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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS - UAECIA
ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ - EAJ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS

ESTOQUE DE ENERGIA DA MADEIRA DE ESPÉCIES FLORESTAIS DA CAATINGA E


ANÁLISE TÉCNICA DE SUA UTILIZAÇÃO NA QUEIMA DE CERÂMICA VERMELHA

CYNTHIA PATRICIA DE SOUSA SANTOS

Macaíba/RN
Julho de 2019
CYNTHIA PATRICIA DE SOUSA SANTOS

ESTOQUE DE ENERGIA DA MADEIRA DE ESPÉCIES FLORESTAIS DA CAATINGA E


ANÁLISE TÉCNICA DE SUA UTILIZAÇÃO NA QUEIMA DE CERÂMICA VERMELHA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Ciências Florestais da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como
parte das exigências para obtenção do título de Mestre
em Ciências Florestais (Área de Concentração em
Ciências Florestais - Linha de Pesquisa: Tecnologia e
utilização de produtos florestais).

Orientador:
Prof.ª Dr.ª Rosimeire Cavalcante dos Santos

Co-orientador:
Prof. Dr. Sérgio Marques Júnior

Macaíba/RN
Julho de 2019

ii
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Rodolfo Helinski - Escola Agrícola de Jundiaí - EAJ

Santos, Cynthia Patricia de Sousa.


Estoque de energia da madeira de espécies florestais da
Caatinga e análise técnica de sua utilização na queima de
cerâmica vermelha / Cynthia Patricia de Sousa Santos. - 2019.
80 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias,
Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais. Macaíba, RN,
2019.
Orientadora: Profa. Dra. Rosimeire Cavalcante dos Santos.
Coorientador: Prof. Dr. Sérgio Marques Júnior.

1. Biomassa - Dissertação. 2. Densidade energética -


Dissertação. 3. Produtos cerâmicos - Dissertação. I. Santos,
Rosimeire Cavalcante dos. II. Marques Júnior, Sérgio. III.
Título.

RN/UF/BSPRH CDU 620.91

Elaborado por Elaine Paiva de Assunção Araújo - CRB-15/492

iii
iv
À minha família por todo apoio durante essa trajetória
e aos meus amigos pelos conselhos e motivações
para chegar até aqui.

DEDICO

v
AGRADECIMENTOS
__________________________________________________________________________

Agradeço

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, à Escola Agrícola de Jundiaí e ao


Programa de Pós Graduação em Ciências Florestais por oportunizar a minha formação;
A CAPES pela concessão da bolsa de mestrado;
Ao Grupo de Estudos em Energia da Biomassa - GEEB e ao Laboratório de Estudos
da Madeira - LABEM pela contribuição e apoio na execução do trabalho;
A Florescer consultoria, a Luzia Inês Lopes e a Associação Plantas do Nordeste pela
atenção e disponibilidade durante as coletas de dados;
Às fazendas Belo Monte, Estrela do Norte e São Pedro por conceder acesso as
áreas de coletas de dados;
A Cerâmica T. Melo e ao Sindicato das Indústrias de Cerâmica Vermelha do Rio
Grande do Norte por acreditar na pesquisa e nos apoiar;
À Universidade Federal de São João Del Rei e Universidade federal de Viçosa pela
parceria;

vi
RESUMO GERAL

ESTOQUE DE ENERGIA DA MADEIRA DE ESPÉCIES FLORESTAIS DA CAATINGA E


ANÁLISE TÉCNICA DE SUA UTILIZAÇÃO NA QUEIMA DE CERÂMICA VERMELHA

No Rio Grande do Norte há alta demanda industrial de madeira para energia, a exemplo da
indústria de cerâmica vermelha do estado que a utiliza na queima da argila. A madeira
apresenta características energéticas diferentes, conforme a espécie, mas a
comercialização desse combustível no RN é realizada com base apenas no volume de
madeira. O objetivo do estudo foi determinar a densidade energética em três diferentes
áreas sob manejo florestal sustentável no RN e realizar a avaliação técnica da Mimosa
tenuiflora e Anacardium occidentale na queima de tijolos. O estudo foi desenvolvido em
duas etapas. Na primeira etapa foram selecionadas 5 espécies florestais para a área I
(Campo Grande), 6 para a área II (Cruzeta) e 12 para a área III (Touros), conforme o índice
de valor de importância. De cada espécie foram abatidas três árvores para determinação da
densidade básica, poder calorífico superior, teor de cinzas, índice de valor combustível,
densidade energética das espécies e produtividade de energia por área. Na segunda etapa
foram avaliadas as madeiras de Anacardium occidentale e Mimosa tenuiflora durante a
queima de tijolos, conforme três tratamentos nas seguintes proporções de uso: (0JP) 100%
occidentale; (50JP) 50% tenuiflora + 50% occidentale; e (100JP) 100% tenuiflora. Foi
determinado o fator de empilhamento das madeiras de ambas as espécies, o consumo
médio total (m³), os teores de matérias voláteis, cinzas e carbono fixo, poder calorífico
superior, densidade básica, teor de umidade das madeiras, frequência de alimentação dos
fornos, curva da temperatura de queima, qualidade dos tijolos e a relação com a
temperatura, custo de aquisição das madeiras, a receita total e a receita total líquida da
venda dos tijolos. Houve diferença na densidade energética das espécies florestais e a área
III (Touros) apresentou alta produtividade em virtude do maior número de espécies
energéticas. O uso da Mimosa tenuiflora na queima de tijolos reduziu o consumo de
madeira e o custo de aquisição, além de aumentar a receita da venda de tijolos no
tratamento 50JP. A comercialização da madeira nativa de áreas sob manejo florestal deve
ser realizada não somente pelo volume, como também pela densidade energética e o seu
uso legal na indústria de cerâmica vermelha reduz o custo de aquisição do combustível e
agrega qualidade aos tijolos.

Palavras-chave: densidade energética, biomassa, produtos cerâmicos.

vii
GENERAL ABSTRACT

ENERGY STOCK OF WOOD OF CAATING FOREST SPECIES AND TECHNICAL


ANALYSIS OF ITS USE IN BURNING RED CERAMICS

In Rio Grande do Norte, there is a high industrial demand for wood for energy, as is the case
with the red ceramic industry of the state that uses it in the burning of clay. The wood
presents different energetic characteristics, according to the species, but the
commercialization of this fuel in the RN is carried out based only on the volume of wood. The
objective of the study was to determine the energy density in three different areas under
sustainable forest management in the RN and to carry out the technical evaluation of
Mimosa tenuiflora and Anacardium occidentale in brick burning. The study was developed in
two stages. In the first stage, 5 forest species were selected for area I (Campo Grande), 6 for
area II (Cruzeta) and 12 for area III (Touros), according to the importance value index. Three
trees were collected from each species to determine basic density, upper calorific value, ash
content, fuel value index, species energy density and energy productivity per area. In the
second stage the wood of Anacardium occidentale and Mimosa tenuiflora during the burning
of the bricks was evaluated, according to three treatments in the following proportions of use:
(0JP) 100% occidentale; (50JP) 50% tenuiflora + 50% occidentale; and (100JP) 100%
tenuiflora. It was determined the stacking factor of the wood of both species, the average
total consumption (m³), the contents of volatile matter, ash and fixed carbon, higher calorific
value, basic density, wood moisture content, furnaces, temperature curve of burning, quality
of the bricks and the relation with the temperature, cost of acquisition of the woods, the total
revenue and net revenue from the sale of the bricks. There was a difference in energy
density of forest species and area III (Touros) presented high productivity due to the higher
number of energetic species. The use of Mimosa tenuiflora in the burning of bricks reduced
the consumption of wood and the cost of acquisition, besides increasing the revenue of the
sale of bricks in the treatment 50JP. The commercialization of wood native to areas under
forest management must be carried out not only by volume but also by energy density and its
legal use in the red ceramic industry reduces the cost of fuel acquisition and adds quality to
the bricks.

Keywords: energy density, biomass, ceramic products.

viii
SUMÁRIO

Página
INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................................. 1
REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................................... 3
2.1. Estoque de energia na madeira de espécies da Caatinga ........................................... 3
2.2. Qualidade da madeira para energia ................................................................................ 5
2.3. A indústria de cerâmica vermelha do Rio Grande do Norte ........................................ 7
2.4. Consumo de madeira pelo setor ..................................................................................... 9
2.5. Usos da Mimosa tenuiflora e Anacardium occidentale .............................................. 10
LITERATURA CITADA ............................................................................................................ 12
ARTIGO 1. ESTOQUE DE ENERGIA DA MADEIRA EM ÁREAS SOB MANEJO
FLORESTAL NO RIO GRANDE DO NORTE ......................................................................... 21
RESUMO ...................................................................................................................... 22
ABSTRACT ................................................................................................................... 22
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 23
MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................. 24
RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 28
CONCLUSÕES ............................................................................................................. 32
AGRADECIMENTOS.................................................................................................32
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 33
ARTIGO 2. VIABILIDADE TÉCNICA DO USO DA Mimosa tenuiflora E Anacardium
occidentale COMO FONTE DE ENERGIA PARA QUEIMA DE TIJOLOS ......................... 41
RESUMO ...................................................................................................................... 42
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 43
MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................. 44
RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 47
CONCLUSÕES ............................................................................................................. 55
AGRADECIMENTOS .................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 55
ANEXO 1. NORMAS DA REVISTA SCIENTIA FORESTALIS DO ARTIGO 1 ............... 59
ANEXO 2. NORMAS DA REVISTA WOOD SCIENCE AND TECHNOLOGY DO
ARTIGO 2 .......................................................................................................................... 60

ix
LISTA DE FIGURAS

REVISÃO DE LITERATURA

Figura 1. Distribuição das indústrias de cerâmica vermelha no Rio Grande do Norte............7

ARTIGO 1

Figura 1. Localização das áreas de estudo, dentro do estado do Rio Grande do


Norte.......................................................................................................................................36

Figura 2. Método de coleta das amostras para a realização das


análises...................................................................................................................................36

Figura 3. Densidade energética em Mkcal/m³ nas madeiras das espécies estudadas, por
área.........................................................................................................................................39

Figura 4.Produtividade de energia em Mkcal/ha de cada área sob manejo


estudada.................................................................................................................................40

ARTIGO 2

Fig. 1 Ilustração da mensuração das toras de madeiras para determinar o fator de


empilhamento.........................................................................................................................45
Fig. 2 Fator de empilhamento entre as peças de madeira contidas na pilha de dimensões
conhecidas, obtido para as espécies Anacardium occidentale e Mimosa tenuiflora, utilizadas
no estudo................................................................................................................................48

Fig. 3 Consumo médio total de madeira em m³ durante a queima de tijolos de acordo com
os tratamentos, sendo 0JP – 100% Anacardium occidentale, 50JP – 50% Anacardium
occidentale e 50% Mimosa tenuiflora e 100JP – 100% Mimosa tenuiflora
................................................................................................................................................48

Fig. 4 Perfil térmico das câmaras durante a queima de tijolos...............................................51

Fig. 5 Porcentagem de produtos de primeira qualidade em razão à temperatura máxima


obtida pelo fornecimento de calor das madeiras estudadas..................................................52

x
LISTA DE TABELAS

REVISÃO DE LITERATURA

Tabela 1. Perfil econômico da atividade ceramista do Rio Grande do Norte...........................8

Tabela 2. Consumo de madeira pelo setor de cerâmica vermelha do Brasil.........................10

ARTIGO 1

Tabela 1. Espécies selecionadas para amostragem seguidas de seus valores de índice de


valor de importância, percentual representativo no povoamento florestal por área e volume
do lenho produzido em m 3.ha-1...............................................................................................37

Tabela 2. Densidade básica, poder calorífico superior, teor de cinzas e índice de valor
combustível das madeiras de espécies nativas amostradas em cada área sob manejo
florestal sustentável estudada................................................................................................38

ARTIGO 2

Tabela 1 Composição química imediata da madeira de Anacardium occidentale e Mimosa


tenuiflora.................................................................................................................................49

Tabela 2 Poder calorífico superior, densidade básica da madeira e umidade da madeira de


Anacardium occidentale e Mimosa tenuiflora.........................................................................50

Tabela 3 Estimativa dos custos de aquisição da madeira por fornada, conforme os


tratamentos do estudo............................................................................................................53

Tabela 4 Estimativa da receita da venda dos tijolos, por fornada, com base na quantidade
de produtos de primeira qualidade produzidos.......................................................................53

Tabela 5 Ajuste da receita da venda de tijolos por queima (em R$).....................................54


Tabela 6 Receita líquida mensal da venda de tijolos por tratamento (em R$)....................54

xi
LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANICER – Associação Nacional da Indústria Cerâmica
APNE – Associação de Plantas do Nordeste
ASTM - American Society for Testing and Materials
DAP – Diâmetro à Altura do Peito
DB – Densidade básica da madeira
DOF – Documento de Origem Florestal
EELLA – Programa de Eficiencia Energética en Ladrilleras Artesanales America Latina
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FIEMG - Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INT– Instituto Nacional de Tecnologia
IVC – Índice de valor combustível
IVI – Índice de Valor de Importância
NBR – Norma Brasileira
PCS – Poder calorífico superior
PIB – Produto Interno Bruto
PMFS – Plano de Manejo Florestal Sustentável
RN – Rio Grande do Norte
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEDEC – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico
SNIF - Sistema Nacional de Informações Florestais
TCF – Teor de carbono fixo
TCZ – Teor de cinzas
TMV – Teor de matérias voláteis

xii
1. INTRODUÇÃO GERAL

No Brasil, dos 36.405.633 m³ da madeira comercializada proveniente de florestas


naturais, cerca de 30% foram extraídos para utilização na indústria com aplicabilidade da
madeira em tora e 71,91% foram destinados para geração de energia na utilização de
carvão vegetal e lenha em 2016 (IBGE, 2018). No Rio Grande do Norte, em 2013 foram
extraídos 1.306.462 m³ de madeira com finalidade energética aplicados em setores
residenciais, comerciais e industriais (SEDEC, 2006; BRASIL, 2018).
Tratando-se do consumo de madeira com finalidade energética para o setor
industrial, podem-se destacar as indústrias de cal, gesso, cimento e cerâmica vermelha,
sendo esta última a principal consumidora de lenha no RN (RIEGELHAUPT e PAREYN,
2010). Segundo Galdino et al. (2014), a madeira é a principal fonte de energia porque é o
combustível mais abundante na região Nordeste e o seu preço é inferior às demais que
compõem a matriz energética.
A indústria de cerâmica vermelha do RN apresenta uma das maiores produtividades
de materiais cerâmicos do Nordeste e destaca-se a nível nacional na produção de telhas
(SCHWOB et al., 2017). A produção é da ordem de 111.000 milheiros por mês na
fabricação de blocos de vedação, tijolos, telhas e outras peças cerâmicas (SCHWOB et al.,
2017). Para atingir essa produtividade, vários fatores devem ser considerados, como a
composição da massa argilosa, tipo de forno empregado, bem como a qualidade da
biomassa para fornecimento de calor no processo da sinterização.
Pouca atenção é dada ao estudo da biomassa quanto ao desempenho calorífico
neste tipo de indústria, bem como suas implicações no consumo efetivo de madeira e a
agregação na qualidade do produto. Tal conhecimento é importante uma vez que a variação
da temperatura pode comprometer a integridade da peça cerâmica (SESMA, 2014). Além
disso, em posse de um estudo estruturado sobre as características tecnológicas deste
material, pode-se estimar o consumo e reduzi-lo, através da determinação da(s) espécie(s)
mais adequada(s) para tal fim.
As fontes mais comuns de madeira utilizadas pela indústria de cerâmica vermelha no
RN são as espécies nativas, provenientes do manejo florestal, espécies exóticas e resíduos
florestais (SCHWOB et al., 2017). Dentre essas fontes, destaca-se o uso da madeira de
espécie nativa, como a jurema preta (Mimosa tenuiflora), espécie exótica, como a algaroba
(Prosopis juliflora) e os resíduos florestais provenientes da poda de cajueiro (Annacardium
occidentale). No entanto, segundo Tavares (2014), a madeira de espécies nativas
apresenta maior poder calorífico quando comparado aos resíduos florestais como a

