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conservação do
estado do Piauí
Volume 2
Unidades de conservação
do Estado do Piauí
Volume 2
Teresina - Piauí
2022
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí
Conselho Editorial
Prof. Dr. Ricardo Martins Ramos – Presidente
Prof. Me. Alan Elias Silva – Secretário-Geral
Prof. Dr. José Carlos Raulino Lopes – Membro
Profa. Ma. Inara Erice de Souza Alves Raulino Lopes – Membro
Prof. Me. Israel Alves Correa Noleto – Membro
Bibliotecária Me. Sindya Santos Melo – Membro
Bibliotecária Me. Sônia Oliveira Matos Moutinho – Membro
FICHA CATALOGRÁFICA
Universidade Federal do Piauí
Sistema de Bibliotecas da UFPI – SIBi/UFPI
Biblioteca Setorial do CCN
ISBN : 978-65-86592-32-0
CDD 333.7281 22
Esta obra é uma publicação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí. Os textos assinados são de
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APRESENTAÇÃO ............................................................................................. 05
SEÇÃO 1 ............................................................................................................. 08
SUSTENTABILIDADE NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO PIAUÍ
CAPÍTULO 1 ............................................................................................... 09
Status das unidades de conservação do estado do Piauí
Thaysa Pâmella Vieira de Sousa; Marlete Moreira Mendes Ivanov
CAPÍTULO 2 ............................................................................................... 33
Educação ambiental em unidades de conservação do Piauí: o que tem sido feito?
Mateus Rocha dos Santos; Marlete Moreira Mendes Ivanov; Jesus Rodrigues Lemos
CAPÍTULO 3 ............................................................................................... 47
Pesquisas realizadas na Floresta Nacional de Palmares: um panorama de 2006 a 2020
João Vitor Dutra de Lima Pereira; Laís Fernanda Ferreira Rodrigues; Letícia Sousa dos
Santos Ferreira; Patrícia Maria Martins Nápolis
CAPÍTULO 4 ............................................................................................... 62
Políticas públicas de ecoturismo na Área de Proteção Ambiental do Delta do Par-
naíba, Piauí, Brasil
Antonia Letícia de Araújo Silva; Brenda Helena Souza Costa; Solano de Souza Braga
CAPÍTULO 5 ............................................................................................... 82
A utilização dos princípios de boa governança de Dudley na análise da eficiência
de gestão de unidades de conservação: estudo de caso do Parque Nacional de Sete
Cidades, Piauí, Brasil
Johannes de Oliveira Lima Júnior; Renata Silva Carvalho; Kemero Jordir de Sousa Mon-
teiro; Eduardo da Silva Chaves; Marcos Antônio Cavalcante de Oliveira Júnior; Glairton
Cardoso Rocha; Bruna de Freitas Iwata
6
SEÇÃO 2 ............................................................................................................ 106
FLORA NAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO PIAUÍ
7
1
Sustentabilidade em
Unidades de Conservação
do Piauí
Capítulo
1
STATUS DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO ESTADO DO
PIAUÍ
Thaysa Pâmella Vieira de Sousa
Marlete Moreira Mendes Ivanov
INTRODUÇÃO
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propostas: Parque Estadual da Serra do Coã, em São Francisco do Piauí, e Parque Estadual
das Orquídeas/Serra dos Matões, em Pedro II), 49 municipais (existem ainda mais quatro
propostas) e seis Reservas Particulares. Excluindo-se as sobreposições, as Unidades Federais
somam 2.371.601,39ha de área, as Estaduais somam 313.619,89ha, as Municipais somam
8.806,11ha e as RPPNs 33.690,85ha, totalizando 2.727.718,24ha, o que corresponde a 10,84%
da área do estado do Piauí.
10
da Tabatinga, cuja área desta apresenta 1,94% de sobreposição com a área do Parna. A Floresta
Nacional de Palmares também teve seu plano de manejo aprovado no ano de 2021. Corrigindo
um erro que foi detectado no primeiro volume do livro, destaca-se a existência do Plano de
Gestão da APA da Serra da Ibiapaba (Tabela 1), que se equipara ao plano de manejo, e que foi
publicado em 1998.
O objetivo deste capítulo é apresentar dados das UCs piauienses quanto a alterações
ambientais, como ocorrência de queimadas, desmatamentos e impactos do turismo, bem como
investigar a existência de pesquisas científicas nas UCs, no sentido de identificar lacunas no
conhecimento sobre as mesmas. O levantamento dos dados foi feito por pesquisa bibliográfica
usando como termo de busca o nome de cada uma das unidades, em sites especializados em
hospedar revistas e artigos científicos, tanto em português como em inglês, bem como nos
sites oficiais do Governo e de organizações que disponibilizam dados referentes a unidades de
conservação. Não foi delimitado ano ou período para a busca, foram consideradas informações
de todos os anos encontrados. A Floresta Nacional de Palmares não consta aqui, tendo em
vista haver um capítulo específico sobre pesquisas desenvolvidas nela. As Reservas Particulares
também não constam, devido à escassez de informações. Porém, a lista com informações sobre
as mesmas consta na Tabela 4.
Unidades Federais
11
sobremaneira no ensino tanto de Educação Ambiental, quanto de Geociências e História,
entre outros (BARROS et al., 2012).
O PNSCo tem íntima ligação com a área da Serra Vermelha, uma área florestada, que,
por vezes é noticiada como tendo resquícios de Mata Atlântica no Piauí. Notícias antigas relatam
a intenção popular de que na região se decretasse uma unidade de conservação, possivelmente o
Parque Nacional da Serra Vermelha, o que efetivamente nunca aconteceu. Todavia, devido ao
aumento do desmatamento na região, inclusive com autorização para a implantação do projeto
denominado Energia Verde, e diante da inexistência do dito decreto, o Governo Federal propôs
a incorporação de aproximadamente 300 mil hectares da região da Serra Vermelha ao PNSCo,
que, em 2010, passou a ter mais de 823 mil hectares (BRASIL, 2010). A área a ser incorporada
deveria ser maior; entretanto, devido a interesses econômicos do estado, apenas uma parte foi
incorporada e a compensação deveria vir com a ampliação da APA do Rangel, o que aconteceu
por ocasião da transformação da APA em Parque, cuja área foi expandida e alocada na categoria
de proteção integral.
O PN7C já teve dias mais gloriosos, quando havia boa infraestrutura para apoio
12
aos turistas/visitantes. Hoje restam poucos funcionários e guias atuando no Parque e o
proprietário de um terreno próximo à saída do Parque disponibiliza alojamento e refeição
para aqueles que tenham interesse em se demorar um pouco mais no local. Com a redução no
número de visitantes, os impactos negativos do turismo também foram reduzidos. Araujo et al.
(2021) apontam que faz-se necessário melhorias a serem aplicadas para que se tenha um melhor
atendimento ao turista, além de investimento em marketing, atraindo, assim, mais visitantes.
Entre os pontos fracos do local os autores apontam: poucas lixeiras nas trilhas, sinalização
precária, falta de material didático e falta de acessibilidade. Por outro lado, muitas pesquisas já
foram realizadas e pesquisadores ainda desenvolvem seus trabalhos na UC, com destaque para
os levantamentos de flora e fauna. Castro et al. (2012) apresentaram uma lista de estudos os
quais embasariam a ampliação da área do Parque, que passaria de 6.221,48ha para 10.163,5ha.
Paralelamente, o Serviço Geológico do Brasil propôs o Projeto Geoparque Sete Cidades-Pedro
II, o qual, após estudo técnico, prevê a inclusão do PN7C nesse Geoparque, englobando
também áreas de outros municípios do entorno (BARROS, 2014).
O Parna das Nascentes do Rio Parnaíba fica no extremo sul do Piauí, divisa com
Maranhão, Tocantins e Bahia, em uma área de domínio do Cerrado. Em estando localizado
numa das regiões em que o agronegócio mais se expande, a UC assume papel fundamental
na preservação dos fragmentos florestais ali contidos e, por outro lado, está submetido a forte
pressão antrópica no seu entorno. De acordo com o Plano Operativo de Prevenção e Combate
aos Incêndios Florestais no Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba (MMA, 2007), a
ocupação humana é mínima no interior do Parque, que não representam forte ameaça; ainda
assim, ocorre atividade pecuária extensiva nas veredas e incêndios são detectados tendo como
origem a ação antrópica, porém, não há atividade agrícola. Além disso, extração de madeira,
caça, extração de folhas de palmeiras e tráfico de animais silvestres são atividades detectadas na
área.
Há que se destacar a importância dessa Unidade, uma vez que protege as nascentes de um
dos rios mais importantes da região Nordeste – o Parnaíba – e por fazer parte do corredor ecológico
Jalapão/Chapada das Mangabeiras. Oliveira (2021) cita os conflitos que existem envolvendo área
protegida, quilombolas, sojeiros e gestor do Parque. Por um lado, quilombolas vivendo dentro
de uma unidade de conservação de proteção integral, por outro, produtores de soja reclamando a
desafetação (ato pelo qual se desfaz um vínculo jurídico) de parte do Parque para dar expansão às
áreas de fronteira agrícola. Assim, nota-se que uma das grandes problemáticas porque passa o Parque
é o uso da área tanto pra sobrevivência das populações tradicionais quanto para o agronegócio.
Silva (2018) reconhece que a área do PNNRP tem um grande potencial ecoturístico,
uma vez que seus recursos naturais, como uma considerável quantidade de espécies animais
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e vegetais, presença de rios, morros, serras e cachoeiras, colaboram para esse fato. Todavia, o
Parque não tem controle das pessoas que entram e saem do mesmo, o que dificulta até mesmo a
disponibilização de dados e números referentes ao ecoturismo. Quanto ao desenvolvimento de
pesquisas, foram encontradas as seguintes temáticas: mastofauna, análise da cobertura vegetal,
fluxo de CO2, fenologia, índices de vegetação, qualidade do solo, ictiofauna e focos de calor, o
que faz com que essa UC seja a que exibe maior variedade de informações de cunho científico
entre as UCs piauienses.
Sendo uma área tão extensa e abrangendo muitos municípios (38 no total), é de se
esperar que impactos ambientais diversos sejam registrados. Entre eles está a ocorrência de
mineração no município de Nova Olinda-CE, a qual tem levado a alteração na vegetação e
degradação da paisagem (BEZERRA, 2013). APA já sofreu significativa redução da sua
cobertura vegetal nativa, a qual ocupa menos de 50% da área total da UC, e, embora tenha
predomínio de Caatinga, é na Mata Úmida (que ocupa 1% da área) que está a espécie de ave
criticamente em perigo, endêmica e nativa do Ceará, conhecida como soldadinho do Araripe
(Antilophia bokermanni) (OLIVEIRA, 2017); a espécie sofrerá muito mais ameaça de forma
diretamente proporcional às alterações nesse ecossistema.
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Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba e Reserva Extrativista Delta do Parnaíba
A APA da Serra da Ibiapaba abrange os estados do Piauí e Ceará, sendo que a maior
parte está inserida em território piauiense (mais de um milhão de hectares). Apesar disso, a
maioria das publicações sobre a APA concentra-se no lado cearense. Na porção piauiense o
turismo não é organizado, tendo em vista a extensão da APA e que não há uma área específica
pra visitação; o principal ponto de visita dessa UC é justamente o Parque de Sete Cidades que
se encontra dentro da área da APA. Pouquíssimas publicações foram encontradas com respeito
a essa UC. Entre as temáticas das pesquisas desenvolvidas na e sobre a APA estão: o turismo e
a geodiversidade.
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Estação Ecológica de Uruçuí-Una
A EEUU abriga uma área de Cerrado, estando praticamente rodeada por terras
ocupadas para o agronegócio. Manter essa área intacta é um desafio tendo em vista a influência
externa de prática de queimada que por vezes atinge a Unidade. Miranda, Silva e Juvanhol
(2022) analisaram a recorrência de queimada na Estação para o período de 18 anos (2001 a
2018) e entenderam que as áreas que foram queimadas cinco vezes ou mais estão sujeitas a
degradação da vegetação, o que derruba o entendimento de muitos de que o Cerrado, por ser
um bioma cuja biota apresenta adaptações a queimadas, pode queimar indefinidas vezes ou
num tempo prolongado. Pereira-Junior e Melo (2012) detectaram que quase 50% da área da
Estação pegou fogo no ano de 2010. Esses dados revelam que o maior impacto que a Estação
vem sofrendo está relacionado a incêndios florestais, o que pode alterar significativamente sua
vegetação. Foram encontradas pesquisas principalmente com o uso de geoprocessamento, para
elaborar mapas de vegetação, uso e ocupação do solo e queimadas, bem como levantamentos
florísticos e caracterização da vegetação.
Serra das Confusões Canto do Buriti, PI 526.108 823.435,7 Decreto s/nº de Sim Caatinga
Tamboril do 02.10.98. e Carrasco
Piauí, Jurema, (após a
Guaribas, ampliação) Ampliado pelo
Cristino Castro, Decreto s/nº de
Alvorada do 30 de dezembro
Gurgueia e Bom de 2010
Jesus
Nascentes do Rio Corrente, BA, MA, PI 749.848 256.594 Decreto s/nº Sim4 Cerrado
Parnaíba Barreiras do e TO de 16 de julho
Piauí, São de 2002. Área
Gonçalo do alterada pela Lei
Gurgueia e nº 13.090 de 12
Gilbués de janeiro de
2015
Chapada do Araripe Padre Marcos, PI, CE e PE 972.590,40 120.403 Decreto s/nº de Não Caatinga
Paulistana, Pio 04 de agosto de
IX, Alegrete do 1997
Piauí, Caldeirão
Grande do Piauí,
Curral Novo do
Piauí, Fronteiras
e Simões
16
Nome da UC Municípios¹ Estados de Área Total Área no PI Decreto de Plano de Bioma
Abrangência (ha) (ha) Criação Manejo
Delta do Parnaíba Cajueiro da Praia, PI, CE e MA 313.809 63.393,74 Decreto s/n de Sim Costeiro
Ilha Grande de 28 de junho de
Santa Isabel, 1996
Luís Correia e
Parnaíba
Serra da Ibiapaba Batalha, Brasi- PI e CE 1.628.424,61 1.257.514,00 Decreto s/nº de Sim Transição
leira, Buriti dos 26/11/1996 Cerrado/
Lopes, Buriti Caatinga
dos Montes,
Bom Princípio,
Caxingó, Cocal,
Cocal dos Alves,
Juazeiro do Piauí,
Luiz Correia,
Milton Brandão,
Carnaúbas do
Piauí, Piracuruca,
Piripiri, Brasi-
leira, Pedro II,
Lagoa do S. Fran-
cisco, São João
da Fronteira, São
José do Divino,
Sigefredo Pache-
co, e Domingos
Mourão
Marinha Delta do Ilha Grande de PI e MA 27.021,65 982,00 Decreto s/nº de Não Costeiro
Parnaíba3 Santa Isabel 16 de novembro
de 2000
¹ Apenas municípios piauienses
² Dentro dos limites da APA Serra da Ibiapaba
3
Sobreposta à área da APA Delta do Parnaíba
4
Plano de manejo em conjunto com o da APA Serra da Tabatinga
“-“ Sem informação
Unidades Estaduais
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Parque Estadual Cânion do Rio Poty
O Parque do Cânion está entre os criados mais recentemente. Moraes et al. (2020)
relatam que há diversos pontos turísticos de beleza cênica, histórica e antropológica, além de
gravuras rupestres e que, por seu tamanho, sua gestão torna-se difícil. Não foram encontradas
pesquisas científicas desenvolvidas na área de influência direta da UC nem dados sobre os im-
pactos antrópicos.
O Parque teve sua criação no início da década de 90 e a APA foi decretada em 1997
em uma área de mais de três mil hectares, a qual incorpora os pouco mais de 7ha do Parque.
Sousa et al. (2012), em sua pesquisa sobre a percepção ambiental do turismo nesta UC, relatam
que o lixo é um dos principais problemas apontados pelos turistas e que não há infraestrutura
adequada para atender aos mesmos, apesar de toda beleza cênica que funciona como principal
atrativo para a visitação ao Parque. Como em outras UCs piauienses, há moradores na área
do Parque, o que traz impactos diretos sobre o mesmo. Oliveira e Rodrigues (2019) reforçam
que a maioria dos turistas entrevistados relata a presença de resíduos sólidos lançados no local
e recolhidos por trabalhadores de estabelecimentos situados no Parque. Cerqueira et al. (2019)
enfatizaram a necessidade de implantação de projeto de educação e sensibilização ambiental,
bem como de uma melhor gestão da UC.
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Parque Estadual Zoobotânico
O conhecido Zoobotânico por muitos anos foi um espaço muito procurado para vi-
sitação, tanto pelos moradores locais quanto por turistas. A unidade tem servido como espaço
para estágios dos alunos de graduação de diferentes cursos e faculdades. Entre as pesquisas de-
senvolvidas estão levantamentos da biota, mas também pesquisas sobre saúde dos animais que
ali sobrevivem. Após períodos de fechamento para reformas seguidos por reabertura à visita-
ção, o Parque passará pela maior e mais profunda reforma: a transferência de parte considerável
dos animais, como leões, onças, macacos e outros. Ficarão apenas aqueles que não tiverem con-
dições de serem soltos na natureza ou transferidos, o que se deu a partir de um entendimento
da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de que zoológicos que mantém os animais enjaulados
representam crueldade (PAIXÃO, 2021). Assim, a estruturação passará por grandes mudanças
e o futuro do turismo e visitação na área poderão ter uma configuração completamente dife-
renciada da atual. Não foram encontradas publicações sobre impactos ambientais na UC, mas
entende-se que os mesmos não fogem dos encontrados em outras unidades semelhantes (como
poluição e deposição inadequada de lixo), adicionando-se a situação de estresse a que estão
submetidos muitos dos animais, quer seja pelo clima diferenciado em relação ao seu bioma de
origem, quer seja pelo espaço disponível à locomoção.
A ARIE da Lagoa do Portinho é recente, mas os impactos que essa área sofre são
antigos. A Lagoa do Portinho por muitos anos foi um espaço estratégico para o turismo para
aqueles que visitavam o litoral. Entretanto, entre os anos de 2014 e 2017, a Lagoa esteve com-
pletamente seca. As causas estão ligadas ao deslocamento das dunas, à baixa quantidade de
precipitação pluvial e, principalmente, ao barramento do rio Portinho, para uso das águas em
irrigação e piscicultura (MESQUITA; LIMA; SANTOS-FILHO, 2016). A partir de 2018 a
Lagoa voltou a ter um considerável nível de água, os restaurantes voltaram a funcionar e os
turistas voltaram a frequentar o local. Como diversos outros locais destinados ao turismo, é
possível se deparar com os impactos dessa atividade na região da Lagoa, como deposição de lixo
em locais inadequados (ARAUJO et al., 2014), tráfego de veículos motorizados sobre as dunas
e presença de animais domesticados soltos, cujo o hábito de herbivoria implica em pressão so-
bre a vegetação nativa, a qual auxilia na fixação das dunas (CARVALHO; BARRETO, 2021)
As publicações encontradas sobre a Área referem-se principalmente a questões ambientais, não
havendo sido encontradas publicações com levantamento de fauna ou flora. Cabe ressaltar que
o volume 1 do livro sobre as UCs Piauienses (IVANOV, 2020) traz um capítulo sobre a flora da
Lagoa do Portinho (FARIAS et al., 2020).
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Tabela 2 – Unidades de conservação da esfera Estadual, no estado do Piauí
Parques Estaduais
Do Rangel 1
Redenção do Gurgueia e 54.236,51 2017 Não Caatinga
Curimatá
Cânion do Rio Poty Buriti dos Montes 6.872,00 2017 Não Caatinga
Cachoeira do Urubu2 Esperantina e Batalha 7,54 Decreto nº 9.736, de 16 de junho Não Transição
de 1997 Caatinga /
Cerrado
Serra de Santo Antônio Campo Maior 3.664,03 Decreto nº 18.345, de 08 de julho - Caatinga
de 2019
Lagoa do Portinho Luís Correia e Parnaíba 3.731,79 Decreto nº 18.346, de 08 de julho Não Costeiro
de 2019
Das Nascentes do Rio Gilbués, Santa Filomena, 60.024,00 2017 Não Cerrado
Uruçui-Preto Baixa Grande do
Ribeiro, Bom Jesus e
Monte Alegre do Piauí
Alto Curso dos Rios São Gonçalo do Piauí, 119.829,34 2017 Não Cerrado
Gurgueia e Uruçuí- Barreiras do Piauí e
Vermelho Gilbués
Cachoeira do Urubu Esperantina e Batalha 3.063,00 Decreto nº 9.736, de 16 de junho Não Transição
de 1997 Caatinga /
Cerrado
Serra das Mangabeiras3 Barreiras do Piauí 96.743,00 Dec-Lei nº 5.329 de 08 de fevereiro - Cerrado
de 1993. Incorporada ao Parna das
Nascentes do Rio Parnaíba pela Lei
nº 13.090 de 12 de janeiro de 2015
Lagoa de Nazaré Nazaré do Piauí e São 9.279,83 Decreto nº 18.347 de 08 de julho Não Ecótono
Francisco do Piauí de 2019 Caatinga/
Cerrado e
mata ciliar
Estação Ecológica
Chapada da Serra Branca São Braz do Piauí, 21.587,71 Decreto nº 13.080, de 02 de junho Não Caatinga
Brejo do Piauí e São de 2008
Raimundo Nonato
20
Unidades Municipais
21
dos turistas e visitantes locais; por fim, valor cultural baixo, tendo em vista a fixação humana na
área do Parque.
A Floresta Fóssil foi tombada como patrimônio histórico e cultural tanto pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 2017, quanto pela Fundação
Cultural do Piauí (FUNDAC), em 1998. Segundo Vasconcelos, Lima e Moraes (2016), a
Floresta Fóssil passa por situação de abandono, não se levando em consideração seu excepcional
valor arqueológico, etnográfico, bibliográfico ou artístico, que segundo o próprio decreto deve
ser preservado. Após décadas de sua descoberta (1909) e anos de seu reconhecimento histórico
(2008) constata-se que pouco ou quase nada vem sendo feito pela mesma. O Parque encontra-
se muito degradado, apesar de ser uma Área de Preservação Permanente, que por si já deveria
ser protegida. De acordo com Fortes (2016), no entorno do bem tombado foram construídos
empreendimentos como o Parque Potycabana, o Teresina Shopping e a Avenida Cajuína, obras
estas que tem contribuído para a descaracterização do mesmo, desrespeitando o projeto inicial
da área de preservação ambiental. O mesmo constitui uma área de importante valor científico,
potencial turístico e educativo, por ser uma das raras florestas fósseis do mundo com troncos
vegetais em posição de crescimento fossilizados e o único sítio paleontológico dentro de uma
capital (QUARESMA; CISNEIROS, 2015). Segundo Carvalho (2015), há uma disposição
muito significativa de inadequação de resíduos sólidos e significativa poluição hídrica, focos
de queimadas, desmatamento e deterioração de equipamentos e patrimônio público. Não é
incomum encontrar resíduos sólidos abandonados na área por visitantes. Quaresma e Cisneiros
(2015) reforçam o descaso com o Parque, o qual está desprotegido e mal conservado, e sua
pesquisa aponta o lixo e a falta de segurança como principais pontos negativos na área.
22
Parque Ambiental das Crianças
O Parque Pedra do Castelo resulta das formações areníticas que afloram da Formação
Cabeças, constituindo-se como grande riqueza arqueológica (SANTOS; AQUINO, 2016).
As camadas da formação Cabeças são laminares, o que faz com que sua extração seja desejada
para venda por mineradoras (SANTOS, 2017). Não foram achados dados sobre queimadas
ou desmatamento dentro ou no entorno do parque municipal. A maioria das publicações
encontradas é voltada para a questão do geoturismo e análise das estruturas rochosas. Aquino et
al. (2022) analisaram três geomorfossítios considerando-os de alto valor turístico e recomendam
o fomento do turismo na região.
