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É com grande expectativa que apresentamos o programa das quatro disciplinas que
compõem o Estágio Supervisionado no curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da
Universidade do Estado do Pará, tais como: Estágio em Gestão Escolar, Estágio em
Instituições não Escolares e Ambientes Populares, Estágio em Educação Infantil, e Estágio
em Ensino Fundamental, a serem desenvolvidas pelo Plano Nacional de Formação de
Professores (PARFOR), parceria entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), UEPA, Secretaria de Estado de Educação (SEDUC/PA) e
Secretarias Municipais de Educação no Pará.
Os conteúdos conceituais e sistematizados das disciplinas de Estágio serão refletidos
e confrontados com os saberes experienciais dos sujeitos que atuam nos ambientes educativos,
e com eles, construir novos saberes, a partir das práticas vivenciadas nesses ambientes, em
atenção ao princípio da relação dialógica e humanizadora, defendida por Freire em suas
intervenções e práticas. Assim, nos ambientes onde os estágios se realizam os sujeitos se
posicionam como profissionais e pessoas, que aprendem e ensinam questões inerentes a
formação e a prática do pedagogo educador em diferentes contextos. Tardif, (2002, p.49-50),
argumenta que “a atividade docente é realizada concretamente numa rede de interações com
outras pessoas, num contexto onde o elemento humano é determinante e onde estão presentes,
símbolos, valores, sentimentos”.
Sentimentos que nos impulsionam a buscar respostas para as questões concernentes
ao Estágio Supervisionado desenvolvido em quatro disciplinas do curso de Pedagogia, para a
superação da dicotomia entre teoria e prática, entre saberes acadêmicos e saberes fazeres dos
sujeitos nos ambientes educativos, e que nos intrigam na condição como educadores que
acreditam na possibilidade do currículo do curso de Pedagogia ser desenvolvido de maneira
transdisciplinar, e o Estágio Supervisionado, seja elemento formador, instrumento, princípio,
recurso, metodologia e didática na formação do Pedagogo, afinal, argumentam Pimenta e
Lima (2010, p. 43).
No estágio dos cursos de formação de professores, compete possibilitar que os
futuros professores compreendam a complexidade das práticas institucionais e das
ações aí praticadas por seus profissionais como alternativa no preparo para sua
inserção profissional.
4
Nessa perspectiva lhe convidamos para viajar por caminhos já percorridos por outros
viajantes, e também por você, mas que sempre terá algo novo a se descobrir na construção de
processos políticos pedagógicos mais competentes, democráticos, éticos e humanizadores, e
as disciplinas de Estágio, sejam elemento basilar desse processo formador. Uma viagem que
se inicia agora e seguirá pelas quatro disciplinas de Estágio Supervisionado desenvolvidas no
curso de Pedagogia. Venha conosco descobri-las.
Boa Viagem!
III OBJETIVOS
IV CONTEÚDO
Até um ano atrás eu tinha certeza de que estava tendo uma boa formação. Agora,
estou chocada com a realidade daquelas crianças, e nem sei por onde começar. Na
prática a teoria é outra.2
O estágio sempre foi identificado como a parte prática dos cursos de formação de
profissionais, em contraposição à teoria. Não é raro ouvir, a respeito dos alunos que concluem
seus cursos, referências como “teóricos”, que a profissão se aprende “na prática”, que certos
professores e disciplinas são por demais “teóricas”. Que “na prática a teoria é outra”. No
cerne dessa afirmação popular, está a constatação, no caso da formação de professores, de que
o curso nem fundamenta teoricamente a atuação do futuro profissional nem toma a prática
como referência para a fundamentação teórica. Ou seja, carece de teoria e de prática.
Na verdade, os currículos de formação têm-se constituído em um aglomerado de
disciplinas isoladas entre si, sem qualquer explicitação de seus nexos com a realidade que lhes
deu origem3. Assim, nem sequer se pode denominá-las teorias pois são apenas saberes
disciplinares em cursos de formação, que em geral estão complemente desvinculados do
campo de atuação profissional dos futuros formandos.
Neles, as disciplinas do currículo assumem quase que total autonomia em relação ao
campo de atuação dos profissionais e, especialmente, ao significado social, cultural, humano,
da atuação profissional. O que significa ser profissional? Que profissional se quer formar?
Qual a contribuição da área na construção da sociedade humana, de suas relações e de suas
estruturas de poder e de denominação? Quais os nexos com o conhecimento científico
produzido e em produção? São questões que muitas vezes não são consideradas nos
programas das disciplinas, nos conteúdos, objetivos e métodos que desenvolve.
1
Extraído de: PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria do Socorro Lucena. Estágio e Docência. 5ª d. São Paulo:
Cortez, 2010. (1ª parte, Cap. 1, p. 32-57)
2
Depoimento de Nilce Conceição da Silva, revista Sala de Aula (1990, n. 22, p. 20).
3
A organização dos cursos por disciplina como conhecemos hoje marca a escola desde suas origens, pouco antes
do final do século XIX, quando o conhecimento foi se ampliando e tomando forma de especializações. Na
impossibilidade de a escola difundir todo o acervo de conhecimentos, sua organização pautou-se pela seleção de
partes desse acervo sob a forma de disciplinas, originando assim os saberes ou conteúdos escolares. Para saber
sobre a origem das disciplinas, consultar o livro Ensino de História: fundamentos e métodos, de Circe
Bittencourt, da Coleção Docência em Formação.
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Essa contraposição entre teoria e prática não é meramente semântica, pois traduz em
espaços desiguais de poder na estrutura curricular, atribuindo-se menor importância à carga
horária denominada “prática”. Nos cursos especiais de formação de professores realizados em
convênios entre secretarias de educação e universidades, observa-se essa desvalorização
traduzida em contenção de despesas: aí as decisões têm sido de reduzir a carga horária
destinada ao estágio ou transformá-lo em “estágio a distância”, atestado burocraticamente,
dando margem a burlas. No campo da pesquisa, essa desvalorização da prática se traduz em
verbas menores a projetos aplicados, como no caso da educação.
Também, com frequência, se ouve que o estágio tem de ser teórico-prático, ou seja,
que a teoria é indissociável da prática. Para desenvolver essa perspectiva, é necessário
explicitar os conceitos de prática e de teoria e como compreendemos a superação da
fragmentação entre elas a partir do conceito de práxis, o que aponta para o desenvolvimento
do estágio como uma atitude investigativa, que envolve a reflexão e a intervenção na vida da
escola, dos professores, dos alunos e da sociedade.
O estágio como pesquisa já se encontra presente em práticas de grupos isolados. No
entanto, entendemos que precisa ser assumido como horizonte ou utopia a ser conquistada no
projeto dos cursos de formação. Esta é a finalidade deste capítulo.
4
Veja a esse respeito o livro O Bom Professor e sua Prática, no qual a autora, Maria Isabel Cunha, apresenta
resultados de pesquisa que realizou com estudantes e professores universitários sobre o conceito de bom
professor (Ed. Papirus, 1989).
5
Sobre diferentes concepções da profissão de professor, consultar Pimenta e Anastasiou (2002, p. 178-189,
Coleção Docência em Formação), em que são desenvolvidos os modelos ideológicos de formação docente:
tradicional (ou artesanal), técnico (ou academicista), crítico-reflexivo (ou hermenêutico). Ver também Pimenta
e Ghedin (orgs.), Professor Reflexivo no Brasil (2002).
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Candau (1984), p. 17), em seu livro Didática em Questão, que reúne a contribuição de vários autores
procedendo a um balanço crítico do ensino de didática no Brasil, propõe a superação de uma didática
instrumental para uma didática fundamental. Sobre a primeira, assim se expressa: “Desde o início dos anos 1960
o desenvolvimento da tecnologia educacional e, concretamente, do Ensino Programado vinha exercendo um
forte impacto na área da didática. De uma concepção da tecnologia educacional que enfatiza os meios, conceito
centrado no meio e, consequentemente, nos recursos tecnológicos, se passava a uma visão da tecnologia
educacional como processo. Partia da conjugação da psicologia behaviorista, da teoria da comunicação e do
enfoque sistêmico e se propunha desenvolver uma forma sistemática de planejar o processo de ensino-
aprendizagem, baseando-se em conhecimentos científicos e visando a sua produtividade, [...] eficiência,
racionalização e controle”, à semelhança do processo de produção industrial, que busca aperfeiçoar o processo e
os procedimentos de sua linha de montagem, de modo a conseguir resultados homogêneos nos produtos. Assim,
a didática instrumental reduz-se à dimensão técnica da prática docente, dissociada das demais dimensões do
ensino: relação escola-sociedade, não neutralidade do ensino, aspectos psicopedagógico e sociopolítico.
13
7
Essa denúncia significa, no dizer de Pimenta e Ghedin (2002, p. 37), que “[...] os cursos de formação de
professores permanecem numa lógica curricular que nem sempre consegue tomar a profissão e a
profissionalidade docente como tema e como objetivo de formação. Muitas vezes seus professores desconhecem
o campo educacional, valendo-se do aporte das ciências da educação e mesmo das áreas de conhecimentos
específicos como um fim em si mesmo, desvinculadas da problemática e da importância do ensino, campo de
atuação dos futuros professores”. Ver as pesquisas sobre os campos disciplinares que fundamentam essa
afirmação: Lima (1995), Marcos (2001) e Leite 91994).
8
Nas universidades, ver Guimarães (2001), Rios (2001) e Nogueira (2002).
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comunidade temos diferentes ações e diferentes sujeitos com funções que também se
diferenciam para a concretização do objetivo coletivo, a educação escolar” (Moura, 2003, p.
134).
As atividades materiais que articulam as ações pedagógicas são:
As interações entre os professores, os alunos e os conteúdos educativos em geral para a
formação do humano;
As interações que estruturam os processos de ensino a aprendizagem;
As interações nas quais atualizam os diversos saberes pedagógicos do professor e nas quais
ocorrem os processos de reorganização de tais saberes.
Considerando que nem sempre os professores têm clareza sobre os objetivos que
orientam suas ações no contexto escolar e no meio social onde se inserem, sobre os meios
existentes para realizá-los, sobre os caminhos e procedimentos a seguir, ou seja, sobre os
saberes de referência de sua ação pedagógica, faz sentido investir nos processos de reflexão
nas e das ações pedagógicas realizadas nos contextos escolares (cf. Navarro, 2000).
Nesse processo, o papel das teorias é iluminar e oferecer instrumentos e esquemas
para análise e investigação que permitam questionar as práticas institucionalizadas e as ações
dos sujeitos e, ao mesmo tempo, colocar elas próprias em questionamento, uma vez que as
teorias são explicadas sempre provisórias da realidade.
A prática educativa (institucional) é um traço cultural compartilhado que tem
relações com o que acontece em outros âmbitos da sociedade e de suas instituições. Portanto,
no estágio dos cursos de formação de professores, compete possibilitar que os futuros
professores compreendam a complexidade das práticas institucionais e das ações aí praticadas
por seus profissionais como alternativa no preparo para sua inserção profissional.
Isso só pode ser conseguido se o estágio for uma preocupação, um eixo de todas as
disciplinas do curso, e não apenas daquelas erroneamente denominadas “práticas”. Todas as
disciplinas, conforme nosso entendimento, são ao mesmo tempo “teóricas” e “práticas”. Num
curso de formação de professores, todas as disciplinas, as de fundamentos e as didáticas,
devem contribuir para sua finalidade, que é formar professores a partir da análise, da crítica e
da proposição de novas maneiras de fazer educação. Todas as disciplinas necessitam oferecer
conhecimentos e métodos para esse processo.
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Essa possibilidade não será desenvolvida neste texto. Para ampliá-la, remeteremos às leituras de Charlot
(2002), que explicita as possibilidades de troca entre o professor e o pesquisador, e Pimenta, Garrido e Moura
(2000), que explicitam a pesquisa colaborativa entre professores da universidade e professores na escola. Esses
autores ajudam a compreender as relações entre pesquisa, ensino e formação.
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estudo das ações dos docentes; desenvolvem-se teorias a respeito dos saberes e
conhecimentos docentes em situação de aula e, posteriormente, sobre a produção de
conhecimentos pelos próprios professores e pela escola. Essa linha de investigação que vem
se firmando concomitantemente ao reconhecimento do professor como produtor de saberes é
uma epistemologia da prática docente, capaz de conferir estatuto próprio de conhecimento ao
desenvolvimento dos saberes docentes.
A própria epistemologia da prática, conforme Sacristán (1999, p. 12), considera
inseparáveis teoria e prática no plano da subjetividade do professor, pois sempre há um
diálogo do conhecimento pessoal com a ação. Esse conhecimento não é formado apenas na
experiência concreta do sujeito em particular, podendo ser nutrido pela “cultura objetiva”, ou
seja, pelas teorias da educação, de modo a possibilitar aos professores trazê-lo para as
situações concretas, configurando seu acervo de experiência “teórico-prático” em constante
processo de reelaboração. Assim, a teoria, além de seu poder formativo, dota os sujeitos de
pontos de vista variados sobre a ação contextualizada. Os saberes teóricos propositivos se
articular, pois, aos saberes da ação dos professores e da prática institucional, ressignificando-o
e sendo por eles ressignificados.
Portanto, o papel da teoria é oferecer aos professores perspectivas de análise para
compreender os contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais e de si mesmos como
profissionais, nos quais se dá sua atividade docente, para neles intervir, transformando-os.
Daí, é fundamental o permanente exercício da crítica às condições materiais nas quais o
ensino ocorre.
O desenvolvimento desse processo é possibilitado pela atividade de pesquisa, que se
inicia com a análise e a problematização das ações e das práticas, confrontadas com as
explicações teóricas sobre estas, com experiências de outros atores e olhares de outros campos
de conhecimento, com os objetivos pretendidos e com as finalidades da educação na formação
da sociedade humana.
Procedendo a uma análise de pesquisa realizadas no campo da Didática e prática de
ensino, Pimenta (2002) conclui que as pesquisas estão privilegiando a análise de situações da
prática e dos contextos escolares; isso revela a importância que a perspectiva da epistemologia
da prática vem assumindo. As pesquisas sobre avaliação e fracasso escolar, por exemplo,
revelam avanço significativo na abordagem do tema ao trazer dados das situações concretas e
propositivas, superando os discursos e adentrando a complexidade prática.
Apesar da importância dessa perspectiva, é necessário, no entanto, apontarmos
alguns de seus limites. São eles de natureza política: quais as condições que a escola pública
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oferece para espaços de reflexão coletiva e de pesquisa por seus profissionais? É possível
criar e desenvolver uma cultura de análise nas escolas cujo corpo docente é rotativo? Que
interesse os sistemas públicos que adotam políticas com práticas autoritárias e de
desqualificação do corpo docente têm em investir na valorização e no desenvolvimento
profissional dos professores?
Considerem-se, ainda, as limitações na formação inicial dos professores, que
historicamente acumula índices precários devido à formação aligeirada e muitas vezes frágil
teórica e praticamente.
São limites também de natureza teórico-metodológica: quais as possibilidades
efetivas de o professor pesquisar a prática? Quais os aportes teóricos e metodológicos
necessários para desenvolver pesquisas? Como as teorias são consideradas nessa perspectiva?
A análise da prática é realizada para além de si, criticamente, com critérios externos de
validade do conhecimento produzido?
Identificar esses limites permite que se encontrem formas de superá-los. O estágio
abre possibilidade para os professores orientadores proporem a mobilização de pesquisas para
ampliar a compreensão das situações vivenciadas e observadas nas escolas, nos sistemas de
ensino e nas demais situações que estimularem, a partir dessa vivência, a elaboração de
projetos de pesquisa a ser desenvolvidos concomitantemente ou após o período de estágio.
Os conceitos de professor crítico-reflexivo e professor pesquisador, conforme
retomados nesse texto, mostram sua fertilidade para a realização do estágio como pesquisa e
para a utilização de pesquisas no estágio.
Nessa perspectiva, os currículos de formação de profissionais começaram, por meio
dos estágios, a valorizar atividades para o desenvolvimento da capacidade de reflexão e da
realização de pesquisas, tomando a prática existente de outros profissionais e dos próprios
professores nos contextos institucionais. Tirar do papel e tentar operacionalizar a ideia de
professor reflexivo e pesquisador é o grande desafio das propostas curriculares dos cursos de
magistério e dos planos de ensino dos professores formadores. De forma individual ou
coletiva, há tentativas várias de concretização de tal proposta em diferentes modalidades de
estágio.
Em que pese a importância dessa influência, é preciso examinar seus limites e
possibilidades13, para que os professores orientadores tenham a clareza de qual reflexão se
está falando. Que tipo de reflexão tem sido realizada pelos professores? As reflexões
13
Para aprofundamento e análise desses limites e possibilidades, ver Pimenta e Ghedin (2002), Contreras (2002)
e Duarte (2003).
