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ESTUDO DO MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO

PROVENIENTE DA EXTRAÇÃO E MANUFATURA DE PEDRA-

SABÃO NOS MUNICÍPIOS DE OURO PRETO E MARIANA, MG.


FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
Reitor
João Luiz Martins
Vice-Reitor
Antenor Barbosa Júnior
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Prof. Dr. André Barros Cota

ESCOLA DE MINAS
Diretor
José Geraldo Arantes de Azevedo Brito
Vice-Diretor

Wilson Trigueiro de Souza

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Chefe
Prof. Issamu Endo

iii
EVOLUÇÃO CRUSTAL E RECURSOS NATURAIS

iv
CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA – VOL. XXX

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Nº XXX

ESTUDO DO MATERIA PARTICULADO ATMOSFÉRICO

PROVENIENTE DA EXTRAÇÃO E MANUFATURA DE PEDRA-SABÃO

NOS MUNICÍPIOS DE OURO PRETO E MARIANA, MG.

Rafaela Soares Costa Proti

Orientador
Hermínio Arias Nalini Jr.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais do


Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito
parcial à obtenção do Título de Mestre em Ciência Naturais, Área de Concentração: Geologia Ambiental e
Conservação de Recursos Naturais.

OURO PRETO
2010

v
Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br
Escola de Minas - http://www.em.ufop.br
Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais
Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita
35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: pgrad@degeo.ufop.br

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ISSN 85-230-0108-6
Depósito Legal na Biblioteca Nacional
Edição 1ª

Catalogação elaborada pela Biblioteca Prof. Luciano Jacques de Moraes do


Sistema de Bibliotecas e Informação - SISBIN - Universidade Federal de Ouro Preto

P966e Proti, Rafaela Soares Costa.


Estudo do material particulado atmosférico proveniente da extração e manufatura
de pedra-sabão nos municípios de Ouro Preto e Mariana, MG [manuscrito] /
Rafaela Soares Costa Proti.

125 f. : il. color.; grafs.; tabs.; mapas. (Contribuições às ciências da terra, Série M,
v.67, n. 290,)
ISSN: 85-230-0108-6

Orientador: Prof. Dr. Hermínio Arias Nalini Júnior.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de


Minas. Departamento de Geologia.
Área de concentração: Geologia ambiental e conservação de recursos naturais.

1. Material particulado - Teses. 2. Pedra-sabão - Teses. 3. Artesanato - Indústria -


Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título.
http://www.sisbin.ufop.br

] CDU: 553.5(815.1)

http://www.sisbin.ufop.br

vi
Ao meu esposo João Antônio, pelo incentivo e auxílio.

Aos meus pais, pela força.

vii
viii
Agradecimentos

Ao meu orientador professor Hermínio Arias Nalini Jr. pelo apoio, orientação desde os tempos da
iniciação científica.
À FAPEMIG e ao CNPq pelo apoio e recursos necessários à esta pesquisa.
À Comunidade de Santa Rita de Ouro Preto, em especial aos “Irmãos de Minas” e ao Sr. Mario
Leandro.
À Comunidade de Cachoeira do Brumado, em especial ao Sr. Mario, Preto e Fatinha.
Às professoras Olívia Bezerra, Leila Velásquez, Mariângela Garcia P. Leite, e professores Hubert
Roeser e Jorge Lena pelas contribuições e sugestões.
Ao Laboratório de Propriedades Interfaciais (DEMIN), em especial à professora Rosa Malena,
pelas análises no Granulômetro a Laser.
Ao Laboratório de Difração de Raio X, e ao laboratório de Microscopia Eletrônica e Análise de
Imagem (Microlab), pelas análises de Difração de Raio X e Microscopia Eletrônica de Varredura.
Ao Laboratório de Geoquímica Ambiental, pelas analises químicas.
Ao Laboratório de Laminação, e à Ana Alkmin pelo auxílio com a descrição petrográfica das
lâminas.
À Érika Fabri pelo auxílio na confecção dos mapas, pelas trocas de idéia nos campos.
À Adriana e Celso pelo apoio nas análises laboratoriais.
À Margarete Pereira (Margô) pelo incentivo e força e troca de idéias sobretudo na fase inicial do
mestrado.
Às minhas amigas de sala: Valdilene, Tatiana, Juliana, Aline, Silvia, Fernanda, Milene, Auria,
pelas trocas de idéias e apoio.
À toda família LGqA pela amizade, torcida e companheirismo ao longo desses anos.
À Jéssica pela amizade, incentivo e hospedagem.
Aos meus padrinhos Cinara e Yolacir, por sempre me receberem e me ouvirem.
À minha família por sempre acreditar em mim, me apoiar e incentivar.
Ao meu esposo João Antônio pelas trocas de idéia, auxílios, força e paciência.
Aos colegas, professores e funcionários do DEGEO e a todos que contribuíram de alguma forma,
para que este estudo se concretizasse.

ix
x
Sumário

AGRADECIMENTOS...........................................................................................................ix
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... xv
LISTA DE TABELAS .........................................................................................................xxi
RESUMO ...........................................................................................................................xxiii
ABSTRACT ........................................................................................................................ xxv
CAPÍTULO 1. INTODUÇÃO ............................................................................................. 01
1.1. Considerações Iniciais...................................................................................................... 01
1.2. Atividade Artesanal em Pedra-Sabão................................................................................ 01
1.3. Objetivos ......................................................................................................................... 02
CAPÍTULO 2. ÁREA DE ESTUDO ................................................................................... 03
2.1. Santa Rita de Ouro Preto .................................................................................................. 03
2.2. Cachoeira do Brumado..................................................................................................... 04
2.3. Contexto Geológico ........................................................................................................ 06
CAPÍTULO 3. MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO:
CONCEITOS E EFEITOS À SAÚDE ................................................................................. 09
3.1. Conceitos ......................................................................................................................... 09
3.2. Classificação e fontes ....................................................................................................... 09
3.3. Particulados Atmosféricos e seus efeitos à saúde .............................................................. 10
3.3.1. A Influência da Concentração de partículas.......................................................... 11
3.3.2. A Influência da Forma e Tamanho das partículas ................................................. 11
3.3.3. A Influência da Composição Química ................................................................. 13
3.3.4. Propriedades Mineralógicas Importantes na Toxicidade ...................................... 13
3.4. Talco e Doenças Relacionadas à Sua Exposição .............................................................. 14
3.4.1. Origem e Ocorrência de Talco no Mundo ............................................................ 14
3.4.2. Doenças Causadas Devido à Exposição a Poeira de Talco ................................... 14
3.4.3. Principais Sintomas e Sinais Clínicos................................................................... 16
3.4.4. Fatores que Influenciam a Carcinogenicidade ...................................................... 17
CAPÍTULO 4. METODOLOGIA ....................................................................................... 19
4.1. Considerações Iniciais...................................................................................................... 19
4.2. Amostragem..................................................................................................................... 21
4.2.1. Amostrador de médio-volume (HANDI-VOL) .................................................... 22
4.2.1.1. Definição do Período de coleta ............................................................... 24
4.2.1.2. Cálculo do Volume de Ar ....................................................................... 24
4.2.2. Coletor Passivo.................................................................................................... 25

xi
4.2.3. Poeira de Arraste ................................................................................................. 26
4.2.4. Rochas ................................................................................................................ 26
4.3. Análises Gravimétricas e Cálculo da Concentração de Partículas Atmosféricas ................ 27
4.3.1. Amostrador de médio-volume (HANDI-VOL) .................................................... 27
4.3.1. Coletor Passivo.................................................................................................... 28
4.4. Análises Químicas ........................................................................................................... 28
4.4.1. Teste de Digestão das Amostras .......................................................................... 29
4.4.2. Digestão Total das Amostras (ICP-OES) ............................................................. 31
4.4.3. Digestão Parcial das Amostras (Água Régia) ...................................................... 32
4.5. Análises dos Minerais das Partículas por Difração de Raio X (DRX) ............................... 32
4.6. Análises Granulométricas das Partículas em Suspensão e da Poeira de Arraste ................. 32
4.7. Análises das Partículas por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV- EDS) ............... 33
4.8. Análise Petrográfica ....................................................................................................... 34
CAPÍTULO 5. RESULTADOS ........................................................................................... 35
5.1. Mineração de Cachoeira do Brumado ............................................................................... 35
5.1.1. Concentração de Partículas Atmosféricas............................................................. 35
5.1.2. Tamanho das Partículas Atmosféricas (Granulômetro a Laser)............................. 36
5.1.3. Forma das Partículas Atmosféricas (MEV) .......................................................... 36
5.1.4. Caracterização Química das Partículas Atmosféricas (ICP-OES) ......................... 38
5.2. Artesanato de Cachoeira do Brumado............................................................................... 39
5.2.1. Particulado Atmosférico ...................................................................................... 40
5.2.1.1. Concentração de Partículas Atmosféricas ................................................ 40
5.2.1.2. Tamanho das Partículas Atmosféricas .................................................... 41
5.2.1.3. Forma das Partículas Atmosféricas (MEV).............................................. 42
5.2.1.4. Caracterização Mineralógica das Partículas Atmosféricas (DRX) ............ 43
5.2.1.5. Caracterização Química das Partículas Atmosféricas (ICP-OES)............. 43
5.2.2. Poeira de Arraste ................................................................................................. 45
5.2.2.1. Caracterização Física da Poeira de Arraste .............................................. 45
5.2.2.2. Caracterização Química da Poeira de Arraste ......................................... 47
5.2.3. Petrografia do Material Fonte .............................................................................. 48
5.3. Artesanato de Santa Rita de Ouro Preto ........................................................................... 50
5.3.1. Particulado Atmosférico ...................................................................................... 51
5.3.1.1. Concentração de Partículas Atmosféricas ................................................ 51
5.3.1.2. Tamanho das Partículas Atmosféricas (Granulômetro a Laser) ............... 51
5.3.1.3. Forma das Partículas Atmosféricas (MEV).............................................. 52
5.3.1.4. Caracterização Mineralógica das Partículas Atmosféricas (DRX) ............ 52

xii
5.3.1.5. Caracterização Química das Partículas Atmosféricas (ICP-OES)............ 53
5.3.1.5.a. Partículas Coletadas por meio do Handi-Vol............................... 53
5.3.1.5.b. Partículas Coletadas por meio do Coletor Passivo....................... 55
5.3.2. Poeira de Arraste ................................................................................................. 56
5.3.2.1. Caracterização Física da Poeira de Arraste ............................................ 56
5.3.2.2. Caracterização Química da Poeira de Arraste ........................................ 58
5.3.3. Petrografia do Material Fonte .............................................................................. 59
5.4. Indústria de Santa Rita de Ouro Preto ............................................................................... 61
5.4.1. Concentração de Partículas Atmosféricas............................................................. 62
5.4.2. Tamanho das Partículas Atmosféricas (Granulômetro a Laser) ............................. 63
5.4.3. Forma das Partículas Atmosféricas (MEV)........................................................... 64
5.4.4. Caracterização Química das Partículas Atmosféricas (ICP-OES) ......................... 64
5.4.4.1. Partículas Coletadas por meio do Handi-Vol ........................................... 64
5.4.4.2. Partículas Coletadas por meio do Coletor Passivo.................................... 65
5.4.5. Petrografia do Material Fonte .............................................................................. 67
CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................ 69
6.1. Particulado Atmosférico................................................................................................... 69
6.1.1. Concentração de Partículas Atmosféricas............................................................. 69
6.1.2. Caracterização Física e Mineralógica................................................................... 70
6.1.3. Concentração dos elementos presentes nas PTS no momento crítico de
geração de poeira ......................................................................................................... 71
6.1.3.1. Partículas Coletadas por meio do Coletor Passivo ................................... 71
6.1.3.2. Partículas Coletadas por meio do Handi-Vol ........................................... 75
6.2. Poeira de Arraste.............................................................................................................. 90
6.2.1. Caracterização Física da Poeira de Arraste (granulometria).................................. 90
6.2.2. Caracterização Química da Poeira de Arraste (ICP-OES)..................................... 91
CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES............................................................................................ 93
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 97
ANEXOS ............................................................................................................................. 103
BANCA EXAMINADORA (Ficha de Aprovação) ............................................................. 125

xiii
xiv
Lista de Figuras
Figura 2.1- Mapa de Localização das Áreas de Estudo ............................................................5

Figura 4.1- Fluxograma representando a metodologia utilizada no estudo do material particulado


proveniente da extração e manufatura de pedra-sabão......................................................... 20

Figura 4.2- Pontos de amostragem do distrito de Santa Rita de Ouro Preto. ............................ 21

Figura 4.3- Pontos de amostragem do distrito de Cachoeira do Brumado. ............................... 21

Figura 4.4- Fluxograma representando o plano de coleta do material particulado proveniente da


extração e manufatura de pedra-sabão. ............................................................................... 22

Figura 4.5- HANDI-VOL em posição horizontal. Vê-se o porta-filtro, a moldura de aperto, o


cilindro contendo o motoaspirador e o rotâmetro. ............................................................... 23

Figura 4.6- Calibrador Padrão de Vazão instalado no HANDI-VOL. ...................................... 23

Figura 4.7- a) coletor passivo; b) coletores passivos instalados na fábrica a 1,5m e 3,5m do
solo; c) oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto; d) Oficina de artenato em
Cachoeira do Brumado- coleta com amostrador HANDI-VOL ........................................... 25

Figura 4.8: Fluxograma do procedimento das análises granulométricas da poeira de arraste e


das partículas em suspensão. .............................................................................................. 32

Figura 5.1- Tamanho das partículas coletadas na mineração de Cachoeira do Brumado em


setembro de 2008. .............................................................................................................. 36

Figura 5.2- Fotomicrografia obtida no MEV-EDS da amostra de poeira coletada na mineração


de Cachoeira do Brumado em setembro de 2008. ............................................................... 37

Figura 5.3- Elementos maiores presentes nas amostras de poeira de pedra-sabão coletada na
mineração de Cachoeira do Brumado em setembro de 2008................................................ 38

Figura 5.4- Elementos presentes nas amostras de poeira de pedra-sabão coletada na mineração
de Cachoeira do Brumado em setembro de 2008. ............................................................... 38

Figura 5.5- Fluxograma dos resultados obtidos das amostras de poeira, rocha e poeira de arraste
coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado............................................. 39

Figura 5.6- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do


Brumado em junho de 2009. .............................................................................................. 41

Figura 5.7- Imagem de amostra de poeira coletada no artesanato de Cachoeira do Brumado em


setembro de 2008. .............................................................................................................. 42

Figura 5.8- Difratograma da amostra coletada na oficina de artesanato de Cachoeira do


Brumado............................................................................................................................ 43

Figura 5.9- Concentração de Mg das amostras de poeira coletadas na oficina de artesanato de


Cachoeira do Brumado durante o período de outubro de 2008 a agosto de 2009.................. 44

xv
Figura 5.10- Concentração dos elementos Fe, Al, Ca, Cr, Ni, S, Ti, K, Mn e Na das amostras
coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado durante o período de outubro de
2008 a agosto de 2009........................................................................................................ 44

Figura 5.11- Concentração dos elementos Zr, Li, Sc, Y e Sr das amostras coletadas na oficina
de artesanato de Cachoeira do Brumado durante o período de setembro de 2008 a abril de
2009. ................................................................................................................................. 45

Figura 5.12- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada ao pé do torno na oficina


de artesanato de Cachoeira do Brumado, obtida pelo uso das peneiras com aberturas entre
1mm e 63µm...................................................................................................................... 45

Figura 5.13- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada ao pé do torno na oficina


de artesanato de Cachoeira do Brumado, obtida pelo uso das peneiras com aberturas entre 1
mm e 37µm........................................................................................................................ 46

Figura 5.14- Tamanho da poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de Cachoeira do


Brumado em julho de 2009. ............................................................................................... 47

Figura 5.15- Concentração dos elementos Fe, Ca, Al, Cr, Ni, S, Mn, Ti, Na e K da amostra de
poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado. .................... 47

Figura 5.16- Concentração dos elementos Co, P, Zn, Cu, Ba, V, Sr, Sc, Y e Li da amostra de
poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado. .................... 48

Figura 5.17- Microfotografia da Lamina da Rocha CBA-R1................................................... 49

Figura 5.18- Microfotografia da Lamina da Rocha CBA-R2................................................... 49

Figura 5.19- Microfotografia da Lamina da Rocha CBA-R3................................................... 49

Figura 5.20- Fluxograma dos resultados obtidos das amostras de poeira, rocha e poeira de
arraste coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto. ............................... 50

Figura 5.21- Imagem de amostra de poeira coletada no artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em outubro de 2008. .......................................................................................................... 52

Figura 5.22 Difratograma da amostra coletada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro
Preto .................................................................................................................................. 53

Figura 5.23- Concentrações de Mg nas amostras de particulado atmosférico coletadas em uma


oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto............................................................... 54

Figura 5.24- Concentrações de Fe, Al, Cr, Ni, Ca, Na, Mn, K, Ti e S nas amostras de
particulado atmosférico coletadas em uma oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro
Preto. ................................................................................................................................. 54

Figura 5.25- Concentrações de Zr, Li, Sc, Y e Sr nas amostras de particulado atmosférico
coletadas em uma oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto. ................................. 55

Figura 5.26- Concentrações de Fe, Al, Ca, Cr, Ni, Mn, K, S e Ti das amostras de material
particulado coletadas em uma oficina de artesanato que utiliza pedra-sabão como matéria
prima. ................................................................................................................................ 55

xvi
Figura 5.27- Concentrações de Y, Zr, Sc, Li, e Sr das amostras de material particulado
coletadas por meio do coletor passivo em uma oficina de artesanato em Santa Rita de Ouro
Preto. ................................................................................................................................. 56

Figura 5.28- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada ao pé da serra na oficina


de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto, obtida pelo uso das peneiras com aberturas entre 1
mm e 63µm........................................................................................................................ 57

Figura 5.29- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada ao pé da serra na oficina


de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto, obtida pelo uso das peneiras com aberturas entre
149µm e 37 µm.................................................................................................................. 57

Figura 5.30- Tamanho das partículas na poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de
Santa Rita de Ouro Preto em julho de 2009. ....................................................................... 58

Figura 5.31- Concentração dos elementos Cr, Ni, Al, Ca, Fe, Ti, K, Mn e Na da amostra de
poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto. ................. 58

Figura 5.32- Concentração dos elementos Cu, Ba, Zn, Co, Li, Sc, Sr, Y e V da amostra de
poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto. ................. 59

Figura 5.33-Microfotografia da Lamina da Rocha SRA-R1 .................................................... 60

Figura 5.34-Microfotografia da Lamina da Rocha SRA-R2 .................................................... 60

Figura 5.35-Microfotografia da Lamina da Rocha SRA-R3 .................................................... 60

Figura 5.36-Microfotografia da Lamina da Rocha SRA-R4 .................................................... 61

Figura 5.37- Fluxograma dos resultados obtidos das amostras de poeira coletadas na Indústria
em Santa Rita de Ouro Preto. ............................................................................................. 62

Figura 5.38- Tamanho das partículas coletadas na indústria de Santa Rita de Ouro Preto em
fevereiro de 2009 por meio do coletor passivo instalado a 1,5m do solo.............................. 63

Figura 5.39: Imagem de amostra de poeira coletada na fábrica de Santa Rita de Ouro Preto em
janeiro de 2009. ................................................................................................................. 64

Figura 5.40- Concentrações de Fe, Ca, Al, Cr, Ni, S, Mn, Na, Ti e K nas amostras de
particulado atmosférico coletadas na indústria de beneficiamento de esteatito de Santa Rita
de Ouro Preto. ................................................................................................................... 65

Figura 5.41- Concentrações de Ba, Zn, Co, Cu, P, Sr, Zr, Sc, Y e Li nas amostras de particulado
atmosférico coletadas na indústria de beneficiamento de esteatito de Santa Rita de Ouro
Preto. ................................................................................................................................ 65

Figura 5.42- Concentrações de Al, Ca, Fe e Mg das amostras de material particulado coletadas
em uma indústria de beneficiamento de esteatito ............................................................... 66

Figura 5.43- Concentrações de P, Cu, Zn, Co, Zr, Li, Sc, Y, Sr e Ba das amostras de material
particulado coletadas em uma indústria de beneficiamento de esteatito .............................. 66

Figura 5.44-Microfotografia da Lamina da Rocha SRF-R1..................................................... 67

xvii
Figura 5.45-Microfotografia da Lamina da Rocha SRF-R2..................................................... 67

Figura 5.46-Microfotografia da Lamina da Rocha SRF-R3..................................................... 67

Figura 5.47-Microfotografia da Lamina da Rocha SRF-R4..................................................... 68

Figura 6.1- Boxplot da distribuição granulométrica das partículas em suspensão coletadas na


oficina de artesanato e indústria de Santa Rita de Ouro Preto; e, na oficina de artesanato e
mineração de Cachoeira do Brumado. ................................................................................ 71

Figura 6.2- Concentração de magnésio na poeira coletada por meio do coletor passivo na
oficina de artesanato e na industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro
Preto. ................................................................................................................................. 72

Figura 6.3- Concentração de ferro e alumínio na poeira coletada por meio do coletor passivo na
oficina de artesanato e na industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro
Preto. ................................................................................................................................. 72

Figura 6.4- Concentração de calcio na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina de
artesanato e na industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto...... 72

Figura 6.5- Concentração de cromo na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina
de artesanato e na industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto. 73

Figura 6.6- Concentração de níquel na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina
de artesanato e na industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto. 74

Figura 6.7- Concentração de bário e ítrio na poeira coletada por meio do coletor passivo na
oficina de artesanato e na industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro
Preto. ................................................................................................................................. 75

Figura 6.8- Concentração de magnésio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração
e indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 75

Figura 6.9- Concentração de ferro na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e
indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 76

Figura 6.10- Concentração de alumínio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração
e indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado. ..................................................................................................... 77

Figura 6.11- Concentração de cálcio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e
indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 77

Figura 6.12- Concentração de manganês na poeira coletada nas oficinas de artesanato,


mineração e indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro
Preto e Cachoeira do Brumado. ......................................................................................... 78

Figura 6.13- Concentração de níquel na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e
indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 80

xviii
Figura 6.14- Concentração de cromo na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e
indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 82

Figura 6.15- Concentração de enxofre na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração
e indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado. ..................................................................................................... 84

Figura 6.16- Concentração de vanádio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração
e indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 85

Figura 6.17- Concentração de arsênio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração
e indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado. ..................................................................................................... 87

Figura 6.18- Concentração de chumbo na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração
e indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 88

Figura 6.19- Concentração de berilo na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e
indústria de beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado....................................................................................................... 89

Figura 6.20- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada nas oficinas de


artesanato localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado..................... 90

Figura 6.21- Concentração de cromo, níquel, alumínio, cálcio, ferro, titânio, potássio,
manganês e sódio presentes na poeira de arraste coletada nas oficinas de artesanato
localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado. ................................... 91

Figura 6.22- Concentração de lítio, escândio, estrôncio, ítrio, vanádio, cobre, bário, zinco e
cobalto presentes na poeira de arraste coletada nas oficinas de artesanato localizadas em
Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado. ........................................................... 92

xix
xx
Lista de Tabelas
Tabela 5.1 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do Handi-vol na
mineração de Cachoeira do Brumado. ................................................................................ 35

Tabela 5.2 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do Handi-vol na


oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado.................................................................. 40

Tabela 5.3 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do coletor passivo na
oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto............................................................... 51

Tabela 5.4 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do Handi-vol na


indústria em Santa Rita de Ouro Preto. ............................................................................... 62

Tabela 5.5 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do coletor passivo na
indústria de beneficiamento de pedra-sabão em Santa Rita de Ouro Preto. .......................... 63

Tabela 6.1 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do Handi-vol na


mineração e na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado, e, na indústria em Santa Rita
de Ouro Preto..................................................................................................................... 69

Tabela 6.2 – Concentração dos elementos S, Co, Ti, K, V, Sr, Zn, Sc e Li das amostras de
poeira coletadas por meio do coletor passivo na oficina de artesanato e na indústria em Santa
Rita de Ouro Preto. ............................................................................................................ 74

Tabela 6.3 – Concentração de Mn na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira


coletadas por meio do handi-vol e submetidas à digestão total. .......................................... 79

Tabela 6.4 – Concentração de Ni na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira


coletadas por meio do handi-vol e submetidas à digestão total. .......................................... 81

Tabela 6.5 – Concentração de Cr na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira


coletadas por meio do handi-vol e submetidas à digestão total. .......................................... 83

Tabela 6.6 – Concentração de V na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira


coletadas por meio do handi-vol e submetidas à digestão total. .......................................... 85

Tabela 6.7 – Concentração de As na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira


coletadas por meio do handi-vol e submetidas à digestão total. .......................................... 87

xxi
xxii
Resumo
A utilização da pedra-sabão (esteatito) em Ouro Preto ocorre desde o séc.XVIII quando passou a
ser empregada na ornamentação das igrejas e na produção artesanal de utensílios domésticos. Ainda hoje é
utilizada como matéria-prima para produção de objetos decorativos e utilitários, constituindo uma
importante alternativa econômica para a população local, excluída do mercado formal de trabalho.
O esteatito é uma rocha metamórfica de baixa dureza, constituída principalmente de talco, um
filossilicato de magnésio hidratado, podendo ocorrer também clorita, serpentina, antigorita e,
ocasionalmente, quartzo, magnetita e pirita.
O processo de extração da rocha em pedreiras e de produção de peças artesanais em oficinas
submete trabalhadores e artesãos a inalação de grande quantidade de poeira. Esta exposição ocupacional
pode levar ao desenvolvimento de pneumoconioses como a talcose ou a talcoasbestose, que são doenças
pulmonares decorrentes da inalação de partículas respiráveis de talco ou de talco contaminado por fibras
de asbesto.
A caracterização química e física do material particulado oriundo destas atividades é importante
para avaliação dos seus efeitos à saúde humana e ao meio ambiente. Com este propósito, foram coletadas
amostras de poeiras geradas em oficinas de artesanato, numa indústria de moagem de pedra-sabão e em
uma mineração nos distritos de Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado. A amostragem do
material particulado em suspensão foi realizada por meio de coletores passivos e amostrador portátil
(handi-vol). Foram ainda amostrados a poeira depositada sobre o solo nas oficinas artesanais e rochas
utilizadas nos processos de moagem e de confecção de peças.
As concentrações das partículas em suspensão na atmosfera foram obtidas por meio de análises
gravimétricas. As amostras de poeira foram submetidas à digestão total e parcial e analisados elementos
Al, As, Ba, Be, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, K, Li, Mg, Mn, Na, Ni, P, Pb, S, Sr, Sc, Th, Ti, V, Zn e Zr por
meio do ICP-OES. O tamanho e a forma das partículas foram determinados por meio do Granulômetro a
Laser e MEV-EDS. Para a caracterização mineralógica utilizou-se a Difração de Raio X e, descrição das
rochas com auxílio do Microscópio Petrográfico Binocular.
A concentração de partículas em suspensão foi muito elevada em todos os pontos de amostragem,
excedendo os limites estabelecidos pelas normas brasileiras. As partículas respiráveis (menores que 10
µm) chegam a ultrapassar em até 11 vezes o padrão estabelecido pela WHO.
O magnésio foi o elemento encontrado em maiores proporções na poeira. As análises obtidas pelo
MEV-EDS e pela Difração de Raio X revelam predominância de minerais de talco na poeira, sendo
encontrados também clorita e anfibólio, de forma lamelar e acicular, respectivamente. A descrição
petrográfica revela ainda, presença de carbonatos nas rochas utilizadas na oficina artesanal de Cachoeira
do Brumado e na indústria de moagem em Santa Rita.

xxiii
A predominância de talco (Mg3Si4O10 (OH2)) na rocha utilizada no processo de moagem e de
produção de peças artesanais, pode explicar as altas concentrações de Mg. Os carbonatos, encontrados
somente nas amostras de rocha utilizadas na oficina de Cachoeira do Brumado e na indústria em Santa
Rita, podem explicar a grande diferença na concentração de Ca entre estes pontos e a oficina de artesanato
de Santa Rita.
Embora os teores de ferro, alumínio e cálcio tenham sido elevados, não foi encontrado na
literatura limites para sua concentração no material particulado em suspensão. As concentrações de
manganês, níquel e cromo na poeira em suspensão foram superiores aos padrões estabelecidos pela
Fundação Nacional de Saúde. Sendo ainda encontrados chumbo na poeira coletada na oficina em Santa
Rita de Ouro Preto, e, arsênio na indústria e nas oficinas de artesanato.

xxiv
Abstract
The soapstone is used in Ouro Preto since XVIII century on churches adornment and to produce
domestic utensil. Nowadays it still been used to produce handicrafts, being a important alternative to the
inhabitants local, excluded of formal job.
The steatite is a metamorphic rock. It is largely composed of the mineral talc, composed of
hydrated magnesium silicate, with varying amounts of chlorite, serpentine and antigorite, may be present
quartz, magnetite and pyrite.
The process of rock extraction in pits, and handicrafts production submit the workers and
craftsman to inhale big amount of dust. This occupational exposition may be cause talc pneumoconiosis or
talc asbestosis, which are pulmonary disease resultant of inhalation of breathable particles of talc or talc
containing asbestos.
Chemical and physical characterization of particulate matter resultant of these works is important
to assess the effect to human health and to environment. For this, it was sampling dust generated in
handicrafts places, in a mill factory of soapstone and a mining in a Santa Rita de Ouro Preto and
Cachoeira do Brumado districts. The sampling of particulate matter was carried out about passive
collectors, and a handi-vol. It was sampled the floor dust of the handicrafts places and rocks used in mill
and to produce handicrafts.
The particle suspended concentration was obtained by gravimetric analysis. Chemical analysis
were carried out of dust samples, it was determined the elements Al, As, Ba, Be, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe,
K, Li, Mg, Mn, Na, Ni, P, Pb, S, Sr, Sc, Th, Ti, V, Zn e Zr by ICP-OES. The size and the shape of
particles was determined by Particle Size Analyzer and Scanning Electron Microscopy (SEM). It was used
X-ray diffraction, for mineralogical characterization and, the description of the rocks with Petrographic
Microscope.
The particle suspended concentration was high in every samples points, pasting limit of brasilian
standard. The inhale particles (less than 10 µm) pasted limit 11 fold the standard of WHO.
Magnesium was the element with largest concentration on dust. The analysis of Scanning
Electron Microscopy (SEM) and of X-ray diffraction, show the dominance of talc minerals on dust, being
present chlorite and amphiboles, with shape lamellar e acicular, respectively. The petrographic description
reveal the presence of carbonates in the rocks used in handicraft place of Cachoeira do Brumado and in
the mill factory in Santa Rita.
The predominate of talc (Mg3Si4O10 (OH2)) in the rock used in mill and in handicrafts process,
may explain the high concentration of Mg. The carbonates, presents just in the rocks samples of Cachoeira
do Brumado and mill factory in Santa Rita can explain the high difference of Ca concentration between
this sample points and Santa Rita handicrafts place.

xxv
The iron, aluminum and calcium concentrations were high, but it didn´t find on the literature
limits for these on particulate matter suspended. The concentrations of manganese, nickel e chromium on
dust were highest to the standard of FUNASA. The dust of Santa Rita handicrafts place still has lead. And,
there is arsenic on the dust of mill factory and the handicrafts places.

xxvi
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

1.1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A pedra-sabão ou esteatito é uma rocha metamórfica, de composição variável formada


essencialmente de talco, um filossilicato de magnésio hidratado, podendo ocorrer também clorita,
serpentina, magnesita, antigorita, enstatita, tremolita, antofilita, calcita, dolomita quartzo, pirofilita, e,
ocasionalmente magnetita ou pirita. Esta rocha possui baixa dureza (dureza 1 na escala Mohs), e pode
ser encontrada nas tonalidades cinza, cinza azulado, cinza esverdeado, creme e creme avermelhado
(Abreu 1973; Bezerra et al. 2003; Castilhos et. al. 2006, Gibbs et al. 1992).

