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FILO MOLUSCA

O filo Mollusca (do latim mollis = mole) constitui um dos grupos mais abundantes
dentre os invertebrados, sendo superados apenas pelos artrópodes. Foram descritas mais
de 50.000 espécies vivas. Além disso, conhece-se cerca de 35.000 espécies fósseis,
sendo as conchas minerais dos animais um rico registro fóssil que data do período
Cambriano. Incluem-se nesse filo formas tais como mariscos, ostras, lulas, caramujos,
polvos etc.
O grupo é considerado muito bem sucedido evolutivamente, apresentando uma grande
diversidade de formas que habitam os mais variados ambientes (mar, água doce e terra).
Portanto, à primeira vista, torna-se difícil uma homogeneidade morfológica entre seus
representantes. Contudo, o filo, de maneira geral, apresenta animais com corpo mole
não segmentado e muitas vezes protegido por uma concha calcária. Muitas espécies de
moluscos são utilizadas na alimentação humana, como as ostras, mariscos, mexilhões,
lulas e polvos.
As características básicas dos representantes do filo podem ser resumidas em animais de
corpo mole, não segmentado, com simetria bilateral, triblásticos, celomados, trato
digestivo completo, sistema circulatório aberto, com presença de sistema respiratório,
excretor e nervoso.
Os moluscos de maneira geral apresentam o corpo constituído das seguintes partes:
cabeça, região onde se localizam a boca e os órgãos sensoriais (olhos e tentáculos), em
algumas formas, como polvo, esta região é bem desenvolvida e em outros, como os
mexilhões, é muito reduzida; pé ventral, órgão musculoso relacionado com a locomoção
(que pode ser por deslizamento, escavação e natação); massa visceral dorsal, área onde
encontram-se os órgãos de digestão, excreção e reprodução.
Recobrindo a massa visceral existe o manto (dobra carnosa da epiderme) que
geralmente é responsável pela formação da concha. Entre o corpo e o manto há um
espaço denominado cavidade do manto ou cavidade palial. Nesse espaço, situam-se as
brânquias. Na cavidade abrem-se ainda os sistemas digestivo, excretor e reprodutor.

Revestimento e proteção
A epiderme é simples, rica em células mucosas e geralmente ciliada. Uma dobra interna
da pele forma o manto ou pálio. Este, além de recobrir a massa visceral, secreta a
concha, constituída de carbonato de cálcio (CaCO3) e uma substância orgânica
(conchiolina). Existem cromatóforos responsáveis pela mudança de cor do corpo.
Na maioria dos moluscos vivos, não só a cavidade do manto, mas também o restante das
partes corporais expostas (incluindo o pé) são revestidos por cílios e contém células
glandulares mucosas. As glândulas mucosas são especialmente evidentes no pé, onde
lubrificam o substrato facilitando, assim, a locomoção.

Sustentação e locomoção
O esqueleto é representado pela concha externa com uma só peça (univalve) ou com
duas peças articuladas (bivalve). As lulas apresentam um vestígio de concha, em forma
de pena, no interior do corpo, enquanto outros moluscos, como as lesmas, não
apresentam esqueleto. A locomoção geralmente é feita lentamente através do pé
musculoso que pode ser modificado para rastejar, cavar ou nadar. O polvo e a lula, além
de rastejarem, utilizando-se dos braços com ventosas, podem se locomover rapidamente
emitindo jatos d’água pelo sifão de propulsão.
Nutrição
O sistema digestivo é completo. Alguns animais (ostras e mexilhões) filtram nas
brânquias algas microscópicas, protozoários, bactérias e possuem, no interior do enorme
ceco intestinal, o estilete cristalino que secreta enzimas digestivas.
Os animais não filtradores (caracóis, lesmas, polvo, lula) são herbívoros e carnívoros.
Raspam o alimento (algas finas e outros organismos) que crescem sobre as rochas. A
boca anterior abre-se numa cavidade bucal revestida por cutícula, cujo piso é espessado
por uma massa cartilaginosa muscular e alongada, chamada odontóforo. Uma cinta
membranosa com fileiras transversais de dentes, a rádula, estende-se sobre o
odontóforo. Não só o odontóforo pode se projetar para fora da boca, mas também a
rádula pode se mover um pouco acima do odontóforo. A rádula cresce lentamente para
frente, sobre o odontóforo, para substituir sua perda gradual, resultado do desgaste da
raspagem.
Glândulas salivares (1 par pelo menos) abrem-se sobre a parede anterior da cavidade
bucal. Essas glândulas secretam muco, que lubrifica a rádula e envolve as partículas
alimentares ingeridas. O alimento nos cordões mucosos passa da cavidade bucal para o
esôfago tubular, do qual se move para o estômago. Nesse desembocam um par de
glândulas digestivas laterais (fígado). A digestão é realizada em parte intracelularmente
e em parte na cavidade gástrica. O longo intestino funciona na formação de pelotas
fecais, que são despejadas na cavidade do manto e carreadas pelas correntes exalantes.

