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CARLOS ALBERTO DIAS

RODÍZIO DE PREFEITOS EM ALTOS-PI NA ERA VARGAS (1930 A


1945): MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS

Artigo apresentado à Universidade Federal do Piauí, como


requisito para a conclusão do curso de Licenciatura Plena
em História.
Orientador: Prof. Ms. Francisco Barbosa da Mota

TERESINA – PIAUÍ
AGOSTO - 2013
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RODÍZIO DE PREFEITOS EM ALTOS-PI NA ERA VARGAS (1930 A


1945): MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS

Carlos Alberto Dias *


Francisco Barbosa da Mota **

RESUMO

O presente artigo constitui-se em pesquisa de história política. Está focado na cidade de Altos-Piauí, no período
que vai de 1930 a 1945. Analisa o rodízio de Prefeitos ocorrido no Município durante a Era Vargas, observando
o perfil político-administrativo desses gestores e como suas concepções se desdobraram em práticas a favor da
coletividade, através da realização de obras na saúde e educação, especialmente, e as mudanças e permanências
verificadas na política de então. Assim, traçaremos um perfil da evolução da cidade no decorrer da década de
1930 e os primeiros cinco anos da década de 1940, observando as transformações que ocorreram no município
em seus diversos aspectos. São objetivos deste trabalho: relacionar os gestores nomeados e eleitos para reger a
cidade de Altos no período em estudo, identificando a que grupos pertenciam e seus ideais administrativos;
analisar o impacto de suas deliberações políticas no desenvolvimento sócio-econômico da cidade; e contribuir
para a construção da historiografia local, tão escassa em publicações nesse sentido. Partimos de um levantamento
bibliográfico acerca do tema a nível nacional, estadual e municipal, tendo sido realizada pesquisa documental
nos arquivos da Prefeitura e Câmara Municipal de Altos, Arquivo Público do Piauí, termos de posse de
autoridades municipais e entrevistas com pessoas contemporâneas. Utilizamos ainda fontes iconográficas e
matérias de jornais, decretos, leis e portarias municipais e estaduais, além do Diário Oficial do Piauí. A leitura e
análise dos dados coletados serviu como ponto de problematização e levantamento das possíveis soluções para
os questionamentos feitos.

Palavras-chave: Altos. Política. Era Vargas. Prefeitos. Mudanças e permanências.

1. Introdução

Constituindo-se em importante capítulo da história nacional, a Era Vargas representa


um período ímpar de transformações políticas, econômicas, sociais e culturais no cenário
brasileiro. Estudar este período e suas implicações nos estados e municípios brasileiros
significa buscar compreender como se estruturou, sedimentou e disseminou o ideal
totalitarista do presidente Getúlio Vargas e perceber suas transformações na política
municipal, estadual e nacional.
Nesse período verificou-se uma alteração da ordem, com significativas mudanças na

_______________
* Graduando do curso de Licenciatura Plena em História - 2ª graduação (UFPI/PARFOR-Teresina-PI)
** Professor do Departamento de Geografia e História (UFPI/CCHL/PARFOR)
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administração municipal de Altos-PI, registrando-se um rodízio de 05 prefeitos, que se


revezaram no comando da cidade. Ressalte-se, no entanto, que houve apenas uma mudança de
partido político, uma vez que as características do grupo que se efetivou no poder a partir de
então pouco diferiu da conjuntura da República Velha, a quem sucediam, até porque muitos
dos que passaram ao comando do município eram oriundos da velha prática coronelista, cujo
poder era assegurado pela troca de favores, pelo assistencialismo e pelo voto de cabresto. Foi
assim que a única eleição ocorrida no período reconduziu à Prefeitura, com significativa
votação, o Coronel Lourenço Barbosa, que governava a cidade por indicação, desde 1934 e
que exercia, desde 1932, a função de membro do Conselho Municipal.
Neste trabalho, analisaremos as decisões do chefe de Estado (Getúlio Vargas) que
alteraram a rotina de Altos, além de elencar os nomes dos Prefeitos nomeados para
administrar a cidade, identificando a que grupos pertenciam e o perfil administrativo desses
gestores, analisando o impacto de suas deliberações no crescimento sócio-econômico de
Altos. Por fim, busca-se compreender como o poder local incorpora, interfere e dá sustentação
às diretrizes dos poderes central e estadual.
Assinalar no tempo e no espaço a marca de cada gestor à frente do Executivo Municipal
muito ajudará na compreensão das mudanças e permanências, como a instalação de um grupo
oligarca na Prefeitura da cidade ao longo de 15 anos da ditadura Vargas, além de levar a uma
compreensão mais ampla e sistematizada das relações de poder da intrincada teia político-
ideológica varguista.
Com esse trabalho pretende-se preencher uma lacuna na historiografia local, bem como
solucionar o problema de informações desencontradas acerca da época em estudo.

2. Revolução de 1930 ou a Era Vargas

O que compreendemos ser uma revolução? Estendemos que este termo se


presta a designações de um processo de transformações das estruturas
econômica, social, politica e ideológica que se operam bruscamente ou em
um período histórico relativamente curto, geralmente acompanhado de
conturbações e lutas entre forças antagônicas. (NASCIMENTO, 1994, p.10).

A chamada Era Vargas foi o período em que Getúlio Vargas, mediante um golpe
político, assumiu e se manteve no poder, governando a nação por 15 anos. Este capítulo da
história do Brasil divide-se em três fases: Governo Provisório (1930-1934), Governo
Constitucional (1934-1937) e Estado Novo (1937-1945).
Francisco M. P. Teixeira (2005, p. 260) afirma que “suas linhas básicas de atuação
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pouco mudaram nesse período: centralismo político-administrativo, industrialismo,


nacionalismo”, acentuando ainda que seu ideal nacionalista, acompanhado do estatismo,
trabalhismo autoritário e paternalista marcaram profundamente a vida política brasileira,
tendo o Estado como fundamental para a consolidação do desenvolvimento e retirada do
Brasil da condição de país agrário.
Getúlio Vargas apoiava seu governo em dois grupos que, apesar de participarem como
aliados no golpe que derrubou a República Velha, eram extremamente antagônicos: os
tenentes e as oligarquias agrárias. Para evitar um choque entre tais grupos, que colocasse em
risco a estabilidade de seu governo, Vargas procurou agir como árbitro e mediador entre eles.
Essa postura ficou conhecida como Estado de Compromisso.
Parcialmente alheio à conjuntura nacional, o Piauí despertou com a novidade política no
dia 04 de outubro de 1930, quando o Capitão-Tenente Humberto de Arêa Leão assumiu o
governo do Piauí. Eram chefes da Revolução no Piauí: Desembargador Joaquim Vaz da
Costa, Mathias Olímpio de Melo, Benedicto Martins Napoleão e o próprio Humberto de Arêa
Leão. Utilizando-se de um boletim, o novo governante informou à população dos novos
acontecimentos políticos:

O Governo Revolucionário do Piauí, implantado no Estado, obedecendo a


um plano geral do País, cumpre nesta hora em que inicia a sua vida
administrativa, o dever de se dirigir à população de nossa terra no sentido de
tranquiliza-la.
A mudança de governo foi feita às primeiras horas da manhã, sem maiores
danos individuais além da perda de um dos tenentes revolucionários, Basílio
Silva, vítima de uma passageira resistência na Guarda da Polícia.
Em tais condições, o Governo Revolucionário se sente muito bem afirmando
que garantirá plenamente a todos os cidadãos piauienses, livres no exercício
de sua profissão. Contribuirá em tudo ao seu alcance, para manter, em todo o
nosso território, a ordem necessária ao seu plano de reconstrução liberal.
É ainda dever o de congratular-se com todos os piauienses pela vitória das
armas revolucionárias.
Teresina, 04 de outubro de 1930.
Comandante Humberto de Arêa Leão. (NASCIMENTO, 1994, p. 62).

