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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

Igor da Silva Knierin

PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ESTUDO INTEGRATIVO DO


RISCO DE INUNDAÇÕES: UMA APLICAÇÃO NOS MUNICÍPIOS DE
TAQUARA E PAROBÉ, RS/BRASIL

Santa Maria, RS
2022
Igor da Silva Knierin

PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ESTUDO INTEGRATIVO DO RISCO DE


INUNDAÇÕES: UMA APLICAÇÃO NOS MUNICÍPIOS DE TAQUARA E
PAROBÉ, RS/BRASIL

Tese apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Geografia (PPGGEO), da
Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM, RS), como requisito parcial para a
obtenção do título de Doutor em
Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Luís Eduardo de Souza Robaina

Santa Maria, RS
2022
Knierin, Igor da Silva
PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ESTUDO INTEGRATIVO DO
RISCO DE INUNDAÇÕES: UMA APLICAÇÃO NOS MUNICÍPIOS DE
TAQUARA E PAROBÉ, RS/BRASIL / Igor da Silva Knierin.-
2022.
245 p.; 30 cm

Orientador: Luís Eduardo de Souza Robaina


Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa
Maria, Centro de Ciências Naturais e Exatas, Programa de
Pós-Graduação em Geografia, RS, 2022

1. Desastre 2. Risco 3. Vulnerabilidade 4. Inundação


5. Rio Paranhana I. Robaina, Luís Eduardo de Souza II.
Título.

Sistema de geração automática de ficha catalográfica da UFSM. Dados fornecidos pelo


autor(a). Sob supervisão da Direção da Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca
Central. Bibliotecária responsável Paula Schoenfeldt Patta CRB 10/1728.

Declaro, IGOR DA SILVA KNIERIN, para os devidos fins e sob as penas da


lei, que a pesquisa constante neste trabalho de conclusão de curso
(Tese) foi por mim elaborada e que as informações necessárias objeto de
consulta em literatura e outras fontes estão devidamente referenciadas.
Declaro, ainda, que este trabalho ou parte dele não foi apresentado
anteriormente para obtenção de qualquer outro grau acadêmico, estando
ciente de que a inveracidade da presente declaração poderá resultar na
anulação da titulação pela Universidade, entre outras consequências
legais.
Igor da Silva Knierin

PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ESTUDO INTEGRATIVO DO RISCO DE


INUNDAÇÕES: UMA APLICAÇÃO NOS MUNICÍPIOS DE TAQUARA E
PAROBÉ, RS/BRASIL

Tese apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Geografia (PPGGEO), da
Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM, RS), como requisito parcial para a
obtenção do título de Doutor em
Geografia.

Aprovado em 30 de agosto de 2022:

________________________________________
Luís Eduardo de Souza Robaina, Dr. (UFSM)
(Presidente/Orientador)

________________________________________
Romario Trentin, Dr. (UFSM)

________________________________________
Alexander Josef Sá Tobias da Costa, Dr. (UERJ)

________________________________________
Marcos Antônio Mattedi, Dr. (FURB)

________________________________________
Mariana Madruga de Brito, Dra. (UFZ)

Santa Maria, RS
2022
AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Santa Maria.


Aos meus pais, Régis Freitas Knierin e Rita de Cássia da Silva (em lembrança),
aos quais dedico a presente pesquisa.
À minha madrinha, Andréa Freitas Knierin, e minha avó, Maria Helena
Canabarro da Silva, pelo incentivo.
Ao professor Dr. Luís Eduardo de Souza Robaina, pela orientação, incentivo e
amizade.
Aos professores Dr. Alexander Josef Sá Tobias da Costa, Dr. Marcos Antônio
Mattedi, Dra. Mariana Madruga de Brito e Dr. Romario Trentin, que aceitaram
contribuir e avaliar a presente pesquisa.
Aos professores Dr. Anderson Augusto Volpato Sccoti, Dra. Andrea Valli
Nummer, Dra. Mariana Madruga de Brito e Dr. Romario Trentin, pelas contribuições e
sugestões no exame de qualificação.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Geografia da
Universidade Federal de Santa Maria (PPGGEO/UFSM).
Às Defesas Civis Municipais de Taquara e Parobé, especialmente, à
colaboração de Roberto dos Santos Teixeira e Paulo Mello.
À Rádio Taquara, por disponibilizar acesso às informações publicadas sobre os
eventos de inundação.
Ao professor Dr. Romario Trentin, pela orientação e amizade.
À Rafaela Borges Locatelli, pelo incentivo e companheirismo.
Aos amigos. Mateus Rodrigues, Lucas Maurício Willecker e Daniela Feyh
Wagner, pelo apoio e amizade.
Aos amigos e colegas do Laboratório de Geologia Ambiental da Universidade
Federal de Santa Maria (LAGEOLAM/UFSM).
Aos amigos, equipe diretiva, colegas e alunos da Escola Municipal de Ensino
Fundamental Waldemar Carlos Jaeger (Sapiranga, RS).
Aos amigos e colegas dos cursos de graduação e pós-graduação em Geografia
da Universidade Federal de Santa Maria.
Por fim, agradeço a todos que, de alguma forma, contribuíram comigo e com o
desenvolvimento da presente pesquisa.
[...] [Nas] condições atuais, exige coragem, tanto no estudo
como na ação, a fim de tentar fornecer as bases de
reconstrução de um espaço geográfico que seja realmente o
espaço do homem, o espaço de toda a gente e não o espaço a
serviço do capital e de alguns
(SANTOS, 2012, p. 267).
RESUMO

TÍTULO: PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ESTUDO INTEGRATIVO DO


RISCO DE INUNDAÇÕES: UMA APLICAÇÃO NOS MUNICÍPIOS DE TAQUARA E
PAROBÉ, RS/BRASIL

AUTOR: IGOR DA SILVA KNIERIN


ORIENTADOR: LUÍS EDUARDO DE SOUZA ROBAINA

A presente tese aborda, como temática, o risco de inundação no baixo curso da bacia
hidrográfica do rio Paranhana nos municípios de Taquara e Parobé, localizados na Região
Metropolitana de Porto Alegre. No período entre 1975 e 2020, ocorreram 77 eventos de
inundação que ocasionaram danos e perdas aos sujeitos e seus ativos. No desenvolvimento
da pesquisa, evidenciaram-se dificuldades de disponibilidade de dados primários,
especialmente, quantitativos, que subsidiassem a análise da suscetibilidade, perigo e risco de
inundação. A partir desse contexto, o objetivo da pesquisa é desenvolver uma proposta
metodológica para o estudo integrativo do risco de inundação. Os procedimentos
metodológicos basearam-se em uma abordagem integrativa e participativa para análise
holística do risco. Os estudos iniciaram com o inventário de registro de eventos de inundação
para o período entre 1975 e 2020 e, com apoio dos técnicos das Defesas Civis Municipais e
da comunidade local, a partir da indicação das áreas de risco e entrevistas não estruturadas
durante a realização dos trabalhos de campo. Isso subsidiou a identificação das áreas
suscetíveis à inundação e, posteriormente, na validação da pesquisa. Para a análise das
áreas de perigo de inundação e vulnerabilidade, foi realizada a seleção de indicadores e
dimensões condicionantes. A análise e atribuição de pesos para as respectivas variáveis
foram estabelecidas com base na revisão da literatura, decisão multicritério com o Processo
Analítico Hierárquico e suporte do sistema de informação geográfica na integração de dados
quantitativos e qualitativos e definição de classes. De maneira abrangente e integrativa, a
análise conjunta do perigo e da vulnerabilidade resultaram na identificação das áreas de risco
e definição das classes de grau baixo, médio, alto e muito alto. Na área de estudo, os locais
suscetíveis à inundação abrangem aproximadamente 9,27 km² e estendem-se em 28 setores
censitários em Taquara e 16 em Parobé, de forma parcial ou integral. Nessas áreas, as
dinâmicas fluviais distinguem-se em processos de inundação do rio Paranhana, do arroio
Taquara e de afluentes do rio Paranhana. Dessa forma, as áreas de perigo, vulnerabilidade e
risco foram segmentadas em diferentes setores estabelecidos de acordo com as
características dos processos de inundação e as classes de perigo alto e muito alto,
vulnerabilidade baixa e alta e risco alto e muito alto foram as mais representativas. A
(re)produção do espaço na área de estudo é marcada pela instalação das ocupações junto
aos cursos d’água e, em muitos casos, por sujeitos com elevada vulnerabilidade. Isso
representa um processo de segregação residencial. Essa problemática retrata a falta de
planejamento e a desigualdade socioeconômica, originando, muitas vezes, uma cidade
informal. Diante disso, a pesquisa poderá ser utilizada pela administração pública no emprego
de práticas de gerenciamento de risco. Nas áreas de risco mais elevado, a colaboração de
múltiplos setores da sociedade é elementar para que o gerenciamento de risco atue na
prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação aos desastres.

Palavras-chave: Desastre. Risco. Vulnerabilidade. Inundação. Rio Paranhana.


ABSTRACT

TITLE: METHODOLOGICAL PROPOSAL FOR THE INTEGRATIVE STUDY OF


FLOOD RISK: AN APPLICATION IN THE MUNICIPALITIES OF TAQUARA AND
PAROBÉ, RS/BRAZIL

AUTHOR: IGOR DA SILVA KNIERIN


ADVISOR: LUÍS EDUARDO DE SOUZA ROBAINA

The present thesis addresses, as a theme, the risk of flooding in the lower course of the
Paranhana river basin in the municipalities of Taquara and Parobé, located in the Metropolitan
Region of Porto Alegre. In the period between 1975 and 2020, 77 flood events occurred that
caused damage and losses to subjects and their assets. During the development of the
research, it became evident that there were difficulties in the availability of primary data,
especially quantitative data that could subsidize the analysis of susceptibility, hazard, and risk
of flooding. From this context, the objective of this research is to develop a methodological
proposal for the integrative study of flood risk. The methodological procedures were based on
an integrative and participatory approach for holistic risk analysis. The studies started with the
inventory of flood event records for the period between 1975 and 2020, with the support of
Municipal Civil Defense technicians and the local community, based on the indication of risk
areas and non-structured interviews during the fieldworks. This subsidized the identification of
the areas susceptible to flooding and, later, the validation of the research. For the analysis of
the flood hazard and vulnerability areas, indicators and conditioning dimensions were selected.
The analysis and attribution of weights for the respective variables were established based on
the literature review, multicriteria decision with the Analytic Hierarchy Process and geographic
information system support in the integration of quantitative and qualitative data and class
definition. In a comprehensive and integrative manner, the joint analysis of hazard and
vulnerability resulted in the identification of risk areas and the definition of low, medium, high,
and very high degree classes. In the study area, the sites susceptible to flooding cover
approximately 9.27 km² and extend over 28 census sectors in Taquara and 16 in Parobé, either
partially or fully. In these areas, the fluvial dynamics are distinguished in processes of flooding
of the Paranhana River, the Taquara stream and tributaries of the Paranhana River. Thus, the
areas of hazard, vulnerability and risk were segmented into different sectors established
according to the characteristics of the flooding processes, and the classes of high and very
high hazard, low and high vulnerability, and high and very high risk were the most
representative. The (re)production of space in the study area is marked by the installation of
occupations near water courses and, in many cases, by subjects with high vulnerability. This
represents a process of residential segregation. This problem portrays the lack of planning and
socioeconomic inequality, often giving rise to an informal city. In view of this, the research can
be used by the public administration to employ risk management practices. In areas of higher
risk, the collaboration of multiple sectors of society is elementary for risk management to act
in the prevention, mitigation, preparedness, response, and recovery to disasters.

Keywords: Disaster. Risk. Vulnerability. Flood. Paranhana River.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Localização dos municípios de Taquara e Parobé e da bacia hidrográfica


do rio Paranhana ....................................................................................................... 29
Figura 2 – Regiões hidrográficas do Rio Grande do Sul e localização da bacia
hidrográfica do rio Paranhana ................................................................................... 34
Figura 3 – Tipologia climática do Rio Grande do Sul ................................................ 35
Figura 4 – Rede fluvial da bacia hidrográfica do rio Paranhana e municípios localizados
na área da bacia hidrográfica .................................................................................... 36
Figura 5 – Perfil longitudinal do rio Paranhana.......................................................... 36
Figura 6 – Hipsometria da bacia hidrográfica do rio Paranhana................................ 37
Figura 7 – Declividade do relevo da bacia hidrográfica do rio Paranhana ................ 38
Figura 8 – Uso e cobertura da terra na bacia hidrográfica do rio Paranhana ............ 39
Figura 9 – Mapa de localização de Taquara e Parobé, municípios vizinhos e vias de
acesso ....................................................................................................................... 42
Figura 10 – Visão do espaço urbano de Taquara, na rua Júlio de Castilhos (A) e visão
oblíqua do espaço urbano de Parobé, Prefeitura Municipal de Parobé .................... 42
Figura 11 – Gráfico da porcentagem do registro de afetados por tipo de desastres no
Brasil entre 1991 e 2012 ........................................................................................... 50
Figura 12 – Gráfico da porcentagem do número de mortos por tipo de desastres no
Brasil entre 1991 e 2012 ........................................................................................... 51
Figura 13 – Esquema ilustrativo de secção ortogonal de um vale e suas vertentes com
a representação das diferentes condições de ocorrências de diferentes tipos de
processos de dinâmica fluvial.................................................................................... 52
Figura 14 – Hidrograma de uma bacia hidrográfica rural e depois de urbanizada .... 54
Figura 15 – Fluxograma da evolução da prática de gerenciamento de risco de
inundações ................................................................................................................ 81
Figura 16 – Macroprocessos da gestão e gerenciamento de risco de desastres e suas
respectivas ações...................................................................................................... 82
Figura 17 – Fluxograma das etapas metodológicas da pesquisa.............................. 85
Figura 18 – Espacialização dos pontos de controle coletados com o receptor GPS
durante a realização dos trabalhos de campo nos municípios de Taquara e Parobé
.................................................................................................................................. 91
Figura 19 – Setores de risco alto e muito alto de inundação no município de Parobé
elaborado pela CPRM (2013) .................................................................................... 93
Figura 20 – Área de Inundação com tempo de retorno de 100 anos no baixo curso do
rio Paranhana elaborada pela METROPLAN (2018)................................................. 94
Figura 21 – Área de inundação com tempo de retorno de 100 anos no baixo curso do
rio Paranhana elaborado por Tucci (2019) ................................................................ 96
Figura 22 – Setores censitários localizados em áreas suscetíveis às inundações em
Taquara e Parobé ................................................................................................... 122
Figura 23 – Rio Paranhana, limite entre Parobé e Taquara .................................... 124
Figura 24 – Segmentos montante (A) e jusante (B) do arroio Taquara, arroio Müller
(C), arroio local em Taquara (D), arroio Sanga Funda (E) e arroio local em Parobé (F)
................................................................................................................................ 125
Figura 25 – Expansão das áreas urbanas entre o período de 1975 e 2020 nos
municípios de Taquara e Parobé ............................................................................ 128
Figura 26 – Evento de inundação decorrente do arroio Taquara, na área central de
Taquara em fevereiro de 1978 (A), arroio Taquara retificado em 1978 (B), descarte de
20

dejetos no curso d’água (C), obra de construção do canal auxiliar para o arroio
Taquara em 1989 (D), área em que houve a construção de uma edificação sobre o
arroio Taquara (E), construção do novo canal auxiliar para o arroio Taquara em 2004
e 2005 (F e G), vistoria em segmento canalizado do arroio Taquara em 2010 (H) e
evento de inundação decorrente do arroio Taquara, na área central de Taquara em
fevereiro de 2019 (I) ............................................................................................... 130
Figura 27 – Gráfico da distribuição mensal das inundações em Taquara e Parobé entre
1975 e 2020 ............................................................................................................ 133
Figura 28 – Ruas da área central de Taquara durante o evento de inundação de
fevereiro de 1978 .................................................................................................... 134
Figura 29 – Áreas de perigo às inundações em Taquara e Parobé no baixo curso da
bacia hidrográfica do rio Paranhana ....................................................................... 139
Figura 30 – Planície de inundação e áreas de perigo do rio Paranhana e afluentes,
setor montante em Taquara .................................................................................... 142
Figura 31 – Áreas de perigo alto e muito alto de inundação afetadas por evento em
julho de 2020 na planície de inundação do rio Paranhana em Taquara (A, B), áreas
ribeirinhas de perigo muito alto em Taquara, identificadas durante trabalho de campo
em julho de 2019 (C), marca de inundação em edificação em Taquara e indicação do
limite médio das inundações na edificação (D) ....................................................... 143
Figura 32 – Planície de inundação e áreas de perigo do rio Paranhana e afluentes,
setor montante em Parobé ..................................................................................... 144
Figura 33 – Áreas de perigo alto e muito alto de inundação afetadas por evento em
julho de 2020 na planície de inundação do rio Paranhana em Parobé (A, B), áreas
ribeirinhas de perigo muito alto em Parobé identificadas durante trabalho de campo
em julho de 2019 (C), marca de inundação em edificação em Parobé e indicação do
limite médio das inundações na edificação (D) ....................................................... 145
Figura 34 – Planície de inundação e áreas de perigo do rio Paranhana, setor jusante
em Taquara e Parobé ............................................................................................. 146
Figura 35 – Planície de inundação e áreas de perigo no alto curso do arroio Taquara
................................................................................................................................ 147
Figura 36 – Segmento canalizado no alto curso do arroio Taquara na Escola Municipal
de Ensino Fundamental Rosa Elsa Mertins (A), segmento mais a jusante do arroio
Taquara (B)............................................................................................................. 148
Figura 37 – Planície de inundação e áreas de perigo no médio curso do arroio
Taquara, centro de Taquara ................................................................................... 149
Figura 38 – Áreas de perigo muito alto na área central de Taquara na esquina das
ruas Marechal Floriano com a Federação (A), rua Guilherme Lahm (B), segmentos
retificados do arroio Taquara situados a montante (C) e jusante (D) na área central,
rua Júlio de Castilhos e Rio Branco durante eventos que ocorreram em outubro de
1990 (E) e fevereiro de 2019 (F) ............................................................................. 150
Figura 39 – Planície de inundação e áreas de perigo de um afluente no médio curso
do arroio Taquara, área central de Taquara ........................................................... 151
Figura 40 – Rua Pinheiro Machado durante evento de inundação em fevereiro de 2003
(A) e sem evento de inundação (B) ........................................................................ 152
Figura 41 – Planície de inundação e áreas de perigo de afluente do rio Paranhana no
setor montante em Parobé ..................................................................................... 153
Figura 42 – Arroio Sanga Funda em área de perigo alto ........................................ 153
Figura 43 – Planície de inundação e áreas de perigo de afluente do rio Paranhana no
setor jusante em Parobé ......................................................................................... 154
Figura 44 – Arroio local próximo a edificação em área de perigo alto .................... 155
21

Figura 45 – Vulnerabilidade em Taquara e Parobé no baixo curso da bacia hidrográfica


do rio Paranhana ..................................................................................................... 157
Figura 46 – Vulnerabilidade no setor montante do rio Paranhana em Taquara ...... 164
Figura 47 – Áreas de vulnerabilidade muito alta, alta e média localizadas na planície
de inundação do rio Paranhana em Taquara .......................................................... 165
Figura 48 – Vulnerabilidade no setor montante do rio Paranhana em Parobé ........ 167
Figura 49 – Áreas de vulnerabilidade muito alta e alta localizadas na planície de
inundação do rio Paranhana em Parobé ................................................................. 170
Figura 50 – Vulnerabilidade no setor jusante do rio Paranhana em Taquara e Parobé
................................................................................................................................ 172
Figura 51 – Vulnerabilidade no alto curso do arroio Taquara .................................. 174
Figura 52 – Áreas de vulnerabilidade alta (A, B e C) média (D, E e F) e baixa (G, H e
I) no alto curso do arroio Taquara ........................................................................... 177
Figura 53 – Vulnerabilidade no médio curso do arroio Taquara, área central de
Taquara ................................................................................................................... 178
Figura 54 – Áreas de vulnerabilidade alta (A e D), média (E a H) e baixa (I a P) no
médio curso do arroio Taquara, área central de Taquara ....................................... 180
Figura 55 – Vulnerabilidade em área de afluente do arroio Taquara no médio curso,
área central de Taquara .......................................................................................... 182
Figura 56 – Área de vulnerabilidade alta (A, B e C) e média (D, E e F) em área de
afluente do arroio Taquara no médio curso, área central de Taquara..................... 184
Figura 57 – Vulnerabilidade na planície de inundação de afluente do rio Paranhana no
setor montante em Parobé ...................................................................................... 185
Figura 58 – Área de vulnerabilidade média na planície de inundação de afluente do rio
Paranhana no setor montante em Parobé .............................................................. 187
Figura 59 – Vulnerabilidade na planície de inundação de afluente do rio Paranhana no
setor jusante em Parobé ......................................................................................... 188
Figura 60 – Área de vulnerabilidade baixa na planície de inundação de afluente do rio
Paranhana no setor jusante em Parobé .................................................................. 190
Figura 61 – Risco às inundações em Taquara e Parobé no baixo curso da bacia
hidrográfica do rio Paranhana ................................................................................. 192
Figura 62 – Risco no setor montante do rio Paranhana em Taquara ...................... 200
Figura 63 – Eventos de inundação que ocorreram na planície de inundação do rio
Paranhana no município de Taquara em julho de 1993 (A), outubro de 1996 (B), abril
de 2001 (C), fevereiro de 2003 (D), julho de 2007 (E), janeiro de 2010 (F) e agosto de
2013 (G e H)............................................................................................................ 202
Figura 64 – Risco no setor montante do rio Paranhana em Parobé........................ 203
Figura 65 – Eventos de inundação que ocorreram na planície de inundação do rio
Paranhana no município de Parobé em julho de 1993 (A e B), abril de 2001 (C),
fevereiro de 2003 (D e E), julho de 2007 (F e G) e abril de 2011 (H) ...................... 206
Figura 66 – Risco no setor jusante do rio Paranhana em Taquara e Parobé .......... 207
Figura 67 – Risco no alto curso do arroio Taquara, setor nordeste de Taquara ..... 209
Figura 68 – Rua Tristão Monteiro durante evento de inundação em dezembro de 2003
(A) e limpeza da Escola Municipal de Ensino Fundamental Rosa Elsa Mertins após
evento de inundação em abril de 2010 (B) .............................................................. 210
Figura 69 – Risco no médio curso do arroio Taquara, centro de Taquara .............. 211
Figura 70 – Eventos de inundação que ocorreram na área central de Taquara em
fevereiro de 1978 (A), janeiro de 1988 (B e C), novembro de 1990 (D e E), novembro
de 1996 (F), novembro de 2009 (G, H e I), janeiro de 2010 (J), abril de 2010 (K), março
de 2012 (L) e março de 2019 (M, N e O) ................................................................ 213
22

Figura 71 – Risco em área de afluente do arroio Taquara no médio curso, área central
de Taquara ............................................................................................................. 215
Figura 72 – Rua João Bayer durante evento de inundação em fevereiro de 2002 (A) e
Rua Pinheiro Machado durante evento de inundação em outubro de 2002 (B) ..... 216
Figura 73 – Risco na planície de inundação de afluente do rio Paranhana no setor
montante em Parobé .............................................................................................. 217
Figura 74 – Área de risco muito alto em segmento do arroio Santa Funda e estrada
Sanga Funda no setor montante em Parobé de afluente do rio Paranhana ........... 218
Figura 75 – Risco na planície de inundação de afluente do rio Paranhana no setor
jusante em Parobé .................................................................................................. 219
Figura 76 – Áreas de risco médio e baixo, respectivamente, em segmento de arroio
local (A) e rua Barão do Rio Branco (B) no setor jusante em Parobé de afluente do rio
Paranhana .............................................................................................................. 220
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Dimensão exposição com a síntese dos indicadores de vulnerabilidade


................................................................................................................................ 102
Tabela 2 – Dimensão socioeconômico com a síntese dos indicadores de
vulnerabilidade ........................................................................................................ 105
Tabela 3 – Dimensão física com a síntese dos indicadores de vulnerabilidade e
distribuição de variáveis e notas ............................................................................. 107
Tabela 4 – Escala de intensidade de importância relativa entre os fatores ............. 109
Tabela 5 – Matriz de comparação dos pares .......................................................... 110
Tabela 6 – Índices de consistência aleatória (RI) .................................................... 111
Tabela 7 – Matriz de comparação pareada e ponderações dos pesos dos indicadores
do perigo de inundação ........................................................................................... 113
Tabela 8 – Intervalos utilizados para a classificação do mapa de perigo ................ 114
Tabela 9 – Matrizes de comparação pareada e ponderações dos pesos das
dimensões da vulnerabilidade ................................................................................. 116
Tabela 10 – Intervalos utilizados para a classificação do mapa de vulnerabilidade 118
Tabela 11 – Matriz que apresenta a relação entre o perigo e a vulnerabilidade ..... 119
Tabela 12 – Setores censitários com áreas suscetíveis às inundações em Taquara e
Parobé ..................................................................................................................... 123
Tabela 13 – Registros dos eventos de inundação e decretos de Situação de
Emergência, Estado de Emergência ou Estado de Calamidade Pública nos municípios
de Taquara e Parobé entre o período de 1975 e 2020 ........................................... 131
Tabela 14 – Média dos indicadores da dimensão exposição de acordo com o grau de
vulnerabilidade ........................................................................................................ 159
Tabela 15 – Média dos indicadores da dimensão vulnerabilidade socioeconômica de
acordo com o grau de vulnerabilidade .................................................................... 160
Tabela 16 – Média dos indicadores da dimensão vulnerabilidade física de acordo com
o grau de vulnerabilidade. ....................................................................................... 161
Tabela 17 – Variáveis da vulnerabilidade no setor montante do rio Paranhana em
Taquara. .................................................................................................................. 166
Tabela 18 – Variáveis da vulnerabilidade no setor montante do rio Paranhana em
Parobé ..................................................................................................................... 168
Tabela 19 – Variáveis da vulnerabilidade no setor jusante do rio Paranhana em
Taquara e Parobé ................................................................................................... 173
Tabela 20 – Variáveis da vulnerabilidade no setor alto curso do arroio Taquara .... 175
Tabela 21 – Variáveis da vulnerabilidade no setor médio curso do arroio Taquara, área
central de Taquara .................................................................................................. 179
Tabela 22 – Variáveis da vulnerabilidade no setor de afluente do arroio Taquara no
médio curso, área central de Taquara ..................................................................... 183
Tabela 23 – Variáveis da vulnerabilidade em área de afluente do rio Paranhana no
setor montante em Parobé ...................................................................................... 186
Tabela 24 – Variáveis da vulnerabilidade em área de afluente do rio Paranhana no
setor jusante em Parobé ......................................................................................... 189
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação de desastres segundo a COBRADE................................. 48


Quadro 2 – Síntese de dados utilizados por diferentes autores para análise do perigo,
vulnerabilidade e risco de inundação ........................................................................ 71
Quadro 3 – Síntese dos indicadores e variáveis para análise do perigo de inundação
.................................................................................................................................. 98
Quadro 4 – Dimensões, indicadores de vulnerabilidade, dados e fontes ................ 101
Quadro 5 – Normalização dos indicadores de perigo e vulnerabilidade .................. 112
Quadro 6 – Graus de risco ...................................................................................... 120
Quadro 7 – Manchetes do Jornal Panorama que retratam o processo de (re)produção
do espaço urbano de forma desordenada em Taquara e Parobé. .......................... 128
Quadro 8 – Registros de inundações em Taquara de 1975 a 2020 ........................ 131
Quadro 9 – Registros de inundações em Parobé de 1975 a 2020 .......................... 135
Quadro 10 – Graus de perigo nos setores censitários ............................................ 137
Quadro 11 – Setores de perigo de inundação em Taquara e Parobé ..................... 141
Quadro 12 – Graus de vulnerabilidade nos setores censitários .............................. 158
Quadro 13 – Vulnerabilidade nos setores de perigo de inundação em Taquara e
Parobé ..................................................................................................................... 163
Quadro 14 – Síntese das informações de perigo, vulnerabilidade e risco nos setores
censitários de Taquara e Parobé ............................................................................ 197
Quadro 15 – Setores de risco de inundação em Taquara e Parobé ....................... 199
Quadro 16 – Graus de perigo, vulnerabilidade e risco no setor montante do rio
Paranhana em Taquara .......................................................................................... 201
Quadro 17 – Graus de perigo, vulnerabilidade, e risco no setor montante do rio
Paranhana em Parobé ............................................................................................ 204
Quadro 18 – Graus de perigo, vulnerabilidade e risco no setor jusante do rio
Paranhana em Taquara e Parobé ........................................................................... 207
Quadro 19 – Graus de perigo, vulnerabilidade e risco no alto curso do arroio Taquara,
setor nordeste de Taquara ...................................................................................... 208
Quadro 20 – Graus de perigo, vulnerabilidade e risco no médio curso do arroio
Taquara, centro de Taquara .................................................................................... 212
Quadro 21 – Graus de perigo, vulnerabilidade e risco em área de afluente do arroio
Taquara no médio curso, área central de Taquara ................................................. 215
Quadro 22 – Graus de perigo, vulnerabilidade e risco na planície de inundação de
afluente do rio Paranhana no setor montante em Parobé ....................................... 217
Quadro 23 – Graus de perigo, vulnerabilidade e risco na planície de inundação de
afluente do rio Paranhana no setor jusante em Parobé. ......................................... 218
26
LISTA DE SIGLAS

ASF Alaska Satellite Facility


COBRADE Classificação e Codificação Brasileira de Desastres
CONPDEC Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
GLONASS Sistema de Navegação Global por Satélite
GNSS Sistema Global de Navegação por Satélite
GPS Sistema de Posicionamento Global
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
LAGEOLAM Laboratório de Geologia Ambiental
MDE Modelo Digital de Elevação
METROPLAN Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional
PNPDEC Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PPGGEO Programa de Pós-Graduação em Geografia
RADAR Radio Detection and Ranging
SEMA Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura
SIG Sistema de Informação Geográfica
SINPDEC Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil
SIRGAS Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UFSM Universidade Federal de Santa Maria
UNISDR United Nations System for Disaster Risk Reduction
UTM Universal Transversa de Mercator
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 27
2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................... 33
2.1 BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARANHANA ........................................... 33
2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS E SOCIOECONÔMICOS DE TAQUARA E
PAROBÉ ................................................................................................................... 40
3 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 45
3.1 DESASTRES: UMA CONSEQUÊNCIA DA (RE)PRODUÇÃO DO ESPAÇO . 45
3.2 PROCESSOS DE INUNDAÇÃO E FATORES CONDICIONANTES EM ÁREAS
URBANAS ................................................................................................................. 51
3.3 ÁREAS DE RISCO NO ESPAÇO URBANO................................................... 58
3.4 CONCEITUAÇÃO ASSOCIADA AO RISCO DE INUNDAÇÃO ...................... 61
3.5 METODOLOGIAS PARA ANÁLISE DE ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO ..
....................................................................................................................... 67
3.6 GERENCIAMENTO DE RISCO DE INUNDAÇÃO ......................................... 79
4 METODOLOGIA ............................................................................................ 85
4.1 DADOS E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................... 86
4.1.1 Instrumentos e ferramentas utilizados para o desenvolvimento da
pesquisa ................................................................................................................... 87
4.2 INVENTÁRIO DE REGISTRO DOS EVENTOS DE INUNDAÇÃO ................. 88
4.3 TRABALHOS DE CAMPO .............................................................................. 90
4.4 ANÁLISE DA SUSCETIBILIDADE DE INUNDAÇÃO ..................................... 92
4.5 FATORES CONDICIONANTES DO PERIGO E VULNERABILIDADE........... 96
4.5.1 Estado da arte e seleção de indicadores condicionantes do perigo e da
vulnerabilidade ........................................................................................................ 97
4.5.2 Fatores condicionantes do perigo........................................................... 98
4.5.3 Fatores condicionantes da vulnerabilidade ......................................... 101
4.5.3.1 Exposição ................................................................................................. 102
4.5.3.2 Vulnerabilidade socioeconômica ............................................................... 103
4.5.3.3 Vulnerabilidade física ................................................................................ 107
4.6 PONDERAÇÃO DOS PESOS DOS INDICADORES E DEFINIÇÃO DO
PERIGO E VULNERABILIDADE ............................................................................. 108
4.6.1 Ponderação dos pesos dos indicadores e definição do perigo.......... 112
4.6.2 Ponderação dos pesos dos indicadores e definição da vulnerabilidade
.................................................................................................................. 114
4.7 RISCO DE INUNDAÇÃO .............................................................................. 119
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 121
5.1 AS ÁREAS SUSCETÍVEIS À INUNDAÇÃO ................................................. 121
5.2 O ESPAÇO E A (RE)PRODUÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO .
..................................................................................................................... 127
5.3 O INVENTÁRIO DE REGISTRO DOS EVENTOS DE INUNDAÇÃO ........... 131
5.4 AS ÁREAS DE PERIGO DE INUNDAÇÃO .................................................. 137
5.5 A VULNERABILIDADE EM ÁREAS DE PERIGO DE INUNDAÇÃO ............ 156
5.6 AS ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO ..................................................... 191
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 223
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 227
1 INTRODUÇÃO

Um desastre é o resultado de um evento adverso, como, por exemplo,


terremotos, erupções vulcânicas, movimentos de massa e inundações, sobre uma
determinada área habitada e que provoca, como consequências, danos humanos,
econômicos, materiais e ambientais ao sistema atingido. Nessa definição, a Geografia
é uma área do conhecimento capaz de contribuir com uma abordagem crítica para a
compreensão dos processos naturais e socioespaciais envolvidos (GOERL e
KOBIYAMA, 2013; GROTZINGER e JORDAN, 2013; VEYRET, 2015; FERNANDES,
2020).
O conceito de risco é empregado para expressar uma situação de futuro incerto
e de probabilidade de que um evento danoso ocorra sobre uma população e seus
ativos e provoque danos e prejuízos. Nestes termos, o risco materializa-se na
presença simultânea de um perigo e de uma vulnerabilidade (ZANELLA e OLÍMPIO,
2014).
Entre os processos que podem ocasionar situações de risco e, por conseguinte,
um desastre, destacam-se as inundações. Esse tipo de processo caracteriza-se pelo
transbordamento das águas de um curso d’água, as quais atingem a planície de
inundação ou área de várzea (BRASIL, 2007; AMARAL e RIBEIRO, 2015). Quando
isso ocorre e essas áreas encontram-se ocupadas por uma comunidade,
consequências com danos podem ser deflagradas.
No Brasil, frequentemente, as inundações são responsáveis por desastres e,
como resultado, causam milhares de vítimas todos os anos, assim como elevados
custos à sociedade (HOFFMANN, MENDONÇA e GOUDARD, 2014). De acordo com
informações do Emergency Events Database (EM-DAT, 2022), no período entre 1975
e 2020, as inundações e enxurradas afetaram um total de 11.706.309 pessoas e
ocasionaram 3.318 mortes no Brasil.
Integrado a isso, as cidades caracterizam-se como cenários de risco com alto
potencial para resultar prejuízos sociais, econômicos e ambientais (SAITO, SORIANO
e LONDE, 2015). A expansão dos centros urbanos em áreas suscetíveis aos danos
como planícies de inundação, sem o devido planejamento, contribuiu para aumentar
as áreas de risco e, consequentemente, para os impactos causados pelos processos
de inundação (WISNER et al., 2003; AMARAL e RIBEIRO, 2015).
28

Entre os principais fatores que contribuem para o surgimento de áreas risco


nas áreas urbanas, destacam-se: o adensamento populacional, o crescimento
desordenado das cidades, a exclusão socioespacial da população de baixa renda, a
falta de conhecimento técnico sobre processos causadores de danos, a ineficiência
no planejamento urbano e a incapacidade financeira e administrativa do poder público
(WIGGERS e ROBAINA, 2014).
Em função disso, para minimizar os danos sofridos pelas sociedades em
decorrência das inundações e dos desastres, são necessários planos de gestão e o
gerenciamento de áreas de risco (HOFFMANN, MENDONÇA e GOUDARD, 2014).
Com esse propósito, foi instituída, no Brasil, a Lei nº 12.608 de 2012, que apresenta
as diretrizes de funcionamento da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
(PNPDEC) e para as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e
recuperação de desastres (BRASIL, 2012a; GREGÓRIO, SAITO e SAUSEN, 2015).
Integrado à temática tratada, esta tese possui, como área de estudo, um recorte
espacial dos municípios de Taquara e Parobé, situados no baixo curso da bacia
hidrográfica do rio Paranhana, localizado na Região Metropolitana de Porto Alegre,
Rio Grande do Sul, Brasil, a 85 km de distância de Porto Alegre, capital do estado
(Figura 1). As características naturais tornam a área suscetível aos processos de
inundação decorrentes do rio Paranhana e seus afluentes e, a partir da (re)produção
do espaço e intervenções antrópicas, materializaram-se as áreas de risco.
Os eventos de inundação ocasionaram e ocasionam danos e perdas de
diferentes intensidades aos sujeitos e seus ativos. As intervenções antrópicas
executadas sobre elementos naturais (retificações e canalizações de cursos d’água,
impermeabilização do solo, retirada da cobertura vegetal, entre outros) atuam
negativamente e condicionam ou agravam o risco de desastres.
Como resultado disso, somam-se na forma de consequências, ao longo desse
período, milhares de pessoas desalojadas ou desabrigadas, perdas econômicas,
danos a bens materiais e equipamentos urbanos, privação da circulação, danos
emocionais e à vida. Com base nisso, são inegáveis as consequências negativas que
estão relacionadas às áreas de risco de inundação na área de estudo e a relevância
desta pesquisa no sentido de suprir a demanda por um estudo que abrangesse as
distintas condições de risco de inundação.
29

Figura 1 – Localização dos municípios de Taquara e Parobé e da bacia hidrográfica do rio Paranhana

Fonte: Autor (2022).

Integrado à ideia de suprir a demanda aqui identificada, evidenciaram-se


dificuldades na disponibilidade de dados primários, especialmente, quantitativos que
subsidiassem a análise da suscetibilidade, perigo e, por conseguinte, risco de
30

inundação. Dessa forma, a tese defendida é de que é possível elaborar e aplicar uma
proposta metodológica que sistematize e organize dados provenientes de diferentes
fontes para o estudo do risco.
Neste sentido, o objetivo da pesquisa é desenvolver uma proposta
metodológica para o estudo integrativo do risco de inundação.
Como objetivos específicos, destacam-se:
- Desenvolver um banco de dados de registro de eventos de inundação.
- Identificar as áreas suscetíveis à inundação e determinar os fatores condicionantes
de perigo para ocorrência de inundação.
- Analisar a exposição e elementos socioeconômicos e físicos para determinar a
vulnerabilidade dos sujeitos e seus ativos nas áreas de perigo de inundação.
- Analisar o risco de inundação e estabelecer sua hierarquização em diferentes graus
com base no perigo de inundação e na vulnerabilidade.
O estudo apresenta um modelo de análise abrangente e integrativo, que se
baseou na identificação do perigo de inundação e na vulnerabilidade dos sujeitos e
seus ativos, em grande parte dos estudos, considera-se apenas um ou o outro. A
combinação das distintas variáveis fornece uma avaliação de risco holística que
combina informações qualitativas e quantitativas com auxílio do sistema de
informação geográfica.
Para abordar a lacuna de dados, esta pesquisa apresenta um amplo
levantamento e compilação de informações para produção do inventário de registro
de eventos de inundação que abrangeu o período de 1975 a 2020. Esse componente
foi essencial e auxiliou na delimitação das áreas de suscetibilidade e perigo de
inundação e, posteriormente, na validação da pesquisa.
Ademais, considerou-se a participação dos agentes públicos representados
pelos técnicos das Defesas Civis Municipais de Taquara e Parobé, que atuam na
tomada de decisão, assim como da comunidade local, na identificação das áreas de
risco de inundação durante a realização dos trabalhos de campo. Isso é importante
para aumentar a acurácia dos resultados e a chance de que eles sejam usados pelos
gestores públicos, pois eles foram parte envolvida e a sua opinião foi levada em
consideração, o que resulta em maior credibilidade à pesquisa, conforme é
corroborado nas investigações de Vojinović et al. (2014) e Ferreira, Albino e Freitas
(2017).
31

O estudo das áreas de risco de inundação em Taquara e Parobé poderá


contribuir para o gerenciamento de risco de inundação. A administração pública dos
municípios, com base nas informações apresentadas na presente pesquisa, poderá
utilizar como referência na elaboração e atualização dos planos de contingência aos
desastres, para identificação e atualização das áreas de risco de inundação e
desenvolver planos de ação para essas áreas.
A pesquisa apresenta-se organizada em capítulos que contemplam as etapas
de desenvolvimento. Neste sentido, são estruturados os capítulos: introdução;
caracterização da área de estudo; revisão da literatura; metodologia; resultados e
discussão; e considerações finais.
No primeiro capítulo, introdução, buscou-se contextualizar o tema acerca dos
desastres, risco, processos de inundação, gestão e gerenciamento de risco. Com o
propósito de apresentar a pesquisa, foram retratados a localização da área de estudo,
a problemática das áreas de risco, os processos de inundação em Taquara e Parobé,
a justificativa e os objetivos.
No segundo capítulo, caracterização da área de estudo, discorre-se a respeito
dos aspectos naturais e socioeconômicos na bacia hidrográfica do rio Paranhana e
nos municípios de Taquara e Parobé. Além disso, apresenta-se ainda os fatos
históricos relacionados à produção e reprodução do espaço e a problemática dos
processos de inundação na bacia hidrográfica.
No terceiro capítulo, revisão da literatura, discutem-se os conceitos
fundamentais e norteadores para o desenvolvimento da pesquisa e são delimitados
em: desastres: uma consequência da (re)produção do espaço; processos de
inundação e fatores condicionantes em áreas urbanas; áreas de risco no espaço
urbano; conceituação associada ao risco de inundação; metodologias para análise de
áreas de risco de inundação; e gerenciamento de risco de inundação.
No quarto capítulo, metodologia, expõe-se os procedimentos metodológicos
que subsidiaram o desenvolvimento da pesquisa e apresenta-se segmentado nos
itens: dados e caracterização da área de estudo; inventário de registro de eventos de
inundação; trabalhos de campo; análise da suscetibilidade de inundação; fatores
condicionantes do perigo e vulnerabilidade, individualizado em estado da arte e
seleção de indicadores condicionantes do perigo e da vulnerabilidade, fatores
condicionantes do perigo e da vulnerabilidade; ponderação dos pesos dos indicadores
e definição do perigo e vulnerabilidade; e risco de inundação.
32

No quinto capítulo, resultados e discussão, busca-se apresentar e discutir, de


maneira sequencial, os mapeamentos e análises desenvolvidos na área de estudo,
tendo sido estruturado nos itens: as áreas suscetíveis à inundação; o espaço e a
(re)produção das áreas de risco de inundação; o inventário de registro dos eventos de
inundação; as áreas de perigo de inundação; a vulnerabilidade em áreas de perigo de
inundação; e as áreas de risco de inundação.
Por fim, no sexto capítulo, considerações finais, são apresentadas as
ponderações e considerações acerca da pesquisa desenvolvida e propostas ações
que podem ser empregadas nas áreas de risco de inundação.
2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Neste capítulo, é apresentada a caracterização da área de estudo e contempla-


se a análise das características naturais e socioeconômicas da bacia hidrográfica do
rio Paranhana e dos municípios de Taquara e Parobé. Os elementos retratados são
necessários para a compreensão das relações dinâmicas que ocorrem nesse espaço
e, dessa forma, para análise do risco de inundação.

