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Unidades de

conservação do
estado do Piauí
Volume 2

Marlete Moreira Mendes Ivanov


Jesus Rodrigues Lemos
(Organizadores)
Marlete Moreira Mendes Ivanov
Jesus Rodrigues Lemos
(Organizadores)

Unidades de conservação
do Estado do Piauí
Volume 2

Teresina - Piauí
2022
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí

Reitor Paulo Borges da Cunha


Pró-Reitora de Administração Larissa Santiago de Amorim
Pró-Reitor de Ensino Odiomogenes Soares Lopes
Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação José Luís de Oliveira e Silva
Pró-Reitora de Extensão Divamélia de Oliveira Bezerra Gomes
Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional Paulo Henrique Gomes de Lima

Conselho Editorial
Prof. Dr. Ricardo Martins Ramos – Presidente
Prof. Me. Alan Elias Silva – Secretário-Geral
Prof. Dr. José Carlos Raulino Lopes – Membro
Profa. Ma. Inara Erice de Souza Alves Raulino Lopes – Membro
Prof. Me. Israel Alves Correa Noleto – Membro
Bibliotecária Me. Sindya Santos Melo – Membro
Bibliotecária Me. Sônia Oliveira Matos Moutinho – Membro

Diagramação e Capa: Estúdio Tapioca


Revisão Geral: Marlete Moreira Mendes Ivanov e Jesus Rodrigues Lemos

FICHA CATALOGRÁFICA
Universidade Federal do Piauí
Sistema de Bibliotecas da UFPI – SIBi/UFPI
Biblioteca Setorial do CCN

U58 Unidades de conservação do Estado do Piauí: volume 2 /


Organizadores: Marlete Moreira Mendes Ivanov e Jesus
Rodrigues Lemos. – Teresina: 2022.
213 f. : il.

ISBN : 978-65-86592-32-0

1. Recursos Naturais - Piauí. 2. Sustentabilidade. 3.


Unidades de Conservação - Piauí. I. Ivanov, Marlete Moreira
Mendes. II. Lemos, Jesus Rodrigues. III.Título.

CDD 333.7281 22

Bibliotecária: Caryne Maria da Silva Gomes. CRB/3-1461

Esta obra é uma publicação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí. Os textos assinados são de
responsabilidade exclusiva dos autores e não expressam a opinião do Conselho Editorial.

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Instituto Federal do Piauí


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E-mail: conselho.editorial@ifpi.edu.br
www.ifpi.edu.br
COMISSÃO CIENTÍFICA

Alzeir Machado Rodrigues (IFCE)


Eveline Aquino (UNILAB)
Igor Joventino Roberto (UFCA)
Isabel Homiczinski (UNICENTRO)
Jocasta Lerner (UNICENTRO)
Jones Baroni Ferreira de Menezes (UECE)
Marcos Persio Dantas Santos (UFPA)
Maura Rejane de Araújo Mendes (UESPI)
Miriam Plaza Pinto (UFRN)
Nivaldo Magalhães Piorski (UFMA)
Ozaías Antonio Batista (UFERSA)
Ramon de Sousa Leite (UFPR)
AGRADECIMENTOS

Aos autores, os quais disponibilizaram os dados de suas pesquisas e prontamente


fizeram os ajustes requeridos no processo de revisão. Este livro só é possível porque
vocês se dispuseram a submeter suas propostas. Muitos autores e pesquisadores foram
convidados, mas não retornaram ao convite.
Aos avaliadores, que diante de todas as suas ocupações pessoais e profissionais
cumpriram os prazos requeridos para retorno com as propostas corrigidas. A
qualidade desse trabalho deve-se em grande parte a vocês.
Aos leitores, deste e do primeiro volume, o qual tem sido amplamente
utilizado por pesquisadores de áreas diversas e têm inspirado novas pesquisas
sobre as unidades de conservação do Piauí.
Ao Estúdio Tapioca, que é responsável por tornar a visualização desse
material agradável, através da qualidade da diagramação e da ilustração da capa.
APRESENTAÇÃO

Este material é composto por uma seleção de pesquisas desenvolvidas nas


ou sobre as unidades de conservação do Piauí. Apesar de ser o segundo volume
do livro e termos recebido, no total, 16 propostas de capítulos, ainda entendemos
haver muitas lacunas sobre pesquisas nesse campo. Muitas unidades do estado
ainda permanecem praticamente desconhecidas pela ciência. A maior parte das
pesquisas envolvem as unidades federais, muito provavelmente pelo tamanho das
mesmas e pela facilidade de acesso a informações via órgãos federais.
Assim, reforçamos a necessidade de pesquisas serem desenvolvidas, em es-
pecial, nas unidades estaduais e nas municipais. Apenas com conhecimento cien-
tífico será possível tomar decisões mais enfáticas sobre o que e como preservar os
recursos naturais contidos nessas áreas protegidas.
Fica meu apelo à comunidade acadêmica e científica, bem como aos órgãos
ambientais responsáveis, para que divulguem ao máximo possível informações
sobre as unidades de conservação do estado do Piauí, pois são elas que podem
mais fortemente assegurar a manutenção de habitats e funções ecossistêmicas, em
tempos de aumento de desmatamentos para finalidades diversas, entre elas o agro-
negócio, o qual tem crescido no estado.

Marlete Moreira Mendes Ivanov


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................. 05

SEÇÃO 1 ............................................................................................................. 08
SUSTENTABILIDADE NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO PIAUÍ

CAPÍTULO 1 ............................................................................................... 09
Status das unidades de conservação do estado do Piauí
Thaysa Pâmella Vieira de Sousa; Marlete Moreira Mendes Ivanov

CAPÍTULO 2 ............................................................................................... 33
Educação ambiental em unidades de conservação do Piauí: o que tem sido feito?
Mateus Rocha dos Santos; Marlete Moreira Mendes Ivanov; Jesus Rodrigues Lemos

CAPÍTULO 3 ............................................................................................... 47
Pesquisas realizadas na Floresta Nacional de Palmares: um panorama de 2006 a 2020
João Vitor Dutra de Lima Pereira; Laís Fernanda Ferreira Rodrigues; Letícia Sousa dos
Santos Ferreira; Patrícia Maria Martins Nápolis

CAPÍTULO 4 ............................................................................................... 62
Políticas públicas de ecoturismo na Área de Proteção Ambiental do Delta do Par-
naíba, Piauí, Brasil
Antonia Letícia de Araújo Silva; Brenda Helena Souza Costa; Solano de Souza Braga

CAPÍTULO 5 ............................................................................................... 82
A utilização dos princípios de boa governança de Dudley na análise da eficiência
de gestão de unidades de conservação: estudo de caso do Parque Nacional de Sete
Cidades, Piauí, Brasil
Johannes de Oliveira Lima Júnior; Renata Silva Carvalho; Kemero Jordir de Sousa Mon-
teiro; Eduardo da Silva Chaves; Marcos Antônio Cavalcante de Oliveira Júnior; Glairton
Cardoso Rocha; Bruna de Freitas Iwata

6
SEÇÃO 2 ............................................................................................................ 106
FLORA NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO PIAUÍ

CAPÍTULO 6 ............................................................................................. 107


Diversidade de Fabaceae Lindl. no Parque Nacional da Serra das Conf usões, Piauí,
Brasil
Roseli Farias Melo de Barros; Gardene Maria de Sousa; Fábio José Vieira; Genilson Alves
dos Reis e Silva; Luciana dos Santos Dias de Oliveira; Sheila Milena Neves Araújo Soares

CAPÍTULO 7 ............................................................................................. 123


Caracterização por geoprocessamento quanto aos focos de calor, índice de vegeta-
ção por diferença normalizada e uso e cobertura do solo da Estação Ecológica de
Uruçui-Una, Piauí
Marcos Freitas Targino; Marlete Moreira Mendes Ivanov

SEÇÃO 3 ........................................................................................................... 143


FAUNA NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO PIAUÍ

CAPÍTULO 8 ............................................................................................. 144


Herpetofauna das unidades de conservação do estado do Piauí, Nordeste do Brasil
Davi Lima Pantoja; Etielle Barroso de Andrade; Robson Waldemar Ávila; Ronildo Alves
Benício; Vitor Hugo Gomes Lacerda Cavalcante; Guarino Rinaldi Colli; Adrian Anto-
nio Garda; Daniel Oliveira Mesquita; Wáldima Alves da Rocha; Gisele do Lago Santana;
Geovania Figueiredo da Silva; Juliana de Sousa Silva; Marcélia Basto da Silva

CAPÍTULO 9 ............................................................................................. 189


Conhecimentos sobre a fauna por pescadores e marisqueiras da Área de Proteção
Ambiental Delta do Parnaíba, Piauí, Nordeste do Brasil
Rosemary da Silva Sousa; Eudes Ferreira Lima; Roseli Farias Melo de Barros

SOBRE OS AUTORES ......................................................................................................... 207

7
1
Sustentabilidade em
Unidades de Conservação
do Piauí
Capítulo

1
STATUS DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO ESTADO DO
PIAUÍ
Thaysa Pâmella Vieira de Sousa
Marlete Moreira Mendes Ivanov

INTRODUÇÃO

No capítulo 1 do primeiro volume do livro sobre as Unidades de Conservação do


estado do Piauí (IVANOV, 2020) foram apresentadas as unidades que existem no estado
geridas pelas três esferas de poder, totalizando 44 unidades, sendo 10 da esfera Federal, 14
estaduais, 14 municipais e seis Reservas Particulares. Praticamente nada mudou em termo de
criação de novas UCs, porém, podemos aqui atualizar algumas informações sobre as mesmas.
Informações sobre as UCs Federais são relativamente fáceis de serem encontradas; a mesma
afirmação, entretanto, não pode ser feita com relação às Estaduais e Municipais.

Na lista de 2020 não constam algumas unidades, tendo em vista a indisponibilidade


de informações à época da elaboração da mesma. Aqui fazemos algumas inserções. O Parque
Pirapora, localizado em Pedro II, com 11,16ha, em área de transição Cerrado/Caatinga
(Decreto municipal nº 129, de 05 de junho de 2021), é um desses casos. O Parque Municipal
Pedra do Castelo foi decretado como tal em 2007 (Decreto Municipal nº 688 de 2007) e fica
localizado no município de Castelo do Piauí. O Parque Municipal Cachoeira do Bota Fora,
decretado em 2008, fica localizado no município de Piripiri, dentro dos limites da APA Serra
da Ibiapaba. Cabe aqui ressaltar que o Parque Nazareth Eco, por muitos considerados como
unidade de conservação, no município de José de Freitas, não é uma unidade de conservação
oficializada por decreto; os proprietários destinaram 85% da área do terreno para Reserva Legal,
averbados em cartório como tal, em vez dos 20% preconizados no Código Florestal.

Com essas atualizações, e incluindo-se todos os Parques Ambientais de Teresina, o


número sobe para 81 UCs legalizadas, sendo 10 Federais, 16 Estaduais (ainda existem duas

9
propostas: Parque Estadual da Serra do Coã, em São Francisco do Piauí, e Parque Estadual
das Orquídeas/Serra dos Matões, em Pedro II), 49 municipais (existem ainda mais quatro
propostas) e seis Reservas Particulares. Excluindo-se as sobreposições, as Unidades Federais
somam 2.371.601,39ha de área, as Estaduais somam 313.619,89ha, as Municipais somam
8.806,11ha e as RPPNs 33.690,85ha, totalizando 2.727.718,24ha, o que corresponde a 10,84%
da área do estado do Piauí.

A primeira unidade de conservação criada no Piauí na esfera Federal foi o Parque


Nacional de Sete Cidades (1961), seguido pelo Parque Nacional da Serra da Capivara (1979)
e a Estação Ecológica de Uruçuí-Una (1981). Na esfera Estadual, a primeira UC piauiense foi
o Zoobotânico, o qual foi decretado como Parque em 2017, para se adequar às categorias do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) (BRASIL, 2000). A segunda mais
antiga na esfera Estadual é a Área de Proteção Ambiental (APA) Cachoeira do Urubu, de 1993.
Desde então, novas unidades de conservação foram criadas. Entretanto, a última unidade de
conservação a nível Federal foi criada em 2005 (Floresta Nacional de Palmares) e uma alteração
foi feita na APA da Serra das Mangabeiras (esfera Estadual), cuja área foi incorporada ao Parque
Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba, em 2015, o qual abrange também outros estados
brasileiros (TO, MA, BA) (Tabela 1).

Na esfera Estadual, as unidades mais recentes foram a APA da Lagoa de Nazaré, em


2019, e a Área de Relevante Interesse Ecológico Lagoa do Portinho (2019). Todavia, pode-se
destacar que em 2017 foram decretados dois parques (Rangel e Cânion do Rio Poti) e quatro
APAs (Nascentes do Rio Canindé, Nascentes do Rio Uruçuí-Preto, Alto Curso dos Rios e
Uruçuí-Vermelho e Nascentes do Rio Longá) (Tabela 2).

A mais nova unidade de conservação na esfera estadual é o Monumento Natural


Estadual das Itans, o único nessa categoria no estado, localizado em áreas da APA do Delta
do Parnaíba. Entre os objetivos da criação da mesma está a preservação de remanescentes de
mangue de botão, berçário do peixe-boi-marinho, e a manutenção das formações dos sambaquis
(conchas de moluscos que formam imensas montanhas) (SEMAR, 2022).

Na esfera Municipal, o município piauiense que apresenta maior número de áreas


protegidas é Teresina. São várias áreas protegidas por lei espalhadas pela cidade, muitas das
quais não possuem primariamente o objetivo de proteção, mas de funcionar como área de
lazer. A primeira UC municipal data do ano de 1960, sendo inicialmente chamada de Parque
Ambiental de Teresina, passando a ser denominada de Jardim Botânico de Teresina a partir de
2011. A mais recente UC municipal pode ser encontrada no município de Bom Jesus, sul do
estado do Piauí, criada em 2018 (Tabela 3).

Com relação ao planos de manejo, a maioria continua sem um plano elaborado;


para algumas o plano está em processo de elaboração. Porém, vale destacar que o Parna das
Nascentes do Rio Parnaíba aprovou em 2021 o plano de manejo conjunto com a APA Serra

10
da Tabatinga, cuja área desta apresenta 1,94% de sobreposição com a área do Parna. A Floresta
Nacional de Palmares também teve seu plano de manejo aprovado no ano de 2021. Corrigindo
um erro que foi detectado no primeiro volume do livro, destaca-se a existência do Plano de
Gestão da APA da Serra da Ibiapaba (Tabela 1), que se equipara ao plano de manejo, e que foi
publicado em 1998.

O objetivo deste capítulo é apresentar dados das UCs piauienses quanto a alterações
ambientais, como ocorrência de queimadas, desmatamentos e impactos do turismo, bem como
investigar a existência de pesquisas científicas nas UCs, no sentido de identificar lacunas no
conhecimento sobre as mesmas. O levantamento dos dados foi feito por pesquisa bibliográfica
usando como termo de busca o nome de cada uma das unidades, em sites especializados em
hospedar revistas e artigos científicos, tanto em português como em inglês, bem como nos
sites oficiais do Governo e de organizações que disponibilizam dados referentes a unidades de
conservação. Não foi delimitado ano ou período para a busca, foram consideradas informações
de todos os anos encontrados. A Floresta Nacional de Palmares não consta aqui, tendo em
vista haver um capítulo específico sobre pesquisas desenvolvidas nela. As Reservas Particulares
também não constam, devido à escassez de informações. Porém, a lista com informações sobre
as mesmas consta na Tabela 4.

UNIDADES E STATUS DE CONSERVAÇÃO

Unidades Federais

Parque Nacional da Serra da Capivara

O PNSC abrange o domínio do bioma Caatinga, estando localizada na porção


sudeste do estado. Notícias sobre o abandono da UC por parte do Governo não são incomuns.
Apesar disso, a gestora e os funcionários do Parque têm conseguido manter a mesma em
bom funcionamento. Aquino et al. (2017), por meio de geoprocessamento, analisaram as
alterações sofridas na cobertura do solo do PNSC e concluíram que a cobertura vegetal se
manteve basicamente a mesma entre 1987 e 2010, mostrando que praticamente não ocorreram
desmatamentos na área e que áreas utilizadas para finalidades agrícolas diminuíram no entorno.
Inclusive alguns pontos de queimadas detectados em 1987 não foram registrados em 2010.
Esses dados mostram que a UC tem cumprido o seu papel de preservação em atuar como um
espaço em que ações antrópicas são reduzidas ao mínimo. Por outro lado, Argibay et al. (2020)
contabilizaram 2.056ha de área queimada, correspondendo a aproximadamente 1,6% da área
do Parque, entre os anos de 1999 e 2017. Porém, em 2021, um incêndio de grandes proporções
se alastrou pelo Parque, sendo visível até mesmo por satélites. No estado, 2021 foi o ano que
apresentou o maior número de focos de calor dentre os últimos seis anos, com 12.080 focos
(INPE, 2021). Desde 2012 existe a proposta da criação do Geoparque Serra da Capivara, o qual
englobaria uma área bem maior que a do PNSC, incluindo 37 geossítios, o que poderia auxiliar

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sobremaneira no ensino tanto de Educação Ambiental, quanto de Geociências e História,
entre outros (BARROS et al., 2012).

O maior número de publicações com referência ao PNSC dizem respeito a aspectos


arqueológicos, geológicos e paleontológicos, bem como artigos sobre doenças relacionados ao
consumo de carne de tatu e infecção pelo Trypanossoma cruzi.

Parque Nacional da Serra das Confusões

O PNSCo também fica situado em domínio do bioma Caatinga, região sudeste do


Piauí, e é considerado o maior do Nordeste em se tratando da proteção a esse bioma, com
mais de 500 mil hectares. Argibay et al. (2020) demonstraram que ao longo de 19 anos (1999 a
2017) foram queimados 302.644ha da área do Parque, considerando a recorrência em algumas
áreas. Em sendo uma unidade de proteção integral e estando sob Caatinga, não é de se esperar
que extensas áreas sejam queimadas, a menos que o fogo seja acidental, intencional e/ou
criminoso. Em qualquer uma das razões, o fogo é sempre de origem antrópica. Pesquisadores
do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Piauí (IFPI) desenvolveram um
sistema educativo de informações espaciais sobre os PARNAs da Serra das Confusões e de Sete
Cidades (SIGWeb GeoPARNA) (SILVA-FILHO; CARNEIRO, 2019). Na página da web é
possível encontrar informações sobre a ocorrência de incêndios florestais nos Parques e sobre
ações criminosas quanto aos usos da fauna. No ano de 2021 alguns focos foram detectados no
Parque, mas nada de grande gravidade.

O PNSCo tem íntima ligação com a área da Serra Vermelha, uma área florestada, que,
por vezes é noticiada como tendo resquícios de Mata Atlântica no Piauí. Notícias antigas relatam
a intenção popular de que na região se decretasse uma unidade de conservação, possivelmente o
Parque Nacional da Serra Vermelha, o que efetivamente nunca aconteceu. Todavia, devido ao
aumento do desmatamento na região, inclusive com autorização para a implantação do projeto
denominado Energia Verde, e diante da inexistência do dito decreto, o Governo Federal propôs
a incorporação de aproximadamente 300 mil hectares da região da Serra Vermelha ao PNSCo,
que, em 2010, passou a ter mais de 823 mil hectares (BRASIL, 2010). A área a ser incorporada
deveria ser maior; entretanto, devido a interesses econômicos do estado, apenas uma parte foi
incorporada e a compensação deveria vir com a ampliação da APA do Rangel, o que aconteceu
por ocasião da transformação da APA em Parque, cuja área foi expandida e alocada na categoria
de proteção integral.

As principais temáticas das pesquisas desenvolvidas envolvendo essa UC dizem


respeito à biota, em especial à fauna, como répteis, aves, mamíferos e insetos, sob vários aspectos.

Parque Nacional de Sete Cidades

O PN7C já teve dias mais gloriosos, quando havia boa infraestrutura para apoio

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aos turistas/visitantes. Hoje restam poucos funcionários e guias atuando no Parque e o
proprietário de um terreno próximo à saída do Parque disponibiliza alojamento e refeição
para aqueles que tenham interesse em se demorar um pouco mais no local. Com a redução no
número de visitantes, os impactos negativos do turismo também foram reduzidos. Araujo et al.
(2021) apontam que faz-se necessário melhorias a serem aplicadas para que se tenha um melhor
atendimento ao turista, além de investimento em marketing, atraindo, assim, mais visitantes.
Entre os pontos fracos do local os autores apontam: poucas lixeiras nas trilhas, sinalização
precária, falta de material didático e falta de acessibilidade. Por outro lado, muitas pesquisas já
foram realizadas e pesquisadores ainda desenvolvem seus trabalhos na UC, com destaque para
os levantamentos de flora e fauna. Castro et al. (2012) apresentaram uma lista de estudos os
quais embasariam a ampliação da área do Parque, que passaria de 6.221,48ha para 10.163,5ha.
Paralelamente, o Serviço Geológico do Brasil propôs o Projeto Geoparque Sete Cidades-Pedro
II, o qual, após estudo técnico, prevê a inclusão do PN7C nesse Geoparque, englobando
também áreas de outros municípios do entorno (BARROS, 2014).

Parque das Nascentes do Rio Parnaíba

O Parna das Nascentes do Rio Parnaíba fica no extremo sul do Piauí, divisa com
Maranhão, Tocantins e Bahia, em uma área de domínio do Cerrado. Em estando localizado
numa das regiões em que o agronegócio mais se expande, a UC assume papel fundamental
na preservação dos fragmentos florestais ali contidos e, por outro lado, está submetido a forte
pressão antrópica no seu entorno. De acordo com o Plano Operativo de Prevenção e Combate
aos Incêndios Florestais no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba (MMA, 2007), a
ocupação humana é mínima no interior do Parque, que não representam forte ameaça; ainda
assim, ocorre atividade pecuária extensiva nas veredas e incêndios são detectados tendo como
origem a ação antrópica, porém, não há atividade agrícola. Além disso, extração de madeira,
caça, extração de folhas de palmeiras e tráfico de animais silvestres são atividades detectadas na
área.

Há que se destacar a importância dessa Unidade, uma vez que protege as nascentes de um
dos rios mais importantes da região Nordeste – o Parnaíba – e por fazer parte do corredor ecológico
Jalapão/Chapada das Mangabeiras. Oliveira (2021) cita os conflitos que existem envolvendo área
protegida, quilombolas, sojeiros e gestor do Parque. Por um lado, quilombolas vivendo dentro
de uma unidade de conservação de proteção integral, por outro, produtores de soja reclamando a
desafetação (ato pelo qual se desfaz um vínculo jurídico) de parte do Parque para dar expansão às
áreas de fronteira agrícola. Assim, nota-se que uma das grandes problemáticas porque passa o Parque
é o uso da área tanto pra sobrevivência das populações tradicionais quanto para o agronegócio.

Silva (2018) reconhece que a área do PNNRP tem um grande potencial ecoturístico,
uma vez que seus recursos naturais, como uma considerável quantidade de espécies animais

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e vegetais, presença de rios, morros, serras e cachoeiras, colaboram para esse fato. Todavia, o
Parque não tem controle das pessoas que entram e saem do mesmo, o que dificulta até mesmo a
disponibilização de dados e números referentes ao ecoturismo. Quanto ao desenvolvimento de
pesquisas, foram encontradas as seguintes temáticas: mastofauna, análise da cobertura vegetal,
fluxo de CO2, fenologia, índices de vegetação, qualidade do solo, ictiofauna e focos de calor, o
que faz com que essa UC seja a que exibe maior variedade de informações de cunho científico
entre as UCs piauienses.

Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe

A APA da Chapada do Araripe abrange quase um milhão de hectares em terras


dos estados do Piauí, Ceará e Pernambuco. A porção piauiense ocupa pouco mais de 120
mil hectares em 11 municípios. A maior parte das pesquisas e ações registradas para a APA
referem-se à porção cearense, em especial para o município de Barbalha, onde se situa a Floresta
Nacional do Araripe.

Sendo uma área tão extensa e abrangendo muitos municípios (38 no total), é de se
esperar que impactos ambientais diversos sejam registrados. Entre eles está a ocorrência de
mineração no município de Nova Olinda-CE, a qual tem levado a alteração na vegetação e
degradação da paisagem (BEZERRA, 2013). APA já sofreu significativa redução da sua
cobertura vegetal nativa, a qual ocupa menos de 50% da área total da UC, e, embora tenha
predomínio de Caatinga, é na Mata Úmida (que ocupa 1% da área) que está a espécie de ave
criticamente em perigo, endêmica e nativa do Ceará, conhecida como soldadinho do Araripe
(Antilophia bokermanni) (OLIVEIRA, 2017); a espécie sofrerá muito mais ameaça de forma
diretamente proporcional às alterações nesse ecossistema.

Quanto à ocorrência de queimadas, Oliveira, Oliveira e Pinheiro (2016) observaram


que a concentração dos focos de calor se dá na região central da APA, em áreas planas, bastante
suscetíveis a desmatamento para usos com agricultura e pecuária, sendo que, no período de
2010 a 2015, este último ano foi o que registrou o maior número de focos.

As pesquisas desenvolvidas na Chapada do Araripe envolvem em especial investigações


sobre os fósseis, abundantes na porção cearense, e levantamentos de biodiversidade, como flora,
entomofauna, aves, morcegos, répteis entre outros. Pode-se destacar uma espécie fóssil de inseto
Neuroptera recém-descoberta na Formação Crato (MACHADO; FREITAS; RIBEIRO,
2021), bem como a descoberta e registro da espécie Kingsleya attenboroughi (caranguejo guajá)
em 2016 (CORREIA et al., 2020), outra que é endêmica da região Arajara (Barbalha) e que
também está ameaçada de extinção dada a sua restrita distribuição geográfica. Pesquisas desse
cunho (levantamentos) nessa região tornam-se assim fundamentais, dada sua riqueza.

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Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba e Reserva Extrativista Delta do Parnaíba

A região do litoral piauiense é possivelmente a que recebe o maior número de turistas


no estado, o que pode levar a impactos decorrentes das atividades relacionadas ao turismo.
Paula-Filho et al. (2015) analisaram os níveis de metais pesados em amostras de sedimentos
coletados no Delta e concluíram que o nível de contaminação por metais pesados pode ser
considerado baixo, com baixa probabilidade de efeitos sobre a biota aquática local. Por outro
lado, Paula-Filho, Marins e Lacerda (2015) observaram um grande afluxo de N e P na região
estuarina do Delta provenientes de atividades antrópicas, que representam de cinco a 10 vezes
os valores de aporte natural desses elementos; a explicação para essa grande entrada desses
elementos químicos que pode eutrofizar os ambientes aquáticos se dá nas atividades agrícolas e
produção animal, bem como no lançamento de esgoto doméstico não tratado, o que representa
um grande impacto para a qualidade da água e da vida aquática.

Entre os impactos na região podem ser também citados os decorrentes da carcinicultura


praticada em áreas da APA (ARARIPE; LOPES; BASTOS, 2006), desmatamentos e
deslocamentos de sedimentos dunares (MACIEL et al., 2020), depósito de lixo na região do
porto, nas dunas e nas praias, agricultura de subsistência, pecuária extensiva, caça e pesca ilegais
e exploração do mangue-vermelho para fins diversos (como madeira e medicinal) (CABRAL-
NETO et al., 2020).

Quanto às pesquisas, há uma variedade grande de temáticas abordadas nas publicações


que envolvem as duas UCs, que vão desde levantamentos da biodiversidade à gestão e educação
ambiental; diversos trabalhos envolvendo a temática do turismo e ecoturismo também foram
encontrados.

Área de Proteção Ambiental Serra da Ibiapaba

A APA da Serra da Ibiapaba abrange os estados do Piauí e Ceará, sendo que a maior
parte está inserida em território piauiense (mais de um milhão de hectares). Apesar disso, a
maioria das publicações sobre a APA concentra-se no lado cearense. Na porção piauiense o
turismo não é organizado, tendo em vista a extensão da APA e que não há uma área específica
pra visitação; o principal ponto de visita dessa UC é justamente o Parque de Sete Cidades que
se encontra dentro da área da APA. Pouquíssimas publicações foram encontradas com respeito
a essa UC. Entre as temáticas das pesquisas desenvolvidas na e sobre a APA estão: o turismo e
a geodiversidade.

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Estação Ecológica de Uruçuí-Una

A EEUU abriga uma área de Cerrado, estando praticamente rodeada por terras
ocupadas para o agronegócio. Manter essa área intacta é um desafio tendo em vista a influência
externa de prática de queimada que por vezes atinge a Unidade. Miranda, Silva e Juvanhol
(2022) analisaram a recorrência de queimada na Estação para o período de 18 anos (2001 a
2018) e entenderam que as áreas que foram queimadas cinco vezes ou mais estão sujeitas a
degradação da vegetação, o que derruba o entendimento de muitos de que o Cerrado, por ser
um bioma cuja biota apresenta adaptações a queimadas, pode queimar indefinidas vezes ou
num tempo prolongado. Pereira-Junior e Melo (2012) detectaram que quase 50% da área da
Estação pegou fogo no ano de 2010. Esses dados revelam que o maior impacto que a Estação
vem sofrendo está relacionado a incêndios florestais, o que pode alterar significativamente sua
vegetação. Foram encontradas pesquisas principalmente com o uso de geoprocessamento, para
elaborar mapas de vegetação, uso e ocupação do solo e queimadas, bem como levantamentos
florísticos e caracterização da vegetação.

Tabela 1 – Unidades de conservação da esfera Federal no estado do Piauí

Nome da UC Municípios¹ Estados de Área Total Área no PI Decreto de Plano de Bioma


Abrangência (ha) (ha) Criação Manejo

Parques Nacionais – PARNA

Serra da Capivara São Raimundo PI 91.848,88 91.848,88 Decreto nº Não Caatinga


Nonato, São João 83.548 de 05 de
do Piauí, Coronel junho de 1979
José Dias e Canto
do Buriti

Serra das Confusões Canto do Buriti, PI 526.108 823.435,7 Decreto s/nº de Sim Caatinga
Tamboril do 02.10.98. e Carrasco
Piauí, Jurema, (após a
Guaribas, ampliação) Ampliado pelo
Cristino Castro, Decreto s/nº de
Alvorada do 30 de dezembro
Gurgueia e Bom de 2010
Jesus

Sete Cidades2 Piripiri, Brasileira PI 6.221,48 6.221,48 Decreto nº Sim Cerrado


e Piracuruca 50.744 de 8 de
junho de 1961

Nascentes do Rio Corrente, BA, MA, PI 749.848 256.594 Decreto s/nº Sim4 Cerrado
Parnaíba Barreiras do e TO de 16 de julho
Piauí, São de 2002. Área
Gonçalo do alterada pela Lei
Gurgueia e nº 13.090 de 12
Gilbués de janeiro de
2015

Área de Proteção Ambiental – APA

Chapada do Araripe Padre Marcos, PI, CE e PE 972.590,40 120.403 Decreto s/nº de Não Caatinga
Paulistana, Pio 04 de agosto de
IX, Alegrete do 1997 
Piauí, Caldeirão
Grande do Piauí,
Curral Novo do
Piauí, Fronteiras
e Simões

16
Nome da UC Municípios¹ Estados de Área Total Área no PI Decreto de Plano de Bioma
Abrangência (ha) (ha) Criação Manejo

Delta do Parnaíba Cajueiro da Praia, PI, CE e MA 313.809 63.393,74 Decreto s/n de Sim Costeiro
Ilha Grande de 28 de junho de
Santa Isabel, 1996
Luís Correia e
Parnaíba

Serra da Ibiapaba Batalha, Brasi- PI e CE 1.628.424,61 1.257.514,00 Decreto s/nº de Sim Transição
leira, Buriti dos 26/11/1996 Cerrado/
Lopes, Buriti Caatinga
dos Montes,
Bom Princípio,
Caxingó, Cocal,
Cocal dos Alves,
Juazeiro do Piauí,
Luiz Correia,
Milton Brandão,
Carnaúbas do
Piauí, Piracuruca,
Piripiri, Brasi-
leira, Pedro II,
Lagoa do S. Fran-
cisco, São João
da Fronteira, São
José do Divino,
Sigefredo Pache-
co, e Domingos
Mourão

Estação Ecológica – ESEC

De Uruçuí-Una Baixa Grande do PI 135.120,46 135.120,46 Decreto s/nº de Não Cerrado


Ribeiro, Bom 02 de junho de
Jesus e Santa 1981
Filomena

Floresta Nacional – FLONA

De Palmares Altos PI 168,21 168,21 Decreto s/nº de Sim Floresta


21 de fevereiro
de 2005

Reserva Extrativista – RESEX

Marinha Delta do Ilha Grande de PI e MA 27.021,65 982,00 Decreto s/nº de Não Costeiro
Parnaíba3 Santa Isabel 16 de novembro
de 2000
¹ Apenas municípios piauienses
² Dentro dos limites da APA Serra da Ibiapaba
3
Sobreposta à área da APA Delta do Parnaíba
4
Plano de manejo em conjunto com o da APA Serra da Tabatinga
“-“ Sem informação

Unidades Estaduais

Parque Estadual do Rangel

Situado ao sul do corredor ecológico Capivara-Confusões e fazendo limite com o


Parna Serra das Confusões, está o atual Parque do Rangel, anteriormente designado APA do
Rangel, que passa assim a ser uma unidade de proteção integral. O Parque fica numa área onde
a agricultura e pecuária circundam. Isso faz com que a pressão do desmatamento no entorno
represente preocupações. Poucas informações estão disponíveis sobre turismo ou impactos am-
bientais na UC e não foram encontradas publicações de pesquisas desenvolvidas na área.

17
Parque Estadual Cânion do Rio Poty

O Parque do Cânion está entre os criados mais recentemente. Moraes et al. (2020)
relatam que há diversos pontos turísticos de beleza cênica, histórica e antropológica, além de
gravuras rupestres e que, por seu tamanho, sua gestão torna-se difícil. Não foram encontradas
pesquisas científicas desenvolvidas na área de influência direta da UC nem dados sobre os im-
pactos antrópicos.

Parque Ecológico da Cachoeira do Urubu e Área de Proteção Ambiental da Cachoeira do Urubu

O Parque teve sua criação no início da década de 90 e a APA foi decretada em 1997
em uma área de mais de três mil hectares, a qual incorpora os pouco mais de 7ha do Parque.
Sousa et al. (2012), em sua pesquisa sobre a percepção ambiental do turismo nesta UC, relatam
que o lixo é um dos principais problemas apontados pelos turistas e que não há infraestrutura
adequada para atender aos mesmos, apesar de toda beleza cênica que funciona como principal
atrativo para a visitação ao Parque. Como em outras UCs piauienses, há moradores na área
do Parque, o que traz impactos diretos sobre o mesmo. Oliveira e Rodrigues (2019) reforçam
que a maioria dos turistas entrevistados relata a presença de resíduos sólidos lançados no local
e recolhidos por trabalhadores de estabelecimentos situados no Parque. Cerqueira et al. (2019)
enfatizaram a necessidade de implantação de projeto de educação e sensibilização ambiental,
bem como de uma melhor gestão da UC.

Parque Estadual Serra de Santo Antônio

O Parque, recentemente decretado (2019), fica localizado no município de Campo


Maior. Apesar de seu recente decreto, o mesmo já funciona como área de lazer e pesquisa há
muitos anos. Vários estudantes das Universidades Federal e Estadual do Piauí já desenvolveram
pesquisas no local, em especial na área de levantamentos da biota. Apesar desse apelo turístico
e científico que o Parque tem, há relatos de falta de infraestrutura e não é incomum encontrar
lixo deixado no local, em especial às margens de cursos d’água. A falta de segurança também foi
relatada em conversas informais com pesquisadores que desenvolveram trabalhos recentes por
lá. Mas há notícias boas. No ano de 2021, após visita técnica da Secretaria Estadual de Meio
Ambiente, algumas melhorias foram feitas na área da UC e no acesso à mesma, o que culmi-
nou com aumento na demanda turística; ainda existem outras ações de melhoria em projeto
(CIDADE VERDE, 2021). Segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sus-
tentável para o pólo de Teresina (PDITS, 2011), a condição de acesso é regular e a condição de
uso é insatisfatória.

18
Parque Estadual Zoobotânico

O conhecido Zoobotânico por muitos anos foi um espaço muito procurado para vi-
sitação, tanto pelos moradores locais quanto por turistas. A unidade tem servido como espaço
para estágios dos alunos de graduação de diferentes cursos e faculdades. Entre as pesquisas de-
senvolvidas estão levantamentos da biota, mas também pesquisas sobre saúde dos animais que
ali sobrevivem. Após períodos de fechamento para reformas seguidos por reabertura à visita-
ção, o Parque passará pela maior e mais profunda reforma: a transferência de parte considerável
dos animais, como leões, onças, macacos e outros. Ficarão apenas aqueles que não tiverem con-
dições de serem soltos na natureza ou transferidos, o que se deu a partir de um entendimento
da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de que zoológicos que mantém os animais enjaulados
representam crueldade (PAIXÃO, 2021). Assim, a estruturação passará por grandes mudanças
e o futuro do turismo e visitação na área poderão ter uma configuração completamente dife-
renciada da atual. Não foram encontradas publicações sobre impactos ambientais na UC, mas
entende-se que os mesmos não fogem dos encontrados em outras unidades semelhantes (como
poluição e deposição inadequada de lixo), adicionando-se a situação de estresse a que estão
submetidos muitos dos animais, quer seja pelo clima diferenciado em relação ao seu bioma de
origem, quer seja pelo espaço disponível à locomoção.

Área de Relevante Interesse Ecológico Lagoa do Portinho

A ARIE da Lagoa do Portinho é recente, mas os impactos que essa área sofre são
antigos. A Lagoa do Portinho por muitos anos foi um espaço estratégico para o turismo para
aqueles que visitavam o litoral. Entretanto, entre os anos de 2014 e 2017, a Lagoa esteve com-
pletamente seca. As causas estão ligadas ao deslocamento das dunas, à baixa quantidade de
precipitação pluvial e, principalmente, ao barramento do rio Portinho, para uso das águas em
irrigação e piscicultura (MESQUITA; LIMA; SANTOS-FILHO, 2016). A partir de 2018 a
Lagoa voltou a ter um considerável nível de água, os restaurantes voltaram a funcionar e os
turistas voltaram a frequentar o local. Como diversos outros locais destinados ao turismo, é
possível se deparar com os impactos dessa atividade na região da Lagoa, como deposição de lixo
em locais inadequados (ARAUJO et al., 2014), tráfego de veículos motorizados sobre as dunas
e presença de animais domesticados soltos, cujo o hábito de herbivoria implica em pressão so-
bre a vegetação nativa, a qual auxilia na fixação das dunas (CARVALHO; BARRETO, 2021)
As publicações encontradas sobre a Área referem-se principalmente a questões ambientais, não
havendo sido encontradas publicações com levantamento de fauna ou flora. Cabe ressaltar que
o volume 1 do livro sobre as UCs Piauienses (IVANOV, 2020) traz um capítulo sobre a flora da
Lagoa do Portinho (FARIAS et al., 2020).

19
Tabela 2 – Unidades de conservação da esfera Estadual, no estado do Piauí

Nome da UC Municípios Área (ha) Documento Legal / ano Plano de Bioma


manejo

Parques Estaduais

Do Rangel 1
Redenção do Gurgueia e 54.236,51 2017 Não Caatinga
Curimatá

Cânion do Rio Poty Buriti dos Montes 6.872,00 2017 Não Caatinga

Cachoeira do Urubu2 Esperantina e Batalha 7,54 Decreto nº 9.736, de 16 de junho Não Transição
de 1997 Caatinga /
Cerrado

Serra de Santo Antônio Campo Maior 3.664,03 Decreto nº 18.345, de 08 de julho - Caatinga
de 2019

Zoobotânico Teresina 136,10 Decreto nº 1.608, de 08 de maio de Sim Floresta


1973 / Enquadrado como Parque
Estadual em 2017.

Área de Relevante Interesse Ecológico

Lagoa do Portinho Luís Correia e Parnaíba 3.731,79 Decreto nº 18.346, de 08 de julho Não Costeiro
de 2019

Área de Proteção Ambiental

Das Nascentes do Rio Acauã 22.764,85 2017 Não Caatinga


Canindé

Das Nascentes do Rio Gilbués, Santa Filomena, 60.024,00 2017 Não Cerrado
Uruçui-Preto Baixa Grande do
Ribeiro, Bom Jesus e
Monte Alegre do Piauí

Alto Curso dos Rios São Gonçalo do Piauí, 119.829,34 2017 Não Cerrado
Gurgueia e Uruçuí- Barreiras do Piauí e
Vermelho Gilbués

Das Nascentes do Rio Alto Longá 11.508,62 2017 Não Transição


Longá Cerrado /
Caatinga

Cachoeira do Urubu Esperantina e Batalha 3.063,00 Decreto nº 9.736, de 16 de junho Não Transição
de 1997 Caatinga /
Cerrado

Ingazeiras Paulistana 653,90 Decreto nº 10.003, de 09 de janeiro - Caatinga


de 1999

Serra das Mangabeiras3 Barreiras do Piauí 96.743,00 Dec-Lei nº 5.329 de 08 de fevereiro - Cerrado
de 1993. Incorporada ao Parna das
Nascentes do Rio Parnaíba pela Lei
nº 13.090 de 12 de janeiro de 2015

Lagoa de Nazaré Nazaré do Piauí e São 9.279,83 Decreto nº 18.347 de 08 de julho Não Ecótono
Francisco do Piauí de 2019 Caatinga/

Cerrado e
mata ciliar

Estação Ecológica

Chapada da Serra Branca São Braz do Piauí, 21.587,71 Decreto nº 13.080, de 02 de junho Não Caatinga
Brejo do Piauí e São de 2008
Raimundo Nonato

Monumento Natural Estadual

Das Itans4 Cajueiro da Praia 57,61 Decreto nº 7.747, de 10 de março - Transição


de 2022
1
A APA do Rangel foi ampliada e mudou de categoria, passando a ser Parque Ambiental
2
Incluídos na APA da Cachoeira do Urubu
3
Incorporada ao Parna Nascentes do Parnaíba
4
Dentro dos limites da APA do Delta do Parnaíba
“-“ Sem informação

20
Unidades Municipais

Ao todo, o estado do Piauí conta com 49 unidades municipais, sendo 48 Parques


Ambientais e uma APA (Tabela 3). Teresina é o município com o maior número de espaços
denominados parques ambientais (77% do total), cujas informações dão conta que representam
espaços de lazer com pracinhas e áreas verdes, alguns também com equipamentos de academia
para a população em geral. Todos apresentam pequena área e o documento legal de criação
de muitos é desconhecido. Das unidades de Teresina, apesar de o bioma de domínio ser o de
Floresta Estacional, muitas apresentam uma vegetação diferenciada da nativa, com espécies
exóticas. Segundo o Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS)
para Teresina (PMT, 2011) existem 31 unidades municipais em Teresina somando pouco mais
que 270ha. Em projeto estão os Parques Ambientais da Universidade Federal do Piauí, do Vale
do Gavião, da Pigoita e Jacinta Andrade.

Nascimento, Brito e Chaves (2021) avaliaram o Índice de Área Verde de 13 Parques


Ambientais da zona centro-norte do município de Teresina, um índice que mede a proporção
de área verde em relação à área do bairro, e encontraram um valor muito baixo (0,08m2 ou
8,98%), declarando-o com insatisfatório, uma vez que o percentual mínimo desejado seria
de pelo menos 10% da área do bairro com cobertura verde. Isso indica que as pequenas áreas
protegidas espalhadas pela cidade, apesar de várias, ainda assim são insuficientes devido os seus
tamanhos. Há que se acrescentar que a metodologia não leva em conta as partes não arborizadas
do Parque, considerando a área total do mesmo como se fosse toda vegetada.

Entre os municipais de outras cidades cujas informações são praticamente ausentes


está o Parque Ambiental Ivaldo Matos, em Monsenhor Gil. Notícias veiculadas pela internet
apontam uma concessão de verbas para a prefeitura municipal construir uma via sacra na área
do Parque, em 2011 (CÂMARA MUNICIPAL DE CAMPOS SALES, 2011), mas sem
conclusão da obra.

Para muitos Parques Ambientais municipais não há informações precisas sobre


status ou sobre o desenvolvimento de pesquisas no local. A seguir estão aquelas com maior
disponibilidade de informações.

Parque Municipal Cachoeira do Bota Fora

Amorim e Aquino (2020), visando caracterizar a geodiversidade do município de


Piripiri-PI, descrevem o Parque como apresentando fraca deterioração, ao que se atribui o fato
de a área ser de difícil acesso por parte dos turistas, com lixo no entorno, pequenas queimadas
e inscrições em árvores e rochas feitas pelos populares; além disso os autores declaram que o
local tem valores científico, estético e turístico elevados, grande potencial para fins didáticos e
valor ecológico médio devido à redução no número de animais, afugentados devido à presença

21
dos turistas e visitantes locais; por fim, valor cultural baixo, tendo em vista a fixação humana na
área do Parque.

Parque Municipal da Floresta Fóssil do Rio Poti

A Floresta Fóssil foi tombada como patrimônio histórico e cultural tanto pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 2017, quanto pela Fundação
Cultural do Piauí (FUNDAC), em 1998. Segundo Vasconcelos, Lima e Moraes (2016), a
Floresta Fóssil passa por situação de abandono, não se levando em consideração seu excepcional
valor arqueológico, etnográfico, bibliográfico ou artístico, que segundo o próprio decreto deve
ser preservado. Após décadas de sua descoberta (1909) e anos de seu reconhecimento histórico
(2008) constata-se que pouco ou quase nada vem sendo feito pela mesma. O Parque encontra-
se muito degradado, apesar de ser uma Área de Preservação Permanente, que por si já deveria
ser protegida. De acordo com Fortes (2016), no entorno do bem tombado foram construídos
empreendimentos como o Parque Potycabana, o Teresina Shopping e a Avenida Cajuína, obras
estas que tem contribuído para a descaracterização do mesmo, desrespeitando o projeto inicial
da área de preservação ambiental. O mesmo constitui uma área de importante valor científico,
potencial turístico e educativo, por ser uma das raras florestas fósseis do mundo com troncos
vegetais em posição de crescimento fossilizados e o único sítio paleontológico dentro de uma
capital (QUARESMA; CISNEIROS, 2015). Segundo Carvalho (2015), há uma disposição
muito significativa de inadequação de resíduos sólidos e significativa poluição hídrica, focos
de queimadas, desmatamento e deterioração de equipamentos e patrimônio público. Não é
incomum encontrar resíduos sólidos abandonados na área por visitantes. Quaresma e Cisneiros
(2015) reforçam o descaso com o Parque, o qual está desprotegido e mal conservado, e sua
pesquisa aponta o lixo e a falta de segurança como principais pontos negativos na área.

Parque Ambiental Pirapora

Pinheiro, Machado e Bezerra (2013), a respeito dos impactos ambientais observados


no Parque, afirmam que se pode perceber o descarte inadequado do lixo nas margens do riacho
Pirapora; todo esse lixo é levado pela enxurrada sendo responsável pela poluição de outros locais na
cidade. A pouca ou nenhuma visitação ao parque por parte da população local, torna-o abastado e
pouco atrativo já que é poluído e não possui estrutura física nem pessoal para atender uma eventual
demanda que possa surgir. Dessa forma, a estética do parque é comprometida e seus recursos naturais
tornam-se defasados pelo impacto continuo da ação humana. Os autores declararam que o parque
possui baixo valor estético e turístico. Segundo Coutinho (2014), apesar de na área haver cachoeiras
e grutas, o parque está abandonado, uma vez que o local se encontra muito poluído por embalagens
PET, sacolas etc.; há ainda sinais de fogueira, pichações nas rochas e construções e despejos de esgotos
domésticos nos cursos d’água do local.

22
Parque Ambiental das Crianças

A mais recente área de proteção criada em Teresina, no ano de 2022, situado no


local onde funcionava o viveiro de mudas de Teresina, o Parque das Crianças é uma área
de compensação ambiental, ou seja, uma área protegida prevista em estudo de impacto
ambiental como medida compensatória pelos impactos de um empreendimento, no caso um
supermercado localizado em uma Área de Preservação Permanente – APP. O Parque também
está localizado em uma APP, a saber, a mata ciliar do Rio Poti. O local conta com estrutura para
visitação e recreação.

Parque Ambiental Poti I

O Parque é um espaço de visitação pública com quadras poliesportivas e passeio para a


prática de cooper, à margem do rio Poti. De acordo com Carvalho (2015), o nível de degradação
no Parque ambiental Poti I é muito significativo. Há registro de queimadas e desmatamento
e um número pouco significativo de poluição hídrica. Por ser uma área de mata ciliar, em
sendo legalmente uma Área de Preservação Permanente, deveria, de acordo com a legislação
(BRASIL, 2012), possuir largura de, pelo menos 100m cobertos por vegetação nativa, o que
não ocorre devido a existência da avenida que margeia o rio.

