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ILHÉUS – BAHIA
2020
NATANIELLY RODRIGUES AVELINO
ILHÉUS – BAHIA
2020
A948 Avelino, Natanielly Rodrigues.
Alocação de biomassa e indicadores de qualidade
para mudas de espécies florestais nativas / Natanielly
Rodrigues Avelino. – Ilhéus, BA: UESC, 2020.
57 f. : il.
CDD 631.521
NATANIELLY RODRIGUES AVELINO
____________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Schramm Mielke
UESC/DCB
(Orientador)
____________________________________________
Prof. Dr. Daniel Piotto
UFSB
____________________________________________
Prof. Dr. Rafael Marani Barbosa
UESC/DCAA
A aqueles que sempre me apoiam, incentivam e se
alegram com minhas conquistas, minha mãe
Maria, meus irmãos Meiry e Pedro, minha
sobrinha Clara e em especial minha tia Rosy. E a
cada pessoa conhecida nessa trajetória, seja do
meio acadêmico ou social.
Dedico...
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me presentear com essa oportunidade. O Senhor sabe do momento certo
para todas as coisas, por isso entrego e confio meus caminhos a Ele.
Agradeço imensamente ao meu orientador Dr. Marcelo Schramm Mielke. Quão grata
sou por ter sido tão bem orientada ao longo desses dois anos. Sempre paciente, compreensivo
e disposto a ensinar. Com o professor Marcelo aprendi que a pesquisa científica não é apenas
uma profissão ou um caminho, é algo que se ama incondicionalmente.
A minhas coorientadoras Ândrea Carla Dalmolin e Martielly Santana dos Santos por
todo auxílio prestado ao longo dessa jornada. Agradeço em especial a Martielly, que além do
auxílio acadêmico sempre esteve pronta para ofertar uma palavra amiga e reconfortante nas
horas difíceis.
A todos os funcionários da UESC que contribuíram de algum modo. Aos docentes, pelos
ensinamentos e pelas orientações fornecidas, em especial a professora Ana Schilling. A
secretaria do PPGPV Carol por toda assistência fornecida, profissional que não mede esforços
para nos auxiliar. Ao Sr. Adelino, funcionário do viveiro de mudas, que sempre esteve pronto
para ajudar no que estava ao seu alcance.
Aos meus colegas da turma do PPGPV pelos momentos compartilhados em sala, pelo
apoio, incentivo e auxílio. Fomos muito privilegiados por nos encontrarmos em 2018. Agradeço
em especial a aqueles colegas que viraram amigos! A Thays e Thaiana, por me emprestarem o
amor de seus lares. A Eliaber, pelos abraços e conversas que sempre me acalmaram. A Jonathan
e Indiara, por sempre compartilharem do amor de Deus. A Márcia Eduarda, Cássia, Pedro e
Bismarck por sempre serem atenciosos e prestativos.
A equipe de trabalho e orientandos do professor Marcelo, sem vocês a trajetória seria
mais pesada. Agradeço especialmente o auxílio em campo do IC Gabriel. Agradeço do fundo
do meu coração a Amanda e Catriane pela amizade construída.
Agradeço imensamente aos meus familiares pelo apoio, por sempre acreditarem e
estarem ao meu lado diante minhas escolhas. Em especial a minhas avós e mãe, minhas três
Marias! A Meiry, Pedro, Clara, Kleverton e Rosy o meu muito obrigada!
À Universidade Estadual de Santa Cruz, especialmente ao Programa de Pós-Graduação
em Produção Vegetal, por contribuir com a minha formação acadêmica. A FAPESB pela
concessão da bolsa de estudo. Aos mestres Gabriel Salles Góes e Murilo Figueredo Campos de
Jesus pela instalação dos experimentos e coleta dos dados. Ao viveiro do Instituto Floresta Viva
por permitir a realização dos experimentos em suas instalações.
“ A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.
Albert Einstein
ALOCAÇÃO DE BIOMASSA E INDICADORES DE QUALIDADE PARA MUDAS
DE ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS
RESUMO
ABSTRACT
During the production phase of forest seedlings, procedures to evaluate their quality are
fundamental for the homogenization of plots and the success of reforestation plantations. Thus,
this study aimed to compare the Dickson quality index (DQI) among seedlings of native
Atlantic Forest tree species and to analyze the growth indicators that most influence the DQI.
For this, seedlings of six species were used: Calophyllum brasiliense, Eriotheca macrophylla,
Inga laurina, Psidium cattleyanum, Roupala montana e Sloanea obtusifolia. When sampling
seedlings in the nursery, the dry mass of leaves (DML), stems (DMS) and roots (DMR) were
evaluated, in addition to the height of the shoot (H) and diameter of the collection (D). From
these variables, the dry mass total (DMT), the dry mass of the aerial part (DMAP), the dry mass
ratio of the aerial part to dry mass of roots (DMAP / DMR), the of the leaf mass ratio (LMR),
the stem mass ratio (SMR) and the root mass ratio (RMR), the height of the aerial part by stem
diameter (H / D) and the Dickson quality index (DQI). The results were analyzed using
correlation analysis. The differences between the Dickson quality index values of the studied
species were not explained by the biomass allocation pattern characteristic of each species; the
root dry mass, total dry mass and the diameter of the collection are the best variables for
evaluating the quality of seedlings of forest species; and the diameter of the collection was the
best practical indicator to estimate the quality of seedlings of native forest species, because it is
non-destructive and has a high correlation with DQI. We present the proposal of a simple and
practical method for the evaluation of the D of seedlings in forest nurseries.
CB Calophyllum brasiliense
D Diâmetro do coleto
EM Eriotheca macrophylla
H Altura da parte aérea
H/D Razão altura da parte aérea por diâmetro do coleto
IL Inga laurina
IQD Índice de qualidade de Dickson
MS Massa seca
MSC Massa seca de caules
MSF Massa seca de folhas
MSR Massa seca de raízes
MSPA Massa seca da parte aérea
MSPA/MSR Razão de massa seca da parte aérea por massa seca de raízes
PC Psidium cattleyanum
RM Roupala montana
RMC Razão da massa de caules
RMF Razão da massa de folhas
RMR Razão da massa de raízes
SO Sloanea obtusifolia
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................11
2 REVISÃO DE LITERATURA ...............................................................................14
2.1 Produção e qualidade de mudas florestais .............................................................14
2.1.1 Viveiros florestais ......................................................................................................14
2.1.2 Recipiente ...................................................................................................................14
2.1.3 Substrato .....................................................................................................................15
2.1.4 Nutrientes ...................................................................................................................16
2.1.5 Tempo de permanência no viveiro .............................................................................17
2.2 Viveiros para produção de mudas florestais nativas ............................................17
2.3 Indicadores de crescimento e qualidade de mudas ...............................................18
2.3.1 Indicadores morfológicos da qualidade de mudas .....................................................19
2.3.1.1 Altura da parte aérea (H) ............................................................................................19
2.3.1.2 Diâmetro do coleto (D) ..............................................................................................20
2.3.1.3 Massa seca da planta (MS) .........................................................................................20
2.3.2 Índices morfológicos da qualidade de mudas ........................................................... 20
2.3.2.1 Razão altura da parte aérea por diâmetro do coleto (H/D) .........................................20
2.3.2.2 Razão massa seca da parte aérea por massa seca de raízes (MSPA/MSR) ................21
2.3.2.3 Índice de qualidade de Dickson (IQD) ......................................................................21
2.4 Mata Atlântica ..........................................................................................................23
2.4.1 Espécies florestais nativas da Mata Atlântica ............................................................24
2.4.1.1 Calophyllum brasiliense Cambess. ............................................................................24
2.4.1.2 Eriotheca macrophylla (K. Schum.) A. Robyns ........................................................25
2.4.1.3 Inga laurina (Sw) Willd .............................................................................................25
2.4.1.4 Psidium cattleyanum Sabine ......................................................................................26
2.4.1.5 Roupala montana var. brasiliensis (Klotzsch) K. S. Edwards ...................................27
2.4.1.6 Sloanea obtusifolia (Moric.) K. Schum. .....................................................................28
3 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................29
4 RESULTADOS ..........................................................................................................31
5 DISCUSSÃO ..............................................................................................................38
6 CONCLUSÃO ...........................................................................................................43
REFERÊNCIAS ........................................................................................................44
APÊNDICES ..............................................................................................................54
11
1 INTRODUÇÃO
lote mais vigoroso e homogêneo para compor um reflorestamento (OLIVEIRA et al., 2016). A
qualidade das mudas pode ser definida por meio de avaliações de indicadores de crescimento,
como a altura da parte aérea (H), o diâmetro do coleto (D) e a biomassa seca de folhas (MSF),
caules (MSC), raízes (MSR) e total (MST) (CRUZ; PAIVA; GUERRERO, 2006; PAIVA;
GOMES, 2000). Além dos indicadores de crescimento mencionados, outros métodos são
utilizados para auxiliar na classificação, como a razão H/D, razão massa seca da parte área/MSR
(MSPA/MSR) e o índice de qualidade de Dickson (IQD) (CRUZ; PAIVA; GUERRERO,
2006). A fórmula do IQD traz equilíbrio para a determinação do potencial das plantas para a
sobrevivência e crescimento no pós-plantio (DICKSON; LEAF; HOSNER, 1960), uma vez que
é formada pela razão entre variáveis morfológicas já usadas para determinar a qualidade das
mudas (MST / H/D + MSPA/MSR).
Os valores do IQD diferem muito em função da espécie, material genético, condições
de cultivo e da idade em que a muda passou pela avaliação (GASPARIN, 2012; GOMES et al.,
2013), o que dificulta comparar diferentes valores de IQD entre si. Assim, a utilização do IQD
em estudos que visam observar o seu comportamento e relacioná-lo aos demais métodos de
avaliação de qualidade de mudas é importante, visto que os resultados podem auxiliar na
formulação de procedimentos de avaliações em viveiros.
O termo alocação refere-se à distribuição preferencial da biomassa vegetal nos diversos
órgãos das plantas. Diferentes fatores afetam o padrão de alocação em uma planta, como
características genéticas da espécie, idade, temperatura, radiação luminosa, deficiência hídrica
e nutricional (BROUWER, 1962; SANTANA; BARROS; NEVES, 2002). Assim, a alocação
de biomassa será variável entre espécies e até mesmo dentro de uma mesma espécie. Diferentes
estratégias de alocação são utilizadas pelas plantas para coordenar seu crescimento
(HERMANS et al., 2006), pois a planta destina a biomassa preferencialmente ao órgão que
captura o recurso limitante ao crescimento (SHIPLEY; MEZIANE, 2002). Por exemplo, maior
quantidade de biomassa é alocada para as folhas caso haja pouca disponibilidade de luz, caso
haja limitações hídricas e/ou nutricionais maior biomassa é alocada para as raízes (ROA-
FUENTES; CAMPO; PARRA-TABLA, 2012).
O objetivo geral deste trabalho foi comparar os padrões de alocação de biomassa e o
índice de qualidade de Dickson (IQD) entre lotes de mudas de espécies arbóreas nativas da
Mata Atlântica e analisar os indicadores de crescimento que mais influenciam na qualidade das
mudas. Os objetivos específicos foram: (a) comparar as médias das razões de alocação de
biomassa e do IQD entre lotes de mudas de seis espécies arbóreas nativas por meio dos seus
respectivos intervalos de confiança; (b) avaliar as relações entre a alocação de biomassa e o
13
IQD para mudas de seis espécies arbóreas nativas; (c) analisar os indicadores de crescimento
que mais influenciam o IQD para mudas de seis espécies arbóreas nativas, bem como selecionar
indicadores práticos para a avaliação da qualidade das mudas.
14
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1.2 Recipiente
2.1.3 Substrato
Um substrato é considerado ideal quando este apresenta atributos que permitam que a
planta inicie o ciclo de vida de modo satisfatório, possibilitando assim a máxima expressão
gênica do vegetal (PORTO et al., 2018). Os substratos usados para a formação das mudas
florestais devem promover a sustentação das mudas, o bom desenvolvimento do sistema
radicular e facilitar a retirada da muda do recipiente, e ainda, oferecer bons atributos químicos
e físicos necessários ao crescimento das mudas (SOUZA JÚNIOR; CARMELLO; SODRE,
2011). O substrato deve ser homogêneo, ter porosidade que favoreça a aeração e a retenção de
água, estar livre de patógenos e sementes, e ser economicamente viável (CRESTANA et al.,
2007).
16
2.1.4 Nutrientes
(D), por serem métodos não destrutivos e de fácil aplicação. No entanto, as massas secas de
folhas (MSF), caules (MSC), raízes (MSR) e total (MST), razão altura da parte aérea/diâmetro
do coleto (H/D), razão massa seca da parte aérea/massa seca de raízes (MSPA/MSR) e o índice
de qualidade de Dickson (IQD) são métodos de avaliações morfológicas eficientes e
amplamente empregados pelos pesquisadores (CRUZ; PAIVA; GUERRERO, 2006). Entre
estes, o IQD se destaca por ser um índice de qualidade que se baseia em várias características
morfológicas reduzindo a possibilidade de erros na determinação da qualidade das mudas
(DICKSON; LEAF; HOSNER, 1960).
Todos os métodos empregados para avaliar a qualidade de mudas, morfológicos e
fisiológicos, são passíveis de sucesso e/ou insucesso, cabe ao viveirista e ao pesquisador
escolher aqueles métodos que melhor enquadrem em seus objetivos de produção, ressaltando
sempre a qualidade da muda que se quer enviar ao campo. Contudo, os métodos morfológicos
vêm sendo mais aplicados nas avaliações de qualidade de mudas, devido à facilidade de
obtenção.
A (H) é um dos indicadores de qualidade mais utilizados pelos viveiristas, por ser de
fácil determinação, pois pode ser usado em qualquer espécie florestal e em todo tipo de viveiro,
e ainda tem a vantagem de não ser um método destrutivo (GOMES et al., 2002; OLIVEIRA et
al., 2014). No entanto, não se pode estabelecer uma altura ideal da parte aérea, pois este é um
indicador de crescimento que depende da espécie e da idade da muda (DUTRA et al., 2013;
REIS et al., 1991). Além disso, a altura da muda pode ser influenciada por métodos de manejo
empregados nos viveiros (MEXAL; LANDS, 1990). É um dos mais importantes métodos para
estimar o crescimento da muda florestal em campo (REIS et al., 1991).
Durante o período de produção de mudas de Trema micranta, 90, 120 e 150 dias sob
sombreamento, com 48% de retenção da radiação, as mudas que permaneceram por mais tempo
no sombreamento alcançaram maiores alturas das partes aéreas, no entanto foram as que
apresentaram os piores valores para avaliação da qualidade de mudas. Sua constatação ressalta
a importância de aliar mais de um método de avaliação para determinar a qualidade das mudas
em produção (FONSECA et al., 2002).
20
2.3.2.2 Razão massa seca da parte aérea por massa seca de raízes (MSPA/MSR)
A razão (MSPA/MSR) mostra ser um índice eficiente nas medições de crescimento para
determinar a qualidade de um lote de mudas (PARVIAINEN, 1981), podendo ser aplicado em
estudos ecológicos e fisiológicos ressaltando sempre que são condicionados pelo material de
origem e local de cultivo (SHEPHERD et al., 1984). Essa relação descreve o equilíbrio da
alocação de biomassa para folhas, caules e raízes. A melhor relação entre eles é expressa quando
o valor resultante é 2,0 (BRISSETTE, 1984). É válido ressaltar que não é recomendado o uso
isolado dessa razão para determinar a qualidade das mudas em produção (FONSECA et al.,
2002).
Nóbrega et al. (2008) avaliando o comportamento de mudas de Sesbania virgata sob
diferentes substratos fertilizados com composto de lixo urbano, observaram que as mudas
produzidas no substrato 40% de composto de lixo urbano e 60% de solo apresentaram o valor
da MSPA/MSR de 2,0, mostrando estar dentro dos padrões indicados por Brissette (1984). Foi
encontrada uma estreita relação entre o peso de matéria seca da parte aérea e o correspondente
peso de matéria seca das raízes para mudas de Pseudotsuga menziesii (WILSON e CAMPBEL,
1972).
O IQD foi um índice desenvolvido por Dickson, Leaf e Hosner (1960) durante estudos
com Picea glauca e Pinus monficola, espécies pertencentes à família Pinaceae. A fórmula do
IQD busca o equilíbrio para a determinação do potencial de sobrevivência e crescimento das
22
plantas no pós-plantio (GOMES, 2001). O IQD tem como base a relação entre diversos
indicadores de crescimento já usados para determinar a qualidade das mudas, ou seja, MST,
MSPA, MSR, H e D. Segundo Dickson, Leaf e Hosner (1960) baseando o índice de qualidade
em várias características morfológicas os possíveis erros que poderiam ser encontrados ao usar
um ou dois indicadores serão minimizados. Os autores também ponderam que embora a
avaliação morfológica possa não ser a medida mais precisa para definir a qualidade da muda é
a mais fácil e a mais acessível, quando comparada a fisiológica.
