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OUT/2022

Diagnóstico Temático
Drenagem e Manejo das
Águas Pluviais Urbanas
Gestão de Risco
ano de referência 2020

Sistema Nacional de
Ministério do Desenvolvimento Regional Informações sobre
Secretaria Nacional de Saneamento - SNS Saneamento
Ministério do Desenvolvimento Regional
Secretaria Nacional de Saneamento

Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS

Diagnóstico Temático
Drenagem e Manejo das
Águas Pluviais Urbanas

Gestão de Risco

Brasília, outubro de 2022.


Presidente da República Equipe Técnica
Jair Messias Bolsonaro Fernanda Pereira de Souza (FUNAPE/UnB), João Victor
Rodrigues Santos (FUNAPE/UnB), Romário Pereira de
Ministro de Estado do Desenvolvimento Regional Carvalho Júnior (FUNAPE/UnB), Vinícius Alves dos
Daniel Ferreira Reis (FUNAPE/UnB) e Wagner Duque Voney Araujo
(Coordenador SNIS-AP - FUNAPE/UnB)
Secretário Executivo do
Ministério do Desenvolvimento Regional
Helder Melillo Lopes Cunha Silva Equipe de Desenvolvimento de TI
Bruno José Rodrigues Lima (FUNAPE/UnB), Caio Petrillo
Secretário Nacional de Saneamento Vieira de Mattos (FUNAPE/UnB), Gabriel Gomes Gaspar
Pedro Ronald Maranhão Braga Borges (FUNAPE/UnB), Marilia Candida Pinto Borges (FUNAPE/
UnB), Maurício Lima Reis (SNS/MDR), Mateus de Siqueira
Chefe de Gabinete da Secretaria Nacional de Saneamento Silva (FUNAPE/UnB) e Volnei Braga Machado (Coordenador
André Braga Galvão Silveira Equipe SNIS-TI FUNAPE/UnB)

Diretor do Departamento de Cooperação Técnica Comunicação, Editoração e Diagramação


Marco Aurelio Ayres Diniz
Marilia Candida Pinto Borges (FUNAPE/UnB)
Coordenador-Geral de Gestão Integrada
Paulo Rogério dos Santos e Silva Coordenador do Projeto junto ao FUNAPE/UnB
Carlos Henrique Ribeiro Lima/Departamento de
Coordenador de Informações, Estudos e Pesquisas Engenharia Civil e Ambiental - UnB
João Geraldo Ferreira Neto

Assessor Técnico Especializado


Sergio Brasil Abreu

© Ministério do Desenvolvimento Regional. Secretaria Nacional de Saneamento - SNS


SGAN Q.906, Módulo ‘F’ Bloco ‘A’ Ed. Celso Furtado, 3º andar. Brasília - DF. CEP 70.790-060

Endereço eletrônico:
www.gov.br/mdr
www.snis.gov.br

Todos os direitos reservados.


É permitida a reprodução de dados e de informações contidos nesta publicação, desde que citada a fonte.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 5

AMOSTRA DE MUNICÍPIOS PARTICIPANTES SNIS-AP 2020 6

IMPACTOS SOBRE A POPULAÇÃO 7

PARCELA DA POPULAÇÃO IMPACTADA POR EVENTOS HIDROLÓGICOS (IN041) 10

ÍNDICE DE ÓBITOS (IN046) 14

PARCELA DE DOMICÍLIOS EM SITUAÇÃO DE RISCO DE INUNDAÇÃO (IN040) 15

CENTRO NACIONAL DE MONITORAMENTO E ALERTAS DE DESASTRES NATURAIS (CEMADEN) 28

MUNICÍPIOS CRÍTICOS 30
APRESENTAÇÃO
O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), administrado pela Secretaria Nacional de
Saneamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (SNS/MDR), consolidou-se como instrumento de conhecimento
dos serviços de saneamento básico sem similar no Brasil. Devido ao SNIS, o país conta com um robusto conjunto de
dados estruturados que permite avaliar a evolução dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário
(desde 1995), de manejo de resíduos sólidos urbanos (desde 2002) e de drenagem e manejo das águas pluviais urbanas
(desde 2015). Além disso, cabe destacar que o acesso a essas informações é público e gratuito.

Diante da mudança na metodologia de publicação dos diagnósticos, definida em 2021, apresenta-se o


Diagnóstico Temático sobre a Gestão de Riscos para a Drenagem e o Manejo das Águas Pluviais Urbanas (DMAPU),
ano de referência 2020. O documento contém análises acerca dos impactos de eventos hidrológicos extremos sobre
a população, apresentando informações sobre a parcela da população que é afetada por tais eventos, bem como
o índice de óbitos oriundos desses eventos e a parcela de domicílios em risco de inundação. O documento também
apresenta as ferramentas que podem ser utilizadas na redução dos riscos de desastres e a situação dos municípios
críticos no país.

As publicações anteriores – Diagnostico Temático sobre a Visão Geral, Diagnostico Temático sobre a Gestão
Administrativa e Financeira e Diagnóstico Temático sobre a Gestão Técnica dos serviços de Drenagem e Manejo das
Águas Pluviais Urbanas – abordaram, no primeiro, todas as informações e indicadores coletados no SNIS-AP 2021, de
uma maneira sintética e objetiva, apresentando dados sobre os aspectos gerais, administrativos, financeiros, estruturais,
estruturantes e sobre a gestão de riscos dos serviços de DMAPU no Brasil. Já no segundo, aprofundou-se em informações
de caráter administrativo e financeiro, no qual foram apresentados dados sobre investimentos, receitas, despesas e
cobrança pelos serviços de DMAPU. Por fim, o Diagnóstico Temático 3 apresentou informações sobre as infraestruturas
que compõem tais sistemas, como: as vias públicas urbanas pavimentadas, os dispositivos de captação de águas
da chuva e as infraestruturas de retenção e detenção, bem como dados sobre a operação e a manutenção desses
sistemas e sobre outros aspectos, como a natureza jurídica dos prestadores e a regulação dos serviços.

Os novos produtos dão continuidade à nova fase de publicações do SNIS antecipando a metodologia que será
adotada com a transição do atual SNIS para o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA).

Boa leitura!
Brasília, outubro de 2022.
Secretaria Nacional de Saneamento
Ministério do Desenvolvimento Regional
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 6

AMOSTRA DE MUNICÍPIOS PARTICIPANTES


SNIS-AP 2020

4.107 municípios
abrangidos pelo SNIS-AP 2020
(73,7% dos 5.570)

4.107 municípios participantes

1.463 municípios não participantes

26 capitais participantes¹

MUNICÍPIOS POR FAIXA POPULACIONAL E PARTICIPAÇÃO NO SNIS-AP 2020


Total de Municípios no % em relação aos 4.107 % em relação à
Faixa População (habitantes)
municípios SNIS-AP 2020 municípios do SNIS-AP faixa populacional

1 Até 30 mil habitantes 4.396 3.159 76,9% 71,9%

2 30 mil a 100 mil 848 654 15,9% 77,1%

3 100 mil a 250 mil 210 183 4,5% 87,1%

4 250 mil a 1 milhão 99 94 2,3% 94,9%

5 1 milhão a 3 milhões 14 14 0,3% 100,0%

6 Mais de 3 milhões 3 3 0,1% 100,0%

1
Porto Velho (RO) não participou do SNIS-AP 2020.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 7

A drenagem das águas pluviais ocorre originalmente de


forma natural, avançando, por gravidade, dos divisores
topográficos das bacias hidrográficas até o deságue em
lagos, rios e oceanos. Apesar disso, com o tempo, a dinâmica
da drenagem natural pode, e costuma ser, alterada pela
ação humana, por meio de processos transformadores de
espaços. As “estruturas” naturais por onde as águas pluviais
escoam são, então, alteradas e, por vezes, substituídas,
no todo ou em parte, por estruturas artificiais de micro e
macrodrenagem.

