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ESCOLA DE MINAS
Diretor
José Geraldo Arantes de Azevedo Brito
Vice-Diretor
Wilson Trigueiro de Souza
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Chefe
Issamu Endo
III
EVOLUÇÃO CRUSTAL E RECURSOS NATURAIS
IV
CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA – VOL. 67
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Nº 288
Orientador
Jorge Carvalho de Lena
Co-orientador
Adilson Lago Leite
OURO PRETO
2010
V
Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br
Escola de Minas - http://www.em.ufop.br
Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais
Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita
35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: pgrad@degeo.ufop.br
ISSN 85-230-0108-6
Depósito Legal na Biblioteca Nacional
Edição 1ª
CDU: 622.276.63(815.1)
http://www.sisbin.ufop.br
VI
Dedico este trabalho ao Jorge Carvalho de Lena, fantástica pessoa que muito admiro, e não mediu
esforços para meu crescimento profissional e pessoal.
VIII
Agradecimentos
Ao Jorge Carvalho de Lena, orientador desta dissertação, por todo conhecimento transmitido,
incansável dedicação, compreensão, enorme paciência e empenho.
Ao Adilson Lago Leite, co-orientador deste trabalho, pela oportunidade de realização do mesmo.
Em especial à Adriana Trópia, por toda a ajuda na execução e conclusão deste trabalho, informações
fornecidas e colaboração.
Aos amigos Junia, Margarete, Rafaela, Aparecida, Efigênia, Hudson, Cristiano, Polli, Elenice,
Gleidson, Leandro e Érika, por todo incentivo nas horas difíceis e companheirismo nas mais fáceis.
IX
X
Sumário
AGRADECIMENTOS........................................................................................................................ IX
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................................XIII
LISTA DE TABELAS........................................................................................................................XV
LISTA DE QUADROS....................................................................................................................XVII
RESUMO........................................................................................................................................... XIX
ABSTRACT...................................................................................................................................... XXI
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 1
1.1- Drenagem Ácida de Mina..................................................................................................................1
1.2- Técnicas de Prevenção e Remediação de DAM................................................................................5
1.3- Métodos de Previsão de DAM..........................................................................................................6
1.4- Objeto de Estudo............................................................................................................................. 7
1.4.1- Localização e vias de acesso................................................................................................7
1.4.2- Clima, vegetação e hidrologia .............................................................................................9
1.4.3- Geologia ..............................................................................................................................9
1.4.4- A mina Osamu Utsumi ......................................................................................................10
1.4.5- Sistema de disposição de estéreis.......................................................................................13
O bota fora 4 .....................................................................................................................14
1.5- Objetivo ..........................................................................................................................................15
CAPÍTULO 2. TESTES ESTÁTICOS.............................................................................................. 17
2.1- Generalidades..................................................................................................................................17
2.2- Método ABA padrão.......................................................................................................................17
2.3- Método ABA modificado................................................................................................................18
2.4- Método Inicial B.C. Research.........................................................................................................18
2.5- pH em pasta.....................................................................................................................................18
2.6- Teste NAG ......................................................................................................................................19
CAPÍTULO 3. METODOLOGIA ......................................................................................................21
3.1- Amostragem ...................................................................................................................................21
3.1.1- Amostras de estéril ............................................................................................................22
3.1.2- Amostras de rochas ...........................................................................................................24
3.2- Caracterização das amostras de estéril e rocha ...............................................................................24
3.2.1- Caracterização química das amostras de estéril e rocha .................................................24
Determinação de elementos maiores e traços ..................................................................24
Determinação da Perda ao Fogo ......................................................................................26
3.2.2- Caracterização Mineralógica das Amostras de Estéril e de Rocha ................................26
3.2.3- Análise da homogeneidade das amostras de estéril.........................................................27
XI
3.3- Testes Estáticos ..............................................................................................................................27
3.3.1- Medida do Potencial de Geração Ácida (PA) .................................................................27
3.3.2- Medidas do Potencial de Neutralização...........................................................................27
Teste do “fizz” ...................................................................................................................27
Medida do Potencial de Neutralização -Método ABA padrão .........................................28
Medida do Potencial de Neutralização – Método ABA Modificado .................................29
Medida do Potencial de Neutralização – Método B.C. Research ....................................29
3.3.3- Teste NAG – Geração Ácida Líquida .............................................................................30
3.3.4- pH em pasta.....................................................................................................................30
CAPÍTULO 4. RESULTADOS ..........................................................................................................33
4.1- Identificação Mineralógica .............................................................................................................33
4.1.1- Caracterização mineralógica do estéril..............................................................................33
4.1.2- Caracterização mineralógica da rocha da cava da mina ....................................................39
4.2- Composição Química.........................................................................................................40
4.2.1- Composição Química da Rocha.........................................................................................40
4.2.2- Composição Química do Estéril.........................................................................................41
4.3- Homogeneidade da amostragem........................................................................................42
4.4- Testes Estáticos..................................................................................................................47
CAPÍTULO 5. CONCLUSÃO............................................................................................................ 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 53
APÊNDICES.........................................................................................................................................57
A.1- Padronização das soluções utilizadas na execução da metodologia...............................................57
A.2- Teores dos elementos maiores das amostras de estéril...................................................................58
A.3- Teores dos elementos traços das amostras de estéril......................................................................58
A.4-Teores dos elementos utilizados para análise da homogeneidade da amostragem. ....................... 58
ANEXO I...............................................................................................................................................59
Limites de estabilidade da água em relação ao Eh e pH.........................................................................59
XII
Lista de Figuras
XIII
XIV
Lista de Tabelas
Tabela 1.1- Quantidades de minério, estéril e rejeito produzidos em 20 anos de operação do CIPC...13
Tabela 1.2- Características dos bota foras do CIPC..............................................................................14
Tabela 3.1- Volume e concentração do ácido clorídrico usado para cada avaliação de ruído..............28
Tabela 3.2-Volume de HCl para várias avaliações do ruído, procedimento modificado para
contabilidade do PN................................................................................................................................29
Tabela 4.1- Raias dos espectros de difração de Raios X, com as respectivas atribuições, das amostras
de estéril dos quatro taludes da mina de Osamu Otsumi em Caldas......................................................35
Tabela 4.2- Composição percentual aproximada da amostra de estéril da mina de Osamu Utsumi em
Caldas, MG.............................................................................................................................................39
Tabela 4.3- Composição química dos incrementos de rocha da cava da mina de Osamu Utsumi........40
Tabela 4.4a- Teores de elementos traços do material de referência e dos incrementos de rocha.........41
Tabela 4.4b- Teores de elementos traços do material de referência e das amostras de rocha
(continuação)..........................................................................................................................................41
Tabela 4.5- Teores dos elementos maiores e perda por calcinação das amostras de estéril..................42
Tabela 4.6a- Teores dos elementos traços do material de referência e das diversas amostras de
estéril.......................................................................................................................................................42
Tabela 4.6b- Teores dos elementos traços do material de referência e das diversas amostras de estéril
(continuação)..........................................................................................................................................42
Tabela 4.7- Resultados dos testes estáticos das amostras de estéril e rocha..........................................48
XV
XVI
Lista de Quadros
Quadro 4.1- Coeficientes de correlação de Pearson para os elementos maiores das amostras de estéril
da mina de Osamu Utsumi em Caldas, MG.....................................................................................43
Quadro 4.2- Tabela MANOVA para teste de comparação dos dados referentes aos elementos maiores
das amostras de estéril da mina de Osamu Utsumi em Caldas, MG................................................44
Quadro 4.3- ANOVA para as variáveis titânio, alumínio, ferro, cálcio, magnésio, manganês, potássio
e sódio das amostras de estéril..........................................................................................................44
Quadro 4.4- Resumo dos métodos de avaliação do potencial de neutralização utilizados na realização
deste trabalho....................................................................................................................................48
XVII
XVIII
Resumo
A drenagem ácida de mina (DAM) é hoje um dos maiores problemas ambientais enfrentados
pela indústria mineral, caracterizando-se por apresentar valores pH inferiores a 3,5, o que leva à
solubilização de metais pesados presentes em rochas, sedimentos e solos. É normalmente gerada em
material associado a minerais sulfetados. A previsão de drenagem ácida de mina é um trabalho
necessário que antecede a exploração em si e pode ser feita pelos chamados métodos estáticos e/ou
cinéticos.