Circulação
A cavidade celômica circunda o coração e parte do intestino. O coração dorsal é envolto
pelo pericárdio e apresenta 2 ou 3 câmaras (1 par de aurículas e 1 ventrículo). Nos
cefalópodes existem ainda os corações branquiais. Estes são vasos dilatados que
bombeiam o sangue para as brânquias e daí ao coração, que o distribui já oxigenado
para os tecidos.
No sangue da maioria dos moluscos existe como pigmento respiratório a hemocianina.
A circulação em geral é aberta, sendo exceção os cefalópodes, nos quais o sangue
encontra-se completamente encerrado em vasos revestidos por um endotélio.

Respiração
A respiração pode ocorrer através das brânquias, pelos “pulmões” ou ainda pela
epiderme. As brânquias podem se apresentar em forma de lâminas (mexilhão e ostras)
ou de pena, recebendo o nome de ctenídeos (nos cefalópodes). Nas formas terrestres
(caracóis e lesmas) a cavidade do manto é intensamente vascularizada e funciona como
um pulmão. Portanto, a respiração nos moluscos pode ser branquial ou pulmonar.

Excreção
A excreção se dá por um ou dois pares de nefrídios que também são chamados de
“rins”. Ocorre uma drenagem das excreções nitrogenadas do fluido celômico para a
cavidade do manto, estando, portanto uma extremidade do nefrídio conectada ao celoma
e outra abrindo-se na cavidade do manto.

Sistema nervoso
É do tipo ganglionar com vários pares de gânglios: cerebróides, pediosos, pleurais e
viscerais, de onde partem nervos para todo o organismo.
Os cefalópodes possuem um “cérebro” formado pela fusão de vários gânglios; desse
cérebro partem algumas fibras nervosas gigantes, não encontradas em outros moluscos.
Órgãos dos Sentidos
Existem algumas estruturas e órgãos sensoriais, tais como: células sensíveis ao tato na
epiderme; estatocistos (equilíbrio); osfrádios (quimiorreceptores); olhos
(fotorreceptores). O olho mais desenvolvido, com íris e cristalino, aparece nos
cefalópodes, enquanto nos demais moluscos o olho é rudimentar e aparece na
extremidade dos tentáculos.

Reprodução
A maioria dos moluscos apresenta sexos separados e alguns são hermafroditas. Nas
formas terrestres, e em alguns cefalópodes, a fecundação é interna e o desenvolvimento
é direto. Nos demais, a fecundação é externa e o desenvolvimento é indireto através da
larva ciliada de vida livre denominada véliger (nos animais marinhos) ou de larvas
conhecidas por gloquídeos, que se fixam e se desenvolvem nas brânquias de certos
peixes.

Classificação
O filo Mollusca compreende de 7 classes: Bivalvia, Gastropoda, Cephalopoda,
Polyplacophora, Scaphopoda, Monoplacophora e Aplacophora.

Classe Bivalvia (ou Pelecypoda)


A classe Bivalvia é representada, na sua maioria, por moluscos filtradores, tais como:
ostras, mexilhões, mariscos, etc. Habitam o ambiente aquático, tanto na água doce
quanto na salgada.
O corpo desses animais é lateralmente comprimido, possuindo uma concha com duas
valvas recobrindo-o. O pé, localizado na região antero - ventral, como o restante do
corpo, também é lateralmente comprimido, sendo esta a origem do nome pelecypoda,
que significa “pé em forma de machado” (do grego pele, machado e podos, pé). A
cabeça é muito reduzida e a cavidade do manto é mais espaçosa dentre as demais
classes de moluscos.
As duas valvas são unidas por dois grandes músculos dorsais, chamados adutores, que
são responsáveis pela abertura e fechamento da concha. Observando a superfície interna
dessas valvas (sem o corpo do animal), podemos evidenciar as cicatrizes de inserção
desses músculos adutores (anterior e posterior), além dos locais onde se prendem os
músculos retratores (anterior e posterior), responsáveis pelo recolhimento do pé, e o
protrator que auxilia o estendimento do pé.
As brânquias localizam-se na cavidade palial, ocorrendo um par de cada lado e são
recobertas exteriormente pelo manto. Nesta classe, as brânquias são usualmente muito
grandes e laminares, tendo, na maioria das formas, assumido a função de coletar
partículas alimentares, além da função respiratória (trocas gasosas).
Na região posterior, o manto origina dois canais para a entrada e saída de água,
chamados, respectivamente, de sifão inalante e exalante. A corrente de água é criada por
batimentos ciliares que ocorrem na cavidade do manto. Nas brânquias existe um muco
que aglutina as partículas alimentares existentes na água. Estas partículas são então
conduzidas através dos cílios das brânquias até a boca do animal.
Analisando estruturalmente a concha dos bivalves a partir da superfície externa para a
interna, encontramos 3 camadas distintas, a saber:
1-perióstraco: reveste externamente a concha, é formado por materiais orgânicos;
2-camada prismática: localiza-se numa posição intermediária e constitui-se de prismas
calcários (CaCO3);
3-camada nacarada: é a camada mais interna constituída por material orgânico e
calcário, tendo leve iridescência.
Em algumas espécies de ostras pode ocorrer a formação de pérolas. Quando algum
corpo estranho, areia ou parasita se introduz entre o manto e a concha, inicia-se uma
reação de defesa, que consiste em secretar camadas concêntricas de nácar em torno com
corpo estranho. Portanto, a forma da pérola depende do corpo estranho e pode-se
provocar artificialmente este processo (cultivo de pérolas).

Classe Gastropoda
A classe Gastropoda é a maior classe de moluscos, sendo representada pelos caracóis,
caramujos e lesmas. Compreende formas marinhas, de água doce e terrestres.
A cabeça é bem desenvolvida, com dois pares de tentáculos sensoriais, um deles
provido de olhos nas extremidades. O pé é grande, musculoso e serve para locomoção,
enquanto que a massa visceral fica encerrada dentro da concha. Nas formas terrestres,
junto à abertura da concha há um orifício que comunica o meio externo com a cavidade
do manto denominado poro respiratório ou pneumostoma. Nestas espécies, o manto é
muito vascularizado e funciona como um verdadeiro “pulmão”. Podemos observar
ainda o ânus e o poro excretor.
A concha, quando presente (as lesmas não a possuem), é tipicamente uma espiral cônica
compostas de voltas tubulares que contém a massa visceral do animal. As voltas se dão
em torno de um eixo central denominado columela. A última volta termina numa
abertura, da qual projetam-se a cabeça e o pé do animal vivo.

Classe Cephalopoda
Os cefalópodes formam um grupo muito especializado dentro dos moluscos. A classe é
representada pelos polvos, lulas, argonautas, náutilos, etc., todos marinhos. A maioria
apresenta adaptações para um modo de vida mais ativo, são predadores e nadam com
relativa rapidez.
A concha é muito reduzida ou ausente, nas lulas e sépias ela é interna e transparente,
denominada “pena”. Contudo, nos náutilos é externa, espiralada e dividida em câmaras
por septos. A primeira câmara contém o animal e as outras apresentam um gás cuja
quantidade regula a flutuabilidade e, consequentemente, a profundidade do animal.
A locomoção rápida neste grupo é feita por jato-propulsão, isto é, o animal expele a
água presente na cavidade do manto por contrações musculares através de um sifão
exalante, que junto com os tentáculos representam uma modificação do pé,
impulsionando o corpo do animal. Nos cefalópodes existem ainda outras
especializações relacionadas com um modo de vida ativo, tais como a capacidade de
camuflagem graças à presença de cromatóforos (células com pigmentos) na pele cuja
concentração ou expansão origina uma mudança rápida da cor; presença de uma
glândula de tinta escura que, quando esguichada na água, dificulta a visão dos
predadores que estão perseguindo o animal.
FILO ANNELIDA
O Filo Annelida (latim: annellus, um diminutivo de annulus, um anel) compreende os vermes
segmentados e inclui as conhecidas minhocas e sanguessugas, além de um grande número de
espécies marinhas e de água doce. Quanto ao tamanho, existem formas de 1 mm a 2 m de
comprimento.
Uma característica distinguível do filo é a segmentação (metamerismo), que é a divisão do
corpo em partes ou segmentos (metâmeros), que se arranjam numa série linear ao longo do eixo
antero-posterior. A segmentação encontrada nesse filo é externa e interna. Ao longo da
seqüência de metâmeros, há órgãos que se repetem como nefrídios e gânglios nervosos. A
divisão do corpo é dada por septos transversais que separam o celoma em cavidades,
normalmente correspondentes aos segmentos externos.
Na maioria dos segmentos, externamente, há cerdas quitinosas filiformes (não encontradas em
Hirudinea - uma das Subclasses do filo). O corpo é revestido por uma cutícula fina e úmida que
recobre uma epiderme contendo células glandulares e sensoriais.
Junto à parede do corpo, internamente, existe um sistema muscular constituído por músculos
circulares e longitudinais que possibilita ampla movimentação. O fluido celômico funciona
como um esqueleto hidráulico contra o qual os músculos agem para alterar a forma do corpo. A
contração dos músculos longitudinais faz com que o fluido celômico exerça uma força
direcionada lateralmente e o corpo se amplie. A contração dos músculos circulares faz com que
o fluido celômico exerça uma força no sentido ântero-posterior, alongando o corpo. As cerdas
laterais quitinosas, pareadas em cada segmento, aumentam a tração com o substrato.
Os anelídeos assemelham-se aos artrópodes, por terem o corpo segmentado e pela formação da
mesoderme a partir de células embrionárias especiais, e aos moluscos, pela presença de uma
larva trocófora.

Classificação
O Filo Annelida apresenta 3 grandes grupos: Oligochaeta (gr. Oligo = poucos + chaíte = cerda),
Polychaeta (gr. Polys = muito + chaíte = cerdas) e Hirudinea (Lt. Hirudo = sanguessuga) ou
Achaeta (sem cerdas) e dois grupos menores

Classe Oligochaeta
Os oligoquetos são anelídeos terrestres e de água doce, existentes também no mar. Ocorre um
pequeno número de cerdas ao longo do corpo, derivando daí o nome da classe.
A minhoca é o oligoqueto mais conhecido. No Brasil encontramos a “minhoca louca”
(Pheretyna hawayana) que apresenta movimentos de contrações rápidas quando incomodada,
por isso recebeu este nome na linguagem popular. A respiração é cutânea, pois existe uma
cutícula sempre úmida, secretada pela epiderme, que facilita as trocas gasosas, feitas por
difusão.
Não existe uma cabeça distinta e a boca encontra-se no primeiro segmento. Este é recoberto por
um lobo carnoso, o prostômio; o ânus situa-se no último segmento.
Há aproximadamente 150 segmentos (número muito variável dentro da classe). Em espécies
maduras encontramos o clitelo, uma dilatação glandular que recobre parcial ou totalmente
alguns segmentos formando uma espécie de faixa ao redor do corpo. Essa estrutura secreta
material para a formação dos casulos e também uma secreção viscosa, que ajuda na fixação do
casal durante a cópula. A posição do clitelo é variável, mas geralmente localiza-se na metade
anterior do verme e tem apenas alguns segmentos.
A maioria das espécies de oligoquetos alimenta-se de matéria orgânicas morta, especialmente
vegetais. As minhocas nutrem-se de matéria em decomposição, na superfície, e podem arrastar
folhas para dentro da galeria.
O trato digestivo é reto e relativamente simples. A boca, situada abaixo do prostômio, abre-se
no interior de uma pequena cavidade bucal, que por sua vez se abre em uma faringe espaçosa. A
parede dorsal da câmara faringeana é muscular e glandular. Nas minhocas, a faringe age como
uma bomba de sucção, além de produzir uma secreção salivar contendo muco e enzimas. A
faringe abre-se num esôfago tubular estreito, que pode formar uma moela (utilizada na moagem
do alimento) ou um papo (para armazenamento).
Uma característica importante do intestino dos oligoquetas é a presença de glândulas calcíferas
em determinadas partes do esôfago. Essas glândulas secretam carbonato de cálcio no interior do
esôfago, na forma de calcita. Os cristais liberados são transportados ao longo do intestino, mas
não são reabsorvidos, sugerindo que essa seja uma forma alternativa de eliminar CO2,
proveniente da respiração em solos com elevados níveis desse composto. Nesses, a difusão seria
impedida por um gradiente de concentração desfavorável. Ainda, sugere-se que as glândulas
funcionem para a eliminação do excesso de cálcio coletado no alimento.
Os oligoquetas movem-se por meio de contrações peristálticas, como descrito para os anelídeos
escavadores. A contração muscular circular e o conseqüente alongamento dos segmentos são
mais importantes no rastejamento e sempre geram um pulso de pressão e fluido celômico. A
contração muscular longitudinal é mais importante na escavação, na dilatação do buraco ou na
ancoragem dos segmentos contra a parede do buraco. As cerdas estendem-se durante a
contração muscular longitudinal e retraem-se durante a contração circular.
O intestino forma o restante do trato digestivo e estende-se como um tubo reto através de todo o
corpo, menos seu quarto anterior. A metade anterior do intestino é seu principal local de
secreção e digestão, e a metade posterior é primariamente absortiva. As minhocas secretam
além das enzimas digestivas comuns, quitinases e celulases. A área superficial do intestino
encontra-se aumentada em muitas minhocas por meio de uma crista ou dobra, chamada
tiflossole.
As atividades das minhocas têm efeito benéfico ao solo. As extensas galerias aumentam a
drenagem e a aeração do solo; a manobras de escavação misturam e revolvem o solo, fazendo
com que materiais mais profundos sejam levados à superfície, do mesmo modo que as
substâncias orgânicas e suas fezes nutritivas sejam deslocadas para níveis inferiores.

