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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
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ii
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
Reitor
Vice-Reitor
ESCOLA DE MINAS
Diretor
Vice-Diretor
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Chefe
iii
iv
CONTRIBUIÇÃO ÀS CIÊNCIAS DA TERRA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Orientadora
Co-orientador
Maximiliano Martins
OURO PRETO
2014
v
Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br
Escola de Minas - http://www.em.ufop.br
Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/
Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita
35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: pgrad@degeo.ufop.br
ISNN 85-230-0108-6
Depósito Legal na Biblioteca Nacional
Edição 1ͣ
http://www.sisbin.ufop.br
vi
Agradecimentos
Teria sido impossível escrever esta dissertação sem o apoio dos meus pais. Sou profundamente
grato a eles.
Devo gratidão especial a meus orientadores Gláucia e Max e a pequena Elisa por dividi-los
comigo.
Contribuições importantes foram dadas também pelos professores Antonio Carlos Pedrosa-
Soares, Fernando Alkmim, Ivo Dussin, Issamu Endo e pela turma de mapeamento geológico 2012/2
da Universidade Federal de Ouro Preto.
Por proporcionar grande hospitalidade, sou agradecido ao Sr. Gotardo Pimenta, Bié e a todos
que cruzaram nosso caminho nos arredores de Capelinha.
vii
viii
Sumário
AGRADECIMENTOS ....................................................................................................................... VII
2.2.1- Embasamento..................................................................................................................... 18
ix
2.2.2- Grupo Macaúbas ............................................................................................................... 20
x
CAPÍTULO 4. A FORMAÇÃO CAPELINHA REDEFINIDA COMO UNIDADE BASAL DO
GRUPO MACAÚBAS ..........................................................................................................................................................................................75
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 91
xi
xii
Lista de Ilustrações
Figura 1.1: Mapa de localização e acesso à região estudada. ................................................................. 3
Figura 1.2: Mapa de localização das amostras ........................................................................................ 7
Figura 1.3: Mapa de elevação e aspectos do relevo. ............................................................................. 10
Figura 2.1: Cenário geotectônico do Sistema orogênico Aracuaí-Congo Ocidental ........................... 15
Figura 2.7: Fase de convergência inicial das margens da Bacia Macaúbas ......................................... 30
Figura 2.8: (a) Estágio colisional, por volta de 560 Ma. (b) Colapso gravitacional, ............................ 31
Figura 3.2: Mapa geológico da região estudada que abrange os municípios de Capelinha, São Cetano
e a localidade do Campo do Boa, Minas Gerais, Brasil.. ....................................................................... 35
xiii
Detalhe para grandes cristais de anfibólio associados a uma porção diferenciada de rocha metamáfica..
............................................................................................................................................................... 43
Figura 3.9: Fotomicrografias de rochas metamáficas com ênfase nas assembléias mineralógicas e
microestruturas: A) Textura granonematoblástica em anfibolito. B) Cristais de rutilo (Rt) em anfibolito
da região de Capelinha. C) Cristais de rutilo (Rt) associados a titanita (Ttn). D) Textura
porfiroblástica/poiquiloblástica. E) Porfiroblastos de plagioclásio (Pl) com macla. F) Grandes cristais
de hornblenda (Hbl) e minerais opacos (Opq) em rocha metamáfica. .................................................. 45
Figura 3.10: A) Xisto peraluminoso que compõem o topo da Formação Capelinha. B) Xisto
peraluminoso com boudins de quartzo. C) Pedreira localizada a leste da cidade de Capelinha onde
afloram xistos peraluminosos. D) e E) Detalhe para a clivagem de crenulação. F) Quartzito impuro. G)
Xisto carbonoso afetado por dobramentos cerrados. H) Mica xisto com granada e rara cianita. . ........ 47
Figura 3.11: Fotomicrografias de rochas metassedimentares da unidade metapelítica da Formação
Capelinha: A) Textura granolepidoblástica do xisto aluminoso. B) Grandes porfiroblastos de granada
(Grt) emersos em matriz granolepidoblástica. C) Porfiroblásto de granada (Grt) limonitizado. D)
Textura granolepidoblástica em mica xisto da unidade metapelítica.. .................................................. 48
Figura 3.12: Coluna estratigráfica do segmento da Formação Capelinha exposto a leste da cidade
homônima (vide figura 3.2 para localização) enfatizando a intercalação entre quartzitos e mica xistos,
bem como a presença de xistos grafitosos.. ........................................................................................... 49
Figura 3.13: A) Pegmatito de composição granítica da Suíte Mangabeiras (G4). Note os cristais de
biotita (negros) centimétricos. B) Pegmatito da Suíte Mangabeiras. C) Pegmatitos da Suíte Magabeiras
que afloram no leito do rio Fanado, a oste da cidade de Capelinha. D) Pegmatito da Suíte Mangabeiras
alterado. E) Fotomicrografia de pegmatito da Suíte Mangabeiras composto por quartzo (qz) +
microclima (Mc) + biotita (Bt). F) Pegmatito da Suíte Mangabeiras mineralizado em berilo. ............. 50
Figura 3.14: A) Estratificação cruzada acanalada de pequeno porte. B) Dobras fechadas mostrando
dobras da fase Fn. C) Sn+1 em posição plano axial às dobras da fase Fn+1. D) Relação entre a clivagem
de crenulação (Sn+1) e as dobras da fase Fn+1. E) Clivagem de crenulação (Sn+1) muito bem formada em
xisto peraluminoso da Formação Capelinha. F) Veio de quartzo paralelo à foliação Sn. G) Fotomicrofia
de xisto aluminoso da unidade metapelítica da Formação Capelinha evidenciando estruturas da fase Fn
(Sn) e Fn+1 (Sn+1). H) Fotomicrografia de anfibolito da Formação Capelinha. A foliação (Sn) é marcada
por grandes critais de hornblenda (Hbl). ............................................................................................... 53
Figura 3.15: Estereogramas das estruturas de pequena escala relacionadas as fases de deformação Fn e
Fn + 1: A) Estereograma sinóptico de contornos de igual área para a foliação(Sn). B) Estereograma
sinóptico de contornos de igual área plotado para a lineação mineral (Lm). C) Estereograma sinóptico
de contornos de igual área plotado para a clivagem de crenulação (Sn+1). D) Estereograma sinóptico de
contornos de igual área plotado para a lineação de crenulação (Lc). .................................................... 54
Figura 3.16: Seções litoestruturais da Faixa de Dobramentos Capelinha (CFB); vide mapa geológico
da figura 3.2 para localização dos perfis. .............................................................................................. 55
Figura 3.17: A) Bloco diagrama representando as fases deformacionais Fn e Fn+1, as estruturas
relacionadas e o estilo estrutural. B) Estereograma plotado para as estruturas lineares de pequena
escala relacionadas às fases de deformação Fn e Fn + 1. .......................................................................... 56
xiv
Figura 3.18: Fotomicrografias de xistos e anfibolitos mostrando as assembléias minerais, paragêneses
e microestruturas: A) Xisto peraluminoso em escala microscópica. B) Paragênese típica de xisto
peraluminoso: biotita (Bt) + muscovita (Ms) + quartzo (Qz) + granada (Grt) + estaurolita (St) + cianita
(Ky). C) Pseudomorfo de granada limonitizado (Grt). D) Fibrolita sin-cinemática (Sil) orientada ao
longo da foliação (Sn). E) Mica xisto composto por muscovita (Ms), biotita (Bt) e quartzo (Qz)
orientados paralelamente à foliação (Sn). F) Xisto composto majoritariamente por muscovita (Ms) +
biotita (bt). G) Xisto aluminoso rico em silimanita (Sil), indicando condições de mais alta temperatura
no metarmofismo barrowiano. H) Porfiroblasto de granada sin-cinemática. I) Textura
granonematoblástica em anfibolito. ....................................................................................................... 58
Figura 3.19: Diagrama blastase mineral versus deformação (as linhas sólidas representam as fases
minerais mais frequentes)....................................................................................................................... 59
Figura 3.20: Diagrama TAS (Álcalis total versus sílica) de Le Maitre (1989) ..................................... 62
Figura 3.21: A) Diagrama Álcalis versus Sílica de Irvine e Baragar (1971) com o limite entre os
campos alcalino e subalcalino. B) Diagrama AFM (Álcalis, FeO e MgO) de Irvine e Baragar (1971).
............................................................................................................................................................... .62
Figura 3.22: A) Diagrama discriminatório de basaltos baseado nas variações de Zr/Y-Y. B) Diagrama
de classificação de basaltos segundo as proporções de FeOt-MgO-Al2O3 (Pearce et al., 1977). C)
Diagrama para classificação de basaltos Segundo os parâmetros Nb*2-Zr/4-Y. Meschede (1986). D)
A) Diagrama Th-Ta-Hf para basaltos (Wood, 1980). ............................................................................ 63
Figura 3.23: A) Diagrama de elementos terras raras para as amostras de anfibolito da região de
Capelinha. B) Diagrama de elementos terras raras para as amostras de anfibolito da região de
Capelinha. C) Spidergrama de elementos traço para as amostras de anfibolito da região de Capelinha
de acordo com o padrão MORB (Pearce, 1983). Comparação com a média de várias privíncias
basálticas continentais (CFB) Thompson et al. (1983) e a média dos basaltos Gangila (Tack et al.
2001).. .................................................................................................................................................... 65
Figura 3.24: Imagem de Catodoluminescência (CL) dos grãos de zircão representativos das rochas
metamáficas de Capelinha (amostras CP-01B e CP-03B). .................................................................... 68
Figura 3.25: Diagramas Concordia: A) Anfibolito Capelinha (amostra CP-01B). Idade de
cristalização magmática. B) Anfibolito Capelinha (amostra CP-03B). Metamorfismo Neoproterozóico.
C) Anfibolito Capelinha (amostra CP-03B). Metamorfismo Neoproterozóico por análises em titanitas..
................................................................................................................................................................ 69
Figura 3.26: Imagens de catodoluminescência (CL) (amostras CP-01C, CP-02B e CP-12B) e
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) (amostra AT-31) dos grãos de zircão das rochas
metassedimentares da Formação Capelinha. .......................................................................................... 72
Figura 3.27: Histogramas de freqüência mostrando dados de idade U-Pb em amostras de rochas
metasedimentares da Formação Capelinha. Unidade metapsamítica (amostras CP-01C, CP-02B e AT-
31) e unidade metapelítica (amostra CP-12B).. ..................................................................................... 73
Figura 4.1: Mapa geológico de parte do Orógeno Araçuaí que mostra a distribuição do Grupo
Macaúbas (modificado de Pedrosa-Soares et al., 2011).. ...................................................................... 77
Figura 4.2: Mapa geológico da região de Capelinha (Castro, 2014). ................................................... 78
xv
Figura 4.3: Colunas estratigráficas da Formação Capelinha na sua área-tipo. ..................................... 79
Figura 4.4: A) Quartzito micáceo da unidade inferior. B) Contato entre quartzito micáceo da unidade
inferior com rocha metamáfica da mesma unidade. C) Detalhe da rocha metamáfica. D) Xisto
peraluminoso da unidade superior. ........................................................................................................ 80
Figura 4.5: Diagrama concórdia para o anfibolito CP01B da unidade inferior da Formação Capelinha.
............................................................................................................................................................... 81
Figura 5.1: Modelo esquemático que ilustra o cenário do rifte assimétrico continental onde foram
depositados os sedimentos e onde se formaram os protólitos das rochas metamáficas da Formação
Capelinha. ............................................................................................................................................. 87
Figura 5.2: Coluna estratigráfica do Grupo Macaúbas com a inclusão da Formação Capelinha na base.
Modificado de Pedrosa-Soares et al. (2008, 2011)................................................................................ 88
xvi
Lista de Tabelas
Tabela 1.1 – Síntese das amostras coletadas e das análises realizadas. * Amostra cedida por Fernando
Flecha de Alkmim. ** Amostra cedida pela orientadora da dissertação.. ................................................ 6
Tabela 2.1 - Contribuições ao estudo da região de Capelinha............................................................... 27
Tabela 3.1– Teores de elementos maiores (% peso), traços (ppm) e terras raras (ppm) para oito
amostras de anfibolito da região de Capelinha. ...................................................................................... 64
Tabela 3. 2 – Dados isotópicos Sm-Nd para amostras de anfibolito de Capelinha. ............................. 70
xvii
xviii
Resumo
A Formação Capelinha é composta na região homônima por uma unidade basal
predominantemente metapsamítica, formada por mica xistos, xistos quartzosos e quartzitos, puros ou
micáceos, com magmatismo básico associado, e por uma unidade majoritariamente metapelítica,
superior, composta por xistos peraluminosos granatíferos, às vezes com estaurolita e/ou cianita. No
sentido de determinar o papel das rochas metabásicas e metassedimentares da Formação Capelinha na
evolução do Orógeno Araçuaí, foram realizados estudos estratigráficos, estruturais, geoquímicos e
geocronológicos (U-Pb em zircões ígneos através de LA-ICP-MS e Sm-Nd em rocha total). Os dados
obtidos demonstram que a Formação Capelinha apresenta uma extensão territorial muito mais
abrangente do que postulada na sua definição original. No atual estágio de conhecimento, verifica-se
que a estruturação geral da Faixa de Dobramentos Capelinha (FDC) se assemelha a um cinturão de
dobramentos assimétricos e invertidos, com a unidade inferior da Formação Capelinha se inserindo
nos núcleos de anticlinais quilométricos. O acervo estrutural indica vergência para sul, contra o Bloco
de Guanhães, onde a superfície de descolamento se revela na forma de uma falha de cinemática
normal destral que separa as rochas arqueanas do Complexo Guanhães das rochas metassedimentares
metamáficas Neoproterozóicas do Grupo Macaúbas. Três determinações geocronológicas pelo método
U-Pb LA-ICP-MS nos quartzitos da unidade inferior indicam idade máxima de sedimentação em torno
de 970 Ma. As análises litoquímicas realizadas a partir de amostras de rocha metabásica confirmam
uma composição basáltica e afinidade toleítica da rocha gerada em ambiente continental intra-placa.
Dados Sm-Nd indicam idade-modelo (TDM) no intervalo entre 1700 e 1500 Ma e εNd (956 Ma)
variável entre -0,04 e -3,66. Os estudos geocronológicos U-Pb, feitos em cristais de zircão de duas
amostras de anfibolito, revelam idade de cristalização magmática em ca. 956 Ma e idade de
recristalização metamórfica em torno de 569 Ma. Todas as estruturas e a zoneografia metamórfica
Barroviana clássica refletem o estágio colisional do orógeno Araçuaí. Uma determinação
geocronológica pelo método U-Pb LA-ICP-MS realizada em xisto da unidade superior indica uma
idade máxima de sedimentação em torno de 1123 Ma. Considerando as relações de contato, as
características gerais dos anfibolitos da região de Capelinha e os dados geocronológicos obtidos para
as unidades metassedimentares, a idade de cristalização magmática obtida (957±14 Ma) sugere um
magmatismo sinsedimentar, contemporâneo ao estágio de rifteamento que levou a abertura da bacia
Macaúbas no período Toniano, com a Formação Capelinha posicionando-se estratigraficamente na
base do Grupo Macaúbas, como possível equivalente lateral das unidades pré-glaciais.
xix
xx
Abstract
The Capelinha Formation, in the homonymous region, consists of a dominant metapsamitic
basal unit formed by mica schists, quartz schists and quartzites, pure or micaceous, with lenses of
metamafic rocks, and an upper metapelitic unit, mainly composed of peraluminous schists with garnet,
staurolite and/or kyanite. In order to determine the role of the metabasic and metasedimentary rocks of
the Capelinha Formation in the evolution of the Araçuaí orogen, stratigraphical, structural,
geochemical, isotopical and geochronological studies were performed. The obtained data show that the
Capelinha Formation presents a more comprehensive territorial extension than postulated in its
original setting. At the current stage of knowledge, the Capelinha Fold Belt (CFB) resembles an
inverted and asymmetric fold belt, with the lower unit inserted in the core of kilometric anticlines. The
structural assets indicate tectonic vergence to the south, against the Guanhães Block, where
detachment surface reveals itself as a normal fault with dextral kinematic component that separates the
Archean rocks of the Guanhães Complex from metasedimentary and metamafic rocks that belong to
the Neoproterozoic Macaúbas Group. Three geochronological determinations by U-Pb LA-ICP-MS
method in the lower quartzite unit indicate a maximum age of sedimentation around 970 Ma. The
metamafic rocks, metamorphosed to amphibolite facies, have tholeiitic basalt protoliths with a
dominant within-plate signature, Sm-Nd TDM model ages ranging from 1700 to 1500 Ma and negative
epsilon Nd (ƐNd (957 Ma) ranging from -0,04 to -3,66). U-Pb zircon ages for the amphibolites constraint
magmatic crystallization at 957 Ma and metamorphic recrystallization at around 569 Ma. All the
structures and the classic Barrowian metamorphic zoneography reflect the collisional stage of the
Araçuaí orogen. A geochronological determination using U-Pb LA-ICP-MS method, performed on a
peraluminous schist of the upper unit, indicates a maximum age of sedimentation around 1123 Ma.
Based on the contact relationships, petrographic features and new geochronological studies, the
Capelinha Formation can be related to the continental rift stage of the Macaúbas basin (precursor in
the Araçuaí orogen), with synsedimentary magmatism, and may represent the lateral equivalent to the
pre-glacial units developed during the Tonian time.