A baixa dureza do mineral talco confere à pedra-sabão a facilidade de trabalhar com essa
matéria-prima que, associada à diversidade de cores por ela apresentada, permite a fabricação de uma
grande variedade de produtos. Essa propriedade possibilita o trabalho manual ou com poucos
equipamentos e ferramentas que são, muitas vezes, rudimentares, indicando a simplicidade da
tecnologia de produção empregada na maioria das oficinas (Rodrigues 2009).

O esteatito possui diversos usos industriais, sendo empregado principalmente na indústria


cerâmica, têxtil, farmacêutica, na produção de inseticidas, cosméticos, sabões, tintas, borrachas, papéis
e placas refratárias (Gibbs et al. 1992; Jones et al. 1994; Bezerra 2002).

1.2- ATIVIDADE ARTESANAL EM PEDRA-SABÃO

A utilização da pedra-sabão (esteatito) em Ouro Preto ocorre desde o séc. XVIII quando
passou a ser empregada na ornamentação das igrejas barrocas, na canalização de água e esgotos, pias e
chafarizes e na produção artesanal de utensílios domésticos (Bezerra 2002). Ainda hoje é utilizada
como matéria-prima para produção de objetos decorativos e utilitários, constituindo uma importante
alternativa econômica para a população local, excluída do mercado formal de trabalho.

Em sua maior parte, o processo de extração nas regiões de Ouro Preto e Mariana se dá em
pequenas pedreiras (garimpos) de maneira bastante rudimentar, utilizando-se somente pás e picaretas.
Também existem ocorrências de minerações que utilizam fios diamantados para corte e teares de cabo
de aço para a extração de blocos de esteatito, destinados principalmente ao mercado externo.

A produção dos objetos em pedra-sabão é efetuada, em grande parte, nas oficinas e em


pequenos galpões montados pelos próprios artesãos nos “quintais” de suas residências (espaço
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

peridomiciliar). Também é considerável o número de oficinas montadas fora da área das casas dos
artesãos, mas que são vizinhas a outras residências (Almeida 2006).

A exposição ocupacional cumulativa à poeira de talco, resultante de quase todas as etapas de


produção, principalmente do corte das chapas na serra de disco elétrica, da confecção das peças nos
tornos e da fase de acabamento efetuado com lixas, por serem processos realizados a seco, pode levar
ao desenvolvimento da talcose (pneumoconiose), doença pulmonar decorrente da inalação e
conseqüente deposição de partículas respiráveis de talco nos alvéolos pulmonares. Estudos realizados
por Bezerra (2002) e Bezerra et al. (2003) já identificaram casos de talcose entre os artesãos de Mata
dos Palmitos, localidade próxima ao distrito de Santa Rita de Ouro Preto, município de Ouro Preto.

1.3- OBJETIVOS

Os efeitos do material particulado são bastante variados em função de sua natureza química e
de suas dimensões. Vários países têm caracterizado os constituintes atmosféricos como aerossóis, e
relacionado sua concentração com problemas de saúde registrados e as fontes de emissão local
(Queiroz et al. 2007).

Diversos estudos relacionam o tamanho, a área de superfície e a composição química dos


materiais particulados como fatores importantes na determinação dos efeitos dos mesmos à saúde.
Dada a importância do conhecimento dessas características, o objetivo principal do presente estudo é
conhecer as características físicas e químicas do material particulado originado da extração
(rudimentar e mineração) e de oficinas de artesanato de pedra-sabão na região de Ouro Preto (distrito
de Santa Rita de Ouro Preto) e Mariana (distrito de Cachoeira do Brumado).

De maneira mais específica objetiva-se:

- Determinar a quantidade de poeira emanada dos trabalhos de extração e manufatura do esteatito;


- Determinar o tamanho das partículas presentes na poeira em suspensão;
- Determinar a composição mineralógica do material particulado proveniente da extração e
manufatura da pedra-sabão;
- Analisar a morfologia das partículas em suspensão em uma mineração, resultantes do processo
de moagem e de oficinas de artesanato;
- Avaliar a presença de metais no particulado total em suspensão da região estudada, sobretudo nas
oficinas, na indústria de beneficiamento e na mineração.
- Caracterizar física e quimicamente a poeira proveniente da atividade artesanal, depositada no
solo das oficinas.

2
CAPÍTULO 2
ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo localiza-se nos distritos de Santa Rita de Ouro Preto (município de Ouro
Preto) e de Cachoeira do Brumado (município de Mariana) (figura 2.1). As regiões encontram-se na
carta topográfica das folhas Mariana, Ouro Preto e Ouro Branco (IBGE, folhas SF-23-X-B-I-3, SF-
23-X-A-III-4 e SF-23-X-A-IV-2-NO).

2.1 - SANTA RITA DE OURO PRETO

A pedra-sabão é utilizada no distrito de Santa Rita de Ouro Preto na produção de peças


artesanais em oficinas; e, na produção de talco e panelas de pedra em uma indústria.

A indústria de beneficiamento da pedra-sabão no Distrito de Santa Rita de Ouro Preto, para a


produção de talco, foi instalada na década de 50. Esse talco era vendido, dependendo da qualidade do
particulado produzido, definida em função de sua tonalidade, para indústrias de produção de massa
plástica, azulejo, tintas, fabricantes de inseticidas em pó, pneus e perfumaria (Rodrigues 2009). Ainda
hoje o talco produzido é vendido principalmente para fabricantes de tinta e massa plástica.

Nessa indústria são produzidas, também, panelas, formas para pizza, frigideiras, pedras para
carne, assadeiras, formas para bolo e placas para revestimento (Rodrigues 2007). No entanto o
processo de produção destas peças é realizado a úmido com o auxílio de brocas e fios diamantados,
logo não há geração de material particulado atmosférico, sendo o resíduo gerado uma lama.

Além da indústria citada, o Distrito de Santa Rita conta com diversas oficinas de artesanato,
como relata Almeida (2006) através de uma pesquisa de campo realizada pela Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais (CETEC) em 2005, no âmbito do projeto “Rota Tecnológica pra
Desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais APLs de Base Mineral – Case Artesanato de Pedra-
Sabão em Minas Gerais” que tinha por objetivo identificar e caracterizar as Unidades Produtivas de
Artesanato (UPAs) de base mineral nos Distritos de Cachoeira do Campo e de Santa Rita de Ouro
Preto. A pesquisa do CETEC foi realizada em 85 das 103 UPAs incialmente identificadas. Dentre as
85 unidades, 48 se concentram no Distrito de Santa Rita de Ouro Preto, das quais 39 participaram
efetivamente da pesquisa (Rodrigues 2009).

Segundo Almeida (2006), verifica-se que a atividade artesanal ainda é exercida, em sua
maioria, na informalidade, não existindo registro das pessoas que nela trabalham, compromissos
tributários, além de outras obrigações legais que devem ser atendidas pelas atividades registradas. Essa
atividade é passada de pai para filho há várias gerações, praticamente sem sofrer modificação no modo
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

de produção, mantendo-se como uma tradição familiar. Em outros casos, ela se originou devido à falta
de opção de trabalho sendo, ao mesmo tempo, motivado pela facilidade de adquirir a matéria-prima e
com ela trabalhar, aliada ao crescimento do mercado na época em que se iniciaram nessa atividade
(Rodrigues 2009).

Os objetos produzidos nas oficinas do Distrito de Santa Rita de Ouro Preto são de diversos
tipos. Dentre os principais produtos produzidos pelas oficinas do distrito encontram-se os utilitários
domésticos confeccionados artesanalmente, objetos de decoração, esculturas manuais, imagens de
santos e ainda diversos tipos de jogos. Esses produtos atendem a vários mercados situados no próprio
Estado de Minas Gerais e em outros estados brasileiros, além de serem destinados à exportação para
alguns países como Alemanha, Bélgica, Canadá, Estados Unidos, França Itália e Portugal. Em Minas
Gerais, os produtos são comercializados principalmente para lojas e feiras do Município de Ouro
Preto, seguido de Belo Horizonte e, em menor escala, para os municípios de Tiradentes, Congonhas e
São João Del Rei. Já os principais estados compradores são Rio de Janeiro e São Paulo (Almeida
2006; Bezerra 2002).

2.2 - CACHOEIRA DO BRUMADO

Em Cachoeira do Brumado a extração de pedra-sabão, assim como em Santa Rita de Ouro


Preto, ocorre de maneira bastante rudimentar, ocorrendo até mesmo nos fundos das casas. No entanto
também existem minerações de esteatito neste distrito, que extraem a rocha por meio de fios
diamantados e cabos de aço. Os “garimpos” observados no distrito de Cachoeira do Brumado foram
menores (em área) que os de Santa Rita de Ouro Preto.

A atividade artesanal no distrito de Cachoeira do Brumado destina-se principalmente à


produção de panelas de pedra, formas de pizza e tapetes de sisal, que são a principal fonte de renda da
população local. A produção de panelas em Cachoeira do Brumado é mais artesanal e não utiliza água
em todo seu processo, levando a geração de particulados atmosféricos, gerados principalmente na fase
de polimento com lixas.

O início do processo de produção artesanal consiste na aquisição da matéria-prima (pedra-


sabão), na seleção e classificação dos blocos (formato indefinido – irregular). Após o transporte e a
chegada da matéria-prima à oficina, o artesão prepara manualmente os blocos efetuando o desbaste ou
a lavra para retirada das impurezas e para obter os primeiros formatos do produto desejado. Após
a preparação manual, ocorre a confecção dos artigos no torno. As peças confeccionadas passam para o
acabamento final que consiste no polimento com lixas. Quando acabados, os artigos são embalados e
destinados à comercialização, constituindo-se nas etapas finais do processo.

4
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Figura 2.1- Mapa de Localização das Áreas de Estudo.

5
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

2.3 - CONTEXTO GEOLÓGICO

Na região estudada ocorrem rochas metaultramáficas do tipo pedra-sabão e esteatito, que


constituem um dos importantes bens minerais da região do Quadrilátero Ferrífero.

Geologicamente, a área em estudo situa-se na Província Geotectônica São Francisco, na borda


sudeste do Craton São Francisco, de Almeida (1977). No domínio da Província Geotectônica São
Francisco estão as seqüências do Supergrupo Rio das Velhas, bem como uma unidade designada como
complexo Santo Antonio do Pirapetinga. Segundo Raposo (1991) trata-se de uma área de alta
complexidade geológica.

O Complexo Santo Antônio do Pirapetinga foi individualizado do Supergrupo Rio das Velhas
pela sua alta complexidade litológica e estrutural. Este complexo está caracterizado por rochas
metabásicas e metaultrabásicas intimamente associadas a gnaisses e bandas subordinadas de xisto,
formação ferrífera e quartzito (Raposo 1991).

As ocorrências de esteatitos na região sudeste do Quadrilátero Ferrífero posicionam-se quase


exclusivamente no embasamaneto arqueano (>2.7 b.a.) e as rochas apresentam contatos com gnaisses,
anfibolitos e xistos. Elas fazem parte da Unidade Metavulcânica do cinturão de rochas verdes do
Supergrupo Rio das Velhas (Ladeira et al. 1983)

Os esteatitos (pedras-sabão) da região de Santa Rita de Ouro Preto e de Cachoeira do


Brumado, estudados por Roeser et al. (1987), tem sua formação atribuída ao metassomatismo
hidrotermal das rochas ultrabásicas (serpentinitos) encaixados em gnaisses, xistos e migmatitos do
embasamento cristalino. A origem dos esteatitos a partir de rochas magmáticas (ultrabásicas e
ultramáficas) é provada especialmente pelos teores elevados em Ni e Cr (Roeser et al. 1980).
Segundo Roeser et al. (1980), os esteatitos da região sul-sudeste de Ouro Preto podem ser
diferenciados nos seguintes tipos: esteatito maciço, rocha com carbonato-talco, rocha com anfibólio-
talco e rocha rica em clorita de Mg. Na maioria dos casos, o serpentinito já foi totalmente
transformado deixando apenas restos de minerais como lizardita ((Mg,Fe)3(Si2O5)(OH)4), crisotilo
(Mg3(Si2O5)(OH)4) e/ou antigorita (Mg6[Si4O10](OH)6), somente detectáveis com auxílio de raios X.

Os esteatitos das proximidades de Ouro Preto se constituem principalmente de minerais de


talco, clorita magnesiana, anfibólio (de dois tipos – da série actinolita-tremolita e ortoanfibólios) e
carbonatos (dolomitas). Além dos minerais citados essas rochas possuem como acessórios: pirita,
ilmenita, hematita, magnetita, apatita e restos de minerais do grupo da serpentina (Roeser et al. 1987;
Silva 2002) e em alguns casos, como produtos de processos metassomáticos hidrotermais, turmalina.
Estes esteatitos são produtos de um metamorfismo de baixo grau, com exceção de um tipo de esteatito
que apresenta a paragênese antofilita-talco-magnesita que é resultado do metamorfismo do grau médio
(Roeser & Roeser 1980).

6
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Amostras de esteatitos mais alterados de Bandeirantes, Cachoeira do Brumado, Pedreira Ouro


Preto Pedra Sabão e Santa Rita de Ouro Preto foram analisadas por meio da difração de raios-X, por
Silva (2002), que identificou o talco como principal constituinte mineralógico em todas as amostras
analisadas. A clorita foi identificada como clinocloro e, por vezes, nimita que é uma clorita rica em
níquel.

Já das amostras de rochas coletadas entre as utilizadas pelos artesãos de Mata dos Palmitos,
sub-distrito de Santa Rita de Ouro Preto, foram identificadas três tipos: talco xisto, anfibólio-clorita-
talco xisto e anfibólio-clorita talcito, sendo o anfibólio identificado tipo tremolita-actinolita (Bezerrra
2002).

Os esteatitos da Cachoeira do Brumado apresentam textura fanerítica fina, aspecto acicular


compostos de talco, pequenos cristais de carbonato alterados, agregados radiais e em forma de
agulhas, que constituem o anfibólio e alguns cristais de pirita. Microscopicamente a rocha é um
tremolita-clorita-talco xisto. Os esteatitos do Ribeirão do Carmo são compactos, homogêneos, pouco
alterados, de textura fanerítica fina com cristais granulares equidimensionais compostas
essencialmente por talco e carbonatos. Microscopicamente, a rocha foi identificada como clorita
carbonato talco fels. No afloramento nas mediações de Mariana os esteatitos apresentaram textura
fanerítica fina, com pequenos cristais aciculares que formam agregados radiais e pequenos cristais
identificados macroscopicamente como pirita. Microscopicamente esses esteatitos foram identificados
como antofilita-clorita-talco xisto (Silva 2002).

7
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

8
CAPÍTULO 3
MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO: CONCEITOS E
EFEITOS À SAÚDE.

3.1 - CONCEITOS

Os poluentes atmosféricos conhecidos como material particulado não constituem uma espécie
química definida, mas uma mistura de partículas sólidas e líquidas de diferentes tamanhos, formas,
distribuição, composição química e reatividade. Os particulados em suspensão na atmosfera podem ser
originados de fontes naturais ou antropogênicas. Sua composição e tamanho dependem das fontes de
emissão e das reações químicas subseqüentes que ocorrem na atmosfera (Dockery & Pope 1994;
Cançado et al. 2006; Viana et al. 2006).

Há possíveis efeitos sobre o clima, visibilidade, solo e água. Embora diversos estudos tenham
sido realizados nos últimos anos, as relações entre os vários parâmetros do material particulado (PM),
os mecanismos biológicos e seus efeitos adversos à saúde são pouco conhecidos ainda (Hauck et al.
2004).

Poeira é toda partícula sólida de qualquer tamanho, natureza ou origem, formada por trituração
ou outro tipo de ruptura mecânica de um material original sólido, suspensa ou capaz de se manter
suspensa no ar. Essas partículas geralmente têm formas irregulares e são maiores que 0,5 µm. A
inalação é a forma mais comum de entrada das poeiras no organismo. Os efeitos das poeiras inaladas
dependem das espécies químicas que as compõem, da sua concentração no ar, do local de deposição
no sistema respiratório e do tempo de exposição do trabalhador a essas poeiras (Santos 2001).

3.2 - CLASSIFICAÇÃO E FONTES

Baseado em sua origem, o material particulado pode ser dividido em dois grupos: primário e
secundário. As partículas primárias são produzidas através de processos químicos e físicos diretamente
de fontes de poluição, enquanto que as partículas secundárias são formadas na atmosfera como
resultado de reações químicas envolvendo gases preexistentes.

Partículas primárias de material particulado podem ser geradas por emissões naturais, como
erupções vulcânicas e suspensão do solo em áreas de deserto; ou antropogênicas provenientes de
atividades industriais e da queima de combustíveis fósseis. Da mesma forma, as partículas secundárias
podem ser produzidas tanto por emissões antropogênicas de gases, quanto por emissões naturais
provenientes, por exemplo, da água do mar, de vulcões e de processos de decomposição biológica.
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

3.3 - PARTICULADOS ATMOSFÉRICOS E SEUS EFEITOS À SAÚDE

Os riscos ocupacionais que as poeiras podem originar variam desde um simples incômodo
inicial até doenças mais graves como pneumoconiose e câncer. Segundo Santos (2001) os efeitos das
poeiras podem ser fibrogênicos (causados por poeiras capazes de desencadear uma reação que produz
uma fibrose localizada ou difusa do tecido pulmonar, como no caso do quartzo e do asbesto),
cancerígenos, tóxicos sistêmicos, cutâneos (devido ao seu formato, composição química ou capacidade
de adsorver outras substâncias, certas poeiras podem dar origem a dermatites irritativas ou alergias) e
irritantes.

O mecanismo real da toxicidade e da genotoxicidade do material particulado ainda não são


completamente entendidos. No entanto, sabe-se que a inalação de partículas minerais de aerossóis e
sua deposição nos alvéolos pulmonares podem causar problemas à saúde dependendo da concentração
dos poluentes na atmosfera, do tempo de exposição, da natureza química e física das partículas
inaladas. Diversos estudos relacionam o tamanho, a área superficial e a composição química dos
materiais particulados como fatores importantes na determinação dos efeitos do mesmo à saúde
(Harisson & Yin 2000; Queiroz et al. 2007; Viana et al.2008).

As características físicas e químicas das partículas, como sua solubilidade, a deposição e


distribuição no trato respiratório determinam os efeitos biológicos das partículas. As partículas de
materiais menos solúveis depositam-se no pulmão onde causarão lesões epiteliais enquanto as mais
solúveis rapidamente entram na corrente sanguínea, podendo atingir outros órgãos (Gomes 2002).

Fatores ocupacionais também estão relacionados ao desenvolvimento de doenças como câncer


de pulmão, devido à exposição ao asbesto, a sílica, metais (cádmio, cromo, níquel, berilo e arsênio)
(Peretz et al. 2006).

A natureza das doenças e o grau de probabilidade de sua ocorrência em situações de exposição


a poeiras depende da combinação de muitos fatores, entre eles:

• a distribuição de tamanho de partícula (que governa como a poeira entra no corpo, via inalação, e
onde é depositada no trato respiratório);

• a concentração de poeira no ambiente (que governa quanto pode ser depositado), e

• a forma e reatividade das partículas (que governam o destino subseqüente e as respostas biológicas
para a presença das partículas em contato com tecidos vulneráveis).

10
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

3.3.1 - A influência da Concentração de Partículas

Na década de 70, a relação entre material particulado e doenças respiratórias foi bem
estabelecida. Em sua revisão, Holland et al. (1979) concluíram que partículas e poluição atmosférica
em altas concentrações colocam em risco a saúde humana. A alta concentração de material particulado
tem sido associada a doenças respiratórias, redução da função pulmonar, ao aumento de ataques de
asmas em crianças, doenças cardiovasculares e mortalidade (Dockery et al.1993; Schwartz 1993;
Dockery & Pope 1994). Entretanto, estudos recentes provam que a relação entre a exposição à poeira e
os efeitos adversos não podem ser determinados somente pela concentração, e que outros parâmetros
como as propriedades químicas (especiação, concentrações de metais, etc.), físicas (número de
partículas, superfície da partícula etc.) e biológicas (habilidade de formar radicais hidroxilas, etc.)
também devem ser levadas em consideração (Viana et al. 2008).

Ao se estudar as poeiras, deve-se ter em mente que, em quantidade excessiva, elas


sobrecarregam os sistemas de proteção e limpeza do organismo, favorecendo a instalação de doenças
respiratórias. Para qualquer tipo de poeira, o grau de risco para a saúde depende do tipo de exposição e
de fatores individuais. A exposição é caracterizada principalmente pelo tipo de poeira, sua
concentração no ar e duração da exposição. Os fatores individuais consideram a constituição geral e
estado de saúde do indivíduo exposto (no caso, o trabalhador), o que inclui o estado funcional do trato
respiratório superior, o funcionamento e estrutura dos pulmões, o estado imunológico geral e
reatividade bioquímica. Todos esses fatores desempenham seu papel na origem de doenças
respiratórias (Santos, 2001).

3.3.2 - A influência da Forma e Tamanho das Partículas.

O tamanho e a forma das partículas são considerados fatores universalmente importantes na


patogênese e são informados na maioria dos estudos. Existem vários mecanismos conhecidos ou
parcialmente conhecidos, pelos quais tamanho e forma podem influenciar na toxicidade e
carcinogenicidade, destino da partícula, área de superfície, locais reativos e interações de partícula-
célula (George & Guthrie 1997).

O tamanho da partícula é expresso em termos do diâmetro aerodinâmico, definido como o


diâmetro da esfera semelhante à partícula em questão. As partículas inaladas podem ter dimensões
entre 100 e 0,01µm. Uma vez inaladas depositam-se nas vias aéreas superiores e inferiores em vários
níveis. A maioria das partículas com diâmetro aerodinâmico maior que 10µm, depositam-se nas vias
aéreas superiores. Partículas menores que 10µm depositam-se nas vias aéreas inferiores como, por
exemplo, os bronquíolos e os alvéolos. As partículas mais finas (inferiores a 0,5µm) podem aumentar
a acidez do ar, mas a sua penetração nas vias aéreas é inferior a 20% (Gomes 2002).

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Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Para os estudos de Higiene Ocupacional as faixas de tamanho de maior interesse estão


divididas de modo a relacioná-las com seu local de deposição, como:

• inaláveis – partículas menores que 100 µm, capazes de penetrar pelo nariz e pela boca;

• torácicas – partículas menores que 25 µm, capazes de penetrar além da laringe;

• respiráveis – partículas menores que 10 µm, capazes de penetrar na região alveolar (Santos 2001).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, estudos epidemiológicos mostram uma


relação entre a concentração de partículas atmosféricas respiráveis (PM10) e sua subfração de
partículas finas (PM2.5), com a mortalidade e com aumento do índice de doenças cardiorespiratórias,
pois esta fração (< 10 µm) atinge as vias respiratórias inferiores (nível alveolar), onde os mecanismos
de expulsão destes poluentes não são eficientes (Queiroz et al. 2007; Rampazzo et al. 2008).

Schwartz et al. (1996) demonstraram uma forte relação entre PM2.5 e mortalidade em seis
cidades baseado em estudos de séries temporais e encontraram uma pequena relação com partículas
entre 2.5-10-µm de diâmetro (in Harrison & Yin 2000).

Entidades importantes como o British Medical Research Council (BMRC), a U.S. Atomic
Energy Commission, a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH), a U.S.
Occupational Safety and Health Administration (OSHA), a U.S. Environmental Protection Agency
(EPA), o Comité Europeén de Normalisation (CEN) e a International Standards Organization (ISO)
reconhecem a importância do tamanho das partículas nos riscos ocupacional e ambiental relacionados
com a inalação (Santos 2001).

O transporte das partículas, bem como a taxa de dissolução (mecanismo de liberação


importante por dissolver materiais como a crisotila) e fagocitose também são influenciados pelo
tamanho e forma das partículas (George & Guthrie 1997). Partículas que depositam-se na traquéia e
nos brônquios podem ser expelidas ou ingeridas. Partículas depositadas além dos bronquíolos são
removidas principalmente pelos macrófagos pulmonares. Uma pequena fração desta migra pelo tecido
alveolar atingindo a circulação linfática (Dockery & Pope 1994).

A forma da partícula é um importante fator que influencia os processos de impactação e


deposição inercial no sistema respiratório. A variedade de formas existentes para as partículas é
ilimitada. Alguns exemplos podem ser citados, como as esféricas, cúbicas, irregulares, com formato de
flocos, fibras, cadeias, plaquetas ou escamas (Santos 2001). Outro aspecto importante da morfologia
de partículas está relacionado à natureza da reatividade em locais na superfície da partícula, porque a
morfologia de uma partícula determina a exposição de vários locais reativos (George & Guthrie 1997).

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

3.3.3 - A Influência da Composição Química

De acordo com Dockery & Pope (1994) existem vários estudos que confirmam que a maioria
dos metais pesados são preferencialmente transportados em partículas menores. A presença de
elevadas concentrações de metais pesados na atmosfera pode agravar os impactos sobre o ambiente e
sobre a saúde humana (USEPA 1984; WHO 1987).