2.1 BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARANHANA

A bacia hidrográfica do rio Paranhana localiza-se no leste do Rio Grande do


Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e é afluente do rio dos Sinos. A sua
área total é de 573,07 km² e integra a região hidrográfica do lago Guaíba, que se
estende entre as regiões centro e leste do Rio Grande do Sul (Figura 2).
O clima, de acordo com Rossato (2011), é classificado, em quase totalidade da
área bacia hidrográfica, como Subtropical IVb, com exceção da sua foz, junto ao rio
dos Sinos, que abrange uma área de transição entre os tipos climáticos Subtropical III
e Subtropical IVb (Figura 3). O tipo climático Subtropical IVb caracteriza-se por ser
muito úmido, com inverno frio e verão fresco. Ademais, apresenta área com menor
influência dos sistemas polares, mas com maior atuação dos sistemas tropicais
marítimos conjugados com efeito do relevo-altitude (Planalto Basáltico). Os sistemas
frontais são responsáveis pela maior parte das precipitações. As chuvas são
abundantes, oscilam entre 1.700 e 2.000 mm anuais, bem distribuídos em 130-150
dias e, mensalmente, totalizam 12-15 dias. A temperatura média anual varia entre 14-
17ºC. A temperatura média do mês mais frio oscila entre 8-14ºC e a temperatura
média do mês mais quente varia entre 17-23ºC (ROSSATO, 2011).
A variabilidade tempo-espacial das precipitações na região, como também para
o Rio Grande do Sul, é influenciada pelas alterações da circulação atmosférica nas
escalas regional e zonal, provocadas pelos fenômenos El Niño e La Niña, que
ocasionam mudanças significativas de precipitações que resultam, respectivamente,
em inundações e estiagens (SARTORI, 2003; WOLLMANN, 2013; MENEZES, 2018).
Existe relação entre as anomalias de precipitação e o registro de desastres, com
eventos de inundação, em anos de El Niño, devido ao incremento de precipitações
provocadas pelo fenômeno (BARBIERI et al., 2009).
34

Figura 2 – Regiões hidrográficas do Rio Grande do Sul e localização da bacia hidrográfica do rio
Paranhana

Fonte: Autor (2022).

Na área da bacia hidrográfica, situam-se nove municípios (total ou parcialmente


inseridos dentro dessa unidade natural), os quais são: Canela, Gramado, Santa Maria
do Herval, Três Coroas, São Francisco de Paula, Igrejinha, Nova Hartz, Parobé e
Taquara. Nesses municípios, residem aproximadamente 278.091 habitantes de
acordo com dados do IBGE (2010d).
As inundações atingem milhares de pessoas nos municípios de Parobé,
Taquara, Igrejinha e Três Coroas, cujas áreas urbanas estão predominantemente
localizadas nas planícies e terraços fluviais do rio Paranhana e de seus afluentes
(OLIVEIRA, VALENTE e GUASSELLI, 2012). Em estudos realizados pela CPRM
(2016, 2019), foram identificados nove setores de risco de inundação e enxurrada em
Três Coroas e 24 em Igrejinha, municípios localizados no alto, médio e baixo curso, a
montante de Parobé e Taquara.
35

Figura 3 – Tipologia climática do Rio Grande do Sul

Fonte: Autor (2022).

A bacia hidrográfica (Figura 4) apresenta, ao total, 216 segmentos de canais


fluviais, que somam aproximadamente 560,93 km de extensão e hierarquia fluvial de
5ª ordem (STRAHLER, 1952). Os principais cursos d’água são: arroio José Velho,
arroio Águas Brancas, arroio Kampf, arroio Santa Maria, arroio da Casca, arroio
Angabei, arroio Solitário, arroio Sanga Funda, arroio Müller, arroio Taquara e o rio
Paranhana. Na área de estudo, os processos de inundação estão relacionados,
especialmente, ao rio Paranhana e aos arroios Taquara, Müller e Sanga Funda. O
canal principal, rio Paranhana (Figura 5), apresenta extensão aproximada de 88,22
km e vazão máxima média de 155,4 m³/s (TUCCI, 2019), a nascente localiza-se no
município de Canela e a foz, no rio dos Sinos, no limite entre Parobé e Taquara.
36

Figura 4 – Rede fluvial da bacia hidrográfica do rio Paranhana e municípios localizados na área da
bacia hidrográfica

Fonte: Autor (2022).

Figura 5 – Perfil longitudinal do rio Paranhana

Fonte: Autor (2022).


37

A bacia hidrográfica apresenta variação da altimetria e declividade do relevo,


de acordo com os mapas das Figuras 6 e 7. A maior cota altimétrica localiza-se no
ponto divisor d’água entre os municípios de Canela e São Francisco de Paula com o
valor de 955 m e a cota de menor altimetria está na foz com o rio dos Sinos com 17
m, isso representa grande amplitude altimétrica de 938 m.

Figura 6 – Hipsometria da bacia hidrográfica do rio Paranhana

Fonte: Autor (2022).

As declividades mais baixas, inferiores a 2%, associam-se as margens e


planícies de inundação do rio Paranhana e afluentes, especialmente no médio e baixo
curso, locais de relevo plano e onde predominam processos deposicionais e de
inundação. Nas áreas com declividades a partir de 15%, identificam-se formas de
relevo escarpado e ondulado em que se observam processos de movimentos de
38

massa localizados, predominantemente, no médio e alto curso, com formas de relevo


de morrotes e morros (Figura 7).

Figura 7 – Declividade do relevo da bacia hidrográfica do rio Paranhana

Fonte: Autor (2022).

As principais formas de uso dos recursos hídricos estão relacionadas ao


abastecimento público, uso industrial e irrigação (SEMA, 2020). Entre as atividades
econômicas desenvolvidas, destacam-se a agropecuária, a indústria, o comércio e a
prestação de serviços. O turismo apresenta representatividade com o aproveitamento
dos aspectos paisagísticos e naturais na região da serra e vale do rio Paranhana.
No mapa da Figura 8, é possível observar os diferentes tipos de uso e cobertura
da terra na bacia hidrográfica. As áreas de mata cobrem 66,72%; os campos ou
pastagens, 23,01%; às áreas de solo exposto, 4,87%; as áreas urbanas, 4,73%; os
banhados ou áreas úmidas, 0,35% e os corpos d´água, 0,32% (METROPLAN, 2018).
39

Figura 8 – Uso e cobertura da terra na bacia hidrográfica do rio Paranhana

Fonte: Autor (2022).

As áreas que apresentam maior conservação da vegetação estão relacionadas


às condições impostas pelo relevo, em locais de escarpas íngremes e declividades
acentuadas, especialmente nas áreas de morros e morrotes, onde são identificadas
áreas de Mata Atlântica. Nas áreas urbanas, integradas ao uso e ocupação em áreas
suscetíveis a danos, (re)produzem-se áreas de risco associadas a processos de
inundação e movimentos de massa, especialmente em Três Coroas, Igrejinha,
Taquara e Parobé (OLIVEIRA, VALENTE e GUASSELLI, 2012; CPRM, 2013, 2016,
2019; TUCCI, 2019).
40

2.2 ASPECTOS HISTÓRICOS E SOCIOECONÔMICOS DE TAQUARA E PAROBÉ

O espaço onde hoje estão inseridos os municípios de Taquara e Parobé possui


suas origens na delimitação de fronteiras do sul do Brasil ainda no período colonial,
entre Portugal e Espanha. Em meados do século XVII, pelo Tratado de Tordesilhas,
esse espaço não pertencia a Portugal. Em razão dessa área ser rota de tropas que
disputavam as fronteiras, isso facilitou a formação de núcleos de ocupação e interesse
da Coroa em garantir a posse das terras no século XVIII (FERNANDES, 2008a;
MÜLLER, 2014).
A partir disso, foram designadas sesmarias, que serviram como fazendas para o
abastecimento da capital, Porto Alegre, e de tropas em períodos de guerra. Com isso,
teve origem a Fazenda do Mundo Novo em 1814, concedida a Antônio Borges de
Almeida Leans. As terras foram adquiridas por Georg Eggers e Tristão José Monteiro
em 1845 e o local foi denominado de Colônia do Mundo Novo. Monteiro adquiriu a
parte de Eggers e iniciou o loteamento da área que começou a formar um pequeno
povoado, sendo que, no ano de 1846, chegou a primeira leva de colonos alemães.
Em 1882, foi criado o distrito com a denominação de Taquara do Mundo Novo e, em
1886, foi elevado à categoria de vila com a mesma denominação (FERNANDES,
2008a, 2008b; MOSSMANN SOBRINHO, 2008; MÜLLER, 2014; IBGE, 2017a).
Com o crescimento da ocupação e desenvolvimento de uma classe política, em
1903, ocorreu a inauguração da ferrovia como ligação à capital. Após isso, Taquara
do Mundo Novo foi elevada à categoria de cidade com a denominação de Taquara em
18 de dezembro de 1908 pelo Decreto Estadual nº 1.404. Atualmente, o município é
constituído por sete distritos, sendo eles: Taquara, Entrepelado, Fazenda Fialho,
Padilha, Pega Fogo, Rio da Ilha e Santa Cruz da Concórdia (PREFEITURA
MUNICIPAL DE TAQUARA, s.d.; MÜLLER, 2014; IBGE, 2017a).
Nesse contexto, Parobé possui suas origens ligadas a Taquara, o povoamento
da área ocorreu por volta de 1903 com a inauguração da ferrovia, o que determinou a
localização das primeiras edificações no seu entorno. Em 1908, o povoado foi elevado
ao nível de 3º distrito de Taquara (MOSMANN, 2008a, 2008b).
A partir das décadas de 1940 e 1950, com a instalação das primeiras fábricas
na região, em especial, dedicadas à produção de calçados, houve grande expansão
das áreas urbanas, juntamente com o crescimento acelerado da população e
processo de êxodo rural. Em razão disso, passaram a ser desencadeados diversos
41

problemas urbanos, com déficits na prestação de serviços, de infraestrutura e


habitação. Na década de 1970, com o crescimento das atividades industriais e
exportações para o mercado internacional acentuaram-se ainda mais os fluxos
migratórios para a região, oriundos de outras regiões do Rio Grande do Sul, como
também do país (MOSMANN, 2008a, 2008b).
Em 1 de maio de 1982, por meio da Lei Estadual nº 7.446, Parobé foi elevado
à categoria de município e distrito, desmembrando-se de Taquara. Atualmente, em
nova divisão territorial, Parobé possui dois distritos anexados, sendo eles: Santa
Cristina do Pinhal e Poço Fundo (PREFEITURA MUNICIPAL DE PAROBÉ, s.d.;
MOSMANN, 2008a, 2008b; IBGE, 2017a).
Os municípios de Taquara e Parobé estão localizados na Região Metropolitana
de Porto Alegre, há aproximadamente 85 km de distância de Porto Alegre (Figura 9)
e possuem, respectivamente, áreas territoriais de 457,74 km² e 108,66 km² (IBGE,
2018). Os limites administrativos de Taquara são estabelecidos com São Francisco
de Paula, Três Coroas, Igrejinha, Parobé, Novo Hamburgo, Gravataí, Glorinha, Santo
Antônio da Patrulha e Rolante; por sua vez, Parobé possui seus limites com Nova
Hartz, Igrejinha, Araricá e Taquara.
Os espaços urbanos dos municípios foram (re)produzidos com proximidade da
rede hidrográfica do rio dos Sinos, Paranhana e seus afluentes, em especial, o arroio
Taquara e isso materializou diversas áreas de risco de inundação. O crescimento
industrial incentivou o processo de êxodo rural e migratório para região de forma
rápida e contribuiu para o crescimento urbano sem planejamento e organização
adequados.
Nos municípios, as edificações são de uso residencial, prestação de serviços,
comércio e atividade industrial. Em Taquara (fotografia A da Figura 10), 83,6% dos
domicílios possuem esgotamento sanitário adequado, 78,2% situam-se em vias
públicas com arborização e apenas 32,5% em vias públicas que possuem urbanização
adequada, com presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio. Em Parobé,
não são expressivas as obras verticalizadas além da área central (fotografia B da
Figura 10), 89,2% dos domicílios apresentam esgotamento sanitário adequado, 92,1%
localizam-se em vias públicas com arborização e 57,7% em vias públicas que
apresentam urbanização adequada (IBGE, 2010a, 2010f, 2010g).
42

Figura 9 – Mapa de localização de Taquara e Parobé, municípios vizinhos e vias de acesso

Fonte: Autor (2022).

Figura 10 – Visão do espaço urbano de Taquara, na rua Júlio de Castilhos (A) e visão oblíqua do
espaço urbano de Parobé, Prefeitura Municipal de Parobé

Fonte: Fotografia A adaptada de Magda Rabie (s.d.); fotografia B adaptada da Câmara de


Vereadores de Parobé, arquivo da Assessoria de Comunicação (s.d.). Autor (2022).
43

O Índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM), que considera


indicadores de longevidade, educação e renda, é classificado como alto em ambos os
municípios, sendo o valor de 0,727 para Taquara e de 0,704 para Parobé (PNUD,
2010). A taxa de mortalidade infantil média nos municípios é de 7,51 e 8,11 para 1.000
nascidos vivos, o que é inferior ao valor observado para o Brasil, que é de 11,56
(IBGE, 2017b). Já a taxa de escolarização de pessoas de 6 a 14 anos de idade é,
respectivamente, de 97,1% e 96,6%, também inferiores à média nacional de 99,7%
(IBGE, 2010e). O PIB per capita dos municípios é de R$ 22.810,98 e R$ 21.283,76,
valores também inferiores à média nacional de R$ 33.593,82 ao ano (IBGE, 2017c).
A população total de Taquara, em 2010, era de 54.643 pessoas, com estimativa
de 57.584 para 2020, 50,83% da população era constituída por mulheres, enquanto
49,17% por homens. A maior parte dessa população, 82,84%, residia na área urbana
e 17,16% residiam na área rural. Em Parobé, no ano de 2010, a população total era
de 51.502 pessoas e apresentou estimativa de 58.858 para o ano de 2020, superando
a população absoluta de Taquara, sendo que, desse montante, 50,59% eram
mulheres e 49,41% eram homens. A maior parcela da população também residia na
área urbana com 94,43%, enquanto, na área rural, apenas 5,57% das pessoas (IBGE,
2010d, 2019).
A densidade demográfica média estabelece o número de habitantes por
quilômetro quadrado e, em Taquara, corresponde a 119,35 hab/km², valor inferior ao
observado em Parobé, que é de 474,03 hab/km². Nos dois municípios, a densidade
demográfica é muito superior à média nacional, que é de 22,43 hab/km² (IBGE, 2011).
Por fim, as atividades econômicas desenvolvidas nos municípios estruturam-se
nos setores primário, secundário e terciário. No setor primário, destacam-se atividades
ligadas à pecuária leiteira e de corte, especialmente, em Taquara. Atualmente, grande
parte desse setor possui suas atividades em pequenas e médias propriedades com
agropecuária diversificada. No setor secundário, as atividades industriais envolvem,
principalmente, a cadeia produtiva calçadista. No setor terciário, compreendem-se as
atividades de comércio e prestação serviços, com destaque para as Faculdades
Integradas de Taquara (FACCAT), que correspondem a um polo educacional de
ensino superior na região (PREFEITURA MUNICIPAL DE PAROBÉ, s.d.;
PREFEITURA MUNICIPAL DE TAQUARA, s.d.).
44
3 REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo, são apresentados os conceitos que fundamentam e subsidiam


o desenvolvimento da pesquisa. Dessa forma, estruturou-se o capítulo nos tópicos:
desastres: uma consequência da (re)produção do espaço; processos de inundação e
fatores condicionantes em áreas urbanas; áreas de risco no espaço urbano;
conceituação associada ao risco de inundação; metodologias para análise de áreas
de risco de inundação; e gerenciamento de risco de inundações.

3.1 DESASTRES: UMA CONSEQUÊNCIA DA (RE)PRODUÇÃO DO ESPAÇO

Os desastres têm se tornado tema cada vez mais presente no cotidiano das
sociedades em diferentes regiões da superfície da Terra. Existe um aumento
considerável não apenas na frequência e na intensidade, mas também nos impactos
que ocasionam danos e prejuízos, especialmente, nas áreas de maior aglomeração
populacional (MARCELINO, NUNES e KOBIYAMA, 2006; UFSC, 2013; TOMINAGA,
2015b). Eles podem ser ocasionados por diferentes fenômenos como inundações,
movimentos de massa, secas, furacões, atividades vulcânicas, abalos sísmicos, entre
outros (KOBIYAMA et al., 2006; MARCELINO, NUNES, KOBIYAMA, 2006).
Entende-se por “desastre” as consequências de um evento adverso sobre um
ambiente vulnerável, que excede a capacidade de resposta do sistema social atingido.
Essas consequências são representadas por danos humanos, materiais e ambientais
e seus consequentes prejuízos socioeconômicos, patrimoniais e ambientais. Dessa
forma, o desastre não é o evento adverso em si (a inundação, por exemplo), mas os
efeitos nocivos provocados por esse evento no sistema atingido. Esses efeitos, por
sua vez, são diretamente proporcionais à vulnerabilidade e à exposição dos elementos
em risco em seus diversos aspectos: físico, ambiental, econômico, político,
organizacional, institucional, educativo e cultural (VARGAS, H., 2010; MIGUEZ,
GREGÓRIO e VERÓL, 2018).
Os termos catástrofe e desastre, muitas vezes, são considerados sinônimos,
no entanto, o primeiro corresponde a uma situação mais extrema. Quando ocorre,
significa que um desastre atingiu um patamar de perdas e danos que o sistema
atingido sofreu modificações em nível tão elevado que demanda intervenções
políticas, governamentais e mesmo internacionais para manter as condições
46

intrínsecas e salvar vidas humanas (ZUQUETTE, 2018a). Para Almeida (2011), o que
os diferencia é a escala ou a magnitude das consequências e, nesse caso, a catástrofe
possui dimensões mais amplas, podendo ser quantificada quanto às perdas humanas,
financeiras e ecológicas.
Benson e Clay (2003) definiram desastre como sendo a ocorrência de um
anormal e não frequente perigo que impacta comunidades ou áreas vulneráveis e que
ocasiona danos substanciais, alterando o estado de funcionalidade da comunidade
afetada. Segundo Zamparoni (2012), resulta da combinação entre as características
físicas do lugar, que refletem suas suscetibilidades e fragilidades associadas à
capacidade de resposta e recuperação da sociedade expressas por sua
vulnerabilidade e resiliência. Dessa forma, a terminologia “desastre natural” relaciona-
se à causa do desastre, neste caso, por eventos provenientes da natureza, em
contraposição a desastres humanos, em que as causas relacionam-se às ações ou
omissões humanas, ou ainda desastres mistos, quando as ações antrópicas
contribuem para agravar os desastres naturais (CASTRO, 1998; MIGUEZ,
GREGÓRIO e VERÓL, 2018).
O desastre também pode ser compreendido como um acontecimento ou, mais
especificamente, a concretização de um perigo, que é o resultado de processos
naturais da Terra ou que a afeta levando à perda de vidas humanas, ocorrência de
feridos ou ainda a perdas econômicas e ambientais. A materialização do desastre no
espaço pode ser expressa “quando os perigos se cruzam com a vulnerabilidade”
(SARAIVA, 2012, p. 21).
Para Nunes (2015), o risco de desastres tem sido agravado em razão das
práticas antrópicas que desconsideram as características físicas dos locais. Com isso,
eventos dessa natureza constituem ameaça ao desenvolvimento real, tendo em vista
que as perdas infligidas por eles podem comprometer esforços de décadas. Seus
indutores são de diversas naturezas, porém dois processos sociais contemporâneos
merecem destaque em razão de sua capacidade em alterar rapidamente o ambiente
natural: a urbanização e a globalização.
As consequências negativas de um desastre podem estar mais relacionadas
às formas como acontece a ocupação do espaço pela sociedade do que à magnitude
do fenômeno desencadeador (NUNES, 2015). Narváez, Lavell e Ortega (2009) e
Freitas et al. (2012) corroboram com essa ideia, ao argumentar que os desastres não
representam apenas fenômenos naturais, mas também as consequências de
47

processos sociais não sustentáveis, que proporcionam uma relação inadequada com
os ambientes naturais e construídos.
Nesse contexto, Alcántara-Ayala (2002) menciona dois fatores principais para
justificar o motivo pelo qual as consequências são mais expressivas quando ocorrem
em países em processo de desenvolvimento.

[...] First, there is a relation with geographical location and geological–


geomorphological settings. Developing or poor countries are located to a great
extent in zones largely affected by volcanic activity, seismicity, flooding, etc.
The second reason is linked to the historical development of these poor
countries, where the economic, social, political and cultural conditions are not
good, and consequently act as factors of high vulnerability to natural disasters
(economic, social political and cultural vulnerability) (ALCÁNTARA-AYALA,
2002, p.108).

Com base no apresentado, esta pesquisa aborda o desastre como a ocorrência


de um evento natural, que representa um perigo e afeta de maneira negativa uma
população, expressa por sua vulnerabilidade. Isso resulta em danos à população
como a perda de vidas, feridos, desabrigados, comprometimento de atividades
sociais, econômicas e de elementos naturais, em que as consequências são
superiores à capacidade do sistema afetado enfrentar com os próprios recursos.
Deve-se considerar que ocorrem não apenas em razão de eventos naturais de grande
magnitude, mas também em função da forma pela qual se (re)produziu o espaço, ou
seja, de maneira conflituosa entre sociedade e natureza. O processo de urbanização
de maneira desordenada, em especial, em países em processo de desenvolvimento
é um fator que contribui para a gênese de novas situações de risco de desastres em
diferentes localidades da superfície da Terra, exemplo disso é o que ocorre no
território brasileiro.
Em termos de classificação e codificação para os desastres, foi desenvolvida
pela Defesa Civil Nacional para o Brasil, a Classificação e Codificação Brasileira de
Desastres (COBRADE), conforme apresentado no Quadro 1. Na COBRADE, os
desastres naturais estão estruturados nos grupos geológico, hidrológico,
meteorológico, climatológico e biológico. Os desastres naturais hidrológicos são
compostos pelos subgrupos inundações, enxurradas e alagamentos.
48

Quadro 1 – Classificação de desastres segundo a COBRADE

Classificação
Grupo Subgrupo
Terremoto
Emanação vulcânica
Geológico
Movimento de massa
Desastres naturais

Erosão
Inundações
Hidrológico Enxurradas
Alagamentos
Sistemas de grande escala/escala regional
Meteorológico Tempestades
Temperaturas extremas
Climatológico Seca
Epidemia
Biológico
Infestações/pragas
Desastres siderais com riscos radioativos
Desastres relacionados Desastres com substâncias e equipamentos
a substâncias radioativos de uso em pesquisas, indústrias e usinas
radioativas nucleares
Desastres relacionados com riscos de intensa poluição
ambiental provocada por resíduos radioativos
Desastres em plantas e distritos industriais, parques e
Desastres tecnológicos

armazenamentos com extravasamento de produtos


Desastres relacionados perigosos
a produtos perigosos Desastres relacionados à contaminação da água
Desastres relacionados a conflitos bélicos
Desastres relacionados a transporte de produtos
perigosos
Desastres relacionados Incêndios urbanos
a incêndios urbanos
Desastres relacionados Colapso de edificações
a obras civis Rompimento/colapso de barragens
Desastres relacionados Transporte rodoviário
a transporte de Transporte ferroviário
passageiros e cargas Transporte aéreo
não perigosas Transporte marítimo
Transporte aquaviário
Fonte: Adaptado da Defesa Civil do Rio Grande do Sul (s.d.).

No que se refere à evolução do processo capaz de provocar desastre, a Defesa


Civil Nacional apresenta a seguinte classificação: desastres súbitos ou de evolução
aguda; desastres graduais ou de evolução crônica; desastres por somação de efeitos
parciais. No contexto dos desastres hidrológicos, podem ser citados, como desastres
súbitos, aqueles provocados por enxurradas (também denominadas inundações
bruscas); como desastres de evolução crônica, aqueles provocados por inundações
graduais e, como desastres por somação de efeitos parciais, os alagamentos
49

frequentemente provocados por problemas na rede de drenagem urbana (CASTRO,


1998; MIGUEZ, GREGÓRIO e VERÓL, 2018).
Conforme o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais (UFSC, 2013), os desastres
mais recorrentes no Brasil são derivados de processos de dinâmica externa, tais
como: estiagem e seca, enxurrada, inundação, vendaval, granizo, movimento de
massa, erosão, incêndio, tornado, alagamento e geada. Esses fenômenos ocorrem
normalmente associados à dinâmica climática, meteorológica, hidrológica e geológica
nas diferentes regiões do país. Os episódios ligados aos desastres hidrológicos
relacionam-se, em especial, a eventos pluviométricos intensos e prolongados em
períodos chuvosos, como também às características dos sistemas hídricos naturais e
antropizados.
O Brasil apresentou, entre 1991 e 2012, o total de 126.926.656 pessoas
afetadas por desastres naturais, sendo que, desse total, a estiagem e a seca foram
os que mais afetaram a população brasileira, com 51,30% do total de registros,
justificado por abranger extensas áreas. Em seguida, destacam-se as enxurradas,
com 20,66% e as inundações com 12,04%, os alagamentos, por sua vez, aparecem
com 1,32%. Com base nesses dados, os desastres naturais hidrológicos juntos
(enxurrada, inundação e alagamento) corresponderam a mais de um terço das
pessoas afetadas no país, com 34,02% (Figura 11).
50

Figura 11 – Gráfico da porcentagem do registro de afetados por tipo de desastres no Brasil entre
1991 e 2012

Fonte: Adaptado da UFSC (2013, p. 35).

Em relação ao número de mortes ocasionadas por esse tipo de desastre no


Brasil, as enxurradas são responsáveis por 58,15%, as inundações e os alagamentos
correspondem, respectivamente, a 13,40% e 0,78%. Os desastres de natureza
hidrológica juntos foram responsáveis por 72,33% das mortes no país (Figura 12).
Esses dados expressam a emergente necessidade de se avançar na gestão de áreas
de risco, em especial, no que se refere às enxurradas, inundações e alagamentos.
Nesse contexto, os desastres classificados como hidrológicos caracterizam-se
por ocasionar expressivos danos e perdas sociais, econômicas e ambientais. Grande
parte dos eventos não pode ser evitada. Entretanto, pode-se estabelecer padrões
comportamentais com o intuito de elaborar métodos preventivos para a atenuação e
redução dos efeitos destrutivos deles (ALCÁNTARA-AYALA, 2002; UNISDR, 2002;
MARCELINO, NUNES e KOBIYAMA, 2006).
51

Figura 12 – Gráfico da porcentagem do número de mortos por tipo de desastres no Brasil entre 1991
e 2012

Fonte: Adaptado da UFSC (2013, p. 35).

Dessa forma, a compreensão da dinâmica empenhada aos eventos que


ocasionam danos, assim como as formas de produção e reprodução do espaço
urbano tornam-se elementos fundamentais para que menos pessoas sejam afetadas
ou para que sejam minimizados os danos. Integrado a isso, estão presentes, na
literatura, conceitos indissociáveis acerca da temática dos desastres como a
suscetibilidade, o perigo, a vulnerabilidade e o risco, os quais também devem ser
contemplados quando analisado um desastre.

3.2 PROCESSOS DE INUNDAÇÃO E FATORES CONDICIONANTES EM ÁREAS


URBANAS

Quando as margens e a planície de inundação dos cursos d’água são ocupadas


e modificadas pelo ser humano, os processos de inundação podem ocasionar danos
e desastres (ROBAINA, 2013b). A partir da expansão de áreas urbanas em locais com
alta densidade de drenagem, se favorece que áreas de risco sejam formadas, uma
52

vez que os processos de dinâmica natural materializam situações de perigo e risco


quando áreas suscetíveis a eventos naturais são ocupadas pelo ser humano.
Vinculando-se a essa questão, emerge a necessidade de definição e
discriminação conceitual dos termos ligados aos processos de dinâmica fluvial que
potencializam danos em ambiente urbano, a destacar: enchente ou cheia, inundação,
inundação brusca ou enxurrada e alagamento. Na Figura 13, é possível observar a
representação de maneira simplificada das condições de ocorrência dos diferentes
tipos de processos de dinâmica fluvial em um perfil transversal.

Figura 13 – Esquema ilustrativo de secção ortogonal de um vale e suas vertentes com a


representação das diferentes condições de ocorrências de diferentes tipos de processos de dinâmica
fluvial

Fonte: Zuquette (2018b, p. 152).

A enchente ou cheia corresponde a um evento associado a um canal de


drenagem, que se caracteriza pela elevação do nível de água devido ao aumento da
vazão, acima de uma posição de referência, porém sem que ultrapasse a cota máxima
do canal e ocorra o extravasamento (BRASIL, 2007; MIGUEZ, GREGÓRIO e VERÓL,
2018; ZUQUETTE, 2018b).
Segundo Veyret e Richemond (2015c), a distinção entre cheia e a inundação é
expressa pela elevação do nível d’água no rio e locais alcançados. Quando ocorre a
elevação do nível d’água até o leito menor de um rio, sem que aconteça o
extravasamento das águas, são identificados processos de cheia. Todavia, quando o
rio extravasa essa área, atingindo o leito maior, ocorre o processo de inundação.
53

A inundação corresponde ao extravasamento da vazão do rio para fora da sua


calha secundária, ocupando a planície de inundação. Ocorre durante a enchente do
rio e pode ser mais crítica quando a planície encontra-se ocupada. As inundações
podem ser classificadas como graduais ou bruscas, em função da topografia da
região, que condiciona a velocidade do escoamento e o tempo de (re)ocorrência do
evento (MIGUEZ, GREGÓRIO e VERÓL, 2018).
Tucci (2008) apresenta a distinção entre as inundações que ocorrem em áreas
ribeirinhas e as inundações ocasionadas em virtude da urbanização. As inundações
de áreas ribeirinhas são naturais e ocorrem no leito maior dos rios por causa da
variabilidade temporal e espacial da precipitação e do escoamento na bacia
hidrográfica. Já as inundações em razão da urbanização ocorrem na drenagem
urbana por causa do efeito da impermeabilização do solo, canalização do escoamento
ou obstruções ao escoamento.
Neste sentido, pode-se observar a diferença das inundações a partir do
hidrograma representado na Figura 14, que retrata a evolução da vazão em uma bacia
hidrográfica rural que passou por um processo de urbanização. A partir da
urbanização da área, houve o aumento das vazões máximas, como também a sua
frequência devido à impermeabilização das superfícies, fato que não ocorria
anteriormente, quando predominavam processos de inundação em áreas ribeirinhas.
Zuquette (2018b) apresenta a classificação das inundações em função da área
de ocorrência, pela velocidade do fluxo e pelas fontes de água:
- Área de ocorrência: os processos de inundações estão associados às
planícies marginais, canais de drenagem, zonas costeiras, vertentes de elevação do
nível de água em reservatórios e lagos, como também o preenchimento de cavas,
depressões e outras escavações (ZUQUETTE, 2018b).
- Velocidade do fluxo: esse aspecto refere-se ao tempo entre o início do
fornecimento de água na área de contribuição e a geração da lâmina de água que se
caracteriza como um evento de inundação, que pode variar de minutos até semanas
(ZUQUETTE, 2018b).
- Fontes de água: as fontes de água que dão origem às inundações podem ser
classificadas como naturais e antropogênicas, por exemplo, chuvas associadas a
tempestades; chuvas de alta intensidade, como as orográficas; derretimento de neve;
rupturas e galgamento de barragem e diques de contenção; abertura de comportas;
rompimento de canalizações; rompimento de dutos por pressões elevadas, erosões e
54

movimentos de massa; ondas e marés oceânicas; ondas de rebentação geradas por


tsunamis e tempestades; afloramento de águas subterrâneas devido à elevação do
nível de água; e atividades vulcânicas com grande magnitude de vapor de água
(ZUQUETTE, 2018b).

Figura 14 – Hidrograma de uma bacia hidrográfica rural e depois de urbanizada

Fonte: Tucci (2008, p. 106).

Os processos de inundações ainda podem ser classificados em função da


magnitude e pelo seu padrão evolutivo. Conforme Castro (1998), a classificação pela
magnitude pode ser segmentada em inundações excepcionais, de grande magnitude,
normais ou regulares e de pequena magnitude. Já em razão do padrão evolutivo,
podem ser classificadas em enchentes ou inundações graduais, enxurradas ou
inundações bruscas, alagamentos e inundações litorâneas.
As inundações bruscas ou enxurradas correspondem ao escoamento
superficial concentrado e com alta energia de transporte, que pode ou não estar
associado a áreas de domínio dos processos fluviais. A ocorrência desse tipo de
processo é mais comum ao longo de vias construídas sobre antigos cursos d’água
que apresentam alto gradiente hidráulico e em terrenos com acentuada declividade
natural (BRASIL, 2007; AMARAL e RIBEIRO, 2015).
55

De acordo com Reis et al. (2012), as enxurradas são ocasionadas por chuvas
intensas e concentradas, em locais de relevo acidentado. Esses fatores são
responsáveis por predisporem súbitas e violentas elevações dos corpos hídricos que
passam a escoar de forma rápida e intensa.
Os alagamentos, por sua vez, são definidos como o acúmulo de água em
depressões naturais e antropogênicas (ruas, cavas, áreas escavadas), apresentam
curta ou longa duração de acordo com as condições de drenabilidade e do volume de
água acumulado (ZUQUETTE, 2018b).
Esse tipo de processo relaciona-se ao sistema de drenagem das áreas
urbanas, podendo ou não ter relação com processos de natureza fluvial. Em cidades
com rápida expansão urbana e deficiente planejamento urbano, são comuns, em
função do não acompanhamento das estruturas de drenagem e de esgotamento para
as águas pluviais (REIS, 2011; MIGUEZ, GREGÓRIO e VERÓL, 2018).
Integrados à definição conceitual dos diferentes processos de dinâmica fluvial
(enchente ou cheia, inundação, inundação brusca ou enxurrada e alagamento) é
possível elencar alguns fatores condicionantes para a deflagração deles em áreas
urbanizadas. Esses processos, muitas vezes, estão associados a situações de risco
de desastres em áreas urbanas, à medida que interagem com a sociedade e
ocasionam danos aos sujeitos, bens, estruturas, entre outros, afetados.
Entre os condicionantes naturais das inundações, Amaral e Ribeiro (2015)
destacam: a forma do modelado do relevo; as características da rede de drenagem; a
intensidade, quantidade, distribuição e frequência das chuvas; as características do
solo e o seu teor de umidade; e a presença ou ausência de cobertura vegetal.
Como condicionantes antrópicos para as inundações, os autores mencionam:
o uso e ocupação irregular nas planícies e margens de cursos de água; a disposição
irregular de lixo nas proximidades dos cursos d’água; as alterações nas características
da bacia hidrográfica e dos cursos d’água (vazão, retificação, canalização de cursos
d'água, impermeabilização dos solos etc.) e os processos de erosão dos solos e de
assoreamento dos cursos d’água (AMARAL e RIBEIRO, 2015).
Considerando o ciclo hidrológico, em uma bacia hidrográfica natural, o
escoamento natural tende a ser uma fração menor da precipitação, enquanto, em
bacias urbanizadas, essa fração passa a ser maior (MIGUEZ, GREGÓRIO e VERÓL,
2018), em razão da impermeabilização do terreno, através das edificações e da
pavimentação das vias de circulação (BOTELHO e SILVA, 2014).
56

Neste sentido, a ocupação urbana ocasiona mudanças na situação original do


ciclo hidrológico. Dessa forma, não afeta apenas a quantidade de bens e pessoas
expostas, mas também o processo de geração de vazões, que é responsável por
inundações e alagamentos (MIGUEZ, GREGÓRIO e VERÓL, 2018).
Eventos de chuvas intensas e/ou de longa duração favorecem a saturação dos
solos, o que resulta no aumento do escoamento superficial e a concentração de água
(AMARAL e RIBEIRO, 2015), conflagrando também em processos de inundação.
Conforme Pinheiro (2007), eventos de precipitações com maiores intensidades,
quando ocorrem no final do tempo de resposta de uma bacia hidrográfica, são mais
prejudiciais, visto que atingem os solos quase saturados e isso contribui na geração
de escoamentos superficiais.
A cobertura vegetal é essencial na redução da magnitude das inundações,
devido ao aumento da água interceptada e infiltrada no solo. Ela é importante em
áreas à montante das suscetíveis à inundação e atua no controle da geração dos
escoamentos superficiais. Além de atuar na infiltração da água no solo, serve como
barreira ao seu escoamento, o que reduz a quantidade de água que poderia chegar
bruscamente às calhas dos rios (INFANTI JR. e FORNASARI FILHO, 1998;
PINHEIRO, 2007).
Locais com superfícies impermeáveis, como, por exemplo, áreas asfaltadas,
estacionamentos pavimentados, coberturas das edificações, entre outras, produzem
pouca infiltração e, consequentemente, muito escoamento superficial. A partir disso,
tem-se, na impermeabilização das superfícies, um fator de agravamento das
inundações, enquanto a manutenção de superfícies permeáveis reduz o risco de
ocorrência de processos dessa natureza (PINHEIRO, 2007).
Conforme Botelho e Silva (2014), quando ocorre a retirada da vegetação que
circunda os cursos d’água, os sedimentos carreados são depositados neles, gerando
o assoreamento, que aumenta os riscos de inundações, em função da diminuição da
área da seção transversal do canal e a consequente diminuição do volume circulante.
Além disso, a canalização e retificação dos cursos d’água constituem
intervenções antrópicas que afetam sobremaneira o sistema hidrológico. Intervenções
dessa natureza possuem, como objetivo, aumentar a velocidade e a vazão dos rios,
com a finalidade de promover o escoamento rápido do grande volume de água que
atinge os canais fluviais, assim como possibilitar a ocupação de suas margens
(BOTELHO e SILVA, 2014).
57

Conforme a cidade urbaniza-se, ocorrem, geralmente, os seguintes impactos:


- Aumento das vazões máximas em várias vezes e da sua frequência em virtude do
aumento da capacidade de escoamento, através de condutos e canais e
impermeabilização das superfícies (TUCCI, 2008).
- Aumento da produção de sedimentos pela falta de proteção das superfícies e pela
produção de resíduos sólidos (lixo) (TUCCI, 2008).
- A deterioração da qualidade da água superficial e subterrânea, em razão de lavagem
das ruas, transporte de material sólido e de ligações clandestinas de esgoto cloacal e
pluvial (TUCCI, 2008).
- Consequências da forma desorganizada como a infraestrutura urbana é implantada:
pontes e taludes de estradas que obstruem o escoamento; redução de seção do
escoamento por aterros de pontes e para construções em geral; deposição e
obstrução de rios, canais e condutos por lixos e sedimentos; projetos e obras de
drenagem inadequadas, com diâmetros que diminuem a jusante, drenagem sem
esgotamento, entre outros (TUCCI, 2008).
Nesse contexto, quando o ser humano ultrapassa os limites das condições
naturais do meio, as inundações tornam-se um problema social, econômico e/ou
ambiental. A inundação passa a representar um evento catastrófico quando a área
suscetível não apresenta uma ocupação adequada e pode ser afetada devido ao
excesso de chuvas ou uma obstrução que impediu a passagem da vazão (PINHEIRO,
2007).
A ocupação de áreas suscetíveis às inundações gera um conflito ambiental e
origina áreas de risco. Esse fato é comum em áreas urbanas, onde as populações
instalam-se em locais próximos a nascentes, margens de rios e na planície de
inundação, como também desempenham diferentes formas de intervenções
(impermeabilização, retificação e canalização de canais, entre outros) na bacia
hidrográfica e nos cursos d’água que contribuem ou potencializam para o risco de
inundações.
58

3.3 ÁREAS DE RISCO NO ESPAÇO URBANO

A urbanização no Brasil ocorreu de maneira muito célere, no período de 1940


a 1980, houve a inversão de lugar de residência da população brasileira. A taxa de
urbanização em 1940 era de 26,35%, enquanto, em 1980, de 68,86% (SANTOS,
2018). Em função disso, o espaço urbano passou a concentrar grande contingente
populacional em um período de tempo relativamente pequeno e, como consequência,
diferentes problemas socioambientais passaram a materializar-se.
Nesse contexto, observa-se a dificuldade do acesso à terra e à moradia nas
áreas urbanas juntamente com a deficitária atuação do poder público, o que levou a
um quadro de ocupação irregular de áreas suscetíveis a danos, especialmente nos
grandes centros urbanos (MAFFRA e MAZZOLA, 2007). Além disso, ações de
degradação ambiental, falta de saneamento básico e acesso a serviços públicos,
vulnerabilidade socioeconômica, violência, entre outros, são fatores que se somam às
contradições urbanas.
A produção do espaço urbano em grande parte das cidades brasileiras, na
forma como aconteceu, fez com que este seja o palco onde ocorrem os maiores
problemas decorrentes das inundações (HOFFMANN, MENDONÇA e GOUDARD,
2014). Neste sentido, “[...] a problemática dos riscos e perigos [...] tem efetiva ligação
com a forma como as sociedades ocupam e usam o território ou, em outras palavras,
como as populações se distribuem por este espaço [...]” (MARANDOLA JR. e HOGAN,
2004, p. 104).
O espaço das cidades e a sua (re)produção são um reflexo das estruturas
sociais que os moldam. Por esse motivo, uma estrutura social dividida em classes
torna-se produtora de um espaço urbano também dividido, marcado pelos diferentes
usos e funções do solo e pela segregação socioespacial (SOUZA e SANTOS, 2006).
Segundo Corrêa (2004, p. 11), o espaço urbano “[...] é um produto social, resultado
de ações acumuladas através do tempo, e engendradas por agentes que produzem e
consomem o espaço”. Os principais agentes sociais responsáveis pela configuração
do espaço das cidades são os proprietários dos meios de produção, os proprietários
fundiários, os promotores imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos
(CORRÊA, 2004; SOUZA e SANTOS, 2006). Dessa forma, a segregação residencial
ascende e implica a separação das diferentes classes sociais fragmentadas no
espaço (CORRÊA, 2016).
59

Conforme Maffra e Mazzola (2007):

O acesso ao espaço na cidade está preso e submetido ao mercado no qual


a propriedade privada do solo urbano aparece como condição do
desenvolvimento do capitalismo. A existência da propriedade privada
significa a divisão e parcelarização da cidade, bem como a profunda
desigualdade do processo de produção do espaço urbano, fato que se
percebe de forma clara e inequívoca no plano da vida cotidiana inicialmente
revelada no ato de morar, que coloca o habitante diante da existência real da
propriedade privada do solo urbano. O processo de fragmentação da cidade
caminha junto ao processo de mundialização, embora de forma contraditória.
Homogênea e fragmentada, a cidade revela, ainda, a hierarquização dos
lugares e pessoas como articulação entre morfologias espacial e social e está
estratificação revela as formas da segregação urbana (MAFFRA e
MAZZOLA, 2007, p. 11).

