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Acessibilidade Geográfica

2021

Nota Metodológica n. 02

Acessibilidade Geográfica

DISTÂNCIAS ENTRE CIDADES SEM LEITOS HOSPITALARES PARA


CIDADES COM LEITOS HOSPITALARES
Presidente da República

Jair Messias Bolsonaro

Ministro da Economia

Paulo Roberto Nunes Guedes

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE

Presidente

Susana Cordeiro Guerra

Diretor Executivo

Marise Maria Ferreira

ÓRGÃOS ESPECÍFICOS SINGULARES

Diretoria de Pesquisas

Eduardo Luiz G. Rios Neto

Diretoria de Geociências

Claudio Stenner

Diretoria de Informática

Carlos Renato Pereira Cotovio

Centro de Documentação e Disseminação de Informações

Carmen Danielle Lins Mendes Macedo

Escola Nacional de Ciências Estatísticas

Maysa do Sacramento de Magalhães

UNIDADE RESPONSÁVEL

Diretoria de Geociências

Coordenação de Geografia e Meio Ambiente

Therence Paoliello de Sarti

Coordenação de Geodésia e Cartografia

Marcelo Rodrigues de Albuquerque Maranhão


Ministério da Economia
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE
Diretoria de Geociências
Coordenação de Geografia e Meio Ambiente
Coordenação de Geodésia e Cartografia

Acessibilidade Geográfica
2021

Nota Metodológica n. 02

Acessibilidade Geográfica

DISTÂNCIAS ENTRE CIDADES SEM LEITOS HOSPITALARES PARA


CIDADES COM LEITOS HOSPITALARES

Rio de Janeiro
2021
DISTÂNCIAS ENTRE CIDADES SEM LEITOS HOSPITALARES PARA
CIDADES COM LEITOS HOSPITALARES

INTRODUÇÃO

Esta nota técnica insere-se no contexto de resposta a demanda do


ilustríssimo deputado federal Felipe Carreras na qual assinala que o plano
nacional de imunização deveria considerar o atendimento de forma prioritária
para as áreas do território nacional em que a possibilidade de acesso a UTI seja
mais restrita. Nesta perspectiva do monitoramento da estrutura hospitalar
(Leitos) frente à evolução da pandemia de covid-19 causada pelo novo
coronavírus (SARSCoV-2) no país, a Diretoria de Geociências elaborou, em
caráter emergencial de modo a corroborar com o programa Nacional de
Imunização, uma avaliação da acessibilidade dos municípios a leitos
hospitalares, destacando três possibilidade de leitos, são eles: Leitos
complementares, Leitos de UTI e Leitos de UTI especificamente para tratamento
de Síndrome Respiratória Aguada Grave (SRAG).
Segundo Portela et al.,2020 uma das grandes preocupações no
enfrentamento da pandemia da covid-19 tem sido a disponibilidade de estrutura
hospitalar capaz de atender cerca de 20% de casos que requerem cuidados mais
complexos. Mais especificamente, aproximadamente 5% exigem cuidados
intensivos em unidades de saúde com capacidade de oferta de atendimento de
alta complexidade.
METODOLOGIA

As análises de acessibilidade a Leitos hospitalares têm como unidades de


observação os municípios brasileiros e baseiam-se em dados do CNES de
fevereiro de 2021, contemplando a disponibilidade para uso de leitos
complementares, de UTI e de UTI para SRAG. O CNES provê os quantitativos
de leitos de UTI na totalidade, no SUS e fora do SUS.
Neste trabalho foram avaliadas as distâncias percorridas pela superfície
(rodoviário e hidroviário) de uma sede a outra sede de município. Foram
calculados as distancias em quilômetros e o tempo em minutos (conforme
exemplo na figura 1). De modo a definir o município mais próximo optou-se por
utilizar o deslocamento em minutos, a distância em km.
Deste modo foi possível identificar nos municípios brasileiros as distancias
as infraestruturas de Leitos hospitalares. Estes municípios foram divididos em
seis categorias, a saber:

- De 0 a 1 hora de distancia
- de 1 a 2 horas de distância
- De 2 a 4 horas de distância
- De 4 a 8 horas de distância
- De 8 a 16 horas de distância
- Mais de 16 horas de distância

Figura 1 – Rede hidro/rodoviária e classes de distância por região atendida.