21
14
Esses riscos são apontados por vários autores: Liston e Zeichner (1993), Zeichner (1992), Pérez-Gómez
(1992), Kemmis (1985) e Pimenta e Ghedin (2002).
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concorda com Carr (1995) ao apontar para o caráter transitório e contingente da prática dos
professores e para a necessidade de transformá-la numa perspectiva crítica.
Charlot (2002), p. 89), ao discorrer sobre pesquisa e política educacional, recomenda
atenção para a formação que acontece entre o professor e seus pares na escola. Monteiro
(2002, p. 111) aponta o coletivo e o diálogo para que a reflexão seja uma forma de labor, que
se torna o co-labor. Ghedin (2002, p. 129) diz que o horizonte da reflexão é a crítica como
meio de redimensionar e ressignificar a prática. Serrão (2002, p. 151) questiona a dimensão
artística ou artesanal da prática docente, uma vez que o professor tem seu trabalho cada vez
mais atrelado aos ditames do sistema. Gomes e Lima (2002, p. 163) convidam a pensar a
formação docente na perspectiva de uma nova qualidade que está contida no contexto
histórico das reformas que vivenciamos. Valadares (2002, p. 187) indica o diálogo para a
construção da autonomia dos professores. Borges (2002, p. 201) propõe uma reflexão em
inter-relação com a leitura escrita. Franco (2002, p. 219) destaca os saberes da experiência
como fundamentais para uma formação reflexiva.
A análise contextualizada do conceito de professor reflexivo permite superar suas
limitações, afirmando-o como um conceito político-epistemológico que requer o suporte de
políticas públicas consequentes para sua efetivação. Caso contrário, se transforma em mero
discurso ambíguo, falacioso e retórico, servindo apenas para se criar um discurso que
culpabiliza os professores. Discurso que ignora ou mesmo descarta a análise do conjunto de
suas teorias e, principalmente, dos contextos nos quais foram produzidas e para os quais,
eventualmente, têm sido férteis no sentido de potencializar a efetivação de uma democracia
social com mais igualdade, para o que contribui a democratização quantitativa e qualitativa
dos sistemas escolares.
Assim, a análise das contradições presentes nesses conceitos subsidia a proposta de
superar-se a identidade necessária dos professores de reflexivos para a de intelectuais críticos
e reflexivos.
dessa compreensão parte da análise do real com o recurso das teorias, da cultura pedagógica,
para propor e gestar novas práticas, num exercício coletivo de criatividade.
Os lugares da prática educativa, as escolas e outras instâncias existentes num tempo e
num espaço, são o campo de atuação dos professores (os já formados e os em formação). O
conhecimento e a interpretação desse real existente serão o ponto de partida dos cursos de
formação, uma vez que se trata de possibilitar aos futuros professores as condições e os
saberes necessários para sua atuação profissional.
O estágio, então, deixa de ser considerado apenas um dos componentes e mesmo um
apêndice do currículo e passa a integrar o corpo de conhecimentos do curso de formação de
professores. Poderá permear todas as suas disciplinas, além de seu espaço específico de
análise e síntese ao final do curso. Cabe-lhe desenvolver atividades que possibilitem o
conhecimento, a análise, a reflexão do trabalho docente, das ações docentes, nas instituições,
a fim de compreendê-las em sua historicidade, identificar seus resultados, os impasses que
apresenta, as dificuldades. Dessa análise crítica, à luz dos saberes disciplinares, é possível
apontar as transformações necessárias no trabalho docente, nas instituições.
Esse conhecimento envolve o estudo, a análise, a problematização, a reflexão e a
proposição de soluções às situações de ensinar e aprender. Envolve experimentar situações de
ensinar, aprender a elaborar, executar e avaliar projetos de ensino não apenas nas salas de
aula, mas também nos diferentes espaços da escola. Por isso, é importante desenvolver nos
alunos futuros professores habilidades para o conhecimento e a análise das escolas, bem como
das comunidades onde se insere. Envolve o conhecimento, a utilização e a avaliação de
técnicas, métodos e estratégias de ensinar em situações diversas. Envolve a habilidade de
leitura e reconhecimento das teorias presentes nas práticas pedagógicas das instituições
escolares. Ou seja, o estágio assim realizado permite que se traga a contribuição de pesquisas
e o desenvolvimento das habilidades de pesquisar. Essa postura investigativa favorece a
construção de projetos de pesquisa a partir do estágio.
Os estudos e pesquisas sobre Estágio Supervisionado como componente curricular
têm se realizado de forma mais sistemática nos Encontros Nacionais de Didática e Prática de
Ensino (Endipe)15 e em apresentações de pesquisas e trocas de experiências ocorridas nesses
15
O ENDIPE resulta da longa trajetória iniciada pelos encontros “Didática” e “Prática de Ensino” realizados
paralelamente: I Seminário “A Didática em Questão”, Rio de Janeiro, 1983; III Seminário “Didática em
Questão”, São Paulo, 1985; I Encontro Nacional de Prática de Ensino, São Paulo, 1983; III Encontro Nacional de
Prática de Ensino, São Paulo, 1985. O primeiro realizado conjuntamente dói o ENDIPE, Recife, 1987. A seguir,
foram realizados o V ENDIPE, Belo Horizonte, 1989; o VI ENDIPE, Porto alegre, 1991; O VII ENDIPE,
Goiânia, 1994; o VIII ENDIPE, Florianópolis, 1996; o IX ENDIPE, Águas de Lindoia, 1998; o X ENDIPE, Rio
de Janeiro, 2000; o XI ENDIPE, Goiânia, 2002; e o XII ENDIPE, Curitiba, 2004.
24
eventos. Tais estudos não são desligados da realidade histórico-social que os sustenta, mas
acompanham a compreensão do estágio no processo histórico dessa disciplina no Brasil. É
importante observar que a prática sempre esteve presente na formação do professor (Pimenta,
1994, p. 23). É nesse aspecto que o estágio como pesquisa se coloca no momento atual como
postura teórico-metodológica e desafio.
Como reflexão sobre as práticas pedagógicas das instituições escolares, o estágio não
se faz por si. Envolve todas as disciplinas do curso de formação, constituindo um verdadeiro e
articulado projeto político-pedagógico de formação de professores cuja marca é alavancar o
estágio como pesquisa. Poderá ocorrer, portanto, desde o início do curso, possibilitando que a
relação entre os saberes teóricos e os saberes práticos ocorra durante todo o percurso da
formação, garantindo, inclusive, que os alunos aprimorem sua escolha de ser professores a
partir do contato com a realidade de sua profissão.
Assim, o estágio prepara para um trabalho docente coletivo, uma vez que o ensino
não é um assunto individual do professor, pois a tarefa escolar é resultado das ações coletivas
dos professores e das práticas institucionais, situadas em contextos sociais, históricos e
culturais.
Pode-se, ainda, pensar o estágio em propostas que concebem o percurso formativo
alternando os momentos de formação dos estudantes na universidade e no campo de estágio.
Essas propostas consideram que teoria e prática estão presentes tanto na universidade quanto
nas instituições-campo. O desafio é proceder ao intercâmbio, durante o processo formativo,
entre o que se teoriza e o que se pratica em ambas. Esse movimento pode ser mais bem
realizado em uma estrutura curricular que supõe momentos para reflexão e análise das
práticas institucionais e das ações dos professores à luz dos fundamentos teóricos das
disciplinas e das experiências de seus profissionais.
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Extraído de: PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria do Socorro Lucena. Estágio e Docência. 5ª d. São Paulo:
Cortez, 2010. (2ª parte, Cap. 2, p. 125-141)
25
Por que preciso fazer o estágio supervisionado se há tanto tempo sou professor?
Minha experiência docente não pode ser contada como estágio? Por que ainda sou obrigado a
fazer o estágio se leciono há tanto tempo e já sei tudo sobre a escola? Pode o estágio
considerar a experiência dos professores-alunos? Os conhecimentos sobre formação contínua
podem ajudar nas atividades de estágio? Quais práticas de formação contínua podem ser
consideradas como estágio?
Estas perguntas nos chegam em forma de apelo dos alunos que já exercem o
magistério, muitas vezes indignados diante da exigência de realizar um estágio curricular.
Atualmente, muitos estudantes dos cursos de licenciatura já são professores e trabalham dois
expedientes, e mesmo alguns estão perto da aposentadoria.
Pretendemos, neste capitulo, refletir sobre esta questão que vem ficando cada vez
mais frequente nos cursos de formação de professores: o retorno de professores experientes às
salas de aula na universidade e o início do exercício do magistério antes do término da
licenciatura. Esse fato vem ocorrendo nos cursos de licenciatura oferecidos em regime
especial17, nos quais os professores encontram a possibilidade de completar a formação
acadêmica exigida pela legislação. Esses cursos têm sido procurados especialmente por
professores dos sistemas estaduais e municipais de ensino. Em decorrência, abordaremos o
estágio como possibilidade de ressignificação da identidade e numa proposta de formação
contínua.
17
No Ceará, por exemplo, são denominados Cursos Especiais de Formação na área de Educação, conferindo
diploma de graduação (licenciatura plena) para professores em exercício na Rede de Ensino do Estado do Ceará.
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5) A cultura docente, os hábitos dos professores como corpo docente na instituição escolar,
seus vícios e qualidades, as influências recebidas e a forma como vêm reagindo aos impactos
das reformas e mudanças que ocorrem no âmbito educacional são fatores que necessitam
sempre de renovadas visões. O estágio supervisionado pode ser o espaço em que todas essas
questões sejam amplamente discutidas. Dessa maneira a vida, o trabalho, o desenvolvimento
profissional, a escola como organização, as experiências e todas as demais relações ocorridas
entre a docência e a sociedade acabam compondo um mosaico de partes diferentes da reflexão
docente.
Se queremos formar professores com condições para se inserir nas escolas de modo a
poder propor as alterações necessárias em suas culturas, o estágio deverá desenvolver
habilidades de participação e de atuação em colaboração com as equipes das escolas.
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RESUMO
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
19
Professora do Departamento de Educação Geral da Universidade do Estado do Pará, nas disciplinas Estágio
Supervisionado em Gestão Escolar na Pedagogia, e Prática de Ensino em Ciências da Religião. Mestre em
Educação na Linha Formação de Professores.
37
das escolas e de instituições e entidades não escolares, nas quais acontecem os estágios dos
alunos do curso, experiências essas que muito têm contribuído para a minha formação como
educadora que ensino ao aprender e aprendo ao ensinar. Nele, reflito sobre as teorias que
sustentam o estudo, e ao mesmo tempo realizo um Estudo de Caso, analisando os relatos de
colegas, bem como as minhas experiências ao longo de 12 anos de trabalho com Estágio
Supervisionado, desde o antigo Magistério de Ensino Médio, até hoje nos cursos de
Licenciaturas, em especial no de Pedagogia, e como Coordenadora de Estágios no curso de
Pedagogia da UEPA por um período de dois semestres letivos.
Portanto, tenho conhecimento das finalidades e importância dos Estágios para a
formação do profissional da educação, todavia, é evidente que os estágios precisam ser
avaliados, res-significados, contextualizados, e melhorados, considerando que precisamos
estar atentos as transformações que ocorrem em todos os setores da sociedade e que
interferem diretamente na forma de conviver, ensinar, aprender e trabalhar, o que implica uma
revisão de currículos, programas, conceitos e novas posturas dos educadores.
Afinal, o Estágio está amparado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
nº 9394/96: Art. 82, bem como pela Lei Federal de nº 11.788 de 25 de setembro de 2008 que
regulamenta o estágio no Brasil, Pelo parecer do CNE / 2006 que regulamenta o curso de
Pedagogia, Pelo Parecer do CNE /CP nº 09/2002, e também está assegurada no Projeto
Político Pedagógico do curso de Pedagogia, (UEPA, 2006).
Como se pode perceber, os estágios supervisionados são garantidos na legislação
educacional, contudo, só tratarei das recomendações das leis acima citadas, quando me referir
especificamente aos estágios no curso de pedagogia, todavia, já posso garantir que nessas leis,
o Estágio deverá proporcionar ao estudante de licenciatura, condições apropriadas de
formação que lhe torne capaz de exercer as suas atividades profissionais com competência
técnica, profissional e pessoal, que devem ser inerentes a todo educador e cidadão, sejam em
suas atividades profissionais e de trabalho, como em sua vida pessoal, pois, o estágio
congrega um conjunto de conhecimentos e saberes necessários á formação do Pedagogo, na
medida em que lhe possibilita condições de conhecer, vivenciar e compreender as reais
condições de trabalho e as diferentes relações de poder existentes nesses ambientes,
conhecimentos esses, que são importantes para a sua atuação profissional, seja na sala de aula,
ou na coordenação e gestão em ambientes educativos escolares, e também não escolares, e
movimentos populares nos quais possamos intervir, afinal, Vasquez, (2005, p. 38,) defende
que “O Estágio é um processo criador, de investigação, explicação, interpretação e
intervenção na realidade”.
38
Com base nessa afirmação, reflito neste trabalho as nossas experiências em estágio, a
luz do pensamento de teóricos que defendem o Estágio como elemento indispensável na
formação dos licenciados, e em seguida, comparo com as experiências vivenciadas no curso
de Pedagogia da EUPA, evidencio os dilemas, e indico algumas possibilidades de melhoria
dessa prática e da carreira profissional.
Carreira que tem sido tema de muitos debates, trabalhos acadêmicos, dissertações e
teses, entre outros estudos; essa produção evidencia o esforço da academia, em relação à
formação do profissional da educação, para qual, a disciplina Estágio Supervisionado pode ser
um instrumento propiciador de novos saberes e experiências que contribuem para a formação
pessoal e profissional do Pedagogo.
Aprender as artes de lidar com a totalidade das experiências humanas que perpassam
o tempo de escola e de aprender a fazer escolhas para dar conta dessa pluralidade de
dimensões humanas, que entram nos jogos educativos, são artes não previstas no
texto provisório das mudanças curriculares (ARROYO, 2000, p. 232).
A maneira como cada um de nós ensina, está diretamente dependente daquilo que
somos como pessoa quando exercemos o ensino. E as opções que cada um de nós
tem se fazer como professor, as quais cruzam, á nossa maneira de ser; com a nossa
maneira de ensinar e desvendam, na nossa maneira de ensinar a nossa maneira de
ser. É impossível separar o eu profissional do eu pessoal.
Assim, o trabalho docente é definido como uma atividade humana, como defende
Freire, ao apontar a educação como uma “especificidade humana”, por isso, no período do
Estágio Supervisionado, quando o aluno está em contato direto com diferentes ambientes e
sujeitos, ele deverá saber que sua tarefa é humana e humanizadora, embora, nem sempre essa
relação seja possível, se considerarmos que as relações nos ambientes de trabalho nem sempre
são favoráveis para os sujeitos e para o processo ensino-aprendizagem. Isso é o reflexo da
crise de valores éticos, que tornam as relações e o processo educativo desgastante, somados
ao pouco tempo que o estagiário tem em contato com os sujeitos dos ambientes escolares e
não escolares, nos campos de estágios, causando certo, “estranhamento” entre estagiário e os
educadores desses ambientes, nos quais, em algumas situações, os sujeitos têm dificuldades
em aceitar a presença do estagiário em seu ambiente de trabalho, porque este parece um
“invasor em seu território”, e uma ameaça as suas certezas e tranquilidade.
Atitude que exige do estágio uma postura mais adequada ao que propõe Freire (1996,
p. 65) “a prática docente especificamente humana, é profundamente formadora, por isso,
ética. Se não se pode esperar de seus agentes que sejam santos ou anjos, pode-se e deve-se
deles exigir seriedade e retidão”. Recomenda-se assim, aos estagiários, e a seus professores
formadores, postura mais responsável, ética, humilde, e de abertura ao diálogo com os
diferentes sujeitos da comunidade escolar e dos ambientes não escolares nos quais os estágios
se realizam.
2- O Estágio e a formação de professor reflexivo e pesquisador
O Estágio também é espaço das lutas e dos conflitos porque nele, acontece o
encontro de saberes, de diferentes concepções e descobertas, de afirmação ou de negação da
identidade profissional, a qual, deveria estar ligada a nossa identidade pessoal, o que significa
dizer, que o Estágio é um momento apropriado para perceber, se temos ou não identificação
com as responsabilidades, habilidades, competências e atribuições inerentes a profissão
escolhida, pois, o Estágio pode contribuir para a construção da identidade do profissional da
educação, já que o contato direto com as experiências concretas e com os diferentes sujeitos e
saberes presentes nos espaços educativos, possibilitam ao estagiário, refletir sobre sua
formação, bem como os limites e possibilidades dela, além de mobilizar suas emoções,
incertezas e criatividades. Para Pimenta, (2005, p. 19),
Uma identidade profissional docente constrói-se também, pelo significado que cada
professor, enquanto ator e autor, confere à atividade docente no seu cotidiano a
partir de seus valores, de seu modo de sentir-se no mundo, de sua história de vida,
de suas representações, de seus saberes, de suas angústias, e anseios, do sentido que
tem em sua vida, o ser professor.
sentido”. O ser humano precisa identificar-se consigo mesmo, a lutar para ser melhor do que
é no momento, a renovar-se, como identificamos no poema de Barros. (1998, p.19). Não
aguento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que
compra pão ás 06 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva. Perdoai, mas
eu preciso Ser Outros. Eu penso renovar o homem usando borboletas.