Essas alterações estão relacionadas com avanços técnicos


da Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas (DMAPU)
que se associam à dinâmica da percepção hídrica pela
sociedade. Há três dimensões culturais que consideram a
percepção humana sobre as águas pluviais1:

IMPACTOS • A primeira tem como propósito o controle das


águas para reduzir o impacto das cheias. Preza

SOBRE A pelo afastamento imediato das águas pluviais,


considerando as águas em excesso, por perceber
POPULAÇÃO a água pluvial como sendo inconveniente,
inadequada, indesejada, prejudicial e danosa.

• A segunda dimensão apresenta uma evolução


nos modelos associados à gestão e manejo das
águas pluviais urbanas. Adicionou-se o controle das
águas das chuvas na fonte e a indução à infiltração
e à retenção das águas, como opções de recompor
as condições naturais do ciclo hídrico.

• A terceira dimensão representa um salto a uma


nova percepção, um nível de realidade na evolução
humana, no qual passou a existir uma consciência
ampliada no conhecer e no cuidar das águas,
reconhecida como proposta de Soluções baseadas
na Natureza (SbN) para a gestão da água.

O conceito adotado para a concepção do sistema de


drenagem, bem como as características das precipitações e
das bacias hidrográficas, inclusive características associadas
ao uso e ocupação do solo (impermeabilização do solo,
canalização dos cursos d’água e ocupação de áreas
sujeitas a inundações naturais) impactam nos resultados
observados a cada evento de precipitação.
1
Riguetto AM, Moreira LFF, Sales TEA. Manejo de águas pluviais urbanas. In: Riguetto AM. Manejo de águas pluviais urbanas. Rio de Janeiro:
ABES; 2009, p. 19-73.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 8

O processo de urbanização de uma bacia modifica sua


resposta aos diferentes tipos de chuva, devido ao processo
de impermeabilização de sua superfície. Essas mudanças na
permeabilidade do solo reduzem a infiltração, aumentam o
volume escoado superficialmente e os picos de vazão em relação
às condições anteriores à citada urbanização. Alterações no
uso do solo podem reduzir o armazenamento das águas pluviais
em depressões naturais da superfície, o que também eleva o
excedente do escoamento superficial.

Os casos de precipitação intensa sobre bacias hidrográficas com alto nível de urbanização podem
manifestar os chamados eventos hidrológicos impactantes, tal como os alagamentos, as enxurradas e
as inundações. Estes eventos geram perdas e danos de diversas ordens, que podem resultar em pessoas
desabrigadas e desalojadas, ou até mesmo em óbitos.

Volume de água que


Água acumulada no leito escoa na superfície Transbordamento de água
das ruas e no espaço do terreno, com da calha normal de rios,
urbano. grande velocidade e lagos, mares e açudes.
intensidade.

ALAGAMENTO ENXURRADA INUNDAÇÃO

Imagens: Panorama do Saneamento Básico no Brasil 2021 (Brasil, 2021).


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Danos causados por eventos hidrológicos impactantes em áreas urbanas


(danos diretos e indiretos, tangíveis e intangíveis causados por eventos hidrológicos impactantes em áreas urbanas)

Direto Indireto

Danos físicos aos domicílios: Custos de limpeza, alojamento e


construção e conteúdo das medicamentos, realocação do tempo
residências e dos gastos na reconstrução, perda
de renda

Lucros cessantes, perda de


Danos físicos ao comércio e serviços:
informações e base de dados. Custos
construção e conteúdo (mobiliário,
adicionais de criação de novas rotinas
estoques, mercadorias em exposição,
operacionais pelas empresas. Efeitos
entre outros)
multiplicadores dos danos nos setores
Danos econômicos interconectados
Danos causados por eventos hidrológicos impactantes

Tangíveis
Interrupção da produção, perda
Danos físicos aos equipamentos e de produção, receita e, quando
plantas industriais for o caso, de exportação. Efeitos
multiplicadores dos danos nos setores
econômicos interconectados

Perturbações, paralisações e
Danos físicos à infraestrutura congestionamento nos serviços,
custos adicionais de transporte, efeitos
multiplicadores dos danos sobre outras
áreas

Direto Indireto

Ferimentos e perda de vida humana Estados psicológicos de stress e


ansiedade
Doenças pelo contato com a água,
como resfriados e infecções Danos de longo prazo à saúde

Danos Perda de objetos de valor sentimental Falta de motivação para o trabalho


Intangíveis
Inconvenientes de interrupção
Perda de patrimônio histórico ou e perturbações nas atividades
cultural econômicas, meios de transporte e
comunicação
Perda de animais de estimação
Perturbação no cotidiano dos
moradores

Fonte: Cançado, 2009.


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PARCELA DA POPULAÇÃO IMPACTADA POR


EVENTOS HIDROLÓGICOS (IN041)
O indicador IN041 mede a parcela da população desabrigada ou desalojada em
A Portaria do Ministério da
desastres provocados por eventos hidrológicos, registrados ou não no S2ID. As informações que Integração Nacional nº 25,
de 24 de janeiro de 2013,
compõem este indicador são: define o S2ID como um
sistema de informações de
a) RI029: Número de pessoas desabrigadas ou desalojadas na área urbana do preenchimento obrigatório
para solicitação de
município devido a eventos hidrológicos impactantes no ano de referência, requerimento federal de
Situação de Emergência
registrado no S2ID; ou de Estado de
Calamidade Pública.
b) RI067: Número de pessoas desabrigadas ou desalojadas na área urbana do Dentro do S2ID existem
subdivisões de desastres,
município devido a eventos hidrológicos impactantes no ano de referência não como, por exemplo, desastres
geológicos e hidrológicos.
registrado no S2ID; e, Hoje, para fomento das
informações, o SNIS-AP utiliza
c) GE006: População urbana residente no município. somente dados provenientes
de desastres hidrológicos.

Apesar de obrigatório, o uso do S2ID tem, no entanto, limitações. Muitos municípios,


sobretudo os de menor porte, ainda não contam com corpo técnico estável, suficiente e
capacitado para fazer o devido registro de desastres no S2ID. Esta característica do corpo
técnico dos municípios proporciona subnotificações. Segundo a Portaria do Ministério da
Integração Nacional nº 526, de 6 de setembro de 2012, o S2ID serve para a informatização
do processo de transferência de recursos federais para estados e municípios afetados por
desastres. Assim, eventos que resultam em impactos insuficientes para motivarem a declaração
de Situação de Emergência ou de Estado de Calamidade Pública também podem não ser
informados no S2ID. A situação também ocorre quando envolve estados e municípios com maior
arrecadação e menos dependentes do governo federal. Além das causas de subnotificações
apresentadas, o S2ID apresenta uma característica particular: por ser aberto e não ter um
período de Coleta de Dados definido, o processo de alimentação do sistema torna possível a
alteração, a qualquer momento, das informações já prestadas pelos declarantes.

Estado de Emergência ou Calamidade Pública são estabelecidos em


decorrência de desastres que causam prejuízos e devem ser requeridos
pelo governador ou prefeito, além de reconhecidos pelo Poder
Executivo Federal, diferindo entre eles a capacidade de resposta do
poder público à crise. Para decretação da situação de emergência, a
crise é menos grave e ainda não afetou a população, demandando um
comprometimento parcial dos entes federativos, enquanto no estado de
calamidade o comprometimento é substancial, sendo a crise mais grave
e já com efeitos sobre os cidadãos.

No SNIS-AP, o campo RI067 tem a função de atenuar as subnotificações do S2ID, servindo


para declaração, pelos participantes do SNIS-AP, do número de desabrigados ou desalojados
não declarados no S2ID.

