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Universidade Federal Fluminense

Centro de Estudos Gerais


Instituto de Geociências
Programa de Pós Graduação em Geografia

CARTOGRAFIA DA DINÂMICA DA PAISAGEM NO ESTADO


DO RIO DE JANEIRO

Felipe Mendes Cronemberger

Ano 2014

a
FELIPE MENDES CRONEMBERGER

CARTOGRAFIA DA DINÂMICA DA PAISAGEM NO ESTADO


DO RIO DE JANEIRO

Tese apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Geografia da Universidade
Federal Fluminense, como requisito
parcial para obtenção do Grau de Doutor.
Área de Concentração: Ordenamento
Territorial. Linha de Pesquisa
Ordenamento Territorial Ambiental.

Orientador: Profº. Dr. Raúl Sánchez Vicens

Niterói-RJ

2014

b
C947 Cronemberger, Felipe Mendes
Cartografia da dinâmica da paisagem no Estado do Rio de
Janeiro / Felipe Mendes Cronemberger. – Niterói : [s.n.], 2014.
160 f.

Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal


Fluminense, 2014.

1.Geoecologia. 2.Paisagem. 3.Cartografia. 4.Análise


ambiental. I.Título.

CDD 574.5098153

c
FELIPE MENDES CRONEMBERGER

CARTOGRAFIA DA DINÂMICA DA PAISAGEM NO ESTADO


DO RIO DE JANEIRO

Tese apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Geografia da Universidade
Federal Fluminense, como requisito
parcial para obtenção do Grau de Doutor.
Área de Concentração: Ordenamento
Territorial. Linha de Pesquisa
Ordenamento Territorial Ambiental.

BANCA EXAMINADORA:

________________________________________
Orientador: Prof. Dr. Raúl Sánchez Vicens
Universidade Federal Fluminense- UFF

_______________________________________
Membro: Prof. Dr. Claudio Belmonte de Athayde Bohrer
Universidade Federal Fluminense- UFF

_______________________________________
Membro: Profa. Dra. Cristiane Nunes Francisco
Universidade Federal Fluminense- UFF

_______________________________________
Membro: Profa. Dra. Carla Bernadete Madureira Cruz
Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ

_______________________________________
Membro: Prof. Dr. José Manuel Mateo Rodriguez
Universidade de La Habana, Cuba - UH

Niterói-RJ
2014

d
AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Raul Sánchez Vicens por todos os conhecimentos


compartilhados nestes anos de convívio, pelos muitos km percorridos juntos e por ter
me ajudado enormemente em alçar voos além dos muros da academia.

Ao prof. Mateo Rodriguez pela orientação e ajuda durante minha rica


experiência em Cuba, sempre lembrando a ter calma.

Aos professores Carla Madureira, Claudio Bohrer, Cristiane Francisco e


Guilherme Fernandez pelos vastos ensinamentos e influencia ao longo destes anos no
meu crescimento profissional.

Aos amigos do Lagef que sempre me ajudaram nas pesquisas e alegraram o dia a
dia de trabalho.

Aos prof. Alexandre Pimenta, Josué Setta e Moacir Carvalho da UERJ pelos
trabalhos proporcionados que me permitiram percorrer as estradas e paisagens do
Estado, assim como perceber a importância de integrar o planejamento as intervenções
de engenharia que a sociedade tanto precisa.

Aos Amigos cubanos Angel Afonso, Gustavo Martin e Adonis Maikel que me
mostraram as belezas de Cuba e de que não precisamos de muito para sermos ricos.

A minha família carioca e volta redondonse por todo o apoio que me foi dado.

A minha mulher Julia, sempre presente e enriquecendo minhas ideias e minha


vida.

e
RESUMO

A grande maioria dos remanescentes florestais da Mata Atlântica se encontram nos


relevos montanhosos. O que estabeleceu este padrão? Como ocorreram estes processos?
Relacionam-se predominantemente ao histórico de uso ou a fisiografia do relevo? O
objetivo deste trabalho é diagnosticar as causas e processos da preservação e degradação
da mata atlântica na Serra do Mar no Estado do Rio de Janeiro. Como ferramentas para
se desvendar estas causas e processos foram incorporadas ao trabalho as geotecnologias,
representadas pelos sistemas de informação geográfica e sensoriamento remotos. A
ecologia da paisagem, por meio destas ferramentas, agrega os diferentes fenômenos
biológicos, físicos e sociais em um único contexto de estudo, possibilitando uma análise
espacial norteada por uma visão abrangente e integradora. A metodologia utilizada foi
baseada nas diferentes abordagens da escola russa-soviética de geoecologia da
paisagem, em especial os enfoques estruturais e histórico-antropogênico. Para a
classificação da paisagem foi utilizada uma metodologia de análise baseada em objeto,
utilizando como fonte de dados modelos numéricos do terreno, tais como, Modelos
digitais de elevação e grids climáticos, além de mapeamentos temáticos (pedologia e
geologia). Sobre uma abordagem da maior para a menor estrutura (top-down), a
paisagem foi hierarquizada em táxons, quatro ao todo, sendo cada um separado por
classes com relativa homogeneidade de fatores naturais, litológicos, morfológicos e
climáticos. Primeiro foram diferenciadas as macro-formas de relevo ou classes, em
função de valores de amplitude altimétrica e declividade. Utilizando parâmetros
similares foram classificadas as meso-formas de relevo ou grupos da paisagem. Por
último as formas de relevo foram diferenciadas de acordo com o clima, litologia e
pedologia obtendo assim os subgrupos e as unidades de paisagem. Compondo estas
unidades de paisagem foi também monitorada a mudança na cobertura florestal ao longo
de 27 anos, utilizando metodologias de análise baseada em objeto, detecção de mudança
e processamento digital de imagens, correção e normalização atmosférica e
georreferenciamento. A classificação da evolução da cobertura florestal foi realizada
utilizando uma análise multitemporal direta por trajetória evolutiva, onde todas as cenas
foram classificadas juntas. As classes mapeadas foram: remanescentes florestais,
desmatamento e regeneração, entre os anos de 1986/1996/2007 e 2013. Foram
observadas altas taxas de desmatamento (até 30%) e preservação (até 95% da área) para
cada tipo de paisagem na área de estudo. De forma a agregar as mudanças da cobertura
florestal e as unidades de paisagem conclusiva e sinteticamente, foram correlacionados
os efeitos das variáveis físicas e topológicas da paisagem com as mudanças da cobertura
florestal, e assim explicar os processos de preservação e degradação florestal, através de
análise de regressão múltipla e ponderada geograficamente. As variáveis físicas e
topológicas conseguiram explicar em grande parte (R²=0,8) algumas das causas para a
preservação florestal e mais da metade do padrão de desmatamento (R² = 0,52).

Palavras chaves: Geoecologia-paisagem, Análise baseada em objeto, classificação da


paisagem, Detecção de mudança por trajetória evolutiva, Regressões ponderadas
geograficamente.

I
ABSTRACT

The vast majority of the reminicent forest of the Mata Atlantica is located in
mountainous areas. What causes this patterns? How do these processes occur? related it
is predominantly with the historical use or with the relief? The main objective of this
work is to understand the causes and processes of preservation and degradation of
rainforest of Serra do Mar in the State of Rio de Janeiro. As tools to uncover these
causes and processes, the geotechnologies were incorporated into the work, represented
by geographical information systems and remote sensing. The landscape ecology,
through these tools, aggregates different phenomena’s, such as the biological, physical
and social, is a single study context, enabling spatial analysis guided by a holistic and
integrative view. The methodology was based on the different approaches of the
Russian-soviet school of geoecology, in particular the structural and historical-
anthropogenic approaches. For the landscape was used an object based image analysis
(OBIA) methodology classification, using as source data numeric surface models, such
as digital elevation models (DEM) and climate models, in addition to thematic maps
(geology and soil).With an approach from largest to smallest structure (top-down), the
landscape was hierarchized in taxa, four in total, each separated by classes with
relatively homogeneous natural factors, such as lithology, morphology and clime. First
the macro-landforms or classes depending on the values of relive amplitude and slope
using similar parameters were differentiated the meso-landforms were ranked or
landscape groups. Finally the landforms were differentiated according to the climate,
lithology and pedology thus obtaining subgroups and landscape units. Within these
landscape units it was also monitored the change in forest cover over 27 years, using
methods of OBIA, change detection and digital image processing, normalization and
atmospheric correction and georeferencing. The classification of the forest cover change
was performed using a direct multitemporal analysis, the trajectory based change
detection, where all the scenes are classified together. The mapped classes, were: forest
remnants, deforestation and reforestation, between the years 1986/1996/2007 and 2013.
High rates of deforestation (30%) and preservation (up to 95% of the area) were
observed for each landscape type in the study area. In order to merge the changes in
forest cover and landscape unit in a conclusively and synthetic way, were the effects of
physical and topological landscape variables correlated with changes in forest cover,
and thus explain the processes of forest preservation and degradation through analysis
of multiple and geographically weighted regression (GWR). Physical and topological
variables explained well (R² = 0.8) some of the causes for forest preservation and more
than half of the pattern of deforestation (R² = 0.52).

Keywords: Geoecology, Landscape classification, Object based image analysis (OBIA),


trajectory based change detection, geographically weighted regression (GWR).

II
SUMÁRIO

RESUMO ...................................................................................................................... I

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

2. FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS............................................. 7

2.1. HISTORICO DA CIÊNCIA DA PAISAGEM ....................................................... 7

2.2. FUNDAMENTOS METODOLOGICOS DA PAISAGEM ........................... 13

2.2.1. GEOECOLOGIA DE PAISAGEM E MODELAGEM ........................... 13

2.2.2. SENSORIAMENTO REMOTO NO ESTUDO DA PAISAGEM. .......... 14

2.2.3. ANÁLISE BASEADA EM OBJETO ..................................................... 16

2.2.4. ENFOQUES DA PAISAGEM ...................................................................... 18

2.3. METODOLÓGIA DE ANÁLISE DA PAISAGEM ...................................... 20

3. ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................... 22

3.1. GEOLOGIA ................................................................................................. 24

3.2. CLIMA ......................................................................................................... 25

3.2.1. TEMPERATURA .................................................................................. 30

3.2.2. PRECIPITAÇÃO ................................................................................... 30

3.3. SOLOS ......................................................................................................... 32

3.4. VEGETAÇÃO .............................................................................................. 36

4. CLASSIFICAÇÃO E CARTOGRAFIA DAS UNIDADES DA PAISAGEM ..... 47

4.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 47

4.2. MATERIAIS E MÉTODO............................................................................ 50

4.2.1. PREPARAÇÃO DO BANCO DE DADOS................................................... 51

4.2.1.1. MODELOS DIGITAIS DE ELEVAÇÃO:.......................................... 51

4.2.1.2. GRIDS CLIMÁTICOS ....................................................................... 52

4.2.1.3. MAPAS TEMÁTICOS ...................................................................... 54

4.2.2. ANÁLISES DO CONHECIMENTO – LEGENDA ...................................... 54

III
4.2.3. INTEGRAÇÃO DOS DADOS ..................................................................... 56

4.2.4. CLASSIFICAÇÃO DAS TIPOLOGIAS DE PAISAGEM ............................ 57

4.3. RESULTADO – As Paisagens da Serra do Mar Fluminense ................................ 66

4.4. CONCLUSÃO .................................................................................................... 90

5. MUDANÇA DA COBERTURA VEGETAL NAS UNIDADES DA PAISAGEM


92

5.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 92

5.2 . MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 94

5.2.1. PRÉ-PROCESSAMENTO DE IMAGENS ................................................... 97

5.2.2. CORREÇÃO GEOMETRICA ............................................................... 98

5.2.3. CORREÇÃO ATMOSFÉRICA E RADIOMÉTRICA ........................... 99

5.3. CLASSIFICAÇÃO SEMI-AUTOMATIZADA .......................................... 102

5.4. ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA COBERTURA FLORESTAL ATRAVES DE


REGRESSÃO PONDERADA GEOGRAFICAMENTE ........................................... 105

5.4.1. MÉTODOS DE REGRESSÃO................................................................. 106

5.5. RESULTADOS ................................................................................................. 108

5.5.1. ANÁLISE POR CLASSE DE PAISAGEM ................................................ 108

5.5.2. ANÁLISE POR SUBGRUPO DE PAISAGEM .......................................... 112

5.5.3. ANÁLISE POR FITOFISSIONOMIA. ....................................................... 118

5.5.4. REGRESSÃO PONDERADA GEOGRAFICAMENTE ............................. 121

5.5.5. MODELOS DE REGRESSÃO MÚLTIPLA ............................................... 122

5.5.6. MODELOS DE GWR PARA AS UNIDADES DE PAISAGEM. ............... 125

5.6. CONCLUSÃO .................................................................................................. 130

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 132

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 136

IV
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação climática das Paisagens........................................................... 27

Tabela 2 – Unidades taxonômicas das tipologias de paisagem....................................... 56

Tabela 3 – Variáveis e parâmetros utilizados no primeiro nível de segmentação........... 58

Tabela 4 – Classes de Paisagens (Morfoestruturas) e seus Descritores........................... 60

Tabela 5 – Variáveis e parâmetros utilizados no segundo nível de segmentação........... 60

Tabela 6 – Descritores dos compartimentos de Relevo................................................,.. 61

Tabela 7 Grupos de Paisagens (Morfoesculturas) e seus Descritores............................. 62

Tabela 8 – Variáveis e parâmetros utilizados no terceiro nível de segmentação............ 64

Tabela 9 – Descritores dos compartimentos de Relevo nos Subgrupos.......................... 65

Tabela 10 – Tipologias de Paisagens............................................................................... 67

Tabela 11 – Características dos sensores......................................................................... 94

Tabela 12 – Data de coleta das imagens utilizadas......................................................... 96

Tabela 13 – Valores referentes à correção geométrica do Autosync/ERDAS................ 98

Tabela 14 – Valores utilizados na subtração dos objetos escuros (DOS)....................... 99

Tabela 15 – Parâmetros de Segmentação, utilizados no software eCognition®8......... 102

Tabela 16 – Classes de Cobertura Vegetal.................................................................... 102

Tabela 17 – Descritores utilizados na classificação da cobertura florestal................... 103

Tabela 18 – Variáveis explanatórias.............................................................................. 106

Tabela 19 – Valores de mudança da cobertura Florestal por Classe de paisagem........ 108

Tabela 20 – Valores de mudança da cobertura Florestal por Subgrupo de paisagem... 113

Tabela 21 – Valores de mudança da cobertura Florestal por Fitofisionomia................ 119

Tabela 22 – Correlação parcial entre variáveis............................................................. 121

Tabela 23 – Regressões múltipla para Florestas e variáveis físicas.............................. 123

Tabela 24 – Regressões múltipla para Desmatamento e variáveis físicas.................... 124

Tabela 25 – Regressões múltipla para Reflorestamento e variáveis físicas.................. 125

V
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Evolução das áreas agrícolas fluminenses (medidas em ha)............................. 4

Figura 2 – Limite da área de estudo.................................................................................... 5

Figura 3 – Evolução histórica do estudo da paisagem....................................................... 10

Figura 4 – Fluxograma de Atividades na tese................................................................... 21

Figura 5 - Perfil transversal da serra do ma....................................................................... 22

Figura 6 – Mapa do relevo................................................................................................. 23

Figura 7 – Mapa geológico................................................................................................ 26

Figura 8 – Zonalidade Vertical das Paisagens da Serra do Mar........................................ 27

Figura 9 – Mapa Climatico................................................................................................ 29

Figura 10 – Gráficos do Balanço Hídrico por estação....................................................... 31

Figura 11 – Mapa pedológico............................................................................................ 33

Figura 12 - Perfil da vegetação leste de São ..................................................................... 36

Figura 13 – Mapa das fitofisionomias............................................................................... 38

Figura 14 – Campos de altitude localizados na Serra dos Órgãos.................................... 40

Figura 15 – Floresta mista localizados na Serra da Bocaina............................................. 40

Figura 16 – Floresta altomontana nas escarpas da Serra da Bocaina................................ 42

Figura 17 – Floresta montana na região de Lumiar........................................................... 42

Figura 18 – Floresta submontana na cabeceira da bacia do rio São Joao.......................... 44

Figura 19 – Floresta de terras baixas decidual na região de São Fidelis........................... 44

Figura 20 – Floresta estacional seca na Ilha de Cabo Frio................................................ 46

Figura 21 – Restinga na região de Cabo Frio.................................................................... 46

Figura 22 – Manguezal na foz do rio São Joao................................................................. 46

Figura 23 – Fatores Formadores da Paisagem.................................................................. 48

Figura 24 – Fluxograma metodológico............................................................................. 50

Figura 25 – Fluxograma das etapas de classificação das tipologias de paisagem............. 54

VI
Figura 26 – Mapa das classes de paisagem....................................................................... 59

Figura 27 - Mapa das grupos de paisagem........................................................................ 63

Figura 28 – Comparação entre níveis de segmentação...................................................... 64

Figura 29 – Mapa das Tipologias de Paisagem................................................................. 68

Figura 30 – Escarpa de falha (1.1.1) vista da baixada do rio São Joao, Silva Jardim....... 72

Figura 31 – Escarpas em degrau estrutural (1.1.2) vale do rio Santana, Miguel Pereira.. 72

Figura 32 – Maciços pré-montanhosos (1.1.1) vistos da descida de Petrópolis................ 72


12

Figura 33 – Montanhas altas sobre planalto de reverso (1.2.1), Miguel Pereira............... 74

Figura 34 – Planalto de reverso ondulados (1.2.2) da Serra da Bocaina, Bananal-SP...... 74

Figura 35 – Seção geológica dos pontões graníticos da Serra dos Órgãos........................ 76

Figura 36 – Maciço Alcalino Intrusivo (1.3.1), Morro de São João, Casimiro de Abreu..78

Figura 37 – Pontões intrusivos graníticos (1.3.2) dos Três Picos, Nova Friburgo............ 78

Figura 38 – Cadeias serranas paralelas (1.4.1), do Desengano, Sta.Maria Madalena...... 78

Figura 39 – Maciços costeiros isolados (1.5.1), Pico do Papagaio, Ilha Grande............... 81

Figura 40 – Vale intramontano (1.6.1) do Sana, Macaé.................................................... 81

Figura 41 – Alinhamentos serranos isolados (2.1.1), Itaocara........................................... 85

Figura 42 – Mar de Morros com topos arredondados (2.2.1), Valença............................. 85

Figura 43 – Planícies aluviais (2.3.2) do Rio Paraiba do Sul, São Fidelis........................ 85

Figura 44 – Colinas isoladas residuais (3.1.1), Japeri....................................................... 89

Figura 45 – Planícies aluvio-coluviais (3.3.1), Rio Gaviões, Silva Jardim....................... 89

Figura 46 – Planícies costeiras (3.3.3), Dunas do Peró, Cabo Frio................................... 89

Figura 47 – Articulação de cenas Landsat utilizadas......................................................... 96

Figura 48 – Fluxograma de atividades do Processamento Digital de Imagens................. 96

Figura 49 – Regressão linear da cena 216/75, entre os anos 1986 e 2007...................... 101

Figura 50 – Exemplo da classificação, segmentação e visualização............................... 104

Figura 51 – Mapa da Evolução da Cobertura Florestal................................................... 109

Figura 52 – Gráfico da evolução da cobertura florestal por classe de paisagem............. 110

VII
Figura 53 – Gráfico comparativo da cobertura florestal por subgrupo de paisagem....... 112

Figura 54 – Cartograma do percentual de área Florestada.............................................. 115

Figura 55 – Cartograma do percentual de área Reflorestada........................................... 116

Figura 56 – Cartograma do percentual de área Desmatada............................................. 117

Figura 57 – Gráfico comparativo da cobertura florestal por fitofisionomia.................... 119

Figura 58 – Mapa da GWR dos remanescentes Florestais.............................................. 127

Figura 59 – Mapa da GWR do Desmatamento................................................................ 128

Figura 60 – Mapa da GWR do Reflorestamento............................................................. 129

VIII
1. INTRODUÇÃO

O atual estado de preservação da Mata Atlântica na Serra do Mar é consequência


da atuação das sociedades humanas, do clima e relevo ao longo do tempo. O relevo e as
mudanças climáticas sofridas no passar de milhares de anos levaram a uma grande
diversidade de fitofisionomias e espécies vegetais na região da Serra do Mar. Estas
diferenças de vegetação e ecossistemas/geossistemas, por sua vez, foram utilizadas de
formas diferenciadas pelas distintas sociedades humanas que habitaram esta terra.
As serras escarpadas da costa atlântica, denominadas Serra do Mar, foram
marcantes no que tange os processos de colonização. Cativaram a imaginação da
sociedade europeia e da ciência devido à sua diversidade e exuberância, entretanto
atrasaram os primeiros desbravadores em seu progresso rumo ao interior e ao ouro.
A grande “muralha” representada pelo relevo extremamente acidentado da Serra
do Mar impediu o povoamento dos planaltos interiores do reverso das escarpas serranas
por séculos. Contudo, no momento em que os primeiros caminhos foram abertos, os
planaltos interioranos foram ocupados e se deu início a um segundo processo violento
de destruição das florestas pluviais, conhecidas como Mata Atlântica.
Com a chegada da colonização portuguesa, a região da Serra do Mar começou a
sofrer profundas e drásticas transformações, que ao longo de 300 anos culminaram na
atual paisagem da região, caracterizada por grandes extensões de pastagens nas áreas
menos declivosas e mais baixas, onde os acessos aos grandes centros se fazem mais
fáceis, e extensas florestas nos cumes dos maciços montanhosos das serras.
Este processo de desmatamento para dar lugar ao pasto, agricultura e cidades foi
marcado por diversas fases econômicas e consequentemente de alteração da paisagem.
O início da exploração portuguesa no Brasil ocorreu com a extração do pau-
brasil e de outras madeiras nas formações de floresta atlântica junto à costa. O processo
de desmatamento cresceu durante os ciclos da cana-de-açúcar, em especial nas regiões
de planícies costeiras. Prosseguiu com a mineração do ouro no planalto interior
brasileiro, sendo neste momento da história, com as aberturas das rotas do ouro e
caminhos reais que a ocupação do interior brasileiro se intensifica.
Com o declínio do ciclo do ouro e o início do plantio de café e sua disseminação,
tem início nos planaltos da Serra do Mar e Mantiqueira um novo ciclo econômico e de
ocupação cujo processo de ocupação e apropriação das terras devastou grandes áreas

1
nos mares de morro e serras, por meio de grandes queimadas e extração dos recursos
naturais, antes restritas às planícies onde se cultivava a cana.
A criação de gado sempre caminhou paralela a estes ciclos, justificada pela
própria subsistência. Porém, com a expansão das fronteiras agrícolas rumo às matas do
interior e após o declínio do ciclo do café, esta criação se intensifica, se perpetuando até
os dias de hoje. O desmatamento foi ainda intensificado pela produção de carvão
vegetal, inicialmente para a subsistência dos assentamentos de colonos e a partir do final
do século XIX para a construção de ferrovias, estradas e indústrias nascentes. O ciclo
industrial deixou um legado de paisagens degradadas em praticamente toda a Serra do
Mar e planalto da Serra da Mantiqueira.
Hoje, após os ciclos agropecuários terem perdido força, os núcleos de
colonização se avolumaram. O crescimento destas primeiras vilas foi intensificado a
partir do início do século XIX. Atualmente quase 1/3 da população brasileira vive em
suas proximidades, ligadas por um processo contínuo de expansão urbana entre as duas
maiores capitais do Brasil - Rio de Janeiro e São Paulo. Por conseqüência, a Serra do
Mar e sua remanescente cobertura de Mata Atlântica vem sofrendo intensa pressão.
O termo Mata Atlântica, representa as formações florestais ombrófilas e
estacionais extra-amazônicas, além das formações não florestais associadas:
manguezais, restingas e campos de altitude (Câmara 1991; Joly et al. 1999). A Mata
Atlântica encontra-se entre os 25 hotspots de biodiversidade reconhecidos no mundo, ou
seja, áreas que perderam pelo menos 70% de sua cobertura vegetal original, mas que
juntas abrigam mais de 60% de todas as espécies do planeta. Devido à sua fisionomia
peculiar de diversidade biológica e de condicionantes ambientais (latitude, altitude,
umidade) presentes em seus domínios, possui elevados índices de endemismo.
Ainda hoje, os fragmentos remanescentes de Mata Atlântica continuam a
deteriorar-se devido ao extrativismo ilegal e à introdução de espécies exóticas. A área
atual encontra-se muito reduzida e fragmentada com seus remanescentes florestais
localizados, principalmente, nas montanhas em áreas de difícil acesso, especialmente
nas serras do Mar e Mantiqueira.
Os remanescentes de Mata Atlântica situada ao longo da Serra do Mar
apresentam um mosaicos de fragmentos isolados em uma matriz complexa de diferentes
usos do solo. Os fragmentos de floresta remanescentes estão isolados e tendem a possuir
características específicas (baixa produtividade, fortes aclives, etc.) que permitiram que
se mantivessem florestados.

2
Atualmente a maior parte das áreas montanhosas da Serra do Mar está passando
por um rápido processo de mudança no uso do solo, onde crescem áreas de pastagem
em direção ao topo destas serras e se expandem vilas e cidades ao longo dos vales,
apresentando esgotamento dos recursos naturais (solo, água, biodiversidade), aumento
da degradação ambiental (perda da diversidade genética e de habitat) e da
susceptibilidade aos desastres naturais.
. Segundo a Agenda 21 (cap.13) as montanhas são um dos mais frágeis
ecossistemas do planeta e um dos mais importantes para produção de águas e proteção
de florestas e animais silvestres. As montanhas são extremamente vulneráveis ao
desequilíbrio ecológico, tanto natural como provocado pelo homem. As montanhas são
as áreas mais sensíveis a toda e qualquer mudança do clima. É fundamental haver
informações específicas sobre sua ecologia, seu potencial de recursos naturais e suas
atividades socioeconômicas (Agenda 21, 2000). Não obstante, verifica-se uma carência
de conhecimentos acerca dos ecossistemas das montanhas. Ainda a Agenda 21
conclama as nações a empreenderem estudos sobre as diferentes variáveis físicas,
ecológicas e socioeconômicas nas paisagens de montanha, a gerar sistemas de
informações que facilitem a avaliação ambiental e dos riscos e efeitos de desastres
naturais, assim como o gerenciamento integrado nos ecossistemas de montanha.
A Serra do Mar constitui um complexo e inter-relacionado geossistema, com
grande diversidade paisagística. Em decorrência de suas variações de altitude, as
montanhas criam gradientes de temperatura, precipitação e insolação, com alta
diversidade de habitats. Em seus vales estão localizados mananciais hídricos essenciais
para abastecimento de milhões de pessoas.
A história recente da Mata Atlântica, a partir da década de 70, mostra uma
diminuição acentuada das populações e empregos rurais em toda região, entretanto este
abandono do meio rural não se converteu em diminuição do desmatamento, estes
valores podem ser observados no artigo de Young (2006).
O Estado do Rio de Janeiro foi marcado por uma crise econômica a partir da
década de 80 (Fauré & Hanseclever, 2005), a agropecuária em especial apresentou um
declínio marcante entre os censos agropecuários de 1986-96 que não mais se recuperaria
(figura 1). Não obstante as taxas de desmatamento foram altas entre 1985-1995 (Young,
2004), demostrando que as atuais causas de desmatamento não estão correlacionadas
somente a agropecuária mas que outras atividades atuam no desmatamento, não
obstante certas áreas foram preservadas em função de fatores físicos e topológicos.

3
100.000
Café
90.000
Arroz
80.000
Feijão
70.000
60.000
Milho
50.000
Mandioca
40.000 Laranja
30.000
20.000
10.000
0
1970 1975 1980 1985 1996 2006

Figura 1 – Evolução das áreas agrícolas fluminenses (medidas em ha). Fonte: IBGE

Esta tese procura apresentar elementos conceituais, teóricos, metodológicos para


a compreensão das paisagens da Serra do Mar, tendo uma abordagem fundamentada na
percepção dos padrões espaciais da paisagem, na análise sistêmica do território e na
correlação entre as causas e efeitos da ocupação e desmatamento das florestas atlânticas.
A tese tem como objetivo testar por meio de métodos de inferência estatísticos
se há interferência da paisagem sobre os processos de desmatamento e reflorestamento.
A hipótese inicial é de que a paisagem não influencia em nada e o desmatamento se dá
ao acaso, entretanto a hipótese alternativa é que os componentes da paisagem (gênese,
relevo e clima) tem efeito sobre a cobertura florestal e o desmatamento. Espera-se com
esta abordagem uma definição dos padrões de distribuição dos remanescentes florestais
e da dinâmica de desmatamento e regeneração atual da Serra do Mar no estado do Rio
de Janeiro com vistas ao planejamento ambiental.
Como objetivos secundários, procurou-se caracterizar o padrão espacial e a
heterogeneidade da paisagem, através da análise da estrutura e composição da paisagem
e do seu histórico de transformação pelas atividades humanas, divididos em dois
objetivos específicos:
- Definir método de classificação das tipologias da paisagem da Serra do Mar,
através de análise da estrutura vertical da paisagem e de como seus diferentes
componentes (clima, solo, geomorfologia e geologia) interagem entre si, expresso de
forma cartográfica, na escala 1:100.000.
- Analisar as correlações espaciais entre as mudanças da cobertura florestal com
os componentes abióticos da paisagem e fatores espaciais. Por meio do cálculo dos
índices de transformação da paisagem em função da área preservada atual,
desmatamento e regeneração, numa abordagem por tipologias de paisagem.

4
- Elaborar mapas da evolução da cobertura florestal, a partir de imagens Landsat
5 e 8, em escala de 1:100.000, para os anos de 1986, 1996, 2007 e 2013.
De modo a realizar estes objetivos, a porção escolhida da Serra do Mar como
área de estudo foi definida pelas bacias hidrográficas drenantes da Serra do Mar que
desaguam dentro do Estado do Rio de Janeiro (figura 2).
Os limites foram, a norte e NE o Rio Paraíba do Sul, ao leste e sul o oceano
atlântico e a oeste a base das escarpas Serra da Bocaina, voltadas para o planalto de
Cunha, e as subbacias hidrográficas que drenam destas escarpas direto para o Rio
Paraíba do Sul.

Figura 2 – Limite da área de estudo

Em função da análise das questões abordadas estabeleceu-se a organização desta


tese em seis capítulos, a contar da introdução.
O segundo capítulo trata do referencial teórico e das diferentes linhas de
pensamento no qual o trabalho se baseia, enfocando nas bases metodológicas da análise
da paisagem.
O terceiro capítulo apresenta as características físico-geográficas, climáticas e
fitofisionomias da área de estudo, a partir da qual procura se analisar a paisagem.

5
O quarto capítulo apresenta uma proposta de classificação e cartografia das
unidades de paisagem, utilizando uma abordagem estrutural da paisagem, baseada na
compreensão das relações entre componentes abióticos da paisagem e os fragmentos
remanescentes da cobertura vegetal.
O quinto capítulo apresenta a evolução da cobertura vegetal nas unidades da
paisagem, sobre uma abordagem histórico-Antropogênica da paisagem, na qual visa
identificar as particularidades das diferentes formas de transformações antrópicas
historicamente desenvolvidas na Serra do Mar.
O sexto capítulo sedimenta algumas reflexões empíricas e metodológicas
atreladas a esta pesquisa e suas conclusões finais.

6
2. FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

2.1. HISTÓRICO DA CIÊNCIA DA PAISAGEM

As sociedades humanas em seus primórdios viam a superfície terrestre e os


fenômenos naturais como divindades, e a fim de compreender a relação entre estas
forças e a sobrevivência humana geraram as primeiras noções de sistemas naturais,
culturais e cosmológicos, através da elaboração de mitos e lendas.
Esta procura pela compreensão da natureza do espaço tem movido a sociedade
em uma busca constante por explicações acerca dos sistemas naturais, suas origens,
formas, processos dominantes e evolução. Tais explicações foram realizadas por
diversos autores que, por meio de teorias e metodologias distintas, trouxeram ao
conhecimento muitas particularidades dos sistemas naturais, pedaços de um quebra-
cabeça isolados entre si.
Em suas primeiras interpretações as sociedades primitivas pensavam a superfície
terrestre como uma superfície plana envolta por um grande lago que se apoiavam sobre
um abismo de “nada”. Sobre esta superfície observavam as montanhas como o local de
moradia de seus deuses (Olimpo para os gregos, Meru para os hindus e Haraberezaiti
para os assírios). Nestas cosmologias os grandes marcos geográficos (rios, montanhas,
cavernas) que o circundavam eram atrelados às divindades e poderes correlatos, sendo a
superfície terrestre moldada pelas atividades divinas.
A correlação entre os diversos elementos naturais pode ser mais facilmente
percebida pela figura da paisagem, capaz de abranger um conjunto de fatores de
inúmeras naturezas, que por si só são vastos demais para serem definidos sobre um só
conhecimento, mas que podem ser rapidamente percebidos como uma entidade única ao
se olhar uma paisagem. Por exemplo, uma montanha com suas inúmeras variações nas
encostas, clima, cobertura vegetal e forma, pode ser compreendida como uma única
entidade, montanha.
Assim pode se dizer que a noção de paisagem esteve presente desde sempre na
concepção humana, sendo a base de nossos mitos e culturas, ancestral em sua existência
e compreensão humana.

