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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC

CAMPUS CURITIBANOS
CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INCÊNDIOS FLORESTAIS

INVENTÁRIO DE MATERIAL COMBUSTÍVEL EM DIFERENTES


POVOAMENTOS DA ÁREA EXPERIMENTAL FLORESTAL

Gabriela Moraes da Silva


Scheila Terezinha da Silva Paes
Vanessa Santana Bonfim

Curitibanos
2022
1 INTRODUÇÃO

Os incêndios florestais são importantes responsáveis de danos às florestas de todo o


mundo, especialmente os plantios florestais. Por isso, existe uma preocupação constante no
sentido de proteger a floresta contra o fogo através da implantação de sistemas de incêndio cada
vez mais eficientes (BATISTA; BEUTLING; PEREIRA, 2013).
Na atual tendência, aplica-se sistemas integrados de proteção contra incêndios
florestais que fazem automaticamente, com auxílio da informática, a detecção e localização do
fogo, estimando sua intensidade e indicando as rotas de acesso e os meios necessários para o
combate. A eficiência desses sistemas está associada à consistência de informações relativas à
intensidade do fogo, que são primordiais para o planejamento do combate ao fogo, que depende
de três variáveis: i) o poder calorífico; ii) a velocidade de propagação; e iii) a quantidade de
material combustível (SOUZA, 2000).
Portanto, conhecer a quantidade de material combustível existente é indispensável para
a implantação dos sistemas de proteção, bem como para fazer a prescrição de queimas
controladas em áreas florestais, seja no intuito de reduzir os riscos de ocorrência de incêndios
ou para se atingir outros objetivos previstos no plano de manejo florestal (CASTRO et al.,
2015).
A mensuração direta através de um inventário, é certamente, a forma mais precisa de
determinação da quantidade de material combustível de uma floresta. Assim, o objetivo deste
trabalho, foi realizar o inventário de material combustível de um povoamento de Liquidambar,
na área experimental Florestal da Universidade Federal de Santa Catarina, localizada no
município de Curitibanos, Santa Catarina.
2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 MATERIAL NECESSÁRIO

Para a realização da aula prática, foram necessários os seguintes materiais:


● Gabarito de madeira 50 x 50 cm;
● Sacos de papel ou plástico, dependendo do local de secagem;
● Facão;
● Paquímetro (em caso de triagem e separação do material combustível);
● Caneta para identificação;
2.2 PROCEDIMENTOS REALIZADOS

Após a distribuição dos materiais a cada grupo da turma, foi ofertado a escolha dos
diferentes povoamentos florestais da área experimental, o qual foi escolhido a área de
Liquidambar styraciflua.
Ao adentrar a área, foram escolhidos de forma aleatória 5 pontos de amostragem e
alocado com um gabarito (Figura 1), onde em cada ponto foi coletada a serapilheira e todo o
material vegetal depositado na floresta, os quais foram armazenados em sacos de papel e
identificados.
Em laboratório, as amostras foram pesadas para obtenção dos respectivos pesos
úmidos, posteriormente as amostras foram colocadas em estufa a 65°C até a completa secagem.
Após alguns dias, as amostras foram novamente pesadas, e repetiu-se esse processo até que o
peso seco fosse estabilizado. Posteriormente após a obtenção da massa úmida e seca, realizou-
se uma média dos pesos secos das amostras, obtendo assim, uma média em 0,25 m², devido a
área do gabarito, tais valores serão extrapolados para hectare para a determinação da massa seca
do material combustível na área total de Liquidambar styraciflua.
Figura 1 – Procedimento de coleta do material combustível. A) Ponto de amostragem;
B) Coleta do material; C) Material vegetal sendo peneirado; D) Ponto de amostragem após a
coleta dos materiais combustíveis.

Fonte: As autoras (2022).


3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na Tabela 1 estão representados os resultados para a quantidade de material seco em


g/ha e kg/ha, na área de Liquidambar styraciflua amostrada.

Tabela 1. Comparação entre as cinco amostras submetidas a quantificação de


material combustível a partir da aplicação da equação 1.

Peso (g) Amostra Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5


1

PU 304,65 503,74 457,66 727,44 1.564,16

PS 234,54 262,22 246,45 334,42 570,48

Média dos
PS/0,25m² 329,62

PS do material
combustível/ha 13.184.800,00
(g)

PS do material
combustível/ha 13,1848
(ton)
Em que: PU (Peso úmido); PS (Peso seco).
Fonte: As autoras (2022).

