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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIENCIAS EXATAS E DA TERRA


DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
CURSO DE GEOLOGIA

TONY ALLAN FREIRE DO NASCIMENTO

ELEMENTOS HIDROGEOLÓGICOS DE UMA


FAIXA ORIENTAL COSTEIRA - REGIÃO
LIMÍTROFE NATAL-PARNAMIRIM/RN

NATAL/RN
2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

TONY ALLAN FREIRE DO NASCIMENTO

ELEMENTOS HIDROGEOLÓGICOS DE UMA


FAIXA ORIENTAL COSTEIRA - REGIÃO
LIMÍTROFE NATAL-PARNAMIRIM/RN

Relatório de Graduação, do Curso de


Geologia, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, sob a orientação do Prof. Dr.
José Braz Diniz Filho, a fim de obter o grau de
Geólogo.

Natal/RN
2011
Agradecimentos
Gostaria de agradecer em primeiro lugar a Deus, que me deu força e esperança
nesses anos de labuta, aos meus pais Cláudio e Célia, meu irmão Teorge (Téo), minha
avó Maria e minha esposa Alynne, por todo amor a mim dedicados.
Agradeço também a CAERN por propiciar a oportunidade de participar do
projeto que deu início a este relatório, a FUNPEC pelo apoio financeiro, ao
Departamento de Geologia da UFRN, como também a todos os professores pelos
conhecimentos repassados nas aulas e em especial ao professor Dr. José Braz Diniz
Filho pela orientação e apoio no relatório, e ao professor Dr. Vanildo Pereira da
Fonseca, pelas orientações sobre a geologia da área.
Agradeço aos meus amigos Shau, Dayvison Bruno (P. loira), Thiago Aquino
(Ceará), Polegar (Diego D’ávila), a Gorda (Lucas), Vitor Marcolan (Vitão), Negão
(Gerson Romano), Arthur Torres e Thales pelos momentos de estudo e também de relax
durante as cachaças e aulas de campo.
Agradeço em especial ao meu grande amigo e padrinho de casamento Luiz
Gustavo por todos os momentos vividos nesses longos anos de curso, todos os
trabalhos, seminários, relatórios, campos que participamos juntos, sem falar de todos os
dias de trabalho no IDEMA e do auxílio neste relatório.
Apresentação
O presente relatório é parte dos requisitos curriculares necessários à obtenção do
grau de Geólogo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Compõe-
se por sete capítulos, além de anexos (mapas geológicos, geomorfológicos e localização
dos poços). São apresentados os principais aspectos hidrogeológicos básicos de uma
área situada no limite entre Natal e Parnamirim/RN, litoral oriental do Rio Grande do
Norte, na qual parte do trabalho foi realizado durante o desenvolvimento do projeto
“Caracterização da potencialidade hidrogeológica da área do Centro de Lançamentos da
Barreira do Inferno-CLBI e adjacências, Parnamirim-RN”. Este projeto foi realizado
pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN, Companhia de Águas e
Esgotos do Rio Grande do Norte-CAERN, e financiamento através da Fundação Norte-
riograndense de Pesquisa e Cultura-FUNPEC, através do convênio
FUNPEC/UFRN/CAERN. Este relatório, portanto, inclui dados obtidos do referido
projeto.
Resumo
O presente relatório dá enfoque aos os principais aspectos hidrogeológicos
básicos de uma área situada no limite entre Natal e Parnamirim/RN, litoral oriental do
Rio Grande do Norte. A área abrange os municípoios de Natal, Parnamirim e Nísia
Floresta e apresenta aproximadamente 15 km². A geologia da área é constituída por
rochas do embasamento pré-cambriano (não aflorante), materiais sedimentares
sedimentares mesozóicos e cenozóicos terciários e quaternários. O seu relevo pode ser
dividido nas seguintes unidades morfológicas: Tabuleiros costeiros, Dunas, Vales
fluviais, Zona de praia, Beach rocks e Falésias, embora se destaquem os tabuleiros
costeiros. A região em estudo é caracterizada hidrogeologicamente, pelo sistema
Aqüífero Dunas/Barreiras que constitui o principal reservatório de água subterrânea do
litoral oriental do Rio Grande do Norte, ao qual abastece grande parte dessa região. Sua
litologia é composta por arenitos com intercalações argilosas e espessuras que vão de 40
a 110 m. De acordo com interpretações nas seções hidrogeológicas observou-se que as
espessuras saturadas do Aqüífero Barreiras variam entre 60 e 90 m. De acordo com
dados do cadastro realizado em 17 poços tubulares e 12 piezômetros, a profundidade
dos poços produtores varia de 65,1 m (P28) a 110 m (P17), com diâmetros entre 6” e 8”,
com vazões explotadas que variam de 7,9 a 90 m³/h e nível estático variando de 6 a
34,33 m. Os parâmetros hidrodinâmicos do Aqüífero Barreiras são os seguintes:
Condutividade hidráulica (K) = 3,58x10-5 m/s, Transmissividade (T) = 1,73x10-³ m2/s e
Porosidade específica (Sy) = 11%. As reservas reguladoras foram estimadas em 1,75
milhões de m³/ano, enquanto que o volume d’água infiltrado é de aproximadamente 3,1
milhões m³/ano. Os valores referentes aos recursos explotáveis do Aqüífero Barreiras
giram em torno de 2,43 milhões m³/ano e as reservas permanentes são de 75,6 m³/ano.

Palavras-chave: Aspectos hidrogeológicos, Aqüífero Barreiras, Parâmetros


hidrodinâmicos.
Abstract
This report focuses on key aspects of basic hydrogeological an area located at
the boundary between Natal and Parnamirim / RN, the eastern coast of Rio Grande do
Norte. The area covers municipalitys of Natal, Parnamirim and Nísia Floresta and
features approximately 15 km ². The geology of the area consists of rocks of
Precambrian basement (non-outcropping), materials sedimentary Mesozoic and
Cenozoic sedimentary and Tertiary sediments. Your relief may be divided into the
following morphological units: Coastal board, Dunes, River valleys, Beach of zone,
Beach rocks and Cliffs, while the Coastal board stand. The region under study is
characterized hydrogeology, aquifer system Dunas / Barreiras which is the main
groundwater reservoir of the eastern coast of Rio Grande do Norte, which supplies
much of this region. Its lithology consists of interbedded clays and sandstones with
thicknesses ranging from 40 to 110 m. According to hydrogeological interpretations in
the sections showed that the thickness of the aquifer saturated barriers vary between 60
and 90 m. According to data held in the register 17 wells and 12 piezometers, depth of
producing wells ranges from 65.1 m (P28) to 110 m (P17), with diameters between 6"
and 8", with flows ranging exploited 7.9 to 90 m³ / h static level ranging from 6 to 34.33
m. The hydrodynamic parameters of the aquifer barriers are: hydraulic conductivity (K)
= 3.58 x10-5 m / s, transmissivity (T) = 1.73 x10-³ m2/s and specific porosity (Sy) =
11%. Regulatory reserves were estimated at 1.75 million m³ / year, while the volume of
water infiltrated is approximately 3.1 million m³ / year. The values for the exploitable
resources of the aquifer Barreiras are around 2.43 million m³ / year and the permanent
reserves are 75.6 m³ / year.

Key-words: Aspects hydrogeological, Barreiras Aquifer, hydrodynamic parameters.


S UMÁRIO

Introdução ............................................................................................................. 1

Justificativa ....................................................................................................... 1
Localização e vias de acesso............................................................................. 1
Metodologia de Trabalho .................................................................................. 2

Primeira etapa ............................................................................................... 3


Segunda etapa ............................................................................................... 4
Terceira etapa ................................................................................................ 4

Aspectos Fisiográficos .......................................................................................... 5

Clima................................................................................................................. 5
Balanço Hídrico Regional-Método de Thornthwaite........................................ 5
Vegetação ......................................................................................................... 6
Relevo ............................................................................................................... 7
Hidrografia ........................................................................................................ 7

Contexto Geológico .............................................................................................. 9

Unidade Pré-Cambriana.................................................................................. 10
Unidade Mesozóica ........................................................................................ 10
Unidade Cenozóica ......................................................................................... 10

Formação Barreiras ..................................................................................... 10

Unidade Quaternária ....................................................................................... 13

Depósitos de sedimentos eólicos ................................................................ 13


Depósitos de sedimentos aluvionares e lacustres ....................................... 14
Depósitos atuais de praia ............................................................................ 14
Depósitos Flúvio-marinhos ......................................................................... 14
Depósitos de arenitos de praia .................................................................... 15

Contexto Geomorfológico .................................................................................. 16

Tabuleiros Costeiros ....................................................................................... 18


Dunas .............................................................................................................. 18
Planície de Inundação Fluvial ......................................................................... 18
Zona de praia .................................................................................................. 18
Beach rocks ..................................................................................................... 19
Falésias ........................................................................................................... 19

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 21

Ocorrência e Distribuição das Águas Subterrâneas ........................................ 21

Aquífero, aquitard, aquiclude e aquifugo ................................................... 21


Distribuição da água no solo ou na terra..................................................... 21
Porosidade específica .................................................................................. 23
Tipos de aquífero e fontes........................................................................... 24
Parâmetros hidrodinâmicos dos aquíferos .................................................. 26
Escoamento das águas subterrâneas ........................................................... 28

Recursos Explotáveis ...................................................................................... 31

Reservas Reguladoras (RR) ........................................................................ 31


Volume d´água infiltrado ou infiltração eficaz (Vi) ................................... 31
Reservas Permanentes ou Potenciais (RP): ................................................ 32

HIDROGEOLOGIA DA ÁREA ........................................................................ 33

Contexto hidrogeológico regional .................................................................. 33


Unidades hidrogeológicas da área estudada ................................................... 34

Aquífero Barreiras ...................................................................................... 34


Aquíferos Aluviais ...................................................................................... 35
Aqüífero Dunas ........................................................................................... 35

O Aquífero Barreiras na área estudada ........................................................... 36


Cadastro de poços ........................................................................................... 36
Aspectos dimensionais do aquífero Barreiras ................................................. 41
Ocorrência e controles geológicos .................................................................. 44
Aspectos litológicos e hidroestratigráficos ..................................................... 45
Parâmetros hidrodinâmicos ............................................................................ 49
Potenciometria ................................................................................................ 52
Estimativa de reservas .................................................................................... 55

Reservas explotáveis ................................................................................... 55


Reservas Permanentes ou Potenciais - RP .................................................. 55

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 57


Bibliografia ......................................................................................................... 58

LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1- MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................... 2
FIGURA 2 - FLUXOGRAMA DA METODOLOGIA DE TRABALHO ....................................................................................... 3
FIGURA 3 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO RN .......................................... 8
FIGURA 4 - COLUNA ESTRATIGRÁFICA DA REGIÃO ESTUDADA (DINIZ FILHO ET AL, 2009). .............................................. 9
FIGURA 5 - MAPA GEOLÓGICO DA ÁREA DE ESTUDO. .............................................................................................. 12
FIGURA 6 – ESQUEMA DO AVANÇO DOS SEDIMENTOS EÓLICOS PROPORCIONADO PELA AÇÃO DOS VENTOS ........................ 14
FIGURA 7 - MAPA GEOMORFOLÓGICO DA ÁREA DE ESTUDO. .................................................................................... 17
FIGURA 8 - FALÉSIAS DA BARREIRA DO INFERNO ..................................................................................................... 20
FIGURA 9 - ESQUEMA DA DISTRIBUIÇÃO DAS ÁGUAS NO SOLO; EM DESTAQUE A ZONA SATURADA (PORÇÃO INFERIOR) E A ZONA
DE AERAÇÃO (PORÇÃO SUPERIOR). ............................................................................................................ 23

FIGURA 10 – ESQUEMA DOS TIPOS DE AQUÍFEROS; 1 – ÁREA DE RECARGA DO AQUÍFERO CONFINADO; 2 – POÇO DE CAPTAÇÃO
COM SEÇÃO FILTRANTE NO AQUÍFERO SEMICONFINADO; 3 – PORÇÃO DO AQUÍFERO LIVRE COM SEMICONFINAMENTO

LOCALIZADO E GERAÇÃO DE SUPERFICIE POTENCIOMÉTRICA SECUNDÁRIA; 4 – SUPERFÍCIE POTENCIOMÉTRICA

SECUNDÁRIA AFLORANDO NA SUPERFÍCIE DO TERRENO GERANDO UMA FONTE DE ÁGUA; 5 – POÇO DE CAPTAÇÃO

JORRANTE COM SEÇÃO FILTRANTE NO AQUÍFERO CONFINADO; 6 – FALHA QUE POSSIBILITA FLUXO ASCENDENTE

ALIMENTANDO O AQUÍFERO LIVRE; 7 - POÇO DE CAPTAÇÃO COM SEÇÃO FILTRANTE NO AQUÍFERO LIVRE,

APRESENTANDO NÍVEL POTENCIOMÉTRICO BEM INFERIOR AO AQUÍFERO CONFINADO. .......................................... 25

FIGURA 11 - FONTES D’ÁGUA LOCALIZADAS NAS FALÉSIAS NO DOMÍNIO DO CLBI ......................................................... 26


FIGURA 12 - MAPA DAS UNIDADES HIDROGEOLÓGICAS DO RIO GRANDE DO NORTE .................................................... 34
FIGURA 13 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO DOS POÇOS NA ÁREA DE ESTUDO....................................................................... 39
FIGURA 14 - PERFIL LITOLÓGICO-CONSTRUTIVO DO POÇO 7 ..................................................................................... 40
FIGURA 15 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO DAS SEÇÕES HIDROGEOLÓGICAS ........................................................................ 42
FIGURA 16 - SEÇÃO HIDROGEOLÓGICA 1 DE DIREÇÃO NW-SE ................................................................................. 43
FIGURA 17 - SEÇÃO HIDROGEOLÓGICA 2 DE DIREÇÃO NW-SE ................................................................................ 43
FIGURA 18 - SEÇÃO HIDROGEOLÓGICA 3 DE DIREÇÃO N-S ...................................................................................... 44
FIGURA 19 – PERFIL ESTRATIGRÁFICO ESQUEMÁTICO DA ÁREA DE ESTUDO .................................................................. 45
FIGURA 20 - PERFIL LITOLÓGICO-CONSTRUTIVO 1 .................................................................................................. 46
FIGURA 21 - PERFIL LITOLÓGICO-CONSTRUTIVO 2 .................................................................................................. 47
FIGURA 22 - PERFIL LITOLÓGICO-CONSTRUTIVO 3 .................................................................................................. 47
FIGURA 23 - PERFIL LITOLÓGICO-CONSTRUTIVO 4 .................................................................................................. 48
FIGURA 24 - DUNAS QUE CONTRIBUEM PARA O REABASTECIMENTO DO AQUÍFERO BARREIRAS........................................ 49
FIGURA 25 - MAPA POTENCIOMÉTRICO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................................................... 54

LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - PARES DE COORDENADAS QUE DELIMITAM A ÁREA DE ESTUDO .................................................................... 1
TABELA 2 - BALANÇO HÍDRICO MENSAL PARA A ÁREA DE NATAL E ADJACÊNCIAS. MÉTODO DE THORNTWAITE. DADOS DE
PRECIPITAÇÃO MÉDIA: 1911-2000; DADOS DE TEMPERATURA E ETP: 1960-1990.DE DINIZ FILHO, ET AL, 2009 ....... 5

TABELA 3 – POROSIDADE EFETIVA EM DIFERENTES TIPOS DE ROCHA ........................................................................... 24


TABELA 4 - CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA NOS DIFERENTES TIPOS DE ROCHA ................................................................ 27
TABELA 5 - LOCALIZAÇÃO DOS POÇOS NA ÁREA DE ESTUDO ...................................................................................... 37
TABELA 6 - DADOS DOS POÇOS UTILIZADOS NO TESTE DE AQUÍFERO........................................................................... 50
TABELA 7 - PARÂMETROS HIDRODINÂMICOS DO AQUÍFERO BARREIRAS ...................................................................... 51
TABELA 8 - VALORES DE REBAIXAMENTO DOS PIEZÔMETROS TESTADOS ...................................................................... 52

LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO BALANÇO HÍDRICO PARA A ÁREA DE NATAL E ADJACÊNCIAS ..... 6
GRÁFICO 2 - CURVA DE CAMPO AJUSTADA À CURVA TEÓRICA - MÉTODO NEUMAN ....................................................... 51
Nascimento, T. A. F.

I NTRODUÇÃO

J USTIFICATIVA

Situada próxima ao bairro de Ponta Negra, zona sul de Natal, capital do estado do Rio
Grande do Norte, a região estudada abrange um contexto considerado de grande importância
como fonte alternativa para um futuro complemento ao abastecimento de água da região sul
de Natal. Isto porque se trata de uma área protegida dentro dos parâmetros geoambientais em
geral, e daqueles relacionados ao manancial hídrico subterrâneo, em particular. A região sul
da capital potiguar é abastecida atualmente pelo sistema de captação do Jiquí (águas
superficiais e subterrâneas), que encontra-se com o limite de explotação em níveis
prudenciais.
Portanto, este estudo poderá servir como ferramenta auxiliar na tomada de decisões
sobre o abastecimento de água desta região do município de Natal, visando uma possível
explotação futura da área em apreço.

L OCALIZAÇÃO E V IAS DE ACESSO

A área em estudo se encontra no litoral oriental do Rio Grande do Norte, setor sul de
Natal, no limite com o município de Parnamirim/RN (Figura 1). A área abrange os municípios
de Natal, Parnamirim e Nísia Floresta, sendo delimitada pelos paralelos 5°52’S e 5°57’S e
meridianos 35°8’W e 35°12’W, em coordenadas UTM representados pelos pares de
coordenas (Tabela 1), e inserida na carta topográfica da SUDENE Natal-SB-25-V-C-V (escala
de 1:100.000). A área estudada, apresenta aproximadamente 15 km², e sua linha de costa
conta com cerca de 5km de extensão. O acesso principal é feito pela RN-063 conhecida por
Rota do Sol, que liga Natal às praias do litoral sul do Estado. Ainda é possível o acesso a
região por meio da RN-313, que liga a BR-101 a RN-063 nas imediações do distrito de Pium,
Parnamirim.
Pontos X Y
1 262210 9350241
2 262210 9340199
3 255420 9340199
4 255420 9350241
TABELA 1 - PARES DE COORDENADAS QUE DELIMITAM A ÁREA DE ESTUDO

1
Nascimento, T. A. F.

FIGURA 1- MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

M ETO DOLOGIA DE T RABALHO

A metodologia adotada neste estudo envolveu três etapas distintas, que serão descritas
a seguir (Figura 2). Na etapa inicial, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, em conjunto
com a coleta de dados e a composição de uma base de dados georreferenciada preliminar com
auxílio de carta topográfica e produtos digitais oriundos de sensores orbitais; a etapa seguinte
constou de trabalhos em campo, para um melhor entendimento da geologia integrada à
hidrogeologia local; e na última etapa, os dados obtidos nas etapas anteriores foram
processados, analisados e integrados, para confecção deste relatório.

2
Nascimento, T. A. F.

FIGURA 2 - FLUXOGRAMA DA METODOLOGIA DE TRABALHO

P R I ME IR A ETAPA

No início dos trabalhos, foi dada prioridade a pesquisa das mais diversas bibliografias
existentes, sejam estas com foco na área de estudo e características similares ao que é
abordado neste relatório, ou de enfoque generalizado sobre geologia, hidrogeologia,
geomorfologia, entre outros temas. Também foram utilizadas informações extraídas da carta
topográfica da SUDENE, Natal-SB-25-V-C-V (escala de 1: 100.000) na qual a área de estudo
está inserida. Foi conduzida também a pesquisa em artigos científicos, levantamento de dados
sobre a região em estudo, consulta em livros especializados em hidrogeologia e no relatório
técnico do projeto FUNPEC/UFRN/CAERN, o qual fundamentou este relatório de graduação.
Entre as principais informações extraídas do referido projeto, temos aquelas referentes aos
dados cadastrais, obtidos dos poços da região fornecidos pela CAERN.

3
Nascimento, T. A. F.

Por fim, foram levantados dados de informações geográficas, como imagens de


satélite, radar e informações vetoriais, disponíveis em sites de órgãos governamentais, dos
quais foram consultados, e, a partir destas informações coletadas, foi possível a montagem de
um banco de dados georreferenciado, através do qual os mapas foram gerados.

SEGUNDA E TA P A

Nesta etapa foi realizado um reconhecimento geológico da área, como também da


estrutura hidrogeológica local, onde foi possível identificar estruturas sedimentares, unidades
geológicas, aspectos hidroestratigráficos, características hidrogeológicas e feições
geomorfológicas.
Foram identificados poços de pesquisa dispostos na área do CLBI (Centro de
Lançamentos da Barreira do Inferno). Estes poços são monitorados continuamente por
equipes da CAERN, que vão ao local e realizam medições do nível das águas subterrâneas.

T ER C E IR A E TA P A

Na última etapa, foram utilizados os dados coletados nas etapas anteriores de forma a
permitir uma caracterização e uma interpretação hidrogeológica. Para sua realização foram
analisados dados de sondagem e dos poços da região, juntamente com dados cadastrais,
gerando como produto, perfis e seções tanto geológicas como hidrogeológicas. Também foi
realizado o processamento dos dados de gabinete e coletados em campo. Foram utilizados
diversos programas computacionais, que possibilitaram a armazenagem e tabulação dos dados
em tabelas, elaboração de gráficos, a criação de figuras e geração de diversos mapas.
Desta forma, a partir da aplicação das informações adquiridas e a integração de todos
os dados, foi possível a estruturação deste relatório.

4
Nascimento, T. A. F.

A SPECTOS F ISIOGRÁFICOS

C LIMA

A área em estudo apresenta clima do tipo As’, classificado como tropical chuvoso
quente com verão seco, segundo a classificação de W. Köppen. Caracteriza-se principalmente
por apresentar uma estação chuvosa que é evidenciada entre os meses de fevereiro a julho, e
uma estação seca, com sua estiagem mais forte entre outubro e dezembro. (VIANELLO &
ALVES, 2000).
Segundo dados da EMPARN - Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do
Norte, os ventos na região tem direção predominante SE, a temperatura média anual oscila em
torno de 26,8°C, com uma insolação anual média de 2.954 horas, umidade relativa do ar em
torno de 75% e índice pluviométrico anual da ordem de 1.562,6 mm/ano (DINIZ FILHO, et
al., 2009).

B ALANÇO H ÍDRICO R EGIONAL -M ÉTODO DE T HORNTH WAITE

Diniz Filho, et al, 2009, afirma que a partir dos dados de precipitação e
evapotranspiração potencial da cidade de natal, obtidos junto a EMPARN para o período de
1911 a 2000, com exceção do intervalo entre os anos de 1977 a 1983, foi realizado o balanço
hídrico de Thornthwaite, exposto na Erro! Fonte de referência não encontrada.. Já para os
dados de temperatura mensal, foram considerados o período entre 1960 e 1990.
Através do método de Thornthwaite, foi possível obter valores mensais de
evapotranspiração real, cuja média anual é de 1.081,14 mm/ano, com um déficit de 471,91
mm/ano, excedente de 501,94 mm/ano, e escoamento superficial 501,14 mm/ano (DINIZ
FILHO, et al., 2009).
Parâmetro/Mês JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANO
Precipitação
55,63 108,77 205,53 256,75 246,89 263,73 214,17 115,03 53,05 19,41 18,68 25,44 1583,06
(mm)
ETP 129,91 116,71 133,8 112,44 109,14 107,96 121,79 123,2 140,1 154,49 157,27 146,24 1553,05
P - ETP -74,28 -7,94 71,73 144,31 137,75 155,77 92,38 -8,17 -7,05 -35,08 -38,59 -120,8 -
Δ H2O solo - - 71,73 28,27 - - - -8,17 -7,05 -4,78 - - -
Reserva d'água
0 0 71,73 100 100 100 100 91,83 4,78 0 0 0 -
útil (mm)
ETR 55,63 108,77 133,8 112,44 109,14 107,96 121,79 123,2 140,1 24,19 18,68 25,44 1081,14
D (déficit) 74,28 7,94 - - - - - - 130,3 138,59 120,8 471,91
S (excesso) - - - 116,04 137,75 155,77 92,38 - - - - - 501,94
R (escoamento) 1,72 0,86 0 58,02 97,89 126,83 109,61 54,81 27,41 13,71 6,86 3,43 501,15
TABELA 2 - BALANÇO HÍDRICO MENSAL PARA A ÁREA DE NATAL E ADJACÊNCIAS. MÉTODO DE THORNTWAITE.
DADOS DE PRECIPITAÇÃO MÉDIA: 1911-2000; DADOS DE TEMPERATURA E ETP: 1960-1990.DE DINIZ FILHO, ET AL,
2009

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Nascimento, T. A. F.

A representação gráfica proposta para este balanço hídrico (Gráfico 1), mostra que as
reservas de água do solo começam a se compor a partir do mês de março, atingindo sua
saturação em abril. Nos meses de maio, junho e julho, ocorre um excedente neste manancial,
ocorrendo então o escoamento superficial das águas. A partir de agosto a evapotranspiração
supera a precipitação, e nos meses de agosto, setembro e outubro, ocorre o período de
estiagem ocasionando a perda de água do solo, acentuado nos meses de novembro, dezembro,
janeiro e fevereiro, onde o regime pluviométrico é insuficiente para assegurar reservas de
água úteis no solo, estabelecendo-se um déficit hídrico regional. Isto demonstra que o período
de recarga do aqüífero Barreiras deve se processar durante o período chuvoso (entre abril e
Julho), e/ou algum intervalo de tempo após este período, tendo em vista o avanço da frente de
umidade na zona não saturada durante o período seco, até alcançar o nível das águas
subterrâneas.

GRÁFICO 1 - REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO BALANÇO HÍDRICO PARA A ÁREA DE NATAL E


ADJACÊNCIAS

V EGETAÇÃO

A vegetação do tipo restinga predomina na área estudada, revestindo as praias, dunas e


por vezes, as rochas aflorantes da Formação Barreiras (SALGADO et.al. 1981). É comum
encontrar as espécies Ipomoea pescrapea (salsa de praia), Cocos nucifera (coqueiro),
Anacardium occidentale (cajueiro) e Remirea marítima (vegetação comum em dunas fixas).

6
Nascimento, T. A. F.

Ainda são encontradas espécies de vegetação de mangue, como a Rizophora Mangle (mangue
verdadeiro) e Aucennia nítida (mangue canoé). Deve ser ressaltada a presença da cobertura
vegetal preservada na região estudada, o que sugere uma área de recarga natural bem
preservada, bastante favorável e localmente efetiva.

R ELEVO

O relevo local apresenta-se predominantemente ondulado, com exceção dos cordões


arenosos de praia, estreitos e de pequena declividade. A morfologia é caracterizada pelos
campos dunares litorâneos, que são intercalados na linha de costa com platôs dos tabuleiros
costeiros.

Os tabuleiros costeiros dominam a geomorfologia da região, sendo compreendidos


por platôs que seguem por todo o litoral leste do Rio Grande do Norte. As acumulações
eólicas, fluviais e flúvio-marinhas são enquadradas na Faixa Litorânea (PRATES et. al 1981).
Estes platôs apresentam em geral um relevo plano a suavemente ondulado, por vezes
terminando em direção ao mar, sob a forma de falésias. Os vales dos rios encontram-se
encaixados nas rochas da Formação Barreiras. Desta forma, a área de estudo se enquadra
mais especificamente no domínio de platôs com transição para campos dunares na porção
oriental adjacente às praias.

H IDROGRAFIA

A região estudada abrange duas bacias hidrográficas, que são a bacia hidrográfica do
Rio Pirangi a oeste, e a leste a bacia hidrográfica da faixa litorânea leste de escoamento difuso
(Figura 03).
A Bacia do Rio Pirangi apresenta uma área de aproximadamente 500 Km2, situando-se
totalmente no litoral oriental do Rio Grande do Norte. O Rio Pirangi desemboca na praia
homônima, onde ocorrem mangues. A lagoa de maior destaque na área em estudo, a lagoa do
Jiquí, apresenta-se como uma das principais da região, nos dias atuais abastecendo com água
potável parte da região sul da capital potiguar. Desta forma, o Rio Pirangi e a Lagoa do Jiqui
constituem regiões de descarga de águas subterrâneas do aqüífero Barreiras no domínio
estudado. Já a bacia hidrográfica da faixa litorânea leste de escoamento difuso conta com uma
área de aproximadamente 650 km², cuja configuração é definida principalmente em função da

7
Nascimento, T. A. F.

ocorrência dos campos de dunas fixas paralelas à faixa litorânea. É caracterizada pela
ausência de rios e riachos, o que sugere uma elevada taxa de infiltração de águas de chuva que
promovem a recarga do aqüífero Barreiras. Desta forma, os sistemas hidrográficos da área
sugerem que parte da descarga subterrânea ocorre através de frentes de escoamento na região
do vale do Rio Pirangi (rio efluente), e parte da descarga ocorre em frentes de escoamento
subterrâneo em direção ao mar. Localmente deve ocorrer descarga por ressurgência de águas
subterrâneas na lagoa do Jiqui.

FIGURA 3 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO RN

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Nascimento, T. A. F.

C ONTEXTO G EOLÓGICO

A região estudada está localizada na sub-bacia Natal, zona de transição entre a bacia
potiguar e a bacia Pernambuco/Paraíba.
A seqüência estratigráfica (Figura 4) do litoral oriental potiguar é constituída por
rochas do embasamento pré-cambriano, rochas sedimentares e sedimentos mesozóicos,
cenozóicos e quaternários, os quais são esquematicamente ilustrados na coluna estratigráfica
abaixo.

FIGURA 4 - COLUNA ESTRATIGRÁFICA DA REGIÃO ESTUDADA (DINIZ FILHO ET AL, 2009).

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Nascimento, T. A. F.

U NIDADE P RÉ -C AMBRIANA

O embasamento cristalino de idade pré-cambriana, unidade basal da coluna


estratigráfica, é representado na região por granitos, granodioritos, migmatitos e gnaisses, não
aflorantes, correlacionados ao Complexo Caicó (Bezerra et al, 1993). Esta unidade está
inserida nos domínios da província Borborema. Entretanto, mesmo não havendo afloramentos
desta unidade na área de estudo, a mesma pode ser confirmada através de perfis litológicos de
poços da região. Nas regiões mais próximas à área de estudo, também é possível de serem
encontrados afloramentos nos municípios de Monte Alegre e Macaíba, localizados a Oeste da
região em estudo.

U NIDADE M ESOZÓ ICA

Sotoposto ao embasamento cristalino se encontram as rochas sedimentares


mesozóicas, de provável idade cretácea, onde estão dispostos dois litotipos: um de
composição arenítica (litotipo siliciclástico) na base e outro de composição calcária (litotipo
carbonático) no topo, com intercalações areníticas, repousando em discordância sobre o
embasamento Pré-Cambriano.

U NIDADE C ENOZÓ ICA

Acima da unidade Mesozóica são depositados os materiais sedimentares Cenozóicos,


compostos por arenitos, argilitos, siltitos e conglomerados da Formação Barreiras como
também arenitos da Formação Potengi.

F O R M A Ç Ã O B A R R EI R A S

Os estudos sobre o “Barreiras” tiveram início em meados do século XX, quando o


termo “Barreiras” foi referenciado pela primeira vez por Branner (1902), que estudou o litoral
brasileiro, classificando as rochas desta unidade como sedimentos clásticos, de textura
diversa, variando de argilitos a conglomerados.
Na área estudada (Figura 05), podemos observar que a Formação Barreiras constitui o
arcabouço e a unidade predominante, sendo encoberta na maior parte da área por depósitos
eólicos e colúvio-eluviais, e aflorando na praia, em falésias, paralelas ao litoral.

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Nascimento, T. A. F.

A Formação Barreiras é composta, principalmente, por quartzo-arenitos a sub-


arcóseos, com colorações variando em creme, vermelho, laranja, roxo entre outras.
Apresentam-se moderadamente selecionados, com aspecto maciço, ocasionalmente com
níveis argilosos e sílticos intercalados (ALHEIROS E LIMA FILHO, 1991).
Os argilitos por vezes se apresentam puros e em grandes extensões, podendo formar,
nestes casos, depósitos economicamente viáveis de caulim. A coloração pode variar de tons
avermelhados a esbranquiçados, estando ou não intercalados. São de modo geral rochas
sedimentares pouco consolidadas. No entanto, apresentam lentes de arenito fino a grosso,
fortemente cimentados por óxido de ferro, observáveis principalmente ao longo das falésias e
nos vales dos rios principais (GOMES et al. 1981).

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Nascimento, T. A. F.

FIGURA 5 - MAPA GEOLÓGICO DA ÁREA DE ESTUDO.

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Nascimento, T. A. F.

U NIDADE Q UATERNÁRIA

Na parte superior desta sequência, são encontrados diversos sedimentos quaternários.


Podem ser destacados os depósitos de sedimentos eólicos, depósitos de sedimentos
aluvionares e lacustres, depósitos atuais de praia, depósitos flúvio-marinhos e arenitos de
praia (Figura 5 e 5).