1
madeira de occidentale, sendo que o custo de aquisição da madeira de espécie nativa
legalizada é mais elevado.
Para compreender a oferta sustentável da lenha legalizada, deve-se considerar a
diversificação de ecossistemas e tipologias florestais em ambientes que possuem
características físicas, químicas e climatológicas distintas (PAREYN et al., 2015). Assim, é
possível avaliar a produtividade em lenho das espécies exploradas, e sua associação à
avaliação da qualidade da madeira para energia, o que se torna um fator importante para o
planejamento de venda e compra desse combustível para que seja compatível à
capacidade limite de produção.
No Rio Grande do Norte não há exploração da madeira, sob legalização, em volume
suficiente para as demandas dos setores doméstico, comercial e industrial. Além desse
fato, não se considera a diferença na produção de energia da madeira oriunda da
exploração em áreas com localizações distintas, uma vez que a ocorrência de espécies e
as características destas possivelmente variam e, nem tampouco, leva-se em consideração
a necessidade de análises sobre a viabilidade econômica da comercialização e uso da
madeira, enquanto recurso energético, de diferentes espécies (SANTOS et al., 2013).
Soma-se a isto o fato de que, seja qual for a espécie explorada, o valor de venda da
madeira não é considerado conforme o potencial energético e sim, o preço é determinado
pela oferta e procura.
A utilização da madeira como fonte de energia, seja ela proveniente de resíduos
florestais ou de espécies nativas sob manejo florestal, deve estar alicerçada na
compreensão da produção de volume de madeira, somado às características energéticas
das espécies, bem como a viabilidade financeira de se utilizar uma fonte de preço baixo,
porém de produção energética inferior ou de uma fonte com preço mais elevado que
fornece mais energia.
De modo a determinar a oferta de madeira em áreas sob manejo e, entender como
esse combustível obtido de forma sustentável pode agregar vantagens competitivas no setor
de cerâmica vermelha do RN, o presente trabalho teve como objetivo estudar a quantidade
de energia estocada em três diferentes áreas sob manejo florestal no Rio Grande do Norte,
a qualidade da madeira de Annacardium occidentale e Mimosa tenuiflora durante a queima
de peças cerâmicas e a avaliação técnica de custos e receitas do uso das duas espécies
como combustível.

2
2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Estoque de energia na madeira de espécies da Caatinga


A Caatinga é um nome originado da linguagem Tupi-Guarani que significa floresta
branca, pela aparência desta no período seco (PRADO, 2003). O bioma está disposto em
827.934 km² da extensão territorial nacional e apresenta-se nos estados de Alagoas, Bahia,
Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte (BRASIL, 2016; SNIF,
2017).
Por haver baixa precipitação pluviométrica e caracterizar-se pela baixa umidade, a
Caatinga é representada por plantas adaptadas a essas condições, ou seja, a vegetação é
formada por plantas xerófitas, sendo frequente a presença de árvores de pequeno porte
com folhas pequenas, espinhosas e arbustos (MAIA et al., 2017). Apesar de apresentar-se
como um dos biomas mais ricos em vegetação (cerca de duas mil espécies), a considerar
as condições climáticas em que as espécies florestais se encontram expostas, a Caatinga
ainda é um bioma pouco estudado e o terceiro com maior degradação no Brasil (ALVAREZ
E OLIVEIRA, 2013; BEZERRA et al., 2014; CALIXTO JÚNIOR E DRUMOND, 2014).
Dessa maneira, o desmatamento ilegal dos recursos naturais tem alcançado índices
preocupantes e conduzido para processo de sucessão secundária em que a presença das
espécies lenhosas pioneiras como jurema-preta (Mimosa tenuiflora) e marmeleiro (Croton
blanchetianus) são habituais (PEREIRA FILHO; SILVA; CÉZAR, 2013). Segundo
Souza;Artigas;Lima (2015), a transformação pela qual a Caatinga vem passando tem
indicado a instalação da desertificação do bioma. Sendo assim, entende-se a importância da
adoção de medidas, com base em estudos científicos, que realizem a gestão dos recursos
florestais para aproveitar o potencial produtivo florestal de forma sustentável e
economicamente viável.
Visto isso, cerca de 400.000 hectares da vegetação da Caatinga se encontram sob
manejo e produzem em média 710.000 toneladas de matéria seca para fins energéticos
anualmente (APNE, 2017). No estado do Rio Grande do Norte, no ano de 2018, existia
aproximadamente 21 planos de áreas sob manejo florestal sustentável ativos (CARVALHO,
2018).
As espécies vegetais de ocorrência no bioma são utilizadas para diversos fins, como
para a construção, medicamentos, pastagem e a principal finalidade com maior
representatividade econômica é a combustível (FRANCELINO et al., 2003; FIGUEIRÔA et
al., 2006; RAMOS et al., 2008; SANTOS et al., 2008; PAES et al., 2013). No que se trata do
uso dos recursos florestais com finalidade energética, muitas espécies têm apresentado
potencial como a Mimosa tenuiflora (jurema preta), Aspidosperma pirifolium (pereiro) e
Croton sp. (marmeleiro), sendo utilizada em indústrias, comércios e domicílios, por meio do

3
uso da lenha ou do carvão vegetal como fonte de energia através da geração de calor
(PAREYN, 2010; ALMEIDA et al., 2015). Essas espécies apresentam poder calorífico
superior de 4.150 kcal/kg (Mimosa tenuiflora), 4.062 kcal/kg (Aspidosperma pirifolium) e
4.388 kcal/kg (Croton sp.) (LIMA, 1996; OLIVEIRA et al.,1999; OLIVEIRA, 2003).
A composição desse combustível na matriz energética de alguns estados do Nordeste é
recorrente como no Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia, em que o incremento de
produção de biomassa florestal para fins energéticos em planos de manejo florestal
sustentável (PMFS) aumentou em um período avaliado pelo INT (2016) de 2012 a 2015.
No plano de manejo florestal sustentável, diversas variáveis são quantificadas a partir do
inventário florestal para a produção de madeira como o diâmetro a 1,30 m do solo (DAP),
altura estimada (H), qualidade do fuste (QF) e o volume em lenho, sendo esse último uma
informação imprescindível para comercialização da madeira quando se trata para uso
energético (FRANCEZ, 2010). Embora o volume de um plantio forneça subsídios para a
avaliação do estoque de madeira e análise do potencial produtivo das florestas, é importante
associar as investigações para obtenção de valores de rendimento em lenho das espécies
exploradas aos resultados da avaliação da qualidade da madeira para energia, na
caracterização de espécies com alto valor energético, seja o uso dessas na queima direta
ou na produção de carvão vegetal, com alto rendimento e baixo custo (EMBRAPA, 2006;
THOMAS et al., 2006).
Ainda que o inventário seja utilizado como referência para a comercialização das
madeiras provenientes do manejo florestal, essa prática se dá apenas pela informação do
volume lenhoso, o que não considera a variedade do potencial energético das espécies
presentes em cada área. A partir da associação dessas informações é possível estimar a
quantidade de energia armazenada que segundo Santos et al. (2013), a produtividade ou
capacidade de produção de energia pelas espécies florestais inseridas em PMFS é tão
importante quanto o conhecimento das características tecnológicas.
Há poucos estudos científicos publicados quanto a determinação da quantidade de
energia estocada nas madeiras de espécies florestais que ocorrem numa área sob manejo.
Algumas pesquisas como a realizada por Virgens et al (2017), verificaram a quantidade de
biomassa estocada (kg arv-1) em um fragmento arbóreo da Caatinga no estado da Bahia,
afirmando que o conhecimento da estimativa de biomassa produzida é importante quando
se trata da capacidade de produção de madeira de determinada área para produção de
energia.
Dessa forma, a estimativa da produção de biomassa é realizada considerando todas
partes da planta como as folhas, fustes e galhos, sendo que, para as indústrias que utilizam
as espécies florestais do bioma como fonte de energia, a madeira proveniente dos fustes é a
principal parte comercializada. Além disso, o comércio da madeira não pode estar

4
relacionado somente a densidade básica da madeira, já que esse combustível é um material
heterogêneo e a quantidade de energia estocada na madeira de cada espécie e até mesmo
de cada indivíduo pode variar.
Outro estudo que evidencia a importância da comercialização com base no
conhecimento da qualidade da madeira para energia, realizado por Brand (2017), objetivou
quantificar e determinar a qualidade da biomassa para geração de energia elétrica em um
fragmento da Caatinga sob manejo sustentável, no estado do Piauí e a associação do
estudo à investigação do melhor período de colheita da biomassa, bem como ao tempo de
estocagem. A partir disso, Brand (2017), afirma que há variação do potencial de produção de
energia conforme a diversidade de espécies inseridas, segundo a diferença na qualidade da
madeira. A Mimosa tenuiflora (jurema preta) foi a espécie que mais se destacou quanto a
densidade, dominância e produção de energia em um estudo realizado por Lima Júnior
(2015), em uma área sob manejo da Caatinga, evidenciando a importância da correlação
desses aspectos quando se trata da comercialização da madeira de espécies nativas para
energia.
Portanto, a fim de compreender a oferta sustentável da lenha legalizada deve-se
considerar a diversificação de ecossistemas e tipologias florestais em ambientes que
possuem características físicas, químicas e climatológicas distintas, e, dessa maneira,
avaliar a produtividade (volume de madeira) em cada área para que a exploração seja
compatível à capacidade limite de produção.

2.2 Qualidade da madeira para energia


Por ser um material versátil, aplicado em diversos segmentos (construção civil, energia,
painéis etc.), a madeira apresenta na sua composição características heterogêneas que
devem ser avaliadas para que seu uso seja realizado de forma sustentável. Dessa maneira,
o conhecimento das características químicas e anatômicas é importante, principalmente se
tratando do uso energético, de maneira a entender como as propriedades podem influenciar
na quantidade de energia fornecida (ALMEIDA et al., 2015).
A densidade básica é uma propriedade que qualifica a madeira para a finalidade
energética, através da indicação da quantidade de massa no volume de madeira conhecido,
além de ser um atributo que está relacionado a outras propriedades que caracterizam essa
biomassa (SHIMOYAMA, 1990). Segundo Almeida et al. (2015), a densidade é um
parâmetro importante por influenciar em outras características tecnológicas da madeira,
porém não deve ser analisada de maneira isolada, ou seja, somente essa propriedade não
responde a qualidade do combustível.
A avaliação dessa variável torna-se importante a partir do conhecimento de que os
valores podem variar entre gêneros, espécies, árvores, partes da árvore, idade,

5
espaçamento e local de origem (SILVA, 2004; SOUZA et al., 1986). Essa variação ocorre em
função da composição estrutural anatômica da madeira e a presença das substâncias
extrativas, que se formam de acordo com as condições de idade, sítio, clima e tratos
silviculturais (HENRIQUES JÚNIOR, 2017).
Em suma, as madeiras provenientes da vegetação da Caatinga apresentam alta
densidade, sendo destacadas as espécies Bauhinia cheilantha (0,97 g.cm-3) e Mimosa
tenuiflora (0,90 g.cm3) no estudo realizado por Santos et al. (2013), na região do Seridó,
estado do Rio Grande do Norte. A madeira que apresenta alta dureza caracteriza-se pelo
maior teor de lignina e celulose, configurando maior rendimento energético no processo de
combustão por proporcionar maior poder calorífico por unidade de volume (PAULA, 1993;
VALE, 2000; SARDINHA, 2002). No entanto, a alta densidade implica na dificuldade de
iniciar a queima, mas após essa etapa a combustão torna-se intensa (MACHADO NETO et
al., 2015).
A umidade ou o teor de umidade, contido na madeira de uma espécie florestal com
finalidade energética, corresponde à quantidade de água presente no combustível em
função da massa seca submetida à ignição no processo de combustão (WHITE, 2018). O
teor de umidade é um parâmetro coligado ao desempenho da madeira no processo de
combustão, pois ocorre perda de energia durante esse processo, caso a madeira possua
alto teor de umidade, uma vez que parte da energia que seria utilizada na reação exotérmica
é fornecida para retirar a água presente no combustível (SILVA et al., 2015). Dessa forma,
quanto maior a quantidade de água presente na madeira, maior será o consumo dessa
biomassa (SILVA et al., 2015).
Uma das formas de mensurar o teor de umidade presente na madeira é através da
diferença de massa de amostras, pesando-as antes e depois da exposição a em uma estufa
a 103 ± 2°C até massa constante, segundo a metodologia descrita pela ABNT NBR 14929
(2003).
O poder calorífico é um parâmetro termoquímico que expressa o potencial de
fornecimento de energia da madeira de determinada espécie (SENELWA; SIMS, 1999;
SANTOS et al., 2011). Essa análise se baseia na quantidade de energia liberada quando
uma massa conhecida de combustível queima completamente. Dessa maneira, esses
valores podem variar de acordo com outras características da madeira, especialmente suas
propriedades químicas, sendo diretamente proporcional ao teor de lignina e extrativos
presentes na biomassa e inversamente proporcional ao teor de umidade (SANTANA, 2009;
ALMEIDA, 2010; FURTADO et al., 2012).
A quantidade de energia pode ser mensurada de três formas: poder calorífico superior,
poder calorífico inferior e poder calorífico útil (SANTOS, 2010). Para Van Wylen (1998),
citado por Klautau (2008), o poder calorífico superior é a quantidade de calor liberado na

6
combustão com água liberada na forma líquida, enquanto que o poder calorífico inferior é
aquele cuja a água formada durante a combustão não é condensada (DOAT, 1997). O poder
calorífico útil é derivado do poder calorífico inferior, no entanto descarta-se a influência do
teor de umidade da biomassa (VALE et al., 2000).

2.3 A indústria de cerâmica vermelha do Rio Grande do Norte


A indústria de cerâmica vermelha é um segmento da economia inserido na cadeia
produtiva da construção civil. Esse setor produz diversos produtos como blocos, telhas,
tijolos etc., e caracteriza-se “vermelha” pela composição da massa cerâmica que apresenta
compostos a base de ferro (SEBRAE, 2015). Diante da diversidade de produtos, a indústria
ceramista brasileira é em média composta por 7,4 mil indústrias e a região nordeste se
destaca quanto a produtividade (MORAIS; PAZ; HOLANDA, 2014).
Dentre a região brasileira que sobressai a produção de materiais cerâmicos, pode-se
destacar os estados da Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba (MORAIS; PAZ;
HOLANDA, 2014). O Rio Grande do Norte é um dos três maiores produtores de cerâmica
vermelha do Nordeste e o maior produtor de telhas do país (SCHWOB et al., 2017).
Atualmente, o estado possui 186 empresas ativas e produz cerca de 111.000 milheiros/mês,
em que 54% correspondem a produção de telhas, 42% de tijolos/blocos de vedação e 4% a
outros produtos (SCHWOB et al., 2017).
Segundo Silva (2017), as empresas de cerâmica vermelha estão dispostas em todo o
estado do Rio Grande do Norte, mas concentram-se em três principais pontos, conhecidos
como polos ceramistas. Estes podem ser localizados próximo à grande Natal, na região do
Seridó e no Vale do Assú, sendo estes dois últimos marcados pela maior presença dessas
empresas (Figura 1).

Figura 1. Distribuição das indústrias de cerâmica vermelha no Rio Grande do Norte. (Fonte:
Projeto EELLA, 2017).