O poema remete ao profissional da educação que não se identifica com o trabalho,
mas deseja reverter á situação. Portanto, o Estágio pode ser elemento definidor para o
estagiário conhecer e vivenciar as atribuições de sua profissão, as possibilidades e
implicações, bem como, perceber se ele está, ou não identificado com elas. Assim, o Estágio
foge ao que afirma Pimenta, (2005, p.64). “Há uma burocratização do Estágio, um
cumprimento formal do requisito legal”. Situação que desprestigia a ação dos educadores em
todas as instâncias: os professores de ensino superior, os educadores dos campos de estágios,
e os alunos estagiários, que passam a executar uma tarefa mecânica, descontextualizada, sem
reflexão e nem compromisso com a formação dos sujeitos, contrariando a nossas expectativas,
de que o Estágio contribui com a qualidade social da educação, e com a realização
profissional e pessoal dos sujeitos nele envolvidos.
A escola é uma experiência humana bem mais plural do que a visão futurista e
cognitivista por vezes nos passa. Uma experiência bem mais mutável do que o
caráter provisório do texto curricular, dos conteúdos das áreas e das disciplinas.
ARROYO (2000, p. 232).
acredita que “o grande desafio pedagógico do educador do século XXI, é a busca por uma
formação capaz de possibilitar a construção de um profissional competente em todas as
dimensões”. E Veiga (2006, p. 18), completa:
necessidade de priorizar o delineamento de trilhas inovadoras para a teoria e a
prática de ensino, em vez de buscar os caminhos da padronização, no pensar, no
sentir e no agir em sala de aula. Vale salientar que o ato de ensinar é sempre uma
criação, uma inovação.
O texto evidencia que o ser humano precisa estabelecer relações com outros
humanos, pois, é a partir delas que ele desenvolve seu processo humanizador, e garante sua
própria sobrevivência. Machado, (2007), defende a ideia de que “a finalidade da educação é
realizar o processo de humanização do homem, tirá-lo de seu estado de natureza pura,
biológica e levá-lo, a um estágio mais avançado e humanizado”. Portanto, contraria a
educação tradicional, dogmática e bancária, como dizia Freire; aquela que embrutece e
desumaniza porque não permite ao homem ser sujeito de sua aprendizagem, já que esse
modelo de educação não oportuniza a convivência respeitosa com o diferente, muitas
instituições educacionais se dizem abertas a convivência com a diversidade, para parecerem
politicamente corretas, e aceitam oficialmente a matrícula de alguns “diferentes”, no entanto,
ignoram a sua existência, como sujeitos de direitos.
Onde fica o outro irredutível, misterioso, inominável, nem incluído, nem excluído,
que não é regido pela nossa autorização, nem pelo nosso respeito, nem por nossa
tolerância, nem pelo nosso reconhecimento para ser aquilo que já é e/ ou aquilo que
está sendo e/ ou aquilo que poderá ser?. (SKILLIAR, 2003; p. 38)
Ideia que nos remete a necessidade dos alunos do curso de Pedagogia fazerem
estágio em 4 (quatro) disciplinas, no decorrer de curso, sendo: Estágio em Gestão e
Coordenação Escolar, e Estágio em Instituições não-Escolares e Espaços Populares, e Estágio
em Educação Infantil, Estágio em Ensino Fundamental. Todavia, esses estágios acontecem
apenas nos últimos semestres, no sétimo e oitavo, respectivamente, ou seja, sua própria forma
de organização curricular assegurado em seu PPP fragmenta a relação entre teoria e prática,
colocando em xeque essa premissa. Entretanto, os Estágios que tem como finalidade, realizar
a integração curricular, e desenvolver nos alunos as competências necessárias a profissão de
Pedagogo, seja na docência, na gestão, ou ainda em outros ambientes educativos não
escolares, que ampliam sua formação profissional, passam a ser, em grande parte, apenas o
cumprimento de uma obrigação curricular formal, que apesar de sua importância, pouco
contribui para a formação do Pedagogo, contrariando a ideia de Pimenta, (2002, p. 109), sobre
as bases e finalidades do curso de Pedagogia,
O curso deverá formar o profissional pedagogo, cientista educacional, ou seja, um
especialista na compreensão, pesquisa e orientação da práxis educativa, que ocorre
nas mais diversas instâncias sociais, assim, deverá ter sua ótica voltada à
qualificação e transformação de espaços educacionais em espaços educativos,
através da cientificização da práxis educativa.
Formação ideal e muito ampla, mas difícil de ser alcançada, pois, os estágios que são
elementos importantes dessa formação, acontecem em tempo reduzido, e a forma como esta
carga horária é distribuída, não permite aos estagiários, terem maior conhecimento da
realidade dos espaços de estágios, sejam os escolares ou os não-escolares, assim, é preciso um
período de adaptação e aproximação entre os sujeitos para que haja confiança entre eles, do
contrário, será difícil criar relações e desenvolver projetos coletivos para essas instituições,
como propõem as recomendações dos estágios no curso. Afinal, argumentam Pimenta e Lima,
(2011, p.107) “No trânsito entre instituições de diferentes níveis de ensino, com
características, objetivos, estruturas e funcionamento diverso, é preciso que se compreendam
50
suas culturas específicas e o que as aproxima, a fim de não incorrer em mútuas acusações”.
Problemas dessa natureza já foram evidenciados em situações pontuais no Estágio do curso de
Pedagogia da UEPA, quando posturas equivocadas de estagiários, e que não foram bem
conduzidas pelos professores formadores, geraram conflitos entre estagiários e comunidade
escolar, colocaram em risco a credibilidade da instituição. Situação que não pode ser repetida
nos estágios, e que colocam em dúvida a nossa competência técnica, ética e profissional,
contrapondo-se ao que afirma Wanze, (1994, p.12)
É na investigação de sua produção, de como se produz e dos meios utilizados para
produzir, que será possível desvendar o real conteúdo da prática pedagógica e a
qualificação do Pedagogo como trabalhador escolar e social, engendrado por essa
prática.
Outro problema dos Estágios, é a interpretação equivocada que se faz da Lei Federal
nº 11.788 de 25 de Setembro de 2008, que normatiza o Estágio Supervisionado no Brasil,
essas interpretações têm servido de desculpas para a burocratização de muitas instituições que
protelam para assinar os convênios e receber os estagiários, principalmente no que diz
respeito a obrigatoriedade do cumprimento dos direitos assegurados pela lei aos estagiários,
dificultando assim, campo de estágio. No processo de análise das práticas nos Estágios da
Pedagogia, destaca-se a dificuldade de campo para os alunos do noturno, em especial, nas
disciplinas de Estágio em Educação Infantil, Ensino Fundamental, e em Instituições não-
Escolares e Espaços Populares, pois, Educação Infantil é desenvolvido com crianças,
portanto, não existem escolas de Educação Infantil no noturno, a não ser, Creche Hotel,
entretanto, não estão abertas a receber estagiários, pois é o horário das mesmas dormirem.
Dificuldade também presente em estágio no Ensino Fundamental, já que no turno da noite, só
funcionam turmas da “EJA” Educação de Jovens e Adultos, e em número muito reduzido de
escolas e por sua vez, de turmas de alunos.
Portanto, os Estágios nessas disciplinas, quase sempre não atendem seus objetivos
propostos para os alunos do noturno, confirmando a afirmação de Pimenta e Lima (2011, p.
101) “Assim, os estágios de maneira geral, acabam por se configurar em atividades distantes
da realidade concreta das escolas, resumindo-se muitas vezes, a miniaulas, realizadas na
própria universidade, ou palestras proferidas por profissionais convidados”.
Situação presente no Estágio em Instituições não-Escolares e Espaços Populares,
com estágio em empresas, hospitais, instituições públicas, autarquias, entidades civis,
esportivas, filantrópicas, e ONG’s. Tal dificuldade se dá em decorrência de alguns fatores,
entre os quais: a falta de reconhecimento das instituições e entidades a respeito das
competências e atribuições que o curso assegura em seu PPP; existência de poucas entidades e
51
instituições que já trabalham com Pedagogos em seus quadros, bem como, em aceitarem
receber os alunos de estágio em seus ambientes. Essa dificuldade aumenta ainda mais para os
alunos do noturno, como citamos anteriormente, porque são raros os ambientes não escolares
que funcionam no noturno, em especial com a presença dos Pedagogos. Mas isso não pode
permanecer, afirma Freire (2004, p.141),
Uma das coisas que devemos fazer é não esperar que a sociedade se transforme. Se
esperarmos, ela não se transforma; temos de fazer, e é nos metendo dentro do
processo, na própria intimidade do processo em movimento, que descobrimos os
caminhos e vamos desmontando coisas que se opõem à mudança.
Nessa direção, muitas iniciativas positivas têm sido realizadas pelos professores de
Estágio, tanto nas escolas, quanto nos ambientes não escolares, quanto na própria
universidade; os quais, vão desde os projetos desenvolvidos pelos alunos nas escolas em que
estagiam, e que trazem melhorias para o seu processo ensino-aprendizagem, bem como, para
52
CONSIDERAÇÕES PROVISÓRIAS
pessoas sejam de fato cidadãs, o que é possível, por meio da formação do educador, tendo o
Estágio como elemento definidor dessa formação.
REFERÊNCIAS
BARREIRO, Iraíde Marques de Freitas & GEBRAN Raimunda Abou. Prática de Ensino e
Estágio Supervisionado na Formação de Professores. São Paulo: Avercamp, 2006.
BARROS, Manoel. Retrato do Artista quando Coisa. Rio de Janeiro: Record. 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à Prática Educativa. 10ª ed.
Rio de Janeiro: PAZ E TERRA. 2004.
_____________. Pedagogia da Tolerância. FREIRE, Ana Maria (Org.). São Paulo: UNESP,
2005.
MORIN, Edgar. Os sete Saberes necessários à educação do Futuro. São Paulo: Cortez,
2003.
PIMENTA, Selma Garrido (Org). Estágio e Docência. 6ª Ed. São Paulo: Cortez, 2011.
____________, O Estágio na Formação de professores: unidade teoria e prática?. 2ª ed. São
Paulo: Cortez, 1995.
SKLIAR. Carlos. A educação que se pergunta pelos outros: e se o outro não estivesse aqui?
In: ARRUDA. Ânge1a.( org). Representando a Alteridade. 2a ed. Petrópolis: RJ: Vozes,
2002.
TARDIF, Maurice & LESSARD. Claude. O Trabalho Docente: Elementos para uma teoria
da docência como profissão de interações humanas. Tradução de João Batista Kreuch.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
Parágrafo único. A aprendizagem deverá ser orientada pelo princípio metodológico geral, que
pode ser traduzido pela ação-reflexão-ação e que aponta a resolução de situações-problema
como uma das estratégias didáticas privilegiadas.
Art. 6º Na construção do projeto pedagógico dos cursos de formação dos docentes,
serão consideradas:
I - as competências referentes ao comprometimento com os valores inspiradores da sociedade
democrática;
II - as competências referentes à compreensão do papel social da escola;
III - as competências referentes ao domínio dos conteúdos a serem socializados, aos seus
significados em diferentes contextos e sua articulação interdisciplinar;
IV - as competências referentes ao domínio do conhecimento pedagógico;
V - as competências referentes ao conhecimento de processos de investigação que
possibilitem o aperfeiçoamento da prática pedagógica;
VI - as competências referentes ao gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional.
§ 1º O conjunto das competências enumeradas neste artigo não esgota tudo que uma escola de
formação possa oferecer aos seus alunos, mas pontua demandas importantes oriundas da
análise da atuação profissional e assenta-se na legislação vigente e nas diretrizes curriculares
nacionais para a educação básica.
§ 2º As referidas competências deverão ser contextualizadas e complementadas pelas
competências específicas próprias de cada etapa e modalidade da educação básica e de cada
área do conhecimento a ser contemplada na formação.
§ 3º A definição dos conhecimentos exigidos para a constituição de competências deverá,
além da formação específica relacionada às diferentes etapas da educação básica, propiciar a
inserção no debate contemporâneo mais amplo, envolvendo questões culturais, sociais,
econômicas e o conhecimento sobre o desenvolvimento humano e a própria docência,
contemplando:
I - cultura geral e profissional;
II - conhecimentos sobre crianças, adolescentes, jovens e adultos, aí incluídas as
especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais e as das comunidades
indígenas;
III - conhecimento sobre dimensão cultural, social, política e econômica da educação;
IV - conteúdos das áreas de conhecimento que serão objeto de ensino;
V - conhecimento pedagógico;
VI - conhecimento advindo da experiência.
61
21
CNE. Resolução CNE/CP 2/2002. Diário Oficial da União, Brasília, 4 de março de 2002.
Seção 1, p. 9
65
22
Resolução CNE/CP 1/2006. Diário Oficial da União, Brasília, 16 de maio de 2006, Seção 1, p. 11.
66
CAPÍTULO I
DA DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E RELAÇÕES DE ESTÁGIO
23
74
Art. 7o São obrigações das instituições de ensino, em relação aos estágios de seus
educandos:
I – celebrar termo de compromisso com o educando ou com seu representante ou assistente
legal, quando ele for absoluta ou relativamente incapaz, e com a parte concedente, indicando
as condições de adequação do estágio à proposta pedagógica do curso, à etapa e modalidade
da formação escolar do estudante e ao horário e calendário escolar;
II – avaliar as instalações da parte concedente do estágio e sua adequação à formação cultural
e profissional do educando;
III – indicar professor orientador, da área a ser desenvolvida no estágio, como responsável
pelo acompanhamento e avaliação das atividades do estagiário;
76
CAPÍTULO III
DA PARTE CONCEDENTE
III – indicar funcionário de seu quadro de pessoal, com formação ou experiência profissional
na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar e supervisionar
até 10 (dez) estagiários simultaneamente;
IV – contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais, cuja apólice seja
compatível com valores de mercado, conforme fique estabelecido no termo de compromisso;
V – por ocasião do desligamento do estagiário, entregar termo de realização do estágio com
indicação resumida das atividades desenvolvidas, dos períodos e da avaliação de
desempenho;
VI – manter à disposição da fiscalização documentos que comprovem a relação de estágio;
VII – enviar à instituição de ensino, com periodicidade mínima de 6 (seis) meses, relatório de
atividades, com vista obrigatória ao estagiário.
Parágrafo único. No caso de estágio obrigatório, a responsabilidade pela contratação do
seguro de que trata o inciso IV do caput deste artigo poderá, alternativamente, ser assumida
pela instituição de ensino.
CAPÍTULO IV
DO ESTAGIÁRIO
Art. 10. A jornada de atividade em estágio será definida de comum acordo entre a
instituição de ensino, a parte concedente e o aluno estagiário ou seu representante legal,
devendo constar do termo de compromisso ser compatível com as atividades escolares e não
ultrapassar:
I – 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no caso de estudantes de educação
especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de
jovens e adultos;
II – 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no caso de estudantes do ensino
superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular.
§ 1o O estágio relativo a cursos que alternam teoria e prática, nos períodos em que não estão
programadas aulas presenciais, poderá ter jornada de até 40 (quarenta) horas semanais, desde
que isso esteja previsto no projeto pedagógico do curso e da instituição de ensino.
§ 2o Se a instituição de ensino adotar verificações de aprendizagem periódicas ou finais, nos
períodos de avaliação, a carga horária do estágio será reduzida pelo menos à metade, segundo
estipulado no termo de compromisso, para garantir o bom desempenho do estudante.
78
Art. 11. A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2
(dois) anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência.
Art. 12. O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contraprestação que
venha a ser acordada, sendo compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio-transporte,
na hipótese de estágio não obrigatório.
§ 1o A eventual concessão de benefícios relacionados a transporte, alimentação e saúde, entre
outros, não caracteriza vínculo empregatício.
§ 2o Poderá o educando inscrever-se e contribuir como segurado facultativo do Regime Geral
de Previdência Social.
Art. 13. É assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha duração igual ou
superior a 1 (um) ano, período de recesso de 30 (trinta) dias, a ser gozado preferencialmente
durante suas férias escolares.
§ 1o O recesso de que trata este artigo deverá ser remunerado quando o estagiário receber
bolsa ou outra forma de contraprestação.