O General Moysés Castello Branco Filho assinala que foram mobilizados mais de 2.000
homens para a Revolução no Piauí e que

Em Teresina, o amanhecer do dia 4 de outubro foi de grande surpresa


e agitação popular.
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Entre a descrença de uns e a alegria incontida de outros, correu célere


a notícia da deposição do Governador Pires Leal e da vitória da
Revolução nos quartéis.
A cidade apresentava um aspecto curioso no meio da azáfama geral e
do rodar dos caminhões cheios de soldados. (CASTELLO BRANCO
FILHO, 1975, p. 52; 54).

Uma grande onda de prisões de destacadas autoridades ordenada por Arêa Leão visava
assegurar o controle sobre o novo estado político deflagrado. Tais prisões iam do Governador
ao Comandante da Força Pública, incluindo membros do Poder Legislativo municipal da
capital, bem como de representantes de órgãos federais no estado.
Dentre os primeiros atos oficiais está o Decreto Estadual nº 1104, de 04.10.1930,
dispondo sobre a dissolução dos Conselhos (Câmaras de Vereadores) Municipais em todo o
Piauí e criando o cargo de Prefeito, em substituição ao de Intendente, e lhe definindo as
atribuições. No artigo 02 deste Decreto ficam bem claras as regras da nova conjuntura: o
Prefeito, de livre nomeação do governo estadual, exercerá o mandato até a definitiva
organização do Estado. Os novos prefeitos deveriam enviar, mensalmente, ao governo
estadual os balancetes das municipalidades, contendo toda a movimentação financeira e
administrativa das Prefeituras, e todas as nomeações para funções públicas teriam que passar
pelo crivo do Interventor Federal, acentuando-se a redução no número de funcionários.

3. Efeitos da Revolução em Altos – as (velhas?) oligarquias

O município de Altos fica localizado na Microrregião de Teresina e na Mesorregião de


mesmo nome. Sua história teve início pelos idos de 1800, com a chegada do retirante cearense
João de Paiva Oliveira e sua família, composta pela esposa Raimunda Maria de Jesus e os
filhos João de Paiva Oliveira Filho, Raimundo de Paiva Oliveira e Raimunda Maria de Jesus.
A família vinha fugindo de calamitosa seca que assolava o sertão cearense naquela época.
(DIAS, 2012, p. 03).
Os melhoramentos iniciais do lugar devem-se ao Cônego Honório José Saraiva, pároco
de Nossa Senhora do Amparo, de Teresina, posto que o lugarejo era, na época, pertencente à
sua freguesia. Juntamente com João de Paiva Oliveira Filho e o capitão Francisco Raulino da
Silva, muito fizeram pelo seu desenvolvimento, construindo o cemitério público (1885), a
primeira capela de palha, dedicada a São José (1891); a primeira escola pública (Escola Mista
de Altos, 1891); e a igreja de São José, construída de alvenaria (1901).
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A autonomia da cidade se deu em 1922, pela Lei Estadual nº 1.041, de 18 de julho,


sancionada pelo governador do Piauí, João Luís Ferreira, criando o Município e a Comarca de
Altos, desmembrando sua área dos territórios de Teresina, Alto Longá e Campo Maior. A
instalação solene da cidade deu-se em 12 de outubro do mesmo ano, com a posse do 1º Juiz
de Direito, Dr. Odorico Jayme de Albuquerque Rosa; o 1º Intendente (Prefeito) Dr. Alfredo
Gentil de Albuquerque Rosa e o Vice-Intendente Manoel José de Almeida; e da 1ª Câmara de
Conselheiros (vereadores), formada por Antônio Ribeiro de Vasconcelos, Lourenço Saraiva
Barbosa, José Tibúrcio do Monte, José Francelino de Morais e João Simeão da Silva, dentre
outras autoridades. (ALTOS, p.01-04).
Dias (2012, p. 03) acentua que “a partir de sua emancipação, verifica-se um sensível
desenvolvimento, com a abertura de ruas, aumento da atividade comercial, construção do
Mercado Público e outros melhoramentos”. Historicamente, Altos tem sido governado por
duas famílias, que se alternaram no poder - Raulino e Barbosa, cuja hegemonia foi quebrada a
partir de 1989 com a entrada de novas lideranças nas disputas eleitorais.
Não se verificou em Altos a participação dos setores populares no movimento de 1930:
grandes latifundiários, servidores públicos e comerciantes, alguns dos quais descontentes e
alijados da administração, se juntaram ao grupo revolucionário para a tomada do poder.
Nascimento (1994, p. 13) assinala que tal participação popular se deu “a reboque dos
„coronéis‟ e não de forma organizada”, uma vez que “os conchavos organizativos foram
realizados de forma sigilosa e entre os setores da classe dominante local”.
Em coleção do jornal O Piauí, da época, encontramos algumas correspondências de
felicitação enviadas por membros da sociedade altoense, adeptos do grupo que depôs os
governantes no famigerado movimento que tomou o nome de Revolução de 1930. São
comerciantes e membros da classe média, ligados ao grupo político nacional socialista. Para
ilustrar, transcrevemos algumas destas missivas:

Altos, 6 – Sinceras felicitações pela merecida vitória de nossa causa.


Saudações attenciosas. a) Antonio Ribeiro de Vasconcelos, José Francelino
de Moraes.
Altos, 7 – Ausente, em Corrente, acabo de saber do movimento
revolucionário. Satisfeito, pelo triunfo de nossa causa envio parabéns.
Aguardo instrucções. Saudações. a) Antonio do Porto Viana. (Diário Oficial
[DO] de 09.10.1930)

A causa revolucionária tinha a mobilização de um grupo de adeptos na cidade de Altos


e municípios circunvizinhos, notadamente descontentes com a prática política discricionária e
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excludente de seus opositores. Quando da deflagração da Revolução, estava em pleno


exercício do cargo do Prefeito de Altos o cidadão Francisco Raulino, pertencente a tradicional
família política do lugar. Raulino fora eleito no pleito democrático de 16 de novembro de
1928, juntamente com os membros da Câmara do Conselho Municipal e tinham tomado posse
em 01 de janeiro de 1929.
O Conselho Municipal, que atualmente corresponde à Câmara de Vereadores, estava
assim constituído: Ludgero Raulino da Silva, presidente; Ignácio Ferreira Lima, vice-
presidente; José Joaquim Couto Filho, Luiz Marques de Holanda e João Ferreira Gomes,
conforme ofício de 24 de julho de 1929, publicado no jornal O Piauhy, edição de 25.07.1929,
página 04.

