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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

EVOLUÇÃO CRUSTAL E RECURSOS


NATURAIS DO DEGEO/EM/UFOP

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DA FORMAÇÃO CAPELINHA COMO UMA


UNIDADE BASAL DO GRUPO MACAÚBAS EM SUA ÁREA TIPO, MINAS GERAIS

Marco Paulo de Castro

Ouro Preto, novembro de 2014


CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DA FORMAÇÃO

CAPELINHA COMO UMA UNIDADE BASAL DO GRUPO

MACAÚBAS EM SUA ÁREA TIPO, MINAS GERAIS

i
ii
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

Reitor

Prof. Dr. Marcone Jamilson Freitas Souza

Vice-Reitor

Prof. Drª. Célia Maria Fernandes Nunes

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação

Prof. Dr. Valdei Lopes de Araújo

ESCOLA DE MINAS

Diretor

Prof. Dr. José Geraldo Arantes de Azevedo Britto

Vice-Diretor

Prof. Dr. Wilson Trigueiro de Sousa

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

Chefe

Prof. Dr. Fernando Flecha de Alkmim

iii
iv
CONTRIBUIÇÃO ÀS CIÊNCIAS DA TERRA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DA FORMAÇÃO CAPELINHA

COMO UMA UNIDADE BASAL DO GRUPO MACAÚBAS EM SUA

ÁREA TIPO, MINAS GERAIS

MARCO PAULO DE CASTRO

Orientadora

Gláucia Nascimento Queiroga

Co-orientador

Maximiliano Martins

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais do


Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito
parcial para à obtenção do Título de Mestre Ciências Naturais, Área de Concentração: Geologia
Estrutural e Tectônica

OURO PRETO

2014

v
Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br
Escola de Minas - http://www.em.ufop.br
Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/
Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita
35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: pgrad@degeo.ufop.br

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Depósito Legal na Biblioteca Nacional
Edição 1ͣ

Catalogação elaborada pela Biblioteca Prof. Luciano Jacques de Moraes do


Sistema de Bibliotecas e Informação - SISBIN - Universidade Federal de Ouro Preto

Castro, Marco Paulo de.


Caracterização geológica da Formação Capelinha como uma Unidade Basal do
Grupo Macaúbas emsua Área Tipo, Minas Gerais [manuscrito] / Marco Paulo de Castro.
– 2014.
114f . : il . : color; grafs; tabs; mapas; anexos.

Orientador: Gláucia Nascimento Queiroga.


Coorientador: Maximiliano Martins.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Ouro Preto. Universidade


Federal de Ouro Preto – campus Ouro Preto. Departamento de Geologia. Programa de
Pós-graduação em Evolução Crustal e Re.
Área de concentração Geologia Estrutural e Tectônica.

1. Geologia histórica. 2. Grupo Macaúbas. 3. Tempo geológico. 4. Orógeno


Araçuaí. I. Queiroga, Gláucia Nascimento. II. Martins, Maximiliano. III.
Universidade Federal de Ouro Preto. IV. Título.

CDU: 550.93 (815.1)

http://www.sisbin.ufop.br
vi
Agradecimentos
Teria sido impossível escrever esta dissertação sem o apoio dos meus pais. Sou profundamente
grato a eles.

Agradeço a Lorena por fazer música dentro de mim.

Devo gratidão especial a meus orientadores Gláucia e Max e a pequena Elisa por dividi-los
comigo.

Contribuições importantes foram dadas também pelos professores Antonio Carlos Pedrosa-
Soares, Fernando Alkmim, Ivo Dussin, Issamu Endo e pela turma de mapeamento geológico 2012/2
da Universidade Federal de Ouro Preto.

Por proporcionar grande hospitalidade, sou agradecido ao Sr. Gotardo Pimenta, Bié e a todos
que cruzaram nosso caminho nos arredores de Capelinha.

vii
viii
Sumário
AGRADECIMENTOS ....................................................................................................................... VII

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ............................................................................................................ XIII

LISTA DE TABELAS..................................................................................................................... XVII

RESUMO .......................................................................................................................................... XIX

ABSTRACT ...................................................................................................................................... XXI

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

1.1- Natureza do Problema e Justificativas ........................................................................................ 1

1.2- Localização e Acesso à Área Estudada ............................................................................................. 2

1.3- Objetivos ........................................................................................................................................... 4

1.4- Metodologia ...................................................................................................................................... 4

1.4.1- Revisão Bibliográfica .......................................................................................................... 4

1.4.2- Trabalhos de Campo e Coleta de Amostras ......................................................................... 4

1.4.3- Trabalhos de Laboratório .................................................................................................... 7

1.4.3.1- Petrografia Microscópica........................................................................................ 7

1.4.3.2- Análises Isotópicas ................................................................................................. 8

1.4.3.2.1- Método U-Pb LA-ICP-MS .............................................................. 8

1.4.3.2.2- Método Sm-Nd .............................................................................. 9

1.4.3.4- Litoquímica ............................................................................................................ 9

1.5- Aspectos Fisiográficos ...................................................................................................................... 9

1.6- Estruturação da Dissertação de Mestrado ....................................................................................... 11

CAPÍTULO 2. CONTEXTO GEOTECTÔNICO E GEOLOGIA REGIONAL ........................... 13

2.1- Arcabouço Geotectônico ................................................................................................................ 13

2.2- Estratigrafia ..................................................................................................................................... 18

2.2.1- Embasamento..................................................................................................................... 18

2.2.1.1- Complexo Guanhães............................................................................................. 19

ix
2.2.2- Grupo Macaúbas ............................................................................................................... 20

2.2.2.1- Formação Capelinha ............................................................................................ 24

2.2.3- Suíte Mangabeiras............................................................................................................. 26

2.3- Modelo Evolutivo........................................................................................................................... 27

CAPÍTULO 3. GEOLOGIA DA REGIÃO DE CAPELINHA ....................................................... 33

3.1- Introdução ...................................................................................................................................... 33

3.2- Estratigrafia .................................................................................................................................... 36

3.2.1- Unidades Pré-Estaterianas (Complexo Guanhães)............................................................ 37

3.2.2- Unidades Neoproterozóicas (Formação Capelinha – Unidade Inferior) ........................... 38

3.2.2.1- Rochas metamáficas da unidade inferior da Formação Capelinha ...................... 42

3.2.3- Unidades Neoproterozóicas (Formação Capelinha – Unidade Metapelítica) ................... 45

3.2.4- Unidade Cambriana (Suíte Mangabeiras –G4) ................................................................. 49

3.2.5 – Coberturas Recentes ........................................................................................................ 50

3.3- Geologia Estrutural ........................................................................................................................ 51

3.4- Análise do Metamorfismo .......................................................................................................................................................................... 56

3.5- Litoquímica .................................................................................................................................... 59

3.6- Dados Isotópicos Sm-Nd................................................................................................................ 65

3.7- Geocronologia U-Pb(LA-ICP-MS) ................................................................................................ 66

3.7.1-Resultados U-Pb para rochas metamáficas de Capelinha ................................................. 67

3.7.1.1- Amostra CP-01B.................................................................................................. 67

3.7.1.2- Amostra CP-03B.................................................................................................. 67

3.7.2- Resultados U-Pb para rochas metassedimentares ............................................................. 69

3.7.2.1- Amostra CP-01C.................................................................................................. 69

3.7.2.2- Amostra CP-02B.................................................................................................. 70

3.7.2.3- Amostra AT-31 .................................................................................................... 70

3.7.2.4- Amostra CP-12B.................................................................................................. 70

x
CAPÍTULO 4. A FORMAÇÃO CAPELINHA REDEFINIDA COMO UNIDADE BASAL DO
GRUPO MACAÚBAS ..........................................................................................................................................................................................75

CAPÍTULO 5. DISCUSSÕES ............................................................................................................. 85

CAPÍTULO 6. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 89

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 91

ANEXO 1 ............................................................................................................................................ 101

ANEXO 2.1 ......................................................................................................................................... 102

ANEXO 2.2 ......................................................................................................................................... 104

ANEXO 3 ............................................................................................................................................ 104

ANEXO 4 ............................................................................................................................................ 106

ANEXO 5 ............................................................................................................................................ 108

ANEXO 6 ............................................................................................................................................ 110

ANEXO 7 ............................................................................................................................................ 113

xi
xii
Lista de Ilustrações
Figura 1.1: Mapa de localização e acesso à região estudada. ................................................................. 3
Figura 1.2: Mapa de localização das amostras ........................................................................................ 7
Figura 1.3: Mapa de elevação e aspectos do relevo. ............................................................................. 10
Figura 2.1: Cenário geotectônico do Sistema orogênico Aracuaí-Congo Ocidental ........................... 15

Figura 2.2: Mapa geológico simplificado do orógeno Araçuaí . .......................................................... 17

Figura 2.3: Mapa geológico da região do Bloco de Guanhães ............................................................ 20

Figura 2.4: Coluna estratigráfica geral para o Grupo Macaúbas. ........................................................ 21

Figura 2.5: Distribuição das diferentes formações do Grupo Macaúbas ............................................. 21

Figura 2.6: Cenário tectônico da bacia Macaúba visto em mapa ......................................................... 29

Figura 2.7: Fase de convergência inicial das margens da Bacia Macaúbas ......................................... 30

Figura 2.8: (a) Estágio colisional, por volta de 560 Ma. (b) Colapso gravitacional, ............................ 31

Figura 3.1: Mapa geológico da região de Capelinha, enfatizando as assembléias litotectônicas e


estruturas tectônicas .............................................................................................................................. 33

Figura 3.2: Mapa geológico da região estudada que abrange os municípios de Capelinha, São Cetano
e a localidade do Campo do Boa, Minas Gerais, Brasil.. ....................................................................... 35

Figura 3.3: Coluna estratigráfica geral da região de Capelinha.. .......................................................... 36

Figura 3.4: A) Gnaisse migmatítico do Complexo Guanhães. B) Bandamento em gnaisse do


Complexo Guanhães. C) Quartzito grosseiro (hidrotermalito). D) Fotomicrografia de anfibolito do
Complexo Guanhães. A textura é nematoblástica ................................................................................. 38

Figura 3.5: A) Fotomicrografias de rochas metassedimentares da unidade metapsamítica da Formação


Capelinha. A) Textura granolepidoblástica em xisto. B) Quartzito impuro de textura granoblástica. C)
e D) Textura granoblástica em quartzito. ............................................................................................... 40
Figura 3.6: A) Quartzito micáceo da unidade metapsamítica, base da Formação Capelinha. B)
Variação composicional em quartzito da Formação Capelinha. C) Quartzito puro. D) Rocha
metamáfica (anfibolito) da Formação Capelinha (unidade metapsamítica). E) Paredão de quartzito
puro que aflora na margem do rio Fanado. F) Quartzo xisto rico em biotita.. ....................................... 41
Figura 3.7: Colunas tectono-estratigráficas da região de Capelinha ..................................................... 42
Figura 3.8: A) Contato entre quartzito micáceo e rocha metamáfica. B) Localidade do Campo do Boa.
C) Rocha metamáfica composta por anfibólio e plagioclásio. D) Rocha metamáfica (anfibolito). E)

xiii
Detalhe para grandes cristais de anfibólio associados a uma porção diferenciada de rocha metamáfica..
............................................................................................................................................................... 43

Figura 3.9: Fotomicrografias de rochas metamáficas com ênfase nas assembléias mineralógicas e
microestruturas: A) Textura granonematoblástica em anfibolito. B) Cristais de rutilo (Rt) em anfibolito
da região de Capelinha. C) Cristais de rutilo (Rt) associados a titanita (Ttn). D) Textura
porfiroblástica/poiquiloblástica. E) Porfiroblastos de plagioclásio (Pl) com macla. F) Grandes cristais
de hornblenda (Hbl) e minerais opacos (Opq) em rocha metamáfica. .................................................. 45

Figura 3.10: A) Xisto peraluminoso que compõem o topo da Formação Capelinha. B) Xisto
peraluminoso com boudins de quartzo. C) Pedreira localizada a leste da cidade de Capelinha onde
afloram xistos peraluminosos. D) e E) Detalhe para a clivagem de crenulação. F) Quartzito impuro. G)
Xisto carbonoso afetado por dobramentos cerrados. H) Mica xisto com granada e rara cianita. . ........ 47
Figura 3.11: Fotomicrografias de rochas metassedimentares da unidade metapelítica da Formação
Capelinha: A) Textura granolepidoblástica do xisto aluminoso. B) Grandes porfiroblastos de granada
(Grt) emersos em matriz granolepidoblástica. C) Porfiroblásto de granada (Grt) limonitizado. D)
Textura granolepidoblástica em mica xisto da unidade metapelítica.. .................................................. 48
Figura 3.12: Coluna estratigráfica do segmento da Formação Capelinha exposto a leste da cidade
homônima (vide figura 3.2 para localização) enfatizando a intercalação entre quartzitos e mica xistos,
bem como a presença de xistos grafitosos.. ........................................................................................... 49
Figura 3.13: A) Pegmatito de composição granítica da Suíte Mangabeiras (G4). Note os cristais de
biotita (negros) centimétricos. B) Pegmatito da Suíte Mangabeiras. C) Pegmatitos da Suíte Magabeiras
que afloram no leito do rio Fanado, a oste da cidade de Capelinha. D) Pegmatito da Suíte Mangabeiras
alterado. E) Fotomicrografia de pegmatito da Suíte Mangabeiras composto por quartzo (qz) +
microclima (Mc) + biotita (Bt). F) Pegmatito da Suíte Mangabeiras mineralizado em berilo. ............. 50
Figura 3.14: A) Estratificação cruzada acanalada de pequeno porte. B) Dobras fechadas mostrando
dobras da fase Fn. C) Sn+1 em posição plano axial às dobras da fase Fn+1. D) Relação entre a clivagem
de crenulação (Sn+1) e as dobras da fase Fn+1. E) Clivagem de crenulação (Sn+1) muito bem formada em
xisto peraluminoso da Formação Capelinha. F) Veio de quartzo paralelo à foliação Sn. G) Fotomicrofia
de xisto aluminoso da unidade metapelítica da Formação Capelinha evidenciando estruturas da fase Fn
(Sn) e Fn+1 (Sn+1). H) Fotomicrografia de anfibolito da Formação Capelinha. A foliação (Sn) é marcada
por grandes critais de hornblenda (Hbl). ............................................................................................... 53
Figura 3.15: Estereogramas das estruturas de pequena escala relacionadas as fases de deformação Fn e
Fn + 1: A) Estereograma sinóptico de contornos de igual área para a foliação(Sn). B) Estereograma
sinóptico de contornos de igual área plotado para a lineação mineral (Lm). C) Estereograma sinóptico
de contornos de igual área plotado para a clivagem de crenulação (Sn+1). D) Estereograma sinóptico de
contornos de igual área plotado para a lineação de crenulação (Lc). .................................................... 54
Figura 3.16: Seções litoestruturais da Faixa de Dobramentos Capelinha (CFB); vide mapa geológico
da figura 3.2 para localização dos perfis. .............................................................................................. 55
Figura 3.17: A) Bloco diagrama representando as fases deformacionais Fn e Fn+1, as estruturas
relacionadas e o estilo estrutural. B) Estereograma plotado para as estruturas lineares de pequena
escala relacionadas às fases de deformação Fn e Fn + 1. .......................................................................... 56
xiv
Figura 3.18: Fotomicrografias de xistos e anfibolitos mostrando as assembléias minerais, paragêneses
e microestruturas: A) Xisto peraluminoso em escala microscópica. B) Paragênese típica de xisto
peraluminoso: biotita (Bt) + muscovita (Ms) + quartzo (Qz) + granada (Grt) + estaurolita (St) + cianita
(Ky). C) Pseudomorfo de granada limonitizado (Grt). D) Fibrolita sin-cinemática (Sil) orientada ao
longo da foliação (Sn). E) Mica xisto composto por muscovita (Ms), biotita (Bt) e quartzo (Qz)
orientados paralelamente à foliação (Sn). F) Xisto composto majoritariamente por muscovita (Ms) +
biotita (bt). G) Xisto aluminoso rico em silimanita (Sil), indicando condições de mais alta temperatura
no metarmofismo barrowiano. H) Porfiroblasto de granada sin-cinemática. I) Textura
granonematoblástica em anfibolito. ....................................................................................................... 58
Figura 3.19: Diagrama blastase mineral versus deformação (as linhas sólidas representam as fases
minerais mais frequentes)....................................................................................................................... 59
Figura 3.20: Diagrama TAS (Álcalis total versus sílica) de Le Maitre (1989) ..................................... 62
Figura 3.21: A) Diagrama Álcalis versus Sílica de Irvine e Baragar (1971) com o limite entre os
campos alcalino e subalcalino. B) Diagrama AFM (Álcalis, FeO e MgO) de Irvine e Baragar (1971).
............................................................................................................................................................... .62
Figura 3.22: A) Diagrama discriminatório de basaltos baseado nas variações de Zr/Y-Y. B) Diagrama
de classificação de basaltos segundo as proporções de FeOt-MgO-Al2O3 (Pearce et al., 1977). C)
Diagrama para classificação de basaltos Segundo os parâmetros Nb*2-Zr/4-Y. Meschede (1986). D)
A) Diagrama Th-Ta-Hf para basaltos (Wood, 1980). ............................................................................ 63
Figura 3.23: A) Diagrama de elementos terras raras para as amostras de anfibolito da região de
Capelinha. B) Diagrama de elementos terras raras para as amostras de anfibolito da região de
Capelinha. C) Spidergrama de elementos traço para as amostras de anfibolito da região de Capelinha
de acordo com o padrão MORB (Pearce, 1983). Comparação com a média de várias privíncias
basálticas continentais (CFB) Thompson et al. (1983) e a média dos basaltos Gangila (Tack et al.
2001).. .................................................................................................................................................... 65
Figura 3.24: Imagem de Catodoluminescência (CL) dos grãos de zircão representativos das rochas
metamáficas de Capelinha (amostras CP-01B e CP-03B). .................................................................... 68
Figura 3.25: Diagramas Concordia: A) Anfibolito Capelinha (amostra CP-01B). Idade de
cristalização magmática. B) Anfibolito Capelinha (amostra CP-03B). Metamorfismo Neoproterozóico.
C) Anfibolito Capelinha (amostra CP-03B). Metamorfismo Neoproterozóico por análises em titanitas..
................................................................................................................................................................ 69
Figura 3.26: Imagens de catodoluminescência (CL) (amostras CP-01C, CP-02B e CP-12B) e
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) (amostra AT-31) dos grãos de zircão das rochas
metassedimentares da Formação Capelinha. .......................................................................................... 72
Figura 3.27: Histogramas de freqüência mostrando dados de idade U-Pb em amostras de rochas
metasedimentares da Formação Capelinha. Unidade metapsamítica (amostras CP-01C, CP-02B e AT-
31) e unidade metapelítica (amostra CP-12B).. ..................................................................................... 73
Figura 4.1: Mapa geológico de parte do Orógeno Araçuaí que mostra a distribuição do Grupo
Macaúbas (modificado de Pedrosa-Soares et al., 2011).. ...................................................................... 77
Figura 4.2: Mapa geológico da região de Capelinha (Castro, 2014). ................................................... 78
xv
Figura 4.3: Colunas estratigráficas da Formação Capelinha na sua área-tipo. ..................................... 79
Figura 4.4: A) Quartzito micáceo da unidade inferior. B) Contato entre quartzito micáceo da unidade
inferior com rocha metamáfica da mesma unidade. C) Detalhe da rocha metamáfica. D) Xisto
peraluminoso da unidade superior. ........................................................................................................ 80
Figura 4.5: Diagrama concórdia para o anfibolito CP01B da unidade inferior da Formação Capelinha.
............................................................................................................................................................... 81
Figura 5.1: Modelo esquemático que ilustra o cenário do rifte assimétrico continental onde foram
depositados os sedimentos e onde se formaram os protólitos das rochas metamáficas da Formação
Capelinha. ............................................................................................................................................. 87
Figura 5.2: Coluna estratigráfica do Grupo Macaúbas com a inclusão da Formação Capelinha na base.
Modificado de Pedrosa-Soares et al. (2008, 2011)................................................................................ 88

xvi
Lista de Tabelas
Tabela 1.1 – Síntese das amostras coletadas e das análises realizadas. * Amostra cedida por Fernando
Flecha de Alkmim. ** Amostra cedida pela orientadora da dissertação.. ................................................ 6
Tabela 2.1 - Contribuições ao estudo da região de Capelinha............................................................... 27
Tabela 3.1– Teores de elementos maiores (% peso), traços (ppm) e terras raras (ppm) para oito
amostras de anfibolito da região de Capelinha. ...................................................................................... 64
Tabela 3. 2 – Dados isotópicos Sm-Nd para amostras de anfibolito de Capelinha. ............................. 70

xvii
xviii
Resumo
A Formação Capelinha é composta na região homônima por uma unidade basal
predominantemente metapsamítica, formada por mica xistos, xistos quartzosos e quartzitos, puros ou
micáceos, com magmatismo básico associado, e por uma unidade majoritariamente metapelítica,
superior, composta por xistos peraluminosos granatíferos, às vezes com estaurolita e/ou cianita. No
sentido de determinar o papel das rochas metabásicas e metassedimentares da Formação Capelinha na
evolução do Orógeno Araçuaí, foram realizados estudos estratigráficos, estruturais, geoquímicos e
geocronológicos (U-Pb em zircões ígneos através de LA-ICP-MS e Sm-Nd em rocha total). Os dados
obtidos demonstram que a Formação Capelinha apresenta uma extensão territorial muito mais
abrangente do que postulada na sua definição original. No atual estágio de conhecimento, verifica-se
que a estruturação geral da Faixa de Dobramentos Capelinha (FDC) se assemelha a um cinturão de
dobramentos assimétricos e invertidos, com a unidade inferior da Formação Capelinha se inserindo
nos núcleos de anticlinais quilométricos. O acervo estrutural indica vergência para sul, contra o Bloco
de Guanhães, onde a superfície de descolamento se revela na forma de uma falha de cinemática
normal destral que separa as rochas arqueanas do Complexo Guanhães das rochas metassedimentares
metamáficas Neoproterozóicas do Grupo Macaúbas. Três determinações geocronológicas pelo método
U-Pb LA-ICP-MS nos quartzitos da unidade inferior indicam idade máxima de sedimentação em torno
de 970 Ma. As análises litoquímicas realizadas a partir de amostras de rocha metabásica confirmam
uma composição basáltica e afinidade toleítica da rocha gerada em ambiente continental intra-placa.
Dados Sm-Nd indicam idade-modelo (TDM) no intervalo entre 1700 e 1500 Ma e εNd (956 Ma)
variável entre -0,04 e -3,66. Os estudos geocronológicos U-Pb, feitos em cristais de zircão de duas
amostras de anfibolito, revelam idade de cristalização magmática em ca. 956 Ma e idade de
recristalização metamórfica em torno de 569 Ma. Todas as estruturas e a zoneografia metamórfica
Barroviana clássica refletem o estágio colisional do orógeno Araçuaí. Uma determinação
geocronológica pelo método U-Pb LA-ICP-MS realizada em xisto da unidade superior indica uma
idade máxima de sedimentação em torno de 1123 Ma. Considerando as relações de contato, as
características gerais dos anfibolitos da região de Capelinha e os dados geocronológicos obtidos para
as unidades metassedimentares, a idade de cristalização magmática obtida (957±14 Ma) sugere um
magmatismo sinsedimentar, contemporâneo ao estágio de rifteamento que levou a abertura da bacia
Macaúbas no período Toniano, com a Formação Capelinha posicionando-se estratigraficamente na
base do Grupo Macaúbas, como possível equivalente lateral das unidades pré-glaciais.

xix
xx
Abstract
The Capelinha Formation, in the homonymous region, consists of a dominant metapsamitic
basal unit formed by mica schists, quartz schists and quartzites, pure or micaceous, with lenses of
metamafic rocks, and an upper metapelitic unit, mainly composed of peraluminous schists with garnet,
staurolite and/or kyanite. In order to determine the role of the metabasic and metasedimentary rocks of
the Capelinha Formation in the evolution of the Araçuaí orogen, stratigraphical, structural,
geochemical, isotopical and geochronological studies were performed. The obtained data show that the
Capelinha Formation presents a more comprehensive territorial extension than postulated in its
original setting. At the current stage of knowledge, the Capelinha Fold Belt (CFB) resembles an
inverted and asymmetric fold belt, with the lower unit inserted in the core of kilometric anticlines. The
structural assets indicate tectonic vergence to the south, against the Guanhães Block, where
detachment surface reveals itself as a normal fault with dextral kinematic component that separates the
Archean rocks of the Guanhães Complex from metasedimentary and metamafic rocks that belong to
the Neoproterozoic Macaúbas Group. Three geochronological determinations by U-Pb LA-ICP-MS
method in the lower quartzite unit indicate a maximum age of sedimentation around 970 Ma. The
metamafic rocks, metamorphosed to amphibolite facies, have tholeiitic basalt protoliths with a
dominant within-plate signature, Sm-Nd TDM model ages ranging from 1700 to 1500 Ma and negative
epsilon Nd (ƐNd (957 Ma) ranging from -0,04 to -3,66). U-Pb zircon ages for the amphibolites constraint
magmatic crystallization at 957 Ma and metamorphic recrystallization at around 569 Ma. All the
structures and the classic Barrowian metamorphic zoneography reflect the collisional stage of the
Araçuaí orogen. A geochronological determination using U-Pb LA-ICP-MS method, performed on a
peraluminous schist of the upper unit, indicates a maximum age of sedimentation around 1123 Ma.
Based on the contact relationships, petrographic features and new geochronological studies, the
Capelinha Formation can be related to the continental rift stage of the Macaúbas basin (precursor in
the Araçuaí orogen), with synsedimentary magmatism, and may represent the lateral equivalent to the
pre-glacial units developed during the Tonian time.

xxi
Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

1.1 – NATUREZA DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVAS

Um exercício bastante complexo em orógenos Pré-cambrianos é a reconstituição da


paleogeografia e dos ambientes tectônicos pré-colisionais e dos estágios iniciais do ciclo de Wilson.
Neste contexto, bacias do tipo rifte continental com magmatismo associado se tornaram alvo de
extensiva investigação, e sua sedimentação, estrutura e tectonismo, bem como as características do
magmatismo associado são agora relativamente bem compreendidos (Gawthorpe & Leeder, 2000;
Morley, 2002). O magmatismo é obviamente parte integrante da história de uma bacia sin-rifte e em
conjunto com a assembleia de rochas, representam elementos chave para entendimento dos eventos
que antecederam a quebra continental.
O orógeno Araçuaí se estende desde o limite leste do Cráton do São Francisco até o litoral
atlântico, aproximadamente entre os paralelos 15º e 21º S e representa o segmento setentrional da
Província Mantiqueira, incluindo a Faixa de Dobramentos Araçuaí (Almeida, 1977) e a região a leste
dela, rica em rochas graníticas e metassedimentares de alto grau, que constitui a porção interna e o
núcleo metamórfico-anatético desse orógeno.

O estágio rifte da Bacia Macaúbas, precursora do orógeno Araçuaí, é muito bem documentado
no setor proximal (domínio externo) desse sistema orogênico, particularmente na região de
Diamantina e a norte desse município e está representado por um conjunto de rochas
metassedimentares associados a corpos de rochas metamáficas. De acordo com Pedrosa-Soares et al.
(2007), a sedimentação das diversas fases desse rifte continental está representada pelas formações
Duas Barras, Rio Peixe Bravo, Serra do Catuni, Nova Aurora e unidade inferior da Formação Chapada
Acauã do Grupo Macaúbas. As rochas metamáficas, remanescentes do magmatismo sin-rifte ou da
fase final do estiramento crustal, são representadas pelos diques máficos da Suíte Pedro Lessa, de
composição gabróica e deformados em intensidades diversas, e pelos xistos verdes basálticos das
regiões de São Gonçalo do Rio Preto e do Rio Macaúbas, que distribuem-se em uma faixa
relativamente contínua ao longo do meridiano 43º30’W.

Entre os domínios externo – interno do orógeno Araçuaí, na região de Capelinha, aflora uma
unidade composta por rochas metapsamíticas com lentes de anfibolito, na base, e por uma sequência
de rochas metapelíticas, no topo – a Formação Capelinha, originalmente definida por Grossi-Sad et al.
(1993). Essa formação sempre foi alvo de diversos questionamentos quanto ao seu posicionamento

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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014

estratigráfico, idade e significado geotectônico. A Formação Capelinha já foi interpretada como


sedimentação relacionada ao fechamento da Bacia Macaúbas, com idade neoproterozóica (valores
máximo e mínimo em torno de 800 e 650 Ma), tendo como fontes possíveis para os seus sedimentos o
Complexo Guanhães e os complexos gnáissico-migmatíticos orientais do Orógeno Araçuaí (Pedrosa-
Soares 1995, 1997). Uma segunda interpretação foi apresentada por Guimarães & Grossi-Sad (1997)
que identificaram, encaixados nos quartzitos da Formação Capelinha, corpos anfibolíticos de
granulação fina e forma tabular. Os autores realizaram uma caracterização geoquímica preliminar e
sugeriram que as amostras fossem derivadas de basaltos toleíticos gerados em ambiente de
espalhamento oceânico. Em uma síntese sobre o orógeno Araçuaí, uma terceira hipótese acerca do
significado da Formação Capelinha foi apresentada por Pedrosa-Soares et al. (2007), que
interpretaram esta formação como o registro de sedimentação sin-orogênica (bacia do tipo flysch; ca.
580 Ma). Em estudos mais recentes, Pedrosa-Soares et al. (2011) não incluíram a Formação Capelinha
na coluna estratigráfica do Grupo Macaúbas e nem na sequência metassedimentar associada à
sedimentação sin-orogênica.
Pelo conjunto de dados expostos anteriormente, abrem-se algumas questões sobre a Formação
Capelinha: a) Poderiam os corpos de anfibolito representar a expressão mais a leste do estágio rifte da
Bacia Macaúbas? b) Qual a sua posição estratigráfica? e c) Qual o significado geotectônico da
Formação Capelinha no contexto do orógeno Araçuaí?

1.2- LOCALIZAÇÃO E ACESSO DA ÁREA ESTUDADA

A área estudada situa-se na região nordeste do estado de Minas Gerais e tem como referência
principal a cidade de Capelinha. No extemo oeste da área está localizado o distrito de São Caetano,
entre os meridianos 42º 45’ e 42º 30’ de longitude oeste e os paralelos 17º 30’ e 17º 45’ de latitude sul.
A leste, entre as latitudes 17º 30’ e 17º 45’ S e longitudes 42º 30’ e 42º 20’ W, a área é balizada pela
confluência entre o rio Fanado e o ribeirão Fanadinho (figura 1.1). A área ocupa a porção nordeste da
Folha Capelinha (IBGE 1983, SE-23-X-D-V, Carta do Brasil, escala 1:100.000) e a porção noroeste da
Folha Malacacheta (IBGE 1983, SE- 23-X-D-VI, Carta do Brasil, escala 1:100.000) (figura 1.1). O
sistema viário é constituído por rodovias federais, estaduais e estradas vicinais, entre as quais se
destacam a BR-381 (Belo Horizonte - Itabira), BR-120 (Itabira – Guanhães – Santa Maria do Suaçuí-
Capelinha), BR-259 (Curvelo – Diamantina), BR-367 (Diamantina – Turmalina – Minas Novas). As
alternativas de trajeto, a partir de Belo Horizonte, são: (i) Belo Horizonte – Diamantina – Turmalina –
Capelinha; (ii) Belo Horizonte – Diamantina – Capelinha; (iii) Belo Horizonte – Itabira – Guanhães –
Santa Maria do Suaçuí – Capelinha.

A cidade de Capelinha, o distrito de São Caetano e a localidade denominada de Campo do Boa


foram as bases logísticas para os trabalhos de campo.
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014

Figura 1.1: Mapa de localização e acesso à região estudada.


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1.3 – OBJETIVOS

Com base no cenário acima explicitado, o objetivo deste trabalho é caracterizar


geologicamente a Formação Capelinha na sua área tipo e estabelecer o seu posicionamento
estratigráfico.

1.4 – METODOLOGIA

O desenvolvimento do projeto foi sistematizado em etapas conjugadas entre os trabalhos de


campo e os trabalhos de laboratório, de forma que ambas se completassem.

1.4.1 – Revisão bibliográfica

A medotologia de trabalho se iniciou com uma grande revisão e consulta bibliográfica do


material disponível sobre os diversos assuntos relacionados ao projeto, como geologia regional e local,
modelos de evolução geotectônica do setor abordado, petrografia e geoquímica de rochas
metassedimentares e rochas metamáficas, métodos de datação em geral.

1.4.2 – Trabalhos de campo e coleta de amostras

A região estudada conta com mapas geológicos de cunho regional, nas escalas 1:100.000 e
1:250.000 (e.g. Baars et al., 1997, Guimarães & Grossi-Sad 1997). Desta forma, em um primeiro
momento, foi realizada uma compilação dos mapas existentes visando à elaboração da base geológica
atualizada do setor do Orógeno Araçuaí aqui enfocado.

Perfis lito-estruturais e mapeamento de detalhe (escala 1:25.000), na calha do rio Itamarandiba


e seus afluentes, nas regiões de São Caetano, Campo do Boa e Capelinha, e na região do rio Fanado e
ribeirão Fanadinho, foram realizados visando o detalhamento da estratigrafia, amostragem e a
construção de novas colunas/perfis estratigráficos. Foram efetuadas três campanhas de campo,
totalizando 37 dias de trabalho. Foram descritas 626 estações de campo e obtidos dados litológicos,
estratigráficos e estruturais, registros fotográficos e/ou desenhos esquemáticos. Importante ressaltar
que parte deste trabalho foi realizado em conjunto com os alunos da disciplina “Mapeamento
Geológico (GEO 493)”, do segundo semestre de 2012, do Departamento de Geologia da UFOP.