Para Moraes (2008) e Souza (2009), em países de capitalismo avançado, o


acesso à moradia ocorre predominantemente pelo livre mercado ou por políticas
públicas para o setor. Por sua vez, no Brasil, assim como em outros países da periferia
capitalista, grande parte do acesso à moradia ocorre às margens do mercado formal.
Neste sentido, mais de 134 milhões de pessoas vivem em assentamentos precários,
sem condições de acesso a uma moradia adequada na América Latina e no Caribe,
sendo que, desse montante, aproximadamente 40% encontram-se no Brasil.
Em razão disso, é possível discriminar no espaço urbano duas cidades, sendo
uma formal ou legal, que se caracteriza pelo uso e ocupação pautados em preceitos
urbanísticos, e outra informal ou ilegal, a qual se caracteriza por ocupações com
diferentes situações fundiárias e aspectos espaciais de distribuição e construção das
edificações (FARAH, 2003).
Compreender e analisar o risco de desastres passa por explicitar as relações
de poder, entendendo, neste sentido, que o processo de ocupação do espaço nas
cidades brasileiras visou a interesses econômicos e políticos e não o fez em relação
à função social da terra. Esse fato acarretou, sob o ponto de vista socioambiental, a
criação de extensas áreas vulneráveis a perigos, como movimentos de massa,
inundações, entre outros (JACOBI e SULAIMAN, 2017).
Segundo Marandola Jr. et al. (2013):
60

O conflito entre urbanização, desenvolvimento e ambiente se manifesta no


aumento de riscos, seja pela ocupação de áreas frágeis biofisicamente, o que
produz áreas de risco no tecido urbano, seja na produção de vulnerabilidades
a camadas cada vez mais significativa da população. Isso se manifesta na
rápida expansão da mancha urbana sem a infraestrutura básica para atender
às necessidades da população, o que aumenta a exposição aos riscos e
perigos ambientais (MARANDOLA JR. et al., 2013, p. 40).

No atual quadro urbano brasileiro, é inquestionável a necessidade de


implementar políticas públicas orientadas para tornar as cidades social e
ambientalmente sustentáveis, como uma forma de se contrapor ao quadro de
deterioração crescente das condições de vida e de multiplicação de riscos associados
a eventos extremos. A relação entre o crescimento populacional, a concentração
urbana, a desigualdade socioespacial, o déficit habitacional e a visão do curto prazo
político-econômica fizeram crescer, nas cidades, assentamentos precários que se
configuram como áreas físicas e humanas mais suscetíveis aos eventos naturais
(JACOBI e SULAIMAN, 2017).
O uso e a ocupação da terra no espaço urbano devem também ser orientados
pelo disposto na legislação brasileira, em especial, na Lei Federal nº 12.651 de 2012
que institui o Código Florestal, na Lei Federal nº 6.766 de 1979 que apresenta
diretrizes de Parcelamento do Solo Urbano (BRASIL, 1979, 2012b; AMARAL e
RIBEIRO, 2015), como também a legislação municipal, com o respectivo Plano
Diretor. Além disso, estudos de áreas de risco de inundação e o gerenciamento de
risco de desastres devem ser considerados na análise de novas áreas para expansão
urbana e de novos empreendimentos e loteamentos.
As áreas de risco de desastres (re)produzem-se no espaço urbano a partir da
ocupação de locais naturalmente suscetíveis aos processos naturais, como nascentes
e margens de cursos d’água periodicamente afetados por inundações. Esses espaços
são ocupados por sujeitos, geralmente de maior vulnerabilidade socioeconômica, em
função do processo de segregação residencial, vinculado ao valor imposto ao uso da
terra. Além desses aspectos, o processo de urbanização no Brasil experimentou um
elevado aumento do contingente populacional nos espaços urbanos em poucas
décadas. Esse fato não foi acompanhado por um programa de gestão, ou por políticas
governamentais para o ordenamento urbano e de desenvolvimento de infraestruturas.
Dessa forma, originou-se um espaço urbano marcado por diversos conflitos
61

socioambientais e a criação de áreas de risco de desastres que compõem mais uma


contradição urbana.

3.4 CONCEITUAÇÃO ASSOCIADA AO RISCO DE INUNDAÇÃO

A noção de risco é complexa, sendo que, na literatura sobre riscos de inundação,


são apresentados diversos conceitos como perigo, vulnerabilidade, exposição e risco.
As relações entre esses termos em diversas vezes não são claras, como também os
termos podem apresentar significados distintos de acordo com o contexto em que são
empregados e a área de atuação e origem diferentes dos pesquisadores (BHARWANI
et al., 2008; VEYRET e RICHEMOND, 2015a; BRITO, 2018).
Nesta pesquisa, o risco é entendido como a probabilidade de consequências
prejudiciais ou danosas, resultantes da interação entre um perigo e as condições de
vulnerabilidade de um dado elemento, grupo ou comunidade (BRASIL, 2007;
UNISDR, 2009). Com base nisso, o risco pode ser expresso pela Equação 1 que
estabelece a relação do perigo com a vulnerabilidade (ALMEIDA, 2011; TOMINAGA
et al., 2015a):

f(R) = P x V (1)

Onde: P é o próprio evento perigoso (perigo) ou a sua potencialidade de ocorrência,


e V é a vulnerabilidade intrínseca de um indivíduo ou grupo de indivíduos.

O perigo representa o resultado de um evento adverso com potencial de causar


danos (sociais, econômicos, estruturais, ambientais, entre outros) a um determinado
ativo. A sua denominação pode ser variada, enquanto, na língua francofônica, adotou-
se o termo álea, as anglo-saxônicas utilizaram hazard e as espanholas, peligro. No
Brasil, as traduções podem ser expressas, como perigo, ameaça, eventos perigosos
etc. (CASTRO, 1998; CASTRO, 2000; MARANDOLA Jr. e HOGAN, 2004; UNISDR,
2009; ZANELLA e OLÍMPIO, 2014; VEYRET e RICHEMOND, 2015b).
62

Na área de estudo, o perigo ocorre a partir dos processos de inundação que


atingem periodicamente áreas ocupadas por uma população exposta a ele e
ocasionam danos. Esses eventos variam em intensidade, magnitude e frequência e
essa relação resulta em distintos graus de severidade do perigo no espaço e tempo.
Para análise do perigo, podem ser empregados diferentes métodos,
procedimentos e ferramentas, de acordo com as características do evento e da área
de estudo, assim como os dados e informações disponíveis. Conforme Zuquette
(2018a), a análise do perigo pode ser segmentada com base em uma abordagem
qualitativa, semiquantitativa ou quantitativa.
Na abordagem qualitativa, normalmente, empregam-se procedimentos de
caráter nominal, semântico e sintático, permitindo um tratamento que resulta em um
quadro comparativo e uma análise relativa entre classes e com uso de ferramentas
como análises de lista de informações, árvores lógicas de eventos, de decisão e de
falhas, análise de atributos e condicionantes (ZUQUETTE, 2018a). Com esse tipo de
abordagem, pode-se mencionar o estudo da CPRM (2013), em que técnicos
realizaram avaliações durante um evento de inundação na área de estudo e
identificaram in loco fatores e atributos condicionantes. Em áreas com escassez de
dados para elaboração de modelos matemáticos e de previsão de cenários, esse tipo
de abordagem pode suprir essa carência, todavia a pesquisa apresenta um caráter
bastante subjetivo, o que dificulta o uso da metodologia em novas áreas.
Já na abordagem semiquantitativa, os recursos empregados, geralmente,
buscam fornecer uma hierarquia de situações representadas por índices numéricos,
obtidos por procedimentos de ranqueamento relativo baseados em pesos, análises
multivariadas, em Teoria Fuzzy, árvore lógica de eventos e de falhas, análises de
causa-consequência e análise de confiabilidade (ZUQUETTE, 2018a). Exemplos
disso são expressos nos estudos de Kormann, Schirmer e Freitas (2013), Galvão
(2014), Menezes (2014), Trentin e Dias (2014), Saueressig e Robaina (2015), em que
os autores utilizaram, para análise, o inventário de eventos de inundação, dados
obtidos em trabalhos de campo e posição na bacia hidrográfica, que foram
manipulados com auxílio do SIG para estabelecer graus de perigo. Esse tipo de
análise possibilita ranquear graus de severidade do perigo, todavia também podem
apresentar caráter subjetivo na seleção de indicadores e definição dos seus pesos.
Por fim, os métodos quantitativos, comumente, demandam de dados
quantitativos dos tipos de razão e intervalos para previsão de eventos que ocasionam
63

danos. Como recursos de análise e tratamentos, podem ser utilizados modelos físicos,
árvore lógica de eventos, de decisão e de falha, métodos empíricos, probabilísticos,
análises multivariadas e redes neurais (ZUQUETTE, 2018a).
Estudos com esse tipo de abordagem são apresentados por Jamrussri e Toda
(2018), Afifi et al. (2019) e Abdrabo et al. (2020), em que são empregados modelos
hidrológicos para avaliação e definição do perigo. Esse tipo de análise possibilita
definir diferentes cenários para os eventos, com distintos tempos de retorno, mas é
necessária a disponibilidade de dados que, muitas vezes, não estão disponíveis para
todas as áreas de estudo, além disso, os modelos devem ser validados de modo que
representem, de forma satisfatória, a dinâmica do perigo. Exemplos disso são
verificados na área de estudo da presente pesquisa, com os estudos desenvolvidos
pela METROPLAN (2018) e Tucci (2019) em que os autores buscaram estipular o
perigo de inundação com base em modelos hidrológicos, todavia os resultados obtidos
apresentam diversas inconsistências, o que corrobora a necessidade de validação in
loco.
Com base no que foi exposto, entende-se que o método para análise do perigo
deve ser adotado de acordo com as características e disponibilidade de informações
da área de estudo. Dessa forma, deve-se dar prioridade a um método que melhor
possibilite representar a dinâmica do perigo. Embora análises quantitativas
apresentem menos subjetividade, em áreas que apresentam escassez de dados, sua
aplicação torna-se inviável ou sujeita a inconsistências com a realidade.
Para que o risco ocorra, é necessário que o perigo afete elementos expostos a
ele, nesse entendimento, a exposição representa o nível ao qual pessoas, indústrias,
edifícios, usos e todos os elementos (físicos e biológicos) estão sujeitos em uma área
com probabilidade de ser afetada por um perigo (ZUQUETTE, 2018a). Isso inclui
todos os elementos que estão expostos aos efeitos de um perigo, mas que não
necessariamente sejam vulneráveis (CARDONA, 1990; UNISDR, 2004, 2009).
Nessa análise, podem ser utilizadas diferentes variáveis, no estudo de
Fernandez, Mourato e Moreira (2016), os autores consideraram o uso da terra,
densidade populacional e densidade de edificações. Komi, Amisigo e Diekkrüger
(2016) adotaram, como critérios estruturais (número de unidades habitacionais e
casas com água potável encanada), a população (população residente total) e a
economia (Produto Interno Bruto local). Luu e Meding (2018) utilizaram categorias de
uso da terra, distância dos rios e densidade populacional. Conforme observado, as
64

métricas utilizadas para analisar a exposição, geralmente, compreendem o número


de pessoas ou ativos localizados em áreas suscetíveis a perigos (BRITO, 2018). A
combinação de exposição com a vulnerabilidade desses elementos permitea estimar
quantitativamente o risco associado com perigo na área de interesse (MIGUEZ,
GREGÓRIO e VERÓL, 2018).
Neste sentido, a vulnerabilidade representa a propensão dos elementos
expostos, como seres humanos, seus meios de subsistência e ativos, em sofrer
efeitos adversos quando impactados por um perigo ou ameaça. Dessa forma,
determinar a capacidade desses elementos de enfrentar o problema, ou seja, a sua
vulnerabilidade, representa parâmetro fundamental para indicar o risco (UNISDR,
2009; ROBAINA, 2013a; BRITO, 2018).
A vulnerabilidade consiste em uma variável multidimensional (CUTTER, 2003)
e complexa devido à incerteza para sua medição e classificação (TATE, 2012).
Ademais, está intimamente ligada aos processos sociais que se desenvolvem nas
áreas de risco e, frequentemente, possui relação com a fragilidade, suscetibilidade ou
falta de resiliência da população aos diversos perigos (CARDONA, 2005). A sua
avaliação combina diferentes dimensões de vulnerabilidade, bem como dados
quantitativos com qualitativos (VOJINOVIĆ et al., 2014; FERNANDEZ, MOURATO e
MOREIRA, 2016).
Em geral, uma população com status socioeconômico relativamente maior, o
acesso a recursos e atributos de ambiente construído é menos vulnerável e,
normalmente, tem melhor desempenho durante e após eventos de desastre (AKSHA
et al., 2020). Nesse contexto, uma situação que pode caracterizar um risco a um
determinado grupo social pode não ser para outro. Nessa abordagem, toma-se, como
exemplo, a ocupação de uma planície de inundação que constitui o risco para uma
população. No entanto, em um ponto onde foram realizadas ações que mitiguem esse
perigo, ou seja, com a finalidade de reduzir os efeitos potenciais da inundação, o risco
passa a ser reduzido (SANTOS, 2015).
Para avaliar a vulnerabilidade, assim como o perigo de inundação, vários
métodos podem ser utilizados de acordo com as características da área de estudo,
bem como os dados e informações disponíveis. Para exemplificar isso, destacam-se
métodos baseados em consultores/profissionais, análises históricas, uso de índices,
modelos analíticos básicos e modelos analíticos complexos (ZUQUETTE, 2018a).
65

A análise de consultores/profissionais baseia-se nas características de um


evento perigoso que o profissional deve estimar a porcentagem de perdas e danos
para os diferentes elementos expostos. Nas análises históricas, são formuladas as
estatísticas das perdas e danos ocorridos frente a eventos do passado, estabelecendo
diferentes graus de vulnerabilidade. No uso de índices, consideram-se diferentes
parâmetros relativos às características dos elementos em análise e os graus de
perdas e danos frente às intensidades do evento. Os modelos analíticos básicos
avaliam o comportamento dos elementos com base em suas características frente às
condições impostas pelo evento perigoso com base em critérios definidos
previamente, com o uso de modelos conceituais simulados por meio de programas
computacionais para diferentes cenários. Por fim, em modelos analíticos complexos,
são empregados métodos complexos, que demandam grande quantidade de
informações e, normalmente, são aplicados para elementos específicos e eventos
com intensidades e efeitos bem conhecidos (ZUQUETTE, 2018a).
Como exemplo de método para avaliar a vulnerabilidade, Goerl, Kobiyama e
Pellerin (2012) utilizaram indicadores socioeconômicos oriundos do Censo
Demográfico realizado pelo IBGE. Como variáveis, os autores consideraram o número
de moradores no setor, a média de moradores por domicílio, a densidade
demográfica, a soma da porcentagem da população acima de 65 anos, o percentual
de pessoas analfabetas acima de 12 anos e a soma da porcentagem dos responsáveis
sem rendimento e com rendimento de até um salário mínimo e o Índice de
Desenvolvimento Humano do Município. O estudo apresenta proposta metodológica
que pode ser facilmente replicada a outras áreas de estudo, todavia não aborda a
vulnerabilidade física ou outras dimensões, o que limita, em parte, a abrangência da
variável, analisando essencialmente características socioeconômicas.
Em outra forma de abordagem, são realizadas implicações para uma
determinada área de estudo, sendo estabelecidos os indicadores dentro da área de
interesse, considerando as características como o padrão construtivo das edificações,
tipos de usos e atividades expostas (MENEZES, 2018). Como exemplos de estudos
com esse tipo de abordagem, destacam-se Kormann, Schirmer e Freitas (2013),
Trentin, Robaina e Silveira (2013), Galvão (2014), Trentin e Dias (2014), Prina (2015),
Aimon (2017), Freitas (2017), Furlan (2019), Knierin, Robaina e Trentin (2019) entre
outros. Em grande parte desses estudos, a vulnerabilidade é analisada com viés da
estrutura física das edificações e considerando condições de infraestrutura urbana.
66

Esse tipo de análise, geralmente, apresenta bastante veracidade com as


características da área de estudo, mas desconsidera variáveis demográficas e
econômicas, o que pode limitar a análise, além de apresentar caráter bastante
subjetivo.
Nesse contexto, observa-se a grande dificuldade de se avaliar a vulnerabilidade
em áreas de risco. Considerando isso, Brito, Evers e Höllermann (2017) buscaram
estabelecer indicadores de vulnerabilidade e exposição a partir da participação
colaborativa de diversos especialistas e partes interessadas. Foram estabelecidos
dezenove indicadores para vulnerabilidade e exposição em áreas com escassez de
dados, na fase pré-desastre. Os indicadores apresentados pelas autoras foram:
pessoas menores de 12 anos, pessoas com mais de 60 anos, pessoas com
deficiência, renda mensal per capita, edificação com material de construção
inadequado, edificação com lixo acumulado, edificação com esgoto a céu aberto,
instituições de prevenção de desastres, exercícios e treinamentos de evacuação,
distância para abrigos, existência de rotas de fuga claramente marcadas, instalações
de cuidados de saúde, densidade demográfica, áreas ambientalmente protegidas,
atividades econômicas, custo dos danos causados pelas inundações nos últimos 20
anos, infraestrutura crítica, hotspots sociais e densidade de edificações. O estudo
apresenta uma contribuição para a avaliação de áreas de risco, a medida em que
elenca indicadores para análise da vulnerabilidade com base na avaliação de
especialistas de diferentes áreas, assim como disponibiliza a partir de um universo de
variáveis, uma lista básica de indicadores que podem ser utilizados para diferentes
áreas de estudo na avaliação da vulnerabilidade e posterior risco de inundação.
Por fim, apresenta-se o estudo de Ramos et al. (2018), que retrata uma
proposta metodológica para mapear a vulnerabilidade de inundação em diferentes
fases do gerenciamento de desastres. Os indicadores utilizados foram elencados por
especialistas e distribuídos em dimensões e atribuídos pesos e notas de importância
para cada um durante duas fases do gerenciamento de desastres: resposta e
recuperação. Foram utilizados, como indicadores, o adensamento domiciliar, a
exposição à inundação, número de residentes, renda, crianças, pessoas com
deficiências, idosos, esgoto a céu aberto, sistema de drenagem e lixo no logradouro.
O estudo apresenta um avanço na análise da vulnerabilidade, uma vez que ela é
expressa nas fases de resposta e recuperação do desastre, não abrangendo um
67

índice único. Além disso, são consideradas tanto variáveis socioeconômicas, quanto
físicas.
De acordo com a discussão exposta, considera-se extremamente complexa a
análise do risco de inundação, sendo necessária a abordagem de diferentes aspectos
na área de estudo, como o perigo, os elementos expostos e a vulnerabilidade. O
sucesso nessa avaliação é condicionado às características in loco e de disponibilidade
de dados consistentes, em que a escolha do método empregado deve estar
centralizada no melhor resultado. A participação colaborativa, tanto dos sujeitos que
vivem nesses locais como dos agentes públicos empenhados na gestão do risco, pode
contribuir significativamente no sucesso da análise e posterior gerenciamento do risco.

3.5 METODOLOGIAS PARA ANÁLISE DE ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO

As geotecnologias possibilitaram avanços significativos no desenvolvimento de


pesquisas, como também em ações de planejamento, processos de gestão, manejo
e demais aspectos relacionados à estrutura do espaço geográfico (FITZ, 2008).
Diversos pesquisadores como Kienberger, Lang e Zeil (2009), Sar, Chatterjee e
Adhikari (2015), Fernandez, Mourato e Moreira (2016), Komi, Amisigo e Diekkrüger
(2016), Luu e Meding (2018), Jamrussri e Toda (2018), Afifi et al. (2019), Abdrabo et
al. (2020), entre outros, buscaram analisar áreas de risco de inundação e utilizaram,
para isso, o arcabouço geotecnológico para a solução de diferentes questões e
mapeamentos.
A partir dessas ferramentas, é possível a integração de dados espaciais e
cadastrais com um banco de dados consistente para chegar a uma análise de síntese,
o que proporciona agilidade no processamento dos dados em ambiente digital
(TRENTIN e BAZZAN, 2013; FURLAN, 2019). Isso corrobora a sua importância na
análise e levantamento de áreas de risco (SAUSEN e NARVAES, 2015).
As geotecnologias representam o conjunto de tecnologias utilizadas para
coleta, processamento, análise e oferta de informação com referência geográfica. Elas
podem ser compostas por soluções em hardware, software e peopleware que, juntas,
constituem ferramentas para tomada de decisão. Entre as geotecnologias, podem-se
destacar os sistemas de informações geográficas, a cartografia digital, o
sensoriamento remoto, o sistema de posicionamento global, entre outros (ROSA,
2005).
68

Nesse entendimento, o sensoriamento remoto consiste no uso de imagem de


satélite para visualização da superfície terrestre. Os sistemas de informações
geográficas, por sua vez, permitem a análise integrada de dados oriundos de mapas
de diversos temas com os dados de satélite como forma de atender a integração com
outras estruturas. A introdução de outras informações como as obtidas a partir de
GNSS e planilhas de campo com dados georreferenciados ampliam mais ainda o
espectro de dados a serem trabalhados em uma única forma de acesso e, com isso,
tem origem o geoprocessamento (PEREIRA FILHO, 2014).
As aplicações de técnicas de geoprocessamento são importantes, uma vez que
reúnem ferramentas que permitem coletar, armazenar, recuperar, transformar, inferir
e representar virtualmente dados espaciais, como também estatísticos ou textuais que
lhes são relacionados, a partir de uma base de dados georreferenciada (SILVA, 2000).
A partir disso, é possível modelar matematicamente a superfície e representar
espacialmente uma determinada área para ser analisada (LAHM, 2000).
Em relação à fonte de dados, com base na interpretação de imagens de
diferentes sensores remotos, é possível mapear áreas afetadas por processos de
inundações, por exemplo (FLORENZANO, 2011; SAUSEN e NARVAES, 2015). Aliado
a isso, os sistemas GNSS (GPS, GLONASS e outros) permitem a localização de
elementos sobre a superfície terrestre com grande precisão, a partir de um sistema
de coordenadas (MONICO, 2008), o que contribui na realização dos trabalhos de
campo. Dados censitários possibilitam o levantamento de informações com baixo
custo e a padronização dos dados em todo país (DIAS, SAITO e FONSECA, 2017),
sendo que eles podem ser empregados na avaliação da vulnerabilidade. A análise
integrada e o armazenamento desses dados em bancos de dados organizados pelos
SIGs proporcionam maior agilidade na recuperação, consulta, manipulação e
atualização dessas informações (TRENTIN e BAZZAN, 2013).
Considerando o SIG, ele pode ser utilizado em níveis diferenciados de
desenvolvimento na análise do risco, como no estudo de eventos de perigo, para
subsidiar modelos de avaliação de risco, na implementação das fases de avaliação
de risco e na implementação de todo o processo de avaliação de risco (definição de
perigo, exposição, vulnerabilidade e risco) (RAMÍREZ, FITO e ROJO, 2005;
MENEZES, 2018).
Neste sentido, a adesão das geotecnologias no estudo do risco de inundação,
a manipulação dos produtos do sensoriamento remoto, integrado ao ferramental dos
69

SIGs e aplicações de técnicas do geoprocessamento resultam em importantes


produtos e mapeamentos para áreas de risco. Esses elementos permitem uma análise
de síntese, baseada em diferentes fatores condicionantes de perigo, da
vulnerabilidade dos elementos expostos e nos graus de risco.
A análise dos cenários de risco é uma etapa essencial na compreensão das
ameaças e seus potenciais efeitos adversos nos elementos expostos ao risco e são
importantes no planejamento de medidas de contingências, no planejamento da
recuperação pré-desastre e no monitoramento para a previsão e o alerta de desastres
naturais (GREGÓRIO, SAITO e SAUSEN, 2015). Os cenários de risco podem ser
representados por um mapa, que são uma representação gráfica e escrita das
condições de risco determinadas pelas ameaças e vulnerabilidades existentes na área
de interesse (FURTADO, 2012).
Com base nesse tipo de mapeamento, é possível a construção de medidas
preventivas, planificar as situações de emergência e estabelecer ações conjuntas
entre as organizações sociais, com a finalidade de promover a defesa permanente
contra os desastres. Nesse contexto, as medidas de prevenção estão integradas à
identificação das áreas com maior potencial de serem afetadas, de modo que são
hierarquizados os cenários de risco e a proposição de medidas corretivas
(KOBIYAMA, et al., 2004; KOBIYAMA et al., 2006; SAUSEN e NARVAES, 2015;
BRASIL, 2017).
Dessa forma, as informações fornecidas pelo mapa de risco correspondem à
estimativa de dano potencial do sistema que pode ser afetado por um perigo com certa
magnitude e é obtido com base na combinação do perigo e da vulnerabilidade. Neste
aspecto, os mapas de risco possuem aplicações nas fases de mitigação, preparação
e recuperação de um desastre (MIGUEZ, GREGÓRIO e VERÓL, 2018), podendo
serem empregados como uma medida não estrutural no gerenciamento de risco.
Considerando áreas em que a disponibilidade de dados é limitada, uma
abordagem participativa e mista, que combine a participação dos sujeitos que estão
em situação de risco, agentes públicos, análises documentais de diferentes fontes,
análises in loco, entre outras abordagens, podem contribuir para superar as limitações
e tornarem o produto final e seu posterior uso mais eficazes. Conforme Vojinović et al.
(2014), é importante que o estudo considere os atores envolvidos para aumentar a
chance de sucesso, isso pode incluir o envolvimento das partes interessadas e das
comunidades, com o propósito de facilitar a troca de dados, informações e
70

conhecimentos que podem levar ao entendimento entre especialistas e demais


participantes e abordar a complexidade do risco.
Para identificar metodologias utilizadas no estudo de áreas de risco de
inundação, foram analisados oito estudos (Quadro 2) desenvolvidos em países
regionalmente localizados na Ásia (50%), Europa (25%) e África (25%) e
segmentados na Áustria (KIENBERGER, LANG e ZEIL, 2009), Índia (SAR,
CHATTERJEE e ADHIKARI, 2015), Portugal (FERNANDEZ, MOURATO e MOREIRA,
2016), Togo (KOMI, AMISIGO e DIEKKRÜGER, 2016), Vietnã (LUU e MEDING,
2018), Tailândia (JAMRUSSRI e TODA, 2018), Taiwan (AFIFI et al., 2019) e Egito
(ABDRABO et al., 2020). Em seis estudos (SAR, CHATTERJEE e ADHIKARI, 2015;
KOMI, AMISIGO e DIEKKRÜGER, 2016; LUU e MEDING, 2018; JAMRUSSRI e
TODA, 2018; AFIFI et al., 2019; ABDRABO et al., 2020) foram realizadas a análise do
risco de inundação e, em dois estudos, foi analisada apenas a vulnerabilidade
(KIENBERGER, LANG e ZEIL, 2009; FERNANDEZ, MOURATO e MOREIRA, 2016).
Os níveis espaciais utilizados foram a área da bacia hidrográfica, do município,
regional e comunidades rurais. Apesar da análise estar relacionada a processos de
dinâmica fluvial, apenas Kienberger, Lang e Zeil (2009), Sar, Chatterjee e Adhikari
(2015) e Jamrussri e Toda (2018) consideraram a bacia hidrográfica como área de
estudo.
Os estudos para avaliar a vulnerabilidade foram, em sua maioria, do tipo de
zoneamento, em que se empregaram dados censitários e características físicas não
levantadas in loco (FERNANDEZ, MOURATO e MOREIRA, 2016; AFIFI et al., 2019;
ABDRABO et al., 2020; LUU e MEDING, 2018). Análises em nível de indivíduo ou
domicílio por meio de aplicação de questionários ou trabalhos de campo para
aquisição de dados primários, como o estudo de Komi, Amisigo e Diekkrüger (2016),
foram realizadas com base em questionários e dados censitários em comunidades
rurais. Esse tipo de estudo favorece a identificação de peculiaridades de uma
determinada área, sendo assim, minimizando as incertezas na análise do risco
(VOJINOVIĆ et al., 2014; FERREIRA, ALBINO e FREITAS, 2017).
71

Quadro 2 – Síntese de dados utilizados por diferentes autores para análise do perigo, vulnerabilidade e risco de inundação

(continua)
Autor/ano Indicadores na análise do perigo Indicadores na análise da Análise do Método Escala País
vulnerabilidade risco?
Kienberger, Sem análise do perigo Sensitividade: Sem análise AHP com Bacia Áustria
Lang e Zeil - Suscetibilidade; do risco base na hidrográfica
(2009) - Habitação/Edifícios; opinião de
- Suscetibilidade - Infraestrutura; especialistas
- Suscetibilidade - Ativos;
- Suscetibilidade - Cobertura da Terra;
- Suscetibilidade - População: distribuição
por idade;
- Suscetibilidade - População: meios de
subsistência).
Capacidade adaptativa:
- Resiliência - Força de trabalho em
setores da economia;
- Resiliência - Tamanho das
empresas/locais de trabalho;
- Resiliência - integridade do ecossistema;
- Resiliência - Acesso;
- Capacidade Social - Aviso Prévio;
- Capacidade Social - Origem da
população;
- Capacidade Social - Educação.
Sar, - Índice de vegetação por diferença - Uso e cobertura da terra; Sim AHP Bacia Índia
Chatterjee normalizada; - Distribuição da população; hidrográfica
e Adhikari - Índice de água por diferença - Densidade de assentamento.
(2015) normalizada;
- Índice de umidade da diferença
normalizada;
- Altitude;
- Lençol freático;
- Distância do curso d'água.
72

Quadro 2 – Síntese de dados utilizados por diferentes autores para análise do perigo, vulnerabilidade e risco de inundação
(continuação)
Autor/ano Indicadores na análise do perigo Indicadores na análise da Análise do Método Escala País
vulnerabilidade risco?
Fernandez, Sem análise do perigo - População (idade, gênero, número de Sem análise Multicritério Município Portugal
Mourato pessoas por família); do risco (GIS - MCDA)
e Moreira - Edifícios (ano de construção, o número
(2016) de pisos, o tipo de uso e a função dos
edifícios);
- Socioeconômico (nível educacional,
ocupação habitacional (senhorio/inquilino),
taxa de desemprego e taxa de
analfabetismo);
- Elementos expostos (uso da terra,
densidade populacional e densidade de
edificações).
Komi, Modelagem hidráulica (LISFLOOD-FP): Exposição: Sim AHP Comunidades Togo
Amisigo - Probabilidade (frequência de eventos nos - Estruturas (número de unidades rurais
e Diekkrüger últimos 30 anos; habitacionais; casas com água potável
(2016) - Probabilidade de eventos possíveis); encanada);
- Intensidade (intensidade do pior evento - População (população residente total);
dos últimos 30 anos e intensidade - Economia (Produto Interno Bruto local).
esperada de eventos possíveis). Vulnerabilidade:
- Física/demográfico (densidade
populacional; taxa de crescimento
populacional; casas em áreas de risco
(ravinas, margens de rios etc.); acesso a
serviços básicos);
Vulnerabilidade:
- Social (nível de pobreza; taxa de
alfabetização; atitude; descentralização;
participação da comunidade);
- Econômico (base de recursos locais;
diversificação; estabilidade;
acessibilidade);
- Ambiental (área coberta por floresta).
73

Quadro 2 – Síntese de dados utilizados por diferentes autores para análise do perigo, vulnerabilidade e risco de inundação
(continuação)
Autor/ano Indicadores na análise do perigo Indicadores na análise da Análise do Método Escala País
vulnerabilidade risco?
Komi, Modelagem hidráulica (LISFLOOD-FP): Capacidade e medidas: Sim AHP Comunidades Togo
Amisigo - Probabilidade (frequência de eventos - Planejamento físico e engenharia rurais
e Diekkrüger nos últimos 30 anos; (planejamento do uso da terra; estrutura
(2016) - Probabilidade de eventos possíveis); preventiva; gestão ambiental);
- Intensidade (intensidade do pior evento - Capacidade social/capacidade
dos últimos 30 anos e intensidade econômica (programas de conscientização
esperada de eventos possíveis). pública; currículos escolares; participação
pública; acesso a fundos de emergência
locais; acesso a fundos de emergência
internacionais; mercado de seguros);
- Capacidade institucional e de gestão
(comitê de gestão de risco; mapa de risco;
plano de emergência; sistema de alerta
precoce; capacitação institucional;
comunicação).
Luu e - Profundidade de inundação; Exposição: Sim AHP - WLC Regional - Vietnã
Meding - Duração da inundação. - Categorias de uso da terra; com base na Província
(2018) - Distância dos rios; opinião de
- Densidade populacional. especialistas
Vulnerabilidade:
- Taxa de pobreza;
- Densidade de estradas;
- Número de médicos e enfermeiras.
Jamrussri e Modelo hidrodinâmico: Vulnerabilidade Social: Sim Hierarquia Bacia Tailândia
Toda (2018) - Profundidade de inundação; - Censo populacional; Analítica hidrográfica
- Velocidade de inundação; - Densidade populacional; Fuzzy (AHP)
- Duração da inundação. - Idade; e lógica
- Censo de Habitação; Fuzzy
- Distância até a rodovia estadual;
- Uso da terra;
- Preço da Terra.
74

Quadro 2 – Síntese de dados utilizados por diferentes autores para análise do perigo, vulnerabilidade e risco de inundação
(conclusão)
Autor/ano Indicadores na análise do perigo Indicadores na análise da Análise do Método Escala País
vulnerabilidade risco?
Afifi et al. Modelo de Inundação: - DEM SimModelo de Município Taiwan
(2019) - DEM; - Distância do curso d’água; inundação e
- Uso da terra; - Distância do corpo de bombeiros AHP
- Profundidade da água; (instalações críticas);
- Perda de inundação. - Densidade populacional.
Abdrabo et al. Modelo de Inundação: - Uso da terra; Sim Modelo de Município Egito
(2020) - Coeficiente de rugosidade do rio; - Altura do edifício; inundação e
- Coeficiente de rugosidade da encosta; - Condições de construção; AHP
- Profundidade do solo; - Materiais de construção;
- Porosidade do solo; - População total;
- Condutividade hidráulica; - Densidade populacional;
- Sucção na frente de umedecimento - Valor da terra.
vertical;
- Porosidade do efeito de instauração.
Fonte: Adaptado de Kienberger, Lang e Zeil (2009), Sar, Chatterjee e Adhikari (2015), Fernandez, Mourato e Moreira (2016), Komi, Amisigo e Diekkrüger
(2016), Luu e Meding (2018), Jamrussri e Toda (2018), Afifi et al. (2019) e Abdrabo et al. (2020).
75

Os métodos de análise e para a eleição de pesos para os indicadores utilizados


foram definidos com base em decisão multicritério, em especial, o método AHP
(Processo Analítico Hierárquico) com a modelagem espacial em ambiente de um SIG.
Para dar suporte à tomada de decisão, com possibilidade de análise comparativa de
fatores ou atributos e de múltiplos cenários, esses métodos são utilizados em análises
comparativas (PIMENTA et al., 2019). Durante o processo, são atribuídos pesos
específicos para cada critério, quantificando a importância relativa de cada um e, com
isso, um critério pode ter diferentes graus de relevância (VOOGD, 1983; RAMOS,
2017).
O método AHP é adotado para tomada de decisão multicritério e serve como
uma base para integrar e determinar a importância das variáveis-critérios
(ALTHUWAYNEE et al., 2014; KAZAKIS, KOUGIAS e PATSIALIS, 2015; KABENGE
et al., 2017; HOQUE et al. 2018; AKSHA et al., 2020). Foi desenvolvido por Saaty
(1991) e consiste na comparação de critérios, questionando quanto um é mais ou
menos importante que o outro, por meio de uma escala pré-definida, também
possibilita realizar uma avaliação do grau de inconsistência dos julgamentos
realizados e, assim, assegurar a coerência das avaliações realizadas. Em razão da
sua simplicidade e flexibilidade, essa técnica é amplamente utilizada (BRITO e
EVERS, 2016; RAMOS, 2017).
Na análise do perigo de inundação, foram elencados indicadores e elaborados
os mapas de perigo com a distinção de classes nos seis estudos que utilizaram essa
variável. Para isso, foram adotados, predominantemente, modelos hidrológicos.
Análises dessa natureza permitem estimar cenários para os eventos, estabelecendo
cotas de evolução da inundação e as áreas afetadas. No entanto, áreas de estudo em
que existem escassez de dados primários para adoção dos modelos tornam o
emprego desse tipo de abordagem inviável ou com resultados insatisfatórios.
Como indicadores utilizados para análise do perigo, destacam-se: índice de
vegetação por diferença normalizada, índice de água por diferença normalizada,
índice de umidade da diferença normalizada, altitude, lençol freático, distância do
curso d'água (SAR, CHATTERJEE e ADHIKARI, 2015), probabilidade (frequência de
eventos nos últimos 30 anos e probabilidade de eventos possíveis), intensidade
(intensidade do pior evento dos últimos 30 anos e intensidade esperada de eventos
possíveis) (KOMI, AMISIGO e DIEKKRÜGER, 2016), profundidade (JAMRUSSRI e
TODA, 2018; LUU e MEDING, 2018; AFIFI et al., 2019), duração da inundação
76

(JAMRUSSRI e TODA, 2018; LUU e MEDING, 2018), velocidade da inundação


(JAMRUSSRI e TODA, 2018), DEM, uso da terra, perda de inundação (AFIFI et al.,
2019), coeficiente de rugosidade do rio, coeficiente de rugosidade da encosta,
profundidade do solo, porosidade do solo, condutividade hidráulica, sucção na frente
de umedecimento vertical e porosidade do efeito de insaturação (ABDRABO et al.,
2020).
Conforme observado, existe um grande universo de indicadores que pode ser
adotado na análise do perigo de inundação, não se identificando, com isso, um
consenso quanto a quais indicadores devem ser empregados em todas as áreas de
interesse. Dessa maneira, a seleção deles deve ser condicionada às características
da área de estudo, assim como aos objetivos de pesquisa e disponibilidade de
informações primárias. O resultado final e a representação do perigo por meio do
mapa devem representar de maneira satisfatória o que foi observado in loco. Para
esta pesquisa, existe a indisponibilidade de dados satisfatórios para a elaboração de
modelos hidrológicos e, devido a isso, estruturou-se uma análise com avaliação
multicritério com os indicadores de distância do curso d’água, frequência de processos
de inundação e dimensão do curso d’água.
Na análise da vulnerabilidade em quatro estudos, o índice final foi composto a
partir de dimensões, conforme apresentado em Kienberger, Lang e Zeil (2009), com
base na sensitividade e capacidade adaptativa. Na pesquisa de Fernandez, Mourato
e Moreira (2016) com dimensões de população, edifícios, socioeconômico e
elementos expostos. Por fim, no trabalho de Komi, Amisigo e Diekkrüger (2016), a
partir da exposição, vulnerabilidade, capacidade e medidas. Por fim, Luu e Meding
(2018) com exposição e vulnerabilidade. Os demais estudos apresentaram um índice
geral com base em diferentes indicadores.
Com o propósito de agrupar os indicadores mais utilizados nos estudos em
dimensões, foi possível discriminar a exposição, a vulnerabilidade socioeconômica e
a vulnerabilidade física. Alguns dos indicadores repetem-se em mais de uma
dimensão e estão apresentados conforme retratado nos estudos de referência. Em
alguns casos, as variáveis representam a síntese de mais de um indicador.
Na exposição, foram considerados como indicadores o uso da terra, a
densidade populacional (FERNANDEZ, MOURATO e MOREIRA, 2016; LUU e
MEDING, 2018), a densidade de edificações (FERNANDEZ, MOURATO e MOREIRA,
2016), as estruturas (número de unidades habitacionais, casas com água potável
77

encanada), a população (população residente total), a economia (Produto Interno


Bruto local) (KOMI, AMISIGO e DIEKKRÜGER, 2016) e a distância dos rios (LUU e
MEDING, 2018).
Em relação à vulnerabilidade socioeconômica, os indicadores apresentados
foram população (idade, gênero, número de pessoas por família), socioeconômico
(nível educacional, ocupação habitacional, taxa de desemprego e taxa de
analfabetismo) (FERNANDEZ, MOURATO e MOREIRA, 2016), social (nível de
pobreza, taxa de alfabetização, atitude, descentralização, participação da
comunidade), econômico (base de recursos locais, diversificação, estabilidade,
acessibilidade) (KOMI, AMISIGO e DIEKKRÜGER, 2016), censo populacional,
densidade populacional, idade, censo de habitação, distância até a rodovia estadual,
uso da terra e preço da terra (JAMRUSSRI e TODA, 2018).
Por fim, para vulnerabilidade física, foram utilizados, como fatores
condicionantes, o edifício que, por sua vez, foi segmentado em ano de construção, o
número de pavimentos, o tipo de uso e a função (FERNANDEZ, MOURATO e
MOREIRA, 2016), bem como a composição de vulnerabilidade física/demográfica,
que foi estruturada a partir dos indicadores densidade populacional, taxa de
crescimento populacional, casas em áreas de risco e acesso a serviços básicos
(KOMI, AMISIGO e DIEKKRÜGER, 2016).
De maneira isolada, alguns indicadores não foram segmentados nas
dimensões exposição, vulnerabilidade socioeconômica e vulnerabilidade física, como,
por exemplo, a vulnerabilidade ambiental apresentada por Komi, Amisigo e Diekkrüger
(2016), e foi adotado, como indicador, a área coberta por floresta. Além disso, os
autores apresentaram uma dimensão denominada capacidade e medidas, que se
baseou na estrutura institucional e de planejamento do espaço e foi estruturada a partir
do planejamento físico e engenharia (planejamento do uso da terra, estrutura
preventiva, gestão ambiental), capacidade social e/ou capacidade econômica
(programas de conscientização pública, currículos escolares, participação pública,
acesso a fundos de emergência locais, acesso a fundos de emergência internacionais,
mercado de seguros) e, por fim, capacidade institucional e de gestão (comitê de
gestão de risco, mapa de risco, plano de emergência, sistema de alerta precoce,
capacitação institucional, comunicação).
Ademais, no estudo de Kienberger, Lang e Zeil (2009), a vulnerabilidade foi
avaliada com base na sensitividade e segmentada em variáveis de suscetibilidade
78

(habitação/edifícios, infraestrutura, ativos, cobertura da terra, população - distribuição


por idade, população - meios de subsistência) e capacidade adaptativa, por sua vez,
dividida em resiliência (força de trabalho em setores da economia, tamanho das
empresas/locais de trabalho, integridade do ecossistema, acesso) e capacidade social
(aviso prévio, origem da população, educação).
Nos estudos em que a vulnerabilidade foi analisada sem distinção de
dimensões, foram utilizados, como indicadores: uso e cobertura da terra (SAR,
CHATTERJEE e ADHIKARI, 2015; ABDRABO et al., 2020), distribuição da população,
densidade de assentamento (SAR, CHATTERJEE e ADHIKARI, 2015), DEM,
distância do curso d’água, distância do corpo de bombeiros (instalações críticas)
(AFIFI et al., 2019), densidade populacional (AFIFI et al., 2019; ABDRABO et al.,
2020), altura do edifício, condições de construção, materiais de construção, população
total e valor da terra (ABDRABO et al., 2020).
Conforme observado nos estudos apresentados, a vulnerabilidade consiste em
uma variável que pode ser analisada em múltiplas dimensões ou de maneira unificada,
além disso, as variáveis utilizadas foram tanto quantitativas quanto qualitativas. Os
autores não apresentaram um consenso sobre quais indicadores devem ser adotados
e, em diferentes estudos, um mesmo indicador foi utilizado para avaliar-se uma
dimensão distinta. Para esta pesquisa, a vulnerabilidade é entendida de maneira
multidimensional, sendo que cada dimensão foi estruturada com base multicritério,
sendo assim, representado pela exposição (densidade demográfica, densidade de
domicílios e área suscetível), vulnerabilidade socioeconômica (renda mensal, crianças
e idosos) e vulnerabilidade física (tipo de material da edificação, adaptação contra
inundação e infraestrutura urbana).
O risco de inundação foi estabelecido em seis dos oito estudos analisados. Nos
trabalhos de Sar, Chatterjee e Adhikari (2015), Jamrussri e Toda (2018), Afifi et al.
(2019) e Abdrabo et al. (2020), a variável foi definida com base na relação do perigo
e da vulnerabilidade. Já em estudos de Komi, Amisigo e Diekkrüger (2016), o risco foi
determinado com base nos fatores perigo, exposição, vulnerabilidade e capacidade,
além de medidas. Por fim, Luu e Meding (2018) determinaram o risco com base no
perigo, exposição e vulnerabilidade.
De acordo com o que foi apresentado, o risco é expresso pela relação de mais
de um componente, sendo que um deles decorre do evento que potencializa o dano,
nessas situações, representado pelo perigo de inundação, e o outro elemento, sendo
79

composto pelos elementos afetados pelo perigo, e são representados pela


vulnerabilidade. Em alguns estudos, houve ainda distinções com incrementos da
exposição ou capacidade e medidas. Para a área de estudo desta pesquisa, o risco
foi analisado com base na combinação do perigo de inundação e da vulnerabilidade
dos elementos expostos. A variável exposição foi apresentada como uma das
dimensões que compõem a vulnerabilidade, juntamente com a vulnerabilidade
socioeconômica e física.
A análise integrada do perigo e da vulnerabilidade, como também, a sua
hierarquização em diferentes níveis, possibilita estabelecer o estudo do risco de
inundação. Esse risco expressa-se condicionado as características mutáveis na área
em análise e apresenta caráter de síntese das informações retratadas. A estimativa
do risco em diferentes graus ou classes no espaço manifesta-se em função da
intensidade, frequência e magnitude dos eventos de inundação, como também as
características da vulnerabilidade dos elementos expostos.
O mapa de risco representa as características de dado lugar em função das
variáveis de perigo e vulnerabilidade. O zoneamento e a análise de diferentes cenários
de risco são essenciais para uma prática adequada de gerenciamento de risco de
inundação, uma vez que é, a partir do conhecimento do risco, que novas maneiras de
intervenção podem ser propostas. Em relação ao processo de análise e mapeamento
de risco, as geotecnologias passam a desempenhar importante função, no sentido de
possibilitar a aquisição, a consulta, a manipulação e a atualização das informações
em um banco de dados georreferenciado.

3.6 GERENCIAMENTO DE RISCO DE INUNDAÇÃO

As ações de gestão e o gerenciamento de risco possuem, como finalidade,


minimizar os impactos sofridos pela sociedade em decorrência de processos que
ocasionem danos como, por exemplo, as inundações. Em vista disso, a gestão e o
gerenciamento de risco devem atuar tanto na prevenção, mitigação e preparação aos
desastres, como também na resposta em momentos de crise e na recuperação.
Com relação à terminologia adotada, o termo gestão, muitas vezes, é
empregado como sinônimo de gerenciamento, mas possui um sentido mais amplo do
que este último. O gerenciamento envolve o conjunto de medidas de organização e
operação institucional para o tratamento de situações de risco existentes, no âmbito
80

da competência e atribuição do órgão público que o executa. A gestão é mais


abrangente e corresponde a parte da gestão do ambiente urbano que compreende,
além do gerenciamento de risco, políticas públicas de habitação, desenvolvimento
urbano, de inclusão social e mecanismos de regulação e aplicação dessas políticas
(NOGUEIRA, 2002).
Conforme a UNISDR (2009), o gerenciamento de risco de desastres abrange o
processo sistemático de usar diretivas administrativas, organizações e habilidades e
capacidades operacionais para implementar estratégias, políticas e capacidades de
enfrentamento aprimoradas, com o propósito de diminuir os impactos adversos de
perigos e a possibilidade de desastre.
O gerenciamento do risco de inundações encontra-se em um processo
evolutivo, passando da disposição em conviver com as inundações sazonais impostas
pela natureza até a necessidade contemporânea de gerenciamento do risco de
inundações em sistemas urbanos, cada vez mais complexos, conforme sistematizado
no fluxograma da Figura 15 (SAYERS et al., 2013; MIGUEZ, GREGÓRIO e VERÓL,
2018).
81

Figura 15 – Fluxograma da evolução da prática de gerenciamento de risco de inundações

Desejo de utilizar a Necessidade de Necessidade de


planície de reduzir os danos de gerenciar o risco:
inundação: inundações: Reconhecimento de
Necessidade de
Disposição em viver Terras férteis na Reconhecimento de que nem todos os
controlar
com inundações: planície de inundação que a engenharia problemas são iguais.
inundações:
Indivíduos e são drenadas para sozinha possui O processo de
produção de Abordagens de larga limitações.
pequenas gerenciamento de
alimentos. escala são
comunidades se Esforços são risco é visto como
implementadas por
adaptam ao ritmo da Comunidades dedicados para meio eficaz e eficiente
meio de governança
natureza. permanentes aumentar a resiliência de maximizar os
organizada.
instalam-se na de comunidades benefícios de
planície de sujeitas às investimentos
inundação. inundações. limitados.

Fonte: Adaptado de Sayers et al. (2013, p. 3) e Miguez, Gregório e Veról (2018, p. 160).

Integrado a isso, no Brasil, a Lei nº. 12.608 de 2012 dispõe sobre o Sistema
Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC), o Conselho Nacional de Proteção e
Defesa Civil (CONPDEC) e institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
(PNPDEC) (BRASIL, 2012a). Nesse contexto, as ações de gestão e gerenciamento
de risco podem ser estruturadas em cinco macroprocessos: prevenção, mitigação,
preparação, resposta e recuperação (Figura 16).
Na fase da normalidade, estão presentes as ações de prevenção, mitigação e
preparação, enquanto, na fase pós-desastre, destacam-se as ações de resposta e
recuperação. Cada macroprocesso, é constituído por atividades afins que estão
alinhadas com o propósito do processo e possuem forte grau de inter-relação,
desenvolvendo-se em fases concomitantes no decorrer no ciclo de desastre
(GREGÓRIO, 2013; GREGORIO, SAITO e SAUSEN, 2015; BRASIL, 2017).
82

Figura 16 – Macroprocessos da gestão e gerenciamento de risco de desastres e suas respectivas


ações

Fonte: Brasil (2017, p. 23).

Todos esses processos podem contar com o apoio de tecnologias em sua


concepção, execução e avaliação. Sabendo-se disso, as geotecnologias têm se
revelado uma ferramenta importante para o gerenciamento de risco. O aporte de
conhecimentos para a identificação, o mapeamento e o monitoramento das ameaças,
para a análise da vulnerabilidade das populações e para o apoio nas ações de
resposta colaborou para a redução dos prejuízos socioeconômicos e humanos
ocasionados pelos desastres (TRENTIN e BAZZAN, 2013; GREGORIO, SAITO e
SAUSEN, 2015).
Com o propósito de reduzir os danos das inundações e a perda de vidas
humanas, destacam-se dois tipos de medidas: as estruturais e as não estruturais.
Embora historicamente as organizações sociais tenham dado preferência às medidas
estruturais, as medidas não estruturais têm ganhado popularidade, especialmente,
pela relação custo-benefício (GOERL e KOBIYAMA, 2013).
83

As medidas estruturais são essencialmente construtivas, as quais são


projetadas para o controle dos processos de inundação e envolvem obras da bacia
(medidas extensivas) ou no rio (medidas intensivas) para evitar o extravasamento do
escoamento para o leito maior de inundações (TUCCI, 2005). Em vista disso, incluem
a construção de represas ou adufas, reservatório de retenção, diques, barragens,
retificação, desvio e desassoreamento de canais fluviais (WALESH, 1989; TUCCI e
GENZ, 1995; ANDRADE FILHO, SZÉLIGA e ENOMOTO, 2000).
As medidas não estruturais, por sua vez, são aquelas que se baseiam na
melhor convivência da população com as inundações e incluem estudos de
zoneamento e mapeamento de risco, previsão de eventos, reassentamento ou
realocação, sistemas de alerta e evacuação, seguros e controle do uso do solo
(ANDRADE FILHO, SZÉLIGA e ENOMOTO, 2000). Um planejamento consistente
deve contemplar uma integração harmoniosa entre medidas estruturais e não
estruturais e destas com o desenvolvimento urbano, seguindo sempre o critério
fundamental de que não se deve ampliar a cheia natural do curso d’água (WALESH,
1989; TUCCI e GENZ, 1995; CANHOLI, 2014).
Conforme Andrade Filho, Széliga e Enomoto (2000), para mitigar ou acabar
com os problemas causados pelas inundações, utiliza-se o controle de inundações
que corresponde a um conjunto de medidas que tem, como propósito, minimizar os
riscos e diminuir os prejuízos causados por inundações, possibilitando, dessa forma,
o desenvolvimento urbano de forma harmônica, articulada e sustentável. A decisão
mais adequada ocorre em função da característica do rio, do benefício da redução
das inundações e dos aspectos sociais do seu impacto. Para esse tipo de ação, são
consideradas medidas estruturais e não estruturais como alternativa para o
fornecimento de proteção contra as inundações e para a redução do risco.
Em mesmo sentido, Tucci (2005) destaca que

O controle da inundação é obtido por uma combinação de medidas estruturais


e não-estruturais que permita à população ribeirinha minimizar suas perdas e
manter uma convivência harmônica com o rio. As ações incluem medidas de
engenharia e de cunho social, econômico e administrativo. A pesquisa para
a combinação dessas ações constitui o planejamento da proteção contra a
inundação ou seus efeitos (TUCCI, 2005, p. 54).
84

Inserido no contexto das medidas não estruturais, o mapeamento de áreas de


risco viabiliza elaborar medidas preventivas, planificar as situações de emergência e
estabelecer ações conjuntas entre a comunidade e o poder público, com o intuito de
promover a defesa contra os desastres. Dessa forma, permite a identificação das
áreas com maior potencial de serem afetadas, em que são hierarquizados os cenários
de risco e a proposição de medidas corretivas (MARCELINO, NUNES e KOBIYAMA,
2006).
Segundo Menezes (2018), o mapeamento de áreas de risco visa identificar os
locais inadequados para determinado tipo de ocupação e pode indicar locais mais
críticos, bem como apontar áreas que devem ser convertidas em uso alternativo, que
minimizem os danos ou contribuam no controle das inundações, como áreas
destinadas ao extravasamento das águas na condição de piscinas de contenção ou
como áreas verdes e mais permeáveis. Corroborando com essa perspectiva, Veyret
e Richemond (2015d) assinalam que o zoneamento e a cartografia de risco
contribuem para uma política de prevenção de risco.
Dessa forma, o gerenciamento de risco de inundações representa um processo
contínuo que deve contemplar a gestão ambiental urbana por meio de atividades
sistemáticas de identificação dos cenários de risco a partir da sua análise,
hierarquização e mapeamento. Com base nisso, deve contribuir no processo de
prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação aos desastres com a
finalidade de se reduzir os danos e perdas gerados pelas inundações.
4 METODOLOGIA

Este capítulo apresenta a metodologia para o desenvolvimento da pesquisa e


está segmentado em unidades que contemplam os dados e a caracterização da área
de estudo, o inventário de registro de eventos, os trabalhos de campo, a análise da
suscetibilidade de inundações, os fatores condicionantes do perigo de inundação e
vulnerabilidade, a ponderação dos pesos dos indicadores e definição do perigo e
vulnerabilidade, assim como o risco de inundação. O fluxograma da Figura 17
apresenta a sistematização das etapas metodológicas.

Figura 17 – Fluxograma das etapas metodológicas da pesquisa

Fonte: Autor (2022).


86

Para o estudo das áreas de risco de inundação, adotou-se, como objeto de


estudo, o espaço com risco de inundação. Como definição, tomou-se, como base, o
entendimento de Santos (2017, p. 63), em que o espaço é definido como “[...] um
conjunto indissociável, solidário e também contraditório de sistemas de objetos e
sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no
qual a história se dá”. Nesse contexto, a área de estudo é o resultado da relação de
elementos naturais, sociais e econômicos que, no decorrer do tempo, materializaram
um quadro de risco de inundação.
Integrado a isso, empregou-se, na análise dos elementos físicos e
condicionantes que estão relacionados à suscetibilidade das inundações, uma
abordagem sistêmica em que um sistema é definido como um conjunto dos elementos
e das relações entre si e seus fatores condicionantes (CHRISTOFOLETTI, 1974). Na
análise da (re)produção do espaço e formação das áreas de risco de inundação,
baseou-se no método dialético, que se insere no mundo dos fenômenos a partir de
sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da mudança dialética que
ocorre na natureza e na sociedade (MARCONI e LAKATOS, 2003).
Desse modo, a proposta metodológica apresenta o conjunto de métodos em
razão da multiplicidade de componentes que devem ser analisados na área de estudo.
As características relacionadas aos processos fluviais na bacia hidrográfica podem
ser compreendidas com base em um sistema, mas esse tipo de abordagem não é
suficiente para o estudo das áreas de risco. Desse modo, agregou-se a análise
sistêmica ao método dialético, tendo em vista a complexidade entre o meio natural e
as relações humanas no espaço.

4.1 DADOS E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A caracterização da área de estudo foi realizada a partir da análise dos


aspectos naturais e socioeconômicos para a bacia hidrográfica do rio Paranhana e
para os municípios de Taquara e Parobé. Isso foi desenvolvido por meio da consulta
de dados em órgãos oficiais, como também pela de revisão da literatura, elaboração
e análise de mapas temáticos e trabalhos de campo.
No desenvolvimento da pesquisa, foi organizado o banco de dados cartográfico
que foi estruturado e gerenciado no software ArcGIS® 10.1. Para isso, foi estabelecido,
como referência espacial, o Sistema de Coordenadas Geográficas com o Datum de
87

referência SIRGAS 2000 para as análises regionais e a projeção Universal Transversa


de Mercator (UTM) com o Datum de referência SIRGAS 2000 e fuso 22 Sul para as
áreas de risco.
Os mapas temáticos de rede fluvial, regiões hidrográficas, caracterização
climática, variações altimétricas, declividade e dos municípios localizados na área da
bacia hidrográfica foram elaborados no software ArcGIS® 10.1 e possuíram, como
dados primários: Strahler (1952), Mapa das Bacias e Sub-bacias Hidrográficas do Rio
Grande do Sul da SEMA (2002) na escala de 1:750.000, Base Cartográfica Vetorial
Contínua do Rio Grande do Sul organizada por Hasenack e Weber (2010) na escala
1:50.000, Bases cartográficas do IBGE (2010b, 2010c) na escala 1:50.000, Rossato
(2011) e uma cena de imagem de RADAR Alos Palsar com resolução espacial 12,5
m.
A análise da expansão das áreas urbanas de Taquara e Parobé foi realizada
com base em pesquisa bibliográfica e na análise do mapa de expansão das áreas
urbanas de Taquara e Parobé. O mapa foi desenvolvido no software ArcGIS® 10.1 e
possuiu, como dados primários, a Base Cartográfica Vetorial Contínua do Rio Grande
do Sul de Hasenack e Weber (2010) na escala 1:50.000 e imagens de satélite ópticas
disponíveis no serviço Basemap - World Imagery do SIG. As áreas urbanas referentes
ao ano de 2020 foram vetorizadas na forma de polígonos de maneira manual e
validadas com base em trabalhos de campo realizados na área de estudo.

4.1.1 Instrumentos e ferramentas utilizados para o desenvolvimento da


pesquisa

Para o desenvolvimento da pesquisa, foram utilizados os instrumentos e


ferramentas apresentados e descritos a seguir:
- ArcGIS® 10.1; Google Earth Pro; Corel DRAW X5 e Excel 2013: Softwares utilizados,
respectivamente, para a geração do banco de dados georreferenciado e confecção
de mapas temáticos; análises e interpretação de dados em gabinete; elaboração e
tratamento final de layout de figuras; análise de dados de vulnerabilidade e demais
dados demográficos, inventário de registro de eventos de inundação e elaboração de
gráficos.
- GPS Garmin Etrex: Sistema de Posicionamento Global utilizado para coleta de
pontos de controle durante a realização dos trabalhos de campo na área de estudo.
88

- Bases Cartográficas: Carta Topográfica de Taquara - RS, na escala 1:50.000, folha


SH.22-X-C-IV-1; Mapa das Bacias e Sub-bacias Hidrográficas do Rio Grande do Sul
da SEMA (2002) na escala de 1:750.000; Base Cartográfica Vetorial Contínua do Rio
Grande do Sul, organizada por Hasenack e Weber (2010) na escala 1:50.000; Bases
cartográficas do IBGE (2010b, 2010c) na escala 1:50.000; arquivos kmz dos setores
de risco de inundação e movimentos de massa de Parobé da CPRM (2013); arquivos
shapefile do estudo de alternativas e projetos para minimização do efeito das cheias
na bacia do rio dos Sinos da METROPLAN (2018); e arquivos shapefile do plano
estratégico de manejo de águas pluviais e prevenção de inundações urbanas de
Taquara de Tucci (2019).
- Cena de imagem de RADAR Alos Palsar: Cena de imagem de RADAR com
resolução espacial de 12,5 m, obtida junto ao Alaska Satellite Facility (ASF) utilizada
para gerar o Modelo Digital de Elevação (MDE) e como base topográfica na
elaboração de mapas temáticos para caracterização da área de estudo.
- Imagens de satélite ópticas disponíveis no ArcGIS® 10.1 no serviço Basemap - World
Imagery que se constitui em um banco de dados que integra diferentes imagens
ópticas de satélite com escalas de alta resolução espacial: As imagens ópticas de
satélites foram utilizadas em trabalhos de gabinete para delimitação das áreas
suscetíveis à inundação, análise do perigo de inundação, da vulnerabilidade em áreas
de perigo e do risco de inundação.
- Fontes históricas visuais e escritas: Relatórios técnicos e planos de contingência aos
desastres disponibilizados pelas Defesas Civis Municipais, Defesa Civil do Rio Grande
do Sul, CPRM (2013), METROPLAN (2018) e Tucci (2019), acervo jornalístico do
Grupo Editorial Sinos, Jornal Panorama, Repercussão Paranhana, Rádio Taquara e
Rede Mais de Comunicação, fotografias realizadas em trabalhos de campo, dados
disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Prefeitura
Municipal de Taquara e Prefeitura Municipal de Parobé.

4.2 INVENTÁRIO DE REGISTRO DOS EVENTOS DE INUNDAÇÃO

O inventário de registro dos eventos de inundação nos municípios de Taquara


e Parobé foi baseado em um intervalo temporal de 45 anos, entre 1975 e 2020. Para
essa análise e levantamento de informações, foram utilizados os acervos dos
periódicos de circulação regional da Rádio Taquara (o periódico era denominado
89

Jornal Panorama), Grupo Editorial Sinos, Repercussão Paranhana e Rede Mais de


Comunicação, que abrangem os municípios do vale do rio Paranhana e contemplam
registros entre os períodos de 1975-1981 e 1985-2020.
No primeiro momento da pesquisa, foi realizada a análise de maneira manual
das coleções anuais do periódico do Jornal Panorama (Rádio Taquara),
compreendidas nos intervalos temporais de 1975-1981 e 1985-2014, na sede do jornal
no período de junho e julho de 2019. Os dados a partir de 2010 até o ano 2020 foram
levantados também de maneira virtual e o processo de pesquisa foi viável a partir da
busca de palavras-chave (inundação, cheia, enchente, enxurrada, alagamento etc.)
no acervo virtual da Rádio Taquara, Grupo Editorial Sinos, Repercussão Paranhana e
Rede Mais de Comunicação.
As informações disponíveis nos acervos possibilitaram o registro das datas em
que ocorreram os eventos de inundação (meses e anos), as áreas afetadas de
maneira mais frequente (ruas e bairros), as consequências dos eventos e as ações
de resposta por parte da administração pública (decretos administrativos,
intervenções estruturais, número de pessoas afetadas, realocação de pessoas
afetadas no momento dos eventos etc.), como também registros fotográficos dos
eventos.
Além dessa base referencial de dados, foi utilizado o inventário desenvolvido
por Reckziegel (2007), o qual abrange dados no período 1980-2005 e contempla a
área de estudo. Integrado a isso, foram utilizadas informações disponibilizadas pela
Defesa Civil do Rio Grande do Sul e Defesas Civis Municipais de Taquara e Parobé,
especialmente para levantamento de registros de Decretos de Situação de
Emergência e de Estado de Calamidade Pública.
Os dados inventariados como registro de inundações foram analisados com a
finalidade de identificar as áreas afetadas por eventos de inundação e a frequência
dos eventos. Dessa forma, objetivou-se estabelecer o padrão de ocorrência das
inundações em função da localização espacial, como ruas e setores censitários
afetados, número de eventos na série histórica, períodos do ano de ocorrência,
magnitude e consequências dos eventos, como vias de circulação interrompidas,
atividades industriais, de comércio e prestação de serviços afetadas, danos, pessoas
desalojadas, óbitos e decretos administrativos.
Com base no inventário de registro de eventos de inundação, foram
identificadas as áreas suscetíveis à inundação nos municípios de Taquara e Parobé.
90

Além disso, o inventário subsidiou a identificação e definição das áreas de perigo de


inundação em função da frequência e magnitude dos eventos, como também para
validação da pesquisa.

4.3 TRABALHOS DE CAMPO

Os trabalhos de campo foram realizados nos meses de abril, junho, julho e


dezembro de 2019 e junho de 2022. As atividades dessa etapa foram estruturadas em
dois momentos, sendo o primeiro para levantamento e organização de dados
primários e o segundo, para análise das áreas afetadas por processos de inundação.
No primeiro momento foi realizado a busca de dados junto a Fundação Estadual
de Planejamento Metropolitano e Regional, Prefeituras, Secretarias e Defesas Civis
Municipais de Taquara e Parobé e na Rádio Taquara. Essas ações possuíram, como
objetivo, o levantamento de dados históricos, socioeconômicos, Decretos de Situação
de Emergência e Estado de Calamidade Pública, planos de contingência contra
eventos de inundação e bases cartográficas.
A partir disso, os dados foram organizados e subsidiaram a construção do
inventário de registro de eventos de inundação e a estruturação de um banco de dados
cartográfico. Com base nisso, foram estabelecidas as áreas afetadas por processos
de inundação para a realização do levantamento de informações in loco.
No segundo momento, foram realizados trabalhos de campo com a participação
colaborativa dos agentes das Defesas Civis Municipais de Taquara e Parobé que
auxiliaram na indicação dos locais de maior recorrência de eventos de inundação nas
áreas dos municípios. Integrado a isso, foi realizado a entrevista não estruturada com
os sujeitos que residiam nessas áreas.
Os trabalhos de campo propiciaram que fossem realizados registros
fotográficos dos casos e situações específicas na área de estudo com a coleta de
pontos de controle com uso de receptor GPS. Houve a descrição e identificação de
condições que potencializam a suscetibilidade e perigo de inundação, identificação e
levantamento das condições de vulnerabilidade e de risco de inundação. No mapa da
Figura 18, é possível observar os locais em que foram coletados pontos de controle
na área de estudo.
91

Figura 18 – Espacialização dos pontos de controle coletados com o receptor GPS durante a
realização dos trabalhos de campo nos municípios de Taquara e Parobé

Fonte: Autor (2022).


92

Desse modo, os procedimentos apresentados foram essenciais para sanar a


precariedade de informações quantitativas na área de estudo e subsidiaram a
validação de todas as etapas e procedimentos da pesquisa. Neste sentido, após a
elaboração do mapeamento de áreas suscetíveis e de perigo de inundação,
vulnerabilidade e áreas de risco de inundação, foram realizados em junho de 2022
novos os trabalhos de campo com o propósito de validar os mapeamentos e análises
desenvolvidas e, dessa forma, validar a pesquisa.

4.4 ANÁLISE DA SUSCETIBILIDADE DE INUNDAÇÃO

As definições das áreas suscetíveis à inundação foram estabelecidas com base


na identificação assentada na geomorfologia do limite da área da planície de
inundação do rio Paranhana e seus principais afluentes até o rio dos Sinos. Para isso,
foram utilizados estudos prévios desenvolvidos na área de estudo (CPRM, 2013;
METROPLAN, 2018; TUCCI, 2019), inventário de registro de eventos de inundação
(1975-2020), trabalhos de campo com suporte de técnicos da Defesas Civis
Municipais de Taquara e Parobé nas áreas em que ocorrem processos de inundação
e entrevista não estruturada com os sujeitos que residem nesses locais.
O estudo desenvolvido pela CPRM (2013) apresentou a setorização de áreas
de risco alto e muito alto para inundações e movimentos de massa no município de
Parobé em 2013. Os setores de risco foram estabelecidos durante um evento de
inundação em 2013, com acompanhamento da Defesa Civil Municipal e os seus
limites foram estipulados a partir de trabalhos de campo durante a ocorrência do
evento e delimitados a partir de pontos de controle com uso de GPS nos locais onde
havia lâminas d’água. Nesse trabalho, foram registrados 38 setores de risco alto e
muito alto no município.
No mapa da Figura 19, é possível observar os setores de risco que contemplam
a área de estudo e correspondem a locais com histórico de processos de inundação
e abrangem a planície de inundação do rio Paranhana e seus afluentes. Ao total, sete
setores de risco contemplam essas áreas de interesse, sendo eles: setor 07, setor 08,
setor 09, setor 10, setor 11, setor 21 e setor 24. Optou-se por utilizar a nomenclatura
“setores de risco” ao invés de “área suscetível”, uma vez que foi a nomenclatura
empregada pela CPRM (2013).
93

A pesquisa realizada pela METROPLAN (2018) apresentou o estudo de


alternativas e projetos para minimização do efeito das cheias na bacia hidrográfica do
rio dos Sinos e foram estabelecidas manchas de inundação com tempos de retorno
para 5, 10, 25, 50 e 100 anos. Esse estudo foi desenvolvido a partir de um estudo
hidrológico em que o modelo hidrodinâmico baseou-se no software HEC-RAS
(Hydrologic Engineering Center River Analysis System).

Figura 19 – Setores de risco alto e muito alto de inundação no município de Parobé elaborado pela
CPRM (2013)

Fonte: Autor (2022).

O mapa da Figura 20 traz as áreas consideradas de risco à vida apresentadas


no relatório final do projeto. Entretanto, observou-se várias inconsistências na mancha
de inundação, a qual não contempla áreas que são afetadas pelas inundações do rio
Paranhana e seus afluentes nos municípios de Taquara e Parobé. Isso foi constatado
94

a partir da relação desse estudo com os outros dois trabalhos já desenvolvidos na


região, no inventário de registro de eventos de inundação, informações das Defesas
Civis Municipais e nos trabalhos de campo. Esse estudo foi utilizado para corroborar
áreas já identificadas como suscetíveis à inundação apresentadas nas outras bases
de dados e nos trabalhos de campo. Também se optou por utilizar a nomenclatura
zoneamento de risco de inundação ao invés de área suscetível, uma vez que foi a
nomenclatura empregada pela METROPLAN (2018).

Figura 20 – Área de Inundação com tempo de retorno de 100 anos no baixo curso do rio Paranhana
elaborada pela METROPLAN (2018)

Fonte: Autor (2022).

O estudo desenvolvido por Tucci (2019) apresentou um plano estratégico de


manejo de águas pluviais e prevenção de inundações urbanas no município de
95

Taquara e definiu manchas de inundação com tempo de retorno para 100 anos. Esse
estudo determinou um zoneamento de risco com base no cálculo de passagem da
cheia a partir do modelo hidráulico HEC-RAS.
O mapa da Figura 21 apresenta a mancha de inundação para área de estudo,
que contempla áreas para os municípios de Taquara e Parobé, em ambas as margens
do rio Paranhana e afluentes. Essa pesquisa apresentou áreas de intersecção com as
mapeadas nos estudos da CPRM (2013) e METROPLAN (2018). No entanto,
desconsiderou áreas suscetíveis à inundação relativa ao arroio Taquara, afluente do
rio Paranhana, no município de Taquara, que apresenta grande frequência de eventos
de inundação. Isso foi constatado a partir do inventário de registro de eventos de
inundação, informações da Defesa Civil Municipal e em trabalhos de campo. Também
se optou por utilizar a nomenclatura de zoneamento de risco de inundação ao invés
de área suscetível, uma vez que foi a nomenclatura empregada por Tucci (2019).
A área suscetível à inundação foi delimitada com base nos eventos
extraordinários de 1978 para área central de Taquara e de 1982 para a planície de
inundação do rio Paranhana até a planície de inundação do rio dos Sinos. Para isso,
foram interseccionados os planos de informações das três bases de dados
apresentadas (CPRM, 2013; METROPLAN, 2018; TUCCI, 2019) e, após isso, utilizou-
se o inventário de registro de eventos de inundação para identificar locais não
contemplados nos trabalhos apresentados.
Além disso, realizaram-se trabalhos de campo para corroborar as áreas já
delimitadas, retificar os limites onde havia inconsistências e determinar novas áreas
de inundação que não haviam sido constatadas. Nesses trabalhos de campo, houve
as participações de técnicos das Defesas Civis Municipais de Taquara e Parobé e
foram coletados pontos de controle com uso de GPS, registros fotográficos e
entrevistas não estruturadas com os sujeitos que residiam nas áreas com o propósito
de estabelecer o limite da área suscetível à inundação.
Em síntese, utilizou-se um método de análise qualitativo em razão das
informações e dados disponíveis para o desenvolvimento da pesquisa. Desse modo,
em vista a indisponibilidade de dados quantitativos, a análise qualitativa com emprego
de estudos prévios, inventário de registro de eventos de inundação e trabalhos de
campo com a participação colaborativa foram adequados em vista da escassez de
dados. Estudos com abordagens similares foram apresentados por Kormann,
96

Schirmer e Freitas (2013), Galvão (2014), Menezes (2014), Trentin e Dias (2014),
Saueressig e Robaina (2015), Freitas (2017) e Furlan (2019).

Figura 21 – Área de inundação com tempo de retorno de 100 anos no baixo curso do rio Paranhana
elaborado por Tucci (2019)

Fonte: Autor (2022).

4.5 FATORES CONDICIONANTES DO PERIGO E VULNERABILIDADE

A partir das características da área de estudo e dados primários disponíveis,


optou-se por desenvolver a pesquisa com base em análise multicritério para a
identificação das áreas de perigo de inundação e vulnerabilidade. Neste sentido, são
apresentados, nesta unidade, os fatores condicionantes selecionados para as
respectivas análises, como também os critérios empregados.
97

4.5.1 Estado da arte e seleção de indicadores condicionantes do perigo e da


vulnerabilidade

Para análise do panorama de estudos de risco de inundação que empregaram


avaliação do perigo de inundação e/ou vulnerabilidade, foi realizada análise
bibliométrica com a seleção de artigos científicos disponíveis na plataforma Web of
Science. Como critérios, foram considerados: estudos em que os agentes de perigo
fossem de origem fluvial e ocasionassem processos de inundação, emprego de
análise multicritério, abordagem dos temas risco, perigo e vulnerabilidade e
disponibilidade de acesso aberto. Neste sentido, as palavras-chave utilizadas na
pesquisa foram: flood ou flooding; risk; hazard ou danger; vulnerability; AHP ou
multicriteria; e a exclusão de coast ou coastal.
Dessa forma, como resultado, obteve-se catorze artigos, que, após análise,
restringiu-se ao número de oito estudos: Kienberger, Lang e Zeil (2009), Sar,
Chatterjee e Adhikari (2015), Fernandez, Mourato e Moreira (2016), Komi, Amisigo e
Diekkrüger (2016), Jamrussri e Toda (2018), Luu e Meding (2018), Afifi et al. (2019) e
Abdrabo et al. (2020).
Integrado a isso, para análise das áreas de perigo de inundação, também foram
considerados estudos que empregaram predominantemente análises com abordagem
semiquantitativa, com a seleção de fatores condicionantes ao perigo de inundação e
definição de graus de severidade. Neste sentido, destacam-se os estudos de
Kormann, Schirmer e Freitas (2013), Galvão (2014), Menezes (2014), Trentin e Dias
(2014), Saueressig e Robaina (2015), Freitas (2017), Furlan (2019), entre outros.
Por fim, para análise da vulnerabilidade, foi adotado, como referência, o estudo
de Brito, Evers e Höllermann (2017) em que as autoras apresentam dezenove
indicadores para análise da exposição e vulnerabilidade em áreas de risco de
inundação. Ademais, foram utilizados, como referências, os estudos desenvolvidos
por Kienberger, Lang e Zeil (2009), Goerl, Kobiyama e Pellerin (2012), Trentin,
Robaina e Silveira (2013), Galvão (2014), Trentin e Dias (2014), Prina (2015), Sar,
Chatterjee e Adhikari (2015), Saueressig e Robaina (2015), Fernandez, Mourato e
Moreira (2016), Komi, Amisigo e Diekkrüger (2016), Aimon (2017), Brito, Evers e
Höllermann (2017), Freitas (2017), Ramos (2017), Jamrussri e Toda (2018), Luu e
Meding (2018), Afifi et al. (2019), Abdrabo et al. (2020), Ramos et al. (2018), Furlan
(2019), Knierin, Robaina e Trentin (2019), Trentin, Robaina e Avila (2019), entre
98

outros. A partir disso, foram selecionados oito indicadores segmentados em três


dimensões com base nas características da área de estudo.

4.5.2 Fatores condicionantes do perigo

O perigo de inundações foi determinado a partir da identificação da relação


entre as áreas suscetíveis aos eventos de inundação e as áreas ocupadas/edificadas.
A identificação do perigo foi baseada a partir de indicadores como a distância das
edificações em relação aos cursos d’água, a frequência de eventos de inundação e
as características dos cursos d’água quanto à dimensão e à severidade dos processos
de inundação.
Os indicadores foram estruturados a partir dos trabalhos de Kormann, Schirmer
e Freitas (2013), Galvão (2014), Menezes (2014), Trentin e Dias (2014), Sar,
Chatterjee e Adhikari (2015), Saueressig e Robaina (2015), Komi, Amisigo e
Diekkrüger (2016), Freitas (2017), Luu e Meding (2018), Afifi et al. (2019), Furlan
(2019), entre outros, como também com base nas características da área de estudo,
trabalhos de campo e gabinete e inventário de registro de eventos de inundação. No
Quadro 3, é apresentada a síntese dos indicadores e das variáveis que foram
utilizados na análise do perigo.

Quadro 3 – Síntese dos indicadores e variáveis para análise do perigo de inundação

Indicador Dado utilizado Fonte


Áreas suscetíveis à
inundação, imagem Basemap - World Imagery do
Distância do curso d’água óptica de satélite, ArcGIS® 10.1 e METROPLAN
trabalhos de campo e (2018)
pontos de controle
Periódicos de circulação
Perigo

Frequência de processos de Inventário de eventos de regional, Defesa Civil,


inundação inundação e trabalhos Basemap - World Imagery do
de campo ArcGIS® 10.1 e METROPLAN
(2018)
Periódicos de circulação
Inventário de eventos de regional, Defesa Civil,
Dimensão do curso d’água inundação e trabalhos Basemap - World Imagery do
de campo ArcGIS® 10.1 e METROPLAN
(2018)
Fonte: Autor (2022).
99

As análises para o perigo foram realizadas utilizando, como limite, os setores


censitários do IBGE, a área suscetível à inundação e edificações. O desafio
metodológico foi o de relacionar os setores censitários com a área suscetível e com
as edificações, em função das diferenças de geometria entre as áreas vetoriais. Neste
sentido, essa associação foi feita por edificações inseridas em ambas as áreas. Essa
segmentação foi necessária em razão da extensão e heterogeneidade das dinâmicas
fluviais na área de estudo. Após isso, os dados foram agregados a um plano de
informações desenvolvido às edificações.
O indicador distância do curso d’água baseou-se na planície de inundação
do rio Paranhana e seus afluentes. A partir disso, foi analisada a distância a partir da
margem dos cursos d’água, agentes do perigo, e a edificação localizada dentro da
área suscetível, com abordagem similar, esse indicador foi apresentado nos estudos
de Galvão (2014), Menezes (2014), Trentin e Dias (2014), Sar, Chatterjee e Adhikari
(2015), Freitas (2017), Luu e Meding (2018) e Afifi et al. (2019).
No software ArcGIS® 10.1, foi realizada a vetorização dos cursos d’água, que
potencializam perigo, e as edificações da área de estudo, respectivamente, nos
formatos de linha (afluentes do rio Paranhana) e polígonos (rio Paranhana e
edificações). Foram utilizadas a base cartográfica da METROPLAN (2018) e imagens
de satélite ópticas disponíveis no serviço Basemap - World Imagery do SIG. A medida
da distância das edificações em relação aos cursos d’água foi agregada à tabela de
atributos das edificações e foi desenvolvida a partir da ferramenta Near (analysis),
possuindo, como dados primários, os arquivos vetoriais produzidos.
O indicador frequência de processos de inundação representou o número
de eventos que ocorreram na área de estudo no período entre 1975 e 2020. A variável
foi analisada a partir do inventário de registro de eventos de inundação, de maneira
que pudesse estipular a frequência dos eventos no intervalo de análise. Como
referência para isso, a base foi os estudos de Kormann, Schirmer e Freitas (2013),
Menezes (2014), Saueressig e Robaina (2015), Komi, Amisigo e Diekkrüger (2016) e
Furlan (2019).
Os dados de frequência de eventos de inundação foram agregados aos setores
censitários e, por sua vez, a tabela de atributos das edificações inseridas nos
respectivos setores. Para edificações que se situavam em mais de um setor censitário,
considerou-se, como referência, o setor em que a edificação se apresentasse em
maior área.
100

Por fim, o indicador dimensão do curso d’água foi analisado com base em
fatores que influenciam nas áreas afetadas pelas inundações e, dessa forma,
potencializam maior ou menor severidade ao evento de inundação. Para isso, atribuiu-
se, como critérios, a análise da dimensão do curso d’água e as características quanto
à severidade dos processos de inundação. Esse indicador é subjetivo, todavia
possibilita representar de modo satisfatório a área de estudo, sendo que avaliações
similares foram apresentadas nos estudos de Kormann, Schirmer e Freitas (2013),
Menezes (2014), Freitas (2017), Afifi et al. (2019) e Furlan (2019).
Com base nisso, foram identificadas duas dinâmicas fluviais distintas na área
de estudo que potencializam perigo: rio Paranhana e os afluentes do rio Paranhana.
Foi possível discriminar a dimensão dos processos de inundação em relação à
duração dos eventos (estimativa para horas, dias ou semanas) e aos impactos, como
vias de circulação interrompidas, atividades industriais, de comércio e prestação de
serviço afetadas e número de desabrigados. Visto que os corpos hídricos apresentam
características distintas quanto à intensidade e severidade dos eventos, atribuiu-se
uma nota para cada um, conforme descritas a seguir:
Afluentes do rio Paranhana: eventos de média duração (horas/dias), afetam
a circulação viária temporariamente (horas/dias), afetam atividades industriais, de
comércio e prestação de serviços. Considerou-se a nota 1 para eventos decorrentes
dos afluentes do rio Paranhana, porque apresentam menor severidade em relação à
dinâmica fluvial que ocorre nas áreas afetadas pelo rio Paranhana.
Rio Paranhana: eventos de maior duração (dias/semanas), afetam a
circulação viária por maior tempo (dias/semanas), afetam atividades industriais, de
comércio e prestação de serviços e apresentam pessoas desalojadas. A nota 2
atribuída para eventos decorrentes do rio Paranhana justifica-se em razão da maior
severidade identificada para os eventos de inundação que possuem, como agente de
perigo, o rio Paranhana.
Os dados desse indicador também foram agregados à tabela de atributos das
edificações. Neste sentido, identificou-se quais cursos d’água manifestavam a
situação de perigo para as edificações inseridas na sua área de influência. Nas
edificações em que as situações de perigo eram expressas tanto pelo rio Paranhana,
quanto pelos seus afluentes, considerou-se, como critério, a nota mais alta.
101

4.5.3 Fatores condicionantes da vulnerabilidade

A vulnerabilidade das áreas expostas ao perigo de inundação foi determinada


a partir da análise da relação entre as dimensões de exposição, vulnerabilidade
socioeconômica e vulnerabilidade física. Para isso, foram selecionados indicadores
de vulnerabilidade com referência nos estudos de Kienberger, Lang e Zeil (2009),
Goerl, Kobiyama e Pellerin (2012), Trentin, Robaina e Silveira (2013), Galvão (2014),
Trentin e Dias (2014), Prina (2015), Sar, Chatterjee e Adhikari (2015), Saueressig e
Robaina (2015), Fernandez, Mourato e Moreira (2016), Komi, Amisigo e Diekkrüger
(2016), Aimon (2017), Brito, Evers e Höllermann (2017), Freitas (2017), Ramos (2017),
Luu e Meding (2018), Jamrussri e Toda (2018), Ramos et al. (2018), Afifi et al. (2019),
Furlan (2019), Knierin, Robaina e Trentin (2019), Trentin e Robaina e Avila (2019),
Abdrabo et al. (2020), entre outros, como também as características da área de estudo
e trabalhos de campo.
A unidade de análise para a vulnerabilidade foi os setores censitários do IBGE,
os dados finais dos indicadores foram agregados à tabela de atributos das edificações
em áreas de perigo, produto da análise do perigo. No Quadro 4, é apresentada a
síntese dos itens que foram utilizados para análise da vulnerabilidade na área de
estudo. Neste sentido, destacam-se as dimensões e os indicadores de
vulnerabilidade, os dados que foram utilizados e as fontes.

Quadro 4 – Dimensões, indicadores de vulnerabilidade, dados e fontes

(continua)
Dimensão Indicador Dado utilizado Fonte

Densidade demográfica Censo demográfico IBGE (2010d)


Vulnerabilidade

Exposição

Densidade de domicílios Censo demográfico IBGE (2010d)

Mapa de
Área suscetível suscetibilidade e Autor e IBGE (2010b)
setores censitários
102

Quadro 4 – Dimensões, indicadores de vulnerabilidade, dados e fontes


socioeconômica (conclusão)

Renda mensal Censo demográfico IBGE (2010d)


Vulnerabilidade

Crianças e idosos Censo demográfico IBGE (2010d)


Vulnerabilidade

Tipo de material da
edificação Trabalhos de campo Autor
Vulnerabilidade física

Adaptação contra
inundação Trabalhos de campo Autor

Infraestrutura urbana Trabalhos de campo Autor

Fonte: Autor (2022).

4.5.3.1 Exposição

A dimensão exposição representa o grau no qual os sujeitos estão expostos ao


perigo de inundação. Essa dimensão foi estruturada a partir de três indicadores:
densidade demográfica, densidade de domicílios e área suscetível. A Tabela 1
apresenta a síntese dos indicadores e as variáveis adotadas.

Tabela 1 – Dimensão exposição com a síntese dos indicadores de vulnerabilidade

Dimensão Indicador Quantificação dos Nome da Descrição da variável


indicadores variável
Densidade Percentual de pessoas V001 Moradores em domicílios
demográfica por km² particulares e domicílios
coletivos
Exposição

Densidade Percentual de V001 Domicílios particulares e


de domicílios domicílios por km² domicílios coletivos

Área Percentual da área do Setor Área do setor censitário


suscetível setor censitário que é censitário
suscetível à inundação
Fonte: Adaptado do IBGE (2010d). Autor (2022).
103

O indicador densidade demográfica mensura o número de habitantes por área


e, para isso, foi estabelecida a relação entre o número de pessoas no setor censitário
e a área do setor censitário. Quanto maior a densidade demográfica na área do setor
censitário, maior é a exposição ao perigo de inundação. Como referência para isso,
tomou-se como base os estudos de Fernandez, Mourato e Moreira (2016), Komi,
Amisigo e Diekkrüger (2016), Luu e Meding (2018), Jamrussri e Toda (2018), Afifi et
al. (2019) e Abdrabo et al. (2020).
Como base de dado primário, foi utilizada a variável censitária “V001” da tabela
“Domicilio02_UF.xls ou Domicilio02_UF.csv”, do IBGE (2010d), descrita como
“Moradores em domicílios particulares e domicílios coletivos”, conforme a Tabela 1 e
a área do setor censitário.
O indicador densidade de domicílios corresponde ao número de domicílios
situados dentro da área de um setor censitário. Quanto maior a densidade de
domicílios na área do setor censitário, maior é a exposição ao perigo de inundação.
Como referência para esse indicador, foram considerados os estudos de Galvão
(2014), Sar, Chatterjee e Adhikari (2015), Prina (2015), Fernandez, Mourato e Moreira
(2016), Brito, Evers e Höllermann (2017), Ramos et al. (2018) e Furlan (2019).
Para estruturar-se o indicador, foi utilizada a variável “V001” da planilha
“Domicilio01_UF.xls ou Domicilio01_UF.csv”, descrita como “Domicílios particulares e
domicílios coletivos” e a área do setor censitário, conforme a Tabela 1 (IBGE, 2010d).
Por fim, o indicador área suscetível corresponde ao percentual da área do
setor censitário que possui suscetibilidade à inundação. Quanto maior o valor
percentual da área do setor em área suscetível, maior é a exposição ao perigo de
inundação. Como referência para adoção desse indicador, foram utilizados os estudos
de Ramos (2017) e Ramos et al. (2018). Para a análise, foi utilizado, como base de
dado primário, o mapa de suscetibilidade à inundação e o valor percentual do setor
censitário com área suscetível.

4.5.3.2 Vulnerabilidade socioeconômica

A dimensão vulnerabilidade socioeconômica representa as condições


sociais e econômicas que os sujeitos possuem em um contexto de risco. Essa
dimensão foi organizada a partir de dois indicadores: renda mensal e crianças e
104

idosos. Na Tabela 2, é apresentada a síntese dos dados utilizados para analisar a


vulnerabilidade nessa dimensão.
O indicador renda mensal corresponde à condição financeira que os sujeitos
possuem. Para estabelecer um valor de distinção para classes, adotou-se, como
referência, o rendimento mensal de até um salário mínimo para pessoas de dez anos
ou mais. Quanto maior o percentual de sujeitos com renda mensal de até um salário
mínimo no setor censitário, maior é a vulnerabilidade socioeconômica. Para isso,
foram utilizados, como referência, os estudos de Goerl, Kobiyama e Pellerin (2012),
Brito, Evers e Höllermann (2017), Ramos et al. (2018) e Trentin, Robaina e Avila
(2019). Dessa forma, para mensurar esse indicador, foram empregadas as variáveis
apresentadas na Tabela 2 (IBGE, 2010d).
O indicador crianças e idosos apresentou, como critério, o número de pessoas
menores de 12 anos com referência ao Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº
8.069/1990 (BRASIL, 1990), e o número de pessoas com 60 anos ou mais com
referência ao Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003 (BRASIL, 2003).
A partir do indicador, se estabelece que quanto maior o percentual de crianças
e idosos no setor censitário, maior é a vulnerabilidade socioeconômica, como
referência, para isso, baseou-se nos estudos de Kienberger, Lang e Zeil (2009), Goerl,
Kobiyama e Pellerin (2012), Fernandez, Mourato e Moreira (2016), Brito, Evers e
Höllermann (2017), Jamrussri e Toda (2018), Ramos et al. (2018) e Trentin, Robaina
e Avila (2019). As variáveis apresentadas na Tabela 2 foram os dados primários
utilizados para mensurar esse indicador (IBGE, 2010d).
105

Tabela 2 – Dimensão socioeconômico com a síntese dos indicadores de vulnerabilidade


(continua)
Dimensão Indicador Quantificação dos indicadores Nome da variável Descrição da variável
V001 Pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimento
nominal mensal de até ½ salário mínimo
Renda Percentual de pessoas de 10 V002 Pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimento
mensal anos ou mais de idade com nominal mensal de mais de ½ a 1 salário mínimo
rendimento nominal mensal de V010 Pessoas de 10 anos ou mais de idade sem rendimento
até 1 salário mínimo nominal mensal
V020 Pessoas de 10 anos ou mais de idade com ou sem
rendimento
V001 Pessoas residentes em domicílios particulares e domicílios
coletivos
Vulnerabilidade socioeconômica

V022 Pessoas com menos de 1 ano de idade


V035 Pessoas de 1 ano de idade
V036 Pessoas com 2 anos de idade
V037 Pessoas com 3 anos de idade
V038 Pessoas com 4 anos de idade
V039 Pessoas com 5 anos de idade
V040 Pessoas com 6 anos de idade
V041 Pessoas com 7 anos de idade
V042 Pessoas com 8 anos de idade
Crianças e Percentual de crianças e idosos V043 Pessoas com 9 anos de idade
idosos
V044 Pessoas com 10 anos de idade
V045 Pessoas com 11 anos de idade
V094 Pessoas com 60 anos de idade
V095 Pessoas com 61 anos de idade
V096 Pessoas com 62 anos de idade
V097 Pessoas com 63 anos de idade
V098 Pessoas com 64 anos de idade
V099 Pessoas com 65 anos de idade
V100 Pessoas com 66 anos de idade
V101 Pessoas com 67 anos de idade
V102 Pessoas com 68 anos de idade
106

Tabela 2 – Dimensão socioeconômico com a síntese dos indicadores de vulnerabilidade


(conclusão)
Dimensão Indicador Quantificação dos indicadores Nome da variável Descrição da variável
V103 Pessoas com 69 anos de idade
V104 Pessoas com 70 anos de idade
V105 Pessoas com 71 anos de idade
V106 Pessoas com 72 anos de idade
V107 Pessoas com 73 anos de idade
V108 Pessoas com 74 anos de idade
V109 Pessoas com 75 anos de idade
V110 Pessoas com 76 anos de idade
V111 Pessoas com 77 anos de idade
V112 Pessoas com 78 anos de idade
Vulnerabilidade socioeconômica

V113 Pessoas com 79 anos de idade


V114 Pessoas com 80 anos de idade
V115 Pessoas com 81 anos de idade
V116 Pessoas com 82 anos de idade
V117 Pessoas com 83 anos de idade
Crianças e Percentual de crianças e idosos V118 Pessoas com 84 anos de idade
idosos V119 Pessoas com 85 anos de idade
V120 Pessoas com 86 anos de idade
V121 Pessoas com 87 anos de idade
V122 Pessoas com 88 anos de idade
V123 Pessoas com 89 anos de idade
V124 Pessoas com 90 anos de idade
V125 Pessoas com 91 anos de idade
V126 Pessoas com 92 anos de idade
V127 Pessoas com 93 anos de idade
V128 Pessoas com 94 anos de idade
V129 Pessoas com 95 anos de idade
V130 Pessoas com 96 anos de idade
V131 Pessoas com 97 anos de idade
V132 Pessoas com 98 anos de idade
V133 Pessoas com 99 anos de idade
V134 Pessoas com 100 anos ou mais de idade
Fonte: Adaptado do IBGE (2010d). Autor (2022).
107

4.5.3.3 Vulnerabilidade física

A dimensão vulnerabilidade física apresenta as características relacionadas


à estrutura física das edificações e as condições de infraestrutura urbana. A dimensão
foi estruturada em três indicadores: tipo de material da edificação, adaptação na
edificação contra inundação e infraestrutura urbana. A Tabela 3 apresenta a
síntese dos elementos utilizados para analisar a vulnerabilidade nessa dimensão.

Tabela 3 – Dimensão física com a síntese dos indicadores de vulnerabilidade e distribuição de


variáveis e notas

Dimensão Indicador Variável Notas


Alvenaria 1
Tipo de material da
Vulnerabilidade

Madeira ou misto (madeira e 2


edificação alvenaria)
física

Material reciclado 3
Adaptação na edificação Presente 1
contra inundação Ausente 2
Infraestrutura urbana Presente 1
Ausente ou precária 2
Fonte: Autor (2022).

O indicador tipo de material da edificação foi segmentado nas classes


alvenaria, madeira ou misto (madeira e alvenaria) e material reciclado, relacionando-
se às condições de resistência das edificações diante de um evento de inundação.
Para as edificações de alvenaria, foi atribuída menor nota e, consequentemente,
menor vulnerabilidade física, por sua vez, no caso de edificações constituídas de
material misto ou reciclado, a nota e vulnerabilidade física atribuídas foram maiores.
Os indicadores, assim como as notas, foram estipulados com base nos estudos de
Trentin, Robaina e Silveira (2013), Galvão (2014), Prina (2015), Saueressig e Robaina
(2015), Aimon (2017), Freitas (2017), Knierin, Robaina e Trentin (2019) e Trentin,
Robaina e Avila (2019).
O indicador adaptação na edificação contra inundação foi estabelecido com
base na presença ou ausência de adaptações contra inundações nas edificações,
como o número de pavimentos e instalações móveis de contenção que os sujeitos
adotam quando identificam a possibilidade de ocorrerem novos eventos. Essas
108

adaptações, sejam permanentes ou móveis, possibilitam indicar os locais que podem


sofrer com maior ou menor grau na ocorrência de novos eventos de inundação.
Considerou-se que as áreas sem adaptações contra inundações possuem
vulnerabilidade física maior e, para isso, tomou-se como referência os estudos de
Trentin e Dias (2014), Prina (2015), Aimon (2017), Freitas (2017), Furlan (2019) e
Knierin, Robaina e Trentin (2019).
Por fim, o indicador infraestrutura urbana foi segmentado nas condições
presente e ausente ou precário. As condições de infraestrutura urbana analisadas
relacionam-se à via de acesso, saneamento básico e sistema de drenagem pluvial. As
edificações localizadas em áreas com presença de infraestrutura urbana
apresentaram menor vulnerabilidade física e menor nota, enquanto edificações
situadas em áreas com infraestrutura urbana ausente ou precária, a vulnerabilidade
física e a nota são maiores. O indicador e as notas atribuídas às classes foram
estabelecidos com base nos estudos de Trentin, Robaina e Silveira (2013), Galvão
(2014), Trentin e Dias (2014), Prina (2015), Saueressig e Robaina (2015), Aimon
(2017), Freitas (2017), Knierin, Robaina e Trentin (2019) e Trentin, Robaina e Avila
(2019).

4.6 PONDERAÇÃO DOS PESOS DOS INDICADORES E DEFINIÇÃO DO PERIGO


E VULNERABILIDADE

Para a atribuição dos pesos de influência aos indicadores de perigo,


vulnerabilidade e para as dimensões da vulnerabilidade, adotou-se, como método, o
Processo Analítico Hierárquico (AHP) proposto por Saaty (1991). Nesse
procedimento, os indicadores foram comparados um em relação ao outro, sempre dois
a dois, por meio de uma escala pré-definida, conforme a Tabela 4.
O AHP possibilita estabelecer prioridades para múltiplos indicadores, julgados
por especialistas para derivar a melhor decisão (SAATY, 1990). Os pesos dos
indicadores dependem do julgamento subjetivo de vários especialistas
(KIENBERGER, LANG e ZEIL, 2009; MOGHADAS et al., 2019) ou da avaliação
baseada na experiência do autor (KANDILIOTI e MAKROPOULOS, 2012; DEWAN,
2013; LI et al., 2013; LUU et al., 2020). Para essa análise, considerou-se, como
referência, estudos sobre o tema (KIENBERGER, LANG e ZEIL, 2009; SAR,
CHATTERJEE e ADHIKARI, 2015; FERNANDEZ, MOURATO e MOREIRA, 2016;
109

KOMI, AMISIGO e DIEKKRÜGER, 2016; LUU e MEDING, 2018; JAMRUSSRI e


TODA, 2018; AFIFI et al., 2019; ABDRABO et al., 2020), as características da área de
estudo e a experiência do autor.

Tabela 4 – Escala de intensidade de importância relativa entre os fatores

Intensidade de Definição Explicação


importância
1 Importância igual As duas atividades contribuem igualmente
para o objetivo

3 Pequena importância de uma O julgamento favorece levemente uma


sobre a outra atividade em relação à outra

5 Importância grande O julgamento favorece fortemente uma


atividade em relação à outra

7 Importância muito grande O julgamento favorece muito fortemente


uma atividade em relação à outra

9 Importância absoluta Mais alto grau de certeza de favorecimento


de uma atividade em relação à outra

2, 4, 6 e 8 Valores intermediários entre Condição intermediária entre duas


julgamentos definições
Fonte: Adaptado de Saaty (1991) e Paula e Cerri (2012).

O julgamento da importância relativa dos indicadores foi realizado em uma


matriz para comparação dos pares. Nela, atribuíram-se pesos às variáveis, sendo
julgada a importância de um elemento em linha em relação ao elemento
correspondente na coluna, conforme a Tabela 5. Como exemplo, ao se analisar o
indicador A em comparação ao C, foi considerado o primeiro com uma importância
grande sobre o segundo.
Após a organização da matriz comparada de pares, foi determinada a
contribuição de cada variável a partir do vetor de prioridade ou vetor de Eigen. De
acordo com Vargas R. (2010), o vetor de Eigen apresenta os pesos relativos entre os
critérios e é obtido de modo aproximado por meio da média aritmética dos valores de
cada um dos critérios. Todavia, conforme Kostlan (1991), o cálculo exato é
determinado apenas em casos específicos. Dessa forma, essas etapas foram
110

solucionadas na presente pesquisa com uso do SIG, a partir do software ArcGIS®


10.1, com a ferramenta AHP.

Tabela 5 – Matriz de comparação dos pares

Indicadores Indicador A Indicador B Indicador C


condicionantes
Indicador A 1 3 5
Indicador B 1/3 1 1/3
Indicador C 1/5 3 1
Fonte: Autor (2022).

Para verificar a consistência ou validade da coerência nas comparações e


identificar possíveis contradições, foi realizada a verificação da razão de consistência
(RC) de acordo com a Equação 2. Se a razão de consistência for menor do que 0,1,
ou seja, 10%, indica que a consistência dos julgamentos está preservada. Por sua
vez, se a RC for maior ou igual a 0,10, é indicativo de que os julgamentos devem ser
refeitos até que a inconsistência seja atenuada (SAATY, 2005; BRITO, 2014).

𝐶𝐼
𝐶𝑅 = 𝑅𝐼 < 0,1 = 10% (2)

Onde: CR é a razão de consistência, RI o índice de aleatoriedade e CI o índice de


consistência.

O índice de consistência (CI) foi obtido a partir da Equação 3 e o Índice de


aleatoriedade (RI) por meio do número de fatores utilizados, de acordo com a Tabela
6 (SAATY, 1991, 2005; BRITO, 2014).

𝜆𝑚á𝑥 − 𝑛
𝐶𝐼 = (3)
𝑛−1

Onde: n é o número de critérios utilizados e λmáx: é o máximo de autovalor da matriz.


111

Tabela 6 – Índices de consistência aleatória (RI)

n 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
RI 0 0 0,58 0,9 1,12 1,24 1,32 1,41 1,45 1,49
Fonte: Saaty (1991).

Os dados primários utilizados em todas as etapas apresentadas


corresponderam aos planos de informação dos fatores condicionantes do perigo e
vulnerabilidade, que, por sua vez, foram previamente estruturados para posterior
integração no respectivo método. Neste sentido, os indicadores utilizados foram
normalizados, ou seja, padronizados para as mesmas unidades para permitir sua
agregação.
O método, para isso, foi o min-max selecionado conforme proposto por Saisana
e Saltelli (2011) e apresentado no estudo de Moreira, Brito e Kobiyama (2021), em
que se redimensionam os indicadores dentro de um intervalo entre 0 e 1, subtraindo
o valor mínimo e dividindo pelo intervalo dos valores do indicador, de acordo com a
Equação 4.

𝑥 −(𝑥 )
𝑦𝑖𝑛 = (𝑥 𝑖𝑛 )− (𝑥𝑖𝑛 (4)
𝑖𝑛 𝑖𝑛 )

Onde: yin é o indicador normalizado e xin é o valor do indicador.

Como esses dados apresentavam-se, em sua origem, divididos em variáveis


quantitativas e qualitativas, para que fosse possível a integração dos planos de
informações por meio do AHP, foram normalizados, conforme é apresentado no
Quadro 5. Desse modo, os dados primários foram convertidos do modelo vetorial para
o raster e, assim, executadas as normatizações das unidades dos indicadores na
calculadora de raster do SIG.
112

Quadro 5 – Normalização dos indicadores de perigo e vulnerabilidade

Item Indicador Quantificação dos indicadores Normalização


Frequência de processos de Número de eventos
inundação
Perigo

Distância do curso d’água Distância em relação ao curso


d’água em metros
Dimensão do curso d’água Rio Paranhana e afluentes do rio
Paranhana Mínimo = 0
Densidade demográfica Densidade demográfica = número de Máximo = 1
Exposição

habitantes / área em km²


Densidade de domicílios Densidade de domicílios = número
de domicílios / área em km²
Área suscetível % da área do setor que é suscetível
à inundação
% de pessoas de 10 anos ou mais
socioeconômica
Vulnerabilidade

de idade com renda mensal de até 1


salário mínimo = (pessoas de 10
Renda mensal anos ou mais de idade com renda 0% = 0
mensal de até 1 salário mínimo X 100% = 1
100) / número de pessoas de 10
anos ou mais de idade com ou sem
rendimento
Vulnerabilidade

socioeconômica
Vulnerabilidade

% de crianças e idosos = (população


com menos de 12 anos + população 0% = 0
Crianças e idosos com 60 anos mais ou mais x 100) / 100% = 1
total da população

Tipo de material da Alvenaria


Vulnerabilidade física

edificação Madeira ou misto


Material reciclado

Adaptação na edificação Presente Mínimo = 0


contra inundação Ausente Máximo = 1

Infraestrutura urbana Presente


Ausente ou precária

Fonte: Autor (2022).

4.6.1 Ponderação dos pesos dos indicadores e definição do perigo

O perigo de inundação foi determinado com base na análise multicritério,


produto do método AHP a partir dos fatores condicionantes de distância do curso
d’água, frequência de processos de inundação e dimensão do curso d’água, conforme
a Tabela 7.
113

Tabela 7 – Matriz de comparação pareada e ponderações dos pesos dos indicadores do perigo de
inundação

Indicador Distância do Frequência de Dimensão do Peso


curso d’água inundação curso d’água
Distância do 1 3 5 63.699
curso d’água

Frequência de 1/3 1 3 25.828


inundação

Dimensão do 1/5 1/3 1 10.473


curso d’água
CR = 0.037
Fonte: Autor (2022).

O indicador com maior importância para o perigo de inundação na área de


estudo foi a distância do curso d’água, com o peso de 63.699. O valor elevado deve-
se ao motivo de ser a única variável sem caráter subjetivo, estabelecida com base na
distância da edificação em relação ao curso d’água responsável pelo perigo.
A extensão da área inundada apresenta a relação entre eventos recorrentes e
extraordinários na planície de inundação (SAUERESSIG, 2012). A distância em
relação ao curso d’água é crucial, uma vez que a inundação resulta do
transbordamento de canais fluviais e as áreas mais próximas a eles, que possuem
relativamente maior perigo de inundação do que áreas mais distantes (BUTLER,
KOKKALIDOU e MAKROPOULOS, 2006; AFIFI et al., 2019; AKSHA et al., 2020).
Os demais indicadores adotados, embora essenciais, apresentam caráter
subjetivo, seja em razão das fontes disponíveis de dados primários ou em função de
serem estabelecidos por critério de análise in loco. Desse modo, corrobora-se o peso
mais alto para o indicador distância do curso d’água.
A frequência de inundação remete ao tempo de retorno dos eventos na área
de estudo e foi atribuído o peso de 25.828, sendo o indicador com o segundo maior
valor. Para essa análise, baseou-se no inventário de registros de eventos de
inundação no período entre 1975 e 2020. As áreas que apresentam maior frequência
de eventos, consequentemente, correspondem às situações de maior perigo, uma vez
que são as mais afetadas por eventos de inundação (KOMI, AMISIGO e
DIEKKRÜGER, 2016). A variável possui caráter subjetivo devido às fontes de dados
114

disponíveis que podem sofrer variações de registros por parte dos periódicos de
circulação regional, sendo as áreas centrais dotadas de maior visibilidade em relação
às áreas periféricas.
Por fim, para o indicador dimensão do curso d’água, foi atribuído o peso de
10.473, sendo o de menor valor. A análise baseou-se nas observações in loco, assim
como no inventário de registro de eventos de inundação da área de estudo. Dessa
forma, também estabelecido com base em caráter subjetivo, por meio da análise das
características dos canais fluviais, assim como da dinâmica fluvial e consequências
dos processos de inundação (FREITAS, 2017; AFIFI et al., 2019; FURLAN, 2019).
A razão de consistência entre os indicadores de perigo foi de 0.037, sendo o
valor inferior a 10%, o que indica que os julgamentos foram considerados coerentes
(SAATY, 2005). Para estabelecer-se classes de perigo foram estipulados quatro
graus: perigo baixo (P1), perigo médio (P2), perigo alto (P3) e perigo muito alto (P4).
Essas classes foram definidas com base no método de quebras naturais na
distribuição dos dados da variável (Tabela 8), conforme Ferreira (2014) e Moreira,
Brito e Kobiyama (2021). O mapa de perigo foi validado a partir dos trabalhos de
campo na área de estudo e com base no inventário de registros de eventos de
inundação.

Tabela 8 – Intervalos utilizados para a classificação do mapa de perigo

Classes de perigo Valores dos intervalos de perigo


Baixo 0.104999997 - 0.415878278
Médio 0.415878278 - 0.598350313
Alto 0.598350313 - 0.760547676
Muito alto 0.760547676 - 0.966673493
Fonte: Autor (2022).

4.6.2 Ponderação dos pesos dos indicadores e definição da vulnerabilidade

A vulnerabilidade foi determinada com base na análise multicritério, produto do


método AHP para as dimensões exposição, vulnerabilidade socioeconômica e
vulnerabilidade física, de acordo com a Tabela 9. Os julgamentos elencados para a
análise da vulnerabilidade foram considerados pensando-se nas etapas de
115

gerenciamento do risco com foco nas ações de resposta. Neste sentido, a dimensão
vulnerabilidade socioeconômica foi a que se atribuiu maior importância na análise,
com um peso de 55.907. A vulnerabilidade física foi a dimensão com o segundo maior
peso, com o valor de 35.219, e a exposição foi a dimensão com menor peso,
respectivamente, com o valor de 8.875.
A vulnerabilidade socioeconômica foi considerada com maior importância,
especialmente, em razão do indicador crianças e idosos, que, durante a necessidade
de evacuação em resposta a um evento, são grupos que podem demandar maior
atenção. Já para a vulnerabilidade física, atribuiu-se maior importância em relação à
exposição, uma vez que, embora determinados ativos estejam expostos a um perigo,
características físicas, como o tipo de material e adaptações contra inundação nas
edificações, podem atenuar de modo significativo o perigo no local, tornando a
exposição com menor relevância.
A razão de consistência para as dimensões da vulnerabilidade foi de 0.052,
enquanto, para as dimensões exposição, vulnerabilidade socioeconômica e
vulnerabilidade física foram, respectivamente, 0.062, 0 e 0.037. Neste sentido, os
julgamentos empregados nas análises foram considerados coerentes, visto que os
valores resultantes foram inferiores a 10% (SAATY, 2005).
Para dimensão exposição, a densidade demográfica foi o indicador com maior
peso, com o valor de 73.064. Isso se justifica, uma vez que a densidade demográfica
elevada em uma dada área representa que mais pessoas podem estar expostas ao
perigo, como também mais complexas tornam-se as ações de gerenciamento de risco,
em função da maior demanda por recursos necessários em uma situação de desastre
(GOERL, KOBIYAMA e PELLERIN, 2012; RAMOS, 2017; RAMOS et al., 2018).
A densidade de domicílios foi o indicador com o segundo maior peso, com o
valor de 18.839. A densidade de domicílios elevada pode ocasionar a
impermeabilização do solo e isso contribui na potencialização dos eventos de
inundação, como também pode representar a concentração maior de edificações
expostas ao perigo (OLIVEIRA et al., 2015; FERNANDEZ, MOURATO e MOREIRA,
2016; RAMOS et al., 2018).
A área suscetível, por sua vez, foi o indicador com menor peso, para o qual foi
atribuído o valor de 8.096. O indicador possibilita mensurar a área dentro do setor
censitário exposta às inundações, sendo que nem sempre toda a população de um
setor censitário encontra-se exposta ao perigo (RAMOS et al., 2018).
116

Tabela 9 – Matrizes de comparação pareada e ponderações dos pesos das dimensões da


vulnerabilidade

Dimensão Vulnerabilidade Vulnerabilidade Exposição Peso


socioeconômica física
vulnerabilidade
Dimensões da

Vulnerabilidade 1 2 5 55.907
socioeconômica

Vulnerabilidade 1/2 1 5 35.219


física

Exposição 1/5 1/5 1 8.875


CR = 0.052
Indicador Densidade Densidade de Área Peso
demográfica domicílios suscetível
Densidade 1 5 7 73.064
Exposição

demográfica

Densidade de 1/5 1 3 18.839


domicílios

Área suscetível 1/7 1/3 1 8.096


CR = 0.062
Indicador Percentual de crianças e Renda mensal Peso
socioeconômica
Vulnerabilidade

idosos
Percentual de
crianças e idosos 1 2 66.667

Renda mensal 1/2 1 33.333

CR = 0
Indicador Tipo de material Adaptação na Infraestrutura Peso
da edificação edificação contra urbana
Vulnerabilidade física

inundação
Tipo de material 1 3 5 63.699
da edificação

Adaptação na
edificação contra 1/3 1 3 25.828
inundação

Infraestrutura 1/5 1/3 1 10.473


urbana
CR = 0.037
Fonte: Autor (2022).

De acordo com os pesos atribuídos aos indicadores, a densidade demográfica


é a variável que retrata os sujeitos e, com base nisso, passa a apresentar maior
importância, sendo extensivamente empregada por diversos autores na avaliação da
vulnerabilidade (FERNANDEZ, MOURATO e MOREIRA, 2016; KOMI, AMISIGO e
117

DIEKKRÜGER, 2016; LUU e MEDING, 2018; JAMRUSSRI e TODA, 2018; AFIFI et


al., 2019; ABDRABO et al., 2020). A densidade demográfica, assim como a densidade
de domicílios, é essencial na exposição, todavia elas podem ser atenuadas de acordo
com a vulnerabilidade socioeconômica ou física presente na área.
Na dimensão vulnerabilidade socioeconômica, o indicador crianças e idosos foi
o que se atribuiu maior peso, com valor de 66.667, enquanto, para a renda mensal, o
valor de 33.333. Nesse contexto, extremos de idade podem afetar as ações e
movimentos para fora do caminho do perigo e, portanto, as crianças e os idosos são
mais vulneráveis (HEWITT, 1997; CUTTER, BORUFF e SHIRLEY, 2003; FEKETE
2009; KUHLICKE et al., 2011; FERNANDEZ, MOURATO e MOREIRA, 2016).
Ademais, sujeitos extremamente jovens e idosos apresentam maior fragilidade física
e dependência (FERNANDEZ, MOURATO e MOREIRA, 2016).
Considerando a renda mensal, o aspecto econômico pode aumentar a
probabilidade de um sujeito ser capaz de lidar com as consequências de um evento
adverso e sua capacidade de recuperação (TAPSELL et al. 2002; FERNANDEZ,
MOURATO e MOREIRA, 2016). No entanto, ao avaliar-se o contexto de resposta
durante um evento, a condição econômica apresenta menor relevância em relação a
idade dos sujeitos.
Na dimensão vulnerabilidade física para o indicador tipo de material da
edificação, atribuiu-se maior peso, com o valor de 63.699. Essa variável determina a
fragilidade física da edificação durante uma inundação e indica a resistência aos
danos (MÜLLER, REITER e WEILAND, 2011; SCHNEIDERBAUER, 2007). Neste
sentido, possibilita estabelecer uma projeção de perdas quando ocorrer com um
evento, em que se pode estimar que os maiores prejuízos manifestam-se em
edificações constituídas por materiais mais frágeis (madeira) ou inadequados
(material reciclado) e os menores prejuízos em edificações construídas com materiais
mais resistentes (alvenaria) (AVILA, 2015; PRINA, 2015; AIMON, 2017; FURLAN,
2019).
Ao indicador adaptação na edificação contra inundação foi atribuído o segundo
maior peso, com o valor de 25.828. A altura, assim como adaptações realizadas nas
edificações, é importante para aferir sobre a vulnerabilidade contra inundações
(SCHNEIDERBAUER, 2007). Edificações que apresentam pavimentos superiores
podem servir para proteger as pessoas e sua propriedade (FERNANDEZ,
MOURATO e MOREIRA, 2016) e, dessa forma, caracterizar uma vulnerabilidade
118

física menor. Como essa variável pode ser condicionada às características do tipo de
material da edificação, entendeu-se que sua importância é secundária em relação ao
indicador tipo de material da edificação.
Por fim, para o indicador infraestrutura urbana, foi atribuído o peso de 10.473,
isso se justifica porque os demais indicadores relacionam-se diretamente na condição
de enfrentamento diante da ocorrência de um evento de inundação. Contudo, a
disponibilidade ou não de condições de infraestrutura urbana, como vias asfaltadas
ou calçadas, acesso a saneamento básico e sistema de drenagem pluvial eficiente,
atribuem diferenças na vulnerabilidade. Neste sentido, condições como falta de
saneamento básico podem potencializar a disseminação de doenças, assim como um
sistema de drenagem pluvial deficitário potencializa que eventos como alagamentos
sejam mais frequentes e vias de acesso em condições ruins podem acarretar na
inviabilidade da circulação o que representa uma vulnerabilidade maior (AVILA, 2015;
PRINA, 2015; AIMON, 2017; FURLAN, 2019).
As classes de vulnerabilidade foram estipuladas em quatro graus:
vulnerabilidade baixa (V1), vulnerabilidade média (V2), vulnerabilidade alta (V3) e
vulnerabilidade muito alta (V4). Essas classes foram definidas a partir do método de
quebras naturais na distribuição dos dados da variável, o mesmo que foi utilizado na
análise do perigo (Tabela 10).

Tabela 10 – Intervalos utilizados para a classificação do mapa de vulnerabilidade

Classes de vulnerabilidade Valores dos intervalos da vulnerabilidade


Baixa 0.127017185 - 0.328248978
Média 0.328248978 - 0.438926464
Alta 0.438926464 - 0.564696335
Muito alta 0.564696335 - 0.768443525
Fonte: Autor (2022).

Para análise dos dados, foram definidos os valores médios dos indicadores de
vulnerabilidade com base na média aritmética em cada uma das classes de
vulnerabilidade. O mapa final de vulnerabilidade foi validado a partir dos trabalhos de
campo na área de estudo.
119

4.7 RISCO DE INUNDAÇÃO

O risco de inundação foi determinado a partir dos dados obtidos para o perigo
e vulnerabilidade e apresentou, como resultado, a interação entre as duas variáveis.
A partir disso, foram hierarquizados graus de risco, considerando que quanto maior
apresentam-se os graus de perigo e de vulnerabilidade, maior é o grau de risco. Como
referência para isso, baseou-se nos estudos de Tominaga et al. (2015), Jamrussri e
Toda (2018), Afifi et al. (2019) e Abdrabo et al. (2020).
A partir dos planos de informações de perigo (mapa de perigo) e vulnerabilidade
(mapa de vulnerabilidade), os dados das duas variáveis foram cruzados em uma
matriz, conforme é exemplificado na Tabela 11.

Tabela 11 – Matriz que apresenta a relação entre o perigo e a vulnerabilidade

Variáveis Vulnerabilidade Vulnerabilidade Vulnerabilidade Vulnerabilidade


baixa (V1) média (V2) alta (V3) muito alta (V4)
Perigo baixo (P1) P1 e V1 P1 e V2 P1 e V3 P1 e V4
Perigo médio (P2) P2 e V1 P2 e V2 P2 e V3 P2 e V4
Perigo alto (P3) P3 e V1 P3 e V2 P3 e V3 P3 e V4
Perigo muito alto (P4) P4 e V1 P4 e V2 P4 e V3 P4 e V4
Fonte: Autor (2022).

Na análise do risco, considerou-se que o perigo apresenta maior importância


para a situação de risco do que a vulnerabilidade, uma vez que, em situações de baixa
possibilidade para que ocorra um processo de inundação, a vulnerabilidade alta (V3)
ou muito alta (V4) caracteriza um problema social e não necessariamente de risco,
dessa maneira, combinada com um perigo baixo (P1), apresentaria um risco médio
(R2).
Diante disso, foram estabelecidos quatro graus de risco, discriminados em risco
baixo (R1), risco médio (R2), risco alto (R3) e risco muito alto (R4), conforme
apresentado no Quadro 6. O mapa final de risco de inundação foi validado a partir dos
trabalhos de campo na área de estudo, inventário de registro de eventos de inundação
e consulta aos técnicos das Defesas Civis Municipais.
120

Quadro 6 – Graus de risco

Graus de risco Variáveis de perigo e vulnerabilidade


Risco baixo (R1) Corresponde às áreas com classes de perigo baixo com vulnerabilidade
baixa e média, perigo médio com vulnerabilidade baixa.
Risco médio (R2) Corresponde às áreas com classes de perigo baixo com vulnerabilidade
alta e muito alta, perigo médio com vulnerabilidade média e alta, perigo
alto com vulnerabilidade baixa.
Risco alto (R3) Corresponde às áreas com classes de perigo médio com vulnerabilidade
muito alta, perigo alto com vulnerabilidade média e alta, perigo muito alto
com vulnerabilidade baixa e média.
Risco muito alto (R4) Corresponde às áreas com classes de perigo alto com vulnerabilidade
muito alta, perigo muito alto com vulnerabilidade alta e muito alta.
Fonte: Autor (2022).
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo apresenta os resultados da pesquisa e retrata, de maneira


sequencial, os elementos que materializam o risco de inundações no baixo curso da
bacia hidrográfica do rio Paranhana em Taquara e Parobé. Dessa forma, foi
segmentado nos itens: as áreas suscetíveis à inundação; o espaço e a (re)produção
das áreas de risco de inundação; o inventário de registro dos eventos de inundação;
as áreas de perigo de inundação; a vulnerabilidade em áreas de perigo de inundação;
e as áreas de risco de inundação.

5.1 AS ÁREAS SUSCETÍVEIS À INUNDAÇÃO

As inundações fazem parte da dinâmica fluvial dos cursos d’água e


caracterizam-se pelo aumento do nível d’água para a planície de inundação. Essa
dinâmica natural de reequilíbrio do sistema fluvial é recorrente nos municípios de
Taquara e Parobé, onde são identificadas as áreas suscetíveis às inundações.
Na área de estudo, esses processos são deflagrados pelo rio Paranhana e seus
afluentes e estendem-se até a planície de inundação do rio dos Sinos. Em Taquara,
as áreas suscetíveis às inundações se espacializam no oeste da área urbana, na
planície de inundação do rio Paranhana e afluentes. Na área central do município, as
inundações são decorrentes do arroio Taquara. Em Parobé, localizam-se no leste da
área urbana na planície de inundação do rio Paranhana e afluentes.
As áreas suscetíveis às inundações cobrem aproximadamente 9,27 km² nos
municípios e estendem-se em 28 setores censitários em Taquara e 16, em Parobé,
de forma parcial ou integral, conforme o mapa da Figura 22 e a Tabela 12 com o valor
percentual da área do setor censitário afetada.
122

Figura 22 – Setores censitários localizados em áreas suscetíveis às inundações em Taquara e Parobé

Fonte: Autor (2022).


123

Tabela 12 – Setores censitários com áreas suscetíveis às inundações em Taquara e Parobé

Município Setor censitário Área suscetível à inundação (%)


431405005000019 27
431405005000021 37
431405005000023 6
431405005000024 9
431405005000025 11
431405005000034 3
431405005000035 35
Parobé

431405005000036 84
431405005000037 53
431405005000038 100
431405005000039 27
431405005000058 31
431405005000066 100
431405005000075 74
431405005000076 94
431405005000077 40
432120405000001 36
432120405000002 46
432120405000003 77
432120405000004 18
432120405000005 37
432120405000006 26
432120405000007 24
432120405000016 28
432120405000017 39
432120405000018 1
432120405000023 12
432120405000024 38
432120405000025 5
Taquara

432120405000033 52
432120405000034 62
432120405000035 76
432120405000038 1
432120405000051 53
432120405000056 41
432120405000062 22
432120405000066 20
432120405000075 4
432120405000084 10
432120405000085 12
432120405000087 15
432120405000090 91
432120405000092 0,3
432120405000096 71
Fonte: Autor (2022).
124

As áreas suscetíveis às inundações apresentam sistema fluvial meandrante


composto por depósitos holocênicos aluvionares constituídos por areia grossa a fina,
cascalho e sedimento silticoargiloso (CPRM, 2013). Nessas áreas, o relevo possui
baixas declividades, geralmente, inferiores a 2% e são naturalmente sujeitas às
inundações. Nos locais em que há ocupação humana, as matas ciliares encontram-
se alteradas ou suprimidas, não se respeitando as Áreas de Preservação Permanente
(APPs).
Os eventos de inundação decorrentes do rio Paranhana ocorrem na sua
planície de inundação tanto no município de Taquara quanto em Parobé, o curso
d’água apresenta hierarquia fluvial de quinta ordem (STRAHLER, 1952) e abrange a
área do baixo curso da bacia hidrográfica. Os processos de inundação apresentam
maior severidade em função do período de duração maior que pode ocorrer durante
dias ou semanas e mobiliza maior volume d’água que seus afluentes. Na Figura 23,
pode ser observado o leito do rio Paranhana, no baixo curso da bacia hidrográfica no
limite entre Parobé e Taquara. Na situação A, o curso d’água está no leito normal e,
na situação B, durante um evento de inundação em julho de 2020.

Figura 23 – Rio Paranhana, limite entre Parobé e Taquara

Fonte: Fotografia A obtida em trabalho de campo, abril de 2019; fotografia B adaptada de Rede Mais
de Comunicação (2020). Autor (2022).
125

Os eventos decorrentes dos afluentes do rio Paranhana ocorrem na planície de


inundação do rio Paranhana e de seus afluentes. Nas fotografias A e B da Figura 24,
podem ser analisados os segmentos retificados nos setores montante e jusante do
arroio Taquara, enquanto, nas fotografias C e D da Figura 24, outros arroios locais em
Taquara e, nas fotografias E e F da Figura 24, o arroio Sanga Funda e outro arroio
local em Parobé, respectivamente.

Figura 24 – Segmentos montante (A) e jusante (B) do arroio Taquara, arroio Müller (C), arroio local
em Taquara (D), arroio Sanga Funda (E) e arroio local em Parobé (F)

Fonte: Trabalhos de campo, julho de 2019 e junho de 2022. Autor (2022).


