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INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA

ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO
DA
LICENCIATURA EM AGRICULTURA BIOLÓGICA

O MODO DE PRODUÇÃO NATURALMENTE


SUSTENTÁVEL EM AIDOS DA VILA

Micael Renato Vidal Silva


Nº 20110335

Orientador interno: Professora Doutora Cristina Isabel Cabral Galhano


Orientador externo: Dr. Valdemiro Gonçalves Pereira

Coimbra, 2016
AGRADECIMENTOS
À ESAC, em especial aos docentes que lecionaram as unidades curriculares da
Licenciatura em Agricultura Biológica, pelos conhecimentos transmitidos;
À Professora Doutora Cristina Isabel Cabral Galhano, minha orientadora
interna, pela paciência, aconselhamento, apoio, confiança, ensinamento e motivação;
Ao Dr. Valdemiro Gonçalves Pereira, meu orientador externo, pela
disponibilidade em me acolher em Aidos da Vila e pelo empenho e dedicação neste
trabalho. Ao Sr. Filipe Santos, ao Sr. Manuel Catraia, ao Sr. Mário Seabra e à Dª. Rosa
Carvalho, colaboradores de Aidos da Vila, pela colaboração neste estágio;
À Doutora Sofia dos Santos da Rocha Costa, investigadora da Universidade
do Minho, pela cedência do isolado de Meloidogyne sp.;
Aos colegas André Pereira e ao João Leocádio pela colaboração no ensaio do
efeito nematodicida;
Aos meus pais, Isabel Vidal e Rui Silva, pelo incentivo e apoio incondicional;
Aos meus irmãos Bruno Silva e Beatriz Silva pelo companheirismo;
Aos meus avós maternos, Fernanda Oliveira e ao meu querido avô Joaquim
Vidal, conselheiro e amigo e aos meus avós paternos, in memoriam, António Silva e
Neide Ribeiro;
À Cláudia Azevedo, agradecido pelo encorajamento em cada semestre e neste
trabalho em particular;
Aos meus colegas de curso, em especial à Ana Marques, à Andreia Pinheiro, à
Diana Lucas, ao João Borralho e à Vânia Raquel, pelo companheirismo. In memoria
dos colegas de curso Mariana Coelho e Pedro Fialho;
À minha família agrária, em especial às minhas madrinhas de curso Miriam
Santos e Sandrina Dias e às minhas afilhadas, Mariana Godinho, Vânia Figueiredo e
Isabel Aguiar;
Aos meus amigos, em especial ao Marco Oliveira e ao Emanuel Fernandes;
Às Professoras Leonilde Rasga e Maria Augusta por me terem ensinado as
letras e os números, no ensino primário;
Ao chefe Miguel Oliveira, pelo contributo na minha formação pessoal;
Àqueles que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação;
A Deus que é alfa e ómega;
A todos estou agradecido.
“Um ser humano só cumpre o seu dever quando tenta
aperfeiçoar os dotes que a natureza lhe deu.”
Herman Hesse
RESUMO
O Modo de Produção Biológico (MPB) é uma forma de produção agrícola
sustentável, comparado com a agricultura convencional. As práticas usadas em MPB
preocupam-se em respeitar os seres vivos assim como os fatores abióticos que
integram o Agroecossistema.
Neste estágio pretendeu-se realizar atividades de uma exploração em MPB,
Aidos da Vila, e tendo em conta o interesse evidente pela inovação e sustentabilidade
da empresa, foi ainda iniciado um trabalho de investigação preliminar, in vitro, com
duas espécies vegetais, Melianthus major e Tagetes minuta, existentes em Aidos da
Vila, com o objetivo de estudar o potencial nematodicida em relação ao
nemátodes-das-galhas-radiculares (Meloidogyne sp.), e herbicida em relação a uma
monocotiledónea, Zea mays, e a uma dicotiledónea, Phaseolus vulgaris. Este trabalho
pode considerar-se pertinente, tendo em conta que os desequilíbrios a que assistimos
nos ecossistemas nos orientam para a procura de soluções que estejam em harmonia
com todo o meio ambiente. Apesar de algumas espécies de nemátodes serem
essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas, populações elevadas de nemátodes
fitoparasitas são nefastas para muitas das plantas cultivadas, causando graves
prejuízos económicos. Por sua vez, as infestantes constituem outro problema comum
nas explorações em MPB.
As atividades desenvolvidas em Aidos da Vila possibilitaram implementar, e
aprofundar os conhecimentos adquiridos na Licenciatura em Agricultura Biológica
bem como adquirir conhecimentos sobre Apicultura.
Relativamente ao estudo do efeito biocida das duas espécies de plantas, os
resultados obtidos indicam o potencial nematodicida do óleo essencial de
Tagete minuta bem como o potencial herbicida do hidrolato da mesma planta.

Palavras-chave: Agricultura Biológica; biocidas; Melianthus major; Meloidogyne sp.;


nemátodes-das-galhas-radiculares; Tagetes minuta.
ABSTRACT
The Organic Farming (OF) is a sustainable agricultural form of production in
comparison to conventional agriculture. The practices used in OF are concerned either
with living beings or with the abiotic factors included in the Agroecosystems.
In this internship it was intended to carry out activities developed in an
enterprise certified for organic farming, Aidos da Vila. As this enterprise has an
obvious interest in innovation and sustainability, it was also started an in vitro,
preliminary investigation, with two plant species, Melianthus major and
Tagetes minuta, both existing in Aidos da Vila, with the aim of studying the
nematicide potential on root-knot nematodes (Meloidogyne sp.) and the herbicide
potential on a monocotyledone Zea mays, and a dicottyledone, Phaseolus vulgaris.
This work may be considered relevant, taking into account that the existing
imbalances observed on the ecosystems are guiding us to search for solutions that are
in harmony with the whole environment. Despite some nematodes species are essential
for the ecosystem equilibrium, high populations of plant parasites nematodes are
harmful to many cultivated plants, causing serious economic losses. In addition, weeds
are another common problem for OF enterprises.
The activities carried out in Aidos da Vila enable to implement and to deepen
the knowledge acquired in the Organic Agriculture degree and to acquire additional
knowledge about Apiculture.
Regarding study of the biocide effect of both plant species, the obtained
results indicate the nematicidal potential of the Tagete minuta essential oil as well as
the herbicidal potential of the same plant hydrolate.

Keywords: biocides; Melianthus major; Meloidogyne sp.; organic farming;


root-knot nematodes; Tagetes minuta.
SUMÁRIO

Lista de Abreviaturas.................................................................................................... VII


Lista de Figuras ........................................................................................................... VIII
Lista de Tabelas ............................................................................................................. IX
1. Introdução ............................................................................................................... - 1 -
2. Desenvolvimento ..................................................................................................... - 8 -
2.1 Aidos da Vila ................................................................................................... - 8 -
2.1.1 Caracterização da Exploração ................................................................... - 8 -
2.1.2 Tarefas Realizadas .................................................................................. - 11 -
2.2 Bioensaios ..................................................................................................... - 20 -
2.2.1 Material e Métodos ................................................................................. - 20 -
2.2.2 Resultados e Discussão ........................................................................... - 23 -
3. Conclusão .............................................................................................................. - 28 -
4. Referências Bibliográficas .................................................................................... - 29 -
5. Referências Eletrónicas ......................................................................................... - 33 -
LISTA DE ABREVIATURAS
MPB – Modo de produção Biológico
NGR – Nemátodes-das-galhas-radiculares
ONU – Organização das Nações Unidas

VII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. - Região anterior de nemátodes de diferentes grupos tróficos. A -
Bacterívoro; B - Fungívoro; C - Predador; D – Fitoparasita (adaptado de Teixiera
(2016)). .............................................................................................................. - 2 -
Figura 2 - Melianthus major ..................................................................................... - 4 -
Figura 3 - Tagetes minuta .......................................................................................... - 5 -
Figura 4 - Localização de Aidos da Vila ................................................................... - 8 -
Figura 5 - Canteiros de Beta amarela, Beta bettolo, Beta boro, Beta pablo,
Beta rhonda, Beta subeto................................................................................. - 11 -
Figura 6 - Canteiro de Phaseolus lunatus ................................................................ - 11 -
Figura 7 - Monda dos canteiros de Beta amarela, Beta bettolo, Beta boro, Beta pablo,
Beta rhonda, Beta subeto................................................................................. - 12 -
Figura 8 - Compostor de Aidos da Vila ................................................................... - 13 -
Figura 9- Adição de água ao recipiente com cavalinha (Equisetum arvense) .......... - 14 -
Figura 10 - Entrada de enxame numa colmeia nova em Aidos da Vila.................... - 15 -
Figura 11 – A - solo da exploração; B - do solo junto de Melianthus major; C - solo
junto a Tagetes minuta ..................................................................................... - 16 -
Figura 12 – Cartaz Atividade em Aidos da Vila ...................................................... - 18 -
Figura 13 – Cartaz de visita etnobotânica ............................................................... - 18 -
Figura 14 - Notificação MPB à Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural
........................................................................................................................ - 19 -
Figura 15- Destilador de pequena dimensão de Aidos da Vila ................................ - 20 -
Figura 16 - Efeito nematodicida de Tagetes minuta e de Melianthus major sobre os
nemátodes-das-galhas-radiculares Meloidogyne. Os resultados correspondem à
média da mortalidade cumulativa mais desvio padrão de 5 repetições, sendo cada
repetição constituída por 20 nemátodes do género Meloidogyne; colunas seguidas
de letras diferentes, para o mesmo tempo de observação, apresentam diferenças
estatisticamente significativas (p<0,05), de acordo com o teste Tukey............ - 24 -
Figura 17 - Efeito herbicida de Tagetes minuta e de Melianthus major sobre cariopses
de milho Zea mays. Os resultados correspondem à média ± desvio padrão de dez
repetições, sendo cada repetição constituída por 10 cariopses de milho Zea mays;
colunas seguidas de letras diferentes, para o mesmo tempo de observação,
apresentam diferenças estatisticamente significativas (p<0,05), de acordo com o
teste Tukey. ...................................................................................................... - 27 -

VIII
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Composição percentual do óleo essencial da parte a aérea de Tagetes minuta
cultivadas em diferentes países (adaptada de Senatore et al. (2004)) ................ - 6 -
Tabela 2 - Indicadores de qualidade ambiental da exploração agrícola - produção
vegetal ............................................................................................................... - 9 -
Tabela 3 – Número de nemátodes em 200 cm3 de solo ............................................ - 17 -
Tabela 4 – Efeito do óleo essencial e do hidrolato de Tagetes minuta e do hidrolato de
Melianthus major na percentagem de mortalidade cumulativa corrigida de jovens
do segundo estádio de Meloidogyne sp.. .......................................................... - 23 -
Tabela 5 - Efeito do óleo essencial e do hidrolato de Tagetes minuta e do hidrolato de
Melianthus major na percentagem de imobilidade de jovens do segundo estádio
de Meloidogyne sp.. ......................................................................................... - 23 -
Tabela 6 - Percentagem do efeito herbicida em dicotiledónea (Phaseolus vulgaris) ao
10º dia ............................................................................................................. - 26 -
Tabela 7 - Percentagem do efeito herbicida em monocotiledónea (Zea mays) aos 10º
e 22º dias ......................................................................................................... - 26 -

IX
Introdução

1. INTRODUÇÃO
O Modo de Produção Biológico (MPB) é uma forma de produção agrícola
sustentável quando comparado com a agricultura convencional. As práticas usadas em
MPB preocupam-se por respeitar os ciclos dos seres vivos bem como de todo o
ecossistema.
A Organização das Nações Unidas (ONU) fixou, na cimeira de 25 a 27 de
setembro de 2015, 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, constituindo-se a
agenda de ação até 2030. O objetivo 12, “Garantir padrões de consumo e de produção
sustentáveis”, e o objetivo 15, “Proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos
ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a
desertificação, travar e reverter a degradação dos solos e travar a perda de
biodiversidade”, são aqueles que mais diretamente pretendem um impacto favorável
na agricultura e no meio ambiente (ONU, 2016).
As plantas são uma parte integrante da alimentação dos animais incluindo o
Homem. As plantas infestantes, bem como as cultivadas, crescem regularmente desde
que disponham de condições básicas como um solo suficientemente nutrido, água em
quantidade adequada, uma exposição solar que seja favorável e não sejam exercidos os
seus limites. O desenvolvimento regular fica comprometido quando, algumas vezes, é
afetada por inimigos. Em consequência dos ataques destes inimigos a produção pode
sofrer alterações qualitativas e/ou quantitativas (Agrios, 2005).
Do conjunto lato de inimigos das plantas os nemátodes fitoparasitas são
frequentemente desvalorizados por estarem, de certa maneira, camuflados no solo
(Jairajpuri, Alam e Ahmad, 1990). A importância deste inimigo começou a ter maior
atenção, a nível mundial, no início do século vinte (Dowler e Van Gundy, 1984). No
entanto os nemátodes fitoparasitas encontram-se entre os inimigos mais dispersos
afetando culturas economicamente importantes (Whitehead, 2010). De acordo com
Oka et al. (2000), os nemátodes provocam uma perda anual estimada em 100 biliões
de dólares.
Os nemátodes são organismos microscópicos, não segmentados, constituindo
o grupo de animais multicelulares mais abundante da terra (Rubina, 2003). Para além
de nemátodes fitoparasitas, existem também nemátodes bacterívoros, fungívoros,

-1-
Introdução

parasitas de insetos e de herbívoros e até predadores de outros nemátodes como


apresentado por Teixeira (2016) na figura 1.

Figura 1. - Região anterior de nemátodes de diferentes grupos tróficos. A - Bacterívoro;


B - Fungívoro; C - Predador; D – Fitoparasita (adaptado de Teixiera (2016)).
Os nemátodes fitoparasitas estão amplamente distribuídos existindo mais de
4100 espécies descritas. Podem causar danos severos nas culturas, dependendo da
densidade populacional, densidade de plantação e presença da planta hospedeira.
Dependem ainda de outros fatores como o solo, o clima e a presença de outras pragas
e doenças (Coyne, Nicol e Claudius-Cole, 2009; Jones et al., 2013; Mourão, 2007).
Os nemátodes fitoparasitas apresentam uma forma regular, alongada e
cilíndrica, e as extremidades gradualmente mais estreitas. A designação tem origem no
grego nema que significa fio. Esta forma permite o movimento serpentiforme para a
sua locomoção. Estes nemátodes são, na sua generalidade, incolores e transparentes,
apenas aparecem algumas tonalidades castanhas provenientes do conteúdo intestinal,
sendo esta vista por transparência (Ferraz e Monteiro, 1995).
Os labirintos de microtúbulos do solo e os tecidos vegetais sãos os locais
onde os nemátodes fitoparasitas são, em regra, encontrados. Estes possuem um estilete
com o qual perfuram as células do hospedeiro para se alimentarem. Por reduzirem a
mobilidade de água e nutrientes, originam inevitavelmente plantas débeis e menos
produtivas (Jones e Jones, 1964; Rubina, 2003).
O impacto dos nemátodes fitoparasitas na agricultura varia consoante os
géneros. Os dez géneros de nemátodes fitoparasitas mais prejudiciais, por ordem
decrescente de importância são: Meloidogyne spp.; Globodera spp. e Heterodera spp.;
Pratylenchus spp.; Radopholus similis; Ditylenchus dipsaci;
Bursaphelenchus xylophilus; Rotylenchulus reniformis; Xiphinema index;
Nacobbus aberrans e Aphelenchoides besseyi (Teixeira, 2016).

-2-
Introdução

As principais espécies de Meloidogyne são M. arenaria, M. hapla,


M. incognita e M. javanica. por estarem amplamente distribuídas e por parasitarem
quase todas as plantas cultivadas (Karssen e Moens, 2006; Sasser, Carter e Hartman,
1984). Os ataques ocorrem ao nível de raízes, bolbos e tubérculos causando
decréscimos na absorção de água e de nutrientes (Oka et al., 2000).
Os NGR provocam grandes danos nas culturas pela formação de galhas nas
raízes, em resposta à invasão dos nemátodes. As fêmeas adultas depositam os ovos
numa matriz gelatinosa no exterior da raiz (Karssen e Moens, 2006). Os jovens de
segundo estádio (J2), designados por infectivos, eclodem das massas de ovos,
procuram raízes da mesma planta, ou das plantas circundantes, para se fixarem e
desenvolverem. Com o auxílio do estilete, perfuram as células radiculares injetando
secreções que originam alterações morfológicas e fisiológicas nessas células,
designadas por células gigantes. Estas alterações levam à hiperplasia e hipertrofia das
células vegetais formando assim as galhas na raiz (Abrantes et al., 2007). O tamanho
das galhas varia com o grau de infeção e com a planta hospedeira (Michereff et al.,
2005).
A minimização dos prejuízos destes inimigos conduz a um eminente
desenvolvimento de estratégias de luta. Estas deverão ser eficazes, específicas e causar
o mínimo de impactos no meio ambiente (Abrantes et al., 2007). Tendo em conta os
graves problemas provenientes da elevada toxicidade dos pesticidas de síntese
química, quer no ambiente quer na saúde humana, torna-se urgente encontrar
alternativas sustentáveis e amigas do ambiente (Chitwood, 2002; Galhano, 2005;
Martins, Costa e Galhano, 2015; Oka et al., 2000; Tsay, Wu e Lyn, 2004).
De facto, quando consultado o Guia dos Produtos Fitofarmacêuticos em MPB,
conclui-se a inexistência de nematodicidas permitidos em agricultura biológica (Silva
et al., 2011). Recorrendo ao Guia dos Produtos Fitofarmacêuticos – Lista dos Produtos
com Venda Autorizada, os nematodicidas apresentam várias advertências como
irritantes, nocivos, corrosivos, tóxicos e perigosos para o ambiente sendo as
substâncias ativas o dazomete, 1,3-dicloropropeno e metame-sódio (Cavaco e Mendes,
2015).
Outro dos problemas na produção vegetal é a existência de plantas
espontâneas, infestantes, que competem com as culturas. Os métodos mais
convencionais de controlo de infestantes são os herbicidas de síntese, responsáveis por
vários problemas ambientais e de saúde pública. Recentemente, tem-se assistido a uma

-3-
Introdução

discussão acesa, com a publicação de várias notícias alarmantes, relativamente a um


dos mais utilizados herbicidas, o glifosato, tendo em conta os malefícios causados na
saúde humana. Segundo Silva (2015), presidente da ordem dos médicos, o glifosato,
sendo o nome comercial mais conhecido o Roundup, “já é detetado em análises de
rotina aos alimentos, ao ar, à água da chuva e dos rios, à urina, ao sangue e até ao leite
materno”. Fruto de uma utilização que nos últimos 10 anos teve um amento de 30%.
Silva (2015), indica a existência de artigos recentes que demonstram a relação do
glifosato a um “aumento da incidência de doença celíaca, infertilidade, malformações
congénitas, doença renal, autismo entre outras”. Indica o mesmo autor que a Agência
Internacional para a Investigação do Cancro anunciou, em março de 2015, a
classificação do glifosato como “carcinogénio provável”. Também Ferreira (2012a)
refere a existência de efeitos secundários em placentas e hormonas sexuais.
Acrescenta que, ao contrário do que muitos dizem, o glifosato não é de rápida
degradação no solo. refere que a venda mundial de glifosato é de 1 000 milhões de
quilos por ano. Acrescenta também que em Portugal não existem estudos do impacto
deste herbicida, no entanto sendo usado de forma muito lata, afirma que a poluição da
água de rega bem como a de consumo humano poderá ser uma realidade (Ferreira,
2012 a, b).
Neste enquadramento, o presente trabalho relata as atividades desenvolvidas
numa exploração em MPB, Aidos da Vila, tendo em conta o interesse evidente pela
inovação e sustentabilidade da empresa, foi sugerido um trabalho de investigação
preliminar, in vitro, com duas espécies vegetais, Melianthus major L. e Tagetes minuta
L., existentes em Aidos da Vila, com o objetivo de estudar o potencial nematodicida
em relação ao nemátodes-das-galhas-radiculares
(Meloidogyne sp.), e herbicida em relação a uma
monocotiledónea, Zea mays, e a uma dicotiledónea,
Phaseolus vulgaris. Com este trabalho procurou-se
conhecer o potencial das duas espécies vegetais como e
alternativas mais ecológicas aos pesticidas de síntese.
M. major é uma planta perene da família
Melianthaceae e do género Melianthus (figura 2). Esta
planta, nativa da Africa do Sul, é um arbusto que cresce
em média até 3 metros de altura. A sua raiz venenosa é Figura 2 - Melianthus major

-4-
Introdução

usada como antídoto em picadas de cobras, apresentando uma inflorescência


exuberante, que facilmente atinge 30 cm de comprimento, e possui um odor forte que
alerta para o seu potencial venenoso. Das suas flores pode obter-se um corante violeta.
As suas condições preferenciais de desenvolvimento são: solo húmido e boa exposição
solar. Tolera solos pobres, resistindo a temperaturas de 10ºC negativos (Khushalani,
1962; Plants For A Future, 2016).
A composição química de M. major apresenta taninos, saponinas, terpenos,
ácido oleanólico, ácido ursólico e p-sitosterol (South African National Biodiversity
Institute, [s.d.]).
Segundo Dahanukar, Kulkarni e Rege (2000) M. major tem potencial
relaxante, afetando o músculo liso. McGaw e Eloff (2005) indicam que esta planta
pode apresentar propriedades anti-helmínticas.
Relativamente a esta planta não foram encontradas referências a inimigos.
T. minuta (figura 3), nativa da América do Sul, é
uma espécie anual pertencente à família Asteraceae e ao
género Tagetes (Shiavon et al., 2015). Esta planta pode
atingir 1,2 metros de altura e 0,6 metros de diâmetro. As
flores são hermafroditas e polinizadas por insetos. As
folhas apresentam um forte odor. Prefere uma boa
exposição solar, tolera temperatura mínima até 0ºC, no
entanto, é moderadamente sensível à geada. O solo pode
ser bem drenado ou húmido (CABI, 2016; Plants For A
Future, 2016).
As raízes de T. minuta produzem um exsudado
que atrasa a germinação, reduzindo, por isso, o
rendimento das culturas cultivadas no solo infestado com
Figura 3 - Tagetes minuta
esta espécie. No entanto, na América Latina, T. minuta é
colhida após a colheita da cultura principal, sendo, desse modo, aproveitada
economicamente por muitos agricultores. A sua presença, nestas áreas do planeta,
ajuda a controlar outras infestantes, promovendo simultaneamente a retenção da
humidade no solo (CABI, 2016).
O óleo essencial, de aroma intenso, pode ser utilizado como condimento e na
perfumaria. Na saúde humana, pode ser usado no tratamento de tosse, nas dores de
estômago e no reumatismo. É usada para tratar gastrite, indigestão, parasitas

-5-
Introdução

intestinais, infeções da pele e hemorroidas. Os preparados com o óleo essencial são


usados no tratamento de infeções fúngicas, como o pé de atleta. Tem potencial
antisséptico, antiespasmódico, sedativo e propriedades hipertensivas (CABI, 2016;
Ofori et al., 2013; Souza, Wiest e Avancini, 2000). Também Karimian, Kavoosi e
Amirghofran (2014) sugerem a sua utilização como antioxidante natural na terapia de
danos oxidativos e do stresse associado a condições inflamatórias.
Plantas deste género possuem um potencial biocida bem documentado, desde
longa data, por vários autores. Recentemente, Shiavon et al. (2015) fizeram uma
revisão bibliográfica sobre T. minuta com o objetivo de sistematizar os principais
componentes químicos, usos populares e atividades biológicas. Relativamente à
constituição do óleo essencial, verifica-se uma variação em função do local onde a
planta está instalada, da fase vegetativa e dos diferentes constituintes das plantas
(CABI, 2016; Shiavon et al., 2015).
A tabela 1 apresenta a variação da composição química do óleo essencial da
parte aérea de T. minuta em função do local.
Tabela 1 - Composição percentual do óleo essencial da parte a aérea de Tagetes minuta
cultivadas em diferentes países (adaptada de Senatore et al. (2004))
Composição (%)
COMPOSTO Reino Reino
Unido Unido Egipto África do Sul
(campo) (estufa)
Borneol 1,0 0,9 0,1 0,1
C10H14O 0,2 1,0 0,5 0,8
Cis-tagetona 23 9,8 6,9 8,5
Cis-β-ocimeno 0,8 1,3 50,9 32
Elsholtzia cetona 0,3 0,6 0,2 0,6
Limoneno 5,4 12,3 7,1 5,4
Sabineno 0,3 1,8 0,9 0,9
Espatulenol 0,6 0,6 0,3 0,2
Trans-ocimenona 0,1 0,1 8,4 5,8
Trans-tagetona 17,1 9,9 2,2 1,0
α-gurjunena 1,9 0,3 0,7 0,5
α-humulena 0,2 0,1 1 0,8
β -cairofileno 0,2 0,2 2,3 1,8

Ofori et al. (2013) indica a possibilidade de T. minuta ser invasora. Foi


introduzida na Califórnia no anos 30 do século XX com o objetivo de controlar os
nemátodes-das-galhas-radiculares (NGR) em pomares tornando-se, desde então, uma
invasora (CABI, 2016). De facto, são várias as referências que indicam o potencial
biocida de T. minuta, assim como a plantas de outras espécies deste género (Gil, 1996;

-6-
Introdução

Holm et al., 1997; Weaver et al., 1994 cit. por CABI, 2016; Garcia et al., 2012;
Shiavon et al., 2015).
Relativamente aos inimigos, esta planta apresenta suscetibilidade ao fungo
Sclerotinia sclerotiorum (CABI, 2016).
De seguida o trabalho apresenta dois capítulos, no primeiro, faz-se a
caracterização da exploração Aidos da Vila e descrevem-se as tarefas desenvolvidas
durante o período de estágio, no segundo, descrevem-se os bioensaios efetuados com
M. major e T. minuta. Na continuação, apresentam-se as conclusões e as referências
bibliográficas.