Os materiais utilizados como apoio para as etapas de campo foram:

� Relatórios (projetos de pesquisa, trabalhos de graduação, dissertações de mestrado e teses de


doutorado), artigos publicados em periódicos e mapas geológicos que enfocam as regiões estudadas.

� Folhas topográficas Malacacheta (IBGE 1983, SE-23-X-D-VI, Carta do Brasil, escala 1:100.000) e
Capelinha (IBGE 1983, SE-23-X-D-V, Carta do Brasil, escala 1:100.000);
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014

� Imagens TM-LANDSAT 5, em escala 1:100.000 e imagens GEOCOVER, em escala 1:50.000;

� Material convencional de campo: GPS, lupa de mão (aumento de 10X), ímã, bússola, martelo,
estereoscópio etc.

As coletas sistemáticas de rochas metassedimentares e metamáficas para estudos de laboratório


(litoquímica e isótopos – figura 1.2) foram realizadas ao longo dos perfis supracitados. As amostras
foram coletadas em exposições frescas que facilitaram a obtenção de rochas isentas de alteração
intempérica. A Tabela 1.1 apresenta uma síntese das amostras coletadas, bem como das análises
laboratoriais realizadas. Foram excluídas desta listagem as inúmeras amostras coletadas com fins
exclusivos de descrição petrográfica.

Tabela 1.1 – Síntese das amostras coletadas e das análises realizadas. * Amostra cedida por Fernando Flecha de
Alkmim. ** Amostra cedida pela orientadora da dissertação.

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Amostra Localização Litotipo UTM Análises

Estrada que liga Quartzito 768801-


AT-31* Capelinha a micáceo 8048956 U-Pb (LA-ICP-MS) ---
Novo Cruzeiro
Sm-Nd
CP-01B Campo do Boa Anfibolito 749939- Litoquímica
8056546 U-Pb (LA-ICP-MS)
Quartzito
CP-01C Campo do Boa encaixante do 749939- U-Pb (LA-ICP-MS) ---
anfibolito 8056546
Estrada que liga 773212-
CP-02B Capelinha a Quartzito 8049215 U-Pb (LA-ICP-MS) ---
Novo Cruzeiro
Estrada que liga Sm-Nd
CP-03B Capelinha a 771451- Litoquímica
Novo Cruzeiro Anfibolito 8048251 U-Pb (LA-ICP-MS)

Sm-Nd
GQ-06** Estrada que liga Anfibolito 769334- Litoquímica
Capelinha a 8048677
Novo Cruzeiro
Leito do rio
CM-96B Fanado Anfibolito Sm-Nd Litoquímica

Leito do rio
CM93 Fanado Anfibolito --- Litoquímica

CP-012B São Caetano Mica xisto 745882-


(ponto sobre o granatífero 8055655 U-Pb (LA-ICP-MS) ---
rio Itamarandiba)

CP047-2 Córrego Santa Anfibolito 750429- --- Litoquímica


Catarina 8057018
CP047-1
Córrego Santa Anfibolito 750429- --- Litoquímica
Catarina 8057018
4.66 Estrada que liga Anfibolito 772013-
Capelinha a 8047871 ---- Litoquímica
Novo Cruzeiro

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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014

Figura 1.2: Mapa de localização das amostras utilizadas nas análises Sm-Nd e U-Pb.

1.4.3 – Trabalhos de Laboratório

1.4.3.1-Petrografia microscópica

Foram realizados estudos petrográficos em 58 lâminas delgadas simples e polidas, em


microscópio monocular ZEISS (Axioskop 40) e em microscópio binocular Olympus BX41, visando à
caracterização detalhada dos diferentes litotipos em termos de feições texturais e paragêneses
minerais. Para cada unidade descrita, procurou-se inserir fotomicrografias das principais estruturas
observadas. Importante ressaltar que grande parte das amostras se encontram metamorfizadas em
condições de fácies anfibolito, e salvo raras exceções, são observadas estruturas sedimentares em
lâmina. Desta forma, optou-se por adotar termos associados à petrografia metamórfica e/ou sedimentar
(dependendo do grau de recristalização das rochas) nas descrições.

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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014

1.4.3.2 – Análises isotópicas

1.4.3.2.1 – Método U-Pb LA-ICP-MS

Duas amostras de anfibolito (CP-01B e CP-03B) e quatro amostras de rochas


metassedimentares (CP-01C, CP-02B, AT-31 e CP-12B) foram enviadas para o Laboratório de
Geocronologia da Universidade de Brasília (UnB) para análises geocronológicas pelo método U-Pb
em zircão e titanita nas rochas metamáficas e zircão nas rochas metassedimentares, segundo rotinas
analíticas do laboratório em questão. As amostras CP-01C, CP-02B e AT-31 são quartzitos pouco
micáceos da unidade metapsamítica da Formação Capelinha que ocorrem intercalados aos corpos de
rochas metamáficas. A amostra CP-12B corresponde a um xisto peraluminoso rico em granada,
posicionado estratigraficamente no topo da unidade metapelítica.

As amostras selecionadas para os estudos foram processadas pelos métodos convencionais


como britagem, moagem, peneiramento e concentração da fração de 80 a 120# por bateia. A separação
dos grãos de zircão e cristais de titanita foi realizada de forma manual, com auxílio de lupa binocular.
Todos os zircões foram montados em uma seção circular de araldite com 2,5cm de diâmetro e polidos
até que zircões ficassem expostos. Imagens foram obtidas com utilização de microscópio óptico e
microscópio eletrônico de varredura. Essa etapa de concentração mineral, preparação do mount (seção
circular com zircões e/ou titanita) e imageamento dos grãos foi realizada no Centro de Pesquisas
Geocronológicas (CPGEO) da Universidade de São Paulo.

Os grãos de zircão foram datados com Microssonda a Laser (New Wave UP213) acoplado a
um MC-ICP-MS (Neptune) no Laboratório de Geocronologia da UnB. Dados isotópicos foram
adquiridos pelo modo estático com tamanho do feixe de laser de 15 a 40 µm. Fracionamentos de
elementos por indução do Laser e discriminação de massa instrumental foram corrigidos com a
utilização de um padrão de referência de zircão GJ-1 (padrão internacional do GEMOC ARC National
Key Center, Austrália; (Jackson et al., 2004). Erros externos foram calculados com a propagação do
erro das medidas individuais do padrão GJ-1 e das medidas individuais de cada amostra de zircão (ou
spot). As incertezas associadas às razões apresentadas nas tabelas de dados são de 1σ, em
porcentagem. As idades foram calculadas utilizando o programa ISOPLOT 3.0 (Ludwig, 2003).
Maiores detalhes a respeito da metodologia analítica podem ser obtidos em Chemale et al. (2012).
A preparação dos cristais de titanita e as condições de análise seguiram os padrões adotados
para os grãos de zircão, com algumas exceções. Para a titanita, o tamanho do feixe de laser é
normalmente 40 a 55 µm, visto que este mineral apresenta baixas quantidades de U e Pb. As razões
isotópicas e fracionamento inter-elementar dos dados obtidos foram avaliados e corrigidos pelo padrão
de titanita Khan (padrão de referência internacional do Cinturão Damara, Namíbia), os quais são
analisados a cada 4, 6 ou 10 análises de amostra de titanita. O número de pontos de análises varia
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014

conforme a homogeneidade dos grãos, e com a quantidade de Pb, U e de Pb comum (conteúdos


consideráveis) presentes nos cristais.

1.4.3.2.2 – Método Sm-Nd

As determinações isotópicas de rocha total pelo método Sm-Nd, realizadas em quatro


amostras de anfibolito (CP-01B; CP-03B; GQ-06 e CM-96B), foram efetuadas no Centro de Pesquisas
Geocronológicas da Universidade de São Paulo (USP), segundo rotinas analíticas representadas por
Sato et al. (1995). As análises Sm-Nd visam à obtenção da idade-modelo TDM e de valores iniciais do
parâmetro ƐNd. Os dados isotópicos Sm-Nd da amostra GQ-06 foram cedidos pela orientadora deste
trabalho.

1.4.3.4 – Litoquímica

As análises químicas de rocha total para elementos maiores, menores, traços e terras raras
foram realizadas pelo laboratório comercial AcmeLabs – ACME Analytical Laboratories Ltd.
(Canadá). Os métodos a serem utilizados para as análises quantitativas incluem: (i) ICP-ES
(Inductively Coupled Plasma Emission Spectrometry), com fusão da amostra por metaborato de lítio e
digestão com HNO3, para os óxidos maiores e elementos menores; (ii) ICP-MS (Inductively Coupled
Plasma Mass Spectrometry), com fusão da amostra por metaborato/tetraborato de lítio e digestão com
água régia (apenas metais-base), para elementos traços e terras raras.

Os diagramas de distribuição dos elementos maiores, traços e terras raras foram obtidos e
tratados pelos softwares Minpet 2.02, Origin 6.1 e Excel 2010.

1.5 – ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

A região estudada faz parte da unidade geomórfica denominada Planalto do Jequitinhonha que
se situa a leste da cadeia do Espinhaço. As maiores altitudes regionais foram alcançadas a partir de
soerguimento regional durante o Cenozóico. Uma ampla superfície aplainada domina a região na
porção norte e a sul o relevo é mais arrasado. Em virtude de processo recente de rejuvenescimento, a
zona dissecada avança contra a antiga superfície aplainada (Guimarães & Grossi-Sad, 1997; Baars et
al. 1997).

A forma de relevo característica é a chapada, amplamente presente na porção norte da área de


estudo, sugerindo um peneplano antigo, que foi parcialmente desmontada por um segundo ciclo
erosivo, responsável pela topografia suavizada observada. Um ciclo atual de erosão provocou
rejuvenescimento da rede de drenagem, com erosão acentuada nas cabeceiras e desenvolvimento de
ombreiras nos vales (Guimarães & Grossi-Sad, 1997). Não há qualquer dúvida quanto à persistência
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014

do processo de dissecação da antiga superfície, que é atestado pela existência de cursos d'água com
trechos encachoeirados, com leito usualmente pedregoso e com recorte de aluvião antigo.

A porção norte das folhas Capelinha e Malacacheta é mais elevada que a porção sul, de cerca
de 200 m. Essa diferença de altitude pode ser explicada pela variação do nível de base local dos cursos
que fluem para o norte (Bacia do Rio Jequitinhonha), em relação aos que fluem para o sul (Bacia do
Rio Doce). O divisor entre as bacias tem rumo oeste-leste.

As drenagens da região são dominadas principalmente pelos rios Itamarandiba e Fanado


(figura 1.3), bem como por seus afluentes. O rio Itamarandiba drena toda a porção leste da área. Já
afluentes diretos do rio Araçuaí drenam as porções Norte e Oeste. O padrão de drenagens é
predominantemente dentrítico, principalmente de segunda e terceira ordem, com direção
majoritariamente NW-SE. Este padrão está intrinsecamente relacionado aos metassedimentos do
Grupo Macaúbas. Já na porção sul, onde ocorrem rochas relacionadas ao Complexo Guanhães,
algumas drenagens possuem padrão retilíneo, possivelmente controlado por descontinuidades do
embasamento.

O clima da região a ser estudada é tipicamente tropical, com seis meses de seca, entre Abril e
Setembro. A pluviometria anual varia de 800 a 900 mm por ano na porção Norte, a 900 a 1100 mm na
porção Sul e tem temperatura média anual de 21,5ºC (Guimarães & Grossi-Sad, 1997; Baars et al.
1997).

Figura 1.3: Mapa de elevação, aspectos do relevo e hidrografia básica da região de Capelinha.

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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014

1.7 – ESTRUTURAÇÃO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Esta dissertação de mestrado apresenta sete capítulos, descritos resumidamente a seguir, e


anexos.

� Capítulo 1: introduz ao leitor a área estudada e apresenta uma visão geral do problema abordado, os
principais objetivos da dissertação e o roteiro metodológico para cumpri-los;

� Capítulo 2: apresenta uma compilação de trabalhos que abordam o arcabouço geotectônico e


geológico da região onde se inserem as seqüências metassedimentares e metamáficas abordadas.

� Capítulo 3: destina-se à apresentação e discussão de dados petrográficos, geoquímicos, isotópicos e


geocronológicos das rochas metamáficas e metassedimentares atribuídas à Formação Capelinha na
região homônima.

� Capítulo 4: apresenta uma proposta de redefinição estratigráfica da Formação Capelinha, segundo o


“Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica” proposto por Petri et al. (1986). Esse capítulo está
estruturado sob a forma de artigo intitulado “A Formação Capelinha redefinida como unidade basal
do Grupo Macaúbas”, submetido ao Brazilian Journal of Geology como comunicação rápida (Qualis
B2; por se tratar de nota curta foi aceito em português).

� Capítulo 5: discute os resultados obtidos neste projeto de mestrado.

� Capítulo 6: expõe as conclusões obtidas pelo projeto de mestrado de mestrado.

� Capítulo 7: expõe a lista das referências bibliográficas consultadas.

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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014

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CAPÍTULO 2
CONTEXTO GEOTECTÔNICO E GEOLOGIA REGIONAL

2.1 – ARCABOUÇO GEOTECTÔNICO

O paleocontinente São Francisco-Congo, representado pelo cráton homônimo localizado em


parte na América do Sul e parte na África (figura 2.1), foi formado no limite riaciano-orosiriano (e.g.,
Ledru et al., 1994; Teixeira et al., 2000; Noce et al., 2007; Heilbron et al., 2010). Praticamente todas
as reconstruções paleotectônicas e paleogeográficas revelaram que as massas continentais São
Francisco e Congo atuaram como uma única peça continetal desde 2,0 Ga até a abertura do oceano
Atlâtico no cretáceo (e.g., Trompette 1994; Brito–Neves et al., 1999; Cordani et al., 2003). A ligação
entre as contrapartes São Francisco e Congo é uma região preservada do evento orogênico Brasiliano-
Pan-africano (Porada 1989; Brito–Neves & Cordani 1991; Trompette 1994; Barbosa & Sabaté 2004),
a ponte cratônica Bahia-Gabão (Pedrosa–Soares et al., 2008) (figura 2.1).

Na região sul da ponte cratônica Bahia-Gabão, um sistema de bacias neoproterozóicas se


desenvolveu para um edifício orogênico Brasiliano-Pan-africano bordejado pelo cráton São Francisco-
Congo, o orógeno Araçuaí-Congo Ocidental (Pedrosa–Soares et al., 2001, 2008; Alkmim et al., 2006).
Este sistema orogênico não representa um orógeno típico de margem continental (intercratônica),
porque o seu desenvolvimento não envolve placas completamente separadas, devido à existência da
ponte Bahia-Gabão ligando as contrapartes cratônicas São Francisco e Congo. O orógeno Araçuaí-
Congo Ocidental é um exemplo de um orógeno confinado (Pedrosa-Soares et al., 2001; Rogers &
Santosh, 2004); porque, embora desenvolvido a partir de uma bacia esculpida no paleocontinente São
Francisco-Congo, seu sistema precursor não foi completamente ensiálico, e o orógeno resultante
contém lascas ofiolíticas, um arco magmático pré-colisional, e uma enorme quantidade de granitos
colisionais e pós colisionais (Pedrosa-Soares et al., 1998, 2008, 2011; Queiroga et al., 2007;. Peixoto
et al., 2013; Gonçalves et al., 2014; Gradim et al., 2014). Além disso, o sistema da bacia precursora do
orógeno Araçuaí-Congo Ocidental foi conectado com aulacógenos localizados no paleocontinente São
Francisco-Congo (figura 2.1). Portanto, esse cenário geotectônico único, representado pelo orógeno
Araçuaí-Congo Ocidental e aulacógenos relacionados, pode fornecer pistas importantes para entender
o comportamento geodinâmico Neoproterozóico e a evolução tectônica da paleocontinente São
Francisco-Congo.

De fato, o orógeno Araçuaí-Congo Ocidental e a região cratônica vizinha fornecem várias


evidências de uma série de eventos de rifteamento proterozóicos, relacionados com tentativas distintas

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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014

de quebra do paleocontinente São Francisco-Congo (Pedrosa-Soares et al., 1992, 2011; Uhlein et al.,
1998; Tack et al., 2001; Danderfer et al., 2009, 2014; Pedrosa-Soares & Alkmim 2011; Babinski et
al., 2012;. Chemale-Júnior et al., 2012). No entanto, há poucos estudos detalhados sobre as fases rifte
neoproterozóicas da bacia precursora do orógeno Araçuaí, que representa a contrapartida do sistema
orogênico Araçuaí-Congo Ocidental localizado no sudeste do Brasil (Gradim et al., 2005; Martins,
2006; Martins et al., 2008)
A região de Capelinha situa-se na porção centro norte do orógeno Araçuaí (figura 2.1). Este
sistema orogênico se estende desde o limite leste do Cráton do São Francisco até o litoral atlântico,
aproximadamente entre os paralelos 15º e 21º S (figura 2.1). A fronteira setentrional deste orógeno
descreve uma grande curvatura, com concavidade voltada para sul. O limite meridional é balizado pela
extremidade sul do Cráton do São Francisco, ao redor do paralelo 21º S, onde a estruturação brasiliana
de direção NE, característica do Orógeno Ribeira, sofre inflexão para NNE a N-S. O orógeno Araçuaí
representa o segmento setentrional da Província Mantiqueira e inclui a Faixa de Dobramentos Araçuaí,
definida por Almeida (1977): “faixa de dobramentos brasilianos adjacentes às bordas sul e sudeste do
Cráton do São Francisco, em Minas Gerais e regiões vizinhas da Bahia”, e região a leste dela, rica
em rochas graníticas e metassedimentares de alto grau, que constitui a porção interna do orógeno
Araçuaí. A Faixa Congo Ocidental representa a contraparte do orógeno que foi herdada pela África
após a abertura do Atlântico Sul, no Cretáceo.

Os grandes compartimentos tectônicos do orógeno Araçuaí, de acordo com Uhlein (1991);


Pedrosa-Soares & Wiedemann-Leonardos (2000) e Heilbron et al. (2004), são os domínios de
antepaís (cobertura deformada do Cráton do São Francisco), externo (ou proximal, caracterizado por
um sistema de empurrões frontais, transporte tectônico para oeste e metamorfismo de fácies xisto
verde a anfibolito, crescente de oeste para leste e de norte para sul) e interno (ou distal, denominado
“núcleo metamórfico-anatético do orógeno”, caracterizado por extensivo plutonismo orogênico,
presença de remanescentes oceânicos e do arco magmático cálcio-alcalino e metamorfismo de alto
grau nas rochas associadas). A porção oriental do orógeno Araçuaí é rica em rochas graníticas,
metassedimentares e rochas metamórficas ortoderivadas de alto grau metamórfico, caracterizando o
domínio interno deste sistema (figura 2.2). Este, por sua vez, guarda o registro litológico de todos os
estágios evolucionários, desde a bacia precursora, representada pelo Grupo Macaúbas em Minas
Gerais, até o plutonismo pós-colisional (Pedrosa-Soares et al., 2001).

Do ponto de vista tectônico, Alkmim et al. (2006, 2007) apresentam uma compartimentação
tectônica mais detalhada para o orógeno Araçuaí, permitindo sua subdivisão em dez domínios, dentre
os quais o Corredor Transpressivo de Minas Novas (MN), a Zona de Cisalhamento da Chapada Acauã

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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014

(CA) e o Bloco de Guanhães (BG) constituem a base para a compreensão da estruturação da região de
Capelinha (figura 2.2).

Figura 2.1: Cenário geotectônico do Sistema orogênico Aracuaí-Congo Ocidental e os crátons relacionados. O
poligono preto indica a localização da região abordada (modificado de Alkmim et al., 2006).

O Corredor Transpressivo de Minas Novas (Pedrosa-Soares, 1995) é uma zona de deformação


transcorrente destral de orientação geral NE-SW, desenvolvida sobre rochas do Grupo Macaúbas (alvo
deste trabalho) e Formação Salinas. Na porção NW as foliações mergulham para SE e na porção SE as
foliações mergulham para NW, caracterizando, portanto, em seção transversal, uma geometria em flor
positiva, marcada por uma foliação penetrativa, geralmente paralela ao acamamento das unidades
envolvidas. O mergulho da foliação aumenta progressivamente em direção ao centro da estrutura, até
atingir a verticalidade. Neste setor central, existem grandes dobras isoclinais de planos axiais verticais,
cujas charneiras caem preferencialmente para NE. As lineações de estiramento mineral mostram
obliquidades muito variáveis sobre os elementos do corredor e um caimento em torno de 30º para NE

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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014

(Alkmim et al., 2007). O metamorfismo regional varia da fácies xisto verde a anfibolito médio, sob
regime de baixa pressão (Pedrosa-Soares et al., 1996).

A Zona de Cisalhamento da Chapada Acauã é marcada por uma rica assembléia de estruturas
de segunda geração que se superpõem às estruturas associadas ao transporte tectônico para oeste,
dentre as quais se destacam dobras vergentes para leste, a estas dobras se associam uma clivagem de
crenulação, cuja orientação preferencial é em torno de 290/50. Zonas de cisalhamento dúctil-rúpteis
normais e tension gashes verticais são outros elementos muito frequentes no seu interior (Grossi-Sad
et al., 1997; Gradim et al., 2005; Marshak et al., 2006; Santos et al., 2007). A orientação espacial e o
sentido de cisalhamento das estruturas implicam em uma natureza distensional para a Zona de
Cisalhamento da Chapada Acauã. Marshak et al., (2006) interpretam-na como uma manifestação do
colapso gravitacional do Orógeno Araçuaí. Segundo Alkmim et al. (2007), a Zona Cisalhamento da
Chapada Acauã atuou no abatimento do bloco constituído por rochas do Grupo Macaúbas e da
Formação Salinas, situado a norte do Bloco de Guanhães.

O grande alto estrutural que expõe o embasamento do orógeno Araçuaí a sudeste do Cinturão
de Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Meridional é denominado Bloco de Guanhães. É constituído
de terrenos TTG, gnaisses arqueanos, sequências metassedimentares e grandes plútons graníticos da
suíte Borrachudos (1,75 Ga, Dussin et al., 2000; Silva et al., 2002; Noce et al., 2007). Somente as
unidades mais jovens do Grupo Macaúbas fazem contato com o ele pelo norte (Pedrosa-Soares et al.,
2001, 2007; Gradim et al., 2005). Tal fato constitui um indício de que o Bloco de Guanhães deve ter
atuado como alto estrutural já a época do rifte Macaúbas (Alkmim et al., 2007).

O Bloco de Guanhães pode ser subdividido em três domínios do ponto de vista estrutural.
Esses domínios se distribuem em faixas alongadas na direção NS (Alkmim et al., 2006). O domínio
leste caracteriza-se por um assembléia de estruturas constituída por falhas de empurrão de direção NS.
A leste da cidade de Guanhães, falhas inversas de baixo ângulo e direcionamento geral NNE-SSW se
estendem da região de Itabira para norte passando pela localidade de Senhora do Porto. Em sua porção
setentrional estes lineamentos, coincidem com o curso do Alto Rio Guanhães e encaixam uma
sequência vulcano-sedimentar localmente com dezenas de metros de espessura. A seqüência está em
contato tectônico por falhas inversas de alto ângulo com o embasamento da bacia, sendo superposta
por litologias do Complexo Basal a leste e sobreposta aos granitos da Suíte Borrachudos (Pluton São
Félix) a oeste (Danderfer & Meireles, 1987). Uma foliação penetrativa, muitas vezes de natureza
milonítica, orientada N25E e subverticalizada, está representada em todas as litologias da seqüência. A
lineação contida na foliação, representada pelo alinhamento de anfibólios, biotita, e rods de quartzo,
tem orientação e caimento variados. São observados ainda foliação S/C, rotação de cristais e sombra
de pressão.
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Contribuições às Ciências da Terra – M 73, vol. 319, 115p.,2014

Figura 2.2: Mapa geológico simplificado do orógeno Araçuaí destacando as assembleias litotectônicas. Zona de
Cisalhamento Chapada Acauã (CA), Corredor Trasnpressivo de Minas Novas (MN), Bloco Guanhães (GB)
(modificado de Pedrosa-Soares et al. (2008). Grupo Macaúbas (M), Grupo Dom Silvério (DS), Complexo
Jequitinhonha (J), Formação Salinas (S), Formação Capelinha (Cp).

O domínio oeste também possui falhas reversas e de empurrão com direção NS e as


características da deformação são heterogêneas. Em sua porção mais ocidental, o Complexo está
tectonicamente sobreposto aos metassedimentos do Supergrupo Espinhaço que constitui a unidade
dominante na cordilheira homônima (Dussin et al., 2000). A deformação é penetrativa de caráter
rúptil-dúctil, associada a um transporte de massas para oeste. Registros de etapas de deformação mais
antigas estão preservados localmente e muitas vezes são completamente obliterados. Em direção a
leste, a deformação torna-se dúctil e a separação entre a deformação e metamorfismo atribuíveis à
tectônica brasiliana e a eventos mais antigos não é clara (Dussin et al., 2000).
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O compartimento central é limitado pelas zonas de cisalhamento Pedra Branca, Sabinópolis e


Virgolândia de direção preferencial NS (Alkmim et al., 2007), que mostram duas fases com
cinemáticas distintas. A movimentação mais antiga possui sentido reverso e a mais nova possui
sentido normal a normal-dextral. Peres et al. (2004) interpreta a movimentação mais nova como uma
manifestação do colapso gravitacional do orógeno.

2.2 –ESTRATIGRAFIA

Este item apresenta uma síntese da estratigrafia do Orógeno Araçuaí, priorizando as unidades
arqueanas, neoproterozóicas e cambriana que ocorrem na faixa Capelinha - Malacacheta. As unidades
mais antigas, de idade arqueana, representam o embasamento do orógeno e incluem rochas do
Complexo Guanhães. O Grupo Macaúbas, de idade neoproterozóica, engloba depósitos
metassedimentares e metavulcânicos que registram estágios de evolução da bacia desde a sua fase rifte
até a fase margem passiva. Granitos intrusivos na área de influência dessa dissertação, de idade
cambriana, são representados por corpos a duas micas da Suite Mangabeiras, correlacionável à Suíte
G4 do Orógeno Araçuaí (Pedrosa-Soares et al., 2007).

2.2.1 – Embasamento

O embasamento do Orógeno Araçuaí evoluiu a partir da aglutinação de blocos crustais


arqueanos durante um processo orogênico paleoproterozóico que estendeu-se, aproximadamente, entre
2,2 e 2,0 Ga (Noce et al., 2007). Neste evento ocorreu a consolidação do bloco continetal São
Francisco-Congo que, provavelmente, fazia parte de um extenso continente Paleoproterozóico. Os
núcleos antigos, arqueanos, dos blocos São Francisco e Congo foram amalgamados ao longo de um
cinturão orogênico denominado Itabuna-Salvador-Curaçá no Brasil (Barbosa & Sabaté, 2004), e
Eburneano na África (Ledru et al., 1994). Esta ponte cratônica foi poupada dos eventos orogênicos
neoproterozóicos e sobreviveu até o Mesozóico (Porada, 1989; Ledru et al., 1994; Trompete, 1994;
Brito-Neves et al., 1999; Barbosa & Sabaté, 2004; Alkmim et al., 2006).

No domínio do orógeno Araçuaí, e da sua contraparte africana representada pelo Orógeno


Congo Ocidental, o sistema orogênico paleoproterozóico, com seus núcleos arqueanos, foi
profundamente retrabalhado e desmembrado, constituindo hoje as unidades do embasamento
orogênico. No orógeno Araçuaí estas unidades de embasamento encontram-se expostas no domínio
externo e interno (Noce et al., 2007).

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Dentre as unidades do embasamento que compõem o domínio externo (também no limite com
o domínio externo), o Complexo Guanhães é a mais relevante para a compreensão deste trabalho e
será mais detalhadamente discutido no item a seguir.

2.2.1.1 – Complexo Guanhães

As rochas gnaissificadas e migmatizadas da associação tonalito-trondjemito-granodiorito,


localizadas a leste, sul e sudeste da Cordilheira do Espinhaço (figura 2.3), na porção central de Minas
Gerais foram englobadas, sob a designação geral de Complexo gnáissico-granítico por Almeida &
Litiwinski (1984). As diferentes ocorrências receberam as denominações locais de Complexo
Guanhães no Mapa Geológico de Minas Gerais.

No Complexo Guanhães ocorrem gnaisses e migmatitos TTG (tonalito-trondhjemito-


granodiorito) datados entre 2867 e 2711 Ma, corpos graníticos, um dos quais datados em 2710 Ma,
faixas metavulcano-sedimentares possivelmente arqueanas e sequências metassedimentares portadoras
de formações ferríferas bandadas (Noce et al., 2007). O complexo aloja os corpos graníticos da Suíte
Borrachudos (1740 ± 8 a 1670 ± 32 Ma; Dussin et al., 1997; Silva et al., 2002) (figura 2.3),
relacionada à abertura da bacia rifte-sag Espinhaço (Chemale-Junior et al., 2012.).

Idades Rb/Sr mais antigas, em tôrno de 2660 Ma (Teixeira et al., 1990), foram localmente
obtidas para o complexo. No entanto, a grande maioria dos dados disponíveis, indicam idades
variáveis entre 1400 e 480 Ma, e são interpretadas como idades brasilianas ou rejuvenescimento de
idades mais antigas com perdas isotópicas parciais no Brasiliano (Teixeira et al., 1990). Teixeira et al.
(1990) interpretaram como restrita a atuação da tectônica brasiliana na porção oriental do Complexo
Guanhães, postulando que a região se comportou como um bloco rígido durante a orogênese
brasiliana.

Na região de abrangência das folhas Capelinha e Malacacheta, o Complexo Guanhães, é


constituído, apenas pela Formação Serra Negra (Guimarães & Grossi-Sad, 1997; Baars et al., 1997). O
Membro Inferior contém gnaisses, de composição granítica ou granodiorítica, finamente bandados,
com intercalações de anfibolitos e de quartzitos de granulação grossa. A direção do bandamento
gnáissico varia em torno do eixo EW, apresentando máximo em E-W/30°N (Guimarães & Grossi-Sad,
1997; Baars et al., 1997). Nos gnaisses são observadas dobras intrafoliais centimétricas, dobras
abertas, dobras desarmônicas e dobras apertadas ou isoclinais, em escalas centimétricas a métricas. As
dobras têm eixos predominantemente orientados na direção E-W, com vergência variável.
Intercalações concordantes de anfibolitos, centimétricas a métricas, ocorrem nos gnaisses. Trata-se de
corpos de granulação grossa, geralmente bem foliados, constituídos por plagioclásio e anfibólio, tendo

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biotita e granada como acessórios eventuais. Gnaisses calcissilicáticos, xistos pelíticos e quartzitos
próximos ao topo aparente da unidade são comuns.

O Membro Inferior grada verticalmente, através de intercalações finamente laminadas, para o


Membro Superior que é predominantemente composto de quartzitos puros e impuros. As intercalações
de quartzitos de grãos grossos, fortemente recristalizados e friáveis, ocorrem como camadas de
espessura variável entre centímetros e uma centena de metros. Quantidades menores de formação
ferrífera bandada, a quartzo e magnetita, e rocha metaultramáfica estão presentes no Membro
Superior. Os quartzitos são tipicamente grossos a médios, em função de recristalização metamórfica,
mas o acamamento plano paralelo é preservado em determinadas porções do pacote (Guimarães &
Grossi-Sad, 1997; Baars et al., 1997).

Ao se examinar a distribuição das unidades do Grupo Macaúbas nas adjacências do Complexo


Guanhães, nota-se que somente as unidades mais jovens e distais do grupo – formações Chapada
Acauã e Ribeirão da Folha - fazem com ele contato pelo norte (Pedrosa Soares et al., 2001, 2007;
Gradim et al., 2005). Tal fato constitui um indício de que o Bloco de Guanhães deve ter atuado como
um alto estrutural já à época do rifte Macaúbas.

Figura 2.3: Mapa geológico da região do Bloco de Guanhães. Modificado de Alkmim et al. (2007).

2.2.2 – Grupo Macaúbas

No atual estágio do conhecimento, o Grupo Macaúbas registra o desenvolvimento de uma


bacia neoproterozóica que evoluiu de um rifte continental para uma margem passiva, parcialmente sob

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influência glacial (Karfunkel & Hope, 1988; Noce et al., 1997; Pedro-Soares et al., 2001, 2011;
Martins-Neto & Hercos, 2002; Babisnki et al., 2012; Uhlein et al., 1998, 2007).

Com base nos resultados do Projeto Espinhaço (Guimarães & Grossi-Sad, 1997 e Baars et al.,
1997), com modificações introduzidas por Lima et al. (2002), Pedrosa-Soares et al. (2007, 2008) e
Martins et al. (2008), o Grupo Macaúbas foi então subdividido no trabalho de Pedrosa-Soares et al.
(2011) em sete formações, da mais antiga para a mais nova: Matão, Duas Barras, Rio Peixe Bravo,
Serra do Catuni, Nova Aurora, Chapada Acauã e Ribeirão da Folha (figura 2.4).

Figura 2.4: Coluna estratigráfica geral para o Grupo Macaúbas. Modificado de Pedrosa-Soares et al. (2008,
2011).