126

Os cursos d’água apresentam hierarquia fluvial de até segunda ordem


(STRAHLER, 1952) e extensas intervenções antrópicas a partir de retificações,
canalizações, impermeabilizações e ocupação das planícies de inundação. Os
processos de inundação caracterizam-se por apresentar menor severidade em função
do menor tempo de duração dos eventos que podem ocorrer durante horas ou dias,
assim como o volume d’água mobilizado menor. O arroio Taquara é o curso d’água
que apresenta maior grau de intervenção e de ocupação na sua planície de inundação,
sendo que, associado a isso, é o curso d’água que apresenta maior recorrência de
eventos de inundação.
A participação colaborativa dos técnicos das Defesas Civis Municipais, da
comunidade local a partir de entrevistas não estruturadas durante a realização dos
trabalhos de campo e o levantamento de dados em um inventário de registro de
eventos possibilitaram identificar as áreas suscetíveis à inundação. Essas ações não
foram percebidas nos estudos anteriores desenvolvidos na área de estudo, com
exceção do mapeamento apresentado pela CPRM (2013).
Nas pesquisas desenvolvidas pela METROPLAN (2018) e por Tucci (2019),
identificaram-se inconsistências em relação ao resultado da presente pesquisa.
Embora os estudos apresentem metodologias distintas e os propósitos não sejam
iguais, as divergências constatadas foram significativas. Isso se observou,
especialmente, na planície de inundação do rio Paranhana tanto em Taquara quanto
em Parobé e na área central de Taquara. As áreas que possuem, como agente que
ocasiona danos o arroio Taquara, não foram constatadas como áreas de risco nos
respectivos estudos.
Por fim, na área de estudo, muitas das áreas naturalmente suscetíveis aos
eventos de inundação foram ocupadas no processo (re)produção do espaço. A partir
disso, materializaram-se diferentes situações de perigo e risco de inundação no
decorrer do tempo. Desse modo, é necessário analisar e discutir esses processos com
base na análise do espaço e na ocupação de áreas de risco.
127

5.2 O ESPAÇO E A (RE)PRODUÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO

Os espaços urbanos de Taquara e Parobé são o resultado de um processo


histórico e contínuo de ocupação e modificação das áreas naturais por meio do
trabalho e diferentes processos econômicos e sociais que resultaram na nova
configuração do espaço no tempo. Nesse contexto, a partir da apropriação e
modificação das áreas suscetíveis às inundações materializou-se o risco de
inundação.
As áreas urbanas apresentaram expansão de forma célere, especialmente,
entre as décadas de 1940 e 1970, impulsionada pelo processo de industrialização,
fluxos migratórios e aumento populacional (MOSMANN, 2008a, 2008b). O
crescimento urbano não foi acompanhado de planejamento e organização adequados
e estabeleceu-se com proximidade da rede hidrográfica.
No Quadro 7, são apresentadas três manchetes publicadas pelo Jornal
Panorama, nos anos de 1991 e 2011, que retratam o processo de (re)produção do
espaço de forma desordenada em Taquara e Parobé. Nas publicações, são
abordados o processo de ocupação nas áreas periféricas do espaço urbano, a
precariedade da infraestrutura urbana e os processos de inundação no contexto
desses locais.
A expansão da área urbana de Taquara e Parobé pode ser observada entre o
período de 1975 e 2020 no mapa da Figura 25. Nesse intervalo de 45 anos, foram
registrados 77 eventos de inundação na área de estudo, que ocasionaram diversos
danos à população e seus ativos.
Em Taquara, o processo de ocupação expandiu-se em todas as direções
(norte, sul, leste e oeste) a partir do núcleo urbano inicial. No período de 1975, já se
observava (re)produção do espaço sobre o arroio Taquara e na nascente do arroio
Sonda. Com a expansão da ocupação para áreas periféricas, as novas áreas
passaram a estabelecer-se nas planícies de inundação do arroio Tucanos a leste, do
rio Paranhana a oeste e do rio dos Sinos ao sul. Nos arroios Taquara e Sonda, a
situação passa tornar-se mais conflituosa, com ações como a retirada de grande parte
da mata ciliar, intervenções estruturais como a canalização e retificação dos cursos
d’água e a ocupação de suas margens fluviais com a impermeabilização do solo.
128

Quadro 7 – Manchetes do Jornal Panorama que retratam o processo de (re)produção do espaço


urbano de forma desordenada em Taquara e Parobé.

O cotidiano na sociedade urbana

O reflexo da explosão demográfica associada ao desemprego é a


formação de um cinturão de sub-habitações na periferia (9 de agosto
de 1991).

Até nos problemas, os municípios do vale do Paranhana são


parecidos

A falta de infraestrutura nas vilas: um problema de todas as cidades


(29 de novembro de 1991).

Crescimento urbano agrava as cheias do Paranhana em Parobé

Grande acúmulo de água junto à ponte na divisa entre Parobé e


Taquara ilustra o agravamento da situação (12 de agosto de 2011).

Fonte: Adaptado do Jornal Panorama (1991, 2011). Autor (2022).

Figura 25 – Expansão das áreas urbanas entre o período de 1975 e 2020 nos municípios de Taquara
e Parobé

Fonte: Autor (2022).


129

No arroio Taquara, a problemática possui extensos registros de intervenções e


de eventos de inundação. As áreas do seu leito, assim como a planície de inundação,
foram historicamente ocupadas e modificadas. Na fotografia A da Figura 26, pode ser
observada a área central de Taquara durante o maior evento de inundação oriundo
ao arroio Taquara em fevereiro de 1978. Ainda no mesmo ano, observa-se em
segmento do curso d’água retificado a reivindicação da comunidade para a sua
canalização (fotografia B da Figura 26) e o acúmulo e descarte de dejetos no leito e
margens do curso d’água (fotografia C da Figura 26).
Integrado a isso, foram realizadas intervenções estruturais como a construção
do canal auxiliar para aumentar a vazão d’água (fotografia D da Figura 26). Todavia,
ações como a construção de edificações sobre o curso d’água (fotografia E da Figura
26) contribuíram para elevar a complexidade dos eventos de inundação nessa área.
Um novo canal auxiliar foi construído (fotografias F e G da Figura 26), porém, os
eventos de inundação ainda são recorrentes. Em 2010, foi realizada uma vistoria
técnica no leito do arroio (fotografia H da Figura 26), na qual se identificaram pontos
de barramento em segmentos canalizados em razão da deposição e retenção de
entulhos. Esses fatores contribuem para o assoreamento e diminuição da vazão e,
consequentemente, para ocorrência de eventos de inundação como o observado em
fevereiro de 2019 (fotografia I da Figura 26).
Em Parobé, a área com ocupação urbana apresentou aumento de forma mais
célere daquela observada em Taquara e deu-se também em todas as orientações
(norte, sul, leste e oeste), de acordo com a Figura 25. As novas áreas ocupadas no
setor leste do município estabeleceram-se até o limite com Taquara, na planície de
inundação do rio Paranhana e afluentes. Esses locais, naturalmente suscetíveis às
inundações, passaram a constituir áreas de risco de inundação. O mesmo processo
ocorreu no sentido oeste, onde se localiza o arroio Funil e, ao norte, com o arroio
Sanga Funda.
Na área de estudo, a ocupação de locais suscetíveis às inundações está
relacionada a múltiplos componentes, como o processo de êxodo rural e demais fluxos
migratórios, fatores socioeconômicos com a segregação residencial, conforme
definida por Corrêa (2016), e ao não planejamento adequado dos espaços. Nesse
contexto, foram ocupadas as áreas naturalmente suscetíveis às inundações que,
consequentemente, tornaram-se áreas de risco.
130

Figura 26 – Evento de inundação decorrente do arroio Taquara, na área central de Taquara em


fevereiro de 1978 (A), arroio Taquara retificado em 1978 (B), descarte de dejetos no curso d’água (C),
obra de construção do canal auxiliar para o arroio Taquara em 1989 (D), área em que houve a
construção de uma edificação sobre o arroio Taquara (E), construção do novo canal auxiliar para o
arroio Taquara em 2004 e 2005 (F e G), vistoria em segmento canalizado do arroio Taquara em 2010
(H) e evento de inundação decorrente do arroio Taquara, na área central de Taquara em fevereiro de
2019 (I)

Fonte: Fotografias A a H adaptadas do Jornal Panorama (1978, 1989, 2004, 2005, 2010); fotografia I
adaptada da Rádio Taquara (2019). Autor (2022).

O entendimento disso foi corroborado a partir da análise histórica apresentada


por Mosmann (2008a, 2008b), nas reportagens do Jornal Panorama, no inventário de
registro de eventos de inundação e na análise do mapa de expansão das áreas
urbanas. Desse modo, em função do contexto retratado, é necessário que sejam
analisadas as áreas de risco de inundação para que o gerenciamento de risco seja
efetivo.
131

5.3 O INVENTÁRIO DE REGISTRO DOS EVENTOS DE INUNDAÇÃO

O inventário de registro dos eventos de inundação em Taquara e Parobé


compreendeu o período de 45 anos entre 1975 e 2020. Foram registrados, ao total,
77 eventos de inundação e, em 19 eventos, foram decretados Situação de
Emergência, Estado de Emergência ou Estado de Calamidade Pública, conforme a
Tabela 13.

Tabela 13 – Registros dos eventos de inundação e decretos de Situação de Emergência, Estado de


Emergência ou Estado de Calamidade Pública nos municípios de Taquara e Parobé entre o período
de 1975 e 2020

Município Número de eventos Decretos


Taquara 55 12
Parobé 22 7
Valores absolutos 77 19
Fonte: Autor (2022).

O município de Taquara foi o mais afetado, registrou, ao total, 55 eventos de


inundação, sendo que, desse valor absoluto, em 11 eventos, foram decretados
Situação de Emergência e em um Estado de Calamidade Pública, conforme o Quadro
8. O inventário permitiu identificar, no município, como locais mais afetados pelas
inundações, as áreas ribeirinhas, nas planícies do rio Paranhana e seus afluentes e,
em especial, do arroio Taquara na área central do município.

Quadro 8 – Registros de inundações em Taquara de 1975 a 2020

(continua)
Ano Mês Observação
1978 Fevereiro Estado de Calamidade Pública
1982 Junho Situação de Emergência
1984 Junho
1985 Agosto
1986 Novembro
1988 Janeiro
1990 Outubro Situação de Emergência
132

Quadro 8 – Registros de inundações em Taquara de 1975 a 2020


(conclusão)
Ano Mês Observação
1992 Fevereiro
1993 Julho Situação de Emergência
1993 Dezembro
1996 Fevereiro
1996 Outubro
1996 Novembro
1997 Agosto
1998 Fevereiro
1998 Abril
1999 Junho
2000 Outubro
2001 Abril
2001 Julho Situação de Emergência
2001 Outubro
2002 Fevereiro
2002 Outubro
2002 Dezembro Situação de Emergência
2003 Fevereiro
2003 Julho Situação de Emergência
2003 Dezembro
2004 Fevereiro
2007 Fevereiro
2007 Junho
2007 Julho Situação de Emergência
2007 Setembro
2009 Setembro
2009 Setembro Situação de Emergência
2009 Novembro Situação de Emergência
2010 Janeiro
2010 Abril
2011 Janeiro
2011 Abril
2011 Julho Situação de Emergência
2011 Outubro
2012 Março
2012 Setembro
2013 Agosto Situação de Emergência
2013 Outubro
2015 Julho
2017 Janeiro
2017 Maio
2018 Março
2018 Setembro
2018 Dezembro
2019 Fevereiro
2019 Março
2019 Maio
2020 Julho
Fonte: Defesa Civil do Rio Grande do Sul; Defesa Civil Municipal de Taquara; Grupo Editorial Sinos;
Jornal Panorama; Rádio Taquara; Reckziegel (2007); Rede Mais de Comunicação; Repercussão
Paranhana.
133

Na análise mensal de distribuição dos eventos de inundação, destacou-se o


mês de fevereiro com um total de nove eventos, seguido pelos meses de julho e
outubro, com sete eventos cada. Nos demais meses do ano, observaram-se registros,
variando entre dois eventos para o mês de maio até cinco eventos para o mês de
setembro. No gráfico da Figura 27, é possível observar que os eventos de inundação
estão distribuídos nos doze meses do ano.

Figura 27 – Gráfico da distribuição mensal das inundações em Taquara e Parobé entre 1975 e 2020

DISTRIBUIÇÃO MENSAL DAS INUNDAÇÕES EM TAQUARA


E PAROBÉ ENTRE 1975 E 2020
10 9
9
Número de eventos

8 7 7
7 6
6 5
5 4 4 4 4
4 3 33 3 3
3 2 2 2 2 2 Taquara
2 1 1 Parobé
1 0 0 0
0

Meses do ano

Fonte: Autor (2022).

O evento que apresentou maiores dimensões na área central de Taquara foi o


que ocorreu em fevereiro de 1978. Nesse episódio, vias e edificações foram
inundadas e uma morte foi registrada, em vista desse contexto, foi decretado Estado
de Calamidade Pública. Na Figura 28, é possível observar diversas ruas da área
central de Taquara durante o evento, são locais que, historicamente, apresentaram
registros de inundações.
No município de Parobé, foram registrados, ao total, 22 eventos de inundação,
sendo que, desse valor absoluto, em cinco eventos, foram decretados Situação de
134

Emergência; em um, Estado de Emergência e em um, Estado de Calamidade Pública,


conforme os dados do Quadro 9. As áreas afetadas por eventos estão na planície de
inundação do rio Paranhana e seus afluentes.

Figura 28 – Ruas da área central de Taquara durante o evento de inundação de fevereiro de 1978

Fonte: Fotografia F adaptada do Jornal Paranorama (1978); fotografias A a E adaptadas da Rádio


Taquara (2018). Autor (2022).
135

Quadro 9 – Registros de inundações em Parobé de 1975 a 2020

Ano Mês Observação


1985 Agosto
1993 Julho Estado de Calamidade Pública
1997 Agosto
2000 Outubro
2001 Abril
2001 Julho Estado de Emergência
2001 Outubro
2003 Fevereiro
2003 Julho
2007 Julho
2007 Setembro
2009 Setembro Situação de Emergência
2010 Janeiro Situação de Emergência
2011 Abril Situação de Emergência
2011 Julho Situação de Emergência
2013 Agosto Situação de Emergência
2013 Outubro
2017 Janeiro
2019 Fevereiro
2019 Março
2019 Novembro
2020 Julho
Fonte: Defesa Civil do Rio Grande do Sul; Defesa Civil Municipal de Parobé; Grupo Editorial Sinos;
Jornal Panorama; Rádio Taquara; Reckziegel (2007); Rede Mais de Comunicação; Repercussão
Paranhana.

Na análise mensal de distribuição dos eventos, destaca-se o mês de julho com


total de seis eventos, seguido pelos meses de agosto e outubro com três eventos
cada. Nos demais meses do ano, observaram-se registros, variando entre um evento
nos meses de março e novembro até dois eventos nos meses de janeiro, fevereiro,
abril e setembro. Nos meses de maio, junho e dezembro, não foram registrados
eventos. No gráfico da Figura 27, é possível observar que ocorrem eventos
distribuídos em nove meses do ano.
Conforme informações das Defesas Civis Municipais de Taquara e Parobé, o
maior evento de inundação registrado na região do vale do rio Paranhana ocorreu em
junho de 1982. Naquele evento, foi decretado Situação de Emergência no município
de Taquara e, como consequências, vias e edificações foram inundadas e pessoas
ficaram desabrigadas. Os arquivos referentes a esse evento foram danificados em
razão de um evento de inundação que atingiu a sede do Jornal Panorama que
136

contemplava o histórico de dados para o período e parte de seu acervo que, continha
os anos 1982, 1983 e 1984, foi danificado.
Na área de estudo, os diversos eventos de inundação que foram registrados,
sejam de maior ou menor magnitude e severidade, manifestaram-se ao longo do
tempo em função da (re)produção do espaço ocorrer em áreas naturalmente
suscetíveis a eventos dessa natureza. Em função disso, áreas de risco de inundação
materializaram-se nesses locais em que é elementar a compreensão da dinâmica
desses processos e eventos que ocasionam danos.
As diferenças de distribuição dos eventos de inundação nos meses do ano são
distintas nos municípios. Todavia, parte dos registros identificados tanto em Taquara,
quanto em Parobé, retratam um mesmo evento de inundação decorrente do rio
Paranhana que inundou áreas ocupadas em ambos os municípios.
Em Parobé, a maioria dos eventos de inundação restringem-se mais à dinâmica
fluvial do rio Paranhana, sendo afetado, em grande parte, por eventos de maior
magnitude e de forma sazonal. Já em Taquara, além da dinâmica fluvial decorrente
do rio Paranhana, observa-se dinâmica particular associada ao arroio Taquara, em
que as ações antrópicas são muito significativas, com intervenções estruturais no
curso d’água (retificações e canalizações), impermeabilização da planície de
inundação, densa ocupação, áreas assoreadas no leito fluvial e sistema pluvial
insuficiente. Isso ocasiona inundações com maior recorrência em Taquara, que se
distribuem no decorrer do ano inteiro.
Os dados do município de Parobé passaram a ser contabilizados
separadamente apenas a partir do ano de 1982, quando o município se emancipou
de Taquara. As coberturas dos periódicos de circulação regional concentraram-se
com maior ênfase na área central de Taquara, com registros de eventos de pequena
a grande magnitude. As áreas periféricas de Taquara e Parobé possuem menor
cobertura por parte dos periódicos, sendo registrados eventos de maior magnitude.
O desenvolvimento do inventário de registro de eventos de inundação foi em
grande parte manual e exigiu bastante tempo para o levantamento e compilação de
informações de diferentes fontes de dados. Com base no contexto apresentado, é
necessário analisar as áreas que são recorrentemente afetadas por processos de
inundação que foram ocupadas pelos sujeitos e materializaram situações de perigo
às inundações. Na área de estudo, essas características estão presentes e resultam
em danos de diferentes magnitudes à comunidade e seus ativos.
137

5.4 AS ÁREAS DE PERIGO DE INUNDAÇÃO

As áreas de perigo representam a relação entre as inundações com as


ocupações e o potencial de danos aos sujeitos e seus ativos expostos. Essas
características são presentes em Taquara e Parobé e discriminam-se no perigo baixo,
médio, alto e muito alto, de acordo com o mapa da Figura 29.
No Quadro 10, são apresentados os setores censitários de Taquara e Parobé
com os respectivos graus de perigo. Nas áreas de perigo, o grau baixo corresponde a
7%, o perigo médio a 16%, o perigo alto a 25% e o perigo muito alto a 52%.

Quadro 10 – Graus de perigo nos setores censitários

(continua)
Município Setor censitário Grau de perigo
431405005000019 Médio
Alto
Muito alto
431405005000021 Baixo
Médio
Alto
431405005000023 Baixo
431405005000024 Baixo
431405005000025 Baixo
431405005000034 Médio
Alto
431405005000035 Médio
Alto
Muito alto
Parobé

431405005000036 Médio
Alto
Muito alto
431405005000037 Baixo
Médio
Alto
431405005000038 Médio
Alto
Muito alto
431405005000039 Baixo
Médio
Alto
Muito alto
431405005000058 Baixo
Médio
Alto
138

Quadro 10 – Graus de perigo nos setores censitários


(conclusão)
Município Setor censitário Grau de perigo
431405005000066 Muito alto
431405005000075 Médio
431405005000076 Médio
Parobé

Alto
Muito alto
431405005000077 Médio
Alto
432120405000001 Muito alto
432120405000002 Alto
Muito alto
432120405000003 Muito alto
432120405000004 Muito alto
432120405000005 Muito alto
432120405000006 Médio
Alto
Muito alto
432120405000007 Baixo
432120405000016 Muito alto
432120405000017 Alto
Muito alto
432120405000018 Muito alto
432120405000023 Alto
432120405000024 Médio
Alto
Muito alto
432120405000025 Alto
Taquara

Muito alto
432120405000033 Muito alto
432120405000034 Muito alto
432120405000035 Alto
Muito alto
432120405000038 Alto
432120405000051 Médio
Alto
432120405000062 Alto
Muito alto
432120405000066 Alto
Muito alto
432120405000075 Alto
432120405000084 Baixo
432120405000085 Alto
Muito alto
432120405000087 Alto
432120405000090 Alto
Muito alto
432120405000092 Muito alto
432120405000096 Muito alto
Fonte: Autor (2022).
139

Figura 29 – Áreas de perigo às inundações em Taquara e Parobé no baixo curso da bacia


hidrográfica do rio Paranhana

Fonte: Autor (2022).


140

Para a análise, foram definidos setores de perigo de acordo com as inundações


decorrentes do rio Paranhana e afluentes no setor montante e jusante em Taquara e
Parobé. Além dos eventos deflagrados pelo rio Paranhana, definiram-se, em Parobé,
as áreas de perigo dos afluentes do rio Paranhana nos setores montante com o arroio
Sanga Funda e jusante no município com um arroio local. Por fim, estabeleceram-se
áreas de perigo em Taquara no alto e médio curso do arroio Taquara e em segmento
de afluente do arroio Taquara associado a problemas da drenagem pluvial. Essas
áreas foram definidas de acordo com as características dos agentes de perigo e das
distintas dinâmicas fluviais que ocorrem na área de estudo (Quadro 11).
As inundações decorrentes do rio Paranhana manifestam situações de perigo
com eventos de maior severidade. Como consequências, resultam em pessoas
desalojadas, interrupção na circulação viária durante dias ou semanas, afetam
atividades industriais, de comércio e prestação de serviços.
Em Taquara, as áreas de perigo localizam-se no setor oeste da área urbana,
na planície de inundação do rio Paranhana e afluentes e estendem-se por até 750 m
de distância a partir da margem do curso d’água. Em alguns segmentos, essas áreas
apresentam grande densidade de ocupações e situam-se nos setores censitários
432120405000033, 432120405000034, 432120405000035, 432120405000090,
432120405000092 e 432120405000096 (Figura 30).
Nesses locais, discriminam-se eventos de inundação de maior magnitude
deflagrados pelo rio Paranhana e de menor magnitude por afluentes como o arroio
Müller, por exemplo. O perigo apresenta graus alto e muito alto devido à dinâmica
composta por eventos de diferentes magnitudes, recorrência elevada com 30 eventos
na série histórica e severidade das inundações.
141

Quadro 11 – Setores de perigo de inundação em Taquara e Parobé

Agente de Localização Setor censitário Grau de perigo


perigo
Rio Paranhana Setor montante no 432120405000033, Alto e muito alto
e afluentes município de 432120405000034,
Taquara 432120405000035,
432120405000090,
432120405000092 e
432120405000096
Setor montante no 431405005000019, Baixo, médio, alto e
município de 431405005000021, muito alto
Parobé 431405005000023,
431405005000024,
431405005000025,
431405005000035,
431405005000036,
431405005000037,
431405005000038,
431405005000039,
431405005000066,
431405005000075 e
431405005000076
Setor jusante nos 432120405000051 e Baixo, médio e alto
municípios de 431405005000058
Taquara e Parobé
Arroio Taquara Alto curso no 432120405000023, Médio e alto
município de 432120405000024,
Taquara 432120405000025,
432120405000038,
432120405000075 e
432120405000087
Médio curso no 432120405000001, Médio, alto e muito
município de 432120405000002, alto
Taquara 432120405000003,
432120405000004,
432120405000005,
432120405000006,
432120405000016,
432120405000017,
432120405000018,
432120405000024,
432120405000025,
432120405000062,
432120405000066 e
432120405000085
Afluente no médio 432120405000007 e Baixo
curso no município 432120405000084
de Taquara
Afluentes do rio Setor montante no 431405005000034 e Médio e alto
Paranhana em município de 431405005000035
Parobé Parobé
Setor jusante no 431405005000077 Médio e alto
município de
Parobé
Fonte: Autor (2022).
142

Figura 30 – Planície de inundação e áreas de perigo do rio Paranhana e afluentes, setor montante em
Taquara

Fonte: Autor (2022).

Nas fotografias A e B da Figura 31, é possível observar áreas inundadas


durante o evento que ocorreu em julho de 2020 na planície de inundação do rio
Paranhana em Taquara. Nas fotografias C e D da Figura 31, destacam-se,
respectivamente, a área ribeirinha no limite entre Taquara e Parobé com o curso
d’água dentro do leito normal e a indicação aproximada pela moradora do nível d’água
que a edificação já foi afetada por eventos de inundação.
143

Figura 31 – Áreas de perigo alto e muito alto de inundação afetadas por evento em julho de 2020 na
planície de inundação do rio Paranhana em Taquara (A, B), áreas ribeirinhas de perigo muito alto em
Taquara, identificadas durante trabalho de campo em julho de 2019 (C), marca de inundação em
edificação em Taquara e indicação do limite médio das inundações na edificação (D)

Fonte: Fotografia A adaptada de Repercussão Paranhana (2020); fotografia B adaptada do Grupo


Editorial Sinos (2020); fotografias C e D obtidas em trabalho de campo, julho de 2019. Autor (2022).

Em Parobé, as áreas de perigo localizam-se no setor leste da área urbana, na


planície de inundação do rio Paranhana e estendem-se por até 1.000 m de distância
a partir da margem do curso d’água. Essas áreas apresentam grande densidade de
ocupações e situam-se nos setores censitários 431405005000019,
431405005000035, 431405005000021, 431405005000036, 431405005000038,
431405005000075, 431405005000037, 431405005000023, 431405005000024,
431405005000025, 431405005000076, 431405005000039 e 431405005000066
(Figura 32).
144

Figura 32 – Planície de inundação e áreas de perigo do rio Paranhana e afluentes, setor montante em
Parobé

Fonte: Autor (2022).

Os eventos de inundação possuem, como agente, o rio Paranhana e


apresentam grande magnitude, o perigo varia entre os graus baixo, médio, alto e muito
alto, de acordo com a distância das ocupações em relação ao curso d’água. A
recorrência de eventos de inundação nessas áreas foi de até 18 eventos na série
histórica, em especial, nas áreas mais próximas ao rio Paranhana.
Nas fotografias A e B da Figura 33, destacam-se as áreas inundadas durante o
evento que ocorreu em julho de 2020 na planície de inundação do rio Paranhana em
Parobé. Na fotografia C da Figura 33, observa-se a área ribeirinha com o curso d’água
dentro do leito normal e ocupações em situação de perigo muito alto, já na fotografia
D da Figura 33, tem-se a indicação do nível de água que a edificação já foi afetada
por eventos de inundação.
145

Figura 33 – Áreas de perigo alto e muito alto de inundação afetadas por evento em julho de 2020 na
planície de inundação do rio Paranhana em Parobé (A, B), áreas ribeirinhas de perigo muito alto em
Parobé identificadas durante trabalho de campo em julho de 2019 (C), marca de inundação em
edificação em Parobé e indicação do limite médio das inundações na edificação (D)

Fonte: Fotografias A e B adaptadas de Vargar (2020); fotografias C e D obtidas em trabalho de


campo, julho de 2019. Autor (2022).

No setor jusante da planície de inundação do rio Paranhana em Taquara e


Parobé, localizam-se situações de perigo baixo, médio e alto (Figura 34). Essas áreas
correspondem aos setores censitários 431405005000058 e 432120405000051 e
apresentam poucas e dispersas ocupações, sem disponibilidade de dados de
registros de eventos. Os graus de perigo variam de acordo com a distância das
edificações em relação ao rio Paranhana que se estendem até 1.300 m a partir da
margem do curso d’água.
146

Figura 34 – Planície de inundação e áreas de perigo do rio Paranhana, setor jusante em Taquara e
Parobé

Fonte: Autor (2022).

As inundações do arroio Taquara ocasionam situações de perigo em Taquara


e são segmentadas nos setores do alto e médio curso fluvial. Os eventos possuem
menor severidade do que os provocados pelo rio Paranhana, mas afetam a circulação
viária temporariamente (horas/dias), as atividades industriais, de comércio e
prestação de serviços.
No alto curso do arroio Taquara, as inundações são menos recorrentes com
registro de até 13 eventos e possuem graus de perigo médio e alto. Nesse setor, as
áreas estendem-se por até 200 m a partir da margem do curso d’água e abrangem os
setores censitários 432120405000023, 432120405000024, 432120405000025,
432120405000038, 432120405000075 e 432120405000087 (Figura 35).
147

Figura 35 – Planície de inundação e áreas de perigo no alto curso do arroio Taquara

Fonte: Autor (2022).

A ocupação é densa, intervenções antrópicas ocorreram até as margens do


curso fluvial e a mata ciliar foi extensivamente degradada. Em alguns segmentos,
ocorreram intervenções estruturais com retificações e canalizações, conforme pode
ser observado nas fotografias A e B da Figura 36, em que se localiza a Escola
Municipal de Ensino Fundamental Rosa Elsa Mertins e segmento mais a jusante do
arroio Taquara, respectivamente.
148

Figura 36 – Segmento canalizado no alto curso do arroio Taquara na Escola Municipal de Ensino
Fundamental Rosa Elsa Mertins (A), segmento mais a jusante do arroio Taquara (B)

Fonte: Trabalho de campo, julho de 2019. Autor (2022).

No médio curso do arroio Taquara, as inundações possuem elevada


recorrência, com registro de até 34 eventos e os graus de perigo são médio, alto e
muito alto. São áreas historicamente afetadas por inundações em Taquara, a planície
fluvial estende-se aproximadamente por até 800 m e localizam-se os setores
censitários 432120405000001, 432120405000002, 432120405000003,
432120405000004, 432120405000005, 432120405000006, 432120405000016,
432120405000017, 432120405000018, 432120405000024, 432120405000025,
432120405000062, 432120405000066 e 432120405000085 (Figura 37).
Os processos de inundação estão diretamente relacionados à ocupação e
intervenções antrópicas. A mata ciliar foi extensivamente removida e a planície de
inundação, na sua maior parte, impermeabilizada. O canal fluvial sofreu intervenções
estruturais a partir de retificações e canalizações. O sistema pluvial é ineficiente e,
associado ao assoreamento do canal fluvial, ocorrem, de forma recorrente, processos
de inundação e alagamento.
149

Figura 37 – Planície de inundação e áreas de perigo no médio curso do arroio Taquara, centro de
Taquara

Fonte: Autor (2022).

Na Figura 38, são retratadas áreas de perigo muito alto na área central de
Taquara, nas fotografias A e B localizam-se, respectivamente, a esquina das ruas
Marechal Floriano com a Federação e a rua Guilherme Lahm, são áreas com extenso
histórico de recorrência de inundações. Nos trechos da rua Guilherme Lahm, o arroio
Taquara encontra-se canalizado, quando ocorre aumento da vazão devido ao
incremento de água pluvial, processos de inundação e alagamento são deflagrados.
O mesmo tipo de evento ocorre nos pontos das fotografias C e D, em que se observam
segmentos retificados do curso d’água situados a montante e jusante na área central.
Nas fotografias E e F, são observadas as ruas Júlio de Castilhos e Rio Branco durante
eventos que ocorreram em outubro de 1990 e fevereiro de 2019 na área central de
Taquara, sendo que, no evento, ocorrido em 1990 foi decretado Situação de
Emergência.
150

Figura 38 – Áreas de perigo muito alto na área central de Taquara na esquina das ruas Marechal
Floriano com a Federação (A), rua Guilherme Lahm (B), segmentos retificados do arroio Taquara
situados a montante (C) e jusante (D) na área central, rua Júlio de Castilhos e Rio Branco durante
eventos que ocorreram em outubro de 1990 (E) e fevereiro de 2019 (F)

Fonte: Fotografias A, B, C e D obtidas em trabalho de campo, julho de 2019; fotografia E adaptada do


Jornal Panorama (1990); fotografia F adaptada da Rádio Taquara (2019). Autor (2022).

Ainda no médio curso do Arroio Taquara, foi identificada uma área que
apresenta perigo baixo, localizada nos setores censitários 432120405000007 e
151

432120405000084, em que foram registrados 13 eventos (Figura 39). Essa área


possui um afluente do arroio Taquara e apresenta sistema pluvial ineficiente, o que
contribui para a ocorrência de eventos de inundação e alagamento.

Figura 39 – Planície de inundação e áreas de perigo de um afluente no médio curso do arroio


Taquara, área central de Taquara

Fonte: Autor (2022).

Na Figura 40, pode ser observada a rua Pinheiro Machado, situada no setor
censitário 432120405000007, durante evento de inundação que ocorreu em fevereiro
de 2003 (fotografia A) e em situação sem evento de inundação (fotografia B). Essa
área é afetada por eventos decorrentes do barramento da água pluvial junto à rua
perpendicular a ela, que é mais elevada, e ao sistema de drenagem pluvial ineficiente,
situação similar ocorre nas demais ruas paralelas desse setor de perigo.
152

Figura 40 – Rua Pinheiro Machado durante evento de inundação em fevereiro de 2003 (A) e sem
evento de inundação (B)

Fonte: Fotografia A adaptada do Jornal Panorama (2003); fotografia B obtida em trabalho de campo,
junho de 2022. Autor (2022).

Em Parobé, são identificadas ainda áreas de perigo de afluentes do rio


Paranhana. Nesses locais, os eventos de inundação possuem menor severidade do
que os provocados pelo rio Paranhana, mas afetam a circulação viária
temporariamente (horas/dias) e as atividades socioeconômicas.
No setor montante, situa-se a planície de inundação do arroio Sanga Funda
que se estende por aproximadamente 200 m a partir da margem do curso d’água. No
local, localizam-se os setores censitários 431405005000034 e 431405005000035 e
são verificadas áreas de perigo médio e alto, cabe anotar que não foram identificados
registros de eventos de inundação na série histórica (Figuras 41 e 42).
153

Figura 41 – Planície de inundação e áreas de perigo de afluente do rio Paranhana no setor montante
em Parobé

Fonte: Autor (2022).

Figura 42 – Arroio Sanga Funda em área de perigo alto

Fonte: Trabalho de campo, julho de 2019. Autor (2022).


154

No setor jusante do rio Paranhana, ao leste da área urbana do município,


localiza-se a planície de inundação de um arroio local que se estende por
aproximadamente 300 m a partir da margem e nascentes do curso d’água. Essa área
abrange o setor censitário 431405005000077, sendo identificadas áreas de perigo
médio e alto, decorrentes dos processos de inundação do curso d’água e áreas de
alagamento devido ao sistema de drenagem pluvial ineficiente, com o registro de 2
eventos na série histórica (Figuras 43 e 44).

Figura 43 – Planície de inundação e áreas de perigo de afluente do rio Paranhana no setor jusante
em Parobé

Fonte: Autor (2022).

Com base no que foi discutido, corrobora-se que, na área de estudo, o perigo
materializou-se a partir da ocupação das áreas suscetíveis às inundações com a
criação e expansão das áreas urbanas junto à rede hidrográfica. As intervenções
155

antrópicas, como retirada das matas ciliares, retificações, canalizações,


impermeabilização de setores da área da bacia hidrográfica, entre outras ações,
acentuaram e contribuíram para o aumento da frequência das situações de perigo,
especialmente, no arroio Taquara.

Figura 44 – Arroio local próximo a edificação em área de perigo alto

Fonte: Trabalho de campo, junho de 2022. Autor (2022).

Na análise das áreas de perigo de inundação, foram considerados indicadores


quantitativos e qualitativos com base em uma abordagem semiquantitativa e
multicritério com a eleição de indicadores com distintos pesos. Para isso, obteve-se
fundamentação nos estudos desenvolvidos por Kormann, Schirmer e Freitas (2013),
Galvão (2014), Menezes (2014), Trentin e Dias (2014), Sar, Chatterjee e Adhikari
(2015), Saueressig e Robaina (2015), Komi, Amisigo e Diekkrüger (2016), Freitas
(2017), Luu e Meding (2018), Afifi et al. (2019), Furlan (2019), entre outros.
156

Os trabalhos de campo com a participação colaborativa dos técnicos das


Defesas Civis Municipais e da comunidade local auxiliaram na identificação das áreas
de perigo. Essas informações puderam ser integradas ao inventário de registro de
eventos de inundação e distância das edificações em relação aos cursos d’água para
estabelecer os graus de perigo na área de estudo, como também na validação dos
resultados.
As situações de perigo variam no tempo e espaço, quanto à magnitude,
intensidade, frequência e consequências de acordo com os agentes naturais
relacionados a sua gênese, que potencializam os danos e as formas de intervenção e
adaptação dos sujeitos expostos. Desse modo, com o propósito de avançar na
compreensão da dinâmica do risco de inundação dessas áreas, é necessário avaliar
os elementos que estão expostos ao perigo a partir da vulnerabilidade.

5.5 A VULNERABILIDADE EM ÁREAS DE PERIGO DE INUNDAÇÃO

A vulnerabilidade representa a propensão dos sujeitos e seus ativos expostos


às inundações em sofrer com seus efeitos e consequências, assim como a
capacidade de enfrentamento e resposta. Integrado a isso, ela expressa um caráter
multidimensional que foi estruturado nos graus baixo, médio, alto e muito alto, de
acordo com o mapa da Figura 45.
A classe de vulnerabilidade baixa abrange 36% das áreas de vulnerabilidade,
a classe de vulnerabilidade média a 20%, a classe de vulnerabilidade alta a 31% e a
classe de vulnerabilidade muito alta a 13%. No Quadro 12, são apresentados, para
Taquara e Parobé, os setores censitários e os respectivos graus de vulnerabilidade.
Nessa análise, foram utilizadas as dimensões exposição, vulnerabilidade
socioeconômica e vulnerabilidade física. A integração das distintas dimensões e dos
indicadores que as compõem possibilitou estabelecer um indicador de vulnerabilidade
para a área de estudo.
157

Figura 45 – Vulnerabilidade em Taquara e Parobé no baixo curso da bacia hidrográfica do rio


Paranhana

Fonte: Autor (2022).


158

Quadro 12 – Graus de vulnerabilidade nos setores censitários

Município Setor censitário Grau de vulnerabilidade


431405005000019 Alto
431405005000021 Baixo
431405005000023 Baixo
431405005000024 Médio
431405005000025 Alto
431405005000034 Médio
431405005000035 Alto
431405005000036 Alto
Muito alto
Parobé

431405005000037 Baixo
431405005000038 Alto
Muito alto
431405005000039 Alto
431405005000058 Muito alto
431405005000066 Alto
431405005000075 Alto
431405005000076 Alto
Muito alto
431405005000077 Baixo
432120405000001 Baixo
432120405000002 Baixo
432120405000003 Médio
432120405000004 Baixo
432120405000005 Alto
432120405000006 Baixo
432120405000007 Alto
432120405000016 Médio
432120405000017 Médio
432120405000018 Alto
432120405000023 Médio
432120405000024 Baixo
432120405000025 Alto
Taquara

432120405000033 Alto
432120405000034 Muito alto
432120405000035 Médio
Alto
432120405000038 Médio
432120405000051 Médio
432120405000062 Alto
432120405000066 Baixo
432120405000075 Médio
432120405000084 Médio
432120405000085 Médio
432120405000087 Baixo
432120405000090 Muito alto
432120405000092 Baixo
432120405000096 Alto
Fonte: Autor (2022).
159

A dimensão exposição baseou-se na densidade demográfica, na densidade de


domicílios e no percentual da área do setor censitário que é suscetível à inundação.
Esses indicadores representam a exposição dos sujeitos e seus ativos em áreas de
perigo às inundações. Na Tabela 14, podem ser observados os valores médios dos
indicadores de vulnerabilidade de acordo com as classes.

Tabela 14 – Média dos indicadores da dimensão exposição de acordo com o grau de vulnerabilidade

Grau de Densidade Densidade de Área suscetível


vulnerabilidade demográfica domicílios à inundação
(hab/km²) (dom/km²) (%)
Baixa 3.617 1.382 28
Média 2.586 917 27
Alta 3.413 1.183 45
Muito alta 2.262 707 77
Fonte: Autor (2022).

Para os indicadores densidade demográfica, densidade de domicílios e


percentual da área do setor censitário suscetível às inundações, foram identificados,
respectivamente, 3.617 hab/km², 1.382 dom/km² e 28% na classe de vulnerabilidade
baixa, 2.586 hab/km², 917 dom/km² e 27% na classe de vulnerabilidade média, 3.413
hab/km², 1.183 dom/km² e 45% na classe de vulnerabilidade alta e, por fim, 2.262
hab/km², 707 dom/km² e 77% na classe de vulnerabilidade muito alta.
Com base nas áreas mais densamente ocupadas, sejam elas representadas
pela densidade demográfica ou densidade de domicílios, assim como as maiores
áreas percentuais dos setores censitários que são suscetíveis às inundações, torna-
se possível indicar que mais sujeitos e ativos estão expostos aos perigos. Dessa
forma, o gerenciamento de risco torna-se mais complexo e demanda mais recursos,
conforme é retratado nos estudos de Goerl, Kobiyama e Pellerin (2012) e Ramos et
al. (2018).
A dimensão vulnerabilidade socioeconômica foi a que se atribuiu maior
relevância na análise da vulnerabilidade. O propósito foi estimar-se a resposta dos
sujeitos durante um evento de inundação. Neste sentido, o indicador etário foi
considerado com maior importância diante da necessidade de deslocamento e/ou fuga
em um evento e da fragilidade física e dependência dos grupos de crianças e idosos
160

(HEWITT, 1997; CUTTER, BORUFF e SHIRLEY, 2003; FEKETE 2009; KUHLICKE et


al., 2011; FERNANDEZ, MOURATO e MOREIRA, 2016). As características de renda
mensal também foram consideradas, todavia com menor relevância, pois se entende
que influenciam mais em aspectos relacionados à prevenção e recuperação aos
desastres do que efetivamente de resposta (TAPSELL et al. 2002; FERNANDEZ,
MOURATO e MOREIRA, 2016). Na Tabela 15, podem ser observadas as médias dos
indicadores da dimensão vulnerabilidade socioeconômica de acordo com o grau de
vulnerabilidade.

Tabela 15 – Média dos indicadores da dimensão vulnerabilidade socioeconômica de acordo com o


grau de vulnerabilidade

Grau de Renda mensal de até 1 Crianças e idosos (%)


vulnerabilidade salário mínimo (%)
Baixa 34 25
Média 42 28
Alta 46 29
Muito alta 54 29
Fonte: Autor (2022).

