Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Docente
educacional e inicia o pensar sobre o mundo, e recomenda-se que deve ter uma ati-
vidade criadora na qual a pesquisa deve envolver toda a instituição universitária.
Perrenoud (2002) afirma ainda que, para ser um bom professor não significa
apenas a capacidade de transferir conhecimento, é necessário ter uma postura
reflexiva, ter a capacidade de observar, de regular, de inovar, de aprender com
outros, apresentando assim dez dimensões de competências que devem ser
desenvolvidas no professor, por meio da formação inicial e contínua, a saber:
organizar e dirigir situações de aprendizagem; administrar e dirigir a progressão
das aprendizagens; conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação; en-
volver alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho; trabalhar em equipe;
125
Profissão Docente
126
Competências para ensinar
Conforme Tessaro e Guzzo (2004), não são suficientes apenas construir mais
escolas, abrir mais vagas para os alunos e melhorar a estrutura física, é preciso
que os professores sejam capazes de ensinar os alunos e transformá-los em ci-
dadãos críticos e criativos.
Freire (1996) e Demo (2002), que possuem um amplo referencial acerca da pes-
quisa enquanto objeto de estudos, consideram-na essencial à prática docente,
127
Profissão Docente
visto que o professor que assume a pesquisa na sua prática pedagógica mostra-
se comprometido com a elaboração da mesma, produzindo questionamentos
com base na emancipação política, na formação da cidadania, na criatividade,
na descoberta e na redescoberta.
É essencial que o professor compreenda que cada indivíduo deve ser enten-
dido como construtor e reconstrutor da sociedade em que vive. Sociedade que
também está sempre em constante transformação, necessitando assim de novas
ideias, práticas e inovações que podem ser construídas e reconstruídas por meio
da pesquisa.
128
Competências para ensinar
Para Demo (1998, p. 127), “a alma da vida acadêmica é constituída pela pesqui-
sa, como princípio científico e educativo, ou seja, como estratégia de geração de
conhecimento”. Desta forma, é preciso considerar a pesquisa, no meio acadêmi-
co, como formadora de futuros professores pesquisadores, pois, conforme Demo
(2002, p. 15), “professor é quem, tendo conquistado espaço acadêmico próprio
através da produção, tem condições e bagagem para transmitir via ensino. Não se
atribui a função de professor a alguém que não é basicamente pesquisador”.
Freire (1996) defende ainda que o papel político do professor no mundo não
deve restringir-se ao de quem apenas constata o que ocorre, mas também daque-
le que intervém como sujeito de ocorrências, constatando que a educação não
pode constituir-se em um ato de simples adaptação social, mas deve constituir de
uma ação para obter mudanças, pois examinando é que nos tornamos capazes de
intervir na realidade. Conforme as próprias palavras de Freire (2000, p. 102):
O exercício de pensar o tempo, de pensar a técnica, de pensar o conhecimento enquanto se
conhece, de pensar o quê das coisas, o para quê, o como, o em favor de quê, de quem, o contra
quê, o contra quem são exigências fundamentais de uma educação democrática à altura dos
desafios do nosso tempo.
129
Profissão Docente
Entende-se, assim, que a pesquisa deve ser contemplada como definição ine-
rente à prática pedagógica, trata-se de um compromisso intrínseco à formação
do verdadeiro mestre, pois, para Demo (1994, p. 34), “o professor que não cons-
trói conhecimento, como atitude cotidiana, nunca foi. Quem pesquisa, teria o
que transmitir. Quem não pesquisa, sequer para transmitir serve, pois não vai
além da cópia da cópia”.
O que se recomenda é que a pesquisa seja assumida como uma atitude processual
cotidiana, inerente a toda prática que deseja de fato modernizar-se e aperfeiçoar-se,
pois quem assume atitude de pesquisa está em constante estado de preparação.
Em seu sentido mais amplo, a educação deve ser compreendida como uma
leitura crítica da realidade, pois o verdadeiro mestre motiva o aluno a dominar a
escrita, a leitura e outros conhecimentos, como instrumentação formal e política
do processo de formação do sujeito social emancipado. Não apenas para ler,
escrever, calcular e decorar, mas dominar as técnicas fundamentais para poder
ocupar espaço próprio na sociedade, onde a pesquisa torna-se fundamental.
130
Competências para ensinar
Texto complementar
Referencial de competências
(CYSNEIROS, 2008)
131
Profissão Docente
132
Competências para ensinar
133
Profissão Docente
134
Competências para ensinar
reconhece ter conduzido o leitor “em uma jornada rápida e um pouco super-
ficial” por lugares que mereceriam uma estada mais longa: “[...] Alguns dos
continentes (famílias de competências) e dos países (competências especí-
ficas) eu os percorri muitas vezes. De alguns outros, tenho uma ideia menos
precisa, conhecimentos de segunda mão. Alguns me apaixonam, outros
menos [...]” (PERRENOUD, 2000, p. 171).
135
Profissão Docente
Dica de estudo
THURLER, Mônica G. O desenvolvimento profissional dos professores: novos pa-
radigmas, novas práticas. In: PERRENOUD, P. As Competências para Ensinar no
Século XXI: a formação de professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
Perrenoud traz ao leitor textos nos quais os autores apoiaram suas falas em
um ciclo de conferências proferidas em quatro cidades brasileiras em 2001. Os
assuntos abordados são de grande valor e possibilitam tomadas de decisões im-
portantes com relação ao aprimoramento do ensino. Este capítulo aborda os
novos paradigmas da prática pedagógica, enfocando o trabalho do professor de
modo diferenciado e construtivo.
136