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MUCURI – UFVJM
DIAMANTINA – MG
2020
TIAGO REIS DUTRA
DIAMANTINA - MG
2020
Elaborado com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
CDD 634.95
DIAMANTINA - MG
DEDICO:
À minha esposa Marília e à minha filha
Marcela.
Aos meus pais Pedro e Maria Helena.
AGRADECIMENTOS
À Deus pelo dom da vida e por ter me dado forças para alcançar mais essa conquista
profissional;
À minha esposa Marília e minha filha Marcela pelo amor, cumplicidade, paciência e
apoio nesta e em outras etapas de nossas vidas;
Aos meus pais pelo importante apoio, orações, amor e amizade;
Aos meus irmãos, cunhadas e sobrinho pelas orações, força e amizade;
Aos amigos diamantinenses Fred, Luciana, Manuela, Lucas, Dona Geralda, Senhor
Antônio e seus familiares pela acolhida e sincera amizade;
Ao IFNMG – Campus Salinas pelo afastamento concedido para desempenhar as
atividades de minha pesquisa;
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001;
Ao Professor Dr. Reynaldo Campos Santana pela orientação;
Ao Professor Dr. Márcio Leles Romarco de Oliveira pela amizade e ajuda fundamental
no desenho metodológico de minha tese;
À Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, em especial aos
professores do Programa de Pós Graduação em Ciência Florestal;
Aos membros da banca de defesa pelas contribuições valiosas para a formatação final
do trabalho;
À Empresa Aperam BioEnergia S/A pelo suporte a parte deste trabalho.
RESUMO
i
ABSTRACT
Among the silvicultural practices for the correct conduction of an eucalyptus plantation,
we can attribute great prominence to the mineral fertilization technique. In most situations, the
soil is not able to supply the nutritional needs of the species throughout the development cycle,
making it necessary to carry out its mineral supplementation. In view of the great importance
of this practice, the objective of the study was to carry out an exploratory and critical analysis
of mineral fertilization in eucalyptus plantations in Brazil using computational intelligence
techniques. For the first two chapters, the database used was generated from an electronic
bibliographic survey (internet). As for Chapter III, the information comes from commercial
eucalyptus plantations in the municipalities of Itamarandiba and Capelinha, Alto Jequitinhonha
Region, Minas Gerais State, Brazil. For chapter I, it was possible to notice, by the descriptive
analysis of the information gathered, an evolutionary behavior in the practice of mineral
fertilization of eucalyptus over the years 1960 to 2018, with a considerable increase in the
average values practiced and also in the number of installments of fertilization, especially in
the plantations carried out in the 2000’s. Kohonen's self-organizing map presents itself as an
effective tool for the process of identifying existing patterns in the characteristics of works
about mineral fertilization of eucalyptus in Brazil. The proposed fuzzy model allows describing
the trends in changes in eucalyptus growth according to the variations in the individual
quantities of each nutrient by interpreting the generated surface graphs.
Key words: Mineral fertilizer, Eucalyptus spp., self-organizing maps of Kohonen, fuzzy logic,
data mining, neural networks.
i
SUMÁRIO
Página
1 INTRODUÇÃO GERAL ...................................................................................... 05
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 06
2.1 A cultura do eucalipto no Brasil ...................................................................... 06
2.2 Fertilização do eucalipto .................................................................................. 07
2.3 Inteligência computacional .............................................................................. 09
2.3.1 Redes neurais artificiais (RNAs) ............................................................. 10
2.3.1.1 Mapas auto-organizáveis de Kohonen ............................................. 14
2.3.2 Lógica fuzzy ............................................................................................. 21
2.3.2.1 Conjuntos fuzzy ................................................................................ 21
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 23
4 CAPÍTULO I – ABORDAGEM HISTÓRICA DA FERTILIZAÇÃO DO
29
EUCALIPTO NO BRASIL ......................................................................................
CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................. 30
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 30
MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 32
RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 35
CONCLUSÕES .......................................................................................................... 52
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 53
5 CAPÍTULO II –MAPAS AUTO-ORGANIZÁVEIS DE KOHONEN EM
MINERAÇÃO DE DADOS: UMA ABORDAGEM NA FERTILIZAÇÃO DO 57
EUCALIPTO NO BRASIL ......................................................................................
CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................. 58
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 58
MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 60
RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 65
CONCLUSÕES .......................................................................................................... 85
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 86
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 86
6 CAPÍTULO III – MODELAGEM FUZZY PARA AVALIAÇÃO DA
89
FERTILIZAÇÃO NO CRESCIMENTO DO EUCALIPTO ................................
i
CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................. 90
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 90
MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 92
RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 98
CONCLUSÕES .......................................................................................................... 108
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 108
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 108
7 TRABALHOS FUTUROS .................................................................................... 112
APÊNDICE A ........................................................................................................... 113
APÊNDICE B ........................................................................................................... 125
ii
1 - INTRODUÇÃO GERAL
A tese intitulada – Sessenta anos de fertilização do eucalipto no Brasil – foi planejada com o
objetivo de prestar uma contribuição científica e técnica à silvicultura do eucalipto.
As ideias desse documento e suas potencialidades foram discutidas e amadurecidas entre os
anos de 2016 e 2018. A curiosidade e o desejo de poder contar parte de um processo histórico por
meio de informações geradas ao longo de seis décadas foram os principais motivadores do autor.
Em seus três capítulos, são apresentados e debatidos dados de pesquisas sobre a fertilização
do eucalipto em grande parte do território brasileiro. O capítulo I reuni informações históricas da
silvicultura do eucalipto, por meio de uma grande pesquisa bibliográfica digital, onde fazem parte do
banco de dados analisado a contribuição, de forma ímpar, de vários pesquisadores do setor florestal
das mais diferentes instituições públicas e privadas no período de 1960 a 2018.
Os capítulos II e III foram criados com o desejo de propor novas abordagens metodológicas
para subsidiarem o processo de análise e tomada de decisão na prática de fertilização mineral do
eucalipto. Para concretização de tal objetivo, técnicas de inteligência computacional foram utilizadas
nos dados históricos levantados e também em informações de uma grande área de plantio de eucalipto
na região do Alto Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.
Espero que o conteúdo gerado nesse documento possa ser útil a várias pessoas. Por fim,
externo minha gratidão a todos aqueles, que de forma direta ou indireta, fizeram com que fosse
possível a consolidação de minha tese.
3
2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4
Os plantios de eucalipto ocupam 5,7 milhões de hectares da área de árvores plantadas do país
e estão localizados, principalmente, nos estados de Minas Gerais (24%), São Paulo (17%) e Mato
Grosso do Sul (16%). Nos últimos sete anos, o crescimento da área de eucalipto foi de 1,1% a.a.,
destaque para Mato Grosso do Sul que tem liderado esta expansão, registrando uma taxa média de
crescimento de 7,4% a.a (IBÁ, 2019).
O setor de produção florestal se divide nas seguintes cadeias produtivas: madeira industrial,
processamento mecânico da madeira (serrados e compensados) e da madeira para energia,
envolvendo as etapas de produção de madeira, energia, celulose e papel, conversão em artefatos de
papel e papelão, reciclagem de papel, produção gráfica e editorial, além do comércio, distribuição e
transporte (CELESTRINO, 2014).
O Brasil possui posição de destaque no setor produtivo de celulose, papel e painéis de madeira
no mundo, com exportações que trazem evidente contribuição para a balança comercial e geram
muitos empregos (diretos e indiretos) e renda em todas as regiões do país. Pelo seu grande valor para
o desenvolvimento social, ambiental e econômico nacional, o setor tem investido também na
transformação de subprodutos e resíduos dos processos industriais em produtos inovadores,
renováveis e que contribuam para o fortalecimento de uma economia de baixo carbono (IBÁ, 2017).
5
Mesmo diante de condições edáficas que podem ser consideradas inapropriadas para
desenvolvimento da silvicultura comercial, o Brasil conta com a maior produtividade média de
folhosas e coníferas do mundo; 36,0 e 30,1 m³ ha-1 ano-1, respectivamente (IBÁ, 2019). Tais
patamares de produtividade são alcançados devido a fatores climáticos favoráveis, ao manejo florestal
adequado, às características genéticas e à fertilização florestal (PAES et al., 2013).
Dentre os recursos naturais necessários para o correto crescimento e desenvolvimento dos
organismos vegetais temos: a água, a luz e os nutrientes. Desses, os nutrientes presentes no solo é o
fator de maior facilidade e plasticidade de manipulação em plantações florestais, podendo ser
manejada por meio de práticas de conservação de solos e fertilizações.
Apesar do eucalipto apresentar adaptações para superar as limitações nutricionais, como
mecanismos de reabsorção, ciclagem bioquímica e alocação e uso de N, P e K, isso ainda não é o
suficiente para que se possa alcançar uma alta produtividade (STAPE et al., 2010).
Nem sempre o solo é capaz de fornecer todos os nutrientes que as plantas necessitam, tornando
a adubação necessária para seu crescimento. As características e quantidade de adubos a serem
aplicados dependerão das necessidades nutricionais da espécie florestal, da fertilidade do solo, da
forma de reação dos adubos com o solo, da eficiência dos adubos e de fatores de ordem econômica
(GONÇALVES, 1995).
A fertilização mineral é uma das estratégias mais comuns utilizadas para atingir a capacidade
produtiva da cultura, suprindo as deficiências minerais, ou repondo parte dos nutrientes que foram
exportados com a biomassa ou subtraídos do sistema por lixiviação ou carreamento (ANDRADE et
al., 1994). Ao incorporar adubos num povoamento, os nutrientes são disponibilizados na solução do
solo e absorvidos pelas raízes, começando a atuar em diversos processos, promovendo o crescimento
e desenvolvimento das plantas (LLERAS, 2015).
A correta fertilização dos povoamentos de eucalipto é uma prática de extrema importância
para que se possa manter a posição de destaque do país no cenário mundial da eucaliptocultura, além
de garantir a disponibilidade nutricional nas futuras rotações, uma vez que a colheita de madeira no
Brasil é feita em ciclos de rotações sucessivas e que a maioria dos povoamentos encontram-se
estabelecidos em solos de baixa fertilidade natural (SGARBI, 2002).
Para o estabelecimento de florestas economicamente viáveis é necessário conhecimentos cada
vez mais detalhados das práticas silviculturais a adotar, com vistas à produtividade e a rentabilidade
dos povoamentos florestais (SANTANA et al., 2002). Nesse sentido, os conhecimentos relativos às
possibilidades de aplicação de fertilizantes minerais, no manejo de povoamentos florestais são de
inegável interesse prático.
6
Os maiores ganhos de produtividade em plantios de Eucalyptus spp. no Brasil, em geral, são
relativos à aplicação de P, seguidos de K. Há contudo, situações em que a resposta a outros nutrientes,
como Ca, S e B, é também considerável (BARROS & COMERFORD, 2002).
Ganhos em crescimento e produtividade como resultado de uma correta suplementação
mineral podem ser encontrados facilmente na literatura e também são relatados em encontros sobre a
fertilização do eucalipto Brasil à fora.
Historicamente a otimização do sistema de fertilização mineral somada às práticas de manejo
e o uso de novos materiais genéticos foram responsáveis por deixarmos para trás uma produtividade
de 10 m³ ha-1 ano-1 no início do século XX e alcançarmos uma média nacional de 36,0 m³ ha-1 ano-1,
valor esse reportado pelas principais empresas do setor produtivo do eucalipto no ano de 2018 (IBÁ,
2019), demonstrando assim a inegável importância dessa técnica.
O termo inteligência computacional (IC) foi proposto por Zadeh (1994) e Bezdek (1994), que
atribuem esta denominação a uma coleção de metodologias que visão a tolerância a falhas, imprecisão
e incerteza, proporcionando robustez e soluções de baixo custo.
Os estudos envolvendo essa metodologia tiveram início a partir do momento em que as
comunidades científicas e pesquisadores reconheceram que a forma que o cérebro humano processa
as informações e identifica padrões de aprendizado difere, em muitos aspectos, da maneira como os
computadores convencionais o fazem (SILVA et al., 2010).
Pesquisas utilizando como ferramenta a inteligência computacional representam sistemas que
imitam aspectos do comportamento humano, tais como: aprendizado, percepção, raciocínio, evolução
e adaptação (SÁ, 2010). O objetivo dos estudos em IC é capacitar o computador a executar funções
que são desempenhadas pelo ser humano usando o conhecimento e o raciocínio (REZENDE &
PRATI, 2005).
O uso de IC é importante porque permite a captação de relações não lineares entre variáveis
preditoras e respostas, e ainda podem aprender sobre formas funcionais de forma adaptativa, pois
uma séria de transformações, chamada genericamente de função de ativação, é conduzida por
parâmetros (BISHOP, 2007).
A inteligência computacional é um imenso guarda-chuva para três metodologias: redes
neurais artificias (RNAs), lógica fuzzy e computação evolucionária. RNAs são inspiradas na fisiologia
do sistema nervoso humano, a lógica fuzzy em modelos linguísticos e a computação evolucionária,
por sua vez, em diversos paradigmas relacionados ao princípio darwiniano da evolução das espécies
(FERNANDES, 2008).
7
Nas subseções a seguir, são descritas apenas as técnicas empregadas neste trabalho: redes
neurais artificias e a lógica fuzzy.
O entusiasmo pela pesquisa neste campo cresceu durante os anos 50 e 60. Nesse período,
Rosenblatt (1958) propôs um método inovador de aprendizagem para as RNAs denominado
percepton. Até 1969, muitos trabalhos foram executados utilizando o percepton como modelo.
Do final da década de 60 até os anos 80 do século passado, as pesquisas na área de RNA
sofreram uma retração, em função de algumas críticas feitas pelos matemáticos Marvin Minsky e
Seymour Papert, que alegavam que a técnica além de utilizar processos de aproximação empíricos,
não realizavam algumas operações booleana. Em 1982, o físico e biólogo do Instituto de Tecnologia
8
da Califórnia, John Hopfield deu novos ares às Redes Neurais, contestando com embasamento, as
teses dos matemáticos acima citados, reestabelecendo o interesse pela RNA (TAFNER et al., 1995).
Uma RNA é um processador maciço distribuído, constituído de unidades de processamento
simples, que tem a propensão natural de armazenar conhecimento experimental e torná-lo disponível
para uso, assemelhando-se ao nosso cérebro em dois aspectos (HAYKIN, 2001):
Embora seja essa uma simples definição, a arquitetura de uma RNA não se resume à apenas
um conjunto de neurônios. Para que esses possam atingir seus objetivos, são necessários alguns outros
elementos em sua estrutura. Palma Neto e Nicoletti (2005), uma rede neural possui muitos
processadores simples, conectados por meio de canais de comunicação, aos quais, usualmente, estão
associados valores numéricos.
As RNAs podem ser empregadas em diversos problemas relacionados às engenharias e
ciências, podendo ser enquadradas da seguinte forma (SILVA et al., 2010):
A Figura 1 mostra um modelo de neurônio artificial, que podem ser denominados como elementos
processadores relativamente simples, onde de forma paralela, são realizados o armazenamento e o
processamento das informações. Nele podem ser identificados três elementos básicos em sua
composição:
1) Um conjunto de sinapses, com cada uma sendo caracterizada por um peso. Portanto, para todo
sinal xj na entrada da sinapse j vinculada ao neurônio k será ponderado um peso sináptico wkj.
Com relação ao peso sináptico wkj, é importante observar que o primeiro índice é referente
ao neurônio em questão, enquanto que o segundo faz alusão ao terminal de entrada da sinapse
ao qual o peso se alude;
2) Um combinador linear, empregado para executar o somatório dos sinais produzidos pelo
produto dos pesos sinápticos pelas entradas fornecidas ao neurônio;
3) Uma função de ativação, responsável por integrar o sinal resultante do combinador linear,
conhecido como potencial de ativação, a um valor de saída, podendo aplicar não-linearidade
ou restrição. Essa função define, ainda, uma restrição ao intervalo permissível de amplitude
do sinal de saída a um valor finito. Geralmente essa limitação fica entre [0, 1] ou [-1, 1], por
questão de normalização da informação (HAYKIN, 2001).
10
A rede neural é constituída, ainda, por sua capacidade de aprender por meio de exemplos e
fazer inferências sobre o que aprendeu, melhorando gradativamente o seu desempenho.
Basicamente, considera-se que o processo de aprendizado tem como característica a
ocorrência de estímulo à rede, pelo meio externo, através da apresentação de um conjunto de dados.
O algoritmo de aprendizado, a partir disto, provoca mudanças nos parâmetros da rede, acarretando
mudanças no comportamento da RNA (CARVALHO, 2007).
As redes neurais utilizam um algoritmo de aprendizagem cuja tarefa é ajustar os pesos de suas
conexões (BRAGA et al., 2007), existindo duas formas básicas de aprendizado (treinamento) de redes
neurais: aprendizado supervisionado e aprendizado não supervisionado.
O que diferem os algoritmos de aprendizado é justamente a maneira de obter esse ajuste
(REZENDE & PRATI, 2005; TAFNER et al., 1995):
O processo de aprendizagem abrange não somente a fase de treinamento da rede, mas também a
fase de testes. Essa visa calcular o erro total da rede, e por não alterar os pesos, não permite que a
rede armazene o conhecimento sobre os padrões de teste, os quais é utilizado tão somente para
verificar a quantidade e a qualidade do conhecimento armazenado pela rede durante o aprendizado
(CARVALHO, 2007).
Em certas aplicações, somente o conjunto de padrões de entradas do banco de dados
trabalhado está disponível, inexistindo, para tanto, as respectivas saídas desejadas, por outro lado,
11
essas amostras possuem elementos relevantes sobre o comportamento daquele sistema em que foram
extraídas. Dessa maneira, para o emprego de uma RNA a essas informações, a própria rede deve se
auto-organizar em relação às particularidades existentes entre os elementos componentes do conjunto
total de amostras, identificando subconjuntos (clusters) que contenham similaridades (SILVA et al.,
2010), apresentando-se dessa forma como uma aprendizagem não-supervisionada.
Dentro dessa metodologia para interpretação de dados de um conjunto de informações, pode-
se destacar os Mapas auto-organizáveis de Kohonen.
Essa metodologia tem sido pouco explorada dentro da prática de fertilização do eucalipto,
entretanto pode-se encontrar resultados satisfatórios de seu emprego em outras áreas da ciência
florestal. Avaliando a eficiência da classificação da capacidade produtiva de povoamentos florestais
de eucalipto por meio de rede neural artificial, Silva (2017) observou que a Rede de Kohonen foi
eficiente quando comparada aos demais métodos em termos de porcentagem de coincidência na
alocação dos talhões por classe de capacidade produtiva, área e estoque volumétrico.
13
Figura 2. Estrutura básica do SOM. Fonte: Gonçalves (2009)
a) Competição: Para cada vetor de entrada, os neurônios na rede calculam seus respectivos
valores para uma certa função discriminante. Esta função fornece a base para uma competição entre
os neurônios visando escolher aquele que melhor represente o vetor de entrada atual. O neurônio com
menor valor para a função discriminante é declarado o vencedor da competição;
d) Dimensão e tamanho do mapa: Geralmente para uma fácil visualização do mapeamento dos
dados da SOMs, a representação bidimensional é preferencialmente escolhida.
