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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS


DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS PÚBLICAS
CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

MARCELO COSTA

DIAGNÓSTICO E MONITORAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


COMO INSTRUMENTOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS PRAIAS
DAS ÉGUAS E DE JACUECANGA, ANGRA DOS REIS – RJ

Angra dos Reis – RJ


2020
MARCELO COSTA

DIAGNÓSTICO E MONITORAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


COMO INSTRUMENTOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS PRAIAS
DAS ÉGUAS E DE JACUECANGA, ANGRA DOS REIS – RJ

Monografia apresentada para obtenção do


título de graduado em Geografia
(Licenciatura), pelo Instituto de Educação de
Angra dos Reis / Universidade Federal
Fluminense.

Orientado por: Prof. Dr. Carlos Marclei


Arruda Rangel

Angra dos Reis – RJ


2020
C837d Costa, Marcelo
DIAGNÓSTICO E MONITORAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS COMO
INSTRUMENTOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS PRAIAS DAS ÉGUAS E DE
JACUECANGA, ANGRA DOS REIS, RJ / Marcelo Costa ; Carlos
Marclei de Arruda Rangel, orientador. Angra dos Reis, 2020.
63 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Geografia)-


Universidade Federal Fluminense, Instituto de Educação de
Angra dos Reis, Angra dos Reis, 2020.

1. Resíduos sólidos. 2. Poluição. 3. Praias. 4. Angra


dos reis. 5. Produção intelectual. I. Rangel, Carlos Marclei
de Arruda, orientador. II. Universidade Federal Fluminense.
Instituto de Educação de Angra dos Reis. III. Título.

CDD -
MARCELO COSTA

DIAGNÓSTICO E MONITORAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS


COMO INSTRUMENTOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS PRAIAS
DAS ÉGUAS E DE JACUECANGA, ANGRA DOS REIS – RJ

Monografia apresentada para obtenção do


título de graduado em Geografia
(Licenciatura), pelo Instituto de Educação de
Angra dos Reis / Universidade Federal
Fluminense.

Aprovado em Agosto de 2020.

BANCA EXAMINADORA

Angra dos Reis – RJ


2020
AGRADECIMENTOS

Agradeço a deus e ao Universo por ter me possibilitado estudar em um curso no


ensino superior público e por ter força para enfrentar cada desafio ao longo desta jornada, que
foi extremamente enriquecedora e libertadora.
Agradeço aos meus pais, Sirlene e Lucino, e minha irmã, Amanda, por todo apoio,
ajuda e estímulo. Sem vocês eu não teria conseguido concluir esta etapa da minha vida com
tantas conquistas. O meu sucesso é de vocês!
Agradeço ao meu orientador, Carlos Marclei Arruda Rangel, que esteve do meu lado
desde os projetos de pesquisas, sempre me auxiliando da melhor forma possível. Obrigado
por toda paciência e empenho para os desenvolvimentos dos nossos trabalhos, por todas as
horas de diálogos e por ajudar no meu direcionamento acadêmico. Além de meu orientador,
sou grato por ser amigo!
Agradeço também, a todo corpo docente e administrativo do Instituto de Educação de
Angra dos reis - UFF, que tornaram possível o desenvolvimento do curso.
Agradeço os meus companheiros de sala e de curso, por toda troca de experiência que
foi de extrema importância para minha formação.
Agradeço a Universidade Federal Fluminense e a Universidade de Évora (Portugal)
pela parceria, que possibilitou experiências muito enriquecedoras com a realização do meu
intercâmbio.
Agradeço por fim, a todos que estiveram presentes de alguma forma e que não foram
citados, mas que tiveram grande importância na minha formação como profissional e como
indivíduo.
RESUMO

Os resíduos sólidos se caracterizam por serem materiais resultantes de atividades


diárias do ser humano em sociedade, como atividades industriais, agrícolas, domésticas, de
varrição e outras possíveis. Estes são reconhecidos como uma das mais importantes formas de
poluição marinha, trazendo a esta pesquisa uma grande importância ambiental. Este trabalho
tem como objetivo analisar e monitorar os resíduos sólidos na praia das Éguas e de
Jacuecanga, compreendendo a variação sazonal, composicional, distribuição e as possíveis
fontes destes resíduos. Para atingir os resultados esperados, a metodologia deste trabalho
consistiu na realização de trabalhos de campo em cada estação do ano e aplicação de
questionários acerca sobre as particularidades da percepção dos usuários em relação aos
processos de poluição nesta área de estudo. Nos trabalhos de campo, em cada um dos 3 locais
de monitoramento ao longo das praias foram selecionadas áreas sobre o pós-praia onde foram
traçados os transectos de 10m x 5m nas duas extremidades do arco praial e um na parte
central, realizando-se a quantificação dos resíduos sólidos nessa área. A partir daí, foi
possível observar que ambas as praias apresentam índices de poluição com padrão diferente
de distribuição dos resíduos ao longo do ano, que se justifica pelos diferentes usos que há em
cada uma das praias analisados em campo e através dos questionários. Além de ter sido
observado influência da pluviosidade no verão, causando elevação nos números de matéria
orgânica principalmente. Os resíduos encontrados em maiores proporções, considerando as
duas praias, foram: matéria orgânica, isopor, plástico e madeira, apresentando, portanto,
influência da sazonalidade nos dados, já que nas estações mais quentes (primavera/verão), há
um aumento no número dos resíduos em relação às outras estações (outono/ inverno).

Palavras – chave: Resíduos sólidos, poluição, praias, Angra dos Reis


ABSTRACT

Solid waste is characterized by being material resulting from daily activities of human
beings in society, such as industrial, agricultural, domestic, sweeping and other possible
activities. These are recognized as one of the most important forms of marine pollution,
bringing great environmental importance to this research. This work aims to analyze and
monitor solid waste at the beach of Éguas and Jacuecanga, understanding the seasonal,
compositional, distribution and possible sources of this waste. To achieve the expected
results, the methodology of this work consisted of carrying out field work in each season of
the year and applying questionnaires about the particularities of the users' perception in
relation to the pollution processes in this study area. In the field work, in each of the 3
monitoring sites along the beaches, areas on the post-beach were selected where the 10m x
5m transects were drawn at both ends of the beach arch and one in the central part, taking
place at quantification of solid waste in this area. From then on, it was possible to observe that
both beaches present pollution indexes with a different pattern of waste distribution
throughout the year, which is justified by the different uses that exist in each of the beaches
analyzed in the field and through the questionnaires. In addition to the influence of rainfall in
the summer, it caused an increase in the numbers of organic matter mainly. The residues
found in greater proportions, considering the two beaches, were: organic matter, styrofoam,
plastic and wood, therefore showing the influence of seasonality in the data, since in the
warmer seasons (spring / summer), there is an increase in the number waste compared to other
seasons (autumn / winter).

Keywords: Solid waste, pollution, beaches, Angra dos Reis


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12

2. EMBASAMENTO TEÓRICO ....................................................................................... 15

2.1 Praia: Dinâmicas e processos .................................................................................. 15

2.1.1 Zona costeira....................................................................................................... 15

2.1.2 Ambiente de praia............................................................................................... 17

2.2 Poluição por lixo....................................................................................................... 20

2.3 Poluição por lixo nos ambientes de praia .............................................................. 22

2.4 Conscientização como ferramenta para a Educação Ambiental ......................... 25

3. ÁREA DE ESTUDO ....................................................................................................... 28

3.1 Geologia e geomorfologia ........................................................................................ 30

3.2 Climatologia ............................................................................................................. 32

3.3 Características geral das praias.............................................................................. 33

4. OBJETIVOS .................................................................................................................... 35

4.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 35

4.2 Objetivos Específicos ............................................................................................... 35

5. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 36

5.1 Definição dos pontos de monitoramento ................................................................... 36

5.2 Realização dos trabalhos de campo ........................................................................... 38

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 40

6.1 Monitoramento por estação .................................................................................... 40

6.1.1 Monitoramento Inverno 2018 .......................................................................... 40

6.1.2 Monitoramento Primavera 2018 ..................................................................... 41

6.1.3 Monitoramento Verão 2018/2019 .................................................................... 42

6.1.4 Monitoramento Outono 2019 .......................................................................... 43

6.2 Percepção humana acerca da poluição nas praias ................................................ 47


6.3 Discussão ................................................................................................................... 49

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 56

ANEXO I .................................................................................................................................. 63
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema de célula de circulação costeira ................................................................. 16


Figura 2: Classificação geomorfológica da praia ..................................................................... 18
Figura 3: Tempo de decomposição de alguns resíduos sólidos ................................................ 24
Figura 4: Impactos causados pelos resíduos sólidos em ambiente de praia e no mar .............. 24
Figura 5: Localização da área de estudo ................................................................................... 28
Figura 6: Mapa dos domínios geomorfológicos de Angra dos reis .......................................... 31
Figura 7: Mapa de precipitação média anual ............................................................................ 32
Figura 8: Mapa de temperatura média anual ............................................................................ 33
Figura 9: Arco praial da Praia das Éguas ................................................................................. 34
Figura 10: Arco praial da Praia de Jacuecanga......................................................................... 34
Figura 11: Aplicação de questionário na Praia das Éguas ........................................................ 36
Figura 12: Distribuição dos pontos de coleta no arco praial da praia das Éguas ..................... 37
Figura 13: Distribuição dos pontos de coleta no arco praial da Praia de Jacuecanga .............. 37
Figura 14: Monitoramento Inverno 2018 (%) .......................................................................... 40
Figura 15: Monitoramento Inverno 2018 ................................................................................. 41
Figura 16: Monitoramento Primavera 2018 (%) ...................................................................... 41
Figura 17: Monitoramento Primavera 2018 ............................................................................. 42
Figura 18: Monitoramento Verão 2018/2019 (%) .................................................................... 43
Figura 19: Monitoramento Verão 2018/2019 ........................................................................... 43
Figura 20: Monitoramento Outono 2019 (%) ........................................................................... 44
Figura 21: Monitoramento Outono 2019 .................................................................................. 44
Figura 22: Somatório de todas as estações por praia (%) ......................................................... 45
Figura 23: Somatório de todas as estações e praias (%) ........................................................... 45
Figura 24: Percepção dos frequentadores das praias sobre importância ambiental (A) e
poluição (B) .............................................................................................................................. 47
Figura 25: Percepção dos frequentadores das praias sobre presença de resíduos (A) e sua
composição (B) ......................................................................................................................... 48
Figura 26: Percepção dos frequentadores das praias sobre ações para redução do problema. . 48
Figura 27: Percepção dos frequentadores das praias sobre eficácia de um projeto de
reciclagem ................................................................................................................................. 49
Figura 28: Caracterização dos resíduos da Praia das Éguas ..................................................... 51
Figura 29: Caracterização dos resíduos da Praia de Jacuecanga .............................................. 51
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Estados morfodinâmicos das praias .......................................................................... 19