D E P Ó S I TO S D E S E D I M EN TO S EÓ L IC O S

As paleodunas e dunas móveis compõem os depósitos eólicos quaternários,


desenvolvidos através da variação do nível do mar, mudanças climáticas e processos
dinâmicos costeiros. Estes depósitos encontram-se na faixa litorânea, cobrindo as rochas
sedimentares terciárias do Grupo Barreiras.
As paleodunas são sedimentos eólicos que se encontram atualmente fixados por algum
tipo de vegetação. Já as dunas móveis encontram-se desnudas de vegetação, estando sujeitas
ao retrabalhamento eólico.
Morfologicamente, as paleodunas formam cordões com direção NW/SE, que se
estendem por mais de 10 km continente adentro. Estas dunas se apresentam arrasadas,
podendo atingir cotas semelhantes às do topo da Formação Barreiras (GOMES et al. 1981).
As paleodunas são em geral constituídas por areias quartzosas, bem selecionadas e
com grãos de granulometria média com cor creme alaranjada, enquanto que as dunas móveis
são compostas predominantemente por grãos de quartzo subarredondados a subangulosos, de
granulometria fina a média, apresentando uma coloração creme clara a esbranquiçada.
O processo de deposição dos sedimentos eólicos parecem ser resultados da expansão
vertical da corrente de vento quando esta supera uma depressão topográfica fazendo como que
sua velocidade decaia aumentando a turbulência, proporcionando a migração de campos de
dunas (Figura 6Figura 6).

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Nascimento, T. A. F.

FIGURA 6 – ESQUEMA DO AVANÇO DOS SEDIMENTOS EÓLICOS PROPORCIONADO PELA AÇÃO DOS VENTOS

D E P Ó S I TO S D E S E D I M EN TO S A L UV IO NA R E S E LAC US TR ES

Estes depósitos estão associados aos sistemas fluviais e lacustres atuais. São
encontrados nas desembocaduras dos rios que atingem o litoral e se compõem de sedimentos
arenoargilosos, sendo a maioria constituídos por areias quartzosas, de coloração branco
acinzentada, e sua granulometria varia de areia fina a conglomerado.
Os rios presentes na região são os responsáveis pelo desenvolvimento das faixas de
sedimentos aluviais que, em geral, são depositadas sobre sedimentos preexistentes da
Formação Barreiras.

D E P Ó S I TO S A T U A IS D E P R A IA

Estes depósitos são constituídos predominantemente por areias quartzosas, com grãos
sub-arredondados, polidos e boa esfericidade. Apresentam sedimentos com granulometria
variando desde areia fina a grossa.
Eles se desenvolvem em ambientes altamente dinâmicos que constantemente se
ajustam às condições da energia de ondas geradas pelos ventos, das correntes litorâneas, das
marés e de suas oscilações de longos períodos.

D E P Ó S I TO S F LÚ V I O - M A R I NH OS

Esses depósitos limitam-se a zona submetida à imersão periódica pelas águas com
salinidade elevada, que compõe o estuário dos rios. A sua origem está ligada a zona da
desembocadura dos leitos fluviais, influenciada pelas interações entre as flutuações das marés
e o fluxo fluvial, que controla a presença de uma série de depósitos característicos deste meio,
sendo os mais destacados os depósitos de manguezais que formam a planície de inundação.
Os sedimentos que compõem os depósitos de mangue são dominantemente
lamacentos, com porcentagens de até 85% de frações inferiores a 0,062 mm de material

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Nascimento, T. A. F.

predominantemente micáceo e com grande quantidade de matéria orgânica formada por


folhas, restos de troncos e raízes.

D E P Ó S I TO S D E A R EN I TO S D E P R A IA

Os arenitos de praia são constituídos por materiais diversos que vão desde as areias
médias e grossas aos estratos de conglomerados cimentados por material carbonático.
Estes depósitos foram descritos pela primeira vez na região por Darwin (1841), que se
referiu aos arenitos calcíferos com fragmentos de conchas e raros seixos, alinhados
paralelamente à linha de costa. Mas, foi Branner (1904) quem propôs que os arenitos de praia
representariam antigas linhas de praia, consolidadas por carbonato de cálcio.
A origem destes recifes de arenito é ainda um tema em discussão entre estudiosos, No
entanto, é aceito o fato destes recifes serem considerados paleolinhas de praias,
testemunhando um nível do mar diferente do atual. Isso é confirmado pelas posições atuais de
algumas linhas submersas e outras completamente emersas.

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Nascimento, T. A. F.

C ONTEXTO G EOMORFOLÓGICO

Os primeiros estudos de detalhe sobre a geomorfologia regional do nordeste foram os


apresentados no Projeto RADAMBRASIL. Tendo como base, a análise das feições
geomorfológicas, dos traços gerais da evolução da área e seu posicionamento altimétrico
relativo, (PRATES et al.1981).
Foram identificadas sete grandes unidades geomorfológicas na região nordeste, sendo
classificadas em: Tabuleiros Costeiros, Depressão Sertaneja, Chapada do Araripe, Planalto
Sertanejo, Planalto do Ibiapaba, Planaltos Residuais e Planalto da Borborema.
No estado do Rio Grande do Norte, duas grandes unidades geomorfológicas são
destacadas. O planalto da Borborema presente no interior do estado e os Tabuleiros Costeiros,
que se estendem por toda faixa litorânea.
Na área em estudo, o relevo da faixa sedimentar costeira pode ser dividido nas
seguintes unidades morfológicas: Tabuleiros costeiros; Dunas; Vales fluviais; Zona de praia;
Beach rocks; e Falésias (Figura 7).

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Nascimento, T. A. F.

FIGURA 7 - MAPA GEOMORFOLÓGICO DA ÁREA DE ESTUDO.

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Nascimento, T. A. F.

T ABULEIROS C OSTEIROS

Os Tabuleiros Costeiros são encontrados no Rio Grande do Norte encaixados entre o


relevo dissecado do Planalto da Borborema e as praias atuais. No litoral oriental potiguar,
ocupa uma faixa média de 50 km, constituídos por uma superfície planar composta de rochas
sedimentares predominantemente pertencentes a formação Barreiras. Estas recobrem
discordantemente as rochas pré-cambrianas e mesozóicas.
Os tabuleiros são dispostos em camadas subhorizontais com suave inclinação em
direção ao mar. No entanto, a estruturação tectônica do embasamento é responsável na
maioria dos casos pela quebra topográfica deste terreno, apresentando nestes locais malhas
fluviais decorrentes desta ação tectônica.

D UNAS

As dunas estão presentes ao longo de todo o litoral estudado. Encontram-se dispostas


seguindo uma orientação preferencial SE/NW, devido ao controle imposto pelos ventos
vindos predominantemente com direção SE. Na zona de praia, ocorrem dunas primárias não
vegetadas atuais. Já adentrando o continente, têm destaque dois tipos de dunas que se
desenvolvem sobre a superfície dos tabuleiros costeiros: As dunas parabólicas não vegetadas
e dunas parabólicas vegetadas.

P LANÍCIE DE I NUNDAÇÃO F LUVIAL

As planícies de inundação fluvial estão dispostas ao longo dos rios onde formam
superfícies planas e suavemente inclinadas poucos metros acima do nível médio das águas
fluviais, onde são passíveis de inundação em períodos de cheias.
A origem das planícies de inundação fluvial está intimamente ligada às antigas áreas
de planície de maré estuarina, atualmente sujeitas à dinâmica fluvial e transbordamentos dos
canais durante as cheias.

Z ONA DE PRAIA

As praias atuais são resultantes do processo de regularização da linha de costa, devido


a estabilização do nível do mar nos dias de hoje, através dos mecanismos hidrodinâmicos

18
Nascimento, T. A. F.

costeiros. As praias apresentam inclinação de baixa a média e se apresentam nas entradas


litorâneas, de formas não estáveis, normalmente separadas pelas formações rochosas de
arenitos limonitizados, similares aos da Formação Barreiras e tem como uma das principais
fontes de material os sedimentos do perfil de praia. Já que o aporte direto de material do
embasamento e da plataforma é pouco provável devido a baixa capacidade de transporte dos
rios e à direção do transporte transversal que acontece principalmente na direção da
plataforma continental.

B EACH ROCKS

Os arenitos de praia ou beachrocks são rochas sedimentares cimentadas por carbonato


de cálcio, que se apresentam de forma alongada e estreita e que se dispõem em linhas
paralelas à costa. Alguns estudos atribuem a origem dos beachrocks às interações físico-
químicas entre os ambientes estuarinos e marinhos. Estas rochas apresentam aberturas
transversais que permitem a circulação de água junto à desembocadura dos estuários.

F ALÉSIAS

As falésias que se apresentam em geral de forma tabular, provavelmente desgastadas


pela ação das grandes ondas de um mar antigo. Bordejam em vários pontos o litoral potiguar e
dentro da área de estudo se localizam nas imediações do Centro de lançamentos da barreira do
inferno (Figura 8). São constituídas por conglomerados areníticos incrustados de grãos e
grânulos angulosos de quartzo, fortemente cimentados por hidróxidos de ferro.

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Nascimento, T. A. F.

FIGURA 8 - FALÉSIAS DA BARREIRA DO INFERNO

Estas formações na faixa litorânea se encontram, por vezes expostas à ação marinha,
chamando-se falésias vivas, e em outras situações em posições mais elevadas, convertendo-se
então nas chamadas falésias mortas, testemunhando um anterior nível do mar mais alto que o
atual. De forma menos freqüente, se encontram formando recifes por cimentação de óxido de
ferro ou argila. Estes recifes se apresentam em formas irregulares com superfícies entalhadas,
que se estendem paralelas à costa ou formando paredes perpendiculares, que adentram o mar
em torno de 1.500 m.

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Nascimento, T. A. F.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

São apresentados neste capítulo alguns conceitos de hidrogeologia, buscando garantir


a compreensão dos objetivos deste trabalho.

O CORRÊNCIA E D ISTRIBUIÇÃO DAS Á GUAS S UBTERRÂNEAS

A ocorrência e distribuição das águas subterrâneas é apenas uma porção do ciclo da


água, e são influenciados diretamente pela porosidade, cobertura vegetal, inclinação do
terreno, a intensidade das chuvas que atinge a área de recarga, e a disposição e predisposição
das camadas geológicas em armazenar água.

A Q U Í F ER O , A Q U IT A R D , A Q UIC L UD E E A QU I F U GO

As características petrográficas herdadas pelas camadas geológicas são responsáveis


pela sua capacidade de armazenamento de água, a qual pode ser classificada como: aquífero,
aquitard, aquiclude e aquifugo.
Aquífero – é uma camada geológica que pode armazenar água, e através da qual a
água pode se movimentar e ser extraída de forma econômica para atendimento das demandas
da sociedade. Pode ser o caso de areias, arenitos, rochas cristalinas fraturadas e rochas com
aberturas por dissolução como calcáreos e dolomitos.
Aquitard – é uma camada geológica que pode armazenar água, entretanto permite
apenas o seu movimento restrito. É o caso de areias muito argilosas, argilas arenosas, e
arenitos argilosos.
Aquiclude – é uma camada geológica ou formação que pode armazenar água, porém
não permite o seu movimento, como as argilas.
Aquifugo – é uma camada geológica ou formação que não pode armazenar água e nem
apresenta estrutura para o seu movimento (rochas cristalinas não fraturadas).

