Produção de Leite
Agroecológico
Manejos e práticas sustentáveis para a produção de leite
Organizadores
Ludmila Couto Gomes
Maximiliane Alavarse Zambom
Marcel Moreira de Brito
Rodrigo Cesar dos Reis Tinini
Os organizadores:
Lista de Autores
Realização
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Apresentação
SUMÁRIO
4.Manejo Sanitário................................................................................................................ 19
1. Histórico da Agroecologia
A agricultura é das atividades realizadas pelo homem, uma das mais antigas, sendo
praticada possivelmente há mais de 10 mil anos. Grandes transformações ocorreram,
porém a agricultura do início foi praticada de forma muito semelhante à que os índios
praticam hoje. Este modelo é chamado de MODELO TRADICIONAL de produção, o qual
trabalhava, principalmente, a integração com a natureza (CAPORA e COSTABEBER,
2000).
Por volta de 1950 o modelo tradicional começou a sofrer alterações, visando aumento
da produção de dependência de insumos agrícolas. Este modelo, que ficou conhecido
como MODELO CONVENCIONAL, é mais utilizado no Brasil, e foi massificado
principalmente durante o crescimento da abertura de linhas de crédito para compra de
tratores, implementos agrícolas, adubos químicos, sementes, animais geneticamente
superiores, entre outros.
Tal mudança trouxe uma série de vantagens e o muitos prejuízos ao ambiente. Na
tentativa de diminuir os problemas causados, surgem máquinas mais eficientes, novos
cultivares, venenos que são menos tóxicos ao agricultor, etc... Mas mesmo assim, o
produtor continua dependente das grandes empresas para o fornecimento destes
produtos. Nesta fase, o novo modelo é definido como “ALTERNATIVO CONSERVADOR”.
Diante de tanta despreocupação com o produtor e o ambiente, foi preciso buscar uma
alternativa, mas que seja desenvolvida pelos principais agentes envolvidos neste
processo, e não por pessoas que tenham interesses antagônicos aos dos produtores
rurais e da natureza.
MODELOS DA AGROPECUÁRIA
Este modelo existe, porém ainda não está pronto. Na constituição neste novo modelo,
chamado “MODELO AGROECOLÓGICO”, estão envolvidos agricultores, pesquisadores,
técnicos e outros agentes idôneos. Trazendo assim, uma nova visão da propriedade rural,
a visão sistêmica, que permite entender a propriedade como um todo e de forma
dinâmica, onde estão envolvidos fatores químicos, físicos e biológicos.
2. Conceitos de Agroecologia
Maichel Lange
Marcel Moreira de Brito
Meio ambiente envolve tudo aquilo que é vivo e materiais inorgânicos que ocorrem no
planeta Terra, ou em alguma região dela, que afetam os ecossistemas e a vida dos seres
humanos.
Meio ambiente é um aglomerado de unidades ecológicas que funcionam como um
sistema natural, e incluem toda a vegetação, animais, micro-organismos, solo, rochas,
atmosfera e fenômenos naturais que podem ocorrer em seus limites. Também
compreende recursos e fenômenos físicos como ar, água e clima, assim como energia,
radiação, descarga elétrica, e magnetismo.
Até pouco tempo quando se falava em meio ambiente, lembrávamos da água, da terra,
do ar das arvores, mas de forma isolada. Atualmente pensamos em tudo isso, mas na sua
relação com os homens e com a nossa produção. Portanto, os humanos são apenas uma
parte integrante do meio ambiente, que depende totalmente do seu equilíbrio para
sobreviver.
2. A Legislação Ambiental
As Áreas de Reserva Legal (ARL) são destinadas à preservação das espécies nativas
de plantas da região e também das espécies animais. No Paraná, toda propriedade deve
mantes 20% da área total para ARL. No caso de propriedade menores de 4 módulos
fiscais, que antes dos de 22 de julho de 2008 não tinha esse tipo de área, não necessita
recompor a área, mas se as áreas foram ocupadas após essa data, o proprietário tem que
refazer a ARL.
