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CÁCERES
MATO GROSSO, BRASIL
2009
1
CÁCERES
MATO GROSSO, BRASIL
2009
2
CDU: 581.527(817.2)
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Regional de Cáceres
DANIELLE CRISTINE DE FIGUEIREDO BARBOSA
CÁCERES
MATO GROSSO, BRASIL
2009
3
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
ÍNDICE
Páginas
Lista de tabelas ........................................................................................... 7
Lista de figuras ........................................................................................... 9
Resumo........................................................................................................ 12
Abstract........................................................................................................ 14
1. Introdução Geral...................................................................................... 16
2. Referências.............................................................................................. 22
Artigo I: Estrutura e composição florística de dois fragmentos 24
naturais de florestas inundáveis (impucas) no Parque Estadual do
Araguaia-MT.
Introdução........................................................................................................ 25
Material e Métodos............................................................................................ 26
Resultados e Discussão.................................................................................... 29
Conclusão......................................................................................................... 51
Agradecimentos................................................................................................ 52
Referências....................................................................................................... 55
Artigo II: Distribuição de diâmetros e alturas de espécies lenhosas de 61
dois fragmentos naturais de florestas inundáveis (impucas) no
Parque Estadual do Araguaia-MT.
Introdução........................................................................................................ 62
Material e Métodos............................................................................................ 63
Resultados e Discussão.................................................................................... 65
Conclusão......................................................................................................... 95
Agradecimentos................................................................................................ 96
Referências....................................................................................................... 97
Artigo III: Conhecendo e conservando as impucas (fragmentos 102
naturais de florestas inundáveis) do Parque Estadual do Araguaia-
MT.
Introdução........................................................................................................ 102
Material e Métodos............................................................................................ 105
Cartilha: Impucas do Parque Estadual do Araguaia, conhecer para conservar. 107
Referências....................................................................................................... 124
3. Considerações Finais.............................................................................. 126
7
LISTA DE TABELAS
Páginas
Artigo I: Estrutura e composição florística de dois fragmentos
naturais de florestas inundáveis (impucas) no Parque Estadual do
Araguaia-MT.
LISTA DE FIGURAS
Páginas
Figura 1- Composição colorida a partir da imagem de satélite (Terra 20
Metrics, Digital Globe, 2009) apresentando as áreas de estudo (DE=
impuca degradada, 12º09’04,2”S e 50º49’37”W e ND= impuca não-
degradada, 12º19’11,2”S e 50º44’15,6”W) e os limites do Parque Estadual
do Araguaia (PEA) (a oeste – Rio das Mortes (M), a leste – Rio Araguaia
(A) e ao sul – linha vermelha). Fonte: Google Earth (2009).
Figura 2- Vista externa e interna da impuca não-degradada (ND) 21
amostrada no Parque Estadual do Araguaia, Novo Santo Antônio-MT.
Figura 3- Vista externa e interna da impuca degradada (DE) amostrada no 21
Parque Estadual do Araguaia, Novo Santo Antônio-MT.
Artigo I: Estrutura e composição florística de dois fragmentos
naturais de florestas inundáveis (impucas) no Parque Estadual do
Araguaia-MT.
Figura 1- Índice de valor de importância das 10 famílias mais importantes 49
da impuca não-degradada e da impuca degradada do Parque Estadual do
Araguaia, Novo Santo Antônio-MT. Sendo: DoR= dominância relativa, FR=
freqüência relativa e DR= densidade relativa.
Artigo II: Distribuição de diâmetros e alturas de espécies lenhosas de
dois fragmentos naturais de florestas inundáveis (impucas) no
Parque Estadual do Araguaia-MT.
Figura 1- Distribuição de diâmetros dos indivíduos amostrados em uma 68
impuca não-degradada (ND)= e uma degradada (DE)= do Parque
Estadual do Araguaia, Novo Santo Antônio-MT e respectivos quocientes q.
Intervalo de classes= 5 cm.
Figura 2- Distribuição de diâmetros das principais espécies comuns em 74
uma impuca não-degradada (ND)= e uma degradada (DE)= do
Parque Estadual do Araguaia, Novo Santo Antônio-MT e respectivos
quocientes q. Intervalos de Classe: L. apetala= 5 cm, S. froesii= 4 cm e O.
multiflorus= 2 cm.
Figura 3- Distribuição de diâmetros das principais espécies comuns em 75
uma impuca não-degradada (ND)= e uma degradada (DE)= do
Parque Estadual do Araguaia, Novo Santo Antônio-MT e respectivos
quocientes q. Intervalos de Classe: A. nitens= 5 cm, Xylopia sp.= 4 cm e
10
M. paniculata= 2 cm.
Figura 4- Distribuição de diâmetros das principais espécies comuns em 76
uma impuca não-degradada (ND)= e uma degradada (DE)= do
Parque Estadual do Araguaia, Novo Santo Antônio-MT e respectivos
quocientes q. Intervalos de Classe: C. brasiliense= 8 cm e C. laxum= 1
cm.
Figura 5- Distribuição de diâmetros das principais espécies em uma 77
impuca não-degradada (ND)= do Parque Estadual do Araguaia, Novo
Santo Antônio-MT e respectivos quocientes q. Intervalos de Classe: M.
gardneriana = 3 cm, L. kunthiana= 4 cm e D. guianensis= 5 cm.
Figura 6- Distribuição de diâmetros das principais espécies em uma 78
impuca não-degradada (ND)= do Parque Estadual do Araguaia, Novo
Santo Antônio-MT e respectivos quocientes q. Intervalos de Classe: R.
montana e E. ovata= 4 cm; T. candolleana= 3 cm.
Figura 7- Distribuição de diâmetros das principais espécies em uma 79
impuca degradada (DE)= do Parque Estadual do Araguaia, Novo Santo
Antônio-MT e respectivos quocientes q. Intervalos de Classe: O. excelsa=
2 cm, D. prancei= 3 cm e M. armata= 1 cm.
Figura 8- Distribuição das alturas dos indivíduos amostrados em uma 82
impuca não-degradada (ND)= e uma degradada (DE)= do Parque
Estadual do Araguaia, Novo Santo Antônio-MT. Intervalo de classes= 2 m.
Figura 9- Alturas Máximas, Médias e Mínimas das espécies com DAP≥ 5 83
cm amostradas em uma impuca não-degradada (ND), Parque Estadual do
Araguaia, Novo Santo Antônio-MT. Espécies em ordem decrescente de
IVI. Sendo: 1- Micropholis gardneriana, 2- Licania kunthiana, 3- Calophyllum brasiliense, 4- Licania apetala, 5-
Ochthocosmus multiflorus, 6- Combretum laxum, 7- Diospyros guianensis, 8- Roupala montana, 9-
Ternstroemia candolleana, 10- Eschweilera ovata, 11- Diospyros xavantina, 12- Sloanea garckeana, 13-
Symmeria paniculata, 14- Sclerolobium froesii, 15- Mabea paniculata, 16- Xylopia sp., 17- Acosmium nitens, 18-
Dulacia egleri, 19- Pouteria trilocularis, 20- Mouriri acutiflora, 21- Pagamea guianensis, 22- Salacia
impressifolia, 23- Hirtella gracilipes, 24- Cathedra acuminata, 25- Passiflora cf. haematostigma, 26- Strychnos
guianensis, 27- Eugenia florida, 28- Neea ovalifolia, 29- Simaba orinocensis, 30- Pera schomburgkiana, 31-
Duroia prancei, 32- Malouetia flavescens, 33- Davilla kunthii, 34- Panopsis rubescens, 35- Machaerium
inundatum, 36- Genipa americana, 37- Myrcia fallax, 38- Alchornea schomburgkii, 39- Coccoloba sp., 40-
Croton cuneatus, 41- Myrtaceae NI-1, 42- Casearia sp., 43- Erythroxylum anguifugum, 44- Hydrochorea
Figura 10- Alturas Máximas, Médias e Mínimas das espécies com DAP≥ 5 84
11
Mauritiella armata, 11- Maytenus sp., 12- Mouriri acutiflora, 13- Hydrochorea corymbosa, 14- Pera
schomburgkiana, 15- Combretum laxum, 16- Diospyros guianensis, 17- Diospyros xavantina, 18- Pouteria
trilocularis, 19- Vochysia divergens, 20- Ocotea cernua, 21- Ternstroemia candolleana, 22- Dulacia egleri, 23-
Panopsis rubescens, 24- Garcinia madruno, 25- Hirtella gracilipes, 26- Malouetia flavescens, 27- Passiflora cf.
haematostigma, 28- Croton cuneatus, 29- Licania kunthiana, 30- Genipa americana, 31- Byrsonima riparia, 32-
RESUMO
1
Orientadora: Dra. Beatriz Schwantes Marimon, UNEMAT.
13
devem ser protegidas contra incêndios e contar com um plano de manejo que
evite a expansão de espécies invasoras, bem como as interferências
antrópicas.