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
O estágio rifte da Bacia Macaúbas, precursora do orógeno Araçuaí, é muito bem documentado
no setor proximal (domínio externo) desse sistema orogênico, particularmente na região de
Diamantina e a norte desse município e está representado por um conjunto de rochas
metassedimentares associados a corpos de rochas metamáficas. De acordo com Pedrosa-Soares et al.
(2007), a sedimentação das diversas fases desse rifte continental está representada pelas formações
Duas Barras, Rio Peixe Bravo, Serra do Catuni, Nova Aurora e unidade inferior da Formação Chapada
Acauã do Grupo Macaúbas. As rochas metamáficas, remanescentes do magmatismo sin-rifte ou da
fase final do estiramento crustal, são representadas pelos diques máficos da Suíte Pedro Lessa, de
composição gabróica e deformados em intensidades diversas, e pelos xistos verdes basálticos das
regiões de São Gonçalo do Rio Preto e do Rio Macaúbas, que distribuem-se em uma faixa
relativamente contínua ao longo do meridiano 43º30’W.
Entre os domínios externo – interno do orógeno Araçuaí, na região de Capelinha, aflora uma
unidade composta por rochas metapsamíticas com lentes de anfibolito, na base, e por uma sequência
de rochas metapelíticas, no topo – a Formação Capelinha, originalmente definida por Grossi-Sad et al.
(1993). Essa formação sempre foi alvo de diversos questionamentos quanto ao seu posicionamento
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
A área estudada situa-se na região nordeste do estado de Minas Gerais e tem como referência
principal a cidade de Capelinha. No extemo oeste da área está localizado o distrito de São Caetano,
entre os meridianos 42º 45’ e 42º 30’ de longitude oeste e os paralelos 17º 30’ e 17º 45’ de latitude sul.
A leste, entre as latitudes 17º 30’ e 17º 45’ S e longitudes 42º 30’ e 42º 20’ W, a área é balizada pela
confluência entre o rio Fanado e o ribeirão Fanadinho (figura 1.1). A área ocupa a porção nordeste da
Folha Capelinha (IBGE 1983, SE-23-X-D-V, Carta do Brasil, escala 1:100.000) e a porção noroeste da
Folha Malacacheta (IBGE 1983, SE- 23-X-D-VI, Carta do Brasil, escala 1:100.000) (figura 1.1). O
sistema viário é constituído por rodovias federais, estaduais e estradas vicinais, entre as quais se
destacam a BR-381 (Belo Horizonte - Itabira), BR-120 (Itabira – Guanhães – Santa Maria do Suaçuí-
Capelinha), BR-259 (Curvelo – Diamantina), BR-367 (Diamantina – Turmalina – Minas Novas). As
alternativas de trajeto, a partir de Belo Horizonte, são: (i) Belo Horizonte – Diamantina – Turmalina –
Capelinha; (ii) Belo Horizonte – Diamantina – Capelinha; (iii) Belo Horizonte – Itabira – Guanhães –
Santa Maria do Suaçuí – Capelinha.
1.3 – OBJETIVOS
1.4 – METODOLOGIA
A região estudada conta com mapas geológicos de cunho regional, nas escalas 1:100.000 e
1:250.000 (e.g. Baars et al., 1997, Guimarães & Grossi-Sad 1997). Desta forma, em um primeiro
momento, foi realizada uma compilação dos mapas existentes visando à elaboração da base geológica
atualizada do setor do Orógeno Araçuaí aqui enfocado.
� Folhas topográficas Malacacheta (IBGE 1983, SE-23-X-D-VI, Carta do Brasil, escala 1:100.000) e
Capelinha (IBGE 1983, SE-23-X-D-V, Carta do Brasil, escala 1:100.000);
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
� Material convencional de campo: GPS, lupa de mão (aumento de 10X), ímã, bússola, martelo,
estereoscópio etc.
Tabela 1.1 – Síntese das amostras coletadas e das análises realizadas. * Amostra cedida por Fernando Flecha de
Alkmim. ** Amostra cedida pela orientadora da dissertação.
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
Sm-Nd
GQ-06** Estrada que liga Anfibolito 769334- Litoquímica
Capelinha a 8048677
Novo Cruzeiro
Leito do rio
CM-96B Fanado Anfibolito Sm-Nd Litoquímica
Leito do rio
CM93 Fanado Anfibolito --- Litoquímica
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
Figura 1.2: Mapa de localização das amostras utilizadas nas análises Sm-Nd e U-Pb.
1.4.3.1-Petrografia microscópica
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
Os grãos de zircão foram datados com Microssonda a Laser (New Wave UP213) acoplado a
um MC-ICP-MS (Neptune) no Laboratório de Geocronologia da UnB. Dados isotópicos foram
adquiridos pelo modo estático com tamanho do feixe de laser de 15 a 40 µm. Fracionamentos de
elementos por indução do Laser e discriminação de massa instrumental foram corrigidos com a
utilização de um padrão de referência de zircão GJ-1 (padrão internacional do GEMOC ARC National
Key Center, Austrália; (Jackson et al., 2004). Erros externos foram calculados com a propagação do
erro das medidas individuais do padrão GJ-1 e das medidas individuais de cada amostra de zircão (ou
spot). As incertezas associadas às razões apresentadas nas tabelas de dados são de 1σ, em
porcentagem. As idades foram calculadas utilizando o programa ISOPLOT 3.0 (Ludwig, 2003).
Maiores detalhes a respeito da metodologia analítica podem ser obtidos em Chemale et al. (2012).
A preparação dos cristais de titanita e as condições de análise seguiram os padrões adotados
para os grãos de zircão, com algumas exceções. Para a titanita, o tamanho do feixe de laser é
normalmente 40 a 55 µm, visto que este mineral apresenta baixas quantidades de U e Pb. As razões
isotópicas e fracionamento inter-elementar dos dados obtidos foram avaliados e corrigidos pelo padrão
de titanita Khan (padrão de referência internacional do Cinturão Damara, Namíbia), os quais são
analisados a cada 4, 6 ou 10 análises de amostra de titanita. O número de pontos de análises varia
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
1.4.3.4 – Litoquímica
As análises químicas de rocha total para elementos maiores, menores, traços e terras raras
foram realizadas pelo laboratório comercial AcmeLabs – ACME Analytical Laboratories Ltd.
(Canadá). Os métodos a serem utilizados para as análises quantitativas incluem: (i) ICP-ES
(Inductively Coupled Plasma Emission Spectrometry), com fusão da amostra por metaborato de lítio e
digestão com HNO3, para os óxidos maiores e elementos menores; (ii) ICP-MS (Inductively Coupled
Plasma Mass Spectrometry), com fusão da amostra por metaborato/tetraborato de lítio e digestão com
água régia (apenas metais-base), para elementos traços e terras raras.
Os diagramas de distribuição dos elementos maiores, traços e terras raras foram obtidos e
tratados pelos softwares Minpet 2.02, Origin 6.1 e Excel 2010.
A região estudada faz parte da unidade geomórfica denominada Planalto do Jequitinhonha que
se situa a leste da cadeia do Espinhaço. As maiores altitudes regionais foram alcançadas a partir de
soerguimento regional durante o Cenozóico. Uma ampla superfície aplainada domina a região na
porção norte e a sul o relevo é mais arrasado. Em virtude de processo recente de rejuvenescimento, a
zona dissecada avança contra a antiga superfície aplainada (Guimarães & Grossi-Sad, 1997; Baars et
al. 1997).
do processo de dissecação da antiga superfície, que é atestado pela existência de cursos d'água com
trechos encachoeirados, com leito usualmente pedregoso e com recorte de aluvião antigo.
A porção norte das folhas Capelinha e Malacacheta é mais elevada que a porção sul, de cerca
de 200 m. Essa diferença de altitude pode ser explicada pela variação do nível de base local dos cursos
que fluem para o norte (Bacia do Rio Jequitinhonha), em relação aos que fluem para o sul (Bacia do
Rio Doce). O divisor entre as bacias tem rumo oeste-leste.
O clima da região a ser estudada é tipicamente tropical, com seis meses de seca, entre Abril e
Setembro. A pluviometria anual varia de 800 a 900 mm por ano na porção Norte, a 900 a 1100 mm na
porção Sul e tem temperatura média anual de 21,5ºC (Guimarães & Grossi-Sad, 1997; Baars et al.
1997).
Figura 1.3: Mapa de elevação, aspectos do relevo e hidrografia básica da região de Capelinha.
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
� Capítulo 1: introduz ao leitor a área estudada e apresenta uma visão geral do problema abordado, os
principais objetivos da dissertação e o roteiro metodológico para cumpri-los;
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
CAPÍTULO 2
CONTEXTO GEOTECTÔNICO E GEOLOGIA REGIONAL
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
de quebra do paleocontinente São Francisco-Congo (Pedrosa-Soares et al., 1992, 2011; Uhlein et al.,
1998; Tack et al., 2001; Danderfer et al., 2009, 2014; Pedrosa-Soares & Alkmim 2011; Babinski et
al., 2012;. Chemale-Júnior et al., 2012). No entanto, há poucos estudos detalhados sobre as fases rifte
neoproterozóicas da bacia precursora do orógeno Araçuaí, que representa a contrapartida do sistema
orogênico Araçuaí-Congo Ocidental localizado no sudeste do Brasil (Gradim et al., 2005; Martins,
2006; Martins et al., 2008)
A região de Capelinha situa-se na porção centro norte do orógeno Araçuaí (figura 2.1). Este
sistema orogênico se estende desde o limite leste do Cráton do São Francisco até o litoral atlântico,
aproximadamente entre os paralelos 15º e 21º S (figura 2.1). A fronteira setentrional deste orógeno
descreve uma grande curvatura, com concavidade voltada para sul. O limite meridional é balizado pela
extremidade sul do Cráton do São Francisco, ao redor do paralelo 21º S, onde a estruturação brasiliana
de direção NE, característica do Orógeno Ribeira, sofre inflexão para NNE a N-S. O orógeno Araçuaí
representa o segmento setentrional da Província Mantiqueira e inclui a Faixa de Dobramentos Araçuaí,
definida por Almeida (1977): “faixa de dobramentos brasilianos adjacentes às bordas sul e sudeste do
Cráton do São Francisco, em Minas Gerais e regiões vizinhas da Bahia”, e região a leste dela, rica
em rochas graníticas e metassedimentares de alto grau, que constitui a porção interna do orógeno
Araçuaí. A Faixa Congo Ocidental representa a contraparte do orógeno que foi herdada pela África
após a abertura do Atlântico Sul, no Cretáceo.
Do ponto de vista tectônico, Alkmim et al. (2006, 2007) apresentam uma compartimentação
tectônica mais detalhada para o orógeno Araçuaí, permitindo sua subdivisão em dez domínios, dentre
os quais o Corredor Transpressivo de Minas Novas (MN), a Zona de Cisalhamento da Chapada Acauã
14
Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
(CA) e o Bloco de Guanhães (BG) constituem a base para a compreensão da estruturação da região de
Capelinha (figura 2.2).
Figura 2.1: Cenário geotectônico do Sistema orogênico Aracuaí-Congo Ocidental e os crátons relacionados. O
poligono preto indica a localização da região abordada (modificado de Alkmim et al., 2006).
15
Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
(Alkmim et al., 2007). O metamorfismo regional varia da fácies xisto verde a anfibolito médio, sob
regime de baixa pressão (Pedrosa-Soares et al., 1996).
A Zona de Cisalhamento da Chapada Acauã é marcada por uma rica assembléia de estruturas
de segunda geração que se superpõem às estruturas associadas ao transporte tectônico para oeste,
dentre as quais se destacam dobras vergentes para leste, a estas dobras se associam uma clivagem de
crenulação, cuja orientação preferencial é em torno de 290/50. Zonas de cisalhamento dúctil-rúpteis
normais e tension gashes verticais são outros elementos muito frequentes no seu interior (Grossi-Sad
et al., 1997; Gradim et al., 2005; Marshak et al., 2006; Santos et al., 2007). A orientação espacial e o
sentido de cisalhamento das estruturas implicam em uma natureza distensional para a Zona de
Cisalhamento da Chapada Acauã. Marshak et al., (2006) interpretam-na como uma manifestação do
colapso gravitacional do Orógeno Araçuaí. Segundo Alkmim et al. (2007), a Zona Cisalhamento da
Chapada Acauã atuou no abatimento do bloco constituído por rochas do Grupo Macaúbas e da
Formação Salinas, situado a norte do Bloco de Guanhães.
O grande alto estrutural que expõe o embasamento do orógeno Araçuaí a sudeste do Cinturão
de Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Meridional é denominado Bloco de Guanhães. É constituído
de terrenos TTG, gnaisses arqueanos, sequências metassedimentares e grandes plútons graníticos da
suíte Borrachudos (1,75 Ga, Dussin et al., 2000; Silva et al., 2002; Noce et al., 2007). Somente as
unidades mais jovens do Grupo Macaúbas fazem contato com o ele pelo norte (Pedrosa-Soares et al.,
2001, 2007; Gradim et al., 2005). Tal fato constitui um indício de que o Bloco de Guanhães deve ter
atuado como alto estrutural já a época do rifte Macaúbas (Alkmim et al., 2007).
O Bloco de Guanhães pode ser subdividido em três domínios do ponto de vista estrutural.
Esses domínios se distribuem em faixas alongadas na direção NS (Alkmim et al., 2006). O domínio
leste caracteriza-se por um assembléia de estruturas constituída por falhas de empurrão de direção NS.
A leste da cidade de Guanhães, falhas inversas de baixo ângulo e direcionamento geral NNE-SSW se
estendem da região de Itabira para norte passando pela localidade de Senhora do Porto. Em sua porção
setentrional estes lineamentos, coincidem com o curso do Alto Rio Guanhães e encaixam uma
sequência vulcano-sedimentar localmente com dezenas de metros de espessura. A seqüência está em
contato tectônico por falhas inversas de alto ângulo com o embasamento da bacia, sendo superposta
por litologias do Complexo Basal a leste e sobreposta aos granitos da Suíte Borrachudos (Pluton São
Félix) a oeste (Danderfer & Meireles, 1987). Uma foliação penetrativa, muitas vezes de natureza
milonítica, orientada N25E e subverticalizada, está representada em todas as litologias da seqüência. A
lineação contida na foliação, representada pelo alinhamento de anfibólios, biotita, e rods de quartzo,
tem orientação e caimento variados. São observados ainda foliação S/C, rotação de cristais e sombra
de pressão.
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
Figura 2.2: Mapa geológico simplificado do orógeno Araçuaí destacando as assembleias litotectônicas. Zona de
Cisalhamento Chapada Acauã (CA), Corredor Trasnpressivo de Minas Novas (MN), Bloco Guanhães (GB)
(modificado de Pedrosa-Soares et al. (2008). Grupo Macaúbas (M), Grupo Dom Silvério (DS), Complexo
Jequitinhonha (J), Formação Salinas (S), Formação Capelinha (Cp).
2.2 –ESTRATIGRAFIA
Este item apresenta uma síntese da estratigrafia do Orógeno Araçuaí, priorizando as unidades
arqueanas, neoproterozóicas e cambriana que ocorrem na faixa Capelinha - Malacacheta. As unidades
mais antigas, de idade arqueana, representam o embasamento do orógeno e incluem rochas do
Complexo Guanhães. O Grupo Macaúbas, de idade neoproterozóica, engloba depósitos
metassedimentares e metavulcânicos que registram estágios de evolução da bacia desde a sua fase rifte
até a fase margem passiva. Granitos intrusivos na área de influência dessa dissertação, de idade
cambriana, são representados por corpos a duas micas da Suite Mangabeiras, correlacionável à Suíte
G4 do Orógeno Araçuaí (Pedrosa-Soares et al., 2007).
2.2.1 – Embasamento
18
Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
Dentre as unidades do embasamento que compõem o domínio externo (também no limite com
o domínio externo), o Complexo Guanhães é a mais relevante para a compreensão deste trabalho e
será mais detalhadamente discutido no item a seguir.
Idades Rb/Sr mais antigas, em tôrno de 2660 Ma (Teixeira et al., 1990), foram localmente
obtidas para o complexo. No entanto, a grande maioria dos dados disponíveis, indicam idades
variáveis entre 1400 e 480 Ma, e são interpretadas como idades brasilianas ou rejuvenescimento de
idades mais antigas com perdas isotópicas parciais no Brasiliano (Teixeira et al., 1990). Teixeira et al.
(1990) interpretaram como restrita a atuação da tectônica brasiliana na porção oriental do Complexo
Guanhães, postulando que a região se comportou como um bloco rígido durante a orogênese
brasiliana.
19
Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
biotita e granada como acessórios eventuais. Gnaisses calcissilicáticos, xistos pelíticos e quartzitos
próximos ao topo aparente da unidade são comuns.
Figura 2.3: Mapa geológico da região do Bloco de Guanhães. Modificado de Alkmim et al. (2007).
20
Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014
influência glacial (Karfunkel & Hope, 1988; Noce et al., 1997; Pedro-Soares et al., 2001, 2011;
Martins-Neto & Hercos, 2002; Babisnki et al., 2012; Uhlein et al., 1998, 2007).
Com base nos resultados do Projeto Espinhaço (Guimarães & Grossi-Sad, 1997 e Baars et al.,
1997), com modificações introduzidas por Lima et al. (2002), Pedrosa-Soares et al. (2007, 2008) e
Martins et al. (2008), o Grupo Macaúbas foi então subdividido no trabalho de Pedrosa-Soares et al.
(2011) em sete formações, da mais antiga para a mais nova: Matão, Duas Barras, Rio Peixe Bravo,
Serra do Catuni, Nova Aurora, Chapada Acauã e Ribeirão da Folha (figura 2.4).
Figura 2.4: Coluna estratigráfica geral para o Grupo Macaúbas. Modificado de Pedrosa-Soares et al. (2008,
2011).
Dois blocos do embasamento dividem a distribuição do Grupo Macaúbas em três setores com
registros estratigráficos variáveis: o setor norte, relacionado com o Bloco Porteirinha, o setor central,
localizado entre os paralelos 17º e 18º S, e o setor sul, relacionado com o Bloco de Guanhães (figura
2.5) (Pedrosa-Soares et al., 2011). O pacote mais completo do Grupo Macaúbas ocorre no setor central
do orógeno Araçuaí, onde as unidades basais do Grupo Macaúbas - formações Matão e Duas Barras -
estão sobrepostas pela sequência proximal da Formação Serra do Catuni, que é o mais antigo registro
de glaciação da bacia Macaúbas (figuras 2.4 e 2.5). Estratigraficamente acima da Formação Serra do
Catuni está a sequência glacio-marinha da unidade inferior da Formação Chapada Acauã, composta
essencialmente por metadiamictitos, a qual é coberta pela unidade superior, sem (meta) diamictitos.
Esta unidade grada a leste para uma sucessão pós-glacial, margem passiva distal e assoalho oceânico
da Formação Ribeirão da Folha (figura 2.5) (Pedrosa-Soares et al., 2011).
21
Figura 2.5: Distribuição das diferentes formações do Grupo Macaúbas no domínio externo (oeste) do Orógeno
Araçuaí. Modificado de Pedrosa-Soares et al., 2011.
No setor norte, apenas a Formação Serra do Catuni ocorre entre o limite do cráton São
Francisco e a borda ocidental do Bloco Porteirinha (figura 2.5). Para leste do Bloco Porteirinha, a
sequência pré-glacial da Formação Rio Peixe Bravo é recoberta por sedimentos glácio-marinhos da
Formação Nova Aurora ou parcialmente capeados pela unidade superior da Formação Chapada Acauã.
No setor sul, o registro estratigráfico do Grupo Macaúbas é muito incompleto. A Formação Serra do
Catuni é localmente recoberta por camadas que, provavelmente, se correlacionam com a Formação
Chapada Acauã, e ocorre ao longo de uma estreita faixa no extremo oeste da Faixa Araçuaí, no limite
com o cráton São Francisco (figura 2.5). A leste do Bloco de Guanhães ocorre somente a Formação
Ribeirão da Folha (figura 2.5).
21
A sedimentação de fases diversas do rifte continental está representada pelas formações
Matão, Duas Barras, Rio Peixe Bravo, Serra do Catuni, Nova Aurora e unidade inferior da Formação
Chapada Acauã, do Grupo Macaúbas. A Formação Matão consiste de metabrechas e
metaconglomerados ricos em seixos e blocos de quartzito cobertos por quartzitos com lentes de
metaconglomerado. Sua espessura máxima é de 200 m. A Formação Matão registra uma sedimentação
sob condições tectônicas instáveis relacionadas ao estágio inicial de rifteamento da bacia Macaúbas
(Martins, 2006; Martins et al., 2008). A Formação Duas Barras consiste em quartzitos e quartzitos
conglomeráticos com teores variáveis de mica, feldspato, óxido de ferro e/ou fragmentos líticos,
arenitos, raro conglomerado e raro pelito. As estruturas sedimentares se relacionam a ambiente fluvial
e marinho raso sem vestígios de glaciação e algumas paleocorrentes possuem carater bimodal (NW-SE
e SE-NW). A espessura máxima é de aproximadamente 100 m (Grossi-Sad et al., 1997; Martins,
2006). A Formação Rio Peixe Bravo consiste em quartzito micáceo, quartzito ferruginoso e/ou
quartzito rico em feldspato, metapelitos localmente ricos em hematita e/ou grafita, e raros
metaconglomerados, com uma espessura máxima de cerca de 700 m (Viveiros et al., 1979; Mourão &
Grossi-Sad, 1997; Knauer et al., 2006). As formações Duas Barras e Rio Peixe Bravo, não apresentam
evidência de influência glacial e representam, portanto, a sedimentação fluvial a marinha que se deu
durante a fase de rifte continental da bacia Macaúbas (Martins-Neto et al., 2001; Martins, 2006;
Pedrosa-Soares et al., 2007, 2008). A idade máxima de sedimentação é 900 ± 21 Ma, como indica a
datação de grãos de zircão detrítico extraídos de um quartzito da Formação Duas Barras (U-Pb
SHRIMP, Babinski et al., 2007). Esta idade limita também a época do início da deposição do Grupo
Macaúbas.
Unidades glaciogênicas também se depositaram durante a fase rifte da bacia Macaúbas (e.g.,
Pedrosa-Soares et al., 1992, 1998; Grossi-Sad et al., 1997; Noce et al., 1997; Uhlein et al., 2007;
Martins-Neto et al., 2001; Martins- Neto & Hercos, 2002). A mais antiga delas é a Formação Serra do
Catuni, constituída por metadiamictitos maciços com intercalações esparsas de quartzitos e
metapelitos, representantes de sedimentação glácio-terrestre a glácio-marinha. Dados U-Pb SHRIMP
de zircões detríticos balizam a idade máxima de deposição da Formação Serra do Catuni em 933 ± 9
Ma (Babinski et al., 2007). Este dado, juntamente com o da Formação Duas Barras e outras idades de
zircões detríticos do Grupo Macaúbas (Pedrosa-Soares et al., 2000) sugerem fontes sedimentares
localizadas em ombreiras e horsts que expuseram à erosão a espessa pilha magmática do rifte que se
situa na Faixa Congo Ocidental (Tack et al., 2001; Pedrosa-Soares et al., 2008).
22
A sedimentação glácio-marinha se torna mais espessa e extensa nas formações Nova Aurora e
Chapada Acauã. A Formação Nova Aurora consiste predominantemente de metadiamictitos
estratificados (fluxos de detritos) e metaturbiditos com lentes quartzosas, com importantes
intercalações de formações ferríferas diamictíticas do tipo Rapitan e raros metapelitos (Pedrosa-Soares
et al. 1992; Mourão & Grossi-Sad 1997; Noce et al. 1997; Pedrosa-Soares & Oliveira 1997).
O estágio de abertura da bacia precursora, que se seguiu ao rifte continental, levou à deposição
da pilha sedimentar da margem continental passiva e à formação de litosfera oceânica, como indicam
os registros litológicos da unidade superior da Formação Chapada Acauã, Formação Ribeirão da
Folha, e lascas tectônicas de rochas máficas e ultramáficas ofiolíticas (Pedrosa- Soares et al., 1992,
1998, 2001, 2008; Pedrosa-Soares 1995, 1997; Grossi-Sad et al., 1997; Noce et al., 1997; Pedrosa-
Soares & Grossi-Sad, 1997; Uhlein et al., 1998; Suita et al., 2004; Queiroga et al., 2006, 2007). Este
estágio transcorreu sem influência glacial, uma vez que as unidades que o representam são livres de
qualquer indício de glaciação. A unidade superior da Formação Chapada Acauã consiste de
intercalações de quartzito e metapelito, representantes da sedimentação plataformal no setor proximal
da margem passiva. A idade máxima de deposição é indicada por zircão detrítico datado em 864 ± 30
Ma (Pedrosa-Soares et al., 2000).
23
A Formação Capelinha contém as rochas metassedimentares e metamáficas que são o
principal objeto de estudo dessa dissertação de mestrado. Devido a isso e ao fato de inúmeras
controvérsias quanto ao seu posicionamento estratigráfico, ela será tratada em um item separado
dentro do Grupo Macaúbas – a Formação Capelinha está sendo redefinida como base desse grupo
nesta dissertação (vide capítulo 4).
A Formação Capelinha foi definida, informalmente, por J.H. Grossi-Sad, E. Motta e F. Baars
em trabalho realizado para a ACESITA – Aços Especiais Itabira S/A. O trabalho citado foi realizado
durante o primeiro semestre de 1991 e, segundo os autores, essa formação estaria sobreposta aos xistos
da então “Formação Salinas”, topo do Grupo Macaúbas, nas folhas Capelinha e Malacacheta
1:100.000. Grossi-Sad et al. (1993) publicaram uma síntese dessa nova unidade litoestratigráfica do
Grupo Macaúbas no trabalho intitulado “Formação Capelinha: uma nova entidade litoestratigráfica
do Grupo Macaúbas superior”. Nesse trabalho, a Formação Capelinha foi subdividida em dois
membros: (i) o membro inferior, composto por protoquartzito micáceo, ferruginoso, feldspático e/ou
grafitoso, intercalado com quartzo-mica xisto; (ii) o membro superior, constituído predominantemente
por ortoquartzito laminado e localmente, por quartzito ferruginoso e/ou micáceo e/ou feldspático, com
metabasitos na base do pacote.
Uma síntese dos trabalhos já realizados acerca das rochas metassedimentares e metamáficas da
região de Capelinha é apresentada na tabela 2.1.
Grossi-Sad et al. (1993) predominantemente por ortoquartzito laminado e localmente, por quartzito
25
ferruginoso e/ou micáceo e/ou feldspático, com metabasitos na base do pacote.
Pedrosa-Soares et al. (2007) Interpretaram a Formação Capelinha como registro de sedimentação sin-orogênica
(flysch; ca. 580 Ma).
Castro et al. (2013) e essa Redefinem a Formação Capelinha como uma unidade de base do Grupo Macaúbas
dissertação e a subdividem em duas unidades: uma inferior, dominantemente metapsamítica
com lentes de rocha metamáfica, e uma superior, metapelítica.
Na área de influência dessa dissertação, a Suíte G4 está representada por corpos graníticos da
Suíte Mangabeiras. Essa suíte engloba, na Folha Malacacheta, três corpos intrusivos, denominados
Pedra Formosa, Córrego do Fogo e Barreiro (Guimarães & Grossi-Sad 1997).
O Corpo Córrego do Fogo, com aproximadamente 60 km² de área, ocorre na porção E-NE da
Folha Malacacheta 1:100.000. Tem forma circular, com contatos reentrantes nos xistos. Localmente,
granito aplítico (caolinizado) intrude os mica xistos com sillimanita e grafita. Em torno de todo o
26
corpo, xistos e quartzitos do Grupo Macaúbas são cortados por veios pegmatóides com largura da
ordem de metros, muito decompostos (massa de caolim + quartzo). Dentro do corpo ocorre uma lente
de xisto aluminoso e grafitoso, que pode representar um xenólito ou mesmo um roof pendant,
resultante do mecanismo responsável pelo posicionamento intrusivo da rocha ígnea (Guimarães &
Grossi-Sad, 1997). A rocha que constitui o Corpo Córrego do Fogo é equigranular, de cor branca,
granulação média e localmente fina, com composição modal granítica e mineralogia principal
constituída por microclina + plagioclásio + quartzo + biotita + moscovita. Microclina sempre
predomina sobre plagioclásio e a biotita sobre a moscovita. A biotita é avermelhada (titanífera).
Granada aparece frequentemente como grãos milimétricos, subarredondados, dispersos na rocha, de
cor rosa-avermelhada. São observados, comumente, veios pegmatóides, quartzo-feldspáticos,
discretamente micáceos (biotita e/ou moscovita), ou não micáceos. Tem forma irregular, largura
decimétrica e cortam o granito. Podem ser ricos em granada, apresentando cristais com até 1 cm de
diâmetro. Uma foliação incipiente, localmente bem desenvolvida e definida pela orientação das micas,
é comum em todo o corpo (Guimarães & Grossi-Sad, 1997).
O Corpo Barreiro possui um formato alongado na direção SW-NE e faz contato com rochas
do Complexo Guanhães e do Grupo Macaúbas. Nas proximidades dos contatos com as rochas
metassedimentares do Grupo Macaúbas observam-se apófises pegmatóides caulinizadas. A
composição modal da rocha varia entre granito e álcali-granito, fácies monzonitica também ocorre
(Guimarães & Grossi-Sad, 1997). A granulação varia de fina a média, com esparsos fenocristais de
feldspato potássico, além de biotita e magnetita. Segundo (Guimarães & Grossi-Sad, 1997),
microscopicamente o K-feldspato é pertítico e se encontra emerso na matriz composta
majoritariamente por quartzo e biotita. Os acessórios incluem zircão e apatita. Os álcali-granitos
aplíticos são constituídos por microclina, quartzo, biotita, plagioclásio pouco sericitizado e rara
moscovita, como acessórios aparecem clorita e opacos. A biotita marca uma incipiente foliação
metamórfica.
27
A descoberta de remanescentes de litosfera oceânica neoproterozóica na Faixa Araçuaí no
final da década de 1980 (Pedrosa-Soares et al., 1990, 1992) e a caracterização geoquímica e isotópica
do batólito tonalítico Galiléia que evidenciou sua origem em arco magmático continental, edificado
em torno de 594 Ma (Nalini, 1997), trouxeram a luz do conhecimento para a vinculação da gênese
desse arco magmático com o consumo da litosfera oceânica da Faixa Araçuaí (Pedrosa-Soares et al.
1998).
Com base nessas descobertas, nas correlações entre as faixas Araçuaí e Congo Ocidental
(Brito-Neves & Cordani, 1991; Trompette, 1994), e na relação cronológica e espacial dos conceitos de
orógeno e cráton, definiu-se o orógeno Araçuaí-Congo Ocidental (Pedrosa-Soares & Wiedermann
Leonardos, 2000; Pedrosa-Soares et al., 2001).
Alkmim et al. (2003, 2006, 2007), com base em análises cinemáticas, propuseram um modelo
de evolução tectônica para o orógeno Araçuaí-Congo Ocidental, no qual o fechamento da bacia
Macaúbas teria sido induzido por colisões à distância, contra os crátons do São Francisco e Congo, e o
orógeno resultante se caracterizaria, então, como confinado e seguiria um mecanismo similar ao
fechamento de um quebra-nozes (figura 2.7). De acordo com estes autores, são reconhecidos para a
edificação do Orógeno Araçuaí cinco estágios evolutivos, resumidamente descritos adiante:
28
A fase rifte continental (figura 2.6) da bacia precurssora desenvolveu-se entre ca. 906 e 880
Ma (Pedrosa-Soares et al., 2008; Silva et al., 2008) e seu registro sedimentar é representado pelas
unidades basais e proximais do Grupo Macaúbas. A bacia Macaúbas, em torno de 880 Ma, evoluiria
para duas margens passivas conectadas, na porção setentrional, pela ponte continental que unia as
regiões da Bahia e Gabão (Porada, 1989; Trompette, 1994; Brito-Neves et al., 1999). Estas margens
passivas estariam ainda conectadas a no mínimo quatro estruturas extensivas interiores responsáveis
pela acomodação da deformação e dissipação das tensões nas zonas cratônicas: os aulacógenos de
Pirapora e Paramirim, no domínio São Francisco (Alkmim & Cruz, 2005; Cruz & Alkmim, 2006), e o
Aulacógeno Sangha no domínio Congo (Trompette, 1994). A fase margem passiva é representada por
extensa sedimentação de turbiditos areno-pelíticos de mar profundo e por remanescentes oceânicos
datados em ca. 660 Ma (Queiroga et al., 2007, 2008).
Figura 2.6: Cenário tectônico da bacia Macaúba visto em mapa. Modificado de Alkmim et al., 2007.
29
Danderfer (2000) e Cruz (2004), em estudos realizados nos domínios do Aulacógeno do
Paramirim, mostraram magnitudes de inversão decrescentes no sentido norte, às vezes chegando a
preservar a geometria original do rifte. Esse segundo estágio é marcado pelo início do processo de
subducção e pela edificação do arco magmático cálcio-alcalino (figura 2.7). Entre 630 e 585 Ma o arco
magmático foi edificado em ambiente de margem continental ativa. Este arco é representado por
batólitos tonalíticos a granodioríticos, deformados, que registram a foliação regional, e por rochas
vulcânicas de composição dacítica (Vieira, 2007).
Figura 2.7: Fase de convergência inicial das margens da Bacia Macaúbas, por volta de 600 Ma. Modificado de
Alkmim et al. (2007).
A etapa colisional é o terceiro estágio evolutivo e se inicia pelo norte e avança paulatinamente
para o sul, no intervalo compreendido entre 582 e 560 Ma (Pedrosa-Soares et al., 2007) (figura 2.8).
Propagação de frentes de empurrão para as zonas cratônicas e o soerguimento de uma cadeia
montanhosa são características marcantes desta fase. O estágio sin-colisional é caracterizado pela
deformação e metamorfismo regionais, além da geração de grande quantidade de granitos tipo S que
registram a foliação regional.
Neste estágio seriam gerados os granitos G2 do tipo S, que representam a fusão parcial de
protólitos sedimentares aluminosos (Pedrosa-Soares et al., 2007).
30
O quarto estágio caracteriza-se pelo escape lateral da porção sul do núcleo cristalino, rumo ao
Orógeno Ribeira, através de movimentação dextral ao longo de zonas transcorrentes. Este fato pode ter
se dado em decorrência da máxima aproximação entre o extremo sul da península São Francisco e a
margem do continente Congo (figura 2.8).
Figura 2.8: (a) Estágio colisional, por volta de 560 Ma. (b) Colapso gravitacional, após escape lateral da porção
sul do orógeno, por volta de 500 Ma. Adaptado de Alkmim et al. (2006).