1. Desmama
3. Parto
O dia do parto ocorre ao nascimento do bezerro, onde deve ser efetivada uma das
mais significativas práticas de manejo, da qual dependerá a saúde do bezerro: a ingestão
do colostro e a cura do umbigo, tendo consequências muito benéficas nos recém-
nascidos.
O colostro é o leite disponível no parto e de consumo exclusivo da cria. Do segundo ao
quinto dia ordenha após o parto o leite é chamado de leite de transição, sendo estes
conhecidos pelos produtores como “leite sujo”, por não poder ser comercializado. O
colostro deve ser utilizado na alimentação do bezerro que acaba de nascer, pois é a única
forma de protegê-lo contra possíveis doenças que podem surgir nos primeiros meses de
vida e garantir o bom desempenho das futuras matrizes do rebanho.
Após o nascimento é importante fazer a cura do umbigo, pois o bezerro ao nascer
apresenta uma abertura na região umbilical que serve de porta de entrada para bactéria
que irão causar infecções em diferentes locais do organismo. A melhor forma de fazer a
cura desta região é fazendo a imersão do umbigo em solução de iodo, na concentração de
10% em álcool, causando a desidratação do umbigo e evitando o aparecimento de
bicheiras. Demais informações podem ser obtidas no capítulo: Manejo Sanitário em
Bovinos Leiteiros, no tópico: Colostragem e Cura de umbigo.
Caroline Hoscheid
Hâmara Milaneze de Souza
Vanice Marli Fulber
1. Pré-parto
Inicialmente, é importante relembrar que a lactação de uma vaca deve ser encerrada
nos dois últimos meses de gestação, para proporcionar descanso à glândula mamária e
formação de colostro para a posterior lactação.
Além da secagem, faz-se necessário oferecer um ambiente que promova o bem estar
desses animais, com sombreamento, pastagem e água de boa qualidade, proporcionando
condições favoráveis ao parto, conforme a Figura 1.
O fornecimento de uma dieta equilibrada neste período é essencial, com atenção
especial ao fornecimento de sal mineral (sal aniônico), proporcionando uma menor
incidência de enfermidades após o parto, como por exemplo, a hipocalcemia (febre do
leite), retenção de placenta, metrites, mastites, cetoses e deslocamento de abomaso.
2. Parto
Por ser um momento de muito estresse para o animal, a interferência durante o parto
deve ser mínima, sendo indicada apenas quando há problemas no parto (distocias) que
atrapalhem o processo normal de nascimento do bezerro. É importante lembrar que em
interferências arriscadas, faz-se necessário o apoio de um profissional habilitado, evitando
maiores problemas e complicações durante e após o parto, diminuindo o risco de morte do
animal e/ou bezerro.
Devem ser observadas na primeira ordenha a saúde da glândula mamária (úbere e
tetos) e a possível presença de retenção de placenta (Figura 2), que é caracterizada pela
permanência dos restos placentários no útero da vaca por mais de 12 horas após o parto.
A observação de qualquer anormalidade no animal é fundamental para intervir de forma
eficiente antes de agravar o problema.
O colostro deve ser fornecido logo após o nascimento do bezerro, sendo que a
ingestão deve ser de 6 litros nas primeiras 12 horas de vida e 2 litros após 12 horas de
vida, totalizando 8 litros de colostro no primeiro dia.
A cura de umbigo deve ser realizada juntamente com a colostragem, pois o
procedimento previne à ocorrência de infecções umbilicais (onfalites) que podem gerar
inúmeros problemas, como hérnias umbilicais (Figura 3) e até mesmo a morte do animal.
O produto ideal a ser utilizado é a solução de iodo a 5% que pode ser preparado da
seguinte forma: misturar álcool 70% e tintura de iodo a 10%, na proporção 1:1 (1L de
álcool + 1L de iodo 10%).
A cura de umbigo pode ser observada na Figura 4 a seguir. A solução deve ser
armazenada em um recipiente escuro (para evitar a inatividade do iodo ao entrar em
contato com a luz solar) e com boca larga, facilitando a aplicação em todo umbigo. A
solução deve ser descartada sempre que estiver suja e o curativo deve ser realizado duas
vezes ao dia, por um período de três a quatro dias.
