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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia e Ciências


Instituto de Geografia

Iomara Barros de Sousa

Geotecnologias e Recursos de Multimídia no Ensino de Cartografia:


Percepção Socioambiental do Rio Alcântara no Município de São
Gonçalo/RJ

Rio de Janeiro
2014
Iomara Barros de Sousa

Geotecnologias e Recursos de Multimídia no Ensino de Cartografia: Percepção


Socioambiental do Rio Alcântara no Município de São Gonçalo/RJ

Dissertação apresentada, como requisito parcial para


obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-
Graduação em Geografia, da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração:
Globalização, Políticas Públicas e Reestruturação
Territorial

Orientador: Prof. Dr. André Reyes Novaes

Rio de Janeiro
2014
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/C

S725 Sousa, Iomara Barros de.


Geotecnologias e Recursos de Multimídia no Ensino de
Cartografia: Percepção Socioambiental do Rio Alcântara no
Município de São Gonçalo/ RJ - Iomara Barros de Sousa. –
2014.
177 f.: il.color. + mapas

Orientador: André Reyes Novaes.


Dissertação (Mestrado) - Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Instituto de Geografia.
Bibliografia.

1Cartografia – Processamento de dados - Teses. 2.


Geografia – Estudo e ensino - Teses. 3. Solo – Uso – São
Gonçalo (RJ) - Teses. 4. Educação ambiental – Teses. 5. São
Gonçalo (RJ). I. Novaes, André Reyes. II. Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Geografia. III. Título.

CDU 528.9:681.783(815.3)

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta tese.

______________________________________ ______________________
Assinatura Data
Iomara Barros de Sousa

Geotecnologias e Recursos de Multimídia no Ensino de Cartografia: Percepção


Socioambiental do Rio Alcântara no Município de São Gonçalo/RJ

Dissertação apresentada, como requisito parcial para


obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-
Graduação em Geografia, da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração:
Globalização, Políticas Públicas e Reestruturação
Territorial.

Aprovada em 9 de abril de 2014.

Orientador: Prof. Dr. André Reyes Novaes


Instituto de Geografia - UERJ
Banca Examinadora:
________________________________________________________
Prof. Dr. Hindenburgo Francisco Pires
Instituto de Geografia - UERJ
________________________________________________________
Prof. Dr. Paulo Márcio Leal de Menezes
Universidade Federal do Rio de Janeiro
________________________________________________________
Prof.ª Dra. Angelica Carvalho Di Maio
Universidade Federal Fluminense

Rio de Janeiro
2014
DEDICATÓRIA

À Deus, aos meus queridos pais, aos meus irmãos e ao meu esposo.
AGRADECIMENTOS

À Deus toda honra e glória pela inspiração, força e saúde para superar os desafios e
vencer os obstáculos desde o processo seletivo até a concretização desta pesquisa.
Aos meus pais, Edeomar e Ivo pelo amor incondicional e apoio nas horas mais
difíceis.
Aos meus irmãos Iomar e Ivomar pela atenção no decorrer desta pesquisa.
Ao meu esposo Sávio, pelo carinho, compreensão, incentivos e conselhos.
Ao meu Orientador Prof. André Reyes Novaes pela confiança em minha capacidade
para desenvolver esta dissertação e pelas orientações e ideias ao longo da pesquisa.
Aos Professores do Programa de Pós-Graduação de Geografia da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro pela construção de novos conhecimentos.
Ao Professor Paulo Márcio Leal de Menezes que me acolheu prontamente desde as
primeiras orientações para a realização desta pesquisa com seus incentivos e sua amizade.
A Professora Angelica Carvalho Di Maio que, desde a graduação, sempre contribuiu
com sua amizade, incentivos, críticas, conselhos e orientações para minha vida acadêmica.
Ao Professor Hindenburgo Francisco Pires pelas contribuições, incentivos, sugestões
e, principalmente pela amizade construída.
A Professora Thaís Alves Gallo Andrade pela ajuda e sugestões na elaboração das
bases cartográficas.
A Secretaria Municipal de Educação de São Gonçalo/RJ pela autorização e apoio para
aplicação dos testes avaliativos.
A Diretora da Escola Municipal Raul Veiga, Sra. Márcia Arabela Aleluia Gomes pelo
apoio à pesquisa.
Ao Professor de Geografia Reinaldo Henrique Salvino da Escola Municipal Raul
Veiga pela autorização, compreensão e apoio no decorrer dos testes avaliativos.
A querida Dra. Maria Fernanda Reis Gavazzoni Dias pelo apoio, incentivo e amizade
no decorrer desta investigação.
As queridas amigas e companheiras Flávia Costa da Silva e Luiziana Simões de
Almeida pelo apoio e compreensão.
Aos Professores Dr. Manoel do Couto Fernandes da UFRJ e Gustavo Mota de Sousa
da UFRRJ pelos conselhos e sugestões.
Ao Professor Vinícius da Silva Seabra da FFP-UERJ pelo empréstimo do seu aparelho
de GPS.
Ao amigo Edgar Tonel Rossato pela ajuda em geoprocessamento.
A todos meus amigos, muito obrigada pelo carinho e atenção.
Speak a new language, so that the world will be a new world.
Mawlana Jalal-ad-Din Muhammad Rum
RESUMO

SOUSA, Iomara Barros. Geotecnologias e Recursos de Multimídia no Ensino de Cartografia:


Percepção Socioambiental do Rio Alcântara no Município de São Gonçalo/RJ. 2014. 177 f.
Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Geografia, Universidade do Estado do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

A disponibilidade gratuita na Internet de imagens de satélite e SIG somada à facilidade dos


alunos no manuseio de multimídia através dos seus smartphones criam possibilidades para
trabalhar com geotecnologias e recursos de multimídia no ensino de Cartografia. Nesta
pesquisa foram avaliadas as contribuições, os limites e as possibilidades da inserção da
tecnologia espacial, geoprocessamento e recursos de multimídia nas aulas de Geografia do
sétimo ano da rede pública municipal de São Gonçalo/RJ; foi desenvolvida uma metodologia
em meio digital, por meio da Internet, denominada “Mapeando Meu Rio (MMR)” cuja
temática abordada foi a Percepção Socioambiental do Rio Alcântara. Observaram-se o
interesse e o envolvimento dos alunos no decorrer das atividades propostas, por meio do uso
de recursos de multimídia e geotecnologias como materiais de apoio à Educação Ambiental.
Os resultados da avaliação do MMR mostraram que os alunos chegaram ao final do sétimo
ano com dificuldades em relação à alfabetização cartográfica; isso foi constatado tanto na
produção dos mapas mentais como também pela utilização do GPS, Google Earth e do
ArcGIS Online. Os alunos tiveram dificuldades em utilizar os conhecimentos básicos da
Cartografia para elaborar uma representação espacial, mais especificamente, legenda,
coordenadas geográficas e orientação espacial. A alfabetização cartográfica não deve ser
considerada como conteúdo que se restringe ao 6° ano, mas uma linguagem de comunicação
para o entendimento da dinâmica espacial no decorrer do Ensino Fundamental e do Ensino
Médio. As atividades geográficas deve permitir ao aluno melhorar a compreensão do espaço
geográfico de uma maneira mais significativa para construir abstrações a partir da própria
realidade, ou seja, do espaço vivido.

Palavras-chave: Geotecnologias. Recursos de Multimídia. Ensino de Cartografia. Percepção


socioambiental.
ABSTRACT

SOUSA, Iomara Barros. Geotechnologies and Multimedia Resources in the Teaching of


Cartography: Socio-enviromental perception of Alcântara River in São Gonçalo/RJ. 2014.
177 f. Dissertation (Master degree in Geography) – Instituto de Geografia, Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

The free accessibility to satellite images and GIS plus the students’ ability in handling
multimedia on their own smartphones enable the use of geo-technologies and multimedia
resources in teaching cartography. This research, has considered the input, limits and
possibilities of employing space technology, geo-processing and multimedia resources in
Geography classes for 7th-grade students in the public schools of São Gonçalo in Rio de
Janeiro; a digital material has also been developed through the web, named “Mapeando Meu
Rio (MMR)” or “Mapping My River (MMR)”, which addresses the issue of the socio-
environmental perception of the Alcântara river. The interest and involvement from the
students throughout the different activities proposed on the aforementioned methodology has
been remarkable especially in the use of multimedia resources and geo-technologies as
support material for the Environmental Education. Based on the MMR evaluation, 7th grade
students have fallen short in their cartographic literacy at the end of their school year; this
failure has been noticed both in their ability to make mental maps and in the handling of GPS,
Google Earth and ArcGIS Online. When requested to produce a spatial layout on their own,
students were not able to put into practice their basic knowledge of cartography, especially in
the use of legends, geographical coordinates, and spatial orientation. The cartographic literacy
should not be restrained to the syllabus of 7th grade classes; instead, it should be considered
as a means of communication to the understanding of the spatial dynamics during the whole
course of elementary and high school. All geography-based activities are meant to give
students a better understanding of their geographical space, in such a way that they may be
able to build meaningful abstractions from their own reality, that is, from their own living
place.

Keywords: Geotechnologies. Multimedia Resources. Cartography instruction.


Socio-environmental perception.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Localização do município de São Gonçalo/RJ ....................................... 26


Figura 2 – Crescimento demográfico do município de São Gonçalo/RJ entre 1970
a 2010 ..................................................................................................... 28
Figura 3 – Mapa de Uso e cobertura do solo do município de São Gonçalo/RJ ..... 30
Figura 4 – Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Alcântara e suas sub-bacias no
município de São Gonçalo/RJ ................................................................ 33
Figura 5 – Mapa de uso e cobertura do solo na Bacia do Rio Alcântara no
município de São Gonçalo/RJ ................................................................ 35
Figura 6 – Trechos do Rio Alcântara no município de São Gonçalo/RJ ................. 36
Figura 7 – Potencialidades da Cartografia Web no Ensino de Geografia ............... 50
Figura 8 – Localização da Escola Municipal Raul Veiga no município de São
70
Gonçalo/RJ..............................................................................................

Figura 9 – Estrutura dos módulos do MMR ............................................................ 75


Figura 10 – Formação acadêmica dos docentes ........................................................ 82
Figura 11 – Materiais utilizados no Ensino de Cartografia ....................................... 83
Figura 12 – Uso de tecnologias digitais aplicadas à Cartografia na abordagem da
temática ambiental................................................................................... 85
Figura 13 – Material didático sobre a questão ambiental do município de São
Gonçalo/RJ ............................................................................................. 86
Figura 14 – Professores que desenvolvem Educação Ambiental............................... 87
Figura 15 – A inserção da Educação Ambiental nas aulas de Geografia de acordo
com os PCNs do tema transversal: Meio Ambiente ............................... 87
Figura 16 Aparelhos utilizados pelos alunos em seu cotidiano .............................. 88
Figura 17 – Locais onde os alunos mais acessam a Internet em seu cotidiano.......... 89
Figura 18 – Tempo médio de acesso à Internet semanalmente ................................. 90
Figura 19 – Conteúdos acessados na Internet ............................................................ 90
Figura 20 – Atividade no Laboratório de Informática ............................................... 91
Figura 21 – Objetivos instrucionais da Taxonomia de Bloom de Domínio
Cognitivo ................................................................................................ 92
Figura 22 – Página Principal do Mapeando Meu Rio ................................................ 92
Figura 23 – Texto interativo e o “item” Curiosidade” do Módulo 1.......................... 94
Figura 24 – Atividade do Módulo 1........................................................................... 98
Figura 25 – Participação dos alunos na atividade do Módulo 1 ............................... 99
Figura 26 – Tela do texto interativo: Explorando o Rio Alcântara em São
Gonçalo/RJ ........................................................................................... 101
Figura 27 – Tela do texto interativo: Rio Alcântara .................................................. 102
Figura 28 – Atividade I – Módulo 2 .......................................................................... 105
Figura 29 – Atividade II – Módulo 2 ......................................................................... 106
Figura 30 – Alunos e o Professor de Geografia participando do trabalho de campo. 107
Figura 31 – Atividade referente ao Módulo 3............................................................ 112
Figura 32 –Pr Produção textual do Módulo 3................................................................ 114
Figura 33 – Alunos fazendo as etapas da atividade do Módulo 3 no Laboratório de
Informática ............................................................................................. 115
Figura 34 – Alunos da turma 701 utilizando GPS no pátio da escola ....................... 118
Figura 35 – Mapas elaborados no Google Earth ....................................................... 120
Figura 36 – Alunos da turma 702 utilizando no GPS no pátio da escola ................. 121
Figura 37 – Mapas elaborados no Google Earth ...................................................... 124
Figura 38 – Mapas mentais e a natureza “intocada” pelo homem - turma 701.......... 126
Figura 39 – Mapas mentais e a proximidade da “realidade” socioambiental do
canal do Rio Alcântara - turma 701........................................................ 127
Figura 40 – Mapas mentais e a natureza “intocada” pelo homem da turma 702 ....... 128
Figura 41 – Mapas mentais e a proximidade da “realidade” socioambiental do
canal do Rio Alcântara - turma 702........................................................ 129
Figura 42 – Percepção socioambiental dos alunos da turma 701 em relação ao
canal fluvial do Rio Alcântara que percorre próximo à escola .............. 131
Figura 43 – Percepção socioambiental dos alunos da turma 702 em relação ao
canal fluvial do Rio Alcântara que percorre próximo à escola .............. 132
Figura 44 – A qualidade das águas do canal do Rio Alcântara afeta a sua vida?
turma 701................................................................................................. 133
Figura 45 – Como você vê a qualidade das águas deste Rio? - turma 701 ................ 134
Figura 46 – A qualidade das águas do canal do Rio Alcântara afeta a sua vida?
turma 702 ................................................................................................ 134
Figura 47 – Como você vê a qualidade das águas deste Rio? - turma 702 ................ 135
Figura 48 – Identificação da nascente e da foz do Rio Alcântara no Mapa Base
OpenStreetMap ....................................................................................... 136
Figura 49 – Percentual da identificação da nascente e da foz do Rio Alcântara -
turma 701................................................................................................. 137
Figura 50 – Identificação dos bairros que percorrem o curso principal do Rio
Alcântara ................................................................................................ 138
Figura 51 – Fontes de poluição do canal fluvial próximo à escola ........................... 139
Figura 52 – Mídias produzidas pelos alunos sobre o canal do Rio Alcântara
próximo à escola...................................................................................... 140
Figura 53 – Soluções propostas pelos alunos para despoluir o canal fluvial ............. 141
Figura 54 – Análise e interpretação para despoluir o canal do Rio Alcântara .......... 142
Figura 55 – Análise e interpretação para despoluir o canal do Rio Alcântara .......... 143
Figura 56 – Identificação da nascente e da foz do Rio Alcântara no Mapa Base
OpenStreetMap ....................................................................................... 144
Figura 57 – Percentual da identificação da nascente e da foz do Rio Alcântara ....... 145
Figura 58 – Identificação dos bairros que percorrem o curso principal do Rio
Alcântara ................................................................................................ 145
Figura 59 – Fontes de poluição do canal fluvial próximo à escola ........................... 147
Figura 60 – Mídias produzidas pelos alunos sobre o canal do Rio Alcântara
148
próximo à escola .....................................................................................
Figura 61 – Soluções propostas pelos alunos para despoluir o canal fluvial ............. 149
144
Figura 62 – Análise e interpretação de propostas para despoluir o canal do Rio
150
Alcântara ................................................................................................
152
Figura 63 – Médias bimestrais das turmas participantes ...........................................
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Conteúdos e os Objetivos: Módulo 1........................................................ 77


Quadro 2 – Conteúdos e os Objetivos: Módulo 2 ....................................................... 77
Quadro 3 – Conteúdos e os Objetivos: Módulo 3 ....................................................... 78
Quadro 4 – Estrutura do módulo 1: Aplicando novas tecnologias à Cartografia ....... 93
Quadro 5 – Estrutura do módulo 2: Explorando o Rio Alcântara em São
Gonçalo/RJ ............................................................................................... 100
Quadro 6 – Estrutura do módulo 3: Percepção Socioambiental do Rio Alcântara em
São Gonçalo/RJ ........................................................................................ 108
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estado atual do uso do solo e cobertura vegetal no município de São


Gonçalo/RJ.................................................................................................... 31
Tabela 2 – Multimídias e os potenciais das inteligências múltiplas ............................. 56
Tabela 3 – Tempo de magistério ................................................................................... 82
Tabela 4 – Plano de aula referente ao Módulo 1 ........................................................... 96
Tabela 5 – Plano de aula referente ao Módulo 2 ........................................................... 103
Tabela 6 – Plano de aula referente ao Módulo 3 .......................................................... 110
Tabela 7 – Atividade correspondente à população de cada bairro e sua respectiva
área (Km²) .................................................................................................... 113
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


INEA Instituto Estadual do Ambiente
PMSG Prefeitura Municipal de São Gonçalo
MEC Ministério da Educação
SMF Secretaria Municipal de Fazenda
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................. 17
1 O RIO ALCÂNTARA NO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO/RJ:
ASPECTOS FÍSICOS E AMBIENTAIS E O USO E OCUPAÇÃO DO
SOLO.............................................................................................................. 23
1.1 Breve contextualização do Município de São Gonçalo/RJ........................ 25
1.2 Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Alcântara, município de
São Gonçalo/RJ.............................................................................................. 32
1.3 A situação ambiental do Rio Alcântara....................................................... 34
2 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E O USO DA REPRESENTAÇÃO
ESPACIAL NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL.............................................. 38
2.1 A linguagem cartográfica na Educação Ambiental formal: o estudo dos
rios no terceiro ciclo do Ensino Fundamental............................................. 39
2.2 O Mapa Mental como recurso didático-pedagógico para a percepção
socioambiental................................................................................................. 43
2.3 Práticas pedagógicas e tecnologias aplicadas à Cartografia como
materiais de apoio à Educação Ambiental............................................. 46
3 NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS À CARTOGRAFIA NO
ENSINO DE GEOGRAFIA........................................................................... 49
3.1 Mapas na WEB (webmapping)....................................................................... 49

3.2 Cartografia Multimídia.................................................................................. 52


3.2.1 Interatividade e Cartografia Multimídia........................................................... 57
3.3 Geotecnologias aplicadas ao ensino da Geografia....................................... 58
3.3.1 O Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS) .................................... 60
3.3.2 Os Globos Virtuais (Google Earth) ................................................................. 61
3.3.3 O Sistema de Informações Geográficas- o uso do ArcGis Online................... 63
3.4 Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia no Ensino
Fundamental: Cartografia Digital e Geoprocessamento............................ 65
4 CAMINHOS DA PESQUISA: PROCEDIMENTOS
METODOLÓGICOS..................................................................................... 68
4.1 Abrangência da pesquisa............................................................................... 68
4.2 Levantamento e análise dos materiais cartográficos utilizados na
abordagem do meio ambiente no ensino da Geografia............................... 71
4.3 Levantamento das tecnologias digitais utilizadas pelos alunos em seu
dia a dia............................................................................................................ 71
4.4 O Mapeando Meu Rio.................................................................................... 72
4.4.1 Escolha dos conteúdos ..................................................................................... 74
4.4.2 Divisão dos módulos de Ensino........................................................................ 76
4.4.2.1 Módulo 1: Aplicando novas tecnologias digitais à Cartografia........................ 76
4.4.2.2 Módulo 2: Explorando o Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ........................... 77
4.4.2.3 Módulo 3: Percepção Socioambiental do Rio Alcântara em São
Gonçalo/RJ........................................................................................................ 78
4.5 Critérios utilizados para avaliação do Mapeando Meu Rio....................... 78
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................. 81
5.1 Análises do questionário aplicado aos professores...................................... 81
5.2 Análise do questionário aplicado aos alunos ............................................... 88
5.3 Mapeando Meu Rio (MMR).......................................................................... 91
5.3.1 Módulo 1: Aplicando novas tecnologias à Cartografia.................................... 93
5.3.2 Módulo 2: Explorando o Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ........................... 99
5.3.3 Módulo 3: Percepção socioambiental do Rio Alcântara em São
Gonçalo/RJ....................................................................................................... 108
5.4 Desafios e Dificuldades enfrentados na aplicação do Mapeando Meu
Rio ................................................................................................................... 116
5.4.1 Avaliação do módulo 1: Aplicando novas tecnologias à Cartografia............... 117
5.4.1.1 Avaliação do módulo 1: turma 701.................................................................. 117
5.4.1.2 Avaliação do módulo 1: turma 702.................................................................. 121
5.4.2 Avaliação do módulo 2: Explorando o Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ..... 125
5.4.2.1 Avaliação do módulo 2 referente aos mapas mentais....................................... 125
5.4.2.1.1 Análise e interpretação dos mapas mentais: turma 701.................................... 126
5.4.2.1.1.1 Análise dos mapas mentais referente ao Grupo 1: Mapa mental e a natureza
“intocada” pelo homem.................................................................................... 126
5.4.2.1.1.2 Análise dos mapas mentais referente ao Grupo 2: Mapa mental e a
proximidade da “realidade” socioambiental do canal do Rio Alcântara.......... 127
5.4.2.1.2 Análise e interpretação dos mapas mentais: turma 702.................................... 128
5.4.2.1.2.1 Análise dos mapas mentais referente ao Grupo 1: Mapa Mental e a natureza
“intocada” pelo homem.................................................................................... 128
5.4.2.1.2.2 Análise dos mapas mentais referente ao Grupo 2: Mapa mental e
proximidade da “realidade” socioambiental do canal do Rio Alcântara.......... 129
5.4.2.2 Análise da “Minha percepção socioambiental do Rio Alcântara”................... 130
5.4.2.2.1 Análise da “Minha percepção socioambiental do Rio Alcântara”: turma
701.................................................................................................................. 130
5.4.2.2.2 Análise da “Minha percepção socioambiental do Rio Alcântara”: turma
702.................................................................................................................... 131
5.4.2.3 Avaliação da percepção socioambiental feita pelos alunos.............................. 132
5.4.2.3.1 Análise do questionário aplicado aos moradores e/comerciantes referente à
turma: 701......................................................................................................... 133
5.4.2.3.2 Análise do questionário aplicado aos moradores e/comerciantes referente à
turma: 702......................................................................................................... 134
5.4.3 Avaliação do módulo 3: Percepção Socioambiental do Rio Alcântara em
São Gonçalo/RJ................................................................................................ 135
5.4.3.1 Avaliação do módulo 3: turma 701.................................................................. 135
5.4.3.2 Avaliação do módulo 3: turma 702.................................................................. 143
5.4.4 Análise comparativa dos resultados entre as turmas 701 e 702 da Escola
Municipal Raul Veiga....................................................................................... 151
CONCLUSÃO................................................................................................. 154
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 160
APÊNDICE A – Questionário aplicado aos professores................................. 171
APÊNDICE B – Questionário aplicado aos alunos........................................ 172
APÊNDICE C – Minha percepção do Rio Alcântara...................................... 173
APÊNDICE D – Questionário aplicado aos moradores e/ou comerciantes.... 174
17

INTRODUÇÃO

O atual processo de globalização está fundamentado no meio técnico-científico-


informacional que, por sua vez, se caracteriza por uma racionalidade do espaço geográfico,
em que as técnicas no mundo de hoje se assentam numa ordem social planetária imprimindo
novas relações entre o espaço e o tempo, conforme aponta Santos (2009).
Com o aperfeiçoamento da Internet e o advento das geotecnologias como
Sensoriamento Remoto, Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS)1 e o Sistema de
Informações Geográficas (SIG)2 surgem novos métodos, técnicas, materiais e instrumentos
aplicados ao processo de mapeamento os quais contribuem para a elaboração de mapas mais
precisos e produzidos em menor tempo. Robinson et al. (1995) acrescentaram que estes novos
mapas possuem maior flexibilidade para atualizar, manipular, modificar a estrutura, o
armazenamento e a distribuição das informações espaciais como diz Ramos (2005).
Mudanças tecnológicas criaram novas oportunidades para representar a superfície
terrestre em meio digital. De acordo com Peterson (2007), a combinação de mapas com
recursos de multimídia (foto, vídeo, texto) ou com outros mapas é conhecida como
Cartografia Multimídia. Segundo Ramos e Gerardi (2002), a Cartografia Multimídia imprime
nova relação entre o leitor e o mapa permitindo ao usuário interagir com o mapa ao combinar
foto, vídeo, texto o que facilita o entendimento da dinâmica do espaço geográfico.
Desde meados de 1990, a apropriação da Cartografia pela Internet denominada de
Cartografia Web tem possibilitado maior democratização em relação ao acesso e a elaboração
de mapas se comparado aos documentos cartográficos em papel. Peterson (1995) mostra que a
obtenção de dados e informações espaciais tem ocorrido em curto espaço de tempo
permitindo ao usuário escolher uma localização para mapear, incluir informações geográficas,
de acordo com os seus interesses e necessidades. Em conformidade com Menezes (2003), a
grande contribuição da Internet no processo de mapeamento é a possibilidade da interface de
multimídia com outros mapas e a previsão de informações pela disseminação de dados.
De acordo com Crampton e Krygier (2008), novas perspectivas da Cartografia tem
contribuído para o crescimento da produção de mapas fora dos limites acadêmicos criando

1
A sigla correspondente na tradução é: “Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS).” O GPS é um
instrumento de navegação e posicionamento na superfície terrestre que funciona por meio do sistema.
2 A sigla original correspondente na tradução é: “Geographic Information System (GIS)”.
18

oportunidades para as pessoas elaborarem seu próprio mapa a partir do espaço vivido que,
segundo Merleau-Ponty (2006), possibilita fazer reflexões sobre sua orientação no mundo.
Gartner (2009) afirma que a popularização da web 2.0 proporcionou maior
interatividade, colaboração e participação do usuário no processo de mapeamento, como
escrevem November, Camacho-Hübner e Latour (2010), por meio dos mapas interativos
como um SIG, mapas de ruas na Internet o que permite ao indivíduo “percorrer” dentro dos
mapas como ressalta Peterson (1997).
Todavia, a maioria da população não apreendeu os elementos básicos da Cartografia
(orientação espacial, legenda, escala e coordenadas geográficas) para elaborar e ler mapas em
papel ou em meio digital, conforme afirma Elzakker (2001), embora representações espaciais
estejam presentes no cotidiano dos indivíduos através dos telejornais, revistas, livros, sites de
busca, dentre outras mídias.
Uma justificativa quanto às limitações das pessoas para elaborar e ler representações
espaciais se deve as formas empregadas no ensino de Cartografia nas aulas de Geografia em
que, muitas vezes, os mapas são usados para “ilustrar” conteúdos geográficos seja pendurado
no quadro ou, mesmo impressos para colorir, o que representa uma realidade estática e com
informações desatualizadas. Segundo Seemann (2003, p.24), os “mapas de leitura” possuem
“[...] possíveis distorções, deformações, generalizações, simplificações”, ou seja, estes mapas
não tem significado, como ressaltam Almeida e Passini (2005), para o uso na prática cotidiana
dos indivíduos.
Desta forma, as tarefas mecanicistas no Ensino de Cartografia, como pintar ou
localizar fatos e fenômenos geográficos nos mapas e, ainda escrever nome de países, oceanos,
lugares em mapas impressos prontos, acabados e estáticos, como assinala Wiegand (2005),
não proporcionam ao aluno construir conhecimentos básicos da Cartografia.
A disponibilidade gratuita na Internet de imagens de satélite e SIG somada à
facilidade, por exemplo, do educando para obter foto ou registrar vídeo e som de uma dada
área da superfície terrestre através dos seus smartphones contribuem para desenvolver o
Ensino de Cartografia mais interessante e envolvente ao considerar o aluno como ator da
produção do conhecimento.
O uso da linguagem cartográfica na Educação Ambiental através da utilização de
dados e informações obtidas em formato multimídia e observações levantadas em campo
possibilita ao aluno representar cartograficamente o meio ambiente a partir do contato físico
com o meio que se vivencia e experimenta.
19

A integração entre Meio Ambiente e Cartografia oferece aos alunos possibilidades


para representar fenômenos geográficos concomitantemente em seus aspectos físicos e sociais
desde a percepção socioambiental do seu cotidiano até a correlação com outras escalas
espaciais e temporais.
De fato, o aluno precisa ser estimulado para refletir, compreender e reconhecer através
da representação gráfica que, ele faz parte do meio ambiente por meio das suas ações e
atitudes; por essa razão, escolheu-se a percepção socioambiental do Rio Alcântara no
Município de São Gonçalo/RJ como temática ambiental das atividades cartográficas para a
metodologia desenvolvida e avaliada nesta pesquisa.
Neste sentido, o ensino de Cartografia deve ir além dos limites da Cartografia
cartesiana, cálculo de escala e coordenadas geográficas (latitude e longitude); o aluno deve
representar seus conhecimentos geográficos, tendo como ponto de partida suas experiências
com o meio ambiente, como aponta Tuan (1983). As atividades cartográficas devem ser
desenvolvidas tomando o aluno como sujeito participativo ao representar graficamente suas
percepções, impressões e associações espaciais, a partir das relações intersubjetivas do seu
espaço de vivência, como assinala Holzer (1999), envolvendo os sentidos que estão
impregnados de lembranças e significados em conformidade com Lynch (2011).
A Cartografia Digital se mostra como grande potencial para trabalhar a Educação
Ambiental, porém deve ser considerada a capacidade cognitiva e o nível de conhecimento
geográfico e cartográfico do aluno com o intuito de proporcionar o desenvolvimento da
capacidade crítica dos mesmos, como demonstram Almeida e Passini (2005). Dessa maneira,
busca-se formar cidadãos ativos e conscientes da realidade espacial, na medida em que,

[...] o aluno pode “ver” esse espaço geográfico atualizado, observando-o,


comparando e identificando suas transformações, o que causa uma grande impressão
nos alunos e, a partir dos dados coletados por meio destas observações, pode-se criar
a necessidade de se questionar, analisar e refletir sobre como a realidade se
apresenta. (CARVALHO, 2006, p.34)

Esta pesquisa tem como objetivo principal desenvolver e avaliar uma metodologia
para o sétimo ano do ensino fundamental baseada no uso de geotecnologias e recursos de
multimídia aplicados à Cartografia no estudo da percepção socioambiental do Rio Alcântara,
localizado no município de São Gonçalo/RJ.
20

Com o intuito de alcançar o objetivo geral, foram traçados os objetivos secundários


que, por sua vez, definiram as etapas para o desenvolvimento da pesquisa:
a) levantar dados sobre materiais e instrumentos aplicados à Cartografia e as
práticas pedagógicas dos docentes de Geografia que lecionaram no sétimo
de escolaridade da rede pública municipal de São Gonçalo/RJ no ano letivo
de 2013 com relação à abordagem das questões ambientais no ensino de
Geografia;
b) identificar os diferentes usos das tecnologias digitais pelos alunos
participantes da pesquisa;
c) desenvolver o instrumento denominado “Mapeando Meu Rio” hospedado
na Internet;
d) aplicar em duas turmas do sétimo ano de escolaridade da rede pública de
ensino, a metodologia desenvolvida como auxílio ao ensino de Cartografia;
e) comparar os resultados dos testes aplicados em duas turmas do sétimo ano.

