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MENSURAÇÃO FLORESTAL
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Carlos Pedro Boechat Soares; Francisco de Paula Neto; Agostinho Lopes de Souza
1. Preliminares
Existem Portarias e Instruções Normativas, no Brasil, que orientam a elaboração dos planos de manejo em
diferentes biomas, descrevendo as atividades que devem ser contempladas para esse fim. Dentro desse
contexto, o inventário florestal é um dos itens obrigatórios de qualquer plano de manejo, pois a partir das suas
estimativas podem-se estabelecer o nível de intervenção na floresta e as medidas para a manutenção da sua
produção (produção sustentável).
Como exemplo, tem-se a Portaria 191, do Instituto Estadual de Florestas (IEF), de 16.09.2005, que dispõe
sobre as normas de controle da intervenção em vegetação nativa e plantada no Estado de Minas Gerais.
Essa portaria estabelece, em seu Anexo II, a partir do subitem 4.2, os seguintes pontos que o inventário
florestal obrigatoriamente deverá conter:
“4.2 - Inventário Florestal: devem ser mensurados os indivíduos com DAP (diâmetro à altura do peito)
maior ou igual a 5,0 cm.
4.2.3.3 - Variância.
4.2.3.4 - Desvio-padrão.
4.2.4 - Relatório final contendo as tabelas de saída para atender aos objetivos do desmatamento.
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4.2.4.3 - Área basal, volume e freqüência: por espécie, por classe diamétrica, por unidade
amostral e por hectare a ser explorado e remanescente.
4.2.4.4 - Relatório final contendo tabela de DAP médio, área basal, altura média, número de
árvores por hectare e volume em m3 e em st por parcela, por hectare e volume total em m3 e em st.”
Independentemente da legislação que dispõe sobre as normas para a elaboração dos planos de manejo, o
inventário florestal para essa finalidade deverá conter, no mínimo, os seguintes itens no relatório final:
6. Número de árvores, volume e área basal: por espécie, classe de diâmetro e hectare.
2. Exemplo
Embora não seja recomendável este tamanho de unidade de amostra em inventários de florestas naturais,
considere, para efeito didático, os dados de seis parcelas de 100 m2 de área cada (Quadro 11.1), lançadas
aleatoriamente em uma floresta de 9,0 ha (N=900), na qual se mediram o DAP e as alturas totais das árvores
com diâmetro acima de 3,0 cm:
Quadro 11.1 - Espécie, diâmetro à altura do peito (DAP) e altura total (Ht) das árvores nas seis parcelas
amostradas
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De posse da identificação das espécies florestais dentro das parcelas, elaborou-se a listagem de espécies
(Quadro 11.2).
Com os dados de DAP e alturas totais das árvores individuais e do emprego da seguinte equação de volume:
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Considerando o volume total de madeira com casca, a variável de interesse do inventário e um nível de
probabilidade igual a 95%, têm-se as seguintes estatísticas:
a) Média estimada
b) Variância da amostra
c) Desvio-padrão
d) Coeficiente de variação
e) Erro-padrão da média
g) Erro de amostragem
O erro de amostragem a 95% de probabilidade, considerando-se o valor tabelado de t = 2,571 para cinco
graus de liberdade, é:
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Tendo em vista o tamanho reduzido das unidades de amostra e a baixa intensidade amostral, esperava-se
que o erro de amostragem calculado fosse grande. Considerando-se uma precisão requerida de ± 20% em
torno da média, o número de unidades da amostra para atender a essa precisão seria de:
Para garantir um erro de ± 20%, a 95% de probabilidade, seriam necessárias 52 parcelas, ou seja, deveriam
ser lançadas mais 46 parcelas, haja vista que seis já haviam sido lançadas e medidas.
i) Intervalo de confiança
Considerando-se as estatísticas das seis parcelas apresentadas anteriormente, o intervalo de confiança (IC)
da média verdadeira da população é:
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O intervalo de confiança do volume total da população, a 95% de probabilidade, é:
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2.3.1. Perfil
Através da análise do perfil da floresta, pode-se verificar como a vegetação está distribuída nos diferentes
estratos da floresta: a altura da vegetação, a qualidade dos fustes das árvores, a presença de cipós e o grau
de adensamento do sub-bosque, entre outras informações (Figura 11.1).
As estimativas dos parâmetros da estrutura horizontal são obtidas através das seguintes expressões
(MUELLER-DOMBOIS; ELLENBERG, 1974; MARTINS, 1993):
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em que: DAi = densidade absoluta da i-ésima espécie, em número de indivíduos por hectare; ni = número de
indivíduos da i-ésima espécie na amostragem; A = área total amostrada, em ha; DRi = densidade relativa da i-
em que: DoAi = dominância absoluta da i-ésima espécie, em m2/ha; ABi = área basal (somatório das áreas
seccionais) da i-ésima espécie, em m2, na área amostrada; A = área amostrada, em ha; e DoRi = dominância
em que: FAi = freqüência absoluta da i-ésima espécie; ui = número de unidades de amostra em que se
encontrou a i-ésima espécie; ut = número total de unidades de amostra medidas; e FRi = freqüência relativa
Para o exemplo em questão, as estimativas dos parâmetros da estrutura horizontal são apresentadas no
Quadro 11.3.
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Uma vez que o Quadro 11.3 é ordenado pelo Índice de Valor de Importância (IVI), algumas considerações
podem ser feitas, analisando-se esse índice:
1. Espécies com baixo IVI possivelmente são espécies com poucos indivíduos, com diâmetros pequenos, e
não ocorrem distribuídos na floresta toda. Caso existam muitas espécies nessa situação, a exploração
florestal deve ter o menor impacto possível, pois essas espécies podem desaparecer da floresta. Além disso,
tratamentos silviculturais deverão ser aplicados para promover o crescimento e o desenvolvimento dessas
árvores.
2. Espécies com IVI alto devem ser observadas com cuidado, uma vez que esse índice é composto por três
parâmetros. Uma espécie que apresente um indivíduo amostrado e com diâmetro extremamente grande pode
possuir IVI alto. No entanto, essa espécie possivelmente não poderá ser explorada, posto que deverá ser
deixada na floresta como matriz.
Os quadros auxiliares são de extrema importância, pois podem complementar a análise da estrutura
horizontal. Através da distribuição de parâmetros como número de árvores, área basal e volume por hectare,
por espécie e por classe de diâmetro, é possível identificar, na floresta, as espécies que serão passíveis de
exploração, bem como definir quanto será colhido e o que ficará na área após a exploração (remanescente).
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Em se tratando de uma floresta natural, a expectativa era de que a distribuição do número de árvores por
classe de diâmetro apresentasse a distribuição clássica de J–invertido. Nesse exemplo, como o diâmetro de
inclusão foi de 3,0 cm (bem pequeno) e somente se amostrou um indivíduo de Anadenanthera macrocarpa na
primeira classe de diâmetro, houve pequena distorção na distribuição diamétrica.
3. Referências Bibliográficas
MARTINS, F.R. Estrutura uma floresta mesófila. Campinas, SP: Unicamp, 1993.
MUELLER DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Ains and methods of vegetation ecology. New York: John
Wiley & Sons, 1974. 547 p.
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