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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE MINAS

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ESTUDO ESTRUTURAL, TEXTURAL E GEOQUÍMICO DOS

HEMATITITOS DA MINA DO PICO E ARREDORES,

ITABIRITO – QUADRILÁTERO FERRÍFERO – MG.

Ráyna Durão Dadalto

Ouro Preto, dezembro de 2022


ii
ESTUDO ESTRUTURAL, TEXTURAL E GEOQUÍMICO DOS
HEMATITITOS DA MINA DO PICO E ARREDORES,
ITABIRITO – QUADRILÁTERO FERRÍFERO – MG

i
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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
Reitora
Cláudia Aparecida Marliére de Lima
Vice-Reitor
Hermínio Arias Nalini Júnior
Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação
Renata Guerra de Sá Cota

ESCOLA DE MINAS
Diretor
José Alberto Naves Cocota Júnior
Vice-Diretor
Cláudio Eduardo Lana

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Chefe
Edison Tazava
Vice-Chefe
Maria Augusta Fujaco

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EVOLUÇÃO CRUSTAL E RECURSOS NATURAIS

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CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA – VOL. 81

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Nº 439

ESTUDO ESTRUTURAL, TEXTURAL E GEOQUÍMICO DOS


HEMATITITOS DA MINA DO PICO E ARREDORES, ITABIRITO –
QUADRILÁTERO FERRÍFERO – MG

Ráyna Durão Dadalto

Orientador
Hermínio Arias Nalini Júnior
Co-orientadores
Issamu Endo
Cristiane Paula de Castro Gonçalves

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais do


Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito
parcial à obtenção do Título de Mestre em Ciências Naturais, Área de Concentração: Tectônica,
Petrogênese e Recursos Minerais.

OURO PRETO
2022

v
Ficha catalográfica

Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br


Escola de Minas - http://www.em.ufop.br
Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais
Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita
35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: pgrad@degeo.ufop.br

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autoral.

ISSN 85-230-0108-6
Depósito Legal na Biblioteca Nacional
Edição 1ª

Catalogação elaborada pela Biblioteca Prof. Luciano Jacques de Moraes do


Sistema de Bibliotecas e Informação - SISBIN - Universidade Federal de Ouro Preto

vi
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
REITORIA
ESCOLA DE MINAS
COORDENACAO DO PROGRAMA DE POS-GRADUACAO
EM EVOLUCAO CRUSTAL

FOLHA DE APROVAÇÃO

 
Rayna Durão Dadalto
 
Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico E Arredores, Itabirito – Quadrilátero
Ferrífero – Mg.
 

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais da Universidade Federal
de Ouro Preto como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Naturais.

Aprovada em 07 de dezembro de 2022.


 
Membros da banca
 
 
Prof. Dr. Hermínio Arias Nalini Júnior - Orientador(a)  Universidade Federal de Ouro Preto
Prof. Dr. Francisco Javier Rios - Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear 
Prof. Dr. Gustavo Henrique Coelho de Melo - Universidade Federal de Ouro Preto
 
 
 
O Prof. Dr. Herminio Arias Nalini Junior, orientador do trabalho, aprovou a versão final e autorizou seu depósito no Repositório
Institucional da UFOP em XX/XX/XXXX
 
 

Documento assinado eletronicamente por Herminio Arias Nalini Junior, VICE-REITOR(A), em 07/12/2022, às 16:02,
conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de
2015.

Documento assinado eletronicamente por Claudia Aparecida Marliere de Lima, REITOR(A), em 11/12/2022, às
19:30, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro
de 2015.

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R. Diogo de Vasconcelos, 122, - Bairro Pilar Ouro Preto/MG, CEP 35402-163


Telefone: (31)3559-1605   - www.ufop.br
Dedicatória

Ao meu avô Wilson Durão

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer primeiramente à Deus que não deixou me faltar força, determinação e coragem,
ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Minerais do DEGEO (Departamento
de Geologia / Escola de Minas) da Universidade Federal de Ouro Preto pela oportunidade para que eu
pudesse desenvolver minha pesquisa e por todo o suporte dado durante o desenvolvimento do mestrado,
principalmente em relação às medidas de suporte a nós, pesquisadores, durante a pandemia do COVID-
19. Gostaria de agradecer também aos meus orientadores, Professor Hermínio Nalini, por todo o suporte
e orientação durante a pesquisa, Professor Issamu Endo, por ter acreditado na minha capacidade de
desenvolver este trabalho tão complexo e desafiador, pela orientação, excelentes ensinamentos e
suporte, e Professora Cristiane Gonçalves, pelo auxílio dado na confecção e descrição das lâminas
delgadas. Esta pesquisa de mestrado foi financiada pela taxa de bancada do projeto de produtividade em
pesquisa CNPQ 305832/2018-2 intitulado “Quimio-estratigrafia e estudos isotópicos em formações
ferríferas bandadas”, coordenado pelo Prof. Dr. Hermínio Arias Nalini Júnior, por isso gostaria de
agradecer ao CNPQ pelo financiamento do projeto e ao CNPQ e CAPES pela concessão da bolsa de
mestrado. À empresa de mineração VALE S. A. pela parceria neste projeto e pela concessão de acesso
à Mina do Pico, e aos geólogos(as) que lá trabalham Daniela Moreira, Kleverson Cruz e Daniel Rossi,
por todo o suporte e acompanhamento nos trabalhos de campo, pela disponibilidade em ceder materiais
e shapes necessários para o desenvolvimento do trabalho e por estarem sempre disponíveis para o que
fosse preciso. Aos laboratórios LMic (Lab. de Microscopia e Microanálises), Lab. de Geoquímica e
LAMIN (Lab. de Laminação) da UFOP, à Fundação Gorceix e ao Lab. de Serviços de Tecnologia
Mineral do CDTN (Centro de Desenvolvimento Tecnológico Nuclear), pelas preparações e análises de
qualidade entregues. À Adriana Abreu e Geraldo Sampaio pelo suporte no tratamento e interpretação
dos dados geoquímicos, ao professor Gustavo Melo pela ajuda na preparação das amostras para as
análises e durante a confecção das lâminas delgadas no LAMIN e ao Professor Edson Tazava pelas
orientações de descrição de lâminas de minério de ferro. Gostaria de agradecer também ao meu avô
Wilson Durão pelo suporte financeiro dado durante a minha estadia em Ouro Preto, à minha mãe
Geovanna Durão pelo apoio em momentos de problemas de saúde enfrentados durante o mestrado, e ao
restante da minha família pela compreensão em relação à diminuição das visitas à minha cidade durante
o período do mestrado. Ao meu namorado Pedro Assis pela imensa paciência e compreensão durante
meus momentos mais difíceis, às minhas amigas de pós Flávia Compassi e Carolina Cristiano pelo
suporte em diversas dificuldades que apareceram durante o projeto, pelo apoio emocional durante o
mestrado e a pandemia, e pela ótima companhia durante todo o tempo, sem vocês teria sido muito mais
difícil. E ao meu colega de pós Ramon Messias por diversas ajudas e conselhos dados durante o
mestrado e pelo suporte na formatação da minha dissertação. Meu muito obrigada à todos que
contribuíram de alguma forma para que fosse possível o desenvolvimento e conclusão do meu projeto
de mestrado.

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Epígrafe

"Não sabendo que era impossível, foi lá e fez."


Jean Cocteau

xiii
xiv
Resumo

A Mina do Pico está localizada no município de Itabirito, no estado de Minas Gerais, Brasil, no flanco
leste do Sinclinal Moeda e está inserida na Província Mineral do Quadrilátero Ferrífero. A região é rica
em minério de ferro, e os corpos hipogênicos são caracterizados pelos hematititos, denominados
comercialmente de hematita compacta, tendo grande importância econômica devido ao seu elevado teor
em ferro. Este minério está alojado nos itabiritos da Formação Cauê, a unidade Paleoproterozóica do
Supergrupo Minas, depositada entre 2,58 e 2,42 Ga. Observa-se na Mina do Pico e arredores que os
corpos de hematititos ocorrem de forma discordante ao bandamento composicional do itabirito,
constituindo volumes significativos desse minério bem como como bandas ou lâminas de espessura
milimétrica no itabirito, ou seja, subparalelas ao bandamento composicional. Estudos anteriores
chegaram à conclusão de que houve ação de fluidos hidrotermais nos itabiritos da Formação Cauê, que
teriam sido responsáveis pela reconcentração e enriquecimento de óxidos de ferro nessas rochas. Este
trabalho teve como objetivo geral caracterizar geneticamente estes hematititos estudando a relação
estrutural, a petrografia e a geoquímica dos corpos de hematititos e as bandas ou lâminas de hematititos
nos itabiritos, com o intuito de confirmar a ação dos fluidos hidrotermais na gênese dessas rochas e
caracterizar o controle estrutural dos corpos. Para isso foram realizados trabalhos de campo para estudo
das relações estruturais entre os diversos litotipos da Formação Cauê. Foram realizados estudos
petrográficos ao microscópio ótico e ao Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), e análises via
ICP-OES, ICP-MS e titulometria com K2Cr2O7 para obtenção dos elementos maiores, menores e traços
(incluindo ETR +Y), Fe2+ e Fe3+. Nos trabalhos de campo foram levantadas as relações estruturais e
medidas as atitudes de bandamento composicional, xistosidade e lineações de intersecção (S0xSn) e
mineral. Através de análises petrográficas e geoquímicas, observou-se que os itabiritos são
essencialmente compostos por óxidos de ferro e quartzo (SiO2), e os hematititos discordantes do
bandamento composicional do itabirito é composto quase inteiramente por óxidos de ferro, onde a
magnetita já teria sido quase completamente transformada em hematita microcristalina ou tabular. Além
disso, a geoquímica também forneceu outras informações importantes, tais como a anomalia positiva de
Eu em gráficos multielementares de ETR + Y, corroborando a ação dos fluidos hidrotermais. Os fluidos
teriam atuado tanto nas bandas de óxidos de ferro dos itabiritos quanto nos corpos de hematititos
discordantes do bandamento composicional do itabirito, uma vez que não foram observadas grandes
diferenças texturais e geoquímicas entre eles. As observações estruturais de campo, fotointerpretação
de imagens de relevo sombreado e dados geofísicos (magnetométricos) combinados com dados
petrográficos e geoquímicos permitiram propor um modelo genético-estrutural para a formação dos
corpos megascópicos de hematitito, associada a estruturas do tipo pull-apart nucleadas em sistema
transtrativo sinistral controlado por duas falhas (Cata Branca e Pau Branco) de direção NW-SE. Essas
falhas correspondem a reativação de descontinuidades crustais preenchidas por diques máficos de idade
1,7 Ga. Subsidiariamente, ocorrem corpos de hematititos no entrado de diques máficos dobrados,
sugerindo que essas falhas devem ter agido como condutos para o fluido hidrotermal durante a

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reativação Brasiliana. Adicionalmente, os fluidos hidrotermais teriam agido também ao longo das
anisotropias reativadas, bandamento composicional dos itabiritos, transformando-as mineralógica e
texturalmente, concentrando ainda mais as hematitas formando bandas ou lâminas de hematitito. Foram
definidos dois tipos de minério de ferro hipogênico na região da Mina do Pico: Depósito de Minério de
Ferro Bandado (Banded Iron Ore Deposits - BID) e o Depósito de Minério de Ferro Maciço (Massive
Iron Ore Deposits - MID).

xvi
Abstract

The Pico mine, is located in Itabirito town, in the state of Minas Gerais, Brazil, on the east limb of the
Moeda Syncline and it is inserted in the Quadrilátero Ferrífero (Iron Quadrangle) Mineral Province. The
region is rich in iron ore, and the hypogene bodies are characterized by hard hematite, commercially
called compact hematite, that have great economic importance due to its high iron content. This ore is
hosted in the itabirites of the Cauê Formation, the Paleoproterozoic unit of the Minas Supergroup,
deposited between 2.58 and 2.42 Ga. It is observed in and around the Pico Mine that the hard hematite
bodies occur discordantly to the compositional banding of the itabirite, constituting significant volumes
of this ore as well as millimeter-thick bands or sheets in the itabirite, i.e., subparallel to the compositional
banding. Previous studies have concluded that there was hydrothermal fluid action in the itabirites of
the Cauê Formation, which would have been responsible for the iron oxides reconcentration and
enrichment in these rocks. This work had as general objective to characterize genetically these hard
hematites studying the structural, petrography and geochemistry of the hard hematite bodies and the
hematite bands or sheets in the itabirites, in order to confirm the action of hydrothermal fluids in the
genesis of these rocks and to characterize the structural control. Petrographic studies were realized by
optical microscope and Scanning Electron Microscope (SEM), and analyses via ICP-OES, ICP-MS and
titrimetry with K2Cr2O7 were used to obtain major, minor and trace elements (including REE +Y), Fe2+
and Fe3+. In the fieldwork, structural relationships were observed and structures measurements were
taken, mainly attitudes of the banding, schistosity, intersection (S0xSn) and mineral lineations. The
purpose of this work was to genetically characterize this hypogene hard hematite. Through petrographic
and geochemical analyses, it was observed that itabirites are essentially composed of iron oxides and
quartz, and hard hematite discordant with the itabirite banding is composed almost entirely of iron
oxides, where magnetite has already been almost completely replaced by microcrystalline or tabular
hematite. In addition, the geochemistry also provided other important information such as the positive
Eu anomaly in multielemental plots of REE + Y, corroborating the action of hydrothermal fluids. The
fluids would have acted both in discordant hard hematite and in the iron oxide bands of the itabirites,
since no major textural and geochemical differences were observed between them. The structural field
observations, photointerpretation of hillshade images and geophysical data (magnetometrics), combined
with petrographic and geochemical data allowed us to propose a genetic-structural model for the
formation of the megascopic hard hematite bodies, associated with pull-apart structures nucleated in a
sinistral transtractive system controlled by two NW-SE-directed faults (Cata Branca and Pau Branco).
These faults correspond to reactivation of crustal discontinuities filled by mafic dykes of age 1.7 Ga.
Subsidiarily, hard hematite bodies occur in the inner arc of folded mafic dikes, suggesting that these
faults must have acted as conduits for the hydrothermal fluid during the Brasiliano reactivation.
Additionally, hydrothermal fluids would have also acted along the reactivated anisotropies,
compositional banding of the itabirites, transforming them mineralogically and texturally, further

xvii
concentrating the hematite forming hematite bands or sheets. Two types of hypogene iron ore were
defined in the Pico Mine region: Banded Iron Ore Deposits (BID) and Massive Iron Ore Deposits (MID).

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Lista de Figuras

1.1. Mapa de localização regional e semiregional da Mina do Pico ............................................. 3


1.2. Fluxograma geral da metodologia envolvida ......................................................................... 4
1.3. Mina do Pico. Em (a) Pico do Itabirito e cava da Mina; em (b) amostras de hematita co ..... 5
1.4. Amostras de hematita compacta (a e b) e itabirito (c e d) coletadas na primeira etapa.......... 6
1.5. Metodologia empregada para cortes das amostras e confecção de lâminas delgadas ............ 6
1.6. MEV-EDS, marca Joel, modelo JSM6510............................................................................. 8
1.7. Fluxograma das analises químicas executadas ....................................................................... 9
1.8. Equipamentos utilizados para análise de Elementos Maiores e Menores. (a) ICP-OES ...... 10
1.9. ICP-MS, modelo Agilent Technologies 7700x, 2011 .......................................................... 13
1.10. Fluxograma da abertura das amostras de minério de ferro e da digestão total ácid ........... 13
2.1. Mapa geológico simplificado do Quadrilátero Ferrífero ...................................................... 17
2.2. Coluna estratigráfica segundo o novo mapa do quadrilátero ferrífero ................................. 18
2.3. Sistema de Nappes do Quadrilátero Ferrífero e as principais falhas/zonas de cisalhame .... 26
2.4. Mapa geológico da região da Mina do Pico ......................................................................... 30
3.1. Classificação de Gross 1980 para as formações ferríferas e associação dos diferentes ti .... 34
3.2. Principais períodos de deposição das FFB's com a quantidade relativa depositada repre ... 35
3.3. Principais depósitos de minério de ferro no mundo ............................................................. 36
3.4. Mapa simplificado do Quadrilátero Ferrífero com as diferentes zonas metamórficas ......... 41
3.5. Evolução textural do minério de ferro do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais ................. 46
3.6. Diagramas ETRY normalizados para PAAS. Em a) minério compacto, b) minério fri....... 51
4.1. Principais elementos para ocorrência de um sistema mineral. A deposição do minério c ... 56
4.2. Esquematização da Lei de Darcy ......................................................................................... 59
4.3. Componentes de permeabilidade geradas em um campo de tensões triaxial: Falhas (ind ... 60
4.4. Diagrama “Delta” ilustrando como rupturas cíclicas de terremotos (TR) produzem mud .. 61
4.5. Bloco diagrama esquemático do sinclinal Moeda, com representação das principais ja ..... 63
4.6. Configuração geotectônica de alguns distritos de Minério De Ferro. A: distrito de fe ........ 66
4.7. Formação da bacia tipo rift, a entrada de material, sedimentação e deformação controla ... 68
5.1. Map showing the location of the area and the geology and structural of the Moeda Syn .... 73
5.2. Nappes system of the Iron Quadrangle and the main faults/shear zones. Nappes: CN- C ... 74
5.3. Characteristics itabirites and hard hematites handpicked samples at Pico Mine. (a) Itab ... 78
5.4. Hillshade (a) and geophysical - magnetometric (Analytical Signal) (b) images of the ....... 79
5.5. Main structural relations observed at the Pico Mine. (a) Itabirite body surrounded by a .... 80
5.6. Main structures observed in the field work. (a) Decimetric quartz vein in Schist (Nova .... 81
5.7. Main measurements collected in the field work. (a) Metamorphic banding (Sb); (b) Co .... 82
5.8. Itabirite photomicrograph. (a) Bedding with quartz and iron oxides bands. Transmitted ... 84
5.9. Hard Hematite photomicrograph in reflected light. (a) Hematite being formed in especi ... 85

xix
5.10. Spider diagram of major elements ..................................................................................... 87
5.11. Bar diagrams. (a) Relative Fe2O3 values in the itabirite and hard hematite samples; and 88
5.12. Binary diagrams of some major elements. (a) Fe2O3 versus SiO2 diagram; (b) Al2O3 ... 89
5.13. Multielemental diagram of trace-elements ......................................................................... 90
5.14. Binary Diagrams of some trace-elements showing the correlation between (a, b, e) Zr ... 92
5.15. (a) Multielement diagram showing the distribution of REEs and Y; (b) Itabirite sample . 93
5.16. (Ce/Ce*) versus (Pr/Pr*) diagram for Pico Mine samples (Bau and Dulski 1996). IIIa: ... 95
5.17. (a) Dykes without deformation at 1.1 Ga, crossing the lithologies of Minas Sp.; (b) Ar... 98
5.18. Pull-Apart Genetic-Structural Model for the hard hematite bodies of Pico Mine. (a) D ... 99
5.19. Form-lines map of Pico Mine Region, with the hard hematite and enriched itabirite bo 100
5.20. Generation of spaces between itabirite bands, allowing the fluid to penetrate trem an ... 101

xx
Lista de Tabelas

1.1. Amostras coletadas e respectivas lâminas delgadas. .............................................................. 7


3.1. Composição dos principais tipos de itabirito da Fm. Cauê .................................................. 48
3.2. Concentrações em ppm de Elementos Menores e Traços em concentrados de óxido d ...... 48
3.3. Tabela comparativa entre quartzo itabirito e itabirito dolomítico no que diz respeito ........ 50
3.4. Composição química dos diversos tipos de itabiritos da Formação Cauê segundo Amori .. 52
5.1. Chemical analisys of the major and minor elements (%) obteined by ICP-OES and FRX . 86
5.2. Trace- Elements chemical analisys obteined by ICP-MS .................................................... 91
5.3. REEs and Y chemical analisys obteined by ICP-MS ........................................................... 94
5.4. Ratios calculated from the REEs and Y chemical analisys obteined by ICP-MS ................ 95

xxi
xxii
Lista de Quadros

2.1. Comparação das relações às fases deformacionais atuantes no QFe conforme Alkmim .... 27
3.1. Diferentes tipos composicionais de formações ferríferas no QFe ........................................ 38
3.2. Tipos tectônicos de minério de ferro no QFe e suas principais características .................... 39
3.3. Processos envolvidos na transformação da magnetita em hematita e na formação ............ 42
3.4. Características microscópicas de diferentes gerações de óxidos de ferro, inclusões .......... 44

xxiii
xxiv
Lista de Equações

1.1. Equação da Perda por Calcinação ........................................................................................ 11


1.2. Equação da Determinação do Ferro Total ............................................................................ 14
1.3. Equação da Correção do Ferro Total.................................................................................... 14
1.4. Equação da Determinação do Ferro 2+ ................................................................................. 15
1.5. Equação da Correção do Ferro 2+......................................................................................... 15
1.6. Equação da Determinação do Percentual de Ferro 3+ .......................................................... 15
4.1. Equação do Fluxo de Fluido em Rocha Isotrópica............................................................... 59

xxv
xxvi
Sumário

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1


1.1. Natureza do Estudo ................................................................................................................ 1
1.2. Objetivos ................................................................................................................................ 2
1.3. Localização da Área de Estudos............................................................................................. 3
1.4. Metodologia ........................................................................................................................... 4
1.4.1. Revisão Bibliográfica ................................................................................................ 4
1.4.2. Campo e Amostragem............................................................................................... 5
1.4.3. Caracterização Mineralogia e Microestrutural .......................................................... 7
1.4.4. Técnicas Analíticas ................................................................................................... 9
Determinação de Elementos Maiores e Menores por ICP-OES e FRX ............ 10
Perda por Calcinação ......................................................................................... 11
Determinação de Elementos-traços por ICP-MS............................................... 12
Determinação de Ferro Total, Fe2+ e Fe3+ .......................................................... 14
1.4.5. Tratamento e Análise de Dados Geoquímicos ........................................................ 16
1.4.6. Interpretação dos Resultados .................................................................................. 16
1.5. Organização da Dissertação ................................................................................................. 16
CAPÍTULO 2. CONTEXTO GEOLÓGICO-ESTRUTURAL ............................................. 17
2.1. O Quadrilátero Ferrífero....................................................................................................... 17
2.2. Litoestratigrafia .................................................................................................................... 18
2.2.1. Complexos Metamórficos ....................................................................................... 19
2.2.2. Supergrupo Rio das Velhas ..................................................................................... 19
Grupo Quebra Osso ................................................................................................ 19
Grupo Nova Lima ................................................................................................... 19
Grupo Maquiné ....................................................................................................... 20
2.2.3. Supergrupo Minas ................................................................................................... 20
Grupo Tamanduá .................................................................................................... 21
Grupo Caraça .......................................................................................................... 21
Grupo Itabira........................................................................................................... 21
Grupo Piracicaba .................................................................................................... 22
2.2.4. Supergrupo Estrada Real......................................................................................... 22
Grupo Sabará .......................................................................................................... 22
Grupo Itacolomi ...................................................................................................... 23
2.2.5. Diques Máficos ....................................................................................................... 23
2.2.6. Depósitos Cenozóicos ............................................................................................. 23
2.3. Arcabouço Estrutural............................................................................................................ 23
2.4. A Estrutura Sinclinal Moeda ................................................................................................ 28

xxvii
2.5. Geologia da Mina do Pico .................................................................................................... 29
CAPÍTULO 3. FORMAÇÕES FERRÍFERAS BANDADAS ............................................... 33
3.1. Definições e Classificações .................................................................................................. 33
3.2. Deposição, Idade e Distribuição Mundial ............................................................................ 34
3.3. Petrografia, Metamorfismo E Gênese .................................................................................. 36
3.4. Geoquímica .......................................................................................................................... 47
CAPÍTULO 4. CONTROLE DA MINERALIZAÇÃO DE FERRO ................................... 55
4.1. Conceitos Relativos a Sistemas Minerais............................................................................. 55
4.2. Controle Estrutural em Depósitos Hidrotermais .................................................................. 58
4.3. Estudos Prévios .................................................................................................................... 61
4.3.1. No Quadrilátero Ferrífero ....................................................................................... 62
4.3.2. Em Outras Regiões do Brasil e do Mundo .............................................................. 64
CAPÍTULO 5. PICO MINE HYPOGENE ORE DEPOSIT, IRON QUADRANG ............ 71
5.1 Abstract ................................................................................................................................. 71
5.2 Introduction ........................................................................................................................... 71
5.3 Geological Setting ................................................................................................................. 73
5.3.1. Regional Geology ................................................................................................... 73
5.3.2. The Iron Ore Deposit in the Iron Quadrangle ......................................................... 75
5.4 Methods ................................................................................................................................. 76
5.5 Petrographic Studies.............................................................................................................. 78
5.5.1. Structural Geology .................................................................................................. 78
5.5.2. Micropetrography ................................................................................................... 83
5.6 Geochemistry ........................................................................................................................ 86
5.6.1. Major and Minor Elements ..................................................................................... 86
5.6.2. Trace-Elements ....................................................................................................... 90
5.7 Genetic Deposit Model ......................................................................................................... 96
5.8 Conclusions ......................................................................................................................... 102
CAPÍTULO 6. CONCLUSÃO ............................................................................................... 105
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 107

xxviii
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

1.1 – NATUREZA DO ESTUDO

O Quadrilátero Ferrífero (QFe) (Dorr et al. 1957) é uma província mineral de grande
importância econômica localizada em Minas Gerais, na borda sul do Cráton São Francisco (Almeida
1977), pois detém grande parte das Formações Ferríferas Bandadas (FFB’s) ou Banded Iron Formation
(BIF’S), rochas constituídas por camadas intercaladas de chert e óxidos de ferro (James 1954), e uma
das principais fontes de minério de ferro do mundo.

O minério de ferro do QFe está hospedado na Formação Cauê, correspondente à unidade


Paleoproterozoica do Supergrupo Minas, depositada entre 2,58 e 2,42 Ga (Machado et al. 1992,
Babinski et al. 1995, Hartmann et al. 2006), que encerra as formações ferríferas bandadas do tipo Lago
Superior. O minério de ferro encontrado no Quadrilátero Ferrífero é constituído principalmente da
transformação do itabirito para corpos de hematitas compactas e hematitas friáveis. Segundo Rosière &
Chemale Jr. (2000), a formação destes depósitos de ferro pode ter sido condicionada por diferentes tipos
de processos incluindo o metamórfico, o hidrotermal e o supergênico. Segundo estes autores, esses
processos teriam ocorrido durante os dois eventos tectônicos principais que afetaram as unidades do
Supergrupo Minas: o evento Transamazônico, de idade paleoproterozoica e o Brasiliano de idade
neoproterozoica. Durante esses eventos ocorreu uma multiplicidade de processos tectono-metamórficos
que resultou em transformações mineralógicas notáveis nas diferentes fácies de FFB’s e a presença de
fluidos hidrotermais foi responsável por um intenso processo de alteração hidrotermal (Rosière &
Chemale Jr. 2000).

Os corpos de alto teor encontrados no Quadrilátero Ferrífero são caracterizados por teores em
Fe superiores a 64% praticamente sem SiO2, Al2O3, P e álcalis. Segundo estudos anteriores o minério
de alto teor pode ter origem metamórfica (Rosière 1981) ou hidrotermal / hipogênica (Rosière &
Chemale Jr. 2000), porém atualmente a hipótese de Rosière & Chemale Jr (2000) para a formação destes
corpos, onde soluções ascendentes de origem hidrotermal ou hipogênica derivadas de corpos
magmáticos teriam sido responsáveis pelas mineralizações, é mais aceita. Essa hipótese tem sido
baseada em análises petrográficas, minerográficas e estudos de inclusões fluidas de depósitos similares,
como em Barley et al. (1999) e Morey (1999).

Os corpos de hematitas compactas, doravante hematititos, compõem juntos com os corpos de


hematita friáveis e itabiritos ricos os minérios de ferro da Mina do Pico, em Itabirito, Minas Gerais. Esta
mina está situada no flanco leste do Sinclinal Moeda e atualmente está sob domínio da mineradora Vale.
A cava da Mina do Pico, onde a explotação de minério de ferro teve início na década de 40, está
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localizada nos arredores de um singular cenário no contexto geológico do QFe denominado Pico do
Itabirito, tombado desde 1962 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
como conjunto paisagístico (Rosière et al. 2005). A Vale estima que neste local haja cerca de 280
milhões de toneladas de minério de ferro.

Na mina do Pico ocorrem corpos de hematita cujas dimensões variam de escala milimétrica-
centimétrica formando lâminas ou bandas paralelas a subparalelas ao bandamento composicional do
itabirito, a várias dezenas de metros, comumente discordantes do bandamento do itabirito. Esses corpos
comumente seccionam a xistosidade principal, diminuindo a possibilidade de uma origem sin-
metamórfica, e não parecem ter sido formados por processos supergênicos, já que são corpos maciços e
compactos, devido a esses fatores, postula-se que eles tenham sido formados por processo hidrotermal.
Porém, não existem estudos de detalhe sobre estes corpos e a natureza do controle estrutural deste tipo
de mineralização. O termo hematitito entende-se como designação do corpo rochoso com elevado teor
em ferro, sendo a hematita o óxido predominante, denominados comercialmente de hematita compacta.

Com a utilização de diferentes ferramentas é possível definir se o processo de formação dos


corpos de hematititos que ocorrem na mina do Pico são formados por fluidos hidrotermais e caracterizar
seu controle estrutural. Devido às questões ainda em aberto em relação a formação dos hematititos, faz-
se importante este estudo para melhor compreensão deste tipo de depósito, corroborando os trabalhos
anteriores, adicionando assim conhecimento na área acadêmica de geociências e na área de geologia
econômica aplicada, geologia de exploração e geologia de mina, já que este tipo de estudo auxilia, por
exemplo, nos trabalhos de prospecção e pesquisa mineral, na extração de minério da mina, e também na
modelagem geológica 3D dos corpos de minério.

1.2 – OBJETIVOS

O objetivo geral deste estudo é definir os controles estruturais atuantes na formação dos
hematititos que ocorrem no flanco leste do Sinclinal Moeda, para melhor entendimento desta forma de
ocorrência de minério de ferro, no que diz respeito a sua gênese. Pretende-se entender a ação dos fluidos
hidrotermais nos itabiritos, e tentar elaborar uma hipótese genética para o depósito mineral.

Os objetivos específicos abrangem:

i- Definir e documentar a relação estrutural entre os corpos de hematititos discordantes e o


itabirito que ocorre associado a ele por meio de levantamento estrutural de campo;

ii- Caracterizar a mineralogia e microestruturas, comparativamente, dos corpos de hematititos


discordantes do bandamento composicional dos itabiritos e das bandas de hematita no
itabirito;

iii- Caracterizar geoquimicamente amostras estratégicas de hematititos e itabiritos;

2
Contribuições às Ciências da Terra

iv- Definir o controle tectônico-estrutural associado à formação do hematitito e suas


características.

v- A partir das análises anteriores, elaborar uma proposta de modelo genético para os
hematititos da Mina do Pico.

1.3 – LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo (Figura 1.1) abrange a Mina do Pico, pertencente à mineradora Vale, e
arredores, localizada geograficamente na região de Itabirito-MG e geologicamente na parte centro-sul
do flanco leste do Sinclinal Moeda, no domínio oeste do Quadrilátero Ferrífero. A principal via de
acesso é a BR-356, e a mina localiza-se a cerca de 40 km da capital mineira Belo Horizonte.

Figura 1.1- Mapa de localização regional e semiregional da Mina do Pico. Fonte da base de dados: Imagem do
Google Earth; Vetores do Mapa do Quadrilátero Ferrífero 1:150.000 de Endo et al. (2019a).
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1.4 – METODOLOGIA

Na elaboração desta dissertação constam cinco etapas: i) revisão bibliográfica de assuntos


relacionados ao tema; ii) etapas de campo para amostragem e levantamento de dados estruturais; iii)
caracterização mineralógica e microestrutural/textural baseada em microscopia ótica e eletrônica; iv)
análises geoquímicas; e v) integração e interpretação dos dados.