O tamanho ou número de neurônios do SOM normalmente é estabelecido pelo pesquisador
antes do início do treinamento. Para problemas de agrupamentos, o recomendado é utilizar um
número bem menor de neurônios do que a quantidade de dados no espaço de entrada (COSTA, 1999).
Vesanto & Alhoniemi (2000), propõe a fórmula dada por 5√N como uma estimativa para o número
de neurônios da rede, onde N é a quantidade de dados de entrada.
15
h) Taxa de aprendizagem e número de épocas de treinamento: A taxa de aprendizagem é
continuamente diminuída no decorrer do processo, assim como o raio de vizinhança que deve estar
de acordo com o tamanho do mapa desejado.
Não apenas o neurônio vencedor, mas também todos os neurônios localizados em sua
vizinhança são ajustados, de acordo com a seguinte função (BRAGA et al., 2007):
𝑤𝑗 𝑡 + 1 = 𝑤𝑗 𝑡 + 𝜂 𝑡 ℎ𝑗𝑖 𝑥 𝑡 [𝑥 𝑡 − 𝑤𝑗 𝑡 ]
17
Quando o objetivo de uso do SOM é a detecção de agrupamentos, a técnica mais
freqüentemente empregada para visualização é o uso da matriz de distâncias unificada ou Matriz-U.
A matriz de distância unificadas (Matriz-U), foi proposta por Ultsch (1993) para detectar
visualmente as regiões formadas pelas relações topológicas dos neurônios.
A Matriz-U é um método de segmentação de mapa que utiliza conceitos de processamento de
imagem para representar os clusters formadas pelo treinamento, utilizando matrizes de distância de
cada neurônio no mapa topológico e sua vizinhança para representar as cores correspondentes
(SASSI, 2006; SIQUEIRA, 2005) (Figura 5).
O resultado obtido a partir da aplicação da matriz-U sobre o mapa é uma imagem em que o nível de
intensidade de cada pixel corresponde a uma distância calculada. Valores altos correspondem a neurônios
vizinhos dissimilares e valores baixos correspondem a neurônios vizinhos similares (COSTA, 1999).
Pelo fato da matriz-U ser uma imagem relativamente complexa, principalmente em problemas
de análise de dados reais, geralmente seu emprego é restrito a visualização, sendo uma ferramenta de
auxílio na separação manual dos agrupamentos (“clusters”) da rede SOM (KOHONEN, 2001;
COSTA, 1999; COSTA & NETTO, 2007).
18
2.3.2 - Lógica fuzzy
A lógica é uma ciência de origem remota, porém como conhecimento sistemático ela se desenvolveu
na Grécia, com Aristóteles, que é considerado o seu criador. Aristóteles agregou ao pensamento lógico uma
estrutura e sistematização cujos princípios ainda são válidos (REZENDE, 2012).
A lógica clássica possui como instrumento de trabalho as proposições verdadeiro ou falso,
baseando-se na teoria de conjuntos.
O cérebro humano é capaz de lidar com conceitos que não apresentam limites bem definidos,
tais como: muito, alto, baixo, alto, etc.; porém, computadores não são capazes de executar diretamente
esses limites indefinidos (SIVANANDAM et al., 2007).
Em meados da década de 60, o professor L. A. Zadeh, da Universidade de Berkeley, USA,
considerava muito limitada a lógica clássica e vislumbrava o uso de outras ferramentas para enfrentar
fenômenos quotidianos. Zadeh enxergava que a teoria usual de conjuntos não era capaz de abranger
todas as decisões da mente humana, onde sua proposta era a criação de softwares interativos com o
potencial de tomar algumas decisões próprias (BILOBROVEC, 2005), surgindo assim a lógica fuzzy.
A teoria dos conjuntos fuzzy, também conhecida como a teoria dos conjuntos nebulosos ou
teoria das possibilidades é uma extensão das proposições clássica de conjuntos, onde o mesmo não
apresenta limites bem definidos.
Proposto por Zadeh (ZADEH, 1965; ZADEH, 1975; ZADEH, 1983) essa é uma teoria que
representa uma das várias técnicas da inteligência computacional. A mesma vai além do raciocínio de
verdadeiro ou falso atribuindo graus de pertinência aos elementos estudados (KLIR & YUAN, 1995).
A lógica fuzzy permite converter a experiência humana em uma forma compreensível pelos
computadores, uma vez que os mesmos são apenas capazes de processar dados segundo a lógica
booleana (CARNEIRO, 2015). Segundo esse mesmo autor, a técnica possui um imenso valor prático,
na qual se torna possível a inclusão da experiência de operadores humanos em controladores fuzzy.
A teoria clássica dos conjuntos é bem conhecida e caracteriza-se por estabelecer a pertinência
µA(x) do elemento x em um conjunto A, que é subconjunto do universo X, definido por:
1⇔𝑥∈𝐴
𝜇𝐴(𝑥) =
0⇔𝑥∉𝐴
19
Isto significa que um elemento x é um membro do conjunto A (µA(x) = 1) ou não (µA(x) = 0).
Entretanto, o mundo real apresenta situações em que os conjuntos clássicos não são flexíveis o
suficiente para uma descrição apurada de significado.
Em 1965 a lógica fuzzy se apresentou como uma nova abordagem para tratamento e solução
de diversos problemas do mundo real, que caracterizam-se por aspectos relativos a sua natureza vaga,
imprecisa de contornos indefinidos e, por isso mesmo, extremamente complexos (COELHO, 1997).
O controlador fuzzy utiliza-se de regras lógicas no algoritmo de controle, com a intenção de
descrever numa rotina a experiência humana, intuição e heurística, para gerir um processo (LEITE,
2007).
Em sistemas convencionais, equações complexas são processadas em sequência e, se houver
um erro em qualquer delas, o resultado final é questionável. Já em um controlador fuzzy, cada regra
é processada individualmente, assim, o efeito no resultado final é mínimo. Portanto, uma falha parcial
do sistema pode não deteriorar significativamente o desempenho do controlador (SIMÕES e SHAW,
2007).
Os conjuntos fuzzy são caracterizados formalmente por uma função de pertinência, que é uma
generalização da função característica dos conjuntos clássicos. A função de pertinência associa, a
cada elemento do universo de discurso, um valor dentro de um intervalo específico, que indica o grau
de pertinência do elemento ao conjunto. O intervalo de valores mais utilizado é o intervalo [0,1]. A
função der pertinência µA(x) indica o grau de compatibilidade entre x e o conceito expresso por A no
intervalo [0,1] (KLIR e YUAN, 1995):
µA(x) → [0,1]
Um conjunto fuzzy A sobre o universo X, pode ser representado por um conjunto de pares
ordenados tais que o segundo elemento do par é um objeto x ∈ X, e o primeiro elemento do par é seu
respectivo grau de pertinência no conjunto fuzzy A, ou seja:
A = {A(x)/x | x ∈ X}
Existem diferentes funções de pertinências que podem ser utilizadas para representar conjuntos
de uma determinada variável fuzzy linguística. Um mesmo conjunto pode ser representado por
diferentes funções de pertinência. Dessa maneira, a experiência do desenvolvedor de um controlador
fuzzy é de grande importância na escolha de uma função de pertinência que melhor retrate os
conjuntos de uma variável linguística. Dentre as principais funções tem-se a triangular (CARNEIRO,
2015):
20
➢ Função Triangular: parâmetros (a, b, c), tal que a ≤ b ≤ c
0 𝑠𝑒 𝑥 ≤ 𝑎
𝑥−𝑎
𝑠𝑒 𝑎 < 𝑥 ≤ 𝑏
𝐴 𝑥 = 𝑐𝑏 −
−𝑎
𝑥
𝑠𝑒 𝑏 < 𝑥 ≤ 𝑐
𝑐−𝑏
{ 0 𝑠𝑒 𝑥 > 𝑐
As funções de pertinência triangulares são caracterizadas por uma terna (a, b, c), onde a e c
determinam o intervalo dentro do qual a função de pertinência assume valores diferentes de zero, e b
é o ponto onde a função de pertinência é máxima (BOTELHO, 2013). São comumente empregada
com o objetivo de reduzir a complexidade necessitando apenas determinar o valor de pico e a largura
de sua base.
3 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
22
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26
Capítulo I: Abordagem histórica da fertilização do eucalipto no Brasil
27
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
INTRODUÇÃO
Boa parte das respostas de nossos atuais questionamentos podem ser solucionados ou
encontrar ótimos caminhos a serem seguidos com um simples olhar para o passado. Alguns
argumentos podem ser utilizados para que o componente histórico possa sempre fazer parte de
momentos decisórios dentro da ciência.
A história é necessária para entender a natureza da ciência conectando o desenvolvimento do
pensamento individual com a progressão das ideias científicas, expondo a natureza integrativa e
interdependente das aquisições humanas (MATTHEWS, 1994).
Do descobrimento do Brasil até os anos de 1960 a utilização da madeira para os mais
diferentes fins era predominantemente da atividade florestal extrativista. O país era um grande
importador de celulose e papel, a lenha e o carvão vegetal eram coprodutos dos desmatamentos
oriundos da crescente expansão das fronteiras agrícolas. As placas de madeira e os serrados vinham
de araucárias e de florestas nativas, sendo os poucos reflorestamentos existentes ao final desse período
tinham como objetivos atender a demanda por dormentes e energia para o transporte ferroviário, por
taninos para os curtumes e por borracha para as indústrias de pneumáticos (VALVERDE et al., 2012).
Na contramão do movimento para preservação dos recursos florestais nativos, se fazia
necessário que o Brasil adotasse um pensamento ambientalmente correto para conciliar
desenvolvimento econômico e conservação do meio ambiente.
No início do século XX os assuntos relacionados ao meio ambiente ainda não despertavam o
interesse da população e dos governantes. No ano de 1903, o Engenheiro Agrônomo Edmundo
Navarro de Andrade assumiu o cargo de diretor do horto de Jundiaí da Companhia Paulista de
Estradas de Ferro (CPEF), onde iniciou estudos comparativos do desenvolvimento de espécies
florestais nativas e exóticas de valor econômico. Nas pesquisas iniciais o eucalipto apresentou grande
28
destaque sobre as demais essências avaliadas, o que levou a Companhia Paulista a adquirir mais terras
e intensificar o plantio da cultura (ANTONANGELO & BACHA, 1998).
A empresa não pretendia resolver o problema do reflorestamento de São Paulo ou do Brasil
com o eucalipto, sua preocupação era somente solucionar suas deficiências quanto ao fornecimento
de combustível para as locomotivas, bem como madeira para postes e dormentes (MARTINI, 2004),
entretanto podemos vislumbra tal fato como uma primeira página da história de sucesso do eucalipto
na silvicultura nacional e por consequência um início de uma maior consciência ecológica que
culminaria na redução das taxas de supressão de nossos recursos florestais nativos.
As árvores de eucalipto se destacavam por sua capacidade de adaptação à diversas variações
ambientais, desde áreas secas com solos pobres e arenosos, até em áreas com solos de alta fertilidade,
fácil plantio com baixa necessidade de poda, crescimento retilíneo e em comparação a outras espécies
arbóreas necessita de uma área útil menor para se desenvolverem (ALFENAS et al., 2009).
A silvicultura do eucalipto no Brasil pode ser dividida em duas fases. A primeira fase,
compreendeu o período de vigência dos incentivos fiscais (Lei Federal 5.106/1966; Decreto-Lei
1.134/1970; Decreto- -Lei 1.376/1974 e Lei 7.714/1988). O período foi caracterizado pela grande
expansão da área com florestas plantadas, sem, contudo, a preocupação com os custos de produção,
pois os incentivos existentes nesse período, cobriam de forma generosa os gastos de implantação e
condução dos plantios até o 4º ano (ANTONANGELO & BACHA, 1998).
A segunda fase correspondeu ao período pós-incentivos fiscais, a partir de 1989. Com o fim
dos incentivos fiscais, que ocorreu no ano de em 1988, teve início a estruturação de um novo modelo
de desenvolvimento da silvicultura que foi marcado pelo investimento e valorização da pesquisa e
desenvolvimento tecnológico, objetivando a reduções de custos de produção e aumento de
produtividade. Essa estruturação proporcionou uma maior competitividade no mercado e a
descentralização da atividade por meio de um maior envolvimento de segmentos de poder local e
participação de sistemas cooperativos com o objetivo de apoiar o florestamento e reflorestamento em
pequenos e médios imóveis rurais (ANTONANGELO & BACHA, 1998).
O Brasil, ao longo do tempo, aperfeiçoou e desenvolveu tecnologias para o cultivo de espécies
florestais exóticas, em especial para o eucalipto, conduzindo a expressivos ganhos produtivos
(ABRAF, 2012). Os programas iniciais de reflorestamento utilizando a espécie nas décadas de 60 e
70, alcançavam produtividades médias de 10 a 20 m³ ha-1 ano-1 (GONÇALVES et al., 2008).
Atualmente, com todos os avanços alcançados a produtividade nacional está em torno de 36,0 m³ ha-
1
ano-1 para uma rotação de aproximadamente 5 anos (IBÁ, 2019).
Os resultados positivos obtidos com a produção do gênero Eucalyptus no Brasil são reflexos
da formação de profissionais qualificados e os investimentos em pesquisas realizados por instituições
29
privadas e públicas, que buscam o desenvolvimento e utilização de técnicas silviculturais mais
adequadas as nossas condições edafoclimáticas.
Dentre as técnicas que receberam grande atenção e foram responsáveis pela posição de
destaque do país no cenário mundial da silvicultura do eucalipto podemos destacar o preparo e
fertilização de solo; combate a pragas e doenças; melhoramento genético, com plantios de variedades
puras ou híbridas, bem como a clonagem de materiais, as quais mantém as características favoráveis
e aumento da homogeneidade dos povoamentos (HIGASHI et al., 2000).
Assim como todas as técnicas anteriormente mencionadas, ao longo da trajetória histórica da
silvicultura do eucalipto no Brasil, a fertilização dos plantios foi capaz de promover significativos
ganhos produtivos, entretanto assim como qualquer outro tipo de atividade, está sujeita a momentos
positivos e a outros indesejáveis, nos mostrando a grande necessidade de estar em um constante
processo de adequação de nossas práticas.
Nesse contexto de estagnação dos ganhos produtivos médio de nossos plantios, alguns
questionamentos acerca da “responsabilidade” da técnica de fertilização podem ser feitos: chegamos
ao nosso máximo de conhecimento? Algum equívoco na realização da técnica foi cometido?
Devemos resgatar algumas práticas esquecidas no passado? Ela pode ser capaz de reverter esse
período de estagnação produtiva de nossos plantios?
Em busca de respostas para esses questionamentos, o presente trabalho teve como objetivo
fazer uma análise histórica crítica da prática de fertilização mineral do eucalipto em nosso país, de
forma a contribuir na elucidação dos avanços e também dos retrocessos que a silvicultura dessa
espécie florestal apresentou ao longo de seis décadas de cultivo para fins comercial no Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Os dados utilizados no presente estudo foram obtidos por meio de pesquisa bibliográfica eletrônica
(internet) em sites de busca gerais, plataforma Scielo, Google Acadêmico, Portal CAPES, Biblioteca Digital
Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), home page de Universidades e periódicos científicos.
As fontes de consulta foram dissertações, teses e artigos científicos. Uma primeira seleção foi
realizada de forma exploratória com o objetivo de encontrar bibliografias que tivessem sido
executadas em território brasileiro com o tema de trabalho os gêneros Eucalyptus e/ou Corymbia.
Dada a importância da contribuição de alguns professores e pesquisadores no campo da silvicultura
do eucalipto no Brasil, também foi realizada uma análise minuciosa de todas suas produções científicas até
o mês de dezembro de 2018 na tentativa de encontrar materiais para a construção do banco de dados.
30
Cabe destacar que também foi realizada, dentro de cada literatura pré-selecionada, uma busca
das referências utilizadas para construção das mesmas, o que resultou na seleção de aproximadamente
900 bibliografias.
Ao final, para que os materiais pesquisados fossem analisados e incluídos no banco de dados
gerado, duas novas etapas de seleção foram realizadas. Na primeira todos os trabalhos deveriam ser
de primeira rotação, além de apresentar como informação obrigatória o ano de implantação do plantio
em estudo. Em seguida, como última triagem foi verificado se as literaturas reunidas possuíam ao
menos um dos seguintes critérios:
Foram reunidas literaturas com ano de publicação do período de 1970 a 2018. O conteúdo retirado
das publicações foi organizado em uma planilha eletrônica contendo as seguintes informações:
Programas utilizados
Foi realizado análise descritiva dos dados reunidos, sendo os mesmos transformados em
gráficos e/ou tabelas para melhor visualização e abordagem das informações históricas à cerca da
silvicultura do eucalipto ao longo de 5 décadas.
Para construção dos gráficos foram utilizados os softwares R versão 3.6.1 (R CORE TEAM,
2019), com apoio da plataforma RStudio versão 1.1.463 (RSTUDIO TEAM, 2019) e também o
SigmaPlot versão 11.0 (SYSTAT SOFTWARE Inc, 2008).
32
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Espécies dos gêneros Eucalyptus e Corymbia utilizadas em plantios florestais no Brasil entre os
anos de 1960 e 2018.
Anos
1960 1970 1980 1990 2000
Espécie
a a a a a
1969 1979 1989 1999 2018
Eucalyptus spp. X X X
Eucalyptus grandis W. Hill ex Maiden X X X X X
Eucalyptus urophylla ST Blake X X X X X
Corymbia citriodora (Hook.) K.D. Hill and L.A.S. Johnson X X X
Eucalyptus alba Reinw ex Blume X X
Eucalyptus brassiana ST Blake X X
Eucalyptus camaldulensis Dehnh X X X X
Eucalyptus cloeziana F. Muell X X
Eucalyptus dunnii Maiden X X
Eucalyptus pellita F. Muell X X X X
Eucalyptus propinqua Deane & Maiden X X X
Eucalyptus saligna Smith X X X X X
Eucalyptus acmenioides Schauer X
Eucalyptus pilularis Smith X
Eucalyptus drepanophylla F. Muell ex Benth X
Eucalyptus trachyphloia F. Muell X
Corymbia torelliana (F. Muell) K. D. Hill & L.A.S Johnson X
Eucalyptus tereticornis Smith X X
Eucalyptus resinifera Smith X X
Eucalyptus quadrangulata H. Deane & Maiden X
Eucalyptus populnea F. Muell X
Eucalyptus phaeotricha Blakely & Mckie X
Eucalyptus paniculata Smith X
Eucalyptus nova-anglica H. Deane & Maiden X
Corymbia nesophila (Blakely) K. D. Hill & L.A.S Johnson X
Eucalyptus microcorys F. Mueller X
Corymbia maculata (Hook) K. D. Hill & L.A.S Johnson X
Eucalyptus intermedia R.T. Baker X
Eucalyptus exserta F. Muell X
Eucalyptus deanei Maiden X
Eucalyptus botryoides Smith X
Eucalyptus benthamii Maiden & Cambage X
Eucalyptus andrewsii Maiden X
Nota-se que os anos de 1970 a 1979 apresentram uma maior representatividade na introdução de
novas espécies dos gêneros Eucalyptus e Corymbia em plantios comerciais no Brasil (Tabela 1). Dois
33
motivos podem ser atribuídos como fatores desencadeadores desse comportamento, o primeiro foi os
incentivos fiscais concedidos durante esses anos para a expansão e desenvolvimento da atividade florestal
no país, o que por sua vez refletiu em uma maior busca por materiais genéticos que melhor se enquadravam
em nossas condições de cultivo. O segundo motivo pode ser atribuído a uma maior participação de
engenheiros florestais formados no Brasil assumindo o setor silvicultural das empresas do setor. Durante os
anos de 1970 a 1979 a profissão completava dez anos da formação de seus primeiros profissionais e se
consolidava no cenário econômico nacional.
O grande destaque da silvicultura clonal no Brasil sem dúvidas foi o híbrido E. urophylla x E.
grandis, sendo introduzido timidamente em plantios comerciais na década de 80 (Tabela 2) e a partir
desse momento foi ganhando cada vez mais espaço entre as empresas do setor, chegando a uma
representatividade de quase 50% de todos os materiais genéticos utilizados nos plantios brasileiros
(Figura 2).
Tabela 2. Híbridos do gênero Eucalyptus utilizados em plantios florestais no Brasil entre os anos de 1980 e 2018.
Anos
1980 1990 2000
Híbridos
a a a
1989 1999 2018
Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis X X X
Híbridos natural E. camaldulensis x E. urophylla X
Eucalyptus urophylla x Eucalyptus tereticornis X
Eucalyptus urophylla x Eucalyptus sp. X
Eucalyptus urophylla x Eucalyptus camaldulensis X
Eucalyptus tereticornis x Eucalyptus pellita X X
Eucalyptus camaldulensis x Eucalyptus tereticornis X
Eucalyptus urophylla x Eucalyptus globulus X
34
Figura 2. Dinâmica da área de plantio com diferentes espécies de eucalipto no Brasil no período de 1960 a 2018.
35
Os anos de 1990 a 1999 e início de 2000 foi um período de grandes adaptações da silvicultura
do eucalipto no Brasil. As pressões ambientais por preservação, o abandono do uso do fogo como
prática de manejo dos resíduos e introdução do cultivo mínimo, assim como os preços mais elevados
para aquisição de novas áreas para plantio foram dos motivos que traduziram a mudança do
pensamento de produção para produtividade, ou seja, produzir mais e melhor por unidade de área.
Com a introdução da técnica de clonagem do eucalipto pode-se notar uma grande contribuição
na evolução tecnológica para silvicultura nacional, o que foi capaz de proporcionar extensas áreas
tomadas pelo plantio de materiais genéticos com grandes produtividades, qualidade desejada de
madeira e alta estabilidade fenotípica na produção (FARIA et al., 2013).
Nos anos 2000 pôde-se notar em alguns trabalhos a utilização de materiais genéticos
resultantes de novos cruzamentos entre espécies de Eucalyptus sp. Resultados de crescimento de
plantios com E. urophylla x E. camaldulensis, E. urophylla x E. tereticornis, E. camaldulensis x E. tereticornis
e também de E. urophylla x E. globulus (Tabela 2).
Vale destacar que a busca por novos materiais genéticos que proporcionem maior resistência a uma
condição edafoclimática adversa ou que tenha maiores ganhos em produtividade é uma prática economicamente
viável e também ecologicamente desejável, entretanto a mesma deve ser sempre conciliada com a análise da
interação entre os genótipos desenvolvidos e os ambientes em que os mesmos serão implantados.
O desempenho de uma espécie é alterado, normalmente, com as mudanças climáticas e
também com as condições edáficas específicas de cada localidade, de modo que um material genético
dificilmente terá produtividade superior em todas as situações de cultivo (VENDUSCROLO et al.,
2001), o que na prática é traduzido como a ocorrência da interação entre o genótipo e o ambiente.
Exemplo desse comportamento pode ser observado em plantios do estado de Mato Grosso. O
híbrido E. urophylla x E. grandis é o mais plantado no estado (SHIMIZU et al., 2007), entretanto
ainda que seja o mais produtivo, o desempenho é abaixo do seu potencial, esse comportamento é
resultado de uma interação genótipo x ambiente insatisfatória, pois grande parte dos programas de
seleção e o melhoramento genético foram realizado em regiões como Minas Gerais, São Paulo, Bahia
e Mato Grosso do Sul (PALUDZYSZYN FILHO & FIORANTE, 2011).
Na rotina da implantação florestal no Brasil, muitas vezes essa análise é negligenciada, onde
alguns poucos materiais genéticos, que conquistam a confiança de determinada empresa florestal e
de plantadores florestais de uma dada localidade (fomentados, pequenos e médios proprietários de
terra), são implantados em toda a sua região de influência devido ao mesmo apresentar uma boa
produtividade, ser de fácil propagação em viveiro e sua silvicultura ser considerada fácil, ou seja,
desenvolve bem nos primeiros dois anos, diminuindo custos silviculturais (SANTOS et al., 2015).
Cabe salientar também que mesmo em uma análise individual de uma única empresa a relação
genótipo x ambiente possui potencial de maximizar os ganhos produtivos da mesma. Hoje é muito
36
comum uma empresa florestal possuir uma extensa área territorial, em que mesmo sob áreas contínuas
podem até mesmo abranger mais do que um (01) município. Isso nos dá a certeza da ocorrência de
sítios com grande distinção entre seus potenciais produtivos assim como a possibilidade de formação
de ambientes ou microclimas diferenciados, levando um mesmo material genético à não apresentar
um desempenho produtivo estável e uniforme conforme o desejado.
Dentre os vários fatores condicionantes da produção florestal levantados pela presente
pesquisa, o espaçamento exerce um dos papéis fundamentais no estabelecimento, condução da
floresta e custos de produção, uma vez que o mesmo pode interferir diretamente, de forma positiva
ou negativa, na taxa de crescimento das árvores, na qualidade da madeira, a idade de corte, bem como
em práticas de implantação, manejo e colheita (BALLONI & SIMÕES, 1980).
No levantamento bibliográfico foi encontrado 47 arranjos espaciais utilizados nos plantios de
eucalipto no Brasil. Apenas o arranjo 3,0 x 2,0 metros ocorreu ao longo de toda a trajetória histórica.
Destaque também para os arranjos 3,0 x 3,0 e 3,0 x 1,5 metros que tiveram grande frequência de
implantação ao longo dos anos pesquisados (Tabela 3).
Tabela 3. Espaçamentos (arranjos) adotados nos plantios de eucalipto no Brasil entre os anos de 1960 e 2018.
Anos
Espaçamento Arranjo espacial 1960 1970 1980 1990 2000
(m²) (m x m) a a a a a
1969 1979 1989 1999 2018
1,5 x 1,0 X
1,5
3,0 x 0,5 X
1,52 1,75 x 0,87 X
1,5 x 1,5 X
2,25
3,0 x 0,75 X
1,5 x 2,0 X
3,00 1,75 x 1,75 X
3,0 x 1,0 X X
4,00 2,0 x 2,0 X
4,50 3,0 x 1,5 X X X X
2,5 x 2,0 X
5,00
2,8 x 1,8 X
5,10 3,0 x 1,7 X
5,40 3,0 x 1,8 X X
5,70 3,0 x 1,9 X
3,0 x 2,0 X X X X X
4,0 x 1,5 X X
6,00
2,0 x 3,0 X
2,4 x 2,5 X
6,12 3,5 x 1,75 X
6,75 3,0 x 2,25 X
Continua
37
Tabela 3. Continuação.
Anos
Espaçamento Arranjo espacial 1960 1970 1980 1990 2000
(m²) (m x m) a a a a a
1969 1979 1989 1999 2018
3,0 x 2,5 X
7,50
2,5 x 3,0 X
7,92 3,6 x 2,2 X
8,10 3,0 x 2,7 X
8,40 3,0 x 2,8 X
8,75 3,5 x 2,5 X
3,6 x 2,5 X
5,0 x 1,8 X
9,0 x 1,0 X
9,00
6,0 x 1,5 X X
3,0 x 3,0 X X X X
3,4 x 2,65 X
9,10 3,5 x 2,6 X X
10,00 4,0 x 2,5 X
10,50 3,0 x 3,5 X
3,0 x 4,0 X X X X
12,00 4,0 x 3,0 X
6,0 x 2,0 X
12,25 3,5 x 3,5 X
15,00 3,0 x 5,0 X
18,00 6,0 x 3,0 X
20,00 10,0 x 2,0 X
24,00 6,0 x 4,0 X
12,0 x 2,5 X
30,00
10,0 x 3,0 X
40,00 10,0 x 4,0 X
38
Figura 3. Dinâmica da área de plantio de eucalipto no Brasil com diferentes espaçamentos no
período de 1960 a 2018.
39
Pode-se observar que houve uma grande predominância até os anos 90 da realização da
fertilização, em sua totalidade, durante o plantio das mudas (Figura 4). Essa prática foi adotada em 100%
dos plantios realizados nos anos 60, onde somente na década de 70 o parcelamento da adubação começou
a figurar no planejamento de implantação e manutenção dos talhões de eucalipto. Esse comportamento
pode ser atribuído ao pouco conhecimento da silvicultura do eucalipto em seus anos iniciais de cultivo no
Brasil, o que levou naquele momento à adoção de técnicas, como foi o caso da fertilização, empregadas
em culturas anuais.
Sem Aplicação
Plantio
100 Plantio + 1 Cobertura
Plantio + 2 Coberturas
Plantio + 3 Coberturas
80 Plantio + 4 Coberturas
Frequência (%)
60
40
20
0
-1969 0 - 1979 0 - 1989 0 - 1999 0 - 2018
1960 197 198 199 200
Pelos dados observados na presente pesquisa, notou-se que somente nos anos 2000 a prática de uma
única fertilização deixou de ser a principal metodologia adotada, dando espaço para um maior número de
parcelamento (Figura 4). Esse aumento do fracionamento da adubação ocorreu concomitantemente a uma
grande elevação na quantidade média de insumos por hectare utilizados nos plantios (Figura 5), o que pode
ser atribuído como uma das justificativas para a mudança de hábito na realização da técnica.
40
Quantidade Média Macronutrientes (kg ha-1)
600 4
450 3
300 2
150 1
0 0
9 9 9 9 8 9 9 9 9 8
- 196970 - 197980 - 198990 - 199000 - 201 - 196970 - 197980 - 198990 - 199000 - 201
1960 1 1 1 2 1960 1 1 1 2
Figura 5. Quantidade média de macro (A) e micronutrientes (B) utilizadas em plantios de eucalipto
no Brasil durante os anos de 1960 a 2018.
41
sazonalidade hídrica influencia fortemente a produtividade anual, onde em seu trabalho foi observado
que em semestre mais seco a proporção de crescimento equivale a apenas 30% do incremento corrente
anual.
Dessa forma, independentemente da quantidade de adubo a ser empregada, o momento correto de
fornecimento do nutriente ao eucalipto é uma prática conflitante entre uma decisão técnica assertiva e o
operacional. O que se observa em muitos casos é uma falta de planejamento estratégico entre essas duas
etapas de produção, onde, visando otimizar o uso de maquinários, compra e tempo de armazenamento
dos insumos, dentre outros fatores, os momentos de fertilizações de muitos talhões são antecipadas e até
mesmo reduzidos para aproveitar o andamento da execução da técnica de outras áreas.
Vale destacar também que a definição de um “pacote tecnológico” onde a quantidade de
insumos e os momentos para realização das adubações sejam padrões, deve ser evitado ao máximo.
A busca por uma silvicultura de precisão deve ser o foco de qualquer empresa ou produtor. O
conhecimento do potencial produtivo de cada sítio de plantio, as diferenças entre os períodos de maior
e menor oferta hídrica de cada área e o intervalo de tempo de cada material genético para uma maior
resposta à adubação, devem ser metas perseguidas por todos aquelas que trabalham com eucalipto
visando maximizar os lucros com essa atividade econômica.
Na trajetória histórica da técnica de fertilização mineral do eucalipto, a quantidade de insumo
utilizado por hectare apresentou um comportamento crescente ao longo dos anos (Figura 6). Essa
resposta pode estar diretamente relacionada, dentre outros fatores, com a evolução das características
de nossos materiais genéticos utilizados, onde a elevação da capacidade produtiva dos clones (Figura
7) puxou para cima a necessidade de uma maior e melhor suplementação mineral visando fomentar
esses ganhos.
42
A) B)
C) D)
E) F)
G) H)
Figura 6. Representação boxplot da quantidade média de nitrogênio (A), fósforo (B), potássio(C),
cálcio (D), magnésio (E), enxofre (F), macro (G) e micronutrientes (H) aplicados por hectare em
plantios de eucalipto no Brasil durante os anos de 1960 a 2018.
43
Figura 7. Evolução da produtividade do eucalipto no Brasil. Fonte: adaptado de Ibá (2015) e
Santana (2017).
Mesmo diante de uma evolução produtiva do eucalipto no Brasil, conforme demonstrado pela
Figura 7, cabe destacar que o país deixou de ser o mais competitivo em termos de custo de produção
de madeira, perdendo para países como Rússia, Indonésia e Estados Unidos (CEPEA, 2017),
enfrentando um processo de estagnação do aumento de produtividade na última década (BINKLEY
et al., 2017).
Pela análise visual dos boxplot gerados (Figura 6) é possível afirmar que ocorreu um aumento
na distância interquartil dos anos 1960 a 2000 para todos os nutrientes, demonstrando uma elevação
na variação das doses empregas ao longo dos anos. Essa variação foi mais evidente nos anos 2000.
Isso poderia nos induzir a pensar que houve uma tentativa de tornar a suplementação mineral do
eucalipto uma atividade particular de cada situação de plantio, havendo locais com uma necessidade
de suplementação mineral de maior e menor magnitude, entretanto em uma análise individual dos
dados pode-se observar uma grande repetição de valores dentro de uma mesma faixa nas dosagens
empregadas, mesmo em condições edafoclimáticas bastante distintas.
Esse comportamento nos remete à uma mesma linha de raciocínio descrito anteriormente para
a escolha do material genético. O pacote tecnológico e a metodologia utilizada por uma empresa de
grande respeito em uma dada região são replicados por vários outros empreendimentos sem nenhum
tipo de embasamento técnico.
Nota-se também que o comportamento interquartílico na representação boxplot para macro
(Figura 6G) e micronutrientes (Figura 6H) a distância da linha mediana para o terceiro quartil foi
superior ao primeiro quartil, o que nos remete ao distanciamento da mediana dos maiores valores.
44
Essa resposta também pode ser notada na análise individual dos nutrientes em quase todos os anos
levantados na pesquisa (Figura 6).
Nas décadas de 1960, 1970 e 1980 a prática de fertilização mineral dos plantios de eucalipto
resumiam-se basicamente na aplicação de nitrogênio, fósforo e potássio. Os demais nutrientes
figuravam apenas quando nos três principais insumos utilizados, o mesmo era parte integrante de sua
composição química.
Foi possível notar pelas Figuras 6A, 6B e 6C, referentes ao comportamento histórico de
fornecimento de nitrogênio, fósforo e potássio, respectivamente, que a linha de tendência central dos
dados (mediana) nas três primeiras décadas avaliadas não apresentaram uma grande discrepância.
Para o P esse comportamento se estendeu até os anos 2000 (Figura 6B), entretanto quando a
abordagem é a análise visual da variabilidade dos dados, percebe-se uma grande variação nos valores
utilizados nos programas de fertilização para os três nutrientes nos anos 90 e 2000.
Analisando a resposta dos gráficos boxplot dos anos 1990 e 2000 de N (Figura 6A), P (Figura
6B) e K (Figura 6C), verificou-se uma maior amplitude na variação dos dados referentes a adubações
onde se foi adotado doses elevadas desses nutrientes.
Dentro da silvicultura do eucalipto em nosso país, atualmente ainda é possível observar
programas de suplementação mineral que acreditam que um maior fornecimento de nutrientes irá
refletir em crescimento mais satisfatório. Todavia, esse pode ser classificado com um pensamento
totalmente equivocado e somando-se a ele às dificuldades climáticas enfrentada por essa atividade
econômica e também o problema do desconhecimento do momento correto de se adubar, relatada
anteriormente, podemos enfrentar momentos produtivos de estagnação e até mesmo de queda.
Ainda nesse pensamento, destaca-se o comportamento do nitrogênio retratado pelo boxplot
dos anos 2000 (Figura 6A). Sua linha de tendência central é correspondente a adubações com 40 kg
ha-1 de N. O limite máximo por sua vez apresenta valores 2,5 vezes superiores ao mesmo. Variação
ainda maior pode ser notada para o K nos anos 1990 a 1999 (Figura 6C).
Trazendo esses exemplos para a prática, podemos ter essas “grandes adubações” com N e K,
em um primeiro momento, onde após a atividade de plantio das mudas as mesmas recebem em média
de duas (02) a três (03) irrigações, um rápido crescimento com elevada produção de massa, ou seja,
cumprindo o que se buscou. Entretanto com o passar do tempo e o enfrentamento dessas plantas às
condições adversas em campo, essas poderão não mais encontrar um cenário para sustentar o seu
potencial de crescimento podendo culminar até mesmo em perdas de grandes áreas plantadas por
ocasião da morte das plantas.
Característica marcante sobre a fosfatagem dos plantios de eucalipto no Brasil foi a utilização de
fontes solúveis para suprimento de P, tendo como principal insumo o superfosfato simples (Figura 8).
45
Solúvel
Pouco Solúvel
100
80
Frequência (%)
60
40
20
0
60 - 1969 70 - 1979 80 - 1989 90 - 1999 00 - 2018
19 19 19 19 20
Figura 8. Suplementação mineral de fósforo e sua dinâmica nas áreas de plantio de eucalipto no
Brasil realizadas no período de 1960 a 2018.
46
Diante dos dados coletados para compor o banco de dados, pode-se notar que o início da
utilização do calcário em plantios de eucalipto foi timidamente notado nos anos de 1970 a 1979 (Figura
9), onde a forma mais comum de fornecimento de Ca aos plantios de eucalipto com data de implantação
nos anos de 1960 a 1969 e 1980 a 1989 foi via da suplementação mineral de fósforo realizada com
fosfato natural (Figura 8).
Com Calcário
100 Sem Calcário
80
Frequência (%)
60
40
20
0
-1969 0 - 1979 0 - 1989 0 - 1999 0 - 2018
1960 197 198 199 200
Figura 9. Suplementação mineral de cálcio e sua dinâmica nas áreas de plantio de eucalipto
no Brasil realizadas no período de 1960 a 2018.
Entretanto ainda na década de 70, Barros et al. (1990) relatam que já nos primeiros estudos
sobre nutrição e fertilização para a cultura do eucalipto no Brasil, a espécie já se mostrava responsiva
a aplicação de calcário e também de gesso, mesmo para as produtividades obtidas durante o período.
A grande capacidade de tolerância ao Al3+ fez e ainda faz com que nos programas de
fertilização do eucalipto as doses utilizadas de calcário sejam baixas ou até mesmo inexistente.
Contudo, o uso deste insumo visando o suprimento de Ca de modo adequado é de extrema
importância, uma vez que este é o nutriente que mais se acumula no eucalipto conforme observado
por alguns autores (BELLOTE, 1979; ZAIA & GAMA-RODRIGUES, 2004; GAMA-RODRIGUES
& BARROS, 2002) nas condições em que foram estabelecidos os plantios
47
Mesmo diante da necessidade de uma alta disponibilidade de Ca no solo para suprir o
desenvolvimento do eucalipto, mas com o objetivo de repor o conteúdo deste nutriente exportado
juntamente com a parte comercial da espécie, Gonçalves e Benedetti (2004) alertam que o uso de
calcário visando atender a demanda por cálcio deve ser feito de modo criterioso, uma vez que, em
alguns solos, uma mudança nos níveis de saturação por bases para valores acima ou abaixo do nível
tecnicamente recomendado para a espécie (em torno de 50%), pode afetar a disponibilidade de outros
nutrientes e restringir seu crescimento.
Foi possível notar que principalmente nos anos 1990 em diante houve um aumento na
quantidade de Ca fornecido via adubação mineral nos plantios de eucalipto, entretanto observa-se
uma grande assimetria dos dados, onde a linha de tendência central dos mesmos está mais próxima
dos valores inferiores de fornecimento desse nutriente (Figura 6D). Isso demonstra que uma grande
parcela dos trabalhos avaliados pode ter aplicado quantidades de Ca inferiores ao necessário para
conferir ao sistema de plantio capacidade de suportar diversas rotações.
Não por acaso, o fornecimento de magnésio (Figura 6E) também apresentou comportamento
semelhante ao cálcio, isso porque ao longo da trajetória histórica a principal fonte utilizada para
fornecimento de Ca aos plantios de eucalipto foi o calcário dolomítico, que por sua vez possui em
sua constituição o Mg.
Notou-se um percentual ínfimo de trabalhos que retrataram que uma das fontes de Ca utilizada
foi o gesso agrícola. Vale ressaltar que, principalmente com o aumento das temperaturas e a redução
dos períodos chuvosos, o uso deste insumo pode se tornar em um aliado na busca por sucesso no
estabelecimento e crescimento de plantios comerciais de eucalipto.
A aplicação de gesso é capaz de promover a movimentação de Ca e também de S no perfil do
solo, melhorando o ambiente para o crescimento radicular (CAIRES et al., 2004; SOBRAL et al.,
2009; NEIS et al., 2010), possibilitando assim que a espécie seja capaz de explorar água em camadas
mais profundas, em um menor período de tempo.
Assim como descrito para o Ca e Mg, a suplementação mineral com enxofre (S) dos plantios
de eucalipto, principalmente nas décadas iniciais, não recebia a devida atenção necessária. O
eucalipto pode ser considerado uma espécie exigente em enxofre, onde a quantidade requerida de S
é maior do que P, devendo se ter grande atenção à sua correta disponibilidade desde o plantio
(ALVAREZ V., et al., 2007).
Os fertilizantes na forma de sulfato são as principais fontes de enxofre, destacando-se o sulfato
de amônio e o superfosfato simples. Ao longo dos anos da silvicultura do eucalipto no Brasil, esses
dois insumos podem ser considerados as principais fontes de N e P utilizadas, respectivamente, o que
confere ao S um fornecimento de forma secundária ou reflexo.
48
Característica bastante recorrente na prática de fertilização do eucalipto foi a utilização de
superfosfato simples como fonte de P na adubação de base e o sulfato de amônio como fonte de N
em cobertura e/ou base.
A técnica de suplementação mineral realizada nesse formato, e devidamente dimensionada, é
capaz de atender a demanda de S do eucalipto. Esses autores também relatam que no mercado de
fertilizantes existem produtos que possuem seus grânulos recobertos por S elementar, destacando a
ureia, o MAP e o superfosfato triplo como fontes alternativas para o suprimento deste nutriente às
plantações (ROCHA et al., 2015).
Analisando a Figura 6F sobre o fornecimento de S aos plantios nota-se que a linha mediana
ao longo dos anos avaliados apresentou um crescimento em suas doses, aproximando-se dos valores
de tendência central observados para o fósforo nos anos 2000 (Figura 6B).
Novamente pela análise descritiva pelo gráfico Boxplot notou-se também uma considerável
variabilidade nas doses de S empregadas nos plantios de eucalipto, haja vista as respostas expressas
pelos seus valores mínimos e máximos, e as dispersões interquartis (Figura 6F).
Analisando a Figura 6H nota-se uma participação quase nula dos micronutrientes nos
programas de fertilização dos trabalhos analisados dos anos de 1960 a 1989. Nessas décadas, quando
se realizava a suplementação desses nutrientes, o principal produto utilizado era a mistura de
micronutrientes “Fritas” de nome comercial FTE BR-8 ou FTE BR-12.
Também foi possível notar que em média as doses utilizadas de micronutrientes nos plantios
referentes aos anos 2000 foram de 2 a 4 vezes superior aos demais anos pesquisados (Figura 5B).
Até o início dos anos 2000 os programas de adubação de eucalipto voltavam-se quase que
exclusivamente ao suprimento de macronutrientes, com poucas empresas dando a devida atenção ao
fornecimento de micronutrientes (PINHEIRO, 1999; BOUCHARDET, 2002).
Fatores como a falta de critérios específicos para interpretação de análises de solo, a aparente
diferença de exigência entre materiais genéticos, além das condições climáticas distintas entre as
regiões de plantio são algumas das dificuldades enfrentadas nas recomendações de micronutrientes
em plantios de eucalipto (BARROS et al., 2014). Entretanto os autores alertam que mesmo diante
dessa visível limitação, a inclusão de cobre, zinco e boro nas formulações NPK tem sido uma
constante, onde suas concentrações flutuam entre 0,4 a 1,5%.
Com expansão da silvicultura clonal e o plantio de materiais genéticos mais produtivos e
exigentes nutricionalmente, a silvicultura nacional tem-se deparado com o aumento da frequência de
sintomas de deficiência de micronutrientes nos plantios, sobretudo de B, e, mais recentemente, de Cu
e de Zn, especialmente em áreas de Cerrado (RODRIGUES et al., 2012).
49
Silveira et al. (2004) relataram que a frequência com que é observada a deficiência de B em
plantações de eucalipto é maior do que, na maioria dos demais nutrientes, perdendo apenas para os
macronutrientes potássio e fósforo.
Diante do exposto fica evidente que a não atenção ao fornecimento de forma assertiva de
micronutrientes, pode-se tornar é um fator limitante ao desenvolvimento satisfatório do eucalipto.
Além de uma maior atenção com a suplementação de micronutrientes por meio da utilização
de insumos, práticas simples como a adoção do sistema de cultivo mínimo e a permanência dos
resíduos da colheita (casca, galhos e folhas) sobre o solo, podem ser adotadas visando a melhoria do
processo, principalmente ao que se diz respeito ao boro.
A adoção de práticas conservacionistas possibilita a transformação dos resíduos florestais
deixados sobre o solo em matéria orgânica. Há uma correlação positiva entre o teor de boro disponível
e a quantidade de matéria orgânica do solo (MOS).
A MOS é considerada a principal fonte de boro em solos tropicais, sendo que a quase
totalidade absorvida pelas plantas é originado da sua mineralização e o restante é produto da
intemperização dos minerais do solo (MALAVOLTA, 1980). O fato do B disponível no solo
encontrar-se principalmente associado à matéria orgânica, implica em maiores concentrações do
elemento nos horizontes superficiais, indicando que o mesmo diminui com o aumento da
profundidade (VANDERLEI et al., 1988).
CONCLUSÕES
Pela análise descritiva das informações reunidas acerca da prática de adubação mineral do
eucalipto no Brasil, observa-se um comportamento evolutivo na realização dessa técnica.
Foi possível notar uma maior atenção na execução da suplementação mineral com
micronutrientes dos plantios nos anos mais recentes, muito em resposta à consolidação da silvicultura
clonal em nosso país.
Nota-se uma grande amplitude nas doses de nutrientes adotados nos programas de fertilização dos
trabalhos pesquisados com um considerável aumento nos valores médios praticados e também no número
de parcelamento da adubação, em especial nos plantios realizados nos anos 2000.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do capítulo fazer uso apenas de uma análise descritiva das informações reunidas,
acredita-se que o mesmo foi capaz de demonstrar um pouco sobre o comportamento histórico em
nosso país da prática de fertilização mineral dos plantios de eucalipto.
50
O enriquecimento da base de dados, assim como a contribuição de outros pesquisadores
poderão resultar em informações ainda mais aprofundadas e que talvez sejam capazes de permear nas
entrelinhas do processo abordado.
Novamente é válido a lembrança de que as opiniões descritas ao longo do texto do capítulo
não tiveram em nenhum momento o objetivo de depreciar qualquer tipo de trabalho ou metodologia
pesquisada, mas sim, dentro do que foi possível observar do processo, prestar uma análise construtiva
sobre a adubação mineral do eucalipto.
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55
Capítulo II: Mapas auto-organizáveis de Kohonen em mineração de dados: uma
abordagem na fertilização do eucalipto no Brasil
56
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Com o objetivo de melhorar ainda mais as conclusões obtidas no capítulo anterior foi gerado
a segunda parte de minha tese.
Foi pensado e discutido a possibilidade de classificação das técnicas de fertilização mineral
adotadas por todo o país em plantios de eucalipto. A primeira decisão tomada foi acerca de qual
metodologia daria consistência para discussão diante de um banco de dados com um grande número
de variáveis que apresentavam relações diretas para esclarecer o processo, entretanto, sem um padrão
lógico ou esperado de resposta.
Diante dessas características checou-se a conclusão de que a aplicação do conceito de Redes
Neurais Artificiais com aprendizado não-supervisionado (Mapas auto-organizáveis ou também
definida como Rede Kohonen) poderia suprir essa demanda.
A expectativa inicial com a aplicação da Rede Kohonen era a geração de grupos onde se
poderia visualizar a resposta do crescimento do eucalipto com diferentes “níveis” de fertilização,
assim como o peso ou o fator de importância individual de cada variável estudada para explicar o
processo de formação das mesmas.
INTRODUÇÃO
58
Nessa grande gama de informação nos deparamos, por exemplo, com uma infinidade de
recomendações de uso de fertilizantes, que se diferem em quantidades e fonte utilizada, mas que em
algumas ocasiões podemos encontrar a utilização de um mesmo pacote tecnológico em condições
edafoclimáticas e emprego de materiais genéticos totalmente distintos, demonstrando assim uma
possível falta de critério técnico na utilização de uma ferramenta de suma importância para o sucesso
econômico de um plantio florestal.
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo utilizar os mapas auto organizáveis
de Kohonen na determinação de padrões comportamentais para a análise multidimensional de uma
base de dados sobre a fertilização mineral do eucalipto no Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Os dados utilizados no presente estudo foram obtidos por meio de pesquisa eletrônica
(internet) em sites de busca gerais, plataforma Scielo, Google Acadêmico, Portal CAPES, Biblioteca
Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), home page de Universidades e periódicos
científicos.
As fontes de consulta foram dissertações, teses e artigos científicos. Uma primeira seleção de
forma macro foi realizada com o objetivo de encontrar bibliografias que tivessem sido executadas em
território nacional com o tema de trabalho os gêneros Eucalyputs e/ou Corymbia.
Dada a importância da contribuição de alguns professores e pesquisadores no campo da
silvicultura do eucalipto no Brasil, também foi realizada uma análise minuciosa de todas suas
produções científicas até o mês de dezembro de 2018 na tentativa de encontrar materiais para a
construção do banco de dados.
Cabe destacar que foi realizada ainda, uma busca das referências utilizadas para construção
das literaturas encontradas nessa primeira seleção.
Ao final desse primeiro momento foram selecionados mais de 900 materiais, entre artigos,
teses e dissertações, publicados no período de 1970 a 2018.
Para que os materiais encontrados fossem analisados e incluídos no banco de dados gerado,
uma segunda triagem foi realizada, onde todos deveriam apresentar os seguintes critérios:
Ao final dessa segunda seleção de materiais, uma terceira triagem foi realizada nos trabalhos
pré-selecionados para eliminar a duplicidade de informação. Essa etapa se fez necessária devido ao
fato de que é uma prática comum as informações prestadas em uma tese ou dissertação gerarem
artigos em periódicos, assim onde foi notado que um mesmo dado foi publicado em mais de um meio,
tomou-se o cuidado de não utilizá-lo de forma duplicada.
Ao final do processo de busca e seleção dos trabalhos foram obtidas 80 referências (Apêndice
B) que foram responsáveis por gerarem um banco de dados composto por 1815 linhas de comando.
Na maioria das bibliografias selecionadas as informações das quantidades de nutrientes aplicados
não eram apresentadas de forma direta, o que se tinha eram as fontes de adubos utilizados e suas respectivas
dosagens de aplicação. Nesses casos, para gerar as informações de doses de nitrogênio, fósforo, potássio,
cálcio, magnésio, enxofre e micronutrientes (soma das quantidades fornecidas de boro, cobre e zinco)
empregados para adubação do eucalipto foi utilizado como referência as tabelas de garantias mínimas e
especificações de fertilizantes contidas na obra Recomendações Para o Uso de Corretivos e Fertilizantes em
Minas Gerais – 5ª Aproximação (CFSEMG, 1999) (Figura 1).
60
Pré-processamento dos dados
Antes de serem utilizados na rede, os dados foram submetidos a uma fase de pré-
processamento. Nesta etapa foi utilizado uma função de normalização dos dados com o objetivo de
colocá-los em uma mesma escala, pois o algoritmo utilizado usa a distância euclidiana entre vetores.
Com isto, a relação de proporcionalidade entre os padrões permanece quase constante,
diminuindo a influência da potência das grandes amplitudes absolutas dos padrões no treinamento
facilitando a convergência da rede, uma vez que os pesos sinápticos são inicializados com valores
pequenos dentro do intervalo (-0,1; 1).
Com os dados padronizados foram testadas diferentes entradas para a rede, conforme
apresentado na Tabela 1.
Foi realizada a análise discriminante para cada teste, visando determinar a entrada que
proporcionou maior porcentagem de classificações corretas. A entrada selecionada pela análise
discriminante foi utilizada para construção da rede.
Para o teste de número 13 (Tabela 1) também foi utilizada a Análise de Componentes Principais
(ACP) visando descartar possíveis parâmetros irrelevantes a serem analisados pela rede de Kohonen. Como
critério para retirada de algum dos componentes principais na análise foi adotado a seguinte metodologia:
61
- A variável com maior coeficiente de ponderação (autovetor), no componente de menor autovalor, foi
considerada de menor importância para explicar a variabilidade do material estudado, e passível de descarte,
sendo realizado novamente a SOM para comparação. Se o novo agrupamento fosse igual ao anterior com
todas variáveis, esse parâmetro seria descartado e o processo seria repetido até que houvesse alteração nos
grupos formados, indicando que a variável deveria ser mantida (OLIVEIRA et al., 2008).
Implementação da rede
- Número de neurônios: o número de neurônios das redes foi determinado utilizando uma fórmula
heurística proposta por Vesanto et al. (2000), em que o número de neurônios é obtido por 5 𝑛 ,
onde n é o tamanho do conjunto de dados.
- Topologia e grade do mapa: foi utilizada a topologia hexagonal e como grade de neurônios adotou-
se apenas mapas bidimensionais para facilitar visualização.
- Função de vizinhança: adotou-se a função gaussiana (Equação 1) pois, normalmente, tem melhor
tendência de agrupamento.
𝑟𝑐 − 𝑟𝑖 ² (1)
ℎc(x) = exp -
2𝜎² (𝑡)
Sendo rc o vetor posição do neurônio c, e ri é a posição do neurônio vencedor, os dois sendo medidos
nos espaços discretos definidos pelos nodos da rede neural. O parâmetro σ²(t) é o desvio padrão da
função de vizinhança, onde à medida que a aprendizagem ocorre, o valor de σ é reduzido, por meio
do decaimento exponencial (Equação 2) (HAYKIN, 2001).
𝑡 (2)
𝜎(𝑡) = 𝜎0 exp -
𝜏1
𝑡 (3)
−
𝛼(𝑛𝑜𝑣𝑜) = 𝛼(𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙) ∗ 𝑒 𝛾
Onde α é o parâmetro responsável pela taxa de redução desejada e t o número máximo de execuções executadas.
𝑥𝑗 𝑚𝑖
Euclidiana dij entre o padrão de entrada e todos os neurônios (Equação 4).
𝑝
1 (4)
𝑑𝑖𝑗 = |𝑥𝑙𝑗 − 𝑚𝑙𝑖 |² 2
𝑙 =1
A resposta da rede foram os vetores de pesos sinápticos reunidos em três grupos. Cada grupo
representou uma classe de crescimento: superior (Grupo I), intermediário (Grupo II) e inferior (Grupo III).
Representação visual
Tendo em vista que o maior número de elementos trabalhados foi oriundos dos principais
estados produtores de eucalipto no Brasil, o banco de dados gerado foi submetido à uma filtragem
para que ao final somente informações do crescimento da espécie ocorrido em municípios dos estados
de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Bahia fizessem parte.
63
Realizou-se a montagem de uma nova SOM com os dados filtrados, seguindo os mesmos
princípios descritos anteriormente, com o objetivo de comparar as respostas dos dois conjuntos de
informações à formação dos grupamentos pela Rede de Kohonen.
Programas utilizados
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 2. Número de trabalhos e percentagem de acerto segundo a análise discriminante (AD) para
caracterização da fertilização mineral dos plantios de eucalipto por meio da Rede de Kohonen
utilizando diferentes entradas.
Entrada Grupo I II III RNA Acerto (%)
I 450 296 0 746 54,11
II 366 688 0 1054 69,89
Idade
III 15 0 0 15 -
AD 831 984 0 1815 62,74
I 10 735 0 745 11,13
II 83 972 0 1055 56,44
Altura
III 0 15 0 15 -
AD 93 1722 0 1815 54,09
I 0 746 0 746 0
II 3 1051 0 1054 57,89
Dap
III 0 15 0 15 -
AD 3 1812 0 1815 57,85
I 199 546 0 745 47,66
II 220 835 0 1055 59,71
Nitrogênio
III 0 15 0 15 -
AD 419 1396 0 1815 56,90
Continua
64
Tabela 2. Continuação.
Entrada Grupo I II III RNA Acerto
(%)
I 14 732 0 746 17,09
II 63 991 0 1054 57,11
Fósforo
III 3 12 0 15 -
AD 80 1735 0 1815 55,32
I 691 54 0 745 87,89
II 87 968 0 1055 94,09
Potássio
III 8 7 0 15 -
AD 786 1029 0 1815 91,42
I 734 12 0 746 91,81
II 31 1023 0 1054 93,63
Cálcio
III 2 13 0 15 -
AD 767 1048 0 1815 92,70
I 649 97 0 746 94,53
II 36 1018 0 1054 90,22
Magnésio
III 2 13 0 15 -
AD 687 1128 0 1815 91,80
I 109 637 0 746 54,24
II 92 962 0 1054 59,60
Enxofre
III 0 15 0 15 -
AD 201 1614 0 1815 59,00
I 683 63 0 746 93,69
II 44 1010 0 1054 91,94
Macronutrientes
III 2 13 0 15 -
AD 729 1086 0 1815 92,82
I 260 475 10 745 70,18
II 104 950 0 1054 66,67
Micronutrientes
III 7 0 9 16 45,45
AD 371 1425 19 1815 67,17
I 695 51 0 746 85,53
Número de II 104 950 0 1054 94,73
Adubações III 13 2 0 15 -
AD 812 1003 0 1815 90,62
Idade, Altura, I 659 103 2 764 97,34
Dap, N, P, K, Ca, II 18 1019 0 1037 90,82
Mg, S, Macro, III 0 0 14 14 87,5
Micro, AD 677 1122 16 1815 93,22
Adubações
Sendo: Grupo I = crescimento superior; Grupo II = crescimento intermediário; Grupo III
= crescimento inferior; AD = análise discriminante; Dap = diâmetro à altura do peito; N
= nitrogênio; P = fósforo; K = potássio; Ca = cálcio; Mg = magnésio; Macro =
macronutrientes; Micro = micronutrientes.