§ 2o Os dias de recesso previstos neste artigo serão concedidos de maneira proporcional, nos
casos de o estágio ter duração inferior a 1 (um) ano.
Art. 14. Aplica-se ao estagiário a legislação relacionada à saúde e segurança no
trabalho, sendo sua implementação de responsabilidade da parte concedente do estágio.
CAPÍTULO V
DA FISCALIZAÇÃO
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
79
Art. 16. O termo de compromisso deverá ser firmado pelo estagiário ou com seu
representante ou assistente legal e pelos representantes legais da parte concedente e da
instituição de ensino, vedada a atuação dos agentes de integração a que se refere o art. 5 o desta
Lei como representante de qualquer das partes.
Art. 17. O número máximo de estagiários em relação ao quadro de pessoal das
entidades concedentes de estágio deverá atender às seguintes proporções:
I – de 1 (um) a 5 (cinco) empregados: 1 (um) estagiário;
II – de 6 (seis) a 10 (dez) empregados: até 2 (dois) estagiários;
III – de 11 (onze) a 25 (vinte e cinco) empregados: até 5 (cinco) estagiários;
IV – acima de 25 (vinte e cinco) empregados: até 20% (vinte por cento) de estagiários.
§ 1o Para efeito desta Lei, considera-se quadro de pessoal o conjunto de trabalhadores
empregados existentes no estabelecimento do estágio.
§ 2o Na hipótese de a parte concedente contar com várias filiais ou estabelecimentos, os
quantitativos previstos nos incisos deste artigo serão aplicados a cada um deles.
§ 3o Quando o cálculo do percentual disposto no inciso IV do caput deste artigo resultar em
fração, poderá ser arredondado para o número inteiro imediatamente superior.
§ 4o Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos estágios de nível superior e de nível
médio profissional.
§ 5o Fica assegurado às pessoas portadoras de deficiência o percentual de 10% (dez por
cento) das vagas oferecidas pela parte concedente do estágio.
Art. 18. A prorrogação dos estágios contratados antes do início da vigência desta Lei
apenas poderá ocorrer se ajustada às suas disposições.
Art. 19. O art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo
Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 428. ......................................................................
§ 1o A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de Trabalho e
Previdência Social, matrícula e freqüência do aprendiz na escola, caso não haja concluído o
ensino médio, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de
entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica.
......................................................................
§ 3o O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, exceto
quando se tratar de aprendiz portador de deficiência.
......................................................................
80
§ 7o Nas localidades onde não houver oferta de ensino médio para o cumprimento do disposto
no § 1o deste artigo, a contratação do aprendiz poderá ocorrer sem a freqüência à escola, desde
que ele já tenha concluído o ensino fundamental.” (NR)
Art. 20. O art. 82 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a
seguinte redação:
“Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de realização de estágio em sua
jurisdição, observada a lei federal sobre a matéria. Parágrafo único. (Revogado).” (NR)
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 22. Revogam-se as Leis nos 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de março de
1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o art. 6o da
Medida Provisória no 2.164-41, de 24 de agosto de 2001.
Brasília, 25 de setembro de 2008; 187o da Independência e 120o da República.
1. A carga horária de trabalho deverá ser compatível com a desenvolvida no estágio como
propõe o art. 4 do Decreto 87.497/82 pelo qual, a carga horária não poderá ser inferior a um
semestre letivo;
2. Atender o que propõe art. 61 (Parágrafo Único - III) da Lei Federal nº 9.394/96: “O
aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições de ensino e em outras
atividades”. As atividades desenvolvidas pelo pretendente ao crédito deverão ser compatíveis
com as atividades que seriam desenvolvidas no campo de estágio.
3. Atender o que propõe o CNE/CP Res. 02, de 19 de Fevereiro de 2002 do Conselho
Nacional de Educação que estabelece a carga horária de 400 (quatrocentas) horas de Estágio
Curricular Supervisionado, desenvolvido a partir do inicio da segunda metade do curso a
educação.
A mencionada resolução garante aos alunos que exerçam atividade docente regular
na Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio) a redução da
carga horária do Estágio Curricular Supervisionado até o máximo de 200 (duzentas) horas.
4. A atividade de trabalho deverá ser compatível com o que diz o Parecer CNE/CP 09/2001:
“O estágio curricular supervisionado é um momento de formação profissional do formando,
seja pelo exercício direto in loco, seja pela presença participativa em ambientes próprios de
atividades daquela área profissional, sob a responsabilidade de um profissional já habilitado”.
5. Resolução 1969/2009 – CONSUN/UEPA, de 13 de Maio de 2009 que trata das Normas
Gerais Orientadoras Referentes aos Estágios Curriculares na Universidade do Estado do Pará
– UEPA (Art. 21 ..... Parágrafo Único: Terá direito a concessão de dispensa nos termos do
Parecer nº 744/97/CNE, o aluno já inserido como docente na rede de ensino, pública ou
privada, mediante comprovação e acompanhamento da IES, por intermédio da Coordenação
de Estágio do Curso).
6. A escola na qual o aluno estagiário trabalha deverá ser dotada de profissionais qualificados
com formação em Pedagogia para que possa fazer o acompanhamento e avaliação do
estagiário e encaminhar a Coordenação de Estágio na Universidade;
7. O aluno deverá entregar a Coordenação do Curso, declaração de trabalho especificado o
nível de educação em que exerce e ou exerceu a função docente (Educação Infantil, Ensino
Fundamental, Ensino Médio) e o tempo de serviço; comprovante de instituição de ensino
reconhecida e autorizada pelo Conselho Estadual de Educação do Pará.
82
Isso posto, serão apresentadas quatro grandes áreas de atuação do pedagogo que só
podem ser concebidas se interligadas umas às outras. É fundamental considerar que essas
áreas não estão sendo aqui apresentadas como atribuições de diferentes profissionais nas
escolas. Todas elas podem vir a ser áreas de atuação de um mesmo pedagogo.
A divisão de funções que pode acontecer deve ser decorrente do tamanho da escola e
de suas demandas. Assim, em uma escola muito pequena, apenas um pedagogo pode atuar em
todas essas áreas, ao contrário de uma escola muito grande que pode comportar vários
pedagogos. Nesse último caso, entendo que a divisão de funções deve emanar a partir do PPP
da escola e das afinidades pessoais e profissionais dos diferentes pedagogos em relação às
diferentes áreas de atuação.
De qualquer modo, o trabalho do pedagogo nessas duas áreas pode acontecer tanto a
frente da coordenação do trabalho, quanto da direção da escola e também simultaneamente
em ambas as áreas.
(...) o trabalho dos pedagogos circunda a atividade mais importante da escola – que é
a sala de aula. Mas o trabalho que determina o fazer pedagógico não se limita a sala
de aula; ele a estrapola. (Pimenta, 2002, p.51)
Ela é, nesse sentido a expressão máxima do trabalho coletivo. De modo que, se não for
uma atividade desenvolvida pelo pedagogo junto a todos os profissionais da escola, ela se
destitui daquilo que a constitui. Em termos efetivos, se ela não expressar a síntese do trabalho
coletivo, deixa de ser coordenação à medida de que a entendemos como esse somatório dos
esforços individuais na busca dos fins educacionais do trabalho escolar. Entretanto, a figura
do “coordenador” é imprescindível. A coordenação do trabalho pedagógico é uma prática
pedagógica e, como vimos, a pedagogia carece de um agente para que ela se materialize. Do
contrário, na ausência de um trabalho articulador, os esforços individuais tendem a esvair-se.
A articulação do PPP da escola, por sua vez, remete-se o tempo todo ao currículo
escolar. Daí a necessidade de o pedagogo escolar ser um profundo conhecedor de currículo,
em seu sentido amplo. É no currículo escolar que se expressa o conhecimento escolar como
intercruzamento de diferentes saberes, dos diferentes tipos de conhecimento. Se entendermos
o pedagogo como mediador no desenvolvimento do currículo escolar, sua atuação na
coordenação pedagógica ocorre diretamente junto ao corpo docente e discente – agentes
fundamentais dos processos ensino-aprendizagem.
Assim, fica evidente que a atuação do pedagogo junto ao professor só faz sentido se
não perder de vista que o seu fim último é a melhoria da aprendizagem dos alunos. E é
justamente por acreditarmos nesse princípio que defendemos a idéia de que a principal
atribuição do pedagogo escolar é dar suporte organizacional e pedagógico aos professores.
Dessa maneira, sua contribuição em melhorar qualitativamente a aprendizagem dos alunos
pode ser mais eficaz do que quando ele atua diretamente junto a eles.
Esse vínculo íntimo entre a coordenação e os alunos é necessário para que o pedagogo,
ao assistir o professor, tenha sempre como referência o grupo específico de alunos a que as
atividades se voltam.
ações devem ser o pedagogo. O contato com os pais deve ser graduado de acordo com os
diferentes níveis de ensino: extremamente intenso na Educação Infantil e distanciando-se,
cada vez mais, até as séries finais do Ensino Médio.
A formação é ciclo que abrange a experiência do docente como aluno (educação de base), como
aluno-mestre (graduação), como estagiário (práticas de supervisão), como iniciante (nos primeiros
anos da profissão) e como titular (formação continuada). Esses momentos só serão formadores se
forem objeto de um esforço de reflexão permanente.
Se tivesse de escolher a mais decisiva, ficaria com a dos anos iniciais da profissão. Infelizmente, não
se dá a devida atenção a esse período. É ele que define, positiva ou negativamente, grande parte da
carreira. Para mim, é inaceitável uma pessoa que acabou de se formar fique encarregada das piores
turmas, muitas vezes sem apoio nem acompanhamento. Quem está começando precisa, mais do que
ninguém, de suporte metodológico, científico e profissional. (Nóvoa, 2001, p.14; grifos meus)
Do mesmo modo, Garcia (1999) faz referência aos “Programas de iniciação ao ensino
para professores principiantes” ao destacar a importância da figura do professor de apoio ou
professor mentor como sendo responsável por aquele acolhimento, acompanhamento e
transmissor de cultura escolar aos novos professores. Tanto o suporte metodológico, científico
e profissional necessário ao professor iniciante, a que se refere Nóvoa (2001)m quanto às
90
Nessa perspectiva, o local de atualizar a formação recebida não poderia ser outro a não ser
aquele onde ocorreu a formação inicial, ou seja, na universidade. Enfatiza-se dessa maneira “a
presença nos espaços considerados tradicionalmente como locus de produção do
conhecimento” (Candau, 1996, p.141): a universidade e outros locais a ela articulados.
Dessa maneira, a autora aponta de forma indagadora a presença de uma concepção dicotômica
entre teoria e prática, reforçada na separação entre aqueles que produzem conhecimento
daqueles responsáveis pela socialização desses conhecimentos.
A primeira tese refere-se ao locus da formação, que deve privilegiar a própria escola, ou seja,
deslocar o locus da formação contínua de professores da universidade para a própria escola de
educação básica. Dessa maneira, valoriza-se o conhecimento produzido pelo professor em seu
cotidiano escolar, onde “ele aprende, desaprende, reestrutura o aprendizado, faz descobertas e
[...] vai aprimorando sua formação” (Candau, 1996, p.144)
A segunda tese reporta-se à valorização do saber docente. Nessa linha de reflexão, ainda
segundo Candau (1996, p.145), os seguintes questionamentos são feitos:
Que saber possuem os professores?; São esses profissionais simplesmente canais de transmissão e
socialização de saber produzido por outros profissionais?; Constroem eles alguns saberes específicos?;
Que tipo de relação esses saberes têm com as chamadas ciências da educação?
Na terceira tese, que discute o ciclo da vida dos professores, a autora recorre aos
estudos de Huberman que identifica cinco etapas básicas na carreira docente:
[...] que não devem ser concebidas de uma forma estática e linear e sim em relação dialética: a
entrada na carreira, etapa de “sobrevivência e descoberta”; a fase de estabilização, momento de
identificação profissional e segurança; a fase de diversificação, momento de questionamento, de
experimentação, de buscas plurais; o momento de serenidade e distância afetiva e/ou de
conservadorismo e lamentações e, finalmente, atinge-se um momento de desinvestimento, de recuo e
interiorização, característico do final da carreira profissional. (Candau, 1996, p.149)
Esse é um trabalho que o pedagogo escolar deve encaminhar nas unidades escolares.
Ele assume um papel fundamental na condução das atividades pedagógico-administrativas de
formação contínua e pesquisa. De acordo com Fusari (2001, p.22):
A formação contínua de educadores que atuam na escola básica será mais bem sucedida se a equipe
escolar, liderada pelos diretores e coordenadores [...], encará-la como valor e condição básicos para o
desenvolvimento profissional dos trabalhadores em educação.
dela emanam. Além disso, exige-se dele um preparo profissional para encaminhar as possíveis
soluções aos problemas identificados.
Por outro lado, ao considerar a peculiaridade do trabalho docente, que em sala de aula
é uma atividade solitária, a reflexão que o professor desenvolve sobre sua própria ação é
limitada, uma vez que ela fica circunscrita à sua percepção individual. O exercício de reflexão
sobre a prática docente deve ser, por excelência, um trabalho em equipe que emana do
envolvimento coletivo no interior da escola sobre o repensar das práticas individuais
desenvolvidas em sala de aula, mas analisadas e planejadas coletivamente.
Nesse sentido, o pedagogo escolar pode ainda construir esse processo de reflexão
sobre a ação docente, participando das aulas ministradas pelos professores. Ele pode colaborar
com o professor em sala de aula, problematizando situações, refletindo sobre o porquê de ter
tomado determinada decisão etc.
O professor, refletindo sozinho sobre sua prática em sala de aula, interpreta diferentes
aspectos do processo ensino-aprendizagem obviamente por eles selecionados. A presença do
pedagogo, na sala de aula, permite ampliar a reflexão sobre a ação docente à medida que pode
contribuir na observação de aspectos relevantes que podem passar despercebidos pelo
professor. Ou seja, o coordenador pedagógico pode possibilitar ao professor o
compartilhamento da sua ação em sala de aula e pode também contribuir com a reflexão sobre
a ação docente, anotando as ocorrências da sala para posterior discussão, assim como
colaborar na identificação de problemas que o professor sozinho poderia não identificar.
É assim que a própria atuação do pedagogo dentro das escolas é em si uma ação que
contribui com a formação contínua dos professores, quando
[...] prestam assistência pedagógico-didática aos professores, coordenam reuniões e grupos de estudo,
supervisionam e dinamizam o projeto pedagógico, auxiliam na avaliação da organização escolar e do
rendimento escolar dos alunos, trazem materiais e propostas inovadoras, acompanham as aulas,
prestam assistência na utilização de novos recursos tecnológicos como o computador, a internet.
(Libâneo, 2004, p.229)
Os alunos estão ali por todos os lugares, nos intervalos e fora deles, precisam de atenção, cuidado,
apoio [...]. [...] o processo educativo é contínuo e os funcionários suprem parte da demanda destes
estudantes. Não se trata daquela demanda pelo ensino formal, mas sim daquela que diz respeito aos
valores e às atitudes. Neste sentido, cada um destes profissionais tem uma contribuição importante na
formação educacional dos alunos. Eles compõem os modelos mais próximos para as relações sociais e
profissionais do dia a dia. A merendeira auxilia na ordem e disciplina, enquanto oferece o lanche; o
porteiro oferece limites para aqueles que chegam atrasados [...]. (Codo, 2000, p.366)
Codo (2000), assim como Libâneo (2004), destaca que as aprendizagens que ocorrem
na escola sob a responsabilidade desses profissionais precisam ser reconhecidas, pois isso
significa oferecer-lhes orientações sobre os aspectos educativos de suas funções junto aos
alunos. E essa deve ser uma das atribuições do pedagogo.
O pedagogo pode promover reuniões sistemáticas com esses profissionais para ouvi-
los e orientá-los. Frequentemente, eles observam atitudes dos alunos em espaços escolares
que nem professores e pedagogos observam. Em grupo, podem estabelecer ações coletivas
comuns no campo de formação de atitudes e valores junto aos alunos. Esse é um trabalho que
deve estar previsto e articulado ao projeto político-pedagógico da escola.
[...] não se trata de ignorar ou minimizar a importância desses conflitos, mas de levar em conta sua
existência, bem como suas características e suas implicações na busca da democratização da gestão
escolar, como condição necessária para a luta por objetivos coletivos de mais longo alcance, como o
efetivo oferecimento de ensino de boa qualidade para a população.
Ninguém melhor que os pedagogos para administrar esses conflitos de interesse. Ademais,
eles já devem estar preparados para administrarem os conflitos entre professores, entre alunos
e entre estes e aqueles. Pelos cargos estratégicos que ocupam, cabe aos pedagogos facilitarem
a aproximação da comunidade local à escola. Cabe a eles procurarem pelos pais, associações
e outras entidades do entorno da escola para proporem atividades, programas e projetos em
parceria.
