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Natal/RN
2018
Anderson Moura Gondim de Freitas
Natal/RN
2018
Anderson Moura Gondim de Freitas
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo de Freitas Amorim
Orientador, departamento de Geografia / UFRN
____________________________________________
Prof. Dr. Laécio Cunha de Souza
Membro, departamento de Geologia / UFRN
____________________________________________
Prof. Dr. Silvio Braz de Sousa
Membro, departamento de Geografia / UFRN
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter iluminado toda trajetória feita enquanto
graduando e pelas suas bênçãos sobre minha família.
Meus agradecimentos aos meus pais, irmãos e cunhadas pelos apoios,
deslocamentos, conselhos e críticas. A meus sobrinhos pelos momentos de felicidade e
risadas. Ao meu avô Josué, agricultor aposentado que sempre me incentivou a atuar na
área relacionada a geografia, a meus avós Antônio Lucas, Severina e Gercina por todas
vibrações, torcidas e incentivos.
Meu obrigado a toda UFRN e sua estrutura, disponibilizando utensílios necessários
para trabalhos de laboratório e campo. Relacionada a ela, meus agradecimentos a Prof.
Edna Furtado pela primeira oportunidade de atuar na iniciação científica, que revelou minha
proximidade com o geoprocessamento.
Agradeço ao grupo “Orlando que pediu”: Jhonathan, Rosyellen, Orlando, Vinnicius e
Paulinha pelos apoios, disponibilidade para ajudas e pelas descontrações, especialmente
a Vinnicius e Jhonathan (trio “Caba Vei”) pela companhia em todo tipo de situação ao longo
da graduação.
Agradeço aos amigos do laboratório de geografia física: Ivaniza, Cleanto, Moacir,
Gabi, Dyego, Diogo, Joyce, Jaqueline, Edimara e seus doces, Carol, Vilaneide, Miquéias,
Erick Jordan e Thereza pelas conversas e contribuições a meu trabalho e vida.
A Samara, parceira de curso, de Circular e de conversas sobre a vida no geral e a
Carol Barros pelo longo ciclo de amizade, carinho e todo tipo de ajuda necessária.
Ao amigo Lucas Lima, do curso de geologia, por me ensinar e ajudar em questões
relacionadas a sua área e ao geoprocessamento mais aplicado, bem como sua fiel
disponibilidade.
Agradeço especialmente a Professor Rodrigo pela orientação, pela oportunidade e
confiança concedida a trabalhar como monitor de Climatologia, Pedologia e Hidrologia, por
ajudar nas burocracias e nas contribuições cientificas das atividades de campo que
consolidaram essa produção como um todo. Ao Professor Laécio Cunha, pela cordialidade
e disponibilidade de sempre tirar dúvidas e a muito ajudar nas produções que tangem o
trabalho. Ao professor Silvio, pela disponibilidade de fazer parte da banca e por
contribuições presentes e futuras.
Aos que eu não citei, meu muito obrigado!
“Para o geógrafo, o mundo é
uma superfície branca que ele
preenche pouco a pouco,
inscrevendo as coordenadas
dos lugares conhecidos”
(Paul Claval)
RESUMO
A paisagem é uma das categorias de análise da geografia, sendo utilizada pelo homem
desde os primórdios das civilizações, que pode ser associada a uma análise contemplativa,
sem fins científicos, ou sistematizada, que responde a exigências de processos, formações
e resultantes. Disso, observou-se a necessidade de fazer um estudo sistematizado dessa
categoria, associado a geomorfologia, pedologia e geologia, que estão inseridas na
paisagem. Uma das características dessa sistematização, é a utilização de técnicas
metodológicas, como a de transectos, metodologia essa utilizada com mais frequência na
ecologia, mas que possui, mesmo assim, resultados convincentes nos estudos geográficos.
O transecto, quando traçado, pode apresentar diversas nuances que desencadeiam
diversas discussões, e analisando isso, fez-se o transecto no percurso da BR-304, do eixo
Natal-Mossoró, com o intuito de se coletar informações contidas nas compartimentações
da paisagem. Além de traçados por meios sistemáticos ou até tecnológicos, a ida em
atividade de campo também possui grande importância, por nele se certificar ou desmentir
determinadas informações que a bibliografia pode trazer. Em laboratório são realizados os
procedimentos de geoprocessamento voltados aos transectos, que resultam em perfis
topográficos, eles então são complementados com informações do meio físico e discutidos.