7
“A paisagem é sempre uma herança. Na verdade, ela é uma herança em todo o
sentido da palavra: herança de processos fisiográficos e biológicos, e
patrimônio coletivo dos povos que historicamente as herdaram como território
de atuação de suas comunidades.” Ab´Saber (2003).

Segundo Metzger (2001) a primeira referência à palavra “Paisagem” na


literatura aparece no “Livro dos Salmos”, poemas líricos do antigo testamento, escritos
por volta de 1000 A.C. em hebraico. A esta referência era dada uma noção visual e
estética. Esta concepção cerceou a noção de paisagem por muitos séculos seguintes,
presente sobretudo na literatura e pintura.
No âmbito cientifico o conceito de paisagem remonta ao início do século XIX na
Alemanha, onde a herança romântica naturalista bem evidenciada por Humbolt traz, sob
a perspectiva estético-fenomenológica, seu significado atrelado tanto a uma unidade da
superfície da terra quanto a sua aparência (Salgueiro, 2001). Procurando conhecer as
inter-relações entre os componentes da paisagem, Humbolt tinha como preocupação
principal as características físicas do meio ambiente, sem no entanto negligenciar os
aspectos humanos (Naveh & Lieberman,1984)
O desenvolvimento do conceito de paisagem se deu de sobremaneira na escola
russa durante o final do século XIX e início do sec. XX com Dokuchaev, Grigoriev e
Berg. Dokuchaev enunciou duas leis físico-geográficas fundamentais: a lei de um
ambiente geográfico integral e contínuo, isto é, a mutua interdependência de todas as
suas partes componentes; e a lei das áreas geográficas (regiões naturais) (Grigoriev,
1931). Ainda sistematizou os estudos pedológicos e lançou as bases da geografia física
e da ciência da paisagem. Por sua vez Berg, influenciado pela doutrina das zonas
naturais de Dokuchaev, e aliando seus conhecimentos de zoologia e climatologia,
propõe em 1913 a primeira definição científica de paisagem como uma região na qual as
particularidades do relevo, clima, águas, solo, vegetação e atividade antrópica são
organizadas em um conjunto geográfico harmonioso que se repete dentro de uma
mesma zona (Frolova, 2007). Grigoriev avançou nos estudos das áreas geográficas em
um viés da geografia física clássica.
Em paralelo ao conceito de paisagem, nas ciências naturais houve o surgimento
do termo Ecologia, criado pelo zoólogo alemão Haeckel em 1886, e das noções de
biocenosis e comunidades naturais por Mobius em 1877, que são concebidas como o
conjunto ou a associação regular de organismos em determinadas condições do meio

8
(Rodriguez et al, 2011). A evolução destes conceitos se deu através do
desenvolvimento: da teoria geral dos sistemas por Bertalanffy em 1901, que propôs os
sistemas como conjuntos de elementos com variáveis e características diversas, que
mantem relações entre si e entre o meio ambiente; e do conceito de ecossistema,
proposto pelo inglês Tansley em 1935, que estipulou que os organismos não podiam ser
separados de seu ambiente específico, com o qual formam um sistema físico
(Rodriguez, 2011). Assim o termo ecossistema foi uma alternativa ao termo
comunidade, uma vez que neste conceito, as plantas e animais se estudam separadas do
meio físico (Runhaar & de Haes, 1994).
É assim sobre a influência destes conceitos da geografia e biologia que em 1939
o termo ecologia da paisagem foi pela primeira vez empregado pelo biogeógrafo alemão
Carl Troll (Metzger, 2001). Os conceitos de ecologia de paisagem e de ecologia de
ecossistemas são semelhantes em suas abordagens porém diferem muito quanto aos seus
limites. Ambos observam as inter-relações dos seres-vivos com o seu ambiente de
forma integrada. No entanto o conceito de ecossistema trata-se de um sistema onde há
inter-dependência de seus componentes, existência de um ciclo de matéria e de
mecanismos de auto-regulação (Troppmair, 2000). Na década de 50 Troll concebeu a
ecologia de paisagem como uma nova ciência, designando-a geoecologia de paisagem,
que teria como objetivo o estudo da paisagem, definida como:

“um setor da superfície terrestre definido por uma configuração espacial


determinada, resultante de um aspecto exterior, do conjunto de seus elementos e
de suas relações externas e internas, que estão enquadrados pelos limites
naturais das outras paisagens de caráter distinto.” (Troll, 1950)

A Ecologia da Paisagem enfatiza a interação entre padrões espaciais e processos


naturais, que é causa e consequência da heterogeneidade espacial ao longo da hierarquia
de escalas. A ecologia da paisagem essencialmente combina a aproximação espacial da
geografia com a aproximação funcional da ecologia (Naveh & Lieberman, 1984).
Devido ao fato da ecologia de paisagem empregar conceitos de duas disciplinas
distintas, esta acaba por apresentar duas visões distintas, ainda que em sua história estas
visões estejam sempre em diálogo. O estudo da paisagem acabou por evoluir em cinco
grandes direções (figura 3):

9
Figura 3. Evolução histórica do estudo da paisagem. Com base em Rodriguez (2011).

Neste fluxograma são apresentados os autores de maior repercussão para o


desenvolvimento da ciência da paisagem, entretanto muitos outros nomes poderiam ser
citados por suas contribuições significantes para a evolução desta ciência. A seguir
apresento um resumo das quatro principais abordagens da ciência da paisagem.

 Uma abordagem predominantemente geoecológica, baseada nos estudos dos russo-


sovieticos: Dokuchaev, Berg, Sukachev, Grigoriev e postulada por Sochava.
Compreende a paisagem como um complexo natural integral, ou seja, a concepção
de paisagem natural. Nos últimos anos, procura buscar uma articulação entre as
noções de espaço natural, espaço geográfico e paisagem cultural (Rodriguez, 2006).
Segundo Sochava (1978), entende-se por geossistema um sistema total no espaço
terrestre de quaisquer dimensões – topológica, regional e planetária – onde os
componentes individuais da natureza se encontram em uma relação sistêmica uns
com os outros, e a partir de uma determinada integridade interatuam com a esfera
cósmica e a sociedade humana correlacionando as escalas de sua atividade
energético-material. pertence a esta direção a concepção de Paisagem desenvolvida
por Bertrand (Rodriguez, 2011) e a noção de ecogeografia de Tricart (1979).

10
 Uma abordagem predominantemente sócio-cultural, que considera a paisagem como
um espaço social, ou como uma entidade perceptiva, um espaço subjetivo, sentido e
vivido. Nesta direção, a paisagem natural é entendida de forma fragmentada, como a
incidência dos fatores e condições naturais no espaço social. As escolas francesa e
anglo-americana tem se desenvolvido preferencialmente nesta visão. Vem da
geografia humanista com Carl Sauer como principal expoente. O ramo do
conhecimento vem pela geografia corográfica de Hettner e Harsthorne. A “Ecologia
Humana” ou “Antropo-ecologia” também fazem parte desta abordagem.

 Uma abordagem predominantemente geográfica, que se caracteriza por três pontos


fundamentais: a preocupação com o planejamento da ocupação territorial, através do
conhecimento dos limites e das potencialidades de uso econômico de cada unidade
de paisagem; o estudo das paisagens modificadas pelo homem; e a análise de amplas
áreas espaciais, enfocando questões de macro-escala, tanto espacial quanto temporal
(Metzger, 2001). Preocupada com o estudo das inter-relações do homem com seu
espaço de vida e com as aplicações praticas na solução de problemas ambientais
(Naveh & Lierberman, 1994), visando em particular a compreensão global da
paisagem e o ordenamento territorial (Metzger, 2001).

 Uma abordagem predominantemente ecológica, influenciada pela teoria de


biogeografia de ilhas (MacArthur & Wilson, 1963) para o planejamento de reservas
naturais em ambientes continentais e pela ecologia de ecossistemas e pela
modelagem espacial (Metzger, 2001), através de procedimentos e métricas de
quantificação da estrutura da paisagem (Turner & Gardner 1991, McGarigal &
Marks 1995). Dá maior ênfase as paisagens naturais, à aplicação de conceitos de
ecologia de paisagem para a conservação de biodiversidade e ao manejo de recursos
naturais (Metzger, 2001). Assim segundo Metzger (2001) a paisagem é definida
como uma área heterogênea composta por conjuntos interativos de ecossistemas
(Forman & Godron, 1986); um mosaico de relevos, tipos de vegetação e formas de
ocupação (Urban et al. 1987); uma área espacialmente heterogênea (Turner, 1989).

Apesar destas múltiplas abordagens, os conceitos de paisagem não são tão distintos
assim. Como pode ser observado nas citações sobre a paisagem de Troll (1950), Forman
& Godron (1986), Urban et al. (1987), Turner (1989) e geossistemas de Sotchava
(1978), todas apontam para um mesmo processo de percepção da paisagem tendo como
base um mesmo conjunto de axiomas, princípios e postulados universais. Dentre estes
se destacam o conjunto proposto por Preobrazhenskii et al. (1998):
 Axioma sistêmico: o mundo em que vivemos é sistêmico, caracterizando-se pela
existência de formações inter-relacionadas, em que os diferentes elementos formam
um todo único e integral, que se distingue de seu meio e relaciona-se com ele.
 Axioma hierárquico: o mundo em que vivemos possui uma estrutura hierárquica, na
qual os sistemas de nível inferior com propriedades comuns (isomórficas) refletem
as propriedades do sistema de nível superior.
 Axioma temporal: tudo que observamos atualmente é consequência do
desenvolvimento daquele fragmento do mundo material que estudamos, sendo só
um momento no transcurso do desenvolvimento passado e futuro.

11
A partir destes axiomas, seguem–se outros dois princípios:
 Espacial: todos os fenômenos geográficos estão unidos a certa localidade
geográfica, que torna-se independente graças a sua situação, a qual constitui a base
para relacionar-se espacialmente com as localidades vizinhas.
 Sobre os limites geográficos: todos os fenômenos geográficos possuem limites
objetivos, que não são impenetráveis, não tendo um caráter absoluto.

Estes axiomas e princípios perpassam todas as abordagens e dão um caráter


integrador ao estudo da paisagem, ainda que algumas escolas tenham uma visão
notadamente biocêntrica, outras geocêntrica e outras ainda antropocêntrica. Assim de
forma a resumir e demostrar o conceito integrador da paisagem é apresentada uma
definição de paisagem sobre um ponto de vista mais antropocêntrico, porém holístico:

“A paisagem não é simplesmente a soma de uns elementos geográficos


incoerentes. É o resultado, sobre certa porção do espaço, da combinação
dinâmica e, por tanto, instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que
interatuando dialeticamente uns com os outros fazem da paisagem um conjunto
único e indissociável em contínua evolução” Bertrand (1968).

O início dos estudos da paisagem no Brasil começa pelos grandes tratados


fitogeográficos brasileiros ainda na década de 50 por Veloso (1966) e Rizzini (1976),
onde as questões bioclimáticas e do relevo brasileiro foram associadas às formações
vegetais, estes levantamentos tinham um caráter botânico e não tratavam da paisagem
em si, porém foram os precursores dos mapeamentos paisagísticos subsequentes.
A evolução da ciência da paisagem no Brasil caracteriza-se por um duplo
nascimento e, portanto, por duas visões distintas.
A ciência da paisagem em per si no Brasil inspira-se em grande parte na escola
francesa de geografia, a ecogeografia de Tricart e Bertrand, porém com um viés mais
acentuado da geomorfologia, em especial com os trabalhos de Aziz Ab´Saber na
década de 50 sobre o relevo brasileiro e posteriormente o levantamento das
potencialidades paisagísticas do Brasil. Nesta mesma linha de atuação, porém com a
adição dos conceitos geográficos da escola russa-soviética, Ross na década de 80
apresenta uma nova sistemática do relevo brasileiro e depois avança para a definição de
uma ecogeografia do Brasil (2009). Recentemente os trabalhos de Rodriguez e Vicente
da Silva, em especial o livro Geoecologia das Paisagens (2007) trazem uma visão
geossistêmica da paisagem de firme base da geografia Russo-soviética.
12
Por outro lado a partir dos anos 2000 aparece no Brasil uma visão mais biológica
da ecologia de paisagem, através de Metzger. Este baseia-se na escola americana da
paisagem para fazer suas pesquisas, focadas principalmente nos procedimentos e
métricas de quantificação da paisagem.
Entretanto nesta tese foi utilizada uma abordagem predominantemente
geossistêmica baseada especialmente na escola Russa-soviética. Segundo Naveh &
Lieberman (1989) esta escola está voltada para uma interpretação mais abrangente do
conceito de paisagem, incluindo ambos os fenômenos orgânicos e inorgânicos, e
denominando o estudo dessa totalidade como geografia de paisagem, alguns nomes
ganharam notoriedade, tais como, Sotchava (1977) Shishenko (1988), Rianskii (1989) e
Rodriguez (1998). Para Theco Vink (1983, apud Rodriguez, 2007) a ecologia de
paisagem pode ser considerada dentro de uma visão tradicional, como o estudo das
inter-relações entre os fenômenos e processos da paisagem ou da geosfera, incluindo as
comunidades de plantas, animais e o homem.
Neste contexto, as paisagens são definidas como formações complexas
caracterizadas pela estrutura e heterogeneidade na composição dos elementos que a
integram (bióticos e abióticos); pelas múltiplas relações, tanto internas como externas;
pela variação dos estados e pela diversidade hierárquica, tipológica e individual.

2.2.FUNDAMENTOS METODOLOGICOS DA PAISAGEM

2.2.1. GEOECOLOGIA DE PAISAGEM E MODELAGEM


Em vista às necessidades atuais de conter a exploração dos recursos naturais, a
Geoecologia da Paisagem desponta como uma ciência direcionada a rever os métodos
tradicionais de uso e ocupação da terra. A Geoecologia da Paisagem torna-se uma
ferramenta essencial para as políticas públicas relacionadas à extração de recursos
naturais e ocupação humana e, também aproxima a academia dos atores e políticas
referentes ao desenvolvimento sustentável e gestão ambiental.
De forma complementar a utilização da concepção da Geoecologia da Paisagem
como base metodológica e territorial das condições naturais, o uso dos modelos permite
alcançar e sistematizar a complexa rede de informações e interconexões dos inúmeros
componentes e elementos naturais, e dos impactos exercidos pela atividade humana ao
longo do tempo.

13
Os modelos definem-se como o substituto, na forma análoga, do objeto original.
Os modelos permitem combinar princípios de reducionismo e integração sintética
sendo, portanto, instrumentos insubstituíveis na investigação de objetos de organização
tão complexos como são as paisagens (Rodriguez, 2007).
O processo de investigação da paisagem pode ser concebido inteiramente em
cima da criação de modelos, que passam a descrever todo o conjunto de formas,
estrutura, funcionamento, dinâmica das paisagens e das relações e processos que
ocorrem em conexão com outros fenômenos do mundo real. Estes modelos são
desenvolvidos a partir de complexos meios técnicos e matemáticos que incluem a base
de dados de informações sobre os aspectos territoriais e da interação dos fenômenos
naturais e sociais, desenvolvidos com o propósito de reconhecer, conservar e apresentar
a paisagem por meio de informações geográficas (Rodriguez, 2007). Para
materialização deste conhecimento utiliza-se a criação de modelos espaciais e a
elaboração de Sistemas de Informações Geográficas (SIG).
O objetivo fundamental dos SIG é a manifestação territorial, espacial e regional
da informação, a qual é alcançada graças à utilização dos materiais cartográficos como
fonte de informação e objeto de formalização dos trabalhos (Rodriguez, 2007).

2.2.2. SENSORIAMENTO REMOTO NO ESTUDO DA PAISAGEM.


O sensoriamento remoto é o registro da informação do espectro eletromagnético,
sem contato, por meio de instrumentos tais como câmeras, escâneres e lasers,
localizados em plataformas tais como aeronaves ou satélites, e a análise da informação
adquirida por meio visual ou processamento digital de imagens (Jensen, 2009).
A interpretação de imagens é a arte de examinar imagens com o propósito de
identificar objetos e estudar sua significância (Zonneveld, 1988). As características
principais analisadas numa imagem são o tom (Cor, valor), textura (lisa, fina, áspera),
tamanho e forma. Padrões podem ser relacionados a alterações antrópicas, por exemplo
plantações, mas relações de troca entre organismos e o ecossistema também podem
produzir padrões espaciais (Bohrer, 1998).
Os dados de SR são coletados utilizando sensores que podem ser ativos ou
passivos. Sensores passivos (óticos) registram a radiação eletromagnética que é refletida
ou emitida pelo terreno (Shippert, 2004), já os sensores ativos (radar ou laser) cobrem o
terreno com energia eletromagnética gerada pelo próprio equipamento, e depois
registram a quantidade de fluxo radiante espalhado de volta em direção ao sensor

14
(Jensen, 2009). Os sensores possuem 4 características básicas quanto à sua resolução,
são elas: espacial, espectral, radiométrica e temporal.
A resolução espacial é uma medida da menor separação angular ou linear entre
dois objetos que pode ser determinada pelo sistema de SR (Jensen, 2009). A resolução
espacial nominal refere se ao tamanho do pixel, que representa uma área da superfície.
A resolução espacial de uma imagem determinará o tipo de aplicação na qual pode ser
utilizada, em função da escala de trabalho e/ou do grau de detalhamento desejado da
superfície terrestre (Florenzano, 2008), tanto por representar o menor tamanho possível
de observação, como pelo erro mínimo de georreferenciamento.
A resolução espectral é o número e a amplitude de intervalos de comprimentos
de onda específicos (faixa) no espectro eletromagnético aos quais um instrumento de
SR é sensível (Jensen, 2009). Estas faixas são então divididas em bandas na imagem,
que representa uma determinada faixa de comprimento de onda, que é convertida numa
estrutura matricial, onde um valor numérico (Z), que indica a intensidade de radiância
da radiação eletromagnética refletida pelo alvo, é associado ao pixel. Estes valores são
representados em níveis de cinza (NC) que definem a resolução radiométrica, quanto
maior a variação (p.ex. 0-255 = 8bits, 0-4096 = 12 bits) maior a resolução.
A partir destas matrizes geradas, quanto maior for o seu número e menor o
intervalo de comprimento de onda (resolução espectral), melhor a qualidade da
informação para se distinguir as diferentes feições da superfície em análise.
A resolução temporal no SR geralmente se refere a quão frequentemente o
sensor registra imagens de uma área particular (Jensen, 2009).
Para o auxílio da interpretação das imagens é necessário realizar alguns
processamentos computacionais que facilitem e agilizem o processo de extração de
informações. A estes procedimentos chamamos de processamento digital de imagens
(PDI), que corresponde ao conjunto de técnicas para manipulação de imagens digitais,
incluindo técnicas de pré-processamento (correções radiométricas e geométricas), de
realce das imagens, de reconhecimento de padrões utilizando-se de estatísticas
inferenciais, de processamento fotogramétrico de imagens estereoscópicas ou 3D,
sistemas especialistas de análises de imagens orientadas a objeto usando redes neurais,
análise de dados hiperespectrais e detecção de mudanças.
Nesta tese foram utilizadas imagens de radar e óticas para o mapeamento das
paisagens no âmbito do relevo e mudanças da cobertura vegetal, os principais sensores
utilizados foram: SRTM pra imagens de radar e Landsat TM e OLI para imagens óticas.

15
O Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) gerou Modelos Digitais de
Elevação (MDE) para todo o globo. Os MDE são representações espaciais matriciais do
terreno que descrevem a topografia do terreno ou sua elevação tridimensional a
intervalos regulares. Podem ser obtidos por pares estereoscópicos ou interferometria,
permitindo a visualização em três dimensões (Pimenta et al., 2011).
Os dados topográficos estão estreitamente ligados aos aspectos geométricos do
terreno e sua extração automática dos modelos digitais de elevação tem levado não só a
mapeamentos paramétricos diversos, mas também a análises de redes fluviais, partição
em bacias hidrográficas e identificação de unidades de relevo (Florenzano, 2008).
As imagens óticas em sensores orbitais proporcionam uma grande área de
cobertura com uniformidade de perspectiva e alta frequência temporal. Outras
vantagens incluem a possibilidade de utilização de análises digitais, combinando os
elementos visuais de forma, textura, padrão e localização, com as características
espectrais ("assinatura") da imagem (Bohrer, 1998).

2.2.3. ANÁLISE BASEADA EM OBJETO


Para se trabalhar de forma conjunta, sistêmica e rápida com muitos planos de
informação necessários para o mapeamento das tipologias de planejamento, são
imprescindíveis ferramentas modernas com capacidade de análise utilizando abordagens
em múltiplas escalas, individualizando feições naturais por meio de múltiplos índices
matemáticos, levando em consideração os limites tênues existentes entre estas. Esta
metodologia é conhecida como análise baseada em objeto.
Segundo Cruz et al. (2006), a classificação baseada em objeto busca simular
técnicas de interpretação visual através da modelagem do conhecimento para
identificação de feições, baseada na segmentação para a criação dos objetos
reconhecidos na imagem com valores próprios, utilizados na descrição de padrões
identificadores (cor, textura, área, contexto), possibilitando o uso da técnica de vizinho
mais próximo a partir da assinatura espectral, por áreas de treinamento, além da
aplicação de modelos booleanos ou fuzzy.
A análise de imagem baseada em objetos (OBIA em inglês) tem como unidades
de processamento básico os objetos gerados pelos algoritmos de segmentação (Benz et
al., 2004; Baatz & Schäpe, 2000). A segmentação divide uma imagem em regiões ou
objetos formados por pixels (Gonzalez & Woods, 2008). Blashcke (2010) define
segmentos como regiões geradas por um ou mais critérios de homogeneidade em uma

16
ou mais dimensões do espaço de atributos. Dessa forma, os objetos gerados pelos
algoritmos de segmentação permitem a determinação de atributos baseados nos próprios
objetos como atributos estatísticos, texturais, de forma, topológicos e semânticos.
A OBIA permite gerar objetos que combinam em uma única entidade
informações de estrutura (atributos), comportamento (operações) e relações com os
demais vizinhos (Camargo, 2008). Por sua vez a hierarquia de decisões permite
segmentar uma imagem em níveis que se relacionam entre si (segmentação
multirresolução) a partir de um algoritmo desenvolvido para extrair segmentos
espectralmente homogêneos com base tanto no valor do pixel quanto na forma do
objeto, definidos pelos Planos de Informação inseridos e por parâmetros estabelecidos.
A OBIA permite também a estruturação de uma rede hierárquica semântica, que
se baseia na concepção de herança de classes, onde uma subclasse herda os atributos da
superclasse, e na definição de limiares ou regras de classificação podem ser definidos
limites rígidos (booleanos) ou funções de pertinência (fuzzy) que além da capacidade de
tratar conceitos inexatos, define para cada objeto um conjunto de seus respectivos graus
de pertinência através de seus operadores lógicos (descritores). Todos estes processos
são realizados segundo uma ordem predefinida
Segundo Novak (2009) a rede hierárquica serve para representar a estratégia da
sequência e da organização da classificação. Dessa forma, o problema principal é
dividido em subproblemas para facilitar sua solução.
Neste trabalho a ferramenta utilizada para tal foi o software eCognition 8.7®.
Este é um sistema computacional que realiza tarefas de interpretação de imagens de
Sensoriamento Remoto empregando segmentação multirresolução, OBIA e hierarquia
de decisões, onde a classificação também se desenvolve com base no relacionamento
hierárquico aplicado em rede semântica e por lógica fuzzy, que além da capacidade de
tratar conceitos inexatos, define para cada objeto um conjunto de seus respectivos graus
de pertinência através de seus operadores lógicos.
Para segmentação das imagens dentro do software eCognition devem ser
definidos alguns parâmetros, são eles: Fator de escala, que representa o grau de
diferenciação entre os objetos em função de sua resposta espectral (cor) e tamanho
(Forma); Cor e forma representam as medidas utilizadas na diferenciação do objeto,
quanto mais próximo de 1 maior sua representatividade no modelo; Forma (shape)
representa uma medida de tamanho e formato, quanto mais arredondada for a
segmentação a compacidade (Compactness) terá um valor maior;

17
2.2.4. ENFOQUES DA PAISAGEM
A análise da paisagem metodologicamente emprega o enfoque sistêmico, no
qual os usos de procedimentos técnicos permitem conhecer e explicar a estrutura da
paisagem, estudar suas propriedades, desenvolver índices e parâmetros que descrevem
padrões da paisagem, prevendo pontos críticos na dinâmica, nos estados e nos processos
da paisagem.
A análise sistêmica tenta medir o grau de correlação entre os seus vários
componentes. Estuda as relações verticais (topológicas) entre os elementos da
comunidade ecológica e a sua distribuição espacial, levando em consideração o fluxo de
energia e matéria ao longo do tempo (Bohrer, 2000). Especificamente a concepção
sistêmica consiste em uma abordagem em que os fenômenos estudados (objetos,
propriedades, relações, problemas etc.) podem ser considerados como unidades
homogêneas em um ou outro grau. Desta forma pode se definir como sistema o
conjunto de elementos que possuem relação entre si e que formem uma determinada
unidade e integridade.
Os conceitos adotados para definir esta unidade variam, mas de forma geral são
definidos pelo enfoque geossistêmico. Segundo Rodriguez (2007) o termo geossistema
pode ser conceituado pelos seguintes pontos de vista: estudo das relações entre
natureza-sociedade; análise da forma geográfica e dos fluxos da matéria; subordinação a
objetos geográficos determinados (bacias hidrográficas, relevo, etc.); submissão ao
espaço e ao território (caráter multi-dimensional). Segundo Bohrer (2000) pode se
considerar o geossistema como a dimensão espacial ou terrestre do ecossistema (um
conceito sem visão de escala), a paisagem poderia ser definida então como um mosaico
de geossistemas.
Assim de acordo com esta visão, o conceito de paisagem é análogo ao de
geossistema, sendo concebida como um sistema integrado, no qual cada componente
separado não possuem propriedades integradoras, estas propriedades integradores
desenvolvem-se somente quando se estuda a paisagem com um sistema total
(Rodriguez, 2011). Segundo Rodriguez (2007) os enfoques e métodos da análise
sistêmica ou dos atributos da paisagem tratam de forma análoga estes conceitos e
podem ser concebidos através de cinco categorias de princípios ou enfoque: estrutural,
funcional, evolutivo-dinâmico, histórico-antropogênico e da estabilidade da paisagem.
O enfoque estrutural da paisagem caracteriza a forma de sua organização
interior, as relações entre os componentes que a formam e das subunidades da paisagem

18
(Rodrigues, 2007). Este enfoque procura entender como a composição e os padrões de
distribuição espacial dos elementos da paisagem se relacionam. é um pré-requisito para
o estudo da função e mudança de paisagem.
O enfoque funcional da paisagem procura ver como ocorrem os fluxos
energéticos, biológicos, sociais e físicos na paisagem, como estão estruturados e quais
são as relações funcionais destes elementos.
O enfoque dinâmico-evolutivo da paisagem procura caracterizar a
periodicidade e reversibilidade de processos que ocorram na paisagem e em sua auto-
regulação. A paisagem, como qualquer sistema material sofre mudanças, em
conseqüência de causas internas ou externas, este processo continuo de mudanças na
forma atendem a mudanças da estrutura e assim mudam as funções, e vice versa, esta
dinâmica da paisagem não necessariamente conduz a uma transformação qualitativa.
O enfoque histórico-antropogênico das paisagens atuais procura reaver os
resultados (sobrepostos continuamente) da utilização econômica sobre a paisagem,
determinando os processos antropo-naturais de caráter estável, os problemas ecológicos
que surgem na assimilação, ocupação e apropriação dos geossistemas e as vias de sua
solução (Rodriguez, 2007).
O enfoque da estabilidade da paisagem procura representar o grau de
funcionamento da paisagem, ou seja, a capacidade de manutenção dos mecanismos de
autorregulação do sistema, do balanço dos fluxos de energia, das funções ecológicas e
dos serviços ambientais. A concepção de estabilidade permite determinar o limite dos
impactos indesejáveis das atividades humanas e das condições saudáveis de existência.
Aliado aos enfoques, a ecologia da paisagem se utiliza também de
procedimentos técnicos para quantificar a estrutura da paisagem, estudar suas
propriedades, desenvolver índices e parâmetros que descrevem padrões e funções,
prevendo assim pontos críticos na dinâmica, nos estados e nos processos da paisagem.
Diante destes indicadores pode se projetar as possíveis alternativas de ocupação
e desenvolvimento do território formulando estratégias de otimização do uso e manejo
mais adequados da natureza, no tempo e no espaço, implicando na consideração de
modelos conceituais de desenvolvimento sustentável e planejamento ambiental.

19
2.3. METODOLOGIA DE ANÁLISE DA PAISAGEM

Foram utilizados dois tipos de enfoques na análise das paisagens, são eles:
Estrutural e Histórico-antropogênico.
A estrutura vertical das paisagens é formada pela composição e inter-relação
entre os elementos e os componentes da paisagem no sentido vertical, ou seja, a
litología, o relevo, a água, os solos, a vegetação e a atmosfera. (Rodriguez, 2007). A
estrutura vertical das paisagens depende de um conjunto de fatores subordinados às
regularidades de diferenciação geoecológica, em particular a zonalidade e a
azonalidade. A análise da estrutura vertical da paisagem foi realizada através da
elaboração da classificação das tipologias de paisagem.
Para a classificação das tipologias de Paisagem foi utilizada uma metodologia de
análise orientada a objeto, tendo como base de entrada de dados os levantamentos
digitais por sensoriamento remoto, onde os principais planos de informação foram:
como Modelo Digital de Elevação (MDE), foi utilizado o modelo de topografia do
relevo do Topodata (SRTM); grids climáticos fornecidos pelo site Worldclim; e
mapeamentos temáticos geológicos e pedológicos.
Para a construção dos mapas de cobertura florestal, foram utilizadas imagens
Landsat 5 e 8, adotando classificação orientada a objetos, na escala de mapeamento
(1:100.000). As classes foram analisadas e caracterizadas por diferentes descritores,
através do modo de construção disponibilizado pelo eCognition®8 (valores
radiométricos, razão entre bandas, brilho, NDVI, etc.).
Quanto ao enfoque histórico-antropogênico foi utilizada uma abordagem da
evolução da paisagem, onde sobre os mapas de cobertura florestal foram analisadas as
tendências e processos históricos. O escopo desta abordagem está na procura por
correlacionar fatores humanos às condições ambientais nas regiões da Serra do Mar e
assim definir condicionantes fisicas e topologicas na paisagem, ou seja, se algumas
características especificas existentes nos assentamentos humanos impactam ou possuem
maior relação com fatores naturais.
Para se definir as correlações e condicionantes foram feitas análises estatísticas
que visam encontrar padrões espaciais relacionados. Em especial foram utilizadas as
análises de regressão linear e múltipla e a regressão ponderada geograficamente (GWR).
Foi utilizado o GWR por que este permite identificar as variações das correlações no

20
espaço, através do cálculo das variações espaciais entre uma variável dependente (ex:
desmatamento) e variáveis independentes (ex: densidade estradas e declividade).
Assim é apresentado um fluxograma da concepção metodológica utilizada na
elaboração da tese. Na figura 4, abaixo, pode ser observado a sequência de atividades.
4

Figura 4 – Fluxograma de Atividades na tese.

21
3. ÁREA DE ESTUDO

O relevo da Serra do Mar está fortemente relacionado com os processos


tectônicos de convergência e divergência das placas Sul Américana (SA) e Africana
(A), caracterizado principalmente por movimentos epirogenéticos de intenso e extenso
magmatismo, denominado Reativação Wealdeniana (Florenzano, 2008). Após a
separação das placas SA e A, durante o período terciário superior, houve um
basculhamento regional, no sentido SO-NE, que causou um soerguimento das serras da
Mantiqueira e do Mar, e um abatimento de blocos originando a formação do graben do
Paraíba do Sul e Guanabara, o mesmo gerou o soerguimento dos maciços costeiros e o
relevo deposicional das baixadas litorâneas.
A Serra do Mar é um conjunto de escarpas festonadas com cerca de 1.000 km de
extensão. Ela se estende do Rio de Janeiro ao norte de Santa Catarina, onde perde a
feição escarpada de planalto e se configura em serras paralelas e montanhas isoladas
drenadas diretamente para o mar, sobretudo pela bacia do rio Itajaí. No Paraná
configura uma cadeia de montanhas com picos elevados até a 1.800 m de altitude. Em
São Paulo, impõe-se como típica borda de planalto, frequentemente nivelada pelo topo
em altitudes de 800 a 1.200 m. Na região centro-oriental do Rio de Janeiro apresenta-se
como uma serra montanhosa constituída por blocos de falhas inclinados para NE em
direção ao rio Paraíba do Sul, com vertentes abruptas voltadas para a Baixada
Fluminense ao sul (Almeida & Carneiro,1998), (Figura 5 e 6 ).
De modo a estudar o relevo e as paisagens da Serra do Mar a área de estudo teve
que se limitar as áreas da serra e de seu entorno localizadas no Estado do Rio de Janeiro.
A seguir foram levantados as principais componentes da paisagem desta área,
cabe ressaltar que a descrição detalhada do relevo será abordada diretamente na
descrição das tipologias de paisagem, presentes no capitulo 4.

Figura 5 - Perfil transversal da Serra do Mar (Almeida & Carneiro,1998).

22
Figura 6 – Mapa do relevo

23
3.1. GEOLOGIA

A Serra do Mar está localizada sobre um cinturão orogenético denominado


“Faixa móvel Ribeira”. Segundo Almeida et al (1973) constitui uma entidade
geotectônica do neoproterozóico, resultante de processos de convergência entre a placa
africana e o escudo brasileiro, em eventos orogenéticos sucessivos a cerca de 630-480
milhões de anos atrás, entre as Eras Proterozóica e Paleozóica, denominados orogênese
Brasiliano I (>600 Ma), Rio Doce (>560 Ma) e Búzios (>520 Ma).
As rochas mais antigas datam do Paleoproterozóico, como os gnaisses do
Complexo Juiz de Fora e da Suíte Quirino, localizadas na região do Vale do Paraíba do
Sul. No final do Proterozóico, com o arrefecimento do calor e mudança no regime de
esforços, a compressão originou inúmeras falhas transcorrentes que recortam o sudeste
brasileiro. Desse estágio final, no Cambro-Ordoviciano, resultou denso arranjo de zonas
de cisalhamento dextrais anastomosadas, orientadas segundo ENE a E-W (Hasui &
Sadowski 1976).
Entretanto todos os domínios sofreram efeitos orogenéticos neoproterozóicos
caracterizados pelo metamorfismo e fusão parcial das rochas, pela deformação, seguida
de cisalhamento transcorrente regional, e pela gênese de diversos corpos granitóides de
dimensões variadas (CPRM, 2001), Estes granitos deram origem ao Complexo Rio
Negro e Leucogranito Gnaisse Serra do Paquequer; Suíte Serra dos Órgãos, Suíte
Desengano, Suíte Rio de Janeiro que inclui os Granitos Pão-de-Açúcar e Corcovado e
Suíte Ilha Grande, por exemplo. Esses corpos, associados às derradeiras colisões de
placas e soerguimento de cadeias montanhosas, dão suporte a grandes setores da Serra
do Mar. Com o passar dos milênios os processos erosivos denudaram a superfície da
serra exumando os corpos graníticos intrusivos, sedimentando bacias a jusante e
expondo grandes pontões e cristas de rocha características da Serras do Mar, ex.: Serra
dos Órgãos, Pico do Frade (Bocaina e Glicério)
Durante a última orogênese, um magmatismo tardí-colisional deu origem aos
granitóides do Suíte Serra das Araras. Já no Cambriano, houve um magmatismo tardia
pós-tectônico relacionado ao estágio pós-tectônico do orógeno do Brasiliano (CPRM,
2001). Como produtos finais da granitogênese, surgiram os granitóides que deram
origem a maciços graníticos como o da Pedra Branca e de Mangaratiba, por exemplo.
Durante a separação mesozóica, que subdividiu o supercontinente Gondwana e
culminou na abertura do Oceano Atlântico, houve um magmatismo alcalino relacionado

24
à Reativação Wealdeniana que originou, provavelmente, a partir de uma única câmara
magmática, a plútons alinhados em decorrência de uma falha (CPRM, 2001), entre esses
estão os Maciços do Itatiaia, Mendanha e Tingua, Complexo Alcalino de Itaúna e Morro
do São João, por exemplo.
As atividades tectônicas cenozoicas levaram à reativação de falhas e ao
desenvolvimento de um sistema de Horts escalonados, indo dos maciços costeiros a
Serra do Mar e Mantiqueira, assim como de riftes, Grábens da Guanabara e do Paraíba
do Sul, onde se instalaram depósitos sedimentares terciários e quaternários.
O grábem do Vale do Paraíba do Sul é uma depressão entre os planaltos das
Serras do Mar e Mantiqueira, sendo formado predominantemente por litologias
gnáissicas datadas do mesoproterozóico. Sua evolução está baseada no processo de
degradação do relevo, com sedimentação nas áreas mais baixas formando extensas
planícies, entrecortadas por colinas e morros que se estendem até o sopé das das serras,
formando o relevo característico dessa área, conhecido como o mar de morros.
As planícies costeiras (baixada fluminense e campista) foram formadas durante
o Cenozoico, resultante do processo de erosão e degradação das serras, deixando relevos
residuais dissecados entremeados nas planícies sedimentares resultante dos depósitos
coluviais, fluviais, lagunares e eólicos advindos da degradação do relevo regional.
Os sedimentos inconsolidados das baixadas e planícies costeiras foram gerados
ao longo dos ciclos transgressivos e regressivos da linha de costa durante o Quaternário
(Martin & Suguio, 1989). A partir do último máximo transgressivo, a atual linha de
costa registra um “afogamento” generalizado do relevo, observado nas atuais rias, baías
e lagunas e nas colinas e morros isolados nos recôncavos das baixadas (Dantas, 2001).
A seguir é apresentado um mapa geológico da região, figura 7.

3.2. CLIMA

As características climáticas da Serra do Mar são condicionadas especialmente


por atributos como a maritimidade/continentalidade, que influencia as condições de
temperatura e umidade, e a topografia, que constitui um aspecto fundamental para a
diferenciação climática, pois promove turbulência no escoamento atmosférico e atua
como barreira as frentes frias polares, expondo uma relação direta entre o relevo e a
precipitação (barlavento/sotavento) e a altitude com a temperatura, evapotranspiração e
fitofisionomias (Cavalcanti et al., 2009).

25
Figura 7– Mapa geológico

26
O clima apresenta uma variação tanto zonal como regional; No primeiro caso,
por ser atravessada pelo Trópico de Capricórnio, apresenta climas tropicais ou
subtropicais de altitude; e no segundo por ser uma faixa de conflito entre sistemas
tropicais e extratropicais, sendo que seus mecanismos de circulação estão sob o controle
da dinâmica da frente polar (Cavalcanti et al, 2009).
Por sua posição e pelo arranjo dos fatores geográficos, a região é envolvida por
uma série de correntes de circulação atmosféricas. São elas: correntes tropicais
maritimas de ENE; correntes polares de S; correntes do interior de ONO; e
principalmente a zona de convergencia do atlantico sul (ZCAS), faixa de nebulosidade
persistente orientada de NW para SE, associada ao escoamento convergente na baixa
troposfera do sul da Amazônia ao Atlântico sul (Cavalcanti et al, 2009), causando um
aumento da precipitação particularmente no verão.
Segundo o IBGE (2006) na região da Serra do Mar podem ser observados 14
tipologias climáticas, utilizando como critérios básicos as temperaturas médias e o
regime pluviométrico, sendo agrupados em três grandes grupos: climas quentes,
subdivididos em 5 variações de umidade, dos superúmidos (sem estação seca) aos
semiáridos (com até 6 meses secos); Climas subquentes, com temperaturas médias
ligeiramente inferiores em função da latitude, mas com características pluviométricas
semelhantes (Neto, 2005); e o clima mesotérmico chamado de tropical de altitude
(Neto, 2005), onde as temperaturas são mais brandas e a distribuição sazonal das chuvas
mais uniforme, praticamente sem período seco.
O zoneamento climático desta tese utilizou as seguintes nomenclaturas, apoiadas
nos dados de IBGE, Koppen e Thornthwaite (1948), tabela 1 e figura 8 e 9:

Figura 8 – Zonalidade Vertical das Paisagens da Serra do Mar.

27
Tabela 1– Classificação climática das Paisagens
Clima Cor Umidade Temperatura Precipitação P-Etp
Frequentemente
Tropical de Média < 15 >1700 > 800
nublado
altitude
Ocasionalmente Verão < 22
(Mesotérmico) >1500 >480
nublado Média 15-19
Superúmido >1500 >480
Tropical Inverno < 18
subquente Verão > 22
Úmido 1200-1500 > 180

Superúmido >1500 >480


180 -
Tropical Úmido Inverno > 18 1200-1500
480
(Megatérmico) Média > 21 -120 -
Subúmido 900-1200
180
Seco <900 <-120

- Tropical altomontano (Mesotérmico) superúmidos (Cfb- Koppen), frequentemente


nublado, com médias de temperatura abaixo de 15ºC, de inverno frio de temperaturas
mínimas próximas a 0ºC, com precipitação superior a 1500 mm sem mês seco,
normalmente ocorrendo acima dos 1400-1500 m de altitude.

- Tropical de altitude (Mesotérmico) superúmido (Cfb- Koppen), ocasionalmente


nublado, de temperatura média entre 15 e 19º, com verão ameno de temperatura média
inferior a 22ºC, sem um período seco marcado, ocorrendo entre 600-700 a 1400 msnm.

- Tropical subquente (Cfa ou Cwa- Koppen) com verão quente e inverno ameno de
temperatura média inferior a 18ºC, em função da precipitação variam entre o
superúmidos, junto a costa, ao úmido mais para o interior.

- Tropical quente (Megatérmico) (Af ou Aw-Koppen), médias anuais superiores aos


21ºC sem nenhum mês inferior a 18ºC, variam do superúmidos junto às escarpas,
úmido com até 3 meses secos com precipitações superiores a 1200 mm , subúmido
com até 4 meses secos e precipitações entre 900-1200 mm ocorrendo próximo ao litoral
norte fluminense e nas cotas mais baixas do vale do Paraíba do Sul, ao seco com até 5
meses secos, de evapotranspiração superior a precipitação (inferior a 900 mm),
ocorrendo em especial no litoral norte fluminense e região de Cabo Frio).

28
Figura 9– Mapa Climatico

29
3.2.1. TEMPERATURA
A temperatura sofre variações maiores em altitude que em latitude na Serra do
Mar. Outro fator de destaque é uma menor variação ao longo do litoral devido à
maritimidade (regulação térmica exercida pelo oceano).
O clima tropical cobre toda a região, caracterizado por uma média de
temperatura bem distribuída ao longo do ano, com médias anuais variando de 22 a 25ºC
nas baixadas. Conforme a altitude aumenta as temperaturas abaixam, nas regiões
montanhosas e planaltos de reverso localizados acima dos 700 m de altitude, as
temperaturas variam entre 13 a 18°C. As elevadas altitudes sobrepõem-se à influência
da latitude e reduzem os valores da temperatura, tornando o verão ameno e o inverno
mais rigoroso, muitas vezes com valores negativos durante as manhãs mais frias
(Cavalcantti et al., 2009).

3.2.2. PRECIPITAÇÃO
A distribuição da precipitação é controlada especialmente pela disposição do
relevo e pela atuação de frentes frias polares. A precipitação apresenta índices menores
a leste e maiores a oeste, superam os 3000 mm no litoral Sul do Estado do Rio de
Janeiro. A porção mais a leste da Serra do Mar apresenta os menores valores, até 1250
mm, de precipitação devido à sua distância maior a costa e as frentes frias polares.
As precipitações são controladas principalmente pelo oceano, que garante
permanente suprimento de agua para evaporação, além de núcleos de condensação,
gerando chuvas convectivas ao longo de todo o ano. As precipitações de origem frontal,
que ocorrem devido ao confronto entre massas tropicais e extratropicais, são comuns na
região e dinamizadas em função do relevo, que ao elevarem os fluxos atmosféricos
causam resfriamento adiabático e ocasionam precipitações abundantes nas áreas a
barlavento da escarpa (Cavalcantti et al., 2009).
A variabilidade sazonal é tipicamente tropical, com dois períodos bem
caracterizados: verões chuvosos que concentram a maior parte da precipitação e
invernos com decréscimos acentuados da pluviosidade. Entretanto segundo Cavalcantti
et al. (2009), a distribuição das chuvas na região apresenta grande variabilidade
geográfica e interanual. A incursão das massas polares e a configuração e persistência
da ZCAS é um fator de peso nesta alta variabilidade, pois sua atuação mais frequente na
área induz maiores totais pluviais, enquanto que anos de menor incidências ocasionam
anos mais secos.

30
A análise do balanço hídrico anual indica que as áreas mais baixas e orientais da
Serra do Mar apresentam excedente hídrico anual baixo, com médias próximas a 100-
300 mm/ano. Apresenta até três meses secos (com déficit hídrico) durante o ano nas
baixadas e um mês seco nas encostas. As altas temperaturas da baixada elevam o
potencial de evapotranspiração que, aliado à menor ocorrência de chuvas orográficas,
geram menores excedentes hídricos. Porém, com gradual elevação do relevo, diminui a
temperatura aumentando assim o excedente hídrico.
Na área Ocidental da Serra do Mar fluminense o balanço hídrico tem um
considerável aumento em relação ao setor oriental, na parte baixa o excedente está na
faixa de 600 mm/ano. Conforme a altitude aumenta gradualmente o excedente hídrico
vai se elevando, de forma que, na parte alta da serra, o excedente hídrico supera os 1000
mm/ano, sem ocorrência de nenhum mês seco.
De forma geral, há um período de déficit de umidade no solo durante o inverno,
de junho a agosto, e sua recuperação depende da precipitação que acontece após o
aumento no volume de chuva a partir do mês de outubro, seu armazenamento é saturado
novamente até o mês de dezembro onde ocorre novamente a precipitação máxima na
região. A Fig. 10 apresenta o balanço hídrico encontrado nas estações pluviométricas
locais.

Figura 10 – Gráficos do Balanço Hídrico por estação. (Golfari, 1980)

31
3.3. SOLOS

Em razão da sua posição na interface das várias esferas do globo terrestre, os


solos apresentam características derivadas de todo o conjunto de fatores abióticos
(litosfera, atmosfera) e bióticos, interagindo num contínuo processo de troca, resultando
na sua formação direta e fazendo com que constituam um dos principais elementos a
refletir as condições dos ambientes terrestres.
A classificação dos solos se apresenta como uma síntese das condições gerais de
uma determinada área (clima, geologia, relevo, idade da superfície do terreno e da
interação dos organismos). A homogeneidade do solo ou o conjunto de perfis idênticos
(corpo do solo) não apresenta limites rígidos e, por tanto, passa para outro tipo
gradualmente, tornando-se de difícil diferenciação nestas faixas de transição. Por
esta razão, a identificação e classificação dos solos variam muito em função da escala
de mapeamento. Ao se definir a ocorrência de um solo específico procura se descrever
na verdade a tipologia dominante do solo.
Neste contexto, a Serra do Mar apresenta uma grande variedade de solos, por se
tratar de uma área com grande diversidade de relevo, clima, vegetação e material de
origem. Possui três grandes áreas de solos: faixa sedimentar litorânea, área dos planaltos
e depressão interplanáltica e área montanhosa, conforme observado na figura 11.
A faixa litorânea compreende as planícies costeiras, das baixadas fluminense,
campista e região dos lagos, sobre depósitos arenosos e outros sedimentos de rios e
tabuleiros. Nestas áreas encontram-se principalmente os solos: Neossolos
Quartzarênicos e Espodossolos nos cordões arenosos e restingas, alternados com
Organossolos, Gleissolos e Planossolos nas baixadas, podendo sofrer influência dos sais
da água do mar formando os solos típicos de mangue (Gleissolos Tiomórficos e
Planossolos Nátricos). Ocorrem também Neossolos Flúvicos nos rios principais. Nas
relativamente estreitas faixas de tabuleiros, são mais comuns os Latossolos e Argissolos
Amarelos (Lepsch, 2010).
A área dos planaltos e depressão interplanáltica compreende o vale do Rio
Paraíba do Sul e planaltos de reverso menos declivosos como o de Cunha, antes
florestados e hoje em sua maior parte substituída por pastagem e reflorestamento com
eucalipto. Nestas áreas com relevo do tipo mamelonar, “mar de morros”, predominam
os Argissolos e Latossolos Vermelho-Amarelos, desenvolvidos principalmente em
materiais derivados de granitos, gnaisses e xistos (Lepsch, 2010).

32
Figura 11 – Mapa pedológico

33
A área montanhosa compreende as Serras do Mar e Mantiqueira, e os maciços
isolados ou costeiros. Nestas áreas com declividades acentuadas, que impedem um bom
desenvolvimento dos solos, predominam os solos de origem recentes e pouco
desenvolvidos como os Neossolos Litólicos e Cambissolos. Nas áreas dos sopés das
serras e escarpas apresentam Argissolos e Latossolos Vermelho-Amarelos.
A classificação dos solos por sua vez leva em consideração diversas
características morfológicas, como cor, teor de umidade, estrutura, textura, consistência
e espessura dos horizontes (Lepsch, 2010). Com base nos mapeamentos de solos
produzidos pela EMBRAPA e DRM, a área de estudo possui as seguintes classes de
acordo com o novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006):
Argissolos– solos constituídos por material mineral bastante intemperizados.
Apresentam marcante diferenciação de horizontes, com um horizonte B textural
argiloso, com teores variáveis de nutrientes e baixos de Fe 2O3 (Embrapa, 2006).
Segundo Lepsch (2010) são em geral profundos e bem drenados. Formam uma classe
relativamente heterogênea, que tem em comum o aumento de argila em profundidade,
compreendem muitos solos intermediários para outras ordens, principalmente dos
latossolos, com os quais ocorrem associados, uma vez que se desenvolvem em
condições de um ambiente tropical úmido.
Latossolos - Tem como característica um avançado estágio de intemperização e
uma pequena diferenciação de horizontes, com um horizonte B latossólico. São
destituídos de minerais primários e secundários alteráveis, predominando argila e
óxidos de ferro e alumínio, com baixa capacidade de troca e saturação. São solos
normalmente planos, muito profundos, muito porosos, acentuadamente ou fortemente
drenados, ácidos e de baixa fertilidade (EMBRAPA, 1999). Por causa do intemperismo
intenso e duradouro, é em geral muito pobre em nutrientes vegetais, estando a maior
parte dos nutrientes “em trânsito” nos tecidos vegetais (Lepsch, 2010).
Cambissolo – são solos em início de formação (Lepsch, 2010). Definidos pelo
horizonte B incipiente ou câmbico, rasos a pouco profundos, moderadamente a bem
drenados. De acordo com o conteúdo de matéria orgânica e argila no horizonte A,
podem ser classificados de Hístico, Úmico ou Háplico, estes os mais pobres em matéria
orgânica (EMBRAPA, 2006). Ocorrem principalmente em áreas acidentadas, nos
pontos mais íngremes e topos das serras. A rochosidade é muito freqüente e a
pedregosidade é alta constituindo um sério agravante nos riscos de erosão.

34
Neossolo Litólico– são solos minerais pouco evoluídos, rasos, constituídos por
um horizonte A assentado diretamente sobre a rocha, ou sobre um horizonte C ou B
incipiente e pouco espesso. É comum possuírem elevados teores de minerais primários
menos resistentes ao intemperismo, assim como cascalhos e calhaus de rocha semi-
intemperizada na massa do solo, estando, em geral, associados aos Cambissolos, sendo
extremamente susceptíveis à erosão, tanto superficial como em voçorocas.
Neossolos Flúvicos - são solos derivados de sedimentos aluviais, eventualmente
com evidências de gleização abaixo do horizonte A (EMBRAPA, 2006). Ocorrem nos
médios cursos dos rios, em geral associados aos Gleissolos (Bohrer et al. 2009).
Neossolos quartizênico - são solos com textura areia ou areia franca em todos os
horizontes até, no mínimo, a profundidade de 150cm; são essencialmente quartzosos,
tendo nas frações areia grossa e areia fina 95% ou mais de quartzo, calcedônia e opala e,
praticamente, ausência de minerais primários alteráveis (EMBRAPA, 2006).
Gleissolos - são solos minerais hidromórficos com horizonte glei superficial,
pouco a médianamente profundos, mal drenados, periodicamente ou permanentemente
inundados, horizonte A com acumulação de matéria orgânica e coloração escura, com
cores cinzentas, podendo ocorrer acúmulo de sais na superfície. São solos moderado a
fortemente ácidos, ocorrendo em depressões inundadas entre cordões, várzeas e lagoas
rasas perenes ou temporárias (Bohrer et al. 2009)
Organossolo - são solos com alto teor de matéria orgânica, constituindo áreas de
turfa, sujeitas à inundação, ocorrendo associados aos gleissolos
Planossolos - são solos minerais, geralmente hidromórficos, com sequência de
horizontes A-Bt-C, caracterizados por mudança textural abrupta, horizonte B com alta
densidade, com a ocorrência de cores de redução evidenciando condição de drenagem
imperfeita, recobrindo áreas planas interiores.
Espodossolos - são solos com horizonte B espódico, constituído de matéria
orgânica (EMBRAPA, 2006), são imperfeitamente a mal drenado, textura arenosa,
acumulação de húmus, ácido e de baixa fertilidade. Recobrem terrenos mais baixos de
restinga sujeitos a inundação (Bohrer et al. 2009).
Solos indiscriminados de mangue – são solos pouco desenvolvidos, sem
diferenciação de horizontes, mal drenados, com baixa oxigenação e altos teores de sais e
de compostos de enxofre, desenvolvidos a partir de sedimentos fluviomarinhos recentes,
com influência das marés.

35
3.4. VEGETAÇÃO

Originalmente toda a Serra do Mar no Estado do Rio de Janeiro era recoberta


pela Mata Atlântica, com um perfil de vegetação marcado pela transição das formações
florestais em função da umidade e temperatura. As diferenças sutis entre as vertentes da
cadeia montanhosa da Serra do Mar, tais como: exposição a insolação, temperatura e
pluviosidade, reforçada pela formação das chuvas orográficas, condicionam a expressão
fisiológica florestal, diferenciando assim as tipologias de floresta de um “domínio
climático” único.
Observa-se que a região da Serra do Mar apresenta um clima marcado por uma
estacionalidade com verões quentes e chuvosos e invernos amenos e secos, aliado a isso
a vegetação da Mata Atlântica apresenta uma transição de florestas perenifólias a
caducifólias. Segundo Oliveira-Filho (2005) a diferença entre florestas pluviais e
estacionais está vinculada principalmente à sazonalidade da precipitação. “esta distinção
não teria um caráter de substituição abrupta, mas de um contínuo onde predomina a
supressão gradativa de espécies mais vinculadas ao clima pluvial na medida em que
aumenta a duração da estação seca”.

Figura 12 - Perfil da vegetação leste de São Paulo: planície costeira, Serra do Mar, Vale do
Paraíba e Serra da Mantiqueira (adaptado de Hueck, 1972). 1 mar, 2 praia, 3 dunas, 4 mata
restinga,5.manguezal, 6 mata pluvial na planície costeira, 7 m. p. Serra do Mar, 8 mata de
neblina, 9 mata semi-seca do vale do Paraíba, 10 cerrados, 11 mata de inundação, 12 campos,
13 mata de Araucaria, 14 mata de Podocarpus. Fonte: Bastos 2009.

A nomenclatura mais usualmente utilizada foi definida por Veloso et al. (1991)
que classifica as fitofisionomias na região em Floresta Ombrófila Densa a floresta
estacional decidual, e as distingue por delimitações altimétricas, em Floresta Aluvial,
Floresta de Terras baixas até 50m, Floresta Submontana de 50 a 500m, Floresta

36
Montana de 500 a 1500m, Alto-montana acima de 1500m e florestas mistas, além de
campos de altitude acima de 1600m.
Entretanto recentemente com novas observações da flora, a melhora na aquisição
de dados climáticos e geográficos e a possibilidade de correlação espacial entre estas
variáveis utilizando SIG foi proposta uma nova nomenclatura das fitofisionomias
brasileiras por Oliveira Filho (2009).
A tese utilizou a nomenclatura proposta de Oliveira Filho, uma vez que utiliza
dados mais recentes e com maior similaridade na classificação climática. Os limites
altitudinais das fitofisionomias ficaram definidos como: florestas pluviais e estacionais
semidecidual e decidual, variando de tropical costeira até 50 metros, de baixada até 200
m, submontana até 700 m, montana (inferomontana) até 1300 m, podendo ocorrer acima
de 1300 m a altomontana (superomontana), mista (lati-aciculifoliadas) e campos de
altitude (misto de formações rupícolas arbustivas a herbáceas ou alagadas), (Fig.13).
Os campos de altitude ocorrem acima dos 1400-1600 metros de altitude, onde
as temperaturas chegam próximas de 0ºC no inverno. Nestas localidades a mata é
substituída por uma fisionomia dominada por vegetação xerofítica, herbáceo-arbustiva
aberta que se desenvolve sobre solos rasos ou afloramentos rochosos, com pouco aporte
de matéria orgânica, em áreas de alta declividade e expostas a radiação solar, ventos e
chuvas intensas (ICMBIO, 2007).
Os campos de altitude são dominado pelas gramíneas (Chusquea pinifolia) e
capim-de-anta (Cortaderia modesta), nestas vastas áreas recobertas por campos,
ocorrendo em conjunto espécies das famílias das orquídeas e bromélias. A fisionomia
aparentemente campestre e xerofítica dos Campos de altitude esconde regiões
alagadiças, onde predominam eriocauláceas, sempre-vivas-da-serra (Paepalanthus
polyanthus). São comuns também formações ligeiramente mais fechadas, dominadas
por espécies herbáceas rupícolas e adensamentos de pequenos arbustos lenhosos, em
especial da Melastomatácea vassourinhas-do-campo (Microlicia isophylla) (ICMBIO,
2006). No estado do Rio de Janeiro os campos de altitude ocorrem na Serra dos Órgãos,
maciço do Itatiaia, planalto da Bocaina e na Serra do Desengano, (Figura 14).
A Floresta Mista lati-aciculifoliada, popularmente conhecida como mata de
araucárias, foi definida na classificação do IBGE (1992) como uma formação típica do
Planalto Meridional, apresentando disjunções florísticas em refúgios situados nas Serras
do Mar e Mantiqueira, “muito embora no passado tenha se expandido bem mais ao
norte”.

37
Figura 13– Mapa das fitofisionomias

38
É uma formação arbórea meso-microfanerofítica, localizada em solos rasos e
litólicos (cambissolos, neossolos litólicos) apresentando acumulações turfosas nas
depressões onde ocorre a floresta (figura 15). Sua estrutura é integrada por fanerófitos
com troncos e galhos finos, às vezes tortuosos, folhas miúdas e coriáceas e casca grossa
com fissuras. A flora representada por famílias de dispersão ampla, embora suas
espécies sejam endêmicas, revela um isolamento antigo de ‘refúgio cosmopolita’
(IBGE, 1992). são considerados como representantes de uma vegetação relíquia, o
pinheiro-bravo (Podocarpus lambertii) e a araucária (Araucaria angustifolia).
A Floresta Latifoliada Pluvial e Estacional Semidecidual é constituída por
uma vegetação formada principalmente por espécies arbóreas geralmente formando um
dossel espesso e estratificado, fanerófitos perenifólios. A altura do dossel varia de 20-
35m, podendo ocorrer indivíduos emergentes em áreas espaçadas. Pode comportar até
três estratos de plantas, sendo eles: estrato herbáceo, que consiste de ervas e plântulas de
regeneração natural das árvores; estrato arbustivo, formado principalmente de plantas
lenhosas arbustivas e herbáceas de grande porte; e estrato arbóreo, dominado por
espécies macrofanerófitas, e intensa a ocorrência de epífitas e lianas (IBGE, 1992). A
ocorrência deste tipo de vegetação relaciona-se aos fatores climáticos como,
temperaturas e pluviosidade durante o ano. A floresta pluvial ocorre em ambientes
superúmidos com pluviosidades acima de 1500 mm com um período biologicamente
seco curto ou inexistente, a floresta estacional semidecidual a decidual ocorre em
ambientes com precipitações inferiores a 1500 mm com um período biologicamente
seco superior a 3 meses.
Entre aproximadamente 1300 e 1800 metros de altitude encontram-se as
Florestas latifoliadas pluvial altomontanas (superomontanas). Na faixa de altitude
mais alta, junto aos cumes e cristas as neblinas são constantes e a vegetação tem uma
função de condensação e precipitação da neblina, conhecidas como ‘‘mata de neblina’’
ou formação Alto-montana. Localizada sobre solos litólicos (Cambissolos, neossolos
litólicos), que frequentemente é envolta por densas nuvens durante longos períodos. A
formação vegetacional é dominada por espécies mesofanerofitica de pequeno porte
com, altura entre 5 e 10 metros (figura, 16). As árvores possuem troncos tortuosos e
cobertos por camada de musgos e epífitas. O sub-bosque desta mata é dominado por
significativa diversidade de espécies arbustivas. Quanto mais se aproxima do cume das
elevações, o porte da vegetação passa de florestal para arbustivo, com indivíduos cujas
alturas variam entre 30 e 40 cm, sobre solo raso e pedregoso (IBGE, 1992).

39
Figura 14 – Campos de altitude localizados na Serra dos Órgãos, Teresópolis. (Foto,
André Lucena, 2014)

Figura 15 – Floresta mista localizados na Serra da Bocaina, Bananal-SP. (2013)

40
Observações feitas por Brade (1956) na Serra da Mantiqueira, porem sendo
valido para as demais serras, nesta fitofisionomia destaca se a ocorrência das famílias
mais comuns entre as árvores e espécies arbustivas, as mirtáceas Cambuí (Eugenia sp),
proteáceas (Roupala sp), melastomatáceas (Tibouchina, Miconia). As epífitas são
abundantes, com destaque para as grandes bromeliáceas entre as quais se encontram
algumas espécies terrestres. As bordas de afloramentos rochosos são cobertos por
espessa camada de liquens, musgo (briófitas) e pteridófitas de diversas espécies. Entre
as pteridófitas arborescente se destacam as Dicksonia sellowiana e Hemitelia capensis.
Destaca se a ocorrências de espécies herbáceas tais como: ciperáceas, Ranunculaceae
(Anemone sellowii), Umbeliferae (Hydrocotyle itatiaiensis), Rubiaceae (Coccocypselum
sp), Piperaceae (Peperomia sp) e Violaceae (Viola submidiata). Nessas áreas da floresta
é elevado o número de espécies endêmicas (Rizzini, 1979).
A Floresta latifoliada Pluvial e estacional semidecidual montana
(inferomontana) possui os remanescentes florestais mais bem preservados da Serra do
Mar, encontram-se sobre as encostas e topos de morro, nas vertentes mais íngremes.
Esta é a que possui maior estratificação vegetal entre as diferentes fisionomias da mata
atlântica. A Floresta Montana se localiza em áreas de relevo montanhoso, sobre
litologias pré-cambrianas, entre 600-700 e 1300-1400 m de altitude, com fisionomia
arbórea densa, de troncos relativamente delgados e altura de dossel em torno de 20m.
Na Serra do Mar a ocorrência desta vegetação está geralmente associada às
vertentes, o que acarreta em alteração na estrutura vegetal devido à constante queda de
encostas e conseqüentemente abertura de clareira seguida de regenerações secundárias,
definindo uma estrutura estratificada de dossel e densos sub-bosques (figura, 17). São
observados, claramente, pelo menos mais dois estratos arbóreos: um inferior, com 5 a
10m de altura e um médio, com 15 a 20 m. É exatamente nesse ambiente que ocorre a
maior diversidade de epífitas, como numerosas espécies de bromeliáceas, orquidáceas,
cactos, o dossel superior encontra se entre 25 e 30 metros (ICMBIO, 2006).
Nestas florestas há um domínio da família Laurácea (canelas dos gêneros
Nectandra e Ocotea) sobre todas as outras arvores (Velloso, 1966). Dentre as outras
espécies mais comuns encontram-se as, mirtáceas (Eugenea sp.), melastomatáceas
(Tibouchina, Miconia) e solanáceas (solanun), além do palmito (Euterpe edulis), do
Samambaia-açu (Cyatea sp.), virola (Virola oleifera), o cedro (Cedrela fissilis) e a
maçaranduba (Persea pyrifolia).

41
Figura 16 – Floresta altomontana nas escarpas da Serra da Bocaina, Parati (2012).

Figura 17 – Floresta montana na região de Lumiar (2013).

42
Além disso, algumas árvores emergentes, como a paineira (Chorisia speciosa) e
as lecitidáceas, jequitibá (Cariniana estrellensis) e Sapucaia (Lecythis pisonis) que
ultrapassam o dossel contínuo, com mais de 30 m de altura (ICMBIO, 2007). Formando
o sub-bosque desta mata, observa-se em seus estratos arbóreo inferior e no arbustivo a
presença do palmeiras (Geonomas), bambus e de algumas rutáceas, dentre muitas outras
famílias de plantas. No estrato epifítico, além das bromélias e orquídeas, são
encontradas também diferentes lianas (cipós), begoniáceas, aráceas, pteridófitas
(samambaias), cactos e antúrios.
A Floresta latifoliada Submontana ocorre de 100-200 a 600-700 m de altitude,
variando bastante entre perenifólia (figura 18) a semidecidual, com a presença de
enclaves deciduais (figura 19) no vale do Paraíba do Sul. Trata-se de uma formação
florestal que ocupa o relevo montanhoso e parte dos planaltos, sobre solos profundos e
bem drenados. Em geral são revestidos com árvores de alturas mais ou menos
uniformes, com porte médio raramente ultrapassando 20m e troncos com diâmetro
máximo de 60 cm. Apresenta submata de plântulas de regeneração do estrato
dominante, com ocorrência de caméfitas, epífitas, dentre elas as bromélias e lianas.
Nas partes com maior insolação e menor umidade entre as espécies mais comuns
encontram-se as leguminosas (Senna sp.), jacarandá-pardo (Macherium villosum),
angico (Piptadenia), jacarandá-branco (Platypodium elegans), copaíba (Copaifera
langsdorfii), além de cedros (Cedrela fissilis), Melastomataceas como o jacatirão
(Miconia cinnamomifolia), maçaranduba (Persea cordata).
Nas áreas um pouco mais úmidas, a mata se assemelha mais com a floresta
montana com maior abundância de espécies como o jequitibá rosa (Cariniana
estrellensis), murici ou pau-de-tucano (Vochysia sp.), as leguminosas (Senna sp.),
vinhático (Plathymenia foliosa), pau-jacaré (Piptadenia gonoachanta) e guapuruvu
(Schizolobium parahyba), palmito juçara (Eutherpe edulis), Samambaia-açu (Cyatea
sp.) entre outras (Rizzini, 1979). É comum a ocorrência de espécies congenéricas nas
florestas montanas e submontanas, com espécies diferentes do mesmo gênero ocorrendo
em cada uma das formações. Nas áreas de contato com os vales, outras espécies se
destacam, como Alchornea triplinervia, sangue de drago (Croton floribundus), embaúba
(Cecropia sp.) e jacatirão (Miconia theaezans) e solanáceas (Solanun sp.) (ICMBIO,
2006).