Parque Ambiental São Pedro

Este é outro Parque localizado em Área de Preservação Permanente, à margem


do rio Parnaíba, em Teresina. De acordo com Carvalho (2015), há no local uma disposição
inadequada de resíduos sólidos e focos de queimadas foram registrados. Contém um número
pouco significativo de poluição hídrica e deterioração de equipamentos e patrimônio público.

Parque Municipal Pedra do Castelo

O Parque Pedra do Castelo resulta das formações areníticas que afloram da Formação
Cabeças, constituindo-se como grande riqueza arqueológica (SANTOS; AQUINO, 2016).
As camadas da formação Cabeças são laminares, o que faz com que sua extração seja desejada
para venda por mineradoras (SANTOS, 2017). Não foram achados dados sobre queimadas
ou desmatamento dentro ou no entorno do parque municipal. A maioria das publicações
encontradas é voltada para a questão do geoturismo e análise das estruturas rochosas. Aquino et
al. (2022) analisaram três geomorfossítios considerando-os de alto valor turístico e recomendam
o fomento do turismo na região.

23
Parque Vila do Porto / Água Mineral

O parque atualmente está com falta de trilhas, ciclovias e calçadas acessíveis para
portadores de deficiência, presença de esgoto a céu aberto, acumulo de lixo, iluminação pública
falha, fauna e flora negligenciada e manutenção escassa, esses são apenas alguns exemplos de
problemas do parque, que inviabilizam o uso da área (SANTOS, 2019). E com essa falta de uso,
o espaço vai ficando cada vez mais esquecido pelas autoridades públicas e consequentemente
inseguro, se tornando um forte ponto de criminalidade. Há no local uma enorme disposição
inadequada de resíduos sólidos. Carvalho (2015) complementa que há um teor significativo de
poluição hídrica e focos de queimadas, mas, por outro lado, com baixa poluição visual.

Parque Ambiental Encontro dos Rios

O Parque Encontro dos Rios é um lugar muito simbólico e significativo para a


comunidade local e também para turistas que vão à região, onde fica localizado o Polo Cerâmico
da cidade. O Parque fica situado no ponto de confluência dos rios Poti e Parnaíba, cujas águas
de tonalidades diferentes passam a se misturar formando uma bela paisagem. Do local pode-
se ter a mais bela visão do pôr do sol da cidade. No local podem ser encontradas barracas que
vendem artesanato local. O espaço preserva árvores nativas, entremeadas por calçadas que
levam o visitante a conhecer o Parque. Segundo Santos, Rocha e Silva (2012), foi detectada
degradação do meio ambiente, em decorrência da extração mineral sem a devida orientação
técnica; é dessa região que os moradores e produtores tiram o barro pra fazer cerâmica. Dentre
as alterações naturais, foi detectado a erosão da margem do rio Parnaíba, provocada pelo curso
natural do rio, resultando em aumento de seu leito, além também da retirada da mata ciliar que
evita a erosão nas margens. Carvalho (2015) declara que a disposição inadequada de resíduos
sólidos e a poluição hídrica estão em níveis pouco significativos.

Parque Ambiental João Mendes Olímpio de Mello

O conhecido Parque da Cidade, na zona Norte da Capital, já passou por tempos em


que muitas pessoas concorriam para ali; famílias e grupos de amigos tinham o espaço como área
adequada de lazer. Entretanto, o cenário que se encontra atualmente é bem diferente. Sobreira et al.
(2015) descrevem que as trilhas do Parque da Cidade estão totalmente abandonadas por parte da
administração do mesmo, uma vez que se encontram, na maioria, descaracterizadas, sem sinalização
e demais elementos de segurança; o autor cita também que alguns equipamentos estão danificados
em decorrência da ausência de manutenção e ação de vândalos. Viana e Lima (2018) observaram
uma grande faixa de área desmatada em um terraço fluvial onde são realizados pequenos cultivos de
hortaliças pelos moradores das proximidades, bem como erosão laminar na margem do rio. Segundo
Carvalho (2015) há pouca poluição hídrica no trecho do rio que compreende o Parque.

24
Parque Ambiental da Prainha

De acordo com Nascimento e Viana (2019), o Parque Ambiental da Prainha sofre


diversos impactos ambientais devido ao seu uso e ocupação de forma inadequada, a exemplo
dos flanelinhas que ficam às margens do rio Parnaíba, bem como o seu abandono pela gestão
pública. O autor descreve o Parque com fraca deterioração frisando que em toda a sua extensão
ocorrem impactos ambientais negativos, entre eles: o descarte de lixo, a erosão, as queimadas,
o assoreamento do rio e a ação dos lavadores de carros que desenvolvem a sua atividade nas
imediações do Parque. Assim, acabam contaminando o rio, bem como contribuindo para
a poluição fluvial devido aos esgotos provenientes dos bueiros que escoam direto para o rio
Parnaíba, além do abandono do área.

Parque Natural Municipal do Salão da Serra

A mais recente unidade de conservação da esfera municipal foi criada pela prefeitura
de Bom Jesus do Gurgueia, sul do estado. Ainda não existem pesquisas publicadas para esta
UC. Entretanto, a autora deste capítulo participou do estudo prévio para a criação da Unidade
e conhece a realidade do local. Área de beleza cênica singular, onde se pode encontrar cursos
d’água e mata ciliar ainda preservada, também teve uma crescente invasão de moradores
que reclamam por indenização para poder deixar suas casas, construídas dentro da área do
Parque. Assim, é de se entender que unidades de conservação com a presença humana sofram
com impactos dessa presença, como lançamento de lixo e dejetos em lugares inapropriados,
desmatamentos para construções, descaracterização da paisagem entre outros. Dada a
proximidade de duas universidades públicas e de muitas escolas, a mesma se configura como
local viável para o desenvolvimento de pesquisas e aulas de campo.

Jardim Botânico de Teresina

De acordo com Barradas, Nunes e Lopes (2018), em relação à conservação e


estruturação, o Jardim Botânico de Teresina necessita de maiores cuidados e investimentos.
O local não possui acesso inadequado aos portadores de necessidades especiais além de um
auditório em péssimas condições de uso e um museu apresentando diversas manifestações
patológicas em sua estrutura. O parque possui grande potencial para fins didáticos visto que
foram feitos vários artigos e monografias sobre a flora e outros assuntos no local. Algumas
trilhas que dão acesso ao Parque não tinham a devida identificação e não ofereciam segurança
aos visitantes. Não foram encontrados dados sobre queimadas ou desmatamento.

25
Parque Municipal da Cachoeira da Conceição

Localizado em Piripiri, em áreas da Serra da Ibiapaba, o Parque não chegou a ser


decretado, dependendo da autorização do IBAMA, desde 2016. Apesar de toda estrutura
construída para atender à demanda turística, de visitação e pesquisa, o Parque encontra-se
abandonado pelo Poder Público e tem sido local de alvo de queimadas e servido como depósito
de lixo.

Tabela 3 – Unidades de conservação da esfera Municipal, no estado do Piauí

Nome da UC Municípios Área (ha) Documento Legal / Plano de Bioma


ano manejo

Parque Municipais

Acarape Teresina 12,0 - - Floresta

Angelim Teresina 4,0 - - Floresta

Beira Rio Teresina 9,0 - - Floresta/


mata ciliar

Boa Vista Teresina 2,0 - - Floresta

Boqueirão São João do - - - Caatinga


Piauí

Cachoeira da Conceição1 Piripiri 28,0 Não decretada Não Cerrado

Cachoeira do Bota Fora1 Piripiri - 2008 Não Cerrado

Campo Maior / Horto Florestal Campo Fechado Lei nº 7.735 de 22 de Não Caatinga
Maior fevereiro de 1989

Caneleiro Teresina 0,4 - - Floresta

Caneleiro II Teresina 1,0 - - Floresta

Da Cidadania Teresina 8,3 - - Floresta

Das Crianças Teresina 1,3 - - Floresta/


Mata ciliar

Da Ilhota Teresina 8,0 - - Floresta

Do Conjunto São Paulo Teresina 5,0 - - Floresta

Dos Cocais Teresina 2,0 - - Floresta

Encontro dos Rios Teresina 3,0 Decreto nº 2.265, de - Floresta


dezembro de 1996

Floresta Fóssil Teresina 5,0 (margem direita), 8,00 Lei nº 1.939 de 16 de Sim Floresta
(margem esquerda do rio) agosto de 1988

Frei Damião Teresina 1,9 - - Floresta

Haroldo Vaz Teresina 0,5 - - Floresta

Ivaldo Matos Monsenhor - - -


Gil

Jardim Botânico /Horto Florestal Teresina 36,0 Decreto municipal Sim Floresta
/ Parque Ambiental de Teresina s/n, de 05 de setembro
de 1960 (Parque
Ambiental). Decreto
11.396, de 1 de agosto de
2011 (Jardim Botânico)

João Mendes Olímpio de Mello Teresina 17,0 Decreto-Lei n° 2.329, de Sim Floresta
(Parque da Cidade) 12 de maio de 1993

Lagoas do Norte Teresina 25,0 - - Floresta

26
Nome da UC Municípios Área (ha) Documento Legal / Plano de Bioma
ano manejo

Macaúba Teresina 0,7 - - Floresta

Matias Matos Teresina 4,9 - - Floresta

Mini Horto das Samambaias Teresina 1,8 - - Floresta

Nossa Senhora do Livramento Teresina 0,5 - - Floresta

Nova Brasília Teresina 20,00 Lei nº 1.939 de 16 de - Floresta/


agosto de 1988 exóticas

Parnaíba I Teresina - - - Floresta/


mata ciliar

Pedra do Castelo1 Castelo do 246 Decreto nº 688 de 2007 Em


Piauí construção

Pirapora Pedro II 11,16 Decreto nº 129 de 05 de Não Transição


junho de 2001 Caatinga/
Cerrado

Porto Alegre Teresina 4,0 - - Floresta

Porto Alegre I Teresina 0,6 - - Floresta

Poti I Teresina 8,00 Decreto nº 2.642, de 24 - Floresta


de maio de 1994

Prainha Teresina 12,0 Lei nº 2601 de 02 de Não Floresta


dezembro de 1997

Raul Lopes Teresina 40,0 - - Floresta/


mata ciliar

Recanto das Palmeiras Monsenhor - Decreto 007, de 05 de Não Cerrado


Gil maio de 1997 / Mata
ciliar

Residencial Marina Teresina 0,8 - - Floresta

Rio Parnaíba Teresina - - - Floresta/


mata ciliar

Rio Poti Teresina 0,3 - - Floresta/


mata ciliar

Salão da Serra Bom Jesus 352,65 Decreto nº 40, de 15 de Não Caatinga


dezembro de 2018

Santa Clara Teresina 2,0 - - Floresta

São Pedro Teresina 0,5 Lei nº 1.939, de 16 de Não Floresta


agosto de 1988

Sete Estrelas Teresina 0,7 - - Floresta

Tropical Parque Teresina 0,4 - - Floresta

Vale do Gavião Teresina 19,7 Lei nº 2.601, de 02 de Não Floresta


dezembro de 1997

Vila do Porto Teresina 3,00 Decreto nº 2.535, de 11 Não Floresta


de junho de 1997

Vila São Francisco Teresina 2,00 Lei nº 1.939 de 16 de - Obs.: Floresta


agosto de 1988 abandonado

Área de Proteção Ambiental

Serra do Gado Bravo Curimatá 8.171,00 Lei municipal nº 498, - Obs.: Transição
de 1995 abandonado Caatinga/
Cerrado
1
Dentro dos limites da APA Serra da Ibiapaba

27
Tabela 4 – Reservas Particulares do Patrimônio Natural do estado do Piauí

Nome da UC Município Área (ha) Documento Legal / ano Plano de manejo Bioma

Fazenda Boqueirão Canavieira 27.458,00 Portaria 65N, de 25 de junho - Caatinga


de 1997

Fazenda Boqueirão dos Frades Altos 579,78 Portaria 29N, de 25 de março - Floresta
de 1998

Fazenda Centro Buriti dos 139,06 Portaria 68N, de 26 de agosto - Caatinga


Lopes de 1999

Marvão Castelo do 5.096,86 Portaria 42 de 11 de agosto - Cerrado


Piauí de 2000

Recanto da Serra Negra Piracuruca 179,15 Portaria nº 37, de 9 de março - Cerrado


2004

Santa Maria de Tapuã Teresina 238,00 Portaria 98N, de 25 de no- - Floresta


vembro de 1999

“-“ Sem informação

CONSIDERAÇÕES FINAIS
As unidades de conservação piauienses, da mesma forma que as brasileiras em geral,
são áreas fundamentais não apenas à preservação; mas, como visto, são espaços adequados e
necessários ao desenvolvimento de pesquisas. É nas unidades de conservação que devem estar
concentradas as espécies ameaçadas de extinção no estado. Para tanto, é necessário que o poder
público não apenas crie unidades em locais estratégicos, como também se empenhe em manter
a integridade das já existentes. Algumas UCs no Piauí parecem existir apenas no papel, pois
não se encontrar quaisquer informações sobre as mesmas em termos de que impactos podem
ser registrados. Algumas unidades encontram-se, sabidamente, abandonadas e, assim, a grande
maioria delas não se torna objeto de investigação por pesquisadores.

Entendemos que muitos alunos de graduação e pesquisadores desenvolvem suas


pesquisas em unidades de conservação, quer as da capital, quer as do interior, mas boa parte não
chega a ser publicada. Fica o incentivo pra que tornem públicos os dados e estudos realizados
envolvendo as UCs piauienses. Quanto mais conhecimento tivermos sobre as mesmas, quanto
mais divulgarmos as mesmas, quanto mais incentivarmos a visitação com educação ambiental e
turismo ecológico, mais poderemos contribuir para redução do abandono e ocupação indevida.

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32
Capítulo

2
EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO
PIAUÍ: O QUE TEM SIDO FEITO?
Mateus Rocha dos Santos
Marlete Moreira Mendes Ivanov
Jesus Rodrigues Lemos

RESUMO

A Educação Ambiental (EA) pode ser definida como sendo elemento integrador
dos sistemas educativos de que dispõe a sociedade para fazer com que a comunidade tome
consciência do fenômeno do desenvolvimento e de suas implicações ambientais. Para tanto,
deverá servir não só para transmitir conhecimentos, mas também para desenvolver habilidades e
atitudes que permitam ao homem atuar efetivamente no processo de manutenção do equilíbrio
ambiental, de modo a garantir uma qualidade de vida condizente com suas necessidades e
aspirações. Enquanto prática educativa, deve direcionar-se ao desenvolvimento de atividades
de longa duração. A EA precisa difundir a percepção de que o meio ambiente inicia dentro de
cada ser humano, sendo assim, um processo que envolve um vigoroso esforço de recuperação
de realidades e que garante um compromisso com o futuro. Neste raciocínio, objetivou-se com
esta pesquisa, realizar um levantamento bibliográfico sobre projetos e programas, bem como
ações avulsas de Educação Ambiental existentes e/ou promovidas nas Unidades de Conservação
(UCs) federais e estaduais presentes no estado do Piauí. Das 24 UCs que existem no Piauí,
considerando as esferas Estadual e Federal, foram encontrados registros de ações de EA em
apenas oito delas, sendo duas estaduais e seis federais. No entanto, ressalva-se que alguns dados

33
sobre algumas UC no estado do Piauí, são escassos de informações. Conclui-se que a maioria
das ações são pontuais no tempo e não constituem programas contínuos para trabalhar a EA
com as comunidades de entorno da UC ou visitantes em geral. Isso faz com que a população
seja privada de projetos que possam estimular a boa convivência com os recursos ambientais e
que desenvolvam uma consciência ambiental sobre a importância das UCs para a preservação
ambiental.

INTRODUÇÃO

As Unidades de Conservação (UCs) abrangem uma sistematização de áreas protegidas


por lei (BRASIL, 2000), estabelecidas em virtude da acentuação de problemáticas relacionadas
às atividades antrópicas ou que estão correlacionadas como o desmatamento, queimadas ou
ações de impactos sobre ecossistemas presentes nestas áreas (CAMPOS et al., 2016).

As UCs brasileiras fazem parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação


(SNUC), o qual categoriza essas unidades em dois grupos distintos: as Unidades de Proteção
Integral (UPI) e as Unidades de Proteção de Uso Sustentável (UUS). O primeiro grupo objetiva
preservar as áreas por meio do uso indireto, o qual prevê somente ações de turismo ecológico,
de educação ambiental e de pesquisas cientificas. Já o segundo possibilita a integração da
população com a área, possibilitando atividades antrópicas, como a exploração dos territórios,
desde que as ações sejam de cunho sustentável (BRASIL, 2000).

Apesar do poder público instituir e regulamentar as UCs brasileiras, é preciso


nortear o contato da população com tais espaços protegidos, no sentido de incentivar que a
população desfrute dos bens ambientais ali contidos, mas que isso seja efetivado de uma forma
sustentável. Nesse sentido, ações de Educação Ambiental (EA) são essenciais para que haja
efetiva preservação, mas com o usufruto pelos visitantes e moradores do entorno das mesmas.
Como já descrito por Ab’Saber (1993), a Educação Ambiental é um processo que envolve um
vigoroso esforço de recuperação de realidades e que garante um compromisso com o futuro,
“uma ação entre missionária e utópica destinada a reformular comportamentos humanos e
recriar valores perdidos ou jamais alcançados”.

Silva et al. (2012) ressaltam que o conhecimento da biodiversidade de forma mais


intensa pode contribuir muito com a conservação desta, pois a possibilidade de se proteger o
que se conhece é muito maior do que o que não se conhece. E, neste caso, não seria somente a
questão da conservação que está em jogo, mas, principalmente, o fato de que o conhecimento
da biodiversidade gera uma importante consequência para o desenvolvimento social local.

Sabendo-se que muitas UCs piauienses não têm um plano de manejo (LEITE;
IVANOV, 2020) e, possivelmente, não tenham um cronograma oficial de ações de Educação
Ambiental, torna-se importante conhecer quais UCs implementam essas ações, no sentido
de se proporcionar visibilidade às boas práticas desenvolvidas nas mesmas. Neste contexto,

34
objetivou-se realizar um levantamento sobre projetos e programas, bem como ações avulsas
de Educação Ambiental existentes e/ou promovidas nas Unidades de Conservação federais e
estaduais presentes no estado do Piauí.

METODOLOGIA

O estado do Piauí está localizado na região Nordeste do Brasil e possui uma área
territorial de 251.755,485 km², com densidade demográfica de 12,40 hab km² (IBGE, 2020).
O estado possui como formações vegetais principais o cerrado e a caatinga, além da transição
destas, bem como áreas das formações vegetais de carrasco e florestas e ainda os ecossistemas
costeiros (LEITE; IVANOV, 2020; FUNDAÇÃO CEPRO, 2013).

No estado, foram contabilizadas 44 UCs, sendo 19 UUS e 25 UPI. São dez Unidades
na esfera Federal, 14 na Estadual, 14 municipais e seis particulares (LEITE; IVANOV, 2020).

A proposta deste estudo consiste no levantamento bibliográfico (através da


busca em páginas da internet, tanto em sites oficiais quanto em artigos, revistas e livros
publicados) e, como complemento, a busca ativa de informações (conversas, ligações,
e-mails, citadas como “inf. pes.”) sobre ações de Educação Ambiental em unidades de
conservação do estado do Piauí.

O levantamento foi realizado ao longo dos meses de abril e maio de 2021. Para esta
análise, foram consideradas somente as UCs das esferas federal e estadual, devido a uma maior
disponibilidade de dados. A busca foi feita utilizando como termos o nome da unidade e
educação ambiental. Não houve uma delimitação de período em relação à data da publicação/
divulgação dos dados; sendo selecionados materiais de quaisquer anos encontrados.

RESULTADOS

Foram encontrados registros de ações de Educação Ambiental apenas em oito Unidades


de Conservação, sendo duas em Unidades estaduais e seis em federais. O Quadro 1 apresenta a lista
das UCs nas quais foram encontrados registros de ações de EA. Na sequência é trazida a descrição
das ações encontradas neste levantamento, realizadas até o momento do estudo.

35
Quadro 1 – Unidades de Conservação federais e estaduais do estado do Piauí que possuem ações de EA registradas.

Nº de Fonte
Categoria
Unidade de Conservação Esfera ações de
SNUC
EA
Campos et al. (2016); Bulhões e
PARNA Serra da Capivara Federal UPI 02
Noronha (2020)
PARNA de Sete Cidades Federal UPI 01 Ramos et al. (2014)
Gonçalves (2008); Bezerra II
APA Chapada do Araripe Federal UUS 05
(2013)
Silva (2014); Assis et al. (2014);
APA Delta do Parnaíba Federal UUS 04 UFC (2020); ICEP (2021); ITD
(2021)
FLONA Palmares Federal UUS 02 ICMBIO (2011); ICMBIO (2015)
ESEC Uruçuí-Una Federal UPI 01 GRUPO PET - ISUU(2019)
RESEX Marinha Delta do Parnaíba Federal UUS 05 Rocha, Carvalho e Costa (2014)
Moraes, Araujo e Conceição
Parque Cânion do Rio Poti Estadual UPI 01
(2020)
Parque Zoobotânico Estadual UPI 01 Piauí (2016); Aguiar et al. (2019)
Legenda: UUS – Unidade de Uso Sustentável; UPI – Unidade de Proteção Integral

Parque Nacional Serra da Capivara (PNSC)

Foi registrada uma ação desenvolvida com os alunos do 1º ano do ensino médio e o
professor da disciplina de Geografia (CAMPOS et al., 2016), o qual desenvolveu discussões
juntamente com os estudantes com a finalidade de esclarecer dúvidas e identificar as percepções
ambientais dos alunos a respeito das paisagens naturais encontradas na área do Parque. Os
objetivos da ação foram: (i) promover práticas educativas com informações sobre as UCs para
estudantes e comunidade escolar; (ii) envolver os alunos na conservação do patrimônio natural
do Parque Nacional Serra da Capivara; (iii) proporcionar aos estudantes conhecimento e
interpretação ambiental, por meio do contato direto com o ambiente natural e cultural; (iv)
aprimorar, através da experiência vivida, a sensibilização ambiental. Os autores entendem que
houve uma reflexão crítica sobre a importância da EA, alcançando os objetivos delineados.

A unidade também possui o Programa Comunidades Sustentáveis (MEIO NORTE,


2019), o qual desenvolve iniciativas de ações sustentáveis junto às comunidades locais com
a aplicação da EA, com o incentivo do artesanato tradicional e da identidade local, além da
conscientização ambiental.

Bulhões e Noronha (2020) relatam o desenvolvimento de uma aula de campo


multidisciplinar com alunos do primeiro ano do ensino médio. Previamente, o professor de
cada disciplina trabalhou o conteúdo teórico em sala de aula, através da discussão de textos,
debates, pesquisa e apresentação de documentário sobre a área a ser visitada (o PNSC). De

36
posse de todo esse conhecimento adquirido, os alunos participantes da visita apresentaram um
seminário para os demais alunos da escola, propagando, assim, informações sobre a importância
dos recursos naturais existentes no Parque.

Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C)

O PN7C recebe turistas de todas as regiões do país, os quais são recepcionados na


Unidade pelos guias e estes os conduzem ao Centro de Visitantes onde são proferidas palestras
informativas sobre o Parque e sobre ações de boa convivência com o meio ambiente. No Parque
existem 370 placas informativas e de conscientização, distribuídas por toda a área liberada para
visitação, para que os visitantes não depredem o patrimônio natural ou depositem lixo em lugar
indevido (CASTRO et al., 2016; RAMOS; PAIXÃO, 2014). Na unidade de conservação,
as ações de educação ambiental são realizadas pela caminhada através de trilhas guiadas,
geralmente realizadas com viés didático-pedagógico. No momento das caminhadas pelas
trilhas os condutores buscam proteger as formações originais do Parque, tentando incentivar
a conscientização e evitar que os visitantes toquem ou subam nas rochas, a fim de conservar e
manter o bom estado das mesmas (RAMOS; PAIXÃO, 2014).

Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe

Bezerra II (2013) fez um apanhado geral de ações de EA desenvolvidas na APA


do Araripe. Inicialmente o autor relata a existência de um Núcleo de Educação Ambiental
(NEA-Araripe), fundado em 1988, visando reduzir problemas observados na área da APA,
relacionados ao extrativismo e criação de animais, o qual tem implementado ações de EA com
o envolvimento da comunidade escolar e das comunidades locais. No Núcleo foram realizados
cursos de capacitação, especialização e aprimoramento dos servidores ligados à FLONA do
Araripe para que todos estivessem envolvidos ao máximo com as questões que teriam que lidar
no momento das ações junto à população.

Outras ações realizadas na Área podem ser citadas, como: visitas a moradores de
entorno para dialogar sobre atividades menos impactantes ao meio ambiente, sensibilização da
população através de ecoshow, distribuição de mudas, realização de palestras, cursos e oficinas
“ABC da Cidadania”, torneios esportivos, cursos de gestão ambiental, oficinas, literaturas de
cordel, dentre outros.

O extrativismo da faveira d’anta e do pequi é uma ação enraizada na população da


região da Chapada do Araripe (GONÇALVES, 2008). Isso tem impacto profundo sobre o uso
dos recursos naturais, em especial dentro de uma área de proteção ambiental. É em torno dessa
atividade, em especial, que devem estar focadas as ações de educação ambiental desenvolvidas
na UC e no seu entorno. Convém ressaltar que abrangendo áreas da APA está a FLONA do

37
Araripe, nos municípios de Crato e Barbalha, ambos no Ceará.

Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba

A APA compõe os estados do Maranhão, Piauí e Ceará, nos quais se inserem várias
comunidades. Desta forma, os processos de implementação da EA são diversificados, conforme
o local que em que são aplicados. As projeções da EA estão ligadas às atividades antrópicas
de extrativismo dento da área (RODRIGUES; SILVA; ROCHA, 2012). Dentre os projetos
implementados na Área, destaca-se o Piauí Eco Fest, encabeçado pela Professora Maria Helena
Cortez, da Universidade Federal do Delta do Parnaíba, cuja primeira edição foi realizada em
2014 no município de Cajueiro da Praia, o qual trabalhou a identidade local e a compreensão da
biodiversidade da área (SILVA, 2014; ASSIS et al., 2014). Na ocasião aconteceu o “casamento
do peixe-boi com o cavalo-marinho”, uma encenação feita com pessoas usando fantasias, em
alusão aos projetos ambientais desenvolvidos na região com essas duas espécies.
Entre outras ações que ocorrem dentro dos limites da APA está o envolvimento de
institutos educacionais com as comunidades. Neste caso, vale destacar o projeto desenvolvido
pelo Grupo de Extensão e Pesquisa em Silvicultura (GEPS), o qual desenvolve projetos
de produção de mudas nativas, atividades de reflorestamento, além de ações de educação
ambiental para jovens e adultos (UFC, 2020). De forma complementar, o Instituto Ilha do Caju
Ecodesenvolvimento e Pesquisa (ICEP), também desenvolve projetos voltados à conservação e
à educação ambiental com alunos de todos os níveis escolares (ICEP, 2021).

Um programa permanente que ocorre na área da APA é o Tartarugas do Delta,


coordenado pelo Instituto Tartarugas do Delta, no litoral piauiense. O instituto desenvolve,
no âmbito do programa, o projeto de pesquisa Rotas da Conservação, visando conhecer a rota
migratória da tartaruga-marinha. Além disso, existem projetos de manejo e conservação da
fauna e de educação ambiental. Relativo a este último existem ações como: palestras, exposição
fotográfica, oficinas para o público escolar e não-escolar, rodas de conversa, vivência de campo
e visita guiada (ITD, 2021).

Floresta Nacional de Palmares

Na FLONA de Palmares ações de educação ambiental são permanentes, implementadas


pela gestão do ICMBio, e envolvem a contemplação dos atrativos naturais, bem como dinâmicas
com os visitantes. A visitação envolve a caminhada por trilhas, palestras sobre cidadania e meio
ambiente, observação de bebedouros naturais e de pegadas de animais silvestres e o público pode
ter acesso a informações sobre pesquisas desenvolvidas no âmbito do monitoramento da fauna.
Entre as atividades, o Clube dos Cinco Dias agrega crianças e adolescentes os quais participam de
aulas educativas no meio natural. Há ainda, a adoção de leituras sobre fauna silvestre, observação

38
de pegadas em áreas úmidas e de sons dos macacos e aves, e apresentação de informações sobre as
espécies vegetais existentes dentro da área (inf. pes.).

Outro projeto desenvolvido é o Pelotão Mirim de Palmares, o qual visa integrar as


comunidades à UC e promover atividades como exposições de desenhos sobre a natureza,
realização de palestras, apresentação de trabalhos científicos, atividades esportivas, visita
a trilhas, entre outras ações (ICMBIO, 2015). A UC também desenvolve, em parceria com
universidades, atividades de educação ambiental junto às comunidades (ICMBIO, 2011).

Estação Ecológica de Uruçuí-Una

A Universidade Federal do Piauí mantém grupos PET (Programa de Educação


Tutorial). Entre eles, o grupo PET-Intervenção Socioambiental em Uruçuí-Una (PET-
ISUU), do Campus Professora Cinobelina Elvas, mobiliza crianças e jovens, em aspectos de
educação ambiental, através de atividades e rodas de conservas (GRUPO PET-ISUU, 2019).
Em 2019, o grupo realizou uma atividade chamada PET nas Escolas com os alunos de uma
escola existente no interior da Estação. A ação consistia em trabalhar a EA através de palestra
sobre a importância dos recursos naturais. Foi solicitado que os alunos desenhassem o que a
Unidade representava pra eles. Os alunos, e pais que os acompanharam na ocasião, puderam
ter momentos de conscientização sobre a importância da área. O ICMBio, o qual mantém uma
base dentro da Estação, também mantém conversas permanentes com os moradores para que
eles entendam a razão de preservar o meio ambiente, em especial por ser em uma unidade de
conservação. Assim, ao andar pela unidade, em especial nas proximidades do rio, encontram-se
placas solicitando que não seja depositado lixo no ambiente, entre outras frases que incentivam
a preservação ambiental, as quais são feitas de forma bem rústica e foram colocadas pelos
próprios moradores, mostrando sua participação no processo de educação ambiental junto aos
visitantes da UC (Inf. pes.).

Reserva Extrativista Marinha Delta do Parnaíba

Comissão Ilha Ativa, FaunaMar, Associação Comunitária do Torto e Amar Delta


são algumas das instituições que realizam inciativas e projetos na RESEX, os quais trabalham
a educação ambiental de forma pedagógica (ROCHA; CARVALHO; COSTA, 2014).
Adicionalmente, o ICMBio desenvolve projetos educacionais dentro da área da RESEX, bem
como a conscientização através das redes sociais. Dentre os projetos estão o Turismo Base
Comunitária, Oficinas RESEX Delta Escola, Projeto ASAS, além de cursos de capacitação
realizados entre o ICMBIO e as associações das ilhas do delta (RESEX DELTA DO PARNAÍBA,
2021).

39
Parque Estadual Zoobotânico

O Zoobotânico de Teresina, como é mais conhecido, ao longo de sua existência


tem passado por momentos de fechamento devido às condições estruturais do mesmo,
o que interrompe as ações de EA em conexão com a UC. Na reforma do ano 2016 foi
construído um píer no rio Poti para desembarque dos passageiros do barco-escola no
Zoobotânico, trazendo alunos embarcados no Centro de Educação Ambiental, na região
da Potycabana, os quais ouvem explanação ao longo do trajeto no rio sobre os recursos
ambientais e ações de educação ambiental. O barco entretanto, está em desuso atualmente
e se deteriorando (PIAUI HOJE, 2016).

Entre as ações de EA aplicadas, Aguiar et al. (2019) utilizaram o guia didático como
ferramenta complementar ao ensino teórico. Os autores destacam o Parque como local
propenso à sua utilização, visto que o guia envolve noções sobre a flora, a qual é vasta no local,
por se tratar de uma mata ciliar. O guia didático foi elaborado através de uma parceria da editora
da Universidade Federal do Piauí-EDUFPI com a SEMAR (Secretaria do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos do Estado do Piauí).

No Parque há atividades que promovem a educação ambiental junto a redes de


ensino educacional, seja privada ou pública (PIAUÍ, 2019). Essas ações são realizadas através
de visitas das escolas com a supervisão das Equipes do Parque e instituições, o que promove
conhecimento ambiental, através de informações sobre a flora e a fauna (PIAUÍ HOJE, 2016).

Parque Cânion do Rio Poti

Esse Parque é uma das mais recentes unidades de conservação da esfera estadual.
Apesar de sua existência histórica, apenas em 2017 foi decretada como UC, logo os registros
sobre educação ambiental conectados à mesma enquanto UC são praticamente inexistentes.
Todavia, Moraes, Araújo e Conceição (2020), ao analisar o processo de implantação da
Unidade, descrevem as ações relacionadas ao mesmo. Entre elas, um documentário curta
metragem intitulado Expedição Cânion do Poti foi produzido e apresentado, o qual possibilita
mais informações sobre a área. Esse material pode bem ser utilizado por professores no processo
de ensino sobre ações de educação ambiental.

Ressalva-se que existem UCs dentro do estado nas quais não foram encontrados
registros que mencionem a aplicação da EA em suas respectivas áreas. Dentre elas estão: PARNA
Serra das Confusões; PARNA Nascentes do Rio Parnaíba; APA Serra da Ibiapaba; ESEC
De Uruçuí-Una; FLONA de Palmares; PARNA do Rangel; PARNA Cachoeira do Urubu;
PARNA Serra de Santo Antônio; PARNA das Orquídeas/Serra dos Matões; PARNA Serra do
Coã; APA das Nascentes do Rio Canindé; APA das Nascentes do Rio Uruçuí-Preto; APA das
Alto Curso dos Rios Gurguéia e Uruçuí-Vermelho; APA das Nascentes do Rio Longá; APA

40
das Cachoeira do Urubu; APA das Ingazeiras; APA das Serra das Mangabeiras e APA Lagoa de
Nazaré e ESEC Chapada da Serra Branca.

DISCUSSÃO

Diante do levantamento em cada UC, como visto, há escassez de ações acerca da temática
da educação ambiental. Os dados obtidos apontam o ainda incipiente número de programas
e projetos nas unidades de conservação do estado, embora as mesmas apresentem um enorme
potencial e uma proximidade muito grande de moradores do entorno, os quais necessitariam ter um
maior conhecimento e direcionamento sobre como lidar e entender as UCs.

Na área do Parque Nacional de Sete Cidades, Castro et al. (2016) explicam que o
ecoturismo pode promover percepções, através da visitação, acerca das formações geológicas
presentes na UC. Uma vez que os visitantes apresentam perfis variados (SANTOS et al.,
2020), a fomentação da EA deve estar sempre presente nas atividades de guiamento. A visita
guiada de forma específica dentro da Unidade serve como instrumento que induz visitantes à
sensibilização do espaço visitado, o que se torna muito importante visto que o Parque já passou
por episódios de vandalismos, conforme Ramos e Paixão (2014) bem pontuam. Braga et al.
(2020) complementam que a execução de atividades práticas no momento da visitação pode
fomentar conscientização sobre a necessidade de preservação da área.

Sobre o PN7C, nota-se que as ações de EA são permanentes, no momento da visitação;


porém, estas abrangem especificamente os visitantes. Nhaga, Camarotti e Correia (2021), em
levantamento de informações, visando entender a percepção ambiental dos moradores de
entorno do PN7C, concluíram que estes possuem pouco conhecimento formal do conjunto
de conteúdos que podem ser definidos como consciência ambiental. O que indica uma forte
necessidade de se trabalhar o tema com tal parcela da população. E é possível que esta seja a
situação no entorno da maioria das UCs no estado. Já Correia (2020) contabilizou que 85%
dos moradores do entorno do PN7C entendem o seu papel na conservação; contudo, a autora
relata que foram identificados conflitos socioambientais e sentimento de estranhamento,
evidenciando a necessidade de retomar ações de EA para fortalecer o vínculo da comunidade
com a UC. Rodrigues (2011) enfatiza a efetivação da educação dentro da área do PARNA da
Serra da Capivara, como pertencimento identitário das comunidades que se encontram no
entorno da UC.

Moraes, Araújo e Conceição (2020) caracterizam o Parque Estadual do Cânion


do Rio Poti pela existência de elementos históricos e antropológicos. Além dos aspectos
socioambientais, os quais envolvem os ribeirinhos, estes elementos podem ofertar a promoção
socioeconômica, com resultados para a criação de iniciativas que possam envolver a educação
ambiental.

41
Ressalva-se que a proposta de educação ambiental e patrimonial natural também
parte da visitação em campo, a qual ocorre geralmente com professores e alunos. Essa proposta
sempre pode ser vista como metodologia aplicada, com efetivação clara e precisa em transpassar
a importância da UC, para sujeitos dentro e fora da área, conforme é proposto por Bulhões e
Noronha (2020).

Considerando a APA da Chapada do Araripe, devido a mesma abranger municípios


dos estados do Piauí, Ceará e Pernambuco e, considerando que a espécie de ave típica da
região (soldadinho-do-araripe) é principalmente encontrada no estado do Ceará e que a maior
dinâmica do extrativismo se dá nessa região, onde se localiza também a FLONA e o ICMBio,
a maioria das ações de EA são desenvolvidas neste estado e registros para o estado do Piauí
isoladamente não foram encontrados. A idealização de um geoparque dentro da APA do
Araripe prevê que novas instrumentações da EA possam ser trabalhadas. Moura-Fé (2016),
bem como o Planejamento Estratégico Araripe Geoparque (URCA, 2021), apontam que a
geodiversidade pode contribuir para o estabelecimento da EA, à qual se associa a geoeducação,
através de roteiros de visitação, promovendo a valorização do uso sustentável e da conservação
local dos recursos naturais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A participação da gestão pública em relação à educação ambiental dentro das áreas de


conservação é incipiente, de acordo com os resultados. Sendo assim, cabe a todos os agentes,
tais como professores, estudantes e pessoas ligadas a organizações e instituições, promover a EA
como meio de conscientizar a população em geral, potenciais usuários destas unidades.

Através dos dados alcançados nesta pesquisa, constatou-se a insuficiência de


publicações sobre as ações de educação ambiental em unidades de conservação do estado. Neste
sentido, o engajamento das universidades que contemplem os cursos de Graduação e Pós-
Graduação nas áreas de Ciências Biológicas, Agronomia, Meio ambiente e afins, poderiam ser
propulsoras de mais ações e estudos envolvendo programas e projetos de educação ambiental
nas unidades de conservação. Além das universidades, instituições de ensino públicas e privadas
de uma forma geral, ICMBio, gestores públicos e ONGs seriam desejáveis na promoção do
alavancamento da educação ambiental.

Um dos grandes entraves para esta pesquisa pode ter sido a falta de divulgação das
ações em meios de comunicação em massa. Outra dificuldade está no fato de que algumas
unidades foram criadas recentemente e, portanto, não possuem informações suficientes,
inclusive relacionadas à EA.

Enquanto a Educação Ambiental não for efetivamente implementada à população


como um todo, os recursos naturais vão se esvaindo. Até mesmo aqueles que teoricamente

42
deveriam ser preservados em áreas protegidas. É preciso que toda a sociedade esteja engajada em
ações de educação ambiental, tanto na educação formal quanto na não formal.

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br/?page_id=1564. Acesso em: 03 mai. 2021.

46
Capítulo

PESQUISAS REALIZADAS NA FLORESTA NACIONAL DE


PALMARES: UM PANORAMA DE 2006 A 2020
João Vitor Dutra de Lima Pereira
Laís Fernanda Ferreira Rodrigues
Letícia Sousa dos Santos Ferreira
Patrícia Maria Martins Nápolis

INTRODUÇÃO
As Unidades de Conservação (UC) são espaços ambientais que têm importantes
características naturais e são legalmente instituídos pelo poder público, com objetivos de
conservação (RYLANDS; BRANDON, 2005). Estes ambientes foram criados a fim de
diminuir os efeitos da degradação do meio natural, e assim, beneficiam a região na qual estão
inseridos e sua biodiversidade associada (FONSECA; LAMAS; KASECKER, 2010). As UC
brasileiras são regulamentadas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC),
Lei nº 9.985 (BRASIL, 2000).

O SNUC define e regulamenta as categorias de Unidades de Conservação nas instâncias


Federal, Estadual e Municipal, separando-as em dois grupos: (1) Proteção Integral e (2) Uso
Sustentável. Na primeira categoria tem-se a conservação da biodiversidade como principal
objetivo, ao passo que na segunda permite-se várias formas de utilização dos recursos naturais
(BRASIL, 2000). Um exemplo de UC na condição de Uso Sustentável é a Floresta Nacional
de Palmares, localizada no estado do Piauí e criada pelo Decreto S/N de 21 de fevereiro de

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2005. Entre os seus objetivos estão promover o uso múltiplo dos recursos florestais, a pesquisa
científica, a manutenção e proteção da biodiversidade, a recuperação de áreas degradadas e
promover a Educação Ambiental (BRASIL, 2005).

Em contexto nacional, as UC apresentam ampla demanda por estudos científicos.


Desta forma, os programas de pesquisa das Unidades de Conservação, que podem ser
encontrados no plano de manejo, buscam compatibilizar os interesses de sua gestão com os dos
pesquisadores. Isso contribui para estimular a realização de atividades científicas que propiciem
respostas necessárias à conservação destas áreas protegidas (BRASIL, 2016).

As UC são locais onde podem ser discutidas e trabalhadas diversas temáticas como: a
caracterização do local, sua fauna, flora, Ecologia do ambiente e Gestão Ambiental. Atividades
como Turismo Ecológico e Sustentável também são permitidas nas Unidades de Uso
Sustentável (KUHNEN; MARCOLAN; ROCHA, 2015). A literatura evidencia que estes
espaços também são utilizados para a realização de atividades voltadas ao ensino de Ciências
e de Geografia; Interpretação de trilhas; Impactos Ambientais e Educação Ambiental (por
exemplo, JUNQUEIRA; OLIVEIRA, 2015; SANTOS et al., 2020; RODRIGUES et al.,
2021). No entanto, para Vargas (2007) a relação entre teoria, pesquisa e prática presente nos
estudos desenvolvidos nessas áreas ainda é frágil.

O objetivo deste capítulo é apresentar uma pesquisa bibliográfica sobre estudos


desenvolvidos na Unidade de Conservação da Floresta Nacional de Palmares nos últimos 15
anos (2006 – 2020). Esta pesquisa foi norteada pela seguinte problemática: quais foram os
estudos desenvolvidos nesta Unidade de Conservação? Ao obter tais informações busca-se
contribuir para a divulgação da Ciência em Unidades de Conservação e incentivar a realização
de mais pesquisas nesses ambientes.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A Floresta Nacional (FLONA) de Palmares está localizada no município de Altos, a


41 Km de Teresina, capital do estado do Piauí (Figura 1). A FLONA de Palmares foi criada pelo
decreto S/N de 21 de fevereiro de 2005 (BRASIL, 2005). Com 170 hectares de terra, esta UC
é de instância Federal, administrada pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio,
2014). Na FLONA de Palmares podem ser encontradas diferentes espécies da fauna e flora
como, por exemplo, angico-branco (Albizia niopoides Spruce ex Benth. Burkat), preguiça
(Bradypus tridactylus) e iguana (Iguana iguana) (IBAMA, 2004).

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Figura 1. Mapa de localização da Floresta Nacional de Palmares, Altos, Piauí, Brasil.
Fonte: Elaborado por Letícia S. S. Ferreira (2020).

O levantamento bibliográfico compreendeu estudos realizados na FLONA de


Palmares e publicados no período de 2006 a 2020. Para a busca dos estudos, foram utilizadas
as palavras-chave “Floresta Nacional de Palmares” e “Piauí” em bancos de dados da Scientific
Electronic Library Online (SciELO), Google Acadêmico, Biblioteca Digital Brasileira de Teses
e Dissertações (BDTD), Anais de eventos científicos nacionais e locais. Além disso, foram
realizadas consultas a livros e capítulos de livros publicados sobre a FLONA de Palmares.

As buscas online ocorreram entre os meses de novembro de 2020 a fevereiro de 2021.


Inicialmente, verificou-se o título e em seguida os resumos de cada publicação encontrada. Os
estudos selecionados foram categorizados em cinco temáticas conforme pressupostos de Bardin
(2011), a saber: (a) Caracterização da Flona; (b) Práticas de Educação Ambiental; (c) Trilhas
Interpretativas; (d) Ecoturismo e (e) Atividade Física em Ambiente Natural. Essas temáticas
foram definidas de acordo com o objetivo de pesquisa explicitado nos estudos. É válido destacar
que em cada trabalho foram levantadas informações acerca do ano de publicação, o público-
alvo, os métodos utilizados para coleta de dados, vínculos com grupos de pesquisa, dentre
outros. Para concluir, avaliou-se como os pesquisadores destacam a importância das pesquisas
realizadas para a Unidade de Conservação e a comunidade em geral.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram encontrados 23 estudos publicados sobre a Floresta Nacional de Palmares
nos últimos 15 anos. Dentre estes, a maior representatividade é de capítulos de livro, com
10 publicações. Verificou-se que oito estudos foram publicados em anais de eventos, quatro

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estudos corresponderam a Dissertações/Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) e apenas um
artigo científico. Observou-se que há uma variação entre anos com mais e menos publicações,
sendo que o maior número ocorreu em 2020 (Figura 2).

Figura 2. Número de estudos publicados na Floresta Nacional de Palmares entre os anos de 2006 e 2020.
Fonte: Os autores (2021).

De 2007 a 2015 poucos estudos foram realizados na FLONA de Palmares,


provavelmente pelo fato de a UC ter apenas 16 anos de criação. No entanto, é perceptível que os
estudos cresceram significativamente ao longo dos anos, tendo o local feito parceria com diversas
Instituições de Ensino Superior, como a Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade
Estadual Paulista (UEP) e o Instituto Federal do Piauí (IFPI), conforme informações obtidas
durante a análise das pesquisas encontradas.

Um dos motivos para o aumento de publicações nos anos de 2019 e 2020 pode ser
decorrente das pesquisas realizadas pelo Grupo de Pesquisa em Etno e Educação Ambiental
(GPEEA) e Projeto Sala Verde, vinculados à UFPI e ao Ministério do Meio Ambiente (MMA),
respectivamente. Por exemplo, o GPEEA começou parcerias de pesquisas com a FLONA de
Palmares em meados de 2018 e início de 2019, ano com destaque em publicações.

Na Tabela 1 é possível verificar a quantidade de estudos para cada uma das temáticas
dos estudos analisados. Cabe salientar que, para a categorização dos estudos, levou-se em
consideração somente o tema principal, assim cada pesquisa se encontra em apenas uma das
categorias. A categoria mais representativa foi “Caracterização da FLONA” na qual se ressaltam
estudos sobre fauna e flora local, tipos de solo e impactos ambientais. Destacam-se também as
pesquisas com práticas de Educação Ambiental e Trilhas Interpretativas.

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Tabela 1 - Número de estudos publicados na Floresta Nacional de Palmares agrupados por categoria.

CATEGORIAS NÚMERO DE ESTUDOS REFERÊNCIA


Lopes (2007); Macedo (2018); Macedo
et al. (2020); Ferreira (2019); Barbosa
(2015); Brandão et al. (2020); Santos et al.
(2020); Feitosa; lima (2014); Rodrigues;
Caracterização da FLONA 11
Marques; Nápolis (2019); Pereira et al.
(2020); Silva et al. (2019)

Práticas de EA 06 Rodrigues; Ferreira; Nápolis (2020); Reis;


Ferreira; Nápolis (2020); Rodrigues;
Ferreira; Nápolis (2020); Barros (2019);
Barros; Nápolis (2020)

Ferreira et al. (2020);


Trilhas Interpretativas 04 Sales et al. (2019); Silva; Nápolis; Ferreira
(2020); Feitosa et al. (2012); Feitosa;
Sousa; Alencar (2013)

Ecoturismo 01 Barros (2020)


Atividade Física em Ambiente 01 Neto; Nápolis (2019)
Natural
TOTAL 23 -
Fonte: Os autores (2021).

Caracterização da FLONA de Palmares

Os estudos que se enquadram nesta categoria estavam associados às características da


FLONA de Palmares, tais como: tipos de solos (MACEDO, 2018), vegetação (BARBOSA,
2015; BRANDÃO et al., 2020), fauna (FERREIRA, 2019; SILVA et al., 2019), flora
(SANTOS et al., 2020) e impactos ambientais (FEITOSA; LIMA, 2014; MACEDO et al.,
2020; PEREIRA et al., 2020). Macedo (2018) realizou um estudo sobre a identificação dos tipos
de solo, sua relação com as plantas e animais, além da sua importância em relação à Educação
Ambiental. Foram encontrados ao menos quatro tipos de solo: solo calcário, afloramento
rochoso, Latossolo amarelo e Latossolo vermelho-amarelo. A partir desses resultados, a autora
elaborou cartazes informativos com os tipos de solos para subsidiar atividades experimentais na
Floresta.