7
De acordo com o diagnóstico realizado pelo SEBRAE (2012), identifica-se que a
região do Seridó é a que movimenta grande parte da economia ceramista no estado (Tabela
1).

Tabela 1. Perfil econômico da atividade ceramista do Rio Grande do Norte.

Região Número de Número de Empregos Rendimento anual


produtora municípios cerâmicas diretos (R$)
Grande Natal 13 38 1.226 33.615.000,00
Seridó 15 99 3.277 106.923.320,00
Baixo Assú 5 33 1.412 51.536.000,00
Oeste 9 16 480 16.085.000,00
(Fonte: SEBRAE, 2012).

A localização das indústrias de cerâmica vermelha geralmente encontra-se disposta de


maneira estratégica, uma vez que necessitam do fácil acesso às jazidas para extração da
argila e próxima à oferta de lenha. Em geral, as empresas de cerâmica apresentam
características de ser uma atividade regional, de composição familiar, de pequeno e médio
porte, baixo custo de instalação e mercado instável (ASSUNÇÃO e SICSÚ, 2001). Além
disso, no Rio Grande do Norte a principal fonte de energia utilizada por essas indústrias
para realizar o processo de sinterização da massa cerâmica é a madeira, como também
são empregados os fornos tipo caipira, caieira, abóbada, cedan etc. (SCHWOB et al.,
2017).
O forno multi-câmaras é caracterizado por apresentar eficiência no aproveitamento de
calor, onde os gases da combustão são conduzidos as câmaras para posterior
aproveitamento e recuperação parcial do calor, e a carga dos produtos é fixa. A alimentação
do forno é realizada na parte superior e a energia em forma de calor gerada numa câmara
é dissipada para câmara seguinte após o término da sinterização (HENRIQUES JUNIOR et
al., 2017).
Embora apresente desvantagens quanto ao investimento inicial para construção, o forno
tipo multi-câmaras promove a redução do consumo de madeira, por ocorrer aproveitamento
do calor que seria perdido para o meio, promovendo ainda maior homogeneidade da
temperatura e flexibilização da velocidade da queima. O forno câmara tem capacidade de
produção de 800 a 1.200 milheiros/mês, com 90% de peças de alta qualidade (sem defeitos
relacionados a cor e a rachaduras) e consumo médio de madeira de 0,9 a 1,2 st/milheiro
(HENRIQUES JUNIOR et al., 2017).
Na etapa de queima dos materiais cerâmicos ocorrem diversas reações que são
favorecidas através do calor cedido pela madeira. Assim, o entendimento do processo de
sinterização da massa cerâmica é fundamental quando se pretende determinar o

8
desempenho de um combustível, na oferta de energia para reação, além da implicação
desse uso na qualidade final do produto.
Os produtos cerâmicos são submetidos a uma curva de queima correspondente a
temperaturas entre 800 a 1000 ºC, dividida em três etapas: aquecimento do forno à
temperatura máxima necessária; permanência do produto à temperatura máxima em
determinado tempo; resfriamento do forno (FIEMG, 2013). No forno câmara semi-contínuo,
a primeira fase ocorre em parte sem a alimentação de combustível, uma vez que o calor é
recebido da câmara anterior. Dessa maneira, a partir da estabilização da temperatura do
calor recebido, ocorre a alimentação do forno até atingir a temperatura máxima para que
ocorra a transformação da composição da massa cerâmica durante o processo de
sinterização.
Durante o processo de queima do material argiloso diversas mudanças podem ser
observadas na sua composição. De acordo com Pinheiro e Holanda (2010), durante a
primeira etapa do processo ocorre uma pequena dilatação, seguida de retrações. As
retrações que ocorrem na primeira etapa correspondem à aproximação das partículas, pela
perda de água, formação da metacaulinita e o início da sinterização. Durante a segunda
etapa, inicia-se a sinterização do produto cerâmico, com a recristalização da massa
argilosa e posterior vitrificação (PINHEIRO; HOLANDA, 2010).
A sinterização é uma etapa importante por influenciar na qualidade final do produto
cerâmico. Um dos mais recorrentes problemas quanto à fabricação de um material é o
surgimento de trincas, que são geradas pela variação de temperatura, onde as partículas
se contraem mais que a matriz, observando então a ocorrência de trincas no material
(BRAGANÇA; BERGMANN, 2004a; BRAGANÇA; BERGMANN, 2004b).

2.4 Consumo de madeira pelo setor


No Brasil, a principal fonte de energia utilizada no processo de combustão que ocorre
durante a sinterização é a madeira (lenha, serragem, cavaco, e outros resíduos) e em baixa
escala o gás natural, sendo o consumo pelas indústrias de cerâmica vermelha do país da
ordem de 49,7 milhões de m³ de lenha/ano (INT, 2012; ISHIDA et al., 2018). Segundo Ishida
et al. (2018), De acordo com o estudo realizado pelo Projeto EELLA em 2013 (Tabela 2),
verifica-se que a quantidade de combustível demandada pelo setor é significante, o que
enfatiza o planejamento da oferta de madeira para uso sustentável dessa fonte.
Vale ressaltar que o uso da biomassa na indústria de cerâmica vermelha é realizado em
dois processos: sinterização e secagem das peças cerâmicas, quando esse não é realizado
de forma natural. O processo de queima é considerado a principal etapa da fabricação de
produtos cerâmicos, envolvendo, no geral, mais de 95% de toda a energia consumida. Os
outros 5% estão associadas à secagem dos produtos (ANICER e SEBRAE, 2014).

9
Tabela 2. Consumo de madeira pelo setor de cerâmica vermelha do Brasil.
Produção Consumo
UF Nº de empresas
(10³ milheiros/mês) (m³/milheiro)
RS 795 356 1,22
SC 625 213 1,26
PR 620 288 1,25
SP 750 731 1,22
RJ 207 220 1,21
MG 740 426 1,28
ES 110 50 1,26
BA 520 210 1,24
SE 156 38 1,28
AL 70 23 1,26
PE 90 68 1,24
PB 66 41 1,24
RN 186 111 1,19
CE 412 207 1,30
PI 123 77 1,25
MA 91 53 1,29
GO 350 170 1,27
DF 16 5 1,23
TO 100 40 1,27
MS 120 24 1,23
MT 150 21 1,22
RO 80 20 1,25
AM 100 43 1,29
AC 21 9 1,24
PA 500 46 1,38
AP 40 5 1,42
RR 30 2 1,25
(Fonte: SCHWOB et al., 2017)

Segundo o Instituto Nacional de Tecnologia (2016), a madeira utilizada na indústria de


cerâmica vermelha é proveniente de florestas nativas, através da obtenção do manejo
florestal ou do desmatamento para mudança do uso do solo, ou ainda de plantios florestais.
Dessa forma as fontes utilizadas como combustível pelas indústrias de cerâmica vermelha
são a madeira nativa da Caatinga, algaroba, cajueiro, bucha de coco e pó de serra
(GALDINO et al., 2017).
No Rio Grande do Norte a atividade ceramista consome cerca de 103.000 m³/mês de
lenha, correspondendo a 50% da lenha de planos de manejo da Caatinga e algaroba; e
outros 50% de resíduos florestais, como a madeira da poda do cajueiro (SCHWOB et al.,
2017). A preferência pela madeira de resíduos florestais e de espécies exóticas, se dá pela
não obrigatoriedade da aquisição do Documento de Origem Florestal – DOF e pelo preço de
aquisição, no entanto, essa fonte apresenta menor poder calorífico quando comparada à
madeira de espécies nativas da Caatinga (TAVARES, 2014).

2.5 Usos da Mimosa tenuiflora e Anacardium occidentale


Dentre a madeira nativa e resíduos florestais utilizados pelo setor de cerâmica
vermelha do Rio Grande do Norte, destacam-se as espécies Mimosa tenuiflora amplamente
utilizada devido ao alto poder calorífico e densidade e a Anacardium occidentale por suprir a

10
demanda de energia com um custo acessível frente a madeira nativa (MIRANDA, 1989;
SANTOS, 2013; TAVARES, 2014; SANTOS, 2015).
A espécie Mimosa tenuiflora pertence à família Fabaceae é amplamente distribuída
na Caatinga, principalmente nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia (OLIVEIRA et al., 2009). É uma espécie pioneira nas
áreas onde ocorre, arbustiva, apresenta caules de diâmetros pequenos, tem alta capacidade
de rebrota e suas folhas caem no fim do período de chuvas (AZEVÊDO et al., 2012;
MATTOS et al., 2015; AZEVÊDO et al., 2017).
Embora seja amplamente utilizada para fins energéticos, a literatura cita outros usos
da espécie tenuiflora: aplicação moveleira por possuir estabilidade, resistência e rigidez em
móveis e pequenas estruturas (ROCHA et al., 2015); além disso, as folhas apresentam alto
teor de taninos que podem ser aplicados no curtimento de couros, tratamento de água, etc.
(AZEVÊDO et al., 2017); outros estudos indicam o uso farmacêutico, no tratamento da
mastite de búfalas (PEREIRA, 2010) e pododermatite em ovinos, através de uma pasta
composta pelo pó da casca da tenuiflora e mel (SANTANA et al., 2008). Segundo Souza et
al. (2008), a jurema preta apresenta propriedades alucinógenas e foi muito utilizada pelos
povos indígenas para curar doenças.
A madeira da tenuiflora apresenta características favoráveis para o fornecimento de
energia como alto poder calorífico, alta densidade básica e resistência à degradação térmica
(SILVA 2012). Alguns estudos, como o realizado por Santos (2013), verificaram que a
densidade básica da madeira da jurema preta é de 0,90 g.cm-3 e o poder calorífico de 4.823
kcal/kg, sendo esses valores considerados elevados.
Embora apresente características energéticas superiores aos resíduos florestais, a
utilização da madeira da Mimosa tenuiflora está condicionada à emissão do DOF, que por
sua vez, agrega valor a esse combustível tornando o preço de aquisição mais elevado e
conduzindo o ceramista a adquirir fontes de qualidade energética inferior, como a madeira
da Anacardium occidentale, porém mais viáveis economicamente (TAVARES, 2014; EELLA,
2016; SOUSA JÚNIOR, 2018).
A espécie Anacardium occiddentale, popularmente conhecida como cajueiro, é nativa
do Brasil e apresenta destaque na economia nacional com a produção de 250 mil toneladas
de castanha (OLIVEIRA, 2008; FREIRE et al., 2017). Da árvore, praticamente todas as
partes são utilizadas: a madeira, o fruto e o pseudofruto; a sua aplicabilidade vai além da
produção de suco, da castanha processada e da utilização da madeira como fonte de
energia. Alguns estudos verificaram que a occidentale tem potencial para uso farmacológico
como antioxidante de atividades microbianas, anti-inflamatório a partir de extrato da folha,
(SOUZA et al., 2017; BAPTISTA et al., 2018).

11
A respeito do uso da madeira da occidentale, há poucos estudos sobre a
caracterização energética e da qualidade desse combustível para tal fim. Por ser acessível,
com preço de aquisição (R$ 30,00 st) inferior ao da madeira nativa (R$ 38,00 st), além da
não exigência do DOF, essa fonte tem apresentado alta demanda pelo setor de cerâmica
vermelha (TAVARES, 2014; EELLA, 2016). Segundo o EELLA (2016), a madeira do cajueiro
possui 4.500 kcal/kg de poder calorífico e está disponível atualmente em menor quantidade
quando comparada com a madeira nativa, cerca de 3,5 milhões de estéreos por ano, frente
a 5 milhões de estéreos por ano da Caatinga.

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20
ARTIGO 1

ESTOQUE DE ENERGIA DA MADEIRA EM ÁREAS SOB MANEJO FLORESTAL NO RIO

GRANDE DO NORTE

21
Estoque de energia da madeira em áreas sob manejo florestal no Rio Grande do
Norte
Energy stock in areas under forest management in the state of Rio Grande do
Norte

RESUMO – O objetivo deste trabalho foi determinar a densidade energética em três


diferentes áreas sob manejo florestal sustentável do Rio Grande do Norte (RN). A partir
do acesso ao inventário florestal de cada área foi realizada a seleção das espécies com
70% de representatividade baseada no índice de valor de importância (IVI), assim como
o conhecimento sobre o volume real de madeira. De cada espécie, foram abatidas três
árvores com características que representavam cada povoamento, e realizadas
amostragens para as análises da densidade básica, poder calorífico superior, teor de
cinzas da madeira e foi estimado o índice de valor combustível. Considerando os
valores das análises realizadas e do volume em madeira, foram determinadas as
quantidades de energia estocada por espécie e por área. O experimento foi avaliado
segundo o delineamento inteiramente casualizado, com 5 tratamentos (espécies) na
área I, 6 na área II e 12 na área III, com três repetições em cada área. A madeira da
espécie Croton sonderianus apresentou para as três áreas maior valor de poder
calorífico e a Mimosa tenuiflora maior valor de densidade básica e poder calorifico nas
áreas I e II. O mesmo ocorreu para a Caesalpinia leiostachya, Caesalpinia pyramidalis,
Piptadenia moniliformis, Pilosocereus pachycladus e a não identificada (mercador) na
área III, o que resultou na maior densidade energética nesta área quando comparadas
às demais. Dessa maneira, a comercialização da madeira para fins energéticos deve
ser com base na densidade energética que determinada área sob manejo florestal
possui e não somente no volume de madeira.
Palavras-chave: Biomassa. Caatinga. Lenha. Qualidade da madeira.

ABSTRACT – The objective of this work was to determine the energy density in three
different areas under sustainable forest management in Rio Grande do Norte (RN).
From the access to the forest inventory of each area, the selection of the species with
70% of representativity based on the importance value index (IVI) was carried out, as
well as the knowledge about the real volume of wood. From each species, three trees
with characteristics that represented each stand were harvested, and samples were
taken for the analyzes of basic density, upper calorific value, ash content of the wood
and the value of fuel value was estimated. Considering the values of the analyzes
performed and the volume of wood, the quantity of energy stored by species and are
was determined. The experiment was evaluated according to a completely randomized
design, with 5 treatments (species) in area I, 6 in area II and 12 in area III, with three
replicates in each area. The wood of the species Croton sonderianus presented a higher
value of calorific value for the three areas and the Mimosa tenuiflora had a higher value
of basic density and heat power in areas I and II. The same occurred for Caesalpinia
leiostachya, Caesalpinia pyramidalis, Piptadenia moniliformis, Pilosocereus pachycladus
and unidentified (mercador) in area III, which resulted in a higher energy density in this
area when compared to the others. In this way, the commercialization of the wood for
energy purposes must be based on the energy density that a certain area under forest
management has and not only on the volume of wood.
Keywords: Biomass. Caatinga. Firewood. Wood quality.

22
1. INTRODUÇÃO

A demanda por energéticos florestais (lenha e carvão) na região Nordeste do

Brasil é representada por um consumo industrial e comercial estimado entre 25 e 30

milhões de estéreos de madeira por ano, e em 2017 a lenha foi responsável por 7,8%

da produção de energia primária (RIEGELHAUPT e PAREYN, 2010; EPE, 2018). Nessa

região, a principal oferta de madeira é obtida de espécies florestais nativas do bioma

Caatinga, que fornece combustível para fornos de indústrias e comércios (LIMA

JÚNIOR et al., 2014).

Há uma preocupação com a extração da madeira da Caatinga, pois se acredita

que 50% da cobertura florestal original foi reduzida (ALMEIDA et al., 2015). As

demandas por madeira de espécies nativas podem ser supridas de forma sustentável

pela adoção de práticas como a exploração florestal sob o manejo sustentável.

Dessa forma, tal prática é idealizada por um conjunto de técnicas que visam

rotacionar a exploração em uma área, a considerar a particularidade das características

de cada floresta (ANDRADE et al., 2019). No Rio Grande do Norte, a Lei Florestal

6.679/1995 estabelece que qualquer exploração dos recursos da floresta nativa só pode

ser realizada mediante o Plano de Manejo Florestal de Rendimento Sustentável.

Segundo Carvalho (2018), até o início do ano de 2018, o Rio Grande do Norte possuía

21 planos de manejo com licença vigente.

Embora o inventário, que é uma parte importante na instalação de áreas sob

manejo, contemple informações sobre o rendimento volumétrico de biomassa florestal,

a densidade energética da madeira não é estimada ou considerada para determinar seu

potencial para exploração.

23
Contudo, é importante considerar a associação da análise do rendimento em

madeira à avaliação da qualidade desta para energia na caracterização de espécies

florestais, seja para queima direta (combustão) ou para a produção de carvão vegetal,

de modo que ocorra o planejamento correto da exploração desse recurso (SANTOS et

al., 2013; LIMA JÚNIOR et al., 2015). Também não há considerações importantes como

a estimativa da produção de energia em diferentes áreas sob manejo, em razão da

diversidade de espécies presentes em um plano que, de acordo com Pareyn et al.

(2015), esperam-se diferentes respostas da vegetação manejada em áreas distintas.

Dessa forma, para atender a demanda de madeira como fonte de energia é

importante conhecer a densidade energética, que pode ser fornecida por espécies

presentes em área sob manejo florestal. Dentro deste contexto, o objetivo deste

trabalho foi determinar o índice de valor combustível e a densidade energética da

madeira de espécies que ocorrem em três diferentes áreas sob manejo, localizadas no

estado do Rio Grande do Norte (RN).

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Localizações e descrições das áreas de estudo

Para a realização do presente estudo foram utilizadas madeiras provenientes de

três áreas sob regime de manejo florestal localizados no interior do estado do Rio

Grande do Norte. O plano de manejo da Fazenda Belo Monte (área I) possui sete anos

de exploração, com ciclo de corte de 16 anos. Localiza-se no município de Campo

Grande/RN, sob coordenadas 05º 52’ 10.1” S e 37º 18’ 44.4” W, dispondo de uma área

sob manejo de 901.16 hectares com rendimento médio de 169.89 st/ha. Segundo a

classificação de Köppen, o clima é do tipo BSw’h’, a tipologia de solo predominante é a

24
Bruno Não Cálcico e a precipitação média anual é de 400 a 750 mm, com período

chuvoso entre os meses de fevereiro a maio (CARVALHO, 2010).

A área II refere-se ao plano de manejo da Fazenda Estrela do Norte que se situa

no município de Cruzeta/RN, sob coordenadas 6°16'34.88" S e 36°48'43.65"W.

Apresenta área manejada de 777.42 ha e rendimento médio de 137 st/ha. Está em seu

oitavo ano de exploração e possui ciclo de corte com planejamento para 15 anos. O

clima é classificado como muito seco e semi-árido, a pluviosidade média anual é cerca

de 588.8 mm, com período chuvoso de fevereiro a abril e o solo é do tipo latossolo

vermelho-amarelo (LOPES, 2008).

A Fazenda São Pedro (área III), localiza-se no município de Touros/RN, sob

coordenadas 5°25'19.64" S e 35°45'30.32” W. Segundo Carvalho (2009), o plano de

manejo possui oito anos de exploração, com ciclo de corte de 15 anos em 600 ha de

caatinga arbustiva arbórea manejada e rendimento médio de 207.16 st/ha. O clima

segundo a classificação de Köppen é do tipo As’, a precipitação pluviométrica anual

média é de 648.6 mm e ocorrem dois tipos de solos: areias quartzosas distróficas e

vertissolos. Na Figura 1 estão indicadas, em destaque, as localizações das três áreas

de estudo.

ENTRA FIGURA 1

2.2 Seleção das espécies

As espécies foram selecionadas em função do levantamento fitossociológico,

conforme informações acessadas no inventário florestal, a partir do índice de valor de

importância (IVI). O cálculo do IVI foi realizado a partir da consideração dos dados de

densidade, dominância e frequência relativa destas espécies, conforme Souza e Soares

(2013).

25
2.3 Amostragem

De cada espécie selecionada foram abatidas três árvores com boas condições

fitossanitárias, livre do efeito bordadura e representativas quanto ao diâmetro médio do

povoamento. De cada árvore retirou-se cinco discos de aproximadamente 10cm de

espessura, nas seguintes posições: o primeiro na base (a 30cm do solo) e os demais a

25% de distância entre eles, até atingir três centímetros de diâmetro do fuste principal.

Para as árvores bifurcadas abaixo da altura do peito (1.30m de altura do solo) e com

mais de um fuste, foi selecionado o fuste central para a retirada dos discos (Figura 2).

2.4 Preparo das amostras

Inicialmente foram retiradas as cascas dos discos, e em seguida esses foram

subdivididos em cunhas opostas passando pela medula. Duas dessas foram destinadas

à determinação da densidade básica da madeira e as outras duas, encaminhadas para

trituração e adequação à granulometria referida nas respectivas normas técnicas, e

posteriormente, foi realizada uma amostragem composta do material por tratamento,

para determinação do poder calorífico superior e teor de cinzas da madeira (Figura 2).

ENTRA FIGURA 2

2.5 Parâmetros avaliados

A análise da densidade básica da madeira foi realizada conforme o método de

imersão em água, descrito na norma NBR 11941 da ABNT (2003) e, a partir de uma

bomba calorimétrica adiabática determinou-se o poder calorífico superior conforme as

recomendações da norma ASTM D2015-1996 (ASTM, 2000). Para estimar o teor de

cinzas de cada espécie selecionada, utilizou-se uma mufla, em que a análise foi

realizada conforme a metodologia descrita na norma ASTM E1755-2001 (ASTM, 2007).

Após a determinação dos fatores que interferem na qualidade da madeira para a

26
geração de energia, foi realizado o cálculo do índice de valor combustível (IVC)

adaptado ao proposto por Purohit e Nautiyal (1987), de acordo com a equação 1.


𝑃𝐶𝑆∗𝐷𝐵
𝐼𝑉𝐶 = (1)
𝑇𝐶

em que, PCS é o Poder calorífico superior (KJ/g); DB é a Densidade básica da madeira

(g/cm³) e TC é o Teor de cinzas (%).

Para os cálculos da produção de energia, as informações sobre o volume real em

lenho por espécie em cada área, foram obtidas a partir do inventário florestal. A partir da

multiplicação entre a densidade básica (kg.m-3) e o poder calorífico superior (kcal.kg-1)

foi determinada a produção de energia em kcal/m³. A fim de obter o resultado em

kcal/ha multiplicou-se a energia produzida por metro cúbico de madeira (kcal.m-³) pela

produtividade média de cada espécie (m³.ha-1), de acordo com a metodologia utilizada

por Santos et al. (2013).

2.6 Análises estatísticas

O experimento foi avaliado segundo o delineamento inteiramente casualizado,

sendo 5 tratamentos (espécies selecionadas com base no IVI) para área I, 6

tratamentos (espécies selecionadas com base no IVI) para área II e 12 tratamentos

(espécies selecionadas com base no IVI) para área III, com três repetições (árvores–

amostra) por área. Os dados foram submetidos aos testes de Lilliefors para testar a

normalidade e Cochran para testar a homogeneidade das variâncias. Em seguida,

procedeu-se à análise de variância pelo teste F, sendo as médias comparadas pelo

Skott-Knott. Considerou-se o nível de significância de 5 %. As análises estatísticas

foram realizadas com o auxílio do software R Core Team (2018).

27
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conforme o índice de valor de importância das espécies, foram identificadas cinco

espécies florestais na área I, seis espécies florestais na área II e doze espécies

florestais na área III, que representaram pelo menos 70% do IVI de todo povoamento

florestal dos planos de manejo florestal sustentáveis estudados (Tabela 1).

ENTRA TABELA 1

Embora a fazenda situada na região de Campo Grande possua maior extensão de

área sob manejo (901.16 ha), observa-se que a diversidade de espécies

representativas é menor quando comparada ao plano de manejo de Touros que possui

menor extensão (600 ha). Segundo Brand (2017) quanto maior a diversidade de

espécies florestais presentes na área, maior será a variação dos parâmetros da

qualidade da madeira com finalidade para uso energético, como a densidade básica e o

poder calorífico superior.

A madeira destinada à geração de energia é comercializada com base no volume

lenhoso, o que não considera a quantidade de massa existente em certo volume de

madeira. Dessa maneira, nota-se que a área III possui a maior produtividade em

volume. No entanto, como a madeira é utilizada como combustível, as considerações

da quantidade de energia potencial para oferta devem ser estimadas, pois as espécies

com menor volume na área podem não contribuir significativamente com a

produtividade de energia por ha. Para isso, deve-se conhecer as características da

madeira que determinam a densidade energética.

Na Tabela 2 estão apresentados os valores médios de densidade básica (kg.m-3), poder

calorífico superior (kcal.kg-1), teor de cinzas e índice de valor combustível das madeiras

das espécies selecionadas para o estudo, por área.

28
ENTRA TABELA 2

Um estudo desenvolvido com sete espécies florestais da Caatinga de extrato

arbóreo do Rio Grande do Norte, realizado por Santos et al. (2016), identificou

resultados superiores da densidade básica da madeira de Bauhinia cheilantha (970

kg.m-3) e Mimosa tenuiflora (900 kg.m-3) as quais os autores classificaram como as

mais densas.

As madeiras das espécies Mimosa tenuiflora (jurema preta), Piptadenia stipulacea

(jurema branca), Anadenanthera colubrina (angico), Piptadenia moniliformis

(catanduva), Poincianella pyramidalis (catingueira), Mimosa arenosa (calumbi),

Caesalpinia leiostachya (pau ferro), Zanthoxylum stelligerum (limãozinho) e a não

identificada (mercador) apresentaram, os maiores valores médios de densidade básica,

de acordo com a área que estão presentes. Em cada plano de manejo o conhecimento

da qualidade da madeira, bem como as espécies potenciais inferem na possibilidade de

comercialização desse combustível conforme a sua potencialidade, não se restringindo

apenas à venda segundo o volume de madeira produzido. Santos et al. (2013), afirmam

que a densidade básica, entre outros parâmetros, são considerações imprescindíveis

para o uso e indicação deste recurso como fonte de energia.

Apesar da comparação dos resultados serem entre as espécies de uma mesma

área, é possível evidenciar que a variação de sítio como as condições de clima,

precipitação e solo, além da idade do povoamento, podem influenciar diretamente nas

características da madeira, a exemplo da densidade básica (MORAIS et al., 2017). Isso

pode ser observado para a densidade básica da madeira de Mimosa tenuiflora que

possui 799 kg.m-3 na área I e de 839 kg.m-3 na área II, a Piptadenia stipulacea que

apresenta 701 kg.m-3 na área II e 647 kg.m-3 na área III.

29
Para determinar um combustível ideal é imprescindível a consideração das

variáveis da madeira que influenciam no processo de queima. A identificação do valor

combustível é mensurada pelo índice de valor combustível que considera a densidade

básica e o poder calorífico da madeira como características positivas e o teor de cinzas

como característica negativa.

Observa-se que o índice valor combustível varia para uma mesma espécie, como

por exemplo, o Croton sonderianus, que apresentou IVC cerca de três vezes maior na

área I em relação ao observado na área III (Tabela 2). Este mesmo fato foi observado

com a Piptadenia stipulacea que na área I apresentou IVC duas vezes maior que na

área III.

O índice de valor combustível é um parâmetro fundamental para indicar o uso

energético da madeira de uma espécie, pois pondera as características positivas e

negativas desse combustível e, dessa forma, os valores comparativos intermediários e

maiores são desejáveis para esse parâmetro (BAQIR, KOTHARI e SINGH, 2017).

Assim, o teor de cinzas afetou significativamente os resultados apresentados e,

algumas espécies que obtiveram altos valores de PCS e densidade básica, divergiram

estatisticamente do melhor resultado obtido para o IVC, como a Piptadenia stipulacea e

Aspidosperma pyrifolium na área I, Bauhinia cheilantha na área II e todas as espécies

com exceção da Caesalpinia leiostachya na área III.

Ramos et al. (2008), avaliando o potencial do uso combustível de madeiras da

Caatinga, observou valores do índice de valor combustível das espécies semelhantes

ao aqui estudado como o Croton sonderianus (30.9), Poincianella pyramidalis (26.6),

Anadenanthera colubrina (26.0), Bauhinia cheilantha (22.8), Piptadenia stipulacea (22.4)

e Mimosa tenuiflora (22.6).

30
Embora o IVC identifique as espécies com melhores características energéticas, o

estoque de energia em uma área sob manejo é determinado de acordo com a qualidade

da madeira de todas as espécies nela inseridas. A Figura 3 mostra os valores estimados

da quantidade de energia em Mkcal/m³ estocada na madeira de cada espécie por área.

ENTRA FIGURA 3

Verifica-se que a maior densidade energética foi observada na madeira da espécie

Mimosa tenuiflora (jurema preta) nas áreas I e II. Vale ressaltar que a

representatividade (IVI) dessa espécie foi maior na área I (23.3%). No entanto, não se

observa o mesmo em relação ao IVI na área II (9.8).

Torna-se importante considerar os resultados observados uma vez que se entende

que a produção em m³ (volume) deve estar associada à qualidade da madeira, de modo

que se estime a produção de energia com base na identificação das espécies

potenciais para tal fim (MONTOYA, 2017). Dessa maneira, a comercialização da

madeira proveniente do manejo florestal deveria ser selecionada com base na maior

produção de biomassa pelas espécies potencialmente energéticas e a conservação ou

utilização para outras finalidades das menos potenciais (MONTOYA, 2017). Os valores

da produtividade de energia da madeira, em kcal.ha -1, de cada área avaliada, estão

apresentados na Figura 4.

ENTRA FIGURA 4

Observa-se que a área III além de apresentar maior rendimento volumétrico em

lenho (207 st/ha) quando comparada às áreas I (169.89 st/ha) e II (137 st/ha) apresenta

uma riqueza na ocorrência de espécies com grande densidade energética na madeira,

fator esse que responde a alta produtividade em kcal/ha frente as demais áreas

estudadas. A representação da madeira da Piptadenia moniliformis (catanduva) se

31
destaca por possuir maiores valores de densidade básica e poder calorífico superior e

apresentar nesta área uma representatividade de 28.7%, superior às demais

porcentagens de IVI das outras espécies.

4. CONCLUSÕES

Concluiu-se que para as áreas I e II as madeiras das espécies Mimosa tenuiflora

e Croton sonderianus apresentaram os maiores IVC. As madeiras de Aspidosperma

pyrifolium e Piptadenia stipulacea apresentaram valores do teor cinzas maiores, em

comparação as demais espécies, o que inibiu um desempenho satisfatório para o IVC.

Em relação à área III a madeira da Caesalpinia leiostachya destacou-se com o maior

IVC. Os maiores valores para DB e PCS encontrados para a madeira de Mimosa

tenuiflora nas áreas I e II, colaboraram com a maior densidade energética da madeira

por espécie. Já para a área III esses resultados foram observados para as espécies

Mimosa arenosa, Caesalpinia leiostachya, a não identificada (mercador), Poincianella

pyramidalis e Piptadenia moniliformis. Ao se considerar a produtividade energética por

área, o destaque foi para a área III, por esta apresentar maior número de espécies

representativas quanto a densidade energética da madeira, seguida da área I e II.

A comercialização da madeira para fins energéticos deve ser com base na

densidade energética (estoque de energia) presente na área sob manejo e não

somente com base na produção em volume de lenho, pois além do volume as

características da madeira para tal fim influenciarão diretamente no estoque de energia

presente na área.

