O documento discute as diretrizes curriculares para o curso de Pedagogia, que habilita os estudantes para a docência em diversas áreas educacionais. Debate-se se a base do curso deve ser a docência ou a pedagogia, concluindo que deve ser a pedagogia pois engloba um campo conceitual mais amplo do que apenas a docência. Também discute a estrutura do currículo e a formação dos futuros professores.
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Título original
As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia aplicam
O documento discute as diretrizes curriculares para o curso de Pedagogia, que habilita os estudantes para a docência em diversas áreas educacionais. Debate-se se a base do curso deve ser a docência ou a pedagogia, concluindo que deve ser a pedagogia pois engloba um campo conceitual mais amplo do que apenas a docência. Também discute a estrutura do currículo e a formação dos futuros professores.
O documento discute as diretrizes curriculares para o curso de Pedagogia, que habilita os estudantes para a docência em diversas áreas educacionais. Debate-se se a base do curso deve ser a docência ou a pedagogia, concluindo que deve ser a pedagogia pois engloba um campo conceitual mais amplo do que apenas a docência. Também discute a estrutura do currículo e a formação dos futuros professores.
As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia aplicam- se à formação inicial
para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. P.844 §2º Compreende-se a docência como ação educativa e processo pedagógico metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da Pedagogia. O estudante de Pedagogia trabalhará com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será proporcionada no exercício da profissão, fundamentando- se em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética. O curso de Licenciatura em Pedagogia destina- se à formação de professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. § 2º “o docente é aquele que ensina para que o aluno aprenda o que necessita para inserir-se de forma crítica e criadora na sociedade em que vive” .Neste conceito a docência identifica-se ao ato de ensinar, à prática em sala de aula, o docente é o professor. As reformas educacionais, promovidas no âmbito das políticas de formação docente pressupõem o atendimento as necessidades da educação básica, quando apontam que os cursos de Pedagogia, habilitem o professor para atuar na Educação Infantil e Ensino Fundamental e Ensino Médio na modalidade Normal. As diretrizes apontam para a integração dos conteúdos teóricos e práticos, entre o pensar e fazer, planejar e executar, e com isso baliza para uma aproximação entre o contexto acadêmico e o contexto da prática docente. Diante disso é necessário um currículo que não direcione nem só para a prática educativa e nem só para o caráter teórico acadêmico é preciso trabalhar nos cursos de formação os dois níveis: o que se aprende e o que se ensinará. Durante o processo de formação é necessário o acompanhamento efetivo do professor formador, para que oriente, e conduza o futuro professor na reflexão da sua prática, para que este chegue ao final do curso de Pedagogia, com condições de atuar concretamente como um profissional da educação e tendo compreensão do significado da sua formação. O presente estudo permite que levantemos a hipótese acerca do risco de termos um curso de Pedagogia esvaziado, seja pela amplitude dos campos de exercício, seja pela restrição da adequada formação para tantos campos, seja pela fragmentação concreta da identidade profissional dos educadores que serão formados pelos cursos que estão sendo criados hoje no Brasil. Considerando que “pedagogo”, “professor” e “sala de aula” estão desaparecendo em favor de “licenciado em pedagogia”, “docência” e “espaços escolares”, 14 14 não é impossível pensarmos que o curso pode se transformar em campo de práticas educativas baseadas em performances, escores e rankings, em sintonia, portanto, com a lógica de mercado vigente e com o sistema de avaliação em andamento. A comprovação do aprofundamento em uma das áreas constará do histórico escolar do egresso. A proposta da Comissão de Especialistas definia a estrutura curricular geral fundada em três princípios – docência como base comum da formação, flexibilização do currículo e organização de conteúdos por meio de diversas formas didáticas. Já o Parecer do CNE determina uma configuração diferenciada. Sob a justificativa de que o curso trabalhará com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos, fundamenta-se nos princípios da interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética. São princípios mais abrangentes, que permitem todo e qualquer tipo de configuração curricular, dependendo dos interesses teórico-práticos de cada instituição. A integralização dos estudos dar-se-á mediante disciplinas, seminários e atividades de natureza predominantemente teórica; práticas de docência e gestão educacional; atividades complementares – envolvendo o planejamento Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 130, jan./abr. 2007 59 Diretrizes curriculares... e o desenvolvimento progressivo do trabalho de curso; e, ainda, estágio curricular. Significativamente, o parecer não se refere à formação do pedagogo, mas à formação do licenciado em pedagogia. No cerne das discussões que problematizaram a definição das diretrizes específicas para o Curso de Pedagogia, encontra-se a resistência do movimento dos educadores à