23
Parque Vila do Porto / Água Mineral
O parque atualmente está com falta de trilhas, ciclovias e calçadas acessíveis para
portadores de deficiência, presença de esgoto a céu aberto, acumulo de lixo, iluminação pública
falha, fauna e flora negligenciada e manutenção escassa, esses são apenas alguns exemplos de
problemas do parque, que inviabilizam o uso da área (SANTOS, 2019). E com essa falta de uso,
o espaço vai ficando cada vez mais esquecido pelas autoridades públicas e consequentemente
inseguro, se tornando um forte ponto de criminalidade. Há no local uma enorme disposição
inadequada de resíduos sólidos. Carvalho (2015) complementa que há um teor significativo de
poluição hídrica e focos de queimadas, mas, por outro lado, com baixa poluição visual.
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Parque Ambiental da Prainha
A mais recente unidade de conservação da esfera municipal foi criada pela prefeitura
de Bom Jesus do Gurgueia, sul do estado. Ainda não existem pesquisas publicadas para esta
UC. Entretanto, a autora deste capítulo participou do estudo prévio para a criação da Unidade
e conhece a realidade do local. Área de beleza cênica singular, onde se pode encontrar cursos
d’água e mata ciliar ainda preservada, também teve uma crescente invasão de moradores
que reclamam por indenização para poder deixar suas casas, construídas dentro da área do
Parque. Assim, é de se entender que unidades de conservação com a presença humana sofram
com impactos dessa presença, como lançamento de lixo e dejetos em lugares inapropriados,
desmatamentos para construções, descaracterização da paisagem entre outros. Dada a
proximidade de duas universidades públicas e de muitas escolas, a mesma se configura como
local viável para o desenvolvimento de pesquisas e aulas de campo.
25
Parque Municipal da Cachoeira da Conceição
Parque Municipais
Campo Maior / Horto Florestal Campo Fechado Lei nº 7.735 de 22 de Não Caatinga
Maior fevereiro de 1989
Floresta Fóssil Teresina 5,0 (margem direita), 8,00 Lei nº 1.939 de 16 de Sim Floresta
(margem esquerda do rio) agosto de 1988
Jardim Botânico /Horto Florestal Teresina 36,0 Decreto municipal Sim Floresta
/ Parque Ambiental de Teresina s/n, de 05 de setembro
de 1960 (Parque
Ambiental). Decreto
11.396, de 1 de agosto de
2011 (Jardim Botânico)
João Mendes Olímpio de Mello Teresina 17,0 Decreto-Lei n° 2.329, de Sim Floresta
(Parque da Cidade) 12 de maio de 1993
26
Nome da UC Municípios Área (ha) Documento Legal / Plano de Bioma
ano manejo
Serra do Gado Bravo Curimatá 8.171,00 Lei municipal nº 498, - Obs.: Transição
de 1995 abandonado Caatinga/
Cerrado
1
Dentro dos limites da APA Serra da Ibiapaba
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Tabela 4 – Reservas Particulares do Patrimônio Natural do estado do Piauí
Nome da UC Município Área (ha) Documento Legal / ano Plano de manejo Bioma
Fazenda Boqueirão dos Frades Altos 579,78 Portaria 29N, de 25 de março - Floresta
de 1998
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As unidades de conservação piauienses, da mesma forma que as brasileiras em geral,
são áreas fundamentais não apenas à preservação; mas, como visto, são espaços adequados e
necessários ao desenvolvimento de pesquisas. É nas unidades de conservação que devem estar
concentradas as espécies ameaçadas de extinção no estado. Para tanto, é necessário que o poder
público não apenas crie unidades em locais estratégicos, como também se empenhe em manter
a integridade das já existentes. Algumas UCs no Piauí parecem existir apenas no papel, pois
não se encontrar quaisquer informações sobre as mesmas em termos de que impactos podem
ser registrados. Algumas unidades encontram-se, sabidamente, abandonadas e, assim, a grande
maioria delas não se torna objeto de investigação por pesquisadores.
REFERÊNCIAS
AMORIM, J.C.P.; AQUINO, C.M.S. Levantamento da geodiversidade do setor Nordeste do
município de Piripiri/Piauí, Brasil. Revista de Geociências do Nordeste, v.6, n.1, p.36-41,
2020.
AQUINO, C.M.S.; AQUINO, R.P.; LIMA, J.H.; SILVA, H.V.M. Valor turístico dos
geomofossítios do município de Castelo do Piauí, Piauí, Brasil. Revista da Academia de
Ciências do Piauí, v.3, n.3, p.35-54, 2022.
28
AQUINO, C.M.S.; VALLADARES, G.S.; AQUINO, R.P.; OLIVEIRA, J.G.B.;
NASCIMENTO, V.G. Monitoramento e uso da cobertura das terras do Parque Nacional da
Serra da Capivara e entorno nos anos de 1987 e 2010. GEOgraphia, v.19, n.40, p.138-149,
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32
Capítulo
2
EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO
PIAUÍ: O QUE TEM SIDO FEITO?
Mateus Rocha dos Santos
Marlete Moreira Mendes Ivanov
Jesus Rodrigues Lemos
RESUMO
A Educação Ambiental (EA) pode ser definida como sendo elemento integrador
dos sistemas educativos de que dispõe a sociedade para fazer com que a comunidade tome
consciência do fenômeno do desenvolvimento e de suas implicações ambientais. Para tanto,
deverá servir não só para transmitir conhecimentos, mas também para desenvolver habilidades e
atitudes que permitam ao homem atuar efetivamente no processo de manutenção do equilíbrio
ambiental, de modo a garantir uma qualidade de vida condizente com suas necessidades e
aspirações. Enquanto prática educativa, deve direcionar-se ao desenvolvimento de atividades
de longa duração. A EA precisa difundir a percepção de que o meio ambiente inicia dentro de
cada ser humano, sendo assim, um processo que envolve um vigoroso esforço de recuperação
de realidades e que garante um compromisso com o futuro. Neste raciocínio, objetivou-se com
esta pesquisa, realizar um levantamento bibliográfico sobre projetos e programas, bem como
ações avulsas de Educação Ambiental existentes e/ou promovidas nas Unidades de Conservação
(UCs) federais e estaduais presentes no estado do Piauí. Das 24 UCs que existem no Piauí,
considerando as esferas Estadual e Federal, foram encontrados registros de ações de EA em
apenas oito delas, sendo duas estaduais e seis federais. No entanto, ressalva-se que alguns dados
33
sobre algumas UC no estado do Piauí, são escassos de informações. Conclui-se que a maioria
das ações são pontuais no tempo e não constituem programas contínuos para trabalhar a EA
com as comunidades de entorno da UC ou visitantes em geral. Isso faz com que a população
seja privada de projetos que possam estimular a boa convivência com os recursos ambientais e
que desenvolvam uma consciência ambiental sobre a importância das UCs para a preservação
ambiental.
INTRODUÇÃO
Sabendo-se que muitas UCs piauienses não têm um plano de manejo (LEITE;
IVANOV, 2020) e, possivelmente, não tenham um cronograma oficial de ações de Educação
Ambiental, torna-se importante conhecer quais UCs implementam essas ações, no sentido
de se proporcionar visibilidade às boas práticas desenvolvidas nas mesmas. Neste contexto,
34
objetivou-se realizar um levantamento sobre projetos e programas, bem como ações avulsas
de Educação Ambiental existentes e/ou promovidas nas Unidades de Conservação federais e
estaduais presentes no estado do Piauí.
METODOLOGIA
O estado do Piauí está localizado na região Nordeste do Brasil e possui uma área
territorial de 251.755,485 km², com densidade demográfica de 12,40 hab km² (IBGE, 2020).
O estado possui como formações vegetais principais o cerrado e a caatinga, além da transição
destas, bem como áreas das formações vegetais de carrasco e florestas e ainda os ecossistemas
costeiros (LEITE; IVANOV, 2020; FUNDAÇÃO CEPRO, 2013).
No estado, foram contabilizadas 44 UCs, sendo 19 UUS e 25 UPI. São dez Unidades
na esfera Federal, 14 na Estadual, 14 municipais e seis particulares (LEITE; IVANOV, 2020).
O levantamento foi realizado ao longo dos meses de abril e maio de 2021. Para esta
análise, foram consideradas somente as UCs das esferas federal e estadual, devido a uma maior
disponibilidade de dados. A busca foi feita utilizando como termos o nome da unidade e
educação ambiental. Não houve uma delimitação de período em relação à data da publicação/
divulgação dos dados; sendo selecionados materiais de quaisquer anos encontrados.
RESULTADOS
35
Quadro 1 – Unidades de Conservação federais e estaduais do estado do Piauí que possuem ações de EA registradas.
Nº de Fonte
Categoria
Unidade de Conservação Esfera ações de
SNUC
EA
Campos et al. (2016); Bulhões e
PARNA Serra da Capivara Federal UPI 02
Noronha (2020)
PARNA de Sete Cidades Federal UPI 01 Ramos et al. (2014)
Gonçalves (2008); Bezerra II
APA Chapada do Araripe Federal UUS 05
(2013)
Silva (2014); Assis et al. (2014);
APA Delta do Parnaíba Federal UUS 04 UFC (2020); ICEP (2021); ITD
(2021)
FLONA Palmares Federal UUS 02 ICMBIO (2011); ICMBIO (2015)
ESEC Uruçuí-Una Federal UPI 01 GRUPO PET - ISUU(2019)
RESEX Marinha Delta do Parnaíba Federal UUS 05 Rocha, Carvalho e Costa (2014)
Moraes, Araujo e Conceição
Parque Cânion do Rio Poti Estadual UPI 01
(2020)
Parque Zoobotânico Estadual UPI 01 Piauí (2016); Aguiar et al. (2019)
Legenda: UUS – Unidade de Uso Sustentável; UPI – Unidade de Proteção Integral
Foi registrada uma ação desenvolvida com os alunos do 1º ano do ensino médio e o
professor da disciplina de Geografia (CAMPOS et al., 2016), o qual desenvolveu discussões
juntamente com os estudantes com a finalidade de esclarecer dúvidas e identificar as percepções
ambientais dos alunos a respeito das paisagens naturais encontradas na área do Parque. Os
objetivos da ação foram: (i) promover práticas educativas com informações sobre as UCs para
estudantes e comunidade escolar; (ii) envolver os alunos na conservação do patrimônio natural
do Parque Nacional Serra da Capivara; (iii) proporcionar aos estudantes conhecimento e
interpretação ambiental, por meio do contato direto com o ambiente natural e cultural; (iv)
aprimorar, através da experiência vivida, a sensibilização ambiental. Os autores entendem que
houve uma reflexão crítica sobre a importância da EA, alcançando os objetivos delineados.
36
posse de todo esse conhecimento adquirido, os alunos participantes da visita apresentaram um
seminário para os demais alunos da escola, propagando, assim, informações sobre a importância
dos recursos naturais existentes no Parque.
Outras ações realizadas na Área podem ser citadas, como: visitas a moradores de
entorno para dialogar sobre atividades menos impactantes ao meio ambiente, sensibilização da
população através de ecoshow, distribuição de mudas, realização de palestras, cursos e oficinas
“ABC da Cidadania”, torneios esportivos, cursos de gestão ambiental, oficinas, literaturas de
cordel, dentre outros.
37
Araripe, nos municípios de Crato e Barbalha, ambos no Ceará.
A APA compõe os estados do Maranhão, Piauí e Ceará, nos quais se inserem várias
comunidades. Desta forma, os processos de implementação da EA são diversificados, conforme
o local que em que são aplicados. As projeções da EA estão ligadas às atividades antrópicas
de extrativismo dento da área (RODRIGUES; SILVA; ROCHA, 2012). Dentre os projetos
implementados na Área, destaca-se o Piauí Eco Fest, encabeçado pela Professora Maria Helena
Cortez, da Universidade Federal do Delta do Parnaíba, cuja primeira edição foi realizada em
2014 no município de Cajueiro da Praia, o qual trabalhou a identidade local e a compreensão da
biodiversidade da área (SILVA, 2014; ASSIS et al., 2014). Na ocasião aconteceu o “casamento
do peixe-boi com o cavalo-marinho”, uma encenação feita com pessoas usando fantasias, em
alusão aos projetos ambientais desenvolvidos na região com essas duas espécies.
Entre outras ações que ocorrem dentro dos limites da APA está o envolvimento de
institutos educacionais com as comunidades. Neste caso, vale destacar o projeto desenvolvido
pelo Grupo de Extensão e Pesquisa em Silvicultura (GEPS), o qual desenvolve projetos
de produção de mudas nativas, atividades de reflorestamento, além de ações de educação
ambiental para jovens e adultos (UFC, 2020). De forma complementar, o Instituto Ilha do Caju
Ecodesenvolvimento e Pesquisa (ICEP), também desenvolve projetos voltados à conservação e
à educação ambiental com alunos de todos os níveis escolares (ICEP, 2021).
38
de pegadas em áreas úmidas e de sons dos macacos e aves, e apresentação de informações sobre as
espécies vegetais existentes dentro da área (inf. pes.).
39
Parque Estadual Zoobotânico
Entre as ações de EA aplicadas, Aguiar et al. (2019) utilizaram o guia didático como
ferramenta complementar ao ensino teórico. Os autores destacam o Parque como local
propenso à sua utilização, visto que o guia envolve noções sobre a flora, a qual é vasta no local,
por se tratar de uma mata ciliar. O guia didático foi elaborado através de uma parceria da editora
da Universidade Federal do Piauí-EDUFPI com a SEMAR (Secretaria do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos do Estado do Piauí).
Esse Parque é uma das mais recentes unidades de conservação da esfera estadual.
Apesar de sua existência histórica, apenas em 2017 foi decretada como UC, logo os registros
sobre educação ambiental conectados à mesma enquanto UC são praticamente inexistentes.
Todavia, Moraes, Araújo e Conceição (2020), ao analisar o processo de implantação da
Unidade, descrevem as ações relacionadas ao mesmo. Entre elas, um documentário curta
metragem intitulado Expedição Cânion do Poti foi produzido e apresentado, o qual possibilita
mais informações sobre a área. Esse material pode bem ser utilizado por professores no processo
de ensino sobre ações de educação ambiental.
Ressalva-se que existem UCs dentro do estado nas quais não foram encontrados
registros que mencionem a aplicação da EA em suas respectivas áreas. Dentre elas estão: PARNA
Serra das Confusões; PARNA Nascentes do Rio Parnaíba; APA Serra da Ibiapaba; ESEC
De Uruçuí-Una; FLONA de Palmares; PARNA do Rangel; PARNA Cachoeira do Urubu;
PARNA Serra de Santo Antônio; PARNA das Orquídeas/Serra dos Matões; PARNA Serra do
Coã; APA das Nascentes do Rio Canindé; APA das Nascentes do Rio Uruçuí-Preto; APA das
Alto Curso dos Rios Gurguéia e Uruçuí-Vermelho; APA das Nascentes do Rio Longá; APA
40
das Cachoeira do Urubu; APA das Ingazeiras; APA das Serra das Mangabeiras e APA Lagoa de
Nazaré e ESEC Chapada da Serra Branca.
DISCUSSÃO
Diante do levantamento em cada UC, como visto, há escassez de ações acerca da temática
da educação ambiental. Os dados obtidos apontam o ainda incipiente número de programas
e projetos nas unidades de conservação do estado, embora as mesmas apresentem um enorme
potencial e uma proximidade muito grande de moradores do entorno, os quais necessitariam ter um
maior conhecimento e direcionamento sobre como lidar e entender as UCs.
Na área do Parque Nacional de Sete Cidades, Castro et al. (2016) explicam que o
ecoturismo pode promover percepções, através da visitação, acerca das formações geológicas
presentes na UC. Uma vez que os visitantes apresentam perfis variados (SANTOS et al.,
2020), a fomentação da EA deve estar sempre presente nas atividades de guiamento. A visita
guiada de forma específica dentro da Unidade serve como instrumento que induz visitantes à
sensibilização do espaço visitado, o que se torna muito importante visto que o Parque já passou
por episódios de vandalismos, conforme Ramos e Paixão (2014) bem pontuam. Braga et al.
(2020) complementam que a execução de atividades práticas no momento da visitação pode
fomentar conscientização sobre a necessidade de preservação da área.
41
Ressalva-se que a proposta de educação ambiental e patrimonial natural também
parte da visitação em campo, a qual ocorre geralmente com professores e alunos. Essa proposta
sempre pode ser vista como metodologia aplicada, com efetivação clara e precisa em transpassar
a importância da UC, para sujeitos dentro e fora da área, conforme é proposto por Bulhões e
Noronha (2020).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um dos grandes entraves para esta pesquisa pode ter sido a falta de divulgação das
ações em meios de comunicação em massa. Outra dificuldade está no fato de que algumas
unidades foram criadas recentemente e, portanto, não possuem informações suficientes,
inclusive relacionadas à EA.
42
deveriam ser preservados em áreas protegidas. É preciso que toda a sociedade esteja engajada em
ações de educação ambiental, tanto na educação formal quanto na não formal.
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46
Capítulo
INTRODUÇÃO
As Unidades de Conservação (UC) são espaços ambientais que têm importantes
características naturais e são legalmente instituídos pelo poder público, com objetivos de
conservação (RYLANDS; BRANDON, 2005). Estes ambientes foram criados a fim de
diminuir os efeitos da degradação do meio natural, e assim, beneficiam a região na qual estão
inseridos e sua biodiversidade associada (FONSECA; LAMAS; KASECKER, 2010). As UC
brasileiras são regulamentadas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC),
Lei nº 9.985 (BRASIL, 2000).
47
2005. Entre os seus objetivos estão promover o uso múltiplo dos recursos florestais, a pesquisa
científica, a manutenção e proteção da biodiversidade, a recuperação de áreas degradadas e
promover a Educação Ambiental (BRASIL, 2005).
As UC são locais onde podem ser discutidas e trabalhadas diversas temáticas como: a
caracterização do local, sua fauna, flora, Ecologia do ambiente e Gestão Ambiental. Atividades
como Turismo Ecológico e Sustentável também são permitidas nas Unidades de Uso
Sustentável (KUHNEN; MARCOLAN; ROCHA, 2015). A literatura evidencia que estes
espaços também são utilizados para a realização de atividades voltadas ao ensino de Ciências
e de Geografia; Interpretação de trilhas; Impactos Ambientais e Educação Ambiental (por
exemplo, JUNQUEIRA; OLIVEIRA, 2015; SANTOS et al., 2020; RODRIGUES et al.,
2021). No entanto, para Vargas (2007) a relação entre teoria, pesquisa e prática presente nos
estudos desenvolvidos nessas áreas ainda é frágil.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
48
Figura 1. Mapa de localização da Floresta Nacional de Palmares, Altos, Piauí, Brasil.
Fonte: Elaborado por Letícia S. S. Ferreira (2020).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram encontrados 23 estudos publicados sobre a Floresta Nacional de Palmares
nos últimos 15 anos. Dentre estes, a maior representatividade é de capítulos de livro, com
10 publicações. Verificou-se que oito estudos foram publicados em anais de eventos, quatro
49
estudos corresponderam a Dissertações/Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) e apenas um
artigo científico. Observou-se que há uma variação entre anos com mais e menos publicações,
sendo que o maior número ocorreu em 2020 (Figura 2).
Figura 2. Número de estudos publicados na Floresta Nacional de Palmares entre os anos de 2006 e 2020.
Fonte: Os autores (2021).
Um dos motivos para o aumento de publicações nos anos de 2019 e 2020 pode ser
decorrente das pesquisas realizadas pelo Grupo de Pesquisa em Etno e Educação Ambiental
(GPEEA) e Projeto Sala Verde, vinculados à UFPI e ao Ministério do Meio Ambiente (MMA),
respectivamente. Por exemplo, o GPEEA começou parcerias de pesquisas com a FLONA de
Palmares em meados de 2018 e início de 2019, ano com destaque em publicações.
Na Tabela 1 é possível verificar a quantidade de estudos para cada uma das temáticas
dos estudos analisados. Cabe salientar que, para a categorização dos estudos, levou-se em
consideração somente o tema principal, assim cada pesquisa se encontra em apenas uma das
categorias. A categoria mais representativa foi “Caracterização da FLONA” na qual se ressaltam
estudos sobre fauna e flora local, tipos de solo e impactos ambientais. Destacam-se também as
pesquisas com práticas de Educação Ambiental e Trilhas Interpretativas.
50
Tabela 1 - Número de estudos publicados na Floresta Nacional de Palmares agrupados por categoria.
Barbosa (2015) realizou estudos sobre a cobertura vegetal presente na FLONA, a fim
de discutir as formas de uso e caracterizar a vegetação da área. A pesquisa se desenvolveu por
meio da abordagem geossistêmica do sistema GTP (Geossistema – Território – Paisagem) e foi
apoiada na aplicação de procedimentos indicados na proposta metodológica desse sistema. O
autor identificou a presença de espécies nativas de pelo menos três biomas brasileiros, como a
51
Amazônia, Caatinga e Cerrado. Com este estudo foi possível destacar também que a UC pode
promover a construção de um banco de sementes nativas e, posteriormente, a recuperação de
áreas degradadas por meio de ações de reflorestamento.
Brandão et al. (2020) quantificaram a biomassa aérea da Floresta e a sua relação com
o NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada). Para os autores a estimativa da
biomassa é uma forma de avaliar a quantidade de material biológico de uma floresta quanto
à sua conversão de energia e ciclagem de nutrientes. Além disso, verificaram como os estudos
referentes à biomassa vegetal e à composição nutricional das plantas podem compor um
importante banco de dados para o desenvolvimento de programas de conservação.
Com relação à gestão da UC, Lopes (2007) realizou um estudo de caso na Floresta
Nacional de Palmares. O autor investigou em documentos, órgãos públicos e entrevistas, como
a comunidade do entorno participa da gestão da UC, visto que a unidade é de uso sustentável.
O autor evidenciou a ausência de uma “zona de escape” a fim de diminuir as ações antrópicas,
52
visto que o entorno da UC é ocupado por residências. O autor ressaltou a necessidade da criação
de um corredor ecológico para a manutenção da fauna, flora e revitalização de áreas degradadas.
Além disso, destacou a importância de incentivos à pesquisa, atividades de Educação Ambiental
e produção de sementes para mudas de espécies nativas.
53
Práticas de Educação Ambiental
Tabela 2 - Atividades práticas de Educação Ambiental sobre a fauna e flora da FLONA de Palmares.
DINÂMICA OBJETIVOS REFERÊNCIA
Rastros, objetos e regurgitos Identificar pegadas ou vestígios Reis; Ferreira; Nápolis (2020)
deixados por animais que habitam na
FLONA Palmares.
Analisando a minha trilha Proporcionar aos participantes a Reis; Ferreira; Nápolis (2020)
sensação de serem pesquisadores,
despertando os sentidos investigativos.
Que animal sou eu? Conhecer a diversidade da fauna Rodrigues; Ferreira, Nápolis
presente na FLONA Palmares. (2020)
54
DINÂMICA OBJETIVOS REFERÊNCIA
55
Trilhas Interpretativas
De modo similar, Feitosa, Sousa e Alencar (2013) verificaram que as trilhas ecológicas
da FLONA podem ser utilizadas como instrumento de educação e sensibilização ambiental.
Foram utilizadas como objeto de estudo três trilhas da UC: Trilha Principal, Trilha da Aroeira e
a Trilha do Cedro. De acordo com os autores, as trilhas apresentaram resultados satisfatórios em
relação à descrição física e aos Índices de Atratividade, pois detém de estrutura física e ecológica
apropriada à recepção de frequentadores. As trilhas em estudo possuíam características
biofísicas e paisagísticas distintas e com atratividade para variados públicos.
56
Ecoturismo
Os autores demonstraram que o nível de ansiedade mais alto é sentido por crianças do
que em adultos, pois nesta faixa de idade eles não apresentam estabilidade emocional suficiente
para iniciar uma atividade nova devido à pouca experiência que eles possuem. Louv (2009)
explica que o contato com a natureza influencia positivamente no bem-estar do ser humano,
sendo essa conexão parte importante no aprendizado. Andrade-Neto e Nápolis (2019, p. 195)
sugerem que “a implantação de atividades físicas em ambientes naturais demonstra como
os estados de ansiedade e autoconfiança podem afetar o rendimento físico de acordo com o
ambiente no qual a pessoa está inserida”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
57
Apesar de a Floresta Nacional de Palmares possibilitar o desenvolvimento de atividades
em diferentes áreas do conhecimento, os pesquisadores devem estar cientes das dificuldades
que encontrarão ao realizar suas pesquisas, tais como: a falta de uma estrutura física e funcional
adequada; segurança pública, uma vez que o local faz divisa com a cadeia pública de Altos;
pouca divulgação nos meios de comunicação e sinalização até o local.