Tabela 2: Perguntas realizadas no questionário ........................................................................ 39
Tabela 3: Resíduos por tipo, perfil, praia, estação e total ......................................................... 46
12

1. INTRODUÇÃO

A produção de resíduos sólidos sempre ocorreu ao longo do desenvolvimento da


sociedade, porém houve aumento dos tipos de materiais utilizados, tornando-os cada vez mais
complexos de serem decompostos pela natureza (ARAÚJO; COSTA, 2003). Estando presente
na nossa sociedade anteriormente à revolução industrial, a variedade destes resíduos e seu
amplo comércio, despertou grandes preocupações na comunidade internacional devido seu
descarte incorreto (CALDAS, 2007). O acúmulo destes resíduos geram impactos sociais e
ambientais, principalmente em regiões que dependem de atividades relacionadas ao turismo,
como as praias. (MACEDO et al.; 2017).
Atualmente acaba se tornando algo banal irmos à praia e encontrarmos diversos tipos
de resíduos sólidos, seja uma sacola plástica, um pacote de biscoito ou uma garrafa de vidro.
Esses materiais têm origens variadas, decorrentes dos diversos usos que essas praias podem
ter, ou ser resultante de fluxos oceânicos e fluviais que carreiam esses materiais (COE;
ROGERS, 1997).
De acordo com a NBR 10.004, os resíduos sólidos materiais resultantes das atividades
diárias do ser humano em sociedade, sejam atividades industriais, domésticas, hospitalares,
comerciais, agrícolas, de varrição e outras possíveis (ABNT, 2004). Os resíduos são
reconhecidos como uma das mais importantes formas de poluição marinha, que geram
diversas ameaças para populações de aves, tartarugas e mamíferos marinhos, podendo sofrer
com enredamento e ingestão desses materiais (LAIST, 1997), além de também causarem
impacto nas atividades pesqueiras (NASH, 1992), degradação do ambiente praial (ARAÚJO;
COSTA, 2006) e atividades turísticas (NOLKAEMPER, 1994)
Estes resíduos encontrados na região costeira podem ser classificados conforme sua
origem: marinha ou terrestre. Origem marinha se refere aos resíduos que foram despejados no
mar, como por exemplo, atividades pesqueiras ou resíduos domésticos (COE; ROGERS,
1997). Os resíduos terrestres são provenientes de atividades turísticas, esgoto doméstico e
industrial, canais de drenagem e escoamento superficial (NOLKAEMPER, 1997).
Devido seu baixo custo e densidade, grande durabilidade e maleabilidade, o plástico
está entre os resíduos mais encontrados nos ambientes costeiros e marinhos (COE; ROGERS,
1997; BAPTISTA NETO; FONSECA, 2011; SANTANA NETO et al., 2016; CORRÊA; et
al., 2019), Tornando assim, uma problemática ambiental internacional, por apresentarem sério
13

risco a saúde (LAIST, 1997; PRUTER, 1987) e serem transportados facilmente por correntes
oceânicas, atingindo até mesmo os locais mais isolados (RÍOS et al., 2018)
Este trabalho objetiva compreender a origem, a distribuição e composição dos resíduos
sólidos a partir das atividades antrópicas e a influência da sazonalidade no processo de
poluição por estes resíduos, realizando observações para se compreender os efeitos da
hidrodinâmica nas praias monitoradas e suas contribuições na degradação destes ambientes
por estes poluentes, assim como identificar quais são as origens destes resíduos sólidos
encontrados no arco praial das Éguas e de Jacuecanga em Angra dos Reis – RJ.
Através destas análises, será possível pensar em formas de mitigação e
conscientização de acordo com a origem dos resíduos sólidos encontrados. Será possível
também, considerar a variabilidade sazonal que ocorre nos arcos praiais e que se torna uma
importante ferramenta no monitoramento deste tipo de poluição, tanto pelo maior ou menor
fluxo de turistas que de acordo com alguns estudos se mostram bem influentes e pelos efeitos
da sazonalidade que também influenciam na hidrodinâmica dos ambientes de praias (COE;
ROGERS, 1997).
Outro objetivo do trabalho é abordar quais são os impactos socioambientais causados
por estes resíduos. A resolução CONAMA nº 001 (BRASIL, 1986), considera em seu art.1º,
impacto ambiental como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que direta ou indiretamente, afetam:
- A saúde, a segurança e o bem estar da população;
- As atividades econômicas;
- A biota;
- As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e
- A qualidade dos recursos ambientais.
Assim, além de compreender a distribuição e composição dos resíduos sólidos e a
influência da sazonalidade e da hidrodinâmica, esta pesquisa tem como finalidade relacionar
os dados de monitoramento com os diversos usos das praias e os impactos sociais e
ambientais sofridos por elas.
Desta forma, torna-se perceptível que os resíduos sólidos interferem em toda uma
dinâmica ali existente, prejudicando desde a alimentação dos animais até a qualidade da água
e da areia. Porém não apenas na questão ambiental, mas na social também. Basta analisarmos
como a impacto negativo no ambiente pode alterar hábitos de âmbito social como a pesca, que
é fonte de renda para muitas famílias, assim como o uso da praia para lazer e recreação, que
14

reduz devido a condições impróprias para o uso, que é representado pelo índice de
balneabilidade, que avalia a qualidade dos corpos d’água e, é estabelecido pela Resolução
CONAMA nº 274 (BRASIL, 2001).
Além dos impactos discutidos, o afastamento do turismo também pode ocorrer devido
a poluição visual causado pelos resíduos, ou seja, por não aparentar ser um ambiente limpo
(ARAÚJO; COSTA, 2004 e 2007). Interferindo não apenas na redução da utilização de
pousadas e hotéis, mas também nos passeios de embarcações, estabelecimentos alimentícios,
e outros.
Assim, este trabalho se mostra de grande importância para contribuir com a
manutenção do meio ambiente, promovendo a redução dos impactos ambientais, sociais e
econômicos causados pelos resíduos sólidos. Além de promover a conscientização dos
frequentadores das praias a partir do diálogo e aplicação de questionários.
15

2. EMBASAMENTO TEÓRICO

Para realizar este estudo sobre resíduos sólidos em ambiente de praia, é de grande
importância compreender os processos e dinâmicas que atuam sobre essas áreas e interferem
de forma significativa na distribuição dos resíduos. Assim como, compreender também a
problemática dos resíduos sólidos a nível nacional e internacional dentro e fora da praia.

2.1 Praia: Dinâmicas e processos

2.1.1 Zona costeira

Todo o relevo presente no planeta Terra é resultado de ações de forças externas e


internas. Onde as forças internas ocasionam movimento das placas tectônicas, gerando
cadeias de montanhas e outras formas, que são modeladas por processos externos como
intemperismo e erosão, que só é possível devido a relação entre o relevo e os fluídos da
atmosfera e hidrosfera, aliados à ação radiação solar e da gravidade. (SILVA et al., 2004)
Devido sua localização entre mar e continente, a região costeira é atingida por
diversos processos continentais e marinhos, se caracterizando por ser um ambiente muito
instável. Não só atualmente, mas no decorrer de toda sua formação, fatores geológicos
continentais e marinhos controlam o desenvolvimento dessas áreas, como: oscilação do nível
do mar, e intemperismo e erosão - associado ás ondas, marés, correntes, rios, ventos e gelo.
(SILVA et al., 2004)
Considerando uma curta escala de tempo, os principais fenômenos responsáveis na
alteração das características das zonas costeiras são: ondas, correntes e marés, não deixando
de lado a influência dos rios e ventos e, considerando uma longa escala de tempo, as
oscilações do nível do mar. (CRISTOFOLETTI, 1980; DAVIS, 1985; BIRD, 2008)
De acordo com Silva et al. (2004), as ondas se formam pelo contato do vento com a
superfície do mar, formando ondas capilares, que são fundamentais na redistribuições de
sedimentos no litoral. Ou seja, essas ondas atuam no processo de destacamento de sedimentos
da parte emersa e na deposição na parte submersa ou vice e versa. Ainda de acordo com o
mesmo autor e considerando também, Suguio (2003), após a formação das ondas pela ação
dos ventos, as mesmas seguem sua trajetória e se modificam quando em contato com o fundo
marinho, alterando sua velocidade, altura e comprimento.
16

Sobretudo, é importante a discussão da variação sazonal da atuação das ondas: no


verão, há formações de ondas de baixo energia que resulta em perfil de praia mais longo e; no
inverno, há formações de ondas de alto energia, resultando em perfil de praia bem mais
estreito (MIOT, 2004; OLIVEIRA, 2004; DAVIS; FITZGERALD, 2004; BIRD, 2008;
NEMES; MARONE, 2013).
Formadas pelos movimentos das ondas, as correntes marítimas, assim como o
fenômeno anterior, têm grande capacidade de interferir na dinâmica das praias e de
transportar sedimentos (SILVA, 2006). Segundo Tessler e Mahiques (2000), além da sua
capacidade de transportar sedimentos, as correntes marítimas também são responsáveis pela
manutenção do equilíbrio e estabilidade dos arcos praiais.
De acordo com Komar (1998), as correntes marítimas formadas por ondas podem ser
subdividas em correntes de deriva litorânea e correntes de retorno (Figura 1). A primeira se
refere às correntes que se forma quando se aproximam da costa obliquamente, se deslocando
paralelamente ao longo da costa; já a segunda, são as correntes que se deslocam
perpendicularmente ao longo da costa (SILVA et al., 1999).

Figura 1: Esquema de célula de circulação costeira

Fonte: NEMES, 2006.

Assim como as ondas, a maré tem um papel muito importante no transporte e


deposição de sedimentos (MIRANDA, 2017). Segundo Rosseti (2008), as marés são
17

movimentos periódicos do nível da água do mar com grandes variações: desde diversos
metros de diferença à alterações pouco observadas. Essas periódicas movimentações ocorrem
em função da atração gravitacional entre a Terra, Lua e o Sol. Assim, a subida do nível do
mar ocorre em locais que estão alinhados com a lua (MIRANDA, 2017).
Considerando a classificação de Silva et al. (2004), os ambientes costeiros podem se
subdividir em: micromarés, quando a amplitude é inferior a 2 metros; mesomarés, com
amplitude entre 2 e 4 metros; e macromarés, com amplitude superior a 4 metros.