Figura 01 – Intendente Francisco Figura 02 - Coronel Ludgero Raulino,


Raulino, cassado em 1930 Presidente do Conselho Municipal
Fonte: Arquivo do autor Fonte: Arquivo do autor

As relações de afinidade entre os poderes Executivo e Legislativo bem atestam como se


dava a maneira absolutista de governar e a influência dos clãs tradicionais na vida política da
comunidade: Ludgero Raulino, Coletor Estadual e Presidente da Câmara, era pai do Prefeito;
Luiz Marques de Holanda era comerciante e mantinha sociedade comercial com Francisco
Raulino, de quem fora depois Vice-Prefeito; José Joaquim Couto Filho, ao que parece,
pertencia à mesma família de João Manoel Couto, sogro do Prefeito. Percebe-se a velha
prática coronelista e oligárquica, que apenas se repetiria com as substituições efetuadas
durante a Era Vargas.
Tal assertiva pode ser comprovada na primeira nomeação de Prefeito Municipal para a
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cidade após o golpe de 1930: Vicente Soares da Silva Pestana, servidor público e Capitão da
Guarda Civil Nacional. Era irmão do literato e advogado Clodoaldo Freitas, e outrora ocupara
as importantes funções de Coletor Federal, Inspetor de Ensino e Conselheiro da antiga
povoação dos Altos. Ademais, o quase septuagenário personagem era avô de Edith Pestana
Sales, casada com o comerciante do ramo de tecidos Pedro Ferreira Sales, primo legítimo do
Interventor Federal no Piauí, Tenente Landry Sales Gonçalves.
O grau de parentesco mencionado não deixa de ter sido decisivo quando da escolha do
novo administrador para a cidade. A nomeação de Pestana se deu dois dias após a deflagração
do movimento revolucionário, através do Decreto n° 1.104, de 06 de outubro de 1930. Pelo
mesmo Decreto foram também nomeados outros 22 novos prefeitos para diversos municípios
piauienses.

Figura 03 - Cap. Vicente Pestana Figura 04 - Prefeitura Municipal de Altos, de 1922 à década de 1960
Fonte: Acervo de Edith P. Sales Fonte: Acervo do ex-Prefeito José Gil Barbosa

Conforme Reginaldo Miranda,

Os municípios piauienses, e de resto os brasileiros, passaram a ser


administrados por um Prefeito, ao invés de Intendente, fato esse confirmado
pelo Decreto Estadual nº 1.279, de 26 de junho de 1931, que deu nova
organização aos municípios do Estado, suprimindo alguns deles [...] e
definindo as atribuições, porcentagens e vencimentos dos Prefeitos e demais
funcionários das Prefeituras.
Pelo citado Decreto, os Prefeitos, de livre nomeação e demissão do
Interventor Federal, ficaram vedados de interferirem na vida partidária local,
devendo se limitar às suas funções puramente administrativas, que
abrangiam a dupla alçada do executivo e do legislativo, ficando ainda o
Interventor Federal com o poder de quando julgasse conveniente, revogar ou
modificar qualquer dos seus atos ou resoluções. Em outras palavras, os
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municípios perderam a autonomia administrativa. (MIRANDA, 2004, p.


248).

Esse regime de coisas se estenderia até 28 de fevereiro de 1948, quando se daria a


redemocratização do país. Verificou-se no período um interregno em 01 de outubro de 1935,
quando foram realizadas eleições diretas para a escolha dos prefeitos e vereadores dos
municípios brasileiros. Os eleitos tomaram posse em 27 de março de 1936, mas em 30 de
novembro de 1937 tiveram seus mandatos cassados por força do Estado Novo implantado por
Getúlio Vargas.
Novamente dissolvidas as Câmaras Municipais, foram instituídos os Conselhos
Consultivos, formados por cinco membros, “dos quais dois seriam os maiores contribuintes de
impostos e taxas municipais e os três outros seriam nomeados livremente pelo Prefeito”
(MIRANDA, 2004, p. 248), cujos nomes eram submetidos à aprovação do Interventor
Federal. Certamente, a análise do governante estadual levava em conta a ideologia política
dos indicados, bem como sua idoneidade moral e compromisso com os ideais revolucionários.
Muitos dos prefeitos continuaram no cargo, confirmados pelo Interventor Federal, uma vez
que eram integrantes de sua ala política.

4. Parentocracia e Cunhadismo

Com efeito, o que a cidade e o Estado verão naquele começo dos anos 30,
entre as idas e vindas da dança dos interventores, e até mesmo após o fim
delas, em 1945, é a volta ao poder dos grupos tradicionais, com suas idéias e
práticas, afinal só superáveis com mudanças mais profundas, o que não foi o
caso. (TAVARES, 2002, p. 141).

No Governo Vargas e nos que o precederam chama a atenção o fato de tanto os


sucedidos quanto os sucessores partilharem a mesma concepção política, numa demonstração
típica da herança legada pelos velhos coronéis, que se apoderavam do erário público e faziam
da administração – que deveria ser para o bem-estar de todos –, uma extensão de seus
domínios, nomeando parentes, cunhados, amigos e correligionários para exercerem funções
públicas e, assim, assegurarem o controle absoluto da municipalidade.
Funções administrativas estratégicas passaram a ser desempenhadas por personagens
ligadas aos grupos que estavam no poder, nem sempre com a competência exigida para o
cargo. Se não compunham o círculo de amizades e simpatia do Prefeito Municipal, tinham
familiaridade com o chefe político que o indicou ao governante estadual, que assegurava,
assim, a política dos governadores herdada da República Velha.
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Um dos primeiros atos de Lourenço Barbosa à frente da Prefeitura no ano de 1934 foi
arrumar uma vaga de professora para sua prima Modestina Rosa do Monte, que passou a
lecionar na Escola Singular Mista do Povoado Coivaras, então município de Altos. (DO de
23.04.1934).

4.1 O(s) governo(s) de Plínio Mozart

Plínio Mozart de Morais era Sargento da Polícia Militar do Piauí. Foi o sucessor de
Vicente Pestana na Prefeitura de Altos, governando como Prefeito em Comissão no período
de outubro de 1930 a setembro de 1931. Na sua administração, seu cunhado Odorico de
Almeida Saraiva exerceu o cargo de Procurador-Tesoureiro da Prefeitura, nomeado por ato de
22 de julho de 1931. Este mesmo ato nomeava também Anísio Ferreira Lima para exercer a
função de Agente Distrital de Alto Longá e Benedito dos Reis Cavalcante (B. Reis) para a
mesma função em Beneditinos. Ambos eram correligionários do grupo do Prefeito. As duas
cidades citadas haviam sido extintas pelo Decreto n° 1.279, de 26.06.1931, passando a
Distritos Administrativos Municipais e tendo suas terras anexadas ao território de Altos.
Tendo sido nomeado Prefeito de Picos-PI, o Sargento Plínio “passa” a administração
de Altos ao seu cunhado Odorico Saraiva, nomeado Prefeito em 29 de setembro de 1931,
através de Decreto do Interventor Federal no Piauí, Tenente Landry Sales Gonçalves. O
mandato do novo Prefeito terminou em abril do ano seguinte.