O material em estudo neste trabalho foi coletado na Mina Osamu Utsumi, em Caldas/MG. O
estéril foi coletado em uma das principais pilhas do bota fora 4 (BF4). Também foi coletado material
rochoso na base da cava. O estudo da mineralogia do estéril revelou a presença de gibbsita, goethita,
caulinita, muscovita e ortoclásio. As amostras de rocha se apresentaram alteradas, com mineralogia
basicamente formada por feldspatóides, pirita e fluorita.
O potencial de geração ácida (PA) foi mensurado pela quantidade de enxofre total nas
amostras, levando a um valor de 1,22 kg H2SO4/t de material estéril; e de 12,06 kg H2SO4/t para a
amostra de rocha. Já o potencial de neutralização foi avaliado de acordo com metodologia preconizada
pelo ABA padrão (adição de solução padrão de HCl e medição das bases presentes por titulação de
retorno após aquecimento, imediatamente após o resfriamento - no máximo 1 hora depois); ABA
modificado (adição de solução padrão de HCl e medição das bases presentes por titulação de retorno
após 24 horas sem aquecimento); e BC Research (titulação direta das bases presentes por titulação
com solução padrão de H2SO4 - procedimento em 4 horas). Estas três metodologias se revelaram
inadequadas ao material da Mina de Osamu Utsumi. O estudo da mineralogia da amostra sugeriu que a
gibbsita [Al(OH)3] é o mineral capaz de agir como fator neutralizador de ácido por ter características
básicas, lembrando que sua reação com o ácido sulfúrico é lenta, podendo levar até 10 horas para a
produção de 4 mg/L de Al3+ em solução, o que leva à conclusão de que a melhor maneira de se avaliar
o potencial geral de geração ácida de um material é analisando previamente a sua mineralogia. No
caso específico do material da Mina de Osamu Ustumi a medição pura e simples do teor de enxofre
levou ao melhor resultado.
XX
Abstract
The acid mine drainage (AMD) is one of the major actual environmental problems faced by
mining industry. It is characterised by pH values as low as 3.5, which leads to the solubilisation of
heavy metals present in rocks, soils and sediments. DAM is normally generated from sulphide bearing
materials. The assessment of the acid drainage generation potential is a necessary work which
precedes the exploitation phase itself and is achieved by the static and kinetic methods.
For this work samples were collected at the Osamu Utsumi mine at Caldas/MG. The sterile
material was collected from the tailing deposit (BF$4). Rock samples were collected at the trench of
the mine. The mineralogical study of the tailing revealed the presence of gibbsite, goethite, kaolinite,
muscovite and orthoclase. Rock samples were weathered – minerals present were feldspathoids, pyrite
and fluorite.
The acid generation potential (PA) was measured taking into account the sulphur –resent in the
sample. This procedure showed a value of 1.22 H2SO4/t for the tailing and 12,06 H2SO4/t for the rock
samples. The neutralisation potential was measured according to methodology devised by standard
ABA (addition of standard HCl solution and measurement of bases by back titration after heating,
immediately after cooling – one hour); modified ABA (addition of standard HCl solution and
measurement of bases by back titration after 24 hours without heating); and BC Research (direct
titration of bases with standard H2SO4 solution – a 4 hour procedure). These three methodologies
proved to be inadequate for the Osamu Usumi mine material. The mineralogical study of the samples
suggested that gibbsite [Al(OH)3] is mineral capable to neutralise the generated acid, because of its
basic characteristics, and in addition to that its reaction with sulphuric acid is slow, taking about 10
hours to produce de 4 mg/L of Al3+ to the solution, which leads to the conclusion the best method to
assess the general potential acid generation is by analyzing its mineralogical composition previously.
For the specific case of the Osamu Usumi mine material the simple determination of sulphur content
lead to the best result.
XXII
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, 59p.
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1- DRENAGEM ÁCIDA DE MINA
A pirita é um mineral que serve de exemplo para se entender todo este processo de
geração de DAM. As reações 1.1, 1.2 e 1.3, propostas por Stumm & Morgan (1970),
demonstram a oxidação deste mineral pelo oxigênio em presença de água:
Em uma primeira etapa o sulfeto da pirita é oxidado a sulfato, gerando 1 mol de H+ para
cada mol do mineral. Em uma segunda etapa o Fe2+ liberado para o meio aquoso é oxidado a
Fe3+. Este, por sua vez é hidrolisado pela água levando à formação de Fe(OH)3 e à formação de
íons H+ em uma proporção de 3 mol deste íon para cada 1 mol de íon Fe2+ e, consequentemente
para cada 1 mol de pirita.
Ainda segundo aqueles autores, as reações 1.1, 1.2 e 1.3 são favorecidas acima de pH
4,5. Abaixo deste valor o íon Fe3+ atua como oxidante da pirita segundo a reação abaixo:
Nestas condições 1 mol de pirita leva à formação de 16 mol de íons H+, uma situação
em que o aumento de acidez favorece a sua geração.
Figura 1.1- Diagramas de Eh/pH para espécies do enxofre. O campo azul delimita valores de Eh
comumente encontrados em águas superficiais e valores de pH comumente observados em condições de
drenagem ácida (Anexo 1).
2
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
Figura 1.2- Diagramas de Eh pH para espécies do ferro. O campo azul refere-se a valores de pH entre 2,5
e 4,5 e valores de Eh comumente observados em águas superficiais. O campo verde se refere a valores de
pH entre 4,5 e 5,5 e valores de Eh comumente observados em águas superficiais (Anexo 1).
Nota-se na Figura 1.1 (campo azul) que em condições de pH entre 2,5 e 4,5 e valores de
Eh para águas superficiais proposto por Baas & Becking (1960) que se situam entre 0,5 e 0,8 V,
o sulfato é a única espécie estável, daí a sua presença dominante em tais ambientes.
A Figura 1.2 mostra os campos de estabilidade das espécies de ferro. O campo azul
delimita condições redox de superfície (Baas & Becking 1960) e condições de drenagem ácida
entre pH 2,5 e 4,5. Nestas condições observa-se o pequeno campo de estabilidade do Fe3+ e a
predominância de espécies Fe2+ e Fe(OH)3. Nota-se que processos oxidativos levam à formação
de Fe(OH)3 com facilidade. O campo verde delimita condições de pH entre 4,5 e 5,5 e as
mesmas condições redox. Ressalte-se aqui a ausência da espécie Fe3+ que atua como oxidante na
pirita em condições de pH mais baixos.