Figura 4. Cura do Umbigo.
A) Corte de umbigo de 4 dedos de tamanho; B) Tamanho do umbigo após limpeza e corte; C)
Preparação da solução iodada para submergir o umbigo em recipiente de boca larga; D e E)
Completa imersão de umbigo; F) Umbigo com imersão completa pela solução iodada.
4. Tratamento de Doenças
Vacinações raiva, leptospirose, rinotraqueite infecciosa dos bovinos (IBR), diarréia viral
bovina (BVD) e demais, também são amplamente realizadas nos rebanhos, ficando a
critério do produtor quanto indicada sua necessidade.
Figura 5. Novilha vacinada para Brucelose; marcação do lado esquerdo com V4.
A endoparasitose nada mais é que a verminose dos animais manifestada a partir dos
3 meses de idade nos bovinos. Os maiores prejuízos ocorrem em animais mais jovens, de
até 2 anos de idade, prejudicando seu desenvolvimento, como observado na Figura 6.
Para combatê-las, o sistema de pastejo deve ser preferencialmente rotativo para melhor
controle de parasitoses.
As principais formas de controle da verminose em sistemas agroecológicos são:
Higienização das instalações;
Boa nutrição;
Não deixar os animais em contato com fezes;
Usar produtos fitoterápicos e homeopáticos;
Promover a rotação de pastagem.
Ao tratar de manejo de ordenha, deve-se sempre utilizar boas práticas que visam
buscar a saúde do animal e a qualidade do leite. O ordenhador deve estar sempre atento
a certos sinais apresentados pelas vacas, como por exemplo: olhos fundos, pelos
arrepiados, diminuição na ingestão de alimentos, parada da ruminação, queda na
produção de leite e alterações na urina ou nas fezes (muito mole, ou muito seca, ou com
sangue) que podem ser indicativos de problemas de saúde.Conforme a Instrução
Normativa nº 62, de 29 de dezembro de 2011, que veio a substituir a IN nº 51 de 2002,
publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), onde
regulamenta a produção, identidade, qualidade, coleta e transporte do leite tipo A, leite cru
refrigerado e leite pasteurizado, o objetivo é melhorar a qualidade do leite, diminuindo a
quantidade de Contagem de Células Somáticas (CCS) e de Contagem Bacteriana Total
(CBT), (BRASIL, 2011).
Conduza as vacas para o local de ordenha com calma, sem bater nos animais,
nem correr e nem gritar. Não faça movimentos bruscos, não use instrumentos de
agressão (pau, corda, chicote, ferrão e bastão elétrico).
Respeite a formação da linha de ordenha. Ordenhe primeiro as vacas em boas
condições de saúde e deixe para o final as vacas com problemas. O ideal é seguir a
seguinte sequência: vacas de primeira cria; vacas saudáveis; e por último as vacas que
tiverem problemas de mastite.
No caso de ordenha com bezerro ao pé, libere o bezerro e deixe que ele mame
um pouco em todos os tetos para estimular a descida do leite, afastando-o do úbere logo
em seguida. Não puxe o bezerro pela cauda ou orelhas.
Colocar o conjunto de teteiras (máximo 1 a 2 minutos após a limpeza dos tetos),
prestar atenção para retirá-lo logo que o leite parar de sair.
Enxaguar e desinfetar sempre as teteiras após o uso em cada vaca (água e
desinfetante).
Figura 11: Maneira incorreta e correta para limpeza das teteiras.
Logo após a ordenha fazer a imersão dos tetos em solução pós-dipping, cuja
principal função é proteger o esfíncter contra a entrada de microrganismos.
Armazenar o leite em local adequado, com temperatura ideal (+/- 4ºC), o mais
rápido possível, mantendo esta temperatura até a hora do transporte deste. E trocar a
água do freezer a cada 15 dias quando os tarros forem imersão.