Dois blocos do embasamento dividem a distribuição do Grupo Macaúbas em três setores com
registros estratigráficos variáveis: o setor norte, relacionado com o Bloco Porteirinha, o setor central,
localizado entre os paralelos 17º e 18º S, e o setor sul, relacionado com o Bloco de Guanhães (figura
2.5) (Pedrosa-Soares et al., 2011). O pacote mais completo do Grupo Macaúbas ocorre no setor central
do orógeno Araçuaí, onde as unidades basais do Grupo Macaúbas - formações Matão e Duas Barras -
estão sobrepostas pela sequência proximal da Formação Serra do Catuni, que é o mais antigo registro
de glaciação da bacia Macaúbas (figuras 2.4 e 2.5). Estratigraficamente acima da Formação Serra do
Catuni está a sequência glacio-marinha da unidade inferior da Formação Chapada Acauã, composta
essencialmente por metadiamictitos, a qual é coberta pela unidade superior, sem (meta) diamictitos.
Esta unidade grada a leste para uma sucessão pós-glacial, margem passiva distal e assoalho oceânico
da Formação Ribeirão da Folha (figura 2.5) (Pedrosa-Soares et al., 2011).
21
Figura 2.5: Distribuição das diferentes formações do Grupo Macaúbas no domínio externo (oeste) do Orógeno
Araçuaí. Modificado de Pedrosa-Soares et al., 2011.

No setor norte, apenas a Formação Serra do Catuni ocorre entre o limite do cráton São
Francisco e a borda ocidental do Bloco Porteirinha (figura 2.5). Para leste do Bloco Porteirinha, a
sequência pré-glacial da Formação Rio Peixe Bravo é recoberta por sedimentos glácio-marinhos da
Formação Nova Aurora ou parcialmente capeados pela unidade superior da Formação Chapada Acauã.
No setor sul, o registro estratigráfico do Grupo Macaúbas é muito incompleto. A Formação Serra do
Catuni é localmente recoberta por camadas que, provavelmente, se correlacionam com a Formação
Chapada Acauã, e ocorre ao longo de uma estreita faixa no extremo oeste da Faixa Araçuaí, no limite
com o cráton São Francisco (figura 2.5). A leste do Bloco de Guanhães ocorre somente a Formação
Ribeirão da Folha (figura 2.5).

21
A sedimentação de fases diversas do rifte continental está representada pelas formações
Matão, Duas Barras, Rio Peixe Bravo, Serra do Catuni, Nova Aurora e unidade inferior da Formação
Chapada Acauã, do Grupo Macaúbas. A Formação Matão consiste de metabrechas e
metaconglomerados ricos em seixos e blocos de quartzito cobertos por quartzitos com lentes de
metaconglomerado. Sua espessura máxima é de 200 m. A Formação Matão registra uma sedimentação
sob condições tectônicas instáveis relacionadas ao estágio inicial de rifteamento da bacia Macaúbas
(Martins, 2006; Martins et al., 2008). A Formação Duas Barras consiste em quartzitos e quartzitos
conglomeráticos com teores variáveis de mica, feldspato, óxido de ferro e/ou fragmentos líticos,
arenitos, raro conglomerado e raro pelito. As estruturas sedimentares se relacionam a ambiente fluvial
e marinho raso sem vestígios de glaciação e algumas paleocorrentes possuem carater bimodal (NW-SE
e SE-NW). A espessura máxima é de aproximadamente 100 m (Grossi-Sad et al., 1997; Martins,
2006). A Formação Rio Peixe Bravo consiste em quartzito micáceo, quartzito ferruginoso e/ou
quartzito rico em feldspato, metapelitos localmente ricos em hematita e/ou grafita, e raros
metaconglomerados, com uma espessura máxima de cerca de 700 m (Viveiros et al., 1979; Mourão &
Grossi-Sad, 1997; Knauer et al., 2006). As formações Duas Barras e Rio Peixe Bravo, não apresentam
evidência de influência glacial e representam, portanto, a sedimentação fluvial a marinha que se deu
durante a fase de rifte continental da bacia Macaúbas (Martins-Neto et al., 2001; Martins, 2006;
Pedrosa-Soares et al., 2007, 2008). A idade máxima de sedimentação é 900 ± 21 Ma, como indica a
datação de grãos de zircão detrítico extraídos de um quartzito da Formação Duas Barras (U-Pb
SHRIMP, Babinski et al., 2007). Esta idade limita também a época do início da deposição do Grupo
Macaúbas.

Unidades glaciogênicas também se depositaram durante a fase rifte da bacia Macaúbas (e.g.,
Pedrosa-Soares et al., 1992, 1998; Grossi-Sad et al., 1997; Noce et al., 1997; Uhlein et al., 2007;
Martins-Neto et al., 2001; Martins- Neto & Hercos, 2002). A mais antiga delas é a Formação Serra do
Catuni, constituída por metadiamictitos maciços com intercalações esparsas de quartzitos e
metapelitos, representantes de sedimentação glácio-terrestre a glácio-marinha. Dados U-Pb SHRIMP
de zircões detríticos balizam a idade máxima de deposição da Formação Serra do Catuni em 933 ± 9
Ma (Babinski et al., 2007). Este dado, juntamente com o da Formação Duas Barras e outras idades de
zircões detríticos do Grupo Macaúbas (Pedrosa-Soares et al., 2000) sugerem fontes sedimentares
localizadas em ombreiras e horsts que expuseram à erosão a espessa pilha magmática do rifte que se
situa na Faixa Congo Ocidental (Tack et al., 2001; Pedrosa-Soares et al., 2008).

22
A sedimentação glácio-marinha se torna mais espessa e extensa nas formações Nova Aurora e
Chapada Acauã. A Formação Nova Aurora consiste predominantemente de metadiamictitos
estratificados (fluxos de detritos) e metaturbiditos com lentes quartzosas, com importantes
intercalações de formações ferríferas diamictíticas do tipo Rapitan e raros metapelitos (Pedrosa-Soares
et al. 1992; Mourão & Grossi-Sad 1997; Noce et al. 1997; Pedrosa-Soares & Oliveira 1997).

A unidade inferior da Formação Chapada Acauã consiste essencialmente de metadiamictito


estratificado, quartzito, metapelito e rochas metavulcânicas máficas (Mourão & Pedrosa-Soares, 1992;
Pedrosa-Soares et al., 1992, 2007, 2008; Mourão & Grossi-Sad, 1997; Gradim et al., 2005; Martins,
2006). O Membro Rio Preto constitui a porção inferior da Formação Chapada Acauã na região de São
Gonçalo do Rio Preto, englobando rochas metassedimentares que hospedam concordantemente
metabasaltos de filiação intra-placa que preservam estruturas do tipo pillow e outras características de
fluxo sub-aquoso (Schrank et al., 1978; Chula et al., 1996; Uhlein et al., 1998; Gradim et al., 2005).
Os protólitos dos xistos verdes metabasálticos mostram idade máxima de ca. 1,1 Ga (U-Pb SHRIMP;
Gradim et al.,2005).

O estágio de abertura da bacia precursora, que se seguiu ao rifte continental, levou à deposição
da pilha sedimentar da margem continental passiva e à formação de litosfera oceânica, como indicam
os registros litológicos da unidade superior da Formação Chapada Acauã, Formação Ribeirão da
Folha, e lascas tectônicas de rochas máficas e ultramáficas ofiolíticas (Pedrosa- Soares et al., 1992,
1998, 2001, 2008; Pedrosa-Soares 1995, 1997; Grossi-Sad et al., 1997; Noce et al., 1997; Pedrosa-
Soares & Grossi-Sad, 1997; Uhlein et al., 1998; Suita et al., 2004; Queiroga et al., 2006, 2007). Este
estágio transcorreu sem influência glacial, uma vez que as unidades que o representam são livres de
qualquer indício de glaciação. A unidade superior da Formação Chapada Acauã consiste de
intercalações de quartzito e metapelito, representantes da sedimentação plataformal no setor proximal
da margem passiva. A idade máxima de deposição é indicada por zircão detrítico datado em 864 ± 30
Ma (Pedrosa-Soares et al., 2000).

A Formação Ribeirão da Folha inclui, em sua porção ocidental, turbiditos areno-pelíticos


(quartzo-mica xistos bandados e mica xistos peraluminosos) com intercalações de grafita xistos e
rochas calcissilicáticas (Pedrosa-Soares et al., 2007). Em sua porção oriental, a Formação Ribeirão da
Folha engloba uma sequência metavulcanosedimentar ofiolítica que, da base para o topo inclui rochas
metaultramáficas, rochas metamáficas com vênulas de plagiogranito oceânico e rochas
metassedimentares sulfetadas. Os ortoanfibolitos bandados hospedam veios de plagiogranito que
foram datados em 660 ± 29 Ma (Queiroga et al., 2007). Esta idade indica a época da cristalização
magmática do ofiolito de Ribeirão da Folha.

23
A Formação Capelinha contém as rochas metassedimentares e metamáficas que são o
principal objeto de estudo dessa dissertação de mestrado. Devido a isso e ao fato de inúmeras
controvérsias quanto ao seu posicionamento estratigráfico, ela será tratada em um item separado
dentro do Grupo Macaúbas – a Formação Capelinha está sendo redefinida como base desse grupo
nesta dissertação (vide capítulo 4).

2.2.2.1 – Formação Capelinha

A Formação Capelinha foi definida, informalmente, por J.H. Grossi-Sad, E. Motta e F. Baars
em trabalho realizado para a ACESITA – Aços Especiais Itabira S/A. O trabalho citado foi realizado
durante o primeiro semestre de 1991 e, segundo os autores, essa formação estaria sobreposta aos xistos
da então “Formação Salinas”, topo do Grupo Macaúbas, nas folhas Capelinha e Malacacheta
1:100.000. Grossi-Sad et al. (1993) publicaram uma síntese dessa nova unidade litoestratigráfica do
Grupo Macaúbas no trabalho intitulado “Formação Capelinha: uma nova entidade litoestratigráfica
do Grupo Macaúbas superior”. Nesse trabalho, a Formação Capelinha foi subdividida em dois
membros: (i) o membro inferior, composto por protoquartzito micáceo, ferruginoso, feldspático e/ou
grafitoso, intercalado com quartzo-mica xisto; (ii) o membro superior, constituído predominantemente
por ortoquartzito laminado e localmente, por quartzito ferruginoso e/ou micáceo e/ou feldspático, com
metabasitos na base do pacote.

As pesquisas de Pedrosa-Soares (1995, 1997) demonstraram a distribuição territorial da


Formação Capelinha no vale do Rio Araçuaí e vizinhanças. Este autor considerou a Formação
Capelinha como sobreposta à Formação Ribeirão da Folha, e destacou as evidências de discordância e
contatos tectônicos, além do marcante contraste sedimentológico, entre ambas. Por isto, a Formação
Capelinha foi interpretada como sedimentação relacionada ao fechamento da bacia Macaúbas e as
fontes possíveis para os seus sedimentos seriam o Complexo Guanhães e os complexos gnáissico-
migmatíticos orientais do orógeno Araçuaí. Este autor ainda interpretou como neoproterozóica a
possível idade da Formação Capelinha (valores máximo e mínimo em torno de 800 e 650 Ma).

Guimarães & Grossi-Sad (1997) identificaram, encaixados nos quartzitos da Formação


Capelinha na região homônima, corpos anfibolíticos de granulação fina e forma tabular. Os autores
realizaram uma caracterização geoquímica (rocha total) preliminar e sugeriram que as amostras
fossem derivadas de basaltos toleíticos gerados em ambiente de espalhamento oceânico.

Em uma síntese sobre o orógeno Araçuaí, Pedrosa-Soares et al. (2007) interpretaram a


Formação Capelinha como o registro de sedimentação sin-orogênica (flysch; ca. 580 Ma).

Os dados obtidos nessa dissertação de mestrado, e que permitiram a redefinição estratigráfica


da Formação Capelinha (vide capítulo 4), mostram que essa unidade apresenta uma extensão territorial
24
muito mais abrangente do que postulada na sua definição original, mostrando relações de contato
altamente complexas com as unidades estratigráficas que a limita na base e topo. No atual estágio do
conhecimento, verifica-se que a Formação Capelinha encontra-se no núcleo de dobramentos
anticlinais quilométricos, isoclinais, vergentes para sul e com caimento do eixo para sudeste. Trata-se
de um conjunto rochoso composto por uma unidade inferior, dominantemente quartzítica com
intercalações de anfibolito, e por uma unidade superior, predominantemente metapelítica (figuras 3.2 e
3.3).

Uma síntese dos trabalhos já realizados acerca das rochas metassedimentares e metamáficas da
região de Capelinha é apresentada na tabela 2.1.

Tabela 2.1: Contribuições ao estudo da região de Capelinha.

Mapeou, na escala 1:250.000, a Serra Negra e incluiu os quartzitos locais no


Supergrupo Espinhaço.
Gorlt (1972)

Cartografou, na escala 1:100.000, a área a oeste da região de Capelinha. Define


litologicamente a unidade posteriormente distinta por Grossi-Sad et al. (1993) no
Hettich (1973) in Guimarães &
Projeto Espinhaço como Formação Salinas.
Grossi-Sad (1997)

Apresentam o primeiro documento cartográfico sobre todo o Vale do Rio


Jequitinhonha em escala 1:2500.000 no Projeto Jequitinhonha. Individualizam
camadas quartzíticas espessas, atribuídas atualmente à Formação Capelinha. Os
Fontes et al. (1978) autores do Projeto Jequitinhonha separam, por falha, dois domínios na Formação
Macaúbas, atualmente denominada Grupo Macaúbas.

Apresenta um trabalho sobre metamorfismo de uma região que inclui o Grupo


Macaúbas. Através de um mapa na escala 1:1.000.000 consegue mostrar o
Pedrosa-Soares (1989)
aumento do grau metamórfico em todo o Grupo Macaúbas em direção a leste.

Realizaram um trabalho de mapeamento na escala 1:100.000 da parte norte da


Folha Capelinha, compreendendo a geologia da “Formação Salinas” na faixa das
Grossi-Sad & Motta (1991)
chapadas.

Sugerem que as paragêneses são função de transições metamórficas e estruturas


regionais. Classificam estruturalmente e metamorficamente uma região que inclui
Pedrosa-Soares et al. (1993)
a parte norte e central da Folha Capelinha.

Definiram uma nova unidade litoestratigráfica do Grupo Macaúbas Superior, a


Formação Capelinha, e a subdividiram em dois membros: (i) o membro inferior,
composto por protoquartzito micáceo, ferruginoso, feldspático e/ou grafitoso,
intercalado com quartzo-mica xisto; (ii) e membro superior, constituído

Grossi-Sad et al. (1993) predominantemente por ortoquartzito laminado e localmente, por quartzito

25
ferruginoso e/ou micáceo e/ou feldspático, com metabasitos na base do pacote.

Demonstraram a distribuição territorial da Formação Capelinha no vale do Rio


Araçuaí e vizinhanças. Interpretaram a Formação Capelinha como sedimentação
Pedrosa-Soares (1995, 1997)
relacionada ao fechamento da bacia Macaúbas.

Mapearam a Formação Capelinha nas folhas Capelinha e Malacacheta 1.100.000 e


a posicionaram no topo do Grupo Macaúbas juntamente com a então “Formação
Baars et al. (1997) e
Salinas”. O padrão estrutural dos mapas gerados é dominado por falhamentos de
Guimarães & Grossi-Sad
cavalgamento. Identificaram, encaixados nos quartzitos, corpos de anfibolito, os
(1997)
quais sugeriram ter se formado em ambiente de espalhamento ocânico.

Pedrosa-Soares et al. (2007) Interpretaram a Formação Capelinha como registro de sedimentação sin-orogênica
(flysch; ca. 580 Ma).

Castro et al. (2013) e essa Redefinem a Formação Capelinha como uma unidade de base do Grupo Macaúbas
dissertação e a subdividem em duas unidades: uma inferior, dominantemente metapsamítica
com lentes de rocha metamáfica, e uma superior, metapelítica.

2.2.3 – Suíte Mangabeiras

No estágio pós-colisional do Orógeno Araçuaí ocorreram processos deformacionais (Marshak


et al., 2006; Alkmim et al., 2007) e plutonismo relacionados ao colapso gravitacional (extensional) do
orógeno (Pedrosa-Soares & Wiedemann-Leonardos, 2000; Pedrosa-Soares et al., 2001; Campos et al.,
2004). Associada a estes eventos formou-se a Suíte G4, constituida por plútons intrusivos, livres da
foliação regional, datada em 535-500 Ma (Pedrosa-Soares et al., 2007). Grandes distritos pegmatíticos
produtores de gemas e minerais industriais estão relacionados à Suíte G4 (Pedrosa-Soares et al.,
2001).

Na área de influência dessa dissertação, a Suíte G4 está representada por corpos graníticos da
Suíte Mangabeiras. Essa suíte engloba, na Folha Malacacheta, três corpos intrusivos, denominados
Pedra Formosa, Córrego do Fogo e Barreiro (Guimarães & Grossi-Sad 1997).

O Corpo Pedra Formosa é um leucogranito equigranular, localmente com fenocristais de


feldspato potássico. É um granito a duas micas, sendo que a quantidade de moscovita é geralmente
maior que a de biotita. No contato com os xistos peraluminosos observa-se uma foliação bem
desenvolvida (Guimarães & Grossi-Sad, 1997).

O Corpo Córrego do Fogo, com aproximadamente 60 km² de área, ocorre na porção E-NE da
Folha Malacacheta 1:100.000. Tem forma circular, com contatos reentrantes nos xistos. Localmente,
granito aplítico (caolinizado) intrude os mica xistos com sillimanita e grafita. Em torno de todo o

26
corpo, xistos e quartzitos do Grupo Macaúbas são cortados por veios pegmatóides com largura da
ordem de metros, muito decompostos (massa de caolim + quartzo). Dentro do corpo ocorre uma lente
de xisto aluminoso e grafitoso, que pode representar um xenólito ou mesmo um roof pendant,
resultante do mecanismo responsável pelo posicionamento intrusivo da rocha ígnea (Guimarães &
Grossi-Sad, 1997). A rocha que constitui o Corpo Córrego do Fogo é equigranular, de cor branca,
granulação média e localmente fina, com composição modal granítica e mineralogia principal
constituída por microclina + plagioclásio + quartzo + biotita + moscovita. Microclina sempre
predomina sobre plagioclásio e a biotita sobre a moscovita. A biotita é avermelhada (titanífera).
Granada aparece frequentemente como grãos milimétricos, subarredondados, dispersos na rocha, de
cor rosa-avermelhada. São observados, comumente, veios pegmatóides, quartzo-feldspáticos,
discretamente micáceos (biotita e/ou moscovita), ou não micáceos. Tem forma irregular, largura
decimétrica e cortam o granito. Podem ser ricos em granada, apresentando cristais com até 1 cm de
diâmetro. Uma foliação incipiente, localmente bem desenvolvida e definida pela orientação das micas,
é comum em todo o corpo (Guimarães & Grossi-Sad, 1997).

O Corpo Barreiro possui um formato alongado na direção SW-NE e faz contato com rochas
do Complexo Guanhães e do Grupo Macaúbas. Nas proximidades dos contatos com as rochas
metassedimentares do Grupo Macaúbas observam-se apófises pegmatóides caulinizadas. A
composição modal da rocha varia entre granito e álcali-granito, fácies monzonitica também ocorre
(Guimarães & Grossi-Sad, 1997). A granulação varia de fina a média, com esparsos fenocristais de
feldspato potássico, além de biotita e magnetita. Segundo (Guimarães & Grossi-Sad, 1997),
microscopicamente o K-feldspato é pertítico e se encontra emerso na matriz composta
majoritariamente por quartzo e biotita. Os acessórios incluem zircão e apatita. Os álcali-granitos
aplíticos são constituídos por microclina, quartzo, biotita, plagioclásio pouco sericitizado e rara
moscovita, como acessórios aparecem clorita e opacos. A biotita marca uma incipiente foliação
metamórfica.

2.3 – MODELO EVOLUTIVO

As investigações geológicas no âmbito da evolução da Faixa Araçuaí vêm sendo


desenvolvidas desde os primórdios da década de 1970. A publicação de Almeida (1977) deixou
enorme contribuição para a geologia do sudeste ao definir a Faixa Araçuaí como um ortogeossinclinal
alpinótipo desenvolvido a sudeste do Cráton do São Francisco durante o Ciclo Brasiliano. O mesmo
trabalho pioneiro proporcionou o surgimento de inúmeros questionamentos e potencializou o ritmo das
investigações geotectônicas sobre a Faixa Araçuaí.

27
A descoberta de remanescentes de litosfera oceânica neoproterozóica na Faixa Araçuaí no
final da década de 1980 (Pedrosa-Soares et al., 1990, 1992) e a caracterização geoquímica e isotópica
do batólito tonalítico Galiléia que evidenciou sua origem em arco magmático continental, edificado
em torno de 594 Ma (Nalini, 1997), trouxeram a luz do conhecimento para a vinculação da gênese
desse arco magmático com o consumo da litosfera oceânica da Faixa Araçuaí (Pedrosa-Soares et al.
1998).

Com base nessas descobertas, nas correlações entre as faixas Araçuaí e Congo Ocidental
(Brito-Neves & Cordani, 1991; Trompette, 1994), e na relação cronológica e espacial dos conceitos de
orógeno e cráton, definiu-se o orógeno Araçuaí-Congo Ocidental (Pedrosa-Soares & Wiedermann
Leonardos, 2000; Pedrosa-Soares et al., 2001).

Os modelos evolutivos propostos até então careciam de um mecanismo capaz de explicar o


início do processo de subducção em uma bacia relativamente estreita, de caráter ensiálico a norte e
oceanizada a sul, características que decorrem da natureza confinada do Orógeno Araçuaí-Congo
Ocidental e se devem ao fato de que os crátons São Francisco e Congo permaneceram em parte ligados
(figura 2.6), pelo menos e muito provavelmente desde 2,0 Ga, até a abertura completa do Atlântico
Sul, no cretáceo.

Alkmim et al. (2003, 2006, 2007), com base em análises cinemáticas, propuseram um modelo
de evolução tectônica para o orógeno Araçuaí-Congo Ocidental, no qual o fechamento da bacia
Macaúbas teria sido induzido por colisões à distância, contra os crátons do São Francisco e Congo, e o
orógeno resultante se caracterizaria, então, como confinado e seguiria um mecanismo similar ao
fechamento de um quebra-nozes (figura 2.7). De acordo com estes autores, são reconhecidos para a
edificação do Orógeno Araçuaí cinco estágios evolutivos, resumidamente descritos adiante:

O primeiro estágio caracteriza-se pela abertura da bacia precursora do Orógeno Araçuaí-


Congo Ocidental (figura 2.6). Esta bacia deveria corresponder a um gigantesco golfo parcialmente
oceanizado e articulado com aulacógenos (Pedrosa-Soares et al., 2007), que desembocaria em um
amplo oceano voltado para onde hoje se situa o Orógeno Ribeira, denomidado Oceano Adamastor
(Cordani et al., 2003).

O magmatismo inicial relacionado ao fraturamento crustal, que marca o início do processo de


rifteamento, é representado por diques máficos datados em 1,0 Ga e localizados no sul da Bahia e
extremo nordeste de Minas Gerais (D’Agrella-Filho et al., 1990, 2004), pelos diques máficos da Suíte
Pedro Lessa (906 ± 2 Ma; Machado et al., 1989), granitos anorogênicos da Suíte Salta da Divisa (875
± 9 Ma; Silva et al., 2002) e pelos xistos verdes basálticos do Membro Rio Preto da Formação
Chapada Acauã (Gradim et al., 2005; Martins, 2006).

28
A fase rifte continental (figura 2.6) da bacia precurssora desenvolveu-se entre ca. 906 e 880
Ma (Pedrosa-Soares et al., 2008; Silva et al., 2008) e seu registro sedimentar é representado pelas
unidades basais e proximais do Grupo Macaúbas. A bacia Macaúbas, em torno de 880 Ma, evoluiria
para duas margens passivas conectadas, na porção setentrional, pela ponte continental que unia as
regiões da Bahia e Gabão (Porada, 1989; Trompette, 1994; Brito-Neves et al., 1999). Estas margens
passivas estariam ainda conectadas a no mínimo quatro estruturas extensivas interiores responsáveis
pela acomodação da deformação e dissipação das tensões nas zonas cratônicas: os aulacógenos de
Pirapora e Paramirim, no domínio São Francisco (Alkmim & Cruz, 2005; Cruz & Alkmim, 2006), e o
Aulacógeno Sangha no domínio Congo (Trompette, 1994). A fase margem passiva é representada por
extensa sedimentação de turbiditos areno-pelíticos de mar profundo e por remanescentes oceânicos
datados em ca. 660 Ma (Queiroga et al., 2007, 2008).

Figura 2.6: Cenário tectônico da bacia Macaúba visto em mapa. Modificado de Alkmim et al., 2007.

A segunda etapa evolutiva é a convergência inicial, ou seja, o fechamento da bacia Macaúbas


que foi possivelmente induzido à distância por colisões que envolveriam a península São Francisco e o
Cráton Rio de La Plata, por volta de 630 Ma (Valeriano et al., 2004). Era dado início à mecânica do
quebra-nozes (Alkmim et al., 2007), onde a península São Francisco rotacionaria no sentido anti-
horário contra o continente do Congo, levando a compressão da bacia Macaúbas e ao consumo de sua
litosfera oceânica. Assim, durante o fechamento, os riftes interiores representariam os polos de rotação
durante essa cinemática. Hipoteticamente, não haveria somento um polo fixo, mas vários e móveis
(Alkmim et al., 2007).

29
Danderfer (2000) e Cruz (2004), em estudos realizados nos domínios do Aulacógeno do
Paramirim, mostraram magnitudes de inversão decrescentes no sentido norte, às vezes chegando a
preservar a geometria original do rifte. Esse segundo estágio é marcado pelo início do processo de
subducção e pela edificação do arco magmático cálcio-alcalino (figura 2.7). Entre 630 e 585 Ma o arco
magmático foi edificado em ambiente de margem continental ativa. Este arco é representado por
batólitos tonalíticos a granodioríticos, deformados, que registram a foliação regional, e por rochas
vulcânicas de composição dacítica (Vieira, 2007).

Na porção norte da bacia, onde se instalava o depocentro, começariam a se acumular os


sedimentos de margem passiva distal da Formação Salinas (Lima et al., 2002). Essa sedimentação era
condicionada por uma frente de empurrões desenvolvida no setor ensiálico como resposta a zona de
subducção ativa no segmento sul da bacia (Alkmim et al., 2007). A sedimentação do tipo flysch seria
alimentada por material proveniente de uma frente de empurrões, e também por sedimentos da
margem leste (Santos et al., 2009).

Figura 2.7: Fase de convergência inicial das margens da Bacia Macaúbas, por volta de 600 Ma. Modificado de
Alkmim et al. (2007).

A etapa colisional é o terceiro estágio evolutivo e se inicia pelo norte e avança paulatinamente
para o sul, no intervalo compreendido entre 582 e 560 Ma (Pedrosa-Soares et al., 2007) (figura 2.8).
Propagação de frentes de empurrão para as zonas cratônicas e o soerguimento de uma cadeia
montanhosa são características marcantes desta fase. O estágio sin-colisional é caracterizado pela
deformação e metamorfismo regionais, além da geração de grande quantidade de granitos tipo S que
registram a foliação regional.

Neste estágio seriam gerados os granitos G2 do tipo S, que representam a fusão parcial de
protólitos sedimentares aluminosos (Pedrosa-Soares et al., 2007).
30
O quarto estágio caracteriza-se pelo escape lateral da porção sul do núcleo cristalino, rumo ao
Orógeno Ribeira, através de movimentação dextral ao longo de zonas transcorrentes. Este fato pode ter
se dado em decorrência da máxima aproximação entre o extremo sul da península São Francisco e a
margem do continente Congo (figura 2.8).

O colapso gravitacional representa o quinto e último estágio, e se caracteriza pela cinemática


distensional que passa a predominar nos domínios do Orógeno Araçuaí. O regime distensional sob a
ação da força peso é comum em orógenos que atingem elevadas espessuras e alto potencial
gravitacional (Malavieille, 1993). Neste período, entre 520 e 490 Ma, formaram-se as suítes G4 e G5
relacionadas ao colapso gravitacional, onde foram gerados grandes volumes de granitos pós-
colisionais, tipos I e S, livres da foliação regional (Pedrosa-Soares et al,. 2001).

Figura 2.8: (a) Estágio colisional, por volta de 560 Ma. (b) Colapso gravitacional, após escape lateral da porção
sul do orógeno, por volta de 500 Ma. Adaptado de Alkmim et al. (2006).

31
32
CAPÍTULO 3
GEOLOGIA DA REGIÃO DE CAPELINHA

3.1 – INTRODUÇÃO

A região estudada está localizada nas proximidades do município de Capelinha, no estado de


Minas Gerais, sudeste do Brasil. Engloba uma área de aproximadamente 900 km2 a norte do Bloco de
Guanhães, entre o Corredor Traspressivo de Minas Novas e o interior da Zona de Cisalhamento
Chapada Acauã, onde esta última descreve em planta uma concavidade de direção E-W voltada para
sul, entre as latitudes 17°30’e 17°45’S, e longitudes 42°45’ e 42°15’W (figura 3.1).

Figura 3.1: Mapa geológico da região de Capelinha, enfatizando as assembléias litotectônicas e estruturas
tectônicas (modificado de Marshak et al. (2006) e Pedrosa-Soares et al. (2008). Faixa de Dobramentos
Capelinha (CFB), Zona de Cisalhamento Chapada Acauã (CA), Corredor Transpressivo de Minas Novas (MN),
Bloco Guanhães (GB), Capelinha (Cp), Araçuaí (Arç), Governador Valadares (GV).

33
A partir do mapeamento em escala 1:25.000 (figura 3.2) da região de Capelinha, postula-se
neste trabalho que a sucessão litoestratigráfica, da base para o topo, é composta por rochas gnáissicas
do Complexo Guanhães, que por sua vez são recobertas por um espesso pacote de origem
metavulcanosedimentar, atribuído à Formação Capelinha, constituída por uma sequência basal
metapsamítica composta por quartzitos, puros ou micáceos, os quais contem corpos concordantes de
rocha metamáfica, mica xistos e xistos quartzosos. A unidade de topo, essencialmente metapelítica é
caracterizada por xistos peraluminosos granatíferos, às vezes com estaurolita e/ou cianita. Toda a pilha
é cortada por granitos e pegmatitos atribuídos a Suíte Mangabeiras (G4).
A estruturação das unidades pré-cambrianas é resultante da sobreposição de dobramentos e
empurrões com transporte tectônico dirigido para sul, típico de um terreno polideformado. O contato
tectônico das rochas metassedimentares neoproterozóicas com o Bloco Guanhães possui caráter normal
destral, de modo que, a Formação Capelinha assenta-se diretamente sobre o embasamento.

Nas próximas seções será apresentada uma descrição estratigráfica, estrutural e metamórfica
do segmento do Orógeno Araçuaí exposto na região de Capelinha (figuras 3.1 e 3.2). O magmatismo
associado à unidade metapsamítica é tratado com maior detalhe nos itens 3.2.2.1, 3.5, 3.6 e 3.7.1 e no
capítulo 4, devido a sua intrínseca implicação para a evolução da bacia Macaúbas, precursora do
orógeno Araçuaí.

34
Figura 3.2: Mapa geológico da região estudada que abrange os municípios de Capelinha, São Cetano e a localidade do Campo do Boa, Minas Gerais, Brasil.
35
3.2 – ESTRATIGRAFIA

As unidades envolvidas no arcabouço litoestratigráfico da região de Capelinha são:


embasamento Arqueano, rochas metassedimentares e metamáficas Neoproterozóicas e rochas
graníticas da Suíte Mangabeiras de idade Cambriana (figuras 3.2 e 3.3).

Figura 3.3: Coluna estratigráfica geral da região de Capelinha.

36
3.2.1 – Unidades Pré-Estaterianas (Complexo Guanhães)

As rochas do Complexo Guanhães ocupam a parte sul da região mapeada (figura 3.2) onde são
representadas predominantemente por gnaisses migmatíticos (figuras 3.4-A e 3.4-B) e
subordinadamente por rochas máficas, formação ferrífera bandada e rochas graníticas com textura
pegmatítica.

Os gnaisses do Complexo Guanhães são centimetricamente bandados e compostos por


quartzo, plagioclásio, feldspato potássico, biotita, e granada, e como acessórios, opacos, apatita e
zircão. Apresentam porções localizadas de migmatização, com resíduos quartzo-feldspáticos e textura
nebulítica. A textura predominante é granoblástica inequigranular ou granolepidoblástica nas bandas
mais ricas em biotita. Microscopicamente os grãos de quartzo se apresentam subédricos, bastante
fraturados e mostram contatos interlobados com bordas côncavo-convexas. O plagioclásio geralmente
apresenta macla polissintética. Os cristais de microclina ocorrem comumente sob a forma de
porfiroclastos tabulares e apresentam maclação característica em grade (tartan). As palhetas de biotita
aparecem com coloração acastanhada e marcam a foliação metamórfica. Clorita pode-se formar a
partir da biotita. O zircão encontra-se no interior dos cristais de biotita, formando halos pleocróicos.

As rochas máficas associadas ao Complexo Guanhães são classificadas microscopicamente


como anfibolitos de textura nematoblástica (figura 3.4-D), compostos majoritariamente por anfibólio
(hornblenda), plagioclásio, quartzo, epidoto, opacos e titanita.

