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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA


DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
CURSO DE GEOLOGIA

Relatório de graduação nº 497

LUIZ HENRIQUE LIRA DE OLIVEIRA

MAPEAMENTO GEOLÓGICO NA ESCALA DE 1:50.000 DA ESTRUTURA


DÔMICA A OESTE-SUDOESTE DE SÃO TOMÉ/RN, FAIXA SERIDÓ

EMANUEL FERRAZ JARDIM DE SÁ (DG-CCET/UFRN)


Orientador

ALEXANDRE MAGNO ROCHA DA ROCHA (DIAREN/IFRN)


Coorientador

NATAL
2018
LUIZ HENRIQUE LIRA DE OLIVEIRA

MAPEAMENTO GEOLÓGICO NA ESCALA DE 1:50.000 DA ESTRUTURA


DÔMICA A OESTE-SUDOESTE DE SÃO TOMÉ/RN, FAIXA SERIDÓ

Relatório de Graduação apresentado no dia 18 de


dezembro de 2018 à Universidade Federal do Rio
Grande do Norte para obtenção do título de
Bacharel em Geologia.

Monografia nº 497

NATAL
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Oliveira, Luiz Henrique Lira de.


Mapeamento geológico na escala de 1:50.000 da estrutura
dômica a Oeste-Sudoeste de São Tomé/RN, faixa Seridó / Luiz
Henrique Lira de Oliveira. - 2018.
138f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande


do Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Departamento de
Geologia. Natal, 2018.
Orientador: Dr. Emanuel Ferraz Jardim de Sá.
Coorientador: Dr. Alexandre Magno Rocha da Rocha.

1. Mapeamento geológico - Monografia. 2. Geologia estrutural


- Monografia. 3. Petrologia metamórfica - Monografia. I. Sá,
Emanuel Ferraz Jardim de. II. Rocha, Alexandre Magno Rocha da.
III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 551.243

Elaborado por Raimundo Muniz de Oliveira - CRB-15/429


MAPEAMENTO GEOLÓGICO NA ESCALA DE 1:50.000 DA ESTRUTURA
DÔMICA A OESTE-SUDOESTE DE SÃO TOMÉ/RN, FAIXA SERIDÓ

LUIZ HENRIQUE LIRA DE OLIVEIRA

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________
Prof. Dr. Emanuel Ferraz Jardim de Sá (DG/UFRN) (Presidente e orientador)

______________________________________________________
Prof. Me. Alexandre Magno Rocha da Rocha (DIAREN/IFRN) (Membro e coorientador)

______________________________________________________
Prof. Dr. Laécio Cunha de Souza (DG/UFRN) (Membro)

Natal, RN – 18 de dezembro de 2018.


“I seem to myself like a child, playing on the sea-
shore, and picking up here and there a curious
shell or a pretty pebble, while the boundless ocean
of truth lies undiscovered before me”

(Isaac Newton, 1643-1727)


À minha família, amigos e mestres,
com todo amor, respeito e carinho
AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus, pois graças a Ele não temo mal algum, porque Ele é comigo, porque Ele
é o meu Deus, que me fortalece, me ajuda e me sustenta com a destra da Sua justiça.
À toda minha família, em especial, aos meus pais, Gisélia Araújo de Lira e Moacir Nelo
de Oliveira, simplesmente por serem o que são e como são, pelo apoio emocional que me deram
nos momentos difíceis (que foram muitos) e pela compreensão por minha ausência devido às
horas dedicadas ao curso de Geologia. Eu amo muito vocês e sem as suas respectivas
influências, nada disso seria possível! Espero poder retribuir com muito amor e dedicação!
Ao Prof. Dr. Emanuel Ferraz Jardim de Sá, Prof. Me. Alexandre Magno Rocha da Rocha
e Dr. Laécio Cunha de Souza pelas orientações, apoio, leitura crítica e discussões que tornaram
esse trabalho ainda mais prazeroso e instigante. Vocês são modelos de dedicação e amor pela
profissão! Exemplos a seguir!
Ao grupo da 3Gex Pesquisa e Mineração LTDA pelo financiamento e acompanhamento
durante as duas etapas de campo, os geólogos Francisco Assuero Bezerra de França, Gerson
Romano dos Santos Júnior e Gilson Ramos Pereira. Além desses, agradeço também ao pessoal
de apoio da cidade de São Tomé/RN, Sr. “Tuta”, Sr. Ilson e Sr. Adeilton. Obrigado pela
oportunidade de compartilhar experiências de vida e conhecimentos geológicos. Vocês são
profissionais incríveis! Foi uma honra trabalhar juntamente a vocês.
Aos docentes do curso de Geologia da UFRN que fizeram com que eu me apaixonasse
ainda mais pela geologia, em especial aos que contribuíram muito (direta ou indiretamente)
com a elaboração desse trabalho, dada a sua temática: Dr. Alex Francisco Antunes, Dr. Antônio
Carlos Galindo (“eu não falei isso! Não me comprometa, Henrique!”), Dr. David Lopes de
Castro, Dr. Frederico Castro Jobim Vilalva (o Ex.mo Minerário da Rocha), Dr. Francisco
Oliveira da Silva (grande Chiquinho!), Dr. Germano Melo Júnior, Dr. Jaziel Martins Sá (“a luta
é grande…”), Dr. Marcos Antonio Leite do Nascimento (“cuidado com as rochas daquela
região, Henrique. Nem tudo é o que parece!”), Dr. Vanildo Pereira da Fonseca, Dr. Venerando
Eustáquio Amaro e Dr. Zorano Sérgio de Souza (“é mesmo, é?! Humm”). A vocês, meus
sinceros agradecimentos, pois se cheguei até aqui e consegui compreender/ver mais longe
acerca o objeto de estudo foi por estar de pé sobre os ombros de gigantes!
Aos meus companheiros de campo e amigos Dalton da Silva Pinheiro, Dinarte Lucas da
Silva Júnior e, em especial, Marcos Vinícius Gomes Jacinto (“Coscois” dos pegmatitos). A
“zueira” never ends. Aprendi muitíssimo trabalhando com vocês (principalmente com Dalton e
Marcos, no decorrer de nove anos de convivência - desde o IFRN até então). Obrigado e tudo
de bom! Vocês têm um futuro vencedor pela frente!
Aos meus grandes amigos Genilson Ribeiro da Silva (“Deus salve o bizu!”), Rennan
Matheus Fernandes Medeiros (eterno “Porrolo”) e Thiago da Cunha Rodrigues (o famoso
“Thiago de Alana”). Desejo a vocês tudo de melhor nessa jornada geológica e na vida!
Ao pessoal da Secretaria do Departamento de Geologia (Marconi, Nilda e Danilo) e o
pessoal da laminação por sempre estarem dispostos a ajudar quando preciso. Muito obrigado
pela gentileza e pelo esforço empregado!
Além desses, gostaria de agradecer aos colegas Hanna Taíse (turma de 2010) e Derick
Guerra (turma de 2013) pela ajuda acerca das discussões petrológicas. Muitíssimo obrigado!
Desejo tudo de melhor em suas vidas!
Por fim, agradeço ao Jefferson Airplane, Metálica, Pink Floyd e Scorpions,
principalmente, além do Secret Garden e das músicas estilo Lo-fi Hip Hop por me
acompanharem noites adentro durante a elaboração deste trabalho. As elucubrações mentais se
tornaram menos solitárias com essas trilhas sonoras.
RESUMO

O presente trabalho teve por objetivo o mapeamento geológico-estrutural em escala 1:50.000


no entorno de uma estrutura dômica a oeste-sudoeste de São Tomé, Rio Grande do Norte. A
área mapeada compreende cerca de 120 Km2 em que foram reconhecidos diversos litotipos que
puderam ser correlacionados às unidades litoestratigráficas regionais, tais como (em ordem
cronológica) gnaisses e anfibolitos do Complexo Caicó, metassupracrustais do Grupo Seridó
(formações Jucurutu e Seridó), o magmatismo ediacarano-cambriano (inclui veios e diques
graníticos, diques ou soleiras de pegmatitos e granito pegmatítico), rochas de alteração
hidrotermal (calciossilicáticas, biotititos e ortoanfibólio-cordierita xistos/gnaisses), diques de
diabásio e plug de basalto relacionados aos magmatismos Rio Ceará-Mirim e Macau,
respectivamente, e depósitos aluvionares em leitos de rios. Foram identificados três eventos
deformacionais e metamórficos e que foram denominados de D1/M1, D2/M2 e D3/M3. O
primeiro deles afetou somente os litotipos do Complexo Caicó, sendo responsável pela geração
de um bandamento metamórfico-migmatítico em condições da fácies anfibolito superior. O
evento D2/M2 corresponde a um regime contracional que afetou o embasamento Caicó, os
ortognaisses graníticos e as metassupracrustais do Grupo Seridó, sendo responsável por gerar
dobras recumbentes apertadas a isoclinais com transposição de flancos, atingindo a fácies
anfibolito. Por fim, o evento D3/M3 afetou a maior parte das unidades, com exceção do
magmatismo básico meso-cenozoico. As estruturas relacionadas a esse evento são zonas de
cisalhamento transcorrentes dextrais e dobramentos F3 com plano axial de mergulho moderado
a forte e lineações passivas e de estiramento subparalelas e de rake baixo. O pico metamórfico
desse evento atingiu a fácies anfibolito superior e o retrometamorfismo ocorreu na fácies xisto
verde. Os eventos D2/M2 e D3/M3 correspondem aos processos orogênicos relacionados ao
Ciclo Brasiliano, durante o Ediacarano-Cambriano. D1/M1 fez parte de um processo de geração
e aglutinação de complexos plutônicos com enclaves/encaixantes de metassupracrustais,
durante o Riaciano.

PALAVRAS CHAVE: Mapeamento geológico; Geologia estrutural; Petrologia metamórfica.


ABSTRACT

The present work aimed at doing a geological-structural mapping, in the scale of 1:50.000, in
the surroundings of a domic structure to the west-southwest of São Tomé, Rio Grande do Norte.
The mapped area comprises about 120 km2 where several lithotypes have been recognized that
could be correlated to regional lithostratigraphic units, such as (in chronological order) gneisses
and amphibolites of the Caicó Complex, metasupracrustal of the Seridó Group (Jucurutu and
Seridó formations), magmatism (including granite veins and dikes, pegmatite dikes or
pegmatitic granites), hydrothermal alteration rocks (calc-silicate, biotite and orthofibrous-
cordierite schists / gneisses), diabase dikes and basalt plug related to the Rio Ceará- Mirim and
Macao, respectively, and alluvial deposits in riverbeds. Three deformational and metamorphic
events were identified and named D1/M1, D2/M2 and D3/M3. The first one affected only the
lithotypes of the Caicó Complex, being responsible for the generation of a metamorphic-
migmatite banding under conditions of the upper amphibolite fácies. The event D2 / M2
corresponds to a contractional regime that affected the Caicó basement, the granitic
orthogneisses and the metassupracrustal rocks of the Seridó Group, being responsible for
generating tight to isoclines recumbent folds with transposition of flanks, reaching amphibolite
fácies. Finally, the D3/M3 event affected most of the units, with the exception of the basic meso-
Cenozoic magmatism. The structures related to this event are dextral transcurrent shear zones
and F3 folds with moderate to strong axial plane dip and passive lineations with subparallel
stretching and low pitch. The metamorphic peak of this event reached the upper amphibolite
fácies and the retrometromorphism occurred in the green shale fácies. The events D2/M2 and
D3/M3 correspond to the orogenic processes related to the Brasilian Cycle, during Ediacaran-
Cambrian. D1/M1 was part of a process of generation and agglutination of plutonic complexes
with metasupracrustal enclaves/host rocks, during Riaciano.

KEY WORDS: Geological mapping; Structural geology; Metamorphic Petrology.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13

1.1 Apresentação e objetivos .............................................................................................. 13

1.2 Localização e vias de acesso ......................................................................................... 13

1.3 Metodologias de trabalho ............................................................................................. 14

1.3.1 Trabalho de gabinete ................................................................................................ 15

1.3.2 Trabalhos de campo ................................................................................................. 16

1.3.3 Tratamento e análise dos dados ................................................................................ 16

1.3.4 Finalização do estudo ............................................................................................... 17

1.4 Aspectos fisiográficos .................................................................................................... 17

CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL .......................................................................... 21

2.1 A Província Borborema ................................................................................................ 21

2.2 O Domínio Rio Piranhas-Seridó .................................................................................. 22

2.2.1 O Embasamento Cristalino: o Complexo Caicó ...................................................... 24

2.2.2 A Sequência Metassupracrustal: o Grupo Seridó..................................................... 25

2.2.3 O Plutonismo Ediacarano-Cambriano: Granitos Brasilianos ................................... 26

2.2.4 Os Eventos Deformacionais Pré-cambrianos ........................................................... 27

2.2.5 As Coberturas Sedimentares Fanerozoicas e o Magmatismo Básico Meso-


Cenozoico .......................................................................................................................... 29

MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................. 32

3.1 Aquisição da base geocartográfica .............................................................................. 32

3.1.1 Mapas geológicos prévios ........................................................................................ 33

3.1.2 Fotografias aéreas e imagens Google Earth Pro....................................................... 35

3.1.3 Imagens ASTER GDEM2 e MDE ........................................................................... 36

3.1.4 Processamento Digital de Imagens (PDI) ................................................................ 37

3.1.5 Aerogeofísica (aerogamaespectrometria) ................................................................. 39

ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO ............................................................. 42


4.1 Relações tectono-estratigráficas e compartimentos estruturais ............................... 43

4.2 O Complexo Caicó ........................................................................................................ 46

4.2.1 Paragnaisses ............................................................................................................. 47

4.2.2 Ortognaisses bandados ............................................................................................. 48

4.2.3 Augen gnaisses ......................................................................................................... 50

4.3 Diques de ortoanfibolitos.............................................................................................. 50

4.4 O Grupo Seridó ............................................................................................................. 52

4.4.1 A Formação Jucurutu ............................................................................................... 53

4.4.2 A Formação Seridó................................................................................................... 55

4.4 Ortognaisses graníticos................................................................................................. 58

4.5 O Plutonismo Ediacarano-Cambriano ....................................................................... 59

4.5.1 Granitos Brasilianos ................................................................................................. 60

4.5.2 Diques de Pegmatito................................................................................................. 60

4.6 Rochas de alteração hidrotermal e/ou de contato ...................................................... 62

4.6.1 Biotititos ................................................................................................................... 64

4.6.2 Ortoanfibólio-cordierita xistos ................................................................................. 64

4.6.3 Calciossilicáticas ...................................................................................................... 65

4.7 Magmatismo Rio Ceará-Mirim ................................................................................... 66

4.8 Depósitos aluvionares ................................................................................................... 67

ASPECTOS PETROGRÁFICOS ......................................................................................... 69

5.1 Complexo Caicó ............................................................................................................ 69

5.1.1 Paragnaisses ............................................................................................................. 70

5.1.2 Ortognaisses ............................................................................................................. 72

5.2 Anfibolitos...................................................................................................................... 74

5.3 Formação Jucurutu ...................................................................................................... 76

5.3.1 Paragnaisses ............................................................................................................. 76

5.3.2 Mármores ................................................................................................................. 78


5.3.3 Escapolita calciossilicática ....................................................................................... 79

5.3.4 Fuchsita-quartzito ..................................................................................................... 81

5.4 Xistos da Formação Seridó .......................................................................................... 82

5.5 Ortognaisse granítico .................................................................................................... 85

5.6 Metagranito granítico tipo G3 ...................................................................................... 86

5.7 Ortoanfibólio-cordierita xisto com rutilo ................................................................... 88

5.8 Calciossilicática ............................................................................................................. 90

GEOLOGIA ESTRUTURAL................................................................................................ 93

6.1 O Evento Deformacional D1 ......................................................................................... 93

6.2 O Evento deformacional D2 ......................................................................................... 95

6.3 O Evento deformacional D3 ......................................................................................... 97

6.3.1 Caracterização em mesoescala ................................................................................. 97

6.3.2 Caracterização em macroescala: D3 e eventos precedentes ................................... 100

6.3.2.1 O Domínio da Zona de Cisalhamento Serra Verde (DVS) ............................. 103


6.3.2.2 O Domínio norte do domo (DND) .................................................................. 104
6.3.2.3 O Domínio sul do domo (DSD)....................................................................... 104
6.3.2.4 O Domínio da Zona de Cisalhamento Picuí-João Câmara (DPJC) ................. 104

METAMORFISMO ............................................................................................................. 106

7.1 Evento metamórfico M1.............................................................................................. 107

7.2 O Evento metamórfico M2 ......................................................................................... 107

7.3 O Evento metamórfico M3 ......................................................................................... 108

7.3.1 Pico do metamorfismo ........................................................................................... 108

7.3.2 Retrometamorfismo ................................................................................................ 112

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 117

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 121

ANEXO I ............................................................................................................................... 129

ANEXO II.............................................................................................................................. 131

ANEXO III ............................................................................................................................ 133


CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação e objetivos

Este relatório discorre acerca das atividades desenvolvidas, bem como dos resultados
gerados a partir do mapeamento geológico-estrutural realizado em um polígono com cerca de
120 Km2 a oeste-sudoeste da cidade de São Tomé, interior do Rio Grande do Norte. Este
trabalho faz parte dos requisitos necessários para conclusão da disciplina obrigatória Trabalho
de Conclusão de Curso (GEO0421), integrante do Curso de Geologia da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN), sendo este o último componente curricular necessário à
obtenção do grau de Bacharel em Geologia.
Os trabalhos realizados foram financiados pela 3GEX Pesquisa e Mineração LTDA -
ME em convênio com a UFRN a partir de estágio curricular não obrigatório, o que incluiu
despesas de material de campo, de pessoal de apoio (motorista, ajudantes etc.), veículos,
combustível, alimentação, estadia e infraestrutura laboratorial (esta última por parte da UFRN).
Este trabalho contou com a orientação e coorientação dos professores Dr. Emanuel
Ferraz Jardim de Sá (DG/UFRN) e Me. Alexandre Magno Rocha da Rocha (DIAREN/IFRN),
respectivamente, além do acompanhamento pelos geólogos Francisco Assuéro Bezerra de
França e Gerson Romano dos Santos Júnior, os dois da 3GEX Pesquisa e Mineração LTDA –
ME.
Este estudo teve por objetivo gerar um mapa geológico em escala 1:50.000 (ANEXO I)
da estrutura dômica a oeste-sudoeste da cidade de São Tomé/RN com a plotagem da localização
de alguns garimpos da região. Para a elaboração desse mapa foram utilizadas imagens de
sensores remotos, reinterpretação de mapas geológicos prévios e trabalhos de campo, com
caracterizações petrográficas e estruturais dos diferentes tipos rochas.

1.2 Localização e vias de acesso

A área de estudo mapeada (Figura 1.1) está localizada inteiramente no município de São
Tomé/RN, agreste potiguar, e está circunscrita entre os paralelos 5°57'7.86" e 6°2'59.97"S e os
meridianos 36°9'45.82" e 36°3'33.91"W.

13
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

Figura 1.1 - Localização e vias de acesso da área mapeada. Fontes: infraestrutura rodoviária - DNIT (2015) e
planimetria - IBGE (2015).

O acesso à área, a partir da capital Natal/RN, pode ser feito por meio da rodovia federal
BR-304 e depois pela BR-226 até a localidade denominada de “As três Marias” (ou “As
Marias”), tomando em seguida a rodovia estadual RN-203 até a cidade de São Tomé/RN.
Dentro da área os acessos são predominantemente feitos por estradas de terra, por
trilhas/veredas e leitos de rios/riachos.

1.3 Metodologias de trabalho

O cumprimento dos objetivos anteriormente traçados necessitou de fases de trabalhos


de gabinete e de fases campo, alternadas com etapas de utilização de laboratórios (microscopia,
informática etc.), como é ilustrado na Figura 1.2.

14
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

Figura 1.2 - Fluxograma das etapas necessárias à elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso. (a)
Trabalho de gabinete; (b) trabalhos de campo; (c) tratamento e análise de dados; (d) finalização do estudo.

1.3.1 Trabalho de gabinete

A primeira etapa para a elaboração deste trabalho (Figura 1.2a) consistiu em delimitar
a área a ser mapeada e a compilação do acervo bibliográfico (teses, dissertações, artigos
científicos etc.) acerca dos estudos feitos na região, de forma a haver familiarização com o
contexto geológico regional.
Ao mesmo tempo, foram obtidos mapas geológicos prévios, bem como produtos de
sensores remotos, tais como imagens Landsat 8 OLI (Operational Land Imager) e do sensor
ASTER GDEM2 (Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer Global
Digital Elevation Model Version 2, com resolução de 30 metros ou 1 arco-segundo), além de
dados aerogeofísicos (provenientes do programa aerogeofísico Paraíba-Rio Grande do Norte,
disponibilizado pela CPRM) de forma a gerar também um acervo geocartográfico. Este acervo,
15
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

em especial, foi de extrema importância na elaboração do mapa geológico final, tanto na etapa
pré-campo como na pós-campo, como será abordado mais adiante.
Todo esse acervo de dados digitais foi combinado no software ArcMap 10.5 da ESRI,
gerando os mapas que foram utilizados em campo, tais como mapas planimétricos,
topográficos, geológicos e geofísicos, em escala 1:50.000, além dos mapas híbridos (geológico-
geofísicos, por exemplo).

1.3.2 Trabalhos de campo

Foram realizadas duas etapas de campo, sendo a primeira de caráter regional, que
ocorreu entre os dias 10 a 17 de fevereiro de 2018, e a segunda, com foco no mapeamento em
escala de semi-detalhe (principalmente nas regiões de contatos das diferentes unidades),
ocorreu durante o período de 20 de setembro a 01 de outubro, ambas totalizando 20 dias de
campo (Figura 1.2b).
As etapas de campo objetivaram o reconhecimento dos diferentes litotipos, das relações
de contato e do posicionamento estratigráfico das unidades, além de caracterizar as estruturas
deformacionais, fabrics, dobras e zonas de cisalhamento, além de fraturas, no que se refere a
seus aspectos geométricos, intensidade de strain, cinemática e padrões de interferência, de
forma a estabelecer as principais fases de deformação.
Sempre que possível, foi feito o registro fotográfico das feições de cada tipo de rocha
acrescido de aspectos como coloração, mineralogia e texturas. Além disso, foram obtidos, com
uso de bússola, parâmetros estruturais de foliações e lineações. Amostras de rocha foram
coletadas para confecção de seções delgadas.

1.3.3 Tratamento e análise dos dados

Esta etapa compreendeu a organização dos parâmetros litológicos e estruturais coletados


em campo em tabelas, utilizando o software Microsoft Excel 2016, e estereogramas de igual
área (ou de Schmidt, hemisfério inferior), por meio do software Stereonet versão 9.5.
Foram confeccionadas e analisadas um total de 43 seções delgadas, com o objetivo de
obter uma análise mais minuciosa e assim refinar as descrições petrográficas, petrológicas e
estruturais, conforme fluxograma da Figura 1.2c.

16
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

1.3.4 Finalização do estudo

Como observado na Figura 1.2d, essa etapa consistiu da reinterpretação dos mapas
geológicos pretéritos, tendo por base a integração dos dados de fotografias aéreas,
processamento digital de imagens, aerogeofísica, sendo esses validados pelas informações
coletadas em campo. Foram elaborados um mapa geológico-estrutural (com a localização de
pontos de garimpos) e um mapa de pontos/afloramentos, presentes nos anexos I e II,
respectivamente.
Por fim, uma súmula dos dados físicos de produção referente às duas campanhas de
campo pode ser vista na Tabela 1.1, abaixo.

Tabela 1.1 – Resumo dos dados referentes as duas etapas de campo


ATRIBUTO UNIDADE QUANTIDADE
Área de mapeamento Km2 120
Afloramentos visitados afloramento 227*
Pontos de controle afloramento 185*
Atividade garimpeira ocorrência 16
Amostras de rocha amostra 89
Análises petrográficas seção delgada 43
* foram considerados nessa contagem apenas os afloramentos contidos no polígono mapeado, tanto da primeira
campanha (regional), como da segunda. A lista com as coordenadas dos afloramentos pode ser consultada no
ANEXO III deste trabalho.

1.4 Aspectos fisiográficos

De acordo com Diniz & Pereira (2015), a região de São Tomé está inserida em um
contexto do subdomínio climático semiárido, tipo tropical de zona equatorial. Segundo o sítio
eletrônico Climate-data (https://pt.climate-data.org/), a pluviosidade anual para a região é de
459 mm (em média), em que outubro é o mês mais seco (com precipitação de 2 mm) e o mais
chuvoso é março, com uma média de 111 mm. A temperatura média anual é de 25,3 ºC.
De acordo com Dantas & Ferreira (2010), o domínio geomorfológico em que a área
mapeada está inserida é o Planalto da Borborema com porções da Depressão Sertaneja, sendo
esses atestados por meios de padrões de relevo (figuras 1.3 e 1.4) tais quais os domínios de
morros e serras baixas, colinas amplas e suaves, domos em estruturas elevadas (Figura 1.4),
além do domínio montanhoso e das superfícies aplainadas degradadas.
Verifica-se que o padrão de drenagem é fortemente controlado pelas anisotropias do
terreno, acompanhando as principais direções/trends estruturais e/ou contatos litológicos. Além
disso, as drenagens possuem considerável grau de retilinearidade e ângulo de junção
17
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

predominantemente agudo, entre os ramos secundários e os principais. O principal rio perene


da região é o Rio Potengi, que é alimentado por cursos d’água secundários e intermitentes,
sendo o mais conhecido deles o Rio Quixaba.
Na região predomina o intemperismo físico de forma a gerar solos pouco espessos a,
por vezes, pedregulhosos (principalmente no leito de drenagens encaixadas em serras e morros).
Sobre esse tipo de solo se desenvolve a vegetação de caatinga arbustiva-arbórea hiperxerófila,
ou seja, uma vegetação perene de pequeno a médio porte característica de regiões de clima árido
a semiárido.