2.1.2 Ambiente de praia

Inseridos no contexto de instabilidade geomorfológica da região costeira, descrito


anteriormente, se encontra os arcos praiais, que sofrem em longos e curtos períodos de tempo
e espaço, influências diretas dos fatores apresentados, variando de acordo com a característica
de cada praia, como sua localização, posicionamento, extensão e condições meteorológicas.
Assim, as mudanças volumétricas (erosão e deposição dos sedimentos):

“[...] podem ocorrer em várias escalas de tempo, sendo válidos para


períodos longos (décadas), intermediários (sazonais), onde a costa avança e
se retrai, e para curtos períodos (diários ou semanais), onde a flutuação da
energia das ondas incidentes é igual ou excedem as flutuações sazonais”
(RAMOS, 2017, p.5)

As praias, de acordo com Oliveira (2009), são ambientes formados por sedimentos não
consolidados e são encontrados em todas as regiões costeiras do mundo, no qual a zona de
material não consolidado da praia se inicia na área de maré baixa e se estende até onde ocorre
a mudança de material em direção ao continente. Segundo Friedman e Sanders (1978, Apud
SILVA, 2006), o ambiente de praia também se caracteriza pelo acúmulo de material não
consolidado ao longo da região costeira, mas que está sujeito às ações das ondas.

De acordo com Muehe (2004), além dos sedimentos arenosos, as praias também
podem ser formadas por seixos e sedimentos lamosos, que acabam por influenciar no
gradiente da praia de acordo com o sedimento majoritário, sendo maior nas praias de seixos e
menor nas praias com sedimentos mais finos.
Em relação a caracterização da subdivisão do ambiente de praia (Figura 2), diversas
são as discussões sobre a temática. Sendo utilizado neste trabalho a subdivisão baseada em
Silva et al. (1999), que é discutida nas pesquisas de Barreto (2014) e Rosa (2014):
18

 Pós-praia (backshore): localizado na parte mais emersa e seca da praia, ou seja, na


sua retaguarda, geralmente composta por dunas frontais, falésias e vegetação. Não havendo
influência contínua das ondas e marés, exceto em momentos de tempestade, quando o fluxo
de água alcança toda a faixa de areia, ou além dela (overwash).
 Frente de praia (foreshore): representa a parte da praia onde há atuação direta das
ondas e marés diariamente. Nesta área ocorre intenso trabalhamento e retrabalhamento dos
sedimentos devido à elevada hidrodinâmica nessa. Da mesma forma, que a declividade da
praia irá variar de acordo com a energia das ondas: quanto maior a energia, maior a
declividade e mais grosso os sedimentos; quanto menor a energia, menor a declividade e mais
fino os sedimentos.
 Face de praia (beachface): Esta é a área do perfil da praia que sempre está submersa,
se caracterizando pela zona de surf e arrebentação. Aqui, os sedimento são constantemente
transportados e depositados devido a atuação das ondas e marés em diversas direções da praia,
variando de acordo com os direcionamentos das correntes. Também sendo comum nestas
áreas, a presença de barras e canais.

Figura 2: Classificação geomorfológica da praia

Fonte: SILVA et al. (2009; Apud. ROSA, 2014)

Se tratando da classificação geomorfológica da praia, é importante discutir sobre a


morfodinâmica das mesmas, que segundo Komar (1998), os tipos de sedimentos de uma praia
e os processos físicos acarretados, condicionam às suas características. O estado
morfodinâmico tem como objetivo caracterizar as formas deposicionais existentes e suas
relações com processos hidrodinâmicos. (SHORT, 1999; SASAKI, 1980; WRIGHT; SHORT,
1984; MASSELINK; SHORT, 1993).
19

Diversos modelos são desenvolvidos, sendo geralmente mais utilizado o modelo


americano ou australiano. O modelo a ser apresentado é o americano de Sasaki (1980), por
apresentar relação de dados sobre ondas, correntes, morfologia e transporte de sedimentos,
auxiliando na análise das praias deste estudo, já que ainda não existem pesquisas similares nas
praias das Éguas e de Jacuecanga, que resulta em um baixo número de dados sobre estas
áreas.
De acordo com a classificação de Sasaki (1980), existem 3 estados morfodinâmicos:
dissipativo, que refere às praias com baixo gradiente e elevado estoque de areia;
intermediário, que se refere às praias com médio gradiente; e refletivo, que se refere às praias
com elevados gradientes e berma elevada. Toda relação desenvolvida com os determinados
parâmetros, poder ser analisado na tabela a seguir:

Tabela 1: Estados morfodinâmicos das praias

PARÂMETROS DISSIPATIVO INTERMEDIÁRIO REFLEXIVO


Ondas
Tipo de Quebra Deslizante Deslizante/mergulhante Mergulhante/frontal
Número de Quebras >3 1-3 1
Refletividade Baixa - Alta
Nível Relativo de Energia Alto Médio Baixo
Ângulo de Incidência Normal à costa Médio (0-10º) Oblíquo (10º-45º)

Correntes
Horizontais Grandes giros Pequenos giros Unidirecional
Costa afora Correntes de retorno Correntes de retorno Fluxo rumo sotamar
intensas médias
Morfologia
Barras Múltiplas e paralelas Em crescente Sem barras
Declividade média < 2º 2-4º >4º
Cúspides e
irregularidades da linha Embaíamentos rítmicos/ Cúspides de surfe Cúspides de
de costa aperiódicos espraiamento
Perfil Praial Plano Transicional (berma) Em degraus (berma)

Transporte de
sedimentos
Longitudinal Baixo Médio Alto

Costa-adentro/Costa- Alto Médio Baixo


afora
Modo dominante Suspensão Misto Carga de fundo
Granulometria Fina Média Grossa
Atividade eólica Alta Média Baixa

Fonte: SASAKI (1980); SOUZA (1997)

Na tabela apresentada, além das contribuições de Sasaki (1980), também há as de


Souza (1997), que aplicou esta metodologia nas praias de São Paulo e agregou à mesma o
20

conceito de alta e baixa energia. No qual a primeira se refere as costas abertas e a segunda se
refere as costas abrigadas. Tornando-se muito importante para a área de estudo desta pesquisa,
já que com uma área costeira tão acidentada, as características das praias são muito variáveis.

2.2 Poluição por lixo

A sociedade moderna enfrenta grandes desafios que se relacionam à excessiva geração


e a disposição final ambientalmente segura dos resíduos sólidos, assim como seu
gerenciamento inadequado, que gera a poluição. Desde a conferência Rio 92, a problemática
da poluição por resíduos sólidos tem se mostrado presente nas preocupações governamentais,
tanto de países pobres, como em países ricos, por influenciar direta ou indiretamente no
aquecimento global e mudanças climáticas. (JACOBI; BESEN, 2011)
Os resíduos sólidos (ou lixo) responsáveis pela poluição discutida neste trabalho,
apresentam diversas definições conceituais. De acordo com Oliveira (1983, p.49), “o lixo
urbano é um conceito genérico, um termo abrangente e são vários os vocábulos usados para
designá-lo”. Assim, há variações em relação ao uso do termo resíduo e lixo, assim como a sua
definição. Isso ocorre pelo fato dos conceitos e discussões surgirem em diferentes contextos
históricos e locais (CALDERONI, 2003).
Considerando a discussão internacional, no documento Agenda 21 (SÃO PAULO,
2003, p.1), a Organização das Nações Unidas define os resíduos sólidos como:

“[...] todos os restos domésticos e resíduos não perigosos, tais como


os resíduos comerciais e institucionais, o lixo da rua e os entulhos de
construção. Em alguns países, o sistema de gestão dos resíduos sólidos
também se ocupa dos resíduos humanos, tais como excrementos, cinzas de
incineradores, sedimentos de fossas sépticas e de instalações de tratamento
de esgoto. Se manifestarem características perigosas, esses resíduos devem
ser tratados como resíduos perigosos.”

Não distante da conceituação apresentada pela ONU, outras também foram muito
discutidas em trabalhos desta temática. Como a de Coe e Rogers (1997), que define os
resíduos sólidos como qualquer material de origem humana, podendo ser classificado em
diversas categorias em relação a composição dos seus materiais (Vidro, plástico, metal,
isopor, borracha, tecido e madeira modificada pelo ser humano).
21

Neste trabalho, foi considerado o conceito discutido por Coe e Rogers (1997),
associado a definição da NBR 10.004, que define resíduos sólidos como:

“Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de


atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola,
de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível” (ABNT,
2004, p.1)

A poluição causada por estes resíduos, do ponto de vista ecológico, se caracteriza


como “qualquer alteração da composição e das características do meio ambiente que cause
perturbações nos ecossistemas, ou ainda, como uma interferência danosa nos processos de
transmissão de energia” (BRILHANTE; CALDAS, 1999, p.20). Mas além de alterar as
características do meio ambiente, a poluição também é capaz de alterar como esses espaços
são percebidos por seus frequentadores (FERNANDES; SANSOLO, 2013). Já que, de acordo
com Tuan (2012), o ser humano é capaz de desenvolver relações de afinidade com o espaço e
seus atributos ambientais. Essas relações de afinidade podem surgir por motivos estéticos,
considerando as belezas naturais, ou tátil, considerando o contato direto com os elementos da
natureza. Assim, para discutir sobre a poluição causada pelos resíduos sólidos descartados de
forma incorreta, é necessário considerar não apenas os impactos ambientais, mas também os
sociais e econômicos, que são influenciados pelo uso da praia que oscila de acordo com a
percepção dos frequentadores em relação à mesma.
O descarte inadequado dos resíduos sólidos também oferece riscos à saúde, como:
exposição humana a substâncias perigosas (WARD; et al., 1996), níveis elevados de
compostos orgânicos e de metais pesados (EL-FADEL; et al., 1997) e até mesmo, níveis
elevados destes compostos na corrente sanguínea (SANTOS FILHO; et al., 2003). Além
disso, o descarte inadequado também contribui para contaminações de substratos por
bactérias, fungos, vírus e parasita, contribuindo para a transmissão de doenças (PINTO;
OLIVEIRA, 2011).
22

2.3 Poluição por lixo nos ambientes de praia

Grande parte da população mundial se encontra localizada nas zonas costeiras


(ARAÚJO; COSTA, 2003). No brasil, esta zona é abrangida por mais de 400 municípios
distribuídos em 17 estados (CALDAS, 2007). Ao longo dos seus 7.408 km de extensão,
metade da população vive a menos de 200km de distância do mar (ARAÚJO; COSTA, 2003),
onde ocorre, consequentemente, um rápido processo de urbanização, industrialização e
desenvolvimento de áreas de recreação e de turismo, causando um grande impacto e
degradação ambiental.
Assim, há um grande usos dos ambientes de praia como espaço de lazer, e isso ocorre
devido as características climáticas da região costeira que propiciam seu uso: sol, vento, mar e
presença de natureza. Mas devido este tipo de uso, aliado à falta de educação e consciência da
população, esses ambientes vem sofrendo um grande processo de degradação ambiental.
(GUIMARÃES; BRITO, 2017).
Além do desenvolvimento urbano e turístico destas zonas, outras atividades são
desenvolvidas devido a sua localização costeira:

“Tal região litorânea, como faixa de contato entre a terra e o mar,


abriga atividades humanas características de sua situação privilegiada: as
práticas de pesca comercial e recreativa, a maricultura, o transporte
marítimo, os esportes aquáticos, o uso dos terminais
portuários, as indústrias de pesca e turismo, entre muitas outras. Por tudo
isso, a zona costeira se caracteriza pela complexidade das atividades que
abriga e pela sensibilidade dos seus ecossistemas.” (CALDAS, 2007, p.17)

Devido as diferentes atividades desenvolvidas nas zonas costeiras, sejam elas


econômicas ou de lazer, realizadas no mar ou em terra, há um grande aumento na produção
dos resíduos sólidos e seu descarte incorreto. Em relação a sua origem, os resíduos podem ser
terrestres ou marinhos. De acordo com Coe e Rogers (1997), os resíduos marinhos são
oriundos de atividades pesqueiras principalmente e de resíduos domésticos, que são lançados
diretamente no mar e são carreados para os arcos praias de acordo com a hidrodinâmica
atuante nas praias, oscilando paralelamente a variação destes processos de forma sazonal. Já
os resíduos com origem terrestre são aqueles que, de acordo com Nolkaemper (1997), são
relacionados a atividades turísticas, como o abandono destes resíduos no arco praial; e ao
23

esgoto doméstico e escoamento superficial, pois através da desembocadura de córregos na


praia ou em sua proximidade, aumenta-se o carreamento de resíduos sólidos, principalmente
se estes canais de drenagem percorrerem centros urbanos.
A origem dos resíduos varia de acordo com a hidrodinâmica das praias, assim como, a
presença de rios ou centros urbanos, atividades turísticas ou petrolíferas, e outras possíveis.
Essa variação pode ser observada quando analisamos alguns estudos realizados. Na pesquisa
de Araújo e Costa (2007), em uma praia isolada no Estado de Pernambuco, a principal origem
dos resíduos sólidos foi de um rio. Enquanto em outro estudo do mesmo autor (ARAÚJO;
COSTA, 2004), mas em regiões diferentes, o mar era a principal fonte dos resíduos.
Para saber a origem dos resíduos, é necessário analisar o estado dos resíduos sólidos
encontrados no arco praial, já que os resíduos com origem terrestre se encontram ainda em
boas condições por não terem sido retrabalhados pelos processos marinhos e por geralmente
serem deixados na praia recentemente, mas há variação de acordo com a frequência de
limpeza de cada praia, se existir. Os resíduos com fonte marinha são mais desgastados pelo
retrabalhamento feito pelas ondas, que ocasiona o impacto destes contra rochas e areia.
Devido sua capacidade de flutuação, principalmente se forem partidos em partículas menores,
estes resíduos são transportados com maior facilidade.
Os resíduos sólidos que são encontrados nos arcos praiais causam um grande impacto
ao meio ambiente. Associado ao seu longo tempo de duração no meio ambiente (Figura 3) e
sua capacidade de flutuação de determinados materiais, estes resíduos acabam por ocasionar
ingestão e aprisionamento por animais que os vem como alimentos (LAIST, 1997), além de
poderem ser capazes de contaminar os substratos a quais entram em contato, conforme
discussão já promovida neste trabalho, através da pesquisa de Pinto e Oliveria (2011). Desta
forma, coloca em risco a saúde e a vida dos animais e dos seres humanos que entram em
contato com os resíduos ou com o meio ambiente contaminado (Figura 4).
24

Figura 3: Tempo de decomposição de alguns resíduos sólidos

Fonte: MATEUS et al., 2019.

Figura 4: Impactos causados pelos resíduos sólidos em ambiente de praia e no mar

Fonte: 1- ANDA, 2019; 2 e 3- COPADESC, 2018.

De acordo com Abrelpe (2009), o Brasil gerou mais de 57 milhões de toneladas de


resíduos sólidos no ano de 2009, com uma produção 7,7% superior em relação ao ano anterior
(2008). Além disso, o mesmo autor ainda apresenta dados de um crescimento populacional no
Brasil de 1% entre 2008 e 2009, enquanto a produção per capita de resíduos sólidos em todo o
país teve um aumento de 6,6%, com produção média de 1,5kg/hab.
25

Assim, os resíduos com origem humana estão presentes em todas as praias estudadas
citadas anteriormente e, seu transporte e deposição estão sujeitos aos possíveis processos
influenciadores, como: uso da praia, urbanização, presença de rios, correntes marítimas e
outros. Por esse motivo, a discussão sobre resíduos sólidos se tornou tão importante nos
últimos anos. Mas além de pensar sobre a composição e distribuição destes resíduos, também
é de extrema necessidade discutir sobre a importância da conscientização como forma de
redução do processo de degradação, já que os resíduos acabam por se depositar nos ambientes
de praia devido seu descarte incorreto.

2.4 Conscientização como ferramenta para a Educação Ambiental

A educação ambiental pode ser compreendida de diversas formas por fazer parte de
um campo muito amplo de discussão, adentrando diversas áreas de conhecimento científico.
De acordo com Teixeira (2007, p.25), a educação ambiental se caracteriza pelo “conjunto de
ensinamentos teóricos e práticos com o objetivo de levar à compreensão e de despertar a
percepção do indivíduo sobre a importância de ações e atitudes para a conservação e a
preservação do meio ambiente, em benefício da saúde e do bem-estar de todos.”
O mesmo autor ainda cita outras definições, como a dos professores Ailindo Philippi
Junior e Maria Cecília Focesi Peliconi, do Departamento de Prática em Saúde Pública da
Faculdade de Saúde Pública da USP, que consideram educação ambiental como um mediador
capaz de transformar um instrumento de gestão em filosofia de vida e, que tem a capacidade
de gerar melhorias na qualidade de vida e equilíbrio do ecossistema.
Outra definição também citada por Teixeira (2007), é a compreensão do físico e
escritor Fritjof Capra, que entende a educação ambiental como um conhecimento complexo
chamado alfabetização ecológica. Este conceito nos remete a pensar a educação ambiental ao
longo de toda alfabetização do indivíduo.
Mas como afirma Navarro (2014), em meio a diferentes linhas de estudo na proposta
de educação ambiental, como a ecopedagogia, educação ambiental crítica ou transformadora,
alfabetização ambiental e diversas outras vertentes, não há como indicar qual é correta ou não,
mas que são abordagens diferentes com objetivos diferentes.
No Brasil, a educação ambiental é sustentada pela Lei nº 9.795 da Política Nacional de
Educação Ambiental (BRASIL, 1999), definindo educação ambiental como:
26

“[...] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade


constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso
comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.”
(BRASIL, 1999, art. 1°).

Segundo análise de Navarro (2014) sobre esta lei, a mesma obriga a educação
ambiental em todos os níveis de ensino formal e não formal, além de responsabilizar não
apenas o Estado, mas também as empresas, a sociedade e o terceiro setor. A intenção da lei é
modificar valores, o respeito a diversidade e vincular-se a práticas sociais.

“Com base em tais princípios, é possível afirmar que a educação, e


em especial a educação ambiental, não pode mais ser vista como a
transmissão de conhecimentos, mas sim como um processo criativo de
formação de valores e promoção de mudanças de paradigmas, formando
seres humanos conscientes de sua posição no mundo.” (NAVARRO, 2014,
p.85)

O processo de aprendizagem, no caso a conscientização, precisa ser desenvolvido com


alguma prática para que o indivíduo se mobilize com tal exercício e interiorize os valores e
objetivos propostos a partir das experimentações. De acordo com Teixeira (2007, p.30), as
“ações práticas e teóricas de educação ambiental devem estar no nosso dia-dia em casa, no
trabalho, nas ruas da cidade e na escola.”
Ou seja, além de promover a mudança de valores por meio de conscientização, a
educação ambiental deve promover o desenvolvimento de práticas pensando em ações
necessárias, como: além de discutir a importância da coleta seletiva, promover esta atividade
na vida real com esses indivíduos, afim de gerar mudanças efetivas no seu comportamento
(NAVARRO, 2014).
Mas além de promover a discussão sobre o descarte correto dos resíduos sólidos, a
educação ambiental também é de extrema importância para promover a conscientização sobre
como está a relação entre o ser humano e a natureza e como deveria ser. Discutindo sobre a
necessidade de “romper a centralização da ideia mecanicista, onde a natureza se faz inserida,
porém, perde-se em qualidade, num mundo globalizado que parece ser apenas quantitativo”
(SEIBERT, 2014, p.27).
27

Nossa relação com a natureza está cada vez mais agressiva devido as características da
nossa sociedade, que a cada dia que passa é mais consumista e estimulada a isso, da mesma
forma que também somos individualistas e agregamos muito valor a bens materiais. Estes
valores negativos apenas são modificados a partir do processo de conscientização, capaz de
transformar cidadãos para que se preocupem com a relação do ser humano com a natureza
(NAVARRO, 2014).
28

3. ÁREA DE ESTUDO

As praias das Éguas e de Jacuecanga estão localizadas na região da Costa Verde e


estão inseridas em uma região muito rica em fauna e flora na Baía da Ilha Grande (BIG), com
abundâncias de praias e ilhas, o que as torna um ponto de atração para o turismo,
principalmente se considerarmos sua beleza paisagística. Segundo Botelho (2001), foi a partir
do final da década de 70, com a chegada da Rio-Santos (BR-101) e grandes
empreendimentos, que o município de Angra dos Reis teve desenvolvimento considerável do
setor turístico. Desta forma, possui atualmente uma grande participação neste setor na
economia. (LOPES JUNIOR; RANGEL, 2017).
O município de Angra dos Reis se caracteriza por estar localizado no litoral sul do
Estado do Rio de Janeiro, seus 819 km2 apresentam limites de fronteiras com: Mangaratiba, a
leste; Rio Claro, a nordeste; Paraty, a oeste; Bananal-SP, ao norte e; Oceano atlântico, ao sul.
Sua localização é um fator importante para o seu desenvolvimento, seja por estar localizado
entre as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo, ou por estar inserido entre o
oceano e a Serra do Mar, que influenciam sua rica diversidade ecológica.