Considerando os resultados do indicador IN041 (Parcela da população impactada por


eventos hidrológicos) para os anos de 2019 e 2020, apresentados por macrorregião geográfica
e para o Brasil, observa-se que nos valores nacionais houve uma variação do indicador, de
0,07% para 0,14%. Na macrorregião Centro-Oeste o resultado do indicador IN041, que já era o
menor valor entre todas as macrorregiões, apresentou-se como nulo.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 11

218,4 mil desabrigados e/ou


desalojados
por eventos hidrológicos em áreas urbanas dos
municípios do SNIS-AP 2020

POPULAÇÃO URBANA IMPACTADA POR EVENTOS HIDROLÓGICOS


(total e % do IN041 por municípios e capitais por macrorregião geográfica, em 2020)

NORTE
84,9 mil (0,76%)
8,1 mil (0,15%)¹
NORDESTE
39,9 mil (0,12%)
2,6 mil (0,02%)

CENTRO-OESTE
Brasil
379,0 (0,00%)
Municípios
218.389 desabrigados 13,0 (0,00%)
e/ou desalojados
SUDESTE
Capitais
61,1 mil (0,08%)
18.254 desabrigados
e/ou desalojados 6,6 mil (0,03%)

SUL
32,0 mil (0,13%)
1,0 mil (0,03%)

IN041
Parcela da população impactada por eventos
hidrológicos (%)

Número de desabrigados ou desalojados*


registrado no S2ID + número de desabrigados
ou desalojados não registrado no S2ID
IN041 = X 100
População urbana residente no município
(estimada conforme taxa de urbanização do
último Censo)

1
Porto Velho (RO) não participou do SNIS-AP 2020.
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Nota-se que houve um aumento no número total de pessoas desabrigadas e desalojadas,


entre 2019 e 2020 no país. A maior variação é apresentada na macrorregião Norte, onde ocorreu
um aumento de 66.553 pessoas no número de desabrigados e desalojados. É possível que tal
aumento seja reflexo de um conjunto de fatores, como: a ocorrência de eventos hidrológicos
de maior intensidade e duração, que superam a capacidade de projeto dos sistemas de
drenagem existentes; o desempenho de infraestruturas de DMAPU; a eficiência de políticas
públicas.

Número de desabrigados ou desalojados por eventos hidrológicos (RI029 e RI067),


nos municípios participantes do SNIS- AP no anos de 2019 e 2020
(por macrorregião geográfica e Brasil)

90.000 84.915
Brasil
Desabrigados ou desalojados por eventos

80.000 2019 = 105.142 habitantes


2020 = 218.389 habitantes
70.000
hidrológicos (habitantes)

61.140
60.000
52.138
50.000
39.905
40.000
32.050
30.000

18.362 17.895
20.000 15.962

10.000
785 389
0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Macrorregiões geográficas

2019 2020
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NÚMERO DE DESABRIGADOS OU DESALOJADOS POR EVENTOS


HIDROLÓGICOS (RI029 E RI067)
(por municípios participantes do SNIS-AP, em 2020)

Número de desabrigados
e desalojados

0
1 - 10

11 - 50
51 - 100
> 100

Município não participante


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ÍNDICE DE ÓBITOS (IN046)

O indicador IN046 mede a parcela de óbitos provocados por eventos hidrológicos, com
padrão de medição alinhado à taxa de mortalidade específica para causas externas adotada
pelos órgãos de saúde pública, equivalente à relação de óbitos por 100.000 habitantes.

As informações que compõem esse indicador são:

a) RI031: Número de óbitos na área urbana do município decorrentes de eventos


hidrológicos impactantes no ano de referência, registrado no S2ID;

b) RI068: Número de óbitos na área urbana do município decorrentes de eventos


hidrológicos impactantes no ano de referência, não registrado no S2ID; e,

c) GE006: População urbana residente no município.

No panorama nacional, o índice de óbitos decorrentes de eventos hidrológicos


impactantes na área urbana é de 0,26 óbitos por 100 mil habitantes. A macrorregião Sul
apresentou aumento considerável para o período, sendo o segundo ano seguido que
esse comportamento é observado, enquanto as macrorregiões Nordeste e Centro-Oeste
apresentaram queda no índice avaliado e nas macrorregiões Norte e Sudeste os índices foram
muito próximos aos observados no ano anterior.

0,26 óbito por 100,0 mil habitantes


Índice estimado em áreas urbanas dos municípios do
SNIS-AP 2020

ÓBITOS
(por 100,0 mil habitantes)

Norte 0,61

Nordeste 0,06

Sudeste 0,13

Sul 0,94

Centro-Oeste 0,00

IN046
Índice de óbitos (óbitos por 100 mil habitantes)

Número de óbitos registrado S2ID + número de


óbitos não registrado no S2ID)
IN046 = X 105
População urbana residente no município
(estimada conforme taxa de urbanização do
último Censo)
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PARCELA DE DOMICÍLIOS EM SITUAÇÃO DE


RISCO DE INUNDAÇÃO (IN040)
Os processos meteorológicos são naturalmente complexos. No longo prazo, as Estão relacionados ao estado
físico, dinâmico e químico
da atmosfera e às interações
precipitações capazes de deflagrar inundações, enxurradas e alagamentos não podem ser entre tais estados e a
superfície terrestre subjacente.
previstas. Mas, as relações entre a intensidade, a duração e a frequência das precipitações Os elementos meteorológicos
básicos mais importantes são:
podem ser estatisticamente determinadas a partir de registros sobre eventos passados, com (1) a temperatura do ar, (2) a
umidade do ar, (3) a pressão
apoio no conceito de Tempo de Recorrência (TR). do ar, (4) a velocidade e
direção do vento, (5) o
tipo e a quantidade de
Naturalmente, as vazões são geradas a partir das precipitações. Modelos matemáticos precipitação e (6) o tipo e
a quantidade de nuvens.
do tipo “precipitação-vazão”, como o nome sugere, podem ser utilizados para a transformação
de dados de precipitação em dados de vazão. As vazões também podem ser estatisticamente
estudadas de modo direto, com apoio no conceito de tempo de recorrência, em bacias Período de tempo, em anos,
que separa dois eventos
hidrográficas suficientemente grandes e com dados medidos e disponíveis, em situações hidrológicos extremos de
mesma magnitude, utilizada
específicas. nos mapeamentos para
identificar quando um evento
crítico seja igualado ou
Assim, indiretamente, a partir do uso de modelos do tipo “precipitação-vazão”, ou
superado, servindo como base
ao planejamento de ações
diretamente, a partir do estudo estatístico das vazões, manchas de inundação podem ser e infraestruturas de DMAPU.

calculadas e espacializadas, proporcionando a contagem dos domicílios sujeitos a risco de


inundação, em cada município, diretamente ou por estimativa, a partir do cruzamento da
espacialização das manchas de inundação com imagens ou cartas cadastrais.

Alternativamente, os domicílios sujeitos a risco de inundação em cada município também


podem ser contabilizados a partir da espacialização do nível d’água atingido em enchentes
históricas, associadas ou não a um tempo de recorrência, desde que devidamente registrados,
oficialmente ou extraoficialmente, ou relatados, em incursões de campo, por moradores e
trabalhadores locais.

De modo mais simples, os domicílios sujeitos a risco de inundação podem, ainda, ser
extraídos das informações disponíveis em mapas de setorização, como, por exemplo, os
produzidos ou reconhecidos pelo CPRM; e podem, também, ser estimados com base a
experiência de técnicos e gestores locais, inclusive os integrantes dos corpos técnicos de
Defesa Civil.

O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) elaborou o mapa on-line


contendo uma base repleta de dados, que pode ser utilizada por
gestores nacionais, estaduais e municipais, como as defesas civis
e centros de monitoramentos, além da comunidade acadêmica,
empresas privadas e a sociedade. Trata-se de uma plataforma
interativa que reúne informações sobre áreas com alto e muito alto
risco a deslizamentos de terra, inundações, enxurradas e queda de
rochas, em mais de 1.600 municípios brasileiros.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 16

O indicador IN040 mede a parcela de domicílios urbanos em risco de inundação,


expressa em percentual.

As informações que compõem este indicador são:

a) RI013: Quantidade de domicílios urbanos sujeitos a risco de inundação; e,

b) GE008: Quantidade total de domicílios urbanos existentes no município.