Figura 1.3 - Localização da área mapeada e relevo sombreado (sobreposto por paleta de cores) a partir de
imagem ASTER GDEM2 (com resolução espacial de 30 metros ou 1 arco-segundo) com iluminação de 315º Az
e inclinação de 45º. Fonte: planimetria - IBGE (2015) e imagem ASTER GDEM2 ASTER GDEM2 - USGS,
pelo sítio eletrônico https://earthexplorer.usgs.gov/.

18
CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

Figura 1.4 – Relevo em forma de domo presente na área mapeada. A porção central do domo é constituída por rochas mais resistentes ao intemperismo e a erosão, tais como
gnaisses e pegmatitos, que as rochas do entorno (predominantemente micaxistos). O comprimento (NNE-SSW) do domo é de aproximadamente 7 Km.

19
CAPÍTULO II

CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL


CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

A partir de pesquisa bibliográfica, este capítulo tem por objetivo sintetizar o


conhecimento geológico acerca do Domínio Rio Piranhas-Seridó (doravante abreviado por PS),
inserido na Província Borborema (PBor), dedicando maior detalhe à área de estudo,
caracterizando sucintamente esses elementos quanto às unidades estratigráficas principais
(litologias e datações) e a geologia estrutural associada.

2.1 A Província Borborema

Localizada no Nordeste do Brasil e abrangendo grandes extensões territoriais, a


Província Borborema está limitada a Sul pelo Cráton São Francisco, a Oeste pelos litotipos
paleozoicos da Bacia do Parnaíba e, tanto a Norte como a Leste, pelos sedimentos meso-
cenozoicos da Província Costeira e da Margem Continental Atlântica, como observado na
Figura 2.1.
A PBor foi definida inicialmente por Almeida et al. (1977 e 1981), correspondendo à
“Faixa de dobramentos Nordeste”, tendo origem atribuída à Orogênese Brasiliana devido à
colisão entre as placas São Francisco/Congo-Kasai e São Luís/Oeste Africano, de forma a
configurar, como evidenciado por Boullier (1991) e Van Schmus (1994), parte de uma extensa
faixa orogênica (Faixa Trans-Sahara).
Para Almeida et al. (1981), a província é constituída por um mosaico de blocos crustais
de idade arqueana a paleoproterozoica compondo o embasamento gnáissico-migmatítico a
granulítico. Sobre esse embasamento cristalino repousam rochas metassupracrustais de idade
paleoproterozoica a neoproterozoica, que foram metamorfizadas em fácies xisto-verde a
granulito e que, segundo Vauchez et al. (1995), atingiram condições de altas temperaturas e
pressões variando de média a baixa, durante o evento Brasiliano.
Tanto os limites desses blocos crustais, como o contato entre as metassupracrustais e o
embasamento, são demarcados por uma rede de extensas zonas de cisalhamento transcorrentes.
De acordo com alguns autores, como por exemplo Jardim de Sá (1994), Vauchez et al. (1995)
e Amaro (1998), essas zonas de cisalhamento, na porção ocidental da PBor, são caracterizadas
por serem predominantemente dextrais com trend NE e as da porção oriental, por serem
sinuosas e com maior importância do trend E-W, ocorrendo inflexões para NE. Segundo
Dantas et al. (2013), durante o Ediacarano, tanto o embasamento como as metassupracrustais

21
CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

foram intrudidas por corpos granitoides controlados estruturalmente por essas zonas de
cisalhamento.

Figura 2.1 – A Província Borborema. De interesse deste trabalho, observar a localização dos domínios Rio
Piranhas-Seridó (PS) e São José do Campestre (JC). Fonte: Medeiros et al., 2013.

2.2 O Domínio Rio Piranhas-Seridó

Segundo Angelim et al. (2006), Medeiros (2011) e Medeiros et al. (2013) o Domínio
Rio Piranhas-Seridó (Figura 2.2) abrange uma grande área na porção central do Estado do Rio
Grande do Norte, limitando-se a Norte com as rochas sedimentares da Bacia Potiguar e, a Sul,
com a Zona de Cisalhamento Patos, a Oeste com o Domínio Jaguaribeano por meio da Zona

22
CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

de Cisalhamento Portalegre e, a Leste, com o Domínio São José do Campestre por meio da
Zona de Cisalhamento Picuí-João Câmara.

Figura 2.2 – Compartimentação geológica do extremo nordeste da Província Borborema, com destaque para os
domínios São José do Campestre, Rio Piranhas-Seridó e Jaguaribeano, citados de leste para oeste. Fonte:
Medeiros et al. (2013).

Dentre os trabalhos de execução e compilação geológica na região (na forma de mapas


geológicos), destacam-se os trabalhos de Jardim de Sá et al. (1998) e, mais recentemente,
Angelim et al. (2006).
De acordo com Angelim et al. (2006), o embasamento é composto pelos litotipos
metaplutônicos e também metavulcanossedimentares do Complexo Caicó (unidade de idade
paleoproterozoica-riaciana, com possíveis remanescentes arqueanos) e por augen gnaisses
graníticos da Suíte Poço da Cruz (unidade paleoproterozoica-orosiriana). Essas rochas
predominam mais no setor ocidental do PS. O Grupo Seridó, também denominado de Faixa
Seridó, por sua vez, está sobreposto a essas unidades do embasamento e é constituído pelas
formações Serra dos Quintos (Basal), Jucurutu, Equador e Seridó (topo). Jardim de Sá & Salim
(1980) e Jardim de Sá (1984 e 1994) evidenciam relações de interdigitação entre as mesmas,

23
CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

que deste modo seriam em parte contemporâneas. Quanto aos trend de dessa faixa, tem-se que
é NE/NNE, mudando gradativamente em direção a sul, para o trend E-W da Zona de
Cisalhamento Patos.

2.2.1 O Embasamento Cristalino: o Complexo Caicó

O Complexo Caicó foi caracterizado por Jardim de Sá (1984, 1994) como um


embasamento gnáissico-migmatítico sobre o qual foram depositados os protólitos sedimentares
(e limitado componente vulcânico) do Grupo Seridó. A definição adotada por aquele autor
segue a linha dos trabalhos de Ferreira & Albuqurque (1969) e Lima et al. (1980), dentre outros.
O Complexo Caicó foi subdividido, de acordo com Jardim de Sá (1994) e Souza (1991), em
duas associações distintas: uma unidade de composta por rochas metavulcanossedimentares
(paragnaisses diversos e anfibolitos, com lentes de outros tipos litológicos - kinzigitos,
quartzitos, formações ferríferas e raros mármores) e uma unidade metaplutônica mais jovem,
correspondente tanto a granitoides metamorfizados de composição tonalítica-granodiorítica
com textura média e equigranular, como aqueles de fácies porfirítica de composição granítica
a granodiorítica.
Ainda de acordo com Jardim de Sá (1994), esse complexo é intrudido por uma suíte de
diques de anfibolito (diques básicos que foram metamorfizados/anfibolitizados após a
deposição do Grupo Seridó) truncando o bandamento antigo do Complexo Caicó (designado
como S1, ver adiante). Este critério e a correlação estrutural implícita, junto com a ocorrência
de metaconglomerados na base do Grupo Seridó (a exemplo do riacho dos Grossos), são
evidências claras da relação embasamento-cobertura envolvendo as unidades supracitadas.
Souza et al. (2007), Dantas et al. (1992) e Jardim de Sá (1994) reportaram idades
paleoproterozoicas, ca. 2,3-2,2 Ga ou mais jovens, para ortognaisses do Complexo Caicó nas
regiões de Açu e São Vicente. Idades similares foram posteriormente obtidas por outros
autores.
Como mencionado anteriormente, Angelim et al. (2006) reportam a Suíte Poço da Cruz
com parte integrante do embasamento das metasupracrustais, além do Complexo Caicó, tendo-
se por base os trabalhos de Hackspacher & Dantas (1997) e Van Schmus et al. (2003). Essa
interpretação é baseada em dados geocronológicos obtidos para a deposição do Grupo Seridó
(como visto adiante) e pelas datações existentes acerca dessa suíte. Sendo assim essa unidade
é pré-Grupo Seridó e pós-Complexo Caicó.

24
CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

A designação Poço da Cruz foi feita primeira mente por Ferreira (1998). Na Faixa
Seridó ela, apenas em parte, corresponde aos augen ortognaisses G2 de Jardim de Sá et al.
(1981), estes não afetados pelo evento D1. É caracterizada por apresentar composição quartzo
monzonítica a granítica de granulação grossa com porfiroclastos de microclina em matriz
quartzo-feldspática, além de biotita e anfibólio como máficos (± muscovita). Legrand et al.
(1991), a partir de datações U-Pb em zircões de augen gnaisses da região de Angicos (RN),
obteve idades de 1,93 ± 12 Ga para essa suíte, enquanto que Jardim de Sá (1994) obteve idades
Pb-Pb em zircão de 1,95 ± 0,05 Ga em augen gnaisses na região de Cerro Corá (RN). Por outro
lado, Hollanda et al. (2011) obteve idades riacianas de 2,25 Ga, 2,21 Ga e 2,17 Ga para os
plútons São José do Seridó, Santana dos Matos e Antônio Martins, o que evidencia que essa
suíte é indistinguível, em termos isotópicos, do Complexo Caicó. Além dessas, outras idades
semelhantes foram obtidas por Medeiros et al. (2012) em augen gnaisses da região de Genezaré
e Florânia.
Por fim, além dessas unidades, a designação de “Complexo Santa Cruz” foi utilizada
por Santos et al. (2002) e Angelim et al. (2006) para os ortognaisses paleoproterozoicos que
ocorrem a leste da Zona de Cisalhamento Picuí-João Câmara. Essa unidade compreende
ortognaisses diversos, incluindo biotita-hornblenda ortognaisses granodioríticos, biotita augen
gnaisses granodioríticos e biotita-hornblenda ortognaisses tonalíticos. Quanto às datações
disponíveis, foram obtidas idades de 2.184 ± 16 Ma (ortognaisses tonalíticos), 2.230 ± 33 Ma
(augen gnaisses) e 2.069 ± 22 Ma (leucortognaisses graníticos) por Dantas (1997). Essa
unidade foi correlacionada ao Complexo Caicó por Jardim de Sá et al. (1998).

2.2.2 A Sequência Metassupracrustal: o Grupo Seridó

Como referido anteriormente, Angelim et al. (2006) subdivide o Grupo Seridó em


quatro formações, sendo elas as formações Serra dos Quintos, Jucurutu, Equador e Seridó). A
Formação Serra dos Quintos, segundo esses autores, é composta por unidades
metavulcanossedimentares (micaxistos – por vezes migmatizados, quartzitos ferruginosos,
BIFs, mármores e skarns) e que que são restritas às regiões da Serra da Formiga (fazenda
Saquinho-Serra do Cruz, Sítio Riachão), ao quartzito ferrífero da Mina Jucurutu (Pico do
Bonito), e nas regiões de São João do Sabugi e de Parelhas.
Já consoante Jardim de Sá & Salim (1980) e Jardim de Sá (1984, 1994), o Grupo Seridó
é subdividido em três unidades: Formação Jucurutu, Formação Equador e Formação Seridó,

25
CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

em parte refletindo uma evolução da mais antiga para a mais jovem. Por outro lado, relações
de interdigitação nos contatos sugere uma (pelo menos parcial) contemporaneidade entre essas
unidades.
De acordo com Jardim de Sá (1994), a Formação Jucurutu é constituída principalmente
por paragnaisses com intercalações de mármores, rochas calciossilicáticas, micaxistos,
quartzitos, formações ferríferas, metavulcânicas e alguns conglomerados basais (em
afloramentos a 13 Km a SSW desta área de trabalho, e a 2,3 Km a W da localidade Serra
Verde). A Formação Equador é composta predominantemente por quartzitos, contendo
intercalações de metaconglomerados e rochas calciossilicáticas, e intercalações com
micaxistos. Essa unidade possui espessura muito variável, podendo estar ausente em algumas
regiões. Na Formação Seridó predominam micaxistos feldspáticos e/ou aluminosos, de baixo
a alto grau metamórfico; na sua porção inferior ocorrem intercalações de mármores, rochas
calciossilicáticas, paragnaisses, rochas metavulcânicas básicas e metaconglomerados.
Para a idade do Grupo Seridó, há duas interpretações. Uma delas, apoiada por Macedo
et al. (1984), Jardim de Sá et al. (1987, 1994), Legrand et al. (1991), a partir de critérios de
campo e geocronológicos, consideram esse grupo como sendo de idade paleoproterozoica. Essa
interpretação é baseada em datações de 2,0 a 1,94 Ga obtidas em ortognaisses considerados
intrusivos na porção basal deste grupo, como sugerido por Jardim de Sá (1994), que deste modo
(e face às datações e relações com o Complexo Caicó) seria uma idade mínima para sua
deposição.
Em contraste a essa, Van Schmus et al. (2003) sugerem uma janela temporal de
deposição entre 650 e 610 Ma para o Grupo Seridó (precedendo o pico da orogenia Brasiliana
na região), baseando-se principalmente em dados obtidos a partir de análises SHRIMP U–Pb
em zircões detríticos. Essa teoria é reforçada pelo trabalho de Kalsbeek et al. (2013), com
datações similares obtidas em litotipos das formações Jucurutu e Seridó. Nesse contexto, tanto
a Suíte Poço da Cruz como o Complexo Caicó seriam embasamento dessas metassupracrustais.

2.2.3 O Plutonismo Ediacarano-Cambriano: Granitos Brasilianos

Durante décadas, diversos trabalhos foram feitos na tentativa de se classificar as rochas


plutônicas que ocorrem na Província Borborema, tendo-se por base critérios de campo,
estruturais e/ou geoquímicos. Mais especificamente no contexto da Faixa Seridó, cabe destacar
os trabalhos de Jardim de Sá (1994), Angelim et al. (2006) e Nascimento et al. (2015).

26
CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

Para Nascimento et al. (2015), na região do Domínio Rio Piranhas-Seridó, os principais


períodos de atividade plutônica durante a orogênese Brasiliana foram o Ediacarano (635 a 541
Ma) e o Cambriano (541 a 485 Ma), sendo o primeiro período o mais intenso.
A partir de dados petrográficos, geoquímicos e geocronológicos de várias amostras,
Nascimento et al. (2015) conseguiram individualizar seis diferentes suítes magmáticas, sendo
elas: Alcalina, constituída por álcali-feldspato granitos com álcali-feldspato quartzo sienitos e
sienogranitos subordinados; Alcalina Charnoquítica, representada por quartzo mangeritos e
charnoquitos; Cálcio-alcalina, de granodioritos a tonalitos, com fenocristais de plagioclásio;
Cálcio-alcalina de alto K equigranular, que ocorre como enxames de diques, soleiras ou corpos
isolados de monzogranitos; Cálcio-alcalina de alto K porfirítica, que é uma suíte
volumetricamente abundante, sendo caracterizada por fácies porfiríticas cujos fenocristais são
de K-feldspato com coroas de plagioclásio, em monzonitos, granodioritos e,
subordinadamente, quartzo monzonito; por fim, a suíte Shoshonítica que varia de
gabros/dioritos a quartzo monzonitos. No contexto geológico da região mapeada (mais
precisamente a SW da área) ocorre o plúton granítico Serra Verde, que de acordo com essa
classificação tem características da suíte Cálcio-alcalina.
Além dessa extensa granitogênese, o Domínio Rio Piranhas-Seridó, mais
especificamente a Faixa Seridó, abarca o que Scorza (1944) chamou de Província Pegmatítica
da Borborema, na qual estão catalogados mais de 1.500 pegmatitos, dentre os quais incluem-
se alguns granitos pegmatíticos (terminologia essa utilizada por Černý & Meintzer, 1988),
podendo estar mineralizados em metais raros tais como Be, Ta-Nb, Li e Sn, gemas como a
“Turmalina Paraíba” e minerais industriais, como feldspato cerâmico, caulim e quartzo, como
mencionado por Da Silva (1993) e Da Silva et al. (1995). Além disso, alguns desses pegmatitos
são caracterizados pela ausência de deformações, sendo interpretados como tardi- a pós-
tectônicos, com idades entre 509,5 ± 2,9 Ma e 514,9 ± 1,1 Ma (datações feitas em
manganocolumbita e ferrocolumbita de pegmatitos heterogêneos, por Baumgartner et al.
2006).

2.2.4 Os Eventos Deformacionais Pré-cambrianos

Segundo Jardim de Sá (1984, 1994) e Souza et al. (2007), na Faixa Seridó são
reconhecidos três eventos deformacionais principais. O primeiro evento (D1) foi responsável
pela geração de bandamento metamórfico de alto grau (S1), observado apenas nos litotipos do

27
CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

Complexo Caicó, tendo sido estimada a sua idade entre 1,9 a 2,15 Ga por Hackspacher et al.
(1995).
Quanto à evolução dos demais eventos deformacionais ocorridos na Faixa Seridó
existem duas vertentes de interpretação. A mais tradicional, de acordo com os trabalhos de
Brito Neves (1975 e 1983) e Santos & Brito Neves (1984), posteriormente reforçada por Caby
(1989), Caby et al. (1990) e Caby et al. (1995), advoga uma evolução monocíclica relacionada
ao Ciclo Brasiliano para as metassupracrustais. A segunda, de acordo com Jardim de Sá (1977),
Jardim de Sá (1978a), Jardim de Sá (1978b, 1984) e Bertrand & Jardim de Sá, (1990), sugere
uma evolução policíclica para o Grupo Seridó, com base na ocorrência de contatos intrusivos
por augen gnaisses paleoproterozoicos referidos como a suíte G2 por aqueles autores, sendo
inicialmente datados ca. 2,0 Ga e, após os trabalhos de Hollanda et al. (2011) e Medeiros et al.
(2012), ca. 2,2 Ga. Esses plútons não apresentam a assinatura do evento D1 mas registram (tal
como o Grupo Seridó) o evento deformacional D2, caracterizado por um penetrativo fabric
tangencial (dobras recumbentes e zonas de cisalhamento contracionais).
O terceiro evento deformacional, que tem suas feições melhor preservadas, é
caracterizado pela cinemática transcorrente dextral das zonas de cisalhamento NE a NNE, e
dobras associadas. Além de afetar as unidades já citadas, este evento tem seu registro bem
conhecido nos Granitos Brasilianos (também referidos como granitos G3 por Jardim de Sá,
1994 e outros autores).
A hipótese de evolução monocíclica defende que a evolução tectônica (após a
deformação do Complexo Caicó) desta região ocorreu em um único episódio
tectonometamórfico (o Ciclo Brasiliano), envolvendo estruturas tangenciais precoces
sucedidas por transcorrências, a exemplo do que é proposto por Jardim de Sá (1994) com menor
lapso de tempo, ou estruturas tangenciais e transcorrentes (pene)contemporâneas, com arranjos
em pisos e rampas de empurrões, ou estruturas em flor, como abordado por Caby et al. (1995)
e Vauchez et al. (1995). Nesse contexto, o plutonismo G2 seria anterior à deposição do Grupo
Seridó, que segundo Legrand et al. (1991), foi interpretado como intrusões tardias (tardi a pós-
D1) alojadas no Complexo Caicó e posteriormente deformados nos eventos D2 e D3.
Na hipótese policíclica, a evolução pós-Complexo Caicó teria ocorrido em dois eventos
distintos, sendo que o mais antigo foi correlacionado às idades radiométricas ca. 2,0 Ga, obtidas
nos augen gnaisses G2 (sendo estes plútons também referidos como a Suíte Poço da Cruz por
Ferreira, 1998).

28
CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

Finalmente, um argumento de peso para a interpretação de evolução monocíclica são


as datações U-Pb em zircões detríticos, que a partir de amostras do Grupo Seridó com
resultados entre 700 e 600 Ma, de acordo com Van Schmus et al. (2003) e Kalsbeek et al.
(2013), comprovou-se a idade neoproterozoica para este grupo e a interpretação de intrusões
paleoproterozoicas pós-tectônicas, ou mesmo anorogênicas, para os augen gnaisses G2 (Suíte
Poço da Cruz).
Assim reposicionados no tempo absoluto, o primeiro evento que afetou as
metassupracrustais (D2, sendo também o primeiro impresso nos augen gnaisses G2), tem
cinemática contracional (zonas de cisalhamento e dobras recumbentes afetando o acamamento
do Grupo Seridó e o bandamento S1 do Complexo Caicó) e metamorfismo associado de pressão
média. O terceiro evento (D3), de caráter transcorrente, envolve foliações de mergulho alto a
médio (por vezes baixos, considerando-se estruturas em flor), dobras normais a inclinadas (ou
mesmo invertidas) com baixo caimento, além de metamorfismo de baixa pressão e alta
temperatura. Este evento retrabalha fortemente as estruturas D2 e é o primeiro (e único)
registrado nos Granitos Brasilianos. Além disso, como atestado por Jardim de Sá et al. (1993),
por exemplo, esse evento deformacional foi responsável por gerar contatos anômalos, como é
o caso dos micaxistos da Formação Seridó em contato direto com os gnaisses e migmatitos do
Complexo Caicó nas regiões de Ielmo Marinho-Taipu (RN) e a SE de Barra de Santa Rosa
(PB).
Por fim, deve-se também dar ênfase ao último evento metamórfico (M3) associado ao
D3 que, no caso das metasupracrustais da Faixa Seridó, foi responsável pela formação de uma
série de jazidas minerais. Dentre essas, destacam-se as mineralizações scheelitíferas em rochas
calciossilicáticas (no contato mármore-gnaisse) da Formação Jucurutu, por exemplo, na região
a W de Currais Novos. Dentre os trabalhos que estudaram essas mineralizações, estão incluídas
as obras de Beurlen & Borges (1990) e Salim (1993).

2.2.5 As Coberturas Sedimentares Fanerozoicas e o Magmatismo Básico Meso-Cenozoico

Com relação às suítes magmáticas, Angelim et al. (2006) reportam o Basalto Rio Ceará-
Mirim e o Basalto Macau. No primeiro caso, esse tipo de rocha ocorre como diques de
comprimento métrico a quilométrico, intrusivos no embasamento cristalino. Possuem direção
preferencial E-W e correspondem a diabásios e basaltos toleíticos. Ainda segundo esses
autores, esse magmatismo ocorreu em dois pulsos, o mais antigo ca. 143 Ma e, o mais jovem,

29
CAPÍTULO II - CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

há 126-113 Ma. O Magmatismo Macau inclui o neck do Pico Cabugi, a oeste de Lajes, e vários
outros centros intrusivos rasos. São basaltos alcalinos (olivina basaltos, basanitos etc.),
possuindo raros xenólitos de peridotito. Ocorrem sob a forma de diques, derrames, necks e
plugs. A idade sugerida para este magmatismo é de 29 ± 0,6 Ma a 26 ± 2 Ma (Araújo et al.,
2001).
No contexto da área mapeada, tanto o embasamento cristalino como as
metassupracrustais são recobertos por unidades sedimentares siliciclásticas, como a Formação
Serra do Martins e os sedimentos inconsolidados do Neógeno.
De acordo com Angelim et al. (2006), a Formação Serra do Martins é caracterizada por
sedimentos arenosos a argilosos, ocorrendo na serra homônima e outras de cota similar (Serra
de Santana e Serra de João do Vale). Geomorfologicamente ocorre em chapadas com relevo
variando de plano a pouco ondulado, sendo limitadas por escarpas abruptas e de contorno
irregular. Na porção superior da sequência ocorrem sedimentos silicificados ou uma crosta
laterítica de cor vermelha a roxa. A origem dos depósitos pode ser atribuída a um sistema
fluvial entrelaçado a meandrante. Os depósitos aluvionares, por sua vez ocorrem ao longo de
leitos de drenagem dos principais rios do estado do Rio Grande do Norte. São sedimentos
arenosos e argilo-arenosos na forma de depósitos de canal, de barras de canal, além dos
depósitos de planície de inundação.

30
CAPÍTULO III

MATERIAIS E MÉTODOS
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS

MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo são apresentados os detalhes acerca da aquisição do acervo


geocartográfico e dos principais métodos e softwares utilizados na extração de fotolineações,
fotolineamentos e contatos litológicos, desde a etapa pré-campo até a pós-campo.
Por fim, o Capítulo 4 (Arcabouço Tectono-estratigráfico) deste trabalho conta com uma
síntese do mapa geológico final (ANEXO I), de forma a apresentar de forma breve as unidades
identificadas.

3.1 Aquisição da base geocartográfica

As principais fontes dos dados digitais foram os sítios eletrônicos dos serviços
geológicos tanto do Brasil (CPRM, http://geosgb.cprm.gov.br/) como dos Estados Unidos
(USGS, https://earthexplorer.usgs.gov/). No primeiro caso, foram obtidas as cartas geológicas,
fotografias aéreas e os mapas aerogeofísicos; já no segundo, imagens Landsat 7 (do Projeto
GeoCover), Landsat 8 OLI e ASTER GDEM2. Além desses, imagens DIGITAL GLOBE foram
obtidas a partir do software Google Earth Pro. Essas informações estão sumarizadas na Tabela
3.1.

Tabela 3.1 - Acervo e fontes de dados geocartográficos utilizados na elaboração do TCC.