Figura 5: Localização da área de estudo

Fonte: Produzido pelo próprio autor


29

As praias de Jacuecanga e das Éguas (Figura 5) estão localizadas na Baía da Ilha


Grande (BIG), uma área que permeia os municípios de Paraty, Angra dos reis e o distrito de
conceição de Jacareí. De acordo com Belo et al. (2002), a BIG está localizada entre os
meridianos 44ºW e 44º40’ W e entre as latitudes 23ºS e 23º40’ S. O mesmo autor ainda
afirma que a BIG, juntamente com a Baía de Sepetiba, compõem um ambiente estuarino.
Além disso,

“Está inserida numa área relativamente bem preservada e é


considerada uma região importante onde ocorrem remanescentes da floresta
atlântica insular. Possui uma significativa diversidade de ecossistemas
marinhos, sendo em grande parte rodeada por costões rochosos, ilhas, praias
arenosas e manguezais, características marcantes da costa verde do sudeste
Brasileiro, onde a Serra do Mar intercepta o litoral em diversos pontos”
(BELO et al., 2002, p.6)

Conforme o autor citado e Ministério do meio Ambiente (2004), a parte costeira da


BIG é permeada pela Serra do Mar, estando assim, fazendo parte das escarpas e reversos da
Serra. Apresentando um relevo bastante acidentado, podendo variar de ondulado, montanhoso
a escarpado. Belo et al. (2002) confirma essa característica quando diz em seu trabalho que na
região da baía a geomorfologia é muito heterogênea, que consequentemente influencia nos
processos relacionados aos sedimentos. Por esses motivos, as partes planas se caracterizam
por não serem de longas extensões. Da mesma forma que as praias e os cordões arenosos se
caracterizam pela escassez de sedimentos (JUNG – MENDAÇOLLI E BERNACCI, 2001).
Essa região se caracteriza por fazer parte de um dos reservatórios de biodiversidade de
suma importância para o planeta. Devido suas características naturais e culturais, a Ilha
grande, localizada na Baía da Ilha Grande, no ano de 2019 foi premiada pelo Comitê do
Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e cultura
inscrito na categoria sítio misto, cultural e natural (ANGRA DOS REIS, 2019). Sendo
importante ressaltar que, mesmo sendo considerado as boas relações entre o ser humano e a
natureza para poder ser premiado, não significa que não tenha problemas oriundos da relação
entre ser humano e natureza nesta e em outras regiões dentro da BIG. Mas o prêmio contribui
para uma maior preocupação com a preservação desta região.
Na área da BIG existem diversas unidades de conservação (UC) da natureza (ANEXO
I). De acordo com Johnson e Ikemoto (2015):
30

“Aproximadamente 72 % dos setores terrestre e marinho da Baía da


Ilha Grande são constituídos por Unidades de Conservação (UC) da
natureza, incluindo UCs de uso sustentável e de proteção integral. Tais áreas
abrigam formações florestais em estágio de conservação médio-avançado,
incluindo também trechos de restinga, manguezais, ilhas costeiras, arrecifes
e costões rochosos. As áreas florestais respondem por 76 % das florestas
preservadas do Estado.” (JOHNSON; IKEMOTO, 2015, p. 31)

Compreender o uso do solo de uma determinada área é de suma importância para


podermos analisar os impactos sofridos, sejam eles ambientais, sociais ou econômicos. Para
além dos 72 % de uso terrestre e marinho como UCs, Johnsson e Ikemoto (2015) ainda
abordam sobre a importância do patrimônio histórico das cidades da região e das belezas
naturais, para o desenvolvimento de atividades turísticas, que se conciliam com outras
atividades, como as atividades industriais e portuárias.

3.1 Geologia e geomorfologia

De acordo com Amador (1987), a região da BIG é resultante dos eventos que deram
origem à Serra do Mar, assim como, à Serra da Mantiqueira, aos maciços litorâneos e ao
Graben da Baía de Guanabara. Segundo Lamego (1943. Apud. AMADOR, 1987), essa região
sofreu com fortes movimentos tectônicos durante o final do Cretáceo ou início do Cenozoico,
que geraram um sistema de falhas que resultou em deslocamentos por blocos.
A Serra do mar, região onde se encontra inserida as praias estudadas, é um bloco
falhado que se estende na direção sudoeste-nordeste com formação de grande escarpa, com
elevações que chegam a 1.592 metros (AMADOR, 1987; HEILBRON et al., 2007). Assim,
essa região se caracteriza por ter poucas áreas planas e ser representada por várzeas e
manguezais. (MMA/IBAMA, 2004).

Nas zonas baixas e planas existem as pequenas áreas de acumulação


flúvio-marinha espremidas pelas vertentes íngremes da escarpa da serra,
situando-se no recôncavo de enseadas e reentrâncias do litoral recortado do
sul-fluminense, geralmente associado a desembocaduras fluviais (ESEC
TAMOIOS, 2006, p.67).
32
31

Ainda nestas zonas de planícies flúvio-marinhas (Figura 6), se formam áreas de mangues,
brejos e baixadas aluviais, como visto em Paraty, Ribeira e Mangaratiba. Nas zonas mais baixas, se
desenvolveram os centros urbanos, como Jacuecanga, Monsuaba e Muriqui. Sendo estimulado seu
crescimento com a chegada da BR 101, que trouxe uma grande expansão urbana e de
empreendimentos imobiliários, ocasionando na redução da vegetação originária e aterro dos mangues
(ESEC TAMOIOS, 2006).

Figura 6: Mapa dos domínios geomorfológicos de Angra dos reis

Fonte: HEILBRON et al., 2007.

As planícies costeira da BIG, de acordo com Eirado Silva (2006), se originam a partir
da atuação da dinâmica de sedimentos fluviais, marinho e lagunar e sedimentos continentais e
marinhos neogênicos. Estas planícies, geralmente apresentam morfologia triangular ou tipo
delta, onde os vales são mais estreitos a montante e se alargam a jusante. Nas zonas mais
estreitas, devido o predomínio da dinâmica fluvial e pelo pouco retrabalhamento dos
materiais, os sedimentos são mais grossos. Nas zonas mais largas, a jusante, devido a
transição com o domínio flúvio-marinho, a planície se torna mais espraiada e com sedimentos
mais finos, além de ter canais geralmente meandrantes, com áreas sujeitas a inundações.
(HEILBRON et al., 2007)
32

3.2 Climatologia

O clima da BIG é influenciado fortemente pela sua localização. Seja pela proximidade
com o oceano, que propicia condições para intensa radiação solar, alta umidade e núcleos de
condensação, seu posicionamento em um cinturão tropical, que traz consigo características de
quente e úmido (JOHNSON; IKEMOTO, 2015), e a presença da Serra do Mar, que funciona
como barreira orográfica, resultando em maior pluviosidade (DAVIS; NAGHETTINI, 2001).

Segundo Milanesi e Galvani (2009), efeitos orográficos se caracterizam por fazerem


parte das interações entre a atmosfera e a superfície terrestre, onde os atributos do clima
podem ser alterados de acordo com a rugosidade do terreno, influenciando nas formações de
brisas, nuvens e precipitação orográfica, assim como ocorre na Serra do mar. Devido à
elevação das escarpas, o fluxo de ar saturado quando se aproxima, é obrigado a elevar-se,
sofrendo resfriamento nas maiores altitudes e condensação, gerando nebulosidade e
possiblidade de precipitação.

Figura 7: Mapa de precipitação média anual

Fonte: JOHNSON; IKEMOTO, 2015

Nas regiões costeiras a intensificação orográfica da precipitação é mais frequente, e


isso ocorre devido ao efeito diferencial da fricção entre o oceano e o continente e o fluxo de
aclive se a costa for muito íngreme (BERGERON, 1949).
33

Sendo assim, de acordo com Paiva et al. (1998. Apud. JOHNSON; IKEMOTO, 2015),
a região se caracteriza por um clima megatérmico superúmido, que se caracteriza por
apresentar alta pluviosidade e temperatura no verão (Figura 7 e 8), se relacionando
diretamente com sua localização. Os índices de pluviosidade ultrapassam 2.000 mm/ano, a
temperatura mínima varia entre 12º e 20º e a média das temperaturas máximas chegam a
ultrapassar 30º em fevereiro (JOHNSON; IKEMOTO, 2015).

Figura 8: Mapa de temperatura média anual

Fonte: JOHNSON; IKEMOTO, 2015

3.3 Características geral das praias

Considerando as características geomorfológicas já apresentadas, as praias estudadas


apresentam algumas semelhanças e certas particularidades. A praia das Éguas (Figura 9),
assim como um grande número de praias de Angra dos Reis, apresenta uma pequena extensão
de 110 m de arco praial, com sedimentos de média espessura, já que não estão localizados tão
distantes do seu ponto de origem para se apresentarem tão retrabalhados (JOHNSON;
IKEMOTO, 2015). Ainda sobre este arco praial, o mesmo se caracteriza pela presença de
vegetação e quiosques, que têm um uso mais frequente que a praia de Jacuecanga, já que esta
apresenta índices de balneabilidade como próprio para banho (INEA, 2018).
34

Figura 9: Arco praial da Praia das Éguas

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Já a praia de Jacuecanga (Figura 10) tem aproximadamente 440 m de extensão, com


presença de quiosques e diversas construções ao longo de todo o seu arco praial, decorrente
do desenvolvimento urbano pela chegada da BrasFels, que fica localizado ao lado da praia.
Em relação aos seus sedimentos, estes são de média espessura, assim como a praia anterior.
Se caracteriza também pela pouca vegetação ao longo do arco praial e seu acesso limitado
devido as construções, sendo possível apenas por uma das extremidades do arco praial.
Nas duas extremidades da praia existem canais de drenagem: a sudoeste, há o Rio
Jacuecanga, com fluxo de embarcações devido à presença de uma marina; a nordeste, há um
pequeno canal de drenagem que percorre todo o bairro e deságua paralelo à praia, carreando
esgoto e resíduos sólidos para o mar.

Figura 10: Arco praial da Praia de Jacuecanga

Fonte: Elaborado pelo próprio autor.


35

4. OBJETIVOS

4.1 Objetivo Geral

Este trabalho objetiva estabelecer uma análise sazonal da distribuição e composição


dos resíduos sólidos no arco praial das praias das Éguas e de Jacuecanga em Angra dos Reis,
estabelecendo relações com os impactos sócio - ambientais causados pelo ser humano no
ambiente praial.

4.2 Objetivos Específicos

Para se atingir os objetivos gerais aqui estabelecidos, foi necessário:

 Analisar a quantidade, distribuição e composição dos resíduos sólidos das duas praias
estudadas;
 Investigar as origens dos resíduos encontrados e relacionar com os diferentes usos que
as praias apresentam;
 Caracterizar como os processos hidrodinâmicos (correntes, ondas e marés) interferem
no padrão de distribuição dos resíduos ao longo dos arcos praiais;
 Identificar o impacto da variação sazonal ao longo do ano na quantidade e composição
dos resíduos; e
 Compreender a percepção dos usuários das praias frente à problemática dos resíduos
sólidos.
36

5. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização deste trabalho, a fim de atingir os objetivos esperados, foi realizado
pesquisa bibliográfica, se aprofundando nas temáticas relacionadas a resíduos sólidos e
ambientes de praia; trabalhos de campo (Figura 11) para o monitoramento dos resíduos
sólidos nas 4 estações do ano; aplicação de questionários, afim de compreender como os
frequentadores das praias percebem a poluição e as possíveis medidas para reduzir este
processo de degradação; e tratamento dos dados, que consistiu em produzir tabelas e gráficos
para analisá-los de forma sistemática.