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61
Capítulo
4
POLÍTICAS PÚBLICAS DE ECOTURISMO NA ÁREA DE
PROTEÇÃO AMBIENTAL DO DELTA DO PARNAÍBA, PIAUÍ,
BRASIL
Antonia Leticia de Araujo Silva
Brenda Helena Souza Costa
Solano de Souza Braga
INTRODUÇÃO
62
desenvolvimento da economia nacional (ICMBIO, 2020).
A área de estudo trata-se de uma Área de Proteção Ambiental, termo que geralmente
é utilizado para designar áreas extensas, com um certo grau de ocupação humana, dotada de
atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade
de vida e bem-estar das populações humanas. E que tem como objetivos básicos proteger a
diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso
dos recursos naturais (BRASIL, 2000). As APAs podem ser estabelecidas em áreas de domínio
público ou privado, pela União, estados ou municípios, não sendo necessária a desapropriação
das terras. Entretanto, as atividades e usos estão sujeitos a disciplinamentos específicos
(FUNDAÇÃO FLORESTAL, 2014).
63
Ecoturismo: Aspectos históricos e conceituais
No Brasil o conceito começou a ser utilizado em 1994, com a publicação das Diretrizes
para uma Política Nacional de Ecoturismo pela EMBRATUR e Ministério do Meio Ambiente.
Já a Sociedade Internacional de Ecoturismo (TIES, 2015) declara que o ecoturismo é definido
como viagens responsáveis a áreas naturais que preservam o meio ambiente, sustentam o bem-
estar da população local e envolvem interpretação e educação.
No terceiro momento, iniciado em 1994 com o lançamento das Diretrizes para uma
64
Política Nacional de Ecoturismo, há a consolidação das bases conceituais e operacionais que
passam a orientar as políticas para o setor. Inicia-se um diálogo interinstitucional, e definem-
se as ações prioritárias voltadas para as populações locais, regulamentação do ecoturismo,
fortalecimento e interação interinstitucional, formação e capacitação de recursos humanos,
controle de qualidade do produto ecoturístico, implantação e adequação de infraestrutura e
conscientização e informação do turista.
No Brasil, as áreas protegidas são regidas pela Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho
de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC
65
(BRASIL, 2000; 2002). O objetivo dessa Lei foi consolidar todos os atos normativos referentes
às UCs que já existiam no Brasil, bem como normatizar a gestão e o manejo das Unidades de
Conservação do país (SÃO PAULO, 2009).
De acordo com Machado (2005, p. 22) as UCs são a principal matéria-prima para
o ecoturismo, “pela proteção a obras superiores da natureza, o que se refletirá em benefícios
para toda a sociedade e o próprio ambiente natural”. Faria (1997) complementa dizendo
que as unidades de conservação podem ser consideradas como componentes essenciais para
a conservação da biodiversidade, desde que a gestão seja comprometida com os objetivos
previstos pelo SNUC.
Sendo assim, o ecoturismo depende basicamente desses recursos naturais conservados,
uma vez que essas áreas protegidas acabam se tornando destinos favoritos para a prática da
atividade. Entretanto, se não houver uma gestão efetiva, pode haver a utilização de maneira
descontrolada podendo causar danos ambientais irreversíveis a essas áreas de conservação.
Dessa forma, os princípios e os critérios para o desenvolvimento do segmento devem considerar
a gestão socioambiental dos recursos naturais, para que os impactos positivos do ecoturismo
sejam maximizados, e os negativos sejam minimizados na esfera ambiental, social e econômica
(BRASIL, 2010), em especial ao turismo desenvolvido em áreas naturais como as unidades de
conservação.
66
controversa, permitindo que muitas atividades turísticas não sustentáveis pudessem ser por ele
abarcadas (HINTZE, 2009). Para que o ecoturismo não perca suas bases conceituais e passe a
ser utilizado apenas como uma “rotulagem” no desenvolvimento de um turismo desordenado,
é necessário que haja políticas públicas de ecoturismo efetivas.
67
turismo que inclui princípios de sustentabilidade nota-se que esses fundamentos de preservação
acabam se constituindo como um precursor para o avanço para ampliação e criação de políticas
públicas destinadas à valorização da natureza do país.
PROCESSOS METODOLÓGICOS
Também foi utilizado o método snowball, que é uma técnica utilizada em pesquisas
sociais onde os participantes iniciais de um estudo indicam novos participantes, que por sua
vez indicam novos participantes e assim sucessivamente, até que seja alcançado o objetivo
proposto. Desse modo, o ponto de saturação é atingido quando os novos entrevistados passam
a repetir os conteúdos já obtidos em entrevistas anteriores (BALDIN; MUNHOZ, 2011).
Essa técnica consiste em pedir que a pessoa entrevistada indique outros indivíduos
que participaram da elaboração e/ou tinham pesquisas relacionadas ao Plano de Manejo da
68
APA Delta do Parnaíba, dessa forma possuam o perfil da pesquisa. Esse processo continua até
que as métricas estabelecidas antecipadamente para a coleta de dados, como prazo de coleta
ou quantidade máxima de entrevistados, sejam atingidas, ou para a ocorrência de saturação
teórica, isto é, quando não surgiram novas informações nos dados coletados (GLASER;
STRAUSS, 2006).
Para aprofundamentos das bases conceituais e revisão teórica foi utilizada a pesquisa
bibliográfica de temas que tenham como foco de discussão e problemática: o turismo, o
ecoturismo e as políticas públicas de ecoturismo; e como esses elementos estão presentes, ou
não, no Plano de Manejo da APA Delta do Parnaíba. Foi escolhido como fonte de coleta de
dados a entrevista estruturada realizada com o associado da CIA, uma ONG que atua na APA
do Delta do Parnaíba com a finalidade de propor, coordenar, organizar e executar ações que
fomentem a melhoria das condições sociais, econômicas, culturais e ambientais da população
local.
69
Caracterização da área de estudo
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dois anos após a sua criação, em 1998, a APA passou a contar com um plano de gestão
e diagnóstico geoambiental e socioeconômico. Todavia, este documento não chegou a propor
70
um zoneamento e normas para a UC, apenas diretrizes gerais de gestão. Desde a criação da
unidade houve iniciativas para que se fosse construído o Plano de Manejo da APA, no entanto,
sem sucesso, sendo que apenas anos depois foram disponibilizados recursos de compensação
ambiental advindos de um parque eólico que se localiza na região, que possibilitou a construção
do Plano de Manejo.
Foi por meio da Portaria nº 827, de 05 de agosto de 2020, que foi publicada a aprovação
do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba. Neste mesmo ano a
APA completou 24 anos de existência e com a atividade turística já sendo realizada nesta UC.
Para Leuzing (2010) o que acontece, no entanto, é que muitas das vezes a visitação é instituída
antes do Plano de Manejo, por ser um documento que envolve pesquisa detalhada da região e
alto custo. Dessa forma evidencia-se que a APA Delta do Parnaíba ficou isenta por alguns anos
de um instrumento que auxiliasse no planejamento e na gestão desta unidade de conservação.
Sobre o conteúdo dos planos de manejo, conforme destaca Milano (1993, p. 2),
ele possui as diretrizes (orientações e informações) “para o adequado desenvolvimento de
atividades e ações necessárias para atingir os objetivos específicos de uma determinada área
protegida, constituindo-se no documento que orientará o diretor da Unidade de Conservação
(UC) em seus trabalhos de administração”.
71
Quadro 1 - Ameaças (Análise dos Recursos e Valores Fundamentais - Plano de Manejo APA Delta do Parnaíba)
72
Em resumo, o Plano de Manejo é uma ferramenta fundamental para a gestão eficaz
e uso sustentável da área protegida e de seus recursos naturais. Porém, a simples demarcação
das áreas não é suficiente para assegurar a efetividade e sustentabilidade da UC, é necessário
planejamento e políticas públicas efetivas. Ruschmann (2016) complementa afirmando que as
consequências do grande afluxo de pessoas nesses ambientes extremamente sensíveis faz com
que o planejamento dos espaços, dos equipamentos e das atividades turísticas se apresente
como fundamental para evitar os danos sobre os meios visitados e manter a atratividade dos
recursos para as gerações futuras.
Entrevista
Outro exemplo de impacto ambiental citado pelo entrevistado é o que ocorre em Ilha
Grande no Piauí, causado pelas movimentações de lanchas na região do Delta que acabam cau-
sando danos ambientais, entre eles a poluição sonora que pode afugentar, por exemplo, aves e
peixes. Outro problema relatado foi o acúmulo de resíduos sólidos provocado principalmente
com excesso de descarte de lixo nas regiões que recebem visitação. Em confirmação ao exposto,
Coelho et al. (2017) diz que o turismo, como qualquer outra atividade, possui impactos posi-
tivos e negativos; de aspectos negativos o turismo pode levar à poluição dos rios e mares, tanto
sonora quanto visual, dentre outras formas. Outros pontos abordados pelo entrevistado foram:
Um impacto positivo dessa região foi a criação do Voucher em Ilha Grande que possi-
bilitou ter o maior controle da visitação realizada na área do Delta do Parnaíba, no
entanto esse instrumento ainda não consegue abranger todos, nem todas as embar-
cações de todas as atividades relacionadas ao turismo. Outro impacto da atividade
turística desenvolvida na APA é a circulação de renda, no entanto beneficia e gera
renda para poucas pessoas caracterizando dessa forma como um turismo feito de ma-
neira não inclusiva na qual as comunidades tradicionais que vivem e que usam a
APA do Delta do Parnaíba ficam à margem do turismo que é realizado a exemplo
de Barra Grande e Pedra do Sal evidenciando dessa forma a necessidade de políticas
públicas para fortalecer as cadeias produtivas e da própria comunidade.
73
Neste recorte da fala do entrevistado é possível perceber que o turismo e a renda ad-
vinda da atividade concentram-se sob o domínio de uma parte social mais favorecida, ou seja,
as empresas privadas. O principal efeito do turismo que ocorre atualmente nas comunidades
do Delta é um modelo capitalista que visa somente o lucro das empresas privadas, gerando uma
exclusão da população local (MACHADO-JÚNIOR; MACEDO, 2016). Posteriormente foi
questionado se o entrevistado considera que o turismo praticado na APA pode ser considerado
ecoturismo, obteve-se a seguinte resposta:
Muitos turistas que visitam a APA Delta do Parnaíba não têm o conhecimento que
a região é uma unidade de conservação e que há a existência de comunidades tra-
dicionais que vivem dentro da APA, por isso a necessidade de se pensar ecoturismo
a partir do olhar de quem visita, se essas pessoas se consideram ecoturísticas e se elas
têm a intenção de preservar o meio ambiente. Existe uma ausência de comunicação
de marketing que visa o Delta com essa imagem que são Unidades de Conservação,
que são territórios tradicionais e que existe uma biodiversidade e uma sociobiodiver-
sidade na APA.
De acordo com o entrevistado, o turismo praticado na APA do Delta do Parnaíba
tem que adquirir bases educativas sobre sustentabilidade, pois, segundo o mesmo, a maioria
dos visitantes do Delta não possui conhecimento da área que estão visitando e não entende a
relevância que a APA possui. Isto pode acarretar sérios problemas socioambientais, pois como
o turista do Delta tem uma visão somente artificial proporcionada pelas agências, não será sen-
sibilizado da importância de preservá-lo, aproximando cada vez mais o turismo de massa para
região (MACHADO-JÚNIOR; MACEDO, 2016).
A questão apontada pelo entrevistado se assemelha ao descrito por Pires (1998), se-
gundo a qual o ecoturismo surge e se impõe como uma “rotulação” amplamente utilizada e,
como tal, com sucesso, para expressar um conjunto variado e não bem definido de atividades e
atitudes no ramo de viagens que se posicionam na interface turismo e ambiente. A partir disso,
74
questionou-se como o entrevistado classifica as atividades de ecoturismo na APA do Delta do
Parnaíba, obtendo-se o que segue:
Existem atividades que causam o mínimo impacto possível que levam em considera-
ção aspectos relacionados à preservação da natureza, o cuidado com a sociobiodiver-
sidade e práticas que envolvem as comunidades revelando dessa forma que algumas
práticas ecoturísticas acontecem na APA Delta do Parnaíba. E atrelado a esse pre-
ceito há a existência de práticas realizadas no Piauí, Maranhão e Ceará que vão
ao oposto das atividades consideradas ecoturísticas que acabam priorizando e nos
revelando uma ótica econômica sem controle onde a maior parte das empresas que
vendem não olham para o aspecto socioambiental. Portanto, há poucas práticas que
são ecoturísticas e outras que são pseudo ecoturísticas sendo que essa última usufrui de
um falso marketing revelando dessa forma a falta de melhor qualificar as informa-
ções que são vendidas para melhor apresentar para quem compra.
Então o que se tem na APA do Delta do Parnaíba, antes de mais nada, é um tipo de
turismo voltado para a natureza ou turismo baseado na natureza ou, simplesmente, turismo na
natureza, e não ecoturismo. Para ser considerado ecoturismo é necessário serem estabelecidas
outras condicionantes para a prática da atividade, tais como: educação ambiental, participação
das comunidades locais, mínimo impacto, sustentabilidade (PIRES, 1998). A fim de atingir o
objetivo da pesquisa foi perguntado sobre a existência de políticas públicas de ecoturismo na
APA do Delta do Parnaíba, e foi declarado que:
Quando se olha para a ótica do ecoturismo se percebe a falta de políticas públicas des-
tinadas para o segmento, se percebe que praticamente não existem políticas públicas
nos estados do Piauí, Maranhão e Ceará que visem um turismo inclusivo pensado
nas unidades de conservação, no contato com a natureza, no contato com as comuni-
dades e que incluem as mesmas em projetos.
75
mas áreas existem situações em que não existe uma relação de gestão sobre o território
de diferentes níveis que compõem a APA.
O entrevistado ainda pontua que a UC só teve o seu Plano de Manejo de fato publica-
do em 2020. O Plano de Manejo inclui o plano de uso público, define objetivos da UC e zonea-
mento - divisão da área para diversos fins, como turismo, recreação, proteção, pesquisa, dentre
outros (LEUZINGER, 2010). Portanto percebe-se que esse documento é importante pois vai
nortear toda a gestão da UC, inclusive no que se refere ao ecoturismo. No entanto tem-se a
problemática de que o turismo foi implantado nesta área protegida muito antes da criação do
Plano de Manejo, sendo complexo determinar as premissas de uso deste espaço que há muito
tempo já está ocupado pela atividade turística. Como questionamento final, foi perguntado
sobre quais seriam os resultados/ benefícios da aprovação do Plano de Manejo APA Delta do
Parnaíba e como eles impactam na atividade turística:
Os benefícios da aprovação do Plano de Manejo é que ele define as áreas sensíveis
seja no aspecto ambiental e socioambiental, zoneando e disciplinando as atividades
realizadas na unidade de conservação APA do Delta do Parnaíba, além de dar
legalidade para o ICMBio atuar com maior garantia baseado na lei onde esse do-
cumento tem o intuito de evitar que iniciativas aconteçam sem ordenamento dentro
da Unidade de conservação.
76
os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de for-
ma harmônica e eficaz” (ICMBIO, 2000). Com base na fala do entrevistado, fica claro que o
zoneamento proposto para a APA deve ser observado, implantado e fiscalizado. As áreas defi-
nidas como mais sensíveis aos impactos ambientais devem receber apenas atividades de baixo
potencial de degradação ambiental.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As UCs no Brasil, no caso específico as APAs que têm como objetivo básico proteger
a natureza, ordenar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais
são áreas que necessitam de atenção cuidadosa por serem territórios com a presença de popu-
lações humanas que vivem dos recursos naturais existentes, tendo como exemplo o que ocorre
na unidade de conservação APA do Delta do Parnaíba.
77
Identificou-se que o termo ecoturismo é utilizado apenas como rotulagem para a
venda de passeios desordenados e fora dos padrões da sustentabilidade dentro do Delta. No
entanto, percebe-se que isto ocorre porque a gestão do turismo ainda fica à mercê do setor pri-
vado, sendo inexistente a atuação do poder público junto ao turismo desenvolvido dentro da
APA. Deste modo, ressalta-se mais uma vez a necessidade de políticas públicas de ecoturismo
e de desenvolvimento do segmento dentro da APA do Delta do Parnaíba, algo que seja feito a
partir dos moldes da sustentabilidade, com mínimo impacto, a partir da inserção da educação
ambiental e participação das comunidades locais tendo em vista que atualmente essa atuação
vem sendo parcialmente suprida pela atuação de ONGs ambientais que atuam na região.
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81
Capítulo
RESUMO
O Brasil está no centro da discussão mundial sobre a proteção do meio ambiente. Uma das
maneiras criadas para efetivar a conservação da natureza é a implantação de unidades de
conservação (UC), porém ainda se faz necessário entender os aspectos gerenciais e os obstáculos
enfrentados na gestão dessas áreas. Portanto, o objetivo deste artigo é analisar de que forma
a utilização dos princípios de boa governança de Dudley podem contribuir para a análise da
eficiência de gestão em uma unidade de conservação no Brasil. Para isso foi analisada a gestão
82
no Parque Nacional de Sete Cidades (PNSC), uma unidade de conservação localizada no norte
do estado do Piauí. Para este fim, o estudo, a partir dos princípios de boa governança, fez uso
de entrevista semiestruturada e observação de campo para entender os aspectos gerenciais do
parque. A análise dos dados foi realizada por meio de análise de conteúdo, em que as categorias
temáticas escolhidas foram os princípios supracitados. O capítulo visa contribuir para a
discussão teórica acerca do gerenciamento de UC e traz implicações sobre o desafio de gerir essas
áreas, em que, de acordo com os resultados obtidos, o principal desafio encontrado por esta
UC é a conciliação entre a comunidade do entorno e os funcionários do Parque; no entanto,
o PNSC foi capaz de contornar este obstáculo e transformá-lo em fator positivo. Portanto, o
capital humano interno, se bem trabalhado, é capaz de ajudar a manter o funcionamento da
UC, em especial em tempos de crise.
INTRODUÇÃO
No entanto, o meio ambiente ainda sofre com a atividade humana (VENTER et al.,
2016). De acordo com Jones et al. (2018), um terço da terra protegida global está sob intensa
pressão humana, dificultando, assim, a plena preservação desses ambientes. Por isso, a criação
de áreas de preservação é essencial para proteção a biodiversidade (GELDMANN et al., 2013).
Segundo Gray et al. (2016), as áreas destinadas à conservação ambiental são eficazes quando
83
minimizam o uso da terra dominado pelos seres humanos.
Essa pressão humana engloba mudanças no solo, como para uso urbano e agrícola
da terra (VENTER et al., 2016). Apesar do conflito de interesses entre a preservação da
biodiversidade e as atividades agrícolas, autores como Seppelt et al. (2016) acreditam ser possível
essa conciliação. Ademais, muitos países desenvolvidos apresentaram um elevado crescimento
socioeconômico em consonância com uma redução da atividade humana em áreas naturais,
reforçando a ideia de um possível desenvolvimento sustentável (VENTER et al., 2016).
Deste modo, justifica-se o tema do presente trabalho, uma vez que, analisando os
desafios enfrentados pela gestão de uma unidade de conservação, aproxima-se da entidade que
proporciona a preservação dessas áreas do ponto de vista administrativo. Assim, desperta-se
uma discussão acerca dos pontos a melhorar e favorece a eficiência no cuidado desse patrimônio
natural. Nesse contexto, o presente artigo apresenta como objeto de análise o Parque Nacional
de Sete Cidades (PNSC), uma unidade de conservação situada a nordeste do estado do Piauí.
O PNSC é classificado como uma unidade de conservação integral do tipo Parque Nacional,
isto é, uma área reservada para a preservação da natureza, em que seus recursos naturais apenas
podem ser utilizados de forma indireta, permitindo visitação humana e atividades de recreação
(BRASIL, 2000). O objetivo do presente artigo é: analisar de que forma a utilização dos
princípios de boa governança de Dudley podem contribuir para análise da eficiência de gestão
em uma unidade de conservação no Brasil.
84
Contexto Ambiental e os Princípios da Boa Governança
85
1004 UC federais, 1004 estaduais e 368 municipais, totalizando 2376 unidades de conservação
em território nacional (MMA, 2019).
Então, para poder gerenciar de forma adequada as UC, são necessários investimentos,
principalmente por parte dos órgãos públicos (HENRY-SILVA, 2005); porém a ausência do
poder público na fiscalização e manutenção é um dos grandes desafios enfrentados na gestão
dessas Unidades (SILVA et al., 2017). Com isso são necessárias medidas diretas e planejamento
estratégico para facilitar a melhoria contínua da eficácia da gestão das UC (ALMEIDA et al.,
2016).
86
No Brasil, as unidades de conservação se dividem em dois grupos: Unidades de
Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. As primeiras têm como objetivo preservar a
natureza, de forma que seus recursos naturais sejam usados indiretamente, enquanto que, as
últimas buscam compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de uma parte de
seus recursos naturais (BRASIL, 2000). As categorias de unidade de conservação da legislação
brasileira coincidem com a classificação sugerida pela IUCN. No entanto, o SNUC considera
as unidades de uso sustentável, categoria correspondente à Área Protegida com uso sustentável
dos recursos naturais, como um grupo de unidades contendo mais sete outras subdivisões (I
Área de Proteção Ambiental, II Área de Relevante Interesse Ecológico, III Floresta Nacional,
IV Reserva Extrativista, V Reserva de Fauna, VI Reserva de Desenvolvimento Sustentável,
e VII Reserva Particular do Patrimônio Natural). Além disso, Dudley (2008) propõe nove
princípios para uma boa governança de áreas protegidas, relacionados no Quadro 1.
Princípio Definição
87
O princípio da Legitimidade e voz trata do diálogo existente entre a sociedade e a gestão
de uma UC, propiciando o envolvimento deles nos objetivos e estratégias de gerenciamento
das áreas protegidas, sem qualquer tipo de discriminação. Este princípio é o mais praticado
dentro das UC por meio de conselhos consultivos ou deliberativos (CARDOZO et al., 2019),
previstos pelo SNUC (BRASIL, 2000). Dessa forma, a legitimidade é fundamentada na
história e no ambiente institucional de cada área protegida (LANDAU et al., 2014). Portanto,
é interessante proporcionar transparência para que a gestão de uma UC, ou qualquer outro
tipo de organização, seja capaz de ter legitimidade (LICHT et al., 2014). A legitimidade
é entendida como um processo interativo de construção social, atuando entre indivíduos e
grupos (SUDDABY; BITEKTINE; HAACK, 2017). Esse conceito, aplicado a uma unidade
de conservação, remete a uma gestão que precisa ser legítima, isto é, referindo-se à interação
entre instituições que trabalham conjuntamente com seus parceiros (CARDOZO et al., 2019)
e agindo com transparência (LICHT et al., 2014).
88
gerados pela degradação ambiental (RAMMÊ, 2012).
O princípio da Responsabilidade não prejudicial trata-se de certificar que as despesas
em definir e administrar áreas protegidas, não criam ou agravam pobreza e instabilidade.
Ao projetar e implementar políticas para reduzir a instabilidade, é importante considerar
as diferenças nos tipos de benefícios dos serviços ecossistêmicos em termos das diferenças
das particularidades socioeconômicas e os tipos de necessidades que satisfazem o serviço
(BERROUET; MACHADO; VILLEGAS-PALACIO, 2018). A Responsabilidade Social
como uma construção social demonstra a relevância de perspectivas comportamentais,
especialmente atribuição causal, à teoria das partes interessadas. Portanto, percepções de
desempenho social dependem não apenas das ações das empresas, mas também dos motivos
que as partes que têm interesse acreditam estar dirigindo essas ações (CRILLY et al., 2016).
