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AMBIENTES GEOLÓGICOS E MUDANÇAS DE COR NO

QUARTZO HIALINO

i
ii
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
Reitor
João Luiz Martins
Vice-Reitor
Antenor Barbosa Júnior
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Tanus Jorge Nagem
ESCOLA DE MINAS
Diretor
José Geraldo Arantes de Azevedo Brito
Vice-Diretor
Wilson Trigueiro de Souza
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Chefe
Issamu Endo

iii
EVOLUÇÃO CRUSTAL E RECURSOS NATURAIS

iv
CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA – SÉRIE M - VOL. 68

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Nº 281

AMBIENTES GEOLÓGICOS E MUDANÇAS DE COR NO QUARTZO


HIALINO

Ney Friedemann Drummond

Orientador

Júlio César Mendes


Co-orientador

Fernando Soares Lameiras


Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais do
Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito
parcial à obtenção do Título de Mestre em Gemologia, Área de Concentração: Petrôgenese/Recursos
Minerais/Gemologia.

OURO PRETO
2009

v
Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br
Escola de Minas - http://www.em.ufop.br
Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais
Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita
35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: pgrad@degeo.ufop.br

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Depósito Legal na Biblioteca Nacional

D795a Drummond, Ney Friedemann.


Ambientes geológicos e mudanças de cor no quartzo hialino [manuscrito] / Ney
Friedemann Drummond. – 2009
xxiv, 195p f.: il.; color.; grafs. ; tabs.; mapas. (Contribuições à Ciência da Terra
Série M v. 68, n. 281)
ISSN: 85-230-0108-6
Orientador: Prof. Dr. Júlio César Mendes.
Co-orientador: Prof. Dr. Fernando Soares Lameiras.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas.
Departamento de Geologia. Programa de Pós-graduação em Evolução Crustal e Recursos
Naturais.
Área de concentração: Petrogênese. Recursos Minerais. Gemologia.
1. Quartzo - Teses. 2. Raios gama - Teses. 3. Gemologia - Teses. I. Universidade
Federal de Ouro Preto. II. Título.
CDU: 553.87

Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br

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Dedicatória

Dedico esta conquista à minha esposa Ivete e ao meu filho Marcelo.

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viii
Agradecimentos

À minha esposa Ivete e ao meu filho Marcelo pelo apoio, compreensão e estímulos que foram
fundamentais para essa travessia. O meu filho Marcelo com sua grande sensibilidade na arte fotográfica,
permitiu a apresentação de todas as fotografias de minerais e gemas apresentadas nesta dissertação;
Ao meu orientador Prof. Dr. Júlio César Mendes pelo incentivo para iniciar este trabalho e apoio
permanente que possibilitaram a sua conclusão. A ele, o meu muito obrigado;
Ao Prof. Dr. Fernando Soares Lameiras, do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear
(CDTN/BH) meu co-orientador, pela sua paciência e dedicação nos seus esclarecimentos. Sem o seu apoio
seria tarefa difícil realizar essa simbiose entre física e gemologia;
Ao Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto
(DEGEO/EM/UFOP) e (CDTN/BH), pela acolhida e facilidades concedidas para a realização dessa
dissertação;
Ao Laboratório de Espectrometria na Região do Infravermelho e Ultravioleta e Visível (LABESPEC) do
CDTN/BH pela realização dos ensaios de espectrometria de absorção na região do infravermelho com
Transformada de FOURIER (FTIR) e tratamento térmico. Ao Dr. Pablo Andrade Grossi, do Laboratório
de Irradiação Gama (LIG) do referido centro, pela execução dos testes de irradiação gama (γ). À equipe do
Prof. Dr. Fernando Soares Lameiras: os bolsistas Fabrício Assis Barros, Otávio Souza Rocha Liz, Valéria
Alves Rodrigues de Melo e o funcionário Ivan Dionísio Braga;
Aos professores do Curso de Especialização Lato Sensu do DEGEO / EM / UFOP (Prof. Especialista
César Mendonça Ferreira, Prof. Especialista José Davi de Oliveira Cabral, Prof. Dr. Antônio Luciano
Gandini, Prof. Dr. Gabriel de Oliveira Polli (in memoriam), Prof. Dra. Hanna Jordt Evangelista, Prof. Dr.
Hubert Mathias Peter Roeser, Prof. Dr. Leonardo Evangelista Lagoeiro, Prof. Dr. Messias Gilmar de
Menezes e Prof. Dr. Paulo César Souza) que foram os responsáveis pelos meus primeiros passos no
campo gemológico. Essa iniciação permitiu a continuidade do meu caminhar no mundo gemológico;
Aos professores do DEGEO/EM/UFOP e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que
ministraram disciplinas as quais foram primordiais em meu aprendizado e reciclagem;
Ao Laboratório de Geoquímica (LabGeo/UFOP) pela disponibilização de balanças analíticas, pelos
ensaios de Espectrometria de Emissão Atômica por Plasma de Acoplamento Induzido (ICP/AES) e

ix
análises de via úmida. Ao Prof. Dr. Hermínio Arias Nalini Júnior e Prof. Dr. Jorge de Carvalho Lena, pela
disponibilização de seu tempo e sempre com muita presteza;
Ao laboratório de Gemologia da UFOP, pela liberação de seu espaço para a preparação inicial das
amostras;
Aos alunos de graduação do DEGEO / EM / UFOP Tiago Rocha Faria Duque (Leitozo, com “z” mesmo) e
Gabriel Nascimento Nakamura (Bonsai), pela dedicação na digitação do texto desta dissertação. À recém
graduada em geologia Gabriela Magalhães da Fonseca (Splik), pelo cuidado na formatação e digitação
dessa dissertação;
Aos companheiros de sala do DEGEO/EM/UFOP nesses vários anos, doutoranda. Daniela Teixeira de
Carvalho Newman e o doutorando José Albino Newman pela amizade, grande ajuda e colaboração no dia-
dia nesse período;
Ao Dr. Eduardo Henrique Martins Nunes (CDTN/BH), sempre educado em minhas solicitações quando
elucidava minhas duvidas concernente à física;
Ao bolsista Wellington Fernandes Alvarenga e aos funcionários Celso Soares, Vandir Geraldo Maia
(LabGeo / UFOP), pela preparação de amostras, sempre com atendimento amistoso;
À Marilene Vasconcelos de Melo e João Bosco Neves (biblioteca do DEGEO/EM/UFOP), pela presteza
demonstrada nas obtenções de artigos, dissertações e teses;
À acolhida dos estudantes da República Formigueiro (república onde residi até minha graduação em
1961), Marcelo Boyer Fernandes (Zoca), Vinícius Brunow Fernandes (D’4), Fernando Tondato Artilha
(Bundinha), Leonardo Ribeiro Gonçalves (Maçaneta), Matheus Reis Chaves (Panetony), Kelder Fiorotti
(Bulaxa), Luis Antônio Maia Junior (Phêrrvo), Vilson Carlesso dos Reis (Thyrsu), André Braga Mansur
(Dmorô), Allison Rodolfo da Silveira (Falcatrua) e Rainer Mantovani Guasti (Aderbáw), que tornou
possível essa interação entre a 3ª melhor idade e a nova geração, a qual foi rejuvenescedora para mim e
espero que minha experiência de vida tenha contribuído para o aprimoramento da formação dos mais
jovens;
Minhas desculpas pela não nominação de outros personagens dessa jornada, não menos importantes, mas
que a limitação dos agradecimentos impõe;
Finalmente, a Deus, esse construtor e arquiteto do Universo que disponibilizou minerais, minerais-gemas,
minérios e rochas para que indivíduos, meros habitantes pontuais através de ínfimas contribuições,
pudessem aproveitá-los em beneficio dos demais semelhantes. A Ele a nossa gratidão por existirmos.
x
Sumário

AGRADECIMENTOS .................................................................................................................... ix
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................................... xiii
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................. xviii
RESUMO ...................................................................................................................................... xxi
ABSTRACT ................................................................................................................................ xxiii
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 01
1.1. Objetivos................................................................................................................................... 03
1.2. Justificativas.............................................................................................................................. 03
CAPÍTULO 2. O QUARTZO......................................................................................................... 05
2.1. Defeitos Estruturais e Impurezas no Quartzo................................................................................ 10
CAPÍTULO 3. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 17
3.1. Procedência das Amostras .......................................................................................................... 17
3.2. Preparação das Amostras............................................................................................................ 19
3.3. Espectrometria de Absorção na Região do Infravermelho ............................................................. 22
3.4. Irradiação Gama ........................................................................................................................ 29
3.5. Tratamento Térmico................................................................................................................... 31
3.6 – Análises Químicas ................................................................................................................... 37
CAPÍTULO 4. O SUPERGRUPO ESPINHAÇO............................................................................ 43
4.1. O Segmento Oeste do Espinhaço Meridional (Serras do Cabral e Mineira) .................................... 46
4.1.1. Localização e Vias de Acesso ............................................................................................ 46
4.1.2. Aspectos Fisiográficos, Climáticos, Vegetação e Atividade Humana .................................... 48
4.2. Aspectos Geológicos.................................................................................................................. 50
CAPÍTULO 5. PEGMATITO ........................................................................................................ 55
5.1. As Províncias Pegmatíticas Brasileiras ........................................................................................ 58
xi
5.2. A Província Pegmatítica Oriental ................................................................................................ 59
5.2.1. Localização e Vias de Acesso............................................................................................. 62
5.2.2. Aspectos Fisiográficos, Climáticos, Vegetação e Atividade Humana.....................................63
5.3. Aspectos Geológicos da Região de Galiléia e Conselheiro Pena.....................................................65
CAPÍTULO 6. GÊNESE DO QUARTZO .......................................................................................71
6.1. Gênese do Quartzo Hidrotermal ..................................................................................................71
6.2. Gênese dos Núcleos Quartzosos Pegmatíticos ..............................................................................80
CAPÍTULO 7. AS MINAS DE QUARTZO HIDROTERMAL E PEGMATÍTICO........................83
7.1. As Minas de Quartzo Hidrotermal ............................................................................................... 83
7.1.1. A Mina Comecha...............................................................................................................84
7.1.2. A Mina do Tião.................................................................................................................88
7.2. As Minas de Quartzo Pegmatítico ............................................................................................... 94
7.2.1. A Mina Boca Rica .............................................................................................................95
7.2.2. A Mina do Bode................................................................................................................98
CAPÍTULO 8. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 105
8.1. As Análises via ICP/AES e Úmida de Quartzo Hidrotermal e Pegmatítico ................................... 105
8.2. Interpretações de Gráficos FTIR versus Obtenção de Cor, após Irradiação e/ou Aquecimento........ 113
8.3. O Silício no Quartzo Hidrotermal e Pegmatítico e sua Correlação com a Cor................................ 123
8.4. Gemas Lapidadas Obtidas de Quartzo Irradiado e/ou Tratado Termicamente ................................ 126
CAPÍTULO 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 135
CAPÍTULO 10. REFERÊNCIAS.................................................................................................. 139
APÊNDICE................................................................................................................................... 147
BANCA EXAMINADORA (Ficha de Aprovação) ........................................................................ 195

xii
Lista de Figuras

Figura 2.1 - (a) Cristal hialino lapidado, na forma brilhante, pesando 19,50ct e (b) Ametista lapidada, na
forma oval, com matiz violeta intenso, pesando 18,50ct. ....................................................................... 7
Figura 2.2 - (a) Citrino de matiz amarelado intenso, lapidado na forma oval, pesando 11,50ct e (b)
Quartzo Fumê ou enfumaçado, lapidado na forma de gota, pesando 29,20ct. .......................................... 8
Figura 2.3 – (a) Quartzo Róseo, lapidado na forma cabochão, pesando 9,35ct e (b) Prasiolita, lapidada na
forma de gota, pesando 38,95ct. .......................................................................................................... 9
Figura 2.4 – (a) Quartzo leitoso lapidado na forma retangular, pesando 36,30ct e (b) Ametrino lapidado
na forma retangular, pesando 2,74ct................................................................................................... 10
Figura 2.5 – Defeitos pontuais. O defeito Schottky (a) e o defeito Frenkel (b)...................................... 11
Figura 2.6 – (a) Representação esquemática de um centro H+[(AlSiO4/H+)0] e (b) [(AlSiO4/h+)0] ........... 13
Figura 2.7 – (a) Representação esquemática de um centro [AlSiO4/M+]0 e (b) Defeitos OH de crescimento.
....................................................................................................................................................... 13
Figura 3.1 – Localização das minas amostradas de quartzo hialino nos municípios de Buenópolis,
Francisco Dumont, Galiléia e Conselheiro Pena – Minas Gerais (imagens obtidas do Google Earth e do
Google Maps). ................................................................................................................................. 18
Figura 3.2 – A posição da região do infravermelho e suas três sub-divisões no espectro eletromagnético
....................................................................................................................................................... 24
Figura 3.3 – Espectros de FTIR típicos de amostras de quartzo naturais e incolores ............................. 25
Figura 3.4 – Espectros de FTIR mostrando cristais de quartzo que desenvolverão cores fracas e intensas..
....................................................................................................................................................... 26
Figura 3.5 - Espectros e absorção na região do infravermelho da ametista e da prasiolita...................... 27
Figura 3.6 – Espectro FTIR típico de quartzo que irá desenvolver a cor verde oliva acinzentada de uma
heminefita........................................................................................................................................ 27
Figura 3.7 – As possíveis cores obtidas quando se irradia um cristal hialino, seguido ou não de
aquecimento .................................................................................................................................... 33
Figura 3.8 – O esquema de um plasma acoplado indutivamente.......................................................... 39
Figura 4.1 - Mapa de localização e vias de acesso a região de Buenópolis e Francisco Dumont, em Minas
Gerais.............................................................................................................................................. 47

xiii
Figura 4.2 - Imagem de satélite obtida no Google Earth, onde estão representadas as cidades, suas
coordenadas, as Serras do Cabral e Espinhaço e as minas, na região de Buenópolis e Francisco Dumont
em Minas Gerais.. ............................................................................................................................. 48
Figura 4.3 – A Velozia squamata (canela-de-ema), uma vegetação típica das regiões de maior altitude na
Serra Mineira....................................................................................................................................50
Figura 4.4 - Mapa geológico da Serra do Cabral e da Serra Mineira (Espinhaço Meridional). ................53
Figura 5.1 – Esquema mostrando a distribuição das três unidades estruturais do interior dos corpos
pegmatíticos .....................................................................................................................................57
Figura 5.2 – As Províncias Pegmatíticas Nordestina, Oriental e Meridional .........................................59
Figura 5.3 – Mapa de localização e vias de acesso as regiões de Galiléia e Conselheiro Pena, em Minas
Gerais. .............................................................................................................................................62
Figura 5.4 – Imagem e satélite obtida do Google Earth, onde estão representadas as cidades, distritos,
suas coordenadas e as minas de quartzo nos municípios de Galiléia e Conselheiro Pena, em Minas Gerais.
........................................................................................................................................................64
Figura 5.5 – Mapa geológico do Projeto Leste, na região das minas de quartzo Boca Rica e do Bode ....68
Figura 6.1 – O diagrama de solubilidade do quartzo em água pura, relacionando temperatura e
profundidade (pressão). .....................................................................................................................73
Figura 6.2 – O esquema apresentado por Uebel (1977) reflete o desenvolvimento do núcleo quartzoso em
função da superfície de afloramento de um corpo pegmatítico.............................................................. 81
Figura 7.1 – Mapa de acesso às Minas Comecha e do Tião, situadas nos Municípios de Francisco Dumont
e Buenópolis. Notar que o acesso mais fácil é a partir da sede municipal de Joaquim Felício..................84
Figura 7.2 – Vista parcial da Mina Comecha, onde podem ser observados os trabalhos de mineração e os
problemas oriundos da cobertura arenosa............................................................................................86
Figura 7.3 – Um veio hidrotermal de quartzo, com aproximadamente 40cm de potência, encaixado em
areia oriundo da alteração de quartzito................................................................................................ 87
Figura 7.4 – Peças de cristais de quartzo hialino e leitoso extraídas da Mina Comecha, com algumas
dessas amostras pesando mais de 20kg. .............................................................................................. 87
Figura 7.5 – Exemplar de cristal de quartzo oriundo da Mina Comecha com marcas de crescimento......88
Figura 7.6 – Amostras brutas da Mina Comecha, obtidas da fragmentação, as quais serão submetidas a
testes de FTIR visando definir o potencial para mudança de cor. Amostras pesando de 20 a 60 g............89

xiv
Figura 7.7 – Uma vista da Serra do Cabral (ao fundo) e da planície Bambuí, numa fotografia feita do alto
da Serra Mineira............................................................................................................................... 90
Figura 7.8 – Uma vista parcial de aluviões portadores de quartzo na Mina do Tião. É possível observar
afloramentos de quartzito da Formação Galho do Miguel... ................................................................. 90
Figura 7.9 – Um cálice oriundo de erosão em quartzito da Formação Galho do Miguel, com uma típica
estratificação cruzada, na região da Mina do Tião. .............................................................................. 91
Figura 7.10 – Veios centimétricos de quartzo hidrotermal cortando o quartzito da Formação Galho do
Miguel, na Mina do Tião................................................................................................................... 92
Figura 7.11 – A paisagem oriunda do trabalho de retirada de quartzo hialino para irradiação gama, nos
aluviões da Mina do Tião. ................................................................................................................. 93
Figura 7.12 – Os cristais subédricos de quartzo hialino da Mina do Tião; (a) aqueles com coloração muito
fraca e (b) com matiz violeta mais intenso. Todos esses cristais podem se transformar num matiz com
violeta intenso, após irradiação gama. O peso dos cristais situa-se entre 6 e 20g.. ................................. 94
Figura 7.13 – A localização e vias de acesso às Minas Boca Rica e do Bode, próximas à cidade de
Galiléia, no Vale do Rio Doce mineiro............................................................................................... 95
Figura 7.14 – A galeria para extração de quartzo, minerais fosfatados e feldspato na Mina Boca Rica.
Observe que nessa fotografia a zona pegmatítica é muito rica em minerais do grupo do feldspato. ......... 97
Figura 7.15 – O núcleo quartzoso no centro do corpo pegmatítico. O grande vazio circular nesse corpo é
oriundo da retirada de um caldeirão essencialmente de quartzo, com porções hialinas, na Mina Boca Rica
....................................................................................................................................................... 97
Figura 7.16 – O quartzo hialino martelado, separado das porções leitosas oriundas da Mina Boca Rica e
pronto para o comércio. Tamanho dos cristais: dimensões entre 05 e 10cm, pesando de 20 a 120g......... 98
Figura 7.17 – Uma vista da feição de encosta onde está situada a Mina do Bode e o material já retirado,
visando o seu aproveitamento futuro com a catação de feldspato, quartzo e minerais raros.. .................. 99
Figura 7.18 – A dimensão do núcleo de quartzo na Mina do Bode, com cerca de 5m é representado pela
reta preta. Na parte de fora da reta encontra-se a zona pegmatítica constituída quase só por feldspato. ..100
Figura 7.19 – Blocos de feldspato já selecionados e, atrás, o material a ser separado, da Mina do Bode.
......................................................................................................................................................101
Figura 7.20 – Blocos de quartzo extraídos na Mina do Bode, submetidos a fragmentação, visando retirar
porções hialinas...............................................................................................................................102
Figura 7.21 – Um monte de quartzo e o machado utilizado para a primeira desagregação de porções
hialinas na Mina do Bode.................................................................................................................102

xv
Figura 7.22 – O quartzo retirado do núcleo pegmatítico, passível de ser fragmentado para a obtenção de
porções hialinas... ........................................................................................................................... 103
Figura 7.23 – O quartzo hialino após a segunda etapa de redução de tamanho, já estocado e pronto para
ser comercializado. ......................................................................................................................... 103
Figura 7.24 – O quartzo hialino após todas as etapas de separação, com dimensões adequadas e pronto
para comercialização. ...................................................................................................................... 104
Figura 8.1 – Diagrama de distribuição de Al (em ppm) nas Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode.. 108
Figura 8.2 – Diagrama dos teores de Li, em ppm, nas Minas do Tião, Comecha, Boca Rica e Bode... .. 109
Figura 8.3 – Gráfico de distribuição de Fe, em ppm, nas Minas do Tião, Comecha, Boca Rica e Bode..110
Figura 8.4 – Diagrama de distribuição de Ca (em ppm) nas Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode..110
Figura 8.5 – Diagrama de distribuição de Mg (em ppm) nas Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode.111
Figura 8.6 – Diagrama de distribuição de K (em ppm) nas Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode .. 111
Figura 8.7 – Diagrama de distribuição de Ti (em ppm) nas Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode.. 112
Figura 8.8 – Diagrama de distribuição de Zn (em ppm) nas Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode. 112
Figura 8.9 – Espectros de FTIR, com fotografias, de quartzo hialino bruto [parte de cima de 5(a), 6(b),
10(c)] e irradiado [parte inferior de 5(a), 6(b), 10(c)] a 200 kGy. Nesses cristais da Mina do Tião, observa-
se a banda 3.585cm-1 típica da ametista e com os valores calculados de fa, área e c. ............................ 114
Figura 8.10 – Espectros de FTIR, com fotografias, de quartzo hialino bruto [parte de cima de 75(a), 76(b),
77(c)] e irradiado [parte inferior de 75(a), 76(b), 77(c)] a 300 kGy. Nesses cristais da Mina Comecha,
observam-se as bandas 3.380, 3.404, 3.434, 3.485 e 3.510cm-1 típicas da fumê e com os valores
calculados de fLi, área e c................................................................................................................ 117
Figura 8.11 – Espectros de FTIR com fotografias de quartzo hialino bruto [ parte de cima de 128(a),
136(b), 137(c), irradiado e aquecido [parte inferor 128 (a), 136 (b), 137 (c) a 65kGy. Nesses cristais da
Mina Boca Rica observam-se as bandas de 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de
fLi, área e c..................................................................................................................................... 119
Figura 8.12 – Espectros de FTIR, com fotografias, de quartzo hialino bruto [parte de cima de 161(a),
164(b), 166(c)], irradiado e aquecido [parte inferior de 161(a), 164(b), 166(c)] a 65 kGy. Nesses cristais da
Mina do Bode, observam-se as bandas 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595cm-1, típicas do matiz amarelo e
acastanhado e com os valores calculados de fli, área e c..................................................................... 121
Figura 8.13 – Uma representação esquemática dos minerais-gemas resultante de irradiação gama, seguido
ou não de tratamento térmico, em amostras de quartzo hialino dessa dissertação. Os exemplares pesam
18,65 (1), 17,52 (2), 11,92 (3), 15,44 (4), 34,20 (5), 32,78 (6) e 22,29g (7)......................................... 127
xvi
Figura 8.14 – A fotografia do lado esquerdo representa um cristal da Mina Tião (cristal N-5), que foi
irradiado a 200kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do cristal é 17,21g e
da gema é de 5,25ct... ......................................................................................................................128
Figura 8.15 – A fotografia do lado esquerdo representa uma ametista da Mina Tião (cristal N-1), que foi
irradiado a 400kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do cristal é 9,89g e
da gema é de 6,75ct.. .......................................................................................................................128
Figura 8.16 – A fotografia do lado esquerdo representa uma ametista da Mina Tião (cristal N-11), que foi
irradiado a 400kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do cristal é 9,71g e
da gema é de 12,25ct. ......................................................................................................................129
Figura 8.17 – A fotografia do lado esquerdo representa um cristal levemente violeta da Mina Tião (cristal
N-29), que foi irradiado a 400kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do
cristal é 11,37g e da gema é de 13,75ct. ............................................................................................129
Figura 8.18 – A fotografia do lado esquerdo representa um cristal violeta da Mina Tião (cristal N-41), que
foi irradiado a 600kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do cristal é 9,88g
e da gema é de 16,45ct.....................................................................................................................130
Figura 8.19 – A fotografia do lado esquerdo representa uma ametista fraca da Mina Tião (cristal N-12),
que foi irradiado 600kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do cristal é
10,60g e da gema é de 16,90ct..........................................................................................................130
Figura 8.20- A fotografia do lado esquerdo representa um cristal da Mina Comecha (cristal N-76), que foi
irradiado a 300kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do cristal é 20,86g e
da gema é de 19,75ct.... ...................................................................................................................131
Figura 8.21 – A fotografia do lado esquerdo representa um cristal da Mina Comecha (cristal N-88), que
foi irradiado a 300kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do cristal é
16,13g e da gema é de 17,10ct..........................................................................................................131
Figura 8.22 – A fotografia do lado esquerdo representa um green gold da Mina Boca Rica (cristal N-125),
que foi irradiado a 65kGy e aquecida e, à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do
cristal é 50,96g e da gema é de 8,95ct. ..............................................................................................132
Figura 8.23 – A fotografia do lado esquerdo representa um cristal amarelado da Mina Boca Rica (cristal
N-135), que foi irradiado a 400kGy e aquecida e, à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime
bruto. Peso do cristal é 18,37g e da gema é de 3,65ct. ........................................................................132
Figura 8.24 – A fotografia do lado esquerdo representa um green gold da Mina do Bode (cristal N-170),
que foi irradiado a 400kGy e aquecido e, à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso
do cristal é 15,51g e da gema é de 3,15ct...........................................................................................133

xvii
Lista de Tabelas

Tabela 2.1 - Análises químicas para alguns elementos traços de variedades gemológicas de quartzo. .......6
Tabela 3.1 – A identificação e o peso das amostras de quartzo hialino (Mina do Tião, município de
Buenópolis, Minas Gerais).................................................................................................................20
Tabela 3.2 – A identificação e o peso das amostras de quartzo hialino (Mina Comecha, município de
Francisco Dumont, Minas Gerais).. ....................................................................................................21
Tabela 3.3 – A identificação e o peso das amostras de quartzo hialino (Mina Boca Rica, município de
Galiléia, Minas Gerais)......................................................................................................................21
Tabela 3.4 – A identificação e o peso das amostras de quartzo hialino (Mina do Bode, município de
Conselheiro Pena, Minas Gerais). ......................................................................................................22
Tabela 3.5 – Principais bandas observadas na região II (Figuras 3.3, 3.4, 3,5) do espectro do FTIR do
quartzo.............................................................................................................................................28
Tabela 3.6 –Relação das amostras de quartzo hialino irradiadas a 200kGy, 400kGy e 600kGy, Mina do
Tião, município de Buenópolis, Minas Gerais. ....................................................................................31
Tabela 3.7 – Relação das amostras de quartzo hialino irradiadas a 300kGy e, posteriormente, aquecidas,
mostrando as temperaturas (ºC) e tempos (min) da Mina Comecha, município de Francisco Dumont,
Minas Gerais. ...................................................................................................................................34
Tabela 3.8 – Relação das amostras de quartzo hialino irradiadas a 65kGy e, posteriormente, aquecidas,
mostrando as temperaturas (ºC) e tempos (min), da Mina Boca Rica, município de Galiléia, Minas Gerais.
........................................................................................................................................................35
Tabela 3.9 – Relação das amostras de quartzo hialino irradiadas a 400kGy e, posteriormente, aquecidas,
mostrando as temperaturas (ºC) e tempos (min), da Mina Boca Rica, município de Galiléia, Minas Gerais.
........................................................................................................................................................35
Tabela 3.10 – Relação das amostras de quartzo hialino irradiadas a 65kGy e, posteriormente, aquecidas,
mostrando essas temperaturas (ºC) e tempos (min), da Mina do Bode, município de Conselheiro Pena,
Minas Gerais. ...................................................................................................................................36
Tabela 3.11 – Relação das amostras de quartzo hialino irradiadas a 400kGy e, posteriormente, aquecidas,
mostrando as temperaturas (ºC) e tempos (min), da Mina do Bode, município de Conselheiro Pena, Minas
Gerais. .............................................................................................................................................37
Tabela 4.1 –Um resumo da coluna estratigráfica do Espinhaço Meridional, mostrando os principais
grupos, formações, características litológicas, sistemas deposicionais e espessuras ................................ 45

xviii
Tabela 5.1 – Coluna litoestratigráfica da região de Galiléia e Conselheiro Pena (Distrito Pegmatíitico de
Conselheiro Pena), definido em partes das Folhas Governador Valadares, Itabirinha de Mantena,
Itanhomi e Conselheiro Pena / São Gabriel da Palha.) ......................................................................... 66
Tabela 6.1 – Resultados de análises químicas obtidos por Carvalho (1982) em quartzo oriundos de 14
minas, em trabalho realizado para a Ligas de Alumínio S.A. (LIASA). ................................................ 75
Tabela 6.2 – A composição química da ametista da Serra do Sudário (Minas Gerais), Pau D’Arco e Alto
Bonito (Pará) e de Alto Uruguai (Rio Grande do Sul).. ....................................................................... 78
Tabela 8.1 a – Resultado de análises químicas via ICP/AES, em ppm, de amostras de quartzo hialino das
Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode..........................................................................................106
Tabela 8.1 b – Resultado de análises químicas via ICP/AES, em ppm, de amostras de quartzo hialino das
Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode..........................................................................................107
Tabela 8.2 – Resultados de análises químicas por via úmida (%) para SiO2 e de ICP/AES para os demais
elementos, em quartzo hialino das Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode. ......................................108
Tabela 8.3 – Relação das amostras da Mina do Tião submetidas a FTIR, com os valores fa (fator
ametista), fLi (fator lítio), área e c.....................................................................................................115
Tabela 8.4 – Relação de amostra da Mina Comecha, com os valores fLi (fator lítio), área e c obtidos nos
gráficos de FTIR. ............................................................................................................................118
Tabela 8.5 – Relação de amostras da Mina Boca Rica, com os valores fLi (fator lítio), área e ao c nos
gráficos de FTIR. ............................................................................................................................120
Tabela 8.6 – Relação de amostra da Mina do Bode com os valores fLi (fator lítio), área e c, obtidos em
gráficos de FTIR. ............................................................................................................................122
Tabela 8.7 – Análises de elementos traços em quartzo de pegmatito, depósito hidrotermal e granito (em
ppm)...............................................................................................................................................125

xix
xx
Resumo

O Estado de Minas Gerais é o maior produtor mundial de quartzo para utilização industrial,
gemológica e amostras de coleção. As variedades hialina, leitosa, ametista, citrino, prasiolita, rósea, fumê
ou morion ocorrem em alguns ambientes naturais. Outras variedades coloridas, além da ametista e
prasiolita, podem ser obtidas em laboratório, a partir de quartzo hialino, por irradiação gama seguida ou
não de tratamento térmico.
A partir de 1997 no Brasil, começou a ser utilizada a técnica de irradiação gama para mudança de
cor em quartzo. Os espécimes de quartzo hialino oriundos de Minas Gerais, eram vendidos a preços
irrisórios e, após a aplicação dessa técnica, eram agregados valores de até 100 vezes daquele inicialmente
comercializado. Nada era conhecido no Brasil, sobre a aplicação de irradiação gama seguida ou não de
tratamento térmico.
Os físicos brasileiros, já dominam a técnica de irradiação gama, e os geólogos e gemólogos,
necessitam definir a relação entre ambiente formador do quartzo e seu potencial de mudança de cor sob
irradiação gama.
Sabe-se que quartzo hialino ocorre preferencialmente em dois ambientes geológicos, aquele de
origem hidrotermal e outro associado a núcleos de pegmatitos. Todos os grandes compradores de material
hialino para irradiação procuram material oriundo desses ambientes. Portanto, as pesquisas para essa
dissertação de mestrado foram conduzidas nos espécimes amostrados nesses dois ambientes. Mais de 150
amostras foram obtidas de veios hidrotermais associados ao Espinhaço Meridional (Minas do Tião e
Comecha - na região de Joaquim Felício) e de núcleos de pegmatitos (Minas Boca Rica e do Bode - na
região de Galiléia) da Província Pegmatítica Oriental, em Minas Gerais. Esses espécimes foram
submetidos à Espectrometria de Absorção na Região do Infravermelho com Transformada de FOURIER
(FTIR) com comprimento de onda entre 2.300 e 3.600 cm-1 e, posteriormente, à irradiação gama seguida
ou não de tratamento térmico. As amostras, tanto de ambiente hidrotermal quanto pegmatítico, foram
analisadas para 27 elementos traços a partir de ICP/AES e por via úmida para o SiO2.
Dos ensaios de FTIR foram obtidas as bandas características dos dopantes porventura encontrados
no quartzo, os quais são os responsáveis pelo desenvolvimento ou não da cor, após a utilização dessas
técnicas. Esses ensaios indicam as doses a serem aplicadas na etapa de irradiação gama, além do intervalo
de temperatura a ser aplicada no aquecimento.

xxi
Concluiu-se que o quartzo hialino de ambiente hidrotermal, com teor anômalo de ferro, com banda
de FTIR a 3.585cm-1, fator fa ≥ 3,3 e área entre 400 a 600u.a* cm-1, poderá desenvolver cor violeta; já
aqueles de núcleo pegmatítico altamente diferenciado, muito rico em minerais de lítio, com anomalia de
lítio na estrutura do cristal, banda de FTIR a 3.485cm-1, fator fLi ≥ 2,0 e irradiados entre 65 e 400kGy,
podem mostrar de cor amarelo-esverdeado e acastanhado, após a aplicação de irradiação gama seguida ou
não de tratamento térmico.
As pesquisas para essa dissertação de mestrado possibilitaram afirmar que, a partir de irradiação
gama seguida ou não de tratamento térmico, para o quartzo de ambiente hidrotermal são produzidas as
variedades ametista e fumê; já naquelas amostras de núcleos pegmatíticos altamente diferenciados e
portadores de minerais de lítio, são criadas as novas variedades, até então desconhecidas no mercado
mundial de gemas, denominadas de beer, champagne, cognac, green gold e whisky.

xxii
Abstract

The state of Minas Gerais, Brazil, is the largest global producer of quartz for industrial,
gemological and sample collection use. The varieties hyaline, milk quartz, amethyst, citrine, prasiolite,
rose quartz, smoky quartz or morion occur in some natural environments. Other colored varieties, in
addition to amethyst and prasiolite, can be obtained in laboratory from hyaline quartz by gamma
irradiation followed or not by heat treatment.
The use of gamma irradiation technique in Brazil for color change in quartz started in 1997. The
specimens of quartz hyaline from Minas Gerais State were sold at very low prices. After the application of
this technique the specimens could be sold for prices up to 100 times higher.
Brazilian physicists already dominate the gamma irradiation technique and geologists and
gemologists need to define the relationship between quartz environment formation and its potential for
change in color under gamma irradiation.
It is known that the hyaline quartz occurs preferentially in two geological environments, one of
hydrothermal origin and the other associated with nuclei of pegmatite. The biggest buyers of hyaline
material for irradiation seek material from these types of environment. Therefore, searches for this
master's thesis were conducted in specimens sampled in both environments. Over 150 samples were
obtained from hydrothermal vein associated with Southern Espinhaço Mountains (Mines of Tião and
Comecha - in the Joaquim Felício region) and the pegmatite nucleus located in the Eastern Pegmatitic
Province in Minas Gerais (The Boca Rica and Bode Mine - in the region of Galiléia).
These specimens were subjected to absorption spectrometry in the infrared region with the
FOURIER Transform (FTIR) with a wavelength of between 2,300 and 3,600cm-1 and subsequently to
gamma irradiation followed or not by heat treatment. The samples were analyzed for 27 trace elements
from ICP/AES and wet for SiO2. From the FTIR tests were obtained the bands characteristic of doping
perhaps found in quartz which are responsible for the development of color or not, after the use of such
techniques. These tests indicate the doses to be applied in the step of gamma irradiation, and the range of
temperature to be applied for heating.
It was concluded that the quartz of hydrothermal environment with anomalous levels of iron, with
the FTIR band of 3,585cm-1, factor fa ≥ 3.3 and the area between 400 a 600u.a* cm-1, may develop a violet
color; pegmatitic nuclei of those already highly differentiated, very rich in minerals of lithium, with
xxiii
lithium anomaly in the crystal structure, band of the FTIR equal to 3,485cm-1, fLi factor ≥ 2 and between
65 and 400kGy irradiated, may show a yellow-green and brown, after the application of gamma irradiation
followed or not by heat treatment.
Based on research conducted here it has become possible to say that, from gamma irradiation
followed or not by heat treatment, in the hydrothermal environment it is produced varieties of amethyst
and prasiolite. Those samples of pegmatitic nuclei highly differentiated and holders of mineral lithium, the
new varieties are created, until then unknown in the global market for gems, called, beer, champagne,
cognac, green gold and whisky.

xxiv
UNIVERSIDADEFEDERALDEOUROPRETO
ESCOLADEMINAS
DEPARTAMENTODEGEOLOGIA

DISSERTAÇÃODEMESTRADO

AMBIENTESGEOLÓGICOSE MUDANÇASDECORNOQUARTZOHIALINO

NEYFRIEDEMANNDRUMMOND

OuroPreto, outubrode2009
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 12 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 600 kGy, de números 12(a), 13(b), 14(c) da Mina do Tião – município de
Buenópolis – MG. Observa-se uma banda a 3.585 cm-1 com os valores calculados de fa,.área e
c.
a
3585 cm -1

b
3585 cm -1

c
3585 cm -1

162
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 13 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 600 kGy, de números 15(a), 17(b), 20(c) da Mina do Tião – município de
Buenópolis – MG. Observa-se uma banda a 3.585 cm-1 com os valores calculados de fa,.área e
c.
a
3585 cm -1

b
3585 cm -1

c
3585 cm -1

163
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 14 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural
brutas e irradiadas a 600 kGy, de números 21(a), 23(b), 27(c) da Mina do Tião – município de
Buenópolis – MG. Observa-se uma banda a 3.585 cm-1 com os valores calculados de fa,.área e
c.
a
3585 cm -1

b
3585 cm -1

c
3585 cm -1

164
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 15 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural
brutas e irradiadas a 600 kGy, de números 28(a), 30(b), 35(c) da Mina do Tião – município de
Buenópolis – MG. Observa-se uma banda a 3.585 cm-1 com os valores calculados de fa,.área e
c.
a
3585 cm -1

b
3585 cm -1

c
3585 cm -1

165
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 16 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 600 kGy, de números 41(a), 42(b), 45(c) da Mina do Tião – município de
Buenópolis – MG. Observa-se uma banda a 3.585 cm-1 com os valores calculados de fa,.área e
c.
a
3585 cm -1

b
3585 cm -1

c
3585 cm -1

166
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 17 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 600 kGy, de números 49(a), 51(b), 53(c) da Mina do Tião – município de
Buenópolis – MG. Observa-se uma banda a 3.585 cm-1 com os valores calculados de fa,.área e
c.
a
3585 cm -1

b
3585 cm -1

c
3585 cm -1

167
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 08 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 400 kGy, de números 1(a), 7(b), 8(c) da Mina do Tião – município de Buenópolis
– MG. Observam-se duas bandas, uma a 3.437cm-1 e outra a 3.585cm-1 com os valores
calculados de fa,.área e c.
a
3585 cm -1

3437 cm -1

b
3585 cm -1

3437 cm -1

c
3585 cm -1

3437 cm -1

158
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 09 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 400 kGy, de números 9(a), 11(b), 29(c) da Mina do Tião – município de
Buenópolis – MG. Observam-se duas bandas, uma a 3.437cm-1 e outra a 3.585cm-1 com os
valores calculados de fa,.área e c.
a
-1 -1
-1
-1

cm
cm

-1
-1

cm
cm

cm
cm

3437
3585

3437
3585

3437
3585

b
3437 cm -1
3585 cm -1

c
3437 cm -1
3585 cm -1

159
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 10 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 400 kGy, de números 34(a), 38(b), 44(c) da Mina do Tião – município de
Buenópolis – MG. Observam-se duas bandas, uma a 3.437cm-1 e outra a 3.585cm-1 com os
valores calculados de fa,.área e c..
a
3585 cm -1

3437 cm -1

b
3585 cm -1

3437 cm -1

c
3585 cm -1

3437 cm -1

160
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 11 – Espectro de FTIR com fotografia da amostra de quartzo hialino natural bruta e
irradiada a 400 kGy, de número 56(a) da Mina do Tião – município de Buenópolis – MG.
Observam-se duas bandas, uma a 3.437cm-1 e outra a 3.585cm-1 com os valores calculados de
fa,.área e c.
a
3585 cm -1