Os valores médios identificados nas classes apresentaram um padrão


crescente em ambas as variáveis, de modo que quanto maior o grau de
vulnerabilidade, maiores são os percentuais de crianças e idosos e o número de
pessoas que recebem, como renda mensal, até um salário mínimo. Em sentido
inverso, quanto menores são esses índices, menores são os graus de vulnerabilidade.
A partir desse entendimento, foram definidos, na área de estudo,
respectivamente, como valores médios aos percentuais de crianças e idosos e aos
percentuais de pessoas que recebem, como renda mensal, até um salário mínimo, os
valores de 25% e 34% na classe de vulnerabilidade baixa, 28% e 42% na classe de
vulnerabilidade média, 29% e 46% na classe de vulnerabilidade alta e 29% e 54% na
classe de vulnerabilidade muito alta. Os percentuais de crianças e idosos repetem-se
nas classes de vulnerabilidade alta e muito alta.
Por fim, na dimensão vulnerabilidade física, analisou-se a condição de
resistência e enfrentamento aos eventos de inundação com base no tipo de material
161

das edificações, adaptações contra as inundações e as condições de infraestrutura


urbana (SCHNEIDERBAUER, 2007; AVILA, 2015; PRINA, 2015; FERNANDEZ,
MOURATO e MOREIRA, 2016; AIMON, 2017; FURLAN, 2019). Esse último indicador
pode influenciar na (re)ocorrência de eventos no caso de ausência de sistemas
pluviais, como também pode facilitar em ações de fuga e assistência como resposta
durante um evento em razão das condições para mobilidade das vias de acesso
(AVILA, 2015; PRINA, 2015; AIMON, 2017; FURLAN, 2019).
Semelhante ao que foi identificado na dimensão vulnerabilidade
socioeconômica, os índices da vulnerabilidade física refletem, de maneira gradual, os
valores médios globais identificados nas classes. Dessa forma, a medida em que as
características físicas apresentam-se menos favoráveis à resistência, enfrentamento
e resposta às inundações, maiores são os graus de vulnerabilidade. No sentido
inverso, quanto melhores são as características físicas, menores são os graus de
vulnerabilidade. Na Tabela 16, podem ser analisados os indicadores da dimensão
vulnerabilidade física de acordo com o grau de vulnerabilidade.

Tabela 16 – Média dos indicadores da dimensão vulnerabilidade física de acordo com o grau de
vulnerabilidade.

Grau de Material da edificação Adaptações nas Infraestrutura urbana


vulnerabilidade edificações
Presente (33%) Presente (92%)
Baixa Alvenaria (100%) Ausente (67%) Ausente ou precária (8%)

Alvenaria (83%) Presente (8%) Presente (75%)


Média Madeira ou misto (17%) Ausente (92%) Ausente ou precária (25%)

Alvenaria (30%) Presente (3%) Presente (41%)


Alta Madeira ou misto (70%) Ausente (97%) Ausente ou precária (59%)

Madeira ou misto (33,33%) Presente (17%)


Muito alta Madeira ou misto e material Ausente (100%) Ausente ou precária (83%)
reciclado (33,33%)
Material reciclado (33,33%)
Fonte: Autor (2022).

Na classe de vulnerabilidade baixa, foi identificado que as edificações são


constituídas predominantemente de alvenaria, em 100% dos setores, 33%
162

apresentam adaptações contra inundações, como, por exemplo, dois pavimentos ou


adaptações móveis empregadas durante eventos de inundação, enquanto 67% não
possuem adaptações. A presença de infraestrutura urbana ocorre em 92% dos
setores, enquanto, em 8%, são ausentes ou precárias.
Na classe de vulnerabilidade média, o tipo de material das edificações ainda é
predominantemente de alvenaria em 83% das áreas dos setores censitários, porém,
em 17%, são constatadas edificações constituídas de madeira ou material misto. A
presença de adaptações contra inundação nas edificações diminui para 8%,
restringindo-se a casos pontuais, enquanto 92% não apresentam adaptações. As
condições de infraestrutura urbana estão presentes em 75% das situações, enquanto,
em 25%, passam a ser ausentes ou precárias.
Na classe de vulnerabilidade alta, o tipo de material das edificações é
predominantemente de madeira ou misto, o que corresponde a 70% dos setores,
seguido por materiais do tipo alvenaria em 30% dos casos. As adaptações contra
inundações foram percebidas em apenas 3% das áreas dos setores, enquanto 97%
não as apresentaram. A infraestrutura urbana é ausente ou precária em 59% dos
setores e em apenas 41% estão presentes.
Na classe de vulnerabilidade muito alta para o tipo de material das edificações,
identificou-se que 33,33% correspondem à madeira ou misto, 33,33% são de dois
tipos de materiais, madeira ou misto e material reciclado e, em 33,33%, somente por
material reciclado. Não foram verificadas adaptações contra inundações e a
infraestrutura urbana é ausente ou precária em 83% das áreas dos setores e em
apenas 17% estão presentes.
Integrado às áreas de perigo, as classes de vulnerabilidade foram
espacializadas de forma também setorizada. No Quadro 13, pode ser analisada a
distribuição dos graus de vulnerabilidade de acordo com os setores censitários e
agentes de perigo de inundação.
163

Quadro 13 – Vulnerabilidade nos setores de perigo de inundação em Taquara e Parobé

Agente de Localização Setor censitário Grau de


perigo vulnerabilidade
Rio Paranhana Setor montante no 432120405000033, Baixo, médio, alto e
e afluentes município de 432120405000034, muito alto
Taquara 432120405000035,
432120405000090,
432120405000092 e
432120405000096
Setor montante no 431405005000019, Baixo, médio, alto e
município de 431405005000021, muito alto
Parobé 431405005000023,
431405005000024,
431405005000025,
431405005000035,
431405005000036,
431405005000037,
431405005000038,
431405005000039,
431405005000066,
431405005000075 e
431405005000076
Setor jusante nos 432120405000051 e Médio e muito alto
municípios de 431405005000058
Taquara e Parobé
Arroio Taquara Alto curso no 432120405000023, Baixo, médio e alto
município de 432120405000024,
Taquara 432120405000025,
432120405000038,
432120405000075 e
432120405000087
Médio curso no 432120405000001, Baixo, médio e alto
município de 432120405000002,
Taquara 432120405000003,
432120405000004,
432120405000005,
432120405000006,
432120405000016,
432120405000017,
432120405000018,
432120405000024,
432120405000025,
432120405000062,
432120405000066 e
432120405000085
Afluentes no médio 432120405000007 Médio e alto
curso no município 432120405000084
de Taquara
Afluentes do rio Setor montante no 431405005000034 e Médio e alto
Paranhana em município de 431405005000035
Parobé Parobé
Setor jusante no 431405005000077 Baixo
município de
Parobé
Fonte: Autor (2022).
164

No setor montante do rio Paranhana em Taquara, no oeste da área urbana, a


vulnerabilidade foi identificada com os graus baixo, médio, alto e muito alto, conforme
pode ser analisado na Figura 46 e na Tabela 17.

Figura 46 – Vulnerabilidade no setor montante do rio Paranhana em Taquara

Fonte: Autor (2022).

Nessa área, as classes de vulnerabilidade são predominantemente de graus


alto (nos setores censitários 432120405000033, 432120405000035 e
432120405000096) e muito alto (nos setores censitários 432120405000034 e
432120405000090), de acordo com as fotografias de A a I da Figura 47. Embora a
densidade demográfica e de domicílios apresentem valores bastante heterogêneos,
os setores censitários possuem extensas áreas suscetíveis à inundação. Os
percentuais da população que possuem renda mensal de até um salário mínimo e de
crianças e idosos são mais elevados. As edificações são constituídas
165

predominantemente de madeira ou material misto, sem a presença de adaptações


contra inundações e as condições de infraestrutura urbana são predominantemente
ausentes ou precárias, com grande parte das vias sem calçamento e sistema de
drenagem pluvial, com exceção do setor censitário 432120405000090.

Figura 47 – Áreas de vulnerabilidade muito alta, alta e média localizadas na planície de inundação do
rio Paranhana em Taquara

Fonte: Trabalho de campo, julho de 2019. Autor (2022).


166

Tabela 17 – Variáveis da vulnerabilidade no setor montante do rio Paranhana em Taquara.

Exposição Vulnerabilidade Vulnerabilidade física


socioeconômica
Setor censitário Densidade Densidade de Área Renda Crianças Material Adaptações Infraestrutura Grau de
demográfica domicílios suscetível mensal de e idosos da nas urbana vulnerabilidade
(hab/km²) (dom/km²) (%) até 1 salário (%) edificação edificações
mínimo (%)
432120405000092 34 11 0,3 33 20 Alvenaria Ausente Ausente ou Baixo
precária
432120405000035 373 118 76 51 27 Madeira Presente / Ausente ou Médio e alto
ou misto Ausente precária
432120405000033 98 35 52 46 28 Madeira Ausente Ausente ou Alto
ou misto precária
Madeira Ausente ou Alto
432120405000096 373 118 71 51 27 Ausente
ou misto precária
432120405000034 1.237 395 62 61 31 Madeira Ausente Ausente ou Muito alto
ou misto / precária
Material
reciclado
432120405000090 2.011 615 91 63 31 Madeira Ausente Presente Muito alto
ou misto
Fonte: Autor (2022).
167

Existem áreas pontuais em que se identificou a classe de vulnerabilidade média


no setor censitário 432120405000035. No entanto, mantém-se grande parte das
características descritas, todavia as edificações apresentam adaptações contra as
inundações, como, por exemplo, dois pavimentos, conforme as fotografias J, K e L da
Figura 47. Áreas de vulnerabilidade baixa foram constatadas também localizadas em
situações pontuais no setor censitário 432120405000092, em que as características
de exposição e vulnerabilidade socioeconômica apresentam indicadores com valores
inferiores aos identificados nos demais setores dessa área de perigo e as edificações
possuem alvenaria como tipo de material.
No setor montante do rio Paranhana, em Parobé, a vulnerabilidade foi
identificada com os graus baixo, médio, alto e muito alto, conforme pode ser analisado
na Figura 48 e na Tabela 18.

Figura 48 – Vulnerabilidade no setor montante do rio Paranhana em Parobé

Fonte: Autor (2022).


168

Tabela 18 – Variáveis da vulnerabilidade no setor montante do rio Paranhana em Parobé

Exposição Vulnerabilidade Vulnerabilidade física


socioeconômica
Setor censitário Densidade Densidade de Área Renda Crianças Material Adaptações Infraestrutura Grau de
demográfica domicílios suscetível mensal de e idosos da nas urbana vulnerabilidade
(hab/km²) (dom/km²) (%) até 1 salário (%) edificação edificações
mínimo (%)
431405005000037 5.559 1.795 53 41 21 Alvenaria Ausente Presente Baixo
431405005000021 2.983 1.046 37 40 26 Alvenaria Ausente Presente Baixo
431405005000023 10651 3.526 6 41 23 Alvenaria Ausente Presente Baixo
431405005000024 6.592 2.249 9 46 24 Alvenaria Ausente Presente Médio
431405005000025 9.449 3.106 11 53 27 Madeira Ausente Presente Alto
ou misto
431405005000035 373 118 76 51 27 Madeira Ausente Ausente ou Alto
ou misto precária
431405005000019 695 234 27 37 27 Madeira Ausente Ausente ou Alto
ou misto precária
431405005000039 906 300 27 52 25 Madeira Ausente Ausente ou Alto
ou misto precária
431405005000066 906 300 100 52 25 Madeira Ausente Ausente ou Alto
ou misto precária
431405005000075 9.526 3.162 74 47 22 Madeira Ausente Presente Alto
ou misto
431405005000036 5.488 1.721 84 48 25 Madeira Ausente Ausente ou Alto e muito alto
ou misto / precária
Material
reciclado
431405005000038 3.149 977 100 47 27 Madeira Ausente Ausente ou Alto e muito alto
ou misto / precária
Material
reciclado
431405005000076 1.661 524 94 52 29 Madeira Presente ou Ausente ou Alto e muito alto
ou misto / ausente precária
Material
reciclado
Fonte: Autor (2022).
169

Nessa área, na maioria dos setores censitários (431405005000019,


431405005000025, 431405005000035, 431405005000036, 431405005000038,
431405005000039, 431405005000066, 431405005000075 e 431405005000076),
foram atribuídos graus de vulnerabilidade alta e muito alta (Figura 48). As
características de exposição são bem variadas, em mais da metade dos setores, as
densidades demográficas e de edificações foram constatadas com valores inferiores
às médias das classes, no entanto, as áreas suscetíveis à inundação são superiores
aos valores médios, com exceção dos setores 431405005000019, 431405005000025
e 431405005000039, que apresentam valores inferiores às médias das classes.
Todos os setores apresentam percentuais de renda mensal de até um salário
mínimo mais elevados com exceção ao setor 431405005000019 na classe de
vulnerabilidade alta e os setores 431405005000036, 431405005000038 e
431405005000076 na classe de vulnerabilidade muito alta. Em relação ao percentual
de crianças e idosos, observa-se o contexto oposto, de modo que, apenas no setor
431405005000076, os percentuais de crianças e idosos são iguais às médias das
classes.
As edificações são constituídas predominantemente por madeira ou material
misto (fotografias G a L da Figura 49) e, na classe de vulnerabilidade muito alta, por
material reciclado (fotografias A a F da Figura 49 localizadas nos setores censitários
431405005000036, 431405005000038 e 431405005000076). Não foram percebidas
adaptações nas edificações contra inundações, com exceção do setor
431405005000076, onde as edificações apresentam, em um segmento, dois
pavimentos em locais com recorrência de inundações, de acordo com as fotografias
J, K e L da Figura 49. As condições de infraestrutura urbana são, na sua grande
maioria, ausentes ou precárias.
170

Figura 49 – Áreas de vulnerabilidade muito alta e alta localizadas na planície de inundação do rio
Paranhana em Parobé

Fonte: Trabalho de campo, julho de 2019. Autor (2022).

No setor 431405005000024, foi identificada vulnerabilidade média, as


densidades demográfica e de edificações apresentam valores superiores à média da
classe, porém o percentual da área suscetível à inundação é inferior. Fator similar é
observado nos dados de renda e etários, em que o percentual de renda mensal de até
um salário mínimo é superior à média, enquanto o percentual de crianças e idosos é
inferior. As edificações são constituídas de alvenaria, não apresentam adaptações
contra inundações e as condições de infraestrutura urbana são presentes.
171

Nos setores censitários 431405005000021, 431405005000023 e


431405005000037, foram identificadas áreas de vulnerabilidade baixa. As
características de exposição apresentam variação, enquanto, no primeiro setor, as
densidades demográfica e de domicílios são inferiores aos valores médios da classe,
no segundo e terceiro, elas são superiores. Em relação à área suscetível, o setor
431405005000023 possui apenas 6% do seu espaço suscetível à inundação,
enquanto, nos demais, foram identificados valores mais elevados, superiores à média.
Nos três setores, os percentuais de pessoas com renda mensal de até um
salário mínimo são mais elevados do que a média das classes e, somente no setor
431405005000021, identificou-se o percentual de crianças e idosos mais elevados.
As características de vulnerabilidade física são iguais às verificadas na classe de
vulnerabilidade média, na qual as edificações são constituídas de alvenaria, não
apresentam adaptações contra inundações e as condições de infraestrutura urbana
são presentes.
Em Taquara e Parobé, no setor jusante do rio Paranhana, foram verificadas
áreas com vulnerabilidade média e muito alta, conforme a Figura 50 e Tabela 19. No
setor censitário 432120405000051, localizado em Taquara, a vulnerabilidade é média
e 53% da área do setor é suscetível à inundação, o que é quase o dobro da média da
classe, porém a densidade demográfica e a densidade de domicílios são,
respectivamente, 557 hab/km² e 175 dom/km², índices muito inferiores aos
observados na média da classe. Em relação às características socioeconômicas, 51%
das pessoas possuem renda mensal de até um salário mínimo e 28% correspondem
a crianças e idosos, enquanto o primeiro índice é superior à média, o segundo é igual
a ela. As edificações são constituídas de alvenaria, sem a presença de adaptações
para inundações e com condições de infraestrutura urbana ausentes ou precárias.
172

Figura 50 – Vulnerabilidade no setor jusante do rio Paranhana em Taquara e Parobé

Fonte: Autor (2022).

Já no setor censitário 431405005000058, localizado em Parobé, a


vulnerabilidade é muito alta, os dados de exposição são muito inferiores aos da classe,
31% da área são suscetíveis à inundação, a densidade demográfica é de 27 hab/km²
e a densidade de domicílios de 10 dom/km². Por sua vez, os índices socioeconômicos
são mais elevados aos da média da classe, na qual 56% da população possuem renda
mensal de até um salário mínimo e 31% correspondem a crianças e idosos. As
edificações são constituídas de madeira ou material misto, não apresentam adaptação
contra inundação e as condições de infraestrutura urbana são ausentes ou precárias.
173

Tabela 19 – Variáveis da vulnerabilidade no setor jusante do rio Paranhana em Taquara e Parobé

Exposição Vulnerabilidade Vulnerabilidade física


socioeconômica
Setor censitário Densidade Densidade de Área Renda Crianças Material Adaptações Infraestrutura Grau de
demográfica domicílios suscetível mensal de e idosos da nas urbana vulnerabilidade
(hab/km²) (dom/km²) (%) até 1 salário (%) edificação edificações
mínimo (%)
432120405000051 557 175 53 51 28 Alvenaria Ausente Ausente ou Médio
precária
431405005000058 27 10 31 56 31 Madeira Ausente Ausente ou Muito alto
ou misto precária
Fonte: Autor (2022).
174

No alto curso do arroio Taquara, a vulnerabilidade definida é baixa, média e


alta, conforme a Figura 51 e a Tabela 20.

Figura 51 – Vulnerabilidade no alto curso do arroio Taquara

Fonte: Autor (2022).

No setor censitário 432120405000025, a vulnerabilidade é alta (fotografias A,


B e C da Figura 52), apenas 5% da área é suscetível à inundação, o que é inferior à
média da classe, mas as densidades demográfica e de domicílio, respectivamente, de
3.886 hab/km² e 1.532 dom/km², possuem índices superiores à média. Na
vulnerabilidade socioeconômica, identificou-se que 37% das pessoas possuem renda
mensal de até um salário mínimo, o que é inferior à média da classe e 32% da
população é composta por crianças e idosos o que, por sua vez, é superior à média
da classe. Na vulnerabilidade física, as edificações são constituídas de alvenaria, não
apresentam adaptações contra inundação e são presentes condições de infraestrutura
urbana.
175

Tabela 20 – Variáveis da vulnerabilidade no setor alto curso do arroio Taquara

Exposição Vulnerabilidade Vulnerabilidade física


socioeconômica
Setor censitário Densidade Densidade de Área Renda Crianças Material Adaptações Infraestrutura Grau de
demográfica domicílios suscetível mensal de e idosos da nas urbana vulnerabilidade
(hab/km²) (dom/km²) (%) até 1 salário (%) edificação edificações
mínimo (%)
432120405000024 1.906 734 38 35 27 Alvenaria Ausente Presente Baixo
432120405000087 3.636 1.295 15 41 24 Alvenaria Ausente Presente Baixo
432120405000023 4.466 1.474 12 41 27 Alvenaria Ausente Presente Médio
432120405000038 107 39 1 39 28 Alvenaria Ausente Presente Médio
432120405000075 154 48 4 39 29 Alvenaria Ausente Presente Médio
432120405000025 3.886 1.532 5 37 32 Alvenaria Ausente Presente Alto
Fonte: Autor (2022).
176

Nos setores censitários 432120405000023, 432120405000038 e


432120405000075, a vulnerabilidade é média (fotografias D, E e F da Figura 52). No
primeiro setor, a área que é suscetível à inundação é inferior à média da classe, de
modo que apenas 12% da área são suscetíveis à inundação, todavia as densidades
demográfica e de domicílios possuem valores superiores à média, respectivamente,
de 4.466 hab/km² e 1.474 dom/km². Os demais setores, 432120405000038 e
432120405000075, possuem os três índices inferiores à média da classe.
Na vulnerabilidade socioeconômica, os setores apresentam percentuais da
população que possuem renda mensal de até um salário mínimo inferiores à média
da classe. Todavia, quanto ao percentual de crianças e idosos, apenas o setor
432120405000023 possui percentual inferior à média da classe, com 27%, no setor
432120405000038, o valor é igual à média e, no setor 432120405000075, é superior.
Para a vulnerabilidade física, são percebidas edificações constituídas de alvenaria,
sem a presença de adaptações para inundação e com condições de infraestrutura
urbanas presentes.
Nos setores censitários 432120405000024 e 432120405000087, a
vulnerabilidade é baixa (fotografias G, H e I da Figura 52). Para os indicadores de
exposição, identificou-se que a densidade de domicílios é inferior à média da classe
nos dois setores, enquanto a densidade demográfica é inferior à média no setor
432120405000024 e superior no setor 432120405000087, o inverso ocorreu para o
percentual das áreas suscetíveis à inundação, com índices inferiores à média no setor
432120405000087 e superior no setor 432120405000024.
Na vulnerabilidade socioeconômica, por sua vez, identificou-se índices
superiores à média da classe nos dois setores para os percentuais da população que
possuem renda mensal de até um salário mínimo. No entanto, para o percentual de
crianças e idosos, no setor 432120405000087, o índice é inferior à média, enquanto,
no setor 432120405000024, é superior, respectivamente, com 24% e 27%. Por fim,
na vulnerabilidade física, identificou-se que as edificações são constituídas
predominantemente de alvenaria, sem a presença de adaptações para inundação e
com condições de infraestrutura urbanas presentes.
177

Figura 52 – Áreas de vulnerabilidade alta (A, B e C) média (D, E e F) e baixa (G, H e I) no alto curso
do arroio Taquara

Fonte: Trabalhos de campo, julho de 2019 e junho de 2022. Autor (2022).

No médio curso do arroio Taquara, a vulnerabilidade foi definida com graus


baixo, médio e alto, conforme pode ser analisado a partir do mapa da Figura 53 e na
Tabela 21.
178

Figura 53 – Vulnerabilidade no médio curso do arroio Taquara, área central de Taquara

Fonte: Autor (2022).

Nos setores 432120405000005, 432120405000018, 432120405000025 e


432120405000062, a vulnerabilidade é alta (fotografias A a D da Figura 54). O
percentual da área suscetível à inundação nos quatro setores é inferior à média da
classe, todavia, de maneira inversa, as densidades demográfica e de domicílio
apresentam valores superiores à média da classe. Os percentuais de renda mensal
de até um salário mínimo são menos elevados do que a média das classes, com
exceção do setor 432120405000018 e, de maneira oposta, identificou-se que o
percentual de crianças e idosos é mais elevado nos quatro setores. As edificações
são constituídas de alvenaria, não apresentam adaptações contra inundações e as
condições de infraestrutura urbana são presentes.
179

Tabela 21 – Variáveis da vulnerabilidade no setor médio curso do arroio Taquara, área central de Taquara

Exposição Vulnerabilidade Vulnerabilidade física


socioeconômica
Setor censitário Densidade Densidade de Área Renda Crianças Material Adaptações Infraestrutura Grau de
demográfica domicílios suscetível mensal de e idosos da nas urbana vulnerabilidade
(hab/km²) (dom/km²) (%) até 1 salário (%) edificação edificações
mínimo (%)
432120405000001 4.484 1.981 36 23 33 Alvenaria Presente Presente Baixo
432120405000002 2.750 1.096 46 27 28 Alvenaria Presente Presente Baixo
432120405000004 4.399 2.028 18 23 31 Alvenaria Presente Presente Baixo
432120405000006 3.639 1.595 26 29 28 Alvenaria Presente Presente Baixo
432120405000024 1.906 734 38 35 27 Alvenaria Ausente Presente Baixo
432120405000066 2.583 1.221 20 26 20 Alvenaria Ausente Presente Baixo
432120405000003 4.924 1.820 77 36 28 Alvenaria Ausente Presente Médio
432120405000016 1.982 697 28 46 27 Alvenaria Ausente Presente Médio
432120405000017 4.293 1.539 39 42 29 Alvenaria Ausente Presente Médio
432120405000085 3.768 1.405 12 33 32 Alvenaria Ausente Presente Médio
432120405000005 4.184 1.818 37 30 37 Alvenaria Ausente Presente Alto
432120405000018 6.693 2.066 1 56 31 Alvenaria Ausente Presente Alto
432120405000025 3.886 1.532 5 37 32 Alvenaria Ausente Presente Alto
432120405000062 6.326 2.441 22 32 39 Alvenaria Ausente Presente Alto
Fonte: Autor (2022).
180

Figura 54 – Áreas de vulnerabilidade alta (A e D), média (E a H) e baixa (I a P) no médio curso do arroio Taquara, área central de Taquara

Fonte: Trabalho de campo, julho de 2019. Autor (2022).


181

Nos setores 432120405000003, 432120405000016, 432120405000017 e


432120405000085, a vulnerabilidade é média (fotografias E a H da Figura 54). Apenas
no setor 432120405000085, a área suscetível é inferior à média da classe, com o valor
de 12%, os demais setores apresentam valores superiores à média. Para densidade
demográfica e de domicílios, apenas o setor 432120405000016 apresenta índices
inferiores à média da classe, respectivamente, 1.982 hab/km² e 697 dom/km², os
demais setores apresentam valores superiores à média da classe. As edificações são
constituídas de alvenaria, não apresentam adaptações contra inundações e as
condições de infraestrutura urbana são presentes.
Nos setores censitários 432120405000001, 432120405000002,
432120405000004, 432120405000006, 432120405000024 e 432120405000066, a
vulnerabilidade é baixa e os indicadores são variados em relação às médias da classe
(fotografias I a P da Figura 54). Nos setores 432120405000001, 432120405000002 e
432120405000024, as áreas suscetíveis à inundação são superiores ao índice médio
e, nos setores 432120405000004, 432120405000006 e 432120405000066, são
inferiores. Para a densidade demográfica e de domicílios, os setores
432120405000001, 432120405000004 e 432120405000006 possuem índices
superiores à média, enquanto os setores 432120405000002, 432120405000024 e
432120405000066 são inferiores.
Apenas o setor 432120405000024 apresenta percentuais de renda mensal de
até um salário mínimo mais elevado do que a média, com o valor de 35%. Para o
percentual de crianças e idosos apenas o setor 432120405000066 apresenta
percentuais de crianças e idosos inferiores à média da classe com o valor de 20%.
As edificações são constituídas de alvenaria, foram verificadas adaptações nas
edificações contra inundações nos setores 432120405000001, 432120405000002,
432120405000004 e 432120405000006, onde as edificações apresentam mais de um
pavimento (fotografias I a L da Figura 54) ou adaptações móveis utilizadas durante
eventos de inundação, que são instaladas nas portas dos estabelecimentos de serviço
e comércio (fotografias M a P da Figura 54). As condições de infraestrutura urbana
estão presentes.
182

No médio curso do arroio Taquara, no segmento de afluente do arroio Taquara,


foi identificada vulnerabilidade média e alta nos setores censitários 432120405000084
e 432120405000007 (Figura 55 e Tabela 22).

Figura 55 – Vulnerabilidade em área de afluente do arroio Taquara no médio curso, área central de
Taquara

Fonte: Autor (2022).

No setor 432120405000007, 24% da área são suscetíveis à inundação, valor


inferior à média da classe, a densidade demográfica é de 3.993 hab/km² e de
domicílios de 1.551 dom/km², índices superiores à média da classe. Considerando as
características socioeconômicas, 41% das pessoas possuem renda mensal de até um
salário mínimo e 36% correspondem a crianças e idosos, o primeiro índice é inferior à
média e o segundo, muito superior. As edificações são constituídas de alvenaria, sem
a presença de adaptações para inundações e com condições de infraestrutura urbana
presentes (fotografias A, B e C da Figura 56).
183

Tabela 22 – Variáveis da vulnerabilidade no setor de afluente do arroio Taquara no médio curso, área central de Taquara

Exposição Vulnerabilidade Vulnerabilidade física


socioeconômica
Setor censitário Densidade Densidade de Área Renda Crianças Material Adaptações Infraestrutura Grau de
demográfica domicílios suscetível mensal de e idosos da nas urbana vulnerabilidade
(hab/km²) (dom/km²) (%) até 1 salário (%) edificação edificações
mínimo (%)
432120405000084 3.349 1.273 10 40 29 Alvenaria Ausente Presente Médio
432120405000007 3.993 1.551 24 41 36 Alvenaria Ausente Presente Alto
Fonte: Autor (2022).
184

Já no setor 432120405000084, apenas 10% da área são suscetíveis à


inundação, valor inferior à média da classe, enquanto, para densidade demográfica e
densidade de domicílios, os valores são superiores à média, respectivamente, de
3.349 hab/km² e 1.273 dom/km². Considerando as características socioeconômicas,
40% das pessoas possuem renda mensal de até um salário mínimo e 29%
correspondem a crianças e idosos, o primeiro índice é inferior à média e o segundo é
um pouco superior. As edificações são constituídas de alvenaria, sem a presença de
adaptações para inundações e com condições de infraestrutura urbana presentes
(fotografias D, E e F da Figura 56).

Figura 56 – Área de vulnerabilidade alta (A, B e C) e média (D, E e F) em área de afluente do arroio
Taquara no médio curso, área central de Taquara

Fonte: Trabalho de campo, junho de 2022. Autor (2022).

Na planície de inundação do arroio Sanga Funda, a vulnerabilidade é média no


setor 431405005000034 e é alta no setor 431405005000035, conforme pode ser
observado no mapa da Figura 57 e na Tabela 23.
185

Figura 57 – Vulnerabilidade na planície de inundação de afluente do rio Paranhana no setor montante


em Parobé

Fonte: Autor (2022).

No setor 431405005000034, todos os indicadores de exposição são inferiores


à média da classe, neste sentido, apenas 3% da área é suscetível à inundação, a
densidade demográfica é de 466 hab/km² e a densidade de domicílios de 163
dom/km². As características socioeconômicas também são inferiores às constatadas
como média para a classe, na qual 37% das pessoas possuem renda mensal de até
um salário mínimo e 24% correspondem a crianças e idosos. As edificações são
constituídas de madeira ou material misto, sem a presença de adaptações para
inundações e com condições de infraestrutura urbana ausentes ou precárias
(fotografias A e B da Figura 58).
186

Tabela 23 – Variáveis da vulnerabilidade em área de afluente do rio Paranhana no setor montante em Parobé

Exposição Vulnerabilidade Vulnerabilidade física


socioeconômica
Setor censitário Densidade Densidade de Área Renda Crianças Material Adaptações Infraestrutura Grau de
demográfica domicílios suscetível mensal de e idosos da nas urbana vulnerabilidade
(hab/km²) (dom/km²) (%) até 1 salário (%) edificação edificações
mínimo (%)
431405005000034 466 163 3 37 24 Madeira Ausente Ausente ou Médio
ou misto precária
431405005000035 320 106 35 55 25 Madeira Ausente Ausente ou Alto
ou misto precária
Fonte: Autor (2022).
187

Figura 58 – Área de vulnerabilidade média na planície de inundação de afluente do rio Paranhana no


setor montante em Parobé

Fonte: Trabalho de campo, julho de 2019. Autor (2022).

No setor 431405005000035, os indicadores de exposição também apresentam


valores inferiores à média da classe, sendo assim, 35% da área são suscetíveis à
inundação, a densidade demográfica é de 320 hab/km² e a densidade de domicílios é
de 106 dom/km². Na vulnerabilidade socioeconômica, 55% das pessoas possuem
renda mensal de até um salário mínimo, valor que é superior à média da classe, e
25% correspondem a crianças e idosos, valor que é inferior à média da classe. As
edificações também são constituídas de madeira ou material misto, sem a presença
de adaptações para inundações e com condições de infraestrutura urbana ausentes
ou precárias.
Por fim, na planície de inundação de um afluente do rio Paranhana, em Parobé,
no setor 431405005000077, a vulnerabilidade é baixa e pode ser analisada com base
no mapa da Figura 59 e na Tabela 24.
188

Figura 59 – Vulnerabilidade na planície de inundação de afluente do rio Paranhana no setor jusante


em Parobé

Fonte: Autor (2022).

Nesse local, 40% da área do setor é suscetível à inundação, valor superior à


média da classe, a densidade demográfica e a densidade de domicílios correspondem
a 778 hab/km² e 257 dom/km² e apresentam valores inferiores à média da classe. Nas
características socioeconômicas, 47% das pessoas possuem renda mensal de até um
salário mínimo e 23% correspondem a crianças e idosos, o primeiro índice é superior
à média, enquanto o segundo é inferior à média da classe. As edificações são
constituídas predominantemente de alvenaria, sem a presença de adaptações para
inundações e com condições de infraestrutura urbana presentes (Figura 60).
189

Tabela 24 – Variáveis da vulnerabilidade em área de afluente do rio Paranhana no setor jusante em Parobé

Exposição Vulnerabilidade Vulnerabilidade física


socioeconômica
Setor censitário Densidade Densidade de Área Renda Crianças Material Adaptações Infraestrutura Grau de
demográfica domicílios suscetível mensal de e idosos da nas urbana vulnerabilidade
(hab/km²) (dom/km²) (%) até 1 salário (%) edificação edificações
mínimo (%)
431405005000077 778 257 40 47 23 Alvenaria Ausente Presente Baixo
Fonte: Autor (2022).
190

Figura 60 – Área de vulnerabilidade baixa na planície de inundação de afluente do rio Paranhana no


setor jusante em Parobé

Fonte: Trabalho de campo, junho de 2022. Autor (2022).

A análise da vulnerabilidade deu-se com base nas características da


comunidade exposta ao perigo, como o padrão socioeconômico e etário, a densidade
populacional e de domicílios, as características físicas dos ativos e disponibilidade de
infraestrutura urbana. Esses elementos arranjam-se no espaço de modo que podem
atenuar ou agravar o risco de inundações.
Na área de estudo com a vulnerabilidade, foi possível identificar áreas mais ou
menos adaptadas às condições naturais impostas. Integrado a isso, cristaliza-se um
processo de segregação residencial de modo que as áreas de elevada vulnerabilidade
localizam-se, especialmente, próximas ao rio Paranhana em Taquara e Parobé e em
setores censitários mais periféricos.
No que concerne à proposta metodológica, empregou-se uma análise
multidimensional e multicritério a partir de uma abordagem semiquantitativa com o
emprego de dimensões e indicadores com distintos pesos. Para isso, fundamentou-
se o estudo nas pesquisas de Kienberger, Lang e Zeil (2009), Goerl, Kobiyama e
Pellerin (2012), Trentin, Robaina e Silveira (2013), Galvão (2014), Trentin e Dias
(2014), Prina (2015), Sar, Chatterjee e Adhikari (2015), Saueressig e Robaina (2015),
191

Fernandez, Mourato e Moreira (2016), Komi, Amisigo e Diekkrüger (2016), Aimon


(2017), Brito, Evers e Höllermann (2017), Freitas (2017), Ramos (2017), Jamrussri e
Toda (2018), Luu e Meding (2018), Ramos et al. (2018), Afifi et al. (2019), Furlan
(2019), Knierin, Robaina e Trentin (2019), Trentin, Robaina e Avila (2019) e Abdrabo
et al. (2020), entre outras.
A integração das informações disponíveis no Censo Demográfico do IBGE
(2010d) e dados coletados a partir dos trabalhos de campo permitiram representar,
com a vulnerabilidade, a heterogeneidade do espaço. As múltiplas dimensões
possibilitaram ainda uma análise integrativa, de modo que abrangeu a exposição, as
características socioeconômicas, físicas e de infraestrutura urbana. Nos estudos
anteriores, realizados na área de estudo, não foram analisadas essas características.
A vulnerabilidade é um componente essencial para a compreensão das áreas
de risco de inundação, todavia, não é o único. Para que o risco ocorra, é necessário
que os sujeitos e seus ativos estejam expostos a um perigo com o potencial de causar
danos. Desse modo, no estudo das áreas de risco, devem ser analisados o perigo e
a vulnerabilidade.

5.6 AS ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO

O risco às inundações expressa, na área de estudo, as relações entre as


situações de perigo e vulnerabilidade. Dessa forma, foram estabelecidos quatro graus
de risco: baixo, médio, alto e muito alto, de acordo com o mapa da Figura 61.
Na área de estudo, o risco é maior nos locais em que as combinações dos
componentes naturais atuam com maior potencial para ocasionar danos, associado à
menor capacidade que os sujeitos inseridos nessas áreas possuem para enfrentá-los
e restabelecerem-se após a ocorrência das inundações. Desse modo, observam-se
as áreas mais próximas ao rio Paranhana e seus afluentes, onde as classes de risco
alto e muito alto são mais recorrentes.
192

Figura 61 – Risco às inundações em Taquara e Parobé no baixo curso da bacia hidrográfica do rio
Paranhana

Fonte: Autor (2022).


193

Na análise, atribuiu-se maior peso ao perigo para mensurar-se o risco, visto


que ele está diretamente relacionado ao desencadeamento dos processos de
inundação e, por conseguinte, na eventualidade de um desastre. A vulnerabilidade,
por sua vez, remete a uma reprodução da condição social e econômica, de acordo
com as dimensões exposição, vulnerabilidade socioeconômica e física, e que, se
isolada aos eventos de inundação, não materializam a ocorrência de um desastre,
mas uma questão social. Goerl, Kobiyama e Pellerin (2012) corroboram com essa
perspectiva ao destacarem que as características físicas da bacia hidrográfica, ou
seja, o perigo, apresentam um papel mais importante na construção do risco do que
as características de vulnerabilidade.
As áreas de risco baixo apresentam classes de perigo baixo com
vulnerabilidade baixa e média ou perigo médio com vulnerabilidade baixa. Essas
características foram identificadas nos setores censitários 431405005000021,
431405005000023, 431405005000024, 431405005000037 e 431405005000077 em
Parobé e nos setores 432120405000006, 432120405000024 e 432120405000084 em
Taquara.
Essa classe apresenta-se em 13% das áreas de risco e situa-se nos locais mais
afastados do rio Paranhana, tanto em Taquara como em Parobé, ou ainda em áreas
em que o agente de perigo é os afluentes de menor hierarquia fluvial do rio Paranhana.
Dessa forma, elas correspondem a áreas em que a recorrência e a magnitude dos
eventos de inundação é menor, assim como apresentam potencial baixo para que
ocorram desastres.
A vulnerabilidade possui, de maneira geral, índices mais elevados de
exposição. Na vulnerabilidade socioeconômica, identificaram-se que os percentuais
de pessoas que recebem, como renda mensal, até um salário mínimo e os percentuais
de crianças e idosos são inferiores às demais classes de risco. Por fim, na
vulnerabilidade física, as edificações, na sua grande maioria, são constituídas de
alvenaria, não apresentam adaptações contra inundações e as condições de
infraestrutura são, em grande parte, presentes.
As áreas de risco médio apresentam classes de perigo baixo com
vulnerabilidade alta e muito alta, perigo médio com vulnerabilidade média e alta,
perigo alto com vulnerabilidade baixa. Essas características foram percebidas nos
setores censitários 431405005000019, 431405005000021, 431405005000025,
431405005000034, 431405005000035, 431405005000036, 431405005000037,
194

431405005000038, 431405005000039, 431405005000058, 431405005000075 e


431405005000077 em Parobé e nos setores 432120405000002, 432120405000006,
432120405000007, 432120405000024, 432120405000051, 432120405000066 e
432120405000087 em Taquara.
Essa classe abrange 19% das áreas de risco e localiza-se em segmentos mais
afastados do rio Paranhana e em alguns pontos próximo ao arroio Taquara, bem como
de afluentes de menor hierarquia fluvial do rio Paranhana. Todavia, nesses locais,
foram identificados componentes como frequência de eventos e distância ao curso
d’água com menor potencial para ocasionar danos do que nas classes de risco mais
elevado.
A vulnerabilidade é bastante heterogênea, sendo que, nos setores em que o
agente de perigo é o rio Paranhana, são identificados graus mais elevados, de modo
que o percentual de pessoas que recebem renda mensal de até um salário mínimo é
maior, assim como as edificações são constituídas de madeira ou material misto, sem
a presença de adaptações contra as inundações e as condições de infraestrutura
urbana, em grande parte, são ausentes ou precárias. Vulnerabilidade com grau similar
foi identificada no segmento de afluentes do arroio Taquara, especialmente, em
função das dimensões exposição e vulnerabilidade socioeconômica mais elevadas.
No alto curso do arroio Taquara, por sua vez, a vulnerabilidade é baixa e apresenta
índices de exposição mais baixos.
Embora ocorram variações entre as classes de perigo e vulnerabilidade, a
composição das duas variáveis ocorre de modo que o risco às inundações seja de
grau médio. Nas áreas em que o perigo é mais elevado, as características da
vulnerabilidade atenuam o potencial danoso e, de maneira inversa, nas áreas em que
a vulnerabilidade apresenta graus mais elevados, as situações de perigo são menos
severas.
As áreas de risco alto apresentam classes de perigo médio com vulnerabilidade
muito alta, perigo alto com vulnerabilidade média e alta, e perigo muito alto com
vulnerabilidade baixa e média. Essas características foram constatadas nos setores
censitários 431405005000019, 431405005000034, 431405005000035,
431405005000036, 431405005000038, 431405005000039, 431405005000058 e
431405005000076 em Parobé e nos setores 432120405000001, 432120405000002,
432120405000003, 432120405000004, 432120405000006, 432120405000016,
432120405000017, 432120405000023, 432120405000024, 432120405000025,
195

432120405000035, 432120405000038, 432120405000051, 432120405000062,


432120405000066, 432120405000075, 432120405000085 e 432120405000092 em
Taquara.
Essa classe de risco é a que ocorre em maior área, o que corresponde a 45%
das áreas de risco, localizando-se na área de estudo próximo aos arroios Taquara e
Sanga Funda e ao rio Paranhana, todavia, em segmentos, geralmente, mais distantes
do que a classe de risco muito alto. O perigo ocorre em razão da proximidade e
elevada recorrência de eventos do arroio Taquara, com o registro de 34 eventos na
série histórica e eventos de grande magnitude do rio Paranhana, também com elevada
recorrência de até 30 eventos em Taquara e 18 em Parobé.
Nas áreas de risco alto, as características de vulnerabilidade variam entre os
graus baixo a muito alto, todavia, apresentam padrão semelhante de acordo com o
agente de perigo. Neste sentido, as distinções mais claramente definidas ocorrem
entre as áreas de perigo do rio Paranhana e do arroio Taquara.
Nas áreas próximas ao rio Paranhana, são identificados setores de
vulnerabilidade alta e muito alta com maiores percentuais de pessoas com renda mais
baixa, bem como de crianças, as edificações não apresentam adaptações para
inundações, o tipo de material é predominantemente misto ou de madeira e as
condições de infraestrutura urbana precárias ou ausentes. Distintos a essas
características, nas áreas centrais de Taquara, em locais afetados pelo arroio
Taquara, são identificados setores com elevada exposição às inundações, menos
pessoas recebem até um salário mínimo de renda mensal, as edificações são
constituídas de alvenaria, em muitos casos, apresentam adaptações contra
inundações e a infraestrutura urbana é presente.
Integrado a isso, nessa classe de risco, as características de perigo e
vulnerabilidade materializam, no espaço, setores com grau de risco alto para a
ocorrência de desastres. Essas condições decorrem dos agentes de perigo e das
características de vulnerabilidade da comunidade e seus ativos, que resultam nas
diferentes situações com potencial elevado aos danos.
As áreas de risco muito alto apresentam classes de perigo alto com
vulnerabilidade muito alta e de perigo muito alto com vulnerabilidade alta e muito alta.
Essas características foram constatadas nos setores censitários 431405005000019,
432120405000035, 431405005000036, 431405005000038, 431405005000039,
431405005000058, 431405005000066 e 431405005000076 em Parobé e nos setores
196

432120405000005, 432120405000018, 432120405000025, 432120405000033,


432120405000034, 432120405000035, 432120405000062 e 432120405000090 em
Taquara.
A classe de risco muito alto abrange 23% das áreas de risco e se estabelece,
especialmente, nas margens do rio Paranhana tanto em Taquara como em Parobé,
onde há eventos de grande magnitude e recorrência de até 30 eventos na série
histórica em Taquara e 18 em Parobé. Outro setor em que o risco é muito alto é em
segmentos do arroio Taquara, na área central de Taquara, em que existe recorrência
de até 34 eventos e, embora a magnitude dos eventos não seja tão severa, a
recorrência elevada contribui para o risco ser de grau elevado.
As características de vulnerabilidade distinguem-se nessa classe, observou-se
que as características socioeconômicas e de acesso aos serviços públicos
apresentam padrão cada vez menor à medida que os locais ocupados são mais
próximos ao rio Paranhana, esse fenômeno pode ser identificado como de segregação
residencial. Neste sentido, essas áreas apresentam maior exposição ao perigo,
maiores percentuais de pessoas com renda mensal de até um salário mínimo e índices
mais elevados de crianças.
Em segmentos de vulnerabilidade muito alta, como nos setores
431405005000036, 431405005000038, 431405005000076 e 432120405000034,
identificaram-se edificações constituídas por materiais reciclados, sem adaptações
contra as inundações e as condições de infraestrutura urbana ausentes,
especialmente nas margens do rio Paranhana. Nos setores 431405005000076 e
432120405000035, foram percebidas edificações com adaptações contra as
inundações, como a presença de dois pavimentos, todavia as condições de
infraestrutura urbana são precárias ou ausentes.
Os componentes de perigo e vulnerabilidade dessa classe corroboram para o
grau de risco muito alto para que ocorram desastres. Eventos de grande magnitude
ou recorrentes associados à baixa capacidade da comunidade e seus ativos diante
das inundações aumentam as chances de elevados danos nesses setores da área de
estudo.
A partir do Quadro 14, podem ser analisados os graus de risco de acordo com
os setores censitários de Parobé e Taquara e os respectivos graus de perigo e
vulnerabilidade identificados.
197

Quadro 14 – Síntese das informações de perigo, vulnerabilidade e risco nos setores censitários de
Taquara e Parobé

(continua)
Município Setor censitário Grau de Grau de Grau de
perigo vulnerabilidade risco
431405005000019 Médio Médio
Alto Alto Alto
Muito alto Muito alto
431405005000021 Baixo Baixo
Médio Baixo
Alto Médio
431405005000023 Baixo Baixo Baixo
431405005000024 Baixo Médio Baixo
431405005000025 Baixo Alto Médio
431405005000034 Médio Médio Médio
Alto Alto
431405005000035 Médio Médio
Alto Alto Alto
Muito alto Muito alto
431405005000036 Médio Alto Médio
Alto Alto
Muito alto Muito alto Muito alto
Parobé

431405005000037 Baixo Baixo


Médio Baixo
Alto Médio
431405005000038 Médio Alto Médio
Alto Alto
Muito alto Muito alto Muito alto
431405005000039 Baixo Médio
Médio Alto
Alto Alto
Muito alto Muito alto
431405005000058 Baixo Muito alto Médio
Médio Alto
Alto Muito alto
431405005000066 Muito alto Alto Muito alto
431405005000075 Médio Alto Médio
431405005000076 Médio Alto Alto
Alto
Muito alto Muito alto Muito alto
431405005000077 Médio Baixo Baixo
Alto Médio
432120405000001 Muito alto Baixo Alto
Taquara

432120405000002 Alto Baixo Médio


Muito alto Alto
432120405000003 Muito alto Médio Alto
432120405000004 Muito alto Baixo Alto
198

Quadro 14 – Síntese das informações de perigo, vulnerabilidade e risco nos setores censitários de
Taquara e Parobé
(conclusão)
Município Setor censitário Grau de Grau de Grau de
perigo vulnerabilidade risco
432120405000005 Muito alto Alto Muito alto
432120405000006 Médio Baixo
Alto Baixo Médio
Muito alto Alto
432120405000007 Baixo Alto Médio
432120405000016 Muito alto Médio Alto
432120405000017 Alto Médio Alto
Muito alto
432120405000018 Muito alto Alto Muito alto
432120405000023 Alto Médio Alto
432120405000024 Médio Baixo
Alto Baixo Médio
Muito alto Alto
432120405000025 Alto Alto Alto
Muito alto Muito alto
432120405000033 Muito alto Alto Muito alto
Taquara

432120405000034 Muito alto Muito alto Muito alto


432120405000035 Alto Médio Alto
Muito alto Alto Muito alto
432120405000038 Alto Médio Alto
432120405000051 Médio Médio Médio
Alto Alto
432120405000062 Alto Alto Alto
Muito alto Muito alto
432120405000066 Alto Baixo Médio
Muito alto Alto
432120405000075 Alto Médio Alto
432120405000084 Baixo Médio Baixo
432120405000085 Alto Médio Alto
Muito alto
432120405000087 Alto Baixo Médio
432120405000090 Alto Muito alto Muito alto
Muito alto
432120405000092 Muito alto Baixo Alto
432120405000096 Muito alto Alto Muito alto
Fonte: Autor (2022).