ABSTRACT
The impucas in the Araguaia State Park-MT (ASP) are rare, little-known
transitional vegetation situated in the area of Cerrado-Amazonian Forest
transition in the Araguaia River Floodplain. They occur in depressed terrains
that become flooded in the rainy season. The current study aimed to evaluate
and compare the floristic composition and vegetation structure, to characterize
the diameter and height distributions, as well as to elaborate a booklet with
important information on the impucas of ASP. Two impuca areas with distinct
conservation status were selected, one non-altered (NA) (12º19’11.2”S and
50º44’15.6”W) and another altered (AL) (12º09’04.2”S and 50º49’37”W), located
in ASP, Novo Santo Antônio-MT. In each impuca area five transects were
established and subdivided into 50 permanent plots of 10x20 m in size,
totalizing one hectare. All woody individuals with diameter at breast height ≥5cm
were sampled. Floristic similarity between these impucas and those from
Tocantins and other Brazilian forests was verified. The booklet was elaborated
and for this, informations were collected from people residents in the park and
photographic records. The NA impuca presented 28 families, 43 genera and 45
species and AL impuca had 22, 31 and 33, respectively. Total density and basal
area were, respectively, in NA impuca 2.177 ind.ha-1 and 35.23 m².ha-1, and in
AL impuca 1.501 ind.ha-1 and 25.16 m².ha-1. The impucas studied presented a
floristic composed of Cerrado, Pantanal and Amazonian forest species. The
most important species were Micropholis gardneriana, Licania apetala,
Calophyllum brasiliense, Ochthocosmus multiflorus, Licania kunthiana and
Sclerolobium froesii. Shannon-Wiener’s diversity index and Pielou’s evenness
values were low for both NA impuca (H’= 2.87 nats.ind-1 and J’= 0.745) and AL
impuca (H’= 2.63 and J’= 0.754). The historic disturbance in AL impuca affected
the floristic composition and community structure. Floristic similarity between
ASP impucas and those from Tocantins and other Brazilian forests was very
low, suggesting that impucas from Mato Grosso State present their own floristic
identity. NA impuca showed a reverse-J diameter distribution and it is self-
regenerating, while AL impuca is in an intermediate successional stage. Licania
apetala, Sclerolobium froesii and Acosmium nitens seem to adapt very well to
altered areas, and in this case, they can be recommended for planting in altered
impucas that need recuperation initiatives. The booklet is composed of images
and ecological information on the communities and main woody species of the
impucas studied in ASP, presented in an accessible language to the
nonprofessional public. In order to fulfill effectively its role in the conservation of
native species population, the impucas in ASP must be protected against fires,
and a management plan is needed to avoid the expansion of invasive species,
as well as anthropic interferences.
1
Major Professor: Dr. Beatriz Schwantes Marimon, UNEMAT.
15
1- INTRODUÇÃO GERAL
recuperação dessas raras florestas que vêm sendo pressionadas pela ação
humana, e elaborar uma cartilha a ser utilizada como ferramenta de educação
ambiental. O conhecimento sobre as impucas do PEA ainda é escasso e
encontra-se em fase de construção, todavia consideramos importante e
necessário que as informações levantadas através desta pesquisa sejam
disseminadas às pessoas que moram próximas a essas florestas e aos
visitantes do Parque, no sentido de perceberem e compreenderem a
necessidade de proteger as impucas do PEA.
A área de estudo do presente trabalho localiza-se no Parque Estadual do
Araguaia (PEA), região nordeste de Mato Grosso, município de Novo Santo
Antônio, entre o Rio das Mortes e o Rio Araguaia (Fig. 1). Foram selecionadas
duas impucas no PEA, uma não-degradada, ou ND (12º19’11,2”S e
50º44’15,6”W) (Fig. 2) e outra degradada, ou DE (12º09’04,2”S e 50º49’37”W)
(Fig. 3), distantes cerca de 20 km entre si.
A presente dissertação constitui-se de dois artigos e uma cartilha: [1]
Estrutura e composição florística de dois fragmentos naturais de florestas
inundáveis (impucas) no Parque Estadual do Araguaia-MT; [2] Distribuição de
diâmetros e alturas de espécies lenhosas de dois fragmentos naturais de
florestas inundáveis (impucas) no Parque Estadual do Araguaia-MT; [3]
Conhecendo e conservando as impucas (fragmentos naturais de florestas
inundáveis) do Parque Estadual do Araguaia - Cartilha de Educação Ambiental.
O presente trabalho se integra ao projeto “Florística, estrutura e
características ambientais de fragmentos naturais de florestas inundáveis
(impucas) no Parque Estadual do Araguaia” coordenado pela Profª Drª Beatriz
Schwantes Marimon (UNEMAT-Nova Xavantina) e conta com o apoio
financeiro da FAPEMAT.
20
PEA
MATO GROSSO
Cuiabá
2- REFERÊNCIAS
ARTIGO I
ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE DOIS
FRAGMENTOS NATURAIS DE FLORESTAS INUNDÁVEIS
(IMPUCAS) NO PARQUE ESTADUAL DO ARAGUAIA-MT
Danielle Cristine de Figueiredo Barbosa1, Beatriz Schwantes Marimon2,
Eddie Lenza de Oliveira3 e Ben Hur Marimon Junior4
1
Discente do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais – UNEMAT, Cáceres-MT. E-mail:
danicris_04@hotmail.com.
2
Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais – UNEMAT, Cáceres-MT e do Programa de Pós-
graduação em Ecologia e Conservação – UNEMAT, Nova Xavantina-MT. E-mail: biamarimon@hotmail.com.
3
Docente do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação – UNEMAT, Nova Xavantina-MT.
4
Docente do curso de graduação em Ciências Biológicas – UNEMAT, Nova Xavantina-MT.
25
1. INTRODUÇÃO
Ressalta-se que as impucas diferem das florestas de galeria, pois segundo Ribeiro
e Walter (2008) estas acompanham rios de pequeno porte e córregos dos planaltos do
Brasil Central, formando corredores fechados (galerias) sobre os cursos d’ água. Por
outro lado, as impucas não acompanham rios ou córregos, mas podem reter água por
longos períodos, pois ocorrem em depressões do terreno que propiciam o alagamento no
período das chuvas. Além disso, por acompanhar sempre um curso d’água as florestas
de galeria apresentam formatos alongados e as impucas podem apresentar formatos
alongados, elípticos, circulares e irregulares, dependendo das depressões do terreno.
Martins et al. (2008) salientam que na Planície do Araguaia, essas florestas são
importantes para a fauna silvestre, visto que, mesmo ocorrendo em fragmentos elas
desempenham importante papel conectando florestas ripárias e outras fitofisionomias da
região.
26
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.2. Inventário
Em cada impuca foi demarcado um hectare em transeções paralelas distantes 50
m entre si e com 20 m de largura, que cortam a impuca transversalmente de uma borda a
outra, subdivididas em 50 parcelas permanentes de 10 x 20 m. Em cada parcela foram
medidos o diâmetro com fita métrica e a altura com vara telescópica graduada de todos
os indivíduos com DAP (diâmetro ao nível do peito) ³ 5 cm.
Foi coletado material vegetativo e reprodutivo de todas as espécies encontradas
com flor e/ou fruto no maior número possível de meses, abrangendo o início da seca até
o início das chuvas (maio a novembro), tendo em vista que o Parque permanece
28
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
(2002) em uma floresta de galeria em Nova Xavantina-MT (H’= 4,21; 129), Ivanauskas
et al. (2004a) em uma floresta ribeirinha inundável na Bacia do Rio Xingu (H’= 3,07;
57), Felfili (1994) em uma floresta de galeria no Distrito Federal (H’= 3,84; 93) e Kunz
et al. (2008) em uma floresta estacional perenifólia na transição Cerrado-Floresta
Amazônica em Querência-MT (H’= 3,17; 49). Os valores de H’ registrados nas impucas
ND e DE somente foram superiores àqueles registrados em uma floresta
monodominante de Brosimum rubescens estudada por Marimon et al. (2001a) na região
leste mato-grossense (H’= 2,37; 45).
Os valores inferiores de diversidade e riqueza de espécies das impucas do PEA
em relação às florestas supracitadas podem ser atribuídos principalmente pela
característica de maior alagamento dessas impucas. Campbell et al. (1986) e Guarino e
Walter (2005) compartilham dessa idéia, afirmando que as florestas localizadas em
áreas periodicamente inundáveis apresentam menor diversidade de espécies quando
comparadas com florestas sobre solos bem drenados.
Comparando-se as impucas do Parque Estadual do Araguaia (ND e DE) com as
impucas estudadas em Tocantins (MARTINS et al., 2008), observa-se que os valores de
riqueza e diversidade de espécies do presente estudo também foram inferiores aos
registrados pelos referidos autores (Tabela 5). Nesse caso, observa-se que as impucas
ND e DE do Parque Estadual do Araguaia apresentaram valores reduzidos de
diversidade de espécies, confirmando o que Ivanauskas et al. (2004a) observaram para
uma floresta ribeirinha na transição Cerrado-Floresta Amazônica, onde a inundação foi
considerada fator restritivo para a riqueza e a diversidade de espécies.
As impucas do presente estudo localizam-se em depressões do terreno e
permanecem inundadas durante todo o período das chuvas (entre seis e sete meses
anuais). No período seco, o nível do lençol freático permanece poucos metros abaixo da
superfície do solo (baseando-se em observações efetuadas por B. S. Marimon em poços
localizados em outras impucas do PEA), sendo que em alguns pontos de maior
depressão do terreno ou em anos com períodos de estiagem mais curtos a água pode
permanecer acima da superfície do solo mesmo no auge da estação seca (B. S.
Marimon, dados não publicados).
Conforme já discutido anteriormente, é possível que a menor diversidade de
espécies registrada nas impucas do PEA em relação às impucas de Tocantins,
33
reforçando a diferença entre elas, se justifica pela condição de maior inundação nas
impucas do presente estudo e por se apresentarem em diferentes estágios sucessionais.
Não há atividades de cultivo nas proximidades das impucas estudadas no Parque
Estadual do Araguaia. Os impactos sofridos na impuca DE estão diretamente
relacionados ao acesso do gado bovino que impacta a comunidade de plântulas através
do pisoteio e usa a floresta como área de refúgio, descanso e para beber água durante o
período de vazante e seca, ou enquanto houver poços de água no interior da impuca. As
atividades pastoris desenvolvidas nas proximidades e interior das impucas do PEA as
colocam sob risco direto de outro importante fator de impacto, o fogo, utilizado para o
manejo das pastagens nativas adjacentes.
Neste caso, o fogo adentra nas impucas no período seco e causa danos,
principalmente, à regeneração natural e à malha de raízes das árvores de grande porte.
Durante a execução do presente estudo, também foi observado que em poucos minutos
o fogo é capaz de tomar toda uma impuca, pois a grande quantidade de matéria orgânica
presente no solo (serapilheira) facilita a rápida expansão do fogo. Na impuca DE foram
observadas árvores tombadas e com marcas de queimada na base do tronco. O sistema
radicular de espécies de áreas inundáveis é superficial, tendo em vista a dificuldade de
fixação em um solo instável, e pode ser totalmente destruído pelo fogo, impossibilitando
a regeneração dos indivíduos atingidos. Sendo assim, sugere-se que a menor diversidade
de espécies registrada na impuca DE pode estar relacionada à eventos de ocorrência de
queimadas e pisoteio de gado em plântulas.