As formações ferríferas apresentam bandas claras compostas por quartzo e anfibólio da série
da cummingtonita-grunerita, e bandas escuras formadas por magnetita e hematita. Essas formações
ferríferas foram reconhecidas anteriormente por Noce et al. (2007). A magnetita é mais abundante em
relação à hematita. Vários grãos de magnetita apresentam-se martitizados, com incipiente
transformação para hematita nas bordas dos cristais. Notam-se vários estágios desse processo, desde
grãos de magnetita pura até grãos com apenas núcleo magnetítico.

Os granitoides pegmatíticos do Complexo Guanhães são compostos basicamente por quartzo,


feldspato potássico, biotita e muscovita. Esses granitóides possuem foliação metamórfica marcada por
minerais micáceos e são pontualmente mineralizados em berilo. Apófises centimétricas ou métricas
intrudem os gnaisses de maneira concordante com o bandamento.

Encontram-se ainda, associados às rochas do embasamento, quartzitos grosseiros


recristalizados, tratados aqui como hidrotermalitos. Essas rochas marcam o contato entre gnaisses e as
rochas metassedimentares da Formação Capelinha no sul da área estudada, posicionando-se sempre
acima das rochas do Complexo Guanhães por cinemática normal destral (figuras 3.2 e 3.16). Os
hidrotermalitos são rochas compostas quase que totalmente por quartzo, além de muscovita e opacos
37
como acessórios (figura 3.4-C). Eles se caracterizam pela heterogeneidade de espessura que chegam a
variar de alguns centímetros a vários metros. A textura é grosseira com aspecto de “sal grosso”,
possivelmente relacionada aos processos hidrotermais. Nessas rochas, grãos de quartzo em mosaico,
livres de strain, resultaram da cristalização a partir de um fluido.

Figura 3.4: A) Gnaisse migmatítico do Complexo Guanhães. B) Bandamento em gnaisse do Complexo


Guanhães. As bandas leucocráticas são compostas basicamente por quartzo, k-feldspato e plagioclásio; as bandas
melanocráticas possuem biotita e raro anfibólio. C) Quartzito grosso (hidrotermalito) que marca o contato entre
as rochas pré-Estaterianas do Complexo Guanhães e os metassedimentos da Formação Capelinha. D)
Fotomicrografia de anfibolito do Complexo Guanhães. A textura é nematoblástica com a foliação metamórfica
marcada pela orientação dos cristais de hornblenda e plagioclásio.

3.2.2 - Unidades Neoproterozóicas (Formação Capelinha – Unidade Inferior)

Durante o mapeamento de detalhe realizado na região de Capelinha, as rochas atribuídas à


formação homônima foram subdivididas em duas unidades informais: unidade metapsamítica, basal, e
unidade metapelítica, de topo.

38
A unidade inferior, dominantemente metapsamítica (figuras 3.2 e 3.3) é constituída por
alternâncias de quartzitos puros (figura 3.6-C) e micáceos (figura 3.6-B) com rochas metamáficas
associadas, mica-xistos, mica-quartzo xistos (figuras 3.6-F e 3.5-B), níveis de xistos carbonosos,
milonitos, metagrauvacas e raro quartzito ferruginoso.

O litotipo dominante nessa unidade metapsamítica é o quartzito puro (figuras 3.6-C e 3.6-E),
compondo um espesso pacote, chegando a ultrapassar os 1000 metros. As melhores exposições estão
nas adjacências do Rio Fanado e Ribeirão Fanadinho, a leste de Capelinha, onde se estruturam nos
núcleos de grandes sinformes e antiformes. As estruturas primárias são raras e, quando ocorrem, são
representadas por estratificações plano-paralelas ou cruzadas, com cunhas pequenas, marcadas pela
presença de níveis ricos em sericita e/ou óxidos de ferro.

A textura predominante dos quartzitos é a granolepidoblástica (figuras 3.5-C e 3.5-D), com o


quartzo formando agregados granoblásticos de contatos irregulares ou retilíneos, poligonizados, com
raras palhetas de sericita orientadas na direção da foliação metamórfica. A assembleia mineralógica
inclui quartzo (93-97%), opacos (1-5%) e sericita (0-2%). Biotita em geral é ausente, embora possa
aparecer. Os acessórios incluem zircão, epidoto, titanita, apatita, rutilo e turmalina. Esta litologia
grada, em direção ao topo, para quartzitos impuros intercalados com lentes de muscovita xisto e xisto
carbonoso, marcando o contato com um xisto peraluminoso e em termos geomorfológicos ocupa o
topo das grandes serras da região formando extensos paredões.

As rochas metamáficas estruturam-se concordantemente (vide item 3.2.2.1 e figuras 3.7 e 3.8-
A) com quartzitos puros (figura 3.6-D), quartzitos micáceos e raro metapelito, apresentando, em todas
suas exposições, contatos abruptos com os metassedimentos sotopostos ou sobrepostos.

Os mica xistos são compostos por biotita, sericita-muscovita (figura 3.5-A), feldspato, quartzo,
granada e cianita, com turmalina aparecendo como acessório comum. A textura é granolepidoblástica,
porfiroblástica e poiquiloblástica. Os porfiroblastos são majoritariamente de granada, ou ainda mais
raramente de cianita. A xistosidade é definida pelo arranjo planar preferencial das micas e pode se
mostrar anastomosada. O acamamento é marcado esporadicamente por alternâncias de bandas mais
micáceas com bandas quartzo-feldspáticas pobres em micas. Uma segunda foliação define o plano
axial de crenulação, bem incipiente nesta unidade. As intercalações de quartzitos, mica xistos e xistos
grafitososos são muito bem representadas pela coluna C-C’ (figura 3.12).

Os xistos carbonosos (figura 3.10-G, vide figura 3.12) são compostos essencialmente por material
carbonoso, muscovita, biotita, quartzo e quantidades variáveis de plagioclásio. Hematita aparece sempre
em pequena proporção (± 5%). Localmente, essas rochas são representadas por muscovita-quartzo-
cianita xisto, com conteúdo moderado de material carbonoso.

39
As rochas miloníticas possuem granulação variável de média a grossa, com textura
porfiroblástica e matriz granolepidoblástica. A sua composição é dada basicamente por quartzo,
biotita, muscovita e feldspato. A foliação milonítica é muito bem marcada por cristais de muscovita e
biotita que se moldam aos blastos de quartzo e feldspato.

Alguns dos xistos descritos são particularmente enriquecidos em plagioclásio, e são aqui
interpretados como metagrauvacas. Em geral, possuem um bandamento bem preservado, marcado por
alternâncias de composição variada entre níveis mais ou menos ricos em biotita e muscovita e de
granulação variada. Embora esse bandamento provavelmente represente o acamamento original das
rochas, não são reconhecidas estruturas originais sedimentares.

Os quartzitos ferruginosos são formados essencialmente por quartzo, mica branca e minerais
opacos, ou ainda podem ocorrer sem a presença de minerais micáceos. A textura é granoblástica ou
milonítica, os mineais opacos preenchem as anisotropias e alguns grãos de quartzo estão impregnados
por óxido de ferro. O rutilo aparece sempre associado aos opacos.

Os protólitos das rochas metassedimentares da unidade metapsamítica são possivelmente


arenitos puros, arenitos impuros, pelitos e pelitos carbonosos.

Figura 3.5: Fotomicrografias de rochas metassedimentares da unidade metapsamítica da Formação Capelinha


com ênfase nas assembléias mineralógicas e microestruturas: A) Textura granolepidoblástica em xisto. A
foliação metamórfica (Sn) é marcada por minerais como biotita (Bt) e muscovita (Ms). B) Quartzito impuro de

40
textura granoblástica. Essa rocha é composta basicamente por quartzo (Qz), plagioclásio (Pl) e biotita (Bt). C)
Textura granoblástica em quartzito. D) Textura granoblástica em quartzito. Nicóis descruzados.

Figura 3.6: A) Quartzito micáceo da unidade metapsamítica, base da Formação Capelinha. B) Variação
composicional em quartzito da Formação Capelinha. As finas camadas escuras são compostas essencialmente
por biotita e mica branca. C) Quartzito puro. Os planos de foliação são incipientes nessa rocha e são marcados
por mica branca. D) Rocha metamáfica (anfibolito) da Formação Capelinha (unidade metapsamítica) que aflora
nas proximidades do rio Fanado (figura 3.2). E) Quartzito puro que aflora na margem do rio Fanado. F) Quartzo
xisto rico em biotita.
41
3.2.2.1 - Rochas metamáficas da unidade inferior da Formação Capelinha

A unidade metapsamítica apresenta corpos de rocha metamáfica que se estruturam


concordantemente com quartzitos puros, quartzitos micáceos e raro metapelito, apresentando, em
todas suas exposições, contatos abruptos com as rochas metassedimentares sotopostas ou sobrepostas,
os quais pertencem ao Grupo Macaúbas, Formação Capelinha. Levando-se em conta a complexidade
estrutural, metamorfismo e condições de exposição, apresentam-se neste trabalho três colunas de
empilhamento litológico com destaque para os corpos de rocha metamáfica (figura 3.7, vide perfis
estruturais para contextualização – figura 3.16).

Figura 3.7: Colunas tectono-estratigráficas da região de Capelinha (vide figura 3.2 para localização) com

destaque para os corpos de rocha metamáfica.

As maiores expressões laterais e verticais dos corpos metamáficos foram catalogadas nas
adjacências do rio Fanado e ribeirão Fanadinho e no Campo do Boa (figuras 3.2 e 3.8-B), onde as
relações com as encaixantes estão espetacularmente expostas. Alongadas nas direções E-W e WNW-
ESE, com exceção da região de São Caetano onde possuem direção NE, as exposições de anfibolito da
região de Capelinha refletem o arcabouço estrutural da região, caracterizado por um acervo típico de
42
um terreno polideformado, resultante de dobramentos e empurrões com transporte tectônico dirigido
para sul, ortogonal ao movimento global do orógeno Araçuaí direcionado para oeste.

As rochas metamáficas são representadas por corpos de geometria tabular com granulação
variável de fina à média, coloração verde escura (figura 3.8-C), com espessuras que ultrapassam os
150 metros. Sempre se encontram intercaladas aos quartzitos puros ou micáceos da unidade inferior
(metapsamítica) da Formação Capelinha (figuras 3.7 e 3.8-A). Localmente, essas rochas podem ser
bandadas, mostrando uma alternância de bandas em tons de verde escuro e branco. As bandas
melanocráticas mostram granulação mais fina e são dominantemente constituídas por anfibólio
(honblenda). As bandas leucocráticas, em geral, pouco espessas, apresentam granulação mais grossa e
possuem composição dominada por plagioclásio. O contato entre as bandas é abrupto, e em seus
interiores predomina granulação homogeneizada pelo metamorfismo.

Figura 3.8: A) Contato entre quartzito micáceo e rocha metamáfica da unidade inferior (metapsamítica) da
Formação Capelinha. B) Localidade do Campo do Boa onde foram exploradas titanitas gemológicas associadas
às rochas metamáficas da unidade inferior da Formação Capelinha. C) Rocha metamáfica composta por
anfibólio e plagioclásio. Este último pode aparecer na forma de porfiroblastos. A segunda fase de deformação
(Fn+1) originou uma clivagem do tipo espaçada (Sn+1) nessas rochas.

43
Os anfibolitos da unidade inferior da Formação Capelinha são constituídos por hornblenda
(30-70%), plagioclásio (15-35%), epidoto (5-30%) (figura 3.9-A) e subordinadamente por clinozoisita,
quartzo, titanita, rutilo, apatita, minerais opacos e raramente clorita. A textura predominante é
granonematoblástica com a foliação metamórfica (Sn) marcada pela orientação de cristais de
hornblenda e/ou plagioclásio e/ou titanita (figuras 3.9-A, 3.9-B e 3.9-C). Essa foliação apresenta-se
sub-horizontalizada com mergulhos suaves para norte ou para sul. De maneira subordinada foram
distintas texturas nematoblástica, granoblástica inequigranular e porfiroblástica/poiquiloblástica
(figuras 3.9-D e 3.9-E), esta última preservando algumas feições que possivelmente foram herdadas do
protólito ígneo. A textura reliquiar é subordinada, sendo definida por grandes cristais de plagioclásio
emersos em uma matriz granonematoblástica composta majoritariamente por hornblenda, epidoto e
plagioclásio e sugere protólitos plutônicos, tais como gabros e diabásios.

A hornblenda (figuras 3.9-B, 3.9-C e 3.9-F) possui, em geral, hábito prismático, com seções
basais losangulares ou com seis lados e cores sempre em tonalidades fortes de verde. A clivagem é
típica dos anfibólios, com duas direções fazendo ângulos de 124° ou 56° entre si. As cores de
interferência variam do final da primeira ordem ao início da segunda ordem, sendo às vezes
mascaradas pelas fortes cores de absorção do mineral.

Alguns plagioclásios se apresentam com maclação polissintética e/ou do tipo Carlsbad (figura
3.9-E). Outra feição importante, característica principalmente dos porfiroblastos de plagioclásio é o
zoneamento químico normal, onde a borda dos grãos é mais enriquecida em Na e o núcleo em Ca.
Sinais de deformação nos plagioclásios, como extinção ondulante e maclas curvadas ou interrompidas,
são raros. Poucos grãos de quartzo apresentam extinção ondulante, subgrãos ou novos grãos, sendo
estas feições mais comuns em agregados de textura inequigranular granoblástica. O mineral epidoto é
secundário, gerado por processos de saussuritização (epidoto + albita = plagioclásio cálcico), ou seja,
o teor de anortita é inversamente proporcional à quantidade de epidoto.

A titanita (figura 3.9 -C) aparece sempre alongada segundo a direção da foliação metamórfica,
possui relevo e cores de interferência muito altas, característica essa que não permite sua extinção
completa devido à dispersão dos eixos ópticos. Seções acastanhadas comumente associadas a minerais
opacos também são características. Titanitas associadas ao evento metamórfico principal que atingiu a
região de Capelinha foram exploradas economicamente, fato que explica as inúmeras galerias abertas
nas associações metamáficas. Esse mineral apresenta-se, geralmente, na cor verde levemente
amarelado e ocorre em geral nos eixos dos boudins de pegmatitos e veios de quartzo alojados no
contato entre os anfibolitos e os quartzitos.

A clinozoisita possui propriedades semelhantes com as do mineral epidoto, exceto pelas cores
de interferência anômalas em tons azulados (azul de Berlim).
44
A clorita ocorre como alteração metamórfica de hornblenda, possui cores de interferência
anômalas azuladas e/ou aroxeadas. Os minerais opacos (figura 3.9-F) ocorrem majoritariamente em
cristais euédricos, comumente associados aos porfiroblastos de hornblenda e/ou titanita (figura 3.9-F).

O rutilo (figuras 3.9-B e 3.9-C) aparece em algumas amostras, sempre associado aos minerais
opacos e com cores de interferência mascaradas pela cor de mel característica desse mineral.

Figura 3.9: Fotomicrografias de rochas metamáficas com ênfase nas assembléias mineralógicas e
microestruturas: A) Textura granonematoblástica em anfibolito. A foliação metamórfica (Sn) é marcada por
minerais como hornblenda (Hbl) e plagioclásio (Pl). B) Cristais de rutilo (Rt) em anfibolito da região de
Capelinha. C) Cristais de rutilo (Rt) associados a titanita (Ttn) e orientados ao longo da foliação metamórfica
(Sn). D) Textura porfiroblástica/poiquiloblástica edificada por grandes cristais de plagioclásio (Pl) emersos em
matriz granonematoblástica composta por epidoto (Ep), hornblenda (Hbl) e plagioclásio (Pl). E) Porfiroblastos
de plagioclásio (Pl) com macla Carlsbad típica e emersos em matriz granonematoblástica composta basicamente
por epidoto (Ep) e hornblenda (Hbl). F) Grandes cristais de hornblenda (Hbl) e minerais opacos (Opq) em rocha
metamáfica afetada por flúidos hidrotermais.

3.2.3 - Unidades Neoproterozóicas (Formação Capelinha – Unidade Superior)

Disposta na direção E-W, nas porções norte e sul da área mapeada (figura 3.2), a unidade
metapelítica compreende biotita-quartzo-sericita-granada xistos com estaurolita algumas intercalações
de mica xisto (figura 3.10-H) e raras lentes de quartzito micáceo, rochas calcissilicáticas e ocorrências
45
de xisto carbonoso na parte inferior da unidade, principalmente na base dessa unidade, na transição
com a unidade metapsamítica (inferior) (figura 3.12).

Os xistos (figuras 3.10-A e 3.10-B) de protólito pelítico possuem em sua assembleia


mineralógica muscovita (25-30%), quartzo (25-30%), biotita (15-20%), plagioclásio (0-10%), granada
(1-5%), cianita (1-3%), estaurolita (0-3%) (figuras 3.11-C, 3.19-B e 3.19-C). Os minerais acessórios
comuns são turmalina, apatita, zircão e opacos. Clorita pode aparecer como mineral secundário.
Comumente contêm uma clivagem de crenulação (figuras 3.10-C, 3.10-D, 3.10-E e 3.19-A) formada
por minerais micáceos como biotita e mica branca. Boudins e veios de quartzo com associações
mineralógicas variadas como quartzo, turmalina, granada, estaurolita, feldspato e cianita também são
encontrados. A textura predominante é granolepidoblástica, porfiroblástica, poiquiloblástica, (figuras
3.11-A, 3.11-B, 3.11-D) com porfiroblastos de granada (figura 3.11-C), ou ainda de cianita e/ou
estaurolita. A xistosidade é definida pelo arranjo planar preferencial das micas e pode se mostrar
anastomosada.

Localmente, em direção ao topo, aos biotita-quartzo-sericita-granda xistos se intercalam


camadas métricas de xisto carbonoso (figura 3.10-G) com espessuras que variam de milímetros a
centímetros. Em determinadas porções, grandes cristais de cianita prismática, azulada, podem se
desenvolver nesses xistos.

Os quartzitos micáceos (figura 3.10-F) aparecem esporadicamente em meio aos xistos


peraluminosos, às vezes com uma lineação de interseção bem marcada. A sua mineralogia é dada
essencialmente por quartzo, biotita e sericita.

As rochas calcissilicáticas, em geral, aparecem como discretas intercalações, centimétricas a


decimétricas em espessura, em meio aos xistos. Essas rochas exibem composição diversificada,
incluindo quartzo, plagioclásio, carbonato, biotita, muscovita, hornblenda, microlina, granada, titanita
e epidoto. A textura dominante é granoblástica, na qual se destacam porfiroblastos esqueletiformes de
hornblenda e granada flutuando sobre uma matriz de granulação fina.

46
Figura 3.10: A) Biotita-quartzo-sericita-granada xisto com estaurolita que compõem o topo da Formação
Capelinha. Essa rocha é composta por biotita e grandes critais de granada e estaurolita. B) Xisto com boudins de
quartzo. C) Pedreira localizada a leste da cidade de Capelinha onde afloram xistos peraluminosos com clivagem
de crenulação muito proeminente. D) e E) Detalhe para a clivagem de crenulação. F) Quartzito impuro que se
intercala aos xistos peraluminosos da unidade metapelítica da Formação Capelinha. G) Xisto carbonoso afetado
por dobramentos cerrados. H) Mica xisto com granada e rara cianita.

47
Figura 3.11: Fotomicrografias de rochas metassedimentares da unidade metapelítica da Formação Capelinha
com ênfase nas assembléias mineralógicas e microestruturas: A) Textura granolepidoblástica do xisto aluminoso.
A foliação metamórfica (Sn) é marcada por minerais como hornblenda (Bt), muscovita (Ms) e granada (Grt). B)
Grandes porfiroblastos de granada (Grt) emersos em matriz granolepidoblástica composta por quartzo,
muscovita (Ms) e biotita (Bt). C) Porfiroblásto de granada (Grt) limonitizado. Note que o grande cristal de
granada possui sombra de pessão nos seus entornos, onde cristais de quartzo se recristalizaram. A foliação,
composta por muscovita (Ms) e biotita (Bt) circunda o porfiroblasto de granada. D) Textura granolepidoblástica
em mica xisto da unidade metapelítica.

48
Figura 3.12: Coluna estratigráfica do segmento da Formação Capelinha exposto a oeste da cidade homônima
(vide figura 3.2 para localização) enfatizando a intercalação entre quartzitos e mica xistos, bem como a presença
de xistos grafitosos.

3.2.4 –Suíte Mangabeiras – G4

Representando a granitogênese pós-colisional G4 do orógeno Araçuaí, afloram a oeste e


nordeste do município de Capelinha (figura 3.2), plútons de textura pegmatítica e livres da foliação
regional (figuras 3.13-A, 3.13-B e 3.13-D), da Suíte Mangabeiras. Essas rochas possuem composição
granítica e parecem ser condicionadas por descontinuidades do embasamento, de direção geral WNW-
ESE e que se paralelizam a algumas drenagens principais, como a do Rio Fanado (figura 3.13-C). São
corpos arredondados compostos por feldspato, quartzo, muscovita e localmente turmalina e berilo
(figura 3.13-F). A foliação das rochas encaixantes é fortemente perturbada e às vezes pode ser sub-
verticalizada nas proximidades dos contatos.

Os corpos pegmatíticos encontram-se encaixados nos xistos e quartzitos das unidades


metassedimentares Neoproterozóicas do Grupo Macaúbas (figuras 3.2, 3.3 e 3.16).

49
Figura 3.13: A) Pegmatito de composição granítica da Suíte Mangabeiras (G4). Note os cristais de biotita
(negros) centimétricos. B) Pegmatito da Suíte Mangabeiras. C) Pegmatitos da Suíte Magabeiras que afloram no
leito do rio Fanado, a oste da cidade de Capelinha. D) Pegmatito da Suíte Mangabeiras alterado. E)
Fotomicrografia de pegmatito da Suíte Mangabeiras composto por quartzo (qz) + microclima (Mc) + biotita (Bt).
F) Pegmatito da Suíte Mangabeiras mineralizado em berilo.

3.2.5 – Coberturas Recentes

As coberturas recentes que afloram na região estudada (figura 3.2)são coberturas detrito-
lateríticas de idade cenozóica, que se estabeleceram em terraços planos topograficamente mais
elevados. O pacote caracteriza-se essencialmente por sedimentos finos e cangas resultantes da
lixiviação de compostos solúveis, sendo rico em minerais ferro-aluminosos resultantes da ação do

50
mecanismo de hidrólise. A alta taxa de intemperismo químico gerou terrenos férteis com perfis de solo
muito espessos ideais para monocultura. Estes terraços são dominados por extensas plantações de
eucaliptos espalhados por toda área.

3.3 - GEOLOGIA ESTRUTURAL

O mapa geológico, o acervo de estruturas e as seções litoestruturais (figuras 3.2 e 3.16)


mostram que o pacote de rochas metassedimentares e metamáficas da região de Capelinha se
configura como um cinturão de dobramentos com vergência para o Bloco de Guanhães que a limita a
sul através de uma falha normal-destral atestada por uma gama de indicadores cinemáticos. Mostrando
um traço bastante sinuoso em planta, a superfície de falha é marcada por milonitos finamente
bandados ou por hidrotermalitos que ultrapassam poucas dezenas de metros, localizados na lapa dos
gnaisses do Bloco de Guanhães. Para efeito descritivo desse sistema de dobramentos (figura 3.17-A),
será utilizado, informalmente, o termo Faixa de Dobramentos Capelinha (FDC).

A evolução estrutural da FDC resulta da sucessão de três fases de deformação. Em raras


exposições, as rochas da Formação Capelinha exibem estruturas de caráter sin-sedimentar dentre as
quais se destaca o acamamento (S0) (figura 3.14-A), feição que aparece principalmente nos quartzitos
da região cuja estratificação é destacada pela presença de lâminas compostas por micas e/ou minerais
opacos.

Nas unidades de origem pelítica o acamamento se apresenta, pontualmente, na forma de


intercalações de bandas mais claras, compostas majoritariamente por quartzo e bandas escuras
compostas por micas. Nessas exposições, a variação composicional e granulométrica, se torna
referência na caracterização da estrutura primária (S0).

Estratificações cruzadas acanaladas e plano paralelas são outros tipos de estruturas observadas
na região que auxiliaram no entendimento do arcabouço estratigráfico.

A primeira fase deformacional (Fn) se manifesta em todos os litotipos, com exceção dos
pegmatitos da Suíte Mangabeiras, e foi responsável pela geração da foliação (Sn) (figuras 3.14-C,
3.14-D e 3.15-A) de direção E-W e mergulhos suaves para norte ou sul, ou de direção
predominantemente NW-SE, com mergulhos de 20° a 45° para NE, como ocorre na região a oeste de
Capelinha, nas imediações do rio Itamarandiba. A foliação é uma estrutura penetrativa que se
manifesta por meio da orientação preferencial de micas, hornblenda, granada, clorita, estaurolita,
hematita e cianita. Nos quartzitos homogêneos e mais puros a xistosidade é pouco pronunciada, já nos
xistos peraluminosos ela é muito bem desenvolvida sendo caracterizada pela orientação preferencial
de micas, quartzo, granada, estaurolita e cianita. Nos anfibolitos a hornblenda é o mineral que
caracteriza essa estrutura (figura 3.14-H).
51
Lineação mineral (Lm) dada pela orientação preferencial de anfibólios, cianitas, feldspatos e
micas, (figura 3.15-B) de direção E-W e atitude média de 100/15, subparalelas a eixos de dobras (Bn)
caracterizam lineações do tipo “b”.

Na região do rio Itamarandiba a lineação mineral (Lm) possui caimentos suaves para norte,
fazendo altos ângulos com o eixos de dobras (Bn) e é aqui interpretada como lineação do tipo “a”.
Esta hipótese baseia-se no fato de que ocorrem dois conjuntos de lineações de naturezas e orientações
ortogonais, com predominância para lineações do tipo “b” de baixo rake e orientação similar aos eixos
de dobras (Bn) (figura 3.17-B). As lineações do tipo “a”, de alto rake (down dip) indicaria a direção do
encurtamento tectônico (NNW-SSE).

A lineação mineral (Lm) é aproximadamente paralela à direção do eixo máximo do elipsóide


de deformação finita que, na área estudada, encontra-se materializado em um elemento de geometria
prolata: boudins, os quais apresentam direção NNW-SSE. A geometria dos elementos sugere o sítio
deformacional deste evento num campo constritivo, característico de zonas de charneira de um sistema
dobrado de escala regional.

A segunda fase (Fn+1) possui uma assembleia de estruturas onde se destaca uma clivagem de
crenulação (Sn+1) (figuras 3.14-D, 3.14-E, 3.14-G e 3.15-C) bastante recorrente nos xistos
peraluminosos, possui direção NW-SE com mergulhos que variam de 25°-80° para SW, posicionada
no plano-axial de dobras (Bn+1). A clivagem de crenulação nas rochas máficas é de carácter zonal,
perturba a foliação penetrativa (Sn) e possui mergulhos para WSW, contudo variações para ENE são
comuns. Quando observada em esacala microscópica, a clivagem (Sn+1) apresenta-se em bandas
discretas de espessura milimétrica (de 0,5 a 3,5 mm) e espaçamento variável entre 1 mm e 3 cm. São
formadas pela rotação passiva de micas e dissolução por pressão.

A lineação de crenulação (Lc) (figura 3.15-D) é bastante pronunciada nos xistos


peraluminosos (figura 3.14-D) e se associa as cristas das microdobras (Bn+1) e possui rumo WNW-ESE
ou NW-SE com caimentos de 15° para SE ou E, raramente para NW. É subparalela à lineação mineral
(Lm) da fase Fn. As dobras geradas nessa fase exibem geometria aberta ou cerrada e aparecem em
padrões “M”, “S” e “Z” (figura 3.14-F), resultantes da amplificação de dobras preexistentes ou
encurtamento e dissolução por pressão. As dobras isoclinais ocorrem com maior frequência no mica
xisto e grafita xisto.

52
Figura 3.14: A) Estratificação cruzada acanalada de pequeno porte mostrando polaridade sedimentar invertida
(tangenciamento de topo). B) Dobras fechadas mostrando dobras da fase Fn e a posição plano axial da foliação
Sn. C) Sn+1 em posição plano axial às dobras da fase Fn+1. D) Relação entre a clivagem de crenulação (Sn+1) e as
dobras da fase Fn+1. E) Clivagem de crenulação (Sn+1) muito bem formada em xisto peraluminoso da Formação
Capelinha. F) Veio de quartzo paralelo à foliação Sn. A clivagem de crenulação Sn+1 se encontra em posição
plano axial em relação aos veios. G) Fotomicrofia de xisto aluminoso da unidade metapelítica da Formação
Capelinha evidenciando estruturas da fase Fn (Sn) e Fn+1 (Sn+1). H) Fotomicrografia de anfibolito da Formação
Capelinha. A foliação (Sn) é marcada por grandes critais de hornblenda (Hbl).

53
Figura 3.15: Estereogramas das estruturas de pequena escala relacionadas as fases de deformação F n e Fn + 1: A)
Estereograma sinóptico de contornos de igual área para a foliação(S n). B) Estereograma sinóptico de contornos
de igual área plotado para a lineação mineral (Lm). C) Estereograma sinóptico de contornos de igual área
plotado para a clivagem de crenulação (Sn+1). D) Estereograma sinóptico de contornos de igual área plotado para
a lineação de crenulação (Lc).

54
Figura 3.16: Seções litoestruturais da Faixa de Dobramentos Capelinha (CFB); vide mapa geológico da figura
3.2 para localização dos perfis.

55
Figura 3.17: A) Bloco diagrama representando as fases deformacionais Fn e Fn+1, as estruturas relacionadas e o
estilo estrutural. B) Estereograma plotado para as estruturas lineares de pequena escala relacionadas às fases de
deformação Fn e Fn + 1.

A terceira fase (Fn+2), de carácter dúctil-rúptil, tem ocorrência restrita, sendo marcada por uma
assembleia incipiente de estruturas mesoscópicas, e se manifesta principalmente como uma clivagem
espaçada (Sn+2) de direção NE com mergulhos suaves para NW ou ainda como dobras abertas de
dimensões métricas que apresentam eixo na direção N30E com caimentos em torno de 15º. O sistema
de descontinuidades rúpteis é constituído pelas direções N-S, E-W, NE-SW e subordinadamente NW-
SE. Esta última direção caracteriza-se por constituir fraturas de cisalhamento do tipo direcional com
cinemática dextral. Além disso, as direções N30W, NS e N40E exercem forte influência sobre o
modelado do relevo atual.

A Faixa de Dobramentos Capelinha configura elementos lineares e planares de direção EW


com vergência tectônica dirigida para sul, ortogonal ao movimento global do orógeno Araçuaí.
Possivelmente o movimento para sul se deve ao escape de massas devido ao fechamento da península
Araçuaí ou a um evento tectônico sincrônico de encurtamento NS que se desenvolveu na região de
Capelinha sob a influência de dois blocos, o de Guanhães a sul e o Porteirinha a norte (figuras 2.2 e
2.5).

3.4 - ANÁLISE DO METAMORFISMO


A investigação estrutural preliminar realizada na Faixa de Dobramentos Capelinha (FDC) permitiu
a caracterização de pelo menos três gerações de estruturas deformacionais relacionadas a uma tectônica de

56
dobramentos que se deu durante a edificação do orógeno Araçuaí, com dois eventos metamórficos
associados (figura 3.19).

Na fase (Fn) ocorreu a nucleação sob um campo compressional N-S, de dobras fechadas a isoclinas
vergentes para sul (figura 3.17-A), e relacionadas a ela um metamorfismo Mn, de carácter dinamotermal,
responsável pelo desenvolvimento progressivo da foliação (Sn) (figura 3.18-F) em condições de fácies
anfibolito, com registro intenso em todos os litotipos. A distribuição espacial das paragêneses minerais
encontradas nos mica xistos e xistos peraluminosos caracterizam uma zoneografia metamórfica
Barrowiana clássica, com assembleias minerais de médio grau encontradas a leste e sul de Capelinha e
de baixo grau a oeste e norte.

Vários minerais index, como granada, estaurolita, cianita e sillimanita marcam a foliação
regional (Sn) (figuras 3.18-B, 3.18-C e 3.13-D) e por vezes os elementos lineares. A granada (figuras
3.18-C e 3.18-H) aparece em porfiroblastos arredondados, às vezes esqueletiformes (figura 3.18-H),
contendo inclusões de quartzo que foram provavelmente incorporadas pelo porfiroblasto durante o seu
crescimento, não sendo, portanto, formados pela alteração da granada. Em alguns casos, a disposição
das inclusões indica rotação do cristal durante a blastese. Os porfiroblastos mostram-se um tanto
achatados no plano da xistosidade, o que indica continuação do stress após o crescimento. Em
algumas amostras os porfiroblastos de granada foram substituídos e aparecem na forma de um
pseudomorfos limonitizados (figuras 3.18-B e 3.18-C). A presença de estaurolita junto à cianita (figura
3.18-C) corrobora um protólito pelítico rico em alumínio, que foi submetido a um metamorfismo
regional de pressão média (tipo Barrowiano). As microestruturas indicam que estes minerais são sin-
tectônicos em relação à fase de deformação que gerou a xistosidade (Sn), pois, assim como os
filossilicatos, estão orientados segundo a direção da foliação (figura 3.18-E). Estes minerais foram
afetados por reações retrometamórficas, atestadas pela substituição de granada e biotita por clorita.

A paragênese sintectônica verificada nas rochas metamáficas - hornblenda + plagioclásio +


epidoto ± quartzo ± titanita ± minerais opacos ± rutilo ± clorita ± apatita – aliadas à presença de
hornblenda nas rochas calcissilicáticas distinguem, de fato, assembléias mineralógicas de fácies
anfibolito (figuras 3.19-I e 3.20) (Yardley, 2004).