DESCRIÇÃO DO DADO GEOCARTOGRÁFICO FONTE
2 cartas geológicas das folhas SB-24-X-D-IV (Lajes) e SB-24-Z-B-III (Santa Cruz) em
CPRM
formato .pdf (em escala 1:100.000) e shapefile
Mosaico composto por 11 fotografias aéreas em formato TIFF (acrónimo para Tagged Image
File Format – a extensão chama-se “.tif”) georeferenciadas a partir de imagem Landsat
CPRM
GeoCover. A escala de cada foto é 1:70.000 e as datas de captura são de 07/12/1967 e
09/12/1967
Dados aerogeofísicos do Projeto Aerogeofísico Paraíba-Rio Grande do Norte (nº 1092), em
formato TIFF. Os tipos de dados aerogamaespectrométricos utilizados foram: Ternário R(K) CPRM
G(Th) B(U), [K, %] e [Th, ppm]
Landsat 7 TM do projeto GeoCover em format GeoTIFF. USGS
1 cena Landsat 8 OLI em formato TIFF com órbita (ponto de cena): 215/64 e data de
USGS
imageamento de 15/08/2017. Resolução espacial de 15 m (banda 8) e 30 m (bandas 1 a 7)
Imagem ASTER GDEM2, resolução de 1 arco-segundo (30m) delimitado pelo mesmo
USGS
polígono regular da área mapeada
Google
Imagens DIGITAL GLOBE. Data das imagens 08/06/2016
Earth

32
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS

3.1.1 Mapas geológicos prévios

O polígono definido para o mapeamento geológico deste trabalho de conclusão de curso


está posicionado na transição das duas cartas geológicas que são disponibilizadas pela CPRM,
ambas em escala 1:100.000, como pode ser observado na Figura 3.1.

Figura 3.1 - Localização da na área mapeada em relação às cartas geológicas em escala 1:100.000
disponibilizadas pela CPRM. Fonte: planimetria - IBGE (2015).

Um extrato dessas cartas geológicas foi utilizado em campo e pode ser visto na Figura
3.2. Em suma, de acordo com o que é fornecido nessas cartas, as unidades compreendidas no
polígono mapeado variam de paleoproterozoicas (embasamento cristalino) a meso-cenozoicas
(suítes básicas e coberturas sedimentares aluvionares), com metassupracrustais e atividades
magmáticas acentuadas (incluindo os corpos pegmatíticos) neoproterozoicas. Uma abordagem
mais detalhada acerca das unidades pode ser vista no Capítulo 2 (Contexto Geológico Regional)
deste trabalho.
As principais feições estruturais encontradas na área mapeada são as zonas de
cisalhamento dextrais de orientação NE-SW, sendo elas a Zona de Cisalhamento Picuí-João
Câmara na porção leste da área e a Zona de Cisalhamento Serra Verde, a oeste. Associados a
essas estruturas, mais a oeste na área, há dobramentos de macroescala representados por
antiformes e sinformes normais sub-horizontalizados, bem como a presença de domo estrutural
(antiforme com eixo de duplo caimento). Nesse último caso, nota-se que o embasamento ocupa

33
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS

Figura 3.2 - Mapa geológico obtido da CPRM e utilizado na etapa de campo. Folha Lajes: Costa & Dantas (2014); Folha Santa Cruz: Oliveira & Cunha (2014).

34
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS

a porção central do domo, sendo circuncidado pelas rochas metassupracrustais do Grupo Seridó.
No mais, a cidade de São Tomé/RN está localizada às margens do Rio Potengi, sobre a
Formação Seridó, na porção nordeste da área.

3.1.2 Fotografias aéreas e imagens Google Earth Pro

O mosaico de fotografias aéreas em escala 1:70.000 (Figura 3.3) foi obtido em formato
TIFF na CPRM, através do Núcleo de Apoio de Natal (NANA). Segundo informações do
mesmo, essas imagens foram capturadas no ano de 1967 pelo SACS (Serviços
Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul S.A.). As fotografias foram impressas e utilizadas de base
para o traçado dos contatos entre unidades, fotolineações (estruturas dúcteis) e fotolineamentos
(estruturas frágeis) geológicas com o auxílio de estereoscópio de mesa.

Figura 3.3 - Área de cobertura do fotomosaico disponibilizado pela CPRM em relação ao polígono mapeado (de
cor rosa) e a cidade de São Tomé/RN. Imagens georreferenciadas a partir de imagem Landsat GeoCover.

35
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS

Os critérios utilizados para se traçarem as fotolineações foram a identificação de feições


conspícuas, de caráter retilíneo (podendo exibir padrão curvilíneo) e contínuo, característicos
de estruturas dúcteis, tais como foliações e zonas de cisalhamento. Os fotolineamentos (falhas
e juntas), por sua vez, são representados por feições descontínuas, discretas e que truncam as
fotolineações em ângulo, além de terem caráter retilíneo e serem menores que essas. Essas
feições são materializadas na geomorfologia por meio de altos e baixos topográficos paralelos,
como cristas de serras e morros e vales associados a leitos de drenagens, respectivamente. Zonas
de cisalhamento podem controlar a orientação de rios e lagos, além de exercer forte controle na
orientação de serras. Falhas podem produzir escarpas lineares e justificar contatos litológicos
abruptos entre unidades geologicamente distintas.
Além das fotografias aéreas, fez-se uso de imagens Digital Globe de alta resolução (data
das imagens 08/06/2016) provenientes do software Google Earth Pro que foi muito importante
para selecionar regiões com afloramentos a serem visitados e, devido ao ano de captura das
imagens ser mais recente, traçar possíveis rotas de acessos a serem tomadas (como estradas
carroçáveis, trilhas, leitos de drenagens etc.).

3.1.3 Imagens ASTER GDEM2 e MDE

Com o objetivo de a auxiliar na interpretação e visualização das feições estruturais da


área (as fotolineações e fotolineamentos) em ambiente virtual, utilizou-se uma imagem de
relevo sombreado (MDE - Modelo Digital de Elevação) gerada a partir de imagem ASTER
GDEM2 com iluminação de 315 Az e inclinação de 45º, direção essa perpendicular ao trend de
grande parte das estruturas regionais.
Essa imagem de relevo sombreado foi gerada através do software ArcMap versão 10.5
e a visualização tridimensional desse modelo foi gerada com auxílio do software ArcScene
versão 10.5, ambos da ESRI, como visto na Figura 3.4.
Além desses usos, o MDE também serviu para a extração automática do traçado da rede
de drenagem por meio da ferramenta Spatial Analyst do software ArcMap. Essa feição foi
incorporada nos mapas pré-campo e serviu para o planejamento de rotas alternativas para
deslocamento até os afloramentos marcados (vistos por meio do software Google Earth Pro),
em caso de não haver estradas ou trilhas.

36
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS

Figura 3.4 - Visada para noroeste do MDE (com iluminação de 315 Az e inclinação de 45º) utilizado para
visualização do relevo em ambiente virtual e extração da rede de drenagem dentro do polígono de trabalho.
Imagem gerada a partir do software ArcScene 10.5. Sistema de coordenadas métricas, datum SIRGAS 2000,
zona UTM 24S e exagero vertical de 2X.

3.1.4 Processamento Digital de Imagens (PDI)

A aplicação do PDI a partir de imagens multiespectrais de sensores remotos passivos da


plataforma Landsat 8 OLI teve por objetivo melhorar o contraste de cor, nessas imagens, dos
diferentes litotipos presentes na região mapeada de forma a auxiliar a delimitação dos
limites/contatos das unidades geológicas para confecção do mapa geológico final. Para tal, a
metodologia aplicada consistiu em duas fases: (i) pré-processamento e (ii) aplicação das
técnicas de processamento digital de imagens. Durante essas etapas os softwares utilizados
foram o Er Mapper versão 7.1 e ArcMap versão 10.5.
A etapa de pré-processamento se deu inicialmente com a escolha das imagens Landsat
8 OLI. Essa escolha foi feita a partir de alguns critérios, tais como cenas com menor
recobrimento de nuvens possível e que a data de captura da imagem pelo sensor orbital também
coincidisse com a época de estiagem da região (entre os meses de agosto e dezembro, como
visto no Capítulo 1 - Introdução), momento em que a vegetação está seca e há melhores
exposições rochosas em superfície. Agindo dessa forma, houve a possibilidade de obter
melhores resultados a partir do processamento digital de imagens. O polígono correspondente
à área mapeada foi recortado da cena Landsat de forma a facilitar o processamento das imagens.
A localização desse polígono em relação à cena Landsat pode ser observada na Figura 3.5.
37
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS

Figura 3.5 - Posicionamento da área mapeada (polígono rosa) em relação a cena Landsat 8 OLI, cuja
órbita/ponto é 215/64 e data de imageamento de 15 de agosto de 2017.

Foram feitas diversas composições e a que mostrou melhores resultados no que diz
respeito ao realce das unidades foi a composição por PCs no sistema RGB (Figura 3.6).

Figura 3.6 - Imagem Landsat 8 OLI de composição R(PC2)/(B4) G(PC5)/(B2) B(PC3) da área de mapeamento
(limites do polígono em branco) com suas respostas espectrais de elementos antrópicos e naturais.

A partir da imagem, percebe-se que com relação aos contatos entre as unidades
geológicas, observa-se alguns bem evidentes, como na porção sudeste da área em que a unidade
38
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS

do lado esquerdo assumiu coloração verde-amarelada e a do direito, azul-esbranquiçado a


avermelhado. Além desse, na porção centro-oeste da área, as unidades presentes no interior da
estrutura dômica estão em cor diferente (magenta) daquela dos litotipos circundantes (verde-
amarelada e azul-magenta). Por fim, os limites das coberturas aluvionares foram bem
evidenciados a partir de cores como o vermelho (porção externa aos canais) e o amarelo
(canais). A cor vermelha foi assumida pela vegetação saudável que está concentrada às margens
da rede de drenagem da região. A cor amarela, por sua vez, está relacionada a areia livre (sem
recobrimento vegetal) posicionadas na porção central do leito dos rios e riachos. No geral, a cor
amarela também serviu para destacar áreas com rochas aflorantes e regiões de atividade
antrópica, como pedreiras (porção extremo-NW na área), acessos e a própria cidade de São
Tomé/RN.

3.1.5 Aerogeofísica (aerogamaespectrometria)

A área em estudo neste TCC é contemplada pelo Projeto Aerogeofísico Paraíba-Rio


Grande do Norte da CPRM (finalizado em setembro de 2010). Com relação a sua metodologia,
a aquisição contou com posicionamento por satélite (GPS), direção das linhas de voo N-S com
espaçamento de 500 metros, além de linhas de controle E-W espaçadas de 10 quilômetros e
altura de voo de 100 metros.
Dentre os mapas aerogamaespectrométricos disponibilizados (e já previamente
processados), foram utilizados os mapas: radiométrico da distribuição ternária K, U, Th; de
concentração de potássio (em %), urânio (em ppm) e tório (em ppm).
A análise dos mapas aerogamaespectrométricos dada a baixa resolução das imagens,
serviu somente para traçar os contatos de caráter regional. As imagens ternária R(K) G(eTh)
B(eU) e a de concentração de eTh (ppm) foram as que apresentaram os melhores resultados no
que diz respeito à diferenciação por cor de um maior número de domínios.
Nesse contexto, observa-se na imagem ternária da Figura 3.7a que há, na porção SE da
área, o Domínio 1 (de cor vermelha) que é caracterizado por altos valores radiométricos
(relativos) de concentração de potássio (Figura 3.7b), em relação aos valores de eU e eTh.
Em contato com esse domínio está o Domínio 2 em que predominam maiores
concentrações de eU com algumas porções de eTh. Essa alternância de porções ricas em eU
e/ou eTh gera cores que variam de azul a verde para esse domínio na imagem ternária.

39
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS

Figura 3.7 – Imagens aerogeofísicas (a) imagem ternária R(K - percentagem) G(eTh - ppm) B(eU - ppm) e dos
canais individuais (b) K(%); (c) eTh (ppm) e (d) eU (ppm) utilizadas. Limites da área mapeada representado em
branco. Os números se referem aos domínios aerogamaespectométricos identificados. Notar localização da
cidade de São Tomé/RN na imagem ternária (polígono com limite amarelo) Fonte dos dados aerogeofísicos:
Serviço Geológico do Brasil (CPRM).

O Domínio 3 apresenta altos valores de eTh e de eUe (Figura 3.7c-d) baixos valores de
K% o que faz com que tenha a cor ciano na imagem ternária. O Domínio 4 (dentro do Domínio
3) é caracterizado por anomalias positivas de concentração radiométrica de Potássio com alguns
locais em que eU é alto. Além disso, esse domínio possui formato alongado A coloração na
imagem ternária para esse domínio varia de azul a violeta.

40
CAPÍTULO IV

ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

Este capítulo apresenta um mapa geológico simplificado (Figura 4.1) incorporando as


descrições das unidades mapeadas, em escala de afloramento, no que diz respeito às suas
principais características, áreas de ocorrência, relações de contato e posicionamento
estratigráfico. Por fim, é feita a correlação com as unidades geológicas regionais, abordadas no
Capítulo 2. O mapa geológico completo e a distribuição dos pontos de afloramentos podem ser
visualizados nos anexos I e II, respectivamente.
A definição do empilhamento estratigráfico dos litotipos identificados utilizou critérios
adequados para a complexidade e especificidades da geologia local, como por exemplo os
diferentes modos de contato entre essas unidades: normais ou interdigitados entre litotipos
metasupracrustais, contatos intrusivos (relações entre xenólitos e apófises nas encaixantes),
contatos tectônicos entre unidades alóctones, e a inferência de relações entre a cobertura
metassupracrustal (Grupo Seridó) e litotipos mais antigos do embasamento (Complexo Caicó,
p.ex.).
Com relação ao posicionamento litoestratigráfico das rochas do Grupo Seridó, aplicou-
se o princípio da superposição de camadas, levando em consideração que os litotipos mais
antigos definidos na literatura (a Formação Jucurutu) estão sobrepostos aos gnaisses Caicó e
ocupam o núcleo de estruturas antiformes, prováveis anticlinais. A unidade mais jovem, a
Formação Seridó, ocupa o núcleo de sinclinais.
Uma das particularidades na área é a ocorrência de rochas provenientes de alteração
hidrotermal, contemporâneas ou superimpostas por evento(s) metamórfico(s) e, deste modo,
mais jovens que a idade estratigráfica dos protólitos. É o caso das calciossilicáticas
scheelitíferas observadas nos gnaisses Caicó.
Além disso, foram utilizados critérios estruturais (tendo-se por base a assinatura das
sucessivas fases deformacionais que afetam diferencialmente as unidades reconhecidas), tais
como a identificação em afloramento de rochas miloníticas com estruturas SC e C’ (indicativas
de zonas de cisalhamento transcorrentes/transpressivas), para justificar a justaposição anômala
entre unidades que no contexto geológico regional não estão em contato direto, como é o caso
da Formação Seridó e os litotipos do Complexo Caicó (embasamento).
Por fim, foram incorporadas no mapa ocorrências pontuais de diques básicos
(correlacionado ao evento Rio Ceará-Mirim, Eocretáceo) e um plug de basalto, este mapeado

42
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

mapeado por Oliveira & Cunha (2014) no sudeste na área, correlacionado ao Magmatismo
Macau (Cenozoico).

4.1 Relações tectono-estratigráficas e compartimentos estruturais

A partir do exposto, o empilhamento tectono-estratigráfico da região mapeada (Figura


4.1) foi definido da seguinte forma (dos litotipos mais antigos aos mais novos, e considerando
as fases deformacionais principais, D1, D2 e D3, detalhados no Capítulo 6 – Geologia
Estrutural):

(a) Paragnaisses aluminosos e anfibolitos, estando esses intercalados (provavelmente


como xenólitos) em ortognaisses bandados com alternância de faixas granodioríticas
a tonalíticas, e augen gnaisses graníticos a tonalíticos, correlacionados ao Complexo
Caicó. Frequente migmatização inclui neossomas antigos (relacionados ao D1/M1) ou
veios e neossomas intrusivos, “tardios” mas também deformados (associados ao
D3/M3);

(b) Diques de ortoanfibolitos pós-D1 e pré-Grupo Seridó, que intrudem o bandamento S1


dos litotipos do Complexo Caicó;

(c) No Grupo Seridó, afetado pelos eventos D2 e D3, destacam-se: (i) biotita paragnaisses
com intercalações de lentes de mármore, calciossilicáticas, quartzitos e
metaconglomerados, atribuídos à Formação Jucurutu; (ii) biotita xistos, por vezes
feldspáticos, podendo conter (em percentagens variadas) granada, cordierita,
magnetita, estaurolita, andaluzita e sillimanita, correspondentes à Formação Seridó.
Essas duas unidades são consideradas como interdigitadas e, deste modo, parcialmente
contemporâneas;

(d) Ortognaisses graníticos afetados pelo evento (deformação tangencial) D2 (e o


subsequente D3), intrusivos truncando o bandamento S1 dos gnaisses Caicó, relação
análoga àquela descrita para os ortognaisses G2 como referido por Jardim de Sá (1994),
por exemplo. A sua relação com os litotipos do Grupo Seridó não pôde ser precisada
com os afloramentos estudados, podendo corresponder a intrusões paleoproterozóicas

43
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

tardias ou, mais provavelmente (pela sua intensidade moderada de strain) granitoides
brasilianos precoces.

(e) Veios e diques graníticos unicamente deformados no evento mais jovem, as


transcorrências D3 do Ciclo Brasiliano;

(f) Biotititos, ortoanfibólio-cordierita xistos/gnaisses e calciossilicáticas formados por


processos de metamorfismo e alteração hidrotermal prévia ou tardia em relação ao
evento metamórfico registrado M3/D3;

(g) Diques ou soleiras de pegmatito com comprimentos e espessuras variadas, podendo


ser mineralizados (água marinha, berilo, espodumênio, minerais de urânio, tantalita-
columbita etc.) ou não, heterogêneos ou não. Neste grupo ainda ocorrem um granito
pegmatítico de dimensões quilométricas e veios de quartzo, todos tardios ao evento
D3. Esses litotipos, e aqueles citados em (e), correspondem ao magmatismo de idade
ediacarana a cambriana;

(h) Diques de diabásio relacionados ao Magmatismo Rio Ceará-Mirim;

(i) Plug de basalto relacionado ao Magmatismo Macau;

(j) Depósitos aluvionares em leitos de rios.

44
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

Figura 4.1 - Mapa geológico simplificado da área de estudo com a coluna tectono-estratigráfica. As rochas calciossilicáticas, devido sua importância econômica, foram
representadas de forma exagerada (a maioria não seriam mapeável na escala). O nome das zonas de cisalhamento Mulungu, Malhada dos Tanques e Espinheiro são sugeridas
com base em logradouros próximos a essas estruturas (ver ANEXO I) para facilitar referências no decorrer do texto. Sistema de coordenadas métricas. Datum: SIRGAS 2000,
Zona UTM 24S.
45
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

4.2 O Complexo Caicó

Os litotipos do Complexo Caicó possuem área de ocorrência relativamente grande.


Aparecem nas proximidades das zonas de cisalhamento Serra Verde e a leste da Picuí-João
Câmara, na forma de duas faixas de gnaisses com trend NE-SW, ocorrendo também no núcleo
da estrutura dômica objeto deste mapeamento. Nas zonas de maior strain-D3 (próximas às zonas
de cisalhamento), o bandamento S1 + S2 comumente encontra-se paralelizado ou em baixo
ângulo com S3 (ou C3), e mergulho de moderado a forte.
Os litotipos dessa unidade são de origem paraderivada e, dominantemente, ortoderivada,
estando incluídos neste último caso os ortognaisses bandados (mais comuns) e augen gnaisses.
Os ortognaisses bandados podem exibir alternâncias com bandas ortoanfibolíticas e, assim
como os augen gnaisses, podem exibir intrusões de diques básicos anfibolitizados, pós-D1. Vale
salientar que os anfibolitos interfoliados (enclaves?) nos ortognaisses podem estar alterados
hidrotermalmente (de forma parcial ou total) para rochas calciossilicáticas, nas proximidades
de contatos e zonas de cisalhamento.
Em campo, os critérios utilizados para definição de gnaisses de origem paraderivada
foram: bandamento composicional contínuo (que sugerem a existência de um S0 pretérito,
superimposto pelo bandamento metamórfico), com passagem gradual de uma banda para outra
e expressiva quantidade de minerais aluminosos tais como sillimanita e cordierita, além da
biotita.
No caso dos ortognaisses, estes são definidos como de origem plutônica, a partir da
composição “ígnea”, considerando o aspecto homogêneo e maciço, da textura fina a média (ou
com fenoclastos augen grossos), contatos bruscos, intrusivos, entre diferentes fases/litotipos,
presença de xenólitos e bandamento composicional fino e descontínuo, de natureza tectono-
metamórfica.
Processos de migmatização foram observados nos para e ortognaisses e, nesse caso,
nota-se a formação de neossoma com leucossoma e melanossoma. O neossoma possui
composição variando de sienogranítica a monzogranitica, sendo o melanossoma mais rico em
biotita e anfibólio.
Corpos de pegmatito truncam a foliação S1 + S2 e podem exibir a trama D3 (em geral
pouco expressivo). Apresentam-se como diques e, em alguns casos, acompanham os fabrics
mais antigos quando situados no núcleo da estrutura dômica.

46
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

Por fim, optou-se por cartografar os ortognaisses que ocorrem a leste da Zona de
Cisalhamento Picuí-João Câmara como parte do Complexo Caicó, como definido em mapas
regionais a exemplo de Jardim de Sá et al. (1998), ao invés de Complexo Santa Cruz, como
referido por Santos et al. (2002) e Angelim et al. (2006), pela não observação de critérios de
campo que permitissem a diferenciação dessas unidades, bem como pela restrição de área e
objetivos deste relatório.

4.2.1 Paragnaisses

São biotita paragnaisses que variam de leucocráticos a mesocráticos, a depender da


proporção de biotita sobre muscovita, além dos feldspatos e quartzo. Essas rochas podem conter
minerais aluminosos como cordierita e sillimanita, sendo essa última frequentemente
encontrada com hábito acicular (fibrolita), na forma de agregados/feixes estirados segundo a
lineação de estiramento L3x (Figura 4.2a-b).

Figura 4.2 - Aspectos de bandas félsicas de paragnaisse do Complexo Caicó: (a) sillimanita paragnaisse com C3
de direção NE-SW e mergulhando fortemente para SE; (b) detalhe da fibrolita em feixes orientados segundo a
direção de L3x. Essas fibrolitas também podem aparecer na forma de simplectitos juntamente com a muscovita.
Afloramento 48.

No geral, esses paragnaisses apresentam bandas composicionais com boa continuidade,


o que juntamente com a mineralogia reforça a hipótese de origem paraderivada. Pela sua
ocorrência volumétrica reduzida, os mesmos são interpretados como enclaves nos litotipos
ortoderivados do Complexo Caicó, principalmente nos ortognaisses bandados. Sendo assim, as

47
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

áreas de ocorrência desses paragnaisses são restritas, estando localizadas na região centro-oeste
da área, próximo a Zona de Cisalhamento Serra Verde e na porção sul do domo.

4.2.2 Ortognaisses bandados

Caracterizados por bandamento metamórfico de alto grau (sendo por vezes


migmatíticos, como ilustrado na Figura 4.3), esses ortognaisses possuem alternâncias de faixas
leucocráticas a meso- ou melanocráticas (Figura 4.4a). Nesse sentido, o conteúdo de máficos
nas faixas mais escuras desses ortognaisses é representado por biotita, hornblenda e/ou
actinolita, além de plagioclásio, enquanto que a parte félsica é composta por quartzo, K-
feldspato, plagioclásio e alguma biotita.

Figura 4.3 – Ortognaisse bandado (paleossoma, P) com feições migmatíticas, em que o neossoma possui
leucossoma (L) de composição granítica e melanossoma (M) rico em biotita. A orientação no plano horizontal
reflete a coincidência de diferentes foliações. Afloramentos 46.

A partir da proporção modal entre os minerais félsicos e máficos, a composição dessas


rochas (na escala de afloramento ou porções dos mesmos) varia de tonalítica a monzogranítica,
podendo conter (em proporções subordinadas) augen de K-feldspato ou plagioclásio (Figura
4.4a), interpretados como diferentes corpos intrusivos. Concordantes com esse
macrobandamento (e mesmo com as bandas metamórficas) podem ocorrer corpos anfibolíticos
de espessura centi-decimétrica, ou ainda maior, provavelmente representando xenólitos (Figura

48
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

4.4b). A depender da proximidade dessas rochas com as zonas de alto strain-D3, essas faixas
composicionais podem apresentar variações (afinamento) da espessura devido à deformação.

Figura 4.4 - Feições dos ortognaisses bandados do Complexo Caicó. (a) Bandamento S 1 + S2 paralelizado com
S3, com augen de feldspatos indicando cinemática dextral no evento D3; (b) banda/faixa de ortoanfibolito de
coloração verde escura, encaixada em ortognaisse bandado do Complexo Caicó, provavelmente tratando-se de
um enclave; e (c) bandamento S1 + S2 com alternâncias de bandas claras e escuras truncado por diques de
pegmatito sin a tardi-D3. Afloramento 163 (a), 45 (b) e 46 (c).

Os anfibolitos são rochas de coloração verde-escuro a negra e textura nematoblástica


fina a grossa, caracterizadas pelo predomínio de anfibólio (hornblenda) e, subordinadamente,
49
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

plagioclásio e quartzo, associação essa típica de protólitos ígneos máficos, tais como basaltos e
diabásios. Ocorrem de forma subordinada nos ortognaisses (e também em augen gnaisses) do
Complexo Caicó, tanto no oeste da área como ao redor da estrutura dômica. A maioria desses
corpos estão alterados hidrotermalmente para rochas calciossilicáticas, processo relacionado ao
último evento deformacional-metamórfico identificado na região (D3/M3).
Além de diques de pegmatito (Figura 4.4c), esses ortognaisses são intrudidos por outros
ortognaisses de coloração de cinza a rosa. Esses últimos, por sua vez, possuem foliação S 2
(como será visto adiante).