3437 cm -1

161
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 01 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 200 kGy, de números 2(a), 3(b), 4(c) da Mina do Tião – município de Buenópolis
– MG. Observa-se a banda 3.585 cm-1 típica da ametista e com os valores calculados de fa,.área
e c.
a
3585 cm -1

b
3585 cm -1

c
3585 cm -1

151
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 02 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 200 kGy, de números 16(a), 18(b), 25(c) da Mina do Tião – município de
Buenópolis – MG. Observa-se a banda 3.585 cm-1 típica da ametista e com os valores
calculados de fa,.área e c.
a
3585 cm -1

b
3585 cm -1

c
3585 cm -1

152
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 03 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 200 kGy, de números 26(a), 31(b), 32(c) da Mina do Tião – município de
Buenópolis – MG. Observa-se a banda 3.585 cm-1 típica da ametista e com os valores
calculados de fa,.área e c.
a
3585 cm -1

b
3585 cm -1

c
3585 cm -1

153
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 04 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 200 kGy, de números 37(a), 40(b), 43(c) da Mina do Tião – município de
Buenópolis – MG. Observa-se a banda 3.585 cm-1, nas amostras 37(a) e 40(b), típica da ametista
e com os valores calculados de área e de fa,já na amostra 43(c) não é observada a banda 3.585
cm-1 e ocorrem as bandas 3.381, 3.433 e 3.483 cm-1.
a
3585 cm -1

b
3585 cm -1

c
3483 cm -1
3433 cm -1
3381 cm -1

154
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 05 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 200 kGy, de números 46(a), 47(b), 50(c) da Mina do Tião – município de
Buenópolis – MG. Observa-se a banda 3.585 cm-1 típica da ametista e com os valores
calculados de fa,.área e c.
a
3585 cm -1

b
3585 cm -1

c
3585 cm -1

155
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 06 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 200 kGy, de números 52(a), 54(b), 57(c) da Mina do Tião – município de
Buenópolis – MG. Observa-se a banda 3.585 cm-1 típica da ametista e com os valores
calculados de fa,.área e c.
a
3585 cm -1

b
3585 cm -1

c
3585 cm -1

156
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 07 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 200 kGy, de números 59(a) e 60(b) da Mina do Tião – município de Buenópolis –
MG. Observa-se a banda 3.585 cm-1 típica da ametista e com os valores calculados de fa,.área e
c
a
3585 cm -1

b
3585 cm -1

157
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 39 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 400 kGy, de números 162(a), 163(b), 165(c), seguidas de tratamento térmico e
provenientes da Mina do Bode – município de Conselheiro Pena – MG. Observam-se as bandas
de 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c. É observada uma
gradação de matiz amarelo-acastanhado.
a
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

b
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

c
3595 cm -1

189
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 40 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 400 kGy, de números 167(a), 170(b), 172(c), seguidas de tratamento térmico e
provenientes da Mina do Bode – município de Conselheiro Pena – MG. Observam-se as bandas
de 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c. É observada uma
gradação de matiz acastanhada.
a
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

b
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

c
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

190
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 41 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 400 kGy de números 176(a), 180(b), 183(c), seguidas de tratamento térmico e
provenientes da Mina do Bode – município de Conselheiro Pena – MG. Observam-se as bandas
de 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c. É observada uma
gradação de matiz amarelo-acastanhado.
a
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

b
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

c
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

191
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 42 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 400 kGy, de números 184(a), 185(b), 187(c), seguidas de tratamento térmico e
provenientes da Mina do Bode – município de Conselheiro Pena – MG. Observam-se as bandas
de 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c. É observada uma
gradação de matiz acastanhado.
a
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

b
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

c
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

192
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 43 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 400 kGy, de números 195(a), 196(b), seguidas de tratamento térmico, e
provenientes da Mina do Bode – município de Conselheiro Pena – MG. Observam-se as bandas
de 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c. É observada uma
gradação de matiz acastanhado.
a
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

b
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

193
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 33 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 65 kGy, de números 171(a), 173(b), 174(c) seguida de tratamento térmico e
provenientes da Mina do Bode – município de Conselheiro Pena – MG. Observam-se as bandas
de 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c. É observada uma
gradação de matiz amarela, amostra 174(c), amarelo-acastanhado nas amostras 173(b) e 171(a).
a
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

b
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

c
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

183
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 34 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 65 kGy, de números 175(a), 177(b), 178(c), seguidas de tratamento térmico e
provenientes da Mina do Bode – município de Conselheiro Pena – MG. Observam-se as bandas
de 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c. É observada uma
gradação de matiz amarela, amostra 177(b), para amarelo-esverdeado 178 (c) a acastanhado na
amostra 175(a).
a
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

b
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

c
3595 cm -1

184
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 35 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 65 kGy, de números 182(a), 186(b), 188(c), seguidas a tratamento térmico e
provenientes da Mina do Bode – município de Conselheiro Pena – MG. Observam-se as bandas
de 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c. É observada uma
gradação de matiz amarela amostra 188 (c) para acastanhado nas amostras 182 (a) e 186 (b).
a
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

b
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

c
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

185
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 36 – Espectros de FTIR vermelho com fotografias das amostras de quartzo hialino
natural brutas e irradiadas a 65 kGy, de números 189(a), 190(b), 191(c) e seguida de tratamento
térmico e provenientes da Mina do Bode – município de Conselheiro Pena – MG. Observam-se
as bandas de 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c. É
observada uma gradação de matiz amarela, amostra 190(b), amarelo-esverdeado 191(c) a
acastanhado na amostra 189(a).
a
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

b
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

c
3595 cm -1

186
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 37 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 65 kGy, de números 192(a), 193(b), 194(c), seguidas de tratamento térmico e
provenientes da Mina do Bode – município de Conselheiro Pena – MG. Observam-se as bandas
de 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c. É observada uma
gradação de matiz amarela, amostra 194(c), amarelo-acsatanhado na amostra 192(a)
acastanhado na amostra 193(b).
a
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

b
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

c
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

187
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 38 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 65 kGy, de números 197(a) e 199(b), seguidas de tratamento térmico e
provenientes da Mina do Bode – município de Conselheiro Pena – MG. Observam-se as bandas
de 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c. É observada uma
gradação de matiz amarelo-acastanhado nas amostras 199(b) e 197(a).
a
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

b
3595 cm -1

188
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 18 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 300 kGy, de números 70(a), 71(b), 73(c) da Mina Comecha – município de
Francisco Dumont – MG. As amostras apresentam coloração enfumaçada.
a
3485 cm -1
3434 cm -1
3380 cm -1

b
3510 cm -1

3400 cm -1

c
3510 cm -1
3434 cm -1

168
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 19 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo natural hialino brutas
e irradiadas a 300 kGy, de números 78(a), 79(b), 80(c) da Mina Comecha – município de
Francisco Dumont – MG. As amostras apresentam coloração enfumaçada.
a
3485 cm -1
3434 cm -1
3380 cm -1

b
3485 cm -1
3434 cm -1
3380 cm -1

c
3510 cm -1
3434 cm -1

169
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 20 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 300 kGy, de números 81(a), 82(b), 84(c) da Mina Comecha – município de
Francisco Dumont – MG. As amostras apresentam coloração enfumaçada, exceção da 84(c),
que após irradiação foi submetida a aquecimento tornando-se clara.
a
3514 cm -1
3483 cm -1
3406 cm -1

b
3514 cm -1

3406 cm -1

c
3485 cm -1
3434 cm -1
3380 cm -1

170
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 21 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 300 kGy, de números 85(a), 86(b), 87(c) da Mina Comecha – município de
Francisco Dumont – MG. As amostras apresentam coloração enfumaçada.
3434 cm -1 a
3380 cm -1

b
3485 cm -1
3434 cm -1
3380 cm -1

c
3596 cm -1
3485 cm -1
3434 cm -1
3402 cm -1
3380 cm -1

171
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 22 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 300 kGy, de números 89(a), 91(b), 92(c) da Mina Comecha – município de
Francisco Dumont – MG. As amostras apresentam coloração enfumaçada, exceção da 91(b),
que após irradiação foi submetida a aquecimento tornando-se clara.
a
3485 cm -1
3434 cm -1
3380 cm -1

b
3518 cm -1

3406 cm -1

c
3380 cm -1
3304 cm -1

172
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 23 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 300 kGy, de números 93(a), 94(b), 95(c) da Mina Comecha – município de
Francisco Dumont – MG. As amostras apresentam coloração enfumaçada.
a
3485 cm -1
3434 cm -1
3380 cm -1

b
3485 cm -1
3434 cm -1
3380 cm -1

c
3510 cm -1

3402 cm -1

173
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 24 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 300 kGy, de números 96(a), 97(b), 99(c) da Mina Comecha – município de
Francisco Dumont – MG. As amostras apresentam coloração enfumaçada.
a
3506 cm -1

3404 cm -1

b
3508 cm -1

3404 cm -1

c
3508 cm -1

3404 cm -1

174
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 25 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 300 kGy, de números 100(a), 101(b), 102(c) da Mina Comecha – município de
Francisco Dumont – MG. As amostras apresentam coloração enfumaçada.
3406 cm -1
a
3514 cm -1

b
3514 cm -1

3400 cm -1

c
3510 cm -1

3406 cm -1

175
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 26 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 300 kGy, de números 103(a), 107(b), 108(c) da Mina Comecha – município de
Francisco Dumont – MG. As amostras apresentam coloração enfumaçada, exceção da 107(b),
que após irradiação foi submetida a aquecimento tornando-se clara.
a
3510 cm -1
3437 cm -1

b
3485 cm -1
3434 cm -1
3380 cm -1

c
3510 cm -1
3485 cm -1
3434 cm -1
3380 cm -1

176
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 27 – Espectro de FTIR com fotografia da amostra de quartzo hialino natural bruta e
irradiada a 300 kGy, de número 109(a) da Mina Comecha – município de Francisco Dumont –
MG. A amostra apresenta cor preta (morion).
a
3510 cm -1

3400 cm -1

177
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 30 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 400 kGy, de números 120(a), 122(b), 127(c), seguidas de tratamento térmico, e
provenientes da Mina Boca Rica – município de Galiléia – MG. Observam-se as bandas de
3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c.. É observada uma
gradação de matiz amarelo-acastanhado, sendo que a amostra 120(a) é mais clara, a 127(c) é
intermediária e a 122(b) é a mais escura. Nota-se que na amostra 120(a) não foi plotada a banda
3.595 cm-1.
a
3481 cm -1
3434 cm -1
3380 cm -1

b
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

c
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

180
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 31 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 400 kGy, de números 129(a), 133(b), 134(c), seguidas de tratamento térmico e
provenientes da Mina Boca Rica – município de Galiléia – MG. Observam-se as bandas de
3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c. É observada uma
gradação de matiz acastanhado, sendo que a amostra 129(a) é mais clara, a 133(b) é
intermediária e a 134(c) é a mais escura.
a
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

b
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

c
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

181
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Prancha 32 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 400 kGy, de números 142(a), 143(b), 144(c), seguidas de tratamento térmico e
provenientes da Mina Boca Rica – município de Galiléia – MG. Observam-se as bandas de
3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c.
a
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

b
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

c
3383 cm -1
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1

182
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Figura 28 - Espectros de FTIR, com fotografias, de quartzo hialino bruto [parte de cima de
121(a), 125(b), 126(c)], irradiado e aquecido [parte inferior de 121(a), 125(b), 126(c)] a 65
kGy. Nesses cristais da Mina Boca Rica, observam-se as bandas 3.383, 3.434, 3.485 e
3.595cm-1 típicas do matiz amarelo e acastanhado e com os valores calculados de fLi,.área e c.
a
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

b
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

c
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

178
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Prancha 29 – Espectros de FTIR com fotografias das amostras de quartzo hialino natural brutas
e irradiadas a 65 kGy, de números138(a), 140(b), 141(c), seguidas de tratamento térmico e
provenientes da Mina Boca Rica – município de Galiléia – MG. Observam-se as bandas de
3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de fLi,.área e c. É observada uma
gradação de matiz amarela, amostra 140(b), amarelo-acastanhado nas amostras 138(a) e 141(c).
a
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

b
3380 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3380 cm -1

c
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

179
FICHA DE APROVAÇÃO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

TITULO: AMBIENTES GEOLÓGICOS E MUDANÇAS DE COR NO QUARTZO HIALINO

AUTOR: NEY FRIEDEMANN DRUMMOND

ORIENTADOR: PROF. DR. JÚLIO CÉSAR MENDES DEGEO/UFOP


CO-ORIENTADOR: PROF. DR. FERNANDO SOARES LAMEIRAS CDTN/BH

Aprovada em: 07 /10/ 2009

PRESIDENTE: PROF. DR. JÚLIO CÉSAR MENDES

NEY FRIEDEMANN DRUMMOND

BANCA EXAMINADORA

PROF. DR. ANTÔNIO LUCIANO GANDINI DEGEO/UFOP

PROFa. DRa. MARIA LOURDES SOUZA FERNANDES IG/UFMG

PROF. DR. HERMÍNIO ARIAS NALINI JÚNIIOR


PRESIDENTE DO COLEGIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO

OURO PRETO, 07 DE OUTUBRO DE 2009

195
REFERÊNCIAS

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146
CAPÍTULO 9
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Estado de Minas Gerais é reconhecido internacionalmente como sendo um grande produtor e


exportador de uma ampla variedade de minerais e gemas, que são apreciadas, tanto por sua rara beleza
(para uso na joalheria) quanto para museus e colecionadores de exemplares raros. As variedades de
quartzo são algumas dessas gemas onde o Estado de Minas Gerais mostra um destaque mundial, desde
quartzo hialino, ametista, prasiolita, citrino e outras até aqueles cristais hialinos propensos a mudarem
de cor quando submetidas a tratamentos laboratoriais.
Os cristais incolores e/ou coloridos são retirados de veios cortando rochas quartzíticas na Serra
do Espinhaço e de núcleos pegmatíticos na Província Pegmatítica Oriental.
Na Serra do Espinhaço Meridional, o quartzo hialino e algumas de suas variedades gemológicas
coloridas são encontrados, em veios de tamanhos variando desde dimensões centimétricas até
quilométricas (mega-veios), encaixados em rochas quartzíticas, os quais são identificados como
tipicamente de gênese hidrotermal.
No ambiente hidrotermal foram estudados os veios de quartzo da Mina Comecha e aqueles de
ametista e quartzo da Mina do Tião. Esses veios foram formados por soluções aquecidas que
percolaram planos de fraqueza de rocha quartzítica, transportando sílica e outros elementos
(principalmente alumínio e ferro) até as zonas mais superficiais, onde ocorreu a cristalização do
quartzo. A presença desses elementos dopantes no quartzo é o responsável pelo aparecimento de cores
na etapa de trabalho laboratorial.
Num ambiente pegmatítico, situado na Província Pegmatítica Oriental em Minas Gerais,
também ocorre quartzo hialino e variedades coloridas (principalmente leitoso, morion ou fumê), no
núcleo de corpos diferenciados e rico em minerais de lítio.
As condições tectônicas-estruturais e metamórficas, associadas ao Ciclo Brasiliano (de idade
594 6 Ma), tiveram um papel fundamental na formação desses dois tipos de depósitos, uma vez que
possibilitaram o transporte das soluções silicosas e de elementos dopantes causadores de cores.
A partir da década de 1990, os ensaios laboratoriais baseados em irradiação gama seguida ou
não de aquecimento, foram aplicados ao quartzo hialino, resultando no desenvolvimento de cores
variadas, algumas semelhantes aquelas encontradas na natureza devido à ação da radioatividade
natural da Terra. Com esse procedimento variedades já conhecidas, como a ametista, prasiolita e
citrino foram criadas em laboratório. Outras variedades de quartzo coloridos, tais como beer,
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

champagne, cognac, green gold e whisky, até então desconhecidas, foram criadas e tiveram uma
grande aceitação mercadológica.
A utilização das técnicas de criação dessas cores, associadas ao tipo genético do quartzo, era
desconhecida no Brasil. A pesquisa feita nessa dissertação de mestrado demonstra que a espectrografia
de absorção na região do infravermelho com Transformada de FOURIER (FTIR) pode ser empregada
com grande sucesso na identificação de possibilidade do quartzo hialino desenvolver cores. Trata-se
de um procedimento de baixo custo, rápido (cada ensaio é feito a cada 10 minutos) e indica se a
amostra, após irradiação gama seguida ou não de tratamento térmico, irá desenvolver cor. Já existe no
mercado um equipamento portátil, que pode ser levado ao campo e as medidas feitas no local de
ocorrência do quartzo. Os gráficos obtidos nessa análise traduzem uma realidade bastante prática, uma
vez que a maioria das amostras que apresentam as bandas característicos, podem desenvolver novas
cores.
Nos gráficos de espectrografia de absorção na região do infravermelho (FTIR) as principais
transmitâncias nas amostras de quartzo na Mina do Tião (Pranchas de números 01 a 17); foram as
bandas 3.585cm-1 (bastante intensa e indicativa como característica do aparecimento da ametista) e a
banda 3.437cm-1. Admite-se que essa última banda seja uma superposição de duas outras bandas, uma
em 3.441cm-1 (atribuída a presença de alumínio compensado por sódio) e outra a 3.425cm-1 (devido ao
alumínio compensado por hidrogênio em uma ligação curta AlSi-O). Para efeitos comerciais,
observou-se que a ametista, para desenvolver cores mercadológicas mais valiosas, deveria atender
requisitos que são obtidos nos gráficos de FTIR. Esses requisitos são o fator ametista (fa) e a área de
distribuição no gráfico. O fator (fa) é uma relação gráfica obtida entre a altura da banda 3.437cm-1 e a
altura do mínimo entre as bandas 3.585 cm-1 e 3.570cm-1, com essa última associada ao ferro.
As amostras da Mina Comecha (Pranchas 18 a 27) desenvolveram bandas relacionadas com os
números de onda de 3.514cm-1 ou nas suas imediações, a qual é devida à presença do ferro associado
ao hidrogênio; a banda em 3.485cm-1, que praticamente desaparece com a irradiação; a banda em
3.437cm-1, que está relacionada à superposição de duas bandas (uma em 3.441cm-1 associada à
presença de alumínio compensada por sódio); outra em 3.425cm-1 (associado à presença de alumínio
compensado pelo hidrogênio numa ligação curta AlSi-O) e, finalmente, a banda 3.380cm-1 (relacionada
à ligação do hidrogênio em uma ligação longa AlSi-O). Outras bandas como as situadas em 3.404 e
3.514cm-1, também podem aparecer ocorrendo sempre associadas e sendo as responsáveis pela
coloração acastanhada ou enfumaçada (fumê) que se observa no quartzo hialino após irradiação.
Os gráficos de FTIR das Minas Boca Rica (Pranchas 28 a 32) e do Bode (Pranchas 33 a 43),
ambas de ambiente pegmatítico, mostram bandas muito semelhantes. A banda 3.485cm-1 com mais
intensidade e associada ao alumínio compensado pelo lítio, indica que o quartzo hialino pode

136
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

desenvolver a cor amarela, com tendência acastanhada. Essa banda está associada à situada em
3.383cm-1 e relacionada ao hidrogênio que ocorre em todo quartzo natural.
Da mesma maneira como se procedeu para se identificar a possibilidade de cor na ametista
usando-se o fator (fa), com os recursos disponibilizados nos gráficos de FTIR é possível determinar a
possibilidade de aparecimento de beer, champagne, cognac, green gold e whisky, antes da amostra ser
submetida à irradiação gama seguida de tratamento térmico. Indiretamente, outro recurso obtido dos
gráficos de FTIR, é a possibilidade de a amostra conter lítio, o que permitirá recomendar ao técnico,
qual dose de irradiação deverá ser aplicada na amostra.
Para irradiação das amostras foram usados os raios gama de uma fonte de Cobalto-60, os quais
não deixam radioatividade residual e, conseqüentemente, não há necessidade de se deixar o produto
em quarentena, como exigido pelas agências de controle de radioatividade. Outra vantagem do método
é o de ser muito penetrativo e produzir cor muito homogênea no quartzo.
Amostras que desenvolvem cor violeta, quando aplicado doses de 200, 400 e 600 kGy (Tabela
3.6), não precisam ser submetidas a aquecimento térmico, sendo o caso dos espécimes da Mina do
Tião (N-01 a N-60, nas Pranchas 01 a 17).
As amostras da Mina Comecha (N-70 a N-110, nas Pranchas 18 a 27), após irradiação a 300
kGy, adquiriram coloração enfumaçada (fumê) e em apenas uma delas, devido ao alumínio,
desenvolveu cor “preta” (morion). Algumas amostras fumê quando submetidas a tratamento térmico,
retornam a incolor ou mostram um matiz amarelo-pálido (Tabela 3.7).
Quanto aos espécimes oriundos de ambiente pegmatítico, as amostras das Minas Boca Rica (N-
120 a N-144 e Pranchas 28 a 32) e do Bode (N-160 a N-200 e Pranchas 33 a 43), após irradiação
tornaram-se enfumaçadas e no tratamento térmico adquiram cor verde-amarelada ou levemente
acastanhada. As bandas características de FTIR demonstram que essa coloração é devida a presença do
lítio, que atua compensando o alumínio no quartzo. Nessas amostras das Minas Boca Rica e do Bode
foram aplicadas doses de 65 e 400 kGy e com tempo de tratamento térmico variável (Tabelas 3.8, 3.9,
3.10 e 3.11).
As análises químicas obtidas, utilizando-se o método de ICP/AES, em 04 amostras de cada
mina, visaram mensurar a presença de elementos traços causadores de cor. Nas análises obtidas por
via úmida, foi determinado o teor de SiO2 em uma amostra de cada mina. Dos resultados obtidos pode
ser concluído que o quartzo hialino, tanto de ambiente hidrotermal quanto de pegmatítico, possui
elevado percentual de SiO2 e alumínio mais elevado no pegmatítico do que no hidrotermal. No
ambiente pegmatítico, o alumínio está associado ao lítio, que atua como compensador de carga. A
presença do lítio está predominantemente representada naquele quartzo de ambiente pegmatítico e em
porcentagem maior na Mina do Bode em relação à Boca Rica. O lítio, responsável pelo

137
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

desenvolvimento da coloração verde-amarelada a acastanhado após irradiação e tratamento térmico;


enquanto o ferro, disseminado em ambos os ambientes, só é responsável pela cor no sistema
hidrotermal. Quando causador de cor admite-se que o ferro seja um dos responsáveis pela cor violeta
da ametista, devido a participação do íon Fe+4. Para essa confirmação, faz-se necessário a realização de
estudo de ressonância paramagnética eletrônica (EPR), que comprovaria ser esse íon responsável pela
cor violeta da ametista. A comparação com as ametistas de Alto Bonito e Pau D’Arco (Pará), Serra do
Sudário (Minas Gerais) e Alto Uruguai (Rio Grande do Sul) é feita através de resultados de análises
químicas, demonstrando que o ferro está presente em toda ametista brasileira.
Os resultados laboratoriais obtidos em quartzo da Província Pegmatítica Oriental apontam para
a importância da presença do elemento lítio, no aparecimento de novas cores. O quartzo associado a
corpos ricos em lítio são muito promissores, para a obtenção de beer, champagne, cognac, green gold
e whisky, após irradiação gama seguido de tratamento térmico.
Finalizando, deve ser ressaltado que as análises de FTIR indicam, claramente, que um quartzo
hialino poderá desenvolver cor, tanto aqueles do ambiente hidrotermal quanto pegmatítico, depois de
submetido a irradiação gama seguida ou não de tratamento térmico. A única ressalva que deve ser feita
é quanto a segurança do matiz criado, pois em alguns exemplares não foi confirmado o resultado
previsto nos ensaios de FTIR.

138
CAPÍTULO 8
RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo são apresentadas as análises obtidas por ICP/AES e por via úmida, a
interpretação dos gráficos de FTIR (espectografia de absorção no infravermelho) versus obtenção de
cor após irradiação gama e/ou aquecimento e os resultados encontrados após esse tratamento. Neste
último item, também são apresentados alguns minerais-gemas e gemas lapidadas oriundas dos cristais
que não mudaram de cor e também daqueles espécimes que desenvolveram cor, após irradiação.
Também é feita uma comparação entre todos esses resultados obtidos, visando identificar
características típicas de cristais de ambientes pegmatítico e hidrotermal.

8.1 – AS ANÁLISES VIA ICP/AES E ÚMIDA DE QUARTZO HIDROTERMAL E


PEGMATÍTICO.

Foram selecionadas 10 amostras de quartzo de ambientes hidrotermal e 08 de pegmatítico, para


serem analisadas por ICP/AES, visando determinar a presença ou não dos elementos traços, os
possíveis causadores de cores. De cada uma das minas estudadas, foi separada uma amostra para
determinação de SiO2, por via úmida. Esses trabalhos analíticos foram feitos objetivando comparar os
resultados em quartzo nos dois ambientes geológicos.
Os resultados obtidos nessas amostras de quartzo nas análises através de ICP/AES são
apresentados na Tabelas 8.1 (a e b) e os de SiO2 por via úmida, na Tabela. 8.2. É possível observar na
Tabelas 8.1 (a e b), os quantitativos de 27 elementos traços dessas 18 amostras, enquanto na Tabela
8.2, os resultados de SiO2 e valores recalculados para 05 óxidos a partir de ICP/AES dos outros 04
espécimes.
Esses elementos traços presentes no quartzo são provenientes de soluções residuais magmáticas
por ocasião da formação dos pegmatitos ou incorporados ao cristal por ocasião da remobilização e
recristalização no processo de hidrotermalismo.
Apesar das análises via ICP/AES terem sido obtidas para 27 elementos, somente 08 foram
posicionados em gráficos, uma vez que são aqueles mais comuns na estrutura do quartzo e, alguns
deles, responsáveis por uma possível mudança de cor, na irradiação. Esses elementos têm em comum,
estarem presentes na estrutura do quartzo em função de suas cargas e tamanho de raios iônicos
compatíveis.
D rum m ond N . F., 2 009 Am bientes G eológicos e M udanças de C or no Q uartz o H ialino.

T abela. 8.1 a- R esultado de análises quím icas via IC P/A ES , em ppm , de am ostras de quartzo hialino das M inas Tião , C om echa, B oca R ica e B ode.

A m ostra / Elem ento Al As Ba Be Bi Ca Cd Co Cr Cu Fe K Li Mg

T iã o N -9 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 6 2 ,8 0 ,2 5 5 1 0 ,3 7 4 5 3 ,1 2 3 0 ,7 6 8 1 7 6 ,1 2 2 ,4 2 0 ,6 3 ,9 3 2

T iã o N -1 5 9 8 ,9 < L .Q 0 ,1 4 3 3 < L .Q < L .Q 2 4 1 ,6 0 ,2 6 7 2 0 ,8 0 6 1 ,6 8 7 0 ,5 9 3 1 0 4 ,4 2 5 ,4 3 8 ,9 3 3 4 ,7 3

T iã o N -2 5 12 2 ,7 0 5 0 ,4 3 6 8 < L .Q < L .Q 8 8 ,5 0 ,1 9 0 1 < L .Q 1 ,8 3 8 2 ,0 1 6 116 4 9 ,7 2 1 ,2 3 6 4 ,9 8 3

T iã o N -4 2 3 0 ,7 1 ,5 7 2 < L .Q < L .Q 3 ,0 5 1 5 8 ,2 0 ,2 4 0 3 0 ,2 7 7 6 1 ,8 0 5 0 ,2 0 2 8 2 5 3 ,4 2 1 ,4 1 3 ,6 4 2 3 ,7 3 9

T iã o N -4 4 < L .Q < L .Q 0 ,2 3 2 8 < L .Q 1 ,8 5 4 9 1 ,5 0 ,2 6 0 7 0 ,3 4 9 6 2 ,0 3 0 ,8 6 8 1 5 6 ,2 2 4 ,4 4 2 ,6 8 3 8 ,2 9

T iã o N -4 6 1 3 ,3 8 2 ,8 8 6 0 ,6 1 8 < L .Q < L .Q 9 5 ,1 0 ,1 6 8 5 0 ,7 7 4 2 ,1 1 8 1 ,4 7 1 1 1 7 ,8 2 1 ,3 2 0 ,6 0 8 6 ,6 8

C o m e c h a N -7 5 6 8 ,6 < L .Q 0 ,1 4 7 5 < L .Q < L .Q 1 0 2 ,4 0 ,1 2 2 4 0 ,2 5 9 8 2 ,4 9 3 0 ,9 3 5 180 1 7 ,7 7 6 ,4 2 2 1 ,6 3

C o m e c h a N -8 1 6 2 ,3 < L .Q 0 ,0 5 2 4 < L .Q < L .Q 5 7 ,6 0 ,3 7 8 8 < L .Q 1 ,7 6 6 0 ,8 2 2 1 4 6 ,6 2 0 ,5 4 5 ,8 5 5 ,5 3

C o m e c h a N -8 9 6 3 ,7 < L .Q 0 ,1 5 6 2 < L .Q < L .Q 205 0 ,3 0 9 6 < L .Q 1 ,8 5 4 0 ,6 9 7 1 3 1 ,8 1 9 ,6 5 5 ,6 4 4 8 ,0 4

C o m e c h a N -9 9 3 4 ,2 4 < L .Q 7 ,6 7 < L .Q < L .Q 1 7 9 ,9 1 0 ,5 7 0 ,3 0 6 5 2 ,6 7 5 ,6 1 152 3 9 ,6 3 1 ,0 4 8 3 2 ,6 5

B o c a R ic a N -1 3 3 3 0 0 ,6 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 5 6 ,4 0 ,2 2 8 1 0 ,3 9 2 7 1 ,6 5 9 0 ,9 5 6 1 5 9 ,8 1 6 ,8 3 6 6 ,3 3 ,3 9 4

B o c a R ic a N -1 3 7 2 7 5 ,2 < L .Q 0 ,0 3 3 3 < L .Q < L .Q 7 5 ,3 0 ,3 5 0 3 < L .Q 1 ,6 7 4 1 ,1 6 4 1 5 7 ,7 1 7 ,6 1 6 1 ,9 4 ,7 5 4

B o c a R ic a N -1 3 8 2 6 7 ,3 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 4 2 ,2 8 0 ,1 9 9 5 0 ,3 0 2 6 1 ,2 8 8 0 ,9 7 7 8 0 ,7 1 0 ,0 1 6 1 ,8 2 ,2 2 8

B o c a R ic a N -1 4 2 2 8 5 ,3 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 1 0 8 ,7 0 ,2 1 3 1 0 ,4 5 7 2 1 ,5 7 5 0 ,9 7 2 165 1 4 ,5 6 6 0 ,2 1 0 ,1 2

B o d e N -1 6 3 3 7 0 ,3 < L .Q 1 ,1 5 < L .Q < L .Q 6 1 ,4 0 ,2 2 2 5 0 ,5 9 4 1 ,6 6 9 1 ,9 9 1 1 1 7 ,7 1 1 ,2 3 7 6 ,1 3 ,8 7 6

B o d e N -1 6 4 3 1 3 ,9 2 ,3 7 8 0 ,2 2 6 7 < L .Q < L .Q 4 1 ,1 0 ,2 1 7 2 < L .Q 1 ,7 4 2 1 ,6 7 4 1 9 2 ,3 7 ,5 6 7 0 ,4 2 ,8 4 1

Bode 167 2 9 2 ,6 1 ,7 7 7 0 ,5 1 2 < L .Q < L .Q 5 2 ,1 0 ,2 4 5 3 < L .Q 1 ,7 0 5 1 ,6 8 1 1 3 1 ,3 1 6 ,9 1 6 3 ,9 2 ,6 8 8

B o d e N -1 8 9 2 7 4 ,9 < L .Q 0 ,3 0 7 4 < L .Q < L .Q 6 6 ,1 0 ,3 0 5 4 0 ,4 0 7 1 2 ,1 0 ,6 1 5 8 9 ,9 1 0 ,2 8 5 9 ,3 5 ,3 4

L.Q . (*) 0,249 0,073 0,001 0,001 0,077 0,343 0,005 0,007 0,011 0,006 0,66 0,062 0,003 0,013

*O s valores identificados com o LQ m ostram que o equipam ento utilizado nas análises quím icas , não detecta elem ento abaixo do valor indicado .

106
C ontribuições às C iências da T erra S érie M , v ol 68 , 19 5 p.

T abela. 8.1 b- R esultado de análises quím icas via IC P/A ES , em ppm , de am ostras de quartzo hialino das M inas Tião , C om echa, B oca R ica e B ode.

A m ostra / Elem ento Mn Mo Na Ni P Pb S Sr Th Ti V Y Zn

T iã o N -9 < L .Q < L .Q < L .Q 1 ,1 4 7 < L .Q < L .Q 2 ,6 8 9 0 ,1 9 7 1 < L .Q 6 ,7 5 < L .Q < L .Q 2 3 ,5 7

T iã o N -1 5 < L .Q 2 ,9 8 6 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 2 ,1 2 0 ,7 8 1 < L .Q 9 ,4 2 < L .Q < L .Q 8 ,6 6

T iã o N -2 5 < L .Q 1 ,3 2 8 1 7 ,2 1 ,7 1 3 6 ,4 < L .Q 1 ,8 0 6 0 ,3 0 2 7 < L .Q 1 3 ,7 6 < L .Q < L .Q 1 5 ,1 2

T iã o N -4 2 < L .Q 1 ,9 2 4 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 0 ,1 7 8 3 < L .Q 1 2 ,3 < L .Q < L .Q 1 0 ,8 1

T iã o N -4 4 < L .Q 1 ,5 1 1 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 0 ,3 1 3 7 < L .Q 5 ,7 3 < L .Q < L .Q 1 5 ,7 9

T iã o N -4 6 < L .Q 2 ,0 5 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 1 ,1 9 8 0 ,4 0 3 6 < L .Q 6 ,9 2 < L .Q < L .Q 1 6 ,2

C o m e c h a N -7 5 < L .Q 2 ,4 6 5 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 0 ,2 6 4 1 < L .Q 5 ,7 7 < L .Q < L .Q 1 0 ,2 2

C o m e c h a N -8 1 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 0 ,2 1 2 3 < L .Q 5 ,4 < L .Q < L .Q 8 ,6 2

C o m e c h a N -8 9 < L .Q 1 ,8 2 7 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 0 ,5 0 6 < L .Q 4 ,6 1 8 < L .Q < L .Q 8 ,0 8

C o m e c h a N -9 9 < L .Q 2 ,6 3 3 < L .Q 1 ,3 3 1 6 ,4 < L .Q 4 ,6 1 7 0 ,7 2 6 < L .Q 7 ,9 9 < L .Q < L .Q 1 6 ,9

B o c a R ic a N -1 3 3 < L .Q 1 ,1 7 4 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 0 ,1 6 5 7 < L .Q 5 ,4 2 < L .Q < L .Q 8 ,1 5

B o c a R ic a N -1 3 7 < L .Q < L .Q < L .Q 0 ,7 5 3 < L .Q < L .Q < L .Q 0 ,2 4 4 2 < L .Q 5 ,6 7 < L .Q < L .Q 9 ,1 7

B o c a R ic a N -1 3 8 < L .Q < L .Q < L .Q 0 ,5 9 3 < L .Q < L .Q < L .Q 0 ,1 0 7 4 < L .Q 5 ,3 < L .Q < L .Q 1 ,0 9

B o c a R ic a N -1 4 2 < L .Q 1 ,4 0 5 < L .Q 0 ,6 9 3 < L .Q < L .Q < L .Q 0 ,4 0 4 6 < L .Q 6 ,4 < L .Q < L .Q 1 ,8 7 7

B o d e N -1 6 3 < L .Q 2 ,3 5 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 0 ,2 1 4 4 < L .Q 6 ,5 1 < L .Q < L .Q 5 ,4 2

B o d e N -1 6 4 < L .Q 1 ,0 7 6 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 0 ,1 0 6 9 < L .Q 4 ,5 2 5 < L .Q < L .Q 1 ,6 7 3

B o d e N -1 6 7 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 1 ,4 6 8 < L .Q < L .Q 0 ,1 5 1 < L .Q 6 ,3 4 < L .Q < L .Q 2 ,0 3 1

B o d e N -1 8 9 < L .Q 1 ,5 5 3 < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q < L .Q 0 ,2 2 1 < L .Q 5 ,7 6 < L .Q < L .Q 1 ,2 4 7

L.Q . (*) 0,010 0,033 0,458 0,016 0,055 0,065 0,475 0,0003 0,016 0,006 0,099 0,001 0,027

*O s valores identificados com o LQ m ostram que o equipam ento utilizado nas análises quím icas, não detecta elem ento abaixo do valor indicado .

107
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Tabela. 8.2 - Resultados de análises químicas por via úmida (%) para SiO2 e de ICP/AES para os demais
elementos, em quartzo hialino das Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode.
Amostra / Elemento SiO2 TiO2 Al2O3 MgO CaO K2O Total
Tião N-42 99,51 0,0021 0,0058 0,0006 0,0081 0,0026 99,53
Comecha N-75 99,94 0,001 0,013 0,0036 0,0143 0,0021 99,97
Boca Rica N-133 99,98 0,0009 0,0568 0,0006 0,0079 0,002 100,05
Bode N-167 99,12 0,0003 0,0553 0,002 0,0073 0,0188 99,20

Os gráficos onde estão apresentados esses elementos no quartzo das Minas do Tião, Comecha,
Boca Rica e do Bode, obtidos por ICP/AES, podem ser vistos nas Figuras 8.1, 8.2, 8.3, 8.4, 8.5, 8.6,
8.7 e 8.8 e representam, respectivamente, os elementos Al, Li, Fe, Ca, Mg, K, Ti e Zn.
Primeiramente será discutido o gráfico da Figura 8.1, que mostra a variação do alumínio nas
minas de origem hidrotermal e pegmatítica. Uma primeira observação é a de que o alumínio no
ambiente hidrotermal é muito mais baixo do que no pegmatítico. Os teores de alumínio (Figura 8.1)
alcançam valores até 05 vezes maiores no ambiente pegmatítico do que no hidrotermal. O alumínio
varia entre 34,2 e 68,6ppm na Mina Comecha e entre 12,0 e 98,9ppm na Mina Tião, porém sem
valores muito discrepantes entre as duas minas. No quartzo da Mina do Bode, o alumínio varia de
274,9 a 370,3ppm e na Boca Rica, de 267,3 a 300,6ppm, sempre com teores mais altos do que no
ambiente hidrotermal, mas mostrando valores bastante similares, entre os resultados obtidos (Tabela
8.1 a).

Al Tião N-9
400 Tião N-15
Tião N-25
350
Tião N-42
300 Tião N-44

250 Tião N-46


mg/kg

Comecha N-75
200
Comecha N-81
150 Comecha N-89
Comecha N-99
100
Boca Rica N-133
50 Boca Rica N-137

0 Boca Rica N-138


Boca Rica N-142
Bode 167
Tião N-9

Comecha N-75

Comecha N-81

Comecha N-89

Comecha N-99

Boca Rica N-133

Boca Rica N-137

Boca Rica N-138

Boca Rica N-142

Bode N-163

Bode N-164

Bode N-189
Tião N-15

Tião N-25

Tião N-42

Tião N-44

Tião N-46

Bode N-163
Bode N-164
Bode 167
Bode N-189
Ambiente Hidrotermal Ambiente Pegmatítico

Figura 8.1 - Diagrama de distribuição de Al (em ppm) nas Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode.

O lítio, quando se trabalha no quartzo de ambiente pegmatítico visando mudança de cor por
irradiação gama, é o elemento mais importante a ser analisado, uma vez que ele é o responsável pelo
aparecimento dos matizes amarelados, esverdeados e acastanhados. O gráfico apresentado na Figura
8.2 mostra que o lítio, similar ao comportamento do alumínio (Figura 8.1), é muito mais elevado no
108
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

ambiente pegmatítico do que no hidrotermal. Na Mina do Tião e da Comecha, os valores de lítio estão
situados próximos a 10ppm. Na Mina do Bode e da Boca Rica esses valores são em média oito vezes
maiores que aqueles encontrados no ambiente hidrotermal. Eles variam de 59,3 a 76,1ppm na Mina do
Bode e de 60,2 a 66,3ppm na Mina Boca Rica (Tabela 8.1 a). A Figura 8.2 mostra que existe uma
relação direta entre a variação do alumínio e do lítio nos ambientes pegmatíticos e hidrotermais.

Li
80
Tião N-9
70
Tião N-15
60 Tião N-25

50 Tião N-42
mg/kg

Tião N-44
40
Tião N-46
30 Comecha N-75

20 Comecha N-81
Comecha N-89
10
Comecha N-99
0 Boca Rica N-133

Bode 167
Tião N-9

Comecha N-75

Comecha N-81

Comecha N-89

Comecha N-99

Boca Rica N-133

Boca Rica N-137

Boca Rica N-138

Boca Rica N-142

Bode N-163

Bode N-164

Bode N-189
Tião N-15

Tião N-25

Tião N-42

Tião N-44

Tião N-46

Boca Rica N-137


Boca Rica N-138
Boca Rica N-142
Bode N-163
Ambiente Hidrotermal Ambiente Pegmatítico Bode N-164

Figura 8.2 - Diagrama dos teores de Li, em ppm, nas Minas do Tião, Comecha, Boca Rica e Bode.

Quanto ao ferro, apresentado no diagrama da Figura 8.3, existe uma similaridade de valores
entre os dois ambientes. A única análise química que apresentou valor discrepante foi a Tião N-42,
com 253,4ppm. Apesar de o ferro ser o responsável pelo aparecimento de cor na ametista, na etapa de
irradiação gama, essa amostra não apresentou um matiz violeta intenso. Tal fato pode indicar que
somente a presença do ferro, no quartzo oriundo do ambiente hidrotermal, não é o responsável pelo
desenvolvimento de ametista gemológica de cor intensa. Como será apresentado no item 8.2, pode
existir uma associação com outro elemento presente no quartzo que, junto ao ferro, será o responsável
pelo matiz violeta intenso.
Quanto aos valores de ferro encontrados nas análises obtidas através de ICP/AES (Tabela 8.1 a
e Figura 8.3), no ambiente hidrotermal ele varia de 104,4 a 253,4ppm na Mina do Tião e de 131,8 a
180,0ppm na Mina da Comecha; enquanto no pegmatítico de 80,7 a 165,0ppm na Mina Boca Rica e de
89,9 a 192,3ppm na Mina do Bode. Uma primeira análise que deve ser feita é a de que não existem
valores de ferro muito distintos entre o ambiente hidrotermal e pegmatítico.
Quanto aos resultados obtidos no ambiente hidrotermal e que serão discutidos no item 8.2, deve
ser feita uma primeira observação, a de que somente o ferro não é suficiente para o aparecimento de
cor, uma vez que as amostras oriundas da Mina Comecha não desenvolvem matizes violeta.
109
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Fe
300
Tião N-9
250 Tião N-15
Tião N-25
200
Tião N-42
mg/kg

Tião N-44
150
Tião N-46

100 Comecha N-75


Comecha N-81
50 Comecha N-89
Comecha N-99
0 Boca Rica N-133

Bode 167
Tião N-9

Comecha N-75

Comecha N-81

Comecha N-89

Comecha N-99

Boca Rica N-133

Boca Rica N-137

Boca Rica N-138

Boca Rica N-142

Bode N-163

Bode N-164

Bode N-189
Tião N-15

Tião N-25

Tião N-42

Tião N-44

Tião N-46

Boca Rica N-137


Boca Rica N-138
Boca Rica N-142
Bode N-163
Ambiente Hidrotermal Ambiente Pegmatítico Bode N-164

Figura 8.3 - Gráfico de distribuição de Fe, em ppm, nas Minas do Tião, Comecha, Boca Rica e Bode.

A seguir serão apresentados os gráficos dos valores de cálcio (Figura 8.4), magnésio (Figura
8.5) e potássio (Figura 8.6), uma vez que, geralmente, esses elementos estão associados às soluções
hidrotermais e pegmatíticas formadoras do quartzo.
O cálcio (Figura 8.4) e o magnésio (Figura 8.5), eles mostram valores muito similares nos
ambientes hidrotermal e pegmatítico.

Ca
300 Tião N-9
Tião N-15
250 Tião N-25
Tião N-42
200 Tião N-44
Tião N-46
mg/kg

150 Comecha N-75


Comecha N-81
100 Comecha N-89
Comecha N-99
50
Boca Rica N-133
Boca Rica N-137
0
Boca Rica N-138
Bode 167
Tião N-9

Comecha N-75

Comecha N-81

Comecha N-89

Comecha N-99

Boca Rica N-133

Boca Rica N-137

Boca Rica N-138

Boca Rica N-142

Bode N-163

Bode N-164

Bode N-189
Tião N-15

Tião N-25

Tião N-42

Tião N-44

Tião N-46

Boca Rica N-142


Bode N-163
Bode N-164
Bode 167
Ambiente Hidrotermal Ambiente Pegmatítico Bode N-189

Figura 8.4 - Diagrama de distribuição de Ca (em ppm) nas Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode.

110
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Mg
60
Tião N-9
50 Tião N-15
Tião N-25
40
Tião N-42
mg/kg

Tião N-44
30
Tião N-46

20 Comecha N-75
Comecha N-81
10 Comecha N-89
Comecha N-99
0 Boca Rica N-133

Bode 167
Tião N-9

Comecha N-75

Comecha N-81

Comecha N-89

Comecha N-99

Boca Rica N-133

Boca Rica N-137

Boca Rica N-138

Boca Rica N-142

Bode N-163

Bode N-164

Bode N-189
Tião N-15

Tião N-25

Tião N-42

Tião N-44

Tião N-46

Boca Rica N-137


Boca Rica N-138
Boca Rica N-142
Bode N-163
Ambiente Hidrotermal Ambiente Pegmatítico Bode N-164

Figura 8.5 - Diagrama de distribuição de Mg (em ppm) nas Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode.

No ambiente hidrotermal, os valores de cálcio e magnésio são ligeiramente mais elevados do


que aqueles das amostras de ambiente pegmatítico (Tabela 8.1 a e Figuras 8.4 e 8.5), sendo que, de
uma maneira geral, o teor de cálcio é muito maior na estrutura do quartzo. As amostras N-89 e N-99
da Mina Comecha e a N-15 da Mina do Tião, possuem os valores mais elevados de cálcio e magnésio
entre todas as analisadas. Esses elementos, apesar de não influenciar na cor, são comuns em análises
químicas de quartzo e sua representação em gráfico foi uma tentativa de definir, caso exista, uma
diferença entre os ambientes hidrotermal e pegmatítico. No caso específico do potássio (Figura 8.6),
verificou-se que as análises com teores mais elevados, correspondem àquelas do ambiente hidrotermal
e estão representados pelas amostras N-25 da Mina do Tião e a amostra N-99 da Mina Comecha.