Como linhas gerais de ações do projeto, foi realizado um levantamento preliminar de campo
para coleta de dados estruturais e de amostras de hematitito e itabirito para descrição mineralógica e
microestrutural/textural e análise geoquímica. Ao final, com o resultado das análises, integração e
interpretação dos dados obtidos, caracterizou-se o controle estrutural da mineralização e foi elaborado
um modelo genético para os depósitos de hematititos na mina do Pico, contribuindo para o entendimento
deles também no QFe (Figura 1.2).

Figura 1.2- Fluxograma geral da metodologia envolvida.

1.4.1- Revisão Bibliográfica

Estudo de trabalhos anteriores referentes aos assuntos relacionados ao projeto como: O contexto
geológico regional do Quadrilátero Ferrífero e arcabouço tectônico/estrutural da região, com ênfase na
área da Mina do Pico (no Sinclinal Moeda) (capítulo 2), ii) o estado da arte das formações ferríferas
bandadas no que diz respeito a definições, classificações, idade e distribuição mundial, mineralogia,
metamorfismo, gênese e geoquímica, com maior foco nos depósitos de ferro do Quadrilátero Ferrífero,

4
Contribuições às Ciências da Terra

principalmente os minérios de alto teor hipogênicos (capítulo 3), e iii) revisão sobre controles de
mineralizações de ferro, como ocorrem no QFe e no mundo (capítulo 4).

1.4.2- Campo e Amostragem

Foram realizadas duas etapas de campo na área de estudo, uma no segundo semestre de 2019,
principalmente para coleta de amostras de itabirito e hematitito em locais estratégicos para análises
petrográficas e laboratoriais (Figura 1.3 a-d), e uma segunda etapa no segundo semestre de 2021
fundamentalmente para estudo das relações estruturais entre as diferentes litologias encontradas.

Figura 1.3- Mina do Pico. (a) vista para sul do Pico do Itabirito e cava da mina, (b) aspecto macroscópico de
hematita compacta, (c-d) contato entre o itabirito bandado (Sb) e a hematita compacta (Hc)/hematitito discordante
do bandamento do itabirito e com fraturamento interno.

Foram levantados 41 pontos e coletadas 16 amostras de hematititos e itabiritos (Figura 1.4 a-d),
quando possível orientadas, das quais 9 foram selecionadas e enviadas para o LAMIN (Laboratório de
Laminação do DEGEO-UFOP) para confecção de 17 lâminas delgadas, conforme descrito na Tabela
1.1. Também foram coletadas 327 medidas estruturais, abrangendo principalmente medidas de
acamamento, bandamento composicional, lineações minerais e de intersecção, xistosidade e fraturas. As
medidas estruturais foram coletadas utilizando bússola Brunton sob a convenção de medidas dip
direction/dip e os dados estruturais e de campo foram tratados com os programas ArcGis ESRI®, Excel
Microsoft® e Open Stereo®.

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As amostras foram coletadas tendo a atitude da lineação de intersecção ou da foliação como


referência para corte e confecção das sessões e utilizou-se o sistema de marcação em duas extremidades
nos cortes das amostras, as quais foram transferidas para as lâminas (Figura 1.5), para garantir que não
seriam espelhadas ao longo do processo. Os cortes com a letra (a) foram denominados como paralelos
à lineação de intersecção, relativos ao plano XZ, os cortes com a letra (b) perpendiculares à lineação de
intersecção, relativos ao plano YZ e os cortes com a letra (c) paralelos ao bandamento composicional,
relativos ao plano XY (Figura 1.5).

Figura 1.4- Amostras de hematita compacta (a e b) e itabirito (c e d) coletadas na primeira etapa de campo.

Figura 1.5- Metodologia empregada para cortes das amostras e confecção de lâminas delgadas orientadas.

6
Contribuições às Ciências da Terra

Tabela 1.1- Amostras coletadas e respectivas lâminas delgadas.


Nº de Amostras Código Lâminas Descrição de Campo Coleta
PC01 Orientada
PC02-b
PC02 Itabirito com níveis de hematitito Orientada
PC02-a
PC03 Orientada
PC04 Orientada
PC05-b
“Dique” de Hematitito
PC05 PC05-a Orientada
PC05-c
PC06-b
PC06 Itabirito Orientada
PC06-a
PC08-b
PC08 PC08-a Orientada
16 amostras/
PC08-c Hematitito
17 lâminas
PC09-b
PC09 Orientada
PC09-a
PC10 S/ orientação
PC11-b Itabirito
PC11 S/ orientação
PC11-a
PC12-b
PC12 S/ orientação
PC12-a Itabirito com bandas de hematitito
PC13 S/ orientação
PC14 PC14-a Banda de Hematitito S/ orientação
PC 15 C/ marcação de lineação
Itabirito com vênulas de quartzo
PC16 S/ orientação
discordante do bandamento
PC17 C/ marcação de lineação

1.4.3- Caraterização Mineralógica e Microestrutural

Foram feitas 17 lâminas delgadas a partir de 8 amostras selecionadas, incluindo amostras de


hematititos e itabiritos adjacentes e considerando-se que toda a variação composicional e de estruturas
observadas estão representadas nas lâminas confeccionadas. Foi realizada a caracterização dos aspectos
mineralógicos e microestruturais/texturais (trama/arranjo geométrico dos minerais) dessas rochas. Para
tal foi tomado como referência os principais planos de deformação XZ (lâminas a), YZ (lâminas b) e
XY (lâminas c).

As descrições mineralógicas foram feitas em Microscópio Óptico de luz transmitida e refletida


(MO) trinocular Axioscop Carl Zeiss AG com câmera acoplada e sistema de captura de imagem Zeiss
Axiocam MRc, no Laboratório de Microscopia da Pós-Graduação/DEGEO/UFOP, utilizando objetivas
de 2,5x, 10x, 20x e 50x. Para complementar as descrições mineralógicas e obter maiores detalhes
texturais, foram feitas imagens com elétrons retroespalhados em porções pré-selecionadas, a partir da
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análise por MO, de algumas lâminas no Laboratório de Microscopia e Microanálises


(LMic)/DEGEO/UFOP, com o microscópio eletrônico de Varredura (Figura 1.6), marca JEOL modelo
JSM6510, com detector EDS (espectrômetro de energia dispersiva de raios-x). As condições analíticas
foram: Aceleração de voltagem, work distance 14mm, spotsize 70.

Figura 1.6- Vista do MEV-EDS, marca JEOL® modelo JSM6510 do Laboratório de Microscopia e Microanálises
(LMic)/DEGEO/UFOP.

As análises microestruturais tiveram como referência trabalhos já realizados nas formações


ferríferas do QFe que abordam o tema, como por exemplo os trabalhos de Lagoeiro (1998), Rosière &
Chemale Jr. (2000), Rosière et al. (2001a) e Mendes & Lagoeiro (2012) que caracterizaram os itabiritos
quanto à sua mineralogia e microestruturas.

Segundo Rosière & Chemale Jr. (2000), a partir da caracterização dos contatos entre os grãos,
das substituições mineralógicas e da relação microestrutural entre os minerais é possível uma melhor
interpretação do processo formador dessas rochas e da idade relativa das estruturas. Além disso, essas
caracterizações somadas as relações observadas em campo também permitem a correlação com os
principais eventos ocorridos na região.

8
Contribuições às Ciências da Terra

1.4.4- Técnicas Analíticas

As análises químicas (Figura 1.7) das amostras foram efetuadas e validadas no Laboratório de
Geoquímica do DEGEO – UFOP.

Figura 1.7- Fluxograma das análises químicas executadas.

Foram selecionadas 15 amostras, 3 amostras dos corpos de hematititos e 12 amostras dos


itabiritos da Mina do Pico, onde porções das amostras foram britadas, quarteadas e pulverizadas ou
peneiradas para estudos geoquímicos. A preparação física foi feita em laboratório do
SETEm/CDTN/Campus UFMG, onde amostras de tamanho aproximado de 10x10 cm foram
cominuídas e passadas em peneiras de 250 Mesh, sendo separadas em frações <250 Mesh e >250 Mesh.
As amostras utilizadas nas análises geoquímicas foram da fração <250 Mesh.

As análises de elementos maiores e menores foram feitas através do ICP-OES (Si, Al, P, Mn,
Ca, Mg e Ti), de elementos traços incluindo ETR’s + Y por ICP-MS (Traços: Sc, V, Ni, Ga, Rb, Zr, Nb,
Mo, Sb, Cs, Ba, Hf, Pb Th, U; ETR’s: Y, La, Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Er, Tm, Yb e Lu) e
de Fe2+ e Fe3+ por titulometria com K2Cr2O7 .

Após as análises de elementos maiores, menores, PPC (Perda por Calcinação), Fe Total e Fe 2+
foi possível fazer uma avaliação dos resultados obtidos. Para essa avaliação foi realizado o somatório
da concentração (em %) dos elementos químicos na forma mais oxidada com o resultado obtido no PPC.
Nesse fechamento, esperava-se que o resultado para amostras com elevado teor de Fe estivessem
próximo de 100% (± 2%), e observou-se que as amostras que ficaram mais distantes desse valor
apresentavam maiores teores de SiO2. Por isso, 11 amostras foram enviadas para análise química em
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Fluorescência de raios-X (FRX) em operação na Fundação Gorceix, com o objetivo de melhorar o


resultado da sílica e consequentemente o fechamento das amostras.

Determinação de Elementos Maiores e Menores por ICP-OES e FRX

Para a determinação dos elementos maiores (abundância maior que 1%) e menores (abundância
entre 0,1 e 1%), foi utilizada a Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Acoplado Indutivamente
(ICP-OES), modelo Agilent Technologies 725, 2011 e Espectrômetro de Fluorescência de Raio-X
modelo Zetium, fabricante PANanalytical (Figura 1.8). O ICP-OES possui uma fonte de plasma que
excita os átomos, fazendo com que eles emitam radiação, e possibilitando as leituras no equipamento.

Figura 1.8- Equipamentos utilizados para análise de elementos maiores e menores. (a) ICP-OES e (b)
Espectrômetro de Fluorescência de raios X.

Antes de inserir as amostras no ICP-OES é necessária sua preparação física, que compreende a
britagem, quarteamento, pulverização e secagem em estufa a aproximadamente 100 ºC durante 1 hora,
e abertura das amostras através da fusão alcalina delas por meio de procedimento padrão para análises
de minério de ferro utilizando cadinhos de platina. Essa fusão geralmente é realizada a partir da medição
de massa de 0,500 g de amostra seca e pulverizada com 1,90 g de carbonato de sódio/tetraborato de
sódio na proporção 2:1, que são colocados em uma mufla à temperatura de 1000 ºC por 5 minutos.
Posteriormente os cadinhos são transferidos para um béquer de 300 ml, onde são adicionados 100 ml de
HCL (1:1), que são aquecidos em chapa de temperatura entre 150 ºC e 230 ºC para ataque ácido. Por
fim é feito um banho de gelo no béquer e a solução é transferida para um balão volumétrico de 250 ml
com adição de água deionizada. A solução final é levada para análise química no ICP-OES (Leão 2016).

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Contribuições às Ciências da Terra

A análise foi feita para obtenção dos resultados dos elementos maiores e menores e posterior
análise dos teores de seus óxidos SiO2, Al2O3, P2O5, MnO2, CaO, MgO e TiO2. Foi utilizado o material
de referência ITAK 36 para validação dos resultados das análises.

A segunda técnica utilizada para determinação de elementos maiores e menores, a Fluorescência


de raios X. Foram determinados 11 elementos, onde os óxidos foram obtidos por fusão com tetraborato
de lítio e encaminhado para leitura por espectrômetro de fluorescência de raios X por comprimento de
onda.

O princípio da determinação de Fe, Mn, P, Si, Ca, Al, Mg, Na, K, Ti e Cr expressos em óxidos
ou elementos segue a norma ISO 9516-1:2003, e é baseado no bombardeamento de elétrons proveniente
da fonte (cátodo) contra os átomos da amostra, o que ocasiona a remoção de elétrons das camadas mais
internas dos átomos. Elétrons das camadas mais externas decaem de nível energético, liberando energia
na forma de fótons de radiação X, com λ (comprimento de onda) característico do elemento alvo. Uma
curva de calibração é construída com padrões certificados (Materiais de Referência Certificados), o que
permite comparar as intensidades da radiação emitida em raios X da amostra desconhecida com a curva
de calibração e quantificar a amostra desconhecida. O método consiste em fundir uma amostra com
aproximadamente 1 g com fundente (tetraborato de lítio) a aproximadamente 900-1.200 ºC e verter a
solução em um molde. O disco vítreo formado é analisado em Espectrômetro de Fluorescência de raios
X por comprimento de ondas para quantificação da composição química (Johnson et al. 1999).

Perda por Calcinação

Foi determinada a perda por calcinação (LOI) tanto no Laboratório de Geoquímica da UFOP
para análise em ICP-OES quanto na Fundação Gorceix para análise em Espectrômetro de Fluorescência
de raios X, que se refere à perda de massa do material quando aquecido.

No laboratório de geoquímica da UFOP a perda por calcinação foi dada pela diferença de peso
das amostras antes e depois do aquecimento em mufla a 1050 °C. Para isso, mediu-se a massa de 1,000
g da amostra pulverizada, em cadinho de porcelana previamente calcinado, durante uma hora a 1000 ºC.
O cadinho foi levado para a mufla a uma temperatura de 1000 ºC por uma hora. Após o resfriamento do
cadinho em um dessecador, mediu-se novamente a massa e anota-se o valor encontrado. Por fim, a perda
por calcinação é determinada pela equação 1.1:

𝑃𝑃𝐶 = [(𝑀𝑎 − 𝑀𝑎𝑐)] × 100 / 𝑀𝑎 Eq. 1.1

Onde Ma = massa da amostra e Mac = massa da amostra calcinada.

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Na Fundação Gorceix o procedimento foi determinado de acordo com a norma ISO 11536:2015.
No método aproximadamente 2,000 g da amostra foi pesada em recipiente de porcelana e colocada em
um forno na temperatura de 1000 ºC até que não ocorresse perda de massa. Por fim calculou-se a massa
de material perdido no processo por diferença gravimétrica.

Determinação de Elementos-Traços por ICP-MS

A determinação dos elementos-traços, incluindo Elementos Terras Raras (ETR), foi realizada
por Espectrometria de Massas com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-MS), modelo Agilent
Technologies 7700x, 2011.

A metodologia utilizada para abertura das amostras foi a digestão total multiácida, adaptada
para minério de ferro, utilizada por Sampaio (2012), que consiste na digestão total multiácida de 0,100
g das amostras utilizando ácidos ultrapuros concentrados Merck® (Figura 1.6). A digestão se dá
medindo-se a amostra em balança analítica em frasco de teflon do tipo Savillex® e posteriormente foram
adicionados também 0,5 ml de HCl, 0,5 ml de HNO3 e 2,0 ml de HF concentrados. O frasco é fechado
e colocado na chapa aquecedora por 48h a 110 ºC. Posteriormente são adicionados 1,0 ml de HNO3 até
secagem e 2,0 ml de HNO3 + 2 gotas de HCl até a secagem. São adicionados também 2,0 ml de HNO3
+ 2,0 ml de água mili-Q em aquecimento fechado. E por último completa-se a massa da solução com
água mili-Q para 20,00 g (Rodrigues 2015). Após a diluição em 10x da solução final, esta está pronta
para ser analisada no ICP-MS (Figura 1.7). Foi utilizado o material de referência IF-G para controle de
qualidade e como parte da validação dos resultados das análises.

Este tipo de análise, principalmente no que diz respeito aos ETR, é de grande utilidade para
observação de influências hidrotermais na formação da rocha, evidenciado por exemplo pelo pico
positivo de Eu, condições do ambiente de formação (oxidante ou redutor), como por exemplo a
evidência de ambiente redutor em amostras com pico negativo de Ce, e aspectos deposicionais e
paleoambientais no perfil de ETR leves/pesados (Sampaio 2019).

12
Contribuições às Ciências da Terra

Figura 1.9- ICP-MS, modelo Agilent Technologies 7700x 2011

Figura 1.10- Fluxograma da abertura da amostra de minério de ferro – digestão total ácida em frasco do tipo
Savillex, modificado de Sampaio (2012) in Rodrigues (2015).

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Determinação de Ferro Total, Fe2+ e Ferro Fe3+

O teor de ferro total e de ferro II foram determinados pelo método titulométrico com dicromato
de potássio (K2Cr2O7) e o teor de ferro III foi determinado pela diferença entre os teores de ferro total e
ferro II (Figura 1.6). A determinação do ferro total se dá pela redução por cloreto de titânio III e a
metodologia é baseada na norma NBR ISO 2597-2 (2021). Foi utilizado o material de referência ITAK
31 e ITAK 32 para controle de qualidade e como parte da validação dos resultados das análises.

Inicialmente, mede-se a massa da amostra entre 0,3800 e 0,4000 g e anota-se o valor encontrado.
Posteriormente a amostra é transferida para um Erlenmeyer de 250 ml, ao qual são adicionadas 10 gotas
de cloreto estanhoso 100 g/L (SnCl2) (ver concentração) e 20 ml de HCl concentrado. O Erlenmeyer® é
colocado em placa aquecedora a 100-120 ºC. Adicionam-se gotas de SnCl2 até que ocorra completa
dissolução da amostra (quando a solução fica com uma coloração amarelo-pálido). Ao adicionar a
solução de SnCl2 observa-se se a solução se torna incolor, se sim, deve-se adicionar uma gota de
peróxido de hidrogênio (H2O2) a 10% para o retorno da coloração levemente amarelada. Em seguida,
dilui-se a solução até, aproximadamente, 100 ml, com água destilada, e adicionam-se cerca de 10 gotas
do indicador índico de carmim, homogeneizando-se a solução até que se observe uma coloração azulada.
Posteriormente, adiciona-se gota a gota o TiCl3 (1,5%), agitando até que a solução fique descolorida.
Em seguida, adicionam-se 5 gotas de TiCl3 em excesso, evitando assim que o Fe2+ se oxide a Fe3+ por
causa do oxigênio do ar. Adicionam-se 5 gotas de indicador índico de carmim à solução e deixa esfriar
até que se chegue à temperatura ambiente. Adicionam-se gotas de dicromato de potássio (K2Cr2O7 1
g/L), sob agitação, até que se obtenha uma coloração azul persistente. Posteriormente, adicionam-se 20
ml de ácido sulfúrico (H2SO4) + ácido fosfórico (H3PO4) + difenilaminasulfonato de sódio
(C6H5NHC6H4SO3Na). Faz-se a titulação com solução de K2Cr2O7 0,01667 mol/L até que se observe a
viragem do indicador (difenilaminasulfonato de sódio) para coloração violeta. Por último anota-se o
volume gasto da solução de K2Cr2O7 para se determinar o teor de ferro total (Rodrigues 2015).

As equações abaixo foram utilizadas para a determinação do ferro total:

%𝐹𝑒𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐹𝑐 × 𝑉𝐾2𝐶𝑟2𝑂7 / 𝑀𝑎 Eq. 1.2

Onde, Fc = fator de correção do ferro total; Ma = massa da amostra; VK2Cr2O7 = volume de


K2Cr2O7 0,01667 mol/L gasto na titulação.

𝐹𝑐 = % 𝐹𝑒 × 𝑀 / 𝑉𝐾2𝐶𝑟2𝑂7 Eq. 1.3

14
Contribuições às Ciências da Terra

Onde, Fc = fator de correção do ferro total; %Fe = porcentagem de ferro do material de


referência utilizado; M = massa do material de referência utilizado; VK2Cr2O7 = volume de K2Cr2O7
0,01667 mol/L gasto na titulação.

Após a determinação do FeTOTAL, é determinado o Fe2+, onde mede-se a massa de,


aproximadamente, 0,5000g da amostra, que é transferida para um Erlenmeyer de 500 ml. Em seguida,
adiciona-se cerca de 1g de bicarbonato de sódio (NaHCO3) ao Erlenmeyer. Adicionam-se 50 ml de HCl
1:1 ao Erlenmeyer, pré-aquecido a aproximadamente 80 ºC, que é tampado com rolha. A adição de
NaHCO3 + HCl é de extrema importância, pois gera um ambiente rico em CO2, evitando-se assim que
penetre O2 no meio, prevenindo a oxidação do Fe2+, assim como na determinação do ferro total. A seguir
inicia-se o aquecimento, em placa aquecedora, entre 150-200 ºC por 30min ou até a completa dissolução
da amostra. Retira-se o Erlenmeyer da placa aquecedora, tampa-se a saída de ar da rolha fazendo uma
leve pressão, e deixa esfriar até temperatura ambiente. Posteriormente, acrescenta-se água destilada até
cerca de 200 ml lavando bem as paredes do mesmo. Adicionam-se 20 ml da mistura ácida, com auxílio
de uma proveta. Titula-se a solução com uma solução de K2Cr2O7 0,0033 mol/l até o ponto de viragem,
de coloração violeta persistente. Por fim, anota-se o volume gasto da solução de dicromato de potássio
para determinação do teor de Fe2+.

As equações utilizadas para a determinação do Fe2+ foram:

%𝐹𝑒 2+ = % 𝐹𝑐 × 𝑉𝐾2𝐶𝑟2𝑂7 / 𝑀𝑎 Eq. 1.4

Onde, Fc = fator de correção do Fe2+; Ma = massa da amostra; VK2Cr2O7 = volume de K2Cr2O7


0,0033 mol/L gasto na titulação.

𝐹𝑐 = % 𝐹𝑒 × 𝑀 / 𝑉𝐾2𝐶𝑟2𝑂7 Eq. 1.5

Onde, Fc = fator de correção para determinação Fe2+; %Fe = porcentagem do material de


referência utilizado; M = massa do material de referência utilizado; VK2Cr2O7 = volume de K2Cr2O7
0,0033 mol/l gasto na titulação.

Após a determinação de ferro total e Fe2+, foi calculada a porcentagem de Fe3+ através dos
resultados de ferro total e Fe2+ dada pela equação abaixo:

%𝐹𝑒2 𝑂3 = (% 𝐹𝑒𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = % 𝐹𝑒𝐼𝐼) × 1,4298 Eq. 1.6

15
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

1.4.5- Tratamento e Análise dos Dados Geoquímicos

O tratamento e análise dos dados geoquímicos obtidos das amostras de hematitito e itabiritos
foram realizados através da ferramenta Excel®, com a confecção e interpretação de tabelas e gráficos
multielementares, gráficos binários, gráficos de barras, entre outros, para a melhor visualização e
interpretação dos resultados.

1.4.6- Interpretação dos Resultados

Análise e interpretação dos dados para caracterizar o controle estrutural da mineralização bem
como definir as propriedades do possível fluido hidrotermal formador dos depósitos. O objetivo é obter
dados sobre a formação das hematitas compactas da mina estudada, buscando, se possível, elaborar uma
espécie de modelo genético.

1.5 – ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

Em primeiro momento foi realizada a revisão bibliográfica para defesa de projeto, parte inicial
da dissertação, onde foram produzidos uma primeira versão dos capítulos de Introdução, Contexto
Geológico-Estrutural e revisões bibliográficas (Formações Ferríferas Bandadas e Controle da
Mineralização de Ferro). Posteriormente, à medida que as análises foram feitas e seus resultados
integrados e interpretados, o modelo genético foi construído progressivamente. Nos meses finais do
mestrado, antes da defesa final, foi elaborado um artigo científico sobre o tema e o mesmo foi submetido
na revista Economic Geology, classificada como A1, segundo os critérios da CAPES, atendendo as
normas do Programa de Pós-graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais do Departamento de
Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto.

16
CAPÍTULO 2
CONTEXTO GEOLÓGICO-ESTRUTURAL

2.1 – O QUADRILÁTERO FERRÍFERO

A área de estudo, situada no flanco leste do Sinclinal Moeda e porção oeste do Quadrilátero
Ferrífero (QFe), importante província mineral brasileira, está inserida geotectonicamente no extremo
sul do Cráton São Francisco, definido por Almeida (1977), consolidado ao final do Ciclo Brasiliano, e
permanecendo relativamente preservado após a orogenia Neoproterozoica, responsável pela formação
das faixas brasilianas, situadas no seu entorno.

As unidades litoestratigráficas aflorantes no Quadrilátero Ferrífero (QFe) (Figura 2.1) são


caracterizadas por complexos metamórficos (embasamento arqueano), uma sucessão tipo greenstone
belt de idade Neoarqueana caracterizada por sequências metavulcanossedimentares de baixo-médio grau
(Supergrupo Rio das Velhas), pelas supracrustais do Paleoproterozoico, contemplando as rochas
metassedimentares de baixo-médio grau do Supergrupo Minas, e também as rochas metassedimentares
e metavulcânicas do Supergrupo Estrada Real, e pelos metarenitos e metaconglomerados do Supergrupo
Espinhaço (Endo et al. 2020).

Figura 2.1- Mapa geológico simplificado do Quadrilátero Ferrífero. Adaptado de Endo et al. 2019a.
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Também por intrusões magmáticas, principalmente básicas, cortando as unidades (Dorr 1969,
Renger et al. 1995, Baltazar & Silva 1996, Alkmim & Marshak 1998, Zucchetti et al. 2000, Baltazar &
Zucchetti 2007) e ocorrências restritas de depósitos sedimentares clásticos de idade Cenozoica (Lipski
2002).

2.2 – LITOESTRATIGRAFIA

A coluna litoestratigrafia do QFe mais recente utilizada é a de Endo et al. (2019b) (Figura 2.2).

Figura 2.2- Coluna estratigráfica segundo o novo mapa do Quadrilátero Ferrífero. Endo et al. 2019b.

18
Contribuições às Ciências da Terra

2.1.1- Complexos Metamórficos

Os complexos metamórficos (Figura. 2.2) que compõem o embasamento cristalino arqueano do


QFe (Guimarães et al. 1967, Herz 1970, Cordani et al. 1980, Machado & Carneiro 1992, Carneiro et al.
1995, Noce 1995, Endo 1997, Lana et al. 2013, Teixeira et al. 2000, Farina et al. 2016), são
representados pelos complexos Bonfim, Santa Rita, Caeté, Belo Horizonte, Santa Bárbara e Bação, e
são caracterizados por rochas gnáissicas polideformadas (ortognaisses) e migmatitos (2,9 a 3,2 Ga),
subordinadamente granitoides, anfibolitos e intrusões máficas a ultramáficas. Entre estes, os blocos
aflorantes próximo da estrutura do Sinclinal Moeda são o Complexo Bonfim, à oeste do sinclinal, e o
Complexo Bação, à leste (Figura 2.1), sendo o último espacialmente mais próximo da mina do Pico.

2.2.2- Supergrupo Rio das Velhas

O Supergrupo Rio das Velhas (Figura 2.2) é considerado uma sucessão do tipo greenstone belt,
constituído por rochas basaltos e komatiitos, lava riolítica e intercalações de rochas metassedimentares
(Dorr 1969, Zuchetti et al. 1998, Baltazar &Pedreira 1998, Baltazar & Zuchetti 2007). O vulcanismo
félsico tem idade de 2.776 Ma, contemporâneo ao plutonismo granítico dos complexos metamórficos
Caeté e Bonfim e as intrusões de rochas máficas e ultramáficas teriam ocorrido em torno de 2.675 Ma
(Endo & Machado 2002). As rochas deste supergrupo encontram-se altamente deformadas, com
metamorfismo variando da fácies xisto verde à anfibolito, e primeiramente foram divididas em 2 grupos:
Nova Lima (inferior) e Maquiné (superior) (Dorr et al. 1957, Dorr 1969), separados por contato
gradacional a discordante (Gair 1962), e posteriormente Endo et al. 2020 adiciona o Grupo Quebra
Osso, proposto por Schorscher (1978, 1979) na base do supergrupo.

Grupo Quebra Osso

O Grupo Quebra Osso é o conjunto de rochas metavulcânicas ultramáficas e félsicas, que


ocorrem na borda leste do QFe, pertencentes à base do supergrupo Rio das Velhas. Primeiramente
Schorscher (1978, 1979) propõe o Grupo Quebra Osso, porém localizado apenas na região do Quebra
Osso, e Zuchetti e Baltazar (1998) entendem que há outros corpos em posição semelhante no QFe, como
Córregos dos Boiadeiros e Ouro Fino (associação metavulcânica-plutônica). Endo et al. (2019ab, 2020)
engloba todas essas ocorrências no Grupo Quebra Osso.

Grupo Nova Lima

O Grupo Nova Lima é composto principalmente por xistos, clorita xistos e filitos formatos com
influência de cisalhamento e ação de fluidos hidrotermais, subordinadamente ocorrem filitos grafitosos,
formações ferríferas, dolomitos, quartzo-ankerita xisto, metagrauvacas e quartzitos (Dorr 1969, Vial et
al. 2007). Este grupo foi metamorfizado no Neoarqueano Inferior (orogenia Rio das Velhas) em
condições de fácies anfibolito (Endo & Machado 2002).

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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Ladeira (1980) dividiu o Grupo nova Lima em três unidades sedimentares diferentes, são elas:
i) uma metavulcânica, composta por rochas ultramáficas, metabasaltos, metatufos, komatiitos,
serpentinitos, esteatitos e formações ferríferas do tipo Algoma; ii) uma metassedimentar química
composta por xistos carbonáticos, filitos grafitosos e formações ferríferas, e iii) uma metassedimentar
clástica composta por quartzo xistos, quartzitos imaturos e metaconglomerados. Zuchetti et al. (1998)
dividiu em quatro fácies, da base para o topo: i) vulcânicas ultramáficas e máficas (basaltos e
komatiitos); ii) formações ferríferas bandadas tipo algoma e vulcânicas e pelitos associados; iii)
vulcanoclásticas e grauvacas turbidíticas; e iv) turbiditos arenosos.

Grupo Maquiné

O Grupo Maquiné é composto por arenitos marinhos e aluviais, conglomerados e pelitos e é


interpretado como uma sequência plataformal (Baltazar & Pedreira 1998). Segundo Endo & Machado
2002), a deposição deste grupo ocorreu em 2,66 Ga, assim como a colocação de um enxame de diques
máficos em regime direcional transpressional sinistral. O metamorfismo e deformação das rochas se deu
entre 2,61 Ga a 2,55 Ga, assim como a intrusão de plútons graníticos. O grupo Maquiné era
anteriormente composto por duas formações distintas (Gair 1962): Formação Palmital (inferior),
caracterizada por quartzo-clorita xisto, xistos, quartzitos sericíticos, sericita filito e filitos quartzosos, e
Formação Casa Forte (superior) caracterizada por quartzitos sericíticos, cloríticos e filitos. Endo et al.
2020 engloba a Formação Serra do Coqueiro, previamente proposta por Angeli (2015) e composta por
quartzitos laminados encontrados na Serra do Batatal e no flanco ocidental da Serra do Caraça em
discordância angular com os quartzitos da Formação Moeda (Supergrupo Minas).

2.2.3- Supergrupo Minas

O Supergrupo Minas (Figura. 2.2) é composto pelos grupos Tamanduá, Caraça, Itabira e
Piracicaba (Dorr 1969, Alkmim 1987, Chemale Jr. et al. 1994, Machado et al. 1996, Rodrigues et al.
1993, Endo et al. 2020), e foi depositado entre 2,58 Ga e 2,42 Ga (Machado et al. 1992, Hartmann et
al. 2006, Babinski et al. 1995). Este supergrupo é caracterizado por uma sequência metassedimentar
metamorfizada sob condições de fácies xisto verde, atingindo a fácies anfibolito nas porções leste,
sudeste e nordeste do Quadrilátero Ferrífero (Herz 1970). Essa sequência pode ser interpretada como
uma sucessão continental-marinha com cerca de 3.424 m de espessura (Dorr 1969), e constitui um dos
estágios de evolução de uma bacia de margem passiva (Alkmim & Martins Neto 2012).