O IQD é determinado por meio da fórmula (DICKSON; LEAF; HOSNER, 1960):
𝑀𝑆𝑇 (𝑔)
𝐼𝑄𝐷 =
𝐻 (𝑐𝑚) 𝑀𝑆𝑃𝐴 (𝑔)
+
𝐷 (𝑚𝑚) 𝑀𝑆𝑅 (𝑔)
O bioma Mata Atlântica foi classificado como um hotspot, ou seja, uma área de alta
biodiversidade e endemismo na qual a fauna e a flora estão altamente ameaçadas
(CAMPANILI; SCHAFFER, 2010). Estima-se que a Mata Atlântica possua cerca de 20.000
espécies vegetais, cerca de 36% das espécies existentes no Brasil, das quais 8 mil são endêmicas
(MYERS et al., 2000). Esses números contribuem para que o Brasil seja o campeão em
megadiversidade do mundo (GENTRY et al., 1997). Estudos realizados no Parque Estadual da
Serra do Conduru no sul da Bahia identificaram 454 espécies de árvores distintas em um só
hectare, comprovando a alta diversidade arbórea da Mata Atlântica (MARTINI et al., 2007).
3 MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas mudas de seis espécies arbóreas nativas da Mata Atlântica do sul da
Bahia, a saber: C. brasiliense, E. macrophylla, I. laurina, P. cattleyanum, R. montana e S.
obtusifolia, as espécies foram selecionadas de acordo com o material propagativo disponível.
As mudas foram produzidas no viveiro do Instituto Floresta Viva, localizado em Serra Grande,
distrito de Uruçuca-BA, no período de 02/2012 a 12/2013. O viveiro Floresta Viva é composto
por uma estrutura de alumínio coberta com tela preta que permite a passagem de
aproximadamente 50% da radiação incidente no pleno sol, além de uma área de rustificação,
onde as mudas são expostas ao pleno sol antes da expedição para o campo, e galpões de apoio.
As mudas analisadas foram produzidas seguindo protocolo do viveiro. As sementes
foram coletadas em fragmentos florestais localizados na região de Ilhéus - Uruçuca e as
semeaduras foram realizadas em canteiro de germinação. Para cada espécie a semeadura,
repicagem e amostragem foram realizadas em períodos diferentes (Apêndice A). Após a
germinação, as plântulas foram repicadas para tubetes de 115 cm³ preenchidos com o substrato
comercial HS Florestal® da empresa Holambra Substratos, composto de casca de pinus
compostada, turfa vegetal e vermiculita. A repicagem das plântulas foi feita após a abertura dos
cotilédones, priorizando a uniformidade. Os tubetes foram acondicionados em bandejas de
capacidade para 108 tubetes, foram distribuídos de forma a adotar densidade de 50% da
bandeja. Após a repicagem foram realizadas adubações semanais com nitrogênio (ureia - 60
mg.dm-³) e potássio (cloreto de potássio - 30 mg.dm-³), o fósforo foi aplicado apenas na
primeira adubação (fosfato monoamônico - 150 mg.dm-³). As mudas foram irrigadas todos os
dias por meio de microaspersão automática. Com a finalidade de evitar possíveis efeitos da
localização das mudas no viveiro, estas foram dispostas em blocos, de acordo com os arranjos
experimentais descritos em Góes et al. (2015) e Jesus et al. (2016).
Para a amostragem foi avaliado diferente número de mudas por espécie, a saber: C.
brasiliense, n = 48; E. macrophylla, n = 48, I. laurina, n = 36; P. cattleyanum, n = 47; R.
montana, n = 48 e S. obtusifolia, n = 36. Foram avaliadas a massa seca de folhas (MSF), caules
(MSC) e raízes (MSR), altura da parte aérea (H) e diâmetro do coleto (D). A H foi avaliada
com régua, do coleto até o ápice e o D foi medido com paquímetro digital, analisado ao nível
da borda do tubete. Para determinação da massa seca, as mudas foram coletadas, lavadas,
separadas em folhas, caules e raízes. O material vegetal foi acondicionado separadamente em
sacos de papel kraft e colocados para secar em estufa de ventilação forçada a 75°C até obter
massa constante. A partir desses valores, foram calculadas as seguintes variáveis, com base em
30
Dickson, Leaf e Hosner (1960): massa seca total (MST), em g: MST = MSF + MSC + MSR;
massa seca da parte aérea (MSPA), em g: MSPA = MSC + MSF; razão altura da parte aérea
por diâmetro do coleto (H/D), em cm mm-1; razão massa seca da parte aérea por massa seca de
raízes (MSPA/MSR), em g; índice de qualidade de Dickson (IQD): IQD = MST / [(H/D) +
(MSPA / MSR)]; razão da massa de folhas (RMF): MSF/MST; razão da massa de caules
(RMC): MSC/MST; e razão da massa de raízes (RMR): MSR/MST. No Apêndice B encontram-
se as informações referentes aos dias após a semeadura (DAS), dias após a repicagem (DAR),
valores médios de: altura da parte aérea (H), diâmetro do coleto (D), massa seca de folhas
(MSF), massa seca de caules (MSC), massa seca de raízes (MSR), massa seca total (MST) e
número de plantas amostradas (N) para cada espécie.
A partir dos dados amostrais foram obtidos os intervalos com 95% de confiança para as
médias populacionais. A determinação da intensidade da correlação entre indicadores de
crescimento das mudas e o IQD e, da alocação de biomassa e o IQD foi feita por meio da
correlação de Pearson. A intensidade da correlação foi encontrada para cada espécie
individualmente e para as seis espécies através da análise conjunta dos dados. A interpretação
das intensidades de correlações foi fundamentada na classificação de Hinkle, Wiersma e Jurs
(2003) (Figura 1). O software utilizado para as análises estatísticas foi o R (R Core Team, 2018).