3
Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
É importante também discutir a capacidade que o material (rocha e/ou estéril) apresenta
para neutralizar o ácido gerado pela oxidação dos sulfetos. Esta capacidade de neutralização se
deve à eventual presença de minerais com reação básica como carbonatos, hidróxidos e óxidos
além de alguns silicatos. A calcita é o mineral neutralizador mais comum. As reações abaixo
mostram as reações deste mineral com o ácido gerado pelos sulfetos. A primeira delas (reação
1.5) é dominante na faixa de pH acima de 6,4 e a segunda (reação 1.6) abaixo de 6,4 (White et
al.1994).
Morin & Hutt (1997) fizeram uma comparação entre predições de DAM com alguns
registros históricos e constataram que o acúmulo de pequenos erros desde a amostragem,
passando pela má escolha do método de previsão e falhas na interpretação dos resultados levam
a classificações errôneas, resultando em grandes prejuízos financeiros e ambientais. Para eles, as
falhas na previsão da DAM não são consequências de falsas predições e sim da má interpretação
dos resultados e da falta de conhecimento do material em análise.
4
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
Boas resenhas sobre DAM podem ser encontradas em Blowes et al. (2003), Evangelou
(1995) e Tedeschi (2005).
O controle ativo emprega tratamentos com aditivos químicos alcalinos como cal
(CaO), hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), hidróxido de sódio (NaOH), calcário (CaCO3), carbonato
de sódio (Na2CO3) ou uma combinação destes reagentes, para neutralização das águas ácidas em
unidades químicas (Luz et al. 2002). A execução deste tipo de tratamento requer infra-estrutura,
pessoal, controle de processo e manutenção, além de consumir energia (Oliveira & Luz 2001).
O controle passivo utiliza do conhecimento do processo e do local de atuação, com o intuito
melhorar as condições da água contaminada apenas com a ocorrência natural de reações
químicas e biológicas em um ambiente controlado. Nestes sistemas se promove a criação de
condições físico-químicas que favoreçam processos de precipitação e adsorção dos
contaminantes (Luz et al. 2002). Os métodos de tratamento passivo podem compreender áreas
alagadas naturais ou construídas, drenos anóxicos de calcário, canais abertos de calcário, células
fechadas de calcário, reatores de fluxo vertical, biorremediação, lagoas de calcário e leito
lixiviador de escória.
5
Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
6
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
7
Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
Figura 1.3- Localização da Mina Osamu Utsumi no Planalto Poços de Caldas (modificado de Cipriani
2002).
8
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
O clima da região é classificado como tropical de altitude, com duas estações bem
definidas. Uma das estações ocorre entre os meses de outubro a março, sendo caracterizada por
pluviometria intensa e temperatura branda. A outra estação ocorre entre abril e setembro,
caracterizada por forte estiagem e baixas temperaturas. A precipitação anual média é de 1700
mm (Cipriani 2002). A temperatura mínima às vezes chega abaixo de 0°C e a máxima
raramente alcança 30°C, e a temperatura média anual é de 18°C (Fraenkel et al 1985).
A mina Osamu Utsumi situa-se no divisor de águas entre as sub-bacias do ribeirão das
Antas e do rio Verde, que formam os dois sistemas de drenagem. Os rios da região pertencem a
sub-bacia do rio Pardo, parte da bacia do rio Grande (Cipriani 2002; Fraenkel et al. 1985). A
barragem construída para suprimento de água nas instalações da mina forma um reservatório,
que recebe água do córrego do Cercado (afluente do ribeirão das Antas), Pitangueiras, das
Antas, Cachoeirinha e Aterrado. O Córrego do Cercado flui até a represa Bortolan, na área
urbana de Poços de Caldas. As águas desta represa são usadas na alimentação de uma usina
hidrelétrica de pequeno porte e recreação (pesca e passeios de barco). Na mina também se
encontram o ribeirão Soberbo e seu afluente, o córrego da Consulta, pertencentes à bacia do rio
Verde. Suas águas são usadas principalmente para irrigação agrícola, prática de pesca e em
menor intensidade na dessedentação de bovinos. Não é observado nenhum uso doméstico dessas
águas num raio de 20 km (Cipriani 2002).
1.4.3- Geologia
9
Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
referida bacia, embasadas por rochas magmáticas e metamórficas do Complexo Pinhal (Wernick
& Penalva 1980).
O Complexo Alcalino de Poços de Caldas é um dos mais notáveis do mundo por suas
dimensões, variedade petrográfica e riqueza mineral. Resulta de uma atividade ígneo-
policíclica, que inclui processos metassomáticos intensos e um forte intemperismo. Estes
processos originaram vários litotipos e mineralizações de interesse econômico, como de minério
urano-molibdenífero, zircono-uranífero, zirconífero e as bauxitas (Fraenkel et al. 1985).
Na Jazida do Cercado, local onde foi lavrada a mina Osamu Tsumi, o urânio é
encontrado sob forma de uraninita [UO2] de pureza elevada, e coffinita [U(SiO4)1-x(OH)4x]. A
uraninita apresenta impurezas como chumbo (1%), tório (2%), zinco e ferro (traços) e se
encontra, normalmente, em brechas que contêm zirconita (ZrSiO4), baddeleíta (ZrO2), jordisita
(MoS2), pirita (FeS2), esfalerita (ZnS), galena (PbS) e fluorita (CaF2), sendo que argilas também
podem estar associadas a uraninita maciça em fraturas (Oliveira 1974, in Tedeschi 2005).
O decapeamento teve início em 1977 e dois anos depois começaram as obras civis e
montagem da instalação. Os testes pré-operacionais foram realizados em 1981 e em 1982 teve
10
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
O complexo industrial (antigo CIPC) abrange uma área de aproximadamente 3193 ha,
constituído de uma mina a céu aberto e seus bota-foras, instalações de tratamento físico de
minério, pátio de estocagem de minério, usina de tratamento químico para extração do urânio
(por processo hidrometalúrgico), tratamento de águas da cava da mina, tratamento de rejeitos
sólidos e líquidos do beneficiamento, barragem de rejeitos, estocagem de insumos, tratamento
de água potável e água de processo, fábrica de ácido sulfúrico, barragem de captação de águas e
instalações administrativas (Souza 1995 e Cipriani 2002). O arranjo físico de toda a área pode
ser observado na figura 1.4.
11
Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
Figura 1.4- Arranjo físico da Mina Osamu Utsumi - INB (antigo Complexo Minero Industrial de Poços
de Caldas) (Fonte: INB citado por Cipriani 2002).
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Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
Tabela 1.1- Quantidades de minério, estéril e rejeito produzidos em 20 anos de operação do CIPC (Fonte:
INB, citado por Cipriani 2002)
De acordo com os dados e sem levar em consideração o período de 1989 e 1992, foram
11 anos de operação. A usina, com capacidade instalada para processar 700.000 t/ano tratou
aproximadamente 2,09 milhões de toneladas nestes 11 anos, produzindo um total de 1030
toneladas de urânio (Cipriani 2002).
O material estéril (com teor abaixo de 170 ppm) foi disposto em pilhas a céu aberto,
pelo método descendente ou de “pontas de aterro”, formando os bota-foras. Esse estéril se
encontra sob a ação das águas de precipitação e de drenagem dos córregos, que infiltram através
do material, provocando a lixiviação de vários íons devido à geração ácida ocasionada pela
oxidação química e bacteriana do material sulfetado (Souza 1995).