Classe Hirudinea (ou Achaeta) (cerca de 500 espécies)


Os hirudíneos são anelídeos aquáticos (água doce ou marinhos), raramente terrestres e são
considerados os mais especializados dentro do filo. Não possuem cerdas e a maioria é
ectoparasita, alimentando-se de sangue e fluidos de diversos animais. A espécie mais conhecida
é a sanguessuga Hirudo medicinalis.
As sanguessugas são principalmente noturnas, mas podem ser atraídas por alimento durante o
dia. Locomovem-se por movimentos sinuosos do corpo (como uma lagarta mede-palmos) e
usam as ventosas para fixação. Alguns também locomovem-se por natação.
O corpo das sanguessugas é achatado dorsoventralmente e freqüentemente afilado na parte
anterior. Há duas ventosas em suas extremidades. Uma menor e anterior que circunda a boca e
uma maior e posterior em forma de disco na posição ventral.
A segmentação externa não corresponde à interna. O número de segmentos é fixo em 34.
Contudo, a formação de segmentos secundários externos oculta esta segmentação original.
A maioria das espécies é hermafrodita com fecundação cruzada, o desenvolvimento direto e há
presença de clitelo. A respiração, a exemplo dos oligoquetos, é cutânea.
As formas sugadoras de sangue de mamíferos como o gênero Hirudo, apresentam
especializações para tal tipo de alimentação. A boca, localizada na extremidade anterior (na
ventosa), possui 3 mandíbulas com dentes quitinosos para perfuração da pele. Imediatamente
atrás dos dentes há uma faringe muscular sugadora que é seguida por um esôfago curto. Nessa
região abrem-se glândulas salivares que secretam uma substância anticoagulante chamada
hirudina. O resto do aparelho digestivo se constitui de um palpo com 11 pares de cecos laterais
(divertículos). Estes armazenam o sangue que será digerido em um estômago pequeno e
globoso. O terço posterior do canal alimentar é formado por um intestino simples ou com cecos
laterais que se estende a um reto curto. Este se esvazia ao exterior através de um ânus dorsal,
localizado na frente da ventosa posterior.
Os hirudíneos podem sugar uma enorme quantidade de sangue. Algumas espécies são capazes
de ingerir 10 vezes o seu próprio peso. A digestão ocorre muito lentamente fazendo com que
estes animais tolerem grandes períodos de jejum. Há estudos comprovados que sanguessugas
medicinais permaneçam sem se alimentar por até 1 ano e meio.
Um fato curioso é que, desde tempos remotos, Hirudo medicinalis tem sido usada para sangrias.
Durante o início do século XIX essa foi uma técnica comum, embora errônea, de tratamento
médico.
Classe Polychaeta
A classe Polychaeta (cerca de 8000 espécies) é representada por animais marinhos, tais como:
Eunice, Neanthus (antigo gênero Nereis), etc. Estes diferem dos oligoquetos em muitos
aspectos. As figuras 52 e 53 demonstram as variações de formas de poliquetos.
Os poliquetos apresentam em cada segmento do corpo um par de apêndices laterais carnosos,
semelhantes a nadadeiras, chamados parapódios, com muitas cerdas implantadas. Esses
apêndices laterais servem para locomoção e também, em algumas espécies, para trocas gasosas.
Na região anterior existe uma cabeça bem desenvolvida com um prostômio que contêm olhos,
antenas e um par de palpos. A boca situa-se no lado ventral, entre o prostômio e a região pós-
oral, chamada peristômio, que é o primeiro segmento verdadeiro. A região não segmentada
terminal (o pigídeo) traz o ânus. Porém poucos poliquetas exibem essa estrutura típica. Os
diferentes estilos de vida dos vermes dessa classe levaram a graus variáveis de modificação no
plano básico.
Esses anelídeos podem ser errantes (movimentos livres) ou sedentários (tubícolas). Os errantes
são vermes nadadores, carnívoros caçadores e, portanto, apresentam adaptações para este modo
de vida. Os parapódios são bem desenvolvidos, ocorrem apêndices sensoriais. A cabeça é
comumente provida de palpos ou outras estruturas para auxiliar a alimentação.
A respiração encontrada na classe é geralmente branquial. Os sexos são geralmente separados e
o desenvolvimento é indireto com uma larva trocófora. Existe também a reprodução assexuada
em algumas espécies (brotamento ou regeneração). Os poliquetas têm um alto poder de
regeneração. Os tentáculos, palpos e até as cabeças arrancadas por predadores são logo repostos.

Anatomia e Fisiologia Geral


Os aspectos fisiológicos dos anelídeos possuem variações dentro de suas classes, refletindo os
diferentes modos de vida, habitat, tipo de alimentação, etc. Aqui serão tratados aspectos
referentes apenas Subclasse Oligochaeta (minhoca).

Aparelho digestivo: O tubo digestivo é completo com regiões bem diferenciadas: boca, faringe
muscular, esôfago, papo, moela, intestino.

Respiração: As trocas gasosas se dão entre a epiderme e o meio. As glândulas mantêm a


epiderme úmida, facilitando a difusão do oxigênio. Este passa à corrente sangüínea e é
distribuído para todas as células do corpo. Geralmente há a presença de hemoglobina no sangue
que combina-se com o O2, transportando-o pelo corpo da minhoca.

Circulação: O sistema circulatório é fechado e consiste de dois grande vasos longitudinais, um


ventral e outro dorsal. Esses vasos comunicam-se através de vasos laterais que circundam o tubo
digestivo. Na região anterior os vasos laterais têm a capacidade de contração e bombeiam o
sangue, sendo chamados, portanto, de “corações laterais” (estes têm número variável).

Sistema Nervoso é do tipo ganglionar. Na região anterior do animal há dois gânglios cerebrais
(um supra-esofágico e um grande gânglio sub-esofágico), ligados por um anel nervoso ao redor
da faringe. Do gânglio sub-esofágico sai um cordão nervoso ventral que apresenta um par de
gânglios nervosos por metâmeros.

Reprodução
As minhocas são hermafroditas com fecundação cruzada, externa e desenvolvimento direto.
Na cópula, dois animais sexualmente maduros unem suas superfícies ventrais, com suas
extremidades anteriores opostas (figura 56). Ocorre troca de espermatozóides. Cada um dos
indivíduos elimina seus espermatozóides nos receptáculos seminais do outro, onde ficam
armazenados. Após a cópula, os animais separam-se e formam, ao redor do clitelo, um casulo
gelatinoso onde os óvulos são colocados.
O casulo contendo os óvulos desloca-se para a região anterior do animal e passa pelos poros dos
receptáculos seminais. Nesse momento os espermatozóides aí armazenados são liberados e
fecundam os óvulos no interior do casulo. Esse continua deslizando, sai do corpo do animal e,
depois de certo tempo, os ovos originam minhocas jovens.
Importância para o homem
A maior importância dos anelídeos está relacionada com a agricultura, onde as minhocas
desempenham um papel relevante na preparação de solos, deixando-os férteis para o plantio.
Elas alteram profundamente as condições físicas do terreno onde vivem, pois cavam galerias
aumentando a aeração, drenagem e retenção de água, além de homogeneizarem o solo. Os restos
digestivos das minhocas contêm substâncias que são necessárias ao crescimento dos vegetais.
Por esses motivos, alguns países com solo pouco apropriado ao cultivo chegam a importar
minhocas de outros países.

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