A presença em vários afloramentos de sillimanita (figuras 3.18-D e 3.18-G) fibrosa na região


de Setubinha (fora da área estudaa), a leste de Capelinha e também a sul, indica um metamorfismo na
fácies anfibolito alto e também corrobora para caracterizar uma zoneografia metamórfica progressiva
de oeste para leste e de norte para sul. A exposição de terrenos de temperatura mais elevada a sul em
contraposição à vergência tectônica pode ser entendida como resultado do soerguimento do Bloco de
Guanhães. As paragêneses com muscovita atestam que a fácies granulito não foi atingida, já que esse

57
mineral tende a desaparecer no grau mais alto, de acordo com a reação muscovita + quartzo →
ortoclásio + sillimanita (ou cianita) + H2O (Yardley, 2004).

A clivagem de crenulação (Sn+1) (figura 3.18-A) é dominada por paragênese mineral composta
por mica branca ± biotita ± clorita, pontualmente com presença de granada. Esta assembléia
mineralógica, estável em fácies xisto verde a anfibolito, caracterizaria o evento metamórfico M n+1,
possivelmente construído em níveis crustais menos profundos.

Figura 3.18: Fotomicrografias de xistos e anfibolitos mostrando as assembléias minerais, paragêneses e


microestruturas: A) Xisto peraluminoso em escala microscópica. Destaca-se a paragênese mineral associada à
foliação principal (quartzo (Qz) + biotita (Bt) + sericita (Ser) + granada (Grt). Clivagem de crenulação formada
por palhetas de sericita e biotita. B) Paragênese típica de xisto peraluminoso: biotita (Bt) + muscovita (Ms) +
quartzo (Qz) + granada (Grt) + estaurolita (St) + cianita (Ky). C) Pseudomorfo de granada limonitizado (Grt).
Matriz granolepidoblástica composta por quartzo + biotita (Bt) + muscovita (Ms). D) Fibrolita sin-cinemática
(Sil) orientada ao longo da foliação (Sn). Muscovita (Ms) + biotita (Bt) + quartzo (Qz) + sillimanita (Sil) +
Granada (Grt) xisto. São as rochas de mais alto grau metamórfico encontradas na área abordada. E) Mica xisto
composto por muscovita (Ms), biotita (Bt) e quartzo (Qz) orientados paralelamente à foliação (Sn). Bandas ricas
em muscovita (Ms) e biotita (Bt) intercaladas com bandas ricas em quartzo. Granada sin-cinemática (Grt)

58
paralela à foliação metamórfica (Sn). F) Xisto composto majoritariamente por muscovita (Ms) + biotita (bt).
Esses minerais marcam a foliação metamórfica (Sn). G) Xisto aluminoso rico em silimanita (Sil), indicando
condições de mais alta temperatura no metarmofismo barrowiano. H) Porfiroblasto de granada sin-cinemática
(note a ocorrência de muscovita associada ao metamorfismo retrógrado). I) Textura granonematoblástica em
anfibolito. A foliação metamórfica (Sn) é marcada por hornblenda (Hbl) e plagioclásio (Pl).

Figura 3.19: Diagrama blastase mineral versus deformação (as linhas sólidas representam as fases minerais mais
frequentes).

3.5 - LITOQUÍMICA

Análises quantitativas de elementos maiores, traço e terras raras, de oito amostras de


anfibolito, foram obtidas no Laboratório AcmeLabs – ACME Analytical Laboratories Ltd. A
metodologia analítica encontra-se descrita no item 1.5.3.4 e os resultados estão dispostos na tabela 3.1.
Ressalta-se que, avaliados o caráter ortoderivado, as condições de alteração e as afinidades com

59
líquidos basálticos, não foram encontrados impedimentos para a utilização dos diagramas
discriminantes e de classificação litoquímicos para as rochas anfibolíticas da área de estudo.

Tabela 3.1– Teores de elementos maiores (% peso), traços (ppm) e terras raras (ppm) para oito amostras de
anfibolito da região de Capelinha.

4.66 CM 93 CM 96-B CP 01 CP 03-A CP47-1 CP47-2 GQ-06

SiO2 wt.% 48.51 47.05 47.14 41.02 46.16 54.10 51.42 45.30

Al2O3 14.83 15.28 15.91 17.13 13.50 14.23 13.47 14.57

Fe2O3 10.71 12.57 12.11 14.34 15.99 13.33 14.39 15.71

MnO 0.14 0.19 0.16 0.18 0.23 0.16 0.18 0.22

MgO 9.32 7.64 3.01 2.59 6.52 3.13 3.62 5.88

CaO 9.98 10.32 15.84 19.07 8.74 7.84 11.44 7.82

Na2O 2.94 1.87 0.82 0.24 2.43 2.88 1.03 1.10

K 2O 0.10 0.48 0.13 0.05 0.14 0.17 0.11 0.38

TiO2 1.45 1.68 2.77 2.80 3.05 2.70 2.86 3.51

P 2O 5 0.16 0.19 0.49 0.38 0.42 0.30 0.33 0.43

Cr2O3 0.046 0.040 0.013 0.014 0.017 0.012 0.015 0.01

LOI 1.50 2.40 1.30 1.80 2.50 0.90 0.80 4.80

Total 99.68 99.71 99.69 99.61 99.70 99.75 99.66 99.73

FeOa 9.64 11.31 10.90 12.90 14.39 11.99 12.95 14.14

FeOa/MgO 1.03 1.48 3.62 4.98 2.21 3.83 3.58 2.40

FeOa+MgO 18.96 18.95 13.91 15.49 20.91 15.12 16.57 20.02

Na2O+K2O 3.04 2.35 0.95 0.29 2.57 3.05 1.14 1.48

Ni 122.00 116.00 59.00 84.00 101.00 76.00 79.00 80.00

Co 41.90 47.80 22.50 35.30 52.10 50.60 40.10 81.70

V 274.00 310.00 382.00 382.00 352.00 216.00 380.00 391.00

Zr 89.40 104.10 184.40 167.30 184.40 173.20 153.10 219.80

Sc 37.00 40.00 26.00 26.00 29.00 25.00 26.00 32.00

Y 10.50 18.70 24.10 24.00 24.10 20.20 19.20 29.10

Rb 1.30 7.40 1.60 0.10 2.00 2.10 0.90 6.80

Sr 379.80 282.40 879.30 1617.70 408.60 1012.40 918.80 111.60

60
Nb 8.70 10.30 62.70 22.50 22.70 23.60 18.30 29.20

La 10.50 13.40 26.50 25.40 29.80 30.20 25.10 42.80

Ce 21.30 29.20 65.00 55.60 60.60 67.10 50.90 89.70

Pr 2.72 3.70 7.59 6.83 7.82 7.74 6.42 11.97

Nd 12.60 15.20 31.00 28.10 31.20 32.70 25.80 49.30

Sm 3.10 3.57 6.71 6.14 7.11 6.13 5.26 9.64

Eu 1.12 1.30 2.12 2.10 2.44 2.06 1.98 2.98

Gd 3.51 4.01 6.28 6.12 6.59 5.87 4.94 7.89

Tb 0.52 0.60 0.85 0.83 0.91 0.81 0.72 1.20

Dy 3.31 3.51 5.14 4.82 4.62 4.53 3.70 6.54

Ho 0.68 0.73 0.99 0.92 0.94 0.89 0.76 1.13

Er 1.68 2.01 2.22 2.42 2.63 2.28 1.80 2.96

Tm 0.26 0.29 0.35 0.32 0.35 0.32 0.26 0.41

Yb 1.49 1.94 2.16 2.24 2.17 1.93 1.66 2.72

Lu 0.25 0.28 0.34 0.29 0.30 0.27 0.23 0.39

∑ETR 110.54 138.44 207.35 192.13 210.30 208.03 174.73 258.73

(Eu/Eu*)b 1,04 1,05 1,00 1,05 1,09 1,05 1,19 1.04

(La/Ce) N 1.28 1.20 1.06 1.91 1.28 1.17 1.29 1.24

(La/Yb)N 4.76 4.67 8.29 7.66 9.28 10.57 10.22 10.63

(La/Sm)N 2.13 2.36 2.49 2.60 2.64 3.10 3.00 2.79

(Nb/Y) 0.83 0.55 2.58 0.94 0.94 1.17 0.95 1.00

(Zr/Nb) 10.27 10.11 2.94 7.43 8.12 7.34 8.36 7.53

(Ti/Zr) 97.23 96.75 90.05 100.33 99.16 93.45 111.99 95.73


a b
FeO = Fe2O3 (análise)* 0.8998; (Eu/Eu*) = EuN/[(EuN)(GdN)]1/2, fórmula geométrica de Taylor &
McLennan (1985). Valores de normalização com base nos condritos ricos em carbon, livres de voláteis, do tipo I
(1,5 vezes os dados originais de Evensen et al., 1978).

Para todas as amostras analisadas, SiO2, Fe2O3, MgO e CaO possuem conteúdos variando
entre 41,02 – 54,10 %, 10,71 – 15,99 %, 2,59 – 9,32 % e 7,82 – 19,07 % respectivamente.

Apoiando-se nas relações entre sílica e álcalis, segundo Le Maitre (1989), grande parte dos
anfibolitos analisados plotam no campo dos basaltos (figura 3.20), sendo que as amostras CM-96B,
61
CP47-2 e QG-06 possuem menores teores de Na e K, ficando fora desse campo. A amostra CP-01
plota no campo dos picrobasaltos devido ao seu baixo teor de SiO2 (41,02%) e Na2O + K2O (0,29%).
A petrografia microscópica da amostra CP47-1 revela certa abundância de quartzo fora da paragênese,
preenchendo fraturas e em agregados poligonais monocristalinos, o que pode explicar a sua
localização no campo do andesito basáltico (maior teor de SiO2).

Figura 3.20: Diagrama TAS (Álcalis total versus sílica) de Le Maitre (1989).

Na figura 3.21-A, observa-se que os anfibolitos são francamente subalcalinos, com as


amostras 4.66, CM-93, CP-01 e CP-03A próximas ao limite alcalino-subalcalino. Através da leitura do
diagrama AFM (Álcalis, FeO e MgO), de Irvine e Baragar (1971), os metabasitos mostram um distinto
trend de enriquecimento em ferro, ficando claro o caráter toleiitico, com as amostras 4.66 e CM-93
menos evoluídas (figura 3.21-B).

Figura 3.21: A) Diagrama Álcalis versus Sílica de Irvine e Baragar (1971) com o limite entre os campos
alcalino e subalcalino. B) Diagrama AFM (Álcalis, FeO e MgO) de Irvine e Baragar (1971).

62
Os resultados analíticos obtidos mostram que os anfibolitos têm composição exclusivamente
básica (41,02% - 54,10% de SiO2- Tabela 3.1) e as correlações positivas entre FeOt/TiO2 - FeOt/MgO,
bem como os valores de Nb/Y (0,55-2,58), indicam que as rochas originais corresponderiam a
basaltos/doleritos (não orogênicos) de natureza toleítica. O trend progressivo de enriquecimento em
ferro com a diferenciação é uma das características diagnósticas de magmas da série toleítica (Dias
Neto et al., 2009).

Os diagramas discriminatórios de ambientes tectônicos indicam origem em ambiente intra-


placa continental (figuras 3.22-A, 3.22-B, 3.22-C e 3.22-D) com tendência minoritária para dorsal
oceânica. Em todos os diagramas as amostras 4.66 e CM-93 revelam comportamento distinto.

Para o diagrama MgO-FeOt-Al2O3 de Pearce (1977) grande parte das amostras plotam no
campo dos basaltos continentais (figura 3.22-B). As amostras CM-96B e CP-01 possuem tendência
para ilhas de centro de espalhamento e a amostra 4.66 para crosta oceânica - as primeiras por
apresentarem valores mais baixos de MgO e mais altos de Al2O3 em relação às demais amostras.

Figura 3.22: A) Diagrama discriminatório de basaltos baseado nas variações de Zr/Y-Y. Pearce &
Cann (1973). B) Diagrama de classificação de basaltos segundo as proporções de FeOt-MgO-Al2O3 (Pearce et
al., 1977). 1) Centro de espalhamento oceânico; 2) Orogênico; 3) Assoalho e crosta oceânica; 4) Ilhas oceânicas;
5) Continental. C) Diagrama para classificação de basaltos Segundo os parâmetros Nb*2-Zr/4-Y. Meschede
(1986). D) A) Diagrama Th-Ta-Hf para basaltos (Wood, 1980). A) N-MORB; B) E-MORB e toleítos intra-placa;
C) Basaltos alcalinos intra-placa; D) Basaltos de arco vulcânico.

63
As amostras de anfibolitos podem ser classificadas com base na razão Ti/Zr, devido à baixa
mobilidade desses elementos durante a alteração e metamorfismo de grau baixo, bem como a pequena
variação da razão durante a fusão parcial e formação dos líquidos basálticos (Silva et al. 1995). As
amostras apresentam valores bastante homogêneos, entre 93.45 – 111.99, sugerindo manto
enriquecido como fontes similares às que originaram os basaltos continentais.

No diagrama multielementar, normalizado pelo MORB de Pearce (1983), as amostras


mostram empobrecimento moderado em elementos de alto campo ou high field strenght elements
(HFSE, exceto Th) (figura 23-C). Os valores de Ta e, em alguns casos, de Th e Nd estão
aproximadamente nos níveis dos valores N-MORB de normalização para a maioria das amostras. Em
geral ocorre enriquecimento relativo dos elementos litófilos de grande raio iônico (LILE), embora as
amostras apresentem empobrecimento em K e/ou Rb e/ou Ba. De maneira geral o comportamento dos
LILE denuncia fenômenos de transformação sofridos por essas rochas.

A assinatura dos elementos terras raras (ETR) é também importante para inferir o ambiente
geotectônico de formação dos protólitos dos anfibolitos. Os ETR são relevantes no estudo de rochas
ígneas por apresentarem comportamento semelhante ou inerente à fonte magmática durante processos
de fusão parcial ou mistura de magmas e por permanecerem relativamente imóveis durante o
metamorfismo regional (Henderson 1984). As curvas de elementos terras raras dos anfibolitos,
normalizados em relação ao condrito (dados originais de Evensen et al., 1978), são muito semelhantes
entre si (figura 3.23-B). Todas as amostras apresentam fracionamento similar no padrão ETR,
ocorrendo moderada inclinação para a direita, com enriquecimento em terras raras leves e depleção em
terras raras pesados (LaN/YbN = 4,67 – 10,63) (figuras 3.23-A 3.23-B). As anomalias de európio são
levemente positivas (Eu/Eu* = 1.00 - 1.19), sugerindo acumulação de plagioclásio. O somatório dos
elementos terras raras é alto (ETR = 110,54 – 258,73) (figura 3.24 e tabela 3.1). Estas características
revelam rochas pouco diferenciadas e que se enquadram no padrão de basalto intra-placa continental
(Dupuy e Dostal, 1984).

Do ponto de vista geoquímico, os anfibolitos de Capelinha se assemelham às rochas básicas


associadas ao magmatismo Gangila (Tack et al. 2001), caracterizado na porção central da Faixa Oeste
Congolesa, na República Democrática do Congo. As assinaturas geoquímicas dos basaltos Gangila
(Grupo Zadiniano) são suficientemente similares a basaltos continentais intra-placa (Tack et al. 2001)
com enriquecimento em ETR leves e pequenas anomalias positivas de Eu (figura 3.23-B).

64
Figura 3.23: A) Diagrama de elementos terras raras para as amostras de anfibolito da região de Capelinha
normalizadas segundo o E-MORB (Sun & McDonough, 1989). B) Diagrama de elementos terras raras para as
amostras de anfibolito da região de Capelinha normalizadas segundo o condrito (Evensen, 1978) e comparação
com os basaltos Gangila (Tack et al. 2001). C) Spidergrama de elementos traço para as amostras de anfibolito da
região de Capelinha de acordo com o padrão MORB (Pearce, 1983). Comparação com a média de várias
privíncias basálticas continentais (CFB) Thompson et al. (1983) e a média dos basaltos Gangila (Tack et al.
2001).

3.6 - DADOS ISOTÓPICOS Sm-Nd

Os dados isotópicos Sm-Nd de anfibolitos foram obtidos no Centro de Pesquisas


Geocronológicas da Universidade de São Paulo. Os procedimentos analíticos estão sintetizados no
item 1.5.3.2.2 e os resultados dispostos na tabela 3.2.

A amostra de anfibolito GQ-06 foi coletada em exposição natural na estrada que interliga as
cidades de Capelinha e Novo Cruzeiro, nas proximidades da confluência entre o rio Fanado e o
ribeirão Fanadinho. As amostras CP-01B e CP-03B foram obtidas em exposição rochosa na localidade
do “Campo do Boa”, a noroeste do município de Capelinha e a amostra CM-96B foi coletada no leito
do rio Fanado a leste de Capelinha (figura 3.2).

65
Tabela 3. 2– Dados isotópicos Sm-Nd para amostras de anfibolito de Capelinha.

147
Amostra Sm (ppm) Nd (ppm) Sm/144Nd 143
Nd/144Nd TDM (Ga) εNd (0) εNd (957)

GQ-06 10.660 54.551 0.1181 0.511959 1.71 -13.24 -3.64

CP-01B 7.239 34.896 0.1254 0.512190 1.5 -8.75 -0.02

CP-03B 5.960 24.457 0.1474 0.512296 1.7 -6.67 -0.65

CM-96B 6.932 34.641 0.1210 0.512327 1.4 -9.05 +0.21

Os dados Sm-Nd da análise de rocha total das amostras estudadas são: Sm = entre 5,96 e
147
10,66; Nd = entre 24,45 e 54,55; Sm/144Nd = entre 0,118 e 0,147 e 143
Nd/144Nd = entre 0,5119 e
0,5123. Estes dados fornecem idades-modelo entre 1,4 e 1,7 Ga, indicando um intervalo máximo de
idade para a cristalização dos protólitos magmáticos das amostras analisadas. Os valores negativos e
levemente positivos do parâmetro εNd indicam que o magma basáltico atravessou crosta continental
147
relativamente espessa. Os baixos valores de Sm/144Nd (< 0,170) encontrados para todas as amostras
(tabela 3.2), indicam enriquecimento nos padrões de distribuição dos elementos terras raras leves, o
que é corroborado pelas análises geoquímicas. A variabilidade geoquímica, bem como os baixos
143
valores para os isótopos Nd/144Nd (0,11959-0,512327) das amostras podem refletir um processo de
metassomatismo no manto enriquecido, ou ainda a heterogeneidade da fonte mantélica (Zindler &
Hart 1986).

3.7 - GEOCRONOLOGIA U-Pb (LA-ICP-MS)

Este item apresenta estudos geocronológicos pelo método U-Pb LA-ICP-MS realizados no
Laboratório de Geocronologia da Universidade de Brasília (UnB), sobre amostras de rocha
metassedimentares e metamáficas da região de Capelinha. A medotologia analítica encontra-se
sumarizada no item 1.5.3.2.1. Os estudos geocronológicos expostos visam a obtenção das seguintes
idade;

- de cristalização magmática, pela datação de cristais de zircão nas amostras metaígneas;

- de recristalização metamórfica, através da datação de zircão e titanita nas amostras de anfibolito;

- máxima de sedimentação utilizando zircão detrítico nas amostras metassedimentares.

66
3.7.1 - Resultados U-Pb para rochas metamáficas de Capelinha

3.7.1.1 - Amostra CP-01B

Para a amostra CP-01B foram datados 60 grãos (Anexo 1) com morfologias diversas e eixo
maior em torno de 200 μm, podendo alcançar 350 μm nos zircões de geometria mais alongada (figura
3.24). Os zircões deste anfibolito encontram-se bem preservados apesar de ainda, ocasionalmente,
mostrar alguma fluidização. De maneira geral são zircões zonados, tipicamente de origem ígnea,
conforme indicado por suas razões 232Th/238U relativamente altas (Anexo 1).

A amostra CP-01B apresenta uma gama de zircões herdados com idades variadas. Idades
Arqueanas foram encontradas em quatro grãos de zircão de geometria arredondada, representando
6,6% dos grãos analisados e mostram um intervalo de idades compreendido entre 3391 Ma a 2622 Ma.
Grande parte dos grãos de zircão (cerca de 35%) mostram idades Paleoproterozóicas que variam de
2375 Ma a 1664 Ma com a grande maioria dos grãos datando do período Orosiriano até o limiar com o
período Estateriano. Idades mesozóicas foram encontradas em 21 grãos de zircão e variam de 1580 Ma
a 1061 Ma, sendo a grande maioria representativa dos períodos Calimiano e Ectasiano.

A população mais jovem e mais importante para este trabalho inclui cristais de zircões
subédricos, às vezes euédricos que revelaram idades Tonianas variando de 906 Ma a 1018 Ma,
indicando uma idade concordante de cristalização dos protólitos dos anfibolitos de 957±14 Ma, obtida
a partir de 12 spots (20% dos grãos estudados) (figura 3.25-A; Anexo 1), um em cada grão de zircão,
com discordâncias abaixo de 5%, variando de -2 a 2%. O erro individual na leitura das razões foi
inferior a 9%.

3.7.1.2 - Amostra CP-03B

Os zircões da amostra CP-03B são, normalmente esponjosos, claramente afetados por algum
204
tipo de fluidização associada ao próprio metamorfismo. São zircões com alto teor de Pb comum,
portanto com dificuldades para se determinar a idade de cristalização. A maioria dos grãos não
ultrapassam os 200 μm e mostram uma recristalização nas bordas, ou seja, são grãos cujos núcleos são
mais antigos (figura 3.24).

Os dados U-Pb revelaram um evento metamórfico impresso nos cristais de zircão dessa
amostra de anfibolito da região de Capelinha. Foram datados 20 grãos (Anexo 2.1) e a partir de quatro
206
se obteve uma idade Pb/238U de 576 ± 13 Ma (figura 3.25-B), sendo que um desses grãos mostra
uma razão 232Th/238U de 0.01.

67
Foram também datados 16 grãos de titanitas (Anexo 2.2) que se estruturam de forma alongada
na direção da foliação metamórfica regional (Sn). Desses, 13 grãos foram utilizados para se obter uma
idade de metamorfismo de 569 ± 26 Ma (figura 3.25-C).

Figura 3.24: Imagem de Catodoluminescência (CL) dos grãos de zircão representativos das rochas metamáficas
de Capelinha (amostras CP-01B e CP-03B).

68
Figura 3.25: Diagramas Concordia: A) Anfibolito Capelinha (amostra CP-01B). Idade de cristalização
magmática. B) Anfibolito Capelinha (amostra CP-03B). Metamorfismo Neoproterozóico. C) Anfibolito
Capelinha (amostra CP-03B). Metamorfismo Neoproterozóico por análises em titanitas.

3.7.2 - Resultados U-Pb para as rochas metassedimentares

3.7.2.1 - Amostra CP-01C

Os zircões deste quartzito micáceo são muito variados, normalmente arredondados,


evidenciando o seu caráter detrítico e com algum sinal de fluidização. Normalmente são zircões
equidimensionais e mais raramente prismáticos, que em média medem de 200 a 300μm (figura 3.26).
232
Todos os cristais são de origem magmática, como indicado por suas razões Th/238U relativamente
altas, variando entre 0,12 e 3,11.

Foram datados 90 grãos (Anexo 3), dos quais 84 foram responsáveis pelo tratamento
estatístico. A contribuição dos zircões desta rocha é muito variada, desde Neoarqueana,
Paleoproterozóica até Mesoproterozóica. Os zircões foram separados por idade ou intervalos de idade,
sendo agrupados em cinco populações: 57% (949 ± 12 Ma), 20% (1470 ± 15 Ma), 15% (1761 ± 20
Ma), 7% (1979 ± 42 Ma) e 1% (2740 Ma) (figura 3.27-A).

69
O conjunto de idades mais jovem (ca. 949 Ma) é o mais importante no contexto deste trabalho,
pois define a idade máxima de sedimentação da Formação Capelinha.

3.7.2.2 - Amostra CP-02B

Os zircões deste quartzito feldspático possuem geometrias variadas, sendo normalmente


arredondados e com algum sinal de fluidização. Majoritariamente são zircões equidimensionais e às
vezes prismáticos. Não raro são observados zircões com núcleo herdado (figura 3.26).

Foram datados 90 grãos (Anexo 4), dos quais 88 grãos foram responsáveis pelo tratamento
estatístico. Os zircões foram separados por idade ou intervalos de idade, sendo agrupados em seis
populações que revelaram idades variadas, desde Paleoarqueanas, Paleoproterozóicas e
Mesoproterozóicas: 46% (974 ± 10 Ma), 22% (1382 ± 14 Ma), 17% (1900 ± 16 Ma), 1% (2550 Ma),
11% (2619 ± 20 Ma) e 3% (3274 ± 45 Ma) (figura 3.27-B).

A idade Toniana de 974 ± 10 Ma é a mais importante no contexto desse trabalho, pois indica a
idade máxima de deposição para os sedimentos que deram origem ao quartzito feldspático da
Formação Capelinha (figura 3.27-B).

3.7.2.3 - Amostra AT-31

A maioria dos cristais de zircão desse quartzito pouco micáceo mostram-se como grãos pouco
a medianamente arredondados, evidenciando seu caráter detrítico (figura 3.26). Todos os cristais são
232
de origem magmática, como indicado por suas razões Th/238U relativamente altas, variando entre
0,30 e 2,41 (Anexo 5). Os zircões foram separados por idade ou intervalos de idade, sendo agrupados
em seis populações: 16% (1189 ± 9 Ma), 5% (1567 ± 16 Ma), 15% (1873 ± 12 Ma), 36% (1990 ± 6
Ma), 24% (2129 ± 10 Ma) e 4% (2706 ± 29 Ma) (figura 3.27-C).

O conjunto de idades mais jovem (ca. 1,18 Ga) (figura 3.27-C) é o mais importante no
contexto desta amostra, pois sugere uma idade máxima de deposição para os sedimentos que deram
origem ao quartzito micáceo da Formação Capelinha.

3.7.2.4 - Amostra CP-12B

Os zircões deste xisto granatífero possuem geometria normalmente arredondada, com algum
204
sinal de fluidização (figura 3.26). Tem-se para essa amostra muitos zircões com alto Pb comum,
eliminando assim, muitos dos grãos analisados. Normalmente são zircões equidimensionais ou
prismáticos, sendo observados com certa frequência zircões com núcleo herdado (figura 3.26).

70
Foram datados 90 grãos (Anexo 6), dos quais 51 deles foram responsáveis pelo tratamento
estatístico que evidencia uma idade máxima de deposição em 1123 ± 26 Ma (12% dos zircões
analisados) (figura 3.27-D).

Grãos arredondados, subédricos a anédricos compreendem 38% da população de zircões e


mostram idade de 2029 ± 17 Ma. Foram encontradas ainda outras populações de zircão que revelaram
idades variadas, desde Neoarqueanas com 9% dos grãos apresentando idade de 2837 ± 25 Ma e 27%
com idade 2644 ± 19 Ma. Idades Paleoproterozóicas de 1738 ± 25 Ma em 15% e Mesoproterozóicas
de 1123 ± 26 Ma em 12% em dos grãos foram encontradas (figura 3.27-D).

71
Figura 3.26: Imagens de catodoluminescência (CL) (amostras CP-01C, CP-02B e CP-12B) e Microscopia
Eletrônica de Varredura (MEV) (amostra AT-31) dos grãos de zircão das rochas metassedimentares da
Formação Capelinha.

72
Figura 3.27: Histogramas de freqüência mostrando dados de idade U-Pb em amostras de rochas
metasedimentares da Formação Capelinha. Unidade metapsamítica (amostras CP-01C, CP-02B e AT-31) e
unidade metapelítica (amostra CP-12B).
73
74
CAPÍTULO 4
A FORMAÇÃO CAPELINHA REDEFINIDA COMO UNIDADE BASAL DO GRUPO

MACAÚBAS

THE CAPELINHA FORMATION REDEFINED AS BASAL UNIT OF THE

MACAÚBAS GROUP

Marco Paulo de Castro1, Gláucia Queiroga1, Maximiliano Martins1, Antônio Carlos Pedrosa Soares2,
Fernando Flecha Alkmim1, Ivo Dussin3

1- UFOP-EM-DEGEO. marco_pcastro@yahoo.com, glauciaqueiroga@yahoo.com.br,

maximilianomartins@yahoo.com.br, ffalkmim@gmail.com

2 – UFMG-IGC-CPMTC. pedrosa@gmail.com

3 – UERJ-LGPA. ivodusin@yahoo.com.br

* Artigo submetido ao Brazilian Journal of Geology (Qualis B2)

Resumo: A Formação Capelinha, na sua área-tipo, é redefinida como uma unidade basal do Grupo
Macaúbas em Minas Gerais. Caracteriza-se por uma unidade inferior composta por quartzito puro a
micáceo, os quais encerram corpos concordantes de anfibolito, e uma unidade superior dominada por
mica xisto peraluminoso. Estudos isotópicos U-Pb em zircão indicam idade de 957Ma para os corpos
metamáficos intercalados na sua unidade inferior e permitem interpretar a Formação Capelinha como
um sucessão metavulcanosedimentar acumulada durante a fase rifte inicial (toniana) da bacia
Macaúbas em sua porção mais oriental.

Palavras-chave: Formação Capelinha, unidade basal, Grupo Macaúbas

Abstract. We focus on a key area of the Macaúbas Group, where the Capelinha Formation includes a
lower quartzitic with metamafic lenses unit and an upper metapelitic sequence. The first U-Pb
geochronological characterization of the metamafic rocks constraints magmatic crystallization at

75
957Ma, providing solid evidence of an Early Tonian rifting event in this region and suggesting a
lateral equivalence with the basal units of the Macaúbas Group.

Keywords: Capelinha Formation, basal unit, Macaúbas Group

INTRODUÇÃO

O Grupo Macaúbas (Moraes, 1932), tal como descrito por Noce et al. (1993) e consideradas as
modificações propostas por Pedrosa-Soares et al. (2011) e Babinski et al. (2012), tem como zonas
principais de ocorrência a Serra do Espinhaço Meridional e os vales do Jequitinhonha, Araçuaí e Rio
Pardo no Estado de Minas Gerais. Estas regiões expõem a zona orogênica brasiliana da Faixa Araçuaí,
a qual representa o domínio externo do orógeno homônimo (Pedrosa Soares et al., 2011). O Grupo
Macaúbas é composto por oito formações (figura 4.1) que registram todas as fases de desenvolvimento
de uma bacia de margem passiva no intervalo compreendido entre os períodos Toniano e Criogeniano
(Pedrosa Soares et al., 2011). Influenciada em boa parte de sua história por episódios glaciais, a bacia
Macaúbas é interpretada como precursora do Orógeno Araçuaí (Pedrosa Soares et al., 2008).

As formações Matão, Duas Barras e Rio Peixe Bravo da porção basal do Grupo Macaúbas
contêm depósitos pré-glaciais que registram o estabelecimento de um sistema rifte em ambiente
continental a marinho raso. As formações Serra do Catuni, Nova Aurora e a porção inferior da
Formação Chapada Acauã representam o estágio de margem passiva, cuja evolução se deu sob
influência glacial (figura 4.1) (Pedrosa-Soares et al., 2011). As manifestações magmáticas das fases
rifte e de margem passiva, respectivamente, são representadas por diques de composição gabróica e
por xistos verdes metabasálticos (Babinski et al., 2012 e referências). A distribuição espacial destes
metabasitos marca o eixo termal da bacia Macaúbas, o qual se estende ao longo do meridiano
43°30’W por aproximadamente 100km. A porção superior da Formação Chapada Acauã contém os
depósitos proximais da bacia de margem passiva. Os seus tratos distais estariam representados na
Formação Ribeirão da Folha (Pedrosa-Soares et al., 2011).

A Formação Capelinha, de acordo com a definição original de Grossi Sad et al. (1993), foi
posicionada no topo do Grupo Macaúbas, sendo composta pelo membro inferior, formado por
protoquartzito micáceo, ferruginoso, feldspático e/ou grafitoso, intercalado com quartzo-mica xisto, e
pelo membro superior, constituído predominantemente por ortoquartzito laminado e localmente por
quartzito ferruginoso e/ou micáceo e/ou feldspático, com metabasitos na base do pacote.
Alvo de diversos questionamentos quanto ao seu posicionamento estratigráfico e significados
paleo-ambiental e tectônico (vide Pedrosa-Soares et al., 2007), a Formação Capelinha foi investigada
em detalhe na sua área-tipo, na região da cidade homônima em Minas Gerais (Castro, 2014). Os
76
resultados obtidos indicaram, em primeira instância, a necessidade de uma redefinição estratigráfica
desta unidade, conforme estipulado pelo “Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica” (Petri et
al., 1986), o que é feito no presente trabalho.

Figura 4.1: Mapa geológico de parte do Orógeno Araçuaí que mostra a distribuição do Grupo Macaúbas
(modificado de Pedrosa-Soares et al., 2011).

A FORMAÇÃO CAPELINHA EM SUA ÁREA-TIPO

O mapeamento em escala 1:25.000 da região de Capelinha (figura 4.2; Castro, 2014),


demonstrou que a formação homônima apresenta uma extensão territorial muito mais abrangente do
que postulada na sua definição original. As suas relações de contato com as unidades adjacentes são

77
complexas e, devido à ação da deformação e metamorfismo regional nas condições da fácies
anfibolito, a maioria das características dos seus protólitos foi perdida.
A Formação Capelinha ocupa uma área de aproximadamente 900km2, situada entre as
coordenadas 17°30’e 17°45’Lat S e 42°45’ e 42°15’Long W. Nesta região, os seus litotipos descrevem
em mapa uma trajetória curvilínea com a concavidade voltada para sudeste, que é a expressão de um
antiforme invertido, de traço axial WNW-ESE e vergente para sul.