Da base para o topo, primeiro foram depositados os metassedimentos clásticos dos Grupos
Tamanduá e Caraça durante a fase rifte e a transição para o desenvolvimento da margem passiva (Renger
et al. 1995, Alkmim & Marshak 1998) seguido da deposição dos metassedimentos marinhos do Grupo
Itabira, em contato gradacional, representando o registro integral da bacia de margem passiva (Alkmim
& Marshak 1998), e no qual se encontra a Formação Cauê, onde ocorrem as FFB’s do QFe. Depois
foram depositadas as rochas metassedimentares marinhas do Grupo Piracicaba.

20
Contribuições às Ciências da Terra

Grupo Tamanduá

O Grupo Tamanduá (Simmons & Maxwell 1961, Dorr 1969), de cerca de 1037 m de espessura,
foi formado em ambiente aluvial a marinho. Endo et al. (2019a,b, 2020) subdivide o Grupo Tamanduá
em duas formações: i) Formação Cambotas (inferior) composta por quartzitos, ortoquartzítos, quartzitos
com lâminas ferruginosas, xistos quartzosos e argilosos, e ii) Formação Morro Grande (superior)
composta por xistos filíticos e quartzosos, xistos ferruginosos e formação ferrífera dolomítica.

Este grupo é alvo de divergências entre os autores que o descreveram ao longo do tempo acerca
de sua posição estratigráfica. Simmons & Maxwell (1961) quando o definiram consideraram-no como
pertencente ao topo do Supergrupo Rio das Velhas, posteriormente assim posicionado também por
Maxwell (1972) devido às relações de concordância com o Grupo Maquiné e com o quartzito Moeda.
Já Dorr (1969) o posicionou na base do Supergrupo Minas e afirmou que este se encontra sempre em
concordância com o Grupo Caraça, tendo sido depositado em ambiente litorâneo com associação
deltaica. Alkmim & Marshak (1998) e Endo et al. (2020) mantiveram a proposta de Dorr (1969).
Ribeiro-Rodrigues (1992) e Machado et al. (1996) defendem que essas rochas correspondem a litotipos
da Formação Moeda do Grupo Caraça devido ao estudo de relações de contato entre as unidades da
Serra do Caraça e por terem obtido idades compatíveis com a Formação Moeda. O Grupo Tamanduá
também já foi relacionado ao Supergrupo Espinhaço por Ladeira (1982), Marshak & Alkmim (1989) e
Crocco-Rodrigues (1991).

Grupo Caraça

O Grupo Caraça (Dorr et al. 1957, Dorr 1969), é composto por rochas metassedimentares,
quartzíticas e filíticas, sendo compreendido por duas formações: A Formação Moeda e a Formação
Batatal. A Formação Moeda (inferior) foi depositada em ambiente aluvial-litorâneo-marinho sob
influência tectônica (Villaça 1981, Renger et al. 1995), possui aproximadamente 500 m de espessura e
é composta, da base para o topo, por quartzitos finos a grosseiros, filitos quartzosos e sericíticos, e a
Formação Batatal (superior) (Maxwell 1958) possui aproximadamente 700 m de espessura e é
constituída por filitos sericíticos e carbonosos.

Grupo Itabira

O Grupo Itabira (Dorr et al. 1957) possui aproximadamente 1.100 m de espessura e é


considerado uma sequência predominantemente marinha de ambiente raso a profundo e é composto por
duas formações: Formação Cauê e Formação Gandarela. A Formação Cauê com espessura de 350 m,
formação hospedeira do minério de ferro do Quadrilátero Ferrífero, é composta por itabiritos, itabiritos
dolomíticos, itabiritos anfibolíticos, também por filitos dolomíticos, hematita filitos, quartzitos e
mármores. A Formação Gandarela é composta essencialmente por mármores e mármores dolomíticos
(Dorr 1969) compreendendo mármores dolomíticos, filitos dolomíticos, dolomitos ferruginosos, filitos
e itabiritos.
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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Uma questão que ainda se encontra em bastante discussão é a idade de deposição da Formação
Cauê, devido à dificuldade nos estudos de minerais datáveis, visto que a composição mineralógica
dessas rochas, como se sabe, é extremamente simples. Apesar disso, Babinski et al. (1995) definiu sua
deposição entre 2,520 e 2,420 Ga.

Grupo Piracicaba

O Grupo Piracicaba (Dorr et al. 1957, Dorr 1969) tem aproximadamente 1.280 m de espessura
e é composto pelas formações Cercadinho, Fecho do Funil, Tabõoes e Barreiro, e caracterizado por
rochas metassedimentares clásticas e químicas, metamorfizadas para quartzitos puros e ferruginosos,
metassiltitos, filitos (grafitosos, dolomíticos e ferruginosos) e lentes de dolomito. Os metassedimentos
clásticos apresentam granulometria variando de fina a grossa, tendo sido depositados em ambientes de
transgressão marinha. A Formação Cercadinho é composta por quartzitos ferruginosos, filitos
ferruginosos, filitos prateados, e subordinadamente por dolomitos, xistos sericíticos e
metaconglomerados; a Formação Fecho do Funil por filitos dolomíticos, filitos e dolomitos quartzosos
argilosos e metassiltitos; a Formação Tabõoes por ortoquartzítos; e a Formação Barreiro é constituída
por filitos, filitos grafitosos e xistos subordinados.

2.2.4- Supergrupo Estrada Real

Foi inserido mais um supergrupo Paleoproterozoico na estratigrafia do QFe, o Supergrupo


Estrada Real, sobreposto ao Supergrupo Minas por uma discordância definida como estruturalmente
concordante e gradacional localmente por Pomerene (1964), e como discordância erosiva por Simmons
(1968), onde reuniu as rochas sedimentares marinhas do Grupo Sabará (antes pertencente ao Supergrupo
Minas) e as continentais do Grupo Itacolomi, como previamente proposto por Teixeira da Costa (1961)
e as unidades do Grupo Barbacena, composto por grafita xistos, gonditos, queluzitos, metacherts, xistos
manganesíferos, micaxistos, quartzitos feldspáticos, filitos e metaultramáficas são correlativas ao Grupo
Sabará. O supergrupo representa uma sucessão do tipo flysch e molassa sin-orogênicos de pelo menos
3.625m de espessura (Dorr 1969, Noce 1995, Reis et al. 2002).

Grupo Sabará

O Grupo Sabará (Dorr 1969, Renger et al. 1995, Alkmim & Marshak 1998) (Figura 2.2) é
composto pelas formações Córrego do Germano (Endo et al. 2019a,b), composta de formação ferrífera
bandada do tipo granular e quartzitos ferruginosos, Formação Saramenha (Almeida et al. 2005),
composta por clorita xistos, mica xistos com intercalações de metagrauvacas, quartzitos e formação
ferrífera bandada, e pela Formação Catarina Mendes (Freitas 2019, Freitas et al. 2019), composta por
biotita-quartzo xistos, quartzitos e filitos. A provável idade desse grupo fornecida por zircões detríticos
é de 2,125 +/- 4Ma (Machado et al. 1996).

22
Contribuições às Ciências da Terra

Grupo Itacolomi

O Grupo Itacolomi (Figura 2.2) é considerado uma sequência de rochas supracrustais


metamorfizadas, depositadas por volta de 2.100 Ma (Machado et al. 1996) e compõe-se das Formações
Florária (inferior) composta por ortoquartzítos e Pico do Itacolomi (superior) correspondente ao Grupo
Itacolomi de Dorr (1969) e composta no geral por quartzitos com estratificação cruzada acanalada,
metaconglomerados, quartzito, itabirito, filito e granito. Sua espessura varia de 80 a 350m a depender
da localidade.

2.2.5- Diques Máficos

No QFe são observados quatro eventos com geração de diques máficos (Silva 1992, Silva et al.
1995) com idades variando entre 1,7-1,5 Ga a 120 Ma com textura parcialmente ou totalmente
preservada, e química original preservada nos diques pouco ou não deformados correlacionada a
basaltos intraplaca continental, com variações das concentrações de elementos traços incompatíveis que
indicam fontes mantélicas heterogêneas ou processo de contaminação crustal. Os diques
metamorfizados possuem assembleia mineralógica característica da fácies xisto verde. Esses diques
máficos apresentam enriquecimento em ferro e seccionam todas as estruturas pré-cambrianas.

2.2.6- Depósitos Cenozoicos

Os depósitos cenozoicos do QFe são caracterizados, segundo Silva et al. (1995) pelos
sedimentos da Fm. Fonseca (siltitos, argilitos, arenitos e linhitos, com conglomerado basal, e recobertos
por canga), coberturas detrito-lateríticas (solos lateríticos residuais, material areno-argiloso, concreções
ferruginosas e concentrações supergênicas de óxidos de ferro), depósitos alúvio-coluviais (cangas
lateríticas e depósitos lacustres de argilito, arenito e linhito), depósitos alúvio-coluviais e residuais
antigos (argila, mudstone, cascalhos e bauxita residual), e depósitos alúvio-coluviais e residuais
recentes.

2.3 – ARCABOUÇO ESTRUTURAL

Estudos prévios realizados (Guild 1953, Dorr 1969, Chemale Jr. et al. 1994, Alkmim & Marshak
1998, Almeida 2004, Endo et al. 2005, 2020) concordam que mais de um evento deformacional e
metamórfico definem o padrão estrutural regional do Quadrilátero Ferrífero, porém existem modelos
diferentes em relação ao seu arcabouço estrutural. Os mais aceitos atualmente são descritos a seguir:

Segundo Chemale Jr. et al. (1994), a estrutura regional seria resultante de dois eventos
deformacionais principais: O Primeiro seria um evento extencional regional com idade entre 2.100 a
1.700 Ma (transamazônico), que deu início a formação de sinclinais regionais associada ao soerguimento
de domos granito-gnáissicos, foi responsável por posterior separação em sub bacias e pode indicar
ocorrência de relaxamento da crosta Arqueana ao final do Proterozoico inferior. O segundo seria um
evento compressivo E-W de idade brasiliana (650 a 470 Ma), onde um cinturão de cavalgamento com
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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

vergência para oeste teria provocado modificações nas sinclinais em torno das estruturas dômicas, como,
por exemplo, inversão do flanco leste do Sinclinal Moeda, e também teria desenvolvido falhas e zonas
de cisalhamento reversas.

Os autores separam o QFe em dois domínios estruturais principais: the western low strain
domain e the eastern high strain domain. O primeiro abrange a parte oeste, menos deformada,
apresentando megasinclinais bem preservadas como estruturas regionais principais. E o segundo, na
parte leste, seria o domínio submetido à maior deformação e dominado por zonas de empurrão e
transcorrentes, gerando dobras apertadas a isoclinais e zonas miloníticas.

Alkmim & Marshak (1998) criaram a “teoria de domos e calhas” para o Quadrilátero Ferrífero,
onde as estruturas tipos domos seriam formados pelos complexos metamórficos do embasamento, e as
estruturas tipo calha formadas por megassinclinais compostas por unidades supracrustais dos
supergrupos Rio das Velhas e Minas, e do Grupo Itacolomi, onde o embasamento seria fixo e as
supracrustais teriam sofrido rebaixamento. Segundo estes autores, o QFe teria sido estruturado fruto de
um evento de tectônica distensiva pré transamazônico (entre 2,6 e 2,4 Ga), que gerou uma bacia ensiálica
ou de margem passiva com extensa plataforma continental. Posteriormente, durante a Orogênese
Transamazônica, a tectônica de colisão e um colapso extensional teriam sido responsáveis por uma
separação em sub-bacias. A fase extensional citada teria gerado um descolamento, de cinemática
normal, causando forte aquecimento na crosta, e formando os domos e calhas. Por último, o evento
brasiliano seria o responsável pelas inversões tectônicas ocorridas em estruturas do QFe, como dito
antes por Chemale Jr. et al. (1994).

Já para Almeida (2004) e Endo et al. (2005, 2020) o arcabouço estrutural do QFe configura-se
em duas importantes feições estruturais regionais que formam um sistema de nappes: A Nappe Curral
e o Sistema de Nappes Ouro Preto. A Nappe Curral (Figura 2.5) é caracterizada por uma megadobra
recumbente, alóctone, vergente para NNE e localizada na parte oeste do QFe, anteriormente definida
por Pires (1979) como uma anticlinal recumbente transportada para norte através da Falha do Curral,
uma falha de empurrão que materializa o front dessa nappe. Esta nappe é formada por um flanco inverso,
que corresponde a Serra do Curral, e um flanco normal, posteriormente redobrado, que se estende para
sul formando o Sinclinal Moeda, onde a zona de charneira compreende a junção da Serra do Curral com
o Sinclinal Moeda. Durante este evento desenvolveu-se uma xistosidade S1, penetrativa, plano-axial de
dobras F1, oblíqua ao acamamento. As lineações de interseção (S0xS1), mineral e os eixos de dobras são
subparalelos entre si. No domínio da Serra do Curral, a relação entre o acamamento e a xistosidade S1
associada a análise de topo e base evidenciam a condição de flanco inverso da Nappe Curral, com
vorticidade horária associada a dobras em padrão “Z”, e no domínio do Sinclinal Moeda prevalece a
condição de flanco normal com vorticidade anti-horária associada às dobras em padrão “S”. Como o
flanco normal da nappe está redobrado (formando o Sinclinal Moeda), a vorticidade no flanco leste

24
Contribuições às Ciências da Terra

passa a ser horária associada a dobras em padrão “Z”. Próximo à junção Curral-Moeda a vorticidade
dos flancos do Sinclinal Moeda encontra-se invertida devido a uma fase tectônica superimposta.

As principais dobras de segunda ordem associadas à Nappe Curral são as anticlinais Bonfim,
Curral, dos Fechos e Catarina, e os sinclinais Moeda, Mutuca, das Gaivotas e Mangabeiras. A zona de
charneira da nappe é representada pela Anticlinal Curral, com traço axial de direção ENE-WSW,
constituída por um conjunto de dobras fora-de-fase de 2ª ordem com geometria “M”. O Sinclinal
Mangabeiras é uma estrutura nucleada na lapa do descolamento basal da Nappe Curral, sendo uma
dobra fora-de-fase do evento D1 com eixo sub-horizontal e vergência para N-NE, envolvendo apenas
rochas do Grupo Sabará.

O Sistema de Nappes Ouro Preto (Figura 2.3) é uma estrutura de idade transamazônica, sendo
constituído por uma complexa megadobra recumbente alóctone com vergência para SSW, cujo
descolamento basal é representado pela falha São Vicente (ZCSV). Observam-se feições reliquiares da
xistosidade S1, penetrativas, e durante sua reativação em uma fase de deformação D2, quando ocorreu
o seu redobramento, gerou a xistosidade S2 penetrativa, plano-axial de dobras F2. No Sistema de Nappes
Ouro Preto a xistosidade também se encontra oblíqua ao acamamento.

Este sistema é composto por quatro nappes: (i) Nappe Maquiné (inferior), composta por
megadobras, sendo elas os sinclinais antifórmicos Gandarela e Ouro Fino, e a anticlinal sinfórmica
Conceição (Dorr 1969), com traços axiais NE-SW e eixos 110/45; (ii) Nappe Santa Rita, representada
pelo sinclinal Santa Rita e delimitada pela falha São Bento na base e pela falha de Água Quente no topo,
com traço axial na direção submeridiana, eixo 110/55 e zona de charneira na região de Almas; (iii)
Nappe Ouro Preto, representada pelo flanco inverso do sinclinal Santa Rita, desmembrado pela falha de
Água Quente e transportado para SSW por meio da ZCSV, delimitada no topo pela falha Itacolomi
(Barbosa 2018). Sua estrutura mestra é o sinforme Dom Bosco, contendo também o domínio da
anticlinal de Mariana no setor centro-oriental, se apresentando como uma dobra aberta com eixo com
caimento para leste; e (iii) Nappe Itabira-Rio Piracicaba (superior) representada por segmentos
tectonicamente fatiados de um sinclinal antifórmico vergente para SSW, composto pelo sinclinório de
Itabira e sinclinório João Monlevade-Rio Piracicaba. Os flancos da nappe são encontrados em Rio
Piracicaba e corpos intrusivos da Suíte Borrachudos reconfiguram a geometria da nappe sendo
redobrada no evento Brasiliano.

Além das duas feições estruturais regionais, há também dobras da terceira geração resultantes
de amplificação e/ou redobramento, resultantes de duas direções de encurtamento crustal brasilianas,
uma E para W, manifestação tectônica do Orógeno Araçuaí no interior da placa San Franciscana, que
inverte a aba leste do Sinclinal Moeda e é responsável pela formação do sinclinal Cláudio Manoel e
anticlinal Acaiaca (eixos N-S) (Endo et al. 2020) e do sinclinal Alegria-Fábrica Nova (traço axial NW-
SE) (Rossi & Endo 2015). E outra de S para N, manifestação da interferência da Faixa Ribeira em

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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

relação ao Orógeno Brasília, que gera feições como o redobramento do sinclinal Ouro Fino, o sinforme
Dom Bosco, a antiforme Furquim, o sinforme Nova Lima-Brumal, a antiforme João Monlevade e o
sinforme Itabira, todos com direção axial E-W (Endo et al. 2020).

Figura 2.3- Sistema de nappes do Quadrilátero Ferrífero e as principais falhas/zonas de cisalhamento. Nappes:
NC- Nappe Curral, NM- Nappe Maquiné, NSR- Nappe Santa Rita, NIRP- Nappe Itabira-Rio Piracicaba, NOP-
Nappe Ouro Preto. Falhas: SB- São Bento, AQ- Água Quente, RP- Rio Piracicaba, IT- Itacolomi, Cr- Curral.
Zonas de cisalhamento: MB- Moeda Bonfim, SV- São Vicente (adaptado de Endo et al. 2020).

Para Endo et al. (2005, 2020) a tectônica de idade transamazônica que deu origem à estruturação
principal do QFe é uma “tectônica do embasamento envolvido” compressional, com vetor de
movimentação de sul para norte (Figura 2.6a), onde teria ocorrido a ascensão de blocos do embasamento
(Bonfim e Bação) no domínio de antepaís e a subida destes blocos provocaria uma consequente descida
aparente das supracrustais, o que explicaria as falhas normais, que Alkmim & Marshak (1998)
interpretam como evidências de rebaixamento real das supracrustais com embasamento fixo, como
explicado em parágrafos anteriores. Segundo o modelo de Endo et al. (2005, 2020) o descolamento
basal da Nappe Curral, caracterizada pela Falha do Curral, levaria o bloco Bonfim a continuar subindo
progressivamente.

A seguir o Quadro 2.1 faz um comparativo entre os autores Alkmim & Marshak (1998) e Endo
et al. (2005, 2020) sobre as fases deformacionais atuantes no QFe:

26
Quadro 2.1- Comparação das relação às fases deformacionais atuantes no QFe conforme Alkmim & Marshak (1998) e Endo et al. (2005, 2020).
Alkmim & Marshak (1998) Endo et al. (2005, 2020)
Evento Fases de Regime Evento Fases de Regime
Idade Principais Estruturas Idade Principais Estruturas
Tectônico Deformação Tectônico Tectônico Deformação Tectônico

Dobras, ZC ao longo das falhas de empurrão,


F1 Vergência p/ S Mamona,
trend da Serra do Curral.
Rio das
Arqueano Rio das Velhas Arqueano Velhas (I e Eventos tectono-metamórficos pré-Minas
Sinistral c/ Falhas de empurrão, falhas reversas e ZC em II) e Santa
F2 vergência p/ resposta ao evento compressional N-S, gerou Bárbara
SE dobras abertas de eixo c/ direção E-W.

Nucleação da Nappe Curral (vergência NNE), xistosidade


plano-axial S1, intrusão de corpos graníticos no domínio de
Falhamentos e dobramentos em resposta ao F1 Compressional
antepaís (sincl. Mangabeiras e Serra do Curral), nucleação do
evento comprecional E-W, falhas de empurrão
Contracional pré-sistema de Nappes Ouro Preto c/ vergência p/ S.
na parte E com orientação N-S, alteração das
F3 c/ vergência p/ Minas
estruturas do Sinclinal Moeda e Dom Bosco
NW Nucleação do Sist. De Nappes Ouro Preto por redobramento
com domo Bação sendo envolvido na
Paleo coaxial na nappe F1, xistosidade plano-axial S2, nucleação da
Transamazônico deformação. Paleoproterozoico F2 Compressional
proterozoico Anticlinal Mariana por ramificação de falha cega de lapa da
ZCSV (F2 tardia).
Soerguimento dos domos granito gnáissicos,
estruturando a Serra do Curral, sinclinais
Magmatismo máfico/ultramáfico e alcalino: Diques de
F4 Extensional Moeda, Dom Bosco, Santa Rita e Gandarela. Pós Minas X Extensional
direção E-W e N-S
Desenvolvimento de ZC normais nos contatos
dos domos com as supracrustais.
Mesoproterozoico Espinhaço - Extensional Formação da bacia Espinhaço

- - Extensional Magmatismo básico

Clivagens de crenulação N-S, dobras mesoscópicas vergentes


p/ W ou E, inversão do flanco leste do Sinclinal Moeda,
reativação de descontinuidades gerando foliação nas rochas
Compressão máficas e ultramáficas, geração dos sinclinais Alegria e
F3
Tectônica E-W Fábrica Nova por flanking folds, estruturas andersonianas
tangencial, posteriormente basculadas para E, fraturas de alívio N-S
Neo compressional, preenchidas por veios de Qz e de tração preenchidas por
Brasiliano F5 Fronts de empurrão Neoproterozoico hematitio, falhas com cinemática sinistral.
proterozoico rotacional c/
vergência p/ Brasiliano
W Nucleação dos sinformes de direções axiais E-W,
redobramento do sinforme Dom Bosco, formação de
clivagens de crenulação E-W e dobras mesoscópicas
Compressão
F4 vergentes p/ N, intrusão de corpos de granitos e pegmatitos no
N-S
domínio do Sinf. Dom Bosco, reativação de falhas de
cinemática dextral, amplificação e rotação dos sinclinórios de
Itabira e João Monlevade-Rio Piracicaba (flanking folds).

- - - - - Mesozoico - - Extensional Magmatismo máfico


Sul- Fraturamentos, falhamentos e reativações de descontinuidades
- - - - - Cenozoico F5 Compressional
Atlantiano crustais herdadas

27
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

2.4 – A ESTRUTURA SINCLINAL MOEDA

O Sinclinal Moeda (Dorr 1969, Pires 1979, Endo & Nalini 1992, Chemale Jr. et al. 1994, Endo
1997, Silva 1999, Hippertt & Davis 2000, Silva & Gomes 2001, Rosière et al. 2005, Endo et al. 2005,
Braga et al. 2006, Endo et al. 2020) é uma dobra de primeira ordem localizada entre os complexos
Bonfim e Bação (Alkmim & Marshak 1998), considerada o flanco normal do homoclinal Curral, gerado
durante a ascensão dos blocos Bonfim e Bação sobre o flanco inverso da nappe e posteriormente
amplificado pelos eventos brasilianos. É uma estrutura sinformal, uma das maiores da região, com eixo
aproximadamente N-S, extensão de aproximadamente 40km, localizada à sul da Serra do Curral, até sua
junção com o Sinclinal Dom Bosco, onde o flanco leste do Sinclinal Moeda se torna o flanco norte do
Sinclinal Dom Bosco (Dorr 1969).

No interior do Sinclinal Moeda podem ser encontradas todas as unidades do Supergrupo Minas
exceto o Grupo Sabará (Dorr 1969). Sua parte mais externa é formada pelo flanco oeste, conhecido
como Serra da Moeda, e pelo flanco leste, conhecido como Serra do Itabirito, o último sendo
considerado um flanco inverso, consequência do encurtamento E-W relacionado à orogenia Brasiliana,
e o ângulo de mergulho do acamamento sedimentar, oblíquo à xistosidade, varia de 50º a 80º nos
sentidos NE, E e SE. O flanco leste do sinclinal está em contato com o Supergrupo Rio das Velhas em
toda a sua extensão, já no flanco oeste os quartzitos da Formação Moeda (base do Supergrupo Minas)
encontram-se em contato tectônico com as rochas do Complexo Metamórfico Bonfim, marcado por uma
zona milonítica com cinemática de vorticidade anti-horária, resultante do transporte tectônico das
unidades Minas para norte (Endo et al. 2020). Há também no flanco oeste uma zona de cisalhamento de
vorticidade normal e caráter dúctil-rúptil formada numa fase subsequente, denominada Zona de
Cisalhamento Moeda-Bonfim (Hippert et al. 1992).

Silva & Gomes (2001) relatam que a deformação brasiliana afeta o Sinclinal Moeda de forma
distinta com maior intensidade no flanco leste, onde a deformação teria sido por transpressão, e em
menor intensidade no flanco oeste e no interior do sinclinal, onde a deformação teria se dado por
compressão pura, confirmando a tese da subida do Complexo Metamórfico Bação em relação ao
sinclinal. Segundo Endo et al. (2020), o soerguimento dos blocos do embasamento geraram a partição
de deformação na junção entre o homoclinal serra do Curral e o Sinclinal Moeda, nucleando a falha
reversa de vorticidade sinistral Serra das Gaivotas com transporte tectônico dirigido para NNE, que
segundo Dorr (1969) é a evidência da partição entre as duas serras, também rotação da charneira do
Sinclinal Moeda de N-S para NW-SE e reversão do fluxo de massa para sul no terço setentrional do
Sinclinal Moeda, evidenciada pela inversão de vorticidade de anti-horária para horária no flanco oeste
e de horária para anti-horária no flanco leste. Dobras de vorticidade horária no flanco oeste e anti-horária
no flanco leste apresentam eixos com caimento para E, paralelos à xistosidade plano-axial penetrativa
(S2).
28
Contribuições às Ciências da Terra

As estruturas encontradas no Sinclinal Moeda são dobras com eixos NW-SE e NE-SW. Em
ambos os flancos do sinclinal, observam-se traços de falhas direcionais de alto ângulo sem conexão
entre si (Chemale Jr. et al. 1992) de direções NW-SE (falhas Marinho da Serra, Cata Branca, Pau
Branco, Cachoeirinha, Santa Efigênia e Sobradinho) e NE-SW (falhas do Bonga e Abóboras) (Dorr
1969). Principalmente na região extremo sul da estrutura são encontradas lineações de estiramento,
foliação milonítica e outras estruturas relacionadas. Diques máficos hidrotermalmente alterados com
fenocristais de feldspato relicto e assembleia mineral ígnea substituída por clorita, anfibólio, talco e
hematita de granulações finas são localmente encontrados (Rosière et al. 2008).

2.5 – GEOLOGIA DA MINA DO PICO

A Mina do Pico está inserida na parte mais à sul no flanco leste do Sinclinal Moeda, como dito
anteriormente, próxima a outras duas minas importantes na região, Galinheiro e Sapecado (à norte e à
sul da Mina do Pico, respectivamente) (Figura 2.4).

Essa mina é amplamente conhecida por conter uma feição geomorfológica peculiar, o Pico do
Itabirito, um corpo maciço de minério de ferro compacto de alto teor com 80m de altitude, sendo
constituído essencialmente por corpos de hematita e magnetita verticais e com estrutura lenticular
(Rosière et al. 2005).

O corpo de minério da Mina do Pico abrange uma área de 1.400 x 1.300m, contendo as FFB’s
da Formação Cauê e os dolomitos da Formação Gandarela (Grupo Itabira), também os quartzitos de
granulometria fina a média da Formação Moeda, gradando para os filitos sericíticos, filitos dolomíticos,
filitos dolomíticos quartzosos com lentes centimétricas a métricas de meta-chert e filitos quartzosos da
Formação Batatal, ambas pertencentes ao Grupo Caraça. Ocorrem também diques e soleiras de rochas
metabásicas intrusivas e coberturas cenozoicas de depósitos argilosos alóctones laterizados, colúvios
compostos por blocos rolados de hematita, argilas, e cangas lateríticas (Castro 2002, Ventura 2009).

Os corpos de minério da mina são constituídos por itabiritos ricos, hematita compacta (ou
hematititos), minério supergênico e minério brechado. Os Itabiritos da mina podem ser inseridos na
fácies quartzo-óxido, encontram-se metamorfizados em baixo grau, e são caracterizados pela
intercalação de bandas milimétricas a decimétricas de composição magnetita-hematita/quartzo. O
contato entre essas bandas é brusco na maioria das vezes, porém localmente ocorrem gradações entre
elas, formando “microbandas”, e dando um aspecto laminado à rocha (Ventura 2009).

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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Figura 2.4- Mapa Geológico da região da Mina do Pico. Base de dados segundo Endo et al. 2019a.

30
Contribuições às Ciências da Terra

A hematita compacta ou hematitito tem origem associada a processos hidrotermais


mineralizantes transamazônicos e brasilianos (Rosière & Chemale 2000), com posterior verticalização
dos corpos no final do Paleoproterozoico concomitantemente à formação da estrutura regional do
Sinclinal Moeda (Rosière et al. 2005). O minério de alteração supergênica costuma ocorrer na mina
como uma capa pouco espessa coberta superficialmente por canga, que costuma preservar a estrutura
original dos itabiritos ou formar uma massa enponjosa de blocos de hematita cimentados por limonita,
acumulada no sopé do Pico (Castro 2002). E o minério brechado se desenvolve em falhas e zonas de
cisalhamento, com fragmentos de hematita compacta ou itabirito em matriz de quartzo, carbonato ou
hematita, ocorrendo como bolsões descontínuos distribuídos irregularmente (Rosière & Chemale Jr.
2000).

Os afloramentos do grupo Caraça são encontrados na porção sudeste da mina, constituídos por
quartzitos da Formação Moeda, sobrepostos pelos filitos sericíticos da Formação Batatal, alterados, com
coloração cinza clara ou amarelada. Na porção norte da mina encontra-se um grande corpo intrusivo
básico de direção NE-SW e mergulho subvertical para NW que corta toda a sequência metassedimentar
(Ventura 2009). Na porção leste da mina são encontradas as litologias da Formação Moeda e Batatal, e
a Formação Cauê como lentes de hematita compacta, hematita supergênica e itabiritos friáveis, com
grande variação de teores de sílica (Fernandes 2003).

As hematitas são encontradas em dois grandes domínios na Mina do Pico segundo Fernandes
(2003): i) Itabiritos ricos e lentes de hematita na área do Pico propriamente dito, ocorrendo compacta,
fraturada, circundada por hematita supergênica, ii) Lentes de hematita supergênica, na porção norte e
nordeste da mina, ao sul do dique de rochas máficas e ultramáficas e em contato com o filito da
Formação Batatal, onde são encontradas também lentes de hematita compacta (espessura variando de 5
a 50 m). No último domínio são comuns também intercalações de itabirito friável a compacto com
grandes variações de teores de ferro.

31
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32
CAPÍTULO 3
FORMAÇÕES FERRÍFERAS BANDADAS

3.1 – DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES

As Formações Ferríferas Bandadas (FFB’s) são caracterizadas, em sua maioria, pelos litotipos
jaspilitos (e.g. Distrito de Carajás) ou itabiritos (e.g. Quadrilátero Ferrífero). Os jaspilitos são rochas
com composição variável de aproximadamente 17 a 43% de ferro e 35 a 61% de sílica (Tolbert et al.
1971) e seu microbandamento é caracterizado por lâminas de óxido de ferro escuras intercaladas com
lâminas de sílica microcristalina (jaspe e chert) vermelhas brilhantes a vermelhas claras. O itabirito pode
ser definido como uma formação ferrífera metamorfizada, fruto do metamorfismo do jaspilito, tendo
sofrido, ao longo de sua evolução geológica, algumas alterações mineralógicas e intensas modificações
texturais (Rosière et al. 2001a).

