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NATAL
2018
LUIZ HENRIQUE LIRA DE OLIVEIRA
Monografia nº 497
NATAL
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
Prof. Dr. Emanuel Ferraz Jardim de Sá (DG/UFRN) (Presidente e orientador)
______________________________________________________
Prof. Me. Alexandre Magno Rocha da Rocha (DIAREN/IFRN) (Membro e coorientador)
______________________________________________________
Prof. Dr. Laécio Cunha de Souza (DG/UFRN) (Membro)
Ao meu Deus, pois graças a Ele não temo mal algum, porque Ele é comigo, porque Ele
é o meu Deus, que me fortalece, me ajuda e me sustenta com a destra da Sua justiça.
À toda minha família, em especial, aos meus pais, Gisélia Araújo de Lira e Moacir Nelo
de Oliveira, simplesmente por serem o que são e como são, pelo apoio emocional que me deram
nos momentos difíceis (que foram muitos) e pela compreensão por minha ausência devido às
horas dedicadas ao curso de Geologia. Eu amo muito vocês e sem as suas respectivas
influências, nada disso seria possível! Espero poder retribuir com muito amor e dedicação!
Ao Prof. Dr. Emanuel Ferraz Jardim de Sá, Prof. Me. Alexandre Magno Rocha da Rocha
e Dr. Laécio Cunha de Souza pelas orientações, apoio, leitura crítica e discussões que tornaram
esse trabalho ainda mais prazeroso e instigante. Vocês são modelos de dedicação e amor pela
profissão! Exemplos a seguir!
Ao grupo da 3Gex Pesquisa e Mineração LTDA pelo financiamento e acompanhamento
durante as duas etapas de campo, os geólogos Francisco Assuero Bezerra de França, Gerson
Romano dos Santos Júnior e Gilson Ramos Pereira. Além desses, agradeço também ao pessoal
de apoio da cidade de São Tomé/RN, Sr. “Tuta”, Sr. Ilson e Sr. Adeilton. Obrigado pela
oportunidade de compartilhar experiências de vida e conhecimentos geológicos. Vocês são
profissionais incríveis! Foi uma honra trabalhar juntamente a vocês.
Aos docentes do curso de Geologia da UFRN que fizeram com que eu me apaixonasse
ainda mais pela geologia, em especial aos que contribuíram muito (direta ou indiretamente)
com a elaboração desse trabalho, dada a sua temática: Dr. Alex Francisco Antunes, Dr. Antônio
Carlos Galindo (“eu não falei isso! Não me comprometa, Henrique!”), Dr. David Lopes de
Castro, Dr. Frederico Castro Jobim Vilalva (o Ex.mo Minerário da Rocha), Dr. Francisco
Oliveira da Silva (grande Chiquinho!), Dr. Germano Melo Júnior, Dr. Jaziel Martins Sá (“a luta
é grande…”), Dr. Marcos Antonio Leite do Nascimento (“cuidado com as rochas daquela
região, Henrique. Nem tudo é o que parece!”), Dr. Vanildo Pereira da Fonseca, Dr. Venerando
Eustáquio Amaro e Dr. Zorano Sérgio de Souza (“é mesmo, é?! Humm”). A vocês, meus
sinceros agradecimentos, pois se cheguei até aqui e consegui compreender/ver mais longe
acerca o objeto de estudo foi por estar de pé sobre os ombros de gigantes!
Aos meus companheiros de campo e amigos Dalton da Silva Pinheiro, Dinarte Lucas da
Silva Júnior e, em especial, Marcos Vinícius Gomes Jacinto (“Coscois” dos pegmatitos). A
“zueira” never ends. Aprendi muitíssimo trabalhando com vocês (principalmente com Dalton e
Marcos, no decorrer de nove anos de convivência - desde o IFRN até então). Obrigado e tudo
de bom! Vocês têm um futuro vencedor pela frente!
Aos meus grandes amigos Genilson Ribeiro da Silva (“Deus salve o bizu!”), Rennan
Matheus Fernandes Medeiros (eterno “Porrolo”) e Thiago da Cunha Rodrigues (o famoso
“Thiago de Alana”). Desejo a vocês tudo de melhor nessa jornada geológica e na vida!
Ao pessoal da Secretaria do Departamento de Geologia (Marconi, Nilda e Danilo) e o
pessoal da laminação por sempre estarem dispostos a ajudar quando preciso. Muito obrigado
pela gentileza e pelo esforço empregado!
Além desses, gostaria de agradecer aos colegas Hanna Taíse (turma de 2010) e Derick
Guerra (turma de 2013) pela ajuda acerca das discussões petrológicas. Muitíssimo obrigado!
Desejo tudo de melhor em suas vidas!
Por fim, agradeço ao Jefferson Airplane, Metálica, Pink Floyd e Scorpions,
principalmente, além do Secret Garden e das músicas estilo Lo-fi Hip Hop por me
acompanharem noites adentro durante a elaboração deste trabalho. As elucubrações mentais se
tornaram menos solitárias com essas trilhas sonoras.
RESUMO
The present work aimed at doing a geological-structural mapping, in the scale of 1:50.000, in
the surroundings of a domic structure to the west-southwest of São Tomé, Rio Grande do Norte.
The mapped area comprises about 120 km2 where several lithotypes have been recognized that
could be correlated to regional lithostratigraphic units, such as (in chronological order) gneisses
and amphibolites of the Caicó Complex, metasupracrustal of the Seridó Group (Jucurutu and
Seridó formations), magmatism (including granite veins and dikes, pegmatite dikes or
pegmatitic granites), hydrothermal alteration rocks (calc-silicate, biotite and orthofibrous-
cordierite schists / gneisses), diabase dikes and basalt plug related to the Rio Ceará- Mirim and
Macao, respectively, and alluvial deposits in riverbeds. Three deformational and metamorphic
events were identified and named D1/M1, D2/M2 and D3/M3. The first one affected only the
lithotypes of the Caicó Complex, being responsible for the generation of a metamorphic-
migmatite banding under conditions of the upper amphibolite fácies. The event D2 / M2
corresponds to a contractional regime that affected the Caicó basement, the granitic
orthogneisses and the metassupracrustal rocks of the Seridó Group, being responsible for
generating tight to isoclines recumbent folds with transposition of flanks, reaching amphibolite
fácies. Finally, the D3/M3 event affected most of the units, with the exception of the basic meso-
Cenozoic magmatism. The structures related to this event are dextral transcurrent shear zones
and F3 folds with moderate to strong axial plane dip and passive lineations with subparallel
stretching and low pitch. The metamorphic peak of this event reached the upper amphibolite
fácies and the retrometromorphism occurred in the green shale fácies. The events D2/M2 and
D3/M3 correspond to the orogenic processes related to the Brasilian Cycle, during Ediacaran-
Cambrian. D1/M1 was part of a process of generation and agglutination of plutonic complexes
with metasupracrustal enclaves/host rocks, during Riaciano.
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13
5.2 Anfibolitos...................................................................................................................... 74
GEOLOGIA ESTRUTURAL................................................................................................ 93
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação e objetivos
Este relatório discorre acerca das atividades desenvolvidas, bem como dos resultados
gerados a partir do mapeamento geológico-estrutural realizado em um polígono com cerca de
120 Km2 a oeste-sudoeste da cidade de São Tomé, interior do Rio Grande do Norte. Este
trabalho faz parte dos requisitos necessários para conclusão da disciplina obrigatória Trabalho
de Conclusão de Curso (GEO0421), integrante do Curso de Geologia da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN), sendo este o último componente curricular necessário à
obtenção do grau de Bacharel em Geologia.
Os trabalhos realizados foram financiados pela 3GEX Pesquisa e Mineração LTDA -
ME em convênio com a UFRN a partir de estágio curricular não obrigatório, o que incluiu
despesas de material de campo, de pessoal de apoio (motorista, ajudantes etc.), veículos,
combustível, alimentação, estadia e infraestrutura laboratorial (esta última por parte da UFRN).
Este trabalho contou com a orientação e coorientação dos professores Dr. Emanuel
Ferraz Jardim de Sá (DG/UFRN) e Me. Alexandre Magno Rocha da Rocha (DIAREN/IFRN),
respectivamente, além do acompanhamento pelos geólogos Francisco Assuéro Bezerra de
França e Gerson Romano dos Santos Júnior, os dois da 3GEX Pesquisa e Mineração LTDA –
ME.
Este estudo teve por objetivo gerar um mapa geológico em escala 1:50.000 (ANEXO I)
da estrutura dômica a oeste-sudoeste da cidade de São Tomé/RN com a plotagem da localização
de alguns garimpos da região. Para a elaboração desse mapa foram utilizadas imagens de
sensores remotos, reinterpretação de mapas geológicos prévios e trabalhos de campo, com
caracterizações petrográficas e estruturais dos diferentes tipos rochas.
A área de estudo mapeada (Figura 1.1) está localizada inteiramente no município de São
Tomé/RN, agreste potiguar, e está circunscrita entre os paralelos 5°57'7.86" e 6°2'59.97"S e os
meridianos 36°9'45.82" e 36°3'33.91"W.
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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
Figura 1.1 - Localização e vias de acesso da área mapeada. Fontes: infraestrutura rodoviária - DNIT (2015) e
planimetria - IBGE (2015).
O acesso à área, a partir da capital Natal/RN, pode ser feito por meio da rodovia federal
BR-304 e depois pela BR-226 até a localidade denominada de “As três Marias” (ou “As
Marias”), tomando em seguida a rodovia estadual RN-203 até a cidade de São Tomé/RN.
Dentro da área os acessos são predominantemente feitos por estradas de terra, por
trilhas/veredas e leitos de rios/riachos.
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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
Figura 1.2 - Fluxograma das etapas necessárias à elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso. (a)
Trabalho de gabinete; (b) trabalhos de campo; (c) tratamento e análise de dados; (d) finalização do estudo.
A primeira etapa para a elaboração deste trabalho (Figura 1.2a) consistiu em delimitar
a área a ser mapeada e a compilação do acervo bibliográfico (teses, dissertações, artigos
científicos etc.) acerca dos estudos feitos na região, de forma a haver familiarização com o
contexto geológico regional.
Ao mesmo tempo, foram obtidos mapas geológicos prévios, bem como produtos de
sensores remotos, tais como imagens Landsat 8 OLI (Operational Land Imager) e do sensor
ASTER GDEM2 (Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer Global
Digital Elevation Model Version 2, com resolução de 30 metros ou 1 arco-segundo), além de
dados aerogeofísicos (provenientes do programa aerogeofísico Paraíba-Rio Grande do Norte,
disponibilizado pela CPRM) de forma a gerar também um acervo geocartográfico. Este acervo,
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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
em especial, foi de extrema importância na elaboração do mapa geológico final, tanto na etapa
pré-campo como na pós-campo, como será abordado mais adiante.
Todo esse acervo de dados digitais foi combinado no software ArcMap 10.5 da ESRI,
gerando os mapas que foram utilizados em campo, tais como mapas planimétricos,
topográficos, geológicos e geofísicos, em escala 1:50.000, além dos mapas híbridos (geológico-
geofísicos, por exemplo).
Foram realizadas duas etapas de campo, sendo a primeira de caráter regional, que
ocorreu entre os dias 10 a 17 de fevereiro de 2018, e a segunda, com foco no mapeamento em
escala de semi-detalhe (principalmente nas regiões de contatos das diferentes unidades),
ocorreu durante o período de 20 de setembro a 01 de outubro, ambas totalizando 20 dias de
campo (Figura 1.2b).
As etapas de campo objetivaram o reconhecimento dos diferentes litotipos, das relações
de contato e do posicionamento estratigráfico das unidades, além de caracterizar as estruturas
deformacionais, fabrics, dobras e zonas de cisalhamento, além de fraturas, no que se refere a
seus aspectos geométricos, intensidade de strain, cinemática e padrões de interferência, de
forma a estabelecer as principais fases de deformação.
Sempre que possível, foi feito o registro fotográfico das feições de cada tipo de rocha
acrescido de aspectos como coloração, mineralogia e texturas. Além disso, foram obtidos, com
uso de bússola, parâmetros estruturais de foliações e lineações. Amostras de rocha foram
coletadas para confecção de seções delgadas.
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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
Como observado na Figura 1.2d, essa etapa consistiu da reinterpretação dos mapas
geológicos pretéritos, tendo por base a integração dos dados de fotografias aéreas,
processamento digital de imagens, aerogeofísica, sendo esses validados pelas informações
coletadas em campo. Foram elaborados um mapa geológico-estrutural (com a localização de
pontos de garimpos) e um mapa de pontos/afloramentos, presentes nos anexos I e II,
respectivamente.
Por fim, uma súmula dos dados físicos de produção referente às duas campanhas de
campo pode ser vista na Tabela 1.1, abaixo.
De acordo com Diniz & Pereira (2015), a região de São Tomé está inserida em um
contexto do subdomínio climático semiárido, tipo tropical de zona equatorial. Segundo o sítio
eletrônico Climate-data (https://pt.climate-data.org/), a pluviosidade anual para a região é de
459 mm (em média), em que outubro é o mês mais seco (com precipitação de 2 mm) e o mais
chuvoso é março, com uma média de 111 mm. A temperatura média anual é de 25,3 ºC.
De acordo com Dantas & Ferreira (2010), o domínio geomorfológico em que a área
mapeada está inserida é o Planalto da Borborema com porções da Depressão Sertaneja, sendo
esses atestados por meios de padrões de relevo (figuras 1.3 e 1.4) tais quais os domínios de
morros e serras baixas, colinas amplas e suaves, domos em estruturas elevadas (Figura 1.4),
além do domínio montanhoso e das superfícies aplainadas degradadas.
Verifica-se que o padrão de drenagem é fortemente controlado pelas anisotropias do
terreno, acompanhando as principais direções/trends estruturais e/ou contatos litológicos. Além
disso, as drenagens possuem considerável grau de retilinearidade e ângulo de junção
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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
Figura 1.3 - Localização da área mapeada e relevo sombreado (sobreposto por paleta de cores) a partir de
imagem ASTER GDEM2 (com resolução espacial de 30 metros ou 1 arco-segundo) com iluminação de 315º Az
e inclinação de 45º. Fonte: planimetria - IBGE (2015) e imagem ASTER GDEM2 ASTER GDEM2 - USGS,
pelo sítio eletrônico https://earthexplorer.usgs.gov/.
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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO
Figura 1.4 – Relevo em forma de domo presente na área mapeada. A porção central do domo é constituída por rochas mais resistentes ao intemperismo e a erosão, tais como
gnaisses e pegmatitos, que as rochas do entorno (predominantemente micaxistos). O comprimento (NNE-SSW) do domo é de aproximadamente 7 Km.
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CAPÍTULO II
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CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
foram intrudidas por corpos granitoides controlados estruturalmente por essas zonas de
cisalhamento.
Figura 2.1 – A Província Borborema. De interesse deste trabalho, observar a localização dos domínios Rio
Piranhas-Seridó (PS) e São José do Campestre (JC). Fonte: Medeiros et al., 2013.
Segundo Angelim et al. (2006), Medeiros (2011) e Medeiros et al. (2013) o Domínio
Rio Piranhas-Seridó (Figura 2.2) abrange uma grande área na porção central do Estado do Rio
Grande do Norte, limitando-se a Norte com as rochas sedimentares da Bacia Potiguar e, a Sul,
com a Zona de Cisalhamento Patos, a Oeste com o Domínio Jaguaribeano por meio da Zona
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CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
de Cisalhamento Portalegre e, a Leste, com o Domínio São José do Campestre por meio da
Zona de Cisalhamento Picuí-João Câmara.
Figura 2.2 – Compartimentação geológica do extremo nordeste da Província Borborema, com destaque para os
domínios São José do Campestre, Rio Piranhas-Seridó e Jaguaribeano, citados de leste para oeste. Fonte:
Medeiros et al. (2013).
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CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
que deste modo seriam em parte contemporâneas. Quanto aos trend de dessa faixa, tem-se que
é NE/NNE, mudando gradativamente em direção a sul, para o trend E-W da Zona de
Cisalhamento Patos.
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CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
A designação Poço da Cruz foi feita primeira mente por Ferreira (1998). Na Faixa
Seridó ela, apenas em parte, corresponde aos augen ortognaisses G2 de Jardim de Sá et al.
(1981), estes não afetados pelo evento D1. É caracterizada por apresentar composição quartzo
monzonítica a granítica de granulação grossa com porfiroclastos de microclina em matriz
quartzo-feldspática, além de biotita e anfibólio como máficos (± muscovita). Legrand et al.
(1991), a partir de datações U-Pb em zircões de augen gnaisses da região de Angicos (RN),
obteve idades de 1,93 ± 12 Ga para essa suíte, enquanto que Jardim de Sá (1994) obteve idades
Pb-Pb em zircão de 1,95 ± 0,05 Ga em augen gnaisses na região de Cerro Corá (RN). Por outro
lado, Hollanda et al. (2011) obteve idades riacianas de 2,25 Ga, 2,21 Ga e 2,17 Ga para os
plútons São José do Seridó, Santana dos Matos e Antônio Martins, o que evidencia que essa
suíte é indistinguível, em termos isotópicos, do Complexo Caicó. Além dessas, outras idades
semelhantes foram obtidas por Medeiros et al. (2012) em augen gnaisses da região de Genezaré
e Florânia.
Por fim, além dessas unidades, a designação de “Complexo Santa Cruz” foi utilizada
por Santos et al. (2002) e Angelim et al. (2006) para os ortognaisses paleoproterozoicos que
ocorrem a leste da Zona de Cisalhamento Picuí-João Câmara. Essa unidade compreende
ortognaisses diversos, incluindo biotita-hornblenda ortognaisses granodioríticos, biotita augen
gnaisses granodioríticos e biotita-hornblenda ortognaisses tonalíticos. Quanto às datações
disponíveis, foram obtidas idades de 2.184 ± 16 Ma (ortognaisses tonalíticos), 2.230 ± 33 Ma
(augen gnaisses) e 2.069 ± 22 Ma (leucortognaisses graníticos) por Dantas (1997). Essa
unidade foi correlacionada ao Complexo Caicó por Jardim de Sá et al. (1998).
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CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
em parte refletindo uma evolução da mais antiga para a mais jovem. Por outro lado, relações
de interdigitação nos contatos sugere uma (pelo menos parcial) contemporaneidade entre essas
unidades.
De acordo com Jardim de Sá (1994), a Formação Jucurutu é constituída principalmente
por paragnaisses com intercalações de mármores, rochas calciossilicáticas, micaxistos,
quartzitos, formações ferríferas, metavulcânicas e alguns conglomerados basais (em
afloramentos a 13 Km a SSW desta área de trabalho, e a 2,3 Km a W da localidade Serra
Verde). A Formação Equador é composta predominantemente por quartzitos, contendo
intercalações de metaconglomerados e rochas calciossilicáticas, e intercalações com
micaxistos. Essa unidade possui espessura muito variável, podendo estar ausente em algumas
regiões. Na Formação Seridó predominam micaxistos feldspáticos e/ou aluminosos, de baixo
a alto grau metamórfico; na sua porção inferior ocorrem intercalações de mármores, rochas
calciossilicáticas, paragnaisses, rochas metavulcânicas básicas e metaconglomerados.
Para a idade do Grupo Seridó, há duas interpretações. Uma delas, apoiada por Macedo
et al. (1984), Jardim de Sá et al. (1987, 1994), Legrand et al. (1991), a partir de critérios de
campo e geocronológicos, consideram esse grupo como sendo de idade paleoproterozoica. Essa
interpretação é baseada em datações de 2,0 a 1,94 Ga obtidas em ortognaisses considerados
intrusivos na porção basal deste grupo, como sugerido por Jardim de Sá (1994), que deste modo
(e face às datações e relações com o Complexo Caicó) seria uma idade mínima para sua
deposição.
Em contraste a essa, Van Schmus et al. (2003) sugerem uma janela temporal de
deposição entre 650 e 610 Ma para o Grupo Seridó (precedendo o pico da orogenia Brasiliana
na região), baseando-se principalmente em dados obtidos a partir de análises SHRIMP U–Pb
em zircões detríticos. Essa teoria é reforçada pelo trabalho de Kalsbeek et al. (2013), com
datações similares obtidas em litotipos das formações Jucurutu e Seridó. Nesse contexto, tanto
a Suíte Poço da Cruz como o Complexo Caicó seriam embasamento dessas metassupracrustais.
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CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
Segundo Jardim de Sá (1984, 1994) e Souza et al. (2007), na Faixa Seridó são
reconhecidos três eventos deformacionais principais. O primeiro evento (D1) foi responsável
pela geração de bandamento metamórfico de alto grau (S1), observado apenas nos litotipos do
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CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
Complexo Caicó, tendo sido estimada a sua idade entre 1,9 a 2,15 Ga por Hackspacher et al.
(1995).
Quanto à evolução dos demais eventos deformacionais ocorridos na Faixa Seridó
existem duas vertentes de interpretação. A mais tradicional, de acordo com os trabalhos de
Brito Neves (1975 e 1983) e Santos & Brito Neves (1984), posteriormente reforçada por Caby
(1989), Caby et al. (1990) e Caby et al. (1995), advoga uma evolução monocíclica relacionada
ao Ciclo Brasiliano para as metassupracrustais. A segunda, de acordo com Jardim de Sá (1977),
Jardim de Sá (1978a), Jardim de Sá (1978b, 1984) e Bertrand & Jardim de Sá, (1990), sugere
uma evolução policíclica para o Grupo Seridó, com base na ocorrência de contatos intrusivos
por augen gnaisses paleoproterozoicos referidos como a suíte G2 por aqueles autores, sendo
inicialmente datados ca. 2,0 Ga e, após os trabalhos de Hollanda et al. (2011) e Medeiros et al.
(2012), ca. 2,2 Ga. Esses plútons não apresentam a assinatura do evento D1 mas registram (tal
como o Grupo Seridó) o evento deformacional D2, caracterizado por um penetrativo fabric
tangencial (dobras recumbentes e zonas de cisalhamento contracionais).
O terceiro evento deformacional, que tem suas feições melhor preservadas, é
caracterizado pela cinemática transcorrente dextral das zonas de cisalhamento NE a NNE, e
dobras associadas. Além de afetar as unidades já citadas, este evento tem seu registro bem
conhecido nos Granitos Brasilianos (também referidos como granitos G3 por Jardim de Sá,
1994 e outros autores).
A hipótese de evolução monocíclica defende que a evolução tectônica (após a
deformação do Complexo Caicó) desta região ocorreu em um único episódio
tectonometamórfico (o Ciclo Brasiliano), envolvendo estruturas tangenciais precoces
sucedidas por transcorrências, a exemplo do que é proposto por Jardim de Sá (1994) com menor
lapso de tempo, ou estruturas tangenciais e transcorrentes (pene)contemporâneas, com arranjos
em pisos e rampas de empurrões, ou estruturas em flor, como abordado por Caby et al. (1995)
e Vauchez et al. (1995). Nesse contexto, o plutonismo G2 seria anterior à deposição do Grupo
Seridó, que segundo Legrand et al. (1991), foi interpretado como intrusões tardias (tardi a pós-
D1) alojadas no Complexo Caicó e posteriormente deformados nos eventos D2 e D3.
Na hipótese policíclica, a evolução pós-Complexo Caicó teria ocorrido em dois eventos
distintos, sendo que o mais antigo foi correlacionado às idades radiométricas ca. 2,0 Ga, obtidas
nos augen gnaisses G2 (sendo estes plútons também referidos como a Suíte Poço da Cruz por
Ferreira, 1998).
28
CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
Com relação às suítes magmáticas, Angelim et al. (2006) reportam o Basalto Rio Ceará-
Mirim e o Basalto Macau. No primeiro caso, esse tipo de rocha ocorre como diques de
comprimento métrico a quilométrico, intrusivos no embasamento cristalino. Possuem direção
preferencial E-W e correspondem a diabásios e basaltos toleíticos. Ainda segundo esses
autores, esse magmatismo ocorreu em dois pulsos, o mais antigo ca. 143 Ma e, o mais jovem,
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CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
há 126-113 Ma. O Magmatismo Macau inclui o neck do Pico Cabugi, a oeste de Lajes, e vários
outros centros intrusivos rasos. São basaltos alcalinos (olivina basaltos, basanitos etc.),
possuindo raros xenólitos de peridotito. Ocorrem sob a forma de diques, derrames, necks e
plugs. A idade sugerida para este magmatismo é de 29 ± 0,6 Ma a 26 ± 2 Ma (Araújo et al.,
2001).
No contexto da área mapeada, tanto o embasamento cristalino como as
metassupracrustais são recobertos por unidades sedimentares siliciclásticas, como a Formação
Serra do Martins e os sedimentos inconsolidados do Neógeno.
De acordo com Angelim et al. (2006), a Formação Serra do Martins é caracterizada por
sedimentos arenosos a argilosos, ocorrendo na serra homônima e outras de cota similar (Serra
de Santana e Serra de João do Vale). Geomorfologicamente ocorre em chapadas com relevo
variando de plano a pouco ondulado, sendo limitadas por escarpas abruptas e de contorno
irregular. Na porção superior da sequência ocorrem sedimentos silicificados ou uma crosta
laterítica de cor vermelha a roxa. A origem dos depósitos pode ser atribuída a um sistema
fluvial entrelaçado a meandrante. Os depósitos aluvionares, por sua vez ocorrem ao longo de
leitos de drenagem dos principais rios do estado do Rio Grande do Norte. São sedimentos
arenosos e argilo-arenosos na forma de depósitos de canal, de barras de canal, além dos
depósitos de planície de inundação.
30
CAPÍTULO III
MATERIAIS E MÉTODOS
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS
MATERIAIS E MÉTODOS
As principais fontes dos dados digitais foram os sítios eletrônicos dos serviços
geológicos tanto do Brasil (CPRM, http://geosgb.cprm.gov.br/) como dos Estados Unidos
(USGS, https://earthexplorer.usgs.gov/). No primeiro caso, foram obtidas as cartas geológicas,
fotografias aéreas e os mapas aerogeofísicos; já no segundo, imagens Landsat 7 (do Projeto
GeoCover), Landsat 8 OLI e ASTER GDEM2. Além desses, imagens DIGITAL GLOBE foram
obtidas a partir do software Google Earth Pro. Essas informações estão sumarizadas na Tabela
3.1.
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CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 3.1 - Localização da na área mapeada em relação às cartas geológicas em escala 1:100.000
disponibilizadas pela CPRM. Fonte: planimetria - IBGE (2015).
Um extrato dessas cartas geológicas foi utilizado em campo e pode ser visto na Figura
3.2. Em suma, de acordo com o que é fornecido nessas cartas, as unidades compreendidas no
polígono mapeado variam de paleoproterozoicas (embasamento cristalino) a meso-cenozoicas
(suítes básicas e coberturas sedimentares aluvionares), com metassupracrustais e atividades
magmáticas acentuadas (incluindo os corpos pegmatíticos) neoproterozoicas. Uma abordagem
mais detalhada acerca das unidades pode ser vista no Capítulo 2 (Contexto Geológico Regional)
deste trabalho.
As principais feições estruturais encontradas na área mapeada são as zonas de
cisalhamento dextrais de orientação NE-SW, sendo elas a Zona de Cisalhamento Picuí-João
Câmara na porção leste da área e a Zona de Cisalhamento Serra Verde, a oeste. Associados a
essas estruturas, mais a oeste na área, há dobramentos de macroescala representados por
antiformes e sinformes normais sub-horizontalizados, bem como a presença de domo estrutural
(antiforme com eixo de duplo caimento). Nesse último caso, nota-se que o embasamento ocupa
33
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 3.2 - Mapa geológico obtido da CPRM e utilizado na etapa de campo. Folha Lajes: Costa & Dantas (2014); Folha Santa Cruz: Oliveira & Cunha (2014).
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CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS
a porção central do domo, sendo circuncidado pelas rochas metassupracrustais do Grupo Seridó.
No mais, a cidade de São Tomé/RN está localizada às margens do Rio Potengi, sobre a
Formação Seridó, na porção nordeste da área.
O mosaico de fotografias aéreas em escala 1:70.000 (Figura 3.3) foi obtido em formato
TIFF na CPRM, através do Núcleo de Apoio de Natal (NANA). Segundo informações do
mesmo, essas imagens foram capturadas no ano de 1967 pelo SACS (Serviços
Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul S.A.). As fotografias foram impressas e utilizadas de base
para o traçado dos contatos entre unidades, fotolineações (estruturas dúcteis) e fotolineamentos
(estruturas frágeis) geológicas com o auxílio de estereoscópio de mesa.
Figura 3.3 - Área de cobertura do fotomosaico disponibilizado pela CPRM em relação ao polígono mapeado (de
cor rosa) e a cidade de São Tomé/RN. Imagens georreferenciadas a partir de imagem Landsat GeoCover.
35
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS
36
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 3.4 - Visada para noroeste do MDE (com iluminação de 315 Az e inclinação de 45º) utilizado para
visualização do relevo em ambiente virtual e extração da rede de drenagem dentro do polígono de trabalho.
Imagem gerada a partir do software ArcScene 10.5. Sistema de coordenadas métricas, datum SIRGAS 2000,
zona UTM 24S e exagero vertical de 2X.
Figura 3.5 - Posicionamento da área mapeada (polígono rosa) em relação a cena Landsat 8 OLI, cuja
órbita/ponto é 215/64 e data de imageamento de 15 de agosto de 2017.
Foram feitas diversas composições e a que mostrou melhores resultados no que diz
respeito ao realce das unidades foi a composição por PCs no sistema RGB (Figura 3.6).
Figura 3.6 - Imagem Landsat 8 OLI de composição R(PC2)/(B4) G(PC5)/(B2) B(PC3) da área de mapeamento
(limites do polígono em branco) com suas respostas espectrais de elementos antrópicos e naturais.
A partir da imagem, percebe-se que com relação aos contatos entre as unidades
geológicas, observa-se alguns bem evidentes, como na porção sudeste da área em que a unidade
38
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS
39
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 3.7 – Imagens aerogeofísicas (a) imagem ternária R(K - percentagem) G(eTh - ppm) B(eU - ppm) e dos
canais individuais (b) K(%); (c) eTh (ppm) e (d) eU (ppm) utilizadas. Limites da área mapeada representado em
branco. Os números se referem aos domínios aerogamaespectométricos identificados. Notar localização da
cidade de São Tomé/RN na imagem ternária (polígono com limite amarelo) Fonte dos dados aerogeofísicos:
Serviço Geológico do Brasil (CPRM).
O Domínio 3 apresenta altos valores de eTh e de eUe (Figura 3.7c-d) baixos valores de
K% o que faz com que tenha a cor ciano na imagem ternária. O Domínio 4 (dentro do Domínio
3) é caracterizado por anomalias positivas de concentração radiométrica de Potássio com alguns
locais em que eU é alto. Além disso, esse domínio possui formato alongado A coloração na
imagem ternária para esse domínio varia de azul a violeta.
40
CAPÍTULO IV
ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
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CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
mapeado por Oliveira & Cunha (2014) no sudeste na área, correlacionado ao Magmatismo
Macau (Cenozoico).
(c) No Grupo Seridó, afetado pelos eventos D2 e D3, destacam-se: (i) biotita paragnaisses
com intercalações de lentes de mármore, calciossilicáticas, quartzitos e
metaconglomerados, atribuídos à Formação Jucurutu; (ii) biotita xistos, por vezes
feldspáticos, podendo conter (em percentagens variadas) granada, cordierita,
magnetita, estaurolita, andaluzita e sillimanita, correspondentes à Formação Seridó.
Essas duas unidades são consideradas como interdigitadas e, deste modo, parcialmente
contemporâneas;
43
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
tardias ou, mais provavelmente (pela sua intensidade moderada de strain) granitoides
brasilianos precoces.
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CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
Figura 4.1 - Mapa geológico simplificado da área de estudo com a coluna tectono-estratigráfica. As rochas calciossilicáticas, devido sua importância econômica, foram
representadas de forma exagerada (a maioria não seriam mapeável na escala). O nome das zonas de cisalhamento Mulungu, Malhada dos Tanques e Espinheiro são sugeridas
com base em logradouros próximos a essas estruturas (ver ANEXO I) para facilitar referências no decorrer do texto. Sistema de coordenadas métricas. Datum: SIRGAS 2000,
Zona UTM 24S.
45
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
46
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
Por fim, optou-se por cartografar os ortognaisses que ocorrem a leste da Zona de
Cisalhamento Picuí-João Câmara como parte do Complexo Caicó, como definido em mapas
regionais a exemplo de Jardim de Sá et al. (1998), ao invés de Complexo Santa Cruz, como
referido por Santos et al. (2002) e Angelim et al. (2006), pela não observação de critérios de
campo que permitissem a diferenciação dessas unidades, bem como pela restrição de área e
objetivos deste relatório.
4.2.1 Paragnaisses
Figura 4.2 - Aspectos de bandas félsicas de paragnaisse do Complexo Caicó: (a) sillimanita paragnaisse com C3
de direção NE-SW e mergulhando fortemente para SE; (b) detalhe da fibrolita em feixes orientados segundo a
direção de L3x. Essas fibrolitas também podem aparecer na forma de simplectitos juntamente com a muscovita.
Afloramento 48.
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CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
áreas de ocorrência desses paragnaisses são restritas, estando localizadas na região centro-oeste
da área, próximo a Zona de Cisalhamento Serra Verde e na porção sul do domo.
Figura 4.3 – Ortognaisse bandado (paleossoma, P) com feições migmatíticas, em que o neossoma possui
leucossoma (L) de composição granítica e melanossoma (M) rico em biotita. A orientação no plano horizontal
reflete a coincidência de diferentes foliações. Afloramentos 46.
48
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
4.4b). A depender da proximidade dessas rochas com as zonas de alto strain-D3, essas faixas
composicionais podem apresentar variações (afinamento) da espessura devido à deformação.
Figura 4.4 - Feições dos ortognaisses bandados do Complexo Caicó. (a) Bandamento S 1 + S2 paralelizado com
S3, com augen de feldspatos indicando cinemática dextral no evento D3; (b) banda/faixa de ortoanfibolito de
coloração verde escura, encaixada em ortognaisse bandado do Complexo Caicó, provavelmente tratando-se de
um enclave; e (c) bandamento S1 + S2 com alternâncias de bandas claras e escuras truncado por diques de
pegmatito sin a tardi-D3. Afloramento 163 (a), 45 (b) e 46 (c).
plagioclásio e quartzo, associação essa típica de protólitos ígneos máficos, tais como basaltos e
diabásios. Ocorrem de forma subordinada nos ortognaisses (e também em augen gnaisses) do
Complexo Caicó, tanto no oeste da área como ao redor da estrutura dômica. A maioria desses
corpos estão alterados hidrotermalmente para rochas calciossilicáticas, processo relacionado ao
último evento deformacional-metamórfico identificado na região (D3/M3).
Além de diques de pegmatito (Figura 4.4c), esses ortognaisses são intrudidos por outros
ortognaisses de coloração de cinza a rosa. Esses últimos, por sua vez, possuem foliação S 2
(como será visto adiante).
Figura 4.5 – Augen gnaisses do Complexo Caicó. (a) Caudas de recristalização em porfiroclastos de K-feldspato
no bandamento metamórfico de alto grau (S1 + S2) indicando cinemática predominantemente dextral relacionada
ao evento D3; (b) fenocristais de feldspato extremamente estirados (segundo L3x) configurando um tectonito L
>> S, em regime constricional; (c) contato entre ortognaisse bandado (esquerda) e augen gnaisse (direita), ambos
com as foliações S1 + S2 redobradas em F3. Afloramentos imediatamente a leste/SE da área mapeada (a, c) e 179
(b).
51
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
Figura 4.6 – Dique de anfibolito truncando em baixo ângulo a foliação S1 dos paragnaisses do Complexo Caicó
(rocha de coloração branca). Afloramentos 49.
Ocorre de forma mais restrita, tanto na porção oeste da área (em faixas descontínuas de
paragnaisses com orientação/trend NE-SW), como na porção norte do domo, nas proximidades
da RN-203. Os paragnaisses (Figura 4.7a-b) possuem coloração cinza, textura variando de fina
a média e bandas composicionais com boa continuidade (Figura 4.7b). Em alguns casos
possuem aluminossilicatos, tais como sillimanita (hábito fibroradiado). É comum a presença de
veios de quartzo escalonados sigmoidais de cinemática dextral. Nos paragnaisses podem
ocorrer lentes de mármore, calciossilicáticas, micaxistos, quartzitos e metaconglomerados com
seixos de quartzo.
Figura 4.7 – Aspectos do paragnaisse da Formação Jucurutu. (a) dobras F 3 com S2 + S0 dobrados e
subparalelizados a S3 (de mergulho forte para oeste); (b) S0 + S2 dobrados em terminação periclinal de antiforme
F3 (com charneira mergulhando para sul). Notar a continuidade das bandas composicionais de cor escura.
Afloramentos 23 (a) e 53 (b).
53
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
Figura 4.8 – Aspectos gerais das lentes de mármores da Formação Jucurutu. (a) Lente de mármore com
espessura decamétrica em pedreira nas proximidades da RN-203, a oeste de São Tomé/RN; (b) lente de mármore
de espessura centimétrica intercalada no paragnaisse (as linhas escuras com direção NE são sombras de cerca de
arame); e (c) tonalidades de mármore impuro em corte para extração de rocha ornamental. Quanto mais rico em
matéria orgânica, mais escuro é o mármore. Notar dobras parasitas (em “S”) F 3 indicando antiforme a leste;
lentes de calciossilicática da Formação Jucurutu em contato com paragnaisse em que (d) é indicado pelo cabo do
martelo e (e) as porções brancas são constituídas mineralogicamente por plagioclásio e escapolita. Afloramentos
24 (a, e), 20 (b), 26 (c) e 37 (f), esse último em garimpo para extração de scheelita.
Essas lentes de calciossilicáticas aparecem nos paragnaisses tanto na porção oeste e sudeste da
área, como a norte da estrutura dômica.
Por fim, na porção norte do domo estrutural, ocorrem lentes de metaconglomerados e
quartzitos. Os metaconglomerados são monomíctos polimodais com seixos e grânulos de
quartzo estirados, imersos em uma matriz quartzo-feldspática de coloração variando de amarelo
avermelhada (Figura 4.9a) a esverdeada
Já os quartzitos podem apresentar variações composicionais relacionadas a bandas mais
arcoseanas (mais avermelhadas) e aquelas mais quartzosas (mais esbranquiçadas), como visto
na Figura 4.9b. Além disso, assim como em algumas ocorrências de metaconglomerados, os
quartzitos podem ter aspecto esverdeado devido a presença de mica verde (fuchsita) na matriz.
Figura 4.9 – Lentes de (a) metaconglomerado monomíctos polimodais com seixos e grânulos de quartzo
estirados em foliação S2; (b) quartzito feldspático da Formação Jucurutu, exibindo variação composicional
materializada na coloração, em que as bandas mais esbranquiçadas são mais ficas em quartzo e muscovita.
Afloramentos 37 (a) e 15 (b).
56
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
Figura 4.10 – Aspectos gerais dos litotipos da Formação Seridó. (a) micaxisto feldspático com S 2 de mergulho
fraco a moderado; (b) vênulas de quartzo paralelas a S0 + S2 (de mergulho forte em virtude de estarem
paralelizados a S3 + C3 verticalizados), truncadas por veios de quartzo que estão boudinados em cinemática
dextral, em zona de alto strain D3; (c) boudin de quartzo rotacional (ou tipo δ), com cinemática dextral, em
granada-biotita xisto; (d) porfiroblastos de cordierita sobrecrescendo a foliação S 3, com S2 paralela; (e) feixes
radiais de sillimanita (fibrolita) estirados segundo L3x em sillimanita-biotita xisto; (f) porfiroblastos de
andaluzita. Nas fotos em que a escala é a moeda, o número “1” aponta para o norte. Afloramentos 28 (a), 210
(b), 121 (c), 2 (d), 195 (e) e 12 (f).
57
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
Figura 4.11 – Comparação das feições entre xistos presentes em regiões de grau metamórfico e intensidade de
deformação diferentes (associados a D3): (a) em zonas submetida à fácies anfibolito (paragênese granada-
cordierita) e strain moderado, é possível identificar S0 + S2 (alternâncias claras e escuras no xisto) em ângulo
com S3 (facilmente visualizado a partir dos veios de quartzo de maior expressão, que estão encaixados nessa
foliação); e (b) em zonas de strain alto (plano C3 de direção NE-SW e com mergulho forte) e em condições
anatéticas (de fusão parcial), ocorre a formação de neossoma com leucossoma (L) de composição quartzo-
feldspática e melanossoma (M) rico em biotita, em micaxisto (paleossoma - P) da Formação Seridó. Notar que o
dobramento F3, nesse último caso, indica cinemática dextral. Afloramentos 12 (a) e (b) nas proximidades da
Zona de Cisalhamento Serra Verde, imediatamente a oeste do polígono mapeado.
Ocorre como pequenos corpos (por vezes como diques) a oeste na área, mais
especificamente a NW do domo. São caracterizados por truncar o bandamento S1 dos
ortognaisses do Complexo Caicó (Figura 4.12a). São rochas de equigranulares a
58
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
Figura 4.12 – Feições mesoscópicas dos ortognaisses graníticos. (a) Ortognaisse bandado do Caicó com S 1
truncado por ortognaisse granítico; (b) augen gnaisse com S1 do Complexo Caicó intrudido pelo ortognaisse
granítico; (c) foliação S2 de baixo ângulo dos ortognaisses graníticos. Afloramento 139 (a,c), 30 (b) e 180 (d).
59
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
Figura 4.13 – Aspectos dos granitos brasilianos. (a) Sienogranito com foliação S 3 de mergulho forte para leste (a
encaixante são ortognaisses do Complexo Caicó) e (b) tipo monzograníticos (G 3) intrudindo o ortognaisse
bandado (Ort). Afloramentos 44 (a) e 151 (b).
61
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
Figura 4.14 – Características gerais dos pegmatitos encontrados na região mapeada. (a) Paredão de pegmatito
(com aproximadamente 70 metros de comprimento) encaixando em micaxisto da Formação Seridó; (b)
pegmatito com granada e turmalina verde (a encaixante é micaxisto da Formação Seridó); (c) pegmatito sin-D3
truncando o bandamento S1 + S2 de ortognaisse bandado, ambos registrando a foliação S3; e (d) boudins de
pegmatito encaixados paralelamente em ortognaisse bandado, no qual S 1 + S2 encontram-se paralelizados a S3
numa zona milonítica a oeste do domo. Afloramentos 212 (a), 14 (b) e 46 (c) e 163 (d).
São rochas geradas a partir da interação de seus respectivos protólitos com fluidos
hidrotermais relacionados ao evento metamórfico M3 (mais detalhes acerca desse evento, vide
Capítulo 7) e/ou a partir da interação dessas rochas com corpos pegmatíticos e/ou ao longo de
zonas de cisalhamento D3. Nesse contexto, estão inseridas rochas como biotititos, ortoanfibólio-
cordierita xistos e rochas calciossilicáticas. No geral, possuem ocorrências bastante localizadas
e afloramentos de pouca espessura (alguns poucos metros).
62
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
Figura 4.15 – Feições do granito pegmatítico na estrutura dômica. (a) expressão aflorante do granito pegmatítico
vista no flanco leste do domo (do local de onde foi tirada a foto até os lajedos do granito pegmatítico ocorrem
gnaisses do Complexo Caicó); (b) afloramento de granito pegmatítico na porção central do domo (notar
continuidade do corpo magmático a sul – indicação pela seta vermelha); (c) xenólito de ortognaisse bandado no
granito pegmatítico; (d) contato granito pegmatítico com ortognaisses bandados do Complexo Caicó, em que o
primeiro é rico em magnetitas; e (e) aspecto do biotitito formado no contato entre granito pegmatítico e gnaisses
do embasamento. Afloramentos 205 (a), 126 (b-c), 68 (d) e 120 (e).
63
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
4.6.1 Biotititos
Caracterizados pela coloração negra (Figura 4.15e), essas rochas são compostas
predominantemente por placas de biotita bastante desenvolvidas, com plagioclásio e quartzo
intersticial. Devido à grande quantidade de biotitas (em placas de até 2 cm de comprimento),
essas rochas fragmentam-se facilmente. Em alguns locais, percebe-se que a biotita altera para
clorita.
São interpretadas como sendo rochas de alteração hidrotermal e ocorrem nos contatos
entre grandes corpos de pegmatito e as suas encaixantes (comumente, gnaisses do Complexo
Caicó ao redor do domo), normalmente não ultrapassando alguns decímetros de espessura.
Apenas duas ocorrências dessas rochas foram identificadas, ambas na porção oeste na
área mapeada, estando encaixadas em ortognaisses do Complexo Caicó.
São xistos porfironematolepidoblásticos em que se destacam agregados radiais de
ortoanfibólio (da série antofilita-gedrita) prismáticos sobre porfiroblastos de cordierita (Figura
4.16a-b), ambos imersos em uma matriz composta por plagioclásio, biotita e quartzo. Os
nódulos de cordierita estão estirados de acordo com a lineação L3x, assim como as ripas de
biotita da matriz.
Essas rochas são interpretadas como sendo produto de alteração hidrotermal de rochas
máficas a ultramáficas encaixadas nos litotipos do Complexo Caicó.
Figura 4.16 – Aspecto de campo do (a) ortoanfibólio-cordierita xisto e (b) detalhe do feixe radial de
ortoanfibólios sobre porfiroblastos de cordierita. Afloramento 22.
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CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
4.6.3 Calciossilicáticas
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CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
Figura 4.17 – Modo de ocorrência das calciossilicáticas associadas à alteração hidrotermal de corpos
anfibolíticos no Complexo Caicó. (a) Calciossilicática em contato com gnaisse do Complexo Caicó – garimpo a
céu aberto; (b) passagem gradual de anfibolito (de coloração verde escura) para calciossilicática (porção verde
clara); (c) cristal de epídoto em quartzo; e (d) garimpo subterrâneo para extração de scheelita das
calciossilicáticas. Afloramentos 77 (a); 107 (b-c); e 189 (d).
Na área, esse magmatismo ocorre sob a forma de diques de diabásio (Figura 4.18). Nos
pontos de afloramento identificados, esses corpos ocorrem intrudindo tanto os ortognaisses do
Complexo Caicó como micaxistos da Formação Seridó. Os diques ocorrem com direção
preferencial ENE-WSW e estão localizados no flanco leste e sudeste da estrutura dômica.
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CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
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CAPÍTULO V
ASPECTOS PETROGRÁFICOS
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
ASPECTOS PETROGRÁFICOS
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CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
Por outro lado, a definição de gnaisses como sendo de origem ortoderivada também
contou com alguns critérios, tais como a presença de fenocristais, proporção modal de
feldspatos superior à de quartzo e a presença de zircões idiomórficos (formato prismático) e
límpidos.
5.1.1 Paragnaisses
70
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
Figura 5.1 - Aspectos dos paragnaisses do Complexo Caicó em microescala. (a) Biotitas (Bt) com muitas
inclusões de minerais opacos e zircão/titanita/monazita (?), havendo em alguns casos a formação de halos
pleocroicos; (b) muscovita (Msc) orientada segundo S3 (as biotitas estão de acordo com S1 + S2); (c) simplectito
de sillimanita (Sil + Msc); (d) cordierita (Crd) extremamente pinitizada; (e) provável grão de zircão (Zrc)
fragmentado, incluso em biotita e formando halo pleocróico nessa; e (f) grão de titanita (Tit) com coloração
amarela e sem halo pleocróico estando próximo a grão incolor, com clivagens e formando halo pleocróico
(monazita? - Mzt) na biotita. Notar possíveis zircões abaixo. Lâmina 48. Aumento de 40X (a, c), 100 X (b), 200
X (d) e 400 X (e, f). NP = Nicóis paralelos; NX = Nicóis cruzados.
71
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
5.1.2 Ortognaisses
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CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
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CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
Figura 5.2 – Aspectos dos ortognaisses do Complexo Caicó em microescala. (a) Plagioclásio (Pl) recristalizado
e um pouco estirado segundo S1 + S2; (b) foliação S1 + S2 em minidobra F3; (c) grão xenomórfico de monazita
(assim como na Figura 5.1f, observar existência de algumas clivagens – neste caso da foto, com orientação NW-
SE) incluso em biotita (notar halo pleocróico); e (d) exemplos de zircões límpidos e de idiomórficos a
hipidiomórficos encontrados nos ortognaisses. Notar indicações (setas) em zircões de extinção reta. Podem estar
inclusos em biotita (preferencialmente) ou em quartzo, por exemplo. Lâmina 63. Aumento de 40X (a,b) e 400X
(c,d).
5.2 Anfibolitos
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CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
75
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
Figura 5.3 - Aspectos dos ortoanfibolitos em microescala. (a) Textura fina do ortoanfibolito com, basicamente,
hornblenda (Hb), plagioclásio mirmequítico e quartzo; e (b) textura grossa de ortoanfibolito composto
predominantemente por hornblenda (notar que a extinta possui inclusões de quartzo). Lâminas 45 (a) e 189 (b).
Aumento de 40X em ambas as fotos.
5.3.1 Paragnaisses
76
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
castanho a castanho escuro. Em presença de quartzo e fluido aquoso altera para clorita e
muscovita durante o retrometamorfismo associado a M3. Juntamente com o quartzo (em
presença de água) desestabiliza para clorita + muscovita e minerais opacos.
A sillimanita ocorre como agregados/feixes fibrosos (fibrolita), por vezes radiais de até
1,0 cm mais ou menos alinhados segundo a direção da foliação S3. Provavelmente é resultante
da reação entre biotita e plagioclásio, ocorrendo intercrescida com muscovita na forma de
simplectito (Figura 5.4b).
A muscovita é hipidiomórfica, sendo placosa, chegando a atingir 1,35 mm. Como
mencionado, provavelmente ocorre juntamente com a sillimanita como produto da reação entre
biotita e plagioclásio.
A calcita é xenomórfica, ocorrendo em tamanhos de até1,0 mm preenchendo os espaços
intersticiais.
Figura 5.4 – Aspectos dos paragnaisses da Formação Jucurutu em microescala. (a) Bandamento do paragnaisse
caracterizado pela segregação de bandas ricas em quartzo e plagioclásio e aquelas ricas em biotita; e (b)
simplectito entre sillimanita e muscovita. Lâminas 23 (a) e 3 (b). Aumento de 40X (a) e 100X (b).
77
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
5.3.2 Mármores
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CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
Figura 5.5 - Fotomicrografia tremolita – calcita mármore mostrando (a) feixe de tremolita em seção longitudinal
e (d) em seções basais como agregados losangulares. Lâminas 24. Aumento de 40X.
79
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
granada grossulária e clinopiroxênio, o que indica sua blastese sob metamorfismo progressivo
posterior (com o aumento da temperatura) com relação a esses minerais durante o evento M3.
Os grãos estão estirados segundo a direção da foliação S3 (Figura 5.6a Esse mineral se forma a
partir da reação entre o plagioclásio + calcita e/ou plagioclásio + grossulária + CO2.
Desestabiliza para epídoto.
A granada é grossulária é xenomórfica (por vezes esquelética, como visto na Figura
5.6a), podendo estar estirada de acordo com a foliação S3. Assim como o diopsídio e o
plagioclásio, altera-se para epídoto e calcita principalmente por através de suas fraturas.
A actinolita forma agregados em volta dos clinopiroxênios. Esse processo é indicativo
de retrometamorfismo, com a desestabilização do diopsídio-hedenberguita para formação de
anfibólio por processo de uralitização. Na seção com escapolita, ocorre em pouca quantidade,
sendo os grãos xenomórficos com 2,0 mm, no máximo.
O quartzo é xenomórfico, sendo inferior a 2,0 mm. Ocorre por entre os porfiroblastos
de escapolita e, mais comumente, em contato com plagioclásio.
O epídoto é xenomórfico e ocorre como produto da desestabilização dos plagioclásios,
da granada e do clinopiroxênio. Preenche fraturas ou se dispersa sobre os plagioclásios.
Aparenta estar orientado segundo L3x.
A calcita ocorre como produto de alteração da meionita, do plagioclásio e das granadas.
Quando proveniente da meionita, aparece em xenoblastos de até 1,10 mm.
A mica branca fina também é muito comum como produto de alteração dos
plagioclásios, ocorrendo principalmente por seus planos de clivagens.
Figura 5.6 - Aspectos das calciossilicáticas da Formação Jucurutu em microescala. (a) Granada esqueletal e
diopsídio (juntamente com epídoto, compõe os agregados com birrefringência média) como inclusões em
escapolita e (b) plagioclásio alterado intensamente para mica branca fina (Mbf) e epídoto. Laminas 37 (a) e 20
(b). Aumento de 40X.
80
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
5.3.4 Fuchsita-quartzito
Figura 5.7 - Aspectos do fuchsita quartzito da Formação Jucurutu em microescala. Lâmina 36. Aumento de
40X.
81
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
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CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
83
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
Figura 5.8 – Seções delgadas dos xistos da Formação Seridó. (a) Exudados de quartzo (Qtz) na forma de grãos
recristalizados e cordierita (Crd) extremamente estirada segundo L3x; (b) biotita (Bt) quase totalmente substituída
para muscovita (Msc), clorita (Clr) e minerais opacos (Opc) em processo de retrometamorfismo tardi-M3
dobradas em F3; (c) blastos de granada (Grd) tardi-D3 inclusa em poiquiloblastos de cordierita. Notar inclusões
de biotitas e minerais opacos orientadas segundo a foliação S3 dentro da cordierita; (d) exsudado de quartzo
(recristalizado) segregado entre duas faixas de biotitas e presença de sillimanita (Sil) tipo fibrolita de hábito
radial e cordierita, indicando fácies anfibolito superior ; e (e) porfiroblastos de granada sin-D3 rotacionada em
torno de 110º (ângulo medido a partir de trilhas orientadas de inclusões de minerais opacos) em cinemática
dextral (a foliação dos filossilicatos orientados é S3). A presença de fraturas internas indica que a deformação
continuou atuante mesmo com a redução da temperatura em um momento tardi-D3. Notar que é a biotita que está
sofrendo processo de cloritização, não a granada. Lâminas 215 (a, c, e), 34 (b), e 210 (d). Em todas, aumento de
40X.
84
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
85
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
Figura 5.9 - Aspectos do ortognaisse granítico em microescala. (a) Microclina (com geminação albita-periclínio
típica) orientada segundo a foliação S2 e (b) mirmequita em microclina. Lâminas 180 (a) e 136 (b). Aumento de
40X.
Possui microclina [45%], quartzo [35%], plagioclásio [9%], biotita [5%], muscovita
[5%], minerais opacos [<1%], mica branca fina [Tr] e zircão [Tr], sendo os félsicos orientados
86
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
de acordo com a foliação S3. A partir dessa composição modal, o protólito é classificado como
sendo um sienogranito no QAP de rochas plutônicas de Streckeisen (1976).
A microclina possui geminação albita-periclínio característica, pode apresenta-se
estirado paralelo a foliação S3 (Figura 5.10). Quando em zonas de maior strain-D3 é
predominantemente xenomórfico; quando afastado dessas zonas, varia de xenomórfico a
hipidiomórfico. A granulação varia de 0,3 a 4,0 mm, em que predomina os de 1,5 mm. Possui
inclusões de biotita e altera para mica branca fina.
Em menor proporção ocorre o quartzo, sendo esse xenomórfico e com extinção
ondulante, apresentando-se estirado segundo S3. O tamanho dos grãos varia de 0,3 mm a 3,0
mm. O Plagioclásio é xenomórfico, possui geminação polissintética e apresenta aspecto
alterado para mica branca fina. Possui índice de refração menor que o do quartzo e seu teor de
anortita é de An9 (albita).
Figura 5.10 – Microclina recristalizada e estirada segundo a foliação S3. Aumento de 40X.
Quanto aos máficos, a biotita é a mais comum na rocha, tem hábito placoso e possui
tamanho dos grãos varia de 0,5 mm a 1,7 mm. Ocorre como pequenos agregados isolados entre
os grãos de feldspato e quartzo. Possui inclusões submilimétricas de zircão (com halos
pleocróicos devido ao decaimento radioativo). A Muscovita é ripiforme no geral e muitas vezes
englobando as biotitas, indicando que a muscovita é posterior. Em termos de comprimento,
tem-se que não variam muito, tendo por volta de 2,0 mm.
87
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
O mineral de alteração mais comum é a mica branca fina, que ocorre como produto de
alteração dos feldspatos, principalmente do plagioclásio, por entre seus planos de clivagens e
geminações.
Além desses, ocorrem minerais opacos, muito embora sejam muito raros nas seções
delgadas. Apresentam tamanho em torno de 0,7 mm. Possuem forma equidimensional
quadrática, podendo ter terminações de grãos irregulares.
88
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
Figura 5.11 – Aspecto microscópico do ortoanfibólio-cordierita xisto com rutilo. (a) plagioclásio e biotita como
reagente para formação de ortoanfibólio e cordierita e (b) inclusões de titanita hipidiomórfica e rutilo em
cordierita. Nesse último caso, notar biotita totalmente substituída por clorita (canto inferior direito da foto).
Lâmina 22. Aumento de 40X (a) e 100X (b).
As inclusões são representadas por rutilo, apatita, titanita e zircão. Desses, o rutilo é o
mineral de inclusão mais comum ocorrendo incluso em biotita, antofilita-gedrita e cordierita,
principalmente. Aparece predominantemente como opaco, podendo ser translúcido nas porções
mais finas (bordas dos grãos) de forma a exibir coloração castanha avermelhada escura. Os
grãos têm em média 0,3 mm, xenomórficos, podendo ocorrer de forma isolada ou como
agregados dentro dos grãos hospedeiros ou em volta deles. Pode aparecer um pouco estirado
segundo a direção da foliação. Aparentemente é subproduto da desestabilização da biotita (rica
em Ti).
A apatita aparece como inclusão na cordierita, ortoanfibólio e biotita, em grãos de até
0,7 mm. E, por fim, tem-se a titanita de xenomórfica a hipidiomórfica em grãos com um pouco
mais de 1,0 mm (Figura 5.11d) e o zircão, com grãos submilimétricos.
Os produtos de alteração mais comuns são a clorita e a mica branca fina. Dentre esses,
a clorita é mais comum nas seções delgadas, ocorrendo como produto de desestabilização da
cordierita + ortoanfibólio e da biotita. Aparece como feixes, por vezes radiais de até 0,9 mm de
89
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
comprimento, comumente ao redor dos grãos dos quais é produto de alteração. Pode também
ocorrer como pequenos agregados radiais. A mica branca fina, por sua vez, ocorre como
produto de alteração dos plagioclásios e da biotita, nesse último caso, juntamente com clorita.
5.8 Calciossilicática
90
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS
Figura 5.13 - Aspecto microscópico das calciossilicáticas de alteração hidrotermal de ortoanfibolitos. (a)
Granoblasto de granada em contato com exsudado de quartzo e diopsídio. A granada internamente apresenta
aspecto esquelético por desestabilização (juntamente com diopsídio) para epídoto em retrometamorfismo; (b)
hornblenda cercada por diopsídio devido processo de desidratação dessa. Lâmina 159. Aumento de 40X.
91
CAPÍTULO VI
GEOLOGIA ESTRUTURAL
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL
GEOLOGIA ESTRUTURAL
Este capítulo tem por objetivo a caracterização das estruturas identificadas na região
com o intuito de agrupá-las segundo uma ordem cronológica relativa de eventos
deformacionais. Para tanto e levando em consideração que cada evento possui características
estruturais distintivas dos demais, foram considerados os diferentes aspectos de geometria,
fabric, intensidade de strain, cinemática e os padrões e estruturas de interferência que ficaram
registrados nos litotipos mapeados. Além disso, considerando diferentes macroestruturas
geradas durante D3, os dados estruturais foram analisados a partir de quatro domínios
estruturais.
De forma a facilitar a compreensão do que será discutido adiante, a Figura 6.1 conta
com o mapa geológico da área mapeada e a indicação das principais zonas de cisalhamento,
Domo Matinha e o perfil geológico simplificado.
93
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL
Figura 6.1 – Mapa e perfil geológico simplificado com a indicação das principais estruturas da área. As zonas de
cisalhamento de menor porte e o domo foram nomeadas informalmente com base em logradouros próximos a
essas estruturas, de forma a facilitar os comentários a seguir, no texto.
94
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL
O segundo evento deformacional pode ser identificado nas várias unidades reconhecidas
e/ou cartografadas, com exceção do Magmatismo Ediacarano. Isto inclui os gnaisses do
Complexo Caicó, diques de anfibolito pré-D2 e pós-D1, as metasupracrustais do Grupo Seridó
e os ortognaisses graníticos, tentativamente considerados como intrusões sin-D2. Este evento
gerou um fabric S2 + L2 penetrativo que afeta as estruturas planares pretéritas, o bandamento
metamórfico (S1) do Complexo Caicó e o acamamento (S0) das rochas metassedimentares do
Grupo Seridó, originando dobras e boudins. Nos diques de anfibolito (originalmente diabásios)
e nos ortognaisses graníticos não existiam marcadores prévios, à exceção dos contatos dos
corpos ou fases magmáticas.
Retirando os efeitos da deformação subsequente (D3; ver interpretação dos
estereogramas no Item 6.3.2), as dobras F2 originalmente variavam de fechadas a isoclinais,
com plano axial S2 de mergulho suave ou sub-horizontal, indicando dobras recumbentes a
invertidas. Deste modo, essa foliação tende a ser subparalela ao S0 dos metassedimentos do
Grupo Seridó (Figura 6.2a, b) e também ao bandamento metamórfico S1 do Complexo Caicó
(Figura 6.2c). Deste modo, em campo, usualmente é medido um fabric composto S2 + S0 ou S2
+ S1. Dependendo da intensidade do strain (D2, mas também com a influência do evento D3,
especialmente nas zonas de cisalhamento transcorrentes), as dobras F2 podem apresentar seus
flancos boudinados, configurando dobras intrafoliais (Figura 6.2a-c). Nos afloramentos de
micaxistos da Formação Seridó, essa feição é comumente observada em veios de quartzo, por
exemplo, quando esses estão dobrados nas charneiras de F2 e boudinados em seus flancos
(Figura 6.3a). Ainda nesses micaxistos, exemplos de estratificação gradacional (inferida de
gradações envolvendo micas e quartzo-feldspato) invertida indicam inversão prévia e dobras F3
com face invertida.
Quanto às lineações, os eixos/charneiras e interseções (L2b, sendo L21 ou L20), bem como
L2X, também teriam baixo caimento, de vez que estavam contidos na superfície S2 de baixo
ângulo. Comumente essas lineações estão, em grau variável, rotacionadas para a orientação de
L3X, especialmente nas zonas de alto strain D3, como será discutido adiante. L2x é normalmente
materializado pelo alinhamento de minerais como biotita, quartzo e feldspatos, bem como
anfibólio e sillimanita alinhados e microboudinados.
95
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL
Figura 6.2 – Dobras F2 afetando (a) o S0 dos mármores da Formação Jucurutu (foto do flanco oeste de antiforme
F3) e (b) bandamento metamórfico S1 de ortognaisse do Complexo Caicó na porção sul do Domo Matinha.
Afloramentos 26 (a) e 116 (b).
Como esperado para esse regime, dobras F3 com face invertida são observadas tanto na
meso como na macroescala, a exemplo do que foi descrito no antiforme de Bonfim (Jardim Sá
e Barbalho, 1991; Jardim de Sá, 1994), a norte da área mapeada neste trabalho, em que os
flancos da macrodobra estão ocupados por gnaisses do Complexo Caicó e litotipos da Formação
Jucurutu, enquanto que no núcleo da dobra ocorrem micaxistos equiparáveis aos da Formação
Seridó. Ainda mais a norte, na terminação da Serra do Feiticeiro, um bloco de gnaisses Caicó
sobreposto ao quartzito Equador configura um empurrão D2 agora observado no flanco de uma
estrutura sinformal F3.
Conforme dados geocronológicos discutidos no Capítulo 2, a idade deste evento pode
ser estimada na faixa entre (aproximadamente) 620 a 600 Ma, com base nas idades U-Pb mais
jovens obtidas em zircões detríticos nos litotipos do Grupo Seridó. A idade desse evento poderá
ser também estimada com datações U-Pb em zircões dos ortognaisses graníticos, neste trabalho
interpretados como síncronos a D2 (e neste caso, mais jovens que o Grupo Seridó). Por outro
lado, essa hipótese ainda deve ser trabalhada considerando outras alternativas.
Com base nos vários dados expostos, o evento D2 (provavelmente com múltiplos
episódios) pode ser interpretado como um contexto colisional no Ciclo Brasiliano sensu lato,
envolvendo placas e terrenos alóctones ao longo da Faixa Borborema/Trans-Sahara (modelos
em Jardim de Sá, 1994), demandando considerar a revisão da idade do evento D2.
96
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL
Em escala de afloramento, as principais estruturas geradas por este evento foram dobras
F3 de várias escalas, que variam de fechadas a apertadas, com plano axial S3 de mergulho forte
(ou mesmo mediano) a verticalizado, além de lineações de eixo de dobras e crenulações, ou de
interseção (L3b): charneiras L30+2 (Figura 6.4a, b) ou L31+2 (Figura 6.4c) e de estiramento (L3x;
Figura 6.4d) subparalelas e de rake baixo. Essa lineação de estiramento é materializada
predominantemente pela orientação preferencial de minerais micáceos, podendo também ser
visualizada a partir de quartzo, feldspatos, anfibólios e agregados/feixes de fibrolita, estirados
(e microboudinados), a depender da rocha em questão.
Na foliação S3 (mais especificamente na seção horizontalizada, XZ, do respectivo
elipsoide de strain) são encontrados muitos critérios atestando cinemática transcorrente
(cisalhamento simples ou geral, localmente domínios de cisalhamento puro) dextral, dentre os
quais destacam-se boudins (geralmente) assimétricos de veios de quartzo ou graníticos,
porfiroblastos sigmoidais ou rotacionais de cordierita e andaluzita nos micaxistos da Formação
Seridó e os augen (feldspatos) dos ortognaisses do Complexo Caicó, como já ilustrado em
algumas figuras do Capítulo 4.
97
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL
Figura 6.3 – Dobras F3 simétricas em micaxistos Seridó, na charneira norte do Domo de Matinha, afetando a
foliação S2 (e acamamento S0). Veios de quartzo (originalmente subparalelos ou dobrados em isoclinais e
intrafoliais tendo S2 como plano axial), resultando em dobras redobradas (interferência coaxial). Notar a
geometria simétrica das minidobras e crenulações F3 (formas em “M”) de plano axial verticalizado, na zona de
charneira norte do domo. A tampa da caneta indica o Norte. Afloramento 60.
98
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL
Figura 6.4 – Algumas das estruturas geradas em D3. (a) Dobras F3 (em “z” - indicando antiforme à leste)
visualizadas a partir da foliação S2 + S0 dobrada em mármore da Formação Jucurutu (notar L30+2 na charneira da
dobra); (b) dobra F3 apertada (de plano axial com mergulho forte para leste) indicando antiforme à oeste em
biotita xisto da Formação Seridó (notar L30+2); (c) dobras F3 apertadas em ortognaisse do Complexo Caicó (notar
L31+2); (d) lineação de estiramento L3x (paralelizada a L3d em zona de alto strain-D3) com caimento suave para
norte; (e) boudins assimétricos de veios de quartzo hospedados na foliação S3 em biotita xisto da Formação
Seridó. Afloramentos 26 (a), 195 (b), 181 (c), afloramento imediatamente a norte da área (d) e 60 (e).
99
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL
nos (ediacaranos) sintectônicos na faixa de 590 a 570 Ma, como demonstrado por Galindo et
al. (1993), Jardim de Sá (1994) e Nascimento (1997). A etapa tardia, retrometamórfica, é datada
através de datações em plútons tardios, ca. 560-550 Ma, de acordo Nascimento (2000), e idades
de resfriamento 40Ar-39Ar em torno de 500 Ma, segundo Féraud et al. (1993), bem como idades
de pegmatitos tardi- a pós tectônicos, ca. 515-510 Ma de acordo com Baumgartner et al. (2006).
Figura 6.5 - Dobra em bainha F3, em veios de quartzo e na foliação, com charneira curvilínea e, na localidade,
planos S3-C3 de mergulho suave a mediano para ESE. Critérios cinemáticos indicam cisalhamento dextral com
componente normal (L3x, representado pela seta vermelha). Afloramento 3.
100
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL
Figura 6.6 - Contato anômalo entre micaxistos da Formação Seridó (morro ao fundo) e augen gnaisses do
Complexo Caicó (primeiro plano) pela Zona de Cisalhamento Serra Verde. Notar mergulho forte para NW.
101
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL
Figura 6.7 – Subdivisão da área em (a) quatro domínios estruturais, em que (b) e (c) são correspondentes ao
Domínio da Zona de Cisalhamento Serra Verde (DSV), (d) e (e) representam o norte e o sul do Domo de
Matinha, respectivamente; (f) compreende o domínio da Zona de cisalhamento Picuí-João Câmara (DPJC), à
leste na área. Ant = antiforme e Sin = sinforme.
102
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL
103
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL
Este domínio é caracterizado por um plano axial S3 médio verticalizado (Figura 6.7d).
As lineações possuem sentido de caimento para NNE, em que a de eixo de dobra L3b tem plunge
de 6º e a de estiramento L3x, 7º. Para esta região, o ângulo entre os flancos é de
aproximadamente 80º, o que configura uma dobra aberta.
A partir da Figura 6.6e, observa-se que esse domínio é caracterizado por plano axial S3
verticalizado de trend NE-SW, possui lineação de eixo de charneira L3b com sentido de
caimento para SSW e plunge de 9º, enquanto que a lineação de estiramento L3x tende a ser sub-
horizontal orientada a NNE-SSW. Já com relação ao ângulo interlimbos, tem-se valores na
ordem dos 50º, o que indica que a porção sul do domo é caracterizada por uma dobra F3 fechada.
Assim como ocorre na transição do DSV para os domínios norte e sul do domo, o limite
desses últimos para com o DPJC também é materializado por uma zona de cisalhamento
transpressiva dextral subsidiária e que provoca o mesmo tipo de contato entre Complexo Caicó
e Formação Seridó. Nota-se então que as laterais do domo são marcadas por duas zonas de
cisalhamento transpressivas dextrais e que essas, por sua vez, fazem parte de um feixe de zonas
de cisalhamento que configuram, possivelmente um arranjo estrutural em flor positiva, como
sugerido no perfil da Figura 6.1.
Este domínio (Figura 6.6f) abarca as regiões a leste do domo em que, no geral, as
foliações S1, S2 (± S0) e S3 tentem a se paralelizar aos planos de cisalhamento C3 da zona de
Cisalhamento Picuí-João Câmara; a lineação de estiramento L3x, neste caso, tende a ter sentido
de caimento para SW, com plunge baixo (por volta de 14º), como observado na projeção
estereográfica.
104
CAPÍTULO VII
METAMORFISMO
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO
METAMORFISMO
Figura 7.1 – Diagrama de pressão e temperatura (e profundidade estimada) com a distribuição das fácies
metamórficas. Notar que os limites entre os campos não são abruptos (áreas cinza). A expressão “zona proibida”
refere-se as condições de pressão e temperatura não registradas na Terra. Linha tracejada vermelha marca o
início da fusão granítica em presença de água. Fonte: Winter (2014).
106
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO
Tabela 7.1 – correlação entre as zonas de Barrows (rochas pelíticas), fácies metamórficas (rochas máficas) e as
assembleias minerais de rochas calciossilicáticas de acordo com Spear (1993).
Rochas pelíticas Rochas máficas Rochas calciossilicáticas
zona da biotita fácies xisto verde talco, flogopita
zona da granada tremolita, actinolita, epídoto,
fácies epídoto-anfibolito
zona da estaurolita zoisita
zona da estaurolita-cianita
fácies anfibolito diopsídio, grossulária, escapolita
zona da sillimanita
fácies granulito/hornblenda-
zona do K-feldspato/sillimanita forsterita
piroxênio
O que se observa em campo, no entanto, é que este evento foi responsável por gerar um
bandamento metamórfico de alto grau, frequentemente com feições migmatíticas o que atesta
metamorfismo na fácies anfibolito (a depender da disponibilidade de água no sistema, atingindo
a curva solidus do granito saturado em água, na Figura 7.1), associado à segregação centi a
decimétrica de faixas félsicas e máficas, sendo as primeiras de composição quartzo-feldspática
e as demais, mais ricas em biotita e hornblenda, como observado nas figuras 4.3 e 4.4, por
exemplo.
Nas porções félsicas, o que se nota é a neoformação de microclina e hornblenda, que
podem ter sua origem explicada a partir do consumo de biotita e plagioclásio, como segue:
107
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO
anfibolito. Nesse sentido, a blastese de microclina pode ser explicada a partir da reação entre
biotita e quartzo, como segue:
108
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO
Segundo Bucher & Grapes (2011), a primeira aparição de tremolita, a partir dessa
reação, ocorre entre 470ºC a 500ºC, o que corresponde ao início da fácies anfibolito. Além
disso, essa reação explica a ausência de quartzo na seção com tremolita, diferentemente da
lâmina do talco-mármore (Figura 7.2).
Notar que a presença de talco requer que o calcário percussor seja dolomítico. Dessa
maneira, a reação de formação do talco pode ser explicada a partir da reação (com XCO2 muito
baixo):
Figura 7.2 – Durante a elevação de temperatura em M3 a associação (a) talco + quartzo + calcita dá lugar a (b)
blastese de tremolita consumindo a calcita (notar calcita recristalizada com textura poligonal) no início da fácies
anfibolito. Lâmina 24a e 24b. Aumento de 40X.
109
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO
110
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO
Figura 7.3 - Agregado de actinolita circundado por diopsídio, o que sugere processo de desidratação dessa para
formação do clinopiroxênio. Lâmina 115. Aumento de 100X.
Por fim, dentre todos os litotipos presentes na região mapeada, o que melhor registra as
condições de metamorfismo são os micaxistos da Formação Seridó, em virtude da blastese de
minerais índices. As paragêneses relacionadas a essas rochas durante M3 indicam condições de
metamorfismo associadas a baixas pressões (abaixo de 3,8 Kbar), devido à presença de minerais
como andaluzita, cordierita e altas temperaturas (como a sillimanita). Outro mineral bastante
comum é a granada que comumente aparecendo inclusa nos porfiroblastos de cordierita (como
comentado no Capítulo 5) ou sobre a foliação S 3. No primeiro caso, a associação granada e
cordierita pode ser explicada a partir da reação entre biotita e plagioclásio:
111
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO
Como referido no Capítulo 5, algumas biotitas são bastante avermelhadas, o que indica
que são titaníferas. Sendo assim, há chances de que os minerais opacos sejam ilmenitas, como
referido na Reação 6.8.
Além disso, essa reação também explica a pouca proporção modal de plagioclásio nas
seções delgadas em que ocorre o simplectitas sillimanita-cordierita, já que tanto a cordierita
como a sillimanita consomem o plagioclásio. Nos casos em que somente ocorre a cordierita,
uma reação possível é:
7.3.2 Retrometamorfismo
Como o evento metamórfico M3 foi o último a afetar os litotipos da região, a sua fase
de retrometamorfismo fica bem preservada, sendo representada, principalmente, por processos
de cloritização e muscovitização/sericitação na fácies xisto verde na presença de água nos
sistemas dos diferentes litotipos.
Nesse sentido, nos ortognaisses do Complexo Caicó ocorre a desestabilização da
hornblenda em presença de plagioclásio e água para formação de epídoto:
Figura 7.4 – Granada e diopsídio desestabilizados para massa fina de epídoto. Notar que as fraturas internas ao
granoblasto de granada estão preenchidas por esse material de retrometamorfismo. Lâmina 115. Aumento de
100X.
Figura 7.5 - Diopsídio sendo bordejado por anfibólio (actinolita - Act) por processo de uralitização. Lâmina 20.
Aumento de 40X.
Esse processo de cloritização também afeta as biotitas que ocorrem inclusas ou em volta
dos porfiroblastos de cordierita. Como subproduto da desestabilização dessas biotitas, também
ocorre mica branca fina (sericita), a partir da reação:
Figura 7.6 - (a) Porfiroblastos de cordierita pinitizados e com inclusões de rutilo e ortoanfibólio; (b)
ortoanfibólio alterado para clorita. Lâmina 22. Aumento de 40X.
tendo evoluído em condições de pressão intermediárias, com associações minerais com cianita.
Por fim, o evento metamórfico M3 é caracterizado por um retrometamorfismo até a fácies xisto
verde, como observado na Figura 7.7.
Figura 7.7 – Trajetórias P-T-t estimadas para os três eventos metamórficos identificados (M1 em ciano, M2 em
amarelo e M3 em magenta – em que a seta contínua representa o metamorfismo progressivo e a segmentada, o
retrometamorfismo), em que todos são caracterizados por terem chegado a fácies anfibolito a anfibolito superior.
A linha tracejada vermelha marca o início da fusão granítica em presença de água. Fonte do gráfico: Winter
(2014).
115
CAPÍTULO VIII
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CAPÍTULO VIII – CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
117
CAPÍTULO VIII – CONSIDERAÇÕES FINAIS
118
CAPÍTULO VIII – CONSIDERAÇÕES FINAIS
estruturas dúcteis-frágeis finais, representadas por fraturas e veios associados que afetam as
estruturas de mais alta temperatura, que atuaram no controle de alojamento (tardi a pós-D3) de
corpos pegmatíticos.
Por fim, é importante enfatizar que este evento (D3/M3) foi de suma importância no que
diz respeito à formação de vários tipos de mineralizações, tais como de scheelita em rochas
calciossilicáticas e Ta-Nb em pegmatitos que ocorrem na área, por exemplo. Além disso,
sugere-se estudos mais aprofundados (como trabalhos de geoquímica de solo associada a
gamaespectrometria, por exemplo) no tocante a investigação das anomalias radiométricas dos
canais individuais de eTh (ppm) e eU (ppm) ao redor da estrutura dômica, tendo em vista que
podem estar associadas a depósitos economicamente relevantes, tais como elementos terras
raras (ETRs) nos gnaisses do Complexo Caicó e minerais de urânio (uraninita e autunita, por
exemplo) nos pegmatitos.
119
CAPÍTULO IX
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPÍTULO IX – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANGELIM, L.A.A.; NESI, J.R.; TORRES, H.H.F., MEDEIROS, V.C., SANTOS, C.A.;
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CAPÍTULO IX – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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125
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126
CAPÍTULO IX – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
127
ANEXOS
ANEXO I
129
1
ANEXO II
131
1
ANEXO III
133
Lista de pontos de afloramentos vistoriados a sudoeste de São Tomé, Rio Grande do Norte. Coordenadas em
SIRGAS 2000 (UTM), Zona 24M.
Afl. UTM X UTM Y Litologia Unidade
1 822986 9339036 xisto Formação Seridó
2 822787 9338894 xisto Formação Seridó
3 820880 9339334 xisto Formação Seridó
4 819680 9339746 xisto milonitizado Formação Jucurutu (para)
5 819518 9339899 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
6 819499 9339928 calciossilicática, gnaisse e pegmatito calciossilicática e pegmatito
7 819075 9339935 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
8 817589 9339369 xisto Formação Seridó
9 815646 9338593 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
10 814612 9339571 mármore Formação Jucurutu (mar)
11 814765 9339640 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
12 825027 9338282 xisto Formação Seridó
13 825087 9338319 xisto Formação Seridó
14 824974 9338471 pegmatito e xisto Formação Seridó
15 825143 9338181 pegmatito pegmatito
16 819904 9339521 quartzito Formação Jucurutu (qtz)
17 819635 9339531 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
Complexo Caicó (orto) e Formação
18 819149 9339924 ortognaisse e quartzito
Jucurutu (qtz)
19 816486 9338939 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
20 816560 9338756 paragnaisse e mármore Formação Jucurutu (mar)
21 815359 9338942 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
22 815004 9339375 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
23 814480 9339581 paragnaisse Formação Jucurutu (para)
24 814556 9339648 paragnaisse, calciossilicática e mármore Formação Jucurutu (mar)
25 814188 9339250 xisto Formação Seridó
26 815259 9341078 mármore Formação Jucurutu (mar)
27 818714 9340829 xisto Formação Seridó
28 822397 9340321 xisto Formação Seridó
29 824677 9334915 xisto Formação Seridó
30 825110 9333983 ortognaisse pegmatítico Complexo Caicó (orto)
31 822318 9330901 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
32 821123 9330816 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
33 820564 9330823 pegmatito pegmatito
34 821000 9338527 xisto Formação Seridó
35 819623 9339264 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
36 819647 9340419 quartzito e metaconglomerado Formação Jucurutu (qtz)
37 819755 9340398 calciossilicática Formação Jucurutu (cc)
38 819601 9340804 xisto Formação Seridó
39 819626 9340797 xisto Formação Seridó
40 815367 9338193 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
41 814721 9338128 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
42 814591 9338627 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
43 817250 9338384 xisto Formação Seridó
44 815562 9338046 pegmatito pegmatito
45 815608 9337835 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
46 815154 9337236 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
47 815597 9337465 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
48 815037 9336905 paragnaisse Complexo Caicó (para)
49 814934 9336835 anfibolito Complexo Caicó (orto)
50 814777 9336513 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
51 814370 9334695 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
134
52 814362 9333897 calciossilicática calciossilicática
53 814369 9333856 paragnaisse Formação Jucurutu (para)
54 814377 9333828 paragnaisse Formação Jucurutu (para)
55 815251 9335714 xisto Formação Seridó
56 816031 9335705 xisto Formação Seridó
57 816118 9335683 paragnaisse Complexo Caicó (para)
58 816121 9335602 paragnaisse Complexo Caicó (para)
59 816079 9334376 paragnaisse xistoso e calciossilicática calciossilicática
60 819083 9340821 xisto Formação Seridó
61 816967 9332359 calciossilicática e pegmatito calciossilicática e pegmatito
62 816836 9332437 pegmatito pegmatito
63 816844 9332399 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
64 816829 9332432 pegmatito pegmatito
65 816760 9332408 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
66 816568 9332610 pegmatito pegmatito
67 816567 9332645 pegmatito pegmatito
68 817023 9332590 pegmatito pegmatito
69 821197 9336155 pegmatito pegmatito
70 821207 9336128 pegmatito pegmatito
71 820626 9336466 pegmatito pegmatito
72 820563 9336410 xisto Formação Seridó
73 820579 9336364 pegmatito pegmatito
74 820462 9336462 pegmatito pegmatito
75 820061 9336503 pegmatito pegmatito
76 819774 9336421 calciossilicática e pegmatito calciossilicática e pegmatito
Complexo Caicó (orto) e
77 819725 9336399 calciossilicática e paragnaisse
calciossilicática
78 819817 9333324 pegmatito pegmatito
79 819790 9333331 pegmatito pegmatito
80 819769 9333353 pegmatito pegmatito
81 819782 9333490 pegmatito pegmatito
82 819610 9333733 pegmatito pegmatito
83 819700 9335583 pegmatito pegmatito
84 820053 9335459 xisto Formação Seridó
85 818486 9332567 xisto Formação Seridó
86 818569 9332716 xisto Formação Seridó
87 818538 9332778 xisto Formação Seridó
88 818591 9332958 xisto e pegmatito Formação Seridó e pegmatito
89 818637 9332865 xisto Formação Seridó
90 817687 9331982 basalto Basalto Rio Ceará-Mirim
91 817545 9332058 pegmatito pegmatito
92 817423 9332342 pegmatito pegmatito
93 816966 9332395 calciossilicática e pegmatito calciossilicática e pegmatito
94 816760 9332442 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
95 816620 9332500 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
96 816607 9332514 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
97 816602 9332531 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
98 816599 9332564 paragnaisse Complexo Caicó (para)
99 816589 9332605 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
100 816327 9333008 pegmatito pegmatito
101 817030 9332583 pegmatito pegmatito
102 817131 9332528 pegmatito pegmatito
103 817177 9332499 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
104 817182 9332474 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
105 817210 9332412 pegmatito pegmatito
135
106 817255 9332361 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
107 817415 9332400 ortognaisse, calciossilicática e pegmatito calciossilicática
108 817278 9332302 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
109 816909 9332626 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
110 816905 9332667 pegmatito pegmatito
111 816859 9332660 pegmatito pegmatito
112 816844 9332684 ortognaisse, calciossilicática e pegmatito Complexo Caicó (orto)
113 816772 9332715 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
114 816673 9332734 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
115 816659 9332764 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
116 816631 9332799 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
117 816606 9332900 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
118 816600 9332837 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
Complexo Caicó (orto) e
119 819591 9339833 calciossilicática e ortognaisse
calciossilicática
120 817839 9339132 xisto Formação Seridó
xisto, calciossilicática, pegmatito, Formação Seridó e metagranito
121 817870 9339004
metagranito indiferenciado indiscriminado
122 817842 9337123 pegmatito pegmatito
123 817678 9336547 biotitito e pegmatito pegmatito
124 817957 9336195 pegmatito pegmatito
125 818197 9336192 pegmatito pegmatito
126 818254 9336201 pegmatito pegmatito
127 817692 9336505 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
128 817763 9336876 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
129 818007 9337348 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
130 818036 9337660 anfibolito Complexo Caicó (orto)
131 818080 9337772 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
132 818086 9337799 gnaisse Complexo Caicó (orto)
133 818100 9338337 gnaisse Complexo Caicó (orto)
134 818095 9338385 gnaisse Complexo Caicó (orto)
Complexo Caicó (orto) e
135 817990 9338529 calciossilicática e ortognaisse
calciossilicática
Complexo Caicó (orto) e
136 818635 9339275 ortognaisse e pegmatito
metagranito indiscriminado
137 818573 9339469 paragnaisse e calciossilicática Complexo Caicó (para)
138 818541 9339556 gnaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
ortognaisse bandado intrudido por Complexo Caicó (orto) e
139 818551 9339639
ortognaisse (G2? Ou G3?) e paragnaisse metagranito indiscriminado
140 818509 9339429 calciossilicática, pegmatito e ortognaisse calciossilicática
141 819054 9338705 pegmatito pegmatito
142 819109 9338639 gnaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
143 819111 9338404 pegmatito pegmatito
144 819317 9338025 pegmatito pegmatito
145 819402 9336934 biotitito e pegmatito pegmatito
146 819290 9336958 pegmatito pegmatito
147 819464 9336862 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
148 819782 9336737 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
149 819747 9336764 calciossilicática calciossilicática
150 819068 9338665 gnaisse Complexo Caicó (orto)
151 818877 9339038 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
152 817135 9333356 pegmatito pegmatito
153 816918 9333905 pegmatito pegmatito
154 816891 9333962 gnaisse Complexo Caicó (orto)
155 816073 9333806 gnaisse Complexo Caicó (orto)
156 815968 9333625 calciossilicática calciossilicática
136
157 816067 9333404 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
158 816258 9333314 calciossilicática calciossilicática
159 816318 9333288 calciossilicática calciossilicática
160 816175 9333096 gnaisse Complexo Caicó (orto)
161 816171 9338295 gnaisse Complexo Caicó (orto)
162 816120 9338505 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
163 815848 9337587 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
164 819685 9339889 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
165 819652 9339857 calciossilicática e pegmatito calciossilicática e pegmatito
Formação Jucurutu e metagranito
166 819744 9339904 paragnaisse e metagranito indiscriminado
indiscriminado
167 819666 9339963 quartzito Formação Jucurutu (qtz)
168 819658 9340073 paragnaisse Formação Jucurutu (para)
169 819634 9340098 pegmatito pegmatito
170 819631 9340087 pegmatito pegmatito
171 819647 9340130 quartzito Formação Jucurutu (qtz)
172 819620 9340177 pegmatito pegmatito
173 819544 9339865 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
174 819475 9339882 calciossilicática calciossilicática
175 818508 9339405 paragnaisse Complexo Caicó (para)
176 818854 9339521 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
177 815789 9338499 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
178 815672 9338136 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
179 814909 9339520 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
Complexo Caicó (orto) e
180 817943 9338801 ortognaisse e gnaisse
metagranito indiscriminado
Complexo Caicó (orto) e
181 817989 9338787 ortognaisse
metagranito indiscriminado
182 818121 9338047 paragnaisse e pegmatito Complexo Caicó (para) e pegmatito
Complexo Caicó (orto) e
183 817409 9338011 augen gnaisse e ortognaisse
metagranito indiscriminado
184 816144 9335757 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
185 816115 9335621 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
186 816020 9333121 xisto Formação Seridó
187 816083 9333133 ortognaisse, biotitito e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
188 816201 9333278 anfibolito calciossilicático com biotitito calciossilicática e biotitito
189 815855 9333850 calciossilicática calciossilicática
190 816097 9334080 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
191 816163 9334179 paragnaisse Complexo Caicó (para)
Complexo Caicó (para) e
192 816080 9334376 calciossilicática e paragnaisse
calciossilicática
193 819666 9335608 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
194 819786 9335584 xisto Formação Seridó
195 819966 9335910 xisto Formação Seridó
196 820322 9337025 pegmatito pegmatito
197 818537 9333193 pegmatito pegmatito
198 818812 9333573 Xisto Formação Seridó
199 818920 9334070 gnaisse Complexo Caicó (orto)
200 818810 9334272 pegmatito pegmatito
201 818770 9334319 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
202 818712 9334359 pegmatito pegmatito
203 818649 9334389 pegmatito pegmatito
204 818591 9334367 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
205 818548 9334476 pegmatito pegmatito
contato entre ortognaisse e pegmatito, com
206 818485 9334498 Complexo Caicó (orto) e pegmatito
biotitito entre eles
137
Complexo Caicó (orto) e basalto Rio
207 818502 9334475 basalto e ortognaisse bandado
Ceará-mirim
208 818711 9333483 xisto Formação Seridó
209 818567 9332914 xisto Formação Seridó
210 820535 9331064 xisto Formação Seridó
211 819860 9330822 xisto Formação Seridó
212 820090 9332024 pegmatito pegmatito
213 819991 9332082 xisto Formação Seridó
214 820762 9333857 xisto e pegmatito Formação Seridó e pegmatito
215 823748 9338339 xisto Formação Seridó
216 816873 9332397 pegmatito pegmatito
217 816836 9332442 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
218 816856 9332386 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
219 817073 9332627 pegmatito pegmatito
220 817061 9332601 pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
221 817079 9332701 pegmatito pegmatito
222 817081 9332712 pegmatito pegmatito
223 817038 9332965 pegmatito pegmatito
224 817038 9333206 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
225 816790 9333333 pegmatito pegmatito
226 816680 9333280 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
227 818054 9338490 pegmatito pegmatito
138