Assim como é impelido a ser o elo entre a unidade escolar e as demais instâncias do sistema
de ensino, o pedagogo pode ser, de modo deliberado, o elo entre a escola e as entidades da
comunidade local. Pelas posições que ocupa na escola, ele pode assumir o papel de
articulador no trabalho de integração entre a escola e a comunidade. Trata-se da figura do
Coordenador Comunitário, identificada por Paro (2002, p.112) ao propor um conselho
diretivo para dirigir a escola que “cuidaria mais de perto das medidas necessárias para
promover o envolvimento da comunidade, em especial os usuários na vida da escola”.
Do mesmo modo que o pedagogo deve ter ascendência junto aos professores e alunos, ele
deve tê-la em relação aos pais e, por extensão, ser reconhecido como uma figura importante
no relacionamento da população com a escola local. A partir do elo estabelecido entre escola-
comunidade é que o pedagogo pode viabilizar o intercâmbio entre as experiências educativas
praticadas pelos alunos fora da escola com as que acontecem dentro dela.
95
Por outro lado, essa integração mais macro da escola com a comunidade pode facilitar, a
aproximação dos pais à vida escolar de seus filhos, atendendo assim ao reclamo dos
professores participantes das entrevistas apresentadas no capítulo anterior.
- Assegurar a execução coordenada e integral das atividades da escola, com base nas
decisões tomadas coletivamente;
Desde os anos 1980, sob influência das teorias críticas em educação e do movimento
da redemocratização política do país, a direção escolar passou a ser alvo de muitas críticas
que a condenavam como um espaço centralizador de decisões e, como decorrência, marcada
por práticas autorizadas.
essa concepção de gestão escolar a partir dos seguintes princípios: autonomia das escolas e da
comunidade educativa; relação orgânica entre a direção e a participação dos membros da
equipe escolar; envolvimento da comunidade no processo escolar; planejamento das tarefas;
formação contínua para o desenvolvimento pessoal e profissional dos integrantes da
comunidade escolar; utilização de informações concretas e análise de cada problema em seus
múltiplos aspectos, com ampla democratização das informações; relações humanas produtivas
e criativas assentadas na busca de objetivos comuns; e finalmente uma avaliação
compartilhada. Como podemos observar, a gestão democrático-participativa difere totalmente
da administração escolar marcada pela transposição dos princípios da administração
empresarial para o interior das escolas, cuja marca é a centralização na tomada de decisões. A
transposição desses princípios, que já foi analisada e criticada por diversos autores (Arroyo,
1979; Tragtenberg, 1985; Paro, 1999) é assim sintetizada por Silva Jr. (2000, p.XI):
[...] se destina à promoção humana [...] responsável por garantir a qualidade de uma ‘mediação no seio
da prática social global’, que se constitui no único mecanismo de hominização do ser humano, que é a
educação, a formação humana de cidadãos, seus princípios são os princípios da educação que a gestão
assegura serem cumpridos – uma educação comprometida com a ‘sabedoria’ de viver junto
respeitando as diferenças, comprometida com a construção de um mundo mais humano e justo para
todos que nele habitam, independentemente de raça, cor, credo ou opção de vida. (Ferreira, 2001,
p.306)
97
Libâneo (2003, p.318) define gestão como “a atividade pela qual são mobilizados
meios e procedimentos para atingir os objetivos da organização, envolvendo, basicamente, os
aspectos gerenciais e técnico-administrativos” e destaca que há várias concepções de gestão:
centralizada, colegiada, cogestão e a gestão participativa, como já vimos. O autor relaciona os
conceitos de gestão e direção da seguinte maneira:
A direção é o princípio e atributo da gestão, por meio da qual é canalizado o trabalho conjunto das
pessoas, orientando-as e integrando-as no rumo dos objetivos. Basicamente, a direção põe em ação o
processo de tomada de decisões na organização e coordena os trabalhos, de modo que sejam realizados
da melhor maneira possível. (Libâneo, 2003, p.318)
descontinuidade, uma vez que havendo mudanças no governo pode ocorrer mudanças na
direção da escola.
O cruzamento dos dados de acesso ao cargo de diretor com aos resultados do Sistema
de Avaliação da Educação Básica (SAEB) permitiu à coordenação do INEP constatar que os
alunos que estudavam em escolas dirigidas por diretores nomeados politicamente tinham o
pior desempenho no conjunto das escolas estatais do país. Esses dados impressionantes são
inaceitáveis e devem ser combatidos com políticas públicas que acabem com essas práticas
clientelísticas dos governantes, que causam mais esse prejuízo ao ensino público brasileiro.
Entretanto, a alternativa de eleição para acesso ao cargo de diretor18 não tem resolvido
satisfatoriamente a complexa tarefa de dirigir uma escola, apesar, é claro, do avanço que
representa em relação à indicação política. O problema maior na eleição para os dirigentes
escolares é não exigirem dos candidatos uma formação especializada no campo da pedagogia
escolar. Segundo Aguiar (2002), o principal argumento apresentado por representações
sindicais dos professores para a não exigência dessa formação específica é de que cargos de
poder não podem ser reserva de mercado de determinado curso. Esse mesmo equívoco
ocorre com a criação da função do Professor Coordenador Pedagógico (PCP) na rede estadual
paulista de ensino. Também nesse caso, o PCP é eleito polos seus pares e, como vimos, os
próprios professores que participaram dessa pesquisa identificam que falta nesse profissional
um preparo pedagógico específico para a função que exerce.
[...] o tipo de gestão adotado pelas escolas é uma variável que ‘intervém’ no cenário escolar,
propiciando ou limitando o sofrimento psíquico dos trabalhadores. Mas, por quê? Quais os fatores
derivados do tipo de gestão que fazem intermediação entre a gestão e a exaustão emocional? [...]
Nossa pesquisa mostrou haver a tendência de que [...] escolas de gestão tradicional mostram mais
frequentemente diversos tipos de problemas [...]. Facilmente, pode se estabelecer um contraponto
bastante claro entre este tipo de gestão e a [...] democrática e participativa. De fato, todos os
indicadores socioeducativos são mais problemáticos nas escolas que adotaram uma gestão do tipo
tradicional, e vice-versa. (p. 334-335)
Para finalizar, com a contribuição de Libâneo (2004) e Pimenta (2002), segue a título
de ilustração um conjunto de atribuições do diretor que, a partir da organização administrativa
da escola, dá sustentação ao seu serviço pedagógico:
- Buscar todos os meios e condições que favoreçam a atividade profissional dos pedagogos
especialistas, dos professores, dos funcionários, visando à boa qualidade do ensino:
Como podemos obervar, várias ações da direção escolar se voltam diretamente ao serviço de
apoio pedagógico, mas a maior parte delas se reporta à organização administrativa da escola.
Entretanto, essas atribuições administrativas devem ser sempre assumidas com clareza do
vínculo que estabeleciam com o serviço pedagógico e de sua submissão a ele. Para tanto, o
profissional à frente da direção da escola não pode ser um administrador ou um gestor
qualquer: ele tem de ser um pedagogo, um especialista na pedagogia escolar.
RESUMO
O presente trabalho objetiva apresentar os resultados da Pesquisa de Campo realizada por duas alunas do
curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade Federal do Pará no Campus Universitário de
Breves, desenvolvida no decorrer de seus Estágios em Gestão Escolar em escolas estaduais de municípiodo
Marajó no ano letivo de 2009. Minha participação se deu a pedido das mesmas para orientá-las a fazerem
durante o estágio uma pesquisa, e de posso dos resultados, pediram orientação e ajuda para organizar os seus
“diários de bordo” contendo suas observações e vivências nessas escolas,assim construímos uma parceria
acadêmica interinstitucional entre as alunas do curso de Pedagogia da UFPA e eu, professora da disciplina
Estágio Supervisionado em Gestão Escolar da Universidade do Estado do Pará, tendo por base as afinidade
de concepções e trabalho e dos objetivos da disciplina. O trabalho apresenta como problema de
investigação,a existência deaproximaçõese distanciamentos entre as teorias estudadas na disciplina de Gestão
Escolar, e as práticas vividas pelos Pedagogos em seus espaços de trabalho naqueles municípios no exercício
da Gestão Escolar, e suas posturas diante dos conflitos, das disputas de poder e de concepções no interior das
escolas, bem como a sua maneira de se relacionar com a comunidade escolar. A pesquisa constitui-se um
estudo de Campo com metodologia Dialética e abordagem qualitativa. Os resultados comprovam a
importância do Estágio Supervisionado como oportunidade de pesquisa e formação profissional e até
pessoal, e revelam que mesmo incipiente, já existem praticas de gestores que de fato são democráticas, pois,
já existem avanços na perspectiva de conhecimentos e práticas de gestão democrática nas escolas
pesquisadas, considerando as medidas do Governo do Estado do Pará naquele período com a implantação e
efetivação de uma política de Eleição Direta para os gestores de suas escolas, apesar disso, a gestão escolar
ainda carece de melhorias profundas no que se refere as práticas vivenciadas naquelas escolas no que diz
respeito a efetivação e concretização da gestão democrática e inclusiva, o que exige a vontade política da
comunidade escolar como um todo.
_________________________
1-
Aluna do curso de Licenciatura Plena em pedagogia da Universidade Federal do Pará – campus Universitário de
Breves
2-
Aluna do curso de Licenciatura Plena em pedagogia da Universidade Federal do Pará – campus Universitário de
Breves
3-
Professora da disciplina Estágio Supervisionado em Gestão Escolar da Universidade do Estado do Pará e
Orientadora da pesquisa.
As ideias defendidas por Freire em seus escritos e práticas, aumentam nossascertezas de que
ainda temos muito a fazer para que esta maneira de conduzir a gestão escolar seja a prática comum
e universal em nossas escolas, e não apenas algumas exceções. Para tanto, é preciso mudar este
modelo de gestão praticado na maioria das escolas, em decorrência de políticas governamentais
equivocadas,de concepções pautadas na gestão unilateral, linear, autoritária, seletiva,
discriminatória, individualista, centralizadora e excludente nas quais os sujeitos sociais são
silenciadosem suas vozes; falta ainda de uma formação acadêmica e profissional que tenha
consistência teórica e consciência politica sobre o papel da escola, em especial a pública,assim, para
Prado, (2011,p. 25) “Neste contexto, a formação do novo gestor ganha um papel central e, dentro
dele, a função do Estágio Curricular Supervisionado”.
Considerando esta exigência e responsabilidade atribuídas ao Estágio Supervisionado como
elemento formador, o presente estudo teve como objetivo conhecer a atuação dos Pedagogos na
Gestão Escolar de escolas estaduais em municípios do Marajó– Pará, suas posturas diante dos
conflitos, da disputa de poder e de concepções no interior das escolas, bem como sua maneira de se
relacionar com a comunidade escolar.
Nosso problema destaca que, apesar dos significativos avanços nos modelos de gestão, por
meio de leis como da Constituição Federal do Brasil de 1988, art. 206 e da Lei Federal9.394/96, art.
3ªinciso VIII que recomenda.
gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação
dos sistemas de ensino, os quais definirão as normas da gestão democrática
do ensino público na educação básica, de acordo com as peculiaridades e
conforme os seguintes princípios:
Lei Estadual 7.441 de 02 de julho de 2010da Governadora Ana Júlia Carepa que cria o Plano
Estadual de Educação do Pará.
Para tanto, tornou-se necessário um conjunto de medidas que contribuíram para esta
realização, tais como: realização de concurso público e efetivação de mais de doze mil professores e
dois mil e quinhentostécnicos para comporem as equipes nas escolas; a normatização e formação
para a construção democrática dos Projetos Políticos-Pedagógicos das escolas; o fortalecimento dos
Conselhos Escolares como elementos fundamentais e facilitadores para a efetivação da gestão
democrática na rede estadual de educação, entre outras. Ainda assim prevalecem nas escolas da
rede, posturas de gestoresque seinspiram,no tradicionalismo pedagógico, na centralização do poder
e no autoritarismo, isso é mais grave porque ocorrem nas escolas públicas que atendem as camadas
populares, e que deveriam ser de fato democráticas e inclusivas, o que nos levou a questionar:
A Eleição Direta para a Gestão Escolar dá conta de efetivar a Gestão Democrática, nas
escolas?. A partir de então, elaboramos algumas questões que nortearam esta pesquisa:Como o
pedagogo gestor aplica os saberes acadêmicos nas suas ações do cotidiano escolar?; O que pensa o
pedagogo de sua atuação como gestor escolar?, Qual a sua postura em relação á gestão democrática
da escola pública?; Qual a imagem que a comunidade escolar têm do Pedagogo gestor na
escola?.Os Gestores dessas escolas foram eleitos pela comunidade escolar ou nomeados pelo
governo?.
Nesta perspectiva de investigação, acreditamos que o Estágio Supervisionado em Gestão
Escolar foi um aliado na reflexão dos saberes acadêmicos, e de sua aplicação nos contextos das
práticas dos gestores nos ambientes escolares, bem como, na refutação dessas práticas e na
construção de novos saberes a partir dessas, como defendem Pimenta e Anastassiou (2005, p.179):
“O papel das teorias é de iluminar e fornecer instrumentos e esquemas para análises e investigações,
que permitam questionar as práticas, e ao mesmo tempo, pôr as próprias teorias em
questionamento”.
Afirmação que gera uma nova concepção sobre a gestão,e exige mudanças naquelas que
ainda se fundamentam no tradicionalismo pedagógico, na centralização do poder, no autoritarismo e
nos privilégios, provocando assim, um repensar nessas práticas que deveriam ser maisdemocráticas
e participativa como deve ser todo espaço educacional, em especial, os espaços públicos. Para Cury,
(2002, p. 10) “Mas do isso, ela deve ser um mote para sua irredutibilidade e patamar de novos
avanços”. Todavia, temos consciência que ainda falta muito para sua efetivação, porque as próprias
instituições não têm uma história de organização que lhes dê condições de efetivar esta conquista,
mas acreditamos estar nocaminho, porque nos comprometemos a assumir a construção coletiva
104
Considerando essa realidade, torna-se importante que o aluno do curso de Pedagogia, tenha
experiências sobre ela, para que posso ampliar sua formação e futuramente saber agir diante das
mais diversas situações de gestão, sejam elas, autoritárias ou democráticas, e, acreditamos que o
Estágio em Gestão Escolar possibilite aos alunos e professores, experiências e competências
necessárias ao exercício da gestão, pois, para Barreira e Gebran, (2005,p.66) “O Estágio, ao se
constituir uma prática investigativa, também se torna uma alternativa concreta de formação
continuada dos professores da escola, dos professores formadores e dos alunos das instituições
superior”.
Realidadeque foi comprovadanesta experiência que nos fez questionar nossos saberes e
práticas, a aprender e ensinar coletivamente, acolocar em dúvida as teorias, a acreditar, por vezes
nela, e assim crescer no processo coletivo, o que implica aprender a trabalhar nos princípios da
gestão democrática que devem ser construídos nos ambientes escolares em especial, nos públicos, e
nas instituições não escolares, nas quais os Pedagogos devem assumir o seu quer fazer, como
defendem, Picawy e Wandscheers,( 2006, p. 53)
Ao Pedagogo – educador que está investido da sua responsabilidade de construir
cidadanias, reserva-se o fato de ser ele próprio o veiculador das possibilidades; está
como pedra angular que sustenta uma rede comunicativa, cria oportunidades,
rompe intransponibilidades, faz veicular interferências que aproximam o coletivo.
Aprendizagem que foi possível construir por meio desta pesquisa que nos levou a entender
melhor algumas práticas e a refletir sobre elas, colocando o Estágio Supervisionado como elemento
definidor e significativo na construção da identidade do aprendiz e também do profissional da
pedagogia, na medida em que nos obriga a refletir sobre a nossa própria existência e sobre as
relações de poder.Tardif, (2002) argumenta, “a formação inicial visa habilitar os futuros professores
à prática profissional e fazer deles práticos reflexivos”.
É com este propósito, que nos debruçamos neste trabalho, na busca de suporte nas
referências teorias estudadas e ensinadas nas aulas no curso de Pedagogia na disciplina Gestão
Escolar, nas experiências vividas nos campos de estágios, e nas técnicas utilizadas na construção e
analise dos dados de pesquisa, e em nossa capacidade de determinação e de criação, que devem ser
inerentes a todo pesquisador na busca de respostas.
O método de pesquisa escolhido foi o Dialético, pois, Oliveira, ( 2011, p. 43). defende que “
Essa concepção considera, por um lado, o homem como síntese de múltiplas relações e por outro
lado, o contexto sócioescolar como instância privilegiada para a compreensão dos problemas
escolares”. Os quais no nosso interesse, estavam voltados para a gestão escolar com todas as suas
implicações.