Gross (1959) definiu o termo “iron formation” ou formações ferríferas, como sendo unidades
litoestratigráficas acamadadas, bandadas ou laminadas, com 15% ou mais de ferro em sua composição,
contendo bandas pobres em ferro compostas por quartzo, sílica microcristalina (chert) ou carbonato
intercaladas com as bandas ricas em ferro, e cujo bandamento é morfologicamente similar e concordante
com o bandamento das rochas sedimentares, vulcânicas ou metassedimentares adjacentes.

Gross (1980, 1983) criou uma classificação para as rochas ferríferas sedimentares com termos
amplamente utilizados até hoje, subdividindo estas rochas em três tipos: Lago Superior, Algoma e
Rapitan. As formações ferríferas do tipo Lago Superior foram depositadas em ambientes de plataforma
continental marinha ou em bacias rift durante o Paleoproterozoico e estão associadas à sedimentação
química ou clástica com alto grau de maturidade, além de terem sido formadas em ambiente tectônico
de margem passiva (e.g. Hamersley na Austrália, Labrador no Canadá e Formação Cauê no Brasil). As
formações do tipo Algoma estão associadas a sequências do tipo greenstone belt arqueanas, depositadas
em bacias profundas, e associadas a grauvacas, folhelhos e sequências vulcânicas (e.g. Michipicoten no
Canadá e Carajás no Brasil). E as formações tipo Rapitan são formações associadas à sedimentação
glaciogênica de idade neoproterozoica a paleozoica (e.g. Urucum e Macaúbas – Brasil) (Figura 3.1).

Dorr & Barbosa (1963) redefinem o termo itabirito como uma formação ferrífera bandada da
fácies óxido, laminada e metamorfizada, em que as bandas originais de chert ou jaspe teriam sido
recristalizadas como quartzo granular, e o ferro se encontra na forma de hematita, magnetita ou martita.
Segundo este mesmo autor, quando a rocha possui quantidades consideráveis de outros minerais como
dolomita, calcita e minerais metamórficos derivados, o nome do mineral em questão deve ser adicionado
ao termo itabirito. Baseado nessa definição, os itabiritos do QFe podem ser divididos em três litofácies:
quartzo itabirito, itabirito dolomítico e itabirito anfibolítico (Dorr 1969, Pires 1995, Rosière & Chemale
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Jr. 2000, Spier et al. 2007 e Rosière et al. 2008). Posteriormente Amorim & Alkmim (2011) dividiram
os itabiritos do QFe em quatro fácies: itabirito silicoso, dolomítico, anfibolítico e magnetítico.

Figura 3.1- Classificação de Gross (1980) para as formações ferríferas, e associação dos diferentes tipos com suas
características geológicas e ambientes tectônicos de formação (Sampaio 2019, adaptado de Gross 1980).

A definição mais recente é proposta por Klein (2005) que define formações ferríferas bandadas
como rochas ricas em ferro, majoritariamente mais antigas que 2,0 Ga, com bandamento definido,
contendo resquícios do bandamento original, apesar da elevada magnitude de deformação a qual a rocha
foi submetida. Além disso, classificou as formações ferríferas em rochas de origem sedimentar
químicas, onde se inserem as formações ferríferas bandadas (BIF’s – Banded Iron Formations), e rochas
de origem sedimentar detríticas ou granulares (GIF’s – Granular Iron Formations).

Clout & Simonson (2005) criaram uma classificação parecida com a de Klein (2005), onde
definiram as formações ferríferas de regiões onde as características deposicionais não foram
modificadas, subdividindo-as em Banded Iron Formation (BIF) e Granular Iron Formation (GIF), com
base no tamanho original dos grãos. Nota-se que as BIF’s foram depositadas como lâminas químicas
enquanto as GIF’s de forma detrítica, fato evidenciado pela sua textura e por serem compostas por areias
bem selecionadas.

3.2 – DEPOSIÇÃO, IDADE E DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL

A deposição das formações ferríferas ocorreu desde o Paleoarqueano (mais de 3,0 Ga.) até o
Neoproterozoico (menos de 1,8 Ga.), principalmente durante a Era Paleoproterozoica (entre 2,0 e 2,5
Ga) (James & Trendall 1982), a partir de uma interação complexa entre fatores geoquímicos, biológicos,
tectônicos e magmáticos (Bekker et al. 2010). Os depósitos Paleoproterozoicos correspondem cerca de
90% dos depósitos de FFB’s mundiais, abrangendo alguns muito conhecidos como Lago Superior

34
Contribuições às Ciências da Terra

(EUA), Labrador (Canadá), Hamersley (Austrália), Transvaal-Grinquatown (África do Sul), e


Quadrilátero Ferrífero (Brasil) (Figura 3.2).

Figura 3.2- Principais períodos de deposição das FFB's com a quantidade relativa depositada representada nas
curvas vermelhas e indicação do tipo de depósito (Algoma, Lago Superior e Rapitan). A linha azul indica a
quantidade relativa em % de oxigênio na atmosfera. GOE = Great Oxygenation Event e NOE = Neoproterozoic
Oxygenation Event. Consta na figura os depósitos mais conhecidos no mundo, no país e no estado de Minas Gerais.
Retirado de Caxito & Gonçalves-Dias (2018) e adaptada com informações de Klein (2005).

Entre os modelos de deposição das FFB’s, o clássico é o de Cloud (1965, 1973), que diz que o
Fe2+ dissolvido na água do mar teria sido oxidado para Fe3+, que é insolúvel e precipitaria no fundo
oceânico. No período que compreende desde o Arqueano até o início do Paleoproterozoico, a atmosfera
era livre de oxigênio, acumulando Fe2+ nos oceanos, vindo principalmente de atividade vulcânica
submarina em períodos de alta atividade magmática. Neste período houve o surgimento de
cianobactérias (organismos fotossintéticos) acumulando grande quantidade de O2 (produto do seu
metabolismo) na atmosfera e oxidando o Fe2+, dando origem ao principal período de deposição das
FFB’s durante o chamado Grande Evento de Oxigenação (Great Oxygenation Event – GOE) há cerca
de 2,4 bilhões de anos (Figura 3.2) (Canfield 1998, Bekker et al. 2004, Scott et al. 2008, Frei et al. 2009,
Farquhar et al. 2011).

Outros modelos de deposição das FFB’s são os de Cains-Smith (1978) e Braterman et al. (1983),
que não consideram ação de organismos vivos durante o processo de formação das FFB’s, afimam que
devido à ausência da proteção da camada de ozônio na época, o Fe2+ em águas superficiais teria sido
oxidado através de interação com a radiação UV. Segundo outro modelo, de Tosca et al. (2016),
mudanças no pH da água teriam promovido reações entre o Fe2+ e a sílica dissolvida e posterior
35
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

deposição das FFB’s. O acúmulo de sílica na água seria devido à ausência de organismos que utilizam
sílica na fabricação de seus esqueletos durante o Arqueano.

No Paleoproterozoico teria ocorrido um grande e abrupto período de pausa na deposição das


formações ferríferas, mais ou menos entre 1,8 e 0,8 bilhões de anos atrás (Trendall 2002), chamado
“Boring Billion” (Holland 2006) devido à mudança na química da atmosfera e da hidrosfera (Knoll
2003; Canfield 2005). Já o Neoproterozoico foi marcado por um período com muitas variações
climáticas, biológicas, tectônicas e químicas, a quebra do supercontinente Rodínia e formação de um
novo supercontinente (o Gondwana), e um novo evento global de oxigenação (NOE – Neoproterozoic
Oxygenation Event), propiciando a volta de deposição das FFB’s (Kump 2008, Farquhar et al. 2010),
formando depósitos expressivos relacionados a sedimentos glaciogênicos (Figura 3.2).

A distribuição mundial das formações ferríferas pode ser visualizada na Figura 3.3, onde são
mostradas as formações mais conhecidas e expressivas do mundo, entre elas as formações arqueanas do
tipo Algoma como Carajás (Brasil) e outras localizadas na Ásia, as formações Paleoproterozoicas do
tipo Lago Superior, entre elas Lago Superior (EUA), Transvaal (África do Sul), Hamersley (Austrália),
Quadrilátero Ferrífero (Brasil), entre outras, e as formações Neoproterozoicas tipo Rapitan encontradas
no Canadá, Ásia e no Brasil (Urucum).

Figura 3.3- Principais depósitos de minério de ferro no mundo. Adaptado de Bekker et al. (2010) e Hagemann et
al. (2015) in Caxito & Gonçalves-Dias (2018).

3.3 – PETROGRAFIA, METAMORFISMO E GÊNESE

A composição mineralógica das FFB’s é caracterizada essencialmente por hematita (na forma
de martita, hematita granoblástica ou especularita) (Rosière et al. 2001a), magnetita (geralmente na
forma de kenomagnetita) (Kullerud et al. 1969), e quartzo, dolomita e anfibólios como principais
minerais de ganga (Rosière & Chemale Jr. 2000). Os minerais acessórios que podem ser encontrados

36
Contribuições às Ciências da Terra

são: filossilicatos (sericita, clorita, muscovita), cianita, talco, pirofilita, granada, estaurolita, biotita,
apatita, caulinita, cloritoide, fuchsita, flogopita, crisotila, stilpnomelana, titanita e apatita (Pires 1995).

Os itabiritos do Quadrilátero Ferrífero são encontrados em fácies mineralógicas distintas:


quartzo itabirito, itabirito dolomítico e itabirito anfibolítico (Dorr, 1969). O quartzo itabirito é o tipo
mais encontrado e apresenta alternância de bandas milimétricas a centimétricas de quartzo (trama
granoblástica com granulometria fina resultado da recristalização do chert) e hematita. O itabirito
dolomítico possui alternância de finas bandas de carbonato vermelho/branco e hematita cinza/preta,
compostas de dolomita, hematita e minoritariamente quartzo, podendo conter também calcita, talco,
clorita e anfibólios localmente.

Enquanto no itabirito anfibolítico os cristais de anfibólio aparecem na forma de porfiroblastos


ou como cristais orientados paralelamente ao acamamento ou em planos axiais, definindo foliação
tectonometamórfica e lineação mineral, além de apresentarem abundância de goethita, pseudomorfos de
anfibólios e clorita. Segundo alguns autores como Dymek & Klein (1988) e Pires (1995) o itabirito
anfibolítico pode ser fruto do metamorfismo da fácies carbonática da formação ferrífera, devido a
presença de carbonatos e relações observadas em campo.

Geralmente a estrutura observada nos itabiritos são as camadas primárias da rocha sedimentar
rica em ferro, porém estas podem ser obliteradas por diferenciação metamórfica dando lugar a camadas
tectonometamórficas de quartzo, carbonatos e óxidos de ferro (Rosière et al. 2001a). O contato entre as
camadas pode ser abrupto ou gradacional (Trendall & Blockley 1970).

A partir da composição mineralógica das FFB’s, Rosière & Chemale Jr. (2000) dividiram as
FFB’s do QFe em quatro tipos: itabirito comum, itabirito dolomítico, itabirito anfibolítico, hematita-
filito e filito piritoso (Quadro 3.1).

Itabiritos comuns, dolomíticos e anfibolíticos são as FFB’s metamórficas, deformadas e


oxidadas; hematita filitos ocorrem como lentes constituídas de sericita, com ou sem clorita, hematita na
base da Formação Cauê, localmente ocorrendo lentes de hematita compacta intercaladas; e os filitos
piritosos são filitos carbonosos com níveis e lentes ricas em sulfetos, tendo ocorrência restrita, na Mina
de Águas Claras e Serra do Curral.

Os mesmos autores também criaram uma subdivisão tectônica, em itabiritos e minérios xistosos
(ou Fe-tectonitos), brechas e cataclasitos (Quadro 3.2), já que os eventos tectônicos atuantes da região
proporcionaram uma grande variedade de texturas nessas rochas, com diferentes microestruturas e
tramas, que ocorrem em algumas porções do QFe de maior deformação.

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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Quadro 3.1- Diferentes tipos composicionais de formações ferríferas no QFe. Adaptado de Rosière & Chemale
Jr. (2000).
Tipos de
Componentes Mineralógicos
Formação Componentes Acessórios
Principais
Ferrífera
Clorita, sericita, dolomita ferroana,
Itabirito Hematita, martita, caulinita,
comum kenomagnetita, quartzo cianita, Óxidos de Mn, sulfetos, apatita,
pirofilita
Calcita, grunerita-cummingtonita, clorita,
Itabirito Martita, hematita, kenomagnetita,
stilpnomelana, biotita, tremolita, actinolita,
dolomítico dolomita ferroana
quartzo (chert), sulfetos, pirofilita
Martita, hematita, kenomagnetita,
Itabirito Carbonato, talco, dolomita ferroana, egirina,
maghemita, grunerita-cummingtonita,
anfibolítico biotita, Mg-riebeckita, kupferita, sulfetos
tremolita, actinolita, quartzo.

Hematita - filito Hematita, sericita quartzo, clorita

Filito Piritoso Pirita, matéria carbonosa

Os itabiritos e minérios xistosos (ou Fe-tectonitos) são protomilonitos e milonitos, rochas com
foliação bem desenvolvida, minerais estirados, sombras de pressão, bandas de cisalhamento e boudins,
compostos geralmente por especularita e silicatos orientados, como cianita, anfibólios e filossilicatos,
podendo aparecer minerais estirados de quartzo nas sombras de pressão. Esse tipo ocorre localmente em
zonas de cisalhamento na parte leste do QFe, tornando-se mais comuns e espessos à leste, até se tornar
litologia predominante no domínio extremo leste. As brechas e cataclasitos desenvolvem-se em falhas
e zonas de cisalhamento rúpteis, sendo as brechas constituídas de fragmentos de hematita compacta ou
itabirito em matriz de quartzo, carbonato ou hematita, ocorrendo como bolsões descontínuos na região,
e os cataclasitos constituídos essencialmente de “pó de hematita” e alguns fragmentos maiores com
cristais de hematita muito deformados, sendo a matriz composta também de hematita (comumente
lamelar), talco, caulim, óxido de manganês e acessórios como turmalina, epidoto, e eventual
mineralização de ouro (Galbiatti 1999).

38
Contribuições às Ciências da Terra

Quadro 3.2- Tipos tectônicos de minério de ferro no QFe e suas principais características. Adaptado de Rosière
& Chemale Jr. (2000).

Tipos Tectônicos Características Principais

Trama fortemente orientada, protomilonítica a milonítica com porfiroclastos de martita


Itabiritos e
e agregados de hematita granoblástica envolvidos por plaquetas de especularita. Cristais
minérios
de anfibólio orientados. Transposição parcial ou total do bandamento primário. Dobras
xistoso
sem raízes. Carbonatos e quartzo apresentam trama graboblástica.
Fragmentos não orientados de itabirito e minério compacto em matriz constituída de
quartzo sacaroidal, carbonato ou hematita.
Brechas
Fragmentos não orientados de itabirito bandado e hematita compacta em matriz de
quartzo sacaroidal, carbonatos ou hematita.

Finos cristais de especularita apresentando fraca ou nenhuma orientação preferencial.


Cataclasitos
Evidências de hidrotermalismo. Mineralização de ouro associada.

Rosière & Chemale Jr. (2000) também dividiram os depósitos de ferro do QFe em três tipos de
acordo com a sua gênese e a idade relativa de formação dos corpos em relação ao principal processo
tectônico envolvido: i) não tectônicos (hipogênico ou supergênico), resultando em corpos grandes e
maciços concordantes ao bandamento e sem aparente condicionamento genético à estrutura tectônica,
ii) sin-tectônicos (hipogênicos), minérios xistosos associados à zonas de cisalhamento com claro
condicionamento genético à estrutura tectônica, e iii) pós-tectônicos (supergênicos), condicionados por
processos supergênicos especialmente em itabiritos quartzosos e dolomíticos formando grandes corpos
de minérios, onde a estrutura é um fator auxiliar à extensão da mineralização (facilitando a percolação
de fluidos superficiais) mas não há condicionamento genético.

Os minérios não tectônicos seriam representados por corpos de hematita compacta de trama
granoblástica que ocorrem como lentes de diferentes dimensões e com espessura decimétrica a
decamétrica, podendo ocorrer também com estrutura brechóide. Podem ocorrer também a presença de
veios de hematita (centimétricos a métricos) e a preservação de estruturação sedimentar/diagenética,
indicando a ocorrência de lixiviação dos minerais de ganga e deposição de hidróxidos/óxidos de ferro.
As hipóteses mais prováveis para formação desses depósitos seriam sua formação a partir de fluidos
associados à geração de corpos graníticos do arco magmático Transamazônico ou a partir de fluidos
metamórficos movidos pela diferença de pressão na orogênese Transamazônica (Rosière & Chemale Jr.
2000).

Os minérios sin-tectônicos são predominantes no domínio de alta deformação do QFe (leste) e


indicam a atuação de fluidos hidrotermais sin-tectônicos que podem ter atuado de duas formas: i) pela
lixiviação de minerais de ganga, como o quartzo, por mecanismo de dissolução por pressão, ii) pela
mobilização e oxidação de Fe2+ da kenomagnetita e precipitação na forma de especularita (Lagoeiro,

39
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

1998). A idade e origem dos fluidos hidrotermais é uma questão complexa, podendo ter sido gerados
durante o evento Transamazônico ou Brasiliano (Rosière & Chemale Jr. 2000).

Os minérios pós-tectônicos são friáveis e em sua maioria hematíticos, com perfis de


intemperismo idealizados por Chemale et al. (1987) apresentando da base para o topo itabirito duro,
friável, brando, hematita friável e canga.

Os minérios de ferro de alto teor do Quadrilátero Ferrífero são caracterizados por teor de ferro
maior que 64% (Rosière et al. 2008) e formam-se em condições tectônicas e estratigráficas favoráveis,
em porções de baixa tensão e deformação. Falhas funcionam como condutos de fluidos mineralizados,
enquanto grandes dobras atuam como sítios deposicionais formando corpos de minério. No domínio
oeste de baixa deformação predominam as hematitas compactas maciças de granulometria fina e/ou
corpos magnetíticos. Já no domínio leste de alta deformação predominam as hematitas xistosas,
provenientes de recristalização fruto de uma deformação subsequente (Rosière et al. 2008).

Os corpos de hematita compacta maciças e xistosas possuem coloração azul/acinzentada, brilho


metálico e são compostas por hematita, martita, kenomagnetita e, em menor quantidade, especularita
(Rosière et al. 2008). A hematita maciça é densa, com camadas alternadas de óxidos de ferro compactos
e porosos, enquanto a xistosa possui aspecto mais poroso e exibe trama lepidoblástica dada pela
especularita (Rosière et al. 2001a). Os corpos magnetíticos são comumente compostos por magnetita (>70%)
parcialmente oxidada para kenomagnetita e maghemita ou martita, e às vezes enriquecidos em apatita (Rosière et
al. 2008).

Segundo Herz (1978) ocorreram dois tipos de metamorfismo no Supergrupo Minas, um


relacionado ao metamorfismo regional variando da fácies xisto verde, na parte oeste do QFe, a fácies
anfibolito, na parte leste do QFe, responsável pela transformação do jaspilito em itabirito, e outro fruto
de metamorfismo de contato ao longo do contato estrutural entre os domos gnáissicos e as rochas
supracrustais.

O metamorfismo regional pode ser definido a partir da observação das paragêneses minerais. A
partir da observação das assembleias minerais ocorrentes, definiu-se uma temperatura em torno de
300ºC e pressão de 3Kbar na borda oeste do QFe e progressão para 600ºC e pressão de 5Kbar na borda
leste (Pires 1995). Rosière et al. (2001a) definiu diferentes zonas metamórficas para a região do
Quadrilátero Ferrífero (Figura 3.4), onde registra-se o pico metamórfico no domínio leste na fácies
anfibolito média.

40
Contribuições às Ciências da Terra

Figura 3.4- Mapa simplificado do QFe com as diferentes zonas metamórficas. Adaptado de Rosière et al. (2001b).

Vários trabalhos desenvolvidos no QFe descrevem notáveis transformações mineralógicas e


texturais que teriam ocorrido devido ao metamorfismo regional e/ou ação de fluidos hidrotermais, como
evidenciado por Rosière & Chemale Jr. (2000), através da observação de microestruturas indicativas de
mobilização sin-tectônica de ferro (Lagoeiro 1998), inclusões fluidas em hematitas (Rosière & Rios
2004) e veios/bolsões de hematitas discordantes do bandamento. A principal transformação seria a
transformação gradual da magnetita (presente em sua maioria nas rochas não deformadas ou pouco
deformadas) em hematita (predominante nas rochas mais deformadas), através da martitização
progressiva da magnetita, passando por fases minerais intermediárias como a martita, maghemita e
kenomagnetita (Rosière & Chemale Jr. 2000). Os autores que descreveram essas transformações mais
detalhadamente foram Rosière (1981), Lagoeiro (1998), Pires (2003) e Rosière et al. (2008). Associadas
à essas transformações supostamente houve lixiviação da sílica dos itabiritos e reconcentração do ferro,
gerando corpos de magnetita e hematita compactas.

A transformação da magnetita em hematita ou do jaspilito em itabirito, e a lixiviação da sílica e


reconcentração do ferro gerando as hematitas compactas, teriam ocorrido supostamente pela
combinação de alguns processos. Acerca desses processos, existem teorias de diferentes autores,
resumidas no Quadro 3.3.

41
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Quadro 3.3- Processos envolvidos na transformação da magnetita em hematita e na formação da hematita


compacta no Quadrilátero Ferrífero, segundo diferentes autores.
Processos envolvidos na transformação da magnetita em
Autores Transformação
hematita e na formação da hematita compacta

Guild 1953, 1957 Hematita Envolvimento de fluidos hidrotermais sinmetamórficos gerando


Dorr 1965, 1969 Compacta metassomatismo

Dorr 1964 Hematita


Enriquecimento supergênico residual
Eichler 1968 Compacta
A recristalização sintectônica teria sido o principal processo
Hematita >
envolvido, onde a oxidação do Fe²+ para martita teria se dado
Rosière 1981 Magnetita >
durante o metamorfismo do jaspilito e/ou durante alteração
Especularita
hidrotermal.
Magnetita >
Metamorfismo metassomático sindeformacional dinâmico,
Hematita >
abrangendo metassomatismo sindeformacional ácido e oxidante
Pires 2003 Especularita/
durante o metamorfismo e metassomatismo estático,
Hematita
subsequente, hidrotérmico e regional, sob regime frágil
Compacta
Rosière & Chemale Jr. Magnetita >
Recristalização/
2000 Hematita>
Lixiviação dos minerais de ganga pela combinação de fluidos de
Rosière & Rios 2004 Especularita/
diferentes origens e composições, de processos hipogênicos e
Spier et al. 2008 Hematita
supergênicos, com associação de ferro por remobilização
Rosière et al. 2008 Compacta
Mecanismos de dissolução/precipitação em microfraturamentos,
Mendes & Lagoeiro Magnetita > na região oeste do QFe. Predominância de mecanismos plásticos
2012 Hematita (intracristalino e nas bordas dos cristais), na região central e
leste. Em aberto se houve recristalização em algum momento.

A kenomagnetita (magnetita deficiente em ferro) (Kullerud et al. 1969, Rosière 1981), é


comumente encontrada em regiões de baixa magnitude de deformação nos itabiritos, aparecendo de
forma reliquiar inclusas em agregados de maghemita, martita e hematita, ou também inalteradas (menos
frequente). É considerada o óxido de ferro mais antigo nessas rochas, ocorrendo na forma de cristais
idiomórficos à hipidiomórficos com até 3mm de diâmetro ou de forma irregular em agregados maciços.

Rosière (1981) definiu alguns tipos de hematita (I, II, III e especularitas) (Quadro 3.4), formadas
durante a martitização da magnetita. A partir desse processo primeiramente seriam formadas as
hematitas anédricas de granulação fina chamadas hematitas I (0,01 a 0,2 mm). A próxima geração de
hematita seria a hematita II, caracterizadas por cristais granulares isométricos (normalmente <200 µm)
intercrescidos com a hematita I, ocorrendo subédricos à euédricos (0,001 a 0,2 mm) no domínio de baixa
deformação do QFe. A hematita III é formada ocupando interstícios entre os agregados de hematita II
em porções dilatacionais microscópicas. A textura gerada por esse intercrescimento foi nomeada por
Rosière & Rios (2004) como textura hematita II-III.

A especularita (Quadro 3.4) é a hematita placóide que se desenvolvem devido à recristalização


sintectônica em locais mais afetados por campos de tensão, ocorrendo de forma restrita. Esses minerais
formam uma trama com orientação preferencial que define a xistosidade penetrativa relacionada à
foliação plano axial ou de zonas de cisalhamento (Rosière et al. 2001a). Nas zonas de cisalhamento elas
42
Contribuições às Ciências da Terra

ocorrem como plaquetas finas (até 500 µm) orientadas paralelamente ou subparalelamente à zona de
charneira e sua maior dimensão forma lineação mineral, normalmente paralela à direção de estiramento.
Associadas à essas rochas, pode haver o desenvolvimento de características tectônicas como dobras
isoclinais sem raízes, estruturas lápis, agregados minerais esticados, sombras de pressão, bandas de
cisalhamento, boudins e orientação dos cristais de hematita.

Sob luz infravermelha próxima a magnetita e martita ficam opacas enquanto as hematitas ficam
transparentes. A transparência da hematita nessas condições tem sido utilizada por Rosière & Rios
(2004) para estudos de inclusões fluidas, auxiliando-os a definir os diferentes tipos texturais
paragenéticos de hematitas e suportando a teoria de envolvimento de fluidos hidrotermais na formação
dos corpos de minério de alto teor do QFe. As hematitas I não são muito utilizadas devido às suas
inclusões serem pequenas demais (<5 µm) para medições microtermométricas ou para definição de
presença de fluidos, porém as hematitas II, II-III, III e especularitas podem gerar bons resultados, já que
as hematitas II possuem inclusões primárias de uma fase (FI-1) e duas fases (FI-2), as hematitas II-III
contém inclusões similares à FI-1, as hematitas III tem algumas inclusões de duas fases pequenas (5-50
µm) e as especularitas podem ter inclusões de duas, três ou até quatro fases (Quadro 3.4).

Rosière & Rios (2004) definiram um modelo dominantemente hidrotermal para geração dos
corpos de hematita através de análises texturais e inclusões fluidas. Segundo eles o modelo se aplica
tanto para o minério com estratificação preservada no domínio oeste do QFe quanto para as especularitas
associadas a zonas de cisalhamento no domínio leste. As hematitas friáveis teriam sido formadas por
ação hidrotermal com posterior enriquecimento supergênico obliterando as estruturas anteriores, e os
corpos ricos em goethita, teriam origem exclusivamente supergênica.

Lagoeiro (1998) descreveu detalhadamente o processo de transformação da magnetita, sua


dissolução e precipitação em plaquetas de hematita, quanto às reações químicas envolvidas, e levando
em conta aspectos microestruturais, texturais e cristalográficos, definindo através da investigação de
microestruturas em FFB’s do flanco inverso da Serra do Curral (fácies xisto verde), um evento tectono
metamórfico deformacional como sendo o principal processo envolvido na formação das hematitas.
Durante esse processo a presença de fluidos ricos em água durante a deformação e metamorfismo do
jaspilito, átomos de oxigênio na fase fluida, de fonte desconhecida, seriam absorvidos pelas superfícies
dos grãos, onde seriam ionizados transferindo elétrons do Fe²+, que oxidam para Fe³+ (transformando a
magnetita em hematita).

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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Quadro 3.4- Características microscópicas de diferentes gerações de óxidos de ferro, inclusões fluidas e trama
mineral características de cada uma das fases (adaptado de Rosière et al. 2008).

Mineral Características Microscópicas Inclusões Fluidas Trama

De forma reliquiar em Quando sozinhas


Não-transparente em radiação
Magnetita agregados de hematita, idioblásticas ou
Infravermelha
intensa martitização em agregados maciços
Muitas inclusões pequenas
Hematita I Cristais anédricos, (<1µm), Irregular a amebóide,
(Hm I) contatos lobados a serrilhados inclusões indistintas trama granoblástica
(fluidos, inclusões sólidas, etc.)
(FI-I) Geralmente esférica a
alongada,
Hematita II duas fases Poligonais, trama
Subédricos granulares
(Hm II) (FI-2) Sub-arredondada a forma granoblástica
de gota,
uma fase
Hematita II- Subédricos com formas
Duas fases, regulares, Raras, ocorrem
III variadas
parcialmente alongadas juntamente às Hm III
(Hm II-III) (granular-tabular)

Hematita III Euédricos a subédricos, Pequenas, duas fases, alinhadas Instersticial em trama
(Hm III) tabulares ao plano basal granoblástica

Inclusões de duas, três e Fortemente orientada em


Especularita achatadas, em forma de placas
multifases direção preferencial

A transformação da magnetita em hematita é controlada pela deformação, similaridades


estruturais dos dois minerais, nível de oxigênio e mobilidade de difusão dos íons na magnetita. Com a
transformação cristalográfica de arranjo cúbico para hexagonal há perda de volume e a alta tensão
promove microfraturamento acelerando o processo. A dissolução da magnetita ocorre nas bordas dos
grãos onde o Fe2+ resultante da difusão e dissociação por hidrólise reagem com o oxigênio, e através do
processo de oxidação, precipitam plaquetas de hematita in situ orientadas paralelamente à foliação e aos
planos {111} dos porfiroclastos de magnetita. A dissolução e precipitação de quartzo ocorre
provavelmente simultaneamente ao processo de transformação da magnetita em hematita. Considerando
a análise da trama e estruturas dos dois minerais, foi proposta uma equação para representar essa
transformação (Lagoeiro 1998):

4(Fe³+) (Fe²+Fe³+) O4+O2=6(Fe³+)2O3

Pires (2003) associa o processo de transformação de magnetita em hematita com a evolução


tectônica dos diferentes tipos minério de ferro do QFe (Figura 3.5). Segundo o autor, o principal
processo envolvido nessas transformações é o metamorfismo metassomático sindeformacional e em seu
trabalho evidencia texturas de substituição de porfiroclastos de magnetita em hematita e de quartzo e
outros silicatos também em hematita.

44
Contribuições às Ciências da Terra

Segundo Pires (2003), os corpos de hematita do QFe gerados por processos hipogênicos podem
ser diferenciados segundo sua textura e estruturas em quatro tipos: (i) Hematita com acamamento fino,
laminado e bandado, com ocorrência em todo QFe; (ii) Hematita micácea, foliada e xistosa, que ocorre
apenas na porção leste do QFe; (iii) Brecha e (iv) Hematita compacta, ambas podendo ser encontradas
na porção oeste e central do QFe. As duas primeiras (i e ii) teriam sido formadas por metassomatismo
sindeformacional ácido e oxidante durante o metamorfismo, enquanto as duas últimas (iii e iv) teriam
sido formadas por metassomatismo estático, subsequente, hidrotérmico e regional, sob regime frágil. Os
tipos de litologias evoluem de acordo com a mudança gradual da deformação à qual estão submetidas,
primeiro em regime dúctil Paleoproterozoico onde formar-se-iam os itabiritos magnetíticos e
hematíticos, hematitas laminadas e micáceas, depois em regime dúctil/rúptil Paleoproterozoico onde
desenvolver-se-iam as hematitas xistosas e especulares, passando para um regime rúptil
Neoproterozoico, onde seriam formadas as brechas e hematitas compactas com influência de fluidos
hidrotermais (Figura 3.5).

De forma mais detalhada, a evolução textural da hematita no QFe seria caracterizada primeiro
pela conversão de magnetita em hematita, favorecendo cristalização de silicatos como clorita, talco,
muscovita, biotita e anfibólios e o magnetita itabirito (Figura 3.5) seria o menos afetado pelo
metamorfismo. Os porfiroclastos de magnetita precursores são oxidados parcialmente ou
completamente para hematita, formando o hematita itabirito (Figura 3.5) durante metamorfismo
sindeformacional compressivo. Está martitisação sindeformacional metamórfica remove porções da
magnetita octaedra transformada e fraturada para incorporá-la à matriz da rocha. Esse processo,
juntamente com a lixiviação do quartzo é considerado um importante passo para a formação de corpos
de hematita compacta (Pires 2003).