Por ser associado ao conceito de população em risco e não a eventos de precipitação


no ano de referência, o IN040 apresenta uma melhor avaliação da adequação dos serviços e
sistemas de DMAPU, quando comparado aos indicadores abordados anteriormente (IN041 e
IN046).
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 17

2,0 milhões de domicílios


em situação de risco de inundação nas áreas
urbanas dos municípios do SNIS-AP 2020

DOMICÍLIOS URBANOS EM SITUAÇÃO DE RISCO DE INUNDAÇÃO


(total e % do IN040 por macrorregião geográfica, em 2020)

NORTE
124,0 mil (4,0%)

NORDESTE
324,6 mil (3,1%)

CENTRO-OESTE
SITUAÇÃO DE RISCO EM MUNICÍPIOS
169,6 mil (4,1%)
(por faixas de domicílios)

IN040 = 0 2.035 (49,5%)


SUDESTE
0 < IN040 < 1,0% 633 (15,4%) 999,4 mil (4,1%)

1 ≤ IN040 < 10,0% 1.059 (25,8%)

10 ≤ IN040 < 20,0% 199 (4,8%)

20 ≤ IN040 < 50,0% 163 (4,0%)


SUL
≥ 50,0% 18 (0,4%) 364,1 mil (4,1%)

IN040
Parcela de domicílios em situação de risco de
inundação (%)

Quantidade de domicílios sujeitos a risco de


inundação
IN040 = X 100
Quantidade total de domicílios urbanos
existentes no município
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 18

No quadro a seguir, pode-se observar que, apesar do resultado do IN040 ter sido, para
o Brasil, de 3,9%, em média, a maior parte dos 4.107 participantes da coleta de 2020, 2.668,
equivalente a 73,0% do total, teve um resultado relativamente baixo, enquadrando-se na faixa
entre 0 ≤ IN040 < 1%. No extremo oposto, em 2020, apenas 18 municípios tiveram um resultado
do IN040 superior ou igual a 50,0%, representando 0,4% do total.

Quantidade de municípios participantes do SNIS-AP 2020


em situação de risco de inundação (IN040)
(segundo faixas de domicílios, por macrorregião geográfica e Brasil)

Número de municípios
Macrorregiões
0 ≤ IN040 < 1% 1 ≤ IN040 < 10% 10 ≤ IN040 < 20% 20 ≤ IN040 < 50% IN040 ≥ 50%

Norte 182 58 15 16 4

Nordeste 685 258 53 32 5

Sudeste 873 402 64 62 6

Sul 627 297 65 48 3

Centro-Oeste 301 44 2 5 0

Brasil 2.668 1.059 199 163 18

Comparando os dados de 2019 e 2020, para o Brasil, o resultado do indicador IN040


aumentou de 3,5% para 3,9%. Por macrorregião, o resultado do indicador IN040 diminuiu apenas
na macrorregião Norte, passando de 4,2% para 4,0%.

Parcela de municípios em situação de risco de inundação (IN040)


nos anos de 2019 e 2020
(por macrorregião geográfica e Brasil)

4,5

3,9
4,0

3,5
3,5

3,0

2,5
IN040 (%)

2,0

1,5

1,0

0,5

4,2 4,0 2,5 3,1 3,6 4,1 3,8 4,1 4,0 4,1
0,0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Macrorregião

2019 2020 Brasil 2019 Brasil 2020


Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 19

FAIXAS PERCENTUAIS DE DOMICÍLIOS EM SITUAÇÃO DE


RISCO DE INUNDAÇÃO (IN040)
(por municípios participantes do SNIS-AP, em 2020)

Domicílios em situação de
risco de inundação

0%
0,1 - 1%

1,1 - 10%
10,1 - 20%
20,1 - 50%

50,1 - 100%
Município não participante
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 20

A seguir, apresentam-se, em ordem decrescente, quais são os municípios com IN040 maior
ou igual a 50,0%, segundo os dados declarados na coleta de 2020, totalizando 18 municípios.
Além disso, observa-se que, dentre eles, 6 municípios resultaram em IN040 maior de 50,0% em
2019, sendo eles Itaiçaba-CE, Itajaí-SC, Eldorado-SP, Aperibé-RJ, Dores do Rio Preto-ES e Irati-SC.

Municípios participantes do SNIS-AP 2020


com o resultado do IN040 igual ou superior a 50%

100,0% 100,0%
Parcela de domicílios em situação de risco (IN040)

100,0% 93,8%
90,0% 85,9% 84,9%
81,0%
80,0%
70,0%
70,0% 66,7%

60,0% 56,2%
53,6% 52,3%
50,8% 50,0% 50,0% 50,0% 50,0% 50,0% 50,0%
50,0%

40,0%

30,0%

20,0%

10,0%

0,0%

Municípios

Com exceção do Centro-Oeste, pode ser visto que todas as macrorregiões têm
participantes incluídos no gráfico apresentado. Mais especificamente, do conjunto dos 27
estados e Distrito Federal, 12 estados (RN, MG, SC, PE, TO, SP, CE, AC, RJ, AM, AL, ES) tiveram
participantes que, segundo os dados declarados na coleta de 2020, apresentaram o resultado
do indicador IN040 maior ou igual a 50,0%.

Considerando-se apenas valores absolutos da quantidade de domicílios sujeitos a


inundação, a relação de participantes muda bastante. Dos 18 munícipios com IN040 maior ou
igual a 50%, apenas um, Itajaí (SC), na quarta posição, aparece em ambos os gráficos.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 21

Maiores valores da quantidade de domicílios em situação


de risco de inundação (RI013)
(municípios participantes do SNIS-AP 2020)

350.000
326.595
Quantidade de domicílios sujeitos a risco

300.000

250.000
de inundação (RI013)

200.000

150.000
125.000

100.000

51.864 50.000 47.835


50.000 42.054 41.567
31.070 30.000 27.000 26.453
23.250 22.382 20.000 18.682 18.657
15.039 15.000
0

Municípios

Visando uma melhor compreensão do resultado da análise do campo RI013, faz-se


indispensável o entendimento dos critérios de preenchimento dessa informação. Por se tratar
de um campo de caráter obrigatório, é possível que, para finalizar o envio do formulário, existam
municípios que declarem valor zero no campo, ou seja, informam não possuir domicílios sujeitos
a risco de inundação, sem que isso corresponda à realidade desses municípios.

Quantidade de municípios participantes do SNIS-AP 2020 com


domicílios sujeitos a risco de inundação (RI013)
(por macrorregião geográfica e Brasil)

Número de municípios
Macrorregiões
Participantes Com valor = 0 Com valor > 0

Norte 275 151 124

Nordeste 1.033 574 459

Sudeste 1.407 561 846

Sul 1.040 462 578

Centro-Oeste 352 242 110

Brasil 4.107 1.990 2.117


Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 22

FERRAMENTAS PARA REDUÇÃO DO RISCO À DESASTRES


Visando minimizar os impactos e riscos causados pelo aumento da frequência e da
intensidade de eventos hidrológicos extremos nas últimas décadas, que podem ser associados
ao elevado crescimento populacional verificado nas áreas urbanas, podem se destacar como
ferramentas para mitigação desses impactos: o mapeamento de áreas de risco de inundação
dos cursos d’água urbanos (RI009), o monitoramento de dados hidrológicos (RI004) e os sistemas
de alerta de riscos hidrológicos (RI005). Vale ressaltar que a existência dessas ferramentas
prepara o município para a ocorrência de eventos hidrológicos extremos, porém não o torna
imune aos seus riscos.

Com o objetivo de avaliar o nível de preparo dos municípios para o enfrentamento de


eventos hidrológicos extremos, o SNIS-AP busca identificar aqueles que adotam ferramentas
que contribuem para promover a sensação de segurança da população, permitindo também
o desenvolvimento de políticas de controle do uso do solo e do sistema de drenagem.

MAPEAMENTO DE ÁREAS DE RISCO


Para subsidiar a tomada de decisões relacionadas às políticas de ordenamento territorial
e prevenção de desastres, faz-se necessário o levantamento ou medição das áreas onde existe
a possibilidade de ocorrência de eventos hidrológicos adversos. Diante disso, desenvolvem-se
os chamados mapas de risco, que são documentos gráficos e textuais para identificar o cenário
de riscos, ameaças e condições de vulnerabilidades da população.