Barbosa (2015) realizou estudos sobre a cobertura vegetal presente na FLONA, a fim
de discutir as formas de uso e caracterizar a vegetação da área. A pesquisa se desenvolveu por
meio da abordagem geossistêmica do sistema GTP (Geossistema – Território – Paisagem) e foi
apoiada na aplicação de procedimentos indicados na proposta metodológica desse sistema. O
autor identificou a presença de espécies nativas de pelo menos três biomas brasileiros, como a

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Amazônia, Caatinga e Cerrado. Com este estudo foi possível destacar também que a UC pode
promover a construção de um banco de sementes nativas e, posteriormente, a recuperação de
áreas degradadas por meio de ações de reflorestamento.

Brandão et al. (2020) quantificaram a biomassa aérea da Floresta e a sua relação com
o NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada). Para os autores a estimativa da
biomassa é uma forma de avaliar a quantidade de material biológico de uma floresta quanto
à sua conversão de energia e ciclagem de nutrientes. Além disso, verificaram como os estudos
referentes à biomassa vegetal e à composição nutricional das plantas podem compor um
importante banco de dados para o desenvolvimento de programas de conservação.

A diversidade florística da FLONA também foi caracterizada por crianças e jovens


por meio de mapas falantes (SILVA et al., 2019). Os autores destacaram que no local é possível
encontrar caneleiro, tuturubá, imburana-de-cambão, cedro, ipê e marfim. Dados do Instituto
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para a flora da FLONA
apontam espécies de angelim (Hymenolobium sericeum Ducke), angico-branco (Albizia
niopoides Spruce ex Benth. Burkat), aroeira (Myracrodruon urundeuva Fr. Allem.) e cajazeira
(IBAMA, 2004).

Ferreira (2019) e Silva et al. (2019) buscaram caracterizar a diversidade faunística da


UC, porém os estudos estão concentrados na concepção de crianças e jovens sobre a fauna
local. Desse modo, Ferreira (2019) realizou uma pesquisa acerca da mirmecofauna da UC,
especialmente relacionada à espécie de formigas (Hymenoptera: Formicidae) com alunos do
ensino médio. De acordo com informações do IBAMA a fauna local é diversificada e, além de
insetos como as formigas, podem ser encontrados vertebrados como cutia (Dasyprocta sp.),
tatu-peba (Euphractus sexcinctus), préa (Cavia apera Erxleben), preguiça (Bradypus tridactylus),
raposa (Lycalopex vetulus) e iguana (Iguana iguana) (IBAMA, 2004).

No entorno da UC residem moradores que, majoritariamente, não reconhecem a


importância que a UC exerce sobre a região. Em questionário semiestruturado, aplicado por
Barbosa (2015) com os moradores, estes responderam sobre: (a) contribuição da implantação
da FLONA para a comunidade, (b) participação em ações ambientais na unidade e (c)
contribuições da FLONA para a conservação do meio ambiente; o autor concluiu que os saberes
locais acerca da UC são insuficientes para uma gestão participativa eficiente, pois a comunidade
é caracterizada como um povoado dormitório. Isso porque a maioria dos moradores trabalha
nas cidades vizinhas (Teresina e Altos) ou faz parte dos aposentados, o que pode gerar pouca
participação em ações socioambientais.

Com relação à gestão da UC, Lopes (2007) realizou um estudo de caso na Floresta
Nacional de Palmares. O autor investigou em documentos, órgãos públicos e entrevistas, como
a comunidade do entorno participa da gestão da UC, visto que a unidade é de uso sustentável.
O autor evidenciou a ausência de uma “zona de escape” a fim de diminuir as ações antrópicas,

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visto que o entorno da UC é ocupado por residências. O autor ressaltou a necessidade da criação
de um corredor ecológico para a manutenção da fauna, flora e revitalização de áreas degradadas.
Além disso, destacou a importância de incentivos à pesquisa, atividades de Educação Ambiental
e produção de sementes para mudas de espécies nativas.

Como as UC são locais privilegiados para atividades de Educação Ambiental,


Rodrigues, Marques e Nápolis (2019) escolheram temas importantes para planejamento de
ações práticas de Educação Ambiental. Os autores selecionaram o tema “Biodiversidade”
para estimular ações, pesquisas e desenvolvimento da biodiversidade do local. As atividades
foram: trilhas interpretativas, fauna local, flora local, relações ecológicas e bioma cerrado. Dessa
maneira, os autores destacaram que o estudo possibilitou uma análise com olhar crítico para a
elaboração de tais propostas, tendo em vista que a UC carece de ações socioambientais.

De modo similar, Santos et al. (2020) realizaram um estudo a fim de caracterizar a UC


como ambiente propício para a realização de atividades educativas por meio de aulas práticas
de campo. Os autores destacam as diferentes possibilidades de conteúdos que professores de
Ciências podem trabalhar com estudantes de diferentes idades. Para isso, eles destacaram cinco
temáticas: (a) biodiversidade, (b) ecologia, (c) meio ambiente, (d) interações ecológicas e (e)
recursos naturais. Ao sugerir estes temas, os autores afirmaram que o contato com a natureza
possibilita a aprendizagem significativa, desenvolvimento de habilidades e competências para
conceitos científicos no ensino de Ciências.

Os impactos ambientais encontrados na UC foram relatados por diferentes


pesquisadores (FEITOSA; LIMA, 2014; MACEDO et al., 2020; PEREIRA et al., 2020). O
estudo realizado por Feitosa e Lima (2014) selecionou indicadores de impactos ambientais
após diagnosticar os efeitos mais evidentes na Floresta. Os autores apresentaram impactos
de natureza física, biológica e social. Como principais exemplos, se destacaram o estado da
cobertura vegetal do solo, presença de erosão, riscos de escorregamento, presença de raízes
expostas e problemas de drenagem. A partir do método VIM (Visitor Impact Management),
eles constaram que os impactos são causados em sua maioria por aspectos físicos e biológicos.

Macedo et al. (2020) avaliaram a percepção dos moradores do povoado Soturno em


relação às questões ambientais que envolvem a FLONA, além de verificarem as atitudes dos
moradores em relação a tais questões. Pereira et al. (2020) avaliaram a percepção de alunos de
graduação sobre problemas relacionados às ações humanas. Os autores identificaram espécies
invasoras como eucalipto (Eucalyptus spp.) e mangueira (Mangifera indica), lixo ao longo das
trilhas, poluição sonora decorrente da BR-343, queimadas, áreas degradadas e erosão do solo.
Com isso, eles sugeriram o desenvolvimento contínuo de atividades de Educação Ambiental
para transformar a realidade, formando cidadãos críticos em relação ao meio em que vivem.

53
Práticas de Educação Ambiental

Os estudos agrupados nessa categoria compreendem as ações práticas realizadas na


Floresta, como: propostas de atividades (RODRIGUES; FERREIRA; NÁPOLIS, 2020),
oficinas de artesanato (PEREIRA; FERREIRA; NÁPOLIS, 2020), dinâmicas de Educação
Ambiental (BARROS, 2019; BARROS; NÁPOLIS, 2020; REIS; FERREIRA; NÁPOLIS,
2020) e mapas falantes (FERREIRA et al., 2020). Nessas atividades, o público eram crianças e
jovens que residiam no entorno da UC, nas comunidades de Soturno e Vista Alegre I. A idade
do público variou de cinco a 18 anos, entretanto mulheres acima de 30 anos de idade também
participaram das práticas de EA com artesanato (PEREIRA; FERREIRA; NÁPOLIS, 2020).

Diferentes autores buscaram sensibilizar crianças e jovens sobre a importância da


biodiversidade local por meio de dinâmicas e propostas de Educação Ambiental (BARROS,
2019; BARROS; NÁPOLIS, 2020; REIS; FERREIRA; NÁPOLIS, 2020; RODRIGUES;
FERREIRA; NÁPOLIS, 2020), adaptadas do livro de Mergulhão (2002) ou Cornell (2005).
As atividades eram ao ar livre, com harmonia e contato direto com a natureza, incentivando
os participantes a aguçar os sentidos (visão, tato e audição), as percepções com o ambiente, as
assimilações e os saberes que eles possuíam sobre o local. As práticas realizadas estão sumarizadas
na Tabela 2.

Tabela 2 - Atividades práticas de Educação Ambiental sobre a fauna e flora da FLONA de Palmares.
DINÂMICA OBJETIVOS REFERÊNCIA

Rastros, objetos e regurgitos Identificar pegadas ou vestígios Reis; Ferreira; Nápolis (2020)
deixados por animais que habitam na
FLONA Palmares.

Imagem em ação Investigar o conhecimento da fauna Reis; Ferreira; Nápolis (2020)


local.

Mimetismo Identificar o conhecimento a respeito Reis; Ferreira; Nápolis (2020)


do termo mimetismo.

Quem não se comunica, se Analisar o conhecimento local e


trumbica trabalhar os sentidos, principalmente a
audição. Reis; Ferreira; Nápolis (2020)

Analisando a minha trilha Proporcionar aos participantes a Reis; Ferreira; Nápolis (2020)
sensação de serem pesquisadores,
despertando os sentidos investigativos.

Registrar o conhecimento prévio dos


participantes sobre animais da Floresta.
Jogo da Teia Alimentar Reis; Ferreira; Nápolis (2020)

Caixa surpresa Sensibilizar sobre os impactos Reis; Ferreira; Nápolis (2020)


ambientais causados pelo ser humano.

Que animal sou eu? Conhecer a diversidade da fauna Rodrigues; Ferreira, Nápolis
presente na FLONA Palmares. (2020)

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DINÂMICA OBJETIVOS REFERÊNCIA

Animais!Animais! Identificar os diferentes animais Rodrigues; Ferreira, Nápolis


presentes na FLONA Palmares. (2020)

Coleção de folhas Conhecer a diversidade florística Rodrigues; Ferreira, Nápolis


presente na FLONA Palmares. (2020)

Reconhecer as diferentes características


e importância das folhas para a
Reconhecendo sua folha manutenção do equilíbrio da FLONA Rodrigues; Ferreira, Nápolis
Palmares. (2020)

Encontre a árvore Vivenciar experiências com flora nativa. Barros (2019)

Predador e presa Vivenciar experiências com os animais Barros (2019)


da FLONA Palmares.

Trilha cega Vivenciar experiências com a natureza. Barros (2019)

Duplicação Vivenciar experiências com a natureza. Barros (2019)

Mapas falantes Representar a fauna, flora e dimensões Ferreira (2020)


espaciais da FLONA Palmares.
Fonte: Os autores (2021).

Durante as atividades listadas, as crianças compartilharam experiências factuais,


integrando-as aos elementos lúdicos presentes no momento da dramatização. Guerra (2012)
relata que ao trabalhar com atividades lúdicas e participativas, a dramatização realizada por
estudantes propicia um momento para que compartilhem suas opiniões, experiências e
comportamentos.

A FLONA de Palmares é um local propício para práticas de Educação Ambiental


(EA), devido sua diversidade faunística e florística. Entende-se, também, a importância que
ela exerce sobre as crianças no processo de formação crítico da Educação Ambiental. Nesse
sentido, foi proposta a elaboração de mapas falantes como recurso metodológico para despertar
sentidos (memória, criatividade e localização) (FERREIRA et al., 2020). Com a produção dos
mapas falantes, os pesquisadores evidenciaram os conhecimentos das crianças e jovens com
relação à dimensão espacial, repartições, trilhas e elementos da fauna e flora.

Com relação à prática do artesanato, Pereira, Ferreira e Nápolis (2020) procuraram


mostrar que materiais descartados na natureza podem ser transformados em artesanato,
gerando, inclusive, emprego e renda, além de contribuir com a sustentabilidade local. Esse
tipo de artesanato foi direcionado ao reaproveitamento e aproveitamento de materiais
(como galhos, sementes, cipó de árvores) presentes na flora nativa da UC. As pesquisadoras
desenvolveram oficinas práticas e teóricas sobre EA e resíduos sólidos. De modo similar, Barros
(2019) elaborou e aplicou oficinas que levassem os participantes a adotar uma visão positiva em
relação às possibilidades de uso de materiais naturais.

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Trilhas Interpretativas

Nessa categoria estavam os estudos relacionados às trilhas ecológicas, pontos


interpretativos, georreferenciamento das trilhas e Interpretação Ambiental da UC.
Exemplificando, Sales et al. (2019) identificaram 11 Pontos Interpretativos no percurso de
duas trilhas (Trilha Aroeira e Caneleiro) e demonstram aspectos físicos e biológicos dos lugares.
Isso é particularmente importante, pois tornaram perceptível aos visitantes a importância da
conservação da fauna e flora presentes, assim como das possibilidades de se trabalhar práticas
de Educação Ambiental dentro desta UC. Segundo os autores, atividades de campo em trilhas
interpretativas podem sensibilizar seres humanos, contribuindo para mudanças de atitudes.

Silva, Nápolis e Ferreira (2020) realizaram o levantamento e caracterização de trilhas a


partir do Método Indicador de Atividades de Pontos Interpretativos (IAPI). As pesquisadoras
avaliaram sete trilhas da UC (Trilha Ipê, Trilha do Cedro, Trilha Tuturubá, Trilha Babaçu,
Trilha Jatobá, Trilha Aroeira, Trilhas LTS – Linha de transmissão). Nessas trilhas, é possível
trabalhar fauna e flora, Educação Ambiental, Ecologia, discutir a relação do ser humano com
a natureza entre outros temas. Para as autoras, as trilhas ecológicas quando bem interpretadas
oferecem diferentes abordagens pedagógicas para o ensino ambiental, além de enriquecerem
a construção de conhecimentos por meio de vivências. Além disso, as trilhas interpretativas
demonstram um potencial transformador na aprendizagem, em que os visitantes se sentem
motivados a desempenharem novas atitudes perante a conservação da natureza.

De modo similar, Feitosa, Sousa e Alencar (2013) verificaram que as trilhas ecológicas
da FLONA podem ser utilizadas como instrumento de educação e sensibilização ambiental.
Foram utilizadas como objeto de estudo três trilhas da UC: Trilha Principal, Trilha da Aroeira e
a Trilha do Cedro. De acordo com os autores, as trilhas apresentaram resultados satisfatórios em
relação à descrição física e aos Índices de Atratividade, pois detém de estrutura física e ecológica
apropriada à recepção de frequentadores. As trilhas em estudo possuíam características
biofísicas e paisagísticas distintas e com atratividade para variados públicos.

Feitosa et al. (2012) investigaram a possibilidade do uso de Sistemas de Informação


Geográfica (SIG) para mapear e caracterizar pontos para o georreferenciamento de trilhas. Este
processo permite a integração e análise de dados de diversas fontes, assim como automatizar
a produção de documentos cartográficos por meio da criação de um banco de dados
georreferenciado (INPE, 2000). Com isto, as quatro mais visitadas foram georreferenciadas:
Trilha Principal, Trilha Cedro, Trilha Aroeira e Trilha Caneleiro. Os autores destacaram os
graus de dificuldade das trilhas, sendo classificadas em categorias leve, moderada e alta. Segundo
eles a implantação de trilhas é importante a uma UC aberta à visitação, já que são o único
mecanismo de visitação no interior da reserva.

56
Ecoturismo

De acordo com Ferreira (2020), o ecoturismo na FLONA de Palmares é administrado


por sua equipe, composta por dois servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio), duas estagiárias, oito vigilantes, 10 condutores de visitantes e 16
conselheiros, juntamente com a integração da comunidade local. Na categoria Ecoturismo foi
encontrado apenas o estudo de Barros (2020) sobre o tema.

Para a identificação das dificuldades para a possível implementação do ecoturismo


na FLONA de Palmares, Barros (2020) utilizou uma Matriz SWOT (Strengths, Weaknesses,
Opportunities e Threats). Assim, este percebeu a falta de estrutura física como um dos
principais empecilhos para receber visitantes de diferentes perfis. Por outro lado, verificou
que a UC tem potencial para o desenvolvimento de atividades relacionadas ao ecoturismo,
principalmente devido à sua biodiversidade. No entanto, o pesquisador destaca a falta de um
plano de manejo como um dos fatores limitantes. Isso porque o plano de manejo adota uma
visão multidisciplinar em relação à UC, considerando as suas particularidades e possibilidades.

Atividade Física em Ambiente Natural

Nesta categoria, apenas o estudo de Andrade-Neto e Nápolis (2019) aborda a temática.


Os pesquisadores buscaram investigar o estado físico-emocional e os níveis de ansiedade pré-
competitiva em relação ao desempenho durante uma aula de Krav Maga com crianças do
Projeto Socioeducativo Ambiental Palmares. Eles identificaram três tipos de estado: Ansiedade
Cognitiva, Ansiedade Somática e Autoconfiança.

Os autores demonstraram que o nível de ansiedade mais alto é sentido por crianças do
que em adultos, pois nesta faixa de idade eles não apresentam estabilidade emocional suficiente
para iniciar uma atividade nova devido à pouca experiência que eles possuem. Louv (2009)
explica que o contato com a natureza influencia positivamente no bem-estar do ser humano,
sendo essa conexão parte importante no aprendizado. Andrade-Neto e Nápolis (2019, p. 195)
sugerem que “a implantação de atividades físicas em ambientes naturais demonstra como
os estados de ansiedade e autoconfiança podem afetar o rendimento físico de acordo com o
ambiente no qual a pessoa está inserida”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir desse levantamento, foi possível verificar a importância de pesquisas em


Unidades de Conservação, assim como a participação da comunidade local e os diferentes tipos
de metodologias utilizados na aplicação dos estudos. Vale ressaltar o papel que as UC exercem
para a sociedade (seja ela como espaço de convivência ou conservação da fauna e flora local) e
fins científicos (como o desenvolvimento de pesquisas e manutenção do ecossistema).

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Apesar de a Floresta Nacional de Palmares possibilitar o desenvolvimento de atividades
em diferentes áreas do conhecimento, os pesquisadores devem estar cientes das dificuldades
que encontrarão ao realizar suas pesquisas, tais como: a falta de uma estrutura física e funcional
adequada; segurança pública, uma vez que o local faz divisa com a cadeia pública de Altos;
pouca divulgação nos meios de comunicação e sinalização até o local.

Com relação à limitação da pesquisa, destacam-se os estudos concluídos e não


publicados ou divulgados em eventos nos quais não disponibilizam anais científicos, o que
pode contribuir para subamostragem de dados sobre as pesquisas na UC. Ressalta-se que
embora a FLONA de Palmares seja comumente procurada por diferentes Instituições de
Ensino Superior para atividades de campo, ela necessita de mais estudos, principalmente de
levantamentos faunísticos, florísticos e sobre Ecoturismo.

REFERÊNCIAS
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aula de Krav maga para alunos do projeto socioeducativo ambiental. In: VI Congresso
Nacional de Unidades de Conservação, Parnaíba. Anais... Parnaíba: UFDPar, 2019. p. 191-
196.
BARBOSA, L. G. Análise de sistemas em biogeografia: estudo diagnóstico da
cobertura vegetal da Floresta Nacional de Palmares, Altos, Piauí/Brasil. 184 f.
Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Ciências e Tecnologia. Presidente Prudente, p. 179, 2015.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011, 229p.
BARROS, I, A. Diagnóstico Ambiental para a Implementação do ecoturismo na Unidade
de Conservação FLONA de Palmares. In: NÁPOLIS, P. M. M.; FERREIRA, L. S. S (org.).
Ensino Pesquisa Extensão em Educação Ambiental na Unidade de Conservação
FLONA Palmares – Piauí. Teresina: PM Editora, 2020. p. 195-223.
BARROS, I. A. Interação entre a comunidade do entorno com a Floresta Nacional
de Palmares: uma proposta de manutenção da cultura e conservação da natureza.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências da Natureza) – Centro de
Ciências da Natureza, Universidade Federal do Piauí. Teresina, p. 67, 2019.
BARROS, I. A.; NÁPOLIS, P. M. M. Vivencias com a natureza: Atividades de educação
Ambiental em unidade de conservação. In: NÁPOLIS, P. M. M.; FERREIRA, L. S. S (org.).
Ensino Pesquisa Extensão em Educação Ambiental na Unidade de Conservação
FLONA Palmares – Piauí. Teresina: PM Editora, 2020. p. 11-36.
BRANDÃO, M. L. S. M. et al. Biomassa aérea e NDVI em zona ecotonal cerrado-caatinga da
Flona de Palmares, Altos, Piauí, Brasil. Revista Ibero Americana de Ciências Ambientais,
v. 11, n. 5, p. 463-470, 2020.
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61
Capítulo

4
POLÍTICAS PÚBLICAS DE ECOTURISMO NA ÁREA DE
PROTEÇÃO AMBIENTAL DO DELTA DO PARNAÍBA, PIAUÍ,
BRASIL
Antonia Leticia de Araujo Silva
Brenda Helena Souza Costa
Solano de Souza Braga

INTRODUÇÃO

O capítulo sobre Políticas Públicas de ecoturismo na Unidade de Conservação (UC)


na Área de Proteção Ambiental (APA) do Delta do Parnaíba, pretende trazer questionamentos
sobre o uso sustentável da região pelo turismo e objetiva refletir sobre o impacto e a existência
de políticas públicas voltadas para o ecoturismo na APA do Delta do Parnaíba, Piauí. A
pesquisa se justifica como forma de ampliar o conhecimento sobre as vertentes políticas
públicas e ecoturismo, e indagar a importância da existência de políticas públicas voltadas para
a realização do ecoturismo em áreas protegidas.

O Brasil é um país rico em recursos naturais, o que propicia o desenvolvimento de


várias atividades voltadas ao turismo. Um dos segmentos do turismo que mais se beneficia
desses recursos é o ecoturismo. O Ministério do Turismo estima que 16,3% dos visitantes
internacionais que estiveram a lazer no Brasil em 2018 foram motivados por natureza,
ecoturismo ou aventura, o que representa um total de 1.079.284 de turistas estrangeiros
(MTUR, 2018). Além de contribuir para a conservação da natureza e para a sensibilização
da sociedade em relação ao meio ambiente, o ecoturismo também vem contribuindo para o

62
desenvolvimento da economia nacional (ICMBIO, 2020).

Discorreremos ao longo do texto sobre como o ecoturismo é um segmento do turismo


que tem como premissa a geração de incremento na economia local de forma sustentável; no
entanto, é necessário a efetivação, monitoramento e avaliação das políticas públicas voltadas para
o desenvolvimento sustentável da atividade nas regiões onde o segmento está se desenvolvendo.
Isto deve ocorrer para que os impactos positivos do ecoturismo se sobressaiam sobre os impactos
negativos. Essa é a grande diferença entre o ecoturismo e o turismo convencional e de massa
que possuem uma visão mais economicista.

Dessa forma, o planejamento de unidades de conservação onde o ecoturismo é


praticado se torna necessário para que se cumpram os objetivos da criação dessas áreas de
proteção ambiental. O ecoturismo pode contribuir para a implementação, manutenção e gestão
dessas UCs, sendo ainda mais necessário em unidades de conservação de uso sustentável, por se
tratar de áreas em que há a utilização dos recursos naturais (BRASIL, 2000).
Nesse contexto, a APA do Delta do Parnaíba foi escolhida como área de estudo por
se tratar de uma região rica em biodiversidade e com predominância da atividade turística.
Ressalta-se que o contato humano e a realização de um turismo de massa e desordenado
em ambientes frágeis é capaz de provocar inúmeros impactos que ocasionam mudanças na
paisagem, perda ou afastamento da biodiversidade e danos aos recursos naturais trazendo
riscos para as comunidades locais. A partir desse contexto, a presente pesquisa aborda o uso
sustentável da APA pelo turismo e objetiva apresentar e discutir os impactos e a existência de
políticas públicas voltadas para o ecoturismo na APA do Delta do Parnaíba, Piauí.

Assim, a pesquisa se justifica como forma de ampliar o conhecimento sobre as


vertentes políticas públicas e ecoturismo, e qual a importância da existência dessas mesmas
políticas voltadas para a realização do ecoturismo em áreas protegidas. Por conseguinte, almeja-
se que o tema contribua não somente para o enriquecimento do conhecimento das políticas
públicas de ecoturismo bem como de apontar possíveis reflexões sobre a importância da gestão
dessas políticas como método de desenvolvimento do turismo sustentável e ordenado.

A área de estudo trata-se de uma Área de Proteção Ambiental, termo que geralmente
é utilizado para designar áreas extensas, com um certo grau de ocupação humana, dotada de
atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade
de vida e bem-estar das populações humanas. E que tem como objetivos básicos proteger a
diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso
dos recursos naturais (BRASIL, 2000). As APAs podem ser estabelecidas em áreas de domínio
público ou privado, pela União, estados ou municípios, não sendo necessária a desapropriação
das terras. Entretanto, as atividades e usos estão sujeitos a disciplinamentos específicos
(FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2014).

63
Ecoturismo: Aspectos históricos e conceituais

No Brasil, os primeiros estudos sobre ecoturismo remetem à década de 1980, quando


o Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR) encabeçou o projeto Turismo Ecológico
(FONSECA, 2013). O termo Ecoturismo foi introduzido no Brasil, seguindo a tendência
mundial de valorização do meio ambiente crescente desde a década de 1970 (BRASIL, 2010).
Dois anos depois cria-se a Comissão Técnica Nacional constituída conjuntamente com o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), nesse
momento ocorreu uma primeira iniciativa direcionada a ordenar o segmento de ecoturismo no
Brasil (BRASIL, 2010).

Já em 1992, na cidade do Rio de Janeiro/RJ, foi realizada a Conferência das Nações


Unidas para o Meio Ambiente-ECO 92, em que esse tipo de turismo ganhou visibilidade
e impulsionou um mercado com tendência de franco crescimento, propondo diretrizes e
tratados com aplicação de âmbito mundial, a partir da aceitação ou consignação de cada nação
(BRASIL, 2010). Deste modo, um dos primeiros conceitos a definir o ecoturismo foi criado
por Ceballos-Lascuráin, que popularizou o termo ecoturismo:

Ecoturismo ou turismo ecológico consiste em viagens


ambientalmente responsáveis com visitas a áreas naturais
relativamente sem distúrbios, para desfrutar e apreciar a natureza-
juntamente com as manifestações culturais do passado ou do
presente que possam existir, e que ao mesmo tempo promove
a conservação, proporciona baixo impacto pelos visitantes e
contribui positivamente ao envolvimento sócio-econômico ativo
das populações locais (CEBALLOS-LASCURAIN, 1991).

No Brasil o conceito começou a ser utilizado em 1994, com a publicação das Diretrizes
para uma Política Nacional de Ecoturismo pela EMBRATUR e Ministério do Meio Ambiente.
Já a Sociedade Internacional de Ecoturismo (TIES, 2015) declara que o ecoturismo é definido
como viagens responsáveis a áreas naturais que preservam o meio ambiente, sustentam o bem-
estar da população local e envolvem interpretação e educação.

Segundo Irving (2004), existem três fases de desenvolvimento do ecoturismo no


Brasil. A primeira fase se estabelece no ano de 1985, com o lançamento do programa “Turismo
Ecológico: Conhecer para Preservar”, num período em que as políticas públicas estavam em
um estágio embrionário, e as práticas de ecoturismo eram pouco sustentáveis. No segundo
momento, o ecoturismo ganha espaço com a Rio-92. Nessa fase, porém, o ecoturismo limita-
se a iniciativas isoladas de turismo de aventura ou de construção de eco-lodges. Poucas foram as
iniciativas, no cenário nacional, capazes de mobilizar o setor de maneira integrada e estratégica.

No terceiro momento, iniciado em 1994 com o lançamento das Diretrizes para uma

64
Política Nacional de Ecoturismo, há a consolidação das bases conceituais e operacionais que
passam a orientar as políticas para o setor. Inicia-se um diálogo interinstitucional, e definem-
se as ações prioritárias voltadas para as populações locais, regulamentação do ecoturismo,
fortalecimento e interação interinstitucional, formação e capacitação de recursos humanos,
controle de qualidade do produto ecoturístico, implantação e adequação de infraestrutura e
conscientização e informação do turista.

Deste modo, considera-se que o estabelecimento de um recorte conceitual diante


da amplitude de interações Meio Ambiente e Turismo é primordial para o direcionamento
das políticas públicas integradas entre os dois setores. A análise do que se compreende como
ecoturismo e seu desenvolvimento teórico e prático ao longo da última década permite tecer
considerações fundamentadas em aspectos que se referem à natureza da atividade turística,
à sustentabilidade, ao território e à motivação do turista (BRASIL, 2006). Adota-se como
parâmetro das políticas públicas o seguinte conceito de ecoturismo pelo Ministério do
Turismo do Brasil, “é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o
patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência
ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações”
(BRASIL, 2006, p. 8).

Ecoturismo em Unidades de Conservação

As unidades de conservação, como são designadas no Brasil, são espaços legalmente


instituídos com o objetivo de proteger a natureza, seja do ponto de vista da preservação da
biodiversidade e das belezas paisagísticas ou da utilização sustentada dos ecossistemas e seus
recursos naturais (CAVALCANTE; FURTADO, 2011). Dentro dessa perspectiva, a criação
das unidades de conservação acaba se tornando uma ferramenta para a conservação de áreas
ecologicamente relevantes que buscam manter a diversidade biológica destes ambientes, sendo
que para seu estabelecimento as mesmas passam por estudos técnicos e consulta pública com o
objetivo de delimitar a área com potencial ecológico.
Algumas medidas são adotadas durante e após a criação destas áreas, de acordo
com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade: a elaboração de um Plano
de Manejo; a contratação de consultores para a realização de pesquisas complementares e
sistematização de informações complementares sobre o local; o diagnóstico da conservação
local; as oficinas participativas e a formação de conselhos; as propostas de zoneamento e
programa de gestão; e as ações de fiscalização e monitoramento da área (ICMBIO, 2012).
Tais medidas servem para amenizar os possíveis problemas que possam surgir na gestão
dessas unidades.

No Brasil, as áreas protegidas são regidas pela Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho
de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC

65
(BRASIL, 2000; 2002). O objetivo dessa Lei foi consolidar todos os atos normativos referentes
às UCs que já existiam no Brasil, bem como normatizar a gestão e o manejo das Unidades de
Conservação do país (SÃO PAULO, 2009).

O Ministério do Meio Ambiente do Brasil considera uma unidade de conservação


como o conjunto dos recursos ambientais de um território delimitado, “incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder
Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração,
ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção” (BRASIL, 2000).

De acordo com Machado (2005, p. 22) as UCs são a principal matéria-prima para
o ecoturismo, “pela proteção a obras superiores da natureza, o que se refletirá em benefícios
para toda a sociedade e o próprio ambiente natural”. Faria (1997) complementa dizendo
que as unidades de conservação podem ser consideradas como componentes essenciais para
a conservação da biodiversidade, desde que a gestão seja comprometida com os objetivos
previstos pelo SNUC.
Sendo assim, o ecoturismo depende basicamente desses recursos naturais conservados,
uma vez que essas áreas protegidas acabam se tornando destinos favoritos para a prática da
atividade. Entretanto, se não houver uma gestão efetiva, pode haver a utilização de maneira
descontrolada podendo causar danos ambientais irreversíveis a essas áreas de conservação.
Dessa forma, os princípios e os critérios para o desenvolvimento do segmento devem considerar
a gestão socioambiental dos recursos naturais, para que os impactos positivos do ecoturismo
sejam maximizados, e os negativos sejam minimizados na esfera ambiental, social e econômica
(BRASIL, 2010), em especial ao turismo desenvolvido em áreas naturais como as unidades de
conservação.

Entende-se que ecoturismo é um segmento do turismo que busca a integração entre


conservação, comunidades e viagens sustentáveis. Isso significa que aqueles que implementam,
participam e comercializam atividades de ecoturismo devem adotar os princípios de ecoturismo
estabelecidos pela sociedade internacional de ecoturismo (TIES, 2019), os quais dizem respeito a:
minimização dos impactos físicos, sociais, comportamentais e psicológicos; a criação de consciência
e respeito ambiental e cultural; o oferecimento de experiências positivas para visitantes e anfitriões; a
geração de benefícios financeiros diretos para a conservação; a geração de benefícios financeiros para
a população local e para a indústria privada; a oferta de experiências interpretativas memoráveis aos
visitantes que ajudam a aumentar a sensibilidade para os climas político, ambiental e social dos países
anfitriões; projeto, implantação e operacionalização de equipamentos turísticos de baixo impacto; e
o reconhecimento dos direitos e das crenças espirituais dos povos indígenas (e demais comunidades
tradicionais) e trabalhar em parceria com eles para criar empoderamento.

Entretanto, o conceito de ecoturismo é um dos que mais suscita discussões no


turismo, pois, desde a sua concepção, teve grande variação de significados e aplicabilidade

66
controversa, permitindo que muitas atividades turísticas não sustentáveis pudessem ser por ele
abarcadas (HINTZE, 2009). Para que o ecoturismo não perca suas bases conceituais e passe a
ser utilizado apenas como uma “rotulagem” no desenvolvimento de um turismo desordenado,
é necessário que haja políticas públicas de ecoturismo efetivas.

Políticas Públicas de ecoturismo em Unidades de Conservação

Segundo Secchi (2010), qualquer definição de política pública é arbitrária, pois


não existe consenso na literatura especializada sobre questionamentos básicos. Revelando
assim que são várias as discussões sobre o tema. Para Philippi-Jr e Maglio (2005) política é a
definição de objetivos e princípios, articulados e integrados, que orienta a ação concreta por
meio de programas, leis, regulamentos e decisões, e dos métodos a serem utilizados para sua
implementação por parte de um governo, instituição ou grupo social. E para a efetividade desta
definição, é indispensável consolidar uma interação entre formuladores, operacionalizadores e
o público alvo para a obtenção do êxito da política (HOOPE; GRAAF; DIJK, 1985).

Em complemento a essa perspectiva, Weber (1988) menciona que “Política significa a


elevação para participação no (poder) ou para a (influência) na sua repartição, seja entre estados,
seja no interior de um estado, entre os grupos humanos que nele existem”. É importante
ressaltar que toda política para ser pública deve levar em conta os resultados e benefícios a
quem se destina sendo essencial para a construção dessa política o debate público. Sob este
prisma compreende-se que as políticas públicas são um plano de ações, vinculadas a grupos
interessados para a gestão de temas específicos para solucionar determinados problemas que
norteiam a sociedade por meio da formalização e materialização dessas ações. Sendo que as
políticas públicas, após seu desempenho e formulação, materializam-se em planos, programas e
projetos e que estes ficam sujeitos a sistemas de acompanhamento e avaliação (SOUZA, 2007).

Tratando-se de políticas territoriais, Milaré (2000) inclui uma postura de que a


orientação das políticas públicas seja dada pela intervenção federal ao tratamento da legislação
às áreas de proteção, sendo que o meio ambiente deve ser prioridade em todos os aspectos que
envolvem a formulação dessas orientações. E com a crescente preocupação ambiental, a atividade
turística passa a ser um promotor de desenvolvimento sustentável aliado ao econômico, no
qual as políticas públicas de turismo acabam se destacando por entender a importância da
preservação ambiental.

As políticas públicas de turismo no Brasil norteiam-se pelos princípios da


sustentabilidade, fundamentadas na Constituição Brasileira, que reserva a todos o direito ao
meio ambiente, impondo ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
às futuras gerações (BRASIL, 1988). Incumbe, também ao poder público, a responsabilidade
de estabelecer instrumentos legais para a proteção e conservação dos recursos naturais e o seu
uso racional (BRASIL, 2010). Diante da existência dessas políticas públicas destinadas ao

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turismo que inclui princípios de sustentabilidade nota-se que esses fundamentos de preservação
acabam se constituindo como um precursor para o avanço para ampliação e criação de políticas
públicas destinadas à valorização da natureza do país.

No Brasil as políticas públicas relativas ao ecoturismo são entendidas como um


conjunto de ações e práticas tomadas com o intuito de compatibilizar as atividades realizadas
com a conservação e educação ambiental. Sendo que dentre essas políticas destinadas às unidades
de conservação, o SNUC se destaca por ser um conjunto de normas e procedimentos oficiais
que visam a preservação da biodiversidade. O SNUC estabelece normas que possibilitam a
criação, implantação e gestão de UCs por parte das esferas governamentais, federal, municipal
e iniciativa privada do país.

Já a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) objetiva a compatibilização


do desenvolvimento econômico social com a preservação da qualidade do meio ambiente e
do equilíbrio ecológico e tem como um dos seus princípios a racionalização do uso do solo
(BRASIL, 1981). Desta forma, ao se somar a regulamentações presentes na constituição,
o Código Florestal (‎Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012), o Código de Caça e Proteção à
Fauna (Lei n° 5.197, de 3 de janeiro de 1967), a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605, de 12
de fevereiro de 1998), Lei de Terras Indígenas (Decreto 1775 de janeiro de 1996) e outras, a
PNMA é a política que se destaca nacionalmente por regulamentar as atividades que envolvem
áreas ambientais com o intuito de preservá-las, recuperá-las e trazer melhorias na qualidade
ambiental e desenvolvimento socioeconômico para as mesmas.

PROCESSOS METODOLÓGICOS

O artigo trata-se de uma pesquisa exploratória e bibliográfica. É exploratória


pois busca identificar por meio do levantamento de informações o conhecimento acerca da
existência de políticas públicas de ecoturismo na APA do Delta do Parnaíba, e bibliográfica
porque realizou-se uma análise do Plano de Manejo da APA e artigos sobre o tema. Como
forma de abordagem do tema utilizou-se um estudo de caso com tratamento qualitativo das
informações coletadas, já que a pesquisa não se preocupa com representatividade numérica,
mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização etc
(GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

Também foi utilizado o método snowball, que é uma técnica utilizada em pesquisas
sociais onde os participantes iniciais de um estudo indicam novos participantes, que por sua
vez indicam novos participantes e assim sucessivamente, até que seja alcançado o objetivo
proposto. Desse modo, o ponto de saturação é atingido quando os novos entrevistados passam
a repetir os conteúdos já obtidos em entrevistas anteriores (BALDIN; MUNHOZ, 2011).

Essa técnica consiste em pedir que a pessoa entrevistada indique outros indivíduos
que participaram da elaboração e/ou tinham pesquisas relacionadas ao Plano de Manejo da

68
APA Delta do Parnaíba, dessa forma possuam o perfil da pesquisa. Esse processo continua até
que as métricas estabelecidas antecipadamente para a coleta de dados, como prazo de coleta
ou quantidade máxima de entrevistados, sejam atingidas, ou para a ocorrência de saturação
teórica, isto é, quando não surgiram novas informações nos dados coletados (GLASER;
STRAUSS, 2006).

Inicialmente o método foi utilizado quando uma ex-estagiária do ICMBio foi


contatado, que não pode participar da pesquisa, mas indicou um membro associado da
Organização Não Governamental (ONG) Ilha Ativa (CIA) APA; este por sua vez indicou
um Gestor da APA Delta do Parnaíba e um Analista Ambiental da APA Delta; ambos não
possuíam disponibilidade para participar da pesquisa, no entanto, indicaram um quarto nome
que não retornou ao e-mail enviado. Prosseguiu-se então a pesquisa apenas com o associado da
ONG CIA. Por meio do método snowball foi definido um entrevistado.

Para aprofundamentos das bases conceituais e revisão teórica foi utilizada a pesquisa
bibliográfica de temas que tenham como foco de discussão e problemática: o turismo, o
ecoturismo e as políticas públicas de ecoturismo; e como esses elementos estão presentes, ou
não, no Plano de Manejo da APA Delta do Parnaíba. Foi escolhido como fonte de coleta de
dados a entrevista estruturada realizada com o associado da CIA, uma ONG que atua na APA
do Delta do Parnaíba com a finalidade de propor, coordenar, organizar e executar ações que
fomentem a melhoria das condições sociais, econômicas, culturais e ambientais da população
local.

A entrevista estruturada possuía sete perguntas abertas e previamente estabelecidas.


Sendo elas: Qual a opinião do entrevistado sobre quais os impactos que o turismo causa na
APA? Você considera que o turismo praticado na APA pode ser considerado ecoturismo?
Como o entrevistado classifica as atividades de ecoturismo na APA do Delta do Parnaíba? O
entrevistado também foi questionado sobre a existência de políticas públicas de ecoturismo na
APA do Delta do Parnaíba e, posteriormente, se no caso de elaboração de políticas públicas para
o ecoturismo na APA Delta do Parnaíba, haveria a participação dos atores sociais/população
que vivem nesta UC.

Também foi solicitado ao entrevistado o seu ponto de vista sobre a importância do


Plano de Manejo para a APA e, por fim, quais seriam os resultados/ benefícios da aprovação
do Plano de Manejo APA Delta do Parnaíba e como eles impactam na atividade turística.
A escolha das perguntas com respostas abertas se deu pelo fato de elas proporcionarem ao
pesquisador a oportunidade de obter conhecimento sobre a opinião dos entrevistados sobre o
tema em estudo, o que proporciona a análise detalhada dessas opiniões.

69
Caracterização da área de estudo

A APA do Delta do Parnaíba é uma Unidade de Conservação Federal que foi


criada a partir do Decreto Federal s/n de 28 de agosto de 1996; abrange áreas dos estados do
Maranhão, Piauí e Ceará (Figura 1), num total de 309.594 hectares, percorrendo área de 2.700
km², incluindo área marítima. Tem como objetivos a garantia da proteção dos deltas dos rios
Parnaíba, Timonha e Ubatuba, com sua fauna, flora e complexo dunar, dos remanescentes
de mata aluvial e dos recursos hídricos, possibilitando a melhoria da qualidade de vida das
populações residentes, mediante a orientação e disciplina das atividades econômicas locais
(ICMBIO, 2020).

Figura 1 - APA Delta do Parnaíba e UCs do entorno. Fonte: ICMBio (2021)

A APA engloba os municípios de Barroquinha e Chaval, no estado do Ceará; Cajueiro


da Praia, Luís Correia, Parnaíba e Ilha Grande, no Piauí; e de Araioses, Água Doce, Tutóia
e Paulino Neves, no estado do Maranhão (BRASIL, 2020) e é administrada pelo ICMBio,
estando dentro da categoria de Unidade de Conservação de Uso Sustentável. As áreas que
fazem parte da APA Delta do Parnaíba são constituídas por biomas característicos da região
como a caatinga, cerrado e ambientes costeiros e marinhos, formando uma região dotada de
ecossistemas únicos onde essas áreas geralmente abrigam moradores que vivem nos municípios
e nas regiões ribeirinhas que compreende a APA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Plano de Manejo da APA Delta do Parnaíba

Dois anos após a sua criação, em 1998, a APA passou a contar com um plano de gestão
e diagnóstico geoambiental e socioeconômico. Todavia, este documento não chegou a propor

70
um zoneamento e normas para a UC, apenas diretrizes gerais de gestão. Desde a criação da
unidade houve iniciativas para que se fosse construído o Plano de Manejo da APA, no entanto,
sem sucesso, sendo que apenas anos depois foram disponibilizados recursos de compensação
ambiental advindos de um parque eólico que se localiza na região, que possibilitou a construção
do Plano de Manejo.

Foi por meio da Portaria nº 827, de 05 de agosto de 2020, que foi publicada a aprovação
do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba. Neste mesmo ano a
APA completou 24 anos de existência e com a atividade turística já sendo realizada nesta UC.
Para Leuzing (2010) o que acontece, no entanto, é que muitas das vezes a visitação é instituída
antes do Plano de Manejo, por ser um documento que envolve pesquisa detalhada da região e
alto custo. Dessa forma evidencia-se que a APA Delta do Parnaíba ficou isenta por alguns anos
de um instrumento que auxiliasse no planejamento e na gestão desta unidade de conservação.

Sobre o conteúdo dos planos de manejo, conforme destaca Milano (1993, p. 2),
ele possui as diretrizes (orientações e informações) “para o adequado desenvolvimento de
atividades e ações necessárias para atingir os objetivos específicos de uma determinada área
protegida, constituindo-se no documento que orientará o diretor da Unidade de Conservação
(UC) em seus trabalhos de administração”.

Desse modo, levanta-se a problemática de que demorou 24 anos para a criação do


Plano de Manejo da APA Delta do Parnaíba. Todavia, o SNUC prevê, em seu Art. 27, que
as unidades de conservação devem dispor de um Plano de Manejo e que o mesmo deve ser
elaborado no prazo de cinco anos a partir da data de sua criação (BRASIL, 2000).

O Plano de Manejo destaca o turismo como um dos Recursos e Valores Fundamentais


(RVF), considerando-o como uma das principais atividades desenvolvidos na APA, ou seja,
aponta o turismo como setor que possibilita o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento
econômico, com o incremento da renda das comunidades locais, turismo de base comunitária,
experiências de visitação de qualidade, valorização dos patrimônios culturais e ambientais. O
turismo é, assim, apontado como uma atividade importante dentro da APA (ICMBIO, 2020).

Ressalta-se que no Plano o turismo é citado como promotor de desenvolvimento tanto


econômico como sustentável. Porém, quando apresentado na análise dos RVF, uma avaliação
do contexto da UC que identifica as condições, tendências e ameaças aos recursos e valores
fundamentais, identifica-se pontos de contradição em relação ao exposto anteriormente. Isto
porque o quadro de análise dos RVF aponta ameaças como: o turismo desordenado, o uso
inadequado dos espaços, a ausência da gestão pública, baixa participação das comunidades na
atividade de turismo entre outros pontos, os quais estão destacados no Quadro 1.

71
Quadro 1 - Ameaças (Análise dos Recursos e Valores Fundamentais - Plano de Manejo APA Delta do Parnaíba)

● Turismo desordenado; ● Assoreamento dos rios;

● Ausência da gestão pública; ● Excesso de embarcações;

● Uso inadequado dos espaços; ● Mão de obra desqualificada;

● Pouca infraestrutura turística; ● Interferência nos habitats naturais;

● Descaracterização do atrativo e sobrecarga; ● Especulação imobiliária;

● Resíduos sólidos e dejetos; ● Inexistência de dados de pesquisa científica.


● Implantação de parques eólicos para geração de
energia eólica em áreas de interesse turístico;

● Ausência de valorização de conservação nos roteiros


e atividades turísticas;

● Descaracterização das comunidades e hábitos


tradicionais;

● Veículo motorizado em praias e dunas


(desordenado);

● Baixa participação das comunidades na atividade de


turismo;
Fonte: Adaptado de ICMBio (2019)

É possível identificar no Quadro 1 que existem algumas ameaças envolvendo o


desenvolvimento do turismo dentro da APA do Delta do Parnaíba, fazendo suscitar que o
turismo ali desenvolvido não possui políticas públicas direcionadas e não está dentro dos
princípios de sustentabilidade postulados pelo ecoturismo. Assim entende-se que é preciso que
o turismo, desenvolvimento econômico e o meio ambiente encontrem um ponto de equilíbrio,
a fim de que a atratividade turística dos recursos naturais não seja a causa da sua degradação
(RUSCHMANN, 2016). Por conseguinte, foi analisado no Plano de Manejo a existência
de ações ou políticas públicas para o turismo, e foram identificadas apenas normas gerais,
apontadas para pontos específicos de uso da APA Delta do Parnaíba. Dessa forma, entende-se
que já foram identificadas as ameaças e os problemas (fase 1) advindas da atividade turística,
mas ainda existe a necessidade da implantação de outras fases de desenvolvimento das políticas
públicas na APA, como mostrado na Figura 2.

Figura 2 - Ciclo de desenvolvimento de Políticas Públicas. Fonte: Adaptado de CLP (2019).

72
Em resumo, o Plano de Manejo é uma ferramenta fundamental para a gestão eficaz
e uso sustentável da área protegida e de seus recursos naturais. Porém, a simples demarcação
das áreas não é suficiente para assegurar a efetividade e sustentabilidade da UC, é necessário
planejamento e políticas públicas efetivas. Ruschmann (2016) complementa afirmando que as
consequências do grande afluxo de pessoas nesses ambientes extremamente sensíveis faz com
que o planejamento dos espaços, dos equipamentos e das atividades turísticas se apresente
como fundamental para evitar os danos sobre os meios visitados e manter a atratividade dos
recursos para as gerações futuras.

