfície do solo em agrossistemas manejados em
sistema de plantio direto ou preparo reduzido (BROWN et al., 2006).
No solo de textura argilosa (Latossolo Vermelho) cultivado com milho, a única
espécie encontrada foi A. gracilis Kinberg, enquanto que no solo de textura arenosa
(Argissolo Vermelho-amarelo) sob pomar de citros, além de A. gracilis foram coletados
indivíduos de A. corticis Kinberg. No Sul do Brasil e na maioria das regiões já avaliadas
no país, estas espécies encontram-se difundidas em elevadas densidades em solos
que sofreram interferência antrópica (BROWN et al., 2006).
Os resultados obtidos nesse estudo indicam que a solução de extrato de cebola
pode ser utilizada na extração de minhocas do solo, como alternativa ao formaldeído
(0,5%). No entanto, estudos adicionais em outros ecossistemas e países são
necessários a fim de confirmar estes resultados. Outra linha de pesquisa poderia
estudar os compostos químicos presentes no extrato de cebola, responsáveis pelos
efeitos irritantes em minhocas. O isolamento dos compostos sulfurados (1-propenil-L-
cisteína sulfóxido) e dos ácidos sulfênicos (ácido 1-propenilsulfênico e ácido pirúvico)
poderia resultar, futuramente, na sua produção em escala, possibilitando a substituição
do formaldeído por um composto menos tóxico para os seres humanos e para o
ambiente.
190

7.5 Conclusões

A solução contendo extrato de cebola na concentração de 175 g L-1 apresenta a


mesma capacidade que a solução extratora padrão (formaldeído 0,5%) para extração
de minhocas em solos de textura argilosa e arenosa.
O extrato de cebola pode ser uma alternativa atóxica, eficiente e de baixo custo,
alternativa à solução de formaldeído, para extração de minhocas do solo.
191

7.6 Referências bibliográficas

BROWN, G. G. et al. Exotic, peregrine, and invasive earthworms in Brazil: diversity,


distribution, and effects on soils and plants. Caribbean Journal of Science, Puerto
Rico, v. 42, n. 3, p. 339-358, Dec. 2006.

CHAN, K. Y.; MUNRO, K. Evaluating mustard extracts for earthworm sampling.


Pedobiologia, Berlin, v. 45, n. 3, p. 272-278, 2001.

ČOJA, T. et al. Efficacy and side effects of five sampling methods for soil earthworms
(Annelida, Lumbricidae). Ecotoxicology and Environmental Safety, Albany, v. 71, n.
2, p. 552-565, Oct. 2008.

EAST, D.; KNIGHT, D. Sampling soil earthworm populations using household detergent
and mustard. Journal of Biological Education, Wakefield, v. 32, n. 3, p. 201-206,
1998.

FERREIRA, D. F. Sistemas de análise estatística para dados balanceados. Lavras:


UFLA/DEX/SISVAR, 2000. 145 p.

GUNN, A. The use of mustard to estimate earthworm populations. Pedobiologia, Berlin,


v. 36, n. 2, p. 65-67, 1992.

ISO/WD (INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION) 23611-1. Soil


Quality – sampling of soil invertebrates. Part 1: hand-sorting and formalin extraction of
earthworms. Version 12. December, 2002. 18p.

LANZOTTI, V. The analysis of onion and garlic. Journal of Chromatography A.,


Amsterdam, v. 1112, n. 1-2, p. 3-22, Apr. 2006.

LAWRENCE, A. P.; BOWERS, M. A. A test of the “hot” mustard extraction method of


sampling earthworms. Soil Biology and Biochemistry, Brisbane, v. 34, n. 4, p. 549-
552, Apr. 2002.

MOTTA, V. T.; WAGNER, M. B. Bioestatística. Caxias do Sul: Educs, São Paulo: Robe
Editorial, 2003. 201p.
192

MUNIZ, L. B. Caracterização química, física e de compostos funcionais em


cebolas frescas e minimamente processadas. 2007. 160f. Dissertação de mestrado
em Nutrição Humana. Universidade de Brasília, Brasília.

PELOSI, C. et al. Earthworm collection from agricultural fields: Comparisons of selected


expellants in presence/absence of hand-sorting. European Journal of Soil Biology,
Braunschweig, v. 45, n. 2, p. 176-183, Mar./Apr. 2009.

RANDLE W. M; LANCASTER J. E. Sulphur compounds in Alliums in relation to flavour


quality. In: RABINOWITCH, H. D.; CURRAH, L. (Eds). Allium Crop Science: Recent
Advances, 2002. p. 330-350.