4.2.3 Augen gnaisses

Derivados de rochas plutônicas porfiríticas de composição granítica a tonalítica, os


augen gnaisses são inequigranulares (Figura 4.5a) e caracterizados pela presença de
porfiroclastos facoidais de K-feldspato ou plagioclásio (este último nas variedades tonalíticas),
de até 5 cm de comprimento, imersos em uma matriz fina a média quartzo-feldspática, contendo
biotita e/ou anfibólio.
Nas regiões mais intensamente deformadas (nas proximidades das zonas de
cisalhamento D3), os augen estão bastante estirados, por vezes formando uma trama L > S ou
L >> S (Figura 4.5b).
A leste/SE da Zona de Cisalhamento Picuí-João Câmara, os augen gnaisses ocorrem em
contato com ortognaisses bandados finos (Figura 4.5c), ambos bastante deformados e exibindo
as foliações S1 + S2 dobradas em D3.

4.3 Diques de ortoanfibolitos

Com relação a composição mineralógica e textura, possuem as mesmas características


dos anfibolitos que ocorrem paralelos ao bandamento do Complexo Caicó (anteriormente
citados). No entanto, diferenciam-se desses por ocorrer como corpos intrusivos (Figura 4.6),
caracterizados por truncarem o bandamento S1 dos ortognaisses do Complexo Caicó. Os
mesmos não foram observados nos litotipos do Grupo Seridó mas possuem a trama S 2,
sugerindo uma unidade pós-D1 e pré-D2, sendo interpretados como diques pré (ou
contemporâneos) ao Grupo Seridó.
Além disso, também podem estar alterados hidrotermalmente para rochas
calciossilicáticas.
50
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

Figura 4.5 – Augen gnaisses do Complexo Caicó. (a) Caudas de recristalização em porfiroclastos de K-feldspato
no bandamento metamórfico de alto grau (S1 + S2) indicando cinemática predominantemente dextral relacionada
ao evento D3; (b) fenocristais de feldspato extremamente estirados (segundo L3x) configurando um tectonito L
>> S, em regime constricional; (c) contato entre ortognaisse bandado (esquerda) e augen gnaisse (direita), ambos
com as foliações S1 + S2 redobradas em F3. Afloramentos imediatamente a leste/SE da área mapeada (a, c) e 179
(b).

51
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

Figura 4.6 – Dique de anfibolito truncando em baixo ângulo a foliação S1 dos paragnaisses do Complexo Caicó
(rocha de coloração branca). Afloramentos 49.

4.4 O Grupo Seridó

Como mencionado anteriormente (Capítulo 2, Geologia Regional), este grupo é


constituído pelas formações Jucurutu, Equador e Seridó, como visto em Jardim de Sá et al.,
(1984) e Jardim de Sá et al., (1998), por exemplo. Angelim et al. (2006) propuseram uma
formação adicional, designada de Serra dos Quintos e posicionada na base do Grupo Seridó. A
mesma é caracterizada por metavulcânicas básicas, sendo que esse tipo de rocha também ocorre
na Formação Seridó. Nesta área de estudo, essa unidade e a Formação Equador (caracterizada
como uma faixa espessa e contínua de quartzitos e metaconglomerados) não ficaram
adequadamente caracterizadas.
As formações presentes nesta área, Jucurutu e Seridó, ocorrem sobrepostas (pelo menos
estruturalmente) aos gnaisses Caicó, na região do domo, ou lateralmente delimitadas deste
último por faixas miloníticas transcorrentes D3. A Formação Jucurutu pode ser descontínua ou
estar interrompida por afinamento tectônico ao longo dessas zonas de cisalhamento (ou ainda,
por possível aloctonia relacionada às estruturas tangenciais D2). Deste modo, os micaxistos
Seridó também ocorrem em contato direto com o Complexo Caicó, assim claramente
evidenciando a natureza alóctone dos mesmos.
52
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

4.4.1 A Formação Jucurutu

Ocorre de forma mais restrita, tanto na porção oeste da área (em faixas descontínuas de
paragnaisses com orientação/trend NE-SW), como na porção norte do domo, nas proximidades
da RN-203. Os paragnaisses (Figura 4.7a-b) possuem coloração cinza, textura variando de fina
a média e bandas composicionais com boa continuidade (Figura 4.7b). Em alguns casos
possuem aluminossilicatos, tais como sillimanita (hábito fibroradiado). É comum a presença de
veios de quartzo escalonados sigmoidais de cinemática dextral. Nos paragnaisses podem
ocorrer lentes de mármore, calciossilicáticas, micaxistos, quartzitos e metaconglomerados com
seixos de quartzo.

Figura 4.7 – Aspectos do paragnaisse da Formação Jucurutu. (a) dobras F 3 com S2 + S0 dobrados e
subparalelizados a S3 (de mergulho forte para oeste); (b) S0 + S2 dobrados em terminação periclinal de antiforme
F3 (com charneira mergulhando para sul). Notar a continuidade das bandas composicionais de cor escura.
Afloramentos 23 (a) e 53 (b).

As dimensões das lentes de mármore são muito variáveis, ocorrendo em afloramentos


com espessura decimétrica, ou em camadas contínuas com espessuras de mais de 100 m (Figura
4.8a-b), sendo atualmente objeto de exploração. Alguns desses mármores são provenientes de
calcários impuros (com matéria orgânica), o que lhes confere diferentes tonalidades entre
branco a cinza nas bandas composicionais (Figura 4.8c). Em termos mineralógicos, são
constituídos predominantemente por calcita, talco e anfibólios cálcicos (da série tremolita-
actinolita), sendo que esses últimos são comumente encontrados na forma de agregados radiais.
As ocorrências de mármore limitam-se aos paragnaisses que ocorrem na porção oeste na área.
Nesta formação também ocorrem lentes de calciossilicáticas (interpretadas como
margas metamorfizadas), tendo algumas delas ocorrências de garimpos para extração de
scheelita (Figura 4.8d-e).

53
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

Figura 4.8 – Aspectos gerais das lentes de mármores da Formação Jucurutu. (a) Lente de mármore com
espessura decamétrica em pedreira nas proximidades da RN-203, a oeste de São Tomé/RN; (b) lente de mármore
de espessura centimétrica intercalada no paragnaisse (as linhas escuras com direção NE são sombras de cerca de
arame); e (c) tonalidades de mármore impuro em corte para extração de rocha ornamental. Quanto mais rico em
matéria orgânica, mais escuro é o mármore. Notar dobras parasitas (em “S”) F 3 indicando antiforme a leste;
lentes de calciossilicática da Formação Jucurutu em contato com paragnaisse em que (d) é indicado pelo cabo do
martelo e (e) as porções brancas são constituídas mineralogicamente por plagioclásio e escapolita. Afloramentos
24 (a, e), 20 (b), 26 (c) e 37 (f), esse último em garimpo para extração de scheelita.

Caracteristicamente apresentam coloração esverdeada devido à presença de minerais


como clinopiroxênios (da série diopsídio-hedenberguita), anfibólios (hornblenda) e epídoto.
Associados a esses minerais também pode ocorrer granada grossulária e, em alguns pontos,
minerais de alto grau metamórfico, como a escapolita (indicativa de fácies anfibolito superior).
54
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

Essas lentes de calciossilicáticas aparecem nos paragnaisses tanto na porção oeste e sudeste da
área, como a norte da estrutura dômica.
Por fim, na porção norte do domo estrutural, ocorrem lentes de metaconglomerados e
quartzitos. Os metaconglomerados são monomíctos polimodais com seixos e grânulos de
quartzo estirados, imersos em uma matriz quartzo-feldspática de coloração variando de amarelo
avermelhada (Figura 4.9a) a esverdeada
Já os quartzitos podem apresentar variações composicionais relacionadas a bandas mais
arcoseanas (mais avermelhadas) e aquelas mais quartzosas (mais esbranquiçadas), como visto
na Figura 4.9b. Além disso, assim como em algumas ocorrências de metaconglomerados, os
quartzitos podem ter aspecto esverdeado devido a presença de mica verde (fuchsita) na matriz.

Figura 4.9 – Lentes de (a) metaconglomerado monomíctos polimodais com seixos e grânulos de quartzo
estirados em foliação S2; (b) quartzito feldspático da Formação Jucurutu, exibindo variação composicional
materializada na coloração, em que as bandas mais esbranquiçadas são mais ficas em quartzo e muscovita.
Afloramentos 37 (a) e 15 (b).

Por fim, a intercalação do quartzito e a camada de metaconglomerado no paragnaisses


suporta a atribuição dos mesmos à Formação Jucurutu, e não à Formação Equador, essa de
maior expressão e de grande continuidade.

4.4.2 A Formação Seridó

Trata-se da litologia predominante na área mapeada. Ocorre entre as zonas de


cisalhamento Picuí-João Câmara e Serra Verde, além da porção extremo-noroeste do polígono.
É composta por micaxistos, por vezes feldspáticos (Figura 4.10a), exibindo alternâncias
de faixas composicionais de coloração cinza claro (composição quartzo-feldspática
predominante) a cinza escuro (porções mais ricas em biotita). É muito comum a presença de
exudados de quartzo de mais de uma geração (Figura 4.10b), podendo estar paralelos à foliação
55
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

S2 (boudinados e/ou dobrados) ou truncando-a em alto ângulo (nesse caso, comumente


boudinados). Minerais aluminosos incluem a granada almandina ± cordierita ± sillimanita ±
andaluzita (Figura 4.10c-f), resultando em granada-biotita xistos (predominante), andaluzita-
granada-cordierita xistos com estaurolita, granada-cordierita xistos (mais comum) e, por vezes,
sillimanita-cordierita xistos com granada.
Nos locais de menor strain D3 é possível identificar o acamamento (S0) paralelo à
foliação S2, em ângulo com S3. Nesses casos, são observadas dobras F3 com face normal (ou
topo estratigráfico normal) ou, menos comumente, invertida. Nas regiões de alto strain e grau
metamórfico, os micaxistos contêm feições migmatíticas em que o neossoma é caracterizado
por K-feldspato e granada almandina (derivada da desidratação das biotitas), enquanto que o
melanossoma é enriquecido em biotita, como visto na Figura 4.11.
Foram identificados contatos anômalos entre essa formação e o Complexo Caicó, em
que essas unidades estão justapostas (contato direto, sem a Formação Jucurutu entre eles).
Nesses contatos, zonas de alto strain estão associadas a estruturas S-C-C’ de trend NE-SW e
de mergulho forte, com cinemática dextral (as zonas de cisalhamento Malhada dos Tanques e
Mulungu, como visto na Figura 4.1).
Na porção nordeste do domo aparentemente há esse tipo de contato direto entre essas
mesmas litologias, contudo para essa região não foram observados indícios de presença de
estruturas indicativas de zonas de cisalhamento associadas ao D3, o que sugere uma omissão
estratigráfica (ou até mesmo estrutural, relacionada a zonas de cisalhamento de baixo ângulo e
de alto strain D2) da Formação Jucurutu.

56
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

Figura 4.10 – Aspectos gerais dos litotipos da Formação Seridó. (a) micaxisto feldspático com S 2 de mergulho
fraco a moderado; (b) vênulas de quartzo paralelas a S0 + S2 (de mergulho forte em virtude de estarem
paralelizados a S3 + C3 verticalizados), truncadas por veios de quartzo que estão boudinados em cinemática
dextral, em zona de alto strain D3; (c) boudin de quartzo rotacional (ou tipo δ), com cinemática dextral, em
granada-biotita xisto; (d) porfiroblastos de cordierita sobrecrescendo a foliação S 3, com S2 paralela; (e) feixes
radiais de sillimanita (fibrolita) estirados segundo L3x em sillimanita-biotita xisto; (f) porfiroblastos de
andaluzita. Nas fotos em que a escala é a moeda, o número “1” aponta para o norte. Afloramentos 28 (a), 210
(b), 121 (c), 2 (d), 195 (e) e 12 (f).

57
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

Figura 4.11 – Comparação das feições entre xistos presentes em regiões de grau metamórfico e intensidade de
deformação diferentes (associados a D3): (a) em zonas submetida à fácies anfibolito (paragênese granada-
cordierita) e strain moderado, é possível identificar S0 + S2 (alternâncias claras e escuras no xisto) em ângulo
com S3 (facilmente visualizado a partir dos veios de quartzo de maior expressão, que estão encaixados nessa
foliação); e (b) em zonas de strain alto (plano C3 de direção NE-SW e com mergulho forte) e em condições
anatéticas (de fusão parcial), ocorre a formação de neossoma com leucossoma (L) de composição quartzo-
feldspática e melanossoma (M) rico em biotita, em micaxisto (paleossoma - P) da Formação Seridó. Notar que o
dobramento F3, nesse último caso, indica cinemática dextral. Afloramentos 12 (a) e (b) nas proximidades da
Zona de Cisalhamento Serra Verde, imediatamente a oeste do polígono mapeado.

4.4 Ortognaisses graníticos

Ocorre como pequenos corpos (por vezes como diques) a oeste na área, mais
especificamente a NW do domo. São caracterizados por truncar o bandamento S1 dos
ortognaisses do Complexo Caicó (Figura 4.12a). São rochas de equigranulares a
58
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

inequigranulares (em alguns afloramentos, exibem pequenos augen de K-feldspato – Figura


4.12b) e com textura fina a média e composição variando de monzogranitica a sienogranítica,
o que lhe confere coloração cinza a rosada (quando mais rica em K-feldspato).

Figura 4.12 – Feições mesoscópicas dos ortognaisses graníticos. (a) Ortognaisse bandado do Caicó com S 1
truncado por ortognaisse granítico; (b) augen gnaisse com S1 do Complexo Caicó intrudido pelo ortognaisse
granítico; (c) foliação S2 de baixo ângulo dos ortognaisses graníticos. Afloramento 139 (a,c), 30 (b) e 180 (d).

Estruturalmente, exibem uma foliação de baixo ângulo correlacionada a S2 (Figura


4.12c). Na sua principal área de ocorrência, a terminação norte do domo, ocorrem
moderadamente afetados pelo evento D3. A foliação S3, por vezes incipiente, apresenta
mergulho forte a moderado (Figura 4.12d).

4.5 O Plutonismo Ediacarano-Cambriano

É representado por corpos de variadas dimensões, de textura média a pegmatítica e


composição granítica. No geral, truncam a foliação das rochas encaixantes ou aproveitam
descontinuidades pré-existentes. Os mesmos são comparativamente pouco deformados,

59
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

apresentando apenas as estruturas relacionadas ao evento D3 (foliação S3 e lineação de


estiramento L3x).

4.5.1 Granitos Brasilianos

Possuem composição sienogranítica a monzogranítica, cor cinza, estrutura maciça ou


pouco desenvolvida (S3 de mergulho moderado a forte, como visto na Figura 4.13a), com
textura variando de média a grossa, por vez pegmatítica. Comumente ocorrem intrudindo os
ortognaisses pertencentes ao Complexo Caicó (Figura 4.13b).
As dimensões dos corpos são muito restritas, de modo que não puderam ser
individualizados no mapa geológico deste trabalho.

Figura 4.13 – Aspectos dos granitos brasilianos. (a) Sienogranito com foliação S 3 de mergulho forte para leste (a
encaixante são ortognaisses do Complexo Caicó) e (b) tipo monzograníticos (G 3) intrudindo o ortognaisse
bandado (Ort). Afloramentos 44 (a) e 151 (b).

4.5.2 Diques de Pegmatito

As rochas encaixantes mais comuns são os micaxistos da Formação Seridó e os gnaisses


do Complexo Caicó. Podem ocorrer concordantes com a foliação/bandamento (S3 e mais
antigas) ou truncando esse tipo de estrutura. Por serem mais resistentes ao intemperismo que as
rochas encaixantes, são observados na paisagem como feições de relevo positivo, alongados
(muitos deles na forma de paredões, como visto na Figura 4.14a) preferencialmente segundo a
direção NE-SW, sendo mais ou menos retilíneos.
Os pegmatitos são do tipo granítico, podendo ser homogêneos ou heterogêneos
(estrutura zonada, com relativo grau de diferenciação mineralógica), em que a mineralogia
principal consiste em grandes cristais de quartzo, K-feldspato, plagioclásio, biotita e muscovita.
Comumente se observa intercrescimento de quartzo e K-feldspato na forma de textura gráfica.
60
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

Alguns pegmatitos ainda apresentam magnetita, granada e turmalinas (comumente schorlita),


além de ocorrências de berilo, tantalita-columbita e de minerais de Li (como o espodumênio,
por exemplo), como visto na Figura 4.14b.
Observa-se que os corpos pegmatíticos variam de sin- a tardi-D3. No primeiro caso,
diques de pegmatito que truncam a foliação são encontrados dobrados e/ou boudinados, a
depender da sua orientação original com relação ao elipsoide de strain D3, exibindo tanto a
foliação S3 (Figura 4.14c-d) como a lineação de estiramento L3x. Em outros casos, os pegmatitos
aproveitam espaços abertos (provavelmente pela forte pressão dos fluidos) ao longo das
foliações das encaixantes (S1 + S2 e/ou S3, sendo esse último utilizado preferencialmente) ou
por redes de fraturas e, neste caso, são tardios e não apresentam foliação relacionada a D3.
Possuem dimensões muito variáveis, porém a maioria deles não ultrapassa 50 metros de
comprimento por 5 metros de espessura. Com dimensões bem maiores (quilométricas), um
granito pegmatítico (termo em acordo com o que foi exposto no Capítulo 2) ocorre na porção
central da estrutura dômica, possuindo formato alongado (Figura 4.15a-b) também de acordo
com direção de maior comprimento do domo e seguindo a foliação S3. Tem como encaixantes
(inclusive com enclaves dessas – Figura 4.15c), os gnaisses do Complexo Caicó.
Mineralogicamente é composto por megacristais de quartzo e K-feldspato, com poucas
micas. Além disso, a magnetita (algumas delas bem desenvolvidas, com até 5 cm) tende a
ocorrer com mais frequência nas proximidades do contato entre o pegmatito e os ortognaisses
(Figura 4.15d). Na porção sul do mesmo, há ocorrências de tantalita-columbita, berilo e,
possivelmente, minerais de urânio (uraninita e autunita, por exemplo). A grande maioria dessas
ocorrências, no entanto, já estão garimpadas (vide localização no mapa geológico final -
ANEXO I). No contato entre esse pegmatito e as encaixantes ocorrem rochas de coloração
escura compostas predominantemente por biotita (biotititos), como visto na Figura 4.15e.

61
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

Figura 4.14 – Características gerais dos pegmatitos encontrados na região mapeada. (a) Paredão de pegmatito
(com aproximadamente 70 metros de comprimento) encaixando em micaxisto da Formação Seridó; (b)
pegmatito com granada e turmalina verde (a encaixante é micaxisto da Formação Seridó); (c) pegmatito sin-D3
truncando o bandamento S1 + S2 de ortognaisse bandado, ambos registrando a foliação S3; e (d) boudins de
pegmatito encaixados paralelamente em ortognaisse bandado, no qual S 1 + S2 encontram-se paralelizados a S3
numa zona milonítica a oeste do domo. Afloramentos 212 (a), 14 (b) e 46 (c) e 163 (d).

4.6 Rochas de alteração hidrotermal e/ou de contato

São rochas geradas a partir da interação de seus respectivos protólitos com fluidos
hidrotermais relacionados ao evento metamórfico M3 (mais detalhes acerca desse evento, vide
Capítulo 7) e/ou a partir da interação dessas rochas com corpos pegmatíticos e/ou ao longo de
zonas de cisalhamento D3. Nesse contexto, estão inseridas rochas como biotititos, ortoanfibólio-
cordierita xistos e rochas calciossilicáticas. No geral, possuem ocorrências bastante localizadas
e afloramentos de pouca espessura (alguns poucos metros).

62
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

Figura 4.15 – Feições do granito pegmatítico na estrutura dômica. (a) expressão aflorante do granito pegmatítico
vista no flanco leste do domo (do local de onde foi tirada a foto até os lajedos do granito pegmatítico ocorrem
gnaisses do Complexo Caicó); (b) afloramento de granito pegmatítico na porção central do domo (notar
continuidade do corpo magmático a sul – indicação pela seta vermelha); (c) xenólito de ortognaisse bandado no
granito pegmatítico; (d) contato granito pegmatítico com ortognaisses bandados do Complexo Caicó, em que o
primeiro é rico em magnetitas; e (e) aspecto do biotitito formado no contato entre granito pegmatítico e gnaisses
do embasamento. Afloramentos 205 (a), 126 (b-c), 68 (d) e 120 (e).

63
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

4.6.1 Biotititos

Caracterizados pela coloração negra (Figura 4.15e), essas rochas são compostas
predominantemente por placas de biotita bastante desenvolvidas, com plagioclásio e quartzo
intersticial. Devido à grande quantidade de biotitas (em placas de até 2 cm de comprimento),
essas rochas fragmentam-se facilmente. Em alguns locais, percebe-se que a biotita altera para
clorita.
São interpretadas como sendo rochas de alteração hidrotermal e ocorrem nos contatos
entre grandes corpos de pegmatito e as suas encaixantes (comumente, gnaisses do Complexo
Caicó ao redor do domo), normalmente não ultrapassando alguns decímetros de espessura.

4.6.2 Ortoanfibólio-cordierita xistos

Apenas duas ocorrências dessas rochas foram identificadas, ambas na porção oeste na
área mapeada, estando encaixadas em ortognaisses do Complexo Caicó.
São xistos porfironematolepidoblásticos em que se destacam agregados radiais de
ortoanfibólio (da série antofilita-gedrita) prismáticos sobre porfiroblastos de cordierita (Figura
4.16a-b), ambos imersos em uma matriz composta por plagioclásio, biotita e quartzo. Os
nódulos de cordierita estão estirados de acordo com a lineação L3x, assim como as ripas de
biotita da matriz.
Essas rochas são interpretadas como sendo produto de alteração hidrotermal de rochas
máficas a ultramáficas encaixadas nos litotipos do Complexo Caicó.

Figura 4.16 – Aspecto de campo do (a) ortoanfibólio-cordierita xisto e (b) detalhe do feixe radial de
ortoanfibólios sobre porfiroblastos de cordierita. Afloramento 22.

64
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

4.6.3 Calciossilicáticas

Em grande parte dos afloramentos visitados, as calciossilicáticas ocorrem em contato


com corpos anfibolíticos que estão encaixados nos litotipos do Complexo Caicó (Figura 4.17a).
Muitas vezes, o contato entre os anfibolitos (constituído predominantemente por anfibólio +
plagioclásio + quartzo) e as rochas calciossilicáticas é gradual; tanto a mineralogia como a
coloração vão progressivamente mudando, desde regiões ricas em anfibólio e que são
caracterizadas pela coloração verde escuro, até aquelas em que os clinopiroxênios são
predominantes, onde a cor é verde claro, como visto na Figura 4.17b. Esse tipo de contato
sugere que a formação dessas calciossilicáticas se deu por ação de um fluido hidrotermal (em
sistema aberto) a partir dos ortoanfibolitos. Além disso, como já comentado, a região é
caracterizada pela presença de um feixe de zonas de cisalhamento transcorrentes dextrais,
estando essas próximas às ocorrências das calciossilicáticas, e que podem ter contribuído na
canalização de parte dos fluidos (além daqueles presentes na própria rocha, nos anfibólios, por
exemplo).
Nesse sentido, essas calciossilicáticas seriam diferentes daquelas que classicamente são
encontradas como lentes no contato entre paragnaisses e mármores da Formação Jucurutu, por
exemplo, e que são interpretadas como sendo produtos de metamorfismo de contato, de
metamorfismo regional e/ou de metassomatismo hidrotermal de protólitos sedimentares, tais
como margas.
Em ambos os casos, no entanto, essas rochas guardam características semelhantes no
que tange aos aspectos texturais e mineralógicos. Dessa forma, as calciossilicáticas que ocorrem
associadas aos ortoanfibolitos possuem coloração de verde clara a verde escuro, a depender da
relação de quantidade entre os clinopiroxênios (da série diopsídio-hedenbergita) sobre
anfibólios cálcicos e epídoto (esse último pode ser visualizado na Figura 4.17c). Além desses
minerais, esses litotipos possuem granada grossulária, plagioclásio e quartzo. A depender da
predominância de alguns desses minerais sobre os outros, podem ocorrem grossulária-
calciossilicáticas, diopsídio-calciossilicáticas e outros tipos.
Por fim, foram registradas algumas ocorrências de garimpos (por exemplo, na Figura
4.17d) associados à extração de scheelita nessas calciossilicáticas e esses pontos constam no
mapa geológico final (ANEXO I). Podem ser trabalhos a céu aberto ou subterrâneos, sendo os
primeiros mais comuns.

65
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

Quanto às dimensões desses corpos calciossilicáticos garimpados, as maiores


espessuras aparentes foram registradas às margens da RN-203 (3,7 Km a oeste de São Tomé)
com cerca de 50 metros. As espessuras mais comuns, no entanto, não ultrapassam os 5 metros
de largura, ao redor da estrutura dômica.

Figura 4.17 – Modo de ocorrência das calciossilicáticas associadas à alteração hidrotermal de corpos
anfibolíticos no Complexo Caicó. (a) Calciossilicática em contato com gnaisse do Complexo Caicó – garimpo a
céu aberto; (b) passagem gradual de anfibolito (de coloração verde escura) para calciossilicática (porção verde
clara); (c) cristal de epídoto em quartzo; e (d) garimpo subterrâneo para extração de scheelita das
calciossilicáticas. Afloramentos 77 (a); 107 (b-c); e 189 (d).

4.7 Magmatismo Rio Ceará-Mirim

Na área, esse magmatismo ocorre sob a forma de diques de diabásio (Figura 4.18). Nos
pontos de afloramento identificados, esses corpos ocorrem intrudindo tanto os ortognaisses do
Complexo Caicó como micaxistos da Formação Seridó. Os diques ocorrem com direção
preferencial ENE-WSW e estão localizados no flanco leste e sudeste da estrutura dômica.

66
CAPÍTULO IV - ARCABOUÇO TECTONO-ESTRATIGRÁFICO

Figura 4.18 – Dique de diabásio do magmatismo Rio Ceará-Mirim. Afloramento 90.