Entrevista

Para aprofundamento da análise da pesquisa apresenta-se a entrevista estruturada


com o entrevistado e transcritas integralmente as suas falas. Inicialmente foi perguntado a opi-
nião do entrevistado sobre quais os impactos que o turismo causa na APA. Assim ele inicia sua
fala dizendo que o turismo dentro da APA é feito de forma não planejada e pontua que:
O turismo causa impactos tanto do ponto de vista positivo, como ele causa impactos
negativos. O impacto negativo seria a especulação imobiliária a partir do turismo
que acontece nas áreas que compõem a APA, tendo como exemplo as áreas litorâneas
como Cajueiro da Praia e que acontecem em outras regiões do Maranhão e do Ceará,
na qual essas áreas são utilizadas por empresários para a construção de empreendi-
mentos sem licenciamento ambiental e que a partir dessa especulação começa a ocu-
pação nessas áreas que são áreas de preservação permanentes, áreas de APPs, áreas de
uso público, como as praias, caracterizando dessa forma que as construções feitas nas
faixas de areia das praias e também o desmatamento advindos dessa especulação é
um dos impactos negativos advindos do turismo.

Outro exemplo de impacto ambiental citado pelo entrevistado é o que ocorre em Ilha
Grande no Piauí, causado pelas movimentações de lanchas na região do Delta que acabam cau-
sando danos ambientais, entre eles a poluição sonora que pode afugentar, por exemplo, aves e
peixes. Outro problema relatado foi o acúmulo de resíduos sólidos provocado principalmente
com excesso de descarte de lixo nas regiões que recebem visitação. Em confirmação ao exposto,
Coelho et al. (2017) diz que o turismo, como qualquer outra atividade, possui impactos posi-
tivos e negativos; de aspectos negativos o turismo pode levar à poluição dos rios e mares, tanto
sonora quanto visual, dentre outras formas. Outros pontos abordados pelo entrevistado foram:
Um impacto positivo dessa região foi a criação do Voucher em Ilha Grande que possi-
bilitou ter o maior controle da visitação realizada na área do Delta do Parnaíba, no
entanto esse instrumento ainda não consegue abranger todos, nem todas as embar-
cações de todas as atividades relacionadas ao turismo. Outro impacto da atividade
turística desenvolvida na APA é a circulação de renda, no entanto beneficia e gera
renda para poucas pessoas caracterizando dessa forma como um turismo feito de ma-
neira não inclusiva na qual as comunidades tradicionais que vivem e que usam a
APA do Delta do Parnaíba ficam à margem do turismo que é realizado a exemplo
de Barra Grande e Pedra do Sal evidenciando dessa forma a necessidade de políticas
públicas para fortalecer as cadeias produtivas e da própria comunidade.

73
Neste recorte da fala do entrevistado é possível perceber que o turismo e a renda ad-
vinda da atividade concentram-se sob o domínio de uma parte social mais favorecida, ou seja,
as empresas privadas. O principal efeito do turismo que ocorre atualmente nas comunidades
do Delta é um modelo capitalista que visa somente o lucro das empresas privadas, gerando uma
exclusão da população local (MACHADO-JÚNIOR; MACEDO, 2016). Posteriormente foi
questionado se o entrevistado considera que o turismo praticado na APA pode ser considerado
ecoturismo, obteve-se a seguinte resposta:
Muitos turistas que visitam a APA Delta do Parnaíba não têm o conhecimento que
a região é uma unidade de conservação e que há a existência de comunidades tra-
dicionais que vivem dentro da APA, por isso a necessidade de se pensar ecoturismo
a partir do olhar de quem visita, se essas pessoas se consideram ecoturísticas e se elas
têm a intenção de preservar o meio ambiente. Existe uma ausência de comunicação
de marketing que visa o Delta com essa imagem que são Unidades de Conservação,
que são territórios tradicionais e que existe uma biodiversidade e uma sociobiodiver-
sidade na APA.
De acordo com o entrevistado, o turismo praticado na APA do Delta do Parnaíba
tem que adquirir bases educativas sobre sustentabilidade, pois, segundo o mesmo, a maioria
dos visitantes do Delta não possui conhecimento da área que estão visitando e não entende a
relevância que a APA possui. Isto pode acarretar sérios problemas socioambientais, pois como
o turista do Delta tem uma visão somente artificial proporcionada pelas agências, não será sen-
sibilizado da importância de preservá-lo, aproximando cada vez mais o turismo de massa para
região (MACHADO-JÚNIOR; MACEDO, 2016).

Deste modo, é necessária a educação ambiental, que se faz indispensável na visita às


UCs, porque ajuda a cumprir as suas funções e constitui um ciclo que se sustenta, ou seja, o
visitante recebe educação ambiental para criar consciência ecológica e dentre outras coisas pre-
servar a própria área que está visitando (RAMOS; OLIVEIRA, 2008). O entrevistado destaca
ainda que são poucos os passeios que podem ser considerados ecoturísticos, porque são nichos
de algumas empresas que buscam atender clientes sensíveis que sabem da importância das re-
giões que compõem a APA. E comenta que:
Até pouco tempo o esgoto das embarcações grandes era jogado dentro do próprio Delta,
atualmente foram feitas algumas adaptações para que o esgoto não fosse despejado
no Delta; é fato que há responsabilidade não somente das empresas que estão ofertan-
do como também é do turista. Portanto na APA Delta do Parnaíba há práticas que
são consideradas como ecoturísticas e outras que são vendidas como ecoturísticas, mas
que na verdade é um preceito falso de ecoturismo que acaba trazendo danos ambien-
tais para a APA e para a sustentação de gerações.

A questão apontada pelo entrevistado se assemelha ao descrito por Pires (1998), se-
gundo a qual o ecoturismo surge e se impõe como uma “rotulação” amplamente utilizada e,
como tal, com sucesso, para expressar um conjunto variado e não bem definido de atividades e
atitudes no ramo de viagens que se posicionam na interface turismo e ambiente. A partir disso,

74
questionou-se como o entrevistado classifica as atividades de ecoturismo na APA do Delta do
Parnaíba, obtendo-se o que segue:
Existem atividades que causam o mínimo impacto possível que levam em considera-
ção aspectos relacionados à preservação da natureza, o cuidado com a sociobiodiver-
sidade e práticas que envolvem as comunidades revelando dessa forma que algumas
práticas ecoturísticas acontecem na APA Delta do Parnaíba. E atrelado a esse pre-
ceito há a existência de práticas realizadas no Piauí, Maranhão e Ceará que vão
ao oposto das atividades consideradas ecoturísticas que acabam priorizando e nos
revelando uma ótica econômica sem controle onde a maior parte das empresas que
vendem não olham para o aspecto socioambiental. Portanto, há poucas práticas que
são ecoturísticas e outras que são pseudo ecoturísticas sendo que essa última usufrui de
um falso marketing revelando dessa forma a falta de melhor qualificar as informa-
ções que são vendidas para melhor apresentar para quem compra.

Então o que se tem na APA do Delta do Parnaíba, antes de mais nada, é um tipo de
turismo voltado para a natureza ou turismo baseado na natureza ou, simplesmente, turismo na
natureza, e não ecoturismo. Para ser considerado ecoturismo é necessário serem estabelecidas
outras condicionantes para a prática da atividade, tais como: educação ambiental, participação
das comunidades locais, mínimo impacto, sustentabilidade (PIRES, 1998). A fim de atingir o
objetivo da pesquisa foi perguntado sobre a existência de políticas públicas de ecoturismo na
APA do Delta do Parnaíba, e foi declarado que:
Quando se olha para a ótica do ecoturismo se percebe a falta de políticas públicas des-
tinadas para o segmento, se percebe que praticamente não existem políticas públicas
nos estados do Piauí, Maranhão e Ceará que visem um turismo inclusivo pensado
nas unidades de conservação, no contato com a natureza, no contato com as comuni-
dades e que incluem as mesmas em projetos.

Constata-se dessa forma a escassez de políticas públicas de ecoturismo específicas


para a APA Delta do Parnaíba visto que as mesmas são essenciais para o desenvolvimento do
ecoturismo em consonância com a conservação ambiental. Assim, o entrevistado reforça que
não existe uma apropriação do poder público, tanto do estado do Piauí, como do Ceará e do
Maranhão; não existe uma apropriação e muito menos uma política pública de fato. Não existe
um planejamento estratégico estruturado para fazer com que as coisas aconteçam. Por ser uma
área extensa fica totalmente sem planejamento, ou fica sob ações totalmente isoladas de empre-
sários. O que favorece o desordenamento territorial, iniciado por empreendimentos sem licen-
ciamento, sem levar em consideração os aspectos ambientais e o turismo desordenado. Diante
do exposto na pergunta anterior, sentiu-se a necessidade de saber se, no caso de elaboração de
políticas públicas para o ecoturismo na APA Delta do Parnaíba, haveria a participação dos
atores sociais/população que vivem nesta UC. O entrevistado pontuou que:
O Plano de Manejo que é previsto pelo SNUC e que é uma política pública teve um
envolvimento considerável das comunidades para a construção do plano para a APA.
Por ser um território grande é essencial a participação dos diferentes atores sociais
para melhor se fazer a gestão da unidade. No entanto, ainda se percebe que em algu-

75
mas áreas existem situações em que não existe uma relação de gestão sobre o território
de diferentes níveis que compõem a APA.

Sabe-se que a participação social é uma importante ferramenta na elaboração e im-


plementação de políticas públicas voltadas para a área de ecoturismo, no entanto a fala do en-
trevistado nos revela que a participação das comunidades nas políticas públicas de ecoturismo
na APA ainda é insuficiente, contribuindo para uma gestão ineficaz e que acaba prejudicando
as comunidades que dependem da Unidade de Conservação para sobreviverem e a baixa qua-
lidade na experiência de visitação dos turistas. Dessa forma é importante ações na esfera da
educação ambiental para os envolvidos: poder público, comunidade e turistas na APA Delta
do Parnaíba para a elaboração e a implementação de políticas públicas destinadas ao segmento
do ecoturismo. Quando questionado sobre qual a importância do Plano de Manejo para a
APA, foi exposto que:
O Plano de Manejo da APA Delta do Parnaíba é um documento básico que faz
o zoneamento das áreas e que orienta o que pode e o que não pode ser realizado na
unidade de conservação, sendo essencial até para o ICMBio em alguns momentos
para poder se posicionar da melhor maneira possível, e que possibilita a sociedade
poder cobrar e participar da gestão da unidade; entendendo dessa forma as diversas
características que constam no Plano de Manejo, pode-se realmente atuar de manei-
ra mais efetiva.

O entrevistado ainda pontua que a UC só teve o seu Plano de Manejo de fato publica-
do em 2020. O Plano de Manejo inclui o plano de uso público, define objetivos da UC e zonea-
mento - divisão da área para diversos fins, como turismo, recreação, proteção, pesquisa, dentre
outros (LEUZINGER, 2010). Portanto percebe-se que esse documento é importante pois vai
nortear toda a gestão da UC, inclusive no que se refere ao ecoturismo. No entanto tem-se a
problemática de que o turismo foi implantado nesta área protegida muito antes da criação do
Plano de Manejo, sendo complexo determinar as premissas de uso deste espaço que há muito
tempo já está ocupado pela atividade turística. Como questionamento final, foi perguntado
sobre quais seriam os resultados/ benefícios da aprovação do Plano de Manejo APA Delta do
Parnaíba e como eles impactam na atividade turística:
Os benefícios da aprovação do Plano de Manejo é que ele define as áreas sensíveis
seja no aspecto ambiental e socioambiental, zoneando e disciplinando as atividades
realizadas na unidade de conservação APA do Delta do Parnaíba, além de dar
legalidade para o ICMBio atuar com maior garantia baseado na lei onde esse do-
cumento tem o intuito de evitar que iniciativas aconteçam sem ordenamento dentro
da Unidade de conservação.

O Plano de Manejo é um documento que auxilia no planejamento e na gestão de uma


UC que quando aprovado permite disciplinar e indica de forma detalhada o zoneamento da
área total da unidade definindo o que pode e não pode ser realizado em certas zonas do plano.
De acordo com o SNUC, zoneamento é “definição de setores ou zonas em uma unidade de
conservação com objetivos de manejo e normas específicas, com o propósito de proporcionar

76
os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de for-
ma harmônica e eficaz” (ICMBIO, 2000). Com base na fala do entrevistado, fica claro que o
zoneamento proposto para a APA deve ser observado, implantado e fiscalizado. As áreas defi-
nidas como mais sensíveis aos impactos ambientais devem receber apenas atividades de baixo
potencial de degradação ambiental.

De acordo com Milano (1993), são destacadas algumas vantagens relacionadas ao


zoneamento de Unidades de Conservação, o qual permite que se determinem limites de ir-
reversibilidade e pontos de fragilidade biológica antes que se tomem decisões sobre o uso de
cada área, que de outra forma poderiam causar danos irreversíveis, tendo portanto, caráter
preventivo; permite a identificação de atividades para cada setor da Unidade de Conservação e
seu respectivo manejo, possibilitando a descentralização de comando e decisão e por ser flexí-
vel, permite que se altere a definição e manejo de uma zona, conforme necessidade comprovada
cientificamente.

Registra-se ainda que, devido à visitação inevitavelmente interferir no meio ambien-


te, positiva ou negativamente, faz-se necessário o planejamento das atividades para que sejam
executadas de acordo com o Plano de Manejo (MELO; MONTEIRO; BRITO, 2018). Dessa
forma entende-se que o zoneamento também pode ser usado para equilibrar a demanda e as
atividades recreativas desenvolvidas no interior de uma unidade de conservação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As UCs no Brasil, no caso específico as APAs que têm como objetivo básico proteger
a natureza, ordenar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais
são áreas que necessitam de atenção cuidadosa por serem territórios com a presença de popu-
lações humanas que vivem dos recursos naturais existentes, tendo como exemplo o que ocorre
na unidade de conservação APA do Delta do Parnaíba.

Constatou-se que não existem políticas públicas de ecoturismo específicas para a


APA do Delta do Parnaíba; percebe-se que mesmo com a criação da unidade e com a existência
do Plano de Manejo é evidente que a unidade se depara com a deficiência no suporte técnico e
que, mesmo apoiada na legislação ambiental, a APA nos mostra que ainda ocorrem problemas
relacionados às atividades consideradas ilícitas que ocasionam graves impactos negativos que
acabam prejudicando a UC.

Partindo deste contexto, observa-se a escassez de políticas públicas ambientais que


tenham a interação entre as partes envolvidas para que não apresentem conflitos de interesses e
de ordenamento territorial. Esse preceito surge com o intuito de assegurar o verdadeiro exercí-
cio do ecoturismo e dos princípios de sustentabilidade para que a atividade turística não ocorra
sem planejamento e que não contribua para o desgaste desses recursos naturais.

77
Identificou-se que o termo ecoturismo é utilizado apenas como rotulagem para a
venda de passeios desordenados e fora dos padrões da sustentabilidade dentro do Delta. No
entanto, percebe-se que isto ocorre porque a gestão do turismo ainda fica à mercê do setor pri-
vado, sendo inexistente a atuação do poder público junto ao turismo desenvolvido dentro da
APA. Deste modo, ressalta-se mais uma vez a necessidade de políticas públicas de ecoturismo
e de desenvolvimento do segmento dentro da APA do Delta do Parnaíba, algo que seja feito a
partir dos moldes da sustentabilidade, com mínimo impacto, a partir da inserção da educação
ambiental e participação das comunidades locais tendo em vista que atualmente essa atuação
vem sendo parcialmente suprida pela atuação de ONGs ambientais que atuam na região.

E com o crescimento da procura por unidades de conservação ao longo dos anos, o


segmento do ecoturismo vem se destacando por ser um modelo sustentável de conservação.
Deste modo, o artigo pode contribuir para futuras pesquisas e compreensão que envolvam
a temática, visto que estudos desta natureza são importantes para refletir sobre o impacto da
falta de políticas públicas voltadas para o ecoturismo na APA do Delta do Parnaíba.

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81
Capítulo

A UTILIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DE BOA GOVERNANÇA


DE DUDLEY NA ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DE GESTÃO DE
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: ESTUDO DE CASO DO PARQUE
NACIONAL DE SETE CIDADES, PIAUÍ, BRASIL
Johannes de Oliveira Lima Júnior
Renata Silva Carvalho
Kemero Jordir de Sousa Monteiro
Eduardo da Silva Chaves
Marcos Antônio Cavalcante de Oliveira Júnior
Glairton Cardoso Rocha
Bruna de Freitas Iwata

RESUMO

O Brasil está no centro da discussão mundial sobre a proteção do meio ambiente. Uma das
maneiras criadas para efetivar a conservação da natureza é a implantação de unidades de
conservação (UC), porém ainda se faz necessário entender os aspectos gerenciais e os obstáculos
enfrentados na gestão dessas áreas. Portanto, o objetivo deste artigo é analisar de que forma
a utilização dos princípios de boa governança de Dudley podem contribuir para a análise da
eficiência de gestão em uma unidade de conservação no Brasil. Para isso foi analisada a gestão

82
no Parque Nacional de Sete Cidades (PNSC), uma unidade de conservação localizada no norte
do estado do Piauí. Para este fim, o estudo, a partir dos princípios de boa governança, fez uso
de entrevista semiestruturada e observação de campo para entender os aspectos gerenciais do
parque. A análise dos dados foi realizada por meio de análise de conteúdo, em que as categorias
temáticas escolhidas foram os princípios supracitados. O capítulo visa contribuir para a
discussão teórica acerca do gerenciamento de UC e traz implicações sobre o desafio de gerir essas
áreas, em que, de acordo com os resultados obtidos, o principal desafio encontrado por esta
UC é a conciliação entre a comunidade do entorno e os funcionários do Parque; no entanto,
o PNSC foi capaz de contornar este obstáculo e transformá-lo em fator positivo. Portanto, o
capital humano interno, se bem trabalhado, é capaz de ajudar a manter o funcionamento da
UC, em especial em tempos de crise.

INTRODUÇÃO

A sociedade moderna tem priorizado o desenvolvimento econômico, mesmo que às


custas dos recursos naturais finitos do planeta (SANTOS; ARAÚJO, 2019; MESQUITA et
al., 2017; SENA et al., 2017; SOUSA-FILHO et al., 2015). A economia mundial está mais
competitiva e globalizada, ocasionando o consumo excessivo de energia e recursos naturais
(SOUZA, 2016). Em uma reflexão crítica quanto à questão ambiental, D’Amico e Agoglia
(2019) discutem que o capitalismo é posto como a principal causa das crises ambientais, sendo
suas iniciativas verdes ineficientes. Corroborando as ideias de Dempsey e Suarez (2016), em
que, apesar da potencialidade da conservação ambiental com fins lucrativos, a performance
desempenhada por essas iniciativas é insatisfatória.

É importante considerar que as questões ambientais perpassam inúmeros atores


e interesses, mas que o discurso ecológico está presente na linguagem de todos estes. As
exigências ecológicas eram apenas parte de um movimento maior que questionava os métodos
de exploração e dominação capitalista (D’AMICO; AGOGLIA, 2019). Dessa forma, apenas
no século XX o cenário global passou a se preocupar com a possibilidade de esgotamento
dos recursos naturais e, com o dito, desenvolvimento sustentável, conceituado em 1987
pelo Relatório de Brundtland como: “aquele que atende as necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”
(CMMAD, 1991, p. 46). Desde então, várias conferências mundiais foram feitas para discutir
a questão ambiental em âmbito internacional.

No entanto, o meio ambiente ainda sofre com a atividade humana (VENTER et al.,
2016). De acordo com Jones et al. (2018), um terço da terra protegida global está sob intensa
pressão humana, dificultando, assim, a plena preservação desses ambientes. Por isso, a criação
de áreas de preservação é essencial para proteção a biodiversidade (GELDMANN et al., 2013).
Segundo Gray et al. (2016), as áreas destinadas à conservação ambiental são eficazes quando

83
minimizam o uso da terra dominado pelos seres humanos.

Essa pressão humana engloba mudanças no solo, como para uso urbano e agrícola
da terra (VENTER et al., 2016). Apesar do conflito de interesses entre a preservação da
biodiversidade e as atividades agrícolas, autores como Seppelt et al. (2016) acreditam ser possível
essa conciliação. Ademais, muitos países desenvolvidos apresentaram um elevado crescimento
socioeconômico em consonância com uma redução da atividade humana em áreas naturais,
reforçando a ideia de um possível desenvolvimento sustentável (VENTER et al., 2016).

O Brasil é um dos 17 países considerados megadiversos, estimando-se que abrigue


cerca de 20% da biodiversidade global (GAETANI et al., 2013). Devido a estas vastas diversidade
e extensão territorial, o país se encontra no centro da discussão sobre preservação ambiental.
Nesse sentido, em 1998 foi promulgada a Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada na
Rio 92 (BRASIL, 1998). Assim, o Brasil se comprometeu a cumprir com o “principal regime
internacional desenvolvido para proteger a biodiversidade” (GAETANI et al., 2013, p. 13).
Entretanto, estima-se que as áreas protegidas, em nível global, são 41% eficazes em
reter a riqueza de espécies e 51% eficazes em reter a abundância da diversidade local (GRAY et
al., 2016). Isso pode ser devido ao subfinanciamento dessas áreas (JONES et al., 2018) ou ao seu
gerenciamento pouco adequado, uma vez que, espera-se que objetivos de gestão mais restritivos
mantenham mais a diversidade (GRAY et al., 2016). No caso brasileiro, a falta de estrutura
satisfatória e a pouca execução dos princípios do direito ambiental impedem a efetiva gestão
dessas áreas de conservação (SOUZA, 2016). Desta forma, tendo em vista que o Brasil está
no âmago das discussões sobre sustentabilidade e biodiversidade (BRENTANO et al., 2015),
questiona-se: quais os desafios enfrentados no gerenciamento de uma unidade de conservação?

Deste modo, justifica-se o tema do presente trabalho, uma vez que, analisando os
desafios enfrentados pela gestão de uma unidade de conservação, aproxima-se da entidade que
proporciona a preservação dessas áreas do ponto de vista administrativo. Assim, desperta-se
uma discussão acerca dos pontos a melhorar e favorece a eficiência no cuidado desse patrimônio
natural. Nesse contexto, o presente artigo apresenta como objeto de análise o Parque Nacional
de Sete Cidades (PNSC), uma unidade de conservação situada a nordeste do estado do Piauí.
O PNSC é classificado como uma unidade de conservação integral do tipo Parque Nacional,
isto é, uma área reservada para a preservação da natureza, em que seus recursos naturais apenas
podem ser utilizados de forma indireta, permitindo visitação humana e atividades de recreação
(BRASIL, 2000). O objetivo do presente artigo é: analisar de que forma a utilização dos
princípios de boa governança de Dudley podem contribuir para análise da eficiência de gestão
em uma unidade de conservação no Brasil.

84
Contexto Ambiental e os Princípios da Boa Governança

O marco do surgimento das áreas protegidas está relacionado à criação do Parque


Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos, em 1872, criado como espaço de conservação
e preservação da natureza, e que instigou outros países a adotarem o mesmo procedimento
(SCALCO; SOUZA, 2018). No Brasil, em 1876 houve a primeira proposta registrada de
criação de parques nacionais, em que o engenheiro André Rebouças sugeriu que fossem
criados parques nacionais em dois locais, um na Ilha do Bananal, rio Araguaia, e outro em Sete
Quedas, rio Paraná (DEAN, 1996; PÁDUA, 1997). Conforme Ferreira et al. (2012) a ideia de
criação de um sistema voltado para instituição e gestão de UC originou-se legalmente em 1981,
quando foram estabelecidas as diretrizes para a Política Nacional do Meio Ambiente e criado
o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA. Além disso, para proteger os recursos
naturais da melhor forma possível, o Governo Federal instituiu, no ano de 2000, o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC (BRASIL, 2000).

Desde então, as UC têm sido implantadas com o objetivo de resguardar ao máximo


a diversidade dos ecossistemas e espécies existentes (TORRES; OLIVEIRA, 2008). As
UC são estabelecidas para alcançar conservação, em longo prazo, da natureza, seus serviços
ecossistêmicos e valores culturais. Então, as UC constituem uma forma efetiva de proteção
da biodiversidade e dos recursos naturais (MANETTA et al., 2016), sendo que, sua criação
é de interesse e manifestação da sociedade civil, comunidade científica e/ou órgãos públicos
(DRUMMOND; PEREIRA; FERNANDES, 2017).

Contudo, a institucionalização das políticas ambientais no Brasil começa tarde, em


1895, com a celebração do tratado internacional de proibição do comércio de penas de garças,
que obteve êxito ao evitar a extinção da espécie (PÁDUA, 1987). No Brasil, pela Constituição
Federal de 1988, no art. 225: “Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial qualidade de vida, impondo ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Entretanto, apenas no ano 2000 foi editado um diploma legal, n° 9.985, que serviu como marco
sistematizador de modalidades de Unidades de Conservação no país (SILVA et al., 2017).

A Lei nº 9.985/2000 regulamenta que as UC são constituídas pelas esferas Municipais,


Estaduais e Federais, e também define o conceito de unidade de conservação, como sendo
um “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com
características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação.” (BRASIL, 2000, Art. 2, I). Nessa mesma linha, Silva et al. (2017) destacam que
apenas as áreas que tenham interesse público estão submetidas a esse regime jurídico, ou seja, as
UC, sejam elas utilizadas como áreas de sobrevivência, sustentação de famílias tradicionais, ou
até mesmo fontes de pesquisas, demonstram benefícios sociais, culturais e econômicos de uso
comum aos cidadãos (bens de uso comum a toda população). Atualmente, o Brasil conta com

85
1004 UC federais, 1004 estaduais e 368 municipais, totalizando 2376 unidades de conservação
em território nacional (MMA, 2019).

A gestão de unidades de conservação da natureza deve seguir as regras gerais da


administração pública (BRITO; DRUMMOND, 2007). Os órgãos públicos envolvidos nas
redes de gerenciamento de áreas protegidas devem estabelecer uma cooperação aprimorada
durante as atividades de tomada de decisão e gerenciamento (NITA et al., 2018). De acordo com
Santos e Tello (2009, p. 101): “As unidades de conservação são áreas mais complexas pelo seu
alto valor ecológico necessitando de um planejamento à risca”. Com isso, Ferreira et al. (2012)
relatam que, na tentativa de assegurar a conservação de ecossistemas brasileiros e garantir às
gerações presente e futura o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, foi criado
o SNUC. Esse sistema legal tem vários instrumentos de gestão, dentro dos quais, podemos
destacar: o Plano de Manejo, o Mosaico de Unidades de conservação, os conselhos das Unidades
de conservação, a visitação pública e a Educação ambiental (BRANDÃO; VIEIRA, 2012).

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) foi o


primeiro órgão de gestão ambiental; criado em 2007, a partir do desmembramento do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), é o órgão
responsável por propor, implantar, gerir, fiscalizar e monitorar as Unidades de Conservação
(BRASIL, 2007). Além disso, o Instituto tem como uma de suas funções a execução das
políticas de uso sustentável dos recursos naturais renováveis e de apoio ao extrativismo e às
populações tradicionais nas UC federais de uso sustentável, além da implantação do Sistema,
subsidiando as propostas de criação e gestão das UC (MENEZES; SIENA, 2010; FERREIRA
et al., 2012).

Então, para poder gerenciar de forma adequada as UC, são necessários investimentos,
principalmente por parte dos órgãos públicos (HENRY-SILVA, 2005); porém a ausência do
poder público na fiscalização e manutenção é um dos grandes desafios enfrentados na gestão
dessas Unidades (SILVA et al., 2017). Com isso são necessárias medidas diretas e planejamento
estratégico para facilitar a melhoria contínua da eficácia da gestão das UC (ALMEIDA et al.,
2016).

A International Union for Conservation of Nature (IUCN), uma organização mundial


que trabalha na conservação da natureza ao redor do globo, criou seis categorias de áreas
protegidas (AP): Ia Reserva Natural Estrita, Ib Área de Vida Selvagem, II Parque Nacional,
III Monumento Natural, IV Área de manejo de habitats / espécies, V Paisagens Protegidas,
VI Área protegida com uso sustentável dos recursos naturais (DUDLEY, 2008). As primeiras
três categorias tratam da proteção da biodiversidade com intervenção humana bem controlada,
enquanto as três últimas categorias permitem maior intervenção (HASHIM et al., 2017). O
sistema de categorias reflete os objetivos de gerenciamento de cada área protegida; por isso, é
importante a escolha certa da categoria a ser utilizada no gerenciamento do local.

86
No Brasil, as unidades de conservação se dividem em dois grupos: Unidades de
Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. As primeiras têm como objetivo preservar a
natureza, de forma que seus recursos naturais sejam usados indiretamente, enquanto que, as
últimas buscam compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de uma parte de
seus recursos naturais (BRASIL, 2000). As categorias de unidade de conservação da legislação
brasileira coincidem com a classificação sugerida pela IUCN. No entanto, o SNUC considera
as unidades de uso sustentável, categoria correspondente à Área Protegida com uso sustentável
dos recursos naturais, como um grupo de unidades contendo mais sete outras subdivisões (I
Área de Proteção Ambiental, II Área de Relevante Interesse Ecológico, III Floresta Nacional,
IV Reserva Extrativista, V Reserva de Fauna, VI Reserva de Desenvolvimento Sustentável,
e VII Reserva Particular do Patrimônio Natural). Além disso, Dudley (2008) propõe nove
princípios para uma boa governança de áreas protegidas, relacionados no Quadro 1.

Quadro 1 - Princípios de boa governança de áreas protegidas

Princípio Definição

Legitimidade e Voz Diálogo social e acordos coletivos sobre objetivos e estratégias


de gerenciamento de áreas protegidas com base na liberdade de
associação e expressão, sem discriminação.

Subsidiariedade Atribuir autoridade e responsabilidade administrativa às institui-


ções mais próximas dos recursos em jogo.

Justiça Compartilhar equitativamente os custos e benefícios do estabe-


lecimento e gerenciamento de áreas protegidas e recorrer a julga-
mento imparcial em caso de conflito.

Não Prejudicial Garantir que os custos de estabelecer e gerenciar áreas protegidas


não criem ou agravem a pobreza e a vulnerabilidade.

Direção Promover e manter uma visão de longo prazo inspiradora e con-


sistente para a área protegida e seus objetivos de conservação.

Desempenho Conservar efetivamente a biodiversidade, respondendo às preo-


cupações dos stakeholders (todas as partes interessadas) e fazendo
um uso racional dos recursos.

Prestação de Contas Ter linhas de responsabilidade claramente demarcadas e garantir


relatórios e responsabilidades adequadas de todos os stakeholders
sobre o cumprimento de suas responsabilidades;

Transparência Garantir que todas as informações relevantes estejam disponíveis


para todos os stakeholders.

Direitos Humanos Respeitar os direitos humanos no contexto da governança das


áreas protegidas, incluindo os direitos das gerações futuras.
Fonte: Dudley (2008).

87
O princípio da Legitimidade e voz trata do diálogo existente entre a sociedade e a gestão
de uma UC, propiciando o envolvimento deles nos objetivos e estratégias de gerenciamento
das áreas protegidas, sem qualquer tipo de discriminação. Este princípio é o mais praticado
dentro das UC por meio de conselhos consultivos ou deliberativos (CARDOZO et al., 2019),
previstos pelo SNUC (BRASIL, 2000). Dessa forma, a legitimidade é fundamentada na
história e no ambiente institucional de cada área protegida (LANDAU et al., 2014). Portanto,
é interessante proporcionar transparência para que a gestão de uma UC, ou qualquer outro
tipo de organização, seja capaz de ter legitimidade (LICHT et al., 2014). A legitimidade
é entendida como um processo interativo de construção social, atuando entre indivíduos e
grupos (SUDDABY; BITEKTINE; HAACK, 2017). Esse conceito, aplicado a uma unidade
de conservação, remete a uma gestão que precisa ser legítima, isto é, referindo-se à interação
entre instituições que trabalham conjuntamente com seus parceiros (CARDOZO et al., 2019)
e agindo com transparência (LICHT et al., 2014).

O princípio da Subsidiariedade, no contexto das unidades de conservação, é definido


como a atribuição de autoridade e responsabilidade administrativa àquelas instituições que
estão mais próximas dos recursos (DUDLEY, 2008). No entanto, esse princípio também se
faz presente no contexto público governamental, que por um determinado período esteve
distante do debate social, mas que voltou a ser mais utilizado no final do século XX, quando
o tratado de Maastricht o estabeleceu, em 1992, como um dos princípios das fundações da
União Europeia, época em que esse princípio foi implementado em muitas leis nacionais,
tornando-se uma das referências dos sistemas de assistência social em muitos países avançados
(MARTINI; SPATARO, 2018). Este princípio é, antes de tudo, um princípio político que
ajuda a guiar o estabelecimento de limites na sociedade, na medida em que regula a interação
entre organizações, sejam essas Estado e sociedade civil ou entre diferentes níveis dentro do
governo.

O princípio de Justiça significa compartilhar equitativamente os custos e benefícios do


estabelecimento e gerenciamento de áreas protegidas e recorrer a julgamento imparcial em caso
de conflito (DUDLEY, 2008). Considerando-se que os serviços ambientais gerados pelas UC
podem ser estendidos globalmente, mas sendo as populações locais as impactadas diretamente
por restrições da legislação ambiental, em unidades de conservação vai ao encontro do conceito
de justiça ambiental, uma corrente do movimento ambientalista. Esse princípio de justiça
ambiental, caracterizado, assim, como a defesa dos direitos, a uma proteção ambiental equânime
contra a segregação socioterritorial e a desigualdade ambiental promovidas pelo mercado; a
defesa dos direitos de acesso equânime aos recursos ambientais, contra a concentração das terras
férteis. Mas cabe ressaltar também a defesa dos direitos das populações futuras (ACSELRAD,
2010). Contudo, o efeito por justiça ambiental torna evidente o fato de que as populações mais
vulneráveis, que menos consomem, menos geram lixo, e menos se beneficiam das benesses do
atual modelo econômico de desenvolvimento, são as que mais diretamente suportam os riscos

88
gerados pela degradação ambiental (RAMMÊ, 2012).
O princípio da Responsabilidade não prejudicial trata-se de certificar que as despesas
em definir e administrar áreas protegidas, não criam ou agravam pobreza e instabilidade.
Ao projetar e implementar políticas para reduzir a instabilidade, é importante considerar
as diferenças nos tipos de benefícios dos serviços ecossistêmicos em termos das diferenças
das particularidades socioeconômicas e os tipos de necessidades que satisfazem o serviço
(BERROUET; MACHADO; VILLEGAS-PALACIO, 2018). A Responsabilidade Social
como uma construção social demonstra a relevância de perspectivas comportamentais,
especialmente atribuição causal, à teoria das partes interessadas. Portanto, percepções de
desempenho social dependem não apenas das ações das empresas, mas também dos motivos
que as partes que têm interesse acreditam estar dirigindo essas ações (CRILLY et al., 2016).

O princípio da Direção busca promover e manter uma visão de longo prazo, que seja
consistente e inspiradora, para a unidade de conservação, de forma que atinja seus objetivos
estratégicos (DUDLEY, 2008). Este princípio se traduz principalmente na existência de
instrumentos de governança, como o plano de manejo e código de conduta, e na definição de
autoridades e responsabilidades aos envolvidos pela UC (GRAHAM; AMOS; PLUMPTRE,
2003). Visão estratégica, isto é, de longo prazo, é importante para preparar e adaptar uma
organização para as mudanças econômicas, sociais e políticas que possam ocorrer (BARNETT
et al., 2017). Além disso, orientação de longo prazo tende a criar valor para as organizações
(FLAMMER; BANSAL, 2017). Assim, como as UC são organizações que lidam com a
preservação dos recursos naturais, essa perspectiva de longo prazo também é válida. A gestão de
uma UC precisa de uma liderança capaz de estabelecer uma visão, gerenciar conflitos, construir
parcerias e se adaptar às mudanças (BRUYERE, 2015). Schleicher, Peres e Leader-Williams
(2019) sugerem que o bom gerenciamento e o aumento dos recursos de manejo das UC
tendem a reduzir a probabilidade de degradação ambiental. Assim, exaltando a necessidade de
instrumentos de controle e atributos decorrentes do princípio da direção são necessários para
a gestão de uma UC.

Para o princípio do Desempenho deve-se conservar efetivamente a biodiversidade


enquanto responde às preocupações das partes interessadas e faz um uso eficiente dos recursos
(DUDLEY, 2008). Embora a cobertura das áreas protegidas esteja bem estabelecida e seja um
indicador útil do desempenho ambiental de cada país, ele não garante uma cobertura adequada
das espécies e ecossistemas valiosos de um país, bem como um gerenciamento ambiental sólido
das áreas protegidas existentes (OPRSAL et al., 2018). A capacidade de governança depende
de objetivos de rede menos complicados e menos exigentes, participação mais inclusiva e
diversificada de representantes (HORIGUE et al., 2016). Então, restringir e desapoderar as
agências de gerenciamento de áreas protegidas pode restringir a capacidade, comprometendo o
desempenho (CLEMENT; MOORE; LOCKWOOD, 2016).

89
Segundo Dudley (2008), para atender ao princípio da Prestação de Contas é necessário
ter linhas de responsabilidade claramente demarcadas e garantir relatórios e responsabilidades
adequadas de todos os stakeholders (partes interessadas) sobre o cumprimento de suas
responsabilidades. Contudo, esse princípio não é uma ocorrência única, mas deve ser visto
como complexo, interdependente e integrado, com relações causais entre muitos fatores que
incluem uns aos outros, que interagem dentro de sistemas mais amplos (TENBENSEL;
DWYER; LAVOIE, 2014).

O princípio da Transparência deve garantir que todas as informações relevantes


estejam disponíveis para todas as partes interessadas (DUDLEY, 2008). E, de acordo com
Schnackenberg e Tomlinson (2016), a transparência pode ser significativamente adjetivada
como o grau de informação, divulgação, clareza e precisão. Além disso, elementos estruturais
como liderança, medidas participativas, incentivo e elementos de processo, como transparência
e responsabilidade, foram muito importantes para a capacidade de participação e governança
(HORIGUE et al., 2016). Sendo assim, Babu, Kaur e Rajendran (2018) enfatizam que
transparência e prestação de contas ajudarão a criar confiança e responsabilidade. Contudo,
se não for usado corretamente pode não funcionar (CUCCINIELLO; PORUMBESCU;
GRIMMELIKHUIJSEN, 2017).

O princípio dos Direitos Humanos se apresenta nas UC através do respeito aos


direitos humanos dentro da unidade de conservação, incluindo tanto os direitos das gerações
atuais como das gerações futuras. Visto que, quando se trata de recursos naturais, há de pensar
na preservação desses recursos para o usufruto das gerações futuras, assim como está colocado
no conceito de desenvolvimento sustentável do relatório de Brundtland (CMMAD, 1991).
O consenso globalmente aceito é o de preservar o meio ambiente para o próprio benefício
da humanidade (BORRÀS, 2016). Ou seja, proteger os recursos naturais é um objetivo
complementar a defender os direitos humanos (VOIGT; GRANT, 2015). Além disso, as
consequências diretas da não proteção dos recursos naturais, como a mudança climática,
afetam principalmente os grupos sociais que já sofrem com a violação dos direitos humanos,
como grupos minoritários, de baixa renda, ou que vivem em locais de risco (LEVY; PATZ,
2015). Os direitos humanos tornam capazes e legítimas as manifestações de visões conflitantes
dos indivíduos sobre a organização social, as normas e as regras compartilhadas (GENEST;
PAQUEROT, 2016). Além do mais, abordar a questão ambiental como um problema de
direitos humanos trouxe benefícios para a proteção ambiental (BORRÀS, 2016).

MATERIAL E MÉTODOS

Descrição da área de estudo

O local de estudo desta pesquisa é o Parque Nacional de Sete Cidades (PNSC), uma

90
unidade de conservação instituída em 1961, pelo Decreto Federal nº 50.744 (BRASIL, 1961).
O Parque se localiza ao norte do estado do Piauí, nos municípios de Brasileira e Piracuruca,
gerido pelo ICMBIO, em área de sedimentação antiga, encravada sobre rochas paleozoicas,
contendo pinturas rupestres de forma diversificada e abundante (IBDF, 1979).

Figura 1 – Pinturas Rupestres no PNSC. Fonte: acervo do autor

Algumas pinturas rupestres estão ilustradas na Figura 1. As pinturas que se mostram


no PSNC não são manifestações artísticas de culturas recentes, mas sim formas de linguagem
e meios de comunicação (IBDF, 1979). Além disso, as diversas formações rochosas do Parque
mexem com a imaginação dos visitantes e dos antepassados que viveram no local, se apresentando
como figuras inusitadas, tais como cobras e tartarugas, como é possível ver na Figura 2.

Figura 2 – Pedra da Tartaruga. Fonte: acervo do autor

91
O nome Sete Cidades decorre da existência de sete agrupamentos de rochas lá
localizados, formando sete “cidades”, possuindo feições geológicas e históricas de importância
nacional (FAVERA, 1999). A ampla diversidade de pesquisas protagonizadas no PNSC
demonstra que essa UC tem apresentando importantes contribuições para a comunidade
acadêmica (CAVALCANTE, 2013).

Levantamento e análise dos dados

O estudo utiliza uma abordagem qualitativa. A pesquisa qualitativa trata de assuntos


subjetivos (DENZIN; LINCOLN, 2006), além de possuir diversas finalidades, permitindo o
entendimento aprofundado sobre qualquer coisa, como: as vilas de uma cidade ou até mesmo
um determinado grupo de pessoas (YIN, 2016). Nessa perspectiva, a pesquisa qualitativa visa
apanhar o sentido mais intenso do que está sendo estudado, como o significado de algo para
uma pessoa; a pesquisa qualitativa busca também apurar os possíveis conceitos e o modo em
que vivem os integrantes e como é a organização social destes integrantes (FLICK, 2013).

Para a coleta de dados, fez-se uso de entrevista semiestruturada e observação simples. A


entrevista semiestruturada é empregada no sentido de compreender a realidade do respondente,
de forma que fornece informação contextual valiosa para o entendimento da temática em
questão (GASKELL, 2012). A princípio, a entrevista seria realizada com o gestor chefe e
dois outros gestores subchefes do PNSC; porém, o gestor chefe do Parque estava ausente no
período da investigação; logo, este estudo conta com a participação apenas dos dois gestores
subchefes do PNSC. Os mesmos estão identificados como Gestor A e Gestor B. A entrevista foi
conduzida de forma simultânea com os dois entrevistados, com duração de 40 minutos.

A observação foi realizada durante uma visita turística no Parque Nacional de Sete
Cidades. Os dados da observação foram descritos no decorrer da visita e posteriormente
comparados às informações obtidas pela entrevista. A Figura 3 apresenta a sequência
metodológica seguida na execução da pesquisa.

92
Figura 3 – Sequência metodológica com as etapas cronológicas da pesquisa.

Fonte: Elaboração própria (2020).

Os resultados foram discutidos por meio da análise de conteúdo, em que a


entrevista transcrita foi lida e fragmentada de acordo com as categorias temáticas definidas
(BARDIN, 2000; BAUER, 2012). Neste artigo, as categorias utilizadas foram: Legitimidade
e Voz, Subsidiariedade, Justiça, Não Prejudicial, Direção, Desempenho, Prestação de Contas,
Transparência e direitos humanos.

93
RESULTADOS E DISCUSSÃO

O princípio da Legitimidade e Voz dedica-se ao estabelecimento de um diálogo entre


a sociedade e a gestão da UC. A interação entre a comunidade do entorno e a gestão do PNSC
foi um tema recorrente na fala dos gestores. Segundo eles, no início da criação das unidades
de conservação em geral, as comunidades muitas vezes eram retiradas daquele determinado
local, processo este que não ocorreu no PNSC. De acordo com Suddaby, Bitektine e Haack
(2017), a legitimidade é entendida como um processo interativo de construção social; dessa
maneira, como observado, os gestores do Parque ao longo do tempo trabalharam para criar
uma conexão com a comunidade local, sabendo de sua importância para a manutenção da área.
A legitimidade e voz, como em pesquisas relacionadas (DIAS et al., 2018; CARDOZO et al.,
2019), se faz presente por meio dos conselhos consultivos realizados pela gestão. A constituição
de um conselho é uma estratégia geralmente usada como forma de resolução de conflitos e
participação das comunidades locais.
Esse conselho é exatamente para ajudar no acompanhamento [...]; isso é a gestão
participativa, onde as pessoas participam e outras instituições também, da área do
meio ambiente ou não, tais como prefeituras, secretarias municipais de educação ou
de meio ambiente, até câmaras municipais participam dos nossos conselhos (Gestor
A do PNSC).

O Gestor A ainda reforça a interação com a comunidade, demonstrando que possuem


conhecimento sobre as comunidades locais.
As tradicionais, elas são mais amigas pois como elas nasceram ali, elas gostam, elas
amam, e o nosso parque aqui tem um histórico de que os primeiros servidores eram
as pessoas que moravam aqui dentro, então a gente nunca teve dificuldades com
essas pessoas e sempre tivemos uma relação amistosa (Gestor A do PNSC).

Assim, no quesito Subsidiariedade, ou seja, a descentralização ou centralização das


responsabilidades devidas à UC (DUDLEY, 2008) foi identificado a existência de um conselho
onde outros órgãos auxiliam nas decisões do Parque, no sentido de melhorias e projetos. Os
gestores tomam decisões ouvindo a opinião de secretarias municipais de meio ambiente ou
câmaras municipais e de órgãos responsáveis por áreas de proteção ambiental.
O conselho é um instrumento de trabalho onde são agregadas diversas outras
instituições [...] quando ele foi constituído, foi formado por 14 instituições, sendo
sete instituições da sociedade civil, [...] e as outras sete instituições governamentais,
isso com a comunidade também, e hoje se ampliou esse diálogo de comunidade com
a gestão do Parque, que facilita muito nosso trabalho como gestor e também como
fiscal (Gestor A do PNSC).

Desse modo, percebe-se que a gestão do Parque tende à participação e descentralização,


indo desde o órgão de competência maior, o ICMBio, até o conselho que é uma instância
consultiva e deliberativa. Ressalta-se que cabe ao gestor implantar ou executar as decisões do
conselho.

94
Quanto ao princípio da Justiça, as UC devem buscar compartilhar de maneira justa
os custos e benefícios e recorrer a um julgamento imparcial em caso de conflito (DUDLEY,
2008). Quanto a este princípio, os gestores relataram a existência de múltiplos conflitos, como,
por exemplo, relacionados ao uso da terra e queimadas nas comunidades do entorno; por
isso, uma de suas ações para contornar este problema foi levar as reuniões do conselho para
as comunidades, onde eles buscavam agir como intermediadores e resolver esses conflitos de
forma justa.
O pessoal das comunidades, como tinha muitos conflitos, pediram que a gente fizesse
as nossas reuniões nas comunidades, e assim a gente fez, [...]; então assim os primeiros
anos do nosso conselho foi praticamente para atender às comunidades (Gestor A do
PNSC).

Braghini e Vilar (2019) relatam conflitos semelhantes em UC do litoral sergipano,


revelando usos incompatíveis com a finalidade de conservação e preservação dos recursos
naturais.

O princípio Não Prejudicial preza para que a UC não crie vulnerabilidade ou pobreza,
seja nas suas práticas diárias ou em sua implantação. No PNSC foi observado que esse princípio
esteve presente desde o processo de implantação do Parque, ainda no século passado, e que o
mesmo incorporou as comunidades locais ao invés de excluí-las.
O nosso parque tem um histórico de que os primeiros servidores eram as pessoas
que moravam aqui dentro. Então a gente nunca teve dificuldade com essas pessoas,
sempre tivemos uma relação amistosa, porque a gente incluiu ao invés de tirá-
los à força, que é aquela coisa de regularização fundiária; não, a gente nunca teve
esse problema porque a gente englobou as pessoas que moravam aqui, foram os
primeiros funcionários [...] (Gestor B do PNSC).

Dentre os vários colaboradores do PNSC, a maioria é moradora da comunidade local.


Este é um aspecto que está relacionado com o princípio Não Prejudicial justamente pelo fato
delas estarem sendo favorecidas e não prejudicadas, diminuindo assim, a vulnerabilidade dessas
comunidades.
Tem os guias também que são parceiros nossos, são das comunidades; as pessoas
das comunidades são os guias. Como todas, são parceiros que ajudam muito no
programa ambiental, quanto também na questão da vulnerabilidade, quando eles
veem qualquer coisa estranha eles já ligam avisando, são super parceiros (Gestor A
do PNSC).

Além disso, os gestores preocupam-se em transmitir os benefícios que o Parque


trouxe para essas comunidades, como uma melhor qualidade de vida e renda, visto que, muitos
dos funcionários são nativos das comunidades do entorno.
[...] por exemplo [de como o parque pode beneficiar a comunidade], a palha do
tucum, para fazer a cestinha. O que aquela cestinha vai gerar? renda pra eles, assim
como trazer a comunidade para participar da brigada, gera renda, gera qualidade de
vida para eles, como usar esse produto de uma maneira que deixe que eles se ergam
naturalmente [...] (Gestor B do PNSC).