65
Tabela 3. Autovetores, proporção de variância e variância acumulada para os componentes principais analisados.
Componente Autovetor
Principal Idade Altura Dap Nitrogênio Fósforo Potássio Cálcio
Y1 -0,121 0,0506 0,0556 0,2714 0,0497 0,3251 0,4454
Y2 0,4617 0,5219 0,5194 -0,264 -0,252 -0,002 0,1417
Y3 -0,289 -0,178 -0,176 -0,462 -0,417 0,0587 0,1716
Y4 0,1895 0,1641 0,1486 -0,016 0,1435 0,4519 -0,227
Y5 0,0269 -0,016 0,0091 -0,176 0,7142 -0,075 0,1656
Y6 -0,07 -0,092 -0,056 0,0264 -0,142 0,779 -0,126
Y7 -0,014 0,0349 0,0824 0,2293 0,3198 0,1161 -0,106
Y8 0,169 -0,02 -0,019 0,7337 -0,289 -0,149 -0,012
Y9 0,7816 -0,327 -0,472 -0,113 0,0032 0,0748 0,0926
Y10 -0,029 0,286 -0,255 0,0776 -0,085 -0,052 0,514
Y11 0,0812 -0,684 0,6132 0,011 -0,056 -0,036 0,2149
Y12 0,012 0,0069 -0,015 -0,045 -0,118 -0,169 -0,572
Proporção Variância
Componente Autovetor
da Variância Acumulada
Principal
Magnésio Enxofre Macro Micro Adubações (%) (%)
Y1 0,4194 0,2025 0,4863 0,1353 0,3574 32,54 32,54
Y2 0,1499 -0,122 0,0616 -0,22 -0,045 26,35 58,89
Y3 0,229 -0,589 -7E-04 0,1574 0,1024 12,13 71,02
Y4 -0,192 -0,157 -0,127 0,7435 0,0882 8,436 79,457
Y5 0,245 -0,316 0,1917 0,035 -0,476 7,108 86,565
Y6 -0,065 -0,004 0,0702 -0,391 -0,422 4,91 91,47
Y7 -0,189 -0,543 -0,056 -0,419 0,55 3,972 95,447
Y8 0,2365 -0,389 -0,07 0,1279 -0,313 1,973 97,42
Y9 0,0443 0,0084 0,0681 -0,046 0,1539 1,367 98,787
Y10 -0,684 -0,128 0,2542 0,0583 -0,144 0,71 99,5
Y11 -0,282 -0,03 0,1198 0,0527 -0,043 0,446 99,944
Y12 -0,089 -0,093 0,7811 0,0392 0,0016 0,056 100
Sendo: Dap = diâmetro à altura do peito; Macro = macronutrientes; Micro = micronutrientes.
Observa-se que apenas os testes 11 e 13 (Tabela 2) foram capazes de gerar três grupos segundo
a AD. Os testes de um (1) a cinco (5) e também o de número nove (9) apresentaram uma porcentagem
de acerto geral abaixo dos 70%, sendo o maior índice alcançado pelo teste 13, com 93,22%, onde por
essa razão, a Rede de Kohonen foi desenvolvida com seu conjunto de variáveis.
Analisando a Tabela 3 percebe-se que a variável Macronutrientes foi a de menor importância para
explicar a variação dos dados, pois apresentou maior valor absoluto de autovetor para o último componente
(Y12), ou seja, foi a de maior peso no componente de menor contribuição para a variância total dos dados.
Dessa maneira, a classificação do teste 13 foi realizada novamente retirando esta variável.
Comparando a classificação do teste 13 com a presença (Tabela 2) e a ausência da variável
Macronutriente (Tabela 4), pode-se observar que 295 linhas de comando mudaram de grupo, migrando
66
dos grupos II e III para o agrupamento I. Outro aspecto observado foi a redução na porcentagem de acerto
geral da análise discriminante com sua retirada. O valor decresceu de 93,22% (Tabela 2) para 92,12
(Tabela 4), o que definiu a permanência da variável e o enceramento do processo.
Tabela 4. Número de trabalhos e percentagem de acerto segundo a análise discriminante (AD) para
caracterização da fertilização mineral dos plantios de eucalipto por meio da Rede de Kohonen com a
retirada da variável macronutrientes.
Entrada Grupo I II III RNA Acerto (%)
I 979 80 0 1059 93,95
Idade, Altura, Dap,
II 63 684 0 747 89,53
N, P, K, Ca, Mg, S,
III 0 0 9 9 100,00
Micro, Adubações
AD 1042 764 9 1815 92,12
Sendo: Grupo I = crescimento superior; Grupo II = crescimento intermediário; Grupo III =
crescimento inferior; AD = análise discriminante; Dap = diâmetro à altura do peito; N =
nitrogênio; P = fósforo; K = potássio; Ca = cálcio; Mg = magnésio; Micro = micronutrientes.
Embora a variável Macronutriente tenha sido a menos importante de acordo com a ACP, sua retirada
alterou os resultados mostrando que a mesma foi importante para obtenção dos agrupamentos. Silva (2017)
ressalta que é necessário cautela ao utilizar a análise de componentes principais, pois apenas a contribuição
na variação total dos dados pode não ser um critério adequado para seleção de variáveis.
O processo de treinamento da rede pode ser verificado na Figura 2. Observa-se que a distância
média de um objeto com o vetor de características mais próximo diminuiu linearmente havendo uma
grande queda entre o intervalo das interações de número 800 a 850 e se estabilizando posteriormente.
Este resultado demonstra que os valores escolhidos para execução proporcionaram um treinamento
adequado e que o número de iterações definido foi suficiente para a convergência da rede neural.
Distribuição
agrupamento III (Tabela 2).
das variáveis nas classes
Grupo I Grupo II
Grupo III
Idade Ca
Altura Mg
DAP S
N Macro
P Micro
K Adubacoes
Figura 3. Contribuição individual das variáveis nos grupos formados pela Rede de Kohonen.
68
A visualização dos pesos do vetor de características em cada nodo do mapa como um gráfico de elementos
circulares permite a análise de tendências de agrupamento e similaridade dos dados. Na Figura 3 também é
apresentado o mapa com essa visualização e a visão equivalente da contribuição das variáveis dentro de cada nodo.
O recurso visual de formação dos grupos proporcionado pela Rede de Kohonen é uma vantagem muito
grande diante de outros métodos de agrupamento, onde por meio da visualização é possível fazer inferências da
distribuição dos dados e de sua interferência no comportamento das informações geradas (BRAGA et al., 2007).
As Figuras 4 e 5 apresentam a matriz-U e os planos de componentes obtidos por meio da rede; onde
são expostos seus respectivos mapas de calor. Um mapa de calor consiste na exibição do agrupamento com
foco em um único atributo relevante do conjunto de dados, permitindo a análise do estado e do impacto que
um grande número de variáveis causa em um modelo de agrupamento (WILKINSON & FRIENDLY, 2009).
A)
B) C)
D) E)
69
A)
B) C) D)
E) F) G)
H) I)
Figura 5. Matriz-U (A) e plano de componentes para as variáveis nitrogênio (B), fósforo (C),
potássio (D), cálcio (E), magnésio (F), enxofre (G), macronutrientes (H) e micronutrientes (I).
A escala de cores utilizada na representação dos mapas de calor demonstra que cores mais
quentes representam valores mais altos, indicando as maiores dissimilaridades, enquanto cores mais
frias retratam o oposto. Analisando a matriz-U gerada (Figura 4), observa-se uma predominância da
cor azul em sua representação, ou seja, houve uma menor distância entre o neurônio vizinho mais
próximo o que refletiu em uma maior semelhança entre os trabalhos ativas pelo neurônio vizinho.
Por meio dos planos de componentes (Figuras 4 e 5) foi possível fazer inferências da contribuição
de cada variável na formação das classes. As variáveis são visualizadas indiretamente, por meio dos valores
de cada componente dos vetores de pesos sinápticos que são utilizados para colorir o mapa (SILVA, 2017).
70
Pôde ser notado que para a formação dos três agrupamentos propostos pela rede de Kohonen
algumas características foram bem evidentes. A região correspondente ao Grupo I demonstrou uma
maior heterogeneidade entre os trabalhos que a compuseram, devido a uma maior incidência de cores
mais quentes nos planos de componentes do nitrogênio (Figura 5B), cálcio (Figura 5E) e
macronutrientes (Figura 5H), variáveis com maior peso na formação do agrupamento.
Para o agrupamento II observou-se a predominância de cores mais frias em sua região dentro
dos planos de componentes individuais (Figuras 4 e 5), demonstrando maior homogeneidade entre
seus trabalhos. A região III, foi composta por um menor número de trabalhos (Tabela 2) e foi
delimitada pelos altos valores da adubação com micronutrientes. Essas afirmações também podem
ser confirmadas pela análise da Figura 3, onde estão demonstrados a contribuição individual das
variáveis dentro de cada um dos três grupos formados pela Rede de Kohonen.
Quando comparados os planos de componentes das Figuras 4B e 4C, observa-se que os maiores
valores de altura e Dap, respectivamente, estão associados a utilização de um maior número de adubações
(Figura 4E), uma maior idade do plantio (Figura 4D) e também a mais altas doses de magnésio (Figura 5F).
Observa-se também que, pelo padrão de cores apresentado nas Figuras 4 e 5, há indícios de
correlação positiva entre as variáveis Altura e Dap; entre Idade, Número de Adubações e Magnésio;
Nitrogênio e Enxofre; e também entre Cálcio e Macronutrientes.
Pela análise visual do mapeamento gerado é possível fazer outras inferências como a
distribuição de probabilidade dos dados no espaço de entrada. Uma maior quantidade de neurônios
será utilizada para representar regiões em que os vetores de amostra são retirados com uma mais alta
probabilidade de ocorrência, enquanto uma menor quantidade de neurônios será utilizada para
representar regiões do espaço de entrada de onde vetores de amostra são retirados com uma baixa
probabilidade de ocorrência (HAYKIN, 2001; HIGA et al., 2010).
Portanto para o banco de dados utilizado, é possível identificar que a probabilidade de ocorrência
de trabalhos com altos valores de crescimento em altura (Figuras 4B) e Dap (Figuras 4C), assim como
adubações utilizando elevadas doses de nitrogênio (Figura 5B), fósforo (Figura 5C), potássio (Figura 5D),
magnésio (Figura 5F), enxofre (Figura 5G) e micronutrientes (Figura 5I) é baixa, devido ao reduzido
número de neurônios representando esse conjunto de amostras. Apenas para a variável quantidade de
cálcio utilizada (Figura 5E) foi notado uma grande probabilidade de ocorrência.
Por meio dos resultados gerados pela rede foi possível elaborar, além dos planos de
componentes individuais, uma representação espacial, no mapa do território brasileiro, da distribuição
dos trabalhos que compuseram cada um dos três agrupamentos. As figuras contribuíram
significativamente para explicar de forma prática as informações estabelecidas pela rede.
Pela análise da tabela 5 é possível notar que os plantios de eucaliptos que compõem o Grupo
I estão localizados nos principais estados produtores de nosso país. Esses trabalhos foram
71
responsáveis por proporcionarem os melhores dados médios de crescimento da espécie do primeiro
ao sétimo ano de plantio (Tabela 6).
72
Tabela 6. Descrição dos agrupamentos obtidos por meio da Rede de Kohonen.
Idade Altura Dap Nitrogênio Fósforo Potássio Cálcio
Grupo1
(meses) (m) (cm) ----------------------- kg ha-1 -----------------------
13 -24 11,91 8,99 73,19 61,71 129,84 616,94
25 – 36 15,03 10,70 32,93 57,53 94,41 664,41
I 37 – 48 18,52 11,95 35,50 58,99 113,25 614,13
49 – 60 19,98 12,31 42,96 64,52 157,79 547,12
61 – 72 23,36 15,65 26,60 81,20 192,40 700,00
13 -24 8,49 6,23 32,80 78,35 47,28 108,84
25 – 36 11,57 8,55 33,83 72,65 36,16 153,66
37 – 48 12,84 10,37 16,71 75,41 31,09 64,43
II 49 – 60 15,23 11,31 20,41 47,75 39,82 68,64
61 – 72 19,34 12,78 20,25 67,74 38,62 50,63
73 – 84 19,36 12,96 30,24 79,06 28,17 117,56
85 - 96 20,72 13,74 30,02 84,93 21,06 74,86
13 -24 9,95 7,30 27,06 76,28 85,83 216,87
III
61 – 72 20,08 12,50 6,60 32,90 116,90 553,20
Idade Magnésio Enxofre Macro Micro Adubações
Grupo1
(meses) ---------------------- kg ha-1 ----------------------
13 -24 185,79 107,12 1174,58 2,88 3,52
25 – 36 210,09 65,98 1125,36 2,42 3,06
I 37 – 48 179,74 60,28 1061,88 3,51 3,12
49 – 60 153,38 49,95 1015,72 4,77 2,95
61 – 72 243,60 0,00 1243,80 7,10 4,00
13 -24 18,59 71,47 357,34 1,49 1,8
25 – 36 38,60 78,96 413,86 1,62 1,57
37 – 48 8,00 51,63 247,26 0,65 1,40
II 49 – 60 11,20 52,30 240,12 0,87 1,41
61 – 72 0,00 62,58 239,82 0,45 1,85
73 – 84 21,55 72,70 349,28 0,85 1,25
85 - 96 0,00 81,41 292,28 0,82 1,34
13 -24 45,92 16,31 420,58 16,29 3,00
III
61 – 72 108,60 6,10 824,30 12,60 4,00
1
Valores médios. Grupo I = crescimento superior; Grupo II = crescimento intermediário; Grupo III =
crescimento inferior; Dap = diâmetro à altura do peito; Macro = macronutrientes; Micro = micronutrientes.
Explicações para os bons resultados alcançados pelos plantios que compuseram o grupo I podem
ser atribuídos ao maior capital financeiro empregado nessas localidades. As empresas de maior destaque do
setor florestal no Brasil possuem plantios e suas principais estruturas industriais da cadeia produtiva do
eucalipto alocadas em municípios pertencentes aos estados que formaram este agrupamento (Tabela 5).
Quando comparado as quantidades médias de nutrientes adotadas nas fertilizações individuais
de cada grupo formado, nota-se que os maiores valores de nitrogênio, potássio e principalmente cálcio
e magnésio foram alcançados pelos trabalhos do agrupamento I (Tabela 7). A concentração de Ca do
grupo I estão duas até seis vezes superior aos valores médios dos demais grupos. Essa diferença é
ainda maior quando o assunto é Mg, onde o grupo I possui um valor médio 11 vezes superior ao
encontrado nos trabalhos pertencentes ao agrupamento II (Tabela 7).
73
Tabela 7. Valores médios das variáveis obtidos nos agrupamentos da Rede de Kohonen.
Altura Dap Nitrogênio Fósforo Potássio Cálcio
Grupo
(m) (cm) ---------------------- kg ha-1 ----------------------
I 14,78 10,41 47,70 60,69 114,43 637,90
II 13,89 10,07 26,63 69,49 35,65 97,58
III 12,33 8,52 22,25 66,07 93,14 296,01
Magnésio Enxofre Macro Micro
Grupo Adubações
---------------------- kg ha-1 ----------------------
I 197,92 79,17 1137,81 8,57 3,30
II 17,70 66,16 313,20 2,87 1,51
III 60,67 13,91 515,57 15,42 3,24
Sendo: Grupo I = crescimento superior; Grupo II = crescimento intermediário; Grupo III =
crescimento inferior; Macro = macronutrientes; Micro = micronutrientes.
74
Tabela 8. Continuação.
Estado Município
Itamarandiba
Lima Duarte
Paracatu
Minas Gerais Quartel Geral
Santo Antônio do Amparo
São Bento Abade
Taiobeiras
Angatuba
Avaré
Bofete
Borebi
Botucatu
Caçapava
Casa Branca
Ibaté
São Paulo
Itirapina
Itupeva
Luiz Antônio
Mogi Guaçu
Monte Alto
Pradópolis
Santa Rita do Passa Quatro
São Miguel Arcanjo
Alegre
Espírito Santo Aracruz
Montanha
Rio de Janeiro Campos do Goytacazes
Santa Catariana Calmon
Pinhais
Paraná
Umuarama
75
Tabela 8. Continuação.
Estado Município
Cabanha da Prata
Chica Barbosa
Guaíba
Rio Grande do Sul Minas do Leão
Piratini
São Francisco de Assis
Uistalda
Mato Grosso do Sul Três Lagoas
Goiás Jataí
Araças
Aramari
Entre Rios
Esplanada
Bahia Eunápolis
Feira de Santana
Inhambupe
Mucuri
Vitória da Conquista
Maranhão Urbano Santos
Sergipe Itaporanga D'Ajuda
Amapá Itaubal
Pará Moju
Tocantins Gurupi
Apesar da presença em todas as regiões é possível notar que o norte e nordeste apresentaram
uma menor representação (Tabela 8). A baixa participação no banco de dados de plantios de eucalipto
localizados nos estados que compõem as duas regiões pode estar atribuída ao destaque recente no
desenvolvimento da atividade silvicultural da espécie, havendo, em consequência, um menor fluxo
de publicações científicas acerca do assunto.
A região denominada como MATOPIBA, um acrônimo formado com as iniciais dos estados
das regiões norte e nordeste que a compõem (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) é considerada a
última fronteira agrícola do país. A disponibilidade de terras e as condições climáticas são apontadas
como fatores positivos ao impulsionamento da silvicultura do eucalipto nesses estados.
Grandes empresas com sede e vastas áreas de plantios nas regiões sudeste, sul e centro-oeste
do Brasil estão ampliando seus domínios no MATOPIBA. Marques (2016) destaca que a Empresa
Suzano, com forte atuação no estado de São Paulo, tem expandido seus plantios no Maranhão,
visando assegurar o seu fornecimento de madeira para suas indústrias de papel e celulose.
76
Como característica geral dos trabalhos do grupo II pode-se notar que os mesmos apresentaram
valores médios de macro e micronutrientes muito abaixo das quantidades aplicadas nos demais
agrupamentos (Tabela 7). A menor quantidade de macronutrientes aplicada está diretamente relacionada
com o baixo fornecimento médio de cálcio. Em 20,65% dos trabalhos não houve aplicação de calcário, o
que interfere negativamente não somente no fornecimento de Ca mas também de magnésio.
A grande frequência de trabalhos que não fizeram uso do calcário pode ser atribuída a uma
interpretação equivocada de suas finalidades como insumo largamente utilizado no meio agrícola. Pelo
fato do eucalipto ser uma espécie que tolera níveis baixos de pH, e a principal finalidade na qual é
destinado o uso do calcário, a correção de acidez no solo, os produtores julgam erroneamente que dessa
forma não se faz necessário o investimento, ou o gasto com o mesmo. Entretanto o cálcio, principal
elemento fornecido pelo calcário, é um nutriente de extrema importância no desenvolvimento do
eucalipto, sendo nossos solos com capacidade limitada para sustentação de ciclos sucessivos de plantios.