O princípio da Direção busca promover e manter uma visão de longo prazo, que seja
consistente e inspiradora, para a unidade de conservação, de forma que atinja seus objetivos
estratégicos (DUDLEY, 2008). Este princípio se traduz principalmente na existência de
instrumentos de governança, como o plano de manejo e código de conduta, e na definição de
autoridades e responsabilidades aos envolvidos pela UC (GRAHAM; AMOS; PLUMPTRE,
2003). Visão estratégica, isto é, de longo prazo, é importante para preparar e adaptar uma
organização para as mudanças econômicas, sociais e políticas que possam ocorrer (BARNETT
et al., 2017). Além disso, orientação de longo prazo tende a criar valor para as organizações
(FLAMMER; BANSAL, 2017). Assim, como as UC são organizações que lidam com a
preservação dos recursos naturais, essa perspectiva de longo prazo também é válida. A gestão de
uma UC precisa de uma liderança capaz de estabelecer uma visão, gerenciar conflitos, construir
parcerias e se adaptar às mudanças (BRUYERE, 2015). Schleicher, Peres e Leader-Williams
(2019) sugerem que o bom gerenciamento e o aumento dos recursos de manejo das UC
tendem a reduzir a probabilidade de degradação ambiental. Assim, exaltando a necessidade de
instrumentos de controle e atributos decorrentes do princípio da direção são necessários para
a gestão de uma UC.
89
Segundo Dudley (2008), para atender ao princípio da Prestação de Contas é necessário
ter linhas de responsabilidade claramente demarcadas e garantir relatórios e responsabilidades
adequadas de todos os stakeholders (partes interessadas) sobre o cumprimento de suas
responsabilidades. Contudo, esse princípio não é uma ocorrência única, mas deve ser visto
como complexo, interdependente e integrado, com relações causais entre muitos fatores que
incluem uns aos outros, que interagem dentro de sistemas mais amplos (TENBENSEL;
DWYER; LAVOIE, 2014).
MATERIAL E MÉTODOS
O local de estudo desta pesquisa é o Parque Nacional de Sete Cidades (PNSC), uma
90
unidade de conservação instituída em 1961, pelo Decreto Federal nº 50.744 (BRASIL, 1961).
O Parque se localiza ao norte do estado do Piauí, nos municípios de Brasileira e Piracuruca,
gerido pelo ICMBIO, em área de sedimentação antiga, encravada sobre rochas paleozoicas,
contendo pinturas rupestres de forma diversificada e abundante (IBDF, 1979).
91
O nome Sete Cidades decorre da existência de sete agrupamentos de rochas lá
localizados, formando sete “cidades”, possuindo feições geológicas e históricas de importância
nacional (FAVERA, 1999). A ampla diversidade de pesquisas protagonizadas no PNSC
demonstra que essa UC tem apresentando importantes contribuições para a comunidade
acadêmica (CAVALCANTE, 2013).
A observação foi realizada durante uma visita turística no Parque Nacional de Sete
Cidades. Os dados da observação foram descritos no decorrer da visita e posteriormente
comparados às informações obtidas pela entrevista. A Figura 3 apresenta a sequência
metodológica seguida na execução da pesquisa.
92
Figura 3 – Sequência metodológica com as etapas cronológicas da pesquisa.
93
RESULTADOS E DISCUSSÃO
94
Quanto ao princípio da Justiça, as UC devem buscar compartilhar de maneira justa
os custos e benefícios e recorrer a um julgamento imparcial em caso de conflito (DUDLEY,
2008). Quanto a este princípio, os gestores relataram a existência de múltiplos conflitos, como,
por exemplo, relacionados ao uso da terra e queimadas nas comunidades do entorno; por
isso, uma de suas ações para contornar este problema foi levar as reuniões do conselho para
as comunidades, onde eles buscavam agir como intermediadores e resolver esses conflitos de
forma justa.
O pessoal das comunidades, como tinha muitos conflitos, pediram que a gente fizesse
as nossas reuniões nas comunidades, e assim a gente fez, [...]; então assim os primeiros
anos do nosso conselho foi praticamente para atender às comunidades (Gestor A do
PNSC).
O princípio Não Prejudicial preza para que a UC não crie vulnerabilidade ou pobreza,
seja nas suas práticas diárias ou em sua implantação. No PNSC foi observado que esse princípio
esteve presente desde o processo de implantação do Parque, ainda no século passado, e que o
mesmo incorporou as comunidades locais ao invés de excluí-las.
O nosso parque tem um histórico de que os primeiros servidores eram as pessoas
que moravam aqui dentro. Então a gente nunca teve dificuldade com essas pessoas,
sempre tivemos uma relação amistosa, porque a gente incluiu ao invés de tirá-
los à força, que é aquela coisa de regularização fundiária; não, a gente nunca teve
esse problema porque a gente englobou as pessoas que moravam aqui, foram os
primeiros funcionários [...] (Gestor B do PNSC).
95
No quesito Direção, que segundo Graham, Amos e Plumptre (2003) se traduz
principalmente na existência de instrumentos de governança, foi observado que o Parque
mantém “macroprocessos” bem definidos e claros (citados abaixo), sendo expostos em murais
e disponíveis a todos os funcionários. Assim, cada macroprocesso possui suas próprias metas
e possui prazo de resposta para efeito de avaliação da gestão da unidade de conservação. Os
gestores afirmam ainda que os funcionários entendem a importância e os objetivos do Parque.
[...] na administração do Parque existem vários macroprocessos: tem gestão de
pessoas, patrimônio, gestão de frota, administração, comunicação, judiciário,
monitoramento, pesquisa, proteção e gestão socioambiental (Gestor A do PNSC).
Além disso, para continuar esse processo de parceria e fiscalização com a comunidade
do entorno, os gestores mantêm programas de Educação Ambiental e de queima controlada
nessas localidades. Segundos os gestores, os guias (que são, em geral, oriundos dessas
comunidades) também contribuem com o manejo do Parque. O PNSC se utiliza da relação
com a comunidade local para ampliar sua capacidade de preservar a flora e fauna da área, e
assim, mantêm um bom desempenho.
96
A gestão do Parque auxilia no transporte e estadia de conselheiros e membros do
conselho, para que eles possam ter acesso à reunião, e consequentemente, aos resultados e
projetos executados na Unidade.
Se tiver algum conselheiro que tiver dificuldade de vir, o ICMBio tem obrigação
de arcar com as despesas para a presença desse conselheiro, ou indo lá pegar com
a viatura ou fazendo intercâmbio com outras instituições [...]. mas é obrigação
do ICMBio zelar pela presença daqueles conselheiros, porque a gente precisa do
quórum, se vai votar em alguma coisa tem que ter o quórum mínimo, que está
previsto no SNUC (Gestor B do PNSC).
O princípio dos Direitos Humanos se apresenta por meio do respeito aos direitos
humanos, acesso a um meio ecologicamente equilibrado pelas atuais e futuras gerações
(DUDLEY, 2008). Sobre esse princípio os gestores enalteceram o objetivo do Parque de
preservar a biodiversidade ali presente.
Tudo que tem aqui dentro, tudo que a gente puder conservar aqui dentro, com
certeza vai ser para as futuras gerações; a gente sempre costuma falar que quem
trabalha com o meio ambiente nunca trabalha para si, a gente nunca pode dizer que
estamos trabalhando para a gente, nós estamos trabalhando para as futuras gerações
e a gente crê muito nisso, que essa questão dos direitos humanos é isso, é deixar
aquilo que a gente tem hoje para as futuras gerações (Gestor A do PNSC).
97
que utilizam apenas os princípios de Legitimidade e Voz, Direção, Desempenho, Prestação de
Contas e Justiça.
Quando os gestores foram questionados quanto ao maior desafio que eles enfrentam
ao gerenciar uma unidade de conservação, como o PNSC, foi respondido que:
[...] é saber lidar com os componentes dentro do Parque, estou falando dos
componentes que fazem a gestão, os seus irmãos dentro do Parque e fora dele,
porque se você não souber manusear esses dois elementos, o interno e o externo,
funciona, mas de certa forma, com anomalia (Gestor B do PNSC).
A anomalia citada pelo gestor seria a má administração do Parque, ou até mesmo seu
não funcionamento, uma vez que, caso a gestão não esteja integrada com as comunidades do
entorno, ela encontrará resistência por parte dessas pessoas, e consequentemente, será inviável
o manejo da unidade de conservação.
Além disso alguns estudos recentes apontam nos resultados que a utilização de
princípios de boa governança na análise da eficiência de gestão de unidades de conservação
podem ser uma alternativa que forneça para o gestor a obtenção de informações e a aplicação
de práticas que melhorem o desempenho da unidade de conservação (JERONYMO;
SILVA; FONSECA, 2021; ABRAHÃO; ASMUS; FERREIRA, 2018; SANSÃO, 2017;
MARINELLI, 2016).
A observação direta de campo foi utilizada como um meio para verificar as informações
passadas em entrevista pela gestão do PNSC. Foi observado que os aspectos relacionados à
parceria funcionários-gestão são reais. Durante a visita o guia demonstrou conhecimento sobre
a história e as pessoas do local, realçando a parceria com os brigadistas e com a gestão em geral.
O Parque está precisando de algumas manutenções, como, por exemplo, nas áreas
das pinturas rupestres e na estrutura da visitação. O guia relatou que os cupins danificam estas
pinturas, além das estruturas de visitação responsáveis pela proteção do patrimônio ambiental
98
do parque estarem deterioradas. Conforme relato do guia a instituição que faz essa manutenção
está passando por falta de recursos e os reparos estão cada vez mais demorados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em relação às implicações gerenciais, foi encontrado que o ponto focal para administrar
unidade de conservação como o PNSC, em que há comunidades do entorno, é conciliar e
se relacionar com essas comunidades constantemente e de forma construtiva, permitindo a
participação dela nas decisões do Parque. Com a comunidade sendo uma parceira da unidade
de conservação, há a tendência da fiscalização dessas áreas ser maior e mais efetiva, visto que os
indivíduos desses locais ajudam nessa questão e ainda auxiliam em outras atividades, como na
manutenção da área do Parque. Desse modo, em um cenário de recursos financeiros reduzidos,
a gestão compartilhada da UC é preferível e mais efetiva.
Pode-se também verificar que a não observação e/ou utilização pelo gestor de
ferramentas de avaliação que utilizem como base os princípios de Dudley pode fazer com que
este gestor não consiga obter informações sobre aspectos relevantes na gestão de uma unidade
de conservação. Como exemplo disso, o princípio da Legitimidade e Voz, que se mostrou
altamente relevante no presente estudo devido à relação existente entre comunidade e Parque,
que desde a sua criação está envolvida em todos os processos de gestão e também é considerado
pelos gestores como um aspecto relevante para a unidade de conservação.
99
com os métodos escolhidos. Dessa forma, cada princípio merece um aspecto metodológico
distinto para ser analisado por completo. Além disso, devido à escassez de literatura existente
sobre o tema, pouco pôde ser analisado em comparativo com artigos relacionados.
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105
2
Flora em Unidades de
Conservação do Piauí
Capítulo
RESUMO
O Parque Nacional Serra das Confusões (PNSC), localizado no Sul do Piauí, é uma unidade
de conservação de proteção integral que protege ambientes de caatinga e de transição cerrado/
caatinga. Sua flora, juntamente com a do Parque Nacional Serra da Capivara, foi considerada
como área prioritária para preservação da biodiversidade da caatinga. Apesar disso, estudos
florísticos nesta região são praticamente inexistentes. Assim, com intuito de mitigar esta
lacuna, apresentamos o checklist de Fabaceae, família mais rica do Parque. A lista conta com
coletas realizadas entre os anos de 2006 e 2007 e com registros de herbários do SpeciesLink.
Até o momento, foram identificadas 93 espécies, entre as quais Chamaecrista barbata (Nees
& Mart.) H.S. Irwin & Barneby, C. desvauxii var. langsdorffii (Kunth ex Vogel) H.S. Irwin &
Barneby, Cranocarpus gracilis Afr.Fern. & P. Bezerra, Piptadenia retusa (Jacq.) P.G. Ribeiro,
Seigler & Ebinger, Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose e Trischidium decipiens (R.S.
107
Cowan) H.E. Ireland são registradas pela primeira vez para o Piauí. Chamaecrista (L.) Moench
(10 spp), Bauhinia L., Mimosa L. e Senna Mill. (com seis espécies, cada) foram os gêneros
mais representativos. O porte predominante foi o arbóreo (47 spp), seguido do arbustivo
(24), subarbustivo (19) e herbáceo (5). Estes números mostram a importância deste Parque e a
necessidade de realização de futuros trabalhos florístico-taxonômico na área.
INTRODUÇÃO
Inclusive, esta família é a terceira maior em número de espécies (LEWIS et al., 2005;
QUEIROZ, 2009; LPWG, 2017; FLORA E FUNGA DO BRASIL, 2022) e está entre as três
mais diversas em todos os domínios vegetacionais do Brasil, com cerca de 50% das espécies
endêmicas (FLORA E FUNGA DO BRASIL, 2022). Atualmente, a família é dividida em
seis subfamílias (LPWG, 2017; FLORA E FUNGA DO BRASIL, 2022), cinco delas com
representantes no Brasil, por ordem de riqueza: Cercidoideae, Detarioideae, Dialioideae,
Caesalpinioideae e Papilionoideae. Na caatinga, a família conta, até o momento, com 112
gêneros e 474 espécies (SILVA; LEAL; TABARELLI et al., 2017), o que perfaz 15% do
108
registrado para todo o país (total de espécies: 3.026; FLORA E FUNGA DO BRASIL, 2022).
MATERIAL E MÉTODOS
Caracterização da área
109
Confusões/PI’. Assim, expedições para o PNSC ocorreram entre os anos de 2006 e 2007, nos
municípios de Caracol (localidades Andorinha, Camaçari, Cruzeiro, Japecanga, Olho d’água
da Santa, Piscina Natural, Riacho dos Bois e Serra Grande, Sobrado), Jurema (localidades
Boqueirão do Mato e Terra Azul) e Guaribas (localidades Barreiro, Capim, Muquém, Olho
d’água das Andorinhas e Sobrado da Luizinha), em diferentes períodos do ano com o objetivo
de registrar as espécies férteis na estação chuvosa e seca.
110
Figura 1 - Formações geomorfológicas e vegetação do Parque Nacional Serra das Confusões, Piauí, Brasil. A.
Planaltos com topos planos (seta vermelha), solo arenoso, vegetação de caatinga arbustiva (vista ampla com serras
de topos redondos ao fundo); B. Planaltos com topos planos, solo arenoso, vegetação de caatinga arbustiva (vista
próxima); C. Montanhas com topos redondos, quase sem solo, alta declividade, dissecação, com presença de
elementos de caatinga arbustiva ou hiperxerófila; D. Vales entre as serras com mata úmida (seta azul); E. Depressões
entre as montanhas com mata úmida; F. Caatinga arbórea em áreas mais secas do vale.
111
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1 - Lista das espécies de Fabaceae Lindl. do Parque Nacional Serra das Confusões, Piauí, Brasil. Arb. =
arbusto; Arv. = árvore; Erv. = erva; Lia. = liana; Sub. = subarbusto; Trep. = trepadeira. *Primeiros registros para o
Piauí.
Nome
Táxon Porte Voucher
Vulgar
Caesalpinioideae (43 spp.)
TEPB 17.952 Angico-
1. Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam var. colubrina Arv.
vermelho
2. Blanchetiodendron blanchetii (Benth.) Barneby & HUEFS
Arv. -
J.W.Grimes 122.347
HUEFS
3. Calliandra fernandesii Barneby Arb. -
161.823
HUEFS Rabo-de-
4. Calliandra sessilis Benth. Arb.
136.043 raposa
HUEFS Escova-couro-
5. Calliandra ulei Harms Arb.
136.072 do-cerrado
112
Nome
Táxon Porte Voucher
Vulgar
HUEFS
6. Calliandra umbellifera Benth. Arb. -
125.155
HUEFS
7. Cenostigma macrophyllum Tul. Arv. -
136.071
8. Cenostigma pyramidale (Tul.) Gagnon & G.P.Lewis Arb. CEN 95.637 Catingueira
9. Chamaecrista acosmifolia (Benth.) H.S. Irwin & Barneby Sub. TEPB 1.362 -
10. Chamaecrista barbata (Nees & Mart.) H.S. Irwin & HUEFS
Arb. -
Barneby* 122.372
11. Chamaecrista brevicalyx (Benth.) H.S. Irwin & Barneby Sub. EAC 31.344 São-joão
12. Chamaecrista desvauxii var. langsdorffii (Kunth ex Vogel) HUEFS
Sub. Estrelinha
H.S. Irwin & Barneby* 136.016
13. Chamaecrista eitenorum (H.S. Irwin & Barneby) H.S. HUEFS
Arv. -
Irwin & Barneby 169.885
14. Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby Sub. EAC 31.339 -
15. Chamaecrista repens var. multijuga (Benth.) H.S.Irwin & EAC 8.695
Sub. -
Barneby
HUEFS Jurema-da-
16. Chamaecrista tenuisepala (Benth.) H.S. Irwin & Barneby Arb.
136.015 serra
17. Chamaecrista transversa Afr.Fern. Sub. EAC 31.350 -
18. Chamaecrista zygophylloides var. colligans (H.S. Irwin & HUEFS
Arb. São-joão
Barneby) H.S. Irwin & Barneby 136.021
19. Dimorphandra gardneriana Tul. Arv. TEPB 21.606 Fava-danta
20. Galactia jussiaeana Kunth Sub. TEPB 1.147 -
HUEFS
21. Inga marginata Willd. Arv. -
122.354
22. Lachesiodendron viridiflorum (Kunth) P.G. Ribeiro, L.P. HUEFS
Arv. -
Queiroz & Luckow 122.329
23. Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P. Queiroz Arv. TEPB 23.135 Pau-ferro
HUEFS
24. Mimosa acutistipula (Mart.) Benth. Sub. Jurema
177.703
HUEFS
25. Mimosa hirsutissima Mart. Arb. -
122.396
26. Mimosa hypoglauca Mart. Sub. UB 140.070 -
27. Mimosa lepidophora Rizzini Arv. TEPB 1.141 Rama-de-besta
HUEFS
28. Mimosa misera Benth. Sub. -
136.061
29. Mimosa verrucosa Benth. Arb. TEPB 21.623 Escova-couro
HUEFS
30. Parkia platycephala (Benth.) H.S.Irwin & Barneby Arv. -
122.411
HUEFS
31. Piptadenia retusa (Jacq.) P.G. Ribeiro, Seigler & Ebinger* Arv. -
122.330
113
Nome
Táxon Porte Voucher
Vulgar
32. Pityrocarpa moniliformis (Benth.) Luckow & R.W. TEPB 17.524 Angico-de-
Arb.
Robson Bezerro
HVASF
33. Prosopis pallida (Humb. & Bonpl. Ex Willd.) Kunth Arv. -
13.663
HUEFS
34. Samanea saman (Jacq.) Merr. Arv. -
140.808
HUEFS
35. Senegalia langsdorffii (Benth.) Seigler & Ebinger Arv. -
167.437
36. Senegalia lasiophylla (Benth.) Seigler & Ebinger Arv. EAC 9.104 -
HUEFS
37. Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose* Arv. -
122.340
38. Senna cearensis Afr.Fern. Arv. CEN 73.712 -
39. Senna gardneri (Benth.) H.S.Irwin & Barneby Arb. VIC 45.561 -
HUEFS
40. Senna lechriosperma H.S. Irwin & Barneby Arv. -
136.067
41. Senna macranthera (DC. ex Collad.) H.S. Irwin & HUEFS
Arv. 175.222 São-joão
Barneby
HUEFS Folha-miúda-
42. Senna silvestris (Vell.) H.S. Irwin & Barneby Arv.
136.068 de-cerrado
43. Senna splendida (Vogel) H.S.Irwin & Barneby Lia. ESAL 22.700 -
Cercidoideae (6 spp.)
HUEFS
44. Bauhinia acuruana Moric. Arb. -
136.075
45. Bauhinia brevipes Vogel Arb. UEC 32.682 -
46. Bauhinia burchellii Benth. Arb. EAC 8.717 -
HUEFS
47. Bauhinia dubia G. Don Arv. -
122.365
48. Bauhinia pulchella Benth. Arb. EAC 8.685 -
49. Bauhinia subclavata Benth. Arb. UEC 32.548 -
Detarioideae (8 spp.)
50. Copaifera coriacea Mart. HUEFS Podói
Arv.
163.376
HUEFS
51. Copaifera langsdorffii Desf. Arv. -
122.421
HUEFS
52. Copaifera luetzelburgii Harms. Arv. -
136.076
HUEFS
53. Hymenaea courbaril L. Arv. -
122.337
HUEFS Jatobá-
54. Hymenaea eriogyne Benth. Arv.
170.111 verdadeiro
HVASF
55. Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne Arv. Jatobazinho
13.659
114
Nome
Táxon Porte Voucher
Vulgar
HUEFS
56. Hymenaea velutina Ducke Arv. Jatobá
136.014
57. Peltogyne confertiflora (Mart. ex Hayne) Benth. Arb. TEPB 17.535 Jatobá
Diallioideae (1 sp.)
58. Poeppigia procera (Poepp. ex Spreng.) C. Presl Arv. EAC 9.094 -
Papilionoideae (35 spp.)
59. Aeschynomene evenia C. Wright & Sauvalle Arb. EAC 8.693 -
60. Aeschynomene sensitiva Sw. Erv. EAC 8.719 -
Amburana-de-
61. Amburana cearensis (Allemão) A.C. Sm. Arv. TEPB 24.108
cheiro
62. Ancistrotropis peduncularis (Kunth) A. Delgado Erv. TEPB 1.129 -
HUEFS
63. Andira fraxinifolia Benth. Arv. Cascudo
122.363
64. Andira surinamensis (Bondt) Splitg. ex Amshoff Arv. TEPB 30.591 -
HUEFS
65. Bionia coriacea (Nees & Mart.) Benth. Trep. -
122.386
66. Bowdichia virgilioides Kunth Arv. TEPB 17.954 -
67. Cranocarpus gracilis Afr.Fern. & P. Bezerra* Erv. EAC 8.703 -
68. Ctenodon marginatus (Benth.) D.B.O.S. Cardoso, P.L.R.
Arb. TEPB 24.068 -
Moraes & H.C. Lima
69. Crotalaria sp. Erv. TEPB 23.140 -
70. Dahlstedtia araripensis (Benth.) M.J. Silva & A.M.G.
Arv. TEPB 1.140 -
Azevedo
Coração-de-
71. Dalbergia cearensis Ducke Arv. TEPB 21.591
negro
72. Deguelia nitidula (Benth.) A.M.G. Azevedo & R.A.
Lia. EAC 8.688 -
Camargo
HUEFS
73. Desmodium sp. Sub. -
136.052
74. Diptychandra aurantiaca subsp. epunctata (Tul.) H.C.
Arv. CEN 95.652 Birro
Lima, Carvalho & Costa
HUEFS
75. Machaerium acutifolium Vogel Arv. -
136.051
HUEFS
76. Machaerium villosum Vogel Arv. -
122.333
77. Macropsychanthus grandiflorus (Mart. ex Benth.) L.P.
Lia. TEPB 23.137 Mucunã
Queiroz & Snak
78. Macroptilium lathyroides (L.) Urb. Sub. TEPB 24.074 Feijão-bravo
79. Periandra coccinea (Schrad.) Benth. Sub. TEPB 1.309 Feijão-bravo
UB, Barbosa
80. Plathymenia reticulata Benth. Arv. Candeia
R. 638
115
Nome
Táxon Porte Voucher
Vulgar
HUEFS
81. Platypodium elegans Vogel Arb. Rama-de-besta
136.060
HUEFS
82. Poecilanthe subcordata Benth. Arv. -
82.345
83. Pterocarpus villosus (Mart. ex Benth.) Benth. Arv. NY 1184150 -
84. Pterodon abruptus (Moric.) Benth. Arv. TEPB 21.603 Cangaeiro
85. Pterodon emarginatus Vogel Arv. TEPB 30.647 -
HUEFS
86. Stylosanthes capitata Vogel Sub. -
136.050
HVASF
87. Stylosanthes macrocephala M.B.Ferreira & Sousa Costa Sub. -
13.567
Banha-de-
88. Swartzia flaemingii Radii Arv. TEPB 21.599
galinha
89. Swartzia psilonema Harms NY Banha-de-
Arv.