Dessa construção, tem-se perfis de geomorfologia, pedologia e geologia em variadas
escalas geoespaciais e detalhes do meio físico analisados da paisagem e de dados
secundários. Esse tipo de metodologia elucida um trabalho de fácil compreensão, que tem
sua aplicabilidade geográfica potencializada, oferecendo re-delimitações de unidades
físicas, novo viés para gestões, análise ambiental apurada, entre outros, que em sua
totalidade contribuem para a sociedade e para fins científicos e acadêmicos.
LISTA DE QUADROS
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12
1.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 14
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 14
1.3 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................................. 15
2 METODOLOGIA ........................................................................................................... 16
2.1 PROCEDIMENTOS TEÓRICOS ............................................................................. 16
2.1.1 Levantamento das informações físicas da área de estudo ................................ 17
2.1.2 Planejamento do trabalho de campo ................................................................. 17
2.2 PROCEDIMENTOS DE CAMPO ............................................................................. 18
2.2.1 Descrição da geomorfologia .............................................................................. 19
2.2.2 Descrição da pedologia ..................................................................................... 19
2.2.3 Descrição da geologia ....................................................................................... 20
2.3 PROCEDIMENTOS EM LABORATÓRIO ................................................................ 20
2.3.1 Elaboração de mapas-base .............................................................................. 20
2.3.2 Elaboração do perfil topográfico ........................................................................ 21
2.3.3 Elaboração de perfis geomorfológicos .............................................................. 23
2.3.4 Elaboração das associações pedológicas ......................................................... 26
2.3.5 Elaboração de perfil geológico .......................................................................... 26
3 RESULTADOS .............................................................................................................. 27
3.1 PRIMEIRO EIXO: ESTRUTURAS DA PAISAGEM .................................................. 27
3.1.1 Geomorfologia .................................................................................................. 27
3.1.2 Pedologia .......................................................................................................... 32
3.1.3 Geologia ........................................................................................................... 34
3.2 SEGUNDO EIXO: A REPRESENTAÇÃO DIGITAL DOS DADOS ........................... 38
3.2.1 Geomorfologia .................................................................................................. 38
3.2.2 Pedologia .......................................................................................................... 47
3.2.3 Geologia ........................................................................................................... 52
3.3 A UNIÃO DO ESTUDO DA PAISAGEM COM AS TÉCNICAS DE GABINETE: UMA
FERRAMENTA DE OTIMIZAÇÃO DOS ESTUDOS GEOGRÁFICOS........................... 57
4 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 58
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 60
12
INTRODUÇÃO
O homem reside e usufrui dos elementos da paisagem, desenvolvendo com ela uma
relação não unívoca e histórica, vivenciando e se adaptando as suas mudanças, buscando
compreender as variações física e abstrata da estrutura superficial do planeta. Ao mesmo
tempo, as transformações que a sociedade insere nos componentes naturais interferem,
através de artifícios que potencializam sua vivência, promovendo ajustes na dinâmica que
remodela continuamente a paisagem.
Nesse sentido, a caracterização dos elementos que estruturam o meio físico é o
ponto de partida para o entendimento da composição e dinâmica da paisagem, ao mesmo
tempo que lastreia a análise da relação sociedade-natureza. Nesse contexto, os trabalhos
de campo e os mapeamentos existentes, são as duas fontes básicas de informação, sendo
necessário, procedimentos metodológicos bem construídos para que os dados coletados e
as análises expressem da melhor forma a realidade que se pretende estudar.
A paisagem é dinâmica, e fruto de variadas transformações geogênicas e sobretudo
antropogênicas, composta pela intercalação das ramificações geográficas, como pedologia,
geomorfologia, geologia e relações de ocupação humana, dando singularidade ao ambiente
natural, mostrando horizontes dos mais variados de acordo com sua posição na terra, que
segundo Bertrand (1968):
2 METODOLOGIA
Figura 3 – Metodologia de uso de trado (1) e de horizontes em zona de empréstimo (2) e trincheira (3).
Para elaborar o perfil, uma sequência de procedimentos foi aplicada. O primeiro trata
da montagem da estrutura, utilizando o software Quantum GIS, versão 2.18.17, e nela os
dados SRTM, formando o embasamento necessário para a montagem do perfil topográfico.