Para a análise das áreas de risco, foram utilizados os setores estabelecidos na


análise do perigo e vulnerabilidade, de acordo com o Quadro 15.
199

Quadro 15 – Setores de risco de inundação em Taquara e Parobé

Agente de Localização Setor censitário Grau de risco


perigo
Rio Paranhana Setor montante no 432120405000033, Alto e muito alto
e afluentes município de 432120405000034,
Taquara 432120405000035,
432120405000090,
432120405000092 e
432120405000096
Setor montante no 431405005000019, Baixo, médio, alto e
município de 431405005000021, muito alto
Parobé 431405005000023,
431405005000024,
431405005000025,
431405005000035,
431405005000036,
431405005000037,
431405005000038,
431405005000039,
431405005000066,
431405005000075 e
431405005000076
Setor jusante nos 432120405000051 e Médio, alto e muito
municípios de 431405005000058 alto
Taquara e Parobé
Arroio Taquara Alto curso no 432120405000023, Baixo, médio e alto
município de 432120405000024,
Taquara 432120405000025,
432120405000038,
432120405000075 e
432120405000087
Médio curso no 432120405000001, Baixo, médio, alto e
município de 432120405000002, muito alto
Taquara 432120405000003,
432120405000004,
432120405000005,
432120405000006,
432120405000016,
432120405000017,
432120405000018,
432120405000024,
432120405000025,
432120405000062,
432120405000066 e
432120405000085
Afluentes no médio 432120405000007 e Baixo e médio
curso no município 432120405000084
de Taquara
Afluentes do rio Setor montante no 431405005000034 e Médio e alto
Paranhana em município de 431405005000035
Parobé Parobé
Setor jusante no 431405005000077 Baixo e médio
município de
Parobé
Fonte: Autor (2022).
200

No setor montante do rio Paranhana, em Taquara, o risco é alto e muito alto


(Figura 62 e Quadro 16). Os condicionantes de perigo decorrem de processos de
inundação do rio Paranhana e de afluentes que apresentam elevada frequência, com
30 eventos na série histórica e são de grande magnitude quando oriundos do rio
Paranhana.

Figura 62 – Risco no setor montante do rio Paranhana em Taquara

Fonte: Autor (2022).

A vulnerabilidade em grande parte é alta e muito alta, como também casos


isolados em que se identificaram as classes baixa e média. As características de
exposição e vulnerabilidade socioeconômica possuem maiores distinções entre os
setores censitários, todavia, a vulnerabilidade física apresenta características mais
homogêneas com edificações constituídas, predominantemente, de madeira ou
material misto, sem a presença de adaptações contra inundações, e as condições de
201

infraestrutura urbana ausentes ou precárias, com grande parte das vias sem
calçamento e sistema de drenagem pluvial.
Em áreas pontuais, identificam-se edificações com adaptações contra
inundações, constituídas em dois pavimentos, como também edificações constituídas
de material reciclado, especialmente, em áreas de maior proximidade ao rio
Paranhana. A maior parte da população possui renda mensal de até um salário
mínimo e os percentuais de crianças e idosos são mais elevados.

Quadro 16 – Graus de perigo, vulnerabilidade e risco no setor montante do rio Paranhana em


Taquara

Setor censitário Grau de perigo Grau de Grau de risco


vulnerabilidade
432120405000033 Muito alto Alto Muito alto
432120405000034 Muito alto Muito alto Muito alto
432120405000035 Alto Médio Alto
Muito alto Alto Muito alto
432120405000090 Alto Muito alto Muito alto
Muito alto
432120405000092 Muito alto Baixo Alto
432120405000096 Muito alto Alto Muito alto
Fonte: Autor (2022).

As áreas de risco alto correspondem aos setores censitários 432120405000035


e 432120405000092 e de risco muito alto, aos setores 432120405000033,
432120405000034, 432120405000035, 432120405000090 e 432120405000096.
Nesses locais, associam-se áreas de perigo alto e muito alto com vulnerabilidade
predominantemente alta e muito alta, uma exceção é no 432120405000092, em que
o perigo é muito alto e a vulnerabilidade é baixa.
Na Figura 63, pode ser observado extenso histórico de eventos de inundação
na planície de inundação do rio Paranhana, em Taquara. Neste sentido, destacam-se
os eventos de julho de 1993 (fotografia A), outubro de 1996 (fotografia B), abril de
2001 (fotografia C), fevereiro de 2003 (fotografia D), julho de 2007 (fotografia E),
janeiro de 2010 (fotografia F) e agosto de 2013 (fotografia G e H). Nos eventos de
julho de 2007 e agosto de 2013, foram decretadas Situação de Emergência e, neste
último, houve a interdição da ponte que dá acesso ao município de Parobé.
202

Figura 63 – Eventos de inundação que ocorreram na planície de inundação do rio Paranhana no


município de Taquara em julho de 1993 (A), outubro de 1996 (B), abril de 2001 (C), fevereiro de 2003
(D), julho de 2007 (E), janeiro de 2010 (F) e agosto de 2013 (G e H)

Fonte: Fotografias A a G adaptadas do Jornal Panorama (1993, 1996, 2001, 2003, 2007, 2010);
fotografia H adaptada da Rádio Taquara (2013). Autor (2022).
203

No setor montante, na planície de inundação do rio Paranhana, em Parobé, as


situações de risco variam entre os graus baixo a muito alto (Figura 64 e Quadro 17).
As características de perigo e de vulnerabilidade também variam entre os graus baixo
a muito alto, de acordo com a localização da área.

Figura 64 – Risco no setor montante do rio Paranhana em Parobé

Fonte: Autor (2022).

O perigo de inundação apresenta o rio Paranhana como agente, os eventos


são de grande magnitude, ocorrem de maneira sazonal e variam de acordo com a
distância das edificações em relação ao curso d’água. As áreas mais próximas ao rio
Paranhana são mais afetadas pelas inundações e foi identificada recorrência de até
18 eventos na série histórica.
As características de vulnerabilidade seguem padrão similar ao perigo de
inundação, na qual áreas mais próximas ao rio Paranhana apresentam graus de
204

vulnerabilidade mais elevados. Neste sentido, identificaram-se os setores censitários


431405005000036, 431405005000038 e 431405005000076 com vulnerabilidade
mais elevada. As edificações são constituídas de material reciclado, altos percentuais
de pessoas com renda mensal de até um salário mínimo e de crianças e idosos.

Quadro 17 – Graus de perigo, vulnerabilidade, e risco no setor montante do rio Paranhana em Parobé

Setor censitário Grau de perigo Grau de Grau de risco


vulnerabilidade
431405005000019 Médio Alto Médio
Alto Alto
Muito alto Muito alto
431405005000021 Baixo Baixo Baixo
Médio
Alto Médio
431405005000023 Baixo Baixo Baixo
431405005000024 Baixo Médio Baixo
431405005000025 Baixo Alto Médio
431405005000035 Alto Alto Alto
Muito alto Muito alto
431405005000036 Médio Alto Médio
Alto Alto
Muito alto Muito alto Muito alto
431405005000037 Baixo Baixo Baixo
Médio Médio
Alto
431405005000038 Médio Alto Médio
Alto Alto
Muito alto Muito alto Muito alto
431405005000039 Baixo Alto Médio
Médio
Alto Alto
Muito alto Muito alto
431405005000066 Muito alto Alto Muito alto
431405005000075 Médio Alto Médio
431405005000076 Médio Alto Alto
Alto
Muito alto Muito alto Muito alto
Fonte: Autor (2022).

As classes de risco mais elevado são verificadas nos setores censitários


431405005000019, 431405005000035, 431405005000036, 431405005000038,
431405005000039, 431405005000066 e 431405005000076 com graus de risco alto
e muito alto, embora, nos setores 431405005000019, 431405005000036,
205

431405005000038 e 431405005000039 sejam identificados ainda segmentos com


risco médio. Já nos setores censitários 431405005000025 e 431405005000075, o
grau de risco é médio, nos setores 431405005000023 e 431405005000024 é baixo e,
nos setores 431405005000021 e 431405005000037, é baixo e médio.
Na Figura 65, em contexto similar ao observado em Taquara, destacam-se
diversos eventos de inundação na planície de inundação do rio Paranhana, em
Parobé. Desse modo, podem ser visualizados os eventos que ocorreram em julho de
1993 (fotografias A e B), abril de 2001 (fotografia C), fevereiro de 2003 (fotografias D
e E), julho de 2007 (fotografias F e G) e abril de 2011 (fotografia H). No evento que
ocorreu em julho de 1993, foi decretado Estado de Calamidade Pública e, no evento
de abril de 2011, Situação de Emergência.
No setor jusante, na planície de inundação do rio Paranhana, em Taquara e
Parobé, as situações de risco variam do grau médio a muito alto (Figura 66 e Quadro
18). O perigo varia de acordo com a distância das edificações em relação ao rio
Paranhana. Os graus de perigo são baixo, médio e alto e a vulnerabilidade média e
muito alta.
No setor censitário 432120405000051, o risco é médio e alto, sua variação se
estabelece com risco maior nas áreas situadas mais próximas ao rio Paranhana,
locais em que o perigo às inundações é mais elevado. As características de
vulnerabilidade são de grau médio.
No setor 431405005000058, foram atribuídos graus de risco médio, alto e muito
alto, que se associaram às áreas com perigo baixo, médio e alto e uma vulnerabilidade
muito alta. Nessas áreas, o perigo também varia conforme a distância das ocupações
em relação ao rio Paranhana e a vulnerabilidade alta deve-se, especialmente, às
características socioeconômicas e de vulnerabilidade física na área.
206

Figura 65 – Eventos de inundação que ocorreram na planície de inundação do rio Paranhana no


município de Parobé em julho de 1993 (A e B), abril de 2001 (C), fevereiro de 2003 (D e E), julho de
2007 (F e G) e abril de 2011 (H)

Fonte: Adaptado do Jornal Panorama (1993, 2001, 2003, 2007, 2011). Autor (2022).
207

Figura 66 – Risco no setor jusante do rio Paranhana em Taquara e Parobé

Fonte: Autor (2022).

Quadro 18 – Graus de perigo, vulnerabilidade e risco no setor jusante do rio Paranhana em Taquara
e Parobé

Setor censitário Grau de perigo Grau de Grau de risco


vulnerabilidade
432120405000051 Médio Médio Médio
Alto Alto
431405005000058 Baixo Muito alto Médio
Médio Alto
Alto Muito alto
Fonte: Autor (2022).

No setor alto curso do arroio Taquara, as situações de risco variam de baixo a


alto (Figura 67 e Quadro 19). Os graus de perigo se estabelecem de acordo com a
proximidade das edificações em relação ao arroio Taquara, sendo que, nessa área,
208

foram identificados 13 eventos na série histórica. Os graus de perigo são, na sua


grande maioria, altos, com situações pontuais de perigo médio e a vulnerabilidade
varia entre os graus baixo, médio e alto.

Quadro 19 – Graus de perigo, vulnerabilidade e risco no alto curso do arroio Taquara, setor nordeste
de Taquara

Setor censitário Grau de perigo Grau de Grau de risco


vulnerabilidade
432120405000023 Alto Médio Alto
432120405000024 Médio Baixo Baixo
Alto Médio
432120405000025 Alto Alto Alto
432120405000038 Alto Médio Alto
432120405000075 Alto Médio Alto
432120405000087 Alto Baixo Médio
Fonte: Autor (2022).

Os setores censitários 432120405000023, 432120405000038 e


432120405000075 apresentam graus de risco alto. Isso se deve às características de
perigo alto com a vulnerabilidade média. No setor 432120405000025, o grau de risco
também é alto, todavia ambos os graus de perigo e vulnerabilidade são altos, a
vulnerabilidade alta é, especialmente, devido às características de exposição às
inundações e características socioeconômicas, com índices superiores à média da
classe.
209

Figura 67 – Risco no alto curso do arroio Taquara, setor nordeste de Taquara

Fonte: Autor (2022).

Nos setores censitários 432120405000024 e 432120405000087, foram


atribuídos graus de risco médio e baixo. As situações de risco médio devem-se às
áreas apresentarem graus de perigo alto e vulnerabilidade baixa, enquanto as
situações de risco baixo possuem perigo médio, devido à maior distância das
edificações em relação ao curso d’água e à vulnerabilidade baixa.
Na fotografia A da Figura 68, é possível observar a rua Tristão Monteiro durante
um evento de inundação em dezembro de 2003, nessa área, o risco de inundação é
alto. Já na fotografia B da Figura 68, observa-se a limpeza da Escola Municipal de
Ensino Fundamental Rosa Elsa Mertins, após evento de inundação que ocorreu em
abril de 2010, deve-se registrar que, nessa área, o risco de inundação é médio.
210

Figura 68 – Rua Tristão Monteiro durante evento de inundação em dezembro de 2003 (A) e limpeza
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Rosa Elsa Mertins após evento de inundação em abril
de 2010 (B)

Fonte: Adaptado do Jornal Panorama (2003, 2010). Autor (2022).

No setor médio curso do arroio Taquara, as situações de risco variam de baixo


a muito alto (Figura 69 e Quadro 20). As áreas de perigo são de grau
predominantemente alto e muito alto, com o registro de 34 eventos na série histórica
e a vulnerabilidade varia entre os graus baixo e alto.
As áreas de perigo de inundação são afetadas pelo arroio Taquara. O curso
d’água apresenta intervenções estruturais como retificações e canalizações e a área
foi amplamente ocupada no decorrer do processo de produção do espaço. A mata
ciliar foi, em grande parte, removida, o sistema pluvial é ineficiente e vários segmentos
encontram-se assoreados. Essas condições contribuem para a elevada recorrência
de eventos de inundação e alagamentos e, consequentemente, para situações de
perigo com graus elevados.
211

Figura 69 – Risco no médio curso do arroio Taquara, centro de Taquara

Fonte: Autor (2022).

A vulnerabilidade é, em grande parte, baixa e média e isso se deve,


especialmente, às características socioeconômicas com menor percentual de
pessoas que recebem renda mensal de até um salário mínimo. As características de
vulnerabilidade física também são significativas, de modo que as edificações são
constituídas de alvenaria e, em parte, apresentam adaptações contra inundações e
possuem condições de infraestrutura urbana presentes. Exceções ocorrem nos
setores censitários 432120405000005, 432120405000018, 432120405000025 e
432120405000062, onde a vulnerabilidade é alta. Isso ocorre, principalmente, em
função das características de exposição, como densidade demográfica e de domicílios
mais elevadas, assim como ao maior percentual de crianças e idosos nesses setores.
212

Quadro 20 – Graus de perigo, vulnerabilidade e risco no médio curso do arroio Taquara, centro de
Taquara

Setor censitário Grau de perigo Grau de Grau de risco


vulnerabilidade
432120405000001 Muito alto Baixo Alto
432120405000002 Alto Baixo Médio
Muito alto Alto
432120405000003 Muito alto Médio Alto
432120405000004 Muito alto Baixo Alto
432120405000005 Muito alto Alto Muito alto
432120405000006 Médio Baixo Baixo
Alto Médio
Muito alto Alto
432120405000016 Muito alto Médio Alto
432120405000017 Alto Médio Alto
Muito alto
432120405000018 Muito alto Alto Muito alto
432120405000024 Alto Baixo Médio
Muito alto Alto
432120405000025 Muito alto Alto Muito alto
432120405000062 Alto Alto Alto
Muito alto Muito alto
432120405000066 Alto Baixo Médio
Muito alto Alto
432120405000085 Alto Médio Alto
Muito alto
Fonte: Autor (2022).

As áreas de risco alto e muito alto são predominantes no médio curso e


abrangem os setores censitários 432120405000001, 432120405000003,
432120405000004, 432120405000005, 432120405000016, 432120405000017,
432120405000018, 432120405000025, 432120405000062 e 432120405000085, que
se caracterizam por apresentar graus de perigo alto e muito alto com vulnerabilidade
baixa, média ou alta. Nos setores censitários 432120405000002, 432120405000024
e 432120405000066, são constatadas áreas de risco médio e alto, que apresentam
graus de perigo alto e muito alto com vulnerabilidade baixa. No setor censitário
432120405000006, são identificadas áreas de risco baixo, médio e alto, que
correspondem a áreas de perigo médio, alto e muito alto com vulnerabilidade baixa.
Na fotografia A da Figura 70, pode ser observado o maior evento de inundação
da área central de Taquara em fevereiro de 1978, sendo que, naquela ocasião, houve
o registro de uma morte, grande parte da área central do município foi afetada pelos
eventos de inundação e foi decretado Estado de Calamidade Pública.
213

Figura 70 – Eventos de inundação que ocorreram na área central de Taquara em fevereiro de 1978
(A), janeiro de 1988 (B e C), novembro de 1990 (D e E), novembro de 1996 (F), novembro de 2009
(G, H e I), janeiro de 2010 (J), abril de 2010 (K), março de 2012 (L) e março de 2019 (M, N e O)

Fonte: Fotografias A, B, C, D, E, F, G, H, I, K e L adaptadas do Jornal Panorama (1978, 1988, 1990,


1996, 2009, 2010, 2012); fotografia J adaptada da Defesa Civil Municipal de Taquara [s.d.];
fotografias M, N e O adaptadas de Repercussão Paranhana (2019). Autor (2022).
214

Ademais, de maneira sequencial, podem ser analisados os eventos de janeiro


de 1988 (fotografias B e C da Figura 70), outubro de 1990 (fotografias D e E da Figura
70) em que foi decretado Situação de Emergência, novembro de 1996 (fotografia F da
Figura 70), novembro de 2009 (fotografias G, H e I da Figura 70) em que também
houve o decreto de Situação de Emergência, janeiro de 2010 (fotografia J da Figura
70), abril de 2010 (fotografia K da Figura 70), março de 2012 (fotografia L da Figura
70) e março de 2019 (fotografias M, N e O da Figura 70).
Na fotografia L da Figura 70, observa-se um segmento da rua Lothar de La
Rue, local em que o grau de risco é muito alto, situado no setor censitário
432120405000005. Destaca-se ainda, na fotografia J Figura 70, um trecho da rua
Tristão Monteiro, área em que ocorrem eventos de inundação e alagamento, em
função do sistema pluvial ineficiente, o grau de risco varia entre médio e alto e está
situado no setor censitário 432120405000066.
Por meio do retrato apresentado, é possível destacar que os eventos de
inundação nesse setor de risco são muito frequentes e que ocasionam danos
recorrentes à comunidade e seus ativos. Em determinados locais, são empregadas
medidas como uso de estruturas móveis nas portas dos estabelecimentos comerciais
durante a ocorrência de eventos, assim como o extenso histórico de medidas
estruturais no arroio Taquara. Todavia, os eventos de inundação ainda são retratos
recorrentes na área central de Taquara.
No setor de afluentes no médio curso do arroio Taquara, as situações de risco
são baixa e média (Figura 71 e Quadro 21). As áreas de perigo são de grau baixo,
com o registro de 13 eventos na série histórica e ocorrem em razão do sistema de
drenagem pluvial ser ineficiente, o que ocasiona processos de inundação e
alagamento. A vulnerabilidade nesse setor varia entre os graus médio e alto.
No setor censitário 432120405000007, o risco é médio e se estabelece a partir
da relação entre o perigo baixo e uma vulnerabilidade alta, especialmente, em função
das características de exposição e vulnerabilidade socioeconômica. No setor
censitário 432120405000084, o grau de risco é baixo e foi identificado com base no
perigo baixo e na vulnerabilidade média. O perigo baixo deve-se aos eventos serem
ocasionados, especialmente, devido ao sistema de drenagem pluvial ineficiente.
215

Figura 71 – Risco em área de afluente do arroio Taquara no médio curso, área central de Taquara

Fonte: Autor (2022).

Quadro 21 – Graus de perigo, vulnerabilidade e risco em área de afluente do arroio Taquara no médio
curso, área central de Taquara

Setor censitário Grau de perigo Grau de Grau de risco


vulnerabilidade
432120405000007 Baixo Alto Médio
432120405000084 Baixo Médio Baixo
Fonte: Autor (2022).

Nas fotografias A e B da Figura 72, podem ser observadas as ruas Rua João
Bayer e Pinheiro Machado durante eventos de inundação que ocorreram em fevereiro
e outubro de 2002, respectivamente. Essas áreas apresentam grau de risco médio e
216

sofrem processos de inundação e alagamento devido ao represamento da água


pluvial junto a rua perpendicular a elas e ao sistema de drenagem pluvial ineficiente.

Figura 72 – Rua João Bayer durante evento de inundação em fevereiro de 2002 (A) e Rua Pinheiro
Machado durante evento de inundação em outubro de 2002 (B)

Fonte: Adaptado do Jornal Panorama (2002). Autor (2022).

No setor montante no município de Parobé, localiza-se a planície de inundação


do arroio Sanga Funda e do rio Paranhana, onde as situações de risco são de graus
médio e alto (Figura 73 e Quadro 22). As áreas apresentam perigo médio ou alto, de
acordo com a distância das ocupações em relação aos cursos d’água e a
vulnerabilidade também varia entre os graus médio e alto.
Nos setores censitários 431405005000034 e 431405005000035, os graus de
risco variam de acordo com as características de perigo, sendo atribuído grau de risco
alto às áreas mais próximas ao arroio Sanga Funda e ao rio Paranhana. As demais
áreas, mais distantes aos agentes de perigo, possuem grau de risco médio.
No setor censitário 431405005000035, a vulnerabilidade é alta, especialmente,
em razão do elevado percentual de pessoas com renda mensal de até um salário
mínimo e a vulnerabilidade física, em que as edificações são constituídas
predominantemente de madeira ou material misto, sem a presença de adaptações
contra inundações e as condições de infraestrutura urbana, são ausentes ou
precárias.
217

Figura 73 – Risco na planície de inundação de afluente do rio Paranhana no setor montante em


Parobé

Fonte: Autor (2022).

Quadro 22 – Graus de perigo, vulnerabilidade e risco na planície de inundação de afluente do rio


Paranhana no setor montante em Parobé

Setor censitário Grau de perigo Grau de Grau de risco


vulnerabilidade
431405005000034 Médio Médio Médio
Alto Alto
431405005000035 Médio Alto Médio
Alto Alto
Fonte: Autor (2022).
218

Nas fotografias A e B da Figura 74, podem ser observados um segmento do


arroio Sanga Funda e as áreas ocupadas próximas ao curso d’água. Essa área
apresenta grau de risco alto especialmente em razão da proximidade das ocupações
ao agente de perigo e estão localizadas no setor censitário 431405005000034.

Figura 74 – Área de risco muito alto em segmento do arroio Santa Funda e estrada Sanga Funda no
setor montante em Parobé de afluente do rio Paranhana

Fonte: Trabalho de campo, julho de 2019. Autor (2022).

No setor jusante no município de Parobé, localiza-se a planície de inundação


de um arroio local, sendo que, nessa área, o risco apresenta graus baixo e médio
(Quadro 23 e Figura 75). Os graus de perigo variam entre médio e alto, de acordo com
a distância das edificações em relação ao curso d’água, em especial, as áreas de
nascentes, todavia, a vulnerabilidade na área é baixa.

Quadro 23 – Graus de perigo, vulnerabilidade e risco na planície de inundação de afluente do rio


Paranhana no setor jusante em Parobé.

Setor censitário Grau de perigo Grau de Grau de risco


vulnerabilidade
431405005000077 Médio Baixo Baixo
Alto Médio
Fonte: Autor (2022).
219

Figura 75 – Risco na planície de inundação de afluente do rio Paranhana no setor jusante em Parobé

Fonte: Autor (2022).

Neste sentido, no setor censitário 431405005000077, os graus de risco não são


elevados, sendo as áreas de perigo alto e vulnerabilidade baixa, definidas com um
grau risco médio (fotografia A da Figura 76). Nas demais áreas, em que o perigo é
médio e a vulnerabilidade baixa, o risco foi definido como baixo, além dos processos
de inundação oriundos do curso d’água, identificam-se áreas de alagamento devido
ao sistema de drenagem pluvial ineficiente (fotografia B da Figura 76).
A análise das áreas de risco de inundação integrou os componentes de perigo
e vulnerabilidade. Desse modo, a proposta metodológica apresentada foi adequada e
originou novos resultados em relação aos estudos anteriores desenvolvidos na área
de estudo pela CPRM (2013), METROPLAN (2018) e Tucci (2019). Embora as
pesquisas identificassem e denominassem setores ou zoneamentos de risco,
conceitualmente, entende-se que não avaliaram a vulnerabilidade, o perigo e,
consequentemente, o risco, mas as áreas suscetíveis às inundações. Isso se justificou
220

conforme o entendimento conceitual apresentado por Tominaga et al. (2015),


Jamrussri e Toda (2018), Menezes (2018), Afifi et al. (2019), Abdrabo et al. (2020),
entre outros.

Figura 76 – Áreas de risco médio e baixo, respectivamente, em segmento de arroio local (A) e rua
Barão do Rio Branco (B) no setor jusante em Parobé de afluente do rio Paranhana

Fonte: Trabalho de campo, junho de 2022. Autor (2022).

Em Taquara e Parobé, as áreas de risco de inundação foram (re)produzidas no


espaço em função de múltiplos fatores. O processo de ocupação de áreas suscetíveis
às inundações foi um marco inicial para a gênese do risco. A partir disso, formaram-
se as situações de perigo à medida que as inundações passaram a ocasionar
situações de perigo aos sujeitos e seus ativos expostos.
A produção do espaço ocorreu de maneira desordenada e sem planejamento
adequado. Dessa forma, fatores como os fluxos migratórios concomitantes ao
processo de industrialização e crescimento populacional somaram-se à insolvência
administrativa e especulação imobiliária. O resultado desse contexto foi as áreas de
risco de inundação produzidas e apresentadas na pesquisa.
Na planície de inundação do rio Paranhana, a segregação residencial
materializa a desigualdade socioeconômica no espaço e agrava as situações de risco.
Nessas áreas, são instaladas novas ocupações em áreas conhecidamente suscetíveis
221

às inundações por uma população com elevada vulnerabilidade. A partir disso, as


áreas de risco são produzidas e reproduzidas de maneira contínua.
Nos setores de risco de inundação do arroio Taquara, historicamente, as ações
das administrações públicas foram insuficientes para retificarem as situações de risco
de uma área, que, em sua origem, não deveria ser ocupada. O curso d’água foi
extensivamente modificado e diversas medidas estruturais foram realizadas, todavia,
os processos de inundação são ainda recorrentes.
Nos demais arroios afluentes do rio Paranhana, observou-se a produção de
novas áreas de risco de modo similar ao que ocorreu com o arroio Taquara, com
ocupações e intervenções antrópicas junto aos cursos d’água. Desse modo, se forem
replicadas as ações adotadas pelas administrações públicas nessas novas áreas,
possivelmente, no futuro, as consequências apresentarão complexidade similar às
verificadas atualmente nos setores de risco do arroio Taquara.
Os resultados discutidos retratam áreas com distintos processos de inundação
que, consequentemente, resultam em diversas situações de perigo. Nessas áreas, a
comunidade e seus ativos encontram-se expostos às inundações com diferentes
vulnerabilidades e, desse modo, (re)produzem as áreas de risco.
As complexidades das áreas de risco necessitam de abordagens
interdisciplinares para que o gerenciamento de desastres seja efetivo. Desse modo,
ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação devem ser
estruturadas com a participação de diferentes setores da administração pública e da
sociedade.
Por fim, inseridos nessa perspectiva, os resultados desta pesquisa poderão
contribuir para o gerenciamento de risco em Taquara e Parobé. Com base nisso,
poderão ser utilizados, como referência, para a elaboração e atualização dos planos
de contingência, na identificação e atualização das áreas de risco de inundação e para
o desenvolvimento de planos de ação junto às comunidades.
222
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As áreas de risco de inundação compreendem a relação dos componentes


perigo e vulnerabilidade e (re)produzem-se no espaço a partir da relação conflituosa
da sociedade e os ambientes naturalmente suscetíveis às inundações. Essas
situações podem ser agravadas e potencializadas em função do processo de uso e
ocupação sem planejamento e de maneira desordenada.
Os resultados obtidos com o desenvolvimento da pesquisa foram satisfatórios
porque foi possível identificar e mapear as áreas suscetíveis, de perigo, de
vulnerabilidade com abordagem multidimensional e de risco de inundação com base
nas condições de perigo e vulnerabilidade. Dessa forma, o estudo foi capaz de atingir
os objetivos propostos.
Os desafios metodológicos compreenderam a dificuldade de obtenção de
dados primários, especialmente, quantitativos, para subsidiar a análise da
suscetibilidade e do perigo, assim como para a integração de informações
quantitativas e qualitativas. Em vista disso, desenvolveram-se processos
metodológicos com abordagem integrativa, participativa e com auxílio do SIG para o
estudo das áreas de risco de inundação.
O desenvolvimento do inventário de registro de eventos de inundação subsidiou
a identificação das áreas suscetíveis e de perigo de inundação e serviu para a análise
e validação dos resultados. O processo de levantamento e compilação de dados foi
em grande parte manual, o que onerou bastante tempo. Além disso, a disponibilidade
e integração de dados de diferentes fontes foi importante. A não disponibilidade de
fontes primárias em outras áreas de estudo pode dificultar que se replique uma análise
dessa natureza. Todavia, o desenvolvimento do inventário foi elementar para sanar a
escassez de dados quantitativos na área de estudo.
A participação dos técnicos das Defesas Civis Municipais e da comunidade
local também foi importante para a identificação das áreas de risco de inundação
durante os trabalhos de campo. Essas contribuições tornaram os resultados mais
coerentes com as características da área de estudo visto que eles possuem o
conhecimento in loco dos pontos que são afetados por eventos de inundação.
Ademais, as participações dos técnicos das Defesas Civis Municipais aumentam as
chances de que os resultados sejam utilizados por eles, visto que os agentes públicos
foram parte envolvida e a opinião deles foi levada em consideração.
224

O mapa de suscetibilidade integrou as pesquisas já desenvolvidas na área de


estudo, mas retratou novas áreas suscetíveis à inundação, assim como retificou
outras que já haviam sido mapeadas. Nessa análise, foram utilizados, como
referência, os estudos mencionados, o inventário de registro de eventos de inundação
e os trabalhos de campo. Essa abordagem foi utilizada em razão da escassez de
informações quantitativas como base topográfica do terreno com escala adequada,
cotas altimétricas de inundação, vazão dos cursos d’água, pluviosidade na bacia
hidrográfica, entre outras. Dessa forma, os resultados obtidos foram satisfatórios e a
abordagem qualitativa foi adequada em vista da precariedade de informações
quantitativas.
Na análise do perigo de inundação, foram elencados indicadores de perigo e
definidos graus de severidade, sendo as classes de perigo alto e muito alto as que
abrangem maiores áreas. Para essa abordagem, empregou-se o método AHP com
suporte do SIG. As áreas de perigo foram segmentadas em diferentes setores
estabelecidos de acordo com as características dos processos de inundação
identificados. Essa abordagem metodológica pode ser replicada em novas áreas de
estudo, mas com certas adaptações, uma vez que os indicadores adotados foram
quantitativos e qualitativos, com o propósito de retratar da melhor maneira a
complexidade observada na área de estudo.
Na análise da vulnerabilidade, foram estabelecidas três dimensões que, por
sua vez, segmentam-se em indicadores, as classes de vulnerabilidade baixa e alta
foram as mais representativas. Optou-se por uma abordagem multidimensional com o
propósito de abranger a exposição dos sujeitos e seus ativos aos perigos, ao perfil
socioeconômico e as características físicas e de infraestrutura urbana. Os resultados
obtidos foram satisfatórios e os procedimentos metodológicos podem ser replicados
em novas áreas com adaptações, assim como na análise do perigo, também foram
utilizadas informações qualitativas e quantitativas e o método AHP, com suporte do
SIG. Na pesquisa, optou-se em integrar informações disponibilizadas pelo Censo
Demográfico do IBGE juntamente com o que foi identificado em trabalhos de campo.
Essas agregações possibilitaram traduzir, na vulnerabilidade, a heterogeneidade que
é representada nas áreas urbanas.
Por fim, na análise do risco de inundação, estabeleceu-se, de maneira
abrangente e integrativa, a análise dos fatores condicionantes às inundações por meio
do perigo e dos elementos afetados, como a comunidade e seus ativos a partir da
225

vulnerabilidade. As áreas de risco foram segmentadas de acordo com setores de risco


e identificaram-se, como classes de maiores recorrências, as classes de risco alto e
muito alto, especialmente, nos locais mais próximos aos cursos d’água. Os resultados
obtidos foram satisfatórios e validados com base no inventário de registro de eventos
de inundação e em trabalhos de campo. Essa metodologia pode ser replicada em
novas áreas de estudo, mas os estudos prévios de perigo e vulnerabilidade devem
ser adaptados às características e disponibilidade de dados do local.
A (re)produção do espaço urbano em Taquara e Parobé repete, assim como
em grande parte dos municípios no Brasil, um retrato de crescimento das áreas
urbanas sem o planejamento adequado desses espaços. Isso foi identificado em
Taquara, com a instalação das ocupações nas margens e sobre o arroio Taquara,
assim como as diversas intervenções que o curso d’água sofreu à medida em que se
(re)produzia o espaço. Esses fatores modificaram, de forma extensiva, o equilíbrio
natural do curso d’água e materializou, no decorrer do tempo e no espaço, as áreas
de risco de inundação. Dinâmica similar foi observada nos demais cursos d’água
afluentes do rio Paranhana tanto em Taquara, quanto em Parobé, porém com
modificações menos significativas do que as observadas no arroio Taquara.
Nas áreas periféricas dos dois municípios, identificaram-se as áreas de risco
de inundação próximas ao rio Paranhana. Integrado a isso, constatou-se o
crescimento da área urbana em direção ao curso d’água e, associado a isso, áreas
com graus elevados de vulnerabilidade. Isso caracterizou um processo de segregação
residencial em que os sujeitos mais vulneráveis ocupam as áreas suscetíveis às
inundações e (re)produzem as áreas de risco de inundação. Essa problemática retrata
a falta de planejamento dos espaços urbanos, a desigualdade socioeconômica e a
especulação imobiliária que expulsam os sujeitos para as áreas de menor valor
econômico, muitas vezes, originando uma cidade informal com ocupações irregulares.
O estudo das áreas de risco de inundação em Taquara e Parobé poderá ser
utilizado para o gerenciamento das áreas de risco, como também para o planejamento
do espaço. Neste sentido, a pesquisa pode ser adotada pela administração pública
dos municípios para subsidiar a elaboração e atualização dos planos de contingência
às inundações, na identificação das áreas de risco e para o desenvolvimento de
planos de ação para essas áreas.
A presente pesquisa não encerra a necessidade de estudos sobre o tema, mas
deve ser utilizada como referência em novas análises. Nas áreas urbanas, a
226

(re)produção do espaço é contínua e, consequentemente, novas áreas de risco


também são produzidas.
Dessa forma, o gerenciamento de risco deve atuar na prevenção, mitigação,
preparação, resposta e recuperação aos desastres. Nos locais de risco alto e muito
alto, especialmente, é necessária a colaboração de múltiplos setores da administração
pública, não se restringindo apenas a ações de resposta durante a ocorrência de
eventos.
As áreas de maior vulnerabilidade próximas ao rio Paranhana traduzem um
processo de segregação residencial. Se novas áreas suscetíveis às inundações forem
ocupadas por uma população com elevada vulnerabilidade, novas situações de risco
serão (re)produzidas. Assim, é necessário que políticas públicas voltadas à habitação
sejam desenvolvidas, além de que se realize o monitoramento para que esses locais
não recebam novas ocupações.
Na área central de Taquara, observou-se um extenso processo de ocupação e
intervenção a um curso d’água sem o planejamento adequado. Diversas medidas
estruturais foram realizadas, mas as inundações ainda são recorrentes. Neste sentido,
sugere-se a revitalização de segmentos do curso d’água, onde não existem
intervenções estruturais, monitoramento e manutenção das áreas que estão
assoreadas, para que a vazão não seja prejudicada. Essas sugestões também podem
se estender aos demais afluentes do rio Paranhana.
Neste sentido, podem ser realizados estudos que avaliem o emprego de
medidas estruturais e seus efeitos sobre a dinâmica dos processos de inundação.
Ademais, a reavaliação e adequação dos planos diretores para o planejamento do
espaço urbano e não se (re)produzam novas áreas de risco de inundação.
Integrado a isso, podem ser desenvolvidas medidas não estruturais a partir de
atividades junto à comunidade local sobre as ações de resposta e projetos de
educação ambiental nas unidades escolares localizadas em áreas de risco. Essas
atividades poderão contribuir com a compreensão dos processos que ocasionam
danos e promover redes de colaboração na comunidade.
Por fim, a presente pesquisa contribuiu com uma proposta e aplicação
metodológica para o estudo integrativo do risco de inundação. Assim sendo, com uma
abordagem integrativa e participativa, foi possível identificar as áreas de risco de
inundação, o que poderá ser empregado nas ações de gerenciamento de risco em
Taquara e Parobé e como uma proposta metodológica para estudos em novas áreas.
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