Segundo Rampazzo et al. (2008), a toxicidade e/ou os efeitos carcinogênicos de muitos


elementos na atmosfera tais como Pb, As, Cd, Ni, Mn, Pt e V (WHO, 2000), Zn e Ni e outros
elementos de transição já foram comprovados. Alguns elementos como As, Cr e Ni são
potencialmente carcinogênicos (USEPA 1984). E, níveis atmosféricos de outros elementos tais como
Cd, Hg, Mn, Pb também são regulados pela Organização Mundial de Saúde (WHO 1987) devido à alta
toxicidade desses elementos. Alguns trabalhos sugerem ainda, que metais de transição,
particularmente o ferro, podem ter efeitos adversos por mecanismos não-clássicos como a contribuição
à produção de radicais hidroxilas pela reação de Fenton (Gilmour et al. 1996 in Harrison & Yin 2000).

3.3.4 - Propriedades Mineralógicas Importantes na Toxicidade

Várias características mineralógicas controlam a reatividade de um mineral em reações


geoquímicas e são importantes para determinar sua reatividade biológica. Características
mineralógicas como dissolução, troca de íons, propriedades de sorção e a natureza da superfície
mineral (reatividade de superfície) e cristalinidade possuem papéis importantes na determinação da
toxicidade e carcinogenicidade de uma partícula. A caracterização da espécie mineral (estrutura e
composição de um mineral) é uma característica importante e deveria ser considerada em estudos de
toxicidade e carcinogenicidade (George & Guthrie 1997; Peretz et al. 2006).

Embora a espécie mineral seja importante para determinar a toxicidade de uma amostra, sua
composição química pode sofrer pequenas variações, devido a substituições de alguns elementos na
sua estrutura. Estas variações composicionais podem afetar as propriedades da amostra, inclusive
toxicidade. Conseqüentemente, uma análise composicional deve ser realizada para uma amostra
particular no estudo da toxicidade (George & Guthrie 1997).

Estudos têm sido realizados com o propósito de caracterizar o material particulado


atmosférico, como realizado por Adamo et al. (2008), que estudaram a mineralogia e a geoquímica
(elementos maiores e traços) de materiais particulados coletados por meio de um coletor automático
(PM-10) na cidade de Nápoles.

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Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

3.4- TALCO E DOENÇAS RELACIONADAS À SUA EXPOSIÇÃO

3.4.1- Origem e Ocorrência de Talco no Mundo.

O talco é um silicato de magnésio hidratado Mg3Si4O10(OH)2, capaz de provocar lesões


pulmonares quando inalado cronicamente, caracterizando uma pneumoconiose (Chibante et al. 1990,
Gibbs et al.1992).

De acordo com área geográfica de origem, os depósitos de talco apresentam uma variedade de
minerais como serpentinas (geralmente antigorita e raramente crisotila), cloritas, quartzo, magnesita,
calcita, anfibólios tremolita e antofilita, olivina, enstantita e dipsida, que diferem na ocorrência e
proporção. O talco puro é composto de partículas lamelares, enquanto a tremolita e outros anfibólios
podem ser fibrosos. Para ser considerado fibroso, a razão entre comprimento e largura deve ser 3 vezes
ou mais (Berner et al. 1981).

Os talcos claros (alta-pureza) provenientes dos Alpes italianos, China e Índia foram formados
a partir de dolomitas e podem conter quartzo. O talco norueguês geralmente contém clorita, magnesita
e tremolita (na forma não fibrosa) e concentrações traço de quartzo. Os depósitos St Lawrence Couty
no estado de Nova York estão associados com tremolita e quantidade significativas de antofilita e
quartzo em algumas amostras. O talco californiano (Death Valley) está associado com a tremolita,
quartzo, serpentina, dolomita e calcita. E, os provenientes de Vermont contem magnesita e dolomita e
não há ocorrência de minerais fibrosos e quartzo, presente em concentrações traço. O talco canadense
encontrado principalmente em um distrito de Ontário, possui origem geológica semelhante ao de St.
Lawrence County, e contem consideráveis quantidades de tremolita e dolomita (Gamble, et al.1979;
Jones et al. 1994).

No Brasil os esteatitos da região de Ouro Preto e Mariana se constituem principalmente de


minerais de talco, clorita, anfibólio (de dois tipos – da série actinolita-tremolita e ortoanfibólios) e
carbonatos (dolomitas). Além de minerais acessórios como pirita, ilmenita, hematita, magnetita,
apatita e restos de minerais do grupo serpentina (Roeser et al. 1987; Silva 2002).

3.4.2- Doenças Causadas Devido à Exposição a Poeira de Talco

Três formas distintas de doenças pulmonares causadas pela inalação de talco foram definidas
por Feijin (1986). A talcosilicose, causada pela inalação de talco contendo sílica, que apresenta
sintomas semelhantes à silicose. A talcoasbestose, cujo quadro clínico é semelhante ao da asbestose
(dispinéia, tosse crônica inclusive formação de tumores malignos e calcificações), é causada pela
inalação de talco e fibras de asbesto. E, a talcose causada pela inalação de talco puro, que podem
ocasionar bronquites agudas ou crônicas bem como inflamações intersticiais.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

A talcose pulmonar foi descrita pela primeira vez por Thorel em 1896, 11 anos antes da
primeira descrição da asbestose. A composição do talco inalado é provavelmente um dos fatores
determinantes para o comportamento biológico que resulta nas pneumoconioses (Jones et al. 1994).

As lesões pulmonares associadas à exposição ocupacional à poeira de talco podem-se


manifestar de três diferentes maneiras:

1) Lesão nodular ou fibrose de poeira mista pode ocorrer devido à presença de quartzo no talco ou
processo industrial.

2) Fibrose intersticial pulmonar difusa que pode ocorrer devido à associação de tremolita ou antofilita
(na forma fibrosa) com o talco, ou uso de minerais asbestos no mesmo processo em que o talco é
utilizado.

3) Granulomas (corpo estranho)- podem surgir pela inalação de talco puro, mas são raros.

Os três tipos de lesões podem ocorrer isolados ou combinados nos indivíduos, de acordo com
a composição da poeira a que foram expostos (Jones et al. 1994).

Vallyathan & Craighead (1981) encontraram lesões focais e fibroses difusas nos tecidos
pulmonares de sete trabalhadores de minerações de moagem de talco em Vermont. O talco continha
clorita e carbonato, e pequenas quantidades de quartzo e fibras de silicatos.

Casos de fibroses pulmonares intersticiais difusas foram encontrados entre trabalhadores de


mina e de moedores de talco em Nova York (Siegel et al. 1943; Greenburg 1947; Kleinfeld et al.
1964). O processo de ensacamento do material moído também apresenta um risco potencial.

Achados radiológicos apontam para casos de silicose entre mineradores de talco italianos,
principalmente pequenas opacidades circulares. Foram encontrados opacidades nodulares e de
conglomerados em alguns moedores e ensacadores de talco em Hamata, no Egito (Pettinati et al.; El-
Ghawabi et al. apud Jones et al. 1994).

Tanto a mineração como a moagem podem provocar pneumoconiose, sendo necessárias a


predisposição individual e tempo de exposição. A reação tecidual depende da interação macrófago
alveolar/partículas/fibras. O estudo da composição da poeira pode auxiliar na compreensão da reação
tecidual e provável apresentação da doença (Chibante et al.1990; Algranti, 1990).

Em 1940 um levantamento de radiografias do pulmão de 221 trabalhadores de minerações e


moedores de talco de plantas industriais na região nordeste do estado de Nova York, revelou a
presença de fibrose pulmonar em 32 trabalhadores, entre os quais 18 não possuíam outra exposição
ocupacional à poeira. Este levantamento indicou claramente que a exposição destes trabalhadores à
poeira de talco levou ao aparecimento de uma pneumoconiose fibrogênica (Siegal et al. 1943). Foram
revisados dados de mortalidade de 91 trabalhadores de minerações e moedores de talco no estado de
Nova York, expostos por 15 anos ou mais à poeira de talco. A mortalidade devido ao câncer de
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Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

pulmão e pleura entre os trabalhadores de talco foi quatro vezes maior do que a população controle.
Registrou-se 28 mortes devido à pneumoconioses ou suas complicações. E, 25 mortes devido à
problemas cardíacos. A duração de exposição variou de 15 a 47 anos. Este estudo indicou aumento da
incidência de câncer de pulmão entre os trabalhadores e moedores de talco (Kleinfield et al. 1967).

Casos de talcose e talcoasbestose foram identificados entre artesãos em pedra-sabão, que


trabalham em produção de base familiar, de caráter informal em Mata dos Palmitos, subdistrito de
Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil. O estudo da composição da poeira revelou a presença de fibras
respiráveis de asbesto do grupo dos anfibólios (tremolita-actinolita) (Bezerra et al. 2003). Carneiro et
al. (2010) encontraram anormalidades na radiografia de tórax compatíveis com o diagnóstico de
pneumoconiose entre sete artesãos de 22 a 44 anos e, tempo de exposição ocupacional de 5 a 37 anos
na região de Ouro Preto, MG.

Uma associação entre pneumoconioses causadas pelo talco, e doenças arteriais em


trabalhadores de mina de talco no Estados Unidos foi constatado por Nash & Nash (1978), no entanto
segundo Jones et al. (1994) são necessárias investigações epidemiológicas. Estudo realizado por
Kleinfeld et al. (1967) mostrou a cor pulmonale como a maior complicação da talcose e maior causa
de morte entre os trabalhadores.

A mortalidade decorrente de doenças respiratórias esta relacionada com a alta exposição


cumulativa à poeira de talco (Wild et al. 2002).

3.4.3- Principais Sintomas e Sinais Clínicos

Os principais sintomas respiratórios da talcose são dispnéia, tosse, redução da capacidade


pulmonar, e alterações pulmonares (inflamações intersticiais, calcificação pleural, granulomas)
(Gamble et al. 1979; Reijula et al. 1991).

As formas crônicas costumam ser pouco sintomáticas no inicio da doença, para depois se
tornarem exuberantes em queixas clínicas entre as quais predomina incapacidade respiratória
progressiva. Dispnéia, tosse, cianose, baqueteamento digital e alterações pulmonares são percebidos
na forma avançada, que continua evoluindo após o afastamento da fonte poluidora (Chibante et al.
1990).

Os sintomas tendem a se desenvolver de 15 a 20 ano após a exposição à poeira de talco.


Quando a concentração de poeira é muito elevada, a dispnéia pode se desenvolver em 2 anos com
avanço progressivo de doenças do tipo nodular (Jones et al. 1994). Segundo Kleinfeld et al. (1974), os
efeitos carcinogênicos da poeira de talco se manifestam principalmente 15 a 24 anos após a exposição
ocupacional.

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

3.4.4- Fatores que Influenciam a Carcinogenicidade.

Um estudo realizado pela IARC concluiu que não existem evidências adequadas para a
carcinogenicidade do talco em experimentos em animais e em humanos, exceto quando o talco contém
fibras de asbesto (IARC, 1987 apud Jones et al. 1994).

Os limites recomendados pela American Conference of Governmental Industrial Hygienists


considera os diferentes efeito biológicos das formas de talco “fibrosas” e “não-fibrosas”, ou seja se o
talco está puro ou se contem tremolita e antofilita (Jones et al. 1994).

Estudo realizado por Kleinfeld et al. (1967) e Kleinfeld et al. (1974) entre mineradores e
moedores de talco, mostraram o aumento da incidência de mortes devido à pneumoconioses causadas
pelo talco e suas complicações e uma incidência de câncer de pulmão e pleura nestes trabalhadores
quatro vezes maior que o observado na população controle. Estes estudos mostraram que o talco a que
os trabalhadores foram expostos continha outros minerais como serpentina, tremolita, antofilita e
carbonatos.

Wergeland et al. (1990) não encontraram associação entre câncer de pulmão ou mortalidade
devido à doenças respiratórias e exposição ao talco com baixa concentração de quartzo em uma mina e
uma fábrica (moinho) na Noruega.

Em estudo de série histórica realizada por Rubino et al. (1976), foi verificado a alta incidência
de pneumoconioses entre trabalhadores de minas de talco. Os autores ainda concluíram que a
exposição à sílica em minas de talco aumenta a incidência de morte por causas respiratórias. Não foi
detectado aumento de risco para outras causas de morte para os mineiros e nenhuma causa foi
encontrada entre os moedores de talco. Este estudo ainda confirma a hipótese da não
carcinogenicidade do talco puro. E, concorda com a tese de que não existem relatos da ocorrência de
câncer de pulmão, na ausência de agentes carcinogênicos específicos, como por exemplo fibras de
asbesto.

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Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

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CAPÍTULO 4
METODOLOGIA

4.1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Inicialmente foram realizados estudos bibliográficos a respeito da coleta de materiais


particulados, para a definição do equipamento de amostragem a ser adquirido, bem como o
posicionamento do mesmo nos pontos de coleta, a periodicidade da amostragem e o tempo de coleta
das partículas.

Realizou-se ainda, o levantamento de material bibliográfico relacionado às atividades de


extração de pedra-sabão das áreas de estudo, e informações cartográficas das áreas em questão. Para a
elaboração do mapa base da região de Santa Rita de Ouro Preto foram utilizados os mapas
topográficos de Ouro Preto, Ouro Branco e Piranga, folhas SF. 23-X-A-III-4, SF.23-X-A-IV-2 e SF-
23-X-B-IV-1 em escala 1:50.000 do IBGE de 1985, bem como informações de Trabalhos Geológicos
realizados na região. Enquanto o mapa base da região de Cachoeira de Brumado foi confeccionado a
partir do mapa topográfico de Mariana, folha SF-23-X-B-I-3, IBGE/IGA de 1986.

Após a confecção destes mapas, foram realizados campos de reconhecimento das áreas de
estudo, por meio dos quais foi possível identificar a ocorrência de áreas mineradas em operação e
diversas em que as atividades extrativas já haviam sido encerradas. Além, da presença de oficinas de
artesanato de pedra-sabão em ambas regiões.

Definidos os equipamentos e pontos de amostragem, buscou-se na literatura, estudos


relacionados à caracterização de poeiras. Este levantamento permitiu a elaboração da metodologia
empregada no presente estudo. A figura 4.1 mostra o fluxograma da metodologia adotada para a
quantificação e caracterização física, química e mineralógica do material particulado atmosférico
oriundo das atividades de extração e beneficiamento do esteatito (pedra-sabão).
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Estudos Bibliográficos

Elaboração do Mapa Base

Campo de reconhecimento da Área


Definição dos pontos de amostragem

Preparação do material de Campo

Amostragem Amostragem de Poeira Amostragem


de PTS de Arraste de Rocha

Análises Análises Ensaio


Análises Mineralogia Granulométrico
Granulométricas Químicas Confecção de
Gravimétricas por DRX
Lâminas
Fração < 63µm
Determinação Determinação D.Total D. Parcial Caracterização
da Concentração do Tamanho das das PTS das PTS Morfológica das Análise
de PTS Partículas partículas (MEV) Granulometria D.Total D. Parcial Microscópica
das PTS das PTS dos minerais
Determinação de Elementos Determinação
Maiores, Menores e Traços do Tamanho das Determinação de Elementos
(ICP-OES) Partículas Maiores, Menores e Traços
(ICP-OES)

Resultados

Interpretação dos Resultados

ESTUDO DO MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO PROVENIENTE


DA EXTRAÇÃO E MANUFATURA DE PEDRA-SABÃO
Figura 4.1- Fluxograma representando a metodologia utilizada no estudo do material particulado proveniente da extração e manufatura de pedra-sabão.
Legenda: PTS- Partículas Totais em Suspensão; D. Total- Digestão Total; D. Parcial- Digestão Parcial; DRX- Difração de Raio-X; MEV- Microscopia Eletrônica de
Varredura; ICP-OES- Espectrofotômetro de Emissão Atômica com Fonte de Plasma Indutivamente Acoplado

20
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

4.2- AMOSTRAGEM

O trabalho de campo de reconhecimento das áreas de estudo, permitiu a verificação de


ocorrência de diversas minerações em atividade e oficinas de artesanato em Santa Rita de Ouro Preto e
Cachoeira do Brumado. Os pontos de amostragem foram selecionados em função da permissão dos
proprietários e presença de instalações elétricas, necessárias ao funcionamento do equipamento de
coleta.

A amostragem do material particulado em suspensão (PTS) no distrito de Santa Rita de Ouro


Preto (município de Ouro Preto) foi realizada mensalmente, em uma indústria de beneficiamento de
pedra sabão (figura 4.2 b), destinada à produção de pó para massa plástica, e em uma oficina de
artesanato voltada para a confecção de objetos decorativos (figura 4.2 a), durante o período de
setembro de 2008 a agosto 2009.

a- SRF- Fábrica de Santa Rita b- SRA- Artesanato de Santa Rita


Coordenadas UTM (0651366, 7728480) Coordenadas UTM (0650299, 7729290)
Figura 4.2- Pontos de amostragem de PTS do distrito de Santa Rita de Ouro Preto.

No distrito de Cachoeira do Brumado (município de Mariana) foram selecionadas uma


mineração de esteatito (pedra-sabão) em atividade (figura 4.3 a) e uma oficina de confecção de panelas
de pedra (figura 4.3 b).

a- CBM- Mineração de Cachoeira do Brumado b- CBA- Artesanato de Cachoeira do Brumado


Coordenadas UTM (0679123, 7739744) Coordenadas UTM (0679885, 7743244)
Figura 4.3- Pontos de amostragem de PTS do distrito de Cachoeira do Brumado.

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Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

As coletas das partículas totais em suspensão foram realizadas mensalmente (de setembro de
2008 a agosto de 2009) por meio de um amostrador de partículas portátil HANDI-VOL. E, durante o
mês de fevereiro por meio de coletores passivos instalados nos dois pontos de amostragem de Santa
Rita de Ouro Preto, e na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado.

Foram ainda realizadas coletas de rochas (esteatito) utilizadas no processo de confecção de


panelas de pedra, objetos decorativos e na indústria de beneficiamento de pedra sabão para a produção
de massa plástica. E, de poeiras depositadas sobre o chão (poeira de arraste) na oficina de artesanato
de Santa Rita de Ouro Preto e de Cachoeira do Brumado.

A figura 4.4 mostra resumidamente o plano de coleta do material particulado proveniente da


extração e manufatura de pedra-sabão, bem como da rocha utilizada neste processo.
Mapas Dados

Trabalho de Campo de Reconhecimento da Área

Seleção dos Pontos de Amostragem

Amostragem Amostragem Amostragem de


de PTS de Rocha Poeira de Arraste

Artesanato Artesanato Mineração Industria Artesanato Artesanato Indústria Artesanato Artesanato


S. Rita C. Brumado C. Brumado S. Rita S. Rita C. Brumado S. Rita S. Rita C. Brumado
Figura 4.4- Fluxograma representando o plano de coleta do material particulado proveniente da extração e
manufatura de pedra-sabão.

Os equipamentos de coleta, bem como as metodologias adotadas são explicados


detalhadamente a seguir.

4.2.1- Amostrador de Médio-Volume (HANDI-VOL)

O amostrador de partículas portátil HANDI-VOL, da Energética (Figura 4.5), succiona um


determinado volume de ar durante um certo período de amostragem, o ar succionado passa por um
filtro instalado no equipamento, que retêm as partículas atmosféricas em suspensão. Por meio deste
equipamento é possível medir concentrações de partículas na faixa de 2 a 750 µg/m3. A faixa de vazão
do equipamento utilizado é em torno de 230 L/min (0,23 m3/min).

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Figura 4.5- HANDI-VOL em posição horizontal. Vê-se o porta-filtro, a moldura de aperto, o cilindro contendo
o motoaspirador e o rotâmetro.

Por não ser dotado de nenhuma obstrução anterior ao filtro, ao contrário do HI-VOL que
possui uma entrada em forma de teto em duas águas, o HANDI-VOL consegue coletar todo o tipo de
partículas que chegam próximo do filtro. Ou seja, partículas com diâmetro superior ao diâmetro das
partículas coletadas pelo HI-VOL, que vai de 25 a 50 µm, dependendo da velocidade e direção do
vento.
A calibração do equipamento foi realizada no mesmo local e posição das amostragens,
obedecendo as instruções do fabricante. A figura 4.6 mostra o Calibrador Padrão de Vazão instalado,
com a placa adaptadora, o manômetro (em pé), conectado pela mangueira de látex, e as 5 placas de
resistência (discos perfurados).

Figura 4.6- Calibrador Padrão de Vazão instalado no HANDI-VOL.


Para a coleta utilizou-se o filtro de fibra de vidro que, segundo o fabricante, possui as
seguintes características gerais:

• Eficiência de mais de 99,9 % (teste do FDO - Ftalato de Dioctil para partículas de 0,3 µm)

• Baixa reação a material corrosivo

• Baixa higroscopia.

• Resistente a temperaturas de até 540 °C


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Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

• Resistente a tensões, não se rompendo facilmente com o manuseio.

Todos os filtros foram inspecionados visualmente, antes de sua pesagem inicial, sendo
rejeitados aqueles encontrados com defeitos. Os filtros foram equilibrados num ambiente
condicionado (dessecador), por pelo menos 24 horas antes da pesagem.

4.2.1.1 - Definição do período de coleta.

Para determinar o tempo que o amostrador de partículas permaneceria ligado para a coleta do
particulado, foram realizados testes nos pontos de amostragem selecionados, por meio do qual,
definiu-se que seriam efetuadas duas coletas (de 1 hora) em cada ponto de amostragem. Este tempo foi
determinado, para que não houvesse o entupimento do filtro, já que as coletas foram efetuadas nos
pontos de geração de particulado. Definiu-se também que seria realizada uma coleta por mês em cada
ponto de amostragem, durante o período de 1 ano.

No entanto, ao longo dos meses de coleta verificou-se que nas oficinas, onde a geração de
particulados é maior, o período de coleta deveria ser menor, pois a obstrução do filtro fazia com que a
vazão succionada diminuísse juntamente com a eficiência da coleta. Já na fábrica, que possuía sistema
de controle de Partículas Totais em Suspensão (PTS) o tempo deveria ser maior, para coletar material
suficiente para as análises posteriores. Portanto, o critério utilizado para o tempo de coleta foi a
verificação do rotâmetro do equipamento. Caso a vazão succionada diminuísse consideravelmente, o
equipamento era desligado. Caso contrário, o mesmo permanecia ligado por um período maior de
tempo. Logo, o tempo de coleta variou em função do ponto de amostragem, da fonte geradora, da
direção do vento e das atividades dos trabalhadores.

4.2.1.2- Cálculo do Volume de Ar


O volume de ar amostrado é dado por:

Vp= Qpm t (Eq. 4.1)

onde:

Vp = volume de ar amostrado em condições padrão, m3.

Qpm = vazão média deslocada pelo HANDI-VOL, em condições padrão, m3/min.

t = tempo decorrido da amostragem, medido com um cronômetro, min.

A vazão média, Qpm, é a média das vazões calculadas no início e no fim da amostragem. As
vazões Qp, no início e no fim da amostragem, são determinadas a partir da curva de calibração do
HANDI-VOL pela equação de regressão.

24
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

(Eq.4.2)

onde

N = nível da esfera do rotâmetro (do equipamento)

P3 = pressão barométrica média durante a amostragem, mmHg

Pp = 760 mmHg

Tp = 298 K

T3 = temperatura ambiente média durante a amostragem, K.

a2 = inclinação da reta de calibração do amostrador.

b2 = intercepto da reta de calibração do amostrador.

4.2.2- Coletor Passivo

O coletor passivo de material particulado de deposição atmosférica total foi construído a partir
de garrafas PET de 2L, que funcionam como um funil receptor passivo, estes foram previamente
lavados com ácido nítrico 2,5%. O material particulado coletado na parte inferior conforme mostrado
na figura 4.7(a), foi pesado para a determinação da concentração de partículas atmosféricas ao longo
de 1 mês.

(a) (b) (c) (d)


Figura 4.7: a) coletor passivo; b) coletores passivos instalados na fábrica a 1,5m e 3,5m do solo; c) oficina de
artesanato de Santa Rita de Ouro Preto; d) Oficina de artenato em Cachoeira do Brumado- coleta com
amostrador HANDI-VOL

Esses coletores foram instalados no mês de fevereiro nos pontos de coleta: 1 fábrica e 1
oficina em Santa Rita de Ouro Preto (figura 4.7(b) e figura 4.7(c)) e 1 oficina de artesanato em
Cachoeira do Brumado (figura 4.7(d)), a cerca de 1,5m do solo. Esse posicionamento foi selecionado
com o propósito de coletar as partículas que estariam na altura das vias respiratórias dos trabalhadores.
Instalou-se ainda, coletores a uma altura de aproximadamente 3,5m acima do solo (bem próximo ao

25
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

telhado) da fábrica em Santa Rita de Ouro Preto e da oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado,
a fim de coletar as partículas que seriam dispersas para o ambiente.

4.2.3- Poeira de Arraste

De acordo com Lippmann et al.(2007) em pesquisa realizada em oficinas de artesanato em


pedra-sabão da localidade de Mata dos Palmitos, constatou que mesmo quando os tornos e serras estão
desligados, o nível de poeira em suspensão ainda é muito alto devido à grande quantidade de material
depositado no solo e que o vento se encarrega de suspender (poeira de arraste), determinando grande
exposição do artesão ao particulado.

Esta poeira, denominada poeira de arraste, foi coletada na oficina de artesanato de Santa Rita
de Ouro Preto (SRA) abaixo da serra utilizada para o corte das peças. E, na oficina de artesanato de
Cachoeira do Brumado (CBA), foi realizada a amostragem do material depositado próximo ao torno.

Foram coletadas cerca de 3 kg de poeira de arraste em cada um desses pontos. As amostras


foram acondicionadas em sacos plásticos encaminhadas ao Laboratório de Sedimentologia do
Departamento de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto, onde foram previamente secas em
uma capela utilizando-se lâmpadas de 200W, para manter uma temperatura em torno de 40ºC. A
temperatura de secagem não pode ultrapassar 60ºC, acima desta temperatura pode haver perda dos
constituintes voláteis (Forstner, 2004).

Após a secagem das amostras de poeira de arraste, foi realizado o quarteamento das mesmas
para as análises granulométricas subseqüentes.

Estes procedimentos foram realizados com o propósito de caracterizar (granulometricamente e


quimicamente) a poeira depositada sobre o solo e que pode ser eventualmente suspensa pela ação do
vento.

4.2.4- Rochas

A coleta de rochas foi realizada com o propósito de determinar os minerais presentes na


matéria prima utilizada para a confecção de peças decorativas e panelas de pedra e na indústria
destinada à produção de pó para massa plástica.
Foram coletadas 4 rochas na oficina de artesanato de Santa de Rita de Ouro Preto, 4 na
indústria de beneficiamento de pedra-sabão e 3 na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado
(Anexo III).
As rochas foram coletadas com o auxílio dos próprios artesãos que informavam a diferença
entre elas percebida ao manuseá-las no trabalho. Estas diferenças nas características são importantes

26
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

para a caracterização petrográfica, visto que o esteatito pode ter variações de ocorrência e/ou
abundância de minerais.
De acordo com os artesãos de Santa Rita de Ouro Preto, as rochas utilizadas na confecção de
peças artesanais originam-se de diversas pedreiras da região. Já as amostras coletadas na indústria de
moagem de pedra sabão são provenientes da região de Santa Rita de Ouro Preto e de distritos de
Mariana como Barro Branco e Cachoeira do Brumado. As rochas utilizadas pelos artesãos para
produção de panelas de pedra são oriundas de diversas pedreiras de Cachoeira do Brumado e
proximidades.

4.3 - ANÁLISES GRAVIMÉTRICAS E CÁLCULO DA CONCENTRAÇÃO DE


PARTÍCULAS ATMOSFÉRICAS.

4.3.1. Amostrador de médio-volume (HANDI-VOL)


Para a determinação da concentração média do material particulado em suspensão no ar foi
utilizado o método gravimétrico. Para tanto, a massa do filtro foi medida antes e após a amostragem;
assumindo-se que a diferença entre elas corresponda ao material retido no filtro durante o período de
coleta. E, conhecendo-se o volume total de ar que passou pelo filtro (obtido pela equação 4.1), pode-se
determinar a concentração média do material particulado (µg/m3), simplesmente dividindo o primeiro
valor pelo segundo, ou seja:

(Eq. 4.3)

Cp = Concentração média de material particulado em suspensão para condições padrão, µg/m3;

Mf = peso final do filtro, g;

Mi = peso inicial do filtro, g;

Vp = volume de ar amostrado para condições padrão, m3;

106 = conversão de g para µg

A concentração de material particulado real pode ser calculada por:

(Eq. 4.4)

onde

27
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Cr = concentração real nas condições no local de amostragem, µg/m3

Cp = concentração mássica de material particulado em suspensão para condições padrão, µg/m3

P3 = pressão barométrica média durante a amostragem, mm Hg

Pp = 760 mm Hg

T3 = temperatura ambiente média durante a amostragem, K

Tp = 298 K

4.3.2. Coletor Passivo

Os coletores foram instalados nos dias 03 e 04 de fevereiro e retirados nos dias 02 e 03 de


março de 2009. O material particulado depositado durante este período foi seco e pesado. Com a
massa, o número de dias de coleta e a área superficial é possível determinar a concentração das
partículas na atmosfera por dia e por unidade de área.

Concentração = Massa da amostra


Área do coletor x nº de dias

No entanto, as partículas depositadas no coletor instalado em Cachoeira do Brumado no


período de fevereiro foram retiradas por indivíduos do local, impossibilitando o cálculo da
concentração, bem como as análises químicas subseqüentes.
A coleta por meio dos coletores passivos seria realizada no período seco e chuvoso. No
entanto, devido à violação dos mesmos a comparação tornou-se inviável.

4.4 - ANÁLISES QUÍMICAS


A análise química do Material Particulado coletado é realizada com o intuito de determinar a
presença de componentes específicos desse particulado tais como metais. Tal caracterização
composicional pode ser importante para uma avaliação dos efeitos potenciais do material particulado à
saúde humana e ao meio ambiente.
Foram realizados testes de digestão nos filtros, para determinar a quantidade de ácido
necessária à solubilização dos filtros e das amostras.
Nas amostras coletadas por meio do amostrador de médios volumes (Handi-Vol) foi realizada
a digestão total, enquanto nas amostras coletadas por meio do coletor passivo, e a fração menor que
63µm da poeira de arraste dos artesanatos de Cachoeira do Brumado e Santa Rita de Ouro Preto foram
realizadas digestões totais e parciais (água-régia).

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Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

As amostras de particulado atmosférico foram analisadas para concentrações de Al, As, Ba,
Be, Bi Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, K, Li, Mg, Mn, Na, Ni, P, Pb, S, Sc, Sr, Th, Ti, V, Y, Zn e Zr por
Espectrofotômetro de Emissão Atômica com Fonte de Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES),
marca SPECTRO / modelo Ciros CCD em operação no LGqA/DEGEO/UFOP.

4.4.1 - Testes de Digestão das amostras (ICP OES)

As massas das amostras variaram significativamente entre os pontos amostrados. Por esta
razão, foram realizados testes de digestão para avaliar se os resultados de uma amostra com massa
reduzida seriam confiáveis. Além disso, por meio dos testes de digestão foi possível determinar a
concentração dos elementos maiores e traços nos filtros utilizados para coleta.

Para isso, foi selecionada uma amostra aleatória de pedra-sabão pulverizada. A mesma foi
pesada sobre os filtros em diferentes quantidades: 0,1g; 0,03g e 0,01g. Um filtro sem a amostra foi
utilizado para a determinação do Branco. As amostras e o Branco (filtro) foram colocados
individualmente no interior de um frasco savilex. Para a digestão da amostra sem o filtro, pesou-se
cerca de 0,100g da amostra no interior de um frasco Savilex, para averiguar a interferência da digestão
do filtro nos resultados.

Para a digestão das “amostras + filtros” e a amostra sem o filtro foram realizadas as seguintes
adições, segundo procedimento modificado de Moutte (2003):

1- Adicionou-se 1 mL de HNO3 10 mol/L seguido de 3 mL de HCl 10mol/L e 2 mL de HF


concentrado os frascos abertos foram levados à secura sobre a placa aquecedora a cerca de 100°C.

2- Adicionou-se 2 mL de HF concentrado, e os frascos foram fechados e deixados sobre a


placa aquecedora a 140 ºC por cerca de 30 horas.

3- Os frascos foram retirados da placa, deixados esfriar e abertos. Com os frascos abertos,
levou-os à secura na chapa aquecedora à cerca de 110°C.

4- Adicionou-se 2 mL de HF concentrado, e os frascos abertos foram levados à secura sobre a


placa aquecedora, à ± 140°C

5- Foram adicionados 2 mL de HNO3 10mol/L nos frascos que foram levados à secura na
placa aquecedora à cerca de 110°C;

6- Adicionou-se 2 mL de HNO3 10mol/L nos frascos que foram levados à secura na placa
aquecedora à cerca de 110°C;

7- Adicionou-se 2 mL de HCl 10mol/L, nos frascos que foram levados à secura na placa
aquecedora à cerca de 110°C;

8- Foram adicionados 25 mL de HCl 2mol/L;


29
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

9- Os frascos foram fechados, agitados e deixados por 2 horas sobre a placa aquecedora a
cerca de 100°C. Em seguida os mesmos foram resfriados e pesados.

Após as adições ácidas, notou-se que as amostras e o branco que continham os filtros,
apresentaram um “resíduo” branco ao fundo do frasco, enquanto a amostra sem o filtro foi
completamente solubilizada, o que permite concluir que o resíduo era proveniente do filtro. Notou-se
também que a solubilização do filtro não foi homogênea para todas as amostras que o continham, já
que a quantidade de resíduo no fundo do frasco das amostras e do branco que continham o filtro variou
de uma amostra para outra, o que dificulta uma correta interpretação dos resultados.

As concentrações dos elementos químicos (Al, As, Ba, Be, Bi, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, K, Li,
Mg, Mn, Mo, Na, Ni, P, Pb, S, Sb, Sc, Si, Sr, Th, Ti, V, Y, Zn, Zr) das amostras-teste foram
determinadas pelo Espectrômetro de Emissão Atômica de Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES)
Spectro Cirus CCD, que permitiu as seguintes constatações:

- O filtro apresenta concentrações elevadas de Al, Ba, Ca, Cr, Fe, K, Li, Mg, Na, S, Si, Sr, Ti,
Zn, Zr, V, Y, o que faz com que ocorra uma contaminação desses elementos nas amostras. Produzindo
um resultado errôneo no que diz respeito à concentração destes elementos nas amostras. As
concentrações dos elementos químicos no filtro são mostrada na Tabela 3.1;

- As concentrações dos elementos variaram de um filtro para o outro, provavelmente devido a


solubilização parcial do filtro;

Devido a estas constatações optou-se por fazer a digestão das amostras sem o filtro, a fim de
minimizar erros nos resultados devido à contaminação do filtro nas amostras.

Tabela 3.1- Concentrações de elementos (mg/kg). maiores, menores e traços nos filtros utilizados para
coleta
Al 21195 Co 1,074 Mg 1372 Pb < 3,495 Th < 0,874
As 4,05 Cr 16,5 Mn < 0,520 S 322,9 Ti 86,6
Ba * Cu < 0,322 Mo < 1,796 Sb < 6,288 V 3,737
Bi < 4,149 Fe 359 Na 66123 Sc 0,2395 Y 4,422
Ca 11270 K 24872 Ni 1,087 Si 20438 Zn 37014
Cd < 0,273 Li 4,892 P < 2,975 Sr 204,8 Zr 383,1
* As concentrações de Ba foram muito elevadas

Em relação à diferença nas massas das amostras coletadas, optou-se pela padronização das
massas para análise química, a fim de facilitar a interpretação dos resultados. Portanto, adotou-se a
massa de 0,1000g para a realização da digestão total. Nas amostras que não possuíam massa
suficiente, a análise química não foi realizada, pois o fator de diluição seria muito grande e poderia
gerar erros no resultado.

30
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

4.4.2- Digestão Total das Amostras (ICP OES)

A digestão das amostras, para a determinação da concentração dos elementos maiores,


menores e traços, foi realizada no Laboratório de Geoquímica Ambiental, do Departamento de
Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto.

Para isso, foram pesados aproximadamente 0,1000 g de amostra no interior de um frasco


savillex para procedimento modificado de Moutte (2003), para a análise de elementos maiores e
traços.

1- Adicionou-se 1 mL de HNO3 10 mol/L seguido de 3 mL de HCl 10mol/L e os frascos


abertos foram levados à secura sobre a placa aquecedora a cerca de 100°C.

2- Adicionou-se 2 mL de HF concentrado, e os frascos abertos foram levados à secura sobre a


placa aquecedora, à ± 140°C

3- Adicionou-se 2 mL de HF concentrado, e os frascos foram fechados e deixados sobre a


placa aquecedora a 140 ºC cerca de 30 horas.

4- Os frascos foram retirados da placa, deixados esfriar e abertos. Com os frascos abertos,
levou-os à secura na chapa aquecedora à cerca de 110°C.

5- Foram adicionados 2 mL de HNO3 10mol/L nos frascos que foram levados à secura na
placa aquecedora à cerca de 110°C;

6- Adicionou-se 2 mL de HCl 10mol/L nos frascos que foram levados à secura na placa
aquecedora à cerca de 110°C;

7- Adicionou-se 2 mL de HCl 10mol/L, nos frascos que foram levados à secura na placa
aquecedora à cerca de 110°C;

8- Foram adicionados 10 mL de HCl 2mol/L;

9- Os frascos foram fechados, agitados e deixados por 2 horas sobre a placa aquecedora a
cerca de 100°C. Em seguida os mesmos foram resfriados e pesados.

As concentrações dos elementos químicos (Al, As, Ba, Be, Bi, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe,
K, Li, Mg, Mn, Mo, Na, Ni, P, Pb, S, Sb, Sc, Si, Sr, Th, Ti, V, Y, Zn, Zr) foram determinadas
pelo Espectrômetro de Emissão Atômica de Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES)
Spectro Cirus CCD. O material de referência GBW 07311 foi usado para garantir a qualidade
dos resultados.

31
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

4.4.3- Digestão Parcial das Amostras (Água-Régia)

A Digestão com Água Régia foi realizada de acordo com método proposto por Community
Bureau of Reference-BCR (Rauret et al. 2001) modificado. Foram pesados cerca de 1,0000 g de
amostra em béquer de 100 mL. Foi adicionado pequena quantidade de água deionizada. Foram
adicionados 9,3 mL de água régia (7,00 mL de HCl 37% p/p e 2,3 mL de HNO3 65% p/p). Após
agitação, o béquer foi tampado com vidro de relógio e mantido à temperatura ambiente por 16 horas.
O béquer tampado foi colocado na placa aquecedora com temperatura entre 90 ºC e 100 ºC por 2
horas. Após o resfriamento a mistura foi filtrada, utilizando papel de filtro quantitativo, marca Vetec e
9 cm Ø. Fez-se a lavagem do resíduo com água deionizada, recolhendo o filtrado em balão
volumétrico de 50 mL.

4.5- ANÁLISES DOS MINERAIS DAS PARTÍCULAS POR DIFRAÇÃO DE RX

Foram selecionadas 2 amostras de material particulado atmosférico, coletadas por meio do


Handi-Vol, (1 amostra do artesanato de Santa Rita de Ouro Preto e 1 amostra do artesanato de
Cachoeira do Brumado) para a determinação mineralógica por meio da difração de raios-X.

As análises de difração de raios X foram realizadas no Laboratório de Difração de Raios X do


DEGEO, utilizando-se um difratômetro de marca RIGAKU, modelo GEIGERFLEX D/MAX-B com
goniômetro horizontal, tubo de Cu. Para a aquisição dos difratogramas utilizou-se uma velocidade de
1,2º por minuto com intervalo 2θ de 2 a 70º para a fração total. Foram confeccionadas lâminas
orientadas e desorientadas.

4.6- ANÁLISES GRANULOMÉTICAS DA POEIRA DE ARRASTE E DAS


PARTÍCULAS EM SUSPENSÃO

As análises granulométricas foram realizadas utilizando peneiras (para as partículas mais


grosseiras da poeira de arraste). E, o granulômetro a laser para determinação do tamanho das
partículas menores presentes no particulado atmosférico em suspensão e na poeira de arraste (fração
menor que 37 µm), conforme pode-se observar o procedimento ilustrado pela figura 4.8.

32
Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Análise Granulométrica

Particulado Poeira de
Atmosférico Arraste

Peneiramento
Coletor
Handi-Vol Fração < 37µm
Passivo

Granulômetro Granulômetro Granulômetro


a Laser a Laser a Laser

Figura 4.8: Fluxograma do procedimento das análises granulométricas da poeira de arraste e das partículas em
suspensão.

Os ensaios granulométricos preliminares da poeira de arraste (material depositado sobre o


solo) coletada nas oficinas de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto e de Cachoeira do Brumado
foram realizadas no Laboratório de Sedimentolodia, DEGEO- UFOP. As amostras foram previamente
secas em uma capela utilizando lâmpadas de 200 W para manter uma temperatura em torno de 40oC.

Utilizou-se as peneiras da série Tyler, com aberturas de 1000µm, 840µm, 595µm, 420µm,
297µm, 210µm, 149µm, 105µm, 74µm, 53µm, 44µm e 37µm, da marca Granutest, com 20cm de
diâmetro e 7cm de altura. As amostras foram submetidas a um peneiramento a seco, em um agitador
mecânico durante 20 minutos. As frações obtidas foram pesadas para cálculo do percentual retido em
cada malha.

As frações menores que 37µm da poeira de arraste, juntamente com as amostras de particulado
atmosférico, coletados pelos coletores passivos e portátil (handi-vol) foram submetidas à analise das
partículas finas por meio do Ganulômetro a Laser Cilas 1064, na faixa 0,04 µm - 500 µm. Estas
análises foram realizadas no Laboratório de Propriedades Interfaciais do Departamento de
Engenharia de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto.

4.7- ANÁLISES DAS PARTÍCULAS POR MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE


VARREDURA (MEV)
A microscopia é freqüentemente utilizada como um método absoluto de análise de tamanho de
partículas, pois trata-se do único método no qual as partículas podem ser observadas e medidas
individualmente. É útil não apenas na determinação do tamanho de partículas, mas também na
avaliação da morfologia dessas partículas. (Allen, 1997).

A caracterização morfológica das partículas foi realizada através da técnica de microscopia


eletrônica de varredura com energia dispersiva (MEV-EDS). Estas análises foram efetuadas no

33
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Laboratório Microlab do Departamento de Geologia, utilizando o microscópio eletrônico JEOL JEE-


4C. Foram analisadas 4 amostras, sendo elas: 1 da Indústria e 1 da oficina de artesanato de Santa Rita
de Ouro Preto; e 1 da mineração e 1 da oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado. As amostras
foram previamente metalizadas com grafite.

4.8- ANÁLISES PETROGRÁFICA

As amostras de rocha coletadas foram identificadas e encaminhadas ao Laboratório de


Laminação (LAMIN) para a confecção de lâminas delgada e posterior descrição petrográfica.

As rochas foram descritas no microscópio petrográfico binocular, onde foram determinados os


principais minerais e os acessórios.

34
CAPÍTULO 5
RESULTADOS

5.1 – MINERAÇÃO DE CACHOEIRA DO BRUMADO.

5.1.1 – Concentração de Partículas Atmosféricas

A geração de poeira na mineração de esteatito localizada em Barro Branco, próximo ao distrito


de Cachoeira do Brumado, varia de acordo com a atividade realizada no período da coleta. E, sua
dispersão está amplamente relacionada com fatores climáticos, como a ocorrência de chuvas, elevada
umidade do ar, direção e velocidade do vento.

Nos meses em que o processo de explotação da rocha foi acompanhado (setembro e outubro
de 2008) foi possível observar a variação da concentração de partículas em suspensão na atmosfera em
função destas variáveis.

No mês de setembro, a rocha estava sendo serrada, para a instalação do fio diamantado, logo a
geração de poeira foi muito elevada, impedindo o cálculo da concentração de partículas, pois a alta
concentração de partículas na atmosfera faz com que o filtro de coleta fique saturado, diminuindo a
vazão succionada pelo equipamento a ponto de ser menor que vazão da curva de calibração. Logo, não
é possível obter resultados das concentrações.

Já no mês de outubro não houve corte da rocha (esteatito). Na maior parte do dia os blocos
estavam sendo transportados. Além disso, as condições climáticas não favoreciam a dispersão deste
poluente, uma vez que o dia estava chuvoso, e o vento soprava na direção oposta ao local onde o
equipamento estava instalado. Portanto, a geração de poeira e captação da mesma pelo aparelho
coletor foi pequena, comparada com o mês anterior e com os demais pontos de amostragem. A
concentração de partículas em suspensão na atmosfera durante o período de coleta de outubro de 2009
foi calculada e, é apresentada na tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do Handi-vol na mineração de
Cachoeira do Brumado.
Ponto-mês/ano Tempo coleta Q média Massa Concentração Observações
3 3
(min) (m /min) Coletada (g) (µg/m )

CBM1-10/08 60 0,09 0,0425 8.107,65 Direção do vento contrária;


Só estavam movendo blocos
CBM2-10/08 60 0,09 0,0149 2.842,45 Período do almoço

Legenda: CBM1- Mineração de Cachoeira do Brumado- filtro1. CBM2- Mineração de Cachoeira do Brumado-
filtro2.
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Observou-se que a cor da poeira coletada neste ultimo mês na mineração de Cachoeira do
Brumado apresentou uma coloração marrom, diferente de todas as amostras coletadas, provavelmente
devido à remoção de solo que estava sendo realizada no momento da coleta, além da possível
contribuição das fuligens provenientes da queima de combustível no motor utilizado como gerador de
energia para o processo de perfuração que também ocorria no dia.

5.1.2 – Tamanho das Partículas (Granulômetro a laser)

O tamanho das partículas coletadas na mineração em Cachoeira do Brumado é apresentado na


figura 5.1.

Figura 5.1- Tamanho das partículas coletadas na mineração de Cachoeira do Brumado em setembro de 2008.
Cem por cento das partículas analisadas por meio do granulômetro a laser são menores que
100 µm, ou seja, podem ser inaladas. Sendo que 80 % dessas podem ser retidas nas vias aéreas
superiores e cerca de 20% apresentam diâmetro inferior a 10 µm, podendo então atingir as vias aéreas
inferiores, como os bronquíolos e alvéolos.

5.1.3 –Forma das Partículas (MEV)

As imagens do tamanho e forma das partículas coletadas na mineração de Cachoeira do


Brumado no mês de setembro de 2008 foram obtidas por meio da microscopia eletrônica de varredura
(MEV) e podem ser observadas na figura 5.2.

36
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

A maioria dessas partículas ocorrem na forma de agregados lamelares, sendo identificados


principalmente minerais de talco por meio do EDS. Notou-se ainda presença de minerais fibrosos e de
aspecto acicular como a tremolita.

2
1
2

Miniárea MgO (%) SiO2 (%) CaO (%) Interpretação


1 30,8 62,77 6,43 Tremolita
2 32,47 67,53 - Talco
Figura 5.2- Fotomicrografia obtida no MEV-EDS da amostra de poeira coletada na mineração de Cachoeira do
Brumado em setembro de 2008.

37
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

5.1.4 – Caracterização Química das Partículas Atmosféricas (ICP-OES)

Após a digestão total das partículas presentes na atmosfera, foi possível obter a concentração
de metais presentes nesta poeira. O magnésio foi o elemento mais abundante (183.007 mg/kg) na
poeira atmosférica coletada na mineração de Cachoeira do Brumado no mês de setembro de 2008.
Além deste, elementos como ferro, cálcio, alumínio, níquel e cromo apresentaram concentrações que
variaram de 1296 mg/kg a 40650mg/kg. Já o enxofre, manganês, sódio, titânio e potássio apresentaram
concentrações entre 200 mg/kg e 1200 mg/kg (figura 5.3).

Mineração Cachoeira do Brum ado Mineração Cachoeira do Brum ado


45000 1400
40000
Concentração (mg/kg)

Concentração (mg/kg)
1200
35000
30000 1000

25000 800
20000 600
15000
400
10000
5000 200
0 0
set/08 set/08
Cr Ni Al Fe Ca S Ti K Mn Na

Figura 5.3- Elementos maiores presentes nas amostras de poeira de pedra-sabão coletada na mineração de
Cachoeira do Brumado em setembro de 2008.
As concentrações dos elementos fósforo, cobre, bário, zinco, cobalto e vanádio variaram de 36
a 130 mg/kg de material particulado. Enquanto os elementos traço como lítio, zircônio, ítrio, escândio
e estrôncio apresentaram concentrações entre 1,24 e 20 mg/kg na amostra de poeira coletada no mês
de setembro na mineração de esteatito de Cachoeira do Brumado (figura 5.4).

Mineração Cachoeira do Brum ado Mineração Cachoeira do Brum ado


140,0 25
120,0
Concentração (mg/kg)

Concentração (mg/kg)

20
100,0

80,0 15

60,0 10
40,0
5
20,0

0,0 0
set/08 set/08
P Cu Ba Zn Co V Zr Li Sc Y Sr

Figura 5.4- Elementos presentes nas amostras de poeira de pedra-sabão coletada na mineração de Cachoeira do
Brumado em setembro de 2008.

38
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Os elementos arsênio, berilo, cádmio, chumbo e tório apresentaram concentrações menores


que o limite de quantificação.

5.2 – ARTESANATO DE CACHOEIRA DO BRUMADO.

Na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado, destinada à produção de panelas de pedra


e formas de pizza, foram realizadas coletas de poeira, por meio de um amostrador portátil (handi-vol)
e coletores passivos, além da coleta da poeira de arraste depositada ao pé do torno, e da rocha utilizada
no processo de confecção das peças.

A caracterização química e mineralógica do particulado atmosférico, bem como o tamanho, a


forma das partículas e a concentração desta poeira presente na atmosfera (figura 5.5) são importantes
na avaliação dos possíveis impactos à saúde dos artesãos.

A poeira de arraste é o material depositado sobre o solo, sujeito a suspensão com a ação do
vento. Este material foi caracterizado (figura 5.5) quimicamente por meio de digestões parciais e
totais, foi ainda avaliada sua distribuição granulométrica, característica importante na determinação da
proporção de partículas finas sujeita ao transporte pelo vento e à inalação subsequente.

A caracterização da rocha utilizada no processo de confecção das panelas de pedra e formas de


pizza foi realizada com intuito de conhecer mais detalhadamente a matéria prima utilizada pelos
artesãos, avaliando os minerais presentes, os quais podem potencializar os efeitos adversos da poeira
gerada à saúde dos trabalhadores.

Artesanato de Cachoeira
do Brumado

Particulado Poeira de
Atmosférico Rocha Arraste

Coletor Petrografia Caracterização Caracterização


Handi-Vol
Passivo Química Física

Caracterização Concentração Caracterização Tamanho e Digestão Digestão


Química de PTS Química Forma Total Parcial

Digestão Digestão Digestão


Total Parcial Total

Figura 5.5- Fluxograma dos resultados obtidos das amostras de poeira, rocha e poeira de arraste coletadas na oficina
de artesanato de Cachoeira do Brumado.
Os resultados da caracterização do particulado atmosférico, da poeira de arraste e da rocha
utilizada no processo de confecção das peças são apresentados a seguir.

39
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

5.2.1 – Particulado Atmosférico

5.2.1.1- Concentração de Partículas Atmosféricas

O processo de confeccção de panelas de pedra na oficina monitorada em Cachoeira do


Brumado é feito em sua maioria em tornos à seco. A rocha utilizada para este fim, possui maior dureza
do que a utilizada nos processos de produção de objetos decorativos, levando à geração de partículas
de uma ampla faixa granulométrica.

O processo de acabamento das peças se dá por meio da lixa manual ou elétrica. Esta é a etapa
do processo de confecção, em que há maior geração de partículas finas (respiráveis). A coleta por
meio do Handi-Vol na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado foi realizada a cerca de 1 metro
de altura, próximo ao local onde as panelas, tampas e fôrmas de pizza são lixadas.

A quantidade de poeira gerada variou de acordo com o processo de acabamento das peças
utilizado no momento da coleta. A lixagem realizada por meio de lixadeiras elétricas gera maior
quantidade de poeira do que a realizada de forma manual.

Não foram observadas grandes variações nas concentrações de poeiras ao longo do ano, em
função das condições climáticas. A condição climática influencia a dispersão deste poluente, mas
como a coleta foi realizada no ponto de geração de poeira (fonte), esta variável não exerceu forte
influência na concentração das partículas coletadas. A coloração da poeira coletada não variou muito,
sendo todas nas tonalidades de cinza, cinza esverdeado, cinza azulado.

A quantidade de poeira gerada e em suspensão foi bastante elevada na maioria dos meses
amostrados (setembro de 2008 a agosto de 2009), o que impossibilitou o cálculo das concentrações de
partículas. A concentração das partículas em suspensão coletadas em março de 2009 é mostrada na
tabela 5.2. Neste dia foi realizada a lixagem manual. O tempo de coleta e a massa coletada nos demais
meses encontram- se em anexo (Anexo I).

Tabela 5.2 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do Handi-vol na oficina de artesanato
de Cachoeira do Brumado.
Ponto-mês/ano Tempo coleta Q média Massa Concentração Observações
3 3
(min) (m /min) Coletada (g) (µg/m )
CBA1-03/09 80 0,02 0,044 23.175,42 Lixagem manual
Legenda: CBA – Artesanato de Cachoeira do Brumado.
Os coletores passivos foram violados neste ponto de amostragem, o que impossibilitou o
cálculo da concentração de partículas bem como, a caracterização da poeira acumulada no período do
mês de fevereiro de 2009.

40
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

5.2.1.2 – Tamanho das Partículas Atmosféricas (Granulômetro a Laser)

As partículas coletadas por meio do handi-vol foram ainda submetidas à análise por meio do
granulômetro a laser, que permitiu avaliar o tamanho das partículas geradas no processo de confecção
de panelas de pedra e fôrmas de pizza em Cachoeira do Brumado. Os resultados das curvas
granulométricas obtidas são apresentados no Anexo IV.

As partículas coletadas em janeiro de 2009 apresentaram diâmetro médio de 19,92 µm. Cerca
de 22% das partículas analisadas pelo granulômetro possuem diâmetro menor que 10 µm, indicando
que estas partículas podem atingir as vias aéreas inferiores (Anexo IV).

A análise das partículas coletadas em fevereiro de 2009 revela que 90% dessas partículas são
menores que 34 µm. Cerca de 30% dessas podem atingir os alvéolos ou bronquíolos. Este percentual
também foi encontrado nas amostras de poeira coletadas em junho de 2009 (figura 5.6).

Figura 5.6- Tamanho das partículas coletadas por meio do handi-vol na oficina de artesanato de Cachoeira do
Brumado em junho de 2009.
Vinte e sete por cento das partículas coletadas em abril, maio e julho de 2009 apresentaram
diâmetro inferior a 10 µm, podendo atingir as vias aéreas inferiores. As partículas coletadas em abril,
maio e julho de 2009 apresentaram diâmetro médio de 21,52µm, 18,6µm e 18,78µm.

As amostras de poeira coletadas nos meses de setembro, outubro e dezembro de 2008 na oficina
de artesanato de Cachoeira do Brumado apresentaram diâmetro médio de 21,92µm, 16,47µm e 18,82µm
respectivamente. E o percentual de partículas respiráveis foi de aproximadamente 20%, 30% e 25%.

41
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

5.2.1.3 – Forma das Partículas Atmosféricas (MEV)

O tamanho e forma da poeira coletada na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado no


mês de setembro de 2008 são mostrados na figura 5.7, que mostra a predominância de partículas de
talco de forma lamelar, presentes em diversos tamanhos na amostra de poeira analisada pelo
microscópio eletrônico de varredura (MEV).

Figura 5.7- Imagem de amostra de poeira coletada por meio do handi-vol no artesanato de Cachoeira do
Brumado em setembro de 2008.

42
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

5.2.1.4 – Caracterização Mineralógica das Partículas Atmosféricas (DRX)

A amostra de poeira coletada na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado pelo Handi-


Vol foi analisada por meio da Difração de Raio X, que revelou a presença de minerais de talco, clorita
e anfibólio, conforme pode-se observar na figura 5.8.

Figura 5.8- Difratograma da amostra coletada por meio do handi-vol na oficina de artesanato de Cachoeira do
Brumado.
Não foi possível a identificação do anfibólio presente na amostra de Cachoeira do Brumado,
pois os picos dos anfibólios em questão estavam muito próximos.

5.2.1.5 – Caracterização Química das Partículas Atmosféricas (ICP-OES)

Foi realizada a caracterização química das partículas coletadas por meio do amostrador portátil
(Handi-Vol), as quais devido à sua massa reduzida foram submetidas somente à análise de Digestão
Total .

O elemento mais abundante na poeira coletada no artesanato as Cachoeira do Brumado foi o


magnésio que apresentou concentrações médias de 175.000 mg/kg (Figura 5.9).