4.8 Depósitos aluvionares

Compostos por sedimentos inconsolidados, podendo ser arenosos, conglomeráticos e


argilosos. A área de ocorrência desses depósitos está limitada aos leitos dos principais rios da
região, tais como o Rio Potengi e o Rio Quixaba.

67
CAPÍTULO V

ASPECTOS PETROGRÁFICOS
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

ASPECTOS PETROGRÁFICOS

Com o intuito de se refinar as descrições petrográficas dos diferentes litotipos


identificados, foram confeccionadas 43 seções delgadas para esses, de forma que foram
observados aspectos como a mineralogia (com estimativa de modal), texturas e, na medida do
possível, estruturas (foliações).
Dentre essas seções delgadas, quinze foram feitas a partir de amostras do embasamento
(doze dos gnaisses do Complexo Caicó e três dos ortoanfibolitos), sete da Formação Jucurutu
dentre as quais há duas seções de paragnaisse, duas de mármore, duas de calciossilicáticas e
uma de quartzito. Além dessas, foram feitas seis lâminas dos micaxistos da Formação Seridó,
quatro dos ortognaisses graníticos (pós-D1 e Pré-D2), uma do metagranito tipo G3 e algumas
das rochas de alteração hidrotermal, tais como duas do ortoanfibólio-cordierita xisto e oito das
calciossilicáticas (cujos protólitos são ortoanfibolitos).
Aqui são utilizados os termos M1, M2 e M3 para eventos metamórficos (e paragêneses
associadas). Contudo, não foi possível a definição das paragêneses relacionadas ao M1 (restrito
aos gnaisses do Complexo Caicó), em virtude da sobreposição de eventos deformacionais (com
paralelização das foliações) e metamórficos subsequentes.
De forma a auxiliar na identificação dos minerais, utilizou-se a obras de Deer et al.
(1992) e Nesse (2004). A classificação modal dos possíveis protólitos dos ortognaisses do
Complexo Caicó foi feita com base na plotagem em diagramas Q-A-P de Streckeisen (1976).
O teor de anortita dos plagioclásios foi estimado a partir do método de Michel-Levy. No mais,
considerou-se como “minerais acessórios” aqueles cuja concentração modal não ultrapassam
os 5%.

5.1 Complexo Caicó

Assim como ocorrido em campo, a diferenciação paragnaisses e ortognaisses em seção


delgada teve por base alguns critérios. Nesse sentido, foram definidos como paragnaisses (após
já terem sido caracterizados assim em campo) aqueles gnaisses com quantidade significativa de
minerais aluminosos (de preferência, mais de um tipo), pela presença de zircões escuros,
arredondados ou quebrados e proporção modal de quartzo maior que a de feldspatos, o que
sugere proveniência detrítica.

69
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

Por outro lado, a definição de gnaisses como sendo de origem ortoderivada também
contou com alguns critérios, tais como a presença de fenocristais, proporção modal de
feldspatos superior à de quartzo e a presença de zircões idiomórficos (formato prismático) e
límpidos.

5.1.1 Paragnaisses

São biotita paragnaisses a biotita paragnaisses com sillimanita granolepidoblásticos


compostos mineralogicamente por quartzo [39-52%], plagioclásio [21-24%], biotita [32-35%],
muscovita [3-9%], sillimanita [Tr-7%], cordierita [2%], zircão/monazita (?) [Tr-2%], titanita
[Tr], apatita [Tr] e clorita [Tr].
O plagioclásio é oligoclásio (An25). Os grãos são de xenomórficos a hipidiomórficos
(menos comum), com granulação variando de 0,3 mm a 5,5 mm. Possui inclusões de biotita,
apatita e zircão e está alterado para mica branca.
O quartzo ocorre como grãos límpidos e xenomórficos comumente com fraturas
internas e extinção ondulante, estando estirados. Possui granulação variando de 0,27 mm a 1,10
mm. Ocorre preenchendo os espaços intergranulares e tendo inclusões de biotita, muscovita e
apatita.
A biotita é ripiforme e ocorre orientada segundo duas direções de foliação, S1 + S2 e S3,
sendo a segunda de caráter incipiente. A biotita possui granulação variando de 0,27 mm
(principalmente associada a S3) a 2,75 mm. Possui muitas inclusões de monazita (?) e de zircão,
podendo haver formação de halos pleocroicos de cor negra (por decaimento radioativo, como
visto na Figura 5.1a), além de rutilo e apatita.
Muscovita possui hábito ripiforme, variando de xenomórfica a hipidiomórfica, com
tamanhos de até 2,2 mm. Ocorre como junto com a sillimanita (simplectito) como produto da
reação entre biotita e plagioclásio. Frequentemente é encontrada orientada segundo S3 (Figura
5.1b).
A sillimanita ocorre como agregados/feixes (alguns deles curvados e/ou radiais)
aciculares/fibrosos (fibrolita) de até 0,55 mm. Como já mencionado, ocorre com a muscovita
formando simplectito (Figura 5.1c).
A cordierita aparece nas proximidades das biotitas e está extremamente pinitizada
(Figura 5.1d). É xenomórfica e possui granulação de até 1,4 mm.

70
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

Figura 5.1 - Aspectos dos paragnaisses do Complexo Caicó em microescala. (a) Biotitas (Bt) com muitas
inclusões de minerais opacos e zircão/titanita/monazita (?), havendo em alguns casos a formação de halos
pleocroicos; (b) muscovita (Msc) orientada segundo S3 (as biotitas estão de acordo com S1 + S2); (c) simplectito
de sillimanita (Sil + Msc); (d) cordierita (Crd) extremamente pinitizada; (e) provável grão de zircão (Zrc)
fragmentado, incluso em biotita e formando halo pleocróico nessa; e (f) grão de titanita (Tit) com coloração
amarela e sem halo pleocróico estando próximo a grão incolor, com clivagens e formando halo pleocróico
(monazita? - Mzt) na biotita. Notar possíveis zircões abaixo. Lâmina 48. Aumento de 40X (a, c), 100 X (b), 200
X (d) e 400 X (e, f). NP = Nicóis paralelos; NX = Nicóis cruzados.

71
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

Devido ao aspecto quebradiço, a distinção entre zircão e monazita ao microscópio foi


bastante comprometida, de forma que não foi possível diferenciá-los (com certo grau certeza).
Como características em comum, esses minerais são xenomórficos, possuem altas cores de
interferência, aparecem frequentemente com aspecto quebrado (Figura 5.1e) e ocorrem como
inclusões nas biotitas. No mais, aparentemente possuem diferenças quanto à cor e a presença
ou não de clivagens (Figura 5.1f), em que há um grupo de grãos incolores que apresentam uma
direção de clivagem moderada e formam halos pleocróicos nas biotitas (monazita?). Por fim,
outro grupo de grãos possui as mesmas características dos primeiros, a não ser pelo fato de não
possuírem clivagens aparentes (zircão?).
A titanita ocorre como grãos xenomórficos de tamanho submilimétrico, possui
coloração amarelada, não possuem clivagens aparentes e não formam halos pleocróicos na
biotita.
A apatita aparece como grãos xenomórficos a hipidiomórficos com granulação de, no
máximo, 0,3 mm. É inclusa na biotita, cordierita e, menos comumente, quartzo.
Por fim, a clorita ocorre como produto de desestabilização de cordierita em processo
de pinitização.

5.1.2 Ortognaisses

As amostras são de ortognaisses bandados, em que esses variam de ortognaisses


tonalíticos a monzograníticos de textura granolepidoblastica e mineralogia composta por
plagioclásio [50-68%], microclina [0-7%], quartzo [30-40%], biotita [1-20%], muscovita [Tr-
18%], hornblenda [0-5%], minerais opacos [Tr-4%], monazita (?) [Tr-1%], zircão [Tr], apatita
[Tr-1%], clorita [Tr].
O plagioclásio (Figura 5.2a) é andesina (An31) em que os grãos são predominantemente
xenomórficos, podendo ser hipidiomórficos com formato prismático. A granulação varia de 0,3
mm a 5,5 mm. Em contato com microclina, forma mirmequita. Apresenta-se, por vezes, com
extinção ondulante e planos de maclas um pouco curvados. Possui inclusões de biotita, apatita
e zircão e titanita/monazita (?). Apresenta-se alterado para mica branca e epídoto em várias
intensidades.
A microclina é de xenomórfica a hipidiomórfica com hábito mais ou menos
equidimensional podendo estar estirada segundo S1 + S2, possuem tamanho variando de 0,3 mm
a 1,0 mm. O contato desses com os outros grãos é mais ou menos planar/retilíneo.

72
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

A biotita é ripiforme e ocorre em duas gerações, sendo uma paralela a S1 + S2 e outra,


a S3. Em algumas seções é possível de se visualizar a foliação S1 + S2 dobrada em minidobras
F3 (Figura 5.2b). Aparece circundando grãos de quartzo e plagioclásio. São grãos de
xenomórficos a hipidiomórficos (mais comum), variando de 0,05 mm a 2,75 mm. Possui de
inclusões de apatita e muitas de monazita (?). Essas últimas formam halos de cor escura (devido
desintegração radioativa). Altera-se para minerais opacos e muscovita.
A muscovita ocorre em placas com 1,10 mm, em média. É gerada juntamente com a
clorita a partir da desestabilização das biotitas. Pode substituir as biotitas parcialmente, ou
inteiramente.
Em menor proporção, pode aparecer hornblenda como mineral máfico nesses
ortognaisses. A granulometria é de 0,7 mm, em média. Ocorre como agregados de hornblenda
ou, mais comumente, em grãos isolados na matriz quartzo-feldspática. Juntamente com os
plagioclásios altera para epídoto, por vezes ficando esquelética.
A Monazita (?), assim como nos paragnaisses, ocorre inclusão na biotita podendo estar
também inclusa em quartzo e apatita. É predominantemente xenomórfica, podendo ter formato
equidimensional arredondado. Na biotita, forma halos pleocróicos devido a decaimento
radioativo (Figura 5.2c).
O zircão é outro mineral que ocorre como inclusão. Está presente em pouca quantidade,
ocorre como cristais diminutos (com aproximadamente 0,2 mm) como inclusões em biotita,
quartzo e apatita. É límpido e varia de hipidiomórfico a idiomórfico (Figura 5.2d).
A apatita ocorre como inclusão em microclina, plagioclásio e biotita. Possui granulação
de até 0,3 mm. Varia de hipidiomórfica a idiomórfica com seções basais hexagonais.
Os minerais opacos ocorrem predominantemente nas proximidades das biotitas,
podendo ocorrer em meio a quartzo e os feldspatos. São predominantemente xenomórficos em
grãos muito diminutos (de até 0,5 mm), ocorrendo também como grãos idiomórficos com
formatos equidimensionais quadráticos. Aparentemente é subproduto da desestabilização da
biotita na formação de muscovita e clorita.
A clorita ocorre como produto de alteração das biotitas, por mimetismo e entre os
planos de clivagens.

73
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

Figura 5.2 – Aspectos dos ortognaisses do Complexo Caicó em microescala. (a) Plagioclásio (Pl) recristalizado
e um pouco estirado segundo S1 + S2; (b) foliação S1 + S2 em minidobra F3; (c) grão xenomórfico de monazita
(assim como na Figura 5.1f, observar existência de algumas clivagens – neste caso da foto, com orientação NW-
SE) incluso em biotita (notar halo pleocróico); e (d) exemplos de zircões límpidos e de idiomórficos a
hipidiomórficos encontrados nos ortognaisses. Notar indicações (setas) em zircões de extinção reta. Podem estar
inclusos em biotita (preferencialmente) ou em quartzo, por exemplo. Lâmina 63. Aumento de 40X (a,b) e 400X
(c,d).

5.2 Anfibolitos

São caracterizados por ter predominantemente anfibólio (hornblenda verde) com


proporções modais menores de plagioclásio (andesina – An45) e quartzo. Além disso, os grãos
de hornblenda ocorrem orientados segundo duas direções de foliação, S2 e S3, sendo a primeira
mais bem definida.
A proporção modal dos minerais é: hornblenda [80-92%], quartzo [4-14%], plagioclásio
[2-5%], titanita [Tr-1%], epídoto [Tr], apatita [Tr] e minerais opacos [Tr] em textura
nematogranoblástica variando de fina a grossa.

74
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

A hornblenda ocorre em grãos que variam de xenomórficos a hipidiomórficos,


ocorrendo como agregados de hornblenda circundados por plagioclásio e quartzo. Aparece em
duas gerações, sendo uma orientada segundo S1 + S2 e outra, de acordo com S3. Pode ter
extinção ondulante e aparecer um pouco curvado (crenulação F3?). O tamanho dos grãos varia
muito (Figura 5.3), em que nas variedades de anfibolitos finos, os grãos têm em média 0,5 mm.
Já nos tipos mais grossos, essa granulação tem em média 2,75 mm. Altera para epídoto durante
o retrometamorfismo M3.
O quartzo ocorre de três formas principais: como inclusões, recristalizado e, em alguns
casos, como mirmequita dos plagioclásios. No primeiro caso, os grãos possuem tamanho muito
diminuto (por volta de 0,1 mm) e exibem extinção ondulante incipiente. No segundo, formam
um arranjo poligonal com contatos intercristalinos planares; possuem extinção ondulante
incipiente e a granulação é da ordem de 0,2 mm. Ocorrem preenchendo espaços, juntamente
com o plagioclásio. Por fim, a terceira forma de ocorrência é caracterizada por grãos de
tamanhos ainda menores que no caso anterior, pois ocorre como mirmequita do plagioclásio.
Já o plagioclásio é andesina (An45) ocorre em como sendo xenomórfica a
hipidiomórfica, preenchendo os espaços entre os anfibólios. Pode estar estirado e apresentar
extinção ondulante. Sofre processo de saussuritização, alterando para epídoto e mica branca
fina.
A titanita possui granulação em torno de 0,3 mm, chegando a 0,6 mm (quando na forma
de filetes). Ocorre sobre os cristais de hornblenda, por vezes aproveitando os planos de
clivagens.
O epídoto é produto de alteração das hornblendas e possui granulação diminuta (em
torno de 0,3 mm).
Tanto os minerais opacos como as apatitas são muito pouco comuns, ocorrendo como
inclusões nas hornblendas. No caso dos minerais opacos, esses são xenomórficos com
granulação de no máximo 0,5 mm. Ocorrem associados a titanita. As apatitas são menores que
esse tamanho e possuem seções basais hexagonais.

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CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

Figura 5.3 - Aspectos dos ortoanfibolitos em microescala. (a) Textura fina do ortoanfibolito com, basicamente,
hornblenda (Hb), plagioclásio mirmequítico e quartzo; e (b) textura grossa de ortoanfibolito composto
predominantemente por hornblenda (notar que a extinta possui inclusões de quartzo). Lâminas 45 (a) e 189 (b).
Aumento de 40X em ambas as fotos.

5.3 Formação Jucurutu

Das seções analisadas, tem-se: biotita paragnaisse granolepidoblástico e sillimanita


paragnaisse granolepidonematoblástico; talco mármore e tremolita mármore
granolepidoblásticos; diopsídio paragnaisse nematogranoblástico e escapolita calciossilicática
porfirogranoblástico; e, por fim, fuchsita quartzito nematolepidoblástico.

5.3.1 Paragnaisses

Variam de paragnaisses simples a sillimanita paragnaisses de granolepidoblásticos a


granonematolepidonlasticos, respectivamente. Possuem textura de fina a média e são
compostos mineralogicamente por quartzo [48-54%], plagioclásio [23-25%], biotita [17-20%],
sillimanita [0-7%], muscovita, [2%], calcita [Tr], clorita [Tr], zircão [Tr], titanita [Tr] minerais
opacos [Tr]. Além disso, são caracterizados por bandamento bem desenvolvido (Figura 5.4a),
com segregação de minerais félsicos (quartzo e plagioclásio) dos máficos (biotita).
O quartzo tem 0,5 mm, em média, apresenta-se estirado (provavelmente segundo S2 ou
S2 + S3) e com extinção ondulante. Juntamente com esse, o plagioclásio compõe a porção
félsica da rocha, tratando-se de um oligoclásio (An24-28). É xenomórfico, ocorrendo em grãos
de 0,3 mm, também está estirado acompanhando a foliação e altera para mica branca fina.
A biotita ocorre como placas orientadas (de até 1,1 mm de comprimento) segundo duas
direções/gerações de foliações, sendo essas S2 (mais bem marcada) e S3. Possui pleocroísmo de

76
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

castanho a castanho escuro. Em presença de quartzo e fluido aquoso altera para clorita e
muscovita durante o retrometamorfismo associado a M3. Juntamente com o quartzo (em
presença de água) desestabiliza para clorita + muscovita e minerais opacos.
A sillimanita ocorre como agregados/feixes fibrosos (fibrolita), por vezes radiais de até
1,0 cm mais ou menos alinhados segundo a direção da foliação S3. Provavelmente é resultante
da reação entre biotita e plagioclásio, ocorrendo intercrescida com muscovita na forma de
simplectito (Figura 5.4b).
A muscovita é hipidiomórfica, sendo placosa, chegando a atingir 1,35 mm. Como
mencionado, provavelmente ocorre juntamente com a sillimanita como produto da reação entre
biotita e plagioclásio.
A calcita é xenomórfica, ocorrendo em tamanhos de até1,0 mm preenchendo os espaços
intersticiais.

Figura 5.4 – Aspectos dos paragnaisses da Formação Jucurutu em microescala. (a) Bandamento do paragnaisse
caracterizado pela segregação de bandas ricas em quartzo e plagioclásio e aquelas ricas em biotita; e (b)
simplectito entre sillimanita e muscovita. Lâminas 23 (a) e 3 (b). Aumento de 40X (a) e 100X (b).

A titanita é xenomórfica e ocorre como agregados de tamanho submilimétrico


(atingindo até 0,6 mm) tanto como inclusão nas biotitas, como sobre os plagioclásios. A calcita
é xenomórfica, submilimétrica e ocorre preenchendo os espaços intergranulares. É produto de
alteração dos plagioclásios. O zircão, por sua vez, também é submilimétrico, hipidiomórfico a
idiomórfico com hábito prismático. Ocorre predominantemente incluso dentro das biotitas. Por
fim, os minerais opacos são xenomórficos e ocorrem como inclusões submilimétricas nas
titanitas (indicando processo de esfenitização) que, por sua vez, está incluída na biotita.

77
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

A clorita é resultado da desestabilização da biotita (em um momento tardi-M3),


juntamente com a muscovita e os minerais opacos. Ocorre ao longo dos planos de clivagens
dessa e por vezes, substituindo-a completamente por mimetismo.

5.3.2 Mármores

Trata-se de um mármore silicoso granolepidoblástico com, basicamente, calcita [80%],


talco [17%], quartzo [2%] e minerais opacos [1%] orientados de forma incipiente segundo
foliação S2.
A calcita ocorre como grãos xenomórficos inequigranulares e um pouco estirados de
acordo com a direção da foliação S2. Possui tamanho de até 7,5 mm e, muitas vezes, englobam
as placas de talco ou são circundadas por ele, possivelmente formando simplectitas.
O talco, por sua vez, ocorre com aspecto granular muito fino ao redor dos granoblastos
de calcita ou com hábito lamelar mais ou menos contorcido (com até 0,3 mm de comprimento).
Quando em contato com quartzo, ocorre circundando-o.
O quartzo aparece englobado por grãos de calcita e/ou talco. Nesse contexto, aparece
como agregados (de até 2,75 mm) de quartzo recristalizado. Na seção observada, sempre
apresenta extinção ondulante.
Já os minerais opacos ocorrem de forma disseminada pela seção delgada, em grãos
com 0,5 mm em média. Possuem forma de irregular a isométrico (de quadrática a retangular).
No caso do tremolita mármore, a mineralogia consiste em dois minerais, que são a
calcita [55%] e a tremolita [45%], em que, no geral, esses não mostram nenhuma orientação
preferencial. A calcita, no entanto, aparece, em alguns pontos das seções delgadas,
recristalizada e com textura poligonal, indicando processo de recristalização em condições de
equilíbrio, por efeito térmico.
A calcita ocorre de duas formas, uma como grãos xenomórficos (com planos maclas
um pouco deformados) e outra, recristalizada, formando textura poligonal com contatos
intergranulares planares e pontos tríplices (120º). No primeiro caso, a granulação é maior tendo
em média 1,40 mm; já no segundo, a granulação é menor, com 0,3 mm em média.
A tremolita apresenta hábito fibroso/acicular em agregados em feixes (Figura 5.5a)
que, por vezes, estão curvados ou radiais. Nas seções basais, a tremolita exibe hábito losangular
(Figura 5,5b).

78
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

Figura 5.5 - Fotomicrografia tremolita – calcita mármore mostrando (a) feixe de tremolita em seção longitudinal
e (d) em seções basais como agregados losangulares. Lâminas 24. Aumento de 40X.

5.3.3 Escapolita calciossilicática

São rochas com textura de granonematoblástica a porfirogranoblásticas compostas


mineralogicamente por clinopiroxênio (da série diopsídio-hedemberguita) [7-53%],
plagioclásio [33-38%], escapolita meionita [0-37%], granada [0-15%], epídoto [1-9%], mica
branca fina [3-5%], quartzo [0-1%], actinolita [0-2%], calcita [Tr], em que o plagioclásio está
bastante alterado para mica branca fina e o clinopiroxênio, por vezes, apresenta bordas de
anfibólio (uralitização).
O clinopiroxênio tende a ser diopsídio pois possui coloração verde claro a incolor, varia
de xenomórfico a hipidiomórfico (com seções basais equidimensionais) e comumente ocorre
exibindo macla simples. Pode aparecer como fenoblastos isolados (com até 7,74 mm em seções
prismáticas), contudo é mais comum encontra-lo na forma de agregados de diopsídio. Em zonas
de maior strain-D3, pode aparecer um pouco estirado e com extinção ondulante. Sofre processo
de uralitização para actinolita (Figura 5.6a).
O plagioclásio está sempre presente nesse tipo de rocha ocorrendo como um dos
minerais predominantes. Os são em grande parte xenomórficos com granulometria média de
2,6 mm, ocorrendo casos com até 5,5 mm. Pode ocorrer de forma isolada por entre os
clinopiroxênios ou na forma de agregados de plagioclásio. Pelo método de Michel-Levy, trata-
se de andesina (An33). Está alterado para mica branca fina (Figura 5.6b), epídoto e calcita
(saussuritização) vigorosamente. Comumente apresenta extinção ondulante.
A escapolita (meionita - membro cálcico) ocorre como poiquiloblastos com granulação
de 5,5 mm, em média, predominantemente xenomórficos e englobando muitos blastos de

79
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

granada grossulária e clinopiroxênio, o que indica sua blastese sob metamorfismo progressivo
posterior (com o aumento da temperatura) com relação a esses minerais durante o evento M3.
Os grãos estão estirados segundo a direção da foliação S3 (Figura 5.6a Esse mineral se forma a
partir da reação entre o plagioclásio + calcita e/ou plagioclásio + grossulária + CO2.
Desestabiliza para epídoto.
A granada é grossulária é xenomórfica (por vezes esquelética, como visto na Figura
5.6a), podendo estar estirada de acordo com a foliação S3. Assim como o diopsídio e o
plagioclásio, altera-se para epídoto e calcita principalmente por através de suas fraturas.
A actinolita forma agregados em volta dos clinopiroxênios. Esse processo é indicativo
de retrometamorfismo, com a desestabilização do diopsídio-hedenberguita para formação de
anfibólio por processo de uralitização. Na seção com escapolita, ocorre em pouca quantidade,
sendo os grãos xenomórficos com 2,0 mm, no máximo.
O quartzo é xenomórfico, sendo inferior a 2,0 mm. Ocorre por entre os porfiroblastos
de escapolita e, mais comumente, em contato com plagioclásio.
O epídoto é xenomórfico e ocorre como produto da desestabilização dos plagioclásios,
da granada e do clinopiroxênio. Preenche fraturas ou se dispersa sobre os plagioclásios.
Aparenta estar orientado segundo L3x.
A calcita ocorre como produto de alteração da meionita, do plagioclásio e das granadas.
Quando proveniente da meionita, aparece em xenoblastos de até 1,10 mm.
A mica branca fina também é muito comum como produto de alteração dos
plagioclásios, ocorrendo principalmente por seus planos de clivagens.

Figura 5.6 - Aspectos das calciossilicáticas da Formação Jucurutu em microescala. (a) Granada esqueletal e
diopsídio (juntamente com epídoto, compõe os agregados com birrefringência média) como inclusões em
escapolita e (b) plagioclásio alterado intensamente para mica branca fina (Mbf) e epídoto. Laminas 37 (a) e 20
(b). Aumento de 40X.
80
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

5.3.4 Fuchsita-quartzito

Trata-se de um fuchsita-quartzito nematolepidoblástico (Figura 5.7) com quartzo [95%],


fuchsita [5%] e minerais opacos [Tr], em que o quartzo e a fuchsita são orientados de acordo
com a foliação S2.
O quartzo é xenomórfico e possui granulação bimodal, com a de maior tamanho tendo
em média 2,75 mm e a de menor, em média 1,10 mm. Essa diferença nas granulações é
decorrência de processos de recristalização com consequente diminuição da granulação dos
cristais. O quartzo possui extinção ondulante ocorrendo em trama de forma de grãos alongados
e orientados segundo a direção da foliação. O contato entre os grãos é irregular,
predominantemente, mas podendo apresentar pontos tríplices (relacionados aos grãos de menor
tamanho). Possui inclusões de fuchsita (orientadas em S2) e de minerais opacos ambos com
granulações submilimétricas.
A fuchsita tem hábito ripiforme, ocorrendo de dois modos: um como inclusão dentro
dos grãos de quartzo e o outro intergranular. No segundo caso, a granulação varia de 0,54 mm
a 1,10 mm. Ocorre de forma orientada nos dois tipos de ocorrência definindo a foliação. Já os
minerais opacos ocorrem como grãos muito diminutos de forma dispersa na lâmina. Possuem
hábito equidimensional quadrático.