95
No quesito Direção, que segundo Graham, Amos e Plumptre (2003) se traduz
principalmente na existência de instrumentos de governança, foi observado que o Parque
mantém “macroprocessos” bem definidos e claros (citados abaixo), sendo expostos em murais
e disponíveis a todos os funcionários. Assim, cada macroprocesso possui suas próprias metas
e possui prazo de resposta para efeito de avaliação da gestão da unidade de conservação. Os
gestores afirmam ainda que os funcionários entendem a importância e os objetivos do Parque.
[...] na administração do Parque existem vários macroprocessos: tem gestão de
pessoas, patrimônio, gestão de frota, administração, comunicação, judiciário,
monitoramento, pesquisa, proteção e gestão socioambiental (Gestor A do PNSC).

Ademais, os gestores foram questionados quanto à missão, visão e valores adotados


pelo Parque. Segundo eles, esses aspectos estão previstos no Plano de Manejo, porém, ainda não
são executados na prática.

Conforme Dudley (2008), o princípio do Desempenho deve conservar efetivamente


a biodiversidade enquanto se responde às preocupações das partes interessadas e faz-se um uso
eficiente dos recursos. Em relação ao Desempenho, de acordo com a gestão do PNSC, é inviável
fiscalizar todos os lugares a todo o momento. Tendo isso em vista, buscam manter uma parceria
com a comunidade do entorno, como exemplifica a fala do Gestor A: “a gente não pode estar lá
no entorno fiscalizando todos os dias, então a gente procura fazer com que as comunidades que
estão lá sejam nossas parceiras, nossos olhos e nossos pés” (Gestor A do PNSC).

Além disso, para continuar esse processo de parceria e fiscalização com a comunidade
do entorno, os gestores mantêm programas de Educação Ambiental e de queima controlada
nessas localidades. Segundos os gestores, os guias (que são, em geral, oriundos dessas
comunidades) também contribuem com o manejo do Parque. O PNSC se utiliza da relação
com a comunidade local para ampliar sua capacidade de preservar a flora e fauna da área, e
assim, mantêm um bom desempenho.

Quanto à utilização dos recursos naturais, foi observado que a UC possui um


controle e alimenta as informações da fauna e da flora, principalmente através do Sistema de
Autorização e Informação em Biodiversidade (SISbio), um sistema de atendimento à distância
em que pesquisadores podem requisitar autorização para realizar pesquisas no Parque e que
permite ao ICMBio gerir as informações resultantes destas pesquisas (ICMBIO, 2014).

Em relação à Prestação de Contas, ela está diretamente ligada à comunicação dos


resultados para os stakeholders, bem como o cumprimento das responsabilidades do Parque
(DUDLEY, 2008). No PNSC a prestação de contas com as comunidades externas acontece
anualmente, em uma reunião do conselho, onde os resultados são divulgados.
Todo final de ano a gente tem que fazer a prestação de contas de tudo. Como eu
falei no começo, todo projeto que a gente queira fazer, a gente tem que apresentar,
porque se eles não deram o aval a gente não pode ir pra frente, ai se eles derem o aval
vamos ter que prestar conta (Gestor A do PNSC).

96
A gestão do Parque auxilia no transporte e estadia de conselheiros e membros do
conselho, para que eles possam ter acesso à reunião, e consequentemente, aos resultados e
projetos executados na Unidade.
Se tiver algum conselheiro que tiver dificuldade de vir, o ICMBio tem obrigação
de arcar com as despesas para a presença desse conselheiro, ou indo lá pegar com
a viatura ou fazendo intercâmbio com outras instituições [...]. mas é obrigação
do ICMBio zelar pela presença daqueles conselheiros, porque a gente precisa do
quórum, se vai votar em alguma coisa tem que ter o quórum mínimo, que está
previsto no SNUC (Gestor B do PNSC).

Segundo Dudley (2008), o princípio da Transparência deve garantir que todas as


informações relevantes sejam disponíveis para todas as partes interessadas. Nesse quesito os
gestores do Parque mantêm transparência com a comunidade através das reuniões do conselho
ocorridas trimestralmente. Nessas reuniões os resultados e as práticas são passadas para as
instituições e as comunidades ali presentes.
O parque não só fiscaliza as infrações ambientais, mas é também uma obrigação
informar, de estar sensibilizando, que essa é a parte da gestão socioambiental.
(Gestor B do PNSC)

O princípio dos Direitos Humanos se apresenta por meio do respeito aos direitos
humanos, acesso a um meio ecologicamente equilibrado pelas atuais e futuras gerações
(DUDLEY, 2008). Sobre esse princípio os gestores enalteceram o objetivo do Parque de
preservar a biodiversidade ali presente.

Tudo que tem aqui dentro, tudo que a gente puder conservar aqui dentro, com
certeza vai ser para as futuras gerações; a gente sempre costuma falar que quem
trabalha com o meio ambiente nunca trabalha para si, a gente nunca pode dizer que
estamos trabalhando para a gente, nós estamos trabalhando para as futuras gerações
e a gente crê muito nisso, que essa questão dos direitos humanos é isso, é deixar
aquilo que a gente tem hoje para as futuras gerações (Gestor A do PNSC).

Analisando os resultados obtidos na entrevista nota-se que um dos princípios mais


enfatizados é o princípio da Legitimidade e Voz. Os gestores do PNSC constantemente
durante a entrevista focaram sua fala na relação com a comunidade, sendo considerado por
eles grande parceira. Essa relação se faz presente desde os primórdios da criação do Parque,
mas foi institucionalizada formalmente em um período mais recente, quando a gestão levou os
encontros do conselho para perto dessas comunidades, e como observado pelos gestores, é uma
peça importante para o manejo do mesmo.

Na literatura, o princípio da Legitimidade e Voz também é recorrente, como no


estudo de Cardozo et al. (2019), onde os autores identificaram a presença desse princípio em
uma reserva extrativista. Observado também nas pesquisas de Dias et al. (2018), Niedziałkowski
et al. (2018) e Nita et al. (2018), em face da análise da participação popular em unidades de
conservação localizadas, respectivamente, no Brasil, na Polônia e Romênia. No entanto,
poucos estudos utilizam os princípios atribuídos por Dudley (2008) para analisar a gestão de
UC, e aqueles que o abordam não aplicam os nove, como na pesquisa de Cardozo et al. (2019)

97
que utilizam apenas os princípios de Legitimidade e Voz, Direção, Desempenho, Prestação de
Contas e Justiça.

Quando os gestores foram questionados quanto ao maior desafio que eles enfrentam
ao gerenciar uma unidade de conservação, como o PNSC, foi respondido que:
[...] é saber lidar com os componentes dentro do Parque, estou falando dos
componentes que fazem a gestão, os seus irmãos dentro do Parque e fora dele,
porque se você não souber manusear esses dois elementos, o interno e o externo,
funciona, mas de certa forma, com anomalia (Gestor B do PNSC).

A anomalia citada pelo gestor seria a má administração do Parque, ou até mesmo seu
não funcionamento, uma vez que, caso a gestão não esteja integrada com as comunidades do
entorno, ela encontrará resistência por parte dessas pessoas, e consequentemente, será inviável
o manejo da unidade de conservação.

O desafio da falta ou da inadequação de recursos financeiros também se fez presente


na pesquisa de Jeannot, Carvalho e Fontes (2016), em uma análise da efetividade de um Parque
Estadual em Minas Gerais, o que demonstra que a escassez de recursos financeiros é um desafio
para gestão de parques em diferentes regiões do país. Desse modo, a ligação entre a gestão
do Parque e a comunidade do entorno pode ser canalizada para minimizar essa deficiência
de recursos financeiros, pois, mesmo sem a quantidade de capital (humano e financeiro)
apropriados para plena manutenção da estrutura do Parque, a cooperação com a comunidade
do entorno é capaz de manter o bom funcionamento da unidade de conservação.

Além disso alguns estudos recentes apontam nos resultados que a utilização de
princípios de boa governança na análise da eficiência de gestão de unidades de conservação
podem ser uma alternativa que forneça para o gestor a obtenção de informações e a aplicação
de práticas que melhorem o desempenho da unidade de conservação (JERONYMO;
SILVA; FONSECA, 2021; ABRAHÃO; ASMUS; FERREIRA, 2018; SANSÃO, 2017;
MARINELLI, 2016).

A observação direta de campo foi utilizada como um meio para verificar as informações
passadas em entrevista pela gestão do PNSC. Foi observado que os aspectos relacionados à
parceria funcionários-gestão são reais. Durante a visita o guia demonstrou conhecimento sobre
a história e as pessoas do local, realçando a parceria com os brigadistas e com a gestão em geral.

No entanto, a visita expôs um ponto não destacado na entrevista. De acordo com


o guia, o Parque sofre com a escassez de recursos financeiros, traduzindo-se em manutenções
com intervalos cada vez maiores, corte no quantitativo de funcionários, como por exemplo, os
brigadistas que passaram de mais de 20 pessoas para seis, atualmente.

O Parque está precisando de algumas manutenções, como, por exemplo, nas áreas
das pinturas rupestres e na estrutura da visitação. O guia relatou que os cupins danificam estas
pinturas, além das estruturas de visitação responsáveis pela proteção do patrimônio ambiental

98
do parque estarem deterioradas. Conforme relato do guia a instituição que faz essa manutenção
está passando por falta de recursos e os reparos estão cada vez mais demorados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em relação às implicações gerenciais, foi encontrado que o ponto focal para administrar
unidade de conservação como o PNSC, em que há comunidades do entorno, é conciliar e
se relacionar com essas comunidades constantemente e de forma construtiva, permitindo a
participação dela nas decisões do Parque. Com a comunidade sendo uma parceira da unidade
de conservação, há a tendência da fiscalização dessas áreas ser maior e mais efetiva, visto que os
indivíduos desses locais ajudam nessa questão e ainda auxiliam em outras atividades, como na
manutenção da área do Parque. Desse modo, em um cenário de recursos financeiros reduzidos,
a gestão compartilhada da UC é preferível e mais efetiva.

Pelos resultados da análise das entrevistas e a relação com os princípios de boa


governança de Dudley, observa-se a relevância da inserção de parâmetros que verifiquem o grau
de eficiência e eficácia de gestão com base nesses princípios, para que, de certa forma, o gestor
possa melhorar o desempenho de gestão e interferir de forma proativa nos resultados de gestão
de uma unidade de conservação.

O conselho manifestou-se como uma forma clara de gestão participativa e


descentralização da administração, com um potencial de consolidar e legitimidade da UC, isto
é, de se relacionar com as comunidades do entorno e ser bem visto por elas.

Os resultados demonstram que a gestão do PNSC se preocupa com a vulnerabilidade


de seus recursos naturais, instigando voluntários, vindos principalmente das comunidades
parceiras do entorno. Segundos os gestores e o guia do parque (em conversa informal durante a
observação de campo), tanto os voluntários, quanto os guias e a brigada ajudam na fiscalização
desses recursos, bem como no controle de incêndios. Desse modo, percebe-se que o princípio
da Legitimidade e Voz se expressa em distintas atividades do Parque, fazendo presença em
tópicos relacionados a outros princípios.

Pode-se também verificar que a não observação e/ou utilização pelo gestor de
ferramentas de avaliação que utilizem como base os princípios de Dudley pode fazer com que
este gestor não consiga obter informações sobre aspectos relevantes na gestão de uma unidade
de conservação. Como exemplo disso, o princípio da Legitimidade e Voz, que se mostrou
altamente relevante no presente estudo devido à relação existente entre comunidade e Parque,
que desde a sua criação está envolvida em todos os processos de gestão e também é considerado
pelos gestores como um aspecto relevante para a unidade de conservação.

No tocante às limitações, pelo volume de princípios utilizados na pesquisa - um total


de nove - e suas inerentes distinções, cada princípio não pôde ser totalmente aprofundado apenas

99
com os métodos escolhidos. Dessa forma, cada princípio merece um aspecto metodológico
distinto para ser analisado por completo. Além disso, devido à escassez de literatura existente
sobre o tema, pouco pôde ser analisado em comparativo com artigos relacionados.

Como agenda para pesquisas futuras, isto é, direcionamento, é sugerido que os


princípios de boa governança sejam trabalhados por diferentes enfoques metodológicos,
podendo até mesmo ser desenvolvido uma ferramenta de análise da gestão de unidade de
conservação, com base nestes princípios. Além de tudo, sugere-se a elaboração de mais estudo,
segundo estes princípios, em demais unidades de conservação, visto que, será importante para
consolidar a visão desses conceitos em um viés gerencial.

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105
2
Flora em Unidades de
Conservação do Piauí
Capítulo

DIVERSIDADE DE FABACEAE Lindl. NO PARQUE NACIONAL


SERRA DAS CONFUSÕES, PIAUÍ, BRASIL
Roseli Farias Melo de Barros
Gardene Maria de Sousa
Fábio José Vieira
Genilson Alves dos Reis e Silva
Luciana dos Santos Dias de Oliveira
Sheila Milena Neves Araújo Soares

RESUMO

O Parque Nacional Serra das Confusões (PNSC), localizado no Sul do Piauí, é uma unidade
de conservação de proteção integral que protege ambientes de caatinga e de transição cerrado/
caatinga. Sua flora, juntamente com a do Parque Nacional Serra da Capivara, foi considerada
como área prioritária para preservação da biodiversidade da caatinga. Apesar disso, estudos
florísticos nesta região são praticamente inexistentes. Assim, com intuito de mitigar esta
lacuna, apresentamos o checklist de Fabaceae, família mais rica do Parque. A lista conta com
coletas realizadas entre os anos de 2006 e 2007 e com registros de herbários do SpeciesLink.
Até o momento, foram identificadas 93 espécies, entre as quais Chamaecrista barbata (Nees
& Mart.) H.S. Irwin & Barneby, C. desvauxii var. langsdorffii (Kunth ex Vogel) H.S. Irwin &
Barneby, Cranocarpus gracilis Afr.Fern. & P. Bezerra, Piptadenia retusa (Jacq.) P.G. Ribeiro,
Seigler & Ebinger, Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose e Trischidium decipiens (R.S.

107
Cowan) H.E. Ireland são registradas pela primeira vez para o Piauí. Chamaecrista (L.) Moench
(10 spp), Bauhinia L., Mimosa L. e Senna Mill. (com seis espécies, cada) foram os gêneros
mais representativos. O porte predominante foi o arbóreo (47 spp), seguido do arbustivo
(24), subarbustivo (19) e herbáceo (5). Estes números mostram a importância deste Parque e a
necessidade de realização de futuros trabalhos florístico-taxonômico na área.

INTRODUÇÃO

A caatinga ocupa cerca de 912.529 km2 do Brasil, o que corresponde a 10,7% do


território (SILVA et al., 2017), sendo o quarto maior domínio vegetacional em extensão do
país (IBGE, 2019). Com vegetação diversa, altos níveis de endemismo e ainda pouco amostrada
ou subamostrada, especialmente no estado do Piauí, a caatinga ainda pode conter um número
maior de espécies, especialmente para Fabaceae, a família botânica mais diversa desse domínio
vegetacional, principalmente em regiões pouco coletadas, como o Parque Nacional Serra das
Confusões (PNSC), maior área de conservação desse tipo vegetacional do estado (ROCHA et
al., 2005; TABARELLI et al., 2008; QUEIROZ et al., 2017).

Perfazendo 54% da região Nordeste, incluindo o sudoeste do estado do Piauí, com


37% do território coberto por esse domínio (ANDRADE et al., 2005; ALVES, 2013), a
caatinga ocorre em uma área caracterizada por altas temperaturas, forte sazonalidade e baixa
precipitação (SAMPAIO, 2003; SILVA et al., 2017) e sua vegetação exibe uma dominância do
estrato arbustivo-arbóreo de baixo porte, suculentas, lianas e ervas anuais com adaptações ao
estresse hídrico, como caducifolia e espinhos (RODAL; SAMPAIO, 2002; GIULIETTE et al.,
2004; PENNINGTON, 2006; QUEIROZ et al., 2009; RODAL et al., 2013).

Diferentemente do que se acreditava, essa formação vegetacional exibe alta riqueza de


espécies e endemismos (OLIVEIRA et al., 1997; EMPERAIRE, 1989; LEMOS; RODAL;
SAMPAIO, 2002; PENNINGTON et al., 2006, 2009; SANTOS et al., 2012; MORO et al.,
2014; 2016; QUEIROZ et al., 2017), com, até o presente, cerca de 3.150 espécies, 930 gêneros
e 152 famílias de angiospermas registradas, sendo Fabaceae a mais rica em espécies (SILVA et
al., 2017).

Inclusive, esta família é a terceira maior em número de espécies (LEWIS et al., 2005;
QUEIROZ, 2009; LPWG, 2017; FLORA E FUNGA DO BRASIL, 2022) e está entre as três
mais diversas em todos os domínios vegetacionais do Brasil, com cerca de 50% das espécies
endêmicas (FLORA E FUNGA DO BRASIL, 2022). Atualmente, a família é dividida em
seis subfamílias (LPWG, 2017; FLORA E FUNGA DO BRASIL, 2022), cinco delas com
representantes no Brasil, por ordem de riqueza: Cercidoideae, Detarioideae, Dialioideae,
Caesalpinioideae e Papilionoideae. Na caatinga, a família conta, até o momento, com 112
gêneros e 474 espécies (SILVA; LEAL; TABARELLI et al., 2017), o que perfaz 15% do

108
registrado para todo o país (total de espécies: 3.026; FLORA E FUNGA DO BRASIL, 2022).

Embora impressionantes, os números de espécies de leguminosas para caatinga podem


ser maiores, uma vez que grandes áreas dessa vegetação permanecem sem grandes esforços de
coleta (MORO et al., 2014; QUEIROZ et al., 2017). O estado do Piauí, por exemplo, possui
dois grandes parques nacionais dominados por essa vegetação, mas com poucos ou nenhum
levantamento sistemático de espécies da flora: o Parque Nacional Serra das Confusões, sem
nenhum levantamento publicado, e o Parque Nacional Serra da Capivara, com até o presente,
dois levantamentos e uma caracterização geográfica (LEMOS; RODAL, 2002; LEMOS, 2004;
COSTA et al., 2012).

Considerando a alta diversidade e endemismo da flora da caatinga e a inexistência


de uma lista florística para o PNSC, apresentamos o checklist de Fabaceae, incluindo novos
registros para o Piauí.

MATERIAL E MÉTODOS

Caracterização da área

O PNSC é uma unidade de conservação de proteção integral com 823.435 hectares


de área de caatinga e ecótonos cerrado/caatinga. Está localizado no sul do Piauí (09º 27’ S e
43º 05’ W), encravado nos municípios de Alvorada do Gurguéia, Brejo do Piauí, Bom Jesus,
Canto do Buriti, Caracol, Curimatá, Cristino Castro, Guaribas, Jurema, Redenção de
Gurguéia, Santa Luz e Tamboril do Piauí (BRASIL, 2010). Encontra-se sob a influência do
clima semiárido, apresentando baixa pluviosidade (cerca de 800 mm ao ano), duas estações bem
distintas – período seco com variação de seis meses, e chuvoso com duração de quatro meses – e
temperatura média variando entre 18°C a 35°C (MOURA, 2004).

Geomorfologicamente, encontra-se na faixa de contato entre o maciço cristalino da


Formação Serra Grande e a Bacia Sedimentar do Parnaíba, apresentando basicamente duas
paisagens: a) superfície plana, formada por amplos vales de altura média de 800 m e b) relevo
complexo, constituído de rochas cristalinas com altitude média de 500 m (Figura 1). Estas
formações fazem parte da zona interfluvial das bacias hidrográficas dos rios Parnaíba e São
Francisco (MOURA, 2004).

Coleta e identificação do material botânico

As coletas foram realizadas com o apoio do Programa de Pesquisa em Biodiversidade


(PPBio) do semiárido, coordenado pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS),
através do subprojeto ‘Levantamento botânico e zoológico do Parque Nacional Serra das

109
Confusões/PI’. Assim, expedições para o PNSC ocorreram entre os anos de 2006 e 2007, nos
municípios de Caracol (localidades Andorinha, Camaçari, Cruzeiro, Japecanga, Olho d’água
da Santa, Piscina Natural, Riacho dos Bois e Serra Grande, Sobrado), Jurema (localidades
Boqueirão do Mato e Terra Azul) e Guaribas (localidades Barreiro, Capim, Muquém, Olho
d’água das Andorinhas e Sobrado da Luizinha), em diferentes períodos do ano com o objetivo
de registrar as espécies férteis na estação chuvosa e seca.

O levantamento qualitativo das espécies de Fabaceae no PNSC foi realizado pelo


método do caminhamento (FILGUEIRAS et al., 1994), em trilhas pré-existentes ou adentrando
áreas florestadas, abrangendo diferentes fitofisionomias. Quando possível, os espécimes foram
georreferenciados e fotografados. Posteriormente, foram coletados e herborizados seguindo
as técnicas usuais em taxonomia vegetal (MORI et al., 1989; BRIDSON; FORMAN, 1998)
e depositados nos herbários TEPB, com duplicatas enviadas para o HUEFS [acrônimos
de acordo com Thiers (continuamente atualizado)]. O material foi identificado por meio
de bibliografias especializadas, comparação com materiais depositados em herbários e por
especialistas. As espécies foram listadas com base na classificação proposta por LPWG (2017)
e a Flora e Funga do Brasil (2022), a partir das coletas realizadas pelos autores deste trabalho e
de registros encontrados no SpeciesLink (https://specieslink.net/). Os nomes dos autores dos
táxons foram checados nas plataformas virtuais Flora do Brasil 2020 (www.floradobrasil.jbrj.
gov.br), Tropicos® (www.tropicos.org) e International Plants Names Index - IPNI (www.ipni.
org).

110
Figura 1 - Formações geomorfológicas e vegetação do Parque Nacional Serra das Confusões, Piauí, Brasil. A.
Planaltos com topos planos (seta vermelha), solo arenoso, vegetação de caatinga arbustiva (vista ampla com serras
de topos redondos ao fundo); B. Planaltos com topos planos, solo arenoso, vegetação de caatinga arbustiva (vista
próxima); C. Montanhas com topos redondos, quase sem solo, alta declividade, dissecação, com presença de
elementos de caatinga arbustiva ou hiperxerófila; D. Vales entre as serras com mata úmida (seta azul); E. Depressões
entre as montanhas com mata úmida; F. Caatinga arbórea em áreas mais secas do vale.

111
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram identificadas 93 espécies de Fabaceae, distribuídas em 51 gêneros e cinco


subfamílias: Caesalpinioideae (43 spp.), Papilionoideae (35 spp.), Detarioideae (8 spp.),
Diallioideae (1 sp.), e Cercidoideae (6 spp.), – (Tabela 1, Figuras 2 e 3). Os gêneros mais
representativos foram Chamaecrista (L.) Moench (10 spp.), Bauhinia L., Mimosa L. e Senna
Mill. (com seis espécies, cada).

Araújo e Lemos (2020) registraram 53 espécies de Fabaceae em áreas de transição cerrado/


caatinga dos municípios de Bom Princípio, Brasileira e Murici dos Portelas (mesorregião Norte
Piauiense), tendo Caesalpinoideae como a subfamília com maior riqueza específica (26 spp.).
Os autores comentaram sobre a necessidade de um maior esforço de coleta para região, o que
poderia justificar o número de espécies expressivamente menor que o do PNSC, uma vez que
o esperado é as áreas ecotonais apresentarem maior riqueza de espécies que os ecossistemas que
os formam.

Lemos (2004) listou 64 espécies da família no levantamento realizado no Parque


Nacional Serra da Capivara. Tanto este Parque quanto a Serra das Confusões são unidades
de conservação de caatinga e estão localizados entre duas grandes formações geológicas
distintas (cristalina e sedimentar) que influenciam diretamente na composição florística e na
fisionomia da vegetação. Lemos (2004) ressalta, inclusive, que a heterogeneidade do ambiente
físico influencia na distribuição das espécies do Parque, visto que algumas foram registradas
somente em uma das formações. Este aspecto, dentre outros, reflete no quantitativo de espécies
encontrados em ambos os parques.

Tabela 1 - Lista das espécies de Fabaceae Lindl. do Parque Nacional Serra das Confusões, Piauí, Brasil. Arb. =
arbusto; Arv. = árvore; Erv. = erva; Lia. = liana; Sub. = subarbusto; Trep. = trepadeira. *Primeiros registros para o
Piauí.

Nome
Táxon Porte Voucher
Vulgar
Caesalpinioideae (43 spp.)
TEPB 17.952 Angico-
1. Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam var. colubrina Arv.
vermelho
2. Blanchetiodendron blanchetii (Benth.) Barneby & HUEFS
Arv. -
J.W.Grimes 122.347
HUEFS
3. Calliandra fernandesii  Barneby Arb. -
161.823
HUEFS Rabo-de-
4. Calliandra sessilis Benth. Arb.
136.043 raposa
HUEFS Escova-couro-
5. Calliandra ulei Harms Arb.
136.072 do-cerrado

112
Nome
Táxon Porte Voucher
Vulgar
HUEFS
6. Calliandra umbellifera Benth. Arb. -
125.155
HUEFS
7. Cenostigma macrophyllum Tul. Arv. -
136.071
8. Cenostigma pyramidale (Tul.) Gagnon & G.P.Lewis Arb. CEN 95.637 Catingueira
9. Chamaecrista acosmifolia (Benth.) H.S. Irwin & Barneby Sub. TEPB 1.362 -
10. Chamaecrista barbata (Nees & Mart.) H.S. Irwin & HUEFS
Arb. -
Barneby* 122.372
11. Chamaecrista brevicalyx (Benth.) H.S. Irwin & Barneby Sub. EAC 31.344 São-joão
12. Chamaecrista desvauxii var. langsdorffii (Kunth ex Vogel) HUEFS
Sub. Estrelinha
H.S. Irwin & Barneby* 136.016
13. Chamaecrista eitenorum (H.S. Irwin & Barneby) H.S. HUEFS
Arv. -
Irwin & Barneby 169.885
14. Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby Sub. EAC 31.339 -
15. Chamaecrista repens var. multijuga (Benth.) H.S.Irwin & EAC 8.695
Sub. -
Barneby
HUEFS Jurema-da-
16. Chamaecrista tenuisepala (Benth.) H.S. Irwin & Barneby Arb.
136.015 serra
17. Chamaecrista transversa Afr.Fern. Sub. EAC 31.350 -
18. Chamaecrista zygophylloides var. colligans (H.S. Irwin & HUEFS
Arb. São-joão
Barneby) H.S. Irwin & Barneby 136.021
19. Dimorphandra gardneriana Tul. Arv. TEPB 21.606 Fava-danta
20. Galactia jussiaeana  Kunth Sub. TEPB 1.147 -
HUEFS
21. Inga marginata Willd. Arv. -
122.354
22. Lachesiodendron viridiflorum (Kunth) P.G. Ribeiro, L.P. HUEFS
Arv. -
Queiroz & Luckow 122.329
23. Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P. Queiroz Arv. TEPB 23.135 Pau-ferro
HUEFS
24. Mimosa acutistipula (Mart.) Benth. Sub. Jurema
177.703
HUEFS
25. Mimosa hirsutissima Mart. Arb. -
122.396
26. Mimosa hypoglauca Mart. Sub. UB 140.070 -
27. Mimosa lepidophora Rizzini Arv. TEPB 1.141 Rama-de-besta
HUEFS
28. Mimosa misera Benth. Sub. -
136.061
29. Mimosa verrucosa Benth. Arb. TEPB 21.623 Escova-couro
HUEFS
30. Parkia platycephala (Benth.) H.S.Irwin & Barneby Arv. -
122.411
HUEFS
31. Piptadenia retusa (Jacq.) P.G. Ribeiro, Seigler & Ebinger* Arv. -
122.330

113
Nome
Táxon Porte Voucher
Vulgar
32. Pityrocarpa moniliformis (Benth.) Luckow & R.W. TEPB 17.524 Angico-de-
Arb.
Robson Bezerro
HVASF
33. Prosopis pallida  (Humb. & Bonpl. Ex Willd.) Kunth Arv. -
13.663
HUEFS
34. Samanea saman (Jacq.) Merr. Arv. -
140.808
HUEFS
35. Senegalia langsdorffii (Benth.) Seigler & Ebinger Arv. -
167.437
36. Senegalia lasiophylla (Benth.) Seigler & Ebinger Arv. EAC 9.104 -
HUEFS
37. Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose* Arv. -
122.340
38. Senna cearensis Afr.Fern. Arv. CEN 73.712 -
39. Senna gardneri  (Benth.) H.S.Irwin & Barneby Arb. VIC 45.561 -
HUEFS
40. Senna lechriosperma H.S. Irwin & Barneby Arv. -
136.067
41. Senna macranthera (DC. ex Collad.) H.S. Irwin & HUEFS
Arv. 175.222 São-joão
Barneby
HUEFS Folha-miúda-
42. Senna silvestris (Vell.) H.S. Irwin & Barneby Arv.
136.068 de-cerrado
43. Senna splendida (Vogel) H.S.Irwin & Barneby Lia. ESAL 22.700 -
Cercidoideae (6 spp.)
HUEFS
44. Bauhinia acuruana Moric. Arb. -
136.075
45. Bauhinia brevipes Vogel Arb. UEC 32.682 -
46. Bauhinia burchellii Benth. Arb. EAC 8.717 -
HUEFS
47. Bauhinia dubia G. Don Arv. -
122.365
48. Bauhinia pulchella Benth. Arb. EAC 8.685 -
49. Bauhinia subclavata Benth. Arb. UEC 32.548 -
Detarioideae (8 spp.)
50. Copaifera coriacea Mart. HUEFS Podói
Arv.
163.376
HUEFS
51. Copaifera langsdorffii Desf. Arv. -
122.421
HUEFS
52. Copaifera luetzelburgii Harms. Arv. -
136.076
HUEFS
53. Hymenaea courbaril L. Arv. -
122.337
HUEFS Jatobá-
54. Hymenaea eriogyne Benth. Arv.
170.111 verdadeiro
HVASF
55. Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne Arv. Jatobazinho
13.659

114
Nome
Táxon Porte Voucher
Vulgar
HUEFS
56. Hymenaea velutina Ducke Arv. Jatobá
136.014
57. Peltogyne confertiflora (Mart. ex Hayne) Benth. Arb. TEPB 17.535 Jatobá
Diallioideae (1 sp.)
58. Poeppigia procera (Poepp. ex Spreng.) C. Presl Arv. EAC 9.094 -
Papilionoideae (35 spp.)
59. Aeschynomene evenia C. Wright & Sauvalle Arb. EAC 8.693 -
60. Aeschynomene sensitiva Sw. Erv. EAC 8.719 -
Amburana-de-
61. Amburana cearensis (Allemão) A.C. Sm. Arv. TEPB 24.108
cheiro
62. Ancistrotropis peduncularis (Kunth) A. Delgado Erv. TEPB 1.129 -
HUEFS
63. Andira fraxinifolia Benth. Arv. Cascudo
122.363
64. Andira surinamensis (Bondt) Splitg. ex Amshoff Arv. TEPB 30.591 -
HUEFS
65. Bionia coriacea (Nees & Mart.) Benth. Trep. -
122.386
66. Bowdichia virgilioides Kunth Arv. TEPB 17.954 -
67. Cranocarpus gracilis Afr.Fern. & P. Bezerra* Erv. EAC 8.703 -
68. Ctenodon marginatus (Benth.) D.B.O.S. Cardoso, P.L.R.
Arb. TEPB 24.068 -
Moraes & H.C. Lima
69. Crotalaria sp. Erv. TEPB 23.140 -
70. Dahlstedtia araripensis (Benth.) M.J. Silva & A.M.G.
Arv. TEPB 1.140 -
Azevedo
Coração-de-
71. Dalbergia cearensis Ducke Arv. TEPB 21.591
negro
72. Deguelia nitidula (Benth.) A.M.G. Azevedo & R.A.
Lia. EAC 8.688 -
Camargo
HUEFS
73. Desmodium sp. Sub. -
136.052
74. Diptychandra aurantiaca subsp. epunctata (Tul.) H.C.
Arv. CEN 95.652 Birro
Lima, Carvalho & Costa
HUEFS
75. Machaerium acutifolium Vogel Arv. -
136.051
HUEFS
76. Machaerium villosum Vogel Arv. -
122.333
77. Macropsychanthus grandiflorus (Mart. ex Benth.) L.P.
Lia. TEPB 23.137 Mucunã
Queiroz & Snak
78. Macroptilium lathyroides (L.) Urb. Sub. TEPB 24.074 Feijão-bravo
79. Periandra coccinea (Schrad.) Benth. Sub. TEPB 1.309 Feijão-bravo
UB, Barbosa
80. Plathymenia reticulata Benth. Arv. Candeia
R. 638

115
Nome
Táxon Porte Voucher
Vulgar
HUEFS
81. Platypodium elegans Vogel Arb. Rama-de-besta
136.060
HUEFS
82. Poecilanthe subcordata Benth. Arv. -
82.345
83. Pterocarpus villosus (Mart. ex Benth.) Benth. Arv. NY 1184150 -
84. Pterodon abruptus (Moric.) Benth. Arv. TEPB 21.603 Cangaeiro
85. Pterodon emarginatus Vogel Arv. TEPB 30.647 -
HUEFS
86. Stylosanthes capitata Vogel Sub. -
136.050
HVASF
87. Stylosanthes macrocephala M.B.Ferreira & Sousa Costa Sub. -
13.567
Banha-de-
88. Swartzia flaemingii Radii Arv. TEPB 21.599
galinha
89. Swartzia psilonema Harms NY Banha-de-
Arv.
02692435 galinha
90. Tachigali vulgaris L.G.Silva & H.C.Lima Arv. EAC 31.328 -
HUEFS
91. Trischidium decipiens (R.S. Cowan) H.E. Ireland* Arb. Pipoqueira
136.048
HUEFS
92. Trischidium molle (Benth.) H.E.Ireland Arb. Estraladeirinha
170.880
HUEFS
93. Vatairea macrocarpa (Benth.) Ducke Arv. Amargoso
122.442

116
Figura 2 - A. Amburana cearensis (Allemão) A.C. Sm; B. Periandra coccinea (Schrad.) Benth; C. Andira
fraxinifolia Benth; D. Trischidium decipiens (R.S. Cowan) H.E. Ireland; E. Macropsychanthus grandiflorus
(Mart. ex Benth.) L.P. Queiroz & Snak; F. Crotalaria sp.

117
Figura 3 - A. Pityrocarpa moniliformis (Benth.) Luckow & R.W. Robson; B. Mimosa verrucosa Benth; C.
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam var. colubrina; D. Peltogyne confertiflora (Mart. Ex Hayne) Benth.; E.
Cenostigma macrophyllum Tul.; F. Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P. Queiroz

118
Das espécies listadas, Chamaecrista barbata (Nees & Mart.) H.S. Irwin & Barneby, C.
desvauxii var. langsdorffii (Kunth ex Vogel) H.S. Irwin & Barneby, Cranocarpus gracilis Afr.
Fern. & P. Bezerra, Piptadenia retusa (Jacq.) P.G. Ribeiro, Seigler & Ebinger, Senegalia polyphylla
(DC.) Britton & Rose e Trischidium decipiens (R.S. Cowan) H.E. Ireland são registradas pela
primeira vez para a flora do Piauí (ver Flora e Funga do Brasil, 2022). Ressaltamos também o
registro de Calliandra ulei Harms para o PNSC, espécie endêmica do estado. Apesar de ser
uma família amplamente conhecida, as Fabaceae do estado, em especial da caatinga, ainda são
pouco estudadas do ponto de vista florístico-taxonômico. Dessa forma, novos registros estão
entre os resultados esperados e descrições de novas espécies podem acontecer em decorrência
de estudos posteriores.

Segundo Queiroz (2009), as leguminosas da caatinga possuem uma diversidade de


porte, desde ervas, trepadeiras ou lianas, até árvores de grande porte. No PNSC, todos estes
foram encontrados, onde as espécies arbóreas foram as mais representativas (47 spp.), seguidas
das arbustivas (23), subarbustivas (15), ervas (4), lianas (3) e trepadeira (1). Apesar do hábito
arbustivo ser mais comumente encontrado em espécies da caatinga (QUEIROZ, 2009), neste
levantamento predominaram as árvores. Caesalpinioideae foi a subfamília com o maior número
de espécies do componente arbóreo (20 spp.)

A heterogeneidade estrutural está, dentre outros fatores, relacionada ao relevo e ao déficit


hídrico. Em áreas com maior disponibilidade de água e solos mais profundos há predominância
do estrato arbóreo com porte um pouco mais elevado (QUEIROZ, 2009). De fato, nos
boqueirões do PNSC, indivíduos arbóreos de Copaifera langsdorffii Desf., Dimorphandra
gardneriana Tul., Hymenaea courbaril L. e Swartzia flaemingii Radii foram comumente
encontrados. Já nos afloramentos rochosos, destacamos a ocorrência de representantes de
Caesalpinoideae (principalmente Chamaecrista), Cercidoideae, e Papilinoideae, em especial
do estrato herbáceo-arbustivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste primeiro inventário florístico para o PNSC, foi encontrada elevada riqueza e
heterogeneidade florística, além de novas ocorrências de espécies de Fabaceae para a flora do
Piauí, indicando o imenso potencial de descobertas botânicas para o parque. Os dados aqui
apresentados indicam, pelos menos, duas necessidades prementes: (1) a intensificação de estudos
florísticos, fitossociólogicos e taxônomicos na área e (2) a comparação da flora do PNSC com
outras áreas de caatinga e cerrado do país, com possibilidade de novos registros, inclusive, para
a vegetação de caatinga e, talvez, de endemismos. Quem sabe assim, em um futuro próximo,
a área do Parque Nacional da Serra das Confusões ajude a lançar ainda mais esclarecimentos
sobre a dinâmica vegetacional das Florestas Tropicais Sazonalmente Secas.

119
AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao PPBio da região do semiárido (coordenado pela UEFS) pelo


financiamento das expedições de coletas botânicas. Aos curadores dos herbários HUEFS e IPA
pelo acesso as suas respectivas coleções.

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at<http://sweetgum.nybg.org/ih/>. Acesso em: 7 Jan. 2022

122
Capítulo

CARACTERIZAÇÃO POR GEOPROCESSAMENTO QUANTO AOS


FOCOS DE CALOR, ÍNDICE DE VEGETAÇÃO POR DIFERENÇA
NORMALIZADA E USO E COBERTURA DO SOLO DA ESTAÇÃO
ECOLÓGICA DE URUÇUÍ – UNA, PIAUÍ.
Marcos Freitas Targino
Marlete Moreira Mendes Ivanov

RESUMO

O sensoriamento remoto vem sendo amplamente utilizado para estudos dos ecossistemas,
atuando de diferentes formas na caracterização dos recursos naturais e monitoramento do meio
ambiente. Através do uso do sensoriamento remoto é possível entender melhor a vegetação do
bioma do Cerrado, o qual é considerado uma das savanas mais ricas biologicamente. Entretanto,
nas últimas décadas seu território foi reduzido a menos de 30%, principalmente por causa da
expansão do agronegócio. Para minimizar a perda de biodiversidade, a criação de Unidades de
Conservação (UC) é uma das estratégias mais eficientes para proteger amostras de ecossistemas
e espécies, além de possibilitar a realização de diferentes pesquisas, assim como o uso do
sensoriamento remoto, que auxiliam na conservação e preservação dessas áreas. Objetivou-se
com o presente estudo caracterizar espacialmente variáveis ambientais da Estação Ecológica de
Uruçuí-Una nos anos de 1999 e 2020. Através de dados provenientes do sensoriamento foi feito
o mapeamento e análise dos focos de calor entre os anos 1998 a 1999 e 2019 a 2020, utilizando-
se a densidade de Kernel, a qual determina um raio de influência dos focos, sendo dividido em

123
baixa, média e alta influência. Também foi observado e analisado o uso e cobertura do solo,
usando-se a classificação supervisionada por máxima verossimilhança, onde se identificam as
assinaturas espectrais dos pixels das amostras, e depois se estipulam as classificações propostas
para o restante da área, classificando-se em: Mata úmida, vegetação de cerrado, vegetação rala e
solo exposto/cultivos. Por fim, examinou-se o vigor da vegetação através do Índice de Vegetação
por Diferença Normalizada (NDVI). Para interpretação dos dados a cobertura do solo foi
dividida em classes: solo exposto, vegetação rala, vegetação semidensa e vegetação densa. Para
processamento dos dados e elaboração dos mapas foi utilizado o software ArcGIS. O período
de 07/2019 a 07/2020 apresentou 300% mais focos de calor do que de 07/1998 a 07/1999,
além de cinco vezes mais alta influência sobre a área da ESEC. A respeito da classificação do
uso e cobertura do solo, a classe de vegetação de Cerrado se destacou tanto em 1999, quanto
em 2020; entretanto, neste último ano observou-se um aumento de 9,12% do solo exposto.
A classe do NDVI semidensa destacou-se nos dois períodos, a qual equivale à vegetação de
Cerrado sensu stricto, predominante na ESEC. A ESEC, apesar de ser uma UC, vem sofrendo
pressão dos empreendimentos agrícolas, o que se observa principalmente nas suas bordas.

INTRODUÇÃO

O sensoriamento remoto faz a utilização conjunta de modernos instrumentos


(sensores), equipamentos para processamento e transmissão de dados e plataformas (aéreas ou
espaciais) para carregar tais instrumentos e equipamentos, objetivando estudar o planeta Terra
através de análises das interações da radiação eletromagnética e as diferentes manifestações da
superfície terrestre (NOVO, 1989).

O sensoriamento remoto vem sendo amplamente utilizado para estudos dos


ecossistemas, atuando de diferentes formas no levantamento de recursos naturais e
monitoramento do meio ambiente, visando o desenvolvimento econômico e social de forma
sustentável (RODRIGUES; ARAUJO, 2018). Possibilita benefícios como captação de
imagens à distância, projeção de cenários, flexibilidade nos planejamentos, desenvolvimento
de novas estratégias e melhoramento na preservação de áreas degradadas. Também auxilia no
processo de gestão e na elaboração de políticas públicas relacionadas à conservação dos recursos
naturais, além do monitoramento de áreas que devem ser protegidas (CURI, 2011).

O uso do sensoriamento remoto e de outras ações para entender melhor o Cerrado


é de suma importância para a preservação e conservação do bioma. O mesmo ocupava
originalmente por volta de 24% do território nacional, mas sofreu grande pressão antrópica,
perdendo mais de 70% do seu território, para dar lugar principalmente à agricultura e pecuária
(MMA, 2010). O Bioma Cerrado é caracterizado pela sua alta biodiversidade e endemismo na
flora e fauna, devido suas características edafoclimáticas típicas (AGUIAR et al., 2015; KLINK;
MACHADO, 2005).

124
Na região Nordeste, o estado do Piauí possui a maior representatividade de áreas
cobertas por Cerrado, com mais de 11,5 milhões de hectares (46% do estado) (CIDADE
VERDE, 2014). Entretanto, na região conhecida como MATOPIBA (composta pelos cerrados
que ocorrem nos estados do Piauí, Maranhão, Tocantins e Bahia), o Cerrado vem sofrendo
com o desmatamento acentuado, levando à perda de cobertura vegetal original e biodiversidade
(MAGALHÃES, 2013; REYDON; MONTEIRO, 2009; INPE, 2019).

As mudanças no uso e cobertura do solo do Cerrado são acompanhadas por danos


ambientais: fragmentação de habitats, extinção de espécies com redução da biodiversidade,
invasão de espécies exóticas, erosão dos solos, poluição de aquíferos, degradação de ecossistemas,
alterações nos regimes de queimadas, desequilíbrios no ciclo do carbono e possivelmente
mudanças climáticas regionais (KLINK; MACHADO, 2005).

Mediante a situação na região, uma das estratégias mais eficientes para proteger amostras
de ecossistemas e espécies são as Unidades de Conservação (UC) (AGUIAR et al., 2015), as
quais asseguram áreas intactas e preservadas onde seja possível a realização de pesquisas, tanto
em campo como por sensoriamento remoto, sendo que este se destaca como uma alternativa
efetiva e econômica de coleta de dados e análise das questões ambientais, principalmente em
países com grandes extensões de terra como o Brasil (SAUSEN, 2016; MASCARENHAS et
al., 2009).

No Brasil, incluindo todos os biomas e as esferas governamentais (federal, estadual


e municipal), existem 158.898.967ha (18,7% do território nacional) de áreas continentais
protegidas por Unidades de Conservação, sendo 54.243.801ha de proteção integral e
104.655.166ha de uso sustentável (MMA, 2021). Somente no estado do Piauí existem 44
unidades de conservação em funcionamento, entre as quais 19 são de uso sustentável e 25 de
proteção integral, com área total de 2.811.924,56ha, correspondendo a 11,17% da área do
estado, sendo 1.706.345,66ha em unidades de uso sustentável e 1.105.578,93ha em unidades
de proteção integral (LEITE; IVANOV, 2020).

Segundo Leite e Ivanov (2020) existem duas Estações Ecológicas (ESEC) no estado
do Piauí, uma estadual e uma federal. A ESEC de Uruçuí-Una (foco do presente trabalho),
pertence à esfera Federal e é administrada pelo ICMBio, com sede em Bom Jesus do Piauí.
Objetivou-se, com o presente estudo, caracterizar e analisar espacialmente variáveis ambientais
da Estação Ecológica de Uruçuí-Una nos anos de 1999 e 2020.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

O estudo foi realizado na Estação Ecológica de Uruçuí-Una (EEUU), localizada ao

125
sul do estado do Piauí, com os limites geográfico: NE 44º57´49” W e 8º53´02” S SE 45º11º37”
W e 9º06´34” S, NO 45º23´02” W e 8º39´26” S e SO 45º26´19” W e 8º54´24” S (Figura 1). A
EEUU foi estabelecida pelo decreto n° 86.061/1981, possui área de 135.000ha e está inserida
nos municípios de Baixa grande do Ribeiro, Santa Filomena e Bom Jesus (BRASIL, 1981).

Figura 1 - Localização da Estação Ecológica de Uruçuí-Una. Fonte: Os autores (2021)

Possui clima subúmido seco ou subúmido de transição, caracterizado por um período


chuvoso que se estende de dezembro a julho, com máxima concentração de pluviosidade entre
janeiro e março (MEDEIROS; CUNHA, 2006). Segundo ainda os mesmos autores a maior
parte da área é composta por relevos de chapada (Serra Grande) e adjacências dos vales vizinhos;
o topo das chapadas é relativamente plano, com altitudes variando entre 480 e 620 metros,
declinando em suas bordas para os vales. Ademais, na ESEC predomina a fitofisionomia de
cerrado sensu stricto, sendo igualmente distribuídos nas áreas planas e encostas. No alto das
chapadas tem-se a fisionomia de campo sujo, com densa cobertura de gramíneas, além de
arbustos, árvores baixas e esparsas. Ao longo de cursos d’água e pequenas lagunas é possível
encontrar os buritizais, enquanto as matas de galerias são encontradas ao longo dos principais
rios da Estação.

126
Procedimentos metodológicos

Base de dados

Para a caracterização da UC foram elaborados mapas temáticos de focos de calor


(1998-1999 e 2019-2020), NDVI (1999 e 2020) e uso e cobertura do solo (1999 e 2020) da
ESEC de Uruçuí-Una. Na Figura 2 estão apresentadas as bases de dados.

Figura 2 - Fluxograma da elaboração dos mapas temáticos a partir das suas respectivas bases de dados. Fonte: Os
autores (2021)

As imagens foram adquiridas a partir do Catálogo de Imagens do INPE (2021). Foram


utilizadas as imagens do satélite Landsat 7 sensor Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM+)
do dia 24/07/1999 e do Landsat 8 sensor Operational Land Imager (OLI) do dia 09/07/2020,
ambos satélites apresentam resolução espacial de 30m no visível.

Os focos de calor foram obtidos do BDQueimadas do INPE, com o objetivo de


elaborar os mapas de densidade Kernel. Foram utilizados dados do satélite de referência NOAA
– 12 sensor Advanced Very High Resolution Radiometer (AVHRR), intervalo de 07/1998 a
07/1999, e o satélite AQUA M-T sensor Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer
(MODIS) no intervalo de 07/2019 a 07/2020. De acordo com o INPE (2021b), os focos
passíveis de detecção são aqueles que possuem 30m de extensão por 1m de largura ou maiores,
sendo detectados a partir da visualização da energia infravermelha (0,75 a 1000μm).

Foram utilizados também arquivos vetoriais no formato shapefiles do Brasil, estados e


municípios do Piauí da base de dados do IBGE (2021), além dos limites da ESEC de Uruçuí – Una,
disponibilizados pelo Ministério do Meio Ambiente. Em todos os mapas foi utilizado o Datum
Sirgas 2000. Para processamento dos dados e elaboração dos mapas foi utilizado o software ArcGIS,

127
versão 10.8, da empresa Environmental Systems Research Institute (ESRI, 2021).