43
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Artesanato Cachoeira do Brumado


180000
Concentração (mg/kg)

175000
170000
165000
160000
155000
150000
145000

fev/09

nov/08
ago/09

jul/09

jun/09

mai/09

abr/09

mar/09

jan/09

dez/08

out/08
Mg

Figura 5.9- Concentração de Mg das amostras de poeira coletadas por meio do handi-vol na oficina de
artesanato de Cachoeira do Brumado durante o período de outubro de 2008 a agosto de 2009.
Os elementos ferro (42.000-56.000mg/kg), alumínio (19.100-26.360 mg/kg), cálcio (13.100-
30.650 mg/kg) cromo (1640-2323) e níquel (1330-1723) também apresentaram elevadas
concentrações. Já os elementos potássio, titânio, sódio, manganês e enxofre apresentaram
concentrações que variaram de 50 a 1728 mg/kg (figura 5.10).

Artesanato Cachoeira do Brumado Artesanato Cachoeira do Brumado


60000 2000
1800
Concentração (mg/kg)
Concentração (mg/kg)

50000 1600
1400
40000
1200
30000 1000
800
20000 600
400
10000
200

0 0
fev/09

dez/08
ago/09

jul/09

jun/09

abr/09

jan/09

out/08
mai/09

mar/09

set/08
fev/09

dez/08
ago/09

jul/09

jun/09

abr/09

jan/09

out/08
mai/09

mar/09

set/08

Cr Ni Al Ca Fe S Ti K Mn Na

Figura 5.10- Concentração dos elementos Fe, Al, Ca, Cr, Ni, S, Ti, K, Mn e Na das amostras coletadas por meio
do handi-vol na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado durante o período de outubro de 2008 a agosto
de 2009.
As elevadas diferenças nas concentrações de enxofre, que obtiveram picos nos meses de
dezembro de 2008, janeiro, março e junho de 2009, refletem a variabilidade das rochas utilizadas no
processo de confecção de peças artesanais, que apresentam variações nas proporções de pirita.

O fósforo, cobalto, cobre, bário e zinco apresentaram concentrações entre 18 mg/kg e 283
mg/kg, sendo que o fósforo apresentou menor e maior concentrações dentre estes elementos (figura
5.11). As amostras coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado ainda apresentaram
elementos traço como Sr (14-46 mg/kg), Y ( 2,70-6,91 mg/kg), Sc (8,06-9,64 mg/kg), Li (0,24-4,61
mg/kg) e Zr (1,24-5,52 mg/kg), conforme mostrado na figura 5.8. As concentrações de Sr e Sc foram
as maiores dentre os pontos de amostragem.

44
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Artesanato Cachoeira do Brumado


50
Artesanato Cachoeira do Brumado
300 45

Concentração (mg/kg)
40
250
Concentração (mg/kg

35

200 30
25
150 20
15
100
10

50 5
0

fev/09

dez/08
ago/09

jul/09

jun/09

abr/09

jan/09

out/08
mai/09

mar/09

set/08
0
fev/09

dez/08
ago/09

jul/09

jun/09

abr/09

jan/09

out/08
mai/09

mar/09

set/08
Zr Li Sc Y Sr

P Cu Ba Zn Co

Figura 5.11- Concentração dos elementos Zr, Li, Sc, Y e Sr das amostras coletadas por meio do handi-vol na
oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado durante o período de setembro de 2008 a abril de 2009.
Os elementos cádmio, berilo, chumbo e tório apresentaram concentrações menores que o
limite de quantificação. O arsênio apresentou concentração de 12 mg/kg na poeira coletada por meio
do Handi-vol em outubro de 2008.

5.2.2 – Poeira de Arraste

5.2.2.1- Caracterização Física da Poeira de Arraste

Foram realizados dois ensaios granulométricos da poeira de arraste coletada ao pé do


torno, utilizado para dar forma às panelas de pedra. Primeiramente foi realizado um ensaio
grosseiro para conhecer as características gerais do material. O resultado é mostrado na figura
5.12.

Distribuição Granulométrica

100%
90%
80%
70%
% Passante

60%
50%
40%

30%
20%
10%
0%
10 100 1000
Diâmetro das Partículas (µm)

Figura 5.12- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada ao pé do torno na oficina de artesanato de
Cachoeira do Brumado, obtida pelo uso das peneiras com aberturas entre 1 mm e 63µm.
45
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Após este ensaio preliminar foi realizado dois ensaios com peneiras com abertura entre 1mm e
210 µm, e, 149 µm e 37 µm, para a obtenção de uma curva granulométrica mais detalhada, que é
apresentada abaixo na figura 5.13.

Distribuição Granulométrica

100%
90%
80%
70%
% Passante

60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
10 100 1.000
Diâmetro das Partículas (µm)

CBA-PC
Figura 5.13- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada ao pé do torno na oficina de artesanato
de Cachoeira do Brumado, obtida pelo uso das peneiras com aberturas entre 1 mm e 37µm.
Em geral, os ensaios granulométricos resultam em uma distribuição que se aproxima de uma
curva exponencial. No entanto, observou-se que as curvas granulométricas resultantes do primeiro e
segundo peneiramento apresentaram um comportamento linear. Este comportamento pode ser reflexo
da atividade de torneamento das peças, que provavelmente influencia esta distribuição granulométrica,
gerando aproximadamente a mesma proporção de partículas nas diferentes frações.

O d50 do material coletado ao pé do torno foi de aproximadamente 200 µm, ou seja, 50 % das
partículas são menores que 200 µm. Cerca de 15% das partículas são menores que 37 µm, o que nos
leva a concluir que embora exista uma grande proporção de partículas mais grosseiras, também há
ocorrência de partículas finas, susceptíveis à inalação.

As partículas menores que 37 µm foram analisadas por meio do granulômetro a laser, que
possibilitou a caracterização física da fração fina da poeira depositada sobre o solo. Cerca de 15% das
partículas finas apresentaram diâmetro menor que 10 µm (figura 5.14), o que indica a possibilidade
dessas de atingir as vias aéreas inferiores.

46
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Figura 5.14- Tamanho da poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado em julho
de 2009.

5.2.2.2- Caracterização Química da Poeira de Arraste

A fração mais fina do material coletado ao pé do torno foi submetido a analises químicas
(digestão parcial e total), para sua caracterização. As concentrações dos elementos ferro (37.606 e
60.816 mg/kg), cálcio (21.405 e 25.464 mg/kg), alumínio (12.043 e 25.464 mg/kg), níquel (785 e
1.878 mg/kg), cromo (1.560 e 2.547 mg/kg), enxofre (1.343 e 1.408 mg/kg), manganês (668 e 1.102
mg/kg), titânio (145 e 854 mg/kg), sódio (10,8 e 181 mg/kg) e potássio (27 e 45,2 mg/kg)
determinadas por meio do ICP-OES são apresentados na figura 5.15.

Quím ica Poeira de Arraste Química Poeira de Arraste


70000 1600
1400
Concentração (mg/kg)

60000
Concentração (mg/kg)

50000 1200
1000
40000
800
30000
600
20000
400
10000 200
0 0
Cr Ni Al Ca Fe S Ti K Mn Na
CBA-PC (DAR) CBA-PC (DT) CBA-PC (DAR) CBA-PC (DT)

Legenda: DAR- Digestão Água Régia; DT- Digestão Total; CBA- Artesanato de Cachoeira do Brumado
Figura 5.15- Concentração dos elementos Fe, Ca, Al, Cr, Ni, S, Mn, Ti, Na e K da amostra de poeira de arraste
coletada na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado.

47
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

As concentrações dos elementos berilo, cádmio, molibdênio, chumbo, antimônio e tório foram
menores que os limites de detecção em ambas análises (Digestão com Água Régia e Digestão Total).
Já o arsênio e o zircônio apresentaram concentrações de 9,69 mg/kg e 1,03 mg/kg respectivamente,
somente na digestão total, indicando que estes elementos encontram-se associados aos silicatos
presentes na amostra de poeira coletada do solo.

Os elementos cobalto (45,1 e 97,1 mg/kg), fósforo (75,2 e 82,3 mg/kg), cobre (49 e 56,7
mg/kg), zinco (36,3 e 84 mg/kg), vanádio (58,6 e 85,1 mg/kg), bário (2,97 e 5,27 mg/kg), estrôncio
(29,4 e 32,3 mg/kg), escândio (4,05 e 8,68 mg/kg), ítrio (2,71 e 3,28 mg/kg) e lítio (0,38 e 0,89 mg/kg)
tem suas concentrações apresentadas na figura 5.16.

Quím ica Poeira de Arraste Quím ica Poeira de Arraste


120 90
80
Concentração (mg/kg)
Concentração (mg/kg)

100
70
80 60
50
60
40
40 30
20
20 10
0 0
P Cu Ba Zn Co Li Sc Sr Y V

CBA-PC (DAR) CBA-PC (DT) CBA-PC (DAR) CBA-PC (DT)

Figura 5.16- Concentração dos elementos Co, P, Zn, Cu, Ba, V, Sr, Sc, Y e Li da amostra de poeira de arraste
coletada na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado.
Os elementos Al, Fe, Ti, Mn, Zn, Co e V apresentaram uma grande diferença nas
concentrações entre as digestões parciais e totais, indicando que estes elementos estão presentes em
proporções consideráveis nos silicatos das amostras de poeira de arraste de Cachoeira do Brumado.

5.2.3 – Petrografia do Material Fonte

Foram descritas petrograficamente três amostras de rocha utilizadas na confecção de panelas


de pedra e formas de pizza no distrito de Cachoeira do Brumado. Em todas as amostras de rocha,
analisadas por meio do microscópio petrográfico binocular, foram encontrados minerais de talco e
clorita. Nas amostras CBA- R1 e CBA-R3 foram encontrados ainda carbonatos. A descrição das
lâminas, e as imagens obtidas (figura 5.17, figura 5.18 e figura 5.19) são apresentadas a seguir:

48
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Lâmina CBA-R1

1- Talco [Mg3Si4O10 (OH2)]


2
2- Clorita (mg- clorita, cor esverdeada) 3
[Mg6 (Si, Al)4 O10 (OH)8] 1
4
3- Carbonato

4- Opacos ricos em ferro

Figura 5.17-Microfotografia da Lamina da Rocha


CBA-R1
Lâmina CBA-R2

1- Talco [Mg3Si4O10 (OH2)]


2
3
2- Clorita (mg- clorita, cor esverdeada) 3
1 2
2
[Mg6 (Si, Al)4 O10 (OH)8]

3- Opacos ricos em ferro


1

Lâmina CBA-R3 Figura 5.18-Microfotografia da Lamina da Rocha


CBA-R2
1- Talco [Mg3Si4O10 (OH2)]

2- Clorita (mg- clorita, cor esverdeada)

[Mg6 (Si, Al)4 O10 (OH)8]


2
3- Carbonato 4

4- Opacos ricos em ferro. Em algumas partes 3


da lâmina os opacos encontram-se
orientados. 1

Figura 5.19-Microfotografia da Lamina da Rocha


CBA-R3

49
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

5.3 – ARTESANATO DE SANTA RITA DE OURO PRETO.

Na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto, destinada à produção de objetos


decorativos foram realizadas coletas de poeira, por meio de um amostrador portátil (handi-vol) e
coletores passivos, além da coleta da poeira de arraste depositada ao pé da serra, e da rocha utilizada
no processo de confecção das peças.

Estas coletas foram realizadas com o intuito de caracterizar a rocha utilizada na confecção
desses objetos artesanais; a poeira de arraste que pode ser suspensa por meio da ação do vento e, o
particulado atmosférico. O estudo detalhado das características destes materiais, tais como a
composição química, mineralógica, tamanho e forma das partículas e distribuição granulométrica, é
importante para avaliar os possíveis impactos à saúde dos artesãos.

A figura 5.20 mostra o fluxograma dos resultados obtidos das amostras de particulado
atmosférico, rocha e poeira de arraste coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.

Artesanato de Santa
Rita de Ouro Preto

Particulado Poeira de
Atmosférico Rocha Arraste

Coletor Petrografia Caracterização Caracterização


Handi-Vol
Passivo Química Física

Caracterização Concentração Caracterização Tamanho e Digestão Digestão


Química de PTS Química Forma Total Parcial

Digestão Digestão Digestão


Total Parcial Total

Figura 5.20- Fluxograma dos resultados obtidos das amostras de poeira, rocha e poeira de arraste coletadas na
oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.
Os resultados da caracterização do particulado atmosférico, da poeira de arraste e da rocha
utilizada no processo de confecção das peças são apresentados a seguir.

50
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

5.3.1 – Particulado Atmosférico

5.3.1.1 – Concentração de Partículas Atmosféricas

A rocha utilizada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto para a confecção de
objetos decorativos possui baixa dureza (menor do que a utilizada na produção de panelas de pedra em
Cachoeira do Brumado). A oficina monitorada, assim como outras na região, produz diversas peças
que vão de tabuleiros de jogos à porta jóias, vasos, abajur, etc. Algumas peças são confeccionadas no
torno outras, porém, necessitam da utilização de uma serra que corta a rocha no tamanho e formato
desejado.

A coleta neste ponto de amostragem foi realizada por meio do amostrador de médio volume
(Handi-Vol) instalado a cerca de 1 metro de altura, próximo à serra elétrica, que é o local de maior
geração de material particulado. A quantidade de poeira gerada foi muito elevada em todos os meses
de coleta. E, não foi possível avaliar a variação da quantidade em função da umidade na atmosfera. A
coloração da poeira coletada neste local variou de cinza, creme e creme avermelhado.

Em Santa Rita de Ouro Preto, a concentração bem como a quantidade de poeira coletada ao
longo do período chuvoso por meio do coletor passivo é apresentada na tabela 5.3. Esta foi menor do
que a coletada na fábrica no mesmo período. Fato que pode ser explicado pela possível umidade do ar
neste período, já que a oficina é aberta e a fábrica é fechada. Além disso, o número de dias trabalhados
na fábrica foi maior que na oficina, gerando assim mais particulados.

Tabela 5.3 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do coletor passivo na oficina
de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.

N° dias Massa de Poeira Concentração


Coletada (g)
SRA-P 28 2,6550 1,09 mg/ cm2.dia

5.3.1.2 – Tamanho das Partículas (Granulômetro a Laser)

As partículas atmosféricas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto,


analisadas por meio do granulômetro a laser, para avaliação do tamanho das partículas geradas no
processo de confecção de peças artesanais, têm seus histogramas e curvas granulométricas
apresentados no Anexo IV.

As partículas coletadas em janeiro de 2009 apresentaram diâmetro médio de 19,55 µm. Cerca
de 25% das partículas analisadas pelo granulômetro possuem diâmetro menor que 10 µm, indicando
que estas partículas podem atingir as vias aéreas inferiores.

51
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Os diâmetros médio de 17,21µm, 18,01µm e 15,61µm foram encontrados nas amostras de poeira
coletadas nos meses de fevereiro, março e abril de 2009, que apresentaram cerca de 30% das partículas
menores que 10µm, denominadas PM-10 ou partículas inaláveis. Esses percentuais também foram
encontrados nas amostras de dezembro de 2008, que apresentou diâmetro médio de 17,49µm.

As partículas coletadas em maio, junho e julho de 2009 apresentaram diâmetro médio de


20,12µm, 21, 61µm e 21,88µm respectivamente. Vinte e dois por cento das partículas podem atingir os
alvéolos e bronquíolos. Enquanto esses percentuais são de 20% nas amostras de setembro e outubro de
2008.

As partículas coletadas por meio do coletor passivo, também foram submetidas à análise por meio
do granulômetro a laser, que permitiu avaliar o tamanho da poeira acumulada ao longo do mês de
fevereiro de 2009. O diâmetro médio dessas partículas foi de 22,92µm. E, cerca de 21% das partículas são
menores que 10 µm, o que indica a possibilidade dessas em atingir as vias aéreas inferiores.

5.3.1.3 –Forma das Partículas (MEV)

As imagens das amostras de poeira coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro
Preto no mês de outubro de 2008 (figura 5.21), revela a predominância de partículas tabulares com
contorno hexagonal, identificados como minerais de talco.

Figura 5.21- Imagem de amostra de poeira coletada por meio do handi-vol no artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em outubro de 2008.

5.3.1.4 – Caracterização Mineralógica das Partículas Atmosféricas (DRX)

A análise mineralógica da amostra de poeira da oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro


Preto por meio da Difração de Raio X, revela a presença de minerais de talco e clorita, como
apresentado na figura 5.22.

52
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Figura 5.22- Difratograma da amostra coletada por meio do handi-vol na oficina de artesanato de Santa Rita de
Ouro Preto

5.3.1.5 – Caracterização Química das Partículas Atmosféricas (ICP-OES)

Foi realizada a caracterização química das partículas coletadas por meio do amostrador portátil
(Handi-Vol), as quais devido à sua massa reduzida foram submetidas à Digestão Total . As partículas
coletadas por meio do coletor passivo, instalado no local na oficina durante o período de 1 mês, foram
analisadas por meio da Digestão Parcial (água régia) e da Digestão Total.

Os resultados obtidos das análises destes materiais são mostrados a seguir:

5.3.1.5.a. Partículas coletadas por meio do Handi-vol.

O magnésio, assim como nos demais pontos, foi o elemento que apresentou maiores
concentrações nas amostras do artesanato de Santa Rita de Ouro Preto, variando de 168.896 mg/kg a
179.891 mg/kg (figura 5.23).

53
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Artesanato Santa Rita


182000
180000
Concentração (mg/kg)

178000
176000
174000
172000
170000
168000
166000
164000
162000

fev/09

nov/08
jul/09

jun/09

mai/09

abr/09

mar/09

jan/09

dez/08

out/08

set/08
Mg

Figura 5.23- Concentrações de Mg nas amostras de particulado atmosférico coletadas por meio do handi-vol em
uma oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.
A figura 5.24 mostra as concentrações dos elementos Fe (19.500-35.667 mg/kg), Al (5.000-
15.446 mg/kg), Ni (1.972-2.291 mg/kg), Cr (960-1695 mg/kg), Ca (177-1146 mg/kg), Na (206-615
mg/kg), Mn(112-389 mg/kg), Ti (103-374 mg/kg), K (30-264 mg/kg) e S (23-125 mg/kg).

Artesanato Santa Rita Artesanato Santa Rita


45000 700

40000
600
Concentração (mg/kg)
Concentração (mg/kg)

35000
500
30000
25000 400

20000 300
15000
200
10000
5000 100

0 0
fev/09

dez/08
jul/09

jun/09

abr/09

jan/09

out/08
mai/09

mar/09

set/08

mai/09

mar/09
jul/09

jun/09

abr/09

jan/09

dez/08

out/08

set/08
fev/09

Cr Ni Al Ca Fe S Ti K Mn Na

Figura 5.24- Concentrações de Fe, Al, Cr, Ni, Ca, Na, Mn, K, Ti e S nas amostras de particulado atmosférico
coletadas por meio do handi-vol em uma oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.
O cobre, bário e zinco apresentaram concentrações que variaram entre 8,61 e 51,9; 1,21 e
12,9; 67,7 e 166, respectivamente (figura 5.25). As concentrações dos elementos traço Y (1,98- 23,4
mg/Kg), Li (1,07-3,30 mg/Kg), Sc (1,4-5,27 mg/Kg), Sr (1,25-5,42 mg/Kg) e Zr (1-3,44 mg/Kg) são
mostrados na figura 5.25.

54
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Artesanato Santa Rita Artesanato Santa Rita


180 25
160
Concentração (mg/kg)

Concentração (mg/kg)
140 20

120
15
100
80
10
60
40 5
20
0 0

fev/09

dez/08
fev/09

dez/08

jul/09

jun/09

abr/09

jan/09

out/08
jul/09

jun/09

abr/09

jan/09

out/08

mai/09

mar/09

set/08
mai/09

mar/09

set/08
P Cu Ba Zn Co Zr Li Sc Y Sr

Figura 5.25- Concentrações de Zr, Li, Sc, Y e Sr nas amostras de particulado atmosférico coletadas por meio do
handi-vol em uma oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.

5.3.1.5.b. Partículas coletadas por meio do coletor passivo.

As partículas coletadas por meio do coletor passivo foram submetidas à digestão total e parcial
(água-régia). Os resultados dessas análises químicas para os elementos ferro (23.056 e 5.281mg/kg),
alumínio (6.675 3.589mg/kg), níquel (2.145 e 165mg/kg), cromo (1.159 e 685mg/kg), cálcio (780 e
255mg/kg), manganês (157 e 37,4mg/kg), potássio (55,4 e 33,2mg/kg), enxofre (82 e 44,6mg/kg) e
titânio(149,4 e 13,68mg/kg) são mostrados na figura 5.26.

Artesanato de Santa Rita Artesanato de Santa Rita


Concentração (mg/kg)

Concentração (mg/kg)

25000 200
20000
150
15000
100
10000
5000 50

0 0
Cr Ni Al Ca Fe S Ti K Mn

DAR SRA-P DT SRA-P DAR SRA-P DT SRA-P

Legenda: DT- Digestão Total; DAR- Digestão Água Régia; SRA-P- Santa Rita-artesanato.
Figura 5.26- Concentrações de Fe, Al, Ca, Cr, Ni, Mn, K, S e Ti das amostras de material particulado coletadas
por meio do coletor passivo em uma oficina de artesanato que utiliza pedra-sabão como matéria prima.

As concentrações obtidas pelas digestões parciais e totais dos elementos ítrio (6,76 e
6,08mg/kg) zircônio (5,42 e 2,21mg/kg), escândio (2,44 e 1,54mg/kg), lítio (1,33 e 0,57mg/kg), e
estrôncio (3,08 e 0,32mg/kg) são apresentadas na figura 5.27.

55
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Artesanato de Santa Rita

Concentração (mg/kg)
8
6
4
2
0
Zr Li Sc Y Sr

DAR SRA-P DT SRA-P

Legenda: DT- Digestão Total; DAR- Digestão Água Régia; SRA-P- Santa Rita-artesanato.
Figura 5.27- Concentrações de Y, Zr, Sc, Li, e Sr das amostras de material particulado coletadas por meio do
coletor passivo em uma oficina de artesanato em Santa Rita de Ouro Preto.

5.3.2 – Poeira de Arraste

A poeira de arraste foi coletada ao pé da serra utilizada para cortes de algumas peças. Este
material foi caracterizado fisicamente por meio de ensaios que permitiram traçar sua distribuição
granulométrica, e assim verificar a proporção da fração fina susceptível à suspensão e transporte pelo
vento, podendo expor os trabalhadores, bem como a população do entorno a seus efeitos adversos.
Este material foi ainda caracterizado quimicamente por meio de digestões parciais e totais, que
permitiram conhecer as concentrações de diversos metais nesta poeira.

5.3.2.1- Caracterização Física da Poeira de Arraste

Foram realizados dois ensaios granulométricos da poeira de arraste coletada ao pé da serra na


oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto. Primeiramente foi realizado um ensaio grosseiro
para conhecer as características gerais do material. O resultado é mostrado na figura 5.28.

56
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Distribuição Granulométrica

100%
90%

80%

70%
% Passante

60%

50%
40%

30%

20%

10%

0%
10 100 1000

Diâmetro das Partículas (µm)

Figura 5.28- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada ao pé da serra na oficina de artesanato
de Santa Rita de Ouro Preto, obtida pelo uso das peneiras com aberturas entre 1 mm e 63µm.
Após este ensaio preliminar, foi possível constatar que aproximadamente 99% das partículas
eram menores que 125 µm. Portanto, foi realizado outro ensaio com peneiras com abertura entre 149
µm e 37 µm, para a obtenção de uma curva granulométrica mais detalhada, que é apresentada abaixo
na figura 5.29.

Distribuição Granulométrica

100%
90%
80%
70%
% Passante

60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
10 100 1.000
Diâmetro das Partículas (µm)

SRA-PC

Figura 5.29- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada ao pé da serra na oficina de artesanato
de Santa Rita de Ouro Preto, obtida pelo uso das peneiras com aberturas entre 149µm e 37 µm.
A curva granulométrica nos permite verificar que 75% das partículas estão abaixo de 53 µm, e
cerca de 15% são menores ou iguais a 37µm.

57
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Uma parcela dessas partículas menores que 37 µm foram submetidas às analises por meio do
granulômetro a laser, para avaliação da proporção de partículas finas e respiráveis. Conforme pode-se
notar pela figura 5.30, o diâmetro médio das partículas foi de 21,21µm, e 22% das partículas são
menores que 10µm.

Figura 5.30- Tamanho das partículas na poeira de arraste coletada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro
Preto em julho de 2009.

5.3.2.1- Caracterização Química da Poeira de Arraste

A poeira de arraste coletada ao pé da serra foi submetida a analises químicas (digestão parcial
e total) para sua caracterização. As concentrações dos elementos ferro (12.121 e 35.928 mg/kg),
alumínio (12.043 e 25.052 mg/kg), níquel (247 e 2.007 mg/kg), cromo (1.102 e 1.409 mg/kg), cálcio
(295 e 621 mg/kg), titânio (57,1 e 299 mg/kg), manganês (135 e 306 mg/kg), sódio (<1,95 e 169
mg/kg) e potássio (25,6 e 40,3 mg/kg) determinadas por meio do ICP-OES são apresentados na figura
5.31.

Quím ica Poeira de Arraste Quím ica Poeira de Arraste


40000 350
35000
Concentração (mg/kg)

300
Concentração (mg/kg)

30000
250
25000
200
20000
150
15000
10000 100

5000 50
0 0
Cr Ni Al Ca Fe Ti K Mn Na
SRA-PC (DAR) SRA PC DT SRA-PC (DAR) SRA PC DT

Legenda: DT- Digestão Total; DAR- Digestão Água Régia; SRA-P- Santa Rita-artesanato.
Figura 5.31- Concentração dos elementos Cr, Ni, Al, Ca, Fe, Ti, K, Mn e Na da amostra de poeira de arraste
coletada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.
58
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

As concentrações dos elementos cádmio, chumbo, antimônio, tório e zircônio foram menores
que os limites de detecção em ambas as análises (Digestão com Água Régia e Digestão Total).

Os elementos cobalto (14 e 67 mg/kg), zinco (31,2 e 74,6 mg/kg), cobre (16,4 e 18,3), bário
(4,38 e 5,61 mg/kg), vanádio (23,1 e 28,1 mg/kg), ítrio (6,79 e 7,45 mg/kg), escândio (2,65 e 3,47
mg/kg), lítio (1,71 e 2,48 mg/kg) e estrôncio (0,75 e 1,51 mg/kg) tem suas concentrações apresentadas
na figura 5.32.

Quím ica Poeira de Arraste Quím ica Poeira de Arraste


80,0 30,00
70,0
Concentração (mg/kg)

Concentração (mg/kg)
25,00
60,0
20,00
50,0
40,0 15,00
30,0
10,00
20,0
5,00
10,0
0,0 0,00
Cu Ba Zn Co Li Sc Sr Y V
SRA-PC (DAR) SRA PC DT SRA-PC (DAR) SRA PC DT

Legenda: DT- Digestão Total; DAR- Digestão Água Régia; SRA-P- Santa Rita-artesanato.
Figura 5.32- Concentração dos elementos Cu, Ba, Zn, Co, Li, Sc, Sr, Y e V da amostra de poeira de arraste
coletada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.
Os elementos Fe, Ti, Na, Mn, Zn, Co e V apresentaram concentrações muito maiores na
digestão total, indicando que estes elementos encontram-se associados aos silicatos presentes na
amostra de poeira coletada do solo.

5.3.3 – Petrografia do Material Fonte

A descrição petrográfica das lâminas das rochas utilizadas na confecção de peças artesanais
em Santa Rita de Ouro Preto revelou a presença de minerais de talco e clorita em todas as amostras
analisadas.
A descrição das lâminas das rochas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro
Preto e suas microfotografias (figura 5.33, figura 5.34, figura 5.35 e figura 5.36) são apresentadas a
seguir:

59
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Lâmina SRA-R1

1- Talco [Mg3Si4O10 (OH2)]

2- Clorita (Mg- clorita) 3


[Mg6 (Si, Al)4 O10 (OH)8]

3- Rutilo [TiO2]

4- Opacos ricos em ferro

Figura 5.33-Microfotografia da Lamina da Rocha SRA-R1

Lâmina SRA-R2

1- Talco [Mg3Si4O10 (OH2)]


1
2- Clorita (Mg- clorita)
2
[Mg6 (Si, Al)4 O10 (OH)8]

3- Clorita (Mg- Fe clorita)

[(Mg,Fe)6 (Si, Al)4 O10 (OH)8]

Figura 5.34-Microfotografia da Lamina da Rocha SRA-R2

Lâmina SRA-R3

1- Talco [Mg3Si4O10 (OH2)]


1
2- Clorita (Mg- clorita) 2

[Mg6 (Si, Al)4 O10 (OH)8]


4
3- Clorita (Mg- Fe clorita)

[Fe6 (Si, Al)4 O10 (OH)8]

4- Opacos ricos em ferro. Encontram-se


orientados em partes da lâmina.
Figura 5.35-Microfotografia da Lamina da Rocha SRA-R3

60
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Lâmina SRA-R4

1- Talco [Mg3Si4O10 (OH2)]


2
2- Clinoanfibólio
1

Figura 5.36-Microfotografia da Lamina da Rocha SRA-R4

5.4 – INDÚSTRIA DE SANTA RITA DE OURO PRETO.