02692435 galinha
90. Tachigali vulgaris L.G.Silva & H.C.Lima Arv. EAC 31.328 -
HUEFS
91. Trischidium decipiens (R.S. Cowan) H.E. Ireland* Arb. Pipoqueira
136.048
HUEFS
92. Trischidium molle (Benth.) H.E.Ireland Arb. Estraladeirinha
170.880
HUEFS
93. Vatairea macrocarpa (Benth.) Ducke Arv. Amargoso
122.442
116
Figura 2 - A. Amburana cearensis (Allemão) A.C. Sm; B. Periandra coccinea (Schrad.) Benth; C. Andira
fraxinifolia Benth; D. Trischidium decipiens (R.S. Cowan) H.E. Ireland; E. Macropsychanthus grandiflorus
(Mart. ex Benth.) L.P. Queiroz & Snak; F. Crotalaria sp.
117
Figura 3 - A. Pityrocarpa moniliformis (Benth.) Luckow & R.W. Robson; B. Mimosa verrucosa Benth; C.
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam var. colubrina; D. Peltogyne confertiflora (Mart. Ex Hayne) Benth.; E.
Cenostigma macrophyllum Tul.; F. Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P. Queiroz
118
Das espécies listadas, Chamaecrista barbata (Nees & Mart.) H.S. Irwin & Barneby, C.
desvauxii var. langsdorffii (Kunth ex Vogel) H.S. Irwin & Barneby, Cranocarpus gracilis Afr.
Fern. & P. Bezerra, Piptadenia retusa (Jacq.) P.G. Ribeiro, Seigler & Ebinger, Senegalia polyphylla
(DC.) Britton & Rose e Trischidium decipiens (R.S. Cowan) H.E. Ireland são registradas pela
primeira vez para a flora do Piauí (ver Flora e Funga do Brasil, 2022). Ressaltamos também o
registro de Calliandra ulei Harms para o PNSC, espécie endêmica do estado. Apesar de ser
uma família amplamente conhecida, as Fabaceae do estado, em especial da caatinga, ainda são
pouco estudadas do ponto de vista florístico-taxonômico. Dessa forma, novos registros estão
entre os resultados esperados e descrições de novas espécies podem acontecer em decorrência
de estudos posteriores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste primeiro inventário florístico para o PNSC, foi encontrada elevada riqueza e
heterogeneidade florística, além de novas ocorrências de espécies de Fabaceae para a flora do
Piauí, indicando o imenso potencial de descobertas botânicas para o parque. Os dados aqui
apresentados indicam, pelos menos, duas necessidades prementes: (1) a intensificação de estudos
florísticos, fitossociólogicos e taxônomicos na área e (2) a comparação da flora do PNSC com
outras áreas de caatinga e cerrado do país, com possibilidade de novos registros, inclusive, para
a vegetação de caatinga e, talvez, de endemismos. Quem sabe assim, em um futuro próximo,
a área do Parque Nacional da Serra das Confusões ajude a lançar ainda mais esclarecimentos
sobre a dinâmica vegetacional das Florestas Tropicais Sazonalmente Secas.
119
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122
Capítulo
RESUMO
O sensoriamento remoto vem sendo amplamente utilizado para estudos dos ecossistemas,
atuando de diferentes formas na caracterização dos recursos naturais e monitoramento do meio
ambiente. Através do uso do sensoriamento remoto é possível entender melhor a vegetação do
bioma do Cerrado, o qual é considerado uma das savanas mais ricas biologicamente. Entretanto,
nas últimas décadas seu território foi reduzido a menos de 30%, principalmente por causa da
expansão do agronegócio. Para minimizar a perda de biodiversidade, a criação de Unidades de
Conservação (UC) é uma das estratégias mais eficientes para proteger amostras de ecossistemas
e espécies, além de possibilitar a realização de diferentes pesquisas, assim como o uso do
sensoriamento remoto, que auxiliam na conservação e preservação dessas áreas. Objetivou-se
com o presente estudo caracterizar espacialmente variáveis ambientais da Estação Ecológica de
Uruçuí-Una nos anos de 1999 e 2020. Através de dados provenientes do sensoriamento foi feito
o mapeamento e análise dos focos de calor entre os anos 1998 a 1999 e 2019 a 2020, utilizando-
se a densidade de Kernel, a qual determina um raio de influência dos focos, sendo dividido em
123
baixa, média e alta influência. Também foi observado e analisado o uso e cobertura do solo,
usando-se a classificação supervisionada por máxima verossimilhança, onde se identificam as
assinaturas espectrais dos pixels das amostras, e depois se estipulam as classificações propostas
para o restante da área, classificando-se em: Mata úmida, vegetação de cerrado, vegetação rala e
solo exposto/cultivos. Por fim, examinou-se o vigor da vegetação através do Índice de Vegetação
por Diferença Normalizada (NDVI). Para interpretação dos dados a cobertura do solo foi
dividida em classes: solo exposto, vegetação rala, vegetação semidensa e vegetação densa. Para
processamento dos dados e elaboração dos mapas foi utilizado o software ArcGIS. O período
de 07/2019 a 07/2020 apresentou 300% mais focos de calor do que de 07/1998 a 07/1999,
além de cinco vezes mais alta influência sobre a área da ESEC. A respeito da classificação do
uso e cobertura do solo, a classe de vegetação de Cerrado se destacou tanto em 1999, quanto
em 2020; entretanto, neste último ano observou-se um aumento de 9,12% do solo exposto.
A classe do NDVI semidensa destacou-se nos dois períodos, a qual equivale à vegetação de
Cerrado sensu stricto, predominante na ESEC. A ESEC, apesar de ser uma UC, vem sofrendo
pressão dos empreendimentos agrícolas, o que se observa principalmente nas suas bordas.
INTRODUÇÃO
124
Na região Nordeste, o estado do Piauí possui a maior representatividade de áreas
cobertas por Cerrado, com mais de 11,5 milhões de hectares (46% do estado) (CIDADE
VERDE, 2014). Entretanto, na região conhecida como MATOPIBA (composta pelos cerrados
que ocorrem nos estados do Piauí, Maranhão, Tocantins e Bahia), o Cerrado vem sofrendo
com o desmatamento acentuado, levando à perda de cobertura vegetal original e biodiversidade
(MAGALHÃES, 2013; REYDON; MONTEIRO, 2009; INPE, 2019).
Mediante a situação na região, uma das estratégias mais eficientes para proteger amostras
de ecossistemas e espécies são as Unidades de Conservação (UC) (AGUIAR et al., 2015), as
quais asseguram áreas intactas e preservadas onde seja possível a realização de pesquisas, tanto
em campo como por sensoriamento remoto, sendo que este se destaca como uma alternativa
efetiva e econômica de coleta de dados e análise das questões ambientais, principalmente em
países com grandes extensões de terra como o Brasil (SAUSEN, 2016; MASCARENHAS et
al., 2009).
Segundo Leite e Ivanov (2020) existem duas Estações Ecológicas (ESEC) no estado
do Piauí, uma estadual e uma federal. A ESEC de Uruçuí-Una (foco do presente trabalho),
pertence à esfera Federal e é administrada pelo ICMBio, com sede em Bom Jesus do Piauí.
Objetivou-se, com o presente estudo, caracterizar e analisar espacialmente variáveis ambientais
da Estação Ecológica de Uruçuí-Una nos anos de 1999 e 2020.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
125
sul do estado do Piauí, com os limites geográfico: NE 44º57´49” W e 8º53´02” S SE 45º11º37”
W e 9º06´34” S, NO 45º23´02” W e 8º39´26” S e SO 45º26´19” W e 8º54´24” S (Figura 1). A
EEUU foi estabelecida pelo decreto n° 86.061/1981, possui área de 135.000ha e está inserida
nos municípios de Baixa grande do Ribeiro, Santa Filomena e Bom Jesus (BRASIL, 1981).
126
Procedimentos metodológicos
Base de dados
Figura 2 - Fluxograma da elaboração dos mapas temáticos a partir das suas respectivas bases de dados. Fonte: Os
autores (2021)
127
versão 10.8, da empresa Environmental Systems Research Institute (ESRI, 2021).
Focos de calor
Foram baixados do BDQueimadas dados de focos de calor dos períodos 07/1998 a
07/1999 e 07/2019 a 07/2020 do Piauí. Foram escolhidos intervalos de um ano que antecedem
as imagens utilizadas para análise do uso e cobertura do solo e NDVI, com a intenção de melhor
entender os processos que atuaram nos anos analisados); ajustes foram feitos para visualizar
apenas os focos que ocorreram dentro dos limites da ESEC de Uruçuí – Una. Em posse dos
dados, utilizou-se o método de estimativa de densidade Kernel para elaboração dos dois mapas
temáticos.
Além dos mapas, detalhou-se, através de gráficos e tabelas, a ocorrência dos incêndios
para um melhor entendimento sobre a dinâmica dos focos. Ademais, afim de explicar melhor
as ocorrências foram observadas dados de temperatura e precipitação da Estação Meteorológica
Convencional de Bom Jesus (código da estação: 82975), que fica localizada na mesma região da
ESEC de Uruçuí-Una (INMET, 2021).
128
Figura 3 - Classes de uso e cobertura do solo usadas da ESEC de Uruçuí – Una. Fonte: Os autores (2021)
As bandas foram recortadas de acordo com os limites da área de estudo e o NDVI foi
calculado conforme Equação 2, utilizando-se a ferramenta de álgebra de mapas do ArcGIS. Os
valores de NDVI encontram-se no intervalo de -1 a 1.
𝑁𝐷𝑉𝐼 =
Em que:
O NDVI foi dividido em classes utilizando o modo nature breaks, sendo elas: solo
exposto, vegetação rala, vegetação semidensa e vegetação densa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Focos de calor
129
5. A diferença entre os focos de calor de antes da implementação do SNUC (2000) para os dias
mais recentes é notória. No período de 1998/1999 foram contabilizados 49 focos de calor.
Observa-se a partir dos mapas de densidade de Kernel, que apenas 1,77% (23,94km²) da área
sofreu interferência alta, enquanto 5,05% (68,25 km²) sofreram interferência média e 93,17%
(1258,25km²) baixa ou nenhuma influência (Figura 4).
Figura 4 – Focos de calor detectados na Estação Ecológica de Uruçuí-Una no período de 07/1998 – 07/1999.
Fonte: Os autores (2021).
130
Figura 5 – Focos de calor detectados na Estação Ecológica de Uruçuí-Una no período de 07/2019 – 07/2020.
Fonte: Os autores (2021).
◾No entorno dos rios Uruçuí-Preto e Riozinho, onde se encontram as comunidades que
fazem o uso do fogo de maneira indiscriminada para limpeza de áreas e renovação de pastagens;
◾Nas proximidades da estrada que corta a ESEC de norte a sul, devido à presença de caçadores
que queimam com a finalidade de gerar rebrotas para alimentação da fauna silvestre.
131
Figura 6 – Distribuição dos focos de calor ao longo dos meses no período de 07/1998 a 07/1999 na Estação
Ecológica de Uruçuí-Una. Fonte: Os autores (2021).
Figura 7 – Distribuição dos focos de calor ao longo dos meses no período de 07/2019 a 07/2020 na Estação
Ecológica de Uruçuí-Una. Fonte: Os autores (2021).
132
No período de 1997/1999 a precipitação total foi de 1.519mm e a média da
temperatura foi de 26,11°C. Contudo, quando considerado somente o ano anterior ao
início do período analisado dos focos de calor, a precipitação foi de 793,40mm e a média da
temperatura de 26,32°C. No período de 2018/2020 a precipitação foi de 1.957,30mm e a
média da temperatura de 28,73°C, enquanto, somente no ano anterior ao início dos dados
analisados de focos de calor a precipitação foi de 1.215,30mm e a média da temperatura de
29,68°C. Com isso, é possível observar que no período de 2018/2020 tanto a precipitação,
quanto a temperatura foram superiores ao período de 1997/1999, sobretudo no ano anterior
ao início das análises dos focos de calor. O período de 2018/2020 apresentou características de
temperatura mais propicias à ocorrência de focos de calor, porém, o contrário foi observado
com a precipitação.
Figura 8 – Precipitação e Temperatura média mensal entre 07/1997 a 07/1999 e 07/2018 a 07/2020, da Estação
Meteorológica Convencional de Bom Jesus-PI. Fonte: Os autores (2021).
133
Uso e Cobertura do Solo
A partir das imagens dos satélites Landsat 7 e 8 foi possível realizar a classificação
supervisionada por máxima verossimilhança, determinando diferentes classes da cobertura
do solo (mata úmida, vegetação de cerrado, vegetação rala e solo exposto/cultivos) da Estação
Ecológica de Uruçuí-Una nos anos de 1999 e 2020, ambas do mês de julho (Figuras 9 e 10).
Figura 9 – Classes de uso e cobertura do solo da ESEC de Uruçuí-Una do ano de 1999. Fonte: Os autores (2021).
Figura 10 – Classes de uso e cobertura do solo da ESEC de Uruçuí-Una do ano de 2020. Fonte: Os autores (2021).
134
No ano de 1999 a maior extensão de área foi a da vegetação de Cerrado, com 63,31%
(854,75km²) (Tabela 1), ocupando, principalmente, o centro da Estação, considera-se parte
dessa classe as fitofisionomias dos cerrados sensu stricto, os cerradões e matas secas. Em seguida
a vegetação rala, com 31,55% (425,99km²). A maior parte dessa classe se encontra a leste e oeste
da Estação, bordas e nas regiões com maiores declives. Fitofisionomias como campos limpos e
sujos, além dos cerrados rupestres que fazem parte dessa classe.
Tabela 1 – Detalhamento das classes de uso e cobertura de solo da Estação Ecológica de Uruçuí-Una de 1999 e
2020.
135
O aumento expressivo da área de solo exposto/cultivo no ano de 2020, em comparação
com o ano de 1999, foi de 3,79 vezes maior, o que representa um aumento de 379%. Isso pode
ter-se dado por conta da ampliação das atividades econômicas em torno da Estação, em muitos
casos ultrapassando a zona de amortecimento e até mesmo dentro dos limites da ESEC (Figura
11). A zona de amortecimento é definida segundo a Lei Federal n°9.985/2000 como o “entorno
de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições
específicas, com o propósito de minimizar impactos negativos sobre a unidade” (BRASIL,
2000).
Figura 11 – Imagens de satélites da ESEC de Uruçuí – Una dos anos de 1999 e 2020 e suas respectivas zonas de
amortecimentos. Fonte: Os autores (2021).
Com base nessas premissas foi usado para a Figura 11 uma área de amortecimento
de 10km em torno da ESEC. Como pode ser observado, já não se respeitava a zona de
amortecimento desde 1999. No ano de 2020 as áreas com atividades humanas são muito
maiores, praticamente em todas as direções, além de ter uma área considerável adentrando aos
limites da Estação, ao Sul. Na mesma imagem é possível observar que a maior parte da região do
entorno foi desmatada para dar lugar ao agronegócio.
136
A fragmentação na zona de amortecimento pode causar o efeito de borda nas UCs,
onde as condições ambientais mudam bruscamente nas partes externas, causando o aumento da
incidência de radiação solar, diminuição da umidade relativa do ar e aumento de temperaturas,
além de ficarem expostas à invasão de espécies adaptadas a habitats abertos (KAPOS, 1989).
Ademais, outro motivo que pode ter influenciado na alteração da cobertura do solo
pode ter sido o aumento do regime de incêndios na estação (como destacado anteriormente),
assim como o uso do solo pelas comunidades, para pastagens e plantios de subsistência.
Figura 12 – Distribuição espacial do NDVI da Estação Ecológica de Uruçuí-Una do ano de 1999. Fonte: Os
autores (2021).
137
Figura 13 – Distribuição espacial do NDVI da Estação Ecológica de Uruçuí-Una do ano de 2020. Fonte: Os
autores (2021).
138
Tabela 2 – Detalhamento das classes de NDVI da Estação Ecológica de Uruçuí-Una de 1999 e 2020.
CONCLUSÕES
Através das observações e análises espaciais foi possível observar que a ESEC de Uruçuí
– Una, que deveria exercer a função de proteção de uma amostra de Cerrado – apresentou
mais ocorrências de focos de calor, maior área de solo exposto, além de possíveis áreas em
estado de regeneração, no ano de 2020 quando comparado com o ano de 1999, o que se deve,
principalmente, à pressão antrópica tanto no interior quanto no entorno da Estação. A UC
se configura como uma amostra valiosa para a preservação do Cerrado. Todavia, as imagens
dão conta da forte alteração que a vegetação já sofreu, o que põe em risco o cumprimento
do objetivo da UC. Ações de educação ambiental tornam-se indispensáveis para resguardar
amostras da fauna e flora ali contidas.
139
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142
3
Fauna em Unidades de
Conservação do Piauí
Capítulo
8
HERPETOFAUNA DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO
ESTADO DO PIAUÍ, NORDESTE DO BRASIL
Davi Lima Pantoja
Etielle Barroso de Andrade
Robson Waldemar Ávila
Ronildo Alves Benício
Vitor Hugo Gomes Lacerda Cavalcante
Guarino Rinaldi Colli
Adrian Antonio Garda
Daniel Oliveira Mesquita
Wáldima Alves da Rocha
Gisele do Lago Santana
Geovania Figueiredo da Silva
Juliana de Sousa Silva
Marcélia Basto da Silva
INTRODUÇÃO
144
pererecas), Gymnophiona (cobras-cegas/cecílias) e Caudata (salamandras e tritões). Os répteis
são agrupados em quatro ordens: Squamata (lagartos, serpentes e anfisbênias), Crocodylia
(jacarés, crocodilos e gaviais), Testudines (tartarugas, jabutis e cágados) e Rhynchocephalia
(tuataras) (VITT; CALDWELL, 2014). Tritões, crocodilos, gaviais e tuataras não ocorrem no
Brasil.
145
urbanização etc. (HAYES et al., 2010; BÖHM et al., 2013).
Cerca de 8.442 espécies de anfíbios são conhecidas (FROST, 2021), sendo o Brasil o
país com a maior diversidade: 1.188 espécies distribuídas em 1.144 anuros, 39 cecílias e cinco
salamandras (SEGALLA et al., 2021). Quanto aos répteis, são conhecidas 11.690 espécies
(UETZ et al., 2021), e destas, 848 ocorrem no Brasil, sendo 38 quelônios, 6 crocodilianos e 804
squamatas (430 serpentes, 82 anfisbênias e 292 “lagartos”) (COSTA; GUEDES; BÉRNILS,
2021). Contudo, existe um grande número de espécies ainda não descritas formalmente pela
ciência, o que é evidenciado pelo número crescente de espécies descritas nos últimos anos (por
exemplo, ASCENSO; COSTA; PRUDENTE, 2019; PEREZ; BORGES-MARTINS, 2019;
ANDRADE et al., 2020; RIBEIRO‐JÚNIOR et al., 2021). Algumas, como fruto de esforços
amostrais realizados inclusive dentro das unidades de conservação (UCs) do Piauí (por exemplo,
BOUR; ZAHER, 2005; ARIAS et al., 2011; SILVA; ÁVILA-PIRES, 2013).
O território ocupado pelas UCs do Piauí cobre 11,17% da área do estado, a maior
parte sob gestão de uso sustentável, principalmente da categoria Área de Proteção Ambiental
(LEITE; IVANOV, 2020), uma das mais permissivas, e menos efetivas na conservação da
biodiversidade (SIANI et al., 2019). A despeito da existência de um número considerável de
UCs no estado, ainda existem muitas vulnerabilidades e ameaças em curso, que comprometem
146
o alcance dos objetivos das mesmas (DIAS et al., 2020; LIMA, 2020). Espécies ameaçadas de
extinção têm recebido relevante proteção por ocorrerem nas UCs do estado (SANTANA et al.,
2020), porém, a falta de fiscalização e controle sobre atividades de caça e desmatamento dentro
das UCs continuam sendo enormes ameaças.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
147
O Piauí possui 251.755,485 km2 de extensão territorial (IBGE, 2021), ocupando
aproximadamente 16,20% da região Nordeste e 2,95% do território nacional (CEPRO, 2019),
sendo o terceiro maior estado do Nordeste, menor apenas do que a Bahia e o Maranhão. Situado
entre as latitudes 2º44’22” e 10º55’44” Sul e longitudes 40º22’14” e 45º59’39” Oeste, o Piauí
limita-se com os estados do Ceará e Pernambuco a leste, Bahia a sudeste, Tocantins a sudoeste,
o curso do rio Parnaíba fronteira com o estado do Maranhão, e no seu litoral ao norte, com o
oceano Atlântico (CEPRO, 2019). Administrativamente está dividido em 224 municípios e
possui aproximadamente 3.289.290 habitantes (IBGE, 2021).
A coleta de dados foi realizada por meio da compilação de todo material bibliográfico
sobre a ocorrência de espécies de anfíbios e répteis nas UCs do Piauí, considerando livros,
capítulos de livros, artigos completos e notas científicas, de âmbito nacional e internacional,
disponíveis em bibliotecas e na internet, teses, dissertações e demais trabalhos acadêmicos de
conclusão de curso, defendidos e formalmente depositados em bibliotecas públicas. As buscas
foram realizadas no período de janeiro de 2016 a dezembro de 2021, orientadas pelas palavras-
chaves “herpetofauna, répteis do Piauí, anfíbios do Piauí, e Unidades de Conservação do Piauí”
148
(em português e em inglês), nas seguintes plataformas: Google, Google Acadêmico, Scielo
- Scientific Electronic Library, Web of Science e Periódicos CAPES. Os acervos dos seguintes
periódicos científicos também foram consultados: Herpetological Review, Biota Neotropica,
Papéis Avulsos de Zoologia, Check List, Herpetology Notes.
A herpetofauna das UCs do Piauí foi descrita por meio da lista de espécies com
ocorrência confirmada (ou seja, registros válidos), riqueza e composição taxonômica. As
lacunas de conhecimento foram inferidas pelo contraste entre os montantes de trabalhos
publicados, e registros realizados por UC. Adicionalmente, nós quantificamos o status de
conservação de cada espécie conforme as categorias de ameaça da classificação disponível na
Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (ICMBio, 2018) e pela
União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, 2021).
RESULTADOS
149
tratamos essas duas UCs de forma conjunta.
Figura 1 - Mapa de localização das unidades de conservação do Piauí já estudadas quanto à sua herpetofauna.
Fonte: autoria própria.
Quanto aos biomas e domínios vegetacionais contemplados pelas UCs para as quais há
estudos sobre a herpetofauna, encontramos Cerrado e Caatinga, bem como ambientes florestais
(matas estacionais e matas de babaçu) e marinho-costeiro (mosaico de tipos vegetacionais
litorâneos). Uma única UC possui área marinho-costeira, a APADP; duas contemplam áreas
típicas de Cerrado, EEUU e PNSCi/APASI; cinco de Caatinga, APACA, PNSCa, PNSCi/
APASI e PNSCo; e quatro de floresta, FNP, PNSCi/APASI, PNSCo (Quadro 1). Três UCs
150
(PNSCi/APASI e PNSCo) são compostas por mais de um bioma ou domínio vegetacional.
Quadro 1 - Lista das publicações com registros de espécies da herpetofauna para unidades de conservação do Piauí,
seus respectivos biomas, disponibilidade de vegetação florestal ou ambiente costeiro. Anfíbios (Anf); Répteis
(Rép); Cerrado (Cer); Caatinga (Caa); Floresta (Flo); Marinho-Costeiro (Mar).
151
Anf Rép Cer Caa Flo Mar
Silva et al., 2013 X
Parque Nacional de Sete Cidades / Área de Proteção Ambiental Serra da Ibiapaba
Andrade et al., 2011 X
Annunziata et al., 2007 X
Annunziata et al., 2009 X
Araújo et al., 2020b X
Araújo et al., 2021 X
Narvaes e Rodrigues, 2009 X
Rocha e Prudente, 2010 X
Sena et al., 2021 X
Silva e Ávila-Pires, 2013 X
Vasconcelos et al., 2014 X
Parque Nacional da Serra das Conf usões
Arias et al., 2011 X
Bour e Zaher, 2005 X
Dal Vechio et al., 2016 X X
Delfim, 2012 X
Guedes et al., 2014 X
Miralles e Carranza, 2010 X
Nogueira, 2006 X
Nogueira e Rodrigues, 2006 X
Rodrigues et al., 2001 X
Silva e Ávila-Pires, 2013 X
Parque Nacional da Serra da Capivara
Cavalcanti et al., 2014 X X
Delfim, 2012 X
Nogueira, 2006 X
Pelegrin et al., 2017 X
Recoder et al., 2018 X
Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe
Ribeiro et al., 2015 X X
152
Figura 2 - Riqueza de espécies da herpetofauna registrada em unidades de conservação no estado do Piauí.
EEUU - Estação Ecológica de Uruçuí-Una; APADP - Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba; PNSCo -
Parque Nacional da Serra das Confusões; PNSCi - Parque Nacional de Sete Cidades / APASI - Área de Proteção
Ambiental Serra da Ibiapaba; PNSCa - Parque Nacional da Serra da Capivara; APACA - Área de Proteção
Ambiental Chapada do Araripe e FNP - Floresta Nacional de Palmares.
153
Foram recuperados 1.331 registros de anfíbios (1.327 anuros e quatro gimnofionos)
no estado do Piauí dentro de UCs, distribuídos em 50 espécies e oito famílias (Tabela 1, Apêndice
1). A ordem Anura apresentou a maior riqueza de famílias (seis) e de espécies (47), enquanto
Gymnophiona foi representada apenas por duas famílias e três espécies. As famílias com maior
riqueza de espécies foram Hylidae (18 espécies), Leptodactylidae (17) e Bufonidae (seis),
seguidas de Microhylidae (três), Phyllomedusidae e Siphonopidae (duas). Odontophrynidae e
Typhlonectidae foram as menos diversas, com apenas uma espécie cada. As famílias com maior
número de registros foram Leptodactylidae (627 registros), Hylidae (309) e Bufonidae (215),
enquanto Odontophrynidae (22), Siphonopidae (três) e Typhlonectidae (um) apresentaram
menor número de indivíduos registrados. As espécies mais registradas foram Physalaemus
cuvieri (255), Scinax gr. ruber (95) e Rhinella mirandaribeiroi (91). Seis espécies apresentaram
um único registro: Boana punctata, Chthonerpeton tremembe, Leptodactylus podicipinus, Scinax
fuscovarius, Scinax sp. e Siphonops sp.
Tabela 1 - Lista de espécies de anfíbios em unidades de conservação do Piauí, e número de registros. APACA
- Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe; APADP - Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba;
EEUU - Estação Ecológica de Uruçuí-Una; PNSCa - Parque Nacional da Serra da Capivara; PNSCo - Parque
Nacional da Serra das Confusões; e PNSCi - Parque Nacional de Sete Cidades, abarcado pela APASI - Área de
Proteção Ambiental Serra da Ibiapaba, que reúne um único registro fora do PNSCi, Leptodactylus aff. syphax.
Para a fonte dos dados, veja o Quadro 1.
154
APADP EEUU PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Dendropsophus minutus (Peters,
1 3 1 5
1872)
Dendropsophus nanus (Boulenger,
12 20 32
1899)
Dendropsophus rubicundulus (Rei-
1 12 5 18
nhardt e Lütken, 1862)
Dendropsophus soaresi (Caramaschi
1 42 1 1 45
e Jim, 1983)
Osteocephalus taurinus Steindach-
7 7
ner, 1862
Scinax fuscomarginatus (Lutz,
2 12 1 15
1925)
Scinax fuscovarius (Lutz, 1925) 1 1
Scinax gr. ruber (Laurenti, 1768) 3 84 1 7 95
Scinax nebulosus (Spix, 1824) 1 1 2
Scinax sp. 1 1
Scinax x-signatus (Spix, 1824) 15 1 4 20
Trachycephalus typhonius (Lin-
1 14 1 16
naeus, 1758)
Leptodactylidae 91 342 28 13 151 1 627
Adenomera cf. hylaedactyla
2 2
(Cope, 1868)
Adenomera juikitam Carvalho e
50 1 25 76
Giaretta, 2013
Leptodactylus aff. mystaceus (Spix,
1 9 10
1824)
Leptodactylus aff. syphax (Boker-
1 5 10 16
mann, 1969)
Leptodactylus fuscus (Schneider,
9 12 1 2 24
1799)
Leptodactylus macrosternum (Mi-
6 1 3 10
randa-Ribeiro, 1926)
Leptodactylus natalensis (Lutz,
2 2
1930)
Leptodactylus podicipinus (Cope,
1 1
1862)
Leptodactylus pustulatus (Peters,
6 1 7
1870)
Leptodactylus troglodytes Lutz,
2 33 1 2 32 1 71
1926
Leptodactylus vastus Lutz, 1930 4 23 1 5 5 38
Physalaemus albifrons (Spix, 1824) 13 1 6 20
155
APADP EEUU PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Physalaemus centralis Bokermann,
5 4 9
1962
Physalaemus cuvieri Fitzinger,
3 191 1 1 59 255
1826
Physalaemus kroyeri (Reinhardt e
12 12
Lütken, 1862)
Pleurodema diplolister (Peters,
15 1 16
1870)
Pseudopaludicola mystacalis
29 27 1 57
(Cope, 1887)
Microhylidae 5 38 2 40 1 85
Dermatonotus muelleri (Boettger,
1 20 1 40 1 63
1885)
Elachistocleis carvalhoi Caramas-
18 18
chi, 2010
Elachistocleis piauiensis Caramas-
4 1 5
chi e Jim, 1983
Odontophrynidae 2 1 19 22
Proceratophrys cristiceps (Müller,
2 1 19 22
1883)
Phyllomedusidae 12 44 1 11 68
Pithecopus azureus (Cope, 1862) 44 44
Pithecopus gonzagai Andrade,
Haga, Ferreira, Recco-Pimentel, 12 1 11 24
Toledo e Bruschi, 2020
Gymnophiona 1 1 2 4
Siphonopidae 1 2 3
Siphonops paulensis (Boettger,
2 2
1892)
Siphonops sp. 1 1
Typhlonectidae 1 1
Chthonerpeton tremembe Maciel,
Leite, Silva-Leite, Leite e Cascon, 1 1
2015
Total 179 807 50 27 265 2 1331
156
A ordem Testudines apresenta três famílias e nove espécies e a ordem Crocodylia apenas uma
família e uma espécie registrada. As famílias com maior riqueza foram Dipsadidae (29 espécies),
Colubridae (13) e Teiidae (10), seguidas de Gymnophthalmidae (6), Tropiduridae (6),
Amphisbaenidae (5), Cheloniidae (5), Boidae (4), Gekkonidae (4), Mabuyidae (4), Viperidae
(4), Chelidae (3), Dactyloidae (2), Elapidae (2), Leptotyphlopidae (2), Phyllodactylidae (2)
e Sphaerodactylidae (2). Alligatoridae, Emydidae, Iguanidae, Hoplocercidae, Leiosauridae,
Polychrotidae e Typhlopidae foram as menos diversificadas, com apenas uma espécie cada.
Dentre as famílias registradas, Tropiduridae foi a que teve maior abundância (840 registros),
seguida por Gymnophthalmidae (652), Teiidae (605), Dipsadidae (492), Viperidae (130),
Gekkonide (105) e Colubridae (101). As famílias Polychrotidae (6), Cheloniidae (5),
Typhlopidae (5) e Alligatoridae (4) foram as menos abundantes, com menos de dez registros.
As espécies mais abundantemente registradas foram: Micrablepharus maximiliani (346),
Tropidurus oreadicus (301), Ameiva ameiva (249) e Tropidurus hispidus (227). Para 21 espécies
as publicações indicam um único registro (Tabela 2).
Tabela 2 - Lista de espécies de répteis em unidades de conservação do Piauí, e número de registros. EEUU - Estação
Ecológica de Uruçuí-Una; APADP - Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba; PNSCo - Parque Nacional da
Serra das Confusões; PNSCa - Parque Nacional de Serra da Capivara; PNSCi - Parque Nacional de Sete Cidades;
FNP - Floresta Nacional de Palmares. Para a fonte dos dados, veja o Quadro 1. A serpente Leptophis dibernardoi
Albuquerque, Santos, Borges-Nojosa e Ávila, 2022 foi descrita após o fechamento desde capítulo, e por essa razão
não aparece listada na tabela, embora tenha sido registrada no PNSCa
157
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Gymnophthalmidae 1 267 217 165 2 652
Calyptommatus con-
fusionibus Rodrigues, 24 24
Zaher e Curcio, 2001
Colobosaura modesta
(Reinhardt e Lütken, 72 76 148
1862)
Colobosauroides carva-
lhoi Soares e Caramas- 18 18
chi, 1998
Micrablepharus maxi-
miliani (Reinhardt e 195 103 47 1 346
Luetken, 1861)
Procellosaurinus ery-
throcercus Rodrigues, 96 18 114
1991
Vanzosaura multiscu-
1 1 2
tata (Amaral, 1933)
Hoplocercidae 28 26 54
Hoplocercus spinosus
28 26 54
Fitzinger, 1843
Iguanidae 1 9 1 2 13
Iguana iguana Lin-
1 9 1 2 13
naeus, 1758
Leiosauridae 8 18 1 27
Enyalius bibronii
8 18 1 27
Boulenger, 1885
Mabuyidae 1 18 6 47 1 73
Brasiliscincus heathi
(Schmidt e Inger, 1 19 20
1951)
Copeoglossum arajara
(Rebouças-Spieker, 1 1
1981)
Copeoglossum nigro-
punctatum (Spix, 18 6 17 41
1825)
Notomabuya frenata
11 11
(Cope, 1862)
Phyllodactylidae 26 35 14 2 77
Gymnodactylus ge-
1 1 2
ckoides Spix, 1825
158
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Phyllopezus pollicaris
26 34 14 1 75
(Spix, 1825)
Polychrotidae 6 6
Polychrus acutirostris
6 6
Spix, 1825
Sphaerodactylidae 1 37 1 39
Coleodactylus brachys-
31 1 32
toma (Amaral, 1935)
Coleodactylus meri-
dionalis (Boulenger, 1 6 7
1888)
Teiidae 5 385 1 1 74 137 2 605
Ameiva ameiva Lin-
1 199 16 32 1 249
naeus, 1758
Ameivula cf. mum-
162 162
buca
Ameivula confusioni-
ba (Arias, Carvalho,
57 57
Rodrigues e Zaher,
2011)
Ameivula ocellifera
1 37 38
(Spix, 1825)
Ameivula pyrrhogula-
ris (Silva e Avila-Pires, 1 1 2
2013)
Glaucomastix vene-
tacauda (Arias, De
20 46 66
Carvalho, Rodrigues
e Zaher, 2011)
Kentropyx calcarata
1 8 9
Spix, 1825
Salvator merianae
(Duméril e Bibron, 1 1 1 2 5
1839)
Tupinambis quadri-
lineatus Manzani e 15 1 16
Abe, 1997
Tupinambis teguixin
1 1
Linnaeus, 1758
Tropiduridae 1 351 340 145 3 840
Stenocercus squarrosus
Nogueira e Rodri- 5 25 1 31
gues, 2006
159
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Tropidurus helenae
(Manzani e Abe, 103 103
1990)
Tropidurus hispidus
1 4 136 85 1 227
(Spix, 1825)
Tropidurus jaguari-
banus Passos, Lima e 1 1
Borges-Nojosa, 2011
Tropidurus oreadicus
301 301
Rodrigues, 1987
Tropidurus semitae-
46 96 35 177
niatus (Spix, 1825)
Squamata –
serpentes 34 543 53 96 23 48 5 802
Boidae 5 19 6 5 2 4 41
Boa constrictor
1 6 4 3 14
Linnaeus, 1758
Corallus hor-
tulana (Lin- 1 6 1 2 3 13
naeus, 1758)
Epicrates assisi
1 3 1 1 1 7
Machado, 1945
Eunectes
murinus (Lin- 2 4 1 7
naeus, 1758)
Colubridae 8 36 26 14 3 13 1 101
Chironius
carinatus (Lin- 1 1
naeus, 1758)
Chironius exo-
letus (Linnaeus, 1 1
1758)
Chironius fla-
volineatus Jan, 1 14 1 16
1863
Chironius fus-
cus (Linnaeus, 1 1
1758)
Drymarchon
corais (Boie, 1 3 3 7
1827)
160
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Drymoluber
brazili (Gomes, 3 3
1918)
Leptophis
ahaetulla (Lin- 1 2 2 3 1 9
naeus, 1758)
Mastigodryas
boddaerti 2 10 12
(Sentzen, 1796)
Oxybelis aeneus
1 1 2 2 1 7
(Wagler, 1824)
Oxybelis fulgi-
dus (Daudin, 1 1
1803)
Palusophis bi-
fossatus (Raddi, 6 6
1820)
Spilotes pulla-
tus (Linnaeus, 1 6 10 4 1 3 25
1758)
Tantilla mela-
nocephala (Lin- 1 5 1 2 2 1 12
naeus, 1758)
Dipsadidae 19 347 18 63 16 25 4 492
Apostolepis cea-
rensis Gomes, 1 11 2 1 10 1 26
1915
Apostolepis
polylepis Ama- 1 1
ral, 1922
Boiruna ser-
taneja Zaher, 1 1
1996
Boiruna sp. 2 2
Dipsas mikanii
(Schlegel, 1 1
1837)
Erythrolam-
prus miliaris
1 1
(Linnaeus,
1758)
161
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Erythrolam-
prus poecilo-
gyrus (Wie- 1 62 2 65
d-Neuwied,
1824)
Erythrolam-
prus reginae
17 17
(Linnaeus,
1758)
Erythrolam-
prus taeniogas- 3 3
ter (Jan, 1863)
Erythrolam-
prus viridis
4 1 5
(Günther,
1862)
Helicops an-
gulatus (Lin- 7 7
naeus, 1758)
Helicops leopar-
dinus (Schlegel, 1 1
1837)
Hydrodynastes
gigas (Duméril,
1 1
Bibron e Du-
méril, 1854)
Hydrops trian-
gularis (Wagler, 8 8
1824)
Imantodes cen-
choa (Linnaeus, 1 1
1758)
Leptodeira
annulata (Lin- 1 3 4
naeus, 1758)
Lygophis pau-
cidens Hoge, 1 2 3
1952
Oxyrhopus
rhombifer Du-
14 14
meril, Bibron e
Dumeril, 1854
162
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Oxyrhopus tri-
geminus Du-
1 20 3 9 2 3 38
meril, Bibron e
Dumeril, 1854
Philodryas nat-
tereri (Steinda- 1 30 2 1 4 1 1 40
chner, 1870)
Philodryas
olfersii (Lich- 6 17 2 1 1 1 28
tenstein, 1823)
Pseudoboa ni-
gra Dumeril,
1 2 6 1 5 1 16
Bibron e Du-
meril, 1854
Psomophis
joberti (Sauva- 1 15 2 18
ge, 1884)
Rodriguesophis
iglesiasi (Go- 4 1 1 6
mes, 1915)
Taeniophallus
occipitalis (Jan, 3 4 1 8
1863)
Thamnodynas-
tes hypoconia 1 3 4
(Cope, 1860)
Thamnody-
nastes phoenix
Franco, Trevi- 17 24 6 1 48
ne, Montingelli
e Zaher, 2017
Xenodon mer-
remii (Wagler, 1 110 4 6 1 1 123
1824)
Xenodon natte-
reri (Steindach- 1 1 2
ner, 1867)
Elapidae 1 7 3 9 20
Micrurus ibibo-
boca (Merrem, 1 7 9 17
1820)
Micrurus lem-
niscatus (Lin- 3 3
naeus, 1758)
163
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Leptotyphlopidae 8 5 13
Trilepida fuliginosa
(Passos, Caramaschi e 5 5
Pinto, 2006)
Trilepida brasiliensis
8 8
(Laurent, 1949)
Typhlopidae 5 5
Amerotyphlops
brongers-
5 5
mianus (Van-
zolini, 1976)
Viperidae 1 121 5 2 1 130
Bothrops gr.
1 1
atrox
Bothrops lutzi
(Miranda-Ri- 2 2 4
beiro, 1915)
Bothrops mooje-
104 104
ni Hoge, 1966
Crotalus duris-
sus Linnaeus, 15 5 1 21
1758
Squamata –
2 44 9 1 56
anfisbênias
Amphisbae-
2 44 9 1 56
nidae
Amphisbaena
alba Linnaeus, 1 8 1 10
1758
Amphisbaena
frontalis Van- 5 5
zolini, 1991
Amphisbaena
miringoera 5 1 6
Vanzolini, 1971
Amphisbaena
vermicularis 1 17 2 20
Wagler, 1824
Leposternon
polystegum 14 1 15
(Uétz, 2014)
Crocodylia 1 3 4
Alligatoridae 1 3 4
164
APADP EEUU FNP PNSCi PNSCa PNSCo APACA TOTAL
Caiman cro-
codilus (Lin- 1 3 4
naeus, 1758)
Testudines 12 4 1 1 12 30
Chelidae 1 4 1 12 18
Mesoclemmys
perplexa (Bour 6 6
e Zaher, 2005)
Mesoclemmys
tuberculata
1 1 6 8
(Luederwaldt,
1926)
Phrynops
geoffroanus
4 4
(Schweigger,
1812)
Cheloniidae 5 5
Caretta caretta
(Linnaeus, 1 1
1758)
Chelonia my-
das (Linnaeus, 1 1
1758)
Dermochelys
coriacea (Van- 1 1
delli, 1761)
Eretmochelys
imbricata (Lin- 1 1
naeus, 1766)
Lepidochelys
olivacea (Eschs- 1 1
choltz, 1829)
Emydidae 6 1 7
Trachemys
adiutrix Van- 6 1 7
zolini, 1995
Total 60 1776 54 98 756 641 18 3404
165
gonzagai, Chthonerpeton tremembe) não foram avaliadas (NE, Not Evaluated) (Figura 4).
Nacionalmente, o número de espécies avaliadas como LC é maior (n = 46), e apenas duas (P.
gonzagai, C. tremembe) não foram avaliadas.
Para répteis, embora a maioria das espécies (85%, n = 94 spp.) também tenha sido
avaliada como LC, há registros de, pelo menos, sete espécies ameaçadas de extinção (uma
anfisbênia e seis tartarugas), sendo três (Amphisbaena frontalis, Chelonia mydas, Trachemys
adiutrix) “em perigo” (EN, Endangered), três (Caretta caretta, Dermochelys coriacea,
Lepidochelys olivacea) “vulnerável” (VU, Vulnerable), e uma (Eretmochelys imbricata)
“criticamente em perigo” (CR, Critically Endangered). Além disso, cinco espécies (Norops
meridionalis, Thamnodynastes phoenix, Mesoclemmys perplexa, Mesoclemmys tuberculata
e Phrynops geoffroanus) não foram avaliadas (NE) e três (Colobosauroides carvalhoi,
Micrurus ibiboboca e Tropidurus jaguaribanus) apresentam “dados insuficientes” para
avaliação (DD) (Figura 5). Nacionalmente, o número de espécies avaliadas como LC sobe
para 98, entretanto, duas espécies (T. adiutrix e T. jaguaribanus) são listadas como “quase
ameaçada” (NT, Near Threatened), e sobe para dois (D. coriacea, E. imbricata) o número
de espécies criticamente em perigo.
Figura 4 - Número de espécies de anfíbios de acordo com o status de conservação da IUCN: LC - Menor
Preocupação; NE - Não Avaliada; e DD - Dados Insuficientes.
166
Figura 5 - Número de espécies de répteis de acordo com o status de conservação da IUCN: LC - Menor
Preocupação; NE - Não Avaliada; VU - Vulnerável; EN - Em Perigo; DD - Dados Insuficiente; e CR -
Criticamente em Perigo.
DISCUSSÃO
A maior parte dos estudos herpetofaunísticos realizados nas UCs do Piauí é focada
apenas nos répteis, o que pode estar refletindo a maior disponibilidade de material coletado
(3.404 espécimes de répteis vs. 1.331 de anfíbios), mas potencialmente reflete apenas uma
preferência momentânea dos pesquisadores, mais focados nos répteis do que nos anfíbios. O
montante total de estudos (41 publicações) corresponde a cerca de 45% do total de estudos já
realizados no estado (aproximadamente 90) (veja SILVA, 2017 e publicações posteriores), o
que significa que parte substancial da pesquisa científica sobre a herpetofauna do Piauí ocorre
167
com material vindo de suas UCs. O grande interesse dos pesquisadores pelas UCs reflete a
importância que elas têm, seja pelo valor de sua biodiversidade ou por facilitarem a realização
de pesquisas científicas. As UCs mantêm áreas ainda preservadas em regiões chave para
compreensão da biodiversidade, e muitas delas podem apresentar infraestrutura e organizações
logísticas que apoiam a realização de pesquisas científicas nestas áreas. No entanto, quase
metade das UCs cuja herpetofauna já foi estudada (i.e., APACA, APASI e EEUU) ainda não
dispõe de Plano de Manejo.
Scinax sp. no PNSCo (DAL VECHIO et al., 2016) e Siphonops sp. no PNSCa
(CAVALCANTI et al., 2014) se referem a registros de anfíbios sem identificação específica
disponível, mas são claramente apresentados na bibliografia como táxons distintos dos demais.
De forma similar, os nomes syphax nos PNSCa, PNSCi e PNSCo (CAVALCANTI et al., 2014;
DAL VECHIO et al., 2016; ARAÚJO et al., 2020b) e mystaceus nos PNSCi e PNSCo (DAL
VECHIO et al., 2016; ARAÚJO et al., 2020b) têm sido utilizados sob diferentes formatos para
se referirem a alguma linhagem de Leptodactylus sabidamente não descrita (DAL VECHIO
et al., 2016; SILVA et al., 2020). Nestes dois últimos casos, o argumento “aff.” foi utilizado
para sinalizar a ausência de identificação definitiva. Os registros de Scinax gr. ruber claramente
englobam pelo menos duas espécies (DAL VECHIO et al., 2013) com ocorrência em mais de
uma UC (veja em DAL VECHIO et al., 2016; ARAÚJO et al., 2020a,b). Como não é possível
distingui-los entre as diferentes UCs sem examinar o material coletado, todos os registros do
grupo ruber foram alocados sob um mesmo táxon, Scinax gr. ruber. Ademais, mesmo com a
análise de material coletado, a distinção entre S. ruber, S. fuscovarius, S. x-signatus e S. nasicus
é difícil, e esses nomes têm sido atribuídos sem muita consistência a materiais coletados em
campo. Recentemente, S. x-signatus foi re-definida (ARAUJO-VIEIRA et al., 2020), e dados
genéticos confirmam sua ocorrência no Piauí (SILVA; GARDA, dados não publicados). Tanto
na EEUU quanto no PNSCo ao menos uma das espécies aqui apresentadas sob o mesmo táxon
(Scinax gr. ruber) potencialmente correspondem a S. x-signatus (DAL VECHIO et al., 2013).
168
A população de Pseudopaludicola da EEUU foi tratada por Dal Vechio et al. (2013)
como Pseudopaludicola cf. mystacalis. A incerteza taxonômica sobre esta população, que está no
município de Baixa Grande do Ribeiro, abre a possibilidade de que se trate da espécie P. canga,
que ocorre no município vizinho, Ribeiro Gonçalves, porém ainda não registrada dentro da
UC (ROBERTO; CARDOZO; ÁVILA, 2013; ANDRADE et al., 2020). Desde o primeiro
registro de Physalaemus kroyeri para o Piauí, no PNSCi (ANNUNZIATA; CASTRO;
FONTENELE, 2009), essa espécie não foi mais registrada no estado, mesmo após esforços
substanciais de inventário no PNSCi (ARAÚJO et al., 2020b). Devido a similaridade de P.
kroyeri com outras espécies de Physalaemus que ocorrem no PNSCi, a afinidade de P. kroyeri
com áreas de Mata Atlântica e Caatinga no nordeste brasileiro, e ausência de outros registros
da espécie no estado, é possível que este registro de 2009 trate-se de outra espécie, por exemplo,
P. cuvieri, P. albifrons ou P. centralis. Outro registro sob incerteza taxonômica é Adenomera cf.
hylaedactyla na APADP (ARAÚJO et al., 2020a).