D I S TR IB U IÇ Ã O D A Á G U A NO S O LO O U N A T E R R A

Toda a água que existe abaixo da superfície da terra é conhecida como água
subsuperficial. Em uma seção do terreno distingue-se duas zonas principais com ocorrência de
água no subsolo (Figura 9):

21
Nascimento, T. A. F.

• Uma zona superior conhecida como zona de aeração ou zona insaturada, na


qual os poros estão parcialmente saturados com água e parcialmente com ar;
• Uma zona inferior conhecida como zona de saturação na qual os poros estão
totalmente saturados com água.

A zona de aeração é subdividida em três subzonas:


• Subzona de água do solo, mais superior, onde se desenvolve as raízes vegetais
e os microorganismos, como é o caso da minhoca. Nesta subzona existem
perdas de água para a atmosfera por evapotranspiração. É a zona de maior
interesse ao agrônomo;
• Subzona de água gravitacional que representa a zona que recebe os excedentes
de água do solo por gravidade. É a subzona intermediária.
• Subzona capilar que fica compreendida entre o nível das águas subterrâneas e
limite de ascensão capilar das águas. É a subzona mais inferior.

Uma ou outra subzona pode deixar de existir ou existir de forma pouco representativa.
No caso de meios insaturados argilosos a franja capilar é bastante expressiva, podendo chegar
até a superfície do terreno e, neste caso, existem os riscos de salinização da superfície do solo
em domínios semi-aridos e áridos. No caso de solos com textura grossa a franja capilar é
reduzida, porem o volume de água envolvido é muito maior.
A zona de saturação corresponde à zona de ocorrência das águas subterrâneas,
propriamente dita. É a zona de maior interesse ao hidrogeólogo, conhecida como aquíferos.

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Nascimento, T. A. F.

FIGURA 9 - ESQUEMA DA DISTRIBUIÇÃO DAS ÁGUAS NO SOLO; EM DESTAQUE A ZONA SATURADA (PORÇÃO
INFERIOR) E A ZONA DE AERAÇÃO (PORÇÃO SUPERIOR).

POROSIDADE E S P EC Í F IC A

Na zona saturada os poros das rochas estão completamente cheios de água, portanto a
porosidade é também uma medida da água contida nos interstícios da rocha, que em sua
forma matemática é expressa por:

Sy= Vd
Vt

Onde,
Sy é a porosidade específica, que deve ser apresentado em percentual (%).
Vd é o volume de água drenada por gravidade.
Vt é o volume total.
Nem toda a água que satura os poros de uma rocha pode ser extraída totalmente
devido às forças contrárias a ação da gravidade, que são as forças capilares e as forças de
tensão superficial resultado da coesão e adesão. Coesão é a atração entre as moléculas de água
e adesão é a atração entre as moléculas de água e as paredes dos poros.
Portanto, a porosidade específica é a relação entre os volumes total e o de água
gravífica, em meio saturado.

23
Nascimento, T. A. F.

A seguir são apresentados valores de porosidade efetiva em função do tipo de rocha:


ROCHA µ (%)
Argila 1 - 10
Areia 10- 30
Cascalho 15 - 30
Areia + cascalho 15 – 25
Arenito 5 - 15
Folhelho 0,5 - 5
Calcáreo 0,5 - 5
TABELA 3 – POROSIDADE EFETIVA EM DIFERENTES TIPOS DE ROCHA

A porosidade específica é de grande interesse para a hidrogeologia, pois permite


estimar as reservas de água subterrânea.

T IP O S D E A Q U ÍF ER O E F O NT ES

De acordo com a posição relativa das camadas geológicas existem os seguintes tipos
de aquífero (Figura 10):
• Aquífero livre – Trata-se de um aquífero que é limitado no topo pela superfície
livre das águas, e na base, limita-se por uma camada impermeável ou
semipermeável. É um aquífero que é recarregado diretamente pelo volume de
chuvas infiltradas no subsolo, cuja superfície das águas está sob pressão
atmosférica, sem pressão de camadas geológicas no topo, sendo denominado
de aquífero freático.
• Aquífero confinado – é um aquífero que é limitado no topo e na base por
camadas impermeáveis. As águas em geral estão sob uma pressão maior que a
atmosférica, devido a pressão litostática exercida pelas camadas superiores.
Em geral a recarga de um aquífero desta natureza situa-se em domínios mais
afastados, podendo estar a dezenas de quilômetros. Neste caso, a camada
aquífera aflora no terreno, comportando-se como um aquífero livre.
• Aquífero semiconfinado – Trata-se de um aquífero confinado no qual a camada
confinante permite a drenança vertical, ou seja, é possível um movimento das
águas ascendente ou descendente. O movimento através da camada
semiconfinante é dominantemente vertical, enquanto o movimento lateral é
nulo ou desprezível.

24
Nascimento, T. A. F.

• Aquífero semi-livre – Quando a camada semi-confinante do aquífero


semiconfinado permite movimento horizontal das águas, mesmo que restrito, o
aquífero costuma ser denominado de aquífero semi-livre.

FIGURA 10 – ESQUEMA DOS TIPOS DE AQUÍFEROS; 1 – ÁREA DE RECARGA DO AQUÍFERO CONFINADO; 2 – POÇO DE
CAPTAÇÃO COM SEÇÃO FILTRANTE NO AQUÍFERO SEMICONFINADO; 3 – PORÇÃO DO AQUÍFERO LIVRE COM
SEMICONFINAMENTO LOCALIZADO E GERAÇÃO DE SUPERFICIE POTENCIOMÉTRICA SECUNDÁRIA ; 4 – SUPERFÍCIE
POTENCIOMÉTRICA SECUNDÁRIA AFLORANDO NA SUPERFÍCIE DO TERRENO GERANDO UMA FONTE DE ÁGUA; 5 –
POÇO DE CAPTAÇÃO JORRANTE COM SEÇÃO FILTRANTE NO AQUÍFERO CONFINADO; 6 – FALHA QUE POSSIBILITA
FLUXO ASCENDENTE ALIMENTANDO O AQUÍFERO LIVRE; 7 - POÇO DE CAPTAÇÃO COM SEÇÃO FILTRANTE NO
AQUÍFERO LIVRE, APRESENTANDO NÍVEL POTENCIOMÉTRICO BEM INFERIOR AO AQUÍFERO CONFINADO.

Outra classificação utilizada é dada de acordo com a porosidade a eles associados,


classificados como:
• Aquíferos porosos granulares - são aqueles constituídos por sedimentos e
rochas sedimentares em geral (areias, arenitos), nos quais os poros
correspondem aos espaços vazios entre os grãos minerais;
• Aquíferos fissurais - são característicos de rochas cristalinas fraturadas
(granitos e gnaisses), tendo em vista que os poros são definidos pela
ocorrência, intensidade e abertura das fraturas no maciço rochoso;

25
Nascimento, T. A. F.

• Aquíferos cársticos - são aqueles formados de rochas carbonáticas (calcáreos e


dolomitos) com zonas de dissolução e cavernas, que são os poros da rocha;

Toda vez que o nível das águas subterrâneas interceptam a superfície do terreno surge
no local um afloramento das águas subterrâneas, geralmente conhecidos como fontes ou olhos
d´água. Podemos visualizar este evento no ponto 4 da Figura 10, bem como na Figura 11.

FIGURA 11 - FONTES D’ÁGUA LOCALIZADAS NAS FALÉSIAS NO DOMÍNIO DO CLBI

P A R Â M ETR O S H ID R O D IN ÂM IC OS DO S A QU ÍF ER O S

Os parâmetros hidrodinâmicos fundamentais de um aquífero são os seguintes:

• Condutividade hidráulica (K)


A condutividade hidráulica é a maior ou menor facilidade da água movimentar-se
através da camada rochosa, também conhecida como permeabilidade. Este parâmetro tem a

26
Nascimento, T. A. F.

dimensão de uma velocidade e é expressa em m/s ou m/dia. A condutividade hidráulica é uma


função do tamanho dos poros da rocha, forma e da distribuição desses poros.
O quadro a seguir apresenta faixa de valores de condutividade hidráulica de acordo
com o tipo de rocha.
Rocha Condutividade hidráulica (m/s)
Argila > 10-6
Silte 5x10-4 – 10-5
Areia fina 5x10-2 – 10-3
Areia grossa 1,0 – 10-2
Cascalho > 1,0
TABELA 4 - CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA NOS DIFERENTES TIPOS DE ROCHA

Percebe-se que as frações arenosas são melhores aquíferos, dado a maior facilidade de
movimentação e extração de águas subterrâneas.

• Transmissividade (T)

A Transmissividade é a capacidade de transmissão de água através de toda a espessura


do aquífero, sendo expressa pela formula matemática:

T = K.ho, ou T = K.b

Onde,
T é a transmissividade em m²/s.
K é a condutividade hidráulica em m/s.
ho é a espessura saturada do aquífero livre.
b é a espessura do aquífero confinado.

• Coeficiente de armazenamento (S)


Coeficiente de armazenamento – é o volume de água que entra e sai do aquífero por
unidade de área horizontal por variação unitária do nível potenciométrico.

27
Nascimento, T. A. F.

Onde:
S é o coeficiente de armazenamento (admensional).
V é o volume de água que entra ou sai do aquífero em m³.
A é a área da seção em m²
dh é a variação unitária de carga potenciométrica em m.

No caso de aquíferos livres o coeficiente de armazenamento S é equivalente a


-2 -3
porosidade efetiva µ, variando na ordem entre 10 e 10 . Já no caso de aquíferos confinados
-3 -5
o valor de S está compreendido entre 10 a 10 .

E S C O A ME N TO D A S Á G U A S S U B T ER R ÂN EA S

Assim como as águas superficiais que escoam para regiões onde o relevo é menos
elevado, as águas subterrâneas fluem muito lentamente em direção aos lagos, rios e oceanos.
Esse movimento é dependente das características do aquífero sendo regido pela Lei de Darcy.
Para tal, admite-se que a água está em movimento, deslocando-se de um ponto A com
maior energia potencial para outro ponto B do aqüífero, com energia potencial inferior, logo
com uma carga potenciométrica também inferior.
Como trata-se de um fluido em movimento, a energia potencial inicial transforma-se
em energia cinética. Entretanto a velocidade do fluxo em meios porosos é muito baixa e,
portanto a componente da energia cinética é muito pequena com relação aos demais
componentes, que, para fins práticos, pode ser desprezada, o que resulta na equação da
variação de carga.
Δh = h − h A B

Esta equação mostra que os fluidos se movimentam quando existe variação de carga h
e as partículas vão dos pontos de maior altura potenciométrica aos de menor altura
potenciométrica. Diferentemente dos gases, os fluidos nem sempre se movimentam dos
pontos de alta pressão para os de baixa pressão. Podendo se deslocarem dos pontos de baixa
pressão para os de alta pressão se estes estiverem numa altura potenciométrica inferior.

28
Nascimento, T. A. F.

O gradiente hidráulico i corresponde a relação da variação de carga entre dois pontos


do aquífero (dh) na direção do fluxo, e a distância entre eles (dl) ou seja:

i = dh/dl

Experimentos verificaram que a velocidade do fluxo através dos meios porosos é


diretamente proporcional ao gradiente hidráulico (i) e a um coeficiente (k) que depende da
natureza do material, denominado de coeficiente de permeabilidade ou mais precisamente a
condutividade hidráulica do material:

onde:
v é a velocidade do fluxo em m/s
k é a permeabilidade ou condutividade hidráulica em m/s
dh é a variação de carga entre dois pontos A e B em m
dl é a distância entre os pontos A e B.