Esta pesquisa se justifica pela ausência de material cartográfico interativo, por meio de
tecnologias contemporâneas aos alunos (computador, smartphones, Internet), para o estudo do
meio ambiente relativo ao município de São Gonçalo/RJ. Foram realizados testes avaliativos
que apresentaram as contribuições, os limites e as possibilidades em relação ao uso de
geotecnologias e recursos de multimídia aplicados ao ensino de Cartografia nas aulas de
Geografia.
Foi elaborado um material gratuito, por meio da Internet, denominado “Mapeando
Meu Rio” (MMR) cuja temática abordou o Ensino de Cartografia e Percepção socioambiental
do Rio Alcântara no município de São Gonçalo/RJ; este material está disponível no seguinte
endereço eletrônico: http://www.mapeandomeusrios.com.br. Acrescenta-se que este material
tem como temática a percepção socioambiental do Rio Alcântara a partir de um dos seus
canais cujo recorte temporal remonta a expansão urbana desenfreada do município de São
Gonçalo/RJ a partir da década de 1970 e suas consequências o meio ambiente, em especial, os
recursos hídricos, notadamente o Rio Alcântara.
Escolheu-se como estudo de caso, o sétimo ano de escolaridade, partindo do
pressuposto que, os alunos tenham apreendido conhecimentos básicos da Cartografia
(orientação espacial, legenda, escala e coordenadas geográficas), como também o conteúdo
21

curricular “Hidrografia” que integram ao terceiro ciclo (6º e 7º ano) do Ensino Fundamental,
segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia.
De acordo com Simielli (2003) e Wiegand (2006), o educando do sétimo ano de
escolaridade da educação básica que, está na faixa etária entre 11 a 13 anos, é capaz de
localizar e analisar um fenômeno a partir do seu nível de desenvolvimento cognitivo formal,
como demonstra Piaget e Inhleder (1978); assim, o aluno é capaz de conceber o espaço
geográfico a partir de diferentes formas de representação espacial, de modo a codificar e
decodificar as informações espaciais numa relação entre significados e significantes.

Nesta fase escolar, os estudantes são capazes de trabalhar com mapas de maneira
mais analítica porque eles compreendem a diferença entre termos geográficos (como
forma e função) como também as tarefas que são definidas, como por exemplo, a
diferença entre descrever e explicar. (WIEGAND, 2006, p.118).3

Nesse sentido, foram delineadas as seguintes questões para esta pesquisa: Como os
alunos e professores se relacionam com as tecnologias digitais dentro e fora da sala de aula?
Qual é a percepção socioambiental dos alunos em relação ao Rio Alcântara localizado no
município de São Gonçalo/RJ? Quais seriam as contribuições, os limites e os desafios do uso
da Cartografia Digital para sensibilizar os alunos para questões socioambientais?
Para responder estes questionamentos e aprofundar a problemática esboçada, a
dissertação está estruturada em cinco capítulos.
O primeiro capítulo desta dissertação trata da área de estudo cujo tema é “O Rio
Alcântara no município de são Gonçalo/RJ: aspectos físicos e ambientais e o uso e ocupação
do solo”. Foi realizada uma breve caracterização do município de São Gonçalo/RJ e os
principais fatores que, nos últimos quarenta anos contribuíram para a atual situação
socioambiental do município. A partir de artigos, livros, teses e bases cartográficas foram
levantados dados e informações sobre o Rio Alcântara; assim foi possível gerar mapas com o
objetivo de analisar os aspectos físicos e ambientais, como também o uso e ocupação do solo
da Bacia Hidrográfica do Rio Alcântara; esta bacia encontra-se em médio estágio de
degradação ambiental devido à atuação de fatores de ordem política e socioeconômica que
favoreceram a expansão urbana desenfreada e desordenada ao longo deste recurso hídrico e,

3
O texto em língua estrangeira é: “ Students in this phase are able to work with maps more analytically because
they understand the difference between geographical terms (such as settlement form and function) as well as
the rubric of tasks they are set (for example, the difference between describe and explain).”
22

por conseguinte comprometeram a qualidade de suas águas.


O segundo capítulo “Práticas pedagógicas e o uso da representação espacial na
Educação Ambiental” buscou debater sobre a Cartografia e o Meio Ambiente no Ensino de
Geografia. As discussões teórico-metodológicas sobre a linguagem cartográfica mostraram a
importância da utilização de diferentes formas de representações gráficas na Educação
Ambiental; esta pesquisa contemplou o mapa mental e o mapa digital por meio das
geotecnologias e dos recursos de multimídia na abordagem referente ao rio. Sendo assim, é
preciso que práticas pedagógicas sejam interativas e estimulantes no ensino da Cartografia
para o estudo do meio ambiente integrando aspectos socioeconômicos e ambientais a partir da
percepção do lugar vivido e dos conhecimentos geográficos do aluno.
O terceiro capítulo “Novas tecnologias aplicadas à Cartografia no ensino de
Geografia” fez uma abordagem teórico-metodológica a respeito das contribuições das novas
tecnologias aplicadas ao ensino de Cartografia, especificamente a Cartografia Multimídia,
Cartografia Web e as Geotecnologias como materiais de apoio ao ensino de Geografia no
nível fundamental.
A metodologia aplicada é apresentada no quarto capítulo “Caminhos da pesquisa:
procedimentos metodológicos” que compreende a um questionário aplicado aos professores
de Geografia da rede municipal de São Gonçalo/RJ para analisar suas práticas pedagógicas no
ensino de Cartografia com relação à abordagem das questões ambientais do município. Além
disso, foi aplicado um questionário aos alunos participantes da pesquisa para levantar
informações sobre as tecnologias digitais utilizadas por eles no cotidiano antes da aplicação
do MMR. Ambos os questionários forneceram subsídios para aplicação e, análises para os
testes avaliativos. Ainda, foram descritos os procedimentos utilizados na produção do
Mapeando Meu Rio, objetivos e conteúdos de cada módulo: (1) Aplicando novas tecnologias
à Cartografia, (2): Explorando o Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ e (3) Percepção
Socioambiental do Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ.
Os resultados obtidos estão no quinto capítulo que apresenta as análises dos
questionários, a produção do Mapeando Meu Rio e a aplicação dos três módulos deste
material; por último, este capítulo trouxe uma análise comparativa entre as turmas
participantes. Os resultados dos testes avaliativos foram importantes para verificar as
contribuições, os limites e os desafios do uso das geotecnologias e recursos de multimídia no
Ensino de Cartografia para as aulas de Geografia na rede pública de ensino.
23

1 O RIO ALCÂNTARA NO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO/RJ: ASPECTOS


FÍSICOS E AMBIENTAIS E O USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

A demanda por novos espaços de produção e consumo relegou a natureza em segundo


plano em nome do progresso e da modernização, “ditada” pelas regras do modo de produção
capitalista o que culminou na crise ambiental iniciada na década de 1960. Com o passar dos
anos, em nome da modernidade, urbanização e industrialização impostas os agentes
modeladores do espaço geográfico que, segundo Lobato (1995), são formados pelos
promotores imobiliários, os agentes governamentais, os donos dos meios de produção,
sobretudo, os grande industriais que sobrepuseram à natureza, valores sociais, princípios e
hábitos sobre os recursos naturais.
Dentro desse contexto, encontra-se a criação das regiões metropolitanas brasileiras,
como por exemplo, a Região Metropolitana no Rio de Janeiro4 que, nos primeiros anos após
sua consolidação que, foi em 1974, já apresentava sinais de forte tendência à concentração
populacional. Em consonância com Holz e Monteiro (2008), o modo desigual da produção
capitalista impossibilitou grande parte da população ao acesso à moradia que foi oprimida e
“castigada” pelos processos de segregação e degradação ambiental.
O fator demográfico não é culpado pela degradação dos recursos naturais, mas
consequência dos interesses que envolvem as políticas públicas relacionadas ao uso e
ocupação do solo que, na maioria das vezes, não buscam conciliar crescimento urbano com
preservação da fauna e flora local.
Neste sentido, encontra-se o município de São Gonçalo localizado na Região
Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro. A partir da década de 1970, São Gonçalo tem sido
cada vez mais, ocupado por um grande contingente populacional sem que haja, por parte do
governo municipal, uma preocupação com o meio ambiente, conforme constatou Andrade
(2011, p. 8), “[...] descontinuidade das ações públicas, de interesses políticos e financeiros
desarticulados das demandas socioambientais, da falta de infraestrutura técnica e financeira
[...], da pouca participação social no planejamento [...]”.
Estes fatores comprometeram a dinâmica de funcionamento e a qualidade dos recursos
hídricos. Hoje, todas as bacias hidrográficas do município se encontram em médio a alto

4 A Lei Complementar 20/1974 da Constituição de 1967 consta no Art.19 - parágrafo único- “A Região Metropolitana do Rio de Janeiro constitui-se dos seguintes
Municípios: Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias, Itaboraí, Itaguaí. Magé, Maricá, Nilópolis, Nova Iguaçu, Paracambi, Petrópolis, São Gonçalo, São João de Meriti e
Manguaratiba. Hoje, essa região engloba os municípios de Japeri, Mesquita, Guapimirim, Cachoeiras de Macacu e Rio Bonito.
24

índice de degradação de suas águas o que tem afetado a qualidade de vida da população e,
também a fauna e flora local.
Dentre as bacias hidrográficas que estão nesse quadro ambiental crítico encontra-se a
Bacia Hidrográfica do Rio Alcântara, localizada na região central do município de São
Gonçalo/RJ, onde predomina ocupação urbana de média e alta intensidade.
Este capítulo trata do Rio Alcântara, área de estudo escolhida para a elaboração e
aplicação do Mapeando Meu Rio, que é o principal rio da Bacia do Rio Alcântara, a maior do
município (88,5Km²) que está localizada entre as coordenadas geográficas (ϕ=22°
53´32.80´´S, ϕ=22° 44´19.84´´S e λ=43° 00´50.52´´O, λ=43° 00´13.50’’O).
A escolha do Rio Alcântara como objeto de estudo esteve relacionada aos seguintes
fatores: acesso as informações e bases cartográficas fornecidas pela Secretaria Municipal de
Fazenda da PMSG/RJ, abrangência geográfica deste Rio que percorre 14 bairros com uma
densidade demográfica (4.677 hab/Km²) e, ainda a importância socioeconômica do bairro
com mesmo nome deste Rio.
Primeiramente, realizou-se uma breve contextualização do município de São
Gonçalo/RJ no intuito de apresentar os principais condicionantes naturais e sociais
responsáveis pela atual situação ambiental dos rios no município, em especial, o Rio
Alcântara.
Em seguida, foi realizada a caracterização dos aspectos físicos e ambientais como
clima, vegetação, a geomorfologia e as formas de ocupação e uso do solo da Bacia do Rio
Alcântara; além disso, foram realizadas observações em campo e obtenção de dados junto à
Secretaria Municipal de Fazenda de São Gonçalo/RJ como imagens do satélite QuickBird
(2006) e bases cartográficas referente a esta unidade ambiental.
Dessa forma, foi possível analisar o atual quadro físico-ambiental do Rio Alcântara e
os diferentes tipos de uso e ocupação do solo, como também os fatores que contribuíram para
sua fragilidade ambiental e as consequências para a população e a fauna e flora local.
Neste sentido, torna-se importante o desenvolvimento da Educação Ambiental na
disciplina de Geografia da rede municipal de ensino de São Gonçalo/RJ a partir da linguagem
cartográfica para representar a espacialidade do processo de ocupação e, por conseguinte
degradação socioambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Alcântara e, buscar possíveis
soluções ou ações para minimizar a poluição das águas desta bacia.
25

1.1 Breve contextualização do Município de São Gonçalo/RJ

O município de São Gonçalo/RJ está localizado na orla oriental da Baía de Guanabara


e possui uma área de 248,7 Km² dividida em cinco distritos (São Gonçalo, Ipiíba, Monjolos,
Neves e Sete Pontes) que juntos formam noventa bairros, conforme aponta Braga (1998). A
Figura 1 apresenta a localização do município de São Gonçalo/RJ.
26

Figura 1- Localização do município de São Gonçalo/RJ


27

A ocupação do município de São Gonçalo/RJ foi iniciada a partir de 1579 com a


doação da sesmaria ao português Gonçalo Gonçalves. O desbravamento de São Gonçalo/RJ
esteve atrelado, assim como no restante do Brasil Colonial, aos ciclos econômicos da cana-de-
açúcar e, posteriormente do café e, em menor escala a outros cultivos até meados do século
XIX, segundo os estudos realizados pela historiadora Braga (1998). Em 22 de setembro de
1890, São Gonçalo se emancipou do município de Niterói e, suas atividades econômicas
permaneceram atreladas as atividades agrícolas até meados do século XX.
Nos anos de 1940, o município de São Gonçalo passou por importante
desenvolvimento econômico com a instalação de um parque industrial diversificado com
ênfase no setor químico, naval, tornando-se a área industrial mais importante do Estado do
Rio de Janeiro e, até mesmo do país. Por essa razão, o município chegou a ser conhecido
como “Manchester fluminense” 5 conforme aponta Braga (1998).
Ao final de 1960, muitas indústrias encerraram suas atividades o que provocou uma
diminuição da oferta de empregos no município; entretanto, muitos trabalhadores
permaneceram com suas moradias em São Gonçalo/RJ.
Sobre os manguezais, as lagunas de maré, a foz dos rios Bomba, Guaxindiba e
Marimbondo, o município de São Gonçalo mantinha, até a década de 1970, quase todo o
litoral natural e despovoado, com seus ecossistemas lagunar, manguezal e seus brejos
preservados com rios navegáveis. Amador (1996) aponta que toda a exuberância natural de
São Gonçalo/RJ foi rapidamente ocupada por bairros proletariados e favelas.
Mendonça (2007) afirma que a construção dos trechos da Rodovia Estadual (RJ-104 e
RJ-106) na década de 1950, da Rodovia Federal BR-101 (trecho Niterói-Manilha) entre os
municípios de Niterói e Itaboraí/RJ em 1968 e, principalmente com a inauguração da Ponte
Rio Niterói em 1974 foram fatores que contribuíram para “explosão” demográfica de São
Gonçalo/RJ.
A partir da década de 1970 a população de São Gonçalo/RJ passou de
aproximadamente de 430.271 mil habitantes em 1970 e, atualmente o município abriga mais
de um milhão de habitantes, tornando o segundo município mais populoso do Estado do Rio
de Janeiro segundo dados fornecidos pelo IBGE (2012). A Figura 2 apresenta o crescimento
populacional de São Gonçalo/RJ entre 1970 a 2010.

5
A denominação de São Gonçalo como Manchester foi motivada pela pujança industrial do município em
relação ao estado do Rio de Janeiro como ocorreu com a cidade inglesa de Manchester durante o período da
Revolução Industrial.
28

Figura 2 - Crescimento demográfico do Município de São Gonçalo/RJ entre


1970 a 2010

Fonte: IBGE, 2012.

Outros fatores como o baixo preço dos terrenos associados aos desmembramentos de
loteamentos sem legislações específicas, a posição e a proximidade geográfica com a capital
do Rio de Janeiro6, a localização intermediária entre a capital e o interior do Estado, como
também a presença de linha férrea que ligava Niterói a Itaboraí cortando São Gonçalo/RJ
contribuíram para a forte migração populacional para o município.
O aumento significativo da população sem que houvessem infraestrutura e saneamento
básico associado a frágil legislação que regulamentasse o uso e ocupação do solo,
comprometeram enormemente o meio ambiente.
Densas áreas verdes desapareceram, rios foram canalizados ou comprometidos por
desmatamento das suas encostas, construções às margens ou mesmo dentro do leito dos rios
ocuparam extensas áreas de mata galeria; vários trechos dos canais fluviais foram aterrados e,
deram lugar às residências ou estão assoreados com excesso de matéria orgânica devido à
ausência de sistema de tratamento de esgoto e o acesso à água tratada em muitos bairros do
município; observa-se também a ocorrência de enchentes resultante do lançamento de
resíduos sólidos nos rios devido à coleta de lixo inadequada ou mesmo inexistentes em vários
bairros.

6
Entre 1960 a 1975, o atual território da capital do Estado do Rio de Janeiro, a cidade do Rio de Janeiro,
constitui o estado da Guanabara.
29

As pesquisas realizadas por Silva (2012) apontam que São Gonçalo atualmente possui
apenas 68% dos domicílios atendidos pelo sistema de saneamento básico, o que mostra a
ineficiência ou mesmo a ausência de políticas públicas que conciliem crescimento urbano e
preservação dos recursos naturais; isso, afeta a saúde da população devido aos riscos de
doenças, comprometem a fauna e a flora e, se torna uma ameaça as áreas remanescentes de
vegetação do município, como os manguezais. A Figura 3 mostra o mapa atual de uso e
cobertura do solo do município.
30

Figura 3- Mapa de uso e cobertura do solo do município de São Gonçalo/RJ


31

A partir da análise do mapa de “Uso e cobertura do solo do município de São


Gonçalo/RJ” representado na figura 3 observou-se o predomínio de ocupação urbana entre
média e alta densidade demográfica em São Gonçalo/RJ, conforme mostra a tabela 1:

Tabela 1: Estado atual do uso do solo e cobertura vegetal no


município de São Gonçalo/RJ
USO Área Percentual
Agricultura 71,8701 0,29%
Água 61,1949 0,25%
Áreas úmidas 6,9942 0,03%
Floresta 3206,9191 12,98%
Mangue 2216,8529 8,97%
Ocupação Urbana de Alta Densidade 4492,005 18,18%
Ocupação Urbana de Baixa Densidade 298,2096 1,21%
Ocupação Urbana de Média Densidade 6624,6321 26,81%
Pastagem 6318,0739 25,57%
Pastagem em Várzea 247,7351 1,00%
Reflorestamento 4,1447 0,02%
Solo exposto 29,6051 0,12%
Vegetação Secundária em Estágio Inicial 1130,5119 4,58%
Total Geral 24708,749 100,00%
Fonte: INEA, 2010.

Os dados extraídos da tabela mostra que a maior parte do uso do solo no município de
São Gonçalo é caracterizada pela ocupação urbana. As áreas de florestas correspondem aos
manguezais (ao norte) e as serras (ao sudeste e ao sudoeste do município).
A vulnerabilidade da ocupação urbana em São Gonçalo/RJ é decorrente,
principalmente de legislações urbanas frágeis que favoreceram o uso intensivo do solo por
moradias ao longo das Rodovia Federal BR-101 (trecho Niterói – Manilha) e as Rodovias
Estaduais RJ-106 e RJ-104; soma-se a insuficiência de serviços de fiscalização e mecanismos
de dragagem e desassoreamento dos rios aliado aos padrões precários das construções; todos
esses fatores contribuíram fortemente para a degradação socioambiental desta bacia
hidrográfica no município.
Diante dessa problemática ambiental, é preciso que as autoridades municipais em
parceria com o governo estadual e o governo federal identifiquem os fatores de ordem natural
e os fatores antrópicos, de modo a elaborar medidas mitigadoras para reduzir, por exemplo, o
risco de enchentes e deslizamentos de encostas. Será necessário ampliar áreas verdes, fazer
32

realização de obras para contenção de encostas e dos rios e, com isso recuperar a mata ciliar e,
se possível fazer, como salienta Botelho e Silva (2011, p. 108), “[...] remoção da população e
de todo artefato urbano (vias, instalações de iluminação, prédios públicos etc.) que ocupam a
planície de inundação” realocando em outros lugares.

1.2 Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Alcântara, município de São


Gonçalo/RJ

Segundo Coelho Neto (1994), a bacia hidrográfica ou bacia de drenagem é uma


superfície terrestre que drena água, sedimentos e materiais dissolvidos para uma saída comum
(exutório), num determinado ponto de um canal fluvial. Os limites de uma bacia hidrográfica
são conhecidos como divisor de drenagem ou divisão de águas.
A pesquisadora Andrade (2011), em sua tese de doutorado, fez um levantamento sobre
as políticas públicas de gestão dos recursos hídricos de São Gonçalo/RJ e, constatou que as
bacias hidrográficas do município encontram com padrão de médio a alto grau de
impermeabilização e poluição de suas águas.
A Bacia Hidrográfica do Rio Alcântara está localizada na região central de São
Gonçalo/RJ abrangendo cinquenta e três bairros do município. Devido à extensa rede de
drenagem, esta bacia encontra-se dividida em Sub-bacia do Rio Guaxindiba e a Sub-bacia do
Rio Goiana para melhor estudo e planejamento ambiental da sua área. A Figura 4 apresenta o
mapa da Bacia do Rio Alcântara e suas sub-bacias no município de São Gonçalo/RJ.
33

Figura 4- Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Alcântara e suas sub-bacias no município de São Gonçalo/RJ
34

O Rio Alcântara, principal rio desta bacia, é afluente do Rio Guaxindiba e possui 29
km de extensão com uma rede de drenagem em torno de 130,3 km²; parte de suas nascentes
está localizada no município de São Gonçalo/RJ e a outra parte se localiza no município de
Niterói/RJ. Possui padrão de drenagem meandrante junto à foz (encontro com o Rio
Guaxindiba) devido à presença da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim.
A localização desta bacia em uma região de clima tropical com temperatura média
anual de 26,5º C com média de pluviosidade anual em torno de 100 mm mensais (Coutinho,
2011) em uma planície flúvio-marinha onde predominam altitude entre 50 a 500 metros.
Azevedo (2006) constatou que os tipos de solos atuantes no município são latossolo vermelho
e amarelo, podzólico vermelho e amarelo, hidromórfico e halomórfico.
Estas características físicas somadas à ocupação desordenada pela qual passou o
município nas últimas quatro décadas facilitaram a ocorrência de problemas ambientais, como
por exemplo, degradação socioambiental das águas do Rio Alcântara.

1.3 A situação ambiental do Rio Alcântara

Com 29 km de extensão, o Rio Alcântara atravessa a região central do município de


São Gonçalo/RJ e, atualmente apresenta assoreamento com águas sujas e poluídas que,
segundo o Boletim de Qualidade das Águas da Região Hidrográfica V- Baía de Guanabara
divulgado pelo INEA (2013) tem Índice de Qualidade da Água (IQANSF) ruim, ou seja, as
águas estão impróprias para o abastecimento da população. A Figura 5 apresenta o uso e
ocupação do solo da bacia do Rio Alcântara.
35

Figura 5- Mapa de uso e cobertura do solo na Bacia do Rio Alcântara no município de São Gonçalo/RJ
36

Ao analisar e interpretar o mapa de uso e cobertura do solo dessa bacia constatou-se


que o Rio Alcântara caracteriza-se por média e alta densidade ocupação urbana de quase toda
sua rede de drenagem.
Em 2006, o município reelaborou o Plano Diretor Municipal Participativo (São
Gonçalo, 2006), porém não foi observado nenhum regulamento de ocupação do solo ao longo
do Rio para área urbana edificável.
Inúmeros trechos de mata ciliar foram retirados do Rio Alcântara e, deram lugar a
obras de retificação no curso principal, desvio de canais para construção de rodovias (Rodovia
Federal BR-101 e a Rodovia Estadual RJ-104), estabelecimentos comerciais, pontes sobre
seus canais, residências e, em menor escala espacial, as indústrias.
Consequentemente, estas transformações nas redes de drenagem resultaram em
impactos negativos como assoreamento, redução da profundidade do escoamento das águas; a
presença de poucas galerias pluviais ao longo deste Rio e, quando existe encontram
assoreadas que associadas à ausência de maiores dispositivos de captação das águas pluviais o
que propicia a ocorrência de enchentes. A Figura 6 mostra trechos do Rio assoreado e
concretado; esgoto lançado diretamente no curso principal.

Figura 6- Trechos do Rio Alcântara no município de São Gonçalo/RJ

Fonte: A autora, 2013.

Ao observar a Figura 6, percebe-se o lançamento de esgoto e lixo sem nenhum tipo de


tratamento lançados pelas construções localizadas à margem direita no leito do Rio o que
agrava o quadro de poluição das águas deste rio.
37

A degradação ambiental do Rio Alcântara é resultado do descaso das autoridades


governamentais locais com medidas de proteção aos recursos hídricos do município e, por
conseguinte a falta do desenvolvimento de uma Política de Educação Ambiental nas escolas
para conscientizar os alunos sobre a dinâmica e a importância dos rios para o meio ambiente
com o objetivo de entender que o rio não é local para despejo de lixo, esgoto e moradias nas
suas margens.
Logo, torna-se importante a intervenção imediata do poder público juntamente com a
inserção do tema transversal Meio Ambiente na grade curricular das instituições de ensino das
redes públicas e privadas de São Gonçalo/RJ com o intuito de contribuir para ações e atitudes
em busca da minimização ou, até mesmo recuperação das águas do Rio Alcântara e, de toda
bacia.
38

2 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E O USO DA REPRESENTAÇÃO ESPACIAL NA


EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Santos (1985) assinala que o processo de produção social do espaço deve ser
compreendido concomitantemente em sua forma, função, estrutura e processo. Neste sentido,
a Cartografia como uma linguagem, um sistema de códigos de comunicação, conforme aponta
Castellar (2005), possibilita ao indivíduo representar o espaço geográfico nas mais diversas
escalas espaciais e temporais, de acordo com seus interesses e necessidades o que permite
melhorar a percepção e a compreensão dos fenômenos geográficos.
Neste sentido, é preciso desmitificar a ideia de que os mapas prontos e acabados, em
papel ou em meio digital, são verdades absolutas e inquestionáveis do espaço geográfico. Em
consonância com Crampton e Krygier (2008), os mapas são representações da dinâmica
espacial e, portanto são ativos; por sua vez, esta forma de representação espacial pode ser uma
poderosa linguagem de comunicação gráfica para promover a transformação social.
Cabe o seguinte questionamento: Como a Cartografia tem sido ensinada nas escolas?
Como a linguagem cartográfica contribui para visualizar, interpretar e compreender os
conhecimentos relativos ao meio ambiente?
O ensino de Cartografia não deve se reduzir a métrica euclidiana, como coloca Lévy
(2008, p.156), a “[...] abordagem euclidiana que se baseia numa visão cartesiana da extensão
sobre a ideia de um espaço abstrato, independente dos objetos que nele se dispõem”, pois
existem diferentes linguagens gráficas que permitem ao aluno representar o meio ambiente
com suas subjetividades, valores, concepções e suas relações afetivas com o lugar.
As práticas pedagógicas no ensino da Cartografia aplicadas à Educação Ambiental
deve considerar o aluno como protagonista do processo de ensino-aprendizagem, sob a
mediação do professor, a partir de atividades que estimulem e envolvam e, por conseguinte
contribuam para a formação de cidadãos conscientes, críticos com o meio ambiente a partir do
seu espaço cotidiano.
Dessa forma, o objetivo do presente capítulo é entender a importância da Cartografia
para o desenvolvimento de um projeto de Educação Ambiental para o ensino fundamental, a
partir do uso de mapas mentais e do uso de tecnologias aplicadas à linguagem cartográfica, na
abordagem referente ao rio como unidade temática ambiental.
39

2.1 A linguagem cartográfica na Educação Ambiental formal: o estudo dos rios no


terceiro ciclo do Ensino Fundamental

Os recursos hídricos são importantes fontes para a vida na Terra. Na Grécia Antiga,
Tales de Mileto, filósofo pré-socrático ocidental, afirmava que água era a physis, “fonte
originária”, o princípio de todas as coisas que existiam na Terra, concebendo desde então, a
água como fonte de energia imprescindível para a manutenção e sustentação para a vida na
Terra, conforme mostrou Souza (1996).
Ao longo da história da humanidade, em meio à busca por novos espaços de ocupação,
o homem converteu a natureza em meio de produção e, não se preocupou devidamente com o
uso racional dos recursos hídricos; assim, construções irregulares foram feitas ao longo do
leito dos rios, obras de canalização, retificação, alargamentos, desvio do curso natural dos rios
sem considerar seus aspectos geológicos, geomorfológicos e hidrológicos, conforme apontam
Botelho e Silva (2011).
Embora no Brasil existam legislações referentes às políticas de recursos hídricos,
como o Código das Águas (1934), Lei de Proteção das Florestas (1965) e a Lei de Proteção à
Fauna (1967), Política e o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) de (1981),
Política Nacional de Recursos Hídricos (1997), o crescimento e o desenvolvimento das
cidades brasileiras ao longo do século XX, em sua maior parte, não foram acompanhados por
políticas públicas que buscassem conciliar urbanização e preservação da qualidade das águas
preponderando, na maioria das vezes, uma visão racionalista ao invés de uma concepção
preservacionista do meio ambiente, em especial, dos recursos hídricos.
Os primeiros passos relacionados aos debates sobre o meio ambiente no Brasil, apesar
das legislações direcionadas à proteção e ao uso racional dos recursos naturais, somente
ocorreram com a promulgação da Constituição de 1988 que, no capítulo VI “Do Meio
ambiente” da Constituição (1988, art. 225, § 1º) encontra-se a preocupação em, “[...]
promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para
a preservação do meio ambiente”.
Com a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1998) a temática
ambiental passou a integrar o currículo da Educação Básica no Brasil, como um tema
interdisciplinar, e permitiu o estudo do meio ambiente por meio de diferentes disciplinas
(Geografia, Matemática, Ciências), conforme consta nos Parâmetros Curriculares Nacionais -
Temas Transversais (Brasil, 1998, p. 193), “[...] os alunos construam a visão da globalidade
40

das questões ambientais é necessário que cada profissional de ensino, mesmo especialista em
determinada área do conhecimento, seja um dos agentes da interdisciplinaridade que o tema
exige”.
Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental (Brasil, 1999, Lei n.9795, Art. 10
§ 1o), “A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo
de ensino” nem tampouco não pode ser vista como um “capítulo suplementar”, como
abordam Porcher, Ferrant e Blot (1975), dos conteúdos programáticos de Geografia
considerando, em primeira instância, as características ambientais do espaço de vivência do
aluno.
A compreensão dos fenômenos geográficos está intimamente relacionada à
Cartografia, uma linguagem de comunicação gráfica importante para o entender à
espacialidade e compreender as relações complexas e dialéticas do espaço geográfico por
meio de um conjunto de signos que tem uma ordem, ou seja, uma verdadeira informação, uma
resposta visual dos fenômenos e, deve responder as três questões básicas propostas por Bertin
e discutidos por Fonseca e Oliva (2013, p.112):

1. Num lugar qualquer, o que há?; 2. Um fenômeno qualquer, onde ele está? (...); 3.
Para um fenômeno representado, qual é a sua distribuição espacial? E, com mais
sofisticação: Nessa distribuição espacial, qual a ordem, ou então, quais as relações
de proporcionalidade?

As pesquisas no Brasil na área da Cartografia no ensino foram iniciadas por Oliveira


(1977, p. 57) em sua tese de livre- docência “O Estudo Metodológico e Cognitivo do Mapa”
na qual aborda que o ensino dos mapas “[...] deve estar inserido no processo geral do
desenvolvimento mental” e, ainda a mesma autora acrescenta que “O mapa é definido, em
educação, como um recurso visual a que o professor deve recorrer para ensinar Geografia e
que o aluno deve manipular para aprender os fenômenos geográficos”.
O mapa em papel é sem dúvida o recurso mais usado nas aulas de Geografia;
entretanto, não pode ser o único instrumento para realização do estudo do meio devido outras
formas de representação espacial em papel ou em meio digital.
A Educação Ambiental desenvolvida no ensino de Cartografia deve contemplar uma
perspectiva interdisciplinar envolvendo questões históricas, econômicas, ecológicas e,
portanto, contribuindo para a formação de, conforme descreve Debesse-Arviset (1974, p.17),
“[...] alunos preparados para compreender as interdependências que ligam a vida ao seu
meio”.
41

Tristão (2008) ressalta a importância da interdisciplinaridade nas atividades realizadas


em sala de aula envolvendo o meio ambiente através de uma concepção do conhecimento em
rede, ou seja, a Geografia mantém em si seu objeto de estudo, que é o espaço geográfico e, ao
mesmo tempo, há uma cooperação com outras disciplinas escolares para a compreensão das
questões socioambientais.
A práxis da Educação Ambiental no ambiente escolar deve considerar o aluno como
sujeito ativo do processo de ensino e aprendizagem a partir do meio ambiente local, afirmam
Pontuschka, Paganelli e Cacete (2007). Dessa forma, o estudo do meio ambiente deve
contribuir para construção de uma percepção socioambiental, na qual a dimensão natural e
dimensão social são tratadas de forma integradas, numa concepção holística favorecendo
mudanças comportamentais e atitudinais nos alunos e, consequentemente favorece o
desenvolvimento de uma racionalidade ambiental defendida por Leff (2011).

É preciso levar em conta não apenas o conjunto das múltiplas dimensões das
realidades socioambientais como também das diversas dimensões da pessoa que
entra em relação com estas realidades, da globalidade e da complexidade de seu
“ser-no-mundo”. O sentido de “global” aqui é muito diferente de “planetário”,
significa antes holístico, referindo - e à totalidade de cada ser, de cada realidade, e à
rede de relações que une os seres entre si em conjuntos onde eles adquirem sentido.
(SAUVÉ, 2005, p. 27)

Não há dúvida de que as questões ambientais nas aulas de Geografia são importantes
para a construção de saberes críticos e reflexivos a respeito da produção social do espaço.
Para tanto, a linguagem cartográfica aplicada na Educação Ambiental não deve se restringir a
métrica euclidiana, como afirmam Fonseca e Oliva (2013, p.138) “[...] o espaço euclidiano é
apenas uma forma de apreensão do espaço” dentre outras métricas possíveis para construção
de um saber ambiental.
Sendo assim, cabem os seguintes questionamentos:
a) Como trabalhar a Educação Ambiental no ensino da Cartografia nas
aulas de Geografia do ensino básico?
b) Como o Ensino de Cartografia contribui para a percepção
socioambiental dos rios?
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De acordo com Fonseca e Oliva (2003), a Cartografia é uma linguagem de


comunicação gráfica que possibilita representar o espaço vivido dotado de subjetividades,
sentidos e impressões, a começar pelo:

O lugar é a base da reprodução da vida e pode ser analisado pela tríade habitante –
identidade – lugar. A cidade, por exemplo, produz-se e revela-se no plano da vida e
do indivíduo. Este plano é aquele do local. As relações que os indivíduos mantêm
com os espaços habitados se exprimem todos os dias nos modos do uso, nas
condições mais banais, no secundário, no acidental. É o espaço passível de ser
sentido, pensado, apropriado e vivido através do corpo. (CARLOS, 2007, p. 17)

Assim, a linguagem cartográfica permite ao professor entender a percepção espacial


do aluno que pode ser definida como:

[...] visão de mundo, de visão do meio ambiente físico, natural e humanizado, na


maioria é sociocultural e parcialmente individual; é experiência em grupo ou
particularizada; é uma atitude, uma posição, um valor, uma avaliação que se faz do
nosso meio ambiente. (OLIVEIRA, 2012, p. 61)

A Cartografia na Educação Ambiental formal deve ser trabalhada através da


experiência cotidiana do aluno permitindo a compreensão dos problemas ambientais, a partir
de representações gráficas, como decorrentes das ações do homem e da natureza, como
analisa Martinelli (1994), numa dimensão dinâmica e complexa.
O uso das diferentes formas de representação dos fenômenos ambientais, seja por
meio do croqui, planta, carta temática, mapa mental deve levar o aluno a ultrapassar a
localização da área em estudo e, dessa maneira representar graficamente as relações entre o
meio físico e socioeconômico contribuindo para interpretações, explicações e comparações e,
por conseguinte melhorar o entendimento das inter-relações entre o homem e o meio
incentivando ações e atitudes voltadas à proteção e conservação do meio ambiente.
É cada vez mais limitada nossa relação harmônica com a natureza devido à falta de,
como escreve Tuan (1980, p.110) “[...] envolvimento suave inconsciente com o mundo físico
que ocorria no passado [...]” tornando o meio ambiente um elemento “natural”
simbolicamente negativo resultado não somente do visual e mental, incluindo também os
outros sentidos. O desenvolvimento desordenado e desenfreado das cidades teve como uma
das consequências para o meio ambiente às deteriorações dos canais fluviais que, outrora
faziam parte do cotidiano das pessoas, como por exemplo, uso do rio como local para lazer e
43

pesca; por conseguinte, os rios passaram a ser usados como depósitos de lixos e percebidos
como um valão.
A utilização da linguagem cartográfica na Educação Ambiental deve contribuir para
mudanças de valores e atitudes em direção ao uso sustentável dos rios por meio do diálogo
com as práticas cotidianas do educando.
A representação espacial significa, aqui, mais do que uma simples indicação da
localização dos fenômenos; ela permite, com efeito, resgatar a inteligibilidade que os
fatos espaciais adquirem quando são compreendidos a partir de seus contextos
próprios. (GOMES, 1996, p. 312)

Neste sentido torna-se importante a realização do trabalho de campo para o estudo do


meio, a fim de que o aluno possa coletar dados, buscar informações da área em estudo, fazer
anotações, realizar entrevistas, conforme aponta Pontuschka, Paganelli e Cacete (2007) para
melhorar a percepção do ambiente a partir da experiência vivida; entretanto, Tuan (1980)
afirma que as nossas percepções do meio ambiente são limitadas a enxergar as coisas de
acordo com a nossa visão de mundo; logo, existem inúmeras maneiras como os alunos
percebem e avaliam o meio ambiente, tendo como ponto de partida o espaço vivido.
Fica evidente como a linguagem cartográfica trabalhada a partir da participação e
interação do educando contribui para uma nova maneira de pensar as relações do homem com
a natureza conduzindo o aluno tomar atitudes e agir em prol da preservação dos recursos
naturais permitindo, assim, melhor apropriação da natureza.

2.2 O Mapa Mental como recurso didático-pedagógico para a percepção socioambiental

As práticas espaciais, atitudes, crenças, os valores e hábitos culturais atribuem


significados subjetivos a imagem dos lugares que, segundo Lussault (2003, p. 1), “[...] quer
ela seja material ou mental e quer ela se refira a uma realidade objetiva do mundo físico ou a
uma idealidade abstrata” há uma grande variabilidade de imagem mental de um indivíduo a
outro, embora, Capel (1973) acrescenta que existem traços comuns que aparecem destacados
em um grupo de pessoas.
Nessa perspectiva, o mapa mental é entendido por Kozel (2007, p.115) como “[...]
uma forma de linguagem que reflete o espaço vivido representado em todas as nuances, cujos
signos são construções sociais” que representa a percepção do indivíduo sobre meio ambiente,
44

como complementa Richter (2011, p. 125), “[...] elementos subjetivos [...] torna mais rica essa
representação do próprio punho por incluir contextos que podem ampliar a compreensão do
espaço”.
Gould e White (2002) acrescentam que a imagem mental pode ser formada tanto pelo
contato com o lugar como através da utilização de mídias obtidas na televisão, no rádio ou por
meio do diálogo com outra pessoa.
Na corrente da Geografia Humanista, na vertente da fenomenologia, o mapa mental
representa uma construção social, cultural e histórica como resultado da percepção do
indivíduo em seus múltiplos sentidos (tocar, ouvir, cheirar, experimentar) da experiência
cotidiana com os lugares; além disso, representa uma visão de mundo e mostra uma
interpretação do meio ambiente compreendido em meio às paisagens naturais, culturais,
históricas e sociais.
Gould e White (2002) discutem que os mapas mentais criam possibilidades para que
os indivíduos representem o mundo real mediante satisfações, insatisfações, necessidades,
valores e ações que envolvem suas vivências.
Esta representação espacial condiciona aos professores identificar a imagem mental do
aluno formada pela sua experiência e informação direta e imediata com o meio ambiente. No
caso desta pesquisa, a temática ambiental proposta para a elaboração do mapa mental foi a
“Percepção Socioambiental do Rio Alcântara no município de São Gonçalo/RJ” em que,
muitas vezes, não é percebido pelos educandos quanto à sua importância e existência nos
lugares onde moram devido obras de aterro, canalização, construções residenciais que, dentre
outros fatores contribuem para perda de laços afetivos com este recurso hídrico e, com isso
reduz ou até mesmo desaparece.
A fenomenologia fornece subsídios para compreender as relações socioambientais que
ocorrem no espaço a partir do mundo vivido, como aponta Gomes (1996, p. 124), “O mundo
vivido é, portanto, a fonte e a base de todo conhecimento e a legitimidade de toda
consciência”.
Os mapas mentais são representações da percepção espacial, sem a rigidez dos
processos cartográficos, mas que permitem a comunicação e a reconstituição da informação
do mundo real e, assim permitem ao professor conhecer a percepção dos alunos em relação ao
espaço geográfico que, segundo Richter (2011, p. 128) permite “[...] incluir suas
interpretações particulares e/ou coletivas”, suas percepções, apreensões, sentimentos,
tornando-se parte do espaço geográfico representado cartograficamente.
45

Esses mapas não são representações cartográficas sujeitas às regras cartográficas de


projeção, escala ou precisão, mas representações espaciais oriundas da mente
humana, que precisam ser lidas como mapeamentos (processos) e não como
produtos estáticos. (SEERMANN, 2003, p. 222)

O uso do mapa mental permite ao professor de Geografia trabalhar à Educação


Ambiental a partir da investigação e interpretação da percepção socioambiental, como analisa
Nogueira (2010, p. 129), a fim de “[...] saber o que cada um traz e que é adquirido na relação
de vida com o lugar”; dessa maneira, podem ser desenvolvidas atividades cartográficas no
sentido de sensibilizar e, por conseguinte conscientizar o aluno sobre as condições
socioambientais e, propor reflexões sobre suas ações e atitudes em prol de meio sustentável.
O artigo publicado por Teixeira e Nogueira (1999) sobre percepção e representação
espacial contribui para as pesquisas relacionadas aos mapas mentais no ensino de Cartografia
ao investigar a imagem mental formada pelos alunos do 3º período do curso de Geografia da
Universidade Federal do Paraná (UFPR) a respeito do campus onde eles cursavam a
graduação em Geografia. Neste sentido, as pesquisadoras chegaram à conclusão de que o
mapa mental é resultado da imagem mental construída a partir da vivência e percepção
espacial que, permite ao professor investigar a percepção do espaço e entender o nível de
conhecimento geográfico do aluno.
Staszak (2003) discute o mapa mental como uma forma de linguagem cartográfica
para entender as inter-relações do indivíduo com o meio ambiente por meio da sua relação
cognitiva do sujeito com espaço geográfico.
Assim, o uso de mapas mentais conduz ao aluno transitar do significado para o
significante, ou seja, representar questões ambientais do espaço vivido e, dessa maneira
codificar (interpretar o mapa) e decodificar (traduzir o mapa) a informação espacial e, por
conseguinte compreender, conforme aborda Castro (2000), os fenômenos na escala em que
são percebidos e, não a partir de um raciocínio puramente matemático. De acordo com Kozel
(2010, p.2) “os mapas mentais como construções sígnicas requerem uma
interpretação/decodificação, lembrando que estão inseridas em contextos sociais, espaciais e
históricos coletivos referenciados particularidades e singularidade.”.
Segundo Gaspar e Marian (1975), o mapa mental é uma imagem que cada um de nós
tem em relação ao espaço geográfico e, ao ser aplicado na Educação Ambiental permite ao
aluno representar o meio de ambiente conhecido e praticado em seu cotidiano e, assim
expressar atitudes e conhecimentos espaciais.
46

Diferentemente do “naturalismo” dos mapas prontos e acabados que, muitas vezes são
submetidos à função ideológica dos poderes hegemônicos, o mapa mental possibilita o
exercício da cidadania, de modo a intervir sob um olhar crítico na busca de soluções e
alternativas que permitam a convivência digna e voltada para o bem estar de todos na
sociedade, conforme afirma Reigota (2009).

2.3 Práticas pedagógicas e tecnologias aplicadas à Cartografia como materiais de apoio à


Educação Ambiental

As diferentes e múltiplas tecnologias de comunicação e informação que permeiam o


dia a dia dos educandos, como o computador, o celular, a câmera fotográfica, a Internet são
facilmente manuseadas pelos adolescentes em idade escolar para brincar, jogar, trocar e
receber mensagens dos amigos criando, conforme descreve Kenski (2004, p.100), “outras
lógicas de compreensão do mundo, de apropriação das informações, de relacionamento e
convívio interpessoal e de participação”.
Sendo assim, a facilidade e o entusiasmo dos alunos em manusear essas tecnologias
permitem aos professores trabalhar à Cartografia em meio digital utilizando como materiais
de apoio imagens de satélite, SIG e recursos de multimídia que estão cada vez mais presentes
na sociedade contemporânea, mas ainda estão distantes da sala de aula.
Neste sentido, o trabalho realizado por Di Maio (2004) sobre o uso de geotecnologias
digitais no Ensino Médio evidencia o potencial da imagem de satélite e do SIG na construção
de conhecimentos geográficos, ao possibilitar o professor realizar atividades com informações
espaciais atualizadas proporcionando, assim, maior interesse, entusiasmo e interação dos
alunos em atividades cartográficas.
Santos (2002) descreve que as imagens de satélite em meio digital aplicadas à
Educação Ambiental contribuem para visão holística do estudo do meio ambiente, ou seja,
tanto em seus aspectos físico-naturais e socioeconômicos e, ainda possuem um vasto potencial
de usos e aplicações no estudo da dinâmica ambiental, tendo em vista que:
47

“[...] permite identificar e relacionar elementos naturais e sócio econômicos


presentes na paisagem tais como serras, planícies, rios, bacias hidrográficas,
matas, áreas agricultáveis, industriais, cidades.., bem como acompanhar
resultados da dinâmica do seu uso, servindo portanto como um importante
subsídio à compreensão das relações entre os homens e de suas
consequências no uso e ocupação dos espaços e nas implicações com a
natureza”. (SANTOS, 2002, p. 6)

Nesse sentido, as geotecnologias e os recursos de multimídia associados à linguagem


cartográfica são materiais potenciais para compreender a inter-relação da escala local-global,
como diz Sachs (2002, p.50) “[...] as nossas ações afetam locais distantes de onde acontecem,
em muitos casos implicando todo o planeta ou até mesmo a biosfera”.
As atividades relacionadas à Educação Ambiental devem levar o aluno construir uma
compreensão crítica e racional do meio ambiente e, consequentemente colocar em prática
atitude e ações que lhe permitam ser um cidadão consciente, sobretudo no âmbito das
questões ambientais integrando, como assinala Dias (2010, p.99), “[...] suas dimensões
políticas, econômicas e sociais criando as bases para a compreensão holística da realidade.”
Nascimento (2003) em sua tese de doutorado “Instrumentos para prática de Educação
Ambiental com foco nos recursos hídricos” constatou a importância da inserção de recursos
de multimídia como materiais de apoio à construção do conhecimento geográfico a partir das
experiências que o aluno adquire na Educação Ambiental formal. Para tanto, a proposta da
produção de vídeos permitiu aos alunos obter informações e dados geográficos e, por
conseguinte construir conhecimentos sobre a questão hídrica, notadamente a bacia
hidrográfica do Pântano do Sul no município de Florianópolis/SC. O crescimento
populacional e a falta de saneamento básico constatados na produção dos vídeos mostraram
que os recursos de multimídia contribuem para desenvolver ações e atitudes em defesa da
água potável através da proposta feita pelos alunos para implantação do saneamento básico no
município e, por conseguinte melhoram a apreensão da dinâmica espacial.
Sachs (2002, p.31-32) reforça que o estudo do meio ambiente deve contemplar “[...]
uma abordagem holística e interdisciplinar [...] em favor de caminhos sábios para o uso e
aproveitamento dos recursos da natureza, respeitando a sua diversidade”.
As geotecnologias e recursos de multimídia utilizadas na Educação Ambiental se
mostram como materiais de grande contribuição para a construção de conhecimentos relativos
ao meio ambiente, como discute Perrenoud (2000, p.139) “As novas tecnologias podem
reforçar a contribuição dos trabalhos pedagógicos e didáticos contemporâneos, pois permitem
que sejam criadas situações de aprendizagem ricas, complexas, diversificadas”, ao considerar
48

o aluno como sujeito ativo e o professor como mediador no processo de ensino e


aprendizagem.
Neste sentido, Perrenoud (2000, p.139) afirma que “[...] mais do que ensinar, trata-se
de fazer aprender”, ou seja, as práticas pedagógicas devem ir além da proposta de ensinar
conteúdos.
A inserção das geotecnologias e de multimídia aplicadas à Cartografia no estudo do
meio ambiente deve dar suporte à Educação Ambiental formal mediante reflexão e
consciência racional e, dessa forma possibilitar ao aluno reconhecer suas responsabilidades
em relação ao meio a que pertence. Sachs (2002, p.18) mostra que “[...] somente pelo ensino
se pode obter esta consciência universal da responsabilidade de cada um em relação à
proteção da biosfera”.
Para Takahashi (2000), o processo de ensino e aprendizagem em uma sociedade cada
vez mais permeada pela tecnologia computadorizada exige a formação de docentes não
apenas com perfil conteudista, mas, sobretudo, educadores que desenvolvam metodologias
que despertem o envolvimento e a interação dos alunos para a construção do conhecimento.
Em primeiro lugar, é preciso considerar o ambiente imediato e, por conseguinte
reflexões e críticas sobre a dinâmica ambiental ao utilizar dados e informações coletados por
pelos alunos, articular diferentes agentes produtores do espaço urbano e, portanto
correlacionar desde a escala de aproximação como o bairro, o município até a escala global,
de modo que propicie ao educando, como afirma Cavalcanti (2006, p. 17), uma “[...]
formação plena (cognitiva, afetiva e social) para o exercício da sua cidadania como aponta”.
Portanto, a verdadeira contribuição das geotecnologias e recursos de multimídia
aplicadas à Cartografia na Educação Ambiental é formar cidadãos críticos e conscientes
quanto ao uso racional do meio ambiente a partir da representação espacial.
49

3 NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS À CARTOGRAFIA NO ENSINO DE


GEOGRAFIA

As tecnologias aplicadas à Cartografia, como multimídia (texto, foto, vídeo), imagens


de satélite, GNSS (Sistema Global de Navegação por Satélite) e o Sistema de Informação
Geográfica (SIG), ao serem utilizadas no ensino de Geografia permitem ao aluno explorar e
interagir com a informação geográfica; entretanto, o uso de recursos de multimídia e
geotecnologias ainda é pouco explorado nas aulas de Geografia tanto do Ensino Fundamental
quanto do Ensino Médio.
No futuro próximo, Wiegand (2005) afirma que serão necessárias práticas pedagógicas
que estejam envolvidas com novos olhares sobre o uso dos mapas, de modo que a linguagem
cartográfica trabalhada no ensino de Geografia utilize mapas analógicos em
complementaridade com mapas digitais na Internet permitindo ao aluno entender melhor a
complexidade das relações espaciais entre sociedade-natureza a partir do seu espaço vivido,
espaço produzido e das transformações do lugar onde vivem.
Por essa razão, este capítulo discute a partir de referenciais teórico-metodológicos
sobre Mapas na WEB (webmapping), Cartografia Multimídia e, também sobre as
Geotecnologias (Sensoriamento Remoto, GNSS e SIG), tendo em vista suas contribuições,
seus limites e suas possibilidades da utilização destas ferramentas como materiais de apoio à
Cartografia no ensino da Geografia.

3.1 Mapas na WEB (webmapping)

Em meados da década de 1990, a inserção do World Wibe Web (WWW) na Cartografia


tornou-se um meio totalmente novo para mapeamento ao permitir que o usuário tenha
controle e maior interação sobre a informação geográfica, como também acesso imediato ou
em tempo real como assinala Krakk (2001); soma-se a possibilidade para atualizar os mapas a
custo mínimo, relacionar informações socioambientais em diferentes escalas temporais,
integrar componentes de multimídia com mapas através da participação e colaboração do
usuário no processo de mapeamento.
Menezes (2003) já afirmava que os mapas na WEB podem ser divididos em: mapas
estáticos os quais compreendem aos mapas em papel que são escaneados e projetados na tela
50

do computador e, mapas interativos que constituem mapas dinâmicos, ou seja, mapas que
podem ser elaborados on-line, passíveis de atualizações e modificações, sem ocupar espaço
rígido no computador e, ainda funcionar na interface com componentes de multimídia, como
fotografias, textos e vídeos e/ou outros mapas (hipermapas).
Menezes (2003) acrescentou também que a maior contribuição da Internet para
Cartografia é a utilização de mapas interativos juntamente com elementos multimídia,
imagens de satélite, fotografia área e SIG para melhorar o entendimento da dinâmica espacial.
Os mapas interativos, por sua vez, possibilitam superar os limites da “resolução
espacial”, como aponta Peterson (1997) e, com isso, tornam-se mapas dinâmicos, ao
proporcionar maior engajamento dos usuários com a informação geográfica se comparado aos
mapas em papel, na medida em que o usuário move o mapa de acordo com seus interesses e
necessidades, escolhe um dado e/ ou informação geográfica para incluir no mapa e,
principalmente controla como e o que é representado.
As pesquisas realizadas por Peterson (1997) permitiram refletir sobre as potencialidades
dos Mapas na Web nas aulas de Geografia. A Figura 7 apresenta as potencialidades do ensino
de Cartografia WEB nas aulas de Geografia da educação básica:

Figura 7- Potencialidades da Cartografia WEB no Ensino de Geografia

Fonte: A autora, 2013.

A inserção da Internet no ensino da Cartografia possibilita aos docentes das escolas


públicas desenvolverem atividades cartográficas em meio digital a custo reduzido ou
praticamente a custo zero, por meio de programas e/ou softwares gratuitos se comparado aos
mapas impressos.
Outra razão é a possibilidade de acesso mais rápido aos dados e as informações
geográficas em curto espaço de tempo e, até mesmo em fração de segundos, para elaborar
51

mapas, como por exemplo, a realização de downloads de bases cartográficas do Instituto


Estadual do Ambiente (INEA), como também imagens de satélites georreferenciadas do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
A utilização da Cartografia Web no ensino tem o potencial de integrar de dados
geográficos (imagens de satélite, fotografias áreas, bases cartográficas) com recursos de
multimídia que, por sua vez, possibilita melhorar o entendimento da informação espacial ao
tornar a “realidade” mais próxima do aluno.
Sendo assim, as atividades cartográficas com o apoio da Internet permitem
desenvolver atividades com informações geográficas passíveis de modificações e atualizações
utilizando tecnologias de fácil manuseio e, que permeiam o cotidiano do aluno; assim
despertam motivação, entusiasmo, prazer e, sobretudo conduz o educando a explorar
possibilidades que a construção de mapas on-line pode oferecer para além da sala de aula, ou
seja, para o exercício da sua cidadania.
Considerando que a Internet é uma multimídia que faz parte do cotidiano do aluno
torna-se importante que os professores reflitam sobre as possibilidades e as contribuições em
relação ao uso da Cartografia pela Internet para trabalhar a dinâmica espacial.
Essa pesquisa contempla estudantes na faixa etária compreendida entre 11 e 13 de
anos de idade que, segundo a teoria psicogenética de Piaget, se encontram em nível de
desenvolvimento mental denominado período operatório formal. Piaget e Inhleder (1978)
afirmam que nessa fase o adolescente “realiza abstração e situa o real num conjunto de
transformações possíveis” e concebe a realidade a partir de combinações e possibilidades,
conforme complementa Turner (1976). Dessa maneira, Peterson coloca que:

[...] a Internet tem melhorado a distribuição de mapas. Se feita corretamente, a


Internet também tem o potencial para melhorar a qualidade de mapas como meio de
comunicação, modificando tanto as representações mentais que as pessoas tem do
mundo e como as pessoas realizam abstrações sobre relações espaciais.7
(PETERSON, 1997. p. 1642)

Portanto, os mapas web nas aulas de Geografia são materiais de apoio ao estudo da
dinâmica do espaço geográfico, dentre outras formas de representação da superfície terrestre
em meio digital ou em meio analógico.

7
O texto em língua estrangeira é: “[…] the internet has already improved the distribution of maps. If done
properly, the Internet has also the potential to improve the quality of maps as a form of communication,
thereby changing both the mental representations that people have of the world and how people mentally
process ideas about spatial relationships.”
52

Logo, a Internet se constitui uma importante multimídia para trabalhar o Ensino de


Cartografia através de geotecnologias e com outros recursos de multimídia, a partir de uma
abordagem experimental, considerando seu nível de desenvolvimento mental e cognitivo,
como também seus conhecimentos geográficos.

3.2 Cartografia Multimídia

A Cartografia Digital definida como forma de comunicação, apresentação, análise


espacial em ampla variedade de temas e interesses dos indivíduos de forma dinâmica,
multimídia, multissensorial e multidisciplinar, conforme afirma Taylor (2005), possibilita ao
usuário incluir informações geográficas, de acordo com seus interesses e necessidades.
Este novo paradigma da Cartografia, a Cartografia Digital, oferece condições para
que o usuário melhore o entendimento da dinâmica espacial a partir da interação com a
informação geográfica, permitindo “percorrer” dentro dos mapas e, assim criar novas formas
de relações com a Cartografia e, por conseguinte diferentes usos do mapa como afirma
Peterson (2007).
Dentre os elementos da Cartografia Digital encontra-se a Cartografia Multimídia que
representa uma revolução tecnológica para o processo de mapeamento, como afirma Menezes
(2003), uma vez que, está baseada na combinação de mapas com outras mídias por meio do
computador, tais como: texto, foto, desenho, vídeo e som ao permitir uma melhor
compreensão da realidade, conforme aponta Cartwright (1999); os princípios básicos da
Cartografia não foram substancialmente modificados, pelo contrário, novas tecnologias tem
sido aplicadas ao processo de mapeamento.
A pesquisadora Suely Aparecida Gomes Moreira (2010), em sua tese de doutorado
“CARTOGRAFIA MULTIMÍDIA: interatividade em projetos cartográficos” assinala que o
termo multimídia pode ser compreendido como multi (várias) e mídias (linguagens), ou seja, é
qualquer combinação de texto, desenho, som, foto e vídeo usado para transmitir uma
mensagem de acordo com o contexto em que é usado.
Para o filósofo francês Lévy (1999), a mídia é o veículo pelo qual a mensagem é
recebida e possui caráter multissensorial, pois envolve a percepção por diferentes órgãos do
sentido (a visão, o tato, a audição, a cinestesia e o olfato), como afirma Santaella (2003, p.
25), “Ora, mídias são meios, e meios, como o próprio nome diz, são simplesmente meios, isto
53

é, suportes materiais, canais físicos, nos quais as linguagens se corporificam e através dos
quais transitam”.
Segundo Peterson (1999), a utilização de recursos de multimídia na Cartografia pode
ser identificada por cinco princípios básicos, são eles:
a) inadequação da representação da dinâmica espacial em papel,
especialmente por não suportar a modificação da resolução espacial;
b) os mapas em papel apresentam maiores custos de produção e distribuição,
enquanto os mapas produzidos na Internet possibilitam elaborar e
disponibilizar mapas simultaneamente e distribuir em fração de segundos,
além de permitir o “diálogo” com os mapas, ou seja, o usuário pode mudar
a escala do mapa para melhor visualização dos fenômenos geográficos;
c) o uso de multimídias na representação espacial possibilita ao usuário
formar sua perspectiva de mundo e, consequentemente melhorar os
conhecimentos básicos de Cartografia e, ao mesmo tempo, produzir uma
representação mental do seu espaço de vivência e, especialmente o espaço
além das suas experiências diretas em outras escalas espaciais;
d) valor intrínseco da multimídia: melhora aquisição da informação e
construção do conhecimento espacial em um processo participativo;
e) obrigação moral da comunicação cartográfica em levar as pessoas a
perceber o espaço geográfico e proporcionar acesso à informação para a
tomada de decisões.

Em virtude das contribuições da Multimídia para à Cartografia, essa nova tecnologia


se mostra com grande relevância para ser trabalhada como material de apoio às aulas de
Geografia, uma vez que:
a) supre a falta de materiais cartográficos nas escolas
Na maioria das vezes, os materiais cartográficos das escolas públicas, estão
desatualizados ou não existem; quando as escolas possuem estes materiais, os
mapas estão em pequena escala e são usados para ilustrar a explicação sobre
um fenômeno geográfico representando assim, um mundo estático, imutável
não realizando adequadamente a essência da Cartografia que, segundo afirma
Peterson (1999, p.31), é “a representação e a comunicação da dinâmica
espacial”. A linguagem cartográfica por meio de recursos de multimídia nas
54

aulas de Geografia pode estimular os alunos a elaborar mapas de acordo com


as suas necessidades e interesses incluindo suas próprias experiências.
[...] suas experiências pessoais podem ser relatadas sobre os mapas – isto é, serem mapeadas –
e compartilhadas com outras do mundo inteiro e a cada instante um novo comentário ou uma
nova interpretação podem modificar o sentido que havia sido dado, por exemplo, quando essa
representação foi emitida (LÉVY, 2008, CAMMACK, 1999 apud MOREIRA 2010, p.104).

Os recursos de multimídia em apoio ao ensino de Cartografia se mostram como


materiais valiosos ao processo de ensino e aprendizagem de Geografia ao
permitir que o professor realize atividades sobre o espaço de vivência do aluno
como bairro, distrito, município ampliando para outras escalas espaciais e,
principalmente oferecem possibilidades para o envolvimento do aluno no
processo de mapeamento;
b) é ferramenta de fácil acesso e baixo custo para as escolas públicas, uma vez
que os recursos de multimídia são obtidos pelos próprios alunos dos seus
smartphones ou obtidos gratuitamente na Internet pelos seus computadores
pessoais ou no laboratório de informática da escola.
O uso de recursos de multimídia no ensino de Cartografia são ferramentas de
fácil acesso e manuseio pelos alunos através dos seus smartphones.
Freundschuh e Helleviks (1999) relatam que os estudos realizados por
Koussoulakou e Krakk (1992), Milheim (1993) e Edgeman (1994) apontam
que os estudantes preferem trabalhar com ferramentas multimídias
computacionais, pois ficam mais entusiasmados no processo de aprendizagem
nesses momentos.
O Google Earth é um aplicativo em multimídia interativa disponibilizado
gratuitamente na Internet, dentre outros aplicativos, programas e softwares
livres; permite aos professores de Geografia trabalhar com a produção de
mapas tendo como material de apoio imagem de satélite que permite ao aluno
extrair e inserir informações mais atualizadas sobre espaço geográfico. Dessa
forma, o processo de ensino e aprendizagem se torna mais interativo
estimulante, à medida em que o aluno insere informações geográficas
utilizando mídias (foto, vídeo e texto), escolhe “plano de informação” como
lugares, estradas, limites e fronteira, utiliza recursos para alterar a visualização
da área em estudo e modifica a escala, de acordo com o interesse da área em
estudo e, ainda compartilha seu mapa na Internet;
c) possibilita trabalhar com tecnologias contemporâneas dos alunos
55

Os mapas integrados à multimídia e, também à Internet permitem aos


professores de Geografia trabalhar com mídias eletrônicas contemporâneas aos
alunos, como computador, internet, celular, câmera fotográfica o que torna o
processo de ensino e aprendizagem mais atrativo, motivador, entusiástico, na
medida em que, o aluno tem oportunidade para elaborar sua representação
espacial em sala de aula com ferramentas do seu dia a dia;
d) integra habilidades multissensoriais do aluno
A utilização de ferramentas multimídia no ensino de mapas permite
desenvolver uma aprendizagem multissensorial, ou seja, o uso conjunto dos
sentidos, como a visão, a audição, o tato e o olfato facilitando à construção da
representação espacial ao integrar mapa com mídias obtidas pelo aluno. As
multimídia direcionam para o trabalho com inteligências múltiplas (espacial,
linguística, musical, corporal-cinestésica, lógico-matemática, interpessoal,
intrapessoal) que, segundo a Teoria das Inteligências Múltiplas proposta por
Gardner (1995) permite resolver problemas ou elaborar produtos, no caso desta
pesquisa, elaborar mapas. Freundschuh e Helleviks (1999) mostraram que o
uso de multimídia em Cartografia e na Educação Geográfica desenvolvem nos
alunos um espírito crítico, criativo por meio de uma aprendizagem
desenvolvida a partir de informações geográficas coletadas por eles. Neste
sentido, o ensino da Geografia por meio de recursos multimídia permite ao
aluno elaborar uma representação gráfica como resultado das suas
experiências. A principal contribuição da multimídia na Cartografia é a
possibilidade dos alunos aprender conhecimentos cartográficos como escala e
projeção por meio de mídias que permeiam o cotidiano deles; ao mesmo
tempo, melhora a apreensão dos fenômenos geográficos devido ao
envolvimento das inteligências múltiplas, notadamente a inteligência espacial e
a inteligência cinestésica. As ferramentas multimídia, uma vez associadas ao
ensino dos mapas, podem facilitar a representar gráfica do mundo real e, por
conseguinte compreender o fato ou fenômeno geográfico representado de
maneira mais interativa e participativa. A tabela 2 mostra a relação entre o
papel das multimídia e o desenvolvimento das inteligências para o processo de
ensino e aprendizagem de Cartografia. Assim, cada mídia mostrada abaixo
(som, vídeo, texto e imagem) está correlacionada ao tipo de inteligência que
cada uma dessas ferramentas pode conduzir ao desenvolvimento do aluno.
56

Tabela 2- Multimídia e os potenciais das inteligências múltiplas


Mídias Inteligências Múltiplas
musical
som lógico-matemática
linguística
musical
vídeo lógico-matemática
linguística
cinestésica
texto linguística
musical
imagem espacial
linguística
lógico-matemática
Fonte: adaptada de FREUNDSCHUH e HELLVIK, 1999.

e) é ferramenta facilmente conectada à Internet o que possibilita interatividade no


processo de ensino-aprendizagem
Segundo Peterson (2007), o uso do SIG combinado com recursos de
multimídia é uma ferramenta com grande potencial para o ensino de
Cartografia, como o ArcGIS- Online, um Sistema de Informação Geográfica
por meio da Internet que, por sua vez, permite, como diz Hu (2003, apud
Peterson 2007, p. 46) “[...] a integração de multimídia com SIG possibilita um
ambiente de aprendizagem multissensorial” 8.
Peterson (1995) afirma que a multimídia tem o propósito de melhorar a
comunicação e estimula o engajamento do usuário na seleção de dados de
acordo com os seus interesses e necessidades e não como um observador
passivo. Esta forma de multimídia se refere como multimídia interativa.
O desenvolvimento de uma metodologia de ensino de mapas através da
Internet pode ser realizada por meio de programas gratuitos como o “Google
Earth” e SIGs, como o SIG “ArcGIS Online” combinadas as mídias obtidas
pelos alunos através de seus aparelhos portáteis como celular e câmeras.
Em conformidade com Wolfgram (1994, apud Russo e Garcia, 2001), as
pessoas lembram-se apenas de 15% do que escutam 25% do que veem e de
60% do que com elas interagem. Essa constatação justifica a importância do
uso de materiais interativos em meio computacional no ensino de Cartografia

8
O texto em língua estrangeira é: “... the integrated multimedia-GIS approach provides a multi-sensory learning
environment.”
57

para melhorar a comunicação cartográfica que, segundo Wood (1972) apud


Peterson (1995, p. 4), permite ao aluno selecionar, elaborar sua representação
espacial e, consequentemente torna o uso dos mapas mais atrativo tanto para
quem ensina e/ou aprende conforme apontaram Nogueira, Domingues e
Chaves (2009). Segundo Taylor e Lauriault (2007), a realidade computacional
não substitui o mundo real, mas a Cartografia Multimídia pode nos ajudar a
tornar mais interessante, envolvente e afetiva a comunicação geográfica.

3.2.1 Interatividade e Cartografia Multimídia

O conceito de interatividade já existia antes mesmo do advento da informática e,


remete a comunicação e, não a informática. Para o sociólogo Silva (2001), a interatividade
não se limita as tecnologias digitais; este termo pode ser empregado para designar a
comunicação entre as pessoas, entre humanos e máquinas e entre usuário e serviço.
Silva (2001) acrescenta que a interatividade depende de duas posições básicas: diálogo
e a intervenção do usuário no conteúdo da mensagem.
Embora a interatividade esteja cada vez mais presente na linguagem cartográfica em
meio digital, o termo interatividade não é novo na Cartografia. Peterson (1998) afirma que o
primeiro mapa construído na areia, no período da pré-história, resultou da interação entre dois
indivíduos: o interagente e o “cartógrafo” que incluía um ponto de referência de acordo com a
necessidade do interlocutor, ou seja, os primeiros mapas foram interativos.
Ao longo do tempo, os mapas perderam o caráter interativo e se caracterizaram por
uma representação espacial estática e imutável sem que o usuário tivesse participação no
processo de mapeamento, embora tenha aumentado o acesso como salienta Ramos (2005).
A aplicação da tecnologia computacional na linguagem cartográfica possibilitou
resgatar o potencial interativo dos mapas, como afirma Ramos (2005), ao permitir que o
usuário “converse” com o mapa imprimindo novas relações com a representação espacial.
Kraak (2001) mostra que mapas estáticos podem ser interativos, desde que funcionem na
interface com outra informação, outros mapas ou imagem.

O mapa interativo é caracterizado pela interface formada por ícones gráficos,


dispositivo de localização e a função instantânea de mapas. O mapa interativo inclui
58

ferramentas para dar mais zoom ou aumentar a escala do mapa em diferentes áreas
para inserir vídeos de lugares com fotos e sons. (Peterson, 1995, p. 45)9

Essa pesquisa se desenvolveu a partir do conceito de interatividade em atividades


pedagógicas no ensino de Cartografia e, considerou a multimídia interativa de estrutura não
linear (os temas/conteúdos são disponibilizados para o aluno realizar uma navegação “livre”,
porém de acordo com as atividades propostas e orientadas pelo professor em sala de aula), em
consonância com Vaughan (1994), na qual os alunos podem “navegar” livremente pelos
mapas, de acordo com a escala de melhor visualização do mapa para realizar as atividades em
sala de aula.
A utilização de mapas interativos no ensino de Cartografia possibilita desenvolver
atividades mediante a participação do aluno na produção do mapa por meio da inserção de
dados e informações geográficas obtidas e coletadas por ele mesmo.
A interatividade em materiais cartográficos escolares possibilita mudar o nível de
detalhamento da informação no mapa, ou seja, reduzir ou ampliar a escala do mapa, de acordo
com a necessidade para visualizar o fenômeno respeitando o ritmo e o próprio padrão de
decodificação da informação do aluno contribuindo para torná-lo mapeador consciente, como
afirmam Almeida e Passini (2005), a partir da representação mental dos fenômenos e lugares
complementa Peterson (1995). Isso difere dos mapas prontos e acabados que, na maioria das
vezes, não considera o nível cognitivo do aluno para decodificar os fenômenos geográficos.

3.3 Geotecnologias aplicadas ao ensino da Geografia

Segundo Rosa (2005), as geotecnologias compreendem ao conjunto de tecnologias


para coleta, processamento, análise e manipulação da informação com referência geográfica
que permite “(re) conhecer” a Terra em diferentes escalas espaciais e temporais conforme
aponta Santos (2002).
Nas últimas décadas, o desenvolvimento de modernos meios de comunicação/
informação aplicados à Cartografia, como Sensoriamento Remoto, GNSS e SIG

9
O texto em língua estrangeira é: “The interactive map is characterized by an intuitive user interface consisting
of graphical icons, a pointing device and the near instantaneous display of maps. The interactive map
includes “tools” to further zoom in on the map or “open-up” different areas and may include “videoclips” of
places with pictures and sound.”
59

possibilitaram obter dados e informações espaciais mais precisos, atualizados e com maior
rapidez sobre a superfície terrestre.
Estas geotecnologias no processo de mapeamento se mostram como importantes
materiais de apoio as atividades cartográficas nas aulas de Geografia ao permitir o educando
localizar, correlacionar, analisar fatores geográficos atuantes na dinâmica da superfície
terrestre com dados/informações em diferentes escalas espaciais e temporais a partir do seu
espaço de vivência, como o bairro.
O pesquisador José Jésus Reyes Nunes (Nuñez, 2006) desenvolveu um material em
meio digital relacionado ao Ensino de Cartografia para alunos dos níveis fundamental e
superior na Hungria. Este material denominado “TÉRKÉPTÖRTÉNET” agrega três temáticas
que correspondem a História dos Mapas que, também tratou um pouco da História da
Hungria, Sistema de Informações Geográficas e Cartografia Multimídia e contém textos
interativos e jogos cartográficos.
Neste contexto, a tese de doutorado da profa. Angelica Carvalho Di Maio da
Universidade Federal Fluminense (2004) mostra a importância da inserção das geotecnologias
aplicadas ao ensino de Cartografia nas aulas de Geografia:

[...] uma ferramenta instrucional a mais, bem fundamentada, no aprendizado de


geografia, que envolve o estudo de processos dinâmicos a partir da cartografia
digital, do sensoriamento remoto, do sistema de informações geográficas e do uso do
GPS, ou seja, das geotecnologias disponíveis. (DI MAIO, 2004, p. 135).

Portanto, a utilização do GNSS, Google Earth e do ArcGIS Online possibilitam


construir e/ou solidificar os conhecimentos relativos aos elementos básicos da Cartografia
(escala, coordenadas geográficas, legenda, orientação espacial), a partir de ferramentas que
permeiam o cotidiano dos alunos e contribuem para a formação de cidadãos participativos,
críticos e conscientes da dinâmica espacial. Apesar disso, essas geotecnologias são pouco
exploradas na elaboração dos mapas em sala de aula.
60

3.3.1 O Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS)

O termo GNSS foi criado em 1991 como sistemas que possuem capacidade de
posicionamento de cobertura global; compreende ao GPS, GLONASS e o GALILEU e,
entrando o CAMPASSS da China. Assim, os GNSS são sistemas de navegação global que
foram usados a partir de 1991, entre os quais se encontra o GPS.
O GPS foi desenvolvido na década de 1960 pelo projeto Navstar e fornece o
posicionamento de um objeto móvel através do sistema de coordenadas, medidas de distância
de um ponto em qualquer parte do mundo com grande precisão, conforme afirmaram Bernardi
e Landim (2002), inserindo assim maior dinamismo no levantamento e representação dos
dados geográficos.
Dentre os GNSS, o GPS (Sistema de Posicionamento Global) é o sistema de
localização por satélite mais utilizado no processo de mapeamento. Segundo Bernardi e
Landim (2002), o GPS consiste em três segmentos principais, são eles:
a) espacial - está relacionado aos satélites que estão em órbita da Terra,
distribuídos em 6 órbitas distintas a uma altitude de 20.200Km
aproximadamente com uma inclinação de 55 em relação ao Equador com
período de revolução de 12 horas . Essa configuração garante que ao menos
quatro satélites sejam captados pelo GPS permitindo seu uso em qualquer
local da Terra;
b) controle - está relacionado ao monitoramento e o controle do sistema de
satélites e, atualiza os dados de navegação de cada satélite que é realizado
em cinco estações de monitoramento mundial;
c) usuário- está relacionado a comunidade usuária que pode ser dividida em
civil (navegação por carros, ônibus, uso em esportes radicais,
posicionamento de objetos) e militar (treinamento, movimentos
conflituosos).

Cada vez mais, o GPS faz parte do cotidiano de adolescentes e jovens em idade
escolar; entretanto, a maioria deles não sabe manusear e, por conseguinte obter informações
sobre rotas e deslocamentos e dados sobre uma dada área.
61

Considerando as contribuições do GNSS a partir do uso do GPS no processo de


mapeamento, a inserção dessa geotecnologia nas aulas de Geografia oportuniza ao aluno
monitorar uma área ambiental a partir da obtenção de coordenadas geográficas (latitude e
longitude), obter orientação espacial, altitude e medida de distância e deslocamento na área
em estudo.
O uso do GPS possibilita ao professor desenvolver práticas pedagógicas mais
interativas e, por conseguinte desperta no aluno maior envolvimento, engajamento no ensino
dos mapas, conforme estudos realizados por Di Maio (2004), se comparado ao uso de mapas
em papel, na medida em que cria possibilidades para o aluno obter, por exemplo, coordenadas
geográficas de um local bastando apenas posicionar o GPS no terreno.

3.3.2 Os Globos Virtuais (Google Earth)

A tecnologia de Sensoriamento Remoto se apresenta como material de apoio ao ensino


de Cartografia nas aulas de Geografia, como as imagens de satélites que, segundo Florenzano
(2007) são “retratos fiéis” da superfície terrestre.
O Google Earth é um programa disponibilizado gratuitamente na Internet e formado
por imagens de satélite e mapas que, permite mover a imagem, utilizar ferramentas para
aumentar (zoom in) ou diminuir (zoom out) a escala de visualização do fenômeno, traçar
caminhos e calcular distâncias entre os lugares, “caminhar” por locais conhecidos e
desconhecidos, gravar vídeos, identificar transformações nas paisagens nos últimos dez anos
e, assim permite qualquer pessoa elaborar seu próprio mapa.
Neste sentido, a utilização de imagens de satélite por meio do programa Google Earth
se configura como um valioso material para atividades cartográficas nas aulas de Geografia.
Os professores podem trabalhar com informações mais atualizadas sobre o espaço geográfico,
como por exemplo, o espaço de vivência do aluno, seja a cidade, um bairro ou mesmo um
quarteirão proporcionando ao aluno construir conhecimentos sobre a dinâmica espacial de
maneira mais interativa e participativa.
Em conformidade com Crampton (2010), o uso do Google Earth emerge como uma
possibilidade para a elaboração de mapas fora dos limites acadêmicos. Essa nova maneira de
construir mapas, com interatividade em terceira dimensão, torna esse programa um material
de apoio ao ensino dos mapas nas escolas da educação básica.
62

A inserção desta tecnologia espacial oferece ao aluno a oportunidade de ultrapassar a


localização de um fenômeno geográfico, realizar análises e correlações sobre transformações
espaciais de um dado lugar, como também permite mudar a escala espacial e escala temporal,
mover o mapa, traçar um percurso, gravar um passeio, desenhar caminhos e polígonos,
sobrepor camadas que podem conter diversos dados espaciais, como lugares, visualização de
casas, prédios, elevações do terreno em terceira dimensão.
Além disso, o educando pode adicionar informação sobre uma dada área por meio de
textos, fotos, vídeos e, principalmente produzir seu próprio mapa e compartilhar na Internet
através do Google Earth Community conforme apontam Di Maio e Stezer (2011). Isso
favorece a construção de conhecimentos mais amplos e diversificados sobre a dinâmica
espacial que, muitas vezes desperta e estimula maior interesse pelas aulas de Geografia.
A natureza interativa e a tentativa de erro do Google Earth contribuem com o
desenvolvimento de um processo de ensino e aprendizagem no qual o aluno se torna
participativo no processo de mapeamento ao editar seu próprio mapa, na medida em que:

O professor de Geografia e o aluno podem visualizar muitos lugares na superfície


terrestre de qualquer ângulo e qualquer distância. Estas ferramentas simulam voôs
sobre a paisagem e param no ponto específico do seu interesse. De qualquer modo,
você pode aumentar, mover ou visualizar a Terra em terceira dimensão. (KERSKI,
2006, p.1)10

Existem grandes desafios a serem superados para a inserção da tecnologia espacial,


por meio da Internet, no ensino de Cartografia da rede pública de ensino básico no Brasil,
dentre eles: a infraestrutura dos laboratórios de informática caracterizada pela desproporção
entre o número de computadores e a quantidade de alunos por turmas, em média com 35 a 40
alunos, baixa velocidade de navegação e, ainda o desconhecimento ou mesmo falta de
interesse dos professores quanto aos benefícios ao uso do Google Earth no processo de ensino
e aprendizagem de Geografia.
Dessa forma, é preciso refletir sobre o uso do Google Earth no ensino dos mapas no
sentido de aprimorar os conhecimentos cartográficos dos alunos ou solidificar possíveis
lacunas que não foram apreendidas pelo uso de mapas em papel.

10
O texto em língua estrangeira é: “[…] the geography educator and student can view most locations on the
Earth’s surface from any angle and from any distance. The tool simulates flying above the landscape and
stopping at key points of interest that you specify. At any point, you can zoom, pan, or tilt the Earth view for
a 3D perspective.” (KERSKI, 2009, p.1).
63

A inserção deste programa nas aulas de Geografia requer metodologias de ensino que
contribuam para o desenvolvimento da cognição e percepção espacial do aluno, pois em
alguns locais as imagens de satélite são marcadas pela baixa resolução caracterizado pelo
excesso ou omissão de informações geográficas como abordaram Gonçalves et al. (2007)
devido aos contextos sociais e políticos, como acrescenta Crampton (2010). Novaes (2014)
mostra as escolhas que o Google faz para representar os lugares que, muitas vezes impõe
limites para controlar territórios, como as comunidades; em outros lugares, as imagens de
satélite apresentam boa resolução devido aos mecanismos de estratégias e controle do espaço
urbano pelas autoridades do Estado.
Martins, Seabra e Carvalho (2013) apontam o uso do Google Earth para o ensino da
Geografia na construção de mapa do bairro de residência dos alunos para o 6° ano de
escolaridade. Os resultados mostraram a importância dos conhecimentos prévios para
trabalhar a tecnologia espacial nas atividades cartográficas com o espaço de vivência dos
educandos.

3.3.3 O Sistema de Informações Geográficas- o uso do ArcGis Online

O Sistema de Informações Geográficas (SIG)11 é uma geotecnologia de


geoprocessamento, conforme afirmam Menezes e Fernandes (2013) em ambientes
computacionais. O SIG surgiu na década de 1970 através do uso de técnicas matemáticas para
manipular, combinar informações geográficas por meio de análises complexas, ao integrar
dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados como apontam Câmara
e Davis (2004).
A grande contribuição dessa geotecnologia é elaboração de mapa a partir da integração
de bases cartográficas físicas e sociais e com dados atualizados de diversas áreas do
conhecimento como economia, população, biomas, climas e, outros temas a partir de um
sistema de coordenadas associado a uma projeção cartográfica para análise espacial.
O aperfeiçoamento das tecnologias computacionais e da Internet deram grande
impulso ao desenvolvimento do SIG resultando em uma maior “democratização” desses
softwares para geoprocessamento, como os softwares de código aberto, disponibilizados
gratuitamente na Internet para a realização de downloads ou, mesmo acessam a um SIG Web.
11
A sigla original corresponde a: Geographic Information System.
64

O ArcGIS Online é um Sistema de Informações Geográficas baseado no sistema de


12
nuvem de geocolaboração que possibilita ao usuário incluir bases cartográficas em formato
WinZip e usar juntamente com bases cartográficas disponibilizadas neste SIG. Isso contribui
para melhorar a interpretação, análise e apreensão da dinâmica espacial, à medida que o
usuário interage com a informação geográfica.
Santos (2010) constatou que o uso do ArcGIS na versão 9.3 auxilia o ensino de
Geografia da educação básica promovendo melhorias na aprendizagem de conteúdos
relacionados, embora este SIG possa ser explorado também por outras disciplinas
curriculares. A aplicação desta geotecnologia tornou a aula mais interessante, houve maior
envolvimento e participação dos alunos na realização de atividades com o uso de
geotecnologias; isto foi facilitado porque os alunos são contemporâneos às tecnologias
digitais.
Neste sentido, o ArcGIS Online se apresenta como material potencial para o ensino de
Cartografia, uma vez que não possui custo para as escolas, não ocupa espaço no disco rígido,
pois seu acesso é feito pela Internet; apenas, é preciso que o usuário faça uma conta gratuita
para elaborar seu mapa. Além disso, o ArcGIS Online permite ao professor desenvolver o
ensino de Cartografia integrando vários conteúdos, por meio de um viés interdisciplinar.
A experiência de Gomes (2006), em sua tese (doutorado), indica que o uso do SIG Arc
Voyager no ensino fundamental constitui uma ferramenta com potencial didático para
trabalhar temas relacionados à Geografia, no caso da presente pesquisa, “A Terra: estudos e
representações e População e Povoamento: População - comportamento de indicadores
demográficos”. O resultado da investigação mostrou que o uso dessa geotecnologia no ensino
de Geografia contribui para melhorar o rendimento dos alunos e, por conseguinte o
aproveitamento escolar na disciplina de Geografia.
É sabido que as tecnologias digitais utilizadas pelos adolescentes em idade escolar
despertam grande entusiasmo e envolvimento no seu dia a dia. De acordo com a experiência
de Di Maio (2004), as aulas se tornam mais interessantes e envolventes, a partir de
metodologias de ensino nas quais o aluno é sujeito participante no processo de aprendizado
dos mapas que, por conseguinte melhora a compreensão de questões abstratas e torna o uso de
mapas significativos para as práticas cotidianas.
Pazini (2004) em parceria com o Centro de Tecnologia em Geoprocessamento, uma das
unidades da Fundação Paulista (CETEC) desenvolveu uma proposta metodológica para o 3º e

12
O sistema em nuvem consiste no sistema operacional de programas ou softwares armazenados em servidores
interligados por meio da Internet não ocupando espaço no disco rígido do computador.
65

4º ciclo do Ensino Fundamental com o uso do Geoprocessamento no Ensino de Geografia. A


metodologia apontou aspectos positivos a respeito da geotecnologia no estudo da dinâmica
espacial, a saber: capacidade para o aluno correlacionar os fenômenos espaciais isolados a um
contexto mais amplo, elaborar mapas com informações atualizadas, criatividade, entusiasmo e
maior envolvimento em atividades cartográficas.
A inserção do SIG na educação básica permite trabalhar questões relacionadas ao
espaço de vivência do aluno, que na maioria das vezes, não são abordadas nos livros didáticos
ou atlas por conter conteúdos programáticos em nível nacional; entretanto, o uso das
geotecnologias nas escolas ainda é muito limitado devido às barreiras estruturais (reduzido
número de computadores por turma, baixa capacidade de processamento de informações em
função da velocidade de conexão à Internet) e as barreiras sociais (dificuldades dos
professores para participar de cursos de capacitação devido condições financeiras e falta de
tempo).
A pesquisa realizada por Vilhena, Junior e Beserra (2012) mostrou que o uso da
tecnologia de geoprocessamento é um material valioso para o ensino de Geografia. Sendo
assim, os alunos do Ensino Médio produziram uma carta imagem dos principais pontos de
alagamentos no perímetro urbano da cidade de Boa Vista/RR através da utilização da imagem
CCD/CBERS por meio do SPRING 5.1.5. Sendo assim, constataram que os alunos
identificaram e compreenderam os principais fatores socioambientais consequentes dos
alagamentos na cidade de Boa Vista, bem como de seus agentes potencializadores.
Logo, essa geotecnologia no ensino da Cartografia permite o aluno alterar a escala do
mapa modificando o nível de detalhamento para melhor visualização da informação espacial,
correlacionar fenômenos espaciais a partir dos diferentes planos de informação, fazer cálculo
de áreas em um processo de ensino e aprendizagem interativo e, assim contribui para
desenvolver conhecimentos geográficos e a melhoria da qualidade da educação cartográfica.

3.4 Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia no Ensino Fundamental:


Cartografia Digital e Geoprocessamento

Segundo Brasil (1998), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Geografia


são orientações curriculares que propõem o uso de diferentes linguagens para construção do
conhecimento espacial; os PCNs de Geografia (1998, p.33) para o terceiro ciclo do ensino
66

fundamental apontam que “A Geografia pode ser trabalhada com imagens, recorre a
diferentes linguagens na busca de informações e como forma de expressar suas interpretações,
hipóteses e conceitos”.
Os PCNs apresentam a Cartografia como eixo temático da grade curricular para o
terceiro ciclo do ensino fundamental notadamente “Eixo 4: A Cartografia como instrumento
na aproximação dos lugares e do mundo” e, não como sinônimo de representação dos
fenômenos espaciais. A Cartografia é uma linguagem essencial para entender a espacialização
dos fenômenos geográficos e, dessa forma é uma linguagem que deve ser utilizada no
decorrer de todos os anos de escolaridade e, portanto desde os anos iniciais da Educação
Básica.
Apesar do Ministério da Educação no Brasil ter criado o Programa Nacional de
Informática na Educação (Brasil, 2010)13 o qual esteve voltado para informatização do ensino
na rede pública de ensino com a implantação de laboratórios de informática nas escolas da
rede pública de todo Brasil, a Cartografia Digital não é discutida nos PCNs de Geografia
(Brasil, 1998, p.7) embora um dos objetivos do ensino fundamental no ensino de Geografia é
“[...] utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir
conhecimentos”.
A Cartografia ensinada nas escolas, em especial no segundo segmento do Ensino
Fundamental, deve ultrapassar a localização dos fenômenos geográficos tornando uma
linguagem que desperta interesse e motivação dos alunos para a leitura espacial tanto na sala
de aula, como na vida cotidiana. Nesse sentido, é essencial que alunos saibam utilizar os
elementos básicos da Cartografia tanto para codificação quanto para decodificação das
representações cartográficas.
As práticas docentes devem trabalhar diferentes formas de representação do espaço
geográfico, seja por meio do croqui, planta, mapa, carta topográfica, carta temática, globo,
mapa mental como também o uso de fotografias aéreas e imagens de satélite no processo de
alfabetização cartográfica, conforme apontam os PCNs de Geografia para o terceiro ciclo do
Ensino Fundamental.
O uso da tecnologia espacial e do SIG se configuram como materiais de apoio às aulas
de Geografia, ou seja, ferramentas que, segundo Di Maio (2004, p. 9) facilita o “[...]

13
O Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) é um programa educacional criado pela Portaria nº
522/MEC, de 9 de abril de 1997, para promover o uso pedagógico de Tecnologias de Informática e
Comunicações (TICs) na rede pública de ensino fundamental e médio. O MEC incentiva a utilização de
softwares livres e produz conteúdos específicos, voltados para o uso didático-pedagógico, associados à
distribuição Linux-Educacional.
67

entendimento dos acontecimentos e fenômenos que ocorrem na superfície terrestre”; assim,


estas geotecnologias proporcionam um ensino mais dinâmico e motivador.
Tendo em vista, a facilidade ao acesso de imagens de satélites e ao SIG por um
número maior de pessoas na Internet, torna-se importante uma reformulação dos PCN´s de
Geografia. É preciso que seja discutido entre os professores a importância de metodologias
para o ensino de Geografia com o uso de geotecnologias, notadamente o GPS, imagens de
satélites e SIG em atividades cartográficas juntamente com os objetivos a serem alcançados,
os conteúdos a serem abordados, bem como os critérios de avaliação.
Portanto, a Cartografia Digital deve ser trabalhada sob o prisma metodológico da inter-
relação entre os fenômenos naturais e sociais, de modo que as atividades estejam adaptadas à
linguagem cognitiva do aluno possibilitando aos mesmos correlacionar, manipular, analisar
diferentes fatores geográficos em diferentes escalas espaciais e temporais com
dados/informações, de alta precisão e atualizados, apresentando assim como material de apoio
ao ensino de mapas nas aulas de Geografia.
68

4 CAMINHOS DA PESQUISA: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia da pesquisa apresenta um material digital, por meio da Internet,


desenvolvido em apoio ao ensino de Cartografia nas aulas de Geografia.
A finalidade desta investigação foi identificar os limites, as possibilidades e as
contribuições das geotecnologias e recursos de multimídia aplicadas à Cartografia na
percepção socioambiental do Rio Alcântara no município de São Gonçalo/RJ.
Buscou-se proporcionar um ensino de mapas para o estudo do meio ambiente a partir
da concepção do educando como sujeito participante no processo de ensino e aprendizagem
de Cartografia nas aulas de Geografia utilizando tecnologias contemporâneas.

4.1 Abrangência da pesquisa

Esta investigação foi direcionada ao sétimo ano do ensino fundamental da rede pública
municipal de São Gonçalo/ RJ.
Juntamente com a Coordenadora de Ensino e Apoio Pedagógico do 6° ao 9° ano da
Secretaria Municipal de Educação de São Gonçalo/RJ, a pesquisadora escolheu a Escola
Municipal Raul Veiga está localizada no bairro Raul Veiga para aplicação da presente
metodologia em razão dos seguintes fatores, a saber:

a) autorização por parte direção da escola para aplicação do Mapeando Meu


Rio;
b) aceitação do professor Reinaldo Henrique Salvino que leciona a disciplina
de Geografia nas duas turmas do sétimo da escola ao ceder cinquenta
minutos semanais (uma aula) em cada turma, a partir do mês de Maio, para
aplicação dos testes avaliativos até a concretização da avaliação do
Mapeando Meu Rio que totalizaram 23 aulas ao longo do ano letivo de
2013;
c) proximidade da escola com um dos canais do Rio Alcântara, sendo um
local privilegiado para realização para trabalho de campo devido à
facilidade para o deslocamento dos alunos até o canal fluvial;
69

d) presença do Laboratório de Informática na escola conectado à Internet.


A Figura 8 mostra a localização da Escola Municipal Raul Veiga no município de
São Gonçalo/RJ.
70

Figura 8 – Localização da Escola Municipal Raul Veiga no município de São Gonçalo/RJ


71

A metodologia desta investigação compreendeu as seguintes etapas: levantamento de


materiais e metodologias aplicadas à Cartografia na abordagem da Educação Ambiental em
turmas do sétimo ano da rede pública de ensino do município de São Gonçalo/RJ;
apontamento das diferentes tecnologias digitais utilizadas pelos alunos em seu cotidiano;
produção e, posterior desenvolvimento e implantação na Internet do Mapeando Meu Rio;
avaliação.

4.2 Levantamento e análise dos materiais cartográficos utilizados na abordagem do


meio ambiente no ensino da Geografia

Nesta etapa, foram identificados os materiais cartográficos utilizados pelos docentes


de Geografia, que lecionaram em turmas do sétimo ano da rede municipal de ensino de São
Gonçalo/RJ no decorrer do ano letivo de 2013, em suas práticas pedagógicas e a
aplicabilidade destes recursos no estudo do meio ambiente sobre o município de São
Gonçalo/RJ e/ou em outras escalas espaciais.
Como meio de mensurar as respostas obtidas na aplicação de um questionário aos
professores, os dados foram tabulados com o intuito de buscar subsídios para esta
investigação. O Apêndice A apresenta o questionário aplicado aos docentes.

4.3 Levantamento das tecnologias digitais utilizadas pelos alunos em seu dia a dia

Essa etapa da pesquisa compreendeu a aplicação de um questionário aos alunos das


turmas de sétimo ano da Escola Municipal Raul Veiga totalizando 68 alunos no ano letivo de
2013, porém sessenta e seis responderam as perguntas; o propósito foi identificar as
tecnologias digitais utilizadas pelos educandos em seus cotidianos. Ressalta-se que esse
levantamento foi realizado antes da aplicação do MMR.
Esta etapa da pesquisa buscou subsídios para aplicação e a realização das atividades
presentes no MMR. O apêndice B apresenta o questionário aplicado aos alunos.
72

4.4 O Mapeando Meu Rio

O Mapeando Meu Rio (MMR) é um material de apoio ao ensino de Cartografia para o


sétimo ano do ensino fundamental, por meio da Internet, que utiliza geotecnologias e recursos
de multimídia para o estudo do meio ambiente nas aulas de Geografia o qual está
disponibilizado gratuitamente no seguinte endereço eletrônico: http:
<//www.mapeandomeusrios.com.br>.
Foram utilizados os seguintes programas: Word, Power Point, Paint e Adobe
PhotoShop CS5 para desenvolver os textos, as atividades, as curiosidades e as leituras
complementares; este material contém figuras e gif´s obtidos gratuitamente na internet e,
posteriormente foram inseridos como mídias neste material.
O MMR foi implementado em um sistema de gerenciamento para conteúdo online -
Content Management System (CMS). O Wordpress é um sistema de código aberto cuja
linguagem de programação é baseada em código PHP com banco de dados em MySQL; além
disso, é um sistema de fácil manuseio, flexível, que permite ao professor desenvolver
metodologias de ensino em meio digital, tendo a possibilidade de um ambiente exclusivo para
gerenciamento de todo conteúdo e estrutura visual do material desenvolvido por ele.
A proposta do Mapeando Meu Rio é despertar interesse e curiosidade no processo de
ensino e aprendizagem da Cartografia através da utilização de geotecnologias e multimídia,
contribuindo para melhorar a percepção e, por conseguinte compreender a espacialidade dos
fenômenos geográficos.
A principal vantagem em relação ao uso do Wordpress na educação, principalmente
para a rede pública de ensino é o fato de ser totalmente gratuito. Outro aspecto positivo desta
plataforma é a permissão do administrador, neste caso, o professor gerar acesso dos alunos ao
site e, assim permitir aos mesmos criar um login e senha para inserir suas atividades, sob a
orientação do pesquisador. Assim, os alunos podem publicar na rede mundial de
computadores, suas pesquisas feitas em campo, como também suas representações
cartográficas com recursos de multimídia produzido por eles que, em primeira instância,
precisam ser avaliadas e aceitas pelo professor para o acesso online.
O custo necessário para a criação do MMR está relacionado ao registro de um domínio
“com.br” através do seguinte endereço eletrônico: http: <//registro.com>, onde foi consultado
a disponibilidade na rede mundial de computadores o domínio “mapeandomeusrios”. A
plataforma para hospedagem deste material foi feita no Hostnet disponibilizado na Internet
73

em http: <//www.hostnet.com.br>, sendo que este é pago anualmente. Apesar do custo tanto
para o registro do domínio quanto do servido para hospedar a página na internet, a escolha por
um domínio próprio contribui para personalizar a elaboração deste material de apoio ao
ensino de Cartografia. Ressalta-se que este material será disponibilizado para a Secretaria
Municipal de Educação de São Gonçalo/RJ, como também ficará disponível online, no
mesmo endereço eletrônico.
As bases cartográficas utilizadas para a elaboração das atividades do MMR foram
manipuladas e tratadas no SIG Terra View 4.2 e no ArcGIS 10.1. Ressalta-se que os alunos
não usaram estes SIG para o desenvolvimento das atividades, mas o ArcGIS Online que é um
SIGWeb gratuito. O software Autocad 2013 também foi utilizado para o desenvolvimento
das atividades que, posteriormente foram avaliadas, conforme descrito a seguir:
a) base cartográfica “Geral2003”.dwg referente a malha municipal de São
Gonçalo/RJ obtida no formato shapefile(shp) com os seguintes metadados:
Sistema Geodésio SAD 69 e projeção: UTM_ e fuso 23S. O Sistema
Geodésio foi convertido para SIRGAS_2000. No software AUTOCAD
2013 foram extraídas a rede de drenagem e as curvas de nível as quais
foram convertidas para o formato shapefile no ArcGIS 10.1;
b) base cartográfica “Malha Estadual (Rio de Janeiro)” no formato shapefile
com os seguintes metadados: escala geográfica 1:100.000, projeção UTM,
Sistema Geodésio:WGS84 e fuso:23S. O Sistema Geodésio foi mantido.
No ArcGIS 10.1 foi feita o recorte do município de São Gonçalo e, também
da Região Metropolitana do Rio de Janeiro a partir da “Malha Estadual
(Rio de Janeiro)” gerando arquivos no formato shapefile;
c) base cartográfica “Uso e Cobertura” referente ao uso e cobertura do solo do
Estado do Rio de Janeiro no formato shapfile com os seguintes metadados:
escala geográfica 1:100.000, projeção UTM, Sistema Geodésio: WGS84 e
fuso:23S. No ArcGIS 10.1 foi feita a intersecção dessa base cartográfica
com o shapefile São Gonçalo.shp e, em seguida, o recorte do município
para obter o atual uso do solo e cobertura vegetal em São Gonçalo/RJ;
d) base cartográfica “Bacia Hidrográfica do Rio Alcântara” no formato
shapefile com os seguintes metadados: escala geográfica 1:100.000,
projeção UTM, Sistema Geodésio:WGS84 e fuso:23S. Essa base
cartográfica foi obtida junto à Secretaria Municipal de Fazenda de São
74

Gonçalo/RJ e, corresponde a delimitação dos bairros e da Bacia


Hidrográfica do Rio Alcântara.

Foram obtidas imagens de satélite Quickbird (2006) do município de São Gonçalo,


junto à Secretaria Municipal de Fazenda da Prefeitura Municipal de São Gonçalo/RJ, as quais
já estavam tratadas e georreferenciadas.
Por último, é importante mencionar que as bases cartográficas utilizadas para a
realização das atividades no ArcGIS Online foram compactadas em formato zip e adicionadas
neste SIG Web.

4.4.1 Escolha dos conteúdos

A escolha dos conteúdos foi realizada com base nos PCNs de Geografia e PCNs de
Meio Ambiente para o terceiro ciclo do ensino fundamental que propõe, dentre outros
conteúdos curriculares, a “Cartografia” e “Hidrografia” em consonância com a proposta
curricular da rede municipal de ensino de São Gonçalo/RJ para o sétimo ano de escolaridade.
Definiu-se como temática “Percepção Socioambiental do Rio Alcântara” em função da
população de São Gonçalo/RJ considerar, o Rio Alcântara como valão e, consequentemente
não possuir nenhuma relação com este recurso hídrico como afirma Ramos (2011).
Desta forma, este material está em consonância a um dos objetivos que integra a
Política Municipal de Meio Ambiente de São Gonçalo/RJ que é “promover a conscientização
permanente e sistemática da população e a adequação do ensino dentro do princípio da
conscientização e mobilização, de forma a incorporar os princípios e objetivos de Educação
Ambiental na escola e na comunidade (Lei 016/2011. Art. 3°)” de acordo com o (Plano
Diretor Municipal Participativo 2006, p.47), “criar no cidadão o vínculo com o espaço físico,
ou seja, o orgulho de ser e de morar em São Gonçalo”.
Este material foi estruturado em três módulos: Módulo 1 (Aplicando novas tecnologias
à Cartografia), Módulo 2 (Explorando o Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ) e Módulo 3
(Percepção Socioambiental do Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ). A Figura 9 apresenta a
estrutura do MMR.
75

Figura 9 - Estrutura dos módulos do MMR

Fonte: A autora, 2013.

A temática abordada no MMR foi a “Percepção Socioambiental do Rio Alcântara em


São Gonçalo/RJ por meio de geotecnologias e recursos de multimídia aplicadas ao ensino de
Cartografia nas aulas de Geografia”.
O MMR é formado por três módulos nos quais encontramos os seguintes itens:

a) atividade - em cada módulo existe pelo menos uma atividade; no Módulo 1


foram utilizados o aplicativo Google Earth e o aparelho de GPS; no
Módulo 2 as atividades contemplaram uma etapa na sala de aula
(elaboração do mapa mental) e, em segundo momento, trabalho de campo
(entrevista com moradores e/ou comerciantes e levantamento de
informações ambientais e sociais do Rio Alcântara a partir de um dos seus
canais); por último, no Módulo 3 propõe-se o uso do ArcGIS Online. É
importante destacar que o Google Earth permite o aluno salvar seus passos
no aplicativo e prosseguir na aula subsequente; o ArcGIS Online possibilita
ao aluno armazenar as etapas concluídas na Internet sem ocupar espaço no
disco rígido do computador; assim, esses recursos tecnológicos aplicados à
Cartografia são uma grande contribuição para as escolas públicas ao
permitir a inserção de geotecnologias na sala de aula sem custos
financeiros. Ressalta-se que nas etapas em que as atividades necessitam da
76

escrita, as respostas foram editadas no editor de texto Word e armazenadas


separadamente em pastas correspondente a cada turma;
b) textos interativos - correspondem as páginas conectadas ao Módulo 1 e ao
Módulo 2 por meio de links com o objetivo de apresentar mais informações
sobre os textos;
c) leitura complementar- o objetivo foi reforçar os conteúdos apresentados de
maneira menos cansativa e mais prazerosa caracterizada por textos curtos;
d) curiosidades - correspondem aos textos objetivos e curtos incentivando os
alunos a conhecer um pouco mais a respeito de fenômenos e fatos curiosos.

4.4.2 Divisão dos módulos de Ensino

O Mapeando Meu Rio foi estruturado em três módulos considerando o


desenvolvimento cognitivo, conhecimentos básicos de Cartografia e conhecimento
geográficos dos alunos na faixa etária entre 11 a 13 anos.

4.4.2.1 Módulo 1: Aplicando novas tecnologias digitais à Cartografia

Este módulo abordou o “Eixo 4: a Cartografia como instrumento na aproximação dos


lugares e do mundo” como conteúdo curricular para o terceiro ciclo do ensino fundamental
proposto pelos PCNs de Geografia.
As atividades foram desenvolvidas com o uso do GPS e do Google Earth (aplicativo
disponibilizado gratuitamente na Internet) com o intuito de solidificar os conhecimentos
básicos da Cartografia apreendidos no 6º ano ou nos anos escolares anteriores. Utilizou-se o
programa Paint para inserir a orientação espacial e elaborar a legenda do mapa. O quadro 1
mostra o conteúdo e os objetivos desse módulo:
77

Quadro 1 - Conteúdo e os Objetivos: Módulo 1


Conteúdo Noções básicas de Cartografia

identificar os elementos básicos de Cartografia (legenda, escala e


coordenadas geográficas)
Objetivos
explorar as categorias cartográficas de localização/análise e correlação por
meio de imagens de satélite multitemporais;
apontar as contribuições das novas tecnologias digitais utilizadas na
Cartografia para o ensino por meio do Google Earth e do GPS.
Fonte: A autora, 2013.

4.4.2.2 Módulo 2: Explorando o Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ

Este módulo iniciou o desenvolvimento da temática abordada no Mapeando Meu Rio:


“Percepção Socioambiental do Rio Alcântara no Município de São Gonçalo/RJ” que, por sua
vez, está em consonância com o conteúdo curricular “Eixo 2: o estudo da natureza e sua
importância para o homem” proposto pelo PCN de Geografia para o terceiro ciclo do ensino
fundamental.
As atividades deste módulo compreenderam as seguintes etapas: aula expositiva sobre
Ciclo da água e Bacias Hidrográficas, elaboração do mapa mental sobre o Rio Alcântara e
realização de um trabalho de campo nas margens do canal do Rio Alcântara que percorre a
poucos metros da escola. Por último, os alunos levantaram dados e informações sobre a
percepção dos moradores e comerciantes sobre o Rio Alcântara através da aplicação de um
questionário. O quadro 2 mostra os conteúdos e os objetivos deste módulo:

Quadro 2 - Conteúdo e os Objetivos: Módulo 2


Conteúdos Ciclo da água
Bacia Hidrográfica do Rio Alcântara
Revisar o Ciclo da Água e a dinâmica de funcionamento de uma Bacia
Hidrográfica
Objetivos
analisar e interpretar a percepção socioambiental dos alunos em relação
ao Rio Alcântara por meio do mapa mental
correlacionar os aspectos físicos e ambientais responsáveis pela
degradação ambiental do Rio Alcântara
Fonte: A autora, 2013.
78

4.4.2.3 Módulo 3: Percepção Socioambiental do Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ

No módulo 3, os alunos elaboraram um mapa utilizando o ArcGIS Online com o


objetivo de propor à Prefeitura Municipal de São Gonçalo/RJ soluções para degradação
socioambiental do Rio Alcântara a partir de um dos seus canais. Os alunos utilizaram dados e
informações coletadas em campo e, também levantaram informações por meio de um
entrevista realizadas com os moradores e comerciantes dos bairros por onde percorre o canal
fluvial próximo à escola.
O quadro 3 mostra o conteúdo e os objetivos deste módulo:
Quadro 3 - Conteúdo e os Objetivos: Módulo 3
Conteúdos Elementos básicos de Cartografia
Bacia Hidrográfica
Demografia
Problemas ambientais urbanos
Noções de Geoprocessamento
entender o crescimento urbano como um dos fatores
responsáveis pela degradação do canal fluvial;
Objetivos
identificar nos mapas produzidos no ArcGIS Online como os
dados e as informações coletadas pelos alunos contribuíram
para percepção socioambiental do Rio Alcântara a partir de um
dos seus canais;
detectar como as mídias (texto, foto, vídeo) contribuíram para a
percepção socioambiental do Rio Alcântara;
avaliar as contribuições do uso do SIG Web para melhorar a
percepção espacial;
avaliar as propostas dos alunos para Prefeitura Municipal de
São Gonçalo/RJ a respeito da degradação ambiental do Rio
Alcântara a partir do uso de elementos básicos de Cartografia.
Fonte: A autora, 2013.

4.5 Critérios utilizados para avaliação do Mapeando Meu Rio

Em conformidade com Hoffmann (2009), avaliação é um processo inerente às práticas


educativas concebidas como avanços, manifestações de dúvidas e dificuldades dos alunos no
desenvolvimento das atividades.
A partir da avaliação discutida por Perrenoud (1999), caracterizada como observação
formativa, um processo contínuo e integrado julgado dia após dia, foram avaliadas as
atividades presentes nos módulos do MMR com o intuito de verificar o nível de contribuição
79

das geotecnologias e dos recursos de multimídia aplicados à Cartografia na percepção


socioambiental do Rio Alcântara sem preocupação de classificar ou certificar os alunos.
O processo de avaliação do MMR considerou as metodologias de ensino empregadas
nas aulas de Geografia, relação do professor pesquisador com os alunos participantes, o nível
de desenvolvimento cognitivo, como também as condições de infraestrutura da escola e, ainda
a organização desta escola pública incluindo toda a equipe diretiva.
No módulo 1 “Aplicando novas tecnologias digitais à Cartografia”, o processo de
avaliação consistiu em verificar os conhecimentos dos alunos em relação a obtenção de
coordenadas geográficas, por meio do GPS, no pátio da escola. Além disso, verificou-se
também o uso da legenda, escala na elaboração da representação gráfica do trajeto casa-escola
através do Google Earth. Utilizou-se das observações para analisar as atitudes dos alunos com
relação às geotecnologias e suas contribuições para o Ensino de Cartografia.
Com relação ao módulo 2 “Explorando o Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ”,
procurou-se diagnosticar a partir do mapa mental, a percepção socioambiental dos alunos em
relação ao Rio Alcântara. Acrescenta-se que a avaliação deste módulo foi realizada a partir da
participação, envolvimento e motivação dos alunos em relação ao trabalho de campo no
entorno de um dos canais do Rio Alcântara que percorre a poucos metros da escola, como
também o levantamento da percepção dos moradores e/comerciantes em relação a este canal
fluvial.
No terceiro módulo “Percepção Socioambiental do Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ”
o processo de avaliação foi feita a partir da representação gráfica produzida pelos alunos com
auxílio do ArcGIS Online. A proposta foi analisar as contribuições do SIG Web juntamente as
informações geográficas coletadas em campo (entrevista, levantamento dos objetos naturais e
artificiais presentes no entorno do canal fluvial, registro de mídias-foto, texto e vídeo) na
elaboração de uma proposta para a prefeitura de São Gonçalo/RJ, através do mapa, para
minimizar ou resolver a degradação das águas do Rio Alcântara.
Os resultados desta investigação foram obtidos através da aplicação do MMR em duas
turmas de sétimo ano do ensino fundamental; posteriormente, os resultados entre as turmas
foram comparados levando em consideração os seguintes aspectos:
a) o interesse e o grau de comportamento dos alunos para participar do MMR;
Buscou-se verificar como as geotecnologias e recursos de multimídia
contribuíram para despertar maior motivação e participação dos alunos em
atividades cartográficas no ensino de Geografia em cada uma das turmas
participantes da pesquisa.
80

b) análise dos conteúdos da Cartografia Básica e conhecimentos geográficos;


Nesta etapa, observou-se o grau de facilidade e/ou as dificuldades das turmas
com relação ao emprego dos conhecimentos cartográficos e geográficos nas
atividades realizadas com o Google Earth e com o SIG Web- ArcGIS Online.
c) o rendimento escolar dos alunos na disciplina de Geografia no período da
aplicação dos testes.
Esta etapa verificou as contribuições do Mapeando Meu Rio em relação as
notas bimestrais dos alunos na disciplina de Geografia, notadamente entre o 2º
e 4º bimestre.

Portanto, a avaliação do MMR consistiu em levantar as contribuições, os limites e as


possibilidades de uso das geotecnologias e recursos de multimídia a partir de uma
metodologia de ensino, como ferramentas de auxílio ao ensino de Cartografia nas aulas de
Geografia para o desenvolvimento da temática sobre percepção socioambiental.
81

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados e as discussões da pesquisa foram apresentados e analisados de acordo


com a sequência descrita na metodologia que contemplou métodos quantitativos e métodos
qualitativos.
Com relação aos questionários aplicados aos professores de Geografia e aos alunos das
turmas participantes do Mapeando Meu Rio, estes foram analisados e discutidos pelo método
quantitativo.
A elaboração do Mapeando Meu Rio e os testes aplicados em cada módulo foram
analisados, discutidos e avaliados pelo método qualitativo.

5.1 Análises do questionário aplicado aos professores

Foi aplicado um questionário, de acordo com o APÊNDICE A, com perguntas abertas


e fechadas aos professores que lecionaram a disciplina de Geografia no ano letivo de 2013 no
sétimo ano de escolaridade da rede pública municipal de São Gonçalo/RJ.
Segundo dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Educação de São
Gonçalo, o município possui oitenta e seis escolas públicas municipais do Ensino
Fundamental sendo que, vinte e sete dessas escolas atendem ao segundo segmento do ensino
fundamental (6º ao 9º ano).
No início do segundo semestre de 2012, trinta e oito professores lecionavam em turmas
do sétimo ano, porém trinta professores responderam o questionário, em razão de alguns
contratempos, a saber: alegação de alguns professores por falta de tempo que possivelmente
poderia ser entendido como receio da avaliação de sua prática pedagógica ou mesmo
indisponibilidade, autorização negada por uma diretora para pesquisadora aplicar o
questionário, em uma das escolas o professor encontrava-se em licença por motivos de saúde;
houve também desencontros com os professores nas escolas e, três escolas não foram
visitadas devido ao difícil acesso para chegar às mesmas.
Quanto à formação acadêmica, constatou-se que 80% dos professores de Geografia
possuem licenciatura plena em Geografia, ou seja, 24 professores e 10% deles possuem
82

licenciatura plena em História (3 professores); os demais professores possuem apenas a


titulação de Bacharel (2 professores) ou são formados em outras áreas, como Ciências Sociais
(1 professor). Logo, a grande maioria dos professores que leciona Geografia na rede
municipal de São Gonçalo/RJ possui formação em Geografia. A Figura 10 apresenta a
formação acadêmica dos professores entrevistados.

Figura 10 - Formação acadêmica dos docentes

Em relação ao tempo de magistério, a maioria dos docentes leciona, em média 18


anos, a disciplina de Geografia na rede municipal. A Tabela 3 apresenta o tempo de exercício
de magistério dos professores entrevistados.

Tabela 3- Tempo de magistério


Nº de
Tempo de Magistério Professores Percentual
0 – 10 2 7%
10 – 20 12 40%
20 – 30 13 43%
30 – 40 3 10%
Fonte: A autora, 2013.

A seguir serão mostradas as análises das perguntas contidas no questionário, de acordo


com Apêndice A.
A análise das respostas referentes à primeira pergunta “As suas atividades em sala de
aula incluem Educação Ambiental?” mostrou que os professores incluem a “Educação
Ambiental” suas práticas pedagógicas. Segundo Porcher, Ferrant e Blot (1975), o estudo do
meio ambiente no ensino de Geografia é importante para sensibilizar os alunos em relação aos
problemas ambientais através de conhecimentos, reflexão, conscientização sobre nossas ações
83

e atitudes sobre o meio ambiente que, tem pesadas consequências para a fauna e flora, como
também para a população local.
Na segunda pergunta “Quais são os materiais cartográficos utilizados nas suas aulas
e/ou que estão disponíveis na escola?” constatou-se que os mapas em papel são utilizados por
100% dos professores, ou seja, todos os entrevistados; ressalta-se que 30%, ou seja, nove dos
professores utilizam somente mapas em papel. A Figura 11 apresenta os materiais utilizados
no ensino de Cartografia nas aulas de Geografia.

Figura 11- Materiais utilizados no Ensino de Cartografia

Ao serem questionados sobre os mapas em papel, os professores responderam que


exploram os mapas do livro didático14 adotado pela Secretaria Municipal de Educação para a
disciplina de Geografia correspondente do 6º ao 9º ano. Essa situação retrata a falta de
materiais ou instrumentos de apoio à Cartografia nas escolas públicas municipais de São
Gonçalo/RJ.
Muitos professores trabalham somente com mapas de livro didático não havendo
metodologias para o desenvolvimento do ensino do mapa, que considere o aluno como sujeito
do processo de ensino-aprendizagem a partir da sua própria percepção e construção da
representação espacial tendo como ponto de partida o lugar vivido, conforme aponta Oliveira
(1996).

14
“Espaço & Vivência” escrito por Levon Boligian Rogério Martinez e Wanessa Andressa Alves.
84

Entende-se que estes professores estão literalmente presos aos mapas prontos e
acabados sem participação dos alunos. É preciso conceber outras formas de representação
espacial como mapa mental, croqui, imagens de satélite e, também o uso do SIG Web como
materiais de apoio.
Entretanto, foram detectadas duas respostas em que os professores abordam o ensino
do mapa, porém os professores não especificaram qual(is) material (is) eles utilizam para
confeccionar estes mapas e, ainda se envolve a participação dos alunos, conforme as respostas
colocadas abaixo:
-“trabalhamos com a confecção de mapas das áreas mais atingidas
em nosso estado e no município”.
-“confecção de mapas”.

Com relação ao uso do Sensoriamento Remoto, os docentes disseram que utilizam


fotografias aéreas (23%, ou seja, 7 professores) e imagens de satélite (27%, ou seja, 8
professores) do livro didático, como material de apoio ao ensino da Cartografia. Na verdade,
os professores utilizam ilustrações e, não fazem uso das fotografias aéreas e imagens de
satélite.
As respostas demonstraram falta de conhecimento dos professores em relação ao
Sensoriamento Remoto, pois mencionaram que as figuras são materiais para o ensino de
mapas, mas como ilustrações contidas no livro. Neste sentido, Oliveira (1996) aborda que o
problema didático do Ensino da Cartografia não deve estar relacionado apenas como o
material didático meramente ilustrativo e comumente empregado pelo professor de Geografia;
é preciso preparar o professor para ser crítico em relação às representações cartográficas e,
desenvolver metodologias que conduzam ao entendimento da linguagem cartográfica e sua
importância para situações cotidianas.
Os professores lecionam há 18 anos conforme consta na tabela 3 e a inserção das
geotecnologias no curso de graduação em Geografia remonta a meados de década de 1990,
mas, sobretudo, no início do século XXI; logo, a grande maioria dos docentes que atua na
rede municipal de ensino de São Gonçalo/RJ não teve contato na graduação com essas
geotecnologias e, dentre outras tecnologias aplicada à Cartografia; muitos docentes disseram
que não tem tempo para participar de cursos de formação continuada devido dificuldades
financeiras e, principalmente devido aos obstáculos enfrentados na Secretaria de Educação do
município para conseguir licença para estudo.
85

Acrescenta-se o uso da “trena”, possivelmente para elaborar a planta da sala de aula,


como também a utilização de “livros, revistas e jornais” como materiais e/ou instrumentos de
apoio ao ensino dos mapas, ou seja, mídias.
Observou-se que apenas três professores utilizam o Google Earth (um professor) e do
Google Maps (dois professores) em suas aulas.
Na terceira pergunta “Já fez uso das novas tecnologias aplicadas à Cartografia
(Cartografia por meio da Internet, Sensoriamento Remoto, Sistema de Informação Geográfica,
GPS, Cartografia Multimídia) para abordar a temática ambiental? Em caso afirmativo, indique
quais novas tecnologias aplicadas à Cartografia você já utilizou em suas aulas” observou-se
que 67% dos professores, ou seja, 20 deles responderam que não utilizam tecnologias
aplicadas à Cartografia para trabalhar questões ambientais em suas aulas e cerca de 33% dos
docentes, ou seja, 10 deles responderam que utilizam tecnologias digitais em suas práticas de
ensino. A Figura 12 aponta as respostas dos professores em relação ao uso das tecnologias
digitais aplicada à Cartografia na Educação Ambiental.

Figura 12- Uso de tecnologias aplicadas à Cartografia na abordagem da


temática ambiental

Conforme podemos observar, 33% dos professores utilizam tecnologias em suas


práticas pedagógicas; entretanto, ao analisar as respostas verificou-se que este grupo de
professores não possui conhecimentos sobre geotecnologias e recursos de multimídia
aplicadas à Cartografia, uma vez que se detectaram respostas como “mapa impresso”, “data
show” para se referir as tecnologias aplicadas ao Ensino de Cartografia.
Na quarta pergunta “A rede municipal de ensino possui material didático sobre a
questão ambiental de São Gonçalo/RJ? Caso responda sim, escreva sobre o material
disponível:” verificou-se que apenas o primeiro segmento do ensino fundamental (1º ao 5º
ano) possui material que aborda o meio ambiente referente ao município; enquanto, o segundo
segmento do ensino fundamental não possui nenhum material relacionado à Cartografia e
86

Meio Ambiente, como informou a bibliotecária da escola onde foi aplicado o projeto, embora
13%, ou seja, 3 professores deram resposta positiva. A Figura 13 mostra a interpretação das
respostas dos professores em relação à disponibilidade na rede de material sobre Cartografia e
Educação Ambiental sobre São Gonçalo/RJ.

Figura 13- Material didático sobre a questão


ambiental do município de São Gonçalo/RJ

Na quinta pergunta “Desenvolveu ou está desenvolvendo alguma atividade abordando


os problemas ambientais da Região Metropolitana do Rio de Janeiro ou mesmo do município
de São Gonçalo/RJ? Caso responda sim, escreva sobre a sua experiência:” foi observado que
apenas 23% dos docentes, ou seja, 7 professores incluem em suas práticas pedagógicas
questões ambientais referentes ao município de São Gonçalo/RJ; entretanto, somente três
docentes mencionaram que realizam projetos ou desenvolvem atividades ambientais
relacionadas ao município de São Gonçalo ou da Região Metropolitana do Rio de Janeiro,
conforme algumas respostas mostradas a seguir:
a)“Questões sobre a área de manguezal, serra do Itaúna, vegetação nativa e
poluição.”
b)“Participei de campanhas sobre Educação Ambiental na comunidade
escolar do Jardim Catarina.”
c)“Trabalhos com as enchentes no município com depoimentos de vítimas,
fotos e soluções para os problemas.”

A Figura 14 apresenta o percentual de professores que desenvolvem em suas práticas


pedagógicas atividade ambiental.
87

Figura 14- Professores que desenvolvem Educação Ambiental

Como se observa 87% dos professores entrevistados respondeu que não


desenvolveram ou desenvolvem atividades em suas aulas integrando questões
socioambientais. Essa resposta demonstrou uma contradição em relação ao item 5.1.1 em que
os docentes responderam com unanimidade que, a abordagem da temática ambiental está
inserida nas aulas de Geografia.
Na sexta pergunta, observou-se que 67% dos professores utilizam os PCNs (Tema
Transversal: Meio Ambiente) como diretriz curricular para práticas pedagógicas relacionadas
à abordagem do tema transversal “Meio Ambiente”. A Figura 15 mostra o percentual de
professores que trabalham educação ambiental em suas aulas.

Figura 15 – A inserção da Educação Ambiental nas aulas de Geografia de


acordo com os PCNs do tema transversal: Meio Ambiente

É preciso que sejam oferecidos cursos de formação continuada aos professores da rede
pública municipal de ensino de São Gonçalo/RJ abordando o uso de recursos de multimídia e
88

de geotecnologias no ensino de Cartografia devido às respostas detectadas no questionário


onde ficaram evidentes às dificuldades quanto à linguagem cartográfica e, por conseguinte a
falta de conhecimento em relação ao potencial das geotecnologias e multimídia na melhoria
do conhecimento geográfico.

5.2 Análise do questionário aplicado aos alunos

Antes da avaliação do Mapeando Meu Rio foi aplicado um questionário, aos alunos
das turmas participantes, formado por cinco perguntas.
Na primeira pergunta “Quais os aparelhos eletrônicos mais utilizados por você no seu
a dia a dia?” constatou-se que o smartphone e o computador são tecnologias contemporâneas
aos alunos participantes desta investigação. A Figura 16 mostra a identificação das
tecnologias utilizadas pelos alunos.

Figura 16- Aparelhos utilizados pelos alunos em seu cotidiano

Estas informações forneceram subsídios necessários para a aplicação do Mapeando


Meu Rio, tendo em vista que as atividades deste material envolveram o uso dessas tecnologias
digitais que está em consonância com Kenski (2008, p.661) que afirma que “A educação e a
89

comunicação como áreas do conhecimento fluem e se atualizam de acordo com as


oportunidades oferecidas pelas mais diferenciadas inovações tecnológicas”.
Na segunda pergunta “Onde você acessa mais Internet no seu dia a dia?” constatou-se
na turma 701 um total de 92% dos alunos acessam a Internet em suas residências e na turma
702 os educandos acessam a rede mundial de computadores em Lan House e locais com rede
Wi-Fi demonstrando que essa multimídia faz parte do cotidiano deles. A Figura 17 mostra os
locais onde os alunos acessam mais a Internet.

Figura 17- Locais onde os alunos mais acessam a Internet

Na terceira pergunta “Quantas horas você utiliza a Internet semanalmente?” em ambas


as turmas, os alunos são usuários assíduos da Internet. Mais de 60% deles disseram que
utilizam a Internet por três horas ou mais por semana demonstrando o conhecimento desta
multimídia (Krakk, 2001) que, por sua vez, faz parte do seu dia a dia. A Figura 18 mostra o
tempo médio gasto pelos adolescentes em idade escolar semanalmente na Internet.
90

Figura 18- Tempo médio de acesso à Internet semanalmente

Na quarta pergunta “O que você acessa na Internet?” os alunos responderam que


fazem diferentes usos da Internet, principalmente como forma de lazer, uma vez que acessam
redes sociais, visualizam vídeos e baixam músicas. Os resultados mostraram um
distanciamento do uso para a realização de pesquisas escolares. A Figura 19 os conteúdos
acessados na Internet pelos alunos entrevistados.

Figura 19- Conteúdos acessados na Internet

Na quinta pergunta “Alguma vez esse ano você realizou tarefa escolar no laboratório
da sua escola? Caso responda sim, especifique.”, todos os alunos participantes da pesquisa
91

disseram que não realizaram qualquer atividade no Laboratório de Informática da escola


apesar da disponibilidade de inúmeros programas e SIGs disponíveis que podem ser usados
como materiais de apoio ao ensino da Cartografia.
A Figura 20 mostra o percentual de uso do laboratório de informática da escola para
realização de atividades escolares.

Figura 20 - Atividade no Laboratório de Informática

5.3 Mapeando Meu Rio (MMR)

O Mapeando Meu Rio (MMR) foi organizado em três módulos cujas temáticas
abordadas seguem a nova Taxonomia de Bloom analisado por Ferraz e Belhot (2010) que
propõe objetivos instrucionais ao processo de ensino e aprendizagem para apoiar a
estruturação, o planejamento da aplicação do MMR e as formas de avaliação deste
instrumento como apoio ao ensino de Cartografia para o estudo do meio ambiente. A Figura
21 mostra os objetivos da Taxonomia de Bloom.
92

Figura 21- Objetivos da Taxonomia de Bloom no ensino

Fonte: adaptada de Ferraz, 2010.

A Figura 22 apresenta a página principal do Mapeando Meu Rio dividido em três


módulos.

Figura 22 – Página principal do Mapeando Meu Rio


93

Este material possui atividades, textos interativos, curiosidades e leitura complementar


com o intuito de tornar as aulas mais dinâmicas e interativas e, com isso despertar maior
interesse pelo ensino de mapas. Ressalta-se que as atividades foram realizadas em duplas ou
em grupos de três alunos devido à baixa disponibilidade de computadores por turma no
Laboratório de Informática da escola que totalizaram dez computadores, porém apenas oito
deles estavam conectados à Internet e, com exceção de alguns alunos que realizaram
individualmente.

5.3.1 Módulo 1: Aplicando novas tecnologias à Cartografia

O Módulo 1 foi organizado conforme os conteúdos, objetivos, materiais, atividades e


itens presentes no quadro 5. O quadro 5 mostra a estrutura deste Módulo.

Quadro 4- Estrutura do Módulo 1: Aplicando novas tecnologias à Cartografia


CONTEÚDOS MATERIAIS ATIVIDADES ITENS

Orientação - GPS -Localização da escola e


espacial da casa
MÓDULO 1
- Smartphone Texto
Escala - Conceito de escala interativo
- Google geográfica
Earth Atividade
Aplicando
Coordenadas - Coleta de coordenadas
novas geográficas geográficas no GPS Curiosidades
tecnologias
Legenda -Construção de legenda
à
- Percepção das paisagens:
Cartografia
trajeto casa-escola
Sensoriamento
Remoto -Análise multitemporal das
imagens de satélite do
bairro nos últimos 10 anos
94

Neste módulo, o texto interativo teve como propósito revisar sobre a importância dos
mapas e os elementos que compõe uma representação espacial. O item “Curiosidade – A
descoberta da Longitude” teve como objetivo disponibilizar mais informações sobre as
coordenadas geográficas. A Figura 23 apresenta a tela do texto interativo e do item
“Curiosidade” do Módulo 1.

Figura 23 - Texto interativo e o item “Curiosidade” do Módulo 1


95

As atividades do módulo foram desenvolvidas de acordo com o plano de aula proposto


por Libâneo (1994). A tabela 4 mostra o plano de aula para o Módulo 1.
96

Tabela 4- Plano de aula referente ao Módulo 1

Plano de Aula Módulo 1


Escola Municipal Raul
Veiga Disciplina: Geografia N° de aulas previstas: 10 Unidade didática: Aplicando novas tecnologias à Cartografia

Ano: 7º ano
Objetivos Específicos: - reconhecer os elementos básicos da Cartografia (orientação espacial, legenda, escala e coordenadas geográficas);
- aplicar três categorias cartográficas (localização, correlação e análise) por meio de imagens de satélite multitemporais no Google Earth;
- praticar os conceitos de paisagem e lugar;
- avaliar as contribuições da Cartografia digital para o ensino de Geografia.

Conteúdos: Elementos básicos da Cartografia, paisagem, lugar e Noções básicas


de Sensoriamento Remoto e de GPS
Desenvolvimento
Metodológico: Data

06/05/2013 Aula expositiva sobre a importância dos mapas e as novas tecnologias aplicadas à Cartografia.

13/05/2013 Uso do GPS no pátio da escola. Cada dupla ou grupos de três alunos coletaram dois pontos de GPS.

20/05/2013 Continuação da coleta de pontos no GPS.

27/05/2013 Desenvolvimento do “Primeiro passo” no laboratório de informática

03/06/2013 Desenvolvimento do “Primeiro passo” no laboratório de informática

10/06/2013 Desenvolvimento do “Segundo passo” no laboratório de informática

17/06/2013 Desenvolvimento do “Terceiro passo” no laboratório de informática

24/06/2013 Desenvolvimento do “Terceiro passo” no laboratório de informática


01/07/2013 Desenvolvimento do “Quarto passo” no laboratório de informática
08/07/2013 Desenvolvimento do “Quarto passo” no laboratório de informática
Fonte: adaptado de LIBÂNEO, 1994
97

A atividade deste módulo consistiu na elaboração de um mapa no Google Earth


“Trajeto de casa à escola” para explorar os elementos básicos da Cartografia (orientação
espacial, legenda, escala e coordenadas geográficas) a partir do espaço vivido do aluno e,
também os conceitos de paisagem e lugar supostamente apreendidos no 6° ano de
escolaridade; o objetivo foi relembrar os elementos básicos da Cartografia através de
tecnologias digitais aplicadas à Cartografia. A Figura 24 apresenta a atividade que foi
desenvolvida no Módulo 1.
98

Figura 24 - Atividade do Módulo 1


99

Os alunos utilizaram-se o sistema de GNSS por meio do GPS (modelo eTrex H e


modelo GPSmap 60 CS ambos da Garmin) para coletar coordenadas geográficas no pátio da
escola. Foram solicitados aos alunos que registrassem fotos das paisagens do trajeto casa-
escola utilizando seus smartphones. Através do aplicativo Google Earth, os alunos elaboraram
o mapa com o uso de imagens de satélite. As atividades desenvolvidas neste módulo foram
realizadas de acordo com o plano de aula elaborado para este módulo adaptado a partir da
proposta de Libâneo (1994). A Figura 25 mostra os alunos coletando coordenadas geográficas
no pátio da escola e desenvolvendo a atividade no Laboratório de Informática.

Figura 25 - Participação dos alunos na atividade do Módulo 1

5.3.2 Módulo 2: Explorando o Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ

O Módulo 2 foi organizado conforme os conteúdos, objetivos, materiais e atividades


presentes no quadro 6. O quadro 6 mostra a estrutura do Módulo 2.
100

Quadro 5- Estrutura do Módulo 2: Explorando o Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ


CONTEÚDOS MATERIAIS ATIVIDADES ITENS

Urbanização Carta - Elaboração do mapa


topográfica mental; Atividade
MÓDULO 2
Bacia - Trabalho de campo
Hidrográfica GPS próximo a um dos Curiosidades
canais do Rio
Problemas Alcântara; Leitura
Explorando
socioambientais Complementar
o Rio do Rio -Levantamento de
Alcântara dados físicos Texto interativo
Alcântara
ambientais e uso e
em São ocupação do solo no
entorno do canal
Gonçalo/RJ
fluvial;

- Entrevista a
moradores e
comerciantes.

Neste módulo encontram-se dois textos interativos. O primeiro texto buscou relembrar
o ciclo da água, sua importância para o meio ambiente e a dinâmica fluvial e o conceito de
bacia hidrográfica. A Figura 26 apresenta a tela deste texto interativo e dos itens “Leitura
Complementar” do Módulo 2.
101

Figura 26 – Tela do texto interativo: Explorando o Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ

O propósito do segundo texto foi apresentar uma breve explicação sobre o Rio
Alcântara “com vida” e o Rio Alcântara “sem vida” e o seu processo de degradação
ambiental. Além disso, encontram-se os itens “Leitura Complementar”, sendo o primeiro
102

texto relacionado ao período de grande concentração de indústrias em São Gonçalo e o outro


texto sobre Memórias do Rio Alcântara. A Figura 27 apresenta a tela do segundo texto
interativo do Módulo 2.

Figura 27- Tela do texto interativo: Rio Alcântara

As atividades desenvolvidas neste módulo foram realizadas de acordo com o plano de


aula elaborado segundo a proposta metodológica de Libâneo (1994). A Tabela 5 apresenta o
plano de aula referente a este módulo.
103

Tabela 5. Plano de aula referente ao Módulo 2

Plano de Aula: Módulo 2


Unidade didática: Explorando o Rio Alcântara em São
Escola Municipal Raul Veiga Disciplina: Geografia N° de aulas previstas: 5 Gonçalo/RJ
Ano: 7º ano
Objetivos Específicos:
relembrar os conhecimentos sobre o Ciclo da Água e Bacia Hidrográfica

interpretar e analisar a percepção dos alunos sobre o Rio Alcântara através do mapa mental
compreender os problemas ambientais urbanos no município de São Gonçalo/RJ

Conteúdos: Ciclo da água


Bacia Hidrográfica
O Rio Alcântara
Problemas ambientais urbanos em São Gonçalo/RJ
Desenvolvimento Metodológico: Data
05/08/2013 Aula expositiva sobre Ciclo da água, dinâmica de funcionamento de uma bacia hidrográfica e a discussão sobre preservação e conservação dos recursos
hídricos para o meio ambiente.
05/08/2013
Elaboração do mapa mental.
12/08/2013
Trabalho de campo entorno do canal do Rio Alcântara usando carta topográfica "Rio de Janeiro" do IBGE na escala 1:250.000 e GPS para o
identificação e localização do canal.
Levantamento sobre uso e ocupação do solo sobre um dos canais do Rio Alcântara que percorre a poucos metros da escola através do preenchimento da
ficha “Minha percepção do Rio Alcântara”.

19/08/2013 Continuação do levantamento sobre uso e ocupação do solo do Rio Alcântara


03/09/2013 Entrevista com moradores e/ou comerciantes que trabalham ou moram no próximo ao entorno do canal.
Fonte: adaptado de LIBÂNEO, 1994.
104

A primeira atividade contemplou a elaboração do mapa mental a fim de compreender


as percepções dos alunos em relação ao Rio Alcântara a partir de um dos seus canais fluviais.
Os mapas mentais elaborados pelos alunos foram scaneados e postados no mural das turmas
correspondentes. A Figura 28 apresenta a “Atividade I” e a disposição dos mapas mentais
elaborados pelas turmas.
105

Figura 28 – Atividade I - Módulo 2


106

A segunda atividade do Módulo 2 foi dividida em duas etapas. A Figura 29 mostra as


etapas referentes à segunda atividade.

Figura 29 – Atividade II - Módulo 2

Esta atividade teve o intuito de conduzir os alunos a buscar dados e informações


físicas e do uso e ocupação do solo e vegetação do Rio Alcântara.
107

Na primeira etapa da segunda atividade deste módulo, os alunos realizaram um


trabalho de campo junto com a pesquisadora e o professor de Geografia das turmas
participantes para coletar dados e informações físicos e sociais sobre um dos canais fluviais
do Rio Alcântara localizado a poucos metros da escola. A Figura 30 mostra os alunos junto
com o professor de Geografia participando do trabalho de campo.

Figura 30 – Alunos e o professor de Geografia participando do trabalho de campo

O Apêndice C mostra o material usado pelos alunos para levantar dados e informações
sobre aspectos ambientais e sociais no entorno de um dos canais do Rio Alcântara.
108

Ainda com relação à atividade desde módulo, na segunda etapa os alunos aplicaram
um questionário a um morador ou comerciante do bairro Raul Veiga para levantar
informações em relação à percepção dos moradores e comerciantes sobre o Rio Alcântara. O
apêndice D mostra o questionário utilizado pelos alunos na entrevista aos moradores e/ou
comerciantes.

5.3.3 Módulo 3: Percepção socioambiental do Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ

O Módulo 3 foi organizado conforme os conteúdos, objetivos, materiais, as atividades


e itens apresentando no quadro 7. O quadro 7 mostra a estrutura do módulo 3.

Quadro 6- Estrutura do módulo 3: Percepção Socioambiental do Rio Alcântara em São


Gonçalo/RJ
CONTEÚDOS MATERIAIS ATIVIDADES ITENS

Bacia ArcGIS - Localização da Atividade


MÓDULO 3
Hidrográfica Online nascente e foz do Rio
Alcântara
Densidade Programa
demográfica Paint - Cálculo de densidade
Percepção
demográfica
socioambiental Problemas
ambientais -Identificação de
do Rio
urbanos problemas
Alcântara em socioambientais no
entorno do canal
São
Noções de fluvial
Gonçalo/RJ Geoprocessamento
- Elaboração de um
mapa no ArcGIS
Online propondo a
despoluição do Rio
Alcântara
109

As atividades desenvolvidas neste módulo foram realizadas de acordo com o plano de


aula proposto por Libâneo (1994). A Tabela 6 apresenta o plano de aula referente a este
módulo.
110

Tabela 6 – Plano de aula referente ao Módulo 3

Plano de Aula Módulo 3


Unidade didática: Percepção socioambiental do Rio
Escola Municipal Raul Veiga Disciplina: Geografia N° de aulas previstas: 8 Alcântara em São Gonçalo/RJ
Ano: 7 º ano
Objetivos Específicos:
correlacionar e compreender o crescimento urbano como um dos fatores de degradação ambiental do Rio Alcântara

verificar se o SIG Web ArcGIS Online desperta maior interesse e envolvimento dos alunos no Ensino de Cartografia

apontar através das mídias digitais os problemas ambientais e os fatores responsáveis pela atual situação ambiental do canal do Rio Alcântara
verificar as contribuições, os limites e as possibilidades de recursos de multimídia, da Internet e do SIG Web na percepção ambiental e, por conseguinte reflexões, ações e
atitudes em prol da conservação do meio ambiente.

Conteúdos: Hidrografia, Demografia, Problemas urbanos e Noções de Geoprocessamento


Desenvolvimento Metodológico: Data
02/09/2013 Apresentação do funcionamento do "SIG Web Arc-GIS Online" e início da atividade deste módulo conforme a figura X, especificamente do número
1 e o número 2 explorando a categoria cartográfica de localização.
23/09/2013 Localização/análise da nascente e da foz do Rio Alcântara no ArcGIS Online
30/09/2013 Localização/análise dos bairros, área e da respectiva população por onde percorrem as águas do curso principal do Rio Alcântara;
Cálculo de densidade demográfica dos bairros que atravessam este recurso hídrico.
30/09/2013 Localização/análise dos bairros, área e da população por onde percorrem as águas do curso do Rio Alcântara;
Cálculo de densidade demográfica dos bairros que atravessam este recurso hídrico.
07/10/2013 Elaboração de uma mídia textual no MMR para identificação do uso e cobertura do solo e vegetação no entorno do canal do Rio e correlação dos
fatores que contribuíram para a degradação socioambiental do Rio Alcântara.
21/10/2013
Elaboração de um mapa no SIG Web Arc-GIS Online como proposta para minimizar ou, mesmo solucionar a degradação das águas deste Rio.
Elaboração de um mapa no SIG Web Arc-GIS Online como proposta para minimizar ou,
28/10/2013 mesmo solucionar a degradação das águas deste Rio.
04/11/2013 Elaboração da legenda no Programa Paint
Fonte: adaptado de LIBÂNEO, 1994.
111

A atividade deste módulo integrou a Cartografia Digital, especificamente, a


Cartografia Multimídia e a Cartografia Web e o SIG Web juntamente com dados e
informações coletadas em campo pelos alunos. A Figura 31 apresenta a atividade referente ao
módulo 3.
112

Figura 31 – Atividade referente ao Módulo 3


113

A primeira etapa desta atividade consistiu na identificação do fluxo das águas do Rio
Alcântara em direção à nascente e à foz no ArcGIS Online diferenciando por meio da variável
cor.
Em relação ao número 2 da atividade, os alunos utilizaram a base Cartográfica
“Bairros do Rio Alcântara” e com apenas um click inseriam o nome de cada bairro, ao todo
são 14 bairros, com sua respectiva população e a área (Km²) por onde percorre o curso
principal do Rio Alcântara no município de São Gonçalo/RJ. A seguir, encontra-se a tabela 7
utilizada pelos alunos para o desenvolvimento desta etapa.

Tabela 7 – Atividade correspondente à população de cada bairro e sua respectiva área (Km²)
Atividade

População dos bairros por onde percorrem as águas do curso principal do Rio Alcântara em
São Gonçalo/RJ
Bairro População Área (Km²)
1-
2-
3-
4-
5-
6-
7-
8-
9-
10-
11-
12-
13-
14-
15-
Total: ___________ Total: ___________

N total da população/pessoas
Densidade demográfica
________________________________=________
por onde percorre as
águas do curso principal
Total de área dos bairros (em Km)
do Rio Alcântara em São
Gonçalo/RJ
114

Na terceira etapa deste módulo, os alunos elaboraram um texto relatando os motivos e


as ações que provocaram a degradação do Rio Alcântara nas últimas décadas, de acordo com
as informações coletadas por eles: “Minha Percepção do Rio Alcântara” e “Questionário
aplicado aos moradores/comerciantes”. A Figura 32 apresenta a folha da atividade da
produção textual.

Figura 32 – Produção textual do Módulo 3


115

A última etapa desta atividade consistiu na criação de um mapa por meio da base
cartográfica disponibilizada no SIG Web ArcGIS Online, “Imagem de satélite” ou
“OpenStreetMap” com o intuito de propor através da linguagem cartográfica, para os órgãos
públicos municipais, soluções para minimizar ou, até mesmo reduzir a degradação
socioambiental do Rio Alcântara.
Optou-se pelo uso do SIG Web ArcGIS Online que é um sistema de informação
geográfica disponibilizado gratuitamente na Internet desenvolvido em sistema de nuvens, pela
empresa norte-americana Esri. Após a escolha do Mapa Base no ArcGIS Online os alunos
utilizaram o Programa Paint para elaborar a legenda, inserir título no mapa e outros elementos
básicos da Cartografia. Os mapas foram postados em http:<www.mapeandomeusrios.com.br>
na pasta correspondente a dupla ou ao grupo de três alunos e, depois conectados as
multimídias produzidas por eles.
A Figura 33 mostra os alunos no Laboratório de Informática da escola desenvolvendo
a atividade do Módulo 3.

Figura 33- Alunos fazendo as etapas da atividade do Módulo 3 no Laboratório de


Informática
116

5.4 Desafios e Dificuldades enfrentados na aplicação do Mapeando Meu Rio

Mediante a autorização da Coordenação Pedagógica da rede municipal de São


Gonçalo/RJ para 6º ao 9º ano, como também da direção da Escola Municipal Raul Veiga e,
ainda o professor de Geografia do sétimo ano desta unidade escolar, o Mapeando Meu Rio foi
aplicado em duas turmas do sétimo ano.
Apesar de uma pequena quantidade de computadores do laboratório de informática da
escola, a metodologia de apoio ao ensino de Cartografia foi aplicada em um dia de aula (50
minutos) semanalmente, no decorrer do 2° ao 4° bimestre do ano letivo de 2013 que
totalizaram 23 aulas ao longo do ano. Ressalta-se que, o professor autorizou a aplicação dos
três módulos do MMR até a conclusão.
Foram utilizados recursos tecnológicos disponibilizados gratuitamente na Internet,
como o Google Earth, o ArcGIS Online, além da utilização de dois aparelhos de GPS, para a
realização de atividades cartográficas sobre a percepção socioambiental do Rio Alcântara a
partir de um dos seus canais fluviais que percorre próximo à escola.
A reduzida quantidade de computadores, a baixa conexão da Internet, a liberação dos
alunos antes da aula de Geografia devido à falta de professores foram fatores que
demandaram mais tempo para aplicação dos módulos ultrapassando mais de um mês para
cada módulo do MMR; entretanto, estes obstáculos não impediram os testes avaliativos. As
atividades foram impressas devido à baixa conexão da Internet, pois o MMR não podia ser
usado ao mesmo tempo com o Google Earth ou o ArcGIS Online, caso contrário, os
computadores travavam e, por conseguinte paravam de funcionar.
Apesar da reduzida velocidade de conexão à Internet que, algumas vezes
desestimulavam os alunos, muitas deles cediam o tempo do recreio para terminar alguma
etapa da atividade. Obstáculos que poderiam ter sido desestimulantes tanto para concluir esta
investigação e, principalmente para que os alunos continuassem estimulados e interessados
em participar da pesquisa foram superados.
117

5.4.1 Avaliação do Módulo 1: Aplicando novas tecnologias à Cartografia

A avaliação deste módulo baseou-se na proposta de Perrenoud (1999) se


caracterizando como uma avaliação mais descritiva e formativa. Foram considerados o
envolvimento e a participação dos alunos, as contribuições, os limites e as possibilidades do
GPS, Google Earth e do smartphone no Ensino de Cartografia. Os resultados foram obtidos
por meio de observações, análise das mídias registradas pelos alunos, interpretação e
verificação da produção do mapa no Google Earth. Ressalta-se que os resultados de cada
turma foram analisados separadamente.

5.4.1.1 Avaliação do Módulo 1: turma 701

Com relação ao uso do GPS, optou-se pelo método empírico considerando o


envolvimento, a participação e, principalmente o reconhecimento das coordenadas
geográficas (latitude e longitude).
Esta turma considerada indisciplinada e desinteressada pelos professores da escola se
mostrou bastante interessada e entusiasmada para utilizar o GPS no pátio da escola. Ao
explicar que íamos utilizar o GPS, observou-se que a grande maioria dos alunos tinha uma
noção “vaga” das coordenadas geográficas; houve dificuldades para identificar a função e o
significado desses elementos básicos da Cartografia por meio da orientação espacial no GPS.
Vários educandos perguntaram o que seria “isso” se referindo as coordenadas geográficas.
Foram identificadas dificuldades e dúvidas quanto ao significado e aplicação das coordenadas
geográficas, pois os alunos não souberam identificar no GPS qual coordenada se referia à
latitude e a longitude. A Figura 34 mostra os alunos usando GPS no pátio da escola.
118

Figura 34 – Alunos da turma 701 coletando pontos de GPS no pátio da escola

Em relação ao registro de fotos dos lugares mais interessantes entre o caminho da


escola a casa, através dos seus smartphones, somente uma aluna entregou uma foto tirada por
ela.
A atividade deste módulo integrou cinco passos, a fim de que os alunos elaborassem
uma representação espacial do trajeto da casa à escola a partir do aplicativo Google Earth.
No “Primeiro passo”, foi proposto que os alunos localizassem a escola onde estudam
e a casa onde residem digitando um par de coordenadas geográficas coletadas no GPS em
“Pesquisar” do Google Earth. Devido às dificuldades em relação aos conhecimentos sobre
coordenadas geográficas, os alunos acharam mais fácil digitar o nome da escola. Com relação
à localização da residência, muitos alunos não sabiam o nome da rua onde moram e, nem
mesmo, algum ponto de referência em relação a sua casa.
Ainda referente ao “Primeiro passo” buscou-se comparar a escala de visualização das
imagens de satélite, sendo que a primeira representou à escala de visualização da escola e a
segunda se referiu à casa do aluno. O objetivo foi reconhecer se o aluno aplicaria o conceito
de escala no sentido geográfico para explicar a diferença em relação à visualização da escola e
da casa nas imagens. As respostas mais similares foram selecionadas como “R= sim porque é
muito perto da escola”!”, “perímetro entre a minha casa e a escola era grande eu só
conseguiria ver só se diminuísse o perímetro ou diminuir o mapa perto da minha casa e a
escola”, “porque tem muito mato e não dá pra visualizar minha casa”. Logo, percebeu-se a
dificuldade dos alunos com relação à escala ao mencionar “perímetro” ou mesmo “diminuição
do mapa”.
Ressalta-se que apenas uma aluna realizou o “Segundo passo”.
119

No “Terceiro passo” houve um envolvimento maior dos alunos, pois bastava clicar
no temporizador que o aluno conseguiria visualizar as mudanças na paisagem do lugar onde
ele vive. Dentre as respostas convém destacar duas delas:
a) “Há 10 anos nossa rua não tinha asfalto e o posto de gasolina era
desativado. A comunidade que tinha atrás das nossas casas não era menor;
não tinha o mercadinho, não tinha o lava jato que hoje e uma
concessionária de carro, não tinha o asilo, não tinha a farmácia Raul Veiga,
não tinha a igreja perto da escola, não tinha o brechó, não tinha a igreja
oceânica, não tinha a banca de jornal, não tinha o ponto de ônibus, não
tinha a casa de construção, não tinha a loja de pisos, não tinha a mecânica
de motos e não tinha a marmoraria e nem padaria !!”;
b) “Não asfaltaram as ruas, poucas casas foram construídas, isso só trouxe
prejuízos à rua tem muitos buracos, muita lama, o lixeiro não passa os
cachorros fazem xixi no portão tem ratos atropelados na rua.”, “asfalto as
ruas as casas mudaram cortaram muitas árvores construirão mais casa
prédios”.

As respostas acima mostraram as dificuldades quanto à percepção sobre as mudanças


nas formas da paisagem do bairro onde os alunos moram, pois não houve correlação em sua
forma, função e, estrutura ao longo dos últimos dez anos. Além disso, não foi detectado
preocupação em retratar o processo desordenado de ocupação urbana do bairro.
O “Quarto passo” foi interpretado e analisado conjuntamente com o “Quinto passo”;
a metodologia contemplou a representação espacial do trajeto da casa à escola utilizando
imagens de satélite do Google Earth; em seguida, utilizou-se o programa Paint para inserir o
título e a legenda. A Figura 35 mostra dois mapas que foram elaborados no Google Earth.
120

Figura 35- Mapas elaborados no Google Earth

Os mapas acima mostraram um resultado não satisfatório dos alunos quanto à


utilização dos elementos básicos da Cartografia especialmente com a legenda, que não esteve
relacionada ao uso do Google Earth e nem ao Programa Paint, mas houve dificuldades quanto
às noções de visão vertical para ler e interpretar os objetos espaciais presentes em uma
imagem de satélite.
Observou-se que as categorias cartográficas de localização, correlação e análise, não
foram construídas nos anos de escolaridade anteriores. Por conseguinte, não há correlação
entre os objetos espaciais representados na legenda cuja proposta foi elaborar um mapa para
representar o caminho da casa à escola.
As legendas se apresentaram confusas; em primeiro lugar, as alunas Nandara e
Jenniffer Veríssimo selecionaram as cores aletoriamente sem correlação entre os elementos
naturais e artificiais presentes no mapa; em segundo lugar, na legenda elaborada pelas alunas
Stefany e Graziela o uso das cores não mostraram uma comunicação efetiva entre as cores e
objetos representados.
É importante ressaltar que esta atividade não foi proposta com o intuito de desenvolver
os elementos básicos da Cartografia, assim como os conceitos de lugar e paisagem.
121

Considerou-se que os alunos teriam apreendido estes conceitos no 6° ano e, nos anos de
escolaridade anterior.
Constatou-se que o uso de tecnologias digitais aplicadas à Cartografia, o GPS e o
aplicativo Google Earth são ferramentas que estimulam e despertam o interesse dos alunos
para participar de atividades cartográficas.
O plano de aula elaborado para este módulo foi organizado em dez aulas, porém a
atividade foi finalizada após quase três meses em razão da reduzida disponibilidade de
computadores, oito no total, e baixa conexão da Internet e sua distribuição em rede, como
também a liberação de alunos pela ausência de professores nos dias da avaliação do MMR.
Em busca de melhoria do ensino da Cartografia é preciso usufruir das contribuições e
das possibilidades das tecnologias aplicadas ao processo de mapeamento, de modo que os
limites não se tornam obstáculos ao uso dessas ferramentas como auxílio ao ensino da
Cartografia.

5.4.1.2 Avaliação do Módulo 1: turma 702

A turma 702 foi bastante participativa e interessada. Os alunos ficaram entusiasmados.


Todos queriam ir ao mesmo tempo, porém só havia disponíveis dois aparelhos de GPS. A
Figura 36 mostra um grupo de alunos utilizando o GPS no pátio da escola.

Figura 36 - Alunos da turma 702 coletando coordenadas geográficas no GPS


122

A análise do uso do GPS foi realizada através de observações quanto ao envolvimento,


à participação e, principalmente o reconhecimento de coordenadas geográficas (latitude e
longitude).
Apesar do interesse dos educandos, no decorrer da explicação, sobre as funções do
GPS e a coleta de pontos de latitude e longitude no pátio da escola sem cálculos matemáticos,
muitos alunos apresentaram dificuldades quanto ao conhecimento das coordenadas
geográficas para localização de um ponto na superfície terrestre. Muitos deles inverteram a
identificação da latitude e a longitude no GPS, pois não conseguiram diferenciar as
coordenadas geográficas.
Além da coleta de coordenadas geográficas e do registro de fotos, esta atividade
integrou cinco passos que resultaram na elaboração do mapa para representar o trajeto da casa
até a escola através do Google Earth.
Devido às dificuldades na identificação das coordenadas geográficas no GPS no
“Primeiro passo”, os alunos localizaram a escola, digitando nome na barra de ferramentas
“Pesquisar”; a casa foi localizada pelo endereço da rua.
Ainda no “Primeiro passo”, a comparação das imagens de satélite, sendo que a
primeira representou à escola e a segunda a casa do aluno, buscou aplicar o conceito de
escala, no sentido geográfico, para explicar a diferença em relação à visualização destes dois
objetos espaciais nas imagens. As respostas mais similares foram selecionadas:
a) “não por esta muito longe e tinha que dar zoom pra achar”;
b) “não, porque é muito longe e não da para saber exatamente a distância entre
a escola e a minha casa.”

Considerando o conceito de escala abordado por Castro (2000, p.121) “[...] tão
importante saber como as coisas mudam com o tamanho, é saber o que muda e como mudam”
vai além da escala cartográfica que é a escala geográfica, como medida que confere
visibilidade ao fenômeno representado no mapa. Percebeu-se que os alunos utilizaram o termo
distância como medida para explicar a visualização dos objetos (casa e escola) nas duas
imagens de satélite.
O “Segundo passo” não foi analisado porque nenhum aluno registrou a foto do
caminho da casa à escola.
A realização do “Terceiro passo” foi estimulante para os alunos, pois puderam
visualizar as transformações da paisagem do lugar onde eles vivem em relação aos últimos
123

dez anos em apenas um “click”. As respostas mostraram o processo de construção do bairro,


porém sem que houvesse preocupação com os aspectos naturais, mostrando pouco ou quase
nenhuma relação com a natureza, a saber:

a) “mudou muitas coisas principalmente minha casa minha rua construíram


mais comércios reformaram casas asfaltaram as ruas”;
b) “as ruas antigamente eram assim não eram asfaltadas não tinha quebra
mola as ruas tinha muita lama não tinha como andar os moradores não
sabiam o que fazer por que a prefeitura não queria asfaltar as ruas nessa
época às casas eram tudo em tijolos. Os tempos foram se passando e
algumas coisas foram mudando, como as ruas foram asfaltadas como
quebra mola nas ruas as casas foram mudando para melhor e a prefeitura
ajudou muito só que precisamos de muito mais. Os moradores não estão
mais reclamando só que nesta época faltavam muitas água,luz etc...Agora
esta tudo diferente tem água. Tem luz e tem muito mais as ruas estão
asfaltada.tem bastante quebra mola etc”.

O “Quarto passso” foi interpretado e analisado conjuntamente com o “Quinto


passo”; a proposta foi representar espacialmente o trajeto casa-escola utilizando imagens de
satélite do Google Earth. Utilizou-se o programa Paint para inserir os elementos básicos de
um mapa. A figura 37 mostra os mapas que foram elaborados no Google Earth.
124

Figura 37 - Mapas elaborados no Google Earth

Verifica-se que a legenda dos mapas foi construída a partir da variável visual cor e
existe uma correlação entre os elementos representados graficamente.
A participação, o envolvimento, o interesse dos alunos durante todo o
desenvolvimento da atividade mostrou como o GPS e o uso do aplicativo Google Earth são
ferramentas que estimulam e despertam o interesse dos alunos e, por conseguinte se tornam
importantes recursos para o ensino dos mapas com adolescentes em idade escolar que são
contemporâneos as tecnologias digitais.
A inserção das geotecnologias, como o sensoriamento remoto por meio do Google
Earth e o uso GPS deve considerar os conhecimentos básicos de Cartografia e, também
conhecimento de Geografia na produção do mapa em meio digital.
125

5.4.2 Avaliação do módulo 2: Explorando o Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ

Em primeiro lugar, buscou-se conhecer a percepção dos alunos participantes da


pesquisa em relação ao Rio Alcântara a partir de um dos seus canais que percorre a poucos
metros da escola. Segundo Brasil (1998), os PCNs de Geografia descrevem que o lugar é um
conceito importante para a compreensão da Geografia como disciplina que desvenda a
natureza dos lugares e do mundo como habitat do homem.
A análise e interpretação dos mapas mentais foram baseadas em Kozel (2007), como
também em Teixeira e Nogueira (1999).
Com o intuito de discutir a importância dos mapas mentais para entender a percepção
socioambiental do aluno em relação ao Rio Alcântara foram selecionados quatro mapas
mentais divididos em dois grupos, conforme as especificidades abaixo:
a) mapa mental e a natureza “intocada” pelo homem;
b) mapa mental e a proximidade da “realidade” socioambiental do canal do
Rio Alcântara;

Estas representações espaciais foram analisadas e interpretadas separadamente por


turma.

5.4.2.1 Avaliação do módulo 2 referente aos mapas mentais

Na primeira etapa deste módulo foi solicitado que os alunos que elaborassem um mapa
mental considerando os desenhos feitos a partir da experiência deles com o Rio Alcântara.
Foram selecionados quatro mapas mentais que foram interpretados e analisados, conforme as
especificidades do item 5.4.2.
5.4.2.1.1 Análise e interpretação dos mapas mentais: turma 701

Em primeiro lugar foram analisados e interpretados quatro mapas mentais da turma


701, de acordo com o item 5.4.2.
126

5.4.2.1.1.1 Análise dos mapas mentais referente ao Grupo 1: Mapa mental e a natureza
“intocada” pelo homem

Os mapas presentes na Figura 38 apresentam um sentimento de natureza idealizada (o


Rio com suas águas cristalinas, árvores, o ar sem poluentes).

Figura 38- Mapas mentais e a natureza “intocada” pelo homem – turma 701

O imaginário desses alunos é formado por uma concepção mítica da natureza, como se
no entorno do Rio Alcântara fosse uma área natural protegida, um paraíso, um espaço
desabitado em que a natureza permanece virgem e intocada pelo homem e, conforme Diegues
(2001). Observou-se uma representação do ecologismo preservacionista não mostrando os
objetos artificiais e naturais que constituem esse espaço geográfico. Em conformidade com
Santos (2002, p. 153) “O espaço deve ser considerado como um conjunto de relações
realizadas através de funções e de forma que se apresentam como testemunho de uma história
escrita por processos do passado e do presente”.
Logo, não há uma leitura geográfica do entorno do Canal do Rio Alcântara
representada no mapa mental destes alunos. Além disso, não foi detectado nenhuma legenda o
que também dificultou a leitura destes mapas.

5.4.2.1.1.2 Análise dos mapas mentais referente ao Grupo 2: Mapa mental e a proximidade da
“realidade” socioambiental do canal do Rio Alcântara
127

Verificou-se a representação mais próxima do canal fluvial do Rio Alcântara com suas
águas poluídas, como mostram os mapas mentais representados na Figura 39.

Figura 39 – Mapas mentais e a proximidade da “realidade” socioambiental do canal do Rio


Alcântara – turma 701

Em ambos os mapas mentais, não foram verificados os fatores responsáveis pela


degradação do canal. No mapa mental à esquerda, observou-se a noção da visão vertical das
margens do canal com uma redução espacial, porém um espaço desabitado e sem vida e, ainda
houve uma preocupação em legitimar o poder das autoridades para impedir atitudes e ações
poluidoras do canal fluvial; enquanto, no mapa mental da direita, observou-se também a visão
vertical do canal e visão frontal das suas margens, porém os objetos espaciais estão sem
conexão do espaço representado.
Ao analisar e interpretar os mapas mentais da turma 701 detectou-se uma
conformidade dos alunos em relação à poluição das águas do canal do Rio Alcântara, pois as
representações espaciais não mostraram, em sua maioria, perspectivas de programas e ações
para despoluir este recurso hídrico; entretanto, identificaram a degradação das águas deste
Rio, porém sem correlações dos processos que contribuíram para a atual situação
socioambiental deste recurso hídrico.
128

5.4.2.1.2 Análise e interpretação dos mapas mentais: turma 702

Foram selecionados quatro mapas mentais da turma para serem analisados e


interpretados, conforme as especificidades apontadas no item 5.4.2.

5.4.2.1.2.1 Análise dos mapas mentais referente ao Grupo 1: Mapa Mental e a natureza
“intocada” pelo homem

Dentro dessa especificidade, os mapas mentais representam uma natureza sem que
haja ação do homem. A Figura 40 mostra os mapas mentais e a natureza “intocada” pelo
homem.

Figura 40- Mapas mentais e a natureza “intocada” pelo homem - turma 702

Ao analisar os mapas mentais das alunas representado na figura 40 nota-se que não
existem objetos naturais e objetos artificiais no entorno do canal do Rio Alcântara, como se o
entorno do canal do Rio fosse desumanizado, não existissem construções, ou seja, uma
representação de um espaço sem a presença do homem. Há uma noção de mito naturalista
que, segundo Diegues (2001, p.32), “[...] diz respeito a uma representação simbólica pela qual
existiriam áreas naturais intocadas e intocáveis pelo homem”.
Archela, Gratão e Trostdorf (2004) acrescentam que os mapas mentais permitem
estabelecer relações entre o modo como cada pessoa vê o seu lugar. Neste sentido, as alunas
129

percebem o canal do Rio Alcântara como um recurso hídrico límpido com vida e com uma
carga naturalista, uma vez que não representou elementos humanos e a paisagem construída
nas margens do canal, ou seja, não há uma concepção de espaço geográfico.

5.4.2.1.2.2 Análise dos mapas mentais referente ao Grupo 2: Mapa mental e proximidade da
“realidade” socioambiental do canal do Rio Alcântara

Com relação aos mapas mentais que mais se aproximam da “realidade”


socioambiental do canal do Rio Alcântara encontram-se as representações espaciais mostradas
na Figura 41 mostra os mapas mentais selecionados que representam uma proximidade com a
realidade.

Figura 41- Mapas mentais e a proximidade da “realidade” socioambiental do canal do Rio


Alcântara – turma 702

Em consonância com Richter (2010, p. 167), “[...] o mapa não é um reflexo direto da
realidade, ele passa por filtros, por leituras particulares que alteram sua dimensão – do geral
ao específico”.
Neste sentido, ao analisar os mapas mentais da Figura 41, verifica-se a percepção do
canal do Rio como “realmente ele se apresenta”, com suas águas escuras devido aos objetos
lançados ao longo do seu curso; entretanto, houve limitação em representar a poluição das
águas do canal ignorando as margens dos rios, os objetos espaciais no entorno, como casas,
130

comércios e oficinas sem relacionar como agentes produtores do espaço urbano responsáveis
pela atual situação ambiental deste canal.
Nos mapas mentais da turma 702 verificou-se que, a grande maioria dos alunos, não
representou correlações entre poluição e os fatores de ordem natural e ambiental responsáveis
pela degradação das águas do canal que o tornou impróprio para o uso e consumo.
Portanto, em ambas as turmas verificaram-se algumas dificuldades quanto às noções
cartográficas, como proporcionalidade entre o canal representado ou, mesmo o curso principal
do Rio Alcântara e os objetos espaciais no entorno deste recurso hídrico, em relação à
orientação dos objetos espaciais, como residências, comércio, ruas que, em muitas
representações espaciais foram colocadas sem correlação com o entorno desse canal;
entretanto, as águas do canal ou do curso principal do Rio foram representadas como objetos
mais significativos no mapa.

5.4.2.2 Análise da “Minha percepção socioambiental do Rio Alcântara”

Nesta etapa, os alunos foram a campo para levantar informações sobre aspectos físico-
ambientais e sociais do entorno do canal do Rio Alcântara localizado a poucos metros da
escola. Cada dupla ou trio recebeu uma ficha, onde puderam registrar sua percepção a respeito
do canal fluvial do Rio Alcântara em estudo. As análises foram feitas separadamente por
turma.

5.4.2.2.1 Análise da “Minha percepção socioambiental do Rio Alcântara”: turma 701

Com a relação à turma 701, o resultado do levantamento é apresentado na Figura 42.


Figura 42- Percepção socioambiental dos alunos da turma 701 em relação ao canal fluvial do
Rio Alcântara que percorre próximo à escola
131

Ao analisar a Figura 42, os alunos classificaram o sistema de coleta de lixo e a rede de


esgoto como existentes no entorno do canal, porém em alto nível de degradação. Segundo
estes alunos, a precariedade no sistema de tratamento de esgoto, a deficiência da coleta de lixo
no entorno do canal e a ausência de mata ciliar são fatores que contribuíram para o
assoreamento, tornando as águas do canal impróprias para o consumo.
O asfaltamento e os aterros foram classificados em nível médio de degradação.
De acordo com o nível de percepção dos alunos, as construções, como residências e
comércio, existem ao longo de canal do Rio Alcântara com baixo nível de degradação, que
possivelmente os alunos não consideraram a infraestrutra básica destas construções.

5.4.2.2.2 Análise da “Minha percepção socioambiental do Rio Alcântara”: turma 702

Ao analisar os resultados do levantamento sobre aspectos fisico-ambientais e sociais


do entorno do canal da turma 702, obteve-se o resultado apresentado na Figura 43
132

Figura 43- Percepção socioambiental dos alunos da turma 702 em relação ao canal fluvial do
Rio Alcântara que percorre próximo à escola

As respostas detectaram o sistema de coleta de lixo e a mata ciliar em alto nível de


degradação. Dentro do nível médio de degradação no entorno do canal foram encontrados o
asfaltamento e os aterros.
Os alunos classificaram o aterro e a mata ciliar como inexistentes no entorno do canal;
porém houve uma confusão ao classificar a mata ciliar como “existente e está altamente
degradado”.
Portanto, os alunos perceberam que a deficiência da coleta de lixo no entorno do canal
e a ausência de mata ciliar são fatores que contribuíram para a degradação do canal fluvial
que percorre a poucos metros da escola.

5.4.2.3 Avaliação da percepção socioambiental feita pelos alunos

Com o intuito de obter informações e coletar dados sobre o canal do Rio Alcântara que
percorre a pouco metros da escola, os alunos aplicaram uma entrevista aos moradores
e/comerciantes com o objetivo de compreender a percepção socioambiental em relação a este
recurso hídrico. Dentre as respostas, foram selecionadas as perguntas correspondentes aos
números 6 e 7.
133

5.4.2.3.1 Análise do questionário aplicado pelos alunos aos moradores e/comerciantes


referente à turma 701

Foram entrevistados 21 moradores e/ou comerciantes sobre o canal do Rio Alcântara


que atravessa o bairro Raul Veiga, em especial, se a qualidade das águas afeta a vida deles as
respostas “Sim” e “Não” ficaram bem divididas; cerca de 57% das respostas corresponderam
que as águas poluídas do canal e, 43% disseram que a degradação do canal não influencia seu
cotidiano, tendo em vista o desuso deste recurso hídrico. A Figura 44 apresenta a percepção
das águas do canal do Rio Alcântara dos moradores e/ comerciantes entrevistados pelos
alunos.

Figura 44 – A qualidade das águas do canal do Rio Alcântara afeta a sua vida?

Quase todos os entrevistados, com exceção de 7%, percebem o canal fluvial como um
valão devido a acentuada degradação e a poluição de suas águas. A Figura 45 mostra a
percepão dos moradores e/comerciantes a respeito da qualidade das águas do Rio Alcântara a
partir de um dos seus canais.
134

Figura 45 – Como você vê a qualidade das águas deste Rio?

5.4.2.3.2 Análise do questionário aplicado pelos alunos aos moradores e/comerciantes


referente à turma 702

Com relação a percepção dos moradores e/ou comerciantes sobre o canal do Rio
Alcântara que percorre próximo à escola, verificou-se que 67% dos entrevistados disseram
que as águas poluídas do canal afeta sua qualidade de vida, enquanto uma minoria deles, cerca
de 33% mencionaram que a degradação do canal não influencia seu dia a dia porque não
fazem uso das águas. A Figura 46 mostra como a qualidade das águas do canal do Rio
Alcântara afeta dos entrevistados.

Figura 46 – A qualidade das águas do canal do Rio Alcântara afeta a sua


vida?
135

Com relação à qualidade das águas deste Rio quase todos os entrevistados, com
exceção de 8%, percebem o canal fluvial como um valão, pois suas águas encontram-se em
alto estágio de degradação. A Figura 47 mostra a percepão dos moradores e/comerciantes a
respeito da qualidade das águas do Rio Alcântara a partir de um dos seus canais.

Figura 47 – Como você vê a qualidade das águas deste Rio?

5.4.3 Avaliação do Módulo 3: Percepção Socioambiental do Rio Alcântara em São


Gonçalo/RJ

O Módulo 3 foi avaliado a partir das informações coletadas em campo sobre o entorno
do canal do Rio Alcântara que percorre a poucos metros da escola por meio de observações,
entrevistas com moradores/comerciantes, registro de mídias (texto, foto e vídeo). No item 4
desta atividade, os alunos produziram mapas no ArcGIS Online com propostas e soluções
para a Prefeitura Municipal de São Gonçalo/RJ para despoluir o Rio Alcântara.
Ressalta-se que as turmas foram avaliadas separadamente.

5.4.3.1 Avaliação do módulo 3: turma 701

Na primeira etapa da atividade elaborada para este módulo, os alunos tiveram que
identificar a nascente e a foz do Rio Alcântara utilizando o “Conteúdo” que corresponde a
camada em um SIG, “Curvas de nível de São Gonçalo” e o Mapa Base “OpenStreetMap”
136

(disponibilizado no ArcGIS Online). Foi solicitado aos alunos que escolhessem um símbolo
partir das feições (símbolos) e cores disponíveis neste SIG Web para marcar a nascente e a foz
deste Rio.
Os alunos tiveram dificuldades para identificar à nascente e a foz a partir das curvas de
níveis; logo, a pesquisadora relembrou aos alunos, de uma maneira bem simplificada para não
interferir nas respostas, que a nascente é onde o rio nasce e a foz corresponde ao encontro do
rio com o mar, sendo o Rio Alcântara um afluente do Rio Guaxindiba.
Em virtude das dificuldades em relação aos conteúdos “Bacia Hidrográfica” e “Curva
de nível”, os alunos identificaram no mapa a nascente e a foz do Rio Alcântara
“acompanhando” por meio do nome desse recurso hídrico e, com o marcador por meio do
modo de implantação pontual e a variável cor e forma indicaram o fluxo em direção à
nascente e a foz do Rio Alcântara e consultaram a página
http://www.mapeandomeusrios.com.br/modulo-2/ onde estão disponibilizadas brevemente
algumas informações socioambientais sobre o Rio Alcântara. A Figura 48 mostra a
identificação da nascente e da foz do Rio Alcântara.

Figura 48 - Identificação da nascente e da foz do Rio Alcântara no Mapa Base


OpenStreetMap”
137

Observou-se na Figura 48 que a identificação da nascente e da foz do Rio se mostrou


um conteúdo “estranho” na representação gráfica, conteúdo que deveria ter sido apreendido
pelos alunos no sexto ano de escolaridade. As respostas obtidas pelos alunos podem ser
analisadas a partir da Figura 49.

Figura 49- Percentual da identificação da nascente e da foz do Rio Alcântara

Os marcadores em direção à foz indicaram um quantitativo de acertos maior (50%),


embora correspondesse à metade dos alunos participantes, se comparado à identificação em
relação a nascente. O total de 17% dos alunos disse que não saberiam identificar a nascente e
a foz. Neste sentido, nota-se que os alunos não absorveram o mínimo dos conteúdos relativos
à “Bacia Hidrográfica” e à “Curva de nível”.
No segundo passo, os alunos fizeram um levantamento, por meio do “Conteúdo:
Bairros do Rio Alcântara”, sobre os respectivos bairros por onde percorre o curso principal do
Rio Alcântara com a população e a área Km² correspondente no município de São
Gonçalo/RJ. A Figura 50 apresenta os acertos relacionados à identificação dos bairros que
percorrem o curso principal do Rio Alcântara.
138

Figura 50- Identificação dos bairros que percorrem o curso principal do Rio Alcântara

Ao analisar a Figura 50, observa-se que 55% dos alunos, ou seja, 13 dentre os 24
alunos participantes localizaram e analisaram os bairros por onde percorre o curso principal
do Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ e, apenas 18%, ou seja, apenas 4 alunos indicaram
corretamente os bairros.
Estes resultados demonstram claramente que os alunos, conforme aponta Simielli
(2003), não saíram do primeiro nível de categoria cartográfica que é a localização e análise e,
acrescenta que os alunos dos 7º ano já tem condições para trabalhar com análise/localização
dos fenômenos espaciais representados no mapa por terem passado pelo processo de
alfabetização cartográfica; logo, como essas categorias não foram apreendidas por estes
alunos.
É necessário que estes alunos retornem à alfabetização cartográfica, ou seja, construam
noções de elementos básicos da Cartografia para que o aluno possa entender a espacialização
dos fenômenos geográficos a partir da elaboração de mapas e gráficos, considerando o
processo de ensino e aprendizagem da Cartografia no Ensino de Geografia como linguagem,
como afirma Passini (2012).
Para a realização do item 3, os alunos que produziram um texto relacionando os
motivos e as ações do homem que contribuíram para a degradação do Rio Alcântara ao longo
das últimas décadas, a partir das informações coletadas em campo: “Minha Percepção do Rio
Alcântara” e “Questionário aplicado aos moradores/comerciantes”; foi solicitado também que
os educandos registrassem mídias (foto e vídeo) do entorno do canal.
139

Em função do tempo para o concretização da pesquisa que, estava coincidindo com o


encerramento do ano letivo, o texto foi elaborado como tarefa de casa, ao invés de fazer o
texto no laboratório de informática da escola; o registro de fotos e vídeos também foi obtido
fora do horário escolar sem acompanhamento da pesquisadora.
Os principais fatores responsáveis pela poluição do canal e, descritos nos textos
produzidos pelos alunos foram sintetizados em um gráfico para melhor interpretação das
respostas. A Figura 51 apresenta os elementos identificados como responsáveis pela poluição
do Rio Alcântara, a partir de um dos seus canais.

Figura 51 – Fontes de poluição do canal fluvial do Rio Alcântara próximo à


escola

Observou-se, conforme mostra a figura 51, que a percepção dos alunos a respeito das
fontes poluidoras do canal do Rio Alcântara localizado próximo à escola está relacionada aos
seguintes fatores de ordem antropogênica: falta de coleta de lixo responsável por 77% da
alteração da degradação do canal, seguido de lançamento de esgotos com 38% e construções
(casas, comércio e oficinas mecânicas) às margens do canal que, também contribuíram com
38% para degradação de suas águas, confirmam que:
“[...] o crescimento de áreas urbanas sem as necessárias condições de manutenção de
áreas verdes, para permitir o equilíbrio do ciclo hidrológico, sem as mínimas
condições de saneamento (lixo, sedimentos e esgoto), são exemplos de impactos
indiretos, oriundos da bacia de drenagem e que causam a degradação dos canais.”
(CUNHA, 2007, p.224)

Foram produzidos dois vídeos e uma foto que demonstraram a percepção deles sobre
as causas da poluição do canal fluvial; os vídeos estão disponibilizados no seguinte endereço
140

eletrônico: http:< //www.mapeandomeusrios.com.br/mural-turma-701/>. A Figura 52 mostra


a foto e as imagens dos vídeos produzidos pelos alunos através dos seus smartphones.

Figura 52 – Mídias produzidas pelos alunos sobre o canal do Rio Alcântara


próximo a escola.

Foto Vídeo

Vídeo

Os recursos de multimídia construídos pelos alunos (foto e vídeos), embora


representem uma pequena proporção, mostradas na Figura 52, retratam como moradores e
comerciantes do bairro Raul Veiga, assim como os alunos perceberam que o esgoto lançado
diretamente no canal sem tratamento e a coleta de lixo ineficiente constituem as principais
causas da degradação deste canal cujas margens estão solapadas e erodidas.
O vídeo “Trabalho de Geografia sobre o Rio Alcântara de Matheus-Cain-Marcos e
um pouco das sujeiras de São Gonçalo/RJ” aponta a falta de políticas de fiscalização com
relação à ocupação irregular nas margens dos canais do Rio Alcântara, recolhimento do lixo e
141

no tratamento de esgoto, assim como pouco vínculo afetivo entre as pessoas com os canais do
Rio Alcântara devido ao despejo de objetos como móveis, sofás; enquanto, o outro vídeo
produzido apenas mostrou a situação ambiental do Rio. Não foi verificada nenhuma proposta
de minimização e soluções para a degradação das águas desse Rio.
Na última etapa desse módulo, os alunos fizeram uma proposta na tentativa de resolver
a degradação ambiental do Rio Alcântara a partir de um dos seus canais por meio de um mapa
utilizando o ArcGIS Online. Buscou-se avaliar como os alunos utilizaram seus conhecimentos
da Cartografia na elaboração das propostas propondo soluções para minimizar ou, mesmo
melhorar as condições socioambientais do Rio Alcântara a partir de um dos seus canais que
percorre próximo à escola, como também os conhecimentos geográficos na produção do
mapa. A Figura 53 apresenta as soluções propostas pelos alunos para despoluir o canal fluvial.
Figura 53 - Soluções propostas pelos alunos para despoluir o canal fluvial

Nota-se que os alunos perceberam como as condições socioambientais do canal foram


afetadas pelas ações antrópicas e, consequentemente propuseram um conjunto de medidas
mitigadoras compensatórias que podem solucionar ou mesmo reduzir a intensidade da
degradação ambiental proveniente dos impactos diretos das fontes poluidoras.
Entretanto, ao analisar os conhecimentos da Cartografia supostamente apreendidos
pelos alunos nos anos de escolaridade anteriores, percebeu-se que eles chegaram ao sétimo
ano de escolaridade com dificuldades para entender a visão vertical, a partir de imagens de
satélite do seu espaço de vivência.
142

Ao analisar o mapa verificou-se dificuldade em relação ao elemento essencial na


Cartografia que é a legenda que, segundo Martinelli (2003, p.34) “É um guia de leitura do
mapa. Em um primeiro contato, a legenda tem o papel de relacionar todos os signos
empregados no mapa, indicando o que eles significam”, de acordo com as intenções e o
contexto histórico e social de quem a elaborou. A Figura 54 mostra um mapa produzido por
duas alunas com dificuldades em alfabetização cartográfica.

Figura 54- Análise e interpretação para despoluir o canal do Rio Alcântara

Dentre todos os mapas elaborados pelos alunos, apenas duas alunas conseguiram
decodificar parcialmente a imagem de satélite. Construíram um mapa utilizando as variáveis
visuais cor e forma propondo à Prefeitura colocação de lixeiras em vias públicas e a remoção
de casas próximas às margens do canal do Rio Alcântara que se localiza a poucos metros da
escola no bairro Raul Veiga; entretanto, apresentaram dificuldades quanto à interpretação do
tamanho dos objetos devido à distorção do tamanho das lixeiras, ultrapassando as lixeiras,
ultrapassando as residências e, até mesmo a colocação dentro do leito do canal. A Figura 55
mostra uma proposta para minimizar ou mesmo despoluir o canal fluvial.
143

Figura 55 - Análise e interpretação para despoluir o canal do Rio Alcântara

Como estes alunos passaram pela “alfabetização cartográfica”, principalmente no 6º


ano, onde a Cartografia é um eixo temático do PCN de Geografia para o terceiro ciclo, e não
conseguiram propor ações para recuperar as águas do canal por meio da representação
cartográfica?

5.4.3.2 Avaliação do módulo 3: turma 702

Na primeira atividade deste módulo, os alunos deveriam identificar o fluxo das águas
em direção à nascente e a foz do Rio Alcântara utilizando o “Conteúdo” que corresponde a
camada em um SIG, “Curvas de nível de São Gonçalo” e o Mapa Base “OpenStreetMap”;
utilizou-se modo de implantação pontual forma e foram escolhidas as variáveis visuais cor, a
partir de símbolos disponíveis no ArcGIS Online. A Figura 56 mostra um exemplo da
identificação em direção à nascente e a foz do Rio Alcântara.
144

Figura 56- Identificação da nascente e da foz do Rio Alcântara no Mapa Base


OpenStreetMap

Observou-se que esta turma apresentou dificuldades para localizar a nascente e a foz
por meio das curvas de nível, embora a proposta desta atividade tenha considerado
conhecimentos prévios dos alunos sobre “Bacia Hidrográfica” e “Curva de nível” no 6° ano
de escolaridade; logo, a identificação da nascente e da foz do Rio Alcântara foi localizada
consultando informações geográficas sobre o Rio Alcântara presentes no módulo 2 que está
disponível em http:<//www.mapeandomeusrios.com.br/modulo-2/>. A Figura 57 apresenta os
acertos relacionados à identificação dos bairros que percorrem o curso principal do Rio
Alcântara.
145

Figura 57- Percentual da identificação da nascente e da foz do


Rio Alcântara

O grau de dificuldade desta turma pode ser considerado mediano, conforme aponta a
Figura 57, tendo em vista que 50% dos alunos conseguiram indicar o fluxo das águas em
direção à nascente e o mesmo percentual em relação à foz. Percebeu-se que os alunos
absorveram minimamente conteúdos relativos à “Bacia Hidrográfica” e “Curva de nível”.
Na segunda etapa desta atividade, os alunos localizaram, por meio do “Conteúdo:
Bairros do Rio Alcântara”, os bairros por onde percorrem o curso principal do Rio Alcântara
no município de São Gonçalo/RJ juntamente a população e a área Km² correspondente,
conforme o apêndice x. A Figura 58 apresenta os acertos relacionados à identificação dos
bairros que percorrem o curso principal do Rio Alcântara.