13
Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
no projeto era de 140 ha. Os principais bota-foras são o BF 4, com área de 56,9 ha, volume de
12,4 milhões m3 de estéril, altura de talude de 90 metros e inclinação de 70 graus e o BF 8 que
ocupa uma área de 64,4 ha e contém 15,0 milhões m3 de estéril (Cipriani 2002). A tabela 1.2
apresenta as quantidades de material dispostas nos bota-foras, suas áreas e origem do material.
Tabela 1.2- Características dos bota-foras do CIPC (Fonte: Wiikman 1998, adaptado por Cipriani 2002)
Em 1982 e 1985 foram desviados dois córregos que tinham seus cursos dentro da área
de deposição de estéril: o córrego do Cercado, desviado do BF 8 e o córrego do Consulta,
desviado do BF 4 (Souza 1995 & Cipriani 2002). Os desvios foram feitos a fim de se evitar a
infiltração de suas águas pelo material estéril depositado. Além do desvio das águas, foi
realizada uma tentativa de impermeabilização de toda a superfície dos bota-foras, com uma
camada de argila compactada de 20 a 30 cm. Porém, devido à falta de conservação, a cobertura
de argila acabou sendo removida pela chuva em muitos locais (Cipriani 2002).
O Bota-Fora 4
O bota–fora BF4 foi construído sobre o vale do Córrego Consulta pertencente à bacia
do rio Verde, em área adjacente a cava da mina. Esta configuração do depósito favorece a
drenagem ácida por um único ponto bem definido, localizado em sua base, o que reduz
consideravelmente seu controle e monitoramento (Wiikmann 1998). O material ocupa uma área
de 56,9 ha e contém 12,4 x 106 m3 de estéril, apresentado na forma de um talude de 90m de
altura e inclinação de 70 graus. Quanto à fundação, levantamentos de campo executados na área
de ocupação do bota-fora BF4 não evidenciaram quaisquer indícios de prováveis instabilidades
e rupturas do aterro.
14
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
BNF
a) b)
Figura 1.5- a) Vista parcial do talude principal do bota fora BF4. Na base do talude encontra-se a bacia
de contenção de drenagem ácida (BNF). b) Vista parcial de um dos pequenos taludes depositado sobre o
talude principal do bota-fora BF 4.
1.5- OBJETIVO
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Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
16
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, 59p.
CAPÍTULO 2
TESTES ESTÁTICOS
2.1- GENERALIDADES
A necessidade de prever se uma mina virá ou não a gerar drenagem ácida levou a
indústria e centros de pesquisa a produzir conhecimento e desenvolver metodologias para este
fim. Os primeiros testes estáticos para previsão de DAM foram desenvolvidos na década de 70
por Richard M. Smith e Andrew A. Sobek, na West Virginia University, com estudos voltados à
drenagem ácida em minas de carvão (Skousen et al. 1997).
Sobek et al. (1978) desenvolveram uma metodologia para quantificar o potencial que
um determinado material apresenta para gerar e neutralizar ácido, e a nomearam de ABA, o
Balanço Ácido-Base (do inglês “Acid Base Accounting”). A U.S. Environmental Protection
Agency (U.S.EPA) publicou um manual para determinação do ABA baseado nesta metodologia
de Sobek que vem sendo utilizado e, quando necessário, modificado para atender a outros tipos
de material. Este balanço é efetuado medindo-se o potencial que uma amostra tem para gerar
ácido (Potencial de Geração Ácida – PA) e medindo-se o potencial que este mesmo material
tem para neutralizar o ácido que eventualmente é gerado (Potencial de Neutralização – PN).
Este último reflete a quantidade de bases presentes na amostra. A diferença entre estes
potenciais determina se um empreendimento gerará ácido ou não (Sobek et al. 1978).
O potencial para gerar ácido (PA) é dado pelo teor de enxofre presente na amostra, pois,
como vimos no Capítulo 1 do presente trabalho, os minerais sulfetados levam à formação de
ácido sulfúrico quando exposto ao ambiente atmosférico. Já o potencial de neutralização (PN) é
avaliado pela quantidade de minerais com reação básica presente na amostra.
O método ABA foi desenvolvido por Smith e seus colaboradores em 1974 e depois
modificado por Sobek et al. (1978), sendo conhecido como método padrão Sobek. O potencial
de geração ácida (PA) deste material é baseado no total de enxofre presente na amostra,
Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
considerando que todo o enxofre virá a gerar ácido sulfúrico (Sobek et al. 1978). A
determinação do potencial de neutralização (PN) consiste basicamente na digestão à quente da
amostra com uma quantidade pré-determinada de ácido. O sistema é aquecido para garantir que
a neutralização do ácido pelos carbonatos eventualmente presentes seja completa (Kania 1998).
Presumindo que a amostra irá neutralizar parte do ácido adicionado, o excedente ácido é então
quantificado por titulação de retorno com solução padrão de uma base (NaOH), obtendo-se o
PN do material. A quantidade de ácido a ser adicionada é pré-determinada pela quantidade de
carbonatos presentes na amostra. Esta presença de carbonatos é avaliada pelo teste do “fizz”
(análise auditiva do ruído “fizz” gerado pela reação de carbonato com ácido), que mensura a
quantidade de carbonato de cálcio e magnésio contidos na amostra. Gotas de solução de ácido
clorídrico são adicionadas a uma pequena alíquota da amostra, e a dimensão do “fizz” é
observada. O potencial de neutralização ácida (PN) é expresso em toneladas de carbonato
equivalentes por mil toneladas de material (Sobek et al. 1978). O resultado é expresso em
quantidade de carbonato porque a avaliação do potencial de neutralização é feita baseando-se na
premissa de que o material que irá neutralizar o ácido adicionado seja carbonato (Kania 1998).
O método ABA modificado foi desenvolvido por Coastech Research Initial (1989),
sendo uma modificação do método ABA padrão de Sobek (1978). A modificação foi
introduzida na digestão ácida da amostra, realizada à temperatura ambiente com duração de um
a dois dias, para se mensurar o PN. A quantidade de ácido utilizada para a digestão é definida
pelo teste do “fizz”, como descrito no item anterior. O PA é baseado na quantidade de enxofre
reduzido (sulfeto) presente na amostra (Coastech Research Initial 1989 e White III et al. 1999).
O método Inicial B.C Research foi desenvolvido por Duncan & Walden ( 1975), e
difere dos outros métodos por expressar o potencial de neutralização (PN) em termos da
quantidade de ácido sulfúrico que pode ser eventualmente neutralizada pelos minerais com
reação básica presentes na amostra ao invés do teor de carbonato de cálcio. É semelhante ao
método ABA padrão quanto à obtenção do potencial de geração ácida, onde o PA é baseado em
todo o enxofre presente no material. Neste método o PN é quantificado pela titulação de uma
suspensão da amostra em água com ácido sulfúrico (U.S. EPA 1994 e White et al. 1999).
2.5- pH EM PASTA
Este teste, desenvolvido por Sobek et al. (1978), avalia o pH de uma pasta feita com
partes iguais de amostra e água, após agitação por um curto período de tempo. Para Perry et al.
(1998) este método apenas avalia as condições de pH momentâneas da amostra, não fornecendo
alguma informação sobre seu comportamento futuro.