Conforme os dados apresentados na tabela 1, observa-se que o peso médio de material


combustível para a área de L. styraciflua avaliada é de 13.184.800,00 g/ha ou 13,18 t/ha. Os
dados observados no presente estudo estão acima dos obtidos por White et al. (2014), os quais
encontraram uma média de 11,31 t/ha de material seco para um povoamento de Eucalyptus
grandis, aos 6 anos de idade e abaixo dos encontrados por Souza et al. (2003) para um
povoamento de Eucalyptus dunnii, aos 10 anos de idade, que apresentou um valor médio de 30,
82 t/ha de material combustível disponível.
Tais diferenças ocorrem devido a fatores como espécies, espaçamento e a idade da
vegetação, influenciarem de forma direta na quantidade de material combustível que pode ser
encontrada em uma área, além de comprovarem que determinadas espécies podem ser capazes
de acumular uma grande quantidade de material combustível em um curto intervalo de tempo.
De acordo com Stangerlin et al. (2003) e Ziller (2006) entre 70% e 80% de todo material
combustível disponível em uma floresta é formado por folhas e galhos, além de plantas exóticas
como o L. styraciflua, possuírem a capacidade de produzir alterações em propriedades
ecológicas essenciais, como ciclagem de nutrientes e produtividade vegetal e possuírem baixas
taxas de decomposição, o que contribui para um acúmulo de material combustível sobre o solo
em área plantadas com espécies exóticas, aumentando, assim, o risco e o perigo de ocorrência
de incêndios de incêndios florestais de grande porte.
Além destes fatores, o teor de umidade do material combustível também influencia em
uma maior ou menor probabilidade de ocorrência de incêndios florestais, sendo que quanto
maior o teor de umidade, maior será a quantidade de energia necessária para que o material
entre em ignição, devido a necessidade de evaporação da água do material, para que o mesmo
comece a queimar, sendo necessário um teor de umidade abaixo de 30% para que materiais
combustíveis entram em ignição, sendo que materiais com teores de umidade acima desta,
geralmente não entram em ignição durante incêndios florestais (FERNANDES et al., 2008;
WHITE, 2018).

4 CONCLUSÃO

A quantidade média de material combustível depositado acima do solo foi de 13,18


t/ha, havendo diferenças significativas na produção de serrapilheira acumulada entre as
unidades amostrais, que pode ser explicada pelo relevo da área onde o plantio está inserido, ao
microclima e a proximidade da unidade amostral coletada com as bordas.
A quantidade média de material combustível é considerada intermediária, logo, a
serapilheira acumulada é considerada uma valiosa via de transferência de macronutrientes,
micronutrientes e de carbono orgânico para o solo. A queima controlada não deve ser
recomendada, devido a continuidade de material combustível entre o solo e as árvores.
REFERÊNCIAS

BATISTA, A. C.; BEUTLING, A.; PEREIRA, J. F. Estimativa do comportamento do fogo


em queimas experimentais sob povoamentos de Pinus elliottii. Revista Árvore, v. 37, p. 779-
787, 2013.

CASTRO, A. L. et al. Análise da viabilidade técnica da adaptação de dados internacionais de


inventário de ciclo de vida para o contexto brasileiro: um estudo de caso do concreto para
paredes moldadas no local. In: Anais do 57º Congresso Brasileiro do Concreto. 2015.

FERNANDES, P. A. M. et al. Using fuel and weather variables to predict the sustainability of
surface fire spread in maritime pine stands. Canadian Journal of Forest Research, v. 38,
n. 2, p. 190-201, 2008. DOI: 10.1139/X07-159.

SOUZA, L. J. B. de. Modelagem de material combustível em plantações de Pinus taeda L.


e Eucalyptus dunnii Maiden. (Tese) Pós-graduação em Engenharia florestal do Setor de
Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2000.

SOUZA, L. J. B. et al. Modelagem do material combustível superficial em povoamentos de


Eucalyptus dunnii, em Três Barras, SC. Cerne, v. 9, n. 2, p. 231-245, 2003.

STANGERLIN, D. M. et al. Quantificação do material combustível acumulado na


serapilheira de uma floresta de Eucalyptus grandis. XVI Congresso de Iniciação Científica,
4 p, 2007.

WHITE, B. L. A. et al. Caracterização do material combustível e simulação do


comportamento do fogo em eucaliptais no litoral norte da Bahia, Brasil. Floresta, v. 44, n. 1,
p. 33-42, 2014a. DOI:10.5380/rf.v44i1.32977.

WHITE, B. L. A. Modelos matemáticos de previsão do teor de umidade dos materiais


combustíveis florestais finos e mortos. Ciência Florestal, v. 28, n. 1, p. 432-445, 2018. DOI:
10.5902/1980509831622.

ZILLER, S. R. Espécies exóticas da flora invasoras em Unidades de Conservação. In: Campos


et al. (Eds) Unidades de Conservação:ações para valorização da biodiversidade. Curitiba:
Instituto Ambiental do Paraná, 2006. p. 34-52.

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