Focos de calor
Foram baixados do BDQueimadas dados de focos de calor dos períodos 07/1998 a
07/1999 e 07/2019 a 07/2020 do Piauí. Foram escolhidos intervalos de um ano que antecedem
as imagens utilizadas para análise do uso e cobertura do solo e NDVI, com a intenção de melhor
entender os processos que atuaram nos anos analisados); ajustes foram feitos para visualizar
apenas os focos que ocorreram dentro dos limites da ESEC de Uruçuí – Una. Em posse dos
dados, utilizou-se o método de estimativa de densidade Kernel para elaboração dos dois mapas
temáticos.

Os mapas de densidade de focos de calor foram classificados considerando três classes


de densidade: Alta, Média e Baixa, pelo método de quebras naturais (nature breaks), onde se
agrupam valores semelhantes.

Além dos mapas, detalhou-se, através de gráficos e tabelas, a ocorrência dos incêndios
para um melhor entendimento sobre a dinâmica dos focos. Ademais, afim de explicar melhor
as ocorrências foram observadas dados de temperatura e precipitação da Estação Meteorológica
Convencional de Bom Jesus (código da estação: 82975), que fica localizada na mesma região da
ESEC de Uruçuí-Una (INMET, 2021).

Uso e Cobertura do Solo


Fazendo o uso de composições de bandas do espectro do visível (RGB), as imagens
dos anos de 1999 e 2020, respectivamente dos Landsat 7 e 8, foram recortadas para a área
da ESEC de Uruçuí – Una. Em seguida utilizou-se o método de classificação supervisionada
por máxima verossimilhança, que consiste na escolha prévia de amostras da cobertura do solo.
Funcionando como um treinamento, onde se identifica as assinaturas espectrais dos pixels
das amostras, e depois se estipulam as classificações propostas para o restante da área, sendo
igualmente classificadas as áreas em que as assinaturas espectrais se assemelham com as amostras
(OLIVEIRA et al., 2014).

Foram realizadas algumas visitas que permitiram o melhor reconhecimento da área;


entretanto, a identificação das classes foi feita a partir da visualização das imagens de satélite.
Foram definidas quatro classes de cobertura do solo: Mata úmida, vegetação de cerrado,
vegetação rala e solo exposto/cultivos (Figura 3).

128
Figura 3 - Classes de uso e cobertura do solo usadas da ESEC de Uruçuí – Una. Fonte: Os autores (2021)

Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI)


Assim como na classificação do uso e cobertura do solo, as imagens de 1999 e 2020 da
série de satélites Landsat foram utilizadas, porém, apenas as bandas do vermelho e infravermelho
próximo.

As bandas foram recortadas de acordo com os limites da área de estudo e o NDVI foi
calculado conforme Equação 2, utilizando-se a ferramenta de álgebra de mapas do ArcGIS. Os
valores de NDVI encontram-se no intervalo de -1 a 1.

𝑁𝐷𝑉𝐼 =

Em que:

NDVI: Índice de Vegetação por Diferença Normalizada; ρ: Refletância; ρNIR: infravermelho


próximo; ρNIR: vermelho visível.

O NDVI foi dividido em classes utilizando o modo nature breaks, sendo elas: solo
exposto, vegetação rala, vegetação semidensa e vegetação densa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Focos de calor

A Estação Ecológica de Uruçuí-Una possui predominantemente a vegetação de


Cerrado; a mesma apresenta características adaptativas aos incêndios florestais, porém, o excesso
de ocorrência do fenômeno pode causar grande ameaça para a biodiversidade e manutenção
dos processos ecológicos (MEDEIROS; FIEDLER, 2003).

Os mapas de densidades de focos de calor para os dois períodos analisados, de 07/1998


a 07/1999 e 07/2019 a 07/2020, na ESEC de Uruçuí-Una, estão apresentados nas Figuras 4 e

129
5. A diferença entre os focos de calor de antes da implementação do SNUC (2000) para os dias
mais recentes é notória. No período de 1998/1999 foram contabilizados 49 focos de calor.
Observa-se a partir dos mapas de densidade de Kernel, que apenas 1,77% (23,94km²) da área
sofreu interferência alta, enquanto 5,05% (68,25 km²) sofreram interferência média e 93,17%
(1258,25km²) baixa ou nenhuma influência (Figura 4).

No período de 2019/2020 foram registrados 147 focos de incêndios. Observa-se que


8,26% da área apresentou densidade alta (125,01km²), 24,30% densidade média (328,12km²) e
66,44% densidade baixa (897,05km²) (Figura 5).

Figura 4 – Focos de calor detectados na Estação Ecológica de Uruçuí-Una no período de 07/1998 – 07/1999.
Fonte: Os autores (2021).

130
Figura 5 – Focos de calor detectados na Estação Ecológica de Uruçuí-Una no período de 07/2019 – 07/2020.
Fonte: Os autores (2021).

Houve um aumento no período de 2019/2020 de 300% de focos de incêndios em


comparação ao período de 1998/1999. Nos mapas de densidade de Kernel as áreas com alta
influência foram mais de cinco vezes maiores. Um dos principais motivos que podem ter levado
ao aumento da ocorrência de incêndios foi a expansão do agronegócio no sul do Piauí, inclusive
no entorno da Estação, pois, atua na intensificação de características que favorecem a ocorrência
de incêndios, como, por exemplo, o desmatamento e alterações microclimáticas (regimes de
chuvas, umidade e temperatura) (SPADOTTO; COGUETO, 2019; THOMÁZ, 2010).

Em toda a área da ESEC de Uruçuí-Una, de acordo com Medeiros e Cunha (2006),


pode ser considerada crítica a ocorrência de incêndios, no entanto algumas áreas se destacam:

◾No entorno dos rios Uruçuí-Preto e Riozinho, onde se encontram as comunidades que
fazem o uso do fogo de maneira indiscriminada para limpeza de áreas e renovação de pastagens;

◾Nas proximidades da estrada que corta a ESEC de norte a sul, devido à presença de caçadores
que queimam com a finalidade de gerar rebrotas para alimentação da fauna silvestre.

◾Nos brejos, onde há desmatamento seguido de queimadas para plantio de roças.

Ao longo do período de 1998/1999 os focos de calor estão concentrados nos meses


de agosto a outubro de 1998 (Figura 6). O mês de agosto apresentou o maior número de focos,
com 33 ocorrências. Enquanto, no período de 2019/2020 os focos de calor estão distribuídos
de julho a dezembro de 2019 (Figura 7), sendo os meses de setembro e outubro responsáveis
pelo maior número de registros, 45 e 80 ocorrências, respectivamente.

131
Figura 6 – Distribuição dos focos de calor ao longo dos meses no período de 07/1998 a 07/1999 na Estação
Ecológica de Uruçuí-Una. Fonte: Os autores (2021).

Figura 7 – Distribuição dos focos de calor ao longo dos meses no período de 07/2019 a 07/2020 na Estação
Ecológica de Uruçuí-Una. Fonte: Os autores (2021).

Esses resultados mostram que no período 1998/1999 os incêndios ocorreram apenas


nos últimos meses antes do período chuvoso começar. Período esse que tradicionalmente o solo
é preparado, na região, para cultivo. Já nos anos 2019/2020, os focos foram registrados a partir
de julho, final do período chuvoso, podendo indicar que as queimadas ocorreram não apenas
com origem antrópica. As condições climáticas influenciam diretamente na ocorrência de
incêndios florestais; baixa precipitação, ventos fortes, temperaturas elevadas e pouca umidade
são condições favoráveis para ocorrência e propagação dos incêndios (DIAS, 2009). Todavia, o
preparo do solo para cultivo e as queimadas intencionais para rebrota da vegetação e atração dos
herbívoros que buscam alimento são hipóteses plausíveis para explicar a ocorrência dos focos.

Na Figura 8 estão apresentados dados da Estação Meteorológica Convencional de


Bom Jesus (código da estação: 82975), localizada na mesma região da ESEC de Uruçuí-Una. Os
dados de temperatura e precipitação são apresentados em períodos maiores aos considerados
para os focos de calor (de 07/1997 a 07/1999 e 07/2018 a 07/2020). O período observado
inicia um ano antes dos períodos analisados dos focos de calor, pois os incêndios concentraram-
se no período de estiagem. Assim, para uma melhor compreensão do fenômeno, os dados de
precipitação e temperatura são apresentados antes dos picos de focos de calor.

132
No período de 1997/1999 a precipitação total foi de 1.519mm e a média da
temperatura foi de 26,11°C. Contudo, quando considerado somente o ano anterior ao
início do período analisado dos focos de calor, a precipitação foi de 793,40mm e a média da
temperatura de 26,32°C. No período de 2018/2020 a precipitação foi de 1.957,30mm e a
média da temperatura de 28,73°C, enquanto, somente no ano anterior ao início dos dados
analisados de focos de calor a precipitação foi de 1.215,30mm e a média da temperatura de
29,68°C. Com isso, é possível observar que no período de 2018/2020 tanto a precipitação,
quanto a temperatura foram superiores ao período de 1997/1999, sobretudo no ano anterior
ao início das análises dos focos de calor. O período de 2018/2020 apresentou características de
temperatura mais propicias à ocorrência de focos de calor, porém, o contrário foi observado
com a precipitação.

Figura 8 – Precipitação e Temperatura média mensal entre 07/1997 a 07/1999 e 07/2018 a 07/2020, da Estação
Meteorológica Convencional de Bom Jesus-PI. Fonte: Os autores (2021).

O período de 2018/2020 teve 438,3mm de precipitação a mais do que no período


1997/1999, enquanto a temperatura foi maior aproximadamente 2,6°C no período 2018/2020.
Portanto, a temperatura poderia ter influenciado no aumento dos focos de incêndios no período de
2019/2020. Por outro lado, a precipitação evidencia o contrário. Corrêa (2007) já havia afirmado
que para se entender a dinâmica de incêndios, outros fatores deveriam ser levados em consideração
além das variáveis climáticas. Do mesmo modo, Medeiros e Cunha (2006), em levantamento da
ocorrência dos focos de calor no período de 1998 a 2005 na ESEC de Uruçuí-Una, observaram que
o aumento de incêndios no decorrer dos anos poderia ser atribuído aos moradores da região.

Como forma de prevenção e controle o ICMBio realiza a formação de brigadas, na


maioria das vezes, com os próprios moradores da ESEC, no intuito de conscientizar as pessoas da
importância da preservação do patrimônio, além da realização de educação ambiental com os demais
moradores. Outrossim, existe uma sede do ICMBio, no Nordeste da Estação, que serve como ponto
de treinamento para os brigadistas.

133
Uso e Cobertura do Solo

A partir das imagens dos satélites Landsat 7 e 8 foi possível realizar a classificação
supervisionada por máxima verossimilhança, determinando diferentes classes da cobertura
do solo (mata úmida, vegetação de cerrado, vegetação rala e solo exposto/cultivos) da Estação
Ecológica de Uruçuí-Una nos anos de 1999 e 2020, ambas do mês de julho (Figuras 9 e 10).

Figura 9 – Classes de uso e cobertura do solo da ESEC de Uruçuí-Una do ano de 1999. Fonte: Os autores (2021).

Figura 10 – Classes de uso e cobertura do solo da ESEC de Uruçuí-Una do ano de 2020. Fonte: Os autores (2021).

134
No ano de 1999 a maior extensão de área foi a da vegetação de Cerrado, com 63,31%
(854,75km²) (Tabela 1), ocupando, principalmente, o centro da Estação, considera-se parte
dessa classe as fitofisionomias dos cerrados sensu stricto, os cerradões e matas secas. Em seguida
a vegetação rala, com 31,55% (425,99km²). A maior parte dessa classe se encontra a leste e oeste
da Estação, bordas e nas regiões com maiores declives. Fitofisionomias como campos limpos e
sujos, além dos cerrados rupestres que fazem parte dessa classe.

A classe de solo exposto/cultivos ficou com 3,27% (44,08km²), ocorrendo


principalmente no entorno das matas úmidas e no meio das vegetações ralas, além de ter uma
extensão considerável no sudoeste da Estação, desmatada; a mesma permanece até o ano de
2020 (Figura 10). Sua presença foi confirmada por representantes do ICMBio. Por último, as
matas úmidas, com 1,87% (25,21km²) da área da Estação, representado pelas matas de galerias
e ciliares.

No ano de 2020, assim como antes da implementação do SNUC, a classe de vegetação


do Cerrado se destacou com 49,74% (671,45km²) da área, entretanto, apresentando uma
diminuição de 13,57% (183,30km²) em comparação com o ano de 1999, o que indica forte
desmatamento mesmo dentro de uma área de proteção integral (Tabela 1). Em seguida vem a
vegetação rala, com 34,40% (464,42km²), apresentando um pequeno aumento de 2,85% (38,43
km²). Diferente de 1999, a vegetação rala adentrou ao centro da Estação, onde predomina a
vegetação de Cerrado.

O solo exposto/cultivos totalizou 12,39% (167,31km²). Observa-se um aumento


considerável de 9,12% (123,23 km²), principalmente no entorno das matas úmidas e em regiões
com a declividade mais elevada, além de ser observado uma possível plantação agrícola ao sul da
ESEC. As matas úmidas ficaram com 3,47% (46,87km²), apresentando um pequeno aumento
de 1,6 % (21,66 km²).

Tabela 1 – Detalhamento das classes de uso e cobertura de solo da Estação Ecológica de Uruçuí-Una de 1999 e
2020.

  Classes de Uso e Cobertura do Solo Área (km²) Área Percentual (%)


Mata Úmida 25,21 1,87
Vegetação de Cerrado 854,75 63,31
1999
Vegetação Rala 425,99 31,55
Solo Exposto/Cultivos 44,08 3,27
Mata Úmida 46,87 3,47
Vegetação de Cerrado 671,45 49,74
2020
Vegetação Rala 464,42 34,40
Solo Exposto/Cultivos 167,31 12,39

135
O aumento expressivo da área de solo exposto/cultivo no ano de 2020, em comparação
com o ano de 1999, foi de 3,79 vezes maior, o que representa um aumento de 379%. Isso pode
ter-se dado por conta da ampliação das atividades econômicas em torno da Estação, em muitos
casos ultrapassando a zona de amortecimento e até mesmo dentro dos limites da ESEC (Figura
11). A zona de amortecimento é definida segundo a Lei Federal n°9.985/2000 como o “entorno
de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições
específicas, com o propósito de minimizar impactos negativos sobre a unidade” (BRASIL,
2000).

Figura 11 – Imagens de satélites da ESEC de Uruçuí – Una dos anos de 1999 e 2020 e suas respectivas zonas de
amortecimentos. Fonte: Os autores (2021).

O limite da UC é o ponto de partida para definição da zona de amortecimento de


10km ao redor, podendo ser ajustada com o tempo (IBAMA, 2002). A Resolução CONAMA
n° 13/1990 afirma que todas atividades que possam afetar a biota em um raio de 10km deverão
ser obrigatoriamente licenciadas pelos os órgãos ambientais responsáveis (MMA, 1990).

Com base nessas premissas foi usado para a Figura 11 uma área de amortecimento
de 10km em torno da ESEC. Como pode ser observado, já não se respeitava a zona de
amortecimento desde 1999. No ano de 2020 as áreas com atividades humanas são muito
maiores, praticamente em todas as direções, além de ter uma área considerável adentrando aos
limites da Estação, ao Sul. Na mesma imagem é possível observar que a maior parte da região do
entorno foi desmatada para dar lugar ao agronegócio.

136
A fragmentação na zona de amortecimento pode causar o efeito de borda nas UCs,
onde as condições ambientais mudam bruscamente nas partes externas, causando o aumento da
incidência de radiação solar, diminuição da umidade relativa do ar e aumento de temperaturas,
além de ficarem expostas à invasão de espécies adaptadas a habitats abertos (KAPOS, 1989).

Ademais, outro motivo que pode ter influenciado na alteração da cobertura do solo
pode ter sido o aumento do regime de incêndios na estação (como destacado anteriormente),
assim como o uso do solo pelas comunidades, para pastagens e plantios de subsistência.

Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI)

O NDVI, sigla do inglês Normalized Difference Vegetation Index, foi dividido em


quatro classes: solo exposto, vegetação rala, vegetação semidensa e vegetação densa. O índice
varia de -1 a 1. Valores próximos de 1 referem-se à maior cobertura vegetal (vegetação semidensa
e densa) e os valores menores agrupam áreas com menos ou sem vegetação (solo exposto e
vegetação rala). Foi feito o índice tanto para julho de 1999 (Figura 12), quanto para julho de
2020 (Figura 13).

Figura 12 – Distribuição espacial do NDVI da Estação Ecológica de Uruçuí-Una do ano de 1999. Fonte: Os
autores (2021).

137
Figura 13 – Distribuição espacial do NDVI da Estação Ecológica de Uruçuí-Una do ano de 2020. Fonte: Os
autores (2021).

Tanto em 1999 quanto em 2020 a vegetação semidensa predominou, com 45,86%


(619,16km²) e 52,81% (712,96km²) da área, respectivamente, o que é característica da vegetação
predominante da ESEC, o cerrado sensu stricto, o qual apresenta uma vegetação com espécies
na maioria arbustivas, de porte pequeno e espaçadas (CHAVEIRO; CASTILHO, 2007).
No ano de 1999 a vegetação densa abrangia 24,61% (332,21km²) e em 2020 apresentou uma
considerável redução, ocupando apenas 6,31% (85,25km²) da área. A vegetação rala foi menor
em 1999, com 23,24% (313,68km²) do que em 2020 com 36,36% (490,92km²), e por último, o
solo exposto, com 6,29% (84,95km²), em 1999, e 4,5 % (60,90km ²) em 2020.

É importante ressaltar que, diferente da classificação do uso e cobertura do solo, o


NDVI baseia-se nas assinaturas espectrais da vegetação. Quanto mais verde, nutridas, sadias
e bem supridas as plantas estiverem, maiores serão os valores de NDVI, o que significa que
plantios agrícolas e áreas em estado de regeneração também podem apresentar valores positivos
do índice (BARBOSA; CARVALHO; CAMACHO, 2017; JUSTINA, 2014). Isso também
pode explicar o valor do solo exposto apresentar menor NDVI quando comparado com a
classificação do uso e cobertura do solo. Ressalta-se que os períodos analisados são de estiagem,
no mês de julho, quando os plantios agrícolas já foram finalizados, o que pode indicar que são
áreas em processos de regeneração.

138
Tabela 2 – Detalhamento das classes de NDVI da Estação Ecológica de Uruçuí-Una de 1999 e 2020.

  Classes do NDVI Área (km²) Área Percentual (%)


Solo exposto 84,9598 6,29
Vegetação rala 313,681 23,24
1999
Vegetação semidensa 619,163 45,86
Vegetação densa 332,214 24,61
Solo exposto 60,9013 4,51
Vegetação rala 490,921 36,36
2020
Vegetação semidensa 712,967 52,81
Vegetação densa 85,254 6,31

Houve um aumento na vegetação rala no ano de 2020 em comparação a 1999 (Tabela


2), uma vez que apresentou maior representação de solo exposto na classificação do uso e
cobertura do solo e maior ocorrência de focos de incêndios no mesmo ano. Sena e Pinto (2008)
observaram a regeneração natural em diferentes áreas perturbadas no Cerrado sensu stricto no
Distrito Federal e concluíram que, na área de queimada, a densidade, riqueza e diversidade de
espécies lenhosas foram semelhantes à área de controle. De acordo com os mesmos autores
isso se deve à boa adaptabilidade do Cerrado aos incêndios; já a área de empréstimo do subsolo
para plantio de outra cultura apresentou valores menores dos mesmos parâmetros, o que pode
ter ocorrido devido à compactação do solo, o que não deve ter sido o caso da Estação, pois os
plantios são em pequena escala, sem uso de maquinários pesados, principais responsáveis pela
compressão do solo. Portanto, os fragmentos queimados e que tiveram plantios agrícolas estão
possivelmente em estado de regeneração e tendem a voltar ao seu estado clímax.

CONCLUSÕES

Através das observações e análises espaciais foi possível observar que a ESEC de Uruçuí
– Una, que deveria exercer a função de proteção de uma amostra de Cerrado – apresentou
mais ocorrências de focos de calor, maior área de solo exposto, além de possíveis áreas em
estado de regeneração, no ano de 2020 quando comparado com o ano de 1999, o que se deve,
principalmente, à pressão antrópica tanto no interior quanto no entorno da Estação. A UC
se configura como uma amostra valiosa para a preservação do Cerrado. Todavia, as imagens
dão conta da forte alteração que a vegetação já sofreu, o que põe em risco o cumprimento
do objetivo da UC. Ações de educação ambiental tornam-se indispensáveis para resguardar
amostras da fauna e flora ali contidas.

139
REFERÊNCIAS
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142
3
Fauna em Unidades de
Conservação do Piauí
Capítulo

8
HERPETOFAUNA DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO
ESTADO DO PIAUÍ, NORDESTE DO BRASIL
Davi Lima Pantoja
Etielle Barroso de Andrade
Robson Waldemar Ávila
Ronildo Alves Benício
Vitor Hugo Gomes Lacerda Cavalcante
Guarino Rinaldi Colli
Adrian Antonio Garda
Daniel Oliveira Mesquita
Wáldima Alves da Rocha
Gisele do Lago Santana
Geovania Figueiredo da Silva
Juliana de Sousa Silva
Marcélia Basto da Silva

INTRODUÇÃO

A herpetofauna é um subconjunto da fauna de uma determinada região e compreende


os anfíbios e répteis. Os anfíbios são agrupados em três ordens: Anura (sapos, rãs/jias e

144
pererecas), Gymnophiona (cobras-cegas/cecílias) e Caudata (salamandras e tritões). Os répteis
são agrupados em quatro ordens: Squamata (lagartos, serpentes e anfisbênias), Crocodylia
(jacarés, crocodilos e gaviais), Testudines (tartarugas, jabutis e cágados) e Rhynchocephalia
(tuataras) (VITT; CALDWELL, 2014). Tritões, crocodilos, gaviais e tuataras não ocorrem no
Brasil.

Tanto anfíbios quanto répteis são abundantes e diversificados na região tropical e


suas ecologias afetam significativamente o funcionamento e a oferta dos serviços ecossistêmicos
nas comunidades biológicas (HOCKING; BABBITT, 2014; MIRANDA, 2017). Como
organismos ectotérmicos, a maioria das espécies possui pequeno porte e é capaz de explorar uma
enorme biomassa formada por presas minúsculas. Dessa forma, acabam por, indiretamente,
disponibilizar essa biomassa/energia para os níveis tróficos superiores, inclusive para animais
endotérmicos e de médio porte, ao servirem de alimento para eles (POUGH; JANIS; HEISER,
2008). Os anfíbios, em particular, promovem relevantes trocas de nutrientes entre o meio
terrestre e aquático, pois a maioria das espécies possui fase larval aquática e adulta terrestre ou
arborícola (HOCKING; BABBITT, 2014). Como predadores, muitos anfíbios e répteis atuam
no controle populacional de outros organismos com enorme capacidade reprodutiva e que, em
ambientes desequilibrados, facilmente tornam-se pragas agrícolas e vetores disseminadores de
doenças, tais como insetos e roedores (HOCKING; BABBITT, 2014; POUGH et al., 2004).
Participam também como presas importantes na cadeia alimentar de diversos organismos,
sustentando espécies-chave que desempenham serviços ecossistêmicos essenciais (POUGH et
al., 2004).

Anfíbios e répteis destacam-se ainda como organismos bioindicadores da qualidade


ambiental, devido à sua sensibilidade a alterações ambientais, sobretudo aquelas decorrentes de
ações antrópicas (SILVANO et al., 2003; BORGES-NOJOSA; ARZABE, 2005). Dessa forma,
a importância ecológica e a vulnerabilidade das espécies, aliadas à relativa facilidade para estudá-
las, faz com que a herpetofauna seja normalmente considerada em inventários biológicos
visando subsidiar tomadas de decisão e ações no contexto da conservação da biodiversidade
(GIBBONS et al., 2000; HEYER et al., 1994).

Os padrões espaciais de distribuição da riqueza de espécies e endemismos da


herpetofauna, por exemplo, frequentemente auxiliam na identificação de áreas prioritárias
para conservação (DINIZ-FILHO et al., 2004; AZEVEDO et al., 2016), e por possuírem
características fisiológicas intimamente relacionadas ao clima, são excelentes organismos para
avaliação dos impactos negativos das mudanças climáticas globais sobre a biodiversidade
(FICETOLA; MAIORANO, 2016; PONTES-DA-SILVA et al., 2018). A herpetofauna
encontra-se mundialmente ameaçada devido à intensa exploração antrópica dos recursos
naturais, que de forma descontrolada destrói ou modifica os hábitats das espécies pelo
desmatamento, queimadas e poluição oriundos da mineração, agricultura, barragens, rodovias,

145
urbanização etc. (HAYES et al., 2010; BÖHM et al., 2013).

Cerca de 8.442 espécies de anfíbios são conhecidas (FROST, 2021), sendo o Brasil o
país com a maior diversidade: 1.188 espécies distribuídas em 1.144 anuros, 39 cecílias e cinco
salamandras (SEGALLA et al., 2021). Quanto aos répteis, são conhecidas 11.690 espécies
(UETZ et al., 2021), e destas, 848 ocorrem no Brasil, sendo 38 quelônios, 6 crocodilianos e 804
squamatas (430 serpentes, 82 anfisbênias e 292 “lagartos”) (COSTA; GUEDES; BÉRNILS,
2021). Contudo, existe um grande número de espécies ainda não descritas formalmente pela
ciência, o que é evidenciado pelo número crescente de espécies descritas nos últimos anos (por
exemplo, ASCENSO; COSTA; PRUDENTE, 2019; PEREZ; BORGES-MARTINS, 2019;
ANDRADE et al., 2020; RIBEIRO‐JÚNIOR et al., 2021). Algumas, como fruto de esforços
amostrais realizados inclusive dentro das unidades de conservação (UCs) do Piauí (por exemplo,
BOUR; ZAHER, 2005; ARIAS et al., 2011; SILVA; ÁVILA-PIRES, 2013).

Uma das principais estratégias para a conservação da biodiversidade no Brasil é


a criação e gestão de áreas naturais protegidas, legalmente designadas como unidades de
conservação (UCs) e terras indígenas (TIs) (SILVA, 2005). As UCs podem ser classificadas em
diversas categorias, distribuídas em dois grupos: as de “proteção integral” ou uso indireto, e as de
“uso sustentável”, que permitem o uso direto e maior grau de interferência humana (BRASIL,
2003). Cada UC é gerida por uma das três esferas da administração pública (federal, estadual
ou municipal) ou pode ainda ser uma propriedade particular (chamada Reserva Particular do
Patrimônio Natural - RPPN). Aliado à criação e implementação das UCs, é fundamental o
desenvolvimento de estudos que permitam conhecer sua biodiversidade, o tamanho de suas
populações, sua área de distribuição, exigências ecológicas, bem como a efetividade da proteção
garantida pela UC.

O Piauí encontra-se ao longo de uma extensa faixa norte-sul de transição entre os


biomas Cerrado (a oeste) e Caatinga (a leste) (CASTRO, 2003), mas que, a despeito de suas
elevadas biodiversidades e altos graus de endemismos, são biomas largamente negligenciados
por gestores públicos e pela população em geral, encontrando-se sob grande ameaça (SILVA;
LEAL; TABARELLI, 2017; COLLI; VIEIRA; DIANESE, 2020). O Piauí possui 44 UCs,
sendo dez delas federais, 14 estaduais, 14 municipais e seis particulares, distribuídas em 25 UCs
de proteção integral e 19 de uso sustentável (LEITE; IVANOV, 2020). A maior parte das UCs
se enquadra na categoria de Parque e apenas sete delas possuem Plano de Manejo (três federais,
uma estadual e três municipais).

O território ocupado pelas UCs do Piauí cobre 11,17% da área do estado, a maior
parte sob gestão de uso sustentável, principalmente da categoria Área de Proteção Ambiental
(LEITE; IVANOV, 2020), uma das mais permissivas, e menos efetivas na conservação da
biodiversidade (SIANI et al., 2019). A despeito da existência de um número considerável de
UCs no estado, ainda existem muitas vulnerabilidades e ameaças em curso, que comprometem

146
o alcance dos objetivos das mesmas (DIAS et al., 2020; LIMA, 2020). Espécies ameaçadas de
extinção têm recebido relevante proteção por ocorrerem nas UCs do estado (SANTANA et al.,
2020), porém, a falta de fiscalização e controle sobre atividades de caça e desmatamento dentro
das UCs continuam sendo enormes ameaças.

Os anfíbios e répteis representam parte substancial da biodiversidade de vertebrados


dos biomas predominantes no Piauí: Cerrado e Caatinga (COLLI; BASTOS; ARAÚJO,
2002; RODRIGUES, 2004; GARDA et al., 2017; MESQUITA et al., 2017). Contudo, o
conhecimento sobre herpetofauna do estado encontra-se disperso, embora algumas poucas
publicações reuniram parcialmente a informação disponível (por exemplo, ROBERTO;
RIBEIRO; LOEBMANN, 2013; MADELLA-AURICCHIO; AURICCHIO; SOARES,
2017; ARAÚJO et al., 2020a). Análises preliminares compilando a bibliografia científica
apoiada em registros conferíveis por meio de checagem de material testemunho indicaram 67
espécies de anfíbios e 105 de répteis conhecidas para o Piauí, mas estimativas indicam que a
diversidade real da herpetofauna do estado ultrapassa 200 espécies (SILVA, 2017; SILVA et al.,
2017a). Em 2021, uma compilação considerando toda forma de registros indicou 121 espécies
de répteis já conhecidas para o Piauí (COSTA; GUEDES; BÉRNILS, 2021). Grande parte
deste conhecimento foi alcançado por meio de esforços concentrados dentro das UCs do estado
(por exemplo, DAL VECHIO et al., 2013; CAVALCANTI et al., 2014; DAL VECHIO et
al., 2016; ARAÚJO et al., 2020a,b). Porém, ainda não foi feita uma avaliação da proporção
das espécies que se encontram abrigadas em UCs e da efetividade dessas áreas protegidas para
a conservação da herpetofauna piauiense. Aqui reunimos o conhecimento científico sobre a
herpetofauna das UCs do Piauí para descrever a riqueza e composição taxonômica conhecida e
avaliar as lacunas de conhecimento herpetofaunístico nas UCs do estado.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo

A área de estudo compreendeu todas as UCs do estado do Piauí, conforme listadas


por Leite e Ivanov (2020). O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) define 12
categorias de gestão (BRASIL, 2003), também reproduzidas no Sistema Estadual de Unidades de
Conservação do Estado do Piauí - SEUC (PIAUÍ, 2017), das quais sete ocorrem no Piauí (duas de
proteção integral e cinco de uso sustentável). As 44 UCs do Piauí compreendem 23 Parques (quatro
federais, cinco estaduais e 14 municipais) e duas Estações Ecológicas – ESEC (uma federal e uma
estadual), todas de proteção integral; e 10 Áreas de Proteção Ambiental – APA (três federais e sete
estaduais), uma Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE (estadual), uma Floresta (federal),
uma Reserva Extrativista – RESEX (federal) e seis Reservas Particulares do Patrimônio Natural –
RPPN, todas de uso sustentável (LEITE; IVANOV, 2020).

147
O Piauí possui 251.755,485 km2 de extensão territorial (IBGE, 2021), ocupando
aproximadamente 16,20% da região Nordeste e 2,95% do território nacional (CEPRO, 2019),
sendo o terceiro maior estado do Nordeste, menor apenas do que a Bahia e o Maranhão. Situado
entre as latitudes 2º44’22” e 10º55’44” Sul e longitudes 40º22’14” e 45º59’39” Oeste, o Piauí
limita-se com os estados do Ceará e Pernambuco a leste, Bahia a sudeste, Tocantins a sudoeste,
o curso do rio Parnaíba fronteira com o estado do Maranhão, e no seu litoral ao norte, com o
oceano Atlântico (CEPRO, 2019). Administrativamente está dividido em 224 municípios e
possui aproximadamente 3.289.290 habitantes (IBGE, 2021).

Quanto às formações vegetacionais, predominam os biomas Caatinga e Cerrado, que


ocupam respectivamente 37% e 33% da área do estado (CASTRO; MARTINS; FERNANDES,
1998; CASTRO; MARTINS, 1999; FARIAS; CASTRO, 2004), e o encontro destes forma
ecótonos, também conhecidos como áreas de tensão ecológica, que correspondem a 19% do
território (FARIAS; CASTRO, 2004; OLIVEIRA et al., 1997). Manchas significativas de
floresta úmida são encontradas ao sul, próximo à Serra das Confusões e no Baixo Vale do
Gurgueia, e a noroeste, na região do Baixo Rio Parnaíba próximo à divisa com o Maranhão
(OLSON et al., 2001), uma região claramente sob influência amazônica e frequentemente
marcada pela forte presença de palmeiras babaçu. Além disso, no extremo norte, a curta extensão
costeira é coberta por vegetação litorânea, principalmente restingas, carnaubais e manguezais –
bioma Marinho-Costeiro (MAI; LOEBMANN, 2010; SANTOS-FILHO et al., 2015).

O clima no Piauí é tropical com temperaturas elevadas, média anual entre 27 e 25 °C


e duas estações bem definidas, uma de chuva e outra de seca, sendo o trimestre mais chuvoso
de fevereiro a abril e o mais seco de junho a agosto (LIMA; ANDRADE-JÚNIOR, 2020).
Segundo a classificação de Köppen, o Piauí apresenta três tipos de clima tropical: As – quente
e úmido com chuvas de verão/outono, que ocorrem na porção norte do estado; Aw – quente e
úmido com chuvas de verão, que atingem o centro-sul e sudoeste do estado; e BSh – semiárido,
caracterizado por uma curta estação chuvosa no verão, o que acarreta um período seco mais
prolongado nas porções centro-leste e sudeste do estado (ALVARES et al., 2013; LIMA;
ANDRADE-JÚNIOR, 2020).

Coleta e Análise de Dados

A coleta de dados foi realizada por meio da compilação de todo material bibliográfico
sobre a ocorrência de espécies de anfíbios e répteis nas UCs do Piauí, considerando livros,
capítulos de livros, artigos completos e notas científicas, de âmbito nacional e internacional,
disponíveis em bibliotecas e na internet, teses, dissertações e demais trabalhos acadêmicos de
conclusão de curso, defendidos e formalmente depositados em bibliotecas públicas. As buscas
foram realizadas no período de janeiro de 2016 a dezembro de 2021, orientadas pelas palavras-
chaves “herpetofauna, répteis do Piauí, anfíbios do Piauí, e Unidades de Conservação do Piauí”

148
(em português e em inglês), nas seguintes plataformas: Google, Google Acadêmico, Scielo
- Scientific Electronic Library, Web of Science e Periódicos CAPES. Os acervos dos seguintes
periódicos científicos também foram consultados: Herpetological Review, Biota Neotropica,
Papéis Avulsos de Zoologia, Check List, Herpetology Notes.

Foram considerados “registros válidos” da ocorrência das espécies apenas aqueles


realizados dentro do território piauiense e associados a material testemunho depositado em
coleções científicas, isto é, indivíduos coletados e tombados sob um voucher único e, portanto,
passíveis de conferência. Também foram tomados como válidos os registros publicados para
os quais não é disponibilizado voucher individual, quando foi explicitada a existência de
indivíduos coletados e a coleção de destino dos espécimes. Espécies registradas unicamente por
meio de fotografias foram tratadas separadamente, como registros a confirmar. A nomenclatura
taxonômica segue Costa et al. (2021) para répteis e Segalla et al. (2021) para anfíbios. Incertezas
taxonômicas são discutidas.

A herpetofauna das UCs do Piauí foi descrita por meio da lista de espécies com
ocorrência confirmada (ou seja, registros válidos), riqueza e composição taxonômica. As
lacunas de conhecimento foram inferidas pelo contraste entre os montantes de trabalhos
publicados, e registros realizados por UC. Adicionalmente, nós quantificamos o status de
conservação de cada espécie conforme as categorias de ameaça da classificação disponível na
Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (ICMBio, 2018) e pela
União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, 2021).

RESULTADOS

Nós reunimos 4.687 registros válidos de ocorrência da herpetofauna em UCs do


Piauí. Das 44 UCs existentes no estado, em apenas oito (18,2%) já foi realizado algum estudo
herpetofaunístico com depósito de material testemunho em coleção científica. Quatro UCs
são de proteção integral (uma ESEC e três Parques) e quatro de uso sustentável (três APAs
e uma Floresta): Estação Ecológica de Uruçuí-Una (EEUU), Parque Nacional da Serra da
Capivara (PNSCa), Parque Nacional da Serra das Confusões (PNSCo), Parque Nacional de
Sete Cidades (PNSCi) que é parte da Área de Proteção Ambiental Serra da Ibiapaba (APASI),
Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe (APACA), Área de Proteção Ambiental
Delta do Parnaíba (APADP) e Floresta Nacional de Palmares (FNP), todas de gestão federal
(Figura 1). Não há registros publicados da herpetofauna oriundos de UCs de gestão estadual
ou municipal no estado do Piauí. Cabe ressaltar que o PNSCi está contido em outra UC muito
maior, a APASI, da qual é considerado uma “zona de uso especial”. Apesar da dupla afetação,
o PNSCi possui autonomia de gestão em relação à APASI, e como Parque, é uma UC mais
restritiva do que uma APA. Dessa forma, como nós reunimos apenas um registro para APASI
fora do PNSCi, Leptodactylus aff. syphax (ANDRADE et al., 2011), ao listar as espécies nós

149
tratamos essas duas UCs de forma conjunta.

Figura 1 - Mapa de localização das unidades de conservação do Piauí já estudadas quanto à sua herpetofauna.
Fonte: autoria própria.

Quanto aos biomas e domínios vegetacionais contemplados pelas UCs para as quais há
estudos sobre a herpetofauna, encontramos Cerrado e Caatinga, bem como ambientes florestais
(matas estacionais e matas de babaçu) e marinho-costeiro (mosaico de tipos vegetacionais
litorâneos). Uma única UC possui área marinho-costeira, a APADP; duas contemplam áreas
típicas de Cerrado, EEUU e PNSCi/APASI; cinco de Caatinga, APACA, PNSCa, PNSCi/
APASI e PNSCo; e quatro de floresta, FNP, PNSCi/APASI, PNSCo (Quadro 1). Três UCs

150
(PNSCi/APASI e PNSCo) são compostas por mais de um bioma ou domínio vegetacional.

Foram realizados 41 estudos com base em coleta de espécimes da herpetofauna dentro


de UCs no Piauí: cinco inventários herpetofaunísticos, 13 estudos exclusivamente com anfíbios
e 23 com répteis (Quadro 1). A APACA (20 indivíduos registrados) e a FNP (54) são as UCs
estudadas com menor quantidade de registros disponibilizados e também com a menor riqueza
de espécies conhecida (APACA 20 espécies e FNP 19) (Figuras 2 e 3). A EEUU é a UC do Piauí
com mais registros e com maior riqueza conhecida (2.583 indivíduos e 90 espécies). A riqueza
total da herpetofauna conhecida em UCs do Piauí é de 160 espécies.

Quadro 1 - Lista das publicações com registros de espécies da herpetofauna para unidades de conservação do Piauí,
seus respectivos biomas, disponibilidade de vegetação florestal ou ambiente costeiro. Anfíbios (Anf); Répteis
(Rép); Cerrado (Cer); Caatinga (Caa); Floresta (Flo); Marinho-Costeiro (Mar).

Anf Rép Cer Caa Flo Mar


Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba            
Andrade et al., 2014 X          
Andrade et al., 2016 X
Araújo et al., 2018 X          
Araújo et al., 2020a X X  
Araújo et al., 2020c   X  
Batistella et al., 2008 X
Macedo et al., 2011 X    
Roberto et al., 2012   X  
Silva et al., 2007 X    
Silva-Leite et al., 2010   X  
Floresta Nacional de Palmares            
Lima-Filho, 2011   X  
Silva et al., 2013   X  
Estação Ecológica de Uruçuí-Una            
Brandão et al., 2007 X    
Curcio, 2002   X  
Dal Vechio et al., 2014   X  
Dal Vechio et al., 2013 X X  
Delfim, 2012   X  
Geurgas et al., 2008   X  
Miralles e Carranza, 2010   X  
Moretti, 2009   X  
Narvaes e Rodrigues, 2009 X    
Nogueira, 2006   X  

151
Anf Rép Cer Caa Flo Mar
Silva et al., 2013   X  
Parque Nacional de Sete Cidades / Área de Proteção Ambiental Serra da Ibiapaba
Andrade et al., 2011 X
Annunziata et al., 2007 X        
Annunziata et al., 2009 X        
Araújo et al., 2020b X
Araújo et al., 2021   X      
Narvaes e Rodrigues, 2009 X        
Rocha e Prudente, 2010   X      
Sena et al., 2021 X        
Silva e Ávila-Pires, 2013   X      
Vasconcelos et al., 2014 X        
Parque Nacional da Serra das Conf usões            
Arias et al., 2011   X    
Bour e Zaher, 2005   X    
Dal Vechio et al., 2016 X X    
Delfim, 2012   X    
Guedes et al., 2014   X    
Miralles e Carranza, 2010   X    
Nogueira, 2006   X    
Nogueira e Rodrigues, 2006   X    
Rodrigues et al., 2001   X    
Silva e Ávila-Pires, 2013   X    
Parque Nacional da Serra da Capivara            
Cavalcanti et al., 2014 X X  
Delfim, 2012   X  
Nogueira, 2006   X  
Pelegrin et al., 2017   X  
Recoder et al., 2018   X        
Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe            
Ribeiro et al., 2015 X X  

152
Figura 2 - Riqueza de espécies da herpetofauna registrada em unidades de conservação no estado do Piauí.
EEUU - Estação Ecológica de Uruçuí-Una; APADP - Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba; PNSCo -
Parque Nacional da Serra das Confusões; PNSCi - Parque Nacional de Sete Cidades / APASI - Área de Proteção
Ambiental Serra da Ibiapaba; PNSCa - Parque Nacional da Serra da Capivara; APACA - Área de Proteção
Ambiental Chapada do Araripe e FNP - Floresta Nacional de Palmares.

Figura 3 - Número de indivíduos da herpetofauna registrados em unidades de conservação no estado do Piauí.


EEUU - Estação Ecológica de Uruçuí-Una; PNSCo - Parque Nacional da Serra das Confusões; PNSCa - Parque
Nacional da Serra da Capivara; APADP - Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba; PNSCi - Parque
Nacional de Sete Cidades / APASI - Área de Proteção Ambiental Serra da Ibiapaba; FNP - Floresta Nacional de
Palmares e APACA - Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe.

153
Foram recuperados 1.331 registros de anfíbios (1.327 anuros e quatro gimnofionos)
no estado do Piauí dentro de UCs, distribuídos em 50 espécies e oito famílias (Tabela 1, Apêndice
1). A ordem Anura apresentou a maior riqueza de famílias (seis) e de espécies (47), enquanto
Gymnophiona foi representada apenas por duas famílias e três espécies. As famílias com maior
riqueza de espécies foram Hylidae (18 espécies), Leptodactylidae (17) e Bufonidae (seis),
seguidas de Microhylidae (três), Phyllomedusidae e Siphonopidae (duas). Odontophrynidae e
Typhlonectidae foram as menos diversas, com apenas uma espécie cada. As famílias com maior
número de registros foram Leptodactylidae (627 registros), Hylidae (309) e Bufonidae (215),
enquanto Odontophrynidae (22), Siphonopidae (três) e Typhlonectidae (um) apresentaram
menor número de indivíduos registrados. As espécies mais registradas foram Physalaemus
cuvieri (255), Scinax gr. ruber (95) e Rhinella mirandaribeiroi (91). Seis espécies apresentaram
um único registro: Boana punctata, Chthonerpeton tremembe, Leptodactylus podicipinus, Scinax
fuscovarius, Scinax sp. e Siphonops sp.
Tabela 1 - Lista de espécies de anfíbios em unidades de conservação do Piauí, e número de registros. APACA
- Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe; APADP - Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba;
EEUU - Estação Ecológica de Uruçuí-Una; PNSCa - Parque Nacional da Serra da Capivara; PNSCo - Parque
Nacional da Serra das Confusões; e PNSCi - Parque Nacional de Sete Cidades, abarcado pela APASI - Área de
Proteção Ambiental Serra da Ibiapaba, que reúne um único registro fora do PNSCi, Leptodactylus aff. syphax.
Para a fonte dos dados, veja o Quadro 1.

APADP EEUU PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL


Anura
Bufonidae 20 161 3 9 22 215
Rhaebo guttatus (Schneider, 1799) 7 7
Rhinella diptycha (Cope, 1862) 8 20 1 6 4 39
Rhinella granulosa (Spix, 1824) 10 3 18 31
Rhinella mirandaribeiroi (Gallar-
2 87 2 91
do, 1965)
Rhinella ocellata (Günther, 1859) 37 37
Rhinella veredas (Brandão, Maciel
10 10
e Sebben, 2007)
Hylidae 48 222 15 4 20 309
Boana crepitans (Wied-Neuwied,
2 2
1824)
Boana multifasciata (Günther,
28 28
1859)
Boana punctata (Schneider, 1799) 1 1
Boana raniceps (Cope, 1862) 4 1 5
Corythomantis greeningi Boulen-
1 11 12
ger, 1896
Dendropsophus minusculus (Rive-
3 1 4
ro, 1971)

154
APADP EEUU PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Dendropsophus minutus (Peters,
1 3 1 5
1872)
Dendropsophus nanus (Boulenger,
12 20 32
1899)
Dendropsophus rubicundulus (Rei-
1 12 5 18
nhardt e Lütken, 1862)
Dendropsophus soaresi (Caramaschi
1 42 1 1 45
e Jim, 1983)
Osteocephalus taurinus Steindach-
7 7
ner, 1862
Scinax fuscomarginatus (Lutz,
2 12 1 15
1925)
Scinax fuscovarius (Lutz, 1925) 1 1
Scinax gr. ruber (Laurenti, 1768) 3 84 1 7 95
Scinax nebulosus (Spix, 1824) 1 1 2
Scinax sp. 1 1
Scinax x-signatus (Spix, 1824) 15 1 4 20
Trachycephalus typhonius (Lin-
1 14 1 16
naeus, 1758)
Leptodactylidae 91 342 28 13 151 1 627
Adenomera cf. hylaedactyla
2 2
(Cope, 1868)
Adenomera juikitam Carvalho e
50 1 25 76
Giaretta, 2013
Leptodactylus aff. mystaceus (Spix,
1 9 10
1824)
Leptodactylus aff. syphax (Boker-
1 5 10 16
mann, 1969)
Leptodactylus fuscus (Schneider,
9 12 1 2 24
1799)
Leptodactylus macrosternum (Mi-
6 1 3 10
randa-Ribeiro, 1926)
Leptodactylus natalensis (Lutz,
2 2
1930)
Leptodactylus podicipinus (Cope,
1 1
1862)
Leptodactylus pustulatus (Peters,
6 1 7
1870)
Leptodactylus troglodytes Lutz,
2 33 1 2 32 1 71
1926
Leptodactylus vastus Lutz, 1930 4 23 1 5 5 38
Physalaemus albifrons (Spix, 1824) 13 1 6 20

155
APADP EEUU PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Physalaemus centralis Bokermann,
5 4 9
1962
Physalaemus cuvieri Fitzinger,
3 191 1 1 59 255
1826
Physalaemus kroyeri (Reinhardt e
12 12
Lütken, 1862)
Pleurodema diplolister (Peters,
15 1 16
1870)
Pseudopaludicola mystacalis
29 27 1 57
(Cope, 1887)
Microhylidae 5 38 2 40 1 85
Dermatonotus muelleri (Boettger,
1 20 1 40 1 63
1885)
Elachistocleis carvalhoi Caramas-
18 18
chi, 2010
Elachistocleis piauiensis Caramas-
4 1 5
chi e Jim, 1983
Odontophrynidae 2 1 19 22
Proceratophrys cristiceps (Müller,
2 1 19 22
1883)
Phyllomedusidae 12 44 1 11 68
Pithecopus azureus (Cope, 1862) 44 44
Pithecopus gonzagai Andrade,
Haga, Ferreira, Recco-Pimentel, 12 1 11 24
Toledo e Bruschi, 2020
Gymnophiona 1 1 2 4
Siphonopidae 1 2 3
Siphonops paulensis (Boettger,
2 2
1892)
Siphonops sp. 1 1
Typhlonectidae 1 1
Chthonerpeton tremembe Maciel,
Leite, Silva-Leite, Leite e Cascon, 1 1
2015
Total 179 807 50 27 265 2 1331

Os répteis foram mais registrados e apresentaram maior riqueza taxonômica, com


3.404 registros de ocorrência (3.370 squamatas – 2.512 lagartos, 802 serpentes e 56 anfisbênias;
30 quelônios; e quatro crocodilianos), representando 110 espécies e 24 famílias (Tabela 2,
Apêndices 2, 3 e 4). A ordem Squamata apresenta a maior riqueza de famílias (20) e de espécies
(100) – lagartos (12 famílias e 40 espécies), serpentes (sete e 55) e anfisbênias (uma e cinco).