18
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
O teste NAG (do inglês “Net Acid Generation”), de Miller & Donahue (1997), consiste
na oxidação total do material por peróxido de hidrogênio. Desta forma, todo o enxofre presente
é oxidado a sulfato, liberando também íons H+, que podem ser neutralizados pela amostra
(dependendo dos minerais presentes na mesma). O potencial líquido de geração ácida (PLGA) é
obtido quantificando os íons H+ não neutralizados por titulometria. Este é expresso em
quilogramas de ácido sulfúrico por tonelada da amostra. A quantificação do enxofre através do
uso de peróxido de hidrogênio, em geral, superestima o teor de sulfeto de ferro, superestimando
assim o potencial de acidificação, pois inclui o enxofre já oxidado (sulfato) e outras formas não
reativas (por exemplo, o enxofre presente no carvão) (Hutchinson & Ellison 1992 em Maia
2004).
São vários os fatores que interferem nos potenciais de geração e de neutralização ácida.
São eles: tamanho da partícula; temperatura de digestão; volume e concentração do ácido
adicionado para digestão; tempo de reação e mineralogia da amostra (White et al. 1999).
Para exame do efeito do tamanho da partícula no PN, o método ABA padrão foi usado
por White et al. (1999) para determinar o PN de frações de -1/4 de polegada, -60 mesh e -325
mesh de três amostras. A fração -1/4 de polegada foi incluída por ser mais utilizada em células
úmidas aquecidas em testes acelerados, semelhantes aos descritos em White & Jeffers (1994).
Para cada tipo de rocha, o PN aumentou com o decréscimo do tamanho da partícula. Esta
tendência reflete o aumento da dissolução do mineral na neutralização com ácido, devido ao
aumento da área de superfície. Desta maneira, a redução do tamanho da partícula na
determinação do PN aumenta a dissolução do mineral no ácido que, por sua vez, sobreestima o
PN em relação a grandes partículas. A extensão para estas sobreestimações tendem a ser
importantes para o método Inicial B.C. Research, onde são usadas frações mais finas (White et
al. 1999).
19
Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
neutralização ácida obtida por amostras com tendência a drenagem, decrescendo o pH abaixo de
6,0 em testes laboratoriais. Este potencial de neutralização observado tem sido relatado como
“PN empírico” (Lapakko, 1994b). Nos 14 casos o PN obtido pelo ABA padrão subestimou o PN
empírico por aproximadamente 21 kg/t de carbonato de cálcio. Até depois da drenagem estas
rochas foram acidificadas (decrescendo o pH 6), indicação de que o potencial de neutralização
não remanesceu. O método ABA padrão conduziu a solubilização de sólidos indicando um PN
residual. Examinando a lixiviação, os valores de PN líquido certamente indicaram que este PN
pelo método ABA padrão subestimou a atual capacidade do material em neutralizar ácido
enquanto mantém pH de drenagem acima de 6,0 (White et al. 1999). Um exemplo de
sobreestimação foi observado no Duluth Complexo rock e relatado por White et al. (1999), onde
minerais silicatos contribuíram para valores de PN elevados no método ABA padrão. Em testes
laboratoriais e de campo, a dissolução de minerais em ácido neutralizaram a produção ácida por
oxidação de minerais sulfetados presentes nas rochas. De qualquer modo, a faixa de dissolução
não foi rápida o suficiente para manter a drenagem em pH abaixo de 6 até mesmo para rochas
de minerais sulfetados moderadas (Lapakko, 1988, 1990; Lapakko & Antonson, 1994).
20
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, 59p.
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA
Figura 3.1- Fluxograma mostrando a metodologia adotada para a realização e avaliação dos testes
estáticos para previsão de drenagem ácida de mina.
3.1- AMOSTRAGEM
composta. Isto porque esse tipo de material é muito variável no que concerne o tamanho ou
forma e a sua composição que pode variar de ponto para ponto. A norma prevê, assim, que para
a amostra ser representativa deve-se fazer retirada de incrementos ao longo de toda a extensão
de sua altura, igualmente afastados entre si obliquamente nos montes ou pilhas. Assim,
obtém-se uma amostra composta por alíquotas coletadas de diferentes pontos de profundidade.
As parcelas individuais devem, então, ser misturadas de forma a se obter uma amostra
homogênea.
No caso das pilhas de Osamu Utsumi, foram coletadas três amostras de material estéril
(cerca de 30 kg), espaçadas de cerca de 100 metros uma da outra em cada talude a cerca de
30 cm abaixo da superfície, com auxílio de pá e picareta. Este procedimento visou evitar a
retirada de material muito alterado, o que poderia comprometer a representatividade. Cada
amostra foi acondicionada em sacos plásticos antes do envio ao laboratório.
Para análises químicas, mineralógicas e para os testes estáticos (objetivo central deste
trabalho) uma segunda parte de cada amostra do talude, juntamente com a amostra composta do
Bota-Fora, foi separada e seca à temperatura ambiente. O restante foi armazenado em câmara
úmida.
22
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
Figura 3.2- Amostragem de estéril no bota – fora 4 (BF4) em abril de 2007, mostrando a capa de material
intemperizado (tonalidade roxa) sobre o material estéril (ocre).
a) b) c)
Figura 3.3- (a) Desagregação (b) homogeneização e (c) quarteamento das amostras de estéril do bota-fora
4.
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Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
Figura 3.4- Fluxograma do procedimento utilizado para obtenção das amostras do Bota Fora 4 e amostra
composta.
As amostras de rochas foram coletadas nos bancos da cava da mina. Para essa coleta
tomou-se o cuidado de retirar fragmentos de rochas menos alterados possível. Para esta
amostragem adotou-se também o procedimento de amostragem composta. Quatro amostras de
rocha foram retiradas e levadas para o laboratório para tratamento físico. Ali as amostras foram
britadas, depois moídas. Posteriormente, parte das amostras foi pulverizada para caracterização
química e realização dos ensaios estáticos. Os experimentos subseqüentes nos mostraram que
não havia diferenças significativas entre as amostras e, portanto, na fase mais avançada deste
estudo todas elas foram misturadas em uma só e passou-se, assim, a trabalhar com uma amostra
representativa da rocha da cava da mina, intitulada RCM.
Para a abertura das amostras de estéril e de rocha, visando sua análise por ICP-OES, foi
adotado o método de digestão total. Foram pesados cerca de 0,2500 g de amostra pulverizada no
interior de um frasco Savillex de peso conhecido. Foram adicionados 3 mL de HCl 10 mol/L
levando o frasco aberto para uma placa aquecedora a cerca de 100 ºC até a secura. Em seguida,
24
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
As amostras de estéril e de rocha foram analisadas para teores de Al, As, Ba, Be, Ca,
Cd, Co, Cr, Cu, Fe, K, Li, Mg, Mn, Mn, Mo, Na, Ni, P, Pb, S, Sb, Sc, Sr, Th, Ti, V, Y, Zn e Zr
por Espectrofotometria de Emissão Óptica com Fonte de Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-
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Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
A análise do teor de sílica na amostra de estéril foi realizada por gravimetria. Cerca de
500 mg da amostra seca e pulverizada foram homogeneizadas com 3,0 g de carbonato de sódio
anidro em um cadinho de platina. Foi adicionada uma cobertura de mais 1,0 g de carbonato de
sódio por cima da mistura homogênea, e o cadinho levado à mufla a 1000 ºC por 20 minutos.
Após resfriamento, o cadinho foi colocado em um béquer de 500 mL, onde foram adicionados,
vagarosamente, 50 mL de HCl 1:1. O béquer foi colocado em chapa aquecedora, onde
permaneceu até completo desprendimento da amostra das paredes do cadinho. Este foi retirado
do béquer com auxílio de uma pinça, e o béquer mantido em aquecimento a 100 ºC até secura.