K
60
Tião N-9
50 Tião N-15
Tião N-25
40
Tião N-42
mg/kg

Tião N-44
30
Tião N-46

20 Comecha N-75
Comecha N-81
10 Comecha N-89
Comecha N-99
0 Boca Rica N-133
Bode 167
Tião N-9

Comecha N-75

Comecha N-81

Comecha N-89

Comecha N-99

Boca Rica N-133

Boca Rica N-137

Boca Rica N-138

Boca Rica N-142

Bode N-163

Bode N-164

Bode N-189
Tião N-15

Tião N-25

Tião N-42

Tião N-44

Tião N-46

Boca Rica N-137


Boca Rica N-138
Boca Rica N-142
Bode N-163
Ambiente Hidrotermal Ambiente Pegmatítico Bode N-164

Figura 8.6 - Diagrama de distribuição de K (em ppm) nas Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode.
111
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

O titânio possui valores mais elevados nas amostras de ambiente hidrotermal do que nas de
ambiente pegmatítico. No ambiente hidrotermal, os valores da Mina do Tião são mais elevados do que
as da Mina Comecha. Os únicos valores discrepantes, são os dos cristais N-44 da Mina do Tião, com
5,73ppm e o N-99 da Mina Comecha, com 7,99ppm (Tabela 8.1 b e Figura 8.7). No ambiente
pegmatítico, os valores de titânio são bastante similares para as Minas do Bode e Boca Rica.
O zinco presente na estrutura do quartzo (Figura 8.8) mostra teores mais elevados no ambiente
hidrotermal e, diferentemente do titânio, separa o ambiente hidrotermal do pegmatítico.

Ti Tião N-9
16
Tião N-15
14 Tião N-25

12 Tião N-42
Tião N-44
10
Tião N-46
mg/kg

8 Comecha N-75
Comecha N-81
6
Comecha N-89
4 Comecha N-99

2 Boca Rica N-133


Boca Rica N-137
0
Boca Rica N-138
Bode 167
Tião N-9

Comecha N-75

Comecha N-81

Comecha N-89

Comecha N-99

Boca Rica N-133

Boca Rica N-137

Boca Rica N-138

Boca Rica N-142

Bode N-163

Bode N-164

Bode N-189
Tião N-15

Tião N-25

Tião N-42

Tião N-44

Tião N-46

Boca Rica N-142


Bode N-163
Bode N-164
Bode 167
Ambiente Hidrotermal Ambiente Pegmatítico Bode N-189

Figura 8.7 - Diagrama de distribuição de Ti (em ppm) nas Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode.

Zn
25
Tião N-9
Tião N-15
20
Tião N-25
Tião N-42
15
mg/kg

Tião N-44
Tião N-46
10
Comecha N-75
Comecha N-81
5
Comecha N-89
Comecha N-99
0 Boca Rica N-133
Bode 167
Tião N-9

Comecha N-75

Comecha N-81

Comecha N-89

Comecha N-99

Boca Rica N-133

Boca Rica N-137

Boca Rica N-138

Boca Rica N-142

Bode N-163

Bode N-164

Bode N-189
Tião N-15

Tião N-25

Tião N-42

Tião N-44

Tião N-46

Boca Rica N-137


Boca Rica N-138
Boca Rica N-142
Bode N-163
Ambiente Hidrotermal Ambiente Pegmatítico Bode N-164

Figura 8.8 - Diagrama de distribuição de Zn (em ppm) nas Minas Tião, Comecha, Boca Rica e Bode.

112
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Finalizando a discussão sobre a relação dos vários elementos traços presente na estrutura do
quartzo, verifica-se que o alumínio e o lítio se mostram em teores muito mais elevados no ambiente
pegmatítico; enquanto o ferro, um possível causador de cor na ametista, não apresenta distinção entre
os dois ambientes. O magnésio é encontrado em teores mais elevados no ambientehidrotermal e, os
demais elementos, não podem ser usados como fator distintivo entre esses dois ambientes.

8.2 – INTERPRETAÇÃO DE GRÁFICOS FTIR VERSUS OBTENÇÃO DE COR,


APÓS IRRADIAÇÃO GAMA E/OU AQUECIMENTO

Em todas as amostras foram feitos os ensaios de espectrografia de absorção na região do


infravermelho (FTIR), um método prático e rápido, que permite inferir a possibilidade de um cristal de
quartzo desenvolver cor, após aplicação de irradiação gama seguida ou não de tratamento térmico.
Feitos esses ensaios foram selecionados os cristais para esses ensaios laboratoriais visando à mudança
de cor.
Na Figura 8.9 é apresentado um diagrama com o resultado das análises de FTIR de cristal
oriundo da Mina do Tião. As amostras representadas nessa figura foram submetidas à irradiação gama,
sem sofrer tratamento térmico, uma vez que o matiz violeta já surge após a irradiação. O uso da
técnica de FTIR indica que as amostras dessa mina apresentam banda em 3.585cm-1, a qual relaciona,
nos meios mineralógicos e gemológicos, como característica do potencial de aparecimento de matiz
violeta (ametista). Adicionalmente, estão representadas no apêndice, 17 outras pranchas (Pranchas 01
a 17) que foram obtidas em espécimes da Mina Tião.
No caso específico de todos os cristais da Mina do Tião, submetidos à FTIR, a maioria já se
mostra na natureza com um leve matiz violeta. Cristais que se apresentam com esses matizes, só
necessitam do FTIR para indicar a dose (em kGy) de irradiação. As doses aplicadas nos cristais de
números 01 a 60 foram de 200, 400 e 600kGy. Essa intensidade foi determinada pela maior ou menor
intensidade da banda encontrada no cristal de quartzo e indica, se após irradiação, ele irá desenvolver
coloração, com matiz mais ou menos acentuado.
Na Tabela 8.3 estão representados os 60 cristais amostrados na Mina do Tião, os quais foram
submetidos a FTIR e calculado o fator ametista (fa), o fLi (fator lítio), área e c. Com essa metodologia,
um cristal de quartzo que apresentar uma banda em 3.585cm-1, será definido como potencial para
mudar a cor para violeta, se o fator fa for ≥ 3,3 e a área (no gráfico) for de 400 a 600u.a.* cm-1
(unidades arbitrárias por cm-1). Nesse caso, o cristal será considerado ametista. Se o fator fa estiver
situado entre 2,7 e 3,3, não haverá o aparecimento de cor comercial, ou seja, somente cor fraca será
possível criar em laboratório por irradiação. Se o fator fa for ≤ 2,7 e a área calculada for maior que
113
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

1.500 u.a.* cm-1, a amostra desenvolverá matiz esverdeado e a variedade gemológica será definida
como prasiolita (Lameiras 2007).

a
3585 cm -1

b
3585 cm -1

c
3585 cm -1

Figura 8.9 - Espectros de FTIR, com fotografias, de quartzo hialino bruto [parte de cima de 5(a), 6(b), 10(c)] e
irradiado [parte inferior de 5(a), 6(b), 10(c)] a 200 kGy. Nesses cristais da Mina do Tião, observa-se a banda
3.585cm-1 típico da ametista e com os valores calculados fa , área e c.

114
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Tabela 8.3 - Relação das amostras da Mina do Tião submetidas a FTIR, com os valores fa (fator ametista), fLi
(fator lítio), a área e o c.
Amostra fa área c fLi Amostra fa área c fLi
1 4,0 501 0,18 - 31 3,4 532 0,67 -
2 4,0 431 0,55 - 32 3,3 594 0,31 -
3 3,7 370 0,29 - 33 - - - -
4 3,8 677 0,50 - 34 4,1 526 0,21 -
5 4,6 430 0,49 - 35 2,9 656 0,43 -
6 3,8 403 0,61 - 36 - - - -
7 3,7 400 0,69 - 37 4,3 313 0,60 -
8 4,6 430 0,59 - 38 3,7 501 0,03 -
9 3,0 561 0,55 - 39 - - - -
10 4,5 345 0,13 - 40 3,9 606 0,47 -
11 3,9 443 0,42 - 41 2,8 607 0,41 -
12 2,9 493 0,35 - 42 2,8 693 0,48 -
13 2,7 141 0,64 - 43 0,0 80 0,34 0,1
14 2,7 156 0,61 - 44 4,0 620 0,28 -
15 2,4 795 0,20 - 45 2,1 5,95 0,56 -
16 4,1 437 0,45 - 46 4,5 425 0,53 -
17 2,5 797 0,79 - 47 4,3 453 0,52 -
18 3,7 534 0,62 - 48 - - - -
19 - - - - 49 2,6 2.462 1,49 -
20 2,4 615 0,70 - 50 3,5 620 059 -
21 2,2 471 0,57 - 51 2,5 552 0,74 -
22 - - - - 52 4,2 487 0,65 -
23 2,6 201 0,18 - 53 2,9 757 0,56 -
24 - - - - 54 3,6 437 0,68 -
25 3,0 557 0,18 - 55 - - - -
26 3,9 377 0,30 - 56 4,3 566 0,65 -
27 2,5 650 0,46 - 57 4,0 534 0,19 -
28 2,1 491 0,91 - 58 - - - -
29 3,8 524 0,39 - 59 3,2 557 0,18 -
30 2,6 829 0,54 - 60 5,3 270 0,36 -
No caso da prasiolita, existe um desacordo entre os gemólogos e os físicos. Para um gemólogo,
a prasiolita é um quartzo que apresenta cor verde intensa (natural ou oriunda de irradiação) enquanto
para um físicos, é aquele que apresenta fa ≤ 2,7 e área maior que 1.500 u.a.* cm-1, e não
necessariamente a amostra tem que desenvolver cor verde, na irradiação gama. Os espectros das
Figuras 3.5 indicam que existe uma diferença entre as variedades gemologicas ametista e prasiolita .
As doses aplicadas nos cristais da Mina do Tião foram norteadas basicamente nos critérios de
fatores fa e de área obtidos no gráfico. Foram aplicadas doses de 200kGy, resultados apresentados no
apêndice (Pranchas de 01 a 07), de 400kGy (Pranchas 08 a 11 - esses cristais apresentam os fatores
que não permitem o aparecimento de cor comercial) e de 600kGy (Pranchas 12 a 17 - naquelas
amostras com potencial para o aparecimento do verde da prasiolita).
No caso dos cristais onde foi aplicada uma dosagem de 400kGy (Pranchas 08 a 11), existe uma
banda a 3.437cm-1, a qual é admitida como produto de uma superposição de duas outras bandas, uma a
115
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

3.441cm-1 (atribuída à presença de alumínio e compensada pelo sódio) e outra a 3.425cm-1 (atribuída
ao alumínio e compensada por hidrogênio em uma ligação curta AlSi-O). Indiferentemente dos
resultados de FTIR, em todas as amostras da Mina do Tião aconteceu o aparecimento da cor violeta
típica da ametista, algumas com matiz pálido. No conceito gemológico, em nenhuma das amostras da
Mina do Tião foi observado a cor verde, indicativa da prasiolita.
Quanto aos cristais hialinos da Mina Comecha, ao serem submetidos aos ensaios de FTIR e
representados nas Pranchas de 18 a 27 (do apêndice), eles mostraram bandas em 3.380, 3.404, 3.434,
3.485 e 3.510cm-1. Nas amostras N-87 (Prancha 21-c) foi observada a banda 3.596cm-1, que não é
comum em quartzo e na N-92 (Prancha 22-c), a banda 3.304cm-1 (oriunda de duas bandas, uma
associada ao hidrogênio através de uma ligação curta AlSi-O e outra, a ligação Si-O).
Após o ensaio de FTIR, os cristais da Mina Comecha foram submetidos à irradiação com
aplicação de apenas uma dose de 300kGy. A aplicação de uma única dose, foi um indicativo do ensaio
de FTIR, onde demonstrou que só haveria o desenvolvimento de cor acastanhada, com pouco valor
comercial. Esses resultados podem ser visualizados nos diagramas e nas fotografias da Figura 8.10 e
nas Pranchas 18 a 27 (apresentadas no apêndice dessa dissertação). Todos os cristais desenvolveram
matiz acastanhado e a única exceção foi o N-109 (Prancha 27-a), onde houve o aparecimento da
variedade gemológica preta, chamada de quartzo morion ou fumê.
Ainda referente aos cristais da Mina Comecha, após irradiação, as amostras N-72, N-76, N-84,
N-91 e N-107 foram submetidas a tratamento térmico e, voltaram a ficar incolor ou amarelo levemente
pálido. Na Tabela 3.7, no capítulo referente a Materiais e Métodos, são apresentadas as temperaturas e
os tempos de aquecimento, a que as amostras N-72, N-76, N-84, N-91 e N-107 foram submetidas.
Quando submetidos a FTIR, os cristais N-76 (Figura 8.10-b) e N-91 (Prancha 22-b)
apresentaram bandas de 3.400 e 3.510cm-1, as quais ocorrem sempre associadas e supõe-se que sejam
devidas à presença do ferro compensado por hidrogênio na estrutura do quartzo.
As amostras N- 84 (Prancha 20-c) e N-107 (Prancha 26-b), que após irradiação (tornaram
acastanhada) e aquecimento (incolores ou levemente amarela pálida), apresentam bandas de 3.380,
3.434 e 3.485cm-1 nos gráficos de FTIR. A banda 3.485cm-1 no quartzo, é importante para a formação
da cor amarela-esverdeada, sendo atribuída à presença do alumínio compensado pelo lítio. O fator
(fLi) indica que a amostra N-84 (Prancha 20-c) possui fator (fLi) igual a zero, enquanto a N-107
(Prancha 26-b) possui fator (fLi) igual a 0,1. Então, esse não deve ser o motivo para o
desenvolvimento da cor amarela pálida nessas amostras.

116
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

3485 cm -1
3434 cm -1
3380 cm -1

b
3400 cm -1
3510 cm -1

c
3485 cm -1
3434 cm -1
3380 cm -1

Figura 8.10 - Espectros de FTIR, com fotografias, de quartzo hialino bruto [parte de cima de 75(a), 76(b),
77(c)] e irradiado [parte inferior de 75(a), 76(b), 77(c)] a 300 kGy. Nesses cristais da Mina Comecha,
observam-se as bandas 3.380, 3.404, 3.434, 3.485 e 3.510cm-1 típicas da fumê e com os valores calculados de
fLi, área e c

A maior parte das amostras da Mina Comecha apresenta bandas a 3.404 e 3.514cm-1, que
sempre ocorrem associadas, mas não são comuns em quartzo. Admite-se que esteja associada à
presença do ferro, compensado pelo hidrogênio. Após irradiação, elas tornaram-se acastanhada ou
enfumaçada (fumê). Também é comum o aparecimento da banda 3.380cm-1, a qual está presente em
todo quartzo natural.

117
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

As amostras N-71 (Prancha 18-b), N-73 (Prancha 18-c) e N-80 (Prancha 19-c) apresentam picos
de 3.434 e 3.510cm-1. Admite-se que a banda 3.434cm-1 está associada ao alumínio compensado pelo
hidrogênio ou pelo sódio. Essas três amostras apresentam fator fLi, de 0,5 (Tabela 8.4), porém
mantendo coloração acastanhada, após a irradiação.

Tabela 8.4 - Relação de amostras da Mina Comecha, com os valores fLi (fator lítio), área e c obtidos nos
gráficos de FTIR.
Amostra fLi área c Amostra fLi área c
70 0,0 51 0,72 91 0,0 310 1,40
71 0,5 215 0,76 92 0,0 49 0,53
73 0,4 118 0,27 93 0,0 47 0,46
75 0,0 39 0,60 94 0,2 114 0,65
76 0,5 161 0,66 95 0,0 162 0,55
77 0,0 49 0,66 96 0,0 177 0,95
78 0,3 67 0,74 97 0,0 114 0,69
79 0,0 51 0,52 99 0,0 160 1,14
80 0,5 140 0,43 100 0,0 105 0,61
81 0,0 125 0,62 101 0,0 110 0,86
82 0,0 116 0,57 102 0,0 83 0,42
84 0,0 59 0,65 103 0,0 127 0,10
85 0,0 66 0,75 107 0,1 56 0,48
86 0,0 57 0,39 108 0,3 89 0,37
87 0,0 161 0,66 109 0,0 267 0,51
89 0,1 153 0,51 - - - -

As amostras da Mina Boca Rica, apresentadas na Figura 8.11 e no apêndice de Pranchas (28 a
32) mostram no espectro de FTIR um comportamento muito similar entre elas. Observam-se 04
bandas bastante intensas, para comprimento de onda das bandas situadas entre 3.300 e 3.600cm-1. A
banda 3.595cm-1, possivelmente associada à presença de ferro compensado pelo lítio, é observada em
todos os cristais de quartzo dessa mina, enquanto a banda 3.484cm-1, é de intensidade muito forte e
sobressaindo-se entre as demais. A presença da banda de 3.484cm-1 é atribuída ao alumínio
compensado pelo lítio, sendo a responsável pelo desenvolvimento da cor amarelada e acastanhada no
quartzo hialino; já a banda localizada na faixa entre 3.433cm-1 - 3.450cm-1 relaciona-se à presença de
alumínio compensado pelo sódio. A outra em 3.425cm -1 está associada à presença de alumínio
compensada por lítio numa ligação curta AlSi - O e finalizando, a banda 3.380cm-1, presente em todo
quartzo natural, é devido a ligação de hidrogênio com uma ligação longa AlSi - O.

118
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

a
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

b
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

c
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

Figura 8.11 – Espectros de FTIR com fotografias de quartzo hialino bruto [ parte de cima de 128(a),
136(b), 137(c), irradiado e aquecido [parte inferor 128 (a), 136 (b), 137 (c) a 65kGy. Nesses cristais da
Mina Boca Rica observam-se as bandas de 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595 cm-1 com os valores calculados de
fLi, área e c.

De acordo com Lameiras et al. (2006), o fator lítio fLi, é uma boa indicação para obtenção de
cor para a variedade gemológica de quartzo pegmatítico. Se seu valor for igual ou superior a 2,0, é
indicativa de se obter matiz do green gold, após irradiação com dose inferior a 150kGy e o matiz
acastanhado do conhaque, após irradiação, com dose superior a 300kGy. Nas amostras da Mina Boca
Rica foram obtidos 18 gráficos (Figura 8.11 e Pranchas 28 a 32); das quais em dois, as de números N-
126 e N-127, o fator fLi situa-se abaixo de 2,0. Nas outras análises de FTIR, em dez delas (N-120, N-
119
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

121, N-122, N-128, N-134, N-138, N-140, N-142, N-143 e N-144) apresentam fator fLi variando de
2,0 a 2,6 e, nas seis últimas (N- 125, N-129, N-133, N-136, N-137 e N-141), o fator fLi situa-se acima
de 2,6 (Tabela 8.5). Outros autores como por exemplo (Lameiras et al. 2006) também já
demonstraram a importância do lítio, como causador de cor durante a irradiação gama seguida de
aquecimento, na estrutura de quartzo hialino.
Não foi observada, após irradiação e aquecimento, uma coloração muito diferente entre todos
os espécimes da Mina Boca Rica, uma vez que todas desenvolveram matiz amarelado (green gold) a
levemente acastanhado.

Tabela 8.5 - Relação de amostras da Mina Boca Rica, com os valores fLi (fator lítio), área e c nos gráficos de
FTIR.
Amostra fLi área c Amostra fLi área c
120 2,5 213 0 135 1,6 81 0,61
121 2,6 157 0,47 136 2,9 86 0,23
122 2,5 88 0,60 137 3,2 84 0,40
125 3,3 169 0,66 138 2,5 212 0,38
126 1,9 78 0,59 140 2,5 172 0,55
127 1,7 107 0,73 141 2,8 86 0,63
128 2,0 120 0,44 142 2,4 75 0,68
129 2,8 274 0,45 143 2,3 377 0,90
133 3,1 104 0,68 144 2,3 377 0,90
134 2,1 93 0,37 - - - -
Também não foi possível correlacionar o fLi, a dose de irradiação gama aplicada e o matiz
resultante. Nas amostras N-126 (dose aplicada = 65kGy) e N-127 (400kGy), com fator fLi abaixo de
2,0; nas N-120 (400kGy), N-121 (65kGy), N-122 (400kGy), N-128 (65kGy), N-134 (400kGy), N-138
(65kGy), N-142 (400kGy), N-143 (400kGy) e N-144 (400kGy), fator fLi entre 2,0 e 2,6 e finalizando;
na N-125 (65kGy), N-129 (400kGy), N-133 (400kGy), N-136 (65kGy) e N-137 (65kGy) N-141(65
kGy), com fator fLi acima de 2,6, não foi possível correlacionar o matiz criado, a dose e o fator fLi: A
dose de irradiação aplicada, a temperatura e o tempo de aquecimento podem ser observados nas
Tabelas 3.8 e 3.9 (Capítulo 03 - Materiais e Métodos).
O quartzo da Mina Boca Rica que apresenta banda de alta intensidade de lítio identificada em
3.476cm-1 em relação à banda de sódio-hidrogênio localizada em 3.433 - 3.450cm-1 e a de hidrogênio
localizada em 3.380cm-1 são passíveis de desenvolver cor.
Quanto aos espécimes da Mina do Bode, representados na Figura 8.12 e nas Pranchas 33 a 43
(do apêndice), ao serem submetidos aos ensaios de FTIR, comportam-se de maneira semelhante aos da

120
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Mina Boca Rica. Os dados de FTIR demonstram que são identificadas as mesmas bandas, em 3.383,
3.434, 3.485 e 3.595cm-1; enquanto o fator fLi, determinante para o aparecimento do matiz amarelo e
acastanhado, é representado pela banda 3.485cm-1 (associada à 3.383cm-1). O fator fLi é maior nas
amostras em que a banda é mais intensa, atingindo valores de até 3,5.

a
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

b
3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1
3595 cm -1

3485 cm -1
3434 cm -1
3383 cm -1

c
3595 cm -1

Figura 8.12 - Espectros de FTIR, com fotografias, de quartzo hialino bruto [parte de cima de 161(a), 164(b),
166(c)], irradiado e aquecido [parte inferior de 161(a), 164(b), 166(c)] a 65 kGy. Nesses cristais da Mina do
Bode, observam-se as bandas 3.383, 3.434, 3.485 e 3.595cm-1, típicas do matiz amarelo e acastanhado e com os
valores calculados de fLi, área e c.
Ao comparar os resultados encontrados nas Minas Boca Rica e do Bode, observa-se que fLi é
mais elevado na Mina do Bode, sendo comuns valores acima de 3,1 (Tabela 8.6). Tal fato indica que
121
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

espécime da Mina do Bode possui teor de lítio mais elevado do que aquele da Mina Boca Rica e,
portanto, maior potencial de mudança de cor durante o processo de irradiação gama e de aquecimento.
Os resultados de valores de lítio com valores mais elevados na Mina do Bode do que na Boca
Rica podem ser observados na Tabela 8.1a e na Figura 8.2. Isso pode ser um indicativo de que o lítio,
tanto na Mina Boca Rica quanto no Bode, é o elemento compensador do alumínio na estrutura
cristalina do quartzo e o responsável, como dopante, pelo aparecimento dos matizes comerciais
obtidos após irradiação gama e aquecimento. Essas etapas laboratoriais produzem a nova variedade
gemológica do quartzo, de coloração amarelada e acastanhada, denominada no mercado mundial de
beer, champagne, cognac, green gold e whisky.

Tabela 8.6 - Relação de amostras da Mina do Bode com os valores fLi (fator lítio), área e c, obtidos em gráficos
de FTIR.
Amostra fLi área c Amostra fLi área c
161 2,1 185 0,81 183 3,4 121 0,59
162 1,9 120 0,72 184 3,4 158 0,54
163 2,0 159 0,7 185 2,8 187 0,41
164 1,9 170 0,51 186 2,5 146 0,63
165 3,1 118 0,83 187 2,4 108 0,55
166 3,1 118 0,83 188 2,4 163 0,65
167 3,1 123 0,1 189 3,4 146 0,53
169 2,1 63 0,71 190 3,5 140 0,71
170 3,3 120 0,65 191 3,4 116 0,47
171 3,0 165 0,73 192 2,1 142 0,48
172 2,2 293 0,75 193 2,7 116 0,51
173 2,3 263 0,81 194 3,4 152 0,67
174 1,6 198 0,64 195 2,1 212 0,62
175 3,5 170 0,79 196 3,1 2,65 0,35
175 3,1 122 0,08 197 1,9 141 0,43
177 3,1 126 0,55 198 2,5 135 0,65
178 2,5 140 0,47 199 2,1 125 0,36
180 2,9 587 1,08 200 2,3 181 0,72
182 3,2 430 0,97 - - - -
Finalizando esse item sobre relação de FTIR e obtenção de cor após irradiação gama e/ou
aquecimento, verifica-se que a obtenção do espectro de infravermelho é uma ferramenta importante
para a definição do aparecimento de outras variedades com cores e/ou matizes no quartzo com
características gemológicas, tanto no ambiente hidrotermal quanto no pegmatítico.

122
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

8.3 – O SÍLICIO NO QUARTZO HIDROTERMAL E PEGMATÍTICO E SUA


CORRELAÇÃO COM A COR

Os resultados de teores de sílica refletem a pureza de um cristal de quartzo e a sua maior ou


menor susceptibilidade de mudar de cor, na etapa de bombardeamento gama seguida ou não de
aquecimento. Portanto, um cristal teórico com 100% de SiO2 jamais será utilizado como uma
variedade de quartzo colorido na gemologia.
Na Tabela 8.2 estão representados os resultados de análise química, por via úmida, de 04
cristais de quartzo. Uma primeira observação é a de que no ambiente hidrotermal, os resultados
analíticos da amostra N-75 da Mina Comecha, possuem teor mais elevado de SiO2 (99,94%) do que a
N-42 da Mina do Tião (99,51%). Portanto, teoricamente o quartzo da Mina do Tião pode portar mais
íons dopantes, ou seja, aqueles causadores de cores. Possivelmente, esse fato associado à menor
concentração de ferro (Tabela 8.1 a), contribuiu para que as amostras da Mina Comecha não
desenvolvessem cor. Isso está claramente apresentado no item 8.2.
Por outro lado, considerando o ambiente pegmatítico, o teor de SiO2 é mais elevado na amostra
da Mina Boca Rica, em comparação com o resultado da Mina do Bode. Entretanto, esse resultado não
parece ter influenciado nos vários matizes gemológicos que foram criados nas amostras dessas minas,
após elas serem submetidas à irradiação seguida ou não de tratamento térmico. Portanto, o maior ou
menor percentual de SiO2 nas amostras dessas minas, não influência na entrada dos dopantes
causadores de cores.
No ambiente pegmatítico, a presença do dopante lítio, em proporção maior na Mina do Bode do
que na Boca Rica, parece não ter influenciado nos resultados finais das cores criadas, uma vez que
todas as amostras oriundas dessas minas adquiriram colorações amareladas (green gold), às vezes,
com leve tendência para o acastanhado.
Um dos grandes problemas encontrados nessa pesquisa foi, praticamente, a inexistência de
dados bibliográficos para comparação com os resultados obtidos nesse trabalho. Só é possível
conseguir algum resultado técnico em conversa informal, pois quase nada é publicado, sobre esse
assunto, em todo o mundo. Isso se justifica, uma vez que o quartzo é um mineral estratégico nos dias
atuais e, a mudança de cor em quartzo, é também considerada estratégica e, ainda, uma tecnologia
pouco difundida.
Partindo dessas considerações, a única referência versando sobre dopantes em quartzo, sem
correlacionar com mudança de cor, é a de Cullum (1997, in London 2008). Esse autor apresentou um
sumário de resultados analíticos obtidos para os elementos traços em quartzo hialino de granito e
ambiente hidrotermal e pegmatítico. Conclusões sobre o teor de SiO2 na estrutura do quartzo, também
123
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

foi disponibilizada por Cullum (1997, in London 2008). Os resultados obtidos por esse autor, para os
elementos traços, estão representados na Tabela 8.7.
Segundo London (2008), esse autor elaborou o banco de dados sobre análises de cristais de quartzo
oriundos de pegmatitos graníticos de corpos dos EUA, descritos como complexos e ricos em lítio.
Cullum (1997, in London 2008) concluiu que o conteúdo de elementos traços é, de uma maneira geral,
mais elevado nos pegmatitos graníticos, em relação a granito e ambiente hidrotermal.
Com referência ao conteúdo de alumínio, Cullum (1997, in London 2008) verificou que, em
pegmatitos, ele apresenta valor acima de 20ppm e existe uma relação direta com o teor de lítio. A
correlação de alumínio e lítio, feita por Cullum (1997, in London 2008) foi baseada em experiência
laboratorial (Palmer 1994, in London 2008), com soluções entre polimorfo de sílica (quartzo-β
hexagonal e keatita tetragonal) comparado com eucriptita-β hexagonal e espodumênio-β tetragonal.
Cullum (1997, in London 2008) divulga que a composição dos elementos traços do quartzo de
pegmatito é idêntica a do quartzo do granito, desde que o pegmatito ocorra encaixado no granito que
lhe deu origem. Por outro lado, ele também constatou que quartzo de granito rico em feldspato
potássico e pegmatito possuem teor mais elevado de álcalis, do que aqueles de granito e pegmatito rico
em plagioclásio sódico. Concluindo seu trabalho, foi constatado que a composição de quartzo pode ser
bastante diferente entre pegmatito associado a um mesmo corpo granítico e numa mesma região.
Quanto a quartzo oriundo de ambiente hidrotermal, nenhum comentário foi feito por esse autor.
Esse item foi colocado nessa dissertação com o intuito de apresentar um dos únicos trabalhos
que relacionam a composição de elementos traços na estrutura do quartzo em ambientes diversos, sem
fazer comentário sobre o potencial de mudança de cor.
Os dados químicos obtidos por Cullum (1997, in London 2008) corroboram os dessa
dissertação de mestrado, apesar de seus valores serem muito inferiores aos encontrados nas amostras
de quartzo do ambiente hidrotermal e pegmatítico.

124
C ontribuições às C iências da T erra S érie M , v ol 68 , 19 5 p.

T a b e la 8 .7 - A n á li se s d e e le m e n to s t ra ç o s e m q u a rtz o d e p e g m a tito , d e p ó sito h id ro te rm a l e g ra n ito (e m p p m ), se g u n d o C u llu m (1 9 9 7 , in L o n d o n . 2 0 0 8 ).

D e p ó sito p e g m a tític o

Ja z id a o u m in a / e le m e n to s d o sa d o s Al Ca Fe K Li Mg Mn Na Ti Zr

B la c k H ill s ( E U A ) 2 0 .0 1 .5 0 .2 0 0 .5 2 .0 0 .1 0 0 .0 1 3 .3 0 .2 0 0 .0 2

B la c k H ill s ( E U A ) 2 2 .1 1 .4 0 .1 0 0 .9 2 .4 0 .0 9 0 .0 2 1 .9 0 .3 0 0 .0 6

G le n ro c k (E U A ) 5 3 .8 3 .6 0 .7 0 9 .4 3 .5 0 .1 0 0 .1 0 1 8 .4 1 .4 0 0 .6 0

D u b o is ( E U A ) 3 1 .6 1 .4 0 .9 0 6 .1 2 .6 0 .1 0 0 .1 0 3 .6 2 .0 0 1 .4 0

B ra si l (a m o stra se m d e fin iç ã o d e p ro c e d ê n c ia ). 9 .0 1 .3 0 .3 0 0 .6 1 .0 0 .1 0 0 .0 1 2 .1 0 .2 4 0 .0 3

M in a B o c a R ic a (N -1 3 3 ) - re su l ta d o s d e ssa d is se rta ç ã o . 3 0 0 .6 5 6 .4 1 5 9 .8 1 6 .8 3 6 6 .3 3 .3 9 4 - - 5 .4 2 -

M in a d o B o d e (N -1 6 3 ) - re su lta d o s d e ssa d is se rta ç ã o . 3 7 0 .3 6 1 .4 1 1 7 .7 1 1 .2 3 7 6 .1 3 .8 7 6 - - 6 .5 1 -

D e p ó sito h id ro te rm a l

B la c k H ill s ( E U A ) 2 0 .5 1 .3 1 .0 0 4 .7 0 .5 0 .8 0 0 .2 0 5 .5 0 .9 5 0 .0 4

W h e a tla n d ( E U A ) 1 8 .2 1 .6 0 .8 0 1 .6 2 .1 0 .0 1 0 .0 1 7 .8 5 .8 0 1 .2 0
Ín d ia 5 .4 0 .7 0 .4 0 1 .0 0 .1 0 .2 0 0 .1 0 1 .8 1 .9 0 0 .6 0

M in a d o T iã o (N -4 2 ) - re su lta d o s d e s sa d i s se rta ç ã o . 3 0 .7 5 8 .2 2 5 3 .4 2 1 .4 1 3 .6 4 3 .7 3 - - 1 2 .3 -

M in a C o m e c h a (N -7 5 ) - re su l ta d o s d e ssa d is se rta ç ã o . 6 8 .6 1 0 2 .4 1 8 0 .0 1 7 .7 7 6 .4 2 2 1 .6 3 - - 5 .7 7 -

G ra n ito

G ra n ito (a m o s tra se m p ro c e d ê n c ia ). 8 -3 0 1 -3 0 .2 -4 1 -5 1 -2 0 -1 0 -1 1 -4 1 5 -2 5 1 -1 5

G ra n ito (a m o s tra se m p ro c e d ê n c ia ). 2 0 -5 0 1 -5 0 .2 -4 1 -1 0 2 -1 0 0 -2 0 -2 2 -2 0 5 -2 5 1 -1 5

G ra n ito (a m o s tra se m p ro c e d ê n c ia ). 8 -2 0 1 -3 0 .1 -1 0 .5 -1 0 .0 1 -1 0 -0 .1 0 -0 .1 0 .5 -0 .1 1 -5 1 -1 5

G ra n ito (a m o s tra se m p ro c e d ê n c ia ). 3 -2 0 0 .5 -1 0 .1 -1 0 .5 -1 0 .0 1 -1 0 -0 .1 0 -0 .1 0 .5 -1 0 .5 -0 .2 1 -1 5

125
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

8.4 – GEMAS LAPIDADAS OBTIDAS DE QUARTZO IRRADIADO E/OU TRATADO


TERMICAMENTE

Esse item foi colocado nessa dissertação visando apresentar os resultados, de forma visual,
encontrados nas 04 minas de quartzo hialino, tanto dos hidrotermais do Espinhaço Meridional quanto
dos pegmatíticos do leste de Minas Gerais. Uma maneira elegante e que este trabalho permite, é a
apresentação de fotografias de mineral-gema bruto e, o que se pode conseguir dele, as pedras preciosas
lapidadas.
O quartzo ao ser submetido à irradiação gama seguido ou não de tratamento térmico, sempre
mostra comportamento que reflete a presença ou não de elemento dopante na sua estrutura cristalina.
As presenças desses elementos dopantes podem ser detectadas, qualitativamente, através de um
simples e rápido ensaio de FTIR.
O grande número de amostra ensaiada por irradiação e/ou tratamento térmico, de cada uma das
minas, mostrou que os resultados obtidos foram consistentes e indicam que aquelas provenientes do
ambiente hidrotermal possuem características distintas daquelas de ambiente pegmatítico, resultando
em gema com coloração distinta.
As diferentes doses de irradiação aplicadas aos exemplares das minas do Espinhaço Meridional,
mostram que o desenvolvimento de cores é diferenciado na Mina do Tião, a única lavra no mundo,
onde é possível obter ametista com matiz de violeta variável. Na Mina Comecha existe uma
homogeneidade no produto final resultante, uma vez que após irradiação, o quartzo se mostra de
coloração acastanhada e apenas num pequeno percentual surge a coloração preta (morion); ao ser
submetida a tratamento térmico, a grande maioria volta a ser incolor (cristal de rocha). Quanto aos
espécimes pegmatíticos, é possível observar que não houve uma grande variação de cor, após
irradiação gama sempre seguido de tratamento térmico, tanto na Mina Boca Rica quanto na do Bode.
Todos os cristais adquirem um matiz alaranjado com um tênue amarelado (green gold), quando
irradiado a 65kGy e, com tendência acastanhado quando irradiado a 400kGy. A Figura 8.13 apresenta
os resultados dessa dissertação, quando quartzo hialino hidrotermal e pegmatítico é submetido à
irradiação gama seguido ou não de tratamento térmico.
Na Figura 8.13, o mineral-gema (1), tanto de origem hidrotermal ou pegmatítico, ao ser
irradiado apresentou mudança de cor ou não, como é mostrado nos vários caminhos de aparecimento
ou criação de cor. A amostra (2) é um quartzo que desenvolve tonalidade acastanhada, próximo a preta
e que se for aquecido (entre 180 e 360ºC), duas situações podem ocorrer: uma primeira, ele retornar a
coloração inicial [caso da (4) - de ambiente hidrotermal da Mina Comecha] ou, uma segunda, adquirir
matiz que varia de amarelado a acastanhado [amostras (5), (6) e (7) - de ambiente pegmatítico das
Minas Boca Rica e do Bode]. O espécime (3) representa aquele de cor violeta, sendo um exemplo a
126
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

ametista de ambiente hidrotermal da Mina do Tião. Lógico, que o matiz criado depende da dose a que
o cristal é submetido.

Figura 8.13: Uma representação esquemática dos minerais-gemas resultante de irradiação gama, seguido ou não
de tratamento térmico, em amostras de quartzo hialino dessa dissertação. Os exemplares pesam 18,65 (1), 17,52
(2), 11,92 (3), 15,44 (4), 34,20 (5), 32,78 (6) e 22,29g (7).

Nas Figuras 8.14 a 8.24 são apresentadas fotografias de amostra irradiada e/ou tratada
termicamente e o exemplar lapidado dela obtido, visando ilustrar os resultados obtidos nas pesquisas
para essa dissertação.
A Figura 8.14 ilustra um espécime de cristal hialino da Mina do Tião, que foi irradiado a
200kGy e, praticamente, não mostrou desenvolvimento de cor. Apesar de apresentar pequena mudança
de cor, foi feito a lapidação desse cristal, obtendo uma gema de 5,25ct. Como pode ser visto na Figura
8.9, apresentada neste capítulo, esse cristal apresentou pico típico daqueles que podem produzir
ametista, seu fator fa é maior que 3,3 e sua área está situada entre 400 e 600u.a.*cm-1, o que
propiciaria a formação de uma ametista de boa qualidade. Por questões analíticas não houve tempo
hábil para refazer as análises após tratamento o que permitiria obter opiniões mais conclusivas.

127
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Figura 8.14 - A fotografia do lado esquerdo representa um cristal da Mina Tião (cristal N-5), que foi irradiado
a 200kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do cristal é 17,21g e da gema é de
5,25ct.

Quanto a Figura 8.15, que apresenta fator fa é maior que 3,3 e sua área está situada entre 400 e
600u.a.*cm-1, o que também propiciaria a formação de uma ametista de boa qualidade. Tal fato está
demonstrado na Figura 8.15. Então, porque o cristal da Figura 8.14 não desenvolveu bom matiz
violeta, enquanto o da Figura 8.15 apresenta um violeta intenso? Pode ser devido à dose de irradiação
aplicado ao cristal, uma vez que no da Figura 8.14, a dose foi de 200kGy, enquanto na amostra da
Figura 8.15, ela foi de 400kGy.

Figura 8.15 - A fotografia do lado esquerdo representa uma ametista da Mina Tião (cristal N-1), que foi
irradiado a 400kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do cristal é 9,89g
e da gema é de 6,75ct.
Na Figura 8.16, percebe-se o desenvolvimento de um matiz violeta bastante intenso, o seu fa é
superior a 3,3 e sua área é 443u.a.*cm-1 e, também, não foram feitas análises químicas. A dose
aplicada na irradiação gama foi de 400kGy, o que concorda com o aparecimento de matiz violeta,
similar ao da Figura 8.15.

128
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Figura 8.16 - A fotografia do lado esquerdo representa uma ametista da Mina Tião (cristal N-11), que foi
irradiado a 400kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do cristal é 9,71g
e da gema é de 12,25ct.
O cristal da Figura 8.17, também proveniente da Mina do Tião, foi irradiado a 400kGy e não
houve o aparecimento de um matiz violeta mais intenso. Nesse caso, seu fa é maior que 3,3 e sua área
está situada entre 400 e 600u.a.*cm-1, o que teoricamente deve desenvolver uma cor violeta intensa.
Não foi feita análise química desse espécime de quartzo. Porque seu matiz de violeta é tão diferente
das amostras das Figuras 8.15 e 8.16, uma vez que possui os mesmos parâmetros de avaliação de
criação de cores? Pode ser o ferro, em menor quantidade que nas amostras das Figuras 8.15 e 8.16.
Somente trabalhos posteriores, possivelmente análises químicas, poderão responder essa pergunta.

Figura 8.17 - A fotografia do lado esquerdo representa um cristal levemente violeta da Mina Tião (cristal N-
29), que foi irradiado a 400kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do
cristal é 11,37g e da gema é de 13,75ct.
O cristal apresentado na Figura 8.18 também proveniente da Mina do Tião, foi irradiado a
600kGy e, apesar da pedra lapidada não demonstrar, houve o aparecimento de um matiz violeta
bastante intenso. Seu fa está entre 2,7 e 3,3 e uma área situada acima de 600u.a.*cm-1, o que propicia o
não desenvolvimento de cores violeta intensa, ou seja, cores não comerciais para essa gema.
129
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Novamente, a falta de análise química que poderia demonstrar que o ferro é baixo o bastante, para o
não surgimento de violeta com matiz gemológico ou comercial. Também, nesse caso, trabalhos
posteriores de pesquisa se fazem necessários para explicar o aparecimento de cor durante o processo
de irradiação gama.
O cristal N-12 (Figura 8.19) oriundo da Mina do Tião, irradiado a 600kGy, fa está entre 2,7 e
3,3 e uma área situada em 493u.a.*cm-1, o que também não propicia o aparecimento de cores violeta
intensa, ou seja, cores não comerciais para essa gema. Como pode ser observado na Figura 8.19, o
matiz de violeta que desenvolveu nesse cristal é bastante tênue, ou seja, uma variedade pouco
comercial para essa ametista fraca. Portanto, apesar de não ter sido obtida analise química, existe uma
boa concordância com o método qualitativo de FTIR.

Figura 8.18 - A fotografia do lado esquerdo representa um cristal violeta da Mina Tião (cristal N-41), que foi
irradiado a 600kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do cristal é 9,88g
e da gema é de 16,45ct.