5. AGRADECIMENTOS

32
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de

Financiamento 001.

6. REFERÊNCIAS

______- ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11491:


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SOUZA, A. L.; SOARES, C. P. B. Florestas nativas: estrutura, dinâmica e manejo.
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35
Figura 1.Localização das áreas de estudo, dentro do estado do Rio Grande do Norte.
Figure 1.Location of study areas, within the state of Rio Grande do Norte.

Figura 2. Método de coleta das amostras para a realização das análises. Fonte: o autor.
Figure 2. Method of collecting the samples for the analysis. Source: the author.

36
Tabela 1. Espécies selecionadas para amostragem seguidas de seus valores de índice
de valor de importância, percentual representativo no povoamento florestal por área e
volume do lenho produzido em m3.ha-1.
Table 1. Species selected for sampling followed by their values of importance value,
representative percentage in the forest stand by area and volume of the wood produced
in m3.ha-1.
Produtividade
Área Espécie Nome popular IVI(%) IVI total
(m3.ha-1)
Mimosa tenuiflora Jurema preta 23.3
I Croton sonderianus Marmeleiro 21.3
Campo Aspidosperma pyrifolium Pereiro 13.7
72.4 45.17
Grande Piptadenia stipulacea Jurema branca 9.7
Anadenanthera colubrina Angico 4.4
Poincianella pyramidalis Catingueira 18.0
Aspidosperma pyrifolium Pereiro 15.5
II Croton sonderianus Marmeleiro 13.9
Cruzeta Mimosa tenuiflora Jurema preta 9.8 70.8 40.29
Piptadenia stipulacea Jurema branca 9.0
Bauhinia cheilantha Mororó 4,6%
4.6
Piptadenia moniliformis Catanduva 2.7
Croton sonderianus Marmeleiro 9.3
Poincianella pyramidalis Catingueira 7.4
Mimosa arenosa Calumbi 3.6
Combretum leprosum Mofumbo 3.4
III Caesalpinia leiostachya Pau ferro 3.2
70.6 60.88
Touros Piptadenia stipulacea Jurema branca 2.8
Ziziphus joazeiro Juazeiro 2.6
Senna spectabilis Canafístula 2.6
Zanthoxylum stelligerum Limãozinho 2.5
Não Identificada Mercador 2.3
Erythroxylum pungens Candeia 2.2

*IVI: índice de valor de importância. Fonte: PMFS Fazenda Belo Monte 2010; PMFS
Fazenda Estrela do Norte 2008; PMFS fazenda São Pedro 2009.

37
Tabela 2. Densidade básica, poder calorífico superior, teor de cinzas e índice de valor
combustível das madeiras de espécies nativas amostradas em cada área sob manejo
florestal sustentável estudada.
Table 2. Basic density, upper calorific value, ash content and fuel value index of the
native wood species sampled in each area under sustainable forest management.
DB PCS
Área Espécie TC (%) IVC
(kg.m-3) (kcal.kg-1)
Mimosa tenuiflora 799 a 4830 a 0.8 c 22.43 a
I Croton sonderianus 630 b 4800 a 0.5 c 30.74 a
Campo Aspidosperma pyrifolium 634 b 4823 a 1.4 b 9.85 b
Grande Piptadenia stipulacea 716 a 4748 b 1.0 c 13.92 b
Anadenanthera colubrina 710 a 4653 c 2.8 a 4.98 b
Poincianella pyramidalis 718 c 4504 c 4.6 a 3.09 b
Aspidosperma pyrifolium 678 d 4873 a 1.0 b 15.01 a
II Croton sonderianus 654 d 4786 a 0.6 b 21.74 a
Cruzeta Mimosa tenuiflora 839 a 4832 a 1.0 b 17.85 a
Piptadenia stipulacea 701 c 4676 b 1.4 b 12.13 a
Bauhinia cheilantha 798 b 4793 a 2.0 b 7.99 b
Piptadenia moniliformis 750 a 4726 a 1.2 c 13.15 b
Croton sonderianus 638 b 4813 a 1.3 c 10.40 b
Poincianella pyramidalis 791 a 4559 c 2.3 b 6.72 b
Mimosa arenosa 830 a 4700 b 1.6 c 10.35 b
III Combretum leprosum 699 b 4760 a 2.1 b 6.94 b
Touros Caesalpinia leiostachya 771 a 4809 a 0.9 c 23.06 a
Piptadenia stipulacea 647 b 4667 b 2.1 b 6.96 b
Ziziphus joazeiro 659 b 4562 c 2.7 a 4.70 b
Senna spectabilis 496 c 4761 a 0.8 c 12.46 b
Zanthoxylum stelligerum 722 a 4671 b 1.6 c 9.02 b
Não Identificada 793 a 4631 b 1.4 c 11.64 b
Erythroxylum pungens 674 b 4832 a 1.9 b 7.47 b
DB = densidade básica, PCS = poder calorífico superior, TC = teor de cinzas, IVC =
índice de valor combustível. Médias seguidas da mesma letra entre as espécies, para
uma mesma área e variável, não diferem entre si, a 5 % de significância, pelo teste
Skott-Knott.

38
Área I - Campo Grande

Jurema Preta A Grande


Área I - Campo
Jurema Branca ÁreaBI - Campo Grande
Jurema Preta A
Angico B
Jurema Branca
Jurema Preta B A
Pereiro
JuremaAngico
Branca B BB
Marmeleiro
Pereiro
Angico B B B

Marmeleiro
Pereiro
0 800 1600 3200B B 4000
2400 4800
Marmeleiro 0 800 Mkcal/m³ II - Cruzeta
1600
Área
2400 3200B 4000 4800
Área II - Cruzeta
Jurema Preta 0 800 1600 2400 3200 4000 A 4800
Jurema Preta Área II - Cruzeta
A
Mororó B
Mororó
Jurema Preta B A
Pereiro C
Pereiro
Mororó C B
Jurema Branca C
Jurema Branca
Pereiro CC
Catingueira C
Catingueira
Jurema Branca CC
Marmeleiro C
Marmeleiro
Catingueira CC
0 0 800 800 16001600 2400
Marmeleiro 2400 3200
3200C4000 4000 4800
4800
Mkcal/m³Área III
Área - Touros
III - Touros
0 800 1600 2400 3200 4000 4800
Calumbi
Calumbi Área III - ATouros
A
Pau ferro
Calumbi
Pau ferro AA A
Mercador
Pau ferro
Mercador A AA
Catingueira
Mercador AA
Catingueira A
Catingueira
Catanduva AA
Catanduva A
Catanduva
Limãozinho B A
Limãozinho B
Limãozinho
Mofumbo BB
Mofumbo B
Mofumbo
Candeia BB
Candeia
Candeia
Marmeleiro BC B
Marmeleiro
Marmeleiro
Jurema Branca C CC
Jurema
Jurema Branca
Branca
Juazeiro C CC
Juazeiro
Canafístula
Juazeiro D C C
Canafístula 0 800 1600 2400 D 3200 4000 4800
Canafístula D
0 800 Energia
1600(kcal/m³)
2400x 1000
3200 4000 4800
0 800 1600 2400 3200 4000 4800
EnergiaMkcal/m³
(kcal/m³) x 1000
Energia (kcal/m³) x 1000
Figura 3. Densidade energética em Mkcal/m³ nas madeiras das espécies estudadas,
por área
Figure 3. Energy density in Mkcal/m³ in the woods of the species studied, by area

39
*Médias seguidas da mesma letra entre as espécies, para uma mesma área, não
diferem entre si, a 5 % de significância, pelo teste Skott-Knott.

Área I - Campo Grande

Área II - Cruzeta

Área III - Touros

0 50000 100000 150000 200000 250000


Energia (kcal/ha) x 1000
Mkcal/ha

Figura 4. Produtividade de energia em Mkcal/ha de cada área sob manejo estudada


Figure 4. Energy productivity in Mkcal/ha of each area under management studied

40
ARTIGO 2

VIABILIDADE TÉCNICA DO USO DA Mimosa tenuiflora E Anacardium occidentale


COMO FONTE DE ENERGIA PARA QUEIMA DE TIJOLOS

41
Viabilidade técnica do uso da Mimosa tenuiflora e Anacardium occidentale como fonte
energética para queima de tijolos

Cynthia Patricia de Sousa Santos¹, Rosimeire Cavalcante dos Santos², Adailton Jose
Epaminondas de Carvalho³, Renato Vinícius Oliveira Castro 4, Frans Germain Corneel
Pareyn5, Ananias Francisco Dias Júnior6, Sérgio Marques Júnior7, Carlos Alberto
Paskocimas8, Sarah Esther de Lima Costa9, Mateus Alves de Magalhães10

¹Mestranda em Ciências florestais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, cynthiapss@live.com, +55 (84)
98779-3866;
²Engenheira florestal, Prof.ª Dr.ª, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, meire_caico@yahoo.com.br
³Engenheiro florestal, Florescer consultoria, fpc.projetos@gmail.com
4Engenheiro florestal, Prof. Dr., Universidade Federal de São João Del Rei, castrorvo@ymail.com
5Engenheiro florestal, Associação Plantas do Nordeste, franspar@rocketmail.com
6Engenheiro florestal, Prof. Dr., Universidade Federal do Espírito Santo, ananiasjr@usp.br
7Engenheiro agrônomo, Prof. Dr., Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sergio@ct.ufrn.br
8Engenheiro de materiais, Prof. Dr., Universidade Federal do Rio Grande do Norte, paskocimas.ufrn@gmail.com
9Mestranda em Ciências florestais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sarahcostaa@yahoo.com.br
10Doutorando em Ciência florestal, Universidade Federal de Viçosa, mateusmagalhaes91@gmail.com

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi realizar a avaliação técnica da Mimosa tenuiflora e
Anacardium occidentale na queima de tijolos, a fim de determinar o consumo de madeira, a
qualidade das peças cerâmicas e o custo de aquisição em diferentes proporções de
associação. Adotaram-se três tratamentos (associação das espécies) com quatro repetições
(queimas), a saber: 0JP - 100% Anacardium occidentale; 50JP - 50% de Mimosa tenuiflora +
50% Anacardium occidentale; e 100JP - 100% de Mimosa tenuiflora. Foi determinado o fator
de empilhamento, o consumo total de madeira (m³), os teores de matérias voláteis, cinzas e
carbono fixo, poder calorífico superior, densidade, umidade, frequência de alimentação dos
fornos, a curva de temperatura, a relação entre a temperatura e quantidade de tijolos de
primeira qualidade, classificação dos tijolos após a queima, o custo de aquisição, a receita
total e a receita total líquida da venda dos tijolos fabricados. Os dados foram submetidos aos
testes de Lilliefors, Cochran e a análise de variância pelo teste F, sendo as médias
comparadas pelo teste de Tukey. Considerou-se sempre o nível de significância de 5 %. A
madeira de Mimosa tenuiflora apresentou os melhores resultados de composição química,
poder calorífico superior e densidade básica, e dessa maneira, foi identificado nos
tratamentos 50JP e 100JP uma redução do consumo (m³) e do custo de aquisição. O uso da
occidentale para a queima de tijolos não é recomendada, pois apesar de apresentar menor
preço de compra, as características energéticas dessa madeira aumentam o consumo em
m³ e o custo total de aquisição desse combustível para uma queima.

Palavras-chave: Consumo de madeira. Custo de lenha. Eficiência energética. Tijolos.

42
1. INTRODUÇÃO
O Brasil possui mais de 7000 empresas de cerâmica vermelha e é caracterizada
como uma atividade econômica representativa para o país, visto que contribui com cerca de
1% do Produto Interno Bruto – PIB - nacional (RODRIGUES NETO, 2014; SEBRAE, 2015).
O Nordeste brasileiro é uma das regiões que apresenta alta produtividade de cerâmica
vermelha, como o estado do Rio Grande do Norte - RN, que possui 186 empresas ativas e
uma produção média de 111.000 milheiros/mês (SCHWOB et al., 2017).
A indústria de cerâmica vermelha têm buscado medidas para se manter produtiva e
sustentável, diante da restrição econômica do país e da busca mundial para as reduções de
emissões, tais como o uso de energias eficientes e renováveis, como, por exemplo, a
biomassa (SILVA; MÉXAS; QUELHAS, 2017; WELFLE, 2017). No RN, a fonte de energia
predominante para realizar a secagem e a queima dos produtos cerâmicos é a madeira e,
anualmente há uma demanda de 1,58x106m3 desse combustível (SCHWOB et al., 2017).
Dessa forma, 50% dessa madeira são oriundos de planos de manejo da Caatinga, da
mata nativa sem plano de manejo e da exploração da espécie exótica Prosopis juliflora
(SCHWOB et al., 2017). O uso da madeira de espécie nativa sob manejo está condicionado
ao pagamento de encargos ambientais e, a espécie nativa sob manejo florestal sustentável
mais comercializada é a Mimosa tenuiflora (jurema preta), por ser pioneira de alta ocorrência
e apresentar características favoráveis para a geração de energia (GALDINO et al., 2014;
SANTOS et al., 2013; SCHWOB; HENRIQUES; SZKLO, 2009). Os outros 50% são oriundos
de resíduos vegetais (SCHWOB et al., 2017).
Há preferência por fontes consideradas como resíduos vegetais, a exemplo da
madeira resultante após o processo de poda da espécie Anacardium occidentale (cajueiro),
devido à acessibilidade econômica e a isenção da emissão do Documento de Origem
Florestal - DOF (JÚNIOR, 2018). Mas, há de se considerar que, as propriedades da madeira
da Anacardium occidentale no que se refere ao uso para energia, são inferiores quando
comparadas às propriedades da madeira nativa (INT, 2016).
A qualidade da madeira utilizada como fonte de combustível é um dos fatores que
influencia significativamente o consumo de lenha, a produtividade e a qualidade das peças
cerâmicas, pelo fato de que a quantidade de calor fornecido e a estabilidade da temperatura
interferem nos referidos parâmetros (PUNNARAPONG; PROMWUNGKWA;
TIPPAYAWONG, 2017; NASCIMENTO, 2015).
Apesar de, a madeira utilizada na indústria de cerâmica vermelha ser caracterizada
como uma fonte de energia renovável é preciso avaliar a sua eficiência, em termos
energéticos e econômicos, quanto ao uso da espécie escolhida para tal finalidade. Esse fato
evidencia a necessidade de desenvolver estudos que identifiquem o desempenho desse
combustível com a finalidade de reduzir o consumo e o custo de aquisição, preservando a

43
qualidade das peças cerâmicas, em especial quando se utiliza a madeira nativa da
Caatinga.
Ainda que o valor de aquisição da madeira nativa seja maior que o de resíduos
florestais, a utilização da madeira de Mimosa tenuiflora, mesmo em proporções com a
madeira de Anacardium occidentale, pode gerar redução no consumo total e no custo com o
combustível na empresa de cerâmica vermelha. Além disso, pode agregar qualidade ao
produto cerâmico, conferindo maior número de peças de primeira qualidade, haja vista as
melhores propriedades energéticas da madeira dessa espécie.
O objetivo deste trabalho foi realizar a avaliação técnica da utilização da Mimosa
tenuiflora, sob diferentes proporções de associação com a madeira de Anacardium
occidentale na queima de tijolos, a fim de determinar o consumo de madeira, a qualidade
das peças cerâmicas e o custo de aquisição nas diferentes proporções.