156
A ordem Testudines apresenta três famílias e nove espécies e a ordem Crocodylia apenas uma
família e uma espécie registrada. As famílias com maior riqueza foram Dipsadidae (29 espécies),
Colubridae (13) e Teiidae (10), seguidas de Gymnophthalmidae (6), Tropiduridae (6),
Amphisbaenidae (5), Cheloniidae (5), Boidae (4), Gekkonidae (4), Mabuyidae (4), Viperidae
(4), Chelidae (3), Dactyloidae (2), Elapidae (2), Leptotyphlopidae (2), Phyllodactylidae (2)
e Sphaerodactylidae (2). Alligatoridae, Emydidae, Iguanidae, Hoplocercidae, Leiosauridae,
Polychrotidae e Typhlopidae foram as menos diversificadas, com apenas uma espécie cada.
Dentre as famílias registradas, Tropiduridae foi a que teve maior abundância (840 registros),
seguida por Gymnophthalmidae (652), Teiidae (605), Dipsadidae (492), Viperidae (130),
Gekkonide (105) e Colubridae (101). As famílias Polychrotidae (6), Cheloniidae (5),
Typhlopidae (5) e Alligatoridae (4) foram as menos abundantes, com menos de dez registros.
As espécies mais abundantemente registradas foram: Micrablepharus maximiliani (346),
Tropidurus oreadicus (301), Ameiva ameiva (249) e Tropidurus hispidus (227). Para 21 espécies
as publicações indicam um único registro (Tabela 2).

Tabela 2 - Lista de espécies de répteis em unidades de conservação do Piauí, e número de registros. EEUU - Estação
Ecológica de Uruçuí-Una; APADP - Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba; PNSCo - Parque Nacional da
Serra das Confusões; PNSCa - Parque Nacional de Serra da Capivara; PNSCi - Parque Nacional de Sete Cidades;
FNP - Floresta Nacional de Palmares. Para a fonte dos dados, veja o Quadro 1. A serpente Leptophis dibernardoi
Albuquerque, Santos, Borges-Nojosa e Ávila, 2022 foi descrita após o fechamento desde capítulo, e por essa razão
não aparece listada na tabela, embora tenha sido registrada no PNSCa

APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL


Squamata - total 48 1769 54 97 755 629 17 3370
Squamata - lagartos 12 1182 1 1 732 572 12 2512
Dactyloidae 21 21
Norops brasiliensis
(Vanzolini e Williams, 2 2
1970)
Norops meridionalis
19 19
(Boettger, 1885)
Gekkonidae 2 34 51 17 1 105
Hemidactylus agrius
1 1
Vanzolini, 1978
Hemidactylus brasi-
31 37 17 1 86
lianus (Amaral, 1935)
Hemidactylus mabou-
ia Moreau de Jonnès, 1 3 4
1818
Lygodactylus klugei
(Smith, Martin & 14 14
Swain, 1977)

157
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Gymnophthalmidae 1 267 217 165 2 652
Calyptommatus con-
fusionibus Rodrigues, 24 24
Zaher e Curcio, 2001
Colobosaura modesta
(Reinhardt e Lütken, 72 76 148
1862)
Colobosauroides carva-
lhoi Soares e Caramas- 18 18
chi, 1998
Micrablepharus maxi-
miliani (Reinhardt e 195 103 47 1 346
Luetken, 1861)
Procellosaurinus ery-
throcercus Rodrigues, 96 18 114
1991
Vanzosaura multiscu-
1 1 2
tata (Amaral, 1933)
Hoplocercidae 28 26 54
Hoplocercus spinosus
28 26 54
Fitzinger, 1843
Iguanidae 1 9 1 2 13
Iguana iguana Lin-
1 9 1 2 13
naeus, 1758
Leiosauridae 8 18 1 27
Enyalius bibronii
8 18 1 27
Boulenger, 1885
Mabuyidae 1 18 6 47 1 73
Brasiliscincus heathi
(Schmidt e Inger, 1 19 20
1951)
Copeoglossum arajara
(Rebouças-Spieker, 1 1
1981)
Copeoglossum nigro-
punctatum (Spix, 18 6 17 41
1825)
Notomabuya frenata
11 11
(Cope, 1862)
Phyllodactylidae 26 35 14 2 77
Gymnodactylus ge-
1 1 2
ckoides Spix, 1825

158
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Phyllopezus pollicaris
26 34 14 1 75
(Spix, 1825)
Polychrotidae 6 6
Polychrus acutirostris
6 6
Spix, 1825
Sphaerodactylidae 1 37 1 39
Coleodactylus brachys-
31 1 32
toma (Amaral, 1935)
Coleodactylus meri-
dionalis (Boulenger, 1 6 7
1888)
Teiidae 5 385 1 1 74 137 2 605
Ameiva ameiva Lin-
1 199 16 32 1 249
naeus, 1758
Ameivula cf. mum-
162 162
buca
Ameivula confusioni-
ba (Arias, Carvalho,
57 57
Rodrigues e Zaher,
2011)
Ameivula ocellifera
1 37 38
(Spix, 1825)
Ameivula pyrrhogula-
ris (Silva e Avila-Pires, 1 1 2
2013)
Glaucomastix vene-
tacauda (Arias, De
20 46 66
Carvalho, Rodrigues
e Zaher, 2011)
Kentropyx calcarata
1 8 9
Spix, 1825
Salvator merianae
(Duméril e Bibron, 1 1 1 2 5
1839)
Tupinambis quadri-
lineatus Manzani e 15 1 16
Abe, 1997
Tupinambis teguixin
1 1
Linnaeus, 1758
Tropiduridae 1 351 340 145 3 840
Stenocercus squarrosus
Nogueira e Rodri- 5 25 1 31
gues, 2006

159
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Tropidurus helenae
(Manzani e Abe, 103 103
1990)
Tropidurus hispidus
1 4 136 85 1 227
(Spix, 1825)
Tropidurus jaguari-
banus Passos, Lima e 1 1
Borges-Nojosa, 2011
Tropidurus oreadicus
301 301
Rodrigues, 1987
Tropidurus semitae-
46 96 35 177
niatus (Spix, 1825)
Squamata –
serpentes 34 543 53 96 23 48 5 802
Boidae 5 19 6 5 2 4 41
Boa constrictor
1 6 4 3 14
Linnaeus, 1758
Corallus hor-
tulana (Lin- 1 6 1 2 3 13
naeus, 1758)
Epicrates assisi
1 3 1 1 1 7
Machado, 1945
Eunectes
murinus (Lin- 2 4 1 7
naeus, 1758)
Colubridae 8 36 26 14 3 13 1 101
Chironius
carinatus (Lin- 1 1
naeus, 1758)
Chironius exo-
letus (Linnaeus, 1 1
1758)
Chironius fla-
volineatus Jan, 1 14 1 16
1863
Chironius fus-
cus (Linnaeus, 1 1
1758)
Drymarchon
corais (Boie, 1 3 3 7
1827)

160
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Drymoluber
brazili (Gomes, 3 3
1918)
Leptophis
ahaetulla (Lin- 1 2 2 3 1 9
naeus, 1758)
Mastigodryas
boddaerti 2 10 12
(Sentzen, 1796)
Oxybelis aeneus
1 1 2 2 1 7
(Wagler, 1824)
Oxybelis fulgi-
dus (Daudin, 1 1
1803)
Palusophis bi-
fossatus (Raddi, 6 6
1820)
Spilotes pulla-
tus (Linnaeus, 1 6 10 4 1 3 25
1758)
Tantilla mela-
nocephala (Lin- 1 5 1 2 2 1 12
naeus, 1758)
Dipsadidae 19 347 18 63 16 25 4 492
Apostolepis cea-
rensis Gomes, 1 11 2 1 10 1 26
1915
Apostolepis
polylepis Ama- 1 1
ral, 1922
Boiruna ser-
taneja Zaher, 1 1
1996
Boiruna sp. 2 2
Dipsas mikanii
(Schlegel, 1 1
1837)
Erythrolam-
prus miliaris
1 1
(Linnaeus,
1758)

161
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Erythrolam-
prus poecilo-
gyrus (Wie- 1 62 2 65
d-Neuwied,
1824)
Erythrolam-
prus reginae
17 17
(Linnaeus,
1758)
Erythrolam-
prus taeniogas- 3 3
ter (Jan, 1863)
Erythrolam-
prus viridis
4 1 5
(Günther,
1862)
Helicops an-
gulatus (Lin- 7 7
naeus, 1758)
Helicops leopar-
dinus (Schlegel, 1 1
1837)
Hydrodynastes
gigas (Duméril,
1 1
Bibron e Du-
méril, 1854)
Hydrops trian-
gularis (Wagler, 8 8
1824)
Imantodes cen-
choa (Linnaeus, 1 1
1758)
Leptodeira
annulata (Lin- 1 3 4
naeus, 1758)
Lygophis pau-
cidens Hoge, 1 2 3
1952
Oxyrhopus
rhombifer Du-
14 14
meril, Bibron e
Dumeril, 1854

162
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Oxyrhopus tri-
geminus Du-
1 20 3 9 2 3 38
meril, Bibron e
Dumeril, 1854
Philodryas nat-
tereri (Steinda- 1 30 2 1 4 1 1 40
chner, 1870)
Philodryas
olfersii (Lich- 6 17 2 1 1 1 28
tenstein, 1823)
Pseudoboa ni-
gra Dumeril,
1 2 6 1 5 1 16
Bibron e Du-
meril, 1854
Psomophis
joberti (Sauva- 1 15 2 18
ge, 1884)
Rodriguesophis
iglesiasi (Go- 4 1 1 6
mes, 1915)
Taeniophallus
occipitalis (Jan, 3 4 1 8
1863)
Thamnodynas-
tes hypoconia 1 3 4
(Cope, 1860)
Thamnody-
nastes phoenix
Franco, Trevi- 17 24 6 1 48
ne, Montingelli
e Zaher, 2017
Xenodon mer-
remii (Wagler, 1 110 4 6 1 1 123
1824)
Xenodon natte-
reri (Steindach- 1 1 2
ner, 1867)
Elapidae 1 7 3 9 20
Micrurus ibibo-
boca (Merrem, 1 7 9 17
1820)
Micrurus lem-
niscatus (Lin- 3 3
naeus, 1758)

163
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Leptotyphlopidae 8 5 13
Trilepida fuliginosa
(Passos, Caramaschi e 5 5
Pinto, 2006)
Trilepida brasiliensis
8 8
(Laurent, 1949)
Typhlopidae 5 5
Amerotyphlops
brongers-
5 5
mianus (Van-
zolini, 1976)
Viperidae 1 121 5 2 1 130
Bothrops gr.
1 1
atrox
Bothrops lutzi
(Miranda-Ri- 2 2 4
beiro, 1915)
Bothrops mooje-
104 104
ni Hoge, 1966
Crotalus duris-
sus Linnaeus, 15 5 1 21
1758
Squamata –
2 44 9 1 56
anfisbênias
Amphisbae-
2 44 9 1 56
nidae
Amphisbaena
alba Linnaeus, 1 8 1 10
1758
Amphisbaena
frontalis Van- 5 5
zolini, 1991
Amphisbaena
miringoera 5 1 6
Vanzolini, 1971
Amphisbaena
vermicularis 1 17 2 20
Wagler, 1824
Leposternon
polystegum 14 1 15
(Uétz, 2014)
Crocodylia 1 3 4
Alligatoridae 1 3 4

164
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Caiman cro-
codilus (Lin- 1 3 4
naeus, 1758)
Testudines 12 4 1 1 12 30
Chelidae 1 4 1 12 18
Mesoclemmys
perplexa (Bour 6 6
e Zaher, 2005)
Mesoclemmys
tuberculata
1 1 6 8
(Luederwaldt,
1926)
Phrynops
geoffroanus
4 4
(Schweigger,
1812)
Cheloniidae 5 5
Caretta caretta
(Linnaeus, 1 1
1758)
Chelonia my-
das (Linnaeus, 1 1
1758)
Dermochelys
coriacea (Van- 1 1
delli, 1761)
Eretmochelys
imbricata (Lin- 1 1
naeus, 1766)
Lepidochelys
olivacea (Eschs- 1 1
choltz, 1829)
Emydidae 6 1 7
Trachemys
adiutrix Van- 6 1 7
zolini, 1995
Total 60 1776 54 98 756 641 18 3404

Quanto ao status global de conservação, a maioria dos anfíbios (86%, n = 43 spp.)


registrados dentro de UCs do Piauí está avaliada como "pouco preocupante" (LC, Least
Concern em inglês). Entretanto, Pithecopus azureus apresenta "dados insuficientes" (DD,
Data Deficient) e quatro espécies (Adenomera juikitam, Rhinella mirandaribeiroi, Pithecopus

165
gonzagai, Chthonerpeton tremembe) não foram avaliadas (NE, Not Evaluated) (Figura 4).
Nacionalmente, o número de espécies avaliadas como LC é maior (n = 46), e apenas duas (P.
gonzagai, C. tremembe) não foram avaliadas.

Para répteis, embora a maioria das espécies (85%, n = 94 spp.) também tenha sido
avaliada como LC, há registros de, pelo menos, sete espécies ameaçadas de extinção (uma
anfisbênia e seis tartarugas), sendo três (Amphisbaena frontalis, Chelonia mydas, Trachemys
adiutrix) “em perigo” (EN, Endangered), três (Caretta caretta, Dermochelys coriacea,
Lepidochelys olivacea) “vulnerável” (VU, Vulnerable), e uma (Eretmochelys imbricata)
“criticamente em perigo” (CR, Critically Endangered). Além disso, cinco espécies (Norops
meridionalis, Thamnodynastes phoenix, Mesoclemmys perplexa, Mesoclemmys tuberculata
e Phrynops geoffroanus) não foram avaliadas (NE) e três (Colobosauroides carvalhoi,
Micrurus ibiboboca e Tropidurus jaguaribanus) apresentam “dados insuficientes” para
avaliação (DD) (Figura 5). Nacionalmente, o número de espécies avaliadas como LC sobe
para 98, entretanto, duas espécies (T. adiutrix e T. jaguaribanus) são listadas como “quase
ameaçada” (NT, Near Threatened), e sobe para dois (D. coriacea, E. imbricata) o número
de espécies criticamente em perigo.

Figura 4 - Número de espécies de anfíbios de acordo com o status de conservação da IUCN: LC - Menor
Preocupação; NE - Não Avaliada; e DD - Dados Insuficientes.

166
Figura 5 - Número de espécies de répteis de acordo com o status de conservação da IUCN: LC - Menor
Preocupação; NE - Não Avaliada; VU - Vulnerável; EN - Em Perigo; DD - Dados Insuficiente; e CR -
Criticamente em Perigo.

DISCUSSÃO

A maior parte das espécies conhecidas de répteis e anfíbios do Piauí ocorre


dentro de alguma UC, porém, a maioria das UCs (82%) nunca foi estudada quanto à sua
herpetofauna. Não existem estudos publicados sobre a herpetofauna de UCs estaduais
e nem municipais, apenas sobre as de gestão federal, o que revela o estágio incipiente da
implementação das UCs do estado do Piauí. O conhecimento das lacunas geográficas
sobre a distribuição da diversidade herpetofaunística é essencial para avaliar a efetividade
das UCs, bem como indicar áreas prioritárias para inventários de espécies (RODRIGUES,
2003; BORGES-NOJOSA; ARZABE, 2005; SILVANO; SEGALLA, 2005; SILVA et al.,
2014). A alta representatividade da herpetofauna piauiense dentro das UCs pode ainda
estar enviesada devido a maior parte do estado nunca ter sido inventariada quanto à sua
herpetofauna (PANTOJA et al., 2017; SILVA et al., 2017b).

A maior parte dos estudos herpetofaunísticos realizados nas UCs do Piauí é focada
apenas nos répteis, o que pode estar refletindo a maior disponibilidade de material coletado
(3.404 espécimes de répteis vs. 1.331 de anfíbios), mas potencialmente reflete apenas uma
preferência momentânea dos pesquisadores, mais focados nos répteis do que nos anfíbios. O
montante total de estudos (41 publicações) corresponde a cerca de 45% do total de estudos já
realizados no estado (aproximadamente 90) (veja SILVA, 2017 e publicações posteriores), o
que significa que parte substancial da pesquisa científica sobre a herpetofauna do Piauí ocorre

167
com material vindo de suas UCs. O grande interesse dos pesquisadores pelas UCs reflete a
importância que elas têm, seja pelo valor de sua biodiversidade ou por facilitarem a realização
de pesquisas científicas. As UCs mantêm áreas ainda preservadas em regiões chave para
compreensão da biodiversidade, e muitas delas podem apresentar infraestrutura e organizações
logísticas que apoiam a realização de pesquisas científicas nestas áreas. No entanto, quase
metade das UCs cuja herpetofauna já foi estudada (i.e., APACA, APASI e EEUU) ainda não
dispõe de Plano de Manejo.

Considerando a composição e riqueza de espécies observadas nas UCs do Piauí,


algumas espécies de anfíbios encontram-se na bibliografia mas sem associação a material
testemunho depositado em coleção científica, embora provavelmente ocorram nas respectivas
UCs: Rhinella cerradensis na EEUU (MACIEL et al., 2007); Leptodactylus vastus, Scinax
x-signatus e Rhinella diptycha na APACA (RIBEIRO et al., 2015); e Corythomantis greeningi
na FNP (LEAL, 2019). Ceratophrys joazeirensis, por sua vez, foi coletada em lagoa na área
urbana da cidade de Caracol (AAGARDA11584), e muito provavelmente ocorre dentro do
PNSCo, não tendo sido registrada ainda provavelmente devido aos seus hábitos furtivos e
reprodução explosiva. Para vários outros táxons, devido a incertezas na identificação original
das espécies e avanços no conhecimento da sistemática de diversos grupos da herpetofauna, se
faz necessário uma breve discussão taxonômica.

Scinax sp. no PNSCo (DAL VECHIO et al., 2016) e Siphonops sp. no PNSCa
(CAVALCANTI et al., 2014) se referem a registros de anfíbios sem identificação específica
disponível, mas são claramente apresentados na bibliografia como táxons distintos dos demais.
De forma similar, os nomes syphax nos PNSCa, PNSCi e PNSCo (CAVALCANTI et al., 2014;
DAL VECHIO et al., 2016; ARAÚJO et al., 2020b) e mystaceus nos PNSCi e PNSCo (DAL
VECHIO et al., 2016; ARAÚJO et al., 2020b) têm sido utilizados sob diferentes formatos para
se referirem a alguma linhagem de Leptodactylus sabidamente não descrita (DAL VECHIO
et al., 2016; SILVA et al., 2020). Nestes dois últimos casos, o argumento “aff.” foi utilizado
para sinalizar a ausência de identificação definitiva. Os registros de Scinax gr. ruber claramente
englobam pelo menos duas espécies (DAL VECHIO et al., 2013) com ocorrência em mais de
uma UC (veja em DAL VECHIO et al., 2016; ARAÚJO et al., 2020a,b). Como não é possível
distingui-los entre as diferentes UCs sem examinar o material coletado, todos os registros do
grupo ruber foram alocados sob um mesmo táxon, Scinax gr. ruber. Ademais, mesmo com a
análise de material coletado, a distinção entre S. ruber, S. fuscovarius, S. x-signatus e S. nasicus
é difícil, e esses nomes têm sido atribuídos sem muita consistência a materiais coletados em
campo. Recentemente, S. x-signatus foi re-definida (ARAUJO-VIEIRA et al., 2020), e dados
genéticos confirmam sua ocorrência no Piauí (SILVA; GARDA, dados não publicados). Tanto
na EEUU quanto no PNSCo ao menos uma das espécies aqui apresentadas sob o mesmo táxon
(Scinax gr. ruber) potencialmente correspondem a S. x-signatus (DAL VECHIO et al., 2013).

168
A população de Pseudopaludicola da EEUU foi tratada por Dal Vechio et al. (2013)
como Pseudopaludicola cf. mystacalis. A incerteza taxonômica sobre esta população, que está no
município de Baixa Grande do Ribeiro, abre a possibilidade de que se trate da espécie P. canga,
que ocorre no município vizinho, Ribeiro Gonçalves, porém ainda não registrada dentro da
UC (ROBERTO; CARDOZO; ÁVILA, 2013; ANDRADE et al., 2020). Desde o primeiro
registro de Physalaemus kroyeri para o Piauí, no PNSCi (ANNUNZIATA; CASTRO;
FONTENELE, 2009), essa espécie não foi mais registrada no estado, mesmo após esforços
substanciais de inventário no PNSCi (ARAÚJO et al., 2020b). Devido a similaridade de P.
kroyeri com outras espécies de Physalaemus que ocorrem no PNSCi, a afinidade de P. kroyeri
com áreas de Mata Atlântica e Caatinga no nordeste brasileiro, e ausência de outros registros
da espécie no estado, é possível que este registro de 2009 trate-se de outra espécie, por exemplo,
P. cuvieri, P. albifrons ou P. centralis. Outro registro sob incerteza taxonômica é Adenomera cf.
hylaedactyla na APADP (ARAÚJO et al., 2020a).

Quanto aos répteis, Boiruna sp. na EEUU (DAL VECHIO et al., 2013) e Bothrops
gr. atrox na APADP (ARAÚJO et al., 2020a) não possuem identificação específica disponível,
mas são claramente apresentadas como táxons distintos dos demais. Algumas espécies também
foram citadas na bibliografia, reivindicando sua ocorrência dentro ou próximo a UCs do
Piauí, mas sem explicitar de forma consistente a existência de material testemunho específico
depositado em coleção científica. A tomar por base a abrangência geográfica e ecologia
conhecida das espécies, em alguns casos, a ocorrência em certas UCs é até bem esperada, como
por exemplo: Colobosauroides carvalhoi no PNSCo (MAGALHÃES-JÚNIOR et al., 2017);
Bothrops erythromelas Amaral, 1923 no PNSCa (GUEDES; NOGUEIRA; MARQUES,
2014); Iguana iguana e Boa constrictor na APACA (RIBEIRO et al., 2015); Epicrates crassus
Cope, 1862 e Erythrolamprus almadensis (Wagler in Spix, 1824) na EEUU (NOGUEIRA et
al., 2019; COSTA; GUEDES; BÉRNILS, 2021); e Paleosuchus palpebrosus (Cuvier, 1807) e
Phrynops geoffroanus na APADP (MAI; LOEBMANN, 2010; ARAÚJO et al., 2020a).

Começando pelos lagartos, Colobosauroides carvalhoi tem ocorrência confirmada por


voucher publicado apenas para o PNSCa (RECODER et al., 2018), mas ao que parece também
foi coletada no PNSCo (conforme MAGALHÃES-JÚNIOR et al., 2017). Além disso, os registros
prévios de Colobosaura modesta para o PNSCa (CAVALCANTI et al., 2014) na verdade se referem
a C. carvalhoi (espécimes examinados por G.R. Colli). A sistemática do gênero Brasiliscincus
permanece mal resolvida, e os táxons nominais abrigados neste clado tem sido recorrentemente
apresentados como parafiléticos (WHITING et al., 2006; HEDGES; CONN, 2012) ou
simplesmente sinonimizados (MIRALLES; CARRANZA, 2010). Contudo, tradicionalmente, o
nome Brasiliscincus heathi é atribuído às populações da Caatinga, e B. agilis às da Mata Atlântica
(VRCIBRADIC; MAUSFELD-LAFDHIY; ROCHA, 2006). Dessa forma, embora Miralles e
Carranza (2010) tenham citado B. agilis para a Serra das Confusões, o nome foi utilizado como
sinonímia de B. heathi. Além disso, aparentemente, o mesmo material do Piauí utilizado por Miralles

169
e Carranza (2010) foi utilizado por Whiting et al. (2006) e Dal Vechio et al. (2016) sob o nome B.
heathi. Assim, o táxon B. agilis não é considerado existente no estado do Piauí (COSTA; GUEDES;
BÉRNILS, 2021).

Por fim, há um razoável grau de incertezas taxonômicas em torno do gênero Ameivula,


e em breve muitas designações aqui apresentadas provavelmente serão revistas. No sudoeste do
estado, a espécie existente na EEUU foi designada originalmente como Ameivula cf. mumbuca
(DAL VECHIO et al., 2013), e aparentemente foi assumida por alguns autores como Ameivula
xacriba Arias, Teixeira Jr., Recoder, Carvalho, Zaher & Rodrigues, 2014 (veja em COSTA;
GUEDES; BÉRNILS, 2021). Porém, não há explícita menção ao material testemunho que
respalde essa opção taxonômica. Como não há publicado material oriundo do Piauí que tenha
sido identificado como A. xacriaba e tampouco como A. mumbuca, a identificação da espécie
que ocorre na EEUU permanece incerta. No sudeste do estado, na Serra da Capivara, registros
de A. ocellifera passaram a ser tratados como A. pyrrhogularis (ARIAS et al., 2018), contudo
sem examinarem o mesmo material coletado especificamente no PNSCa (CAVALCANTI et
al., 2014) e sem análises que incluam amostras obtidas na localidade tipo de A. pyrrhogularis.
Dessa forma, diante da instabilidade taxonômica, optamos por não realizar ajustes taxonômicos
aos registros originais de Ameivula nas UCs do Piauí.

Quanto aos demais répteis, as serpentes Epicrates crassus e Erythrolamprus almadensis


foram citadas para a EEUU por Nogueira et al. (2019) tendo como referência Dal Vechio et
al. (2013), mas este último, contudo, não menciona qualquer das duas espécies. Embora suas
ocorrências sejam esperadas para o Piauí, e a menção a E. crassus tenha sido seguida por Costa et
al. (2021), nenhuma das duas espécies tem ocorrência confirmada para o estado. A população
do cágado Phrynops da EEUU foi tratada por Dal Vechio et al. (2013) como Phrynops cf.
tuberosus, devido sua incerteza taxonômica. Contudo, atualmente, recomenda-se o uso do
táxon Phrynops geoffroanus para as populações deste gênero no nordeste do Brasil (COSTA;
GUEDES; BÉRNILS, 2021), embora esse táxon nominal sabidamente abrigue várias linhagens
(CARVALHO, 2016). O nome Phrynops tuberosus (Peters, 1870) tem sido atribuído apenas
à população tipo, que ocorre do estado de Roraima no Brasil até a Venezuela e a Guiana
(TURTLE TAXONOMY WORKING GROUP, 2021).

Todos os principais biomas e tipos vegetacionais predominantes no estado (i.e.,


Cerrado, Caatinga, ambientes florestais e marinho-costeiro) tiveram suas UCs estudadas quanto
à herpetofauna, ao menos preliminarmente, porém as UCs onde ocorrem ou predominam
as matas de babaçu foram as menos estudadas, principalmente a FNP (tanto pelo menor
número de estudos quanto pela menor quantidade de material coletado). Dessa forma, estudos
futuros devem priorizar áreas de domínios florestais, que são mais raras e sensíveis e tendem a
desaparecer primeiro. As áreas florestais do estado do Piauí têm sido fortemente impactadas pelo
desmatamento para produção de carvão vegetal, expansão agropecuária e urbana (AGUIAR;

170
MONTEIRO, 2005). O espaçamento geográfico entre as UCs já estudadas, o distanciamento
entre os registros, os tipos de ambientes disponíveis ainda não amostrados e a presença de fortes
ameaças aos hábitats são fatores que nos mostram a necessidade de novos inventários e/ou
estudos em outras regiões e UCs do estado, destacando-se as seguintes UCs federais: a nordeste,
a APA Serra da Ibiapaba; no centro-leste, a APA Chapada do Araripe; e no extremo sul, o Parque
Nacional Nascentes do Rio Parnaíba; e as seguintes UCs estaduais: ao norte, a APA Cachoeira
do Urubu e o Parque Estadual da Serra de Santo Antônio; a nordeste, o Parque Estadual do
Cânion do Rio Poti; no centro-oeste, a APA Lagoa de Nazaré; e no extremo sul, o Parque
Estadual do Rangel, a APA Nascentes do Rio Uruçuí-Preto e a APA dos Altos Cursos dos
Rios Gurgueia e Uruçuí-Vermelho. As UCs municipais, embora em maior número, são muito
menores em área do que as demais, na maioria das vezes imersas em uma matriz de hábitat há
muito tempo urbanizada, e certamente já se encontram sob forte pressão antrópica e impactos
do isolamento e do efeito de borda. Por essa razão, também se faz urgente o estudo dessas UCs,
potencialmente contendo elementos únicos da biodiversidade, já sob enorme ameaça. Alerta-
se ainda para o fato de que em toda porção sul do estado (sudeste e sudoeste) existem apenas
duas UCs municipais: Parque Natural Municipal do Salão da Serra e APA Serra do Gado Bravo
(LEITE; IVANOV, 2020), o que indica a pouca aderência das gestões municipais com a pauta
ambiental.

A riqueza total da herpetofauna conhecida em UCs do Piauí (160 espécies)


corresponde a aproximadamente 85% da riqueza conhecida para o estado (SILVA, 2017;
(COSTA; GUEDES; BÉRNILS, 2021). Alguns dos estudos realizados nas UCs são focados na
ecologia ou sistemática de pequenos grupos de espécies (SILVA; ÁVILA-PIRES, 2013; SILVA
et al., 2013; SENA et al., 2021). Das oito UCs já estudadas, para somente duas (EEUU, PNSCo)
a avaliação do sucesso amostral indica uma amostragem representativa da herpetofauna local
(DAL VECHIO et al., 2013; DAL VECHIO et al., 2016), ou exclusivamente para anfíbios,
como para o PNSCi (ARAÚJO et al., 2020b). Por outro lado, mesmo para UCs melhor
inventariadas, a riqueza de espécies observada é inferior ao número estimado de espécies para
estas áreas, é o caso do PNSCa, com registro de apenas sete espécies de anfíbios (CAVALCANTI
et al., 2014).

Algumas UCs se destacam por terem recebido apenas estudos focados em uma
espécie ou concentrados em poucos grupos da herpetofauna (sem inventário herpetofaunístico
completo), estando claramente sub-amostradas nos demais grupos. Por exemplo, no PNSCi os
estudos foram concentrados em anfíbios (ARAÚJO et al., 2020b) ou em serpentes (ROCHA;
PRUDENTE, 2010); e na FNP concentrado em serpentes (LIMA-FILHO, 2011). A diferença
entre os esforços amostrais fragiliza a comparação das riquezas taxonômicas entre UCs, pois
há uma tendência enviesada de maiores riquezas onde mais material foi coletado. Um outro
aspecto a ser considerado é a existência de espécies até agora registradas apenas fora do Piauí,
porém dentro de UCs compartilhadas com o estado, como é o caso da APACA compartilhada

171
com Ceará e Pernambuco (RIBEIRO et al., 2015), APADP com Ceará e Maranhão (ARAÚJO
et al., 2020a) e APASI com Ceará (LOEBMANN; HADDAD, 2010). O aumento do esforço
amostral nas UCs do Piauí certamente levará a um aumento expressivo na riqueza de espécies
conhecidas para a maior parte das UCs.

Metade das UCs estudadas é de proteção integral (uso restrito), a outra metade de uso
sustentável (direto), enquanto 53% das espécies conhecidas para o estado ocorre em UCs de uso
sustentável e 72% ocorre nas de proteção integral. Porém o conhecimento sobre a APASI, que
é de uso sustentável, se restringe ao PNSCi, que é de proteção integral. Embora as UCs de uso
direto sejam mais permissivas quanto às atividades antrópicas e quando mal geridas possam ser
ineficazes, a importância dessas UCs pode ser tão alta quanto aquelas de proteção integral. Há
estudos que atestam que áreas com elevada diversidade genética são encontradas fora de unidades
de uso restrito. Fonseca et al. (2019), investigando herpetofauna de Caatinga, verificaram que
apenas 1,5% das áreas que abrigam as mais altas diversidades genéticas encontram-se dentro de
unidades de conservação de uso restrito. As áreas com elevada diversidade genética deveriam
ser o alvo principal da conservação, pois a variabilidade genética é subjacente ao aumento
da possibilidade de adaptação diante das mudanças ambientais. Embora nenhuma das UCs
particulares (RPPNs) tenha sido estudada, elas cumprem o papel de proteger os remanescentes
ambientais onde estão inseridas as espécies, às vezes contemplando espécies ameaçadas, e
eventualmente promovendo melhor segurança em comparação com as unidades públicas
federais e estaduais (MITTERMEIER et al., 2005). Por outro lado, unidades de uso sustentável
estão muito mais sujeitas a atividades antrópicas de uso direto, impactantes ao meio ambiente
(FRANÇOSO et al., 2015). Dessa forma, as UCs de uso sustentável correm maior risco de
perderem sua biodiversidade antes mesmo de serem conhecidas.

Na contramão do reconhecimento da rica diversidade da herpetofauna nacional


e mundial, ocorre também grande ameaça à conservação desse grupo, como consequência
direta e indireta de ações antrópicas. Entre os principais fatores de perda da diversidade da
herpetofauna estão a perda e fragmentação de hábitats devido à intensa exploração dos recursos
naturais, mudanças climáticas, uso descontrolado de agrotóxicos que promove também a
depleção de populações naturais, mineração, agricultura, construção de barragens e rodovias
e a introdução, intencional ou não, de espécies invasoras (DIELE-VIEGAS; ROCHA, 2018;
TOLEDO; MEASEY, 2018). Os territórios do sudoeste do estado, onde predominam os
domínios do Cerrado, estão sob franca devastação ambiental em vista do grande fomento a
atividades agrícolas empresariais produtoras de commodities, uma região conhecida como
MATOPIBA, por englobar territórios do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (OLÍMPIO;
MONTEIRO, 2005; ZALLES et al., 2019). Neste sentido, o Cerrado piauiense vem sofrendo
uma rápida ocupação, que teve início por volta de 1970 com o incremento da cajucultura
e pecuária e, posteriormente na década de 1990, a ocupação voltou a ganhar força com o
desenvolvimento de projetos para o plantio de soja (AGUIAR; MONTEIRO, 2005). O fator

172
mais determinante da ocupação recente é o baixo custo das terras em comparação com outras
áreas no país, e por dispor de condições propícias para a mecanização e o cultivo de grãos,
devido ao grande potencial hídrico superficial e subterrâneo (AGUIAR; MONTEIRO, 2005).

A atuação do agronegócio na região se concentra nos topos de serras e chapadões, mas


aos poucos também vem se expandindo pelos baixões (reentrâncias dos paredões das serras) e
fundos de vale onde encontram-se várzeas e veredas de buritis (tradicionalmente ocupados por
agricultores camponeses). Essa grande intensificação agrícola gera graves impactos evidentes
sobre a biodiversidade, em curto e longo prazos, porém tais impactos ainda não foram
quantificados no âmbito do estado. Dessa forma, apesar do crescimento de alguns setores da
economia oriundos das atividades agrícolas, pouquíssimo investimento tem sido lançado no
Cerrado piauiense para promoção de políticas públicas de prevenção dos impactos ambientais,
e em medidas de conservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos promovidos e
mantidos por ela (OLÍMPIO; MONTEIRO, 2005).

O fungo Batrachochytrium dendrobatidis (Bd) é mais uma ameaça – responsável


por declínios populacionais de anfíbios no mundo (SCHEELE et al., 2019), recentemente foi
registrado na Caatinga piauiense (BENÍCIO et al., 2019). Estes resultados são preocupantes,
uma vez que o registro está dentro de uma área indicada como prioritária para conservação,
mas fora de uma UC, e próxima a duas áreas de extrema importância biológica – o PNSCa e o
PNSCo (SILVA et al., 2004). Para répteis, não temos quaisquer informações sobre a ocorrência
de Bd. Por outro lado, é preocupante o número de espécies ameaçadas de extinção no estado
(Amphisbaena frontalis, Caretta caretta, Chelonia mydas, Dermochelys coriacea, Eretmochelys
imbricata, Lepidochelys olivacea, Trachemys adiutrix), concentradas principalmente no
extremo norte, na pequena região marinho-costeira, que é única no estado. Destas, A. frontalis
é conhecida apenas da localidade-tipo, na Bahia, e no PNSCo (DAL VECHIO et al., 2016).
O lagarto Colobosauroides carvalhoi é uma espécie rara e endêmica do nordeste do Brasil, com
distribuição relictual e restrita, ocorrendo no estado do Piauí, nas áreas do PNSCa e PNSCo
(MAGALHÃES-JÚNIOR et al., 2017).

Nesse sentido, com base no exposto, verificamos extensas lacunas de conhecimento


sobre a herpetofauna do Piauí, principalmente em unidades de conservação e áreas consideradas
prioritárias para conservação. Além disso, dentre os registros reunidos destacam-se espécies
ameaçadas de extinção e espécies ainda não descritas pela ciência. Assim, frente ao conhecimento
disponível e à crescente ameaça à biodiversidade no estado, recomendamos novos estudos,
dentro e fora das UCs do Piauí, a fim de entendermos melhor a ecologia, distribuição das
espécies e as consequências das ameaças aos anfíbios e répteis do estado.

173
AGRADECIMENTOS

À Dra Marlete Ivanov pelo convite para elaboração deste capítulo, pelo fornecimento
de shapefiles e disponibilidade para tantas conversas esclarecedoras sobre as unidades de
conservação do Piauí. Ao Dr. Igor Joventino Roberto e um(a) revisor(a) anônimo(a) pela
revisão crítica do texto e sugestões. À Dra. Thaís Guedes, Dr. Henrique Costa, e Dr. Cristiano
Nogueira pelas discussões taxonômicas e informações adicionais sobre registros de ocorrência
das espécies. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo
suporte financeiro a Ronildo Alves Benício referente ao Programa de Capacitação Institucional
(PCI) no Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG (Proc. 317913/2021-2, 300938/2022-5)
e aos projetos “Diversidade e padrões de distribuição da herpetofauna do estado do Piauí,
nordeste do Brasil” (Proc. 155556/2018-5) e “Diversidade críptica de anfíbios da Bacia do
Rio Parnaíba” (Proc. 151124/2020-5) e a Robson W. Ávila pela bolsa de produtividade (Proc.
305988/2018-2, 307722/2021-0) e o projeto "Conservação da biodiversidade em nível de
paisagem: mudanças climáticas e distúrbios antropogênicos" - chamada CNPQ/ICMBIO/
FAPs nº 18/2017, Proc. 421350/2017-2).

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184
APÊNDICES
Apêndice 1. Anfíbios do Parque Nacional de Sete Cidades (PNSCi): A) Corythomantis
greeningi; B) Scinax nebulosus; C) Adenomera juikitam; D) Leptodactylus pustulatus; E)
Leptodactylus vastus; F) Physalaemus cuvieri; G) Dermatonotus muelleri; H) Proceratophrys
cristiceps. Fotos: Guarino Colli.

185
Apêndice 2. Lagartos do Parque Nacional da Serra das Confusões: A)Hemidactylus brasilianus;
B) Calyptommatus confusionibus; C) Colobosaura modesta; D) Hoplocercus spinosus; E)
Ameivula confusioniba. Lagartos do Parque Nacional da Serra da Capivara: F) Micrablepharus
maximiliani; G) Procellosaurinus erythrocercus, H) Glaucomastix venetacauda. Fotos: Adrian
Garda.

186
Apêndice 3. Serpentes do Parque Nacional de Sete Cidades: A) Boa constrictor; B) Drymarchon
corais; C) Oxybelis aeneus; D) Erythrolamprus poecilogyrus; E) Erythrolamprus viridis; F)
Leptodeira annulata; G) Lygophis paucidens; H) Oxyrhopus trigeminus. Fotos: Davi Pantoja
(A-D, F-H); Wáldima Rocha (E).

187
Apêndice 4. Serpentes do Parque Nacional de Sete Cidades: A) Philodryas nattereri; B)
Pseudoboa nigra; C) Psomophis joberti; D) Taeniophallus occipitalis; E) Thamnodynastes
hypoconia; F) Thamnodynastes phoenix; G) Xenodon merremi; H) Micrurus ibiboboca. Fotos:
Davi Pantoja (A-E, G-H); Guarino Colli (F).

188
Capítulo

9
CONHECIMENTO SOBRE A FAUNA POR PESCADORES E
MARISQUEIRAS DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DELTA
DO PARNAÍBA, PIAUÍ, NORDESTE DO BRASIL
Rosemary da Silva Sousa
Eudes Ferreira Lima
Roseli Farias Melo de Barros

INTRODUÇÃO

Os seres humanos possuem uma conexão emocional inata com as demais espécies,
variando da atração à aversão, da admiração à indiferença (SANTOS-FITA; COSTA-NETO,
2007). Como perspectiva teórica importante para compreender esta relação, apresentamos
a Etnozoologia, estudo interdisciplinar de conhecimentos e crenças, dos sentimentos e dos
comportamentos que intermediam as relações entre as populações humanas com as espécies
animais (MARQUES, 2002). Desta maneira, podemos entendê-la como uma disciplina que
examina os aspectos históricos, econômicos, sociológicos, antropológicos e ambientais das
relações entre humanos e animais (ALVES; SOUTO, 2015).

Este campo de estudo tem centrado esforços em diferentes áreas de pesquisa, tais como:
percepção cultural e sistemas de classificação (HOLMAN, 2005; MOURÃO; ARAÚJO;
ALMEIDA, 2006); importância dos animais nos contos, mitos e crenças (DESCOLA, 1998);
formas de preparo de substâncias orgânicas para fins diversos (ALVES; VIEIRA; SANTANA,
2008); heterogeneidade biológica e processos cognitivos envolvidos no manejo e conservação

189
dos recursos (FLECK; HARDER, 2000); movimento pelos direitos dos animais (PARKER,
1993); técnicas de coletas e seus impactos nas populações animais (BALÉE, 1985; ALVES,
2009; BEZERRA; ARAÚJO; ALVES, 2012).

Estudos etnobiológicos demonstram que populações locais (nativas) possuem


um detalhado repertório sobre os recursos biológicos que usam e se inter-relacionam
(MOURÃO; NORDI, 2006; HANAZAKI; ALVES; BEGOSSI, 2009; SOUTO et al., 2011).
Tal conhecimento vem ganhando reconhecimento mundial porque tem sido complementar
em importantes áreas da ciência, tais como: desenvolvimento sustentável, gestão de recursos
e avaliação de impactos ambientais (POSEY, 1984; SILLITOE, 1998). Vale ressaltar que este
conhecimento empírico tem existência paralela ao conhecimento científico, e ambos são
resultado da observação sistemática da natureza (ALVES; SOUTO, 2015).

Por isso, escolhemos comunidades de pescadores e marisqueiras artesanais da Área


de Proteção Ambiental (APA) Delta do Parnaíba para realizar um estudo etnozoológico.
Selecionamo-as por saber, também, que a região está em processo de descrição da sua rica
sociobiodiversidade (GUZZI, 2012; IVANOV, 2020). Trabalhos de cunho etnobotânico
(SOUSA et al., 2012; SANTOS et al., 2016; NASCIMENTO et al., 2019; MEIRELES et
al., 2021), etnoecológico (FREITAS et al., 2012; SILVA-LEITE; PAMPLIM; CAMPOS,
2012; NASCIMENTO et al., 2020) e etnoictiológico (SANTOS; MELO; ROCHA,
2012; MEIRELES; MEIRELES; BARROS, 2017) foram desenvolvidos, mas existem
lacunas e questões diversas a serem investigadas nessa Unidade de Conservação (UC) cujo
Plano de manejo foi recentemente elaborado (ICMBio, 2020). Como ocorre a construção e
transmissão do conhecimento local, padrões de caça, percepção de risco ambiental e estratégias
adaptativas, engajamento ambiental dos pescadores e marisqueiras em ações de participação,
resiliência do sistema socioecológico e o conhecimento local, são alguns dos temas para
investigação.

Assim, na intenção de atuar como um ponto de partida para novos estudos, objetivamos
identificar as espécies animais conhecidas e/ou usadas pelos pescadores e marisqueiras artesanais,
apresentando as categorias de uso com maior porcentagem de citações e as espécies com maior
potencial de uso, evidenciado pelo índice Valor de Uso.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

A APA Delta do Parnaíba é constituída por partes dos estados do Ceará, Maranhão
e Piauí e possui 311.731,42 hectares, incluindo a área marítima (ICMBio, 2020). A porção
correspondente ao Piauí possui 1.922,58km², abrangendo os municípios de Parnaíba, Luís
Correia, Ilha Grande e Cajueiro da Praia (ICMBio, 2020). Para este estudo foram selecionadas

190
as seguintes comunidades: Barra Grande (02º55’40’’ S e 41º24’40’’ W), área menos urbanizada
localizada no extremo leste da APA no município de Cajueiro da Praia, e Morro da Mariana
(02º50’36” S e 41º48’15” W), área mais urbanizada situada na porção central da APA no centro
do município de Ilha Grande (Figura 1).

Figura 1 - Mapa de localização das comunidades de pescadores e marisqueiras artesanais estudadas, Barra Grande
em Cajueiro da Praia e Morro da Mariana em Ilha Grande na Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba,
Piauí.

O clima da área é do tipo Aw, com estação quente e chuvosa no verão e moderadamente
seca no inverno, apresentando alto índice de pluviosidade de janeiro a junho; a temperatura
máxima pode atingir 32ºC (IBAMA, 1998; JACOMINE; ALMEIDA; MEDEIROS, 1986).
As fitofisionomias marcantes da região são os manguezais, dunas e restingas (CEPRO, 2019),
os quais cumprem um papel muito importante para o equilíbrio ecológico, pois abrigam
diversas espécies de moluscos, crustáceos e peixes. Constitui-se também numa extensa região
de alimentação e abrigo para espécies classificadas como em perigo de extinção, como o guará-
vermelho (Eudocimus ruber), o peixe-boi (Trichechus manatus manatus) e o cavalo-marinho
(Hippocampus reidi) (IUCN, 2021).

191
Coleta e análise de dados

Utilizamos o método de amostragem não probabilística por “bola de neve”


(BAYLEY, 1982) para selecionar os informantes-chave, aqueles que possuíam maior
conhecimento local sobre a fauna: em Barra Grande (75 pessoas) e no Morro da Mariana
(86), foram incluídas apenas pessoas com idade a partir de 18 anos. Realizamos entrevistas
semiestruturadas (MARTIN, 1995) e lista-livre (WELLER; ROMNEY, 1988). O
formulário de entrevista continha questões sobre dados pessoais (nome, idade, tempo de
moradia e escolaridade), socioeconômicos (ocupação, tempo de pesca, instrumentos de
pesca usados, produtos pescados) e acerca da APA (importância, papel dos pescadores na
conservação ambiental). Na lista-livre, coletamos informações sobre o conhecimento e/
ou uso do animal mencionado. Para proceder com a coleta das espécies realizamos a técnica
“turnê-guiada” (ALEXIADES, 1996), na qual o entrevistado é convidado a indicar as espécies
in locu citadas na entrevista para coleta e posterior identificação do nome científico. As espécies
coletadas foram identificadas com auxílio de especialistas e literatura especializada. As espécies
não coletadas foram fotografadas para seguirem pelo mesmo procedimeto de identificação.
Procedemos com a consulta e correção dos nomes dos táxons no Sistema de Informação sobre
a Biodiversidade Brasileira (SiSBBr, 2022), no Integrated Taxonomic Information System
(ITIS, 2022) e Froese e Pauly (2022) para os dois grupos de Pisces. Depositamos as amostras no
Laboratório de Zoologia da Universidade Federal Delta do Parnaíba (UFDPar).

Calculamos o Valor de Uso usando a seguinte equação: VU=∑Ui/n, onde VU=


Valor de Uso de cada espécie descrita no estudo; Ui = número de citações da espécie por cada
informante; e, n = número total de informantes (ROSSATO; LEITÃO FILHO; BEGOSSI,
1999).

Para realização deste estudo obtivemos aprovação do Sistema de Biodiversidade e


Conservação (SISBio) com protocolo de aceite nº 18754-1 e do Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Federal do Piauí (UFPI) - processo nº 0063.0.045.000-09. Cada participante
foi convidado a assinar o de Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conhecimento e/ou uso da fauna

Registramos 131 espécies em 10 Grupos: Cnidaria, Mollusca, Insecta, Crustacea,


Echinodermata, Pisces (Actinopteri e Elasmobranchii), Amphibia, Reptilia, Neornites (Aves
modernas) e Mammalia, sendo as mais representativas em número de espécies: Neornites
(18) e Pisces Actinopteri (57). Classificamos as espécies em 13 Categorias de Uso: Medicinal,
Alimentícia, Artesanato, Artefato de pesca, Daninha, Mágico-religiosa, Construção, Cosmético,
Medicina-veterinária, Transporte, Estimação, Indicador ambiental e Proteção (Tabela 1).

