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CapituloII

Operação historiográfica

Certeau, Michel de. A Escrita da história/Michel de Certeau; tradução de Maria de Lourdes


Menezes ;*revisão técnica [de] Arno Vogel. – Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982

Ele inicia fazendo perguntas; o que o historiador fabrica, para quem e qual a
finalidade de suas produções. Segundo ele na história todo sistema de pensamento está
definido sobre um “lugar’ seja ele político social ou econômico. A teoria é responsável
por organizar os procedimentos próprios de uma disciplina, pois encarar a história como
uma operação, é associá-la entre um “lugar”, e uma disciplina” procedimento de análise
e a construção de um texto “ uma literatura”.
Pag2 nesta perspectiva gostaria de mostrar que a operação histórica se refere à
combinação de um lugar social, práticas cientificas e de uma escrita. Esses três
elementos compõem uma operação historiográfica que consiste em recortar o dado
segundo uma lei presente, que se distingue de seu outro, passado. A operação tem um
efeito duplo, pois historiciza o atual, ela presentifica uma situação vivida, a história é
ambivalente o lugar que ela destina ao passado igualmente destina ao futuro.
Segundo (CERTEAU) toda pesquisa historiográfica se articula com um lugar de
produção socioeconômico, político e cultural. E as instituições de ensino superior de
Parnaíba, principalmente as que tem curso de formação acadêmica em história, são
lugares onde uma pesquisa historiográfica é bastante necessária. Os inúmeros trabalhos
científicos feitos no âmbito acadêmico se articulam com uma produção de um saber que
está ligado a uma instituição social, que dita as normas doutrinarias a serem seguidas
pelos pesquisadores. Elaborando um discurso cientifico que fala de sua relação com o
corpo social da história, diferentemente dos memorialistas parnaibanos que possuíam
uma concepção dotada de subjetividade. Assim a produção acadêmica parnaibana do
século XXI é composta pelo um conjunto de práticas relacionada a um grupo
responsável pela fabricação de novas percepções sobre o passado da cidade.
Michel de Certeau é um dos teóricos mais influentes nesta pesquisa, pois em sua
obra a “Escrita da História” ele fornece as bases sobre uma operação historiográfica,
conceito esse extremamente importante nesta pesquisa. De acordo com essa concepção,
uma produção histórica está intrinsecamente associada a um “lugar social”, esta
condição permite a análise de um lugar, e de uma sociedade onde ela está inserida.
Assim, a pesquisa histórica deve ser seguida sobre total responsabilidade com a
organização dos procedimentos próprios de uma disciplina, pois encarar a história como
uma operação, é associá-la entre um “lugar”, “disciplina” e um texto “ uma literatura”.
Esses três elementos compõem uma operação historiográfica que recorta metodicamente
um fato para analisá-los sistematicamente. Dessa forma, fundamenta-se a ideia de uma
análise sobre a produção acadêmica parnaibana que tem a cidade como lugar de
abordagem.

Em história tudo começa com um gesto de separar, de reunir de transformar em


documentos certos objetos. Este gesto consiste em isolar um corpo como se faz física,
para a partir disso constituir as peças que preencham lacunas de um conjunto proposto.
Os trabalhos acadêmicos possuem problemáticas que faz da ciência o instrumento de
outra e que pode se inverter continuamente. Pois a história tem uma relação com
diversas ciências, que lhe permite exercer uma função critica.
O discurso historiográfico é aquele que se refere ao seu outro, crônica, arquivo,
documento-maquilo que se organiza em texto, esse tem como condição e imite a
unicidade de uma recomposição textual.

O PROTAGONISMO DE HISTORIADORES PROFISSIONAIS EM PARNAIBA-PI:


apontamentos sobre a emergência de uma nova historiografia (2005- 2017).

Lima, Frederico Osanam; Mendes, Sérgio Luiz da Silva; Castro, Francisco José
Leandro Araújo de. PARNAÍBA: história, memória, cidade. Teresina: Cancioneiro,
2011.