Para isso, foram adquiridos os rasters das cartas SB.24-X-A, SB.24-X-B, SB.24-X-C,
SB.24-X-D, SB.24-Z-A, SB.24-Z-B, SB.25-V-C e SB.25-Y-A disponibilizados pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que cobrem todo o estado e área de estudo, com
resolução espacial de 30 metros, o suficiente para representar a variação vertical dos 261
quilômetros do eixo da BR-304. Após essa etapa, as oito imagens foram unificadas e
recortadas segundo o limite de todo o estado, plotando sobre, o trecho da BR 304, adquirido
através da vetorização no aplicativo Google Earth (figura 5). Com essa organização foi
possível traçar o transecto em cima da BR 304 com mais precisão.
Em seguida a linha foi exportada no formato KMZ/KML para o Quantum GIS, onde
utilizou-se o complemento Profile tool, para gerar um gráfico com altitude e distância,
conforme explicitada na Figura 6.
3 RESULTADOS
Tomando como base o RADAMBRASIL (1981), a área de estudo pode ser dívida em
quatro unidades morfoestruturais, as quais são cortadas pela BR 304. No sentido Natal-
Mossoró. A primeira compreende os Tabuleiros Costeiros, seguida da Depressão
Sertaneja, Planalto da Borborema e Tabuleiros Costeiro (interiores).
Os Tabuleiros Costeiros (figura 10), apresentam a maioria das formas variando de
planas a convexas, com leve dissecação, predominância de vertentes com declividade de
0% a 3% (1) e suavemente ondulado, 3% a 8% de declividade (2). A observação e descrição
desse compartimento foi realizada na margem esquerda da BR 304, em uma “área de
28
empréstimo” usada para retirar material para as obras de duplicação da BR 304, no trecho
da Reta Tabajara, município de Macaíba.
A partir da figura 11, localizada nos limites dos municípios de Caiçara do Rio do
Vento e Lajes, é possível observar um nuance paisagístico de transição extremamente
suavizada e pouco perceptível da unidade do Planalto da Borborema com a Depressão
Sertaneja, contendo uma faixa de transição considerável (1), a zona da própria Depressão
Sertaneja (2) se diferencia, tendo uma gradual diminuição da altitude, onde as formas de
relevo são onduladas, predominando de 8% a 20% de declividade. Nessa área, destaca-se
o vulcanismo Macau de idade cenozoica que originou o neck vulcânico do Pico do Cabugi
(3), onde os processos erosivos associados aos movimentos de isostasia/soerguimento
crustal permitiram a formação do relevo montanhoso com 45% a 75% de declividade no
enorno do Neck Subvulcânico.
Na área em destaque, as características geomorfológicas são controladas por uma
superfície de erosão que serve de base para o aplainamento da Borborema, apresentando
variações dos níveis de dissecação em função das diferentes resistências litológicas e
controles estruturais. Os Ortognaisses Caicó, e os Ortognaisses Suíte Poço da Cruz, ambos
de idade proterozoica, formam cristas com diferentes orientações de alinhamento,
resultando em formas geomorfológicas de serras, serrotes (figura 12) e inselbergues ali
presentes, por conta de uma maior resistência deles a processos erosivos.
30
Forma de relevo residual que apresenta feições variadas, tais como: topos
aguçados, encostas íngremes e predominantemente convexas, desnudadas por
esfoliação esferoidal. Ocorre em áreas de relevos dissecados constituídos por
rochas metamórficas e/ou intrusivas diaclasadas, podendo ocorrer em meio a
“mares de morros” como formas residuais de batólitos, stocks e outros tipos
intrusivos.
31
3.1.2 Pedologia
3.1.3 Geologia
Tomando como base o mapa geológico do Rio Grande do Norte (CPRM, 2006), foi
possível observar, em campo, os compartimentos das unidades geológicas do transecto.
No grupo Barreiras, foi possível observar a representação do grupo a partir da área
de retirada de material para a duplicação da reta Tabajara na BR 304 (figura 18).
35
3.2.1 Geomorfologia
Observa-se, na figura 23, dois rios que cortam a BR-304, o Rio Pitimbu, que cruza
BR duas vezes a partir de seu meandro, e o Jundiaí, localizado na zona urbana de Macaíba.
É possível verificar que o Rio Jundiaí apresenta um entalhamento do seu talvegue maior
do que o rio Pitimbu.