Legenda
Leito hospitalar
Sede municipal
Rotas
Região atendida
Classes de distancia
até 1 h
entre 1h a 2 h
entre 2h a 4h
entre 4h a 8 h
entre 8h a 16h
mais de 16 h
Para análise dos dados, foi utilizado a ferramenta Network Analyst do
software ArcGIS. As distancias e tempo foram calculadas sobre uma base
produzida pelo IBGE levando em contas as informações e vetores rodoviários
das seguintes bases de dados: Base Continua 250 mil do IBGE (BC250); Open
Street Maps (OSM); e hidrovias levantadas pelo IBGE para o projeto de
Acessibilidade Geográfica.
O critério de proximidade levou em conta o tempo de deslocamento, em
minutos, entre um município sem Leitos a um município com leitos.
Foram apresentados no mapa os números totais de Leitos por Município
conforme baixado na base de dados do CNES. (CNES – Cadastro Nacional de
estabelecimentos de saúde, [2021]. Disponível em: http://cnes.datasus.gov.br/
pages/downloads/ e http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/)
Foram mapeadas as Regiões atendidas por cada sede municipal com
leito hospitalar. De forma apresentar a disponibilidade global de leitos pela
população atendida em função da proximidade a Leitos hospitalares. Esta região
foi definida em função da proximidade a um Leito hospitalar, conforme aparece
na figura 1, ela foi calculada pelo modelo de geração de áreas de serviço
(generate servisse areas -Network analyst) do ArcGIS.
Foram calculados a população de todos os municípios da região atendida
por um determinado centro Hospitalar de um município sede e seu total de leitos.
As taxas foram calculadas para leitos de UTI por 10.000 habitantes, conforme
metodologia utilizada por (Portela et al.,2020). Os dados relativos à população e
número de leitos hospitalares foram obtidos, respectivamente, do IBGE
(estimativas da população de 2020) e CNES (dados de fevereiro de 2021).
Ainda que os pressupostos na definição dessas taxas possam ser
questionáveis, na medida que um paciente em estado grave podem não estar
restritos ao modelo calculado, considerou-se a simplificação, em termos práticos,
razoável.

RESULTADOS

Em termos gerais, as análises apontam as enormes diferenças regionais


na disponibilidade dos Leitos hospitalares considerados, com áreas amplas de
vazios nas regiões Norte e Nordeste e maior concentração de recursos nas
regiões Sul e Sudeste, conforme apontado por (Portela et al.,2020).
Segundo Portela et al.,2020 na comparação entre taxas calculadas para
os diferentes leitos utilizando a rede SUS e não SUS, observa-se a maior
capilaridade do SUS, cujos recursos são os únicos disponíveis em muitos
municípios no interior do país. Os recursos identificados como pertinentes à
saúde suplementar encontram-se concentrados em algumas áreas do país, onde
suas taxas por 10.000 beneficiários de planos de saúde hospitalares podem
atingir valores elevados.
Desta forma optou-se por utilizar os dados totais, incluindo ai leitos SUS
e não SUS, de forma a diminuir a saturação de Leitos nas regiões
metropolitanas.
A Tabela 1 apresenta a distribuição dos municípios brasileiros por tempo
de deslocamento a um leito hospitalar.
Tabela 1 – Tempo de Deslocamento para Leitos hospitalares
Leitos Leitos de UTI Leitos de UTI
Tempo de deslocamento
complementares totais SRAG
Municípios com Leitos 1.619 748 671
até 1 h 3.247 2.984 2.895
entre 1h a 2 h 567 1.326 1.436
entre 2h a 4 h 107 383 422
entre 4h a 8 h 14 70 86
entre 8h a 16 h 5 28 29
Mais de 16h 9 31 31

No total foram identificados 129 municípios cuja sede está distante mais
de 4 horas de uma cidade com infraestrutura de UTI (Mapa 2). Estes municípios
abrigavam, segundo a estimativa de 2020, 3.096.144 habitantes. Foram também
identificados 146 municípios cuja sede está distante mais de 4 horas de uma
cidade com infraestrutura de UTI (Mapa 4). Estes municípios abrigavam,
segundo a estimativa de 2020, 3.474.963 habitantes.

A tabela 2 mostra a disponibilidade geral de Leitos hospitalares nos


municípios. Com destaque para concentração de leitos nas regiões
metropolitanas do Sudeste, Sul e Nordeste. E uma maior capilaridade para o
interior nas regiões Sudeste e Sul.

Tabela 2 – Numero de municípios pelo quantitativo de Leitos hospitalares.


Número de Leitos Leitos complementares Leitos de UTI totais Leitos de UTI SRAG
1-10 941 210 316
10-100 526 430 316
100-400 113 84 32
400-1.000 27 16 6
1.000-2.000 6 6 1
+ 2.000 6 2 0
Número total de
municípios 1.619 748 671
total de Leitos 89.115 58.798 23.665
Maior número de 8.587 5.403 1.643
leitos em município (São Paulo/SP) (São Paulo/SP) (São Paulo/SP)

Os Mapas 3 e 5 mostram a disponibilidade de Leitos por 10mil habitantes


segundo a região atendida pelo município mais próximo com Leitos hospitalares
disponíveis. Neste caso pode-se notar que os Leitos hospitalares se encontram
pressionados de forma difusa pelo território, havendo gargalos nas demandas
tanto em regiões metropolitanas como no interior do País em todas as suas
Macrorregiões.

BIBLIOGRAFIA
Portela MC, Pereira CCA, Lima SLM, Andrade CLT, Soares FRG, Martins M. Limites e possibilidades dos
municípios brasileiros para o enfrentamento dos casos graves de Covid-19. Nota Técnica n. 1. Rio de
Janeiro: ENSP/FIOCRUZ, 2020.
Mapa 1
Mapa 2
Mapa 3

kkk
Mapa 4
Mapa 5

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