Dentre os municípios participantes do SNIS-AP 2020, apenas 1.332 (32,4%) possuem


mapeamento de áreas de riscos de inundação (RI009). Nesses casos, foi solicitada a definição
da abrangência do mapeamento: integral, abrangendo toda a área do município, ou parcial O SNIS-AP estabelece
quatro faixas percentuais
de mapeamento parcial
(RI010). Assim, dentre os 1.332 municípios que possuem essa ferramenta, 802 (60,2%) possuem
para o preenchimento
do município (RI011)
mapeamento parcial. Além disso, dos municípios que possuem mapeamento parcial, a maior - de 1 a 25
- de 26 a 50
parcela, 345 (25,9%) tem um percentual mapeado no intervalo de 1% a 25% da área total - de 51 a 75
- de 76 a 99
do município, demonstrando que ainda há necessidade de um grande desenvolvimento nos
sistemas de gestão de riscos existentes no país.

Outra informação importante é o Tempo de Recorrência (TR) adotado para o


mapeamento (RI012). O TR normalmente adotado para a rede de drenagem urbana varia de 2
a 10 anos, quando é considerada a microdrenagem, e de 10 a 50 anos para macrodrenagem.
É possível a adoção de TR superior, de até 100 anos, quando em áreas de frequentes
inundações, alagamentos ou enxurradas. Dentro do conjunto de 1.332 municípios que possuem
mapeamento, somente 7 (0,5%) não forneceram essa informação. De acordo com dados do
SNIS-AP 2020, 64% dos municípios adotam TR menor que 10 anos nos projetos de drenagem,
enquanto 3% dos municípios assumem um TR maior que 100 anos. O maior TR adotado foi
informado pelo município de Santa Bárbara/MG, com valor de 1.000 anos, contudo, tal valor
não representa a realidade nacional uma vez que esse valor é muitas vezes maior que os das
principais cidades do país.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 23

MUNICÍPIOS COM MAPEAMENTO DE


ÁREAS COM RISCO DE INUNDAÇÃO (RI009)
(total e % por macrorregião geográfica, em 2020)

NORTE
70 (25,5%)
3 (50,0%)¹
NORDESTE
215 (20,8%)
9 (100,0%)

CENTRO-OESTE
Brasil
51 (14,5%)
Municípios
32,5% 4 (100,0%)
Capitais
88,5% SUDESTE
578 (41,1%)
4 (100,0%)

SUL
418 (40,2%)
3 (100,0%)

Distribuição dos municípios participantes do SNIS-AP 2020, segundo os percentuais


da área total do município que estão mapeados (RI011)

345 196
181
80

De 1% a 25%

530 De 26% a 50%


2.775 De 51% a 75%
De 76% a 99%
100%
Não possui mapeamento

1
Porto Velho (RO) não participou do SNIS-AP 2020.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 24

MAPEAMENTO DE ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO


DOS CURSOS D´ÁGUA URBANOS (RI009)
(por municípios participantes do SNIS-AP, em 2020)

Mapeamento de áreas de risco


Sim

Não
Município não participante
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 25

MONITORAMENTO DE DADOS HIDROLÓGICOS


E SISTEMAS DE ALERTA DE RISCOS HIDROLÓGICOS
O sistema de previsão de alerta de riscos hidrológicos visa antecipar e subsidiar a
tomada de decisões por parte dos órgãos relacionados à mitigação dos impactos de eventos
hidrológicos impactantes, alertando a população e estabelecendo medidas necessárias
para redução dos prejuízos decorrentes desses eventos. Para garantir um funcionamento
eficaz desse sistema é necessário o conhecimento dos processos hidrológicos que ocorrem
na macrorregião, o que é possível a partir da realização de um monitoramento contínuo das
variáveis hidrológicas. As variáveis hidrológicas
podem ser quantitativas
ou qualitativas, sendo que
Para realizar o monitoramento dessas variáveis, é preciso usar instrumentos de medição as quantitativas podem ser
divididas em contínuas ou
como pluviômetro, pluviógrafo, linígrafo, régua, entre outros (RI003). É fundamental, também, discretas, e as qualitativas
em nominais ou ordinais.
que os municípios disponham de uma rede diversificada de monitoramento hidrológico, pois o Exemplos:
• Vazão (quantitativa
dimensionamento e a gestão dos sistemas de DMAPU dependem do conhecimento daqueles contínua)
• Número de enchentes no
ano (quantitativa discreta)
dados. • Tipo de água (branca, preta
ou clara) (qualitativa nominal)
Assim, além de mapear as áreas de risco, é importante que os municípios operem sistemas • Intensidade da chuva
(nula, fraca, média, forte,
de monitoramento de dados hidrológicos (RI004) necessários para o conhecimento do padrão extrema) (qualitativa ordinal)

de variáveis hidrológicas locais, como a chuva e nível de água nos cursos d’água, que são
dados imprescindíveis para o planejamento e elaboração do projeto dos sistemas de DMAPU.
Dos 4.107 municípios participantes do SNIS-AP 2020, 1.184 (28,8%) fazem o monitoramento de
dados hidrológicos (RI004), outros 349 (8,5%) não realizam essa atividade e 2.579 (62,8%) não
preencheram essa informação. Quanto às capitais de estado, com exceção das que não
preencheram a informação (Boa Vista-RR, Macapá-AP, Natal-RN e Belo Horizonte-MG), todas
declararam realizar o acompanhamento de alguma variável hidrológica, como precipitação
e nível de água.

Em relação aos municípios com sistemas de alerta de riscos hidrológicos (RI005), segundo
dados do SNIS-AP 2020, apenas 15,1% (620 dos 4.107 municípios participantes) possuem esse
tipo de sistema. Os maiores percentuais de municípios participantes com sistemas de alerta se
encontram presentes nas macrorregiões Sudeste e Sul, com 20,8% e 17,5%, respectivamente.
Apesar da baixa adesão municipal aos sistemas de alerta, o percentual de municípios ainda
é menor quando se cruza esta informação com a parcela daqueles que também possuem
monitoramento de dados hidrológicos. Para este recorte, apenas 9,1% (375) dos municípios
participantes declaram possuir tanto sistemas de alerta de risco de inundação (RI005), quanto
sistemas de monitoramento de riscos hidrológicos (RI004).
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 26

MUNICÍPIOS COM MONITORAMENTO DE


DADOS HIDROLÓGICOS (RI004)
(total e % por macrorregião geográfica, em 2020)

NORTE
60 (21,8%)
4 (66,7%)¹
NORDESTE
273 (26,4%)
8 (88,9%)

CENTRO-OESTE
59 (16,8%)

Brasil 4 (100,0%)
Municípios
1.184 municípios (28,8%) SUDESTE
470 (33,4%)
Capitais
3 (75,0%)
22 capitais (84,6%)

SUL
322 (31,0%)
3 (100,0%)

1
Porto Velho (RO) não participou do SNIS-AP 2020.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 27

MUNICÍPIOS PARTICIPANTES DO SNIS-AP 2020 COM SISTEMAS DE


ALERTA (RI005) E MONITORAMENTO DE DADOS HIDROLÓGICOS (RI004)
(total e % por macrorregião geográfica, em 2020)

NORTE
16 (5,8%)
1 (16,7%)¹
NORDESTE
54 (5,2%)
8 (88,9%)

CENTRO-OESTE
9 (2,6%)
Brasil 4 (100,0%)
Municípios
375 municípios (9,1%) SUDESTE
Capitais
194 (13,8%)
17 capitais (65,4%) 1 (25,0%)

SUL
102 (9,8%)
3 (100,0%)

1
Porto Velho (RO) não participou do SNIS-AP 2020.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 28

CENTRO NACIONAL DE MONITORAMENTO


E ALERTAS DE DESASTRES NATURAIS (CEMADEN)
No Brasil, uma importante ação realizada no âmbito da gestão de risco e gerenciamento
de desastres foi a criação pelo Governo Federal do Centro Nacional de Monitoramento e
Para mais informações
Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), em 2011. Essa instituição é vinculada ao Ministério sobre o CEMADEN, acesse:
http://www2.cemaden.
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), segundo a Portaria do MCTIC gov.br/apresentacao/

nº 5.141, de 14 de novembro de 2016. Dentre as suas competências, podem ser destacadas:


elaborar alertas de desastres naturais relevantes para ações de proteção e de defesa civil no
território nacional, desenvolver e implementar sistemas de observação para o monitoramento
de desastres naturais e operar sistemas computacionais necessários à elaboração dos alertas
de desastres naturais.

