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ESCOLA DE MINAS
Diretor
José Geraldo Arantes de Azevedo Brito
Vice-Diretor
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Chefe
Prof. Issamu Endo
iii
EVOLUÇÃO CRUSTAL E RECURSOS NATURAIS
iv
CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA – VOL. XXX
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Nº XXX
Orientador
Hermínio Arias Nalini Jr.
OURO PRETO
2010
v
Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br
Escola de Minas - http://www.em.ufop.br
Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais
Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita
35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: pgrad@degeo.ufop.br
ISSN 85-230-0108-6
Depósito Legal na Biblioteca Nacional
Edição 1ª
125 f. : il. color.; grafs.; tabs.; mapas. (Contribuições às ciências da terra, Série M,
v.67, n. 290,)
ISSN: 85-230-0108-6
] CDU: 553.5(815.1)
http://www.sisbin.ufop.br
vi
Ao meu esposo João Antônio, pelo incentivo e auxílio.
vii
viii
Agradecimentos
Ao meu orientador professor Hermínio Arias Nalini Jr. pelo apoio, orientação desde os tempos da
iniciação científica.
À FAPEMIG e ao CNPq pelo apoio e recursos necessários à esta pesquisa.
À Comunidade de Santa Rita de Ouro Preto, em especial aos “Irmãos de Minas” e ao Sr. Mario
Leandro.
À Comunidade de Cachoeira do Brumado, em especial ao Sr. Mario, Preto e Fatinha.
Às professoras Olívia Bezerra, Leila Velásquez, Mariângela Garcia P. Leite, e professores Hubert
Roeser e Jorge Lena pelas contribuições e sugestões.
Ao Laboratório de Propriedades Interfaciais (DEMIN), em especial à professora Rosa Malena,
pelas análises no Granulômetro a Laser.
Ao Laboratório de Difração de Raio X, e ao laboratório de Microscopia Eletrônica e Análise de
Imagem (Microlab), pelas análises de Difração de Raio X e Microscopia Eletrônica de Varredura.
Ao Laboratório de Geoquímica Ambiental, pelas analises químicas.
Ao Laboratório de Laminação, e à Ana Alkmin pelo auxílio com a descrição petrográfica das
lâminas.
À Érika Fabri pelo auxílio na confecção dos mapas, pelas trocas de idéia nos campos.
À Adriana e Celso pelo apoio nas análises laboratoriais.
À Margarete Pereira (Margô) pelo incentivo e força e troca de idéias sobretudo na fase inicial do
mestrado.
Às minhas amigas de sala: Valdilene, Tatiana, Juliana, Aline, Silvia, Fernanda, Milene, Auria,
pelas trocas de idéias e apoio.
À toda família LGqA pela amizade, torcida e companheirismo ao longo desses anos.
À Jéssica pela amizade, incentivo e hospedagem.
Aos meus padrinhos Cinara e Yolacir, por sempre me receberem e me ouvirem.
À minha família por sempre acreditar em mim, me apoiar e incentivar.
Ao meu esposo João Antônio pelas trocas de idéia, auxílios, força e paciência.
Aos colegas, professores e funcionários do DEGEO e a todos que contribuíram de alguma forma,
para que este estudo se concretizasse.
ix
x
Sumário
AGRADECIMENTOS...........................................................................................................ix
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... xv
LISTA DE TABELAS .........................................................................................................xxi
RESUMO ...........................................................................................................................xxiii
ABSTRACT ........................................................................................................................ xxv
CAPÍTULO 1. INTODUÇÃO ............................................................................................. 01
1.1. Considerações Iniciais...................................................................................................... 01
1.2. Atividade Artesanal em Pedra-Sabão................................................................................ 01
1.3. Objetivos ......................................................................................................................... 02
CAPÍTULO 2. ÁREA DE ESTUDO ................................................................................... 03
2.1. Santa Rita de Ouro Preto .................................................................................................. 03
2.2. Cachoeira do Brumado..................................................................................................... 04
2.3. Contexto Geológico ........................................................................................................ 06
CAPÍTULO 3. MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO:
CONCEITOS E EFEITOS À SAÚDE ................................................................................. 09
3.1. Conceitos ......................................................................................................................... 09
3.2. Classificação e fontes ....................................................................................................... 09
3.3. Particulados Atmosféricos e seus efeitos à saúde .............................................................. 10
3.3.1. A Influência da Concentração de partículas.......................................................... 11
3.3.2. A Influência da Forma e Tamanho das partículas ................................................. 11
3.3.3. A Influência da Composição Química ................................................................. 13
3.3.4. Propriedades Mineralógicas Importantes na Toxicidade ...................................... 13
3.4. Talco e Doenças Relacionadas à Sua Exposição .............................................................. 14
3.4.1. Origem e Ocorrência de Talco no Mundo ............................................................ 14
3.4.2. Doenças Causadas Devido à Exposição a Poeira de Talco ................................... 14
3.4.3. Principais Sintomas e Sinais Clínicos................................................................... 16
3.4.4. Fatores que Influenciam a Carcinogenicidade ...................................................... 17
CAPÍTULO 4. METODOLOGIA ....................................................................................... 19
4.1. Considerações Iniciais...................................................................................................... 19
4.2. Amostragem..................................................................................................................... 21
4.2.1. Amostrador de médio-volume (HANDI-VOL) .................................................... 22
4.2.1.1. Definição do Período de coleta ............................................................... 24
4.2.1.2. Cálculo do Volume de Ar ....................................................................... 24
4.2.2. Coletor Passivo.................................................................................................... 25
xi
4.2.3. Poeira de Arraste ................................................................................................. 26
4.2.4. Rochas ................................................................................................................ 26
4.3. Análises Gravimétricas e Cálculo da Concentração de Partículas Atmosféricas ................ 27
4.3.1. Amostrador de médio-volume (HANDI-VOL) .................................................... 27
4.3.1. Coletor Passivo.................................................................................................... 28
4.4. Análises Químicas ........................................................................................................... 28
4.4.1. Teste de Digestão das Amostras .......................................................................... 29
4.4.2. Digestão Total das Amostras (ICP-OES) ............................................................. 31
4.4.3. Digestão Parcial das Amostras (Água Régia) ...................................................... 32
4.5. Análises dos Minerais das Partículas por Difração de Raio X (DRX) ............................... 32
4.6. Análises Granulométricas das Partículas em Suspensão e da Poeira de Arraste ................. 32
4.7. Análises das Partículas por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV- EDS) ............... 33
4.8. Análise Petrográfica ....................................................................................................... 34
CAPÍTULO 5. RESULTADOS ........................................................................................... 35
5.1. Mineração de Cachoeira do Brumado ............................................................................... 35
5.1.1. Concentração de Partículas Atmosféricas............................................................. 35
5.1.2. Tamanho das Partículas Atmosféricas (Granulômetro a Laser)............................. 36
5.1.3. Forma das Partículas Atmosféricas (MEV) .......................................................... 36
5.1.4. Caracterização Química das Partículas Atmosféricas (ICP-OES) ......................... 38
5.2. Artesanato de Cachoeira do Brumado............................................................................... 39
5.2.1. Particulado Atmosférico ...................................................................................... 40
5.2.1.1. Concentração de Partículas Atmosféricas ................................................ 40
5.2.1.2. Tamanho das Partículas Atmosféricas .................................................... 41
5.2.1.3. Forma das Partículas Atmosféricas (MEV).............................................. 42
5.2.1.4. Caracterização Mineralógica das Partículas Atmosféricas (DRX) ............ 43
5.2.1.5. Caracterização Química das Partículas Atmosféricas (ICP-OES)............. 43
5.2.2. Poeira de Arraste ................................................................................................. 45
5.2.2.1. Caracterização Física da Poeira de Arraste .............................................. 45
5.2.2.2. Caracterização Química da Poeira de Arraste ......................................... 47
5.2.3. Petrografia do Material Fonte .............................................................................. 48
5.3. Artesanato de Santa Rita de Ouro Preto ........................................................................... 50
5.3.1. Particulado Atmosférico ...................................................................................... 51
5.3.1.1. Concentração de Partículas Atmosféricas ................................................ 51
5.3.1.2. Tamanho das Partículas Atmosféricas (Granulômetro a Laser) ............... 51
5.3.1.3. Forma das Partículas Atmosféricas (MEV).............................................. 52
5.3.1.4. Caracterização Mineralógica das Partículas Atmosféricas (DRX) ............ 52
xii
5.3.1.5. Caracterização Química das Partículas Atmosféricas (ICP-OES)............ 53
5.3.1.5.a. Partículas Coletadas por meio do Handi-Vol............................... 53
5.3.1.5.b. Partículas Coletadas por meio do Coletor Passivo....................... 55
5.3.2. Poeira de Arraste ................................................................................................. 56
5.3.2.1. Caracterização Física da Poeira de Arraste ............................................ 56
5.3.2.2. Caracterização Química da Poeira de Arraste ........................................ 58
5.3.3. Petrografia do Material Fonte .............................................................................. 59
5.4. Indústria de Santa Rita de Ouro Preto ............................................................................... 61
5.4.1. Concentração de Partículas Atmosféricas............................................................. 62
5.4.2. Tamanho das Partículas Atmosféricas (Granulômetro a Laser) ............................. 63
5.4.3. Forma das Partículas Atmosféricas (MEV)........................................................... 64
5.4.4. Caracterização Química das Partículas Atmosféricas (ICP-OES) ......................... 64
5.4.4.1. Partículas Coletadas por meio do Handi-Vol ........................................... 64
5.4.4.2. Partículas Coletadas por meio do Coletor Passivo.................................... 65
5.4.5. Petrografia do Material Fonte .............................................................................. 67
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................ 69
6.1. Particulado Atmosférico................................................................................................... 69
6.1.1. Concentração de Partículas Atmosféricas............................................................. 69
6.1.2. Caracterização Física e Mineralógica................................................................... 70
6.1.3. Concentração dos elementos presentes nas PTS no momento crítico de
geração de poeira ......................................................................................................... 71
6.1.3.1. Partículas Coletadas por meio do Coletor Passivo ................................... 71
6.1.3.2. Partículas Coletadas por meio do Handi-Vol ........................................... 75
6.2. Poeira de Arraste.............................................................................................................. 90
6.2.1. Caracterização Física da Poeira de Arraste (granulometria).................................. 90
6.2.2. Caracterização Química da Poeira de Arraste (ICP-OES)..................................... 91
CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES............................................................................................ 93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 97
ANEXOS ............................................................................................................................. 103
BANCA EXAMINADORA (Ficha de Aprovação) ............................................................. 125
xiii
xiv
Lista de Figuras
Figura 2.1- Mapa de Localização das Áreas de Estudo ............................................................5
Figura 4.2- Pontos de amostragem do distrito de Santa Rita de Ouro Preto. ............................ 21
Figura 4.7- a) coletor passivo; b) coletores passivos instalados na fábrica a 1,5m e 3,5m do
solo; c) oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto; d) Oficina de artenato em
Cachoeira do Brumado- coleta com amostrador HANDI-VOL ........................................... 25
Figura 5.3- Elementos maiores presentes nas amostras de poeira de pedra-sabão coletada na
mineração de Cachoeira do Brumado em setembro de 2008................................................ 38
Figura 5.4- Elementos presentes nas amostras de poeira de pedra-sabão coletada na mineração
de Cachoeira do Brumado em setembro de 2008. ............................................................... 38
Figura 5.5- Fluxograma dos resultados obtidos das amostras de poeira, rocha e poeira de arraste
coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado............................................. 39
xv
Figura 5.10- Concentração dos elementos Fe, Al, Ca, Cr, Ni, S, Ti, K, Mn e Na das amostras
coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado durante o período de outubro de
2008 a agosto de 2009........................................................................................................ 44
Figura 5.11- Concentração dos elementos Zr, Li, Sc, Y e Sr das amostras coletadas na oficina
de artesanato de Cachoeira do Brumado durante o período de setembro de 2008 a abril de
2009. ................................................................................................................................. 45
Figura 5.15- Concentração dos elementos Fe, Ca, Al, Cr, Ni, S, Mn, Ti, Na e K da amostra de
poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado. .................... 47
Figura 5.16- Concentração dos elementos Co, P, Zn, Cu, Ba, V, Sr, Sc, Y e Li da amostra de
poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado. .................... 48
Figura 5.20- Fluxograma dos resultados obtidos das amostras de poeira, rocha e poeira de
arraste coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto. ............................... 50
Figura 5.21- Imagem de amostra de poeira coletada no artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em outubro de 2008. .......................................................................................................... 52
Figura 5.22 Difratograma da amostra coletada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro
Preto .................................................................................................................................. 53
Figura 5.24- Concentrações de Fe, Al, Cr, Ni, Ca, Na, Mn, K, Ti e S nas amostras de
particulado atmosférico coletadas em uma oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro
Preto. ................................................................................................................................. 54
Figura 5.25- Concentrações de Zr, Li, Sc, Y e Sr nas amostras de particulado atmosférico
coletadas em uma oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto. ................................. 55
Figura 5.26- Concentrações de Fe, Al, Ca, Cr, Ni, Mn, K, S e Ti das amostras de material
particulado coletadas em uma oficina de artesanato que utiliza pedra-sabão como matéria
prima. ................................................................................................................................ 55
xvi
Figura 5.27- Concentrações de Y, Zr, Sc, Li, e Sr das amostras de material particulado
coletadas por meio do coletor passivo em uma oficina de artesanato em Santa Rita de Ouro
Preto. ................................................................................................................................. 56
Figura 5.30- Tamanho das partículas na poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de
Santa Rita de Ouro Preto em julho de 2009. ....................................................................... 58
Figura 5.31- Concentração dos elementos Cr, Ni, Al, Ca, Fe, Ti, K, Mn e Na da amostra de
poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto. ................. 58
Figura 5.32- Concentração dos elementos Cu, Ba, Zn, Co, Li, Sc, Sr, Y e V da amostra de
poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto. ................. 59
Figura 5.37- Fluxograma dos resultados obtidos das amostras de poeira coletadas na Indústria
em Santa Rita de Ouro Preto. ............................................................................................. 62
Figura 5.38- Tamanho das partículas coletadas na indústria de Santa Rita de Ouro Preto em
fevereiro de 2009 por meio do coletor passivo instalado a 1,5m do solo.............................. 63
Figura 5.39: Imagem de amostra de poeira coletada na fábrica de Santa Rita de Ouro Preto em
janeiro de 2009. ................................................................................................................. 64
Figura 5.40- Concentrações de Fe, Ca, Al, Cr, Ni, S, Mn, Na, Ti e K nas amostras de
particulado atmosférico coletadas na indústria de beneficiamento de esteatito de Santa Rita
de Ouro Preto. ................................................................................................................... 65
Figura 5.41- Concentrações de Ba, Zn, Co, Cu, P, Sr, Zr, Sc, Y e Li nas amostras de particulado
atmosférico coletadas na indústria de beneficiamento de esteatito de Santa Rita de Ouro
Preto. ................................................................................................................................ 65
Figura 5.42- Concentrações de Al, Ca, Fe e Mg das amostras de material particulado coletadas
em uma indústria de beneficiamento de esteatito ............................................................... 66
Figura 5.43- Concentrações de P, Cu, Zn, Co, Zr, Li, Sc, Y, Sr e Ba das amostras de material
particulado coletadas em uma indústria de beneficiamento de esteatito .............................. 66
xvii
Figura 5.45-Microfotografia da Lamina da Rocha SRF-R2..................................................... 67
Figura 6.2- Concentração de magnésio na poeira coletada por meio do coletor passivo na
oficina de artesanato e na industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro
Preto. ................................................................................................................................. 72
Figura 6.3- Concentração de ferro e alumínio na poeira coletada por meio do coletor passivo na
oficina de artesanato e na industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro
Preto. ................................................................................................................................. 72
Figura 6.4- Concentração de calcio na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina de
artesanato e na industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto...... 72
Figura 6.5- Concentração de cromo na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina
de artesanato e na industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto. 73
Figura 6.6- Concentração de níquel na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina
de artesanato e na industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto. 74
Figura 6.7- Concentração de bário e ítrio na poeira coletada por meio do coletor passivo na
oficina de artesanato e na industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro
Preto. ................................................................................................................................. 75
Figura 6.8- Concentração de magnésio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração
e indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 75
Figura 6.9- Concentração de ferro na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e
indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 76
Figura 6.10- Concentração de alumínio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração
e indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado. ..................................................................................................... 77
Figura 6.11- Concentração de cálcio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e
indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 77
Figura 6.13- Concentração de níquel na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e
indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 80
xviii
Figura 6.14- Concentração de cromo na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e
indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 82
Figura 6.15- Concentração de enxofre na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração
e indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado. ..................................................................................................... 84
Figura 6.16- Concentração de vanádio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração
e indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 85
Figura 6.17- Concentração de arsênio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração
e indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado. ..................................................................................................... 87
Figura 6.18- Concentração de chumbo na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração
e indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 88
Figura 6.19- Concentração de berilo na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e
indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 89
Figura 6.21- Concentração de cromo, níquel, alumínio, cálcio, ferro, titânio, potássio,
manganês e sódio presentes na poeira de arraste coletada nas oficinas de artesanato
localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado. ................................... 91
Figura 6.22- Concentração de lítio, escândio, estrôncio, ítrio, vanádio, cobre, bário, zinco e
cobalto presentes na poeira de arraste coletada nas oficinas de artesanato localizadas em
Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado. ........................................................... 92
xix
xx
Lista de Tabelas
Tabela 5.1 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do Handi-vol na
mineração de Cachoeira do Brumado. ................................................................................ 35
Tabela 5.3 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do coletor passivo na
oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto............................................................... 51
Tabela 5.5 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do coletor passivo na
indústria de beneficiamento de pedra-sabão em Santa Rita de Ouro Preto. .......................... 63
Tabela 6.2 – Concentração dos elementos S, Co, Ti, K, V, Sr, Zn, Sc e Li das amostras de
poeira coletadas por meio do coletor passivo na oficina de artesanato e na indústria em Santa
Rita de Ouro Preto. ............................................................................................................ 74
xxi
xxii
Resumo
A utilização da pedra-sabão (esteatito) em Ouro Preto ocorre desde o séc.XVIII quando passou a
ser empregada na ornamentação das igrejas e na produção artesanal de utensílios domésticos. Ainda hoje é
utilizada como matéria-prima para produção de objetos decorativos e utilitários, constituindo uma
importante alternativa econômica para a população local, excluída do mercado formal de trabalho.
O esteatito é uma rocha metamórfica de baixa dureza, constituída principalmente de talco, um
filossilicato de magnésio hidratado, podendo ocorrer também clorita, serpentina, antigorita e,
ocasionalmente, quartzo, magnetita e pirita.
O processo de extração da rocha em pedreiras e de produção de peças artesanais em oficinas
submete trabalhadores e artesãos a inalação de grande quantidade de poeira. Esta exposição ocupacional
pode levar ao desenvolvimento de pneumoconioses como a talcose ou a talcoasbestose, que são doenças
pulmonares decorrentes da inalação de partículas respiráveis de talco ou de talco contaminado por fibras
de asbesto.
A caracterização química e física do material particulado oriundo destas atividades é importante
para avaliação dos seus efeitos à saúde humana e ao meio ambiente. Com este propósito, foram coletadas
amostras de poeiras geradas em oficinas de artesanato, numa indústria de moagem de pedra-sabão e em
uma mineração nos distritos de Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado. A amostragem do
material particulado em suspensão foi realizada por meio de coletores passivos e amostrador portátil
(handi-vol). Foram ainda amostrados a poeira depositada sobre o solo nas oficinas artesanais e rochas
utilizadas nos processos de moagem e de confecção de peças.
As concentrações das partículas em suspensão na atmosfera foram obtidas por meio de análises
gravimétricas. As amostras de poeira foram submetidas à digestão total e parcial e analisados elementos
Al, As, Ba, Be, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, K, Li, Mg, Mn, Na, Ni, P, Pb, S, Sr, Sc, Th, Ti, V, Zn e Zr por
meio do ICP-OES. O tamanho e a forma das partículas foram determinados por meio do Granulômetro a
Laser e MEV-EDS. Para a caracterização mineralógica utilizou-se a Difração de Raio X e, descrição das
rochas com auxílio do Microscópio Petrográfico Binocular.
A concentração de partículas em suspensão foi muito elevada em todos os pontos de amostragem,
excedendo os limites estabelecidos pelas normas brasileiras. As partículas respiráveis (menores que 10
µm) chegam a ultrapassar em até 11 vezes o padrão estabelecido pela WHO.
O magnésio foi o elemento encontrado em maiores proporções na poeira. As análises obtidas pelo
MEV-EDS e pela Difração de Raio X revelam predominância de minerais de talco na poeira, sendo
encontrados também clorita e anfibólio, de forma lamelar e acicular, respectivamente. A descrição
petrográfica revela ainda, presença de carbonatos nas rochas utilizadas na oficina artesanal de Cachoeira
do Brumado e na indústria de moagem em Santa Rita.
xxiii
A predominância de talco (Mg3Si4O10 (OH2)) na rocha utilizada no processo de moagem e de
produção de peças artesanais, pode explicar as altas concentrações de Mg. Os carbonatos, encontrados
somente nas amostras de rocha utilizadas na oficina de Cachoeira do Brumado e na indústria em Santa
Rita, podem explicar a grande diferença na concentração de Ca entre estes pontos e a oficina de artesanato
de Santa Rita.
Embora os teores de ferro, alumínio e cálcio tenham sido elevados, não foi encontrado na
literatura limites para sua concentração no material particulado em suspensão. As concentrações de
manganês, níquel e cromo na poeira em suspensão foram superiores aos padrões estabelecidos pela
Fundação Nacional de Saúde. Sendo ainda encontrados chumbo na poeira coletada na oficina em Santa
Rita de Ouro Preto, e, arsênio na indústria e nas oficinas de artesanato.
xxiv
Abstract
The soapstone is used in Ouro Preto since XVIII century on churches adornment and to produce
domestic utensil. Nowadays it still been used to produce handicrafts, being a important alternative to the
inhabitants local, excluded of formal job.
The steatite is a metamorphic rock. It is largely composed of the mineral talc, composed of
hydrated magnesium silicate, with varying amounts of chlorite, serpentine and antigorite, may be present
quartz, magnetite and pyrite.
The process of rock extraction in pits, and handicrafts production submit the workers and
craftsman to inhale big amount of dust. This occupational exposition may be cause talc pneumoconiosis or
talc asbestosis, which are pulmonary disease resultant of inhalation of breathable particles of talc or talc
containing asbestos.
Chemical and physical characterization of particulate matter resultant of these works is important
to assess the effect to human health and to environment. For this, it was sampling dust generated in
handicrafts places, in a mill factory of soapstone and a mining in a Santa Rita de Ouro Preto and
Cachoeira do Brumado districts. The sampling of particulate matter was carried out about passive
collectors, and a handi-vol. It was sampled the floor dust of the handicrafts places and rocks used in mill
and to produce handicrafts.
The particle suspended concentration was obtained by gravimetric analysis. Chemical analysis
were carried out of dust samples, it was determined the elements Al, As, Ba, Be, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe,
K, Li, Mg, Mn, Na, Ni, P, Pb, S, Sr, Sc, Th, Ti, V, Zn e Zr by ICP-OES. The size and the shape of
particles was determined by Particle Size Analyzer and Scanning Electron Microscopy (SEM). It was used
X-ray diffraction, for mineralogical characterization and, the description of the rocks with Petrographic
Microscope.
The particle suspended concentration was high in every samples points, pasting limit of brasilian
standard. The inhale particles (less than 10 µm) pasted limit 11 fold the standard of WHO.
Magnesium was the element with largest concentration on dust. The analysis of Scanning
Electron Microscopy (SEM) and of X-ray diffraction, show the dominance of talc minerals on dust, being
present chlorite and amphiboles, with shape lamellar e acicular, respectively. The petrographic description
reveal the presence of carbonates in the rocks used in handicraft place of Cachoeira do Brumado and in
the mill factory in Santa Rita.
The predominate of talc (Mg3Si4O10 (OH2)) in the rock used in mill and in handicrafts process,
may explain the high concentration of Mg. The carbonates, presents just in the rocks samples of Cachoeira
do Brumado and mill factory in Santa Rita can explain the high difference of Ca concentration between
this sample points and Santa Rita handicrafts place.
xxv
The iron, aluminum and calcium concentrations were high, but it didn´t find on the literature
limits for these on particulate matter suspended. The concentrations of manganese, nickel e chromium on
dust were highest to the standard of FUNASA. The dust of Santa Rita handicrafts place still has lead. And,
there is arsenic on the dust of mill factory and the handicrafts places.
xxvi
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
A baixa dureza do mineral talco confere à pedra-sabão a facilidade de trabalhar com essa
matéria-prima que, associada à diversidade de cores por ela apresentada, permite a fabricação de uma
grande variedade de produtos. Essa propriedade possibilita o trabalho manual ou com poucos
equipamentos e ferramentas que são, muitas vezes, rudimentares, indicando a simplicidade da
tecnologia de produção empregada na maioria das oficinas (Rodrigues 2009).
A utilização da pedra-sabão (esteatito) em Ouro Preto ocorre desde o séc. XVIII quando
passou a ser empregada na ornamentação das igrejas barrocas, na canalização de água e esgotos, pias e
chafarizes e na produção artesanal de utensílios domésticos (Bezerra 2002). Ainda hoje é utilizada
como matéria-prima para produção de objetos decorativos e utilitários, constituindo uma importante
alternativa econômica para a população local, excluída do mercado formal de trabalho.
Em sua maior parte, o processo de extração nas regiões de Ouro Preto e Mariana se dá em
pequenas pedreiras (garimpos) de maneira bastante rudimentar, utilizando-se somente pás e picaretas.
Também existem ocorrências de minerações que utilizam fios diamantados para corte e teares de cabo
de aço para a extração de blocos de esteatito, destinados principalmente ao mercado externo.
peridomiciliar). Também é considerável o número de oficinas montadas fora da área das casas dos
artesãos, mas que são vizinhas a outras residências (Almeida 2006).
1.3- OBJETIVOS
Os efeitos do material particulado são bastante variados em função de sua natureza química e
de suas dimensões. Vários países têm caracterizado os constituintes atmosféricos como aerossóis, e
relacionado sua concentração com problemas de saúde registrados e as fontes de emissão local
(Queiroz et al. 2007).
2
CAPÍTULO 2
ÁREA DE ESTUDO
A área de estudo localiza-se nos distritos de Santa Rita de Ouro Preto (município de Ouro
Preto) e de Cachoeira do Brumado (município de Mariana) (figura 2.1). As regiões encontram-se na
carta topográfica das folhas Mariana, Ouro Preto e Ouro Branco (IBGE, folhas SF-23-X-B-I-3, SF-
23-X-A-III-4 e SF-23-X-A-IV-2-NO).
Nessa indústria são produzidas, também, panelas, formas para pizza, frigideiras, pedras para
carne, assadeiras, formas para bolo e placas para revestimento (Rodrigues 2007). No entanto o
processo de produção destas peças é realizado a úmido com o auxílio de brocas e fios diamantados,
logo não há geração de material particulado atmosférico, sendo o resíduo gerado uma lama.
Além da indústria citada, o Distrito de Santa Rita conta com diversas oficinas de artesanato,
como relata Almeida (2006) através de uma pesquisa de campo realizada pela Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais (CETEC) em 2005, no âmbito do projeto “Rota Tecnológica pra
Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais APLs de Base Mineral – Case Artesanato de Pedra-
Sabão em Minas Gerais” que tinha por objetivo identificar e caracterizar as Unidades Produtivas de
Artesanato (UPAs) de base mineral nos Distritos de Cachoeira do Campo e de Santa Rita de Ouro
Preto. A pesquisa do CETEC foi realizada em 85 das 103 UPAs incialmente identificadas. Dentre as
85 unidades, 48 se concentram no Distrito de Santa Rita de Ouro Preto, das quais 39 participaram
efetivamente da pesquisa (Rodrigues 2009).
Segundo Almeida (2006), verifica-se que a atividade artesanal ainda é exercida, em sua
maioria, na informalidade, não existindo registro das pessoas que nela trabalham, compromissos
tributários, além de outras obrigações legais que devem ser atendidas pelas atividades registradas. Essa
atividade é passada de pai para filho há várias gerações, praticamente sem sofrer modificação no modo
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
de produção, mantendo-se como uma tradição familiar. Em outros casos, ela se originou devido à falta
de opção de trabalho sendo, ao mesmo tempo, motivado pela facilidade de adquirir a matéria-prima e
com ela trabalhar, aliada ao crescimento do mercado na época em que se iniciaram nessa atividade
(Rodrigues 2009).
Os objetos produzidos nas oficinas do Distrito de Santa Rita de Ouro Preto são de diversos
tipos. Dentre os principais produtos produzidos pelas oficinas do distrito encontram-se os utilitários
domésticos confeccionados artesanalmente, objetos de decoração, esculturas manuais, imagens de
santos e ainda diversos tipos de jogos. Esses produtos atendem a vários mercados situados no próprio
Estado de Minas Gerais e em outros estados brasileiros, além de serem destinados à exportação para
alguns países como Alemanha, Bélgica, Canadá, Estados Unidos, França Itália e Portugal. Em Minas
Gerais, os produtos são comercializados principalmente para lojas e feiras do Município de Ouro
Preto, seguido de Belo Horizonte e, em menor escala, para os municípios de Tiradentes, Congonhas e
São João Del Rei. Já os principais estados compradores são Rio de Janeiro e São Paulo (Almeida
2006; Bezerra 2002).
4
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
5
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
O Complexo Santo Antônio do Pirapetinga foi individualizado do Supergrupo Rio das Velhas
pela sua alta complexidade litológica e estrutural. Este complexo está caracterizado por rochas
metabásicas e metaultrabásicas intimamente associadas a gnaisses e bandas subordinadas de xisto,
formação ferrífera e quartzito (Raposo 1991).
6
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Já das amostras de rochas coletadas entre as utilizadas pelos artesãos de Mata dos Palmitos,
sub-distrito de Santa Rita de Ouro Preto, foram identificadas três tipos: talco xisto, anfibólio-clorita-
talco xisto e anfibólio-clorita talcito, sendo o anfibólio identificado tipo tremolita-actinolita (Bezerrra
2002).
7
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
8
CAPÍTULO 3
MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO: CONCEITOS E
EFEITOS À SAÚDE.
3.1 - CONCEITOS
Os poluentes atmosféricos conhecidos como material particulado não constituem uma espécie
química definida, mas uma mistura de partículas sólidas e líquidas de diferentes tamanhos, formas,
distribuição, composição química e reatividade. Os particulados em suspensão na atmosfera podem ser
originados de fontes naturais ou antropogênicas. Sua composição e tamanho dependem das fontes de
emissão e das reações químicas subseqüentes que ocorrem na atmosfera (Dockery & Pope 1994;
Cançado et al. 2006; Viana et al. 2006).
Há possíveis efeitos sobre o clima, visibilidade, solo e água. Embora diversos estudos tenham
sido realizados nos últimos anos, as relações entre os vários parâmetros do material particulado (PM),
os mecanismos biológicos e seus efeitos adversos à saúde são pouco conhecidos ainda (Hauck et al.
2004).
Poeira é toda partícula sólida de qualquer tamanho, natureza ou origem, formada por trituração
ou outro tipo de ruptura mecânica de um material original sólido, suspensa ou capaz de se manter
suspensa no ar. Essas partículas geralmente têm formas irregulares e são maiores que 0,5 µm. A
inalação é a forma mais comum de entrada das poeiras no organismo. Os efeitos das poeiras inaladas
dependem das espécies químicas que as compõem, da sua concentração no ar, do local de deposição
no sistema respiratório e do tempo de exposição do trabalhador a essas poeiras (Santos 2001).
Baseado em sua origem, o material particulado pode ser dividido em dois grupos: primário e
secundário. As partículas primárias são produzidas através de processos químicos e físicos diretamente
de fontes de poluição, enquanto que as partículas secundárias são formadas na atmosfera como
resultado de reações químicas envolvendo gases preexistentes.
Partículas primárias de material particulado podem ser geradas por emissões naturais, como
erupções vulcânicas e suspensão do solo em áreas de deserto; ou antropogênicas provenientes de
atividades industriais e da queima de combustíveis fósseis. Da mesma forma, as partículas secundárias
podem ser produzidas tanto por emissões antropogênicas de gases, quanto por emissões naturais
provenientes, por exemplo, da água do mar, de vulcões e de processos de decomposição biológica.
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Os riscos ocupacionais que as poeiras podem originar variam desde um simples incômodo
inicial até doenças mais graves como pneumoconiose e câncer. Segundo Santos (2001) os efeitos das
poeiras podem ser fibrogênicos (causados por poeiras capazes de desencadear uma reação que produz
uma fibrose localizada ou difusa do tecido pulmonar, como no caso do quartzo e do asbesto),
cancerígenos, tóxicos sistêmicos, cutâneos (devido ao seu formato, composição química ou capacidade
de adsorver outras substâncias, certas poeiras podem dar origem a dermatites irritativas ou alergias) e
irritantes.
• a distribuição de tamanho de partícula (que governa como a poeira entra no corpo, via inalação, e
onde é depositada no trato respiratório);
• a forma e reatividade das partículas (que governam o destino subseqüente e as respostas biológicas
para a presença das partículas em contato com tecidos vulneráveis).
10
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Na década de 70, a relação entre material particulado e doenças respiratórias foi bem
estabelecida. Em sua revisão, Holland et al. (1979) concluíram que partículas e poluição atmosférica
em altas concentrações colocam em risco a saúde humana. A alta concentração de material particulado
tem sido associada a doenças respiratórias, redução da função pulmonar, ao aumento de ataques de
asmas em crianças, doenças cardiovasculares e mortalidade (Dockery et al.1993; Schwartz 1993;
Dockery & Pope 1994). Entretanto, estudos recentes provam que a relação entre a exposição à poeira e
os efeitos adversos não podem ser determinados somente pela concentração, e que outros parâmetros
como as propriedades químicas (especiação, concentrações de metais, etc.), físicas (número de
partículas, superfície da partícula etc.) e biológicas (habilidade de formar radicais hidroxilas, etc.)
também devem ser levadas em consideração (Viana et al. 2008).
11
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
• inaláveis – partículas menores que 100 µm, capazes de penetrar pelo nariz e pela boca;
• respiráveis – partículas menores que 10 µm, capazes de penetrar na região alveolar (Santos 2001).
Schwartz et al. (1996) demonstraram uma forte relação entre PM2.5 e mortalidade em seis
cidades baseado em estudos de séries temporais e encontraram uma pequena relação com partículas
entre 2.5-10-µm de diâmetro (in Harrison & Yin 2000).
Entidades importantes como o British Medical Research Council (BMRC), a U.S. Atomic
Energy Commission, a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH), a U.S.
Occupational Safety and Health Administration (OSHA), a U.S. Environmental Protection Agency
(EPA), o Comité Europeén de Normalisation (CEN) e a International Standards Organization (ISO)
reconhecem a importância do tamanho das partículas nos riscos ocupacional e ambiental relacionados
com a inalação (Santos 2001).
12
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
De acordo com Dockery & Pope (1994) existem vários estudos que confirmam que a maioria
dos metais pesados são preferencialmente transportados em partículas menores. A presença de
elevadas concentrações de metais pesados na atmosfera pode agravar os impactos sobre o ambiente e
sobre a saúde humana (USEPA 1984; WHO 1987).
Embora a espécie mineral seja importante para determinar a toxicidade de uma amostra, sua
composição química pode sofrer pequenas variações, devido a substituições de alguns elementos na
sua estrutura. Estas variações composicionais podem afetar as propriedades da amostra, inclusive
toxicidade. Conseqüentemente, uma análise composicional deve ser realizada para uma amostra
particular no estudo da toxicidade (George & Guthrie 1997).