Após secura foram adicionados 10 mL de ácido clorídrico 1:1 e 100 mL de água deionizada
quente. O sistema foi filtrado e o papel de filtro com o resíduo insolúvel colocado em um
cadinho de platina, levado à mufla a 1000 ºC por 1 hora. A massa residual foi pesada. O cadinho
foi tratado com 5 gotas de solução de ácido sulfúrico 1:1 e 15 mL de ácido fluorídrico 40 %,
levado à secura em chapa aquecedora e calcinado a 1000 ºC por 10 minutos. Após resfriamento
em dessecador o cadinho foi pesado e sua massa anotada.
O teor de voláteis (principalmente CO2 e H2O) de uma amostra pode ser indicado
grosseiramente pela perda de massa após aquecimento a altas temperaturas (1000 oC). Para
obtenção deste dado foi pesado em balança analítica, aproximadamente 1,0 g de amostra seca e
colocada em cadinho previamente calcinado, levado à mufla para sua calcinação a 1000ºC
durante 1 hora. A perda de massa após este procedimento é registrada como perda ao fogo.
26
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
Os testes estáticos procuram avaliar o teor de ácido gerado por uma amostra (Potencial
de Geração de Ácido – PA) e o teor de base nela presente (Potencial de Neutralização – PN).
Eles se dividem entre aqueles que medem estes potenciais separadamente (ABA padrão, ABA
modificado, BC Research e Análise de Carbono Enxofre) e aqueles que medem o efeito líquido
final da reação entre as espécies presentes (bases) e geradas (ácido sulfúrico) na amostra (pH em
pasta e o teste NAG). Damos a seguir uma descrição dos métodos usados para medir cada um
destes parâmetros (PA e PN) separadamente e que posteriormente foram usados nos cálculos de
avaliação da geração ácida; bem como os procedimentos de medição relativos aos métodos que
avaliam os efeitos finais líquidos.
O potencial de geração ácida (PA) é a quantidade de ácido que uma amostra pode gerar
ao oxidar os sulfetos presentes na mesma, e esta quantidade, neste trabalho, é expressa em
quilogramas de ácido sulfúrico por tonelada de amostra. O teor de enxofre total representa a
soma das diversas formas de enxofre presentes na amostra (sulfeto, sulfato e enxofre orgânico).
No presente trabalho o PA foi obtido por medição direta do teor de enxofre total presente na
amostra. Para isso, foram utilizados os teores de enxofre total obtidos por digestão total seguida
de análise em ICP-OES. O procedimento foi acompanhado com Material de Referência
Certificado GBW 07406.
Teste do “fizz”
Este teste foi realizado para verificar a presença ou não de minerais carbonatos nas
amostras de estéril e rocha. O nome “fizz” provém do ruído gerado pela efervescência ocorrida
ao reagir carbonatos com ácido. Com este objetivo, foram adicionadas cinco gotas de solução de
ácido clorídrico 25% (37% v/v, d=1,18 g/cm3) em aproximadamente 0,5 g da amostra
pulverizada, observando o possível surgimento de uma efervescência que indicaria a presença
de carbonatos na amostra. O PN foi determinado pelos diferentes procedimentos descritos nas
análises de balanço ácido-base (Capítulo 2).
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Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
Tabela 3.1- Volume e concentração do ácido clorídrico usado para cada avaliação de ruído (Sobek et al.
1978).
Onde:
28
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
Tabela 3.2- Volume de HCl para várias avaliações do ruído, procedimento modificado para contabilidade
do PN (Lawrence & Wang, 1997):
em t = 2 horas
avaliação do em t = 0, volume (mL) de
Volume (mL) de HCl
ruído HCl (1,0 mol/L)
(1,0 mol/L)
nenhum 1,0 1,0
ligeiro 2,0 1,0
moderado 2,0 2,0
forte 3,0 2,0
Onde:
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Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
O teste NAG (do inglês “Net Acid Generation”) é realizado com a finalidade de se
contabilizar o potencial líquido de geração ácida. Para isto se oxida a amostra a quente com
peróxido de hidrogênio, o que leva à oxidação dos sulfetos presentes na amostra a sulfato, e o
ácido sulfúrico gerado é então neutralizado pelas bases presentes na amostra. O excedente
ácido, se houver, é titulado com solução padrão de hidróxido de sódio até pH 4,5.
Para contabilizar o excedente ácido gerado pela amostra aproximadamente 2,5 g das
amostras de estéril e rocha pulverizadas foram suspensas em 250,0 mL de solução de peróxido
de hidrogênio 15%. As suspensões foram fervidas até completa decomposição do peróxido de
hidrogênio (cessar do borbulhamento observado). Após resfriamento à temperatura ambiente as
suspensões foram tituladas até pH 4,5 com solução de NaOH 0,01 mol/L padronizada.
Onde:
3.3.4- pH em pasta
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Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
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Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
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Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, 59p.
CAPÍTULO 4
RESULTADOS
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Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
Tabela 4.1- Raias dos espectros de difração de Raios X, com as respectivas atribuições, das amostras de
estéril dos três taludes e da amostra composta da mina de Osamu Otsumi em Caldas (Mus – muscovita,
Kao – caulinita, Gibb – gibbsita, Or – ortoclásio).
PT1 PT2 PT3 BF4 Mineral
d(A) d(A) d(A) d(A)
10,027 10,027 10,027 10,027 Mus
7,211 7,211 7,211 7,211 Kao
6,496 6,496 6,496 6,496 Or
5,041 5,041 5,041 5,041 Mus
4,855 4,855 4,855 Gib
4,508 4,508 4,508 4,508 Kao, Mus
4,386 4,386 Kao, Gib
4,255 4,255 4,255 4,255 Or
4,001 4,001 4,001 4,001 Or
3,789 3,789 3,789 3,789 Or,Kao
3,588 3,588 3,588 3,588 Or, Kao
3,501 3,501 3,501 3,501
3,349 3,349 3,349 3,349 Or,Mus
3,255 3,255 3,255 3,255 Or
3,011 3,011 3,011 3,011 Or,Mus
2,921 2,921 2,921 2,921 Or,Mus
2,810 2,810 2,810 2,810
2,774 2,774 2,774 2,774 Or, Kao
2,567 2,567 2,567 2,567 Or, Kao,Mus
2,524 Or, Kao
2,385 Or, Kao
2,348 Kao
2,173 2,173 2,173 2,173 Or,Mus
2,009 2,009 2,009 2,009 Kao, Mus, Gib
1,807 1,807 1,807 1,807 Gib
Para a identificação das diversas fases mineralógicas foram utilizados os picos mais
significativos, cuja intensidade relativa registrada naqueles arquivos é maior do que 10. Por se
tratar de material com várias fases mineralógicas alguns picos dos diversos minerais se
sobrepõem. No entanto algumas raias exclusivas (como por exemplo 10,027 A para Muscovita
ou 7,211 A para Caulinita , 6,496 A para o Ortoclásio e 4,855 A para Gibbsita) e suas
sequências permitem a caracterização inequívoca de cada fase mineralógica. Registra-se ainda a
presença de Goethita [FeOOH], identificada à olho nu, que explica o teor relativamente alto de
Fe2O3 nas amostras (Item 4.2). Este mineral não aparece no espectro de raios X por estar em
estado amorfo. Não foi possível atribuir a nenhum destes minerais as raias 2,801 A e 3,501A,
provavelmente pertencentes a um sexto mineral, cuja identificação por esta técnica não foi
possível.