A impuca ND também apresentou diversidade de espécies reduzida, quando
comparada com outras florestas do Bioma Cerrado ou da Floresta Amazônica (Tabela
5). Entretanto, neste caso, o fator determinante pode ser a inundação sazonal que limita
o estabelecimento de muitas espécies. Semelhante às impucas do presente estudo, matas
de brejo no estado de São Paulo (TORRES et al., 1994; IVANAUSKAS et al., 1997;
TONIATO et al., 1998) apresentaram baixos valores de diversidade devido,
provavelmente, ao alagamento como fator restritivo.
Joly e Crawford (1982) observaram que espécies tolerantes à inundação
apresentam adaptações fisiológicas e morfológicas específicas que representam uma
importante vantagem competitiva nestes ambientes. Sendo assim, a exclusão de espécies
menos tolerantes a restrições ambientais, em condições desfavoráveis, pode conferir
34
uma vantagem seletiva para aquelas que são mais tolerantes (RICHARDS, 1996) e
justificar o fato das impucas do presente estudo ter apresentado diversidade de espécies
inferiores às encontradas em áreas não inundáveis de Floresta Amazônica e Cerrado.
A equabilidade de Pielou (J) foi similar entre as duas impucas (Tabela 2), ambas
apresentando valores inferiores a 0,76, sugerindo elevada dominância numérica de
algumas espécies. Analisando-se a equabilidade de outras florestas do Bioma Cerrado
ou da Amazônia (FELFILI, 1994; PINTO e OLIVEIRA-FILHO, 1999; MARIMON et
al., 2002; KUNZ et al., 2008), que variou de 0,81 a 0,87, observa-se que os menores
valores registrados no presente estudo podem estar relacionados ao elevado número de
indivíduos concentrados em poucas espécies, como foi o caso da impuca ND, onde uma
única espécie (Micropholis gardneriana) concentrou quase 30% de todos os indivíduos
(Tabela 3).
registrado. Outro fator que precisa ser melhor investigado e comparado é o formato das
impucas de Tocantins (arredondado ou alongado) (BRITO, 2005) e das impucas do
PEA (estreito e longo), sendo que fatores ambientais associados ao tamanho e formato
podem estar determinando a maior ou menor densidade de indivíduos nas mesmas.
Ao contrário do que foi registrado no presente estudo, a impuca antropizada de
Tocantins apresentou densidade (707,9 ind.ha-1) superior à impuca preservada (665
ind.ha-1). Este resultado pode ser atribuído à entrada de espécies invasoras e diferentes
estágios sucessionais.
A área basal observada na impuca ND (35,23 m2.ha-1) foi similar aos resultados
registrados por Pitman et al. (2001), para 24 áreas de floresta de terra firme na
Amazônia (≈ 30 m2.ha-1) e esteve entre os limites de 30-40 m2.ha-1 observados por
Lamprecht (1972) em florestas da América do Sul. Com esse valor de área basal, a
impuca ND, atende aos valores propostos por Brown e Iverson (1992) para florestas
tropicais maduras e pode ser enquadrada na categoria de floresta densa sugerida por
Pires e Prance (1985). Os valores também foram similares aos registrados por Brito
(2005) na impuca preservada de Tocantins (31,16 m2.ha-1). A área basal registrada na
impuca ND ainda foi similar ao valor registrado em uma floresta sazonal de várzea na
Amazônia (KLINGE et al. 1995).
A impuca DE apresentou menor densidade, menor diversidade de espécies, menor
área basal e maior percentual de indivíduos com troncos ramificados, refletindo um
padrão diferente da impuca ND (Tabela 2). Com base na área basal, a impuca DE (25,16
m2.ha-1) pode ser enquadrada na categoria de floresta aberta, proposta por Pires e Prance
(1985). Neste caso, o maior número de indivíduos com troncos ramificados pode refletir
uma condição de floresta aberta sujeita a distúrbios mais freqüentes. Entretanto, ao
contrário do esperado em uma floresta degradada, essa impuca apresentou baixa
densidade e riqueza de espécies de lianas. Neste caso, é possível que as lianas estejam
sofrendo fortes pressões por conta das queimadas ocasionadas nesta impuca, podendo
representar um grupo mais sensível à esse impacto (PUTZ, 1984).
A área basal da impuca DE foi similar aos valores registrados em um trecho de
floresta de brejo em Itatinga-SP (IVANAUSKAS et al., 1997). As comparações
relacionadas à área basal devem ser analisadas com cuidado, pois os valores
encontrados são diretamente influenciados pelo diâmetro mínimo escolhido para a
38
registrada entre as dez espécies de maior densidade (BRITO, 2005), sendo que Genipa
americana também foi registrada com baixa densidade em uma floresta ripária no
Pantanal de Mato Grosso do Sul (DAMASCENO-JUNIOR et al., 2005).
No presente estudo Sclerolobium froesii foi considerada uma espécie comum em
ambas as impucas do PEA (Tabela 3 e 4), corroborando com Ratter (1987) que registrou
S. froesii em uma floresta inundável no Parque Nacional do Araguaia como sendo uma
espécie extremamente comum, chegando a ser abundante em alguns locais. Eiten
(1985), que realizou o primeiro trabalho a mencionar as impucas na literatura científica,
no município de Santa Terezinha-MT, destacou o carvoeiro (S. froesii) como uma das
espécies comuns de impuca.
Foi observado que a densidade de Licania kunthiana se apresentou diferente nas
duas impucas, com valor elevado na ND (133 indivíduos) e baixo na DE (2) (Tabelas 3
e 4). Com base neste resultado pode-se sugerir que esta espécie não seria capaz de
tolerar perturbações (fogo, pisoteio de gado, etc.) e por esse motivo pode se adaptar
melhor em ambientes não degradados. De acordo com Ratter et al. (1973), L. kunthiana
é uma espécie característica de florestas sempre-verdes que ocasionalmente estão
sujeitas à inundações.
As espécies mais freqüentes, ou seja, que ocorreram em mais de 50% da área
amostrada na impuca ND foram Micropholis gardneriana, Licania kunthiana,
Combretum laxum, Eschweilera ovata, Ternstroemia candolleana, Licania apetala,
Ochthocosmus multiflorus, Roupala montana, Mabea paniculata e Diospyros xavantina
(Tabela 3). Na impuca DE, as espécies mais freqüentes foram Licania apetala,
Sclerolobium froesii, Ochthocosmus multiflorus, Acosmium nitens, Mabea paniculata e
Xylopia sp. (Tabela 4). Apenas L. apetala, O. multiflorus e M. paniculata foram
freqüentes em ambas as impucas, reforçando as diferenças estruturais entre as mesmas.
Micropholis gardneriana foi citado por Mendonça et al. (2008) como de ocorrência em
florestas ciliares e de galeria do Bioma Cerrado e Licania apetala foi considerada por
Silva-Júnior et al. (2001) como comum em florestas de galeria do Brasil Central,
segundo Ribeiro et al. (1999) esta espécie apresenta árvores de dossel, muito freqüentes
e com ampla distribuição na Amazônia.
Na impuca DE Xylopia sp., que foi registrada com alta densidade apresentou uma
freqüência inferior à Acosmium nitens que por sua vez, apresentou menor número de
44
indivíduos que Xylopia sp. Esse fato ocorre porque segundo Müller-Dombois e
Ellenberg (1974) a freqüência fornece uma informação a respeito da dispersão das
espécies. O autor acrescenta ainda que espécies com um elevado número de indivíduos
podem apresentar baixos valores de freqüência em função de seus indivíduos estarem
agrupados em manchas, ao passo que outras espécies podem apresentam 100% de
freqüência, pois seus indivíduos encontram-se distribuídos em todas as parcelas
amostradas.
Com relação à dominância das espécies, as que apresentaram maiores áreas basais
na impuca ND foram Micropholis gardneriana, Calophyllum brasiliense, Licania
kunthiana, Licania apetala, Diospyros guianensis, Roupala montana e Sloanea
garckeana (Tabela 3). Na impuca DE foram Licania apetala, Sclerolobium froesii,
Ochthocosmus multiflorus, Acosmium nitens, Ormosia excelsa, Xylopia sp. e
Calophyllum brasiliense as espécies de maior dominância (Tabela 4). O landi (C.
brasiliense) foi a primeira madeira de lei do Brasil, sendo muito utilizada para a
construção de navios, marcenaria e carpintaria em geral desde a época do império
(LORENZI, 2002). Estes aspectos podem indicar uma ameaça às impucas da região,
mesmo aquelas localizadas dentro do Parque, visto que a população retira a madeira
para construções rurais justamente destas florestas. Os moradores do Parque mencionam
que ainda há muita extração de madeira das impucas, sendo que as espécies mais
procuradas são C. brasiliense (construções rurais) e S. froesii (cercas e currais).
90
80 Impuca Não-degradada
Índice de Valor de Importância
70
DoR
60
FR
50 DR
40
30
20
10
Famílias
70
60 Impuca Degradada
Índice de Valor de Importância
50 DoR
FR
40 DR
30
20
10
Famílias
4. CONCLUSÃO
5. AGRADECIMENTOS
Tabela 5 - Características ambientais e métodos de amostragem das áreas comparadas neste estudo. Sendo: spp. – número total de
espécies; H’ – índice de diversidade de espécies de Shannon-Wiener; CCs – coeficiente de similaridade de SÆrensen; Sj – coeficiente de
similaridade de Jaccard; Alt. – altitude; Temp. – temperatura média anual; PMA – precipitação média anual; TF – tipo de floresta; FG –
floresta de galeria; FGI – floresta de galeria inundável; FRI – floresta ripária; MC – mata ciliar; FI – floresta inundável; FAI – floresta
aluvial inundável; I – ipuca ou impuca (fragmento natural de floresta inundável); FV – floresta de vale; FVA – floresta de várzea; FB –
floresta de brejo ou higrófila e CA – cambarazal.