2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado em uma indústria de cerâmica vermelha, localizada no
município de Apodi, RN. O forno utilizado para a fabricação dos tijolos foi o tipo “multi-
câmaras” e foram utilizados tijolos denominados tipo 19, cujas dimensões eram de 9 cm de
espessura x 19 cm de comprimento x 19 cm de altura, confeccionados com o mesmo lote de
argila.
O processo de queima nesse tipo de forno inicia-se com a transferência de calor da
câmara anterior (em processo de resfriamento) para a câmara em funcionamento por meio
dos canais de distribuição. A câmara que recebe calor inicia a etapa de esquente e ocorre a
estabilização da temperatura em torno de 500 °C.
Após essa etapa é realizada a deposição de madeira na câmara para promover a
combustão e atingir a temperatura de queima de 900 ºC que deve permanecer durante 20
horas. Para isso há o acompanhamento, por parte do responsável pelo processo, do registro
da temperatura através de um sistema de termopares acoplado às câmaras do forno e,
periodicamente são realizados os abastecimentos, de forma manual, com madeira para
manter a temperatura em 900 °C. Após o período de 20 horas, inicia-se o processo de
resfriamento da câmara, que ocorre com a suspensão do abastecimento de madeira e
abertura dos canais para realização da etapa de esquente da câmara seguinte e coleta dos
tijolos confeccionados para classificação em primeira e segunda qualidade.
Para avaliar o desempenho da madeira adotaram-se três tratamentos (proporção de
associação das madeiras de Mimosa tenuiflora e Anacardium occidentale): 0JP - 100%
Anacardium occidentale de um lote de madeira específico; 50JP - 50% de Mimosa tenuiflora
de um lote de madeira específico + 50% Anacardium occidentale de um lote de madeira
específico e, portanto, diferente do lote do 0JP; e 100JP - 100% de Mimosa tenuiflora de um

44
lote de madeira específico e, portanto, diferente do lote do 50JP. A opção de se utilizar a
madeira de Anacardium occidentale como tratamento testemunha, deu-se por ser esta a
fonte de energia que a empresa utiliza habitualmente no processo de queima. Além disso,
para cada tratamento referido foram realizadas quatro repetições (quatro queimas de lotes
de tijolos por tratamento).
As madeiras utilizadas no processo de queima foram organizadas no pátio, de forma
sobrepostas, formando montes de dimensões determinadas (4 m de comprimento x 1,75 m
de altura aproximadamente). Após a organização utilizou-se um gabarito de 1m², sendo este
posicionado na parte central de cada monte em que as peças de madeira localizadas na
parte interna do gabarito foram marcadas com tinta. Todas as peças marcadas foram
mensuradas nas áreas seccionais (m²) das extremidades e da parte central, além do
comprimento (m), conforme ilustrado na Figura 1.

Fig. 1 Ilustração da mensuração das toras de madeiras para determinar o fator de


empilhamento.
A partir do conhecimento das áreas seccionais de cada peça, foi possível definir o
seu volume e por meio da estatística identificar o volume real de madeira contida na pilha.
Para isso, determinou-se o fator de empilhamento de maneira. O volume sólido (m³) em
cada gabarito foi determinado pelo somatório dos volumes das toras obtidos pela equação 1
(cubagem pelo método de Newton):
𝑆 ∗ 𝑆 𝑆
𝑉 = ∗𝐶 (1)

Em que: ASi: áreas seccionais nas extremidades (1 e 3) e na parte central (2) de cada tora
(m²); C: comprimento da tora (m).

45
O fator de empilhamento de cada pilha foi determinado por meio da equação 2,
dividindo-se o volume empilhado (st) no gabarito (1m² x comprimento médio das toras) pelo
volume sólido (m³) obtido na cubagem das toras:

= (2)

Em que: Fe: Fator de empilhamento (st m-3).


Assim, a determinação do consumo médio total de madeira (m³), por repetição, foi
realizada pela razão entre o volume empilhado utilizado (st), desconsiderando as sobras de
lenha de cada queima e o fator de empilhamento:

𝑉 = (3)

A caracterização da biomassa foi realizada através das análises de: materiais


voláteis, teor de cinzas e carbono fixo descritos na norma NBR 8112 (ABNT, 1986); poder
calorífico superior, conforme as recomendações da NBR 8633 (ABNT, 1984), utilizando-se
uma bomba calorimétrica adiabática; densidade básica realizada de acordo com a norma
NBR 11941 (ABNT, 2003) pelo método de imersão em água e; teor de umidade estimado
conforme a NBR 14929 (ABNT, 2003).
A frequência de alimentação das câmaras de combustão foi determinada de acordo
com anotações durante todo o processo e a curva de temperatura conforme o acesso ao
registro dos dados pelo sistema de computação interligado às câmaras. A partir disso, se fez
a relação da melhor temperatura máxima obtida na promoção da maior quantidade de peças
de primeira qualidade.
A determinação da qualidade dos tijolos foi iniciada após a conclusão do processo de
queima e resfriamento das câmaras e, realizada através da contagem e classificação
destes. A referência da classificação dos mesmos foi determinada com base na coloração e
presença/ausência de tortuosidade na peça cerâmica, sendo: primeira qualidade (peças de
coloração avermelhada e sem tortuosidades), segunda qualidade (peças que não possuem
a coloração avermelhada) e quebradas. Na empresa onde o estudo foi conduzido, apenas
as peças de primeira qualidade são comercializadas.
Para a estimativa dos custos com a aquisição da madeira, foram obtidos através da
empresa, os valores máximo e mínimo de compra no ano de 2019, para cada espécie, pelo
respectivo consumo em estéreis – st. Para a estimativa da receita foram obtidos os valores
máximo e mínimo para venda de um milheiro no mesmo ano pela respectiva produção de
tijolos de primeira qualidade. Não foram consideradas receitas oriundas da venda de
subprodutos considerados.
Na empresa, os elementos de custos e receitas não ocorrem no mesmo tempo.
Desta forma, para fins de análise da receita líquida, foi necessário calcular o valor presente
dos custos e receitas (valores considerados no período zero) através de um fator de

46
atualização de capital em regime de capitalização composto. Tal procedimento foi
necessário porque a receita é obtida com 60% do valor percebido no ato da entrega do
produto e os outros 40% do valor percebidos 30 dias após a entrega do produto (valor
considerado no período 1). Para efetuar esta atualização de capital, foi aplicada uma taxa de
desconto de 0,96% a. m, baseada em taxas de juros aplicadas pelo BNDES em
financiamento de projetos para a indústria de cerâmica vermelha (ANICER, 2014).
Toda estimativa foi feita com base em valores mensais. Para estimar o elemento de
custo mensal, foram considerados apenas os custos com energia elétrica (R$ 18.000,00),
mão de obra (R$ 70.000,00), combustível (20.000,00) e a madeira (o custo a depender da
espécie utilizada). Mensalmente, a empresa realiza em média 55 queimas, valor este
utilizado para estimativa dos custos e receitas mensais.
A receita líquida total foi determinada pela diferença entre a receita total mensal e o
custo mensal, como também foi avaliada de acordo com o pior cenário (menor receita total e
maior custo) e o melhor cenário (maior receita total e menor custo).
O experimento foi avaliado segundo o delineamento inteiramente aleatorizado, sendo
três tratamentos (proporção de associação da madeira de Mimosa tenuiflora à madeira da
poda de Anacardium occidentale), com quatro repetições (queimas). Os dados foram
submetidos aos testes de Lilliefors para testar a normalidade, e Cochran para testar a
homogeneidade das variâncias. Em seguida, procedeu-se à análise de variância pelo teste
F, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey. Considerou-se sempre o nível de
significância de 5 %. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do software R
2.13.1.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O conhecimento do fator de empilhamento, Figura 1, é importante para estimar o
consumo médio de madeira (m³) no processo de queima das peças cerâmicas. Dessa
forma, o fator de empilhamento foi diferente nos montes de madeira da occidentale (3,48 st
m-3) e tenuiflora (3,69 st m-3) e, consequentemente o volume de madeira estimado em m³ e
em st m-3 é diferente.
O gabarito definido para a organização das madeiras dos diferentes tratamentos,
embora tenha dimensões semelhantes, possui diferentes volumes de madeira, a considerar
a quantidade de espaços vazios presentes entre as peças de madeira e que pode ser
estimado pelo fator de empilhamento.

47
Fig. 2 Fator de empilhamento entre as peças de madeira contidas na pilha de dimensões
conhecidas, obtido para as espécies Anacardium occidentale e Mimosa tenuiflora, utilizadas
no estudo.
Sendo assim, observou-se que a Mimosa tenuiflora organizadas em “montes”,
apresentou maior fator de empilhamento (3,69 st m -3), conforme se observa na figura 3. Nos
PMFS da Caatinga do estado de Pernambuco adota-se o fator de empilhamento de 3,32 st
m-3 para as espécies contidas nos planos (MEUNIER; FERREIRA; SILVA, 2018). Esse maior
fator de empilhamento se deve a duas principais características da tenuiflora, que apresenta
fustes de pequeno diâmetro e tortuosos (PAULA NETO et al. (1993) apud NUNES e
SOARES (2017); LOPES et al., 2015).
O consumo médio total de madeira no tratamento 0JP foi superior aos demais,
demandando uma queima média de 5,49 m³ de madeira da Anacardium occidentale. No
tratamento 50JP foi possível reduzir o volume da Anacardium occidentale para 1,71 m³,
totalizando 3,42 m³ de madeira consumida no tratamento. O consumo médio no tratamento
100JP foi inferior aos demais, representando a queima de 2,68 m³ da madeira da Mimosa
tenuiflora, Figura 2.

Fig. 3 Consumo médio total de madeira em m³ durante a queima de tijolos de acordo com
os tratamentos, sendo 0JP – 100% Anacardium occidentale, 50JP – 50% Anacardium
occidentale e 50% Mimosa tenuiflora e 100JP – 100% Mimosa tenuiflora.

48
A partir disso, foi possível determinar o consumo de madeira em m³ e observou-se
que houve uma redução de 38% do consumo de madeira no tratamento 50JP e de 51% no
tratamento 100JP. O consumo de combustível é um fator diretamente ligado à qualidade da
madeira na promoção de energia para a reação, o qual pode ser influenciado pelos
componentes químicos no momento da queima.
Há diferença significativa no teor de matérias voláteis e teor de carbono fixo das
espécies occidentale e tenuiflora. Dessa maneira, na Tabela 1 estão apresentados os
valores dos respectivos componentes da madeira de Anacardium occidentale e Mimosa
tenuiflora de acordo com cada tratamento estudado.

Tabela 1 Composição química imediata da madeira de Anacardium occidentale e Mimosa


tenuiflora.
TMV (%) TCz (%) TCF (%)
Tratamento Espécie
Média SD Média SD Média SD
0JP Anacardium occidentale 82.88 a ± 1.54 0.92 a ± 0.41 16.20 c ± 1.48
Anacardium occidentale 83.05 a ± 1.88 0.92 a ± 0.21 16.04 c ± 1.88
50JP
Mimosa tenuiflora 79.41 b ± 1.91 0.85 a ± 1.91 19.75 b ± 2.09
100JP Mimosa tenuiflora 77.72 c ± 2.58 0.66 a ± 0.22 21.62 a ± 2.62
TMV = teor de matérias voláteis, TCz = teor de cinzas, TCF = teor de carbono fixo. Médias seguidas da mesma
letra entre as espécies, para uma mesma área e variável, não diferem entre si, a 5% de significância, pelo teste
de Tukey.

Os resultados obtidos nos teores de matérias voláteis da espécie Mimosa tenuiflora


são favoráveis para uso como combustível, pois baixos teores proporcionam fornecimento
de energia mais duradouro durante a combustão e facilita a ignição do processo, caso
contrário ocorre a oxidação e rápida liberação de energia (BRITO e BARRICHELO, 2006;
JUIZO; LIMA; SILVA, 2017).
Após a queima da madeira de Anacardium occidentale foi possível observar nos
cinzeiros uma resina gomídera, de difícil remoção, exsudada a partir da exposição da
madeira a altas temperaturas. Dessa forma, os valores do teor de cinzas para essa espécie,
embora não tenha diferido estatisticamente da Mimosa tenuiflora, pode ser elevado pela
ocorrência dessa resina na madeira de occidentale. Portanto o elevado teor de cinzas pode
prejudicar a produção energética e troca de temperatura, devido à composição inorgânica e
a solidificação desse elemento, e então requer maior frequência de limpeza do local de
queima da madeira e dos cinzeiros (PONTE et al., 2019).
De acordo com os resultados de carbono fixo, é possível inferir que os tratamentos
50JP e 100JP apresentam potencial calorífico, devido a presença da tenuiflora, pois altos
teores de carbono fixo indica uma queima mais lenta e mais eficiente em termos energéticos
(SANTOS et al., 2019), embora a faixa ideal segundo Brito e Barrichelo (1982) para o teor
de carbono fixo seja entre 15 e 25%, que pode ser identificado em todos os tratamentos.

49
Assim, a queima mais lenta de um combustível é preferida na produção de tijolos, pois para
o produto quanto maior tempo exposto à temperatura ideal de forma estável, melhor será a
sua qualidade (CABÓ et al., 2015).
Além desses teores, há diferença no poder calorífico superior e na densidade básica
das espécies, em que a tenuiflora apresenta maiores valores. É possível verificar que
mesmo com o teor de umidade baixo, o tratamento 0JP possui alto consumo de madeira, o
que evidencia a necessidade de averiguar as características energéticas da madeira.

Tabela 2 Poder calorífico superior, densidade básica da madeira e umidade da madeira de


Anacardium occidentale e Mimosa tenuiflora.
PCS (kcalkg-1) DB (g/cm³) U (%)
Tratamento Espécie
Média SD Média SD Média SD
0JP Anacardium occidentale 4671 c ± 26 0.43 b ± 0.07 14.3 c ±3.4
Anacardium occidentale 4682 c ± 34 0.43 b ± 0.04 20.8 bc ± 20.3
50JP
Mimosa tenuiflora 4763 b ± 98 0.80 a ± 0.06 33.5 a ± 25.3
100JP Mimosa tenuiflora 4842 a ± 128 0.78 a ± 0.09 29.7 ab ± 22.5
DB = densidade básica, PCS = poder calorífico superior, U = umidade. Médias seguidas da mesma letra entre as
espécies, para uma mesma área e variável, não diferem entre si, a 5 % de significância, pelo teste de Tukey.

Nos resultados da densidade básica e do poder calorífico superior obtêm-se a


principal justificativa da utilização de uma madeira nativa da Caatinga para a geração de
energia. A Mimosa tenuiflora possui elevada densidade básica (0,80 g/cm³ – 50JP; 0,78
g/cm³ – 100JP) quando comparada à Anacardium occidentale (0,43 g/cm³ - 0JP e 50JP) e
elevado poder calorífico (4767 kcalkg-1 – 50JP; 4842 kcalkg-1 – 100JP. Segundo Santos et al
(2016), a madeira de Mimosa tenuiflora apresenta alta densidade e poder calorífico, o que
significa que possui maior quantidade de energia estocada por metro cúbico. Esse fator
interfere positivamente, quando se considera o transporte da madeira, ou seja, ao
considerar o transporte da madeira de tenuiflora na carroceria de um caminhão haverá
maior quantidade de energia transportada, ao contrário da occidentale.
Dessa forma o alto consumo da madeira de Anacardium occidentale no tratamento
0JP pode estar associado à baixa densidade básica e poder calorífico. Apesar de no
tratamento 50JP ocorrer redução do consumo de combustível devido às características
energéticas favoráveis da tenuiflora, a baixa densidade da occidentale pode ter contribuído
com o início da queima da tenuiflora. Segundo Machado Neto et al. (2015) a alta densidade
implica na dificuldade de iniciar a queima, mas após essa etapa a combustão torna-se
intensa.
Durante todo o processo de queima foi verificada a frequência de alimentação da
câmara concomitantemente ao registro das temperaturas. Dessa forma, quanto à frequência
de alimentação, foram registradas no tratamento 0JP 41 vezes, no tratamento 50JP 36
vezes e no tratamento 100JP 29 vezes. Como a frequência de alimentação se relaciona ao

50
fato de manter a temperatura estável, na figura 7 está apresentada a relação da temperatura
máxima atingida e quantidade de peças de primeira qualidade produzidas com as
proporções das madeiras de espécies selecionadas, conforme os tratamentos.
As características energéticas da madeira também influenciaram na frequência de
alimentação das câmaras. Em virtude dos resultados de matérias voláteis e carbono fixo,
como também a densidade básica e poder calorífico a frequência de alimentação no
tratamento 100JP foi menor, com intervalos por volta de 41 minutos. No tratamento 0JP o
intervalo de alimentação foi em média 29 minutos, o que implica que a energia contida na
madeira de occidentale é liberada mais rapidamente.
O fornecimento contínuo de calor durante a etapa de queima e a estabilidade da
temperatura são elementos que influenciam na qualidade do produto (tijolos) em termos de
coloração e integridade da peça. De modo a verificar o perfil térmico das câmaras durante o
processo de queima, na Figura 3 estão apresentadas as temperaturas obtidas durante a
queima dos tijolos na câmara, de cada repetição realizada em cada tratamento.