13
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
De acordo com área geográfica de origem, os depósitos de talco apresentam uma variedade de
minerais como serpentinas (geralmente antigorita e raramente crisotila), cloritas, quartzo, magnesita,
calcita, anfibólios tremolita e antofilita, olivina, enstantita e dipsida, que diferem na ocorrência e
proporção. O talco puro é composto de partículas lamelares, enquanto a tremolita e outros anfibólios
podem ser fibrosos. Para ser considerado fibroso, a razão entre comprimento e largura deve ser 3 vezes
ou mais (Berner et al. 1981).
Os talcos claros (alta-pureza) provenientes dos Alpes italianos, China e Índia foram formados
a partir de dolomitas e podem conter quartzo. O talco norueguês geralmente contém clorita, magnesita
e tremolita (na forma não fibrosa) e concentrações traço de quartzo. Os depósitos St Lawrence Couty
no estado de Nova York estão associados com tremolita e quantidade significativas de antofilita e
quartzo em algumas amostras. O talco californiano (Death Valley) está associado com a tremolita,
quartzo, serpentina, dolomita e calcita. E, os provenientes de Vermont contem magnesita e dolomita e
não há ocorrência de minerais fibrosos e quartzo, presente em concentrações traço. O talco canadense
encontrado principalmente em um distrito de Ontário, possui origem geológica semelhante ao de St.
Lawrence County, e contem consideráveis quantidades de tremolita e dolomita (Gamble, et al.1979;
Jones et al. 1994).
Três formas distintas de doenças pulmonares causadas pela inalação de talco foram definidas
por Feijin (1986). A talcosilicose, causada pela inalação de talco contendo sílica, que apresenta
sintomas semelhantes à silicose. A talcoasbestose, cujo quadro clínico é semelhante ao da asbestose
(dispinéia, tosse crônica inclusive formação de tumores malignos e calcificações), é causada pela
inalação de talco e fibras de asbesto. E, a talcose causada pela inalação de talco puro, que podem
ocasionar bronquites agudas ou crônicas bem como inflamações intersticiais.
14
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
A talcose pulmonar foi descrita pela primeira vez por Thorel em 1896, 11 anos antes da
primeira descrição da asbestose. A composição do talco inalado é provavelmente um dos fatores
determinantes para o comportamento biológico que resulta nas pneumoconioses (Jones et al. 1994).
1) Lesão nodular ou fibrose de poeira mista pode ocorrer devido à presença de quartzo no talco ou
processo industrial.
2) Fibrose intersticial pulmonar difusa que pode ocorrer devido à associação de tremolita ou antofilita
(na forma fibrosa) com o talco, ou uso de minerais asbestos no mesmo processo em que o talco é
utilizado.
3) Granulomas (corpo estranho)- podem surgir pela inalação de talco puro, mas são raros.
Os três tipos de lesões podem ocorrer isolados ou combinados nos indivíduos, de acordo com
a composição da poeira a que foram expostos (Jones et al. 1994).
Vallyathan & Craighead (1981) encontraram lesões focais e fibroses difusas nos tecidos
pulmonares de sete trabalhadores de minerações de moagem de talco em Vermont. O talco continha
clorita e carbonato, e pequenas quantidades de quartzo e fibras de silicatos.
Achados radiológicos apontam para casos de silicose entre mineradores de talco italianos,
principalmente pequenas opacidades circulares. Foram encontrados opacidades nodulares e de
conglomerados em alguns moedores e ensacadores de talco em Hamata, no Egito (Pettinati et al.; El-
Ghawabi et al. apud Jones et al. 1994).
pulmão e pleura entre os trabalhadores de talco foi quatro vezes maior do que a população controle.
Registrou-se 28 mortes devido à pneumoconioses ou suas complicações. E, 25 mortes devido à
problemas cardíacos. A duração de exposição variou de 15 a 47 anos. Este estudo indicou aumento da
incidência de câncer de pulmão entre os trabalhadores e moedores de talco (Kleinfield et al. 1967).
As formas crônicas costumam ser pouco sintomáticas no inicio da doença, para depois se
tornarem exuberantes em queixas clínicas entre as quais predomina incapacidade respiratória
progressiva. Dispnéia, tosse, cianose, baqueteamento digital e alterações pulmonares são percebidos
na forma avançada, que continua evoluindo após o afastamento da fonte poluidora (Chibante et al.
1990).
16
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Um estudo realizado pela IARC concluiu que não existem evidências adequadas para a
carcinogenicidade do talco em experimentos em animais e em humanos, exceto quando o talco contém
fibras de asbesto (IARC, 1987 apud Jones et al. 1994).
Estudo realizado por Kleinfeld et al. (1967) e Kleinfeld et al. (1974) entre mineradores e
moedores de talco, mostraram o aumento da incidência de mortes devido à pneumoconioses causadas
pelo talco e suas complicações e uma incidência de câncer de pulmão e pleura nestes trabalhadores
quatro vezes maior que o observado na população controle. Estes estudos mostraram que o talco a que
os trabalhadores foram expostos continha outros minerais como serpentina, tremolita, antofilita e
carbonatos.
Wergeland et al. (1990) não encontraram associação entre câncer de pulmão ou mortalidade
devido à doenças respiratórias e exposição ao talco com baixa concentração de quartzo em uma mina e
uma fábrica (moinho) na Noruega.
Em estudo de série histórica realizada por Rubino et al. (1976), foi verificado a alta incidência
de pneumoconioses entre trabalhadores de minas de talco. Os autores ainda concluíram que a
exposição à sílica em minas de talco aumenta a incidência de morte por causas respiratórias. Não foi
detectado aumento de risco para outras causas de morte para os mineiros e nenhuma causa foi
encontrada entre os moedores de talco. Este estudo ainda confirma a hipótese da não
carcinogenicidade do talco puro. E, concorda com a tese de que não existem relatos da ocorrência de
câncer de pulmão, na ausência de agentes carcinogênicos específicos, como por exemplo fibras de
asbesto.
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Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
18
CAPÍTULO 4
METODOLOGIA
Após a confecção destes mapas, foram realizados campos de reconhecimento das áreas de
estudo, por meio dos quais foi possível identificar a ocorrência de áreas mineradas em operação e
diversas em que as atividades extrativas já haviam sido encerradas. Além, da presença de oficinas de
artesanato de pedra-sabão em ambas regiões.
Estudos Bibliográficos
Resultados
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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
4.2- AMOSTRAGEM
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Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
As coletas das partículas totais em suspensão foram realizadas mensalmente (de setembro de
2008 a agosto de 2009) por meio de um amostrador de partículas portátil HANDI-VOL. E, durante o
mês de fevereiro por meio de coletores passivos instalados nos dois pontos de amostragem de Santa
Rita de Ouro Preto, e na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado.
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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Figura 4.5- HANDI-VOL em posição horizontal. Vê-se o porta-filtro, a moldura de aperto, o cilindro contendo
o motoaspirador e o rotâmetro.
Por não ser dotado de nenhuma obstrução anterior ao filtro, ao contrário do HI-VOL que
possui uma entrada em forma de teto em duas águas, o HANDI-VOL consegue coletar todo o tipo de
partículas que chegam próximo do filtro. Ou seja, partículas com diâmetro superior ao diâmetro das
partículas coletadas pelo HI-VOL, que vai de 25 a 50 µm, dependendo da velocidade e direção do
vento.
A calibração do equipamento foi realizada no mesmo local e posição das amostragens,
obedecendo as instruções do fabricante. A figura 4.6 mostra o Calibrador Padrão de Vazão instalado,
com a placa adaptadora, o manômetro (em pé), conectado pela mangueira de látex, e as 5 placas de
resistência (discos perfurados).
• Eficiência de mais de 99,9 % (teste do FDO - Ftalato de Dioctil para partículas de 0,3 µm)
• Baixa higroscopia.
Todos os filtros foram inspecionados visualmente, antes de sua pesagem inicial, sendo
rejeitados aqueles encontrados com defeitos. Os filtros foram equilibrados num ambiente
condicionado (dessecador), por pelo menos 24 horas antes da pesagem.
Para determinar o tempo que o amostrador de partículas permaneceria ligado para a coleta do
particulado, foram realizados testes nos pontos de amostragem selecionados, por meio do qual,
definiu-se que seriam efetuadas duas coletas (de 1 hora) em cada ponto de amostragem. Este tempo foi
determinado, para que não houvesse o entupimento do filtro, já que as coletas foram efetuadas nos
pontos de geração de particulado. Definiu-se também que seria realizada uma coleta por mês em cada
ponto de amostragem, durante o período de 1 ano.
No entanto, ao longo dos meses de coleta verificou-se que nas oficinas, onde a geração de
particulados é maior, o período de coleta deveria ser menor, pois a obstrução do filtro fazia com que a
vazão succionada diminuísse juntamente com a eficiência da coleta. Já na fábrica, que possuía sistema
de controle de Partículas Totais em Suspensão (PTS) o tempo deveria ser maior, para coletar material
suficiente para as análises posteriores. Portanto, o critério utilizado para o tempo de coleta foi a
verificação do rotâmetro do equipamento. Caso a vazão succionada diminuísse consideravelmente, o
equipamento era desligado. Caso contrário, o mesmo permanecia ligado por um período maior de
tempo. Logo, o tempo de coleta variou em função do ponto de amostragem, da fonte geradora, da
direção do vento e das atividades dos trabalhadores.
onde:
A vazão média, Qpm, é a média das vazões calculadas no início e no fim da amostragem. As
vazões Qp, no início e no fim da amostragem, são determinadas a partir da curva de calibração do
HANDI-VOL pela equação de regressão.
24
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
(Eq.4.2)
onde
Pp = 760 mmHg
Tp = 298 K
O coletor passivo de material particulado de deposição atmosférica total foi construído a partir
de garrafas PET de 2L, que funcionam como um funil receptor passivo, estes foram previamente
lavados com ácido nítrico 2,5%. O material particulado coletado na parte inferior conforme mostrado
na figura 4.7(a), foi pesado para a determinação da concentração de partículas atmosféricas ao longo
de 1 mês.
Esses coletores foram instalados no mês de fevereiro nos pontos de coleta: 1 fábrica e 1
oficina em Santa Rita de Ouro Preto (figura 4.7(b) e figura 4.7(c)) e 1 oficina de artesanato em
Cachoeira do Brumado (figura 4.7(d)), a cerca de 1,5m do solo. Esse posicionamento foi selecionado
com o propósito de coletar as partículas que estariam na altura das vias respiratórias dos trabalhadores.
Instalou-se ainda, coletores a uma altura de aproximadamente 3,5m acima do solo (bem próximo ao
25
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
telhado) da fábrica em Santa Rita de Ouro Preto e da oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado,
a fim de coletar as partículas que seriam dispersas para o ambiente.
Esta poeira, denominada poeira de arraste, foi coletada na oficina de artesanato de Santa Rita
de Ouro Preto (SRA) abaixo da serra utilizada para o corte das peças. E, na oficina de artesanato de
Cachoeira do Brumado (CBA), foi realizada a amostragem do material depositado próximo ao torno.
Após a secagem das amostras de poeira de arraste, foi realizado o quarteamento das mesmas
para as análises granulométricas subseqüentes.
4.2.4- Rochas
26
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
para a caracterização petrográfica, visto que o esteatito pode ter variações de ocorrência e/ou
abundância de minerais.
De acordo com os artesãos de Santa Rita de Ouro Preto, as rochas utilizadas na confecção de
peças artesanais originam-se de diversas pedreiras da região. Já as amostras coletadas na indústria de
moagem de pedra sabão são provenientes da região de Santa Rita de Ouro Preto e de distritos de
Mariana como Barro Branco e Cachoeira do Brumado. As rochas utilizadas pelos artesãos para
produção de panelas de pedra são oriundas de diversas pedreiras de Cachoeira do Brumado e
proximidades.
(Eq. 4.3)
(Eq. 4.4)
onde
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Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Pp = 760 mm Hg
Tp = 298 K
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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
As amostras de particulado atmosférico foram analisadas para concentrações de Al, As, Ba,
Be, Bi Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, K, Li, Mg, Mn, Na, Ni, P, Pb, S, Sc, Sr, Th, Ti, V, Y, Zn e Zr por
Espectrofotômetro de Emissão Atômica com Fonte de Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES),
marca SPECTRO / modelo Ciros CCD em operação no LGqA/DEGEO/UFOP.
As massas das amostras variaram significativamente entre os pontos amostrados. Por esta
razão, foram realizados testes de digestão para avaliar se os resultados de uma amostra com massa
reduzida seriam confiáveis. Além disso, por meio dos testes de digestão foi possível determinar a
concentração dos elementos maiores e traços nos filtros utilizados para coleta.
Para isso, foi selecionada uma amostra aleatória de pedra-sabão pulverizada. A mesma foi
pesada sobre os filtros em diferentes quantidades: 0,1g; 0,03g e 0,01g. Um filtro sem a amostra foi
utilizado para a determinação do Branco. As amostras e o Branco (filtro) foram colocados
individualmente no interior de um frasco savilex. Para a digestão da amostra sem o filtro, pesou-se
cerca de 0,100g da amostra no interior de um frasco Savilex, para averiguar a interferência da digestão
do filtro nos resultados.
Para a digestão das “amostras + filtros” e a amostra sem o filtro foram realizadas as seguintes
adições, segundo procedimento modificado de Moutte (2003):
3- Os frascos foram retirados da placa, deixados esfriar e abertos. Com os frascos abertos,
levou-os à secura na chapa aquecedora à cerca de 110°C.
5- Foram adicionados 2 mL de HNO3 10mol/L nos frascos que foram levados à secura na
placa aquecedora à cerca de 110°C;
6- Adicionou-se 2 mL de HNO3 10mol/L nos frascos que foram levados à secura na placa
aquecedora à cerca de 110°C;
7- Adicionou-se 2 mL de HCl 10mol/L, nos frascos que foram levados à secura na placa
aquecedora à cerca de 110°C;
9- Os frascos foram fechados, agitados e deixados por 2 horas sobre a placa aquecedora a
cerca de 100°C. Em seguida os mesmos foram resfriados e pesados.
Após as adições ácidas, notou-se que as amostras e o branco que continham os filtros,
apresentaram um “resíduo” branco ao fundo do frasco, enquanto a amostra sem o filtro foi
completamente solubilizada, o que permite concluir que o resíduo era proveniente do filtro. Notou-se
também que a solubilização do filtro não foi homogênea para todas as amostras que o continham, já
que a quantidade de resíduo no fundo do frasco das amostras e do branco que continham o filtro variou
de uma amostra para outra, o que dificulta uma correta interpretação dos resultados.
As concentrações dos elementos químicos (Al, As, Ba, Be, Bi, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, K, Li,
Mg, Mn, Mo, Na, Ni, P, Pb, S, Sb, Sc, Si, Sr, Th, Ti, V, Y, Zn, Zr) das amostras-teste foram
determinadas pelo Espectrômetro de Emissão Atômica de Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES)
Spectro Cirus CCD, que permitiu as seguintes constatações:
- O filtro apresenta concentrações elevadas de Al, Ba, Ca, Cr, Fe, K, Li, Mg, Na, S, Si, Sr, Ti,
Zn, Zr, V, Y, o que faz com que ocorra uma contaminação desses elementos nas amostras. Produzindo
um resultado errôneo no que diz respeito à concentração destes elementos nas amostras. As
concentrações dos elementos químicos no filtro são mostrada na Tabela 3.1;
Devido a estas constatações optou-se por fazer a digestão das amostras sem o filtro, a fim de
minimizar erros nos resultados devido à contaminação do filtro nas amostras.
Tabela 3.1- Concentrações de elementos (mg/kg). maiores, menores e traços nos filtros utilizados para
coleta
Al 21195 Co 1,074 Mg 1372 Pb < 3,495 Th < 0,874
As 4,05 Cr 16,5 Mn < 0,520 S 322,9 Ti 86,6
Ba * Cu < 0,322 Mo < 1,796 Sb < 6,288 V 3,737
Bi < 4,149 Fe 359 Na 66123 Sc 0,2395 Y 4,422
Ca 11270 K 24872 Ni 1,087 Si 20438 Zn 37014
Cd < 0,273 Li 4,892 P < 2,975 Sr 204,8 Zr 383,1
* As concentrações de Ba foram muito elevadas
Em relação à diferença nas massas das amostras coletadas, optou-se pela padronização das
massas para análise química, a fim de facilitar a interpretação dos resultados. Portanto, adotou-se a
massa de 0,1000g para a realização da digestão total. Nas amostras que não possuíam massa
suficiente, a análise química não foi realizada, pois o fator de diluição seria muito grande e poderia
gerar erros no resultado.
30
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
4- Os frascos foram retirados da placa, deixados esfriar e abertos. Com os frascos abertos,
levou-os à secura na chapa aquecedora à cerca de 110°C.
5- Foram adicionados 2 mL de HNO3 10mol/L nos frascos que foram levados à secura na
placa aquecedora à cerca de 110°C;
6- Adicionou-se 2 mL de HCl 10mol/L nos frascos que foram levados à secura na placa
aquecedora à cerca de 110°C;
7- Adicionou-se 2 mL de HCl 10mol/L, nos frascos que foram levados à secura na placa
aquecedora à cerca de 110°C;
9- Os frascos foram fechados, agitados e deixados por 2 horas sobre a placa aquecedora a
cerca de 100°C. Em seguida os mesmos foram resfriados e pesados.
As concentrações dos elementos químicos (Al, As, Ba, Be, Bi, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe,
K, Li, Mg, Mn, Mo, Na, Ni, P, Pb, S, Sb, Sc, Si, Sr, Th, Ti, V, Y, Zn, Zr) foram determinadas
pelo Espectrômetro de Emissão Atômica de Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES)
Spectro Cirus CCD. O material de referência GBW 07311 foi usado para garantir a qualidade
dos resultados.