CCs, Sj com CCs, Sj com Método de Alt. Temp. PMA
Referência Localização Geográfica spp. H’ Critério TF
Imp DE (%) Imp ND (%) amostragem (m) (°C) (mm)
Este estudo - Próximo ao Rio das Mortes CCs= 66,7 1450-
33 2,64 - Parcelas DAP³5 cm 208 24,9 I
impuca DE – PEA Sj= 25 1600
Este estudo - Próximo ao Rio Araguaia – CCs= 66,7 1450-
45 2,87 - Parcelas DAP³5 cm 194 24,9 I
impuca ND PEA Sj=25 1600
Martins et al. Área de orizicultura, Lagoa CCs= 3,9 CCs= 10,4
70 3,44 Censo DAP³5 cm 200 24 1750 I
(2008) da Confusão-TO Sj= 1,9 Sj= 5
Martins et al. Área preservada, Lagoa da CCs= 12,2 CCs= 14,9
49 2,97 Censo DAP³5 cm 200 24 1750 I
(2008) Confusão-TO Sj= 5,7 Sj= 6,9
Marimon e Lima Pantanal Mortes-Araguaia, CCs= 26,1 CCs= 22,2 Levantamento Indivíduos 200- 1450-
36 - 24,9 I
(2001) Cocalinho-MT Sj= 11,5 Sj= 10 Rápido lenhosos 300 1600
Ferreira e Igarapé Tarumã-Mirim, CCs= 5,7 CCs= 8,5
73 - Parcelas - - - - FI
Almeida (2005) AM Sj= 2,8 Sj= 4,1
Marimon e Lima Pantanal Mortes-Araguaia, CCs= 13,9 CCs= 12,8 Levantamento Indivíduos 200- 1450-
111 - 24,9 FI
(2001) Cocalinho-MT Sj= 6,5 Sj= 6 Rápido lenhosos 300 1600
Parque Nacional do CCs= 21,4 CCs= 17,6 Levantamento
Ratter (1987) 23 - - 245 25.5 1813,1 FI
Araguaia-TO Sj= 9,7 Sj= 8,1 Rápido
Guarim-Neto et CCs= 3,1 CCs= 2,6
Rio Cuiabá- Poconé-MT 31 - Quadrantes CAP³10 cm 80-150 - - MC
al. (1996) Sj= 1,5 Sj= 1,3
Guarim-Neto et Rio Bento Gomes-Poconé- CCs= 3,4 CCs= 0
25 - Quadrantes CAP³10 cm 80-150 - - MC
al. (1996) MT Sj= 1,7 Sj= 0
Baixo Rio Taquari, CCs= 9,7 CCs= 12,2
Pott et al. (2000) 70 - Parcelas - - - - MC
Pantanal-MS Sj= 4,6 Sj= 5,7
Toniato et al. CCs= 2,3 CCs= 4
Campinas-SP 55 2,80 Parcelas PAP³10 cm - 21,6 1381,2 FB
(1998) Sj= 1,1 Sj= 2
Marques et al. CCs= 2,4 CCs= 4,2
Rio Jacaré-Pepira-SP 51 2,81 Parcelas DAP³5 cm - 22 1421 FB
(2003) Sj= 1,2 Sj= 2
54
6. REFERÊNCIAS
ARTIGO II
DISTRIBUIÇÃO DE DIÂMETROS E ALTURAS DE ESPÉCIES
LENHOSAS DE DOIS FRAGMENTOS NATURAIS DE
FLORESTAS INUNDÁVEIS (IMPUCAS) NO PARQUE ESTADUAL
DO ARAGUAIA-MT
Danielle Cristine de Figueiredo Barbosa1, Beatriz Schwantes Marimon2,
Eddie Lenza de Oliveira3, Ben Hur Marimon Junior4, Leandro dos Santos Silva5 e
Edmar Almeida de Oliveira5
1
Discente do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais – UNEMAT, Cáceres-MT.
E-mail: danicris_04@hotmail.com
2
Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais – UNEMAT, Cáceres-MT e Programa de Pós-
graduação em Ecologia e Conservação – UNEMAT, Nova Xavantina-MT. E-mail: biamarimon@hotmail.com.
3
Docente do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação – UNEMAT, Nova Xavantina-MT.
4
Docente do curso de graduação em Ciências Biológicas – UNEMAT, Nova Xavantina-MT.
5
Discente do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação, Campus de Nova Xavantina.
62
1. INTRODUÇÃO
distribuição diamétrica, indicando que o ciclo de vida das espécies não estaria
completando-se (FELFILI e SILVA JÚNIOR, 1988).
2. MATERIAL E MÉTODOS
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1.1 Comunidades
As distribuições dos diâmetros de todos os indivíduos amostrados na impuca não-
degradada (ND) apresentaram a forma de J-reverso (ou invertido) (Fig. 1), sugerindo
que esta comunidade apresenta boa reprodução e recrutamento contínuo (OLIVEIRA-
FILHO et al., 1994). De acordo com Pires e Prance (1977) este tipo de distribuição é
geralmente associado a florestas maduras e espécies tolerantes à sombra.
A impuca DE apresentou maior número de indivíduos nas primeiras classes de
diâmetro com um decréscimo gradual em direção às classes maiores, sugerindo também
66
um recrutamento contínuo (Fig. 1). Entretanto, de acordo com o que foi observado por
Oliveira-Filho et al. (1994) em uma floresta semidecídua montana, esta comunidade
(impuca DE) pode encontrar-se em um estádio sucessional intermediário. Além disso,
na impuca DE o número de indivíduos na primeira classe de diâmetros (5 a 10 cm) é
cerca de 50% inferior ao registrado na impuca ND o que reforça a ocorrência de
distúrbios no passado (Fig. 1). A distribuição dos indivíduos pelas classes de diâmetros
foi estatisticamente diferente entre as impucas ND e DE (Teste de Kolmogorov-
Smirnov, χ2= 21,99, p≤ 0,0001), confirmando que ambas encontram-se em diferentes
estádios sucessionais.
A forma de J-reverso apresentada pela impuca ND é típica de florestas tropicais
heterogêneas (PINTO e OLIVEIRA-FILHO, 1999) e florestas inequianas mistas
(OLIVEIRA-FILHO et al., 1994). De acordo com Oliveira-Filho et al. (1994) a
distribuição em J-reverso apresenta a maioria dos indivíduos concentrados na menor
classe, caindo drasticamente nas classes subsequentes. Este tipo de distribuição também
é típico em comunidades que estão se auto-regenerando (FELFILI, 1997) e que não
estão sendo perturbadas (ASSUNÇÃO e FELFILI, 2004), indicando que a maioria das
populações é representada por indivíduos de pequeno porte (HARPER, 1977) e em fase
inicial de estabelecimento (SILVA-JÚNIOR e SILVA, 1988).
Outras florestas tropicais brasileiras e bem preservadas, assim como a impuca
ND, também apresentaram a distribuição diamétrica em forma de J-reverso, dentre as
quais destacam-se florestas semideciduais montanas, de galeria, ribeirinhas inundáveis,
de vale e de várzea (OLIVEIRA-FILHO et al., 1994; KLINGE et al., 1995; FELFILI,
1997; PINTO e OLIVEIRA-FILHO, 1999; IVANAUSKAS et al., 2004).
A comunidade da impuca DE apresentou distribuição de diâmetros similar à
registrada em uma floresta pré-amazônica após a passagem de fogo (IVANAUSKAS et
al., 2003). De acordo com esses autores, o fogo pode causar grandes impactos na
estrutura populacional das florestas tropicais, afetando principalmente os indivíduos
jovens. Isso pode justificar o fato de, na impuca DE, o maior número de indivíduos não
ter se concentrado somente na primeira classe de diâmetros, e sim nas primeiras classes
(Fig. 1).
Comparando-se as impucas do presente estudo com as de Tocantins, estudadas
por Brito (2005), observa-se que apesar de estarem localizadas na mesma planície de
67
1200
1000
Densidade (N.ha-1)
800
ND DE
q1= 0,44 q1= 0,67
600
q2= 0,62 q2= 0,53
q3= 0,57 q3= 0,62
q4= 0,55 q4= 0,41
400 q5= 0,40 q5= 0,50
q6= 0,75 q6= 0,75
q7= 0,57 q7= 0,24
q8= 0,44
200 q9= 0,71
0
5 a 10 10,1 a 15 15,1 a 20 20,1 a 25 25,1 a 30 30,1 a 35 35,1 a 40 40,1 a 45 45,1 a 50 > 50
predominantes entre as árvores de grande porte ou lianas que formam o dossel das
florestas estudadas. Os valores do quociente q nessas espécies não foram constantes,
portanto a distribuição de diâmetros apresentadas por elas pode ser considerada
desbalanceada (LEAK, 1964; MARIMON e FELFILI, 2000).
De modo geral, a população de Acosmium nitens na impuca ND apresentou
poucos indivíduos na menor classe de diâmetros e nas subsequentes, e uma distribuição
não balanceada (Fig. 3). Este fato pode indicar problemas com polinização, frutificação,
germinação, predação de frutos e sementes e distúrbios naturais (WALTER, 1995). O
que merece destaque é o fato desta espécie ter apresentado maior número de indivíduos
em praticamente todas as classes de diâmetros da impuca degradada (DE), quando
comparada com a impuca não-degradada (ND) (Fig. 3), sendo possível que A. nitens
seja pouco tolerante ao sombreamento e exija áreas mais abertas para se desenvolver.
Este fato pode ser um importante indicativo para o teste de plantio de A. nitens em
impucas degradadas e que exijam iniciativas de recuperação.
Dentre as espécies analisadas, Licania apetala (impuca DE), Xylopia sp. (DE),
Mabea paniculata (DE) e Roupala montana (ND) apresentaram menor número de
indivíduos na primeira classe em relação a segunda. Este aspecto pode ser um indicativo
de que estas espécies apresentam populações maduras e desbalanceadas, onde o
recrutamento não compensou a mortalidade durante certo período (MARIMON, 2005).
Knight (1975) verificou que populações com menor número de indivíduos na primeira
classe de diâmetros do que na segunda não estão se reproduzindo tão bem atualmente
quanto no passado ou então os indivíduos crescem rapidamente através das classes
menores sempre que as condições assim o permitirem.