Merece destaque, a suave transição entre os compartimentos Tabuleiros Costeiros
(rochas sedimentares) e Depressão Sertaneja (rochas ígneas e metamórficas),
considerando que são duas áreas com litologias distintas não há uma depressão entre as
duas unidades, como é amplamente destacado na teoria geomorfológica.
Continuando o percurso, perto do quilômetro 228 da representação, começa a
Depressão Sertaneja, primeira das duas áreas do transecto, fazendo parte da subunidade
de depressão interplanática oriental (DINIZ et al, 2016). Sua formação está relacionada a
diversos ciclos de aplainamento, especialmente após a deriva continental Gondwana no
Cretáceo, resultando em uma área mais aplainada, pontuada por iselbergues e
afloramentos mais resistentes aos processos erosivos. A variação altimétrica do percurso
40
É possível ver, ainda a partir da figura 24, que o início da unidade, da perspectiva
Natal-Mossoró, existe uma elevação em forma convexa que está contraria a subida de
quase toda a morfoescultura, sendo seu fim é marcado por uma descida mais abrupta
quando comparado no seu término no Rio Potengi. Após o rio, o percurso se eleva suave
e gradativamente entre os municípios de São Pedro e Santa Maria. No trecho entre Santa
Maria e Riachuelo é possível identificar formas côncavas, que separam estruturas convexas
com poucas ondulações. Seu final é marcado por uma elevação de aproximadamente 160
metros que se conectará abruptamente com a Unidade Morfoescultural do Planalto da
Borborema.
Perto do quilômetro 180, do transecto, a paisagem modifica abruptamente na
transição entre a Depressão Sertaneja e o Planalto da Borborema. Formada por atividades
magmáticas intraplaca que ocorreram na separação da Gondwana, e um “bombeamento”
regional ocorrido no cretáceo tem delimitadores as isolinhas que marcam 200 metros de
altitude na topografia (CORRÊA et al, 2010). A sua separação em relação a Depressão
41
rio e nas formas de relevo lá presentes, sendo adiante melhor observado nas unidades
morfológicas propostas pelo RADAMBRASIL (1981).
Observa-se na figura 28, a descida gradual de leste para oeste na unidade de
maneira suavizada até os leitos do rio Piranhas-Açu, tendo nesse percurso uma amplitude
de aproximadamente 190 metros de altitude. O rio, que perpassa de maneira perpendicular
no transecto, possui um grande tamanho, profundidade e comprimento entre as bordas dos
leitos, e com ele uma grande deposição de sedimentos de aluvião. Essa deposição pode
ser percebida principalmente na esquerda, pela forma convexa e de altimetria considerável.
Após o leito do rio Piranhas-Açu, observa-se uma elevação mais forte e em curta distância.
Como nos Tabuleiros Costeiros, essa subunidade também não possui formas
aguçadas, apenas formas convexas e côncavas das planícies fluviais. A unidade acaba em
Mossoró, um pouco antes da área urbana, mais necessariamente metros após o rio
Upanema, caracterizando o final do percurso.
Visto as unidades morfoesculturas segundo a nomenclatura de Diniz et al. (2016),
que abrangem o segundo táxon, o de unidades morfoesculturais (ROSS, 1992), utilizado
para áreas que possuem escalas com um pequeno nível de detalhes. Adentra-se agora a
formas de relevo (PRATES,1981), segundo o quarto táxon. As apresentações das formas
segundo o RADAMBRASIL servem para dar um detalhe quanto as formas presentes em
todo percurso, que possuem particularidades importantes de se observar. Elas estão
inseridas e separadas segundo as unidades morfoesculturais, possuindo uma escala de
detalhes mais intensa, dividindo o transecto em cinco perfis.
O primeiro perfil, nos Tabuleiros Costeiros (figura 28), é possível analisar quatro
formas de relevo: correspondente a áreas de dunas fixas (Adf), que são ocasionadas por
conta do transporte de sedimentos em sistemas fluviais e por ações eólicas, sendo fixadas
por conta das suas idades de sedimentação, que possibilitou o crescimento de vegetação
44
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Baseado em INPE (2018), RADAMBRASIL (1981).