Trata-se de uma Pesquisa de Campo, a qual paraMinayo, (1994; p. 64) “o trabalho de campo
é fruto de um momento relacional e prático: as inquietações que nos levam ao desenvolvimento de
uma pesquisa nascem no universo do cotidiano”. Universo esse marcado pelo cotidiano de 06 (seis)
escolas públicas de Ensino Fundamental e Médio da rede Estadual de Educação do Pará, sediadas
no Marajó, as quais foram o locos desta pesquisa.
Para a construção dos dados utilizamos a técnica da entrevista semiestruturada aplicadas a
06(seis) gestores, 06 (seis) técnicos, 24 (vinte e quatro) professores e 24 (vinte e quatro) alunos,
assim distribuídos: 01 (um) gestor, 01(um) técnico, 04(quatro) professores e 04 ( quatro) alunos por
escola,pois compreendemos que esta técnica é a mais apropriada neste caso, Flick, (2004, p. 99)
assegura que “uma meta das entrevistas semiestruturadas em geral é revelar o conhecimento
106
A presente afirmação nos remete a nossa concepção de gestão democrática como ação que
deve estar voltada para atender as exigências formativas da comunidade escolar e conviver com a
diversidade que está presente nela como espaço de encontro de pessoas, de disputa de poder, mas
também da construção e do exercício da cidadania, afinal, a escola deve contribuir com a formação
de sujeitos sociais que sejam capazes de intervir nas relações e na dinâmica da comunidade escolar,
afinal, defende Freire, (2003, p.119), “o ser humano é, naturalmente, um ser da intervenção no
mundo à razão de que faz a história; nela, por isso mesmo, deve deixar suas marcas de sujeito e não
pegadas de puro objeto”.
Nesta direção, os resultados da pesquisa apontam diferentes interpretações: em alguns casos
os gestores deixam marcas de sujeitos socais comprometidos com a qualidade social da educação
que gerenciam, e com a participação da comunidade escolar nesse processo; em outros casos, os
107
gestores demonstram não estar preocupados com a experiência e a prática da gestão democrática, já
que praticam atitudes que contradizem essa concepção de gestão, já que a gestão democrática busca
a participação coletiva de todos os sujeitos sociais, e constrói assim a autonomia desses e da
comunidade, como defende,Lück, (2009, p. 99).
autonomia é um processo coletivo e participativo de compartilhamento de
responsabilidades emergentes e gradualmente mais complexas, resultantes do
estabelecimento conjunto de decisões, não se trata de a escola ser autônoma para
alguém, para algum grupo, mas de ser autônoma com todos, desse modo
caracterizando-se como gestão democrática e compartilhada .
A busca de encontrar essa gestão democrática e compartilhada foi o que nos motivou a
realizar este estudo nas 06 escolas pesquisadas, todavia, não a encontramos em todas as escolas,
mesmo que todos os gestores afirmem praticar esta gestão democrática, saber ouvir, argumentar e
administrar.
Todavia, em quatro dessas escolas, os Técnicos demonstram ressentimento em relação á postura
dos gestores, os quais, de acordo com os Técnicos, centralizam informações, decisões, não
partilham os planos e só apresentam as propostas prontas, excluindo-os das decisões e das
construções coletivas, ou seja, não realizam a gestão democrática que tanto defendemos, e
contradizem o pensamento de Prado, (2011, p. 31).“Os cidadãos envolvidos na comunidade de uma
escola precisam ser partícipes na plena acepção do vocábulo”. Relatam ainda os Técnicos, que não
se sentem membros da equipe gestora, como deve ser em uma gestão democrática, dessa maneira
sentem-se desprestigiados.
Na mesma direção, a maioria dos alunos entrevistados, dizem sentir necessidades de maior
participação e oportunidades na escola, sentem falta de liberdade de expressão e de manifestação de
suas identidades; além disso, dizem não haver projetos pedagógicos e culturais voltados para atende
os seus interesses e necessidades próprias da idade, inclusive, percebem falta de incentivo e até
resistência quando iniciam as discussões e preparação para a criação de Grêmios Estudantis, tanto é
que não existe em nem uma dessas escolas.
E os alunos são cidadãos envolvidos na comunidade escolar e precisam ocupar seus espaços
nesses contextos, e os gestores precisam entender aquilo que defende Arroyo, ( 2000, p. 232). “A
escola é uma experiência humana bem mais plural do que a visão futurista e cognitivista por vezes
nos passa, uma experiência bem mais mutável do que o caráter provisório do texto curricular, dos
conteúdos das áreas e das disciplinas”.
A grande maioria dos professores entrevistados, disseram que se sentem excluídos das decisões,
já que raramente são consultados sobre suas opiniões a respeito de projetos e decisões coletivas, no
108
entanto, são constantemente cobrados no que se refere aos resultados dos alunos, bem como sobre
suas responsabilidades e em algumas vezes, de maneira deselegante e antidemocrática. Alguns
professores disseram que em algumas vezes, tiveram o sentimento de estarem sendo coagidos, mas
de maneira “velada”, mascarada, em tom de recomendações e aconselhamentos. Situação que
contraria a gestão democrática.
Percebe-se que nessas 04 (quatro)das 06 (seis)escolas pesquisadas, as ações dos gestores
estão voltadas para as questões burocráticas em detrimento das pedagógicas, políticas e humanas,
além de centralizarem a gestão, fugindo de sua missão de liderança, como, argumenta Prado,
(2012,p. 27),“Só há gestão democrática quando a maioria dos sujeitos a desejam, brigam, vivem a
cada dia por ele. Gestão democrática não é algo imposto, dado, é uma conquista, é fruto do desejo
de uma escola mais humana, mais justa e plural”.
Caminhando nessa direção e contrariando os dados das 02 (quatro) escolas analisadas, em
02(duas) das escolas locos da pesquisa, os resultados foram bastante animadores em relação ás
posturas de seus gestores, os quais demonstram ter consciência real de suas responsabilidades e
competências técnicas e políticas para o exercício do cargo de gestor, bem como, sobre o papel da
escola pública como espaço de complexidade e de diversidade, como é possível observar nos relatos
a seguir.
Os Técnicos entrevistados na pesquisa relatam que se sentem “parceiros dos gestores,e atores
sociais”, e não apenas incluídos nas decisões, mas respeitados como profissionais e pessoas; além
disso, dizem que os gestores demonstram ter consciência de suas atribuições, e condições técnicas,
políticas e emocionais para o desempenho dessas atribuições, bem como, também têm boa relação
com a comunidade escolar, o que implica na efetivação e aceitação por parte da comunidade
escolar, das ações planejadas pela equipe gestora.De acordo com esses técnicos os gestores têm
visão sistêmica, capacidade de se relacionar respeitosamente e articular os saberes acadêmicos com
a realidade da gestão escolar, indo na direção do que defendePinto, (2011, p. 151) a respeito do
trabalho do pedagogo escolar, ao que eu chamo de equipe gestora da escola.
O cerne do trabalho do pedagogo escolar é justamente a coordenação do trabalho
pedagógico e o trabalho pedagógico, por sua vez, é o núcleo das atividades
escolares. Ele representa o conjunto de todas as práticas educativas que se
desenvolvem dentro da escola. Envolve, portanto, as atividades docentes e
discentes, assim como as atividades dos demais profissionais não docentes.
O que nos levou também a analisar as posturas dos Técnicos, os quais assumem a função de
Coordenadores Pedagógicos nas escolas, dois 06 (seis) entrevistados, constatou-se que 04 (quatro)
deles têm clareza de suas atribuições no seio das escolas, porque sabem articular os saberes
pedagógicos, aos saberes disciplinares das diferentes áreas do conhecimento e, dessa maneira,
109
responsáveis e competentes, técnica e pedagogicamente, bem como, têm produção e iniciativa, além
de abertura para o novo, ou seja, têm consciência de que são atores sociais e de que o sucesso da
escola depende da participação coletiva de todos os sujeitos.
Todavia, nessas 02 (duas escolas)ainda encontramos professores que demonstraram certo
descontentamento com as posturas dos gestores, ao dizerem que são sempre cobrados, levam faltas,
trabalham muito e ganham pouco,(o que é verdadeiro, considerando as condições de trabalho e
salários dos professores, em especial da educação básica), entretanto, o que também foi constatado,
é que esses professores não demonstram muita identidade com a profissão docente, se esquivam de
maior envolvimento com a dinâmica escolar, sempre encontram justificativas para a sua omissão, a
escola é apenas o seu local de trabalho com hora marcada, o que nos leva a refletir a ideia defendida
por Rodrigues, (1996,p.38) sobre o Ser e o Estar Educador,
Não há como o educador começar a ser educador na hora em que bate o ponto e
deixar de sê-lo na hora em que o relógio indica o fim do expediente. Do educador
se exige uma constante ocupação com o ato educativo. Ele tem de Ser. É uma
questão de ser e não uma questão de estar.
no cumprimento de deveres, o que é difícil para muitos adolescentes e jovens; nesse caso, a equipe
gestora deverá ter habilidade e autoridade sem autoritarismo, apara conquistar a confiança dele o
que não será imediato, considerando Freire, (2008, p. 75).
não tenho dúvida de que o problema fundamental que se coloca hoje na luta pela
transformação da sociedade não é o da pura tomada do poder, mas o da tomada que
se alongue criticamente na reinvenção do poder. E criar um poder novo que não
tema ser contestado e que não se enrijeça em nome da defesa da liberdade
conquistada, que no fundo, deve ser um liberdade conquistando-se .
Tendo em vista esta realidade, acreditamos que os Pedagogos de maneira geral, são
gestores, sejam os docentes em suas classes e na relação de autoridade com os alunos e seus
saberes que devem ser respeitados e sistematizados, bem como, com o trabalho coletivo na
escola;ou os técnicos em suas diferentes atribuições no interior das escolas no sentido de pensarem
e proporem ações pedagógicas, sociais, culturais e políticas para a melhoria das relações e do
processo ensino-aprendizagem dos sujeitos; ou os propriamente gestores, autoridades constituídas
pela força da imposição da lei que historicamente vinha sendo praticada neste Estado até o ano de
2006, ou pela via democrática da Eleição Direta, iniciada em 2007 e implantada e implementada a
partir de 2009 nas escolas estaduais do Pará.
Assim, na condição de gestores, todos são responsáveis diretamente pela melhoria e
qualidade social da educação que desenvolvem em suas escolas, e consequentemente, pela
transformação de práticas autoritárias, em práticas de gestão democrática, da construção e do
exercício da cidadania, e acima disso, de sua humniazaçãoe dos sujeitos sociais.
Para iniciar nossas considerações, foi constatado que das 06 (seis) escolas pesquisas, apenas em
três os gestores tinham sido eleitos democraticamente via processo de Eleição Direta, tendo por
base a portaria04/2009-GS/SEDUC, porque essas tinham seus Projetos Políticos-Pedagógicos
organizados e sendo aplicados na escola, bem como seus Conselhos Escolares legalizados e com
atuação nas escolas.
Ressalte-se ainda, que em 01 (uma) dessas escolas, apesar do gestor ter sido eleito pela
comunidade escolar, isso não garantiu que ele tivesse práticas democráticas, o que nos ensina a
lição de que, apesar da eleição direta ser um dos instrumentos legais, e de fato representar um dos
caminhos definidores da gestão democrática, por si só não garantem essa efetivação, quer seja
porque alguns sujeitos “mudam ao chegarem ao poder”, quer ser porque a comunidade não está
preparada para viver esta nova realidade, ou porque não está disposta para assumir as
responsabilidades que a gestão democrática exige.
Todavia, a nosso ver, ela ainda é o caminho mais ético, respeitoso e democrático de se chegar a
autoridade de gestor em uma escola pública, que deve ser o lugar da convivência com a diferença,
112
com o exercício da cidadaniae a disputa do poder, pois nela se trabalham ideias, conhecimentos e
saberes, coletiva e individualmente, os quais precisam ser respeitados, e isso só será possível, num
processo de conquistas e de lutas permanentes como defende, Prado, (2012, p. 27)
Não se transforma, em nível local, de um dia para outro ou por meio de
determinações legais, muitas vezes “de cima para baixo”, uma administração
escolar autoritária em uma gestão verdadeiramente democrática e participativa.
Faz-se necessário muito trabalho, diálogo, muita discussão, e muita vontade.
Desafio este, que nos disponibilizamos a viver na busca permanente de atores sociais que
estão comprometidos com a educação de qualidade social, com o exercício da cidadania, com a
gestão democrática e com a humanização dos processo educacionais e dos sujeitos que os
constroem, e consequentemente, com a melhoria da sociedade.
Ao fazer uma pauta nessas interpretações provisórias e possíveis sobre o estudo, temos certeza de
que ele não se esgota nessas considerações, e o sentimento de que, apesar dos enormes avanços no
que concerne ao processo de gestão democrática escolar, seja pelo amparo da legislação, seja pelas
iniciativas governamentais, oupela ação das comunidades que assumem o seu destino na mão, e
principalmente, pela ação dos educadores, em especial dos Pedagogos a quem dirigimos este
trabalho, ainda temos muito para mudar na maneira de fazer e viver gestão nas escolas, e de exercer
o poder constituído, seja pelo povo ou pelas autoridades, o que demanda, um esforço redobrado das
instituições formadoras e das autoridades governamentais no sentido de fazerem políticas públicas e
sociais que respaldem a participação da comunidade escolar e que valorizem os profissionais da
educação, tanto em relação a política salarial, quando as condições de trabalho, e as necessidades
formativas, pois, Prado, (2012,P. 29) defende que:
aideia de gestão democrática não deve estar dissociada dos princípios de inclusão
social, da permanência, do sucesso escolar, da elevação da escolaridade, formação
continuada dos gestores, professores e funcionários em serviço, do fortalecimentos
dos conselhos escolares, do projeto político-pedagógico, do currículo multicultural,
dos projetos interdisciplinares, da avalição da aprendizagem e institucional, do
orçamento participativo, do incentivo à participação dos sujeitos em encontros
pedagógicos e científicos, do estreitamento dos vínculos escola, universidade,
ONGs e entidades de classe, enfim, da educação de boa qualidade.
que implica na participação de seus sujeitos e no respeito as identidades que não podem ser
silenciadas como se elas não existissem.
Para tanto, a condição primeira é dotar as escolas de profissionais competentes teórica e
tecnicamente, comprometidos política e socialmente com a comunidade escolar, para que
seimplemente o processo de gestão democrática na escola, o que implica necessariamente na
participação ativa de seus atores sociais, e participação não se resume apenas cobrar e reclamar,
mas entende-se também, a capacidade de sugerir, contribuir e reconhecer o que já foi realizado, e
lutar para fazer o que ainda falta ser feito, tendo em vista o exercício da cidadania, e a relação entre
cidadania e educação que não se esgota nem está devidamente colocada quando se passa a defender
simplesmente educação para todos, que deve ser o objetivo de qualquer gestão que se diz
democrática, e para Lück,(2009, p. 95)
a prática democrática e participativa para a construção da autonomia da escola é
um aprendizado constante, caracterizado por movimentos mais ou menos tensos,
cujo encaminhamento positivo se dá na medida do enfrentamento tranquilo e com
discernimento a essas situações.
referendada por vários instrumentos, como: Concurso Público para professores, técnicos e
psicólogos; formação continuada via convênios com Universidade Federal do Pará, Universidade do
Estado do Pará e Ministério da Educação, para cursos de Licenciaturas, e de Pós-Graduação Latu
Senso, presenciais, semipresenciais e até a distância; instituição da Portaria 04/2009-GS-SEDUC
que regulamenta a Eleição Direta para diretores das escolas estaduais do Pará, antes, porém
trabalhou o fortalecimento dos Conselhos Escolares, e a preparação para a elaboração do projeto
político-pedagógico da escola.
É claro que tais medidas isoladamente, não resolvem a questão da gestão, porém,são
elementos significativos para a sua efetivação, como se ouviu dos entrevistados, o que nos leva a
crer que um novo modelo de gestão escolar começa timidamente a ser implantado e construído
nessas escolas, todavia, ainda existem as velhas e renovadas práticas da nomeação arbitrária e
governamental, influenciada a meu e a nosso ver “pelos cardeais políticos que continuam ditando as
regras, e as escolas servem como currais eleitorais e seus gestores, sãoos domadores desses
adestrados”, expressão que parece forte, mas que simboliza a ideia na prática.É preciso e até urgente
mudar esta maneira de fazer gestão nas escolas.
Foi possível constatar, que a disciplina Estágio em Gestão Escolar precisa ser desenvolvida
com toda a intensidade e importância que ela tem no processo da formação do futuro pedagogo, seja
daquele que assumira a docência, a coordenação ou a gestão escolar ou de instituições não-
escolares, pois esta disciplina reúne elementos basilares e significativos nesse processo formador,
na medida em que coloca o estudante em contato direto com a realidade de trabalho desse
profissional, o que possivelmente irá influenciar na construção de sua identidade profissional como
pedagogo, ou a refutar a profissão.