Correlação Valor de r
Muito Forte - 0,90 a - 1,00 0,90 a 1,00
Forte - 0,70 a - 0,89 0,70 a 0,89
Moderada - 0,50 a - 0,69 0,50 a 0,69
Fraca - 0,30 a - 0,49 0,30 a 0,49
Muito Fraca ou Ausente - 0,00 a - 0,29 0,00 a 0,29
Fonte: Hinkle, Wiersma e Jurs (2003)
Legenda: cor azul (correlações negativas); cor marrom avermelhado (correlações positivas)
31
4 RESULTADOS
Figura 2 - Comparação das variáveis de alocação de biomassa entre lotes de mudas de espécies
diferentes: Valores de RMF (A), valores de RMC (B), valores de RMR (C) e seus
respectivos intervalos de confiança. Viveiro Floresta Viva, Uruçuca, BA
As correlações foram negativas entre RMF e RMC para todas as espécies estudadas e
os valores dos coeficientes de correlação (r) ficaram altos para três espécies (Figura 4). R.
montana (RM) teve o maior valor de r, indicando uma correlação negativa muito forte entre
34
RMF e RMC. Já os valores de r para P. cattleyanum (PC) e E. macrophylla (EM) indicam uma
correlação negativa forte entre RMF e RMC. Seguindo o mesmo padrão encontrado para as
correlações entre RMF e RMC as correlações entre RMF e RMR também foram negativas para
todas as espécies. R. montana (RM) foi a espécie que teve o maior r, indicando correlação
negativa muito forte entre essas variáveis. Correlações negativas fortes entre RMF e RMR
foram encontradas para S. obtusifolia (SO), E. macrophylla (EM) e C. brasiliense (CB). As
espécies E. macrophylla (EM), P. cattleyanum (PC) e R. montana (RM) apresentaram
correlações positivas entre RMC e RMR. Para essas variáveis, os valores do r para E.
macrophylla (EM) e P. cattleyanum (PC) foram menores que 0,3; enquanto para R. montana
(RM) houve correlação positiva forte entre RMC e RMR. As demais espécies apresentaram
correlações negativas fracas entre RMC e RMR. Analisando os dados de todas as espécies em
conjunto observa-se que as correlações entre RMC e RMF, e entre RMR e RMF apresentaram
correlações negativas fortes, ao passo que a correlação entre RMR e RMC foi positiva muito
fraca.
CB EM IL PC RM SO ACD
RMF × RMC - 0,61 - 0,70 - 0,40 - 0,89 - 0,92 - 0,48 - 0,71
RMF × RMR - 0,72 - 0,77 - 0,55 - 0,64 - 0,97 - 0,83 - 0,75
RMC × RMR - 0,10 0,08 - 0,54 0,22 0,81 - 0,08 0,08
Fonte: dados da pesquisa.
Abreviações: razão da massa de folhas (RMF), razão da massa de caules (RMC), razão da massa de raízes (RMR).
Número de mudas (n) (C. brasiliense (CB), n = 48; E. macrophylla (EM), n = 48; I. laurina (IL), n = 36; P.
cattleyanum (PC), n = 47; R. montana (RM), n = 48; S. obtusifolia (SO), n = 36. (r) da análise conjunta dos dados
(ACD), n = 263.
cattleyanum (PC), R. montana (RM) e S. obtusifolia (SO), tiveram correlações negativas entre
RMC e IQD. De modo geral, os valores de r indicam correlações positivas ou negativas muito
fracas entre RMC e IQD para todas as espécies. Assim como ocorreu para RMF, a maior
alocação de biomassa para caules (maior RMC) indica ter influência nula ou negativa no IQD.
Ao contrário dos resultados obtidos para RMF e RMC, com exceção de R. montana (RM), todas
as demais espécies apresentaram correlações positivas entre RMR e IQD, sendo que E.
macrophylla (EM) apresentou forte correlação positiva entre RMR e IQD. As correlações entre
variáveis de alocação de biomassa e o IQD para mudas de espécies arbóreas analisadas em
conjunto (Figura 5) demonstraram que a correlação entre RMF e IQD foi negativa muito fraca,
a correlação entre RMC e IQD foi positiva muito fraca e houve ausência de correlação entre
RMR e IQD. Os resultados indicam ausência de influência das variáveis de alocação de
biomassa no IQD.
CB EM IL PC RM SO ACD
RMF × IQD -0,32 -0,55 - 0,39 0,31 0,22 0,10 - 0,09
RMC × IQD 0,16 0,02 - 0,12 - 0,45 - 0,29 - 0,25 0,13
RMR × IQD 0,27 0,74 0,46 0,09 - 0,17 0,04 0,00
Fonte: dados da pesquisa.
Abreviações: razão da massa de folhas (RMF), razão da massa de caules (RMC), razão da massa de raízes (RMR).
Número de mudas (n) (C. brasiliense (CB), n = 48; E. macrophylla (EM), n = 48; I. laurina (IL), n = 36; P.
cattleyanum (PC), n = 47; R. montana (RM), n = 48; S. obtusifolia (SO), n = 36. ((r) da análise conjunta dos dados
(ACD), n = 263.