31
32
CAPÍTULO 3
GEOLOGIA DA REGIÃO DE CAPELINHA
3.1 – INTRODUÇÃO
Figura 3.1: Mapa geológico da região de Capelinha, enfatizando as assembléias litotectônicas e estruturas
tectônicas (modificado de Marshak et al. (2006) e Pedrosa-Soares et al. (2008). Faixa de Dobramentos
Capelinha (CFB), Zona de Cisalhamento Chapada Acauã (CA), Corredor Transpressivo de Minas Novas (MN),
Bloco Guanhães (GB), Capelinha (Cp), Araçuaí (Arç), Governador Valadares (GV).
33
A partir do mapeamento em escala 1:25.000 (figura 3.2) da região de Capelinha, postula-se
neste trabalho que a sucessão litoestratigráfica, da base para o topo, é composta por rochas gnáissicas
do Complexo Guanhães, que por sua vez são recobertas por um espesso pacote de origem
metavulcanosedimentar, atribuído à Formação Capelinha, constituída por uma sequência basal
metapsamítica composta por quartzitos, puros ou micáceos, os quais contem corpos concordantes de
rocha metamáfica, mica xistos e xistos quartzosos. A unidade de topo, essencialmente metapelítica é
caracterizada por xistos peraluminosos granatíferos, às vezes com estaurolita e/ou cianita. Toda a pilha
é cortada por granitos e pegmatitos atribuídos a Suíte Mangabeiras (G4).
A estruturação das unidades pré-cambrianas é resultante da sobreposição de dobramentos e
empurrões com transporte tectônico dirigido para sul, típico de um terreno polideformado. O contato
tectônico das rochas metassedimentares neoproterozóicas com o Bloco Guanhães possui caráter normal
destral, de modo que, a Formação Capelinha assenta-se diretamente sobre o embasamento.
Nas próximas seções será apresentada uma descrição estratigráfica, estrutural e metamórfica
do segmento do Orógeno Araçuaí exposto na região de Capelinha (figuras 3.1 e 3.2). O magmatismo
associado à unidade metapsamítica é tratado com maior detalhe nos itens 3.2.2.1, 3.5, 3.6 e 3.7.1 e no
capítulo 4, devido a sua intrínseca implicação para a evolução da bacia Macaúbas, precursora do
orógeno Araçuaí.
34
Figura 3.2: Mapa geológico da região estudada que abrange os municípios de Capelinha, São Cetano e a localidade do Campo do Boa, Minas Gerais, Brasil.
35
3.2 – ESTRATIGRAFIA
36
3.2.1 – Unidades Pré-Estaterianas (Complexo Guanhães)
As rochas do Complexo Guanhães ocupam a parte sul da região mapeada (figura 3.2) onde são
representadas predominantemente por gnaisses migmatíticos (figuras 3.4-A e 3.4-B) e
subordinadamente por rochas máficas, formação ferrífera bandada e rochas graníticas com textura
pegmatítica.
As formações ferríferas apresentam bandas claras compostas por quartzo e anfibólio da série
da cummingtonita-grunerita, e bandas escuras formadas por magnetita e hematita. Essas formações
ferríferas foram reconhecidas anteriormente por Noce et al. (2007). A magnetita é mais abundante em
relação à hematita. Vários grãos de magnetita apresentam-se martitizados, com incipiente
transformação para hematita nas bordas dos cristais. Notam-se vários estágios desse processo, desde
grãos de magnetita pura até grãos com apenas núcleo magnetítico.
38
A unidade inferior, dominantemente metapsamítica (figuras 3.2 e 3.3) é constituída por
alternâncias de quartzitos puros (figura 3.6-C) e micáceos (figura 3.6-B) com rochas metamáficas
associadas, mica-xistos, mica-quartzo xistos (figuras 3.6-F e 3.5-B), níveis de xistos carbonosos,
milonitos, metagrauvacas e raro quartzito ferruginoso.
O litotipo dominante nessa unidade metapsamítica é o quartzito puro (figuras 3.6-C e 3.6-E),
compondo um espesso pacote, chegando a ultrapassar os 1000 metros. As melhores exposições estão
nas adjacências do Rio Fanado e Ribeirão Fanadinho, a leste de Capelinha, onde se estruturam nos
núcleos de grandes sinformes e antiformes. As estruturas primárias são raras e, quando ocorrem, são
representadas por estratificações plano-paralelas ou cruzadas, com cunhas pequenas, marcadas pela
presença de níveis ricos em sericita e/ou óxidos de ferro.
As rochas metamáficas estruturam-se concordantemente (vide item 3.2.2.1 e figuras 3.7 e 3.8-
A) com quartzitos puros (figura 3.6-D), quartzitos micáceos e raro metapelito, apresentando, em todas
suas exposições, contatos abruptos com os metassedimentos sotopostos ou sobrepostos.
Os mica xistos são compostos por biotita, sericita-muscovita (figura 3.5-A), feldspato, quartzo,
granada e cianita, com turmalina aparecendo como acessório comum. A textura é granolepidoblástica,
porfiroblástica e poiquiloblástica. Os porfiroblastos são majoritariamente de granada, ou ainda mais
raramente de cianita. A xistosidade é definida pelo arranjo planar preferencial das micas e pode se
mostrar anastomosada. O acamamento é marcado esporadicamente por alternâncias de bandas mais
micáceas com bandas quartzo-feldspáticas pobres em micas. Uma segunda foliação define o plano
axial de crenulação, bem incipiente nesta unidade. As intercalações de quartzitos, mica xistos e xistos
grafitososos são muito bem representadas pela coluna C-C’ (figura 3.12).
Os xistos carbonosos (figura 3.10-G, vide figura 3.12) são compostos essencialmente por material
carbonoso, muscovita, biotita, quartzo e quantidades variáveis de plagioclásio. Hematita aparece sempre
em pequena proporção (± 5%). Localmente, essas rochas são representadas por muscovita-quartzo-
cianita xisto, com conteúdo moderado de material carbonoso.
39
As rochas miloníticas possuem granulação variável de média a grossa, com textura
porfiroblástica e matriz granolepidoblástica. A sua composição é dada basicamente por quartzo,
biotita, muscovita e feldspato. A foliação milonítica é muito bem marcada por cristais de muscovita e
biotita que se moldam aos blastos de quartzo e feldspato.
Alguns dos xistos descritos são particularmente enriquecidos em plagioclásio, e são aqui
interpretados como metagrauvacas. Em geral, possuem um bandamento bem preservado, marcado por
alternâncias de composição variada entre níveis mais ou menos ricos em biotita e muscovita e de
granulação variada. Embora esse bandamento provavelmente represente o acamamento original das
rochas, não são reconhecidas estruturas originais sedimentares.
Os quartzitos ferruginosos são formados essencialmente por quartzo, mica branca e minerais
opacos, ou ainda podem ocorrer sem a presença de minerais micáceos. A textura é granoblástica ou
milonítica, os mineais opacos preenchem as anisotropias e alguns grãos de quartzo estão impregnados
por óxido de ferro. O rutilo aparece sempre associado aos opacos.
40
textura granoblástica. Essa rocha é composta basicamente por quartzo (Qz), plagioclásio (Pl) e biotita (Bt). C)
Textura granoblástica em quartzito. D) Textura granoblástica em quartzito. Nicóis descruzados.
Figura 3.6: A) Quartzito micáceo da unidade metapsamítica, base da Formação Capelinha. B) Variação
composicional em quartzito da Formação Capelinha. As finas camadas escuras são compostas essencialmente
por biotita e mica branca. C) Quartzito puro. Os planos de foliação são incipientes nessa rocha e são marcados
por mica branca. D) Rocha metamáfica (anfibolito) da Formação Capelinha (unidade metapsamítica) que aflora
nas proximidades do rio Fanado (figura 3.2). E) Quartzito puro que aflora na margem do rio Fanado. F) Quartzo
xisto rico em biotita.
41
3.2.2.1 - Rochas metamáficas da unidade inferior da Formação Capelinha
Figura 3.7: Colunas tectono-estratigráficas da região de Capelinha (vide figura 3.2 para localização) com
As maiores expressões laterais e verticais dos corpos metamáficos foram catalogadas nas
adjacências do rio Fanado e ribeirão Fanadinho e no Campo do Boa (figuras 3.2 e 3.8-B), onde as
relações com as encaixantes estão espetacularmente expostas. Alongadas nas direções E-W e WNW-
ESE, com exceção da região de São Caetano onde possuem direção NE, as exposições de anfibolito da
região de Capelinha refletem o arcabouço estrutural da região, caracterizado por um acervo típico de
42
um terreno polideformado, resultante de dobramentos e empurrões com transporte tectônico dirigido
para sul, ortogonal ao movimento global do orógeno Araçuaí direcionado para oeste.
As rochas metamáficas são representadas por corpos de geometria tabular com granulação
variável de fina à média, coloração verde escura (figura 3.8-C), com espessuras que ultrapassam os
150 metros. Sempre se encontram intercaladas aos quartzitos puros ou micáceos da unidade inferior
(metapsamítica) da Formação Capelinha (figuras 3.7 e 3.8-A). Localmente, essas rochas podem ser
bandadas, mostrando uma alternância de bandas em tons de verde escuro e branco. As bandas
melanocráticas mostram granulação mais fina e são dominantemente constituídas por anfibólio
(honblenda). As bandas leucocráticas, em geral, pouco espessas, apresentam granulação mais grossa e
possuem composição dominada por plagioclásio. O contato entre as bandas é abrupto, e em seus
interiores predomina granulação homogeneizada pelo metamorfismo.
Figura 3.8: A) Contato entre quartzito micáceo e rocha metamáfica da unidade inferior (metapsamítica) da
Formação Capelinha. B) Localidade do Campo do Boa onde foram exploradas titanitas gemológicas associadas
às rochas metamáficas da unidade inferior da Formação Capelinha. C) Rocha metamáfica composta por
anfibólio e plagioclásio. Este último pode aparecer na forma de porfiroblastos. A segunda fase de deformação
(Fn+1) originou uma clivagem do tipo espaçada (Sn+1) nessas rochas.
43
Os anfibolitos da unidade inferior da Formação Capelinha são constituídos por hornblenda
(30-70%), plagioclásio (15-35%), epidoto (5-30%) (figura 3.9-A) e subordinadamente por clinozoisita,
quartzo, titanita, rutilo, apatita, minerais opacos e raramente clorita. A textura predominante é
granonematoblástica com a foliação metamórfica (Sn) marcada pela orientação de cristais de
hornblenda e/ou plagioclásio e/ou titanita (figuras 3.9-A, 3.9-B e 3.9-C). Essa foliação apresenta-se
sub-horizontalizada com mergulhos suaves para norte ou para sul. De maneira subordinada foram
distintas texturas nematoblástica, granoblástica inequigranular e porfiroblástica/poiquiloblástica
(figuras 3.9-D e 3.9-E), esta última preservando algumas feições que possivelmente foram herdadas do
protólito ígneo. A textura reliquiar é subordinada, sendo definida por grandes cristais de plagioclásio
emersos em uma matriz granonematoblástica composta majoritariamente por hornblenda, epidoto e
plagioclásio e sugere protólitos plutônicos, tais como gabros e diabásios.
A hornblenda (figuras 3.9-B, 3.9-C e 3.9-F) possui, em geral, hábito prismático, com seções
basais losangulares ou com seis lados e cores sempre em tonalidades fortes de verde. A clivagem é
típica dos anfibólios, com duas direções fazendo ângulos de 124° ou 56° entre si. As cores de
interferência variam do final da primeira ordem ao início da segunda ordem, sendo às vezes
mascaradas pelas fortes cores de absorção do mineral.
Alguns plagioclásios se apresentam com maclação polissintética e/ou do tipo Carlsbad (figura
3.9-E). Outra feição importante, característica principalmente dos porfiroblastos de plagioclásio é o
zoneamento químico normal, onde a borda dos grãos é mais enriquecida em Na e o núcleo em Ca.
Sinais de deformação nos plagioclásios, como extinção ondulante e maclas curvadas ou interrompidas,
são raros. Poucos grãos de quartzo apresentam extinção ondulante, subgrãos ou novos grãos, sendo
estas feições mais comuns em agregados de textura inequigranular granoblástica. O mineral epidoto é
secundário, gerado por processos de saussuritização (epidoto + albita = plagioclásio cálcico), ou seja,
o teor de anortita é inversamente proporcional à quantidade de epidoto.
A titanita (figura 3.9 -C) aparece sempre alongada segundo a direção da foliação metamórfica,
possui relevo e cores de interferência muito altas, característica essa que não permite sua extinção
completa devido à dispersão dos eixos ópticos. Seções acastanhadas comumente associadas a minerais
opacos também são características. Titanitas associadas ao evento metamórfico principal que atingiu a
região de Capelinha foram exploradas economicamente, fato que explica as inúmeras galerias abertas
nas associações metamáficas. Esse mineral apresenta-se, geralmente, na cor verde levemente
amarelado e ocorre em geral nos eixos dos boudins de pegmatitos e veios de quartzo alojados no
contato entre os anfibolitos e os quartzitos.
A clinozoisita possui propriedades semelhantes com as do mineral epidoto, exceto pelas cores
de interferência anômalas em tons azulados (azul de Berlim).
44
A clorita ocorre como alteração metamórfica de hornblenda, possui cores de interferência
anômalas azuladas e/ou aroxeadas. Os minerais opacos (figura 3.9-F) ocorrem majoritariamente em
cristais euédricos, comumente associados aos porfiroblastos de hornblenda e/ou titanita (figura 3.9-F).
O rutilo (figuras 3.9-B e 3.9-C) aparece em algumas amostras, sempre associado aos minerais
opacos e com cores de interferência mascaradas pela cor de mel característica desse mineral.
Figura 3.9: Fotomicrografias de rochas metamáficas com ênfase nas assembléias mineralógicas e
microestruturas: A) Textura granonematoblástica em anfibolito. A foliação metamórfica (Sn) é marcada por
minerais como hornblenda (Hbl) e plagioclásio (Pl). B) Cristais de rutilo (Rt) em anfibolito da região de
Capelinha. C) Cristais de rutilo (Rt) associados a titanita (Ttn) e orientados ao longo da foliação metamórfica
(Sn). D) Textura porfiroblástica/poiquiloblástica edificada por grandes cristais de plagioclásio (Pl) emersos em
matriz granonematoblástica composta por epidoto (Ep), hornblenda (Hbl) e plagioclásio (Pl). E) Porfiroblastos
de plagioclásio (Pl) com macla Carlsbad típica e emersos em matriz granonematoblástica composta basicamente
por epidoto (Ep) e hornblenda (Hbl). F) Grandes cristais de hornblenda (Hbl) e minerais opacos (Opq) em rocha
metamáfica afetada por flúidos hidrotermais.
Disposta na direção E-W, nas porções norte e sul da área mapeada (figura 3.2), a unidade
metapelítica compreende biotita-quartzo-sericita-granada xistos com estaurolita algumas intercalações
de mica xisto (figura 3.10-H) e raras lentes de quartzito micáceo, rochas calcissilicáticas e ocorrências
45
de xisto carbonoso na parte inferior da unidade, principalmente na base dessa unidade, na transição
com a unidade metapsamítica (inferior) (figura 3.12).
46
Figura 3.10: A) Biotita-quartzo-sericita-granada xisto com estaurolita que compõem o topo da Formação
Capelinha. Essa rocha é composta por biotita e grandes critais de granada e estaurolita. B) Xisto com boudins de
quartzo. C) Pedreira localizada a leste da cidade de Capelinha onde afloram xistos peraluminosos com clivagem
de crenulação muito proeminente. D) e E) Detalhe para a clivagem de crenulação. F) Quartzito impuro que se
intercala aos xistos peraluminosos da unidade metapelítica da Formação Capelinha. G) Xisto carbonoso afetado
por dobramentos cerrados. H) Mica xisto com granada e rara cianita.
47
Figura 3.11: Fotomicrografias de rochas metassedimentares da unidade metapelítica da Formação Capelinha
com ênfase nas assembléias mineralógicas e microestruturas: A) Textura granolepidoblástica do xisto aluminoso.
A foliação metamórfica (Sn) é marcada por minerais como hornblenda (Bt), muscovita (Ms) e granada (Grt). B)
Grandes porfiroblastos de granada (Grt) emersos em matriz granolepidoblástica composta por quartzo,
muscovita (Ms) e biotita (Bt). C) Porfiroblásto de granada (Grt) limonitizado. Note que o grande cristal de
granada possui sombra de pessão nos seus entornos, onde cristais de quartzo se recristalizaram. A foliação,
composta por muscovita (Ms) e biotita (Bt) circunda o porfiroblasto de granada. D) Textura granolepidoblástica
em mica xisto da unidade metapelítica.
48
Figura 3.12: Coluna estratigráfica do segmento da Formação Capelinha exposto a oeste da cidade homônima
(vide figura 3.2 para localização) enfatizando a intercalação entre quartzitos e mica xistos, bem como a presença
de xistos grafitosos.
49
Figura 3.13: A) Pegmatito de composição granítica da Suíte Mangabeiras (G4). Note os cristais de biotita
(negros) centimétricos. B) Pegmatito da Suíte Mangabeiras. C) Pegmatitos da Suíte Magabeiras que afloram no
leito do rio Fanado, a oste da cidade de Capelinha. D) Pegmatito da Suíte Mangabeiras alterado. E)
Fotomicrografia de pegmatito da Suíte Mangabeiras composto por quartzo (qz) + microclima (Mc) + biotita (Bt).
F) Pegmatito da Suíte Mangabeiras mineralizado em berilo.