Figura 5.7 - Aspectos do fuchsita quartzito da Formação Jucurutu em microescala. Lâmina 36. Aumento de
40X.

81
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

5.4 Xistos da Formação Seridó

São compostos mineralogicamente por quartzo [32%], biotita [Tr-33%], plagioclásio


[2-19%], muscovita [2-63%], cordierita [0-25%], granada almandina [1-5%], sillimanita [1-
3%], turmalina [0-2%], opacos [Tr-35%], clorita [Tr-3%], zircão [Tr] e apatita [Tr]. Os
porfiroblastos de cordierita e blastos de granada são imersos em uma matriz composta
predominantemente por biotita, quartzo e plagioclásio. A foliação S2, no geral, é bem marcada
podendo estar paralelizada a S3 nas regiões de maior strain-D3.
O quartzo ocorre como grãos xenomórficos fortemente recristalizados, estirados
segundo S2 e em S2 + S3 (possui extinção ondulante de moderada a forte), forma contatos curvos
e também em pontos tríplices (textura poligonal/mosaico). Aparece tanto como inclusões dentro
dos porfiroblastos de cordierita, como na forma de exudados (Figura 5.8a). A porção de menor
tamanho tem, em média, 0,3 mm, enquanto que as maiores granulações estão em torno de 1,35
mm.
A biotita possui hábito ripiforme e ocorre fortemente orientada segundo as foliações S2,
S3 ou S2 + S3 (a depender da intensidade de strain-D3), podendo aparecer dobradas (juntamente
com quartzo e plagioclásio) ou quebradas nas zonas de charneira de microdobras F3. Os
tamanhos das ripas de biotita variam de submilimétricos a 1,5 mm. O pleocroísmo é de amarelo
pálido a castanho ou castanho-avermelhado (quando mais ricas em Ti, provavelmente),
ocorrendo tanto como inclusões dentro da cordierita, como contornando porfiroblastos
(cordierita e granada) e exudados de quartzo. Possui inclusões de zircão e minerais opacos (que
também ocorrem orientados segundo S3). Sofre muscovitização e ao mesmo tempo a granada e
cordierita, também sofre cloritização em um momento tardi-M3. Em alguns afloramentos,
próximos às zonas de cisalhamento, pode ocorrer que a maioria da biotita é substituída por
muscovita + clorita + minerais opacos, como é o caso da seção delgada do Afloramento 34
(Figura 5.8b).
A muscovita possui a granulação variável de 0,5 mm a 2,8 mm. Aparentemente é
resultado da muscovitização das biotitas. Entre os planos de clivagens e entre as placas de
muscovita há um material de coloração castanha que evidencia a passagem de fluido
provavelmente rico em ferro (subproduto da muscovitização?). Possui hábito ripiforme,
podendo estar orientadas segundo a foliação S2, S3 ou S2 + S3. Nas zonas de charneira das
minidobras F3 a muscovita aparece dobrada e/ou fissurada.

82
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

O plagioclásio varia de oligoclásio (An18) a andesina (An36), ocorrendo de forma


recristalizada em grãos com 0,6 mm, em média. Possui geminação polissintética, extinção
ondulante em grau incipiente a moderado (regiões de maior strain-D3). Varia de xenomórfico
a hipidiomórfico e está bastante alterado para mica fina (sericita). Pode ocorrer como inclusão
nas cordieritas.
A cordierita é poiquiloblástica, com inclusões de quartzo, biotita, minerais opacos
(ilmenita?), granada, apatita e, menos comumente, plagioclásio. As inclusões de biotitas e
minerais opacos ocorrem orientadas segundo a foliação S3 em porfiroblastos estirados de até
4,4 cm sendo circundados por uma matriz composta por biotita, quartzo e plagioclásio. Em
alguns casos, pode sofrer intenso processo de cloritização (pinitização) das bordas para o centro.
A granada é almandina (Figura 5.8c, e) é granoblástica e ocorre tanto como inclusão
nos fenoblasblastos de cordierita, e também na matriz lepidonematoblástica (biotita + quartzo
+ plagioclásio). A partir da relação angular entre a foliação interna (Si, representada pela
orientação preferencial de inclusões de minerais opacos) e externa (Se = S3), observa-se que a
granada é sin-D3/F3 (textura helicítica) devido a presença de Si = Se com rotação de
aproximadamente 110º em cinemática dextral. Em outros casos, a granada não aparece
rotacionada nem há deflexão da foliação a sua volta, o que indica que esse mineral também se
formou em um momento tardi a pós-D3/F3. Internamente apresenta dois tipos de fraturas, sendo
um tipo não-sistemático (com orientações aleatórias) e outro sistemático. Esse último caso
sugere a superimposição de texturas cataclásticas sobre as plásticas (foliações internas) devido
a continuação da deformação mesmo com a redução da temperatura ao longo do tempo.
A sillimanita, quando ocorre, tem hábito fibroso (fibrolita) em agregados/feixes radiais
de até 1,0 mm (Figura 5.8d). Ocorre em contato com biotita, plagioclásio e quartzo, podendo
aparecer formando simplectitos com cordierita onde, nesse caso, é resultado da reação entre
plagioclásio e biotita na presença de fase fluida.
A sillimanita é acicular/fibrosa (fibrolita) em agregados/feixes radiais de até 1,0 mm
(Figura 5.8d). Ocorre em contato com biotita, plagioclásio e quartzo, podendo formar
simplectitas com cordierita onde, nesse caso, é resultado da reação entre plagioclásio e biotita
na presença de fase fluida.
Com relação aos minerais opacos, esses podem ser de ilmenita ou magnetita
(identificada em campo – fortemente magnética). No primeiro caso, ocorrem orientadas
segundo a direção da foliação S2, podendo aparecer como grãos xenomórficos estirados ou com

83
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

Figura 5.8 – Seções delgadas dos xistos da Formação Seridó. (a) Exudados de quartzo (Qtz) na forma de grãos
recristalizados e cordierita (Crd) extremamente estirada segundo L3x; (b) biotita (Bt) quase totalmente substituída
para muscovita (Msc), clorita (Clr) e minerais opacos (Opc) em processo de retrometamorfismo tardi-M3
dobradas em F3; (c) blastos de granada (Grd) tardi-D3 inclusa em poiquiloblastos de cordierita. Notar inclusões
de biotitas e minerais opacos orientadas segundo a foliação S3 dentro da cordierita; (d) exsudado de quartzo
(recristalizado) segregado entre duas faixas de biotitas e presença de sillimanita (Sil) tipo fibrolita de hábito
radial e cordierita, indicando fácies anfibolito superior ; e (e) porfiroblastos de granada sin-D3 rotacionada em
torno de 110º (ângulo medido a partir de trilhas orientadas de inclusões de minerais opacos) em cinemática
dextral (a foliação dos filossilicatos orientados é S3). A presença de fraturas internas indica que a deformação
continuou atuante mesmo com a redução da temperatura em um momento tardi-D3. Notar que é a biotita que está
sofrendo processo de cloritização, não a granada. Lâminas 215 (a, c, e), 34 (b), e 210 (d). Em todas, aumento de
40X.
84
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

hábito equidimensional e com tamanhos submilimétricos. Ocorrem como trilhas de inclusões


dentro dos blastos de granada sendo, por vezes, rotacionados com esses. Além desses casos, as
ilmenitas também ocorrem como inclusões nos fenoblastos de cordierita, podendo ambos
estarem orientados de acordo com as foliações. No caso de ser magnetita, os grãos são
xenomórficos a hipidiomórficos, com formato equidimensional, sem estiramento e nem
orientação preferencial. A granulação nesse caso é de 1,35 mm, em média.
Além dos minerais opacos, podem aparecem como inclusões o zircão, a apatita e a
turmalina. No primeiro caso, ocorrem inclusões xenomórficas (tendendo a arredondados) a
hipidiomórficas dentro das placas de biotitas formando halos pleocróicos. A apatita é
comumente hipidiomórfica na forma de pequenos prismas ou, quando em seções basais, com
formatos hexagonais. Ocorrem inclusas nas biotitas, plagioclásio e quartzo. As turmalinas, por
sua vez, são de hipidiomórficas a idiomórficas (com seções basais triangulares) e podem seguir
a foliação S2 e tamanho médio de 0,3 mm.
Por fim, o mineral de alteração mais comum é a clorita, essa aparece como produto da
desestabilização de biotita e cordierita por retrometamorfismo, ocorrendo em agregados/feixes
sobre esses.

5.5 Ortognaisse granítico

A mineralogia consiste em, basicamente, microclina [40-56%], quartzo [35-45%], plagioclásio


[1-15%], biotita [5-8%], muscovita [1-5%], minerais opacos [0-5%], apatita [Tr] zircão [Tr] e
sericita [Tr]. De acordo com essa proporção de félsicos, trata-se de ortognaisse de composição
sienogranítica. Possui textura nematoblástica e orientação preferencial dos minerais segundo
duas direções de foliação, S2 e S3.
O microclina possui geminação tartan (albita-periclínio, como visto na Figura 5.9a) e,
em menor proporção, geminação simples (tipo Carlsbad). Aparece predominantemente
xenomórfico a hipidiomórfico (como ripas) aparecendo estirado segundo S2. A granulação tem,
em média, 1,1 mm. No contato com plagioclásio apresentam textura mirmequítica. A presença
de inclusões de microclina em outros microclinas estirados sugere a blastese desse mineral a
partir da desestabilização das biotitas (juntamente com quartzo) ou recristalização no evento
M2. Somado a isso, outra característica que reforça essa ideia, são os contatos por
“embaiamento” dos grãos de microclina com os outros minerais. Ambas gerações possuem
aspecto pouco alterado (sericitização) seguindo os planos de clivagens.

85
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

Figura 5.9 - Aspectos do ortognaisse granítico em microescala. (a) Microclina (com geminação albita-periclínio
típica) orientada segundo a foliação S2 e (b) mirmequita em microclina. Lâminas 180 (a) e 136 (b). Aumento de
40X.

O plagioclásio é oligoclásio (An13), xenomórfico e sua granulação tem, em média, 0,5


mm. Em certos locais, aparece um pouco estirado. Possui inclusões de quartzo e altera para
mica branca fina. Por vezes apresenta-se mirmequítico (Figura 5.9b).
O quartzo é xenomórfico e aparece tanto como inclusões em feldspatos como também
preenchendo os espaços intergranulares da rocha. Nesse último caso, apresentam contatos de
irregulares a planares com os outros minerais. Possui em média 1,1 mm em termos de
granulação.
A Biotita ocorre como placas orientadas (de até 2,7 mm de comprimento) segundo duas
direções/gerações de foliações, sendo essas S2 e S3. Em reação com quartzo, desestabiliza para
blastese de microclina e muscovita. Essa, por sua vez, também possui hábito placoso com grãos
de até 2,75 mm e ocorre sobre a biotita, embora orientada predominantemente segundo S3.
Os minerais opacos ocorrem de forma disseminada (mas tendendo a ocorrerem
próximo às biotitas) pela rocha e não apresentam orientação preferencial. Possuem hábito
equidimensional e tamanhos de 0,3 mm, no máximo. O zircão ocorre como inclusões
submilimétricas dentro nas biotitas.
Por fim, a apatita ocorre como inclusão nas ripas de biotitas e/ou por entre os minerais
félsicos. Seu tamanho não ultrapassa os 0,3 mm nas seções analisadas.

5.6 Metagranito granítico tipo G3

Possui microclina [45%], quartzo [35%], plagioclásio [9%], biotita [5%], muscovita
[5%], minerais opacos [<1%], mica branca fina [Tr] e zircão [Tr], sendo os félsicos orientados
86
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

de acordo com a foliação S3. A partir dessa composição modal, o protólito é classificado como
sendo um sienogranito no QAP de rochas plutônicas de Streckeisen (1976).
A microclina possui geminação albita-periclínio característica, pode apresenta-se
estirado paralelo a foliação S3 (Figura 5.10). Quando em zonas de maior strain-D3 é
predominantemente xenomórfico; quando afastado dessas zonas, varia de xenomórfico a
hipidiomórfico. A granulação varia de 0,3 a 4,0 mm, em que predomina os de 1,5 mm. Possui
inclusões de biotita e altera para mica branca fina.
Em menor proporção ocorre o quartzo, sendo esse xenomórfico e com extinção
ondulante, apresentando-se estirado segundo S3. O tamanho dos grãos varia de 0,3 mm a 3,0
mm. O Plagioclásio é xenomórfico, possui geminação polissintética e apresenta aspecto
alterado para mica branca fina. Possui índice de refração menor que o do quartzo e seu teor de
anortita é de An9 (albita).

Figura 5.10 – Microclina recristalizada e estirada segundo a foliação S3. Aumento de 40X.

Quanto aos máficos, a biotita é a mais comum na rocha, tem hábito placoso e possui
tamanho dos grãos varia de 0,5 mm a 1,7 mm. Ocorre como pequenos agregados isolados entre
os grãos de feldspato e quartzo. Possui inclusões submilimétricas de zircão (com halos
pleocróicos devido ao decaimento radioativo). A Muscovita é ripiforme no geral e muitas vezes
englobando as biotitas, indicando que a muscovita é posterior. Em termos de comprimento,
tem-se que não variam muito, tendo por volta de 2,0 mm.

87
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

O mineral de alteração mais comum é a mica branca fina, que ocorre como produto de
alteração dos feldspatos, principalmente do plagioclásio, por entre seus planos de clivagens e
geminações.
Além desses, ocorrem minerais opacos, muito embora sejam muito raros nas seções
delgadas. Apresentam tamanho em torno de 0,7 mm. Possuem forma equidimensional
quadrática, podendo ter terminações de grãos irregulares.

5.7 Ortoanfibólio-cordierita xisto com rutilo

No geral, possui textura nematoporfiroblástica e é representada por minerais aluminosos


e pobres em cálcio, tais como cordierita [5-52%], antofilita-gedrita [29-60%], quartzo [0-35%],
clorita [0-7%], biotita [2-4%], plagioclásio [2-4%], rutilo [2-6%], apatita [1%], titanita [Tr],
zircão [Tr] e mica branca fina [Tr]. Há importante processos de cloritização da rocha. A foliação
S3 é materializada pela orientação preferencial de antofilita-gedrita e dos porfiroblastos de
cordierita.
A cordierita (Figura 5.11) é poiquiloblástica ocorrendo como grandes cristais (em
média 5,0 mm) xenomórficos sendo por vezes bordejados por clorita, biotita e, principalmente,
por antofilita. Possui muitas inclusões de minerais opacos (rutilo), clorita, muscovita, apatita e
de biotita, o que lhe confere caráter poiquiloblástico. Tem extinção ondulante incipiente.
Os ortoanfibólios são da série antofilita-gedrita (Figura 5.11) tem como principal
característica sua extinção reta. Possui coloração bege, biaxial positivo, hábito prismático (por
vezes formando grandes agregados radiais) cujos tamanhos tem, em média, de 2,5 mm podendo
atingir 5,5 mm. Nas seções delgadas, ocorre ao redor da cordierita, juntamente com biotita,
rutilo, quartzo e plagioclásio.
Outro máfico presente nas seções é a biotita. Essa é pleocroica de bege a castanho (em
alguns casos, chegando a ser castanho avermelhada, devido a maiores teores de titânio). Ocorre
bordejando a cordierita e ortoanfibólio, podendo estar inclusa em ambas o que sugere que seja
o mineral precursor desses.
Dentre os félsicos há plagioclásio e quartzo. O plagioclásio é oligoclásio (An25) e ocorre
nas porções mais ricas em biotitas e quartzo (Figura 5.11). Quanto a sua forma, varia de
xenomórfico a hipidiomórfico. Possui geminação polissintética e apresenta-se um pouco
alterado para mica branca fina nos planos de macla. Alguns cristais apresentam extinção
ondulante incipiente.

88
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

O quartzo é xenomórfico com extinção ondulante, estando um pouco estirado na


direção de S3, aparentemente ocorre como exudados. Em algumas porções das lâminas chega a
atingir 8,25 mm, embora a média dos grãos seja de 0,5 mm. Possui algumas inclusões de
ortoanfibólio e minerais opacos, o que sugere que o quartzo seja posterior a formação desses,
em uma fase mais tardia de M3. Frequentemente se encontra textura poligonal, na forma de
pontos tríplices

Figura 5.11 – Aspecto microscópico do ortoanfibólio-cordierita xisto com rutilo. (a) plagioclásio e biotita como
reagente para formação de ortoanfibólio e cordierita e (b) inclusões de titanita hipidiomórfica e rutilo em
cordierita. Nesse último caso, notar biotita totalmente substituída por clorita (canto inferior direito da foto).
Lâmina 22. Aumento de 40X (a) e 100X (b).

As inclusões são representadas por rutilo, apatita, titanita e zircão. Desses, o rutilo é o
mineral de inclusão mais comum ocorrendo incluso em biotita, antofilita-gedrita e cordierita,
principalmente. Aparece predominantemente como opaco, podendo ser translúcido nas porções
mais finas (bordas dos grãos) de forma a exibir coloração castanha avermelhada escura. Os
grãos têm em média 0,3 mm, xenomórficos, podendo ocorrer de forma isolada ou como
agregados dentro dos grãos hospedeiros ou em volta deles. Pode aparecer um pouco estirado
segundo a direção da foliação. Aparentemente é subproduto da desestabilização da biotita (rica
em Ti).
A apatita aparece como inclusão na cordierita, ortoanfibólio e biotita, em grãos de até
0,7 mm. E, por fim, tem-se a titanita de xenomórfica a hipidiomórfica em grãos com um pouco
mais de 1,0 mm (Figura 5.11d) e o zircão, com grãos submilimétricos.
Os produtos de alteração mais comuns são a clorita e a mica branca fina. Dentre esses,
a clorita é mais comum nas seções delgadas, ocorrendo como produto de desestabilização da
cordierita + ortoanfibólio e da biotita. Aparece como feixes, por vezes radiais de até 0,9 mm de

89
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

comprimento, comumente ao redor dos grãos dos quais é produto de alteração. Pode também
ocorrer como pequenos agregados radiais. A mica branca fina, por sua vez, ocorre como
produto de alteração dos plagioclásios e da biotita, nesse último caso, juntamente com clorita.

5.8 Calciossilicática

Nas seções delgadas analisadas, os litotipos apresentam aspecto maciço (não


apresentam foliações aparentes). Mineralogicamente, as calciossilicáticas podem ser compostas
por diopsídio [60%-70%], granada grossulária [9-55%], quartzo [10-25%], plagioclásio [0-
30%], hornblenda [0-12%], actinolita [0-15%], calcita [7%], além de epídoto [3%], titanita [Tr-
2%] e apatita [Tr].
O diopsídio (Figura 5.13a) possui coloração verde claro e, em alguns casos, apresenta
maclas simples. Normalmente é um dos minerais predominantes nas seções com granulação
entre 0,3 a 2,75 mm. Os grãos são de xenomórficos a hipidiomórficos (em menor proporção).
Com relação aos outros minerais, ocorre em contato com todos.
A granada (Figura 5.13a) é grossulária, possui relevo alto, coloração bege-
amarronzada. Ocorre como sendo de xenomórfica a idiomórfica em agregados de granada ou
em fenoblastos isolados com tamanhos médios de 2,75 mm, podendo chegar a tamanhos
centimétricos. É resultado da reação entre plagioclásio e actinolita, sendo formada junto com o
diopsídio. Possui uma série de fraturas internas que estão preenchidas por calcita e epídoto. A
depender do grau de alteração, a granada pode aparecer esquelética.
O quartzo possui extinção ondulante, em cristais xenomórficos, variando de 0,25 mm
a 1,5 cm. Assim como a calcita, ocorre preenchendo espaços intergranulares, em contato com
clinopiroxênio, granada, epídoto, calcita e titanita. Pode aparecer como vênulas/exudados a
partir da reação de desidratação dos anfibólios para os clinopiroxênios. Além disso, nos
anfibolitos calciossilicáticos (membro intermediário), pode aparecer como mirmequita dentro
dos plagioclásios, em tamanhos submilimétricos.
Tanto a hornblenda (Figura 5.13b) como a actinolita tendem a ocorrer em
calciossilicáticas em que a reação de transformação para diopsídio ± granada não ocorreu
completamente. No primeiro caso, a hornblenda ocorre com textura nematoblástica e
granulometria até 2,75 mm; já a actinolita ocorre com hábito acicular e tendo tamanhos de 2,5
mm. A hornblenda desestabiliza-se para epídoto.

90
CAPÍTULO V - ASPECTOS PETROGRÁFICOS

O plagioclásio chega a labradorita (An58) nos membros híbridos (anfibolitos


calciossilicáticos) ocorre em como sendo xenomórfica a hipidiomórfica, preenchendo os
espaços diopsídio e granada. Pode estar estirado e apresentar extinção ondulante. Sofre processo
de saussuritização, alterando para epídoto e mica branca fina.
A calcita ocorre como produto de alteração do plagioclásio e das granadas
principalmente. É xenomórfica e ocorre ocupando os espaços intergranulares ou infiltrada por
nas fraturas das granadas. Além dessa, o epídoto ocorre como produto de desestabilização dos
dois minerais. A titanita ocorre como agregados xenomórficos com até 2,75 mm. Ocorre em
contato com diopsídio e hornblenda.

Figura 5.13 - Aspecto microscópico das calciossilicáticas de alteração hidrotermal de ortoanfibolitos. (a)
Granoblasto de granada em contato com exsudado de quartzo e diopsídio. A granada internamente apresenta
aspecto esquelético por desestabilização (juntamente com diopsídio) para epídoto em retrometamorfismo; (b)
hornblenda cercada por diopsídio devido processo de desidratação dessa. Lâmina 159. Aumento de 40X.

91
CAPÍTULO VI

GEOLOGIA ESTRUTURAL
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL

GEOLOGIA ESTRUTURAL

Este capítulo tem por objetivo a caracterização das estruturas identificadas na região
com o intuito de agrupá-las segundo uma ordem cronológica relativa de eventos
deformacionais. Para tanto e levando em consideração que cada evento possui características
estruturais distintivas dos demais, foram considerados os diferentes aspectos de geometria,
fabric, intensidade de strain, cinemática e os padrões e estruturas de interferência que ficaram
registrados nos litotipos mapeados. Além disso, considerando diferentes macroestruturas
geradas durante D3, os dados estruturais foram analisados a partir de quatro domínios
estruturais.
De forma a facilitar a compreensão do que será discutido adiante, a Figura 6.1 conta
com o mapa geológico da área mapeada e a indicação das principais zonas de cisalhamento,
Domo Matinha e o perfil geológico simplificado.

6.1 O Evento Deformacional D1

O primeiro evento deformacional afetou somente os litotipos do Complexo Caicó e foi


responsável pela geração de um fabric S1 + L1 (além de macroestruras) que posteriormente foi
retrabalhado pelas estruturas dos eventos deformacionais subsequentes (D2 e D3), em especial
com a paralelização de L1 com as lineações L2X e/ou L3X, o que impossibilita a sua
reconstituição geométrica e cinemática. As bandas metamórficas-migmatíticas atestam um
evento de fácies anfibolito superior.
No conceito aqui aplicado, discutido no Capítulo 4, cf. Jardim de Sá (1984, 1994), o
Complexo Caicó representa uma coalescência (múltiplas intrusões engolfando sequências
vulcanossedimentares de arcos; convergência tectônica de blocos crustais ou litosféricos) de
maciços plutônicos dominantes, como proposto por Souza et al. (2007) e Martins et al. (1990),
por exemplo. Exemplos desse tipo de terrenos de alto grau metamórfico são discutidos por
Windley (1995). As datações U-Pb em zircões de 2,3 a 2,1 Ga obtidas nos gnaisses Caicó,
referidas no Capítulo 2, estimam o intervalo de tempo no qual D1 (que por si só pode englobar
“subeventos”) foi desenvolvido.

93
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL

Figura 6.1 – Mapa e perfil geológico simplificado com a indicação das principais estruturas da área. As zonas de
cisalhamento de menor porte e o domo foram nomeadas informalmente com base em logradouros próximos a
essas estruturas, de forma a facilitar os comentários a seguir, no texto.
94
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL

6.2 O Evento deformacional D2

O segundo evento deformacional pode ser identificado nas várias unidades reconhecidas
e/ou cartografadas, com exceção do Magmatismo Ediacarano. Isto inclui os gnaisses do
Complexo Caicó, diques de anfibolito pré-D2 e pós-D1, as metasupracrustais do Grupo Seridó
e os ortognaisses graníticos, tentativamente considerados como intrusões sin-D2. Este evento
gerou um fabric S2 + L2 penetrativo que afeta as estruturas planares pretéritas, o bandamento
metamórfico (S1) do Complexo Caicó e o acamamento (S0) das rochas metassedimentares do
Grupo Seridó, originando dobras e boudins. Nos diques de anfibolito (originalmente diabásios)
e nos ortognaisses graníticos não existiam marcadores prévios, à exceção dos contatos dos
corpos ou fases magmáticas.
Retirando os efeitos da deformação subsequente (D3; ver interpretação dos
estereogramas no Item 6.3.2), as dobras F2 originalmente variavam de fechadas a isoclinais,
com plano axial S2 de mergulho suave ou sub-horizontal, indicando dobras recumbentes a
invertidas. Deste modo, essa foliação tende a ser subparalela ao S0 dos metassedimentos do
Grupo Seridó (Figura 6.2a, b) e também ao bandamento metamórfico S1 do Complexo Caicó
(Figura 6.2c). Deste modo, em campo, usualmente é medido um fabric composto S2 + S0 ou S2
+ S1. Dependendo da intensidade do strain (D2, mas também com a influência do evento D3,
especialmente nas zonas de cisalhamento transcorrentes), as dobras F2 podem apresentar seus
flancos boudinados, configurando dobras intrafoliais (Figura 6.2a-c). Nos afloramentos de
micaxistos da Formação Seridó, essa feição é comumente observada em veios de quartzo, por
exemplo, quando esses estão dobrados nas charneiras de F2 e boudinados em seus flancos
(Figura 6.3a). Ainda nesses micaxistos, exemplos de estratificação gradacional (inferida de
gradações envolvendo micas e quartzo-feldspato) invertida indicam inversão prévia e dobras F3
com face invertida.
Quanto às lineações, os eixos/charneiras e interseções (L2b, sendo L21 ou L20), bem como
L2X, também teriam baixo caimento, de vez que estavam contidos na superfície S2 de baixo
ângulo. Comumente essas lineações estão, em grau variável, rotacionadas para a orientação de
L3X, especialmente nas zonas de alto strain D3, como será discutido adiante. L2x é normalmente
materializado pelo alinhamento de minerais como biotita, quartzo e feldspatos, bem como
anfibólio e sillimanita alinhados e microboudinados.