Figura 8.19 - A fotografia do lado esquerdo representa uma ametista fraca da Mina Tião (cristal N-12), que
foi irradiado 600kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do cristal é
10,60g e da gema é de 16,90ct.
130
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

O espécime N-76 oriundo da Mina Comecha e mostrado na Figura 8.20, após ser irradiado a
300kGy, passou a apresentar uma coloração acastanhado e, quando submetido a aquecimento entre
300 e 305ºC por um período de 20 min (Tabela 3.7), voltou a sua tonalidade incolor, no qual foi
retirado da natureza.
O cristal da Mina Comecha, como já foi informado, não apresenta mudança para uma cor
comercial, somente a coloração acastanhada surge após o processo de irradiação gama. Uma única
amostra ficou preta (N-109) após irradiação gama. O cristal bruto irradiado (N-88) e a gema lapidada
dele oriunda, mostrada na Figura 8.21, foi irradiado a 300kGy e ficou com uma coloração acastanhada.
A fotografia dessa figura foi colocado, com a intenção de mostrar a coloração típica, após a irradiação,
dos espécimes da Mina da Comecha.

Figura 8.20 - A fotografia do lado esquerdo representa um cristal da Mina Comecha (cristal N-76), que foi
irradiado a 300kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do cristal é
20,86g e da gema é de 19,75ct.

Figura 8.21 - A fotografia do lado esquerdo representa um cristal da Mina Comecha (cristal N-88), que foi
irradiado a 300kGy e à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do cristal é
16,13g e da gema é de 17,10ct.
131
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Finalizada a discussão sobre os cristais de ambiente hidrotermal, as Figuras 8.22 a 8.24


apresentam os resultados obtidos no ambiente pegmatítico. A Figura 8.22 mostra um cristal bruto (N-
125) e a gema dele oriunda, após irradiação a 65kGy e aquecida numa temperatura entre 310 e 315ºC,
por um período de 20 min (Tabela 3.8). Uma primeira observação é a de que o processo de irradiação
produziu um green gold muito comercial, uma vez que apresenta um matiz verde-amarelado muito
intenso. Isso se deve ao fator fLi presente nessa amostra e igual a 3,3, ser um indicativo de que ao ser
bombardeado, abaixo de 150kGy, o espécime vai desenvolver um matiz verde-amarelado intenso.

Figura 8.22 - A fotografia do lado esquerdo representa um green gold da Mina Boca Rica (cristal N-125),
que foi irradiado a 65kGy e aquecida e, à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso
do cristal é 50,96g e da gema é de 8,95ct.

Quanto a Figura 8.23, onde está representado o cristal (N-135) com um matiz de amarelo muito
tênue,algumas considerações devem ser feitas.

Figura 8.23 - A fotografia do lado esquerdo representa um cristal amarelado da Mina Boca Rica (cristal N-
135), que foi irradiado a 400kGy e aquecida e, à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime
bruto. Peso do cristal é 18,37g e da gema é de 3,65ct.

132
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Esse cristal (Figura 8.23) foi irradiado a 400kGy e aquecido, mas seu fLi foi de 1,6, um
indicativo de que o espécime irá desenvolver cor fraca. Tal fato ocorreu, com a produção de um
mineral-gema e/ou gema, de baixo valor comercial.
O cristal da Mina do Bode (N-170) mostrado na Figura 8.24 apresenta matiz verde-amarelado,
mas seu fLi obtido durante a etapa de FTIR é de 3,3 (fLi acima de 2,0 é indicativo de green gold, para
doses de irradiação abaixo de 150kGy). Apesar da produção de um green gold de excelente qualidade,
os números não confirmam os resultados obtidos por Lameiras et al. (2006) e Nunes (2008).

Figura 8.24 - A fotografia do lado esquerdo representa um green gold da Mina do Bode (cristal N-170), que
foi irradiado a 400kGy e aquecido e, à direita, uma pedra lapidada obtida desse espécime bruto. Peso do
cristal é 15,51g e da gema é de 3,15ct.

Como conclusão desse item, é possível afirmar que quartzo, tanto aqueles amostrados em
ambiente hidrotermal quanto aqueles de pegmatítico, ao serem submetidos a irradiação gama seguido
ou não de aquecimento, podem desenvolver cores e comercialmente valorizadas. O grande problema é
o estágio de conhecimento sobre os fatores causadores desses matizes de cores. Todos os resultados
apresentados nessa dissertação indicam que o ensaio de FTIR é uma boa ferramenta de detecção, para
sinalizar a possível mudança de cor que um cristal hialino ira apresentar, após irradiação gama seguida
ou não de aquecimento. Alguns poucos exemplares discordantes, com referência a intensidade do
matiz de cor, apontam para a necessidade de uma investigação cientifica mais detalhada visando
esclarecer o papel que alguns íons dopantes terão no desenvolvimento desse matiz.

133
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

134
CAPÍTULO 7
AS MINAS DE QUARTZO HIDROTERMAL E PEGMATÍTICO

As minas de quartzo estudadas nessa dissertação de mestrado, fazem parte de dois ambientes
geológicos distintos. As Minas Comecha e do Tião são depósitos associados a ambiente hidrotermal e
encaixados em quartzito do Supergrupo Espinhaço, onde o quartzo é extremamente puro e, às vezes,
encontrado formando jazidas de grande porte, de onde são extraídos cristais de grandes dimensões.
Nesse ambiente também pode ocorrer cristais hialinos que se transformam em ametista, quando
submetidos à irradiação gama, como é o caso da Mina do Tião.
As Minas Boca Rica e do Bode são formadas em ambiente pegmatítico, inseridas na Província
Pegmatítica Oriental, onde a cristalização ocorreu em núcleos de pegmatitos diferenciados. Nesses
núcleos é possível retirar quartzo leitoso, com porções hialinas. O quartzo hialino desses núcleos
contém elementos dopantes (entre eles o lítio), um dos responsáveis pela formação de cores, nas
variedades gemológicas, beer, champagne, cognac, green gold e whisky, criadas em laboratório a
partir de irradiação.
A seguir será feita uma descrição detalhada dessas minas, mostrando o seu posicionamento
nesses dois ambientes geológicos, os trabalhos conduzidos para a extração do quartzo e as
características desse material com vistas a sua utilização para obtenção de novas variedades
gemológicas.

7.1 – AS MINAS DE QUARTZO HIDROTERMAL

Os veios hidrotermais de quartzo da Serra do Cabral são trabalhados há mais de 100 anos,
visando a sua retirada para a tecnologia da época. Uma das minas mais importante é a Comecha, no
município de Francisco Dumont. Ela é constituída por veios hidrotermais de quartzo, horizontalizados,
encontrados a uma profundidade média de 10 metros, sendo possível atingí-los após a retirada da
cobertura arenosa oriunda da alteração das camadas quartzíticas encaixantes. Essa mina era tão
importante durante o período da II Guerra Mundial, para o suprimento da indústria de comunicação
que, a Comissão Americana construiu 22km de estrada, a partir da sede municipal de Joaquim Felício,
visando escoar o quartzo aí produzido (Scorza 1946).
Uma outra mina de quartzo hidrotermal é a do Tião, situada no município de Buenópolis, no
topo da Serra do Espinhaço ou Mineira. Essa mina é formada por veios centimétricos de quartzo
hidrotermal, encaixados em quartzito da Formação Galho do Miguel. Os veios foram intensamente
erodidos, formando o depósito aluvionar onde o quartzo foi acumulado na forma de pequenos seixos
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

rolados. Alguns desses seixos mostram coloração violeta de intensidade variável, o que permitiu sua
utilização como gema de baixo valor, desde a década de 1940. A Figura 7.1 apresenta a localização e
via de acesso para as Minas Comecha e do Tião.

km
0 5 10

Figura 7.1- Mapa de acesso às Minas Comecha e do Tião, situadas nos municípios de Francisco Dumont e
Buenópolis. Notar que, para as duas minas, o acesso mais fácil é a partir da sede municipal de Joaquim Felício.

O acesso para as 02 minas é feito a partir da sede municipal de Joaquim Felício. A Mina da
Comecha está situada a oeste e pode ser alcançada por estrada de terra, subindo a Serra do Cabral, em
uma estrada carroçável, numa distância de 22km. O acesso à Mina do Tião também é feito a partir de
Joaquim Felício, inicialmente pela rodovia asfaltada BR-135, no sentido norte e em direção a
Bocaiúva e Montes Claros. Após 8km do trevo de Joaquim Felício, entra-se à direita numa estrada
secundária e em boas condições de uso durante todo o ano. Daí até a mina são 33km, sendo 7km de
subida na Serra do Espinhaço ou Mineira.

7.1.1 – A Mina Comecha


A Mina Comecha, situada na latitude 17º39’35”S e longitude 44º14’26”W, no município de
Francisco Dumont, foi operada pela Mineração Brejo do Rio Preto, através de uma subsidiária

84
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

denominada Nessol Comércio Exportação e Importação de Cristais Ltda. O empreendimento na região


da mina começou no início do século XX quando uma empresa uruguaia adquiriu uma propriedade
com 75.000ha, unicamente para criação bovina. A atividade fracassou e vieram às duas grandes
guerras, tendo início à extração de quartzo, em função de preço muito atraente. Em 1932, com a volta
de uma paz continuada no mundo, a explotação foi interrompida e só reativada durante a II Guerra
Mundial.
A Serra do Cabral possui sua parte superior formada por um extenso planalto, onde veios de
quartzo são facilmente encontrados, alguns deles constituindo jazidas importantes (Scorza 1946). Os
proprietários dessa fazenda, apesar do fracasso da pecuária (principalmente em função dos solos
arenosos muito pobres), vislumbraram o potencial para quartzo em toda a serra. Nessa época a
legislação brasileira permitia que o superficiário tivesse prioridade sobre o subsolo de sua propriedade
e requeresse, sem limite de área, na figura legal denominada de manifesto de mina. Juridicamente, o
manifesto não apresentava caducidade, ou seja, o tempo de lavra é eterno. Dessa maneira, os
proprietários requereram um manifesto com 74.633,97ha (processo DNPM 1663/1936), pertencente à
Mineração Serra do Cabral Ltda e ainda ativo até os dias atuais. Dentro desse manifesto, existem
inúmeras áreas de quartzo hialino, que não podem ser requeridas, em função desse impedimento legal.
Hoje, esses 75.000ha, em sua grande parte, são plantações de eucalipto. A menos de 10km, a leste
desse manifesto, foi criado o Parque Estadual da Serra do Cabral, constituindo uma área de
preservação permanente, onde nenhuma atividade de mineração pode ser desenvolvida.
Em 2005 foi criado o Parque Estadual da Serra do Cabral através do decreto 44.121, com uma
área de 22.495ha. Entre esse parque e o manifesto está localizada a Mina Comecha. O processo
DNPM - 831721/2006, pertencente à Mineração Brejo do Rio Preto Ltda, numa área de 417,81ha,
permite a explotação de quartzo. A Mina Comecha apesar de estar fora do parque, situada a uma
distância de 5km, situa-se dentro da sua zona de amortecimento.
Em 2007, as operações na Mina Comecha foram suspensas devido a desavenças entre os
sócios. Outro fator que causou a paralisação foi o aumento dos custos operacionais, pois os veios de
quartzo estavam muito profundos, exigindo uma grande quantidade de remoção de estéril.
Todas as operações da mina eram feitas utilizando um trator, uma carregadeira e um caminhão
para transporte de rejeito. Devido ao aprofundamento da mina, o lençol freático foi atingido, havendo
necessidade de bombeamento da água acumulada. A Figura 7.2 mostra uma fotografia de uma vista
parcial da Mina Comecha, com uma das máquinas utilizadas na mineração e o poço onde há acumulo
de água.
Como já foi informado, os veios hidrotermais de quartzo são horizontalizados e posicionadas
em fraturas nos quartzitos e situadas a menos de 10m de profundidade. Na Figura 7.3 é possível
observar um desses veios de quartzo com potência média de 40cm, com as bordas formadas por
85
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

cristais leitosos (como uma massa sem forma definida) e em seu centro, podem ser encontrados os
bolsões, com cristais de quartzo hialino. Observa-se claramente na Figura 7.3 que existe a formação de
vazios no centro do veio, indicando a existência de um estágio altamente gasoso, o qual permite a
cristalização de quartzo perfeitamente hialino. Os veios quartzosos ocorrem na forma boudinada,
oriundos de tectonismo seguido de percolação de soluções silicosas, nesses planos de alta
permeabilidade nos quartzitos da Serra do Cabral.

Acumulação de
água

Figura 7.2 - Vista parcial da Mina Comecha, onde podem ser observados os trabalhos de mineração e os
problemas oriundos da cobertura arenosa.

O quartzo explotado nessa mina pode ser leitoso e/ou hialino, em cristais possuindo morfologia
externa bem definida (na forma de grandes prismas - alguns pesando dezenas de quilogramas), às
vezes, mostrando marcas de crescimento. Trata-se de espécimes que podem ser vendidas como peças
de coleção para museus e colecionadores. A Figura 7.4 ilustra exemplares de quartzo formando peças
com qualidade e tamanhos diversos, depositados na porta da sede da empresa e disponíveis para venda
aos compradores de cristais na região de Corinto e Curvelo.

86
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

40cm

Figura 7.3 - Um veio hidrotermal de quartzo, com aproximadamente 40cm de potência, encaixado em areia
oriundo da alteração de quartzito.

20cm

Figura 7.4 - Peças de cristais de quartzo hialino e leitoso extraídas da Mina Comecha, com algumas dessas
amostras pesando mais de 20kg.

É bastante comum, ser encontrado exemplar com dimensões de até 30cm de comprimento e
formando intercrescimento, como o mostrado na Figura 7.5.
87
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Figura 7.5 - Exemplar de cristal de quartzo oriundo da Mina Comecha, com marcas de crescimento.

Na Figura 7.6 podem ser observados fragmentos de cristais de quartzo hialino, passíveis de
serem utilizados como mineral-gema e, portanto, um material a ser testado através de irradiação e/ou
tratamento térmico. Do cristal subédrico, como o mostrado na Figura 7.5, podem ser retiradas porções
visando a obtenção de gema (esse não é o caso, pois o cristal é mais valioso na sua forma natural).
Geralmente, todos os fragmentos são obtidos do martelamento de cristais maiores e com porções
hialinas. Esse tipo de amostra sem defeito e apresentando características hialinas é a que foi utilizada
para os testes feitos nessa dissertação de mestrado.

7.1.2 – A Mina do Tião

A Mina do Tião é a outra mina formada em ambiente hidrotermal, a qual foi selecionada para se
estudar o comportamento do quartzo, após ser submetido à irradiação gama. A particularidade dessa
mina é de já possuir cristais de quartzo com matiz violeta, diferindo daqueles espécimes retirados da
Mina Comecha, que apesar de hialinos, não apresentam matiz violeta.

88
MINA
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

COMECHA

08cm

Figura 7.6 - Amostras brutas da Mina Comecha, obtidas da fragmentação, as quais serão submetidas a testes
de FTIR visando definir o potencial para mudança de cor. Amostras pesando de 20 a 60 g.

A Mina do Tião está posicionada na latitude 17º47’01”S e longitude 43º52’22”W e localizada a


nordeste da sede municipal de Buenópolis, numa região denominada Larga. Trata-se de um local de
difícil acesso e muito íngreme, em ponto de altitude elevada da Serra Mineira, só podendo ser atingido
utilizando-se de transporte com animal ou com veículo com tração nas 04 rodas.
A Figura 7.7 ilustra a topografia da região, a partir da Serra Mineira vendo-se ao fundo a Serra
do Cabral com seu topo aplainado (onde está situada a Mina Comecha) e entre as duas serras, a
planície Bambuí.
A Figura 7.8 apresenta uma vista do alto da Serra Mineira, no local onde ocorrem os aluviões
portadores de quartzo hialino na Mina do Tião. Nessa figura pode ser observado, além dos aluviões
onde o quartzo é retirado na forma de seixos rolados, os afloramentos de quartzito da Formação Galho
do Miguel onde estão encaixados os veios hidrotermais de quartzo. Vê-se claramente que o quartzito é
o tipo rochoso dominante na topografia do alto da Serra Mineira, devido a uma erosão diferencial.

89
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Figura 7.7- Uma vista da Serra do Cabral (ao fundo) e da planície Bambuí, numa fotografia feita do alto da
Serra Mineira.

Figura 7.8 - Uma vista parcial de aluviões portadores de quartzo na Mina do Tião. É possível observar
afloramentos de quartzito da Formação Galho do Miguel.

90
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Na região da mina, ocorre quartzito fresco, em alguns locais mostrando estratificação cruzada
e constituindo belas figuras de erosão. Na Figura 7.9 é possível observar um monólito com
estratificação cruzada na região da Mina do Tião. Esse quartzito é relacionado à Formação Galho do
Miguel, onde estão inseridos os veios hidrotermais de quartzo.

Figura 7.9 - Um cálice oriundo de erosão em quartzito da Formação Galho do Miguel, com uma típica
estratificação cruzada, na região da Mina do Tião.

A Mina do Tião é um local onde é feita mineração, desde a década de 1940, na forma
garimpeira em rocha desagregada. Para o dono da fazenda, o Sr. Sebastião Vieira de Atayde, com 72
anos de idade e nascido na localidade de Pé de Serra (próximo à mina), as amostras de quartzo com
matiz violeta são extraídas desses aluviões há mais de 60 anos. Somente em 1989 é que foi requerida
uma área de 1.000ha, no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em nome da
Mineração Pé de Serra Ltda, cujo pedido de pesquisa teve o número 833.035. Esse senhor informou

91
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

que, no inicio dos trabalhos, ele encontrou exemplares de quartzo de coloração violeta, límpidos e
pesando até 400g.
Segundo o Sr. Sebastião, somente a partir de 1997 começaram a aparecer pessoas interessadas
em adquirir quartzo incolor ou com leve matiz violeta. Ele imagina que nessa época foi descoberto o
potencial de mudança de cor do quartzo explotado nessa mina. Hoje, é retirado cristal incolor e com
matiz variável de violeta, os quais são vendidos com um preço variando de R$60,00 a R$130,00.
Exemplares límpidos e pesando entre 5 a 10g são vendidos a R$60,00/kg, enquanto aqueles acima de
10g e também hialinos e sem defeitos, são comercializados a R$130,00/kg.
Na Mina do Tião só é possível observar pequenos veios hidrotermais centimétricos portando
quartzo hialino. Em toda a região onde está sendo minerado, só foram encontrados esses pequenos
veios em um local, o que conduz à conclusão de que eles são as fontes do quartzo encontrado nos
aluviões. A Figura 7.10 ilustra um desses pequenos veios, num afloramento de quartzito, na área da
Mina do Tião.

30cm

Figura 7.10 - Veios centimétricos de quartzo hidrotermal cortando o quartzito da Formação Galho do
Miguel, na Mina do Tião.

Atualmente essa mina está dentro do Parque Nacional das Sempre-Vivas. Esse parque foi
criado em dezembro de 2002, protegendo uma área de 124.000ha e inserida nos municípios de
Diamantina, Buenópolis, Bocaiúva e Olhos D’Água. Como reza a Constituição no Brasil, nenhuma
atividade de mineração pode ser praticada num parque nacional. Portanto, uma das únicas minas de
92
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

quartzo hialino que se transformam, nos processos de irradiação, em ametista com cor violeta intensa e
homogênea.
Localmente, o quartzo hialino e/ou de matiz violeta é extraído de um aluvião, somente na
época das chuvas,quando há água em abundância. Após o período chuvoso, a água corre na forma de
um pequeno filete. Seguramente, o quartzo aí concentrado é proveniente dos veios hidrotermais, que
ocorrem nesse vale. Os aluviões na área da Mina do Tião já foram removidos, visando encontrar os
pequenos seixos de quartzo hialino. Na Figura 7.11 vêem-se os matacões de quartzito, oriundos da
remoção do material aluvionar, de onde é retirado o quartzo para irradiação.

Figura 7.11 - A paisagem oriunda do trabalho de retirada de quartzo hialino para irradiação gama, nos
aluviões da Mina do Tião.

Como já foi informado, na Mina do Tião ocorre cristal hialino com matiz variável de violeta.
Na Figura 7.12 é possível observar esses espécimes subédricos, com coloração desde violeta muito
fraco (em a) até matiz um pouco mais intenso (em b) retirados da Mina do Tião e que serão irradiados.
Um ponto muito importante a ser ressaltado é que o quartzo hialino e com leve matiz violeta
explotado na Mina do Tião é o único que se transforma, na etapa de irradiação gama, em ametista com
matiz violeta intenso e uma grande homogeneidade de cor. Essas características permitem que, além
da obtenção de gemas, seja possível confeccionar artesanatos de alto valor comercial. Citando apenas
um exemplo, atualmente, na China existem grandes empresas de lapidações e indústrias artesanais,
93
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

que obtêm pedras preciosas e artesanatos de valor econômico considerável. Um exemplo são as
figuras de Buda, em ametista de matiz violeta intenso, algumas vendidas até por US$3,000.00 a peça.
O surgimento dessa gema tratada no mercado internacional causou um grande impacto na
mineração de ametista, principalmente no Brasil, que historicamente sempre foi um grande supridor de
ametista natural para o mundo. Minas tradicionais de ametista, como a de Jacobina e da região de
Marabá, hoje estão paralisadas. A ametista encontrada na natureza perde para a tratada, uma vez que a
natural não apresenta a mesma homogeneidade daquela de cor da irradiada.

a b

Figura 7.12 - Os cristais subédricos de quartzo hialino da Mina do Tião; (a) aqueles com coloração muito fraca
e (b) com matiz violeta mais intenso. Todos esses cristais podem se transformar num matiz com violeta intenso,
após irradiação gama. O peso dos cristais situa-se entre 6 e 20g.

7.2 – AS MINAS DE QUARTZO PEGMATÍTICO

A região de Galiléia / Conselheiro Pena é uma das grandes produtoras de quartzo hialino, para
irradiação, seguida de tratamento térmico, visando à produção de beer, champagne, cognac, green
gold e whisky. Dos núcleos quartzosos de pegmatitos encontrados nessa região da Província
Pegmatítica Oriental, sai uma parte considerável do suprimento mundial de quartzo para irradiação.
Para que aconteça a mudança de cor, faz-se necessário a presença de íons dopantes na estrutura do
quartzo. O ambiente pegmatítico porta esses elementos, entre eles o lítio, um dos elementos
responsáveis pelo aparecimento de matiz amarelo-esverdeado, amarelo e acastanhado.
Uma das minas onde é intensamente explotado quartzo para irradiação é a Mina Boca Rica. O
acesso a essa mina partindo de Galiléia é feito seguindo-se a rodovia BR-259, no sentido Governador
Valadares e, 500m após, entra-se numa estrada de terra que se dirige à cidade de São Geraldo do
Baixio. São Geraldo é uma sede municipal, mas deve-se tomar a direção de Sapucaia do Norte, um
distrito de Galiléia. De Galiléia a Sapucaia do Norte são 21km de estrada de terra, facilmente

94
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

percorrido em todas as estações do ano. Do centro de Sapucaia do Norte à Mina Boca Rica são 03km,
no sentido leste (Figura 7.13).
Outra lavra que produz uma quantidade apreciável de quartzo para irradiação é a Mina do
Bode. Seu acesso é feito, também a partir de Galiléia, pela rodovia BR-259, em direção à cidade de
Conselheiro Pena. Depois de percorridos 10km nessa rodovia asfaltada, que se dirige ao vale do
Córrego do Urucum e à Mina da Geometa (uma das maiores produtoras mundiais de kunzita e
hiddenita). Desse ponto onde o Córrego do Urucum corta a rodovia, por estrada secundária carroçável,
após 01km chega-se a Mina do Bode. A Figura 7.13, mostra a localização e as vias de acessos dessas
duas minas.

km
0 5 10

Figura 7.13 - A localização e vias de acesso às Minas Boca Rica e do Bode, próximas à cidade de Galiléia, no
Vale do Rio Doce mineiro.

7.2.1 – A Mina Boca Rica

A Mina Boca Rica é uma tradicional produtora de feldspato industrial, escória de berilo,
minerais raros portadores de fosfatos - geralmente com o nome em homenagem a geólogos oriundos
95
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

de Ouro Preto (ambligonita, arrojadita, barbosalita, brasilianita, montebrasita, scorzalita, souzalita,


tavorita, entre outros) e quartzo para irradiação. A mineralogia fosfatada dessa mina é almejada por
todos os grandes colecionadores de raridades no mundo. Essa associação mineralógica rara e rica em
minerais de lítio, torna-a com característica geológica / mineralógica muito distinta daquelas
encontradas em ambiente hidrotermal. Por esse motivo ela foi escolhida para amostragem nessa
dissertação de mestrado.
O pegmatito Boca Rica está situado no município de Galiléia, com latitude de 18º50’37”S e
longitude 41º29’44”W (Figura 7.13). Ele possui um comprimento de 100m e largura aproximada de
30m, concordante com a foliação das rochas xistosas São Tomé, nas quais foram medidas atitude de
N65W/45ºNE. Para Netto et al. (1998) o pegmatito Boca Rica trata-se de um corpo de grande porte,
na forma lenticular, encaixado em biotita xisto (Xisto São Tomé) e porta como minerais principais o
grupo dos feldspatos (feldspato potássico e albita) e das micas (mica branca e rósea), além de quartzo
leitoso e hialino, ambligonita e berilo. Outros autores fizeram pesquisa nesse pegmatito (Chaves et al.
2005) e observaram feldspato próximo ao núcleo quartzoso, a ocorrência de blocos de pertita contendo
moscovita, quartzo leitoso e cristais de berilo industrial, irregularmente distribuídos por todo o corpo.
É comum a presença de veios irregulares de trifilita primária, alguns com volume equivalente a
centenas de quilogramas, de coloração verde-escura. Nos dois trabalhos citados, nenhuma informação
é dada sobre a presença ou não de um núcleo de quartzo, possível portador das porções hialinas.
A atividade principal da lavra Boca Rica é a extração de minerais fosfatados, inclusive aqueles
portadores de lítio, visando a comercialização para museus e coleções particulares. Como uma
atividade secundária o feldspato [potássico (designado de pedra-louça pelos garimpeiros) e albita] é
explotado para a indústria cerâmica (pedra-louça). Com o advento da irradiação de quartzo, para a
produção das novas gemas, o quartzo tornou-se um importante produto nessa lavra.
O quartzo hialino e passível de ser irradiado é encontrado somente no núcleo do pegmatito. Nas
outras zonas pegmatíticas, o quartzo normalmente ocorre intercrescido com outros minerais,
impossibilitando o desenvolvimento de porções hialinas. Os trabalhos de lavra foram iniciados com a
retirada do material pegmatítico, culminando com um grande poço, até atingir a rocha encaixante.
Desse poço, foram iniciadas as galerias para extração dos minerais de interesse. As Figuras 7.14 e 7.15
ilustram a maneira de desenvolvimento dos trabalhos em lavra pegmatítica.
Na Figura 7.14 pode ser observado a maneira irregular como é desenvolvida uma galeria na
Mina Boca Rica, na tentativa de encontrar os minerais de interesse. Pela fotografia vê-se claramente
que o trabalho está em um nível onde o pegmatito é essencialmente feldspático, portanto está
posicionado nas zonas mais externas do corpo.
A Figura 7.15 ilustra um local do corpo da Mina Boca Rica, onde a galeria cortou o núcleo de
quartzo, propiciando a retirada de porções com olhos de cristal hialino. No lado noroeste da figura
96
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

(onde passa um cabo que conduz a energia elétrica para o interior da galeria) é possível observar um
enriquecimento de feldspato nessa zona pegmatítica. O núcleo quartzoso está situado na parte central
do corpo, representando a cristalização nos estágios finais da solução pegmatítica.

08m

Figura 7 14- A galeria para extração de quartzo, minerais fosfatados e feldspato na Mina Boca Rica.
Observe que nessa fotografia a zona pegmatítica é muito rica em minerais do grupo do feldspato.

10m

Figura 7.15 - O núcleo quartzoso no centro do corpo pegmatítico. O grande vazio circular nesse corpo
é oriundo da retirada de um caldeirão essencialmente de quartzo, com porções hialinas, na Mina Boca Rica.

97
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

A Figura 7.16 representa exemplares de cristal hialino obtidos da fragmentação daqueles


retirados no núcleo do pegmatito da Mina Boca Rica. Esses fragmentos com dimensões, variando de
05 a 10cm e, pesando entre 20 e 120g, foram obtidos através de processo de martelamento, na própria
mina e com o objetivo de obter um produto com dimensões compatíveis para ser comercializado, para
fins de irradiação.

05cm

Figura 7.16 - O quartzo hialino martelado, separado das porções leitosas oriundas da Mina Boca Rica e
pronto para o comércio. Tamanho dos cristais: dimensões entre 05 e 10cm, pesando de 20 a 120g.

Se na análise nos ensaios de FTIR forem identificados que os exemplares irão desenvolver
cores, os fragmentos de quartzo serão submetidos a irradiação gama seguida de tratamento térmico.
Após essa etapa, o fragmento vai estar com dimensão adequada para ser lapidado ou confeccionado
um objeto artesanal.

7.2.2 – A Mina do Bode

A Mina do Bode está localizada numa região com geologia muito similar à da Boca Rica e os
fluidos graníticos responsáveis pela cristalização do pegmatito produziram uma mineralogia rica em
fosfatos raros e minerais de lítio. No local de afloramento desse corpo é observado um núcleo
quartzoso muito espesso, o que propicia o possível desenvolvimento de olhos ou porções hialinas, que
podem ser explotadas visando a retirada de material para artesanato mineral e/ou mineral-gema. As
porções marteladas, podem se apresentar com dimensões maiores, o que permite a confecção de

98
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

artesanato mineral, alguns com mais de 01kg e com bela coloração, como a do beer, champagne,
cognac, green gold e whisky.
A Mina do Bode está situada em um local com latitude 19º05’02”S e longitude 41º30’33”W, a
nordeste do município de Conselheiro Pena. A Figura 7.17 apresenta uma vista geral do local onde
está posicionada a Mina do Bode, em uma fotografia tirada, da estrada secundária que passa em frente
à mina. Na mesma figura pode ser observada a quantidade de material que foi extraído do corpo
pegmatítico. Esse material aí depositado será trabalhado visando a separação de feldspato (pedra-louça
ou feldspato potássico e albita), quartzo para fragmentação e fosfatos raros.

Figura 7.17 - Uma vista da feição de encosta onde está situada a Mina do Bode e o material já retirado,
visando o seu aproveitamento futuro com a catação de feldspato, quartzo e minerais raros.

O primeiro mapeamento executado nessa região deve-se a Barbosa et al. (1964), quando
definiram os litotipos das Formações São Tomé, do Granodiorito Palmital, do Tonalito Galiléia e do
Granito Urucum. Nessa região, os corpos pegmatíticos estão preferencialmente encaixados nos xistos
da Formação São Tomé e, em menor quantidade, no Tonalito Galiléia, no Granodiorito Palmital e no
Granito Urucum. Quando encaixados nos litotipos granitóides encontram-se na forma de corpos de
pequenas dimensões, na forma tabular, preenchendo fraturas e com zoneamento bem definido.
Aqueles das rochas xistosas (Xisto São Tomé) mostram-se como corpos de dimensões maiores, de
forma lenticular acompanhando a xistosidade e, da mesma maneira, com um zoneamento muito
pronunciado. Outros trabalhos de mapeamento geológico na região de Galiléia - Conselheiro Pena
foram feitos na década de 70 do século passado pela atual CODEMIG (antiga METAMIG - Metais de

99
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Minas Gerais S/A), os quais foram disponibilizados na literatura por Fanton et al. (1978) e Moura et
al. (1978).
Nenhum trabalho geológico de detalhe foi feito, até o momento, na Mina do Bode. Esse
pegmatito está encaixado no biotita xisto da Formação São Tomé e, cerca de 01km antes no leito da
estrada que conduz à mina, observa-se afloramento do Granito Urucum.
As soluções graníticas percolaram de forma concordante na foliação das rochas xistosas,
produzindo um corpo pegmatítico que, até o momento, é impossível determinar as suas dimensões.
Somente com trabalhos geofísicos serão observadas, claramente, as dimensões desse corpo, que parece
portar volume considerável de material pegmatítico. O trabalho de explotação foi iniciado logo acima
do nível da estrada mas, até hoje, pouco material foi escavado.
Na Mina do Bode, a mineração foi iniciada em um grande poço e, a partir dele, foi aberta uma
galeria. A Figura 7.18 mostra o início da abertura dessa galeria, em uma fotografia obtida de dentro do
poço. Nessa figura está representado o núcleo quartzoso, com aproximadamente 05m de potência,
envolvido por uma zona feldspática nos dois lados do núcleo de quartzo.

5m

Figura 7.18 - A dimensão do núcleo de quartzo na Mina do Bode, com cerca de 5m é representado pela reta
amarela. Na parte de fora da reta encontra-se a zona pegmatítica constituída quase só por feldspato.

Na Figura 7.19 é possível observar a área onde é depositado o material extraído da Mina do
Bode. Todo o material é colocado em montes, na encosta do morro, para uma posterior separação dos
vários minerais. Inicialmente, são separados os blocos de feldspato que serão classificados como albita
e/ou outro feldspato de 1ª, 2ª ou 3ª categoria, em função do percentual de K2O e Na2O. O feldspato de
1ª é vendido com um preço variável entre R$60,00/kg (quando se tratar de feldspato potássico) e

100
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

R$150,00/kg (albita). Nessa mesma etapa, já são separados os minerais raros e que serão
comercializados como peças de coleção e/ou mineral-gema. Todos os minerais raros são vendidos para
os armazéns que comercializam essas peças de coleção e minerais-gemas, na cidade de Governador
Valadares.

Figura 7.19 - Blocos de feldspato já selecionados e, atrás, o material a ser separado, da Mina do Bode.

Todo bloco de quartzo, disposto em um monte (Figura 7.20) é verificado, visando definir a
presença ou não de porções hialinas. Caso seja detectada hialinidade, primeiramente o cristal é
fragmentado, utilizando-se de marreta e/ou machado, para a separação inicial dessas porções hialinas.
O produto oriundo dessa primeira separação é colocado em um tambor metálico (tambores de 200l,
utilizados em postos de gasolina), recoberto com água e colocado no fogo para ferver. Na Figura 7.20
é possível observar, na parte inferior da fotografia, um desses tambores utilizados na Mina do Bode.
Tecnicamente parece ser desnecessário submeter cristais de quartzo a aquecimento, juntamente com
água, até a temperatura de ebulição. Mas, após resfriado, o cristal apresenta dilatação das fraturas e
outros defeitos cristalinos porventura existentes, tornando mais fácil a separação dos olhos
perfeitamente hialinos e sem nenhuma fratura. O martelamento é a última etapa no processo visando
produzir um material com dimensões adequadas, para ser submetido aos processos de irradiação gama
e tratamento térmico e que será utilizado na indústria artesanal e gemológica. Portanto, os artesanatos
minerais e gemas vendidas em todo o mundo começam com um trabalho garimpeiro utilizando-se de
pá e picareta, para a desagregação de vários minerais, a separação dos blocos de quartzo, a verificação
de porções hialinas, o aquecimento em tambores até a ebulição, nova desagregação e, finalizando, com
a seleção final de um produto que é vendido a um preço médio entre R$30,00/kg e R$60,00/kg.
101
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Aqueles cristais maiores, pesando acima de 01kg, alcançam valores bem maiores, pois deles podem
ser confeccionados artesanatos de maior valor agregado.

Figura 7.20 - Blocos de quartzo extraídos na Mina do Bode, submetidos a fragmentação, visando retirar
porções hialinas. Na parte inferior, o tambor escuro é utilizado para aquecer cristais com porção hialina.

Na Figura 7.21 é apresentado um monte de quartzo e o machado utilizado no processo de


redução de tamanho, indicando a maneira rudimentar como é feita a separação na Mina do Bode.

Figura 7.21 - Um monte de quartzo e o machado utilizado para a primeira desagregação de porções hialinas
na Mina do Bode.
102
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

A Figura 7.22 ilustra um cristal de quartzo explotado na Mina do Bode, com característica que
permitem a sua desagregação para a obtenção de porções hialinas.

Figura 7.22 - O quartzo retirado do núcleo pegmatítico, passível de ser fragmentado para a obtenção de
porções hialinas.

A Figura 7.23 mostra a pilha de quartzo hialino, onde está acumulado o material cujas
dimensões já foram reduzidas.

Figura 7.23 - O quartzo hialino após a segunda etapa de redução de tamanho, já estocado e pronto para ser
comercializado.
103
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

A Figura 7.24 mostra um lote de quartzo hialino após ser submetido a martelamento, a última
etapa de redução de tamanho, visando obter dimensões adequadas à comercialização para artesanato
mineral e tratamento para mudança de cor.

05cm

Figura 7.24 - O quartzo hialino após todas as etapas de separação, com dimensões adequadas e pronto para
comercialização.

Concluindo, neste capítulo foi apresentado o condicionante geológico da região de Galiléia /


Conselheiro Pena, onde intrusões graníticas possibilitaram a formação de pegmatitos altamente
diferenciados e portadores de elementos raros (alguns deles responsáveis pelo aparecimento de cor no
quartzo), as lavras de interesse nessa dissertação, a descrição dos métodos de operação nessas minas
pegmatíticas (com o método de lavra e a separação dos minerais de interesse), finalizando com a
obtenção de fragmentos de cristais hialinos destinados a irradiação gama, culminando com a sua
utilização na indústria de artesanato mineral e de gemas, beer, champagne, cognac, green gold e
whisky.

104
CAPÍTULO 6
GÊNESE DO QUARTZO

Apesar do quartzo ser um mineral muito comum em todos os ambientes geológicos, aqueles
de interesse para essa dissertação de mestrado, devem apresentar características de cristal hialino. Os
ambientes hidrotermais e de núcleos pegmatíticos apresentam características geológicas que permitem
o seu crescimento com hialinidade. Outro fator importante é a presença de íons dopantes na sua
estrutura, que o torna passível de mudança de cor quando submetido à irradiação gama seguido ou não
de tratamento térmico. Dentro dessa premissa é que será apresentada, a seguir, a gênese do quartzo
nesses dois ambientes, visando uma perfeita compreensão dos fenômenos que levam à mudança de
cor.

6.1 – GÊNESE DO QUARTZO HIDROTERMAL


Atualmente, o quartzo pode ser considerado um mineral estratégico para o Brasil, desde que se
forme uma massa crítica que alicerce o desenvolvimento de sua imensa aplicação na indústria
tecnológica de ponta. Já foram informadas as várias aplicações do quartzo nos dias atuais. Todas as
utilizações iniciam na obtenção de silício metálico, uma indústria existente e, pouco conhecida, no
Brasil. Um exemplo é a Companhia Brasileira de Carbureto de Cálcio (CBCC), uma empresa sediada
em Santos Dumont (Minas Gerais) e construída para produzir carbureto de cálcio. Ela foi adquirida
pela maior produtora mundial de silicone, a multinacional Dow Corning e, atualmente, só produz
silício metálico. Todo o silício metálico produzido em Santos Dumont é exportado para a fabricação
de silicone, que é um polímero organo-silícico onde os átomos de silício são ligados a cada outro por
átomos de oxigênio. As valências do silício não são todas ligadas ao oxigênio, sendo saturadas com
pelo menos um grupo orgânico, cuja fórmula química é R2SiO, onde R é um radical alcano, ou seja,
um hidrocarboneto de ligação simples (Noll 1968, in Flecha 2005). Este produto é conhecido
principalmente pela sua utilização na estética humana, sendo atualmente aplicado em mais de 5.000
produtos industriais. Um bom exemplo é a fabricação de utensílios domésticos, na forma de colheres,
conchas, etc. visando substituir o alumínio na cozinha.
Para o segmento de silicone é ideal que se tenha um quartzo com alta pureza, para obtenção do
silício metálico e a posterior, indústria do silicone. O quartzo hidrotermal do Espinhaço possui
especificação técnica adequada para esse segmento. A necessidade de se encontrar área potencial de
quartzo para silicone está relacionada a um perfeito conhecimento da gênese de veio de quartzo.
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Com relação à gênese do quartzo hidrotermal no Espinhaço, inúmeros trabalhos científicos


enfatizam a geologia regional, estratigrafia, arcabouço estrutural e tectônica do Espinhaço Meridional
(Pflug & Renger 1973, Walde 1978, Scholl & Fogaça 1979, Fogaça et al. 1984, Dossin et al. 1985,
Knauer 1990, Almeida Abreu 1995), porém poucos fazem referência sobre o quartzo.
O primeiro trabalho sobre o quartzo no norte de Minas Gerais, incluindo a Serra do Cabral, foi
feito por Moraes (1937) quando afirmou que esses veios eram de origem pegmatítica. Scorza (1946)
fez referência ao quartzo da Serra do Cabral, como sendo de origem hidrotermal e descreve 18 minas
nessa região. Outra contribuição para o entendimento da formação de veio de quartzo no Espinhaço só
veio aparecer em Renger (1968, in Carvalho 1982), quando identificou veio de quartzo leitoso no
Espinhaço Meridional, orientado segundo uma direção norte-sul e relacionado a uma fase pós-
tectônica. Renger & Knauer (1995) afirmam apenas que o quartzo é lavrado em muitos lugares do
Espinhaço, para produção de lascas de quartzo e para uso na metalurgia/siderurgia. Frank (1971, in
Noce 1997), cita duas linhas e afirma que a ocorrência de veios de quartzo está posicionada, tanto na
capa quanto na lapa, da Formação Galho do Miguel. Noce (1997) menciona que próximo à localidade
de Água Boa, a nordeste da Folha Curumataí, ocorre um veio de quartzo subvertical com espessura
superior a 10m, encaixado num quartzito de granulação fina e micáceo. Anteriormente uma referência
sobre quartzo leitoso nessa região, foi feita por Schöll & Fogaça (1979), sem nenhuma referência a
localização, volume e outras características. Coube porém, a Carvalho (1982) o trabalho mais
completo sobre quartzo no Espinhaço Meridional, o qual menciona que a formação de veios de
quartzo com potencial para o surgimento de uma mina, está relacionada a fluidos aquecidos e
saturados em sílica, que alcançam a zona superficial da crosta, percolando fratura ou falha.
Uhlein et al. (1986b) posicionaram a formação dos veios de quartzo na Serra do Espinhaço
como associado ao Ciclo Brasiliano, em temperatura inferior a 400ºC e pressão de 4kbar, baseado em
trabalho de Hoffman (1981, in Carvalho 1982) que cita pela primeira vez a relação entre temperatura,
pressão e formação de veio hidrotermal de quartzo. Se esses valores forem comparados com aqueles
representados na curva de solubilidade da sílica em água (Fyfe et al. 1978), podem ser extraídas
algumas considerações (Figura 6.1). Para Fyfe et al.(1978), levando em conta apenas fatores
termodinâmicos, a curva de solubilidade da sílica em água, entre 150 e 300ºC, será igual ou inferior a
1g/kg, subindo para 2 a 2,5 g/kg de solução, para valores de temperatura acima de 300ºC. Nesse
diagrama pode ser relacionada a pressão de carga ou profundidade da rocha silicosa, sofrendo
processos geológicos como o de metamorfismo (a cada quilômetro de soterramento tem-se um
aumento de 3kbar de pressão). A quantidade requerida para a precipitação de um determinado volume
de quartzo seria da ordem de 103 a 104 vezes maior que o volume do veio formado, ou seja, a rocha
mãe formada originalmente de rocha arenosa, altamente permeável serviria para a geração de um
número considerável de veios de quartzo. No caso dos veios hidrotermais de quartzo no Espinhaço,

72
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

esses canais de percolação (zonas permeáveis) seriam descontinuidades estruturais, como fraturas e
falhas.

Figura 6.1 – O diagrama de solubilidade do quartzo em água pura, relacionando temperatura e profundidade
(pressão) (Fyfe et al. 1978).

Chaves et al. (2003) citam a existência de veios de quartzo hidrotermal na região do Morro do
Juá, em Gouveia (Minas Gerais), em forma de rosário intercalados nos quartzitos da Formação São
João da Chapada, mostrando um controle estratigráfico-estrutural. Enfatizam que a mesma formação
ocorre em outras áreas a leste e os veios aí encontrados são de pequena expressão. Para eles, as rochas
da Formação São João da Chapada a oeste, funcionam como uma camada reservatório acumulando
fluidos, tendo em sua base as rochas do Supergrupo Rio Paraúna e no topo um lopólito de rocha
metabásica. Eles fazem uma analogia da estrutura encontrada com os trappes estruturais nos depósitos
de petróleo e/ou gás. Concluem suas observações, informando que esses veios em rosário são
derivados de um depósito hidrotermal epigenético, devido a sua associação com estruturas tectônicas
distribuídas por grande extensão.
A leste da Serra da Catinga, na divisa dos municípios de Datas e Gouveia, Chaves (2007) faz
referência a um megaveio de quartzo, com dimensões de 1,7km x 30m, que foi minerado por décadas
73
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

para fornecimento de matéria-prima para a produção de silício metálico para a Ligas de Alumínio S.A.
(LIASA). Esse mesmo veio, foi citado no trabalho de Carvalho (1982), como possuindo dimensões de
2,5km de comprimento por 5,0m de espessura e 200m de profundidade (denominado de Lavra
Lambari II). Para Carvalho (1982), a quantidade de água meteórica ou conata acumulada no pacote de
rocha quartzítica do Supergrupo Espinhaço, seria a fonte para a formação desse veio. Essa água
solubilizou o quartzo, depositando-o na forma de veio hidrotermal, com ausência ou baixa
concentração de álcalis, Ca, Mg e metais, indicando que a fonte desse material seja o pacote
quartzítico. Outra característica desse megaveio, é a exposição de vários veios se entrecruzando,
indicativo de gerações de migração de fluidos, onde cada evento é representado por uma deposição de
sílica, na forma de quartzo hialino, quartzo leitoso em drusas de quartzo. A gênese desse veio é
resultado de evento metamórfico e deformacional no Ciclo Brasiliano. Para Chaves (2007), há uma
tendência para considerar a deformação do Espinhaço como de idade Brasiliana associada a evolução
do Orógeno Araçuaí. Ele cita os trabalhos de Uhlein et al. (1986b), Alkmim (1995), Cruz (2000) e
Alkmim et al. (2002) que defendem essa idéia.
Outra explicação genética para veios de quartzo nessa região é a de Cruz (2000) e Cruz et al.
(2005), na qual ocorrem processos metassomáticos, um volume representativo de fluidos aquosos
resulta na hidratação de feldspato e finalizando, com a geração de veios de quartzo ao longo de regiões
de fraturas. Numa fase posterior ocorre o desenvolvimento dos veios durante à filonitização gerando
um volume significativo de sílica, o transporte dessa sílica por um fluido aquoso, associado a uma
composição de alteração metassomática, mais hidratada que a existente na fase hidrotermal. Esse
modelo é aplicado para núcleos cratônicos, como o de Gouveia (Minas Gerais), onde o quartzo não é
tão puro quanto o do Espinhaço.
Na parte sul do Espinhaço Setentrional há também um mega veio de quartzo, com mais de
1km de comprimento por 60m de largura, onde ele é extraído como matéria-prima para produção de
silício metálico, na usina do Grupo RIMA Industrial S. A. na cidade de Bocaiúva. Esse megaveio está
situado a 4km da sede municipal de Olhos D’Água, na estrada que liga esta cidade a Bocaiúva. Não há
informação geológica na literatura científica sobre esse megaveio de quartzo. O único trabalho que
cita análises desse quartzo é o de Carvalho (1982), em amostragem feita em 14 ocorrências e/ou minas
para a Ligas de Alumínio S.A (LIASA). A Tabela 6.1 apresenta os resultados de análises químicas de
quartzo obtidas por profissionais da LIASA (Carvalho 1982), quando foram analisados os
elementos/óxidos de interesse da LIASA (SiO2, Al2O3, Fe2O3 e CaO).
Na Tabela 6.1 observa-se que o teor de SiO2, na maioria das analises, está situado acima de
99,70%. As únicas exceções são as do quartzo do Córrego do Bicho (97,89%) e Pedro Pereira
(95,55%). Sempre a redução de SiO2 está associada a um aumento de Al2O3 nos resultados obtidos
pela LIASA. O Fe2O3 possui o maior valor para a Mina Tejucal (0,88%) e os menores para as Minas
74
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Monjolos, Fazenda Pedra Branca e Tijucal (0,013%). Geralmente, menores valores de Fe2O3
relacionam-se aos maiores de SiO2 e a média de Fe2O3 situa-se em torno de 0,020%. O maior valor de
CaO é o da Mina Córrego Lambari I (0,360%) e o menor, o da Mina Cachimbo (0,016%).

Tabela 6.1 - Resultados de análises químicas obtidos por Carvalho (1982) em quartzo oriundos de 14 minas, em
trabalho realizado para a Ligas de Alumínio S.A. (LIASA).

SiO2 Al2O3 Fe2O3 CaO


Tejucal (Presidente Kubitschek) 98,82 0,230 0,880 0,067
Monjolos (Serro) - amostra I 99,96 - 0,013 0,017
Monjolos (Serro) - amostra II 99,96 - 0,019 0,017
Chácara dos Alpes (Gouveia) 99,83 - 0,041 0,015
Córrego do Bicho (Norte de Gouveia) 97,89 1,750 0,180 0,180
Pindaíbas 99,95 0,020 0,022
Fazenda Pedra Branca 99,91 0,048 0,013 0,019
Limoeiro (Gouveia) - amostra I 99,91 - 0,036 0,029
Limoeiro (Gouveia) - amostra II 99,88 0,022 0,029 0,022
Córrego Lambari II 99,83 0,044 0,110 0,110
Cachimbo (Datas) 99,89 0,060 0,027 0,016
Inimutaba (Curvelo) 99,87 0,096 0,018 0,013
Tijucal (Gouveia) - amostra I 99,96 - 0,013 0,016
Tijucal (Gouveia) - amostra II 99,82 0,100 0,052 0,018
Tombadouro 99,84 0,310 0,026 0,022
Pedro Pereira 95,95* - 0,021 0,024
Córrego Lambari I 99,72 0,670 0,130 0,360
*Muito provavelmente houve erro de análise do SiO2
Finalizando a gênese dos veios de quartzo hidrotermal no Espinhaço, observa-se que todos os
autores já citados (Scorza 1946, Carvalho 1982, Uhlein et al. 1986 b, Chaves et al. 1997, 1999 e 2003,
Favacho-Silva 2000, Cruz 2000, Cruz et al. 2005 e Chaves 2007), apontam para o transporte na forma
de solução carregada de sílica, ao longo de uma descontinuidade estratigráfica-estrutural (canal de
percolação) e, finalizando, com a cristalização do quartzo nos veios, ao longo dessas descontinuidades.
75
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Sabe-se que os veios hidrotermais de quartzo do Espinhaço são os únicos onde após irradiação
gama, transformam-se em ametista. A partir disso, no texto a seguir, será apresentada a gênese de
algumas jazidas de ametista natural brasileira, visando uma melhor compreensão do processo de
mudança de cor, em laboratório.
Quanto à gênese da ametista no Brasil, ela ocorre em 03 tipos distintos de depósitos.
Num primeiro tipo, a ametista é encontrada nos geodos em basalto, principalmente no Rio
Grande do Sul, a maior região produtora de ametista. No Rio Grande do Sul, na fronteira com o
Uruguai e Argentina e, na divisa com Santa Catarina (município de Iraí), a ametista é distribuída de
maneira randômica nos geodos, alguns com cerca de 1,0m de diâmetro. Já foram encontrados geodos
com mais de 3 m de diâmetro (Epstein 1988), preenchidos com calcita, barita e celadonita
(Cassedanne & Sauer 1987). Uma característica dessa ametista é a obtenção de citrino, por
aquecimento entre 450 e 550oC, que erroneamente é denominado Topázio Rio Grande (Epstein 1988).
Menores quantidades de ametista também ocorrem em geodo de basalto em Santa Catarina, Paraná e
no Triângulo Mineiro.
No segundo tipo, a ametista ocorre em veios de quartzo hidrotermal. O principal depósito
brasileiro é da Mina Batoque, em Santa Quitéria, (Ceará), cujos cristais possuem cor violeta intensa
(Castelo Branco & Menezes 1987). Na Bahia, os depósitos de Cabeluda, Pororoca e Incaibro,
preenchem veios hidrotermais em quartzito. Em Licínio de Almeida, o mineral-gema torna-se
alaranjado por aquecimento térmico, sendo denominado erroneamente como Topázio Bahia
(Cassedanne & Sauer 1987). A maior produção de ametista na Bahia foi oriunda do depósito da Grota
do Coxo (próximo a Jacobina), onde os cristais possuíam coloração violeta muito intensa e viva
(Cassedanne & Sauer 1987).
Depósitos de ametista são encontrados em vários locais de Minas Gerais, ora em veios
cortando gnaisse ora em quartzito. Um desses depósitos é o de Montezuma,Minas Gerais, onde a
ametista após tratamento torna-se verde (Cassedanne & Sauer 1987, Chaves et al. 1999, Favacho Silva
2001). Na Fazenda Sobrado (Felício dos Santos, Minas Gerais), é retirado ametista em veio em
quartzito, com cor violeta intensa o que permite sua utilização como gema (Chaves & Coutinho 1992).
Quanto ao Espinhaço, os depósitos de ametista são raros, apesar da abundância de veio de quartzo.
Um fato interessante é a associação de fonte termal e presença de ametista, pois tanto em Felício dos
Santos quanto em Montezuma, é encontrada fonte termal nas imediações dos depósitos (Chaves &
Coutinho 1992). Essa particularidade também é observada em outros depósitos brasileiros, como a
presença de fontes termais juntas aos depósitos de Alto Bonito, no Pará (Collyer & Mártires 1986).
Outra ametista no Espinhaço é do município de Grão Mogol (norte de Minas Gerais), onde
quartzito é cortado por veios de quartzo com ametista de cor violeta fraca, que ao ser exposta à luz
solar, perde a cor violeta. As análises químicas feitas por Karfunkel et al. (1998) utilizando-se de
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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

ressonância paramagnética eletrônica (RPE), demonstraram baixo teor de Fe3+, comparado com
ametistas de outras regiões.
Em Vermelho Novo (leste de Minas Gerais), na Serra do Sudário, ocorre um depósito
importante de ametista, associada a quartzito intensamente cisalhado e a gênese relacionada a um
evento hidrotermal de baixa temperatura (Campos et al. 1998). Elas foram submetidas a tratamento
térmico a 320ºC, quando apresentaram uma pequena perda de cor e entre 400 e 450ºC, desaparecendo
a cor violeta e aparecendo um branco leitoso opalescente (Campos & César-Mendes 1997).
No estado do Pará é registrada uma das maiores produções de ametista hidrotermal em Pau
D’Arco (Collyer et al. 1988, Epstein 1988, Cassini & Costa 1994, Cassini 1998 e Cassini et al. 1999),
em Alto Bonito (Collyer & Martires 1986, Epstain 1988 e Cassini et al. 1999) e em Altamira (Souza et
al. 1998 e Cassini et al. 1999). A Mina de Pau D’Arco, situada à cerca de 250km ao sul de Marabá e
nas margens do Rio Araguaia, ocorre em depósito eluvio–coluvionar, onde cristais são encontrados em
tamanhos que variam de centímetros até mais de 1,2m, sendo comum pesarem até 40kg. A ametista de
Pau D’Arco rivaliza com as melhores da África, em intensidade e saturação de cor, apesar dessa cor
estar irregularmente distribuída em zonas de matiz roxo-avermelhado a azulado (Epstein 1988). As
tensões causadas por eventos tectônicos e metamórficos em Pau D’Arco afetaram o cristal, causando
fissura e fratura, resultando no aproveitamento em torno de 10% na lapidação (Cassini & Costa 1994).
Quanto ao depósito de Alto Bonito, localizado nas imediações de Marabá, a ametista possui cor mais
pálida do que aquela de Pau D’Arco, porém, com aproveitamento na lapidação chegando a 30%
(Cassini et al. 1999). Na ametista de Altamira é comum a presença de fissura, fratura, um intenso
zoneamento de cor, acrescido de uma matiz opaco e sem brilho não servindo para lapidação, mas com
potencila para artesanato mineral (Souza et al. 1998). Os trabalhos microtermométricos de Cassini et
al. (1999) indicaram que os depósitos de Pau D’Arco e Alto Bonito formaram-se num ambiente
hidrotermal de média a alta temperatura, enquanto os de Altamira (Souza et al. 1998) em condição
hidrotermal de alta temperatura.
O terceiro tipo de depósito de ametista está associado à colúvio e alúvio, como a Mina de
Brejinho das Ametistas (Bahia), onde ela é retirada de colúvio, junto com quartzo leitoso e ametista
fraca, que ao ser submetida ao aquecimento, torna-se de cor laranja e recebe a denominação de
Topázio Bahia (Cassedanne & Sauer 1987). Outro depósito secundário é o de Pau D’Arco, em Marabá
(Pará), onde a ametista ocorre em lentes coluvio-eluvionar, mostrando cor violeta intensa e um
vermelho cintilante (Cassedanne & Sauer 1987). Nesses depósitos colúvio-aluvionares, a ametista
pode ser oriunda tanto do primeiro quando do segundo tipo genético.
Visando esclarecer a correlação entre gênese, composição química e características
gemológicas é feita uma análise comparativa entre as ametistas da Serra do Sudário (Vermelho Novo
– Minas Gerais), Alto Bonito e Paú D’Arco (Pará) e do Alto Uruguai (Rio Grande do Sul). Quanto à
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Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

gênese, a única que não está associada a ambiente hidrotermal é a ametista de basalto (Sul do Brasil).
A Tabela 6.2 apresenta os resultados de análises químicas de quatro espécies de ametista da Serra do
Sudário (Campos 1999), obtidas via ICP, absorção atômica, fluorescência de raios X e eletrodo de íon
especifico. Cassini (1998) em sua dissertação de mestrado analisou ametistas do Pará e do Rio Grande
do Sul e obteve resultados analíticos por meio de absorção atômica, fluorescência de raios X,
espectrografia óptica e absorção atômica por gravimetria e colorometria (Tabela 6.2).

Tabela 6.2 - A composição química da ametista da Serra do Sudário (Minas Gerais) (Campos 1999), Pau
D’Arco e Alto Bonito (Pará) e de Alto Uruguai (Rio Grande do Sul) (Cassini 1998). Teores em % (para os
óxidos e ppm. (para os elementos). (*) ausência de dados.

Rio Grande do
Pau D'Arco

Alto Bonito
Elementos

uai
Óxidos e

Alto Urug
Pará

Pará

Sul
Serra do Sudário – Minas Gerais

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4


SiO2 * * * * 98,60 97,10 98,52
Al2O3 0,1929 0,1396 0,1319 0,1190 0,4600 0,4600 0,4600
Fe2O3 0,0157 0,0186 0,0180 0,0167 0,0300 0,0750 0,0460
Na2O 0,0061 0,0058 0,0036 0,0038 0,0200 0,0200 0,0200
TiO2 0,0001 0,0001 0,0002 0,0007 0,0094 0,0096 0,0092
P2O5 * * * * <10 <10 <10
K2O 0,0013 0,0012 0,0008 0,0007 <0,01 <0,01 <0,01
CaO 0,0013 0,0008 0,0004 0,0006 <0,01 <0,01 <0,001
MgO * * * * <0,01 <0,01 <0,001
As * * * * <1 <1 <1
Ba * * * * * <10 <10
Be * * * * 8 6 <2
Co * * * * 29 <5 <5
Cr * * * * 6 * 8
Cu * * * * * * *
F 120 115 190 255 120 163 109
Li 30 27 30 31 * * *
Mn <0,5 <0,5 <0,5 2 <10 <10 <10
Pb * * * * <20 <20 <20
Sr * * * * 9 <50 <50
V * * * * 66 88 48
Y * * * * <10 <10 <10
Zn <3 <3 <3 <3 <200 <200 <200

78
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Nessa tabela, os resultados são apresentados em porcentagem para elementos maiores (os
óxidos) e em ppm para os elementos traços. Os dados da Mina do Sudário tiveram que ser
transformados de ppm para porcentegem, afim de poderem ser correlacionados com aqueles
divulgados por Cassini (1998). Nessa mesma tabela, podem ser comparados os resultados dos óxidos
dos elementos maiores entre as minas de ametista. Quanto aos elementos traços, observa-se que
somente uns poucos podem ser comparados, pois nem todas as pesquisas, contemplaram análises
químicas semelhantes.
O depósito de ametista da Serra do Sudário está localizado a cerca de 14km da BR-116 a norte
de São Pedro do Avaí. As análises químicas da ametista da Serra do Sudário mostram que não foi feita
análise para SiO2. Quanto aos teores de ferro e alumínio, se comparados com os teores desses mesmos
elementos na ametista de Pau D’Arco, verifica-se que eles são duas a quatro vezes menores que os da
ametista paraense. Por outro lado a intensidade da cor da ametista de Pau D’Arco é maior que as da
Serra do Sudário. Campos (1999) utilizando-se de um diagrama comparando os teores de ferro e as
tonalidades de cor de ametista da Serra do Sudário com as de Alto Uruguai, Alto Bonito e Pau
D’Arco, verificou que valores maiores de ferro, como ocorre na ametista de Alto Uruguai não garante
a ela cor mais intensa. O que se conhece é que teor anômalo de ferro é responsável pela obtenção de
citrino, a partir dessa ametista, o que não se verifica com as de Pau D’Arco (Epstein 1988) e da Serra
do Sudário (Campos 1999). Observa-se também que sob temperatura da ordem de 200°C, por cerca de
20h, a ametista da Serra do Sudário começa a perder a intensidade violeta (Campos & Cesar-Mendes
1997). Além dessas evidências (Campos 1999) analisando o espectro de absorção na região do
infravermelho verificou que, ele mostra uma broad band com máximo de 3.448 cm-1, típica de quartzo
de baixa temperatura de cristalização, concluindo que essa ametista foi formada por fluidos
mineralizantes de origem meteórica, aquecidos em profundidade e que percolaram as rochas
quartzíticas, promovendo a solubilização e o transporte da sílica e dos íons Al e Fe até a zona de
cristalização do quartzo.
Para Cassini (1998), a ametista de Pau D’Arco, localizada em Conceição do Araguaia, a
sudoeste do Estado do Pará, foi formada por processo hidrotermal, estando encaixada em rochas
quartzíticas. Esses processos envolvidos na sua formação relacionam-se a um evento magmático
remobilizando SiO2, Al2O3, Fe2O3, TiO2, F, V e Co das encaixantes e precipitando essa solução em
regiões de menor tensão, provocadas por efeitos tectônicos. Quanto à coloração da ametista, o
causador de cor é o ferro encontrado na rocha encaixante.
Ainda referente a Cassini (1998) é enfatizado que a Mina de Alto Bonito no Município de
Marabá, é encontrada em depósito primário associados a quartzito e, também a depósito secundário. É
uma ametista reconhecida pelo seu grau de pureza, pois possui poucas fissuras e caracteriza-se por

79
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

ausência de inclusões cristalinas. A análise química da ametista paraense é bastante similar a de Pau
D’Arco (Tabela 6.2), à exceção de SiO2 que é de 1,5% maior em Pau D’Arco.
Quanto à ametista de Alto Uruguai, os principais depósitos localizam-se nos Municípios de
Planalto, Iraí, Frederico Westphalen e Ametista do Sul, distando cerca de 450km de Porto Alegre. As
análises químicas para elementos maiores (SiO2, Al2O3, Fe2O3 e TiO2) indica uma concentração
similar à de Pau D’Arco e Alto do Bonito, porém os elementos traços F e V, são menores. Para Cassini
(1998), a ametista do Alto Uruguai é oriunda de processo hidrotermal ligado a uma fase de
vulcanismo.
Concluindo, verifica-se que há uma relação inversa entre os valores de Al2O3 comparados com
os de SiO2, devido a substituição do silício pelo alumínio na estrutura do quartzo, a qual será
compensada pela incorporação de Na, K e Li. Esses elementos compensadores de carga são
identificados nas análises químicas como elementos traços. Geralmente, o Na é encontrado com valor
maior que o K, pois este último, somente em caso que ocorra junto ao Fe consegue entrar na estrutura
do quartzo.
Sintetizando para a gênese do quartzo hidrotermal, o primeiro passo para que tenhamos a
formação de veios, é que aconteça o metamorfismo de pacotes altamente silicosos levados à
condições, como as explicitadas no diagrama de Fyfe et al. (1978) (Figura 6.1). Para que aconteça a
formação da ametista, além das formações silicosas, o sistema deve ser anômalo em ferro.

6.2 – GÊNESE DOS NÚCLEOS QUARTZOSOS PEGMATÍTICOS


Como já foi claramente exposto, os pegmatitos podem ser de origem anatética ou granítica. No
ambiente anatético acontece a fusão parcial de rochas e, a conseqüente cristalização de minerais
félsicos conjuntamente, em função da pequena diferença de temperatura entre a encaixante e o volume
a ser cristalizado. Não é possível a formação de um resíduo essencialmente silicoso que propiciaria a
formação de núcleos quartzosos bem definidos. Portanto, os cristais por ventura formados, estariam
intercrescidos, por exemplo, com, feldspato e mica impedindo assim a formação de quartzo hialino. A
presença de elementos voláteis (os causadores de cor, na irradiação), em teores consideráveis é
praticamente impossível nesse ambiente de cristalização.
Quanto aos pegmatitos ígneos, trata-se de uma cristalização fracionada muito lenta, num
ambiente concentrador de todos os elementos químicos, tornando possível a sua incorporação como
elementos dopantes, na estrutura do quartzo por ventura cristalizado. A solução residual de um corpo
normalmente granítico cristaliza todos os minerais raros na zona intermediária entre a zona mural e o
núcleo. Nas zonas marginal e mural, a presença do quartzo é similar a dos pegmatitos anatéticos
(intercrescidos com outros minerais) impossibilitando a formação de cristais hialinos maiores.
80
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

A Figura 6.2 de Uebel (1977) ilustra as várias zonas e o aparecimento do núcleo quartzoso nos
corpos pegmatíticos.

Figura 6.2 - O esquema apresentado por Uebel (1977) reflete o desenvolvimento do núcleo quartzoso em função
da superfície de afloramento de um corpo pegmatítico.
81
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Na zona intermediária são encontradas as espécies minerais típicas dos pegmatitos, por
exemplo, berilo, topázio, apatita, minerais contendo lítio e outros minerais raros, além de albita
geralmente na forma de cleavelandita. Concluída a cristalização dessas zonas, sobra praticamente uma
solução silicosa. Daí é cristalizado o núcleo quartzoso dos pegmatitos. Desses núcleos, além do
quartzoso leitoso, é possível retirar porções hialinas. Lógico que, mesmo um pegmatito de origem
granítica pode se tratar de um corpo simples (não portador de elementos raros) e não desenvolver
núcleo quartzoso bem definido. Portanto, os núcleos quartzosos com porções hialinas, passíveis de
sofrerem mudança de cor no processo de irradiação, estão inseridos naqueles corpos portadores de
elementos raros. O lítio desempenha um papel importante na mudança de cor e só aqueles corpos,
onde é possível observar uma riqueza de mineral de lítio, apresenta o núcleo de quartzo, com porção
hialina, com potencial de transformação nas novas gemas descobertas em laboratório na década
passada (beer,champagne, cognac, green gold e whisky).
A região de Galiléia e Conselheiro Pena é clássica pela ocorrência de pegmatitos altamente
diferenciados e portadores de elementos raros e essa distribuição, representa uma faixa alongada e de
direção aproximadamente norte-sul.
Fanton et al. (1978) e Moura et al. (1978) efetuaram um cadastramento e definiram a
potencialidade dos pegmatitos de médio a grande porte para a produção de minerais-industriais como
feldspato e mica, além de grandes núcleos quartzosos.
Na área objeto dessa dissertação de mestrado, ocorre minerais primários de lítio, quer silicatos
quer fosfatos. Os primeiros tem distribuição mais restrita conforme Netto et al. (1998) e não foram
contemplados com maiores pesquisas mineralógicas e químicas. Quanto aos minerais fosfáticos, esses
possuem paragêneses mineralógicas que tem sido investigadas mais intensamente, pois a área atingiu
interesse mundial, como possuidoras de inúmeros minerais para estudo científicos, para
colecionadores particulares e para museus. Em vista disso, os fosfatos de lítio das séries ambligonita e
trifilita, tem sido identificados em várias minas conforme os estudos de Correia Neves et al. (1980),
Bilau et al. (1998), Alves & Atencio (1998), Karfunkel et al (1999), Scholz (2002) e Chaves et al
(2005)
A distribuição desses minerais litiníferos, nessas diversas minas, vem reforçar a importância
que o elemento lítio teve como dopante no quartzo hialino presente nos núcleos desses pegmatitos.
Conteúdos mínimos nas amostras analisadas das Minas Boca Rica e do Bode, que são responsáveis
pelo desenvolvimento de cor nessas amostras, após irradiação gama, seguido de tratamento térmico,
estão associadas à mineralizações em lítio proveniente dos granitóides da Suíte Urucum.

82
CAPÍTULO 5
PEGMATITO

A palavra pegmatito é derivada do grego, que significa ligado ou conectado junto em uma trama.
O termo foi usado pela primeira vez, pelo mineralogista Abbé Harry, no início dos anos 1800, para definir
rochas que apresentavam intercrescimento geométrico entre quartzo e ortoclásio ou microclínio,
denominado granito gráfico, devido à comparação visual com a escrita cuneiforme antiga (Kemp 1924).
O significado da palavra sofreu alterações nas três décadas posteriores, quando Jahns (1955)
definiu pegmatito como uma rocha holocristalina, que é em parte constituída de granulometria muito
grosseira e cujos constituintes mais importantes incluem minerais tipicamente encontrados em rochas
ígneas comuns.
Nos pegmatitos observam-se variações texturais extremas, no que tange ao tamanho dos grãos,
refletindo em sua característica macroscópica.
Atualmente o termo pegmatito é aplicado como tendo sido formado tanto por uma fonte de
diferenciação magmática quanto por uma anatexia. Os pegmatitos essencialmente ígneos são derivados de
uma fusão residual, enquanto os anatéticos de constituintes maiores móveis de uma rocha quartzo-
feldspática, distribuídos nas áreas de menor pressão (Brisbin 1986).
No Brasil, na Província Pegmatítica Oriental, os pegmatitos anatéticos estão correlacionados a
vários eventos tectônicos, os quais são responsáveis pelo desenvolvimento de corpos localizados a sul
dessa província e que se distribuem do município de Caratinga até as proximidades de Juiz de Fora. Esses
pegmatitos são também denominados não diferenciados, possuindo mineralogia constituída por quartzo,
feldspato ou caulim e mica. Em geral nos pegmatitos anatéticos não são encontrados minerais-gemas e,
portanto, são lavrados apenas para minerais industriais (César-Mendes 1995).
Quanto aos pegmatitos essencialmente ígneos, eles estão posicionados em rochas crustais em
condições de metamorfismo de grau mais baixo do que aqueles anatéticos (César-Mendes & Jordt-
Evangelista 1994), são denominados diferenciados, por conterem uma gama variada de minerais-gemas.
Na Província Pegmatítica Oriental, eles se distribuem, a partir de um paralelo passando a norte de
Caratinga, como a região de Galiléia, Araçuaí e São Jose da Safira (Sá & Ellert 1981).
London (2008) propõe que se identifiquem os pegmatitos em campo, caracterize-os
essencialmente como uma rocha ígnea, em geral de composição granítica, diferenciada de outras rochas
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

ígneas por sua granulação extremamente grossa e de tamanho variado ou abundância de cristais com
textura gráfica
As pesquisas em pegmatitos, tiveram seu maior desenvolvimento durante a II Guerra Mundial,
devido a procura por minerais considerados estratégicos como mica, quartzo, berilo, minerais de lítio,
cassiterita e tantalita. Nesse período, os trabalhos de Johnston Jr. (1945a, b e c), no nordeste do Brasil em
centenas de corpos permitiram classificar os pegmatitos em homogêneos e heterogêneos. Os heterogêneos
foram subdivididos em quatro zonas de diferenciação, e em geral, além de quartzo, feldspato e moscovita
encontrados nos homogêneos, mostram minerais acessórios importantes como berilo, tantalita,
espodumênio, quartzo hialino e mica branca em grandes placas.
Até hoje a classificação interna dos pegmatitos mais utilizada, é a de Cameron et al. (1949), a qual
foi definida em pesquisa feita pelo United States Geological Survey (USGS), nos depósitos magmáticos
americanos. Sua estrutura interna foi sistematizada em três tipos básicos quanto à mineralogia e textura
presente ou em ambas. Foi definida a classificação de zonas de cristalização primárias, representando
capas sucessivas completas ou incompletas, distribuídas concentricamente em torno de um núcleo
quartzoso. Essas zonas foram denominadas marginal (border zone), mural (wall zone), intermediária
(externa, média e interna) e núcleo. Além dessas zonas, foram definidos os corpos de substituição e
aqueles oriundos de preenchimento de fratura. Na Figura 5.1 pode ser observada a relação entre três
unidades em corpos de origem granítica.

Essa classificação de Cameron et al. (1949) foi possível a partir do conhecimento acumulado por
Fersman (1931), Landes (1933), Hess (1933) e Johnston Jr. (1945a, b e c), os quais estabeleceram uma
ordem de cristalização e uma associação mineralógica em corpos pegmatíticos graníticos. Estudos
posteriores sobre o zoneamento de pegmatitos tiveram uma grande contribuição de geólogos russos
(Nedumov 1964, Solodov 1964 e Varlamoff 1972 e 1978), levando em consideração a distribuição
mineralógica vertical, sua morfologia e a relação dos minerais presentes com a fonte granítica.

O núcleo de pegmatito é essencialmente quartzoso. Para essa dissertação de mestrado é importante


o núcleo quartzoso dos pegmatitos de origem ígnea, uma vez que o quartzo contém em sua estrutura
aqueles elementos responsáveis pela mudança de cor, no processo de irradiação e tratamento térmico. O
quartzo de núcleo pegmatítico de origem anatética não apresenta interesse para essa dissertação de
mestrado, tendo em vista que o elemento Li combinado com o Al, Fe, H, K e Na, não apresenta
concentração suficiente para a mudança de cor do quartzo. Do quartzo dos núcleos quartzosos de
pegmatitos ígneos são obtidas as variedades gemológicas, beer, champagne, cognac, green gold e whisky.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Zonas
Preenchimento
de fraturas

Corpo de
substituição

Figura 5.1 – Esquema mostrando a distribuição das três unidades estruturais no interior dos corpos pegmatíticos
(Cameron et al. 1949).

Para essa dissertação de mestrado, é importante a classificação de pegmatito estabelecida por


Černý (1991), onde esses corpos são definidos como portadores de elementos raros enriquecidos em LCT
(lítio, césio e tântalo) e NYF (nióbio, ítrio e flúor). De uma maneira geral, os pegmatitos da subclasse LCT
portam minerais-gemas como espodumênio (kunzita, hiddenita), grupo da turmalina e algum berilo,
enquanto os NYF são promissores para topázio. Em ambos, o núcleo de quartzo pode ser pronunciado,
mas apenas no LCT existe grande potencial para o aparecimento das novas gemas oriundas do quartzo.
Os trabalho de Jahns & Burham (1969) e London (1992) tratam da composição dos voláteis
existentes no sistema residual granítico, que origina um pegmatito. Para esses autores, um pegmatito
granítico altamente diferenciado, originado por uma cristalização fracionada, com elevado conteúdo de
H2O e outros voláteis como F-, Cl-, CO32-, BO33-, Li+ e PO43-, é o ambiente ideal para encontrar quartzo
passível de sofrer mudança de cor na irradiação.
Para que o quartzo apresente potencial gemológico quando submetido à espectrografia de
absorção da região do infravermelho com Transformada de FOURIER (FTIR), primeiramente ele deve ser
57
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

hialino. Condições para o crescimento de cristais com tamanho adequado e característica de hialinidade,
só acontecem na cristalização fracionada de pegmatitos. O ambiente de cristalização anatética não é ideal
para o aparecimento de um núcleo bem definido, onde o quartzo pode crescer em temperatura e pressão
adequada. Esse condicionante geológico-tectônico, no Estado de Minas Gerais, só aparece a norte de
Caratinga (latitude 19º 47’24”S) (César-Mendes 1995).
Como já foi mostrado, outro fator importante é a riqueza de voláteis no sistema pegmatítico, o que
permite (além da formação de minerais desses voláteis) a sua incorporação como dopante, na estrutura
cristalina do quartzo. Esse é o raciocínio que permeia a revisão bibliográfica sobre pegmatitos, até agora
apresentada. A seguir serão mostrados os ambientes geológicos que permitiram o aparecimento das
Províncias Pegmatíticas Brasileiras, dando ênfase a Província Pegmatítica Oriental, no Estado de Minas
Gerais.

5.1 – AS PROVÍNCIAS PEGMATÍTICAS BRASILEIRAS

São conhecidas 03 (três) províncias pegmatíticas no Brasil, numa clássica delimitação feita por
Paiva (1946). A Figura 5.2 apresenta essas províncias pegmatíticas nomeadas por Paiva (1946) como
Províncias Pegmatíticas Oriental, Nordestina e Meridional.
A Província Pegmatítica Nordestina é composta pelas Subprovíncias Borborema (Rolff 1946) e
Ceará. A do Ceará representada, por Cristais e Berilândia (Johnston Jr. 1945a, b e c). Rolff (1946)
delimitou a Subprovíncia Borborema, a partir da pesquisa em mais de seiscentos corpos pegmatíticos e
Johnston Jr. (1945a, b e c), em trabalhos na região de Berilândia e Cristais.
A Província Pegmatítica Meridional é de dimensão reduzida e aflora nas regiões de Itapecirica e
Mogi da Cruzes, ambas em São Paulo. Trata-se de uma região portadora de pegmatitos simples, sendo
importante pela produção de minerais industriais para as indústrias da grande São Paulo.
A Província Pegmatítica Oriental, conhecida desde a entrada e bandeiras, é a que tem sido objeto
de mais investigações nas últimas décadas.
As minas onde foram retirados os cristais de quartzo dos núcleos pegmatíticos estão inseridas na
Província Pegmatítica Oriental, em Minas Gerais. A seguir, serão apresentados dados bibliográficos sobre
essa província pegmatítica.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Figura 5.2 - As Províncias Pegmatíticas Nordestina, Oriental e Meridional (Paiva 1946).

5.2 – A PROVÍNCIA PEGMATÍTICA ORIENTAL\

A Província Pegmatítica Oriental, assim denominada e delimitada por Paiva (1946), é


representada por uma faixa de aproximadamente 800km de comprimento por 100 a 150km de largura,
geograficamente estendendo-se no sentido norte-sul, do sul do Estado da Bahia (Municípios de Vitória da
Conquista e Itambé) até a região de Juiz de Fora (Minas Gerais) e leste-oeste de Pancas (Espírito Santo) a
Itabira (Minas Gerais).

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Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Historicamente, o interesse pela denominada Província Pegmatítica Oriental começou no século


XVI, quando bandeirantes buscavam ouro e a famosa Serra das Esmeraldas. Para tentar atingir os seus
objetivos, os bandeirantes prepararam várias expedições para alcançar o atual Estado de Minas Gerais
através dos rios Jequitinhonha e Doce. Eles tinham informações de que existia esmeralda em grandes
quantidades numa montanha denominada de Serra Resplandecente. Esses depósitos foram descobertos na
expedição de 1676 de Fernão Dias Paes Leme, na atual Serra do Cruzeiro, localizada no município de São
José da Safira (Netto et al. 1998). Segundo a história, a esmeralda imaginada por Fernão Dias, se tratava
de turmalina verde (um mineral até então desconhecido).
O interesse pela busca de minerais-gemas foi incrementado, em Minas Gerais, pela descoberta de
topázio em Ouro Preto, no começo do século XIX e um cristal de água marinha, em 1811, pesando 07kg,
nas cabeceiras do rio São Mateus, próximo a atual cidade de Teófilo Otoni (Moura 1981, in Proctor 1984).
Proctor (1984) comenta que nessa época, a então vila de Teófilo Otoni, passa a ser o centro da
atividade de exploração da água marinha e tem início os negócios com a Alemanha. Já no início de 1900,
aparecem os primeiros garimpos no Rio Marambaia, cerca de 83km a norte de Teófilo Otoni (Lucio
1980, in Proctor 1984) e é dessa época, a descoberta de uma água marinha pesando 110,5kg que
consolida a região como um grande centro produtor desse mineral gema (Shinkankas 1974 e
1981, in Proctor 1984).
Outros fatos consolidaram o interesse pela busca e produção de minerais-gemas no Estado de
Minas Gerais. O primeiro foi a redescoberta, em 1914, de turmalina verde na Mina do Cruzeiro
(município de São José da Safira) e (Lucio 1980, in Proctor 1984) e o segundo, de turmalina multicores na
Serra de Itatiaia (Conselheiro Pena).
A II Guerra Mundial provocou uma maior atividade na Província Pegmatítica Oriental, visando
produzir minerais raros como quartzo, mica e berilo. Os depósitos minerais de origem pegmatítica e fonte
de minerais-gemas (água marinha, topázio, turmalina e quartzo) também se tornaram importantes
produtores de minerais raros como mica, berilo industrial e minerais de lítio.
Com o término do conflito mundial houve uma redução drástica na mineração voltada para a
guerra na Província Pegmatítica Oriental, iniciando o período da produção de minerais-gemas e minerais
industriais, como feldspato, mica e quartzo para a indústria nacional.
Nos trabalhos de campo para essa dissertação foi observado que todas as minerações que
produziam quartzo para irradiação estavam inseridas em pegmatitos altamente diferenciados e ricos em
minerais de lítio. Portanto a definição de distritos pegmatíticos onde se encontram corpos com essa

60
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

característica é necessária para um melhor entendimento desse trabalho. As primeiras pesquisas sobre esse
assunto, foi a de Issa Filho et al. (1980), onde foram propostos dois distritos na região do Vale do Rio
Doce, entre Aimorés e Itambacuri. Eles foram denominados de Distritos Conselheiro Pena e Governador
Valadares. Posteriormente, Correia Neves et al. (1986) agruparam os pegmatitos do Vale Jequitinhonha
no Distrito de Araçuaí e os do Rio Doce, no Distrito de Governador Valadares. Lobato & Pedrosa Soares
(1993), dividiram a província em 05 distritos, onde além dos dois distritos já citados propõem a inclusão
dos Distritos de Santa Maria de Itabira, Caparaó e Juiz de Fora. Apesar da criação dos 03 novos distritos,
eles não apresentam interesse para essa dissertação de mestrado, uma vez que os pegmatitos são não
diferenciados e não portam minerais de lítio. Os únicos distritos que apresentam interesse para irradiação
de quartzo são os de Araçuai e Conselheiro Pena.
Outra classificação que apresenta interesse para essa dissertação é a de Netto et al. (1998). Eles
dividem a Província Pegmatítica Oriental em 07 distritos e 21campos pegmatíticos, utilizando critérios
geológicos, como encaixante, possível associação com granito fonte e critérios geográficos. Um desses
distritos pegmatiticos é o de Conselheiro Pena, onde está inserido o Campo Pegmatítico Galiléia-Mendes
Pimentel.
Netto et al. (1998) também realizaram cadastramento na Província Pegmatítica Oriental na escala
1:100.000, posicionando 796 lavras em 20 folhas topográficas. Esse cadastramento identificou locais
possíveis de extração de minerais-gemas e/ou industriais, delimitando áreas onde predominam minerais-
minérios, minerais-gemas e industriais. O quartzo, objeto desta dissertação de mestrado, ocorre em toda
província, quer como hialino, leitoso, róseo ou enfumaçado. Como já foi mostrado, a possibilidade de
quartzo de núcleo pegmatítico adquirir cor através de irradiação gama, seguida de tratamento térmico
requer que ele seja hialino e que contenha o íon dopante lítio na sua estrutura cristalina. Portanto, as áreas
potencialmente ricas em lítio, é que devem ser pesquisadas para quartzo, com possibilidades de mudança
de cor.
No Brasil, toda a produção de lítio advém de minerais litiníferos encontrados nos pegmatitos,
basicamente espodumênio, lepidolita e ambligonita ou como suas alterações eucriptita (LiAlSiO4),
bikitaíta (LiAlSi2O6H2O) e cookeíta [LiAl4(Si3Al)O10(OH)8]. Toda a produção em Minas Gerais, está na
região de Araçuaí-Itinga, no Médio Jequitinhonha, onde opera a Companhia Brasileira de Lítio (CBL). No
Vale do Rio Doce, pegmatitos localizados nos municípios de Governador Valadares, Galiléia, Mendes
Pimentel, Conselheiro Pena, Resplendor e Divino de Laranjeiras são ricos em ambligonita, lepidolita e
espodumênio (Netto et al. 1998).

61
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

O lítio está entre os elementos menores na composição das soluções formadoras de pegmatitos
graniticos, possuindo suas próprias espécies e na estrutura de vários minerais, como o quartzo e nos
grupos dos piroxênios, anfibólios, micas e turmalinas (Henrich 1978). Observações de campo feitas para
essa dissertação de mestrado sugerem que quartzo passível de mudança de cor sob irradiação, sempre
ocorre em corpos onde facilmente são vistos minerais de lítio, como o espodumênio, lepidolita e, às vezes,
ambligonita. Uma segunda observação é a de que a presença de fosfato de lítio (macroscópicamente
descrito como ambligonita) está sempre presente nos corpos pegmatiticos onde seus núcleos quartzosos
portam porções hialinas, que mudam de cor após a irradiação gama. Feitas essas considerações sobre a
química e a mineralogia dos corpos pegmatíticos, a seguir apresenta-se os itens que posicionam geográfica
e geologicamente a região de Galiléia e Conselheiro Pena.

5.2.1 – Localização e Vias de Acesso

A região de Galiléia e Conselheiro Pena podem ser acessados por rodovias e pela Estrada de Ferro
Vitória/Minas (EFVM) que liga Vitória a Belo Horizonte (Figura 5.3).