Na correlação entre MST e IQD o maior valor de r foi obtido para S. obtusifolia (SO),
seguido de E. macrophylla (EM), mostrando correlações positivas muito fortes entre MST e
IQD dessas espécies (Figura 6). As espécies I. laurina (IL), C. brasiliense (CB), P. cattleyanum
(PC) e R. montana (RM) tiveram correlações positivas fortes. A maior correlação entre MSF e
IQD foi encontrada para S. obtusifolia (SO). Já para P. cattleyanum (PC), E. macrophylla (EM)
e R. montana (RM) as correlações foram positivas moderadas entre MSF e IQD. C. brasiliense
(CB) teve o menor valor de r, indicando correlação positiva fraca entre MSF e IQD para essa
espécie. E. macrophylla (EM) foi a espécie que obteve maior correlação entre MSC e IQD,
seguida de S. obtusifolia (SO), ambos valores indicam correlações positivas fortes entre MSC
36
e IQD. As espécies C. brasiliense (CB), I. laurina (IL), R. montana (RM) e P. cattleyanum (PC)
tiveram valores de r entre 0,6 e 0,7, indicando correlações positivas moderadas entre MSC e
IQD. A espécie E. macrophylla (EM) teve o maior valor de r para as correlações entre MSR e
IQD, seguido de S. obtusifolia (SO) e C. brasiliense (CB). As três espécies apresentaram
correlações positivas muito fortes entre MSR e IQD, merecendo destaque E. macrophylla (EM)
com valor próximo de 1,0. As espécies I. laurina (IL), R. montana (RM) e P. cattleyanum (PC)
apresentaram valores de r entre 0,8 e 0,9, indicando correlações positivas fortes entre MSR e o
IQD.
Assim como para as variáveis de massa seca, houve correlações positivas entre MSPA
e IQD para todas as espécies analisadas; sendo os maiores valores de r verificados para S.
obtusifolia (SO), seguido de E. macrophylla (EM), P. cattleyanum (PC) e I. laurina (IL) (Figura
6). Por outro lado, a correlação entre MSPA/MSR e IQD foi negativa para maioria das espécies,
exceto para R. montana (RM). E. macrophylla (EM) teve a maior correlação negativa moderada
entre MSPA/MSR e IQD. C. brasiliense (CB), S. obtusifolia (SO) e P. cattleyanum (PC)
obtiveram correlações maiores que -0,3, indicando correlações negativas muito fracas entre
MSPA/MSR e IQD.
C. brasiliense (CB), I. laurina (IL) e P. cattleyanum (PC) tiveram correlações negativas
fracas entre H e IQD (Figura 6). Por outro lado, para E. macrophylla (EM), R. montana (RM)
e S. obtusifolia (SO) apresentaram correlações positivas fracas e muito fracas entre essas
variáveis, indicando que os valores de H pouco influenciaram no IQD. Cinco das seis espécies
analisadas tiveram correlações positivas fortes entre D e IQD, com valores de r variando de
0,76 a 0,87. Apenas para P. cattleyanum (PC) foi encontrada uma correlação positiva moderada,
indicando que o diâmetro do coleto é um bom preditor do IQD. As correlações entre H/D e IQD
foram negativas para todas as espécies. I. laurina (IL) e C. brasiliense (CB), seguidas de S.
obtusifolia (SO), E. macrophylla (EM), P. cattleyanum (PC) e R. montana (RM) tiveram os
maiores valores de r.
As correlações entre indicadores de crescimento e o IQD das espécies arbóreas
analisadas em conjunto (Figura 6) seguiram padrões semelhantes aos encontrados nas análises
individuais de cada espécie. As correlações mantiveram-se positivas em sua maioria. Teve
apenas duas correlações negativas entre MSPA/MSR e IQD e H/D e IQD, as quais foram
classificadas como fraca ou muito fraca. Ainda em relação à análise conjunta dos dados, os
maiores valores de r entre os indicadores de crescimento e o IQD foram encontras para D,
seguido de MSR e MST. A correlação entre MSC e IQD teve o quarto maior valor do r, ficando
entre as classificações moderada e forte.
37
CB EM IL PC RM SO ACD
MST × IQD 0,84 0,94 0,88 0,82 0,81 0,96 0,76
MSF × IQD 0,43 0,64 0,59 0,65 0,60 0,85 0,60
MSC × IQD 0,70 0,89 0,69 0,61 0,68 0,85 0,70
MSR × IQD 0,93 0,99 0,88 0,82 0,88 0,86 0,86
MSPA × IQD 0,67 0,85 0,73 0,75 0,68 0,89 0,68
MSPA/MSR × IQD - 0,28 - 0,67 - 0,47 - 0,10 0,15 - 0,13 - 0,02
H × IQD - 0,13 0,36 - 0,43 - 0,23 0,07 0,18 0,18
D × IQD 0,81 0,87 0,78 0,66 0,79 0,76 0,89
H/D × IQD - 0,79 - 0,53 - 0,83 - 0,50 - 0,39 - 0,82 - 0,36
Fonte: dados da pesquisa.
Abreviações: massa seca total (MST), massa seca de folhas (MSF), massa seca de caules (MSC), massa seca de
raízes (MSR), massa seca da parte aérea (MSPA), razão massa seca da parte aérea e massa seca de raízes
(MSPA/MSR), altura (H), diâmetro do coleto (D), razão altura da parte aérea e diâmetro do coleto (H/D). Número
de mudas (n) (C. brasiliense (CB), n = 48; E. macrophylla (EM), n = 48; I. laurina (IL), n = 36; P. cattleyanum
(PC), n = 47; R. montana (RM), n = 48; S. obtusifolia (SO), n = 36. (r) da análise conjunta dos dados (ACD), n =
263.
38
5 DISCUSSÃO
O baixo valor do IQD encontrado para S. obtusifolia (0.116) indica que as mudas dessa
espécie ainda não estavam aptas ao plantio, quando se considera o valor mínimo de referência
0,20 (HUNT, 1990). Nesse caso específico, o tempo de permanência das mudas de S. obtusifolia
no viveiro foi menor do que o necessário para a boa formação das mudas dessa espécie.
Possivelmente, os menores valores dos indicadores de qualidade causaram a diminuição do
valor do IQD de S. obtusifolia. Valores de IQD abaixo de 0,20 foram encontrados para as
plantas de Copaifera langsdorffii submetidas a níveis extremos de sombreamento (pleno sol e
90% de sombreamento), os autores indicam que as mudas devem ser utilizadas com cautela
quando produzidas nestas condições (REIS et al., 2016). O crescimento de mudas de I. laurina
foi avaliado em função do substrato e da adubação suplementar, os valores do IQD encontrados
foram menores que 0,13 em todos os tratamentos aos 81 dias após a repicagem (JESUS et al.,
2016). Diante dos resultados, observa-se que existem diferenças entre o IQD para mudas de
diferentes espécies arbóreas nativas. Apesar da variação nos valores do IQD este método
mostrou-se eficiente para determinar a qualidade das mudas das cinco espécies florestais
nativas, considerando os 0,20 de Hunt (1990). No Apêndice C pode ser observada uma revisão
sistemática que traz estudos referenciais sobre o IQD, permitindo uma ampla comparação entre
valores do IQD obtidos entre os anos de 2002 a 2019 para mudas de espécies florestais.
As correlações negativas muito fortes e fortes encontradas nas espécies entre as
variáveis RMF, RMC, RMR, sugerem ocorrência de distribuição preferencial da biomassa
vegetal entre os órgãos. Esse padrão pode ser notado nas correlações entre RMF e RMC, RMF
e RMR da espécie R. montana. Ao passo que as correlações moderadas, fracas e muito fracas
encontradas, indicam ausência de preferência no padrão de distribuição de biomassa vegetal
entre folhas, caules e raízes, como analisado em I. laurina. A correlação positiva forte entre
RMC e RMR de R. montana indica que o aumento da biomassa de raízes não interfere no
aumento da biomassa de caules de R. montana. Vale ressaltar que o padrão de alocação de
biomassa é uma característica genética influenciada pelo ambiente (FREITAS et al., 2012), o
que justifica a diferença encontrada entre as RMF, RMC, RMR em todas as espécies do estudo.
Apesar de ser destrutiva, a avaliação da biomassa é considerada um dos melhores
métodos para a avaliação da qualidade das mudas, pois reflete o ganho líquido de carbono no
processo fotossintético (ARMSON; SADREIKA, 1979). Nesse estudo avaliou-se a interação
entre padrões de alocação de biomassa e o IQD e, com base nos valores do coeficiente de
correlação (r) provenientes das correlações entre as RMF, RMC, RMR e o IQD, apenas a
espécie E. macrophylla se destacou por ter obtido correlação positiva forte entre RMR e IQD.
O padrão de alocação de biomassa das espécies estudadas, possui pouca interferência no IQD.
40
Esses resultados indicam que a alocação de biomassa característica de cada espécie arbórea
nativa analisada não explica as diferenças entre os seus valores do IQD.
O caso particular da espécie E. macrophylla indica que quanto maior a RMR maior será
o IQD. A produção de raízes tem muita influência na sobrevivência e no crescimento inicial
das mudas após o plantio (GOMES e PAIVA, 2011), ou seja, plantas com sistemas radiculares
mais desenvolvidos terão maior capacidade de aclimatação às novas condições encontradas
após o plantio no campo. Em mudas de Pseudotsuga menziesii, a sobrevivência foi
consideravelmente maior quanto mais abundante foi o sistema radicular, independentemente da
altura da parte aérea (HERMANN, 1964).
Todas as correlações entre MST, MSF, MSC, MSR, MSPA e o IQD foram positivas.
No entanto, apenas as correlações entre MSR e IQD, e MST e IQD foram muito fortes ou fortes
para todas as espécies do estudo. Esses resultados indicam claramente uma alta influência de
MSR e MST nos valores do IQD. Para mudas de Pseudotsuga menziesii a massa seca das raízes
mostrou-se eficiente para determinar a qualidade das mudas, quanto mais abundantes eram as
raízes maior era a sobrevivência, independentemente da altura da parte aérea (HERMANN,
1964). A obtenção da massa seca das mudas é um dos melhores métodos para determinar sua
qualidade, sendo que seu valor indica a rusticidade da muda (ELOY et al., 2013;
HERMANN,1964).
Os resultados obtidos para as correlações entre a MSPA/MSR e o IQD indicam que a
alocação preferencial de biomassa para a parte aérea em relação a alocação de biomassa para
as raízes possui mínima influência nos valores do IQD. No entanto, diversos autores consideram
o índice MSPA/MSR eficiente para avaliar a qualidade das mudas (PARVIAINEN, 1981) e
ainda sugerem que o valor dessa relação seja igual a 2,0 (BRISSETTE, 1984; GOMES; PAIVA,
2011). Assim, aconselha-se a utilização do índice MSPA/MSR associado a outro indicador de
qualidade para definir a qualidade de um lote de mudas florestais nativas.
Os resultados da correlação entre H e IQD indicaram que a altura da parte aérea pouco
contribuiu no valor do IQD das espécies analisadas. A variável altura da parte aérea foi a menos
indicada para explicar o IQD por meio da análise de regressão (BINOTTO, LÚCIO e LOPES,
2010). Esses resultados refutam os indicativos encontrados na literatura, uma vez que muitos
autores consideram a H como o principal indicador de qualidade de mudas (GOMES, 1978;
GOMES et al., 2002; MEXAL; LANDS, 1990). Além disso, medições da altura das mudas tem
sido empregada com muita frequência para a avaliação da qualidade das mesmas em viveiros
comerciais pelo fato de ser um método não destrutivo. No entanto, nossos resultados
demonstram que a H não deve ser utilizada de modo isolado para determinar a qualidade de
41
mudas; uma vez que realizar o plantio de mudas altas e com diâmetro médio do coleto pequeno
as chances de tombamento são maiores.
Ao avaliarmos as correlações entre D e IQD para as mudas das espécies avaliadas nesse
estudo podemos concluir que o diâmetro do coleto contribuiu fortemente para o aumento do
IQD. Resultados semelhantes foram encontrados para as espécies exóticas Eucalyptus grandis
e Pinus elliottii, o diâmetro do coleto e a massa seca de raízes foram as variáveis que mais se
correlacionaram com o IQD (BINOTTO, LÚCIO e LOPES, 2010). O diâmetro do coleto
mostrou forte correlação para explicar o IQD em mudas de Paubrasilia echinata (GOMES et
al., 2019) e, auxiliou na definição do melhor recipiente para produção de mudas mais vigorosas
de Luehea divaricata produzidas sob influência de diferentes substratos e recipientes (FELKER
et al., 2015). O diâmetro do coleto foi recomendado para avaliar a qualidade de mudas, de forma
isolada ou em associação com a altura da parte aérea (GOMES e PAIVA, 2011). Mudas com
diâmetro do coleto maior resistem mais ao tombamento e aos danos provenientes da herbivoria
(JOHNSON e CLINE, 1990). O D já vem sendo considerado com um ótimo indicador do
desempenho das mudas após o plantio em campo (RITCHIE; LANDIS, 2008). Segundo
Binotto, Lúcio e Lopes (2010) quanto maior o diâmetro do coleto, maior será a massa seca da
parte aérea e maior será o IQD, indicando melhor qualidade das mudas.
Apesar de sua eficácia a determinação da massa seca é pouco utilizada para a avaliação
da qualidade das mudas em viveiros florestais, pois se trata de um método destrutivo de
avaliação e que necessita de certa infraestrutura, como estufas e balanças (AZEVEDO, 2003).
Desse modo, o D destaca-se por ser um método de avaliação não destrutivo e de fácil
mensuração, além de ser um método já empregado nas avaliações de qualidade de mudas
(FONSECA, 2000; REIS et al., 1991). Por outro lado, o D é geralmente obtido por meio de
paquímetros analógicos ou digitais. O paquímetro digital é um aparelho de fácil manuseio e é
facilmente encontrado para venda em lojas especializadas em ferramentas de precisão. No
entanto, seu uso em viveiros florestais ainda apresenta restrições, uma vez que é um aparelho
muito delicado, o que eleva os riscos de danificar o equipamento. Diante dessa limitação,
propomos a elaboração de um medidor de diâmetro mais resistente aos processos operacionais
que envolvem a produção de mudas (Apêndice D). Sugerimos que o medidor seja construído
com materiais mais resistentes como placas de inox e/ou acrílico, nesse caso as medições seriam
padronizadas dentro de uma faixa de valores de diâmetros predefinidos para mudas de espécies
arbóreas nativas. Davide e Silva (2008), por exemplo, sugerem que as mudas terão maior
desempenho após o plantio no campo quando tiverem diâmetro entre 3 a 10 mm, podendo essas
dimensões serem usadas na construção do medidor prático de diâmetro. No entanto, pesquisas
42
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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APÊNDICES
Pissidium tubete 90 cm³ substrato 180 0,48 6,61 1,17 (Porto et al.,
cattleyanum comercial dias 2018)
latossolo/areia/ 7,27 16,85 1,82
cama aviária
Pissidium substrato (Marques et
cattleyanum tubete 200 cm³ comercial/ 180 11,54 47,50 6,26 al., 2018)
cama de equino dias
Inga laurina tubete 115cm³ 100% HSF 81 0,61 11,90 0,08 (Jesus et al.,
dias 2016)
Inga laurina tubete 115cm³ 100% HSF 170 2,35 15,24 0,48 (Góes et al.,
dias 2015)
Inga edullis tubete 180 cm³ latossolo 153 2,27 20,46 2,88 (Andrade
vermelho dias et al., 2015)
Luehea tubete 110 cm³ turfa 100% 180 2,69 13,63 0,58 (Felker et al.,
Divaricata dias 2015)
Calophyllum (Saraiva,
brasiliense tubete 250 cm³ plantmax 180 2,91 16,43 0,39 2013)
dias
Calophyllum tubete 115 cm³ substrato 150 1,07 19,70 0,13 (Lisboa et
brasiliense comercial/ dias al., 2012)
argila
53 cm³ 1,58 8,70 0,39
Croton tubete casca de arroz/ 150 (Almeida et
floribundus 115 cm³ vermiculita dias 3,38 23,90 0,39 al., 2014)
esterco/casca
Schinus 50 cm³ de arroz 1,96 27,90 0,18 (José et al.,
terebinthifolia tubete carbonizada/ 90 2009)
150 cm³ vermiculita/ dias 3,78 53,00 0,22
terra
Cedrela fissilis saco areia/solo/ 102,80 42,10 18,90 (Oliveira et
plástico 18x9cm esterco 90 al., 2014)
solo/esterco dias 85,80 41,60 14,70
Enterolobium 2,70 16,00 0,65
contortisiliquum tubete 90cm³ casca de arroz 180 (Saidelles et
Apuleia Carbonizada/solo dias 0,30 10,00 0,05 al., 2009)
leiocarpa
Cassia 1,84 16,80 1,44
leptophylla
terra de subsolo/ (Vargas et
Eugenia saco 11× 18 matéria orgânica/ casca
180 de 0,59 12,60 0,43 al., 2011)
involucrata Plástico cm casca de arroz dias
carbonizada
Cedrela fissilis 103,57 128,32 3,20
Apêndice D – Modelo prático para construção de um medidor do diâmetro do coleto não digital.
Fonte: autor.
Observação: Imagem meramente ilustrativa, dimensões não condizentes com escala real.