A indústria de beneficiamento de pedra-sabão produz panelas de pedra por um processo a


úmido e, pó para massa plástica que são produzidos a partir da moagem do esteatito. As amostragens,
portanto, foram realizadas próximas a estes moinhos, por meio de um amostrador portátil (handi-vol)
instalado a cerca de 1 m do solo; e coletores passivos, instalados a 1,5m do solo e 3m do solo, e da
rocha processada para a produção deste pó. A concentração desta poeira em suspensão foi determinada
com a finalidade de avaliar a quantidade de poeira que os trabalhadores (moedores de talco) estão
submetidos.

A poeira coletada por meio do amostrador portátil (handi-vol) e do coletor passivo foi
caracterizada quimicamente, com a finalidade de conhecer os elementos presentes, e os possíveis
impactos que os mesmo podem ocasionar à saúde do trabalhador. A caracterização física, como
tamanho e forma dessas partículas foi realizada por meio do MEV-EDS.

A figura 5.37 apresenta o fluxograma dos resultados obtidos para as amostras coletadas na
indústria em Santa Rita de Ouro Preto.

61
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Indústria de Santa
Rita de Ouro Preto

Particulado
Atmosférico Rocha

Coletor Petrografia
Handi-Vol
Passivo

Caracterização Concentração Caracterização Tamanho e


Química de PTS Química Forma

Digestão Digestão Digestão


Total Parcial Total

Figura 5.37- Fluxograma dos resultados obtidos das amostras de poeira coletadas na Indústria em Santa Rita de
Ouro Preto.
A caracterização da rocha utilizada no processo de moagem foi realizada com intuito de
auxiliar na interpretação dos demais resultados (caracterização química e física das partículas
amostradas), avaliando os minerais presentes, os quais podem potencializar os efeitos adversos da
poeira gerada à saúde dos trabalhadores.

5.4.1 – Concentração de Partículas Atmosféricas.

O ponto em que ocorre menor concentração de partículas em suspensão é na indústria de


beneficiamento de esteatito localizada em Santa Rita de Ouro Preto. Nesta indústria existem
equipamentos de controle de partículas em suspensão. No entanto notou-se que no processo de
ensacamento do pó destinado principalmente à produção de massa plástica, grande quantidade de
poeira escapa do mesmo. Os funcionários do local utilizam equipamentos de proteção individual
(EPI), como máscaras e abafadores.

As concentrações de partículas em suspensão coletadas por meio do amostrador portátil na


indústria no distrito de Santa Rita de Ouro Preto são apresentadas na tabela 5.4.

Tabela 5.4 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do Handi-vol na indústria em Santa
Rita de Ouro Preto.
Ponto-mês/ano Tempo coleta Q média Massa Concentração Observações
3 3
(min) (m /min) Coletada (g) (µg/m )
SRF1-03/09 120 0,03 0,1014 31.662,69 -
SRF2-03/09 162 0,03 0,0732 17.416,05 Período do almoço (60 min)
SRF1-05/09 119 0,03 0,061 14.725,98 -
SRF2-05/09 120 0,03 0,0234 5.764,35 Período do almoço (60 min)
Legenda: SRF- Fábrica em Santa Rita de Ouro Preto.
As concentrações de partículas em suspensão coletadas por meio do coletor passivo na
indústria no distrito de Santa Rita de Ouro Preto são apresentadas na tabela 5.5.

62
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Tabela 5.5 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do coletor passivo na indústria de
beneficiamento de pedra-sabão em Santa Rita de Ouro Preto.
N° dias Massa de Poeira Concentração
Coletada (g)
SRF-1,5P 28 22,3890 9,23 mg/ cm2.dia
SRF-3,5P 28 1,0937 0,45 mg/ cm2.dia

5.4.2 – Tamanho das Partículas (Granulômetro a Laser)

As partículas coletadas por meio do handi-vol foram ainda submetidas à análise por meio do
granulômetro a laser, que permitiu avaliar o tamanho das partículas em suspensão geradas no processo
de moagem de esteatito. Os resultados dos histogramas gerados e suas respectivas curvas
granulométricas encontram-se apresentados no Anexo IV.

As partículas em suspensão coletadas na industria de beneficiamento de esteatito em Santa Rita


de Ouro Preto apresentaram diâmetro médio de 19,03µm e 18,33µm nos meses de fevereiro e junho de
2009, respectivamente. Cerca de 30% das partículas são menores que 10µm (Anexo IV).

As partículas coletadas por meio do coletor passivo na indústria a cerca de 1,5m do solo tem
seu histograma e sua distribuição granulométrica apresentada na figura 5.38. E, apresentaram diâmetro
médio de 24,47µm, com aproximadamente 22% de partículas inaláveis.

Figura 5.38- Tamanho das partículas coletadas na indústria de Santa Rita de Ouro Preto em fevereiro de 2009 por
meio do coletor passivo instalado a 1,5m do solo.

63
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

5.4.3 –Forma das Partículas (MEV)

As imagens obtidas por meio da microscopia eletrônica de varredura (figura 5.39) evidenciam
o tamanho e forma das partículas coletadas no mês de janeiro de 2009 na indústria de beneficiamento
de pedra-sabão situada no distrito de Santa Rita de Ouro Preto. Observa-se a presença predominante
de partículas tabulares.

Figura 5.39: Imagem de amostra de poeira coletada na fábrica de Santa Rita de Ouro Preto em janeiro de 2009.

5.4.4 – Caracterização Química das Partículas Atmosféricas (ICP-OES)

Foi realizada a caracterização química das partículas coletadas por meio do amostrador portátil
(Handi-Vol), as quais devido à sua massa reduzida foram submetidas à Digestão Total. As partículas
coletadas por meio do coletor passivo, instalado no local de coleta durante o período de 1 mês, foram
analisadas por meio da Digestão Parcial (água régia) e da Digestão Total.

Os resultados das análises destes materiais são mostrados a seguir:

5.4.4.1. Partículas coletadas por meio do Handi-Vol.

O magnésio e o ferro foram os elementos que apresentaram maiores concentrações variando


de 154.678 a 180.725 mg/Kg e 38.190 a 51.570 respectivamente. O calcio (11.536 - 32.575 mg/Kg) e
o alumínio (13.591 - 25.191 mg/Kg) também apresentaram elevadas concentrações, conforme pode-se
notar na figura 5.27. Os elementos cromo (1.314 – 2.131 mg/Kg), níquel (1.470 – 1.846mg/Kg),
enxofre (698- 1.461 mg/Kg), manganês (603 – 1.525 mg/Kg), sódio (486 – 1.184mg/Kg), titânio (337
– 692 mg/Kg) e potássio (191 – 737 mg/Kg) tem suas concentrações representadas na figura 5.40.

64
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Indústria Santa Rita Indústria Santa Rita


60000 1600

1400

Concentração (mg/kg)
Concentração (mg/kg)

50000
1200
40000
1000

30000 800

600
20000
400
10000
200
0 0
fev/09
ago/09

jul/09

jun/09

abr/09

jan/09

out/08

fev/09
mai/09

mar/09

ago/09

jul/09

jun/09

abr/09

jan/09

out/08
mai/09

mar/09
Cr Ni Al Fe Ca S Ti K Mn Na

Figura 5.40- Concentrações de Fe, Ca, Al, Cr, Ni, S, Mn, Na, Ti e K nas amostras de particulado atmosférico
coletadas na indústria de beneficiamento de esteatito de Santa Rita de Ouro Preto.
As concentrações dos elementos bário (100 – 388 mg/Kg), zinco (126 – 337 mg/Kg), cobalto
(64,4 – 77,8 mg/Kg), cobre (32,6 – 68,7 mg/Kg), fósforo (34,2 – 98,6 mg/Kg), estrôncio (21,2 –
39,7mg/Kg), zircônio (até 11,9 mg/Kg), escândio (4,21 – 7,8 mg/Kg), ítrio (2,64 – 4,52 mg/Kg) e lítio
(1,89 – 3,39 mg/Kg) são mostradas na figura 5.41.

Indústria Santa Rita Indústria Santa Rita


400 40

350 35
Concentração (mg/kg)

Concentração (mg/kg)

300 30
250 25
200 20
150 15
100 10
50 5
0 0
fev/09
ago/09

jul/09

jun/09

abr/09

jan/09

out/08
mai/09

mar/09

fev/09
ago/09

jul/09

jun/09

abr/09

jan/09

out/08
mai/09

mar/09

P Cu Ba Zn Co Zr Li Sc Y Sr

Figura 5.41- Concentrações de Ba, Zn, Co, Cu, P, Sr, Zr, Sc, Y e Li nas amostras de particulado atmosférico
coletadas na indústria de beneficiamento de esteatito de Santa Rita de Ouro Preto.

5.4.4.2. Partículas coletadas por meio do coletor passivo.

As partículas coletadas por meio do coletor passivo foram submetidas à digestão total e parcial
(água-régia). Os resultados das analises químicas são mostrados nas figuras 5.42 e 5.43.

65
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Indústria Santa Rita


Indústria Santa Rita
1500
60000 1350
C o n c e n tra ç ã o (m g /k g )

1200

Concentração (mg/kg)
50000
1050
40000
900
30000 750
600
20000
450
10000 300
150
0
0
Cr Ni Al Ca Fe
S Ti K Mn Na
DAR SRF-1,5P DAR SRF-3P DAR SRF-1,5P DAR SRF-3P
DT SRF-1,5P DT SRF-3P DT SRF-1,5P DT SRF-3P

Legenda: DT- Digestão Total; DAR- Digestão Água Régia; SRF-1,5P- Santa Rita-fábrica- 1,5m do solo; SRF-
3,5P- Santa Rita-fábrica- 3,5m do solo.
Figura 5.42- Concentrações de Al, Ca, Fe e Mg das amostras de material particulado coletadas em uma indústria
de beneficiamento de esteatito

A amostra coletada à 3,5m de altura na fábrica em Santa Rita apresentou maiores


concentrações de metais do que a que foi coletada à 1,5m da superfície. Na digestão total, a ocorrência
de maiores concentrações de Mg, Ni assim como Cr pode ser explicada pelo fato desses elementos
encontrarem-se em maiores concentrações nos silicatos.
A amostra coletada na indústria de beneficiamento de esteatito de Santa Rita de Ouro Preto
apresentou concentrações de Al, Ca, Fe, Mg, Cr, Mn e S maiores que as amostras coletada na oficina
de artesanato de Santa Rita (SRA-P) (Anexo II).

Indústria Santa Rita Indústria Santa Rita


100 25

80 20
Concentração (mg/kg)
Concentração (mg/kg)

60 15

40 10

20 5

0 0
P Cu Zn Co Zr Li Sc Y Sr Ba
DAR SRF-1,5P DAR SRF-3P DAR SRF-1,5P DAR SRF-3P
DT SRF-1,5P DT SRF-3P DT SRF-1,5P DT SRF-3P

Figura 5.43- Concentrações de P, Cu, Zn, Co, Zr, Li, Sc, Y, Sr e Ba das amostras de material particulado
coletadas em uma indústria de beneficiamento de esteatito

66
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

5.4.5 – Petrografia do Material Fonte

As lâminas confeccionadas a partir das rochas destinadas à moagem, coletadas na indústria de


beneficiamento de esteatito em Santa Rita de Ouro Preto, mostraram a presença de talco, clorita e
carbonatos. A descrição das lâminas delgadas e sua microfotografias (figura 5.44, figura 5.45, figura
5.46 e figura 5.47) são mostradas apresentadas a seguir:

Lâmina SRF-R1

1- Talco [Mg3Si4O10 (OH2)]

2- Clorita (Mg- clorita) 2

[Mg6 (Si, Al)4 O10 (OH)8]

3- Opacos 1 3

Figura 5.44-Microfotografia da Lamina da Rocha SRF-R1

Lâmina SRF-R2
3
1- Talco [Mg3Si4O10 (OH2)]

2- Carbonatos

3- Opacos 2
3

1 2

Figura 5.45-Microfotografia da Lamina da Rocha SRF-R2

Lâmina SRF-R3

1- Talco [Mg3Si4O10 (OH2)]

2- Clorita (Mg- clorita) 2 4


[Mg6 (Si, Al)4 O10 (OH)8]

3- Carbonatos

4- Opacos
1

Figura 5.46-Microfotografia da Lamina da Rocha SRF-R3

67
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Lâmina SRF-R4

1- Talco [Mg3Si4O10 (OH2)]


1
2- Clorita (Mg- clorita) 2

[Mg6 (Si, Al)4 O10 (OH)8]

3- Opacos ricos em ferro.


Orientados em algumas partes da
lâmina.

Figura 5.47-Microfotografia da Lamina da Rocha SRF-R4

68
CAPÍTULO 6
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão discutidos os resultados apresentados no Capítulo 5. Serão ainda,


comparados estes mesmos resultados, entre os pontos monitorados (Oficina de Artesanato de Santa
Rita de Ouro Preto, Oficina de Artesanato de Cachoeira do Brumado, Indústria de Moagem de Pedra-
Sabão em Santa Rita de Ouro Preto e Mineração de esteatito de Cachoeira do Brumado) durante o
período de amostragem (setembro de 2008 a agosto de 2009).

6.1 – PARTICULADO ATMOSFÉRICO

A coleta de material particulado foi realizada próximo à fonte de geração de poeira (serras,
tornos, lixas), isto possibilitou a análise da qualidade da atmosfera ambiente nos momentos mais
críticos de exposição dos trabalhadores durante o processo de confecção de peças artesanais nas
oficinas e moagem do esteatito na fábrica em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado
(distrito de Mariana).

6.1.1 – Concentração de Partículas Atmosféricas

As concentrações de poeira em todos os pontos de amostragem foram muito elevadas, em


alguns meses não foi possível o cálculo da concentração de partículas, devido à saturação do filtro e
conseqüente queda de vazão no equipamento. A Tabela 6.1 apresenta o tempo de coleta (em minutos)
a vazão média do equipamento, a massa de poeira coletada (em gramas) e a concentração calculada
(µg/m3).

Tabela 6.1 – Concentração de partículas atmosféricas coletadas por meio do Handi-vol na mineração e na
oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado, e, na indústria em Santa Rita de Ouro Preto.
Ponto-mês/ano Tempo coleta Q média Massa Concentração Observações
(min) (m3/min) Coletada (g) (µg/m3)
Direção oposta ao equipamento;
CBM1-10/08 60 0,09 0,0425 8.107,65 Movimentação de blocos
CBM2-10/08 60 0,09 0,0149 2.842,45 Período do almoço
CBA1-03/09 80 0,02 0,044 23.175,42 Lixagem manual
SRF1-03/09 120 0,03 0,101 31.662,69
SRF2-03/09 162 0,03 0,073 17.416,05
SRF2-04/09 95 0,04 0,036 9.354,82
SRF1-05/09 119 0,03 0,061 14.725,98 -
SRF2-05/09 120 0,03 0,023 5.764,35 Período do almoço (60 min)
SRF1-06/09 107 0,03 0,157 47.088,40
SRF2-06/09 117 0,03 0,092 25.546,20 Período de almoço
Legenda: CBM1- Cachoeira do Brumado Mineração (filtro1); CBM2- Cachoeira do Brumado Mineração
(filtro2); CBA1- Cachoeira do Brumado Artesanato (filtro1); SRF1- Fábrica Santa Rita (filtro1); SRF2-
Fábrica Santa Rita (filtro2).
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Os padrões de qualidade do ar definem legalmente o limite máximo para a concentração de um


determinado poluente na atmosfera, que garanta a proteção da saúde e o bem-estar dos seres humanos.
No Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente por meio da Resolução 03/90 (CONAMA 03/90)
adota como padrões primários de qualidade do ar, as concentrações de poluentes que, ultrapassadas,
poderão afetar a saúde da população. E, padrões secundários de qualidade do ar, as concentrações de
poluentes abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim
como o mínimo dano à fauna, à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA 1990) estabelece uma concentração


limite para o PTS de 240 µg/m3 de ar (média de 24 horas), para o padrão primário. E, a Fundação
Nacional de Saúde (FUNASA 2002) adota os padrões secundários da Resolução CONAMA 03 de
1990, de 150 µg/m3 (média de 24 horas).

Todas as concentrações de partículas na atmosfera excederam este limite estabelecido pelas


normas brasileiras. Os demais meses e pontos de amostragem (não apresentados na tabela 6.1)
apresentaram concentrações ainda mais elevadas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO 2005), a concentração de PM-10, não deve
ultrapassar a 50µg/m3 (média de 24 horas) e 20µg/m3 (média anual). Em média 20% das partículas,
coletadas e analisadas pelo granulômetro a laser, apresentaram diâmetro menor que 10µm. Portanto, se
considerarmos 20% da concentração do PTS, como sendo de PM-10 (partículas menores que 10 µm),
elas chegam a ultrapassar em até 11 vezes o padrão estabelecido pela WHO.

6.1.2 – Caracterização Física e Mineralógica do Material Particulado

O mineral encontrado em maior abundância nas amostras de poeira coletadas nas oficinas de
artesanato, na indústria e na mineração de Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado foi o
talco. Sendo encontrados também minerais de clorita em todos os pontos de amostragem.

A difração de raio X revelou a presença de anfibólio na amostra da oficina de artesanato de


Cachoeira do Brumado. Enquanto as análises por meio do MEV-EDS, apontam para presença desses
minerais também nas poeiras coletadas na mineração deste mesmo distrito.

A descrição das rochas utilizadas nos processos de confecção de peças artesanais revela a
presença de opacos ricos em ferro em praticamente todas as amostras. E, presença de clinoanfibólio
em amostra de rocha utilizada na oficina de Santa Rita de Ouro Preto. Foram encontrados ainda,
carbonatos somente nas amostras de rocha utilizadas na oficina de Cachoeira do Brumado e na
indústria em Santa Rita de Ouro Preto. Estas rochas apresentam coloração (cinza) semelhante e maior
dureza do que as rochas utilizadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto.

70
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Em média 25% das partículas coletadas pelo handi-vol na oficina de artesanato de Cachoeira
do Brumado apresentaram diâmetro inferior a 10µm, conforme pode-se visualizar na figura 6.1. Os
valores médios das partículas menores que 10µm em suspensão na oficina de artesanato e na indústria
de Santa Rita de Ouro Preto foram de 24,9% e 25%, respectivamente (figura 6.1). Na mineração em
Cachoeira do Brumado a média foi de 20%.

36

34
% de Partículas menores que 10µm

32

30

28

26

24

22

20

Artesanato S. Rita Artesanato C. Brumado

Figura 6.1: Boxplot da distribuição granulométrica das partículas em suspensão coletadas na oficina de
artesanato e indústria de Santa Rita de Ouro Preto; e, na oficina de artesanato e mineração de Cachoeira do
Brumado.
Os percentuais de partículas menores que 10µm coletadas por meio do coletor passivo durante
o mês de fevereiro foram de 21,39% e 22,91% na oficina de artesanato e na indústria de Santa Rita de
Ouro Preto, respectivamente.

Os menores percentuais de partículas finas nas amostras coletadas passivamente podem ser
explicados por fatores ambientais como o vento, que pode transportar as partículas finas, impedindo
sua deposição no coletor.

6.1.3 – Concentração dos elementos presentes nas PTS no momento de geração de


poeira

6.1.3.1. Partículas Coletadas por meio do Coletor Passivo


As partículas coletadas por meio do coletor passivo puderam ser analisadas por meio das
digestões com água régia (DAR) e total (DT). Estas análises foram realizadas nas amostras da oficina
de artesanato e na indústria de moagem da rocha, localizadas em Santa Rita de Ouro Preto. A figura
6.2 apresenta os resultados das concentrações de magnésio nestas amostras de poeira em suspensão,
acumuladas durante o mês de fevereiro de 2009.
71
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Concentração de Mg (m g/kg)
0 50000 100000 150000

DAR SRF-1,5P
DT SRF-1,5P
DAR SRF-3P
DT SRF-3P
DAR SRA-P
DT SRA-P

Legenda- DAR- Digestão Água Régia; DT- Digestão Total; SRF- Fabrica Santa Rita; SRA- Artesanato Santa
Rita; 1,5P- 1,5m do solo; 3P- 3m do solo.
Figura 6.2- Concentração de magnésio na poeira coletada, acumulada no mês de fevereiro, por meio do coletor
passivo na oficina de artesanato e na indústria destinada à moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto.
As altas concentrações de magnésio (figura 6.2) devem-se à composição da rocha constituída
principalmente por talco (silicato de magnésio hidratado). As concentrações dos elementos ferro,
alumínio foram maiores nas amostras coletadas na indústria de moagem do esteatito, do que na oficina
de artesanato de Santa Rita conforme apresentado nas figuras 6.3 e 6.4.

Concentração de Fe (mg/kg) Concentração de Al (mg/kg)


0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 0 5000 10000 15000 20000 25000

DAR SRF-1,5P DAR SRF-1,5P


DT SRF-1,5P DT SRF-1,5P
DAR SRF-3P DAR SRF-3P
DT SRF-3P DT SRF-3P
DAR SRA-P DAR SRA-P
DT SRA-P DT SRA-P

Legenda- DAR- Digestão Água Régia; DT- Digestão Total; SRF- Fabrica Santa Rita; SRA- Artesanato Santa
Rita; 1,5P- 1,5m do solo; 3P- 3m do solo.
Figura 6.3- Concentração de ferro e alumínio na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina de
artesanato e na indústria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto no mês de fevereiro.
As rochas utilizadas no processo de moagem, analisadas petrograficamente no microscópio
binocular apresentaram opacos ricos em ferro em todas as lâminas descritas, enquanto as rochas
utilizadas na produção de peças artesanais só foram encontrados esses minerais em uma lâmina
descrita, o que possivelmente explica as maiores concentrações desses elementos na poeira da
indústria.

As concentrações de cálcio foram muito menores na oficina de artesanato de Ouro Preto do


que na indústria (figura 6.4).

Concentração de Ca (mg/kg)
0 5000 10000 15000 20000 25000

DAR SRF-1,5P
DT SRF-1,5P
DAR SRF-3P
DT SRF-3P
DAR SRA-P
DT SRA-P

Figura 6.4- Concentração de calcio na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina de artesanato e na
industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto no mês de fevereiro.
72
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

As análises petrográficas de rochas utilizadas revelaram presença de carbonatos nas amostras


coletadas na indústria de beneficiamento de Santa Rita. No entanto não foi encontrada a presença
destes minerais nas amostras de rocha utilizadas para confecção de objetos decorativos, o que
possivelmente explica a maior concentração de cálcio nas amostras de poeira geradas no processo de
moagem do esteatito.

A Fundação Nacional de Saúde (FUNASA 2002) adota como padrões dos poluentes
atmosféricos inorgânicos não carcinogênicos e carcinogênicos:
-4
cromo: unidade de risco de 9.6 x 10 µg por metro cúbico de ar; e
-2
níquel: unidade de risco de 4 x 10 µg por metro cúbico de ar.

manganês: média aritmética de 0,05 µg por metro cúbico de ar no período de um ano;

A coleta realizada passivamente não permite conhecer o volume de ar amostrado, pois esta
amostragem se dá pela deposição das partículas em suspensão. Portanto a comparação se torna
inviável, já que os padrões estabelecidos pela FUNASA são por metro cúbico de ar.

As figuras 6.5 e 6.6 mostram a variação das concentrações de cromo e níquel na poeira
coletadas por meio dos coletores passivos.

Concentração de Cr (m g/kg)
0 500 1000 1500 2000 2500

DAR SRF-1,5P
DT SRF-1,5P
DAR SRF-3P
DT SRF-3P
DAR SRA-P
DT SRA-P

Legenda- DAR- Digestão Água Régia; DT- Digestão Total; SRF- Fabrica Santa Rita; SRA- Artesanato Santa
Rita; 1,5P- 1,5m do solo; 3P- 3m do solo.
Figura 6.5- Concentração de cromo na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina de artesanato e na
industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto.
As concentrações de cromo foram maiores nas amostras de poeira coletadas na indústria do
que na oficina de artesanato de Santa Rira de Ouro Preto (figura 6.5).

As concentrações de níquel nas amostras coletadas na indústria foram muito superiores às


coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto, na digestão parcial (DAR), conforme
pode-se notar na figura 6.6.

73
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Concentração de Ni (mg/kg)
0 400 800 1200 1600 2000

DAR SRF-1,5P
DT SRF-1,5P
DAR SRF-3P
DT SRF-3P
DAR SRA-P
DT SRA-P

Legenda- DAR- Digestão Água Régia; DT- Digestão Total; SRF- Fabrica Santa Rita; SRA- Artesanato Santa
Rita; 1,5P- 1,5m do solo; 3P- 3m do solo.
Figura 6.6- Concentração de níquel na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina de artesanato e na
industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto.
As concentrações deste elemento apresentaram grandes diferenças entre digestão parcial e
total, principalmente nas amostras de poeira coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita (SRA-P).
Estas diferenças podem ser explicadas pelo fato do Ni encontrar-se em maior concentração nos
silicatos.

As concentrações dos elementos enxofre, cobalto, titânio potássio, vanádio, estrôncio, zinco
escândio e lítio foram maiores nas amostras coletadas a 3,5 e 1,5 metros de altura do solo na indústria
do que na amostra coletada na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto (Tabela 6.2).

Tabela 6.2 – Concentração dos elementos S, Co, Ti, K, V, Sr, Zn, Sc e Li das amostras de poeira coletadas por
meio do coletor passivo na oficina de artesanato e na indústria em Santa Rita de Ouro Preto.
S Co Ti K V Sr Zn Sc Li
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
DAR
SRF-1,5P 643 32,5 50,1 40,4 26,69 13,94 79,3 2,529 1,66
DT
SRF-1,5P 691 75,2 498,8 111,4 44,49 19,95 67 5,32 2,939
DAR
SRF-3P 1318 44,4 81,2 102,4 47,19 17,75 93,9 3,566 1,59
DT
SRF-3P 1431 82,1 756 156 73,7 24,37 77,8 6,91 2,813
DAR
SRA-P 44,06 7,66 13,68 33,2 7,16 0,3246 73,4 1,543 0,572
DT
SRA-P 82 59,5 149,4 55,4 11,99 3,082 73,5 2,445 1,335
Legenda- DAR- Digestão Água Régia; DT- Digestão Total; SRF- Fabrica Santa Rita; SRA- Artesanato Santa
Rita; 1,5P- 1,5m do solo; 3P- 3m do solo.
Os elementos bário e ítrio apresentaram maiores concentrações na oficina de artesanato de
Santa Rita de Ouro Preto, e menores concentrações na amostra coleta a 1,5 metros de altura do solo na
fábrica, como mostra a figura 6.7.

74
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Concentração de Ba (mg/kg) Concentração de Y (mg/kg)


0 1 2 3 4 5 6 7 0 1 2 3 4 5 6 7

DAR SRF-1,5P DAR SRF-1,5P


DT SRF-1,5P DT SRF-1,5P
DAR SRF-3P DAR SRF-3P
DT SRF-3P DT SRF-3P
DAR SRA-P DAR SRA-P
DT SRA-P DT SRA-P

Legenda- DAR- Digestão Água Régia; DT- Digestão Total; SRF- Fabrica Santa Rita; SRA- Artesanato Santa
Rita; 1,5P- 1,5m do solo; 3P- 3m do solo.
Figura 6.7- Concentração de bário e ítrio na poeira coletada por meio do coletor passivo na oficina de artesanato
e na industria destinada a moagem do esteatito em Santa Rita de Ouro Preto.
As maiores concentrações de elementos pesados (S, Co, Ti, K, V, Sr, Zn, Sc e Ba) em uma
altura maior (3,5m) (tabela 6.2 e figura 6.8), contraria o esperado, que seria a maior concentração
destes à uma menor altura (1,5m). Os coletores passivos foram fixados em uma viga de metal, ao
realizar-se a retirada dos mesmo, pode ter havido uma contaminação com a poeira depositada sobre a
viga (acumulada de outros meses), que pode ter caído acidentalmente dentro do coletor.