O solo é um dos fatores mais importantes para qualquer produção agrícola, seja ela
uma lavoura de cereais, grãos, frutas, ou até mesmo a produção animal. É do solo que
extraímos os nutrientes necessários, em forma de alimento, que irão nos nutrir e nutrir os
rebanhos que produzimos, sendo assim, de suma importância á manutenção das
condições ideais do solo, para que possamos produzir da melhor forma possível.
A relação do solo pastoril com a produção leiteira é triangular. A planta não é somente
o produto do solo, mas também da influência do gado. O animal de pastejo tem influência
sobre a vegetação e esta sobre o solo, sendo formada pela pastagem que recebe. A
produção animal depende do solo, uma vez que em solos pobres a vegetação será pobre
e os animais que nele viverem serão fracos, deficientes, pesteados e com
desenvolvimento de fertilidade reduzida (PRIMAVESI, 1999 e 2002).
3. Adubação
Desta forma, é muito importante o agricultor conhecer o seu solo, realizando análises
periódicas, para compreender o que ele necessita, facilitando o manejo correto, sempre
lembrando que se manejo for irregular e um dos vértices do triangulo solo-planta-gado
estiver desalinhado, ocorre o processo de degradação do seu sistema produtivo.
As principais fontes de adubação dos solos orgânicos são provenientes de dejetos
animais, restos vegetais e adubação verde, sempre buscando o complemento do mesmo
com adubação mineral orgânica.
A adubação verde para sistemas agroecológicos se constitui como um importante
método sustentável de agregar qualidade aos solos. Os adubos verdes tem a capacidade
de fornecer ao solo:
Nutrientes; Produção de biomassa; Húmus; Aumentar a fixação do nitrogênio;
Controle de plantas e doenças invasoras; Barreira vegetal; Como banco de proteínas, ou
seja, podem servir de alimentação animal, exemplo: leucena, aveia e guandu e
Capacidade de descompactar o solo.
IMPORTANTE LEMBRAR
- Matéria Orgânica é essencial para o solo. Deste modo, não é indicado realizar
queimadas e utilizar produtos químicos no pasto, pois podem prejudicar microrganismos e
pequenos animais, de grande importância para levar os nutrientes até as plantas e manter
o solo vivo e fértil.
- Pergunte e tire suas dúvidas com os técnicos extensionistas que visitam sua
propriedade e estão disponíveis no assentamento. Eles podem trazer informações
importantes e auxiliar você na solução de problemas e promover mudanças que
aumentarão sua produtividade e bem estar no trabalho.
7. Manejo agroecológico das pastagens
Jaqueline Regina Bergmann
Ludmila Couto Gomes
Marcela Abbado Neres
Gramíneas Leguminosas
São boas fontes de São importantes fontes de
carbono e produtoras de nitrogênio e facilitam sua
biomassa, sendo palatável fixação no solo
para os animais
Alguns adubos verdes utilizados na pecuária leiteira ecológica: feijão guandu, leucena,
calopogônio, estilosantes mineirão, estilosantes campo grande, puerária, soja-perene,
centrosema, siratro, cratília.
Período de
Forrageira
descanso
Capim-Brachiarão (Brach. Brizantha cv. Marandú) 28 a 35 dias
Capim-braquiária (Brachiaria decumbens) 28 a 32 dias
Capim-coastcross (Cynodon dactylon) 21 a 28 dias
Capim-colonião (panicum maximum) 28 a 35 dias
Capim-elefante (Pennisetum purpureum) 35 a 45 dias
Capim-mombaça (Panicum maximum cv. Mombaça) 28 a 30 dias
Capim-tanzânia (Panicum maximum cv. Tanzânia) 28 a 32 dias
Capim-tifton (Cynodon sp.) 21 a 28 dias
Grama-estrela (Cynodon plectostachyus e nlemfuensis) 21 a 28 dias
Fonte: EMBRAPA (2006)
O período de ocupação ideal para gado de leite no mesmo piquete é de um dia, mas
em caso de grande disponibilidade de forragem, pode ser utilizado 2 dias de ocupação.