RESSETTI, R. R. Densidade populacional, biomassa e espécies de minhocas em


ecossistemas de áreas urbanas. Scientia Agraria, Curitiba, v. 7, n. 1-2, p. 61-66, 2006.

RESSETTI, R. R.; DIONÍSIO, J. A.; MOTTA, A. C. V. Comparação entre doses de Alil


isotiocianato e a solução de formaldeído na extração de minhocas. Bragantia,
Campinas, v. 67, n. 1, p. 25-33, 2008.

SCHUNEMANN, A. P. et al. Pungência e características químicas em bulbos de


genótipos de cebola (Allium cepa L.) cultivados no Alto Vale do Itajaí, SC, Brasil.
Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v. 12, n. 1, p. 77-80, jan./mar. 2006.

TANCK, B.; SANTOS, H. R.; DIONÍSIO, J. A. Influência de diferentes sistemas de uso e


manejo do solo sobre a flutuação populacional do Oligochaeta edáfico Amynthas spp.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 24, n. 2, p. 409-415, mar./abr. 2000.

ZABORSKI, E. R. Allyl isothiocyanate: na alternative chemical expellant for sampling


earthworms. Applied Soil Ecology, Amsterdam, v. 22, p. 87-95, Jan. 2003.
193

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS

Este trabalho contribuiu para o conhecimento da diversidade de minhocas em


ecossistemas naturais e antropizados do Estado do Rio Grande do Sul (RS) e
possibilitou a descoberta de novas espécies de minhocas. Desta forma, seria desejável
complementar estes estudos através da inclusão de novos pontos de amostragem e da
ampliação do número de ecossistemas e municípios avaliados, visando aumentar o
conhecimento da diversidade de oligoquetas no RS.
Poucas espécies de minhocas nativas do Brasil foram estudadas em relação à
sua ecologia. Neste sentido, estudos ecológicos das novas espécies, bem como das
demais espécies nativas encontradas no Estado, são importantes para revelar sua
distribuição e seu comportamento no ambiente, além da relação que apresentam com
outras espécies de minhocas e organismos edáficos.
As análises moleculares das minhocas coletadas no Estado representaram
avanços na genética molecular de oligoquetas e constatou-se a carência de
informações sobre as sequências nucleotídicas destes organismos em bancos de
dados públicos. Assim, há necessidade de realização de estudos complementares dos
ácidos nucléicos das espécies de minhocas presentes no Estado do RS. Para que as
ferramentas moleculares sejam mais utilizadas no processo de identificação de
minhocas, é fundamental que haja continuidade nos estudos de sistemática filogenética
e que estes sejam realizados com o maior número possível de espécies de minhocas.
Além disso, os dados obtidos devem ser disponibilizados em bancos de dados, para
que estejam acessíveis aos pesquisadores.
Estudos também poderão ser direcionados à multiplicação e manutenção de
espécies nativas em cativeiro, bem como ao entendimento da contribuição destas
espécies para a funcionalidade dos ecossistemas.
O estudo sobre a viabilidade de utilização da cebola como solução atóxica e
alternativa ao uso do formaldeído na extração de minhocas do solo demonstrou sua
capacidade como solução extratora. No entanto, faz-se necessário a aplicação desta
metodologia em outros locais. Além disso, outras plantas e extratos poderiam ser
194

avaliados, visando disponibilizar soluções extratoras de minhocas menos tóxicas do


que o formaldeído, reduzindo a contaminação de ecossistemas.
195

APÊNDICES
196

(continua)
APÊNDICE A – Tabela contendo informações sobre a localização, o tipo de ecossistema, o valor de pH e as espécies de
minhocas encontradas nos pontos amostrados no Estado do Rio Grande do Sul (Capítulos 1 e 2).

pH água
Ponto Município Ecossistema Localização geográfica Espécies encontradas
(1:1)
8 Rosário do Sul acácia negra 30° 05’ 50,70’’ S 54° 37’ 53,40’’ O 4,8 Glossoscolex n. sp. 1
60 Rosário do Sul acácia negra 30° 05’ 39,40’’ S 54° 37’ 48,90’’ O 4,2 juvenis de Glossoscolecidae
34 Santo Cristo bananeira 27° 50’ 49,26’’ S 54° 38’ 42,86’’ O 5,7 Urobenus brasiliensis
36 Santo Cristo banhado 27° 50’ 52,31’’ S 54° 38’ 43,08’’ O 4,9 Criodrilidae n. sp., Eukerria n. sp. 1
45 Santo Cristo beira de córrego 27° 50’ 55,73’’ S 54° 38’ 46,28’’O 5,2 Pontoscolex corethrurus, Amynthas gracilis
2 Santa Maria campo nativo 29° 45’ 49,60’’ S 53° 03’ 02,90’’ O 6,1 Glossoscolex sp.
13 Santa Maria campo nativo 29° 39’ 56,42’’ S 53° 55’ 02,79’’ O 4,6 A. gracilis
21 Caçapava do Sul campo nativo 29° 39’ 36,90’’ S 54° 30’ 09,50’’ O 4,6 Glossoscolex n. sp. 3
30 Nova Esperança do Sul campo nativo 29° 22’ 34,50’’ S 54° 46’ 04,70’’ O 5,8 Juvenis de Glossoscolecidae
47 Roque Gonzales campo nativo 28° 09’ 43,30’’ S 55° 00’ 22,90’’ O 5,2 Amynthas corticis
48 Roque Gonzales campo nativo 28° 09’ 43,30’’ S 55° 00’ 25,20’’ O 5,9 A. gracilis
53 Uruguaiana campo nativo 29° 49’ 15,80’’ S 57° 04’ 56,70’’ O 4,8 Glossoscolex n. sp. 2
12 Santana do Livramento campo nativo 30° 47’ 23,72” S 55° 22’ 08,77” O 5,1 Glossoscolex n. sp. 6
75 Caçapava do Sul campo nativo 29° 39’ 36,90’’ S 54° 30’ 09,50’’ O 5,1 U. brasiliensis
57 Alegrete campo nativo 29° 47’ 12,80’’ S 55° 43’ 43,20’’ O 4,6 P. corethrurus
67 Santiago campo nativo 29° 15’ 55,00’’ S 54° 49’ 26,00’’ O 4,6 A. gracilis
74 São Francisco de Assis campo nativo 29° 33’ 25,40’’ S 55° 08’ 56,97’’ O 4,7 P. corethrurus
1
49 Roque Gonzales deposição resíduos 28° 08’ 05,20’’ S 55° 01’ 34,60’’ O 7 A. gracilis
2
42 Santo Cristo esterqueira bovina 27° 50’ 52,92’’ S 54° 38’ 49,96’’ O 6,1 A. gracilis
3 Dilermando de Aguiar eucalipto 29° 46’ 23,10’’ S 54° 05’ 43,10’’ O 5,8 U. brasiliensis
4 Dilermando de Aguiar eucalipto 29° 54’ 56,50’’ S 54° 19’ 48,70’’ O 4,9 Juvenis de Glossoscolecidae
11 Vila Nova do Sul eucalipto 30° 20’ 23,80’’ S 53° 51’ 58,40’’ O 4,9 Juvenis de Glossoscolecidae
197

(continuação)
APÊNDICE A – Tabela contendo informações sobre a localização, o tipo de ecossistema, o valor de pH e as espécies de
minhocas encontradas nos pontos amostrados no Estado do Rio Grande do Sul (Capítulos 1 e 2).

pH água
Ponto Município Ecossistema Localização geográfica Espécies encontradas
(1:1)
20 Caçapava do Sul eucalipto 30° 54’ 37,96’’ S 53° 25’ 22,78’’ O 4,2 A. gracilis, U. brasiliensis
24 São Vicente do Sul eucalipto 29° 39’ 09,30’’ S 54° 40’ 36,70’’ O 5,9 A. gracilis
25 Jaguari eucalipto 29° 30’ 44,40’’ S 54° 40’ 34,50’’ O 5,2 P. corethrurus
56 São Sepé eucalipto 29° 49’ 52,10’’ S 53° 45’ 45,20’’ O 4,6 A. gracilis
58 Alegrete eucalipto 29° 52’ 20,20’’ S 55° 35’ 02,00’’ O 6,2 A. gracilis
62 São Vicente do Sul eucalipto 29° 38’ 58,90’’ S 54° 32’ 34,70’’ O 4,5 Glossoscolex n. sp. 1
73 Itaqui eucalipto 28° 55’ 12,20’’ S 56° 06’ 41,00’’ O 4,3 Microscolex dubius
5 Rosário do Sul frag. mata nativa 30° 02’ 07,70’’ S 54° 34’ 51,80’’ O 5,9 Glossoscolex n. sp. 1
6 Rosário do Sul frag. mata nativa 30° 02’ 07,70’’ S 54° 34’ 51,80’’ O 5,4 Glossoscolex n. sp. 1
7 Rosário do Sul frag. mata nativa 30° 02’ 07,70’’ S 54° 34’ 51,80’’ O 4,8 Glossoscolex sp.
14 Santa Maria frag. mata nativa 29° 39’ 54,50’’ S 53° 54’ 56,41’’ O 4,4 P. corethrurus
15 Santa Maria frag. mata nativa 29° 39’ 53,38’’ S 53° 54’ 55,35’’ O 4,3 A. gracilis, Metaphire californica
16 Santa Maria frag. mata nativa 29° 39’ 53,43’’ S 53° 54’ 55,28’’ O 4,3 A. gracilis, M. californica
17 Santa Maria frag. mata nativa 29° 39’ 43,58’’ S 53° 54’ 51,09’’ O 4,9 P. corethrurus
18 Santa Maria frag. mata nativa 29° 39’ 44,89’’ S 53° 54’ 50,36’’ O 4,9 Glossoscolex n. sp. 5
32 Santo Cristo frag. mata nativa 27° 50’ 49,77’’ S 54° 38’ 42,04’’ O 5,5 U. brasiliensis, A. corticis
33 Santo Cristo frag. mata nativa 27° 50’ 51,57’’ S 54° 38’ 41,07’’ O 5,7 U. brasiliensis, A. corticis
54 Caçapava do Sul frag. mata nativa 30° 31’ 33,80’’ S 53° 26’ 57,00’’ O 6,1 Glossoscolex sp.
59 Santa Maria frag. mata nativa 29° 59’ 15,40’’ S 54° 28’ 18,40’’ O 4,7 P. corethrurus
61 Rosário do Sul frag. mata nativa 30° 14’ 30,40’’ S 54° 54’ 12,50’’ O 4 Eukerria saltensis
64 Santiago frag. mata nativa 29° 15’ 47,10’’ S 54° 49’ 50,00’’ O 5,4 A. gracilis
65 Jaguari frag. mata nativa 29° 21’ 05,20’’ S 54° 45’ 20,60’’ O 5,4 juvenis de Glossoscolecidae
198

(continuação)
APÊNDICE A – Tabela contendo informações sobre a localização, o tipo de ecossistema, o valor de pH e as espécies de
minhocas encontradas nos pontos amostrados no Estado do Rio Grande do Sul (Capítulos 1 e 2).

pH água
Ponto Município Ecossistema Localização geográfica Espécies encontradas
(1:1)
Fimoscolex n. sp. 1, juvenil de
71 Maçambará frag. mata nativa 28° 41’ 31,00’’ S 55° 54’ 09,30’’ O 5,3
Glossoscolecidae
77 Itaara frag. mata nativa 29° 38’ 51,60’’ S 53° 44’ 44,55’’ O 5,1 U. brasiliensis
51 Santa Maria gramado residencial 29° 41’ 53,19’’ S 53° 45’ 20,57’’ O 5,4 Glossoscolex n. sp. 2
19 Tupanciretã lavoura de aveia 29° 55’ 30,42’’ S 53° 49’ 59,25’’ O 5,5 P. corethrurus, Glossoscolex sp.
27 Jaguari lavoura de milho 29° 28’ 22,50’’ S 54° 41’ 39,60’’ O 4,9 P. corethrurus
31 Santo Cristo lavoura de milho 27° 50’ 48,01’’ S 54° 38’ 42,98’’ O 5,9 A. gracilis
38 Santo Cristo lavoura de milho 27° 50’ 48,81’’ S 54° 38’ 44,93’’ O 5,7 A. gracilis
39 Santo Cristo lavoura de milho 27° 50’ 49,55’’ S 54° 38’ 46,86’’ O 5,6 A. gracilis
70 Júlio de Castilhos lavoura de soja 29° 03’ 15,80’’ S 53° 35’ 03,10’’ O 4,9 P. corethrurus, A. gracilis
9 São Gabriel lavoura de trigo 30° 22’ 11,60’’ S 54° 11’ 17,60’’ O 6 E. saltensis
46 Santa Rosa lavoura soja 27° 54’ 37,10’’ S 54° 32’ 49,30’’ O 5,5 A. gracilis
1 Santa Maria mata ciliar 29° 42’ 46,50’’ S 53° 56’ 06,50’’ O 6 U. brasiliensis
23 São Vicente do Sul mata ciliar 29° 39’ 09,30’’ S 54° 40’ 36,70’’ O 6,5 A. gracilis
Glossoscolex uruguayensis
28 Jaguari mata ciliar 29° 22’ 44,70’’ S 54° 44’ 49,40’’ O 5,3
uruguayensis
G. uruguayensis uruguayensis, A.
29 Jaguari mata ciliar 29° 22’ 44,70’’ S 54° 44’ 47,60’’ O 6,5
gracilis
55 Caçapava do Sul mata ciliar 30° 23’ 02,90’’ S 53° 30’ 37,30’’ O 6 P. corethrurus
66 Jaguari mata ciliar 29° 17’ 30,80’’ S 54° 51’ 23,90’’ O 6,5 M. californica
68 Santa Maria mata ciliar 29° 42’ 26,60” S 53° 46’ 11,40” O 7 U. brasiliensis
Parque Estadual do
72 Barra do Quaraí 30° 11’ 03,80’’ S 57° 29’ 43,60’’ O 7 U. brasiliensis, M. dubius, E. saltensis
Espinilho
37 Santo Cristo pastagem cultivada 27° 50’ 50,51’’ S 54° 38’ 43,95’’ O 5,5 A. gracilis
199

(conclusão)
APÊNDICE A – Tabela contendo informações sobre a localização, o tipo de ecossistema, o valor de pH e as espécies de
minhocas encontradas nos pontos amostrados no Estado do Rio Grande do Sul (Capítulos 1 e 2).

pH água
Ponto Município Ecossistema Localização geográfica Espécies encontradas
(1:1)
40 Santo Cristo pastagem cultivada 27° 50’ 51,32’’ S 54° 38’ 46,00’’ O 5,5 A. gracilis
41 Santo Cristo pastagem cultivada 27° 50’ 54,87’’ S 54° 38’ 44,22’’ O 5,1 A. gracilis
Glossoscolex n. sp. 2, Glossoscolex n.
44 Santa Maria pastagem cultivada 29° 43’ 05,32’’ S 53° 42’ 25,19’’ O 4,9
sp. 4, Ocnerodrilus sp., Eukerria n. sp. 1
50 Formigueiro pastagem cultivada 29° 56’ 45,00’’ S 53° 37’ 30,00’’ O 5,6 A. corticis
63 Santiago pastagem cultivada 29° 15’ 10,40’’ S 54° 51’ 54,04’’ O 4 A. corticis
76 Itaara pastagem cultivada 29° 38’ 55,50’’ S 53° 44’ 41,38’’ O 5,5 Glossoscolex n. sp. 2, Glossoscolex sp.
10 São Gabriel pinus 30° 21’ 09,40’’ S 54° 08’ 38,30’’ O 5,7 Aporrectodea trapezoides
26 Jaguari pinus 29° 28’ 22,50’’ S 54° 41’ 38,40’’ O 4,4 A. gracilis, P. corethrurus
Glossoscolex sp., Amynthas
52 Caçapava do Sul pinus 30° 54’ 35,44’’ S 53° 25’ 13,46’’ O 6,8
rodericensis
43 Santa Maria pomar de citros 29° 43’ 06,14’’ S 53° 42’ 30,36’’ O 5,2 A. gracilis
22 Mata várzea em pousio 29° 39’ 50,08’’ S 54° 29’ 37,05’’ O 4,9 Kerriona n. sp. 1
35 Santo Cristo várzea em pousio 27° 50’ 54,23’’ S 54° 38’ 42,42’’ O 4,9 Eukerria n. sp. 1
1
local de deposição de resíduos orgânicos domiciliares.
2
local de deposição de esterco sólido de bovinos.
200

(continua)
APÊNDICE B – Tabela contendo informações sobre os porcentuais de matéria orgânica (MO) e argila, textura, teores de
fósforo (Mehlich), potássio, cálcio e magnésio, soma de bases, CTCefetiva e CTCpH7,0 dos pontos amostrados
no Estado do Rio Grande do Sul (Capítulos 1 e 2).

MO Argila Fósforo Potássio Cálcio Magnésio SB


Ponto Textura -3 -3
CTCefetiva CTCpH7,0
(%) (mg dm ) (cmolc dm ) (%)
8 1,5 14 4 6 80 0,9 0,4 28
60 1,8 17 4 7,6 60 4,6 1,2 49,1 7,3 12,1
34 2,1 36 3 4,5 276 20 3,9 88 24,6 28,1
36 2 38 3 5,3 124 16,2 3,7 75 21,2 27,1
45 1,9 12 4 76 112 4,5 0,7 66 5,6 8,3
2 2,1 15 4 26,9 88 2 1 67 3,2 4,8
13 1,6 17 4 4,5 88 0,9 0,4 26 3,1 5,9
21 2,2 9 4 6 108 2,5 0,3 50 3,7 6,2
30 1,2 9 4 6 48 1,6 0,2 47 1,9 4,1
47 2,8 26 3 2,2 28 11,8 2,8 75 14,9 19,6
48 2,8 25 3 3,7 32 11,3 3,1 82 14,5 17,6
53 1,1 30 3 3 32 7,3 2 49,1 12,2 19,1
12 0,8 8 4 3 68 0,7 0,5 38,2 1,6 3,6
75 3,7 22 3 16,2 64 9,6 2,8 66,9 12,8 18,7
57 2,1 13 4 40,7 48 4,5 1,1 51 6,2 11,2
67 7,1 27 3 9,3 228 7,4 1,6 41 11,9 23,3
74 2,4 16 4 5,3 60 0,3 0,1 53 4,2 10,8
49 10,7 25 3 76 400 22,1 4,4 96 27,5 28,6
42 3,1 72 1 53,1 800 6,5 3,9 84 12,4 14,9
3 2,2 9 4 8,4 44 2,5 0,3 51 2,9 5,7
4 0,7 8 4 6 44 0,6 0,2 30 1,4 3,1
201

(continuação)
APÊNDICE B – Tabela contendo informações sobre os porcentuais de matéria orgânica (MO) e argila, textura, teores de
fósforo (Mehlich), potássio, cálcio e magnésio, soma de bases, CTCefetiva e CTCpH7,0 dos pontos amostrados
no Estado do Rio Grande do Sul (Capítulos 1 e 2).

MO Argila Fósforo Potássio Cálcio Magnésio SB


Ponto Textura -3 -3
CTCefetiva CTCpH7,0
(%) (mg dm ) (cmolc dm ) (%)
11 2,2 19 4 5,3 124 1,3 0,8 26 5,3 9,3
20 3,6 15 4 9,3 64 3,9 0,5 34 6,3 13,3
24 1,7 15 4 76 72 21,2 0,9 93 22,3 24
25 1,2 6 4 3,7 44 1,4 0,3 42 2,1 4,3
56 5,2 21 3 18,9 172 4 2,2 54,3 7,5 12,1
58 6,9 20 3 32,3 164 19,7 3,1 91,2 23,3 25,5
62 3,3 13 4 33,4 104 5,3 1,1 49,2 7,1 13,6
73 4,2 19 4 3,7 24 2,1 0,8 28,4 8,8 10,4
5 1,2 19 4 35,8 328 2,5 0,9 63 4,2 6,7
6 5,5 18 4 76 268 6,2 1,7 64 8,7 13,5
7 1,7 20 3 5,3 56 1,6 0,4 26 3,3 8,3
14 3,3 27 3 6 104 2,4 0,8 28 6,9 12,2
15 1,8 16 4 3,7 98 1,1 0,4 12 3,7 14
16 1,8 16 4 3,7 98 1,1 0,4 12 3,7 14
17 2,8 14 4 5,3 60 2,3 0,7 36 3,8 8,7
18 2,8 14 4 5,3 60 2,3 0,7 36 3,8 8,7
32 7,5 16 4 6,8 224 18,7 5,3 86 24,6 28,5
33 3 34 3 3 344 15,9 3,4 89 20,2 22,7
54 4,9 18 4 9,3 120 3,2 0,8 63,2 4,2 6,7
59 2,5 13 4 15,3 68 4 0,8 56,7 5,4 8,9
61 3,4 53 2 16,2 64 13,6 5,1 40,8 26,8 46,3
202

(continuação)
APÊNDICE B – Tabela contendo informações sobre os porcentuais de matéria orgânica (MO) e argila, textura, teores de
fósforo (Mehlich), potássio, cálcio e magnésio, soma de bases, CTCefetiva e CTCpH7,0 dos pontos amostrados
no Estado do Rio Grande do Sul (Capítulos 1 e 2).

MO Argila Fósforo Potássio Cálcio Magnésio SB


Ponto Textura -3 -3
CTCefetiva CTCpH7,0
(%) (mg dm ) (cmolc dm ) (%)
64 4,2 18 4 12,6 376 17,3 3,4 86 21,8 25,2
65 3,7 35 3 2,2 184 9,5 1,9 77,3 12 15,4
71 2,8 43 4 8,6 68 7,3 2,1 57,7 8 13,8
77 2,9 31 4 17,4 96 13,6 3,2 85,4 4,9 11,3
51 1,3 14 4 62,8 96 3,3 0,9 66,6 4,6 6,7
19 1 21 3 18,9 144 2,3 0,8 58 3,5 6
27 1,6 25 3 7,6 32 3,1 1 43 5,7 9,7
31 2,3 48 2 15,3 280 20,9 3,9 90 25,5 28,3
38 2,1 36 3 4,5 276 20 3,9 88 24,6 28,1
39 2,0 38 3 4,5 276 22 3,7 85 24,6 28,1
70 2,7 18 3 17,5 158 5,3 2,4 55,2 3,2 8
9 2,1 30 3 57,8 212 5,4 2,6 80 8,5 10,7
46 1,7 85 1 4,5 168 3,6 1,3 64 5,3 8,4
1 3,9 14 4 37 220 5,7 1,9 80 8,2 10,2
23 3,6 9 4 76 168 13,8 1,1 94 15,3 16,4
28 1,6 14 4 6 120 4,7 1,2 71 6,3 8,7
29 4,4 9 4 18,9 224 12,5 0,6 92 13,7 14,8
55 2,7 10 4 23,8 60 8,6 2,1 86,6 10,9 12,6
66 3,9 21 3 12,6 172 21,5 2,1 92,3 24,1 26,1
68 3,8 15 4 44 194 6,1 1,7 76 9,6 10,8
72 1,1 19 2 1,5 28 7,1 1,7 84,7 9,6 16,4
203

(conclusão)
APÊNDICE B – Tabela contendo informações sobre os porcentuais de matéria orgânica (MO) e argila, textura, teores de
fósforo (Mehlich), potássio, cálcio e magnésio, soma de bases, CTCefetiva e CTCpH7,0 dos pontos amostrados
no Estado do Rio Grande do Sul (Capítulos 1 e 2).

MO Argila Fósforo Potássio Cálcio Magnésio SB


Ponto Textura -3 -3
CTCefetiva CTCpH7,0
(%) (mg dm ) (cmolc dm ) (%)
37 3 39 3 4,5 264 16,6 3,4 85 20,7 24,2
40 3 39 3 4,5 264 16,6 3,4 85 20,7 24,2
41 2,9 26 3 0,7 32 6,7 3,9 66 11,6 16,2
44 2,8 18 4 8,4 60 5,2 2,2 55,2 8 13,8
50 4,9 12 4 76 200 7,1 1,5 70 9,1 13
63 3,1 31 3 4,5 48 0,7 0,5 5,4 6 23,1
76 4,7 17 4 9,8 126 3,3 0,9 66,3 4,1 7,6
10 2,8 13 4 46 108 2,9 0,9 59 4,1 6,9
26 1,9 24 3 2,2 16 1,4 0,1 15 5,5 10,2
52 0,3 27 3 142,3 28 3,3 0,4 86 3,8 4,4
43 1,2 13 4 76 96 3,1 0,7 48,1 4,1 8,4
22 19 32 3 7,6 82 7,5 2,3 56 15,3 11
35 2,3 51 2 1,5 76 15 3,5 68 19,6 27,4
204

APÊNDICE C – Sequências de nucleotídeos da região do gene mtDNA da subunidade I


da citocromo c oxidase (COI) de novas espécies de minhocas
coletadas no Estado do Rio Grande do Sul (Capítulo 3).