Após os Tabuleiros Costeiros, passa-se pela Depressão Sertaneja (figura 29), que
possui três formas geomorfológicas, sendo uma (t51) já presente na outra unidade, que
são: Superfície Pediplana (Ep), relacionado a superfície com alto grau de pediplanação em
cima do transecto e em seu entorno. Trata-se de rochas que sofreram processos erosivos
de aplainamento, possuindo uma superfície próxima a plana, mas com grupos litológicos
aflorados ou próximos da superfície, tratando-se de uma forma erosiva. Depois dela a forma
c11, sendo uma forma de dissecação convexa, separados em vales em "V", com o I.A.D.
muito fraco, ou seja, os canais de drenagem não se aprofundam muito, e possui a O.G.F.D.
com menos de 250 metros, caracterizando uma forma de curta distância.
45
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Baseado em INPE (2018), RADAMBRASIL (1981).
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Baseado em INPE (2018), CORREIA et al (2010).
46
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Baseado em INPE (2018), RADAMBRASIL (1981).
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Baseado em INPE (2018), RADAMBRASIL (1981).
3.2.2 Pedologia
detalhes. Disso, foi possível obter cinco perfis que possuem, no total, doze tipos distintos
de solo, segundo a classificação do SIBCS, organizado pela EMBRAPA (2006).
O primeiro perfil, adentrado aos tabuleiros costeiros (figura 33), possui dois tipos de
solos. O LAd, LATOSSOLO AMARELO distrófico, presente no início do percurso e no final.
Esses solos, segundo EMBRAPA (2006) e IBGE (2007), possuem alto grau de
intemperização, e associado a isso, grande profundidade (mais de um metro) e baixa
fertilidade. Abaixo da camada arável, caracteriza-se por um solo distrófico, com baixo
potencial de nutrição, porém com uma saturação de alumínio não tão alta. Apesar do
grande adensamento urbano presente nele, entre natal e Parnamirim, o solo pode ser
aproveitado para a realização de culturas de fruticultura irrigada e plantio de cana-de-
açúcar, quando utilizado métodos de correção e equilíbrio nutricional. O segundo solo
presente é o PAd, ARGISSOLO AMARELO distrófico, presente dentro do município de
Macaíba, constituídos de material mineral, é caracterizado pela quantidade considerável da
fração argila, possuindo profundidades variadas que dependem exclusivamente dos grupos
litólicos abaixo e/ou da força e quantidade de transposição. Esse tipo de solo é aproveitado
para pequenas atividades agropastoris, utilizando da adubação parcelada (CPRM, 2005).
Em suas ordens (JACOMINE, 2009), apresenta a subordem de coloração amarela e
pertencente ao grande grupo distrófico.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Baseado em INPE (2018) e EMBRAPA (2018).
Ielmo Marinho, possui menos de cinco quilômetros e sua aplicação é a mesma do entorno.
O segundo, PAd, Argissolo Amarelo distrófico também reaparece, seguindo a linha de
continuidade da representação anterior (figura 33), possuindo, por lógica, a mesma
aplicabilidade de cunho agropecuário e econômico. Em sequência, onde se encontra a
planície fluvial do rio Potengi, existe a PVe, Argissolo Vermelho eutrófico, sua única
diferença para o PAd, é a coloração, e distrófico, possuindo uma produtividade maior,
considerada elevada. O quarto e último, é o SXe, Planossolo Háplico eutrófico, que está
presente desde o final da área do rio Potengi até o final do percurso. Se caracteriza por ser
mal drenado, com comumente alta concentração de argila responsável pela formação de
lençol d’água sobreposto (suspenso), de existência periódica e presença variável durante
o ano. (EMBRAPA, 2006).
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Baseado em INPE (2018) e EMBRAPA (2018).
possui esse tipo de solo, quase não há atividades agropastoris, uma vez que os processos
de preparação do solo são caros e demandam maiores processos maquinizados, sem
contar a indisponibilidade hídrica periódica e sua pedregosidade e rochosidade. O terceiro
e último tipo de solo é o TCo, Luvissolo Crômico órtico, presente na área do município de
Lajes. São solos minerais não hidromórficos, de caráter médio a profundo (de 60cm a
120cm), imperfeitamente drenados, moderadamente ácidos e um pouco alcalinos. Seu uso
é pouco explorado, mas quando feito, é produzida pastagens locais, com pecuária
extensiva e cultivo de Palma forrageira para alimentação de gado e caprinos (CPRM, 2005).
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Baseado em INPE (2018) e EMBRAPA (2018).
Açu, cidade ao qual o solo passa. O último, presente no final da representação, é o LVAe,
Latossolo Vermelho-Amarelo eutrófico, possui alto grau de intemperização, grande
profundidade e baixa fertilidade.