A quantificação das fases mineralógicas foi realizada através da relação entre a perda de
massa observada na análise termogravimétrica, na faixa de temperatura específica que cada
mineral sofre desidroxilação (quando o mineral perde água estrutural ao ser aquecido a uma
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Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
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Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
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Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
Entre 250 e 350ºC tanto a gibbsita [Al(OH)3] quanto a goethita (FeOOH) perdem água
estrutural (Karathanasis & Harris, 1994, em Alves, 2008 e Todor, 1976). Portanto a perda de
massa por desidroxilação nesta faixa de temperatura não pode ser atribuída apenas à gibbsita.
Primeiro obteve-se o teor de goethita, considerando o ferro total presente na amostra. Desta
forma, se a amostra PT1 contém 4,68% de Fe2O3, possui 5,21% de goethita (Fe2 O3.H2O),
responsável pela perda de 0,53% de água entre 250-350ºC.
A gibbsita foi quantificada pela diferença entre a perda de água apresentada pela análise
termogravimétrica e a perda de massa relativa à goethita. Portanto, como a amostra PT1
apresentou perda de 1,1% de água entre 250-350ºC (Figura 4.5), subtraindo a perda de 0,53% de
água da goethita tem-se 0,57% de perda de água proveniente da desidroxilação da gibbista.
Sendo que 156 g de gibbsita (Al2O3.3H2O) liberam 54 g de água, a perda de 0,57% de H2O pela
amostra de estéril corresponde à 1,65% de gibbsita, sendo essa sua composição na amostra.
38
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
O mineral ortoclásio não apresenta água estrutural em sua rede cristalina. Desta forma,
sua quantificação não pôde ser realizada através dos dados da análise gravimétrica. Portanto, o
teor deste mineral na amostra foi obtido por diferença. A Tabela 4.2 apresenta um resumo da
composição mineralógica das amostras de estéril. A composição das amostras PT2, PT3 e BF4T
apresentada na tabela foi obtida de forma semelhante à da amostra PT1 detalhada anteriormente.
Tabela 4.2- Composição percentual aproximada da amostra de estéril da mina de Osamu Utsumi em
Caldas, MG.
%
Mineral
PT1 PT2 PT3 BF4
39
Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
Figura 4.9- Fragmentos que compõem a amostra de rocha RCM (modificado de Chaves 2007).
Tabela 4.3- Composição química dos incrementos de rocha da cava da mina de Osamu Utsumi.
Amostra SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 CaO MgO MnO Na2O K2O P2O5 PPC
(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
PR1 56,45 0,42 24,40 1,55 0,88 0,10 0,01 0,20 12,54 0,06 3,40
PR2 57,15 0,38 23,43 1,32 1,72 0,07 0,010 0,27 12,65 0,048 2,96
PR3 55,51 0,45 24,76 1,32 1,39 0,11 0,012 0,16 12,29 0,114 3,89
PT4 57,39 0,55 24,51 1,09 0,37 0,050 0,001 0,12 13,10 0,072 2,74
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Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
As Ba Bi Co Cr Cu Li Mo Ni
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
GBW 07406 173,4 114 57,2 13,7 79 423 35,38 17,1 55,4
VC 220 118 49 7,6 75 390 36 40
PR1 7,48 933 <7,74 44,1 <1,08 <0,60 73,0 <10,0 <2,5
PR2 20,80 474 <7,74 25,9 <1,08 <0,60 57,0 17,5 <2,5
PR3 12,3 875 <7,74 29,0 <1,08 <0,60 73,4 <10,0 5,03
PR4 7,45 811 <7,74 32,1 2,50 <0,60 31,9 <10,0 <2,5
Tabela 4.4b- Teores de elementos traços do material de referência e dos incrementos de rocha
(continuação).
Pb Sb Sc Sr Th V Y Zn Zr
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
GBW 07406 216 556 9,24 37,2 19,3 165 14,5 131 254
VC 60 15,5 39 23 130 18,8 96,6 220
PR1 <6,52 515 0,20 223 20,4 153 42,4 225 3413
PR2 30,4 477 0,377 468 48,0 105 44 168 2187
PR3 <6,52 511 0,898 385 48,5 99,3 112 238 821
PR4 <6,52 500 0,66 496 17,7 147 39,7 699 291
A primeira linha das tabelas apresenta os valores medidos e a segunda linha apresenta
os valores certificados. A pouca diferença leva à validação dos mesmos. Valores ausentes nesta
linha não são certificados. Os elementos traços presentes são típicos de uma rocha félsica,
particularmente Zr, Ba e Sr (elementos compatíveis).
4.2.2- Composição Química do Estéril
A Tabela 4.5 apresenta os resultados de análise dos elementos maiores das diversas
amostras de estéril. Os valores apresentados representam as médias de triplicatas (Apêndice 2).
Nota-se, em relação à rocha, o enriquecimento do Al2O3 e do Fe2O3 e o empobrecimento do
SiO2 e do K2O.
41
Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
Tabela 4.5- Teores dos elementos maiores e perda por calcinação das amostras de estéril.
SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 CaO MgO MnO K2O Na2O P2O5 PPC*
(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
PT1 45,02 0,66 31,34 4,68 0,049 0,10 0,14 9,23 0,12 0,21 8,07
PT2 45,54 0,80 34,82 5,45 0,041 0,10 0,20 6,87 0,08 0,19 5,66
PT3 44,08 0,68 32,08 6,89 0,034 0,10 0,07 7,41 0,09 0,21 7,96
BF4 45,62 0,71 32,48 5,85 0,039 0,10 0,12 7,58 0,09 0,20 6,87
* PPC – Perda Por Calcinação
As tabelas 4.6a e 4.6b apresentam os resultados de análise química dos elementos traços
das amostras de estéril. Como na tabela 4.4, os valores apresentados representam as médias de
triplicatas (Apêndice 3).
Tabela 4.6a- Teores dos elementos traços do material de referência e das diversas amostras de estéril.
As Ba Bi Co Cr Cu Li Mo Ni
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
GBW 07406 135 109 57,1 13,4 75,8 411,4 35,11 16,5 53,4
VC 220 118 49 7,6 75 390 36 40
PT1 58,8 821 <7,74 52,7 8,04 <0,60 80,5 303 <2,5
PT2 35,5 667 <7,74 16,4 28,9 <0,60 64,0 188 8,50
PT3 127 538 <7,74 10,1 <1,08 <0,60 73,5 528 <2,5
BF4 72,0 643 <7,74 26,0 12,6 <0,60 72,7 333 3,93
Tabela 4.6b- Teores dos elementos traços do material de referência e das diversas amostras de estéril
(continuação).
Pb Sb Sc Sr Th V Y Zn Zr
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
GBW 07406 214 568 8,92 36,6 19,3 157 13,9 139 234
VC 60 15,5 39 23 130 18,8 96,6 220
PT1 131 635 1,37 622 98,6 370 128 134 3486
PT2 258 696 1,44 448 79,9 327 108 170 4508
PT3 153 655 1,16 501 155 424 208 126 5492
BF4 185 662 1,27 514 123 380 153 149 5093
42
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
Quadro 4.1- Coeficientes de correlação de Pearson para os elementos maiores das amostras de estéril da
mina de Osamu Utsumi em Caldas, MG. (Minitab versão 14). Em negrito os valores de correlação muito
próximos de 1.
