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TERESINA
2022
Francisco Marcos Pereira Soares
TERESINA – PI
2022
REFLEXÕES SOBRE A PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO NO BRASIL:
DESAFIOS E PERSPECTIVAS
01 INTRODUÇÃO
1
Doutorando em Educação pela Universidade Federal do Piauí – UFPI. E-mail: marcosluhan@gmail.com
2
Professor adjunto do Centro de Ciências da Educação da UFPI, com atuação no Programa de Pós-Graduação
em Educação (Mestrado e Doutorado.) da UFPI. E-mail: elmolima@gmail.com
3
Professor adjunta do Centro de Ciências da Educação da UFPI, com atuação no Programa de Pós-Graduação
em Educação (Mestrado e doutorado) da UFPI. E-mail: vilacosme@ufpi.edu.br
plataforma Google Meet4, do dia 14 a 18 de Março de 20221. Em seu corpo de discussão, o
seminário abordou um pouco sobre a estrutura e funcionamento do Programa de Pós-
Graduação em Educação da UFPI. O programa ofertou uma aula inaugural aos novos
doutorandos em educação com o tema A pós-graduação em Educação no Brasil no contexto
da pandemia: desafios e possibilidades com a participação da Prof. Dra. Olívia Morais de
Medeiros Neta, professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte e do professor Dr. Claúdio Pinto Nunes, do programa de Pós-
graduação em Educação da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
Além disso, os coordenadores trouxeram falas importante sobre o regimento interno da
pós-graduação em educação, trataram sobre o movimento de internacionalização da pesquisa
em educação chamando a atenção para que os doutorandos desenvolvam publicações e pensem
em intercâmbios junto a outras universidades do mundo.
Durante o Seminário também houve trabalhos de grupos com leituras reflexivas acerca
da pós-graduação em educação Brasil e as implicações da pesquisa em educação. Nesta
atividade, dois textos serviram de base para fomentar as reflexões e discussões como “A pós-
graduação em educação no Norte e Nordeste: desafios, avanços e perspectivas”5 dos autores
Betânia Leite Ramalho6 e Vicente de Paulo Carvalho Madeira7 e também o texto “Implicações
e perspectivas da pesquisa educacional no Brasil contemporâneo”8 de autoria da professora
Bernadete Gatti9.
É importante destacar que a partir das atividades e das leituras desenvolvidas em âmbito
do seminário nos colocou em posição de sujeitos reflexivos e, com isso, fomos chamados a
desenvolver um texto elencando nossas impressões sobre as falas apresentadas no doutorado.
4
Google Meet é uma plataforma de videoconferências do Google, pertencente ao Workspace, que oferece planos
gratuitos e pagos para criação de reuniões com até 250 pessoas, com duração de até 24 horas, criptografia e uma
série de recursos disponíveis
5
Texto disponível em file:///C:/Users/oberd/Downloads/Texto%2001%20-%20A%20p%C3%B3s-
gradua%C3%A7%C3%A3o%20no%20Norte%20e%20Nordeste%20-%20Betania%20(1).pdf
6
Doutora em ciências da educação pela Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha, é professora adjunta
no Departamento de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e atual presidente da
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisas em Educação (ANPEd) (biênio 2004-2005).
7
Doutor em ciências da educação pela Université René Descartes (Paris V) e com pós-doutorado no Institut
International de Planification de l’Éducation (IIPE/ Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura – UNESCO), é atualmente diretor de pós-graduação, pesquisa e extensão da Fundação Educacional
Serra dos Órgãos, em Teresópolis, estado do Rio de Janeiro.
8
Texto disponível em file:///C:/Users/oberd/Downloads/Texto%2002%20-
%20Implica%C3%A7%C3%B5es%20da%20pesquisa%20em%20educa%C3%A7%C3%A3o%20-
%20Gatti%20(1).pdf
9
Possui graduação em Pedagogia pela Universidade de São Paulo e Doutorado em Psicologia - Universite de
Paris VII - Universite Denis Diderot, com Pós-Doutorados na Université de Montréal e na Pennsylvania State
University. Docente aposentada da USP, foi professora do Programa de Pós-Graduação em Educação:
Psicologia da Educação da PUC-SP.
Pensando nisso, propomos o presente texto tratando sobre a pós-graduação no Brasil o qual
intitulamos de Reflexões sobre a pós-graduação em educação no Brasil: desafios e
perspectivas.
Para introduzir nossas reflexões, reconhecemos que processo de implementação da
educação superior no Brasil tem se ampliado muito nos últimos e tem passado por mudanças
em suas configurações quando tratamos tanto acerca da graduação como da pós-graduação.
Esse processo tem sido mais latente sobretudo na pós em educação devido a
necessidades que o mundo trabalho e a natureza globalizante da sociedade exigiu do ser humano
para atender ao sistema capitalista cada vez mais em expansão no mundo. Desta forma, o
conhecimento técnico-científico passou a ser supervalorizado como uma forma de promover
desenvolvimento da sociedade e a educação superior se tornou uma um nível de educação
necessário para mudanças e fortalecimento dessa perspectiva.
De acordo com Harvey (1998, p. 151) o conhecimento é uma base importante para o
desenvolvimento econômico o que faz com que se dê ênfase a educação/conhecimento como
força motriz para a ampliação/modernização dos sistemas de produção. Com esse valor
reconhecido, o conhecimento científico e técnico é visto como mercadoria que se produz e se
vende a quem pagar mais passando a atender as concepções capitalista sob condições cada vez
mais organizadas em bases competitivas.