Comprovadamente, a disciplina é um instrumento valioso para iniciar os estudantes no
campo da pesquisa, os quais passam a conhecer melhor, a refletir e a compreender os problemas e
as possibilidades dos gestores em seus ambientes de trabalho, e principalmente, via a pesquisa,
reúnem elementos definidores para a sua formação e para a compreensão da dinâmica de trabalho
que é inerente ao pedagogo, em especial, ao gestor. Por fim, este trabalho é parte do resultado das
atividades da disciplina de Estágio em Gestão Escolar, os quais confirmam as deias defendidas por
Pimenta, (2009, p. 45)de que;
o estágio, não é atividade prática, mas teórica, instrumentalizadora da práxis
docente, entendida esta como atividade de transformação da realidade. Neste
sentido o estágio curricular é atividade teórica de conhecimento, fundamentação,
diálogo e intervenção na realidade, esta sim, objeto da práxis. Ou seja, é no
contexto da sala de aula, da escola, do sistema de ensino e da sociedade que a
práxis se dá.
115
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116
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OLIVEIRA. Ivanilde Apoluceno. Saberes, Imaginários e Representações na ,Educação
Especial: A problemática ética da "diferença" e da exclusão social. 2a ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
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PARÁ,Lei Estadual 7.441/2010. Gabinete da Governadora. Belém PA -2010.
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TARDIFF, Maurício. O Ofício de professor: história, perspectivas e desafios internacionais.
Tradução de Lucy Magalhães. 2ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
Este artigo oriundo da nossa experiência foi o resultado da investigação que buscou analisar e
socializar nossas práticas e também as nossas reflexões sobre as necessidades de atuação do
pedagogo por meio do estágio supervisionado em espaços de educação não-formal bem como
as transformações ocorridas no curso de Pedagogia que contribuíram para a atuação e a
importância nestes espaços. Esse trabalho pautou-se na análise documental das diretrizes
curriculares do curso de Pedagogia e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº
9394/96 e autores como Gohn (2005), Pimenta (2004), Silva e Miranda (2008) onde à luz
desses autores e dos documentos citados podemos compreender um pouco mais sobre as
concepções de estágio supervisionado e a sua operacionalização no espaço não formal. Os
resultados desta experiência no campo do estágio mostraram que é possível oferecer uma
proposta de vivência pedagógica de que trabalhe de forma diferenciada, respeitando o espaço
e a diversidade dos vários espaços educativos e que a universidade pode de fato contribuir
para mudar a situação dos vários espaços onde a mesma estiver inserida. Enfim, consideramos
que este trabalho não está fechado. A nossa expectativa é que as ponderações e socializações
aqui presente provoquem novas reflexões com vistas ao aperfeiçoamento da concepção de
estágio e de novas possibilidades com vista à melhoria do trabalho docente seja em qual
espaço educativo venha a acontecer.
25
Artigo apresentado IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE/III Encontro Sul Americano de
Psicopedagogia realizado no período de 26 1 29 de 2009 - PUCPR
26
Doutorando do PPG em Educação da Universidade de Brasília – UnB e professor da Universidade do Estado
da Bahia – UNEB - Campus XVII – Bom Jesus da Lapa – Bahia.
118
entretanto, ainda configuram-se nos cursos de formação inicial concepções, crenças e práticas
embasadas em modelos aplicacionistas ou simplesmente como um espaço de treinamento para
o estudante no seu futuro campo profissional.
Segundo Pimenta (2004) uma das concepções acerca do estágio supervisionado
perpassa pela prática como imitação de modelos, sendo esta uma concepção onde o ensino e a
realidade apresenta-se estática, imutável e que o estagiário valoriza os instrumentos
consagrados. Neste contexto a prática de estágio reduz-se a simplesmente observar os
professores. Outro modelo que a autora em foco salienta é a prática como instrumentalização
técnica, encontrando-se desvinculada da teoria, e a atividade de estágio reduzida a “hora da
prática” por meio de treinamento de situações e experiências.
Porém compartilhamos com Pimenta (Ibid.), Silva e Miranda (2008) quando propõe
como concepção de estágio perpassada pela pesquisa uma vez que aproxima da realidade de
forma reflexiva e crítica, estabelecendo as conexões entre teoria e prática, analisando o
contexto e o seu entorno bem como proporcionando reflexões sobre o trabalho docente. Ainda
segundo está perspectiva de estágio acreditamos na imersão do estagiário no campo
profissional, o contato com a pesquisa e seus procedimentos científicos, momento de
aprendizagem crítica reflexiva e outros aspectos.
Assim, o estágio supervisionado concebido, executado e avaliado em uma
perspectiva onde a pesquisa e seus elementos estejam presentes buscará superar os modelos
tradicionais de estágio, as abordagens tecnicistas, ativistas, de correções de fichas ou
simplesmente como um espaço para denúncias da realidade sem a devida fundamentação
teórica e metodológica.
Diante de tais concepções mencionadas é preciso redimensionar o estágio como um
espaço e tempo para as aprendizagens buscando a relação dialética dialógica entre que alguém
que já é profissional possibilitando dessa maneira a profissionalização do estagiário, pois o
período de estágio também se configura como um espaço de construção da identidade
docente. E, além disso, tudo o estágio em uma concepção perpassada pela pesquisa, configura
para os professores que atum no curso de formação como uma possibilidade de formação
contínua.
Assim sendo, ratificamos mais uma vez que assumimos no presente trabalho de
estágio supervisionado em espaços não escolares a concepção de pesquisa por acreditarmos
em buscar superar os ranços da formação baseada somente na racionalidade técnica de caráter
instrumental que marcou e talvez ainda marque intensamente a educação no atual contexto.
Foi preciso ainda nesta perspectiva assumida de estágio supervisionado repensarmos os papéis
119
Nota-se a diferenciação, mas não pode passar despercebido que a educação não-
formal ou não escolar mesmo distinta da que ocorre de forma institucionalizada, a formal,
tendo em seus objetivos de formação a cidadania, a capacitação para o trabalho, a organização
para o trabalho e a aprendizagem de conteúdos escolares em ambientes diferenciados, também
é um ato planejado, intencional e apresenta organização específica.
Sendo assim, quais seriam os espaços onde ocorrem os processos de educação
nãoformal ou não escolar? De acordo com Gohn (2005) eles são múltiplos, podendo ser algo
criado ou recriado e que vai de acordo com os objetivos do grupo social que se organiza e cita
como exemplo as associações de bairro, os movimentos sociais, as igrejas, sindicatos, partidos
políticos, espaços culturais, ambientes com idosos, classes hospitalares, educação nos
presídios, entre outros.
Neste cenário, a discussão da atuação do pedagogo em espaços não-formais ou não
escolares é recente, e no universo pesquisado o currículo reformulado é pioneiro, tendo tido
até o presente momento apenas quatro turmas com vivências de estágio nestes espaços, as
professoras do curso de formação nas suas falas e também em suas ações demonstram as
121
dificuldades por quais atravessam nos momentos das aulas, seja no que se refere ao escasso
material teórico e até mesmo ao desafio de identificar as carências educacionais nos espaços
levantados e efetivar alguma ação educativa.
A Resolução CNE/CP N° 1, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Curso de Graduação em Pedagogia, Licenciatura, ratifica a ampla possibilidade de atuação do
pedagogo quando diz que:
§ 2º O curso de Pedagogia, por meio de estudos teórico-práticos, investigação e
reflexão crítica propiciará:
I – o planejamento, execução e avaliação de atividades educativas;
Art. 4º Parágrafo Único. As atividades docentes também compreendem participação
na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando:
II – planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos
e experiências educativas não-escolares;
IV – trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem
de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e
modalidades do processo educativo;
XIII – participar da gestão das instituições planejando, executando, acompanhando e
avaliando projetos e programas educacionais, em ambientes escolares e não
escolares; (BRASIL, 2006).
fazendo parte do grupo nos dias subseqüentes. Sendo assim, o planejamento, no ambiente
clínico, precisou ser flexível, porém, a criança/adolescente precisava ser respeitada em suas
peculiaridades. Portanto, o trabalho desenvolvido pelos profissionais das diversas áreas
(saúde, educação, assistência social), necessitava ser integrado, dinâmico, capaz de perceber
as diferenças da rotina da internação pediátrica.
Outra questão também é fundamental para o trabalho no hospital diz respeito às
questões éticas, isto é, toda a comunicação entre pacientes e profissionais das diversas áreas
deve ser resguardada, respeitando assim, o direito de privacidade das informações de cada
paciente, bem como, a confiança que o paciente deposita nas pessoas com que se relaciona.
Desse modo, durante a realização do presente projeto conseguimos alcançar vários
dos nossos objetivos e salientamos alguns aspectos positivos como a ótima avaliação do
projeto pelos envolvidos no mesmo, o ótimo envolvimento dos monitores (estudantes do
curso de Pedagogia), o excelente envolvimento das crianças, adolescentes e pais que passaram
pelo atendimento neste período. Tivemos também alguns aspectos que dificultaram o projeto
como a falta de espaço apropriado para a realização de algumas atividades e a certa
indiferença no início do projeto sobre a presença de pedagogo no espaço hospitalar.
O outro espaço não formal onde foi desenvolvido o segundo projeto com o título
“VIDA ATIVA: envelhecer com dignidade e qualidade de vida” foi desenvolvido na casa do
idoso. Compreendendo que o pedagogo que é por excelência o profissional da educação pode
estar atuando em ambientes educativos que vão além da sala de aula. Conforme a resolução
CNE/CP nº1, de 15 de maio de 2006 em seu artigo 5º, ele deverá trabalhar em espaços
escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do
desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo. Além
disso, deverá identificar problemas socioculturais e educacionais com postura investigativa,
integrativa e propositiva em face de realidades complexas, com vistas a contribuir para
superação de exclusões sociais, étnico-raciais, econômicas, culturais, religiosas, políticas e
outras.
O projeto na casa do Idoso de Bom Jesus da Lapa foi desenvolvido com
aproximadamente quarenta idosos, no período de 26 de novembro a 21 de dezembro de 2007,
nos turnos matutino e vespertino, realizando atividades diversificadas que os possibilitaram o
resgate da sua auto-estima, bem como a interação e o sentimento de pertença à sociedade,
além de estarmos dando mais consistência à nossa formação uma vez que foi vivenciado
outros espaços para a atuação profissional do pedagogo.
Dessa forma, o desenvolvimento do projeto visou possibilitar aos idosos do desta
124
REFERÊNCIAS
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários a educação do futuro. São Paulo: Cortez,
2004.
127
PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e docência. São Paulo:
Cortez, 2004.
Resumo:
O presente artigo trata do Estagio Supervisionado em Instituições Não Escolares e Espaços
Populares no Curso de Pedagogia. Objetivou analisar a importância do estágio em ambientes
não-escolares para a formação do pedagogo, bem como socializar nossa prática educativa no
sentido de contribuir com construção de futuras pesquisas referentes ao tema proposto. A
metodologia baseou-se em relato de experiências adquiridas ao longo do ano letivo de 2011 e
primeiro semestre de 2012, análise documental e estudo bibliográfico referente ao tema. Os
resultados nos permitem concluir que há a necessidade do estágio nestes espaços, haja vista
que é um trabalho válido e que possibilita compreender um maior leque de atuação do
Pedagogo no mercado de trabalho, ultrapassando a atuação deste somente aos ambientes
escolares, assim sendo, o referido estágio propicia novas experiências aos acadêmicos do
curso de Pedagogia propiciando perspectivas futuras de novos campos de atuação.
27
Artigo apresentado no IV Seminário Regional de Política e Administração da Educação da Região Norte e IV
Encontro Estadual de Política e Administração da Educação do Pará; realizado em Santarém (PA) em setembro
de 2012. GT02 - Formação Docente e Práticas Educativas na Educação Básica e Ensino Superior.
28
Professora Assistente I da UEPA. Professora da SEMEC/Belém. Doutora em Educação E-mail:
dianalemes09@hotmail.com
29
Pedagoga. Analista de Trânsito no DETRAN/PA. Especialista em Gestão em Instituições Escolares com Tema
de Pesquisa “Gestão Compartilhada: uma estratégia de gestão democrática”. E-mail:
elizacarvalho13@hotmail.com
30
Professora Assistente I da UEPA. Técnica em Educação SEDUC/PA. Mestre em Educação. E-mail:
avjacirene@hotmail.com
128
3 A experiência do Detran/PA
escolaridade no qual irão conhecer, analisar, debater, estudar o contexto do pedagogo (a) na
Coordenadoria de Educação e Melhoria na Qualidade de Vida no Trânsito (CEMQVT), sua
atuação e atribuições referidas a este cargo.
Ressaltamos também que este espaço, tem contribuído no aprimoramento do
conhecimento acerca da Educação para o Trânsito, pois o cotidiano deste estágio na
coordenadoria fomenta questionamentos e debates acerca dos fatos que ocorrem no trânsito,
fazendo com que os alunos-universitários reflitam, analisem, sensibilizem e motivem a
investigar cientificamente questões problematizadoras e posteriormente contribuam em
solucionar e ou minimizar situações conflituosas no trânsito, nesta perspectiva concordamos
com Barros e Lenfeld (1990) quando afirmam que "[...] na medida em que a pesquisa
cientifica caminha, de fases de domínio e de procura, do mais simples para o mais complexo,
pode-se chegar, com criatividade, á descoberta e obtenção de resultados significativos”.
(p.14).
Sem dúvida, esta parceria com as instituições de ensino superior vem dando fruto
bem significativo nas ações da CEMQVT, no decorrer do processo educativo percebe-se que
a cada encontro tanto alunos-universitários como a equipe de educadores vem aprendendo
com a troca de informações e conhecimento acerca da temática Educação e Educação para o
Trânsito.
Um exemplo desse sucesso é a parceria entre DETRAN/PA e UEPA com os alunos-
universitários do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, desde o ano de 2008 estes
educandos (as) por meio da disciplina Estágio Supervisionado em Instituições não escolares e
ambientes populares vem vivenciando a realidade do pedagogo em um ambiente de educação
não escolar, assim como conhecendo, estudando e debatendo a Educação para o Trânsito, sua
importância e aplicabilidade nos diversos ambientes sociais, dentre eles, a escola.
Nesta caminhada, os alunos-universitários da UEPA participam de um estágio
dinâmico no qual a teoria acadêmica trazida por eles irá articular com o conhecimento acerca
da Educação para o Trânsito mais a atuação do pedagogo frente a esta vertente da educação
que infelizmente não é desenvolvida nos cursos de licenciatura. Entretanto, com esta parceria
os mesmos passam a despertar sobre esta temática e a compreender que o trânsito é um
espaço no qual circulam homens, mulheres, crianças, jovens, portadores de necessidade
especiais, idosos, enfim são vidas humanas e em consequência todos devem garantir a
integridade física e psicológica dos mesmos. Bem como protege também animais que
transitam neste ambiente social.
132
4 – Desafios e perspectivas
Percalços e desafios são grandes no cotidiano educacional do (a) pedagogo (a), mas
temos que estar preparados para enfrentá-los. Logo, esta parceria entre Universidade do
Estado do Pará com instituições não escolares oportuniza ao estagiário (a) a vivenciar a
prática do pedagogo, seus limites, anseios, tensões, enfim situações reais que ora este
profissional encontra, entretanto com experiência e sabedoria poderá intervir nestes
obstáculos. Logo,
Assim sendo, o estágio então é “uma ação educativa e social, uma forma de intervir
na realidade” (MIRANDA, 2008, p.16). Nesta perspectiva os alunos-estagiários são
orientados para a pesquisa e não para a reprodução de conceitos, práticas e metodologias
estanques, prontas e acabadas. Portanto, o estágio é desenvolvido em uma prática ativa que
possibilita ao alunado a pensar, analisar, refletir, debater e problematizar a realidade
pesquisada propondo estratégias de melhorias da mesma.
Assim sendo buscamos construir uma proposta de estágio em que tem como
pressuposto a relação indissociável entre teoria e prática considerando a pesquisa como eixo
balizador de todo esse processo de formação. Como nos indica Freire (1996) não existe ensino
sem pesquisa e vice-versa, pois, “faz parte da natureza da prática docente a indagação, a
busca, a pesquisa” (p.29).
Nesta perspectiva compreendemos a formação do pedagogo como um processo
dinâmico e continuo que acontece em espaços institucionalizados de formação bem como fora
destes. Processo este, que se prolonga por toda a vida profissional, no qual a relação teoria e
prática ocupam papel de destaque na construção dos conhecimentos profissionais.
(FERREIRA, 2005)
REFERÊNCIAS
135
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2011
Fazenda, Ivani, et al. Prática de ensino e o estágio supervisionado. São Paulo: Papirus,
1991.
V - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
136
No segundo momento (70 hs) os alunos irão para o campo de Estágio para observação
das instituições escolares; participação nas atividades, elaboração e aplicação de projetos.
No terceiro momento (10 hs) como culminância das atividades dos estágios, haverá a
realização de amostras de Trabalhos realizados pelos alunos e professores nos espaços
educativos;
No segundo momento (50 hs) os alunos irão para o campo de Estágio para observação
das instituições não escolares e populares; participação nas atividades e elaboração e
aplicação de projetos.
No terceiro momento (10 hs) como culminância das atividades dos estágios, haverá a
realização de amostras de Trabalhos realizados pelos alunos e professores nos espaços
educativos;
Local do estágio, dias e o horário de entrada e saída, assim como as atividades diárias.
Assinatura do diretor ou pessoa responsável pelo acompanhamento do Estágio no campo.
A Ficha não deve conter rasurada, e ao final ser assinada pelo estagiário(a).
A carga horária total deve ser computada corretamente na finalização do estágio.
Tratar com cortesia todas as pessoas relacionadas à Instituição onde realiza o estágio.
No horário do estágio, não se ocupe com atividades que não sejam referentes ao mesmo.
V – AVALIAÇÃO
Será realizada a avaliação geral das ações desenvolvidas nos Estágios do Curso de
Pedagogia a cada final de semestre, podendo ser produzidos artigos para publicação.
VI - RECOMENDAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
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Graphitte /ADUFPA. 1997.
HAGE, Salomão Mufarrej. Projeto Político Pedagógico. Belém /PA, UFPA, 2000.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação: Mito & desafio: uma perspectiva construtivista. 32 ed.
Porto Alegre: Meditação. 2003.
___________. Pontos & Contrapontos: do pensar ao agir em avaliação. 6ª ed. Porto Alegre:
Meditação. 2010.
HOUSSAYE, Jean.(org). Manifesto a favor dos Pedagogos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
(tradução de DRESCH Venise).
MELO, Maria Tereza L. de. Gestão da educacional: os desafios do cotidiano escolar. São
Paulo: Cortez, 2000.
MENEGOLLA, Maximiliano & SANT’ANNA, Ilma. Por que planejar ? como planejar ?-
currículo, área, aula. 5ª ed. São Paulo: Loyola, 1997.
MÉSÁROS, I. A educação para além do capital. Trad. Isa Tavares. São Paulo: Bontempo,
2005.
MICHELS, Maria Helena. Gestão, formação docente e inclusão: eixos da reforma
educacional brasileira que atribuem contornos à organização escolar. Florianópolis, SC:
UFSC, 2006. Revista Brasileira de educação. V.11. nº. 33. set/out de 2006.
PARO, Vitor Henrique. Por dentro da escola. São Paulo: Xamã, 2000.
PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Mª. Socorro Lucena. Estágio e Docência. 5ª ed. São
Paulo: Cortez, 2010. (Coleção docência em formação. Série saberes pedagógicos).
PISTRAK, M. Fundamentos da escola do trabalho. Trad. Daniel Aarão Reis Filho. São
Paulo: Expressão Popular, 2002.
ZORZO, Cacilda Maria. SILVA, Lauraci Dondé da. POLENIZ, Tamara. (Orgs.) Pedagogia
em Conexão. Canoas: RS: ULBRA: 2004
144
APÊNDICE
1. Plano de Ensino
145
BELÉM – 2013
UEPA – PARFOR
146
PLANO DE ENSINO
1. IDENTIFICAÇÃO
1.1 INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ/CENTRO DE CIÊNCIAS
SOCIAIS E EDUCAÇÃO/DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO GERAL
1.2 CURSO: LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA
1.3 COMPONENTE CURRICULAR: ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GESTÃO
EDUCACIONAL
CARGA HORÁRIA: 100h TURMA:
DOCENTE: PROFª. MSC. EDINA FIALHO MACHADO
PROFª. MSC. ROSILENE F. GONÇALVES SILVA
Um projeto de Estágio Supervisionado deve ter como objetivo central, efetivar a articulação do
curso de Licenciatura com a Educação Básica da rede pública e privada, aprimorando a
formação do profissional da educação, de modo a garantir uma ação mais comprometida com o
processo educativo e de gestão democrática
BARREIRA e GEBRAN, 2006.
Tendo como base a concepção de Estagio Supervisionado como elemento basilar na formação
do profissional da educação, entre os quais, o Pedagogo Gestor, o programa da disciplina Estágio
Supervisionado em Gestão Escolar, justifica-se pela necessidade de atender as diretrizes curriculares
do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, ofertado pela Universidade do Estado do Pará, pelo
Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica - PARFOR, destinado a atender
“professores” que trabalham na educação básica, sem a devida formação e titulação para essa atuação,
147
Práticas essas, que podem ser ampliadas, e res-significadas a partir da efetivação do Estágio
Supervisionado em Gestão Escolar, como um processo de reflexão e de avaliação dessas práticas, e de
propostas de intervenções capazes de promover a gestão democrática, o que implica a efetivação de
novos processos de organização e gestão, com base em uma dinâmica que favoreça a realização de
processos coletivos, e participativos de decisões mais conscientes, éticas e humanizadoras.
Ele está amparado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Federal nº
9394/96: Art. 82, pelo qual “é obrigatório para fins de integralização curricular e deverá conter todas as
atividades a serem desenvolvidas, como procedimento didático-pedagógico. Também pela Lei Federal
de nº 11.788 de 25 de setembro de 2008 que regulamenta o estágio no Brasil, “O Estágio visa ao
aprendizado de competências próprias de atividades profissional, e à contextualização curricular,
objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o mercado de trabalho”.
Como pode-se observar em ambas as leis, o Estágio Supervisionado deverá proporcionar ao
estudante de licenciatura, condições apropriadas de formação que lhe torne capaz de exercer as suas
atividades profissionais com competência técnica, profissional e pessoal, que devem ser inerentes a
todo educador e cidadão, sejam em suas atividades profissionais e de trabalho, como em sua vida
pessoal.
No Parecer do CNE /CP nº 09/2002 diz:
4. OBJETIVOS
7. AVALIAÇÃO
8. BIBLIOGRAFIA
BARREIRO e GIBRAN. Prática de Ensino e Estágio Supervisionado na Formação de Professores.
São Paulo: Avercamp, 2005.
FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos
desafios. São Paulo: Cortez, 1998.
__________, (org). Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez,
2000.
__________, (org).Formação continuada e gestão da educação. São Paulo: Cortez, 2003.
GARCIA, Regina leite (org). Orientador Educacional: o trabalho na escola. São Paulo: Loyola, 1990.
HAGE, Salomão Mufarrej. Projeto Político Pedagógico. Belém /PA, UFPA, 2000.
HENGEMÜHLE, Adelar. Gestão de Ensino e Práticas pedagógicas. 5ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2008.
HOFFMANN, Jussara. Avaliação: Mito & desafio: uma perspectiva construtivista. 32 ed. Porto
Alegre: Meditação. 2003.
___________. Pontos & Contrapontos: do pensar ao agir em avaliação. 6ª ed. Porto Alegre :
Meditação. 2001.
HOUSSAYE, Jean.(org). Manifesto a favor dos Pedagogos. Porto Alegre: Artmed, 2004. (tradução
de DRESCH Venise).
LÜCK, Heloísa. Concepções e Processo Democráticos de Gestão Educacional. 4ª ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2009. Série: cadernos de gestão.
MELO, Maria Tereza L. de. Gestão da educacional: os desafios do cotidiano escolar. São Paulo:
Cortez, 2000.
MENEGOLLA, Maximiliano & SANT’ANNA, Ilma. Por que planejar ? como planejar ?- currículo,
área, aula. 5ª ed. São Paulo: Loyola, 1997.
MÉSÁROS, I. A educação para além do capital. Trad. Isa Tavares. São Paulo: Bontempo, 2005.
MICHELS, Maria Helena. Gestão, formação docente e inclusão: eixos da reforma educacional
brasileira que atribuem contornos à organização escolar. Florianópolis, SC: UFSC, 2006. Revista
Brasileira de educação. V.11. nº. 33. set/out de 2006.
OLIVEIRA, Antonio Carlos de. Projetos Pedagógicos e Práticas Interdisciplinares: uma abordagem
para os Temas transversais. São Paulo: Avercamp, 2005.
OLIVEIRA, Maria Auxiliadora Monteiro. Gestão Educacional: Novos olhares, Novas abordagens.
(Orgs.). 8ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
PARO, Vitor Henrique. Por dentro da escola. São Paulo: Xamã , 2000.
PIMENTA, Selma Garrido. O Estágio na Formação de professores: unidade teoria e prática?. 2ª ed.
São Paulo: Cortez, 1995.
PIMENTA, Selma G. e ANASTASIOU, Léa das G. C. Docência do Ensino Superior. 2ª ed. São
Paulo: Cortez, 2005.
PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Mª. Socorro Lucena. Estágio e Docência. 5ª ed. São Paulo:
Cortez, 2010. - (Coleção docência em formação. Série saberes pedagógicos).
PINTO, Umberto de Andrade. Pedagogia Escolar: coordenação Pedagógica e gestão educacional. São
Paulo: Cortez, 2011.
PISTRAK, M. Fundamentos da escola do trabalho. Trad. Daniel Aarão Reis Filho. São Paulo:
Expressão Popular, 2002.
PRADO, Edna. Estágio na Licenciatura em Pedagogia: Gestão Educacional. Petrópolis, RJ: Vozes,
152
ZORZO, Cacilda Maria. SILVA, Lauraci Dondé da. POLENIZ, Tamara. (Orgs.) Pedagogia em
Conexão. Canoas: RS: ULBRA: 2004
153
PLANO DE ENSINO
1. IDENTIFICAÇÃO
1.1 INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ/CENTRO DE CIÊNCIAS
SOCIAIS E EDUCAÇÃO/DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO GERAL
1.2 CURSO: LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA
1.3 COMPONENTE CURRICULAR: ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM INSTITUIÇÕES
NÃO ESCOLARES E AMBIENTES POPULARES
1.4 CARGA HORÁRIA: 80h 1.5 TURMA:
1.5 DOCENTE:
3. JUSTIFICATIVA
4.1 GERAL
4.2 ESPECÍFICOS
5. CONTEÚDO
LDB 9.394/96
Resolução CNE/CP nº 1, de 18 de fevereiro de 2002
Resolução CNE/CP nº 2, de 19 de fevereiro de 2002
Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006
Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008
Legislação da UEPA
Orientação para solicitação de crédito nas disciplinas de Estágio Supervisionado
Unidade IV: Orientação sobre instrumentos de estágio (fichas, plano de trabalho, termo de
compromisso), elaboração de projetos e relatórios.
6. METODOLOGIA
A primeira etapa será realizada na UEPA para conhecimento da disciplina, organização e
planejamento das atividades a serem desenvolvidas nas instituições escolares.
Na segunda etapa os alunos irão para o campo de Estágio, para vivenciar a realidade dos
ambientes não escolares e populares. Os grupos terão durante o período de estágio, encontros
pedagógicos na UEPA, para avaliação das vivências, bem como planejamento e re-planejamento,
quando necessário. Nesse sentido, o estágio terá uma dimensão teórico-prática, intercalando
momentos no campo de estágio, com momentos na instituição formadora, como forma de favorecer a
formação crítica e contextualizada do futuro educador.
Na terceira e última etapa, haverá socialização das experiências vivenciadas no campo de
estágio na “V Jornada de Estágio da UEPA”. Ressalta-se que para isso aconteça de forma exitosa é
desejável que as experiências vivenciadas no campo de Estágio, sejam transformadas em subsídios
teórico-práticas para a atuação dos futuros pedagogos, bem como, em pesquisas a respeito da gestão
educacional no sistema de ensino.
7. LOCAIS DE ESTÀGIO
DETRAN, Planetário do Pará, ONGs, Hospitais, Abrigos, Clube de Terceira Idade, Empresas, sala de
aula, auditório, etc.
8. AVALIAÇÃO
9. BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Marcos Garcia. Pedagogia Empresarial: saberes, práticas e reverenciais. Rio de Janeiro:
Brasport, 2006.
ASSUMPÇÃO, Raiane (Org.). Educação Popular na perspectiva freiriana. São Paulo: Editora e
156
BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira de
Educação. jan/fev/mar/abr, n. 19, 2002.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº. 8.069/90, de 13 de julho de 1990. São
Paulo: CBIA-SP, 1991.
CHAUI, Marilena. Janela da alma, espelho do mundo. In: NOVAES. A. (org.) O Olhar. São Paulo:
Companhia das Letras, 1988.
____________. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e
Terra, 1996.
GOHN, Maria da Gloria. Educação não formal e cultura política: impactos sobre o associativismo do
3º setor. São Paulo: Cortez, 2001.
MATOS, Elizete Lúcia Moreira. Escolarização Hospitalar: Educação e saúde de mãos dadas para
humanizar. Rio de Janeiro: Vozes, 2009
MATOS, Elizete Lúcia Moreira; MUGIATTI, Margarida Maria Teixeira de Freitas. Pedagogia
Hospitalar: a humanização integrando educação e saúde. Rio de Janeiro: Vozes, 2009.
PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria Socorro Lucena. Estagio e Docência. São Paulo: Cortez,
2008
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e Formação Profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
RIBEIRO, Amélia Escotto Amaral. Pedagogia Empresarial – administração recursos humanos. Rio
de Janeiro, 2007.
Aluno(a):___________________________________________________________________
Professor(a)________________________________________________________________
Turma:_____________ Turno:_______________
Identificação
Caracterização Geral
4- Como está organizado o atendimento da clientela, de onde vem e quem é esta clientela?
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
9- Há definição de metas a curto, médio ou longo prazo, são estas de conhecimento dos
funcionários? Como se dá esse processo?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
10- Existem reuniões periódicas? Elas são eficientes para o bom desempenho e/ou
produtividade da instituição? Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
13- Os recursos materiais atendem às necessidades dos funcionários no que concerne ao bom
desempenho de suas atividades?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
15- Como e por quem são admitidos e selecionados os funcionários em todos os níveis?
159
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
17- Instituição desenvolve algum projeto ou programa voltado para a formação, capacitação e
qualificação dos funcionários? Cite-os:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
21- Qual a importância da atuação desse profissional para o desenvolvimento das ações na
instituição? E quais as dificuldades encontradas para sua atuação?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
24- Parecer do aluno estagiário em relação à instituição local de estágio, com base na
observação realizada.
160
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
25- Que sugestões você aponta para solucionar ou amenizar os problemas e dificuldades
observadas.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
26- Relação das atividades desenvolvidas e observadas no campo de estágio com o modelo
curricular do curso de pedagogia.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Outras observações:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________
Assinatura do aluno (a)
1. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO
Níveis/modalidades de ensino
( ) Ed. Infantil ( ) Ens. Fundamental ( ) Ens. Médio
( ) Ed. de Jovens e Adultos
Turno de Funcionamento:
( ) Manhã ( ) Intermediário ( ) Tarde ( ) Noite
Dependências da escola
Sala da direção ( ) Secretaria ( ) Sala de vice-direção ( ) Arquivo ( )
Sala de orientação e supervisão pedagógica ( ) Sala de professores ( ) Biblioteca ( )
Auditório ( ) Sala de recursos audio-visuais ( ) Sala de leitura ( )
Laboratório de informática ( ) Outros laboratórios ( ) _____________________________
Cozinha ( ) Refeitório ( ) Área de recreio ( ) Quadra de esporte ( ) Área livre ( )
Outras: _____________________________________________________________________
2. RECURSOS HUMANOS
3. RECURSOS MATERIAIS
Carteiras: ( ) Suficientes ( ) Insuficiente
Estado: ( ) Excelente ( ) Bom ( ) Regular ( ) Precário
Equipamentos Disponíveis:
( ) Computadores ( ) DVD ( ) Televisão
( ) Retroprojetor ( ) Projetor de Slide ( ) Datashow
Outros: _____________________________________________________________________
Acervo Bibliográfico:
( ) Suficientes ( ) Insuficiente ( ) Atualizados
( ) Desatualizados ( ) Não possuí
Recursos Didáticos:
( ) Suficientes ( ) Insuficiente ( )Bem utilizados
( ) Mal Utilizados
Merenda Escolar:
( ) Suficientes ( ) Insuficiente ( ) Boa Qualidade
( ) Má qualidade ( ) Não recebe
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Como são trabalhados os Temas Transversais nas atividades curriculares desenvolvidas pela
escola?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Os conteúdos trabalhados na escola são relacionados com o contexto de vida dos alunos?
Como?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Estabelece uma relação democrática e de parceria com o serviço técnico da escola? Como?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
166
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________
Assinatura do aluno(a)
1. Introdução
2. Objetivos
3. Justificativa
5. Avaliação
6. Cronograma
7. Referências