Os sistemas de alerta são construídos com base em quatro eixos fundamentais:


conhecimento dos riscos, monitoramento e alerta, educação e comunicação e capacidade
de resposta. De acordo com as suas competências, as atividades do CEMADEN podem ser
inseridas nas áreas de conhecimento dos riscos, monitoramento e alerta.

No exercício dessas atividades, o CEMADEN envia alertas exclusivamente para o Centro


Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), ligado ao MDR, segundo a Portaria
do MCTIC nº 5.141, de 14 de novembro de 2016. O CENAD, então, entra em contato com as
defesas civis locais, responsáveis pelas ações de resposta. O foco é monitorar as áreas de risco
previamente mapeadas em municípios monitorados, possibilitando a redução de eventuais
danos .

Atualmente, o CEMADEN monitora 959 municípios localizados nas cinco macrorregiões


geográficas brasileiras. Dentre esses municípios prioritários para o CEMADEN, 724 (75,5%)
responderam à coleta do SNIS-AP 2020, sendo que 264 (36,5%) desses municípios afirmam possuir
sistemas de alerta de riscos hidrológicos (enxurradas, alagamentos e inundações) (RI005). A
diferença entre a quantidade de municípios monitorados pelo CEMADEN e os que afirmaram
possuir sistema de alerta, possivelmente, indica que muitos municípios ainda desconhecem ou
não utilizam as informações produzidas por essa instituição.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 29

MUNICÍPIOS MONITORADOS PELO CEMADEN E


COM SISTEMAS DE ALERTA DE RISCOS HIDROLÓGICOS
(ALAGAMENTOS, ENXURRADAS, INUNDAÇÕES) (RI005)
(total e % por macrorregião geográfica, em 2020)

NORTE
18 (26,5%)
1 (20,0%)¹
NORDESTE
52 (25,4)
8 (88,9%)

CENTRO-OESTE
4 (14,3%)
1 (100,0%)
Brasil
Municípios SUDESTE
724 municípios (36,5%) 123 (43,3%)
Capitais 2 (50,0%)
22 capitais (68,2%)

SUL
67 (48,2%)
3 (100,0%)

1
Porto Velho (RO) não participou do SNIS-AP 2020.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 30

MUNICÍPIOS CRÍTICOS
O SNIS-AP estabelece como Municípios Críticos aqueles que foram inseridos em áreas
de alto e muito alto risco, cujo processo dominante seja decorrente de eventos hidrológicos
impactantes, conforme classificação do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM). Os municípios
críticos recebem apoio à redução de riscos de desastres naturais, por meio da implantação de
Sistemas de Drenagem Urbana Sustentável e de Manejo de Águas Pluviais, fomentada pela
ação orçamentária 10SG, relativa ao Programa 2218, que trata da Gestão de Riscos e Resposta
a Desastres.

A origem dos recursos financeiros poderá ser proveniente de: Lei Orçamentária Anual
(LOA), contrapartida dos Estados, DF e Municípios, e outras a serem definidas, que devem seguir
as diretrizes e princípios de manejo sustentável das águas pluviais urbanas estabelecidos para
utilização do recurso.

A ação de Apoio a Sistemas de Drenagem Urbana e Manejo de Águas Pluviais segue


sob a perspectiva de que a redução dos problemas desencadeados pela ocorrência de
eventos hidrológicos impactantes é possibilitada pela associação de medidas estruturais e
não estruturais (ou estruturantes), em que se destacam os procedimentos de característica
preventiva.

As medidas estruturais consistem em intervenções físicas nas áreas afetadas, em


forma de obras de contenção, drenagem, retaludamento, remoção ou mesmo
recuperação das encostas com proteção vegetal. Já as medidas não estruturais (ou
estruturantes), compreendem tudo aquilo que permite otimizar o gerenciamento dos
riscos como a elaboração de planos de contingência ou preventivos de defesa civil,
mapeamento das áreas de risco, capacitações dos técnicos municipais, informação e
sensibilização das comunidades locais, capacitação de grupos comunitários para apoiar
as ações da defesa civil municipal, levantamento do arcabouço legal para discutir
as ações de desapropriação e remoção de moradias e à implantação de programas

Uma medida não estrutural que se destaca é a composição de mapeamentos geológico-


geotécnicos, como os desenvolvidos pela CPRM que fornecem subsídios para o planejamento
territorial e de uso do solo, e que contribui para a redução dos impactos gerados pelos eventos
hidrológicos impactantes.

Os mapas de setorização de risco têm como objetivos a identificação e a delimitação de


áreas ou setores de uma encosta ou planície de inundação sujeitos à ocorrência de processos
destrutivos naturais ou induzidos. As informações levantadas pela setorização de riscos têm
por objetivo indicar as áreas identificadas com alto e muito alto risco de eventos hidrológicos
extremos, para que as instituições responsáveis possam emitir alertas, prevenindo e preparando
as comunidades para possíveis desastres.

No que se refere ao grau de risco, relacionado à probabilidade de ocorrência


dos eventos, a identificação dos setores de alto e muito alto risco se baseia nas definições
apresentadas a seguir.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 31

Mantidas as condições existentes, é perfeitamente possível a


Alto ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e
prolongadas, no período compreendido por uma estação chuvosa.
Grau de risco

Mantidas as condições existentes, é muito provável a ocorrência de


Muito alto eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas,
no período compreendido por uma estação chuvosa.

Devido à relevância do agrupamento em municípios críticos, foram analisadas algumas


informações disponibilizadas pelo conjunto dos 1.279 municípios críticos identificados no país.
Desses, uma parcela significativa de 966 (75,5%) disponibilizou informações para o SNIS-AP
2020, que apresenta os percentuais de participação agrupados por macrorregião geográfica,
capitais de estado e Brasil. Dentre as macrorregiões, a Sul é aquela que apresenta a maior
parcela de participação desse agrupamento, seguido pelo Sudeste e Centro-Oeste.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 32

ÍNDICE DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS


CRÍTICOS NO SNIS-AP 2020
(por macrorregião geográfica, em 2020)

NORTE
98 (58,3%)
5 (83,3%)¹
NORDESTE
230 (60,5%)
8 (100,0%)

CENTRO-OESTE
33 (82,5%)
Brasil
3 (100,0%)
Municípios
966 municípios (75,5%)
SUDESTE
Capitais 323 (86,8%)
23 capitais (95,8%) 4 (100,0%)

SUL
282 (88,4%)
3 (100,0%)

1
Porto Velho (RO) não participou do SNIS-AP 2020.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 33

Observa-se na distribuição espacial dos municípios críticos uma predominância na


participação da coleta do SNIS-AP 2020 em regiões litorâneas do Sul e Sudeste, com destaque
para os estados de Santa Catarina, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Na macrorregião Norte há
uma maior participação do estado do Pará, que se sobressai pela vasta extensão territorial e
influência de grandes bacias hidrográficas.

MUNICÍPIOS CRÍTICOS DO PROGRAMA DE PREVENÇÃO


DE DESASTRES NATURAIS DO GOVERNO FEDERAL
(municípios participantes e não participantes do SNIS-AP, em 2020)

Município crítico participante


do SNIS-AP 2020
Município crítico não participante
do SNIS-AP 2020
Município não crítico

Quantidade de municípios críticos participantes no SNIS-AP 2020


(por macrorregião geográfica e Brasil)

Municípios críticos participantes


Macrorregiões Municípios críticos no Brasil
do SNIS-AP 2020

Norte 168 98

Nordeste 380 230

Sudeste 372 323

Sul 319 282

Centro-Oeste 40 33

Brasil 1.279 966


Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 34

Apesar do mapeamento realizado pela CPRM permitir a identificação de áreas com


potencial risco de impactos devido à incidência de processos hidrológicos, muitos dos
municípios pertencentes ao conjunto dos críticos ainda não estão investindo na organização
do setor de DMAPU. Isso pode ser observado quando se avaliam os percentuais de municípios
críticos participantes do SNIS-AP 2020 que possuem cadastro técnico (IE012) e PDD (IE001). No
país, apenas 388 (40,2%) e 182 (18,8%) dos municípios críticos possuem cadastro técnico e Plano
Diretor de DMAPU, respectivamente.

Apesar de serem baixos os percentuais de municípios críticos que possuem essas


ferramentas, os valores são ligeiramente superiores ao comportamento dos demais municípios
da amostra do SNIS-AP 2020. Dentre as macrorregiões, a Sudeste apresenta os maiores
percentuais de municípios críticos com cadastro técnico, 46,4% (150) e com Plano Diretor de
DMAPU, 26,9% (87).

Municípios participantes do SNIS-AP Municípios participantes do SNIS-AP


2020, com cadastro técnico de obras 2020, com Plano Diretor de Drenagem
lineares (IE012) e Manejo das Águas Pluviais Urbanas
(por macrorregião geográfica, média de (IE001)
municípios críticos e Brasil) (por macrorregião geográfica, média de
municípios críticos e Brasil)

NORTE NORTE
88 (32,0%) 31 (11,3%)
44 (44,9%) 15 (15,3%)
NORDESTE NORDESTE
211 (20,4%) 84 (8,1%)
65 (28,3%) 27 (11,7%)

CENTRO-OESTE CENTRO-OESTE
125 (35,5%) 44 (12,5%)
Brasil 13 (39,4%) 6 (18,2%)
Municípios da amostra Brasil
1.430 municípios (34,8%) Municípios da amostra
SUDESTE SUDESTE
714 municípios (17,4%)
Municípios críticos 595 (42,3%) 390 (27,7%)
388 municípios (40,2%) 150 (46,4%) Municípios críticos 87 (26,9%)
182 municípios (18,8%)

SUL SUL
411(39,5%) 165 (15,9%)
116 (41,1%) 47 (16,7%)
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 35

Os produtos desenvolvidos pela CPRM são disponibilizados para os municípios e podem


ser acessados no site da instituição. Entretanto, é comum que as prefeituras dos municípios
desconheçam a existência e o conteúdo desse trabalho. Considerando os percentuais de
municípios críticos, comparados com os percentuais dos municípios da amostra do SNIS-AP 2020
que afirmaram possuir mapeamento de áreas de risco de inundação dos cursos d’água urbanos
(RI009), observa-se que, para os municípios críticos, esses percentuais são significativamente
superiores aos valores referentes à amostra do SNIS-AP 2020 – superiores a 50,0% – ainda assim
há muitos municípios críticos que não desenvolvem esses produtos.

MUNICÍPIOS PARTICIPANTES DO SNIS-AP 2020, COM


MAPEAMENTO DE ÁREAS DE RISCO DE INUNDAÇÃO DOS
CURSOS D’ÁGUA URBANOS (RI009)
(por macrorregião, média dos municípios críticos e Brasil)

NORTE
70 (25,5%)
50 (51,0%)
NORDESTE
215 (20,8%)
122 (53,0%)

CENTRO-OESTE
51 (14,5%)
Brasil
19 (57,6%)
Municípios da amostra
1.332 municípios (32,4%)
SUDESTE
Municípios críticos 578 (41,1%)
649 municípios (67,2%) 246 (76,2%)

SUL
418 (40,2%)
212 (75,2%)
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 36

Nos relatórios desenvolvidos pela CPRM, dentre outras atividades, é feita a delimitação
e caracterização de polígonos, ou seja, demarcação de áreas de interesse, seja sobre mapa
impresso do município ou em Sistemas de Informações Geográficas (SIG), onde estão inseridas Sistema que processa dados
gráficos e não gráficos
(alfanuméricos) com ênfase
as regiões que podem sofrer impactos desencadeados pela incidência de eventos naturais, a análises espaciais e
modelagens de superfícies.
como erosão e inundação, inclusive definindo a tipologia do processo e as quantidades de
imóveis e pessoas em áreas de risco. Essas informações podem ser utilizadas na formulação
de políticas públicas que minimizem possíveis prejuízos gerados por eventos extremos, como o
monitoramento de dados hidrológicos e a instalação de sistemas de alerta.

Observou-se que 473 (49%) dos municípios críticos participantes do SNIS-AP 2020 fazem
monitoramento de dados hidrológicos (RI004). Quando comparados ao total de municípios
participantes do SNIS-AP 2020, para todas as macrorregiões do país, verifica-se que existe uma
maior parcela de municípios críticos que fazem este monitoramento. Essa constatação está
alinhada com a necessidade dos municípios críticos de um acompanhamento mais próximo
das variáveis hidrológicas, para melhor prevenção e preparação, frente a eventos naturais
extremos, embora ainda haja muito a ser feito para ampliação de acesso aos demais municípios
e melhorias tecnológicas das redes de monitoramento.

MUNICÍPIOS PARTICIPANTES DO SNIS- AP 2020 COM


MONITORAMENTO DE DADOS HIDROLÓGICOS (RI004)
(por macrorregião, média dos municípios críticos e Brasil)

NORTE
60 (21,8%)
40 (40,8%)
NORDESTE
273 (26,4%)
100 (43,5%)

CENTRO-OESTE
59 (16,8%)
Brasil 14 (42,4%)
Municípios da amostra
1.184 municípios (28,8%) SUDESTE
Municípios críticos 470 (33,4%)
473 municípios (49,0%) 181 (56,0%)

SUL
322 (31,0%)
138 (48,9%)
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 37

Quando se quantifica a parcela de municípios críticos que, além de fazerem


monitoramento de dados hidrológicos (RI004), possuem sistema de alerta de riscos hidrológicos
(alagamentos, enxurradas, inundações) (RI005), obtêm-se um percentual de 23,7% (229) dos
municípios com as duas ferramentas. Esse monitoramento de dados permite a identificação
e caracterização de eventos hidrológicos que ocorrem no município. Dessa forma, a sua
realização é de extrema importância na identificação de eventos que geram alertas de risco
de desastre para a população do município.
Na determinação das
Verificou-se também as quantidades de enxurradas, alagamentos e inundações, que quantidades de enxurradas,
alagamentos e inundações
ocorreram em 2020, declaradas pelos municípios críticos participantes do SNIS-AP, comparadas que ocorreram, no ano de
referência, foram somados os
com aquelas da amostra de municípios por macrorregião geográfica e Brasil. As macrorregiões campos RI023, RI064, RI025,
RI065, RI027 e RI066, relativos
Sudeste e Sul informaram os maiores números de ocorrências de eventos hidrológicos aos eventos registrados e
não registrados no S2ID.
impactantes. Entretanto, é na macrorregião Norte onde constata-se a maior quantidade de
desabrigados ou desalojados. Na determinação
das quantidades de
pessoas desabrigadas ou
desalojadas, no ano de
referência, foram somados

MUNICÍPIOS PARTICIPANTES DO SNIS- AP 2020 COM os campos RI029 e RI067,


relativos ao que foi registrado

SISTEMAS DE ALERTA DE RISCOS HIDROLÓGICOS (RI005) E e não registrado no S2ID.