As populações de Duroia prancei e Mauritiella armata (ambas na impuca DE)
(Fig. 7) compõem-se de arbustos e pequenas árvores. De acordo com Oliveira-Filho et
al. (1994), as distribuições de diâmetros apresentadas pelas referidas espécies seriam
típicas de espécies abundantes em locais onde um dossel mais aberto promove um
sombreamento moderado. No presente estudo, D. prancei e M. armata foram
comumente registradas nas bordas das impucas e em pequenas clareiras.
O padrão de distribuição de diâmetros observado em Sclerolobium froesii,
Ochthocosmus multiflorus (ambos na impuca DE), Licania apetala (ND) (Fig. 2) e
Mabea paniculata (ND) (Fig. 3), caracterizou-se pelo maior número de indivíduos na
71
menor classe e um pico nas classes intermediárias. De acordo com Bongers et al. (1988)
e Oliveira-Filho et al. (1994) este tipo de distribuição está relacionado com uma boa
reprodução, mas com um recrutamento descontínuo. Pires e Prance (1977) observaram
ainda que este tipo de distribuição estaria associado a espécies não-tolerantes à sombra.
De fato, S. froesii, L. apetala e M. paniculata são consideradas espécies exigentes de luz
(RIBEIRO et al., 1999; IBGE, 2002). Os valores do quociente q não foram constantes,
indicando uma distribuição não balanceada (LEAK, 1964; MARIMON e FELFILI,
2000).
Comparando-se os resultados das impucas do presente estudo com as impucas de
Tocantins, observa-se que a distribuição de diâmetros de Licania apetala (impuca ND,
Fig. 2) foi similar ao padrão registrado por Brito (2005) em uma impuca preservada,
provavelmente indicando a dificuldade da manutenção de regeneração natural da
espécie nesse ambiente e a preferência por áreas mais abertas (BRITO, 2005).
As espécies cujas populações apresentaram um padrão de distribuição de
diâmetros unimodal, com reduzido número de indivíduos nas menores e maiores classes
e maior número nas classes intermediárias foram: Sclerolobium froesii (impuca ND)
(Fig. 2), Acosmium nitens (DE) (Fig. 3), Diospyros guianensis (ND) (Fig. 5),
Ternstroemia candolleana (ND) (Fig. 6) e Ormosia excelsa (DE) (Fig. 7). Estas
espécies apresentam indivíduos de maior porte, geralmente localizados no dossel da
floresta e, de acordo com Sokpon e Biaou (2002), pode ser considerado um grupo de
espécies em declínio, com recrutamento reduzido e intermitente sob o dossel fechado.
Neste caso, estas espécies são consideradas como exigentes de luz, dependendo da
abertura de clareiras para garantir a sua regeneração. Em geral, no caso de espécies que
apresentam esta distribuição de diâmetros, a mortalidade é elevada nos estágios iniciais
sob o dossel da floresta e precisam de uma escala espacial ou temporal maior para
regenerar-se (FELFILI, 1997). Em uma impuca preservada de Tocantins estudada por
Brito (2005) e Brito et al. (2008) Diospyros guianensis apresentou uma distribuição de
classes de diâmetro diferente da apresentada na impuca não-degradada do PEA, com
concentração de indivíduos nas classes menores, sendo a única espécie que demonstrou
aproximar-se de uma condição balanceada (BRITO, 2005; BRITO et al., 2008).
Em uma floresta monodominante na região leste mato-grossense, Marimon
(2005) observou que a concentração dos indivíduos em classes de diâmetro
72
que pode ser favorecida ou suportar bem impactos antrópicos (fogo e pisoteio do gado)
e pode se desenvolver bem em áreas degradadas.
Considerando-se apenas as espécies que foram comuns às duas impucas (Fig. 2,
3 e 4), as que apresentaram maior número de indivíduos na impuca ND foram:
Ochthocosmus multiflorus (1ª e 2ª classes de diâmetro) e Combretum laxum (todas as
classes). Este aspecto pode sugerir que estas espécies sejam indicativas do bom estado
de conservação de uma impuca. As espécies que apresentaram maior número de
indivíduos na impuca DE foram: Licania apetala (todas as classes), Sclerolobium
froesii (todas), O. multiflorus (3ª classe em diante), Acosmium nitens (2ª, 3ª, 4ª e 5ª),
Xylopia sp. (todas), Mabea paniculata (2ª em diante) e Calophyllum brasiliense (1ª e
2ª). Assim, a elevada representatividade destas espécies nas diferentes classes de
diâmetro poderá ser um indicativo do reduzido grau de conservação de uma impuca.
As espécies Micropholis gardneriana, Licania kunthiana, Diospyros guianensis,
Roupala montana, Ternstroemia candolleana e Eschweilera ovata ocorreram
preferencialmente na impuca não-degradada (ND). Dessas, D. guianensis e T.
candolleana apresentam distribuição de diâmetros seguindo um padrão unimodal, típico
de espécies exigentes por luz (Fig. 5 e 6). Assim, essas espécies poderiam ser testadas
em plantios, em fase inicial, para iniciativas de recuperação de impucas degradadas. M.
gardneriana, L. kunthiana e E. ovata apresentaram elevado número de indivíduos
jovens, representados nas primeiras classes de diâmetro (Fig. 5 e 6). Neste caso,
iniciativas de recuperação de impucas degradadas deverão levar em conta que estas
espécies apresentam elevado recrutamento sob o dossel da floresta, em ambientes mais
sombreados. Assim, elas poderiam ser testadas sendo introduzidas em uma fase
posterior, depois que outras espécies exigentes por luz já tenham ocupado a área e
promovido o sombreamento.
As espécies que apresentaram maior número de indivíduos ou ocorreram
exclusivamente na impuca DE foram Ormosia excelsa, Duroia prancei e Mauritiella
armata. De acordo com o padrão de distribuição de diâmetros (Fig. 7) todas seriam
exigentes por luz. Neste caso, estas espécies poderiam também ser testadas para
iniciativas de plantio em recuperação de impucas degradadas.
74
120
Licania apetala
100
Densidade (N.ha-1)
80
ND DE
60 q 1= 0,58 q 1= 1,01
q 2= 0,91 q 2= 0,37
q 3= 1,50 q 3= 0,62
40 q 4= 0,67 q 4= 0,42
q 5= 0,40 q 5= 0,54
q 6= 1.00 q 6= 0,67
20 q 7= 0,50 q 7= 0,25
q 8= 2,00
0
5,1 a 10 10,1 a 15 15,1 a 20 20,1 a 25 25,1 a 30 30,1 a 35 35,1 a 40 40,1 a 45 > 45
Classes de Diâmetro (cm)
35
Sclerolobium froesii
30
Densidade (N.ha-1)
ND DE
25 q 1 = 0,50 q 1= 0,36
q 2 = 2.00 q 2= 1,17
20 q 3 = 1,17 q 3= 0,36
q 4 = 1,28 q 4= 0,94
q 5 = 0,55 q 5= 0,61
15 q 6 = 0,20 q 6= 0,91
q 7 = 1.00 q 7= 0,30
10 q 8 = 1.00 q 8= 1,33
0
5,1 a 9 9,1 a 13 13,1 a 17 17,1 a 21 21,1 a 25 25,1 a 29 29,1 a 33 33,1 a 37 > 37
Classes de Diâmetro (cm)
80
70
Ochthocosmus multiflorus
Densidade (N.ha-1)
60 ND DE
q 1 = 0,45 q 1 =0,82
50 q 2 = 0,65 q 2 = 0,76
q 3 = 0,64 q 3 = 1,24
q 4 = 0,50 q 4 = 0,71
40 q 5 = 0,43 q 5 = 0,91
q 6 = 1.00 q 6 = 0,70
30 q 7= 0 q 7 = 0,86
q 8= q 8 = 0,08
20 q 9= 0 q 9 = 1.00
q 8 = 1.00 q 10 = 2.00
10
0
5a 7 7,1 a 9 9,1 a 11 11,1 a 13 13,1 a 15 15,1 a 17 17,1 a 19 19,1 a 21 21,1 a 23 23,1 a 25 > 25
Classes de Diâmetro (cm)
20
18
16
Acosmium nitens
Densidade (N.ha-1)
14
12
10
ND DE
8 q 1 = 0,57 q 1=1,83
q 2 = 1.00 q 2= 1,64
6 q 3 = 0,75 q 3= 1,05
4 q 4 =0,67 q 4= 0,37
q 5 = 1,50 q 5= 0,28
2
0
5,5 a 10 10,1 a 15 15,1 a 20 20,1 a 25 25,1 a 30 30,1 a 35 35,1 a 40 > 40
Classes de Diâmetro (cm)
45
Xylopia sp.