Figura 5.3 – Mapa de localização e vias de acesso a região de Galiléia e Conselheiro Pena, em Minas Gerais.
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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Inicialmente, por rodovia e partindo de Ouro Preto na MG-262 que liga esta cidade ao município
de Ponte Nova, num trecho de 98km. De Ponte Nova segue-se pela MG-329 até o trevo com a BR-262,
próximo a Rio Casca, num percurso de 41km. Daí percorrem-se 79km até Realeza (município de
Manhuaçu), pela BR-262. De Realeza segue-se pela BR-116 até a cidade de Governador Valadares, num
percurso de 178km. Desta cidade através da BR-381 e a BR-259 chega-se a Galiléia após 72km. De
Galiléia a Conselheiro Pena são 26km.Todas essas rodovias são asfaltadas e em boas condições de tráfego.
Outra opção, partindo-se de Ouro Preto, é seguir pela BR-356 até o trevo com a BR-040 e
posteriormente até Belo Horizonte após percorrer 98km. De Belo Horizonte, o trajeto para Galiléia -
Conselheiro Pena, é feito utilizando-se a rodovia federal BR-381, no trecho Belo Horizonte - Governador
Valadares, num percurso de 310km. De Governador Valadares até Galiléia e Conselheiro Pena segue-se
pela BR-381 e BR-259, num percurso de 72km e 98km, respectivamente. As rodovias de acesso
relacionadas acima todas pavimentadas. Das sedes dos municípios aos garimpos, o acesso é feito por
estradas secundárias não pavimentadas, porém de transito normal durante todo ano.

5.2.2. Aspectos Fisiográficos, Climáticos,Vegetação e Atividade Humana

O Rio Doce, principal curso fluvial da região, corta diagonalmente os municípios de Galiléia e
Conselheiro Pena, na direção S70E (Figura 5.4).
Entre Galiléia e Conselheiro Pena, o Rio Doce formou poucos terraços aluvionares arenosos e
argilo-arenosos, ocasionalmente recobertos pelas águas durante o período chuvoso. O rio corre encaixado
entre maciços na forma de meia-laranja, formado pelos Xistos São Tomé.
A rede hidrográfica é predominantemente dendrítica e o relevo é tipicamente resultante de erosão
diferencial, modelado pelo intemperismo e pela erosão. Regionalmente destaca-se a topografia típica de
pães-de-açúcar em algumas rochas granitóides e espigões orientados segundo NW-SE no Xisto São Tomé,
além de morros arredondados, escarpas lineares e terraços nivelados, desenvolvidos nas margens do Rio
Doce e moldados no Tonalito Galiléia.
A região mostra caráter juvenil devido à elevação em que foi submetida em época relativamente
recente (Barbosa et al. 1966) com suas elevações mais proeminentes com cotas superiores a 900m e
representadas pelos quartzitos da Formação João Pinto. O leito do Rio Doce, entre Galiléia e Conselheiro
Pena, corre numa cota de aproximadamente 100m.

63
D rum m ond N . F., 2 009 Am bientes G eológicos e M udanças de C or no Q uartz o H ialino.

Rio Doce

C ons elheiro P ena

Figura 5.4 – Im agem de satélite obtida do G oogle Earth, onde estão representadas as cidades, distritos, suas coorden adas e as m inas de quartzo nos m unicípios de
G aliléia e C onselheiro Pena, em M inas G erais.

64
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.68, 195 p.

Nos municípios de Galiléia e Conselheiro Pena, o clima dominante é o sub-úmido a semi-


árido, caracterizado por uma precipitação anual de 800 a 1.000mm. O período chuvoso ocorre de
outubro a março e o trimestre com maior precipitação, refere-se aos meses entre novembro e dezembro
quando a precipitação varia de 400 a 500mm. No período mais seco, entre junho e agosto, a
precipitação é inferior a 100mm.
A temperatura média anual fica em torno de 23ºC, com o mês mais quente (fevereiro)
atingindo 26 ºC e o mês mais frio (junho) variando de 17ºC a 24ºC (Freitas & Pereira 1987).
A vegetação atual é representada por tipos arbóreos de médio a grande porte, com distribuição
espaçadas e com intercalações dispersas de menores expressões. A vegetação natural foi totalmente
retirada com a derrubada das matas para pastagem e para produção de carvão vegetal. Vestígios da
vegetação primária ainda podem ser observados nas partes mais elevadas, onde a sua retirada é mais
difícil.
A atividade principal da região é a pecuária de leite e de corte, seguida da agricultura, que está
limitada ao relevo e a baixa fertilidade dos solos. A mineração, uma atividade muito importante é
representada por lavra de minerais-gemas nos pegmatitos. Importante destacar o papel que a atividade
mineral confere às regiões carentes de trabalho. Dados de Gros (1993, in Vieira 2000) indicam que
aproximadamente 45% da população do nordeste de Minas Gerais, onde está inserida a província
pegmatítica, depende quase que exclusivamente da atividade mineral e de lapidação. Dados da
Secretaria de Estado de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos do Estado de Minas Gerais
(SEME) mostram que o valor da produção mineral (VPM) do estado em 1998, foi da ordem de US$
3.3 bilhões, correspondendo a 35% do VPM brasileiro, excluidos os energéticos. Tal fato demonstra a
importância que o setor mineral possui no estado (Oliveira 2000). Quaresma (1993) destaca que a
mineração em Minas Gerais gera um fator monetário multiplicador na razão de 1:13, ou seja, para
cada unidade monetária produzida na mineração, outras 13 são geradas na industria de transformação,
sendo a relação de empregos, situada em 1:5. Esses números por si só, são suficientes para demonstrar
a importância do setor mineral como gerador de receita e empregador de mão-de-obra, principalmente,
em regiões carentes como o nordeste de Minas Gerais.

5.3. ASPECTOS GEOLÓGICOS DA REGIÃO DE GALILÉIA E CONSELHEIRO


PENA
O primeiro trabalho de mapeamento geológico sistemático, foi feito por Barbosa et al. (1964),
numa área de aproximadamente 1.460km2, inserida na Folha Rio Doce (SE-24), nas quadriculas de
Barra do Cuieté e Conselheiro Pena.

65
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Posteriormente, o mapeamento geológico feito pela atual CODEMIG foi divulgado por Fanton
et al. (1978) e Moura et al. (1978). Trabalhos mais recentes como o de Vieira (2000), Oliveira (2000),
Féboli (2002), Féboli & Paes (2002), na região de Galiléia e Conselheiro Pena, apresentam novos
dados de mapeamento geológico e de cadastramento de recursos minerais.
A partir de todos esses trabalhos geológicos sobre a região de Galiléia e Conselheiro Pena
ficou claro que ela é constituída, principalmente, por litotipos metassedimentares xistosos, quartziticos
e gnáissicos e todos possuindo metamorfismo de médio a alto grau. Todo esse pacote foi cortado por
intrusões graníticas, as quais se apresentam em duas séries geneticamente distintas, ambas ricas em
pegmatitos graníticos.
A Tabela 5.1 apresenta as idades e as principais unidades lito-estratigráficas (com suas
denominações), onde são encontradas as minas que foram objetos de amostragem para essa dissertação
de mestrado.

Tabela 5.1 - Coluna litoestratigráfica da região de Galiléia e Conselheiro Pena (Distrito Pegmatíitico de
Conselheiro Pena), definido em partes das Folhas Conselheiro Pena / São Gabriel da Palha (Oliveira 2000),
Quartenário

Itabirinha de Mantena (Vieira 2000), Governador Valadares (Féboli 2002), Itanhomi (Féboli & Paes 2002)
Cenozóico
65Ma

Aluviões, terraços aluvionares


Fanerozóico

Granitos pós-tectônicos
Eocambriano
Paleozóico
570 Ma

Granito Laranjeiras
Granitos tardi- a pós-tectônicos
Granito do Rapa
Granito (Granodiorito) Palmital
Granito Urucum
Faixa móvel
Granitos sin-tectônicos
Proterozóico

zóico
1000 Ma

Suite Intrusiva Galiléia


Neoprotero

Tonalito Galiléia
Tonalito São Vitor
Grupo Rio Doce
Formação São Tomé.
Formação Tumiritinga
66
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.68, 195 p.

A Figura 5.5 apresenta o mapa geológico da região de Galiléia e Conselheiro Pena. Nessa
região, o Grupo Rio Doce é contituído pelas Formações Tumiritinga e São Tomé. Os litotipos da
Formação Tumiritinga foram atribuídos por Barbosa et al. (1966) no Grupo Tumiritinga, enquanto no
Projeto Leste a unidade basal do Grupo Rio Doce foi considerada como uma equivalente lateral da
Formação São Tomé, porém com um grau metamórfico mais alto (Netto et al. 1998). A Formação
Tumiritinga é constituida por uma sequência composta de biotita-sillimanita-granada-(grafita)
gnaisses, sillimanita-biotita gnaisses e cordierita-sillimanita-gnaisses. Na Figura 5.5 a formação ocupa
uma pequena área a NW de Galiléia e está em contato com a Formação São Tomé.
A Formação São Tomé, também designada de Xisto São Tomé (Barbosa et al. 1964), foi
definida no Córrego São Tomé, que deságua no Rio Doce a jusante da cidade de Galiléia. Suas rochas,
variam de xisto stricto sensu, a xistos gnaissóides e a gnaisses, todas elas cortadas por pegmatitos.
Pinto et al. (1997, in Oliveira 2000) subdividiram a Formação São Tomé, em 03 novas
formações. A unidade 1, predominantemente quartzítica (Formação João Pinto); a unidade 2
caracterizada por xistos e quartzitos e a unidade 3 predominantemente constituída por xistos e gnaisses
(Formação São Tomé). Dessas três subdivisões, somente a unidade 3 está representada no mapa
geológico da Figura 5.5, a qual aflora numa faixa sul-norte, passando a leste da cidade de Galiléia,
predominando litotipos quartzo-biotita-moscovita xistos. Uma região importante para minerais-gemas
é a região de contato entre o Granito Urucum e o Tonalito Galiléia com os Xistos São Tomé, pois a
maioria dos pegmatitos está aí posicionada. Mesmo quando não afloram esses granitos e tonalitos, a
Formação São Tomé encontra-se cortada, em toda sua extensão, por pegmatitos.
Na região de Galiléia e Conselheiro Pena ainda ocorrem unidades dos Tonalitos São Vitor e
Galiléia, dos Granitos (Granodiorito) Palmital, Urucum e Rapa, todos relacionados a plutonitos tarde e
pós-tectônicos (Barbosa et al. 1964, Oliveira 2000).
Quanto ao Tonalito São Vitor (Vieira 2000), observa-se semelhança com as rochas do
Tonalito Galiléia, diferenciando-se apenas por abundantes xenólitos de Xistos da Formação São Tomé
e xistos e gnaisses da Formação Tumiritinga. Na Figura 5.5, essas rochas distribuem-se na parte
ocidental inferior, em contato com o Tonalito Galiléia e, na parte superior, em contato com a
Formação Tumiritinga. O Tonalito São Vitor possui cor esbranquiçada, granulação média a grossa e
mineralogia composta por quartzo, feldspato e biotita.
O Tonalito Galiléia (Barbosa et al. 1964) é a rocha de maior distribuição na região de Galileia
e Conselheiro Pena (Figura 5.5). Ele é intrusivo em todos os metassedimentos, formando batólitos,
stocks, soleiras e diques. Na Formação São Tomé, essa particularidade intrusiva, é observada pela
existência de xenólitos xistosos. Por sua vez, esse tonalito é cortado por todas as rochas plutônicas
granodioríticas, granitos e pegmatitos, como também por diques de diabásio. Para Barbosa et al. (1964
e 1966), o tonalito é uma rocha gnaissóide, formada essencialmente por quartzo, plagioclásio, biotita,
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Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

hornblenda e microclínio, com variações locais para uma composição granodiorítica ou granítica. Na
Figura 5.5, o Tonalito Galiléia está representado numa faixa NS, que aflora em ambas as margens do
Rio Doce e passando pela cidade de Galileia.

Figura 5.5 - Mapa geológico do Projeto Leste, na região das minas de quartzo Boca Rica e do Bode. Baseado
em Vieira (2000), Féboli (2002), Féboli & Paes (2002) e Oliveira (2002).

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.68, 195 p.

O Granito Urucum (Barbosa et al. 1964), na Figura 5.5 é constituído por dois plutonitos,
ambos a leste da cidade de Galiléia e na região do córrego do Urucum, situados em uma topografia
íngreme e intrusivos na Formação São Tomé, no Granodiorito Palmital e no Tonalito Galiléia. Trata-se
de uma rocha leucocrática a mesocrática, de granulação grosseira, cuja foliação gnáissica é dada pela
disposição da micas e também pelos porfiroblastos de feldspato.
O Granito (Granodiorito) Palmital (Barbosa et al. 1964), na região da Figura 5.5 está
encaixado nas rochas xistosas da Formação São Tomé, a leste e sudeste da cidade de Galiléia. Trata-se
de uma rocha leucocrática de granulação grossa, apresentando uma foliação pronunciada dada pela
mica, onde são identificados quartzo, feldspato, moscovita, biotita e granada (Oliveira 2000).
O Granito do Rapa (Barbosa et al. 1964), cujo nome provém do Córrego do Rapa, aflora a sul
de São Geraldo do Baixio e encontra-se intrudido na Formação São Tomé e no Tonalito Galiléia. É
uma rocha leucocrática de granulação fina a média, composta por quartzo, feldspato, moscovita e
granada, além de biotita.
O Granito Laranjeiras, aflorante a leste de Sapucaia do Norte, é uma rocha de cor cinza
esbranquiçada, granulação fina e constituída por quartzo, feldspato e biotita (Vieira 2000).
Os aluviões ocorrem ao longo dos rios e córregos, mais preferencialmente nas margens do Rio
Doce, formando depósitos areno-argilosos associados a cascalhos. Os terraços aluvionares são
encontrados nas margens do Rio Doce e são constituídos por depósitos areno-argilosos. São formações
recentes e ocorrem tanto nos leitos do rio como nas margens aonde houve mudança de curso.
Os granitóides da região do médio Rio Doce têm sido investigados por geocientistas desde a
década passada. Estudos realizados por Nalini Jr et al. (1997) mostram que a geologia da região de
médio Rio doce é caracterizada por granitóide, que são resultados de eventos magmáticos associados a
orogênese brasiliana (450-650 Ma). Dois conjuntos de rochas granitóides intrusivas se diferenciam por
suas características petrográficas e geoquímicas e de acordo com suas formas de intrusão.
A Suíte Intrusiva Galiléia (SIG) é representada por diferentes fácies que varia de anfibolito-
biotita-tonalitos a granodioritos, granitos e microgranitos intrusivos. Essa rochas possuem índices de
saturação em alumina (Al/CNK) entre 0,85 a 1,07 posicionando assim entre as rochas metaluminosas e
peraluminosas (Nalini Jr. et al. 2005).
Os valores de Al/CNK < 1,1 permitem indicar que esses granitóides fazem parte dos granitos
do tipo I de Chappell & White (1974).
Os estudos geobarométricos sugerem que estas rochas cristalizaram-se sobre pressões de 8-
10kbar e a temperaturas de 600 a 700°C. Outras determinações indicam pressões acima de 10kbar e
temperaturas de 750 a 850°C (Nalini Jr. et al. 1997 e 2005). As idades são bastante variadas para esses
granitóides. Dados de Rb/Sr indicam 540 – 650 Ma e idades K/Ar entre 449 e 469 Ma (Nalini Jr. et al.
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Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

1997) e idade U/Pb de 595 Ma (Nalini Jr. 1997, Bilal et al. 2000). Esses granitóides estão associados a
um magmatismo pré colisional de orogenia Brasiliana (Nalini Jr. et al. 2000).
A Suíte Intrusiva Urucum (SIU) é caracterizada por diferentes fácies de granitos a duas micas.
Os plutonitos da Suíte Urucum intrudiram em ambos, metassedimentos da Formação São Tomé e na
Suíte Metaluminosa Galiléia. Quatro fácies granitóides são identificadas no campo. Uma fácies
porfirítica a mega cristais de feldspatos potássicos (Urucum), uma fácies altamente deformada
(Palmital) de grãos médio a grossos, uma fácies a turmalina e uma fácies pegmatítica de elementos
raros contendo gemas (Nalini Jr. et al. 1997, 1998 e 2000). Ao lado da biotita e moscovita identificam
nesses granitóides o plagioclásio, feldspato potássico e o quartzo. Os demais minerais são a granada,
monazita, zircão, apatita e turmalina (Nalini Jr. et al. 1997, 1998 e 2000).
Os granitóides SIU possuem relação Al/CNK entre 0,98 e 1,38 posicionando-se como
peraluminosos e aproximando-se quimicamente dos granitos do tipo S de Chappell & White (1974).
Esses granitóides foram formados numa pressão de 4 a 5kbar com temperaturas entre 600 e 650°C. O
SIU possui idade de Rb/Sr de 503 Ma e U/Pb (em zircões) de 582 ± 2 Ma.
Estudos químicos e mineralógicos associados a trabalhos de campo realizados por Nalini Jr. et
al. (1998) indicam uma relação bastante estreita entre a Suíte Leucogranítica Urucum e os pegmatitos
zonados complexos que se distribuem na região. Conforme esses autores, esses pegmatitos são
formados por cristalização do líquido residual, contendo B, P, Cs, F, Li, Ta e Mn em torno de 540°C e
3,2 kbar que resultou da cristalização do leucograníto Urucum (Nalini et al. 1998).
Os granitóides Urucum representam a fase de colisão do ciclo Brasiliano, eles foram formados
a cerca de 750-600°C e 4kbar em um ambiente rico em fluidos a uma profundidade de 12km (Nalini et
al. 1998 e 2000). A cristalização de tais fácies, foi seguida pela cristalização das fácies turmalina, a
cerca de 700-650°C e da fácies pegmatíticas a cerca de 650-600°C (Nalini Jr. et al. 2000).

70
CAPÍTULO 4
O SUPERGRUPO ESPINHAÇO

A Serra do Espinhaço é uma cadeia de montanha, com aproximadamente 1.200km de


extensão, que se distribui da parte central do Estado de Minas Gerais até a divisa dos estados da Bahia,
Piauí e Pernambuco. Ela segue uma direção norte-sul, porém no Estado da Bahia sofre uma pequena
inflexão para NW.
Na altura do paralelo 17º 00’S, a serra apresenta uma descontinuidade, que a divide nos
segmentos setentrional e meridional (Knauer 2007). Em Minas Gerais, o Espinhaço Setentrional
distribui-se quase que completamente a leste da planície do Rio São Francisco, sendo cortado por esse
rio, em sua parte norte (Noce 1997).
O Espinhaço Meridional, a região onde estão inseridos os veios hidrotermais de quartzo de
interesse dessa dissertação de mestrado, situa-se no Estado de Minas Gerais. Geograficamente, esse
segmento é um importante divisor de água dos Rios Doce, Mucuri, Jequitinhonha e Pardo (Noce
1997). Ele se alonga por cerca de 300km, da região de Caeté / Itabira até a meio caminho da cidade de
Bocaiúva e Montes Claros (no norte de Minas Gerais) (Almeida Abreu 1995).
O grande interesse pela Serra do Espinhaço adveio com a descoberta de diamante nas
imediações da atual cidade de Diamantina, no inicio do século XVIII (Schöll & Fogaça 1979). Os
primeiros trabalhos realizados nessa região são de autoria de Eschwege (1822, 1832 e 1833) e de
Derby (1881 e 1906). Ainda nesse domínio foram feitos os trabalhos de Moraes (1929, 1932 e 1937),
Moraes & Guimarães (1930 e 1931) e de Barbosa (1949 e 1954).
Com referência a cartografia geológica, o mapa publicado por Moraes (1937) na escala de
1:2.000.000, engloba uma grande área da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais. Na década de 60 do
século passado, os trabalhos de mapeamento geológico na região do Espinhaço Meridional resultaram
em 12 folhas na escala de 1:100.000 (Pflug & Renger 1973). Desde então, foi criado o Centro de
Geologia Eschwege, em Diamantina, o qual produziu uma série de pesquisas geológicas, como
dissertações, teses e trabalhos científicos diversos, enfatizando este segmento. Visando integrar e
avaliar todas as informações disponíveis sobre o Espinhaço, foi feito o Projeto Espinhaço (1997), pela
Secretaria de Estado de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos do Estado de Minas Gerais
(SEME-MG), e a Companhia Mineradora de Minas Gerais (CODEMIG), em convênio com o Instituto
de Geociências (IGC/UFMG), onde foram obtidas 23 folhas, na escala 1:100.000, englobando
praticamente toda a geologia do Espinhaço, em Minas Gerais.
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

O Supergrupo Espinhaço Meridional possui três conjuntos litoestratigráficos bem definidos: o


Complexo Basal e os Supergrupos Rio Paraúna e Espinhaço (Almeida Abreu 1995). O Complexo
Basal, de idade arqueana, é representado por granito, gnaisse e migmatíto (Knauer 1990). O
Supergrupo Paraúna (Fogaça et al. 1984) possui duas unidades, uma inferior (Grupo Pedro Pereira),
composta por rochas metamórficas, ultramáficas, ácidas e metassedimentos de origem química
(Almeida Abreu 1995), de idade 2.971 ± 16 Ma (Machado et al. 1989) e outra superior (Grupo Costa
Sena) composta por xistos diversos com quantidade variável de quartzo e cianita, quartzito e
metavulcânicas ácidas, datadas por Machado et al. (1989) com a idade de 2.050 Ma.
Quanto ao último representante do Segmento Meridional (Supergrupo Espinhaço), onde estão
inseridos os veios hidrotermais portadores de quartzo hialino, foram subdivididos por Pflug (1968) em
08 formações, nas imediações de Diamantina. Essas unidades da base para o topo são representadas
pelas Formações São João da Chapada, Sopa-Brumadinho, Galho do Miguel, Santa Rita, Córrego dos
Borges, Córrego Bandeira, Córrego Pereira e Rio Pardo Grande. É necessário frisar, que a exceção dos
trabalhos realizados na Serra do Cabral [Walde 1976 (a e b), in Walde 1978), Viveiros & Walde
(1976, in Schöll & Fogaça (1979)], aqueles a sul{[Renger (1970), Kneidt (1974), Kux (1976), Hoppe
(1978)], in Schöll & Fogaça 1979} e a leste (Gorlt 1972, in Schöll & Fogaça 1979) nas vizinhanças de
Diamantina, não procuraram estabelecer correlações entre as litologias descritas e as formações
propostas por Pflug (1968). Nenhum desses trabalhos faz citação do quartzo hidrotermal nessa
sequência.
As principais unidades que compõem o Supergrupo Espinhaço, com suas litologias, espessuras
e as sugestões mais recentes acerca dos seus sistemas deposicionais estão apresentadas na Tabela 4.1
de uma maneira resumida.
A Formação Bandeirinha é constituída de metarenito, metaconglomerado e mais raramente
xisto. Alguns autores, Almeida Abreu (1995); [Martins Neto (1993); Silva (1995), in Renger &
Knauer 1995)] posicionam a Formação Bandeirinha na base do Espinhaço e sugerem que essa
formação, em conjunto com as Formações São João da Chapada, Sopa-Brumadinho e Galho do
Miguel compõem o Grupo Guinda. A Formação São João da Chapada é constituída por um pacote de
quartzito, na base e no topo e, separada por rochas magmáticas (Schöll & Fogaça 1979). A Formação
Sopa-Brumadinho é individualizada pelos níveis litoestratigráficos Datas, Caldeirões e Campo
Sampaio. O Membro Inferior Datas, é constituído por filito e filito quartzoso, que pode evoluir para
quartzito micáceo; o Caldeirões caracteriza-se por possuir quartzito predominando sobre
metaconglomerado e o Campo Sampaio é constituído de filito, metassiltito e intercalações de
metabrecha quartzitica (Almeida Abreu 1993, in Knauer 2007).
A Formação Galho do Miguel, caracteriza-se por quartzitos extremamente puros e granulação
fina, estratificação cruzada e com espessura variável de 500m a 2.000m ( Schöll & Fogaça 1979).
44
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Tabela 4.1 – Um resumo da coluna estratigráfica do Espinhaço Meridional, mostrando os principais grupos,
formações, características litológicas, sistemas deposicionais e espessuras (Almeida Abreu 1995; Dandefer Filho
2000).

Grupo Formação Característica Litológica Sistema Espessura


Deposicional (m)

Rio Pardo Grande Metapelito rítmico com lentes 60-1000?


de dolomito e metarenito
Conselheiro Mata

Córrego Pereira Metarenito puro, micáceo ou 250


feldspático

Córrego Bandeira Metapelito com intercalações Ambientes 100-200


de metarenito marinhos
diversificados,
Metapelito puro, por vezes mas
Córrego dos feldspático ou micáceo ou fundamentalmente
Borges ainda intercalações de não profundos 100
metapelito; lentes de
metaconglomerado
Santa Rita Metapelito com intercalações
Superfície com metarenito micáceo e 100-250
Transgressiva feldspático

Galho do Miguel Metarenito puro, às vezes,


Discordância feldspático ou sericítico e Eólico >500
erosiva intercalações de metapelito

Fluvial,
Metarenito ferruginoso e fandeltáico e
Sopa-Brumadinho micáce. Metapelito às vezes, lacustrino; 300
carbonático ou fosfático marinho raso a
litorâneo
Guinda

São João da Metarenito micáceo e


Chapada ferruginoso e, metapelito; Fluvial e marinho
metaconglomerado e raso ou lacustrino 300
Discordância metabrecha, filito hematítico e
erosiva xisto verde

Natureza Metaconglomerado
e metarenito
Leque aluvial e
marinho litorâneo 200

Bandeirinha Olaria Metaconglomerado Leque aluvial e 115


e metarenito marinho litorâneo

Basal Metarenito e Marinho litorâneo


metapelito e eólico

45
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

O Grupo Conselheiro Mata (Dossin et al. 1985) que congrega as 05 formações superiores
(Tabela 4.1) do Supergrupo Espinhaço, é caracterizado por um pacote de sedimentos de origem
marinha costeira, constituído por quartzito, filito e metaconglomerado da Formação Santa Rita e que
passam para quartzito da Formação Córrego dos Borges. Sobrepondo-a, encontra-se a Formação
Córrego Bandeira, com litotipos filítico / metassiltítico, quartzito feldspáticos e novamente passando a
um quartzito, da Formação Córrego Pereira. No topo desse grupo, ocorre a Formação Rio Pardo
Grande, composta de metassiltito e metargilito, passando a quartzito micáceo (Knauer 2007).
Observa-se claramente que todos os trabalhos regionais não fazem referências às importantes
jazidas e minas de quartzo, de altíssima pureza e apresentando grande potencial para abastecimento
das indústrias de alta tecnologia e, mesmo as do setor gemológico. A seguir, serão apresentados dados
geológicos sobre algumas das minas de quartzo hialino, encontradas no segmento oeste do Espinhaço
e amostradas para esta dissertação de mestrado.

4.1 - O SEGMENTO OESTE DO ESPINHAÇO MERIDIONAL (SERRAS DO


CABRAL E MINEIRA)

O Segmento Oeste do Espinhaço Meridional, nas imediações das cidades de Buenópolis e


Joaquim Felício é a região onde ocorrem os veios hidrotermais, encaixados nos quartzitos. Nessa
região, identificam-se a Serra Mineira (uma denominação local para o Espinhaço Oeste) e do Cabral,
ambas portando espessos pacotes de quartzito. Os aspectos geológicos locais, no item 4.2 demonstram
que esse quartzito pertence ao topo do Espinhaço.
Nessa região existem veios de quartzo com porções hialinas na Mina do Tião, já utilizadas pelos
chineses visando obter ametista, a partir de irradiação.
A Mina Comecha é uma tradicional produtora de quartzo hialino para coleção. Em função da
grande quantidade de quartzo com potencial gemológico, ela foi amostrada para esta dissertação de
mestrado. Essas minas foram escolhidas visando conhecer detalhadamente todo o processo de
irradiação em quartzo.

4.1.1 Localização e Vias de Acesso

Partindo-se de Ouro Preto, o acesso é feito pela rodovia BR-356 até o entroncamento com a
BR-040 (numa distância de 70km) e daí até Belo Horizonte por mais 28km, num percurso total de

46
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

98km. De Belo Horizonte, toma-se a direção de Brasília, continuando pela BR-040 até Sete Lagoas,
num percurso de 73km. De Sete Lagoas, ainda pela BR-040 por mais 49km, chega-se ao trevo com a
BR-135. Neste trevo (Trevão de Paraopeba), toma-se a direção de Montes Claros pela BR-135,
passando pelas cidades Curvelo, Corinto e Augusto de Lima. A cidade mais próxima das minas
estudadas é Joaquim Felício, a qual dista 167km do Trevão de Paraopeba. Portanto, de Ouro Preto a
Joaquim Felício, são 387km, por rodovia asfaltada e, em uma boa parte percorrida em pista dupla
(auto-estrada).
A Figura 4.1 ilustra o percurso para atingir a cidade de Joaquim Felício, próxima às 02 (duas)
minas de quartzo.

Figura 4.1 - Mapa de localização e vias de acesso a região de Buenópolis e Francisco Dumont, em Minas
Gerais.

47
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

4.1.2 - Aspectos Fisiográficos, Climáticos, Vegetação e Atividade Humana

A Mina do Tião está inserida na Folha Curumataí, apresentada na escala 1:100.000 (SE-23-X-
C-VI), posicionada entre as latitudes 17º30’ e 18º’00’S e longitudes 43º30’ e 44º00’W. Essa folha
engloba os municípios de Diamantina, Bocaiúva, Engenheiro Navarro e Buenópolis, além de porções
menores dos municípios de Joaquim Felício, Augusto de Lima e Couto de Magalhães. Na parte central
dessa folha está inserida a Serra do Espinhaço que, na área dessa dissertação de mestrado, recebe o
nome de Serra Mineira (Figura 4.2).

Figura 4.2 – Imagem de satélite obtida no Google Earth, onde estão representadas as cidades, suas
coordenadas, as Serras do Cabral e Espinhaço e as minas, na região de Buenópolis e Francisco Dumont, em
Minas Gerais.

48
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

A outra área desta dissertação, a Mina Comecha, localiza-se na Serra do Cabral (Figura 4.2).
Ela está inserida na Folha Serra do Cabral, apresentada na escala 1:100.000 (SE-23-X-C-V),
posicionada entre as latitudes 17º30’ e 18º00’S e longitudes 44º00’ e 44º 30’W. Essa folha engloba os
municípios de Buenópolis, Joaquim Felício, Francisco Dumont, Lassance e parte de Várzea da Palma
e Augusto de Lima.
Os aspectos fisiográficos marcantes dessa região são a presença das Serras Mineira e do
Cabral. A Figura 4.2 ilustra as feições geomorfológicas típicas dessa região, onde além das serras, é
possível identificar a topografia baixa representadas pelos litotipos do Bambuí. É possível ver
claramente 03 domínios bem característicos. Um primeiro, a oeste e no centro da imagem de satélite,
representado por pequenas elevações com cotas entre 650 e 750m, sobre os terrenos Bambuí; um
segundo, mostrado na parte leste da imagem, onde está a Serra Mineira, com altitude entre 1.200 e
1.300m e finalizando, a última feição representada pela Serra do Cabral, constituída por serra de
altitude um pouco mais baixa que a da Mineira, porém com topo aplainado.
Da Serra Mineira nascem dois rios, o primeiro o rio Jequitaí que corta os terrenos do Bambuí,
passa ao norte da Serra do Cabral deságua no rio São Francisco. O segundo o rio Curumataí também
corta o Bambuí e deságua como afluante no rio das Velhas a sul da Serra do Cabral.
O clima da região é tropical, caracterizando-se por 06 meses de período muito seco, entre abril
a setembro e outro com precipitação quase normal nos outros meses. Apesar de não existirem estações
pluviométricas na região, a quantidade anual de chuva é da ordem de 1.400mm (dados obtidos da
correlação com a cidade de Montes Claros). Embora a temperatura média anual seja da ordem de
19ºC, no verão observam-se picos acima de 30ºC, portanto a região se caracteriza por um inverno
pouco intenso e verão muito quente.
Quanto à vegetação, claramente pode ser observado um tipo associado à região de menor
altitude e outro relacionado a platô. No primeiro, relacionado aos litotipos Bambuí, encontra-se uma
vegetação típica de cerrado, com árvores retorcidas e de porte médio; já no outro tipo, ocorre uma
vegetação rasteira e de pequeno porte, típicas de maiores altitudes e terrenos pobres. A Figura 4.3
ilustra uma Velozia squamata (canela-de-ema), típica do alto da Serra Mineira. A sempre-viva, uma
outra planta de altitude, é um recurso econômico muito importante para a região, sendo responsável
pela criação do Parque Nacional das Sempre-Vivas.
A ocupação humana mais expressiva nessa região se dá no município de Buenópolis que é
servido por uma razoável rede de estradas vicinais.
As principais atividades humanas são relacionadas à pecuária, aos grandes reflorestamentos de
eucalipto e a agricultura de subsistência. Com referência à atividade mineral, os garimpos visando a

49
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

retirada de peças de coleção de quartzo, constituem uma fonte de renda importante para os habitantes
locais.

Figura 4.3 – A Velozia squamata (canela-de-ema), uma vegetação típica das regiões de maior altitude na Serra
Mineira.

4.2 – Aspectos Geológicos

Quanto aos aspectos geológicos do Segmento Oeste do Espinhaço Meridional, nas Serras do
Cabral e Mineira, poucas citações são encontradas na literatura. Um dos poucos trabalhos feitos na
Serra do Cabral é o de Walde (1978) detalhando sobre o mapeamento geológico e a estratigrafia. O
trabalho de Ulhein (1991) reúne informações geológicas tanto da Serra do Cabral quanto da Serra
Mineira. Outra referência encontrada é o trabalho de Noce (1997) sobre a Serra Mineira. Esses
trabalhos não fazem referência aos inúmeros veios hidrotermais de quartzo.
Os primeiros trabalhos sobre o Espinhaço Meridional, foram feitos por Moraes (1929, 1932 e
1937) e Freyberg (1932). Nos trabalhos do primeiro autor foram enfatizados os tipos rochosos,
enquanto que no segundo foram descritos dois anticlinais num perfil leste-oeste, sempre na tentativa
de definir litotipos portadores de diamante. Como não foi encontrada rocha com diamante, no lado
oeste, ao contrário do lado leste do Espinhaço, a Serra do Cabral permaneceu sem trabalhos
geológicos de maior detalhe.

50
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Nas décadas de 60 e 70 do século passado, alguns trabalhos geológicos foram realizados nas
imediações da Serra do Cabral podendo ser citados os de Carvalho (1963), Ponçano & Paiva Filho
(1972), Oliveira (1967, in Walde 1978) e Carvalho & Epstein (1967, in Walde 1978). Viveiros &
Walde (1976, in Walde 1978) mapearam essa serra, culminando com a publicação de um mapa
geológico.
Quanto à Serra Mineira, Walde (1978) relata que na borda oeste foi descrita a Formação
Santa Rita (Pflug & Schöll 1974), com feição similar à encontrada na Serra do Cabral, em situação
estratigráfica semelhante. A partir disso, a coluna estratigráfica já estabelecida por Pflug (1968), na
região de Diamantina foi, em parte, aplicada para a Serra do Cabral.
Noce (1997) relata que a maior parte da ocorrência do Espinhaço, na Serra Mineira (na Folha
Curumataí), é representada pelo quartzito da Formação Galho do Miguel, além das Formações São
João da Chapada, Sopa-Brumadinho, Santa Rita e Córrego dos Borges.
Para Uhlein (1991), os litotipos mais representativos nas Serras Mineira e do Cabral estão
inseridos nas Formações Galho do Miguel, Santa Rita e Córrego dos Borges.
O mapa mostrado na Figura 4.4 modificado de Ulhein (1991), apresenta o contexto geológico
da região onde estão inseridas as 02 minas estudadas nessa dissertação de mestrado. A Formação
Bandeirinha, (basal), não aflora na região, enquanto a Formação São João da Chapada não aflora na
Serra do Cabral, mas ocorre na borda sudeste desse mapa geológico. Quanto aos quartzitos e
metaconglomerados Sopa-Brumadinho, afloram na parte sudeste do Espinhaço possivelmente não
mostrando relação com os veios hidrotermais que são encontrados na Mina do Tião. A Formação São
João da Chapada é constituída de quartzito muito puro, de granulação média a grosseira, enquanto, a
Formação Sopa-Brumadinho por quartzito friável, com lentes e horizontes conglomeráticos mal
selecionados (Noce 1997). A Formação Galho do Miguel é constituída por quartzito muito puro, com
estratificação cruzada e típicas marcas de ondas. Os veios hidrotermais que constituem as Minas do
Tião e Comecha estão encaixadas nessa formação. Noce (1997) cita a extrema silicificação desse
quartzito, o que o torna muito resistente à erosão, constituindo os grandes afloramentos de maciços
rochosos. Nos locais onde estão presentes descontinuidades estruturais (como canais de percolação),
podem se formar os veios hidrotermais de quartzo leitoso e hialino. A Formação Santa Rita (Pflug
1968), constituída por quartzito e filito, apesar de descrita na Serra Mineira, é mais representativa na
Serra do Cabral. Sobrepondo-se à Santa Rita, é encontrada a Formação Córrego dos Borges, portando
quartzito fino e muito micáceo (Walde 1978; Noce 1997). Em campo essas 02 formações não mostram
relação com os veios hidrotermais de quartzo das Minas do Tião e Comecha.
Diques e soleiras de diabásio, posicionados preferencialmente em fraturas, cortam os
metamorfitos da Serra Mineira e do Cabral (Moraes 1932 e 1937; Guimarães 1933 in Noce 1997;
Uhlein 1991; Noce 1997). Para Uhlein (1991) esses corpos ígneos são pre-tectônicos, portanto, não
51
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

mostram relação com os corpos quartzosos hidrotermais. Datações em uma soleira de metadiabásio
revelaram a idade de 906 ± 2 Ma (Machado et al. 1989, Uhlein 1991, Almeida Abreu 1995), portanto
mais novos que os litotipos da Serra do Cabral e da Mineira. Quanto às Formações Córrego Bandeira,
Córrego Pereira, e Rio Pardo Grande, elas foram descritas apenas na parte sul da Mineira. (Figura 4.4).
Em discordância angular sobre a Formação Córrego dos Borges, encontram-se litotipos
constituídos de seixos mal selecionados, descritos por Derby (1881) na localidade tipo, a norte da
Serra do Cabral, denominado Conglomerado Jequitaí. Além da Serra do Cabral, ele se distribui por
uma grande área da Serra do Espinhaço, estendendo-se até a Bahia e foi definido como pertencente ao
Grupo Macaúbas (Moraes 1937). Caracteriza-se por metadiamictitos de matriz filítica a quartzítica,
com matacões com composições diversas e mostra superfícies estriadas, uma indicação de ação glacial
durante a deposição desse Grupo (Noce 1997). A Formação Jequitaí do Grupo Macaúbas aflora
predominantemente, na borda leste da Serra do Cabral e se mostra como uma rocha de coloração cinza
azulada e matriz quartzítica (Walde 1978).
Sobrepondo-se ao Macaúbas, entre a Serra Mineira e Cabral ocorrem as rochas do Grupo
Bambuí, formadas por uma sequência pelítica-carbonática, capeada por sedimentos
predominantemente arenosos, com espessura total entre 800 e 900m (Uhlein 1991) e formando um
sinclinório, com eixo aproximadamente norte-sul (Walde 1978). A sedimentação do Grupo Macaúbas
ocorreu entre 900 e 800 Ma, enquanto a do Grupo Bambuí entre 800 e 600 Ma (Dardenne 1981, in
Uhlein 1991) e Uhlein (1991). Os litotipos Bambuí não apresentam interesse nessa dissertação de
mestrado, uma vez que nenhum veio de quartzo hidrotermal corta essa sequência rochosa. A cobertura
Cenozóica e Terciária/Quartenária mostrada na Figura 4.4, é constituída de sedimentos estratificados,
depósitos elúvio-coluvionares e aluvionares, além de cascalho, areia e argila de terraço aluvionar
recente (Uhlein 1991).
Como pode ser observado na revisão bibliográfica apresentada sobre os litotipos encontrados a
nível regional, praticamente nenhuma citação e tentativa de entendimento genético dos veios
hidrotermais de quartzo são encontradas na literatura nacional. A partir da década de 1980, alguns
geólogos começaram a se interessar por esse recurso mineral, entre eles Carvalho (1982), Uhlein et al.
(1986 a), Chaves et al. (1997, 1999 e 2003), Favacho-Silva (2000), Cruz (2000), Cruz et al. (2005) e
Chaves (2007). Algumas dessas referências serão discutidas no item 6.1, porém, permanece uma
grande controvérsia: a gênese dos veios hidrotermais de quartzo.
Uma cobertura arenosa, principalmente formada por seixos arredondados de quartzo, está
disseminada em praticamente todas as formações rochosas, a nível regional. Faz-se necessário a
existência de soluções silicosas, canais de percolação e condições físico-químicas para a cristalização
do quartzo leitoso e hialino nos veios hidrotermais e sua posterior liberação no solo.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Figura 4.4 - Mapa geológico da Serra do Cabral e da Serra Mineira (Espinhaço Meridional) (modificado de
Uhlein 1991).

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Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

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CAPÍTULO 3
MATERIAIS E MÉTODOS

Nesse capítulo de materiais e métodos são apresentadas todas as metodologias que permitiram
obter os resultados analíticos que deram suporte para a elaboração dessa dissertação de mestrado. Nos
trabalhos de campo foram feitas todas as observações geológicas e a coleta de amostras. Em escritório,
essas amostras foram identificadas e preparadas para as várias etapas laboratoriais. Inicialmente, elas
foram pesadas, serradas, novamente pesadas, fotografadas e identificadas.
A etapa laboratorial iniciou-se com obtenção dos espectros de absorção na região do
infravermelho, seguida de irradiação gama, aquecimento e análises químicas via úmida e
espectrometria de emissão atômica por plasma de acoplamento indutivo (ICP/AES).
A seguir é apresentado detalhadamente todas essas etapas para a obtenção de dados para a
elaboração dessa dissertação de mestrado.

3.1 – PROCEDÊNCIA DAS AMOSTRAS


De posse das amostras coletadas no trabalho de campo, foi feita a identificação dos locais de
amostragem, com as coordenadas geográficas e o posicionamento geológico. Essa etapa é de
fundamental importância para execução de um trabalho de pesquisa e para a realização dos ensaios
laboratoriais, pois permite traçar correlações espaciais dos locais amostrados.
Nessa etapa do trabalho, não foi feito um trabalho clássico de campo, com mapeamento
geológico, pois essa pesquisa visava a caracterização de variedades gemológicas de quartzo, quando
submetidas a tratamento por irradiação, necessitando apenas dos dados geológicos das jazidas e das
características geoquímicas das amostras.
Nos trabalhos de campo foram coletadas amostras em ambientes geológicos hidrotermal e
pegmatítico. No primeiro, foram amostrados exemplares de quartzo hialino na Mina Comecha e do
Tião. Ambas as ocorrências situam-se na parte meridional da Serra do Espinhaço, na região de
Francisco Dumont e Buenópolis. No segundo ambiente, foram coletadas amostras na Província
Pegmatítica Oriental, no campo pegmatítico de Galiléia e Conselheiro Pena. Nesse campo pegmatítico
foram coletadas amostras de quartzo hialino nas Minas Boca Rica e do Bode. A Figura 3.1 ilustra o
percurso para atingir os municípios de Francisco Dumont, Buenópolis, Galiléia e Conselheiro Pena –
Minas Gerais.
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Figura 3.1 – Localização das minas amostradas de quartzo hialino nos municípios de Buenópolis, Francisco
Dumont, Galiléia e Conselheiro Pena – Minas Gerais (imagens obtidas do Google Earth e do Google Maps).

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

3.2 – PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS


Todas as amostras coletadas foram submetidas à limpeza, com intuito de serem eliminadas as
impurezas superficiais, tais como resíduos argilosos e/ou hidróxidos de ferro.
Aproximadamente 10kg de amostras foram coletadas em cada mina. As amostras foram
separadas e lavadas com água corrente, visando obter uma limpeza inicial mais grosseira e,
posteriormente, submetidas a uma limpeza mais refinada, utilizando-se de produtos químicos.
Nessa segunda limpeza, foi utilizada uma substância muito tóxica denominada de XISPA
(ácidos inorgânicos clorídrico, fluorídrico e sulfônico) que é largamente empregada pelos garimpeiros
e facilmente encontrável em lojas que comercializam produtos e equipamentos usados nos garimpos.
As amostras são imersas em água na qual adiciona-se XISPA e deixadas por dois dias, até que as
impurezas externas sejam eliminadas. Após esta etapa, as amostras são lavadas em água corrente para
eliminação de possível contaminante. Como a XISPA não foi suficiente para efetuar uma limpeza
adequada, utilizou-se ácido oxálico, também misturado a água. Esse produto é largamente utilizado
nos laboratórios, para agilizar a dissolução das impurezas (como hidróxido de ferro) e de uma maneira
geral essa operação é realizada com aquecimento de 60ºC e posteriormente submetida à secagem.
De cada mina amostrada, foram separadas quantidades variáveis de amostras, as quais foram
identificadas e pesadas. A identificação seguiu o seguinte critério:
Mina do Tião: amostras de 01 a 60;
Ambiente hidrotermal
Mina Comecha: amostras de 70 a 110;
Mina Boca Rica: amostras de 120 a 145;
Ambiente pegmatítico
Mina do Bode: amostras de 160 a 200.
Foi observado um intervalo de 10 números na identificação entre as amostras da cada mina,
pois havia a possibilidade de serem adicionadas outras amostras, para eventuais ensaios.
Todas essas amostras foram serradas, utilizando-se serra de disco diamantado com espessura
variável de 0,2 a 1,0mm. Esse trabalho foi realizado no Laboratório de Gemologia do Departamento
de Geologia da UFOP. A fração menor de cada amostra foi separada para ensaio de espectrometria de
absorção na região do infravermelho. Todas as amostras foram pesadas antes e depois do corte, numa
balança DIGIMED KN 2000, seguidas de etiquetagem e acondicionamento em sacos plásticos. Nas
Tabelas 3.1, 3.2, 3.3 e 3.4 são apresentados os pesos das amostras coletadas.
Após a identificação e pesagem das amostras de quartzo, todas foram fotografadas, visando
comparar o seu estado in natura e a possível cor e/ou matiz de cor, obtida após a irradiação e/ou
aquecimento.

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Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Foi separada uma fração de cada amostra para as análises de espectometria de absorção na
região do infravermelho (FTIR). Essa metodologia é apresentada no item a seguir.

Tabela 3.1 – A identificação e o peso das amostras de quartzo hialino (Mina do Tião, município de Buenópolis,
Minas Gerais).
Peso amostra bruta (g) Peso amostra cortada (g) Peso amostra bruta (g) Peso amostra cortada (g)
1 - 13,15 1 - 9,89 31 - 15,21 31 - 11,04
2 - 12,79 2 - 8,20 32 - 15,23 32 - 11,92
3 - 17,81 3 - 13,29 33 - 10,48 33 - 7,70
4 - 13,45 4 - 9,85 34 - 9,43 34 - 5,88
5 - 20,87 5 - 17,21 35 - 12,05 35 - 8,71
6 - 13,80 6 - 11,56 36 - 15,62 36 - 12,30
7 - 11,66 7 - 7,08 37 - 11,04 37 - 7,86
8 - 11,19 8 - 7,39 38 - 16,45 38 - 12,42
9 - 11,45 9 - 9,01 39 - 10,62 39 - 7,33
10 - 14,37 10 - 9,78 40 - 12,37 40 - 7,90
11 - 14,19 11 - 9,71 41 - 13,05 41 - 9,88
12 - 14,46 12 - 10,60 42 - 12,94 42 - 9,54
13 - 13,53 13 - 9,44 43 - 10,24 43 - 7,29
14 - 13,84 14 - 10,83 44 - 13,15 44 - 8,62
15 - 15,15 15 - 11,58 45 - 10,74 45 - 7,60
16 - 12,00 16 - 8,63 46 - 11,88 46 - 8,79
17 - 9,58 17 - 6,73 47 - 12,06 47 - 8,99
18 - 12,44 18 - 9,41 48 - 12,75 48 - 8,58
19 - 14,15 19 - 10,38 49 - 12,75 49 - 9,09
20 - 13,15 20 - 9,31 50 - 13,36 50 - 10,03
21 - 13,61 21 - 9,50 51 - 13,23 51 - 8,25
22 - 9,35 22 - 6,56 52 - 11,46 52 - 8,68
23 - 9,83 23 - 6,79 53 - 10,84 53 - 7,32
24 - 13,85 24 - 9,68 54 - 12,19 54 - 8,93
25 - 11,87 25 - 8,15 55 - 13,94 55 - 10,28
26 - 13,50 26 - 9,38 56 - 14,62 56 - 11,14
27 - 12,25 27 - 9,62 57 - 10,20 57 - 7,53
28 - 11,32 28 - 7,15 58 - 10,55 58 - 7,88
29 - 16,02 29 - 11,37 59 - 12,13 59 - 7,46
30 - 13,36 30 - 9,74 60 - 9,30 60 - 6,52

20
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Tabela 3.2 – A identificação e o peso das amostras de quartzo hialino (Mina Comecha, município de Francisco
Dumont, Minas Gerais).
Peso amostra bruta (g) Peso amostra cortada (g) Peso amostra bruta (g) Peso amostra cortada (g)
70 - 36,39 70 - 30,91 91 - 19,86 91 - 15,44
71 - 24,92 71 - 21,27 92 -17,35 92 - 13,51
72 - 60,11 72 - 55,07 93 -17,14 93 - 12,71
73 - 23,16 73 - 21,02 94 -18,87 94 - 14,19
74 - 29,08 74 - 24,38 95 -16,45 95 - 12,12
75 - 33,30 75 - 27,70 96 -14,65 96 - 11,66
76 - 24,57 76 - 20,86 97 -15,86 97 - 12,47
77 - 36,03 77 - 32,11 98 -15,44 98 - 12,58
78 - 32,19 78 - 27,60 99 -13,94 99 - 10,68
79 - 26,44 79 - 21,13 100 -14,86 100 - 11,55
80 - 23,15 80 - 18,59 101 -12,16 101 - 9,18
81 - 34,33 81 - 29,49 102 -21,15 102 - 16,37
82 - 24,07 82 - 19,87 103 -14,49 103 - 9,78
83 - 24,57 83 - 17,52 104 -17,09 104 - 13,74
84 - 19,12 84 - 15,01 105 -16,37 105 - 13,50
85 - 26,01 85 - 21,09 106 -14,89 106 - 10,33
86 - 26,33 86 - 20,78 107 -19,49 107 - 15,32
87 - 25,38 87 - 21,67 108 -12,24 108 - 9,00
88 - 19,15 88 - 16,13 109 -112,16 109 - 107,00
89 - 30,87 89 - 25,97 110 -145,71 110 - 137,27
90 - 19,92 90 - 16,08

Tabela 3.3 – A identificação e o peso das amostras de quartzo hialino (Mina Boca Rica, município de Galiléia,
Minas Gerais).
Peso amostra bruta (g) Peso amostra cortada (g) Peso amostra bruta (g) Peso amostra cortada (g)
120 -111,93 120 -107,87 133 -26,16 133 -23,42
121 -107,52 121 -105,30 134 -26,71 134 -22,02
122 -138,81 122 -136,07 135 -21,49 135 -18,37
123 -61,81 123 -60,66 136 -29,61 136 -24,69
124 -88,76 124 -87,71 137 -29,70 137 -25,86
125 -54,43 125 -50,96 138 -19,28 138 -15,31
126 -57,02 126 -54,73 139 -23,04 139 -18,67
127 -81,45 127 -79,88 140 -17,21 140 -14,50
128 -45,60 128 -43,32 141 -12,61 141 -7,81
129 -49,13 129 -45,71 142 -15,50 142 -11,98
130 -52,00 130 -49,80 143 -14,41 143 -10,64
131 -29,40 131 -26,25 144 -14,04 144 -11,20
132 -20,28 132 -17,25 145 -36,34 145 -32,21

21
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Tabela 3.4 – A identificação e o peso das amostras de quartzo hialino (Mina do Bode, município de Conselheiro
Pena, Minas Gerais).
Peso amostra bruta (g) Peso amostra cortada (g) Peso amostra bruta (g) Peso amostra cortada (g)
160 -102,20 160 -93,04 181 -12,36 181 -8,48
161 -58,55 161 -54,50 182 -16,37 182 -13,52
162 -44,44 162 -40,55 183 -14,21 183 -11,66
163 -59,48 163 -52,59 184 -13,04 184 -10,24
164 -36,72 164 -33,24 185 -10,64 185 -8,06
165 -35,59 165 -30,61 186 -11,08 186 -9,04
166 -36,07 166 -33,03 187 -9,04 187 -6,36
167 -29,01 167 -25,57 188 -8,47 188 -6,36
168 -35,16 168 -30,43 189 -12,45 189 -9,19
169 -19,25 169 -15,00 190 -9,44 190 -6,95
170 -19,28 170 -15,51 191 -14,98 191 -9,20
171 -22,31 171 -18,30 192 -10,62 192 -7,06
172 -15,83 172 -12,28 193 -15,08 193 -11,77
173 -17,88 173 -14,13 194 -10,84 194 -8,86
174 -15,80 174 -13,41 195 -12,10 195 -9,46
175 -17,06 175 -14,01 196 -9,89 196 -7,21
176 -16,88 176 -13,36 197 -9,04 197 -6,61
177 -13,60 177 -10,62 198 -9,59 198 -7,81
178 -17,05 178 -12,38 199 -9,55 199 -6,94
179 -22,53 179 -18,40 200 -11,26 200 -8,32
180 -12,90 180 -10,42

3.3 – ESPECTROMETRIA DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO


Os ensaios de espectrometria de absorção na região do infravermelho (FTIR) foram obtidos no
Laboratório de Espectrometria na Região do Infravermelho e Ultravioleta e Visível (LABESPFC) do
CDTN/Belo Horizonte, utilizando um aparelho Bomem modelo MB e outro Perkin Elmer, modelo
Spectrum 100. Em ambos, os ensaios foram realizados em temperatura ambiente, com resolução de
4cm-1 e número de varreduras de 16 a 128, com objetivo de reduzir as incertezas provocadas por
ruídos. Os aparelhos identificam os sinais emitidos pelo quartzo, computam a porcentagem de luz em
cada comprimento de onda e, de acordo com a Transformada de FOURIER, emitem uma curva de
transmitância ou absorbância, em função do comprimento de onda ou da freqüência de radiação.

22
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Fração de todas as amostras de quartzo hialino coletadas durante o trabalho de campo foram
submetidas a espectrofotometria na região do infravermelho, em comprimento de onda variando de
2.300 a 6.500cm-1, com o objetivo de se identificarem as impurezas químicas dos minerais através de
bandas de absorção características. As impurezas alumínio, ferro, sódio, lítio e hidrogênio são as
causadoras do aparecimento de cor no quartzo natural, após bombardeamento e/ou aquecimento.
Portanto, essa é uma metodologia analítica fundamental nessa dissertação de mestrado. Com
um pequeno fragmento, sem necessidade de polimento, obtém-se um espectro de infravermelho. As
bandas desses espectros podem fornecer indicação da possibilidade ou não, de mudança de cor,
quando o cristal de quartzo for submetido à irradiação seguido ou não de tratamento térmico. Deve
ficar claro que o posicionamento das bandas está relacionado à presença de impureza na estrutura do
quartzo.
A impureza e seus teores serão os principais indicadores da cor e/ou matiz de cor que será
criada no quartzo hialino (Lameiras 2007). Por sua vez, o teor de impurezas está associado ao
ambiente geológico onde se formou o quartzo. Num mesmo ambiente geológico ou num mesmo
corpo, o teor dessas impurezas pode variar. Portanto, o perfeito conhecimento do ambiente formador e
um acurado posicionamento do quartzo no corpo são de vital importância para o entendimento dos
resultados analíticos obtidos.
A determinação do espectro é feita num tempo relativamente pequeno, em torno de dez
minutos por amostra. Atualmente existem aparelhos portáteis para trabalho em campo, permitindo a
obtenção dos espectros no local de ocorrência do quartzo.
Alguns cuidados devem ser tomados, mesmo em laboratório. Um primeiro é a temperatura e a
umidade exigida para preservar as condições operacionais do aparelho, no ambiente de trabalho. A
espessura e o posicionamento do fragmento a ser analisado são importantes na obtenção das bandas.
No caso, de mal posicionada, só aparecerá um espectro de ruído e a amostra deve ser reposicionada,
até que as bandas estejam bem definidas. Irregularidades na superfície da amostra, também produzirão
ruídos. Radiação eletromagnética no ambiente, como aquelas devidas à operação de outros
equipamentos próximos ao espectrômetro, também podem causar ruídos.
Uma vez tomados esses cuidados, os espectros de absorção na região do infravermelho
poderão ser obtidos. A espectrometria é uma sistemática de medição baseada nas propriedades de
absorção e emissão de energia eletromagnética na região do infravermelho. A denominação
infravermelho é aplicada para indicar a região do espectro eletromagnético, limitado pela região
abaixo do vermelho (do espectro visível) se estendendo até o inicio do comprimento das ondas de
rádio (Fritsch & Stockton 1987).

23
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

A unidade de infravermelho é expressa por cm-1, correspondendo a uma energia situada entre
13.333cm-1 (o limite do vermelho) e 33cm-1, que é o limite adotado pela tecnologia. Essa região ainda
é dividida, conforme as técnicas experimentais e seus usos, em três partes; o infravermelho próximo, o
médio e o distante (Fritsch & Stockton 1987).
A Figura 3.2 mostra a posição da região do infravermelho e suas três sub-divisões no espectro
eletromagnético.

Raios X, Raios gama e Raios cósmicos

30.000
Ultravioleta
26.700 375 nm
Violeta
Energia (cm
-1
)

-
Visível
20.000

Vermelho
13.300 750 nm

10.000
Infravermelho próximo

4.000 2.500 nm
Infravermelho médio
25.000 nm
400 Infravermelho distante
33 300.000 nm
0 Ondas de rádio

Figura 3.2 – A posição da região do infravermelho e suas três sub-divisões no espectro eletromagnético
(Fritsch & Stockton 1987).

A radiação do infravermelho também pode ser expressa em termos de comprimento de onda


(1µm = 1.000nm = 10.000 Ǻ) ou também em unidade de energia (o elétron volts = eV). No campo
mineralógico a energia infravermelha é expressa em cm-1. As energias acima de 400cm-1 e situada
entre o do infravermelho médio e o infravermelho próximo, são as de maiores interesses no campo da
mineralogia. Atualmente, esse limite superior está indo além de 6.000cm-1, nas investigações
gemológicas (Fritsch & Stockton 1987).
24
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

A técnica FTIR é aplicada com sucesso na identificação de possibilidade do quartzo


desenvolver cores, após ser submetido à irradiação gama, seguido ou não de tratamento térmico
(Lameiras et al. 2006).
Para o quartzo hialino desenvolver cores é necessário que em sua estrutura cristalina exista um
teor mínimo de impurezas, basicamente alumínio e ferro, que sempre se associam ao hidrogênio, lítio,
sódio e eventualmente potássio. Um segundo requisito é que, o cristal seja submetido a algum tipo de
energia ionizante, como raios gama, raios X ou feixe de elétrons de alta energia. Ter sido submetido a
tratamento térmico em procedimento controlado, também é um requisito. A exposição à radiação
ultravioleta, também desenvolve cor, sendo utilizada no caso de alguns cristais de prasiolita (Lameiras
2007).
Pesquisas feitas no CDTN/BH aplicando técnicas de FTIR na faixa do espectro entre
3.150cm-1 e 3.630cm-1 identificaram a existência de12 bandas relacionadas com as impurezas do
quartzo, envolvidos com a formação da cor e as ligações silício–oxigênio (Lameiras 2007).
A interpretação das relações entre as intensidades dessas bandas, nos permite obter subsídios
de como as impurezas atuam sobre a formação da cor, quando um cristal de quartzo é submetido a
radiação ionizante, seguido ou não de tratamento térmico. A faixa de investigação do espectro que
antes variava de 3.150 a 3.630cm-1, necessitou ser ampliada para a faixa de 2.300 a 6.300cm-1, pois
algumas amostras de quartzo que não mostravam potencial para desenvolvimento de cor, responderam
positivamente quando essa faixa foi ampliada (Lameiras 2007).
Obtidos os espectros de FTIR faz-se necessário a interpretação das várias regiões dos gráficos.
Na Figura 3.3 é possível observar as 03 regiões encontradas no espectro de um quartzo hialino.

Região
Região III
III
Região III Região
Região
RegiãoII IIII Região
Região
RegiãoI II

6.300
6.300 5.300
5.300 4.300
4.300 3.300
3.630 3300
3.300 3.018 2.300
2.300
6300 5300 4300 2300
-1
Númerodedeonda
Número onda(cm
(cm
-1) )
Núm ero de Onda (cm -1)
Figura 3.3 - Espectros de FTIR típicos de amostras de quartzo naturais e incolores (Lameiras 2007).
Figura 5 – Espectros de absorção típicos25de amostras de quartzos naturais
incolores
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Na região I, definida entre 2.300 e 3.018cm-1, ocorrem bandas não afetadas pelas impurezas no
quartzo. Na região II entre 3.018 a 3.630cm-1, ocorrem doze bandas associadas às impurezas no
quartzo e também a ligação Si-O. A região III, situada na faixa superior a 3.630cm-1, mostra ruídos
relacionados à microinclusões. Portanto, a região que precisa ser bem conhecida e interpretada, é a II.
A Figura 3.4 ilustra a região II do espectro eletromagnético entre 3.150 e 3.630cm-1, de
amostras que ao serem submetidas à irradiação gama se tornarão acinzentadas ou pretas. Quando
submetida a tratamento térmico (entre 180 e 360ºC) ela poderá retornar ao incolor ou mostrar cores do
amarelo até o acastanhado, em função das doses de irradiação aplicadas e desenvolverão uma intensa
banda entre 3.483cm-1. Por sua vez, o aparecimento de uma banda próximo a 3.300cm-1 indica o
aparecimento de cores (exceto o verde), porém com matiz bem fraco (Lameiras 2007).
cor comercial
cor comercial

Cor intensa
Cor intensa
Corfraca
Cor fraca

cor fraca

3.600
3600
3600
3.600 3.500
3500
3.500 3.400
3.400
3400 3.300
3.300
3300 3.200
3200
3.200
Número de Onda (cm-1)
-1
Número
Número dedeonda
onda(cm
(cm-1)
Figura 7 – Espectros de absorção típicos de quartzos que desenvolvem cores fracas e com
Figura
valor comercial
Figura 3.4 - Espectros de FTIR mostrando cristais de quartzo que desenvolverão cores fracas e intensas
(Lameiras 2007).

A Figura 3.5 mostra a banda em 3.585cm-1 que é característica da ametista (mais intensa) e da
prasiolita e uma banda larga entre 3.430 e 3.440cm-1 que é bem mais intensa na prasiolita (Lameiras
2007).

26
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

prasiolita

ametista

3.600
3600 3.500
3500 3.400
3400 3.300
3300 3.200
3200
-1 -1
Número
Númerode
deonda
Onda(cm
(cm) )
Figura 8 – Espectros de absorção na região do infravermelho da prasiolita e da
ametista
Figura 3.5 - Espectros de absorção na região do infravermelho da ametista e da prasiolita (Lameiras 2007).

A Figura 3.6 mostra um caso que não foi encontrado nessa dissertação de mestrado. Sua
característica é o aparecimento de um par de bandas em 3.404 e 3.510 cm-1. Esse cristal, quando
irradiado, mostrará uma cor verde oliva acinzentada, denominadas de heminefita pelos físicos do
CDTN. Essa denominação, heminefita, não encontra aceitação na gemologia onde todo quartzo verde
é prasiolita.

3.600
3.600
3600 3.500
3.500
3500 3.400
3400
3.400 3.300
3300
3.300 3.200
3.200
3200
-1
Número
Número
Número dede
de onda
Onda
onda (cm
(cm (cm
-1 ) )-1)
Figura 9 – Espectro de absorção na região do infravermelho típico de uma
heminefita
Figura 3.6 - Espectro FTIR típico de quartzo que irá desenvolver a cor verde oliva acinzentada de uma
heminefita (Lameiras 2007).
27
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

A Tabela 3.5 apresenta os resultados obtidos para a região II, (Figuras 3.3,3.4 e 3.5) em 2.000
cristais de quartzo interpretado pelos físicos do CDTN. A apresentação dessa tabela é importante, visto
que os resultados encontrados na região II fornecem indícios dos íons dopantes e causadores de cores
em quartzo.
Tabela 3.5 – Principais bandas observadas na região II (Figuras 3.3, 3.4 e 3,5) do espectro do FTIR do quartzo
(Lameiras 2007).
Banda Descrição
1 Entre 3.636 e 3.619cm-1, é uma banda pouco intensa, desconhece-se a sua origem e está
ausente em alguns cristais de quartzo.
2 Em 3.614 cm-1, essa banda é pouco intensa e está ausente em alguns espectros.
3 Entre 3.599 e 3.595cm-1, é bastante visível e intensa. Suspeita-se que está associada com o
ferro compensado pelo lítio. Pode aparecer na amostra que dará green gold
4 Entre 3.591 e 3.585cm-1, típica de ametista com forte absorção em 3.437cm-1, relacionada à
presença de Al3+ e compensado por sódio e outra a 3.441cm-1 atribuída a ligação curta AlSi-O
5 Entre 3.570 e 3.560cm-1, banda intensa na heminefita, ametista e prasiolita, associada à
presença de ferro.
6 Entre 3.518 e 3.510cm-1, típica da heminefita, associada ao ferro compensado por
hidrogênio. Pode estar superposta à bandas vizinhas (3.510 e 3.483cm-1).
7 Entre 3.483 e 3.475cm-1, importante para a formação de cor amarelo-esverdeada, amarelada
e amarronzada, sendo atribuída a presença do Al3+ compensado por lítio.
8 Entre 3.450 e 3.430cm-1, associada com o sódio. Devido à superposição de duas bandas
(3.450 e 3.425cm-1).
9 Em 3.404cm-1, associada ao ferro compensado por hidrogênio. Seu aparecimento implica
na existência da banda 6.
10 Entre 3.385 e 3.380cm-1, devido à ligação de hidrogênio com uma ligação longa AlSi-O.
11 Em 3.300cm-1, composta por duas bandas: uma associada com a ligação do hidrogênio com
uma ligação curta AlSi-O e outra com a ligação Si-O.
12 Em 3.200cm-1, atribuída à ligação Si-O.

A partir do espectro de absorção na região do infravermelho é possível calcular o fator


ametista (fa) e o fator lítio (fLi) (Nunes 2008). Esses fatores (fa e fLi) são importantes, pois fornecem
indícios da intensidade das cores que serão obtidas após irradiação e/ou aquecimento.

h8
fa
O fator fa é calculado pela relação h4 5 , onde h é a altura da banda 8 (Tabela 3.5) e
8

h4-5 é a diferença da altura do mínimo entre as bandas 4 e 5 (Tabela 3.5).

hLi
f Li
O fator f Li é calculado pela relação hNa hH , onde hLi é a diferença entre a altura
da banda 7 e a diferença da altura do mínimo entre as bandas 7 e 8, hNa é a diferença entre a altura da

28
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

banda 8 e a altura do mínimo entre as bandas 7 e 8 e o hH é a diferença entre a altura da banda 9 e a


altura do mínimo entre as bandas 7 e 8 (Tabela 3.5).
O cálculo desses fatores é importante para a avaliação do surgimento de cores. No caso do fa,
valores acima de 3,3 indicam o aparecimento de ametista com violeta intenso; entre 2,7 e 3,3, a gema
terá um matiz fraco e abaixo de 2,7, ter-se-á o aparecimento do verde da prasiolita (Lameiras 2007). O
fator fLi dará indício das cores verde amarelado, amarelado e acastanhado. Para Lameiras et al.
(2006), fLi ≥ 2,0 indica a cor verde-limão (green gold) sob irradiação de 150kGy e acastanhado acima
de 300kGy.
Outro fator calculado no espectro de absorção do infravermelho é a área. Ela é calculada pelo
formato do espectro na região II (Figura 3.3), comparado com as Figuras 3.4 e 3.5 . Quanto maior for
o valor da área, maior será o potencial de desenvolvimento de cor em quartzo. Num espectro com área
entre 50 e 180u.a.*cm-1, o potencial de cor a ser criado será apreciável, se fLi ≥ 2,0. Da mesma
maneira, é feita a relação área vezes o fator fa (Lameiras et al. 2006, Nunes 2008). Os aspectos de
FTIR apresentados foram normalizados de tal forma a obter absorção em 2.685cm-1 igual a 1. Esta
banda está presente em todas as amostras de quartzo e não está relacionada com a formação da cor
(Nunes et al 2009). A linha de base foi obtida na faixa entre 4.100 e 5.300cm-1 onde não se observam
bandas de absorção (parâmetro c) e subtraída do espectro normalizado. Essa linha de base está
relacionada com a orientação do cristal , o teor de impurezas e as microinclusões presentes na amostra.

3.4 – IRRADIAÇÃO GAMA


Os raios gama são ondas eletromagnéticas semelhantes à luz, com comprimento de onda muito
menor e energia muito mais elevada (superior às dos raios X), sem carga elétrica e sem massa
(Gimenez 2008).
Essas ondas podem ser obtidas de duas maneiras, uma a partir de radioisótopos naturais (rádio,
urânio, tório, etc.) ou outra por processos artificiais, como é o caso do cobalto-60, obtido em reatores
nucleares. Nesse caso, ele é obtido a partir do isótopo cobalto-59, que é estável. O cobalto-59, ao ser
bombardeado com nêutrons, recebe no seu núcleo um elétron a mais do que ele possui. Nessa reação,
o seu núcleo é alterado e seu número de massa passa para cobalto-60, que é instável e radioativo.
Nessa transição ele tende a se tornar instável e liberando os raios gama. (Gimenez 2008).
Eles são utilizados na esterilização de produtos hospitalares, médicos, farmacêuticos e em
alimentos, devido ao fato da interação com micro-organismo, interrompendo seus processos orgânicos
e eliminando-os. Essa utilização levou a criação de empresas, visando a assepsia na área médica e o
aumento da durabilidade de vários alimentos.
No campo gemológico, a irradiação gama de minerais apenas acelera o processo de
aparecimento de cor, que poderia ser criado pela própria natureza. Essa irradiação provoca a expulsão
29
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

de elétrons nos retículos cristalinos (devido aos defeitos causados pelos íons dopantes), formando os
centros de cor. Os minerais que sofrem mudanças com a radiação gama, são aqueles que contêm
impurezas e com centros de cores já formados. Esses centros causam instabilidades no mineral, mas
não são capazes de criar cor, necessitando de irradiação. Um quartzo com o mínimo de impureza de
ferro, permanecerá com um violeta muito pálido, independente da dose de irradiação (Gimenez 2008).
Apesar de estranho, a irradiação e o tratamento térmico são apresentados antes das análises
químicas, pois a espectrometria de FTIR já fornece subsídios, se o cristal vai desenvolver cor e qual o
matiz de cor que irá aparecer.
A aplicação da irradiação gama em minerais-gemas, apesar de relativamente recente no Brasil
e no mundo, permitiu o aparecimento de novas variedades gemológicas. No caso específico do quartzo
cristalino, além das variedades naturais já conhecidas (capítulo 2) outras foram criadas, como beer,
champagne, cognac, green gold e whisky. Algumas variedades já existentes na natureza, também
podem ser criadas apenas com irradiação gama, como é o caso da ametista (Figura 3.5, no ítem
tratamento térmico) e do morion ou fumê (Gimenez 2008).
As unidades de irradiação gama são denominadas Gray (Gy) e rad. A mais utilizada é o Gy,
uma unidade do sistema internacional que corresponde à absorção de energia equivalente a 01 Joule
(ou 10.000 erg/g) de material. O rad corresponde à absorção de 100erg/g de material, ou seja, 1 Gy é
igual a 100 rad (Ashbaugh-III 1988, Nassau 1994).
Um aspecto positivo na irradiação gama, é a ausência de quarentena para as gemas irradiadas,
uma vez que a fonte utilizada de 1,33 MeV (milhões de elétrons volts), não provoca a alteração do
núcleo do átomo, ou seja, ele não é radioativo (Nassau 1994).
Além dessa particularidade a utilização do cobalto-60 para irradiação de gemas, produz boa
uniformidade de coloração do material, consome pouca energia elétrica além de não produzir
aquecimento localizado (Favacho et al. 2001).
Os trabalhos de irradiação para essa dissertação de mestrado foram realizados no Laboratório
de Irradiação Gama do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (LIG/CDTN/BH), que
utiliza radionuclídeo Co – 60.
As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos, identificadas e com recomendação da
dosagem, em kGy, a ser aplicada. Essa dosagem é definida pelos resultados dos ensaios de FTIR. A
espectrometria informa qual cor poderá ser criada e, por sua vez, cada cor exige uma dosagem
adequada. Se a espectometria fornecer banda indicativa para o violeta, a dosagem será variável de 200
a 600kGy, em função da intensidade das bandas. No caso da cor verde, a dose indicada será próximo a
1.000kGy. A Tabela 3.6 apresenta a relação das amostras da Mina do Tião (em Buenópolis), com as
respectivas doses aplicadas.
30
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Essa tabela está sendo apresentada neste item, pois a transformação em ametista não necessita
de aquecimento. Em todas as outras etapas criadas, existe uma etapa intermediária, que é o
aparecimento do morion ou fumê, após a irradiação gama. O aquecimento do morion, a temperatura
variável, propiciará o aparecimento das varias novas variedades gemológicas do quartzo.

Tabela 3.6 – Relação das amostras de quartzo hialino irradiadas a 200kGy, 400kGy e 600kGy, Mina do Tião,
município de Buenópolis, Minas Gerais.
Amostra nº - 200kGy Amostra nº - 400kGy Amostra nº - 600kGy
2 1 12
3 7 13
4 8 14
5 9 15
6 11 17
10 19 20
16 29 21
18 34 22
25 36 23
26 38 24
31 44 27
32 56 28
37 58 30
40 - 33
43 - 35
46 - 39
47 - 41
50 - 42
52 - 45
54 - 48
57 - 49
59 - 51
60 - 53

3.5 - TRATAMENTO TÉRMICO


As técnicas de tratamento térmico de gemas com vistas a melhorar suas características
(principalmente a cor), já eram usadas séculos antes da era cristã (Nassau 1994).

31
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Essa técnica consiste em aquecer um mineral com o objetivo de alterar alguma de suas
propriedades, quer sua cor ou sua transparência, incorporando-lhe um valor mercadológico adicional.
Um bom exemplo, é a criação de asterismo em alguns rubis do oriente.
O tratamento térmico é realizado em condições diversas, desde a maneira primitiva, com o
aquecimento de uma chapa metálica, sem controle de temperatura, passando por fornos artesanais que
usam fontes de calor como o carvão, coque, óleo, gases ou fontes de eletricidade, controle de
temperatura (que impede a reprodutibilidade dos resultados), até fornos que operam com tecnologia
apurada, com rigoroso controle de temperatura e tipo de atmosfera, disponíveis nos laboratórios de
pesquisa (Nassau 1994).
Como a maioria dos minerais-gemas portam defeitos cristalinos, fraturas, inclusões, micro-
inclusões, o tratamento térmico, deve ser feito de maneira lenta e gradual para temperaturas acima de
100ºC. A existência de fraturas num mineral-gema pode ocasionar a sua ruptura devido a sua expansão
e, neste caso, é recomendável a sua separação do restante do material a ser tratado. O fraturamento
também pode ser provocado por inclusões, que podem apresentar um coeficiente de expansão térmica
superior a do material (Nassau 1994).
Como os depósitos minerais podem geralmente ser de uma grande variação nas suas
características físico-químicas, a aplicação do tratamento térmico pode resultar em repostas distintas,
conforme a qualidade e o local amostrado. Sabione & Ferreira (1996), consideram que a aplicação do
tratamento térmico em materiais naturais visa alcançar o melhoramento de uma cor (por exemplo,
clarear ou escurecer a cor de uma gema); a uniformização de uma cor (caso de uma gema
apresentando mais de uma cor ou uma única cor distribuída de maneira não homogênea); a mudança
de cor (caso de transformação do quartzo fumê em quartzo amarelo-esverdeado denominado green
gold); a adição de cor (caso do berilo praticamente incolor, visando obter água-marinha); o
desenvolvimento ou eliminação de asterismo (no caso do rubi) e melhoramento da transparência por
dissolução de inclusões ( também no caso do rubi).
Uma vez que a temperatura utilizada no tratamento térmico depende do objetivo da natureza
do material a ser tratado, Nassau (1994) e Sabione & Ferreira (1996) consideram que no tratamento
térmico alguns parâmetros importantes devem ser determinados, como a temperatura máxima a ser
atingida; o tempo durante o qual a temperatura máxima será mantida; a taxa ou velocidade de
aquecimento do forno; a taxa ou velocidade de resfriamento do forno; a natureza química do ambiente
(oxidante, redutor, neutro), a pressão atmosférica, e a natureza do material em contato com a gema.
No caso específico do quartzo, ao ser submetido à irradiação gama seguido ou não de
tratamento térmico, ele pode mostrar ou não, cores diversas. Na Figura 3.7 podem ser observadas
todas as possíveis cores e matizes criados (ou o não aparecimento de novas cores), quando se irradia,
um cristal de quartzo hialino, seguido ou não de aquecimento.
32
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

2 6
a
7 8 9 10 11 12 13 14
3

15
1 16

4 17

19
UV

UV = ultravioleta 18 a = aquecimento
5

Figura 3.7 – As possíveis cores obtidas quando se irradia um cristal hialino, seguido ou não de aquecimento.

Visando esclarecer todos os passos que ocorrem na irradiação gama, seguido ou não de
aquecimento, de um quartzo hialino, a seguir será apresentado todos os possíveis resultados que
podem ser obtidos nesses processos.
No caso da amostra nº 2, o quartzo foi submetido à irradiação ionizante e não apresentou
alteração de cor. Esse é um exemplo de quartzo de composição química muito pura.
A amostra nº 3 é de um cristal de quartzo que desenvolve uma tonalidade acinzentada ou
preta, após irradiação. Se ela for aquecida, a uma temperatura entre 180 e 360ºC, pode ocorrer, um
retorno ao seu estado inicial, ou seja, incolor (amostra nº6), ou ela adquire cores, que irão desde
tonalidades de amarelo-esverdeado até matizes acastanhado (amostras nos, 8, 9, 10, 11, 12, 13 e 14).
Também nessa situação enquadra-se o quartzo que desenvolve uma coloração verde-oliva (amostra
nº7).
As amostras nº4 representam o quartzo que adquire cores de violeta pálida a violeta intensa.
Enquadra-se nessa definição a ametista. Ao ser aquecida, essa ametista torna-se incolor (amostra nº19)
ou adquire uma coloração amarelo pálida (amostra nº17). Portanto, nesse caso não se aplica
aquecimento, pois irá obter material menos valorizado pelo mercado de gemas.
33
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Da irradiação de alguns cristais de quartzo é obtida uma tonalidade verde escura (amostra nº5),
que, ao ser submetida à irradiação ultravioleta, a tonalidade acinzentada será filtrada e resultará uma
coloração verde (prasiolita). A prasiolita (18) após aquecimento pode adquirir cor amarelo pálida
(amostra nº17) ou tornar-se incolor (amostra nº 19).
A amostra nº 15, denominada de heminefita, ao ser submetida a aquecimento adquire uma
coloração amarelo pálida (amostra nº16) (Lameiras 2007).
O tratamento térmico a que foram submetidas às amostras nesta dissertação foi realizado em
uma mufla, em que a temperatura de aquecimento é medida em um termopar. As observações de
mudança de cor são visualizadas através de uma janela de vidro, existente na porta desse forno. As
temperaturas a que foram submetidas as amostras, foi de um aquecimento lento e gradual, visando
evitar um possível desenvolvimento de fratura.
Esses ensaios foram realizados nos laboratórios do CDTN/BH, após as amostras terem sido
expostas à irradiação gama. As amostras da Mina do Tião não necessitaram ser aquecidas, pois na
irradiação gama, já desenvolveram a cor violeta. Somente as amostras nos 72, 76, 84, 91, e 107 (da
Mina Comecha) foram submetidas a tratamento térmico. Quanto às amostras das Minas Boca Rica e
do Bode, todas foram submetidas a ensaios de tratamento térmico, após irradiação.
A Tabela 3.7 apresenta a relação das amostras da Mina Comecha, que foram submetidas a
irradiação e posteriormente a aquecimento, com suas temperaturas em (ºC) e os tempos (em minutos)
de exposição a aquecimento.

Tabela 3.7 – Relação das amostras de quartzo hialino irradiadas a 300kGy e, posteriormente, aquecidas,
mostrando as temperaturas (ºC) e tempos (min) da Mina Comecha, município de Francisco Dumont, Minas
Gerais.

Amostra nº Temperatura (ºC) Tempo (min)

72 310-316 40

76 300-305 20

84 310-326 40

91 280-301 60

107 210-300 40
As Tabelas 3.8 e 3.9 apresentam a relação das amostras da Mina Boca Rica irradiadas com as
respectivas doses e submetidas ao aquecimento térmico. São também apresentadas as temperaturas em
(ºC) e os tempos (em minutos) de exposição ao aquecimento.

34
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Tabela 3.8 - Relação das amostras de quartzo hialino irradiadas a 65kGy e, posteriormente, aquecidas,
mostrando as temperaturas (ºC) e tempos (min), da Mina Boca Rica, município de Galiléia, Minas Gerais.
Amostra nº Temperatura (ºC) Tempo (min)
121 300-305 20
125 310-315 20
126 305-310 30
128 310-315 20
130 300-307 20
131 310-319 20
132 305-310 40
136 310-316 20
137 305-311 25
138 300-307 20
139 300-311 25
140 310-325 20
141 300-310 25
145 309 60

Tabela 3.9 – Relação das amostras de quartzo hialino irradiadas a 400kGy e, posteriormente, aquecidas,
mostrando as temperaturas (ºC) e tempos (min), da Mina Boca Rica, município de Galiléia, Minas Gerais.
Amostra nº Temperatura (ºC) Tempo (min)
120 300-306 60
122 306-318 60
123 312-316 60
127 300-305 60
129 290-303 60
133 305-314 60
134 310-319 60
142 298-304 60
143 300-305 45
144 310-330 45
A Tabela 3.10 apresenta a relação das amostras de quartzo hialino da Mina do Bode irradiadas
a 65kGy e posteriormente aquecidas. Observa-se que as temperaturas (em ºC) variaram de um mínimo

35
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

de 297 a um máximo de 325ºC e os tempos (em minutos) de exposição ao aquecimento variaram de


um mínimo de 6min ao máximo de 30min.

Tabela 3.10 - Relação das amostras de quartzo hialino irradiadas a 65kGy e, posteriormente, aquecidas,
mostrando essas temperaturas (ºC) e tempos (min), da Mina do Bode, município de Conselheiro Pena, Minas
Gerais.
Amostra nº Temperatura (ºC) Tempo (min)
160 300-304 30
161 304-321 20
164 300-305 30
166 310 12
168 307 8
171 314 11
173 310 9
174 310 10
175 310 10
177 314 8
178 312 9
181 318 5
182 310 6
186 297 12
188 300 13
189 307 12
190 313 6
191 304-321 15
192 306 7
193 311 15
194 320-325 6
197 318 6
199 310-314 15

A Tabela 3.11 apresenta a relação das amostras da Mina do Bode irradiadas a 400kGy, com as
respectivas doses e submetidas ao aquecimento térmico. São apresentadas as temperaturas (em ºC) e
os tempos (min) de exposição ao aquecimento. As temperaturas de aquecimento variaram de um
mínimo 290 ao máximo de 316ºC, enquanto os tempos de exposição variaram de 30 a 60 min. O
tempo de exposição dessas amostras foram maiores do que aquelas irradiadas a 65kGy, da mesma
mina.

36
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Tabela 3.11 - Relação das amostras de quartzo hialino irradiadas a 400kGy e, posteriormente, aquecidas,
mostrando essas temperaturas (ºC) e tempos (min), da Mina do Bode, município de Conselheiro Pena, Minas
Gerais.

Amostra nº Temperatura (ºC) Tempo (min)


162 300-309 40
163 300-316 40
165 290-310 40
167 300-310 40
170 310-315 40
172 300-312 30
176 305-311 30
179 290-325 60
180 290-311 40
183 305-310 40
184 300-309 60
185 305-310 30
187 300-309 30
195 300-307 30
196 300-304 60

3.6 – ANÁLISES QUÍMICAS


Para a determinação dos elementos maiores e traços, foram feitas análises químicas por via
úmida e por espectrometria de emissão atômica por plasma de acoplamento induzido (ICP/AES). Para
as análises por via úmida, foi selecionada 01 amostra de cada mina. Essas análises foram realizadas no
Laboratório de Geoquímica (LabGeo/DEGEO/EM/UFOP), onde foi determinada a percentagem de
SiO2. Essas amostras, analisadas por via úmida, foram escolhidas em função do potencial de mudança
de cor, determinado pelos espectros de FTIR.
A seguir é apresentado um texto teórico com os princípios da aplicação do ICP/AES, para fins
analíticos baseado na publicação de Skoog et al. (2002).
O ICP/AES é uma técnica que surgiu na década de 1970, de análise multielementar (podendo
determinar dezenas de elementos em uma única operação). Ela é utilizada para determinação
37
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

quantitativa de metais em níveis de concentrações maiores (porcentagem) e menores com limites de


detecção na faixa de décimos de ppm, podendo ser aplicada a materiais como solo, mineral, rocha,
água, ar, planta, aço e suas ligas, além de material orgânico, alimento e também em todo campo
industrial.
Esta técnica baseia-se no princípio de que muitos elementos metálicos, ao serem submetidos à
excitação emitem radiações de comprimento de onda característico e a sua quantificação, é obtida pela
emissão atômica.
De um modo geral, os atomizadores não somente convertem os componentes das amostras em
átomos ou íons elementares, mas também nesse processo, excitam uma fração dessas espécies a altos
estados eletrônicos. A produção de linhas no espectro ultravioleta e visível, é acompanhada pelo
rápido relaxamento dessas espécies excitadas e que serão úteis na analise elementar qualitativa e
quantitativa.
Há tempos a espectometria de emissão atômica, estava baseada na atomização e excitação em
fontes térmicas como chama, fornos e descargas elétricas. Atualmente, as fontes de plasma têm sido
largamente empregadas nesse método. Estas novas técnicas incluem o plasma acoplado por indução
(em inglês, Inductively Coupled Plasma-ICP) e o plasma acoplado diretamente.
As fontes de plasma oferecem vantagens se comparadas com os métodos de chama e
eletrotérmicos. Dessas vantagens pode-se citar a baixa interferência entre os elementos, que é reflexo
direto de suas altas temperaturas; bons espectros de emissão são obtidos para a maioria dos elementos
e um único conjunto de condições de excitação. Uma outra vantagem, é que ela permite a
determinação de baixas concentrações de elementos que tendem a formar compostos refratários, isto é,
compostos como óxido de boro, fósforo, tungstênio, urânio, zircônio e nióbio que são altamente
resistentes a decomposição térmica. Além disso, essa fonte de plasma permite determinar os não
metais como cloro, bromo, iodo e fósforo. Excetos os gases nobres, o oxigênio e o nitrogênio, todos os
outros elementos podem ser determinados por ICP/AES.
Como pode ser visto, o principio fundamental da espectrometria de emissão atômica, consiste
na ionização dos elementos a serem analisados pelo plasma indutivo de argônio. No plasma (que é um
gás parcialmente ionizado e o 4º estado da matéria), as amostras transportadas em forma de aerosol,
sofrem uma sequência de processos físico-químicos como dessovaltação, vaporização, dissociação e
ionização. Em seguida, a luz emitida é filtrada e separada por região do espectro (difratada pelas redes
de difração), onde cada região desse espectro está associada a uma transição eletrônica e as
intensidades luminosas são medidas, pois são proporcionais a concentração dos elementos.

38
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

O plasma é gerado por mecanismos de colisão entre moléculas e íons, de um gás apropriado,
normalmente argônio, em um campo magnético induzido por rádio frequência gerando um grande
aumento de temperatura.
A Figura 3.8 mostra um esquema de uma fonte típica de plasma indutivamente acoplado
chamado de tocha.

Região de emissão
Região emissão

Plasma
Plasma
Campo magnético
Campo Magnético
Bobinade
Bobina de Indução
indução

Tubos de de
Tubos quartzo
quartzo

Fluxode
Fluxo deargônio
argônio
tangencial
tangencial

Fluxodadaamostra
Fluxo amostra

Figura 3.8 – O esquema de um plasma acoplado indutivamente (Fassel, 1978 in Skoog et al. 2002)

Na figura, o plasma é produzido na parte superior da tocha e a temperatura encontrada varia de


6.000 a 10.000 K. Essa tocha é a fonte espectroscópica e contém todos os átomos do analito e os que
foram excitados pelo calor do plasma.
A maioria dos ICPs está disponibilizada no mercado e abrange o espectro UV-Visível inteiro,
de 170 a 800nm. Uns poucos aparelhos estão equipados para operação a vácuo que se desdobra até
150nm, pois abaixo de 200nm, começa a absorção da atmosfera alterando o sinal do elemento. É
importante a cobertura dessa região, pois alguns elementos como fósforo, boro, nitrogênio, enxofre e
carbono, tem linhas de emissão nesse comprimento de onda.

39
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Por outro lado, a utilidade para determinação dos metais alcalinos é limitada por duas
dificuldades. As condições de operações ajustadas para detectar a maioria dos outros elementos, são
inadequadas para os metais alcalinos e as linhas mais intensas de Li+, K+, Rb+, Cs+, são localizadas nos
comprimentos de onda do infravermelho próximo, o que leva a problema de detecção em
espectrógrafos projetados para detectar radiações UV. Devido a esse inconveniente, os aparelhos de
espectrografia de emissão por plasma, são limitados a determinação de cerca de sessenta elementos.
Para suprir esses inconvenientes já existe no mercado aparelho ICPMS (ICP acoplado a espectrômetro
de massa) que possibilita a leitura de todos os elementos, pois se consegue ler os isótopos de cada
elemento.
Com o objetivo de se determinar as concentrações de elementos traços (ppm) nas amostras
dessa dissertação, foi feita a seleção de 04 exemplares de cada mina estudada, sendo descriminadas
como, Mina Comecha (amostras N-75, N-81, N-89 e N-99, todas elas submetidas à irradiação de
300kGy); Mina do Tião (nos 25 e 46, irradiadas a 200kGy), (09 e 44, irradiadas a 400kGy), (15 e 42,
irradiadas a 600kGy); Mina Boca Rica (137 e 138, irradiadas a 65kGy e aquecidas), (133 e 142,
irradiadas a 400kGy e aquecidas) e Mina do Bode (164 e 189 irradiadas a 65 kGy e aquecidas) e (163
e 167 irradiadas a 400 kGy e aquecidas).
Os ensaios de ICP/AES foram realizados no Laboratório de Geoquímica
(LabGeo/DEGEO/EM/UFOP), que dispõe de um aparelho marca SPECTRO, modelo CIROS (CCD).
O procedimento adotado para preparação das amostras e execução das análises dos elementos
traços, seguiram a metodologia usual para esses ensaios. Inicialmente, pesa-se 0,500g de amostra
pulverizada e previamente seca à 105°C, utilizando balança analítica e, posteriormente transfere-se a
amostra para um béquer de teflon. Adicionam-se 10mL de HF concentrado e leva-se à secar em chapa
aquecida à 120ºC. Em seguida adicionam-se 5mL de HNO3 10mol/L e efetua a secagem. Repete-se
essa adição mais duas vezes, sempre secando-a. Após, adicionam-se 5mL de HCl 10mol/L e leva-se à
secagem. Repete-se essa adição mais uma vez e seca-se; adicionam-se 12,5mL de HCl 2mol/L e leva-
se à chapa aquecedora, durante 10min, à 120ºC. Finalmente, retira-se a amostra da chapa e transfere-se
para balão volumétrico de 50mL, completando o volume com água deionizada. Essa foi a técnica
metodológica utilizada nas análises de quartzo dessa dissertação.
Os ensaios por via úmida foram realizados no Laboratório de Geoquímica
(LabGeo/DEGEO/EM/UFOP). Com intuito de complementar as análises de ICP/AES, foram
realizados os ensaios por via úmida, para se determinar a % de SiO2 de amostras de quartzo.
Selecionou-se uma amostra de cada mina estudada. O fechamento dessas análises, foi concluído, com
o cálculo dos elementos Al, Ca, K, Mg e Ti em %, extraídos das análises obtidas nos ensaios via
ICP/AES.

40
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Foram analisadas as amostras da Mina do Tião (N-42), Mina Comecha (N-75), Mina Boca
Rica (nº133) e Mina do Bode (nº167). Nesses ensaios, primeiramente, pesa-se o cadinho de platina e
coloca 0,500g de amostra pulverizada e previamente seca. Na etapa posterior, adiciona-se água
deionizada, 02 gotas de HNO3 concentrado, 02 gotas de H2SO4 1:1, e 10mL de HF concentrado. Essa
mistura é levada à chapa aquecedora, para secagem numa temperatura de 100 ± 5°C e se necessário,
adicionam-se mais 5mL de HF concentrado e levando-se novamente à secagem. Após esta etapa, o
cadinho é levado à mufla, durante 10min, numa temperatura de 1000°C. Após esse período, o cadinho
é retirado da mufla e depois de resfriado, é novamente pesado. Na etapa final, efetua-se o cálculo do
teor percentual de SiO2, utilizando a fórmula, %SiO2 = mi-mf ÷ ma×100. Nessa fórmula, mi é a massa
inicial (massa do cadinho + massa da amostra), mf é a massa final (massa do cadinho + massa da
amostra residual) e ma é a massa da amostra.

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Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

42
CAPÍTULO 2
O QUARTZO

O quartzo foi provavelmente o primeiro mineral a ser usado pelo ser humano, principalmente
como adorno. Theophrastus em seu trabalho On Stones publicado em cerca de 300 a.C., faz referência
ao quartzo e suas variedades coloridas, mais do que a qualquer outro mineral. Ele é apreciado como
mineral-gema, não pelo seu valor intrínseco, nem por sua raridade, mas devido as suas diversas cores.
O quartzo é um dos minerais com maior distribuição superficial na crosta terrestre e
encontrado numa grande variedade de ambientes geológicos. É comum em muitas rochas ígneas,
metamórficas e sedimentares. Ele é o constituinte principal em muitas rochas sedimentares clásticas,
onde pode atuar até como agente cimentador dos grãos (Deer et al. 1992).
O quartzo é caracterizado por seu brilho vítreo, sua forma cristalina e sua fratura conchoidal
ou sub-conchoidal. A sua dureza é 07 na escala de Mohr, sendo perceptivelmente maior na face
{101 0} do que na {0001}. Ele é um dos minerais mais estáveis encontrados na natureza, com grande
resistência a ataque químico, sendo dissolvido apenas pelo HF (ácido fluorídrico).
Com referência às suas propriedades ópticas, os índices de refração e birrefringência oscilam
pouco. Seus índices de refração são de 1,533 para o raio extraordinário (nε) e 1,544 para o raio
ordinário (nω), com birrefringência de 0.009. Mostra figura de interferência uniaxial positiva e pode
apresentar extinção ondulante, devido a fenômenos de deformação (Frondel 1962).
As inclusões fluidas ocorrem com muita freqüência no quartzo e geralmente possuem
dimensões de 1 a 10μm (Deer et al. 1992). Em alguns casos chegam a centimétricas. A quantidade de
inclusões fluidas é um problema, caso o cristal seja tratado termicamente, visando à obtenção de
gemas. Ela causa trincas e fraturas durante a etapa de aquecimento.
O quartzo α é estável ate 573oC e a 1atm de pressão. Cristaliza-se no sistema trigonal.e
pertence a classe trapezoédrica trigonal, 32. O eixo cristalográfico vertical é um eixo de simetria
ternário, enquanto os três eixos horizontais, são eixos de simetria binário. Não existe plano de simetria
(Rykart 1995).
Caso o quartzo fosse um composto puro teria uma composição de 46,7% de silício e 53,3% de
oxigênio. As impurezas que mais frequentemente substituem o Si4+ no quartzo, são o Al3+ e o Fe3+.
Quando ocorre essa situação, a neutralidade de carga é mantida, pela introdução de Na+, Li+ ou K+ ou
pela adição de H+ ligado ao O-, para formar OH- (Nesse 2000). Talvez, todos os mecanismos de cores,
incluindo os induzidos artificialmente (bombardeamento e aquecimento), estejam associados ao que
está informado acima.
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Análises químicas feitas entre as diversas variedades gemológicas de quartzo, para alguns
elementos traços, são mostradas na Tabela 2.1 (Deer et al. 1992).

Tabela 2.1: Análises químicas (%) para alguns elementos traços de variedades gemológicas de quartzo (Deer
et al. 1992).
Li2O Na2O K2O Al2O3 Fe2O3 MnO2 TiO2
Hialino 0,0005 0,0004 0,0002 0,0008 0,0000 0,00002 0,0001
Fumê 0,0004 0,0000 0,0000 0,0008 0,0005 0,00002 0,0002
Citrino 0,0038 0,0011 0,0001 0,0001 0,0003 0,00005 0,0015
Ametista - - - 0,0004 0,0216 0,00000 0,0004

Embora Deer et al. (1992) apresentem resultados de MnO2 e TiO2, esses óxidos não são
importantes no aparecimento de matizes de cor, quando o quartzo hialino é submetido ao
bombardeamento e/ou tratamento térmico (Lameiras 2007).
Apesar do quartzo se apresentar nas formas criptocristalinas (calcedônia, jaspe, chert), amorfa
(opala) e cristalina, somente essa última apresenta interesse nessa dissertação de mestrado.
A seguir, serão mostradas as variedades gemológicas naturais encontradas no mercado
mundial de gemas.
O quartzo hialino (cristal de rocha) é a variedade incolor, transparente e geralmente
quimicamente puro [Figura 2.1- (a)]. Ao ser submetido a tratamento por irradiação seguido ou não por
tratamento térmico, pode desenvolver cores dependendo da existência de elementos dopantes ou
permanecer incolor, se for quimicamente puro.
A ametista é a variedade de cor violeta, frequentemente com variações de matiz [Figura 2.1 –
(b)]. Sua cor tem sido motivo de especulações e teorias ao longo de séculos. Henkel (1725, in
Rossman 1994) atribuiu a sua coloração à presença de ouro coloidal, enquanto Bertholet (1906, in
Rossman 1994) sugeriu que a cor era devida à presença de manganês.
Holden (1925, in Rossman 1994) informa que a cor da ametista é proveniente da presença de
ferro, mas admite que deveria haver outro fator que a influenciasse, pois outras variedades coloridas
de quartzo como citrino e prasiolita, também apresentam ferro na sua estrutura.
Hutton (1964, in Rossman 1994) observou que a presença do ferro, não era suficiente para o
desenvolvimento de cor na ametista, sendo necessária a associação à radiação ionizante.
A cor da ametista raramente é distribuída uniformemente no cristal, embora possa parecer
uniforme nas gemas lapidadas. Ela geralmente está concentrada na face romboédrica principal [r =

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

{101 0} e apresenta uma série de bandas finas e escuras paralelas à face r e ocasionalmente à face z =
{011 1}(Lehman & Bambauer 1973).

a b

Figura 2.1- (a) Cristal hialino lapidado, na forma brilhante, pesando 19,50ct e (b) Ametista lapidada,
na forma oval, com matiz violeta intenso, pesando 18,50ct.

A cor de algumas ametistas pode ser instável à exposição de luz. Ametistas de geodos do Rio
Grande do Sul perdem cor após exposição por três anos, à luz solar (Currier 1985, in Rossman 1994).
Isto se explica pelo decaimento fotoquímico do centro de cor da ametista.
Por tratamento térmico, a uma temperatura compreendida entre 300 e 560ºC algumas
ametistas perdem a sua cor e podem tornar-se amarelas, amarelas-acastanhadas, outras ficam incolores
e outras tornam-se verdes (Neumann & Schmetzer 1984, Rossman 1994).
A temperatura de esmaecimento da ametista é de 300 a 400 ºC e o desenvolvimento das cores
verde, amarela ou acastanhada foram observados no intervalo de 400-600 ºC (Neumann & Schmetzer
1984).
Nos quartzos incolores desenvolvidos por tratamento térmico de ametistas, o ferro é
incorporado intersticialmente como Fe2+ (I4) e substitucionalmente como Fe3+ (S1) (Rossman 1994). A
cor violeta neste tipo de quartzo (ametista descolorida) é restaurada pela radiação ionizante (Neumann
& Schmetzer 1984), isto se o aquecimento não for excessivo (Rossman 1994).
Atualmente, existe consenso de que a cor da ametista está relacionada à presença do ferro na
estrutura do quartzo e vários modelos tentam explicar o papel do íon ferro. O modelo de Cohen (1985)
sugere que a coloração da ametista é resultado do íon Fe4+ que é formado pelo íon Fe3+ durante a ação
da radiação ionizante.

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Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

A variedade citrino é aquela que apresenta cor de amarela a marrom-amarelada, e menos


frequentemente pode apresentar matiz mel a amarelo-dourado [Figura 2.2 – (a)].
O citrino encontrado no mercado de gemas pode ser natural ou obtido por tratamento térmico
da ametista e de quartzo fumê. A ametista brasileira torna-se amarela, amarela-acastanhada e marrom a
partir de tratamento térmico a temperaturas aproximadamente entre 400 e 600 ºC (Schmetzer 1989).
Quartzo fumê oriundo do Brasil adquire a cor do citrino a cerca de 300ºC (Schmetzer 1989).
Geralmente, os citrinos aquecidos mostram uma coloração avermelhada enquanto os naturais, são
amarelo pálido. Similar à ametista, a cor do citrino está relacionada a impurezas de ferro, porém no
estado de oxidação Fe3+. Entretanto, a cor do citrino ainda é um tema controverso, pois é admitida a
influência da irradiação e outras causas desconhecidas (Schmetzer 1989). O tema da cor do citrino
ainda é mais polêmico, pela existência de cores amarela, do marrom alaranjado produzidas no quartzo
pela irradiação (natural ou em laboratório) com ou sem tratamento térmico e essas variedades são
também denominadas citrino (Rossman 1994).
O quartzo fumê, morion ou enfumaçado agrupa as variedades de quartzo cuja cor varia de
pardo acastanhado (variedade fumê ou enfumaçado) até quase preto (morion) [Figura 2.2 – (b)]. Os
matizes dessa variedade são atribuídos à radioatividade natural a que o cristal foi submetido.

a b

Figura 2.2 - (a) Citrino de matiz amarelado intenso, lapidado na forma oval, pesando 11,50ct e (b)
Quartzo Fumê ou enfumaçado, lapidado na forma de gota, pesando 29,20ct.
Para que a radioatividade atue mudando a cor, faz-se necessária a presença de impureza, como
o alumínio que substitui o silício, na estrutura do quartzo. Amostras de quartzo fumê de Minas Gerais
descolorem a temperaturas entre 140 e 400ºC e sua cor está relacionada à radiação natural, em cristal
contendo impurezas de alumínio e lítio (Favacho-Silva 2000). O quartzo fumê também pode ser obtido

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

em laboratório pela irradiação de quartzo incolor (Rossman 1994). No caso de bombardeamento com
raios gama, a presença de traços de alumínio produz centro Al-OH (Favacho-Silva 2000).
Denomina-se quartzo róseo à variedade semitransparente e translúcida, que ocorre em várias
tonalidades de rosa, variando de violeta para vermelho-rosado à rosa-pálido [Figura 2.3 – (a)]. O
quartzo róseo existe quase que exclusivamente na forma anédrica e sua cor é estável até 575ºC.
Pequenas quantidades de titânio parecem ser o agente que produz a cor (Deer et al. 1992), mas alguns
cristais de quartzo róseo contêm inclusões muito finas de dumortierita rósea, a causadora da cor
(Nesse 2000).
A prasiolita é a variedade gemológica de quartzo mostrando cores esverdeadas. Uma das mais
famosas em todo o mundo é a prasiolita de Montezuma, Minas Gerais, obtida do tratamento térmico
de ametistas (Favacho Silva et al. 2001). Em temperatura situada entre 300 e 500ºC, a ametista de
Montezuma transforma-se em prasiolita (Neumann & Schmetzer 1984). A cor da prasiolita é devida
ao Fe2+ intersticial, numa posição octaédrica distorcida, denominada Fe2+ (I6) (Schmetzer 1989).

a b

Figura 2.3 – (a) Quartzo Róseo, lapidado na forma cabochão, pesando 9,35ct e (b) Prasiolita, lapidada na
forma de gota, pesando 38,95ct.
Nos últimos anos surgiu no mercado mundial de gemas, a prasiolita proveniente de irradiação
seguida de radiação ultravioleta. O Estado de Minas Gerais, novamente se destaca pela ametista do
basalto do Triângulo Mineiro que ao serem irradiadas, produzem excelentes prasiolitas. A Figura 2.3 –
(b) ilustra um desses exemplares lapidados.
O quartzo leitoso, um material que dependendo da espessura, varia de translúcido a opaco, de
cores branca a cinza clara, é de pouco interesse gemológico. Geralmente, o aspecto leitoso do quartzo
está associado à inclusões fluidas. Trata-se de uma variedade gemológica muito comum em corpos
pegmatíticos e hidrotermais. A Figura 2.4 – (a) mostra um exemplar de quartzo leitoso.

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Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

O ametrino é uma variedade gemológica de quartzo, muito rara e só encontrado na Bolívia.


Trata-se de uma gema com níveis milimétricos e ate centimétricos de cores violeta e amarela, bem
separadas e distintas umas das outras. Esse fato permite lapidar peças bicolores, de grande beleza e
aceitação no mercado mundial, o que lhe confere preços elevados. Na Bolívia ela é chamada de
bolivianita, uma denominação que não tem aceitação no mercado mundial de gemas. Aines &
Rossman (1986) explicam essa particularidade do ametrino, ao considerarem que as espécies de
hidrogênio nas zonas de citrino são proveniente predominantemente de água molecular, enquanto nas
zonas de ametista, ocorrem principalmente hidróxidos.
A Figura 2.4 – (b) ilustra o exemplar lapidado de ametrino. Semelhante à ametista, o ametrino
perde sua cor após exposição prolongada à luz solar (Vasconcelos et al. 1994).

a b

Figura 2.4 – (a) Quartzo leitoso lapidado na forma retangular, pesando 36,30ct e (b) Ametrino lapidado
na forma retangular, pesando 2,74ct.
Após apresentar as variedades gemológicas naturais do quartzo faz-se necessário explicar as
causas que permitem o aparecimento de cores, principalmente criadas em laboratório, no quartzo.
Essas causas são provenientes de defeitos na estrutura cristalina do quartzo, os quais permitem a
entrada de impurezas ou íons dopantes, que serão os causadores de cores.

2.1- DEFEITOS ESTRUTURAIS E IMPUREZAS NO QUARTZO


De uma maneira geral, os cristais possuem irregularidades, denominadas defeitos. Esses
defeitos são grupados em pontuais, lineares e planares (Nesse 2000). Como esse trabalho se refere a
mudança de cor, só serão feitas referências aos defeitos pontuais. Os defeitos lineares e planares não
interferem na cor.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Os defeitos pontuais são constituídos por sítios vazios (Schottky), átomos deslocados da
posição correta (Frenkel) átomos ou íons estranhos à estrutura ou átomos e íons substituídos.
Os defeitos serão maiores em cristais que se formam a elevadas temperaturas e essa
particularidade leva à formação de arranjos desordenados. Diferenciam-se entre os defeitos estruturais,
os de Schottky e os de Frenkel (Nesse 2000). Quando um defeito Frenkel é formado, um íon deixa a
posição normal na rede e ocupa alguma posição intersticial. No defeito Schottky, o íon deixa a sua
posição e a rede fica vazia (Figura 2.5).

Figura 2.5 – Defeitos pontuais. O defeito Schottky (a) e o defeito Frenkel (b) (Nesse 2000).

Os defeitos de Schottky são caracterizados por vazios não preenchidos. Nos cristais, torna-se
necessário que os sítios vazios dos cátions sejam balanceados por sítios vazios de ânions, para que a
carga seja mantida. Nos defeitos de Frenkel um cátion ou um ânion é movido de sua posição normal,
para um outro sítio alternativo que não se encontra ocupado normalmente. Cátions são mais
comumente envolvidos nos defeitos Frenkel, pois eles são menores que ânions (Nesse 2000).
Faz-se necessário a ocorrência de defeitos para a entrada de impurezas num cristal. Nenhum
mineral se encontra no estado puro, pois outros elementos podem estar presentes, como elementos
traços.
Sintetizando, essas impurezas podem ser intersticiais ou substitucionais. Na rede cristalina do
quartzo, os sítios intersticiais são ocupados por íons monovalentes (H+, Li+, Na+, K+, etc.) enquanto
que os íons substitucionais Al3+ e Fe3+ substituem o Si4+. O posicionamento desses íons é que irá
influenciar nos resultados das irradiações a que serão submetidas as amostras.

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Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Seja natural ou sintético, o quartzo hialino sempre possui um pequeno teor de alumínio, em
geral abaixo de 100ppm. Autores como Weil (1975 e 1984) Griscom (1979), Halliburton et al. (1980)
e Shinohara (1990) relatam investigações sobre a influência do alumínio no quartzo quando submetido
à radiação ionizante. Pelo bombardeamento feito com irradiação natural ou com a ajuda do ser
humano nos laboratórios ou ainda por aquecimento extremo que excita e libera elétrons são
introduzidos defeitos na estrutura do cristal. Esses defeitos, são denominados centros de cor. Os
centros de cor são englobados em duas categorias: centros de cor por elétron e centros de cor por
buracos. Em ambos os casos o centro de cor é capaz de absorver somente energias especificas
correspondendo a comprimentos de ondas de luz incidentes especificas, e a cor que nós vemos é a cor
complementar a aquela ou aquelas absorvidas (Nassau 1980). O entendimento desses centros de cores
é fundamental no desenvolvimento dessa dissertação de mestrado, uma vez que as diversas bandas no
espectro de infravermelho relacionam-se aos centros H+, Li+, Na+ e K+.
Os átomos de alumínio podem ocupar a posição do silício no quartzo ou se situar numa
posição intersticial. Quando na posição do silício a notação utilizada AlSi para a posição intersticial é
Ali (Weil 1984).
O alumínio substitucional se posiciona no interior de um tetraedro, com um oxigênio em cada
um dos vértices, possuindo valência 3+ (o silício tem valência 4+). O balanceamento de cargas deve ser
restabelecido. Exemplos de íons, que podem ser compensadores de carga são H+, Li+, Na+ e K+. Os
compensadores de carga monovalentes, encontram-se posicionados nas imediações do Al3+
substitucional, dando origem à formação de centros de impurezas no quartzo. Esses centros são
denominados de H+ [centro (AlSiO4/H+)0] e M (Li, Na e K), onde Li+[centro (AlSiO4/Li+)0], Na+[centro
(AlSiO4/Na+)0] e K+ [centro (AlSiO4/K+)0] (Nunes 2005).
Há pouca referência na literatura científica sobre o alumínio intersticial no quartzo. Cohen
(1960) afirma que o alumínio intersticial não produz cor no quartzo.
- O centro H+ [(AlSiO4/H+)0] é formado por ligação intersticial com o oxigênio adjacente ao
Al3+ substitucional. A vibração da ligação O-H possibilita identificar esse centro por espectrometria na
região do infravermelho, pela ocorrência de diversas bandas na região espectral entre 3.200 e
3.600cm-1 (Katz 1962).
O quartzo natural apresenta as bandas de absorção a 3.311 e 3.371cm-1 (3.306 e 3.380 cm-1) à
temperatura ambiente (Bahadur 1989), aumentando de intensidade quando são irradiados, também à
temperatura ambiente [Kats (1962), Brown & Kahan (1975), Bahadur (1989)]. Kats (1962) também
verificou que a banda a 3.371cm-1 é aproximadamente três vezes mais intensa que a banda 3.311cm-1.
A Figura 2.6 – (a) apresenta a ligação da molécula OH- e em (b) a lacuna no orbital p não ligado ao
oxigênio.
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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Molécula OH+

Lacuna no orbital p não


a ligado no oxigênio b
Figura 2.6 – (a) Representação esquemática de um centro H+[(AlSiO4/H+)0] e (b) [(AlSiO4/h+)0]
(Bahadur 2003).
O defeito [AlSiO4/h+]0 é identificado com a obtenção do gráfico do ensaio UV-Visível. Ele é o
centro de impureza que melhor caracteriza um defeito pontual na rede cristalina do quartzo e é
formado quando o quartzo é exposto à radiação ionizante (raios X, raios gama ou elétrons com alta
energia), acontecendo à remoção de um íon intersticial positivo (H+, Li+, Na+) e um elétron O2-
adjacentes ao Al3+ substitucional. Tal fato resulta em um elétron desemparelhado que gera uma intensa
banda de absorção na região visível do espectro eletromagnético (O’Brien 1955).
Os centros [AlSiO4/M+]0 (onde M+ = Li+ , Na+ ou K+) são formados quando álcalis ocupam um
sítio intersticial adjacente ao alumínio substitucional. Essa é uma notação seguida por Kats (1962).
Atualmente os físicos adotam a notacao de centro H+.
Os centros [AlSiO4/M+]0 apresentam bandas de absorção características no espectro de
absorção no infravermelho e não são paramagnéticas, podendo ser monitoradas através de medidas de
perda acústica ou dielétrica em função da temperatura (Nunes 2008). A Figura 2.7 - (a) apresenta um
esquema referente ao centro M [AlSiO4/M+]0 e (b) os defeitos OH de crescimento.

H Si
O
Alcali Intersticial
Defeito de crescimento
O
Si
H Defeitos OH de
crescimento

a b
Figura 2.7 – (a) Representação esquemática de um centro [AlSiO4/M ] e (b) Defeitos OH de crescimento
+0

(Bahadur 2003).

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Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

A origem de bandas no espectro de absorção no infravermelho ainda não está bem


esclarecidas, no caso do quartzo. Kats (1962) imagina que essas bandas são devidas a associação de
íons monovalentes (Li+, Na+ e K+) e radicais OH-. Para Kats (1962) as posições das bandas de
absorção no espectro de infravermelho dependem do alcalino presente na estrutura do quartzo. As
principais bandas de absorção associadas aos centros Li-OH; Na-OH e K-OH ocorrem,
respectivamente, a 3.478, 3.453 e 3.585cm-1.
Os defeitos estruturais relacionados ao hidrogênio presentes na estrutura do quartzo
geralmente está ligados ao oxigênio. Inúmeros modelos procuram identificar os defeitos causados pelo
OH. De uma maneira geral, as formas de associação O-H na estrutura cristalina do quartzo podem ser
de 04 maneiras. Os íons OH- associados a impurezas metálicas substitucionais ou intersticiais
[AlSiO4/H+]0, [M-OH]; aqueles íons OH- presos diretamente ao Si formando os centros [Si-OH]; às
moléculas de H2O e os centros [4H]-O formados pela substituição do Si por quatro prótons H+ (Weil
1984).
Alguns desses defeitos podem ser identificados no espectro de absorção no infravermelho e
são representados por bandas finas sobrepostas a uma banda larga (Aines & Rossman 1984). As
bandas finas estão associadas aos centros [AlSiO4/H+]0, [M-OH] e à vibração Si-O (Kats 1962). Para
Aines et al. (1984), essa banda larga está relacionada a presença de H2O molecular na estrutura do
quartzo.
Para Aines & Rossman (1986), os efeitos da radiação ionizante estão relacionados à
concentração de defeitos OH no quartzo e os centros de cor responsáveis pela coloração da ametista,
podem ser inibidos se a concentração de moléculas H2O na rede cristalina for muito elevada.
Quanto aos defeitos relacionados ao ferro, ele pode ser substitucional (Fe3+) ao silício;
intersticial em sítio de coordenação tetraédrica; intersticial em sítio de coordenação octaédrica e
intersticial em sítio de simetria cúbica próximas a oito átomos de oxigênio, sobre o eixo c e entre dois
átomos de silício (Lehmann 1969, in Nunes 2008)
A cor da ametista está relacionada à presença de ferro no quartzo, nos estados de valência
Fe2+, Fe3+ e Fe4+. Estes três estados podem estar em sítios intersticiais (I) e, somente o Fe3+, pode estar
no sítio substitucional (S) (Cohen 1985). Os sítios substitucionais são ocupados geralmente pelo silício
e são designados pela letra S (S1, S2). Duas posições intersticiais podem ser ocupadas por íons Fe3+ no
quartzo. A posição I1 sobre o eixo c e coordenada por dois oxigênios a 1,92Ǻ e outros dois a 2,52Ǻ.
Os dois ânions de oxigênio adicionais, estão dentro da distância de interação e assim pode ser
considerado como um sítio octaedrico distorcido (FeO6). A posição I2 sobre eixo a, com coordenação
tetraédrica aproximadamente regular com dois oxigênios à 1,99Ǻ e dois à 2,03Ǻ é conhecida como
sitio intersticial (FeO4) (Rossman 1994).
14
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

Diversas configurações de centros de cor devidas ao ferro são possíveis. Os mais pesquisados
no quartzo são os substitucionais Fe3+, que envolvem uma unidade [SiO4]0, com os centros [FeO4]-, ou
com cátions monovalentes (Li+, H+ e Na+) funcionando como compensadores de carga, os centros
[FeO4/M]n. Os centros substitucionais Fe3+ têm pouca influência direta na cor do quartzo, mas podem
ser importantes percussores para outros centros de cor (Rossman 1984).
Rossman (1994) descreve sete centros de cor no quartzo.
- O centro [FeO4/Li]0 = centro S1. Como centro Fe substitucional a configuração S1 tem
pouco efeito direto sobre a cor do cristal hospedeiro (Rossman 1994).
- O centro [FeO4/H]0 = centro S2. Como centro Fe3+ substitucional ele tem pouca influencia
sobre a cor do quartzo (Rossman 1994).
- O centro [FeO4/Na]0 = centro S3. Não há evidências de que esse centro seja importante para
a cor do quartzo natural contento ferro (Rossman 1994).
- O centro [FeO4]0 = centro S0 = centro I. Esse centro é encontrado na ametista no citrino e no
quartzo sintético acastanhado. Há controvérsias se esse Fe3+ é substitucional ou intersticial (Rossman
1994).
- O sítio Fe4+ [FeO4]0 Cox (1976 e 1977) atribui como sendo um sitio substitucional, enquanto
Cohen (1985) atribui este sitio como intersticial.e que não dá cor na ametista. O íon Fe4+ é formado do
Fe3+ pela radiação ionizante e é importante para a coloração da ametista (Rossman 1994).
- O centro intersticial Fe2+ [FeO6]0 = sítio I6. Esse centro caracteriza-se pelo posicionamento
do Fe2+ intersticial em um sítio de coordenação octaédrica distorcida (Lehmann & Bambauer 1973, in
Rossman 1994). Esse centro é importante na formação da prasiolita, sendo observado ocasionalmente
na ametista e no citrino (Rossman 1994).
- O centro intersticial Fe2+ [FeO4] = sítio I4. Esse centro consiste no posicionamento do Fe2+
num sítio intersticial de simetria aproximadamente tetraédrica. Especula-se que ele atue como
intermediário na formação do centro Fe2+ (sítio I6) na ametista (Lehmann & Bambauer 1973, in
Rossman 1994).
Vários são os modelos sugeridos para a explicação da cor da ametista. Cohen (1985) sugere
um mecanismo envolvendo o alumínio substitucional do silício nos tetraedros, os íons alcalinos e Fe4+
intersticiais. A sequência de eventos, quando o quartzo é submetido à radiação ionizante na natureza
ou no laboratório, é representada por Al–O- + radiação → Al-O0 + e-; Na+ (Li+, H+) + e- → Na0 (Li0,
H0); Fe3++ radiação → Fe4+ + e- e Al–O0 + e- →Al-O-.

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Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

Os modelos citados, que atribuem a cor da ametista ao Fe4+, são questionados por Cressey et
al. 1993 (in Rossman 1994), que não encontraram esse íon nesse estado de oxidação em suas
investigações e concluíram que 2/3 do ferro na ametista era Fe2+ .
Sintetizando esse texto sobre defeitos e centros de cor em quartzo, fornece embasamento para
interpretação dos gráficos de espectrometria de absorção na região do infravermelho (FTIR) e o
consequente potencial de criação de cor em quartzo.
Os modelos apresentados são controversos e necessitam ser claramente entendidos, em
investigações futuras. Quanto ao posicionamento das bandas presente no espectro de infravermelho,
elas permitem identificar as impurezas (Al, Fe, Na, Li, K e H) causadoras de cor e associar a
potencialidade do quartzo hialino, explorado em um determinado ambiente geológico.

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CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

O Brasil é o maior produtor do quartzo hialino do mundo, sendo que a maior parte dessa
produção é exportada para países, como a China, por preços irrisórios. Conhecendo a gênese desse
mineral e a possibilidade de mudança de cor, o quartzo é tratado com irradiação gama seguido ou não
de tratamento térmico, para obtenção de cores. Essas novas cores criadas em laboratório agregam
valor ao produto, que tem grande aceitação no ramo de joalheria.
No Brasil, apenas no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN/BH) e no
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo, são realizadas pesquisas básicas
sobre os causadores de cor por irradiação gama no quartzo. Duas empresas privadas, a Empresa
Brasileira de Radiações Ltda. (EMBRARAD) e a Companhia Brasileira de Esterilização (CBE),
ambas no Estado de São Paulo, apenas aplicam a técnica de irradiação, com fins comerciais.
Pouco se conhece, no Brasil, sobre as causas de mudança de cor em quartzo, sendo um vasto
campo a ser investigado. O perfeito conhecimento das causas de cores e das técnicas aplicadas,
poderão trazer subsídios para o desenvolvimento das regiões das minas e agregar valor a esse bem
mineral que é vendido, atualmente em média, a US$ 1,00 /kg.
As informações encontradas na literatura nacional restringem-se a poucas dissertações de
mestrado, uma tese de doutorado e alguns poucos artigos em revistas científicas, versando sobre
desenvolvimento de cores em quartzo.
O quartzo hialino com potencialidade de mudança de cor, é encontrado em veios hidrotermais
em sequências quartzíticas (como as da Serra do Espinhaço) e nos núcleos de pegmatitos diferenciados
(como os da Província Pegmatítica Oriental).
A correlação entre cor obtida em laboratório, associada a característica química e espectro de
infravermelho, com o ambiente formador do quartzo, são ferramentas básicas para o entendimento do
problema.
Desde a década de 1930, são conhecidos os depósitos de quartzo hialino no Estado de Minas
Gerais, alguns com volumes expressivos. Eles são encontrados, principalmente nos veios hidrotermais
e nos núcleos de pegmatitos. Naqueles de veios hidrotermais, como os encaixados nos quartzitos da
Serra do Espinhaço, o quartzo hialino é retirado de corpos de dimensões variáveis de centimétricas a
dezenas de metros de comprimento e/ou largura. Já nos pegmatitos, eles formam núcleos no centro de
corpos diferenciados, como os encontrados na Província Pegmatítica Oriental.
Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

O comércio internacional de quartzo passou por vários estágios, com exigências de normas e
especificações distintas. Inicialmente, foi considerado um mineral estratégico pelos Estados Unidos da
América (EUA), devido a sua utilização para fins ópticos, durante a II Guerra Mundial. Com o
advento da utilização do quartzo na indústria eletrônica, as especificações se tornaram mais rígidas, o
que não permitia a obtenção de grandes volumes com as qualidades exigidas. Esse problema resultou
no desenvolvimento do quartzo sintético, com alto grau de pureza e isento de defeitos estruturais. A
fabricação de silício metálico, segmento no qual o Brasil é um dos maiores produtores mundiais,
permitiu elevada produção de quartzo sintético, de altíssima pureza, possibilitando a sua utilização na
indústria eletrônica, óptica e aeroespacial. Um bom exemplo, é o da indústria aeroespacial que exige
quartzo praticamente isento de alumínio.
Paralelamente às investigações realizadas com fins industriais / tecnológicos e sabendo-se da
ocorrência de variedades gemológicas de quartzo com matizes diversos, vários especialista começaram
a pesquisar a criação de cores, em laboratórios. Descobriu-se que, ao submeter o quartzo hialino a
doses variadas de irradiação gama (entre 65 e 600kGy), de uma fonte de Co-60, ele poderia mudar de
cor. Pesquisas paralelas mostraram que, quando submetido a tratamento térmico, o quartzo poderia
voltar a ser incolor ou aparecer matizes de cores novos ou já conhecidos (Lameiras 2007). A partir
deste princípio, foram criadas em laboratório, as variedades gemológicas existentes na natureza
(ametista, citrino, morion ou fumê e prasiolita) e novas gemas (beer, champagne cognac, green gold e
whisky).
O parágrafo anterior apresenta o princípio norteado para essa dissertação de mestrado. Além
da etapa laboratorial, também foi feita uma correlação com a gênese do quartzo. Foram amostrados
quartzo hialino de origem hidrotermal encaixados nos quartzitos da Serra do Espinhaço e aqueles
oriundos de núcleos quartzosos de pegmatitos da Província Pegmatítica Oriental. Em laboratório
foram separados os espécimes hialinos, os quais foram submetidos à espectrografia de absorção na
região do infravermelho com Transformada de FOURIER (FTIR). Essa técnica permite definir em
quais espécimes serão criados os matizes de cores. Caso apareçam novas cores, significa que tal
quartzo porta elementos dopantes (Al, Fe, Li, Na, e H), os quais precisam ser medidos. Antes das
análises químicas, os ensaios de irradiação gama (com doses variáveis) seguida ou não de tratamento
térmico, confirmam os resultados de infravermelho. A etapa seguinte consistiu na obtenção de
resultados analíticos, por via úmida e por espectrografia de emissão atômica por plasma de
acoplamento induzido (ICP/AES), visando dosar o SiO2 e os elementos traços, principalmente os
possíveis causadores de cores.
De posse de todos esses resultados, foi feita uma correlação entre os ambientes de formação
do quartzo e sua potencialidade para aproveitamento como mineral-gema.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol 68, 195p.

1.1 – OBJETIVOS
Para a elaboração dos próximos parágrafos sobre os objetivos dessa dissertação, tem que se
partir do princípio de que o Brasil possui uma das maiores reservas mundial de quartzo hialino. Tal
fato implica numa imensa necessidade de conhecimento, no nível de detalhe, dos vários campos de
aplicação do quartzo, nos dias atuais e numa perspectiva futura. O quartzo está presente numa gama de
produtos, cuja utilização inicia-se numa areia para construção civil, passa pela indústria vidreira, de
painéis de aquecimento solar e atingem produtos de tecnologia de ponta, como as indústrias
eletrônicas, de silicone e mesmo aeroespacial. O mundo gemológico é apenas uma pequena ponta
deste iceberg, mas que pode ser outra fonte considerável de recursos, uma vez que inicia-se na
mineração e finaliza na indústria e comércio de artesanato mineral e jóias.
Utilizando-se de técnicas laboratoriais como espectroscopia de absorção na região do
infravermelho, análises químicas, irradiação gama e tratamento térmico é possível atingir o objetivo,
de definir a potencialidade de um depósito de quartzo hialino. O principal objetivo dessa dissertação
de mestrado será correlacionar esses resultados, com o ambiente formador de quartzo hialino.
De posse desses resultados de potencialidades de mudança de cor em quartzo hialino,
elaborado inicialmente em 04 depósitos de origem hidrotermal e pegmatítico, será possível projetá-los
para outros locais ainda não pesquisados, no Estado de Minas Gerais e no restante do Brasil.

1.2 – JUSTIFICATIVAS
O desenvolvimento de técnicas de tratamento de quartzo hialino, visando a obtenção de
matizes de cores diversas, surgiu no século passado (Holden 1923, Nassau 1980). No Brasil
pesquisadores e comerciantes estrangeiros descobriram a potencialidade de mudança de cores dos
espécimes hialinos de quartzo, principalmente daqueles oriundos dos veios hidrotermais do Espinhaço.
O Estado de Minas Gerais tornou-se então o maior supridor de quartzo hialino para empresas,
principalmente, chinesas e indianas.
Segundo (Favacho - Silva 2001), após tratamento por irradiação gama, o quartzo agrega um
valor de cerca de 400% sobre o valor original de uma gema de cor fraca ou incolor.
Apesar disso, são muito poucas as citações na literatura mundial sobre a potencialidade
gemológica do quartzo hialino brasileiro.
Portanto, essa é a principal justificativa para esta dissertação de mestrado, onde tentar-se-á
contribuir para um maior conhecimento sobre criação de cores em quartzo hialino.

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Drummond N. F., 2009 Ambientes Geológicos e Mudanças de Cor no Quartzo Hialino.

A existência de uma massa crítica e do conhecimento do estado da arte permitirá o seu


aproveitamento, iniciando-se na mineração, passando pela mudança de cor, a lapidação e, finalizando,
no design e comercialização de gemas e jóias no Brasil.
Outra justificativa é o caso dos cristais de quartzo hialino dos núcleos pegmatíticos. Várias
minas abandonadas foram reativadas para explotação de quartzo. Nada se sabia no Brasil sobre quais
variedades gemológicas poderiam ser obtidas desses produtos.
A correlação da potencialidade do quartzo entre ambiente hidrotermal e pegmatítico foi feita
na tentativa de definir quais variedades gemológicas podem ser criadas em laboratórios.

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