-7-
Aidos da Vila

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Aidos da Vila

2.1.1 Caracterização da Exploração


Aidos da Vila de Valdemiro
Gonçalves Pereira localiza-se na freguesia de
Vilarinho do Bairro, concelho de Anadia e
distrito de Aveiro (figura 4).
É uma exploração de Agricultura
Biológica, certificada pela Certiplanet,
Certificação da Agricultura, Floresta e Pescas,
Unipessoal, Lda. É um local vocacionado para
formações agrícolas e visitas etnobotânicas
locais, sendo o lema “(Re)Aproximação do
Homem à Natureza”. Este lema assenta em
três áreas pilares: a agronómica; a
etnobotânica e a alimentar, formando assim
Figura 4 - Localização de Aidos da Vila
uma perspetiva de educação integral. Possui
uma área de 1,4 hectares onde estão instaladas inúmeras espécies de plantas
aromáticas, medicinais, tintórias e exóticas. O projeto, autofinanciado, iniciou-se em
1993, não tendo como objetivo principal o retorno económico.
As energias renováveis são uma realidade em Aidos da Vila com a existência
de 14 painéis fotovoltaicos com acumulação em baterias bem como de dois painéis
térmicos, produzindo também biogás. Estas produções têm como objetivo o
autoabastecimento bem como disponibilizar formação em energias renováveis.
Existem ainda fornos solares, fogões foguete e tijolos combustíveis.
Aidos da Vila é um ecossistema em equilíbrio, para o qual contribuem um
compostor, um lago constituído por uma zona pantanosa e uma zona alagada, cuja
água provem da precipitação, sendo encaminhada usando o declive próprio da
exploração. Este espaço húmido acolhe diversas plantas típicas destes habitats bem
como peixes e vários tipos de anfíbios, promovendo a biodiversidade da exploração.

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Aidos da Vila

A produção de Aidos da Vila é muito variada e em pequena escala. Para além


da produção vegetal, produz-se mel, própolis e pólen. Também produz produtos
transformados como o hidromel, o mel em quilates, os extratos de própolis, o amargo
de murta, o azeite, os óleos essenciais e hidrolatos, entre outros.
Perspetiva-se um aumento das produções num futuro próximo. A empresa está
a encetar conversações para a possibilidade da existência de turismo rural, bem como
um conjunto de ciclos de artesanato, nomeadamente, o ciclo do bunho
(Schoenoplectus lacustris), o ciclo do papiro (Cyperus papyrus), o ciclo do linho
(Linum usitatissimum), o ciclo da lã, o ciclo das biojóias, o ciclo da extração de
pigmentos para tingimento de fibras naturais e o ciclo do pão. Aidos da Vila perspetiva
continuar a organizar também visitas etnobotânicas locais.
De acordo com os 15 indicadores de qualidade ambiental da exploração
agrícola propostos por Ferreira (2012b) aplicados a Aidos da Vila (tabela 2), esta
exploração obteve um resultado de 12 pontos, o que representa 80% de qualidade
ambiental. Poderão ser adotadas algumas correções na exploração para minorar o
impacto ambiental de 20%.
Tabela 2 - Indicadores de qualidade ambiental da exploração agrícola - produção vegetal
Pontos:
Indicador Sim=1
Não=0
Nº Descrição -
Proteção do solo contra erosão (hídrica e eólica) e lixiviação (lavagem de
nutrientes do solo): -

1 Culturas perenes (vinha, pomar ou olival), na entrelinha: enrelvamento


permanente (cover crops), com corte ou trituração, sem mobilização do solo,
0
semeado ou espontâneo.

2 Culturas perenes, na linha: empalhamento (mulching) com resíduos vegetais. 0


3 Culturas anuais, entre 1 de Outubro e 30 de Abril:
sem cultura instalada: enrelvamento temporário semeado ou espontâneo, ou
adubo verde semeado; 0
com cultura instalada: empalhamento ou cobertura com tela biodegradável na
linha, e/ou enrelvamento do solo na entrelinha ou em todo o terreno.
4 Resíduos das culturas devolvidos ao solo, com ou sem enterramento. 1
5 Aplicação de composto pelo menos uma vez por ano, no caso de solo com
menos de 3% de matéria orgânica em culturas perenes e menos de 5% em 1
culturas anuais, na dose mínima de 1Kg/m2.

-9-
Aidos da Vila

Tabela 2 - Indicadores de qualidade ambiental da exploração agrícola - produção vegetal


(continuação)
Pontos:
Indicador Sim=1
Não=0
6 Resíduos inorgânicos poluentes (embalagens de adubos, pesticidas,
medicamentos, ou outras, plásticos de estufa, plásticos de cobertura do solo,
tubagens, pneus usados, óleos usados, resíduos sólidos urbanos aplicados como
1
fertilizantes orgânicos contendo plásticos, vidros, metais, tecidos):
- resíduos inorgânicos ausentes do solo, e reciclados no caso dos materiais em
que a reciclagem seja possível.
7 Sequestro do carbono no solo (matéria orgânica do solo) pela atividade agrícola
e consequente redução do dióxido de carbono na atmosfera (redução das
alterações climáticas): 1
- não queima de resíduos origem vegetal (ervas, resíduos de culturas) ou animal
(estrumes) em qualquer época do ano e aplicação dos mesmos ao solo.
Intensidade de fertilização azotada orgânica: -
8 Culturas perenes ou anuais: azoto proveniente de adubo orgânico azotado
comercial (mais de 3% de azoto total), e/ou estrumes e chorumes frescos de
origem animal (da própria exploração ou de fora) 1 em dose que não provoque 1
poluição das águas subterrâneas:
- dose anual máxima de aplicação de azoto desta origem: 170 Kg/ha/ano.
Capacidade de armazenamento e tratamento de resíduos orgânicos da
exploração, de origem vegetal ou animal: -
9 Existência de infra-estrutura de tratamento de resíduos orgânicos sólidos ou
líquidos de produção própria ou adquiridos, com um ou vários dos seguintes
processos de tratamento: 1
compostagem (sólidos);
fermentação anaeróbia, com produção de biogás (líquidos).
Proteção fitossanitária (contra pragas e doenças das plantas): -
10 Medidas culturais para limitação natural de pragas e doenças, complementada se
necessário com luta biológica (insetos, ácaros e microrganismos), sem aplicação 1
de pesticidas de síntese química.
11 Não aplicação de fungicidas de cobre ou aplicação até ao valor limite
anual (6Kg/ha) e com níveis não tóxicos de cobre no solo2. 1
Biodiversidade e elementos da paisagem
Paisagem envolvente aos terrenos cultivados, com os seguintes elementos: -
12 Sebes mistas com árvores e arbustos, espontâneas ou plantadas, em bordadura
das parcelas, e ao longo de cursos de água (caso estes existam). 1
13 Faixas de compensação ecológica, espontâneas ou instaladas no terreno
(cultivável, ou não como o caso dos taludes) com ervas, arbustos ou árvores, ou 1
terras em pousio (corte da erva sem mobilizações nem herbicidas);
Biodiversidade vegetal - espécies e variedades regionais cultivadas na
-
produção:
14 Rotação de culturas diferentes no mesmo terreno (culturas anuais):
Existência de rotação, com pelo menos 3 anos de duração e afolhamento anual 1
correspondente (todas as culturas em cada ano e não uma cultura em cada ano).
15 Recursos genéticos vegetais
Cultivo de variedades tradicionais (regionais): pelo menos uma variedade com 1
recolha, conservação e reutilização da semente.
Pontuação ambiental total – produção vegetal (máximo de 15 pontos) 12

- 10 -
Aidos da Vila

Durante o período de estágio, de abril a julho, foram várias as tarefas


realizadas em Aidos da Vila que em seguida são descritas: sementeiras, estacarias,
mondas, compostagem, produção de extratos fermentados, tarefas de apicultura e
colaboração na preparação e participação na 1ª Feira do Ambiente “Anadia + Verde”
2016, entre outras.

2.1.2 Tarefas Realizadas


Propagação por estacaria e sementeiras
Foi realizada estacaria de Calycanthus occidentalis, utilizando estacas de
caule com um nó.
Realizaram-se sementeiras em linha de Glycine max (soja), variedade branca e
preta, Cucurbita pepo (abóbora), Cucumis melo (meloa) cv. charentais e Zea mays
(milho doce). Foram também realizadas sementeiras em canteiro de várias espécies de
beterraba: Beta amarela, B. bettolo, B. boro, B. pablo, B. rhonda, B. subeto, de
Salva alpina e de Phaseolus lunatus (feijão-bonge) (figura 5). A sementeira do
feijão-bonge foi realizada a 4 de abril, tendo sido necessário efetuar uma
ressementeira, a 7 de junho, e por fim foi necessário realizar uma retancha a 21 de
junho (figura 6). O insucesso da germinação do feijão-bonge poderá ter ocorrido
devido à falta de viabilidade das sementes e/ou às condições climatológicas
desadequadas.

Figura 5 - Canteiros de Beta amarela, Beta bettolo,


Figura 6 - Canteiro de
Beta boro, Beta pablo, Beta rhonda, Beta subeto.
Phaseolus lunatus

Em tabuleiro de alvéolos, efetuou-se a sementeira de Anacyclus pyrethrum,


Aristolochia gigantia (papo-de-peru-de-babada), Arachis hypogaea (amendoim),

- 11 -
Aidos da Vila

Aristolochia triangularis, Amophophallus myosuroides, Cyperus esculentus (junça),


Dictamus albus, Dioscorea bulifera, Dipsacus sativus, Gossypium arborum,
Luffa acutangula, Meum athamanticum, Myrtus communis (murta),
Ocimum carnosum, Passiflora edulis (maracujá-amarelo), Peucedanum ortruthium,
Rhynchosia phaveloides, Sanicula europea, Sepium sebrigerum, Veronica becabunga
(morrião-de-água). Todas estas sementeiras foram realizadas com composto orgânico
proveniente do compostor da exploração.
As diferentes formas de sementeira foram adequadas ao tipo de planta e à
quantidade de semente disponível.

Mondas
A monda manual foi uma das
operações mais necessárias nesta época do ano
em Aidos da Vila, tendo em conta a
precipitação abundante, durante a Primavera
deste ano, o que levou à proliferação de um
número significativo de infestantes. Esta
operação foi repetida com frequência, durante
o período de estágio, em vários locais da
exploração, como por exemplo no canteiro da
beterrabas (Beta spp.), nos diversos corredores
da exploração, no canteiro da mostarda, no
canteiro do feijão-bonge, na estufa e ainda no

tanque situado junto ao poço da exploração, o Figura 7 - Monda dos canteiros de


Beta amarela, Beta bettolo,
“olho de água” (figura 7). Beta boro, Beta pablo, Beta rhonda,
Beta subeto.
Compostagem
A compostagem resulta da degradação aeróbia efetuada por microrganismos
existentes na matéria orgânica (Cunha-Queda, 1999). Atravessa uma fase termófila
onde o material vegetal é transformado no composto que, para ser utilizado como
fertilizante, deve apresentar estabilidade, estar higienizado e ser homogéneo. Desse
modo, não causa impactes ambientais nocivos.
O compostor de Aidos da Vila é constituído por três caixas existindo ainda
uma zona anexa onde se acumulam os detritos a serem compostados. Nesta zona, é

- 12 -
Aidos da Vila

onde se acumulam os detritos herbáceos provenientes de toda a exploração bem como


partes lenhosas após serem trituradas. Detritos lenhosos de maior espessura são
depositados numa pilha situada noutra área da exploração. Na primeira caixa, quando
oportuno, faz-se uma pilha compacta com 1,5m de largura, 2,5m de comprimento e 1m
de altura. É adicionada consolda (Symphytum officinale) e milefólio (Achillea
millefolium) que se encontram num canteiro junto ao compostor. Segundo Bertrand,
Collaert e Petiot (2008), ambas as plantas são aceleradoras da compostagem. A pilha é
regularmente revirada e regada três vezes por semana. Após 6 semanas, a pilha é
transferida para a segunda caixa, onde
para além dos procedimentos de
reviragem e rega se repetirem, é
adicionada a vermicompostagem. No
final de 6 semanas, o composto é
transferido para a última caixa onde é
conservado até à sua utilização. O
tempo decorrido entre a entrada na
pilha compacta até à passagem para a
caixa de conservação é de 12 semanas Figura 8 - Compostor de Aidos da Vila
(figura 8).
Tendo em conta que o composto a utilizar apresenta um número considerável
de infestantes, colocou-se a hipótese da compostagem não estar a ser devidamente
efetuada. Assim, a temperatura da pilha de compostagem, que se encontrava há
2 semanas na primeira caixa, foi monitorizada no dia 24 de junho, às 12 horas. Foi
registada em três locais da pilha, de modo a serem contempladas diferentes
profundidades. A temperatura registada nos três locais da pilha foi de 24ºC. A pilha
tinha sido regada na véspera. Por esse motivo, a temperatura poderia ainda não ter
atingido os valores desejados. No entanto, a baixa temperatura da pilha poderá
também ser devida à sua pequena dimensão. Segundo Cunha-Queda e Ferreira (2012),
na fase mesófila inicial da compostagem, a temperatura deve variar entre 40 e 45ºC;
na fase seguinte, termófila, a temperatura deve ser superior a 45ºC, não devendo
ultrapassar os 60ºC. De modo a melhorar o funcionamento do compostor, dever-se-á
monitorizar, com frequência, a temperatura, assim como continuar a ter em atenção a
própria composição de detritos adicionados à pilha de compostagem, de modo a, por
um lado, evitar potenciais problemas, por outro, melhorar a compostagem.

- 13 -
Aidos da Vila

Produção de extratos fermentados de plantas


Os extratos fermentados são o resultado da fermentação de fragmentos
vegetais em meio aquoso. A água utilizada deve ser de boa qualidade, descartando-se
água com elevados valores de nitratos e tratada com cloro. A fermentação do extrato
pode ocorrer entre 5 a 30 dias, num local abrigado da luz e sem temperaturas elevadas.
O preparado deve ser mexido todos os dias, para oxigenar, permitindo que a
fermentação continue. A fermentação dá-se por terminada quando, ao mexer, não
existe libertação de gás. Nesse momento, procede-se à filtragem e ao armazenamento
do extrato. A temperatura de conservação deverá ser de 12 ºC em recipientes de vidro,
se possível, de 5L. O extrato fermentado pode ser guardado durante um ano (Bertrand,
Collaert e Petiot, 2008).
Em Aidos da Vila, são produzidos extratos fermentados de consolda
(Symphytum officinale ) e de cavalinha (Equisetum arvense). São administrados por
pulverização na parte aérea das plantas, servindo como fertilizantes foliares assim
como inseticidas. Podem ser também administrados para fertilizar o solo.
Para a preparação dos extratos, foram
colhidos 5 kg de consolda, em diversos pontos da
exploração, tendo-se colhido 3 kg de cavalinha
junto ao lago da exploração. Ambas as plantas
foram trituradas e guardadas separadamente em
sacos de rede com uma pedra no fundo. Os sacos
foram colocados em recipientes de plástico,
sendo adicionados 60L de água do poço ao
recipiente com consolda e 30L ao recipiente com
cavalinha (figura 9). Ambos os recipientes foram
devidamente tapados e identificados. Ao terceiro
dia, o preparado foi mexido para incorporação de

oxigénio, tendo havido libertação de gás. Assim, Figura 9- Adição de água ao


recipiente com cavalinha (Equisetum
prolongou-se o processo para além do período de arvense)
estágio.