As substituições do quartzo, carbonatos e anfibólios no itabirito hematítico resultam na


formação de hematitas microlaminadas (Figura 3.5) com alternância de bandas de diferentes texturas
(hematitas orientadas/hematitas sem orientação definida). Os contatos entre as bandas são abruptos
indicando movimentação e cisalhamento e ocorrem sombras de pressão ao redor dos porfiroclastos de
magnetita, e hematitas e anfibólios definem superfícies axiais de dobras. No regime dúctil/rúptil, a
deformação é acentuada e a trama planar da hematita microlaminada se transforma em micácea e
crenulada. As lentes de magnetita desaparecem, e dão origem à uma trama composta por micro-dobras,
kink e chevron intercaladas com lâminas de hematita fortemente orientadas. O Arranjo de hematita
torna-se fortemente orientado com hematita especular ao longo da foliação (Pires 2003).

Sob o regime rúptil (Figura 3.5), a textura kink prevalece, flancos de dobras colapsam e
produzem a textura de brecha, com fragmentos de itabiritos dobrados, hematitas micáceas,
porfiroclastos de martita menores finamente cimentados, e hematitas não deformadas. Os fragmentos
de brecha são substituídos por hematita, que também preenche espaços abertos ou ainda substitui

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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

martitas e hematitas alteradas hidrotermalmente. A brecha hematítica se transforma em hematita


compacta e maciça (Figura 3.5) (Pires 2003).

Figura 3.5- Evolução textural do minério de ferro do Quadrilátero Ferrífero, MG (Modificado de Pires 2003).

Aumentando a atividade de fluidos, o quartzo dos fragmentos de brecha é dissolvido, sendo


progressivamente substituído por hematita. A alteração textural seguinte é fornecida por processos
supergênicos fanerozóicos (Jacutinga) (Figura 3.5) (Pires 2003). Pires (2003) chega a suas conclusões
partindo do princípio que os corpos de hematita são plano-paralelos, porém sabe-se que existem corpos
discordantes do bandamento S0 (e.g. Mina do Pico)

Foram dadas duas possíveis reações envolvidas nesses processos, são elas:

A reação de conservação de oxigênio:


1) 7Fe3O4 + 8SiO2 + H2O = 7Fe2O3 + Fe7Si8O22(OH)2
Ou reação de produção de oxigênio:
2) 3Fe3O4 + 8SiO2 + H2O = Fe2O3 + Fe7Si8O22(OH)2 + O2

Rosière et al. (2008) descreveram a superposição de dois processos principais envolvidos na


formação do minério de ferro de alto teor do QFe: processo hipogênico e processo supergênico. O
processo hipogênico pode ser distinguido em três estágios. Os dois primeiros teriam ocorrido durante a
orogenia transamazônica, melhor preservado no domínio de baixa deformação oeste do Qfe, e o terceiro
durante a orogenia transamazônica ou Brasiliana (idade incerta) caracterizando estruturas tectônicas do
domínio de alta deformação leste do QFe.

Durante o primeiro estágio fluidos teriam lixiviado a sílica e carbonatos e mobilizado o ferro,
resultando na formação de corpos de magnetita maciços, veios preenchidos por óxidos de ferro e corpos
de itabiritos enriquecidos em ferro. Esse estágio é marcado pelo crescimento de cristais euédricos de
magnetita em porções das FFB’s submetidas a baixa tensão de deformação, como em zonas de

46
Contribuições às Ciências da Terra

charneiras de dobramentos transamazônicos (2,1-2,0 Ga) ou segundo o plano do bandamento, porém


não há evidências concretas acerca da natureza do fluido hidrotermal que seria responsável por essa
primeira fase de formação dos corpos de magnetita.

Durante o segundo estágio fluidos de baixa temperatura e salinidade teriam causado a oxidação
da magnetita e dolomitos ricos em ferro para hematita, resultando em hematita granoblástica porosa a
maciça. Com a oxidação e substituição de magnetita por martita teriam sido formados os cristais de
hematita I (Rosière et al. 2008), processo observado nos depósitos do domínio de baixa deformação do
Qfe (e.g. Mina do Pico), e pode ser atribuído ao aumento da fugacidade de oxigênio ou queda da
temperatura do fluido hidrotermal. A seguir, os grãos de hematita II intercrescidos teriam sido formados
por fluidos hidrotermais de baixa temperatura e baixa a média salinidade (Rosière & Rios 2004).

O terceiro estágio pode ser relacionado a zonas de empurrão, sendo marcado pelo crescimento
sindeformacional de especularita e hematitas III tabulares, que obliteram a trama granular, e são
abundantes nos depósitos do domínio de alta deformação do QFe. As inclusões fluidas encontradas
nestes minerias por Rosière & Rios (2004) indicam formação a partir de fluidos de alta salinidade e alta
temperatura. A análise de inclusões somada à assembleia metamórfica encontrada nos depósitos da parte
leste do QFe permitiu a conclusão de que o minério xistoso, formado por estes tipos de hematitas, pode
ter sido formado em níveis crustais mais rasos sob condições de alta temperatura e durante o ciclo
brasiliano-panafricano Neoproterozoico, o que evidenciaria que a formação do minério não se deu
apenas no evento transamazônico paleoproterozóico.

Por último, processos supergênicos ocorridos durante o Neógeno teriam provocado processos
de enriquecimento em ferro dando origem à corpos de hematitas friáveis. A oxidação da magnetita e da
dolomita rica em ferro durante o segundo estágio de formação dos minérios (Neoproterozoico) seguido
da lixiviação dos carbonatos remanescentes por processo supergênico podem ter sido responsáveis pela
formação da hematita compacta.

A presença de veios de magnetita-hematita observados por Rosière et al. (2008) em partes


superiores de alguns depósitos evidenciam mobilização de ferro ascendente ao longo de fraturas
extensionais desenvolvidas acima de zonas de charneiras de dobras. De forma similar a remoção dos
minerais de ganga também se dá em zonas de abertura como fraturas, falhas e zonas de charneiras,
desenvolvidas durante a deformação. Em alguns depósitos do flanco leste do Sinclinal Moeda o quartzo
lixiviado durante o primeiro estágio hipogênico é concentrado em zonas de charneira de dobras métricas,
alternando com grandes corpos de minérios.

3.4 – GEOQUÍMICA

A composição geoquímica dos itabiritos não reflete suas características primárias sedimentares
visto que foram submetidos a inúmeros eventos deformacionais e alterações pós deformacionais. Este

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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

fato é evidenciado pela aparente dominância do ferro férrico (Fe3+ ou Fe III) em relação ao ferro ferroso
(Fe2+ ou Fe II) na geoquímica deles (Spier et al. 2007) (Tabela 3.1), que compõem os minerais de
hematita. As características geoquímicas das FFB’s do QFe são diferentes da geoquímica de outros
depósitos Paleoproterozoicos.

Alguns estudos prévios acerca da geoquímica das FFB’s do QFe foram desenvolvidos ao longo
do tempo, como os estudos de Gair (1962), Dorr (1969), Kessler & Müller (1988), Klein & Ladeira
(2000), Junqueira et al. (2007), Spier et al. (2003, 2007, 2008), Selmi et al. (2009), Amorim & Alkmim
(2011), Alkmim (2014), Rodrigues (2015), Mendes (2015), Leão (2016) e Sampaio (2019).

Os primeiros estudos geoquímicos desenvolvidos foram os estudos de Gair (1962) na região de


Nova Lima e Rio Acima. Posteriormente, Dorr (1969) estudou quimicamente os itabiritos da Formação
Cauê, permitindo a classificação destes em itabirito normal (silicoso), dolomítico e anfibolítico,
distinguidos pelo teor de ferro e sílica (Tabela 3.1).

Tabela 3.1- Composição dos principais tipos de Itabirito da Fm. Cauê segundo Dorr (1969).
Fe Total (%) SiO2 (%) Al2O3 (%) P2O5 (%) H2O (%) CaO (%) MgO (%)

Normal 37,9 44,7 0,5 0,05 0,03 - -

Dolomítico 29,4 47,8 0,5 - - 3,2 1,6

Anfibolítico 31,9 50,8 0,7 0,08 - 2,2 2

(-) Análise não realizada

Kessler & Müller (1988) foi um dos primeiros trabalhos abordando os elementos menores e
traços das FFB’s da Formação Cauê, onde foram analisados 192 concentrados de minérios de ferro e
formações ferríferas (Tabela 3.2).

Tabela 3.2- Concentrações em ppm de elementos menores e traços em concentrados de óxido de ferro de minérios
e itabiritos do QFe segundo Kessler & Müller (1988).
Elemento Itabirito Minério de Ferro Elemento Itabirito Minério de Ferro

Al 257-2497 287-3025 Mg 10-244 9-245

Au* 8-60 6-133 Mn 25-580 21-962

Ca 16-425 8-754 Ni 88-376 98-316

Co 52-307 48-256 P 720-1530 650-1920

Cr 16-236 14-224 Ti 12-415 17-559

Cu 19-165 20-98 V 50-580 25-257

*limite de detecção em ppb.

48
Contribuições às Ciências da Terra

Klein & Ladeira (2000) realizaram análise petrográfica e geoquímica envolvendo elementos
maiores, menores e traços de dezesseis amostras de FFB’s em quatro regiões diferentes do QFe: Águas
Claras, Mutuca, Serra da Piedade e Pico do Itabirito, e os resultados deste estudo levantaram importantes
questões acerca dos processos envolvidos na formação dessas rochas. Os padrões de ETR (Elementos
Terras Raras) encontrados nas amostras das minas de Águas Claras e Mutuca mostram anomalias
positivas de Eu bem definidas indicando o envolvimento de soluções hidrotermais no sistema (e.g.
Dymek & Klein 1988, Klein & Beukes 1993, Bau & Möller 1993), porém essas anomalias não foram
tão evidentes nas amostras de Serra da Piedade e Pico do Itabirito, uma das explicações para isto pode
ser devido ao abaixamento da temperatura do fluido com o tempo, devido à queda das temperaturas no
manto superior (e.g. Bau & Möller 1993). Klein & Ladeira (2000) concluíram que as FFB’s destas minas
foram originadas a partir da precipitação de sedimentos marinhos paleoproterozoicos juntamente com a
atuação de fluidos hidrotermais.

Junqueira et al. (2007) realizaram um estudo geoquímico das FFB’s hospedadas em zonas
mineralizadas em ouro do tipo algoma na região do município de Raposos, no QFe, e obtiveram um
espectro dos ETR normalizados pelo xisto australiano pós Arqueano (PAAS; McLennan 1989) sem
variação entre ETR leves e pesados e com forte anomalia positiva de Eu, para as diferentes fácies de
FFB’s.

Spier et al. (2003) realizaram estudos nas minas de Águas Claras e do Pico, no QFe, observando
uma química diferenciada dos minérios de alto teor das duas minas. Em Águas Claras observou maiores
teores de Fe, Mn, Ca e Mg, e definiu a litologia como itabirito dolomítico, e maiores teores de SiO2 e
Al2O3 na Mina do Pico, definindo a litologia como itabirito anfibolítico.

Spier et al. (2007) analisaram amostras do itabirito silicoso e dolomítico da mina de Águas
Claras. As amostras possuem composição simples de Fe2O3, CaO, MgO e LOI representando mais de
98% da composição do itabirito dolomítico e Fe2O3 e SiO2 representando mais de 98% da composição
do itabirito silicoso (Tabela 3.3). A concentração de elementos traços no quartzo itabirito e itabirito
dolomítico são muito baixos (<10 ppm), assim como em outros depósitos de FFB’s no mundo. As
concentrações de Rb, Cs, Hf e Th são particularmente baixas, enquanto a de U é um pouco elevada. O
itabirito dolomítico normalmente é um pouco enriquecido em Sr, Y, Cu, Zn, Pb, Th, e Cr, e depletado
em Sb e Cd em comparação com o quartzo itabirito. Em relação à concentração ETR nos itabiritos, os
dados obtidos no domínio oeste (baixa deformação) do QFe, normalizados pelo PAAS, indicaram baixos
valores de ΣETR (8-35 ppm), com enriquecimento de elementos terras raras pesados (ETRP), anomalias positivas
de Eu e Y e negativas de Ce. O padrão de distribuição de ETR é bem similar a outras FFB’s paleoproterozoicas
(Beukes & Klein 1990) e amostras de quartzo itabiritos continham os mais baixos valores de ΣETR (8 ppm),
enquanto as de itabirito dolomítico apresentavam altos valores de ΣETR (14 ppm).

49
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

As baixas concentrações de elementos-traço e enriquecimento em ETRP observadas nas


análises de Spier et al. (2007) indicam assinatura de águas oceânicas sobreposta por assinatura
hidrotermal representada por anomalia positiva de EuPAAS. Baixas concentrações de Al2O3 e TiO2 e
correlação positiva entre as concentrações apontam pequena contribuição terrígena nos sedimentos
marinhos da Formação Cauê.

Tabela 3.3- Tabela comparativa entre Quartzo Itabirito e Itabirito Dolomítico no que diz respeito à composição
dos seus elementos maiores. Notas: Ctot = Carbono Total, Can = Carbono inorgânico, Corg = Carbono Orgânico,
LOI = Perda por fogo. Adaptado de Spier et al.(2007).
Elementos maiores (wt %) Quartzo Itabirito (avg wt %/ n=9) Itabirito Dolomítico(avg wt %/ n=11)

SiO2 41,74 1,01

Al2O3 0,18 0,32

Fe2O3 55,71 48,90

Fetot 56,50 49,64

FeO 0,71 0,66

MnO <0,01 0,28

MgO 0,14 10,33

CaO 0,46 14,36

Na2O <0,01 <0,01

K2O <0,01 0,03

continua

Elementos maiores (wt %) Quartzo Itabirito (avg wt %/ n=9) Itabirito Dolomítico(avg wt %/ n=11)

TiO2 <0,01 0,02

P2O5 0,13 0,12

Ctot 6,45

Can 0,03

Corg 0,04

CO2 23,60

S <0,001 <0,001

LOI 0,59 22,77

50
Contribuições às Ciências da Terra

Spier et al. (2008) analisaram amostras de minérios de alto teor friáveis e compactos da mina
de Águas Claras, no QFe. Ambos possuem geoquímica similares, sendo compostos quase que
inteiramente por Fe2O3, encontrando-se desfalcados em elementos-traço, e com variação de maior ou
menor quantidade de impurezas de MnO no minério friável.

Quando não afetados por processos de intemperismo (minério compacto) são compostos quase
inteiramente de Fe2O3 (avg 97.6 wt %) com quantidade muito baixa de elementos traços e menores (Spier et al.
2008). O conteúdo ETR é muito baixo (3-10 ppm), o padrão ETRYPAAS é caracterizado por depleção de elementos
terras raras leves (ETRL) em comparação com elementos terras raras pesados (ETRP), anomalias negativas para
CePAAS, positivas para EuPAAS e YPAAS, e depleção de ETRP em comparação à ETR médios. A geoquímica do
minério friável é similar, mas contém concentrações elevadas de MnO e depleção de ETRL em relação a ETRP, a
maioria apresenta anomalias positivas de EuPAAS e YPAAS, assim como anomalias negativas de CePAAS. Os padrões
ETRYPAAS são bem similares para os dois tipos de minérios de alto teor (Figura 3.6) (Spier et al. 2008).

Figura 3.6- Diagramas ETRY normalizados para PAAS, com dados geoquímicos de Spier 2005. a) Minério
Compacto, b) Minério Friável. Adaptado de Rosière et al. 2008.

O forte decréscimo de ETRP em relação aos ETR médios nos minérios compactos, que não
ocorre no espectro dos minérios friáveis, sugere origem diferente para os dois tipos (Spier et al. 2008,
Rosière et al. 2008).

Rosière et al. (2008) compilando e corroborando os dados geoquímicos de Spier et al. (2007,
2008), chegou a conclusão de que a composição essencial do quartzo itabirito de SiO2 (41,7 wt % avg)
e Fe2O3 (55,7 wt %) e a baixa concentração de FeO (0,7 wt %) confirma o fato da magnetita ter sido
substituída por martita (Rosière 1981, Rosière et al. 2001a), e que o itabirito dolomítico tem menos
Fe2O3, pouco FeO (0,7 wt %) e sílica, e concentrações elevadas de CaO, MgO e LOI indicando
abundância de dolomita (Rosière et al. 2008) (Tabela 3.3 op. cit.). Segundo os autores, faltam dados
geoquímicos consistentes na literatura em relação ao itabirito anfibolítico. Se tratando mais
especificamente dos minérios de alto teor das minas na parte mais a sul do Sinclinal Moeda, Rosière et
al. (2008) afirma que geralmente o teor de ferro costuma ser em média em torno de 67,3 wt % (variando
de 64 a 69,9 wt % Fe), 1 wt % de Al2O3, e 1,1 wt % de SiO2.
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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Selmi et al. (2009) analisaram treze elementos-traço (V, Co, Ni, Cu, Zn, Rb, Sr, Y, Zr, Nb, Ba,
Hf e Ta) e terras raras em amostras de minérios hematíticos de alto teor e de itabirito, sendo os
elementos-traço similares em ambos os litotipos, com maior abundância de V, Co, Ni e Y. Os teores de
V, Ni, Co, Y e Ba diferenciam as amostras do domínio leste e oeste do QFe e observou-se maior
concentração de ETR na região leste do que nas regiões intermediária e oeste. As amostras apresentaram
enriquecimento de ETRL em relação aos ETRP, principalmente nos minérios hematíticos.

Amorim & Alkmim (2011) em estudo da composição química dos itabiritos do QFe
evidenciaram as diferenças químicas entre os quatro tipos definidos por eles: Itabirito Silicoso,
Dolomítico, Anfibolítico e Magnetítico (Tabela 3.4).

Tabela 3.4- Composição química dos diversos tipos de itabiritos da Formação Cauê segundo Amorim & Alkmim
(2011).
Itabirito
Itabirito Silicoso Itabirito Dolomítico Itabirito Anfibolítico
Magnetítico
Fe 30-40% 35% 35% 25-35%

SiO2 40-60% <1% 45% 35%


Composição
Química CaO <0,1% 15% <1% 2-10%
Típica
MgO <0,1% 10% <1% 2-10%

LOI 1-2% >5% 1-2% >5%

Alkmim (2014) realizou um estudo quimioestratigráfico de elementos maiores, menores e traços


(inclui ETR) de amostras da Formação Cauê em testemunhos de sondagem nas regiões de Serra Azul e
na Serra do Gandarela no QFe, notando enriquecimento de ETRP em relação aos ETRL, anomalias
positivas de Eu e Y, e anomalias positivas e negativas de Ce. A autora sugere que os itabiritos da
Formação Cauê se formaram a partir da interação de processos de natureza clásticas, hidrotermais e
vulcânicas.

Rodrigues (2015) desenvolveu estudo geoquímico de hematitas compactas nos complexos


Itabirito, Fazendão e Itabira no QFe e observou que todas as amostras de hematita compacta dos
diferentes complexos possuem geoquímica semelhante entre si e também se comparadas com as
amostras de itabirito no que diz respeito a elementos maiores e menores, com diferença nos teores de
ferro e sílica. A hematita compacta contém teor de sílica baixo ou nulo e o itabirito possui teores
consideráveis de sílica. O teor de FeO é menor que 1% em todas as amostras devido à pouca quantidade
de magnetita encontrada nas amostras. Tanto as amostras de hematita compacta quanto as de itabirito
mostram baixas concentrações de elementos-traços Sc, Hf e Th, que quando em altas concentrações
podem indicar contaminação clástica, e observou-se que as amostras de hematita compacta apresentam
concentrações maiores de ETR’s + YPAAS em relação aos itabiritos. Foram observadas anomalias
positivas de Eu tanto na hematita compacta quanto nas amostras de itabirito fortalecendo a hipótese de
52
Contribuições às Ciências da Terra

que houve envolvimento de soluções hidrotermais na formação ou enriquecimento em ferro de ambos e


razões (Eu/Sm)>1 corroborando a não contaminação clástica. A maioria das amostras possuem
(Pr/Yb)PAAS<1 indicando enriquecimento de ETRP em relação aos ETRL. As amostras de hematita
compacta do Complexo Itabirito foram as que apresentaram os maiores teores médios de Fe total e de
elementos-traços analisados quando comparado aos outros complexos. A variação na concentração de
elementos-traços (incluindo ETRY) podem indicar heterogeneidade na concentração original dos
fluidos envolvidos na gênese do minério.

Mendes (2015) estudou a geoquímica de amostras de itabirito e minérios de ferro hipogênicos,


considerando elementos maiores, traços e terras raras, provenientes da porção oeste do QFe e concluiu
que os itabiritos apresentam, de forma geral, baixos valores de ∑ETR+Y, anomalias positivas de Eu e
Y e depleção dos ETRL em relação aos ETRP, indicando fonte hidrotermal para o ferro. Algumas das
amostras indicaram anomalia negativa verdadeira de Ce sugerindo a existência de condições de oxidação
favoráveis para a oxidação do Ce (III) em Ce (IV) com aporte de oxigênio alto, o que aconteceu de
forma local. A assinatura geoquímica das amostras de minério se assemelhou à dos itabiritos, com
algumas variações, apresentando baixo ∑ETR+Y, anomalias positivas de Eu e Y e depleção em ETR,
sendo a maior diferença em relação aos itabiritos o fato do minério não apresentar anomalia negativa
verdadeira de Ce.

Leão (2016) estudou quimicamente as formações ferríferas bandadas da área do Sinclinal Conta
História, na região central do QFe, a partir de amostras de testemunhos de sondagem, onde as FFB’s
são compostas quase que exclusivamente por Fe, Si e O, onde os teores de Fe2O3 e SiO2 somados variam
entre 80 e 97% e os teores médios de Fe variam entre 30 e 65%. O itabirito silicoso possui maiores
teores de Fe, seguidos pelo anfibolítico e o magnetítico, tendo-se de modo inverso os teores de SiO2.
Observou-se enriquecimento supergênico de Fe, Ti e Al na superfície e de Fe em profundidade em
algumas amostras, sugerindo a atuação de solução hidrotermal, juntamente com a as anomalias positivas
de Eu. As amostras obtiveram pequenas concentrações de elementos traço e o comportamento dos
mesmos sugere contribuições clásticas ou de fontes vulcânicas félsicas. O espectro ETR+Y apresenta
enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL, razões Eu/Sm>1, Sm/Yb<1 e anomalia positiva de Y,
característicos das FFB’s do tipo Lago Superior no QFe e no mundo. Anomalias negativas verdadeiras
de Ce indicam a existência de períodos de elevadas taxas de oxidação capazes de formar o Fe (III) e
estabilização do Ce (IV), assim como observado por Mendes (2015).

Sampaio (2019) desenvolveu o estudo geoquímico em amostras de itabiritos dos Sinclinais


Gandarela e Ouro Fino, na região central do QFe, também analisando furos de sondagem, e chegou à
conclusão de que o conteúdo de ETR+Y dos furos parece não ter sido afetado por pelo metamorfismo,
mas sim pela ação de fluidos hidrotermais, mostrados pelos padrões de ETR+Y, anomalias de Ce e
razões Y/Ho.

53
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

54
CAPÍTULO 4
CONTROLE DA MINERALIZAÇÃO DE FERRO

4.1 – CONCEITOS RELATIVOS A SISTEMAS MINERAIS

O termo Sistema Mineral foi definido por Wyborn et al. (1994) como “todos os fatores
geológicos que controlam a geração e preservação de depósitos minerais, enfatizando os processos que
são envolvidos na mobilização de componentes do minério de uma fonte, posteriormente transportando
e acumulando-os de uma forma concentrada, e depois preservando-os por todo o período da história
geológica subsequente”.

Segundo McCuaig & Hronsky (2014) o estudo dos sistemas minerais tem avançado cada vez
mais devido à integração de alguns conhecimentos importantes: a observação de padrões de
mineralizações com ajuda de dados geocientíficos disponíveis; os avanços do GIS (Geographic
Information System) para observar a distribuição espacial destes dados disponíveis; e entendimento da
evolução dos sistemas e geodinâmica terrestres para melhor compreensão dos padrões de mineralização.

A abordagem usada normalmente para sistemas minerais imita a abordagem usada para sistemas
petrolíferos de Magoon & Beaumont (1991), que considera três principais aspectos na formação dos
depósitos: 1) fontes (para ligantes, metais, fluidos, calor, magmas); 2) caminhos ou condutos (camadas
ou estruturas permeáveis que conduzem fluidos e magmas mineralizados pela crosta); e 3) armadilhas
ou traps (regiões que favorecem a deposição do metal). Essa concepção foi posteriormente definida por
Lord et al. (2001) como a trindade “source-transport-trap”.

Um termo muito importante relativo a sistemas minerais são os “footprints”. Footprints são
impressões deixadas por depósitos minerais que podem ser reconhecidas e mapeadas e o entendimento
deles é de vital importância para a correta detecção do melhor método a ser implementado para a
exploração mineral do depósito. Alguns footprints comuns são os formados pela circulação de fluidos
em rochas adjacentes de sistemas hidrotermais, por exemplo, alterando-as quimicamente e
mineralogicamente, e em alguns casos, evidências geofísicas também podem ser usadas como guia
indicativo da mineralização (Large et al. 2001; Sillitoe & Mortensen 2010)

McCuaig et al. (2010), percebendo as diferenças entre um sistema petrolífero e um sistema


mineral, modificou essa estrutura associada à sistemas minerais utilizados até então, considerando os
principais elementos para formação do depósito como sendo: 1) a fonte; 2) caminhos ou condutos; 3)
acelerador físico (grande volume de fluido/magma em pequeno volume de rocha); e 4) lixiviação em
massa (permitindo a deposição do metal durante seu transporte, porém sem perder a vazão).
Posteriormente McCuaig & Hronsky (2014), propõem que, na verdade, o conjunto de elementos críticos
mais prático e útil a ser considerado para formação de um sistema mineral é a combinação dos seguintes
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quatro elementos em diferentes escalas de tempo e espaço: 1) arquitetura da litosfera; 2) geodinâmica


favorável; 3) fertilidade e; 4) preservação da zona de deposição primária (Figura 4.1).

Figura 4.1- Principais elementos para ocorrência de um Sistema Mineral. A deposição do minério como um todo
ocorre devido a junção de uma arquitetura litosférica favorável, geodinâmica favorável e fertilidade. A preservação
da zona deposicional primária (pós-mineralização) permite que o minério seja preservado. Adaptado de
McCuaig & Hronsky (2014).

A arquitetura favorável da litosfera diz respeito às estruturas que ela contém e o controle que
essas estruturas exercem na mineralização, além disso, em certas regiões da litosfera também há
claramente maior probabilidade de conter mineralizações (e.g. maior probabilidade de encontrar
depósitos hidrotermais na crosta superior; kimberlitos na litosfera mantélica), por isso é destacada a
importância da relação espacial e genética de alguns tipos de depósitos (como depósitos hidrotermais e
magmáticos) com as estruturas litosféricas (McCuaig & Hronsky, 2014).

O elemento “geodinâmica favorável” é explicada pelo fato de que a formação de grande parte
de depósitos ocorre durante um intervalo de tempo muito curto se comparado ao tempo de evolução dos
seus terrenos hospedeiros. A explicação para isto é que há configurações geodinâmicas transitórias que
favorecem alguns tipos de mineralização, acontecendo apenas por curtos período de tempo no tempo
geológico. A conexão entre períodos de geodinâmica favorável com a formação de minério indica que
processos físicos específicos estão envolvidos na formação do minério. Os períodos mais propensos à
formação de minério são chamados “períodos metalogenéticos favoráveis” e são associados com
períodos maiores de reorganização geodinâmica em escala global (McCuaig & Hronsky 2014).

McCuaig & Hronsky (2014) definem três cenários geodinâmicos que são mais favoráveis para
formação de um sistema mineral: i) estágios compressivos anômalos transitórios capazes de selar
sistemas ativos (Rohrlachand & Loucks 2005); ii) estágios iniciais de eventos distensivos (impactos de
plumas/hot-spots) (Saunders et al. 2008) e; iii) mudanças do campo de tensões predominante. Em cada

56
Contribuições às Ciências da Terra

um desses cenários são estabelecidas “barreiras limitantes” que aumentam a energia de pressão de fluido
ou magma, e desencadeiam posterior formação de minério.

A evolução da Terra diz respeito à atuação de acontecimentos globais na formação de depósitos


como: resfriamento da Terra; variações/evolução da atmosfera, hidrosfera, biosfera e litosfera durante a
histórica geológica, que controlam o aporte e mobilidade de metais (Hazen 2010); evolução da
geodinâmica global; e ciclos de supercontinentes. Um exemplo de mudanças na atmosfera e hidrosfera
favorecendo a formação de depósitos são os depósitos de ferro do QFe favorecidos por períodos de
oxigenação na Terra, conhecidos como GOE (Great Oxidation Event) e NOE (Neoproterozoic
Oxidation Event) (Kump 2008, Farquhar et al. 2010).

O enriquecimento litosférico trata sobre o enriquecimento metálico intrínseco que parece


ocorrer em algumas porções da litosfera, geralmente quando sistemas metálicos estão hospedados em
protólitos também ricos no metal em questão e esse metal é incorporado por fluidos e depositado em
outros sítios de forma concentrada. Exemplos desse processo são as FFB’s com depósitos de óxido de
ferro hospedados na sequência sedimentar (McCuaig & Hronsky 2014).

Outro componente a ser considerado é a fertilidade de elementos importantes associada a


determinados contextos geodinâmicos e é definida como a tendência de uma região geológica particular
ou período específico de tempo serem mais férteis/dotados de minerais importantes economicamente
que os demais, e é diretamente influenciada por quatro componentes principais: i) evolução da Terra; ii)
enriquecimento litosférico; iii) contexto geodinâmico e; iv) paleolatitude (McCuaig & Hronsky 2014).
Durante a história geológica da Terra houve diversos períodos distintos: litosfera relativamente
estagnada, periódicas ascensões de plumas mantélicas, impactos de meteoritos, e períodos de grande
atividade tectônica com subducções (O’Neillet et al. 2013). Essas diferentes fases formaram grandes
ciclos geodinâmicos, e a fertilidade relativa a esses contextos é evidenciada pela associação de diferentes
tipos de depósitos minerais e regimes tectônicos específicos (Meyer 1988, Barley & Groves 1992,
Kerrich et al. 2005).

A paleolatitude influencia a fertilidade principalmente em sistemas minerais com fluidos de alta


salinidade. A maioria desses depósitos são formados pela lixiviação de evaporitos por fluidos meteóricos
por exemplo em salmouras e a formação desses evaporitos depende diretamente de condições
específicas favoráveis para sua formação, como alta taxa de evaporação, comumente encontradas em
características climáticas específicas (zonas áridas) (McCuaig & Hronsky 2014).

A preservação da zona de deposição primária também é um fator favorável à formação de


sistemas minerais. É observado que as zonas de deposição primárias da maioria dos sistemas minerais
se encontram nos primeiros 10 km de crosta, devido ao fato de ter os maiores gradientes geotermais e
de pressão, sendo a zona que mais comumente há desestabilização de fluidos magmáticos e hidrotermais
devido a mudanças químicas bruscas durante o transporte do metal pelo fluido, gerando assim deposição
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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

desses metais. Porém para que haja a preservação desses sítios é necessária uma história geológica pós-
deposicional favorável de preservação (McCuaig & Hronsky 2014). Geralmente depósitos formados em
regiões cratônicas ou que são incorporados à uma litosfera mais estável depois do seu ciclo orogênico
de formação, sem muita erosão, tem alta probabilidade de serem preservados durante um período de
longo prazo (e.g. Kerrich et al. 2005).