192
Tabela 1 - Lista dos 131 animais citados, Valor de Uso e categorias de uso, em estudo realizado em Barra Gran-
de (BG), distrito de Cajueiro da Praia e no Morro da Mariana (MM), centro de Ilha Grande, Área de Proteção
Ambiental Delta do Parnaíba, Piauí. Legenda: (-) =não foram citados conhecimento e/ou uso para a espécie,
A=Artesanato, AL=Alimentícia, CT=Construção, CM=Cosméticos, D=Daninha, E=Estimação, IA=Indica-
dor Ambiental, IP=Instrumento de Pesca, M=Medicinal, MR=Místico-Religiosa, MV=Medicina Veterinária,
P=Proteção, T=Transporte.

Valor de Uso Categorias de Uso


Grupos de Animais Nome Popular
BG MM BG MM
Cnidaria
Physalia physalis (Linnaeus,
caravela 0,01 - D -
1758)
Mollusca
Anomalocardia brasiliana
marisco 0,75 0,35 A,AL,M,CT A,IP,AL,D,CT
(Gmelin, 1791)
Chiridota rotifera (Pourtalès,
pomba de burro 0,03 - IP,AL -
1951)
Iphigenia brasilienis (Lamar-
tarioba 0,28 - A,AL -
ck, 1818)
Loligo vulgaris (Lamarck,
lula 0,01 - M -
1798)
Mytella guyanensis (Lamarck,
sururu de dedo 0,63 0,02 A,AL AL
1819)
Neritina virginea (Linnaeus,
muelinha 0,23 - A,AL -
1758)
Pomacea sp aruá 0,01 0,02 A IP
Tagelus plebeius (Lightfoot, bico de pato/
0,01 - AL -
1786) unha de velho
Thais sp esponja amarela/
0,09 - M -
guerra da maré
Insecta
Cryptotermes brevis (Walker,
cupim - 0,02 - IP
1853)
Crustacea
Atya gabonensis (Giebeel, camarão cara-
0,03 - A,IP -
1875) mujo
Balanus sp cracas 0,01 - A -
Callinectes bocourti (A. Milne-
siri vermelho 0,41 0,15 A,AL,M,D A,AL,M,E
-Edwards, 1879)
Callinectes exasperatus (Gers-
siri azul 0,27 0,09 AL,D AL,D
taecker, 1856)
Cardisoma guanhumi (La- caranguejo guaia-
- 0,01 - D
treille, 1828) mum
Goniopsis cruentata (Latreille, gatinha do man-
0,01 - A -
1803) gue

193
Valor de Uso Categorias de Uso
Grupos de Animais Nome Popular
BG MM BG MM
Litopenaeus schmitti (Burken- camarão branco/
0,60 0,59 IP,AL IP,AL
road, 1936) camarão
Ocypode quadrata (Fabricius, siri branco/siri-
0,01 - D -
1787) bola
Panulirus argus (Latreille, lagosta/lagosta
0,11 0,01 A,AL AL
1804) de pedra
Uca (Minuca) mordax Smith,
aratum 0,06 - A,IP -
1870
Uca (Uca) maracoani (Latreil- caranguejo jan-
- 0,01 - M
le, 1802) daia
Ucides cordatus (Linnaeus,
caranguejo uçá 0,52 0,33 A,AL,M A,IP,AL,M,MR
1763)
Xiphopenaeus kroyeri (Heller, camarão piticaia/
1862) camarão sete 0,07 - IP,AL -
barbas
Echinodermata
Chiridota rotifera (Pourtalès,
1951)
pomba de burro 0,03 - IP,AL -

Echinaster sp estrela do mar/


0,04 - A,M -
estrela d’água
Mellita quinquiesperforata
bolacha do mar 0,01 - A -
(Leske, 1778)
Pisces (Actinopteri)
Acanthostracion quadricornis baiacu caixão/
0,03 - A -
(Linnaeus 1758) baiacu de chifre
Acanthostracion sp barriga 0,01 - E -
Amphichthys cryptocentrus
pacamão 0,04 0,01 AL AL
(Valenciennes 1837)
Anableps anableps (Linnaeus,
quatro olho - 0,03 - IP
1758)
Anchoviella lepidentostole
manjuba - 0,07 - IP,AL,M
(Fowler 1911)
Astyanax sp branquinha - 0,17 - AL
Bagre bagre (Linnaeus, 1766) bagre bandeira 0,03 - A,AL -
Bagre marinus (Mitchill, bagre fita/bagre
0,12 0,01 AL,D AL
1815) camboja
Balistes vetula (Linnaeus,
cangulu 0,16 0,05 A,M M
1758)
Caranx hippos (Linnaeus,
xareu 0,01 - AL -
1766)
Cathorops spixii (Agassiz, bagre amarelo/
0,11 - A,AL,M,D -
1829) bagre urutinga

194
Valor de Uso Categorias de Uso
Grupos de Animais Nome Popular
BG MM BG MM
Centropomus undecimalis
camurim preto 0,08 0,10 AL AL
(Bloch, 1792)
Chaetodipterus faber (Brous- parum/pé de
0,04 - A,AL -
sonet, 1782) cachorro
Chelon dumerili (Steindach-
tainha - 0,08 - AL
ner, 1870)
Chloroscombrus chrysurus
pelombeta 0,07 - AL -
(Linnaeus, 1766)
Colomesus psittacus (Bloch & baiacu camisa de
0,09 - D -
Schneider, 1801) meia
Crenicichla vittata (Heckel, sabão/jacundá/
1840) - 0,02 - AL
mané besta
Cynoscion acoupa (Lacepède,
pescada amarela 0,05 0,02 A,AL AL
1801)
Cynoscion leiarchus (Cuvier, pescadinha/pes-
0,12 - AL -
1830) cada branca
Diapterus rhombeus (Cuvier,
carapeba 0,32 - AL -
1829 )
Epinephelus itajara (Lichtens-
mero - 0,01 - D
tein, 1822)
Euthynnus alletteratus (Rafi-
bonito 0,04 - AL,D -
nesque, 1810)
Genidens genidens (Cuvier,
1829) bagre cambuei-
ro/bagre lam- 0,13 0,01 AL,M AL
buza

Gymnogeophagus balzanii
cará - 0,13 - AL
(Perugia, 1891)
Haemulopsis corvinaeformis
coró boca roxa 0,67 - IP,AL -
(Steindachner, 1868)
Hippocampus reidi (Ginsburg,
cavalo marinho 0,21 0,05 M M,MR
1933)
Hoplias malabaricus (Bloch,
traíra - 0,17 - AL,M
1794)
Isopisthus parvipinnis (Cuvier
pescadinha - 0,02 - AL
1830)
Leporinus friderici (Bloch,
piau - 0,52 - AL
1794)
Loricaria sp bagre cascudo/
- 0,01 - AL
bagre graviola
Loricariichthys platymetopon
boi de carro - 0,01 - AL
(Isbrücker & Nijssen, 1979)

195
Valor de Uso Categorias de Uso
Grupos de Animais Nome Popular
BG MM BG MM
Lutjanus jocu (Bloch & Sch-
carapitanga 0,05 - AL -
neider, 1801)
Lutjanus synagris (Linnaeus,
ariacó 0,04 - AL -
1758)
Markiana nigripinnis (Peru-
sambuda - 0,02 - AL
gia, 1891)
Megalops atlanticus (Valen-
camurupim 0,24 0,07 A,M A,M
ciennes, 1847)
Menticirrhus americanus
judeu 0,05 - IP,AL -
(Linnaeus, 1758)
Micropogonias furnieri (Des-
curuca/curvina 0,25 0,12 AL AL
marest, 1823)
Mugil curema (Valencien-
tainha 0,51 - AL -
nes,1836)
Mugil liza (Valenciennes,
saúna 0,29 0,21 IP,AL IP,AL
1836)
Mugil trichodon (Poey, 1875 ) tamatarana/
0,05 0,02 AL AL
tainha
Ogcocephalus verpertilio (Lin- peixe morcego/
0,01 - D -
naeus, 1758) cachimbo
Oreochromis sp tilápia/caratilápia 0,01 0,02 E A,IP,AL
Parauchenipterus galeatus
bagre cangati - 0,02 - AL
(Linnaeus, 1766)
Pellona flavipinnis (Valen-
sardião 1 0,01 M AL
ciennes, 1836)
Prochilodus sp curimatã - 0,52 - AL
Pseudoplatystoma corruscans
bagre mandubé - 0,14 - AL
(Spix & Agassiz,1829)
Pygocentrus nattereri (Kner,
piranha - 0,20 - AL,M
1858)
Scomberomorus brasiliensis
(Collette, Russo e Zavala-Ca- serra 0,05 - AL -
min, 1978)
Scomberomorus cavalla
cavala 0,03 - AL,M -
(Cuvier, 1829)
Sorubin lima (Bloch & Sch- bagre bico de
- 0,02 - AL
neider, 1801) pato
Sphoeroides testudineu (Lin-
baiacu - 0,01 - D
naeus, 1758)
Synbranchus marmoratus
muçum - 0,01 - D
(Bloch, 1795)
Synodontis clarias (Linnaeus,
bagre mandimole - 0,20 - AL
1758)

196
Valor de Uso Categorias de Uso
Grupos de Animais Nome Popular
BG MM BG MM
Synodontis sp bagre surubim - 0,56 - A,AL,M,D,MR
Thalassophryne nattereri
aniquim 0,04 - D -
(Steindachner, 1876)
Trichiurus lepturus (Linnaeus,
espada 0,01 - AL,M -
1758)
Triportheus signatus (Garman,
sardinha 0,11 0,03 IP,AL AL
1890)
Pisces (Elasmobranchii)
Aetobatus narinari (Euphra-
arraia pintada 0,13 - M,D,CM,MV -
sen, 1790)
Carcharhinus sp A,I-
cação cinzento/
0,27 0,05 P,AL,M,MR,M- A,AL,M
cação
V,T
Dasyatis americana (Hilde- arraia bicuda/
0,16 0,16 AL,D,CM AL,M,D,CM
brand & Schroeder, 1928) arraia
Amphibia
Rhinella diptycha (Cope,
sapo cururu - 0,01 - M
1862)
Reptilia
Bothrops atrox (Linnaeus
jararaca 0,01 - MV -
1758)
Caiman crocodilus (Linnaeus,
jacaré 0,03 0,38 A,M A,AL,M,MR,IA
1758)
Chelonia mydas (Linnaeus,
aruanã 0,24 - A,AL,M,MV,IA -
1758)
Chelonoidis carbonarius (Spix,
jabuti - 0,01 - E
1824)
Corallus hortulana (Linnaeus,
suaçuboia - 0,01 - M
1758)
Epicrates sp saramanta 0,01 - A -
Eunectes murinus (Linnaeus,
sucuri/sucuruiu - 0,45 - A,AL,M,D,MV
1758)
Helicops leopardinus (Schlegel,
cobra d’água 0,01 - D -
1837)
Iguana iguana (Linnaeus,
camaleão - 0,06 - IP,AL
1758)
Philodryas olfersii (Liechtens-
cobra verde - 0,01 - M
tein, 1823)
Tupinambis teguixin (Lin-
naeus, 1758) tejo/teju 0,09 0,02 M M

197
Valor de Uso Categorias de Uso
Grupos de Animais Nome Popular
BG MM BG MM
Neornites (Aves modernas)
Amazona aestiva (Linnaeus,
papagaio 0,01 - A -
1851)
Anas bahamensis (Linnaeus, paturi queixo
- 0,01 - E
1758) branco
Aramides cajaneus (Statius
siricora/saracura - 0,02 - AL
Muller, 1776)
Aramus guarauna (Linnaeus,
carão - 0,01 - AL
1766)
Cacicus cela (Linnaeus, 1758) xexeu - 0,01 - E
Dendrocygna viduata (Lin-
marreca - 0,02 - E
naeus, 1766)
Egretta caerulea (Linnaeus,
garça azul 0,01 - E -
1817)
Egretta thula (Molina, 1783) garça branca - 0,01 - A
Eudocimus ruber (Linnaeus,
guará - 0,03 - A,AL
1846)
Eupsittula aurea (Gmelin, periquito/peri-
0,03 - E -
1788) quito rei
Eurypyga helias (Pallas, 1876) pavão do mangue - 0,06 - A,MR
Gallus gallus domesticus (Lin-
galinha caipira 0,24 0,26 AL,M,E IP,AL,M
naeus, 1758)
Gnorimopsar chopi chopi
chico preto - 0,01 - E
(Vieillot, 1982)
Haematopus palliatus (Tem- massarico/piru
0,01 0,01 E E
minck, 1820) piru
Icterus jamacaii (Gmelin,
currupião - 0,01 - E
1866)
Mimus gilvus (Vieillot, 1808) sabiá - 0,01 - E
Sporophila lineola (Linnaeus,
bigode - 0,05 - E
1758)
Vanellus chilensis (Molina,
teteu - 0,03 - E
1782)
Mammalia
Bos taurus (Linnaeus, 1758) gado 0,01 0,06 A,M A,MR,IA
Canis lupus familiaris (Lin-
cachorro 0,01 - E -
naeus, 1758)
Equus asinus (Linnaeus,
jumento 0,01 0,05 T T,IA
1758)
Equus caballus (Linnaeus,
cavalo - 0,05 - A,T,IA
1758)
Galea spixii (Wagler, 1831) preá - 0,02 - M

198
Valor de Uso Categorias de Uso
Grupos de Animais Nome Popular
BG MM BG MM
Hemitragus jemlahicus (Smi-
carneiro 0,01 0,03 M M
th, 1826)
Hydrochoerus hydrochoeris
capivara - 0,02 - A,M
(Linnaeus, 1766)
Leopardus tigrinus (Schreber,
gato do mato 0,01 - A -
1775)
Megaptera novaeangliae (Bo- baleia jubarte/
0,07 0,03 A,M,MV,T A,AL,M
rowski, 1781) baleia
Ovis aries (Linnaeus, 1758) ovelha - 0,02 - A,M
Procyon cancrivorus (Cuvier,
guaxinim 0,03 0,08 MR A,M,MR,IA
1798)
Sotalia guianensis (Van Béné- tuninha/golfi- A,AL,M,MR,M-
0,01 0,14 A,M,MR
den, 1864) nho/boto cinza V,IA
Trichechus manatus (Lin-
peixe boi 0,03 - M,IA -
naeus, 1758)
Vulpes vulpes (Linnaeus,
raposa 0,01 0,02 A M
1758)

A maior porcentagem de citações em Barra Grande e em Morro da Mariana foram para


a categoria Alimentícia (Figura 2), indicada para dieta diária, proveniente dos pescados, assim
como encontrado por Hanazaki e Begossi (2006) no Sudeste do Brasil, seguida por Medicinal,
com indicações para escoriações, asma, fraqueza, osteoporose e infecção urinária, registros se-
melhantes aos de Alves e Rosa (2007) no Nordeste do país; e Artesanato, para confecção de
elementos decorativos, bijuterias e utensílios domésticos.

Figura 2 - Infográfico que demonstra no eixo das ordenadas (linha vertical), a porcentagem (%) de citações em cada
categoria de uso, e no eixo das abscissas (linha horizontal), as categorias de uso registradas para as comunidades
pesqueiras da Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba. Fonte: dados de pesquisa (2022).

199
Outras categorias de uso tiveram menor representatividade (menos de 10% das ci-
tações), mas possuem indicações utilitárias importantes. Iscas feitas com o camarão-branco
(Litopenaeus schmitti) foram incluídas na categoria Artefato de pesca, assim como a gordura
do cação (Carcharhinus sp) usada para ensopar a estopa que é colocada nas frestas de canoas
para impedir a entrada de água. Foi citado ainda o uso do olho do boto (Sotalia guianensis)
como amuleto na categoria Místico-religiosa, registro encontrado também por Alves, Rosa e
Santana (2007) e Alves e Rosa (2007). Para alguns pescadores, esta prática é considerada um
massacre. Interessante notar que comunidades pesqueiras possuem distintas ações em relação
a estes cetáceos, pois enquanto pescadores da APA estudada capturam a espécie para retirar
recursos úteis, outros mantêm um relacionamento de admiração e respeito, possuindo um co-
nhecimento aprimorado sobre diferentes aspectos de sua bioecologia, como apontam Oliveira
e Monteiro-Filho (2006) para pescadores de Cananeia, litoral sul de São Paulo.

O peixe baiacu (Sphoeroides spengleri) foi classificado na categoria Daninha por pos-
suir alto grau de toxicidade, podendo ser letal para os humanos. A toxicidade da espécie é de-
vido à tetrodotoxina, neurotoxina presente em suas vísceras (especialmente, gônadas, fígado e
baço) (HADDAD-JUNIOR, 2003). Na categoria Medicina Veterinária incluímos o uso tópi-
co da gordura da aruanã (Chelonia mydas) como cicatrizante e para tratar doenças nas articula-
ções de cavalos e aves domésticas; as mesmas citações de uso foram informadas por Costa-Neto
e Marques (2000). Para a categoria Estimação, registramos o afeto à ave maçarico (Haemaopus
mexicanus). Para decoração de pisos e paredes, usos incluídos na categoria Construção, nota-
mos o uso de conchas do marisco (Anomalocardia brasiliana). Na categoria Transporte, clas-
sificamos o jumento (Equus asinus) e o cavalo (Equus caballus) para condução de pessoas ou
mercadorias em carroças. O esporão da arraia-pintada/arraia (Aetobatus narinari), estrutura
óssea em forma de faca serrilhada, usado como pente para retirar ovos de piolho (lêndeas) do
cabelo, classificamos na categoria Cosmético.

Notamos também categorias de uso exclusivas em cada comunidade pesqueira estu-


dada. Em Barra Grande, os pescadores citaram que o trajeto do peixe-boi (Trichechus manatus
manatus) em alto mar indica a direção da praia, o incluímos na categoria Indicador ambiental.
Um dos maiores abrigos de peixes-boi do Brasil é justamente no município de Cajueiro da
Praia, onde T. manatus é preservada pelo Projeto Peixe-Boi Marinho. A espécie foi adotada
como Patrimônio Natural do Município, compondo até mesmo a bandeira oficial, motivo de
orgulho para a população (PERINOTTO; BARBOSA; CAVALCANTE FILHO, 2008). Para
Morro da Mariana criamos a categoria Proteção na qual incluímos o uso das fezes e chifres
queimados do gado (Bos taurus) para afastar animais diversos (anfíbios, insetos e répteis) da
casa e proximidades.

Em Barra Grande, as espécies com maior VU foram: marisco (Anomalocardia brasi-


liana, VU=0,75), sururu de dedo (Mytella guyanensis, VU=0,63), no grupo Mollusca; coró-

200
-boca-roxa (Haemulopsis corvinaeformis, VU=0,67), tainha (Chelon dumerili, VU=0,51), no
grupo Pisces (Actiinopteri); e, camarão-branco (Litopenaeus schmitti, VU=0,60), e caranguejo-
-uçá (Ucides cordatus, VU=0,52) no grupo Crustacea. Assim como a pesca artesanal e o traba-
lho dos catadores de caranguejo, a mariscagem é uma atividade tradicional na comunidade, cuja
dinâmica de coleta e comercialização são descritas por Freitas et al. (2012).

No Morro da Mariana, as espécies com os números de VU mais elevados foram: ca-


marão (Litopenaeus schmitti VU=0,59), bagre-surubim (Synodontis sp VU=0,56), curimatã
(Prochilodus sp VU=0,52), e piau (Leporinus friderici VU=0,52). O grupo Pisces Actiinopteri
teve o VU bem destacado nesta comunidade, principalmente, para usos Alimentício e Medici-
nal, usos também relatados por pescadores do Sul e Sudeste do país (BEGOSSI, 2004; HANA-
ZAKI; BEGOSSI, 2003). O modo como o conhecimento e os usos sobre os peixes ocorrem nos
diferentes grupos humanos é tema de investigação da Etnoictiologia, ramo da Etnozologia que
busca compreender a interação entre as pessoas e os peixes, englobando aspectos tanto cogniti-
vos, quanto comportamentais (MARQUES, 1995).

A pesca artesanal e a mariscagem

Desempenhada dentro dos moldes de pequena produção mercantil, a pesca artesanal


nas comunidades estudadas é caracterizada como descreve Diegues (2004): baixa capacidade de
acumulação de renda, pelo excedente reduzido e irregular, pela propriedade dos meios de pro-
dução e pelo domínio de um saber pescar baseado na experiência. A mariscagem é uma ativida-
de de subsistência e de potencial comercial realizada por algumas mulheres das comunidades,
chamadas marisqueiras. Freitas et al. (2012) descreve esta atividade com riqueza de detalhes.

Pescadores e marisqueiras têm seu modo de vida baseado, principalmente, na


pesca, exercendo, porém, outras atividades socioeconômicas, como o extrativismo vegetal, o
artesanato e a agricultura de subsistência. Comunidades tradicionais ao longo do país possuem
essa característica (DIEGUES; ARRUDA, 2001). Enquanto processo de trabalho, a pesca
artesanal encontra-se em contraste com a pesca industrial por ser exercida com métodos simples
e características diversificadas, tanto em relação aos hábitats onde os pescadores atuam (lagos,
lagoas, rios, mar, estuário), como instrumentos utilizados (caçoeira, tarrafa, groseira, anzol,
etc.), e quanto aos produtos pescados (peixes, moluscos, crustáceos) (BEGOSSI, 2004).

Os pescadores usam embarcações de pequeno porte e instrumentos de pesca variados.


Utilizam canoas e barcos, pois favorecem a navegação em locais rasos da praia, no manguezal e
são de fácil manuseio. Tempos atrás usavam jangadas, tipo de embarcação de arquitetura mais
simples que canoas e barcos. A madeira usada para produção das embarcações de pequeno por-
te é adquirida no comércio ou do extrativismo vegetal (recursos madereiros) local. Geralmente,
os pescadores adotam o sistema de parceria durante a pesca, ao compartilharem embarcações

201
com parentes e amigos e dividirem entre si os produtos pescados, similar ao descrito por Burda
e Schiavetti (2008).

São utilizados vários instrumentos de pesca, que diferem de acordo com o tipo de
pescado. Oito instrumentos são usados tanto em Barra Grande quanto em Morro Mariana:
caçoeira (22,7%; 28,8%, respectivamente), tarrafa (21,1%; 27,4%), linha (14,7%; 1,1%), landoá
(4%; 21,5%), anzol (10%; 8,4%), groseira (4%; 4,4%), curral (3,2%; 1%), rede de arrasto (2%;
0,7%) e cofo ou uru (2,4%; 1,4%). Os artefatos de pesca: manzuá (3,6%), puçá (2,8%), basqueta
(2,8%), tapagem e arpão (1,6%), engancho, marambáia e saco (1,2%) foram citados exclusiva-
mente pelos pescadores de Barra Grande, e o jiqui (6,9%) exclusivamente pelos de Morro da
Mariana. Para descrição mais detalhada destes instrumentos de pesca nestas comunidades, veja
Sousa, Nojosa e Barros (2012).

A APA Delta do Parnaíba na visão dos pescadores e marisqueiras

Ainda que residam numa UC de uso sustentável, a grande maioria dos entrevistados,
92% de Barra Grande e 81% de Morro da Mariana, não sabe o que é uma APA, qual a sua im-
portância e o papel da comunidade tradicional e/ou local que nela residem para que aspectos
socioambientais estejam em equilíbrio. Somente 19% dos entrevistados de Morro da Mariana e
8% de Barra Grande associam a APA a uma área valiosa para o meio ambiente.

O escasso conhecimento sobre a importância da APA e sobre a participação da co-


munidade local na gestão desta UC pode ser explicada pela dificuldade no diálogo entre estas.
Steenbock (2006) afirma que este obstáculo na comunicação é devido à quase inexistência de
vínculo sócio-cultural-ideológico entre comunidades locais, academia, gestores da UC e a esfera
administrativa do estado, responsáveis pela promoção de políticas públicas. Espera-se, no en-
tanto, que estas comunidades tenham acesso às informações sobre a UC onde estão inseridas e
que sejam desenvolvidas ações de educação ambiental para que possam ser participes no manejo
sustentável e na conservação dos recursos naturais da APA. A participação destas comunidades
na recente elaboração do Plano de Manejo desta UC (ICMBio, 2020) foi um ponto de partida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O número de espécies citadas e categorias de uso evidenciam um largo e importante


repertório de conhecimento sobre a fauna local, principalmente, como fonte de proteínas e
medicamentos naturais. As informações sobre o potencial utilitário das espécies são a base para
estudos mais aprofundados nas áreas de zoologia, ecologia, conservação da natureza e biotecno-
logia, e contribuem na elaboração de hipóteses de pesquisa.

É certo que o conhecimento local deve ser reconhecido para que as comunidades se-

202
jam partícipes nas gestão sustentável dos recursos, especialmente em UCs, apontando cami-
nhos para outros estudos que abordem a especificidade do conhecimento local, sua potencial
contribuição para facilitar os passos da ciência convencional e a complexidade das relações entre
estas comunidades e o ambiente.

AGRADECIMENTOS

Este capítulo constitui parte da dissertação da primeira autora realizada no Progra-


ma de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Piauí
(MDMA/PRODEMA/UFPI) com auxílio da Bolsa de Mestrado do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Agradecemos ao Instituto Chico Mendes
de Biodiversidade (ICMBio) e às Colônias de Pesca Z-6 e Z-7 pela autorização para a realização
deste estudo. Somos também infinitamente gratos aos moradores de Barra Grande e do Morro
da Mariana sem os quais este estudo não teria sido realizado.

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206
SOBRE OS AUTORES

Adrian Antonio Garda – Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília


(1999), Mestre em Biologia Celular e Estrutural pela Universidade de Campinas (2002) e
PhD em Zoologia pela Universidade de Oklahoma (2007). Tenho experiência em sistemática,
ecologia e biogeografia de anfíbios e Répteis, com foco em filogeografia, espécies crípticas e
padrões e processos biogeográficos da herpetofauna da Caatinga. Atualmente sou professor
Associado da UFRN. pseudis@gmail.com
Antonia Leticia de Araujo Silva – Graduanda em Bacharelado em Turismo pela Universidade
Federal do Delta do Parnaíba - UFDPar, possui curso de extensão em Hospitalidade em Turismo
no Piauí pela Universidade Federal do Piauí - UFPI; foi membro colaborador do centro
acadêmico de Turismo - CATUR (2019 - 2020). Atualmente é estagiária da Resex Marinha
do Delta do Parnaíba, onde atua no escritório do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio). E-mail: antonialeticia@ufpi.edu.br
Brenda Helena Souza Costa – Graduanda em Bacharel de Turismo pela Universidade Federal
do Delta do Parnaíba - UFDPar. E-mail: brendacosta505@gmail.com
Bruna de Freitas Iwata - Gestora Ambiental pelo Instituto Federal do Piauí, com mestrado
em Agronomia - Solos pela Universidade Federal do Piauí e Doutorado em Ciências do Solo
pela Universidade Federal do Ceará. Professora do curso de Gestão Ambiental do Instituto
Federal do Piauí Campus Teresina Central, sendo também docente do Programa de Mestrado
Profissional em Análise e Planejamento Espacial, na mesma instituição. Tem experiência na
área de Estudo Ambientais, Agroecologia, com ênfase em Manejo Agroflorestal, atuando
principalmente nos seguintes temas: recuperação de áreas degradadas, manejo e conservação do
solo e estudos em serviços ecossistêmicos do Cerrado e Caatinga. Possui também experiência
em estudos de unidades de conservação. e plano de manejo. Coordena os grupos de pesquisas:
Grupo de Estudo e Pesquisa em Solos, Água e Florestas do Nordeste (Edafcos do Nordeste)
e Grupo de Pesquisa em Investigação e Monitoramento da Qualidade Ambiental do Piauí
(IQAm). Possui experiência técnica e acadêmica em licenciamento ambiental, elaboração de
estudos de impactos ambientais e projetos de recuperação de áreas degradadas. Atual Chefe
do Departamento de Informação, Ambiente, Saúde e Produção Alimentícia do IFPI Campus
Teresina Central e coordena o Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Instituto
Federal do Piauí. E-mail: iwata@ifpi.edu.br
Daniel Oliveira Mesquita - Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal
de Uberlândia (UFU), com mestrado em Ecologia e doutorado em Biologia Animal pela
Universidade de Brasília (UnB). Atualmente sou professor Associado do Departamento de
Sistemática e Ecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em João Pessoa. Durante os
anos de 2005-2006 um Pós-Doutorado na UnB. Posteriormente, em 2013-2014 realizei outro
Pós-Doutorado na University do Texas em Austin. Atuo na área da herpetologia, com enfoque
em Caatinga. E-mail: danmesq@dse.ufpb.br
Davi Lima Pantoja – Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Viçosa
(UFV, Viçosa-MG, 2004), Mestre em Biologia Animal (2007) e Doutor em Ecologia (2013)
pela Universidade de Brasília (UnB, Brasília-DF) /University of Texas at Austin (UT, Austin-
TX, EUA). Pós-Doutorado (2014) na Universidad Nacional de Córdoba / CONICET
(UNC, Córdoba, Argentina). Tem experiência nas áreas de Ecologia, Zoologia, Biogeografia,
Educação Ambiental e Conservação da Natureza, com ênfase no estudo dos anfíbios e répteis.

207
Atualmente é professor efetivo do Departamento de Biologia/CCN da Universidade Federal do
Piauí (UFPI, Teresina-PI), onde desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão; coordena
o Grupo de Pesquisa em Herpetologia do Piauí; é curador geral da Coleção Zoológica da UFPI
(CZUFPI), e responsável pela seção de anfíbios e répteis – Coleção Herpetológica da UFPI
(CHUFPI). E-mail: dlpantoja@ufpi.edu.br
Etielle Barroso de Andrade – graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual
do Piauí, com mestrado em Biodiversidade e Conservação pela Universidade Federal do
Maranhão e doutorado em Biodiversidade e Biotecnologia pela Universidade Federal do
Maranhão. Atualmente, é professor efetivo no Instituto Federal do Piauí, Campus Pedro II
e líder do grupo de pesquisa em Biodiversidade e Biotecnologia do Centro Norte Piauiense
- Biotecpi. Desenvolvo pesquisa nas áreas de Zoologia e Ecologia, com ênfase no estudo de
répteis e anfíbios de áreas ecotonais. E-mail: etlandrade@hotmail.com
Eudes Ferreira Lima – possui Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade
Federal de São Carlos. Atualmente é Professor Associado I da Universidade Federal do Piauí.
Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia Aplicada. E-mail: eudesferreira23@
hotmail.com
Fábio José Vieira - Graduação em Licenciatura e Bacharel em Ciências Biológicas pela
Universidade Federal do Piauí, mestrado e doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
pela Universidade Federal do Piauí. Atualmente é professor adjunto da Universidade Estadual
do Piauí, Campus Prof. Barros Araújo. Atua na graduação e Pós-Graduação (Mestrado
Profissionalizante em Ensino de Biologia - PRFBIO). Tem experiência na área de Botânica,
atuando principalmente nos seguintes temas: etnobotânica, florística e ensino de biologia.
E-mail: fjvieira@pcs.uespi.br
Gardene Maria de Sousa - Graduada em Licenciatura Plena em Ciências com Habilitação
em Biologia pela Universidade Federal do Piauí, Mestre em Biologia Vegetal pela Universidade
Federal de Pernambuco e Doutora em Ciências (Botânica) pela Universidade de São Paulo.
Professor associado IV da Universidade Federal do Piauí. Tem experiência na área de Botânica,
com ênfase em Morfologia e Sistemática de Fanerógamos, atuando principalmente com a
família Bromeliaceae. E-mail: gardene@ufpi.edu.br
Genilson Alves dos Reis e Silva - Biólogo graduado pela Universidade Federal do Piauí,
Mestre em Botânica Tropical pelo Museu Paraense Emílio Goeldi e doutor em Botânica
pela Universidade Federal de Viçosa. Na esfera do ensino superior atuou como professor na
Faculdade de Tecnologia de Teresina CET de 2008 a 2010. No Plano Nacional de Formação
de professores da Educação Básica (PARFOR) para Ciências Biológicas pela Universidade
Estadual do Piauí (UESPI) de 2010 a 2013 e no Instituto Federal do Piauí (IFPI) em 2014.
Como pesquisador, integrou a equipe do Projeto de Pesquisa em Biodiversidade - PPBIO/
Caatinga, realizando o levantamento florístico do Parque Nacional Serra das Confusões
(2008). Coordenou projetos de pesquisa ProAgrupar do Instituto Federal do Piauí onde
desenvolveu pesquisa com flora apícola na região da cidade de Picos e com taxonomia da
família Asteraceae na região de Valença/PI. Participou do projeto Flora do Brasil On Line de
2015 a 2020 na monografia dos gêneros Calea e Bidens (Asteraceae). Atualmente, é docente
efetivo D4/3 do Instituto Federal do Piauí, líder do Grupo de Pesquisa em Biodiversidade
Vegetal em Ecossistemas Terrestres no Piauí e coordenador do curso de Licenciatura em
Ciências Biológicas do IFPI, campus Valença do Piauí, onde desenvolve pesquisas com temas
relacionados à taxonomia e a levantamentos florísticos em áreas de sítios arqueológicos e com
potencial ecoturístico na região da confederação valenciana. E-mail: genilson.alves@ifpi.edu.br

208
Geovania Figueiredo da Silva - Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal
do Piauí (UFPI). Especialista em Ecologia (UFPI/CEAD). Mestrado em Zoologia pela
Universidade Federal do Pará/Museu Paraense Emílio Goeldi (UFPA/MPEG). Desenvolvo
atividades na área de Educação Ambiental, Ecologia, Herpetologia, Helmintologia e Ecologia
do parasitismo. Atualmente é professora de Biologia do Ensino Básico Técnico e Tecnológico
do Colégio Técnico de Floriano - Universidade Federal do Piauí. E-mail: geovania@ufpi.edu.br
Gisele do Lago Santana - Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí
(UFPI), com mestrado em Zoologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Desenvolve
pesquisas nas áreas de zoologia, herpetologia, modelagem e distribuição de espécies e Educação
Ambiental. E-mail: biogiselesantana@gmail.com
Glairton Cardoso Rocha - Doutor pelo Programa de Pós-graduação em Geografia da
Universidade Estadual Paulista - UNESP - Rio Claro (2015). Mestre em Geografia pela
Universidade Estadual do Ceará (2008). Possui graduação em Geografia Licenciatura Plena pela
Universidade Estadual do Ceará (2006). É Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Piauí (IFPI). Docente Permanente do Mestrado Profissional em Análise e
Planejamento Espacial (IFPI). Líder do Grupo de Pesquisa Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável do IFPI - MAMDES. Pesquisador nos grupos de pesquisa: LAGGEF -
Geoprocessamento e Geografia Física (UFRN); e Grupo de Pesquisa em Geotecnologias
para Estudos Ambientais e Urbanos (GEAU/IFPI). Tem experiência na área de Geociências,
com ênfase em Geografia Física, Geomorfologia, Geografia Costeira e Climatologia. E-mail:
glairtongeo@ifpi.edu.br
Guarino Rinaldi Colli - Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Juiz
de Fora (1984), Mestre em Ecologia pela Universidade de Brasília (1989) e Ph.D. em Organismic
Biology pela University of California, Los Angeles (1996). Atualmente é Professor Associado
do Departamento de Zoologia da Universidade de Brasília, Curador da Coleção Herpetológica
da Universidade de Brasília (CHUNB) e Affiliate Research Associate da University of
Oklahoma. Tem atuação em Herpetologia, com ênfase na Biogeografia, Ecologia, Evolução,
Sistemática, e Conservação da herpetofauna do Cerrado. É credenciado no PPG em Ecologia e
no PPG em Zoologia da Universidade de Brasília (UnB), e no PPG em Ecologia e Conservação
da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). E-mail: grcolli@unb.br
João Vitor Dutra de Lima Pereira – graduado em Ciências da Natureza pela Universidade
Federal do Piauí. Atualmente, faz mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela
Universidade Federal do Piauí. É membro do Grupo de Pesquisa em Etno e Educação
Ambiental (GPEEA) da Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portella.
Tem experiência na área de Educação Ambiental e Ensino de Ciências. E-mail: joao_v_l@
hotmail.com
Johannes de Oliveira Lima Júnior - Graduando em Administração pelo Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí - IFPI (2018). Cursou o Ensino Técnico em Administração
integrado ao Médio pelo IFPI - CAMPUS PIRIPIRI. Membro do GEPAD e do Núcleo de Estudos
Organizacionais no Nordeste - NEON. E-mail: johannes.limajr@gmail.com
Juliana de Sousa Silva – Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí,
Especialista em Ecologia Centro de Ensino a Distância, pela Universidade Federal do Piauí,
Especialista em Gestão, Licenciamento e auditoria ambiental pela Universidade Norte do
Paraná. Desenvolvo pesquisa na área de herpetologia, Ecologia, Zoologia e Educação Ambiental,
com ênfase no estudo de répteis e anfíbios junto ao Grupo de Pesquisa em Herpetologia do
Piauí. Atualmente é Bióloga (CRBIO= 107.057/05D) na 13ª Gerência regional de saúde

209
de Bom Jesus responsável pelo setor de Entomologia com ênfase em saúde pública. E-mail:
j.sousasilva_07@hotmail.com
Kemero Jordir de Sousa Monteiro - Graduando do curso de Bacharelado em Administração
– Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí - IFPI (2018), Piripiri, Piauí,
Brasil. E-mail: kemerojordirbjj@gmail.com
Laís Fernanda Ferreira Rodrigues – graduanda em Ciências da Natureza pela Universidade
Federal do Piauí. Atualmente, é membro do Grupo de Pesquisa em Etno e Educação
Ambiental (GPEEA) da Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portella.
Tem experiência na área de Educação Ambiental e Ensino de Ciências. E-mail: lais.mba21@
gmail.com
Letícia Sousa dos Santos Ferreira – graduada em Ciências da Natureza pela Universidade
Federal do Piauí, com Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade
Federal do Piauí. Atualmente, cursa o Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
em Rede (PRODEMA) pela mesma instituição de ensino. É subcoordenadora do Grupo de
Pesquisa em Etno e Educação Ambiental (GPEEA) da Universidade Federal do Piauí, Campus
Ministro Petrônio Portella. Possui experiência na área de Educação Ambiental, Etnobiologia e
Ensino de Ciências. E-mail: leticiasousa003@gmail.com
Luciana dos Santos Dias de Oliveira - Graduada em bacharelado em Ciências Biológicas pela
Universidade Federal do Piauí (UFPI) e pós-graduada em Botânica (mestrado e doutorado)
pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) com estágio pós-doutoral também
na UFRPE. Atualmente, sou Professora do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas
da Universidade Estadual do Ceará (UECE), campus Itapipoca - FACEDI. Atuo na área de
Sistemática Vegetal com pesquisas associadas a florística e taxonomia vegetal de Angiospermas
com ênfase na família Euphorbiaceae. Colaboradora do projeto Flora do Brasil desde 2015.
E-mail: luciana.dias@uece.br
Marcélia Basto da Silva - Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal
do Piauí (2007), Mestrado em Zoologia pela Universidade Federal do Pará/Museu Paraense
Emílio Goeldi (2011) e Doutorado em Zoologia pela Universidade Federal do Pará/Museu
Paraense Emílio Goeldi (2018). Atualmente é Coordenadora do Projeto de Elaboração de
Planos de Manejo em Unidades de Conservação do Estado do Piauí pela Empresa Executiva
Consultoria e Projetos.Tem experiência na área de Zoologia e Meio Ambiente, com ênfase em
Taxonomia dos Grupos Recentes, atuando principalmente nos seguintes temas: Amazônia,
Cerrado, Caatinga, Herpetofauna, Répteis, Anfíbios, Conservação da Biodiversidade. E-mail:
bastomarcelia@gmail.com
Marcos Antonio Cavalcante de Oliveira Júnior - Doutorando em Administração e Controladoria pela
Universidade Federal do Ceará - UFC. Mestrado em Geografia pelo Programa de Mestrado em Análise e
Planejamento Espacial - MAPEPROF, pelo Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Piauí - IFPI. Pós
Graduação em MBA Executivo pelo Instituto Camilo Filho (2016). Possui graduação em Administração
pela Universidade Federal do Piauí (2005). Atualmente é professor do Eixo de Gestão e Negócios do
Instituto Federal do Piauí. Membro do LEEOA - Laboratório de Estudos Organizacionais Estratégicos
em Organizações e Ambientes. Vice líder do Grupo de Pesquisa MAMDES - Grupo de Pesquisa em
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Membros dos Grupos de Pesquisa: GEPAD - Grupo
de Estudo e Pesquisa em Administração, do GERIR - Gestão, Empreendedorismo Regional, Inovação e
Responsabilidade Socioambiental, do Instituto Federal do Piauí e do Grupo de Pesquisa NEON - Núcleo
de Estudos Organizacionais do Nordeste. Tem experiências nas áreas de Administração, Geografia e Meio
Ambiente. E-mail: marcos.cavalcante@ifpi.edu.br

210
Marcos Freitas Targino – graduando em Bacharelado em Engenharia Florestal pela
Universidade Federal do Piauí. Tem experiências nas áreas de conservação da natureza,
geoprocessamento e ecologia vegetal. E-mail: marcostargino7@hotmail.com
Mateus Rocha dos Santos – Graduando em Bacharelado de Turismo, pela Universidade
Federal do Piauí. Atualmente participa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica pela Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Reis Veloso, Parnaíba, Piauí,
atual Universidade Federal do Delta do Parnaíba, atuando nas pesquisas de bacias hidrográficas
do Baixo Parnaíba, direcionado ao Rio Igaraçu, na cidade de Parnaíba, Piauí (2018 - presente).
Membro/Voluntário do Grupo de Pesquisa em Sustentabilidade e Patrimônio em Bacias
Hidrográficas - GESBHAP (CNPq/UFPI). E-mail:matheusrocha@ufpi.edu.br
Patrícia Maria Martins Nápolis – graduada em Ciências Biológicas pela Universidade
do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), com Mestrado em Educação pela Universidade
Federal do Mato Grosso (UFMT) e Doutorado em Ciências pela Universidade Federal de São
Carlos (UFSCar). Atualmente, é professora associada no Curso de Ciências da Natureza da
Universidade Federal do Piauí e no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente da mesma instituição de ensino. É coordenadora do Grupo de Pesquisa em Etno e
Educação Ambiental (GPEEA) da Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio
Portella. Possui experiência na área de Educação Ambiental e Ensino de Ciências em ambiente
escolar (formal) e Unidades de Conservação (não formal). E-mail: pnapolis@uol.com.br
Renata Silva Carvalho - Graduanda do curso de Bacharelado em Administração – Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí - IFPI (2018), Piripiri, Piauí, Brasil. E-mail:
crenata825@gmail.com
Robson Waldemar Ávila – Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul (2002), mestrado em Ecologia e Conservação pela Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul (2005) e doutorado em Biologia Geral e Aplicada pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2009). Atuo na área de Herpetologia. Atualmente
sou professor adjunto da UFC. E-mail: robsonavila@gmail.com
Ronildo Alves Benício - Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí
(UFPI), com mestrado em Zoologia pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e doutorado
em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).
Atualmente é Pesquisador Associado no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Tem
interesse e experiência em ecologia de comunidades e história natural de anfíbios e répteis.
E-mail: benicio.herpeto@gmail.com
Roseli Farias Melo de Barros - Licenciada e Bacharel em Ciências Biológicas, pela
Universidade Federal de Pernambuco; Mestre em Botânica (Etnobotânica) pela Universidade
Federal Rural de Pernambuco; Doutora em Botânica (Taxonomia de Asteraceae - tribo
Vernonieae) pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Atualmente é Professora Titular
do Departamento de Biologia, Professora do Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento e
Meio Ambiente (PRODEMA), Tem experiência na área de Botânica (Taxonomia de Asteraceae
e Etnobiologia). Bolsista PQ CNPq. E-mail: rbarros@ufpi.edu.br
Rosemary da Silva Sousa – graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do
Piauí, com Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do
Piauí e Doutorado em Botânica pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Desenvolve
pesquisas na área de Etnobotânica. E-mail: biologarosemary@gmail.com

211
Sheila Milena Neves Araújo Soares - Doutora em Biologia Vegetal pelo Programa de Pós-
Graduação em Biologia Vegetal (PPGBV-UFPE), com ênfase em Ecologia e linha de pesquisa em
Ecologia da Polinização, e Professora Adjunto com dedicação exclusiva do curso de Licenciatura
Plena em Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Piauí. E-mail: smilenasoares@phb.
uespi.br
Solano de Souza Braga – Professor no curso de bacharelado turismo da Universidade Federal
do Delta do Parnaíba (UFDPar), com regime de trabalho em D.E., professor permanente
do mestrado profissional em Artes, Patrimônio e Museologia da UFDPar. Doutor em
Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA/Universidade Federal do Piauí (2021),
Mestre em Geografia - Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais - IGC/
UFMG (2011); Licenciatura em Geografia - UNIVERSO (2014); Licenciatura em Turismo
e Hospitalidade pelo Programa de Formação Pedagógica de Docentes - Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET/MG (2008), bacharelado em Turismo - IGC/
UFMG (2006). Integrante dos grupos de pesquisa: Grupo Integrado de Pesquisas sobre a Serra
do Espinhaço (GIPE) - UFMG / UFVJM, Grupo de pesquisas e estudos interdisciplinares em
turismo (EITUR) - UFPI e do Núcleo de Pesquisa Coletivo Nordestino de Atenção ao Tempo
Livre e Lazer (CONTEMPLAR). E-mail: solanobraga@yahoo.com.br
Thaysa Pâmella Vieira de Sousa – Graduanda em ciências biológicas pela Universidade
Federal do Piauí, Brasil. Atualmente é professora de ciências do ensino fundamental II no
Centro de Ensino Pré - Educando (CEPE). Tem experiência na área de Micologia, com ênfase
em Coleção Micológica (Fungos Zoospóricos). E-mail: thaysavieira879@gmail.com
Wáldima Alves da Rocha - Graduada em Licenciatura em Ciências Biológicas (2002) e
Bacharelado em Ciências Biológicas (2004) pela Universidade Federal do Piauí (UFPI, Teresina
– PI), com Mestrado em Zoologia (2007) pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG,
Belém -PA), e doutorado em Zoologia (2017) pela Universidade de Brasília (UnB, Brasília-
DF). Atualmente, é professora adjunta do Curso de Ciências Biológicas do Campus Senador
Helvídio Nunes de Barros – CSHNB da Universidade Federal do Piauí (UFPI, Picos -PI), onde
desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão. Tem experiência na área de herpetologia.
E-mail: warocha@ufpi.edu.br
Vitor Hugo Gomes Lacerda Cavalcante - licenciado em Biologia e mestre em
Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), doutor em
Ecologia pela Universidade de Brasília (UnB). É professor do Instituto Federal do Piauí (IFPI).
Tem experiência na área de Ecologia, Zoologia e Meio Ambiente com ênfase em Herpetologia,
atuando principalmente nos seguintes temas: ecologia, lagartos, serpentes, Cerrado e meio
ambiente. Atualmente se dedica principalmente no desenvolvimento de modelos de efeito das
mudanças climáticas e risco de extinção da biodiversidade no Brasil. E-mail: vitor.cavalcante@
ifpi.edu.br

212
213
Sobre os Organizadores
Marlete Moreira Mendes Ivanov é graduada em Ciências Biológicas
pela Universidade Federal do Piauí, com mestrado em Desenvolvimento
e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Piauí e doutorado em
Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal do Ceará.
Atualmente, é professora efetiva na Universidade Federal do Piauí,
Campus Ministro Petrônio Portela, onde ministra aulas de Ecologia
para diversos cursos de graduação. Tem experiência nas áreas de
Ecologia Vegetal, Ecofisiologia Vegetal e Agroecologia. E-mail:
mendes758@hotmail.com

Jesus Rodrigues Lemos possui Graduação em Ciências Biológicas pela


Universidade Federal do Piauí (1995), Mestrado em Biologia Vegetal
pela Universidade Federal de Pernambuco (1999), Doutorado em
Ciências Biológicas (Botânica) pela Universidade de São Paulo (2006) e
Pós-Doutorado no Royal Botanic Gardens, Kew, Londres (2006 e 2013).
Desenvolve estudos e pesquisas na área de Botânica, com ênfase em
Florística e Fitossociologia da vegetação de caatinga, Fitogeografia do
semiárido brasileiro e Ensino de Botânica. É Professor Associado IV do
Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Delta do
Parnaíba-UFDPar (anterior Universidade Federal do Piauí/Campus
Ministro Reis Velloso). E-mail: jrlemos@ufpi.edu.br

INSTITUTO FEDERAL
Piauí

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