As coberturas recentes que afloram na região estudada (figura 3.2)são coberturas detrito-
lateríticas de idade cenozóica, que se estabeleceram em terraços planos topograficamente mais
elevados. O pacote caracteriza-se essencialmente por sedimentos finos e cangas resultantes da
lixiviação de compostos solúveis, sendo rico em minerais ferro-aluminosos resultantes da ação do
50
mecanismo de hidrólise. A alta taxa de intemperismo químico gerou terrenos férteis com perfis de solo
muito espessos ideais para monocultura. Estes terraços são dominados por extensas plantações de
eucaliptos espalhados por toda área.
Estratificações cruzadas acanaladas e plano paralelas são outros tipos de estruturas observadas
na região que auxiliaram no entendimento do arcabouço estratigráfico.
A primeira fase deformacional (Fn) se manifesta em todos os litotipos, com exceção dos
pegmatitos da Suíte Mangabeiras, e foi responsável pela geração da foliação (Sn) (figuras 3.14-C,
3.14-D e 3.15-A) de direção E-W e mergulhos suaves para norte ou sul, ou de direção
predominantemente NW-SE, com mergulhos de 20° a 45° para NE, como ocorre na região a oeste de
Capelinha, nas imediações do rio Itamarandiba. A foliação é uma estrutura penetrativa que se
manifesta por meio da orientação preferencial de micas, hornblenda, granada, clorita, estaurolita,
hematita e cianita. Nos quartzitos homogêneos e mais puros a xistosidade é pouco pronunciada, já nos
xistos peraluminosos ela é muito bem desenvolvida sendo caracterizada pela orientação preferencial
de micas, quartzo, granada, estaurolita e cianita. Nos anfibolitos a hornblenda é o mineral que
caracteriza essa estrutura (figura 3.14-H).
51
Lineação mineral (Lm) dada pela orientação preferencial de anfibólios, cianitas, feldspatos e
micas, (figura 3.15-B) de direção E-W e atitude média de 100/15, subparalelas a eixos de dobras (Bn)
caracterizam lineações do tipo “b”.
Na região do rio Itamarandiba a lineação mineral (Lm) possui caimentos suaves para norte,
fazendo altos ângulos com o eixos de dobras (Bn) e é aqui interpretada como lineação do tipo “a”.
Esta hipótese baseia-se no fato de que ocorrem dois conjuntos de lineações de naturezas e orientações
ortogonais, com predominância para lineações do tipo “b” de baixo rake e orientação similar aos eixos
de dobras (Bn) (figura 3.17-B). As lineações do tipo “a”, de alto rake (down dip) indicaria a direção do
encurtamento tectônico (NNW-SSE).
A segunda fase (Fn+1) possui uma assembleia de estruturas onde se destaca uma clivagem de
crenulação (Sn+1) (figuras 3.14-D, 3.14-E, 3.14-G e 3.15-C) bastante recorrente nos xistos
peraluminosos, possui direção NW-SE com mergulhos que variam de 25°-80° para SW, posicionada
no plano-axial de dobras (Bn+1). A clivagem de crenulação nas rochas máficas é de carácter zonal,
perturba a foliação penetrativa (Sn) e possui mergulhos para WSW, contudo variações para ENE são
comuns. Quando observada em esacala microscópica, a clivagem (Sn+1) apresenta-se em bandas
discretas de espessura milimétrica (de 0,5 a 3,5 mm) e espaçamento variável entre 1 mm e 3 cm. São
formadas pela rotação passiva de micas e dissolução por pressão.
52
Figura 3.14: A) Estratificação cruzada acanalada de pequeno porte mostrando polaridade sedimentar invertida
(tangenciamento de topo). B) Dobras fechadas mostrando dobras da fase Fn e a posição plano axial da foliação
Sn. C) Sn+1 em posição plano axial às dobras da fase Fn+1. D) Relação entre a clivagem de crenulação (Sn+1) e as
dobras da fase Fn+1. E) Clivagem de crenulação (Sn+1) muito bem formada em xisto peraluminoso da Formação
Capelinha. F) Veio de quartzo paralelo à foliação Sn. A clivagem de crenulação Sn+1 se encontra em posição
plano axial em relação aos veios. G) Fotomicrofia de xisto aluminoso da unidade metapelítica da Formação
Capelinha evidenciando estruturas da fase Fn (Sn) e Fn+1 (Sn+1). H) Fotomicrografia de anfibolito da Formação
Capelinha. A foliação (Sn) é marcada por grandes critais de hornblenda (Hbl).
53
Figura 3.15: Estereogramas das estruturas de pequena escala relacionadas as fases de deformação F n e Fn + 1: A)
Estereograma sinóptico de contornos de igual área para a foliação(S n). B) Estereograma sinóptico de contornos
de igual área plotado para a lineação mineral (Lm). C) Estereograma sinóptico de contornos de igual área
plotado para a clivagem de crenulação (Sn+1). D) Estereograma sinóptico de contornos de igual área plotado para
a lineação de crenulação (Lc).
54
Figura 3.16: Seções litoestruturais da Faixa de Dobramentos Capelinha (CFB); vide mapa geológico da figura
3.2 para localização dos perfis.
55
Figura 3.17: A) Bloco diagrama representando as fases deformacionais Fn e Fn+1, as estruturas relacionadas e o
estilo estrutural. B) Estereograma plotado para as estruturas lineares de pequena escala relacionadas às fases de
deformação Fn e Fn + 1.
A terceira fase (Fn+2), de carácter dúctil-rúptil, tem ocorrência restrita, sendo marcada por uma
assembleia incipiente de estruturas mesoscópicas, e se manifesta principalmente como uma clivagem
espaçada (Sn+2) de direção NE com mergulhos suaves para NW ou ainda como dobras abertas de
dimensões métricas que apresentam eixo na direção N30E com caimentos em torno de 15º. O sistema
de descontinuidades rúpteis é constituído pelas direções N-S, E-W, NE-SW e subordinadamente NW-
SE. Esta última direção caracteriza-se por constituir fraturas de cisalhamento do tipo direcional com
cinemática dextral. Além disso, as direções N30W, NS e N40E exercem forte influência sobre o
modelado do relevo atual.
56
dobramentos que se deu durante a edificação do orógeno Araçuaí, com dois eventos metamórficos
associados (figura 3.19).
Na fase (Fn) ocorreu a nucleação sob um campo compressional N-S, de dobras fechadas a isoclinas
vergentes para sul (figura 3.17-A), e relacionadas a ela um metamorfismo Mn, de carácter dinamotermal,
responsável pelo desenvolvimento progressivo da foliação (Sn) (figura 3.18-F) em condições de fácies
anfibolito, com registro intenso em todos os litotipos. A distribuição espacial das paragêneses minerais
encontradas nos mica xistos e xistos peraluminosos caracterizam uma zoneografia metamórfica
Barrowiana clássica, com assembleias minerais de médio grau encontradas a leste e sul de Capelinha e
de baixo grau a oeste e norte.
Vários minerais index, como granada, estaurolita, cianita e sillimanita marcam a foliação
regional (Sn) (figuras 3.18-B, 3.18-C e 3.13-D) e por vezes os elementos lineares. A granada (figuras
3.18-C e 3.18-H) aparece em porfiroblastos arredondados, às vezes esqueletiformes (figura 3.18-H),
contendo inclusões de quartzo que foram provavelmente incorporadas pelo porfiroblasto durante o seu
crescimento, não sendo, portanto, formados pela alteração da granada. Em alguns casos, a disposição
das inclusões indica rotação do cristal durante a blastese. Os porfiroblastos mostram-se um tanto
achatados no plano da xistosidade, o que indica continuação do stress após o crescimento. Em
algumas amostras os porfiroblastos de granada foram substituídos e aparecem na forma de um
pseudomorfos limonitizados (figuras 3.18-B e 3.18-C). A presença de estaurolita junto à cianita (figura
3.18-C) corrobora um protólito pelítico rico em alumínio, que foi submetido a um metamorfismo
regional de pressão média (tipo Barrowiano). As microestruturas indicam que estes minerais são sin-
tectônicos em relação à fase de deformação que gerou a xistosidade (Sn), pois, assim como os
filossilicatos, estão orientados segundo a direção da foliação (figura 3.18-E). Estes minerais foram
afetados por reações retrometamórficas, atestadas pela substituição de granada e biotita por clorita.
57
mineral tende a desaparecer no grau mais alto, de acordo com a reação muscovita + quartzo →
ortoclásio + sillimanita (ou cianita) + H2O (Yardley, 2004).
A clivagem de crenulação (Sn+1) (figura 3.18-A) é dominada por paragênese mineral composta
por mica branca ± biotita ± clorita, pontualmente com presença de granada. Esta assembléia
mineralógica, estável em fácies xisto verde a anfibolito, caracterizaria o evento metamórfico M n+1,
possivelmente construído em níveis crustais menos profundos.
58
paralela à foliação metamórfica (Sn). F) Xisto composto majoritariamente por muscovita (Ms) + biotita (bt).
Esses minerais marcam a foliação metamórfica (Sn). G) Xisto aluminoso rico em silimanita (Sil), indicando
condições de mais alta temperatura no metarmofismo barrowiano. H) Porfiroblasto de granada sin-cinemática
(note a ocorrência de muscovita associada ao metamorfismo retrógrado). I) Textura granonematoblástica em
anfibolito. A foliação metamórfica (Sn) é marcada por hornblenda (Hbl) e plagioclásio (Pl).
Figura 3.19: Diagrama blastase mineral versus deformação (as linhas sólidas representam as fases minerais mais
frequentes).
3.5 - LITOQUÍMICA
59
líquidos basálticos, não foram encontrados impedimentos para a utilização dos diagramas
discriminantes e de classificação litoquímicos para as rochas anfibolíticas da área de estudo.
Tabela 3.1– Teores de elementos maiores (% peso), traços (ppm) e terras raras (ppm) para oito amostras de
anfibolito da região de Capelinha.
SiO2 wt.% 48.51 47.05 47.14 41.02 46.16 54.10 51.42 45.30
60
Nb 8.70 10.30 62.70 22.50 22.70 23.60 18.30 29.20
Para todas as amostras analisadas, SiO2, Fe2O3, MgO e CaO possuem conteúdos variando
entre 41,02 – 54,10 %, 10,71 – 15,99 %, 2,59 – 9,32 % e 7,82 – 19,07 % respectivamente.
Apoiando-se nas relações entre sílica e álcalis, segundo Le Maitre (1989), grande parte dos
anfibolitos analisados plotam no campo dos basaltos (figura 3.20), sendo que as amostras CM-96B,
61
CP47-2 e QG-06 possuem menores teores de Na e K, ficando fora desse campo. A amostra CP-01
plota no campo dos picrobasaltos devido ao seu baixo teor de SiO2 (41,02%) e Na2O + K2O (0,29%).
A petrografia microscópica da amostra CP47-1 revela certa abundância de quartzo fora da paragênese,
preenchendo fraturas e em agregados poligonais monocristalinos, o que pode explicar a sua
localização no campo do andesito basáltico (maior teor de SiO2).
Figura 3.20: Diagrama TAS (Álcalis total versus sílica) de Le Maitre (1989).
Figura 3.21: A) Diagrama Álcalis versus Sílica de Irvine e Baragar (1971) com o limite entre os campos
alcalino e subalcalino. B) Diagrama AFM (Álcalis, FeO e MgO) de Irvine e Baragar (1971).
62
Os resultados analíticos obtidos mostram que os anfibolitos têm composição exclusivamente
básica (41,02% - 54,10% de SiO2- Tabela 3.1) e as correlações positivas entre FeOt/TiO2 - FeOt/MgO,
bem como os valores de Nb/Y (0,55-2,58), indicam que as rochas originais corresponderiam a
basaltos/doleritos (não orogênicos) de natureza toleítica. O trend progressivo de enriquecimento em
ferro com a diferenciação é uma das características diagnósticas de magmas da série toleítica (Dias
Neto et al., 2009).
Para o diagrama MgO-FeOt-Al2O3 de Pearce (1977) grande parte das amostras plotam no
campo dos basaltos continentais (figura 3.22-B). As amostras CM-96B e CP-01 possuem tendência
para ilhas de centro de espalhamento e a amostra 4.66 para crosta oceânica - as primeiras por
apresentarem valores mais baixos de MgO e mais altos de Al2O3 em relação às demais amostras.
Figura 3.22: A) Diagrama discriminatório de basaltos baseado nas variações de Zr/Y-Y. Pearce &
Cann (1973). B) Diagrama de classificação de basaltos segundo as proporções de FeOt-MgO-Al2O3 (Pearce et
al., 1977). 1) Centro de espalhamento oceânico; 2) Orogênico; 3) Assoalho e crosta oceânica; 4) Ilhas oceânicas;
5) Continental. C) Diagrama para classificação de basaltos Segundo os parâmetros Nb*2-Zr/4-Y. Meschede
(1986). D) A) Diagrama Th-Ta-Hf para basaltos (Wood, 1980). A) N-MORB; B) E-MORB e toleítos intra-placa;
C) Basaltos alcalinos intra-placa; D) Basaltos de arco vulcânico.
63
As amostras de anfibolitos podem ser classificadas com base na razão Ti/Zr, devido à baixa
mobilidade desses elementos durante a alteração e metamorfismo de grau baixo, bem como a pequena
variação da razão durante a fusão parcial e formação dos líquidos basálticos (Silva et al. 1995). As
amostras apresentam valores bastante homogêneos, entre 93.45 – 111.99, sugerindo manto
enriquecido como fontes similares às que originaram os basaltos continentais.
A assinatura dos elementos terras raras (ETR) é também importante para inferir o ambiente
geotectônico de formação dos protólitos dos anfibolitos. Os ETR são relevantes no estudo de rochas
ígneas por apresentarem comportamento semelhante ou inerente à fonte magmática durante processos
de fusão parcial ou mistura de magmas e por permanecerem relativamente imóveis durante o
metamorfismo regional (Henderson 1984). As curvas de elementos terras raras dos anfibolitos,
normalizados em relação ao condrito (dados originais de Evensen et al., 1978), são muito semelhantes
entre si (figura 3.23-B). Todas as amostras apresentam fracionamento similar no padrão ETR,
ocorrendo moderada inclinação para a direita, com enriquecimento em terras raras leves e depleção em
terras raras pesados (LaN/YbN = 4,67 – 10,63) (figuras 3.23-A 3.23-B). As anomalias de európio são
levemente positivas (Eu/Eu* = 1.00 - 1.19), sugerindo acumulação de plagioclásio. O somatório dos
elementos terras raras é alto (ETR = 110,54 – 258,73) (figura 3.24 e tabela 3.1). Estas características
revelam rochas pouco diferenciadas e que se enquadram no padrão de basalto intra-placa continental
(Dupuy e Dostal, 1984).
64
Figura 3.23: A) Diagrama de elementos terras raras para as amostras de anfibolito da região de Capelinha
normalizadas segundo o E-MORB (Sun & McDonough, 1989). B) Diagrama de elementos terras raras para as
amostras de anfibolito da região de Capelinha normalizadas segundo o condrito (Evensen, 1978) e comparação
com os basaltos Gangila (Tack et al. 2001). C) Spidergrama de elementos traço para as amostras de anfibolito da
região de Capelinha de acordo com o padrão MORB (Pearce, 1983). Comparação com a média de várias
privíncias basálticas continentais (CFB) Thompson et al. (1983) e a média dos basaltos Gangila (Tack et al.
2001).
A amostra de anfibolito GQ-06 foi coletada em exposição natural na estrada que interliga as
cidades de Capelinha e Novo Cruzeiro, nas proximidades da confluência entre o rio Fanado e o
ribeirão Fanadinho. As amostras CP-01B e CP-03B foram obtidas em exposição rochosa na localidade
do “Campo do Boa”, a noroeste do município de Capelinha e a amostra CM-96B foi coletada no leito
do rio Fanado a leste de Capelinha (figura 3.2).
65
Tabela 3. 2– Dados isotópicos Sm-Nd para amostras de anfibolito de Capelinha.
147
Amostra Sm (ppm) Nd (ppm) Sm/144Nd 143
Nd/144Nd TDM (Ga) εNd (0) εNd (957)
Os dados Sm-Nd da análise de rocha total das amostras estudadas são: Sm = entre 5,96 e
147
10,66; Nd = entre 24,45 e 54,55; Sm/144Nd = entre 0,118 e 0,147 e 143
Nd/144Nd = entre 0,5119 e
0,5123. Estes dados fornecem idades-modelo entre 1,4 e 1,7 Ga, indicando um intervalo máximo de
idade para a cristalização dos protólitos magmáticos das amostras analisadas. Os valores negativos e
levemente positivos do parâmetro εNd indicam que o magma basáltico atravessou crosta continental
147
relativamente espessa. Os baixos valores de Sm/144Nd (< 0,170) encontrados para todas as amostras
(tabela 3.2), indicam enriquecimento nos padrões de distribuição dos elementos terras raras leves, o
que é corroborado pelas análises geoquímicas. A variabilidade geoquímica, bem como os baixos
143
valores para os isótopos Nd/144Nd (0,11959-0,512327) das amostras podem refletir um processo de
metassomatismo no manto enriquecido, ou ainda a heterogeneidade da fonte mantélica (Zindler &
Hart 1986).