4.2 – CONTROLE ESTRUTURAL EM DEPÓSITOS HIDROTERMAIS

O controle estrutural em depósitos hidrotermais diz respeito principalmente ao papel que os


processos deformacionais e a pressão de fluidos exercem na geração e mantimento da permeabilidade
das rochas em locais fraturados, de zonas de cisalhamento com sistemas de fraturas associados, ou em
outras estruturas crustais, para que estas estruturas sejam capazes de conduzir os fluidos mineralizados.
Um fator importante a se destacar é o fato de que as estruturas geradas por processos metamórficos são
facilmente e rapidamente seladas comparando-se ao tempo de vida de sistemas hidrotermais, por isso o
fluxo de fluidos só consegue ser sustentado em estruturas ativadas durante a ação do sistema hidrotermal
onde a permeabilidade consegue ser mantida durante o tempo necessário (Cox et al. 2001).

Algumas estruturas formam sítios estruturais com grande potencial de conter fluxo de fluidos,
são elas: falhas ativas, fraturas e zonas de cisalhamento, que formam caminhos para uma rápida
migração de fluidos, sob altos gradientes de condução do fluido, principalmente em áreas onde tem
maior abertura e densidade dessas estruturas, jogs e bends (tanto dilatacionais quanto contracionais) em
falhas e zonas de cisalhamento, wing cracks e splays em zonas de terminação de falhas e interseções de
falhas/fraturas (Sibson 1987, Cox et al. 2001).

Nos primeiros quilômetros da crosta continental, onde a conectividade de poros e fraturas é alta,
a pressão de fluido é similar à pressão hidrostática. Em níveis mais profundos da crosta, onde os poros
são selados mais rapidamente, a perda da conectividade dos poros resulta em pressões de fluidos
similares à pressão litostática. Acima da transição sísmica/assísmica (regime sismogênico) há grandes
mudanças cíclicas na permeabilidade causada por fluxo de fluidos associados à redistribuição episódica
de fluidos em falhas ativas e fraturas associadas (Sibson 2001). Na região mais dúctil da crosta média a
inferior, ou abaixo da região de transição sísmica/assísmica (10-20 km de profundidade) o fluxo de
fluido continua acontecendo em estruturas de deformação ativas ocorrendo de forma contínua e a
permeabilidade é gerada geralmente por zonas de cisalhamento ativas e fraturas hidráulicas
macroscópicas. (Cox et al. 2001).

A existência de porosidade e permeabilidade (conexão entre os poros) na rocha é de grande


importância para que haja fluxo de fluidos na crosta. Os espaços entre os grãos para percolação do fluido
podem ser intergranulares ou na forma de fraturas em escala de grão ou macroscópicas. A lei de Darcy
(forma simplificada), é capaz de calcular o fluxo de fluido em uma rocha isotrópica através da equação:

58
Contribuições às Ciências da Terra

𝑞 = 𝑄 / At = k / η (dP / dx) Eq. 4.1

onde q é o fluxo de fluido na rocha, dado pelo volume Q de fluxo de fluido que transpassa uma
área A perpendicular ao eixo x, por unidade de tempo t; k é a permeabilidade; η é a viscosidade
cinemática do fluido e dP / dx é o gradiente de pressão de fluido horizontal responsável pela condução
do fluido (Bear 1972) (Figura 4.2).

Figura 4.2- Esquematização da Lei de Darcy. Adaptado de Cox et al. (2001).

A geometria e distribuição das fraturas geradas durante processos deformacionais são


controladas pelo stress e pressão de fluido, porém com influência de anisotropias mecânicas pré-
existentes na rocha. O campo de tensão a qual as estruturas foram submetidas durante sua formação vão
ter influência direta na sua disposição, pois dependendo de onde σ1, σ2 e σ3 estão posicionados irá gerar
estruturas com distribuição, geometria e direções diferentes (Figura 4.3), sendo a localização das fraturas
também bastante controlada por diferenças de competência na rocha (Cox et al. 2001, Sibson 2001).

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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Figura 4.3- Componentes de permeabilidade geradas em um campo de tensões triaxial: Falhas (indicadores de
cisalhamento), fraturas e cisalhamentos extensionais (rasurado), e estilólitos (linhas onduladas). O diagrama
representa as possíveis estruturas de permeabilidade formadas em regime extensional, compressional
(rotacionando a imagem 90º), e strike-slip (em planta) conforme Sibson (2001).

O caminho do fluido hidrotermal mineralizado da fonte de mineralização até o sítio de deposição


depende do gradiente da pressão de fluido, efeitos de flutuabilidade e da distribuição da permeabilidade.
Entender como o stress e a pressão de fluido varia em uma rocha é muito importante para predizer a
localização do fluxo do fluido e o local de deposição em sistemas hidrotermais. Esses sistemas são
formados a partir da conexão de várias estruturas permeáveis que se interceptam na rocha, criando
conexões que unem a fonte de fluido ao local de deposição do metal. O grau de conectividade entre
essas estruturas é maior em domínios de maior tensão, pois o aumento progressivo da deformação age
reativando falhas e zonas de cisalhamento e nucleando novas estruturas (Cox et al. 2001).

Sibson (2001) associa a formação de estruturas crustais, como fraturas e falhas, a ações de
terremotos. De acordo com o autor, o movimento de falhas na crosta continental superior se dá
principalmente pela ação de terremotos na zona sismogênica. Além disso, os terremotos também agem
na movimentação de fluidos hidrotermais, gerando fraturas e falhas, concomitantemente ocorrendo uma
significante redistribuição desses fluidos momentos após a fase crítica de terremotos expressivos em
sítios dilatacionais, envolvendo ciclos de deformação e ativação de permeabilidade. A ação de fluidos
na crosta submetida à alta pressão também gera permeabilidade estrutural por si só. A redistribuição

60
Contribuições às Ciências da Terra

dos fluidos se dá pelas redes de fraturas interconectadas e é impulsionada pelo episódio de deformação.
(Figura 4.4).

Figura 4.4- Diagrama “delta” ilustrando como rupturas cíclicas de terremotos (TR) produzem mudanças no stress
tectônico, permeabilidade, e pressão de fluido, gerando redistribuição de fluido e precipitação hidrotermal
conforme Sibson (2001).

A redução na pressão de fluidos pode causar separação de fases e precipitação em sistemas


hidrotermais durante o período pós-sísmico, porém a reativação episódica da permeabilidade de falhas
e fraturas pode também promover a mistura de fluidos de diferentes fontes, como por exemplo a mistura
de fluidos quentes de fonte metamórfica, magmática ou fluidos diagenéticos com fluidos frios que
circulam próximo à superfície. Episódios de redistribuição de fluidos regionais estão comumente
relacionados a transições tectônicas, como por exemplo em inversões tectônicas, devido a mudanças na
direção dos vetores de tensão (Sibson 2001).

Estudos indicam que a precipitação/mineralização costuma acontecer sob o mesmo campo de


tensões tectônico da estrutura hospedeira na maioria das vezes, sendo assim sin-cinemática (e.g. Cox
1995). Depósitos de minérios hidrotermais geralmente requerem grandes volumes de fluidos para que
seja possível a precipitação dos metais com baixa solubilidade (Sanderson & Zhang 1999).

4.3 – ESTUDOS PRÉVIOS

As Formações Ferríferas Bandadas, no geral e na maioria das vezes, costumam ser controladas
estruturalmente por sistemas de falhas normais e de cisalhamento quilométricas, permitindo que grandes
volumes de fluidos mineralizados ascendentes hidrotermais (durante o Arqueano e Proterozoico), e
descendentes supergênicos (durante o Cenozoico), circulem na crosta formando posteriormente
importantes depósitos de minério de ferro (Hagemann et al. 2015).

61
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

As estruturas que atuam no controle de depósitos de minérios de ferro em FFB’s podem ser
subdividas em duas diferentes classificações. Dalstra & Rosière (2008) subdiviram-nas em (1) estruturas
principais (falhas normais, reversas, falhas de empurrão, zonas de dobras e carste), que controlam o
minério na escala de distrito; e (2) estruturas secundárias (diques, dobras, falhas de empurrão e normais),
que controlam corpos de minérios individuais em escala de mina.

Hagemann et al. (2015) fizeram uma nova subdivisão das estruturas em: (1) estruturas pré-
minério, que se desenvolveram antes da formação do minério, podendo servir como condutos de fluidos
posteriores, atuando de forma passiva na formação do minério, ou sofrendo reativação sin-
mineralização, atuando de forma ativa; (2a) estruturas ativas sin-mineralização (falhas normais), (2b)
estruturas passivas sin-mineralização (colapso de porosidade durante brechamento); e (3a) estruturas
pós-mineralização que modificam corpos de minério pré-existentes, onde o fluxo de fluidos nessas
estruturas causam mudanças texturais/mineralógicas no minério (foliações, zonas de cisalhamento
dúcteis, falhas e fraturas), (3b) estruturas pós-mineralização que preservam ou expõem corpos de
minério (horsts e grabens ou empurrões), (3c) estruturas pós-mineralização, que segmentam corpos de
minério pré-existentes (falhas transcorrentes).

4.3.1. No Quadrilátero Ferrífero

Estudos específicos sobre o controle da mineralização de ferro no QFe são escassos, porém é
possível encontrar algumas informações relevantes relacionada ao tema em alguns trabalhos:

Segundo Rosière et al. (2005, 2008) as BIF’s do QFe geralmente estão associados a sequências
com desenvolvimento de dobras desarmônicas e rotação de eixos de dobras durante deslizamentos
flexurais, criando um gradiente de pressão dos flancos para a zona de charneira (zonas de baixa tensão
durante o processo de deformação dos BIF’s tornando essas regiões favoráveis para percolação de
fluidos hidrotermais e desenvolvimento de depósitos de minérios de alto teor, como acontece em
depósitos do flanco leste do Sinclinal Moeda, onde situam-se várias minas de importância econômica
com corpos de minério médios a grandes (60-300 Mt): Mutuca, Mar Azul, Capão Xavier, Tamanduá,
Capitão do Mato, Gama, Abóboras, Galinheiro, Pico e Sapecado.

No geral os depósitos de alto ter do QFe ocorrem em anticlinais, e dobras e zonas de empurrão
associadas (Dalstra & Rosière 2008) de idade Paleoproterozoica, nas zonas de charneira NE-SW e NW-
SE, sugerindo que esses corpos foram formados por um longo período durante a fase compressiva
orogênica. No domínio leste do Qfe, que foi submetido a alta deformação, as lineações podem criar
espaço formando corpos de minério de ferro de alto teor segundo o plunge das mesmas. No domínio
oeste, onde houve baixa deformação, os corpos de minério de alto teor costumam estar localizados em
zonas de charneira de dobras NE, ou na zona de interferência entre elas (Rosière et al. 2008).

62
Contribuições às Ciências da Terra

No que diz respeito às diferentes litologias, as hematitas compactas ocorrem no QFe como
corpos irregulares concentrados em zonas de charneira de dobras ou como lentes variando de poucos
centímetros a centenas de metros. Estes corpos podem ocorrer encaixados nos itabiritos ou em corpos
ricos em goethita formados por processos supergênicos. Corpos xistosos são controlados por falhas de
empurrão e transcorrente, com desenvolvimento da xistosidade em zonas de cisalhamento e em planos
axiais de dobras apertadas (Rosière et al. 2001a, 2008).

No flanco leste do Sinclinal Moeda, o controle estrutural se dá pelo acúmulo de fluidos, onde
se formam os depósitos, em sinclinais de segunda ordem de direção SE (espaços acumuladores), sendo
a falha da Mutuca, falha que bordeja os depósitos do flanco leste mais a NE, provável responsável pelo
conduto destes fluidos até estes locais de concentração (Figura 4.5). Ocorre também um controle
litológico forte na região, onde os depósitos de Mutuca, Capão Xavier, e Mar Azul são hospedados no
itabirito dolomítico enquanto os depósitos de Tamanduá, Abóboras, Galinheiro, Pico e Sapecado são
hospedados aparentemente no quartzo itabirito (Rosière et al. 2005).

Figura 4.5- Bloco-diagrama esquemático do Sinclinal Moeda, com representação das principais jazidas no flanco
leste e diferentes famílias de dobras. Na figura é representado também o controle estrutural da mineralização de
Ferro segundo Rosière et al. (2005).

Nos depósitos das minas localizadas mais a sul no flanco leste do Sinclinal Moeda, como as de
Abóboras (corpos N20W caindo 50 a 60° para NE), Galinheiro, Pico e Sapecado (corpos N-S a N45E),
observa-se que estes são formados por corpos grandes de minério de alto teor (de hematita-martita),
concentrados em zonas de charneira de dobras métricas a decamétricas de direção E a SE (Rosière et al.
2008), e o corpo de minério do Pico é limitado a norte por um grande dique máfico (datado de 861 Ma
U-Pb por Spier et al. 2003) estendendo-se até a sul da mina de Sapecado onde grada para um itabirito
goethítico pobre em Fe. Spier et al. (2003) define o dique máfico que ocorre na Mina do Pico como

63
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

importante feição de controle estrutural dos depósitos de alto teor supergênicos da mina, agindo como
uma barreira para os fluidos vindo da direção sul, e favorecendo a lixiviação dos minerais de ganga
próximos a esse contato. Falhas e fraturas facilitariam o acesso dos fluidos meteóricos até a rocha
inalterada.

Vilela et al. (2004) desenvolveram um estudo da petrografia da hematita compacta na Mina do


Tamanduá, situada à NE no flanco leste do Sinclinal Moeda, próxima à junção Curral-Moeda, onde,
apesar de não terem adentrado na questão do controle estrutural destes corpos, conseguiram separar a
região da mina em três domínios estruturais distintos, através da compilação de dados de descrição
macroscópica, microscópica em Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) e de análises de
características da susceptibilidade magnética das amostras in situ e de testemunhos de furos de
sondagem coletadas. Foram identificados três tipos de minério a partir das diferenças na composição
mineralógica, textura e estruturas, corroborados pelos dados de susceptibilidade magnética que puderam
ser divididos nos domínios litoestruturais A, B e C: Domínio A, minérios com intercalação de martita e
hematita com trama granular prevalecendo, passando gradativamente para o Domínio C próximos a
zonas de cisalhamento, caracterizado por trama orientada e localmente tabular orientada; e Domínio B,
caracterizado por minério maciço com textura granular e cristais esparsos de martita euédrica, com
bandamento incipiente próximos a corpos básicos intrusivos.

Traskos et al. (2011) estudando o arcabouço estrutural e microestruturas do minério de ferro da


jazida de Casa de Pedra, mina localizada no extremo sudoeste do QFe, observaram que a posição do
depósito em relação às estruturas regionais e também às estruturas menores em escala de mina
condicionam atributos importantes da rocha, como composição, texturas e microestruturas.
Evidenciaram também a importância da análise estrutural de detalhe para compreender e prever o
comportamento dos minérios nos processos de beneficiamento e siderúrgicos, já que o comportamento
deles varia de acordo com tais características. Os autores observaram que as duas frentes de lavra da
mina são distintas estruturalmente e os domínios estruturais diferentes geraram rochas com diferentes
microestruturas, texturas e mineralogia de minérios hematíticos e itabiríticos.

4.3.2. Em Outras regiões do Brasil e do Mundo

Uma Província importante no Brasil é a Província Mineral de Carajás (PA) (Figura 4.6), cujos
corpos são controlados por zonas de cisalhamento, e a fonte da mineralização são fluidos magmáticos,
podendo envolver ou não fluidos metamórficos e água meteórica aquecida (Hagemann et al. 2015).

O primeiro modelo estrutural para a região foi o de Pinheiro & Holdsworth (1997), que enfatizou
o movimento transcorrente envolvido na área e a reativação de estruturas do embasamento.
Posteriormente Rosière et al. (2006) sugeriu um modelo estrutural dividido em dois estágios: Um de
encurtamento N-S seguido de um estágio de transcorrência formando zonas de cisalhamento que foram

64
Contribuições às Ciências da Terra

interpretadas como escapes laterais consequentes da continuação do encurtamento. Os mesmos autores


definiram um sistema de dobras flexurais com eixos caindo moderadamente de ESE para WNW,
interceptadas por um sistema de falhas transcorrentes com trend subparalelo ao plano axial dos sistemas
de dobras. A parte norte do distrito mineral situa-se entre sistemas de falhas transcorrentes ESE-WNW:
a Zona de Cisalhamento Cinzento situada a norte da província e a Zona de Cisalhamento Carajás a sul).

Figueiredo e Silva et al. (2008, 2013) propuseram uma relação genética entre a dobra Carajás
(anticlinal), zonas de falhas de trend N-S e respectivos splays, fraturas e granitoides profundos
associados. Estes autores também propuseram que a formação dos corpos de minério de ferro teria se
dado por ascensão de fluidos hidrotermais magmáticos profundos paralelo às zonas de falhas e de
fraturas de maior permeabilidade, ocorrendo assim processos de enriquecimento e transformação do
protólito jaspilito em minério de ferro de alto teor. Apesar das Zonas de Cisalhamento Cinzento e
Carajás e sinclinais e anticlinais associados terem sido formadas no Arqueano, a mineralização foi
recentemente datada e aceita como sendo de idade Paleoproterozoica por Santos et al. (2010). Por isso
entende-se que o fluido percolou essas estruturas em uma reativação durante o evento de formação do
minério, previamente indicada por Holdsworth & Pinheiro (2000).

Em escala de mina os corpos da cava N4E tem direção variando de N-S a NW-SE (na porção
norte) a NE-SW (na porção sul) (Figueiredo e Silva et al. 2008), aproximadamente paralelos ao traço
axial de dobras abertas da fase F1. E os corpos da cava N4W possuem direção variando de NNW a SSW
com caimento pra NW (na porção norte) a NW-SE com caimento subvertical a SW (na porção central).
Essas direções são interpretadas como eixos de dobras da fase F1 com caimento de baixo ângulo
(Pinheiro et al. 2001).

A Província de Hamersley (Figura 4.6), na Austrália, é do tipo Lago Superior e a maioria do


minério de ferro de alto teor encontra-se hospedado na “Brockman Iron Formation”, porém também na
“Marra Mamba Iron Formation”. Seus maiores depósitos são Mt. Tom Price, Paraburdoo e Mt.
Whaleback, que são controlados por falhas normais (Powell et al. 1999, Dalstra 2006, Thorne et al.
2008). O minério da “Brockman Iron Formation” apresenta diferentes magnitudes de deformação,
tendo em comum as características estruturais, e as falhas normais são preenchidas por diques doleríticos
nos depósitos Mt. Tom Price e Paraburdoo. As falhas encontram-se em suas posições originais no
depósito de Mt. Tom Price e rotacionadas nos depósitos de Paraburdoo e Mt. Whaleback, devido a
eventos estruturais pós-mineralização. Os corpos de minério da “Marra Mamba Iron Formation” são
controlados por flancos de alto ângulo de dobras, interceptados por falhas de empurrão (Hagemann et
al. 2015, Dalstra & Rosière 2008).

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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Figura 4.6- Configuração geotectônica de alguns distritos de minério de ferro. A: Distrito de ferro Serra Norte,
Província Mineral Carajás, Brasil (Figueiredo e Silva et al. 2008); B: Distrito de Ferro Hamersley, Austrália
(Angerer et al. 2012); C: Distrito de minério de ferro Quadrilátero Ferrífero, Brasil (Rosière et al. 2008) adaptado
de Hagemann et al. (2015).
Em relação às características estruturais dos depósitos, Mt. Tom Price possui uma falha NW
caindo em alto ângulo para SW, localmente dobrada em um evento D3 formando dobras de direção
WNW a NW (Dalstra & Rosière 2008). Em Paraburdoo, os corpos de alto teor do depósito oeste 4 são
controlados por falhas basais oeste 4 e o depósito leste 4 controlado por falhas basais leste 4, ambas com
movimentação normal e direção N a NW com caimento em baixo ângulo para E ou NE, rotacionadas
pela chamada Orogênese Capricorniana atingindo assim caimento em alto ângulo para NE a ENE
(Dalstra 2006, Thorne et al. 2004). A mineralização do depósito de Mt. Whaleback encontra-se
espacialmente associada a falhas sub-horizontasis não-aflorantes na parte central e leste, que se tornam
subverticais e lístricas na parte oeste do depósito.

Os depósitos grandes fontes de minério de ferro da África do Sul, como Thabazimbi e Sishen
(no Craton Kapvaall), possuem grande similaridade com os depósitos hospedados na “Brockman Iron
Formation” (Beukes & Gutzmer 2008, Dalstra & Rosière 2008) em Hamersley (AUS), no que diz
respeito às características estruturais e tipos de minério encontrados. Em Thabazimbi, o minério de alto
teor ocorre como lentes na base ou interior das FFB’s, na maioria das vezes ao longo de falhas normais
ou diques doleríticos que cortam as FFB’s em alto ângulo (Dalstra & Rosière 2008). Em Sishen, há
falhas normais que deslocam os corpos de minério e conglomerados hematíticos subjacentes durante
reativação em evento posterior à mineralização (Alchin et al. 2008).

66
Contribuições às Ciências da Terra

Entre alguns dos depósitos importantes de minério de ferro da Índia estão os depósitos
Precambrianos do Distrito de Keonjhar, localizado no flanco leste do Cinturão Bonai Keonjhar no
“North Odisha Iron Ore Craton”, e se tratam de depósitos de minério de ferro em bacia intracratônica.
Apesar de não haver fluidos hidrotermais envolvidos na formação destes depósitos como no caso do
depósito de minério de ferro de alto teor do QFe, são depósitos bem caracterizados quanto às
características que o controlam. O controle destes depósitos é direcionado de forma geral pelo terreno
morfológico deformado, por fatores geoquímicos e por intemperismo e processos supergênicos (Beura
& Behera 2018).

São encontrados basicamente três tipos de minério: (1) Singenéticos, tabular acamadado e
brechado, onde a forma do minério tabular acamadado é controlada pela morfologia de fundo achatado
da bacia e o brechado ocorre dessa forma por ter sido formado em ambientes turbulentos; (2)
Epigenéticos, possuem diferentes formas e são controlados por estruturas formadas pela tectônica de
formação da bacia e deformações posteriores sucessivas, como dobras, falhas e fraturas; e (3) Detríticos,
caracterizados por fragmentos provenientes da ação do intemperismo depositados no lado oeste no curso
do rio Baitarani, devido a topografia inclinada para leste do flanco leste do Cinturão Bonai Keonjhar
(Beura & Behera 2018).

A formação da bacia intracratônica a partir de processos de extensão, afinamento e rifteamento


define o controle estrutural regional do depósito (Beura 2014, Beura 2015). O depósito de material na
bacia e a formação do gráben após o momento de rifteamento atuam como controle estratigráfico,
particularmente no que diz respeito ao minério acamadado (hematita bandada e jaspilito) e BIF’s (Figura
4.7). O minério brechado é encontrado em vários locais do flanco leste do Cinturão Bonai Keonjhar e é
formado por fragmentos de diferentes tamanhos cimentados por matriz rica em ferro, e foi formado
durante a sedimentação/litificação da bacia. Os dobramentos, falhamentos e juntas de alívio atuam como
controle estrutural local dos depósitos epigenéticos. O curso do rio Baitaran, considerado o maior plano
de falha da região, controla geomorfologicamente e estruturalmente os depósitos detríticos (Beura &
Behera 2018).

Prasad et al. (2017) caracterizaram bem os controles geológicos envolvidos em outro depósito
de minério de ferro de grande importância na Índia (oriental), do tipo Lago Superior, o “Kiriburu-
Meghahatuburu Iron Ore Deposit” (KMIOD), localizado na parte oeste do Distrito Singhbum no Craton
Singhbhum-Orissa, caracterizado predominantemente por hematita, frequentemente martitizada.

67
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Figura 4.7- Formação da bacia tipo Rift, a entrada de material, sedimentação e deformação controlando os
depósitos de ferro no Cinturão Bonai Keonjhar adaptado de Beura & Behera (2018).

Os corpos de minério deste depósito são classificados em minério de alto teor “blue dust”
(friável e com >67% Fe); minério maciço de alto teor; minério de alto teor hematítico laminado (~66%)
e minério goethítico/laterítico de baixo a médio teor (50-60% Fe). Quanto à gênese, acredita-se em uma
origem sedimentar química para as FFB’s com fonte de ferro vulcanogênica (Roy & Venkatesh 2009),
e o minério teria sido formado por dois estágios (Ramdohr 1980): um hipogênico hidrotermal, onde o
minério rico em hematita microlaminada e martita seria formado pelos processos sucessivos de
lixiviação de sílica, formação de magnetita e formação de hematita microlaminada e martita (durante a
martitização da magnetita por fluido hidrotermal), e um estágio supergênico posterior, que seria
responsável pela formação dos corpos de minério ricos em goethita, friável, poroso hematítico e
compacto, através da lixiviação da sílica enquanto o Fe2+ era solubilizado gerando poros e
transformando-o assim em minério “blue dust”, precipitando goethita e formando o minério goethítico
ou laterítico.

A mineralização do KMIOD é controlada por três parâmetros principais: Litológico,


paleoclimático e controle estrutural, e as variações desses três fatores são os responsáveis pela grande
variedade mineralógica do minério e localização espacial dos mesmos. Os corpos de minério encontram-
se associados a xistos e quartzitos, cuja porosidade, permeabilidade e aspecto frágil auxiliam na
circulação de fluidos meteóricos. Há também associação de alguns tipos de minérios com o jaspilito
indicando a gênese do minério a partir da lixiviação da sílica (por soluções alcalinas) e alumínio dessas
rochas e enriquecimento em ferro (alumínio e ferro são lixiviados sob condições ácidas) (Roy &
Venkatesh 2009).

O controle paleoclimático é evidenciado pela deposição do ferro formando as FFB’s, devido ao


aumento de Eh no fluido percolante com consequente oxidação e precipitação do ferro (Mukhopadhyay
68
Contribuições às Ciências da Terra

& Chanda 1972). Algumas sequências do minério na área estão associadas com vulcanismo máfico
contemporâneo a deposição do ferro, tendo contribuído com o aporte do mesmo na bacia (Roy &
Venkatesh 2009). Os depósitos são marcados pelas variações climáticas e ciclos erosionais pretéritos,
fato evidenciado, por exemplo, pela presença de cangas lateríticas ferruginosas-silicosas em zonas de
alta elevação topográfica. O intemperismo do minério laterítico do topo formaria duricrostas ricas em
goethita embaixo das cangas, que protegeria os minérios de alto teor subjacentes da erosão.

O controle estrutural atua de duas formas na área, agindo como conduto de fluidos supergênicos
e hipogênicos e como mecanismos que auxiliam na preservação dos corpos de minério contra a erosão.
O KMIOD é controlado estruturalmente por vários tipos de dobras, falhas e juntas que servem como
áreas alvo para localização do minério. Os corpos possuem direção NE-SW com caimento em torno de
65º para W-NW. A maioria dos corpos encontram-se alojados em zonas de charneira de dobras da fase
F2 (dobras apertadas com eixo NE-SW) e em fraturas de alívio que facilitaram a circulação de fluidos
(Prasad et al. 2017).

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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

70
CAPÍTULO 5
PICO MINE HYPOGENE ORE DEPOSIT, QUADRILÁTERO
FERRÍFERO, MINAS GERAIS, BRAZIL: MINERALOGY,
STRUCTURAL, GEOCHEMISTRY, AND GENETIC MODEL

5.1 – ABSTRACT

The region of the Pico mine, is located in Itabirito town, in the state of Minas Gerais, Brazil, on
the east limb of the Moeda Syncline and it is inserted in the Quadrilátero Ferrífero (Iron Quadrangle)
Mineral Province. In this region, there are certain types of iron ore occuring, among them, the hypogene
ore, named hard hematite, it has great economic importance due to its high iron content. This ore is
hosted in the itabirites of the Cauê Formation, the Paleoproterozoic unit of the Minas Supergroup,
deposited between 2.58 and 2.42 Ga. The purpose of this work was to genetically characterize this
hypogene hard hematite. Through petrographic and geochemical analyses, it was observed that itabirites
are essentially composed of iron oxides and quartz, and hard hematite discordant with the itabirite
banding is composed almost entirely of iron oxides, where magnetite has already been almost
completely replaced by microcrystalline or tabular hematite. In addition, the geochemistry also provided
other important information such as the positive Eu anomaly, corroborating the action of hydrothermal
fluids. The fluids would have acted both in discordant hard hematite and in the iron oxide bands of the
itabirites, since no major textural and geochemical differences were observed between them. In the field
work, structural relationships and measurements were observed and taken mainly of the banding,
schistosity and intersecting lineations. The structural field observations, satellite images and geophysical
data (magnetometrics) combined with micropetrographic and geochemical data allowed to suggest a
mega pull-apart-genetic-structural model for the hypogene deposits of the Pico Mine, controlled by two
sinistral NW-SW faults.

5.2 – INTRODUCTION

The Quadrilátero Ferrífero, defined by Dorr et al. (1957), is a mineral province of large
economic importance because it detains a large part of the Banded Iron Formation (BIF'S) (Vilela et al.
2004), which is one of the main sources of iron ore in the world. In this province, they are hosted in the
Cauê Formation, part of the Paleoproterozoic Minas Supergroup, deposited between 2.58 and 2.42 Ga
(Machado et al. 1992, Babinski et al. 1995, Hartmann et al. 2006). The iron ore found in the Quadrilátero
Ferrífero consists mainly of the transformation of itabirite, also forming bodies of hard hematite and
friable hematite, previously studied by numerous works such as those by Gross (1959); Dorr and
Barbosa (1963); Dorr (1969); Chemale et al. (1987); Pires (1995); Rosière and Chemale Jr (2000);
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Rosière et al. (2001); Clout and Simonson (2005); Klein (2005); Rosière et al. (2008); Amorim and
Alkmim (2011).

According to Rosière and Chemale Jr. (2000), the formation of the deposits was conditioned by
different types of processes including metamorphic, hydrothermal and supergene processes. These
processes would have occurred during the two main tectonic events that affected the units of the Minas
Supergroup: Transamazonian event, in the Paleoproterozoic age, and the Brasiliano in the
Neoproterozoic age (~800-500 Ma) (Brito Neves et al. 2014). The presence of hydrothermal fluids was
responsible for an intense hydrothermal alteration process transforming the rock mineralogically and
texturally, where the main transformation involved was the magnetite to hematite transformation
described in detail in previous works such as those by Rosière (1981); Lagoeiro (1998); Pires (2003);
Rosière et al. (2008).

The focus of this study was at the Pico mine, located in Itabirito, Minas Gerais state, and on the
eastern flank of the Moeda syncline (Figure 5.1). In this mine, all these types of iron ore occur, but a
specific type draws attention because it is discordant with the compositional banding and the main
schistosity of the itabirites. These bodies vary from millimiter-centimeter scale to several tens of meters
and are considered to have a high content (more than 64% Fe), with hematite as the predominant oxide,
and according to previous studies it can be either metamorphic (Rosière, 1981) or
hydrothermal/hypogene (Rosière and Chemale Jr, 2000). Nowadays, the hypothesis of Rosière and
Chemale Jr (2000) for the formation of these bodies, where ascending solutions of hydrothermal or
hypogene origin would have been responsible for the mineralizations, is more accepted.

The hard hematite bodies are comprised of the friable hematite and rich itabirites iron ores in
the Pico Mine. The Pico Mine pit, where iron ore mining began in the 1940s, is located in the
surrounding area of a singular setting in the geological context of the Quadrilátero Ferrífero called Pico
do Itabirito, a landscape ensemble since 1962 (Rosière et al. 2005). Due to the lack of detailed
investigations on the discordant hard hematite of the Itabirite compositional banding and the nature of
the structural controls of this type of mineralization, the purpose of this paper is to investigate the genesis
and tectonic-structural controls involved in the formation of the hard hematite bodies. This was possible
through the use of methods such as geochemistry, petrographic description of thin sections and structural
observations of the region in the field.

72
Contribuições às Ciências da Terra

Figure 5.1- Map showing the area location, the geology and structure of the Moeda Syncline (Geology after Endo
et al. 2019).