Portanto, ao longo de vários anos de cultivo, a exaustão de Ca no solo poderá limitar a
produtividade de ciclos futuros (SANTANA et al., 2002; SANTANA et al., 2008), além disso,
fertilizações que venham a fornecer relações inadequadas de Ca e de Mg podem proporcionar um
desbalanços nutricional capaz de induzir deficiência nas plantas e comprometer o seu correto
crescimento (SIMONETE et al., 2013).
Outro ponto a ser destacado do agrupamento II foi o baixo número médio de adubações
(Tabela 7). Um percentual de 88,5% dos trabalhos adotou uma ou no máximo duas adubações para o
ciclo de crescimento do eucalipto.
Um dos grandes riscos assumido em programas de fertilização da cultura do eucalipto é a
realização dessa prática em momentos e quantidades equivocadas. Ainda é comum observar que em
muitos casos a adubação é realizada em sua totalidade somente no período que compreende o plantio
das mudas, estando sujeito assim aos riscos de perdas dos insumos por lixiviação e volatilização.
Gonçalves et al. (2000) também destaca os problemas de perdas de nutrientes por fixação pela
microbiota e competição por plantas espontâneas no período de maior demanda nutricional do
eucalipto que vai do plantio até o tocar de copas.
A fase do fechamento de copas para plantios de eucalipto no Brasil ocorre em média por volta
de um ano e quatro meses de idade, período em que o déficit hídrico e/ou de nutrientes pode
comprometer o crescimento futuro do povoamento, onde o potencial de resposta à fertilização da
espécie, do plantio até o tocamento de copas, é muito elevado (SANTANA, 2000).
Uma das maneiras de maximizar essa resposta positiva durante o período é por meio de um maior
número de parcelamento da técnica de fertilização, visando fornecer à planta, em momentos de maior
requerimento, a quantidade e diversidade adequada de nutrientes para seu máximo aproveitamento.
77
Os baixos valores médios de N e K aplicados nos plantios do grupo II podem ser atribuídos
como justificativa de um número reduzido de adubações (Tabela 7), pois dessa forma não haveria a
necessidade de um maior parcelamento das doses dos mesmos.
O agrupamento III obteve uma representatividade muito pequena de plantios (Tabela 2), sendo
estes alocados nos dois estados de maior destaque na silvicultura do eucalipto (Tabela 9), entretanto
esse menor número não foi reflexo de um crescimento muito inferior quando comparado aos valores
médios dos outros dois grupos (Tabela 7), mas sim de uma característica em particular identificada
pela rede de Kohonen.
A adubação com micronutrientes foi o fator determinante na formação do grupo III (Figura 3
e Figura 5I), onde seus representantes fizeram uso de uma adubação mais elevada desses nutrientes
em comparação aos demais. Os valores desse agrupamento foi 1,8 e 5,4 vezes superior à média dos
grupos I e II, respectivamente (Tabela 7).
Apesar da pequena demanda do eucalipto por micronutrientes, sua ausência, em especial do boro,
cobre e o zinco nos programas de fertilização pode acarretar prejuízos ao crescimento e a produtividade
da espécie, além de influenciar de forma significativa o uso eficiente de macronutrientes.
O elevado valor médio da fertilização com micronutrientes do grupo III (Tabela 7) pode ter
sido um dos responsáveis por um menor crescimento em altura e Dap das árvores de eucalipto, uma
vez que um dos grandes problemas enfrentados na adubação com esses nutrientes, com destaque ao
boro, é a estreita faixa entre o nível adequado e o tóxico.
Assim como foi observado na ACP com todas as informações do banco de dados, para as
informações dos estados produtores a variável Macronutrientes também foi a de menor importância
para explicar a variação dos dados (Tabela 10).
78
Tabela 10. Autovetores, proporção de variância e variância acumulada para os componentes
principais analisados do banco de dados dos principais estados produtores.
Componente Autovetor
Principal Idade Altura Dap Nitrogênio Fósforo Potássio Cálcio
Y1 0,310 0,134 0,122 -0,278 -0,094 -0,317 -0,401
Y2 -0,300 -0,583 -0,591 0,056 0,179 -0,204 -0,149
Y3 -0,310 -0,173 -0,119 -0,464 -0,470 -0,065 0,167
Y4 0,021 0,033 -0,045 -0,048 0,192 0,228 -0,178
Y5 -0,147 -0,032 -0,041 0,447 -0,697 0,244 -0,248
Y6 0,013 0,073 0,128 0,181 -0,283 -0,753 0,147
Y7 -0,292 -0,014 0,136 -0,044 0,284 -0,364 -0,101
Y8 -0,749 0,224 0,395 0,132 0,139 0,043 -0,035
Y9 0,155 -0,006 -0,109 0,666 0,160 -0,150 0,046
Y10 -0,130 0,716 -0,632 -0,049 -0,016 -0,071 0,160
Y11 0,091 -0,206 0,126 -0,003 -0,064 -0,016 0,607
Y12 -0,001 0,001 0,001 0,057 0,073 0,112 0,517
Proporção
Variância
Componente Autovetor da
Acumulada
Principal Variância
Magnésio Enxofre Macro Micro Adubações (%) (%)
Y1 -0,377 -0,230 -0,433 -0,153 -0,343 40,460 40,460
Y2 -0,137 0,166 -0,111 -0,026 -0,250 19,310 59,770
Y3 0,214 -0,565 -0,007 0,147 0,066 14,430 74,200
Y4 -0,262 -0,066 -0,145 0,874 0,125 8,336 82,536
Y5 -0,260 0,122 -0,194 -0,065 0,212 6,711 89,247
Y6 0,152 0,311 0,045 0,388 -0,063 3,817 93,064
Y7 -0,213 -0,090 -0,147 -0,178 0,751 2,787 95,851
Y8 -0,097 -0,063 -0,022 0,012 -0,423 1,566 97,417
Y9 0,091 -0,677 0,000 0,026 -0,058 1,155 98,573
Y10 -0,182 0,013 0,050 -0,052 0,014 0,926 99,499
Y11 -0,712 -0,061 0,214 -0,019 -0,066 0,499 99,998
Y12 0,177 0,106 -0,818 -0,012 -0,001 0,002 100,000
Sendo: Dap = diâmetro à altura do peito; Macro = macronutrientes; Micro = micronutrientes.
Outro aspecto semelhante entre os dois conjuntos de dados em suas preparações para
implantação da Rede de Kohonen foi o decréscimo na porcentagem de acerto geral da análise
discriminante (AD) com a retirada da variável macronutientes (Tabela 11).
79
Tabela 11. Número de trabalhos e percentagem de acerto segundo a análise discriminante (AD) para
caracterização da fertilização mineral dos plantios de eucalipto nos principais estados produtores por
meio da Rede de Kohonen utilizando diferentes entradas.
Entrada Grupo I II III RNA Acerto (%)
I 877 39 0 916 96,22
Idade, Altura, Dap, N, P,
II 24 598 0 622 93,95
K, Ca, Mg, S, Macro,
III 10 0 12 22 100,00
Micro, Adubações
AD 911 637 12 1560 95,31
I 410 87 0 497 89,26
Idade, Altura, Dap, N, P,
II 39 1002 0 1041 92,03
K, Ca, Mg, S, Micro,
III 10 0 12 22 100,00
Adubações
AD 459 1089 12 1560 91,27
Sendo: Grupo I = crescimento superior; Grupo II = crescimento intermediário; Grupo III =
crescimento inferior; AD = análise discriminante; Dap = diâmetro à altura do peito; N =
nitrogênio; P = fósforo; K = potássio; Ca = cálcio; Mg = magnésio; Macro = macronutrientes;
Micro = micronutrientes.
Ocorreu uma migração de 241 trabalhos do grupo I para o agrupamento II e uma redução da
percentagem de acerto da AD com todas as variáveis de 95,31% para 91,27% com a retirada de
macronutrientes (Tabela 11), o que definiu, assim como para a Rede de Kohonen com todos os dados,
a permanência da variável e o enceramento do processo.
A rede com apenas os dados dos estados de maior destaque na silvicultura do eucalipto
também propôs a formação de três grupos (Figura 6). Por meio da análise da distribuição das variáveis
nos agrupamentos formados (Figura 6) e os planos de componentes gerados (Figuras 7 e 8) foi
possível notar uma grande semelhança entre os resultados das duas redes.
80
Figura 6. Contribuição individual das variáveis nos grupos formados pela Rede de Kohonen com
os dados dos principais estados produtores.
81
A)
B) C)
D) E)
82
A)
B) C) D)
E) F) G)
H) I)
Figura 8. Matriz-U (A) e plano de componentes para as variáveis nitrogênio (B), fósforo (C),
potássio (D), cálcio (E), magnésio (F), enxofre (G), macronutrientes (H) e micronutrientes (I)
com os dados dos estados com maior destaque na produção de eucalipto.
83
As correlações positivas entre as variáveis Altura e Dap; entre Idade, Número de Adubações
e Magnésio; entre Nitrogênio e Enxofre; e entre Cálcio e Macronutrientes foram mantidas (Figuras 7
e 8). E assim como na primeira rede, a variável micronutriente foi determinante para formação do
agrupamento III (Figura 8I).
Comparando os valores retratados nas Tabelas 7 e 12 pode-se notar uma pequena variação nos
valores médios dentro de cada agrupamento para as variáveis, demonstrando novamente a grande
semelhança nas informações prestadas pelas duas redes de Kohonen realizadas.
Tabela 12. Valores médios das variáveis dos estados com maior destaque na silvicultura do eucalipto
obtidos nos agrupamentos da Rede de Kohonen.
Altura Dap Nitrogênio Fósforo Potássio Cálcio
Grupo
(m) (cm) ---------------------- kg ha-1 ----------------------
I 14,09 10,09 23,71 64,95 49,44 154,98
II 15,55 10,72 52,86 63,14 111,24 663,15
III 14,62 9,56 16,89 41,95 102,98 352,50
Magnésio Enxofre Macro Micro
Grupo Adubações
---------------------- kg ha-1 ----------------------
I 32,77 56,51 382,07 1,66 1,63
II 216,17 91,16 1197,13 6,50 3,20
III 79,29 42,79 588,72 19,94 3,31
Sendo: Grupo I = crescimento superior; Grupo II = crescimento intermediário; Grupo III =
crescimento inferior; Macro = macronutrientes; Micro = micronutrientes.
Houve uma redução de apenas 14% nas linhas de comando do banco de dados usado para a
confecção da segunda rede em comparação à primeira, isso foi devido ao pouco material científico
rastreado e habilitado para uso oriundo de estados que apresentam um potencial emergente na
silvicultura do eucalipto.
Essa pequena redução pode não ter sido suficiente para demonstrar algum tipo de comportamento
controverso entre as informações geradas de todo o território nacional e os estados de maior destaque na
eucaliptocultura. Entretanto outra observação pode ser retirada desses resultados, de que o padrão de
realização da técnica de fertilização mineral da cultura do eucalipto em todo o Brasil apresenta pouca
variação, ou seguem um mesmo padrão metodológico e que resultados de crescimento positivos ou
negativos estão atribuídos a fatores que não foram alvo da presente pesquisa.
CONCLUSÕES
As redes neurais implementadas revelaram-se uma ferramenta muito útil e com grande
potencial para integrar programas de tomada de decisões na área de adubação do eucalipto.
84
O mapa auto organizável de Kohonen foi capaz de distinguir a formação de três grupos e por
meio da análise dos padrões identificados nas características trabalhadas foi possível levantar valiosas
informações acerca da fertilização mineral do eucalipto no Brasil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados aqui apresentados não almejam orientar ou muito menos determinar um “melhor
pacote” de recomendação para à adubação do eucalipto, todavia servem de consulta válida aos que
buscam uma nova fonte de análise de trabalhos com essa temática e também um norteador para
pequenas mudanças no processo de tomada de decisão em programas de fertilização da espécie.
Investigações futuras poderão ser realizadas para identificar novas formas de construir as
redes. A escolha e inclusão de outras variáveis podem ser objeto de trabalho visando aumentar a
distinção entre os grupos e a precisão das informações contidas nos mesmos.
A inclusão de novos trabalhos ao longo dos próximos anos, principalmente com informações
de regiões que tiveram pouca representatividade no presente banco de dados, poderá conferir uma
maior robustez ao mesmo, abrindo a possibilidade de formação de um maior número de agrupamentos
onde seria possível extrair informações ainda mais fiéis ao cenário da adubação mineral do eucalipto
em nosso país.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
86
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de nutrientes em plantios de eucalipto no Brasil. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 32, p.
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87
Capítulo III: Modelagem fuzzy para avaliação da fertilização no crescimento do
eucalipto
88
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Visando validar os conhecimentos extraídos no capítulo anterior, esta terceira parte da tese
tem como material de trabalho, informações de plantios de eucalipto em dois municípios brasileiros
localizadas no estado de Minas Gerais na Região do Alto Vale do Jequitinhonha.
Utilizou-se a metodologia dos controladores fuzzy para estudar a resposta da fertilização
mineral no crescimento do eucalipto. O que se buscou com o uso da lógica fuzzy (LF) foi sua fácil
compreensão, pois suas variáveis linguísticas são bastante similares ao pensamento humano
facilitando a discussão de ideias entre pessoas e a interpretação de seus resultados.
Outra ponderação em sua escolha foi o fato de que quando comparado a sistemas
convencionais em que equações complexas são processadas em sequência, e se houver um erro sequer
em uma delas, o resultado final é totalmente questionável, no controlador fuzzy cada regra é
processada independentemente, e com isso seu efeito no resultado final é mínimo, onde uma falha
parcial do sistema pode não deteriorar de forma significativa o desempenho do controlador (SHAW
& SIMÕES, 1999).
INTRODUÇÃO
Quando o assunto é a fertilização dos plantios florestais, se faz necessário a compreensão de que
nem sempre o solo utilizado pelo setor é capaz de fornecer todos os nutrientes em quantidade suficiente
para o alcance de maiores produtividades (LACLAU et al., 2013). O modo e a quantidade de adubo à
aplicar dependerá de uma série de fatores, dentre os quais temos: as necessidades nutricionais das
espécies florestais plantadas, as reservas do solo, a interação entre a fonte de adubação e o solo, além
de sua eficiência, assim como das condições climáticas locais (SILVA et al., 2015).
A utilização de fertilizantes modifica o crescimento das árvores, a ciclagem e os estoques dos
nutrientes na biomassa arbórea e também no sub-bosque e no solo (GUEDES e POGGIANI, 2003),
sendo a estratégia mais comumente empregada para atingir a capacidade produtiva de uma cultura.
É desejável que um programa de fertilização florestal seja formatado levando-se em
consideração as características individuais de cada situação, onde o objetivo deve ser sempre a busca
por uma atividade que seja capaz de atender as necessidades específicas de cada material vegetal
utilizado nos tipos de solo mais representativos, para que se tenha a possiblidade de alcançar um
potencial produtivo satisfatório.
Entretanto, o que se observa na silvicultura do eucalipto no Brasil é a utilização de pacotes
tecnológicos definidos sem muitos critérios técnicos, deixando de serem considerados aspectos básicos
89
na realização da técnica de fertilização, como: o tipo de solo, as características químicas e físicas dos
produtos, época de aplicação, localização do fertilizante e também nas quantidades aplicadas.
Tal negligência pode implicar em custos por hectare que podem variam em mais de 100% ao
final de um ciclo de sete anos de uma floresta com meta de produção 280 m³ de madeira, podendo
ser encontrados nos trabalhos de Alves (2011), Ferreira e Stape (2013) e Silva et al. (2013).
Tendo em vista proporcionar ganhos em produtividade de forma sustentável, onde a
otimização e racionalidade para utilização dos recursos são itens de extrema relevância na busca por
uma gestão eficiente dos plantios florestais, a procura por ferramentas de pesquisa alternativa que
auxiliem na tomada de decisões são de grande importância.
O uso de regressões e testes de comparação de médias são amplamente adotados e difundidos
na metodologia científica brasileira quando o assunto em questão é a verificação dos efeitos da
suplementação mineral de nossos solos visando o crescimento e desenvolvimento do eucalipto. Porém
existem outras ferramentas com grande potencial de uso que podem contribuir com a construção do
conhecimento nesse segmento da silvicultura do eucalipto.
Dentre as opções com grande potencial, podemos destacar a lógica fuzzy (LF) também
conhecida como lógica nebulosa ou difusa.
A LF surgiu há mais de 40 anos com o objetivo de auxiliar na resolução de problemas de
controle e automação, porém, devido à adaptabilidade e proximidade com dificuldades do mundo
real, sua utilização foi crescendo com o passar dos anos e se expandindo para diversas áreas
(MALAMAN & AMORIM, 2017).
Na área florestal, a aplicação da lógica fuzzy não é tão difundida, porém já se encontra alguns
trabalhos que buscam a utilização dessa ferramenta para auxiliar nas tomadas de decisões.
A grande vantagem é a facilidade para lidar com termos linguísticos e informações imprecisas
e incertas, além do baixo custo computacional, onde ao contrário da teoria clássica, em que cada
elemento pertence ou não a um conjunto, na LF existe um grau de pertinência, podendo um elemento
ser mais ou menos pertencente a um determinado conjunto (DAVID et al., 2018). Os autores ainda
destacam que na abordagem fuzzy, cada elemento pode ser compatível com várias categorias, com
diferentes graus de pertinência, tornando a classificação ainda mais realista.
A possiblidade de criação de regras vindas da experiência do pesquisador ao invés de um
controle restrito a modelos matemáticos é outra característica marcante da lógica fuzzy destacada por
Malaman e Amorim (2017). Os autores ainda destacam que esse modelo comporta-se conforme o
raciocínio que o especialista utiliza para inferir as regras, baseadas nas informações que eles já
conhecem, assim, os modelos fuzzy podem variar não só de acordo com os fatores que os definem,
mas também de acordo com o conhecimento advindo de seu operador (pesquisador).
90
Diante do exposto, a proposta deste trabalho foi desenvolver um sistema computacional,
utilizando regras fuzzy, para a avaliação dos efeitos da fertilização mineral no crescimento do
eucalipto nos municípios de Itamarandiba e Capelinha, Região do Alto Jequitinhonha, estado de
Minas Gerais, Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Banco de dados
Modelagem fuzzy
Para a elaboração da modelagem fuzzy (MF), o primeiro passo foi a definição dos
processadores de entrada (ou fuzzyficadores).
Além da definição dos processadores de entrada, foram também estabelecidos um conjunto
de regras linguísticas, um método de inferência fuzzy e um processador de saída (ou defuzzyficador).
Foi proposto a montagem de duas modelagens distintas utilizando a lógica fuzzy:
Primeiro Modelo
Foi representada pela função 𝐹: 𝑋1 × 𝑋2 ⊆ ℝ2⟶ℝ7 tal que 𝐹 = (𝑓1(𝑥1, 𝑥2), 𝑓2(𝑥1, 𝑥2), 𝑓3(𝑥1,
𝑥2), 𝑓4(𝑥1, 𝑥2), 𝑓5(𝑥1, 𝑥2), 𝑓6(𝑥1, 𝑥2), 𝑓7(𝑥1, 𝑥2)). O contradomínio ℝ7 representa as sete variáveis de
saída adotadas (Figura 1).