Figura 4.2: Mapa geológico da região de Capelinha (Castro, 2014).

A seção geológica que melhor caracteriza a Formação Capelinha pode ser observada a leste da
cidade homônima, ao longo do ribeirão Fanadinho e a partir da confluência deste com o rio Fanado
(perfil A-A´, figuras 4.2 e 4.3). A Formação Capelinha é aqui dividida em duas unidades informais:

78
uma inferior, predominantemente metapsamítica, e outra superior, dominantemente metapelítica
(figuras 4.2 e 4.3). Ambas as unidades são cortadas por granitos e pegmatitos da Suíte Mangabeiras
(figura 4.2) atribuída à Suíte G4 de Pedrosa Soares et al. (2007).
As seções B-B´, C-C´e D-D´ representam as colunas de detalhe que tipificam partes das
unidade inferior (B-B´) e superior (C-C´ e D-D´) nas regiões do Campo do Boa (B-B´) e córrego Santa
Catarina (D-D´), próximas ao distrito de São Caetano, e na estrada de terra que liga Capelinha ao
distrito de Ponte Nova (C-C´) (figuras 4.2 e 4.3).

Figura 4.3: Colunas estratigráficas da Formação Capelinha na sua área-tipo.

A unidade inferior aflora no núcleo do antiforme invertido, não sendo observável seu contato
de base com as rochas gnáissicas do Complexo Guanhães. Essa unidade é constituída por uma

79
alternância entre quartzito puro e micáceo e rochas metamáficas e, subordinadamente, por muscovita-
biotita xisto, xisto carbonoso, metagrauvaca e raro quartzito ferruginoso.

O litotipo dominante da unidade inferior é um quartzito puro (figura 4.4-A), que constitui um
pacote com espessura superior a 500m (figuras 4.2 e 4.3). As melhores exposições estão nas
adjacências do rio Fanado e ribeirão Fanadinho, onde se estruturam nos núcleos de sinformes e
antiformes abertos. A assembleia mineralógica inclui quartzo (93-97%), opacos (1-5%) e sericita (0-
2%). Três determinações geocronológicas pelo método U-Pb LA-ICP-MS nos quartzitos dessa
unidade indicam idade máxima de sedimentação em torno de 970Ma (para dados completos, vide
Castro, 2014).

Figura 4.4: A) Quartzito micáceo da unidade inferior. B) Contato entre quartzito micáceo da unidade
inferior com rocha metamáfica da mesma unidade. C) Detalhe da rocha metamáfica. D) Xisto peraluminoso da
unidade superior.

As rochas metamáficas intercalam-se aos quartzitos em todas as exposições, possuindo


contatos abruptos com os metassedimentos sotopostos ou sobrepostos. As suas melhores exposições
encontram-se nos vales do rio Fanado e do ribeirão Fanadinho, bem como no Campo do Boa, onde
estão espetacularmente expostas (figura 4.3). São representadas por corpos de geometria tabular
(figura 4.4-B), com granulação variável de fina à média, possuindo espessuras que ultrapassam os
80m. Trata-se de anfibolitos maciços a fortemente foliados, localmente bandados, compostos por
plagioclásio e hornblenda (figura 4.4-C), com rutilo, quartzo, titanita e epidoto como acessórios
comuns. A assinatura geoquímica dessas rochas revela composição basáltica e afinidade toleítica, com
80
geração em ambiente continental intraplaca (Castro et al., 2013). Determinações geocronológicos U-
Pb em zircão de duas amostras (CP01B, coletada no Campo do Boa e CP03B, coletada no rio Fanado;
figura 4.2), revelam idade de cristalização magmática em 957±14Ma (figura 4.5) e idade de
recristalização metamórfica em torno de 569Ma. Em conjunto, estes dados permitem caracterizá-las
como remanescentes metamórficos de um magmatismo sinsedimentar.

Figura 4.5: Diagrama concórdia para o anfibolito CP01B da unidade inferior da Formação Capelinha.

A unidade superior está em contato direto com o Complexo Guanhães na porção sul da área
através de uma zona de cisalhamento normal destral, localmente associada a um hidrotermalito
silicoso (seção A-A´, figura 4.3). A unidade superior é constituída predominantemente por um pacote
de xisto peraluminoso (figura 4.4-D) com algumas intercalações de quartzito micáceo, rocha
calcissilicática e xisto carbonoso, totalizando 1300m de espessura. O contato entre as unidades inferior
e superior é transicional nas porções sul e oeste da área (seção C-C´, figura 4.3), marcada pela
interdigitação entre os quartzitos puros e quartzitos micáceos da unidade inferior aos mica xistos e
xistos carbonosos da unidade superior. Na porção norte, a unidade superior sobrepõe a unidade
inferior por contato brusco, sendo constituída por um pacote de xisto peraluminoso de cerca de 200m
de espessura, composto por quartzo, biotita, granada e estaurolita, às vezes cianita (seção D-D´, figura
4.3). A seção é completada por um conjunto composto por uma fina camada de quartzito rico em
biotita e outro pacote de xisto peraluminoso com intercalações espessas de quartzito rico em biotita e
raros níveis de rocha calcissilicática, totalizando cerca de 600m de espessura.

81
O xisto peraluminoso, litotipo predominante da unidade superior, é composto por muscovita
(25-30%), quartzo (25-30%), biotita (15-20%), plagioclásio (0-10%), e porfiroblastos de granada (1-
5%), cianita (1-3%) e estaurolita (0-3%). Uma determinação geocronológica pelo método U-Pb LA-
ICP-MS em zircões detríticos indicou para esta unidade uma idade máxima de sedimentação em torno
de 1123Ma (Castro et al., 2013).

CONCLUSÕES

Na sua área-tipo, a Formação Capelinha ocupa uma área de aproximadamente 900km2,


compreendendo uma espessa sequência metavulcanosedimentar dividida em unidade inferior,
predominantemente metapsamítica, e outra superior, dominantemente metapelítica. A unidade inferior
encerra corpos concordantes de anfibolitos, revelados como remanescentes de um magmatismo
basáltico sinsedimentar datados em 957Ma. O conjunto de dados permite redefinir a Formação
Capelinha como uma unidade basal do Grupo Macaúbas em Minas Gerais (figura 4.1), representando
a expressão, em sua porção mais oriental, do evento tafrogênico que deu origem à bacia homônima no
período Toniano.

Agradecimentos

Os autores agradecem à FAPEMIG pelos recursos disponibilizados pelo projeto CRA-APQ


04116-10 (Programa Primeiros Projetos) e à CAPES pela concessão da bolsa de mestrado de Marco
Paulo de Castro.

Referências Bibliográficas

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- Castro, M.P. 2014. Caracterização geológica da Formação Capelinha como uma unidade basal do
Grupo Macaúbas em sua área-tipo, Minas Gerais. Dissertação de Mestrado, DEGEO/EM/UFOP,
inédito.

- Castro, M.P., Queiroga, G., Martins, M., Dussin, I.A., Pedrosa-Soares, A.C., Alkmim, F.F.,
Cavaglieri, H.M., Endo, I. 2013. Caracterização lito-estrutural e geocronológica da Formação
Capelinha na região homônima, Minas Gerais. In: 13° Simpósio de Geologia do Sudeste, Resumos,
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82
- Moraes, L.J. 1932. Área ocupada pela Formação Macaúbas no norte de Minas Gerais. Anais da
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- Noce C.M., Pedrosa-Soares A.C., Grossi Sad J.H., Baars F.J., Guimarães M.L.V., Mourão M.A.A.,
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Araçuaí: o registro de uma bacia neoproterozóica. In: 9° Simpósio de Geologia de Minas Gerais,
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Brasileiro de nomenclatura estratigráfica. Revista Brasileira de Geociências, 16:372-376.

83
84
CAPÍTULO 5
DISCUSSÕES

A integração entre os dados obtidos através do mapeamento geológico, levantamentos


estratigráficos de detalhe e dos estudos petrográficos em conjunto com os dados geoquímicos e
geocronológicos suportam uma série de correlações e interpretações acerca da Formação Capelinha e
seu papel na evolução da bacia Macaúbas e orógeno Araçuaí.

Na região de Capelinha, foco dessa dissertação, a estruturação geral da Faixa de Dobramentos


Capelinha (FDC) se assemelha a um cinturão de dobramentos assimétricos, vergente para sul, contra o
Bloco de Guanhães, onde a superfície de descolamento se revela na forma de uma falha de cinemática
normal destral que separa as rochas Arqueanas do Complexo Guanhães dos metassedimentos e rochas
metamáficas Neoproterozóicas do Grupo Macaúbas, diferentemente do que foi postulado por Baars et
al. (1997) e Guimarães & Grossi-Sad (1997). Esses autores caracterizaram a região como parte de um
cinturão dominado por tectônica de falhamentos, onde as formações Salinas (no cenário atual
Formação Ribeirão da Folha de Pedrosa-Soares et al. 2007) e Capelinha (Grossi-Sad et al., 1993)
seriam, respectivamente, os equivalentes às unidades metapelítica e metapsamítica designadas neste
trabalho. Os perfis litoestruturais e os dados de campo mostraram que a unidade metapsamítica,
composta majoritariamente por quartzitos, mica-xistos e intercalações de corpos anfibolíticos,
encontra-se na base de um espesso pacote de metapelitos, e não o contrário, como foi mapeado por
Baars et al. (1997) e Guimarães & Grossi-Sad (1997) no âmbito do Projeto Espinhaço.

Análises U-Pb em zircões detríticos da unidade inferior (metapsamítica) da Formação


Capelinha revelaram um conjunto de zircões muito antigos, que datam do Paleoarqueano (3232 ± 41
Ma) e podem estar relacionados à provável extensão setentrional do Complexo Porteirinha,
denominado Complexo Santa Izabel, localizado no estado da Bahia, onde foram obtidas idades em
torno de 3350 Ma em gnaisses migmatíticos (Rosa et al., 2000). Idades Mesoarqueanas (2810 ± 24 Ma
e 2637 ± 13 Ma) e Neoarqueanas em torno de 2700 Ma sugerem uma correlação com o Complexo
Guanhães, localizado a sul da Faixa de Dobramentos Capelinha (FDC), já que o mesmo engloba uma
série de gnaisses e migmatitos TTG datados entre 2860 e 2710 Ma (Silva et al., 2002), representando
parte do núcleo arqueano do embasamento do Cráton do São Francisco Meridional (Noce et al., 2007).
Os zircões detríticos das unidades metassedimentares da Formação Capelinha mostram um notável
pico de idades em torno de 2000-1900 Ma, sugerindo que rochas magmáticas Paleoproterozóicas
Riacianas-Orosirianas do paleocontinente São Francisco-Congo forneceram importantes fontes de

85
sedimentos para essas unidades. As idades Paleoproterozóicas são correlacionáveis com as datações de
2,18-2,04 Ga (Silva et al., 2002; Noce et al., 2007), 2,13-2,08 Ga (Noce et al., 2007) e 2,05 Ga (Rosa
et al., 2000) obtidas para os complexos gnáissicos Mantiqueira e Juiz de Fora e para um Sienito
correlato ao Complexo Porteirinha, respectivamente. O grande montante de zircões com essas idades
se deve ao volumoso magmatismo produzido durante a Orogenia Transamazônica, responsável por
formar boa parte das rochas que compõem o embasamento do orógeno Araçuaí. As idades em torno de
1700 Ma, encontradas nas amostras CP-01C (unidade metapsamítica) e CP-12B (unidade
metapelítica), sugerem uma fonte de sedimentos localizada a sul da Faixa de Dobramentos Capelinha,
possivelmente associada aos corpos graníticos da Suíte Borrachudos (1740 ± 8 a 1670 ± 32 Ma; Silva
et al., 2002; Chemale Jr. et al., 1997) que estão alojados no Complexo Guanhães e que representam a
abertura da bacia Espinhaço inferior (Chemale Jr. et al., 2012) no período Estateriano. A população de
zircões com idade de ca. 1,56 Ga da amostra AT-31 (unidade metapsamítica) pode estar associada ao
magmatismo félsico da Formação Bomba (Grupo Pajeú), documentado por Danderfer et al. (2009) na
Chapada Diamantina e relacionado à abertura da bacia Espinhaço intermediária (Chemale Jr. et al.,
2012). O conjunto de idades em torno de 1,2 Ga, obtidos em zircões extraídos das amostras AT-31
(1189 ± 9 Ma) e CP-12B (1123 ± 26 Ma) aproximam-se dos valores obtidos por Chemale Jr. et al,
(2012) em metaconglomerado de matriz tufácea da seção basal da Formação Sopa-Brumadinho, com
pico em 1192 Ma, e que foram definitivos para elucidar uma idade Esteniana-Toniana para a porção
superior da Bacia Espinhaço, temporalmente concomitante com o Ciclo Grenviliano. O conjunto de
idades mais jovens, englobado no intervalo entre 970 e 949 Ma, balizam a idade máxima de
sedimentação da Formação Capelinha.

As rochas metamáficas, intercaladas concordantemente aos quartzitos da unidade inferior da


Formação Capelinha, apresentam, do ponto de vista petrográfico, granulação variável entre fina e
média e paragênese mineral principal re-equilibrada em fácies anfibolito. As análises geoquímicas
confirmam a composição basáltica indicada pela mineralogia metamórfica, e indicam afinidade
toleítica da rocha gerada em ambiente continental, intra-placa. Os resultados Sm-Nd obtidos para os
anfibolitos são muito semelhantes àqueles obtidos por Martins (2006), para os xistos verdes da região
do Rio Macaúbas, por Babinski et al. (2005) e Gradim et al. (2005), para os xistos verdes do Membro
Rio Preto da Formação Chapada Acauã e por Tack et al. (2001) para os basaltos Gangila da porção
central da Faixa Oeste Congolesa no continente africano (figura 5.1). Os xistos verdes são
interpretados, por estes autores, como representantes do vulcanismo básico da fase rifte da Bacia
Macaúbas e o magmatismo Gangila à fase rifte da bacia do Congo.

Considerando as relações de contato com os quartzitos, as características petrográficas gerais


e os dados geocronológicos obtidos para as unidades metassedimentares, a idade de cristalização

86
magmática do anfibolito, obtida para a amostra CP-01B (957±14 Ma), sugere um magmatismo
sinsedimentar (figuras 5.1 e 5.2), gerado em ambiente continental intra-placa e contemporâneo ao
estágio de rifteamento (figura 5.1) que levou à abertura da bacia Macaúbas no período Toniano,
semelhante ao que foi descrito para o conjunto de rochas metamáficas do domínio externo do Orógeno
Araçuaí (Uhlein, 1991; Gradim et al. 2005; Martins, 2006) e similar ao magmatismo Gangila, descrito
na porção central da Faixa Oeste Congolesa (Tack et al., 2001) (figura 5.1). Na República
Democrática do Congo foram descritos anfibolitos que se equivalem lateralmente aos basaltos Gangila
(Kampunzu et al., 1991) e que ocorrem intercalados aos quartzitos “Bikossi”, semelhantemente ao que
aflora na região de Capelinha, onde os corpos tabulares de anfibolito se intercalam aos quartzitos
basais da formação homônima.

Figura 5.1: Modelo esquemático que ilustra o cenário do rifte assimétrico continental onde foram depositados os
sedimentos e onde se formaram os protólitos das rochas metamáficas da Formação Capelinha.

Com base no cenário exposto, pode-se dizer que a deposição dos sedimentos intrínsecos à
Formação Capelinha relaciona-se a um sistema do tipo rifte que se estabeleceu diretamente sobre o
embasamento Arqueano representado regionalmente pelo Bloco de Guanhães. Levando-se em conta os
dados litológicos, as idades de cristalização magmática e os espectros de idades obtidos em zircões
detríticos, a Formação Capelinha do Grupo Macaúbas, anteriormente relacionada ao fechamento da
87
bacia homônima por Pedrosa-Soares (1995, 1997) e como o registro da sedimentação sin-orogênica do
orógeno Araçuaí (Pedrosa-Soares et al., 2007), pode ser correlacionada às formações Matão e Duas
Barras (figura 5.2), representantes da sedimentação proximal em ambiente rifte (Noce et al., 1997;
Uhlein et al., 1998, 2007; Martins-Neto et al., 2001; Martins 2006; Martins et al., 2008; Pedrosa-
Soares et al., 2008), com a Formação Capelinha se equivalendo lateralmente como representante da
sedimentação distal (figuras 5.1 e 5.2). Além disso, embora não existam dados abundantes de grãos de
zircão detríticos extraídos de rochas das formações Matão e Duas Barras, as idades de 1161 ± 23 Ma
(Martins et al., 2008) e 900 ± 21 Ma (Babinski et al., 2011), representam as respectivas idades
máximas de deposição para as referidas formações, sendo cronocorrelatas às idades obtidas para os
zircões detríticos das rochas metassedimentares da região de Capelinha (intervalo entre 1180 e 949
Ma). Portanto, sugere-se neste trabalho a redefinição estratigráfica da Formação Capelinha (vide artigo
submetido no capítulo 4) e a inclusão da referida formação na base da coluna do Grupo Macaúbas
(figura 5.2).

Figura 5.2: Coluna estratigráfica do Grupo Macaúbas com a inclusão da Formação Capelinha na base.
Modificado de Pedrosa-Soares et al. (2008, 2011).

88
CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES

Com base nos dados e resultados obtidos nessa dissertação de mestrado, pode-se concluir que:

 A Formação Capelinha apresenta uma extensão territorial muito mais abrangente do que
postulada na sua definição original, sendo composta por duas unidades: uma inferior,
predominantemente metapsamítica, e outra superior, dominantemente metapelítica. A unidade inferior
é constituída por uma alternância entre quartzito puro e micáceo e rochas metamáficas,
subordinadamente, por muscovita-biotita xisto, xisto carbonoso, metagrauvaca e raro quartzito
ferruginoso. Três determinações geocronológicas pelo método U-Pb LA-ICP-MS nos quartzitos dessa
unidade indicam idade máxima de sedimentação em torno de 970Ma.
 As rochas metamáficas da unidade inferior intercalam-se aos quartzitos em todas as
exposições, possuindo contatos abruptos com os metassedimentos sotopostos ou sobrepostos. São
representadas por corpos de geometria tabular, com granulação variável de fina à média, possuindo
espessuras que ultrapassam os 150m. Trata-se de anfibolitos maciços a fortemente foliados,
localmente bandados, compostos por plagioclásio e hornblenda, com rutilo, quartzo, titanita e epidoto
como acessórios comuns.
 A assinatura geoquímica das rochas metamáficas de Capelinha revela composição basáltica e
afinidade toleítica, com geração em ambiente continental intraplaca com enriquecimento em ETR
leves e pequenas anomalias positivas de Eu.
 Os valores negativos e levemente positivos do parâmetro εNd indicam que o magma basáltico
147
atravessou crosta continental relativamente espessa. Os baixos valores de Sm/144Nd encontrados
para todas as amostras, indicam enriquecimento nos padrões de distribuição dos elementos terras raras
leves, o que é corroborado pelas análises geoquímicas.

 Determinações geocronológicos U-Pb em zircão de duas amostras revelam idade de


cristalização magmática em 957±14Ma e idade de recristalização metamórfica em torno de 569Ma.
Em conjunto, estes dados permitem caracterizá-las como remanescentes metamórficos de um
magmatismo sinsedimentar.
 A idade inédita obtida para os anfibolitos de Capelinha implica que o rifte precursor da bacia
Macaúbas teve inicio durante a quebra de Rodínia no limite Esteniano-Toniano, cerca de 50 Ma antes
do que o sugerido anteriormente na literatura.

89
 A unidade superior é constituída predominantemente por um pacote de xisto peraluminoso
com algumas intercalações de quartzito micáceo, rocha calcissilicática e xisto carbonoso. O contato
entre as unidades inferior e superior é transicional, marcada pela interdigitação entre os quartzitos
puros e quartzitos micáceos da unidade inferior aos mica xistos e xistos carbonosos da unidade
superior. O xisto peraluminoso, litotipo predominante da unidade superior, é composto por muscovita,
quartzo, biotita, plagioclásio, e porfiroblastos de granada, cianita e estaurolita.
 A evolução estrutural da Faixa de Dobramentos Capelinha (FDC) resulta da sucessão de três
fases de deformação. A primeira fase deformacional (Fn) se manifesta em todos os litotipos, e foi
responsável pela geração da foliação (Sn) e da lineação mineral (Lm) subparalelas a eixos de dobras
(Bn). A segunda fase (Fn+1) possui uma assembleia de estruturas onde se destaca uma clivagem de
crenulação (Sn+1) e uma lineação de crenulação (Lc). Essa última se associa as cristas das microdobras
(Bn+1). A terceira fase (Fn+2), de carácter dúctil-rúptil, tem ocorrência restrita, e se manifesta
principalmente como uma clivagem espaçada (Sn+2).
 Na fase (Fn) ocorreu a nucleação sob um campo compressional N-S, de dobras fechadas a isoclinas
vergentes para sul e relacionadas a ela um metamorfismo Mn, de carácter dinamotermal, responsável pelo
desenvolvimento progressivo da foliação (Sn) em condições de fácies anfibolito, com registro intenso
nos xistos peraluminosos, com a paragênese: quartzo + biotita +muscovita + granada ± estaurolita ±
cianita ± sillimanita ± minerais opacos. A distribuição espacial das paragêneses minerais encontradas
nos xistos peraluminosos caracterizam uma zoneografia metamórfica Barrowiana clássica, com
assembleias minerais de médio grau encontradas a leste e sul de Capelinha e de baixo grau a oeste e
norte. A paragênese sintectônica verificada nas rochas metamáficas - hornblenda + plagioclásio +
epidoto ± quartzo ± titanita ± minerais opacos ± rutilo ± clorita ± apatita – aliadas à presença de
hornblenda nas rochas calcissilicáticas distinguem, de fato, assembléias mineralógicas de fácies
anfibolito.
 A deposição dos sedimentos que originaram a Formação Capelinha se deu em um cenário do
tipo rifte, como equivalente da sedimentação distal, relacionada às formações Matão e Duas Barras
que foram depositadas em ambiente proximal

90
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100
Anexos

101
Anexo 1: Sumário dos dados geocronológicos U-Pb LA-ICP-MS em zircão magmático para a amostra CP-01B.

Relações Idade (Ma) % Th U Pb


Spot
207
Pb*/235U ± 206
Pb*/238U ± Rho 1 207
Pb*/206Pb* ± 206
Pb/238U ± 207
Pb/235U ± 207
Pb/206Pb ± Disc. f 206 ppm ppm ppm 232
Th/238U
003-Z1 6,78259 1,65 0,38647 1,20 0,73 0,12728 1,14 2106 25 2083 34 2061 23 -2 0,0002 236,0 386,4 234,5 0,62
004-Z2 1,57799 6,72 0,15957 3,88 0,58 0,07172 5,48 954 37 962 65 978 54 2 0,0049 25,3 32,2 7,0 0,79
005-Z3 1,54544 3,33 0,15637 1,93 0,58 0,07168 2,71 937 18 949 32 977 27 4 0,0020 92,1 85,7 21,7 1,08
006-Z4 5,87271 4,50 0,35473 3,75 0,83 0,12007 2,48 1957 73 1957 88 1957 49 0 0,0018 46,3 26,0 14,2 1,79
007-Z5 2,64014 5,79 0,22333 3,73 0,64 0,08574 4,43 1299 48 1312 76 1332 59 2 0,0027 43,8 98,3 27,9 0,45
008-Z6 1,46406 3,80 0,15235 2,29 0,60 0,06970 3,03 914 21 916 35 919 28 1 0,0023 45,7 69,8 15,4 0,66
009-Z7 1,92674 3,59 0,18961 2,80 0,78 0,07370 2,24 1119 31 1090 39 1033 23 -8 0,0015 36,8 120,9 31,8 0,31
010-Z8 6,74664 5,58 0,38415 5,49 0,98 0,12738 1,02 2096 115 2079 116 2062 21 -2 0,0007 78,1 142,5 85,5 0,55
011-Z9 2,61347 2,35 0,23268 1,94 0,83 0,08146 1,32 1349 26 1304 31 1233 16 -9 0,0018 14,1 40,7 14,6 0,35
012-Z10 6,33066 5,90 0,36329 4,90 0,83 0,12638 3,29 1998 98 2023 119 2048 67 2 0,0011 46,5 84,4 48,4 0,55
015-Z11 6,59622 3,86 0,37897 3,47 0,90 0,12624 1,69 2071 72 2059 80 2046 35 -1 0,0005 105,4 209,4 103,5 0,51
016-Z12 1,52051 7,74 0,15590 1,89 0,24 0,07074 7,51 934 18 939 73 950 71 2 0,0030 11,0 16,9 4,4 0,66
017-Z13 1,49250 6,62 0,15380 4,55 0,69 0,07038 4,80 922 42 927 61 939 45 2 0,0029 22,6 29,3 7,3 0,77
018-Z14 5,77026 5,32 0,34945 5,05 0,95 0,11976 1,66 1932 98 1942 103 1953 32 1 0,0005 83,7 173,9 81,4 0,48
019-Z15 3,08692 2,30 0,24843 1,79 0,78 0,09012 1,45 1430 26 1429 33 1428 21 0 0,0011 115,7 141,9 57,2 0,82
020-Z16 2,14522 2,72 0,19993 2,12 0,78 0,07782 1,71 1175 25 1164 32 1142 20 -3 0,0040 236,1 767,5 148,2 0,31
021-Z17 3,69524 5,65 0,27776 4,58 0,81 0,09649 3,31 1580 72 1570 89 1557 52 -1 0,0010 88,2 154,1 56,6 0,58
022-Z18 25,75485 3,42 0,65529 2,86 0,84 0,28505 1,87 3249 93 3337 114 3391 64 4 0,0018 20,1 29,8 29,3 0,68
023-Z19 2,72174 4,19 0,22687 2,18 0,52 0,08701 3,58 1318 29 1334 56 1361 49 3 0,0026 21,1 49,4 15,4 0,43
024-Z20 12,87190 4,27 0,51466 2,66 0,62 0,18139 3,33 2676 71 2670 114 2666 89 0 0,0010 9,7 20,4 14,6 0,48
027-Z21 3,08801 4,46 0,24418 3,61 0,81 0,09172 2,62 1408 51 1430 64 1462 38 4 0,0027 24,5 60,8 20,4 0,41
028-Z22 2,71344 4,81 0,23453 4,36 0,91 0,08391 2,03 1358 59 1332 64 1291 26 -5 0,0013 122,9 191,8 72,3 0,65
029-Z23 6,18799 2,63 0,35536 0,75 0,28 0,12629 2,53 1960 15 2003 53 2047 52 4 0,0030 80,6 75,8 31,6 1,07
030-Z24 2,79612 2,07 0,22924 1,14 0,55 0,08846 1,73 1331 15 1355 28 1393 24 4 0,0019 29,6 61,0 17,5 0,49
031-Z25 12,04031 3,14 0,49425 2,60 0,83 0,17668 1,76 2589 67 2608 82 2622 46 1 0,0014 18,1 34,3 18,7 0,53
032-Z26 1,44155 8,52 0,15046 3,77 0,44 0,06949 7,64 904 34 906 77 913 70 1 0,0080 15,6 17,9 4,4 0,87
033-Z27 4,77866 1,99 0,31849 1,45 0,73 0,10882 1,35 1782 26 1781 35 1780 24 0 0,0007 64,4 94,4 50,1 0,69
034-Z28 1,61562 3,71 0,16422 2,62 0,71 0,07135 2,63 980 26 976 36 968 25 -1 0,0038 37,5 43,7 11,9 0,86
035-Z29 12,63411 3,66 0,50915 2,90 0,79 0,17997 2,22 2653 77 2653 97 2653 59 0 0,0013 38,2 53,6 45,7 0,72
036-Z30 3,46278 2,28 0,26598 1,76 0,77 0,09442 1,45 1520 27 1519 35 1517 22 0 0,0008 65,0 158,8 63,2 0,41
039-Z31 2,32230 3,38 0,20533 3,10 0,92 0,08203 1,36 1204 37 1219 41 1246 17 3 0,0010 284,3 312,2 96,4 0,92
040-Z32 3,29524 2,39 0,26258 1,14 0,48 0,09102 2,10 1503 17 1480 35 1447 30 -4 0,0012 51,2 83,0 34,1 0,62
041-Z33 1,53181 8,31 0,15846 6,63 0,80 0,07011 5,02 948 63 943 78 932 47 -2 0,0032 59,0 66,4 18,1 0,90
042-Z34 1,72633 2,86 0,17208 1,61 0,56 0,07276 2,36 1024 16 1018 29 1007 24 -2 0,0020 38,7 73,9 19,6 0,53
043-Z35 4,64646 2,40 0,31059 0,99 0,41 0,10850 2,19 1744 17 1758 42 1774 39 2 0,0009 95,7 98,2 52,2 0,98
044-Z36 1,49367 4,16 0,15369 3,30 0,79 0,07049 2,54 922 30 928 39 943 24 2 0,0044 58,0 91,8 21,8 0,64
045-Z37 1,61972 3,72 0,16618 2,82 0,76 0,07069 2,42 991 28 978 36 949 23 -4 0,0027 65,5 65,5 17,4 1,01
046-Z38 2,84892 5,88 0,24041 5,23 0,89 0,08595 2,69 1389 73 1369 80 1337 36 -4 0,0003 215,2 353,1 131,0 0,61
047-Z39 2,25653 2,00 0,20131 1,15 0,58 0,08130 1,63 1182 14 1199 24 1229 20 4 0,0060 213,2 599,2 168,4 0,36
048-Z40 4,53071 2,46 0,31011 1,84 0,75 0,10596 1,63 1741 32 1737 43 1731 28 -1 0,0010 89,3 116,3 59,4 0,77
051-Z41 5,23153 2,15 0,34042 1,57 0,73 0,11146 1,47 1889 30 1858 40 1823 27 -4 0,0005 159,9 197,8 108,4 0,81
102
052-Z42 5,98064 1,65 0,35879 1,14 0,69 0,12090 1,19 1976 23 1973 33 1969 24 0 0,0011 140,8 128,2 75,3 1,11
053-Z43 4,86753 1,07 0,32571 0,40 0,38 0,10839 0,99 1818 7 1797 19 1772 18 -3 0,0008 141,0 273,6 128,2 0,52
054-Z44 2,40803 1,87 0,21562 0,82 0,44 0,08100 1,68 1259 10 1245 23 1221 20 -3 0,0006 48,4 193,6 55,8 0,25
055-Z45 6,63749 1,46 0,37230 1,30 0,89 0,12930 0,68 2040 27 2064 30 2089 14 2 0,0006 35,7 104,2 61,1 0,35
056-Z46 1,50823 5,36 0,15568 3,48 0,65 0,07026 4,07 933 32 934 50 936 38 0 0,0048 39,3 36,5 10,8 1,09
057-Z47 5,78922 5,79 0,33913 5,53 0,95 0,12381 1,73 1882 104 1945 113 2012 35 6 0,0045 458,0 346,5 196,2 1,33
058-Z48 3,50785 1,75 0,26536 1,47 0,84 0,09587 0,95 1517 22 1529 27 1545 15 2 0,0006 218,5 381,4 156,6 0,58
059-Z49 1,60201 5,40 0,16229 4,35 0,81 0,07159 3,20 970 42 971 52 974 31 0 0,0040 40,3 31,0 9,2 1,31
060-Z50 4,09164 1,06 0,29042 0,40 0,37 0,10218 0,98 1644 7 1653 18 1664 16 1 0,0008 62,7 91,9 38,4 0,69
063-Z51 2,33836 3,89 0,20765 3,48 0,90 0,08167 1,72 1216 42 1224 48 1238 21 2 0,0014 164,0 158,4 50,4 1,04
064-Z52 3,01100 4,55 0,24127 4,21 0,93 0,09051 1,71 1393 59 1410 64 1436 25 3 0,0023 61,3 104,3 36,0 0,59
065-Z53 1,83882 5,77 0,17882 3,14 0,54 0,07458 4,84 1061 33 1059 61 1057 51 0 0,0030 73,7 106,8 15,0 0,70
066-Z54 4,90501 4,77 0,32048 4,24 0,89 0,11101 2,19 1792 76 1803 86 1816 40 1 0,0034 71,9 89,0 39,5 0,81
067-Z55 1,63876 5,82 0,16533 4,02 0,69 0,07189 4,22 986 40 985 57 983 41 0 0,0035 38,1 33,6 8,8 1,14
068-Z56 5,41015 2,32 0,34450 1,99 0,86 0,11390 1,19 1908 38 1886 44 1863 22 -2 0,0005 98,8 142,7 76,6 0,70
069-Z57 4,58002 1,21 0,30767 0,71 0,59 0,10796 0,97 1729 12 1746 21 1765 17 2 0,0007 67,7 101,9 52,1 0,67
070-Z58 9,21488 8,69 0,43811 2,68 0,31 0,15255 8,27 2342 63 2360 205 2375 196 1 0,0438 20,9 18,8 8,8 1,12
071-Z59 5,29850 3,93 0,33071 3,40 0,87 0,11620 1,96 1842 63 1869 73 1899 37 3 0,0021 39,0 34,9 20,6 1,13
072-Z60 3,49582 2,78 0,26607 1,62 0,58 0,09529 2,26 1521 25 1526 42 1534 35 1 0,0006 287,4 430,9 175,8 0,67

Anexo 2.1: Sumário dos dados geocronológicos U-Pb LA-ICP-MS em zircão magmático para a amostra CP-03B.