5.3 – GEOLOGIC SETTING

5.3.1- Regional Geology

The Pico Mine is situated on the eastern limb of the Moeda syncline and the western portion of
the Quadrilátero Ferrífero, an important Brazilian mineral province, geotectonically inserted in the
extreme southern of the São Francisco Craton (Almeida 1977), consolidated at the end of the Brasiliano
Cycle, and remaining relatively preserved after the Neoproterozoic orogeny, which is responsible for
the formation of the surrounding Brasiliano belts.

The Quadrilátero Ferrífero are characterized by Archean metamorphic basement, a greenstone


belt type succession of Neoarchean age characterized by low-medium grade metavolcanosedimentary
sequences (Rio das Velhas Supergroup), by Paleoproterozoic supracrustals, including the low-medium
degree metasedimentary rocks of Supergroup Minas, and also the metasedimentary and metavolcanic
rocks of Supergroup Estrada Real, and the metarenites and metaconglomerates of the Espinhaço
Supergroup (Endo et al. 2020). Also, by magmatic intrusions, mainly basic and ultramafic, it cut the
units (Dorr, 1969; Renger et al. 1995; Baltazar and Silva, 1996; Alkmim and Marshak, 1998; Zucchetti
et al. 2000; Baltazar and Zucchetti, 2007; Endo et al. 2020) and restricted occurrences of clastic
sedimentary deposits of Cenozoic age (Castro et al. 1998; Lipski, 2002).

The itabirites and hard hematites are included in the Cauê Formation of the Itabira Group, Minas
Supergroup. The Minas Supergroup was deposited between 2.58 Ga and 2.42 Ga (Machado et al. 1992;
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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Babinski et al. 1995; Hartmann et al. 2006) and is characterized by a metasedimentary sequence,
metamorphosed under green schist to amphibolite facies conditions (Herz, 1970; Hoefs et al. 1982).
This sequence can be interpreted as a continental-marine succession (Dorr, 1969), and constitutes one
of the evolutional stages of a passive margin basin (Alkmim and Martins-Neto, 2012). The Itabira Group
(Dorr et al. 1957) is considered a predominantly shallow to deep marine sequence.

More than one deformational event defines the structural pattern of the Quadrilátero Ferrífero,
which is defined by a transamazonian system of nappes (Figure 5.2).

Figure 5.2- Nappes system of the Quadrilátero Ferrífero and the main faults/shear zones. Nappes: CN- Curral
Nappe, MN- Maquiné Nappe, SRN- Santa Rita Nappe, IRPN- Itabira-Rio Piracicaba Nappe, OPN- Ouro Preto
Nappe. Thrust Faults: SB- São Bento, AQ- Água Quente, RP- Rio Piracicaba, IT- Itacolomi, Cr- Curral. Shear
Zones: MB- Moeda Bonfim, SV- São Vicente (adapted from Endo et al. 2020).

The Curral nappe is characterized by a large fold, recumbent, allochthonous, NNE-vergent,


located in the western part of the Quadrilátero Ferrífero, where the Curral fault fronts the nappe (Pires,
1979; Endo et al. 2005; Endo et al. 2020). This nappe is formed by a reverse limb (Serra do Curral), and
a normal limb, later refolded that extends southwards forming the Moeda Syncline, where the hinge
zone comprises the junction of the Serra do Curral and the Moeda Syncline. During this event, a S1
schistosity, penetrative, parallel to the axial-plane F1 folds, and oblique to the bedding, was developed.
The intersection lineations (S0xS1), mineral and fold axes are subparallel. The Ouro Preto Nappe System
is transamazonian, consisting of a large fold, allochthonous recumbent with SSW vergence, whose basal
detachment is represented by the São Vicente fault. Penetrative S1 schistosity are observed, and during
its reactivation in a D2 deformation phase, when its refolding, it generated the penetrative S2 schistosity,
parallel to the axial plane F2 folds (Almeida 2004, Endo et al. 2005, Endo et al. 2020).

74
Contribuições às Ciências da Terra

There are also third generation folds resulting from the refolding, caused by two crustal
Brasiliano shortening directions. One east to west, which was a tectonic manifestation of the Araçuaí
Orogen inside the San Franciscan plate that inverts the eastern limb of the Moeda syncline and it is
responsible for the formation of small and open folds with north-south trending axis. Also, another from
south to north, manifestation of the interference in the Ribeira Belt related to the Brasília Orogen, which
refolds in east-west axis direction (Endo et al. 2020).

5.3.2 The Iron Deposits in the Quadrilátero Ferrífero

The metamorphosed Banded Iron Formations (BIFs) are characterized, in their majority, in the
Quadrilátero Ferrífero by the itabirite lithotype, defined as a metamorphized iron formation, product of
the metamorphism of the jaspilite, having been submitted, along its geological evolution, to some
mineralogical alterations and intense textural modifications (Rosière et al. 2001). The BIFs of the
Quadrilátero Ferrífero are a Lake Superior type (Gross, 1980; Gross, 1983), which were deposited in
marine continental platform environments or in rift basins during the Paleoproterozoic. They are
associated with chemical or clastic sedimentation with a high degree of maturity, formed in a passive
margin tectonic environment (e.g., Hamersley in Australia, Labrador in Canada and Cauê Formation in
Brazil).

The deposition of the iron formations occurred from the Paleoarchean (> 3.0 Ga.) to the
Neoproterozoic (< 1.8 Ga.), mainly during the Paleoproterozoic Era (1.6-2.5 Ga.) (e.g., Quadrilátero
Ferrífero) (James and Trendall, 1982), as a result of a complex interaction between geochemical,
biological, tectonic and magmatic factors (Bekker et al. 2010). The Fe2+ dissolved in seawater would
have been oxidized to Fe3+, which is insoluble and would precipitate on the ocean floor. In the Archean
to early Paleoproterozoic period, the atmosphere was oxygen free, accumulating Fe 2+ in the oceans,
mainly from submarine volcanic activity in periods of high magmatic activity. In this period,
cyanobacteria (photosynthetic organisms) accumulated large amounts of O2, product of their
metabolism, in the atmosphere and oxidized Fe2+, causing the main deposition period of the BIFs during
the Great Oxygenation Event (GOE) about 2.4 billion years ago (Cloud, 1965; Cloud, 1973; Canfield,
1998; Bekker et al. 2004; Scott et al. 2008; Frei et al. 2009; Farquhar et al. 2011).

The geochemical composition of the itabirites does not reflect their primary sedimentary
characteristics as they have undergone numerous deformational events and post-deformational
alterations. Previous works observed that in common regarding the geochemistry of BIFs in the
Quadrilátero Ferrífero (Klein and Ladeira, 2000; Spier et al. 2007; Spier et al. 2008; Alkmim, 2014;
Rodrigues, 2015; Leão, 2016; Sampaio, 2019) is that their essential composition is basically iron, silica
and oxygen, with predominance of Fe2O3 in relation to FeO, thus indicating that magnetite was replaced
by hematite (Rosière, 1981; Rosière et al. 2001). Heavy rare earth element (HREE) enrichment relative
to light rare earth element (LREE) and positive Eu anomalies are also observed indicating the
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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

involvement of hydrothermal fluids in the system. The only considerable geochemical difference
observed between itabirites and hard hematites is the silica content, which is almost non-existent in the
hard hematites.

The mineralogical composition of BIFs is essentially characterized by hematite (martite,


granoblastic hematite or specularite) (Rosière et al. 2001), magnetite (usually kenomagnetite) (Kullerud
et al. 1969), quartz, and dolomite and amphiboles as the main gangue minerals (Rosière and Chemale
Jr, 2000). Rosière and Chemale Jr (2000) created a tectonic subdivision, into itabirites and schistose
ores (or Fe-tectonites), breccias and cataclasites, since the acting tectonic events in the region provided
a great variety of textures in these rocks, with different microstructures and fabric. They also divided
the Quadrilátero Ferrífero deposits into three types according to their genesis and the relative age of
body formation in relation to the main tectonic process involved: non-tectonic (hypogene or supergene),
syn-tectonic (hypogene) and post-tectonic (supergene).

The high-grade iron ores of the Quadrilátero Ferrífero are characterized by iron contents higher
than 64% (Rosière et al. 2008) and are formed under favorable tectonic and stratigraphic conditions in
low-stress and deformation portions. They state that faults act as conduits for hydrothermal mineralized
fluids, while large folds act as depositional sites forming ore bodies. In the western low-strain domain,
massive compact fine-grained hematite and/or magnetite bodies predominate. In the high deformation
eastern domain, schistose hematites are predominant, coming from recrystallization resulting from a
subsequent deformation (Rosière et al. 2008). The massive and schistose compact hematite bodies have
blue/gray color, are metallic and composed of hematite, martite, kenomagnetite and specularite (Rosière
et al. 2008).

5.4 – METHODS

The field work to collect structural data and samples of hematite and itabirite was conducted in
two stages, in year 2019 and 2022. A total of 41 outcrop observations were made, 16 samples were
collected, 8 oriented, and 327 structural measurements were gathered, mainly measurements of bedding,
banding, lineation, schistosity and fractures. Structural measurements were taken with Brunton Geo
compass using the dip-direction/dip convention and structural analysis and processing of field data were
performed using ArcGIS (ESRI), Excel (Microsoft) and Open Stereo. In the follow up, there were nine
samples selected and sent to LAMIN (Thin Section Preparation Laboratory of Geology Department at
Federal University of Ouro Preto) for preparation of 17 thin sections. The thin sections with the letter
(a) were designated as parallel to the intersection lineation, relative to the XZ plane, the sections with
the letter (b) were perpendicular to the intersection lineation, relative to the YZ plane, and the sections
with the letter (c) were parallel to the compositional banding, relative to the XY plane.

76
Contribuições às Ciências da Terra

The thin sections were characterized in relation to mineralogy and microstructures by


transmitted and reflected light optical microscopy trinocular Axioscop Carl Zeiss AG with camera and
Zeiss Axiocam MRc image capture system, in the Microscopy Laboratory of Graduate Studies/Geology
Department at the Federal University of Ouro Preto, using 2.5x, 10x, 20x and 50x objectives. Scanning
electron microscopes (SEM) were also used to complement the descriptions imaging with backscattered
electrons, JEOL model JSM6510, with EDS detector (energy dispersive x-ray spectrometer), in the
Microscopy and Microanalysis Laboratory (LMic)/ Geology Department at Federal University of Ouro
Preto. The microstructural analyses were based on work already done on the QFe iron formations (e.g.
Rosière and Chemale Jr, 2000; Rosière et al. 2001).

The geochemical analyses were done at the Geochemical Laboratory of Geology Department at
Federal University of Ouro Preto and Gorceix Foundation. Fifteen samples were selected, where three
samples were from the banding discordant hard hematite bodies and twelve samples were from itabirite,
both from the Pico Mine. Portions of the samples were crushed, quarried and pulverized in the Mineral
Technology Service laboratory/ Nuclear Technology Development Center at the Federal University of
Minas Gerais, where samples of approximately 10x10 cm were comminuted and passed through 250
Mesh sieves. The samples used in the analyses had less than 250 Mesh.

Major and minor element analyses were done by Inductively Coupled Plasma-Optical Emission
Spectrometry (ICP-OES) Agilent Technologies 725 2011 model and X-Ray Fluorescence (XRF) model
Zetium, producer PANanalytical. The reference material ITAK 36 was used for validation of the ICP-
OES analysis results and the principle for the determination of the elements in XRF follows ISO 9516-
1:2003. Loss of Ignition (LOI) was determined both at the laboratories. Trace elements including Rare
Earth Elements (REE) + Y were determined by Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry (ICP-
MS) Agilent Technologies 7700x 2011 model, the methodology used for dissolution method of the
samples was total multi-acid digestion, adapted for iron ore (Sampaio, 2012), and IF-G reference
material was used for quality control and as part of the validation of the analysis results. The total iron
and iron II contents were determined by the titrimetric method with potassium dichromate (K2Cr2O7)
and the iron III content was determined by the difference between the total iron and iron II contents.
The total iron was determined by titanium chloride III reduction and the methodology was based on
NBR ISO 2597-2 (2021). The reference material ITAK 31 and ITAK 32 was used for quality control
and as part of the validation of the analysis results. The treatment and analysis of the geochemical data
were carried out using the excel tool, with the preparation and interpretation of tables and multielement
graphs, binary graphs, bar graphs, among others.

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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

5.5 – PETROGRAPHIC STUDIES

The petrographic studies focused on two main rocks, the itabirites and the hard hematites of the
Cauê Formation (Minas Supergroup). Although structural measurements were also obtained from other
rocks found in the region during fieldwork such as schists of Nova Lima Group, phyllites of the Batatal
Formation, quartzites of Moeda Formation, mafic dikes and mylonitic rocks of the Mamona Granitoid.

The Itabirites found in the field are grayish banded rocks, with alternating millimeter to
centimeter bands of fine-grained iron oxides and medium-grained discontinuous quartz bands. The hard
hematite are massive dark gray rocks composed almost exclusively of fine-grained iron oxides (Figure
5.3).

Figure 5.3- Characteristics itabirites and hard hematites handpicked samples at Pico Mine. (a) Itabirite banded
samples with discontinuous quartz bands; (b) Hard hematite handpicked Samples Abbreviation: Fe ox. – Iron
oxides; Qz – Quartz.

.5.5.1- Structural Geology

In order to support the structural studies, at first it was realized structural lineament analysis
using hillshade and geophysical imagery (Figure 5.4), where we observed two important regional faults
of approximate E-W direction occurring in the Pico Mine boundaries, previously mapped by (Dorr,
1969): 1) Cata Branca (NW-SE direction, with sinistral offset of approximately 400m), and 2) Pau
Branco (NNW-SSE direction and sinistral component). These faults were also studied and confirmed in
the field work (Figs. 5.6 B, C), with associated mafic dykes discontinuity dated to 1.7 Ga (Silva et al.
1995), that occurs with S-C edge foliation indicating subvertical vorticity axes with sinistral strike-slip
component.

78
Contribuições às Ciências da Terra

Figure 5.4- Hillshade (a) and geophysical - magnetometric (Analytical Signal); (b) images of the Moeda Syncline
region were used to trace the lineaments, particularly the Pau Branco and Cata Branca faults, previously mapped
by Dorr (1969) (Geophysical data after Endo et al. 2019).

Some important structural relations observed between rocks found in the field were outcrops
with itabirite bodies surrounded by large hard hematite bodies (Figure 5.5 A), hard hematite bodies
discordant with the itabirite banding (Figure 5.5 B), and hard hematite bodies associated with the dikes,
usually occurring on the inner arc of dikes that constitute open antiform folds (Figure 5.5 C).

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Figure 5.5- Main structural relations observed at the Pico Mine. (a) Itabirite body surrounded by a large hard
hematite outcrop, and the handpicked samples collected (sketch and photo); (b) Hard hematite bodies discordant
of the itabirite right away, with the main fracture family associated with; (c) Hard Hematite bodies occurring on
the inner arc of dikes that constitute open antiform folds. Abbreviation: Sb – Itabirite banding; PC9, PC10 and
PC11 – Handpicked Samples.

Among the geological structures observed in the field, the main planar structures were
metamorphic banding (Sb) of the itabirites from the Cauê Formation; bedding (S0) in schists of Nova
Lima Group, phyllites of the Batatal Formation and quartzites of Moeda Formation; schistosity (S1),that
the intensity varies between outcrops, cutting bedding (S0) and banding (Sb) at a low angle observed in
several rocks such as the phyllite of the Batatal Formation, the quartzite of Moeda Formation, the schist
of Nova Lima Group, the hematite and itabirite of Cauê Formation, and in the mafic dikes. This foliation
was formed in the F1 compressional phase of the Transamazonian Minas tectonic event, and it is parallel
to F1 folds axial planes (Endo et al. 2005; Endo et al. 2020).

Fracture sets occur in hematite; and the main linear structure observed, in almost all rocks found
in the field, was the intersection lineation formed at the junction of the banding/bedding and schistosity
planes. In a smaller proportion, reverse faults were also observed, as well as the quartz veins associated
to the Moeda quartzite and Nova Lima schist, folds, mafic dikes, mylonitic foliation and S-C foliation,

80
Contribuições às Ciências da Terra

hence, the last two are associated with the mylonitic rocks of the Mamona Granitoid, formed in the last
Rio das Velhas event (2.6 Ma) (Figure 5.6).

Figure 5.6- Main structures observed in the field work. (a) Decimetric quartz vein in Schist (Nova Lima Group);
(b) Slickensides along the fault plane indicating the direction of movement (pen); (c) Quartz veins with a reverse
sinistral fault; (d) Bedding in Schist (Nova Lima Group); (e) Compositional banding with alternating quartz and
iron oxides in itabirite; (f) Fractures set in hematite; (g) Schistosity; (h) Intersection lineation. Abbreviations: Sn
– Schistosity; Lint – Intersection Lineation.

The banding in the itabirite is generally NNW to NE-aligned, and steeply NW to E-dipping, the
intersection lineations plunge with moderate to steeply angles toward the northeast, the schistosity is
NE-aligned and steeply NW-dipping, and most of the bedding is NE-aligned and steeply NW-dipping
(Figure 5.7). In the field, it was possible to observe three fracture sets in the hard hematite, one of them
it is NE-aligned and steeply (85º) SE-dipping (S1), another one is NNW-aligned and steeply (70 to 90º)
NNE-dipping (S2), while the last one is NNW-aligned with gentle angles to ENE-dipping (S3).

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Figure 5.7- Main measurements collected in the field work. (a) Metamorphic banding (S b); (b) Compositional
bedding (Sn); (c) Schistosity (Sn); (d) Intersection lineation between bedding/banding and schistosity (Lint). Equal-
area lower hemisphere stereographic projections.

The measurements of the fault planes were also collected, which are NW-SE-aligned and NE-
dipping, including the regional fault Cata Branca, which has a minimum strike displacement of 540m
(Figure 5.1) (Dorr, 1969), taking advantage of mafic dykes discontinuities, also slickensides plunging
with gentle to moderate angles toward the northwest or east-southeast, quartz veins NE-aligned and
moderate to steeply angle NW-dipping, mafic dikes NW-aligned and steeply NE-dipping, fold axes
plunging gently to moderate angles toward the NNW, NNE or NE, some of these representing F3
Brasiliano folds with approximately N-S axes (Endo et al. 2005; Endo et al. 2020).

Have also been observed fold axial planes NW-aligned with NE-dipping, NE-aligned with NW-
dipping and NNE-aligned with ESE-dipping, all these with steeply angle. Also border foliation NW to
NE-aligned and gentle SE or NE-dipping, mylonitic foliation NNE-aligned with steeply SE-dipping,
and S-C foliation NNW to N-aligned with moderate to steeply ENE to E-dipping.

At the Nappe Curral, we can observe that the intersecting lineation occurs parallel to the fold
axes (Endo et al. 2005; Endo et al. 2020), both with ESE direction, and in the field we found the
mylonites of the Moeda-Bonfim shear zone, characterized by the tectonic contact of the Moeda
quartzites. They are located on the western limb of Moeda synclinal, with the rocks of the Bonfim
Metamorphic Complex, indicating counterclockwise vorticity due to the tectonic transport of Minas
units to the north, with a clockwise component due to the ascension of the Bonfim and Bação Complexes
in thick-skinned foreland style (Endo et al. 2020).

82
Contribuições às Ciências da Terra

5.5.2- Micropetrography

The Pico Mine itabirites are characterized by banded rocks, marked by alternating granoblastic
quartz bands and iron oxides bands (hematite and magnetite) (Figure 5.8 A) with fine to very fine grain.
What defines the banding is the proportion and arrangement between quartz and iron oxides, observing
a variation in grain arrangement and grain size in the different portions as well as rock bands. The
contacts between the bands are abrupt, diffuse, or gradational and usually lobed (Figures 5.8 B and C).
In the gradational bands, the amount of iron oxides gradually decreases until it becomes a predominantly
a quartz band. In the intermediate bands, where there is approximately 50% quartz and 50% iron oxides,
there is internal gradation in relation to the amount of iron oxides or an increase of iron oxides toward
the edges of the band until it becomes an abrupt contact with the underlying quartz bands.

The quartz is xenoblastic, with fine to very fine granulation and has variations in different parts
of the rock, occurring in general with higher granulation in the portions with lower amount of iron oxides
and with lower granulation in the portions with higher amount of iron oxides. The contacts between the
quartz grains are interlobed to polygonal, with predominance of the polygonal, which is more
polygonalized in the parts with lower amount of iron oxides. The quartz bands measure 2.4 mm, and the
amount of quartz in the bands varies between 20%, 50%, up to 95%. The quartz occurs in sigmoid in
some rocks (Figure 5.8 D), in veins cutting the banding, or in aggregates oriented in the NW-SE
direction of the thin section (Figure 5.8 E), oblique to the banding.

The iron oxides are xenoblastic to hypidioblastic, ranging from 20 to 40%, 50%, up to 80%.
They occurs continuously, or more dispersed, forming thin bands of about 0.4 mm, sometimes
ondulated, or thicker bands (up to 3.6 mm), or occur dispersed in the middle of the quartz bands, usually
forming aggregates, or in vein form cutting the banding. The hematite occurs microcrystalline or tabular
oriented in the NW-SE direction of the thin section, oblique to the banding (Figure 5.8 F). Its granulation
varies from very fine to fine and the grains can occur in a fractured form. Magnetite makes up about 1%
of the rocks, which are anhedral to hypidiomorphic, with very fine graining. In some Itabirites, intense
disharmonic folding (Figure 5.8 G) and fracturing is observed. A break in the continuity of contact
(Figure 5.8 H), best visualized in the iron oxide bands, can also occur.

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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Figure 5.8- Itabirite photomicrograph. (a) Bedding with quartz and iron oxides bands. Transmitted light image.
Cross-polarized light; (b) Lobed and abrupt contact between hematite and quartz bands in the itabirite. SEM image;
(c) Gradational contact within the bands. Transmitted light image. Cross-polarized light; (d) Iron oxide aggregates
forming a sigmoid. Transmitted light image. Plane-polarized light; (e) Iron oxide aggregates between quartz
oriented in the NW-SE direction of the thin section. SEM image; (f) Tabular hematites oriented in the NW-SE
direction of the thin section. Reflected light image; (g) Intense disharmonic folding. Transmitted light image.
Cross-polarized light; (h) A break in the continuity of contact. Transmitted light image. Cross-polarized light.
Abbreviations: Fe ox – Iron oxides; Qz – Quartz.

The hard hematite has a lot of hematite (80-97%), the predominant iron oxide in the rock, with
some relicts of magnetite grains (1%-20%), and quartz, when it occurs, it is as a mineral accessory.
Hematite is microcrystalline or tabular oriented or even random (Figure 5.9 B), with white-gray color,
massive aspect, sometimes fractured (Figure 5.9 C), and having pleochroism characteristic. When
possible, interlobed contacts are observed in the microcrystalline hematites and straight contacts among
84
Contribuições às Ciências da Terra

the tabular hematites. The grain size varies from very fine to fine. Magnetite occurs xenomorphic, with
pink-brown color, very fine grained, occurring in a dispersed form amidst the microcrystalline hematite
crystals. Hematite is observed within some magnetite grains developing in specific planes of the mineral
(Figure 5.9 A). Quartz occurs as an accessory mineral in the midst of the microcrystalline hematite
grains, or in the form of veins, it has a dark brown coloration in a reflected light microscope (Figure 5.9
D), occurring xenomorphic and its granulation is very fine to fine.

Figure 5.9- Hard Hematite photomicrograph in reflected light. (a) Hematite being formed in discrete planes inside
magnetite mineral; (b) Tabular hematites; (c) Fractured hematites; (d) Quartz between microcrystalline hematite
and magnetite crystals. Abbreviations: Hem – Hematites; Mag – Magnetites; Qz – Quartz.

The main petrographic difference between itabirites and hematite are the iron oxides/quartz
banding and the amount of quartz minerals and iron oxides present in the samples. Regarding the
magnetite/hematite ratio and the textures present in these minerals, no major microscopic differences
are observed comparing the hard hematite thin section and the iron oxide bands of the itabirites.

It was expected to find oblique structures (schistosity) relative to the compositional banding of
itabirite in the thin sections perpendicular to the intersection lineation (YZ plane), but the schistosity is
observed both in YZ plane and in thin sections parallel to the intersection lineation (XZ plane). It is only
possible to observe tabular hematite in YZ plane thin sections, and the others occur mostly in
microcrystalline. No other major differences were observed between the different cuts of the samples.
Moreover, the itabirite banding was considered as the richer bands in quartz or iron oxides, but that there

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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

was not an abrupt contact between them, but instead a more gradual or diffuse contact. When there were
bands very concentrated in iron oxides with abrupt contact with the other bands, they were considered
as hard hematite concordant to the itabirite banding.

5.6 – GEOCHEMISTRY

5.6.1- Major and Minor Elements

In the analyses results of major and minor elements from the handpicked rock samples in the
Pico Mine, it was possible to observe that the hard hematites present a similar chemical composition,
with very low values of most oxides analyzed, such as SiO2 (<1.27%), FeO (<1.47%), Al2O3 (<0.58%),
P2O5 (<0.11%), MnO2 (>0.11%), CaO (<0.18%), MgO (<0.01%), and TiO2 (<0.02%). Whereas, an
enrichment of Fe2O3 was observed (>96.91%). The chemical composition of hard hematites shows the
typical silica depletion and iron oxide enrichment. In this rock type, a Fe2O3 (hematite) enrichment and
FeO (magnetite) depletion are observed (Table 5.1).

Table 5.1- Major and minor elements chemical analysis (%) obtained by ICP-OES and FRX (*).

ICP-OES + FRX (%)


Fe TiO PP
Samples Lithology SiO2 Fe2O3 Al2O3 P2O5 MnO2 CaO MgO
O 2 C
PC01 Itabirite 47.46* 49.30 1.76 0.14 0.28 0.36 0.45 0.01 0.01 0.00
PC02 Itabirite 54.15* 42.18 2.65 0.15 0.08 0.53 0.04 <0.0052 0.01 0.00
PC03 Itabirite 35.87* 61.87 0.81 0.12 0.40 0.17 0.62 <0.0052 0.01 0.00
PC04 Hard Hem 0.51 98.95 0.83 0.12 <0.019 0.11 <0.0279 <0.0052 0.01 0.00
PC05 Hard Hem 1.20 96.91 1.47 0.16 0.11 0.10 0.18 0.01 0.02 0.00
PC06 Itabirite 44.18* 52.80 0.72 0.12 <0.019 0.14 <0.0279 <0.0052 0.01 0.00
PC09 Hard Hem 1.27 97.62 0.81 0.58 0.03 0.08 <0.0279 <0.0052 0.02 0.07
PC10 Itabirite 4.57 94.24 0.72 0.90 <0.019 0.06 <0.0279 0.03 0.06 0.00
PC11 Itabirite 56.12* 42.59 0.29 0.16 <0.019 0.06 <0.0279 <0.0052 0.01 0.00
PC12 Itabirite 44.93* 52.15 1.61 0.43 <0.019 0.32 <0.0279 <0.0052 0.03 0.00
PC13 Itabirite 64.56 35.69 2.16 0.49 0.17 0.40 0.24 0.14 0.02 0.00
PC14 Itabirite 64.19* 33.35 1.61 0.26 <0.019 0.33 <0.0279 <0.0052 0.01 0.00
PC15 Itabirite 74.42 28.62 1.27 0.37 <0.019 0.22 <0.0279 <0.0052 0.05 0.00
PC16 Itabirite 65.13* 31.27 1.99 0.40 <0.019 0.37 <0.0279 <0.0052 0.06 0.00
PC17 Itabirite 70.39* 26.76 1.90 0.35 <0.019 0.34 <0.0279 <0.0052 0.03 0.00

Most of the itabirite rock samples showed an SiO2 enrichment (35.87-74.42%) and medium
Fe2O3contents (28.62-61.87%), differently from the hard hematite rock samples, due to the elevated
silica values, with the exception of sample PC10, which showed very low SiO2 content (4.57%) and

86
Contribuições às Ciências da Terra

elevated Fe2O3 content (94.24%), similar to hard hematite, possibly because sample PC10 contained
discontinuous quartz bands (Figure 5.3 A), and the portion of the sample sent for geochemical analysis
may have been a portion with a predominance of iron oxides, which clearly has a similar chemical
signature to hard hematite. Besides that, sample PC10 was collected from the edge of an itabirite body
surrounded by hard hematite, between sample PC11 (picked in the itabitire body) and PC09 (picked in
the hard hematite surrounded). Therefore, we can consider it to be a transition portion between the PC11
itabirite and the PC09 hard hematite (Figure 5.5 A). As with the hard hematite, the itabirite rock samples
have a depletion of Al2O3 (0.12-0.90%), P2O5 (<0.40%), MnO2 (0.06-0.53%), CaO (<0.62%), MgO
(<0.14%), and TiO2 (0.01-0.06%). The PPC values of almost all samples gave a total of 0, except for
the PC09, which resulted in 0.07%.

The multi-element diagram shows the predominance of the major elements SiO2 and Fe2O3 in all
rock samples, also showing the Fe2O3 enrichment and SiO2 depletion in the hard hematite samples and
in the PC10 itabirite, besides FeO values around 1% and the other elements <1%, with depletion of
P2O5, MgO and TiO2 (Figure 5.10).

Figure 5.10- Spider diagram of major elements.

Bar diagrams with relative Fe2O3 and FeO values confirm the elevated Fe2O3 contents in the
hard hematite and PC10 itabirite samples. In the FeO diagram, we observed variation in the contents,
with most of the itabirite samples presenting a slightly elevated value of this magnetite. This is probably
due to the action of hydrothermal fluids with greater intensity in the large hard hematite bodies, where
the fluid acted more, thus transforming magnetite into hematite (Figure 5.11).

87
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Figure 5.11- Bar diagrams. (a) Relative Fe2O3 values in the itabirite and hard hematite samples; and (b) Relative
FeO values in the itabirite and hard hematite samples.

Fe2O3 versus SiO2 diagram showed a very evident negative correlation between them, and the
Al2O3 versus Fe2O3diagram shows that the Al2O3 values ranging between 0.1 and 0.6% in most itabirites,
except for sample PC10 reached almost 1% (Figure 5.12).

The predominance of Fe3+ over Fe2+ in the analysis as well as in the work of Spier et al. (2007),
can be explained, according to him, because the geochemical composition of itabirites does not reflect
their primary sedimentary characteristics since they were subjected to numerous deformational events
and post-deformational changes. Leão (2016) chemically studied the banded iron formations of the
Conta História Syncline area, in the QFe, where the BIF's are composed almost exclusively of Fe, Si
and O, just like the itabirites of the present study.

Spier et al. (2003) observed higher SiO2 and Al2O3 contents at Mina do Pico, defining the lithology
as amphibolitic itabirite, but in this work the Al2O3 contents were very low (<0.6%), since in this case,
it is probably a quartz itabirite, composed essentially of hematite, quartz, and magnetite in small
proportion. Spier et al. (2007), when analyzing the samples from the Águas Claras mine, observed that
Fe2O3 and SiO2 represented more than 98% in the composition of quartz itabirite, and the sum in the

88
Contribuições às Ciências da Terra

present work was similar, adding up to more than 96% of SiO2+Fe2O3 in all the samples. Rosière et al.
(2008) concluded that the essential quartz itabirite composition of SiO2 (around 41.7%) and Fe2O3
(around 55.7%) and the low FeO concentration (around 0.7%) confirms the fact that magnetite has been
replaced by martite (Rosière, 1981; Rosière et al. 2001), but in this case, the transformation would
already be in the hematite phase as no martite was observed in the thin sections.

Figure 5.12- Binary diagrams of some major elements. (a) Fe2O3 versus SiO2 diagram; (b) Al2O3 versus Fe2O3
diagram.