Figura 05 - Interventor Federal Figura 06 - Prefeito Odorico de


Landry Sales (1931-1935) Almeida Saraiva (1931)
Fonte: Acervo Genú Morais Fonte: Acervo Dr. João Cleto

Odorico era fazendeiro, comerciante e desportista, tendo integrado a diretoria do Altos


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Futebol Clube, o primeiro time de futebol da cidade (1939), de cuja agremiação esportiva foi
presidente. Podemos elencar como obras de seu governo a conservação das estradas estaduais,
a continuação da obra de construção do Mercado Público de Altos e a construção dos
mercados públicos de Alto Longá e Beneditinos, então Distritos Administrativos de Altos.
Assim como na cidade de Altos, em Picos o novo Prefeito Plínio Mozart encontrou
inúmeras dificuldades no setor educacional, com professores primários nomeados pelo
município sem formação normalista, o que causava repulsa nas famílias, que preferiam
mandar seus filhos estudar em outros centros, não obstante as despesas decorrentes da
mudança. Em relatório acerca dessa situação, apresentado ao Interventor Federal do Piauí,
datado de 1º de dezembro de 1931, ao destacar a carência educacional e acentuar a qualidade
do ensino ministrado pelas professoras normalistas em Picos, o Prefeito nomeado assinala
que:

[…] naquele distrito os pais que têm recursos retiram seus filhos a fim de
estudarem em Crato-CE, e os pobres preferem que os seus filhos fiquem
analfabetos a aprender com quem não tem habilitação. Toda esta gente apela
para mim no sentido de conseguir normalistas que rejam estas escolas ou
pessoal com a devida competência. (SOUSA, 2008, p. 11)

Plínio Mozart permaneceu como Prefeito de Picos até abril de 1932, retornando ao
cargo de Prefeito de Altos. Esta segunda fase de sua gestão durou dois anos, tendo terminado
em 16 de abril de 1934, quando foi exonerado, a pedido, por ato governamental, de 16 de
abril, assinado pelo Interventor Federal Landry Sales. (DO de 24.04.1934). Foi substituído
pelo Coronel Lourenço Saraiva Barbosa, que governaria a cidade até o final do regime, em
1945, por longos 11 anos.
Quais as causas de sua renúncia? Por que um Prefeito, com todas as regalias e
prerrogativas, renuncia à função de chefe do Executivo Municipal? Por que essa dança
administrativa entre as prefeituras de Altos e Picos? Que ações administrativas inquietaram a
população ou os interesses da elite dominante nas duas cidades por ele administradas? Essas
são indagações para as quais ainda se buscam respostas, vez que nos parcos documentos
pesquisados não foram encontradas informações que ajudem na solução destas questões.
Entende-se que seu autoritarismo militar, aliado à prepotência e modo àspero no trato social,
tenha desagradado ao povo ou à elite política de então, causando sua saída das prefeituras.
Enquanto Prefeito de Altos, Plínio Mozart iniciou a construção do Mercado Público da
cidade, tendo realizado a transferência da feira livre para a frente do local da obra, numa área
próxima à igreja matriz de São José, onde fica atualmente o calçadão da Praça Cônego
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Honório. Em 1932 Altos recebe do Governo do Estado a verba de 30:000$000 (trinta contos
de réis) para investimentos em obras contra as secas, destinados à abertura de poços e açudes,
que o então Prefeito levou a cabo, em benefício da população.

Figura 07 - Feira livre de Altos, nos anos 60, vendo-se ao fundo, à esquerda, o
Mercado Público, cuja obra foi iniciada pelo Prefeito Plínio Mozart de Morais
Fonte: Arquivo do autor

4.2 Lourenço Barbosa: Prefeito até o fim

Figura 08 - Prefeito Lourenço Saraiva Barbosa


Fonte: Acervo de sua filha Maria José Barbosa

Lourenço Saraiva Barbosa (1888-1978) era oriundo de tradicional grupo político


dominante na cidade. Fora o primeiro Prefeito eleito após a emancipação do município, no
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pleito de 1924, governando de 01 de janeiro de 1925 a 31 de dezembro de 1928, quando foi


sucedido por Francisco Raulino, seu tradicional rival nas disputas eleitorais subsequentes.
Mantinha convívio permanente em todas as camadas sociais, angariando larga aceitação
entre o eleitorado. Comerciante, agropecuarista e grande latifundiário, era filho do prestigiado
chefe político Cazuza Barbosa (1870-1932) e fora casado com Maria do Ó Barros Barbosa
(1895-1922), a primeira professora pública diplomada do lugar, que muito lhe auxiliava na
atividade social e política. Mantinha com o irmão Emygdio a sociedade comercial Lourenço
Barbosa & Irmão, situada no centro da cidade. Foi Conselheiro Municipal por vários anos.
Por ato de 16 de abril de 1934, do Interventor Federal no Piauí, Tenente Landry Sales
Gonçalves, Lourenço é nomeado Prefeito em Comissão da cidade de Altos, para substituir o
Sargento PM Plínio Mozart de Morais. Assumiu a função três dias depois, em 19 de abril, e
governou o município, nesta fase, até 27 de março de 1936. Ressalte-se que Lourenço
integrava a terceira vertente do coronelismo que, segundo Nascimento (1994, p. 12), era a que
apresentava maior capacidade de articulação política, por ser integrada pelos grandes
proprietários de terra que tinham seu poder concentrado na atividade comercial. Assinala o
autor que a primeira vertente diz respeito ao poder oriundo da posse da terra (latifúndio) e a
segunda abarca igualmente o latifúndio e o destaque político na esfera federal.
Em 1935 é anunciada pelo Presidente Vargas uma eleição direta para a escolha de
Prefeitos e Vereadores, que seria, na verdade, um artefato para o golpe do Estado Novo.
Alegando a existência do Plano Cohen, supostamente organizado pelos comunistas para
tomarem o poder, Vargas serve-se dessa farsa organizada pelos integralistas e aproveitada por
chefes militares vinculados ao seu governo para fechar o Congresso Nacional com tropas
federais em 10 de novembro de 1937.
No mesmo dia, em transmissão radiada, Getúlio Vargas informou à nação a instituição
do Estado Novo. O que se viu, pouco tempo depois, foi o fechamento dos partidos políticos e
os governadores dos estados novamente substituídos por interventores. Aqueles afinados com
sua linha político-ideológica foram mantidos nos cargos. Com isto, Vargas conseguiu o que
queria: acabou com os direitos democráticos instituídos pela Constituição e permaneceu no
poder, suspendendo as eleições gerais que se realizariam em 1938.
Visto por muitos como sinônimo de progresso, ordem política e período de bem-estar
para a população brasileira, o Estado Novo duraria até 1945, quando finda o governo Vargas e
passa o país por um processo de reajustamento democrático. Os varguistas, especialmente
correligionários, Prefeitos e autoridades nomeadas nas municipalidades não deixavam de
sempre elevar aos Interventores e mesmo ao Chefe da Nação seus extremosos votos de apreço
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e fidelidade ao „proveitoso‟ governo que desenvolviam:

Altos – Em nome do município, faço votos a Deus para que o novo anno seja
de grandes prosperidades para o Estado e completo reconhecimento ao
Governo patriotico de V. Excia. Saudações.
a) Lourenço Barbosa, Prefeito. (DO de 13.01.1938, p. 04).
Altos – Desejo feliz anno novo, com muitas prosperidades.
a) João Simeão. (DO de 13.01.1938, p. 04).
Altos, 10: Congratulo-me com V. Excia. pela data de hoje em que se festeja
jubilosamente 4º aniversário do Estado Novo que tanto há concorrido para
progresso e felicidade do nosso querido Brasil. a). Lourenço Barbosa,
Prefeito Municipal. (DO de 21.11.1941, p. 03).

Na eleição municipal de 01 de outubro de 1935, Lourenço Saraiva Barbosa é eleito


Prefeito para um mandato do primeiro quadriênio constitucional de 1936 a 1940. Não se fazia
composição de chapa para Vice-Prefeito. O mandato foi iniciado em 27 de março de 1936,
data em que se fez o compromisso legal e posse do Prefeito, bem como dos cinco vereadores
eleitos, jurando “bem servir os cargos, cumprindo com lealdade e dedicação os seus deveres
legais” (ALTOS, 1936, p. 03). Presidiu a solenidade o Juiz Substituto e Eleitoral da Comarca,
Dr. Gonçalo de Castro Cavalcanti, servindo como secretário o próprio Prefeito eleito,
designado pelo Juiz Eleitoral. Assistindo ao ato de posse dos eleitos estava o Tenente
Emygdio Saraiva Barbosa, irmão de Lourenço, como representante do Secretário de Governo
do Estado, designado para este fim através de telegrama lido na ocasião.
Lourenço integrava o Partido Nacional Socialista do Piauí (PNS-Pi) e obteve nas duas
secções eleitorais que compunham a cidade 301 votos, sendo 161 na primeira secção e 140 na
segunda. Seu oponente, Francisco Raulino, do Partido Progressista Piauhyense (PPP), obteve
151 votos. (DO de 07.01.1935 e DO de 29.01.1935). Altos tinha uma população estimada em
6.999 habitantes, conforme o Boletim nº 12/1935 da Diretoria Estadual de Estatística do
Piauí, e estavam cadastrados 453 eleitores aptos ao voto.
Na apuração dos votos do PPP foram registrados 07 votos em branco para Vereador. A
Câmara de Vereadores eleita naquele certame político ficou assim constituída:
- Pelo Partido Progressista Piauiense (PPP): Antônio Ribeiro de Vasconcelos (148
votos);
- Pelo Partido Nacional Socialista do Piauí (PNS-Pi): João Vitorino de Assunção (110
votos), João Simeão da Silva (94 votos), Alfredo Gentil de Albuquerque Rosa (93 votos) e
Cândido Porto Viana (nenhum voto), eleito pela força da legenda.
14

A eleição de Cândido Porto, bem como a posse de um suplente depois, que não
receberam nenhuma votação, são explicadas pelo sistema eleitoral vigente na época:
quociente eleitoral, segundo o qual

O total dos votos recebidos pelas legendas dos partidos é que decidia o
número dos eleitos. Candidatos com votação insignificante eram
considerados eleitos se o total da votação dada ao partido o permitisse. [...]
Seriam eleitos tantos candidatos quantas vezes o quociente eleitoral estivesse
contido no total da votação (MELLO, 1976, p. 17).

O PNS-Pi fez um suplente: o farmacêutico Giovanni Martins Viana (nenhum voto);


pelo PPP ficaram na suplência Luiz Marques de Holanda (nenhum voto); Francisco Soares da
Silva (nenhum voto), Miguel Telésforo do Valle (nenhum voto) e Antônio Pereira Cavalcanti
(nenhum voto). A diretoria da Câmara foi assim formada, após eleição entre os pares: Alfredo
Rosa (Presidente), Major João Vitorino (Vice-Presidente) e Cândido Porto (Secretário), todos
do PNS-Pi; mesmo tendo obtido a maior votação, o vereador oposicionista Antonio Ribeiro
de Vasconcelos foi excluído na composição da mesa diretora. A direção de secretaria da
Câmara era feita por Waldimir Saraiva de Sousa, sobrinho do Prefeito eleito.
O suplente Giovanni Martins Viana tomou posse em 10 de fevereiro de 1937, na vaga
aberta pelo vereador presidente da Casa, que deixou a Câmara para assumir o cargo de
Prefeito interino por motivo de ausência do titular. Passa, assim, o Major João Vitorino de
Assunção a presidir os trabalhos do Legislativo.
Além de ter maioria absoluta no Legislativo, com 80% dos vereadores a seu favor,
Lourenço deixa a Prefeitura durante sua ausência nas mãos de um correligionário e compadre,
padrinho de sua filha Maria das Graças (Graciosa), situação bastante confortável para manter
a ordem administrativa que tanto agradava ao Interventor Federal e ao próprio ego do gestor
municipal.
Assumindo a Prefeitura em 27.03.1936, Lourenço governaria constitucionalmente a
cidade até 1940. Porém, o presidente Getúlio Dornelles Vargas, assegurando sua permanência
no controle do país, deflagra o Estado Novo em 30 de novembro de 1937, novamente,
dissolvendo o Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e as Câmaras Municipais de
Vereadores. Assim, em 01.12.1937, um ato assinado pelo Interventor Federal do Piauí, Dr.
Leônidas de Castro Mello, nomeia o já Prefeito Lourenço Barbosa para o mesmo cargo,
autorizando-o a tomar posse independentemente de título. Por pertencer ao grupo político do
Interventor piauiense, nosso personagem é mantido na função executiva e permanece no cargo
até o dia 16 de novembro de 1945, quando tem fim o Estado Novo.
15

Figura 09 - O Interventor Landry Sales (no centro, fardado), na posse dos novos
Prefeitos (1934). Lourenço Barbosa é o primeiro em pé, na 2ª fila, da esquerda
para a direita.
Fonte: Acervo Batista Teles

Nesta fase de sua vida pública, Lourenço governou o município por 11 anos. Podemos
elencar como suas principais realizações: transferência do matadouro municipal para um lugar
mais apropriado; construção de necrotério no cemitério público; construção de uma “sentina”
na Prefeitura, que também recebeu serviços de conservação, adaptação e limpeza; construção
do prédio próprio da Prefeitura; criação e instalação da Biblioteca Pública Municipal João
Bastos (1936); construção do prédio da Unidade Escolar Governador Landry Sales Gonçalves
(1939); construção da Usina Elétrica São José, movida à lenha (1944); reforma e ampliação
do Cemitério São José; construção do Mercado Público Municipal; aquisição de maquinário e
outros materiais para a Prefeitura; perfuração de um poço público; construção de 24 km da
estrada carroçável ligando Altos a Beneditinos e a Alto Longá; criação de 03 escolas
municipais, dentre as quais uma na localidade rural Cruzeiro; reconstrução de um poço
público; e construção de uma ponte de madeira sobre o rio Camurugipe, na estrada Altos-
Beneditinos.
Em relatório datado de 30.04.1935, apresentado ao Presidente da República, Landry
Sales presta contas de seu governo no estado do Piauí no período de 1931 a 1935,
assinalando, quanto ao município, que:

Altos faz a reconstrução do cemitério e construção do mercado e do


matadouro, remodela os edifícios da Prefeitura e da cadeia; perfura novos
poços destinados ao suprimento d‟água à população; inaugura a iluminação;
repara o açude e arboriza as vias públicas. (PIAUÍ, 1935, p. 64).
16

Quanto às iniciativas de combate à seca, o Interventor destaca como obras do estado na


cidade a construção de um açude (Açude da Tranqueira), com barragem de 260 metros e
altura de 03 metros. (PIAUÍ, 1935, p. 64).
Não foi, porém, o governo de Lourenço Barbosa tão glorioso. Eurípides Aguiar,
ferrenho oposicionista do Estado Novo, de Leônidas Mello, bem como do governo Vargas e
seus correligionários, deixou para a posteridade, em seus Escritos Insurgentes, valiosa peça
crítica acerca de sua administração eivada de vícios e carcomida pela velha prática da troca de
favores, tão comum ainda nos dias atuais:
Altos
A administração pública de Altos está muito por baixo. Os carcomidos e
incapazes apaniguados de Leônidas Mello, apeados das posições oficiais
pelo golpe de 29, voltaram, agora, conduzidos pela mão forte do governo, a
flagelar aquela pobre cidade.
O minguado Lourenço Barbosa, acolitado pelo próspero genro Santos
Rocha, o hábil “coordenador” dos 30.000 cruzeiros da Cruzada, é
novamente dono de Altos. Os principais cargos públicos dali são todos
ocupados por parentes, aderentes ou protegidos de Lourencinho, gente
inculta, incapaz e, sobretudo, completamente estragada pela bambochata do
Estado Novo. A gente limpa foi posta à margem. (AGUIAR apud KRUEL e
MORAES, 2011, p. 187).

5. Mudanças na educação e saúde

Sem descuidar dos demais problemas do complexo administrativo, a exemplo da viação,


estradas e incentivos agrícolas, nota-se que houve intensa preocupação do governo federal
durante o período em estudo com dois segmentos estratégicos da administração pública:
instrução e saúde. Em relato no seu livro Trechos do meu caminho, Leônidas Mello,
Interventor Federal do Piauí de 1935 a 1945, assevera que:

[...] Criaram-se escolas por toda parte. Construíram-se e constroem-se


prédios escolares nas sedes de todos os municípios onde não os havia;
abriram-se postos médicos na quase totalidade dessas sedes e, nos lugares
mais longínquos, chegam, inesperadamente, às vezes, o médico e a
professora, material didático e medicamentos que o Estado envia para o
combate ao analfabetismo e à verminose, ao paludismo e à sífilis. (MELLO,
1976, p. 305).

Fazendo eco à ação do Chefe do Executivo Nacional, acentua Mello (1976, p. 305) que
sua preferência por estes setores se justifica pelo fato de que “sem saúde e sem instrução (o
17

ser humano) não produz com eficiência, não faz a sua felicidade, não concorre para o
progresso do Estado e, às vezes, nem serve à Pátria” (grifo nosso). Note-se o ufanismo do
Interventor, cativando em seu discurso o amor ao país, aliado ao sentimento de defesa
nacional.

Figura 10 - Grupo Escolar Afonso Mafrense, um dos mais tradicionais da cidade,


criado no final dos anos 20, como produto da expansão do ensino público no Piauí
Fonte: Acervo particular do autor. Foto tirada em 17.11.2008

Nessa perspectiva se efetuaram significativas mudanças no campo educacional em


Altos, como de resto em todo o Estado. A título de exemplo, as Escolas Isoladas da cidade
foram fundidas, através do Decreto Estadual n° 1.401, de 21 de junho de 1932, sob a
denominação de Escolas Reunidas Afonso Mafrense. Tal fusão foi motivada pelo crescimento
da população infantil em idade escolar e pela inexistência de um estabelecimento primário
que comportasse maior efetivo de matrícula. Pelo mesmo Decreto foi aberto na Diretoria da
Fazenda o crédito necessário para o custeio da cadeira primária criada e fixada a gratificação
para a diretora no valor de 1.656$000 (um conto e seiscentos e cinquenta e seis mil réis).
(PIAUÍ, 1932). Anos mais tarde, já no governo Leônidas Mello, pelo Decreto nº 51, de 08 de
março de 1938, a Escola Agrupada Afonso Mafrense é elevada à categoria de Grupo Escolar:

Decreto n° 51, de 8 de março de 1938


Eleva á categoria de Grupo Escolar a Escola Agrupada “Afonso Mafrense”,
da vila de Altos
O Interventor Federal no Estado do Piauí,
Usando das suas atribuições legais,
DECRETA:
18

Art. 1º - É elevada á categoria de Grupo Escolar, a Escola Agrupada


“Afonso Mafrense”, da vila de Altos, conservando-se a mesma
denominação.
Art. 2º - Fica aberto, na Diretoria da Fazenda, o necessário crédito para
acorrer ás despesas com a execução do presente decreto.
Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrario.
O Secretário Geral do Estado assim o faça executar.
Palácio do Governo do Estado do Piauí, em Teresina, 8 de março de 1938,
49º da Republica.
(L. do S.)
Leonidas de Castro Méllo
João Osório Porfírio da Móta.

Em 1934 o Interventor Federal Landry Sales cria mais 50 escolas nucleares no interior
do Estado. Dentre as salas criadas estava uma situada no lugar Morro da Arara, zona rural de
Altos (Decreto n° 1.514, de 22.01.1934). Percebe-se que houve intensa preocupação em
disseminar o ensino e dotar as escolas rurais com professores, preferencialmente formados
com habilitação plena ao exercício do magistério. A Escola Nuclear do Povoado Boca do
Coco, por exemplo, deste município, teve como professora a senhora Tecla Soares Cavalcanti,
nomeada pelo Diretor Geral da Instrução Pública do Estado (DO de 23.04.1934, p. 03).
Quase um ano depois, a 09 de janeiro do ano seguinte, é decretada a criação de mais 40
escolas nucleares, sendo a cidade de Altos contemplada com uma, instalada para atender o
alunado das localidades rurais Barcelona e Anajás (Decreto n° 1.605, de 09.01.1935). Em
1939, numa política de expansão do ensino público no estado, já na gestão Leônidas Mello,
foi criado em Altos o Grupo Escolar Governador Landry Sales Gonçalves, funcionando no
centro da cidade, com 03 salas de aula. Seu prédio ficava localizado na Avenida João de
Paiva, onde funciona atualmente a U. E. Cézar Leal. Servia também como clube e teatro. A
primeira professora do educandário foi Aclese Barbosa, e a escola funcionava em um só
turno, com as classes do 1º ano A e B e 2º ano, possuindo mais de 100 alunos. O citado grupo
escolar continuou ativo até meados da década de 1980, quando foi extinto.
Conforme relatório da Diretoria Geral de Estatística do Estado do Piauí, no ano de 1934
a educação em Altos era ofertada em uma escola agrupada (Afonso Mafrense), contando-se
04 classes, 01 escola singular e 01 escola particular, não subvencionada pelo governo. O
corpo docente apresentava 02 professores lotados em escolas estaduais, nenhum em escola
municipal e 01 professor particular. Havia 03 professores estaduais diplomados e 05 leigos.
Quanto ao quadro de matrículas, estavam inscritos 247 alunos de ambos os sexos nas escolas
estaduais e 52 nas escolas particulares. No quadro que trata da promoção e conclusão do
curso, o número de promoções era de 47 na rede estadual e 19 na particular; destes alunos, 22
19

concluíram o curso primário nas escolas estaduais e nenhum nas escolas particulares. (PIAUÍ,
1935, p. 36; 37).
O crescente número de alunos e a consequente extensão da rede de ensino levou à
nomeação de várias profissionais – formadas – para ministrar aulas nas escolas públicas
localizadas nas zonas urbana e rural do território altoense.
Nos anos finais do governo Lourenço Barbosa, conforme dados do Departamento
Estadual de Estatística, no ano de 1943 a educação oferecida no município de Altos era
limitada ao ensino primário, oferecido em 12 estabelecimentos de ensino. Isso para uma
população de 15.238 habitantes, dos quais apenas 2.509 residiam na sede municipal (PIAUÍ,
1944). Conforme Ligório (1994, p. 61), o mesmo entusiasmo com a educação foi dedicado à
saúde pública, “com a criação de postos de higiene, como se denominavam os postos de
saúde, que passaram a funcionar como mini-hospitais no interior”.
Altos sempre teve atendimento precário no setor da saúde pública. Nem sempre foram
desenvolvidas políticas sérias no sentido de amenizar as vicissitudes por que a comunidade
passa nesse campo. Na Era Vargas não era diferente, e a adoção de medidas paliativas foi uma
constante para acorrer às necessidades da população.
Telegrama do Secretário de Governo do Estado, datado de 15 de maio de 1934, autoriza
o Prefeito Lourenço Barbosa a criar na municipalidade uma taxa de 5% com a denominação
de saúde. O imposto seria cobrado sobre os talões expedidos pela Prefeitura, sendo destinado
à compra de medicamentos e material de expediente para as Delegacias de Saúde, porquanto
não havia verbas suficientes para isso nos orçamentos municipais. Na capital, o valor da taxa
era apenas de 3%, pois a dotação orçamentária supria mais facilmente essa carência. (DO de
15.05.1934, p. 05).

6. Normalidade democrática - tempo de reorganização

Com o término do governo Vargas, o país adquiriu sua redemocratização antes atingida
pelo golpe, vivendo novamente o exercício pleno da democracia. Esse período foi o tempo
suficiente para a reorganização do país, que, a partir daí, realizou eleições diretas para a
escolha de dirigentes nos Estados e municípios, que voltavam novamente a escolher seus
representantes por meio de eleições, passando, porém, por um curto período de transição.
Ligório (1994, p. 52) afirma que “em 1946, o primeiro ano da redemocratização, todos
os aparelhos da ditadura já haviam sido desmontados pelo substituto de Leônidas Mello, o cel.
Leôncio Ferraz. Pensava-se apenas na reconstrução democrática”. Acentua o autor que o que
20

estava em voga no mundo era o anseio de paz e que o Piauí aguardava esperançosamente por
dias melhores.
Neste período, foram nomeados para os cargos de Prefeito Municipal de Altos:
Francisco Raulino (17.11.1945-07.04.1946), José Fortes Sobrinho, o Zozô (08.04-
18.05.1946), Luiz Marques de Holanda (18.05.1946-07.05.1947), José Francelino de Morais,
o Zé Baú (07.05.1947-20.02.1948) e Antônio Ribeiro da Silva (20.02-21.04.1948), quando
assumiu o primeiro Prefeito eleito pelo voto direto após a redemocratização do país, Francisco
Raulino. Este, que retorna ao comando municipal, governaria a cidade até 31 de janeiro de
1951.
Tais prefeitos, porém, eram diretamente ligados ao esquema político desmontado, sendo
até sua nomeação submetida à apreciação dos velhos mandatários de outrora. José Gil
Barbosa (1918-2013) conta um fato curioso ocorrido na época da indicação do Prefeito José
Fortes Sobrinho para a Prefeitura de Altos: Zozô era grande amigo do advogado Walter
Alencar, a pedido de quem o Interventor Federal no Piauí, José Vitorino Correia, resolveu
nomeá-lo para o Executivo Municipal. Lourenço Barbosa, o maior líder político do lugar, é
convocado pelo Interventor à fazenda Buritizinho, propriedade do futuro prefeito Zozô. O
diálogo teria se desenrolado nestes termos:
“– Lourenço, tenho de nomear o prefeito de Altos. Eu queria nomear o Zozô.”
Partidário de outro nome – ou mesmo querendo o cargo para si –, Lourenço teria
retrucado ao Interventor:
“– Então, por que mandou me chamar?” (BARBOSA. Entrevista, 2012).
E foi logo saindo sem mais nada dizer nem ouvir.
Vitorino Correia nomeou José Fortes Sobrinho, que passou apenas 40 dias na Prefeitura,
tendo assumido no dia 08 de abril de 1946, governando até o dia 18 de maio do mesmo ano.
Dizia que aceitou a nomeação no “desejo de bem servir ao povo altoense” (FORTES, 2003, p.
48). Renunciou ao cargo por conta da tentativa de intromissão em seu governo por parte de
algumas lideranças locais. O Coronel Zozô, como era tratado, alegou que não poderia “mexer
em uma panela em que muitos pretendiam meter a mão” (FORTES, 2003, p. 48) e que não
admitia benesses especiais a quem quer que fosse. Foi substituído na Prefeitura por Luiz
Marques de Holanda.
Analisando criticamente a reorganização política no município, Aguiar apud Kruel e
Moraes (2011) assim define a conjuntura instaurada na nova gestão, capitaneada por Luiz
Marques de Holanda, agora correligionário de Lourenço Barbosa, a quem cegamente
obedecia:
21