Com isso, temos que o calculo do numero de piquetes é:
1.2 Materiais utilizados para a construção de piquetes
É aconselhável que o material escolhido seja resistente, de baixo custo e que
contenha os animais no piquete. Para isso podemos optar para usar bambu, barra de
ferro, palanques de madeira, estacas de eucalipto e galhos de arvore. Deve ser usado
para contenção dos animais arame farpado ou fio de choque.
1.1 Bezerras
Após o nascimento as bezerras deverão receber o colostro diretamente da mãe. Em
sistema agroecológico é aconselhável que o animal seja amamentado por sua mãe até 90
dias de idade, período então que pode ser desmamado. Antes mesmo do desmame é
interessante que as bezerras tenham acesso a pastagem de boa qualidade, feno e
suplementação concentrada com aproximadamente 18% de PB. Para os bezerros novos o
fornecimento de silagem preferencialmente só deve ser feito a partir do 4 mês de idade.
1.2 Novilhas
A dieta nessa fase deve conter em torno de 14% de PB e 65% de NDT. Na época de
abundância de pastagens, o uso de pastejo rotativo ajuda a controlar a qualidade do pasto
ofertado aos animais. A composição do concentrado a ser fornecido vai depender da
qualidade, disponibilidade e tipo do volumoso utilizado., quanto mais pobre em PB e NDT
for a pastagem, maior é a concentração de PB e NDT que deve ter no concentrado.
1.3 Vacas em lactação
Em um sistema de alimentação para vacas em lactação é necessário que os animais
tenham acesso a pastagens de qualidade e com grande disponibilidade de alimento A
quantidade de concentrado a ser fornecida para uma vaca em lactação depende da
produção de leite deste animal. Vacas em início de lactação devem consumir mais
concentrado, de modo que atinjam o pico de produção de leite e expressem todo o seu
potencial produtivo. Por sua vez, vacas em final de lactação não respondem
produtivamente à oferta de concentrado, de modo que essa pratica encarece os custos
com alimentação sem gerar retorno econômico. No Quadro 1 se encontra a descrição da
quantidade de concentrado a ser fornecido para uma vaca em função do seu estágio de
lactação
Para a suplementação com concentrado pode-se utilizar uma mistura simples à base
de milho moído, subprodutos da agroindústria, farelo de soja ou de algodão, calcário e sal
mineral, sendo que preferencialmente estes ingredientes devem provir de sistemas
agroecológicos. Caso isso não seja possível, é permitido a compra de concentrados
comerciais ou ingredientes que não provenham do sistema agroecológico, desde que
estes não ultrapassem 15% da dieta total.
4. Fornecimento de minerais
a. Alimentos conservados
Silagem
Silagem é a forragem verde armazenada na ausência de ar, sendo conservada
mediante fermentação. Esse volumoso constitui uma importante forma de conservar
grandes volumes de forragem para épocas de escassez de alimento, sendo que ela exige
cuidados com relação ao ponto ideal de corte, compactação e vedação do silo. Dentre as
opções existentes para a ensilagem destacam se o milho, cujo ponte de corte é quando o
grão encontra-se ¾ farináceo e ¼ leitoso. Além do milho outras culturas como o sorgo,
girassol, milheto, aveia e gramíneas como Tifton e a Estrela podem ser utilizados. A
quantidade de silagem a ser ofertada é em torno de 6 a 9 kg para novilhas, 9 a 15 kg para
vacas secas e 14 a 20 kg vacas em lactação. No período de escassez de pasto a
quantidade de silagem a ser fornecida para vacas em lactação pode ser aumentada para
30 a 35 kg/dia, dependendo do tipo de silagem e produção de leite.
Feno
A fenação é um método de conservação de volumosos que consiste na desidratação
da planta. Para isso, a forragem é cortada e seca ao sol para posterior enfardamento.
Normalmente o feno é produzido quando há excedente na produção de forragens
podendo ser armazenado em períodos de escassez de alimento. Dentre as forrageiras
mais utilizadas destacam-se o Tifton, a grama Estrela e a alfafa.