Fig. 4 Perfil térmico das câmaras durante a queima de tijolos. Em que: R1 = repetição 1, R2
= repetição 2, R3 = repetição 3 e R4 = repetição 4.

A partir da verificação dos pontos de máximo e mínimo das temperaturas alcançadas


no processo de queima dos tijolos, em cada tratamento, foi possível obter a curva de
temperatura, Figura 3. Dessa forma, a maior temperatura atingida quando se utilizou apenas
a madeira de occidentale (0JP) foi verificada aos 1040 ºC. Para os tratamentos 50JP e
100JP foram identificadas como temperaturas máximas alcançadas 1010 ºC e 1020 ºC,
respectivamente. A menor temperatura registrada foi para o tratamento 100JP com 902 ºC.

51
Fig. 5 Porcentagem de produtos de primeira qualidade em razão à temperatura máxima
obtida pelo fornecimento de calor das madeiras estudadas.

À medida que a temperatura se elevou, a porcentagem de peças de primeira


qualidade aumentou para os tratamentos 50JPC e 100JP. No entanto, o tratamento 50JP se
destacou com produção de tijolos de primeira qualidade próximos a 100%, quando se
utilizou uma temperatura de 1010 ºC. No tratamento 100JP ocorreu uma redução da
qualidade das peças quando se atingiu temperaturas acima de 1000 ºC.
De maneira geral, quanto à classificação das peças após o processo de queima de
acordo com cada tratamento utilizado, foi verificado que em média no tratamento 0JP (100%
de Anacardium occidentale) 89% das peças foram de primeira qualidade e 10% de segunda
qualidade. Já no tratamento 50JP (50% de Anacardium occidentale e 50% de Mimosa
tenuiflora), as peças de primeira qualidade corresponderam a uma proporção de 94% e 6%
de segunda qualidade. No tratamento que utilizou apenas a madeira da Mimosa tenuiflora
(100JP), 88% das peças foram de primeira qualidade e 12% de segunda qualidade. Em
nenhum dos tratamentos foi registrada a ocorrência de peças quebradas.

52
Embora exista o apelo sustentável para o uso da madeira, como fonte limpa e
renovável de energia, é importante verificar a eficiência em termos econômicos da sua
utilização. Através dos dados apresentados na tabela 3, foi possível observar que, nos
tratamentos 50JP e 100JP, houve redução quanto ao custo de aquisição desse combustível.

Tabela 3 Estimativa dos custos de aquisição da madeira por fornada, conforme os


tratamentos do estudo.
Compra (R$/st) Total(R$)
Tratamento Espécie CON(st) RED(%)
MIN MAX MIN MAX
0JP occidentale 19,15 21,00 25,00 402,15 478,75 -
occidentale 6,34 21,00 25,00 124,74 148,50 17,16%
50JP
tenuiflora 5,94 32,00 40,00 202,88 253,60
100JP tenuiflora 9,91 32,00 40,00 317,12 396,40 19,00%
Con = consumo de madeira em cada tratamento em st, MAX = valor máximo de compra(st) em 2019, MIN = valor
mínimo de compra(st) em 2019, RED = porcentagem da redução do custo de aquisição da madeira em relação
ao tratamento 0JP.

Quanto à estimativa dos custos de aquisição, foi possível verificar que, apesar do
preço de compra da occidentale ser menor, e por essa razão é comumente utilizada nas
indústrias de cerâmica vermelha do RN, o consumo desse combustível é maior por ser
menos eficiente energeticamente, o que reflete no maior custo final de aquisição.
Considerando-se que os custos operacionais de produção são similares,
independentemente do uso da occidentale ou da tenuiflora, a utilização da madeira de
tenuiflora como fonte de energia no processo de queima de tijolos, reduziu o custo de
aquisição da lenha, que pode gerar economia para a empresa em torno de 17% a 19% por
câmara em funcionamento, a depender do tratamento utilizado.
Além da redução do custo de aquisição da madeira, houve incremento de 5,62% na
receita da venda dos tijolos ao fazer o uso da proporção de madeira indicada no tratamento
50JP, conforme pode ser observado na tabela 4:

Tabela 4 Estimativa da receita da venda dos tijolos, por fornada, com base na quantidade de
produtos de primeira qualidade produzidos.
Venda(R$) TOT(R$)
Tratamento QUANT REC(%)
MIN MAX MIN MAX
0JP 89% 290,00 340,00 2.581,00 3.026,00 -
50JP 94% 290,00 340,00 2.726,00 3.196,00 5.62%
100JP 88% 290,00 340,00 2.552,00 2.992,00 -1.12%
QUANT = porcentagem de peças de primeira qualidade, MAX = valor máximo de venda de 1 milheiro de tijolo em
2019, MIN = valor mínimo de venda de 1 milheiro de tijolo em 2019, TOT = total da receita em cada tratamento,
REC = porcentagem do incremento ou redução na receita em relação ao tratamento 0JP, conforme os
tratamentos.

Na receita da venda dos tijolos, observou-se que houve um ganho no tratamento


50JP, mas no tratamento 100JP a queda na quantidade de tijolos de primeira qualidade
promoveu uma perda na receita (queda de receita de 1,12% em relação ao tratamento 0JP).
Esse fato pode ser associado ao controle manual de alimentação da câmara, em que ao

53
utilizar uma espécie diferente, a temperatura pode ter oscilado além do aceitável,
promovendo rachaduras e quebras nos tijolos.
Desta forma, para o calculo da receita líquida, inicialmente foi necessário a
realização da atualização da receita bruta, cujos resultados são apresentados na tabela 5:

Tabela 5 Ajuste da receita da venda de tijolos por queima (em R$).


Tratamento REC – 0 (R$) REC – 1 (R$) REC - 0,96% (R$) REC – VP (R$)
MIN MAX MIN MAX MIN MAX MIN MAX
0JP 1.548,60 1.815,60 1.032,40 1.210,40 1.022,58 1.198,89 2.571,18 3.014,49
50JP 1.635,60 1.917,60 1.090,40 1.278,40 1.080,03 1.266,24 2.715,63 3.183,84
100JP 1.531,20 1.795,20 1.020,80 1.196,80 1.011,09 1.185,42 2.542,29 2.980,62
REC – 0 = receita no tempo zero ou 60% do valor da receita total, REC – 1= receita no tempo um ou 40% do
valor total da receita (30 dias após a entrega do produto), REC – 0,96% = receita com a aplicação da taxa de
desconto de 0,96% a. m., REC – VP = receita total em valor presente após o ajuste.

De acordo com a tabela 5, é possível verificar que mesmo após a atualização do


capital utilizando-se a correção da taxa de desconto, a receita (por forno) das vendas de
tijolos queimados com a proporção de 50% occidentale e 50% tenuiflora (tratamento 50JP)
foi superior aos demais tratamentos estudados. No entanto, é necessário verificar a receita
líquida após as deduções com as despesas da empresa. Na tabela 6 encontra-se os
resultados da receita líquida total mensal.

Tabela 6 Receita líquida mensal da venda de tijolos por tratamento (em R$).
Custo total mensal (R$) REC total mensal (R$) REC líquida mensal (R$)
Tratamento Melhor cenário
MIN MAX MIN MAX Pior cenário % %
0JP 130.118,25 134.331,25 141.415,08 165.796,99 7.083,83 - 35.678,74 -
50JP 126.019,10 130.11,.50 149.359,74 175.111,42 19.244,24 172 49.092,32 38
100JP 125.441,60 129.802,00 139.826,14 163.934,10 10.024,14 42 38.492,50 8
REC = receita da venda dos tijolos queimados conforme cada tratamento, % = porcentagem do incremento na
receita líquida mensal em relação ao tratamento 0JP.

O uso da madeira nativa legalizada como fonte energética na etapa de queima dos
tijolos, permitiu um ganho na receita líquida mensal, inclusive no pior cenário da empresa
(alto custo e baixa receita). A associação de occidentale e tenuiflora (50JP) demonstrou um
ganho mais expressivo da receita líquida mensal da venda de tijolos, em comparação aos
demais tratamentos e, para a queima somente de tenuiflora (100JP) é necessário realizar
ajustes no processo, como o tempo e temperatura da queima, bem como a padronização da
alimentação do forno .
Ressalta-se que para esses valores só foram considerados os custos com energia
elétrica, mão de obra, combustível e madeira, e que outros custos podem ser inseridos na
contabilidade. Dessa forma, recomenda-se adotar processos diferentes a depender da
espécie utilizada como fonte de energia e mais estudos que avaliem a utilização de outras
espécies ou fontes de biomassas no processo de queima de materiais cerâmicos.

54
5. CONCLUSÕES
A Mimosa tenuiflora é uma espécie potencial para geração de energia na etapa de
queima dos tijolos, por apresentar características favoráveis para tal produção, o que
promoveu a redução do consumo do volume de madeira nos tratamentos 50JP e 100JP.
Embora o preço de compra da tenuiflora seja mais alto, a redução do consumo em m³,
promoveu uma economia com o custo total de aquisição por queima.
Ao contrário da tenuiflora o preço de compra da occidentale é menor, mas as suas
características energéticas como baixa densidade e poder calorífico, principalmente, elevam
o consumo desse combustível em m³. Consequentemente, o custo total de aquisição da
occidentale é maior.
Além disso, a associação da occidentale à tenuiflora no tratamento 50JP, além de
reduzir o consumo de madeira em m³, resultou no aumento de peças de primeira qualidade
ao ser atingida a temperatura máxima de 1010°C. Para o uso somente da tenuiflora,
recomenda-se a mudança do processo de queima dos tijolos, tais como o tempo de
sinterização, temperatura máxima e frequência de alimentação, através de estudos
preliminares, a fim de padronizar esse processo para ocorrer menos oscilações de
temperatura e manter a integridade da peça, promovendo o aumento de peças de primeira
qualidade.

6. AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

7. REFERÊNCIAS
ANICER. Crédito auxilia indústrias de cerâmica vermelha. Revista da Anicer, Rio de
Janeiro, v. 91, n. 1, p.1-1, dez. 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 8112: Carvão vegetal


- Análise Imediata. Rio de Janeiro; 1986.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 11941: Madeira -


determinação da densidade básica. Rio de Janeiro, 2003. 6 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14929: madeira: determinação


da umidade da madeira. Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8633: Carvão vegetal -


Determinação do poder calorífico. Rio de Janeiro: ABNT, 1984. 13 p.

55
BRITO, J. O., BARRICHELO, L. E. G.; ESALQ-USP; Aspectos Técnicos da utilização da
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CABÓ, A. et al. Sistema microcontrolado de baixo custo para o monitoramento de altas


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Açu Potiguar. In: TAVARES, Silvio Roberto de Lucena (Ed.). Biocombustíveis sólidos.
Brasilia: Editora do Ifrn. Cap. 7. p. 220-258. 2014.

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1531, set. 2009. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.apenergy.2008.10.013.

SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Boletim de


Inteligência: Construção civil. [s.i.]: Sebrae, 2015.

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clean technologies in red ceramic industries. Journal Of Cleaner Production, [s.l.], v. 168,
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de produtos florestais nativos legalizados no estado do Rio Grande do Norte. 2018. 65 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-graduação em Ciências Florestais, Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Macaiba, 2018.

UNNARAPONG, P.; PROMWUNGKWA, A.; TIPPAYAWONG, N. Development and


Performance Evaluation of a Biomass Gasification System for Ceramic Firing Process.
Energy Procedia, [s.l.], v. 110, p.53-58, mar. 2017. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.egypro.2017.03.105.

WELFLE, A. Balancing growing global bioenergy resource demands - Brazil's biomass


potential and the availability of resource for trade. Biomass And Bioenergy, [s.l.], v. 105,
p.83-95, out. 2017. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.biombioe.2017.06.011.

58
ANEXO 1 – Normas da Revista Scientia Forestalis - Artigo 1

1.Serão aceitos textos apenas em formatos compatíveis ao Microsoft Word;


2. O texto deve conter no máximo 25 páginas numeradas, escritas em espaço duplo lauda
em papel tamanho carta, utilizando a fonte Arial tamanho 12 pontos;
3. Abreviações devem ser usadas em apenas uma forma. Uma vez que uma abreviação é
usada no texto, ela deve seguir o mesmo padrão para todo a manuscrito e também nas
figuras e tabelas;
4. As figuras e tabelas devem ser apresentadas no final do texto, com as legendas em
português e inglês e a sua localização aproximada deve ser indicada no texto com uma
chamada entre dois parágrafos. Exemplo: Entra a Figura 2; Entra a Tabela 4;
5. As fotos devem ser enviadas em formato JPEG com, no mínimo 300 dpi de resolução e
no máximo 20 cm de largura;
6. Os gráficos devem ser enviados no Microsoft Excel ou no formato de fotos, conforme
comentado no item anterior;
7. As tabelas devem estar digitadas e não serão aceitas em formato de imagem;
8. A primeira página deve conter: título em português e ingles;
9. As referências bibliográficas e citações devem estar de acordo com as normas da ABNT
NBR6023:2002 e NBR 10520:2002;
10. Não são aceitas notas de rodapé.
SEQUÊNCIA DE APRESENTAÇÃO:
1. Título em português e inglês;
2. Resumo em português e inglês: o resumo deve conter os objetivos, a metodologia, os
resultados e as conclusões;
3. Palavras-chave em português e inglês;
4. Introdução, incluindo a revisão de literatura;
5. Material e métodos;
6. Resultados e discussão;
7. Conclusão;
8. Referências bibliográficas.

59
ANEXO 2 – Normas da Revista Wood Science and technology - Artigo 2

SUBMISSÃO DE MANUSCRITO
Submissão de manuscrito
A submissão de um manuscrito implica: que o trabalho descrito não tenha sido publicado
antes; que não está sob consideração para publicação em nenhum outro lugar; que sua
publicação foi aprovada por todos os coautores, se houver, bem como pelas autoridades
responsáveis - tacitamente ou explicitamente - no instituto onde o trabalho foi realizado. O
editor não será considerado legalmente responsável por eventuais reclamações de
compensação.
Permissões
Os autores que desejarem incluir figuras, tabelas ou passagens de texto que já tenham sido
publicados em outro local deverão obter permissão do proprietário dos direitos autorais para
o formato impresso e on-line e incluir provas de que tal permissão foi concedida ao enviar
seus artigos. . Qualquer material recebido sem tal evidência será assumido como originário
dos autores.
Submissão Online
Por favor, siga o hiperlink “Enviar on-line” à direita e faça o upload de todos os seus arquivos
do manuscrito seguindo as instruções dadas na tela.
Por favor, certifique-se de fornecer todos os arquivos de origem editáveis relevantes. Deixar
de enviar esses arquivos de origem pode causar atrasos desnecessários no processo de
revisão e produção.

FOLHA DE ROSTO
Folha de rosto
A página de título deve incluir:
 O nome do (s) autor (es)
 Um título conciso e informativo
 A (s) afiliação (ões) e endereço (s) do (s) autor (es)
 O endereço de e-mail e o (s) número (s) de telefone do autor correspondente
 Se disponível, a ORCID de 16 dígitos do (s) autor (es)

Resumo
Por favor, forneça um resumo de 150 a 250 palavras. O resumo não deve conter
abreviações indefinidas ou referências não especificadas.

TEXTO
Observe:

60
 O uso de notas de rodapé não é incentivado
 Manuscritos com conteúdo matemático também podem ser enviados no LaTeX. O
envio deve incluir a fonte original (incluindo todos os arquivos e figuras de estilo) e
uma versão em PDF da saída compilada.
 Todos os manuscritos submetidos devem ser escritos em inglês.
 Os manuscritos devem ser enviados em formato vertical.
 Os manuscritos devem ser paginados!

Estrutura
Os manuscritos devem ser estruturados nas seguintes seções principais:
 Resumo (não deve conter abreviações indefinidas)
 Introdução (no final descrevendo o objetivo do estudo, idealmente hipóteses)
 Materiais e métodos
 Resultados e discussão
 Conclusão

ESTILO CIENTÍFICO
Por favor, use sempre sinais e símbolos aceitos internacionalmente para unidades (unidades
do SI).
Por favor, use a notação matemática padrão para fórmulas, símbolos, etc .:
Itálico para letras únicas que denotam constantes matemáticas, variáveis e quantidades
desconhecidas
Romano / vertical para numerais, operadores e pontuação e funções ou abreviações
comumente definidas, por exemplo, cos, det, e ou exp, lim, log, max, min, sen, tan, d (para
derivado)
Negrito para vetores, tensores e matrizes.

REFERÊNCIAS
Citação
Cite referências no texto por nome e ano entre parênteses. Alguns exemplos:
 A pesquisa de negociação abrange muitas disciplinas (Thompson, 1990).
 Este resultado foi posteriormente contradito por Becker e Seligman (1996).
 Este efeito tem sido amplamente estudado (Abbott 1991; Barakat et al. 1995a, b;
Kelso e Smith 1998; Medvec et al. 1999, 2000).

Lista de referência
A lista de referências deve incluir apenas trabalhos que são citados no texto e que foram
publicados ou aceitos para publicação. Comunicações pessoais e obras inéditas só devem

61
ser mencionadas no texto. Não use notas de rodapé ou notas de fim como substituto de
uma lista de referências.
As entradas da lista de referências devem ser alfabetizadas pelos sobrenomes do primeiro
autor de cada trabalho. Encomende publicações multi-autor do mesmo primeiro autor
alfabeticamente em relação ao segundo, terceiro, etc. autor. Publicações de exatamente o
(s) mesmo (s) autor (es) devem ser ordenadas cronologicamente.
 artigo de jornal
Gamelin FX, Baquet G, Berthoin S, Thevenet D, Nourry C, Nottin S, Bosquet L. (2009) Efeito
do treinamento intermitente de alta intensidade na variabilidade da freqüência cardíaca em
crianças pré-púberes. Eur J Appl Physiol 105: 731-738.https://doi.org/10.1007/s00421-008-
0955-8
Idealmente, os nomes de todos os autores devem ser fornecidos, mas o uso de “et al” em
longas listas de autores também será aceito:
Smith J, Jr Jones M, Houghton L et al (1999) Futuro do seguro de saúde. N Engl J Med 965:
325-329
 Artigo por DOI
Slifka MK, Whitton JL (2000) Implicações clínicas da produção desregulada de citocinas. J
Mol Med. https://doi.org/10.1007/s001090000086
 Livro
Sul J, Blass B (2001) O futuro da genômica moderna. Blackwell, Londres
 Capítulo de livro
Brown B, Aaron M (2001) A política da natureza. In: Smith J (ed) O surgimento da moderna
genômica, 3rd edn. Wiley, Nova Iorque, pp 230-257
 Documento on-line
Cartwright J (2007) Grandes estrelas têm tempo também. IOP Publishing
PhysicsWeb. http://physicsweb.org/articles/news/11/6/16/1. Acessado em 26 de junho de
2007
 Dissertação
Trent JW (1975) Insuficiência renal aguda experimental. Dissertação, Universidade da
Califórnia
Sempre use a abreviação padrão do nome de um periódico de acordo com a lista de
abreviações de palavras de título ISSN.

Se você não tiver certeza, use o título completo da revista.


Para os autores que usam o EndNote, o Springer fornece um estilo de saída que suporta a
formatação de citações no texto e lista de referência.

 Estilo EndNote (zip, 2 kB)

62
Por favor, forneça a cada referência uma tradução em inglês do título (se não estiver escrito
em inglês).
O número DOI só é necessário se a referência ainda não estiver publicada na impressão.
Você também pode usar a abreviação padrão do nome de um periódico de acordo com as
abreviações de título do periódico ISI.

TABELAS
 Todas as tabelas devem ser numeradas usando algarismos arábicos.
 As tabelas devem sempre ser citadas em texto em ordem numérica consecutiva.
 Para cada tabela, forneça uma legenda da tabela (título) explicando os componentes
da tabela.
 Identifique qualquer material publicado anteriormente, fornecendo a fonte original na
forma de uma referência no final da legenda da tabela.
 As notas de rodapé das tabelas devem ser indicadas por letras minúsculas
sobrescritas (ou asteriscos para valores de significância e outros dados estatísticos)
e incluídas abaixo do corpo da tabela.

OBRAS DE ARTE E ILUSTRAÇÕES


Submissão Eletrônica de Figuras
 Forneça todas as figuras eletronicamente.
 Indique qual programa gráfico foi usado para criar o trabalho artístico.
 Para gráficos vetoriais, o formato preferido é EPS; para meios-tons, use o formato
TIFF. Arquivos MSOffice também são aceitáveis.
 Gráficos vetoriais contendo fontes devem ter as fontes incorporadas nos arquivos.
 Nomeie seus arquivos de figura com "Fig" e o número da figura, por exemplo,
Fig1.eps.
 Definição: Gráfico preto e branco sem sombreado.
 Não use linhas fracas e / ou letras e verifique se todas as linhas e letras dentro das
figuras são legíveis no tamanho final.
 Todas as linhas devem ter pelo menos 0,1 mm (0,3 pt) de largura.
 Desenhos de linha digitalizados e desenhos de linha no formato de bitmap devem ter
uma resolução mínima de 1200 dpi.
 Gráficos vetoriais contendo fontes devem ter as fontes incorporadas nos arquivos.
Arte de meio-tom
 Definição: Fotografias, desenhos ou pinturas com bom sombreamento, etc.
 Se alguma ampliação for usada nas fotografias, indique isso usando barras de
escala dentro das próprias figuras.

63
 Meios-tons devem ter uma resolução mínima de 300 dpi.
Arte combinada
 Definição: uma combinação de meios-tons e linhas artísticas, por exemplo, meios-
tons contendo linhas, letras extensas, diagramas de cores, etc.
 A arte combinada deve ter uma resolução mínima de 600 dpi.
Arte de cor
 A arte da cor é gratuita para publicação online.
 Se aparecer preto e branco na versão impressa, certifique-se de que as informações
principais ainda estarão visíveis. Muitas cores não são distinguíveis umas das outras
quando convertidas para preto e branco. Uma maneira simples de verificar isso é
fazer uma cópia xerográfica para ver se as distinções necessárias entre as diferentes
cores ainda são aparentes.
 Se as figuras forem impressas em preto e branco, não se refira à cor nas legendas.
 As ilustrações coloridas devem ser enviadas como RGB (8 bits por canal).
Figura Lettering
 Para adicionar letras, é melhor usar Helvetica ou Arial (fontes sem serifa).
 Mantenha as letras consistentemente dimensionadas em todas as suas obras de arte
de tamanho final, geralmente de 2 a 3 mm (8 a 12 pt).
 A variação do tamanho do tipo dentro de uma ilustração deve ser mínima, por
exemplo, não use o tipo 8-pt em um eixo e o tipo 20-pt para a etiqueta do eixo.
 Evite efeitos como sombreado, letras de contorno, etc.
 Não inclua títulos ou legendas nas suas ilustrações.
Numeração de Figuras
 Todas as figuras devem ser numeradas usando algarismos arábicos.
 As figuras devem ser sempre citadas em texto em ordem numérica consecutiva.
 As partes da figura devem ser indicadas por letras minúsculas (a, b, c, etc.).
 Se um apêndice aparecer em seu artigo e contiver uma ou mais figuras, continue a
numeração consecutiva do texto principal. Não numere os números do apêndice,
 "A1, A2, A3, etc." Os números em apêndices on-line (material suplementar
eletrônico) devem, no entanto, ser numerados separadamente.

Legenda das figuras


 Cada figura deve ter uma legenda concisa descrevendo com precisão o que a figura
descreve. Inclua as legendas no arquivo de texto do manuscrito, não no arquivo de
figura.

64
 As legendas das figuras começam com o termo Fig. Em negrito, seguido pelo
número da figura, também em negrito.
 Nenhuma pontuação deve ser incluída após o número, nem qualquer pontuação
deve ser colocada no final da legenda.
 Identifique todos os elementos encontrados na figura na legenda da figura; e use
caixas, círculos, etc., como pontos de coordenadas em gráficos.
 Identifique o material publicado anteriormente, fornecendo a fonte original na forma
de uma citação de referência no final da legenda da figura.
Figura de colocação e tamanho
 As figuras devem ser enviadas separadamente do texto, se possível.
 Ao preparar suas figuras, dimensione as figuras para ajustá-las na largura da coluna.
 Para revistas de grandes dimensões, os valores devem ser de 84 mm (para áreas de
texto com duas colunas) ou 174 mm (para áreas de texto com uma única coluna) de
largura e não superiores a 234 mm.
 Para revistas de pequeno porte, os números devem ter 119 mm de largura e não
mais de 195 mm.
Permissões
Se você incluir figuras que já foram publicadas em outro lugar, deverá obter permissão do
(s) proprietário (s) dos direitos autorais para o formato impresso e on-line. Esteja ciente de
que alguns editores não concedem direitos eletrônicos de graça e que a Springer não
poderá reembolsar quaisquer custos que possam ter ocorrido para receber essas
permissões. Em tais casos, material de outras fontes deve ser usado.

Acessibilidade
A fim de dar às pessoas de todas as habilidades e incapacidades acesso ao conteúdo das
suas figuras, certifique-se de que

 Todas as figuras têm legendas descritivas (usuários cegos poderiam então usar um
software de texto para fala ou um hardware de texto para Braille)
 Os padrões são usados em vez de ou em adição às cores para transmitir
informações (usuários daltônicos poderiam então distinguir os elementos visuais)
 Qualquer figura de figura tem uma taxa de contraste de pelo menos 4,5: 1
Arte de cor
 Os custos de impressão a cores devem ser suportados pelos próprios autores e
totalizam 950,00 euros mais IVA. Se você não estiver preparado para pagar os
custos, precisará alterar suas Figuras de modo que elas sejam legíveis quando
impressas em preto e branco.

65
 Observe: somente uma versão do seu manuscrito pode ser enviada, ou seja, se o
seu manuscrito contiver figuras coloridas e você não estiver disposto a pagar a taxa
mencionada acima, as Figuras aparecerão on-line em cores e impressas em preto e
branco.

MATERIAL SUPLEMENTAR ELETRÔNICO


Springer aceita arquivos multimídia eletrônicos (animações, filmes, áudio, etc.) e outros
arquivos suplementares para serem publicados on-line, juntamente com um artigo ou
capítulo de um livro. Esse recurso pode adicionar dimensão ao artigo do autor, pois certas
informações não podem ser impressas ou são mais convenientes em formato eletrônico.
Antes de enviar conjuntos de dados de pesquisa como material suplementar eletrônico, os
autores devem ler a política de dados de pesquisa da revista. Encorajamos os dados de
pesquisa a serem arquivados nos repositórios de dados sempre que possível.
Submissão
 Forneça todo o material suplementar em formatos de arquivo padrão.
 Por favor, inclua em cada arquivo as seguintes informações: título do artigo, nome do
periódico, nomes dos autores; afiliação e endereço de e-mail do autor
correspondente.
 Para acomodar os downloads de usuários, lembre-se de que arquivos de tamanho
maior podem exigir tempos de download muito longos e que alguns usuários podem
ter outros problemas durante o download.
Áudio, Vídeo e Animações
 Proporção: 16: 9 ou 4: 3
 Tamanho máximo do arquivo: 25 GB
 Duração mínima do vídeo: 1 seg
 Formatos de arquivo suportados: avi, wmv, mp4, mov, m2p, mp2, mpg, mpeg, flv,
mxf, mts, m4v, 3gp
Texto e Apresentações
 Envie seu material em formato PDF; Os arquivos .doc ou .ppt não são adequados
para a viabilidade a longo prazo.
 Uma coleção de figuras também pode ser combinada em um arquivo PDF.
Planilhas
 As planilhas devem ser enviadas como arquivos .csv ou .xlsx (MS Excel).
 Formatos Especializados
 Formatos especializados, como .pdb (químico), .wrl (VRML), .nb (caderno
Mathematica) e .tex também podem ser fornecidos.
Coletando Múltiplos Arquivos

66
 É possível coletar vários arquivos em um arquivo .zip ou .gz.
Numeração
 Se fornecer qualquer material suplementar, o texto deve mencionar especificamente
o material como uma citação, semelhante a figuras e tabelas.
 Consulte os arquivos suplementares como "Recurso on-line", por exemplo, "...
conforme mostrado na animação (Recurso on-line 3)", "... dados adicionais são
fornecidos no Recurso on-line 4".
 Nomeie os arquivos consecutivamente, por exemplo, "ESM_3.mpg", "ESM_4.pdf".
Legendas
 Para cada material suplementar, forneça uma legenda concisa descrevendo o
conteúdo do arquivo.
Processamento de arquivos suplementares
 Material suplementar eletrônico será publicado como recebido do autor sem qualquer
conversão, edição ou reformatação.
Acessibilidade
Para permitir que pessoas com todas as habilidades e deficiências acessem o conteúdo de
seus arquivos suplementares, certifique-se de que
 O manuscrito contém uma legenda descritiva para cada material suplementar
 Os arquivos de vídeo não contêm nada que pisque mais de três vezes por segundo
(para que os usuários propensos a ataques causados por esses efeitos não sejam
colocados em risco).
EDIÇÃO DE LÍNGUA INGLESA
Para que os editores e revisores avaliem com precisão o trabalho apresentado em seu
manuscrito, você precisa garantir que o idioma inglês seja de qualidade suficiente para ser
entendido. Se precisar de ajuda para escrever em inglês, você deve considerar:
Perguntar a um colega que é um falante nativo de inglês para revisar seu manuscrito para
maior clareza.
 Visitando o tutorial em inglês que aborda os erros comuns ao escrever em inglês.
 Usando um serviço profissional de edição de idiomas, onde os editores aprimoram o
inglês para garantir que seu significado seja claro e identificar problemas que exijam
sua revisão. Dois desses serviços são fornecidos por nossos afiliados Nature
Research Editing Service e American Journal Experts. Os autores da Springer têm
direito a 10% de desconto em sua primeira submissão a qualquer um desses
serviços.

67
Observe que o uso de um serviço de edição de idioma não é um requisito para publicação
neste periódico e não implica ou garante que o artigo será selecionado para revisão por
pares ou aceito.
Se o seu manuscrito for aceito, ele será verificado por nossos copiadores para ortografia e
estilo formal antes da publicação.

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