A vazão do fluxo subterrâneo que passa através de uma seção qualquer é expressa pela
função:
Q = vAou v =Q/A
Q é a vazão em m3/s
V é a velocidade do fluxo em m/s;
A é a área da seção em m2.

Ao substituir esta equação na lei de Darcy, temos:

Desde que A = Le
Onde:
A é a área da seção em m2.
L é a frente de escoamento em m.
e é a espessura do aquífero em m.

29
Nascimento, T. A. F.

Temos:

A lei de Darcy define uma velocidade aparente que considera que a seção A está
incluindo sólidos e vazios.
Ao relacionar a velocidade com que os fluidos percolam a rocha com a porosidade
total da rocha (P), obtemos a velocidade real média vm

onde:
P é a porosidade em %;
vv é o volume de vazios;
v é o volume total da rocha;
Av é a área de vazios e A é a área total.

Entretanto as partículas que compõem as camadas geológicas apresentam forças de


adsorção elevadas, atribuindo aos aquíferos forças de retenção das águas. Ao levar em
consideração a porosidade eficaz, ou seja, a velocidade da água que efetivamente se
movimenta através dos poros da rocha, devemos considerar a porosidade efetiva (μ).
Por definição, a porosidade efetiva (μ) é dada por:

E a velocidade real efetiva é expressa pela equação:

Onde:
ve é a velocidade real efetiva em m/s;
Q é a vazão do fluxo em m3/s;
μ é a porosidade efetiva (adm.);

30
Nascimento, T. A. F.

ve é a velocidade de Darcy ou velocidade aparente em m/s.

A obtenção de ve permite identificar o tempo real de transito das águas de um ponto a


outro do aquífero.

R ECURSOS E XPLOTÁVEIS

As reservas explotáveis são baseadas na capacidade de produção de um aquífero, ou


seja, a quantidade de água que pode ser explotada sem que ocorram rebaixamentos excessivos
ao aquífero. Para efeito de avaliação preliminar, os recursos explotáveis podem ser estimados
com base em dois métodos: avaliação das reservas reguladoras (RR) e avaliação do volume
d´água infiltrado (Vi).

R ES ER V A S R E G U LA D O R A S (RR)

As reservas reguladoras compreendem os recursos renováveis de um aquífero,


portanto, que podem ser utilizados para estimar as reservas explotáveis num determinado
período, determinado pela equação:
RR = A . ∆h . Sy

Nesse caso temos os seguintes dados:


A: Área de ocorrência do aquífero (m²), ou seja, área que corresponde, em geral, ao
domínio principal da área de recarga, bem como pela ocorrência das maiores espessuras
saturadas.
∆h: Flutuação sazonal de carga, dada pela variação do nível das águas subterrânea.
Sy: Porosidade específica.

V O LU M E D ´ Á G U A IN F I LT R A DO OU I NF IL TR A Ç ÃO EF IC AZ (V I )

O volume d´água infiltrado ou infiltração eficaz corresponde ao volume de recarga do


aquífero e é determinada com base na taxa de infiltração no aquífero, sendo estimado da
seguinte forma:
Vi = A . h . %inf
Onde:
A: Área de ocorrência do aquífero (m2)

31
Nascimento, T. A. F.

h: Altura precipitada (mm/ano)


%inf: taxa de infiltração = (Porcentual de infiltração %) x (h mm/ano).

Considerando, portanto, que os recursos explotáveis são definidos como a média entre
os valores obtidos pelos métodos anteriormente indicados.

R ES ER V A S P ER MA N E N T ES OU P O TE NC IA IS (RP):

Corresponde a reserva de água total acumulada e são avaliadas pela seguinte equação:
RP = A . H . Sy
Para a equação acima tem-se:
A: Área de ocorrência do aquífero (m²)
H: Espessura saturada média do aquífero
Sy: Porosidade específica

Considerando a situação da área de estudo, na qual as reservas permanentes são muito


superiores as reservas explotáveis e o mesmo encontra-se com um regime de fluxo e recarga
regional pode-se explotar mais do que foi estimado, o que poderia estimular e induzir o
aquífero a receber maiores recargas.

32
Nascimento, T. A. F.

HIDROGEOLOGIA DA ÁREA

C ONTEXTO HIDRO GEOLÓGICO REGIONAL

No Estado do Rio Grande do Norte se têm 03 (três) grandes províncias geológicas


(Figura 12):
• Província do embasamento cristalino pré-cambriano (rochas ígneas e
metamórficas; Depósitos aluviais neste domínio);
• Província sedimentar da Bacia Potiguar (Formação Açu/Cretáceo; Formação
Jandaíra/Cretáceo; Formação Barreiras/Tércio-quaternário; Depósitos aluviais
e Depósitos de Dunas quaternários);
• Província sedimentar da Bacia Costeira PE/PB/RN (arenitos calcíferos e
calcários/Cretáceo; Formação Barreiras/Tércio-quaternário; Depósitos aluviais
e Depósitos de Dunas quaternários).

Segundo estudos recentes, nestas províncias geológicas são constituídas as seguintes


unidades hidrogeológicas (Figura 12):
• Unidades hidrogeológicas da Bacia Potiguar: Aqüífero Açu e Aqüífero Jandaíra
como unidades principais; Aquífero Barreiras, Aqüífero aluvial e Aqüífero Dunas
como secundários.
• Unidades hidrogeológicas da Bacia Costeira PE/PB/RN: Aquífero Barreiras como
unidade principal; Aqüífero Aluvial e Aqüífero Dunas como secundários.
• Unidade hidrogeológica do Embasamento Cristalino: Aquífero Fissural ou
Cristalino (rochas ígneas e metamórficas); Aquífero Aluvial.

Considerando a área de estudo, dentre estas unidades hidrogeológicas, é possível de


identificar as unidades hidrogeológicas da Bacia Costeira PE/PB/RN, que são o Aqüífero
Barreiras, o Aqüífero Aluvial, e o Aqüífero Dunas, que são sucintamente descritas a seguir.

33
Nascimento, T. A. F.

FIGURA 12 - MAPA DAS UNIDADES HIDROGEOLÓGICAS DO RIO GRANDE DO NORTE

U NIDADES HIDROGEOLÓGICAS DA ÁREA ESTUDADA

Conforme descrito anteriormente, a área de estudo se localiza no domínio da Unidade


hidrogeológica da Bacia Costeira PE/PB/RN. A Bacia Costeira PE/PB/RN, apresenta-se no
estado do Rio Grande do Norte sob uma estreita faixa paralela ao litoral leste, com largura
média de 30 km. Dentro do estado, seu limite sul coincide com a divisa com o estado da
Paraíba, enquanto que o limite norte é especulativo, ocorrendo na região compreendida entre
Natal e Mamanguape, junto aos falhamentos que delineam o Graben de Natal. Já seu limite
leste é a linha de costa, e o limite oeste é interceptado pelo embasamento cristalino. Nesta
Bacia Costeira se tem, portanto, a ocorrência dos seguintes sistemas aqüíferos:

A Q U Í F ER O B A R R EIR A S

A Formação Barreiras, de idade Terciária, apresenta larguras que variam de 10 até 40


km, estendendo-se ao longo de todo o litoral potiguar, recobrindo desde os calcários da

34
Nascimento, T. A. F.

Formação Jandaíra na Bacia Potiguar, até os arenitos calcíferos e o embasamento cristalino,


na Bacia Costeira PE/PB/RN.
As rochas sedimentares da Formação Barreiras constituem o aquífero Barreiras, que
ocorre no Estado entre Touros e o limite com o Estado da Paraíba. A litologia neste aqüífero é
essencialmente arenosa, correspondendo em essência à porção inferior da Formação
Barreiras. A porção superior, de litologia mais argilosa, é menos permeável exibindo grandes
variações laterais. Sobrejacente ao aquífero Barreiras se têm os campos de Dunas,
principalmente nos setores mais orientais, que pode constituir o aquífero Dunas.
No entanto, (MELO, 1998) afirma que não existem diferenças de carga significativas
entre os aqüíferos Dunas e Barreiras, e que os mesmos devem ser considerados como um
único sistema hidráulico complexo e indiferenciado, livre, para o qual propõe a designação de
Sistema Aqüífero Dunas/Barreiras.
O Aqüífero Barreiras, constitui o principal reservatório de água subterrânea do litoral
leste norteriograndense, abastecendo a maior parte das cidades dessa região, incluindo a
capital que tem 70% de seu abastecimento dependente das águas deste aqüífero.

A Q U Í F ER O S A LU V I A IS

No estado do Rio Grande do Norte, os depósitos aluviais podem ser encontrados em


regiões de terrenos cristalinos e terrenos sedimentares.
Nas regiões cristalinas, os depósitos aluviais apresentam pequenas espessuras entre 3 e
5 m, com poços tubulares rasos raramente produzindo vazões acima de 10,0 m3/h. Já as
aluviões das regiões sedimentares, geralmente apresentam grandes espessuras que podem
chegar até 200 metros na região do Vale do Açú, nas vizinhanças de Carnaubais e Estreito.
Este tipo de depósito apresenta-se na porção centro-sul da área de estudo, na bacia do rio
Pirangi. A princípio não se tem dados referentes a sua explotação econômica na área
estudada. No domínio do Rio Pirangi (setor centro-sul da área), é provável que boa parte das
águas subterrâneas armazenadas no aquífero aluvial sejam provenientes de ressurgências das
águas subterrâneas do aquífero Barreiras, nas frentes de escoamento ao longo do vale.

A Q Ü Í F ER O D U N A S

Os depósitos de Dunas tem grande importância no litoral do estado, servindo


principalmente de área de recarga do Aqüífero Barreiras. Esses depósitos se sobrepõem ao

35
Nascimento, T. A. F.

Aquífero Barreiras, e são constituídos por areias quartzosas, finas a médias bem selecionadas,
com coloração esbranquiçada, amarelada ou avermelhada.
Na área de estudo, estão localizadas bordejando a costa, com morros ou cordões
alongados, ocorrendo fixadas pela vegetação ou móveis, destacando-se na topografia plana
dos tabuleiros costeiros. Da mesma forma, não se registros de explotação do aquífero Dunas
na área de estudo, embora se reconheça sua importância como unidade hidrogeológica que
favorece a recarga do aqüífero Barreiras subjacente.
A região estudada, de uma forma geral, tem como sua principal unidade
hidrogeológica, portanto, o Aquífero Barreiras. Esta unidade hidrogeológica constitui o
principal reservatório de água subterrânea do litoral leste Norteriograndense, ao qual abastece
grande parte desta região.
Sua litologia é caracterizada por arenitos pouco consolidados com intercalações
argilosas, de granulometria fina a grossa, das porções superiores para as inferiores,
respectivamente. Apresenta espessuras variáveis, tendo crescimento evidente em direção ao
oceano.
Devido a fatores como alta pluviometria, relevo predominante plano a suavemente
ondulado, elevadas taxas de infiltração e armazenamento de água nas formações rochosas, é
possível que se identifique na região estudada a ocorrência de importantes reservas
subterrâneas, rios perenes e lagoas.

O A QUÍFERO B ARREIRAS NA ÁREA ESTUDADA

O Sistema Aqüífero Barreiras constitui atualmente o mais importante reservatório de


águas subterrâneas do litoral leste do Rio Grande do Norte. Este aqüífero é responsável pelo
abastecimento da maioria das cidades da faixa litorânea, incluindo Natal. O Aqüífero
Barreiras limita-se na sua porção inferior com a seqüência carbonática mesozóica da região
(que apresenta baixa potencialidade hidrogeológica), e com o embasamento cristalino, em
setores mais ocidentais da bacia costeira.

C ADASTRO DE PO ÇOS

Para um melhor entendimento acerca das águas subterrâneas na região estudada, foi
realizado na mesma, o cadastro de 17 poços tubulares e 12 piezômetros (Tabela 5).

36
Nascimento, T. A. F.

Poço Tipo X Y
P1 Piezômetro 257761,756 9349198,354
P2 Poço 257696,205 9348908,987
P3 Poço 258665 9349220
P4 Poço 259104 9349179
P5 Poço 260191,411 9348538,498
P6 Poço 259382 9348522
P7 Piezômetro 258220,455 9348195,147
P8 Piezômetro 258626 9348060
P9 Piezômetro 258827 9347851
P10 Piezômetro 258818 9347862
P11 Piezômetro 258630 9347565
P12 Piezômetro 258715 9347322
P13 Piezômetro 259813,065 9347435,111
P14 Piezômetro 261259,532 9346964,259
P15 Poço 259394,863 9346741,476
P16 Poço 258837,813 9346063,597
P17 Poço 259428,018 9345283,503
P18 Piezômetro 261009,367 9345361,188
P19 Piezômetro 261129,741 9345155,323
P20 Piezômetro 261129,876 9345156,164
P21 Poço de Pesquisa 261133,911 9345146,448
P22 Poço 260266,613 9344752,025
P23 Poço 260475,464 9344724,169
P24 Poço 260397,085 9344648,538
P25 Poço 260249,108 9342917,589
P26 Poço 259898,271 9342746,324
P27 Poço 259307,356 9342488,525
P28 Poço 260495,906 9340820,719
P29 Poço 257860,000 9348730,000
TABELA 5 - LOCALIZAÇÃO DOS POÇOS NA ÁREA DE ESTUDO
Na Figura 13 (mapa de localização dos poços) pode-se observar a disposição
geográfica dos poços da tabela anterior.
De acordo com dados do cadastro realizado, a profundidade dos poços produtores
varia de 65,1 m (P28) a 110 m (P17), com diâmetros entre 6” e 8”. Os valores encontrados
para as vazões explotadas variam de 7,9 a 90 m³/h, devido aos diferentes usos desta água (uso
particular e abastecimento público). Com as medições realizadas para verificar o nível
estático, pode-se verificar que este varia de 6 a 34,33 m.
Os piezômetros utilizados neste estudo são revestidos entre 2” e 4”, sendo uma parte
constituída de pontos de monitoramento do aqüífero Barreiras pré-existentes a realização do

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Nascimento, T. A. F.

estudo. Estes pontos de monitoramento estão localizados na região das lagoas de tratamento
de esgotos/ETE de Ponta Negra (pontos P7, P8, P9, P10, P11, P12), com profundidade
variando entre 50 e 110 m e na região de Lagoinha (P1), com 51 m de profundidade.
Já os piezômetros usados durante este estudo, correspondem aos pontos P13, P14, P18
e P20, com profundidades entre 11,5 e 23 m e no ponto P19, com 50 m de profundidade.

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Nascimento, T. A. F.

FIGURA 13 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO DOS POÇOS NA ÁREA DE ESTUDO

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Nascimento, T. A. F.

As seções filtrantes encontram-se instaladas abaixo da porção mais argilosa superior


do Aquífero Barreiras, e se distribuem no intervalo entre 37 e 102 m de profundidade, com
comprimentos dos filtros variando de 20 a 32 m.
Nos piezômetros da ETE Ponta Negra (pontos P7, P8, P9, P10, P11, P12) as seções
filtrantes estão situadas entre 40 e 90 m de profundidade (Figura 14). Isto indica que são
pontos de monitoramento do Aquífero Barreiras, já que foram instaladas em profundidades
correlatas às dos poços produtores na área. Os piezômetros mais rasos (P13, P14, P18, P20)
apresentam em geral seções filtrantes instaladas na porção superior do Aquífero Barreiras.

FIGURA 14 - PERFIL LITOLÓGICO-CONSTRUTIVO DO POÇO 7

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Nascimento, T. A. F.

A SPECTOS DIMENSIONAIS DO AQUÍFERO B ARREIRAS

O Aqüífero Barreiras é caracterizado por arenitos argilosos com matriz argilosa a


argilo-siltosa, e espessuras que vão de 40 a 110 m. Observa-se que na área estudada as
espessuras saturadas do Aqüífero Barreiras variam entre 60 e 90 m.
Com o auxílio de seções hidrogeológicas A-A’, B-B’ e C-C’ (indicadas na Figura 15)
situadas em porções estratégicas na área, foi possível identificar com melhor clareza as
características dimensionais do aqüífero Barreiras na região.
Na seção hidrogeológica A-A’ (mostrada na Figura 16), localizada na porção norte da
área em estudo, nota-se que nos poços (P2, P3, P4, P5 e P6), há uma sutíl predominância de
argilitos intercalados com arenitos na parte superior do aqüífero. Sobrepondo os argilitos
intercalados com arenitos, apresentam-se as areias finas dos depósitos de dunas, com
espessuras que variam de 9 a 18 m,e que auxiliam sobremaneira no processo de recarga do
Aqüífero Barreiras.
Já no centro da área em estudo, evidenciado pela seção hidrogeológica B-B’ (Figura
17) de orientação NW-SE, também estão incluídos alguns poços da ETE-Ponta Negra. É
notório que entre os poços P8 e P12 o nível das águas subterrâneas é mais alto, originando um
divisor de águas subterrâneas, a partir do qual o fluxo das águas subterrâneas diverge para
nordeste e para sudoeste. As porções rochosas de litologia argilosa, apresentam-se em
camadas descontínuas, com espessuras bem variáveis que vão de 1 até 21m, por vezes
caracterizando semi-confinamentos em alguns trechos, ainda que o padrão geral do aqüífero
seja de natureza livre. A porção superior compõe-se por dunas, caracterizadas por areias finas,
as quais favorecem a absorção de águas pluviométricas para a eventual recarga do Aqüífero
Barreiras.

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Nascimento, T. A. F.

FIGURA 15 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO DAS SEÇÕES HIDROGEOLÓGICAS

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Nascimento, T. A. F.

FIGURA 16 - SEÇÃO HIDROGEOLÓGICA 1 DE DIREÇÃO NW-SE

FIGURA 17 - SEÇÃO HIDROGEOLÓGICA 2 DE DIREÇÃO NW-SE

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Nascimento, T. A. F.

Na seção hidrogeológica C-C’ de direção N-S (Figura 18), localizada próximo ao Rio
Pirangi (porção sul da área estudada), é caracterizada a tendência do fluxo das águas
subterrâneas do aqüífero Barreiras em duas direções: a primeira para sul, no sentido do Rio
Pirangi (exutório natural), e a segunda para norte, no sentido do oceano (praia de Ponta
Negra), caracterizando duas frentes de escoamento, afora uma frente de escoamento no
sentido leste, em direção ao oceano evidenciada em outras seções.

FIGURA 18 - SEÇÃO HIDROGEOLÓGICA 3 DE DIREÇÃO N-S

O CORRÊNCIA E CONTROLES GEO LÓGICOS

Na área estudada, a ação tectônica regional do litoral leste, veio a dominar a deposição
dos sedimentos clásticos mais arenosos da Formação Barreiras durante o Terciário. Na Bacia
Potiguar, por sua vez, houve uma calmaria tectônica, a qual deu origem a litologia argilosa da
cobertura Barreiras.
Ainda no Terciário, o sistema de falhamentos do litoral leste teria sido ativado, criando
condições ambientais de maior energia e proporcionando a deposição das litologias arenosas
do atual Aqüífero Barreiras. Esta deposição teria culminado no assoreamento de antigos vales

44
Nascimento, T. A. F.

estruturais implantados na superfície dos arenitos calcíferos, anteriores ao Barreiras. Desta


maneira, justificam-se maiores espessuras dos clásticos Barreiras nas zonas rebaixadas do
embasamento e ao longo dos grabens da região.

A SPECTOS LITOLÓ GICOS E HIDROESTRATIGRÁFICOS

Através da análise dos perfis geológicos e seções hidrogeológicas desenvolvidos com


o auxílio das informações coletadas nas perfurações de poços e piezômetros, foi possível
caracterizar as litologias presentes na região, juntamente com sua seqüência
hidroestratigráfica (Figura 19Figura 19).

FIGURA 19 – PERFIL ESTRATIGRÁFICO ESQUEMÁTICO DA ÁREA DE ESTUDO

Na unidade basal (não aflorante) deste perfil hidroestratigráfico, apresenta-se a


sequência hidroestratigráfica calcífera Mesozóica, a qual é composta basicamente por rochas
carbonáticas (calcários), e siliciclásticas calcíferas (arenitos calcíferos), com matriz areno-
argilosa a argilosa. Esta unidade representa o limite inferior do sistema Aqüífero Dunas-

45
Nascimento, T. A. F.

Barreiras na área estudada, mais conhecida como Arenito Calcífero, caracterizada pela baixa
potencialidade hidrogeológica.
Na unidade sotoposta a seqüência calcífera, encontram-se as rochas siliciclásticas da
Formação Barreiras de idade terciária-quaternária. O litotipo predominante nesta seqüência
hidroestratigráfica trata-se, essencialmente de arenitos pouco consolidados com predomínio
de matrizes argilosas a siltosas, e que constituem o Aqüífero Barreiras.
Na análise dos perfis litológico-construtivos dos poços cadastrados (Figura 20, 21, 22
e 23), identificou-se que as seções filtrantes sempre encontram-se instaladas neste domínio do
Aqüífero Barreiras, ao qual é composto por estes diferentes litotipos siliciclásticos
classificados e visualizados nos perfis litológico-construtivos abaixo.

FIGURA 20 - PERFIL LITOLÓGICO-CONSTRUTIVO 1

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Nascimento, T. A. F.

FIGURA 21 - PERFIL LITOLÓGICO-CONSTRUTIVO 2

FIGURA 22 - PERFIL LITOLÓGICO-CONSTRUTIVO 3

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Nascimento, T. A. F.

FIGURA 23 - PERFIL LITOLÓGICO-CONSTRUTIVO 4


O Aqüífero Dunas-Barreiras apresenta-se constituído pela porção inferior saturada
desta seqüência hidroestrtigráfica, juntamente com as dunas (geralmente não saturadas), que
as encobrem, estando presentes no topo do perfil hidroestratigráfico. Trata-se de um sistema
hidráulico único, que representa o principal reservatório de águas subterrâneas da região.
A recarga do aqüífero torna-se bastante eficiente através da infiltração das águas
meteóricas nestas dunas, devido a elevada porosidade e permeabilidade hidráulica dos
sedimentos eólicos (de idade quaternária) presentes na área de estudo, (Figura 24).

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Nascimento, T. A. F.

FIGURA 24 - DUNAS QUE CONTRIBUEM PARA O REABASTECIMENTO DO AQUÍFERO BARREIRAS

Embora tenham menor importância como unidade produtora de água potável, os


sedimentos dunares possuem enorme importância como unidade de recepção e transferência
de águas de chuva para recarga do Aqüífero Barreiras.

P ARÂMETROS HIDRODINÂMICOS

Para se obter uma representatividade local dos parâmetros hidrodinâmicos do aquífero


Barreiras, foi realizado um teste de aqüífero durante a execução do projeto (Caracterização da
potencialidade hidrogeológica da área do Centro de Lançamentos da Barreira do Inferno-
CLBI e adjascências, Parnamirim-RN).
Realizou-se um teste de longa duração no aqüífero no Sistema Dunas-Barreiras, que
contou com um poço usado para o bombeamento (P21) e outros dois para observação (P19;
P20) distantes respectivamente, 10 m e 11 m do P21.

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Nascimento, T. A. F.

Poço Tipo Objetivo Profundidade Diâmetro


P19 Piezômetro Observação 50m 4"
P20 Piezômetro Observação 11,5m 2"
P21 Poço tubular Bombeamento 75m 6"
TABELA 6 - DADOS DOS POÇOS UTILIZADOS NO TESTE DE AQUÍFERO
Antes de iniciar-se o teste, foram realizados pré-testes para um melhor ajustamento da
vazão, que iria ser mantida até o fim do teste.
De acordo com o teste de bombeamento, o poço P21 foi projetado com intenção de se
fazer a captação na sequência inferior arenosa do Aqüífero Barreiras, enquanto que o
piezômetro P19 (profundo) foi projetado para observação do rebaixamento e evolução do
cone de depressão do Aqüífero Barreiras, estando as seções filtrantes de ambos os poços
posicionados em profundidades semelhantes. Já o piezômetro P20 (raso), encontra-se
posicionado na parte superior da camada aqüífera areno-síltico-argilosa, de caráter
hipoteticamente semi-confinante, e foi projetado para investigar alguma conexão hidráulica
entre esta camada argilosa superior e a parte inferior da camada aqüífera principal durante o
bombeamento.
Procedeu-se ao bombeamento por 48 horas contínuas, com medição do nível dinâmico
nos três poços citados (P19, P20 e P21). Realizou-se então à medição da recuperação do nível
d’água nos referidos poços, praticamente até atingir as posições correspondentes aos níveis
estáticos originais.
Com a realização deste teste, foi possível determinar os parâmetros hidrodinâmicos do
Aqüífero Barreiras, citados a seguir:
• Condutividade hidráulica (K)
• Transmissividade (T)
• Porosidade específica (Sy) ou Coeficiente de armazenamento (S)
Foi utilizado para interpretação do teste o software Aquifertest, com o qual foram
feitos diversos ajustes dos dados de campo às curvas teóricas dos métodos de Hantush, Theis
e Neuman, os quais são usados respectivamente para aqüífero semi-confinado, aqüífero
confinado e aqüífero livre.
O método Newman mostrou melhores resultados de acordo com os resultados
interpretados, considerando a hidroestratigrafia local observada e a evidência da existência de

50
Nascimento, T. A. F.

conexão hidráulica entre as porções superior e inferior do Aqüífero Barreiras na área em


estudo.
O Aqüífero Barreiras foi caracterizado como sendo do tipo Livre, com drenagem
retardada, obtendo-se a curva de campo ajustada à curva teórica (Gráfico 2).

GRÁFICO 2 - CURVA DE CAMPO AJUSTADA À CURVA TEÓRICA - MÉTODO NEUMAN

Os parâmetros hidrodinâmicos representativos obtidos com o teste de bombeamento


podem ser vistos na Tabela 7.

Poços de medição Distância Método T(m²/s) K(m/s) Porosidade


entre os específica
poços (m) (Sy) (%)
Poço de Poço de 10 Neuman 1,73x10-³ 3,58x10-5 11
bombeamento observação (β = 0,001)
(P21) (P19)
TABELA 7 - PARÂMETROS HIDRODINÂMICOS DO AQUÍFERO BARREIRAS

De acordo com os valores de rebaixamento (Tabela 8), verifica-se que houve


influência do poço bombeado (P21) nos níveis d´água dos piezômetros, com um maior
rebaixamento no P19 e menor rebaixamento no P20, evidenciado em um cone de
rebaixamento único do poço bombeado (P21). O piezômetro raso P20 ainda alcançou valores

51
Nascimento, T. A. F.

de rebaixamento da ordem na casa de 1,5m, constatando-se que o Sistema Aqüífero Barreiras


se comporta realmente como um sistema único, hidraulicamente interconectado, no qual as
camadas (superior e inferior) formam uma única unidade hidroestratigráfica aqüífera saturada.

Poço Tb (h) Distância NE (m) ND (m) Sw (m) Tr (min.) NA após o


ao poço tempo de
bombeado recuperação
(m) (m)
P21 48 - 5,92 27,72 21,70 720 6,00
(bombeado)
P19 - 10 6,20 10,28 4,07 720 6,56
(0bservado)
P20 - 11 6,72 8,22 1,50 720 7,30
(0bservado)
TABELA 8 - VALORES DE REBAIXAMENTO DOS PIEZÔMETROS TESTADOS
Tb= Tempo de bombeamento; NE= Nível estático; ND= Nível dinâmico;
Sw= rebaixamento; Tr= Tempo de recuperação; Na= Nível d’água

P OTENCIOMETRIA

A Figura 25 apresenta o mapa potenciométrico desenvolvido para a área estudada.


A potenciometria do Aquífero Barreiras na área é caracterizada por um fluxo local que
se destaca por apresentar uma região de recarga principal na porção central, bem delimitada
pela curva isopotenciométrica de 25,0 metros.
A partir desta região central de recarga, o fluxo subterrâneo diverge para áreas de
descarga em exutórios naturais. São evidenciadas três frentes de fluxo: escoamento para
norte/nordeste (Praia de Ponta Negra/Oceano Atlântico; escoamento para leste (Praias
Alagamar-Barreira do Inferno/Oceano Atlântico); e escoamento para sul/sudoeste (Lagoa do
Jiqui/Rio Pirangi).
A frente de escoamento do Aquífero Barreiras para o Rio Pirangi, marca a
ressurgência das águas subterrâneas e deve manter o fluxo de base e a perenização do rio até
em períodos de estiagem. As frentes de escoamento para o mar provavelmente mantém em
equilíbrio a cunha salina, e, desta forma, a explotação do Aquífero Barreiras neste setor

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Nascimento, T. A. F.

costeiro deve evitar grandes rebaixamentos da superfície potenciométrica, buscando manter o


fluxo subterrâneo para o mar, prevenindo assim a contaminação de poços com água salgada,
decorrente do avanço da cunha salina.

53
Nascimento, T. A. F.

FIGURA 25 - MAPA POTENCIOMÉTRICO DA ÁREA DE ESTUDO

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Nascimento, T. A. F.

E STIMATIVA DE RESERVAS

R ES ER V A S E X P LO TÁ V EI S

As reservas explotáveis foram estimadas com base em dois métodos de avaliação:


• Avaliação das reservas reguladoras - RR
• Avaliação do volume d´água infiltrado - Vi
O primeiro método (Reservas reguladoras) abrange os recursos que podem ser usados
para estimar as reservas explotáveis de um sistema aqüífero, determinado pela seguinte
equação:
• RR = A . Δh . Sy
Em que:
A: Área de ocorrência do aqüífero (m2) = 12 km2 = 12000000 m2;
Δh: Flutuação sazonal da superfície das águas subterrâneas (dada pela variação do
nível das águas subterrâneas, igual a 1,62m, indicada de acordo com estudos do IPT, 1982);
Sy: Porosidade específica = 9% (média entre o valor local obtido nos testes de
aqüífero de 11%, e o valor regional de 7% encontrado pelo IPT, 1982).
A partir dos dados indicados, obtem-se um valor aproximado para as reservas
reguladoras de 1,75 milhões de m3/ano.
A partir do segundo método, pode-se determinar o volume d´água infiltrado tendo
como base a taxa de infiltração no aqüífero, segundo a equação:
• Vi = A . h . %inf
A: área de ocorrência do aqüífero (m2) = 12 km2 = 12000000 m2;
h: altura precipitada = 1562,6 mm/ano;
%inf: taxa de infiltração = 16% determinado pelo IPT, 1982.
Considerando os dados acima citados obtem-se um valor aproximado de 3,1 milhões
m3/ano.
Por fim obtemos os valores referentes aos recursos explotáveis do Aqüífero Barreiras
na área de estudo, definidos com base na média entre os valores obtidos pelos métodos
indicados acima, resultando em 2,43 milhões m3/ano.

R ES ER V A S P ER MA N E N T ES OU P O TE NC IA IS - RP

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Nascimento, T. A. F.

Para se obter o valor referente as reservas permanentes, foi aplicada a seguinte


equação:
• RP = A . H . Sy
Em que:
A: área de ocorrência do aqüífero (m2) = 12 km2 = 12000000 m2;
H: espessura saturada média do Aqüífero Barreiras na área (considerado como
aqüífero livre) = 70,0 metros (com base em dados de poços locais);
Sy: porosidade específica = 9% (média entre o valor local de 11%, obtido nos testes de
aqüífero na área e o valor regional de 7% encontrado pelo IPT, 1982).
De acordo com a resolução da equação acima citada, obtemos o valor referente as
reservas permanentes (75,6 milhões m3/ano).
Tendo por base os recursos explotáveis (2,43 milhões m³), equivalentes a
aproximadamente 3,2% das reservas permanentes, torna-se evidente a possibilidade da
utilização de volumes maiores que o valor estimado.

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Nascimento, T. A. F.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Sistema Aquífero Dunas/Barreiras é apresentado na região estudada como um


aquífero do tipo livre. Mas, encontra-se localmente semi-confinado em alguns pontos, devido
a camadas intercaladas de argilitos, encontradas na porção inferior do Aquífero Barreiras. A
recarga deste sistema aqüífero é potencializada pela presença das dunas, que encontram-se
dispostas no topo da sequência hidroestratigráfica. Estas dunas são responsáveis pela captação
das águas meteóricas e sua infiltração nesse sistema aqüífero.
A área estudada é de grande importância para a região leste potiguar, devido ao grande
potencial de suas reservas de água explotáveis no Aquífero Dunas/Barreiras. Há de se
considerar que parte da área de estudo apresenta como regiões produtoras de água para
abastecimento público a região da Lagoa do Jiqui, e os poços produtores localizados
principalmente na região de Ponta Negra. Desta maneira, a outra parte da área estudada, mais
precisamente na região Centro-leste, conta com um enorme potencial hidrogeológico, com
reservas de águas subterrâneas passíveis de explotação.
Devido a estes fatores, e tendo em vista o uso intenso dos recursos hídricos
superficiais da lagoa do Jiqui, que se encontra com o limite de explotação em níveis
prudenciais nos dias atuais, a área de estudo se coloca como uma alternativa para um futuro
incremento no abastecimento hídrico da região sul de Natal, especialmente a região Centro-
leste.
Contudo, deve haver um planejamento e orientação com respeito aos volumes que
venham a ser explotados, tendo em vista que o Aqüífero Barreiras na área estudada se
constitui num aqüífero costeiro, e, portanto, pode apresentar riscos de ser afetado por intrusão
salina em situações de superexplotação, caso haja retirada de água excessiva e sem controle
das reservas subterrâneas de água doce.

57
Nascimento, T. A. F.

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60
ANEXOS
I

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