Correlations: Ti; Al; Fe; Ca; Mg; Mn; K; Na
Ti Al Fe Ca Mg Mn K
Al 0,974
Fe -0,057 0,026
Ca -0,123 -0,154 -0,896
Mg -0,795 -0,789 0,134 0,071
Mn 0,753 0,692 -0,623 0,439 -0,615
K -0,734 -0,775 -0,608 0,725 0,598 -0,157
Na -0,694 -0,746 -0,667 0,743 0,535 -0,096 0,993
PT 1 PT 2 PT 3 BF 4
43
Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
Quadro 4.2- Tabela MANOVA para teste de comparação dos dados referentes aos elementos maiores das
amostras de estéril da mina de Osamu Utsumi em Caldas, MG. (Minitab versão 14).
General Linear Model: Al; K; Fe; Mn; Mg
DF
Criterion Test Statistic Approx F Num Denom P
Wilks' 0,00000 176,376 15 11 0,000
Lawley-Hotelling 2024,16146 359,851 15 8 0,000
Pillai's 2,89679 33,681 15 18 0,000
Roy's 1836,37526
O teste de ANOVA para cada variável procurou identificar que amostra é responsável pela
diferença. O Quadro 3 apresenta o resultado destes testes.
Quadro 4.3- ANOVA para as variáveis titânio, alumínio, ferro, cálcio, magnésio, manganês, potássio e
sódio das amostras de estéril.
One-way ANOVA: Ti
Source DF SS MS F P
Modelo 3 1300817 433606 266,83 0,000
Error 8 13000 1625
Total 11 1313817
One-way ANOVA: Al
Source DF SS MS F P
Modelo 3 567918549 189306183 94,65 0,000
Error 8 16000512 2000064
Total 11 583919061
44
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
One-way ANOVA: Fe
Source DF SS MS F P
Modelo 3 374776696 124925565 771,76 0,000
Error 8 1294967 161871
Total 11 376071662
One-way ANOVA: Ca
Source DF SS MS F P
Modelo 3 16668 5556 15,55 0,001
Error 8 2859 357
Total 11 19527
S = 18,91 R-Sq = 85,36% R-Sq(adj) = 79,87%
Source DF SS MS F P
Modelo 3 1362,3 454,1 40,97 0,000
Error 8 88,7 11,1
Total 11 1450,9
45
Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
One-way ANOVA: Mn
Source DF SS MS F P
Modelo 3 1590590 530197 39,27 0,000
Error 8 108002 13500
Total 11 1698592
One-way ANOVA: K
Source DF SS MS F P
Modelo 3 645322690 215107563 309,66 0,000
Error 8 5557212 694652
Total 11 650879902
S = 833,5 R-Sq = 99,15% R-Sq(adj) = 98,83%
One-way ANOVA: Na
Source DF SS MS F P
Modelo 3 140228,7 46742,9 1183,36 0,000
Error 8 316,0 39,5
Total 11 140544,7
46
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
Este teste mostrou que não há um padrão a ser observado. No que diz respeito ao Ti a
amostra 2 se destaca com um teor bem mais alto que os das demais amostras. A amostra 4 pode
ser ainda considerada diferente. Finalmente o teor deste elemento nas amostras 1 e 3 podem ser
considerados iguais. No que diz respeito ao Al, mais uma vez a amostra 2 se destaca, mas neste
caso as demais amostras apresentam teores que não diferem entre si significativamente. Para o
caso do Fe, todas as amostras diferem entre si. Para o caso do Ca destaca-se amostra 1
diferindo das demais (amostras 2, 3 e 4) que não apresentam diferenças significativas entre si.
Para o caso do Mg as amostras 1 e 3 não apresentam diferenças significativas entre si, da
mesma forma que as amostras 2 e 4. No entanto o primeiro grupo difere significativamente do
segundo. Para o caso do Mn apenas as amostras 1 e 4 não apresentam diferenças significativas
entre si, diferindo das demais que diferem entre si. Apenas os teores de K das amostras 3 e 4
não apresentam diferenças significativas, enquanto que o Na de todas as amostras apresentam
diferenças significativas.
Este quadro nos leva à conclusão de que as quatro amostras representam universos
diferentes devendo ser tratadas diferentemente. A amostra BF4, que deveria representar as
demais, também difere e será tratada neste trabalho como uma quarta amostra. A alta
heterogeneidade dos taludes levou a estas diferenças.
Nenhuma das amostras estudadas apresentou ruído (teste fizz) quando a elas foram
adicionadas gotas de ácido. Isto indica a ausência de quantidades significativas de carbonatos de
cálcio e/ou magnésio em sua composição, o que, de certa forma, foi demonstrado pelo estudo
mineralógico com a Difração de Raios X.
Os resultados dos testes estáticos (Tabela 4.7) realizados com as diversas amostras de
estéril e rocha ressaltam, em um primeiro momento, o problema da heterogeneidade da
amostragem. Os valores de S foram obtidos por ICP OES sendo validados com o Material de
Referência Certificado GBW 07406, cujo valor certificado para S é 260 mg/kg. O valor obtido
em nossas determinação foi de 246 mg/kg.
47
Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
Tabela 4.7- Resultados dos testes estáticos das amostras de estéril e rocha.
O teor de S nas amostras foi utilizado para o cálculo da quantidade de H2SO4 que pode
ser gerado pela amostra, na suposição de que toda a pirita se transformará neste ácido pela ação
da água e oxigênio. Para esta avaliação foi usado um simples cálculo estequiométrico. No que
pese a heterogeneidade de resultados, fica evidente que o potencial gerador de ácido da rocha é
mais alto que o do estéril. Isto certamente se deve ao fato de naquele material a pirita não se
encontra em maior quantidade e menos intemperizada em relação ao estéril.
Quadro 4.4- Resumo dos métodos de avaliação do potencial de neutralização utilizados na realização
deste trabalho.
ABA padrão Adição de solução padrão de HCl e medição das bases presentes por
titulação de retorno após aquecimento, imediatamente após o
resfriamento. No máximo 1 hora depois.
ABA modificado Adição de solução padrão de HCl e medição das bases presentes por
titulação de retorno sem aquecimento após 24 horas.
BC Research Titulação direta das bases presentes por titulação com solução padrão
de H2SO4. Procedimento em 4 horas.
48
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol.67, 59p.
mineral se processa em 10 dias, tempo que ultrapassa em muito aqueles empregados nas
titulações (Quadro 4.4).
O método ABA modificado, por sua vez, conduz a valores negativos. Observando a
metodologia: a uma massa de amostra adiciona-se uma quantidade conhecida de ácido que
depois é titulada com base. Se não houver nenhuma base na amostra este valor deve ser de zero.
O valor negativo indica que mais ácido do que o existente na amostra foi detectado pela
titulação. Esta quantidade de ácido “extra” provém da própria amostra. O método ABA
modificado deixa a amostra em contato com uma solução aquosa por 24 horas. Aparentemente
este tempo é suficiente para oxidar a pirita ali existente gerando ácido em acréscimo ao que foi
acrescentado, daí os valores excessivos de base que conduzem aos valores negativos registrados
na Tabela 4.7.
49
Leite, J. S. M. 2010. Previsão de DAM por testes estáticos do material da mina Osamu Utsumi–Caldas, MG.
50
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, 59p.
CAPÍTULO 5
CONCLUSÃO
52
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, 59p.
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55
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56
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, 59p.
Apêndices
58
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, 59p.
Anexo I