91
Figura 1. Modelagem fuzzy de avaliação das variáveis de crescimento do eucalipto com
duas variáveis de entrada e sete variáveis de saída. Sendo: DAP – diâmetro à altura do peito.
As variáveis de entrada da MF desenvolvido foram altura (m) e DAP (cm). Para ambas foram
definidos 3 conjuntos fuzzy denominados: Baixo (B), Médio (M) e Alto (A) (Tabela 1).
92
As funções de pertinência foram elaboradas de modo que o crescimento em altura (14,75;
23,64 e 29,72) apresentassem grau de pertinência igual a 1 aos conjuntos fuzzy B, M e A,
respectivamente. O mesmo procedimento foi utilizado para o DAP.
- Base de regras
Tabela 2. Combinações das variáveis de entrada do primeiro modelo com pontos de grau de
pertinência 1 associados aos conjuntos fuzzy para a elaboração da base de regras.
Altura Diâmetro a altura do peito (cm)
Ponto com grau de Ponto com grau de
Conjunto fuzzy Conjunto fuzzy
pertinência 1 associado pertinência 1 associado
B 14,75 B 11,17
B 14,75 M 14,68
B 14,75 A 18,38
M 23,64 B 11,17
M 23,64 M 14,68
M 23,64 A 18,38
A 29,72 B 11,17
A 29,72 M 14,68
A 29,72 A 18,38
Sendo: B = baixo; M = médio; A = alto.
100%
3𝑘 = 100% ⇒ 𝑘 = ⇒ 𝑘 = 33,33%
3
93
A Tabela 3 apresenta a definição das funções de pertinência para as variáveis de saída
utilizando os percentis variando em k = 33,33%.
Segundo modelo
Por entender que temos no capítulo anterior uma análise macro e bem representativa da técnica
de adubação mineral do eucalipto, as variáveis que compuseram a entrada da MF foram baseadas na
importância estatística para explicar os resultados obtidos.
Assim, elegeu-se as variáveis de entrada a partir do resultado da análise de componentes principais.
Para tanto, as duas variáveis, dentre os nutrientes avaliados (N, P, K, Ca, Mg, S, Micro e Macro) com
94
menores coeficiente de ponderação (autovetor), no componente de menor autovalor, foram consideradas de
maior importância para explicar a variabilidade do material estudado e assim escolhidas (Tabela 4).
Dessa forma, realizou-se uma modelagem fuzzy para estudar a resposta do crescimento do
eucalipto à adubação mineral utilizando como variáveis o Nitrogênio e Micronutrientes. Foram
definidos 3 conjuntos fuzzy denominados: Recomendado (R), Elevado (E) e Muito Elevado (ME)
(Tabela 5), cujos valores numéricos apresentados foram retirados da análise dos grupamentos de
dados realizada no capítulo anterior.
95
As funções de pertinência foram elaboradas de modo que as quantidades utilizadas para
adubação de nitrogênio (20, 70 e 160) apresentassem grau de pertinência igual a 1 aos conjuntos fuzzy
R, E e ME respectivamente. O mesmo procedimento foi utilizado para os micronutrientes.
- Base de regras
Tabela 6. Combinações das variáveis de entrada do segundo modelo com pontos de grau de
pertinência 1 associados aos conjuntos fuzzy para a elaboração da base de regras.
Nitrogênio Micronutrientes
Ponto com grau de Ponto com grau de
Conjunto fuzzy Conjunto fuzzy
pertinência 1 associado pertinência 1 associado
R 20 R 2
R 20 E 10
R 20 ME 27
E 70 R 2
E 70 E 10
E 70 ME 27
ME 160 R 2
ME 160 E 10
ME 160 ME 27
Sendo: R = recomendável; E = elevado; ME = muito elevado.
96
Tabela 7. Definição das funções de pertinência das variáveis de saída.
Conjuntos fuzzy Tipo Delimitadores
Muito Baixo (MB) Triangular [P(0%) - 1, P(0%), P(25,0%)]
Baixo (B) Triangular [P(0%), P(25,0%), P(50,0%)]
Médio (M) Triangular [P(25,0%), P(50,0%), P(75,0%)]
Alto (A) Triangular [P(50,0%), P(75,0%), P(100%)]
Muito Alto (MA) Triangular [P(75,0%), P(100%), P(100%)+1]
Para os dois modelos adotou-se a mesma metodologia. O método de inferência utilizado para
o cálculo dos valores numéricos das variáveis de saída de acordo com a base de regras definidas foi
o de Mamdani (MAMDANI & ASSILIAN, 1975).
O valor da variável linguística de saída inferida pelas regras fuzzy foi traduzida
(defuzzyficação) em valores reais por meio do método do Centro de Gravidade ou Centróide
Programa utilizado
Para a elaboração das modelagens fuzzy foi utilizado o software Matlab®, onde com o auxílio da
ferramenta Fuzzy Logic Toolbox foi possível gerar superfícies de contorno de representação do sistema.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
97
Figura 3. Gráfico tridimensional e mapa de contorno da primeira modelagem fuzzy proposta
representando a variável nitrogênio (kg ha-1). Sendo: DAP = diâmetro à altura do peito.
Pelos dados analisados é perceptível que a empresa por vários anos fez uso, em seus
programas de fertilização, de doses de N muito acima do necessário, o que reflete diretamente na
elevação dos custos de implantação por hectare.
A mineralização do nitrogênio da matéria orgânica do solo é a principal via de suprimento da
demanda de N nos plantios de eucalipto, dando assim à prática de suplementação mineral uma
98
participação de menor peço, mas ainda sim com contribuição efetiva nos estágios iniciais de
crescimento da espécie.
Cerca de 95% do N total do solo está localizado na matéria orgânica e depende do processo
de mineralização para a absorção pelas plantas (CUNHA et al., 2015). Vale destacar que mesmo que
a contribuição da adubação mineral de N ao longo do ciclo de crescimento do eucalipto vai se
tornando nula, demonstrando não ser viável tecnicamente e também economicamente o uso de
grandes doses de nitrogênio, a suplementação mineral se faz necessário para auxiliar o arranque
inicial da planta em campo bem como para repor o que é exportado com a colheita da árvore.
Para um correto e efetivo fornecimento de N aos plantios de eucalipto é de extrema
importância a permanência dos resíduos da colheita sobre o solo, bem como a investigação, a cada
rotação, da quantidade do nutriente exportado com a colheita e da capacidade individual de cada tipo
de solo em fornecer esse nutriente.
Por considerar que as adubações de N e P adotadas pela empresa são passíveis de alguns
ajustes, abre-se a possiblidade de se investigar o desempenho do eucalipto em sua região de influência
com doses inferiores destes nutrientes, sendo um dos possíveis produtos gerados por futuras pesquisas
a redução nos custos de implantação devido a diminuição das quantidades de insumos empregados
por hectare, além de ganhos no crescimento do eucalipto.
Esta recomendação ganha ainda mais importância diante dos resultados observados por
Martins (2019) em um experimento em escala comercial conduzido no município de Itamarandiba-
MG em área da Aperam BioEnergia. Avaliando a produção em primeira e segunda rotação do clone
AEC 1528® de E. grandis x E. urophylla, de polinização controlada, sob diferentes regimes de
adubação nitrogenada, o autor conclui que além da espécie apresentar resposta semelhante à adubação
com N nas duas rotações, o mesmo não foi responsivo a elevadas doses de N. O autor obteve, em
ambas as rotações, desempenho produtivo análogo entre tratamentos que fizeram uso de 66,2 e 246,2
kg ha-1 de nitrogênio.
No trabalho de Martins (2019) também pode-se observar uma queda produtiva de 15% no
volume na primeira rotação e 18% na segunda quando comparados o tratamento que utilizou a menor
quantidade de N (6,2 kg ha-1) e a dose mais próxima (66,2 kg ha-1) do recomendado no capítulo
anterior (Tabela 8). Este interstício entre as duas dosagens de N (6,2 a 66,2 kg ha-1) poderia ser
utilizado em trabalhos futuros, nas condições edafoclimáticas de influência da empresa, na busca de
uma adubação nitrogenada mais assertiva em termos produtivos e econômicos.
Na literatura podemos encontrar outros trabalhos que demonstram uma baixa ou até mesmo
ausência de resposta positiva do eucalipto à elevação das doses de nitrogênio. Pulito et al. (2015)
relatam que nas condições em que foram desenvolvida a pesquisa as doses mais elevados de N foram
responsáveis por proporcionarem um mais rápido crescimento inicial devido a maior disponibilidade
99
do nutriente, onde em média, nos povoamentos mais jovens (1 a 2,2 anos) a fertilização resultou num
aumento de 12% de produtividade de madeira, entretanto na idade de corte, não foi observada
diferença entre os tratamentos. Resultado semelhante foi observado por Santos (2001), onde o autor
relata não ter observado ganhos significativos na produção volumétrica de Eucalyptus grandis na
época da colheita.
As doses utilizadas operacionalmente pela empresa para realização da fosfatagem durante o
período de 2006 a 2016 foram 2 a 3 vezes superiores a considerada como mais recomendada para um
melhor crescimento do eucalipto (Tabela 8), de acordo com os resultados obtidos no capítulo anterior.
Os ganhos produtivos do eucalipto implantados em áreas do bioma cerrado decorrentes do
uso de fertilizantes fosfatados podem superar os 100%, entretanto vale ressaltar que nem sempre os
resultados positivos estão diretamente relacionados com a elevação da dosagem do nutriente na
técnica de fertilização (BARROS & COMERFORD, 2002). O sucesso produtivo de um plantio
também encontra-se intimamente ligado ao material genético utilizado, capacidade produtiva do sítio,
condições climáticas do local, entre outros fatores.
Outra característica observada no programa de fosfatagem dos plantios da empresa foi o
abandono do uso de uma fonte pouco solúvel para o fornecimento de P no período de 2009 a 2016
(Tabela 9).
Tabela 9. Solubilidade das fontes de fósforo utilizadas pela empresa no período de 2006 a 2016.
Ano de Implantação
Fonte de Fósforo
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Pouco Solúvel¹ X X X
Solúvel² X X X X X X X X
¹Uso de fosfato natural; ²Uso de superfosfato triplo e/ou NPK
101
Essa grande participação no conteúdo de nutrientes da madeira exportada do povoamento foi
observada por alguns autores. Para o Eucalyptus globulus subespécie Maidenii, no município de
Butia-RS, assim como para o Eucalyptus saligna no Estado de São Paulo, os pesquisadores
Schumacher e Caldeira (2001), e Santana et al. (1999), respectivamente, demonstram que o potássio
foi o macronutriente de maior participação no tronco das árvores das duas espécies.
Em ambas as superfícies de resposta, os nutrientes cálcio (Ca) (Figura 6) e magnésio (Mg)
(Figura 7) apresentam uma elevação central correspondente região B de seus respectivos mapas de
contorno. Essa elevação é referente as maiores dosagens desses elementos, e assim como foi
observado para os demais, uma adubação utilizando maior quantidade de insumo proporcionou
apenas um crescimento classificado como médio. Pela análise gráfica, pode-se notar que doses
próximas a 350 e 120 kg ha-1 de cálcio e magnésio, respectivamente, foram responsáveis por um
crescimento superior das árvores de eucalipto.
Para o enxofre (S), nota-se em sua superfície de resposta (Figura 8) a formação de uma
elevação na região central quase uniformemente distribuída e com uma grande representatividade dos
dados utilizados, que compreende tanto valores de altura e DAP classificadas como de alto, médio e
baixo crescimento. Essa região, correspondente à área A em seu mapa de contorno (Figura 8)
apresentou uma variação da quantidade de S aplicado no intervalo de 50 a 80 kg ha-1.
Ainda analisando a Figura 8 é possível verificar que o intervalo de 50 a 80 kg ha-1 mesmo
sendo a região de melhor crescimento e estando muito próximo da dose de 79,17 kg ha-1 (Tabela 8),
104
os valores de DAP e altura mais elevados foram alcançados com uma fertilização de S de 50 a 60 kg
ha-1.
Na avaliação do mapa de contorno da adubação com micronutrientes foram formados três (03)
regiões distintas (Figura 9). Com o auxílio de seu gráfico de superfície de resposta pode-se notar que
a região A, área de crescimento superior, é correspondente a doses utilizadas pela empresa que variam
entre 5 a 10 kg ha-1. As regiões B (doses mais elevadas) e C (doses intermediárias) foram referentes
a dados de altura e DAP classificados como baixo e médio, respectivamente.
A formação de três regiões pela interpretação do mapa de contorno e sua respectiva superfície
de resposta resultante da modelagem fuzzy proposta, vai ao encontro ao observado no capítulo
anterior, onde pode-se notar que a adubação de micronutrientes foi preponderante na formação dos
três grupamentos pela Rede de Kohonen.
Os principais micronutrientes utilizados na suplementação mineral dos plantios comerciais de
eucalipto no Brasil são o boro, cobre e o zinco. Mesmo diante dos resultados alcançados nos dois
últimos capítulos da presente tese que evidenciam a relevância da fertilização com os micronutrientes,
Barros et al. (2014) destacam que a experiência brasileira de uso destes nutrientes na silvicultura da
espécie ainda é pequena, devido à inexistência de uma base experimental robusta, além de outras
dificuldades enfrentadas como da falta de critérios específicos para interpretação de análises de solo,
a aparente diferença de exigência entre materiais genéticos e as diferenças climáticas entre as regiões
de plantio.
Dentre os micronutrientes utilizados nos plantios de eucalipto, o boro tem recebido maior
atenção, principalmente em regiões com predominância do bioma cerrado, onde o regime de chuvas
é caracterizado por longos períodos de estiagem.
Mesmo com um leve destaque, o boro, assim como o cobre e o zinco carecem de muita
investigação científica para que os mesmos possam participar de forma sólida de um programa de
recomendação de fertilização mineral do eucalipto. O destaque dos mesmos pode ser observado nos
resultados obtidos no presente trabalho, mas cabe ressaltar que os futuros estudos das melhores
dosagens e fontes para os mesmos, devem ser acompanhados, dentre alguns pontos, da interação
genótipo x ambiente, visando uma recomendação mais assertiva nos aspectos técnicos e econômicos.
As superfícies de resposta geradas pela segunda modelagem foram capazes de validar os
resultados obtidos pelo primeiro modelo proposto (Figuras 10 e 11). Utilizando como variáveis de
entrada as quantidades aplicadas de nitrogênio e micronutrientes, devido elas terem sido consideradas
de maior importância para explicar a variabilidade do material estudado no capítulo anterior (Tabela
4), pode-se observar que o crescimento superior em altura (Figura 10) e DAP (Figura 11) do eucalipto
foi alcançado quando a empresa, dentro de seus programas de fertilização empregados ao longo dos
anos de 2006 a 2016, adotou as menores quantidades de nitrogênio e micronutriente.
105
Figura 10. Gráficos tridimensionais e mapas de contorno da segunda modelagem fuzzy proposta
representando a variável de saída altura do eucalipto.
Figura 11. Gráficos tridimensionais e mapas de contorno da segunda modelagem fuzzy proposta
representando a variável de saída diâmetro à altura do peito (DAP).
106
material genético, a utilização de um programa de fertilização mineral do eucalipto onde haja
equilíbrio entre todos os seus nutrientes fornecidos torna-se em um fator de extrema importância.
Uma vez cumprido com excelência esse requisito, a empresa ou o produtor pode almejar o sucesso
produtivo de seu plantio.
CONCLUSÕES
A modelagem fuzzy apresenta grande potencial para ser utilizada como uma ferramenta de
tomada de decisão em programa de fertilização mineral do eucalipto.
O modelo proposto permite descrever as tendências de mudanças no crescimento do eucalipto
de acordo com as variações nas quantidades individuais de cada nutriente pela interpretação dos
gráficos de superfície gerados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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SHAW, I. S.; SIMÕES, M. G. Controle e Modelagem Fuzzy. 1ª ed., São Paulo: Edgard Blucher /
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VIAIS NETO, D. S. Modelagem fuzzy para avaliação do desenvolvimento do tomate em tensões
de água no solo e doses de salinidade na irrigação. 83 p. 2016. Tese (Doutorado em
109
Agronomia/Irrigação e Drenagem), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
Botucatu-SP, 2016.
WITSCHORECK, R.; SCHUMACHER, M. V. Alocação de nutrientes em povoamentos de
Eucalyptus saligna Sm. na região de Guaíba - Rio Grande do Sul. Cerne, v. 21, n. 4, p. 625-632,
2015.
110
7 – TRABALHOS FUTUROS
Diante dos resultados positivos apresentados tanto pela Rede de Kohonen quanto da Lógica
fuzzy (LF), o uso de um sistema híbrido associando LF à rede neural, conhecido como sistemas neuro-
fuzzy (SNFs), é uma possibilidade para prorrogação deste estudo.
O princípio básico de um SNF é implementar a LF em uma arquitetura paralelamente
distribuída, de tal forma que os paradigmas de aprendizado comuns às RNAs possam ser aproveitados
neste sistema híbrido (MORAIS JÚNIOR, 2011).
Assim, os SNFs procuram usar o máximo da capacidade de aprendizagem, generalização,
classificação, robustez, adaptação e agrupamento de dados das RNAs combinado com o poder de
raciocínio da lógica fuzzy (ALTROCK, 1996).
Os sistemas neuro-fuzzy quebram o conceito de “caixa preta” das RNAs, pelo fato do
comportamento deste modelo ser compreendido por meio da observação das variáveis linguísticas,
das funções de pertinência, dos relacionamentos entrada-saída e das próprias regras fuzzy, as quais
podem explicar facilmente o funcionamento do sistema, devido à simplicidade e proximidade com a
linguagem humana (CHAVES, 2013).
Mesmo diante de todo o seu potencial, vejo claramente que a utilização do SNF seria uma
continuidade das investigações iniciadas nessa tese.
Respeitando o caráter de busca por explicações do comportamento da cultura do eucalipto ao
longo dos anos de seu cultivo no Brasil frente às práticas de fertilização mineral adotadas a pouco
mais de cinco décadas, penso que a calibração de um SNF com uma metodologia ou recomendação
proposta por um pesquisador, por exemplo, pode subestimar as respostas procuradas.
Entendo que dessa maneira, as informações produzidas possam estar “viciadas” e com grande
chance de não gerar todo o seu potencial, levando a conclusões equivocadas do processo, e deixando
de lado possíveis interpretações que ainda não foram discutidas.
Dessa maneira julgo ser mais prudente e também com um maior potencial de “contribuições
inéditas” uma análise preliminar do banco de dados por meio dos Mapas auto-organizávies de
Kohonen, onde os clusters gerados somados aos planos de componentes individuais proporcionariam
uma melhor sintonia do que se pratica na fertilização mineral do eucalipto para criação das regras de
entrada da SNF.
111
APÊNDICE A
* Informo que após publicação em periódicos científicos, os dados utilizados na presente tese
serão disponibilizados.