43
Figura 18 – Floresta submontana na cabeceira da bacia do rio São Joao (2011).

Figura 19 – Floresta de terras baixas decidual na região de São Fidelis (2013).

44
A floresta estacional Seca ocorre nas serras e morros mais próximos do mar
(e.g., Serra das Emerenças, Ilha de Cabo Frio) (fig. 20), com precipitação média inferior
a 900 mm anuais em solos regolíticos e rasos a vegetação apresenta uma fisionomia
bastante heterogênea. Combina áreas de porte florestal, com 12–18 m nas porções do
relevo côncavo, mais protegidas dos ventos Leste e NE e com maior umidade devido à
drenagem, com vegetação arbórea-arbustiva mais baixa de aspecto xerófitico, com 6–8
m, em áreas mais secas e expostas especialmente aos ventos marinhos, com árvores de
menor diâmetro e maior ocorrência de espécies deciduais, espinhosas e suculentas,
sendo comum também a ocorrência de caules múltiplos e microfilia (Bohrer et al. 2009)
A Restinga arbórea ocorre sobre terrenos arenosos, sazonalmente ou
permanentemente inundados (Araujo 1992), com indivíduos de até 12 m de altura.
Apresenta uma alta densidade de árvores e arbustos, além de trepadeiras, epífitas e
bromélias terrestres, sendo comum a ocorrência de caules múltiplos, evidenciando a
capacidade de rebrota de diversas espécies. A composição florística reflete a natureza
transicional desta formação, evidenciada pela mistura de espécies típicas de restingas
com espécies comuns às florestas ombrófila e estacional (Bohrer et al., 2009).
A Restinga arbustiva-herbácea ocorre sobre campo de dunas fixas. A
fisionomia é bastante heterogênea, com áreas de vegetação aberta em moitas
intercaladas com áreas de vegetação esparsa ou solo nu; ou de vegetação de médio porte
(2–3 m) e cobertura nas cristas das dunas, com depressões entre dunas de areia exposta
ou recoberta por vegetação herbácea com predominância das halófitas (figura, 21),
característica de locais úmidos com influência salina (Espodossolos); e extensas áreas
de vegetação contínua e densa de maior porte (2-4 m), tanto nas cristas como nas
vertentes e nos baixios entre dunas (Araujo 1992; Araujo et al. 2004). O espaço entre
moitas pode ser ocupado por vegetação herbácea ou agrupamentos densos de
Allagoptera arenaria, com espécies lenhosas, cactáceas, bromélias e orquídeas no
interior das moitas, entre indivíduos isolados de Eugenia e Cereus (Bohrer et al., 2009).
A Formação pioneira com influência fluvio-marinha, também conhecida
como manguezal, ocorre sobre áreas de transição entre os ambientes terrestre e aquático,
característica de regiões tropicais submetidas a regime de marés, constituída de espécies
vegetais típicas adaptadas a flutuações de salinidade e sedimentos predominantemente
lodosos, com baixos teores de oxigênio, sendo caracterizada pelas espécies arbóreas
Avicennia schaueriana, Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle.(figura 22)

45
Figura 20 – Floresta estacional seca na Ilha de Cabo Frio. (Foto: Claudio Bohrer, 2009)

Figura 21 – Restinga na região de Cabo Frio (2012).

Figura 22 – Manguezal na foz do rio São Joao (2011).

46
4. CLASSIFICAÇÃO E CARTOGRAFIA DAS UNIDADES DA
PAISAGEM

4.1. INTRODUÇÃO

Para se compreender o termo paisagem é necessário desmembrá-lo em seus fatores


dominantes, por exemplo: quais aspectos nos levam a observar uma montanha como
uma única entidade? Para responder a esta pergunta é necessário trabalhar com uma
diversidade de fatores que podem ser agrupados e correlacionados entre si de modo a
homogeneizá-los em função de algo que se deseja expressar. Assim a paisagem pode ser
entendida em unidades, que são a representação de um conjunto de fatores naturais que
em determinada escala e tema podem ser consideradas homogêneas em certo grau.
A principal característica de toda paisagem é a homogeneidade nas suas
condições naturais, como resultado de uma similaridade na sua gênese e trajetória
evolutiva. Esta homogeneidade é relativa, segundo o nível hierárquico de classificação.
Em unidades de nível inferior, a homogeneidade é mais forte e evidente.
Para Sanchez e Silva (1995), a ideia de paisagem encerra o conceito de entidade
espacial, que além de sintetizar expressões das qualidades, interações e dinâmicas de
uma área específica, permite definir contornos em níveis de percepção compatíveis com
mapeamentos de diferentes temas. E, sobretudo, possibilita o estudo integrado com
visão transdisciplinar exigida para a compreensão e avaliação dos sistemas ambientais
expressos nas paisagens.
Neste sentido a cartografia da paisagem busca levantar e agrupar diversos fatores
naturais correlacionados, de modo a sistematizar um conjunto de regras que agreguem
uma miríade de possibilidades em unidades homogêneas de área, capazes de expressar
as paisagens em suas tipologias e regionalidades especificas. Para tal, a definição de
unidades básicas de análise deve observar a paisagem em função de um arranjo
hierárquico de representação.
Desta forma, a classificação das unidades de paisagens se estabelece de forma
hierárquica e subordinada como base para a diferenciação do sistema de unidades
taxonômicas, as quais diferenciam-se entre si segundo índices diagnósticos derivados
dos fatores formadores (Figura 23).

47
Figura 23 – Fatores Formadores da Paisagem adaptado de Rodriguez (2007)

Os fatores formadores podem ser considerados como os componentes naturais,


que em suas inter e intra-relações desempenham um papel na composição e
transformação da paisagem. De acordo com Rodriguez (2007) pode-se considerar seis
tipos de fatores geoecológicos na formação da paisagem: geológico, climático,
geomorfológico, hídricos, edáficos e bióticos. E quatro categorias de fatores de
formação da paisagem, são elas:
 Fatores diferenciadores: Determinam as propriedades dos restantes componentes,
ao aportar calor e energia e umidade para o funcionamento do sistema. Sua
composição reflete-se nos demais componentes e tem uma manifestação longa;
 Fatores de redistribuição: encarregado de redistribuir o calor e a umidade
proveniente dos fatores diferenciadores, controlam e determinam os padrões de
formação e diferenciação dos componentes restantes. Com destaque o relevo pelo
seu papel na alteração do clima (temperatura e precipitação), assim como por
controlar os fluxos hídricos das bacias hidrográficas;
 Fatores diferenciadores indicadores: tem um peso significativo na composição do
sistema, ao aportar a base hídrica e material concreta, podendo ser alterados
parcialmente pelos impactos antropogênicos. A orientação da encosta demostra
como que sobre um mesmo relevo podem ser encontradas diferenças no

48
umedecimento, que por sua vez levam a alterações florísticas na vegetação, e
havendo alteração antrópica, determinante na existência ou não de vegetação.
 Fatores indicadores: resultam das influências combinadas dos fatores anteriores,
indicando as condições do habitat, a origem e a evolução. São os mais móveis e
transformáveis pelo impacto antropogênico. Neste fator encontra-se a superfície de
contato das práticas humanas na natureza, este fator indica as causas da sobre
exploração e subutilização em função das condicionantes ambientais.
Os fatores formadores e geoecológicos expressam os principais índices e
propriedades do sistema de funcionamento da paisagem. Desta forma a classificação da
paisagem deve refletir o estado do território e o grau de sua diferenciação espacial. À
divisão deste sistema em objetos geográficos semelhantes ou análogos, de acordo com
determinadas características comuns, dá se o nome de tipologia de paisagem.
Segundo Rodriguez (2007) a tipologia de paisagem consiste na análise,
classificação e cartografia dos complexos físico-geográficos, tanto naturais como
modificados pela atividade humana, e a compreensão de sua composição, estrutura,
relações, desenvolvimento e diferenciação.
Para a classificação das tipologias de paisagem devem ser utilizados índices e
parâmetros que reflitam suas propriedades. Estes devem ser repetíveis no espaço e no
tempo e distinguir-se de acordo com os princípios de analogia, homogeneidade relativa,
repetibilidade e pertinência a um mesmo tipo, de forma que os contornos de uma mesma
tipologia estejam distribuídos espacialmente e não formem um único núcleo.
Os índices e parâmetros utilizados para definição das tipologias de paisagem são
representações dos elementos geográficos. Na prática da cartografia digital tais
elementos são representados por meio de dados espaciais, vetores e matrizes espaciais.
Estes elementos geográficos são também integrados de forma hierárquica e sobre o
efeito de escalas, ou seja, em função da escala (temporal e espacial) do fenômeno
estudado e das inter-relações destes fenômenos (ação e reação).
Os índices sobre os fatores formadores, geologia e clima, utilizados foram
mapeamentos geológico (CPRM, 2001 e RADAM BRASIL, 1983) e climático
(Worldclim e ANA). Quanto aos índices sobre os fatores distributivos foram utilizados
dados dos MDE representativos das muitas variáveis do relevo. Quanto aos índices dos
fatores diferenciadores-indicadores, solos e umedecimento, foram utilizados os mapas
de pedologia e mapas sintéticos do relevo e clima. Os fatores indicadores por sua vez

49
consistem no objetivo final do trabalho, a delimitação das unidades de maior escala da
paisagem, estes foram definidos pela correlação de todas as variáveis utilizadas.
Deste modo a elaboração de mapa com as especificidades da paisagem é de
suma importância para análises subsequentes, tais como o estudo das variações da
cobertura florestal em função de suas condicionantes de relevo, clima e solo, assim
como para o estudo das variáveis que causam estas dinâmicas, relacionando estas as
condicionantes físico-biológicas das paisagens.
A área de estudo para a classificação das tipologias de paisagem escolhida
abrange as bacias hidrográficas que drenam da Serra do Mar para o Estado do Rio de
Janeiro, a escolha deu se devido ao contraste do relevo montanhoso das serras com seu
entorno.
A classificação das paisagens em uma região tão extensa como a da área de
estudo é possível hoje graças ao emprego das geotecnologias. A atual leva de sensores,
das metodologias de análise e o inventario de dados traz novas perspectivas de
cartografia e resultados de comparação entre dados mais apurados e detalhados

4.2. MATERIAIS E MÉTODO


Desta forma, para se chegar a um mapa de classificação das unidades da
paisagem, foram necessárias quatro etapas gerais: Preparação do banco de dados e
Informações cartográficas; Análises e estruturação do conhecimento - classificação e
legenda; Cruzamento dos dados; e Resultados. Figura 24.

Figura 24 – Fluxograma metodológico

50
4.2.1. PREPARAÇÃO DO BANCO DE DADOS
Os dados utilizados no mapeamento das unidades de paisagem foram: MDE;
Grids Climáticos; e mapeamentos temáticos de geologia, pedologia e cobertura florestal.

4.2.1.1. MODELOS DIGITAIS DE ELEVAÇÃO


Os MDE são formas de representação da realidade em uma matriz numérica
visualizada como pixels em uma imagem, onde cada célula possui um par de
coordenadas (X, Y) e um valor z associado (altitude).
Neste trabalho foi utilizado o MDE gerado pelo Shuttle Radar Topography
Mission (SRTM) lançado em fevereiro de 2000 pela NASA (National Aeronautics and
Space Administration), juntamente com a NIMA (National Imagery and Mapping
Agency), a DLR (Agência Espacial Alemã) e a ASI (Agência Espacial Italiana).
Os MDE foram gerados utilizando duas antenas operando na banda C e X
através de interferometria de radar. Neste processo, o sinal emitido é recebido por duas
antenas separadas por uma distância fixa (60 m), permitindo assim o cálculo da
elevação da superfície, com uma precisão vertical absoluta de 16 metros (90%
confiança). Os MDE relativos à banda C são distribuídos com resolução espacial de
aproximadamente 90 x 90 metros (Seabra, 2010). Segundo Barros et al. (2005) e Barros
(2006), os modelos gerados por SRTM atingiram a classe A do Padrão de Exatidão
Cartográfica (PEC) em escalas de 1:100.000.
Entretanto há algumas limitações quanto à representação da topografia devido ao
sistema de aquisição por interferometria na banda C. Os dados podem ter artefatos
criados pela sensibilidade aos objetos terrestres que mascaram a real percepção da
superfície (Valeriano & Abdon, 2007). Há o efeito dossel gerado pela interação das
micro-ondas com dosséis da vegetação, este efeito pode mascarar detalhes, sobretudo no
contato entre floresta e área de desmatamento, além de alterar a percepção de canais de
drenagem, devido a variação na altura de árvores, que correspondem a acréscimos nas
cotas do MDE em relação ao terreno (Valeriano et al., 2006). Outro problema em
relação aos dados da banda C são os vazios que podem ocorrer por causa do
sombreamento em declives acentuados (Luedeling et al. 2007).
Com os dados do SRTM que recobrem o Brasil, foi desenvolvido o Topodata,
que consiste em um MDE com espaçamento refinado para 1” (cerca de 30m) e suas
derivações básicas. Para tanto, foi feita a interpolação dos dados por krigagem, em que
os coeficientes geostatísticos aplicados foram selecionados empiricamente entre

51
diversas condições topográficas (Valeriano & Rossetti, 2012). Os dados apresentam
resolução radiométrica de 16 bits, projeção geográfica e datum horizontal WGS 84.
Sobre o MDE uma série de variáveis geomorfométricas (VG) foram geradas de
maneira a descrever quantitativamente as formas da superfície terrestre. As VGs
utilizadas foram: declividade, orientação de vertentes, amplitude, altitude,
dissecação do relevo e índice de posicionamento do relevo.
A declividade é definida como a inclinação da superfície do terreno em relação a
uma linha horizontal (Valeriano, 2008) ou como a primeira derivada da altimetria
(Mark, 1975). A orientação de vertentes é o azimute correspondente à maior inclinação
da superfície no sentido descentende (Valeriano, 2008). A amplitude é a diferença entre
o ponto mais alto e mais baixo do relevo dentro de uma área, ao levar em consideração
um nivel relativo (Mark, 1975). A altitude é determinada por medidas de elevação por
todo o planeta, no caso, elevação referenciada para o geóide WGS 84 EGM 96. A
dissecação do relevo é calculada pela divisão da amplitude, em metros, pela área do
segmento, em km², de forma a se ter o grau de variação altimetria por área.
O Índice de posicionamento do relevo ou “Topographic Position Index” (TPI) é
uma classificação do relevo de acordo com seu posicionamento topográfico. O
algoritmo aplicado é a diferença entre o valor de elevação de um determinado pixel e a
média de pixels vizinhos. Valores positivos significam que este pixel está em altitude
mais alta que seus vizinhos e valores negativos que este pixel está em altitude mais
baixa que seus vizinhos, é também calculado o seu valor de declividade para classificar
seu posicionamento nas encostas, em especial para distinguir áreas planas e meia
encosta. Se o valor do índice de posicionamento topográfico (TPI) for significantemente
mais alto que seus vizinhos, deve estar localizado próximo ao topo ou no topo de uma
montanha; sendo significantemente mais baixo que seus vizinhos, deve estar localizado
próximo ao fundo de vale ou no próprio fundo de vale. Valores próximos a 0 significam
que este pixel pode estar localizada em uma área plana ou de baixa ou média encosta;
então os valores de declividade os diferenciam (SEA, 2009).

4.2.1.2. GRIDS CLIMÁTICOS


Os dados climáticos utilizados provem da base de dados do WorldClim, que é
um projeto que monitora as condições climáticas ao redor do mundo, com inúmeras
estações pluviométricas e meteorológicas, no estado do Rio de Janeiro contam com
mais de 100 estações pluviometricas. O processo de interpolação dos dados utiliza o

52
modelo de krigagem, em que os coeficientes geostatísticos são aplicados levando em
conta o relevo (utilizando SRTM). Os mapas foram adquiridos na forma de grades de
dados (Raster) climáticos a partir do set de layers globais (WorldClim) disponíveis para
download em http://www.worldclim.org/. As grades contém valores médios calculados
para uma série histórica de 50 anos (1950-2000), com resolução espacial de 30 arcos de
segundo (cerca de 1 km) (Hijmans et al., 2005), no sistema de coordenadas geográfico,
elevações referenciadas para o geóide WGS 84 EGM 96 e datum horizontal WGS 84.
Dentre as variáveis climatológicas disponibilizadas, tem-se a pluviosidade
mensal, temperatura máxima mensal, temperatura mínima mensal e outras 19 variáveis
bioclimáticas, que são representativas para diferenciação de climas (ex: temperatura
média anual, precipitação anual), para compreensão do comportamento climático, ou
sazonalidades, de uma área durante os 12 meses de um ano (ex: série anual de
temperatura, série anual de precipitação), ou ainda, para a determinação de limites
ambientais extremos (ex: temperatura mínima, temperatura máxima).
Sobre as variáveis climáticas foi calculado o balanço hídrico, de forma a compor
um mapa do grau de umedecimento na região, de modo contribuir no mapeamento da
regionalização bioclimática.
O cálculo de balanço hídrico procura mensurar os diferentes estágios do ciclo
hidrológico, por meio das variações de precipitação e temperatura. O balanço hídrico é
representado por um conjunto de índices que procuram medir da evaporação da água até
seu acúmulo no solo. Este cálculo é feito comparando os valores de evapotranspiração
potencial com a precipitação e com a capacidade de armazenamento de água no solo, e
de como a vegetação consegue retirar esta água (evapotranspiração). A partir desta
relação pode-se calcular o excedente ou déficit hídrico para uma determinada região ou
cultura especificas. A metodologia utilizada foi proposta por Cronemberger et al.
(2009).
O mapeamento com a classificação Bioclimática utilizou as variáveis:
evapotranspiração potencial (Etp); temperatura média do mês mais frio; temperatura
média de verão; precipitação total anual (P); e P-Etp. A classificação final utilizada
segue a metodologia de classificação climática de Koppen (1950), e nomenclatura
proposta apelo IBGE (1991) e baseada em Koppen.

53
4.2.1.3. MAPAS TEMÁTICOS
O mapa temático de Geologia utilizado foi obtido do CPRM em escala
1:400.000, e as folhas do Projeto RADAMBRASIL sf-23 e sf-24 na escala 1:1. 000.000,
O mapa de solo utilizado foi o da EMPRAPA SOLOS (2003) de escala 1:250.000 e
detalhado e ajustado para escala 1:100.000 por SEA (2011, no prelo).

4.2.2. ANÁLISES DO CONHECIMENTO – LEGENDA


Para classificação e cartografia das tipologias de paisagem na Serra do Mar
foram utilizadas metodologias de diferentes disciplinas e autores. De modo a agrupar
todos estes elementos foi utilizada uma metodologia baseada em mapeamentos
geomorfológicos do RADAMBRASIL (1983), Instituto de pesquisa e tecnologia-IPT
(1981), Ross (1990) e Dantas (CPRM, 2001) e no mapeamento de unidades de
paisagem de Miller (1974) e Rodriguez (1989; 2007; 2011).
Os mapeamentos utilizados para definição da legenda e classificação foram os
mapas geomorfológico e geoambiental elaborado por Dantas (CPRM, 2001) em escala
1:250.000 e zoneamento bioclimático de Golfari e Moosmayer (1980) na escala
1:400.000 ambos de todo o estado do RJ, e o mapa de Unidade de paisagem de Cuba
elaborado por Rodriguez (NANC, 1989) na escala 1:500.000.
Sobre estes mapeamentos foram feitas inúmeras saídas a campo para se observar
e constatar as particularidades do relevo da Serra do Mar. Foi percorrida toda a extensão
da Serra da Bocaina, do estado de SP, até o limite oriental da Serra do Mar, já no estado
do RJ, de modo a embasar esta classificação. As observações feitas em campo
subsidiaram um primeiro esboço de legenda, que depois foi comparado aos
mapeamentos utilizados como base, de forma a retornar um modelo baseado em feições
reais porém produzidos segundo metodologias teóricas.
O mapeamento segue uma abordagem da maior escala para menor escala (Top-
down), onde foram utilizados quatro níveis hierárquicos ou táxons (RADAMBRASIL,
1983; Ross, 1990; Dantas, 2001), definidos em função de índices diagnósticos dos
fatores formadores dos elementos geográficos. Nos primeiros níveis para delimitação
dos objetos segmentados foi utilizado predominantemente o relevo, entretanto as
informações climáticas e fitofisionômicas também foram utilizadas na nomenclatura das
classes.
Para definição dos três primeiros níveis taxonômicos foi utilizada a metodologia
proposta pelo RADAMBRASIL (1983) e utilizada por Ross (1990) e Dantas (2001),

54
estas baseadas na Classificação do relevo em “Elementos de Geotectura,
Morfoestruturas e Morfoesculturas” de I.P. Guerasimov (1946), onde conforme
menciona Ross (1992):
 o primeiro táxon refere-se aos Domínios Morfoestruturais, que são um padrão de
formas grandes de relevo semelhantes em suas características estruturais, cuja
origem associa-se principalmente à processos endógenos, principalmente tectônicos
(Guerasimov, op. cit.)
 O segundo táxon refere se às Unidades Morfoesculturais, compartimentações
resultantes da ação climática sobre o tipo de estrutura do relevo, formas de relevo
que se desenvolvem sob a ação de processos exógenos (Guerasimov, op. cit.)
 O terceiro táxon refere-se às Unidades Morfológicas, este é constituído por
conjuntos de formas menores do relevo, que apresentam distinções de aparência
entre si em função da rugosidade topográfica ou índice de dissecação do relevo,
sendo definidos pelo agrupamento das formas de agradação e formas de denudação.
Neste nível foram utilizados também os índices diagnostico (de declividade e
amplitude) propostos pelo IPT (1981) para a classificação dos sistemas de relevo.
Entretanto para compor o mapeamento da paisagem per si para as regiões
montanhosas da Serra do Mar, foram acrescentados outros elementos naturais ou
índices diagnósticos, tais como: Clima, solos e vegetação, adaptando a metodologia
proposta por Rodriguez (1989, 2007) para as paisagens cubanas.
Assim a nomenclatura citada anteriormente foi adaptada usando o padrão de
classificação proposto por Rodriguez (2007), nomeadas do seguinte modo: Classe;
Grupo; Subgrupo; e no quarto nível taxonômico Unidade de Paisagem, onde as
unidades morfológicas são diferenciadas em função de sua composição climática e
pedológica, que por sua vez definem também suas fitofisionomias. Na tabela 2 são
apresentados as nomenclaturas taxonômicas utilizadas, os principais índices
diagnósticos do ponto de vista qualitativo, e exemplos característicos de cada táxon.
Cada nível hierárquico recebe índices diagnósticos utilizados na sua
classificação. Para o primeiro nível foram utilizados índices representativos dos fatores
diferenciadores, neste caso em função de origem tectônica foram separados os horst e
grabens; Para o segundo nível foram utilizados índices representativos dos fatores
distributivos, neste caso a origem e idade do relevo/litológico; No terceiro nível foi
utilizada a compartimentação do relevo e tipo de substrato/solo; No quarto nível foram
utilizados o grau de umedecimento, solos e fitofisionomia.
55
Tabela 2 – Unidades taxonômicas das tipologias de paisagem
Nivel Índice Diagnostico Exemplos característicos
Hierarquico
1.Macro-relevo característico Montanhas estruturais e
1 Classe 2. Homogeneidade genética intrusivas, com clima
tropical úmido quente a de
3. Homogeneidade climática altitude
1. Morfoesculturas Planaltos de reverso,
formado por rochas
2 Grupo 2. Zonalidade bioclimática metamórficas ou
3.Tipos litológicos graníticas, de clima
tropical úmido de altitude.
1. Homogeneidade morfológica Montanhas, em planalto de
3 Subgrupo 2. Tipos litológicos e grupos de solo reverso, com afloramentos
rochosos e vegetação
3. Predomínio de uma formação vegetal perenifólia.
1. Condições próprias de umedecimento Vertentes inclinadas,
Unidades de
4 2. Posição de relevo específica frequentemente nubladas,
Paisagem com neossolos litólicos e
3. Tipos de vegetação vegetação montana

4.2.3. INTEGRAÇÃO DOS DADOS


O processo de cartografia semi-automatizada das paisagens não segue um padrão
generalista de cruzamentos de dados, onde as classes são delimitadas pelos limites de
cada variável, e cada unidade tem obrigatoriamente uma única ocorrência para cada
variável (com ocorrência singular de cada variável, homogeneidade forçada), mas sim
pelo grau de pertencimento das variáveis, podendo haver múltiplas ocorrências, em
função de um limite pré-existente, definido neste caso pelas variações do relevo.
Ainda que a segmentação multiresolução auxilie impedindo limites muito rígidos e
a lógica fuzzy crie uma modelagem com limites mais tênues, a manifestação da
paisagem na realidade possui uma heterogeneidade enorme, de modo que o processo de
classificação desta exige uma homogeneização forçada. Os limites físicos da paisagem
devem ser atrelados a um pequeno conjunto de variáveis, devendo agregar as outras
variáveis em função de seu grau de ocorrência na área, ou seja, as tipologias de
paisagem são homogêneas em certo grau ao longo do território, porém possuindo cada
uma certas particularidades tácitas de cada local específico.
O cruzamento das legendas com a interseção dos mapas não pode ser todo feito
de forma automatizada, as interseções levam a uma legenda intrincada e com muitas
possibilidades, cabendo depois um árduo ajustamento desta legenda à legenda desejada.
56
4.2.4. CLASSIFICAÇÃO DAS TIPOLOGIAS DE PAISAGEM
O processo de mapeamento das tipologias de paisagens na Serra do Mar,
utilizou-se de uma classificação supervisionada (semi-automática) orientada a objetos,
onde as classes são agrupadas a partir da mesma estrutura de dados, em função dos
critérios estabelecidos. A classificação das tipologias seguiu algumas etapas,
apresentadas na figura 25.

Figura 25 – Fluxograma das etapas de classificação das tipologias de paisagem

Foram adotados quatro níveis de segmentação em uma abordagem top-down, do


nível mais geral até o mais detalhado. O primeiro nível de segmentação (superobjetos)
foi utilizado para separar as classes de paisagens observando principalmente suas
Morfoestruturas. Seguindo a hierarquia taxonômica indicada o segundo nível de
segmentação separou os grupos de paisagem, através da diferenciação das
morfoesculturas do relevo. O terceiro nível de segmentação diferenciou os subgrupos de
paisagem pela diferenciação de suas morfologias, e o quarto nível de segmentação
diferenciou as unidades de paisagem por suas características de umedecimento

57
1º Nivel taxonômico – Classes de Paisagem.

Foram empregados diversos testes de segmentação, utilizando diversas variáveis


geomorfológicas (declividade, altimetria, relevo sombreado, posição na encosta,
subbacias hidrográficas) e suas combinações, assim como com diversos valores de
escala, forma e compacidade.
O maior valor atribuído à cor revelou que a homogeneidade dos valores de
declividade contribuem significativamente na criação de segmentos compactos, desta
forma foi também atribuído um valor alto a compacidade. A utilização da altimetria teve
como objetivo delimitar a ocorrência dos ortoplanos, predominância altitudinal de certas
regiões, e que se apresentou como uma boa variável para separar planícies, mares de
morro e planaltos. A declividade foi utilizada por ser a variável que melhor separa as
montanhas e escarpas. Em função do explicado anteriormente os parâmetros utilizados
estão na tabela 3.

Tabela 3 - Variáveis e parâmetros utilizados no primeiro nível de segmentação


Variável Escala Peso Cor Forma Compacidade
Declividade 4
2000 0,8 0,2 0,9
Altimetria 1

Este nível objetivou a diferenciação das macro-formas de relevo ou


morfoestruturas, onde predomina uma determinada associação de morfologias sobre
vastas áreas do território. Foram definidas três Classes de paisagem ou morfoestruturas
básicas na região de estudo, (Figura 26):

1) Montanhas intrusivo-tectônicas com relevo escarpado a montanhoso (Horst).


2) Depressões tectônicas Interplanálticas, com relevo ondulado e altitudes médias
(Grabem).
3) Planícies litorâneas erosivo-acumulativas, com relevo ondulado a plano (Grabem).

Para separação destas classes foram utilizados alguns descritores em função dos
índices diagnósticos propostos na metodologia de classificação. As classes e seus
indicadores são apresentados na tabela 4.

58
Figura 26 – Mapa das classes de paisagem

59
Tabela 4 – Classes de Paisagens (Morfoestruturas) e seus Descritores.
Classe Descritores Exemplo
1) Montanhas intrusivo- Amplitudes elevadas:
tectônicas com relevo >400-500m;
escarpado a montanhoso Altitudes elevadas
> 500- 800m;
declividades elevadas
> 30-40%;
Dissecação alta
>0.7-0.8;
2) Depressões inter- Amplitudes moderadas;
planálticas, com relevo Altitudes moderadas;
ondulado e altitudes declividades moderadas.
-não pertencer as outras
médias
classes

3) Planícies litorâneas, Amplitudes baixas;


com relevo colinoso a < 50-100m
plano altitude baixas
<60-100m;
declividades baixas.
< 8-15%

2º Nivel taxonômico – Grupos de Paisagem


O segundo nível foi gerado utilizando as variáveis declividade e altimetria, neste
nível foram separados os grupos de paisagem e suas morfoesculturas. Os segmentos
gerados neste nível possuem uma escala cartográfica maior, aumentando o
detalhamento dos segmentos, conforme pode ser observado na tabela 5.

Tabela 5 - Variáveis e parâmetros utilizados no segundo nível de segmentação


Variável Escala Peso Cor Forma Compacidade
Declividade 4
1000 0,8 0,2 0,8
Altimetria 1

60
Os grupos de paisagem representam as morfologias básicas do relevo, expostas
em graus de rugosidade do relevo: planícies, colinas, morros e montanhas. Para a
identificação destes compartimentos de relevo foram feitas adaptações à metodologia
empregada pelo IPT (1981). Os principais descritores de classificação adotados na
metodologia proposta foram: declividade e amplitude do relevo tabela 6.

Tabela 6- Descritores dos compartimentos de Relevo


Morfologias de Descritores Exemplos
relevo Declividade Amplitude
Planícies 0-5% < 50m

Colinas 5-15% 20 - 100m

Morros 10-30% 100 - 300m

Montanhas > 30% > 300m

Sobre a separação dos compartimentos do relevo e mais a utilização de outras


bases de dados (geologia e TPI) os segmentos foram agrupados nos grupos de paisagem
ou morfoesculturas, foram definidas seis grupos para a classe Montanhas, três grupos
para a classe Depressão interplanáltica e três grupos para a classe planícies litorâneos.
O processo metodológico de agrupamento dos segmentos para dar origem aos
grupos da paisagem (Fig.27) necessitou de um grande trabalho manual, assim os
descritores apresentados a seguir (Tabela 7) com os valores médios para cada classe
possuem um alto grau de sobreposição, entretanto com limites distintos.
61
Tabela 7 Grupos de Paisagens (Morfoesculturas) e seus Descritores.
Grupo Descritores Exemplo
Escarpas em Amplitudes elevadas
alinhamento de falha >400-500m;
Tectonico-denudativo, declividades elevadas
formada por rochas >30-40%
Dissecação de relevo
cristalinas
>2,5-8

Planaltos de reversos Amplitudes altas


estruturo-denudativos, >300-400m;
subtropicais de altitude Altitudes elevadas
formada por rochas >700-800 m;
declividades moderadas
cristalinas
>20-30%.

Maciços montanhosos Amplitudes altas


intrusivo-denudativa > 300-400 m;
com formato domicos declividades altas
>20-30%
Sobre rochas alcalinas ou
graníticas pos-tectonicas

Maciços costeiros Amplitudes altas


isolados formados por De 300 a 1000 m;
blocos soerguidos declividades altas.
tectonico-denudativos de de 30 a 55%.
Alto grau de vizinhança
rocha cristalina
com planícies litorâneas

Cadeias serranas Amplitudes elevadas


>400-500m;
declividades elevadas
>30-40%
Dissecação de relevo
>2,5-8;

Vales intramontanos Amplitudes baixas;


<100-200
declividades baixas.
TPI baixo < -100.

62
Figura 27 – Mapa dos grupos de paisagem

63
3º Nivel taxonômico – Subgrupos de Paisagem
O terceiro nível de segmentação foi gerado de forma a obter uma classificação
mais fina das formas de relevo, aumentando o detalhamento dos segmentos, conforme
pode ser observado na figura 28. Entendeu-se que a variável declividade foi a que
melhor isolou os distintos compartimentos do relevo que possuem em suas quebras
naturais esta característica intrínseca, com seus sopés e interflúvios, Tabela 8.