6.1.3.2. Partículas Coletadas por meio do Handi-Vol

As concentrações de magnésio das amostras de poeira coletadas e submetidas à digestão total


(figura 6.8) foram as maiores entre os elementos analisados por meio do ICP-OES. As concentrações
elevadas de magnésio nestas amostras refletem a característica química da rocha utilizada no processo
(esteatito) constituída principalmente de minerais de talco (Mg3Si4O10 (OH2) e clorita (Mg,Fe)6 (Si,
Al)4 O10 (OH)8.

Concentração de Mg (mg/kg)
140000 150000 160000 170000 180000 190000

SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08

Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.8- Concentração de magnésio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
75
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

O ferro também apresentou altas concentrações nas poeiras coletadas por meio do handi-vol
nos pontos de amostragem de Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado (figura 6.9). Não
houve variações significativas deste elemento ao longo do ano de coleta na oficina de artesanato de
Cachoeira do Brumado e na indústria localizada em Santa Rita de Ouro Preto, pois a rocha utilizada no
processo de confecção das panelas de pedra e na produção de pó para massa plástica em geral é muito
semelhante. Já as amostras de poeira coletadas na oficina de artesanato em Santa Rita de Ouro Preto
apresentaram uma pequena variação deste elemento (19.500-44.000mg/kg) ao longo dos meses de
amostragem, indicando a variabilidade do material utilizado nos processos de confecção de objetos
decorativos.

Concentração de Fe (mg/kg)
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000

SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.9- Concentração de ferro na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
Embora este elemento tenha apresentando valores de concentrações relativamente elevadas,
não foi encontrado na literatura limites para a sua concentração no material particulado em suspensão
ou que sua presença nele oferecesse risco à saúde.

As concentrações de alumínio da poeira coletada na oficina de artesanato (SRA) e na indústria


de beneficiamento de esteatito (SRF) localizadas em Santa Rita de Ouro Preto, bem como da poeira
coletada na mineração (CBM) e na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado (CBA) são
apresentadas na figura 6.10.

76
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Concentração de Al (mg/kg)
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000

SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.10- Concentração de alumínio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
As concentrações de alumínio foram mais elevadas na oficina de artesanato de Cachoeira do
Brumado do que na de Santa Rita de Ouro Preto. A indústria de beneficiamento de esteatito, localizada
em Santa Rita de Ouro Preto, apresentou concentrações de alumínio semelhantes à oficina de
artesanato de Cachoeira do Brumado.
As concentrações de cálcio variaram muito entre os pontos de amostragem (figura 6.11).

Concentração de Ca (mg/kg)
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000

SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08

Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.11- Concentração de cálcio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.

77
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Em termos comparativos as concentrações foram muito baixas na oficina de artesanato de


Santa Rita de Ouro Preto (187 - 1.146mg/kg). Enquanto as concentrações das amostras coletadas na
indústria de Santa Rita de Ouro Preto, na mineração e na oficina de confecção de panelas de pedra em
Cachoeira do Brumado variaram de 11.536 – 32.757mg/kg.

A rocha utilizada nos processos de produção de panelas de pedra (Cachoeira do Brumado) e


no processo de moagem na fábrica de Santa Rita foi analisada petrograficamente por meio de um
microscópio binocular, que revelou presença de carbonatos nesta matéria prima, enquanto nas lâminas
das rochas utilizadas para confecção de objetos decorativos (Santa Rita) não foram encontrados estes
minerais.

Embora o cálcio tenha sido encontrado em grandes concentrações na poeira da oficina de


artesanato de Cachoeira do Brumado e da indústria em Santa Rita, não se conhece níveis máximos na
atmosfera relatados como padrão ideal por agências ambientais nacionais ou internacionais.

As concentrações de manganês, assim como o cálcio, foram menores nas amostras coletadas
na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto (112 - 389mg/kg) que nos demais pontos de
amostragem (603 – 1.525mg/kg), como é mostrado na figura 6.12.

Concentração de Mn (mg/kg)
0 500 1000 1500 2000

SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08

Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.12- Concentração de manganês na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.

78
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Os valores de background de manganês na atmosfera variam de 0,05-5,4 ng/m3 no oceano


Atlântico e 0.01 ng/m3 no Pólo Sul. Na Alemanha, a concentração anual média de manganês varia
entre 3ng/m3 e 16ng/m3. Na Bélgica no período de 1972 e 1977, a concentração de manganês na
atmosfera variou de 42 ng/m3 e 456 ng/m3. Segundo a agencia ambiental do Japão, a concentração
média de manganês é cerca de 20-800 ng/m3 nas cidades com máximo de 24-horas de 2-3 µg/m3.
Baseado nestes dados a Organização Mundial de Saúde, concluiu que as médias anuais das
concentrações de manganês na atmosfera variam de 10 ng/m3 em áreas remotas, enquanto áreas
urbanas e rurais que não tenham fontes poluidoras de manganês, a média anual é de aproximadamente
10-70 ng/m3. Em regiões próximas à fundições, as concentrações de manganês podem se elevar ate
200-300 ng/m3 e na presença de industrias ferro- e silico-manganês podem ser superiores à 500ng/m3.
As maiores concentrações de manganês no ambiente de trabalho estão relacionadas à minas de
manganês e ao processamento deste mineral. Nestas atividades, a concentração de manganês podem
atingir 250 mg/m3 (WHO 2001).
A tabela 6.3 apresenta as concentrações de manganês (µg/m3) calculadas a partir dos
resultados da quantidade e composição quimica da poeira e o tempo de coleta.

Tabela 6.3 – Concentração de Mn na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira coletadas por meio do
handi-vol e submetidas à digestão total.
Concentração de Mn (ICP) Massa coletada Tempo Coleta Concentração de
(mg/kg) (g) (min) Mn (µg/m3)
SRA 09 151 0,206 120 1,12
SRA 10 202 0,539 131 3,61
SRA 12 190 0,661 36 15,15
SRA 01 141 0,592 43 8,43
SRA 02 112 0,922 31 14,44
SRA 03 142 1,571 46 21,08
SRA 04 180 1,280 39 25,69
SRA 05 276 0,631 41 18,46
SRA 07 296 0,880 12 94,24
SRF 10 603 0,207 120 4,53
SRF 01 731 0,124 288 1,36
SRF 02 836 0,282 298 3,43
SRF 03 833 0,175 222 2,85
SRF 04 1003 0,163 227 3,13
SRF 05 1525 0,084 239 2,32
SRF 06 905 0,241 224 4,24
SRF 07 1012 0,144 237 2,67
SRF 08 1209 0,377 208 9,53
CBM 09 894 0,248 120 8,02
CBA 09 797 0,541 83 22,57
CBA 10 874 0,541 83 24,75
CBA 12 937 0,955 53 73,44
CBA 01 1169 0,329 39 42,82
CBA 02 1056 0,216 60 16,54
CBA 03 920 0,196 102 7,68
79
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

CBA 04 924 0,331 104 12,77


CBA 05 1152 0,483 79 30,65
CBA 06 1179 0,442 75 30,18
CBA 07 1198 0,436 101 22,47
CBA 08 980 0,467 110 18,10
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado

A Fundação Nacional de Saúde estabelece os padrões para os poluentes atmosféricos


inorgânicos não carcinogênicos, dentre eles o manganês que deve possuir média aritmética de
0,05µg/m3 de ar no período de um ano. Portanto, a concentração de manganês na atmosfera, é muito
maior que o padrão estabelecido em todos os pontos e meses amostrados.
As concentrações de níquel foram maiores na poeira da oficina de artesanato de Santa Rita de
Ouro Preto (figura 6.13). No entanto, estes resultados foram gerados a partir da digestão total das
amostras. Conforme mostrado nos resultados da digestão parcial (figura 6.6), as diferenças das
digestões parciais e totais são significativas para este elemento que encontra-se em maior concentração
nos silicatos. Esta diferença chega a ser 13 vezes menor na digestão com água régia na oficina de
artesanato de Santa Rita de Ouro Preto. Os valores das concentrações de níquel na poeira coletada
passivamente e submetidas à digestão total foram semelhantes ao da poeira coletada por meio do
handi-vol (cerca de 2.145mg/kg na amostra SRA e 1700mg/kg nas amostra SRF).

Concentração de Ni (mg/kg)
0 500 1000 1500 2000 2500

SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.13- Concentração de níquel na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.

80
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Os compostos de níquel são praticamente insolúveis em água, incluindo carbonatos, sulfetos e


óxidos. Estes compostos insolúveis podem se dissolver em fluidos biológicos. A queima de
combustíveis, minerações de níquel, refinarias e incineração de resíduos sólidos são as principais
fontes antrópicas de emissão de níquel para atmosfera.. As concentrações de níquel na atmosfera
variam de 1-10 ng/m3 em áreas urbanas. Valores mais elevados (110–180 ng/m3) tem sido encontrados
em áreas fortemente industrializadas. (WHO 2001).

Experimentos em animais e em testes in vitro mostram que inalação de todos os tipos de


compostos de níquel induz irritação do trato respiratório, pneumonia química, efisema, hiperplasia das
células pulmonares e fibrose (pneumoconioses). Em humanos, foi detectado casos de asma entre
trabalhadores de indústria expostos ao sulfato de níquel. Trabalhadores expostos à inalação de
compostos de níquel (10-100 mg/m3) apresentam maiores risco de câncer de pulmão do que a
população não exposta ocupacionalmente (IARC 1990). Câncer de pulmão, renal, de próstata ou nos
ossos também foram encontrados em trabalhadores expostos ao níquel (WHO 2001).

A tabela 6.4 apresenta as concentrações de Ni, calculadas a partir da digestão total das
amostras de poeira, da quantidade coletada, do tempo de coleta e vazão média do equipamento.

Tabela 6.4 – Concentração de Ni na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira coletadas por meio do
handi-vol e submetidas à digestão total.
Concentração deNi (ICP) Massa coletada Tempo Coleta Concentração de Ni
(mg/kg) (g) (min) (µg/m3)
SRA 09 2102 0,206 120 15,68
SRA 10 2047 0,539 131 36,60
SRA 12 2291 0,661 36 182,86
SRA 01 2104 0,592 43 125,92
SRA 02 2195 0,922 31 283,72
SRA 03 2232 1,571 46 331,38
SRA 04 1972 1,280 39 281,31
SRA 05 2068 0,631 41 138,38
SRA 07 2097 0,880 12 668,53
SRF 10 1846 0,207 120 13,87
SRF 01 1639 0,124 288 3,06
SRF 02 1645 0,282 298 6,76
SRF 03 1654 0,175 222 5,66
SRF 04 1470 0,163 227 4,58
SRF 05 1657 0,084 239 2,52
SRF 06 1615 0,241 224 7,56
SRF 07 1615 0,144 237 4,26
SRF 08 1476 0,377 208 11,63
CBM 09 1515 0,248 120 13,59
CBA 09 1636 0,541 83 46,32
CBA 10 1357 0,541 83 38,42
CBA 12 1450 0,955 53 113,64
CBA 01 1517 0,329 39 55,57
81
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

CBA 02 1531 0,216 60 23,99


CBA 03 1486 0,196 102 12,41
CBA 04 1338 0,331 104 18,49
CBA 05 1601 0,483 79 42,59
CBA 06 1723 0,442 75 44,10
CBA 07 1661 0,436 101 31,16
CBA 08 1604 0,467 110 29,63
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2001) os compostos de níquel quando inalados são
carcinogênicos para humanos expostos ocupacionalmente. A WHO estimou um aumento de risco de
3,8 x 10-4 pode ser atribuída à concentração de 1µg/m3 de níquel no ar. As concentrações
correspondentes ao risco de 1: 1:10 000, 1:100 000 e 1: 1 000 000 são 250, 25 e 2.5 ng/m3,
respectivamente. A Fundação Nacional de Saúde nos padrões de poluentes atmosféricos inorgânicos
carcinogênicos que o níquel possui unidade de risco de 4 x 10-2µg por metro cúbico de ar (FUNASA
2002).

As concentrações de cromo foram menores nas amostras de poeira coletadas em Santa Rita de
Ouro Preto (figura 6.14).

Concentração de Cr (mg/kg)
0 500 1000 1500 2000 2500

SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08

Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.14- Concentração de cromo na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.

82
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Informações a respeito da concentração de cromo na atmosfera é limitada. Medições no


Atlântico Norte mostram concentrações de cromo 0,07-1,1ng/m3. A concentração no pólo sul é
ligeiramente menor. Foram encontradas concentrações de 0.7 ng/m3 na Noruega, 0.6 ng/m3 no
nordeste do Canadá, 1–140 ng/m3 na Europa Continental, 20–70 ng/m3 no Japão, e 45–67 ng/m3 no
Havaí. Monitoramento da qualidade do ar durante o período 1977–1980 em várias áreas urbanas e
rurais dos Estados Unidos mostraram a concentração de cromo variando de 5,2 ng/m3 (background 24-
horas) a 156,8 ng/m3 (média anual urbana); a concentração máxima encontrada nos Estados Unidos foi
cerca de 684 ng/m3 (24-horas). Níveis de cromo em países membros da União Européia foram
divulgados recentemente: áreas remotas 0–3 ng/ m3; áreas urbanas: 4–70 ng/m3, e áreas industriais 5–
200 ng/m3 (WHO 2001).

Informações sobre a especiação do cromo no ar são essenciais, quando inalados, somente o


cromo hexavalente é carcinogênico para humanos (WHO, 2001). Os dados disponíveis são
provenientes de estudos entre trabalhadores expostos ao cromo (VI). Assumindo-se a relação dose-
resposta entre a exposição de compostos de cromo (VI) e câncer de pulmão, não existem níveis
seguros que possam ser recomendados. Segundo a Organização Mundial de Saúde, com a
concentração de 1 µg/m3 de cromo (VI) no ar, o risco estimado é de 4 × 10-2. A concentração de cromo
na atmosfera é geralmente expressa como cromo total e não como cromo (VI) (WHO 2001). A Tabela
6.5 apresenta as concentrações de cromo na atmosfera, calculadas a partir da digestão total das
amostras de poeira.

Tabela 6.5 – Concentração de Cr na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira coletadas por meio do
handi-vol e submetidas à digestão total.
Tempo Coleta Concentração de
Concentração de Cr (ICP) Massa coletada (g) (min) Cr
(mg/kg) (µg/m3)
SRA 09 963 0,206 120 7,18
SRA 10 1180 0,539 131 21,10
SRA 12 1084 0,661 36 86,52
SRA 01 1025 0,592 43 61,34
SRA 02 1091 0,922 31 141,02
SRA 03 966 1,571 46 143,42
SRA 04 1107 1,280 39 157,92
SRA 05 1454 0,631 41 97,29
SRA 07 1483 0,880 12 472,79
SRF 10 1538 0,207 120 11,56
SRF 01 1522 0,124 288 2,84
SRF 02 1314 0,282 298 5,40
SRF 03 1784 0,175 222 6,10
SRF 04 1746 0,163 227 5,44
SRF 05 1533 0,084 239 2,33
SRF 06 1404 0,241 224 6,58
SRF 07 2131 0,144 237 5,63
83
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

SRF 08 1610 0,377 208 12,69


CBM 09 1296 0,248 120 11,63
CBA 09 2183 0,541 83 61,81
CBA 10 2005 0,541 83 56,77
CBA 12 1793 0,955 53 140,53
CBA 01 1785 0,329 39 65,39
CBA 02 1651 0,216 60 25,87
CBA 03 1985 0,196 102 16,58
CBA 04 2323 0,331 104 32,11
CBA 05 2180 0,483 79 58,00
CBA 06 1893 0,442 75 48,45
CBA 07 1647 0,436 101 30,90
CBA 08 2009 0,467 110 37,11
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
A Fundação Nacional de Saúde traz os padrões do cromo dentre os poluentes atmosféricos
inorgânicos carcinogênicos, com a unidade de risco de 9.6 x 10-4µg por metro cúbico de ar (FUNASA
2002).
As amostras de poeira coletadas por meio do handi-vol na oficina de artesanato de Santa Rita
de Ouro Preto e submetidas à digestão total apresentaram concentrações de enxofre (23 - 125mg/kg)
muito menores do que as coletadas nos demais pontos de amostragem (647 – 1.728mg/kg), conforme
mostrado na figura 6.15.

Concentração de S (mg/kg)
0 500 1000 1500 2000

SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08

Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.15- Concentração de enxofre na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.

84
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

O vanádio apresentou variações semelhantes nas concentrações das amostras coletadas na


oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado (36,8 – 69,3mg/kg) e na indústria de Santa Rita de
Ouro Preto (47,8 – 67,3mg/kg), evidenciando a diferença destas matérias primas em relação à rocha
utilizada no artesanato de Santa Rita de Ouro Preto, que apresentou concentrações em geral inferiores
(atingindo valores máximo de concentração de 48,8 mg/kg).

Concentração de V (mg/kg)
0 10 20 30 40 50 60 70 80
SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.16- Concentração de vanádio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
As concentrações de vanádio na atmosfera variam de dezenas a poucos de nanogramas. Em
grandes cidades a média anual varia de 50 a 100ng/m3, com significativas variações sazonais (WHO
2001). A tabela 6.6 apresenta as concentrações de vanádio na atmosfera, calculadas a partir das
concentrações deste elemento presente na poeira, no tempo de coleta e na vazão média do
equipamento (0,23 m3/min).

Tabela 6.6 – Concentração de V na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira coletadas por meio do
handi-vol e submetidas à digestão total.
Concentração de V (ICP) Massa coletada Tempo Coleta Concentração de
(mg/kg) (g) (min) V(µg/m3)
SRA 10 13,0 0,539 131 0,23
SRA 01 14,0 0,592 43 0,84
SRA 04 15,7 1,280 39 2,24
SRA 05 30,0 0,631 41 2,01
SRA 07 31,0 0,880 12 9,88
SRF 10 39,0 0,207 120 0,29
SRF 01 49,3 0,124 288 0,09
SRF 02 36,8 0,282 298 0,15
85
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

SRF 03 54,3 0,175 222 0,19


SRF 04 52,0 0,163 227 0,16
SRF 05 58,0 0,084 239 0,09
SRF 06 46,1 0,241 224 0,22
SRF 07 69,3 0,144 237 0,18
SRF 08 56,0 0,377 208 0,44
CBM 09 35,9 0,248 120 0,32
CBA 09 60,3 0,541 83 1,71
CBA 10 58,5 0,541 83 1,66
CBA 12 55,9 0,955 53 4,38
CBA 01 50,0 0,329 39 1,83
CBA 02 64,9 0,216 60 1,02
CBA 03 63,1 0,196 102 0,53
CBA 04 67,3 0,331 104 0,93
CBA 05 64,9 0,483 79 1,73
CBA 06 47,8 0,442 75 1,22
CBA 07 60,8 0,436 101 1,14
CBA 08 59,8 0,467 110 1,10
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado

Dados disponíveis de estudos ocupacionais (Lewis 1959; Kiviluoto et al. 1979) sugerem que o
limite de concentração de vanádio na atmosfera para que não gere efeitos adversos à saúde seja de 20
µg/m3, baseados em sintomas crônicos respiratórios. Acredita-se que em concentrações abaixo de 1
µg/m3(média de 24 horas) a exposição ambiental ao vanádio não apresente efeitos adversos à saúde
(WHO 2001). Portanto, as concentrações de vanádio não apresentam riscos aos trabalhadores das
oficinas de artesanato e da indústria de moagem de esteatito, estudados.

Foi encontrado arsênio em todas as amostras da indústria (SRF) submetidas à digestão total.
As concentrações de arsênio neste ponto de amostragem chegaram a 64 mg/kg de poeira analisada.
Foram também encontradas concentrações deste elemento em três amostras de poeira coletadas nas
oficinas de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto (10,7 – 20,5 mg/kg) e na amostra de poeira coletada
em outubro de 2009 em Cachoeira do Brumado (12 mg/kg), conforme mostrado na figura 6.17.

86
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Concentração de As (mg/kg)
0 10 20 30 40 50 60 70

SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.17- Concentração de arsênio na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
A concentração média no ar é menor que 1 a 3ng/m3 em áreas remotas e de 20 a 30 ng/m3 em
áreas urbanas do Estados Unidos (ATSDR 1991). A concentração média de arsênio em 11 cidades
canadenses e 1 região rural é de 1 ng/m3 (variação de 0.5–17 ng/m3) (Hughes et al. 1994). Na
Inglaterra, a média de concentração foi de 5,4 ng/m3 (Salamon et al. 1978). As concentrações podem
atingir centenas de nanogramas por metro cúbico em algumas cidades e excede 1000ng/m3 próximo a
fundições de metais não ferrosos e algumas plantas industriais. Em Praga, foram registradas
concentrações de arsênio de 450ng/m3 no inverno e 70ng/m3 no verão. O arsênio na atmosfera
apresenta-se principalmente na forma inorgânica.

A tabela 6.7 apresenta as concentrações de arsênio na atmosfera, calculadas a partir dos dados
geoquímicos da poeira, da quantidade coletada, do tempo de amostragem e da vazão do equipamento,
fornecida pelo fabricante.

Tabela 6.7 – Concentração de As na atmosfera, calculada a partir das amostras de poeira coletadas por meio do
handi-vol e submetidas à digestão total.
Concentração de As Massa coletada Tempo Coleta Concentração de
(ICP) (mg/kg) (g) (min) As (µg/m3)
SRA 02 20,5 0,922 31 2,65
SRA 05 10,7 0,631 41 0,71
SRF 10 21,2 0,207 120 0,16
SRF 01 17,6 0,124 288 0,03
SRF 02 15,3 0,282 298 0,06
SRF 03 63,8 0,175 222 0,22
SRF 04 30,9 0,163 227 0,10
SRF 05 42,5 0,084 239 0,06
SRF 06 58,2 0,2413 224 0,27
87
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

SRF 07 16,2 0,1439 237 0,04


SRF 08 19,7 0,3771 208 0,16
CBA 10 12,0 0,541 83 0,34
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado

O arsênio presente nas partículas pode ser inalado, depositado nas vias aéreas respiratórias e
absorvidos pela corrente sanguínea. A exposição ocupacional ocorre principalmente entre
trabalhadores de fundições de cobre, plantas industriais que utilizam carvão rico em arsênio, por meio
do uso ou produção de pesticidas que contenham este elemento e devido à atividade de mineração.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO 2001), o arsênio é carcinogênico.


Assumindo-se a relação dose-resposta, não é recomendado que se estabeleça um valor limite de
exposição por inalação. A concentração de 1 µg/m3 na atmosfera apresenta um risco de 1,5x10-3. O
risco é 1:10 000, 1:100 000 ou 1:1 000 000 na concentração atmosférica de cerca de 66 ng/m3, 6,6
ng/m3 ou 0,66 ng/m3, respectivamente. Segundo a Fundação Nacional de Saúde (2002) o arsênio
apresenta unidade de risco de 3 x 10-3 µg por metro cúbico de ar.

Foi encontrado chumbo no mês de abril de 2009 na poeira coletada na oficina de artesanato de
Santa Rita de Ouro Preto (6,87mg/kg) e no mês de maio de 2009 na indústria localizada no mesmo
distrito (14,3mg/kg).

Concentração de Pb (mg/kg)
0 2 4 6 8 10 12 14 16

SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08
Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.18- Concentração de chumbo na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.

88
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

A Organização Mundial de Saúde (WHO 2001) estabelece que o valor limite para as PTS no
ar de 500 ng/m3 de chumbo (média trimestral – não deve exceder mais que 1 vez ao ano). A Fundação
Nacional de Saúde, segue este mesmo padrão para chumbo: média aritmética de 0,5 µg por metro
cúbico de ar no período de um ano. As concentrações de chumbo na atmosfera calculadas foram de
0,98 µg/m3 na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto (abril) e 0,02 µg/m3 na fábrica (em
maio) localizada no mesmo distrito.

O elemento berilo foi encontrado somente nas amostras de poeira coletadas na oficina de
artesanato de Santa Rita de Ouro Preto, conforme pode-se verificar na figura 6.19. Provavelmente a
presença deste elemento somente nestas amostras, deve-se à rocha utilizada no processo de confecção
de peças artesanais, que é muito diferente das rochas utilizadas como matérias primas nos demais
pontos de amostragem. A rocha utilizada na produção de objetos decorativos em Santa Rita possui
uma dureza menor em relação às utilizadas no processo de confecção de panelas de pedra em
Cachoeira do Brumado e no processo de moagem em Santa Rita de Ouro Preto.

Concentração de Be (mg/kg)
0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500

SRA 09
SRA 10
SRA 12
SRA 01
SRA 02
SRA 03
SRA 04
SRA 05
SRA 06
SRA 07
SRF 10
SRF 01
SRF 02
SRF 03
SRF 04
SRF 05
SRF 06
SRF 07
SRF 08
CBM 09
CBA 09
CBA 10
CBA 12
CBA 01
CBA 02
CBA 03
CBA 04
CBA 05
CBA 06
CBA 07
CBA 08

Legenda- SRA- Artesanato Santa Rita; SRF- Fabrica Santa Rita; CBM- Mineração Cachoeira do Brumado;
CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado
Figura 6.19- Concentração de berilo na poeira coletada nas oficinas de artesanato, mineração e indústria de
beneficiamento de pedra-sabão localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.

89
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

6.2. POEIRA DE ARRASTE


6.2.1. Caracterização Física

Os processos produtivos das atividades artesanais de pedra sabão se diferem bastante entre os
distritos estudados. A poeira de arraste, resultante destes processos, e, depositada sobre o solo foi
coletada em Santa Rita de Ouro Preto ao pé da serra utilizada para o corte das peças e em Cachoeira
do Brumado ao pé do torno, utilizado para dar forma às panelas e formas de pizza.

A rocha utilizada na produção de peças artesanais em Santa Rita de Ouro Preto possui dureza
menor em relação à rocha utilizada no processo de confecção de panelas de pedra em Cachoeira do
Brumado. Esta diferença da rocha e do processo utilizado (serra, torno) é refletida na análise
granulométrica da poeira de arraste, conforme pode-se verificar na figura 6.21.

Distribuição Granulométrica

100%
90%
80%
70%
% Passante

60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
10 100 1.000
Diâmetro das Partículas (µm)

SRA-PC CBA-PC
Figura 6.21- Distribuição granulométrica da poeira de arraste coletada nas oficinas de artesanato localizadas em
Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado.
A poeira coletada ao pé do torno na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado
apresentou um comportamento linear, que pode ser reflexo da própria atividade de torneamento, que
provavelmente influencia esta distribuição granulométrica, gerando aproximadamente a mesma
proporção de partículas nas diferentes frações.

A poeira coletada ao pé da serra em Santa Rita de Ouro Preto teve sua curva deslocada para a
fração mais fina. Cerca de 99% das partículas coletadas neste ponto são menores que 125 µm,
indicando a predominância da fração fina na poeira depositada na oficina de artesanato de Santa Rita
de Ouro Preto, provavelmente devido a baixa dureza da rocha utilizada neste processo.

90
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

As partículas coletadas em Cachoeira do Brumado em geral são maiores, pois a rocha utilizada
neste processo é relativamente mais dura do que a utilizada na confecção de objetos decorativos. No
entanto também há presença de partículas menores, o que indica que essas partículas podem ser
suspensas pelo vento, inaladas e provocar danos à saúde dos trabalhadores e da população do entorno.

6.2.2. Caracterização Química


As concentrações de cromo, níquel, alumínio, cálcio, ferro, titânio, potássio, manganês e sódio
foram maiores nas poeiras coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado nas digestões
parciais e totais, como mostrado na figura 6.22.

Quím ica Poeira de Arraste Quím ica Poeira de Arraste


70000 1200
Concentração (mg/kg)

Concentração (mg/kg)
60000 1000
50000
800
40000
600
30000
400
20000
10000 200

0 0
Cr Ni Al Ca Fe Ti K Mn Na
CBA-PC (DAR) CBA-PC (DT) CBA-PC (DAR) CBA-PC (DT)
SRA-PC (DAR) SRA PC DT SRA-PC (DAR) SRA PC DT

Legenda- CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado; SRA- Artesanato Santa Rita; PC- Poeira depositada no
solo; DAR- Digestão Água régia; DT- Digestão Total.
Figura 6.22- Concentração de cromo, níquel, alumínio, cálcio, ferro, titânio, potássio, manganês e sódio presentes
na poeira de arraste coletada nas oficinas de artesanato localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do
Brumado.
A presença de carbonatos encontrados nas análises petrográficas da matéria prima utilizada na
oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado, pode explicar a grande diferença na concentração de
cálcio muito superior neste ponto. As rochas utilizadas na produção de panelas de pedra foram
analisadas por meio do microscópio petrográfico binocular, que revelou a presença de minerais opacos
ricos em ferro em todas as lâminas analisadas. Já das amostras de rochas coletadas na oficina em Santa
Rita de Ouro Preto, apenas uma apresentou presença desses minerais. Portanto, as concentrações de
ferro foram menores nas amostras de poeira coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro
Preto.