The hematite samples showed similar geochemistry as the samples of compact high grade ores
from the Águas Claras mine analyzed by Spier et al. (2008), being composed almost entirely by Fe2O3,
with low or no silica content, and with differences in relation to the itabirites in the iron and silica
contents as well as in the geochemical study of compact hematites in Itabirito, Fazendão and Itabira
complexes in the Quadrilátero Ferrífero developed by Rodrigues (2015).
89
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

5.6.2 - Trace-Elements

The trace-elements concentration of the Mina do Pico samples have an average of 352.56 ppm. The
trace-elements concentration of hard hematite range from 145.07-228.20 ppm (mean 182.08 ppm), while
the itabirite samples range from 99.30-631.98 (mean 395.18 ppm). All samples show depletion in Sc
(0.06-0.93 ppm), Ga (0.29-0.81 ppm), Cs (0.02-0.53 ppm), and Hf (0.04-0.33), considering depletion as
values below 1 ppm (Table 5.2). In the multielement diagram, it is observed that the itabirite samples
have trace elements enrichment when compared to the hard hematite samples, however, overall, there
are no major differences between the behavior from the trace-elements of the two rock types (Figure
5.13).

Figure 5.13- Multielement diagram of trace-elements.

According to Frei et al. (2008), the study of trace-elements can infer the determination of possible
source areas of different geological and tectonic contexts. Binary diagrams were generated to try to
observe a correlation between the Zr elements with Sc, Hf and Th, these elements being indicators of
clastic contamination, and between the Ba elements with Zr and Rb. In the correlations, it is possible to
observe a positive correlation in general, indicating that there may have been clastic contamination in
the Minas basin. The concentrations of mainly Hf and Sc are low for the samples and may indicate a
mantle contribution according to Filho (2012) (Figure 5.14).

90
Table 5.2- Trace-Element chemical analyses obtained by ICP-MS (ppm).

Samples Lithology Sc V Cr Ni Ga Rb Zr Nb Mo Sb Cs Ba Hf Pb Th U ∑
PC01 Itabirite 0.10 7.09 273.24 17.81 0.44 0.17 1.64 11.57 0.45 4.45 0.02 11.59 0.04 13.28 0.36 1.40 343.64
PC02 Itabirite 0.13 8.67 397.94 27.47 0.54 1.19 5.57 40.71 0.95 2.67 0.10 17.41 0.33 122.48 2.42 3.39 631.98
PC03 Itabirite 0.06 4.20 137.64 8,.12 0.36 0.35 2.03 83.95 1.48 5.25 0.04 3.34 0.12 50.15 1.55 1.52 300.16
PC04 Hard Hematite 0.13 6.23 83.10 3.91 0.36 0.22 2.62 20.94 1.79 8.35 0.03 3.45 0.09 11.93 0.60 1.30 145.07
PC05 Hard Hematite 0.38 7.50 76.64 5.75 0.62 0.43 5.76 38.99 1.80 7.12 0.03 2.79 0.22 21.37 1.07 2.51 172.97
PC06 Itabirite 0.06 5.06 102.10 7.94 0.29 0.17 1.88 18.63 0.97 6.49 0.02 15.32 0.07 8.23 0.23 0.81 168.27
PC09 Hard Hematite 0.93 19.02 56.64 11.64 0.81 1.26 5.65 23.09 1.12 5.03 0.17 87.04 0.14 12.75 0.98 1.94 228.20
PC10 Itabirite 0.49 16.05 97.84 11.61 0.59 1.62 6.18 145.74 0.89 4.08 0.19 74.41 0.19 89.53 1.94 2.31 453.67
PC11 Itabirite 0.16 9.35 35.75 5.48 0.31 0.48 1.56 13.74 0.81 1.32 0.07 20.72 0.04 8.37 0.33 0.80 99.30
PC12 Itabirite 0.51 18.07 215.09 17.16 0.57 2.36 5.46 6.31 0.41 2.96 0.46 62.93 0.12 7.47 0.39 1.77 342.06
PC13 Itabirite 0.41 11.70 293.43 21.28 0.66 1.80 4.68 33.73 3.13 3.19 0.30 104.04 0.23 76.87 1.87 2.02 559.35
PC14 Itabirite 0.07 9.01 221.72 15.40 0.45 1.24 1.71 64.58 1.87 2.35 0.13 18.73 0.08 60.38 1.35 1.37 400.44
PC15 Itabirite 0.21 36.64 174.99 10.90 0.53 1.72 4.04 11.41 1.18 7.09 0.45 62.25 0.13 8.99 0.55 2.27 323.35
PC16 Itabirite 0.21 34.74 299.32 19.66 0.65 1.71 8.79 8.80 0.43 4.77 0.42 92.86 0.21 12.99 0.78 2.52 488.85
PC17 Itabirite 0.21 39.35 319.67 18.58 0.68 2.62 5.51 85.26 6.07 5.06 0.53 67.81 0.31 74.67 2.11 2.66 631.10

91
Figure 5.14- Binary Diagrams of some trace-elements showing the correlation between (a, b, e) Zr elements with
Sc, Hf and Th, and (c, d) between the Ba elements with Zr and Rb. The lines show the itabirite (red) and hard
hematites (brown) linear patterns.

The sum of REEs and Y in the hard hematite samples range from 6.8 to 35.7 ppm, averaging 16.7
ppm, and in the itabirite samples range from 4.7 to 16.7 ppm, averaging 8.3 ppm (Table 5.3). The
multielement diagram shows the distribution of REEs and Y, PAAS-normalized (McLennan, 1989), and
most of the itabirite samples obtained positive Eu anomaly and negative Y anomaly, HREE enrichment
relative to LREE, except for PC06 which showed MREE enrichment, and the hard hematite samples
obtained positive Eu anomalies, slight HREE enrichment relative to LREE, apart from PC09 which
showed MREE enrichment, and no Y anomalies (Figure 5.15). All hard hematite and some itabirite
samples showed positive La anomaly only, in comparison with some itabirite samples showing neither
Ce nor La anomaly, and just one itabirite sample showed negative La anomaly only (Bau and Dulski,
1996) (Figure 5.16).

92
Contribuições às Ciências da Terra

Figure 5.15- (a) Multielement diagram showing the distribution of REEs and Y; (b) Itabirite sample PC06 REEs
and Y pattern; (c) Itabirite sample PC10 REEs and Y pattern; (d) Hard hematite sample PC05 REEs and Y pattern;
(e) Hard hematite sample PC09 REEs and Y pattern. PAAS-normalized (McLennan, 1989).

93
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

Table 5.3- REEs and Y chemical analyses obtained by ICP-MS (ppm), PAAS-normalized (McLennan, 1989).
Samples Lithology Y La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu ∑
PC01 Itabirite 4.00 1.32 2.33 0.31 1.40 0.31 0.14 0.41 0.07 0.44 0.10 0.28 0.04 0.21 0.03 11.39
PC02 Itabirite 1.88 1.23 3.05 0.33 1.07 0.33 0.05 0.30 0.08 0.56 0.11 0.33 0.05 0.36 0.05 9.80
PC03 Itabirite 3.87 0.99 2.12 0.26 1.08 0.28 0.10 0.35 0.07 0.50 0.11 0.34 0.05 0.31 0.04 10.47
PC04 Hard Hematite 1.20 1.19 1.94 0.26 1.12 0.25 0.07 0.24 0.04 0.20 0.04 0.12 0.02 0.12 0.02 6.84
PC05 Hard Hematite 1.63 1.22 2.16 0.27 1.08 0.23 0.06 0.25 0.04 0.28 0.05 0.17 0.03 0.18 0.03 7.69
PC06 Itabirite 1.38 0.57 1.16 0.15 0.64 0.15 0.05 0.17 0.03 0.27 0.06 0.13 0.01 0.07 0.01 4.86
PC09 Hard Hematite 7.51 3.81 8.58 1.29 6.70 1.69 0.61 1.92 0.31 1.77 0.31 0.64 0.07 0.41 0.06 35.68
PC10 Itabirite 1.70 1.41 3.03 0.33 1.08 0.28 0.09 0.30 0.08 0.53 0.10 0.28 0.04 0.31 0.05 9.61
PC11 Itabirite 1.86 0.58 1.25 0.19 0.97 0.20 0.08 0.23 0.04 0.26 0.07 0.19 0.02 0.14 0.02 6.11
PC12 Itabirite 1.53 0.85 1.62 0.16 0.65 0.16 0.07 0.20 0.04 0.28 0.06 0.20 0.03 0.23 0.04 6.13
PC13 Itabirite 5.21 1.69 3.59 0.43 1.73 0.48 0.17 0.59 0.12 0.82 0.18 0.55 0.08 0.55 0.08 16.28
PC14 Itabirite 0.73 0.67 1.63 0.17 0.53 0.16 0.02 0.14 0.04 0.26 0.05 0.15 0.02 0.16 0.02 4.75
PC15 Itabirite 1.33 0.48 1.07 0.13 0.59 0.16 0.07 0.18 0.03 0.20 0.05 0.15 0.02 0.19 0.03 4.69
PC16 Itabirite 1.39 0.74 1.56 0.18 0.76 0.20 0.09 0.21 0.04 0.23 0.05 0.18 0.03 0.21 0.04 5.91
PC17 Itabirite 1.48 1.31 3.19 0.35 1.33 0.34 0.08 0.33 0.07 0.43 0.08 0.24 0.04 0.26 0.04 9.59

94
Figure 5.16- (Ce/Ce*) versus (Pr/Pr*) diagram for Pico Mine samples (Bau and Dulski, 1996). IIIa: Just Ce
positive anomalies; IIb: Just La negative anomalies; I: Without Ce and La anomalies; IIa: Just La positive
anomalies; and IIIb: Just Ce negative anomalies.

The Eu/Eu* ratios were close to or >1, and the LREE/HREE ratios <1 indicating enrichment of
HREE in relation to LREE, with the hard hematite having a LREE enrichment. Higher Y/Ho ratios
possibly indicate hydrothermal signature in this case, and these ratios were lower than 34, indicating
iron formations with later stages of alteration (Table 5.4).

Table 5.4- Ratios calculated from the REEs and Y chemical analyses obtained by ICP-MS. PAAS-normalized
(McLennan, 1989).
Eu/Eu* LREE/HREE
Sample Lithology Y/Ho ∑
(PAAS) (PAAS)
PC01 Itabirite 3.64 0.46 40.71 11.39
PC02 Itabirite 1.23 0.30 17.82 9.80
PC03 Itabirite 2.76 0.27 35.87 10.47
Hard
PC04 2.26 0.70 30.83 6.84
Hematite
Hard
PC05 2.16 0.47 29.83 7.69
Hematite
PC06 Itabirite 2.83 0.65 23.25 4.86
Hard
PC09 2.92 1.01 24.19 35.68
Hematite
PC10 Itabirite 2.54 0.34 17.04 9.61
PC11 Itabirite 3.01 0.44 25.80 6.11
PC12 Itabirite 3.67 0.22 25.29 6.13
PC13 Itabirite 2.78 0.25 28.46 16.28
PC14 Itabirite 1.13 0.34 15.33 4.75
PC15 Itabirite 3.44 0.22 28.71 4.69
PC16 Itabirite 3.36 0.27 26.15 5.91
PC17 Itabirite 1.95 0.42 17.51 9.59

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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

As in Spier et al. (2007); Spier et al. (2008); Leão (2016) and others BIF deposits worldwide, the
concentrations of most trace-elements are low (<10ppm), but some trace-elements such as V, Cr, Ni,
Nb, Ba and Pb reached large concentrations up to 300 ppm, as the Cr. The sum of REE’s in the samples
range from 4 to 35 ppm (low values), most having enrichment of HREE in relation to LREE, which is
similar to the sample characteristics by Spier et al. (2007), Spier et al. (2008), Alkmim, (2014), Mendes
(2015), and Leão (2016) yet are different from the analyses of Selmi et al. (2009), where the samples
showed enrichment of LREE in relation to HREE. The low trace-element concentrations and enrichment
in HREE indicate oceanic water signature.
The positive Eu anomaly presented by all the hard hematite samples, and most of the itabirite
samples (except for PC02 and PC14) as well as in the geochemistry of the BIF's studied in Klein and
Ladeira (2000), Spier et al. (2007) and Rodrigues (2015), may indicate the involvement of hydrothermal
solutions in the system (Dymek and Klein, 1988; Bau and Moller, 1993; Klein and Beukes, 1993). One
possible explanation for the samples that did not show positive Eu anomalies, according to Bau and
Moller, (1993), is that these anomalies were not seen due to the lowering of the fluid temperature over
time, a consequence of falling temperatures in the upper mantle.
In the work of (Rodrigues, 2015), the compact hematite samples presented higher concentrations
of REE's and Y in relation to the itabirite samples, a fact only observed in a hematite sample (PC 09) in
this work that presented the highest sum of REE’s and Y.

5.7 – GENETIC DEPOSIT MODEL

Based on the results obtained, a genetic-structural model for the hard hematite from the Pico Mine
was developed. Magoon and Beaumont (1991) considered three main aspects in the formation of
deposits: 1) sources (binders, metals, fluids, heat and magmas), 2) conduits (permeable layers or
structures that conduct fluids or mineralized magmas through the crust), and 3) traps (regions that
facilitate metal deposition), and this system is defined by (Lord et al. 2001) as the source-transport-trap
triad.
In the deposit studied in this paper, it is known that these were formed by hydrothermal fluids that
caused remarkable mineralogical and textural transformations (Rosière and Chemale Jr., 2000). The
main mineralogical transformation was the magnetite into hematite (predominant in most deformed
rocks), through the progressive martitization of magnetite, passing through intermediate mineral phases
(Lagoeiro, 1998; Rosière and Chemale Jr, 2000; Rosière and Rios, 2004), which occurred due to the
combination of some possible processes such as syndeformational metasomatism, syntectonic
recrystallization, leaching of gangue minerals with iron association by remobilization, and plastic
mechanisms (Rosière and Chemale Jr, 2000; Pires 2003; Mendes and Lagoeiro, 2012). The geochemical
evidence such as the positive Eu anomaly also indicates the action of hydrothermal fluids, and the
predominance of Fe2O3 over FeO, which reaffirms the greater presence of hematite in these rocks (Klein
96
Contribuições às Ciências da Terra

and Ladeira, 2000; Spier et al. 2007; Spier et al. 2008; Alkmim, 2014; Rodrigues, 2015; Leão, 2016;
Sampaio, 2019).
In the thin sections, the intermediate phases of transformation from magnetite to hematite were not
observed, only magnetite porphyroclasts surrounded by the microcrystalline hematite, magnetite
crystals with hematite being formed in preferential crystalline planes of the magnetite crystals, probably
being the {111} planes of magnetite (Lagoeiro, 1998) and tabular hematites occurring in a restricted
way, are oriented according to schistosity or not (Figures 5.9 A and B). The intermediate phases are not
observed probably because this transformation is in a very advanced stage in this region rocks.
According to (Cowan, 2020), it is common for crustal anisotropies such as faults, fractures and
dykes that transect folded host strata to act as conduits for mineralizing hydrothermal fluids in epigenetic
deposits, as observed in several VMS (Volcanic Massive Sulfide) and SEDEX (Sedimentary Exhalative)
deposits around the world, such as the Ballarat East Goldfield, Victoria, Australia, Red Lake gold
deposit, Ontario, Canada, Grasberg and Erstberg deposits, West Papua, as well as the one in Indonesia.
These structures were previously defined by Perkins (1997), as Perkins discontinuities, defined as planar
discontinuities that exhibit contrasting and asymmetric ore contents on both sides of the discontinuity,
which can be fractures, faults, veins or dikes. Perkins (1997) defined the term by observing that
sphalerite mineralizations previously considered syngeneic were not uniformly distributed in the rock
banding, but rather concentrated only on one side of dolomite vein
As mentioned before, two important regional faults occur in the Pico Mine boundaries with
associated mafic dykes dated to 1.7 Ga (Silva et al. 1995): 1) Cata Branca (NW-SE direction, with
sinistral component), and 2) Pau Branco (NNW-SSE direction and sinistral component) (Dorr, 1969)
(Figure 5.4). These crustal discontinuities were reactivated as faults during Brasiliano and can be
considered Perkins discontinuities, having acted as conduits for the formation of discordant hard
hematite epigenetic bodies of the Pico Mine (Figure 5.5 B).
According to field work evidences such as subvertical vorticity axes with sinistral strike-slip
component of S-C edge foliation of the dikes (consistent with the Andersonian model of the Brasiliano
strain pattern), it is possible that these bodies were formed during a reactivation of these faults in the
Brasiliano age. The presence of these faults would also have been important for the fluid to overcome
the phyllites of Batatal Formation, which is an extremely impermeable layer located stratigraphically
below the Cauê Formation, where the itabirites are hosted, acting on these rocks and causing all the
transformations mentioned above. Evidence that these faults acted as conduits for the fluids, is the fact
that some mineralized bodies occur associated with the dikes in the field, usually occurring on the inner
arc of dikes that constitute open antiform folds (Figure 5.17). This association is also observed in other
mines of the Quadrilátero Ferrífero as in the Fábrica Nova, Capitão do Mato, Córrego do Feijão, Alto
Bandeira and Várzea do Lopes mines.

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Figure 5.17- (a) Dykes without deformation at 1.7 Ga, crossing the lithologies of Rio das Velhas and Minas
supergroups (e.g., Silva et al. 1995); (b) Arching of the dikes and formation of the hydrothermal hard hematite
bodies at about 0.56 Ga; (c) System formation of hydrothermal bodies through the symmetry plane pole, utilizing
the mafic/ultramafic dikes discontinuity as a conduit. The mineralized zone is located at the inner arc of the folded
dikes.

These two major faults approach each other in topography and they are sub-parallel, as can be seen
in Figures 5.1 and 5.4. According to Kim et al. (2004), in transtractive systems, where strike-slip faults
occur, as in this case, the damage zone can be divided geometrically into tip-, wall-, and linking damage
zones, in regards to the locality around the faults (Figure 5.18). The region that sits between the ends of
two subparallel faults is called linking damage zones, and the structures developed depend if the phase
is contractional or extensional. Extension fractures, block rotation, and pull-apart structures usually are
developed in extensional phases. Pull-aparts are a type of extension fractures between two sections of
faults where there is an opening space.

98
Contribuições às Ciências da Terra

Figure 5.18- Pull-Apart Genetic-Structural Model for the hard hematite bodies of Pico Mine. (a) Damage zone of
transtractive systems, divided geometrically into tip-, wall-, and linking-damage zones by Kim et al. (2004),
according to the locality around strike-slip faults. In the linking-damage zone pull-apart structures can be
developed, where at a first moment (t1), the extension fractures would form first (b), in a second moment (t2), the
extension fractures could deform becoming curve-shaped (c) and in a third moment (t3), it would have generated
an open space between the bands (Cosgrove, 1993), thus forming the hard hematite bands concordant with the
banding of the itabirite and extension fractures, which would evolve into pull-apart structures with space
generation for the accommodation of the concentrated hard hematite, that were formed in the traction direction of
the Brazilian compressive system between N50E and N70E (d); (e) Transtractive Pull-Apart System Model,
showing the actual position of the mineralizations and the Cata Branca and Pau Branco faults in relation to the
east limb of the Moeda Syncline and the traction direction of the Brasiliano Cycle; (f) Location of the Pico and
Sapecado mines in the region; (g) Riedel Model for simple shear used as basis for this model.

Generally, in the Quadrilátero Ferrífero, the hard hematite bodies are located in the tension field of
the Andersonian model generated during the E-W Brasiliano shortening. At the Pico mine, the hard
hematite bodies are located between the ends of the Cata Branca and Pau Branco faults, with the
direction varying between N50E and N70E, which is the approximate traction direction in the simple
shear Riedel model. This environment would have been generated with the shear caused by the
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Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

reactivation of these faults during the Brasiliano event, where the post-tectonic fluid could have
ascended, affecting the itabirites of the region in a transtractive pull-apart system (Figure 5.18). In this
system, the extension fractures would form first, and would evolve into pull-apart structures with a space
generation for accommodation of the concentrated hard hematite bodies by the hydrothermal fluids
brought during the Brasiliano reactivation of the Cata Branca and Pau Branco crustal discontinuities.
An important fact observed is that there are hard hematite bodies that occur concordant with the
banding of the itabirite, while others occur discordant of the banding as observed in the form-lines map
(Figure 5.19) made from previous data (Wallace and Rynearson, 1960), oriented from N50E to N70E,
as previously mentioned. These discordant bodies may have been formed by the action of hydrothermal
fluids, which would remobilize the iron and leach the gangue, as demonstrated by (Rosière and Chemale
Jr, 2000).

Figure 5.19- Form-lines map of Pico Mine Region, with the hard hematite and enriched itabirite bodies vectored
from the DNPM map in partnership with USGS (Wallace and Rynearson, 1960) produced from structural
measurements of the same map.

100
Contribuições às Ciências da Terra

In the field work, we observed outcrops with itabirite bodies surrounded by large hard hematite
bodies, spared from the quartz leaching, thus being an evidence of quartz removal in some areas, as well
as discontinuous quartz bands in the handpicked samples (Figure 5.3 A), and lobed contact between
hematite and quartz bands in the itabirite, as observed in thin sections, which were not straight as they
should have been if the banding was sedimentary (Figure 5.8 B). The fluid would probably have acted
also on the hematite bands of the itabirites, because in thin sections they are mineralogically and
texturally identical to the discordant hard hematite and there are no major geochemical differences
between them.
A well-known principle of structural geology is the reactivation of anisotropies when crustal
movements occur, as in the case of large structure reactivation such as the Cata Branca and Pau Branco
faults. According to Cosgrove (1993), hydrothermal mineralizing fluids can penetrate metamorphic
bands of pre-existing rocks because of micro shear between bands which occur when there are tectonic
movements. As an example he uses a model of kink bands, but the same can occur in other structures.
In addition, block rotation, common in extensional environments, generates localized extension sites
with consequent banding reactivation as well (Kim et al. 2004). These could explain the action of fluids
in the itabirite bands, where it would have been possible to have a space generated between bands, thus
allowing the fluid to penetrate them and transform mineralogy and textures (Figure 5.20).

Figure 5.20- Generation of spaces between itabirite bands, allowing the fluid to penetrate them and transform
mineralogy and textures, thus giving rise to hard hematite concordant bodies. A large component of bedding-
parallel slip is accompanied by a small component of bedding-plane separation. After: (Cosgrove, 1993).

Finally, we divided the Pico Mine hypogene iron ore deposits into two types according to the type
of occurrence, localization in the rock and structures: Banded Iron Ore Deposits (BID) and Massive Iron
Ore Deposits (MID). The BID consist of the deposits made up of the concentrated hematite bands in the

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itabirites, concordant to the banding, formed by reactivation of anisotropies, when the fluid would have
acted, hence, transforming the primary iron oxide bands into concentrated bands.
While the MID consist of hard hematite deposits discordant to the compositional banding of the
itabirite, structurally controlled by the pull apart environment formed in the transtractive system made
by the subparallel strike-slip faults of Cata Branca and Pau Branco. We believe that the two types of
deposits were formed in the same generation, where the previously mentioned faults would have worked
as conduits, during the Brasiliano reactivation, for hydrothermal fluids that would have acted on
removing the gangue (quartz) from the environment and transforming the iron oxides.

5.8 – CONCLUSIONS
The iron ore bodies from the Pico Mine in Itabirito-MG, are hosted in the itabirites of Cauê
Formation (Minas Supergroup) as well as in the rest of the Quadrilátero Ferrífero. The focus of this
study was the hypogene hard hematites, found concordant and discordant to the compositional banding
of the Itabirites. We focused on investigating their mineralogy, geochemistry and structural control, in
order to suggest a local genetic-structural model for the deposit, which can serve as a basis for other iron
mines in the Quadrilátero Ferrífero. Based on this we have come to some main conclusions:
1. No major textural differences were observed between the iron-rich bands of the itabirite and
the discordant hard hematite compositional banding of the itabirite. In both, euhedral to
subhedral magnetite porphyroclasts surrounded by microcrystalline hematite were observed,
also with hematite crystals being formed in preferential planes of some magnetite crystals.
2. Most of the itabirite and all the hard hematite samples gave positive Eu anomaly on the REE
and Y multielement graphs, confirming the action of hydrothermal fluids in both of these rocks.
3. The only considerable geochemical difference between the itabirite and hard hematite samples
discordant from the itabirite compositional banding was in regard to the major elements
(specially Fe and Si). Most of the itabirite rock samples showed an SiO2 enrichment (35.87-
74.42%) and medium Fe2O3 contents (28.62-61.87%), differently from the hard hematite rock
samples, which showed very high total Fe contents (~90%).
4. Because no major textural and geochemical differences, especially in terms of REE and Y,
were observed between the itabirite and the discordant hard hematite banding of the itabirite,
it is likely that both are of the same generation.
5. Through literature review, lineament extraction on hillshade, geophysical (magnetometric)
images, and field work, the occurrence of two important subparallel regional faults that limit
the Pico mine, Cata Branca and Pau Branco faults, were observed. These faults have associated
dikes and, in the field, it is possible to observe hard hematite bodies occurring in the inner arc
of these open folded dikes, thus suggesting that these crustal faults have acted as conduits for
hydrothermal fluids during a possible Brasiliano reactivation. These two faults form a

102
Contribuições às Ciências da Terra

transtractive system that would generate space in the traction direction, taking Riedel's Simple
Shear model as a reference. This coincides with the direction of the discordant hard hematite
bodies (N50E to N70E), creating a pull-apart structure.
6. The hydrothermal fluids would have acted by mineralogically and texturally transforming the
itabirites bands and leaching the gangue (quartz) in some regions forming hard hematite bodies.
The main evidence for this is the discontinuous quartz bands observed in field outcrops,
handpicked samples and thin sections, as well as the presence of a large itabirite body,
preserved from quartz leaching, surrounded by hard hematite in the field.
7. Hydrothermal fluids would also have penetrated the hematite bands of the itabirites,
transforming them mineralogically and texturally, concentrating the hematite even more. This
is possible due to micro-scale shear occurring between bands in reactivation of large
anisotropies, such as the regional faults mentioned before.
8. According to the type of occurrence, localization in the rock and structures, it was possible to
observe and define two distinct types of hypogene iron ore at the Pico mine: Banded Iron Ore
Deposits (BID), represented by the hydrothermally altered hematite bands of the itabirites, and
Massive Iron Ore Deposits (MID), represented by the hard hematite discordant of the itabirite
compositional banding.

With this study, we were able to compare mineralogical, textural and geochemical characteristics
between the itabirites and the discordant hard hematite bodies, and to suggest a genetic-structural model
for the hypogene hard hematite bodies of the Pico Mine. However, further studies would be interesting
in order to deepen the knowledge regarding the characteristics of the hydrothermal fluids that acting in
these environments and details on how they would have acted with respect to the chemical reactions
involved in the process.

103
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104
CAPÍTULO 6
CONCLUSÃO

Os corpos de minério de ferro da Mina do Pico em Itabirito-MG, estão hospedados nos itabiritos
da Formação Cauê, assim como nas demais regiões do QFe. O foco deste estudo foram as hematitas
compactas de origem hipogênica, encontradas concordantes e discordantes do bandamento
composicional do itabirito com foco em investigar melhor a mineralogia, geoquímica e controle
estrutural das mesmas, e com o intuito de sugerir um modelo genético-estrutural local para o depósito,
que possa servir como base para outras minas de ferro do QFe. A partir disso elencamos as seguintes
conclusões principais:

1. Não foram observadas diferenças texturais significativas entre as bandas ricas em hematita
dos itabiritos e os hematititos discordantes do bandamento composicional do itabirito. Em ambos se
observa porfiroclastos de magnetita euédricas à subédricas envoltas por hematita microcristalina,
também com cristais de hematitas sendo formadas em planos preferenciais de alguns cristais de
magnetita.

2. A maioria das amostras de itabirito e todas de hematitito deram anomalia positiva de Eu nos
gráficos multielementares geoquímicos de REE and Y, confirmando a ação de fluidos hidrotermais em
ambas as rochas.

3. A única diferença geoquímica considerável observada entre as amostras de itabirito e


hematitas compactas discordantes do bandamento composicional do itabirito foi em relação aos
elementos maiores (porcentagem de Fe e Si). A maioria das amostras de itabirito mostraram
enriquecimento em sílica (35.87-74.42%) e teores médios de Fe2O3 (28.62-61.87%), diferentemente das
amostras de hematitito, que apresentaram altíssimos teores de Fe (~90%).

4. Pelo fato de não terem sido observadas diferenças texturais e geoquímicas significativas,
principalmente, no que se refere aos ETR+Y, entre os itabiritos e as hematitas compactas discordantes
do bandamento do itabirito, é provável que os corpos de hematita compacta sejam produtos lixiviados
do itabirito.

5. Através da análise bibliográfica, extração de lineamentos em imagens de relevo sombreado e


geofísica (magnetométrica) e trabalho de campo, observou-se a ocorrência de duas importantes falhas
regionais subparalalelas que envolvem a mina do Pico sendo as falhas de Cata Branca e Pau Branco.
Essas falhas constituem reativação de descontinuidades crustais associadas aos diques. Diversos corpos
subsidiários de diques máficos ocorrem dobrados, na região do Pico, formando amplos arcos de pequena
amplitude. No intrado dessas dobras ocorrem, invariavelmente, corpos de hematita compacta e hematita
friável, sugerindo que essas descontinuidades crustais preenchidas por diques máficos tenham
Dadalto R.D. 2022. Estudo Estrutural, Textural e Geoquímico dos Hematititos da Mina do Pico e Arredores, em I...

funcionado como conduto para migração de fluidos hidrotermais durante reativação brasiliana. Essas
duas falhas formam um degrau extensional, um sistema transtrativo sinistral, propício ao
desenvolvimento de fraturas de extensão, estruturas tipo pull-apart, rotação de blocos, reativação de anisotropias
mesoscópicas (bandamento composicional) e lentes isoladas. Considerando o modelo de Riedel para este sistema,
a direção da fratura de extensão coincide com a direção dos corpos de hematita compactas discordantes do
bandamento (N50E à N70E).

6. Os fluidos hidrotermais teriam percolado em anisotropias susceptíveis à reativação


transformando mineralógica e texturalmente as bandas de hematita e quartzo dos itabiritos, lixiviando,
variavelmente, a ganga (quartzo) formando lâminas ou bandas de hematita compacta. As principais
evidências, em escala mesoscópica e microscópica, são bandas de quartzo descontínuas e de hematitas
compactas suavemente oblíquas ao bandamento composicional do itabirito bem como pela presença de
um bloco de itabirito, de dimensão métrica, no interior do corpo de hematita compacta. As evidências
de campo, relações estruturais e geoquímicas indicam que o esse bloco foi poupado pelos fluidos
hidrotermais da lixiviação do quartzo que estaria ocorrendo da borda para o núcleo do bloco. Bandas de
hematita compacta de até 1 cm de espessura foi observada. Em amostras isoladas observou-se uma
densidade de 1 a 3 bandas/lâminas por centímetro linear.

7. De acordo com o tipo de ocorrência, localização na rocha hospedeira e estruturação, foi


possível observar e definir dois tipos distintos de minério de ferro hipogênico na Mina do Pico: Depósito
de Minério de Ferro Bandado (Banded Iron Ore Deposits - BID), representado pelas bandas de hematita
hidrotermalmente alteradas dos itabiritos, e Depósito de Minério de Ferro Maciço (Massive Iron Ore
Deposits - MID), representado pela hematita compacta discordante do bandamento composicional do
itabirito.

Conseguiu-se, com o presente estudo, comparar características mineralógicas, estruturais,


texturais e geoquímicas entre os itabiritos e os corpos de hematita compacta discordantes do bandamento
composicional do itabirito, e sugerir um modelo genético-estrutural para os corpos de hematita compacta
da Mina do Pico. Porém seria interessante estudos de aprofundamento do conhecimento em relação às
características dos fluidos hidrotermais que agiram nesses ambientes e detalhes sobre a forma que eles
teriam agido no que se refere às reações químicas envolvidas no processo.

106
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