proposta do modelo de formação instituído pela reforma educacional dos anos 1990. Com base no esforço pela superação de uma organização educacional inserida predominantemente no contexto das políticas neoliberais, as entidades educacionais já apontadas contrapuseram à racionalidade técnica e à inclusão de natureza sobretudo formal das políticas públicas em construção, princípios para um desenvolvimento crítico e social. A reivindicação de uma base comum de formação para todos os profissionais da educação afirmou-se como bandeira para a organização de um sistema unificado nesta área de profissionalização, reconhecidamente estratégica no âmbito da regulação social. Dois grandes princípios de natureza epistemológica foram considerados fundamentais ou representativos para o desenvolvimento de uma formação adequada na direção apontada: a docência como base8 dessa formação; e a unidade da licenciatura e do bacharelado nos Cursos de Pedagogia. A docência como base, tanto da formação quanto da identidade dos profissionais da educação, insere-se na sua compreensão como ato educativo intencional voltado para o trabalho pedagógico escolar ou não-escolar. A prática docente, portanto, é assumida como eixo central da profissionalização no campo educacional, mobilizadora da teoria pedagógica. A unidade entre licenciatura e bacharelado nos cursos de Pedagogia relaciona-se diretamente com a idéia da docência como fulcro do processo formativo dos profissionais da educação, dando suporte conceitual e metodológico para a união entre teoria e prática. O resultado das negociações consiste na definição do Curso de Pedagogia como uma licenciatura para a docência polivalente, requerida para a educação/escolarização de zero a dez anos, diferentemente do que foi definido para os Cursos Normais Superiores, cuja formação abrange duas habilitações: uma para a educação infantil e outra para os anos iniciais do ensino fundamental. A formulação aprovada prevê, pelo menos no interior da formação para o atendimento às crianças de zero a dez anos, e da docência que implica os processos de alfabetização nas diversas áreas do conhecimento, uma base comum: a formação integrada do professor para educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. Esta é também a base necessária às outras funções a que se propõe o curso. Muitas questões, evidentemente, permanecem. A resolução deixa interrogações que precisam ser discutidas pela comunidade educacional. Qual é efetivamente o grau de autonomia e flexibilização que os projetos político- Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 130, jan./abr. 2007 61 Diretrizes curriculares... pedagógicos têm em relação à constituição dos cursos? Que critérios serão necessários que para assegurar a certificação dos trabalhos possíveis de serem realizados pelo licenciado em Pedagogia? Quanto ao estágio supervisionado (mínimo de 300 horas), haverá determinações mais específicas, que depois serão cobradas pelos indicadores de avaliação dos cursos? Sem falar no desafio contido também na definição dos componentes de conteúdos necessários para abranger a formação proposta. p.850 , 851 § 2,3 , 4 O pedagogo alemão Schimied Kowarzik chama a pedagogia de ciência da e para a educação, portanto é a teoria e a prática da educação. Investiga teoricamente o fenômeno educativo, formula orientações para a prática a partir da própria ação prática e propõe princípios e normas relacionados aos fins e meios da educação. Franco (2003a, p. 83-86), ao refletir sobre o conceito de pedagogia na perspectiva dialética, afirma que o objeto da pedagogia "é o esclarecimento reflexivo e transformador da práxis educativa", de modo que a teoria pedagógica se constitui interlocutora interpretativa das teorias implícitas na práxis do educador e, também, a mediadora de sua transformação para fins cada vez mais emancipatórios.
Essas definições mostram um conceito amplo de pedagogia, a partir do qual se pode
compreender a docência como uma modalidade de atividade pedagógica, de modo que a formação pedagógica é o suporte, a base, da docência, não o inverso. Dessa forma, por respeito à lógica e à clareza de raciocínio, a base de um curso de pedagogia não pode ser a docência. Todo trabalho docente é trabalho pedagógico, mas nem todo trabalho pedagógico é trabalho docente. Um professor é um pedagogo, mas nem todo pedagogo precisa ser professor. Isso de modo algum leva a secundarizar a docência, pois não estamos falando de hegemonia ou relação de precedência entre campos científicos ou de atividade profissional. Trata-se, sim, de uma epistemologia do conhecimento pedagógico.
Precisamente pela abrangência maior do campo conceitual e prático da pedagogia como
reflexão sistemática sobre o campo do educativo, pode-se reconhecer na prática social uma imensa variedade de práticas educativas, portanto uma diversidade de práticas pedagógicas. Em decorrência, é pedagoga toda pessoa que lida com algum tipo de prática educativa relacionada com o mundo dos saberes e modos de ação, não restritos à escola. A formação de educadores extrapola, pois, o âmbito escolar formal, abrangendo também esferas mais amplas da educação não-formal e formal. 2 Assim, a formação profissional do pedagogo pode desdobrar-se em múltiplas especializações profissionais, sendo a docência uma entre elas.
A importância e necessidade da formação dos professores com qualidade para o Ensino Fundamental e Médio: especificamente na disciplina de História em uma cidade do interior paulista