31
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
A Digestão com Água Régia foi realizada de acordo com método proposto por Community
Bureau of Reference-BCR (Rauret et al. 2001) modificado. Foram pesados cerca de 1,0000 g de
amostra em béquer de 100 mL. Foi adicionado pequena quantidade de água deionizada. Foram
adicionados 9,3 mL de água régia (7,00 mL de HCl 37% p/p e 2,3 mL de HNO3 65% p/p). Após
agitação, o béquer foi tampado com vidro de relógio e mantido à temperatura ambiente por 16 horas.
O béquer tampado foi colocado na placa aquecedora com temperatura entre 90 ºC e 100 ºC por 2
horas. Após o resfriamento a mistura foi filtrada, utilizando papel de filtro quantitativo, marca Vetec e
9 cm Ø. Fez-se a lavagem do resíduo com água deionizada, recolhendo o filtrado em balão
volumétrico de 50 mL.
32
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Análise Granulométrica
Particulado Poeira de
Atmosférico Arraste
Peneiramento
Coletor
Handi-Vol Fração < 37µm
Passivo
Figura 4.8: Fluxograma do procedimento das análises granulométricas da poeira de arraste e das partículas em
suspensão.
Utilizou-se as peneiras da série Tyler, com aberturas de 1000µm, 840µm, 595µm, 420µm,
297µm, 210µm, 149µm, 105µm, 74µm, 53µm, 44µm e 37µm, da marca Granutest, com 20cm de
diâmetro e 7cm de altura. As amostras foram submetidas a um peneiramento a seco, em um agitador
mecânico durante 20 minutos. As frações obtidas foram pesadas para cálculo do percentual retido em
cada malha.
As frações menores que 37µm da poeira de arraste, juntamente com as amostras de particulado
atmosférico, coletados pelos coletores passivos e portátil (handi-vol) foram submetidas à analise das
partículas finas por meio do Ganulômetro a Laser Cilas 1064, na faixa 0,04 µm - 500 µm. Estas
análises foram realizadas no Laboratório de Propriedades Interfaciais do Departamento de
Engenharia de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto.
33
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
34
CAPÍTULO 5
RESULTADOS
Nos meses em que o processo de explotação da rocha foi acompanhado (setembro e outubro
de 2008) foi possível observar a variação da concentração de partículas em suspensão na atmosfera em
função destas variáveis.
No mês de setembro, a rocha estava sendo serrada, para a instalação do fio diamantado, logo a
geração de poeira foi muito elevada, impedindo o cálculo da concentração de partículas, pois a alta
concentração de partículas na atmosfera faz com que o filtro de coleta fique saturado, diminuindo a
vazão succionada pelo equipamento a ponto de ser menor que vazão da curva de calibração. Logo, não
é possível obter resultados das concentrações.
Já no mês de outubro não houve corte da rocha (esteatito). Na maior parte do dia os blocos
estavam sendo transportados. Além disso, as condições climáticas não favoreciam a dispersão deste
poluente, uma vez que o dia estava chuvoso, e o vento soprava na direção oposta ao local onde o
equipamento estava instalado. Portanto, a geração de poeira e captação da mesma pelo aparelho
coletor foi pequena, comparada com o mês anterior e com os demais pontos de amostragem. A
concentração de partículas em suspensão na atmosfera durante o período de coleta de outubro de 2009
foi calculada e, é apresentada na tabela 5.1.
Tabela 5.1 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do Handi-vol na mineração de
Cachoeira do Brumado.
Ponto-mês/ano Tempo coleta Q média Massa Concentração Observações
3 3
(min) (m /min) Coletada (g) (µg/m )
Legenda: CBM1- Mineração de Cachoeira do Brumado- filtro1. CBM2- Mineração de Cachoeira do Brumado-
filtro2.
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Observou-se que a cor da poeira coletada neste ultimo mês na mineração de Cachoeira do
Brumado apresentou uma coloração marrom, diferente de todas as amostras coletadas, provavelmente
devido à remoção de solo que estava sendo realizada no momento da coleta, além da possível
contribuição das fuligens provenientes da queima de combustível no motor utilizado como gerador de
energia para o processo de perfuração que também ocorria no dia.
Figura 5.1- Tamanho das partículas coletadas na mineração de Cachoeira do Brumado em setembro de 2008.
Cem por cento das partículas analisadas por meio do granulômetro a laser são menores que
100 µm, ou seja, podem ser inaladas. Sendo que 80 % dessas podem ser retidas nas vias aéreas
superiores e cerca de 20% apresentam diâmetro inferior a 10 µm, podendo então atingir as vias aéreas
inferiores, como os bronquíolos e alvéolos.
36
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
2
1
2
37
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Após a digestão total das partículas presentes na atmosfera, foi possível obter a concentração
de metais presentes nesta poeira. O magnésio foi o elemento mais abundante (183.007 mg/kg) na
poeira atmosférica coletada na mineração de Cachoeira do Brumado no mês de setembro de 2008.
Além deste, elementos como ferro, cálcio, alumínio, níquel e cromo apresentaram concentrações que
variaram de 1296 mg/kg a 40650mg/kg. Já o enxofre, manganês, sódio, titânio e potássio apresentaram
concentrações entre 200 mg/kg e 1200 mg/kg (figura 5.3).
Concentração (mg/kg)
1200
35000
30000 1000
25000 800
20000 600
15000
400
10000
5000 200
0 0
set/08 set/08
Cr Ni Al Fe Ca S Ti K Mn Na
Figura 5.3- Elementos maiores presentes nas amostras de poeira de pedra-sabão coletada na mineração de
Cachoeira do Brumado em setembro de 2008.
As concentrações dos elementos fósforo, cobre, bário, zinco, cobalto e vanádio variaram de 36
a 130 mg/kg de material particulado. Enquanto os elementos traço como lítio, zircônio, ítrio, escândio
e estrôncio apresentaram concentrações entre 1,24 e 20 mg/kg na amostra de poeira coletada no mês
de setembro na mineração de esteatito de Cachoeira do Brumado (figura 5.4).
Concentração (mg/kg)
20
100,0
80,0 15
60,0 10
40,0
5
20,0
0,0 0
set/08 set/08
P Cu Ba Zn Co V Zr Li Sc Y Sr
Figura 5.4- Elementos presentes nas amostras de poeira de pedra-sabão coletada na mineração de Cachoeira do
Brumado em setembro de 2008.
38
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
A poeira de arraste é o material depositado sobre o solo, sujeito a suspensão com a ação do
vento. Este material foi caracterizado (figura 5.5) quimicamente por meio de digestões parciais e
totais, foi ainda avaliada sua distribuição granulométrica, característica importante na determinação da
proporção de partículas finas sujeita ao transporte pelo vento e à inalação subsequente.
Artesanato de Cachoeira
do Brumado
Particulado Poeira de
Atmosférico Rocha Arraste
Figura 5.5- Fluxograma dos resultados obtidos das amostras de poeira, rocha e poeira de arraste coletadas na oficina
de artesanato de Cachoeira do Brumado.
Os resultados da caracterização do particulado atmosférico, da poeira de arraste e da rocha
utilizada no processo de confecção das peças são apresentados a seguir.
39
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
O processo de acabamento das peças se dá por meio da lixa manual ou elétrica. Esta é a etapa
do processo de confecção, em que há maior geração de partículas finas (respiráveis). A coleta por
meio do Handi-Vol na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado foi realizada a cerca de 1 metro
de altura, próximo ao local onde as panelas, tampas e fôrmas de pizza são lixadas.
A quantidade de poeira gerada variou de acordo com o processo de acabamento das peças
utilizado no momento da coleta. A lixagem realizada por meio de lixadeiras elétricas gera maior
quantidade de poeira do que a realizada de forma manual.
Não foram observadas grandes variações nas concentrações de poeiras ao longo do ano, em
função das condições climáticas. A condição climática influencia a dispersão deste poluente, mas
como a coleta foi realizada no ponto de geração de poeira (fonte), esta variável não exerceu forte
influência na concentração das partículas coletadas. A coloração da poeira coletada não variou muito,
sendo todas nas tonalidades de cinza, cinza esverdeado, cinza azulado.
A quantidade de poeira gerada e em suspensão foi bastante elevada na maioria dos meses
amostrados (setembro de 2008 a agosto de 2009), o que impossibilitou o cálculo das concentrações de
partículas. A concentração das partículas em suspensão coletadas em março de 2009 é mostrada na
tabela 5.2. Neste dia foi realizada a lixagem manual. O tempo de coleta e a massa coletada nos demais
meses encontram- se em anexo (Anexo I).
Tabela 5.2 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do Handi-vol na oficina de artesanato
de Cachoeira do Brumado.
Ponto-mês/ano Tempo coleta Q média Massa Concentração Observações
3 3
(min) (m /min) Coletada (g) (µg/m )
CBA1-03/09 80 0,02 0,044 23.175,42 Lixagem manual
Legenda: CBA – Artesanato de Cachoeira do Brumado.
Os coletores passivos foram violados neste ponto de amostragem, o que impossibilitou o
cálculo da concentração de partículas bem como, a caracterização da poeira acumulada no período do
mês de fevereiro de 2009.
40
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
As partículas coletadas por meio do handi-vol foram ainda submetidas à análise por meio do
granulômetro a laser, que permitiu avaliar o tamanho das partículas geradas no processo de confecção
de panelas de pedra e fôrmas de pizza em Cachoeira do Brumado. Os resultados das curvas
granulométricas obtidas são apresentados no Anexo IV.
As partículas coletadas em janeiro de 2009 apresentaram diâmetro médio de 19,92 µm. Cerca
de 22% das partículas analisadas pelo granulômetro possuem diâmetro menor que 10 µm, indicando
que estas partículas podem atingir as vias aéreas inferiores (Anexo IV).
A análise das partículas coletadas em fevereiro de 2009 revela que 90% dessas partículas são
menores que 34 µm. Cerca de 30% dessas podem atingir os alvéolos ou bronquíolos. Este percentual
também foi encontrado nas amostras de poeira coletadas em junho de 2009 (figura 5.6).
Figura 5.6- Tamanho das partículas coletadas por meio do handi-vol na oficina de artesanato de Cachoeira do
Brumado em junho de 2009.
Vinte e sete por cento das partículas coletadas em abril, maio e julho de 2009 apresentaram
diâmetro inferior a 10 µm, podendo atingir as vias aéreas inferiores. As partículas coletadas em abril,
maio e julho de 2009 apresentaram diâmetro médio de 21,52µm, 18,6µm e 18,78µm.
As amostras de poeira coletadas nos meses de setembro, outubro e dezembro de 2008 na oficina
de artesanato de Cachoeira do Brumado apresentaram diâmetro médio de 21,92µm, 16,47µm e 18,82µm
respectivamente. E o percentual de partículas respiráveis foi de aproximadamente 20%, 30% e 25%.
41
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Figura 5.7- Imagem de amostra de poeira coletada por meio do handi-vol no artesanato de Cachoeira do
Brumado em setembro de 2008.
42
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Figura 5.8- Difratograma da amostra coletada por meio do handi-vol na oficina de artesanato de Cachoeira do
Brumado.
Não foi possível a identificação do anfibólio presente na amostra de Cachoeira do Brumado,
pois os picos dos anfibólios em questão estavam muito próximos.
Foi realizada a caracterização química das partículas coletadas por meio do amostrador portátil
(Handi-Vol), as quais devido à sua massa reduzida foram submetidas somente à análise de Digestão
Total .
43
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
175000
170000
165000
160000
155000
150000
145000
fev/09
nov/08
ago/09
jul/09
jun/09
mai/09
abr/09
mar/09
jan/09
dez/08
out/08
Mg
Figura 5.9- Concentração de Mg das amostras de poeira coletadas por meio do handi-vol na oficina de
artesanato de Cachoeira do Brumado durante o período de outubro de 2008 a agosto de 2009.
Os elementos ferro (42.000-56.000mg/kg), alumínio (19.100-26.360 mg/kg), cálcio (13.100-
30.650 mg/kg) cromo (1640-2323) e níquel (1330-1723) também apresentaram elevadas
concentrações. Já os elementos potássio, titânio, sódio, manganês e enxofre apresentaram
concentrações que variaram de 50 a 1728 mg/kg (figura 5.10).
50000 1600
1400
40000
1200
30000 1000
800
20000 600
400
10000
200
0 0
fev/09
dez/08
ago/09
jul/09
jun/09
abr/09
jan/09
out/08
mai/09
mar/09
set/08
fev/09
dez/08
ago/09
jul/09
jun/09
abr/09
jan/09
out/08
mai/09
mar/09
set/08
Cr Ni Al Ca Fe S Ti K Mn Na
Figura 5.10- Concentração dos elementos Fe, Al, Ca, Cr, Ni, S, Ti, K, Mn e Na das amostras coletadas por meio
do handi-vol na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado durante o período de outubro de 2008 a agosto
de 2009.
As elevadas diferenças nas concentrações de enxofre, que obtiveram picos nos meses de
dezembro de 2008, janeiro, março e junho de 2009, refletem a variabilidade das rochas utilizadas no
processo de confecção de peças artesanais, que apresentam variações nas proporções de pirita.
O fósforo, cobalto, cobre, bário e zinco apresentaram concentrações entre 18 mg/kg e 283
mg/kg, sendo que o fósforo apresentou menor e maior concentrações dentre estes elementos (figura
5.11). As amostras coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado ainda apresentaram
elementos traço como Sr (14-46 mg/kg), Y ( 2,70-6,91 mg/kg), Sc (8,06-9,64 mg/kg), Li (0,24-4,61
mg/kg) e Zr (1,24-5,52 mg/kg), conforme mostrado na figura 5.8. As concentrações de Sr e Sc foram
as maiores dentre os pontos de amostragem.
44
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Concentração (mg/kg)
40
250
Concentração (mg/kg
35
200 30
25
150 20
15
100
10
50 5
0
fev/09
dez/08
ago/09
jul/09
jun/09
abr/09
jan/09
out/08
mai/09
mar/09
set/08
0
fev/09
dez/08
ago/09
jul/09
jun/09
abr/09
jan/09
out/08
mai/09
mar/09
set/08
Zr Li Sc Y Sr
P Cu Ba Zn Co
Figura 5.11- Concentração dos elementos Zr, Li, Sc, Y e Sr das amostras coletadas por meio do handi-vol na
oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado durante o período de setembro de 2008 a abril de 2009.
Os elementos cádmio, berilo, chumbo e tório apresentaram concentrações menores que o
limite de quantificação. O arsênio apresentou concentração de 12 mg/kg na poeira coletada por meio
do Handi-vol em outubro de 2008.
Distribuição Granulométrica
100%
90%
80%
70%
% Passante
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
10 100 1000
Diâmetro das Partículas (µm)
Figura 5.12- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada ao pé do torno na oficina de artesanato de
Cachoeira do Brumado, obtida pelo uso das peneiras com aberturas entre 1 mm e 63µm.
45
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Após este ensaio preliminar foi realizado dois ensaios com peneiras com abertura entre 1mm e
210 µm, e, 149 µm e 37 µm, para a obtenção de uma curva granulométrica mais detalhada, que é
apresentada abaixo na figura 5.13.
Distribuição Granulométrica
100%
90%
80%
70%
% Passante
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
10 100 1.000
Diâmetro das Partículas (µm)
CBA-PC
Figura 5.13- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada ao pé do torno na oficina de artesanato
de Cachoeira do Brumado, obtida pelo uso das peneiras com aberturas entre 1 mm e 37µm.
Em geral, os ensaios granulométricos resultam em uma distribuição que se aproxima de uma
curva exponencial. No entanto, observou-se que as curvas granulométricas resultantes do primeiro e
segundo peneiramento apresentaram um comportamento linear. Este comportamento pode ser reflexo
da atividade de torneamento das peças, que provavelmente influencia esta distribuição granulométrica,
gerando aproximadamente a mesma proporção de partículas nas diferentes frações.
O d50 do material coletado ao pé do torno foi de aproximadamente 200 µm, ou seja, 50 % das
partículas são menores que 200 µm. Cerca de 15% das partículas são menores que 37 µm, o que nos
leva a concluir que embora exista uma grande proporção de partículas mais grosseiras, também há
ocorrência de partículas finas, susceptíveis à inalação.
As partículas menores que 37 µm foram analisadas por meio do granulômetro a laser, que
possibilitou a caracterização física da fração fina da poeira depositada sobre o solo. Cerca de 15% das
partículas finas apresentaram diâmetro menor que 10 µm (figura 5.14), o que indica a possibilidade
dessas de atingir as vias aéreas inferiores.
46
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Figura 5.14- Tamanho da poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado em julho
de 2009.
A fração mais fina do material coletado ao pé do torno foi submetido a analises químicas
(digestão parcial e total), para sua caracterização. As concentrações dos elementos ferro (37.606 e
60.816 mg/kg), cálcio (21.405 e 25.464 mg/kg), alumínio (12.043 e 25.464 mg/kg), níquel (785 e
1.878 mg/kg), cromo (1.560 e 2.547 mg/kg), enxofre (1.343 e 1.408 mg/kg), manganês (668 e 1.102
mg/kg), titânio (145 e 854 mg/kg), sódio (10,8 e 181 mg/kg) e potássio (27 e 45,2 mg/kg)
determinadas por meio do ICP-OES são apresentados na figura 5.15.
60000
Concentração (mg/kg)
50000 1200
1000
40000
800
30000
600
20000
400
10000 200
0 0
Cr Ni Al Ca Fe S Ti K Mn Na
CBA-PC (DAR) CBA-PC (DT) CBA-PC (DAR) CBA-PC (DT)
Legenda: DAR- Digestão Água Régia; DT- Digestão Total; CBA- Artesanato de Cachoeira do Brumado
Figura 5.15- Concentração dos elementos Fe, Ca, Al, Cr, Ni, S, Mn, Ti, Na e K da amostra de poeira de arraste
coletada na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado.
47
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
As concentrações dos elementos berilo, cádmio, molibdênio, chumbo, antimônio e tório foram
menores que os limites de detecção em ambas análises (Digestão com Água Régia e Digestão Total).