Figura 11: Aplicação de questionário na Praia das Éguas

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

5.1 Definição dos pontos de monitoramento

Ao longo de cada uma das praias analisadas foram escolhidos 3 pontos de


monitoramentos para coleta de dados sobre resíduos sólidos nas 4 estações do ano. Estes
pontos foram selecionados nas duas extremidades da praia e na parte central, com a finalidade
de compreender a distribuição dos resíduos nas diferentes estações (Figura 12 e 13). Para isso,
os monitoramentos sempre foram realizados nos mesmos locais, para não haver interpretações
errôneas ou equivocadas no momento de tratamento e comparações dos dados.
37

Figura 12: Distribuição dos pontos de coleta no arco praial da praia das Éguas

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Figura 13: Distribuição dos pontos de coleta no arco praial da Praia de Jacuecanga

Fonte: Elaborado pelo próprio autor


38

5.2 Realização dos trabalhos de campo

Os trabalhos de campo foram realizados em 4 estações entre 2018 e 2019, sendo:


Inverno (Agosto/2018), Primavera (Dezembro/2018), Verão (Janeiro/2019) e outono
(Abril/2019). Para coleta de dados com informações mais concretas, os monitoramentos
ocorreram sempre aos finais de semana (Sexta-feira, sábado ou domingo), sendo realizado nos
pontos de monitoramento informados na seção anterior.
Nos 3 locais de monitoramento de cada praia foram selecionados área sobre o pós
praia com dimensões de 10m x 5m para identificar, quantificar e descrever os resíduos
encontrados. Sendo 10 metros no sentido linha d’água (paralelo à praia) no ponto máximo da
maré alta, por 5 metros de largura no sentido oceano – continente. Já que essa é a área onde
ocorre a maior concentração de resíduos, desde os resíduos de origem marinha quanto
terrestre.
As dimensões dos locais de monitoramento foi adaptada de uma metodologia padrão
presente na literatura internacional (SANTOS et al., 2009). Essa adaptação se fez necessária
devido as diferentes características encontradas nas praias. Pois, se tratando da região da BIG,
devido a sua proximidade com as escarpas da Serra do Mar e sua variedade de feições
geomorfológicas, as praias apresentam pequenas extensões em comprimento e largura. Não
sendo viável realizar monitoramento em um maior número de perfis por praia ou em áreas de
maior extensão.

Assim como os locais de monitoramento, os tipos de resíduos catalogados foram


estabelecidos de acordo com os resíduos mais encontrados nas praias da região. Sendo
considerado no monitoramento os seguintes resíduos: algodão, alumínio, borracha, cerâmica,
cigarro, espuma, ferro, isopor, madeira, matéria orgânica, nylon, papel, parafina (vela),
plástico, tecido e vidro.

Após a realização o monitoramento dos resíduos sólidos, são aplicados os questionários


nas praias e nas áreas próximas. Na sua totalidade são aplicados 50 questionários por estação,
sendo 25 em cada praia. Estes questionários visam compreender a origem dos usuários, os
usos da praia, a percepção dos usuários frente a problemático dos resíduos sólidos e possíveis
ações afim de reduzir o processo de degradação ambiental gerado pela presença destes
resíduos.
39

A partir da tabela abaixo, é possível compreender melhor os objetivos do questionário


aplicado:

Tabela 2: Perguntas realizadas no questionário

Dados dos questionários Resposta


Idade / Nacionalidade / Cidade / Sexo? Livre (L) / Múltipla escolha (M.E)
M.E: 1a vez / + de uma vez / Com
Quantas vezes visitou Angra dos reis? frequência
M.E: 1 dia / 2 dias / 3 dias / 4 dias / 5
Quanto tempo ficará na cidade? dias / + de 5 dias

Atividades que você pretende realizar? L


M.E: Ensino fundamental I / II / Médio /
Qual é o seu nível de escolaridade? Técnico / Superior / Não estudei
Os problemas ambientais estão cada vez
mais sendo discutidos na sociedade. O que M.E: Ruim / Péssimo / Não tenho
você acha em relação a esses assuntos? interesse / ótimo / Importante
Você observa algum indício de poluição nas
praias de Angra dos reis? M.E: Sim / Não

Você observa resíduos (lixo) nas praias? M.E: Sim / Não

Se sim, quais tipos de resíduos são mais


observados nesta praia? L
Caso você observe, teria alguma sugestão
para melhorar as condições do meio
ambiente neste local? Quais? M.E: Sim / Não. + L
M.E: Conscientizar banhistas e
moradores/ Entrar em contato com a
prefeitura para remover o lixo/ Como
O acúmulo de lixo nessa praia gera todo mundo joga, também vou jogar/
problemas ambientais. O que você acha que Não importa pois não interfere na minha
deveria ser feito? vida.

Na sua opinião, um projeto de reciclagem


ajudaria no processo de limpeza da praia?
Por que? M.E: Sim / Não. + L

Fonte: Elaborado pelo próprio autor


40

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da metodologia empregada, foi analisado e classificado um total de 2054


resíduos nas praias das Éguas e de Jacuecanga ao longo das 4 estações estudadas, sendo 1109
na praia da Jacuecanga e 945 na praia das Éguas. Os dados são apresentados em três etapas:
1) por estação de monitoramento para caracterização e quantificação dos resíduos
encontrados; 2) percepção dos usuários a partir dos questionários; e 3) discussão acerca dos
dados apresentados e suas relações com processos hidrodinâmicos influentes.

6.1 Monitoramento por estação

6.1.1 Monitoramento Inverno 2018

Na praia de Jacuecanga foram contabilizados 281 resíduos sólidos (Figura 14 e 15).


Sendo 92 no perfil I, 106 no perfil II e 83 no perfil III. Os resíduos mais recorrentes foram:
matéria orgânica (157), plástico (56) e madeira (39). A matéria orgânica representa
aproximadamente 56% do total, plástico 20% e madeira 14%.

Figura 14: Monitoramento Inverno 2018 (%)

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Na praia das éguas foi contabilizado um total de 118 resíduos (Figura 14 e 15). Sendo
41 no perfil I, 39 no perfil II e 38 no perfil III. Os resíduos mais recorrentes são: matéria
41

orgânica (34), madeira (22), plástico (16) e cigarro (16). A matéria orgânica representa
aproximadamente 29% do total, madeira 19%, plástico e cigarro 14%.

Figura 15: Monitoramento Inverno 2018

Praia de Jacuecanga - Inverno Praia das Éguas - Inverno


60 16
50 14
12
40 10
30 8
20 6
4
10 2
0 0

Cigarro

Papel
Tecido

Ferro
Vidro

Cerâmica
Borracha
Madeira

Isopor

Nylon

Espuma
Algodão
Matéria organica

Plástico

Parafina (vela)

Alumínio
Cigarro

Tecido

Vidro
Papel

Ferro

Borracha

Nylon

Espuma
Algodão

Madeira

Isopor

Cerâmica
Matéria organica

Plástico

Alumínio
Parafina (vela)

Perfil 1 Perfil 2 Perfil 3 Perfil 1 Perfil 2 Perfil 3

6.1.2 Monitoramento Primavera 2018

Na praia de Jacuecanga foram contabilizados 231 resíduos sólidos (Figura 16 e 17).


Sendo 75 no perfil I, 69 no perfil II e 87 no perfil III. Os resíduos mais recorrentes foram:
matéria orgânica (145), isopor (23) e plástico (22). A matéria orgânica representa
aproximadamente 63% do total e isopor e plástico representam 10% cada, seguido da
madeira, com 8%.

Figura 16: Monitoramento Primavera 2018 (%)

Fonte: Elaborado pelo próprio autor


42

Na praia das éguas foi contabilizado um total de 370 resíduos (Figura 16 e 17). Sendo
122 no perfil I, 163 no perfil II e 85 no perfil III. Os resíduos mais recorrentes são: isopor
(172), matéria orgânica (131) e plástico (49). O isopor representa aproximadamente 46% do
total, matéria orgânica 35% e plástico 13%.

Figura 17: Monitoramento Primavera 2018

Praia de Jacuecanga - Primavera Paraia das Éguas - Primavera


60 120
50 100
40 80
30 60
20 40
10 20
0 0
Cigarro

Tecido

Vidro
Papel

Borracha
Ferro

Nylon
Cerâmica
Algodão

Espuma
Madeira

Isopor
Matéria organica

Plástico

Alumínio
Parafina (vela)
Cigarro

Tecido
Madeira

Vidro
Papel

Borracha
Ferro

Nylon
Cerâmica
Espuma
Algodão

Isopor
Matéria organica

Plástico

Alumínio
Parafina (vela)

Perfil 1 Perfil 2 Perfil 3 Perfil 1 Perfil 2 Perfil 3

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

6.1.3 Monitoramento Verão 2018/2019

Na praia de Jacuecanga foram contabilizados um total de 331 resíduos sólidos (Figura


18 e 19). Sendo 93 no perfil I, 60 no perfil II e 178 no perfil III. Os resíduos mais recorrentes
são: matéria orgânica (180), isopor (45) e cigarro (42). A matéria orgânica representa
aproximadamente 54%, isopor 14% e cigarro 13%.

Na praia das éguas foram contabilizados um total de 315 resíduos sólidos (Figura 18 e
19). Sendo 99 no perfil I, 106 no perfil II e 110 no perfil III. Os resíduos mais recorrentes são:
matéria orgânica (167), isopor (53) e plástico (36). A matéria orgânica representa
aproximadamente 53%, isopor 17% e plástico 11%.
43

Figura 18: Monitoramento Verão 2018/2019 (%)

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Figura 19: Monitoramento Verão 2018/2019

Praia de Jacuecanga - Verão


Praia das Éguas - Verão
100 80
70
80
60
60 50
40
40 30
20
20 10
0 0
Tecido

Ferro
Vidro
Borracha
Papel

Madeira

Nylon
Cerâmica
Espuma
Matéria organica

Isopor
Plástico

Alumínio
Parafina (vela)
Vidro
Cigarro

Tecido
Madeira

Ferro
Papel

Borracha

Isopor

Nylon
Cerâmica
Espuma
Algodão
Matéria organica

Plástico

Alumínio
Parafina (vela)

Perfil 1 2 Perfil 2 9 Perfil 3 3


Perfil 1 Perfil 2 Perfil 3

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

6.1.4 Monitoramento Outono 2019

Na praia de Jacuecanga foram contabilizados um total de 266 resíduos sólidos (Figura


20 e 21). Sendo 81 no perfil I, 91 no perfil II e 94 no perfil III. Os resíduos mais recorrentes
foram: matéria orgânica (137), cigarro (47) e plástico (34). A matéria orgânica representa
aproximadamente 52% do total, cigarro 18% e plástico 13%.
44

Figura 20: Monitoramento Outono 2019 (%)

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Na praia das éguas foram contabilizados um total de 142 resíduos sólidos (Figura 20 e
21). Sendo 72 no perfil I, 44 no perfil II e 26 no perfil III. Os resíduos mais recorrentes foram:
matéria orgânica (99), plástico (12) e isopor (9). A matéria orgânica representa
aproximadamente 70% do total, plástico 8% e isopor 6%.