Este item apresenta estudos geocronológicos pelo método U-Pb LA-ICP-MS realizados no
Laboratório de Geocronologia da Universidade de Brasília (UnB), sobre amostras de rocha
metassedimentares e metamáficas da região de Capelinha. A medotologia analítica encontra-se
sumarizada no item 1.5.3.2.1. Os estudos geocronológicos expostos visam a obtenção das seguintes
idade;
66
3.7.1 - Resultados U-Pb para rochas metamáficas de Capelinha
Para a amostra CP-01B foram datados 60 grãos (Anexo 1) com morfologias diversas e eixo
maior em torno de 200 μm, podendo alcançar 350 μm nos zircões de geometria mais alongada (figura
3.24). Os zircões deste anfibolito encontram-se bem preservados apesar de ainda, ocasionalmente,
mostrar alguma fluidização. De maneira geral são zircões zonados, tipicamente de origem ígnea,
conforme indicado por suas razões 232Th/238U relativamente altas (Anexo 1).
A amostra CP-01B apresenta uma gama de zircões herdados com idades variadas. Idades
Arqueanas foram encontradas em quatro grãos de zircão de geometria arredondada, representando
6,6% dos grãos analisados e mostram um intervalo de idades compreendido entre 3391 Ma a 2622 Ma.
Grande parte dos grãos de zircão (cerca de 35%) mostram idades Paleoproterozóicas que variam de
2375 Ma a 1664 Ma com a grande maioria dos grãos datando do período Orosiriano até o limiar com o
período Estateriano. Idades mesozóicas foram encontradas em 21 grãos de zircão e variam de 1580 Ma
a 1061 Ma, sendo a grande maioria representativa dos períodos Calimiano e Ectasiano.
A população mais jovem e mais importante para este trabalho inclui cristais de zircões
subédricos, às vezes euédricos que revelaram idades Tonianas variando de 906 Ma a 1018 Ma,
indicando uma idade concordante de cristalização dos protólitos dos anfibolitos de 957±14 Ma, obtida
a partir de 12 spots (20% dos grãos estudados) (figura 3.25-A; Anexo 1), um em cada grão de zircão,
com discordâncias abaixo de 5%, variando de -2 a 2%. O erro individual na leitura das razões foi
inferior a 9%.
Os zircões da amostra CP-03B são, normalmente esponjosos, claramente afetados por algum
204
tipo de fluidização associada ao próprio metamorfismo. São zircões com alto teor de Pb comum,
portanto com dificuldades para se determinar a idade de cristalização. A maioria dos grãos não
ultrapassam os 200 μm e mostram uma recristalização nas bordas, ou seja, são grãos cujos núcleos são
mais antigos (figura 3.24).
Os dados U-Pb revelaram um evento metamórfico impresso nos cristais de zircão dessa
amostra de anfibolito da região de Capelinha. Foram datados 20 grãos (Anexo 2.1) e a partir de quatro
206
se obteve uma idade Pb/238U de 576 ± 13 Ma (figura 3.25-B), sendo que um desses grãos mostra
uma razão 232Th/238U de 0.01.
67
Foram também datados 16 grãos de titanitas (Anexo 2.2) que se estruturam de forma alongada
na direção da foliação metamórfica regional (Sn). Desses, 13 grãos foram utilizados para se obter uma
idade de metamorfismo de 569 ± 26 Ma (figura 3.25-C).
Figura 3.24: Imagem de Catodoluminescência (CL) dos grãos de zircão representativos das rochas metamáficas
de Capelinha (amostras CP-01B e CP-03B).
68
Figura 3.25: Diagramas Concordia: A) Anfibolito Capelinha (amostra CP-01B). Idade de cristalização
magmática. B) Anfibolito Capelinha (amostra CP-03B). Metamorfismo Neoproterozóico. C) Anfibolito
Capelinha (amostra CP-03B). Metamorfismo Neoproterozóico por análises em titanitas.
Foram datados 90 grãos (Anexo 3), dos quais 84 foram responsáveis pelo tratamento
estatístico. A contribuição dos zircões desta rocha é muito variada, desde Neoarqueana,
Paleoproterozóica até Mesoproterozóica. Os zircões foram separados por idade ou intervalos de idade,
sendo agrupados em cinco populações: 57% (949 ± 12 Ma), 20% (1470 ± 15 Ma), 15% (1761 ± 20
Ma), 7% (1979 ± 42 Ma) e 1% (2740 Ma) (figura 3.27-A).
69
O conjunto de idades mais jovem (ca. 949 Ma) é o mais importante no contexto deste trabalho,
pois define a idade máxima de sedimentação da Formação Capelinha.
Foram datados 90 grãos (Anexo 4), dos quais 88 grãos foram responsáveis pelo tratamento
estatístico. Os zircões foram separados por idade ou intervalos de idade, sendo agrupados em seis
populações que revelaram idades variadas, desde Paleoarqueanas, Paleoproterozóicas e
Mesoproterozóicas: 46% (974 ± 10 Ma), 22% (1382 ± 14 Ma), 17% (1900 ± 16 Ma), 1% (2550 Ma),
11% (2619 ± 20 Ma) e 3% (3274 ± 45 Ma) (figura 3.27-B).
A idade Toniana de 974 ± 10 Ma é a mais importante no contexto desse trabalho, pois indica a
idade máxima de deposição para os sedimentos que deram origem ao quartzito feldspático da
Formação Capelinha (figura 3.27-B).
A maioria dos cristais de zircão desse quartzito pouco micáceo mostram-se como grãos pouco
a medianamente arredondados, evidenciando seu caráter detrítico (figura 3.26). Todos os cristais são
232
de origem magmática, como indicado por suas razões Th/238U relativamente altas, variando entre
0,30 e 2,41 (Anexo 5). Os zircões foram separados por idade ou intervalos de idade, sendo agrupados
em seis populações: 16% (1189 ± 9 Ma), 5% (1567 ± 16 Ma), 15% (1873 ± 12 Ma), 36% (1990 ± 6
Ma), 24% (2129 ± 10 Ma) e 4% (2706 ± 29 Ma) (figura 3.27-C).
O conjunto de idades mais jovem (ca. 1,18 Ga) (figura 3.27-C) é o mais importante no
contexto desta amostra, pois sugere uma idade máxima de deposição para os sedimentos que deram
origem ao quartzito micáceo da Formação Capelinha.
Os zircões deste xisto granatífero possuem geometria normalmente arredondada, com algum
204
sinal de fluidização (figura 3.26). Tem-se para essa amostra muitos zircões com alto Pb comum,
eliminando assim, muitos dos grãos analisados. Normalmente são zircões equidimensionais ou
prismáticos, sendo observados com certa frequência zircões com núcleo herdado (figura 3.26).
70
Foram datados 90 grãos (Anexo 6), dos quais 51 deles foram responsáveis pelo tratamento
estatístico que evidencia uma idade máxima de deposição em 1123 ± 26 Ma (12% dos zircões
analisados) (figura 3.27-D).
71
Figura 3.26: Imagens de catodoluminescência (CL) (amostras CP-01C, CP-02B e CP-12B) e Microscopia
Eletrônica de Varredura (MEV) (amostra AT-31) dos grãos de zircão das rochas metassedimentares da
Formação Capelinha.
72
Figura 3.27: Histogramas de freqüência mostrando dados de idade U-Pb em amostras de rochas
metasedimentares da Formação Capelinha. Unidade metapsamítica (amostras CP-01C, CP-02B e AT-31) e
unidade metapelítica (amostra CP-12B).
73
74
CAPÍTULO 4
A FORMAÇÃO CAPELINHA REDEFINIDA COMO UNIDADE BASAL DO GRUPO
MACAÚBAS
MACAÚBAS GROUP
Marco Paulo de Castro1, Gláucia Queiroga1, Maximiliano Martins1, Antônio Carlos Pedrosa Soares2,
Fernando Flecha Alkmim1, Ivo Dussin3
maximilianomartins@yahoo.com.br, ffalkmim@gmail.com
2 – UFMG-IGC-CPMTC. pedrosa@gmail.com
3 – UERJ-LGPA. ivodusin@yahoo.com.br
Resumo: A Formação Capelinha, na sua área-tipo, é redefinida como uma unidade basal do Grupo
Macaúbas em Minas Gerais. Caracteriza-se por uma unidade inferior composta por quartzito puro a
micáceo, os quais encerram corpos concordantes de anfibolito, e uma unidade superior dominada por
mica xisto peraluminoso. Estudos isotópicos U-Pb em zircão indicam idade de 957Ma para os corpos
metamáficos intercalados na sua unidade inferior e permitem interpretar a Formação Capelinha como
um sucessão metavulcanosedimentar acumulada durante a fase rifte inicial (toniana) da bacia
Macaúbas em sua porção mais oriental.
Abstract. We focus on a key area of the Macaúbas Group, where the Capelinha Formation includes a
lower quartzitic with metamafic lenses unit and an upper metapelitic sequence. The first U-Pb
geochronological characterization of the metamafic rocks constraints magmatic crystallization at
75
957Ma, providing solid evidence of an Early Tonian rifting event in this region and suggesting a
lateral equivalence with the basal units of the Macaúbas Group.
INTRODUÇÃO
O Grupo Macaúbas (Moraes, 1932), tal como descrito por Noce et al. (1993) e consideradas as
modificações propostas por Pedrosa-Soares et al. (2011) e Babinski et al. (2012), tem como zonas
principais de ocorrência a Serra do Espinhaço Meridional e os vales do Jequitinhonha, Araçuaí e Rio
Pardo no Estado de Minas Gerais. Estas regiões expõem a zona orogênica brasiliana da Faixa Araçuaí,
a qual representa o domínio externo do orógeno homônimo (Pedrosa Soares et al., 2011). O Grupo
Macaúbas é composto por oito formações (figura 4.1) que registram todas as fases de desenvolvimento
de uma bacia de margem passiva no intervalo compreendido entre os períodos Toniano e Criogeniano
(Pedrosa Soares et al., 2011). Influenciada em boa parte de sua história por episódios glaciais, a bacia
Macaúbas é interpretada como precursora do Orógeno Araçuaí (Pedrosa Soares et al., 2008).
As formações Matão, Duas Barras e Rio Peixe Bravo da porção basal do Grupo Macaúbas
contêm depósitos pré-glaciais que registram o estabelecimento de um sistema rifte em ambiente
continental a marinho raso. As formações Serra do Catuni, Nova Aurora e a porção inferior da
Formação Chapada Acauã representam o estágio de margem passiva, cuja evolução se deu sob
influência glacial (figura 4.1) (Pedrosa-Soares et al., 2011). As manifestações magmáticas das fases
rifte e de margem passiva, respectivamente, são representadas por diques de composição gabróica e
por xistos verdes metabasálticos (Babinski et al., 2012 e referências). A distribuição espacial destes
metabasitos marca o eixo termal da bacia Macaúbas, o qual se estende ao longo do meridiano
43°30’W por aproximadamente 100km. A porção superior da Formação Chapada Acauã contém os
depósitos proximais da bacia de margem passiva. Os seus tratos distais estariam representados na
Formação Ribeirão da Folha (Pedrosa-Soares et al., 2011).
A Formação Capelinha, de acordo com a definição original de Grossi Sad et al. (1993), foi
posicionada no topo do Grupo Macaúbas, sendo composta pelo membro inferior, formado por
protoquartzito micáceo, ferruginoso, feldspático e/ou grafitoso, intercalado com quartzo-mica xisto, e
pelo membro superior, constituído predominantemente por ortoquartzito laminado e localmente por
quartzito ferruginoso e/ou micáceo e/ou feldspático, com metabasitos na base do pacote.
Alvo de diversos questionamentos quanto ao seu posicionamento estratigráfico e significados
paleo-ambiental e tectônico (vide Pedrosa-Soares et al., 2007), a Formação Capelinha foi investigada
em detalhe na sua área-tipo, na região da cidade homônima em Minas Gerais (Castro, 2014). Os
76
resultados obtidos indicaram, em primeira instância, a necessidade de uma redefinição estratigráfica
desta unidade, conforme estipulado pelo “Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica” (Petri et
al., 1986), o que é feito no presente trabalho.
Figura 4.1: Mapa geológico de parte do Orógeno Araçuaí que mostra a distribuição do Grupo Macaúbas
(modificado de Pedrosa-Soares et al., 2011).
77
complexas e, devido à ação da deformação e metamorfismo regional nas condições da fácies
anfibolito, a maioria das características dos seus protólitos foi perdida.
A Formação Capelinha ocupa uma área de aproximadamente 900km2, situada entre as
coordenadas 17°30’e 17°45’Lat S e 42°45’ e 42°15’Long W. Nesta região, os seus litotipos descrevem
em mapa uma trajetória curvilínea com a concavidade voltada para sudeste, que é a expressão de um
antiforme invertido, de traço axial WNW-ESE e vergente para sul.
A seção geológica que melhor caracteriza a Formação Capelinha pode ser observada a leste da
cidade homônima, ao longo do ribeirão Fanadinho e a partir da confluência deste com o rio Fanado
(perfil A-A´, figuras 4.2 e 4.3). A Formação Capelinha é aqui dividida em duas unidades informais:
78
uma inferior, predominantemente metapsamítica, e outra superior, dominantemente metapelítica
(figuras 4.2 e 4.3). Ambas as unidades são cortadas por granitos e pegmatitos da Suíte Mangabeiras
(figura 4.2) atribuída à Suíte G4 de Pedrosa Soares et al. (2007).
As seções B-B´, C-C´e D-D´ representam as colunas de detalhe que tipificam partes das
unidade inferior (B-B´) e superior (C-C´ e D-D´) nas regiões do Campo do Boa (B-B´) e córrego Santa
Catarina (D-D´), próximas ao distrito de São Caetano, e na estrada de terra que liga Capelinha ao
distrito de Ponte Nova (C-C´) (figuras 4.2 e 4.3).
A unidade inferior aflora no núcleo do antiforme invertido, não sendo observável seu contato
de base com as rochas gnáissicas do Complexo Guanhães. Essa unidade é constituída por uma
79
alternância entre quartzito puro e micáceo e rochas metamáficas e, subordinadamente, por muscovita-
biotita xisto, xisto carbonoso, metagrauvaca e raro quartzito ferruginoso.
O litotipo dominante da unidade inferior é um quartzito puro (figura 4.4-A), que constitui um
pacote com espessura superior a 500m (figuras 4.2 e 4.3). As melhores exposições estão nas
adjacências do rio Fanado e ribeirão Fanadinho, onde se estruturam nos núcleos de sinformes e
antiformes abertos. A assembleia mineralógica inclui quartzo (93-97%), opacos (1-5%) e sericita (0-
2%). Três determinações geocronológicas pelo método U-Pb LA-ICP-MS nos quartzitos dessa
unidade indicam idade máxima de sedimentação em torno de 970Ma (para dados completos, vide
Castro, 2014).
Figura 4.4: A) Quartzito micáceo da unidade inferior. B) Contato entre quartzito micáceo da unidade
inferior com rocha metamáfica da mesma unidade. C) Detalhe da rocha metamáfica. D) Xisto peraluminoso da
unidade superior.
Figura 4.5: Diagrama concórdia para o anfibolito CP01B da unidade inferior da Formação Capelinha.
A unidade superior está em contato direto com o Complexo Guanhães na porção sul da área
através de uma zona de cisalhamento normal destral, localmente associada a um hidrotermalito
silicoso (seção A-A´, figura 4.3). A unidade superior é constituída predominantemente por um pacote
de xisto peraluminoso (figura 4.4-D) com algumas intercalações de quartzito micáceo, rocha
calcissilicática e xisto carbonoso, totalizando 1300m de espessura. O contato entre as unidades inferior
e superior é transicional nas porções sul e oeste da área (seção C-C´, figura 4.3), marcada pela
interdigitação entre os quartzitos puros e quartzitos micáceos da unidade inferior aos mica xistos e
xistos carbonosos da unidade superior. Na porção norte, a unidade superior sobrepõe a unidade
inferior por contato brusco, sendo constituída por um pacote de xisto peraluminoso de cerca de 200m
de espessura, composto por quartzo, biotita, granada e estaurolita, às vezes cianita (seção D-D´, figura
4.3). A seção é completada por um conjunto composto por uma fina camada de quartzito rico em
biotita e outro pacote de xisto peraluminoso com intercalações espessas de quartzito rico em biotita e
raros níveis de rocha calcissilicática, totalizando cerca de 600m de espessura.
81
O xisto peraluminoso, litotipo predominante da unidade superior, é composto por muscovita
(25-30%), quartzo (25-30%), biotita (15-20%), plagioclásio (0-10%), e porfiroblastos de granada (1-
5%), cianita (1-3%) e estaurolita (0-3%). Uma determinação geocronológica pelo método U-Pb LA-
ICP-MS em zircões detríticos indicou para esta unidade uma idade máxima de sedimentação em torno
de 1123Ma (Castro et al., 2013).
CONCLUSÕES
Agradecimentos
Referências Bibliográficas
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inédito.