Já o arsênio e o zircônio apresentaram concentrações de 9,69 mg/kg e 1,03 mg/kg respectivamente,
somente na digestão total, indicando que estes elementos encontram-se associados aos silicatos
presentes na amostra de poeira coletada do solo.
Os elementos cobalto (45,1 e 97,1 mg/kg), fósforo (75,2 e 82,3 mg/kg), cobre (49 e 56,7
mg/kg), zinco (36,3 e 84 mg/kg), vanádio (58,6 e 85,1 mg/kg), bário (2,97 e 5,27 mg/kg), estrôncio
(29,4 e 32,3 mg/kg), escândio (4,05 e 8,68 mg/kg), ítrio (2,71 e 3,28 mg/kg) e lítio (0,38 e 0,89 mg/kg)
tem suas concentrações apresentadas na figura 5.16.
100
70
80 60
50
60
40
40 30
20
20 10
0 0
P Cu Ba Zn Co Li Sc Sr Y V
Figura 5.16- Concentração dos elementos Co, P, Zn, Cu, Ba, V, Sr, Sc, Y e Li da amostra de poeira de arraste
coletada na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado.
Os elementos Al, Fe, Ti, Mn, Zn, Co e V apresentaram uma grande diferença nas
concentrações entre as digestões parciais e totais, indicando que estes elementos estão presentes em
proporções consideráveis nos silicatos das amostras de poeira de arraste de Cachoeira do Brumado.
48
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Lâmina CBA-R1
49
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Estas coletas foram realizadas com o intuito de caracterizar a rocha utilizada na confecção
desses objetos artesanais; a poeira de arraste que pode ser suspensa por meio da ação do vento e, o
particulado atmosférico. O estudo detalhado das características destes materiais, tais como a
composição química, mineralógica, tamanho e forma das partículas e distribuição granulométrica, é
importante para avaliar os possíveis impactos à saúde dos artesãos.
A figura 5.20 mostra o fluxograma dos resultados obtidos das amostras de particulado
atmosférico, rocha e poeira de arraste coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.
Artesanato de Santa
Rita de Ouro Preto
Particulado Poeira de
Atmosférico Rocha Arraste
Figura 5.20- Fluxograma dos resultados obtidos das amostras de poeira, rocha e poeira de arraste coletadas na
oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.
Os resultados da caracterização do particulado atmosférico, da poeira de arraste e da rocha
utilizada no processo de confecção das peças são apresentados a seguir.
50
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
A rocha utilizada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto para a confecção de
objetos decorativos possui baixa dureza (menor do que a utilizada na produção de panelas de pedra em
Cachoeira do Brumado). A oficina monitorada, assim como outras na região, produz diversas peças
que vão de tabuleiros de jogos à porta jóias, vasos, abajur, etc. Algumas peças são confeccionadas no
torno outras, porém, necessitam da utilização de uma serra que corta a rocha no tamanho e formato
desejado.
A coleta neste ponto de amostragem foi realizada por meio do amostrador de médio volume
(Handi-Vol) instalado a cerca de 1 metro de altura, próximo à serra elétrica, que é o local de maior
geração de material particulado. A quantidade de poeira gerada foi muito elevada em todos os meses
de coleta. E, não foi possível avaliar a variação da quantidade em função da umidade na atmosfera. A
coloração da poeira coletada neste local variou de cinza, creme e creme avermelhado.
Em Santa Rita de Ouro Preto, a concentração bem como a quantidade de poeira coletada ao
longo do período chuvoso por meio do coletor passivo é apresentada na tabela 5.3. Esta foi menor do
que a coletada na fábrica no mesmo período. Fato que pode ser explicado pela possível umidade do ar
neste período, já que a oficina é aberta e a fábrica é fechada. Além disso, o número de dias trabalhados
na fábrica foi maior que na oficina, gerando assim mais particulados.
Tabela 5.3 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do coletor passivo na oficina
de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.
As partículas coletadas em janeiro de 2009 apresentaram diâmetro médio de 19,55 µm. Cerca
de 25% das partículas analisadas pelo granulômetro possuem diâmetro menor que 10 µm, indicando
que estas partículas podem atingir as vias aéreas inferiores.
51
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Os diâmetros médio de 17,21µm, 18,01µm e 15,61µm foram encontrados nas amostras de poeira
coletadas nos meses de fevereiro, março e abril de 2009, que apresentaram cerca de 30% das partículas
menores que 10µm, denominadas PM-10 ou partículas inaláveis. Esses percentuais também foram
encontrados nas amostras de dezembro de 2008, que apresentou diâmetro médio de 17,49µm.
As partículas coletadas por meio do coletor passivo, também foram submetidas à análise por meio
do granulômetro a laser, que permitiu avaliar o tamanho da poeira acumulada ao longo do mês de
fevereiro de 2009. O diâmetro médio dessas partículas foi de 22,92µm. E, cerca de 21% das partículas são
menores que 10 µm, o que indica a possibilidade dessas em atingir as vias aéreas inferiores.
As imagens das amostras de poeira coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro
Preto no mês de outubro de 2008 (figura 5.21), revela a predominância de partículas tabulares com
contorno hexagonal, identificados como minerais de talco.
Figura 5.21- Imagem de amostra de poeira coletada por meio do handi-vol no artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em outubro de 2008.
52
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Figura 5.22- Difratograma da amostra coletada por meio do handi-vol na oficina de artesanato de Santa Rita de
Ouro Preto
Foi realizada a caracterização química das partículas coletadas por meio do amostrador portátil
(Handi-Vol), as quais devido à sua massa reduzida foram submetidas à Digestão Total . As partículas
coletadas por meio do coletor passivo, instalado no local na oficina durante o período de 1 mês, foram
analisadas por meio da Digestão Parcial (água régia) e da Digestão Total.
O magnésio, assim como nos demais pontos, foi o elemento que apresentou maiores
concentrações nas amostras do artesanato de Santa Rita de Ouro Preto, variando de 168.896 mg/kg a
179.891 mg/kg (figura 5.23).
53
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
178000
176000
174000
172000
170000
168000
166000
164000
162000
fev/09
nov/08
jul/09
jun/09
mai/09
abr/09
mar/09
jan/09
dez/08
out/08
set/08
Mg
Figura 5.23- Concentrações de Mg nas amostras de particulado atmosférico coletadas por meio do handi-vol em
uma oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.
A figura 5.24 mostra as concentrações dos elementos Fe (19.500-35.667 mg/kg), Al (5.000-
15.446 mg/kg), Ni (1.972-2.291 mg/kg), Cr (960-1695 mg/kg), Ca (177-1146 mg/kg), Na (206-615
mg/kg), Mn(112-389 mg/kg), Ti (103-374 mg/kg), K (30-264 mg/kg) e S (23-125 mg/kg).
40000
600
Concentração (mg/kg)
Concentração (mg/kg)
35000
500
30000
25000 400
20000 300
15000
200
10000
5000 100
0 0
fev/09
dez/08
jul/09
jun/09
abr/09
jan/09
out/08
mai/09
mar/09
set/08
mai/09
mar/09
jul/09
jun/09
abr/09
jan/09
dez/08
out/08
set/08
fev/09
Cr Ni Al Ca Fe S Ti K Mn Na
Figura 5.24- Concentrações de Fe, Al, Cr, Ni, Ca, Na, Mn, K, Ti e S nas amostras de particulado atmosférico
coletadas por meio do handi-vol em uma oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.
O cobre, bário e zinco apresentaram concentrações que variaram entre 8,61 e 51,9; 1,21 e
12,9; 67,7 e 166, respectivamente (figura 5.25). As concentrações dos elementos traço Y (1,98- 23,4
mg/Kg), Li (1,07-3,30 mg/Kg), Sc (1,4-5,27 mg/Kg), Sr (1,25-5,42 mg/Kg) e Zr (1-3,44 mg/Kg) são
mostrados na figura 5.25.
54
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Concentração (mg/kg)
140 20
120
15
100
80
10
60
40 5
20
0 0
fev/09
dez/08
fev/09
dez/08
jul/09
jun/09
abr/09
jan/09
out/08
jul/09
jun/09
abr/09
jan/09
out/08
mai/09
mar/09
set/08
mai/09
mar/09
set/08
P Cu Ba Zn Co Zr Li Sc Y Sr
Figura 5.25- Concentrações de Zr, Li, Sc, Y e Sr nas amostras de particulado atmosférico coletadas por meio do
handi-vol em uma oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.
As partículas coletadas por meio do coletor passivo foram submetidas à digestão total e parcial
(água-régia). Os resultados dessas análises químicas para os elementos ferro (23.056 e 5.281mg/kg),
alumínio (6.675 3.589mg/kg), níquel (2.145 e 165mg/kg), cromo (1.159 e 685mg/kg), cálcio (780 e
255mg/kg), manganês (157 e 37,4mg/kg), potássio (55,4 e 33,2mg/kg), enxofre (82 e 44,6mg/kg) e
titânio(149,4 e 13,68mg/kg) são mostrados na figura 5.26.
Concentração (mg/kg)
25000 200
20000
150
15000
100
10000
5000 50
0 0
Cr Ni Al Ca Fe S Ti K Mn
Legenda: DT- Digestão Total; DAR- Digestão Água Régia; SRA-P- Santa Rita-artesanato.
Figura 5.26- Concentrações de Fe, Al, Ca, Cr, Ni, Mn, K, S e Ti das amostras de material particulado coletadas
por meio do coletor passivo em uma oficina de artesanato que utiliza pedra-sabão como matéria prima.
As concentrações obtidas pelas digestões parciais e totais dos elementos ítrio (6,76 e
6,08mg/kg) zircônio (5,42 e 2,21mg/kg), escândio (2,44 e 1,54mg/kg), lítio (1,33 e 0,57mg/kg), e
estrôncio (3,08 e 0,32mg/kg) são apresentadas na figura 5.27.
55
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Concentração (mg/kg)
8
6
4
2
0
Zr Li Sc Y Sr
Legenda: DT- Digestão Total; DAR- Digestão Água Régia; SRA-P- Santa Rita-artesanato.
Figura 5.27- Concentrações de Y, Zr, Sc, Li, e Sr das amostras de material particulado coletadas por meio do
coletor passivo em uma oficina de artesanato em Santa Rita de Ouro Preto.
A poeira de arraste foi coletada ao pé da serra utilizada para cortes de algumas peças. Este
material foi caracterizado fisicamente por meio de ensaios que permitiram traçar sua distribuição
granulométrica, e assim verificar a proporção da fração fina susceptível à suspensão e transporte pelo
vento, podendo expor os trabalhadores, bem como a população do entorno a seus efeitos adversos.
Este material foi ainda caracterizado quimicamente por meio de digestões parciais e totais, que
permitiram conhecer as concentrações de diversos metais nesta poeira.
56
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Distribuição Granulométrica
100%
90%
80%
70%
% Passante
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
10 100 1000
Figura 5.28- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada ao pé da serra na oficina de artesanato
de Santa Rita de Ouro Preto, obtida pelo uso das peneiras com aberturas entre 1 mm e 63µm.
Após este ensaio preliminar, foi possível constatar que aproximadamente 99% das partículas
eram menores que 125 µm. Portanto, foi realizado outro ensaio com peneiras com abertura entre 149
µm e 37 µm, para a obtenção de uma curva granulométrica mais detalhada, que é apresentada abaixo
na figura 5.29.
Distribuição Granulométrica
100%
90%
80%
70%
% Passante
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
10 100 1.000
Diâmetro das Partículas (µm)
SRA-PC
Figura 5.29- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada ao pé da serra na oficina de artesanato
de Santa Rita de Ouro Preto, obtida pelo uso das peneiras com aberturas entre 149µm e 37 µm.
A curva granulométrica nos permite verificar que 75% das partículas estão abaixo de 53 µm, e
cerca de 15% são menores ou iguais a 37µm.
57
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Uma parcela dessas partículas menores que 37 µm foram submetidas às analises por meio do
granulômetro a laser, para avaliação da proporção de partículas finas e respiráveis. Conforme pode-se
notar pela figura 5.30, o diâmetro médio das partículas foi de 21,21µm, e 22% das partículas são
menores que 10µm.
Figura 5.30- Tamanho das partículas na poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro
Preto em julho de 2009.
A poeira de arraste coletada ao pé da serra foi submetida a analises químicas (digestão parcial
e total) para sua caracterização. As concentrações dos elementos ferro (12.121 e 35.928 mg/kg),
alumínio (12.043 e 25.052 mg/kg), níquel (247 e 2.007 mg/kg), cromo (1.102 e 1.409 mg/kg), cálcio
(295 e 621 mg/kg), titânio (57,1 e 299 mg/kg), manganês (135 e 306 mg/kg), sódio (<1,95 e 169
mg/kg) e potássio (25,6 e 40,3 mg/kg) determinadas por meio do ICP-OES são apresentados na figura
5.31.
300
Concentração (mg/kg)
30000
250
25000
200
20000
150
15000
10000 100
5000 50
0 0
Cr Ni Al Ca Fe Ti K Mn Na
SRA-PC (DAR) SRA PC DT SRA-PC (DAR) SRA PC DT
Legenda: DT- Digestão Total; DAR- Digestão Água Régia; SRA-P- Santa Rita-artesanato.
Figura 5.31- Concentração dos elementos Cr, Ni, Al, Ca, Fe, Ti, K, Mn e Na da amostra de poeira de arraste
coletada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.
58
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
As concentrações dos elementos cádmio, chumbo, antimônio, tório e zircônio foram menores
que os limites de detecção em ambas as análises (Digestão com Água Régia e Digestão Total).
Os elementos cobalto (14 e 67 mg/kg), zinco (31,2 e 74,6 mg/kg), cobre (16,4 e 18,3), bário
(4,38 e 5,61 mg/kg), vanádio (23,1 e 28,1 mg/kg), ítrio (6,79 e 7,45 mg/kg), escândio (2,65 e 3,47
mg/kg), lítio (1,71 e 2,48 mg/kg) e estrôncio (0,75 e 1,51 mg/kg) tem suas concentrações apresentadas
na figura 5.32.
Concentração (mg/kg)
25,00
60,0
20,00
50,0
40,0 15,00
30,0
10,00
20,0
5,00
10,0
0,0 0,00
Cu Ba Zn Co Li Sc Sr Y V
SRA-PC (DAR) SRA PC DT SRA-PC (DAR) SRA PC DT
Legenda: DT- Digestão Total; DAR- Digestão Água Régia; SRA-P- Santa Rita-artesanato.
Figura 5.32- Concentração dos elementos Cu, Ba, Zn, Co, Li, Sc, Sr, Y e V da amostra de poeira de arraste
coletada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.
Os elementos Fe, Ti, Na, Mn, Zn, Co e V apresentaram concentrações muito maiores na
digestão total, indicando que estes elementos encontram-se associados aos silicatos presentes na
amostra de poeira coletada do solo.
A descrição petrográfica das lâminas das rochas utilizadas na confecção de peças artesanais
em Santa Rita de Ouro Preto revelou a presença de minerais de talco e clorita em todas as amostras
analisadas.
A descrição das lâminas das rochas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro
Preto e suas microfotografias (figura 5.33, figura 5.34, figura 5.35 e figura 5.36) são apresentadas a
seguir:
59
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Lâmina SRA-R1
3- Rutilo [TiO2]
Lâmina SRA-R2
Lâmina SRA-R3
60
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Lâmina SRA-R4
A poeira coletada por meio do amostrador portátil (handi-vol) e do coletor passivo foi
caracterizada quimicamente, com a finalidade de conhecer os elementos presentes, e os possíveis
impactos que os mesmo podem ocasionar à saúde do trabalhador. A caracterização física, como
tamanho e forma dessas partículas foi realizada por meio do MEV-EDS.
A figura 5.37 apresenta o fluxograma dos resultados obtidos para as amostras coletadas na
indústria em Santa Rita de Ouro Preto.
61
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Indústria de Santa
Rita de Ouro Preto
Particulado
Atmosférico Rocha
Coletor Petrografia
Handi-Vol
Passivo
Figura 5.37- Fluxograma dos resultados obtidos das amostras de poeira coletadas na Indústria em Santa Rita de
Ouro Preto.
A caracterização da rocha utilizada no processo de moagem foi realizada com intuito de
auxiliar na interpretação dos demais resultados (caracterização química e física das partículas
amostradas), avaliando os minerais presentes, os quais podem potencializar os efeitos adversos da
poeira gerada à saúde dos trabalhadores.
Tabela 5.4 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do Handi-vol na indústria em Santa
Rita de Ouro Preto.
Ponto-mês/ano Tempo coleta Q média Massa Concentração Observações
3 3
(min) (m /min) Coletada (g) (µg/m )
SRF1-03/09 120 0,03 0,1014 31.662,69 -
SRF2-03/09 162 0,03 0,0732 17.416,05 Período do almoço (60 min)
SRF1-05/09 119 0,03 0,061 14.725,98 -
SRF2-05/09 120 0,03 0,0234 5.764,35 Período do almoço (60 min)
Legenda: SRF- Fábrica em Santa Rita de Ouro Preto.
As concentrações de partículas em suspensão coletadas por meio do coletor passivo na
indústria no distrito de Santa Rita de Ouro Preto são apresentadas na tabela 5.5.
62
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Tabela 5.5 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do coletor passivo na indústria de
beneficiamento de pedra-sabão em Santa Rita de Ouro Preto.
N° dias Massa de Poeira Concentração
Coletada (g)
SRF-1,5P 28 22,3890 9,23 mg/ cm2.dia
SRF-3,5P 28 1,0937 0,45 mg/ cm2.dia
As partículas coletadas por meio do handi-vol foram ainda submetidas à análise por meio do
granulômetro a laser, que permitiu avaliar o tamanho das partículas em suspensão geradas no processo
de moagem de esteatito. Os resultados dos histogramas gerados e suas respectivas curvas
granulométricas encontram-se apresentados no Anexo IV.