Fimoscolex n. sp. 1
gtgtgagccggaatactgggtgcaggaataaaactcttgattcgtattgaactaaggcagccaggggcattcttaggcagtgatcaactattataacaca
gtggttactgcgcatgcctttctaataatctttttcctagtaatgccagtatttattggcggatttggtaactgactccttccacttatacttggagccccggacata
gcattcccacgactaaataacttaagattttgattgctcccgccatccttaattttattagtgtcctcagctgcagtagaaaagggtgcaggaactggatgaa
ctgtatatcctcccttatcaagtaaccttgctcatgcgggcccctccgtaaatctagcaatcttctccctccatttagcgggtgcctcctctattttaggggccatt
aactttattacaactgtaatcaacatacgctgaaaaggtcttcaactagagcgcatcccactttttgtctgagcagtagtaattactgtggtactactactcct
atcactccctgttcta
Glossoscolex n. sp. 1
aacactatattttatcctgggggtttgagcaggaataattgggtcgggtataagactactaattcgtgtagaattaagacaacctggagcctttcttggaaga
gatcagctttataatacagtcgttacagctcacgcctttctaataatcttctttctagtaatgccagtctttattgggggcttcggaaactgacttctacctcttatat
taggcgccccagacatagcattccctcgactcaataatttaaggttttggcttttaccaccttcattaatcctcctagtttcatcagcagctgttgaaaaaggc
gccggtacaggatgaactgtttaccctccgctagctagaaatttagcgcatgccggcccatctgtagatctcgcaattttctcactccacttagctggggcct
catctattttaggggctattaactttattaccactgtaattaatatacgatgaaaggggcttcaactggaacgaattccactttttgtttgggcagtagtaattac
agttgttttacttcttctttcccttccagtactagcaggcgctattaccatactcctaacagaccgaaatttaaacacctcgttctttgatcccgctggtgggggg
gacccaatcctatatcaacatcttttc
Glossoscolex n. sp. 2
tagcatgtgtattttatcttaggagtttgagcaggtatagtaggagctggaataagtctattaatccgaattgaactaagtcaaccaggggcctttttaggca
gagaccagctttacaatacaattgtaactgctcatgcatttgtaataattttctttttagtaataccaatttttattggggggtttggtaactgattattaccactaat
attaggagcacctgatatagcatttcctcgactaaataacctaagattttgattattgcccccatctttaattttattggtatcttcggcagctgttgaaaagggtg
cagggacaggttgaactgtttaccctcccttagctagaaatctagcacatgcgggcccttcagtaaatctagcaattttttctcttcatttagcaggagcttcat
caattttaggtgcaattaattttatcacaactgtaattaatatacgttgacaaggattacgattagaacgaatacctctgtttgtatgagcagtagtaattaccgt
tgtactattacttttgtctcttccagttttagcaggagctattacaagttactaacagatcgtaatcttaatacttcgtttttcgaccctgctgggggtggaga
Glossoscolex n. sp. 6
aactctatatttcattttaggcgtatgagccggaataattggggcggggataagattattaattcgaattgaattaagacagccaggagcatttttaggaag
agatcaactatataatactgttgtaactgctcatgcatttctaataattttctttctagtaataccagtttttatcggcggttttggaaattgacttctacccataatac
ttggagcacctgatatagcctttccacgactaaataacctgagcttttgattactacctccatctctaattctgctagtatcctcagcaactgtagaaaagggg
gcaggaactggatgaacagtttatccacccctagcaagaaaccttgcacatgctggaccgtctgttgatttagcaattttctcccttcacttagcaggagcc
tcatctattttaggagctattaactttattacaactgtaattaatatacgatgaaaaggtctacaactagagcgaattcctctatttgtctgagctgtagtaattac
tgttattttacttctattgtcactaccagtccttgcaggagcaatcactatactattaacagatcgaaatcttaatacatcattttttgatcctgccggcggagg
Eukerria n. sp. 1
aacactatatttcattctaggagtatgagctggaataattggggccgggataagtttattaattcgaattgaattaagacaaccgggggcattcttaggaag
tgaccaactatataatacaattgttacagcacatgcgttccttataatcttttttttagttataccagtgtttattggtggcttcggaaactgacttttacctctaatgc
ttggggcaccagatatagcattcccgcgactcaacaacataagattctggcttctcccaccgtcactaattctactagtgtcttcagcggcagtagaaaag
ggagctggaaccggatgaactgtttaccctccccttgcaagtaatatagcacacgccggcccgtcagtagacctagcaatcttttccttacacctagctgg
tgcatcatcaattttaggggcgatcaatttcattactacagtaattaatatacgatgaaacggcctacgattagaacgaatccccctatttgtatgagccgta
gtaatcactgtagtgcttcttcttttatcacttcctgtactagctggagcaattactatacttttaacagaccgaaatctaaacacctcattctttgatcctgcgggt
ggtggagatccagtattataccaacatctgttc
Criodrilidae n. sp. 1
ttgtcggtgtggccgggaatagttggtgcctgaataatactcctggtgcgtttttaggcggaggccaagcatataacactatttactagagcacgtccttcat
cataattattttccttgtcatgcctgtaatcattggtggctttgggaaacggctactcccgctaatattggtgcccgatataacatttccgcgtcttaataacctaa
cattttgacttctaccaccataactaatcttacttgtctcatcaacagcggcataaaaaggagctgaaacaggatgaactgtatacccgccattaaccaga
aacctagcccatgctggggcgtcagtcgacttagctattttctctctctaccttgctggggtatcttcaattttaggtgctattaacttcatcacgactgtaattaa
catacgactgtaattaacatacaatgaagaggcctacgtctagagcgaattcctctatttgtgtggggcgtaata
205

ANEXOS
206

ANEXO A – Médias de temperatura mínima e máxima para o Estado do Rio Grande do Sul. Fonte: CEMETRS, 2011.
207

ANEXO B – Temperatura média anual e precipitação pluviométrica média para o Estado do Rio Grande do Sul. Fonte:
CEMETRS, 2011.
208

ANEXO C – Médias de umidade relativa do ar e radiação solar anual para o Estado do Rio Grande do Sul. Fonte:
CEMETRS, 2011.

Você também pode gostar