Relações Idade (Ma) % Th U Pb


Spot
207
Pb*/235U ± 206
Pb*/238U ± Rho 1 207
Pb*/206Pb* ± 206
Pb/238U ± 207
Pb/235U ± 207
Pb/206Pb ± Disc. f 206 ppm ppm ppm 232
Th/238U
003-Z1 10,67650 1,20 0,44865 0,43 0,35 0,17259 1,12 2389 10 2495 30 2583 29 7 0,0016 287,3 410,3 211,6 0,71
004-Z2 5,53087 1,11 0,34580 0,74 0,67 0,11600 0,82 1915 14 1905 21 1896 16 -1 0,0002 233,0 276,8 141,7 0,85
005-Z3 0,71571 4,62 0,08854 2,52 0,55 0,05863 3,87 547 14 548 25 553 21 1 0,0022 0,5 89,1 8,9 0,01
006-Z4 0,62916 4,36 0,07391 3,31 0,76 0,06174 2,84 460 15 496 22 665 19 31 0,0066 178,9 86,3 13,9 2,09
007-Z5 0,80326 5,29 0,09728 2,30 0,44 0,05988 4,76 598 14 599 32 599 29 0 0,0033 193,5 95,5 14,2 2,04
008-Z6 0,93852 2,56 0,10390 1,72 0,67 0,06552 1,89 637 11 672 17 791 15 19 0,0043 410,7 142,2 34,8 2,91
009-Z07 1,10631 2,39 0,12211 1,47 0,62 0,06571 1,88 743 11 756 18 797 15 7 0,0033 332,0 178,2 40,5 1,88
010-Z8 0,90192 3,99 0,10118 2,25 0,56 0,06465 3,30 621 14 653 26 763 25 19 0,0050 189,4 86,2 14,3 2,21
011-Z9 0,49251 3,35 0,05594 3,15 0,94 0,06386 1,13 351 11 407 14 737 8 52 0,0072 838,0 345,8 38,6 2,44
012-Z10 0,88012 3,24 0,09722 2,35 0,73 0,06566 2,23 598 14 641 21 796 18 25 0,0151 182,4 45,7 10,9 4,02
015-Z11 0,73554 2,26 0,08873 1,66 0,74 0,06012 1,54 548 9 560 13 608 9 10 0,0038 307,2 107,1 20,9 2,89
016-Z12 0,77749 5,94 0,09350 5,08 0,85 0,06031 3,08 576 29 584 35 615 19 6 0,0062 583,5 51,9 25,0 11,32
017-Z13 0,77861 7,32 0,09393 1,78 0,24 0,06012 7,10 579 10 585 43 608 43 5 0,0050 470,2 32,6 20,5 14,52
018-Z14 0,83238 2,57 0,08729 1,74 0,68 0,06916 1,89 539 9 615 16 904 17 40 0,0026 275,2 114,2 29,8 2,43
019-Z15 0,51150 2,42 0,05674 1,97 0,81 0,06538 1,41 356 7 419 10 787 11 55 0,0068 380,4 213,7 22,5 1,79
020-Z16 0,66262 3,99 0,07182 2,72 0,68 0,06692 2,92 447 12 516 21 835 24 46 0,0100 597,8 138,1 30,2 4,36
021-Z17 0,61657 5,00 0,07763 4,14 0,83 0,05761 2,81 482 20 488 24 515 14 6 0,0082 190,7 53,6 13,3 3,58
022-Z18 0,97369 3,41 0,10623 2,83 0,83 0,06648 1,91 651 18 690 24 822 16 21 0,0034 364,2 193,6 39,2 1,89
023-Z19 1,30576 3,59 0,13823 2,84 0,79 0,06851 2,18 835 24 848 30 884 19 6 0,0055 102,9 192,7 28,6 0,54
012-Z20 1,03531 13,94 0,11306 12,09 0,87 0,06641 6,94 691 84 722 101 819 57 16 0,0219 165,0 42,7 10,4 3,90
103
Anexo 2.2: Sumário dos dados geocronológicos U-Pb LA-ICP-MS em titanitas para a amostra CP-03B.

Relações Idade (Ma) % Th U Pb


Spot
207
Pb*/235U ± 206
Pb*/238U ± Rho 1 207
Pb*/206Pb* ± 206
Pb/238U ± 207
Pb/235U ± 207
Pb/206Pb ± Disc. f 206 ppm ppm ppm 232
Th/238U
003-K1 1,30693 17,21 0,09188 8,00 0,46 0,10316 15,24 567 45 849 146 1682 256 66 0,1592 0,0008 2,3076 0,4742 0,00
006-K4 0,92108 41,58 0,08514 18,21 0,44 0,07846 37,38 527 96 663 276 1159 433 55 0,1273 0,0006 1,8972 0,2354 0,00
010-K6 3,17539 14,28 0,09571 13,56 0,95 0,24062 4,46 589 80 1451 207 3124 139 81 0,2029 0,0013 1,0473 0,2508 0,00
011-K7 3,27548 22,30 0,10206 17,85 0,80 0,23276 13,37 626 112 1475 329 3071 411 80 0,2300 0,0012 0,8974 0,2617 0,00
012-K8 1,82968 23,65 0,10445 21,32 0,90 0,12704 10,23 640 137 1056 250 2057 211 69 0,2352 0,0007 0,6333 0,2140 0,00
013-K9 3,79757 11,65 0,11364 7,83 0,67 0,24237 8,62 694 54 1592 185 3136 270 78 0,2081 0,0008 0,7453 0,2755 0,00
018-K12 4,13817 45,72 0,08648 40,93 0,90 0,34704 20,36 535 219 1662 760 3694 752 86 0,3413 0,0000 0,4501 0,4046 0,00
019-K13 3,35354 13,23 0,10525 9,86 0,75 0,23109 8,82 645 64 1494 198 3060 270 79 0,1925 0,0018 1,3338 0,3012 0,00
020-K14 2,30028 13,50 0,09432 12,08 0,90 0,17687 6,01 581 70 1212 164 2624 158 78 0,1304 0,0053 1,9797 0,3326 0,00
021-K15 1,08347 3,76 0,08781 3,54 0,94 0,08949 1,27 543 19 745 28 1415 18 62 0,0593 0,0016 7,3464 0,8620 0,00
025-K17 15,95870 42,06 0,47010 38,76 0,92 0,24621 16,33 2484 963 2874 1209 3161 516 21 0,4671 0,0003 0,2210 0,1379 0,00
026-K18 22,09044 44,44 0,52559 43,16 0,97 0,30483 10,60 2723 1175 3188 1417 3495 371 22 1,2347 0,0002 0,1249 0,1934 0,00
031-K21 3,08355 20,27 0,09447 13,93 0,69 0,23673 14,73 582 81 1429 290 3098 456 81 0,1426 0,0048 1,3243 0,3482 0,00
032-K22 1,44282 8,41 0,09149 6,97 0,83 0,11438 4,71 564 39 907 76 1870 88 70 0,1028 0,0032 2,5862 0,4409 0,00
033-K23 2,12029 13,77 0,09424 9,28 0,67 0,16317 10,17 581 54 1155 159 2489 253 77 0,1222 0,0039 1,5846 0,3473 0,00
035-K25 5,52077 47,45 0,18662 45,91 0,97 0,21455 11,98 1103 506 1904 903 2940 352 62 0,1642 0,0002 0,0095 0,1033 0,02

Anexo 3: Sumário dos dados geocronológicos U-Pb LA-ICP-MS em zircão detrítico para a amostra CP-01C.

Relações Idade (Ma) % Th U Pb


Spot Idade
207
Pb*/235U ± 206
Pb*/238U ± Rho 1 207
Pb*/206Pb* ± 206
Pb/238U ± 207
Pb/235U ± 207
Pb/206Pb ± Disc. f 206 (Ma) ± ppm ppm ppm 232
Th/238U
003-Z1 6,21192 1,76 0,35902 1,23 0,70 0,12549 1,27 1978 24 2006 35 2036 26 3 0,0006 2004 31 38,5 73,4 35,8 0,53
005-Z3 2,41038 8,09 0,21316 5,18 0,64 0,08201 6,22 1246 64 1246 101 1246 77 0 0,0019 1246 110 4,2 15,5 4,1 0,27
006-Z4 6,11282 3,18 0,35655 2,18 0,68 0,12434 2,32 1966 43 1992 63 2019 47 3 0,0010 1989 55 34,8 58,6 24,8 0,60
007-Z5 1,69510 3,83 0,16877 3,05 0,80 0,07285 2,32 1005 31 1007 39 1010 23 0 0,0024 1006 49 82,1 61,3 15,0 1,35
008-Z6 1,59238 4,99 0,15581 4,65 0,93 0,07412 1,81 933 43 967 48 1045 19 11 0,0029 995 54 47,0 52,3 10,1 0,91
009-Z7 5,13025 6,28 0,33037 3,99 0,63 0,11263 4,86 1840 73 1841 116 1842 89 0 0,0015 1841 100 24,4 7,9 5,5 3,11
010-Z8 2,42617 8,02 0,21428 5,73 0,71 0,08212 5,61 1252 72 1250 100 1248 70 0 0,0019 1251 110 9,3 13,2 3,7 0,71
011-Z9 4,07157 5,01 0,28480 3,29 0,66 0,10369 3,79 1615 53 1649 83 1691 64 4 0,0013 1638 79 7,3 16,6 6,4 0,44
012-Z10 4,56539 1,93 0,30236 1,56 0,81 0,10951 1,14 1703 26 1743 34 1791 20 5 0,0003 1752 31 53,8 70,2 30,5 0,77
015-Z11 4,88154 6,27 0,31065 5,48 0,87 0,11397 3,05 1744 95 1799 113 1864 57 6 0,0024 1828 91 49,1 52,5 18,5 0,94
016-Z12 2,21432 5,55 0,19697 3,19 0,58 0,08153 4,54 1159 37 1186 66 1234 56 6 0,0031 1168 64 12,7 35,6 7,1 0,36
017-Z13 1,47256 6,67 0,15299 5,48 0,82 0,06981 3,80 918 50 919 61 923 35 1 0,0016 919 80 53,7 72,5 11,3 0,75
018-Z14 2,59964 4,67 0,22566 3,10 0,66 0,08355 3,50 1312 41 1301 61 1282 45 -2 0,0033 1305 64 20,6 31,8 6,4 0,65
019-Z15. 1,35952 9,98 0,14494 4,60 0,46 0,06803 8,85 873 40 872 87 869 77 0 0,0012 872 74 19,3 14,8 2,9 1,31
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104
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027-Z21 5,24644 2,41 0,33839 2,19 0,91 0,11245 1,00 1879 41 1860 45 1839 18 -2 0,0016 1848 33 438,5 1264,9 124,6 0,35
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035-Z29 1,59460 6,36 0,16171 5,37 0,85 0,07152 3,39 966 52 968 62 972 33 1 0,0027 968 79 186,8 245,9 11,6 0,77
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039-Z31 1,47738 3,05 0,15410 1,86 0,61 0,06953 2,42 924 17 921 28 915 22 -1 0,0014 923 30 181,1 198,7 31,8 0,92
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054-Z44 1,61180 3,03 0,16172 2,03 0,67 0,07229 2,25 966 20 975 30 994 22 3 0,0039 970 34 124,2 95,6 14,6 1,31
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105
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100-Z82 1,96283 3,55 0,18387 3,23 0,91 0,07742 1,47 1088 35 1103 39 1132 17 4 0,0009 1112 43 164,0 317,7 91,2 0,52
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105-Z87 1,51973 7,96 0,15608 6,45 0,81 0,07062 4,67 935 60 938 75 946 44 1 0,0015 938 97 35,4 36,7 8,3 0,97
106-Z88 6,02845 5,71 0,35735 5,61 0,98 0,12235 1,04 1970 111 1980 113 1991 21 1 0,0013 1990 36 153,2 199,5 88,4 0,77
107-Z89 1,48666 5,61 0,15245 0,94 0,17 0,07073 5,53 915 9 925 52 950 53 4 0,0015 915 16 23,6 31,3 7,2 0,76
108-Z90 1,45292 2,18 0,14553 1,25 0,58 0,07241 1,78 876 11 911 20 997 18 12 0,0043 997 71 67,7 92,3 22,1 0,74

Anexo 4: Sumário dos dados geocronológicos U-Pb LA-ICP-MS em zircão detrítico para a amostra CP-02B.

Relações Idade (Ma) % Th U Pb


Spot Idade
207
Pb*/235U ± 206
Pb*/238U ± Rho 1 207
Pb*/206Pb* ± 206
Pb/238U ± 207
Pb/235U ± 207
Pb/206Pb ± Disc. f 206 (Ma) ± ppm ppm ppm 232
Th/238U
003-Z1 1,51262 4,79 0,15294 2,93 0,61 0,07173 3,79 917 27 935 45 978 37 6 0,0028 923 48 39,5 66,6 15,3 0,60
004-Z2 4,20193 1,12 0,27988 0,32 0,29 0,10889 1,07 1591 5 1674 19 1781 19 11 0,0017 1781 39 101,4 252,0 94,2 0,41
005-Z3 12,29339 3,57 0,50895 2,68 0,75 0,17518 2,36 2652 71 2627 94 2608 62 -2 0,0014 2622 65 36,4 62,4 49,3 0,59
006-Z4 2,07936 3,87 0,19286 0,71 0,18 0,07820 3,81 1137 8 1142 44 1152 44 1 0,0013 1137 15 13,7 30,6 8,3 0,45
007-Z5 4,16501 4,42 0,29129 2,36 0,53 0,10370 3,74 1648 39 1667 74 1691 63 3 0,0034 1656 62 82,0 67,5 22,9 1,22
008-Z6 3,20270 3,43 0,25305 2,53 0,74 0,09179 2,32 1454 37 1458 50 1463 34 1 0,0022 1457 53 29,9 47,0 13,3 0,64
009-Z7 2,75090 5,22 0,22811 4,26 0,82 0,08747 3,01 1325 56 1342 70 1371 41 3 0,0017 1345 77 26,9 60,1 20,0 0,45
010-Z8 1,52865 4,97 0,15725 2,17 0,44 0,07050 4,47 942 20 942 47 943 42 0 0,0042 942 37 33,6 32,9 8,4 1,03
011-Z9 5,80752 5,39 0,35015 4,46 0,83 0,12029 3,03 1935 86 1948 105 1961 59 1 0,0021 1952 88 36,9 35,8 18,5 1,04
012-Z10 12,71613 4,82 0,52667 3,43 0,71 0,17511 3,38 2727 93 2659 128 2607 88 -5 0,0026 2649 90 14,6 29,1 22,5 0,51
015-Z11 1,51618 6,51 0,15647 5,14 0,79 0,07028 4,00 937 48 937 61 936 37 0 0,0023 937 79 30,4 45,9 10,9 0,67
016-Z12 1,59509 4,30 0,16053 2,47 0,57 0,07207 3,52 960 24 968 42 988 35 3 0,0035 962 42 25,2 26,9 6,2 0,94
017-Z13 5,80346 1,99 0,35696 1,39 0,70 0,11791 1,42 1968 27 1947 39 1925 27 -2 0,0012 1948 34 37,6 42,3 22,8 0,90
018-Z14 2,44412 5,75 0,22089 3,86 0,67 0,08025 4,26 1287 50 1256 72 1203 51 -7 0,0045 1267 78 18,7 29,3 9,2 0,64
019-Z15 1,62384 9,82 0,16428 5,49 0,56 0,07169 8,15 981 54 979 96 977 80 0 0,0014 980 96 14,7 18,5 4,2 0,80
020-Z16 3,23015 6,92 0,25363 4,10 0,59 0,09237 5,58 1457 60 1464 101 1475 82 1 0,0012 1461 96 18,2 34,1 12,7 0,54
106
021-Z17 1,44862 9,34 0,15045 2,83 0,30 0,06983 8,90 903 26 909 85 923 82 2 0,0032 904 47 10,0 12,4 2,8 0,81
022-Z18 1,54309 3,20 0,15578 2,15 0,67 0,07184 2,37 933 20 948 30 981 23 5 0,0036 939 35 135,1 131,8 27,2 1,03
023-Z19 2,03579 6,50 0,19178 4,41 0,68 0,07699 4,77 1131 50 1128 73 1121 53 -1 0,0017 1129 82 28,5 35,0 9,5 0,82
024-Z20 1,46905 2,22 0,15193 1,14 0,51 0,07013 1,91 912 10 918 20 932 18 2 0,0020 913 19 102,9 137,2 28,4 0,76
027-Z21 12,07961 0,85 0,49881 0,33 0,38 0,17564 0,79 2609 9 2611 22 2612 21 0 0,0002 2609 13 120,3 194,2 140,3 0,62
028-Z22 1,53073 8,01 0,15698 5,76 0,72 0,07072 5,57 940 54 943 76 949 53 1 0,0025 941 92 21,6 23,0 5,4 0,94
029-Z23 5,64526 4,01 0,34301 2,97 0,74 0,11937 2,70 1901 56 1923 77 1947 53 2 0,0017 1924 69 86,0 84,9 41,5 1,02
030-Z24 1,65709 2,63 0,16678 0,63 0,24 0,07206 2,55 994 6 992 26 988 25 -1 0,0111 994 12 53,8 54,0 12,8 1,00
031-Z25 1,48662 10,28 0,15364 7,51 0,73 0,07017 7,01 921 69 925 95 933 65 1 0,0007 923 120 5,6 10,6 2,1 0,53
032-Z26 11,49098 3,30 0,48565 2,77 0,84 0,17161 1,79 2552 71 2564 85 2573 46 1 0,0024 2569 53 24,0 40,5 23,2 0,60
033-Z27 2,09778 4,50 0,19521 3,45 0,77 0,07794 2,89 1150 40 1148 52 1145 33 0 0,0012 1148 61 0,2 4,5 2,4 0,05
034-Z28 2,73192 3,67 0,23094 2,87 0,78 0,08580 2,29 1339 38 1337 49 1334 31 0 0,0011 1337 35 21,9 74,2 20,9 0,30
035-Z29 1,45259 1,37 0,15570 0,85 0,62 0,06766 1,07 933 8 911 12 858 9 -9 0,0004 925 14 24,2 31,3 6,8 0,78
036-Z30 1,43155 4,41 0,15028 2,37 0,54 0,06909 3,72 903 21 902 40 901 34 0 0,0018 902 39 38,5 46,1 10,1 0,84
039-Z31 1,54640 9,11 0,15979 4,89 0,54 0,07019 7,68 956 47 949 86 934 72 -2 0,0047 954 83 11,5 20,0 3,9 0,58
040-Z32 2,65526 6,49 0,22665 5,18 0,80 0,08497 3,91 1317 68 1316 85 1315 51 0 0,0026 1316 96 23,9 26,5 8,2 0,91
041-Z33 2,65737 2,68 0,22749 1,92 0,72 0,08472 1,87 1321 25 1317 35 1309 24 -1 0,0005 1318 39 85,1 160,8 49,1 0,53
042-Z34 2,97229 3,80 0,23640 3,49 0,92 0,09119 1,52 1368 48 1401 53 1451 22 6 0,0007 1425 48 65,6 269,6 85,9 0,25
043-Z35 2,45460 2,64 0,21511 1,80 0,68 0,08276 1,93 1256 23 1259 33 1264 24 1 0,0014 1258 36 53,5 92,2 27,5 0,58
044-Z36 1,44663 3,34 0,14857 2,17 0,65 0,07062 2,53 893 19 908 30 946 24 6 0,0018 881 46 54,0 75,8 16,3 0,72
045-Z37 2,91259 2,46 0,24021 2,02 0,82 0,08794 1,40 1388 28 1385 34 1381 19 0 0,0006 898 34 56,4 149,3 49,2 0,38
046-Z38 3,62962 5,95 0,27033 5,31 0,89 0,09738 2,69 1542 82 1556 93 1575 42 2 0,0018 1564 83 22,5 37,6 14,9 0,60
047-Z39 2,30793 7,84 0,20757 4,33 0,55 0,08064 6,54 1216 53 1215 95 1213 79 0 0,0037 1215 90 28,1 25,5 8,3 1,11
048-Z40 4,83682 4,86 0,32125 4,47 0,92 0,10920 1,92 1796 80 1791 87 1786 34 -1 0,0018 1788 63 20,4 34,4 14,1 0,60
051-Z41 21,84685 4,00 0,64156 3,37 0,84 0,24697 2,15 3195 108 3177 127 3165 68 -1 0,0008 3170 63 112,0 165,8 147,6 0,68
052-Z42 20,84164 3,49 0,61538 3,24 0,93 0,24563 1,29 3091 100 3131 109 3157 41 2 0,0005 3153 39 78,8 85,6 82,9 0,93
053-Z43 2,06282 3,03 0,19398 1,87 0,62 0,07712 2,38 1143 21 1137 34 1124 27 -2 0,0015 1140 36 98,6 67,0 22,0 1,48
054-Z44 2,21133 2,79 0,20236 2,13 0,76 0,07925 1,80 1188 25 1185 33 1178 21 -1 0,0003 1185 39 310,0 316,6 98,2 0,99
055-Z45 1,60666 2,71 0,16140 1,18 0,44 0,07220 2,44 965 11 973 26 992 24 3 0,0032 966 21 30,7 54,2 12,9 0,57
056-Z46 12,12546 4,08 0,49478 2,78 0,68 0,17774 2,99 2591 72 2614 107 2632 79 2 0,0014 2615 76 20,3 31,8 24,9 0,64
057-Z47 1,64661 3,50 0,16573 1,86 0,53 0,07206 2,96 989 18 988 35 988 29 0 0,0132 988 33 74,1 58,4 15,7 1,28
058-Z48 1,51035 3,91 0,15548 2,88 0,74 0,07045 2,64 932 27 935 36 942 25 1 0,0020 933 45 35,3 55,1 12,3 0,65
059-Z49 5,44565 3,53 0,34098 2,34 0,66 0,11583 2,63 1891 44 1892 67 1893 50 0 0,0044 1892 60 33,8 53,6 27,4 0,63
060-Z50 1,44806 7,00 0,15133 4,67 0,67 0,06940 5,22 908 42 909 64 911 48 0 0,0018 909 74 10,9 15,5 3,6 0,71
063-Z51 1,61789 5,04 0,16346 4,07 0,81 0,07179 2,98 976 40 977 49 980 29 0 0,0025 977 63 18,3 28,9 6,6 0,64
064-Z52 3,23294 1,40 0,25900 0,57 0,41 0,09053 1,28 1485 8 1465 21 1437 18 -3 0,0004 1480 14 63,1 128,0 51,4 0,50
065-Z53 4,94124 1,07 0,32562 0,50 0,47 0,11006 0,95 1817 9 1809 19 1800 17 -1 0,0002 1814 15 94,2 139,7 73,4 0,68
066-Z54 2,69432 5,25 0,22454 4,65 0,89 0,08703 2,44 1306 61 1327 70 1361 33 4 0,0034 1338 72 38,9 54,7 18,3 0,72
067-Z55 2,94360 0,95 0,24300 0,60 0,64 0,08786 0,73 1402 8 1393 13 1379 10 -2 0,0003 1397 13 85,3 209,9 78,4 0,41
068-Z56 1,48802 1,51 0,15393 0,91 0,60 0,07011 1,20 923 8 926 14 932 11 1 0,0008 924 15 203,0 182,7 46,5 1,12
069-Z57 5,43235 0,64 0,34933 0,27 0,43 0,11279 0,57 1931 5 1890 12 1845 11 -5 0,0014 1845 21 74,8 167,0 84,5 0,45
070-Z58 4,88829 4,26 0,32179 3,39 0,80 0,11018 2,57 1798 61 1800 77 1802 46 0 0,0016 1801 70 54,5 39,9 22,0 1,38
071-Z59 1,64986 3,41 0,16679 2,16 0,63 0,07174 2,63 994 22 989 34 979 26 -2 0,0020 992 37 36,3 75,6 17,7 0,48
072-Z60 1,56114 3,53 0,16051 2,51 0,71 0,07054 2,47 960 24 955 34 944 23 -2 0,0017 957 41 54,8 54,0 13,2 1,02
075-Z61 2,67032 1,15 0,22989 0,65 0,56 0,08424 0,95 1334 9 1320 15 1298 12 -3 0,0005 1328 14 56,5 163,4 51,5 0,35

107
076-Z62 1,57799 3,90 0,16184 2,84 0,73 0,07072 2,67 967 27 962 37 949 25 -2 0,0029 964 46 66,9 49,9 12,8 1,35
077-Z63 6,04940 1,26 0,35875 0,92 0,73 0,12230 0,87 1976 18 1983 25 1990 17 1 0,0005 1983 22 78,9 112,1 61,9 0,71
078-Z64 3,29208 2,27 0,26110 1,93 0,85 0,09145 1,19 1495 29 1479 34 1456 17 -3 0,0003 1473 34 150,6 309,8 109,0 0,49
079-Z65 7,44349 1,37 0,40166 0,93 0,68 0,13441 1,01 2177 20 2166 30 2156 22 -1 0,0004 2167 24 50,5 130,6 71,7 0,39
080-Z66 4,75995 6,99 0,31939 6,52 0,93 0,10809 2,54 1787 116 1778 124 1767 45 -1 0,0008 1771 85 55,8 117,6 57,7 0,48
081-Z67 5,52847 1,38 0,34320 1,05 0,76 0,11683 0,89 1902 20 1905 26 1908 17 0 0,0004 1905 24 64,7 167,7 80,4 0,39
082-Z68 11,50759 2,83 0,47875 1,08 0,38 0,17433 2,61 2522 27 2565 73 2600 68 3 0,0035 2537 40 36,1 95,3 67,0 0,38
083-Z69 27,64834 2,22 0,71451 1,99 0,90 0,28065 0,98 3475 69 3407 76 3367 33 -3 0,0004 3376 31 49,2 116,5 117,7 0,43
084-Z70 2,96365 3,62 0,24537 2,44 0,67 0,08760 2,67 1415 34 1398 51 1374 37 -3 0,0009 1403 53 99,2 107,6 36,8 0,93
087-Z71 1,64037 3,40 0,16269 1,55 0,46 0,07313 3,02 972 15 986 33 1018 31 5 0,0054 974 27 28,2 34,7 8,6 0,82
088-Z72 1,75368 4,49 0,17329 2,74 0,61 0,07340 3,56 1030 28 1029 46 1025 36 -1 0,0230 1030 53 39,4 33,0 8,9 1,20
089-Z73 1,51528 2,49 0,15393 1,41 0,57 0,07139 2,05 923 13 937 23 969 20 5 0,0029 926 23 89,2 96,3 21,5 0,93
090-Z74 2,12878 3,41 0,19441 2,93 0,86 0,07941 1,74 1145 34 1158 39 1182 21 3 0,0021 1162 46 20,0 47,4 13,3 0,43
091-Z75 11,98853 1,30 0,49138 0,83 0,63 0,17695 1,01 2577 21 2604 34 2624 26 2 0,0005 2602 25 28,0 51,5 39,0 0,55
092-Z76 12,13167 1,41 0,50243 0,83 0,59 0,17512 1,14 2624 22 2615 37 2607 30 -1 0,0016 2616 26 58,1 108,0 71,2 0,54
093-Z77 1,47390 2,00 0,15175 1,47 0,74 0,07044 1,35 911 13 920 18 941 13 3 0,0015 916 23 79,2 81,7 19,2 0,98
094-Z78 5,50999 1,97 0,34390 1,45 0,73 0,11620 1,34 1905 28 1902 38 1899 25 0 0,0010 1902 34 40,8 97,0 46,8 0,42
095-Z79 1,63902 5,03 0,16446 1,88 0,37 0,07228 4,67 982 18 985 50 994 46 1 0,0061 982 34 42,1 43,9 8,8 0,97
096-Z80 1,63570 7,64 0,16305 5,12 0,67 0,07276 5,67 974 50 984 75 1007 57 3 0,0056 978 86 14,8 23,4 5,5 0,64
099-Z81 5,08420 2,00 0,32719 1,20 0,60 0,11270 1,60 1825 22 1833 37 1843 30 1 0,0010 1830 32 33,7 48,3 23,1 0,70
100-Z82 12,99385 1,14 0,51976 0,74 0,65 0,18132 0,87 2698 20 2679 30 2665 23 -1 0,0006 2680 21 24,7 42,1 31,5 0,59
101-Z83 1,54358 6,52 0,15457 5,27 0,81 0,07243 3,83 927 49 948 62 998 38 7 0,0031 944 80 24,7 37,9 8,5 0,66
102-Z84 2,66658 1,79 0,22960 1,17 0,65 0,08423 1,36 1332 16 1319 24 1298 18 -3 0,0009 1325 25 55,7 87,2 27,8 0,64
103-Z85 1,58627 4,24 0,16110 2,74 0,65 0,07142 3,24 963 26 965 41 969 31 1 0,0044 964 46 169,2 114,2 23,7 1,49
104-Z86 1,50113 6,95 0,15268 4,71 0,68 0,07131 5,11 916 43 931 65 966 49 5 0,0031 922 76 11,8 20,8 4,3 0,57
105-Z87 13,57065 6,20 0,55061 5,74 0,92 0,17875 2,36 2828 162 2720 169 2641 62 -7 0,0009 2658 80 27,4 39,5 31,1 0,70
106-Z88 2,39358 3,05 0,20884 2,42 0,79 0,08312 1,86 1223 30 1241 38 1272 24 4 0,0030 1240 44 132,6 74,9 20,2 1,78
107-Z89 1,52263 4,03 0,15535 2,90 0,72 0,07108 2,81 931 27 940 38 960 27 3 0,0025 935 46 41,8 48,5 10,9 0,87
108-Z90 1,62069 4,29 0,16370 2,91 0,68 0,07180 3,15 977 28 978 42 980 31 0 0,0062 978 49 25,8 35,8 8,4 0,72

Anexo 5: Sumário dos dados geocronológicos U-Pb LA-ICP-MS em zircão detrítico para a amostra AT-31.