As partículas coletadas por meio do coletor passivo na indústria a cerca de 1,5m do solo tem
seu histograma e sua distribuição granulométrica apresentada na figura 5.38. E, apresentaram diâmetro
médio de 24,47µm, com aproximadamente 22% de partículas inaláveis.
Figura 5.38- Tamanho das partículas coletadas na indústria de Santa Rita de Ouro Preto em fevereiro de 2009 por
meio do coletor passivo instalado a 1,5m do solo.
63
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
As imagens obtidas por meio da microscopia eletrônica de varredura (figura 5.39) evidenciam
o tamanho e forma das partículas coletadas no mês de janeiro de 2009 na indústria de beneficiamento
de pedra-sabão situada no distrito de Santa Rita de Ouro Preto. Observa-se a presença predominante
de partículas tabulares.
Figura 5.39: Imagem de amostra de poeira coletada na fábrica de Santa Rita de Ouro Preto em janeiro de 2009.
Foi realizada a caracterização química das partículas coletadas por meio do amostrador portátil
(Handi-Vol), as quais devido à sua massa reduzida foram submetidas à Digestão Total. As partículas
coletadas por meio do coletor passivo, instalado no local de coleta durante o período de 1 mês, foram
analisadas por meio da Digestão Parcial (água régia) e da Digestão Total.
64
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
1400
Concentração (mg/kg)
Concentração (mg/kg)
50000
1200
40000
1000
30000 800
600
20000
400
10000
200
0 0
fev/09
ago/09
jul/09
jun/09
abr/09
jan/09
out/08
fev/09
mai/09
mar/09
ago/09
jul/09
jun/09
abr/09
jan/09
out/08
mai/09
mar/09
Cr Ni Al Fe Ca S Ti K Mn Na
Figura 5.40- Concentrações de Fe, Ca, Al, Cr, Ni, S, Mn, Na, Ti e K nas amostras de particulado atmosférico
coletadas na indústria de beneficiamento de esteatito de Santa Rita de Ouro Preto.
As concentrações dos elementos bário (100 – 388 mg/Kg), zinco (126 – 337 mg/Kg), cobalto
(64,4 – 77,8 mg/Kg), cobre (32,6 – 68,7 mg/Kg), fósforo (34,2 – 98,6 mg/Kg), estrôncio (21,2 –
39,7mg/Kg), zircônio (até 11,9 mg/Kg), escândio (4,21 – 7,8 mg/Kg), ítrio (2,64 – 4,52 mg/Kg) e lítio
(1,89 – 3,39 mg/Kg) são mostradas na figura 5.41.
350 35
Concentração (mg/kg)
Concentração (mg/kg)
300 30
250 25
200 20
150 15
100 10
50 5
0 0
fev/09
ago/09
jul/09
jun/09
abr/09
jan/09
out/08
mai/09
mar/09
fev/09
ago/09
jul/09
jun/09
abr/09
jan/09
out/08
mai/09
mar/09
P Cu Ba Zn Co Zr Li Sc Y Sr
Figura 5.41- Concentrações de Ba, Zn, Co, Cu, P, Sr, Zr, Sc, Y e Li nas amostras de particulado atmosférico
coletadas na indústria de beneficiamento de esteatito de Santa Rita de Ouro Preto.
As partículas coletadas por meio do coletor passivo foram submetidas à digestão total e parcial
(água-régia). Os resultados das analises químicas são mostrados nas figuras 5.42 e 5.43.
65
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
1200
Concentração (mg/kg)
50000
1050
40000
900
30000 750
600
20000
450
10000 300
150
0
0
Cr Ni Al Ca Fe
S Ti K Mn Na
DAR SRF-1,5P DAR SRF-3P DAR SRF-1,5P DAR SRF-3P
DT SRF-1,5P DT SRF-3P DT SRF-1,5P DT SRF-3P
Legenda: DT- Digestão Total; DAR- Digestão Água Régia; SRF-1,5P- Santa Rita-fábrica- 1,5m do solo; SRF-
3,5P- Santa Rita-fábrica- 3,5m do solo.
Figura 5.42- Concentrações de Al, Ca, Fe e Mg das amostras de material particulado coletadas em uma indústria
de beneficiamento de esteatito
80 20
Concentração (mg/kg)
Concentração (mg/kg)
60 15
40 10
20 5
0 0
P Cu Zn Co Zr Li Sc Y Sr Ba
DAR SRF-1,5P DAR SRF-3P DAR SRF-1,5P DAR SRF-3P
DT SRF-1,5P DT SRF-3P DT SRF-1,5P DT SRF-3P
Figura 5.43- Concentrações de P, Cu, Zn, Co, Zr, Li, Sc, Y, Sr e Ba das amostras de material particulado
coletadas em uma indústria de beneficiamento de esteatito
66
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Lâmina SRF-R1
3- Opacos 1 3
Lâmina SRF-R2
3
1- Talco [Mg3Si4O10 (OH2)]
2- Carbonatos
3- Opacos 2
3
1 2
Lâmina SRF-R3
3- Carbonatos
4- Opacos
1
67
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Lâmina SRF-R4
68
CAPÍTULO 6
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A coleta de material particulado foi realizada próximo à fonte de geração de poeira (serras,
tornos, lixas), isto possibilitou a análise da qualidade da atmosfera ambiente nos momentos mais
críticos de exposição dos trabalhadores durante o processo de confecção de peças artesanais nas
oficinas e moagem do esteatito na fábrica em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado
(distrito de Mariana).
Tabela 6.1 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do Handi-vol na mineração e na
oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado, e, na indústria em Santa Rita de Ouro Preto.
Ponto-mês/ano Tempo coleta Q média Massa Concentração Observações
(min) (m3/min) Coletada (g) (µg/m3)
Direção oposta ao equipamento;
CBM1-10/08 60 0,09 0,0425 8.107,65 Movimentação de blocos
CBM2-10/08 60 0,09 0,0149 2.842,45 Período do almoço
CBA1-03/09 80 0,02 0,044 23.175,42 Lixagem manual
SRF1-03/09 120 0,03 0,101 31.662,69
SRF2-03/09 162 0,03 0,073 17.416,05
SRF2-04/09 95 0,04 0,036 9.354,82
SRF1-05/09 119 0,03 0,061 14.725,98 -
SRF2-05/09 120 0,03 0,023 5.764,35 Período do almoço (60 min)
SRF1-06/09 107 0,03 0,157 47.088,40
SRF2-06/09 117 0,03 0,092 25.546,20 Período de almoço
Legenda: CBM1- Cachoeira do Brumado Mineração (filtro1); CBM2- Cachoeira do Brumado Mineração
(filtro2); CBA1- Cachoeira do Brumado Artesanato (filtro1); SRF1- Fábrica Santa Rita (filtro1); SRF2-
Fábrica Santa Rita (filtro2).
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO 2005), a concentração de PM-10, não deve
ultrapassar a 50µg/m3 (média de 24 horas) e 20µg/m3 (média anual). Em média 20% das partículas,
coletadas e analisadas pelo granulômetro a laser, apresentaram diâmetro menor que 10µm. Portanto, se
considerarmos 20% da concentração do PTS, como sendo de PM-10 (partículas menores que 10 µm),
elas chegam a ultrapassar em até 11 vezes o padrão estabelecido pela WHO.
O mineral encontrado em maior abundância nas amostras de poeira coletadas nas oficinas de
artesanato, na indústria e na mineração de Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado foi o
talco. Sendo encontrados também minerais de clorita em todos os pontos de amostragem.
A descrição das rochas utilizadas nos processos de confecção de peças artesanais revela a
presença de opacos ricos em ferro em praticamente todas as amostras. E, presença de clinoanfibólio
em amostra de rocha utilizada na oficina de Santa Rita de Ouro Preto. Foram encontrados ainda,
carbonatos somente nas amostras de rocha utilizadas na oficina de Cachoeira do Brumado e na
indústria em Santa Rita de Ouro Preto. Estas rochas apresentam coloração (cinza) semelhante e maior
dureza do que as rochas utilizadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.
70
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Em média 25% das partículas coletadas pelo handi-vol na oficina de artesanato de Cachoeira
do Brumado apresentaram diâmetro inferior a 10µm, conforme pode-se visualizar na figura 6.1. Os
valores médios das partículas menores que 10µm em suspensão na oficina de artesanato e na indústria
de Santa Rita de Ouro Preto foram de 24,9% e 25%, respectivamente (figura 6.1). Na mineração em
Cachoeira do Brumado a média foi de 20%.
36
34
% de Partículas menores que 10µm
32
30
28
26
24
22
20
Figura 6.1: Boxplot da distribuição granulométrica das partículas em suspensão coletadas na oficina de
artesanato e indústria de Santa Rita de Ouro Preto; e, na oficina de artesanato e mineração de Cachoeira do
Brumado.
Os percentuais de partículas menores que 10µm coletadas por meio do coletor passivo durante
o mês de fevereiro foram de 21,39% e 22,91% na oficina de artesanato e na indústria de Santa Rita de
Ouro Preto, respectivamente.
Os menores percentuais de partículas finas nas amostras coletadas passivamente podem ser
explicados por fatores ambientais como o vento, que pode transportar as partículas finas, impedindo
sua deposição no coletor.
Concentração de Mg (m g/kg)
0 50000 100000 150000
DAR SRF-1,5P
DT SRF-1,5P
DAR SRF-3P
DT SRF-3P
DAR SRA-P
DT SRA-P
Legenda- DAR- Digestão Água Régia; DT- Digestão Total; SRF- Fabrica Santa Rita; SRA- Artesanato Santa
Rita; 1,5P- 1,5m do solo; 3P- 3m do solo.
Figura 6.2- Concentração de magnésio na poeira coletada, acumulada no mês de fevereiro, por meio do coletor
passivo na oficina de artesanato e na indústria destinada à moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto.
As altas concentrações de magnésio (figura 6.2) devem-se à composição da rocha constituída
principalmente por talco (silicato de magnésio hidratado). As concentrações dos elementos ferro,
alumínio foram maiores nas amostras coletadas na indústria de moagem do esteatito, do que na oficina
de artesanato de Santa Rita conforme apresentado nas figuras 6.3 e 6.4.
Legenda- DAR- Digestão Água Régia; DT- Digestão Total; SRF- Fabrica Santa Rita; SRA- Artesanato Santa
Rita; 1,5P- 1,5m do solo; 3P- 3m do solo.
Figura 6.3- Concentração de ferro e alumínio na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina de
artesanato e na indústria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto no mês de fevereiro.
As rochas utilizadas no processo de moagem, analisadas petrograficamente no microscópio
binocular apresentaram opacos ricos em ferro em todas as lâminas descritas, enquanto as rochas
utilizadas na produção de peças artesanais só foram encontrados esses minerais em uma lâmina
descrita, o que possivelmente explica as maiores concentrações desses elementos na poeira da
indústria.
Concentração de Ca (mg/kg)
0 5000 10000 15000 20000 25000
DAR SRF-1,5P
DT SRF-1,5P
DAR SRF-3P
DT SRF-3P
DAR SRA-P
DT SRA-P
Figura 6.4- Concentração de calcio na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina de artesanato e na
industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto no mês de fevereiro.
72
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
A Fundação Nacional de Saúde (FUNASA 2002) adota como padrões dos poluentes
atmosféricos inorgânicos não carcinogênicos e carcinogênicos:
-4
cromo: unidade de risco de 9.6 x 10 µg por metro cúbico de ar; e
-2
níquel: unidade de risco de 4 x 10 µg por metro cúbico de ar.
A coleta realizada passivamente não permite conhecer o volume de ar amostrado, pois esta
amostragem se dá pela deposição das partículas em suspensão. Portanto a comparação se torna
inviável, já que os padrões estabelecidos pela FUNASA são por metro cúbico de ar.
As figuras 6.5 e 6.6 mostram a variação das concentrações de cromo e níquel na poeira
coletadas por meio dos coletores passivos.
Concentração de Cr (m g/kg)
0 500 1000 1500 2000 2500
DAR SRF-1,5P
DT SRF-1,5P
DAR SRF-3P
DT SRF-3P
DAR SRA-P
DT SRA-P
Legenda- DAR- Digestão Água Régia; DT- Digestão Total; SRF- Fabrica Santa Rita; SRA- Artesanato Santa
Rita; 1,5P- 1,5m do solo; 3P- 3m do solo.
Figura 6.5- Concentração de cromo na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina de artesanato e na
industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto.
As concentrações de cromo foram maiores nas amostras de poeira coletadas na indústria do
que na oficina de artesanato de Santa Rira de Ouro Preto (figura 6.5).
73
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Concentração de Ni (mg/kg)
0 400 800 1200 1600 2000
DAR SRF-1,5P
DT SRF-1,5P
DAR SRF-3P
DT SRF-3P
DAR SRA-P
DT SRA-P
Legenda- DAR- Digestão Água Régia; DT- Digestão Total; SRF- Fabrica Santa Rita; SRA- Artesanato Santa
Rita; 1,5P- 1,5m do solo; 3P- 3m do solo.
Figura 6.6- Concentração de níquel na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina de artesanato e na
industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto.
As concentrações deste elemento apresentaram grandes diferenças entre digestão parcial e
total, principalmente nas amostras de poeira coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita (SRA-P).
Estas diferenças podem ser explicadas pelo fato do Ni encontrar-se em maior concentração nos
silicatos.
As concentrações dos elementos enxofre, cobalto, titânio potássio, vanádio, estrôncio, zinco
escândio e lítio foram maiores nas amostras coletadas a 3,5 e 1,5 metros de altura do solo na indústria
do que na amostra coletada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto (Tabela 6.2).
Tabela 6.2 – Concentração dos elementos S, Co, Ti, K, V, Sr, Zn, Sc e Li das amostras de poeira coletadas por
meio do coletor passivo na oficina de artesanato e na indústria em Santa Rita de Ouro Preto.
S Co Ti K V Sr Zn Sc Li
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
DAR
SRF-1,5P 643 32,5 50,1 40,4 26,69 13,94 79,3 2,529 1,66
DT
SRF-1,5P 691 75,2 498,8 111,4 44,49 19,95 67 5,32 2,939
DAR
SRF-3P 1318 44,4 81,2 102,4 47,19 17,75 93,9 3,566 1,59
DT
SRF-3P 1431 82,1 756 156 73,7 24,37 77,8 6,91 2,813
DAR
SRA-P 44,06 7,66 13,68 33,2 7,16 0,3246 73,4 1,543 0,572
DT
SRA-P 82 59,5 149,4 55,4 11,99 3,082 73,5 2,445 1,335
Legenda- DAR- Digestão Água Régia; DT- Digestão Total; SRF- Fabrica Santa Rita; SRA- Artesanato Santa
Rita; 1,5P- 1,5m do solo; 3P- 3m do solo.
Os elementos bário e ítrio apresentaram maiores concentrações na oficina de artesanato de
Santa Rita de Ouro Preto, e menores concentrações na amostra coleta a 1,5 metros de altura do solo na
fábrica, como mostra a figura 6.7.
74
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Legenda- DAR- Digestão Água Régia; DT- Digestão Total; SRF- Fabrica Santa Rita; SRA- Artesanato Santa
Rita; 1,5P- 1,5m do solo; 3P- 3m do solo.
Figura 6.7- Concentração de bário e ítrio na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina de artesanato
e na industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto.
As maiores concentrações de elementos pesados (S, Co, Ti, K, V, Sr, Zn, Sc e Ba) em uma
altura maior (3,5m) (tabela 6.2 e figura 6.8), contraria o esperado, que seria a maior concentração
destes à uma menor altura (1,5m). Os coletores passivos foram fixados em uma viga de metal, ao
realizar-se a retirada dos mesmo, pode ter havido uma contaminação com a poeira depositada sobre a
viga (acumulada de outros meses), que pode ter caído acidentalmente dentro do coletor.
Concentração de Mg (mg/kg)
140000 150000 160000 170000 180000 190000
SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.8- Concentração de magnésio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
75
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
O ferro também apresentou altas concentrações nas poeiras coletadas por meio do handi-vol
nos pontos de amostragem de Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado (figura 6.9). Não
houve variações significativas deste elemento ao longo do ano de coleta na oficina de artesanato de
Cachoeira do Brumado e na indústria localizada em Santa Rita de Ouro Preto, pois a rocha utilizada no
processo de confecção das panelas de pedra e na produção de pó para massa plástica em geral é muito
semelhante. Já as amostras de poeira coletadas na oficina de artesanato em Santa Rita de Ouro Preto
apresentaram uma pequena variação deste elemento (19.500-44.000mg/kg) ao longo dos meses de
amostragem, indicando a variabilidade do material utilizado nos processos de confecção de objetos
decorativos.
Concentração de Fe (mg/kg)
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000
SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.9- Concentração de ferro na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
Embora este elemento tenha apresentando valores de concentrações relativamente elevadas,
não foi encontrado na literatura limites para a sua concentração no material particulado em suspensão
ou que sua presença nele oferecesse risco à saúde.
76
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Concentração de Al (mg/kg)
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000
SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.10- Concentração de alumínio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
As concentrações de alumínio foram mais elevadas na oficina de artesanato de Cachoeira do
Brumado do que na de Santa Rita de Ouro Preto. A indústria de beneficiamento de esteatito, localizada
em Santa Rita de Ouro Preto, apresentou concentrações de alumínio semelhantes à oficina de
artesanato de Cachoeira do Brumado.
As concentrações de cálcio variaram muito entre os pontos de amostragem (figura 6.11).
Concentração de Ca (mg/kg)
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.11- Concentração de cálcio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
77
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
As concentrações de manganês, assim como o cálcio, foram menores nas amostras coletadas
na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto (112 - 389mg/kg) que nos demais pontos de
amostragem (603 – 1.525mg/kg), como é mostrado na figura 6.12.
Concentração de Mn (mg/kg)
0 500 1000 1500 2000
SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.12- Concentração de manganês na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
78
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Tabela 6.3 – Concentração de Mn na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira coletadas por meio do
handi-vol e submetidas à digestão total.