Quanto aos répteis, Boiruna sp. na EEUU (DAL VECHIO et al., 2013) e Bothrops
gr. atrox na APADP (ARAÚJO et al., 2020a) não possuem identificação específica disponível,
mas são claramente apresentadas como táxons distintos dos demais. Algumas espécies também
foram citadas na bibliografia, reivindicando sua ocorrência dentro ou próximo a UCs do
Piauí, mas sem explicitar de forma consistente a existência de material testemunho específico
depositado em coleção científica. A tomar por base a abrangência geográfica e ecologia
conhecida das espécies, em alguns casos, a ocorrência em certas UCs é até bem esperada, como
por exemplo: Colobosauroides carvalhoi no PNSCo (MAGALHÃES-JÚNIOR et al., 2017);
Bothrops erythromelas Amaral, 1923 no PNSCa (GUEDES; NOGUEIRA; MARQUES,
2014); Iguana iguana e Boa constrictor na APACA (RIBEIRO et al., 2015); Epicrates crassus
Cope, 1862 e Erythrolamprus almadensis (Wagler in Spix, 1824) na EEUU (NOGUEIRA et
al., 2019; COSTA; GUEDES; BÉRNILS, 2021); e Paleosuchus palpebrosus (Cuvier, 1807) e
Phrynops geoffroanus na APADP (MAI; LOEBMANN, 2010; ARAÚJO et al., 2020a).
169
e Carranza (2010) foi utilizado por Whiting et al. (2006) e Dal Vechio et al. (2016) sob o nome B.
heathi. Assim, o táxon B. agilis não é considerado existente no estado do Piauí (COSTA; GUEDES;
BÉRNILS, 2021).
170
MONTEIRO, 2005). O espaçamento geográfico entre as UCs já estudadas, o distanciamento
entre os registros, os tipos de ambientes disponíveis ainda não amostrados e a presença de fortes
ameaças aos hábitats são fatores que nos mostram a necessidade de novos inventários e/ou
estudos em outras regiões e UCs do estado, destacando-se as seguintes UCs federais: a nordeste,
a APA Serra da Ibiapaba; no centro-leste, a APA Chapada do Araripe; e no extremo sul, o Parque
Nacional Nascentes do Rio Parnaíba; e as seguintes UCs estaduais: ao norte, a APA Cachoeira
do Urubu e o Parque Estadual da Serra de Santo Antônio; a nordeste, o Parque Estadual do
Cânion do Rio Poti; no centro-oeste, a APA Lagoa de Nazaré; e no extremo sul, o Parque
Estadual do Rangel, a APA Nascentes do Rio Uruçuí-Preto e a APA dos Altos Cursos dos
Rios Gurgueia e Uruçuí-Vermelho. As UCs municipais, embora em maior número, são muito
menores em área do que as demais, na maioria das vezes imersas em uma matriz de hábitat há
muito tempo urbanizada, e certamente já se encontram sob forte pressão antrópica e impactos
do isolamento e do efeito de borda. Por essa razão, também se faz urgente o estudo dessas UCs,
potencialmente contendo elementos únicos da biodiversidade, já sob enorme ameaça. Alerta-
se ainda para o fato de que em toda porção sul do estado (sudeste e sudoeste) existem apenas
duas UCs municipais: Parque Natural Municipal do Salão da Serra e APA Serra do Gado Bravo
(LEITE; IVANOV, 2020), o que indica a pouca aderência das gestões municipais com a pauta
ambiental.
Algumas UCs se destacam por terem recebido apenas estudos focados em uma
espécie ou concentrados em poucos grupos da herpetofauna (sem inventário herpetofaunístico
completo), estando claramente sub-amostradas nos demais grupos. Por exemplo, no PNSCi os
estudos foram concentrados em anfíbios (ARAÚJO et al., 2020b) ou em serpentes (ROCHA;
PRUDENTE, 2010); e na FNP concentrado em serpentes (LIMA-FILHO, 2011). A diferença
entre os esforços amostrais fragiliza a comparação das riquezas taxonômicas entre UCs, pois
há uma tendência enviesada de maiores riquezas onde mais material foi coletado. Um outro
aspecto a ser considerado é a existência de espécies até agora registradas apenas fora do Piauí,
porém dentro de UCs compartilhadas com o estado, como é o caso da APACA compartilhada
171
com Ceará e Pernambuco (RIBEIRO et al., 2015), APADP com Ceará e Maranhão (ARAÚJO
et al., 2020a) e APASI com Ceará (LOEBMANN; HADDAD, 2010). O aumento do esforço
amostral nas UCs do Piauí certamente levará a um aumento expressivo na riqueza de espécies
conhecidas para a maior parte das UCs.
Metade das UCs estudadas é de proteção integral (uso restrito), a outra metade de uso
sustentável (direto), enquanto 53% das espécies conhecidas para o estado ocorre em UCs de uso
sustentável e 72% ocorre nas de proteção integral. Porém o conhecimento sobre a APASI, que
é de uso sustentável, se restringe ao PNSCi, que é de proteção integral. Embora as UCs de uso
direto sejam mais permissivas quanto às atividades antrópicas e quando mal geridas possam ser
ineficazes, a importância dessas UCs pode ser tão alta quanto aquelas de proteção integral. Há
estudos que atestam que áreas com elevada diversidade genética são encontradas fora de unidades
de uso restrito. Fonseca et al. (2019), investigando herpetofauna de Caatinga, verificaram que
apenas 1,5% das áreas que abrigam as mais altas diversidades genéticas encontram-se dentro de
unidades de conservação de uso restrito. As áreas com elevada diversidade genética deveriam
ser o alvo principal da conservação, pois a variabilidade genética é subjacente ao aumento
da possibilidade de adaptação diante das mudanças ambientais. Embora nenhuma das UCs
particulares (RPPNs) tenha sido estudada, elas cumprem o papel de proteger os remanescentes
ambientais onde estão inseridas as espécies, às vezes contemplando espécies ameaçadas, e
eventualmente promovendo melhor segurança em comparação com as unidades públicas
federais e estaduais (MITTERMEIER et al., 2005). Por outro lado, unidades de uso sustentável
estão muito mais sujeitas a atividades antrópicas de uso direto, impactantes ao meio ambiente
(FRANÇOSO et al., 2015). Dessa forma, as UCs de uso sustentável correm maior risco de
perderem sua biodiversidade antes mesmo de serem conhecidas.
172
mais determinante da ocupação recente é o baixo custo das terras em comparação com outras
áreas no país, e por dispor de condições propícias para a mecanização e o cultivo de grãos,
devido ao grande potencial hídrico superficial e subterrâneo (AGUIAR; MONTEIRO, 2005).
173
AGRADECIMENTOS
À Dra Marlete Ivanov pelo convite para elaboração deste capítulo, pelo fornecimento
de shapefiles e disponibilidade para tantas conversas esclarecedoras sobre as unidades de
conservação do Piauí. Ao Dr. Igor Joventino Roberto e um(a) revisor(a) anônimo(a) pela
revisão crítica do texto e sugestões. À Dra. Thaís Guedes, Dr. Henrique Costa, e Dr. Cristiano
Nogueira pelas discussões taxonômicas e informações adicionais sobre registros de ocorrência
das espécies. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo
suporte financeiro a Ronildo Alves Benício referente ao Programa de Capacitação Institucional
(PCI) no Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG (Proc. 317913/2021-2, 300938/2022-5)
e aos projetos “Diversidade e padrões de distribuição da herpetofauna do estado do Piauí,
nordeste do Brasil” (Proc. 155556/2018-5) e “Diversidade críptica de anfíbios da Bacia do
Rio Parnaíba” (Proc. 151124/2020-5) e a Robson W. Ávila pela bolsa de produtividade (Proc.
305988/2018-2, 307722/2021-0) e o projeto "Conservação da biodiversidade em nível de
paisagem: mudanças climáticas e distúrbios antropogênicos" - chamada CNPQ/ICMBIO/
FAPs nº 18/2017, Proc. 421350/2017-2).
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184
APÊNDICES
Apêndice 1. Anfíbios do Parque Nacional de Sete Cidades (PNSCi): A) Corythomantis
greeningi; B) Scinax nebulosus; C) Adenomera juikitam; D) Leptodactylus pustulatus; E)
Leptodactylus vastus; F) Physalaemus cuvieri; G) Dermatonotus muelleri; H) Proceratophrys
cristiceps. Fotos: Guarino Colli.
185
Apêndice 2. Lagartos do Parque Nacional da Serra das Confusões: A)Hemidactylus brasilianus;
B) Calyptommatus confusionibus; C) Colobosaura modesta; D) Hoplocercus spinosus; E)
Ameivula confusioniba. Lagartos do Parque Nacional da Serra da Capivara: F) Micrablepharus
maximiliani; G) Procellosaurinus erythrocercus, H) Glaucomastix venetacauda. Fotos: Adrian
Garda.
186
Apêndice 3. Serpentes do Parque Nacional de Sete Cidades: A) Boa constrictor; B) Drymarchon
corais; C) Oxybelis aeneus; D) Erythrolamprus poecilogyrus; E) Erythrolamprus viridis; F)
Leptodeira annulata; G) Lygophis paucidens; H) Oxyrhopus trigeminus. Fotos: Davi Pantoja
(A-D, F-H); Wáldima Rocha (E).
187
Apêndice 4. Serpentes do Parque Nacional de Sete Cidades: A) Philodryas nattereri; B)
Pseudoboa nigra; C) Psomophis joberti; D) Taeniophallus occipitalis; E) Thamnodynastes
hypoconia; F) Thamnodynastes phoenix; G) Xenodon merremi; H) Micrurus ibiboboca. Fotos:
Davi Pantoja (A-E, G-H); Guarino Colli (F).
188
Capítulo
9
CONHECIMENTO SOBRE A FAUNA POR PESCADORES E
MARISQUEIRAS DA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DELTA
DO PARNAÍBA, PIAUÍ, NORDESTE DO BRASIL
Rosemary da Silva Sousa
Eudes Ferreira Lima
Roseli Farias Melo de Barros
INTRODUÇÃO
Os seres humanos possuem uma conexão emocional inata com as demais espécies,
variando da atração à aversão, da admiração à indiferença (SANTOS-FITA; COSTA-NETO,
2007). Como perspectiva teórica importante para compreender esta relação, apresentamos
a Etnozoologia, estudo interdisciplinar de conhecimentos e crenças, dos sentimentos e dos
comportamentos que intermediam as relações entre as populações humanas com as espécies
animais (MARQUES, 2002). Desta maneira, podemos entendê-la como uma disciplina que
examina os aspectos históricos, econômicos, sociológicos, antropológicos e ambientais das
relações entre humanos e animais (ALVES; SOUTO, 2015).
Este campo de estudo tem centrado esforços em diferentes áreas de pesquisa, tais como:
percepção cultural e sistemas de classificação (HOLMAN, 2005; MOURÃO; ARAÚJO;
ALMEIDA, 2006); importância dos animais nos contos, mitos e crenças (DESCOLA, 1998);
formas de preparo de substâncias orgânicas para fins diversos (ALVES; VIEIRA; SANTANA,
2008); heterogeneidade biológica e processos cognitivos envolvidos no manejo e conservação
189
dos recursos (FLECK; HARDER, 2000); movimento pelos direitos dos animais (PARKER,
1993); técnicas de coletas e seus impactos nas populações animais (BALÉE, 1985; ALVES,
2009; BEZERRA; ARAÚJO; ALVES, 2012).
Assim, na intenção de atuar como um ponto de partida para novos estudos, objetivamos
identificar as espécies animais conhecidas e/ou usadas pelos pescadores e marisqueiras artesanais,
apresentando as categorias de uso com maior porcentagem de citações e as espécies com maior
potencial de uso, evidenciado pelo índice Valor de Uso.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
A APA Delta do Parnaíba é constituída por partes dos estados do Ceará, Maranhão
e Piauí e possui 311.731,42 hectares, incluindo a área marítima (ICMBio, 2020). A porção
correspondente ao Piauí possui 1.922,58km², abrangendo os municípios de Parnaíba, Luís
Correia, Ilha Grande e Cajueiro da Praia (ICMBio, 2020). Para este estudo foram selecionadas
190
as seguintes comunidades: Barra Grande (02º55’40’’ S e 41º24’40’’ W), área menos urbanizada
localizada no extremo leste da APA no município de Cajueiro da Praia, e Morro da Mariana
(02º50’36” S e 41º48’15” W), área mais urbanizada situada na porção central da APA no centro
do município de Ilha Grande (Figura 1).
Figura 1 - Mapa de localização das comunidades de pescadores e marisqueiras artesanais estudadas, Barra Grande
em Cajueiro da Praia e Morro da Mariana em Ilha Grande na Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba,
Piauí.
O clima da área é do tipo Aw, com estação quente e chuvosa no verão e moderadamente
seca no inverno, apresentando alto índice de pluviosidade de janeiro a junho; a temperatura
máxima pode atingir 32ºC (IBAMA, 1998; JACOMINE; ALMEIDA; MEDEIROS, 1986).
As fitofisionomias marcantes da região são os manguezais, dunas e restingas (CEPRO, 2019),
os quais cumprem um papel muito importante para o equilíbrio ecológico, pois abrigam
diversas espécies de moluscos, crustáceos e peixes. Constitui-se também numa extensa região
de alimentação e abrigo para espécies classificadas como em perigo de extinção, como o guará-
vermelho (Eudocimus ruber), o peixe-boi (Trichechus manatus manatus) e o cavalo-marinho
(Hippocampus reidi) (IUCN, 2021).
191
Coleta e análise de dados
RESULTADOS E DISCUSSÃO
192
Tabela 1 - Lista dos 131 animais citados, Valor de Uso e categorias de uso, em estudo realizado em Barra Gran-
de (BG), distrito de Cajueiro da Praia e no Morro da Mariana (MM), centro de Ilha Grande, Área de Proteção
Ambiental Delta do Parnaíba, Piauí. Legenda: (-) =não foram citados conhecimento e/ou uso para a espécie,
A=Artesanato, AL=Alimentícia, CT=Construção, CM=Cosméticos, D=Daninha, E=Estimação, IA=Indica-
dor Ambiental, IP=Instrumento de Pesca, M=Medicinal, MR=Místico-Religiosa, MV=Medicina Veterinária,
P=Proteção, T=Transporte.
193
Valor de Uso Categorias de Uso
Grupos de Animais Nome Popular
BG MM BG MM
Litopenaeus schmitti (Burken- camarão branco/
0,60 0,59 IP,AL IP,AL
road, 1936) camarão
Ocypode quadrata (Fabricius, siri branco/siri-
0,01 - D -
1787) bola
Panulirus argus (Latreille, lagosta/lagosta
0,11 0,01 A,AL AL
1804) de pedra
Uca (Minuca) mordax Smith,
aratum 0,06 - A,IP -
1870
Uca (Uca) maracoani (Latreil- caranguejo jan-
- 0,01 - M
le, 1802) daia
Ucides cordatus (Linnaeus,
caranguejo uçá 0,52 0,33 A,AL,M A,IP,AL,M,MR
1763)
Xiphopenaeus kroyeri (Heller, camarão piticaia/
1862) camarão sete 0,07 - IP,AL -
barbas
Echinodermata
Chiridota rotifera (Pourtalès,
1951)
pomba de burro 0,03 - IP,AL -
194
Valor de Uso Categorias de Uso
Grupos de Animais Nome Popular
BG MM BG MM
Centropomus undecimalis
camurim preto 0,08 0,10 AL AL
(Bloch, 1792)
Chaetodipterus faber (Brous- parum/pé de
0,04 - A,AL -
sonet, 1782) cachorro
Chelon dumerili (Steindach-
tainha - 0,08 - AL
ner, 1870)
Chloroscombrus chrysurus
pelombeta 0,07 - AL -
(Linnaeus, 1766)
Colomesus psittacus (Bloch & baiacu camisa de
0,09 - D -
Schneider, 1801) meia
Crenicichla vittata (Heckel, sabão/jacundá/
1840) - 0,02 - AL
mané besta
Cynoscion acoupa (Lacepède,
pescada amarela 0,05 0,02 A,AL AL
1801)
Cynoscion leiarchus (Cuvier, pescadinha/pes-
0,12 - AL -
1830) cada branca
Diapterus rhombeus (Cuvier,
carapeba 0,32 - AL -
1829 )
Epinephelus itajara (Lichtens-
mero - 0,01 - D
tein, 1822)
Euthynnus alletteratus (Rafi-
bonito 0,04 - AL,D -
nesque, 1810)
Genidens genidens (Cuvier,
1829) bagre cambuei-
ro/bagre lam- 0,13 0,01 AL,M AL
buza
Gymnogeophagus balzanii
cará - 0,13 - AL
(Perugia, 1891)
Haemulopsis corvinaeformis
coró boca roxa 0,67 - IP,AL -
(Steindachner, 1868)
Hippocampus reidi (Ginsburg,
cavalo marinho 0,21 0,05 M M,MR
1933)
Hoplias malabaricus (Bloch,
traíra - 0,17 - AL,M
1794)
Isopisthus parvipinnis (Cuvier
pescadinha - 0,02 - AL
1830)
Leporinus friderici (Bloch,
piau - 0,52 - AL
1794)
Loricaria sp bagre cascudo/
- 0,01 - AL
bagre graviola
Loricariichthys platymetopon
boi de carro - 0,01 - AL
(Isbrücker & Nijssen, 1979)
195
Valor de Uso Categorias de Uso
Grupos de Animais Nome Popular
BG MM BG MM
Lutjanus jocu (Bloch & Sch-
carapitanga 0,05 - AL -
neider, 1801)
Lutjanus synagris (Linnaeus,
ariacó 0,04 - AL -
1758)
Markiana nigripinnis (Peru-
sambuda - 0,02 - AL
gia, 1891)
Megalops atlanticus (Valen-
camurupim 0,24 0,07 A,M A,M
ciennes, 1847)
Menticirrhus americanus
judeu 0,05 - IP,AL -
(Linnaeus, 1758)
Micropogonias furnieri (Des-
curuca/curvina 0,25 0,12 AL AL
marest, 1823)
Mugil curema (Valencien-
tainha 0,51 - AL -
nes,1836)
Mugil liza (Valenciennes,
saúna 0,29 0,21 IP,AL IP,AL
1836)
Mugil trichodon (Poey, 1875 ) tamatarana/
0,05 0,02 AL AL
tainha
Ogcocephalus verpertilio (Lin- peixe morcego/
0,01 - D -
naeus, 1758) cachimbo
Oreochromis sp tilápia/caratilápia 0,01 0,02 E A,IP,AL
Parauchenipterus galeatus
bagre cangati - 0,02 - AL
(Linnaeus, 1766)
Pellona flavipinnis (Valen-
sardião 1 0,01 M AL
ciennes, 1836)
Prochilodus sp curimatã - 0,52 - AL
Pseudoplatystoma corruscans
bagre mandubé - 0,14 - AL
(Spix & Agassiz,1829)
Pygocentrus nattereri (Kner,
piranha - 0,20 - AL,M
1858)
Scomberomorus brasiliensis
(Collette, Russo e Zavala-Ca- serra 0,05 - AL -
min, 1978)
Scomberomorus cavalla
cavala 0,03 - AL,M -
(Cuvier, 1829)
Sorubin lima (Bloch & Sch- bagre bico de
- 0,02 - AL
neider, 1801) pato
Sphoeroides testudineu (Lin-
baiacu - 0,01 - D
naeus, 1758)
Synbranchus marmoratus
muçum - 0,01 - D
(Bloch, 1795)
Synodontis clarias (Linnaeus,
bagre mandimole - 0,20 - AL
1758)
196
Valor de Uso Categorias de Uso
Grupos de Animais Nome Popular
BG MM BG MM
Synodontis sp bagre surubim - 0,56 - A,AL,M,D,MR
Thalassophryne nattereri
aniquim 0,04 - D -
(Steindachner, 1876)
Trichiurus lepturus (Linnaeus,
espada 0,01 - AL,M -
1758)
Triportheus signatus (Garman,
sardinha 0,11 0,03 IP,AL AL
1890)
Pisces (Elasmobranchii)
Aetobatus narinari (Euphra-
arraia pintada 0,13 - M,D,CM,MV -
sen, 1790)
Carcharhinus sp A,I-
cação cinzento/
0,27 0,05 P,AL,M,MR,M- A,AL,M
cação
V,T
Dasyatis americana (Hilde- arraia bicuda/
0,16 0,16 AL,D,CM AL,M,D,CM
brand & Schroeder, 1928) arraia
Amphibia
Rhinella diptycha (Cope,
sapo cururu - 0,01 - M
1862)
Reptilia
Bothrops atrox (Linnaeus
jararaca 0,01 - MV -
1758)
Caiman crocodilus (Linnaeus,
jacaré 0,03 0,38 A,M A,AL,M,MR,IA
1758)
Chelonia mydas (Linnaeus,
aruanã 0,24 - A,AL,M,MV,IA -
1758)
Chelonoidis carbonarius (Spix,
jabuti - 0,01 - E
1824)
Corallus hortulana (Linnaeus,
suaçuboia - 0,01 - M
1758)
Epicrates sp saramanta 0,01 - A -
Eunectes murinus (Linnaeus,
sucuri/sucuruiu - 0,45 - A,AL,M,D,MV
1758)
Helicops leopardinus (Schlegel,
cobra d’água 0,01 - D -
1837)
Iguana iguana (Linnaeus,
camaleão - 0,06 - IP,AL
1758)
Philodryas olfersii (Liechtens-
cobra verde - 0,01 - M
tein, 1823)
Tupinambis teguixin (Lin-
naeus, 1758) tejo/teju 0,09 0,02 M M
197
Valor de Uso Categorias de Uso
Grupos de Animais Nome Popular
BG MM BG MM
Neornites (Aves modernas)
Amazona aestiva (Linnaeus,
papagaio 0,01 - A -
1851)
Anas bahamensis (Linnaeus, paturi queixo
- 0,01 - E
1758) branco
Aramides cajaneus (Statius
siricora/saracura - 0,02 - AL
Muller, 1776)
Aramus guarauna (Linnaeus,
carão - 0,01 - AL
1766)
Cacicus cela (Linnaeus, 1758) xexeu - 0,01 - E
Dendrocygna viduata (Lin-
marreca - 0,02 - E
naeus, 1766)
Egretta caerulea (Linnaeus,
garça azul 0,01 - E -
1817)
Egretta thula (Molina, 1783) garça branca - 0,01 - A
Eudocimus ruber (Linnaeus,
guará - 0,03 - A,AL
1846)
Eupsittula aurea (Gmelin, periquito/peri-
0,03 - E -
1788) quito rei
Eurypyga helias (Pallas, 1876) pavão do mangue - 0,06 - A,MR
Gallus gallus domesticus (Lin-
galinha caipira 0,24 0,26 AL,M,E IP,AL,M
naeus, 1758)
Gnorimopsar chopi chopi
chico preto - 0,01 - E
(Vieillot, 1982)
Haematopus palliatus (Tem- massarico/piru
0,01 0,01 E E
minck, 1820) piru
Icterus jamacaii (Gmelin,
currupião - 0,01 - E
1866)
Mimus gilvus (Vieillot, 1808) sabiá - 0,01 - E
Sporophila lineola (Linnaeus,
bigode - 0,05 - E
1758)
Vanellus chilensis (Molina,
teteu - 0,03 - E
1782)
Mammalia
Bos taurus (Linnaeus, 1758) gado 0,01 0,06 A,M A,MR,IA
Canis lupus familiaris (Lin-
cachorro 0,01 - E -
naeus, 1758)
Equus asinus (Linnaeus,
jumento 0,01 0,05 T T,IA
1758)
Equus caballus (Linnaeus,
cavalo - 0,05 - A,T,IA
1758)
Galea spixii (Wagler, 1831) preá - 0,02 - M
198
Valor de Uso Categorias de Uso
Grupos de Animais Nome Popular
BG MM BG MM
Hemitragus jemlahicus (Smi-
carneiro 0,01 0,03 M M
th, 1826)
Hydrochoerus hydrochoeris
capivara - 0,02 - A,M
(Linnaeus, 1766)
Leopardus tigrinus (Schreber,
gato do mato 0,01 - A -
1775)
Megaptera novaeangliae (Bo- baleia jubarte/
0,07 0,03 A,M,MV,T A,AL,M
rowski, 1781) baleia
Ovis aries (Linnaeus, 1758) ovelha - 0,02 - A,M
Procyon cancrivorus (Cuvier,
guaxinim 0,03 0,08 MR A,M,MR,IA
1798)
Sotalia guianensis (Van Béné- tuninha/golfi- A,AL,M,MR,M-
0,01 0,14 A,M,MR
den, 1864) nho/boto cinza V,IA
Trichechus manatus (Lin-
peixe boi 0,03 - M,IA -
naeus, 1758)
Vulpes vulpes (Linnaeus,
raposa 0,01 0,02 A M
1758)
Figura 2 - Infográfico que demonstra no eixo das ordenadas (linha vertical), a porcentagem (%) de citações em cada
categoria de uso, e no eixo das abscissas (linha horizontal), as categorias de uso registradas para as comunidades
pesqueiras da Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba. Fonte: dados de pesquisa (2022).