MONITORAMENTO DE DADOS HIDROLÓGICOS (RI004)


(por macrorregião, média dos municípios críticos e Brasil)

NORTE
16 (5,8%)
14 (14,3%)
NORDESTE
54 (5,2%)
32 (13,9%)

CENTRO-OESTE
9 (2,6%)
5 (15,2%)
Brasil
Municípios da amostra SUDESTE
375 municípios (9,1%) 194 (13,8%)
Municípios críticos 108 (33,4%)
229 municípios (23,7%)

SUL
102 (9,8%)
70 (24,8%)
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 38

QUANTIDADE DE OCORRÊNCIAS DE ENXURRADAS, ALAGAMENTOS E


INUNDAÇÕES DOS MUNICÍPIOS PARTICIPANTES DO SNIS-AP 2020
(por macrorregião, média dos municípios críticos e Brasil)

NORTE
438 em 55 municípios críticos
931 em 96 municípios da amostra

NORDESTE
5,6 mil em 103 municípios críticos
7,0 mil em 280 municípios da amostra

CENTRO-OESTE

209 em 18 municípios críticos


1.117 em 79 municípios da amostra
SUDESTE
Brasil 7,3 mil em 169 municípios críticos
Municípios críticos 11,8 mil em 497 municípios da amostra
463 municípios registraram eventos
Municípios da amostra
1.212 municípios registraram eventos SUL
588 em 118 municípios críticos
1.330 em 260 municípios da amostra
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 39

QUANTIDADE DE PESSOAS DESABRIGADAS OU DESALOJADAS,


NOS MUNICÍPIOS PARTICIPANTES DO SNIS-AP 2020
(RI069 + RI067)
(por macrorregião, média dos municípios críticos e Brasil)

NORTE
80,4 mil em 32 municípios críticos
84,9 mil em 43 municípios da amostra

NORDESTE
27,9 mil em 44 municípios críticos
39,9 mil em 90 municípios da amostra

CENTRO-OESTE

197 em 7 municípios críticos


379 em 20 municípios da amostra
SUDESTE
45,5 mil em 82 municípios críticos
Brasil 61,1 mil em 188 municípios da amostra
Municípios críticos
176.943 em 204 municípios
Municípios da amostra SUL
218.389 em 422 municípios 22,9 mil em 39 municípios críticos
32,1 mil em 81 municípios da amostra

A divisão entre o número de eventos hidrológicos impactantes pela quantidade de


municípios críticos e não críticos, que declararam essas ocorrências, mostra que a quantidade
de eventos incidentes por municípios críticos é, em todas as macrorregiões do Brasil,
significativamente superior à dos não críticos. Dentre as macrorregiões do Brasil, o Nordeste é a
que possui o maior valor dessa relação, 55 ocorrências/município.
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 40

Quantidade de eventos hidrológicos, por municípios críticos


e não críticos participantes do SNIS-AP 2020
(por macrorregião geográfica e Brasil)

Municípios críticos Municípios não críticos

Macrorregiões Eventos/ Eventos/


Municípios com Municípios
Eventos município Eventos município
eventos com eventos
crítico não crítico

Norte 438 55 8 493 41 12

Nordeste 5.623 103 55 1.343 177 8

Sudeste 7.313 169 43 4.493 328 14

Sul 588 118 5 742 142 5

Centro-Oeste 209 18 12 908 61 15

Brasil 14.171 463 31 7.979 749 11

Essa mesma análise, feita para a quantidade de desabrigados ou desalojados, mostra


que os municípios críticos possuem uma relação de quantidade de pessoas impactadas por
município superior à dos não críticos. A macrorregião Norte apresenta o maior valor desse fator,
2.512 pessoas/município.

Quantidade de pessoas desabrigadas ou desalojadas por eventos hidrológicos


(RI029 + RI067), por municípios críticos e não críticos, participantes do SNIS-AP 2020
(por macrorregião geográfica e Brasil)

Municípios críticos Municípios não críticos

Macrorregiões Municípios Desabrigados Municípios Desabrigados


Desabrigados Desabrigados
com ou desalojados/ com ou desalojados/
ou desalojados ou desalojados
eventos município eventos município

Norte 80.396 32 2.512 4.519 11 411

Nordeste 27.936 44 635 11.969 46 260

Sudeste 45.471 82 555 15.669 106 148

Sul 22.943 39 588 9.107 42 217

Centro-Oeste 197 7 28 182 13 14

Brasil 176.943 204 867 41.446 218 190

Observa-se que as menores quantidades de eventos hidrológicos e de pessoas


desabrigadas ou desalojadas por municípios, foram das macrorregiões Centro-Oeste e Sudeste.
O Norte teve grande destaque no ano de referência de 2020, correspondendo a 45% das
pessoas desabrigadas ou desalojadas em municípios críticos. É importante destacar que os dois
municípios que declararam os maiores valores de desabrigados e desalojados da amostra do
SNIS-AP, para o ano de referência da coleta, estão localizados na macrorregião Norte e são
críticos: Cruzeiro do Sul (AC), com 16.784 pessoas, e Marabá (PA), com 20.831 pessoas.

Mesmo com a maior parcela de desabrigados ou desalojados, a macrorregião Norte


Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 41

não é a que apresenta a maior parcela de domicílios em situação de risco de inundação


(IN040). Dentre os municípios críticos participantes do SNIS-AP 2020, as macrorregiões Sudeste e
Centro-Oeste são as que apresentam o maior valor desse indicador.

Quando se destaca, dentre os municípios que participaram da coleta do SNIS-AP 2020,


apenas aqueles cujo cálculo do indicador IN040 resultou em valores maiores ou iguais a 50%,
obtêm-se um conjunto de 18 municípios, dos quais 12 são considerados críticos.

Parcela de domicílios em situação de risco de inundação (IN040), nos municípios


participantes do SNIS-AP 2020
(por macrorregião geográfica e Brasil)
10,0

9,0

8,0

7,0

6,0
5,3
IN040 (%)

5,0
3,9
4,0

3,0

2,0

1,0

4,4 4,0 3,6 3,1 5,7 4,1 5,2 4,1 9,2 4,1
0,0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Macrorregião
Críticos Amostra Brasil Críticos Brasil Amostra

Municípios críticos participantes do SNIS-AP 2020, com percentual de domicílios em


situação de risco de inundação (IN040) maior ou igual a 50%.
(por macrorregião geográfica e Brasil)

100,0%
100,0%
93,8%

90,0%

81,0%
Parcela de domicílios em situação de risco (IN040)

80,0%

70,0%
70,0% 66,7%

60,0% 56,2%
53,6% 52,3%
50,8% 50,0% 50,0% 50,0%
50,0%

40,0%

30,0%

20,0%

10,0%

0,0%
Diagnóstico Temático - Drenagem e Manejo das Águas Pluviais Urbanas - Gestão de Risco 42

Mesmo diante da importância das atividades de operação e manutenção para garantir


o funcionamento das estruturas do sistema de drenagem de acordo com as especificações
do projeto, 174 (18%) municípios críticos participantes do SNIS-AP 2020 não realizaram
nenhuma intervenção ou manutenção no sistema de drenagem (OP001). Cabe destacar
que foi identificado, nos municípios críticos, por meio dos mapeamentos da CPRM, o risco da
ocorrência de eventos hidrológicos. Nesse contexto, a adoção conjunta de medidas estruturais
e não estruturais é fundamental para a minimização dos impactos desencadeados por esses
processos.

MUNICÍPIOS PARTICIPANTES DO SNIS-AP 2020 SEM


INTERVENÇÃO OU MANUTENÇÃO
NO SISTEMA DE DRENAGEM (OP001)
(por macrorregião, média dos municípios críticos e Brasil)

NORTE
120 (43,6%)
28 (28,6%)
NORDESTE
472 (45,7%)
68 (29,6%)

CENTRO-OESTE
137 (38,9%)
6 (18,2%)

Brasil
SUDESTE
293 (20,8%)
Municípios da amostra
1.206 municípios (29,4%) 37 (11,5%)

Municípios críticos
174 municípios (18,0%)

SUL
184 (17,7%)
35 (12,4%)
SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
SGAN Q. 906, Módulo ‘F’ Bloco ‘A’ Ed. Celso Furtado, 3º andar, sala 309
CEP 70.830-901 - Brasília - DF - Brasil

www.snis.gov.br

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