- 14 -
Aidos da Vila

Apicultura
Os conhecimentos e a experiência adquiridos
na área da Apicultura, transmitidos pelo orientador
externo, formador de apicultura em MPB, teve especial
importância, uma vez que não é abordada durante a
parte curricular da Licenciatura em Agricultura
Biológica.
Foram realizadas tarefas específicas tais
como: esticar os arames dos quadros; desinfeção
térmica, utilizando um maçarico, dos quadros e
respetivas alças; acompanhar a entrada de um enxame
Figura 10 - Entrada de
resultante de enxameação para uma nova colmeia enxame numa colmeia nova
(figura 10). em Aidos da Vila

Tendo em conta que a cera é necessária para a sobrevivência das abelhas


(Apis melifera), constituindo a sua “casa”, o processo de reciclagem da cera é
necessário para minimizar a produção de nova cera por parte das abelhas. A cera
colocada nos quadros do ano é reciclada do ano anterior sendo derretida, esterilizada e
moldada em placas. Segundo a FAPAS (2008) as abelhas segregam a cera por oitos
glândulas situadas no abdómen, sendo necessário consumirem 10 kg de mel para
produzirem 1kg de cera. As placas de cera são colocadas nos quadros através do
aquecimento dos arames dos próprios quadros, utilizando energia elétrica.
Foi ainda oportuno observar o interior de uma colmeia que estava selada.
Apesar de terem sido encontradas duas traças (Galleria mellonella), a colmeia
encontrava-se em boas condições para extração posterior do mel.
Ainda nesta área, foi conhecida a utilização de tanaceto,
Tanacetum parthenium, no tratamento de picadas de abelhas.

1ª Feira do Ambiente "Anadia + Verde" 2016


A convite da Câmara Municipal de Anadia, Aidos da Vila esteve presente na
1ª Feira do Ambiente que se realizou nos dias 3 e 4 de junho de 2016, na praça
Visconde Seabra, em Anadia. Aidos da Vila forneceu produtos vegetais frescos para a
confeção de refeições mais saudáveis, pelos alunos da Escola de Viticultura e Enologia
da Bairrada.

- 15 -
Aidos da Vila

Neste certame, foi possível contactar e trocar impressões com os outros cinco
produtores biológicos do concelho de Anadia. Do contacto com o público em geral, foi
percetível o distanciamento do Homem à Natureza, pelo que dever-se-á realizar ações
de sensibilização locais para inverter esta tendência. Aidos da Vila está preparada para
colaborar nestas ações de sensibilização.

Pesquisa de nemátodes fitoparasitas na exploração


Foi realizada uma amostragem de solo em diferentes áreas da exploração para
detetar a existência de nemátodes fitoparasitas. Para além dessa amostra, foi ainda
recolhido solo de plantas de M. major e de T. minuta. Foram recolhidas amostras de
solo especificamente junto destas plantas, de modo a iniciar o estudo do seu potencial
nematodicida.
As amostras de solo foram processadas no laboratório de Nematologia da
Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra, utilizando o método do
tabuleiro de Whitehead & Hemming descrito por Coyne, Nicol e Claudius-Cole
(2009). Cada amostra foi processada do modo que a seguir se descreve. Num tabuleiro
de plástico com uma rede plástica com malha
de 1cm por 0,8cm, foi colocada uma folha de
papel de laboratório, com uma malha de 2mm.
Sobre esse papel foi distribuída a amostra de
solo, 200 cm3, numa fina camada. Adicionou-
se água ao tabuleiro, até o solo ficar
humedecido (figura 11). Após 48h, retirou-se,
cuidadosamente, a rede de plástico e,
lentamente, recolheu-se a suspensão do
tabuleiro, para um copo de vidro. A suspensão
repousou 24h, tendo-se depois reduzido o
volume para 400 mL. A suspensão foi

posteriormente observada ao microscópio Figura 11 – A - solo da exploração; B - do


estereoscópio, utilizando uma placa de solo junto de Melianthus major; C - solo
junto a Tagetes minuta
Doncaster. Os resultados são apresentados na
tabela 3.

- 16 -
Aidos da Vila

Tabela 3 – Número de nemátodes em 200 cm3 de solo


Nº de nemátodes Nº de nemátodes
AMOSTRAS DE SOLO
encontrados fitoparasitas
Solo da exploração 140 40
Solo de Melianthus major 100 40
Solo de Tagetes minuta 80 20

Tendo em conta o número total de nemátodes observados em cada uma das


três amostras de solo, a percentagem de nemátodes fitoparasitas foi de 28, 40 e 20%,
na amostra do solo da exploração, no solo de M. major e no solo de T. minuta,
respetivamente. Destes resultados preliminares, pode-se observar uma menor
população de nemátodes no solo de T. minuta, seguido do solo de M. major e do solo
da exploração. Em termos percentuais de nemátodes fitoparasitas, o solo de T. minuta
continua a ser o que apresenta menor percentagem de nemátodes, contudo, o solo de
M. major apresenta uma percentagem de nemátodes fitoparasitas superior ao solo da
exploração.
Em qualquer uma das amostras o número de nemátodes fitoparasitas é inferior
aos valores comuns de explorações em MPB, 421 nemátodes (Teixeira, 2016). No
entanto, a análise de solo deverá ser repetida, de modo a validar estes resultados
preliminares.

Operações diversas
Uma das tarefas regulares realizada em Aidos da Vila foi a rega, na estufa e,
quando a precipitação foi ausente, nas culturas ao ar livre. A rega é cuidadosamente
adaptada à considerável diversidade de plantas existente em Aidos da Vila.
Aidos da Vila tem preparados vários ciclos, como referido anteriormente.
Neste contexto procedeu-se à colheita do linho (Linum usitatissimum) que exige uma
técnica de colheita especifica para que a planta não seja quebrada e, dessa forma,
melhor aproveitada. Foram ainda recolhidas sementes do trigo sarraceno (Fagopyrum
esculentum) para preservar no banco de sementes de Aidos da Vila, para futuras
sementeiras e alguma transformação.
Com a finalidade de extrair óleo essencial de duas espécies de plantas,
Cinnamomum cassia e de Origanum vulgare. Colheram-se 0,5kg de folhas de
Cinnamomum cassia, para ser processado num destilador de menor capacidade, e
4,8kg da parte aérea de Origanum vulgare, a ser processado no destilador de maior
capacidade. O material vegetal foi fragmentado em pedaços de cerca de 5cm. No dia

- 17 -
Aidos da Vila

seguinte à colheita, procedeu-se à extração do óleo essencial das plantas. Constatou-se


que o peso do material vegetal de Origanum vulgare tinha sido reduzido para 2,300kg.
Assim, no próprio dia da extração, foi colhido mais 0,7kg de material vegetal,
perfazendo-se os 3kg necessários para atingir a capacidade do destilador. No dia
seguinte procedeu-se à destilação, usando método descrito por Schmidt (2010). A água
em ebulição abre as células e, dessa forma, ocorre a libertação do conteúdo nelas
retido. O vapor de água, com os compostos libertados pelo material vegetal, é forçado
a deslocar-se para dentro do condensador, passando ao estado líquido, sendo este
recolhido num recipiente. A destilação realizou-se a 105°C, tendo as uniões sido
seladas com farinha de milho amassada com água para que não ocorressem perdas de
vapor de água. A extração ocorreu durante 60 minutos, encontrando-se a água na
entrada do condensador a 19 e na saída a 31 ºC. Não foi obtido óleo essencial de
Cinnamomum cassia e apenas se obteve 1mL de óleo essencial de Origanum vulgare.
Após a sua utilização, os destiladores são limpos convenientemente, sendo o material
vegetal usado destinado à compostagem.
Na área da informática foram elaborados dois cartazes para publicitar
atividades de Aidos da Vila (figura 12 e 13).

Figura 12 – Cartaz Atividade Figura 13 – Cartaz de visita


em Aidos da Vila etnobotânica

- 18 -
Aidos da Vila

Foi ainda iniciado o processo de certificação em MPB de Aidos da Vila,


tendo-se efetuado a comunicação à Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento
Rural, como previsto na alínea a) do número 1 do artigo 28º do Regulamento (CE) N o
834/2007 do Conselho (2007). (Figura14).

Figura 14 - Notificação MPB à Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento


Rural

- 19 -
Bioensaios

2.2 Bioensaios
Como foi referido anteriormente, a exploração em MPB, Aidos da Vila, prima
pela tentativa de inovação e sustentabilidade. Assim, de seguida descreve -se o trabalho
de investigação preliminar, in vitro, com duas espécies vegetais, Melianthus major e
Tagetes minuta, existentes em Aidos da Vila, procurando-se conhecer o potencial das
duas espécies vegetais como e alternativas mais ecológicas aos pesticidas de síntese.

2.2.1 Material e Métodos


Obtenção dos óleos essenciais e dos hidrolatos de M. major e de
T. minuta
A extração do óleo essencial e do hidrolato das duas espécies vegetais em
estudo foi realizada no laboratório de Aidos da Vila. O óleo essencial reúne os
componentes vegetais não miscíveis com
água, hidrofóbicos. O hidrolato reúne os
componentes vegetais hidrossolúveis.
Primeiramente as plantas foram colhidas na
exploração e o material vegetal foi
fragmentado em pedaços de aproximadamente
5cm. No dia seguinte procedeu-se à
destilação, usando método descrito por
Schmidt (2010), da forma já descrita
anteriormente (secção 2.1.2 Operações
diversas) (figura 15). Dos 250g de T. minuta
seca obtiveram-se 2 mL de óleo essencial e
250mL de hidrolato, da extração de 360g de
Figura 15- Destilador de pequena
M. major fresca obteve-se 300 mL de hidrolato, dimensão de Aidos da Vila
não se obtendo óleo essencial.

Obtenção dos J2 de Meloidogyne sp.


Com o auxílio de um microscópio estereoscópico, foram retiradas massas de
ovos e colocadas numa caixa de Petri, para eclosão numa estufa a 25ºC. Foram
extraídas massas de ovos da raiz de tomateiro infetado com NGR, proveniente de uma

- 20 -
Bioensaios

estufa. Esta planta foi gentilmente cedida pela Doutora Sofia dos Santos da Rocha
Costa, investigadora da Universidade do Minho, não tendo ainda sido identificada a
espécie. As massas de ovos foram colocadas num pequeno crivo, preparado com um
quadrado de náilon, com cerca de 30 µm de malha, preso com um elástico a um anel
de plástico rígido, com cerca de 2,5 cm de diâmetro e 0,9 cm de altura. Esse crivo foi
humedecido com água destilada e colocado numa caixa de Petri de vidro, com 10 cm
de diâmetro, esterilizada. Entre o fundo da caixa de Petri e o crivo foi colocado um
quadrado de rede plástica, criando-se, deste modo, um espaço entre os dois. Os J2
eclodidos nas primeiras 24 horas foram desprezados, tendo sido depois utilizados os
que eclodiram nas 24 horas seguintes.

Estudo do potencial nematodicida


Com o auxílio de uma pestana colocada na extremidade de uma vareta de
vidro, transferiram-se 20 J2 com 24 horas para um bloco de vidro escavado,
desinfetado, contendo 0,5 mL de cada um dos tratamentos, óleo essencial e hidrolato
de T. minuta e hidrolato de M. major. A água destilada serviu como testemunha. Foram
feitas cinco repetições de cada um dos tratamentos e da testemunha. As experiências
decorreram no escuro, à temperatura de 22±2°C. As contagens do número de J2 vivos,
imóveis ou mortos foram efetuadas às 24, 48 e às 168 horas, após a exposição dos J2
ao tratamento, com o auxílio de um microscópio estereoscópico. Os J2 que só
apresentavam movimentos quando tocados com a pestana foram considerados como
imóveis. Os J2 foram considerados mortos quando, tocados com a pestana, não
apresentavam movimento e depois de colocados em água destilada, durante uma hora,
e novamente tocados com a pestana, continuavam a não apresentar movimento.
Os valores de mortalidade cumulativa, isto é, do total de J2 mortos até às
168 horas, foram submetidos a uma ANOVA. Quando se verificaram diferenças
significativas, foi realizado o teste de Tukey, para se verificar entre que modalidades
existiam essas diferenças. Os testes foram realizados para um nível de significância de
p=0,05 (Zar, 1996).
Foi feita uma correção em relação à mortalidade ocorrida na testemunha, água
destilada, utilizando a fórmula de Schneider-Orelli (Pü ntener, 1981):
% da Mortalidade corrigida =

% mortalidade no tratamento − % de Mortalidade da testemunha


= ×100
100 − % de Mortalidade da testemunha
- 21 -
Bioensaios

Estudo do potencial herbicida


Esclarece-se que este estudo foi realizado de modo a obter-se mais uma
informação preliminar sobre o potencial de M. major e T. minuta, tendo em conta que
ainda dispúnhamos de um volume suficiente dos hidrolatos destas plantas. Este
bioensaio procurou estudar o efeito das plantas na germinação de uma
monocotiledónea, o milho, e numa dicotiledónea, o feijão. Foram utilizadas estas duas
espécies, por serem umas das usualmente mais utilizadas neste tipo de ensaios. O
milho, Zea mays, é uma monocotiledónea da família das Poaceae e do género Zea.
Com origem no teosinto é nativo do México. Como arvense, é cultivada pelo seu
elevado valor nutritivo. Dos aminoácidos conhecidos necessários na alimentação
apenas estão ausentes a lisina e o triptofano. Por estas razões, o milho é uma das
culturas arvenses mais importantes no Mundo (Barros e Calado, 2014). O feijão,
Phaseolus vulgaris, é uma dicotiledónea da família Fabaceae e do género Phaseolus.
Originário da América Central, contém 56 espécies conhecidas. Sabe-se que é
cultivado há pelo menos 800 anos fazendo parte da base alimentar meso-americana.
Com a descoberta do continente Americano, em 1492, foi introduzido pelos espanhóis
em Sevilha e depois disseminada pela Europa. É cultivado como hortícola, com a
produção de vagens imaturas. Como arvense é cultivado pelo valor nutritivo da
semente que é rica em vitaminas do complexo B, aproximadamente 22% de proteína,
acido fólico e fibra (Almeida, 2006).
Para a preparação desta experiência, começou-se por colocar rodelas de papel
de filtro esterilizado em caixas de Petri igualmente esterilizadas. Com o auxílio de
uma pipeta, colocaram-se 4 mL de cada um dos tratamentos, hidrolato de M. major e
de T. minuta, tendo a água destilada servido como testemunha. Seguidamente, em cada
caixa de Petri colocaram-se dez cariopses de milho ou de sementes de feijão. Foram
realizadas dez repetições de cada tratamento. As caixas de Petri foram posteriormente
colocadas numa estufa à temperatura de 25°C. As observações da germinação das
cariopses de milho foram efetuadas ao 10º e ao 22º dia. A germinação das sementes de
feijão foi apenas observada ao 10º dia, tendo-se constatado que estavam em
putrefação, tendo havido necessidade de repetir o ensaio. No entanto, por escassez de
tempo, foi apenas feita a observação da germinação ao 10º dia.

- 22 -
Bioensaios

2.2.2 Resultados e Discussão


Estudo do potencial nematodicida
Os resultados obtidos neste estudo encontram-se nas tabelas 4 e 5 e na
figura 16.
Tabela 4 – Efeito do óleo essencial e do hidrolato de Tagetes minuta e do hidrolato de
Melianthus major na percentagem de mortalidade cumulativa corrigida de jovens do segundo
estádio de Meloidogyne sp..

Tempo (horas)
TRATAMENTO
24 48 168

Tagetes minuta óleo essencial 100 100 100

Tagetes minuta hidrolato 0 0 9,5

Melianthus major hidrolato 9 11 28,4

Tabela 5 - Efeito do óleo essencial e do hidrolato de Tagetes minuta e do hidrolato de


Melianthus major na percentagem de imobilidade de jovens do segundo estádio de
Meloidogyne sp..

Tempo (horas)
TRATAMENTO
24 48 168

Testemunha 15 15 75

Tagetes minuta óleo essencial 0 0 0

Tagetes minuta hidrolato 100 100 70

Melianthus major hidrolato 75 90 70

- 23 -
Bioensaios

25
b b b
20
nº de nemátodes

15
a
10 a
a a
5
a
a a a a
0
24h 48h 168h

Testemunha Óleo Essencial de Tagetes minuta


Hidrolato de Tagetes minuta Hidrolato de Melianthus major

Figura 16 - Efeito nematodicida de Tagetes minuta e de Melianthus major sobre os


nemátodes-das-galhas-radiculares Meloidogyne. Os resultados correspondem à média da
mortalidade cumulativa mais desvio padrão de 5 repetições, sendo cada repetição
constituída por 20 nemátodes do género Meloidogyne; colunas seguidas de letras diferentes,
para o mesmo tempo de observação, apresentam diferenças estatisticamente significativas
(p<0,05), de acordo com o teste Tukey.

De um modo geral, este estudo preliminar indica que as duas plantas em


estudo, T. minuta e M. major, apresentam potencial nematodicida em relação a esta
espécie de Meloidogyne.
O potencial nematodicida é mais evidente para T. minuta, especialmente no
caso do óleo essencial, em que se verificou a imobilização instantânea dos nemátodes
quando entravam em contacto com o óleo. Constatou-se que 100% dos J2 imóveis se
encontravam não apenas imóveis, mas sim mortos. Por outro lado, também 100% dos
J2 expostos ao hidrolato de T. minuta se encontravam imóveis, 24 horas após o início
da experiência, continuando imóveis às 48 horas, o que indica o seu potencial
nematostático. Verificou-se que 168 horas após o início da experiência a mortalidade
corrigida no hidrolato de T. minuta era de 9,5%.
Em relação a M. major, apesar de não ter sido possível estudar o efeito do
óleo essencial por não ter sido obtido atempadamente para este trabalho, os resultados
obtidos para o hidrolato indicam também que esta planta detém um potencial
nematodicida. Por isso, é importante estudar também o efeito do óleo essencial. De
facto, verificou-se que o hidrolato desta planta teve um efeito nematodicida superior
ao de T. minuta tendo sido observada mortalidade corrigida, 9%, logo após 24 horas do
início do bioensaio. A mortalidade aumentou para 11 e para 28,4%, às 48 e 168 horas,

- 24 -
Bioensaios

respetivamente. Este hidrolato causou também imobilidade, 75%, às 24 horas, tendo


esta aumentado para 90%, às 48 horas.
Com base no anteriormente referido, reforça-se a importância de estudar o
efeito do óleo essencial de M. major, sendo importante tentar fazer a sua extração a
partir da planta seca, como aconteceu para T. minuta. Mas também será interessante
tentar extrair óleo a partir de plantas de T. minuta frescas para se aprofundar o
conhecimento destas duas espécies de plantas.
Relativamente à testemunha, é importante salientar que geralmente não se
observa nem mortalidade nem sequer imobilidade dos J2 (Galhano, 2005; Martins,
Costa e Galhano, 2015). No entanto, neste bioensaio, foram registados J2 imóveis,
15%, logo após 24 horas do início da experiência, tendo essa imobilidade atingido
75%, no final da experiência. Este facto pode estar relacionado com alguma
característica da própria espécie ainda por identificar. Por outro lado, os nemátodes
normalmente utilizados nas experiências são obtidos de isolados mantidos em
laboratório, em hospedeiros conhecidos, suscetíveis e em condições. Os nemátodes
utilizados neste estudo, como referido anteriormente foram obtidos diretamente de
uma raiz infetada de uma planta colhida numa estufa, durante uma prospeção de NGR
e que, tendo em conta a oportunidade, foi mantida num frigorífico, durante um tempo
considerável. Assim, também por este motivo, os resultados aqui apresentados deverão
ser efetivamente considerados como preliminares, no entanto, parece justificar-se a
repetição dos bioensaios.
Deste estudo preliminar pode verificar que o óleo essencial de T. minuta
apresentou um efeito nematodicida instantâneo, como referido anteriormente, tendo
para todos os tempos de observação existido diferenças estatisticamente significativas
em relação aos outros tratamentos. O hidrolato de T. minuta e o hidrolato de M. major
não apresentaram diferenças estatisticamente significativas, mesmo em relação à
testemunha. Contudo, os resultados relativamente à testemunha já foram discutidos
anteriormente.
Pode considerar-se que os resultados deste estudo preliminar vêm corroborar
os resultados de vários autores em relação ao potencial nematodicida de T. minuta em
relação a Meloidogyne spp. (Gil, 1996; Holm et al., 1997; Weaver et al., 1994 cit. por
CABI, 2016; Garcia et al., 2012; Shiavon et al., 2015; Strecht e Ferreira, 2012).
É importante referir que não foi encontrada qualquer referência de M. major
em relação aos NGR.

- 25 -
Bioensaios

Estudo do potencial herbicida

Os resultados obtidos no estudo de dicotiledóneas encontram-se na tabela 6.


Tabela 6 - Percentagem do efeito herbicida em dicotiledónea (Phaseolus vulgaris) ao 10º dia

Tempo (dias)

TRATAMENTO
10

Testemunha 94

Tagetes minuta hidrolato 83

Melianthus major hidrolato 86

Do ensaio in vitro para dicotiledónea, feijão, não foi possível obter resultados,
tendo em conta que, num primeiro ensaio as sementes apodreceram, provavelmente
porque se procurou utilizar sementes biológicas, não tratadas; no segundo ensaio, em
que se utilizaram sementes convencionais, na testemunha apenas germinaram 6% das
sementes, indicando a ausência de poder germinativo, contrariando a informação
disponibilizada pela empresa fornecedora, que garantia de 95% de germinação.
Os resultados obtidos no estudo de monocotiledóneas encontram-se na
tabela 7 e na figura 17.

Tabela 7 - Percentagem do efeito herbicida em monocotiledónea (Zea mays) aos 10º


e 22º dias
Tempo (dias)

TRATAMENTO
10 22

Testemunha 0 0

Melianthus major hidrolato 4 4

Tagetes minuta hidrolato 51 43

- 26 -
Bioensaios

8 b
7
b
6
nº de cariopses

2 a a
1
a a
0
10 ºdias 22º dia

Testemunha Melinathus major Tagetes minuta

Figura 17 - Efeito herbicida do hidrolato de Tagetes minuta e de Melianthus major


sobre cariopses de milho Zea mays. Os resultados correspondem à média ± desvio padrão de
dez repetições, sendo cada repetição constituída por 10 cariopses de milho Zea mays; colunas
seguidas de letras diferentes, para o mesmo tempo de observação, apresentam diferenças
estatisticamente significativas (p<0,05), de acordo com o teste Tukey.

Neste estudo, o hidrolato de M. major causou 4% de inibição na germinação


de cariopses de milho ao 10º e ao 20º dia, e o hidrolato de T. minuta causou uma
inibição na germinação de cariopses de milho de 51 e 43% ao 10º e 20º dia,
respetivamente.
Deste estudo preliminar pode verificar-se que o hidrolato de M. major não
apresenta diferenças estatisticamente significativas em relação à testemunha.
Conclui-se também que o hidrolato de T. minuta apresenta uma diferença
estatísticamente significativa, sendo este o tratamento que apresentou melhores
resultados neste estudo.
As conclusões obtidas vão no sentido das propriedades inibidoras da
germinação e das propriedades fitotóxica de T. minuta pela presença de ocimeno.
(Scrivanti, Zunino e Zygadlo,2003; CABI, 2016)

- 27 -
Conclusão

3. CONCLUSÃO
O trabalho desenvolvido em Aidos da Vila foi gratificante pela diversidade de
tarefas realizadas bem como pelos conhecimentos consolidados. Tendo em conta o
facto de ser uma exploração certificada em Agricultura Biológica, foi possível tomar
consciência de forma concreta das características inerentes a este tipo de produção.
Foi possível implementar os conhecimentos adquiridos na Licenciatura em Agricultura
Biológica e permitiu também adquirir conhecimentos em Apicultura. Aidos da Vila
pretende evoluir de forma sustentável, em harmonia com a Natureza, na área
alimentar, sustentada em três áreas pilares: a botânica a agronómica e a alimentar, não
negligenciando o interesse em inovar explorando de forma sustentável o potencial dos
recursos que detém. Seria importante que a exploração dispusesse de recursos
humanos qualificados para que mais facilmente continue a potenciar o funcionamento
sustentável da exploração.
Dar continuidade à investigação científica iniciada com o estudo preliminar
apresentado neste trabalho é também uma das prioridades da Aidos da Vila. De facto,
o tempo em que decorreu o estágio foi manifestamente insuficiente para tirar
conclusões indubitáveis em relação ao potencial biocida de M. major e de T. minuta.
No entanto, os bioensaios apontam para o potencial efeito nematodicida do óleo
essencial de T. minuta, tendo os hidrolatos das duas plantas estudadas apresentado
efeito nematostático. Salienta-se o facto de ter sido importante iniciar-se o
conhecimento mais aprofundado da potencial aplicação de Melianthus major. No que
respeita ao efeito sobre a germinação de sementes, o hidrolato de T. minuta inibiu a
germinação do milho, uma monocotiledónea, pelo que deviam ser realizadas novas
experiências e estudos complementares, a fim de ser possível concluir a sua eficácia
sobre infestantes monocotiledóneas. Já o hidrolato de M. major não teve qualquer
efeito na germinação das sementes do milho. Os bioensaios com sementes de
dicotiledóneas deverão ser repetidos, tendo em conta que os aqui apresentados foram
inconclusivos.
Em suma, este trabalho permitiu aplicar os conhecimentos adquiridos durante
a Licenciatura em Agricultura Biológica, para além de potenciar a aquisição de novos
conhecimentos sobre espécies vegetais menos populares e abrir novas perspetivas de
investigação aplicada ao MPB.

- 28 -
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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