199
Outras categorias de uso tiveram menor representatividade (menos de 10% das ci-
tações), mas possuem indicações utilitárias importantes. Iscas feitas com o camarão-branco
(Litopenaeus schmitti) foram incluídas na categoria Artefato de pesca, assim como a gordura
do cação (Carcharhinus sp) usada para ensopar a estopa que é colocada nas frestas de canoas
para impedir a entrada de água. Foi citado ainda o uso do olho do boto (Sotalia guianensis)
como amuleto na categoria Místico-religiosa, registro encontrado também por Alves, Rosa e
Santana (2007) e Alves e Rosa (2007). Para alguns pescadores, esta prática é considerada um
massacre. Interessante notar que comunidades pesqueiras possuem distintas ações em relação
a estes cetáceos, pois enquanto pescadores da APA estudada capturam a espécie para retirar
recursos úteis, outros mantêm um relacionamento de admiração e respeito, possuindo um co-
nhecimento aprimorado sobre diferentes aspectos de sua bioecologia, como apontam Oliveira
e Monteiro-Filho (2006) para pescadores de Cananeia, litoral sul de São Paulo.
O peixe baiacu (Sphoeroides spengleri) foi classificado na categoria Daninha por pos-
suir alto grau de toxicidade, podendo ser letal para os humanos. A toxicidade da espécie é de-
vido à tetrodotoxina, neurotoxina presente em suas vísceras (especialmente, gônadas, fígado e
baço) (HADDAD-JUNIOR, 2003). Na categoria Medicina Veterinária incluímos o uso tópi-
co da gordura da aruanã (Chelonia mydas) como cicatrizante e para tratar doenças nas articula-
ções de cavalos e aves domésticas; as mesmas citações de uso foram informadas por Costa-Neto
e Marques (2000). Para a categoria Estimação, registramos o afeto à ave maçarico (Haemaopus
mexicanus). Para decoração de pisos e paredes, usos incluídos na categoria Construção, nota-
mos o uso de conchas do marisco (Anomalocardia brasiliana). Na categoria Transporte, clas-
sificamos o jumento (Equus asinus) e o cavalo (Equus caballus) para condução de pessoas ou
mercadorias em carroças. O esporão da arraia-pintada/arraia (Aetobatus narinari), estrutura
óssea em forma de faca serrilhada, usado como pente para retirar ovos de piolho (lêndeas) do
cabelo, classificamos na categoria Cosmético.
200
-boca-roxa (Haemulopsis corvinaeformis, VU=0,67), tainha (Chelon dumerili, VU=0,51), no
grupo Pisces (Actiinopteri); e, camarão-branco (Litopenaeus schmitti, VU=0,60), e caranguejo-
-uçá (Ucides cordatus, VU=0,52) no grupo Crustacea. Assim como a pesca artesanal e o traba-
lho dos catadores de caranguejo, a mariscagem é uma atividade tradicional na comunidade, cuja
dinâmica de coleta e comercialização são descritas por Freitas et al. (2012).
201
com parentes e amigos e dividirem entre si os produtos pescados, similar ao descrito por Burda
e Schiavetti (2008).
São utilizados vários instrumentos de pesca, que diferem de acordo com o tipo de
pescado. Oito instrumentos são usados tanto em Barra Grande quanto em Morro Mariana:
caçoeira (22,7%; 28,8%, respectivamente), tarrafa (21,1%; 27,4%), linha (14,7%; 1,1%), landoá
(4%; 21,5%), anzol (10%; 8,4%), groseira (4%; 4,4%), curral (3,2%; 1%), rede de arrasto (2%;
0,7%) e cofo ou uru (2,4%; 1,4%). Os artefatos de pesca: manzuá (3,6%), puçá (2,8%), basqueta
(2,8%), tapagem e arpão (1,6%), engancho, marambáia e saco (1,2%) foram citados exclusiva-
mente pelos pescadores de Barra Grande, e o jiqui (6,9%) exclusivamente pelos de Morro da
Mariana. Para descrição mais detalhada destes instrumentos de pesca nestas comunidades, veja
Sousa, Nojosa e Barros (2012).
Ainda que residam numa UC de uso sustentável, a grande maioria dos entrevistados,
92% de Barra Grande e 81% de Morro da Mariana, não sabe o que é uma APA, qual a sua im-
portância e o papel da comunidade tradicional e/ou local que nela residem para que aspectos
socioambientais estejam em equilíbrio. Somente 19% dos entrevistados de Morro da Mariana e
8% de Barra Grande associam a APA a uma área valiosa para o meio ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É certo que o conhecimento local deve ser reconhecido para que as comunidades se-
202
jam partícipes nas gestão sustentável dos recursos, especialmente em UCs, apontando cami-
nhos para outros estudos que abordem a especificidade do conhecimento local, sua potencial
contribuição para facilitar os passos da ciência convencional e a complexidade das relações entre
estas comunidades e o ambiente.
AGRADECIMENTOS
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206
SOBRE OS AUTORES
207
Atualmente é professor efetivo do Departamento de Biologia/CCN da Universidade Federal do
Piauí (UFPI, Teresina-PI), onde desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão; coordena
o Grupo de Pesquisa em Herpetologia do Piauí; é curador geral da Coleção Zoológica da UFPI
(CZUFPI), e responsável pela seção de anfíbios e répteis – Coleção Herpetológica da UFPI
(CHUFPI). E-mail: dlpantoja@ufpi.edu.br
Etielle Barroso de Andrade – graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual
do Piauí, com mestrado em Biodiversidade e Conservação pela Universidade Federal do
Maranhão e doutorado em Biodiversidade e Biotecnologia pela Universidade Federal do
Maranhão. Atualmente, é professor efetivo no Instituto Federal do Piauí, Campus Pedro II
e líder do grupo de pesquisa em Biodiversidade e Biotecnologia do Centro Norte Piauiense
- Biotecpi. Desenvolvo pesquisa nas áreas de Zoologia e Ecologia, com ênfase no estudo de
répteis e anfíbios de áreas ecotonais. E-mail: etlandrade@hotmail.com
Eudes Ferreira Lima – possui Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade
Federal de São Carlos. Atualmente é Professor Associado I da Universidade Federal do Piauí.
Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia Aplicada. E-mail: eudesferreira23@
hotmail.com
Fábio José Vieira - Graduação em Licenciatura e Bacharel em Ciências Biológicas pela
Universidade Federal do Piauí, mestrado e doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
pela Universidade Federal do Piauí. Atualmente é professor adjunto da Universidade Estadual
do Piauí, Campus Prof. Barros Araújo. Atua na graduação e Pós-Graduação (Mestrado
Profissionalizante em Ensino de Biologia - PRFBIO). Tem experiência na área de Botânica,
atuando principalmente nos seguintes temas: etnobotânica, florística e ensino de biologia.
E-mail: fjvieira@pcs.uespi.br
Gardene Maria de Sousa - Graduada em Licenciatura Plena em Ciências com Habilitação
em Biologia pela Universidade Federal do Piauí, Mestre em Biologia Vegetal pela Universidade
Federal de Pernambuco e Doutora em Ciências (Botânica) pela Universidade de São Paulo.
Professor associado IV da Universidade Federal do Piauí. Tem experiência na área de Botânica,
com ênfase em Morfologia e Sistemática de Fanerógamos, atuando principalmente com a
família Bromeliaceae. E-mail: gardene@ufpi.edu.br
Genilson Alves dos Reis e Silva - Biólogo graduado pela Universidade Federal do Piauí,
Mestre em Botânica Tropical pelo Museu Paraense Emílio Goeldi e doutor em Botânica
pela Universidade Federal de Viçosa. Na esfera do ensino superior atuou como professor na
Faculdade de Tecnologia de Teresina CET de 2008 a 2010. No Plano Nacional de Formação
de professores da Educação Básica (PARFOR) para Ciências Biológicas pela Universidade
Estadual do Piauí (UESPI) de 2010 a 2013 e no Instituto Federal do Piauí (IFPI) em 2014.
Como pesquisador, integrou a equipe do Projeto de Pesquisa em Biodiversidade - PPBIO/
Caatinga, realizando o levantamento florístico do Parque Nacional Serra das Confusões
(2008). Coordenou projetos de pesquisa ProAgrupar do Instituto Federal do Piauí onde
desenvolveu pesquisa com flora apícola na região da cidade de Picos e com taxonomia da
família Asteraceae na região de Valença/PI. Participou do projeto Flora do Brasil On Line de
2015 a 2020 na monografia dos gêneros Calea e Bidens (Asteraceae). Atualmente, é docente
efetivo D4/3 do Instituto Federal do Piauí, líder do Grupo de Pesquisa em Biodiversidade
Vegetal em Ecossistemas Terrestres no Piauí e coordenador do curso de Licenciatura em
Ciências Biológicas do IFPI, campus Valença do Piauí, onde desenvolve pesquisas com temas
relacionados à taxonomia e a levantamentos florísticos em áreas de sítios arqueológicos e com
potencial ecoturístico na região da confederação valenciana. E-mail: genilson.alves@ifpi.edu.br
208
Geovania Figueiredo da Silva - Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal
do Piauí (UFPI). Especialista em Ecologia (UFPI/CEAD). Mestrado em Zoologia pela
Universidade Federal do Pará/Museu Paraense Emílio Goeldi (UFPA/MPEG). Desenvolvo
atividades na área de Educação Ambiental, Ecologia, Herpetologia, Helmintologia e Ecologia
do parasitismo. Atualmente é professora de Biologia do Ensino Básico Técnico e Tecnológico
do Colégio Técnico de Floriano - Universidade Federal do Piauí. E-mail: geovania@ufpi.edu.br
Gisele do Lago Santana - Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí
(UFPI), com mestrado em Zoologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Desenvolve
pesquisas nas áreas de zoologia, herpetologia, modelagem e distribuição de espécies e Educação
Ambiental. E-mail: biogiselesantana@gmail.com
Glairton Cardoso Rocha - Doutor pelo Programa de Pós-graduação em Geografia da
Universidade Estadual Paulista - UNESP - Rio Claro (2015). Mestre em Geografia pela
Universidade Estadual do Ceará (2008). Possui graduação em Geografia Licenciatura Plena pela
Universidade Estadual do Ceará (2006). É Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Piauí (IFPI). Docente Permanente do Mestrado Profissional em Análise e
Planejamento Espacial (IFPI). Líder do Grupo de Pesquisa Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável do IFPI - MAMDES. Pesquisador nos grupos de pesquisa: LAGGEF -
Geoprocessamento e Geografia Física (UFRN); e Grupo de Pesquisa em Geotecnologias
para Estudos Ambientais e Urbanos (GEAU/IFPI). Tem experiência na área de Geociências,
com ênfase em Geografia Física, Geomorfologia, Geografia Costeira e Climatologia. E-mail:
glairtongeo@ifpi.edu.br
Guarino Rinaldi Colli - Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Juiz
de Fora (1984), Mestre em Ecologia pela Universidade de Brasília (1989) e Ph.D. em Organismic
Biology pela University of California, Los Angeles (1996). Atualmente é Professor Associado
do Departamento de Zoologia da Universidade de Brasília, Curador da Coleção Herpetológica
da Universidade de Brasília (CHUNB) e Affiliate Research Associate da University of
Oklahoma. Tem atuação em Herpetologia, com ênfase na Biogeografia, Ecologia, Evolução,
Sistemática, e Conservação da herpetofauna do Cerrado. É credenciado no PPG em Ecologia e
no PPG em Zoologia da Universidade de Brasília (UnB), e no PPG em Ecologia e Conservação
da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). E-mail: grcolli@unb.br
João Vitor Dutra de Lima Pereira – graduado em Ciências da Natureza pela Universidade
Federal do Piauí. Atualmente, faz mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela
Universidade Federal do Piauí. É membro do Grupo de Pesquisa em Etno e Educação
Ambiental (GPEEA) da Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portella.
Tem experiência na área de Educação Ambiental e Ensino de Ciências. E-mail: joao_v_l@
hotmail.com
Johannes de Oliveira Lima Júnior - Graduando em Administração pelo Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí - IFPI (2018). Cursou o Ensino Técnico em Administração
integrado ao Médio pelo IFPI - CAMPUS PIRIPIRI. Membro do GEPAD e do Núcleo de Estudos
Organizacionais no Nordeste - NEON. E-mail: johannes.limajr@gmail.com
Juliana de Sousa Silva – Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí,
Especialista em Ecologia Centro de Ensino a Distância, pela Universidade Federal do Piauí,
Especialista em Gestão, Licenciamento e auditoria ambiental pela Universidade Norte do
Paraná. Desenvolvo pesquisa na área de herpetologia, Ecologia, Zoologia e Educação Ambiental,
com ênfase no estudo de répteis e anfíbios junto ao Grupo de Pesquisa em Herpetologia do
Piauí. Atualmente é Bióloga (CRBIO= 107.057/05D) na 13ª Gerência regional de saúde
209
de Bom Jesus responsável pelo setor de Entomologia com ênfase em saúde pública. E-mail:
j.sousasilva_07@hotmail.com
Kemero Jordir de Sousa Monteiro - Graduando do curso de Bacharelado em Administração
– Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí - IFPI (2018), Piripiri, Piauí,
Brasil. E-mail: kemerojordirbjj@gmail.com
Laís Fernanda Ferreira Rodrigues – graduanda em Ciências da Natureza pela Universidade
Federal do Piauí. Atualmente, é membro do Grupo de Pesquisa em Etno e Educação
Ambiental (GPEEA) da Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portella.
Tem experiência na área de Educação Ambiental e Ensino de Ciências. E-mail: lais.mba21@
gmail.com
Letícia Sousa dos Santos Ferreira – graduada em Ciências da Natureza pela Universidade
Federal do Piauí, com Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade
Federal do Piauí. Atualmente, cursa o Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
em Rede (PRODEMA) pela mesma instituição de ensino. É subcoordenadora do Grupo de
Pesquisa em Etno e Educação Ambiental (GPEEA) da Universidade Federal do Piauí, Campus
Ministro Petrônio Portella. Possui experiência na área de Educação Ambiental, Etnobiologia e
Ensino de Ciências. E-mail: leticiasousa003@gmail.com
Luciana dos Santos Dias de Oliveira - Graduada em bacharelado em Ciências Biológicas pela
Universidade Federal do Piauí (UFPI) e pós-graduada em Botânica (mestrado e doutorado)
pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) com estágio pós-doutoral também
na UFRPE. Atualmente, sou Professora do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas
da Universidade Estadual do Ceará (UECE), campus Itapipoca - FACEDI. Atuo na área de
Sistemática Vegetal com pesquisas associadas a florística e taxonomia vegetal de Angiospermas
com ênfase na família Euphorbiaceae. Colaboradora do projeto Flora do Brasil desde 2015.
E-mail: luciana.dias@uece.br
Marcélia Basto da Silva - Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal
do Piauí (2007), Mestrado em Zoologia pela Universidade Federal do Pará/Museu Paraense
Emílio Goeldi (2011) e Doutorado em Zoologia pela Universidade Federal do Pará/Museu
Paraense Emílio Goeldi (2018). Atualmente é Coordenadora do Projeto de Elaboração de
Planos de Manejo em Unidades de Conservação do Estado do Piauí pela Empresa Executiva
Consultoria e Projetos.Tem experiência na área de Zoologia e Meio Ambiente, com ênfase em
Taxonomia dos Grupos Recentes, atuando principalmente nos seguintes temas: Amazônia,
Cerrado, Caatinga, Herpetofauna, Répteis, Anfíbios, Conservação da Biodiversidade. E-mail:
bastomarcelia@gmail.com
Marcos Antonio Cavalcante de Oliveira Júnior - Doutorando em Administração e Controladoria pela
Universidade Federal do Ceará - UFC. Mestrado em Geografia pelo Programa de Mestrado em Análise e
Planejamento Espacial - MAPEPROF, pelo Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Piauí - IFPI. Pós
Graduação em MBA Executivo pelo Instituto Camilo Filho (2016). Possui graduação em Administração
pela Universidade Federal do Piauí (2005). Atualmente é professor do Eixo de Gestão e Negócios do
Instituto Federal do Piauí. Membro do LEEOA - Laboratório de Estudos Organizacionais Estratégicos
em Organizações e Ambientes. Vice líder do Grupo de Pesquisa MAMDES - Grupo de Pesquisa em
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Membros dos Grupos de Pesquisa: GEPAD - Grupo
de Estudo e Pesquisa em Administração, do GERIR - Gestão, Empreendedorismo Regional, Inovação e
Responsabilidade Socioambiental, do Instituto Federal do Piauí e do Grupo de Pesquisa NEON - Núcleo
de Estudos Organizacionais do Nordeste. Tem experiências nas áreas de Administração, Geografia e Meio
Ambiente. E-mail: marcos.cavalcante@ifpi.edu.br
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Marcos Freitas Targino – graduando em Bacharelado em Engenharia Florestal pela
Universidade Federal do Piauí. Tem experiências nas áreas de conservação da natureza,
geoprocessamento e ecologia vegetal. E-mail: marcostargino7@hotmail.com
Mateus Rocha dos Santos – Graduando em Bacharelado de Turismo, pela Universidade
Federal do Piauí. Atualmente participa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica pela Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Reis Veloso, Parnaíba, Piauí,
atual Universidade Federal do Delta do Parnaíba, atuando nas pesquisas de bacias hidrográficas
do Baixo Parnaíba, direcionado ao Rio Igaraçu, na cidade de Parnaíba, Piauí (2018 - presente).
Membro/Voluntário do Grupo de Pesquisa em Sustentabilidade e Patrimônio em Bacias
Hidrográficas - GESBHAP (CNPq/UFPI). E-mail:matheusrocha@ufpi.edu.br
Patrícia Maria Martins Nápolis – graduada em Ciências Biológicas pela Universidade
do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), com Mestrado em Educação pela Universidade
Federal do Mato Grosso (UFMT) e Doutorado em Ciências pela Universidade Federal de São
Carlos (UFSCar). Atualmente, é professora associada no Curso de Ciências da Natureza da
Universidade Federal do Piauí e no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente da mesma instituição de ensino. É coordenadora do Grupo de Pesquisa em Etno e
Educação Ambiental (GPEEA) da Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio
Portella. Possui experiência na área de Educação Ambiental e Ensino de Ciências em ambiente
escolar (formal) e Unidades de Conservação (não formal). E-mail: pnapolis@uol.com.br
Renata Silva Carvalho - Graduanda do curso de Bacharelado em Administração – Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí - IFPI (2018), Piripiri, Piauí, Brasil. E-mail:
crenata825@gmail.com
Robson Waldemar Ávila – Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul (2002), mestrado em Ecologia e Conservação pela Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul (2005) e doutorado em Biologia Geral e Aplicada pela Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2009). Atuo na área de Herpetologia. Atualmente
sou professor adjunto da UFC. E-mail: robsonavila@gmail.com
Ronildo Alves Benício - Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí
(UFPI), com mestrado em Zoologia pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e doutorado
em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).
Atualmente é Pesquisador Associado no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Tem
interesse e experiência em ecologia de comunidades e história natural de anfíbios e répteis.
E-mail: benicio.herpeto@gmail.com
Roseli Farias Melo de Barros - Licenciada e Bacharel em Ciências Biológicas, pela
Universidade Federal de Pernambuco; Mestre em Botânica (Etnobotânica) pela Universidade
Federal Rural de Pernambuco; Doutora em Botânica (Taxonomia de Asteraceae - tribo
Vernonieae) pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Atualmente é Professora Titular
do Departamento de Biologia, Professora do Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento e
Meio Ambiente (PRODEMA), Tem experiência na área de Botânica (Taxonomia de Asteraceae
e Etnobiologia). Bolsista PQ CNPq. E-mail: rbarros@ufpi.edu.br
Rosemary da Silva Sousa – graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do
Piauí, com Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do
Piauí e Doutorado em Botânica pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Desenvolve
pesquisas na área de Etnobotânica. E-mail: biologarosemary@gmail.com
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Sheila Milena Neves Araújo Soares - Doutora em Biologia Vegetal pelo Programa de Pós-
Graduação em Biologia Vegetal (PPGBV-UFPE), com ênfase em Ecologia e linha de pesquisa em
Ecologia da Polinização, e Professora Adjunto com dedicação exclusiva do curso de Licenciatura
Plena em Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Piauí. E-mail: smilenasoares@phb.
uespi.br
Solano de Souza Braga – Professor no curso de bacharelado turismo da Universidade Federal
do Delta do Parnaíba (UFDPar), com regime de trabalho em D.E., professor permanente
do mestrado profissional em Artes, Patrimônio e Museologia da UFDPar. Doutor em
Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA/Universidade Federal do Piauí (2021),
Mestre em Geografia - Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais - IGC/
UFMG (2011); Licenciatura em Geografia - UNIVERSO (2014); Licenciatura em Turismo
e Hospitalidade pelo Programa de Formação Pedagógica de Docentes - Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET/MG (2008), bacharelado em Turismo - IGC/
UFMG (2006). Integrante dos grupos de pesquisa: Grupo Integrado de Pesquisas sobre a Serra
do Espinhaço (GIPE) - UFMG / UFVJM, Grupo de pesquisas e estudos interdisciplinares em
turismo (EITUR) - UFPI e do Núcleo de Pesquisa Coletivo Nordestino de Atenção ao Tempo
Livre e Lazer (CONTEMPLAR). E-mail: solanobraga@yahoo.com.br
Thaysa Pâmella Vieira de Sousa – Graduanda em ciências biológicas pela Universidade
Federal do Piauí, Brasil. Atualmente é professora de ciências do ensino fundamental II no
Centro de Ensino Pré - Educando (CEPE). Tem experiência na área de Micologia, com ênfase
em Coleção Micológica (Fungos Zoospóricos). E-mail: thaysavieira879@gmail.com
Wáldima Alves da Rocha - Graduada em Licenciatura em Ciências Biológicas (2002) e
Bacharelado em Ciências Biológicas (2004) pela Universidade Federal do Piauí (UFPI, Teresina
– PI), com Mestrado em Zoologia (2007) pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG,
Belém -PA), e doutorado em Zoologia (2017) pela Universidade de Brasília (UnB, Brasília-
DF). Atualmente, é professora adjunta do Curso de Ciências Biológicas do Campus Senador
Helvídio Nunes de Barros – CSHNB da Universidade Federal do Piauí (UFPI, Picos -PI), onde
desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão. Tem experiência na área de herpetologia.
E-mail: warocha@ufpi.edu.br
Vitor Hugo Gomes Lacerda Cavalcante - licenciado em Biologia e mestre em
Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), doutor em
Ecologia pela Universidade de Brasília (UnB). É professor do Instituto Federal do Piauí (IFPI).
Tem experiência na área de Ecologia, Zoologia e Meio Ambiente com ênfase em Herpetologia,
atuando principalmente nos seguintes temas: ecologia, lagartos, serpentes, Cerrado e meio
ambiente. Atualmente se dedica principalmente no desenvolvimento de modelos de efeito das
mudanças climáticas e risco de extinção da biodiversidade no Brasil. E-mail: vitor.cavalcante@
ifpi.edu.br
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Sobre os Organizadores
Marlete Moreira Mendes Ivanov é graduada em Ciências Biológicas
pela Universidade Federal do Piauí, com mestrado em Desenvolvimento
e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Piauí e doutorado em
Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal do Ceará.
Atualmente, é professora efetiva na Universidade Federal do Piauí,
Campus Ministro Petrônio Portela, onde ministra aulas de Ecologia
para diversos cursos de graduação. Tem experiência nas áreas de
Ecologia Vegetal, Ecofisiologia Vegetal e Agroecologia. E-mail:
mendes758@hotmail.com
INSTITUTO FEDERAL
Piauí