Cana-de-açúcar verde
A cana de açúcar é um alimento rico em energia. Recomenda-se fornecer até 40 kg
por vaca por dia, na forma picada. Maiores quantidades podem ocasionar problemas
ruminais, como acidose. Preferencialmente a cana também deve ser fornecida juntamente
com outros alimentos mais fibrosos, tal como o feno.
b. Alimentos energéticos
Milho
É considerado um alimento concentrado energético. O milho em grão pode ser
fornecido para bovinos em até 70% do concentrado. O milho também pode ser utilizado
também na forma de rolão de milho que consiste na planta inteira moída, incluindo a
espiga após a colheita.
Casca de soja
A casca de soja é o envoltório do grão da soja e é um alimento rico em energia. Possui
alta palatabilidade e é muito aproveitada pelo animal.
Farelo de trigo
É rico em fósforo e moderada proteína. Pode substituir o milho da dieta, aumentando o
teor proteico desta.
c. Alimentos proteicos
Farelo de soja
Pode ter de 44% a 48% de proteína e considerado o melhor alimento proteico, por ter
altos níveis de proteína de boa qualidade, energia e palatabilidade. Pode ser usado para
todas as categorias animais, mas devido ao seu elevado custo recomenda-se usar o
suficiente para atender a exigência de proteína.
d. Alimentos alternativos
A mandioca pode ser utilizada para alimentar o gado, sendo que dela pode-se
aproveitar a raízes, as ramas e as folhas. No entanto, a utilização dessa planta requer
cuidados, pois existem dois tipos de mandioca: a mansa e a brava. A mansa pode ser
fornecida in natura sem problemas, enquanto que a brava possui uma substância tóxica
chamada de ácido cianídrico. Para eliminar essa substância deve- se picá-la e deixá-la
espalhada ao ar livre por 24-72 horas, e no caso do terço superior da rama, esta pode ser
armazenada por 30 dias na forma de silagem. Tomados esses cuidados, as raízes podem
ser usadas como fontes de energia, substituindo até mesmo o milho, as folhas como fonte
de proteína e a rama como fibra podem ser ofertadas no lugar do pasto.
A abóbora pode ser usada para alimentação das vacas leiteiras e devido ao seu sabor
adocicado e por sua suculência é muito apreciada pelos animais. Deve ser distribuída no
cocho picada e de preferência junto com outros alimentos mais grosseiros como silagens,
feno e capim elefante picado. A abóbora é altamente digestível, rica em água e energia.
A rama da batata-doce pode ser fornecida sem restrições aos bovinos. A raiz da
batata doce também pode ser utilizada, recomenda-se fornecer até 10 kg por vaca por dia.
As raízes são colhidas podendo ser retiradas em pequenas quantidades para o
fornecimento imediato aos animais. Outra opção é a colheita total, nesse caso as raízes
ficam secando ao sol de trinta minutos a três horas e em seguida podem ser armazenadas
em local com temperatura entre 13 a 16° C e com boa ventilação de ar. A parte aérea
pode ser pastejada, desidratada parcialmente ou ensilada. Quando fresca, a parte aérea
da beterraba contém uma substância chamada de ácido oxálico, que pode ser tóxica aos
animais. Para evitar essas intoxicações pode-se adicionar 100 a 120g de calcário para
cada 100 kg de folhas frescas. A quantidade máxima a ser fornecida é de 13 kg por vaca
por dia. A raiz da beterraba é um alimento rico em amido e por isso é uma fonte
interessante de energia para o animal. Recomenda-se fornecer, picado, até 30 kg por
vaca por dia. Maiores quantidades podem problemas como acidose ruminal.
Também podem ser fornecidos outros restos de horta aos animais, não havendo
restrições.
10. Literatura citada
Organizadores
Ludmila Couto Gomes
Maximiliane Alavarse Zambom
Marcel Moreira de Brito
Rodrigo Cesar dos Reis Tinini
ISBN 978-85-68205-02-0