Figura 58- Identificação dos bairros que percorrem o curso principal do Rio
Alcântara
146

Ao analisar a Figura 58, observa-se a identificação de 12 bairros por onde percorre o


curso principal do Rio Alcântara em São Gonçalo/RJ, embora as respostas se aproximassem
de 14 bairros que corresponde ao número total de bairros que atravessam o curso principal do
Rio Alcântara.
A Cartografia ensinada nas escolas parece não ser satisfatória, pois os alunos
apresentaram dificuldades com a localização/ análise que é o nível mais elementar do ensino
de mapas em sala de aula. Esta atividade foi direcionada aos alunos do 7º ano considerando
que, segundo Simielli (2003, p. 95) “[...] já terá condições de estar trabalhando com
análise/localização, com a correlação”. É preciso retornar a alfabetização cartográfica, a fim
de que estes alunos sejam capazes de codificar e decodificar a informação geográfica
representada no mapa.
O ensino dos mapas nas escolas deve apontar localizações dos fatos e fenômenos
geográficos, mas não pode se restringir a esta primeira categoria cartográfica, como assinala
(Simielli, 2003); é preciso que o aluno seja capaz de analisar, correlacionar a informação
espacial representada. Neste sentido, o ensino de mapas deve ser trabalhado como linguagem
de comunicação gráfica do espaço geográfico.

O mapa, portanto, é de suma importância para que todos que se interesse por
deslocamentos mais racionais, pela compreensão da distribuição e organização dos
espaços, possam se informar e se utilizar deste modelo e tenham uma visão de
conjunto. (ALMEIDA e PASSINI, 2005, p. 16)

No item número 3 desta atividade, os alunos produziram um texto relacionando os


motivos e as ações do homem que contribuíram para a degradação do Rio Alcântara, a partir
das seguintes informações coletadas em campo: “Minha Percepção do Rio Alcântara” e
“Questionário aplicado aos moradores/comerciantes”. É importante ressaltar que a produção
textual, a princípio seria feita em meio digital na Internet, no seguinte endereço eletrônico:
http:<//www.mapeandomeusrios.com.br/atividade-2-modulo-2/, porém devido a baixa
conexão da Internet, os alunos elaboraram o texto como atividade de casa.
O levantamento feito pelos alunos sobre as fontes poluidoras do canal fluvial do Rio
Alcântara próximo à escola foram reunidos em um gráfico para melhor interpretação. A
Figura 59 apresenta a percepção dos alunos em relação aos fatores responsáveis pela
degradação do Rio Alcântara.
147

Figura 59 – Fontes de poluição do canal fluvial próximo à escola

Os alunos perceberam que o fator mais atuante na degradação do canal do Rio


Alcântara localizado próximo à escola é a falta de coleta de lixo responsável por 87% da
alteração da degradação do canal e, em segundo lugar o lançamento de esgotos direto no canal
sem tratamento e, por sua vez responsável por 47 % do comprometimento da qualidade de
suas águas.
Além do texto, os alunos produziram outras mídias como vídeos e fotos do entorno do
canal que foram usados como instrumentos para melhorar a percepção da dinamicidade
espacial do entorno do canal fluvial próximo à escola. Estas multimídias estão
disponibilizadas no seguinte endereço eletrônico: http:<
//www.mapeandomeusrios.com.br/mural-turma-702/>. A Figura 60 mostra a foto e as
imagens dos vídeos produzidos pelos alunos através dos seus smartphones.
148

Figura 60 – Mídias produzidas pelos alunos da turma 702 sobre o canal do Rio Alcântara
próximo à escola

As produções de mídias foram feitas pela metade da turma. Os educandos mostraram


através das fotos e dos vídeos a degradação das águas deste canal com suas fontes poluidoras
e as consequências, dentre elas: assoreamento e enchentes no curso principal do Rio
Alcântara; entretanto, não foi identificada nenhuma proposta ou iniciativa para reduzir ou, até
mesmo, despoluir as águas deste canal.
No último item da atividade desde módulo, os alunos analisaram e correlacionaram
todas as informações coletadas por eles em campo, como também suas percepções e vivências
no trajeto de casa à escola para propor soluções direcionadas ao problema da degradação
ambiental do Rio Alcântara a partir de um dos seus canais. Utilizou-se o ArcGIS Online para
elaborar uma representação espacial desta proposta. A Figura 61 apresenta as soluções
propostas pelos alunos para despoluir o canal fluvial.
149

Figura 61- Soluções propostas pelos alunos para despoluir o canal fluvial

As propostas estão condizentes com a percepção os alunos que apontaram como


maiores contribuintes para a poluição do canal fluvial a falta de coleta de lixo adequada e
saneamento básico. Logo, os alunos mostraram que é preciso realizar, dentre outras medidas
mitigadoras compensatórias, coleta de lixo, tratamento de esgoto no entorno do canal.
Em concordância Almeida e Passini (2005), o título do mapa é importante para saber
as informações espaciais representadas graficamente. Entretanto, ao analisar os mapas
produzidos por essa turma, em primeiro lugar, verificou-se que nenhum aluno deu título ao
seu mapa, ou seja, não conseguiram fazer a leitura do próprio mapa elaborado por eles. A
Figura 62 mostra um mapa produzido no ArcGIS Online como proposta para minimizar ou
despoluir o canal fluvial.
150

Figura 62- Análise e interpretação de propostas para despoluir o canal do Rio Alcântara

Notou-se a falta de conhecimentos cartográficos relativo a criação da legenda na


produção deste mapa e, em outros mapas produzidos por essa turma.
A legenda é o elemento fundamental na linguagem cartográfica que possibilita
codificar e a decodificar a informação espacial representada por meio de símbolos e signos.
Os alunos desta turma não conseguiram organizar um sistema de signos e cores que
estabelecessem um sistema de signos com suas cores e formas como proposta para
degradação do canal do Rio Alcântara através da representação espacial, conforme mostra a
Figura 62.
Estes elementos básicos da Cartografia deveriam ter sido apreendidos pelos alunos
especialmente, no 6º ano de escolaridade, quando a Cartografia é considerada um conteúdo,
porém não foi verificado nestes mapas.
Estes educandos chegaram ao 7º ano de escolaridade com dificuldades para localizar,
interpretar, analisar, correlacionar informações espaciais e, também mostraram dificuldades
com noções de visão vertical, a partir de informações extraídas da imagem de satélite
referentes aos objetos que compõem os seu espaço cotidiano, neste caso, o entorno da escola.
Estas análises do mapa apontaram que estes alunos precisam passar novamente pela
“alfabetização cartográfica”, pois eles não conseguiram utilizar tais conhecimentos
cartográficos para propor melhorias ou mesmo ações para recuperar socioambientalmente a
qualidade das águas do canal a partir da Cartografia.
151

5.4.4 Análise comparativa dos resultados entre as turmas 701 e 702 da Escola Municipal
Raul Veiga

A análise comparativa dos resultados entre as turmas no MMR levou em consideração


a participação dos alunos, conhecimentos de Cartografia e Geografia e, por último o
rendimento escolar na disciplina de Geografia no decorrer da aplicação dos testes. Foi preciso
considerar a infraestrutura da escola e seus impactos na realização da pesquisa.
Detectou-se que ambas as turmas demonstraram interesse em participar do MMR,
inclusive em horários fora das aulas de Geografia, seja no recreio e, mesmo durante as aulas
de outras disciplinas.
Com relação ao Módulo 1, na turma 701 houve 9 alunos não participaram das
atividades, sendo que 4 deles ingressaram em meados do 1º bimestre; na turma 702, os
desistentes totalizaram 5 alunos. A baixa conexão da Internet foi um fator preponderante para
a desistência dos 5 alunos da turma 701, pois muitas vezes não conseguiram finalizar uma ou
duas etapas da atividade proposta; ainda o adiantamento das aulas devido a ausência de
professores no dia da aplicação do projeto contribuiu para desestimular os alunos, já que
nestas condições eles retornariam para casa bem antes do horário normal de saída.
No Módulo 2, em ambas as turmas, os alunos participaram da elaboração do mapa
mental e do trabalho de campo mesmo os desistentes do módulo anterior. Um dos fatores que
explica a motivação e o interesse dos alunos, provavelmente, foram às propostas das
atividades, o desenho e aula realizada fora do ambiente escolar. É importante frisar que a
aplicação do questionário aos moradores e/ ou comerciantes do entorno do canal foi realizada
pelos alunos participantes do MMR.
No Módulo 3, ambas as turmas tiveram maior participação no MMR. Com relação à
turma 701 houve um aumento de 10%, mas foi levando em consideração o ingresso de novos
alunos nesta turma; já na turma 702 houve um aumento de 4% de envolvimento, considerando
que uma transferência da turma 701.
Um segundo aspecto comparado entre as turmas foi o grau de motivação quanto ao
uso de tecnologias digitais no ensino de mapas. No primeiro módulo, o registro de multimídia
foi próximo à zero, pois apenas uma aluna combinou foto ao mapa. No terceiro módulo houve
uma maior participação dos alunos; observou-se que 25% da turma 701 produziram vídeos e
fotos; enquanto, na turma 702 houve maior envolvimento dos alunos, onde foi constatado que
152

53% dos alunos criaram mídias, como fotos e vídeos que, posteriormente foram combinadas
aos mapas.
Em terceiro lugar, buscou-se analisar o nível de conhecimento dos alunos em relação
aos conteúdos da Cartografia Básica e da Geografia. Em termos das noções básicas de
Cartografia no ensino, ambas as turmas apresentaram dificuldades, embora não seja regra
utilizar todos os elementos básicos da Cartografia (título, legenda, escala, coordenadas
geográficas) em uma representação espacial.
Observou-se que os alunos apresentaram dificuldades no entendimento relativo às
relações espaciais projetivas e euclidianas e, também noções de orientação espacial que, não
foram devidamente trabalhadas pelos professores nos anos escolares anteriores.
Por conseguinte, nas duas turmas do 7º ano, tanto nos mapas mentais como no uso de
imagens de satélite no Google Earth e, também no uso do SIG Web ArcGIS Online houve
dificuldades dos alunos para um dar título ao próprio mapa, identificar a escala gráfica e,
principalmente criar legenda relacionando os objetos presentes no mapa devido a dificuldade
quanto à visão vertical.
Em quarto lugar, os resultados do MMR nas duas turmas de 7º ano foram comparados
a partir do rendimento escolar dos alunos na disciplina de Geografia no decorrer do ano letivo
de 2013. A Figura 63 mostra as médias bimestrais das duas turmas participantes da pesquisa.

Figura 63 – Médias bimestrais das turmas participantes

Com relação à turma 701, a média bimestral foi de 6,3 no primeiro bimestre (anterior
aplicação do MMR) e, chegou ao quarto bimestre com valor de 7,2 equivalendo a um
153

crescimento de 14%, enquanto na turma 702, a média do primeiro bimestre correspondeu a


8,2 e, no último bimestre (quarto bimestre) teve um aumento percentual de 2%.
Em ambas as turmas, dentre os recursos de multimídia combinados com os mapas
produzidos no ArcGIS Online, os textos foram as mídias mais utilizadas pelos alunos como
trechos da informação sobre intervenções humanas que provocaram a degradação do canal
Rio Alcântara, embora em menor proporção, os alunos também combinaram com as suas
representações espaciais vídeo ou foto.
Sendo assim, a inserção da Cartografia Multimídia para a Educação Ambiental
mostrou uma tecnologia potencial de apoio às aulas de Geografia. Ao analisar e comparar os
mapas mentais de ambas as turmas com as propostas para minimizar e despoluir o canal
fluvial observou-se, de fato, que esta metodologia de ensino considerou os alunos como
sujeitos da construção de conhecimentos a partir do uso de fotos, texto e vídeos e, assim
contribuiu para que os alunos correlacionassem a influência do homem sobre o meio ambiente
modificando e produzindo o espaço geográfico.
Certamente o uso das geotecnologias conectadas à multimídia contribuiu para que os
melhorassem a percepção do espaço de vivência, porém detectou-se a inexistência de outra
cultura cartográfica, tal como ocorre em qualquer outra escola do Brasil que, por conseguinte
dificultaram a apreensão da atual situação socioambiental do Rio Alcântara no município de
São Gonçalo, a partir de um dos seus canais.
A aplicação do MMR mostrou que estes alunos chegaram e foram aprovados para o 8º
ano com limitações em relação aos elementos básicos da Cartografia necessitando retomar a
alfabetização cartográfica.
154

CONCLUSÃO

As tecnologias computacionais e a Internet são cada vez mais utilizadas no processo


de mapeamento e, isso tem proporcionado maior circulação dos mapas e, principalmente
ampliado à possibilidade da produção destas representações espaciais no ensino de Geografia.
As abordagens teóricas desta investigação permitiram demonstrar a importância da
Cartografia Multimídia e das geotecnologias como materiais de apoio à Educação Ambiental
no ensino de Cartografia. É preciso que sejam construídas metodologias de ensino para que os
recursos de multimídias e as geotecnologias contribuam para melhorar o entendimento e a
percepção do espaço geográfico.
Neste sentido, entendeu-se a importância do desenvolvimento de metodologias de
ensino considerando os conhecimentos geográficos e básicos de Cartografia de acordo com o
nível cognitivo do aluno para a inserção de geotecnologias e de recursos de multimídia.
A primeira etapa desta pesquisa consistiu na aplicação de um questionário aos
professores de Geografia que lecionam no sétimo ano da rede pública municipal de São
Gonçalo/RJ e, também aos alunos das turmas deste ano de escolaridade da Escola Municipal
Raul Veiga.
Evidenciou-se que estes docentes fazem uso de mapas em papel do livro didático
como materiais cartográficos, quando não são os únicos.
Os docentes precisam conhecer as possibilidades e a importância da utilização de
fotografias aéreas e imagens de satélite como materiais de apoio ao ensino da Cartografia para
o estudo da dinâmica ambiental e, não como “ilustrações” extraídas do livro didático,
conforme eles mencionaram. Outras tecnologias aplicadas ao processo de mapeamento, como
SIG, GPS, o aplicativo Google Earth juntamente com recursos de multimídia também podem
ser materiais de auxílio à linguagem cartográfica nas aulas de Geografia, desde que haja
metodologias adequadas ao nível cognitivo do aluno quanto aos conhecimentos cartográficos
básicos e, também em relação ao raciocínio geográfico.
A Educação Ambiental não deve ser trabalhada somente através de mapas prontos e
acabados presentes nos livros didáticos de Geografia; é preciso colocar o aluno como sujeito
participante da representação espacial para o entendimento dos fatos e fenômenos geográficos
a partir do seu espaço vivido.
Apesar de todos os professores entrevistados afirmarem que abordam questões
ambientais sobre o município de São Gonçalo/RJ contraditoriamente uma grande maioria
155

deles não desenvolve atividades relacionadas à temática ambiental; apenas dois professores
num universo de trinta docentes desenvolvem alguma atividade cartográfica relacionada aos
problemas ambientais do espaço próximo, neste caso o município ou a Região Metropolitana
do Rio de Janeiro.
É preciso superar a dicotomia entre o ensino de Geografia e a Educação Ambiental de
modo que as questões sociais e ambientais sejam compreendidas nas inter-relações entre
sociedade e natureza num única perspectiva para compreensão da produção do espaço
geográfico.
Constatou-se que existe um hiato entre os alunos, usuários frequentes do computador,
da Internet que possuem facilidades no manuseio de smartphones e as práticas pedagógicas
relacionadas à Educação Ambiental nas aulas de Geografia, pois não foi detectado o uso da
Cartografia Multimídia, Cartografia Web e as geotecnologias, o GPS, SIG, embora observou-
se minimamente o uso Google Earth e Google Maps na linguagem cartográfica para trabalhar
temática ambiental em diferentes escalas espaciais e temporais.
Torna-se importante que sejam oferecidos aos professores cursos de formação
continuada em nível de extensão ou pós-graduação abordando a inserção das geotecnologias,
recursos de multimídia e a Internet aplicada à linguagem cartográfica direcionada ao
desenvolvimento da Educação Ambiental no ensino de Geografia; conforme as respostas do
questionário, a maioria destes docentes não utiliza estas novas tecnologias que podem ser
obtidas gratuitamente como SIGs, imagens de satélite e até mesmo fotografias aéreas para
trabalhar com dados atualizados sobre o meio ambiente inclusive relacionado ao espaço
próximo do aluno.
Na avaliação do Mapeando Meu Rio constatou que, inicialmente houve rejeição por
parte dos alunos para compreender e entender o estado atual ambiental do Rio Alcântara a
partir de um dos seus canais cujas águas são percebidas por eles como valão; a proposta
metodológica em utilizar o computador, a Internet e a realização de atividades fora do âmbito
da sala de aula no pátio da escola e trabalho de campo estimularam e motivaram os alunos
para utilizar o GPS, o aplicativo do Google Earth e o SIG Web ArcGIS Online durante a
realização das atividades propostas nos módulos do MMR.
A metodologia da presente investigação mostrou que os alunos foram aprovados para
o oitavo ano com deficiências em relação às noções básicas de Cartografia. Detectaram-se
dificuldades para interpretar a visão vertical a partir das imagens de satélites, identificar
coordenadas geográficas no GPS e aplicar o conceito de escala. Somam-se, principalmente, as
dificuldades para codificar e decodificar as informações espaciais representadas seja nos
156

mapas produzidos com imagens de satélite ou mesmo nos mapas mentais elaborados pelos
próprios alunos abordando a percepção do canal do Rio Alcântara a qual faz parte do trajeto
cotidiano casa-escola.
É interessante ressaltar que a escolha do sétimo ano para aplicação das atividades do
MMR partiu do pressuposto que os alunos já teriam adquirido e desenvolvido conhecimentos
básicos para elaborar e ler o espaço geográfico considerando várias formas de representação
espacial que deveriam ter sido apreendidas no sexto ano e, nos anos escolares anteriores.
A proposta dos mapas mentais no ensino de Cartografia se mostra uma forma de
representação gráfica muito valiosa, tendo em vista a possibilidade de o professor analisar,
interpretar, entender, conhecer as leituras e a percepção do espaço geográfico, como também
verificar os conhecimentos relativos aos principais elementos da cartografia, como a legenda,
o titulo e escala.
Os resultados dos mapas mentais elaborados antes da busca de informações,
observações em campo e, coleta de dados sobre a percepção socioambiental do Rio Alcântara
mostraram uma grande preocupação com relação à percepção do espaço geográfico a partir do
lugar vivido do aluno; a grande maioria dos mapas mentais se restringiu a visão lateral do
canal do Rio Alcântara. Não houve preocupação em considerar a organização espacial no
entorno do canal fluvial, como também correlacionar os principais fatores responsáveis pela
poluição das suas águas.
Apesar da presença das desproporcionalidades da largura, comprimento do canal e
entre os objetos representados próximo ao canal remetem dificuldades quanto à noção de
escala juntamente com a ausência de objetos naturais e artificiais evidenciaram uma espaço
vivido com pouco significado, vivência, afetividade e, principalmente pouco raciocínio
geográfico. Por essa razão, o uso de mapas mentais se apresenta como um importante
instrumento para trabalhar não somente os elementos básicos de Cartografia, como também a
produção social do espaço e a temática ambiental. Ressalta-se que a proposta dos mapas
mentais nesta pesquisa foi conhecer como os alunos percebiam o Rio Alcântara antes das
atividades cartográficas e geográficas propostas no MMR.
De uma maneira geral, os resultados da aplicação das atividades do MMR detectaram
que a capacidade de elaborar mapas, realizar leitura e interpretação de imagens de satélite e,
ainda o entendimento quanto à importância dos elementos básicos cartográficos ao longo das
etapas do desenvolvimento dos módulos mostraram como a alfabetização cartográfica vem
ocorrendo de forma deficitária.
157

Foram tecidas algumas contribuições, limitações e possibilidades das geotecnologias e


de recursos de multimídia no entendimento do raciocínio geográfico para as aulas de
Geografia.
Dentre as contribuições das novas tecnologias digitais aplicadas à Cartografia
utilizadas no desenvolvimento das atividades do MMR, destacam-se:
a) entusiasmo e interesse dos alunos para participar do ensino de Cartografia.
No decorrer da aplicação do MMR, os alunos dispuseram fazer as etapas
das atividades de cada módulo nos períodos de aulas vagas ou mesmo
quando o professor de Geografia faltava; muitas vezes, estes educandos
dispuseram alguns minutos e, até todo o recreio para finalizar algumas
etapas ou até mesmo toda a atividade.
b) melhoria do rendimento na disciplina de Geografia. Com base na média
aritmética dos quatro bimestres verificou-se que em ambas as turmas as
notas bimestrais aumentaram notadamente na turma 701.

Quanto às limitações do MMR foram detectadas:


a) adiantamento das aulas por falta de professores nos dias da aplicação do
MMR. Sem dúvida, este fato foi uma das maiores limitações para
aplicação do material, pois os alunos não eram liberados para realizar as
atividades do MMR;
b) reduzido número de computadores no Laboratório de Informática. As
turmas foram divididas com dois ou três alunos por computador e,
separadas em dois grandes grupos para revezamento do uso das máquinas,
pois a existência de oito computadores não comportava toda a turma;
c) baixa conexão da Internet postergou a finalização do MMR. Além disso,
algumas etapas das atividades foram reelaboradas e, com isso os alunos
tiveram que realizar fora do horário da aplicação do MMR e, até mesmo
como tarefa de casa;
d) ausência de um instrutor no Laboratório de Informática no decorrer da
realização das atividades.

A aplicação do MMR, em duas turmas do sétimo ano do ensino fundamental na rede


pública de ensino mostrou possibilidades para trabalhar com tecnologias digitais aplicadas à
158

Cartografia como materiais de apoio à abordagem da Educação Ambiental nas aulas de


Geografia, a saber:
a) realização de tarefas sobre temática ambiental com dados e informações
espaciais atualizadas do espaço próximo do aluno;
b) uso gratuito de SIG, imagens de satélite, fotografias aéreas e do Google
Earth podem suprir a falta de materiais cartográficos da escola, como
cartas temáticas, mapas, ao mesmo tempo, que possui computadores
conectados à Internet;
c) consulta do material fora da aula de Geografia, do âmbito escolar e, em
qualquer ambiente que tenha computador com acesso à Internet;

Os resultados dos testes do MMR, em duas turmas do sétimo ano do Ensino


Fundamental da rede pública de ensino, mostraram que a alfabetização cartográfica tem
ocorrido de modo pouco produtivo e significativo para representação e entendimento da
leitura espacial, com relação ao uso da legenda, escala e visão vertical.
Apesar da disponibilidade de outras formas de representação gráfica sem custos
financeiros para o professor e o aluno como mapa mental, SIG, imagens de satélite e o uso do
aplicativo Google Earth, ainda predomina nas escolas públicas municipais de São Gonçalo um
ensino com mapas prontos presente nos livros didáticos.
È preciso iniciativa e preparo do professor para trabalhar com recursos de multimídia e
geotecnologias como materiais de apoio aos estudos ambientais no ensino de Geografia, uma
vez que a contribuição destas tecnologias para o processo de ensino e aprendizagem requer
metodologias adequadas ao nível cognitivo do aluno quanto à alfabetização cartográfica e
conhecimento geográfico.
O professor não pode se acomodar e permanecer com o ensino de Cartografia baseado
apenas em mapas impressos e prontos se restringindo apenas ao uso do livro didático em meio
à possibilidade do potencial da Cartografia Multimídia, Cartografia Web e as geotecnologias.
Entretanto, é preciso que a Secretaria de Municipal de Educação reflita e repense sobre as
condições dos Laboratórios de Informática das escolas da rede, de modo que proporcione
melhores condições de infraestrutura, a fim de que os professores possam explorar as
ferramentas potenciais por meio do computador no estudo do meio ambiente através da
linguagem cartográfica.
159

O mapa, uma das formas de representação espacial, não é uma representação da


realidade, mas uma interpretação de como o individuo percebe a superfície terrestre seja seu
espaço próximo ou distante. Não adianta desenvolver metodologias de ensino com recursos de
multimídia e geotecnologias como materiais de apoio à Educação Ambiental se o Ensino de
Cartografia nas aulas de Geografia é trabalhado sem a perspectiva do aluno como sujeito do
processo de ensino e aprendizagem. Tanto as multimídias como as geotecnologias em nada
contribuem para a localização, analise e correlação dos objetos que compõem o espaço
geográfico se os alunos tiverem representações espaciais mal formadas do seu meio ambiente
e do espaço além da sua experiência direta.
Dessa maneira, constatou-se que a realização do trabalho de campo e a proposta de
usar mídias, como foto, vídeo e texto no estudo do meio ambiente melhora o entendimento da
dinâmica espacial, porém é preciso que os alunos tenham conhecimentos básicos da
Cartografia para elaborar representações espaciais e, por conseguinte melhorar a apreensão do
espaço geográfico de uma maneira mais significativa à construção das abstrações a partir da
própria realidade, ou seja, do espaço vivido.
Esta metodologia será disponibilizada gratuitamente para a Secretaria Municipal de
Educação de São Gonçalo/RJ através de um link para a página do MMR como material de
apoio ao processo de ensino e aprendizagem de Cartografia.
Para trabalhos futuros relacionados à inserção das geotecnologias e de recursos de
multimídia tornam necessárias novas investigações em busca da construção de metodologias
e, consequentemente melhoria e qualidade do ensino tanto para a Geografia como para outras
disciplinas fins, saber: Ciências, História, Matemática por meio de um viés interdisciplinar
para abordar questões socioambientais aproximando a ciência e tecnologia da sala de aula.
Para tanto, pretende-se em parceria com a prefeitura realizar cursos de atualização
profissional docente e, até mesmo em outras redes de ensino tanto na esfera municipal como
estadual e federal mostrando a importância em relação ao desenvolvimento e inserção de
geotecnologias e multimídia no estudo da espacialização geográfica como um material de
apoio as suas práticas em sala de aula na construção de conhecimentos espaciais.
Portanto, espera-se que esta metodologia possa servir como modelo para futuras
metodologias a partir de um trabalho conjunto envolvendo Educação Ambiental e Cartografia
utilizando geotecnologias e recursos de multimídias, de modo que se torna evidente
desenvolver e implementar uma educação mediada pela geotecnologia como um recurso
inovador e, sobretudo motivador, estimulante tanto para o professor quanto para os alunos.
160

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171

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos professores

Mapeando Meu Rio

Formação Acadêmica:________________ Tempo de magistério: ________


1. As suas atividades em sala de aula incluem Educação Ambiental?
( ) Sim ( ) Não

2. Quais são os materiais cartográficos utilizados nas suas aulas e/ou que estão disponíveis na
escola?
(___) mapas em papel
(___) fotografias aéreas
(___) imagens de satélites
(___) material digital (softwares educativos, fotos, mapas)
(___) GPS
(___) Bússola
(___) outros. Especificar:________________________________________________

3. Já fez uso das novas tecnologias aplicadas à cartografia (Cartografia por meio da internet,
Sensoriamento Remoto, Sistema de Informação Geográfica, GPS, Cartografia Multimídia)
para abordar a temática ambiental?
( ) Sim ( ) Não
Em caso afirmativo, indique quais novas tecnologias aplicadas à cartografia você já utilizou
em suas aulas.
___________________________________________________________________________

4. A rede municipal de ensino possui material didático sobre a questão ambiental de São
Gonçalo? Caso responda sim, escreva sobre o material disponível:
( ) Sim ( ) Não
___________________________________________________________________________

5. Desenvolveu ou está desenvolvendo alguma atividade abordando os problemas ambientais


da Região Metropolitana do Rio de Janeiro ou mesmo do município de São Gonçalo/RJ? Caso
responda sim, escreva sobre a sua experiência:
( ) Sim ( ) Não
___________________________________________________________________________

6. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia, o eixo 4 cujo tema transversal “Meio


Ambiente” é instrumento norteador das suas práticas e reflexões pedagógicas na educação
ambiental?
( ) Sim ( ) Não

Desde já, muito obrigada pela sua colaboração para o desenvolvimento desta pesquisa.
172

APÊNDICE B - Questionário aplicado aos alunos

Mapeando Meu Rio

Sexo: (F) ou (M) Turma:___________ Idade: ________

1. Quais os aparelhos eletrônicos mais utilizados por você no seu a dia a dia?

( ) celular
( ) computador
( ) câmera digital
( )Outros:_______________________________________________________

2. Onde você acessa mais Internet no seu dia a dia?

( ) Em casa
( ) Na sua escola
( ) No celular
( ) Lan House
( ) Procura usar rede sem fio

3. Quantas horas você utiliza a Internet semanalmente?

( )Zero Hora
( )1 Hora
( )2 Horas
( )Igual ou Mais que 3 Horas

4. O que você acesse na Internet?

( )Redes Sociais (Facebook e Twitter)


( )You Tube
( )Bate-papo
( )Downloads de vídeos e músicas
( )Site para pesquisas escolares

5. Alguma vez esse ano você realizou tarefa escolar no laboratório da sua escola? Caso
responda sim, especifique.
( ) Sim ( ) Não
_________________________________________________________________

Obrigada pela sua colaboração!


173

APÊNDICE C – Minha percepção do Rio Alcântara

MINHA PERCEPÇÃO DO RIO ALCÂNTARA

- Preencha com os números I, II, III e IV a tabela a seguir:


I- Inexistente

II- Existente e de bom nível

III- Existente e está degradado

IV- Existente e altamente degradado

Coleta de lixo

Rede de esgoto

Residências

Comércio

Usos das águas do canal

Aterros

Asfaltamento

Mata ciliar
Observações:
174

APÊNDICE D – Questionário aplicado aos moradores e/ou comerciantes

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS MORADORES E/OU COMERCIANTES

Gênero: Masculino Feminino


Idade: __________

Escolaridade: Ensino Fundamental (1 ao 9 ano) completo ou Ensino


Fundamental (1 ao 9 ano) incompleto
Ensino Médio completo ou Ensino Médio incompleto
Ensino Superior completo ou Ensino Superior incompleto

Bairro:___________________________________________

1. Trabalha ou mora no bairro? Trabalha Reside

2. Há quanto tempo (anos) mora ou trabalha no bairro? __________

3. Alguma vez você já utilizou as águas do Rio Alcântara ou do canal desse Rio que
percorre no seu bairro?

Sim Não

Caso responda SIM, qual foi o uso feito por você das águas do rio ou do canal fluvial?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
4. O que existe no entorno do canal ou leito do Rio Alcântara?

Moradias Comércio Oficina mecânica


Indústria. Qual? ________________ Espaço de lazer

5. A qualidade das águas do canal do Rio Alcântara afeta a sua vida?

Sim Não

6. Como você vê a qualidade das águas do deste Rio?

Excelente
Boa
Razoável
Valão

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