➢ ANOS 60
➢ ANOS 70
06) AGUIAR, I. B.; VALERI, S. V.; SPINELLI, P.; SARTORI FILHO A.; PIRES, C. A. M. Efeito
de intensidades de desbaste sobre o crescimento em altura e diâmetro de Eucalyptus citriodora
Hook. IPEF n. 48/49, p. 1-7, 1995.
07) BARROS, N. F.; BRAGA, J. M.; BRANDI, R. M.; DEFELIPO, B. V. Produção de eucalipto
em solos de cerrados em resposta à aplicação de NPK e de B e Zn. Revista Árvore, v. 5, n. 1,
p. 90-103, 1981.
112
08) BARROS, N. F.; SILVA, O. M.; PEREIRA, A. R.; BRAGA, J. M.; LUDWIG, A. Análise do
crescimento de Eucalyptus saligna em solo de cerrado sob diferentes níveis de N. P. e K. no
Vale do Jequitinhonha, MG. IPEF, n. 26, p. 13-17, 1984.
09) GOMES, J. M.; BRANDI, R. M.; CÂNDIDO, J. F.; OLIVEIRA, L. M. Competição de espécies
e procedências de eucalipto na Região de Viçosa, Minas Gerais. Revista Árvore, v. 1, n. 2, p.
72-88, 1977.
10) MARTINI, S. L.; BORSSATTO, I.; SIMÕES, J. W. Estudo da viabilidade do interplantio em
povoamento de Eucalyptus grandis em segunda rotação. IPEF, n. 28, p. 45-47, 1984.
11) MOURA, V. P. G.; MELO, J. T.; SILVA, M. A. Comportamento de procedências de
Eucalyptus cloeziana F. Muell. aos nove e meio anos de idade, em Planaltina, DF, área de
cerrado. IPEF, n. 46, p. 52-62, 1993.
12) MOURA, V. P. G.; OLIVEIRA, J. B.; VIEIRA, V. M. Avaliação de procedências de Eucalyptus
brassiana S. T. blake em Planaltina, Distrito Federal, área de cerrado. IPEF, n. 48/49, p. 87-
97, 1995.
13) PAULA NETO, F.; PEREIRA, A. R.; BRANDI, R. M.; PAIVA, H. N. Fatores que influem no
desenvolvimento de brotações em povoamentos de eucaliptos. Revista Árvore, v. 6, n. 2, p.
133-139, 1982.
14) REZENDE, G. C.; SUITER FILHO, W.; MENDES, C. J.; CASTRO, P. F. Exploração e
rendimento de florestas de ciclo curto objetivando a produção de carvão e energia. IPEF,
Circular Técnica nº 96, 1980.
15) SIMÕES, J. W.; COELHO, A. S. R.; MELLO, H. A.; COUTO, H. T. Z. Crescimento e
produção de madeira de eucalipto. IPEF, n. 20, p. 77-97, 1980.
16) SIMÕES, J. W.; COTO, N. A. S. Efeito do número de brotos e da fertilização mineral sobre o
crescimento da brotação de Eucalyptus saligna Smith em segunda rotação. IPEF, n. 31, p. 23-
32, 1985.
➢ ANOS 80
17) ANDRADE, A. M.; VITAL, B. R.; BARROS, N. F.; LUCIA, R. M. D.; CAMPOS, J. C. C.;
VALENTE, O. F. Efeitos da fertilização mineral e da calagem do solo na produção e na
qualidade da madeira de eucalipto. Revista Árvore, v. 18, n. 1, p. 69-78, 1994.
113
18) BERGER, R. Crescimento e qualidade da madeira de um clone de Eucalyptus saligna
Smith sob o efeito do espaçamento e da fertilização. 126 p. 2000. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Florestal), Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria-RS, 2000.
19) BERNARDO, A. L.; REIS, M. G. F.; REIS, G. G.; HARRISON, R. B.; FIRME, D. J. Effect of
spacing on growth and biomass distribution in Eucalyptus camaldulensis, E. pellita and E.
urophylla plantations in southeastern Brazil. Forest Ecology and Management, v. 104, p. 1-
13, 1998.
20) COUTO, L.; GOMES, J. M. BINKLEY, D.; BETTERS, D. R.; PASSOS, C. A. M.
Intercropping eucalypts with beans in Minas Gerais, Brazil. International Tree Crops
Journal, v. 9, p. 83-93, 1995.
21) DRUMOND, M. A.; OLIVEIRA, V. R.; CARVALHO, O. M. Comportamento silvicultural de
espécies e procedências de Eucalyptus na Região dos Tabuleiros Costeiros do estado de
Sergipe. Revista Árvore, v. 22, n. 1, p. 137-142, 1998.
22) FARIA, G. E.; BARROS, N. F.; NOVAIS, R. F.; LIMA, J. C.; TEIXEIRA, J. L. Produção e
estado nutricional de povoamentos de Eucalyptus grandis, em segunda rotação, em
resposta à adubação potássica. Revista Árvore, v. 26, n. 5, p. 577-584, 2002.
23) FERREIRA, J. E. M.; KROGH, H. J. O.; MENCK, A. L. M.; ODA, S. Teste de procedência de
eucaliptos para a região subúmida do estado do Maranhão. Boletim de Pesquisa Florestal, n.
15, p. 41-48, 1987.
24) GONÇALVES, J. L. M.; MORO, L. Uso da "cinza" de biomassa florestal como fonte de
nutrientes em povoamentos puros de Eucalyptus grandis. IPEF, n. 48/49, p. 28-37, 1995.
25) MORO, L.; GONÇALVES, J. L. M. Efeitos da "cinza" de biomassa florestal sobre a
produtividade de povoamentos puros de Eucalyptus grandis e avaliação financeira. IPEF, n.
48/49, p. 18-27, 1995.
26) NEVES, J. C. L. Produção e partição de biomassa, aspectos nutricionais e hídricos em
plantios clonais de eucalipto na região litorânea do Espírito Santo. 202 p. 2002. Tese
(Doutorado em Produção Vegetal), Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos
Goytacazes-RJ, 2002.
27) OLIVEIRA, A. D.; LEITE, A. P.; BOTELHO, S. A.; SCOLFORO, J. R. S. Avaliação
econômica da vegetação de cerrado submetida a diferentes regimes de manejo e de
povoamentos de eucalipto plantado em monocultivo. Cerne, v. 4, n. 1, p. 034-056, 1998.
28) POGGIANI, F.; ZEN, S.; MENDES, F. S.; SPINA-FRANÇA, F. Ciclagem e exportação de
nutrientes em florestas para fins energéticos. IPEF, n. 27, p. 17-30, 1984.
114
29) SANTANA, R. C.; BARROS, N. F.; NEVES, J. C. L. Biomassa e conteúdo de nutrientes de
procedências de Eucalyptus grandis e Eucalyptus saligna em alguns sítios florestais do Estado
de São Paulo. Scientia Forestalis, n. 56, p. 155-169, 1999.
30) SANTANA, R. C.; BARROS, N. F.; NEVES, J. C. L. Eficiência de utilização de nutrientes e
sustentabilidade da produção em procedências de Eucalyptus grandis e Eucalyptus saligna em
sítios florestais do estado de São Paulo. Revista Árvore, v. 26, n. 4, p. 447-457, 2002.
31) SILVEIRA, R. A.; MONTAGNER, L. H.; ONUKI, M. Variação de resistência a ventos em
procedências de Eucalyptus saligna Smith na região de Guaíra, RS. Boletim de Pesquisa
Florestal, n. 13, p. 1-8, 1986.
32) STAPE, J. L.; BINKLEY, D.; RYAN, M. G. Eucalyptus production and the supply, use and
efficiency of use of water, light and nitrogen across a geographic gradient in Brazil. Forest
Ecology and Management, v. 193, p. 17-31, 2004.
33) VALERI, S. V.; AGUIAR, I. B.; CORRADINI, L.; ALVARENGA, S. F. The effects of
phosphorus and dolomitic lime on the production and volumetrical conversion factors of
Eucalyptus brandis wood. Suid-Afrikaanse Bosboutydskrif, n. 164, p. 55-57, 1993.
34) VALERI, S. V.; CORRADINI, L.; AGUIAR, I. B.; SOUZA, E. C. A.; BANZATTO, D. A.
Efeitos do fósforo e calcário dolomítico no desenvolvimento inicial de Eucalyptus grandis Hill
ex Maiden plantado em um regossolo. IPEF, n. 29, p. 55-60, 1985.
➢ ANOS 90
35) ASSIS, R. L.; FERREIRA, M. M.; MORAIS, E. J.; FERNANDES, L. A. Produção de biomassa
de Eucalyptus urophylla S. T. Blake sob diferentes espaçamentos na região de cerrado de Minas
Gerais. Revista Árvore, v. 23, n. 2, p. 151-156, 1999.
36) BALIEIRO, F. C.; FONTES, R. L. F.; DIAS, L. E.; FRANCO, A. A.; CAMPELLO, E. F. C.;
FARIA, S. M. Accumulation and distribution of aboveground biomass and nutrients in pure
and mixed stands of guachapele and eucalyptus. Journal of Plant Nutrition, v. 25, n. 2, p.
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37) BOTREL, M. C. G.; TRUGILHO, P. F.; ROSADO, S. C. S.; SILVA, J. R. M. Seleção de
clones de Eucalyptus para biomassa florestal e qualidade da madeira. Scientia Forestalis, v.
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38) CAVICHIOLLO, S. R.; DEDECEK, R. A.; GAVA, J. L. Preparo do solo e o estado nutricional
da rebrota de Eucalyptus saligna. Scientia Forestalis, n. 66, p. 120-127, 2004.
115
39) GAVA, J. L. Efeito da adubação potássica em plantios de E. grandis conduzidos em segunda
rotação em solos com diferentes teores de potássio trocável. Série Técnica – IPEF, v. 11, n.
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40) LEITE, F. P.; SILVA, I. R.; NOVAIS, R. F.; BARROS, N. F.; NEVES, J. C. L. Alterations of
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43) PAES, F. A. S. V.; LIMA, A. M. N.; HAKAMADA, R. E.; BARROS, N. F. Impacto do manejo
dos resíduos da colheita, do preparo do solo e da adubação na produtividade de eucalipto.
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44) PEGORARO, R. F.; SILVA, I. R.; NOVAIS, R. F.; BARROS, N. F.; FONSECA, S.
Biomarcadores derivados de planta e de microrganismos em solos de tabuleiros costeiros
cultivados com eucalipto e acácia. Ciência Florestal, v. 22, n. 4, p. 725-738, 2012.
45) PULITO, A. P.; GONÇALVES, J. L. M.; SMETHURST, P. J.; ARTHUR JUNIOR, J. C.;
ALVARES, C. A.; ROCHA, J. H. T.; HÜBNER, A.; MORAES, L. F.; MIRANDA, A. C.;
KAMOGAWA, M Y.; GAVA, J. L.; CHAVES, R.; SILVA, C. R. Available nitrogen and
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46) PULROLNIK, K. Crescimento, dinâmica de copa e qualidade da madeira para serraria de
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Tese (Doutorado em Ciência Florestal), Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG, 2002.
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48) SANTANA, R. C.; BARROS, N. F.; NEVES, J. C. L. Biomassa e conteúdo de nutrientes de
procedências de Eucalyptus grandis e Eucalyptus saligna em alguns sítios florestais do Estado
de São Paulo. Scientia Forestalis, n. 56, p. 155-169, 1999.
116
49) SGARBI, F. Produtividade do Eucalyptus sp. em função do estado nutricional e da
fertilidade do solo em diferentes regiões do estado de São Paulo. 114 p. 2002. Dissertação
(Mestrado em Recursos Florestais), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Piracicaba-SP, 2002.
50) SILVA, C. R. Efeito do espaçamento e arranjo de plantio na produtividade e uniformidade
de clones de Eucalyptus na região nordeste do estado de São Paulo. 51 p. 2005. Dissertação
(Mestrado em Recursos Florestais), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Piracicaba-SP, 2005.
51) STAPE, J. L.; BINKLEY, D.; RYAN, M. G. Eucalyptus production and the supply, use and
efficiency of use of water, light and nitrogen across a geographic gradient in Brazil. Forest
Ecology and Management, v. 193, p. 17-31, 2004.
52) TRIGUEIRO, R. M. Efeito de “Dregs e Grits” nos atributos de um neossolo quartzarênico
e na produção volumétrica de eucalipto. 85 p. 2006. Tese (Doutorado em Agronomia),
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu-SP, 2006.
53) VEZZANI, F. M.; TEDESCO, M. J.; BARROS, N. F. Alterações dos nutrientes no solo e nas
plantas em consórcio de eucalipto e acácia negra. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.
25, p. 225-231, 2001.
54) ZAIA, F. C.; GAMA-RODRIGUES, A. C. Ciclagem e balanço de nutrientes em povoamentos
de eucalipto na região norte fluminense. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 28, p. 843-
852, 2004.
➢ ANOS 2000
117
58) ALVES, M. A. Produção e qualidade da biomassa de clones de Eucalyptus em
espaçamentos adensados visando ao uso energético. 86 p. 2017. Dissertação (Mestrado em
Agronomia), Universidade Federal de Goiás, Jataí-GO, 2017.
59) APARÍCIO, P. S.; FERREIRA, R. L. C.; SILVA, J. A. A.; ROSA, A. C.; APARÍCIO, W. C.
S. Controle da matocompetição em plantios de dois clones de Eucalyptus × urograndis no
Amapá. Ciência Florestal, v. 20, n. 3, p. 381-390, 2010.
60) ASSIS, C. O. Níveis de fertilização e sues efeitos no crescimento, nas características da
madeira e do carvão em clones de híbrido de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla.
150 p. 2013. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia da Madeira), Universidade Federal de
Lavras, Lavras-MG, 2013.
61) BEULCH, L. S. Biomassa e nutrientes em um povoamento de Eucalyptus saligna Smith
submetido ao primeiro desbaste. 60 p. 2013. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal),
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria-RS, 2013.
62) BIAGIOTTI, G. Aplicação de fósforo e potássio na implantação de Corymbia citriodora
(Hook.) K.D. Hill & L.A.S. Johnson. 59 p. 2015. Tese (Doutorado em Produção Vegetal),
Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal-SP, 2015.
63) BIAGIOTTI, G.; VALERI, S. V.; CRUZ, M. C. P.; VASCONCELOS, R. T. Fertilização
potássica na implantação de Corymbia citriodora (Hook.) K.D. Hill & L.A.S. Jonhson. Scientia
Forestalis, v. 45, n. 113, p. 129-137, 2017.
64) CASTRO, V. R. Efeitos do potássio, sódio e da disponibilidade hídrica no crescimento e
qualidade do lenho de árvores de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden. 142 p. 2014. Tese
(Doutorado em Recursos Florestais), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Piracicaba-SP, 2014.
65) CATERINA, G. L. Curvas de crescimento de Eucalyptus spp em plantios de diferentes
espaçamentos. 84 p. 2017. Tese (Doutorado em Agronomia), Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu-SP, 2017.
66) CELESTRINO, T. S. Fontes e modos de aplicação de boro na cultura do eucalipto (Clone
I144). 56 p. 2014. Dissertação (Mestrado em Agronomia), Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, Ilha Solteira-SP, 2014.
67) CORRÊA, A. R. Densidade de amostragem de dados para análise da correlação espacial
da produtividade do eucalipto em função de atributos do solo. 79 p. 2018. Tese (Doutorado
em Agronomia), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Ilha Solteira-SP,
2018.
118
68) DICK, G.; SCHUMACER, M. V.; MOMOLLI, D. R.; SANTOS, J. C.; LUDVICHAK, A. A.;
GUIMARÃES, C. C.; SOUZA, H. P. Quantificação da biomassa e nutrientes em um
povoamento de Eucalyptus dunnii Maiden estabelecido no Bioma Pampa. Ecologia e Nutrição
Florestal, v. 4, n. 1, p. 01-09, 2016.
69) DINARDI, A. J. Viabilidade técnica e econômica de povoamentos de Eucalyptus spp. sob
diferentes espaçamentos visando a produção de biomassa para energia. 102 p. 2014. Tese
(Doutorado em Ciência Florestal), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
Botucatu-SP, 2014.
70) FARIA, J. R.; SILVA, J. F.; NERIS, K. P.; LOPES, F. L. R.; SILVA, M. C.; LISBOA, E. S.;
RODRIGUES, J.; CENTENO, A. J.; LOPES, F. M. Desenvolvimento de Eucaliptus urograndis
no município de Corumbá-GO. Ensaios e Ciência: Ciência biológicas, agrárias e da saúde,
v. 17, n. 2, p. 09-27, 2013.
71) FERNANDES, A. L. T.; FLORÊNCIO, T. M.; FARIA, M. F. Análise biométrica de florestas
irrigadas de eucalipto nos cinco anos iniciais de desenvolvimento. Revista Brasileira de
Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 16, n. 5, p. 505-513, 2012.
72) FERNANDES, J. S.; CONCEIÇÃO JÚNIOR, V.; BARRETO-GARCIA, P. A. B. Field
performance of Eucalyptus hybrids at Planalto da Conquista, Bahia, Brazil. Floresta e
Ambiente, v. 25, n. 2, e20160594, 2018.
73) FIGUEIREDO, F. A. M. M. A. Variações biométricas de mudas de eucalipto sobre o
crescimento pós-plantio. 78 p. 2007. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal),
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes-RJ, 2007.
74) FLORES, K. S. C. Estudo das respostas ecofisiológicas no crescimento de clones Eucalyptus
spp. Submetidos a variações de níveis de restrições hídricas em distintas condições
edáficas. 231 p. 2016. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais), Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba-SP, 2016.
75) FRANCO, M. P. Efeito da substituição do potássio pelo sódio em árvores de Eucalyptus
grandis W. Hill ex Maiden, visando a expansão das plantações florestais sob condições de
estresse hídrico. 200 p. 2014. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais), Escola Superior
de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba-SP, 2014.
76) GARCIA, E. A. Qualidade energética da madeira de eucalipto em função do espaçamento,
da adubação e da idade conduzida no sistema florestal de curta rotação. 85 p. 2013. Tese
(Doutorado em Ciência Florestal), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
Botucatu-SP, 2013.
119
77) GAZOLA, R. N. Adubação nitrogenada, fosfatada e potássica na cultura do eucalipto
(Clone I144 - E. urograndis). 94 p. 2014. Dissertação (Mestrado em Agronomia),
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Ilha Solteira-SP, 2014.
78) GUIMARÃES, C. C. Biomassa e nutrientes em plantios de eucaliptos no bioma pampa. 63
p. 2014. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal), Universidade Federal de Santa
Maria, Santa Maria-RS, 2014.
79) GUIMARÃES, C. C.; FLORIANO, E. P.; VIEIRA, F. C. B. Limitações químicas ao
crescimento inicial de Eucalyptus saligna em solos arenosos do Pampa Gaúcho: estudo de caso.
Ciência Rural, v. 45, n. 7, p. 1183-1190, 2015.
80) HSING, T. Y. Crescimento e qualidade da madeira de plantas jovens de híbridos de
Eucalyptus grandis x E. urophylla. 42 p. 2013. Dissertação (Mestrado em Agronomia),
Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal-SP, 2013.
81) LEGOAS, R. C. Efeito do potássio e do sódio no crescimento e nas propriedades do lenho
de árvores de Eucalyptus grandis sob duas condições de regime hídrico. 135 p. 2016.
Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais), Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz”, Piracicaba-SP, 2016.
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