Aborda o surgimento de um movimento que vinha alterando as formas de narrar


a historia a cidade, o surgimento de uma perspectiva analítica e problematizam-te está
ligado à ascensão dos cursos de graduação e pôs graduação em história. Com isso, ele
cita uma lista com o nome de vários historiadores que tem trabalhos sobre a cidade,
esses são responsáveis por fazer surgir uma nova historiografia parnaibana. Sendo esses
autores um dos principais referenciais e bibliografias utilizadas nas academias para
fazer artigos relacionados à cidade.
A nova classificação historiográfica parnaibana surgiu com as primeiras turmas
de história 1998 em período especial na UESPI, campus avançado de Parnaíba, atual
Alexandre Alves de oliveira. Em 2005 na UFPI ocorreu o primeiro encontro de história
do litoral piauiense e publicado o livro fragmentos históricos: experiências de pesquisa
no Piauí, esse pé considerado o marco inicial da emergência dessa nova historiografia
parnaibana. Como também a criação do ppghb da UFPI no campus ministro Petrônio
portela. Campus Teresina, que possui algumas produções dedicadas a cidade de
Parnaíba.
Para suprir a formação de docentes assim como o curso da UESPI em 2006, a faculdade
internacional do delta passou a ministrar cursos de licenciatura a partir de 2008, que
aumentou bastante a variedade de temas sobre a cidade, assim a emergente
historiografia parnaibana foi possível graças as universidades.

Pág. 187, a 190 fala sobre o tombamento dos prédios antigos da cidade, pelo Iphan e as
parcerias para a educação patrimonial.
Os jornais piagui e bembem atuaram como veículo de propagação dos trabalhos
de historiadores profissionais, editado por Daniel ciarlini e depois por claucio ciarlini. Já
o bebem em 2008 também destaca pelo seu próprio modo de pensar a cidade por meio
de vários colaboradores, historiadores profissionais, josenias silva, Adelmar Cavalcante,
Esses autores através de sesu textos e visões sobre a cidade transformaram a cidade de
Parnaíba em múltiplas cidades. Os novos escritores parnaibanos vêm dar uma renovação
a história da cidade, antes escrita por memorialistas.
Segundo o escritor o presente trabalho tem como intuito incentivar a análise dos
trabalhos acadêmicos sobre a cidade, uma produção acadêmica ainda pouco explorada
como objeto de pesquisa.
PROST, Antoine. Doze lições sobre a história / Antoine Prost; [tradução de Guilherme
João de Freitas Teixeira]. – 2. ed.; 4. reimp. – Belo Horizonte : Autêntica Editora ,
2017. --
(Coleção História e Historiografia, 2).

A história como história de si mesmo


É o re- pesamento, a re-ativação, a reação no presente, pelo historiador, de
Coisas que, outrora, haviam sido pensadas, experimentadas e praticadas por
Outras pessoas. Faça o que fizer, o historiador não pode deixar de ser ele
Mesmo. Pág. 144
Para ele, a história é conhecimento tanto
Do passado, quanto do presente: ela é “conhecimento do passado no
Presente, o conhecimento pessoal adquirido pelo historiador de sua própria
Mente, enquanto ele renova e revive no presente uma experiência do
Passado” (p. 175).107 Neste sentido,