Concentração de Mn (ICP) Massa coletada Tempo Coleta Concentração de
(mg/kg) (g) (min) Mn (µg/m3)
SRA 09 151 0,206 120 1,12
SRA 10 202 0,539 131 3,61
SRA 12 190 0,661 36 15,15
SRA 01 141 0,592 43 8,43
SRA 02 112 0,922 31 14,44
SRA 03 142 1,571 46 21,08
SRA 04 180 1,280 39 25,69
SRA 05 276 0,631 41 18,46
SRA 07 296 0,880 12 94,24
SRF 10 603 0,207 120 4,53
SRF 01 731 0,124 288 1,36
SRF 02 836 0,282 298 3,43
SRF 03 833 0,175 222 2,85
SRF 04 1003 0,163 227 3,13
SRF 05 1525 0,084 239 2,32
SRF 06 905 0,241 224 4,24
SRF 07 1012 0,144 237 2,67
SRF 08 1209 0,377 208 9,53
CBM 09 894 0,248 120 8,02
CBA 09 797 0,541 83 22,57
CBA 10 874 0,541 83 24,75
CBA 12 937 0,955 53 73,44
CBA 01 1169 0,329 39 42,82
CBA 02 1056 0,216 60 16,54
CBA 03 920 0,196 102 7,68
79
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Concentração de Ni (mg/kg)
0 500 1000 1500 2000 2500
SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.13- Concentração de níquel na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
80
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
A tabela 6.4 apresenta as concentrações de Ni, calculadas a partir da digestão total das
amostras de poeira, da quantidade coletada, do tempo de coleta e vazão média do equipamento.
Tabela 6.4 – Concentração de Ni na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira coletadas por meio do
handi-vol e submetidas à digestão total.
Concentração deNi (ICP) Massa coletada Tempo Coleta Concentração de Ni
(mg/kg) (g) (min) (µg/m3)
SRA 09 2102 0,206 120 15,68
SRA 10 2047 0,539 131 36,60
SRA 12 2291 0,661 36 182,86
SRA 01 2104 0,592 43 125,92
SRA 02 2195 0,922 31 283,72
SRA 03 2232 1,571 46 331,38
SRA 04 1972 1,280 39 281,31
SRA 05 2068 0,631 41 138,38
SRA 07 2097 0,880 12 668,53
SRF 10 1846 0,207 120 13,87
SRF 01 1639 0,124 288 3,06
SRF 02 1645 0,282 298 6,76
SRF 03 1654 0,175 222 5,66
SRF 04 1470 0,163 227 4,58
SRF 05 1657 0,084 239 2,52
SRF 06 1615 0,241 224 7,56
SRF 07 1615 0,144 237 4,26
SRF 08 1476 0,377 208 11,63
CBM 09 1515 0,248 120 13,59
CBA 09 1636 0,541 83 46,32
CBA 10 1357 0,541 83 38,42
CBA 12 1450 0,955 53 113,64
CBA 01 1517 0,329 39 55,57
81
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
As concentrações de cromo foram menores nas amostras de poeira coletadas em Santa Rita de
Ouro Preto (figura 6.14).
Concentração de Cr (mg/kg)
0 500 1000 1500 2000 2500
SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.14- Concentração de cromo na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
82
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Tabela 6.5 – Concentração de Cr na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira coletadas por meio do
handi-vol e submetidas à digestão total.
Tempo Coleta Concentração de
Concentração de Cr (ICP) Massa coletada (g) (min) Cr
(mg/kg) (µg/m3)
SRA 09 963 0,206 120 7,18
SRA 10 1180 0,539 131 21,10
SRA 12 1084 0,661 36 86,52
SRA 01 1025 0,592 43 61,34
SRA 02 1091 0,922 31 141,02
SRA 03 966 1,571 46 143,42
SRA 04 1107 1,280 39 157,92
SRA 05 1454 0,631 41 97,29
SRA 07 1483 0,880 12 472,79
SRF 10 1538 0,207 120 11,56
SRF 01 1522 0,124 288 2,84
SRF 02 1314 0,282 298 5,40
SRF 03 1784 0,175 222 6,10
SRF 04 1746 0,163 227 5,44
SRF 05 1533 0,084 239 2,33
SRF 06 1404 0,241 224 6,58
SRF 07 2131 0,144 237 5,63
83
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Concentração de S (mg/kg)
0 500 1000 1500 2000
SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.15- Concentração de enxofre na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
84
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Concentração de V (mg/kg)
0 10 20 30 40 50 60 70 80
SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.16- Concentração de vanádio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
As concentrações de vanádio na atmosfera variam de dezenas a poucos de nanogramas. Em
grandes cidades a média anual varia de 50 a 100ng/m3, com significativas variações sazonais (WHO
2001). A tabela 6.6 apresenta as concentrações de vanádio na atmosfera, calculadas a partir das
concentrações deste elemento presente na poeira, no tempo de coleta e na vazão média do
equipamento (0,23 m3/min).
Tabela 6.6 – Concentração de V na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira coletadas por meio do
handi-vol e submetidas à digestão total.
Concentração de V (ICP) Massa coletada Tempo Coleta Concentração de
(mg/kg) (g) (min) V(µg/m3)
SRA 10 13,0 0,539 131 0,23
SRA 01 14,0 0,592 43 0,84
SRA 04 15,7 1,280 39 2,24
SRA 05 30,0 0,631 41 2,01
SRA 07 31,0 0,880 12 9,88
SRF 10 39,0 0,207 120 0,29
SRF 01 49,3 0,124 288 0,09
SRF 02 36,8 0,282 298 0,15
85
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Dados disponíveis de estudos ocupacionais (Lewis 1959; Kiviluoto et al. 1979) sugerem que o
limite de concentração de vanádio na atmosfera para que não gere efeitos adversos à saúde seja de 20
µg/m3, baseados em sintomas crônicos respiratórios. Acredita-se que em concentrações abaixo de 1
µg/m3(média de 24 horas) a exposição ambiental ao vanádio não apresente efeitos adversos à saúde
(WHO 2001). Portanto, as concentrações de vanádio não apresentam riscos aos trabalhadores das
oficinas de artesanato e da indústria de moagem de esteatito, estudados.
Foi encontrado arsênio em todas as amostras da indústria (SRF) submetidas à digestão total.
As concentrações de arsênio neste ponto de amostragem chegaram a 64 mg/kg de poeira analisada.
Foram também encontradas concentrações deste elemento em três amostras de poeira coletadas nas
oficinas de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto (10,7 – 20,5 mg/kg) e na amostra de poeira coletada
em outubro de 2009 em Cachoeira do Brumado (12 mg/kg), conforme mostrado na figura 6.17.
86
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Concentração de As (mg/kg)
0 10 20 30 40 50 60 70
SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.17- Concentração de arsênio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
A concentração média no ar é menor que 1 a 3ng/m3 em áreas remotas e de 20 a 30 ng/m3 em
áreas urbanas do Estados Unidos (ATSDR 1991). A concentração média de arsênio em 11 cidades
canadenses e 1 região rural é de 1 ng/m3 (variação de 0.5–17 ng/m3) (Hughes et al. 1994). Na
Inglaterra, a média de concentração foi de 5,4 ng/m3 (Salamon et al. 1978). As concentrações podem
atingir centenas de nanogramas por metro cúbico em algumas cidades e excede 1000ng/m3 próximo a
fundições de metais não ferrosos e algumas plantas industriais. Em Praga, foram registradas
concentrações de arsênio de 450ng/m3 no inverno e 70ng/m3 no verão. O arsênio na atmosfera
apresenta-se principalmente na forma inorgânica.
A tabela 6.7 apresenta as concentrações de arsênio na atmosfera, calculadas a partir dos dados
geoquímicos da poeira, da quantidade coletada, do tempo de amostragem e da vazão do equipamento,
fornecida pelo fabricante.
Tabela 6.7 – Concentração de As na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira coletadas por meio do
handi-vol e submetidas à digestão total.
Concentração de As Massa coletada Tempo Coleta Concentração de
(ICP) (mg/kg) (g) (min) As (µg/m3)
SRA 02 20,5 0,922 31 2,65
SRA 05 10,7 0,631 41 0,71
SRF 10 21,2 0,207 120 0,16
SRF 01 17,6 0,124 288 0,03
SRF 02 15,3 0,282 298 0,06
SRF 03 63,8 0,175 222 0,22
SRF 04 30,9 0,163 227 0,10
SRF 05 42,5 0,084 239 0,06
SRF 06 58,2 0,2413 224 0,27
87
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
O arsênio presente nas partículas pode ser inalado, depositado nas vias aéreas respiratórias e
absorvidos pela corrente sanguínea. A exposição ocupacional ocorre principalmente entre
trabalhadores de fundições de cobre, plantas industriais que utilizam carvão rico em arsênio, por meio
do uso ou produção de pesticidas que contenham este elemento e devido à atividade de mineração.
Foi encontrado chumbo no mês de abril de 2009 na poeira coletada na oficina de artesanato de
Santa Rita de Ouro Preto (6,87mg/kg) e no mês de maio de 2009 na indústria localizada no mesmo
distrito (14,3mg/kg).
Concentração de Pb (mg/kg)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.18- Concentração de chumbo na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
88
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
A Organização Mundial de Saúde (WHO 2001) estabelece que o valor limite para as PTS no
ar de 500 ng/m3 de chumbo (média trimestral – não deve exceder mais que 1 vez ao ano). A Fundação
Nacional de Saúde, segue este mesmo padrão para chumbo: média aritmética de 0,5 µg por metro
cúbico de ar no período de um ano. As concentrações de chumbo na atmosfera calculadas foram de
0,98 µg/m3 na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto (abril) e 0,02 µg/m3 na fábrica (em
maio) localizada no mesmo distrito.
O elemento berilo foi encontrado somente nas amostras de poeira coletadas na oficina de
artesanato de Santa Rita de Ouro Preto, conforme pode-se verificar na figura 6.19. Provavelmente a
presença deste elemento somente nestas amostras, deve-se à rocha utilizada no processo de confecção
de peças artesanais, que é muito diferente das rochas utilizadas como matérias primas nos demais
pontos de amostragem. A rocha utilizada na produção de objetos decorativos em Santa Rita possui
uma dureza menor em relação às utilizadas no processo de confecção de panelas de pedra em
Cachoeira do Brumado e no processo de moagem em Santa Rita de Ouro Preto.
Concentração de Be (mg/kg)
0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500
SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.19- Concentração de berilo na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
89
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Os processos produtivos das atividades artesanais de pedra sabão se diferem bastante entre os
distritos estudados. A poeira de arraste, resultante destes processos, e, depositada sobre o solo foi
coletada em Santa Rita de Ouro Preto ao pé da serra utilizada para o corte das peças e em Cachoeira
do Brumado ao pé do torno, utilizado para dar forma às panelas e formas de pizza.
A rocha utilizada na produção de peças artesanais em Santa Rita de Ouro Preto possui dureza
menor em relação à rocha utilizada no processo de confecção de panelas de pedra em Cachoeira do
Brumado. Esta diferença da rocha e do processo utilizado (serra, torno) é refletida na análise
granulométrica da poeira de arraste, conforme pode-se verificar na figura 6.21.
Distribuição Granulométrica
100%
90%
80%
70%
% Passante
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
10 100 1.000
Diâmetro das Partículas (µm)
SRA-PC CBA-PC
Figura 6.21- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada nas oficinas de artesanato localizadas em
Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
A poeira coletada ao pé do torno na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado
apresentou um comportamento linear, que pode ser reflexo da própria atividade de torneamento, que
provavelmente influencia esta distribuição granulométrica, gerando aproximadamente a mesma
proporção de partículas nas diferentes frações.
A poeira coletada ao pé da serra em Santa Rita de Ouro Preto teve sua curva deslocada para a
fração mais fina. Cerca de 99% das partículas coletadas neste ponto são menores que 125 µm,
indicando a predominância da fração fina na poeira depositada na oficina de artesanato de Santa Rita
de Ouro Preto, provavelmente devido a baixa dureza da rocha utilizada neste processo.
90
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
As partículas coletadas em Cachoeira do Brumado em geral são maiores, pois a rocha utilizada
neste processo é relativamente mais dura do que a utilizada na confecção de objetos decorativos. No
entanto também há presença de partículas menores, o que indica que essas partículas podem ser
suspensas pelo vento, inaladas e provocar danos à saúde dos trabalhadores e da população do entorno.
Concentração (mg/kg)
60000 1000
50000
800
40000
600
30000
400
20000
10000 200
0 0
Cr Ni Al Ca Fe Ti K Mn Na
CBA-PC (DAR) CBA-PC (DT) CBA-PC (DAR) CBA-PC (DT)
SRA-PC (DAR) SRA PC DT SRA-PC (DAR) SRA PC DT
Legenda- CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado; SRA- Artesanato Santa Rita; PC- Poeira depositada no
solo; DAR- Digestão Água régia; DT- Digestão Total.
Figura 6.22- Concentração de cromo, níquel, alumínio, cálcio, ferro, titânio, potássio, manganês e sódio presentes
na poeira de arraste coletada nas oficinas de artesanato localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do
Brumado.
A presença de carbonatos encontrados nas análises petrográficas da matéria prima utilizada na
oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado, pode explicar a grande diferença na concentração de
cálcio muito superior neste ponto. As rochas utilizadas na produção de panelas de pedra foram
analisadas por meio do microscópio petrográfico binocular, que revelou a presença de minerais opacos
ricos em ferro em todas as lâminas analisadas. Já das amostras de rochas coletadas na oficina em Santa
Rita de Ouro Preto, apenas uma apresentou presença desses minerais. Portanto, as concentrações de
ferro foram menores nas amostras de poeira coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro
Preto.
A concentração dos elementos lítio, escândio, estrôncio, ítrio, vanádio, cobre, bário, zinco e
cobalto presentes na amostra de poeira de arraste coletadas ao pé da serra e do torno na oficina de
artesanato de Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado respectivamente, são apresentados na
figura 6.23.
91
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Concentração (mg/kg)
100,0
70
60 80,0
50
60,0
40
30 40,0
20
20,0
10
0 0,0
Li Sc Sr Y V Cu Ba Zn Co
CBA-PC (DAR) CBA-PC (DT) CBA-PC (DAR) CBA-PC (DT)
SRA-PC (DAR) SRA PC DT SRA-PC (DAR) SRA PC DT
Legenda- CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado; SRA- Artesanato Santa Rita; PC- Poeira depositada no
solo; DAR- Digestão Água régia; DT- Digestão Total.
Figura 6.23- Concentração de lítio, escândio, estrôncio, ítrio, vanádio, cobre, bário, zinco e cobalto presentes na
poeira de arraste coletada nas oficinas de artesanato localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do
Brumado.
92
CAPÍTULO 7
CONCLUSÕES
As rochas utilizadas nos processos de moagem e de confecção de peças artesanais nos distritos
de Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado apresentam diferenças quanto à mineralogia,
dureza e cor. O mineral mais abundante nas amostras de poeira coletadas nas oficinas de artesanato, na
indústria e na mineração de Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado foi o talco. Sendo
encontrados também minerais de clorita em todos os pontos de amostragem.
As altas concentrações de ferro nas amostras podem ser explicadas pela presença de pirita nas
rochas utilizadas no processo de moagem e de produção de peças artesanais. O que foi evidenciado
pela descrição das lâminas, que revelaram opacos ricos em ferro em praticamente todas as amostras.
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
Embora os teores de ferro, alumínio e cálcio tenham sido elevados, não foi encontrado na
literatura limites para sua concentração no material particulado em suspensão.
As concentrações de manganês na poeira em suspensão foram muito superiores aos padrões
estabelecidos pela Fundação Nacional de Saúde em todos os pontos de amostragem.
Os elementos Ni e Cr também apresentaram concentrações acima dos limites estabelecidos
pela Organização Mundial de Saúde e pela Fundação Nacional de Saúde, sobretudo nas amostras de
poeira coletada na oficina de artesanato em Santa Rita de Ouro Preto. Este local também apresentou
presença de chumbo na amostra de poeira coletada no mês de abril.
Foi encontrado arsênio em todas as amostras de poeira da indústria submetidas à digestão
total. Este elemento ainda esteve presente em três amostras da oficina de artesanato de Santa Rita de
Ouro Preto e na amostra de poeira coletada em outubro de 2009 em Cachoeira do Brumado.
A poeira de arraste depositada sobre o solo apresentou diferenças significativas em relação à
distribuição granulométrica. No entanto tanto na oficina de artesanato de santa Rita de Ouro Preto
quanto na de Cachoeira do Brumado, foram encontrados frações finas que podem ser suspensas pelo
vento, inaladas e provocar danos à saúde dos trabalhadores e da população do entorno.
94
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.
Estudos futuros podem ser realizados, utilizando Hi-vol para a determinação da quantidade de
poeira na vizinhança das oficinas de artesanato, onde existem residências que também podem estar
sendo afetadas.
A utilização de água no processo produtivo das peças artesanais pode diminuir a poeira em
suspensão, o que minimizaria o grau de exposição dos trabalhadores e da população do entorno.
Estudos e atividades de extensão poderiam ser conduzidos com o propósito de orientar os
trabalhadores sobre como adotar corretamente essas medidas, dando uma destinação adequada para a
lama que será resultante deste processo.
95
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
96
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101
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.
102
Anexo I
Concentração de Partículas na Atmosfera
Tabela 1: Tempo de Coleta, Vazão média e Concentração das partículas atmosféricas coletadas por meio do amostrador portátil (Handi-Vol).