Figura 21: Monitoramento Outono 2019

Praia de Jacuecanga - Outono Paraia das Éguas - Outono

70 50
45
60 40
50 35
40 30
25
30 20
20 15
10
10 5
0 0
Vidro
Papel
Tecido

Ferro

Borracha

Nylon

Espuma
Madeira

Isopor

Cerâmica
Matéria organica

Plástico

Alumínio
Parafina (vela)
Cigarro

Tecido

Ferro
Vidro
Papel

Borracha
Madeira

Nylon
Cerâmica
Espuma
Algodão
Matéria organica

Isopor
Plástico

Alumínio
Parafina (vela)

Perfil 1 Perfil 2 Perfil 3 Perfil 1 4 Perfil 2 2 Perfil 3

Fonte: Elaborado pelo próprio autor


45

Figura 22: Somatório de todas as estações por praia (%)

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Figura 23: Somatório de todas as estações e praias (%)

Fonte: Elaborado pelo próprio autor


46

Inverno Primavera Verão Outono Total de resíduos


Resíduos Jacuecanga Éguas Jacuecanga Éguas Jacuecanga Éguas Jacuecanga Éguas
Geral % Jac. % Égu. %
P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 P2 P3 P1 P2 P3
Cigarro 8 1 14 1 1 7 13 5 24 2 9 3 9 30 8 4 2 141 7% 105 9% 36 4%
Algodão 0 0% 0 0% 0 0%
M.O 50 52 55 14 11 9 47 45 53 35 46 50 51 37 92 52 42 73 33 41 63 46 32 21 1050 51% 619 56% 431 46%
Papel 3 7 4 1 4 1 1 1 3 3 1 3 1 33 2% 3 0% 30 3%
Tecido 1 2 1 4 0% 3 0% 1 0%
Madeira22 17 14 1 7 2 4 13 2 4 3 4 1 2 1 1 1 3 102 5% 63 6% 39 4%
Plástico
15 31 10 2 4 10 14 7 1 32 9 8 16 10 13 17 13 6 11 14 9 7 3 2 264 13% 151 14% 113 12%
Ferro 1 1 2 4 0% 4 0% 0 0%
Tabela 3: Resíduos por tipo, perfil, praia, estação e total

Vidro 1 1 1 3 1 4 2 1 1 1 1 3 2 1 23 1% 14 1% 9 1%
Borracha 1 1 1 2 1 15 21 1% 16 1% 5 1%
Parafina 0 0% 0 0% 0 0%
Isopor 1 3 2 4 8 6 9 51 106 15 5 40 16
26 11 5 2 12 6 3 331 16% 91 8% 240 25%
Alumínio 1 2 3 2 1 1 3 1 3
7 7 3 1 2 37 2% 12 1% 25 3%

Fonte: Elaborado pelo próprio autor


Nylon 1 1 0% 1 0% 0 0%
Cerâmica 2 3 1 1 1 3 2 2 5 3
2 4 2 3 34 2% 19 2% 15 2%
Espuma 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9 0% 8 1% 1 0%
Total (por 92 106 83 41 39 38 75 69 87 122 163 85 93 60 178 99
106 110 81 91 94 72 44 26 2054 1109 945
perfil, praia 281 118 231 370 331
315 266 142
% 54% 46%
e estação) 399 601 646 408
47

6.2 Percepção humana acerca da poluição nas praias

Os questionários focaram na percepção dos moradores em relação a problemática dos


resíduos sólidos afim de compreender a importância da discussão dos problemas ambientais,
qualidade das praias, a presença ou não de resíduos, a composição destes resíduos e possíveis
soluções para a redução do processo de degradação. Para isso, foram aplicados 25
questionários por praia, por estação, totalizando 200 questionários aplicados ao longo da
pesquisa.

Os resultados apontam que a população considera muito relevante as discussões sobre


os problemas ambientais (Figura 24-A), já que 97% dos entrevistados consideram importante
ou ótimo. Em se tratando da poluição nas praias de Angra dos reis (Figura 24-B), 89% dos
entrevistados consideram as praias poluídas.

Figura 24: Percepção dos frequentadores das praias sobre importância ambiental (A) e poluição (B)

A - Os problemas ambientais estão cada B - Você observa algum indício de


vez mais importantes, o que voce acha poluição nas praias de Angra dos Reis?
em relação a esses assuntos? (%) (%)
32
11
14

81 89
Importante
Não Sim
Ótimo

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Quanto aos resíduos sólidos (Figura 25-A), a grande maioria dos entrevistados (87%)
afirmam estarem presente ao longo dos arcos praiais. Sendo composto por (Figura 25-B):
plástico (61%), esgoto (10%), alumínio (9%), cigarro (6%), isopor (5%), outros (9%).
48

Figura 25: Percepção dos frequentadores das praias sobre presença de resíduos (A) e sua composição (B)

A - Voce observa resíduos (lixo) nas B - Quais tipos de resíduos são mais
praias? (%) observados nesta praia? (%)
32
4 5
13 Plástico
Aluminio
6
Esgoto
Cigarro 10
Outros 61
Papel 9
Não
87 outros
Sim Isopor

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Já em relação às possíveis ações que possam contribuir para a redução do processo de


degradação causado pelos resíduos sólidos, se referem a conscientização da população e uma
maior atuação da prefeitura, como coleta dos resíduos e tratamento de esgoto (Figura 26-A-
B).

Figura 26: Percepção dos frequentadores das praias sobre ações para redução do problema.

A - Teria alguma sugestão para B - O acúmulo de lixo nessa praia gera


melhorar as condições do meio problemas ambientais. O que você acha
ambiente neste local? Quais? (%) que deveria ser feito? (%)

2 Conscientizar
Conscientização banhistas e
moradores
30 39 37
Mais lixeiras
Entrar em
Atuação da contato com 63
prefeitura a prefeitura
Outros 29 para remover
o lixo

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Como resultado, destacou-se que a população percebe o processo de poluição nas


praias, identifica os resíduos majoritariamente encontrados e compreende a importância do
processo de conscientização, mas também não deixam de responsabilizar os órgãos do
município, cobrando mais ações.

Além disso, também foi questionado sobre a eficácia sobre um projeto de reciclagem
nas praias e 89% dos entrevistados afirmaram que o projeto iria trazer algumas contribuições
49

para a praia: ajudaria a manter limpa (36%), promoveria maior reutilização, gerando menos
lixo (22%) e geraria conscientização (21%) (Figura 27-A-B).

Figura 27: Percepção dos frequentadores das praias sobre eficácia de um projeto de reciclagem

A - Na sua opinião, um projeto de B - Se respondeu sim na pergunta


reciclagem ajudaria no processo de anterior, por que? (%)
limpeza da praia? (%)
Ajudaria a manter limpa
11 7
Gera conscientização
22 36
Sem resposta

Promove reutilização =
menos lixo nos ambientes 14
Não 89
Outros 21
Sim

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

6.3 Discussão

A partir dos resultados apresentados foi possível contabilizar 2054 resíduos ao longo
das 4 estações (Figura 12). A praia de Jacuecanga é o arco praial que concentra 54% de todo o
lixo, já a praia das éguas, concentra 46%. De todo material contabilizado, matéria orgânica
(51% - 1050 unidades), isopor (16% - 331 unidades), plástico (13% - 264 unidades) e madeira
(5% - 102 unidades) foram os mais recorrentes.
A matéria orgânica teve grande participação nos dados. Sua elevada concentração
(51%) se deve ao posicionamento geográfico das praias em áreas com poucas planícies e um
grande número de árvores, que proporciona o carreamento de materiais orgânicos pelos rios e
ventos e pela deposição natural devido às vegetações ao longo do arco praial. Com isso,
apresenta valores bem superiores em relação a pesquisas realizadas na região. Segundo estudo
realizado na Ilha Grande por Macedo et al. (2017) em duas praias, o total de resíduos
concentrou 780 unidades, com participação de matéria orgânica em apenas 2% nas duas
praias estudadas. Já no estudo realizado em sete praias da Ilha Grande e Paraty, de Macedo et
al (2019), concentrou um total de 3414 unidades de resíduos, com participação da matéria
orgânica em 8% da quantidade total de resíduos. Em áreas fora da Baía da Ilha Grande, a
matéria orgânica apareceu em proporção similar aos trabalhos citados. Na pesquisa de Barreto
(2014), realizada em duas praias em Niterói-RJ, foi contabilizado um total de 9880 resíduos
50

catalogados, com participação da matéria orgânica em 2%. Na praia de Itaipuaçu (Maricá-RJ),