A concentração dos elementos lítio, escândio, estrôncio, ítrio, vanádio, cobre, bário, zinco e
cobalto presentes na amostra de poeira de arraste coletadas ao pé da serra e do torno na oficina de
artesanato de Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado respectivamente, são apresentados na
figura 6.23.

91
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

Quím ica Poeira de Arraste Quím ica Poeira de Arraste


90 120,0
80
Concentração (mg/kg)

Concentração (mg/kg)
100,0
70
60 80,0
50
60,0
40
30 40,0
20
20,0
10
0 0,0
Li Sc Sr Y V Cu Ba Zn Co
CBA-PC (DAR) CBA-PC (DT) CBA-PC (DAR) CBA-PC (DT)
SRA-PC (DAR) SRA PC DT SRA-PC (DAR) SRA PC DT

Legenda- CBA- Artesanato Cachoeira do Brumado; SRA- Artesanato Santa Rita; PC- Poeira depositada no
solo; DAR- Digestão Água régia; DT- Digestão Total.
Figura 6.23- Concentração de lítio, escândio, estrôncio, ítrio, vanádio, cobre, bário, zinco e cobalto presentes na
poeira de arraste coletada nas oficinas de artesanato localizadas em Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do
Brumado.

As amostras de poeira de arraste coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado


apresentaram concentrações mais elevadas do que as amostras coletadas na oficina de artesanato de Santa
Rita de Ouro Preto, principalmente para os elementos estrôncio, vanádio, cobre, zinco e cobalto.

92
CAPÍTULO 7
CONCLUSÕES

A concentração de partículas em suspensão foi muito elevada em todos os pontos de


amostragem, excedendo os limites estabelecidos pelas normas brasileiras (CONAMA 1990; FUNASA
2002). Em média, 25% das partículas em suspensão na oficina de artesanato de Cachoeira do
Brumado, de Santa Rita de Ouro Preto e na indústria são menores que 10µm. Na mineração em
Cachoeira do Brumado a média foi de 20%. Portanto, a concentração de partículas respiráveis chega a
ultrapassar em até 11 vezes o padrão estabelecido pela WHO. Os percentuais de partículas menores
que 10µm coletadas por meio do coletor passivo durante o mês de fevereiro foram de 21,39% e
22,91% na oficina de artesanato e na indústria de Santa Rita de Ouro Preto, respectivamente.

As rochas utilizadas nos processos de moagem e de confecção de peças artesanais nos distritos
de Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado apresentam diferenças quanto à mineralogia,
dureza e cor. O mineral mais abundante nas amostras de poeira coletadas nas oficinas de artesanato, na
indústria e na mineração de Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado foi o talco. Sendo
encontrados também minerais de clorita em todos os pontos de amostragem.

A presença de anfibólios nas amostras de poeira da oficina de artesanato de Cachoeira do


Brumado e de clinoanfibólio na amostra de rocha utilizada na oficina de Santa Rita de Ouro Preto,
pode levar ao aparecimento de doenças relacionadas, como a talcoasbestose, tanto nos trabalhadores
que utilizam esta matéria prima, e inalam a poeira oriunda de seu labor, quanto na população do
entorno das oficinas de artesanato.

O magnésio foi o elemento encontrado em maiores proporções tanto na poeira atmosférica


coletada pelos coletores passivos e amostrador portátil, quanto na poeira depositada sobre o solo. A
abundância deste elemento reflete a característica da rocha utilizada no processo (esteatito),
constituída principalmente de talco.

As altas concentrações de ferro nas amostras podem ser explicadas pela presença de pirita nas
rochas utilizadas no processo de moagem e de produção de peças artesanais. O que foi evidenciado
pela descrição das lâminas, que revelaram opacos ricos em ferro em praticamente todas as amostras.
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

As diferenças entre as rochas utilizadas influenciam diretamente a composição química do


material particulado gerado. Em geral, a amostra coletada na Indústria de beneficiamento de esteatito
localizada em Santa Rita de Ouro Preto, apresentou composição química semelhante às amostras
coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado. Na oficina de artesanato de Santa Rita de
Ouro Preto os elementos Fe, Al, Cr, Cu, Sr, Sc, Ti, Ca, S, e Mn apresentaram as menores
concentrações dentre os pontos de amostragem. Enquanto as concentrações de Ni foram as maiores.
No entanto verificou-se que as concentrações de Ni se elevam consideravelmente na digestão total,
indicando que este elemento encontra-se associado aos silicatos, tornando-o menos biodisponível.

Os carbonatos, encontrados somente nas amostras de rocha utilizadas na oficina de Cachoeira


do Brumado e na indústria em Santa Rita de Ouro Preto, podem explicar a grande diferença na
concentração de Ca entre estes pontos e a oficina de artesanato de Santa Rita.

Embora os teores de ferro, alumínio e cálcio tenham sido elevados, não foi encontrado na
literatura limites para sua concentração no material particulado em suspensão.
As concentrações de manganês na poeira em suspensão foram muito superiores aos padrões
estabelecidos pela Fundação Nacional de Saúde em todos os pontos de amostragem.
Os elementos Ni e Cr também apresentaram concentrações acima dos limites estabelecidos
pela Organização Mundial de Saúde e pela Fundação Nacional de Saúde, sobretudo nas amostras de
poeira coletada na oficina de artesanato em Santa Rita de Ouro Preto. Este local também apresentou
presença de chumbo na amostra de poeira coletada no mês de abril.
Foi encontrado arsênio em todas as amostras de poeira da indústria submetidas à digestão
total. Este elemento ainda esteve presente em três amostras da oficina de artesanato de Santa Rita de
Ouro Preto e na amostra de poeira coletada em outubro de 2009 em Cachoeira do Brumado.
A poeira de arraste depositada sobre o solo apresentou diferenças significativas em relação à
distribuição granulométrica. No entanto tanto na oficina de artesanato de santa Rita de Ouro Preto
quanto na de Cachoeira do Brumado, foram encontrados frações finas que podem ser suspensas pelo
vento, inaladas e provocar danos à saúde dos trabalhadores e da população do entorno.

A quantificação e a caracterização física, química e mineralógica da poeira gerada nas oficinas


de artesanato e na moagem do esteatito são importantes na determinação dos possíveis danos à saúde
decorrentes da inalação desta poeira. A elevada quantidade de poeira respirável, a presença de metais
ou elementos prejudiciais à saúde, e de minerais fibrosos como determinados anfibólios, pode
potencializar os danos que esta poeira causa à população e aos trabalhadores. Diante deste fato,
recomenda-se que seja realizado acompanhamento destas comunidades que possuem com base de
geração de renda a atividade de extração e manufatura de pedra-sabão.

94
Contribuições às Ciências da Terra, Série M, vol. 67, n. 290, 125p.

Estudos futuros podem ser realizados, utilizando Hi-vol para a determinação da quantidade de
poeira na vizinhança das oficinas de artesanato, onde existem residências que também podem estar
sendo afetadas.

A utilização de água no processo produtivo das peças artesanais pode diminuir a poeira em
suspensão, o que minimizaria o grau de exposição dos trabalhadores e da população do entorno.
Estudos e atividades de extensão poderiam ser conduzidos com o propósito de orientar os
trabalhadores sobre como adotar corretamente essas medidas, dando uma destinação adequada para a
lama que será resultante deste processo.

95
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

96
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101
Proti, R. S. C., 2010 Estudo do Material Particulado Atmosférico Proveniente da Extr. e Manufatura de Pedra-Sabão.

102
Anexo I
Concentração de Partículas na Atmosfera

Tabela 1: Tempo de Coleta, Vazão média e Concentração das partículas atmosféricas coletadas por meio do amostrador portátil (Handi-Vol).

Q média
Ponto/mês/ano Tempo coleta (min) (m3/min) Concentração (µg/m3) Observações
CBM1-10/08 64 0,0874 8.107 Vento direção oposta ao equipamento
CBM2-10/08 64 0,0874 2.842 Estavam apenas puxando blocos/ furando
CBA1-03/09 80 0,0237 23.175 Lixagem manual
SRF1-03/09 120 0,0267 31.662
SRF2-03/09 102 0,0259 17.416
SRF2-04/09 95 0,04 0,036 9354,82
SRF1-05/09 119 0,0343 14.725
SRF2-05/09 120 0,0338 5.764 Almoço 11:00-12:00
SRF1-06/09 107 0,03 0,157 47088,40
SRF2-06/09 117 0,03 0,092 25546,20

Legenda: CBM1- Cachoeira do Brumado Mineração (filtro1); CBM2- Cachoeira do Brumado Mineração (filtro2); CBA1- Cachoeira do Brumado
Artesanato (filtro1); SRF1- Fábrica Santa Rita (filtro1); SRF2- Fábrica Santa Rita (filtro2).

103
Tabela 2: Tempo de coleta e massa das amostras coletadas por meio do Handi-Vol.
Ponto/ano Tempo de Massa da Q média Concentração Observação
coleta amostra
(min) (g) (m3/min) (µg/m3)
SRF1-09 62 0,0172 0,0015 20.997,62
SRF2-09 60 0,0321 0,0015 40.495,95
Setembro/ 08

A vazão final caiu fora da reta de calibração, produzindo resutados


SRA1-09 60 0,0832 * * errados
SRA2-09 60 0,1227 * *
CBM1-09 60 0,0128 * *
CBM2-09 60 0,2348 * *
CBA1-09 35 0,4319 * *
CBA2-09 56 0,796 * *
SRF1-10 60 0,0504 * *
Outubro/ 08

SRF2-10 60 0,157 * *
SRA1-10 60 0,1235 * *
SRA2-10 71 0,4152 * * Coletado na boca do motor
CBM1-10 64 0,0425 0,087 8.107
CBM2-10 64 0,0149 0,087 2.842
CBA1-10 43 0,2910 * *
CBA2-10 40 0,2495 * *
SRF1-12 120 0,0022 * *
Dezembro/ 08

SRA1-12 19 0,2921 * *
SRA2-12 17 0,3220 * *
SRA3-12 19 0,3389 * *
CBA1-12 20 0,4659 * *
CBA2-12 20 0,3965 * *
CBA3-12 13 0,093 * *
Janeiro/ 09

SRF1-01 288 0,1236 * *


SRA1-01 38 0,2626 * *
SRA2-01 5 0,3293 * *
CBA1-01 25 0,1987 * *
CBA2-01 14 0,1299 * *

104
Tabela 2: Tempo de coleta e massa das amostras coletadas por meio do Handi-Vol. (Continuação)
SRF1-02 178 0,1564 * *
Fevereiro/ 09
SRF2-02 120 0,1252 * *
SRA1-02 16 0,5331 * *
SRA2-02 15 0,3885 * * Lixa manual, não foi utilizado lixadeira
CBA1-02 60 0,2162 * *
SRF1-03 120 0,1014 0,0267 31.662
Março/ 09

SRF2-03 102 0,0732 0,0259 17.416 Almoço: 11:00-12:00


SRA1-03 25 0,8948 * *
SRA2-03 21 0,676 * *
CBA1-03 80 0,044 0,0237 23.175 Lixagem manual até 12:46; Almoço 12:52; Praticamente não trabalharam
CBA2-03 22 0,1519 * *
SRF1-04 132 0,1269 * *
Abril/ 09

SRF2-04 95 0,0358 * *
SRA1-04 21 0,6968 * * Começaram a cortar peças a partir de 13:11
SRA2-04 18 0,5828 * * Tempo úmido; vento na direção do equipamento.
CBA1-04 23 0,1836 * *
CBA2-04 81 0,147 * * Dia nublado, úmido; Período de almoço: até 12:05
SRF1-05 119 0,0601 0,0343 14.725
SRF2-05 120 0,0234 0,0338 5.764 Almoço 11:00-12:00
Maio/09

SRA1-05 21 0,286 * *
SRA2-05 20 0,345 * *
CBA1-05 33 0,3049 * *
CBA2-05 46 0,1785 * *
SRF1-06 0,1493 117
SRF2-06 0,092 107
Junho/09

SRA1-06 - 10 * *
SRA2-06 - 10 * *
CBA1-06 0,2584 30 * *
CBA2-06 0,1831 45 * *
Julho/0

SRF1-07 0,0718 120


SRF2-07 0,0721 117
9

SRA1-07 0,4001 6 * *

105
SRA2-07 0,4798 6 * *
CBA1-07 0,1314 36 * *
CBA2-07 0,0956 40 * *
CBA3-07 0,2088 25
Agosto/09

SRF1-08 0,1823 118


SRF2-08 0,1948 90
CBA1-08 0,2907 50 * *
CBA2-08 0,1767 60 * *

* Não foi possível o Cálculo da vazão média e da concentração, devido a elevada quantidade de material particulado em suspensão.

106
Anexo II
Composição Química

Tabela 1: Concentrações dos elementos presentes na amostra de material particulado coletado por meio do amostrador portátil (Handi-Vol).
Digestão Total
NI Al As Ba Be Bi Ca Cd Co Cr Cu Fe K Li Mg Mn Na Ni
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
Branco <LQ <LQ 1,70 0,352 <LQ 146 <LQ <LQ 2,82 3,17 60,4 17,9 0,247 22,7 <LQ 152 <LQ
SRA 09 6477 <LQ 121 0,380 <LQ 769 <LQ 54,5 963 13,9 22722 264 2,01 175572 151 614 2102
SRA 10 10486 <LQ 67,6 <LQ <LQ 1146 <LQ 64,9 1180 8,61 28386 90,6 2,39 171824 202 527 2047
SRA 12 7262 <LQ 25,9 <LQ <LQ 313 <LQ 65,9 1084 12,8 23081 53,3 2,87 179867 190 339 2291
SRA 01 7196 <LQ 28,0 0,343 <LQ 333 <LQ 57,0 1025 18,8 24030 51,7 1,66 175532 141 361 2104
SRA 02 5036 20,5 28,1 0,387 <LQ 177 <LQ 48,5 1091 10,5 19589 42,1 1,59 176932 112 269 2195
SRA 03 5145 <LQ 12,9 0,358 <LQ 187 <LQ 58,7 966 10,7 20907 30,1 1,95 177460 142 206 2232
SRA 04 6235 <LQ 22,7 0,405 <LQ 226 <LQ 53,8 1107 51,9 26474 35,5 2,84 177778 180 229 1972
SRA 05 11537 10,7 50,9 <LQ <LQ 354 <LQ 75,5 1454 11,9 37322 82,8 1,81 168962 276 268 2068
SRA 06 15446 <LQ 31,8 <LQ <LQ 956 <LQ 83,3 1694 8,86 43882 62,1 3,30 179891 389 198 2051
SRA 07 10490 13,3 42,9 <LQ <LQ 312 <LQ 73,0 1483 19,5 35667 83,7 1,07 169501 296 149 2097
SRF 10 15710 21,2 140 <LQ <LQ 11536 <LQ 68,4 1538 38,0 42235 329 3,39 180388 603 946 1846
SRF 01 19742 17,6 135 <LQ <LQ 16491 <LQ 68,9 1522 50,2 42495 342 2,43 176852 731 845 1639
SRF 02 13591 15,3 100 <LQ <LQ 24096 <LQ 64,4 1314 32,6 38191 195 3,31 177920 836 583 1645
SRF 03 18845 63,8 142 <LQ <LQ 16847 <LQ 74,8 1784 47,1 46717 252 2,76 180725 833 715 1654
SRF 04 20634 30,9 147 <LQ <LQ 29774 <LQ 68,6 1746 49,8 43782 247 3,14 168649 1003 660 1470
SRF 05 22828 42,5 388 <LQ <LQ 28982 <LQ 71,1 1533 58,8 48820 737 3,24 154678 1525 1184 1657
SRF 06 17946 58,2 185 <LQ <LQ 20732 <LQ 66,4 1404 68,7 47734 363 2,45 162884 905 578 1615
SRF 07 25191 16,2 311 <LQ <LQ 21623 <LQ 77,8 2131 61,4 51569 346 1,89 161097 1012 711 1615
SRF 08 22756 19,7 169 <LQ <LQ 32757 <LQ 70,5 1610 37,4 48047 523 2,34 156970 1209 486 1476
CBM09 19649 <LQ 99,6 <LQ <LQ 21207 <LQ 74,7 1296 54,2 40653 188 1,24 183007 894 501 1515
CBA-09 25001 <LQ 25,82 <LQ <LQ 19597 <LQ 85 2183 39,94 46868 49,99 0,2406 154943 797 23,4 1636

107
Tabela 1: Concentrações dos elementos presentes na amostra de material particulado coletado por meio do amostrador portátil (Handi-Vol). (Continuação)
Digestão Total
NI Al As Ba Be Bi Ca Cd Co Cr Cu Fe K Li Mg Mn Na Ni
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
CBA 10 26862 12,0 49,1 <LQ <LQ 22838 <LQ 74,3 2005 46,7 44426 124 1,01 178140 874 396 1357
CBA 12 24658 <LQ 59,3 <LQ <LQ 30644 <LQ 75,5 1793 75,4 42461 698 2,50 175177 937 489 1450
CBA 01 21745 <LQ 64,4 <LQ <LQ 27512 <LQ 85,0 1785 179 44835 117 1,64 175561 1169 641 1517
CBA 02 22931 <LQ 23,0 <LQ <LQ 29893 <LQ 84,1 1651 99,2 45727 75,7 1,51 175979 1056 554 1531
CBA 03 26358 <LQ 154 <LQ <LQ 21960 <LQ 79,8 1985 149 47850 122 1,73 171973 920 605 1486
CBA 04 22223 <LQ 90,4 <LQ <LQ 17096 <LQ 81,1 2323 79,3 53084 105 1,37 169533 924 555 1338
CBA 05 24611 <LQ 45,2 <LQ <LQ 13116 <LQ 86,3 2180 158 56070 87,7 4,61 164909 1152 408 1601
CBA 06 19147 <LQ 117 <LQ <LQ 19976 <LQ 84,8 1893 106 45979 157 1,09 172936 1179 462 1723
CBA 07 20721 <LQ 96,7 <LQ <LQ 28051 <LQ 105 1647 80,3 50108 107 0,560 158718 1198 421 1661
CBA 08 23871 <LQ 90,4 <LQ <LQ 28243 <LQ 83,9 2009 71,8 47031 110 0,601 166640 980 322 1604
LQ 31,7 11,0 0,0330 0,330 6,95 32,3 0,748 2,15 0,183 0,737 29,7 7,21 0,0660 0,253 0,231 138 2,17

NI P Pb S Sc Sr Th Ti V Y Zn Zr
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
Branco <LQ <LQ 16,5 0,314 0,816 <LQ 8,59 <LQ <LQ 3,84 1,28
SRA 09 25,8 <LQ 108 1,40 5,42 <LQ 113 <LQ 6,02 166 3,44
SRA 10 69,2 <LQ 125 2,36 5,37 <LQ 175 13,0 2,19 132 2,60
SRA 12 <LQ <LQ 44,5 2,23 1,52 <LQ 152 <LQ 1,98 85,9 <LQ
SRA 01 <LQ <LQ 49,6 2,89 2,51 <LQ 159 14,0 3,29 80,7 1,07
SRA 02 <LQ <LQ 31,2 1,71 1,42 <LQ 119 <LQ 12,5 82,0 1,22
SRA 03 <LQ <LQ 51,3 1,85 1,25 <LQ 103 <LQ 5,16 67,7 1,03
SRA 04 14,7 6,87 23,4 2,10 1,26 <LQ 118 15,7 <LQ 87,4 1,19
SRA 05 53,4 <LQ 51,2 4,46 2,30 1,32 235 30,0 6,42 98,1 <LQ
SRA 06 63,7 <LQ 28,2 5,27 2,00 <LQ 374 48,8 23,4 95,3 1,24
SRA 07 22,5 <LQ 43,6 3,85 1,89 <LQ 218 31,0 6,64 81,5 <LQ
SRF 10 48,1 <LQ 1017 4,67 25,5 <LQ 404 39,0 2,93 153 3,68
SRF 01 53,1 <LQ 1274 5,88 32,5 <LQ 464 49,3 2,83 158 4,33
SRF 02 34,3 <LQ 698 4,21 21,2 <LQ 337 36,8 2,64 126 <LQ

108
NI P Pb S Sc Sr Th Ti V Y Zn Zr
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
SRF 03 42,9 <LQ 1218 5,77 25,2 <LQ 484 54,3 2,81 165 3,79
SRF 04 44,3 <LQ 1150 6,12 31,2 <LQ 470 52,0 3,86 166 4,57
SRF 05 98,6 14,3 1300 6,14 39,7 3,18 692 58,0 4,52 337 11,9
SRF 06 64,3 <LQ 1171 5,22 31,6 <LQ 468 46,1 3,05 181 4,35
SRF 07 65,9 <LQ 1461 7,80 35,2 <LQ 590 69,3 3,97 282 5,25
SRF 08 71,8 <LQ 1021 6,22 36,7 1,46 561 56,0 3,97 170 5,64
CBM 09 39,7 <LQ 1156 5,97 20,0 <LQ 387 35,9 3,16 130 2,31
CBA-09 <LQ <LQ 872 9,64 19,02 <LQ 417,7 60,3 3,203 83,2 4,693
CBA 10 22,1 <LQ 864 8,76 28,8 <LQ 403 58,5 2,76 84,9 1,24
CBA 12 17,7 <LQ 1665 8,06 45,6 <LQ 406 55,9 3,89 100 2,64
CBA 01 34,7 <LQ 1606 9,07 24,7 <LQ 325 50,0 4,53 125 4,36
CBA 02 283 <LQ 1107 8,48 23,1 <LQ 1457 64,9 6,08 85,1 5,52
CBA 03 25,6 <LQ 1688 9,11 27,0 <LQ 421 63,1 3,52 204 3,04
CBA 04 18,2 <LQ 647 8,97 27,1 <LQ 531 67,3 3,64 127 3,16
CBA 05 74,4 <LQ 1375 9,54 14,0 <LQ 430 64,9 2,95 118 1,67
CBA 06 24,7 <LQ 1728 6,94 31,4 <LQ 435 47,8 3,00 155 2,78
CBA 07 63,7 <LQ 1017 8,28 34,8 <LQ 403 60,8 6,91 138 3,29
CBA 08 22,0 <LQ 837 8,37 35,5 <LQ 377 59,8 3,23 135 2,16
LQ 9,17 6,85 5,89 0,0550 0,0110 1,33 1,28 12,1 1,90 0,682 0,110
LQ= Limite de Quantificação

109
Tabela 2: Concentrações dos elementos presentes na amostra de material particulado coletado por meio do coletor passivo.

Digestão Total

NI Al As Ba Be Bi Ca Cd Co Cr Cu Fe K Li Mg
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
DT Branco 400,7 <LQ <LQ <LQ <LQ 600 <LQ <LQ <LQ 2,425 155,7 <LQ 0,0256 27,35
DT SRF-1,5P 16486 42,32 1,122 <LQ <LQ 14725 <LQ 75,2 1722 25,43 44007 111,4 2,939 178032
DT SRF-3P 20914 80,9 5,17 <LQ <LQ 27701 <LQ 82,1 2382 37,8 57213 156 2,813 171298
DT SRA-P 6675 <LQ 6,35 <LQ <LQ 780 <LQ 59,5 1159 36,45 23056 55,4 1,335 160992
LQ 21,88 8,40 0,046 0,138 10,48 26,22 0,36 1,34 1,16 2,26 90,58 23,8 0,10 0,66

NI Mn Na Ni P Pb S Sc Sr Th Ti V Y Zn Zr
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
DT Branco <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 44,44 0,2127 2,623 <LQ 6,51 <LQ <LQ 9,65 4,643
DT SRF-1,5P 654 27,31 1780 21,56 <LQ 691 5,32 19,95 <LQ 498,8 44,49 2,597 67 7,59
DT SRF-3P 1056 9,01 1685 30,8 12,39 1431 6,91 24,37 <LQ 756 73,7 2,677 77,8 8,82
DT SRA-P 157 <LQ 2145 20,03 <LQ 82 2,445 3,082 <LQ 149,4 11,99 6,76 73,5 5,42
LQ 1,98 5,66 1,74 13,48 9,54 5,50 0,044 0,026 2,22 0,96 5,46 0,18 0,42 0,36

110
Tabela 3: Concentrações dos elementos presentes na amostra de material particulado coletado por meio do coletor passivo.

Digestão Parcial

NI Al As Ba Be Bi Ca Cd Co Cr Cu Fe K Li Mg
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
DAR Branco <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 82,9 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 0,0128 2,97
DAR BCR-701 22504 39,94 198 <LQ <LQ 9486 6,91 15,2 276 295 32673 3161 26,2 8117
DAR SRF-1,5P 8613 53,4 1,16 <LQ <LQ 8508 <LQ 32,5 963 22,8 25248 40,4 1,66 62656
DAR SRA-P 3589 4,93 4,05 <LQ <LQ 255 <LQ 7,66 685 80,7 5281 33,2 0,572 8432
DAR SRF-3P 10968 69,3 3,08 <LQ <LQ 22270 <LQ 44,4 1381 41,4 39131 102,4 1,59 79690
LQ 10,94 4,20 0,023 0,069 5,24 13,11 0,18 0,67 0,58 1,13 45,29 11,9 0,05 0,33

NI Mn Na Ni P Pb S Sc Sr Th Ti V Y Zn Zr
mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg mg/kg
DAR Branco <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 0,0999 <LQ <LQ <LQ <LQ <LQ 57,5 2,217
DAR BCR-701 581 118 98,8 2115 139 1762 2,735 69,4 4,805 832 50,7 10,94 517 2,177
DAR SRF-1,5P 479 <LQ 565 34,1 6,75 643 2,529 13,94 <LQ 50,1 26,69 1,634 79,3 1,629
DAR SRA-P 37,4 <LQ 165 24,0 <LQ 44,06 1,543 0,3246 <LQ 13,68 7,16 6,08 73,4 2,214
DAR SRF-3P 834 <LQ 738 55,0 8,04 1318 3,566 17,75 <LQ 81,2 47,19 1,969 93,9 1,309
LQ 0,99 2,83 0,87 6,74 4,77 2,75 0,022 0,013 1,11 0,48 2,73 0,090 0,21 0,18

111
Anexo III
Amostras de Rochas

112
113
Anexo IV
Resultados do Granulômetro a Laser

Artesanato de Cachoeira do Brumado:

Figura 1- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado


em janeiro de 2009.

Figura 2- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado em


fevereiro de 2009.

114
Figura 3- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado em
abril de 2009.

Figura 4- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado em


maio de 2009.

115
Figura 5- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado em
julho de 2009.

Figura 6- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado em


setembro de 2008.

116
Figura 7- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado
em outubro de 2008.

Figura 8- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Cachoeira do Brumado


em dezembro de 2008.

117
Artesanato de Santa Rita de Ouro Preto:

Figura 9- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em janeiro de 2009.

Figura 10- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em março de 2009.

118
Figura 11- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em abril de 2009.

Figura 12- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em maio de 2009.

119
Figura 13- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em junho de 2009.

Figura 14- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em julho de 2009.

120
Figura 15- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em setembro de 2008.

Figura 16- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em setembro de 2008.

121
Figura 17- Tamanho das partículas coletadas na oficina de artesanato de Santa Rita de Ouro Preto
em dezembro de 2008.

122
Indústria de Santa Rita de Ouro Preto:

Figura 18- Tamanho das partículas coletadas na indústria de Santa Rita de Ouro Preto em fevereiro
de 2009.

Figura 19- Tamanho das partículas coletadas na indústria de Santa Rita de Ouro Preto em junho de
2009.

123
124
Ficha de Aprovação

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

TÍTULO: ESTUDO DO MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO PROVENIENTE DA


EXTRAÇÃO E MANUFATURA DE PEDRA-SABÃO NOS MUNICÍPIOS DE OURO PRETO E
MARIANA, MG.

AUTOR(A): RAFAELA SOARES COSTA PROTI

ORIENTADOR: HERMÍNIO ARIAS NALINI JR.

Aprovada em: ___04____/__10____/__2010_____

PRESIDENTE: HERMÍNIO ARIAS NALINI JR.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Hermínio Arias Nalini Jr. ______________________________________ DEGEO/UFOP

Profª. Drª. Leila Nunes Menegasse Velásquez ________________________________ IGC/UFMG

Profª. Drª. Olívia Maria de Paula Alves Bezerra ______________________________ENUT/UFOP

Ouro Preto, ___04____/___10____/__2010_____

125

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