95
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL

As feições descritas, quando somadas à grande frequência de dobras D2 com geometria


recumbente ou invertida, configuram um regime tectônico do tipo contracional para este evento,
como referido por Jardim de Sá (1984,1994), Jardim de Sá et al .(1998) e outros autores.

Figura 6.2 – Dobras F2 afetando (a) o S0 dos mármores da Formação Jucurutu (foto do flanco oeste de antiforme
F3) e (b) bandamento metamórfico S1 de ortognaisse do Complexo Caicó na porção sul do Domo Matinha.
Afloramentos 26 (a) e 116 (b).

Como esperado para esse regime, dobras F3 com face invertida são observadas tanto na
meso como na macroescala, a exemplo do que foi descrito no antiforme de Bonfim (Jardim Sá
e Barbalho, 1991; Jardim de Sá, 1994), a norte da área mapeada neste trabalho, em que os
flancos da macrodobra estão ocupados por gnaisses do Complexo Caicó e litotipos da Formação
Jucurutu, enquanto que no núcleo da dobra ocorrem micaxistos equiparáveis aos da Formação
Seridó. Ainda mais a norte, na terminação da Serra do Feiticeiro, um bloco de gnaisses Caicó
sobreposto ao quartzito Equador configura um empurrão D2 agora observado no flanco de uma
estrutura sinformal F3.
Conforme dados geocronológicos discutidos no Capítulo 2, a idade deste evento pode
ser estimada na faixa entre (aproximadamente) 620 a 600 Ma, com base nas idades U-Pb mais
jovens obtidas em zircões detríticos nos litotipos do Grupo Seridó. A idade desse evento poderá
ser também estimada com datações U-Pb em zircões dos ortognaisses graníticos, neste trabalho
interpretados como síncronos a D2 (e neste caso, mais jovens que o Grupo Seridó). Por outro
lado, essa hipótese ainda deve ser trabalhada considerando outras alternativas.
Com base nos vários dados expostos, o evento D2 (provavelmente com múltiplos
episódios) pode ser interpretado como um contexto colisional no Ciclo Brasiliano sensu lato,
envolvendo placas e terrenos alóctones ao longo da Faixa Borborema/Trans-Sahara (modelos
em Jardim de Sá, 1994), demandando considerar a revisão da idade do evento D2.

96
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL

6.3 O Evento deformacional D3

O terceiro e último evento deformacional identificado é caracterizado por afetar a maior


parte dos litotipos cartografados (ou, excetuando as unidades meso-cenozoicas, todos se
considerando o regime frágil tardio de D3) e por se sobrepor às estruturas plásticas pretéritas,
imprimindo-lhes um fabric S3 + L3 de penetratividade que varia de moderada a forte, a depender
da proximidade dos afloramentos (e superfícies e linhas que foram afetadas; no caso, S 2 ± S1 e
S2 ± S0) com as zonas de maior strain D3. Por ser o último evento deformacional a ocorrer na
região, as estruturas relacionadas a ele puderam ser melhor caracterizadas quanto aos critérios
mencionados no início deste capítulo.
As unidades afetadas por D3 foram as mesmas do evento D2, acrescidas do magmatismo
Ediacarano-Cambriano: granitos e diques de pegmatito sin a pós-tectônicos, estes últimos
controlados pelas estruturas frágeis, formadas ou ativadas na etapa de baixa temperatura deste
evento (D3). Quanto às unidades que não foram afetadas, é citado o magmatismo básico Meso-
Cenozoico, em que estão incluídos os basaltos Rio Ceará-Mirim e Macau.

6.3.1 Caracterização em mesoescala

Em escala de afloramento, as principais estruturas geradas por este evento foram dobras
F3 de várias escalas, que variam de fechadas a apertadas, com plano axial S3 de mergulho forte
(ou mesmo mediano) a verticalizado, além de lineações de eixo de dobras e crenulações, ou de
interseção (L3b): charneiras L30+2 (Figura 6.4a, b) ou L31+2 (Figura 6.4c) e de estiramento (L3x;
Figura 6.4d) subparalelas e de rake baixo. Essa lineação de estiramento é materializada
predominantemente pela orientação preferencial de minerais micáceos, podendo também ser
visualizada a partir de quartzo, feldspatos, anfibólios e agregados/feixes de fibrolita, estirados
(e microboudinados), a depender da rocha em questão.
Na foliação S3 (mais especificamente na seção horizontalizada, XZ, do respectivo
elipsoide de strain) são encontrados muitos critérios atestando cinemática transcorrente
(cisalhamento simples ou geral, localmente domínios de cisalhamento puro) dextral, dentre os
quais destacam-se boudins (geralmente) assimétricos de veios de quartzo ou graníticos,
porfiroblastos sigmoidais ou rotacionais de cordierita e andaluzita nos micaxistos da Formação
Seridó e os augen (feldspatos) dos ortognaisses do Complexo Caicó, como já ilustrado em
algumas figuras do Capítulo 4.

97
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL

Figura 6.3 – Dobras F3 simétricas em micaxistos Seridó, na charneira norte do Domo de Matinha, afetando a
foliação S2 (e acamamento S0). Veios de quartzo (originalmente subparalelos ou dobrados em isoclinais e
intrafoliais tendo S2 como plano axial), resultando em dobras redobradas (interferência coaxial). Notar a
geometria simétrica das minidobras e crenulações F3 (formas em “M”) de plano axial verticalizado, na zona de
charneira norte do domo. A tampa da caneta indica o Norte. Afloramento 60.

Além disso, comumente as foliações S3 hospedam veios/vênulas de quartzo e/ou diques


de pegmatito, que podem estar boudinados assimétricos predominando amplamente (Figura
6.4e). Em situações menos frequentes, os veios de quartzo podem estar estirados em duas
direções (X e Y), formando boudins em tablete de chocolate, indicativo de cisalhamento geral
ou puro em escala local.
Em algumas regiões a foliação S3 aparece com baixo mergulho, em que os critérios
cinemáticos dextrais (na seção XZ do elipsoide de strain) estão extremamente estirados
(milonitizados). Além disso, ocorrem dobras planas acilíndricas (dobras em bainha) nas quais
as lineações (L3b) são curvilíneas contidas em planos S3/C3 (Figura 6.5), demarcando zonas de
alto strain D3, neste caso associada às pétalas de uma estrutura em flor.
Somados aos dados de macroescala (discutidos a seguir), evidencia-se que o evento D3
corresponde a uma cinemática transcorrente, predominantemente com componente
transpressional. A deformação plástica dominante dá lugar a estruturas dúcteis-frágeis
retrometamórficas. Todo este conjunto está bem descrito e cartografado a partir dos trabalhos
de Vauchez et al. (1995), Jardim de Sá (1994), Jardim de Sá et al. (1998) e outros. A idade
deste evento é estimada a partir de datações U-Pb em zircões dos plútons graníticos brasilia-

98
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL

Figura 6.4 – Algumas das estruturas geradas em D3. (a) Dobras F3 (em “z” - indicando antiforme à leste)
visualizadas a partir da foliação S2 + S0 dobrada em mármore da Formação Jucurutu (notar L30+2 na charneira da
dobra); (b) dobra F3 apertada (de plano axial com mergulho forte para leste) indicando antiforme à oeste em
biotita xisto da Formação Seridó (notar L30+2); (c) dobras F3 apertadas em ortognaisse do Complexo Caicó (notar
L31+2); (d) lineação de estiramento L3x (paralelizada a L3d em zona de alto strain-D3) com caimento suave para
norte; (e) boudins assimétricos de veios de quartzo hospedados na foliação S3 em biotita xisto da Formação
Seridó. Afloramentos 26 (a), 195 (b), 181 (c), afloramento imediatamente a norte da área (d) e 60 (e).

99
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL

nos (ediacaranos) sintectônicos na faixa de 590 a 570 Ma, como demonstrado por Galindo et
al. (1993), Jardim de Sá (1994) e Nascimento (1997). A etapa tardia, retrometamórfica, é datada
através de datações em plútons tardios, ca. 560-550 Ma, de acordo Nascimento (2000), e idades
de resfriamento 40Ar-39Ar em torno de 500 Ma, segundo Féraud et al. (1993), bem como idades
de pegmatitos tardi- a pós tectônicos, ca. 515-510 Ma de acordo com Baumgartner et al. (2006).

Figura 6.5 - Dobra em bainha F3, em veios de quartzo e na foliação, com charneira curvilínea e, na localidade,
planos S3-C3 de mergulho suave a mediano para ESE. Critérios cinemáticos indicam cisalhamento dextral com
componente normal (L3x, representado pela seta vermelha). Afloramento 3.

O contexto geodinâmico deste evento corresponde a uma colagem, e subsequente


dispersão de terrenos (e blocos crustais), em regime de rejeito direcional, novamente abarcando
uma ampla região da Faixa Trans-Sahara (na África ocidental) até a Província Borborema.
Modelos desse evento foram descritos por Jardim de Sá (1994), Caby et al. (1995), Vauchez et
al. (1995), Ganade de Araújo et al. (2013), dentre outros.

6.3.2 Caracterização em macroescala: D3 e eventos precedentes

Em macroescala, o evento D3 foi responsável por gerar um feixe de zonas de


cisalhamento transcorrentes ou transpressivas dextrais, responsáveis por contatos alóctones

100
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL

(exemplo na Figura 6.6) que se associam lateralmente a macrodobras F3 e, na porção central da


área, a uma estrutura dômica alongada NNE (informalmente designado de “Domo de
Matinha”). Essas macroestruturas afetaram as superfícies-S e lineações precedentes, dos
eventos D1 e D2, de modo que, em projeções estereográficas, apenas os elementos D3 guardam
a sua geometria original. Nas seções anteriores, principalmente com base nos dados de
mesoescala, foram feitas considerações sobre o estilo e cinemática da macroestrutura inferida
para esses eventos mais antigos, em especial o D2.

Figura 6.6 - Contato anômalo entre micaxistos da Formação Seridó (morro ao fundo) e augen gnaisses do
Complexo Caicó (primeiro plano) pela Zona de Cisalhamento Serra Verde. Notar mergulho forte para NW.

Deste modo, considerando diferentes macroestruturas geradas durante D3, os dados


estruturais coletados em mesoescala foram analisados a partir de quatro domínios. A Figura 6.7
sintetiza os dados representados em projeções estereográficas através dos domínios estruturais
reconhecidos: a oeste, o domínio da Zona de Cisalhamento Serra Verde (DSV); na porção
central da área os domínios norte (DND) e sul (DNS) do Domo de Matinha; e a leste, o domínio
da Zona de Cisalhamento Picuí-João Câmara (DPJC). O mapa da Figura 6.1 ilustra esse quadro,
incluindo macrodobras e outras zonas de cisalhamento de menor porte ou continuidade.

101
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL

Figura 6.7 – Subdivisão da área em (a) quatro domínios estruturais, em que (b) e (c) são correspondentes ao
Domínio da Zona de Cisalhamento Serra Verde (DSV), (d) e (e) representam o norte e o sul do Domo de
Matinha, respectivamente; (f) compreende o domínio da Zona de cisalhamento Picuí-João Câmara (DPJC), à
leste na área. Ant = antiforme e Sin = sinforme.

102
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL

Um dos efeitos do evento deformacional D3 sobre as estruturas D2 (e D2+D1) é com


relação à reorientação do fabric linear L2 (ou L2+L1) em que esse tende a se paralelizar a L3x (+
L3b) nas zonas de maior strain D3, o que pode ser também observado nas projeções
estereográficas; por exemplo, a reorientação de L2x no domínio da Zona de Cisalhamento Serra
Verde, enquanto a mesma parece estar dobrada no contexto da estrutura dômica. Nesse
domínio, L2x possui caimento de 30º aproximadamente para NE no domínio norte do domo, e
em torno de 8º para SSW no domínio sul dessa estrutura.

6.3.2.1 O Domínio da Zona de Cisalhamento Serra Verde (DVS)

A partir da análise das projeções estereográficas (Figura 6.7b-c), nota-se que as


macrodobras F3 do DVS são caracterizadas por possuir plano axial S3 de mergulho forte
(predominantemente para SE) a verticalizado, com trend NE-SW e, menos comumente, N-S,
neste caso evidenciando uma possível relação S-C em macroescala. A partir dos pólos médios
de S2 foi calculado o ângulo interlimbos tanto para o antiforme, como para o sinforme a leste.
Em ambos os casos, as macrodobras F3 são classificadas como fechadas com base nos ângulos
de 53º para o antiforme e 48º para o sinforme.
A lineação de estiramento L3x possui sentido de caimento tanto para NE como para SW.
No primeiro caso, o plunge dessa lineação é um pouco maior, com cerca de 17º, enquanto que
no segundo é mais suave (por volta de 12º). Para este domínio não foi possível a obtenção de
parâmetros de bússola relacionados à lineação L3b; contudo, a partir do que se observa no
domínio adjacente (Domo de Matinha), essa lineação tende a ter sentido de caimento tanto para
NE como para SW e plunge suave, como visto a seguir.
Ainda sobre este domínio, nota-se que em ambos os casos (antiforme e sinforme) a
superfície de cisalhamento C3 possui mergulho forte para SE com trend NE-SW. Ao se verificar
a relação angular entre S3 médio e C3 médio, nota-se que essa é baixa, o que indica importante
componente de cisalhamento puro combinado à transcorrência (configurando uma
transpressão) na Zona de Cisalhamento Serra Verde.
Por fim, a transição entre este domínio com os domínios norte e sul do domo é marcado
pela presença de uma zona de cisalhamento transpressiva dextral que foi responsável por gerar
o contato tectônico da Formação Seridó com o Complexo Caicó.

103
CAPÍTULO VI - GEOLOGIA ESTRUTURAL

6.3.2.2 O Domínio norte do domo (DND)

Este domínio é caracterizado por um plano axial S3 médio verticalizado (Figura 6.7d).
As lineações possuem sentido de caimento para NNE, em que a de eixo de dobra L3b tem plunge
de 6º e a de estiramento L3x, 7º. Para esta região, o ângulo entre os flancos é de
aproximadamente 80º, o que configura uma dobra aberta.

6.3.2.3 O Domínio sul do domo (DSD)

A partir da Figura 6.6e, observa-se que esse domínio é caracterizado por plano axial S3
verticalizado de trend NE-SW, possui lineação de eixo de charneira L3b com sentido de
caimento para SSW e plunge de 9º, enquanto que a lineação de estiramento L3x tende a ser sub-
horizontal orientada a NNE-SSW. Já com relação ao ângulo interlimbos, tem-se valores na
ordem dos 50º, o que indica que a porção sul do domo é caracterizada por uma dobra F3 fechada.
Assim como ocorre na transição do DSV para os domínios norte e sul do domo, o limite
desses últimos para com o DPJC também é materializado por uma zona de cisalhamento
transpressiva dextral subsidiária e que provoca o mesmo tipo de contato entre Complexo Caicó
e Formação Seridó. Nota-se então que as laterais do domo são marcadas por duas zonas de
cisalhamento transpressivas dextrais e que essas, por sua vez, fazem parte de um feixe de zonas
de cisalhamento que configuram, possivelmente um arranjo estrutural em flor positiva, como
sugerido no perfil da Figura 6.1.

6.3.2.4 O Domínio da Zona de Cisalhamento Picuí-João Câmara (DPJC)

Este domínio (Figura 6.6f) abarca as regiões a leste do domo em que, no geral, as
foliações S1, S2 (± S0) e S3 tentem a se paralelizar aos planos de cisalhamento C3 da zona de
Cisalhamento Picuí-João Câmara; a lineação de estiramento L3x, neste caso, tende a ter sentido
de caimento para SW, com plunge baixo (por volta de 14º), como observado na projeção
estereográfica.

104
CAPÍTULO VII

METAMORFISMO
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO

METAMORFISMO

Tendo por base as observações feitas em campo e em microscópio petrográfico, este


capítulo tem como objetivo a caracterização dos eventos metamórficos associados aos eventos
deformacionais identificados na área mapeada.
Nesse sentido, foram constatados três eventos metamórficos, aqui denominados de M1,
M2 e M3, cada qual com suas assembleias minerais características, estando essas relacionadas
aos fabrics gerados durante os eventos deformacionais D1, D2 e D3, respectivamente.
A definição das fácies metamórficas para cada um desses eventos metamórficos foi feita
tendo como base a subdivisão, geralmente aceita, do diagrama de pressão e temperatura
apresentado por Winter (2014), como visto na Figura 7.1.

Figura 7.1 – Diagrama de pressão e temperatura (e profundidade estimada) com a distribuição das fácies
metamórficas. Notar que os limites entre os campos não são abruptos (áreas cinza). A expressão “zona proibida”
refere-se as condições de pressão e temperatura não registradas na Terra. Linha tracejada vermelha marca o
início da fusão granítica em presença de água. Fonte: Winter (2014).

A comparação de associações minerais de diferentes grupos de rochas para definição de


uma mesma fácies metamórficas foi feita com base na Tabela 7.1.

106
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO

7.1 Evento metamórfico M1

Semelhantemente ao que foi explanado no Capítulo 6 (Geologia Estrutural), em virtude


das deformações e metamorfismos superimpostos, com extensiva recristalização dinâmica,
houve dificuldade de reconhecer as relações paragenéticas referentes ao evento metamórfico
M1 nas seções delgadas.

Tabela 7.1 – correlação entre as zonas de Barrows (rochas pelíticas), fácies metamórficas (rochas máficas) e as
assembleias minerais de rochas calciossilicáticas de acordo com Spear (1993).
Rochas pelíticas Rochas máficas Rochas calciossilicáticas
zona da biotita fácies xisto verde talco, flogopita
zona da granada tremolita, actinolita, epídoto,
fácies epídoto-anfibolito
zona da estaurolita zoisita
zona da estaurolita-cianita
fácies anfibolito diopsídio, grossulária, escapolita
zona da sillimanita
fácies granulito/hornblenda-
zona do K-feldspato/sillimanita forsterita
piroxênio

O que se observa em campo, no entanto, é que este evento foi responsável por gerar um
bandamento metamórfico de alto grau, frequentemente com feições migmatíticas o que atesta
metamorfismo na fácies anfibolito (a depender da disponibilidade de água no sistema, atingindo
a curva solidus do granito saturado em água, na Figura 7.1), associado à segregação centi a
decimétrica de faixas félsicas e máficas, sendo as primeiras de composição quartzo-feldspática
e as demais, mais ricas em biotita e hornblenda, como observado nas figuras 4.3 e 4.4, por
exemplo.
Nas porções félsicas, o que se nota é a neoformação de microclina e hornblenda, que
podem ter sua origem explicada a partir do consumo de biotita e plagioclásio, como segue:

Biotita + Ca-plagioclásio + quartzo = microclina + Na-plagioclásio + hornblenda + H2O


(Equação 7.1)

7.2 O Evento metamórfico M2

No geral, as assembleias minerais associadas a esse evento, assim como ocorrido no


evento M1, foram modificadas/superimpostas no evento subsequente (D3/M3). Nos ortognaisses
graníticos, no entanto, observa-se (em afloramento e em seção delgada) cristais de K-feldspato
estirados e recristalizados de acordo com a foliação S2, o que sugere condições de fácies

107
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO

anfibolito. Nesse sentido, a blastese de microclina pode ser explicada a partir da reação entre
biotita e quartzo, como segue:

Biotita + quartzo = microclina + minerais opacos (Reação 7.2)

De forma complementar, trabalho regionais, a exemplo de Fonseca et al. (1991) e Sá


(1982), reportam paragêneses com cianita relacionadas a esse evento metamórfico M2, o que é
indicativo de pressões intermediárias.
Por fim, as condições de pressão e temperatura relacionadas ao caminho do
resfriamento/retrometamorfismo desse evento metamórfico não puderam ser devidamente
precisadas, tendo em vista a falta de dados de campo e de seções delgadas, bem como o
retrabalhamento das possíveis associações minerais de mais baixas temperaturas geradas nesse
evento (considerando-se ainda o pequeno lapso de tempo entre M2 e M3) pelas vigorosas
condições PT superimpostas durante evento M3.

7.3 O Evento metamórfico M3

Como se trata do último evento deformacional e metamórfico, as assembleias minerais


relacionadas a D3/M3 e que estão presentes nos diversos litotipos da região registram tanto o
pico do metamorfismo como o retrometamorfismo associado.

7.3.1 Pico do metamorfismo

Em suma, o que se observa são associações minerais típicas de metamorfismo de baixa


pressão e altas temperaturas (BP/AT, o que é condizente com um regime
transcorrente/transpressional) e que estão relacionadas ao fabric gerado em D3.
Para os mármores da Formação Jucurutu, ocorreu desestabilização do talco (na presença
de calcita e quartzo) para formação de tremolita, que deve obedecer a uma possível reação
como:

Talco + calcita + quartzo = tremolita + CO2 + H2O (Reação 7.3)

108
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO

Segundo Bucher & Grapes (2011), a primeira aparição de tremolita, a partir dessa
reação, ocorre entre 470ºC a 500ºC, o que corresponde ao início da fácies anfibolito. Além
disso, essa reação explica a ausência de quartzo na seção com tremolita, diferentemente da
lâmina do talco-mármore (Figura 7.2).

Notar que a presença de talco requer que o calcário percussor seja dolomítico. Dessa
maneira, a reação de formação do talco pode ser explicada a partir da reação (com XCO2 muito
baixo):

Dolomita + quartzo + H2O = talco + calcita + CO2 (Reação 7.4)

Como visto no Capítulo 5, nos anfibolitos do Complexo Caicó, o evento M3 foi


responsável pela associação hornblenda + andesina (An45) que, segundo Wincker (1977) e
Wenk e Keller (1969), já corresponde ao início da fácies anfibolito.

Figura 7.2 – Durante a elevação de temperatura em M3 a associação (a) talco + quartzo + calcita dá lugar a (b)
blastese de tremolita consumindo a calcita (notar calcita recristalizada com textura poligonal) no início da fácies
anfibolito. Lâmina 24a e 24b. Aumento de 40X.

Em condições de temperatura semelhantes, os paragnaisses e micaxistos da Formação


Jucurutu podem conter sillimanita, gerada a partir da reação abaixo, entre biotita e o
plagioclásio;

Plagioclásio + Biotita + H+ = Sillimanita + Muscovita + Quartzo + Na+ + Ca2+ (Reação 7.5)

109
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO

No caso das rochas calciossilicáticas (tanto da Formação Jucurutu, como as de alteração


hidrotermal de ortoanfibolitos no Complexo Caicó), as mesmas também apresentam
paragêneses de alta temperatura, com presença de diopsídio, grossulária e, em um afloramento
da Formação Jucurutu, escapolita (indicativo de fácies anfibolito superior).
No caso das calciossilicáticas resultantes da alteração hidrotermal de ortoanfibolitos, o
aparecimento de diopsídio (Figura 7.3) e grossulária pode ser resultado da reação entre
plagioclásio e anfibólio (actinolita ou hornblenda), a partir da reação de desidratação:

Plagioclásio + anfibólio (Ts-actinolita ou hornblenda) = grossulária + diopsídio + H2O


(Reação 7.6)

No caso das calciossilicáticas da Formação Jucurutu, a escapolita (da série meionita-


marialita) é resultado, provavelmente, de duas possíveis reações, uma sendo a partir da reação
entre plagioclásio e calcita (Reação 7.7) e outra, a partir do consumo de plagioclásio e
grossulária (e dióxido de carbono, como observado na Equação 7.8), como segue:

Plagioclásio + calcita = escapolita (Reação 7.7)

Plagioclásio + grossulária + CO2 = escapolita (Reação 7.8)

Os ortoanfibólio-cordierita xistos, esses podem ter se formado a partir de metamorfismo


hidrotermal de basaltos (Yardley et al., 1990) em condições de metamorfismo de alto grau
(fácies anfibolito). No caso das seções analisadas, a associação cordierita + ortoanfibólio, bem
como a grande quantidade de minerais opacos (rutilo) e pequenas quantidades de titanita, pode
ser resultado da reação entre biotita (rica em titânio) e plagioclásio na presença de fluido
catalizador, como segue na reação:

Biotita + plagioclásio + H+ = cordierita + ortoanfibólio + rutilo + titanita + quartzo + K+ +


Fe2+ + Na+ (Reação 7.9)

No caso de a clorita ser a percussora na formação de cordierita e de ortoanfibólio, a


seguinte reação também é possível:

Mg-clorita (clinocloro) + quartzo = ortoanfibólio + cordierita+ H2O (Reação 7.10)

110
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO

Figura 7.3 - Agregado de actinolita circundado por diopsídio, o que sugere processo de desidratação dessa para
formação do clinopiroxênio. Lâmina 115. Aumento de 100X.