Q média
Ponto/mês/ano Tempo coleta (min) (m3/min) Concentração (µg/m3) Observações
CBM1-10/08 64 0,0874 8.107 Vento direção oposta ao equipamento
CBM2-10/08 64 0,0874 2.842 Estavam apenas puxando blocos/ furando
CBA1-03/09 80 0,0237 23.175 Lixagem manual
SRF1-03/09 120 0,0267 31.662
SRF2-03/09 102 0,0259 17.416
SRF2-04/09 95 0,04 0,036 9354,82
SRF1-05/09 119 0,0343 14.725
SRF2-05/09 120 0,0338 5.764 Almoço 11:00-12:00
SRF1-06/09 107 0,03 0,157 47088,40
SRF2-06/09 117 0,03 0,092 25546,20
Legenda: CBM1- Cachoeira do Brumado Mineração (filtro1); CBM2- Cachoeira do Brumado Mineração (filtro2); CBA1- Cachoeira do Brumado
Artesanato (filtro1); SRF1- Fábrica Santa Rita (filtro1); SRF2- Fábrica Santa Rita (filtro2).
103
Tabela 2: Tempo de coleta e massa das amostras coletadas por meio do Handi-Vol.
Ponto/ano Tempo de Massa da Q média Concentração Observação
coleta amostra
(min) (g) (m3/min) (µg/m3)
SRF1-09 62 0,0172 0,0015 20.997,62
SRF2-09 60 0,0321 0,0015 40.495,95
Setembro/ 08
SRF2-10 60 0,157 * *
SRA1-10 60 0,1235 * *
SRA2-10 71 0,4152 * * Coletado na boca do motor
CBM1-10 64 0,0425 0,087 8.107
CBM2-10 64 0,0149 0,087 2.842
CBA1-10 43 0,2910 * *
CBA2-10 40 0,2495 * *
SRF1-12 120 0,0022 * *
Dezembro/ 08
SRA1-12 19 0,2921 * *
SRA2-12 17 0,3220 * *
SRA3-12 19 0,3389 * *
CBA1-12 20 0,4659 * *
CBA2-12 20 0,3965 * *
CBA3-12 13 0,093 * *
Janeiro/ 09
104
Tabela 2: Tempo de coleta e massa das amostras coletadas por meio do Handi-Vol. (Continuação)
SRF1-02 178 0,1564 * *
Fevereiro/ 09
SRF2-02 120 0,1252 * *
SRA1-02 16 0,5331 * *
SRA2-02 15 0,3885 * * Lixa manual, não foi utilizado lixadeira
CBA1-02 60 0,2162 * *
SRF1-03 120 0,1014 0,0267 31.662
Março/ 09
SRF2-04 95 0,0358 * *
SRA1-04 21 0,6968 * * Começaram a cortar peças a partir de 13:11
SRA2-04 18 0,5828 * * Tempo úmido; vento na direção do equipamento.
CBA1-04 23 0,1836 * *
CBA2-04 81 0,147 * * Dia nublado, úmido; Período de almoço: até 12:05
SRF1-05 119 0,0601 0,0343 14.725
SRF2-05 120 0,0234 0,0338 5.764 Almoço 11:00-12:00
Maio/09
SRA1-05 21 0,286 * *
SRA2-05 20 0,345 * *
CBA1-05 33 0,3049 * *
CBA2-05 46 0,1785 * *
SRF1-06 0,1493 117
SRF2-06 0,092 107
Junho/09
SRA1-06 - 10 * *
SRA2-06 - 10 * *
CBA1-06 0,2584 30 * *
CBA2-06 0,1831 45 * *
Julho/0
SRA1-07 0,4001 6 * *
105
SRA2-07 0,4798 6 * *
CBA1-07 0,1314 36 * *
CBA2-07 0,0956 40 * *
CBA3-07 0,2088 25
Agosto/09
* Não foi possível o Cálculo da vazão média e da concentração, devido a elevada quantidade de material particulado em suspensão.
106
Anexo II
Composição Química
Tabela 1: Concentrações dos elementos presentes na amostra de material particulado coletado por meio do amostrador portátil (Handi-Vol).
Digestão Total
NI Al As Ba Be Bi Ca Cd Co Cr Cu Fe K Li Mg Mn Na Ni
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
Branco <LQ <LQ 1,70 0,352 <LQ 146 <LQ <LQ 2,82 3,17 60,4 17,9 0,247 22,7 <LQ 152 <LQ
SRA 09 6477 <LQ 121 0,380 <LQ 769 <LQ 54,5 963 13,9 22722 264 2,01 175572 151 614 2102
SRA 10 10486 <LQ 67,6 <LQ <LQ 1146 <LQ 64,9 1180 8,61 28386 90,6 2,39 171824 202 527 2047
SRA 12 7262 <LQ 25,9 <LQ <LQ 313 <LQ 65,9 1084 12,8 23081 53,3 2,87 179867 190 339 2291
SRA 01 7196 <LQ 28,0 0,343 <LQ 333 <LQ 57,0 1025 18,8 24030 51,7 1,66 175532 141 361 2104
SRA 02 5036 20,5 28,1 0,387 <LQ 177 <LQ 48,5 1091 10,5 19589 42,1 1,59 176932 112 269 2195
SRA 03 5145 <LQ 12,9 0,358 <LQ 187 <LQ 58,7 966 10,7 20907 30,1 1,95 177460 142 206 2232
SRA 04 6235 <LQ 22,7 0,405 <LQ 226 <LQ 53,8 1107 51,9 26474 35,5 2,84 177778 180 229 1972
SRA 05 11537 10,7 50,9 <LQ <LQ 354 <LQ 75,5 1454 11,9 37322 82,8 1,81 168962 276 268 2068
SRA 06 15446 <LQ 31,8 <LQ <LQ 956 <LQ 83,3 1694 8,86 43882 62,1 3,30 179891 389 198 2051
SRA 07 10490 13,3 42,9 <LQ <LQ 312 <LQ 73,0 1483 19,5 35667 83,7 1,07 169501 296 149 2097
SRF 10 15710 21,2 140 <LQ <LQ 11536 <LQ 68,4 1538 38,0 42235 329 3,39 180388 603 946 1846
SRF 01 19742 17,6 135 <LQ <LQ 16491 <LQ 68,9 1522 50,2 42495 342 2,43 176852 731 845 1639
SRF 02 13591 15,3 100 <LQ <LQ 24096 <LQ 64,4 1314 32,6 38191 195 3,31 177920 836 583 1645
SRF 03 18845 63,8 142 <LQ <LQ 16847 <LQ 74,8 1784 47,1 46717 252 2,76 180725 833 715 1654
SRF 04 20634 30,9 147 <LQ <LQ 29774 <LQ 68,6 1746 49,8 43782 247 3,14 168649 1003 660 1470
SRF 05 22828 42,5 388 <LQ <LQ 28982 <LQ 71,1 1533 58,8 48820 737 3,24 154678 1525 1184 1657
SRF 06 17946 58,2 185 <LQ <LQ 20732 <LQ 66,4 1404 68,7 47734 363 2,45 162884 905 578 1615
SRF 07 25191 16,2 311 <LQ <LQ 21623 <LQ 77,8 2131 61,4 51569 346 1,89 161097 1012 711 1615
SRF 08 22756 19,7 169 <LQ <LQ 32757 <LQ 70,5 1610 37,4 48047 523 2,34 156970 1209 486 1476
CBM09 19649 <LQ 99,6 <LQ <LQ 21207 <LQ 74,7 1296 54,2 40653 188 1,24 183007 894 501 1515
CBA-09 25001 <LQ 25,82 <LQ <LQ 19597 <LQ 85 2183 39,94 46868 49,99 0,2406 154943 797 23,4 1636
107
Tabela 1: Concentrações dos elementos presentes na amostra de material particulado coletado por meio do amostrador portátil (Handi-Vol). (Continuação)
Digestão Total
NI Al As Ba Be Bi Ca Cd Co Cr Cu Fe K Li Mg Mn Na Ni
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
CBA 10 26862 12,0 49,1 <LQ <LQ 22838 <LQ 74,3 2005 46,7 44426 124 1,01 178140 874 396 1357
CBA 12 24658 <LQ 59,3 <LQ <LQ 30644 <LQ 75,5 1793 75,4 42461 698 2,50 175177 937 489 1450
CBA 01 21745 <LQ 64,4 <LQ <LQ 27512 <LQ 85,0 1785 179 44835 117 1,64 175561 1169 641 1517
CBA 02 22931 <LQ 23,0 <LQ <LQ 29893 <LQ 84,1 1651 99,2 45727 75,7 1,51 175979 1056 554 1531
CBA 03 26358 <LQ 154 <LQ <LQ 21960 <LQ 79,8 1985 149 47850 122 1,73 171973 920 605 1486
CBA 04 22223 <LQ 90,4 <LQ <LQ 17096 <LQ 81,1 2323 79,3 53084 105 1,37 169533 924 555 1338
CBA 05 24611 <LQ 45,2 <LQ <LQ 13116 <LQ 86,3 2180 158 56070 87,7 4,61 164909 1152 408 1601
CBA 06 19147 <LQ 117 <LQ <LQ 19976 <LQ 84,8 1893 106 45979 157 1,09 172936 1179 462 1723
CBA 07 20721 <LQ 96,7 <LQ <LQ 28051 <LQ 105 1647 80,3 50108 107 0,560 158718 1198 421 1661
CBA 08 23871 <LQ 90,4 <LQ <LQ 28243 <LQ 83,9 2009 71,8 47031 110 0,601 166640 980 322 1604
LQ 31,7 11,0 0,0330 0,330 6,95 32,3 0,748 2,15 0,183 0,737 29,7 7,21 0,0660 0,253 0,231 138 2,17
NI P Pb S Sc Sr Th Ti V Y Zn Zr
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
Branco <LQ <LQ 16,5 0,314 0,816 <LQ 8,59 <LQ <LQ 3,84 1,28
SRA 09 25,8 <LQ 108 1,40 5,42 <LQ 113 <LQ 6,02 166 3,44
SRA 10 69,2 <LQ 125 2,36 5,37 <LQ 175 13,0 2,19 132 2,60
SRA 12 <LQ <LQ 44,5 2,23 1,52 <LQ 152 <LQ 1,98 85,9 <LQ
SRA 01 <LQ <LQ 49,6 2,89 2,51 <LQ 159 14,0 3,29 80,7 1,07
SRA 02 <LQ <LQ 31,2 1,71 1,42 <LQ 119 <LQ 12,5 82,0 1,22
SRA 03 <LQ <LQ 51,3 1,85 1,25 <LQ 103 <LQ 5,16 67,7 1,03
SRA 04 14,7 6,87 23,4 2,10 1,26 <LQ 118 15,7 <LQ 87,4 1,19
SRA 05 53,4 <LQ 51,2 4,46 2,30 1,32 235 30,0 6,42 98,1 <LQ
SRA 06 63,7 <LQ 28,2 5,27 2,00 <LQ 374 48,8 23,4 95,3 1,24
SRA 07 22,5 <LQ 43,6 3,85 1,89 <LQ 218 31,0 6,64 81,5 <LQ
SRF 10 48,1 <LQ 1017 4,67 25,5 <LQ 404 39,0 2,93 153 3,68
SRF 01 53,1 <LQ 1274 5,88 32,5 <LQ 464 49,3 2,83 158 4,33
SRF 02 34,3 <LQ 698 4,21 21,2 <LQ 337 36,8 2,64 126 <LQ
108
NI P Pb S Sc Sr Th Ti V Y Zn Zr
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
SRF 03 42,9 <LQ 1218 5,77 25,2 <LQ 484 54,3 2,81 165 3,79
SRF 04 44,3 <LQ 1150 6,12 31,2 <LQ 470 52,0 3,86 166 4,57
SRF 05 98,6 14,3 1300 6,14 39,7 3,18 692 58,0 4,52 337 11,9
SRF 06 64,3 <LQ 1171 5,22 31,6 <LQ 468 46,1 3,05 181 4,35
SRF 07 65,9 <LQ 1461 7,80 35,2 <LQ 590 69,3 3,97 282 5,25
SRF 08 71,8 <LQ 1021 6,22 36,7 1,46 561 56,0 3,97 170 5,64
CBM 09 39,7 <LQ 1156 5,97 20,0 <LQ 387 35,9 3,16 130 2,31
CBA-09 <LQ <LQ 872 9,64 19,02 <LQ 417,7 60,3 3,203 83,2 4,693
CBA 10 22,1 <LQ 864 8,76 28,8 <LQ 403 58,5 2,76 84,9 1,24
CBA 12 17,7 <LQ 1665 8,06 45,6 <LQ 406 55,9 3,89 100 2,64
CBA 01 34,7 <LQ 1606 9,07 24,7 <LQ 325 50,0 4,53 125 4,36
CBA 02 283 <LQ 1107 8,48 23,1 <LQ 1457 64,9 6,08 85,1 5,52
CBA 03 25,6 <LQ 1688 9,11 27,0 <LQ 421 63,1 3,52 204 3,04
CBA 04 18,2 <LQ 647 8,97 27,1 <LQ 531 67,3 3,64 127 3,16
CBA 05 74,4 <LQ 1375 9,54 14,0 <LQ 430 64,9 2,95 118 1,67
CBA 06 24,7 <LQ 1728 6,94 31,4 <LQ 435 47,8 3,00 155 2,78
CBA 07 63,7 <LQ 1017 8,28 34,8 <LQ 403 60,8 6,91 138 3,29
CBA 08 22,0 <LQ 837 8,37 35,5 <LQ 377 59,8 3,23 135 2,16
LQ 9,17 6,85 5,89 0,0550 0,0110 1,33 1,28 12,1 1,90 0,682 0,110
LQ= Limite de Quantificação
109
Tabela 2: Concentrações dos elementos presentes na amostra de material particulado coletado por meio do coletor passivo.
Digestão Total
NI Al As Ba Be Bi Ca Cd Co Cr Cu Fe K Li Mg
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
DT Branco 400,7 <LQ <LQ <LQ <LQ 600 <LQ <LQ <LQ 2,425 155,7 <LQ 0,0256 27,35
DT SRF-1,5P 16486 42,32 1,122 <LQ <LQ 14725 <LQ 75,2 1722 25,43 44007 111,4 2,939 178032
DT SRF-3P 20914 80,9 5,17 <LQ <LQ 27701 <LQ 82,1 2382 37,8 57213 156 2,813 171298
DT SRA-P 6675 <LQ 6,35 <LQ <LQ 780 <LQ 59,5 1159 36,45 23056 55,4 1,335 160992
LQ 21,88 8,40 0,046 0,138 10,48 26,22 0,36 1,34 1,16 2,26 90,58 23,8 0,10 0,66
NI Mn Na Ni P Pb S Sc Sr Th Ti V Y Zn Zr
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
DT Branco <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 44,44 0,2127 2,623 <LQ 6,51 <LQ <LQ 9,65 4,643
DT SRF-1,5P 654 27,31 1780 21,56 <LQ 691 5,32 19,95 <LQ 498,8 44,49 2,597 67 7,59
DT SRF-3P 1056 9,01 1685 30,8 12,39 1431 6,91 24,37 <LQ 756 73,7 2,677 77,8 8,82
DT SRA-P 157 <LQ 2145 20,03 <LQ 82 2,445 3,082 <LQ 149,4 11,99 6,76 73,5 5,42
LQ 1,98 5,66 1,74 13,48 9,54 5,50 0,044 0,026 2,22 0,96 5,46 0,18 0,42 0,36
110
Tabela 3: Concentrações dos elementos presentes na amostra de material particulado coletado por meio do coletor passivo.
Digestão Parcial
NI Al As Ba Be Bi Ca Cd Co Cr Cu Fe K Li Mg
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
DAR Branco <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 82,9 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 0,0128 2,97
DAR BCR-701 22504 39,94 198 <LQ <LQ 9486 6,91 15,2 276 295 32673 3161 26,2 8117
DAR SRF-1,5P 8613 53,4 1,16 <LQ <LQ 8508 <LQ 32,5 963 22,8 25248 40,4 1,66 62656
DAR SRA-P 3589 4,93 4,05 <LQ <LQ 255 <LQ 7,66 685 80,7 5281 33,2 0,572 8432
DAR SRF-3P 10968 69,3 3,08 <LQ <LQ 22270 <LQ 44,4 1381 41,4 39131 102,4 1,59 79690
LQ 10,94 4,20 0,023 0,069 5,24 13,11 0,18 0,67 0,58 1,13 45,29 11,9 0,05 0,33
NI Mn Na Ni P Pb S Sc Sr Th Ti V Y Zn Zr
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
DAR Branco <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 0,0999 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 57,5 2,217
DAR BCR-701 581 118 98,8 2115 139 1762 2,735 69,4 4,805 832 50,7 10,94 517 2,177
DAR SRF-1,5P 479 <LQ 565 34,1 6,75 643 2,529 13,94 <LQ 50,1 26,69 1,634 79,3 1,629
DAR SRA-P 37,4 <LQ 165 24,0 <LQ 44,06 1,543 0,3246 <LQ 13,68 7,16 6,08 73,4 2,214
DAR SRF-3P 834 <LQ 738 55,0 8,04 1318 3,566 17,75 <LQ 81,2 47,19 1,969 93,9 1,309
LQ 0,99 2,83 0,87 6,74 4,77 2,75 0,022 0,013 1,11 0,48 2,73 0,090 0,21 0,18
111
Anexo III
Amostras de Rochas
112
113
Anexo IV
Resultados do Granulômetro a Laser
114
Figura 3- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado em
abril de 2009.
115
Figura 5- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado em
julho de 2009.
116
Figura 7- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado
em outubro de 2008.
117
Artesanato de Santa Rita de Ouro Preto:
Figura 9- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em janeiro de 2009.
Figura 10- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em março de 2009.
118
Figura 11- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em abril de 2009.
Figura 12- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em maio de 2009.
119
Figura 13- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em junho de 2009.
Figura 14- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em julho de 2009.
120
Figura 15- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em setembro de 2008.
Figura 16- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em setembro de 2008.
121
Figura 17- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em dezembro de 2008.
122
Indústria de Santa Rita de Ouro Preto:
Figura 18- Tamanho das partículas coletadas na indústria de Santa Rita de Ouro Preto em fevereiro
de 2009.
Figura 19- Tamanho das partículas coletadas na indústria de Santa Rita de Ouro Preto em junho de
2009.
123
124
Ficha de Aprovação
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
BANCA EXAMINADORA
125