Figura 36 - Representação de tipos de solos para a unidade do segundo curso da Depressão Sertaneja.
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Baseado em INPE (2018) e EMBRAPA (2018).
A última representação (figura 37) está inserida nos Tabuleiros Costeiros (interiores),
possui cinco tipos diferentes de solo, sendo o LVAe – Latossolo Vermelho-Amarelo
eutrófico e PVe – Argilossolo Vermelho eutrófico que são a continuidade da representação
passada (figura 35). O próximo, dando continuidade ao percurso, é o CXve – Cambissolo
Háplico Ta eutrófico, que pode possuir variadas profundidades e drenagem variada (IBGE,
2007). Seu uso se dá para a fruticultura irrigada, sendo uma das atividades econômicas de
grande expressão do estado, bem como um novo aplicador de novas tecnologias na
agricultura do semiárido e na organização de produção agrícola, segundo Souza (2006, p.
4). Em continuidade o quarto solo presente é o MDo – Chernossolo Rêndzico órtico,
presente na metade do percurso, se caracteriza por ser de material mineral, de “alta
saturação de base” (EMBRAPA, 2006), comumente escuros, de bem a imperfeitamente
drenados. As atividades lá presentes também são voltadas a fruticultura irrigada. O último,
presente no leito do rio Upanema, é o VXo – Vertissolo Háplico órtico. Solos caracterizados
horizontes vérticos, associados a bacias sedimentares e hidrografia do entorno, contendo
granulometria do material fina e com altos teores de cálcio e magnésio. Seu uso se assimila
a atividades ribeirinhas, bem como em agricultura de várzea.
52
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Baseado em INPE (2018) e EMBRAPA (2018).
3.2.3 Geologia
A Formação Açu é recoberta pela Formação Jandaíra, sendo possível observar pela
representação esse cobrimento, suavizado por conta do poder litológico das duas unidades.
Também pertence ao Mesozoico, porém no período do Cretáceo Inferior, com idades de
aproximadamente 110 milhões de anos. A formação também pertence a bacia potiguar,
que é caracterizada, segundo Angelim (2007) apud Kreider e Andery (1949), por arenitos
finos e grossos sobre o embasamento. Possui o principal aquífero da Bacia que ela
pertence.
Após essa unidade, adentra-se no Neoproterozóico, no período Ediacarano, com a
Suíte Intrusiva Dona Inês, pertencente ao Magmatismo Sin a Pós-Orogênico Brasiliano do
Ediacarano, que possui aproximadamente um pouco mais que 542 milhões de anos. É
caracterizado, por rochas plutônicas em corpos isolados, controladas e associadas a zonas
de cisalhamento transcorrente e em algumas partes por zonas de cisalhamento extensional.
A unidade está fragmentada em três, a primeira após Riachuelo, no quilômetro 189 do
percurso, em Fernando Pedroza, e após Angicos, entre o quilômetro 100 e 90.
Um pouco mais antiga, mas ainda pertencendo ao Neoproterozóico, no período
Ediacarano, existe a Suíte Intrusiva Itaporanga, que também pertence a grande unidade
Magmatismo Sin a Pós-Orogênico ao Ediacarano, sendo caracterizado por um conjunto de
rochas graníticas, (ANGELIM, 2007), associadas a rochas máficas a intermediárias, com
abundantes fenocristais de feldspato potássio. A unidade é caracterizada como pertencente
ao domínio Morfoescultural do Planalto da Borborema, mostrada no perfil como início dela.
Também pertencente ao Neoproterozoico, no período Ediacarano, com idade um
pouco mais antiga e dentro do domínio Rio Piranhas-Seridó, no grupo Seridó, está a
Formação Seridó. Sua abrangência no transecto é uma das mais expressivas, contida na
metade do embasamento cristalino, na parte de Caiçara do Rio do Vento e no final, na
região do município de Angicos. Caracteriza-se por conter micaxistos fesdspáticos ou
aluminosos.
A última unidade presente no período Ediacarano, da Era Neoproteroizóica, é a
Formação Jucurutu, também pertencente ao domínio Rio Piranhas-Seridó, dentro do grupo
Seridó, com idade de deposição próxima de 630 milhões de anos. Caracterizado, segundo
CPRM (ANGELIM, 2007) por ocorrerem nos interiores das faixas dobradas, como camadas
estreitas e intrudidas por plútons graníticos. Constituída por principalmente biotita, epidoto,
anfibólio paragnaisses entre outros. Presente nela estão os principais depósitos de
Scheelita do estado, representando sua importante participação na economia em relação a
56
formações ferríferas entre outras, caracteriza-se, por valores, as rochas como fonte crustal
arqueana retrabalhada. Percebe-se sua ocorrência do quilômetro 260 aos 200.