Robin G. Collingwood: Só existe história de coisas pensadas


Para a questão – de que é que pode haver conhecimento histórico? –, a resposta é:
daquilo
Que pode ser reativado (re-enacted) na mente do historiador. Em primeiro lugar, é
preciso que seja parte da experiência. Daquilo que não é experiência, mas simplesmente
objeto de
Experiência não pode haver história. Assim, não há, nem pode haver história da
natureza a
Não ser enquanto percebida ou pensada pelo cientista.
[...] O historiador empenha-se no estudo de determinado pensamento: estudá-lo implica
ré-
Ativá-lo em si mesmo; e para que ele possa tomar posição na imediatidade de seu
próprio
Pensamento, este deve estar, como estava, pré-adaptado para acolhê-lo. [...]
Se o historiador [...] tenta controlar a história de um pensamento de que não conseguiu
Apropriar-se pessoalmente, ele não vai escrever a história desse pensamento, mas
repetirá
Simplesmente frases que registram os fatos exteriores de seu desenvolvimento: os
nomes e As datas, assim como frases descritivas pré-fabricadas. Tais repetições podem
ser úteis, mas Não porque pudessem ser história; trata-se de ossos ressequidos que, um
dia, podem tornar-
Se história quando alguém for capaz de revesti- lós com a carne e o sangue de um
Pensamento, simultaneamente, seu e deles. Eis um modo de dizer que o pensamento do
Historiador deve emergir da unidade orgânica de sua experiência total, além de ser uma
Função de sua personalidade inteira com seus interesses tanto práticos, quanto teóricos.
(COLLINGWOOD, 1946, p. 302-305)
Neste sentido, pode-se dizer que toda a história é autoconhecimento:
Self-knowledge. O conhecimento do passado é, também, a mediação pela
Qual o historiador prossegue a busca de si mesmo. Pode ocorrer que, em
Certo período de sua vida, ele não preste atenção a determinada história à
Qual, em outro período, irá apegar-se; com o decorrer do tempo, irá
Compreender o que ele não havia percebido anteriormente. Em relação aos
Historiadores, os ensaios de geo-história, apesar de todo o seu interesse,
Fornecem menos informações que a leitura de seus livros. Após uma
Digressão, voltamos a encontrar, aqui, a mensagem de Michele: o
Historiador é filho de suas obras.
No entanto, ao descobrir-se, o historiador descobre que é capaz de se
Colocar no lugar de inumeráveis personagens diferentes. Ele recapitula, de
Algum modo, em si mesmo, uma boa parte da humanidade, em uma
Infinidade de situações. A história seria menos fascinante se não
Combinasse, assim, um autoconhecimento aprofundado com a descoberta
Dos outros.
27. – Robin G. Collingwood: Autoconhecimento e conhecimento da diversidade das
Questões humanas
Através da investigação histórica, o historiador adquire um conhecimento não de sua
Situação enquanto oposta ao autoconhecimento, mas de sua situação que é,
Simultaneamente, autoconhecimento. Ao repensar o que foi pensado por um outro, ele
Reflete pessoalmente sobre o mesmo assunto. Ao tomar conhecimento do que um outro
havia pensado, ele sabe que é capaz dessa reflexão. E a descoberta de sua capacidade
leva-o
A descobrir o tipo de homem que ele é. Se, ao repensar os pensamentos de um grande
Número de tipos diferentes de homem, é capaz de compreendê-los, segue-se que ele
Consegue identificar-se com todos esses tipos de homem. De fato, ele deve ser um
Microcosmo de toda a história que é capaz de conhecer. Portanto, o autoconhecimento
é,
Simultaneamente, o conhecimento da diversidade das questões humanas.
(COLLINGWOOD,
1939, p. 114-115)
Teremos de voltar à vertente “compreensiva” do modo próprio de fazer
História: de fato, ela exige ser contrabalançada por elementos menos
Intuitivos, mais racionais e consistentes. Apesar de não ser a totalidade da
História, esse aspecto é um de seus componentes essenciais; por seu
Intermédio, a explicação é energizada e vivificada.

Outro teórico que ajudará a fundamentar este estudo é Certeau com a teoria, “o
espaço é um lugar praticado” (CERTEAU, 1998, P. 202). Segundo Certeau é no espaço
onde ocorrem as interações sociais, e as práticas estratégicas que ditam como
determinado indivíduo deve andar. Como exemplo temos os locais frequentados pela
elite de Parnaíba que foram definidos estrategicamente como locais de sociabilidade dos
mais ricos. Assim o cotidiano parnaibano nas décadas de 50 e 70 foi construído sobre as
relações de forças praticadas pelos sujeitos. Esse cotidiano ocorreu planejado tanto de
forma estratégica pela elite, mediante a exploração da mão de obra, como tática que não
ocorreu de modo planejado, e nem com fins econômicos, sendo ela mais ligada às
classes marginalizadas que resistem às práticas estratégicas. Com isso, é dessas ações
táticas, como também, desses espaços não planejados pela classe abastada que este
trabalho quer desvendar (CERTEAU, 1998).
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. 3. Ed, Petrópolis, RJ: Vozes,
1998.

HARTOG, F. Evidência da história. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

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