O Prefeito não é o mesmo do tempo de Leônidas Mello, mas, pior que isto, é
o tal Luiz Marques, simples testa de ferro, quase analfabeto, que assina de
cruz tudo quanto o chefe lhe manda assinar. O homem mora no lugar
Tabocas, distante três léguas da cidade, onde só vem aos sábados para fazer
a feira. Terminadas as compras, arrastando as esporas, lá vai o Prefeito à
Prefeitura e borra com uma garatuja, que diz ser a assinatura, os papéis que
Lourencinho lhe apresenta.
Há alguns anos, Luiz Marques, por motivo que não vem ao caso relembrar
no momento, foi forçado a mudar de residência, transferindo-se para o
Amazonas. Cessada a causa que o obrigou a mudar de terra, o homem voltou
aos penates. Diz ele que a coisa mais bonita que viu por onde andou, foi a
doca de “Ver-o-Peso” em Belém do Pará e que há de fazer uma, igualzinha,
em Altos, bem de frente da casa do Lourencinho, para fazer pirraça ao
Pestana.
Quando o major Vitorino Correia tomou posse da Interventoria, declarou que
vinha ao Piauí fazer administração e não política. Em Altos, nem uma nem
outra coisa está fazendo o governo. Ciente e conscientemente a Interventoria
restaurou a politicagem suja de Leônidas Mello, na florescente cidade,
incontestavelmente merecedora de uma administração operosa e honesta.
(AGUIAR apud KRUEL e MORAES, 2011, p. 187).

7. Considerações finais

Não se pode vislumbrar a Revolução de 1930 como uma luta por reformas políticas
sérias e profundas, mas como uma disputa pelo poder, uma briga pelo comando do país e, de
resto, todos os municípios brasileiros. As mudanças políticas observadas eram de caráter
revanchista, pois eram retirados elementos ligados ao grupo deposto e colocados adesistas ao
movimento „revolucionário‟, provocando uma reviravolta na administração pública. Os
Interventores Federais Leônidas Mello e Landry Sales procuraram se vincular politicamente
aos chefes políticos municipais, às tradicionais oligarquias, garantindo, desta forma, seu
enraizamento no poder ao longo de mais de 15 anos.
Durante a Era Vargas verificou-se na cidade de Altos uma alteração da ordem pública,
com importantes mudanças na administração municipal, notando-se um rodízio de 05
prefeitos, que se revezaram no comando da cidade. Ressalte-se, no entanto, que houve apenas
uma mudança de agremiação política e não de concepção ideológica, vez que as
características do grupo que se efetivou no poder a partir de então pouco diferiam da
conjuntura da República Velha, a quem sucediam, até porque muitos dos que passaram ao
comando do município eram oriundos da velha prática coronelista, cujo poder era assegurado
pela troca de favores, assistencialismo e pelo voto de cabresto.
Fazendo da administração pública uma extensão de seus domínios, os novos prefeitos
22

nomearam parentes, cunhados, amigos e correligionários para exercerem funções públicas e,


assim, assegurarem o controle absoluto da municipalidade. Nessa troca de favores, os
coronéis ligados ao comércio e os demais líderes locais recebiam obras públicas, empregos
para si ou apadrinhados e o compromisso tácito de não lhe ser retirado o comando local.
Mesmo com o processo de redemocratização do país, não se vislumbrou profunda alteração
do ponto de vista político-administrativo, reproduzindo-se as velhas práticas já mencionadas.
Não obstante, significativas mudanças se fizeram sentir na vida da cidade durante o
período em estudo, citando-se, a exemplo, obras de construção de açudes e perfuração de
poços, destinados ao abastecimento d‟água da população, criação de uma biblioteca, abertura
de estradas e conservação de outras já existentes, instalação da iluminação pública, com a
construção da Usina Elétrica, aumento do número de escolas e de salas de aula em povoados
interioranos, além da implantação de postos de saúde na sede e no interior do município.
Esta pesquisa não pretende ser a palavra final sobre o tema em foco, mas uma pequena
contribuição às discussões do assunto. Muita pesquisa ainda precisa ser feita acerca do
período, o que é ainda muito limitada dada à escassez de fontes e documentos na cidade de
Altos e/ou arquivos estaduais. Sendo um trabalho elaborado nos moldes acadêmicos, visa
preencher uma lacuna na historiografia local, não deixando de conter omisões e imperfeições,
a serem posteriormente preenchidas e corrigidas com um estudo mais apurado e aprofundada
análise de documentos e demais fontes bibliográficas.

ROTACIÓN DE ALCALDES EN ALTOS-PI EN EFECTIVIDAD DE


VARGAS (1930 1945): EL CAMBIO Y LA PERMANENCIA

RESUMEN

En este artículo se presenta una investigación en la historia política. Se centra en la ciudad de Altos Piauí, en el
período 1930-1945. Alcaldes examina el giro producido en la ciudad durante la Era Vargas, observando el perfil
de estos gestores políticos y administrativos y la forma en que sus conceptos se desarrollaron las prácticas en
favor de la comunidad, mediante la realización de obras en materia de salud y educación, en particular, y de los
cambios y queda marcada en la política después. Por lo tanto, vamos a trazar un perfil de la evolución de la
ciudad durante la década de 1930 y los primeros años de la década de 1940, teniendo en cuenta los cambios que
se produjeron en la ciudad en sus diferentes aspectos. Los objetivos de este trabajo: la de relacionar los gerentes
nombrados y elegidos para gobernar la ciudad de Altos, en el período objeto de estudio, identificar qué grupos
pertenecían administrativa y los ideales, analizar el impacto de sus deliberaciones sobre políticas en materia de
desarrollo socio-económico de la ciudad, y contribuyen a la construcción de la historiografía local, por lo escaso
de las publicaciones en consecuencia. Comenzamos con una literatura sobre el tema a nivel nacional, estatal y
local, y se viene desarrollando la investigación documental en los archivos del ayuntamiento y de los mayores,
Archivo Público del Piauí, los mandatos de las autoridades municipales y las entrevistas con la gente
contemporánea. También utilizamos fuentes iconográficas y los informes periódicos, decretos, leyes y
23

ordenanzas municipales y estatales, más allá de la Gaceta Oficial de Piauí. Lectura y análisis de los datos
recogidos sirven como punto de cuestionamiento y estudio de posibles soluciones a las cuestiones planteadas.

Palabras clave: Altos. Política. Vargas. Alcaldes. Cambios y continuidades.

REFERÊNCIAS

ALTOS. Acta da installação do Município e Comarca de Altos. 12.10.1922.


ALTOS. Ata da sessão solene de compromisso e posse do Prefeito e Vereadôres do
Municipio de Altos, eleitos para o primeiro quadrienio constitucional de 1936 a 1940, e
eleição da Mêsa da Cámara Municipal, em 27 de março de 1936.
ALTOS. Relatório apresentado ao Exmo. Sr. Interventor Federal do Estado do Piauí pelo
Prefeito Municipal desta Vila, com jurisdição nos distritos de Alto Longá e São Benedito,
Plínio Mozart de Morais, em 16.09.1931.
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