Tabela 8 - Variáveis e parâmetros utilizados no terceiro nível de segmentação


Variável Escala Peso Cor Forma Compacidade
Declividade 2
400 0,8 0,2 0,8
Altimetria 1

Segundo nível de segmentação Terceiro nível de segmentação

Figura 28 – Comparação entre níveis de segmentação

Neste nível, como no anterior, foram separados os compartimentos de relevo,


estas classes foram então correlacionadas de forma a compor os Subgrupos, ou seja,
cada grupo terá algumas morfologias de relevo, cada morfologia em cada grupo gera um
subgrupo. Os principais índices diagnósticos de classificação adotados na metodologia
proposta foram: declividade e amplitude do relevo tabela 9.
Ao todo para a classe Montanha foram 10 Subgrupos, para classe depressões
interplanalticas e para as baixadas litorâneas foram 5 Subgrupos cada. A descrição
detalhada dos Subgrupos esta apresentada na tabela (10) presente nos resultados deste
capitulo.
Este nível a segmentação foi utilizado para separação das morfologias sub-
horizontais e colinosas e para a correção dos limites entre as escarpas, planaltos de
reverso, montanhas e serras.

64
Tabela 9 - Descritores dos compartimentos de Relevo nos Subgrupos
Sistema de relevo Amplitude Declividade (%) Relação perímetro/área
Planícies < 50 <5
Colinas < 100 < 15
Morros __ __ __
Montanhas > 220 >28 > 0,13

4º Nível taxonômico – Unidades de Paisagem


O quarto nível de segmentação trata da classificação das unidades de paisagem.
Neste nível utilizou-se da mesma segmentação do nível anterior copiando um nível
abaixo, este processo utiliza a herança das classes de superobjetos (Subgrupos) sem que
seja necessário fazer uma classificação sobre a outra, ou seja, é criado um novo nível
com novos planos de informação.
Neste nível foram definidas as unidades de paisagem, que representam as
características locais da paisagem, expostas em seus graus de umidade, pedologia,
vegetação potencial e forma de relevo. Para a delimitação das classes utilizou-se as
variáveis climáticas: temperatura, precipitação e evapotranspiração potencial.
Uma das maiores importâncias do clima é seu fator modelador das comunidades
biológicas, e por tanto seu estudo é fundamental na compreensão da dispersão da fauna
e flora sobre o território. Quando determinadas características climáticas coincidem em
uma determinada superfície, seu conjunto forma as principais condicionantes à
distribuição das espécies sobre a paisagem, definindo assim, limites de ocorrência e
taxas de abundância de espécies e de populações biológicas em geral.
Foram também estabelecidas as fitofisionomias dominantes para cada unidade e
os tipos de solos predominantes em função de suas profundidades e drenagem,
compondo assim o quarto táxon da paisagem, com a interação solo-biota-clima.
De acordo com a variação climática-energética é possível estabelecer as faixas
ou zonas bioclimáticas, distinguindo de acordo com o balanço térmico e hídrico. Assim
foram geradas as zonalidades verticais que compõem as unidades da paisagem.
A definição das zonalidades verticais gerou as unidades de paisagem, pela
subdivisão dos Subgrupos, assim como subsidiou a descrição bioclimática das
classificações anteriores.

65
4.3. RESULTADO – As Paisagens da Serra do Mar Fluminense

A caracterização desta heterogeneidade de relevos e paisagens na Serra do Mar,


resultou em quatro níveis hierárquicos de classificação de tipologias de paisagem, onde
cada nível foi definido em função dos índices diagnósticos apresentados. Neste processo
de detalhamento das tipologias foram definidos 3 classes, 9 grupos, 20 Subgrupos e 41
Unidades, conforme descrito na tabela 10 e mapeadas na figura 29.
A Serra do Mar e suas bacias drenantes foram compartimentadas nas três classes
principais, Montanhas estruturais e intrusivas, Depressões interplanálticas do Paraíba do
Sul e Planícies litorâneas.

1. Montanhas estruturais e intrusivas com relevo escarpado a montanhoso.

As Montanhas na região estendem-se por todo o litoral até o norte do Estado,


apresentam uma descontinuidade na região da Serra das Araras entre a Serra da Bocaina
e Serra dos Órgãos, e termina a leste na Serra do Desengano, é composta pelos maciços
costeiros isolados e pela Serra do Mar.
Esta classe é formada por uma diversidade de tipos de rochas graníticas e gnáissicas
submetidas a diversos eventos orogenéticos ao longo do período pré-cambriano,
pertencentes à Faixa de Dobramentos Ribeira (Almeida, 1976; Heilbron et al., 1995).
Os processos tectônicos ligados aos ciclos Brasiliano, no final do Proterozoico, e
reativação Weldoniana, até o Jurássico, moldaram fortemente seu relevo, gerando uma
série de falhamentos normais, que pelo soerguimento e basculamento de blocos
escalonados de direção WSW-ENE (Dantas, 2001) produziram estruturas do tipo horst,
formadas por: escarpas íngremes nos bordos de planaltos (1.1), com planaltos no
reverso (1.2) e serras escarpadas paralelas (1.4), entrecortadas por vales encaixados
(1.6), com intrusões alcalina e graníticas (1.3) e serras costeiras isoladas (1.5).
Os tipos predominantes de solos são Cambissolos e Neossolos litólicos pontuados
por afloramentos rochosos, e nas vertentes menos declivosas prevalecem Latossolos e
Argissolos vermelho-amarelos.
Nas áreas planálticas o clima predominante é tropical de altitude, em geral apresenta
clima super-úmido na borda oeste, úmido na borda leste e na escarpa reversa, com
vegetação predominante de floresta pluvial. Nas partes mais baixas prevalece o clima
tropical quente úmido a superúmido com uma vegetação pluvial submontana.

66
Tabela 10 – Tipologias da Paisagem
1. Montanhas intrusivo-tectônicas com clima tropical e subtropical de altitude
1.1 Escarpas estruturo-denudativas, formada por rochas cristalinas pre-cambrianas
1.1.1 Escarpa com amplitude topografica superiores a 500 m marcada por afloramentos rochosos.
1 Cristas e vertentes acima de 700 m, frias, frequentemente nubladas, com neossolos litolicos, cambissolos com vegetação perenifolia montana
2 Vertentes e morros com até 800 m, inclinadas,quentes e umidas com cambissolos e neossolos litolicos com vegetação perenifolia submontana
1.1.2 Escarpa em degrau estrutural, com amplitudes entre 300-500 m.
3 Cristas alinhadas e vertentes íngremes acima de 700 m, frias e umidas com cambissolos e vegetação perenifolia montana
4 Vertentes inclinadas com até 700 m, quentes e umidas com latossolos e argissolos e vegetação perenifolia submontana
1.1.3 Maciços pré -montanhosos, com amplitude topografica inferior a 300 m.
5 Morros altos (até 600 m) com vertentes inclinadas, quentes e umidas com latossolos e argissolos com vegetação perenifolia submontana
1.2 Planaltos de reversos estruturo-denudativos, formado por rochas cristalinas pre-cambrianas e clima subtropical de altitude
1.2.1 Montanhas médias (até 2000 m) em planalto de reverso, com amplitudes superiores a 300 m e afloramentos rochosos.
6 Cristas frequentemente nubladas acima de 1500 m, muito frias, com neossolos litolicos e cambissolos de vegetação altomontana ou mista
7 Vertentes inclinadas, ocasionalmente nubladas com cambissolos com vegetação perenifolia montana
1.2.2 Superficie elevada (entre 600 e 1200 m), muito dissecada, com amplitudes topograficas de 100 a 300 m.
8 Platôs e morros de vertentes retilineas, frios e úmidos, com Cambissolos e latossolos e vegetação montana perenifolia
1.3 Maciços montanhosos intrusivo-denudativos, com formato domico, sobre rochas plutônicas pós-cambrianas
1.3.1 Montanhas, formada por rochas alcalinas, com amplitudes topograficas superiores a 300 m.
9 Picos e planaltos, até 3000 m, muito frios, frequentemente nublados com cambissolos e afloramentos rochosos em campos de altitude
10 Montanhas com até 1500 m inclinadas, frias, ocasionalmente nubladas com cambissolos e latossolos com vegetação perenifolia montana
11 Vertentes muito inclinadas, umidas, com latossolos e argissolos com vegetação perenifolia submontana
12 Morros até 500 m, secos, com cambissolo e vegetação caducifolia a xerofita litoranea
1.3.2 Pontões graniticos, com amplitudes topograficas superiores a 300 m.
13 Picos muito altos até 2500 m, frios, frequentemente nublados com afloramentos rochosos e vegetação de campos de altitude
14 Picos altos até 1500 m, umidos, ocasionalmente nublados, com afloramentos rochosos e vegetação rupestre montana
15 Morros, com afloramentos rochosos, subumidos de vegetação Estacional semidecidual submontana
1.4 Maciços montanhosos em alinhamentos tectônicos e diques intrusivos denudados, de litologias graníticas pre-cambrianas
1.4.1 Cadeias serranas paralelas separadas por vales intramontanos, com amplitudes topograficas superiores a 400 m.
16 Picos e cristas acima de 1500 m, frios, ocasionalmente nublados com Cambissolos e afloramentos rochosos e vegetação de campos de altitude
17 Cristas e vertentes acima de 700 m, frias e úmidas com Cambissolos e afloramentos rochosos e vegetação perenifolia montana
18 Vertentes e morros de até 700 m, inclinadas, quentes e umidas com cambissolos e argissolos e vegetação perenifolia-semidecidual submontana
1.5 Maciços costeiros isolados formados por blocos soerguidos tectonico-denudativos de rochas cristalinas pre-cambrianas
1.5.1 Montanhas medias com até 1100 m, em maciços isolados, com amplitudes topograficas superiores a 300 m.
19 cristas acima de 700 m, frias ocasionamente nubladas com afloramentos rochosos e latossolos ou cambissolos e vegetação perenifolia montana
20 Vertentes muito inclinadas com até 800 m,quentes e umidas com cambissolos ou latossolos e argissolos com vegetação perenifolia submontana
21 Morros altos até200 m, inclinados, tropicais seco com cambissolo e vegetação caducifolia a xerofita litoranea
1.6 Vales intramontanos
1.6.1 Vales intramontanos , encaixados com formatos de V assimetricos e inclinados
22 Vales com relevo inclinado, umidos com latossolos e neossolos fluvicos e vegetação perenifolia montana a submontana
2. Depressões tectônicas interplanalticas, com clima tropical a tropical de altitude de úmido a subúmido
2.1 Alinhamentos serranos isolados, estruturo-denudativos, formados por rochas metasedimentares
2.1.1 Serras isoladas com amplitudes topograficas entre 300-500m com vertentes inclinadas de formas retilinias a concavas
23 Topos em cristas alinhadas até 1200 m, frias e úmidas com cambissolos e latossolos com vegetação perenifolia montana
24 Morros e vertentes inclinadas com até 700 m, quentes e umidas, com latossolos e argissolos e vegetação perenifolia submontana
25 Morros e vertentes inclinadas com até 700 m, quentes e subumidas, com latossolos e argissolos e vegetação semidecidual submontana
2.2 Superfície dissecada (mares de morros) erosivo-denudativa, sobre rochas metamorficas ou graniticas paleo-proterozoicas
2.2.1 Morros com topos arredondados e vertentes convexo-concavas mediamente inclinadas, com amplitudes topograficas de 100-300m
26 Morros médios com até 800 m subquentes e umidos, com latossolos e argissolos com vegetação perenifolia submontana
27 Morros baixos até 500 m, quentes e subumidos a secos, com latossolos e argissolos com vegetação semidecidual submontana
2.3 Depresões estruturais, erosivo-acumulativas, com depósitos coluvio-aluviais
2.3.1 Terraços erosivos, sobre depositos terciarios, com amplitude topografica inferior a 50 m.
28 colinas com topos planos e vertentes retilíneas muito pouco inclinadas, com solos argissolos e latossolos e vegetação perenifolia submontana
2.3.2 Planicies aluviais, acumulativas, sub-horizontais sobre depositos sedimentares aluviais, com amplitudes topograficas inferiores a 20m.
29 Superficies planas, quente e umida, com neossolos fluvicos e vegetação riparia perenifolia submontana
30 Superficies planas, quente de subumida a seca, com neossolos fluvicos e vegetação riparia semidecidual submontana
3. Planícies litorâneas erosivo-acumulativas de clima tropical quente de úmido a seco.
3.1 Colinas erosivo-acumulativas em superficies aplainadas litoraneas, sobre rochas metamorficas ou graniticas proterozoicas,
3.1.1 Colinas isoladas residuais,de amplitudes topograficas inferiores a 100 m, topos arredondados e vertentes convexo-concavas pouco inclinadas
31 Colinas, quentes e úmidas, com latossolos e argissolos e vegetação perenifolia submontana
32 Colinas, quentes e subúmidas a secas com argissolos e latossolos com vegetação semidecidual submontana
3.2 Tabuleiros costeiros de bacias sedimentares cenozoicas, denudativas a acumulativas
3.2.1 Tabuleiros, suavemente dissecados, sobre depositos terciarios, com topos planos e vertentes retilíneas muito pouco inclinadas
33 colinas em borda de depressão, quentes e umidas, com latossolos e argissolos cobertos por vegetação perenifolia submontana
34 colinas sobre formação Barreiras,quentes de subúmidas a secas, com solos Latossolos e argissolos comr vegetação semidecidual submontana
3.3 Planicies acumulativas, de depositos quaternários.
3.3.1 Planicies aluvio-coluviais, sub-horizontais
35 Planícies, quentes e umidas com neossolos fluvicos e planassolos cobertos por vegetação riparia de terras baixas
36 Planícies, quentes de subumidas a secas, com neossolos fluvicos, argissolos e planossolos com vegetação arborea estacional de terras baixas
3.3.2 Planicies fluvio-marinhas quaternárias muito baixas, salinizadas
37 Superfícies sazonalmente inundadas, com gleyssolos e organossolos ou solos salinos com vegetação pantanosa higrofita a halofita
38 Superfícies planas, sob regime de marés em fundos de baías ou enseadas, com solos Argilosos Orgânicos e vegetação de mangue
3.3.3 Planícies costeiras, acumulativas, formada por sedimentação marinha e eolica
39 Cordões Arenosos e Campos de Dunas ondulados,tropical subumido com espodossolos e vegetação de restinga arbustiva
40 Terraços Marinhos levemente ondulados, tropicais umidos com espodossolos e vegetação de restinga arborea

67
Figura 29 – Mapa das tipologias de paisagem

68
1.1. Escarpas
Apresenta um forte alinhamento no eixo WSW-ENE, resultante de um extenso
recuo erosivo de antiga escarpa de falha originada junto à Falha de Santos, a partir do
Paleoceno. (Almeida & Carneiro, 1998), formada por rochas cristalinas pré cambrianas.
A morfologia da escarpa apresenta certa diversidade, causada principalmente por
condicionantes litoestruturais (Dantas, 2001). Pode-se observar tanto uma muralha
montanhosa imponente de frente ao litoral (1.1.1), quanto um degrau escarpado mais
degradado devido à ação diferencial dos processos tectônicos e erosivos (1.1.2) e
morros no sopé da escarpa (1.1.3).
Em geral apresenta clima superúmido na frente de escarpa e úmido na escarpa
reversa, com uma zonalidade altitudinal marcante no clima indo do tropical quente junto
aos sopés das escarpas ao tropical de altitude nas cristas e cumes.
Na região das escarpas voltadas ao litoral fluminense, a floresta se adensa e se
complexa à medida que atinge cotas mais altas, apresentando vegetações características
da encosta da Serra do Mar, com árvores de 20 a 30 m de altura, indo das florestas
pluviais submontanas a montanas. Segundo Veloso (1966) pode se notar uma presença
menor de espécies caducifólias (menos de 10%) nas escarpas de frente (1.1.1) e maior
(cerca de 30%) nas escarpas de reverso (1.1.2) e sopé da serra (1.1.3).
Os solos em geral são rasos, litólicos e extremamente ácidos, dos tipos Cambissolos
e Neossolos litólicos com muitos afloramentos rochosos e matacões em encostas de
talos. Nos setores mais baixos de menor declividade o solo é mais estratificado e
profundo de coloração vermelho-amarela dos tipos Latossolo e Argissolo.

1.1.1. Escarpas de falha


Escarpas estruturo-denudativas, formada por rochas cristalinas, íngrimes e de frente
ao litoral. Esta unidade é formada por encostas com desnivelamentos superiores a 500m
extremamente acidentadas, transicional entre dois sistemas de relevo. Declividades
superiores a 20º, ocorrendo muitas vertentes acima de 45º com topos agudos ou em
cristas alinhadas, sobre solos rasos em especial cambissolos e neossolos litólicos com
ocorrência de afloramentos rochosos, colúvios e depósitos de tálus (Figura 30).
O clima varia do tropical de altitude ao quente superúmido, com precipitações
superiores a 1800 mm.
Representa a maior área preservada de mata atlântica no estado com mais de 2.600
km² cobrindo 86% de sua área. Apresenta no estrato emergente uma maior abundancia

69
de espécies como o jequitibá rosa (Cariniana estrellensis), vinhático (Plathymenia
foliosa), murici (Vochysia acuminata), palmito juçara (Eutherpe edulis), pau-jacaré
(Piptadenia gonoachanta) e guapuruvu (Schizolobium parahyba), entre outras (Rizzini,
1979). No sub bosque as espécies mais comuns encontram-se as, mirtáceas,
melastomatáceas (Tibouchina e Miconia) e palmitos juçaras também.
Este Subgrupo se diferencia em duas unidades:

1- Cristas e vertentes altas entre 700-1500 m, íngremes de declividade médias superior a


25º, frias com temperatura entre 16-19ºC, superúmidas e frequentemente nubladas,
precipitações superiores a 2000 mm e evapotranspiração entre 700-900 mm, com
neossolos litólicos, cambissolos de vegetação pluvial montana.

2- Vertentes médias entre 100 e 700 m, muito inclinadas de declividades médias


superiores a 20º, com verãos amenos de temperaturas médias entre 20-23ºC,
superúmidas de precipitações superiores a 1800 mm e evapotranspiração entre 900-1100
mm, com cambissolos e neossolos litólicos de vegetação pluvial submontana.

1.1.2. Escarpas degradadas em bordo de planalto ou degrau estrutural


Apresenta relevo muito acidentado, com predomínio de amplitudes topográficas
entre 300 a 500m, transicional entre dois sistemas de relevo. Constituem-se em escarpas
bastante dissecadas por erosão fluvial e/ou abatimento tectônico, vertentes escarpadas e
suavizadas com topos arredondados e gradientes elevados (Dantas, 2001) (Figura 31).
Possui clima predominantemente úmido, com precipitação entre 1300-1500 mm, a
superúmidos na região da escarpa de reverso da Bocaina, com precipitações superiores a
1600 mm, variando do tropical quente, acima de 20ºC, ao tropical de altitude, de 16-
19ºC, nas partes mais altas.
Apresenta vegetação perenifólia, porém conforme a umidade diminui apresenta
maiores quantidades de espécies caducifólias (angicos e cedros). No geral as áreas
florestadas não representam mais que 35% de sua área, estando preservada em
fragmentos isolados espalhados por topos e vertentes íngremes e em fundos de vales.
De solos rasos nas partes mais altas e inclinadas, cambissolos e ocorrência de
afloramentos de rochosos, colúvios e depósitos de tálus, os solos tornam-se mais
espessos nas áreas mais baixas e planas com predomínio de latossolos e argissolos
vermelho-amarelos. Este Subgrupo se diferencia em duas unidades:

70
3- Cristas e vertentes altas até 1500 m de altitude, íngremes superiores a 20º, de clima
frio, 16-19ºC, e úmido, precipitações entre 1300-1500 mm, com cambissolos e
vegetação perenifólia montana.
4- Vertentes médias entre 100 e 700 m de altitude, inclinadas de declividades médias
superiores a 18º, com verão ameno de temperatura média de 20ºC, úmidas, precipitação
entre 1300-1500 mm, com latossolos e argissolos de vegetação perenifólia a
semidecidual submontana.

1.1.3. Maciços pré-montanhosos


Este subgrupo compreende um conjunto de morros situados sobre as baixadas
litorâneas próximos às escarpas serranas. Possuem amplitudes médias entre 100 a 300m,
Em geral possuem topos côncavos característicos dos mares de morro e vertentes
retilíneas, (Figura 32). Este Subgrupo apresenta apenas uma única unidade:
5- Morros altos, até 600 m de altitude, com vertentes de gradientes médios superiores a
15º, de clima quente, temperaturas médias entre 22-24ºC, superúmido, na frente das
escarpas, a úmido, precipitações médias de 1800-1500 mm. A vegetação característica é
de floresta perenifólia submontana, atualmente é recoberto por pastagens degradadas
pelo uso frequente e antigo, com fragmentos de mata em regeneração, dominância de
espécies pioneiras como embaúbas, pau-jacaré, palmeiras Astrocaryum entre outras,
restando somente 40 % de área preservada.

1.2. Planaltos de reversos estruturo-denudativos


Compreende terrenos montanhosos e amorreados, de amplitude de relevo elevada,
localizados, em geral, no reverso da escarpa serrana, nos planaltos elevados da Serra do
Mar. Formado pela degradação do relevo montanhoso, esta unidade possui litologias
graníticas e gnáissicas proterozóicas. Em geral apresenta amplitudes inferiores a 400 m,
porém com uma diferenciação de morfologias muito grande, com ocorrência pontual de
relevo suave ondulado (1.2.2), com elevações locais montanhosas (1.2.1),
O clima varia do Tropical de altitude superúmido no reverso da escarpa ao tropical
úmido nas zonas mais baixas e próximas ao vale do rio Paraíba do Sul. Nesta unidade a
vegetação se encontra bem preservada nas áreas de relevo montanhoso, entretanto nas
áreas de relevo menos acidentado apresenta uma cobertura de gramíneas com vertentes
degradadas. Os solos predominantes são rasos, em especial os neossolos litólicos e
cambissolos, com presença de latossolos nas áreas mais planas.

71
Figura 30 - Escarpa de falha (1.1.1) vista da baixada do rio São Joao, Silva Jardim.

Figura 31 - Escarpas em degrau estrutural (1.1.2), vale do rio Santana, Miguel Pereira.

Figura 32 - Maciços pré-montanhosos (1.1.1) vistos da descida de Petrópolis

72
1.2.1. Montanhas altas sobre planalto de reverso
Relevo montanhoso, muito acidentado com declividades superiores a 17º,
localizado, em geral, no reverso da escarpa da Serra do Mar, com vertentes escarpadas e
topos de cristas alinhadas, aguçados ou levemente arredondados e predomínio de
amplitudes topográficas superiores a 400m, figura 33.
O clima varia do Tropical de altitude superúmido de invernos frios e
constantemente nublado (temperaturas inferiores a 15ºC e precipitações superiores a
1800 mm) nas serras mais altas, ao tropical de altitude típico nos planaltos
(temperaturas inferiores a 16-18ºC). Nesta unidade a vegetação se encontra bem
preservada em mais de 60 % de área de floresta. Com presença de floresta mista na
Serra da Bocaina, perenifólia montana a altomontana nas demais áreas e predomínio de
canelas Lauráceas (Nectandra e Ocotea). De solos rasos, dos tipos cambissolos e
neossolos litólicos, e ocorrência de afloramentos de rochosos, colúvios e depósitos de
tálus. Este Subgrupo se diferencia em duas unidades:

6 - Cristas e vertentes inclinadas com declividades superiores a 20º, situadas acima de


1300-1400 m de altitude, muito frias, de temperaturas inferiores a 15ºC, frequentemente
nubladas, precipitações acima de 1800 mm e evapotranspiração inferior a 700 mm, com
neossolos litólicos e cambissolos de Floresta mista ou pluvial altomontana.

7 - Vertentes inclinadas, de declividades médias superiores a 18º, situadas entre 900-


1100 m de altitude no planalto de Petrópolis a Nova Friburgo e entre 1200-1400 m de
altitude no planalto da Bocaina, superúmidas e ocasionalmente nubladas, precipitações
acima de 1700 mm e evapotranspiração inferior a 800 mm, com Cambissolos e
latossolos, de vegetação pluvial montana.

1.2.2. Planalto de reverso ondulados


São relevos colinosos e de morros situados nos planaltos de reverso, com litologia
gnáissica. Esses planaltos estão situados a altitudes superiores a 700m, com amplitude
topográficas inferiores a 300 m e altitude máxima de 1270 m, figura 34.
Apresentam climas tropicais úmidos e em geral possuem cobertura florestal de
fisionomia perenifólia montana em pequenos fragmentos remanescentes, ocupando
menos de 30% da área original, a cobertura predominante é de pastagens, sobre
cambissolos e latossolos. Este Subgrupo apresenta apenas uma única unidade.

73
8 - Morros de vertentes retilineas com declividades médias de 13º, de clima frio,
temperaturas entre 16-19ºC, superúmidos a úmidos, precipitações entre 1500-1700 mm
e evapotranspiração entre 650-850 mm, com cambissolos e latossolos de vegetação
perenifólia montana.

Figura 33 - Montanhas altas sobre planalto de reverso (1.2.1) localizadas em Miguel


Pereira

Figura 34 - Planalto de reverso ondulados (1.2.2) localizados na Serra da Bocaina,


Bananal-SP

74
1.3. Maciços montanhosos intrusivo-denudativa com formato domicos
Relevo intrusivo associado à abertura do Atlântico, quando durante o Cretáceo
Superior e o Terciário Inferior ocorreram uma série de evento de magmatismo alcalino,
que acarretaram a geração de maciços intrusivos (Dantas, 2001) e também o
soerguimento de blocos graníticos intrusivos, que foram expostos dando origem a
pontões de rocha aflorada ao longo de toda a Serra do Mar fluminense.

1.3.1. Maciços Alcalinos Intrusivos


Este subgrupo compreende um conjunto de maciços montanhosos de rochas
alcalinas, apresentando alinhamento inverso ao da Serra do Mar, NO-SE, que de trechos
em trechos aflora formando grandes maciços, indo desde a montanha mais alta do
Estado (Agulhas Negras) a um relevo de morro na ilha mais a SE do Estado (Ilha de
Cabo Frio). O magmatismo gerou uma série de corpos alcalinos que intrudiram o
embasamento cristalino de idade pré-cambriana. Apresentam, em geral, uma forma
dômica, por vezes preservando uma borda circular (tal qual cratera vulcânica erodida),
com amplitudes de relevo elevadas superiores a 500 m e topos aguçados ou em cristas,
figura 36.
O clima varia em função de sua localização, variando entre climas tropicais de
altitude frios e superúmidos, na Serra do Tinguá, a tropicais quentes e secos na Ilha de
Cabo Frio. A vegetação apresenta grande variação indo de campos de altitude a
vegetações xerófitas litorâneas. Na parte alta e úmida apresenta florestas bem
preservadas, entretanto na parte baixas apresenta predomínio de pastagens degradadas.
Os solos são do tipo cambissolo, rasos com sedimentação de colúvios e
depósitos de tálus, entretanto apresenta também solos bem formados do tipo latossolo e
argissolo. Este Subgrupo se diferencia em quatro unidades:
9-Picos e planaltos muito inclinados superiores a 25º, acima de 1400 m até quase 3000
m de altitude, muito frios com temperaturas médias inferiores a 14ºC, frequentemente
nublados com precipitações superiores a 1800 mm e evapotranspiração média de 700
mm, com cambissolos e afloramentos rochosos e vegetação perenifólia altomontana e
campos de altitude. Não ocorrendo na área de estudo
10-Montanhas baixas de vertentes muito inclinadas superiores a 20º, até 1400 m e
superiores a 700 m de altitude, frias de temperaturas médias de 18-19ºC,
ocasionalmente nubladas, precipitações médias de 1615 mm e evapotranspiração média
de 820mm, com cambissolos e latossolos de vegetação pluvial montana.

75
11-Vertentes muito inclinadas, com declividade média de 18º, altitude até 700 m,
quentes, temperaturas médias de 21-22ºC, úmidas, precipitações médias de 1500 mm e
evapotranspiração média de 1035 mm, com latossolos e argissolos de vegetação
perenifólia submontana.
12-Morros inclinados com declividades médias de 14º, até 500 m, quentes, temperaturas
médias de 22-23ºC, secos, precipitações médias de 780 mm e evapotranspiração média
de 1090 mm, com cambissolo e vegetação caducifólia a xerófita litorânea.

1.3.2. Pontões intrusivos graníticos


Este subgrupo se caracteriza por intrusões graníticas decorrentes de atividades
vulcânicas pós-tectônicas no período Cambriano tendo sua ocorrência ligada aos
falhamentos de SO-NE, na borda ao longo de toda a escarpa de frente e nos maciços
litorâneos (figura 35), de vertentes predominantemente escarpadas e topos aguçados,
com predomínio de amplitudes topográficas superiores a 400-500m. Estes possuem
muitos afloramentos rochosos nos cumes e nas vertentes inclinadas, há predomínio de
dois tipos de solos, cambissolos e neossolos litólicos, figura 37.

Figura 35 – Seção geológica dos pontões graníticos da Serra dos Órgãos, (DRM,2005)

O clima varia muito em função do local de ocorrência variando entre climas


tropicais de altitude frios e superúmidos, (Serra dos Órgãos) a tropicais quentes e
úmidos em morros litorâneos. Os remanescentes florestais estão conservados com mais
de 60% de cobertura florestal. Em geral apresentam fisionomias perenifólias rupícolas,
indo das formações submontanas a alto montanas, com predomínio de palmeiras,
bromélias, e outras arvoretas de solos rasos. Este Subgrupo se diferencia em três
unidades:
13-Picos muito altos até 2200 m, com declividade média de 30º, frios, temperaturas
médias de 15-16ºC, frequentemente nubladas, precipitações médias de 1750 mm e

76
evapotranspiração média de 750 mm, com afloramentos rochosos e vegetação de
campos de altitude ou pluvial altomontana.
14-Picos altos até 1400 m, com vertentes acima de 700 m de altitude e declividade
média de 25º, frios e superúmidos, temperaturas médias de 17-18ºC, ocasionalmente
nublados, precipitações médias de 1710 mm e evapotranspiração média de 820mm, com
afloramentos rochosos e vegetação perenifólia rupícola montana.
15-Morros inferiores a 500 m com vertentes ingrimes de declividade média de 23º, de
clima tropical quente a subquente úmido, de temperaturas médias de 20-22ºC,
precipitações de 1680 mm e evapotranspiração média de 1010 mm, com afloramentos
rochosos e vegetação perenifólia rupícola submontana.

1.4. Maciços montanhosos em alinhamentos tectônicos e diques intrusivos


Este Grupo compreende o conjunto de montanha de relevo de degradação que
abrange os diques graníticos denudados tardi-colisionais do Desengano e Bela Joana
que correspondem à Serra do Desengano, Serra das Cinco Pontas, Serra das Almas,
Serra do Imbé, Serra Mata Cavalo e a Serra da Gaivota (Dantas, 2001). O diferencial
dessa unidade é a estrutura litológica em diques que gera a morfologia de serras e o
falhamento (tectônica), que direcionou os processos erosivo-denudativos na formação
dos vales estruturais que limitam as cristas de serras (Chagas, 2013).

1.4.1. Cadeias serranas paralelas


Este subgrupo é formada por cadeias serranas paralelas separadas por vales
intramontanos, com amplitudes topográficas superiores a 400 m. Com escarpas de
amplitude topográfica média de 650 m, com variações de altitude entre 100 m no sopé a
mais de 1700 metros, e gradiente de declividade médio de 18º. Predominam na
paisagem os picos rochosos e as cristas extensas nos topos das serras (figura 38).
Em todo o subgrupo o clima varia de tropical altomontano a quente úmido, a
vegetação varia de campos de altitude acima de 1400 m, a florestas perenifólias
montana a submontana, e semidecidual submontana do lado do Vale do Paraíba do Sul.
As áreas mais preservadas se encontram nos topos das serras, nas fisionomias
montana e campos de altitude com mais de 65% de área preservada. As áreas de meia
encosta e fundos de vale apresentam menos de 40% de florestas nativas.
Os solos predominantes nas áreas mais elevadas são os neossolos litólicos e
cambissolos, e nas áreas próximas do rio Paraíba do Sul encontra-se argissolos.

77
Figura 36 – Maciço Alcalino Intrusivo (1.3.1), Morro do São João, Casimiro de Abreu.

Figura 37 – Pontões intrusivos graníticos (1.3.2) dos Três Picos, Nova Friburgo.

Figura 38 – Cadeias serranas paralelas (1.4.1) do Desengano, Sta. Maria Madalena.

78
Este subgrupo se diferencia em três unidades:
16-Picos e cristas muito inclinados com declividades médias de 30º, acima de 1400 m,
frios e ocasionalmente nublados, temperaturas médias de 15,0ºC, precipitações médias
de 1520 mm e evapotranspiração média de 740mm, com Cambissolos e afloramentos
rochosos de vegetação de campos de altitude.
17-Cristas e vertentes altas acima de 700 m, muito inclinadas com declividade média de
26º, frias e úmidas, temperaturas médias de 19-20ºC, precipitações médias de 1500 mm
e evapotranspiração média de 900 mm, com cambissolos e afloramentos rochosos de
vegetação perenifólia montana.
18-Vertentes e morros com até 700 m, inclinadas com declividade média de 18º,
quentes e úmidas, temperaturas médias de 20º C, precipitações médias de 1400 mm e
evapotranspiração média de 950mm, com cambissolos e argissolos de vegetação
estacional perenifólia a semidecidual submontana.

1.5. Maciços costeiros isolados


Este grupo é formada por blocos soerguidos tectônico-denudativos de rochas
cristalinas pré-cambrianas, de relevo montanhoso localizado em meio ao domínio das
baixadas e planícies costeiras (Dantas, 2001).

1.5.1. Montanhas médias


Montanhas médias de até 1100 m de altitude, em maciços isolados, com amplitudes
topográficas superiores a 300 m, com vertentes escarpadas e topos de cristas alinhadas,
aguçados ou levemente arredondados de declividade média superior a 15º, figura 39.
Os solos são predominantemente rasos, do tipo neossolos litólicos e cambissolos,
com ocorrência de afloramentos rochosos, colúvios e depósitos de tálus, apresentando
também latossolos nas áreas mais planas.
O clima varia do tropical de altitude superúmido nos topos das serras (maciços da
Tijuca e Pedra Branca) ao tropical seco nas zonas mais a leste (promontórios de
Búzios).
Nesta unidade a vegetação se encontra bem preservada nas áreas de relevo
montanhoso com mais de 70%, entretanto nas áreas de relevo menos acidentado e
úmido apresenta dominância de cobertura de gramíneas e vertentes degradadas.

79
Este subgrupo se diferencia em três unidades:
19-cristas acima de 700 m, muito inclinadas, de declividades superiores a 25º, frias e
ocasionamente nubladas, temperatura entre 17-19ºC e precipitações superiores a 1800
mm, com cambissolos ou latossolos e vegetação pluvial montana.
20-Vertentes entre 100-700 m, inclinadas de declividades superiores a 15º, quentes e
úmidas, temperatura entre 22-24ºC e precipitações média de 1500 mm, com
cambissolos ou latossolos e argissolos de vegetação perenifólia submontana.
21-Morros altos até 200 m, pouco inclinados, com declividade média de 10º, quentes e
secas, temperatura entre 22-24ºC, precipitações inferiores a 800 mm e déficit hídrico
superior a 300 mm, com cambissolo e vegetação caducifólia a xerófita litorânea.

1.6. Vales intramontanos.


Relevo de compartimentos colinosos e/ou de morros, em seções alveolares nos
vales principais (Dantas, 2001).

1.6.1. Vales intramontanos

Este subgrupo compreende os interflúvios colinosos com alturas de até 100 m e


vales intramontanos, situados nos planaltos serranos situados a altitudes superiores a
700m. Possuem litologias variadas, pois perpassam as estruturas geológicas pelos seus
falhamentos. Esses vales apresentam drenagens paralelas as linhas das escarpas
predominantemente em forma de “V”, encaixados nas regiões montanhosas, figura 40.
Nessa unidade predominam o clima tropical de altitude superúmido a tropical
quente e úmido, a vegetação varia de florestas estacionais perenifolias montanas a
submontas sobre latossolos a neossolos flúvicos nas áreas mais próximas aos canais de
drenagem. Em geral possuem predomínio de pastagens (+75% da área) e cobertura
florestal em pequenos fragmentos nas partes mais altas e fundos de vale.
Este subgrupo possui uma unidade:
22-Vales em altitudes entre 600-900 m, com declividade de 10º, tropicais de altitude a
subquentes e úmidos, temperatura entre 17-19ºC e precipitações entre 1400-1700 mm,
com latossolos e neossolos flúvicos e vegetação perenifólia montana a submontana.

80
Figura 39 – Maciços costeiros isolados (1.5.1), Pico do Papagaio, Ilha Grande (2012).

Figura 40 - Vale intramontano (1.6.1) do Sana, Macaé (2011).

81
2. Depressões tectônicas interplanalticas
Compreende as bacias que drenam para o reverso da Serra do Mar. são formadas
predominantemente por litologias gnáissicas datadas do mesoproterozóico. Sua
evolução está baseada no processo de degradação de todo o relevo, com sedimentação
nas áreas mais baixas em direção às planícies da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do
Sul, formando o mar de morros característico dessa área. Seus ortoplanos situam-se
entre 600 m no estado de São Paulo, 500-400 m no Sul Fluminense e entre 200-100 m
no Norte Fluminense. Seu relevo varia predominantemente entre morros altos
entremeados de colinas (2.2) e planícies fluviais decorrente de sedimentações recentes a
terciarias (2.3). Alinhados com os falhamentos tectônicos se avultam serras isoladas e
pães de açúcar (2.1).
A caracterização climática varia de tropical subquente a quente, com
temperaturas variando entre 19-22ºC, de úmido a subúmido com precipitações variando
de 1500 mm (na região de Rezende e Itatiaia) a 1000 mm (Cantagalo a São Fidélis).
As formações florestais foram desmatadas a longo tempo para dar lugar a
pastagens deterioradas. Menos de 20% da vegetação original se encontra preservada, em
geral apresenta fragmentos nas serras e morros mais inclinados com predomino de
vegetação semidecidual montana a submontanas.

2.1. Alinhamentos serranos isolados


Relevo de patamares litoestruturais, estruturo-denudativos, formados por rochas
metassedimentares, com vertentes predominantemente escarpadas e topos de cristas
alinhadas, aguçados ou levemente arredondados, que se destacam topograficamente do
domínio colinoso (Dantas, 2001).

2.1.1. Serras isoladas


Este subgrupo compreende o relevo montanhoso de serras isoladas localizadas
dentro da depressão interplanaltica do rio Paraiba do Sul, com amplitudes topográficas
entre 300-500m e altitude máxima de 1200 m, com vertentes inclinadas de declividades
médias de 20º. O clima varia entre o tropical de altitude superumido (Serra da Beleza)
ao tropical quente e subúmido (Serra de Cambuci), figura 41.
Os solos variando entre cambissolos rasos nas partes mais íngremes, com
ocorrência de afloramentos rochosos, colúvios e depósitos de tálus, a solos profundos
tipo latossolos e argissolos nas encostas menos inclinadas.

82
A vegetação original encontra-se quase toda desmatada, restando apenas
pequenos fragmentos no alto das serras, em menos de 20% de sua área, com
fitofisionomias variando de semidecidual a decidual montana e submontana.
Este subgrupo está dividido em três unidades:
23-Topos em cristas alinhadas entre 700-1200 m, inclinadas com declividades
superiores a 20º, frias e úmidas, temperatura entre 17-19ºC e precipitações entre 1300-
1400 mm com cambissolos e latossolos de vegetação semidecidual montana.
24-Morros e vertentes inclinadas com até 700 m, inclinadas com declividades médias de
20º, subquentes e úmidas, de temperatura entre 19-21ºC e precipitações entre 1300-1400
mm, com latossolos e argissolos e vegetação semidecidual submontana.
25-Morros e vertentes inclinadas de até 700 m, com declividades médias inferiores a
20º, quentes e subúmidas, temperaturas entre 22-23ºC, precipitações entre 1000-1100
mm e evapotranspiração de 1100 mm, com latossolos e argissolos e vegetação decidual
submontana.

2.2. Superfície dissecada de mares de morros


Este grupo tem origem no processo erosivo-denudativo, sobre rochas
metamórficas ou graníticas paleo-proterozoicas, do Complexo Paraíba do Sul. Ocorrem
nas áreas superiores a 200 m indo até 600 m de altitude.

2.2.1. Morros com topos arredondados


Este subgrupo compreende os relevos colinosos e de morros situados na bacia do
Paraíba do Sul, de vertentes convexo-côncavas mediamente inclinadas (10º de
declividade) e topos arredondados, com amplitudes topográficas de 100-200m. Possui
solos predominantemente profundos do tipo argissolo e latossolo, com sedimentação de
colúvios e alúvios, figura 42.
O clima varia entre o tropical quente a subquente de úmido a subúmido. Este
subgrupo possui vegetação de fitofisionomia de floresta estacional semidecidual
submontana, porém a cobertura predominante são as pastagens, em mais de ¾ da área.
Este subgrupo está dividido em duas unidades:
26- Morros médios com até 800 m, subquentes e úmidos, de temperatura entre 19-21ºC
e precipitação entre 1300-1400 mm, com latossolos e argissolos, e vegetação
semidecidual submontana.

83
27- Morros baixos até 500 m, quentes de subúmidos a secos, com temperatura entre 21-
23ºC, precipitações entre 1000-1200 mm e evapotranspiração entre 1100-1200 mm,
com latossolos e argissolos e vegetação decidual submontana.

2.3. Depresões estruturais


Este grupo representa uma área erosiva-acumulativa deposicional de sedimentos
fluviais, se diferencia entre terraços erosivos (2.3.1) de depósitos terciários a planícies
aluviais (2.3.2) de sedimentos quaternários. Possui clima tropical subquente e úmido
(baixada de resende) a quente e subúmido (São Fidelis).
Em sua área existiam florestas perenifólias a semideciduais vargedículas
(terraços ou planícies periodicamente inundáveis pela extrusão do rio Paraíba do Sul).
Entretanto resta menos de 2% da vegetação original, toda muito deteriorada.

2.3.1. Terraços erosivos


Relevo suavemente dissecado, com extensa superfície de gradiente
extremamente suave ou de colinas tabulares (Dantas, 2001). Possui amplitude
topográfica inferior a 50 m. Apresenta solos profundos do tipo argissolo ou latossolo, de
sedimentação de colúvios e alúvios sobre depósitos terciários.
Este subgrupo é composto por uma unidade:
28-Topos planos e vertentes retilíneas muito pouco inclinadas, de declividade inferior a
5º, de clima subquente e úmido, temperaturas entre 20-22ºC e precipitação entre 1300-
1500 mm, com argissolo e latossolo, e vegetação perenifólia riparia submontana.

2.3.2. Planícies aluviais


Relevo acumulativo, sub-horizontais declividade inferior a 2º, sobre depósitos
sedimentares aluviais, com amplitudes topográficas inferiores a 20m, figura 43.
Este subgrupo é composto por duas unidades:
29-Superficies planas, de clima subquente e úmido, com temperaturas entre 20-22ºC e
precipitação entre 1300-1500 mm, com neossolos flúvicos e vegetação semidecidual
riparia submontana
30-Superficies planas, de clima quente de subúmido a seco, com temperatura entre 22-
24ºC, precipitação entre 1000-1200 mm e evapotranspiração superior a 1100 mm, com
neossolos flúvicos e vegetação decidual a semidecidual riparia submontana.

84
Figura 41 – Alinhamentos serranos isolados (2.1.1), Itaocara (2013).

Figura 42 – Mar de Morros com topos arredondados (2.2.1), Valença (2012).

Figura 43 - Planícies aluviais (2.3.2) do Rio Paraíba do Sul, São Fidelis (2013).

85
3. Baixadas Costeiras
Este grupo foi formado durante o Cenozoico, resultante do processo de erosão e
degradação das serras, deixando relevos residuais dissecados entremeados nas planícies
sedimentares resultante dos depósitos coluviais, fluviais, lagunares e eólicos advindos
da degradação do relevo regional.
O relevo apresenta amplitudes topográficas inferiores a 100 metros, não
ultrapassando os 150 metros de altitude nas colinas mais altas, com gradiente sempre
suave ou médio, inferiores a 10º. Apresenta clima tropical quente, variando entre úmido,
subúmido a seco. A vegetação apresenta uma grande diversidade, com presença de
fitofisionomia florestas estacionais perenifólias, de submontana a aluviais, e ainda
fitofisionomias azonais como mangues, restingas, e xerófitas próximas ao litoral.

3.1. Colinas Dissecadas da Baixada Costeira


Este grupo encontra-se isolado nas áreas de baixada próximas das planícies
fluviais e sopés das serras. São decorrentes da degradação do relevo, pouco dissecadas
com vertentes convexas e côncavas de topos arredondados ou alongados. Sua base
litológica é gnáissica mesoproterozóica pré-colisional.

3.1.1. Colinas isoladas residuais


Formas de relevo residuais com amplitudes topográficas inferiores a 100 m com
topos arredondados e vertentes convexo-côncavas pouco inclinadas, média inferior a 7º.
Altimétricamente essa unidade varia de 20 a 100 metros e seu clima é tropical quente,
com temperaturas médias de 23-24ºC, de úmido a subúmido, no litoral leste, figura 44.
Os solos predominantes são latossolo e argissolo.
Os remanescentes florestais representam cerca de 10% da área atual,
apresentando fisionomia de floresta estacional perenifólia a semidecidual submontana, a
cobertura predominante é de pastagens.
Este subgrupo é composto por duas unidades:
31- Colinas, quentes e úmidas, de precipitação superior a 1400 mm, com latossolos e
argissolos e vegetação perenifólia de terras baixas.
32- Colinas, quentes e subúmidas a secas, de precipitação inferior a 1200 mm e
evapotranspiração maior que 1100 mm, com argissolos e vegetação semidecidual de
terras baixas.

86
3.2. Tabuleiros costeiros
Relevo suavemente dissecado, com superfícies de gradiente extremamente suave
ou de colinas tabulares, com vales encaixados em “forma de U”, resultantes da
dissecação fluvial recente (Dantas, 2001).

3.2.1. Tabuleiros
Relevo com amplitude topográfica inferior a 50 m suavemente dissecados, com
topos planos e vertentes retilíneas muito pouco inclinadas, média de 3º de declividade.
De solos do tipo latossolo ou argissolo, com sedimentação de colúvios e alúvios sobre
depósitos terciários. Com clima tropical quente, médias de 23-24ºC de temperatura,
úmido a subúmido, no litoral leste. Este subgrupo é composto por duas unidades:
33- Tabuleiro em borda de depressão, quentes e úmidos, de precipitação entre 1200-
1400 mm, com latossolos e argissolos e vegetação perenifólia de terras baixas.
34- Tabuleiros sobre formação Barreiras, quentes e subúmidos a secos, de precipitação
inferiores a 1000 mm e evapotranspiração de 1200 mm, com latossolos e argissolos, e
vegetação semidecidual de terras baixas.

3.3. Planícies acumulativas de depósitos quaternários


Este grupo foi formado pelo processo de agradação da sedimentação coluvial,
fluvial, lagunar e eólica no período quaternário. Possui relevo de topografia suave, de
altitude média de 20 m para as planícies fluviais e inferiores a 10 m para as outras
planícies, com gleissolos e neossolos flúvicos.
O clima predominante é o tropical quente, de temperaturas médias anuais de 23-
24ºC, variando do úmido (junto as escarpas) ao seco, litoral leste.
A cobertura predominante é de pastagens, com alguns remanescentes de
florestas estacional perenifólia a semidecidual de terras baixa.

3.3.1. Planícies aluvio-coluviais


Formado por relevo plano sub-horizontais, com menos de 5º de declividade.
Possui interface com os sistemas deposicionais continentais (processos fluviais e de
encosta), com ocorrência de terrenos mal drenados com presença de neossolo flúvico e
planassolo, a argissolo sobre superfícies de aplainamento, figura 45.

87
O clima predominante é tropical quente, temperaturas anuais entre 23-24ºC,
variando do úmido, precipitações entre 1300-1500 mm, ao subúmido e seco,
precipitações inferiores a 1000 mm e evapotranspiração entre 1100-1200 mm.
A vegetação predominante é de pastagens, em mais de 80% da área, com
ocorrência de pequenos fragmentos de floresta perenifólia de terras baixas, destaque
para a área de preservação do REBIO Poço das Antas, e de floresta estacional decidual,
com um único remanescente na “mata do carvão” REBIO Guaxindiba. Este subgrupo é
composto por duas unidades:
35- Planícies, quentes e úmidas com neossolos flúvicos e planassolos cobertos por
vegetação perenifólia de terras baixas vargedícula.
36- Planícies, quentes de subúmidos a secas, com neossolos flúvicos, argissolos e
planossolos com vegetação semidecidual a decidual de terras baixas.

3.3.2. Planícies inundáveis


Superfícies planas, de interface com os sistemas deposicionais continentais,
lagunares ou marinhos. Terrenos muito mal drenados, sob influência de inundações
sazonais ou refluxo de marés, podendo apresentar salinização. O clima é o tropical
quente, entre 23-24ºC de temperatura anual, variando do superúmido, precipitação
superior a 1500 mm na região da Baia de Ilha Grande, ao tropical seco, precipitação
média de 1100 mm na foz do Rio Paraíba do Sul.
Este subgrupo é composto por duas unidades:
37- Terrenos muito mal drenados com lençol freático aflorante, sazonalmente
inundadas, quentes e úmidos com gleyssolo, organossolo ou solos salinos com
vegetação pantanosa higrófita a halófita
38- Superfícies planas de fundo de baía, enseadas, ou deltas sob regime de marés, em
terrenos argilosos orgânicos, quentes e úmidos com vegetação de mangue.

3.3.3. Planícies costeiras


Superfícies suborizontais, com relevo ondulado de amplitudes topográficas
inferiores a 20m, geradas por processos de sedimentação marinha e/ou eólica, figura 46.
Terrenos bem drenados, acompanhando as depressões intercordões (Dantas, 2001) com
espodossolo ou neossolo quartizênico. O clima é tropical quente, entre 23-24ºC de
temperatura, variando do superúmido, de precipitação superior a 1500 mm na Baia da
Ilha Grande, ao tropical seco com precipitação média de 1100 mm, no litoral leste.

88
Figura 44 – Colinas isoladas residuais (3.1.1), Japeri (2009).

Figura 45 – Planícies aluvio-coluviais (3.3.1), Rio Gaviões, Silva Jardim (2012).

Figura 46 - Planícies costeiras (3.3.3), Dunas do Peró, Cabo Frio (2010).

89
Nas zonas mais úmidas e de menor deposição a vegetação de restinga se
assemelha muito com a perenifólia de terras baixas, com indivíduos arbóreos e de
dispersão pantropical. Nas áreas com ocorrência de campos de dunas, formam se
vegetações arbustivas em moitas com dominância de palmeiras (guriri).
Este subgrupo é composto por duas unidades:
39- Cordões Arenosos e Campos de Dunas ondulados, quentes e subúmidos, com
espodossolos e neossolo quartizênico e vegetação de restinga arbustiva.
40- Terraços Marinhos levemente ondulados, quentes e úmidos, com espodossolos e
neossolo quartizênico, e vegetação de restinga arbórea.

4.4. CONCLUSÃO
Ao se utilizar uma abordagem de interpretação de imagens orbitais empregando
segmentação multirresolução, Análise Baseada em Objeto, lógica fuzzy e hierarquia de
decisões, como metodologia para a classificação e cartografia das paisagens, procurou
se agregar e assimilar diversos conceitos e métodos existentes de forma a compor uma
base de dados integrada e com múltiplas funções e combinações possíveis.
Os parâmetros utilizados na metodologia abrangeram diversos fatores naturais
(relevo, morfoestruturas, litologia, pedologia, clima, vegetação), consequentemente
possibilitaram uma análise da influência destes sobre a paisagem, através da valoração
numérica dos parâmetros físicos, espaciais e biológicos.
Quanto aos fatores naturais, as variações locais do terreno geram dificuldades
nos processos de automatização da classificação. Diferenças sutis na declividade e
amplitude de uma determinada área geram descontinuidades nas classes, os parâmetros
de segmentação por sua vez apresentam certas falhas em determinadas estruturas de
relevo. A separação entre morro e montanha e entre montanhas e escarpas teve o maior
índice de sobreposição, levando ainda a uma árdua tarefa de correção manual, assim
novos índices devem ainda ser testados para melhorar estes processo de segmentação.
A utilização de bases de dados em diferentes escalas e projeções também geram
dificuldades e erros na classificação. Outro ponto que dificulta a automatização é que
algumas unidades de relevo tem forte relação com sua localização no terreno e com
outras classes, o que complica a elaboração de parâmetros numéricos que a definam.
Quanto à Base de Dados, a utilização de sistemas de informações geográficas
(SIG) permitiu que um grande número de dados fossem gerados, analisados e

90
visualizados na forma de mapeamentos integrados. Deste modo o SIG tornou possível a
aplicação desta metodologia, bem como da representação da interação dos vários
fenômenos naturais e topológicos nos processos e dinâmicas da paisagem. Neste
trabalho optou-se pelo uso de sensores remotos de fácil aquisição, escala compatível, e
gratuidade. Desta forma o uso do Radar dos sensor SRTM na forma de modelos digitais
de elevação (TOPODATA) foram importantíssimos para o mapeamento do relevo. A
existência de uma rede de dados tão aberta e rica traz uma nova perspectiva para
trabalhos em áreas ou escalas cada vez maiores.
A relação clima-relevo fica evidente na Serra do Mar no Estado do Rio de
Janeiro e por isso o mapeamento das paisagens é crucial para se compreender estes
processo tão únicos e complexos. O uso destes dados podem ser determinantes no
planejamento e sobretudo na gestão dos recursos naturais.
Contudo, o mapeamento da unidades de paisagem ainda está muito voltado para
o mapeamento do relevo, ainda que este seja preponderante no Estado, as variáveis
ligadas à biodiversidade de fauna e flora deveriam constar também na separação das
unidades de paisagem, entretanto estes dados não possuem abrangência espacial
suficiente.
Um dos principais fatores da paisagem está no uso e cobertura da terra, em seu
estado atual bem como os processos históricos de mudança, as formas como ocorrem a
ocupação do espaço tem provocado sucessivos e inúmeros problemas ambientais, como
a degradação da cobertura vegetal e dos solos, perda da biodiversidade, bem como
aumento dos desastres naturais (enchentes, deslizamentos, desertificação e etc.).
Assim entende-se que toda alteração sobre o meio provocará também uma
modificação na configuração espacial da paisagem, e dessa forma, pode-se afirmar que
toda paisagem possui uma dada configuração espacial e temporal em função do arranjo
e das inter-relações de e entre todos os seus componentes, se um ou mais desses
componentes é modificado, a configuração espacial também se altera (Santos, 2007).
Deste modo a observação da evolução da cobertura florestal é de vital importância
para o estudo da paisagem, somente com o reconhecimento dos processos pode-se
projetar usos harmoniosos com as paisagens. Assim o capítulo 5, seguinte, trata sobre a
evolução da cobertura florestal sobre o ponto de vista da paisagem, utilizando como
unidade de análise as tipologias de paisagem, e relacionando as mudanças de cobertura
com as variáveis físicas e topológicas definidoras das paisagens.

91
5. MUDANÇA DA COBERTURA VEGETAL NAS UNIDADES DA
PAISAGEM

5.1. INTRODUÇÃO

Ao se observar a paisagem ao longo do tempo pode-se constatar que esta sofre


inúmeras alterações em sua estrutura e em seus processos, levando a novas
configurações e funções próprias. Desta forma o monitoramento da paisagem visando a
análise das mudanças do uso e cobertura da terra é de vital importância para o
ordenamento do território atual e para o prognóstico de tendências futuras,
consequentemente para o planejamento ambiental. Segundo Bayfield (1997) “monitorar
é gravar uma mudança”, trata-se, portanto de registrar mudanças (Lang, 2009).
Atualmente o processo de monitoramento das paisagens e feito utilizando SR e
SIG. Para Santos et al. (2005), o processo de detecção de mudanças em imagens de
satélite é definido como o reconhecimento de alterações nos padrões característicos de
determinadas feições, em um determinado espaço de tempo, sendo necessário utilizar
imagens multitemporais para analisar quantitativamente o fator temporal no fenômeno.
Na literatura existem diversas metodologias de análise multitemporal, em função do
fenômeno a ser mapeado e na forma de se lidar com a extração e classificação das
mudanças. Basicamente podem ser observadas três abordagens, são elas:

- Análise da variação sazonal, as variações entre as respostas radiométricas


multitemporais vêm sendo sistematicamente utilizadas na tentativa de monitorar o
comportamento sazonal da paisagem e da vegetação (Rosemback et al.; Liesenberg et
al.; Ribeiro et al., 2007). Segundo Huete et al. (2002) o NDVI permite comparações de
variações sazonais, interanuais e de longo prazo da estrutura da vegetação, fenologia e
parâmetros biofísicos, bem como a diferenciação de fitofisionomias.
- Análise multitemporal pós-classificação, a classificação das imagens é realizada
separadamente para cada data, e posteriormente implementa uma detecção de mudanças
a partir da comparação dos mapas temáticos gerados na classificação, sendo necessária
a integração entre o sensoriamento remoto e SIG (LU et al. 2004).
- Análise multitemporal direta, a classificação das imagens de todas as datas é feita
em conjunto. Segundo Singh (1989), a premissa básica dessa técnica é que todas as
alterações na cobertura terrestre devam resultar em mudanças nos valores de radiância.

92
Por sua vez a análise multitemporal pode ser diferenciada em dois grupos: detecção
de mudança bi-temporal e trajetória evolutiva (Jianya et al, 2008). A abordagem bi-
temporal utiliza dados de duas imagens para detectar as mudanças no uso e cobertura. Já
a trajetória evolutiva se baseia em séries históricas com mais de três imagens para
realização da detecção.
Segundo Coppin et al. (2004), a maior parte das metodologias de detecção de
mudanças na literatura focam somente em duas imagens por vez. Para detecção bi-
temporal, a maioria dos métodos baseados em resposta espectrais requer a definição
pelo usuário de um limiar de separação entre mudanças reais para mudanças espectrais
causadas por erro de georreferenciamento, mudança na radiação solar, e variedades das
estações e das imagens em si (Lu et al., 2004).
Assim, baseado na ideia de que as mudanças na cobertura florestal podem ser
melhor detectadas utilizando muitas observações de um mesmo lugar e o aumento na
necessidade por detectar mudanças em tempo real, uma série de métodos para detecção
de mudanças em muitas datas utilizando imagens Landsat vem sendo desenvolvidas
(Kennedy et al., 2010 e 2007). Estes algoritmos têm demostrado serem mais
automáticos na identificação das mudanças florestais e mais robustos aos erros de
registro e efeitos sazonais (Zhe Zhu et al., 2012). Entretanto segundo Zhe Zhu et al.
(2012) estes novos algoritmos desenvolvidos ainda tem limitações quanto à seleção de
imagens, de modo que todas as imagens usadas devem ser de um mesmo período e ao
mesmo tempo não devem ter coberturas de nuvens para fazer a detecção multitemporal
possível, além do que para se conduzir análises multitemporais diretas é necessário
conduzir correção ou normalização atmosférica entre as imagens.
Diversos autores utilizaram as trajetórias evolutivas em seus trabalhos com variados
objetivos e metodologias, como: Seabra (2012) na bacia hidrográfica do rio São João e
Chagas (2012) no Corredor Ecológico do Muriqui, utilizaram as trajetórias como
subsídio à identificação de áreas prioritárias para recuperação; Kennedy et al. (2007).
Hansen & Loveland (2012), Zhe Zhu et al., (2012), Canty et al. (2003) e Griffiths et al.
(2012), utilizaram séries temporais Landsat com até 39 datas para detecção de
mudanças relacionas à vegetação, para diversas áreas dos EUA e Romênia.
Segundo Hansen & Loveland (2012) os método atuais de monitoramento das
mudanças no uso e cobertura da terra em larga escala utilizando média resolução (10-
50m) comumente usam imagens Landsat, uma vez que as imagens Landsat constituem o
mais longo registro global (39 anos) nesta escala de resolução.

93
Deste modo, para o mapeamento da evolução da cobertura florestal na Serra do
Mar optou-se pela utilização de detecção de mudanças diretas baseadas em trajetória
evolutiva utilizando as imagens dos satélites Landsat.
Sobre este mapeamento foram também correlacionadas as variáveis físicas e
espaciais às dinâmicas florestais, de forma a compreender os processos que levaram às
alterações na paisagem, procurando encontrar as possíveis causas do desmatamento, do
reflorestamento assim como o que levou à preservação dos remanescentes florestais na
Serra do Mar, através do emprego de análises estatísticas de regressão ponderada
geograficamente e correlação parcial.

5.2 . MATERIAIS E MÉTODOS

Para o mapeamento da evolução da cobertura florestal foi necessário uma série


histórica de imagens, geométrica e radiometricamente corrigidas e alinhadas. Assim
além da facilidade de acesso ao banco histórico de imagens dos satélites Landsat, o
serviço geológico americano (GLOVIS) fornece imagens com georreferenciamento
compatíveis com a escala 1:50.000. Desta forma foram necessária a utilização de dois
sensores diferentes dos satélites Landsat, são eles: Landsat- 5 Thematic Mappers (TM),
para os anos de 1986, 1996 e 2007; Landsat- 8 Operational Land Imager (OLI), para o
ano de 2013, com as seguintes características (Tabela 11).

Tabela 11 – Características dos sensores.


Bandas Resolução Faixa
Sensor
Espectrais Espectral Radiométrica Espacial Temporal Imageada
1 0,45 - 0,52 µm
2 0,50 - 0,60 µm
3 0,63 - 0,69 µm 30 m
TM 4 0,76 - 0,90 µm 8 Bits 16 dias 185 km
5 1,55 - 1,75 µm
6 10,4 - 12,5 µm 120 m
7 2,08 - 2,35 µm 30 m
1 0,433 - 0,453 µm
2 0,45 - 0,515 µm
3 0,525 - 0,60 µm
4 0,63 - 0,68 µm 30 m
OLI 12 Bits 16 dias 185 km
5 0,845 - 0,885 µm
6 1,56 - 1,66 µm
7 2,1 - 2,3 µm
8 0,50 - 0,68 µm 15 m

94
Cada cena Landsat cobre uma superfície de terra de cerca de 34 mil km2
(185x185 km), com uma resolução temporal de 16 dias. O sensor Thematic Mapper
(TM) funciona com sete bandas espectrais e o Operational Land Imager (OLI) com 11
bandas espectrais, Em ambos os sensores nas bandas do visível e infravermelho a
resolução espacial é de 30 m. As bandas mais comumente usados em mapeamento da
vegetação são faixas 3 e 4 (TM) ou 4 e 5 (OLI). A banda 3 (0,62-0,69 mm) está
intimamente relacionada com a absorção de clorofila e pode fornecer informações sobre
a percentagem de cobertura e os graus de maturidade da copa das culturas, na banda 4
(0,76-0,90 um) os valores estão intimamente relacionados com índice de área foliar
(LAI) e biomassa de plantas (Mather, 1987).
Um dos principais PDI para classificação de vegetação é a elaboração de índices
de vegetação, que são medidas radiométricas adimensionais, as quais indicam a
abundância relativa e a atividade da vegetação verde, incluindo LAI, porcentagem de
cobertura verde, teor de clorofila, biomassa e radiação fotossinteticamente ativa
absorvida (Jansen, 2009). O índice de vegetação utilizado foi o Índice de Vegetação por
Diferença Normalizada (NDVI) de Rouse et al. (1974), este índice é calculado pela
seguinte equação:
𝛿𝑛𝑖𝑟−𝛿𝑟𝑒𝑑
NDVI = 𝛿𝑛𝑖𝑟+𝛿𝑟𝑒𝑑

O NDVI foi escolhido por procurar normalizar ou modelar efeitos externos e


internos, tais como o ângulo solar e de visada e as interferências atmosféricas, de modo
a permitir comparações espaciais e temporais; e os efeitos internos, tais como variações
no substrato abaixo do dossel, incluindo topografia, solos e diferenças quanto à
vegetação senescente (Jansen, 2009).
A análise da evolução da cobertura vegetal teve como objetivo observar as
variações ao longo de períodos de 10 anos, aproximadamente, e a escolha final das
datas, foi em função dos melhores imageamentos obtidos.
Os anos escolhidos procuraram ser próximos aos anos do censo Agropecuário do
IBGE (1986, 1996, 2006), entretanto o ano de 2007 já possuía mapeamento pronto
(Cruz et al., 2009) e serviu de base para todos os restantes. O mapeamento de 2013 deu-
se por ser a data mais próxima aquisitada, neste período as imagens das cenas
216/76,216/75 e 218/76 apresentaram uma certa cobertura de nuvens, ainda sim inferior
a 5%. As datas de cada ano e cena são apresentadas na tabela 12.

95
Tabela 12 – Data de coleta das imagens utilizadas
Cena/Ano 1986 1996 2007 2013
216 / 75 30 / 08 12 / 09 27 / 08 22 / 03
216/ 76 10 / 04 12 / 09 27 / 08 25 / 05
217 / 75 04 / 07 16 / 08 02 / 08 21 / 04
217 / 76 31 / 07 16 / 08 02 / 08 13 / 04
218 / 76 14 / 07 23 / 09 25 / 08 15 / 07

As cenas do Landsat são articuladas conforme uma estrutura de órbita-ponto. Para


cobrir toda a área de estudo foram necessárias cinco cenas para cada data, figura 47.

Figura 47 – Articulação das cenas Landsat utilizadas (fonte: Cruz et al., 2009)

Assim para alcançar os objetivos propostos de mapeamento da evolução da


cobertura florestal foram utilizadas as seguintes de etapas de processamento digital de
imagens (PDI), de modo a corrigi-las, alinhá-las, segmentá-las e classificá-las. Os PDI
seguiram uma ordem hierárquica de métodos para a classificação: Correção
radiométrica e geométrica; Análise de informação paramétrica – segmentação orientada
a objeto e classificação nebulosa (fuzzy); detecção de mudanças. Figura 48.

96
Figura 48 – Fluxograma de atividades do Processamento Digital de Imagens.

5.2.1. PRÉ-PROCESSAMENTO DE IMAGENS

Procurou-se aquisitar imagens da mesma época do ano, durante o período seco


de maio a setembro, que em geral apresentam variações de reflectância menores e
menor cobertura de nuvem. Entretanto algumas cenas não foram obtidas neste período
em especial nas imagens de 1986 e 2013, nas imagens de 2007 e 1996 obteve-se datas
muito próximas (um mês de variação) e com pouquíssimas nuvens. Para as imagens do
sensor OLI foi necessário ainda converter de16 bits para 8 bits.
Quanto ao georreferenciamento, as imagens foram coletadas de dois sites
distintos. As imagens de 1986 e 2007 foram baixadas pelo site do INPE, não sendo
ortorreferenciadas, as imagens de 1996 e 2013 foram baixadas pelo site do USGS, estas
apresentando georreferenciamento e ortorretificação (Level 1 processing da NLAPS),
com erro estimado (RMSE) de 0.28 pixel (NASA, 2011) ou 8,4 metros.

97
5.2.2. CORREÇÃO GEOMETRICA
Imagens sempre devem estar corrigidas geometricamente a uma base de dados
para serem úteis, especialmente para aplicações como detecção de mudança, fusão,
mosaico e até composição de bandas. A correção geométrica deve ter alta acurácia,
porque desalinhamentos podem tornar o dado inútil (Erdas Manual, 2008).
A correção geométrica foi realizada utilizando o software ERDAS IMAGINE
ferramenta AutoSync. Esta ferramenta utiliza algoritmos automáticos de similaridade
entre pontos (APM), nos quais a partir da definição de alguns pontos de amarração
manuais este gera centenas de outros pontos de amarração, e gera um modelo
matemático para alinhar as imagens, reduzindo significativamente o tempo e o trabalho
de alinhar imagens.
O processo de correção geométrica consiste em marcar alguns pontos de
controle (GCP) em uma mesma área da imagem de referência e na imagem a ser
corrigida, depois utilizar a ferramenta de marcação automática de pontos de amarração
(APM). De modo a controlar as alterações a serem feitas na imagem, devem ser
observados algumas variáveis, o modelo de transformação geométrico a ser utilizado, o
grau de similaridade para gerar os APM e o erro médio quadrático (RMSE) em pixel.
As variáveis utilizadas para transformação geométrica foram o modelo
polinomial de segunda ordem, indicado para ser trabalhado quando houverem mais de
10 pontos e uma distribuição aleatória (Erdas, 2008) e qualidade mínima de
similaridade entre pontos de 90 %. Os resultados finais são apresentados na tabela 13.

Tabela 13 – Valores referentes à correção geométrica do Autosync/ERDAS IMAGINE


Cena 1986 2007
/Ano RMSE Std Tiepoint RMSE Std Tiepoint
216 / 75 0,46 0,223 204 0,47 0,194 260
216/ 76 0,47 0,184 42 0,47 0,196 39
217 / 75 0,46 0,2 208 0,48 0,185 335
217 / 76 0,48 0,22 50 0,47 0,192 118
218 / 76 0,47 0,23 135 0,49 0,23 135

Como dito anteriormente as imagens 1996 e 2013 já estavam georreferenciadas e


ortoretificadas, no final todas as imagens possuem erros inferiores (RMSE) a 0,5 pixel,
padrão cartográfico largamente aceito pois os erros não afetam os dados (Cohen, 2007).

98
5.2.3. CORREÇÃO ATMOSFÉRICA E RADIOMÉTRICA
Imagens digitais provenientes de sensores remotos podem conter ruídos ou erros
que foram introduzidos pelo sistema sensor (p.ex., ruído eletrônico) ou pelo ambiente
(p.ex., espalhamento atmosférico da luz na direção do campo de visada do sensor)
(Jensen, 2009). Desta forma para integrar as diferentes datas alguns ajustes devem ser
feitos de modo a remover esses efeitos deletérios.
Neste trabalho foram utilizados dois métodos distintos: o primeiro procura
remover a interferência atmosférica estimada diretamente da imagem, técnica conhecida
como subtração dos objetos escuros (DOS); o segundo procura diminuir as diferenças
entre as imagens normalizando todas por uma imagem de referencia.

CORREÇÃO ATMOSFÉRICA - Subtração de Objetos Escuros


No método DOS a interferência atmosférica é estimada com base somente nos
níveis de cinza da imagem , o que o torna mais simples e possível de ser aplicado em
qualquer cena, pois não necessita de dados sobre as condições atmosféricas na data de
obtenção da imagem (Gurtler et al., 2003). Esse método parte do princípio de que
existem alvos escuros na imagem, em geral sombras de nuvens ou ocasionadas pela
topografia, que deveriam apresentar um nível de cinza equivalente a zero. Entretanto, o
valor do pixel mais escuro encontrado na imagem é geralmente superior a esse valor,
devido principalmente ao fator de espalhamento atmosférico, que exerce maior
interferência nos comprimentos de onda mais curtos.
A correção atmosférica foi realizada utilizando o software ENVI ferramenta
DOS. Esta ferramenta subtrai todos os pixels em cada banda pelo menor valor
encontrado no histograma de cada banda, de forma que o valor mínimo em cada banda
seja um. Os valores observados no histograma e inseridos na ferramenta estão
apresentados na tabela 14.

Tabela 14 – Valores utilizados na subtração dos objetos escuros (DOS)


Cena 2007
/Ano B1 B2 B3 B4 B5 B7
216 / 75 70 25 20 9 4 2
216/ 76 72 26 21 10 3 1
217 / 75 43 13 10 18 16 5
217 / 76 45 13 8 3 0 0
218 / 76 48 16 11 5 2 1

99
NORMALIZAÇÃO RADIOMÉTRICA
Para a maioria das séries históricas de imagens de satélites não existem
informações associadas às condições atmosféricas, iluminação, entre outras. Em função
disso, a normalização baseada na informação radiométrica intrínseca às imagens é uma
alternativa sempre que a radiância absoluta da superfície não é necessária, como, na
detecção de mudanças e classificação da cobertura da terra (Canty, 2004).
Normalizar radiometricamente duas imagens de datas distintas tem como
objetivo compatibilizar as amplitudes dos níveis de cinza (NC) dos elementos de
imagem em cada banda espectral de uma série multitemporal de imagens.
Este método consiste em igualar os valores dos NC de duas imagens, através de
uma regressão linear simples (OLS). Para isto, são selecionados pixels invariantes, onde
não houve mudanças na cobertura da terra, em duas imagens, sendo uma a imagem de
referência, a imagem que teve correção atmosférica pelo método DOS, e a outra, a
imagem de ajuste.
São então extraídos os valores (NC) de cada banda para cada imagem, que então
são relacionados em um gráfico, onde o eixo X representa a imagem de ajuste e o eixo
Y a imagem de referência. É então calculada a regressão linear, que é determinada
minimizando a soma dos quadrados das distâncias verticais entre os valores reais de Y e
os valores previstos de Y. Os coeficientes da regressão linear (y = ax + b) são aplicados
à imagem de ajuste, efetuando a retificação desejada.
A figura 49 mostra o exemplo de apenas uma cena de um ano. Este mesmo
procedimento foi realizado para todas as outras cenas e para todos os anos. Em função
das alterações radiométricas efetuadas, não foi feito mosaicos nas imagens, o motivo é
que durante a execução de um mosaico as imagens sofrem uma transformação nos
valores do NC de modo a compatibilizar as cenas, esta alteração acaba por inviabilizar
todos os processos anteriores. Entretanto a normalização radiométrica pode ser feita
também para compor mosaicos, neste caso em detrimento à detecção de mudanças, uma
vez que os valores de NC ficam mais próximos entre as cenas do que entre os anos.
A alteração da radiometria das bandas é marcante, especialmente nas bandas do
azul, a presença de valores altos para subtração deve-se ao fato da normalização atuar
também como correção atmosférica pelo método DOS. O que se percebe é que após a
correção as amplitudes entre os anos e entre as bandas é muito menor, diminuindo por
tanto os erros referentes aos processos semi-automatizados de OBIA, em especial ao
nivelamento entre os anos necessário durante o processo de detecção de mudanças.

100
Figura 49 – Regressão linear da cena 216/75, entre os anos de 1986 (ajuste) e 2007
(referência). Com o resultado da equação de reta e o valor de R² da regressão por banda,
em vermelho linha de tendência e equação da reta referente à imagem ajustada.

101
5.3. CLASSIFICAÇÃO SEMI-AUTOMATIZADA

O mapeamento da evolução da cobertura vegetal foi elaborado utilizando as


imagens do satélite Landsat 5, de 1986, 1996 e 2007, e Landsat 8 de 2013. Os dados
foram projetados cartograficamente para coordenadas geográficas, WGS 84.
Para classificação da evolução da cobertura florestal foi adotado um nível de
segmentação. Para este nível foram usadas 3 bandas do satélite nos 4 anos (Vermelho
Infravermelho próximo (IVP), Infravermelho (IV), conferindo um peso igual a todas as
bandas, utilizando um parâmetro de escala 15 (cor 0,9 e compactação 0,6), o menor
possível frente a instabilidade do programa (Tabela 15).

Tabela 15 – Parâmetros de Segmentação, utilizados no software eCognition®8.


Variavel Escala Peso Cor Forma Compacidade
V, IVP,IV 15 1,1,1 0,9 0,1 0,6

Assim a partir da segmentação foi estruturada uma hierarquização de classes de


cobertura vegetal, com 8 tipos (tabela 16). A hierarquia de classes adotada foi definida a
partir da herança de classificação e agrupada por sua semântica. A utilização da herança
na classificação procura distinguir cada classe a partir de critérios de similaridade,
separando as mais distintas primeiro, e depois as mais homogêneas.

Tabela 16 – Classes de Cobertura Vegetal


I. Floresta
a. Floresta secundária em estágio médio a avançado de regeneração .
II. Desmatamento
a. 1996 - Áreas desmatadas depois de 1986.
b. 2007 – Áreas desmatadas depois de 1996.
c. 2013 - Áreas desmatadas depois de 2007.
III. Reflorestamento
a. 1996 - Áreas regeneradas em 1996.
b. 2007 - Áreas regeneradas em 2007.
c. 2013 - Áreas regeneradas em 2013.
IV. Outras coberturas

Estas classes também foram diferenciadas em grupos de similaridade de


cobertura (semânticos), são eles: Floresta compreendeu as áreas com predomínio da
vegetação arbustiva ou arbórea; Outras coberturas correspondeu às áreas sem

102
vegetação florestal, como a ocupação urbana, solo exposto, áreas preparadas para
cultivo e a pastagem em geral, onde o solo contribui muito na mistura espectral;
Desmatamento corresponde às áreas que em uma data anterior foram classificadas
como Floresta e na data seguinte não; Reflorestamento corresponde às áreas que em
uma data anterior não foram classificadas como floresta e na data seguinte foram. Cada
grupo foi diferenciado por subclasses. O grupo desmatamento foi dividido segundo os
anos em que ocorreram. O grupo regeneração também foi dividido pelo ano de
ocorrência da transformação. Outras coberturas – áreas com diversos tipos de cobertura.
A escolha dos descritores utilizados foi feita com base na amostragem de
diferentes áreas da mesma classe, na qual são observadas as respostas espectrais das
diferentes bandas, texturas, razões, desvio padrão e forma das amostras, estas são
comparadas entre si por meio de um histograma de frequência. Os descritores sofrem
pequenas variações entre as bandas das diferentes datas (em geral até 10% de seu valor),
desta forma os descritores são apresentados a seguir, tabela 17.

Tabela 17 – Descritores utilizados na classificação da cobertura florestal.


Valor
Classe Descritor Modelo Valor max.
min.
NDVI 1986 ou 1996 ou 2007
Floresta 0,59 0,66
ou 2013
Desmatamento NDVI 1986 0,55 0,65
1996 NDVI 1996 e 2007 0,5 0,55

Desmatamento NDVI 1986 e 1996 0,55 0,65


2007 NDVI 2007 e 2013 0,5 0,55
NDVI 1986 e 1996 e 2007 0,55 0,65
Desmatamento
2013 NDVI 2013 0,5 0,55
NDVI 1996 0,6 0,65
Reflorestamento NDVI 2007 e 2013 0,55 0,65
1996
NDVI 1986 0,5 0,55
NDVI 2007 0,6 0,65
Reflorestamento NDVI 2013 0,55 0,65
2007
NDVI 1996 0,5 0,55
NDVI 2013 0,6 0,65
Reflorestamento
2013 NDVI 1996 e 2007 0,5 0,55

103
Os descritores são então utilizados para a classificação individual de cada objeto
(segmento), de forma que em função do valor médio de cada segmento o programa
calcula um percentual de similaridade com os modelos (lógica fuzzy), assim os objetos
mais pertinentes, superiores a 51% de similaridade e com maior similaridade entre as
classes, são classificados conforme definido pela legenda.
Após os processamentos descritos anteriormente, foi feita uma edição final a
partir de interpretação visual, na escala 1:100.000, de forma a dirimir eventuais dúvidas
foram utilizados, como apoio, imagens de maior resolução espacial tais como: Ortofotos
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE e imagens disponíveis para a
área no software livre Google Earth, com atenção às datas de imageamento dos diversos
sensores. Foram também realizados trabalhos de campo para verificação do mapa final.
O resultado obtido foi refinado por meio da aplicação de filtro de maioria, em
um processo de homogeneização de 5x5 vizinhos próximos pelo programa ERDAS,
onde também foram excluídas áreas menores que 4 hectares.
A figura abaixo mostra exemplo da classificação das imagens em todas as datas.

Figura 50 – Exemplo da classificação, segmentação e visualização.

104
5.4. ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA COBERTURA FLORESTAL
ATRAVES DE REGRESSÃO PONDERADA GEOGRAFICAMENTE

As causas para os processos de mudança do uso e cobertura do solo diferem


grandemente dependendo da região, e desta forma é difícil determinar a priori quais
regiões apresentam as mesmos atividades atuando na mesma área de forma homogênea.
Assim o uso de métodos de análise local, como as regressões ponderadas
geograficamente (GWR em inglês), permitem identificar as variações dos processos no
espaço. As GWR reconhecem as variações espaciais entre uma variável dependente
(ex.: taxa de desmatamento) e variáveis explicativas independentes (ex.: densidade
populacional, área agrícola e etc.) (Mas & Cuevas,2013). Este método tem sido aplicado
para estudar padrões espaciais de diferentes fenômenos, como desmatamento (Mas &
Cuevas, 2013) a reflorestamentos (Clement et al., 2009).
Para se determinar quais fenômenos são os mais prováveis de terem causado o
desmatamento, regeneração e vegetação atual, foram calculadas as áreas de cada uma
destas dinâmicas, e assim se comparou estes três índices com as variáveis físicas e
espaciais.
Para determinação das áreas dos remanescentes florestais, desmatamento e
regeneração foi utilizado o levantamento do capitulo 4, de unidades de paisagem, onde
os dados de desmatamento e regeneração utilizados foram o total de todas as cenas,
ficando apenas uma única taxa de desmatamento e regeneração (1986-2013) e os
remanescente florestal de 2013.
Para se determinar quais variáveis seriam utilizadas, foi pesquisado quais
indicadores são mais utilizados na literatura e pertinentes a região da Serra Mar.
Em especial foram observados os trabalhos de Strassburg et al. (2012) que
correlacionou a adequação biofísica com variáveis de pressão econômica de modo a
fornecer uma aproximação probabilística global e insights para REDD – Redução da
emissão de desmatamento e degradação florestal.
No Brasil foram observados os estudos de correlação de desmatamento com
dados socioeconômicos de Reis & Guzmán (1992), que acharam mais pertinentes os
dados de população, densidade de estradas e área agrícola, e Espindola et al (2011), que
utilizou dados de distância para áreas urbanas e cobertura de unidade de conservação,
ambos na região amazônica. Foram consultados também os trabalhos de Mas e Cuevas

105
(2013) sobre o México, onde foram observados os indicadores de densidade de bovinos
e declividade média, e de Viscano (2013) que comparou as correlações de
desmatamento de uma região do México com um trecho de Mata Atlântica na Serra do
Mar (Corredor Ecológico do Muriqui).
Ao final foram escolhidos 7 indicadores para correlação com as mudanças na
cobertura florestal, sendo: Declividade média, Altitude, Radiação, Umidade, Cobertura
de unidade de conservação, Densidade de estradas, Distância para áreas urbanas. A
tabela 18 a seguir mostra o conjunto de variáveis utilizadas.

Tabela 18 - Variáveis explanatórias


Tipo Variável Descrição unidade fonte
Dependente
Florestas Áreas florestadas até 2013 % área Mapa
Desmatamento Áreas desmatadas de 1986 a 2013 % área cobertura
Florestal
Regeneração Áreas regeneradas de 1986 a 2013 % área 1986-2013
Independentes
Declividade Média da declividade Graus Topodata
Altitude Média da altitude m.s.n.m Topodata
Radiação solar Média da radiação solar Watt/m² Topodata
Físicas

Umidade Média do valor da precipitação mm worldclim


menos a evapotranspiração.
Unidade de Área ocupada por unidade de % área MMA,
Conservação conservação INEA
Densidade de Relação entre estrada e a unidade Km/km² IBGE
Espaciais

estradas espacial
Distância para Distância mínima para uma área km INEA
áreas urbanas urbana

5.4.1. MÉTODOS DE REGRESSÃO


Regressão é a análise da relação entre uma variável(s) e alguma(s) outra
variável(is), estes processos de correlação possuem diferentes métodos. Neste estudo
foram utilizados alguns métodos de regressão.
Para primeira análise, a fim de se conhecer melhor os dados foi calculada as
correlações simples entre as variáveis (Tabela 22). A seguir foi utilizado o método de
regressão múltipla linear ou dos mínimos quadrados ou mínimos quadrados ordinários
(ordinary least squares - OLS), de modo a apresentar os dados de correlações globais e
comparar diferentes unidades de análise. Para o resultado final foi calculada a regressão

106
ponderada geograficamente (GWR), de modo a apresentar as variações locais dos
modelos na unidade de análise de melhor resultado.
O coeficiente de correlação, r, é uma medida da intensidade da relação entre ou
dentre as variáveis. Cálculo:

Quando a correlação entre duas variáveis é elevada (quer seja positiva, quer seja
negativa), isso significa que se conhecer o valor de uma das variáveis, então é possível
ter uma idéia do valor que a outra variável irá tomar. O propósito é explicar a variação
numa variável (isto é, como uma variável difere do seu valor médio) usando a variação
em uma ou outras mais variáveis. A correlação não implica que um causa o outro.
Podemos dizer que duas variáveis X e Y estão correlacionadas, mas não que X causa Y
ou que Y causa X, na média (Rogerson, 2012).
O princípio dos mínimos quadrados é que a linha de regressão é determinada
minimizando a soma dos quadrados das distâncias verticais entre os valores reais de Y e
os valores previstos de Y. Uma linha é um ajuste através dos pontos XY de forma que a
soma dos resíduos quadráticos (isto é, a soma dos quadrados da distância vertical entre
as observações e a linha) seja minimizada.
A análise de regressão múltipla é uma técnica estatística que usa mais de um
estimador, ou variável independente, para examinar os efeitos em um único resultado,
ou variável dependente. A regressão múltipla calcula os coeficientes para cada variável
independente, estimando o efeito de uma variável em particular enquanto mantém
constantes os efeitos de outras.
Por sua vez a GWR é parte das técnicas de regressão espacial usadas geralmente na
geografia e outras disciplinas. A GWR proporciona um modelo local da variável
dependente que procura entender ou prever ao ajustar uma equação de regressão a cada
entidade no espaço. A GWR constrói equações individuais mediante a incorporação das
variáveis dependentes e explicativas das entidades que caem dentro da variação de
banda de cada entidade de destino. Para escolher a forma e o tamanho da variação de
banda, se leva a cabo um processo de busca interativa que encontra a variação de banca
que permite otimizar o critério de informação de Akaike (AIC em inglês), índice que
toma em conta a complexidade (do modelo) e o grau de ajuste dos modelos utilizando a
largura de banda fixas para todo o território.

107
5.5. RESULTADOS

Os valores de mudança na cobertura florestal foram analisados no âmbito das


tipologias de paisagem definidas no capítulo anterior, utilizando como área de análise as
classes da paisagem, e numa escala mais aprofundada os subgrupos de paisagem, de
modo que as análises apresentem as questões de mudanças gerais (Classe) e mudanças
específicas por formas de relevo (subgrupo). Ainda foram analisadas as mudanças em
função das fitofisionomias definidas para cada unidade de paisagem.
A análise das variações na cobertura florestal ao longo desses 27 anos de
imageamento apresentou pouca variação em termos de área total, 2,2% da área com
mudança. Entretanto foram detectados muitos km² de supressão vegetal e
reflorestamento, o equivalente a 9% da área florestal. Estes padrões são melhor
observados em função de cada período e por sua ocorrência nas tipologias de paisagem.
A análise por subgrupo de paisagem e por fitofisionomia apresenta resultados que
procuram traçar as mudanças da cobertura florestal em função do relevo e tipo de
vegetação. Ainda que isto represente as definições de cada unidade, a utilização destas
duas áreas de análise em detrimento à análise por unidade de paisagem deve-se ao fato
dos resultados ficarem mais claros em abordagem direcionada a questões distintas da
alteração antrópica da paisagem, o relevo e a fitofisionomia.

5.5.1. ANÁLISE POR CLASSE DE PAISAGEM

A tabela 19 e Figura 51 a seguir apresentam os resultados da evolução da cobertura


florestal obtidos por classes de paisagem.

Tabela 19 – Valores de mudança da cobertura Florestal por Classe de paisagem.


Remanescentes Área
Classe Desmatamento em km² Reflorestamento em km²
Florestais da
1996 2007 2013 Total % 1996 2007 2013 total % Km² % classe
1 262,4 147,9 21,0 431,3 4,4 58,4 39,8 40,7 138,9 1,5 9.373,6 57,1 16.413
2 61,7 63,3 5,1 130,0 10,0 11,4 31,3 53,4 96,1 7,6 1.171,3 6,1 19.046
3 89,9 38,0 4,7 132,6 14,4 44,5 24,3 12,8 81,6 9,4 787,6 7,6 10.341
Total 414,0 249,2 30,8 694,0 5,8 114,3 95,4 107,0 316,6 2,7 11.332,5 24,7 45.801
1- Montanhas 2- Vale do rio Paraíba do Sul 3- Planícies costeiras

108
Figura 51 – Mapa da Evolução da Cobertura Florestal

109
Entre os anos de 1986 a 1996, ocorreu um intenso processo de desmatamento na
região da Serra do Mar e em sua periferia, totalizando 414 km² de desmatamento (figura
52), o que representa 3,6% da área dos remanescente florestais atuais. 63% ou 262 km²
do desmatamento ocorreu sobre a classe Montanhas (1), em sua maior parte relacionado
a abertura de pastagens em encostas inclinadas dos vales intramontanos. Nas Planícies
costeiras (3), o desmatamento de 90 km² deu se em especial nas baixadas da região de
Angra dos Reis e Mangaratiba e no relevo colinoso de Itaboraí a Casimiro de Abreu.
Paralelo a isso houve um Reflorestamento nas áreas de pastagem, totalizando
114 km² ou 1% da área dos remanescente florestais atuais (figura 52), dos quais 51% ou
58 km² ocorreu em áreas montanhosas e outros 39% nas baixadas (3) devido a
reflorestamentos comerciais de eucalipto em Seropédica e São Pedro da Aldeia.
Desmatamento Reflorestamento
450
1 1
400
2 2
350
3 3
300
Total Total
250
200
150
100
50
0
1996 2007 2013 1996 2007 2013

Figura 52 – Gráfico da evolução da cobertura florestal por classes de paisagem

Entre 1996 a 2007 observa se uma diminuição significativa do desmatamento,


com 249 km², o que representa cerca da 60% da área desmatada anteriormente, nas
regiões de montanha (1), com 148 km², e nas baixadas (3), com 38km². A bacia do rio
Paraíba do Sul (2) apresentou um ligeiro aumento na área desmatada, com 63 km².
O reflorestamento em toda área de estudo apresentou ligeira diminuição com 95
km², o equivalente a 83% da área anterior, entretanto houve aumento significativo para
a região do vale do Rio Paraíba do Sul (2) com 53,4 km², o equivalente a 50% de área
reflorestada de toda área de estudo, em geral associadas aos plantios comerciais de
eucalipto nas bacias situadas a oeste da área de estudo. Apesar da diminuição da área
reflorestada nas baixadas (3) com 24,3km², quase metade da área anterior, as áreas
reflorestadas foram em sua maioria área de mangue ou brejosas nos fundos de baia.

110
Entre o período de 2007 a 2013, houve uma diminuição significativa do
desmatamento, caindo para 31 km² ou 1/8 da área anterior. A pesar de uma maior
cobertura de nuvens nas áreas montanhosas poderem esconder parte do desmatamento,
caindo para 21 km² ou 1/7 da área anterior, a diminuição do desmatamento ocorre de
forma análoga nas regiões vizinhas do vale do Paraíba do Sul (2), com 5 km² ou 1/12 da
área anterior, e das baixadas litorâneas (3), com 5 km² ou 1/8 da área anterior.
O reflorestamento se mantem estável para toda a área, com 107 km², porém
apresenta um grande declínio na região das baixadas (3), com 13 km², em especial por
não haver manutenção das florestas plantadas de eucalipto dos municípios de São Pedro
da Aldeia e Seropédica. Por sua vez na região do Vale do Paraíba do Sul (2) houve um
aumento significativo da área, com 96 km² ou 180% da área anterior, novamente
impulsionado pelos plantios comerciais de eucalipto sendo que desta vez localizados no
município de Valença. Na região de montanha (1) as áreas apresentam reflorestamento
quase constante, com 41 km² de área.
No total foram desmatadas 694 km² em todas as bacias da Serra do Mar
fluminense o equivalente a 5,8% de sua área, foi observado um decréscimo das taxas de
desmatamento ao longo destes 27 anos de análise, caindo de 41 km²/ano para 5km²/ano
de área desmatada.
No total dos 27 anos de análise o desmatamento na região de montanha foi de
431 km² o equivalente a 4,4% de toda a área, a uma taxa média de 16 km²/ano de área
desmatada, apresentando uma acentuada diminuição, caindo de uma taxa inicial de 26
km²/ano para 3,5 km²/ano. No Vale do Paraíba a área total desmatada foi de 130 km² ou
10% de toda sua área. Apresentou nos dois períodos iniciais uma taxa média de 6
km²/ano, caindo para 0,85 km²/ano no período de 2007 a 2013. Nas planícies litorâneas
(3) a área total desmatada foi de 132 km² ou 14,4% da área. Apresentou uma taxa inicial
de desmatamento de quase 9 km²/ano, diminuindo gradativamente até 80 ha/ano.
Quanto aos processos de reflorestamento, durante os 27 anos foram restaurados
317 km², o equivalente a 11,7 km²/ano de restauração de forma constante ao longo de
todo período, com um ligeiro aumento no último período de 2007-2013 com 17,8
km²/ano, impulsionados sobretudo pelos plantios econômicos de eucalipto. Nas áreas
montanhosas (1) a área total reflorestada foi de 139 km², equivalente a 1,5% da área,
equivalente a 5,1 km²/ano de restauração. Entretanto nesta área a maior parte do
reflorestamento é natural, ocorrendo em pequenos fragmentos em borda de mata. Na
região do vale do Rio Paraíba do Sul (2), houve um aumento crescente das taxas de

111
reflorestamento, com média no período inicial de 1,1 km²/ano, subindo até 8.9km²/ano
no período final, no total foram reflorestados 96,1 km² de área, o equivalente a 7,6% da
área de estudo. Na baixada (3) o reflorestamento teve decréscimo constante, indo de 4,5
km²/ano no período inicial, para 2,1 km²/ano no período final. Isto deve se ao abandono
das atividades de reflorestamento de eucalipto. No total foram restaurados 81,6 km² de
floresta, o equivalente a 9,4% da área.
Os remanescente florestais encontram-se preservados em sua maior parte nas
áreas montanhosas (1), que abrigam 9.374 km², equivalente a 83% de toda a área
florestal das bacias da Serra do Mar fluminense ou 57% de toda área de montanha
apresenta grandes matrizes florestais situadas nos centros do maciços montanhoso
isoladas entre si por vales e baixadas recobertos de pastagens e alguns centros urbanos.
O vale do Rio Paraíba do Sul possui 1.171 km² de florestas, equivalentes a 6,1% de sua
área total. com algumas pequenas matrizes florestais em serras isoladas (ex. Serra da
Beleza e da Concórdia) e pequenos fragmentos florestas isolados em alguns topos de
morros e margens de rios. As baixadas (3) possuem 788 km² de florestas dispersas em
fragmentos pequenos e isolados, totalizando 7,6% da área total. Ao todo restaram
11.332 km² de floresta ocupando 25% de toda área de estudo.

5.5.2. ANÁLISE POR SUBGRUPO DE PAISAGEM


A tabela 20 e Figura 53 a seguir apresentam os resultados da evolução da cobertura
florestal obtidos por subgrupo de paisagem.

90,00
85,00
80,00 %_Florestal
75,00
%Regeneração
70,00
65,00 %Desmatamento
60,00
55,00
50,00
45,00
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00
1.1.1
1.1.2
1.1.3
1.2.1
1.2.2
1.3.1
1.3.2
1.4.1
1.5.1
1.6.1
2.1.1
2.2.1
2.3.1
2.3.2
3.1.1
3.2.1
3.3.1
3.3.2
3.3.3

Figura 53– Gráfico comparativo da cobertura florestal por subgrupo da paisagem

112
Tabela 20 – Valores de mudança da cobertura Florestal por Subgrupo de paisagem.
Remanescentes Área
Desmatamento em km² Regeneração em km²
Classe Florestais da
1996 2007 2013 Total % 1996 2007 2013 total % Km² % classe
1.1.1 23,189 10,709 4,838 38,735 1,52 7,124 4,569 0,569 12,262 0,49 2.508,061 86,48 2.900

1.1.2 52,435 25,147 1,234 78,816 10,01 10,041 3,087 9,755 22,883 3,13 708,764 36,39 1.948

1.1.3 46,163 28,919 0,852 75,934 7,79 12,042 6,743 2,640 21,426 2,33 898,906 41,24 2.180

1.2.1 73,772 43,024 7,017 123,813 5,07 13,077 12,227 11,171 36,476 1,55 2.318,222 66,09 3.508

1.2.2 25,200 7,263 1,083 33,546 13,18 2,567 4,498 9,335 16,400 6,91 221,055 27,76 796

1.3.1 6,243 3,960 0,677 10,880 4,06 0,678 0,459 0,472 1,609 0,62 256,998 65,58 392

1.3.2 5,327 6,872 0,706 12,905 3,22 0,816 2,080 0,434 3,329 0,85 387,394 66,51 582

1.4.1 12,884 12,275 1,376 26,535 2,31 2,119 1,464 2,906 6,489 0,57 1.124,633 49,45 2.274

1.5.1 4,152 4,463 2,061 10,676 1,50 7,766 2,431 0,543 10,740 1,51 702,008 69,16 1.015

1.6.1 13,030 5,302 1,163 19,495 7,30 2,146 2,263 2,892 7,301 2,86 247,551 30,25 818

2.1.1 17,515 16,896 0,849 35,261 8,08 3,421 3,454 6,214 13,089 3,16 400,917 20,36 1.970

2.2.1 43,775 46,267 4,210 94,252 10,92 7,936 27,828 47,169 82,934 9,73 769,068 4,56 16.853

2.3.1 0,003 0,000 0,000 0,003 4,87 0,000 0,000 0,000 0,000 0,00 0,050 0,10 51

2.3.2 0,419 0,098 0,000 0,517 29,33 0,062 0,000 0,041 0,103 7,67 1,246 0,72 173

3.1.1 26,603 14,364 0,558 41,524 12,19 6,853 2,748 5,551 15,153 4,82 299,119 9,64 3.103

3.2.1 0,881 0,208 0,000 1,089 15,28 0,000 0,000 0,000 0,000 0,00 6,036 2,01 300

3.3.1 44,986 17,945 3,408 66,339 18,59 22,122 10,140 4,255 36,517 11,17 290,452 6,31 4.603

3.3.2 9,592 4,223 0,554 14,369 11,02 11,191 11,000 1,583 23,774 17,01 116,021 10,48 1.107

3.3.3 7,763 1,287 0,177 9,227 10,84 4,306 0,399 1,367 6,071 7,40 75,918 6,41 1.184

As morfologias do relevo sempre foram extremamente importantes na definição das


formas de apropriação do espaço pelas sociedades, relevos abruptos geram restrições à
utilização econômica assim como relevos planos com solos ricos em nutrientes atraem o
uso. Desta forma a observação da situação dos remanescentes florestais e da evolução
da cobertura florestal ao longo de 27 anos do ponto de vista das formas de relevo
apresenta bons indicativos das diferenciadas formas de ocupação e utilização econômica
das paisagens.
As escarpas de falha (1.1.1) apresentam o maior percentual de cobertura
florestal, com 86,5% de sua área em 2.508 km², seguida pelas montanhas em planalto de
reverso (1.2.1) com 66% de sua área preservada em 2.318km², e pelos maciços costeiros
(1.5.1), montanhas formadas por rochas alcalinas (1.3.1) e pontões graníticos (1.3.2)
com 69%, 66,5% e 65,5% de área florestada, respectivamente. As cadeias serranas

113
paralelas (1.4.1) possuem a terceira maior área florestada (1.125km²), equivalente a
49% de sua área, em geral nos setores mais altos da serra (16).
As paisagens mais degradadas são os terraços terciários (2.3.1) e planícies de
inundação (2.3.2) do vale do Paraíba do Sul, que foram completamente desmatadas,
restando menos de 0,1% e 0,7% respectivamente. As planícies perderam 50 ha (30%) ao
longo destes 27 anos de monitoramento, restando apenas 125 ha de florestas.
As demais paisagens das planícies litorâneas e do vale do rio Paraíba do Sul
apresentam menos de 10% de sua área preservada, com exceção as Serras isoladas
(2.1.1) com 20%. Os mares de morros (2.2.1) com 4,5% e os tabuleiros costeiros (3.2.1)
com 2% também encontram-se quase completamente desmatados. A figura 54 apresenta
o cartograma com a distribuição dos percentuais por área de florestas.
Quanto as áreas reflorestadas, os mares de morros (2.2.1) apresentaram a maior
área reflorestada com 83 km² de área reflorestada equivalente a 10% da área, a uma
media de 3km²/ano chegando a 8km²/ano no período mais recente. Entretanto á
paisagem que teve o maior percentual de reflorestamento foram as planícies inundáveis
(3.3.2) com 17% de área e as planícies aluvio-coluviais (3.3.1) com 11% da área.
Não houve reflorestamento nos tabuleiros costeiros (3.2.1). As escarpas de falha
(1.1.1) apresentaram a segunda menor taxa de reflorestamento com 0,5%, seguida pelas
cadeias serranas paralelas (1.4.1) com 0,5%, montanhas formadas por rochas alcalinas
(1.3.1) com 0,85% e pontões graníticos (1.3.2) com 0,6%.
As paisagens com menor reflorestamento foram as mesmas que possuíam maior
taxa de remanescentes florestais, e vice e versa, mostrando assim uma relação inversa
quanto ao reflorestamento e grandes remanescentes florestais. A figura 55 apresenta o
cartograma com a distribuição dos percentuais por área Reflorestada.
As paisagens com maior percentual de desmatamento foram as planícies de
inundação (2.3.2) do vale do Paraíba do Sul, tendo 30% de sua área desmatada ao longo
dos 27 anos, sendo que 90% deste desmatamento ocorreu entre 1986-96. As paisagens
com maior desmatamento em área foram as montanhas em planalto de reverso (1.2.1)
com 124 km² e os mares de morros (2.2.1) com 94 km², em geral área pouco inclinadas
utilizadas para agropecuária ainda hoje. A figura 56 apresenta o cartogramas com a
distribuição dos percentuais por área de desmatamento.