Relações Idade (Ma) %


Spot Idade
207
Pb*/235U ± 206
Pb*/238U ± Rho 1 207
Pb*/206Pb* ± 206
Pb/238U ± 207
Pb/235U ± 207
Pb/206Pb ± Disc. f 206 (Ma) ± 232
Th/238U
Zr-115-A-I-01 7,02113 2,67 0,38725 1,08 0,41 0,13150 2,44 2110 23 2114 56 2118 52 0 0,0014 2111 18 0,58
Zr-115-A-I-02 2,26722 2,29 0,20770 0,98 0,43 0,07917 2,07 1217 12 1202 27 1176 24 -3 0,0006 1214 10 0,59
Zr-115-A-I-03 4,85513 3,28 0,32115 1,76 0,54 0,10964 2,77 1795 32 1795 59 1794 50 0 0,0023 1795 24 0,54
Zr-115-A-I-04 7,70423 1,97 0,40171 1,17 0,60 0,13910 1,58 2177 26 2197 43 2216 35 2 0,0010 2192 17 0,49
Zr-115-A-I-05 7,28764 2,53 0,39600 1,42 0,56 0,13317 2,10 2155 31 2147 54 2140 45 -1 0,0007 2150 21 0,36
Zr-115-A-I-06 3,85421 3,14 0,28410 1,45 0,46 0,09839 2,79 1612 23 1604 50 1594 44 -1 0,0005 1609 19 0,46
Zr-115-A-I-07 2,25995 3,43 0,20475 1,30 0,38 0,08005 3,18 1201 16 1200 41 1198 38 0 0,0005 1980 6 0,56
108
Zr-115-A-I-08 6,08515 2,91 0,35845 1,29 0,44 0,12312 2,60 1975 26 1988 58 2002 52 1 0,0005 1980 20 0,63
Zr-115-A-I-09 6,83076 1,83 0,37780 1,04 0,57 0,13113 1,51 2066 21 2090 38 2113 32 2 0,0008 2081 15 0,49
Zr-115-A-I-10 4,31886 3,19 0,29182 2,79 0,88 0,10734 1,54 1651 46 1697 54 1755 27 6 0,0017 1755 55 0,48
Zr-115-A-I-11 2,48107 1,59 0,22385 0,84 0,53 0,08039 1,35 1302 11 1267 20 1206 16 -8 0,0003 1206 55 0,37
Zr-115-A-I-12 7,41964 2,95 0,39773 1,62 0,55 0,13530 2,47 2159 35 2163 64 2168 54 0 0,0003 2162 25 0,61
Zr-115-A-I-13 2,23448 3,26 0,20437 1,58 0,48 0,07930 2,85 1199 19 1192 39 1180 34 -2 0,0006 1197 16 0,70
Zr-115-A-I-14 7,18274 1,97 0,39351 0,94 0,48 0,13238 1,73 2139 20 2134 42 2130 37 0 0,0006 2137 15 0,53
Zr-115-A-I-15 6,14849 2,15 0,36427 1,14 0,53 0,12242 1,83 2002 23 1997 43 1992 36 -1 0,0008 2000 17 0,62
Zr-115-A-I-16 2,18426 3,47 0,19983 1,60 0,46 0,07928 3,08 1174 19 1176 41 1179 36 0 0,0012 1175 17 0,78
Zr-115-A-I-17 2,28558 2,58 0,20625 1,57 0,61 0,08037 2,04 1209 19 1208 31 1206 25 0 0,0004 1208 16 0,44
Zr-115-A-I-18 4,57163 2,22 0,30403 1,67 0,75 0,10906 1,47 1711 29 1744 39 1784 26 4 0,0008 1784 49 0,85
Zr-115-A-I-19 6,88799 2,24 0,38410 1,37 0,61 0,13006 1,77 2095 29 2097 47 2099 37 0 0,0013 2097 19 0,29
Zr-115-A-I-20 5,40658 2,56 0,33898 1,40 0,55 0,11568 2,15 1882 26 1886 48 1890 41 0 0,0004 1884 20 0,46
Zr-115-B-II-01 13,24216 2,62 0,50313 2,46 0,94 0,19089 0,91 2627 65 2697 71 2750 25 4 0,0009 2750 20 1,31
Zr-115-B-II-02 3,77505 1,95 0,27816 1,26 0,65 0,09843 1,48 1582 20 1587 31 1595 24 1 0,0009 1586 15 0,53
Zr-115-B-II-03 7,43129 3,89 0,39853 1,74 0,45 0,13524 3,48 2162 38 2165 84 2167 75 0 0,0014 2163 28 0,47
Zr-115-B-II-05 7,72131 3,87 0,40672 3,59 0,93 0,13769 1,44 2200 79 2199 85 2198 32 0 0,0004 2199 24 0,28
Zr-115-B-II-06 6,49743 1,65 0,37624 1,43 0,87 0,12525 0,82 2059 29 2046 34 2032 17 -1 0,0003 2039 13 0,53
Zr-115-B-II-07 5,38778 1,87 0,33751 1,18 0,63 0,11578 1,45 1875 22 1883 35 1892 27 1 0,0005 1881 16 0,61
Zr-115-B-II-08 2,43347 1,91 0,21367 1,54 0,81 0,08260 1,13 1248 19 1253 24 1260 14 1 0,0003 1253 14 0,30
Zr-115-B-II-09 2,14845 3,24 0,19606 2,13 0,66 0,07947 2,44 1154 25 1165 38 1184 29 3 0,0009 1159 21 0,52
Zr-115-B-II-10 7,39980 3,11 0,40310 2,46 0,79 0,13314 1,91 2183 54 2161 67 2140 41 -2 0,0010 2155 27 0,44
Zr-115-B-II-11 6,76593 2,34 0,37932 1,40 0,60 0,12937 1,88 2073 29 2081 49 2089 39 1 0,0008 2079 20 1,08
Zr-115-B-II-12 12,89406 2,30 0,50425 1,88 0,82 0,18546 1,32 2632 50 2672 61 2702 36 3 0,0002 2687 19 0,75
Zr-115-B-II-13 5,48436 2,34 0,34323 1,66 0,71 0,11589 1,65 1902 32 1898 44 1894 31 0 0,0007 1898 20 0,64
Zr-115-B-II-14 6,37922 2,29 0,37078 1,39 0,61 0,12478 1,82 2033 28 2029 46 2026 37 0 0,0007 2030 19 0,68
Zr-115-B-II-15 6,10182 2,03 0,36399 1,46 0,72 0,12158 1,40 2001 29 1991 40 1980 28 -1 0,0008 1990 18 0,68
Zr-115-B-II-16 2,36109 2,74 0,21102 1,61 0,59 0,08115 2,22 1234 20 1231 34 1225 27 -1 0,0008 1233 17 0,78
Zr-115-B-II-17 6,17947 2,37 0,36434 1,64 0,69 0,12301 1,70 2003 33 2002 47 2000 34 0 0,0007 2002 21 0,93
Zr-115-B-II-18 5,29321 2,27 0,31312 1,78 0,78 0,12261 1,41 1756 31 1868 42 1994 28 12 0,0004 1994 51 0,59
Zr-115-B-II-19 6,14770 1,20 0,36021 0,95 0,79 0,12378 0,74 1983 19 1997 24 2011 15 1 0,0002 2000 10 0,45
Zr-115-B-II-20 7,57443 2,65 0,40124 1,58 0,60 0,13691 2,13 2175 34 2182 58 2189 47 1 0,0006 2180 23 1,81
Zr-115-B-II-21 5,97684 2,09 0,35825 1,30 0,62 0,12100 1,63 1974 26 1972 41 1971 32 0 0,0008 1973 18 0,97
Zr-115-B-II-22 5,24023 1,98 0,31783 1,32 0,67 0,11958 1,47 1779 23 1859 37 1950 29 9 0,0004 1950 52 0,14
Zr-115-B-II-24 4,67531 2,61 0,30809 1,91 0,73 0,11006 1,78 1731 33 1763 46 1800 32 4 0,0005 1761 22 0,35
Zr-115-B-II-25 5,43909 2,05 0,34111 1,27 0,62 0,11565 1,60 1892 24 1891 39 1890 30 0 0,0006 1891 17 0,59
Zr-115-B-II-27 6,03907 1,94 0,36131 1,12 0,58 0,12122 1,58 1988 22 1981 38 1974 31 -1 0,0007 1984 16 0,63
Zr-115-B-II-29 6,05167 1,89 0,35897 1,16 0,62 0,12227 1,49 1977 23 1983 37 1990 30 1 0,0007 1982 16 0,69
Zr-115-C-III-01 6,15122 1,73 0,36381 0,87 0,50 0,12263 1,50 2000 17 1998 35 1995 30 0 0,0006 1999 13 0,46
Zr-115-C-III-02 5,98597 2,05 0,35795 1,55 0,76 0,12129 1,34 1972 31 1974 40 1975 27 0 0,0006 1974 18 0,41
Zr-115-C-III-03 6,01786 1,53 0,36046 0,84 0,55 0,12108 1,28 1984 17 1978 30 1972 25 -1 0,0004 1981 12 0,41
Zr-115-C-III-05 2,24888 2,41 0,20346 1,36 0,56 0,08016 1,99 1194 16 1196 29 1201 24 1 0,0007 1195 14 0,43
Zr-115-C-III-06 7,02279 2,21 0,38517 1,22 0,55 0,13224 1,85 2100 26 2114 47 2128 39 1 0,0011 2109 18 0,73
Zr-115-C-III-07 2,11356 3,00 0,19926 1,67 0,55 0,07693 2,50 1171 20 1153 35 1119 28 -5 0,0007 1165 17 0,65
Zr-115-C-III-09 6,81391 3,20 0,37864 2,72 0,85 0,13052 1,69 2070 56 2088 67 2105 36 2 0,0008 2095 25 0,47

109
Zr-115-C-III-10 6,99082 2,28 0,38531 1,75 0,77 0,13142 1,47 2103 37 2110 48 2117 31 1 0,0006 2111 20 0,77
Zr-115-C-III-11 12,08979 2,33 0,47237 2,03 0,87 0,18563 1,15 2494 51 2611 61 2704 31 8 0,0003 2704 39 0,37
Zr-115-C-III-12 5,94135 3,03 0,35156 1,87 0,62 0,12257 2,38 1942 36 1967 60 1994 47 3 0,0077 1960 25 0,93
Zr-115-C-III-13 2,06892 3,14 0,18909 1,58 0,50 0,07935 2,71 1116 18 1139 36 1181 32 5 0,0040 1121 16 0,52
Zr-115-C-III-14 1,89019 4,37 0,18077 1,79 0,41 0,07584 3,99 1071 19 1078 47 1091 44 2 0,0023 1072 17 0,62
Zr-115-C-III-16 6,29160 2,15 0,35449 1,66 0,77 0,12872 1,37 1956 32 2017 43 2081 29 6 0,0007 2081 48 1,02
Zr-115-C-III-17 4,43182 #### 0,29086 5,12 0,50 0,11051 8,77 1646 84 1718 175 1808 159 9 0,0033 1808 310 0,57
Zr-115-C-III-18 5,50236 2,10 0,33214 1,65 0,79 0,12015 1,30 1849 31 1901 40 1958 25 6 0,0004 1958 46 0,40
Zr-115-C-III-19 6,10626 1,32 0,35816 0,85 0,64 0,12365 1,02 1973 17 1991 26 2110 20 2 0,0003 1987 11 0,92
Zr-115-C-III-20 6,62553 1,68 0,37047 1,39 0,83 0,12971 0,95 2032 28 2063 35 2094 20 3 0,0005 2094 35 0,23
Zr-115-C-III-21 1,67199 #### 0,16809 2,51 0,24 0,07214 ### 1002 25 998 104 990 100 -1 0,0051 Disc. 0,81
Zr-115-C-III-22 6,12646 2,45 0,35778 1,32 0,54 0,12419 2,06 1972 26 1994 49 2017 42 2 0,0008 1984 19 0,57
Zr-115-C-III-23 5,67398 1,63 0,34303 0,86 0,53 0,11997 1,38 1901 16 1927 31 1956 27 3 0,0005 1914 12 0,55
Zr-115-C-III-24 5,99523 2,02 0,35814 1,35 0,67 0,12141 1,51 1973 27 1975 40 1977 30 0 0,0004 1975 17 0,74
Zr-115-C-III-25 5,33272 1,98 0,33474 1,50 0,76 0,11554 1,29 1861 28 1874 37 1888 24 1 0,0004 1875 17 1,23
Zr-115-C-III-26 6,07245 2,38 0,36121 1,74 0,73 0,12193 1,62 1988 35 1986 47 1985 32 0 0,0010 1986 21 0,92
Zr-115-C-III-27 5,17964 2,55 0,32689 1,98 0,78 0,11492 1,59 1823 36 1849 47 1879 30 3 0,0003 1853 21 0,60
Zr-115-C-III-28 5,84666 2,99 0,34881 2,71 0,91 0,12157 1,25 1929 52 1953 58 1979 25 3 0,0004 1970 20 1,00
Zr-115-C-III-29 6,28026 2,67 0,36901 1,49 0,56 0,12344 2,21 2025 30 2016 54 2006 44 -1 0,0009 2019 22 0,79
Zr-115-C-III-30 6,10213 1,86 0,35706 1,26 0,68 0,12395 1,37 1968 25 1991 37 2014 28 2 0,0007 1988 16 0,53
Zr-115-C-III-31 6,92156 2,23 0,38190 1,69 0,76 0,13145 1,46 2085 35 2101 47 2117 31 2 0,0011 2004 20 0,59
Zr-115-C-III-32 5,69198 1,90 0,33974 0,80 0,42 0,12151 1,72 1885 15 1930 37 1979 34 5 0,0015 1979 61 1,69
Zr-115-C-III-33 3,62744 1,92 0,26862 0,82 0,43 0,09794 1,74 1534 13 1556 30 1585 28 3 0,0005 1539 11 2,41
Zr-115-D-IV-01 4,23982 3,48 0,30797 3,22 0,93 0,09985 1,32 1731 56 1682 58 1621 21 -7 0,0013 1621 49 0,38
Zr-115-D-IV-02 7,20167 1,98 0,39081 0,89 0,45 0,13365 1,77 2127 19 2137 42 2146 38 1 0,0011 2131 14 0,63

Anexo 6: Sumário dos dados geocronológicos U-Pb LA-ICP-MS em zircão detrítico para a amostra CP-12B.

Relações Idade (Ma) % Th U Pb


Spot Idade
207
Pb*/235U ± 206
Pb*/238U ± Rho 1 207
Pb*/206Pb* ± 206
Pb/238U ± 207
Pb/235U ± 207
Pb/206Pb ± Disc. f 206 (Ma) ± ppm ppm ppm 232
Th/238U
003-Z1 9,09643 1,34 0,38510 1,09 0,81 0,17131 0,79 2100 23 2348 31 2571 20 18 0,0005 2571 27 287,4 346,9 195,7 0,83
004-Z2 2,89582 3,70 0,20056 1,39 0,37 0,10472 3,43 1178 16 1381 51 1709 59 31 0,0038 1709 120 130,9 638,9 139,5 0,21
005-Z3 9,88733 6,13 0,45775 1,14 0,19 0,15666 6,03 2430 28 2424 149 2420 146 0 0,0044 2429 45 425,1 411,7 169,1 1,04
006-Z4 12,74412 0,84 0,48047 0,62 0,74 0,19237 0,56 2529 16 2661 22 2763 16 8 0,0006 2763 19 897,7 433,8 314,8 2,08
007-Z5 6,38546 1,37 0,36887 0,89 0,64 0,12555 1,05 2024 18 2030 28 2037 21 1 0,0037 2029 24 1092,0 661,5 268,1 1,66
008-Z6 12,11606 2,16 0,50448 1,79 0,83 0,17419 1,21 2633 47 2613 57 2598 31 -1 0,0015 2606 36 130,6 130,2 108,4 1,01
009-Z7 12,52717 1,18 0,50302 0,99 0,84 0,18062 0,64 2627 26 2645 31 2659 17 1 0,0006 2652 20 213,5 232,1 155,8 0,93
010-Z8 4,07719 1,37 0,25941 0,69 0,50 0,11399 1,19 1487 10 1650 23 1864 22 20 0,0068 1864 43 7128,5 2457,2 845,4 2,92
011-Z9 2,26497 2,04 0,13905 1,09 0,54 0,11814 1,72 839 9 1201 24 1928 33 56 0,0133 1928 31 1091,6 1151,8 224,3 0,95
012-Z10 2,36682 2,18 0,21082 1,71 0,78 0,08142 1,35 1233 21 1233 27 1232 17 0 0,0019 1233 31 245,2 513,4 173,7 0,48
015-Z11 7,23915 4,45 0,39414 3,95 0,89 0,13321 2,06 2142 85 2141 95 2141 44 0 0,0009 2141 65 72,3 234,1 128,0 0,31
016-Z12 2,11608 1,88 0,15334 1,16 0,62 0,10008 1,48 920 11 1154 22 1626 24 43 0,0030 1626 59 428,2 714,4 127,2 0,60
017-Z13 1,85114 3,01 0,14356 1,23 0,41 0,09352 2,74 865 11 1064 32 1498 41 42 0,0310 1498 100 2497,1 1705,3 276,4 1,47
018-Z14 13,60736 3,61 0,52208 3,28 0,91 0,18903 1,49 2708 89 2723 98 2734 41 1 0,0017 2731 47 184,5 645,7 428,6 0,29
110
019-Z15 6,65499 2,14 0,37628 1,75 0,82 0,12827 1,23 2059 36 2067 44 2074 25 1 0,0008 2069 36 1065,1 910,6 561,0 1,18
020-Z16 3,59451 2,45 0,26097 0,72 0,29 0,09990 2,34 1495 11 1548 38 1622 38 8 0,0112 1500 19 169,3 6586,2 1194,0 0,03
021-Z17 5,36419 6,30 0,33937 2,86 0,45 0,11464 5,61 1884 54 1879 118 1874 105 -1 0,0227 1882 85 44,5 27,6 12,0 1,63
022-Z18 19,38801 2,84 0,60070 1,17 0,41 0,23408 2,59 3033 35 3061 87 3080 80 2 0,0008 3047 47 76,4 140,8 133,1 0,55
023-Z19 6,85546 4,33 0,38162 4,01 0,92 0,13029 1,66 2084 83 2093 91 2102 35 1 0,0026 2099 54 618,6 1386,1 650,0 0,45
024-Z20 13,50281 1,54 0,51958 1,09 0,71 0,18848 1,09 2697 29 2715 42 2729 30 1 0,0027 2718 29 227,1 223,7 182,3 1,02
027-Z21 5,33983 1,92 0,31282 0,63 0,33 0,12381 1,82 1755 11 1875 36 2012 37 13 0,0140 2012 64 491,4 1014,5 220,8 0,49
028-Z22 9,03644 1,07 0,38301 0,50 0,47 0,17112 0,95 2090 10 2342 25 2569 24 19 0,0314 2569 32 4274,3 722,0 186,5 5,96
029-Z23 4,27399 4,37 0,27624 0,88 0,20 0,11221 4,28 1572 14 1688 74 1836 79 14 0,0073 1576 24 384,9 775,1 182,7 0,50
030-Z24 6,29586 1,57 0,36447 0,94 0,60 0,12528 1,25 2003 19 2018 32 2033 26 1 0,0010 2013 26 585,8 1511,4 745,4 0,39
031-Z25 2,33585 3,37 0,20868 2,48 0,74 0,08118 2,28 1222 30 1223 41 1226 28 0 0,0022 1223 47 375,5 683,1 210,5 0,55
032-Z26 2,58542 3,31 0,22280 2,14 0,65 0,08416 2,52 1297 28 1297 43 1296 33 0 0,0027 1297 45 99,1 127,6 42,1 0,78
033-Z27 15,84509 1,09 0,55686 0,38 0,35 0,20637 1,02 2854 11 2868 31 2877 29 1 0,0068 2859 16 2659,8 1756,6 858,4 1,53
034-Z28 6,71350 9,67 0,36483 6,55 0,68 0,13346 7,12 2005 131 2074 201 2144 153 6 0,0202 2065 170 3,7 9,6 4,1 0,38
035-Z29 -295,01879 #### -50,92339 #### ##### 0,04202 10,35 #VALOR! #### #VALOR! #### -225 -23 ##### 26,6140 Disc. 0,2 -0,9 29,4 -0,26
036-Z30 7,02986 5,86 0,38533 3,22 0,55 0,13232 4,90 2101 68 2115 124 2129 104 1 0,0004 2110 96 4,0 22,0 10,8 0,18
039-Z31 8,81360 9,34 0,42924 7,38 0,79 0,14892 5,72 2302 170 2319 217 2334 134 1 0,0506 2324 160 17,7 11,1 3,9 1,61
040-Z32 7,50951 12,35 0,39623 7,52 0,61 0,13745 9,80 2152 162 2174 269 2195 215 2 0,0384 2169 110 16,1 9,5 3,1 1,71
041-Z33 4,73129 55,03 0,62411 31,52 0,57 0,05498 45,11 3126 985 1773 976 411 186 -660 0,0814 Disc. 0,6 0,7 1,4 0,81
042-Z34 2,92456 3,48 0,18203 3,29 0,94 0,11652 1,15 1078 35 1388 48 1904 22 43 0,0035 1904 46 394,8 1381,7 384,2 0,29
043-Z35 0,82982 2,95 0,09409 2,15 0,73 0,06397 2,03 580 12 614 18 741 15 22 0,0078 741 85 5807,4 14035,2 1105,7 0,42
044-Z36 3,52537 1,63 0,18211 1,36 0,83 0,14040 0,90 1079 15 1533 25 2232 20 52 0,0076 2232 42 301,1 798,4 165,1 0,38
045-Z37 6,53314 2,18 0,37363 1,92 0,88 0,12682 1,05 2046 39 2050 45 2054 22 0 0,0007 2052 32 348,7 2225,4 986,8 0,16
046-Z38 11,60082 6,26 0,48612 5,95 0,95 0,17308 1,96 2554 152 2573 161 2588 51 1 0,0009 2586 63 248,1 194,3 134,3 1,29
047-Z39 16,22063 3,22 0,56055 3,01 0,93 0,20987 1,14 2869 86 2890 93 2905 33 1 0,0004 2902 36 374,6 281,0 250,7 1,34
048-Z40 2,56355 1,71 0,18376 1,08 0,63 0,10118 1,32 1087 12 1290 22 1646 22 34 0,0389 1646 51 900,2 1265,0 347,8 0,72
051-Z41 13,79822 2,65 0,52658 2,41 0,91 0,19005 1,11 2727 66 2736 73 2743 31 1 0,0018 2741 35 308,2 825,2 437,8 0,38
052-Z42 8,25544 3,58 0,41471 1,42 0,40 0,14438 3,28 2236 32 2259 81 2280 75 2 0,0229 2244 49 3038,6 1814,9 772,1 1,69
053-Z43 -0,24201 #### 0,53621 97,13 0,85 -0,00327 #### 2768 2688 -281 -322 #NÚM! #### #NÚM! 0,0828 Disc. -0,1 19,9 184,4 -0,01
054-Z44 6,53858 2,70 0,36857 1,54 0,57 0,12867 2,22 2023 31 2051 55 2080 46 3 0,0006 2040 45 88,2 2089,5 854,7 0,04
055-Z45 4,81158 5,08 0,31925 4,75 0,93 0,10931 1,82 1786 85 1787 91 1788 33 0 0,0022 1788 61 629,4 456,2 214,8 1,39
056-Z46 2,76744 3,15 0,19682 2,40 0,76 0,10198 2,04 1158 28 1347 42 1660 34 30 0,0245 1660 76 191,9 321,3 100,4 0,60
057-Z47 2,29324 2,73 0,20472 1,69 0,62 0,08124 2,15 1201 20 1210 33 1227 26 2 0,0005 1205 34 221,2 795,6 208,1 0,28
058-Z48 1,11498 3,16 0,12056 1,93 0,61 0,06707 2,50 734 14 761 24 840 21 13 0,0075 840 100 797,2 1347,7 193,7 0,60
059-Z49 1,99582 4,02 0,13978 1,68 0,42 0,10356 3,65 843 14 1114 45 1689 62 50 0,0263 1689 140 840,7 1302,5 244,8 0,65
060-Z50 -0,29111 87,22 1,08900 8,68 0,10 -0,00194 #### 4749 412 -349 -305 #NÚM! #### #NÚM! 0,0515 Disc. -0,2 282,1 295,2 0,00
063-Z51 13,13293 1,78 0,51701 1,19 0,67 0,18423 1,33 2686 32 2689 48 2691 36 0 0,0003 2689 34 216,0 242,5 222,6 0,90
064-Z52 3,84207 1,97 0,25123 0,79 0,40 0,11091 1,81 1445 11 1602 32 1814 33 20 0,0019 1814 65 597,3 2958,6 952,9 0,20
065-Z53 2,87756 2,72 0,23547 2,05 0,75 0,08863 1,78 1363 28 1376 37 1396 25 2 0,0051 1375 41 276,3 640,7 233,4 0,43
066-Z54 4,03453 1,57 0,21024 1,03 0,66 0,13918 1,18 1230 13 1641 26 2217 26 45 0,0074 2217 46 546,0 1234,9 338,0 0,45
067-Z55 6,21883 1,14 0,31251 0,62 0,54 0,14433 0,96 1753 11 2007 23 2280 22 23 0,0056 2280 34 1268,0 861,1 299,5 1,48
068-Z56 2,16621 2,70 0,10548 2,33 0,86 0,14895 1,36 646 15 1170 32 2334 32 72 0,0343 2334 81 1259,0 936,5 225,8 1,35
069-Z57 6,05398 1,50 0,35613 0,62 0,42 0,12329 1,36 1964 12 1984 30 2004 27 2 0,0016 1970 20 3255,2 1836,0 1239,6 1,79
070-Z58 3,38140 1,44 0,20457 0,89 0,62 0,11988 1,13 1200 11 1500 22 1954 22 39 0,0118 1954 44 2537,2 886,5 241,7 2,88
071-Z59 7,32316 2,37 0,39617 1,58 0,67 0,13406 1,77 2151 34 2152 51 2152 38 0 0,0006 2152 42 192,7 462,4 270,5 0,42

111
072-Z60 2,84598 4,31 0,16502 1,15 0,27 0,12508 4,16 985 11 1368 59 2030 84 51 0,0277 2030 150 266,3 1408,6 363,1 0,19
075-Z61 4,28888 2,05 0,18759 1,76 0,86 0,16582 1,04 1108 20 1691 35 2516 26 56 0,0010 2516 46 174,7 423,7 174,4 0,42
076-Z62 6,26913 1,49 0,36116 0,61 0,41 0,12590 1,36 1988 12 2014 30 2041 28 3 0,0033 1996 19 455,6 906,8 377,5 0,51
077-Z63 5,43658 4,35 0,31992 2,66 0,61 0,12325 3,44 1789 48 1891 82 2004 69 11 0,0029 1848 72 93,9 329,6 61,4 0,29
078-Z64 13,19536 2,67 0,51707 2,38 0,89 0,18509 1,20 2687 64 2694 72 2699 32 0 0,0011 2697 37 177,5 238,1 183,4 0,75
079-Z65 2,37460 2,34 0,20643 1,04 0,45 0,08343 2,09 1210 13 1235 29 1279 27 5 0,0216 1214 22 2330,7 2790,3 363,2 0,84
080-Z66 12,75974 4,67 0,50480 4,52 0,97 0,18332 1,21 2634 119 2662 124 2683 32 2 0,0005 2681 39 280,9 248,5 188,3 1,14
081-Z67 5,25966 1,69 0,31804 0,86 0,51 0,11994 1,45 1780 15 1862 31 1955 28 9 0,0045 1955 51 14531,2 4722,5 1363,7 3,10
082-Z68 5,54866 4,42 0,34428 3,45 0,78 0,11689 2,76 1907 66 1908 84 1909 53 0 0,0022 1908 75 162,8 1526,1 428,7 0,11
083-Z69 3,19727 1,91 0,20930 1,08 0,56 0,11079 1,58 1225 13 1456 28 1812 29 32 0,0241 1812 58 437,1 1303,3 220,7 0,34
084-Z70 12,29858 2,11 0,50260 1,47 0,70 0,17747 1,52 2625 39 2627 56 2629 40 0 0,0012 2628 39 395,7 269,9 172,0 1,48
087-Z71 13,09135 1,87 0,51732 1,73 0,92 0,18354 0,72 2688 46 2686 50 2685 19 0 0,0003 2687 24 242,9 306,8 232,2 0,80
088-Z72 2,35740 5,35 0,09616 5,25 0,98 0,17780 1,03 592 31 1230 66 2632 27 78 0,0045 2634 88 1112,1 1626,0 557,9 0,69
089-Z73 2,59421 3,04 0,16200 2,32 0,76 0,11615 1,97 968 22 1299 40 1898 37 49 0,0068 1899 75 493,5 4020,8 928,3 0,12
090-Z74 1,52560 1,93 0,15577 1,24 0,64 0,07103 1,48 933 12 941 18 958 14 3 0,0008 936 20 833,2 1679,9 335,6 0,50
091-Z75 6,45478 2,26 0,32435 1,17 0,52 0,14433 1,93 1811 21 2040 46 2280 44 21 0,0043 2282 66 635,5 1015,7 286,7 0,63
092-Z76 5,05022 3,43 0,23234 3,14 0,91 0,15765 1,39 1347 42 1828 63 2431 34 45 0,0008 2432 51 361,1 534,0 228,2 0,68
093-Z77 4,13395 3,90 0,21436 3,45 0,88 0,13987 1,82 1252 43 1661 65 2226 41 44 0,0054 2226 65 393,3 553,7 155,7 0,72
094-Z78 3,05294 3,95 0,15734 3,63 0,92 0,14073 1,55 942 34 1421 56 2236 35 58 0,0133 2236 64 785,4 1359,4 396,7 0,58
095-Z79 5,30631 1,83 0,35039 1,27 0,70 0,10984 1,31 1936 25 1870 34 1797 24 -8 0,0015 1798 48 295,0 298,7 158,9 0,99
096-Z80 6,84338 3,22 0,38470 1,93 0,60 0,12902 2,58 2098 41 2091 67 2085 54 -1 0,0055 2093 55 401,0 492,6 266,0 0,82
099-Z81 5,55496 2,06 0,26564 1,64 0,80 0,15167 1,25 1519 25 1909 39 2365 29 36 0,0248 2365 44 782,5 1124,0 246,4 0,70
100-Z82 7,16491 1,92 0,39244 1,05 0,55 0,13241 1,61 2134 23 2132 41 2130 34 0 0,0008 2133 32 371,0 797,8 339,8 0,47
101-Z83 4,05335 1,91 0,29091 0,98 0,51 0,10105 1,64 1646 16 1645 31 1644 27 0 0,0019 1646 26 969,8 1121,1 359,3 0,87
102-Z84 6,25861 1,45 0,35041 0,56 0,38 0,12954 1,34 1937 11 2013 29 2092 28 7 0,0017 2092 46 433,0 884,0 330,5 0,49
103-Z85 7,25923 2,71 0,39468 1,81 0,67 0,13340 2,02 2144 39 2144 58 2143 43 0 0,0049 2144 48 160,1 439,0 198,1 0,37
104-Z86 11,45959 2,14 0,47731 0,84 0,39 0,17413 1,97 2516 21 2561 55 2598 51 3 0,0039 2533 31 114,4 135,0 56,5 0,85
105-Z87 5,24197 1,96 0,33497 0,67 0,34 0,11350 1,84 1862 13 1859 36 1856 34 0 0,0006 1862 21 1490,8 1565,0 641,3 0,96
106-Z88 5,49607 2,27 0,25327 1,27 0,56 0,15738 1,88 1455 18 1900 43 2428 46 40 0,0206 2428 65 378,3 480,7 136,9 0,79
107-Z89 6,15135 5,03 0,35799 2,46 0,49 0,12462 4,39 1973 48 1998 100 2023 89 3 0,0022 1984 74 467,2 1291,9 429,6 0,36
108-Z90 4,55869 1,33 0,27687 0,76 0,57 0,11941 1,09 1576 12 1742 23 1947 21 19 0,0066 1947 39 351,3 1335,3 296,6 0,26

112
Anexo 7: Resumo submetido ao 13° Congresso de Geologia do Sudeste, realizado na cidade de Juiz de Fora-MG
entre os dias 29 de outubro e 01 de novembro de 2013.

CARACTERIZAÇÃO LITO-ESTRUTURAL E GEOCRONOLÓGICA DA FORMAÇÃO


CAPELINHA NA REGIÃO HOMÔNIMA, MINAS GERAIS

Marco Paulo de Castro*, Gláucia Queiroga, Maximiliano Martins, Ivo Antônio Dussin, Antônio
Carlos Pedrosa-Soares, Fernando Alkmim, Heitor Miranda Cavaglieri, Issamu Endo

Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Minerais – Departamento de Geologia – UFOP

A região de Capelinha localiza-se no setor centro-norte do Orógeno Araçuaí, entre as latitudes 17°20´e
18°00´ e longitudes 43°00´ e 42°15´. O pacote de rochas metassedimentares e metamáficas atribuídas
à Formação Capelinha possui posicionamento estratigráfico, idade e significado geotectônico ainda
incertos. Esta sucessão rochosa já foi interpretada como sedimentação relacionada ao fechamento da
bacia Macaúbas, com idade neoproterozóica (Pedrosa-Soares 1995), e como um registro da
sedimentação sin-orogênica do Orógeno Araçuaí (bacia flysch; ca. 580 Ma; Pedrosa-Soares et al.
2007). Os dados mais recentes, obtidos através de mapeamentos e perfis geológicos, demonstram que
a Formação Capelinha apresenta uma extensão territorial muito mais abrangente do que postulada na
sua definição original, mostrando relações de contato altamente complexas com as unidades
estratigráficas que a limita na base e topo, com perda das características originais dos protólitos devido
à homogeneização pelo metamorfismo regional. No atual estágio de conhecimento, verifica-se que a
região abordada é dominada por uma tectônica de dobramentos – anticlinais quilométricos, isoclinais,
vergentes para sul e com caimento do eixo para sudeste. Este padrão estrutural contrasta com o único
mapeamento regional efetuado na faixa metassedimentar que abrange a referida formação, em que o
padrão estrutural é dominado por falhamentos de cavalgamento. Na região de Capelinha, a formação
homônima é composta por uma unidade predominantemente psamítica com magmatismo básico
associado, na base, e por uma unidade majoritariamente pelítica, superior. A unidade basal é
constituída por uma alternância de quartzitos puros e micáceos com mica xistos, xisto grafitoso,
metagrauvacas e algum quartzito ferruginoso. Três determinações geocronológicas pelo método U-Pb
LA-ICP-MS nos quartzitos dessa unidade indicam idade máxima de sedimentação em torno de 970
Ma. As rochas metabásicas ocorrem concordantes aos quartzitos, com espessura de até 25 metros.
Trata-se de anfibolitos de granulação fina à média, maciços a fortemente foliados, compostos por
plagioclásio e hornblenda com rutilo, titanita, quartzo e epidoto como acessórios. As análises
litoquímicas confirmam a composição basáltica indicada pela mineralogia metamórfica, e indicam

113
afinidade toleítica da rocha gerada em ambiente continental, intra-placa. Dados Sm-Nd indicam idade-
modelo (TDM) no intervalo entre 1700 e 1500 Ma e εNd (956 Ma) variável entre -0,04 e -3,66. Os
estudos geocronológicos U-Pb, obtidos em cristais de zircão de duas amostras de anfibolito, revelam
idade de cristalização magmática em ca. 956 Ma e idade de recristalização metamórfica em torno de
569 Ma. A unidade superior é composta por xistos peraluminosos com raras intercalações de mica
xisto, rochas calcissilicáticas e grafita xisto. A paragênese mineral associada à foliação principal dos
xistos pelíticos é representada por quartzo + biotita + muscovita + granada + estaurolita + cianita ±
plagioclásio, indicando condições metamórficas de fácies anfibolito, zona da cianita. Uma
determinação geocronológica pelo método U-Pb LA-ICP-MS indica que a unidade pelítica apresenta
idade máxima de sedimentação em torno de 1123 Ma. Através dos dados de campo em associação
com os dados geocronológicos, à luz do conhecimento atual, a Formação Capelinha posiciona-se
estratigraficamente na base do Grupo Macaúbas, como possível equivalente lateral das unidades pré-
glaciais desenvolvida na fase rifte da bacia homônima.

Pedrosa-Soares, A.C. 1995. Potencial aurífero do Vale do Araçuaí, Minas Gerais: história da
exploração, geologia e controle tectono-metamórfico. Tese de Doutorado, Instituto de Geociências,
Universidade de Brasília, 177 p.

Pedrosa-Soares, A.C., Noce, C.M., Alkmim, F.F., Silva, L.C., Babinski, M., Cordani, U., Castañeda,
C. 2007. Orógeno Araçuaí: síntese do conhecimento 30 anos após Almeida 1977. Geonomos, 15 (1):
1-16.

114
115
116

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