Dependendo do contexto, a representação geológica expressada em perfis
topográficos ilustra os atributos em duas dimensões a partir de um mapa geológico. A
ferramenta aplicada assim auxilia na confecção do trabsecto, e o transecto aplicado na via
mais movimentada (no contexto econômico e humano), enfatizando as principais unidades
litoestatigráficas.
Outro atributo passível de se analisar são os ângulos de mergulho das unidades, que
conforme o Apêndice 1, o perfil traçado consegue expressar todos os direcionamentos
segundo sugerido em literatura e orientação direta, facilitando as representações
geológicas.
.
Figura 39 - Demonstração da revisão da Borborema segundo Zonas de Cisalhamento
Fonte: Elaborado pelo autor (2018), baseado em CPRM (2007), INPE (2018).
4 CONCLUSÃO
A união de duas ferramentas metodológicas para estudo do meio físico, mostrou ser
primordial para estudos geográficos, sendo que seus resultados podem ser aplicados em
diversas áreas, com contribuições tanto para o meio físico como para as ocupações
humanas e suas atividades.
Cada capítulo foi pensado para facilitar a leitura da paisagem e promover uma
compreensão mais detalhada sobre o uso de dados já existentes e a interpretação em
campo. O primeiro capítulo revela informações sobre o que se busca, e sobre a área de
estudo. O segundo procurou fazer uma explicação exaustivamente detalhada da
metodologia aplicada, particularizando a condução das análises, separando resultados e
discussões em dois pilares, um voltado a análise de campo, e outro referente ao trabalho
de laboratório. O terceiro capítulo inicia os dois eixos, onde no primeiro é possível observar
a análise de paisagem e uma montagem didática através de linhas que separam as
59
unidades e fazem uma nova compreensão do estudo de campo. O segundo eixo é iniciado
com a apresentação de resultados voltados a perfis topográficos, encaixando neles, os
atributos do tripé Geomorfológico-pedológico-geológico, expressando primeiramente uma
aplicação física geográfica de cada atributo analisável, e depois sobre as informações
atuais. Após isso, viu-se importante analisa-los juntos, de forma a concluir toda discussão
presente.
Os perfis permitiram expressar o resultado da abordagem metodologia,
apresentando, em variadas escalas, informações e processos da paisagem nos contextos
geomorfológico, geológico e pedológico. Percebe-se claramente as diferenças que cada
unidade apresenta em termos de formas e estrutura.
Os mapas-bases são importantes para uma análise, especialmente na
transformação de informações apresentadas em planta para informações apresentadas em
perfil, tipos de formas e processos.
Apesar dos resultados atingidos, dificuldades relacionadas a escalas de
representação das informações adicionam certas imprecisões, principalmente àquelas
voltadas a pedologia. Quando se faz a integração de campo com as técnicas de laboratório,
observa-se divergência de resultados, onde um não necessariamente contempla o outro, e
a forma de se resolver, pelo menos em parte, seria novos levantamentos de campo, com
coletas e processamento de amostras, gerando novos produtos com maior precisão.
Por fim, espera-se que essa produção possa contribuir para a sociedade e para a
ciência geográfica, a primeira associada a novas discussões sobre ordenamento do
território, aplicadas a gestão, a logística, e compreensão de potencial de uso e ocupação
do solo. A segunda para mostrar que a metodologia de perfis, que paulatinamente está
sendo abandonada pela ciência geográfica expressa resultados satisfatório que contribuem
diretamente para a geografia, principalmente como auxilio de campo, assim como mapas e
cartogramas.
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REFERÊNCIAS
BROWER, J.E.; ZAR, J.H.; 1984. Field & laboratory methods for general ecology. 2ed.
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MATOS, R. M. D. Tectonic evolution of the equatorial south atlantic. In: MOHRIAK, W. U.;
TALWANI, M. (Eds.). AtlanticRift in Continental Margins. Washington, DC: American
Geophysical Union, 2000.
VENTURI, L.A.B Geografia: Práticas de campo, laboratório e sala de aula. São Paulo:
SARANDI, 2010. p. 530.
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