40
35
Densidade (N.ha-1)
30
25
20 ND DE
q 1= 0,42 q 1= 1,21
15 q 2= 1,12 q 2= 0,59
q 3= 0,55 q 3= 0,48
10 q 4= 0,20 q 4= 0,27
q 5=2 ,00 q 5= 0,67
5
0
5,1 a 9 9,1 a 13 13,1 a 17 17,1 a 21 21,1 a 25 25,1 a 29 29,1 a 33 > 33
Classes de Diâmetro (cm)
35
Mabea paniculata
30
Densidade (N.ha-1)
25
ND DE
q 1= 0,27 q 1 = 1,50
20 q 2= 1,57 q 2 = 0,45
q 3= 0,54 q 3 = 0,87
15 q 4= 0,17 q 4 = 0,38
q 5= 1,00 q 5 = 0,60
q 6= 2,00 q 6 = 0,67
10
0
5a 7 7,1 a 9 9,1 a 11 11,1 a 13 13,1 a 15 15,1 a 17 17,1 a 19 > 19
Classes de Diâmetro (cm)
30
Calophyllum brasiliense
25
Densidade (N.ha-1)
ND DE
q 1= 0 q 1 =0,22
20 q 2= q 2=
q 3= 1,20 q 3=
q 4= 1,83 q 4=
15 q 5= 0,36 q 5 = 0,33
q 6= 1,00 q 6 = 1,00
10
0
5,1 a 13 13,1 a 21 21,1 a 29 29,1 a 37 37,1 a 45 45,1 a 53 > 53,1
Classes de Diâmetro (cm)
35
Combretum laxum
30
Densidade (N.ha-1)
ND DE
25 q 1 = 0,82 q 1 = 0,42
q 2 = 1,07 q 2 = 0,60
20 q 3 = 0,52 q 3 = 0,33
q 4 = 0,73 q 4 = 2,00
q 5 = 0,27 q 5 = 0,50
15 q 6 = 1,00 q 6 = 1,00
q 7 = 2,00
10 q 8 = 0,50
q 9 = 0,67
q 10= 0,50
5
0
5a6 6,1 a 7 7,1 a 8 8,1 a 9 9,1 a 10 10,1 a 11 11,1 a 12 12,1 a 13 13,1 a 14 14,1 a 15 15,1 a 16 16,1 a 17 > 17
250
Micropholis gardneriana
q 1= 0,54
200 q 2= 0,71
Densidade (N.ha-1)
q 3= 0,69
q 4= 1,12
q 5= 0,42
150 q 6= 0,52
q 7= 0,07
q 8= 2,00
100 q 9= 1,00
q 10 = 1,00
q 11 = 1,00
50
0
5a 8 8,1 a 11 11,1 a 14 14,1 a 17 17,1 a 20 20,1 a 23 23,1 a 26 26,1 a 29 29,1 a 32 32,1 a 35 35,1 a 38 > 38
40
Licania kunthiana
35
Densidade (N.ha-1)
30
q 1 = 0,63
q 2 = 0,83
25 q 3 = 1,15
q 4 = 0,39
20 q 5 = 1,11
q 6 = 0,50
15 q 7 = 0,20
q 8 = 3,00
10
0
5,3 a 9 9,1 a 13 13,1 a 17 17,1 a 21 21,1 a 25 25,1 a 29 29,1 a 33 33,1 a 37 > 37
Classes de Diâmetro (cm)
16
Diospyros guianensis
14
Densidade (N.ha-1)
12
10 q 1 = 1,00
q 2 = 1,75
8 q 3 = 0,86
q 4 = 0,83
6 q 5 = 0,20
q 6 = 2,00
q 7 = 0,25
4
0
6,5 a 11,4 11,5 a 16,4 16,5 a 21,4 21,5 a 26,4 26,5 a 31,4 31,5 a 36,4 36,5 a 41, 4 > 41,4
Classes de Diâmetro (cm)
35
Roupala montana
30
Densidade (N.ha-1)
25
20
q 1 = 1,26
q 2 = 0,72
15 q 3 = 0,48
q 4 = 0,20
10 q 5 = 0,50
q 6 = 1,00
5
0
5,3 a 9 9,1 a 13 13,1 a 17 17,1 a 21 21,1 a 25 25,1 a 29 29,1 a 33 33,1 a 37 > 37
Classes de Diâmetro (cm)
20
Ternstroemia candolleana
18
16
Densidade (N.ha-1)
14
12 q 1 = 1,30
q 2 = 1,38
10 q 3 = 0,72
q 4 = 0,46
8 q 5 = 0,50
q 6 = 1,33
6 q 7 =0,25
4
2
0
5,4 a 8 8,1 a 11 11,1 a 14 14,1 a 17 17,1 a 20 20,1 a 23 23,1 a 26 26,1 a 29 > 29
Classes de Diâmetro (cm)
40
Eschweilera ovata
35
Densidade (N.ha-1)
30
25
q 1 = 0,30
q 2 = 0,54
20
q 3 = 0,67
q 4 = 0,75
15 q 5 = 1,00
q 6 = 1,00
10 q 7 = 0,33
0
5,1 a 9 9,1 a 13 13,1 a 17 17,1 a 21 21,1 a 25 25,1 a 29 29,1 a 33 > 33
Classes de Diâmetro (cm)
16
14
Densidade (N.ha-1)
12
Ormosia excelsa
10
8 q 1 = 1,40
q 2 = 2,00
6 q 3 = 1,07
q 4 = 0,27
q 5 = 1,25
4
0
5a 7 7,1 a 12 12,1 a 19 19,1 a 26 26,1 a 33 33,1 a 40 40,1 a 47 > 47
Classes de Diâmetro (cm)
35
Duroia prancei
30
Densidade (N.ha-1)
25
20
15 q 1= 2,64
q 2= 0,72
q 3= 0,43
10 q 4= 0,11
0
5,3 a 8 8,1 a 11 11,1 a 14 14,1 a 17 17,1 a 20 20,1 a 23 > 23
Classes de Diâmetro (cm)
12
Mauritiella armata
10
q 1 = 2,00
Densidade (N.ha-1)
q 2 = 0,60
8 q 3 = 0,83
q 4 = 0,40
q 5 = 1,50
6 q 6 = 0,33
q 7 =0,00
q 8=
4 q 9 = 1,00
0
6,4 a 7,3 7,4 a 8,3 8,4 a 9,3 9,4 a 10,3 10,4 a 11,3 11,4 a 12,3 12,4 a 13,3 13,4 a 14,3 14,4 a 15,3 > 15,3
3.2.1. Comunidades
As distribuições das alturas de todos os indivíduos amostrados nas impucas ND
e DE apresentaram estratificação composta por três níveis distintos (Fig. 8, 9 e 10). O
estrato inferior, formado por indivíduos com alturas até 5,5 m apresentou espécies de
sub-bosque (Fig. 8, 9 e 10), o estrato intermediário, formado por indivíduos com alturas
entre 5,6 e 13,5 m apresentou espécies típicas do sub-dossel (co-dominantes) e o estrato
superior (dominantes) compôs o dossel da floresta, sendo formado por indivíduos com
alturas acima de 13,5 m (Fig. 8, 9 e 10). Nas duas impucas a altura mínima encontrada
foi de 1,5 m (mortos), enquanto a altura máxima foi de 22 m na impuca ND e de 24 m
na impuca DE (Fig. 9 e 10). Algumas espécies apresentaram indivíduos emergentes na
estrutura vertical das comunidades estudadas, sendo que na impuca ND destaca-se
Calophyllum brasiliense e na impuca DE Vochysia divergens (Fig. 9 e 10).
A estrutura vertical composta por três estratos parece ser um padrão comum
observado em florestas da região leste mato-grossense, visto que Marimon et al. (2001b,
c) e Marimon (2005) também registraram este padrão em uma floresta monodominante,
uma floresta mista e uma floresta de galeria localizadas na mesma na região.
As impucas do presente estudo apresentaram um padrão unimodal nas
distribuições das alturas de todos os indivíduos amostrados (Fig. 1), com reduzido
número de indivíduos nas classes menores, maior número nas intermediárias e redução
nas classes maiores, caracterizando uma tendência a distribuição normal (HAIDAR et
al., 2005), típica de comunidades tropicais heterogêneas que podem estar se auto-
regenerando (FELFILI, 1997; MARIMON et al., 2001a). O padrão unimodal também
foi observado em florestas de galeria (WALTER, 1995; FELFILI, 1997; MARIMON et
al., 2001a) em florestas monodominantes (MARIMON et al., 2001b, c) e floresta
estacional semidecidual (MARIMON, 2005) localizadas no Brasil Central.
As impucas ND e DE apresentaram a maioria de seus indivíduos concentrada nas
classes intermediárias, entre a terceira e quinta classes de altura (de 5,6 a 11,5 m), com
cerca de 66% dos indivíduos na impuca ND e 78% na DE (Fig. 8). Uma floresta de vale
(PINTO e OLIVEIRA-FILHO, 1999), duas de galeria (FELFILI, 1997; MARIMON et
al., 2001a), duas florestas estacionais semideciduais (HAIDAR et al., 2005;
81
700
600
500
Densidade (N.ha-1)
400
300
200
100
0
1,5 a 3,5 3,6 a 5,5 5,6 a 7,5 7,6 a 9,5 9,6 a 11,5 11,6 a 13,5 13,6 a 15,5 15,6 a 17,5 17,6 a 19,5 > 19,5
Figura 8 - Distribuição das alturas dos indivíduos amostrados em uma impuca não-
degradada (ND)= e uma degradada (DE)= do Parque Estadual do Araguaia, Novo
Santo Antônio-MT. Intervalo de classes= 2 m.
83
25
Altura Mínima
Altura Média
Altura Máxima
20
15
Altura (m)
10
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45
Sequência de Espécies
25
Altura Mínima
Altura Média
Altura Máxima
20
15
Altura (m)
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33
Sequência de Espécies
16). Felfili (1997) e Marimon et al. (2001a) observaram que este padrão de distribuição
de alturas seria típico de comunidades tropicais heterogêneas que estão se auto-
regenerando. Entretanto, em um estudo com palmeiras, Lima et al. (2003) sugeriram
que neste caso o recrutamento de uma população seria reduzido. Felfili (1995) sugere
que padrões como este ocorram com espécies que necessitam de luz (clareiras) para se
estabelecer.
Sabe-se muito pouco sobre as exigências de luminosidade para promover o
crescimento da maioria das espécies tropicais (AGYEMAN et al., 1999) e não há dados
na literatura científica sobre as exigências de luz das espécies mais importantes das
impucas estudadas. Neste caso, pode-se apenas especular sobre os fatores ambientais
que determinam o padrão de distribuição das classes de altura destas espécies.
Entretanto, acredita-se que a incidência de luz nas comunidades estudadas e as
diferenças sucessionais por elas apresentadas (já discutidas anteriormente) são fatores
importantes na determinação do padrão de distribuição de alturas.
As espécies que não apresentaram um padrão unimodal na distribuição de alturas
de suas populações foram: Licania apetala (impuca ND), Sclerolobium froesii (ND)
(ambas na Fig. 11), Acosmium nitens, Xylopia sp., Mabea paniculata (todas na ND)
(Fig. 12). Sclerolobium froesii (DE) (Fig. 11), Combretum laxum (ND) (Fig. 13) e
Diospyros guianensis (ND) (Fig. 14) apresentaram um padrão de distribuição irregular,
com picos em diferentes classes de altura e de uma a quatro classes vazias,
respectivamente para D. guianensis e S. froesii. Os impactos antrópicos na impuca ND
foram pouco evidentes, mas o padrão irregular apresentado nas distribuições das alturas
de algumas espécies pode refletir um declínio na regeneração devido à morte de
indivíduos adultos por conta de interferências antrópicas. Talvez a impuca ND também
esteja sofrendo com o impacto do fogo e o pisoteio do gado, mesmo que os indícios
sejam poucos, ou até mesmo com a extração madeireira. Neste caso, em se tratando de
medidas de recuperação de impucas degradadas, sugere-se que as espécies que
apresentam distribuições irregulares devem receber prioridade em iniciativas de plantio
e proteção.
O padrão de distribuição das alturas de Calophyllum brasiliense (Fig. 13) nas
duas impucas estudadas reflete padrões bem distintos. Na impuca DE há poucos
indivíduos representados nas classes acima de 11,6 m de altura. Este aspecto pode ser
86
um indicativo do corte desta espécie, cuja madeira é muito usada para construções civis
na região. Por outro lado, na impuca ND há muitos indivíduos representados nas classes
de alturas maiores (> 15 m), sendo que alguns alcançaram alturas superiores a 21 m.
Este aspecto pode indicar que a pressão de corte sobre esta espécie tenha sido inferior
na impuca ND. Além do corte da espécie, também é necessário considerar os impactos
do fogo, que no presente estudo foi registrado apenas na impuca DE. Carvalho et al.
(1995), estudando uma floresta em regeneração em uma área de garimpo abandonado,
registraram C. brasiliense com um padrão semelhante ao encontrado na impuca DE,
apresentando alta densidade entre as classes 7 e 8 m e nenhum indivíduo de grande
porte.
De acordo com as distribuições das alturas apresentadas pelas principais espécies,
de forma geral, foi possível identificar três estratos distintos, tal como delimitados nas
comunidades estudadas (Fig. 8). Considerando-se que o limite mínimo de inclusão na
amostragem do presente estudo foi de 5 cm de diâmetro, os indivíduos que foram
registrados no estrato inferior das impucas estudadas são todos indivíduos jovens que
pertencem a espécies que alcançam os estratos intermediário e/ou superior das
comunidades. Dentre as principais espécies, Ochthocosmus multiflorus (Fig. 11),
Micropholis gardneriana (Fig. 14) e Duroia prancei (Fig. 16) apresentaram indivíduos
neste estrato, apesar de poderem alcançar alturas superiores a 13, 19 e 11 m,
respectivamente.
Na impuca ND, o estrato intermediário (entre 5,6 e 13,5 m) foi representado por
indivíduos de Ochthocosmus multiflorus (Fig. 11), Mabea paniculata (Fig. 12),
Micropholis gardneriana, Licania kunthiana, Diospyros guianensis (Fig. 14), Roupala
montana, Ternstroemia candolleana e Eschweilera ovata (Fig. 15). Na impuca DE o
estrato intermediário foi representado por Licania apetala, Sclerolobium froesii, O.
multiflorus (Fig. 11), M. paniculata, Acosmium nitens, Xylopia sp. (Fig. 12),
Calophyllum brasiliense, Combretum laxum (Fig. 13), Ormosia excelsa, Duroia prancei
e Mauritiella armata (Fig. 16).
Licania apetala e Mabea paniculata são consideradas espécies exigentes de luz
(RIBEIRO et al., 1999; IBGE, 2002), o que pode justificar também o fato de termos
observado grande número de indivíduos dessas espécies nas bordas das impucas
estudadas. De acordo com Marimon (2005), assim como as espécies do estrato superior,
87
Sete das oito espécies comuns às duas impucas (ND e DE) apresentaram
diferenças nas distribuições das alturas (Teste de Kolmogorov-Smirnov, p≤ 0,01):
Ochthocosmus multiflorus, Sclerolobium froesii, Licania apetala (Fig. 11), Mabea
paniculata, Xylopia sp. (Fig. 12), Combretum laxum e Calophyllum brasiliense (Fig.
13). No caso de L. apetala, S. froesii e Xylopia sp., o maior número de indivíduos
registrado nas classes intermediárias da impuca DE em relação à ND sugere uma
condição preferencial dessas espécies por áreas mais abertas. C. laxum e C. brasiliense
(Fig. 13) apresentaram elevado número de indivíduos no estrato superior da impuca ND,
sugerindo que essas espécies se desenvolvem melhor em áreas fechadas e preservadas.
180
160
140 Licania apetala
Densidade (N.ha-1)
120
100
80
60
40
20
0
1,7 a 3,6 3,7 a 5,6 5,7 a 7,6 7,7 a 9,6 9,7 a 11,6 11,7 a 13,6 13,7 a 15,6 > 15,6
Classes de Altura (m)
30
Sclerolobium froesii
25
Densidade (N.ha-1)
20
15
10
0
4,2 a 5,7 a 6,7 a 7,7 a 8,7 a 9,7 a 10,7 a 11,7 a 12,7 a 13,7 a 14,7 a 15,7 a 16,7 a > 17,6
5,6 6,6 7,6 8,6 9,6 10,6 11,6 12,6 13,6 14,6 15,6 16,6 17,6
Classes de Altura (m)
50
45 Ochthocosmus multiflorus
40
Densidade (N.ha-1)
35
30
25
20
15
10
5
0
3,5 a 4,6 4,7 a 5,6 5,7 a 6,6 6,7 a 7,6 7,7 a 8,6 8,7 a 9,6 9,7 a 10,6 10,7 a 11,7 a 12,7 a > 13,6
11,6 12,6 13,6
Classes de Altura (m)
Figura 11 - Distribuição de alturas das principais espécies comuns em uma impuca não-
degradada (ND)= e uma degradada (DE)= do Parque Estadual do Araguaia, Novo
Santo Antônio-MT. Intervalos de Classe: L. apetala= 2 m, S. froesii e O. multiflorus= 1
m.
90
30
Acosmium nitens
25
Densidade (N.ha-1)
20
15
10
0
4,3 a 6 6,1 a 8 8,1 a 10 10,1 a 12 12,1 a 14 14,1 a 16 16 a 18
Classes de Altura (m)
50
45
40 Xylopia sp.
Densidade (N.ha-1)
35
30
25
20
15
10
5
0
3,6 a 5,5 5,6 a 7,5 7,6 a 9,5 9,6 a 11,5 11,6 a 13,5 13,6 a 15,5 15,6 a 17,5 > 17,5
Classes de Altura (m)
30
25 Mabea paniculata
Densidade (N.ha-1)
20
15
10
0
2,2 a 3 3,1 a 4 4,1 a 5 5,1 a 6 6,1 a 7 7,1 a 8 8,1 a 9 9,1 a 10,1 a 11,1 a 12,1 a 13,1 a 14,1 a 15,1 a
10 11 12 13 14 15 16
Classes de Altura (m)
Figura 12 - Distribuição de alturas das principais espécies comuns em uma impuca não-
degradada (ND)= e uma degradada (DE)= do Parque Estadual do Araguaia, Novo
Santo Antônio-MT. Intervalos de Classe: A. nitens e Xylopia sp.= 2 m e M. paniculata=
1 m.
91
16
14 Calophyllum brasiliense
Densidade (N.ha-1)
12
10
0
5,3 a 7,6 7,7 a 9,6 9,7 a 11,6 11,7 a 13,6 13,7 a 15,6 15,7 a 17,6 17,7 a 19,6 19,7 a 21,6 > 21,6
Classes de Altura (m)
35
30
Combretum laxum
Densidade (N.ha-1)
25
20
15
10
0
5a 7 7,1 a 9 9,1 a 11 11,1 a 13 13,1 a 15 15,1 a 17 17,1 a 19 19,1 a 21 > 21
Classes de Altura (m)
Figura 13 - Distribuição de alturas das principais espécies comuns em uma impuca não-
degradada (ND)= e uma degradada (DE)= do Parque Estadual do Araguaia, Novo
Santo Antônio-MT. Intervalos de Classe= 2 m.
92
140
120
Micropholis gardneriana
Densidade (N.ha-1)
100
80
60
40
20
0
3,2 a 4,1 a 5,1 a 6,1 a 7,1 a 8,1 a 9,1 a 10,1 a 11,1 a 12,1 a 13,1 a 14,1 a 15,1 a 16,1 a 17,1 a 18,1 a > 19
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
15
10
0
3,3 a 4 4,1 a 5 5,1 a 6 6,1 a 7 7,1 a 8 8,1 a 9 9,1 a 10 10,1 a 11,1 a 12,1 a 13,1 a 14,1 a > 15
11 12 13 14 15
Classes de Altura (m)
14
12 Diospyros guianensis
Densidade (N.ha-1)
10
0
5a 6 6,1 a 7 7,1 a 8 8,1 a 9 9,1 a 10 10,1 a 11 11,1 a 12 12,1 a 13 13,1 a 14 14,1 a 15
Classes de Altura (m)
25
Roupala montana
20
Densidade (N.ha-1)
15
10
0
4,5 a 5,4 5,5 a 6,4 6,5 a 7,4 7,5 a 8,4 8,5 a 9,4 9,5 a 10,4 10,5 a 11,4 11,5 a 12,4 > 12,4
Classes de Altura (m)
25
Ternstroemia candolleana
20
Densidade (N.ha-1)
15
10
0
4,1 a 5 5,1 a 6 6,1 a 7 7,1 a 8 8,1 a 9 9,1 a 10 10,1 a 11 11,1 a 12 12,1 a 13 > 13
Classes de Altura (m)
25
Eschweilera ovata
20
Densidade (N.ha-1)
15
10
0
5,3 a 7 7,1 a 9 9,1 a 11 11,1 a 13 13,1 a 15 15,1 a 17 > 17
Classes de Altura (m)
30
25 Ormosia excelsa
Densidade (N.ha-1)
20
15
10
0
3,1 a 5 5,1 a 7 7,1 a 9 9,1 a 11 11,1 a 13 13,1 a 15 > 15
Classes de Altura (m)
25
Duroia prancei
Densidade (N.ha-1)
20
15
10
0
3,3 a 4 4,1 a 5 5,1 a 6 6,1 a 7 7,1 a 8 8,1 a 9 9,1 a 10 10,1 a 11
16
14
Mauritiella armata
Densidade (N.ha-1)
12
10
0
2,7 a 4,6 4,7 a 6,6 6,7 a 8,6 8,7 a 10,6 10,7 a 12,6 > 12,6
Classes de Altura (m)
4. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS
ARTIGO III
CONHECENDO E CONSERVANDO AS IMPUCAS
(FRAGMENTOS NATURAIS DE FLORESTAS INUNDÁVEIS) DO
PARQUE ESTADUAL DO ARAGUAIA-MT
1. INTRODUÇÃO
1
Discente do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais – UNEMAT, Cáceres-MT.
E-mail: danicris_04@hotmail.com.
2
Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais – UNEMAT, Cáceres-MT e do Programa de Pós-
graduação em Ecologia e Conservação – UNEMAT, Nova Xavantina-MT. E-mail: biamarimon@hotmail.com.
3
Docente do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação – UNEMAT, Nova Xavantina-MT.
4
Docente do curso de graduação em Ciências Biológicas – UNEMAT, Nova Xavantina-MT.
103
(BRITO, 2005). Essa planície, com cerca de 600.000 km2 de área, tem a maior
representatividade na Ilha do Bananal (EITEN, 1985) e apresenta um expressivo
ecótono, englobando características de Cerrado, da Floresta Amazônica e do Pantanal, o
que justifica o mosaico vegetacional ali presente (BRITO, 2005).
A Planície do Araguaia foi considerada uma área de importância biológica
extremamente alta, por cientistas das mais diferentes áreas que reuniram-se em Brasília-
DF e sugeriram “Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade do Cerrado e
Pantanal” (MARIMON et al., 2008). Naquela oportunidade foram recomendadas ações
urgentes de conservação para minimizar o impacto das atividades humanas em áreas de
especial interesse ecológico (MARIMON e LIMA, 2001) e assim, foram recomendadas
ações voltadas para o manejo sustentado e a criação de Unidades de Conservação
(MARIMON et al., 2008).
Conforme Marimon et al. (2008), no estado de Mato Grosso, a Planície do
Araguaia localiza-se principalmente nos municípios de Novo Santo Antônio, São Félix
do Araguaia, Ribeirão Cascalheira, Cocalinho, Luciara, Nova Nazaré e Santa Terezinha,
sob influência do sistema de drenagem do Rio das Mortes e do Rio Araguaia. Esses
autores observaram que são fortes as pressões da pecuária extensiva e da pesca
predatória nessa região, sendo necessário e urgente ações de planejamento e ocupação
para conciliar a conservação dos recursos naturais, sócio-ecológicos e culturais.
Em 2001 foi criado o Parque Estadual do Araguaia (PEA), localizado na Planície
do Araguaia e é o maior parque estadual em Mato Grosso, abrangendo uma área de
223.619,54 hectares. O PEA situa-se no município de Novo Santo Antônio na região
nordeste de Mato Grosso, sendo limitado ao norte pela confluência do Rio das Mortes e
do Rio Araguaia (MARIMON et al., 2008). De acordo com os referidos autores, a
inundação sazonal que ocorre no PEA confere à sua fauna e flora características
peculiares, algumas não encontradas em nenhum outro lugar do planeta. Sua paisagem é
caracterizada por extensas áreas de varjão (campos de murundus), campos limpos,
manchas de cerrado sentido restrito, cerradão, florestas ciliares e impucas.
As impucas são fragmentos de florestas inundáveis que ocorrem naturalmente e
apresentam composição florística própria, distinta das fisionomias campestres que a
circundam (BRITO, 2005). Conforme Martins (2004), esses fragmentos são
caracterizados por depressões na superfície do solo, em relação à planície, variando de
104
2. MATERIAL E MÉTODOS
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A cartilha:
107
IMPUCAS
DO PARQUE ESTADUAL DO ARAGUAIA
Foto: E. Lenza
108
IMPUCAS
DO PARQUE ESTADUAL DO ARAGUAIA
Ficha técnica
Esta cartilha é resultado da dissertação de mestrado intitulada “Estrutura e
composição florística de dois fragmentos naturais de florestas inundáveis (impucas) no
Parque Estadual do Araguaia-MT” e do Projeto “Florística, estrutura e características
ambientais de fragmentos naturais de florestas inundáveis (impucas) no Parque Estadual do
Araguaia” a qual faz parte esta pesquisa de dissertação. Desenvolvidos por docentes e
discentes da Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Nova Xavantina,
Departamento de Ciências Biológicas, com o apoio financeiro da Capes e FAPEMAT.
(Cartilha)
ISSN:
110
Fonte: B. H. Marimon-Jr
Mato Grosso (EITEN, 1985), e no estado de ligação entre rios, lagos e córregos, e são
chamados de “ipuca” (BRITO, 2005). aves, sendo que a sua degradação poderá
trazer grave desequilíbrio ao ambiente
(MARTINS et al., 2002). Assim, as impucas
Principais espécies são importantes para a fauna silvestre,
As impucas do PEA apresentam pois ocorrendo em fragmentos elas
espécies vegetais de Cerrado, Pantanal e desempenham papel fundamental como
Floresta Amazônica. As espécies de árvores refúgio e conectam outras florestas da
que mais se destacam são Micropholis Planície do Araguaia (MARTINS et al., 2008).
113
Fogo
As impucas, assim como as demais
florestas do PEA, estão sendo destruídas
principalmente pelo fogo usado por
moradores da região para renovar
pastagens e promover a limpeza de áreas.
Foto: B. H. Marimon-Jr
Foto: B. H. Marimon-Jr
Foto: B. H. Marimon-Jr
conhecimento a respeito da biodiversidade
existente no Parque e que este seja levado
O solo das impucas permanece
às pessoas que moram, usam, pesquisam e
encharcado durante a estação chuvosa e as
visitam o Parque Estadual do Araguaia para
raízes das árvores são superficiais. Assim, a
que ocorra uma efetiva proteção da imensa
compactação do solo pode provocar o
riqueza biológica e da exuberância das
tombamento das árvores provocando grave
paisagens desta extensa planície de
desequilíbrio nessas florestas.
inundação.
causada pela ação humana. Sendo assim, as observar as condições climáticas, instruir
pessoas que residem e visitam o PEA e capacitar as pessoas que vão realizar a
precisam estar cientes que uma única queimada controlada e tomar todas as
Gado
proteger as impucas e demais florestas, tais
como:
· Não permitir que o gado adentre nas
impucas localizadas no PEA, tendo
em vista que o Parque é uma
unidade de proteção integral da
biodiversidade;
· Não permitir a entrada do gado em
Foto: B. H. Marimon-Jr
outras formações florestais do PEA.
Quanto aos impactos causados pela · Variar os locais de pastoreio do
presença do gado no Parque Estadual do gado, minimizando os impactos sobre
Araguaia, medidas de controle por parte dos a vegetação e o solo.
moradores da região podem ajudar a
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Foto: D. C. F. Barbosa
Foto: B. H. Marimon-Jr
Foto: B. H. Marimon-Jr
Foto: B. H. Marimon-Jr
Foto: B. S. Marimon
Foto: B. H. Marimon-Jr
Nas impucas mais degradadas, onde que estão secando no interior das
Glossário
Aceiro: desbaste de terreno em volta de propriedades rurais, ou matas, coivaras, etc., para, pela
descontinuidade assim estabelecida na vegetação, evitar a propagação de incêndios ou queimadas
(FERREIRA, 2004).
Biodiversidade: a existência, numa dada região, de uma grande variedade de espécies, ou de outras
categorias (como gêneros, etc.) de plantas ou de animais.
Campo limpo: são extensas áreas cobertas exclusivamente com espécies de capins ou similares do Bioma
Cerrado que ocorrem em áreas onde o revelo é plano e ocorrem depressões no terreno (MARIMON et al.,
2008).
Campo de murundus: ocorrem em um campo limpo em forma de monchões ou ilhas cobertas com
vegetação de Cerrado e em geral possuem um cupinzeiro (MARIMON et al., 2008).
Dossel: estrato ou camada mais alta da floresta, formada pelas copas das árvores de maiores alturas.
Ecossistema: conjunto dos relacionamentos mútuos entre determinado meio ambiente e a flora, a fauna e
os microrganismos que nele habitam, e que incluem os fatores de equilíbrio geológico, atmosférico,
meteorológico e biológico (FERREIRA, 2004).
Estiagem: período seco, falta ou cessação de chuva.
Estruturais: disposição das plantas em uma floresta, estratos de alturas que elas ocupam na floresta (alto,
médio ou baixo).
Fauna silvestre: conjunto de animais nativos de uma determinada região.
Fisionômico: caráter dado a uma comunidade vegetal pela forma biológica de seus componentes
(FERREIRA, 2004).
Florística: estudo ou características das plantas relacionado à sua família, gênero e espécie em uma
determinada região.
Inundações sazonais: inundações ou alagamentos periódicos.
Lençol freático: lençol de água subterrâneo que se forma em profundidade relativamente pequena; lençol
superficial, lençol de água (FERREIRA, 2004).
Lenhosas: que possui consistência de madeira.
Mosaico vegetacional: uma paisagem composta por vários tipos de vegetação, e cada uma delas com
suas características particulares, diferindo uma das outras.
Plântulas: plantas jovens.
Sistema radicular: sistema ou conjunto de raízes.
Solo instável: solo que não apresenta firmeza ou características adequadas para fixação das raízes das
plantas.
Unidades de Conservação: áreas destinadas pelo poder público federal, estadual ou municipal para a
proteção integral ou uso sustentável de recursos naturais (ROTTA et al., 2006).
Vulnerabilidade: capacidade de estar sugeito a ataques ou perigo.
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Referências bibliográficas
3- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por outro lado, espécies como Licania apetala, Sclerolobium froesii e Acosmium
nitens, parecem adaptar-se muito bem em áreas alteradas e, neste caso, podem ser
testadas para plantios em impucas degradadas e que exijam iniciativas imediatas de
recuperação.
Sugere-se que no PEA impucas bem preservadas são aquelas que apresentam
muitos indivíduos de Ochthocosmus multiflorus nas primeiras classes de diâmetros e
alturas e muitos indivíduos de Combretum laxum e Calophyllum brasiliense
representados em todas as classes. Entretanto, impucas que apresentam muitos
indivíduos de Licania apetala, Sclerolobium froesii e Xylopia sp. em todas as classes de
diâmetros e alturas podem ser consideradas como pouco preservadas.
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