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83
84
CAPÍTULO 5
DISCUSSÕES
85
sedimentos para essas unidades. As idades Paleoproterozóicas são correlacionáveis com as datações de
2,18-2,04 Ga (Silva et al., 2002; Noce et al., 2007), 2,13-2,08 Ga (Noce et al., 2007) e 2,05 Ga (Rosa
et al., 2000) obtidas para os complexos gnáissicos Mantiqueira e Juiz de Fora e para um Sienito
correlato ao Complexo Porteirinha, respectivamente. O grande montante de zircões com essas idades
se deve ao volumoso magmatismo produzido durante a Orogenia Transamazônica, responsável por
formar boa parte das rochas que compõem o embasamento do orógeno Araçuaí. As idades em torno de
1700 Ma, encontradas nas amostras CP-01C (unidade metapsamítica) e CP-12B (unidade
metapelítica), sugerem uma fonte de sedimentos localizada a sul da Faixa de Dobramentos Capelinha,
possivelmente associada aos corpos graníticos da Suíte Borrachudos (1740 ± 8 a 1670 ± 32 Ma; Silva
et al., 2002; Chemale Jr. et al., 1997) que estão alojados no Complexo Guanhães e que representam a
abertura da bacia Espinhaço inferior (Chemale Jr. et al., 2012) no período Estateriano. A população de
zircões com idade de ca. 1,56 Ga da amostra AT-31 (unidade metapsamítica) pode estar associada ao
magmatismo félsico da Formação Bomba (Grupo Pajeú), documentado por Danderfer et al. (2009) na
Chapada Diamantina e relacionado à abertura da bacia Espinhaço intermediária (Chemale Jr. et al.,
2012). O conjunto de idades em torno de 1,2 Ga, obtidos em zircões extraídos das amostras AT-31
(1189 ± 9 Ma) e CP-12B (1123 ± 26 Ma) aproximam-se dos valores obtidos por Chemale Jr. et al,
(2012) em metaconglomerado de matriz tufácea da seção basal da Formação Sopa-Brumadinho, com
pico em 1192 Ma, e que foram definitivos para elucidar uma idade Esteniana-Toniana para a porção
superior da Bacia Espinhaço, temporalmente concomitante com o Ciclo Grenviliano. O conjunto de
idades mais jovens, englobado no intervalo entre 970 e 949 Ma, balizam a idade máxima de
sedimentação da Formação Capelinha.
86
magmática do anfibolito, obtida para a amostra CP-01B (957±14 Ma), sugere um magmatismo
sinsedimentar (figuras 5.1 e 5.2), gerado em ambiente continental intra-placa e contemporâneo ao
estágio de rifteamento (figura 5.1) que levou à abertura da bacia Macaúbas no período Toniano,
semelhante ao que foi descrito para o conjunto de rochas metamáficas do domínio externo do Orógeno
Araçuaí (Uhlein, 1991; Gradim et al. 2005; Martins, 2006) e similar ao magmatismo Gangila, descrito
na porção central da Faixa Oeste Congolesa (Tack et al., 2001) (figura 5.1). Na República
Democrática do Congo foram descritos anfibolitos que se equivalem lateralmente aos basaltos Gangila
(Kampunzu et al., 1991) e que ocorrem intercalados aos quartzitos “Bikossi”, semelhantemente ao que
aflora na região de Capelinha, onde os corpos tabulares de anfibolito se intercalam aos quartzitos
basais da formação homônima.
Figura 5.1: Modelo esquemático que ilustra o cenário do rifte assimétrico continental onde foram depositados os
sedimentos e onde se formaram os protólitos das rochas metamáficas da Formação Capelinha.
Com base no cenário exposto, pode-se dizer que a deposição dos sedimentos intrínsecos à
Formação Capelinha relaciona-se a um sistema do tipo rifte que se estabeleceu diretamente sobre o
embasamento Arqueano representado regionalmente pelo Bloco de Guanhães. Levando-se em conta os
dados litológicos, as idades de cristalização magmática e os espectros de idades obtidos em zircões
detríticos, a Formação Capelinha do Grupo Macaúbas, anteriormente relacionada ao fechamento da
87
bacia homônima por Pedrosa-Soares (1995, 1997) e como o registro da sedimentação sin-orogênica do
orógeno Araçuaí (Pedrosa-Soares et al., 2007), pode ser correlacionada às formações Matão e Duas
Barras (figura 5.2), representantes da sedimentação proximal em ambiente rifte (Noce et al., 1997;
Uhlein et al., 1998, 2007; Martins-Neto et al., 2001; Martins 2006; Martins et al., 2008; Pedrosa-
Soares et al., 2008), com a Formação Capelinha se equivalendo lateralmente como representante da
sedimentação distal (figuras 5.1 e 5.2). Além disso, embora não existam dados abundantes de grãos de
zircão detríticos extraídos de rochas das formações Matão e Duas Barras, as idades de 1161 ± 23 Ma
(Martins et al., 2008) e 900 ± 21 Ma (Babinski et al., 2011), representam as respectivas idades
máximas de deposição para as referidas formações, sendo cronocorrelatas às idades obtidas para os
zircões detríticos das rochas metassedimentares da região de Capelinha (intervalo entre 1180 e 949
Ma). Portanto, sugere-se neste trabalho a redefinição estratigráfica da Formação Capelinha (vide artigo
submetido no capítulo 4) e a inclusão da referida formação na base da coluna do Grupo Macaúbas
(figura 5.2).
Figura 5.2: Coluna estratigráfica do Grupo Macaúbas com a inclusão da Formação Capelinha na base.
Modificado de Pedrosa-Soares et al. (2008, 2011).
88
CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES
Com base nos dados e resultados obtidos nessa dissertação de mestrado, pode-se concluir que:
A Formação Capelinha apresenta uma extensão territorial muito mais abrangente do que
postulada na sua definição original, sendo composta por duas unidades: uma inferior,
predominantemente metapsamítica, e outra superior, dominantemente metapelítica. A unidade inferior
é constituída por uma alternância entre quartzito puro e micáceo e rochas metamáficas,
subordinadamente, por muscovita-biotita xisto, xisto carbonoso, metagrauvaca e raro quartzito
ferruginoso. Três determinações geocronológicas pelo método U-Pb LA-ICP-MS nos quartzitos dessa
unidade indicam idade máxima de sedimentação em torno de 970Ma.
As rochas metamáficas da unidade inferior intercalam-se aos quartzitos em todas as
exposições, possuindo contatos abruptos com os metassedimentos sotopostos ou sobrepostos. São
representadas por corpos de geometria tabular, com granulação variável de fina à média, possuindo
espessuras que ultrapassam os 150m. Trata-se de anfibolitos maciços a fortemente foliados,
localmente bandados, compostos por plagioclásio e hornblenda, com rutilo, quartzo, titanita e epidoto
como acessórios comuns.
A assinatura geoquímica das rochas metamáficas de Capelinha revela composição basáltica e
afinidade toleítica, com geração em ambiente continental intraplaca com enriquecimento em ETR
leves e pequenas anomalias positivas de Eu.
Os valores negativos e levemente positivos do parâmetro εNd indicam que o magma basáltico
147
atravessou crosta continental relativamente espessa. Os baixos valores de Sm/144Nd encontrados
para todas as amostras, indicam enriquecimento nos padrões de distribuição dos elementos terras raras
leves, o que é corroborado pelas análises geoquímicas.
89
A unidade superior é constituída predominantemente por um pacote de xisto peraluminoso
com algumas intercalações de quartzito micáceo, rocha calcissilicática e xisto carbonoso. O contato
entre as unidades inferior e superior é transicional, marcada pela interdigitação entre os quartzitos
puros e quartzitos micáceos da unidade inferior aos mica xistos e xistos carbonosos da unidade
superior. O xisto peraluminoso, litotipo predominante da unidade superior, é composto por muscovita,
quartzo, biotita, plagioclásio, e porfiroblastos de granada, cianita e estaurolita.
A evolução estrutural da Faixa de Dobramentos Capelinha (FDC) resulta da sucessão de três
fases de deformação. A primeira fase deformacional (Fn) se manifesta em todos os litotipos, e foi
responsável pela geração da foliação (Sn) e da lineação mineral (Lm) subparalelas a eixos de dobras
(Bn). A segunda fase (Fn+1) possui uma assembleia de estruturas onde se destaca uma clivagem de
crenulação (Sn+1) e uma lineação de crenulação (Lc). Essa última se associa as cristas das microdobras
(Bn+1). A terceira fase (Fn+2), de carácter dúctil-rúptil, tem ocorrência restrita, e se manifesta
principalmente como uma clivagem espaçada (Sn+2).
Na fase (Fn) ocorreu a nucleação sob um campo compressional N-S, de dobras fechadas a isoclinas
vergentes para sul e relacionadas a ela um metamorfismo Mn, de carácter dinamotermal, responsável pelo
desenvolvimento progressivo da foliação (Sn) em condições de fácies anfibolito, com registro intenso
nos xistos peraluminosos, com a paragênese: quartzo + biotita +muscovita + granada ± estaurolita ±
cianita ± sillimanita ± minerais opacos. A distribuição espacial das paragêneses minerais encontradas
nos xistos peraluminosos caracterizam uma zoneografia metamórfica Barrowiana clássica, com
assembleias minerais de médio grau encontradas a leste e sul de Capelinha e de baixo grau a oeste e
norte. A paragênese sintectônica verificada nas rochas metamáficas - hornblenda + plagioclásio +
epidoto ± quartzo ± titanita ± minerais opacos ± rutilo ± clorita ± apatita – aliadas à presença de
hornblenda nas rochas calcissilicáticas distinguem, de fato, assembléias mineralógicas de fácies
anfibolito.
A deposição dos sedimentos que originaram a Formação Capelinha se deu em um cenário do
tipo rifte, como equivalente da sedimentação distal, relacionada às formações Matão e Duas Barras
que foram depositadas em ambiente proximal
90
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100
Anexos
101
Anexo 1: Sumário dos dados geocronológicos U-Pb LA-ICP-MS em zircão magmático para a amostra CP-01B.
Anexo 2.1: Sumário dos dados geocronológicos U-Pb LA-ICP-MS em zircão magmático para a amostra CP-03B.
Anexo 3: Sumário dos dados geocronológicos U-Pb LA-ICP-MS em zircão detrítico para a amostra CP-01C.
105
078-Z64 4,40868 1,26 0,29868 0,66 0,53 0,10705 1,07 1685 11 1714 22 1750 19 4 0,0008 1697 18 118,8 210,8 70,5 0,57
079-Z65 1,63172 5,50 0,16523 3,80 0,69 0,07163 3,98 986 37 983 54 975 39 -1 0,0036 984 64 42,6 63,5 10,5 0,68
080-Z66 3,87443 1,46 0,28172 0,71 0,48 0,09974 1,28 1600 11 1608 24 1619 21 1 0,0016 1603 19 204,9 638,1 154,5 0,32
081-Z67 1,39573 5,27 0,14494 3,69 0,70 0,06984 3,76 873 32 887 47 924 35 6 0,0016 879 57 64,3 111,4 18,4 0,58
082-Z68 1,51710 6,86 0,15563 4,86 0,71 0,07070 4,85 932 45 937 64 949 46 2 0,0089 935 78 30,2 43,1 6,2 0,71
083-Z69 4,56124 2,63 0,30375 2,07 0,79 0,10891 1,62 1710 35 1742 46 1781 29 4 0,0020 1747 43 42,2 56,5 19,2 0,75
084-Z70 1,45430 3,41 0,15140 2,37 0,69 0,06967 2,45 909 22 912 31 919 23 1 0,0038 910 37 116,0 139,1 21,8 0,84
087-Z71 3,12693 1,13 0,24298 0,65 0,57 0,09334 0,93 1402 9 1439 16 1495 14 6 0,0036 1495 35 243,4 503,3 129,8 0,49
089-Z73 1,59255 4,93 0,16114 3,98 0,81 0,07168 2,91 963 38 967 48 977 28 1 0,0029 967 61 40,9 48,5 10,5 0,85
090-Z74 3,33304 1,78 0,25643 1,38 0,78 0,09427 1,12 1472 20 1489 27 1514 17 3 0,0018 1489 28 246,8 425,0 127,0 0,58
091-Z75 1,53682 5,28 0,15692 1,80 0,34 0,07103 4,97 940 17 945 50 958 48 2 0,0031 940 31 53,3 45,3 10,1 1,18
092-Z76 5,00355 2,66 0,32483 1,55 0,58 0,11172 2,17 1813 28 1820 48 1828 40 1 0,0011 1817 42 75,5 116,1 39,2 0,65
094-Z78 3,59253 1,18 0,26607 0,54 0,46 0,09793 1,05 1521 8 1548 18 1585 17 4 0,0017 1528 14 77,1 182,0 60,8 0,43
095-Z79 1,74789 1,50 0,16379 0,78 0,52 0,07740 1,28 978 8 1026 15 1131 15 14 0,0026 1131 51 56,3 465,3 82,3 0,12
099-Z81 2,79046 3,74 0,23494 3,33 0,89 0,08614 1,70 1360 45 1353 51 1341 23 -1 0,0011 1349 51 51,5 82,0 29,0 0,63
100-Z82 1,96283 3,55 0,18387 3,23 0,91 0,07742 1,47 1088 35 1103 39 1132 17 4 0,0009 1112 43 164,0 317,7 91,2 0,52
101-Z83 1,52027 4,51 0,15785 4,09 0,91 0,06985 1,91 945 39 939 42 924 18 -2 0,0018 935 53 83,7 73,0 18,4 1,15
102-Z84 1,45043 3,38 0,14943 0,94 0,28 0,07040 3,25 898 8 910 31 940 31 4 0,0019 898 16 65,7 51,6 12,4 1,28
104-Z86 1,53431 7,02 0,15541 5,40 0,77 0,07160 4,48 931 50 944 66 975 44 4 0,0046 940 84 16,5 26,5 6,3 0,63
105-Z87 1,51973 7,96 0,15608 6,45 0,81 0,07062 4,67 935 60 938 75 946 44 1 0,0015 938 97 35,4 36,7 8,3 0,97
106-Z88 6,02845 5,71 0,35735 5,61 0,98 0,12235 1,04 1970 111 1980 113 1991 21 1 0,0013 1990 36 153,2 199,5 88,4 0,77
107-Z89 1,48666 5,61 0,15245 0,94 0,17 0,07073 5,53 915 9 925 52 950 53 4 0,0015 915 16 23,6 31,3 7,2 0,76
108-Z90 1,45292 2,18 0,14553 1,25 0,58 0,07241 1,78 876 11 911 20 997 18 12 0,0043 997 71 67,7 92,3 22,1 0,74
Anexo 4: Sumário dos dados geocronológicos U-Pb LA-ICP-MS em zircão detrítico para a amostra CP-02B.
107
076-Z62 1,57799 3,90 0,16184 2,84 0,73 0,07072 2,67 967 27 962 37 949 25 -2 0,0029 964 46 66,9 49,9 12,8 1,35
077-Z63 6,04940 1,26 0,35875 0,92 0,73 0,12230 0,87 1976 18 1983 25 1990 17 1 0,0005 1983 22 78,9 112,1 61,9 0,71
078-Z64 3,29208 2,27 0,26110 1,93 0,85 0,09145 1,19 1495 29 1479 34 1456 17 -3 0,0003 1473 34 150,6 309,8 109,0 0,49
079-Z65 7,44349 1,37 0,40166 0,93 0,68 0,13441 1,01 2177 20 2166 30 2156 22 -1 0,0004 2167 24 50,5 130,6 71,7 0,39
080-Z66 4,75995 6,99 0,31939 6,52 0,93 0,10809 2,54 1787 116 1778 124 1767 45 -1 0,0008 1771 85 55,8 117,6 57,7 0,48
081-Z67 5,52847 1,38 0,34320 1,05 0,76 0,11683 0,89 1902 20 1905 26 1908 17 0 0,0004 1905 24 64,7 167,7 80,4 0,39
082-Z68 11,50759 2,83 0,47875 1,08 0,38 0,17433 2,61 2522 27 2565 73 2600 68 3 0,0035 2537 40 36,1 95,3 67,0 0,38
083-Z69 27,64834 2,22 0,71451 1,99 0,90 0,28065 0,98 3475 69 3407 76 3367 33 -3 0,0004 3376 31 49,2 116,5 117,7 0,43
084-Z70 2,96365 3,62 0,24537 2,44 0,67 0,08760 2,67 1415 34 1398 51 1374 37 -3 0,0009 1403 53 99,2 107,6 36,8 0,93
087-Z71 1,64037 3,40 0,16269 1,55 0,46 0,07313 3,02 972 15 986 33 1018 31 5 0,0054 974 27 28,2 34,7 8,6 0,82
088-Z72 1,75368 4,49 0,17329 2,74 0,61 0,07340 3,56 1030 28 1029 46 1025 36 -1 0,0230 1030 53 39,4 33,0 8,9 1,20
089-Z73 1,51528 2,49 0,15393 1,41 0,57 0,07139 2,05 923 13 937 23 969 20 5 0,0029 926 23 89,2 96,3 21,5 0,93
090-Z74 2,12878 3,41 0,19441 2,93 0,86 0,07941 1,74 1145 34 1158 39 1182 21 3 0,0021 1162 46 20,0 47,4 13,3 0,43
091-Z75 11,98853 1,30 0,49138 0,83 0,63 0,17695 1,01 2577 21 2604 34 2624 26 2 0,0005 2602 25 28,0 51,5 39,0 0,55
092-Z76 12,13167 1,41 0,50243 0,83 0,59 0,17512 1,14 2624 22 2615 37 2607 30 -1 0,0016 2616 26 58,1 108,0 71,2 0,54
093-Z77 1,47390 2,00 0,15175 1,47 0,74 0,07044 1,35 911 13 920 18 941 13 3 0,0015 916 23 79,2 81,7 19,2 0,98
094-Z78 5,50999 1,97 0,34390 1,45 0,73 0,11620 1,34 1905 28 1902 38 1899 25 0 0,0010 1902 34 40,8 97,0 46,8 0,42
095-Z79 1,63902 5,03 0,16446 1,88 0,37 0,07228 4,67 982 18 985 50 994 46 1 0,0061 982 34 42,1 43,9 8,8 0,97
096-Z80 1,63570 7,64 0,16305 5,12 0,67 0,07276 5,67 974 50 984 75 1007 57 3 0,0056 978 86 14,8 23,4 5,5 0,64
099-Z81 5,08420 2,00 0,32719 1,20 0,60 0,11270 1,60 1825 22 1833 37 1843 30 1 0,0010 1830 32 33,7 48,3 23,1 0,70
100-Z82 12,99385 1,14 0,51976 0,74 0,65 0,18132 0,87 2698 20 2679 30 2665 23 -1 0,0006 2680 21 24,7 42,1 31,5 0,59
101-Z83 1,54358 6,52 0,15457 5,27 0,81 0,07243 3,83 927 49 948 62 998 38 7 0,0031 944 80 24,7 37,9 8,5 0,66
102-Z84 2,66658 1,79 0,22960 1,17 0,65 0,08423 1,36 1332 16 1319 24 1298 18 -3 0,0009 1325 25 55,7 87,2 27,8 0,64
103-Z85 1,58627 4,24 0,16110 2,74 0,65 0,07142 3,24 963 26 965 41 969 31 1 0,0044 964 46 169,2 114,2 23,7 1,49
104-Z86 1,50113 6,95 0,15268 4,71 0,68 0,07131 5,11 916 43 931 65 966 49 5 0,0031 922 76 11,8 20,8 4,3 0,57
105-Z87 13,57065 6,20 0,55061 5,74 0,92 0,17875 2,36 2828 162 2720 169 2641 62 -7 0,0009 2658 80 27,4 39,5 31,1 0,70
106-Z88 2,39358 3,05 0,20884 2,42 0,79 0,08312 1,86 1223 30 1241 38 1272 24 4 0,0030 1240 44 132,6 74,9 20,2 1,78
107-Z89 1,52263 4,03 0,15535 2,90 0,72 0,07108 2,81 931 27 940 38 960 27 3 0,0025 935 46 41,8 48,5 10,9 0,87
108-Z90 1,62069 4,29 0,16370 2,91 0,68 0,07180 3,15 977 28 978 42 980 31 0 0,0062 978 49 25,8 35,8 8,4 0,72
Anexo 5: Sumário dos dados geocronológicos U-Pb LA-ICP-MS em zircão detrítico para a amostra AT-31.