114
Figura 54 – Cartograma do percentual de área Florestada

115
Figura 55 – Cartograma do percentual de área Reflorestada

116
Figura 56 – Cartograma do percentual de área Desmatada

117
Outras paisagens apresentam alto grau de desmatamento ao longo do período de
análise, estando em geral associadas a paisagens já desmatadas, destacam se:
As superfícies elevada de planalto de reverso (1.2.2) no qual foram desmatados
34 km² de floresta, cerca de 13% de sua área.
Os mares de morros (2.2.1) do vale do Paraíba do Sul têm sido utilizados para
agropecuária (café e gado) desde início do século XIX, de forma que hoje restam apenas
4,5% de sua área preservada em 769 km². Ainda assim dos poucos fragmentos restantes
11% de suas áreas foram desmatadas, o equivalente a 94 km².
As colinas isoladas (3.1.1) das planícies litorâneas vêm sendo utilizadas para a
agropecuária há centenas de anos, No total possui apenas 9,6% de remanescentes em
300 km². A busca de novas áreas desmatou mais 41 km², equivalentes a 12% da área.
Os tabuleiros costeiros (3.2.1) ainda hoje são muito utilizados para o plantio de
cana de açúcar, deste modo apresentam baixíssima área florestada (2%) e auto grau de
desmatamento, com 15% da área desmatada no período de 1986-2013.
As planícies aluvio-coluviais (3.3.1), onde ocorreu a maior urbanização do
Estado do Rio de Janeiro, seu processo de ocupação se inicia nos primórdios da
colonização, com a primeira cidade datada em 1545. Hoje apenas 6,3% da área está
recoberta por floresta, ou 290 km². O processo de urbanização nas planícies ainda vem
ocorrendo, de forma que ainda foram desmatados 66 km² de mata, ou 18,6% da área.

5.5.3. ANÁLISE POR FITOFISSIONOMIA


A tabela 21 e Figura 57 a seguir apresentam os resultados da evolução da cobertura
florestal obtidos por fitofisionomia.
Ao se analisar as trajetórias evolutivas das fitofisionomias, pode-se ter uma ideia
da integridade destas, uma vez que a manutenção e diversidade florísticas de cada
ambiente natural se dá por um processo constante de recolonização de áreas próximas.
As florestas mais bem preservadas estão localizadas nas áreas mais altas e
montanhosas, preservados nas fitofisionomias de florestas altomontanas com 89% de
área preservada em 89 km²; florestas lato-aciculifoliadas, com 322 km² representando
64% da área; seguida dos campos de altitude com 73% de área arbóreo-arbustiva em
137 km². Ao todo são 549 km² de florestas de altitude.
As fitofisionomias de floresta pluvial montana e submontana possuem as
maiores áreas florestadas com 4.358 km² e 4.452 km², ou 56 e 53%, respectivamente.
Estes 8.810 km² representam 77% dos remanescentes na área de estudo.

118
As florestas semideciduais encontram se em situação menos preservada com
30% de área para a floresta montana em 98 km², e 20% de área de floresta submontana
com 935 km², representando a terceira maior tipologia fitofisionomica em área.

Tabela 21 – Valores de mudança da cobertura Florestal por Fitofisionomia.


Remanescent
Desmatamento em km² Regeneração em km² Área da
Classe e Florestal
classe
1996 2007 2013 Total % 1996 2007 2013 total % Km² %
Campos de altitude 1,56 2,31 0,40 4,27 3,02 0,04 0,76 0,00 0,80 0,58 137,42 72,96 188,36
Floresta Mista 14,16 7,85 0,59 22,59 6,55 3,00 0,54 1,11 4,65 1,42 322,50 63,85 505,06
perenifólia altomontana 0,09 0,34 0,08 0,51 0,57 0,34 0,49 0,00 0,83 0,92 88,98 89,32 99,62
perenifólia montana 156,53 79,38 11,93 247,84 5,38 24,72 23,01 31,17 78,90 1,78 4357,88 56,54 7707,92
perenifólia submontana 89,70 62,61 8,18 160,49 3,48 30,62 17,44 9,66 57,71 1,28 4451,86 53,30 8352,76
perenifólia terras baixas 64,53 25,89 3,96 94,38 16,86 14,00 8,22 7,90 30,12 6,08 465,55 9,08 5128,52
semidecidual montana 3,98 7,03 0,71 11,71 10,71 0,83 0,64 1,19 2,66 2,66 97,62 30,44 320,75
semidecidual submontana 49,68 47,43 1,20 98,31 9,51 10,11 28,10 38,08 76,29 7,54 935,42 19,79 4726,27
semidecidual terras baixas 7,94 6,62 0,01 14,57 10,07 14,97 4,66 1,91 21,54 14,21 130,11 4,52 2877,28
decidual submontana 7,68 4,26 2,97 14,91 9,42 0,03 0,07 12,93 13,03 8,33 143,34 1,06 13497,25
xerófita litorânea 0,74 0,00 0,00 0,74 6,95 0,10 0,06 0,00 0,16 1,61 9,85 15,93 61,81
vegetação pantanosa 8,33 3,77 0,14 12,23 30,78 6,11 2,64 0,48 9,23 25,12 27,50 2,93 938,04
Mangue 1,26 0,45 0,42 2,14 2,36 5,08 8,36 1,10 14,55 14,12 88,46 52,51 168,46
Restinga arbórea 1,69 0,05 0,18 1,91 5,88 0,49 0,00 0,00 0,49 1,59 30,67 51,39 59,67
Restinga em moitas baixas 6,08 1,24 0,00 7,31 13,91 3,81 0,40 1,37 5,58 10,97 45,25 4,03 1124,10

90,00 Remanescentes
85,00
80,00 Regeneração
75,00 Desmatamento
70,00
65,00
60,00
55,00
50,00
45,00
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
0,00

Figura 57 – Gráfico comparativo da cobertura florestal por fitofisionomia

119
A floresta decidual submontana é a fitofisionomia mais ameaçada da área de
estudo, apenas 1% de área preservada em 130 km². A mata seca xerófita litorânea
possui apenas 10 km², porém com 16% de área preservada, em especial na Ilha de Cabo
Frio e Serra do Sambê na região dos lagos.
As florestas de terras baixas são as áreas mais atingidas com 9% de área ou 465
km² para fitofisionomia perenifólia e 4,5% ou 130 km² para a floresta semidecidual.
As áreas sazonalmente inundadas são recobertas por gramíneas e vegetação
herbácea arbustiva, possui cerca de 3% de área florestada ou 27 km², o que não se pode
dizer que sejam áreas desmatadas, uma vez que a natureza destas não é arbórea. Tendo
12 km² de área florestal suprimida e 9 km² de reflorestamento.
Nos Mangues restam apenas 52% dos remanescentes, em 88 km², localizados
em sua maior parte na APA de Guapimirim. O mangue recuperou uma área de 14 km²
equivalentes a 4% de sua área florestada, entretanto perdeu cerca de 2 km² de área
equivalentes a 2% de área florestada.
As restingas são divididas em dois tipos: Cristas de praias e dunas (39) formada
por solos arenosos expostos, com pouca vegetação arbórea-arbustiva natural, com 45
km² de florestas, teve uma regeneração em 5,5 km² e desmatamento de 7,3 km²; os
terraços marinhos (40) arborizados, presentes na bacia hidrográfica da Ilha Grande e em
Cabo Frio, possuem 30,7 km² correspondentes a 51% da área, apresentaram 50 hectares
de regeneração entretanto perderam 1,9 km² de área desmatada.

120
5.6. REGRESSÃO PONDERADA GEOGRAFICAMENTE

Sobre os resultados encontrados anteriormente da evolução da cobertura florestal


por unidade de paisagem foram correlacionadas as variáveis dependentes
(remanescentes florestais, desmatamento e reflorestamento) com as independentes
(declividade, altitude, radiação solar, umidade, % de UC, densidade de estradas e
distância a áreas urbanas). Estas foram calculadas por unidade de paisagem integral
(dissolve) e por número de ocorrências por unidade de paisagem. Tabela 22.

Tabela 22 – Correlação parcial entre variáveis

Floresta Desmatamento Reflorestamento


Paisagem ocorrência Paisagem ocorrência Paisagem ocorrência
Declividade 0,779 0,369 0,290 -0,392 -0,150 -0,325

Altitude 0,702 0,358 0,407 -0,173 0,047 -0,092

Radiação solar -0,724 -0,271 -0,088 0,156 0,209 0,153

Umidade 0,809 0,547 0,469 -0,208 0,115 -0,161

%UC 0,756 0,488 -0,031 -0,193 -0,165 -0,156


Densidade de -0,117 -0,075 -0,069
-0,202 -0,097 -0,066
estradas
Distância a áreas 0,010 0,017 -0,087
-0,214 -0,262 -0,167
urbanas
% de Floresta 1 0,537 0,344

O que pode ser observado é que a análise pela ocorrência média nas unidades de
paisagem apresenta maiores correlações por cada ocorrência individualizada,
especialmente no caso dos remanescentes florestais. Entretanto para desmatamento e
reflorestamento a análise por ocorrência apresenta valores maiores de correlação em
alguns casos. De todo modo a análise por ocorrência traz resultados estatisticamente
mais verossímeis uma vez que as ocorrências de florestas, desmatamentos e
reflorestamentos se dá localmente, sendo afetada por variações locais e de nenhum
modo por médias gerais.
A correlação das variáveis com os remanescentes florestais apresentou os
maiores níveis de correlação, e os fatores físicos em geral apresentaram as maiores
correlações, as variáveis mais correlatas foram: declividade, Umidade, UC e o % de
área florestada.

121
5.6.1. MODELOS DE REGRESSÃO MÚLTIPLA
Os resultados dos modelos de regressão múltipla para o intervalo de 1986-2013
podem ser vistos nas Tabelas, 23, 24 e 25, as dados apresentados foram os valores de R,
R², erro padrão e número de observações, e coeficiente de sensibilidade do modelo (b) e
o erro padrão para cada variável independente especifica.
Os modelos de regressão por unidade de paisagem apresentaram 2558
observações ao total, com variação na quantidade de dados por variável dependente
analisada, conferindo um bom universo amostral.
Os coeficientes nos modelos de regressão não permitem uma interpretação linear
direta com a variável dependente, como no caso dos modelos de correlação direta,
porém podem ser interpretadas as correlações negativas ou positivas através dos
coeficientes. Para melhorar a interpretação todas as variáveis foram transformadas em
números percentuais (0-100) mantendo as devidas proporções.
Uma interpretação mais direta da relação entre as variáveis dependente e
independentes é permitida pelo coeficiente de determinação, R², que reflete a medida de
ajustamento de um modelo estatístico linear generalizado em relação aos valores
observados. De modo que quanto maior o R², mais explicativo é o modelo e melhor ele
se ajusta à amostra.
Os modelos de regressão múltipla linear para a evolução da cobertura florestal
apresentaram bons resultados conforme observado pelo valor de R² das tabelas a seguir,
com níveis de significância das sete variáveis independentes variando bastante, indo de
altamente significante a nenhuma significância.
Os modelos apresentaram maiores interações entre as variáveis distância a
estradas, radiação solar, declividade, umidade e UCs. A variável distância para áreas
urbanas apresenta coeficientes muito baixos para todos os modelos, mostrando não
haver correlação entre esta variável para a Serra do Mar.
A regressão múltipla para a variável dependente Floresta apresentou o maior
coeficiente de determinação de todos os modelos. A seguir é apresentada os valores
encontrados (Tabela 23).

122
Tabela 23 – Regressões múltipla para Florestas e variáveis independentes
Unidades de análise R R² Erro padrão Observações
Unidades de paisagem 0,8701 0,7572 0,253 1961
Sensibilidade
Variável independente Coeficientes (b) Erro padrão
Declividade 0,5033 0,0336

Altitude -0,0817 0,0287

Radiação solar 0,1420 0,0300

Umidade (P-Etp) 0,6025 0,0309

Densidade estradas -0,2519 0,2098

Distância área urbana 0,0966 0,0302

% de UC 0,3980 0,0228

Conforme observado na tabela anterior, os resultados o valor de R² apresentou


um alto coeficiente de determinação, com 75,7% da variável dependente conseguindo
ser explicada pelas variáveis independentes presentes no modelo. O erro padrão foi o
mais alto entre todas as regressões, com 0,253.
A soma dos coeficientes foi de 1,408, o que significa um resultado satisfatório,
próximo de um. O coeficiente de maior explicação foi, umidade, b de 0.6, seguido pela
declividade, b de 0.5, e também alta correlação positiva com áreas protegidas, b de 0.4,
indicativos de que as áreas preservadas ocorrem nas áreas de maior pluviosidade e com
alta declividade, padrão apresentado pelas escarpas, onde estão a maioria das UC.
Apresentou média correlação negativa com densidade de estradas,
demonstrando que a dificuldade de acesso para circulação da produção nestas áreas gera
preservação. A Altitude apresentou baixos coeficientes de correlação negativas.
Os modelos de regressão múltipla utilizados para a análise dos remanescentes
florestais entre os anos de 1986 a 2013, apresentaram bons coeficientes em relação às
condicionantes físicas, demostrando fortes indicativos de áreas inadequadas a uso
comercial, com correlações positivas quanto a declividade e a áreas de UCs.
Quanto à regressão múltipla para a variável dependente desmatamento, foi
acrescentado no modelo a variável independente percentual de florestas, que utiliza os
valores da variável de Remanescentes florestais. A seguir são apresentados os valores
encontrados (Tabela 24).

123
Tabela 24 – Regressão múltipla para desmatamento e variáveis independentes
Unidades de análise R R² Erro padrão Observações
Unidades de paisagem 0,7699 0,5928 0,2475 812
Sensibilidade
Variável independente Coeficientes (B) Erro padrão
Declividade -0,1689 0,0533
Altitude 0,0295 0,0448
Radiação solar 0,5315 0,0233
Umidade (P-Etp) 0,1395 0,0503
Densidade estradas -0,7403 0,2081
Distância área urbana 0,0756 0,0461
% de UC 0,1046 0,0472
% Floresta -0,5023 0,0420

O resultado encontrado aponta para um valor alto de R², com mais de 59% da
variável dependente conseguindo ser explicada pelas variáveis independentes presentes
no modelo, o resultado obtido apresentou também um erro padrão médio de 0,25, tendo
na variável densidade de estradas os valores mais altos (0,21), foram analisados ao total
812 ocorrências.
O coeficiente de maior explicação foi o de densidade de estradas, apresentando
alta correlação negativa, b= -0,74, indicando que o desmatamento ocorre em áreas mais
afastadas das estradas e ou em locais de pouco acesso, o que levanta o questionamento
sobre a influência de fato das estrada para o desmatamento na região da Serra do Mar.
Também apresentou alta correlação negativa com áreas de remanescentes florestais, b =
-0,5, indicando que os desmatamentos estão ocorrendo sobre áreas fragmentadas e
degradadas com maior exposição à radiação (encostas voltas para norte ou convexas), b
= 0,53, em encostas menos inclinadas, por apresentar correlação negativa com
declividade, b = -0,17.
Os valores de Altitude, umidade e cobertura de UC apresentaram baixos
coeficientes. A variável independente de distância para centros urbanos apresentou
coeficiente positivo muito baixo.
Quanto à regressão múltipla para a variável dependente reflorestamento, também
foi utilizada a variável independente percentual de florestas. A seguir são apresentados
os valores encontrados (Tabela 25).

124
Tabela 25 – Regressão múltipla para reflorestamento e variáveis independentes
Unidades de análise R R² Erro padrão Observações
Unidades de paisagem 0,6475 0,4192 0,2291 493
Sensibilidade
Variável independente Coeficientes (B) Erro padrão
Declividade -0,2353 0,0545
Altitude 0,1012 0,0548
Radiação solar 0,8091 0,0556
Umidade (P-Etp) -0,0307 0,0571
Densidade estradas 0,0089 0,0608
Distância área urbana -0,4191 0,1951
% de UC -0,0542 0,0582
% Floresta -0,1559 0,0453

O resultado obtido para o valor de R² apresentou o menor coeficiente de


determinação da análise, com 42% da variável dependente sendo explicada pelas
variáveis independentes presentes no modelo, resultado de pouca relevância uma vez
que apresenta pouca correlação. Apresentou o menor erro padrão (0,2291) de todos os
modelos, a variável distância para áreas urbanas apresentou o maior erro padrão (0,2).
O coeficiente de maior explicação foi o de radiação solar, b = 0,81, indicativo
de áreas degradadas em encostas voltadas para norte ou convexas, típicas dos mares de
morros. A alta correlação negativa com áreas urbanas, b = -0,42, indica que o
reflorestamento está ocorrendo em áreas rurais afastadas dos centros urbanos, em locais
pouco florestados, b = -0,16, e de relevo suave, b = -0,24, apontando que o
reflorestamento está ocorrendo em áreas mais propicias à agropecuária.
Os valores de Altitude, umidade, densidade de estradas e % de UC apresentaram
baixos coeficientes, indicando não haver correlações muito expressivas com estas
variáveis.

5.6.2. MODELOS DE GWR PARA AS UNIDADES DE PAISAGEM.


A utilização das regressões ponderadas geograficamente indica a forma como os
resíduos são distribuídos por cada observação das unidade de paisagem, e assim podem

125
ser mapeadas as unidades que apresentam maior ou menor correlação com o modelo. A
seguir são apresentados os modelos de GWR da área de estudo.
O que pode ser observado no modelo para os remanescentes florestais é que na
região da baixada fluminense, nas bacias hidrográficas do rio Guandu e da Baia de
Guanabara, no médio vale do Paraíba do Sul, região sul fluminense, e na Serra dos
Órgãos-Macaé os resíduos foram maiores, ou seja, foram as áreas onde o modelo teve
os piores resultados, com valores superiores a 0,5 vezes o desvio padrão do resíduo,
destaque para: mangue de Guapimirim, Serra do Mato-Grosso e na restinga de Cabo
Frio. Por sua vez, a Região dos Lagos, Baixada Campista, Serra do Desengano e Serra
da Bocaina o modelo obteve os melhores resultados, com valores inferiores a 0,5 vezes
o desvio padrão do resíduo (Figura 58).
Para o modelo GWR de desmatamento os resultados observados foram
diretamente opostos ao modelo anterior. As áreas com os maiores resíduos e piores
resultados foram: as escarpas da Serra da Bocaina, as planícies aluviais da bacia da Baia
de Guanabara, Região dos Lagos, escarpas da Serra do Desengano, planícies aluviais
próximas à cidade de Campos e planícies terciarias de Resende, com valores superiores
a 1,5 vezes o desvio padrão do resíduo. Do mesmo modo, as áreas dos maciços
alcalinos da Serra do Sambe, maciço da Pedra Branca e médio vale do Paraíba do Sul
apresentaram os menores resíduos, de forma inversa ao resultado do modelo de
florestas, com valores inferiores a 10% o desvio padrão do resíduo (Figura 59).
Quanto ao modelo de GWR para reflorestamento (Figura 60), as áreas que
apresentaram melhores resultados (menores resíduos) foram a região do médio vale do
Paraíba do Sul, Sul fluminense, o Maciço da Tijuca e Pedra Branca e a Serra do
Desengano, com valores inferiores a 10% do desvio padrão do resíduo. As áreas com
maiores resíduos foram as planícies aluviais da bacia hidrográfica do Guandu e Região
dos Lagos e planícies terciarias de Resende, com valores superiores a 1,5 vezes o desvio
padrão do resíduo.

126
Figura 58 – Mapa da GWR dos remanescentes Florestais

127
Figura 59 – Mapa da GWR do Desmatamento

128
Figura 60 – Mapa da GWR do Reflorestamento

129
5.7. CONCLUSÃO

Pode ser observado na Serra do Mar no Estado do Rio de Janeiro uma forte relação
da cobertura florestal com o relevo, onde áreas com relevos mais abruptos ou de altitude
apresentam maiores percentuais de cobertura florestal. Assim a utilização das tipologias
de paisagem para compreender os processo de mudança da cobertura florestal trouxe
uma visão esclarecedora de processos tão únicos e complexos, e ainda o mapeamento
levanta o atual estado de preservação das fitofisionomias da Mata atlântica.
O que foi observado é que entre os anos de 1986 a 1996, ocorreu o mais intenso
processo de desmatamento na área de estudo, este processo persistiu ainda entre 1996 a
2007, porém pode ser observado uma diminuição significativa do desmatamento, entre
o período de 2007 a 2013, houve uma diminuição ainda mais significativa caindo para
1/8 da área anterior. Neste ponto o abando da agricultura e pecuária no estado, a partir
de 1985 (figura 1), pode ser responsável por esta diminuição contínua e significativa do
desmatamento. Cabendo comparar os dados do censo agropecuário para maiores
considerações.
Quanto ao Reflorestamento pode ser observado uma taxa quase constante de
crescimento, com um ligeiro aumento na última década. Estes valores indicam que a
maior parte do reflorestamento mapeado foi de eucalipto, e que o plantio para uso
econômico vem crescendo na última década.
Por sua vez as regressões espaciais indicaram que as causas e efeitos do
desmatamento são bem explicadas pelos fatores físicos e topológicos. Entretanto apesar
da variável topológica de % de Unidade de Conservação ter um fator de explicação para
a preservação, vale apenas lembrar que a maior parte destas ficam nas áreas
montanhosas e mais úmidas, ou seja, a relação relevo-clima também afeta a opção de
escolha do poder público de criar unidades nestas áreas.
As correlações entre os remanescentes florestais e as outras variáveis obtiveram os
melhores resultados. Indicando altas correlações múltipla (R²=0,76) e parciais em
especial nas áreas declivosas (0,78), nas partes mais altas das serras (0,7), nas regiões
mais úmidas (0,81), nas encostas sombreadas (-0,72), conhecidas como “face Noruega”,
e nas áreas protegidas por unidades de conservação (0,76). A correlação com
desmatamento foi satisfatória também, com um R²=0,59, e alto coeficiente de
determinação com densidade de estradas (0,74). As correlações com reflorestamento

130
não foram muito satisfatórias, R²=0,42, porém foram considerados neste dado como um
único processo, o reflorestamento econômico e a regeneração natural.
Quanto à utilização de detecção de mudanças, os resultados evidenciam um elevado
potencial das técnicas de análise multitemporais diretas por trajetória evolutiva em
análise orientada a objeto e a modelagem do conhecimento utilizando dados espectrais,
primários e secundários (NDVI, razão entre imagens). A utilização de OBIA permitiu a
classificação de extensas áreas em pouco tempo e utilizando poucos recursos humanos.
Tornando viável o monitoramento constante das coberturas florestais.
Por sua vez a utilização do satélite Landsat permitiu uma melhor discriminação dos
objetos, devido especialmente a sua resolução temporal, e espectral com as bandas do
RGB (visíveis) e as do infravermelho próximo a distante, que separam muito bem os
objetos e permitem o cálculo de diversos índices de vegetação diferentes. A alta
resolução temporal também é um marco importante para o satélite (com 5 satélites
utilizáveis ao longo de sua história), com 30 anos de imageamento com disponibilidade
de imagens ao longo de todo o ano, havendo praticamente em todos os anos e cenas
imagens com coberturas de nuvens mínimas (<5%).

131
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A busca por teorias unificadas na ciência tem consumido muitos recursos e sua
importância se dá pela simplificação, capacidade comparativa e integração dos dados.
Quanto mais informação puder ser agrupada e comparada melhor será compreendida e
melhores serão os modelos que nelas forem baseados.
Nesse contexto a utilização do conceito de paisagem se apresenta como uma
teoria capaz de integrar e simplificar os diversos temas associados aos fatores naturais
que compõe o meio ambiente. Com mais de meio século de pesquisa a Geoecologia
agregou diversos conceitos presentes nas disciplinas da biologia, geografia e
matemática, em especial as teorias da ecologia, paisagem e sistemas, formulando bases
teóricas firmes, com uma abordagem multidisciplinar e com grande interação com
métodos de modelagem computacionais.
Desta forma esta tese procurou apresentar de forma sucinta as bases teórico-
conceituais que levaram à metodologia utilizada. Assim, análoga ao conceito integrador
da Paisagem, a metodologia empregada se baseou principalmente na utilização de
modelos digitais, com uma abordagem de interpretação de imagens de Sensoriamento
Remoto empregando Análise Baseada em Objeto (OBIA). Esta metodologia foi
aplicada tanto na classificação das tipologias de paisagem como na classificação da
cobertura florestal, demostrando uma grande versatilidade na utilização da ferramenta e
acima de tudo um caráter integrador e de grande comparabilidade. Ao fim a integração
destes dados se deu na forma de modelos espaciais nos quais foi possível comparar
todas as suas variáveis por meio de correlações estatísticas ponderadas geograficamente.
A complementaridade das observações empíricas e da modelagem de dados traz
novas perspectivas para a análise da paisagem. A atual geração de SIG permite que
muito do que é especulado sobre os fenômenos naturais da paisagem possa ser
representado pelos modelos e, desta forma, trazer luz a processos pouco conhecidos. A
consistência da modelagem dos dados é ainda o principal entrave para a interpretação
dos dados, desta forma as observações em campo, a reprodução e a comparação dos
modelos são a melhor forma de se testar a sua veracidade.
Por meio de poucas ferramentas computacionais foi possível fazer uma leitura da
estrutura e dinâmica da paisagem desde um ponto de vista da sua formação pré-histórica

132
natural às rápidas mudanças na cobertura do solo atuais, e compreender quais fatores
tem maior repercussão nesta dinâmica.
Entretanto a abordagem utilizada se restringiu aos aspectos geo-bio-fisicos da
Paisagem, em especial no enfoque da degradação florestal. Ainda que as metodologias
de utilização de OBIA, SIG e o SR permitam que uma grande capacidade de dados
sejam utilizada e processada, a quantidade de dados produzidos somente para estes
aspectos foi enorme.
Deste modo os modelos utilizados se apresentam bastante reducionistas e
sintéticos para a investigação de objetos de organização tão complexos como são as
paisagens, porém ainda sim os resultados obtidos apresentaram uma grande capacidade
de representação espacial e altas correlações, mostrando que mesmo modelos
simplificados podem fornecer respostas acertadas sobre os fenômenos estudados.
Assim ficou comprovado na tese que a hipótese levantada, de que a paisagem
afeta os processos de mudança na cobertura florestal, é verdadeira. Ainda que somente
tenha se analisado os fatores físicos da paisagem e algumas correlações topológicas os
resultados obtidos foram claros, sendo que três fatores devem ser mencionados :
Quanto à modelagem e classificação das tipologias de paisagem: a integração
das paisagens observadas empiricamente com a capacidade de modela-las utilizando
OBIA e classificação semiautomática ainda necessita de um esforço manual razoável.
Porém a OBIA por necessitar de descritores claros auxiliou na categorização empírica
das tipologias, assim como levanta idiossincrasias de inúmeras localidades não
observadas em campo, levando a uma recategorização da classificação empírica.
Quanto à classificação da cobertura florestal: a utilização de classificação por
trajetórias evolutivas apresenta uma melhora considerável na classificação da cobertura
florestal, ainda que aumente o trabalho de pré-processamento de imagens, em relação a
classificação direta. Entretanto na tese poderia-se ainda aprofundar mais no
mapeamento da cobertura florestal para resultados ainda mais precisos, assim como
aumentar o detalhamento das classes, como por exemplo: diferenciar o reflorestamento
entre regeneração natural e reflorestamento com eucalipto, os remanescentes florestais
entre florestas clímax, florestas secundarias medias e vegetação secundaria inicial.
Quanto às correlações estatísticas: a utilização de diversos métodos de
correlação foi necessária para levantar e explicar da melhor forma possível como os
fatores estão relacionados e como estes atuam no território. Deste modo a utilização das
correlações parciais foram uteis para elencar os principais fatores relacionados às

133
mudanças da cobertura florestal. Por sua vez a regressão múltipla apresentou o grau de
correlação dos fatores com os processos de mudança. Neste ponto foram obtidos ótimos
resultados para os remanescentes florestais, bons resultados para o desmatamento e
resultados fracos para o reflorestamento. Entretanto cabe ressaltar que o reflorestamento
mapeou dois fenômenos distintos em uma mesma classe, os reflorestamentos
econômicos de eucalipto e o processo natural de regeneração, cabendo mais estudos
para tentar melhorar os dados.
Este trabalho tratou então de analisar e compreender aspectos geoecológicos da
paisagem, que agrupados em tipologias permitem se projetar modelos de uso da terra
que otimizem a utilização da paisagem levando em conta as qualidades e fragilidades
naturais de cada local, procurando manter os serviços ambientais em funcionamento.
Em direção a uma abordagem unificada de toda a paisagem, no mundo real, a
destinação do uso do solo e consequente cobertura florestal seguem padrões complexos
envolvendo um grande número de variáveis, tais como os direitos de propriedade, os
subsídios, as políticas nacionais, leis e tradições locais, e as flutuações dos preços de
mercado (Strassburg et al, 2013). Estas variáveis mudam consideravelmente entre
escalas espaciais e temporais, e sua modelagem é geralmente prejudicada pela escassez
de dados e escalas de trabalho, e na análise a longo prazo o seu comportamento pode
estar sujeito a cenários impermanentes.
Na tese a correlação dos dados se deu em um “mundo simplificado”, onde a
conversão da cobertura florestal responde a uma combinação de relevo-clima,
proximidade a estradas e cidades (centros de demanda de recursos naturais) e à proteção
jurídica da terra. Os resultados desta tese apresentados de uma forma quantitativa e
espacialmente explícitos podem servir como um norteador dentro do qual as relações
mais complexas vão desempenhar o seu papel. Entretanto os resultados sugerem que os
modelos básicos utilizados explicam uma proporção significativa de cobertura florestal
e por sua vez abrem perspectivas de modelos de utilização da terra que consigam indicar
uma maior quantidade de áreas a serem recuperadas ou impedindo o desmatamento,
respeitando as variáveis físicas e socioeconômicas e trazendo uma otimização nos
esforços de recuperação florestal sem diminuir a produção de agropecuária.
Para tanto são necessárias políticas mais eficazes, e estas devem ser acompanhados
de medidas complementares, como a regulamentação das atividades agropecuárias sem
considera-las como as vilãs do desmatamento, no sudeste brasileiro. Deste modo as
políticas públicas rurais-ambientais devem ter uma abordagens mais científica e devem,

134
portanto, abranger não só os ecossistemas naturais mas também as terras agrícolas,
juntamente com os links entre eles. Esta perspectiva incorpora as interdependências e
sinergias envolvidas na mudança da cobertura da terra e adota uma abordagem baseada
a paisagem (DeFries; Rosenzweig 2010).
Uma vez que a expansão agrícola e as mudanças da cobertura da terra, causadas pela
agricultura e outras práticas de subsistência humana, não têm mais o potencial de causar
impactos ambientais devido ao seu declínio constante no sudeste, desta forma devem ser
desenvolvidas políticas públicas apropriadas que renovem a produção agrícola sem a
conversão de mais áreas florestadas, mas que criem um cinturão rural rico e que
abasteça e impeça a expansão dos grandes centros urbanos do sudeste.
A compreensão das mudanças nas trajetórias de cobertura do solo apresenta uma
oportunidade única para estimar o tamanho do impacto antrópico sobre a paisagem e
testar o efeito de práticas e políticas para limitar este problema. Ao fazê-lo, podem
ajudar nos esforços de conservação, e facilitar a gestão e o planejamento ambiental no
contexto de uma busca contínua do desenvolvimento econômico-ecológico.

135
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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