foi contabilizado por Rosa (2014) um total de 1712 resíduos, com participação da matéria
orgânica em 12%. Nesta pesquisa, a elevada concentração de matéria orgânica,
principalmente na praia de Jacuecanga, que apresentou 56% (619 unidades), se relaciona com
a presença dos canais de drenagem que deságuam nas duas extremidades da praia: a sudoeste,
o rio Jacuecanga; a noroeste, um pequeno canal de drenagem que percorre o bairro e são
responsáveis por transportar e depositar grande parte do material analisado, como em
Madureira et al. (2017). Já a praia das Éguas apresenta um total de 46% (431 unidades) de
matéria orgânica, pode ser relacionada com a grande quantidade de vegetação ao longo do
arco praial e a geomorfologia da região, assim como na praia anterior.
Além do processo de deposição natural da matéria orgânica, o carreamento destes
materiais e de outros resíduos por rios e ventos, e a ação antrópica como importante fator para
o processo de poluição, a hidrodinâmica pode apresentar grande influência no transporte de
matéria orgânica e de outros resíduos (BAPTISTA NETO; FONSECA, 2011). Mesmo
considerando que as praias estão localizadas em áreas abrigadas, tendo a Ilha Grande como
uma barreira natural, conforme analisado por Muehe e Lima (2006), estão sujeitas às ações
das ondas de tempestade, que se formam devido a chegada de frentes fria do Sul, ocorrendo
principalmente no inverno (SILVA et al., 2020). A atuação destas ondas, além de causar
maior retrabalhamento do perfil de praia, é responsável por carrear os resíduos, tendo grande
contribuição nos dados obtidos nesta pesquisa, que além de apresentar uma grande proporção
de materiais orgânicos, apresentou diversos resíduos que estavam aparentemente desgastados
e retrabalhos pelo mar, sendo chamado por Santos et al. (2008) como lixo não local.
Analisando os números de resíduos de origem humana, o isopor e o plástico foi o mais
recorrente. Corroborando com a tendência do plástico entre os resíduos majoritários em
trabalhos internacionais, como: no Caribe (IVAR DO SUL; COSTA, 2007), nos Estados
Unidos (MOORE et al., 2011), em Israel (PASTERNAK et al., 2017), na revisão sobre os
resíduos no Hemisfério Sul, realizado por Gregory e Ryan (1997) e na revisão sobre resíduos
plásticos realizado por Morishige et al. (2007); e em trabalhos nacionais, como: em
Pernambuco (ARAÚJO; COSTA, 2004), na Paraíba (MASCARENHAS et al., 2008); Niterói
(BAPTISTA NETO; FONSECA, 2011), no litoral nordeste (IVAR DO SUL et al., 2011), no
Espírito Santo (FILHO, et al., 2011), na Bahia (SANTANA-NETO et al., 2016), em São
Paulo (FERNANDINO et al., 2016) e em Maricá (CÔRREA et al., 2019).
51

Figura 28: Caracterização dos resíduos da Praia das Éguas

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

Figura 29: Caracterização dos resíduos da Praia de Jacuecanga

Fonte: Elaborado pelo próprio autor

A presença do plástico se mostra como uma grave ameaça aos ambientes praiais
devido sua composição que pode contaminar os animais e os seres humanos, se ingeridos
(LAIST, 1997), ou quando depositados no arco praial, devido à presença de composições
perigosas na constituição desses materiais (WARD; et al., 1996; EL-FADEL; et al., 1997).
Segundo Lusher et al. (2013) e DerraIk (2002) os plásticos se caracterizam por serem resíduos
de baixa densidade. Essa propriedade facilita seu transporte que, aliado ao baixo custo, acaba
sendo muito utilizado em diversos setores da economia, inclusive nas atividades relacionadas
ao turismo (estabelecimentos de alimentação e bares ao longo do arco praial).
52

Neste trabalho, o plástico apresentou concentrações de 13% (264 unidades) do total de


resíduos analisados. Mas se considerado apenas os resíduos de origem humana (cigarro,
algodão, papel, tecido, madeira (adulterada), plástico, ferro, vidro, borracha, parafina, isopor,
alumínio, nylon, cerâmica e espuma), o isopor está em maior proporção (33%), seguido do
plástico (26%) e cigarro (14%). Desta forma, estes dados obtidos não corroboram com as
pesquisas que identificaram o plástico como o resíduo majoritário, mas os mesmos não
deixam de estar entre os mais encontrados. Macedo et al. (2017), nas praias de Abraão e Preta
na Ilha Grande, identificou concentrações de 26% de plástico, com proporções similares a
desta pesquisa, seguido por restos de construção (19%) e cigarro (16%). Os autores da
pesquisa relacionam esses números com os usos que as praias sofrem, principalmente
estabelecimentos alimentícios que se estendem até o pós-praia. Já na pesquisa de Macedo et
al. (2019), realizada na Ilha Grande e Paraty, as concentrações de plásticos são majoritárias,
mas apresentam números bem superiores de plásticos (42%), seguido de restos de construção
(13%) e matéria orgânica (8%). Os autores da pesquisa relacionam o grande percentual de
resíduos plásticos com os processos marinhos, pois as praias não sofrem influência de rios
que passam por áreas urbanizadas e os resíduos estavam bem desgastados visualmente. Com
concentrações de plástico ainda superiores, Madureira et al. (2017) verificou 52% de plásticos
nas praias Dois Rios e Lopes Mendes, seguido de fezes de animais (15%) e matéria orgânica
(12%), com fontes relacionadas a falta de conscientização ao usar os ambientes praias e pelas
correntes marítimas. Assim, ainda que o número de plástico encontrado nas praias estudadas
neste trabalho sejam inferiores em relação aos trabalhos desenvolvidos na região, o processo
de poluição e degradação do ambiente costeiro não deixa de ocorrer.
O isopor representa 33% dos resíduos com origem humana, e deste total, 68% foi
identificado na praia das Éguas nas estações da Primavera e Verão, quando há uma maior
frequências dos banhistas. Assim, estes resíduos de isopor podem ser restos de caixas
térmicas feitas deste material ou recipientes alimentícios, mas que aparentemente já estavam
bem retrabalhados. Corroborando com esta percepção, a análise dos dados por perfil, permitiu
identificar alguns padrões de distribuição. Na praia das éguas, observou-se um aumento de
1400% nas estações de primavera/verão em relação às demais estações. Além disso, também
houve um aumento de 12% nos resíduos na parte central da praia (perfil 2), onde se
concentram os estabelecimentos alimentícios que fazem uso do pós-praia para dispor mesas e
cadeiras, influenciando na quantidade e disposição dos resíduos, assim como em Macedo et
al. (2017). Na praia de Jacuecanga, há uma maior concentração de resíduos na extremidade
onde está presente o rio Jacuecanga (perfil 3). Com aumento de 19% do número de resíduos,
53

pode-se afirmar que o rio Jacuecanga é um responsável por influenciar no transporte e


deposição de resíduos.
A variação sazonal (verão-inverno) de resíduos ficou evidente quando analisamos os
dados das duas estações. No inverno foi contabilizado 399 unidades (38%) e no verão 646
unidades (62%). Estes dados corroboram com algumas das pesquisas, como: Madureira et al
(2017), que apresenta dados bem similares ao deste trabalho, tendo no inverno uma
concentração de 38% de resíduos e 62% no verão; e Macedo et al. (2019), identificou suaves
diferenças entre as duas estações, tendo o inverno 47% dos resíduos e 54% no verão. Mas é
importante ressaltar que nesta pesquisa, as análises ocorreram em praias abrigadas e em praias
voltadas para o oceano, que influencia diretamente no resultado devido os diferentes
processos hidrodinâmicos desenvolvidos. Nas praias abrigadas, houve um aumento entre 15%
e 21% no inverno, que é relacionado, pelos autores, a redução da limpeza do arco praial
devido a diminuição da frequência dos turistas. Além de serem atingidas por ondas de
tempestade, geralmente no inverno. Já nas praias voltadas para o oceano, o aumento de
resíduos no verão foi de 51%, se relacionando diretamente com o aumento no número de
banhistas, que ocorre devido ao calor, mar calmo e maior estabilidade do arco praial.
(MACEDO et al., 2019). Mas em outra pesquisa do mesmo autor e em outras praias
(MACEDO et al., 2017), as concentrações apresentaram variações invertidas, ou seja, leve
aumento dos resíduos no inverno (53%) e leve redução no verão (47%). Essa pequena
variação se deu pelo fato dessas praias serem limpas durante o ano todo, inclusive nos meses
mais frios. No caso da praia de Jacuecanga e Éguas, por mais que a distribuição dos resíduos
totais aparentem estar concentrado no verão, os diversos usos da praia influenciam na sua
distribuição.

Na praia de Jacuecanga houve um aumento de 18% dos resíduos no verão. Mas ao


longo das outras estações também não foi observado grandes variações (conforme tabela 3).
Essa pequena variação ao longo do ano pode ser explicada pelos usos da praia. De acordo
com os questionários, 67% das pessoas frequentam a praia por motivos de lazer (caminhada e
outras atividades físicas). Seu pouco uso para banho, observado em campo confirmado pelo
questionário, se explica pelo índice de balneabilidade como impróprio (INEA, 2018; 2019).
Assim, as atividades praticadas na praia de Jacuecanga, acabam ocorrendo durante todo o ano,
por não estar relacionada com atividades na água. Diferente desta, na praia das Éguas ocorreu
um aumento de 167% no verão, que está atrelado as atividades turísticas que ocorrem nesse
período do ao, devido aumento da temperatura e mar tranquilo, assim como ocorreu em
54

Macedo et al. (2019) e Baptista-Neto e Fonseca (2011), na Baía de Guanabara, mas com
números bem superiores de crescimento.
55

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No total foram contabilizados 2054 resíduos nas 4 estações estudadas, com


concentrações majoritárias de matéria orgânica (51%), isopor (16%) e plástico (13%). Esse
expressivo número de resíduos sólidos representa um grande risco para o processo de
degradação da praia. Os elevados números de matéria orgânica se relacionam com a presença
de vegetação próximo à faixa de areia de ambas as praias, a geomorfologia da região e a
presença de rios, como ocorreu na praia de Jacuecanga.
Se analisarmos apenas os resíduos com origens humanas, os resíduos majoritários são:
plástico, isopor e cigarro. Estes, permitem a análise de como o uso da praia pelos banhistas se
mostrou como um grande agravante para o aumento no número dos resíduos. A análise
sazonal permitiu identificar que, na praia das Éguas, no período de verão, houve um aumento
significante no número de resíduos, deixando evidente a relação do uso pelos banhistas nas
diferentes estações do ano.

Assim, as origens dos resíduos estão atreladas a diversos processos influenciadores,


como a falta de conscientização dos usuários e a deposição resultante de transportes fluviais,
com grande influência, e marítimos. De imediato, uma maior conscientização e melhor gestão
da limpeza local consistiriam em importantes ferramentas para a redução deste processo de
degradação como fator aliado às ações das autoridades como: colocar mais lixeiras ao longo
do arco praial, realizar coleta periódica dos resíduos (das lixeiras), placas de sinalização e
conscientização e outras medidas possíveis para se mitigar este tipo de poluição nas praias
estudadas.

Mas para além das ações imediatas, discussões acerca dos modos de produção, assim
como excessivo consumo na sociedade atual e as formas de descarte, são de extrema
necessidade para proporcionar reflexões acerca das nossas ações e os impactos destas, que são
refletidos diretamente no meio ambiente. Além disso, também é muito importante pensar nas
políticas públicas existentes para a gestão dos resíduos sólidos e as políticas necessárias, pois
estas influenciam diretamente em todo manejo e tratamento destes, mas devido à
complexidade e abrangência necessária para essa discussão, é tema para futuras pesquisas.
56

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ANEXO I

Uso do solo da BIG pelas Unidades de conservação e comunidades tradicionais

Fonte: JOHNSON; IKEMOTO (2015)

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