109
Zr-115-C-III-10 6,99082 2,28 0,38531 1,75 0,77 0,13142 1,47 2103 37 2110 48 2117 31 1 0,0006 2111 20 0,77
Zr-115-C-III-11 12,08979 2,33 0,47237 2,03 0,87 0,18563 1,15 2494 51 2611 61 2704 31 8 0,0003 2704 39 0,37
Zr-115-C-III-12 5,94135 3,03 0,35156 1,87 0,62 0,12257 2,38 1942 36 1967 60 1994 47 3 0,0077 1960 25 0,93
Zr-115-C-III-13 2,06892 3,14 0,18909 1,58 0,50 0,07935 2,71 1116 18 1139 36 1181 32 5 0,0040 1121 16 0,52
Zr-115-C-III-14 1,89019 4,37 0,18077 1,79 0,41 0,07584 3,99 1071 19 1078 47 1091 44 2 0,0023 1072 17 0,62
Zr-115-C-III-16 6,29160 2,15 0,35449 1,66 0,77 0,12872 1,37 1956 32 2017 43 2081 29 6 0,0007 2081 48 1,02
Zr-115-C-III-17 4,43182 #### 0,29086 5,12 0,50 0,11051 8,77 1646 84 1718 175 1808 159 9 0,0033 1808 310 0,57
Zr-115-C-III-18 5,50236 2,10 0,33214 1,65 0,79 0,12015 1,30 1849 31 1901 40 1958 25 6 0,0004 1958 46 0,40
Zr-115-C-III-19 6,10626 1,32 0,35816 0,85 0,64 0,12365 1,02 1973 17 1991 26 2110 20 2 0,0003 1987 11 0,92
Zr-115-C-III-20 6,62553 1,68 0,37047 1,39 0,83 0,12971 0,95 2032 28 2063 35 2094 20 3 0,0005 2094 35 0,23
Zr-115-C-III-21 1,67199 #### 0,16809 2,51 0,24 0,07214 ### 1002 25 998 104 990 100 -1 0,0051 Disc. 0,81
Zr-115-C-III-22 6,12646 2,45 0,35778 1,32 0,54 0,12419 2,06 1972 26 1994 49 2017 42 2 0,0008 1984 19 0,57
Zr-115-C-III-23 5,67398 1,63 0,34303 0,86 0,53 0,11997 1,38 1901 16 1927 31 1956 27 3 0,0005 1914 12 0,55
Zr-115-C-III-24 5,99523 2,02 0,35814 1,35 0,67 0,12141 1,51 1973 27 1975 40 1977 30 0 0,0004 1975 17 0,74
Zr-115-C-III-25 5,33272 1,98 0,33474 1,50 0,76 0,11554 1,29 1861 28 1874 37 1888 24 1 0,0004 1875 17 1,23
Zr-115-C-III-26 6,07245 2,38 0,36121 1,74 0,73 0,12193 1,62 1988 35 1986 47 1985 32 0 0,0010 1986 21 0,92
Zr-115-C-III-27 5,17964 2,55 0,32689 1,98 0,78 0,11492 1,59 1823 36 1849 47 1879 30 3 0,0003 1853 21 0,60
Zr-115-C-III-28 5,84666 2,99 0,34881 2,71 0,91 0,12157 1,25 1929 52 1953 58 1979 25 3 0,0004 1970 20 1,00
Zr-115-C-III-29 6,28026 2,67 0,36901 1,49 0,56 0,12344 2,21 2025 30 2016 54 2006 44 -1 0,0009 2019 22 0,79
Zr-115-C-III-30 6,10213 1,86 0,35706 1,26 0,68 0,12395 1,37 1968 25 1991 37 2014 28 2 0,0007 1988 16 0,53
Zr-115-C-III-31 6,92156 2,23 0,38190 1,69 0,76 0,13145 1,46 2085 35 2101 47 2117 31 2 0,0011 2004 20 0,59
Zr-115-C-III-32 5,69198 1,90 0,33974 0,80 0,42 0,12151 1,72 1885 15 1930 37 1979 34 5 0,0015 1979 61 1,69
Zr-115-C-III-33 3,62744 1,92 0,26862 0,82 0,43 0,09794 1,74 1534 13 1556 30 1585 28 3 0,0005 1539 11 2,41
Zr-115-D-IV-01 4,23982 3,48 0,30797 3,22 0,93 0,09985 1,32 1731 56 1682 58 1621 21 -7 0,0013 1621 49 0,38
Zr-115-D-IV-02 7,20167 1,98 0,39081 0,89 0,45 0,13365 1,77 2127 19 2137 42 2146 38 1 0,0011 2131 14 0,63
Anexo 6: Sumário dos dados geocronológicos U-Pb LA-ICP-MS em zircão detrítico para a amostra CP-12B.
111
072-Z60 2,84598 4,31 0,16502 1,15 0,27 0,12508 4,16 985 11 1368 59 2030 84 51 0,0277 2030 150 266,3 1408,6 363,1 0,19
075-Z61 4,28888 2,05 0,18759 1,76 0,86 0,16582 1,04 1108 20 1691 35 2516 26 56 0,0010 2516 46 174,7 423,7 174,4 0,42
076-Z62 6,26913 1,49 0,36116 0,61 0,41 0,12590 1,36 1988 12 2014 30 2041 28 3 0,0033 1996 19 455,6 906,8 377,5 0,51
077-Z63 5,43658 4,35 0,31992 2,66 0,61 0,12325 3,44 1789 48 1891 82 2004 69 11 0,0029 1848 72 93,9 329,6 61,4 0,29
078-Z64 13,19536 2,67 0,51707 2,38 0,89 0,18509 1,20 2687 64 2694 72 2699 32 0 0,0011 2697 37 177,5 238,1 183,4 0,75
079-Z65 2,37460 2,34 0,20643 1,04 0,45 0,08343 2,09 1210 13 1235 29 1279 27 5 0,0216 1214 22 2330,7 2790,3 363,2 0,84
080-Z66 12,75974 4,67 0,50480 4,52 0,97 0,18332 1,21 2634 119 2662 124 2683 32 2 0,0005 2681 39 280,9 248,5 188,3 1,14
081-Z67 5,25966 1,69 0,31804 0,86 0,51 0,11994 1,45 1780 15 1862 31 1955 28 9 0,0045 1955 51 14531,2 4722,5 1363,7 3,10
082-Z68 5,54866 4,42 0,34428 3,45 0,78 0,11689 2,76 1907 66 1908 84 1909 53 0 0,0022 1908 75 162,8 1526,1 428,7 0,11
083-Z69 3,19727 1,91 0,20930 1,08 0,56 0,11079 1,58 1225 13 1456 28 1812 29 32 0,0241 1812 58 437,1 1303,3 220,7 0,34
084-Z70 12,29858 2,11 0,50260 1,47 0,70 0,17747 1,52 2625 39 2627 56 2629 40 0 0,0012 2628 39 395,7 269,9 172,0 1,48
087-Z71 13,09135 1,87 0,51732 1,73 0,92 0,18354 0,72 2688 46 2686 50 2685 19 0 0,0003 2687 24 242,9 306,8 232,2 0,80
088-Z72 2,35740 5,35 0,09616 5,25 0,98 0,17780 1,03 592 31 1230 66 2632 27 78 0,0045 2634 88 1112,1 1626,0 557,9 0,69
089-Z73 2,59421 3,04 0,16200 2,32 0,76 0,11615 1,97 968 22 1299 40 1898 37 49 0,0068 1899 75 493,5 4020,8 928,3 0,12
090-Z74 1,52560 1,93 0,15577 1,24 0,64 0,07103 1,48 933 12 941 18 958 14 3 0,0008 936 20 833,2 1679,9 335,6 0,50
091-Z75 6,45478 2,26 0,32435 1,17 0,52 0,14433 1,93 1811 21 2040 46 2280 44 21 0,0043 2282 66 635,5 1015,7 286,7 0,63
092-Z76 5,05022 3,43 0,23234 3,14 0,91 0,15765 1,39 1347 42 1828 63 2431 34 45 0,0008 2432 51 361,1 534,0 228,2 0,68
093-Z77 4,13395 3,90 0,21436 3,45 0,88 0,13987 1,82 1252 43 1661 65 2226 41 44 0,0054 2226 65 393,3 553,7 155,7 0,72
094-Z78 3,05294 3,95 0,15734 3,63 0,92 0,14073 1,55 942 34 1421 56 2236 35 58 0,0133 2236 64 785,4 1359,4 396,7 0,58
095-Z79 5,30631 1,83 0,35039 1,27 0,70 0,10984 1,31 1936 25 1870 34 1797 24 -8 0,0015 1798 48 295,0 298,7 158,9 0,99
096-Z80 6,84338 3,22 0,38470 1,93 0,60 0,12902 2,58 2098 41 2091 67 2085 54 -1 0,0055 2093 55 401,0 492,6 266,0 0,82
099-Z81 5,55496 2,06 0,26564 1,64 0,80 0,15167 1,25 1519 25 1909 39 2365 29 36 0,0248 2365 44 782,5 1124,0 246,4 0,70
100-Z82 7,16491 1,92 0,39244 1,05 0,55 0,13241 1,61 2134 23 2132 41 2130 34 0 0,0008 2133 32 371,0 797,8 339,8 0,47
101-Z83 4,05335 1,91 0,29091 0,98 0,51 0,10105 1,64 1646 16 1645 31 1644 27 0 0,0019 1646 26 969,8 1121,1 359,3 0,87
102-Z84 6,25861 1,45 0,35041 0,56 0,38 0,12954 1,34 1937 11 2013 29 2092 28 7 0,0017 2092 46 433,0 884,0 330,5 0,49
103-Z85 7,25923 2,71 0,39468 1,81 0,67 0,13340 2,02 2144 39 2144 58 2143 43 0 0,0049 2144 48 160,1 439,0 198,1 0,37
104-Z86 11,45959 2,14 0,47731 0,84 0,39 0,17413 1,97 2516 21 2561 55 2598 51 3 0,0039 2533 31 114,4 135,0 56,5 0,85
105-Z87 5,24197 1,96 0,33497 0,67 0,34 0,11350 1,84 1862 13 1859 36 1856 34 0 0,0006 1862 21 1490,8 1565,0 641,3 0,96
106-Z88 5,49607 2,27 0,25327 1,27 0,56 0,15738 1,88 1455 18 1900 43 2428 46 40 0,0206 2428 65 378,3 480,7 136,9 0,79
107-Z89 6,15135 5,03 0,35799 2,46 0,49 0,12462 4,39 1973 48 1998 100 2023 89 3 0,0022 1984 74 467,2 1291,9 429,6 0,36
108-Z90 4,55869 1,33 0,27687 0,76 0,57 0,11941 1,09 1576 12 1742 23 1947 21 19 0,0066 1947 39 351,3 1335,3 296,6 0,26
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Anexo 7: Resumo submetido ao 13° Congresso de Geologia do Sudeste, realizado na cidade de Juiz de Fora-MG
entre os dias 29 de outubro e 01 de novembro de 2013.
Marco Paulo de Castro*, Gláucia Queiroga, Maximiliano Martins, Ivo Antônio Dussin, Antônio
Carlos Pedrosa-Soares, Fernando Alkmim, Heitor Miranda Cavaglieri, Issamu Endo
A região de Capelinha localiza-se no setor centro-norte do Orógeno Araçuaí, entre as latitudes 17°20´e
18°00´ e longitudes 43°00´ e 42°15´. O pacote de rochas metassedimentares e metamáficas atribuídas
à Formação Capelinha possui posicionamento estratigráfico, idade e significado geotectônico ainda
incertos. Esta sucessão rochosa já foi interpretada como sedimentação relacionada ao fechamento da
bacia Macaúbas, com idade neoproterozóica (Pedrosa-Soares 1995), e como um registro da
sedimentação sin-orogênica do Orógeno Araçuaí (bacia flysch; ca. 580 Ma; Pedrosa-Soares et al.
2007). Os dados mais recentes, obtidos através de mapeamentos e perfis geológicos, demonstram que
a Formação Capelinha apresenta uma extensão territorial muito mais abrangente do que postulada na
sua definição original, mostrando relações de contato altamente complexas com as unidades
estratigráficas que a limita na base e topo, com perda das características originais dos protólitos devido
à homogeneização pelo metamorfismo regional. No atual estágio de conhecimento, verifica-se que a
região abordada é dominada por uma tectônica de dobramentos – anticlinais quilométricos, isoclinais,
vergentes para sul e com caimento do eixo para sudeste. Este padrão estrutural contrasta com o único
mapeamento regional efetuado na faixa metassedimentar que abrange a referida formação, em que o
padrão estrutural é dominado por falhamentos de cavalgamento. Na região de Capelinha, a formação
homônima é composta por uma unidade predominantemente psamítica com magmatismo básico
associado, na base, e por uma unidade majoritariamente pelítica, superior. A unidade basal é
constituída por uma alternância de quartzitos puros e micáceos com mica xistos, xisto grafitoso,
metagrauvacas e algum quartzito ferruginoso. Três determinações geocronológicas pelo método U-Pb
LA-ICP-MS nos quartzitos dessa unidade indicam idade máxima de sedimentação em torno de 970
Ma. As rochas metabásicas ocorrem concordantes aos quartzitos, com espessura de até 25 metros.
Trata-se de anfibolitos de granulação fina à média, maciços a fortemente foliados, compostos por
plagioclásio e hornblenda com rutilo, titanita, quartzo e epidoto como acessórios. As análises
litoquímicas confirmam a composição basáltica indicada pela mineralogia metamórfica, e indicam
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afinidade toleítica da rocha gerada em ambiente continental, intra-placa. Dados Sm-Nd indicam idade-
modelo (TDM) no intervalo entre 1700 e 1500 Ma e εNd (956 Ma) variável entre -0,04 e -3,66. Os
estudos geocronológicos U-Pb, obtidos em cristais de zircão de duas amostras de anfibolito, revelam
idade de cristalização magmática em ca. 956 Ma e idade de recristalização metamórfica em torno de
569 Ma. A unidade superior é composta por xistos peraluminosos com raras intercalações de mica
xisto, rochas calcissilicáticas e grafita xisto. A paragênese mineral associada à foliação principal dos
xistos pelíticos é representada por quartzo + biotita + muscovita + granada + estaurolita + cianita ±
plagioclásio, indicando condições metamórficas de fácies anfibolito, zona da cianita. Uma
determinação geocronológica pelo método U-Pb LA-ICP-MS indica que a unidade pelítica apresenta
idade máxima de sedimentação em torno de 1123 Ma. Através dos dados de campo em associação
com os dados geocronológicos, à luz do conhecimento atual, a Formação Capelinha posiciona-se
estratigraficamente na base do Grupo Macaúbas, como possível equivalente lateral das unidades pré-
glaciais desenvolvida na fase rifte da bacia homônima.
Pedrosa-Soares, A.C. 1995. Potencial aurífero do Vale do Araçuaí, Minas Gerais: história da
exploração, geologia e controle tectono-metamórfico. Tese de Doutorado, Instituto de Geociências,
Universidade de Brasília, 177 p.
Pedrosa-Soares, A.C., Noce, C.M., Alkmim, F.F., Silva, L.C., Babinski, M., Cordani, U., Castañeda,
C. 2007. Orógeno Araçuaí: síntese do conhecimento 30 anos após Almeida 1977. Geonomos, 15 (1):
1-16.
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