Por fim, dentre todos os litotipos presentes na região mapeada, o que melhor registra as
condições de metamorfismo são os micaxistos da Formação Seridó, em virtude da blastese de
minerais índices. As paragêneses relacionadas a essas rochas durante M3 indicam condições de
metamorfismo associadas a baixas pressões (abaixo de 3,8 Kbar), devido à presença de minerais
como andaluzita, cordierita e altas temperaturas (como a sillimanita). Outro mineral bastante
comum é a granada que comumente aparecendo inclusa nos porfiroblastos de cordierita (como
comentado no Capítulo 5) ou sobre a foliação S 3. No primeiro caso, a associação granada e
cordierita pode ser explicada a partir da reação entre biotita e plagioclásio:

Biotita + plagioclásio + H+ = minerais opacos (ilmenita?) + granada + cordierita + SiO2 + K+


+ Na+ + H2O (Reação 7.11)

Ainda para os xistos da Formação Seridó, em algumas situações se observa o


intercrescimento de sillimanita e cordierita na forma de simplectitas. Essa associação mineral
(também correspondente a fácies anfibolito) pode ser resultado da reação entre biotita e
plagioclásio, na presença de um fluido catalizador, como segue a reação:

Biotita + plagioclásio + H+ = cordierita + sillimanita + minerais opacos (ilmenita?) + quartzo


+ K+ + Na+ + Ca2+ + Fe2+ + H2O (Reação 7.12)

111
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO

Como referido no Capítulo 5, algumas biotitas são bastante avermelhadas, o que indica
que são titaníferas. Sendo assim, há chances de que os minerais opacos sejam ilmenitas, como
referido na Reação 6.8.
Além disso, essa reação também explica a pouca proporção modal de plagioclásio nas
seções delgadas em que ocorre o simplectitas sillimanita-cordierita, já que tanto a cordierita
como a sillimanita consomem o plagioclásio. Nos casos em que somente ocorre a cordierita,
uma reação possível é:

Biotita + plagioclásio + H+ = cordierita + minerais opacos (ilmenita?) + quartzo + Na+ + Ca2+


+ K+ + Fe2+ + H2O (Reação 7.13)

Em havendo somente sillimanita, tem-se:

Plagioclásio + H+ = sillimanita + quartzo + Na+ + Ca2+ + H2O (Reação 7.14)

7.3.2 Retrometamorfismo

Como o evento metamórfico M3 foi o último a afetar os litotipos da região, a sua fase
de retrometamorfismo fica bem preservada, sendo representada, principalmente, por processos
de cloritização e muscovitização/sericitação na fácies xisto verde na presença de água nos
sistemas dos diferentes litotipos.
Nesse sentido, nos ortognaisses do Complexo Caicó ocorre a desestabilização da
hornblenda em presença de plagioclásio e água para formação de epídoto:

Hornblenda + plagioclásio + H2O = epídoto (Reação 7.15)

Para os paragnaisses calciossilicáticos da Formação Jucurutu, houve vigorosa


saussuritização dos plagioclásios, de forma a formar epídoto e calcita. Nesses casos, a reação
de desestabilização do plagioclásio pode ser representada pela reação:

Plagioclásio + H2O = epídoto + calcita (Reação 7.16)

No caso das calciossilicáticas, a formação de epídoto e calcita também se dá a partir da


desestabilização de diopsídio, granada (Figura 7.4) e plagioclásio seguindo a reação:
112
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO

Plagioclásio + diopsídio + grossulária + H2O + CO2 = epídoto + calcita (Reação 7.17)

Figura 7.4 – Granada e diopsídio desestabilizados para massa fina de epídoto. Notar que as fraturas internas ao
granoblasto de granada estão preenchidas por esse material de retrometamorfismo. Lâmina 115. Aumento de
100X.

Ainda nessas rochas, ocorrem processos de uralitização em que o clinopiroxênio se


desestabiliza (em presença de fluido aquoso) para formação de actinolita, como visto na Figura
7.5:

Diopsídio + H2O + quartzo = actinolita (Reação 7.18)

Figura 7.5 - Diopsídio sendo bordejado por anfibólio (actinolita - Act) por processo de uralitização. Lâmina 20.
Aumento de 40X.

Nos micaxistos da Formação Seridó, em alguns casos, observa-se intensa substituição


da biotita por muscovita (Figura 5.8b, por exemplo). Como subproduto dessa reação, há
113
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO

formação de minerais opacos (identificados em campo como magnetita) em grande quantidade.


Nesse caso, uma possível reação para desestabilização das biotitas e formação de clorita,
muscovita e minerais opacos pode ser representada da seguinte forma:

Biotita + quartzo + H2O = muscovita + clorita + minerais opacos (Reação 7.19)

O retrometamorfismo em fácies xisto verde também ficou registrado nos ortoanfibólio-


cordierita xistos. Essas rochas são caracterizadas por sofrerem intensa cloritização a partir da
cordierita e do ortoanfibólio (Figura 7.6a-b), como ocorre na possível reação:

Cordierita + ortoanfibólio + H2O = clorita + quartzo (Reação 7.20)

Esse processo de cloritização também afeta as biotitas que ocorrem inclusas ou em volta
dos porfiroblastos de cordierita. Como subproduto da desestabilização dessas biotitas, também
ocorre mica branca fina (sericita), a partir da reação:

Biotita + quartzo + H2O = clorita + sericita (Reação 7.21)

Figura 7.6 - (a) Porfiroblastos de cordierita pinitizados e com inclusões de rutilo e ortoanfibólio; (b)
ortoanfibólio alterado para clorita. Lâmina 22. Aumento de 40X.

Por fim, as informações supracitadas indicam que todos os eventos metamórficos


identificados (M1, M2 e M3) atingiram a fácies anfibolito a anfibolito superior. No caso do
evento M1, em virtude dos dados escassos acerca das condições de pressão atingidas, o
metamorfismo progressivo até a fácies anfibolito pode ter ocorri tanto à pressões intermediárias,
como a baixas pressões. O evento M2, por sua vez, é caracterizado em trabalhos regionais como
114
CAPÍTULO VII - METAMORFISMO

tendo evoluído em condições de pressão intermediárias, com associações minerais com cianita.
Por fim, o evento metamórfico M3 é caracterizado por um retrometamorfismo até a fácies xisto
verde, como observado na Figura 7.7.

Figura 7.7 – Trajetórias P-T-t estimadas para os três eventos metamórficos identificados (M1 em ciano, M2 em
amarelo e M3 em magenta – em que a seta contínua representa o metamorfismo progressivo e a segmentada, o
retrometamorfismo), em que todos são caracterizados por terem chegado a fácies anfibolito a anfibolito superior.
A linha tracejada vermelha marca o início da fusão granítica em presença de água. Fonte do gráfico: Winter
(2014).

115
CAPÍTULO VIII

CONSIDERAÇÕES FINAIS
CAPÍTULO VIII – CONSIDERAÇÕES FINAIS

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do mapeamento geológico realizado na região da estrutura dômica a oeste-


sudoeste da cidade de São Tomé/RN, foi possível a identificar diversos litotipos que puderam
ser correlacionados às unidades estratigráficas do contexto regionais, bem como os sucessivos
eventos deformacionais e metamórficos que afetaram essas rochas e que são decisivos nas
definições cronoestratigráficas. Também foi possível localizar diversas ocorrências de
garimpos relacionados à extração de bens minerais tais como a scheelita (nas calciossilicáticas)
e tantalita-columbita (em pegmatitos), por exemplo.
No que diz respeito ao empilhamento tectono-estratigráfico dessas unidades, alguns
critérios foram utilizados de forma a atender à complexidade e às especificidades da geologia
local. Dos litotipos mais antigos para os mais novos ocorrem: paragnaisses e intercalações de
anfibolitos que ocorrem como enclaves em ortognaisses bandados e augen gnaisses, assim
compondo o Complexo Caicó; diques de ortoanfibolito pós-D1 e pré-Grupo Seridó; o Grupo
Seridó, representado por paragnaisses com lentes de mármores, quartzitos e calciossilicáticas
da Formação Jucurutu e biotita xistos da Formação Seridó; ortognaisses graníticos afetados e
considerados sincrônicos ao evento deformacional D2, intrusivos nos gnaisses Caicó e cuja
relação com o Grupo Seridó, não observada claramente, é preliminarmente admitida também
como intrusiva; veios e diques graníticos unicamente deformados em D3; rochas de alteração
hidrotermal e/ou de contato (também relacionadas ao evento D3/M3) tais como biotititos,
ortoanfibólio-cordierita xistos e calciossilicáticas; diques ou soleiras de pegmatitos e granito
pegmatítico, tardios ao evento D3 (o magmatismo de idade ediacarana a cambriana); diques de
basalto relacionados ao Magmatismo Rio Ceará-Mirim; plugs de basalto relacionados ao
Magmatismo Macau; por fim, depósitos aluvionares em leitos de rios.
Os diferentes tipos de contatos entre essas rochas incluem aqueles normais ou
interdigitados (entre as metassupracrustais do Grupo Seridó), contatos intrusivos (entre corpos
ígneos e suas encaixantes), contatos tectônicos entre unidades alóctones (Grupo Seridó e
Complexo Caicó) e (a sul da presente área, mas possivelmente também ocorrendo
imediatamente a oeste da Zona de Cisalhamento Serra Verde) relação de não conformidade
indicada por um metaconglomerado na base da Formação Jucurutu, sobreposto aos gnaisses
(assim como embasamento) Caicó.
Com relação aos mapas pretéritos referidos nos capítulos 2 e 4, as principais diferenças
em termos de cartografia de unidades estão relacionadas ao refinamento do modo de contato

117
CAPÍTULO VIII – CONSIDERAÇÕES FINAIS

entre essas, tais como: a identificação de contatos anômalos (zonas de cisalhamento


transcorrentes dextrais) colocando em contato os biotita xistos da Formação Seridó com os
gnaisses do Complexo Caicó nos lados oeste e leste da estrutura dômica; a lente de quartzito
intercalada na Formação Jucurutu na porção norte do domo foi correlacionada à Formação
Jucurutu (e não à Formação Equador) devido à sua pouca expressão e continuidade. No geral,
a própria Formação Jucurutu e nesta, as lentes calciossilicáticas, tiveram sua expressão
cartográfica bastante reduzida. Além disso, as calciossilicáticas que ocorrem em contato com
os corpos anfibolíticos, encaixados no Complexo Caicó foram interpretadas como sendo
produto de alteração hidrotermal desses (e não de metamargas, como classicamente admitido
nas ocorrências na Formação Jucurutu).
Foram identificados três eventos deformacionais e metamórficos, denominados de
D1/M1, D2/M2 e D3/M3 (assim como já adotado em outros trabalhos de caráter mais regional),
sendo que o primeiro deles afetou somente as rochas do Complexo Caicó e foi responsável por
gerar um bandamento metamórfico de alto grau com segregação de bandas composicionais
quartzo-feldspáticas e máficas (ricas em biotita e hornblenda, por exemplo), atingindo a fácies
anfibolito superior em condições de pressão que podem ser de intermediárias a baixas. O
segundo evento, D2/M2, foi caracterizado por imprimir um fabric tangencial nas
metassupracrustais do Grupo Seridó (o registro estrutural mais antigo nessas rochas), nos
gnaisses do Complexo Caicó (e nos diques de anfibolito pós-D1), com dobras isoclinais a
apertadas, originalmente recumbentes a invertidas, e certamente empurrões, associados a um
metamorfismo de alto grau (devido à recristalização de K-feldspato, por exemplo), atingindo a
fácies anfibolito e condições de pressão intermediária. Ainda nesse evento (muito
provavelmente) ocorreu a intrusão de ortognaisses graníticos no Grupo Seridó e unidades mais
antigas. O último evento deformacional (D3) é caracterizado por se sobrepor aos demais e por
afetar grande parte dos litotipos da área, estando associado à instalação (em macro e
mesoescala) de um feixe de zonas de cisalhamento transcorrentes (ou transpressivas) dextrais,
macro e mesodobras F3 de plano axial com mergulho de moderado a forte e lineações de rake
baixo. A esse evento está associado um metamorfismo (M3) de baixa pressão e alta temperatura
(abaixo de 3,8 Kbar, devido a paragêneses com andaluzita e cordierita nos micaxistos da
Formação Seridó) cujo pico de condições PT atingiu a fácies anfibolito superior (pelo menos
650ºC, com formação de escapolita nas calciossilicáticas, por exemplo). Essa etapa de alta
temperatura foi seguida por retrometamorfismo documentado até a fácies xisto verde inferior
(com formação de intensa cloritização e muscovitização de grande parte das rochas afetadas) e

118
CAPÍTULO VIII – CONSIDERAÇÕES FINAIS

estruturas dúcteis-frágeis finais, representadas por fraturas e veios associados que afetam as
estruturas de mais alta temperatura, que atuaram no controle de alojamento (tardi a pós-D3) de
corpos pegmatíticos.
Por fim, é importante enfatizar que este evento (D3/M3) foi de suma importância no que
diz respeito à formação de vários tipos de mineralizações, tais como de scheelita em rochas
calciossilicáticas e Ta-Nb em pegmatitos que ocorrem na área, por exemplo. Além disso,
sugere-se estudos mais aprofundados (como trabalhos de geoquímica de solo associada a
gamaespectrometria, por exemplo) no tocante a investigação das anomalias radiométricas dos
canais individuais de eTh (ppm) e eU (ppm) ao redor da estrutura dômica, tendo em vista que
podem estar associadas a depósitos economicamente relevantes, tais como elementos terras
raras (ETRs) nos gnaisses do Complexo Caicó e minerais de urânio (uraninita e autunita, por
exemplo) nos pegmatitos.

119
CAPÍTULO IX

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPÍTULO IX – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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127
ANEXOS
ANEXO I

MAPA GEOLÓGICO EM ESCALA 1:50.000 DA


ESTRUTURA DÔMICA A OESTE-SUDOESTE DE
SÃO TOMÉ/RN, FAIXA SERIDÓ

129
1
ANEXO II

MAPA DE AFLORAMENTOS VISITADOS

131
1
ANEXO III

LISTA DE PONTOS DE AFLORAMENTOS


VISITADOS

133
Lista de pontos de afloramentos vistoriados a sudoeste de São Tomé, Rio Grande do Norte. Coordenadas em
SIRGAS 2000 (UTM), Zona 24M.
Afl. UTM X UTM Y Litologia Unidade
1 822986 9339036 xisto Formação Seridó
2 822787 9338894 xisto Formação Seridó
3 820880 9339334 xisto Formação Seridó
4 819680 9339746 xisto milonitizado Formação Jucurutu (para)
5 819518 9339899 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
6 819499 9339928 calciossilicática, gnaisse e pegmatito calciossilicática e pegmatito
7 819075 9339935 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
8 817589 9339369 xisto Formação Seridó
9 815646 9338593 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
10 814612 9339571 mármore Formação Jucurutu (mar)
11 814765 9339640 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
12 825027 9338282 xisto Formação Seridó
13 825087 9338319 xisto Formação Seridó
14 824974 9338471 pegmatito e xisto Formação Seridó
15 825143 9338181 pegmatito pegmatito
16 819904 9339521 quartzito Formação Jucurutu (qtz)
17 819635 9339531 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
Complexo Caicó (orto) e Formação
18 819149 9339924 ortognaisse e quartzito
Jucurutu (qtz)
19 816486 9338939 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
20 816560 9338756 paragnaisse e mármore Formação Jucurutu (mar)
21 815359 9338942 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
22 815004 9339375 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
23 814480 9339581 paragnaisse Formação Jucurutu (para)
24 814556 9339648 paragnaisse, calciossilicática e mármore Formação Jucurutu (mar)
25 814188 9339250 xisto Formação Seridó
26 815259 9341078 mármore Formação Jucurutu (mar)
27 818714 9340829 xisto Formação Seridó
28 822397 9340321 xisto Formação Seridó
29 824677 9334915 xisto Formação Seridó
30 825110 9333983 ortognaisse pegmatítico Complexo Caicó (orto)
31 822318 9330901 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
32 821123 9330816 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
33 820564 9330823 pegmatito pegmatito
34 821000 9338527 xisto Formação Seridó
35 819623 9339264 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
36 819647 9340419 quartzito e metaconglomerado Formação Jucurutu (qtz)
37 819755 9340398 calciossilicática Formação Jucurutu (cc)
38 819601 9340804 xisto Formação Seridó
39 819626 9340797 xisto Formação Seridó
40 815367 9338193 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
41 814721 9338128 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
42 814591 9338627 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
43 817250 9338384 xisto Formação Seridó
44 815562 9338046 pegmatito pegmatito
45 815608 9337835 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
46 815154 9337236 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
47 815597 9337465 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
48 815037 9336905 paragnaisse Complexo Caicó (para)
49 814934 9336835 anfibolito Complexo Caicó (orto)
50 814777 9336513 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
51 814370 9334695 ortognaisse Complexo Caicó (orto)

134
52 814362 9333897 calciossilicática calciossilicática
53 814369 9333856 paragnaisse Formação Jucurutu (para)
54 814377 9333828 paragnaisse Formação Jucurutu (para)
55 815251 9335714 xisto Formação Seridó
56 816031 9335705 xisto Formação Seridó
57 816118 9335683 paragnaisse Complexo Caicó (para)
58 816121 9335602 paragnaisse Complexo Caicó (para)
59 816079 9334376 paragnaisse xistoso e calciossilicática calciossilicática
60 819083 9340821 xisto Formação Seridó
61 816967 9332359 calciossilicática e pegmatito calciossilicática e pegmatito
62 816836 9332437 pegmatito pegmatito
63 816844 9332399 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
64 816829 9332432 pegmatito pegmatito
65 816760 9332408 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
66 816568 9332610 pegmatito pegmatito
67 816567 9332645 pegmatito pegmatito
68 817023 9332590 pegmatito pegmatito
69 821197 9336155 pegmatito pegmatito
70 821207 9336128 pegmatito pegmatito
71 820626 9336466 pegmatito pegmatito
72 820563 9336410 xisto Formação Seridó
73 820579 9336364 pegmatito pegmatito
74 820462 9336462 pegmatito pegmatito
75 820061 9336503 pegmatito pegmatito
76 819774 9336421 calciossilicática e pegmatito calciossilicática e pegmatito
Complexo Caicó (orto) e
77 819725 9336399 calciossilicática e paragnaisse
calciossilicática
78 819817 9333324 pegmatito pegmatito
79 819790 9333331 pegmatito pegmatito
80 819769 9333353 pegmatito pegmatito
81 819782 9333490 pegmatito pegmatito
82 819610 9333733 pegmatito pegmatito
83 819700 9335583 pegmatito pegmatito
84 820053 9335459 xisto Formação Seridó
85 818486 9332567 xisto Formação Seridó
86 818569 9332716 xisto Formação Seridó
87 818538 9332778 xisto Formação Seridó
88 818591 9332958 xisto e pegmatito Formação Seridó e pegmatito
89 818637 9332865 xisto Formação Seridó
90 817687 9331982 basalto Basalto Rio Ceará-Mirim
91 817545 9332058 pegmatito pegmatito
92 817423 9332342 pegmatito pegmatito
93 816966 9332395 calciossilicática e pegmatito calciossilicática e pegmatito
94 816760 9332442 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
95 816620 9332500 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
96 816607 9332514 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
97 816602 9332531 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
98 816599 9332564 paragnaisse Complexo Caicó (para)
99 816589 9332605 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
100 816327 9333008 pegmatito pegmatito
101 817030 9332583 pegmatito pegmatito
102 817131 9332528 pegmatito pegmatito
103 817177 9332499 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
104 817182 9332474 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
105 817210 9332412 pegmatito pegmatito

135
106 817255 9332361 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
107 817415 9332400 ortognaisse, calciossilicática e pegmatito calciossilicática
108 817278 9332302 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
109 816909 9332626 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
110 816905 9332667 pegmatito pegmatito
111 816859 9332660 pegmatito pegmatito
112 816844 9332684 ortognaisse, calciossilicática e pegmatito Complexo Caicó (orto)
113 816772 9332715 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
114 816673 9332734 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
115 816659 9332764 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
116 816631 9332799 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
117 816606 9332900 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
118 816600 9332837 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
Complexo Caicó (orto) e
119 819591 9339833 calciossilicática e ortognaisse
calciossilicática
120 817839 9339132 xisto Formação Seridó
xisto, calciossilicática, pegmatito, Formação Seridó e metagranito
121 817870 9339004
metagranito indiferenciado indiscriminado
122 817842 9337123 pegmatito pegmatito
123 817678 9336547 biotitito e pegmatito pegmatito
124 817957 9336195 pegmatito pegmatito
125 818197 9336192 pegmatito pegmatito
126 818254 9336201 pegmatito pegmatito
127 817692 9336505 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
128 817763 9336876 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
129 818007 9337348 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
130 818036 9337660 anfibolito Complexo Caicó (orto)
131 818080 9337772 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
132 818086 9337799 gnaisse Complexo Caicó (orto)
133 818100 9338337 gnaisse Complexo Caicó (orto)
134 818095 9338385 gnaisse Complexo Caicó (orto)
Complexo Caicó (orto) e
135 817990 9338529 calciossilicática e ortognaisse
calciossilicática
Complexo Caicó (orto) e
136 818635 9339275 ortognaisse e pegmatito
metagranito indiscriminado
137 818573 9339469 paragnaisse e calciossilicática Complexo Caicó (para)
138 818541 9339556 gnaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
ortognaisse bandado intrudido por Complexo Caicó (orto) e
139 818551 9339639
ortognaisse (G2? Ou G3?) e paragnaisse metagranito indiscriminado
140 818509 9339429 calciossilicática, pegmatito e ortognaisse calciossilicática
141 819054 9338705 pegmatito pegmatito
142 819109 9338639 gnaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
143 819111 9338404 pegmatito pegmatito
144 819317 9338025 pegmatito pegmatito
145 819402 9336934 biotitito e pegmatito pegmatito
146 819290 9336958 pegmatito pegmatito
147 819464 9336862 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
148 819782 9336737 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
149 819747 9336764 calciossilicática calciossilicática
150 819068 9338665 gnaisse Complexo Caicó (orto)
151 818877 9339038 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
152 817135 9333356 pegmatito pegmatito
153 816918 9333905 pegmatito pegmatito
154 816891 9333962 gnaisse Complexo Caicó (orto)
155 816073 9333806 gnaisse Complexo Caicó (orto)
156 815968 9333625 calciossilicática calciossilicática
136
157 816067 9333404 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
158 816258 9333314 calciossilicática calciossilicática
159 816318 9333288 calciossilicática calciossilicática
160 816175 9333096 gnaisse Complexo Caicó (orto)
161 816171 9338295 gnaisse Complexo Caicó (orto)
162 816120 9338505 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
163 815848 9337587 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
164 819685 9339889 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
165 819652 9339857 calciossilicática e pegmatito calciossilicática e pegmatito
Formação Jucurutu e metagranito
166 819744 9339904 paragnaisse e metagranito indiscriminado
indiscriminado
167 819666 9339963 quartzito Formação Jucurutu (qtz)
168 819658 9340073 paragnaisse Formação Jucurutu (para)
169 819634 9340098 pegmatito pegmatito
170 819631 9340087 pegmatito pegmatito
171 819647 9340130 quartzito Formação Jucurutu (qtz)
172 819620 9340177 pegmatito pegmatito
173 819544 9339865 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
174 819475 9339882 calciossilicática calciossilicática
175 818508 9339405 paragnaisse Complexo Caicó (para)
176 818854 9339521 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
177 815789 9338499 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
178 815672 9338136 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
179 814909 9339520 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
Complexo Caicó (orto) e
180 817943 9338801 ortognaisse e gnaisse
metagranito indiscriminado
Complexo Caicó (orto) e
181 817989 9338787 ortognaisse
metagranito indiscriminado
182 818121 9338047 paragnaisse e pegmatito Complexo Caicó (para) e pegmatito
Complexo Caicó (orto) e
183 817409 9338011 augen gnaisse e ortognaisse
metagranito indiscriminado
184 816144 9335757 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
185 816115 9335621 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
186 816020 9333121 xisto Formação Seridó
187 816083 9333133 ortognaisse, biotitito e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
188 816201 9333278 anfibolito calciossilicático com biotitito calciossilicática e biotitito
189 815855 9333850 calciossilicática calciossilicática
190 816097 9334080 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
191 816163 9334179 paragnaisse Complexo Caicó (para)
Complexo Caicó (para) e
192 816080 9334376 calciossilicática e paragnaisse
calciossilicática
193 819666 9335608 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
194 819786 9335584 xisto Formação Seridó
195 819966 9335910 xisto Formação Seridó
196 820322 9337025 pegmatito pegmatito
197 818537 9333193 pegmatito pegmatito
198 818812 9333573 Xisto Formação Seridó
199 818920 9334070 gnaisse Complexo Caicó (orto)
200 818810 9334272 pegmatito pegmatito
201 818770 9334319 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
202 818712 9334359 pegmatito pegmatito
203 818649 9334389 pegmatito pegmatito
204 818591 9334367 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
205 818548 9334476 pegmatito pegmatito
contato entre ortognaisse e pegmatito, com
206 818485 9334498 Complexo Caicó (orto) e pegmatito
biotitito entre eles
137
Complexo Caicó (orto) e basalto Rio
207 818502 9334475 basalto e ortognaisse bandado
Ceará-mirim
208 818711 9333483 xisto Formação Seridó
209 818567 9332914 xisto Formação Seridó
210 820535 9331064 xisto Formação Seridó
211 819860 9330822 xisto Formação Seridó
212 820090 9332024 pegmatito pegmatito
213 819991 9332082 xisto Formação Seridó
214 820762 9333857 xisto e pegmatito Formação Seridó e pegmatito
215 823748 9338339 xisto Formação Seridó
216 816873 9332397 pegmatito pegmatito
217 816836 9332442 ortognaisse e pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
218 816856 9332386 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
219 817073 9332627 pegmatito pegmatito
220 817061 9332601 pegmatito Complexo Caicó (orto) e pegmatito
221 817079 9332701 pegmatito pegmatito
222 817081 9332712 pegmatito pegmatito
223 817038 9332965 pegmatito pegmatito
224 817038 9333206 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
225 816790 9333333 pegmatito pegmatito
226 816680 9333280 ortognaisse Complexo Caicó (orto)
227 818054 9338490 pegmatito pegmatito

138

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