Esse processo implica, sobretudo, na competição entre as instituições educativas seja
por pessoas ou por suas produções e descobertas. Essa situação levou o conhecimento a assumir
uma dimensão comercial e o seu desenvolvimento passou por um processo de expressiva
expansão em todo o mundo.
No Brasil, o cenário do processo de implementação da Pós-graduação em Educação
ocorre justamente para validar um projeto de desenvolvimento de modernização conservadora
demarcado pelo regime militar do pós-1964 que destacava como objetivos principais formar
recursos humanos qualificados para atender as demandas em todos os níveis de ensino, assim
como formar/preparar pesquisadores/profissionais de níveis avançados que pudessem
contribuir com o desenvolvimento econômico e social do país.
Em face destas considerações introdutórias, elaboramos alguns questionamentos acerca
da estrutura e funcionamento da Pós-Graduação em Educação no sentido de fazer um exercício
reflexivo acerca de sua implementação no Brasil, bem como pensarmos nos desafios, nas
possibilidades e nas perspectivas que essa pós-graduação tem assumido ou precisa assumir no
contexto da educação no Brasil. Desta forma, podemos nos questionar: Quais os desafios que a
pós-graduação em educação no Brasil tem enfrentado ou tem que enfrentar anos depois de sua
implementação no Brasil? Que perspectivas a Pós-graduação em Educação tem assumido e
precisa assumir no contexto educacional brasileiro?
É preciso dizer que a presente escrita assume ideias possíveis, não acabadas e que não
pretendemos de forma alguma esgotar respostas, possibilidades reflexivas ou trazer verdades
absolutas acerca da temática, mas trazer um lugar de fala para esse contexto de discussão acerca
da pós-graduação em educação no Brasil.
Desta forma, o objetivo geral é refletir sobre a pós-graduação em educação no Brasil.
Como objetivos específicos, estabelecemos: caracterizar os desafios da pós-graduação em
educação no Brasil e analisar as perspectivas que a pós-graduação em educação tem assumido
no contexto atual.
Hoje, ainda que a pós-graduação seja marcada por intensas disparidades entre as regiões
e estados devido, a forma como foram implantados inicialmente e a forma de os avaliarem hoje,
o Sistema Nacional de Pós-graduação tem se mostrado eficiente e conquistados grandes
avanços no acesso e na formação de quantidades expressivas de mestre e doutores. Para
Ramalho e Madeira (2005, p. 75) “Basta tomar dois indicadores: a taxa de crescimento (16,1%)
do número de doutores é bem expressiva se comparada com a de outros países; é crescente a
participação relativa de autores nacionais nas publicações em periódicos internacionais
indexados (1,44% em 2001).”
Estes resultados são frutos dos investimentos na educação superior, sobretudo nas duas
primeiras décadas do século XXI, porém é importante analisar que ainda é necessário avançar
bastante, pois os desafios são ainda intensos para se chegar a excelência de qualidade que se
espera e o objetivo geral que é : “o crescimento equânime, com o propósito de atender, com
qualidade, as diversas demandas da sociedade, visando o desenvolvimento científico,
tecnológico, econômico e social do país” (BRASIL, 2004, p. 54).
Um dos desafios imensos a ser pensado e superado é justamente a questão dos
desequilíbrios existentes no funcionamento e nos resultados dos programas de pós-graduação,
em educação especificamente, entre as diferentes regiões e estados do país o que valida e
reafirma as desigualdades, injustiças, ausência de equidade instaurada pelo modelo de
desenvolvimento econômico e social que foi historicamente implantado no Brasil.
Diversas perspectivas que tratam acerca dos desequilíbrios da pós-graduação no Brasil
já reconhecem que enquanto ações não forem pensadas e desenvolvidas em prol da
redução/minimização desse problema, há uma tendência de que os desafios não sejam
superados, pós-graduação estagne e não avance, sobretudo naquelas em que as desigualdades
são mais acentuadas. Porém, é preciso reconhecer o tamanho do problema historicamente
construído em torno desta questão no Brasil passando por causas estruturais decorrentes da
estreita vinculação entre desenvolvimento econômico e implementação de competências.
Desta forma podemos reconhecer como grande desafio para a Pós-graduação brasileira
é a redução das desigualdades regionais que, apesar dos esforços, ainda persiste no Brasil. Além
disso, é necessário compreender como desafio a relação entre a ausência de políticas
institucionais e a maneira como tem ocorrido o processo de crescimento da pós-graduação
brasileira.
Pensamos que são desafios que não são atuais e tem um processo histórico envolvido
como nos aponta Gatti (2001, p. 72):
As universidades brasileiras não nasceram conjugando pesquisa e ensino;
voltavam-se só para o ensino, para dar um diploma profissionalizante, tanto
as de natureza confessional, como as leigas privadas e algumas públicas. Elas
não foram estruturadas para incorporar a produção de conhecimento de modo
sistemático, como parte de sua função, e, sequer, para discutir o conhecimento.
Elas se voltaram para a reprodução de um conhecimento que não produziram,
com a qual não trabalharam investigativamente, mas que absorveram e
transferiram.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS