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SET/2022

Diagnóstico Temático
Manejo de Resíduos
Sólidos Urbanos
Infraestrutura
ano de referência: 2020

Ministério do Desenvolvimento Regional Sistema Nacional de


Secretaria Nacional de Saneamento - SNS Informações sobre
Saneamento
Ministério do Desenvolvimento Regional
Secretaria Nacional de Saneamento

Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS

Diagnóstico Temático
Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos

Infraestrutura

Brasília, setembro de 2022.


Presidente da República Equipe Técnica
Jair Messias Bolsonaro Elizamar Pereira do Nascimento (FUNAPE/UnB), Elton da
Costa Silva (SNS/MDR), Iara Resende da Fonseca (FUNAPE/
Ministro de Estado do Desenvolvimento Regional UnB), Mayara Oliveira dos Santos (FUNAPE/UnB), Poliana
Daniel de Oliveira Duarte Ferreira Cristina Oliveira de Guimarães (SNS/MDR), Rodrigo
Benevenuto Luz (FUNAPE//unB) e Thaianna Elpidio
Secretário Executivo do
Cardoso (Coordenadora SNIS-RS FUNAPE/UnB)
Ministério do Desenvolvimento Regional
Helder Melillo Lopes Cunha Silva
Equipe de Desenvolvimento de TI e Comunicação
Secretário Nacional de Saneamento Bruno José Rodrigues Lima (FUNAPE/UnB), Caio Petrillo
Pedro Ronald Maranhão Braga Borges Vieira de Mattos (FUNAPE/UnB), Gabriel Gomes Gaspar
(FUNAPE/UnB), Marilia Candida Pinto Borges (FUNAPE/
Chefe de Gabinete da Secretaria Nacional de Saneamento UnB), Maurício Lima Reis (SNS/MDR), Mateus de Siqueira
André Braga Galvão Silveira Silva (FUNAPE/UnB) e Volnei Braga Machado (Coordenador
Equipe SNIS-TI e Comunicação FUNAPE/UnB)
Diretor do Departamento de Cooperação Técnica
Marco Aurelio Ayres Diniz
Comunicação, Editoração e Diagramação
Marilia Candida Pinto Borges (FUNAPE/UnB)
Coordenador-Geral de Gestão Integrada
Paulo Rogério dos Santos e Silva
Coordenador do Projeto junto ao FUNAPE/UnB
Coordenador de Informações, Estudos e Pesquisas Carlos Henrique Ribeiro Lima/Departamento de
João Geraldo Ferreira Neto Engenharia Civil e Ambiental - UnB

Assessor Técnico Especializado


Sérgio Brasil Abreu

© Ministério do Desenvolvimento Regional. Secretaria Nacional de Saneamento - SNS


SGAN Q.906, Módulo ‘F’ Bloco ‘A’ Ed. Celso Furtado, 3º andar. Brasília - DF. CEP 70.790-060

Endereço eletrônico:
www.gov.br/mdr
www.snis.gov.br

Todos os direitos reservados.


É permitida a reprodução de dados e de informações contidos nesta publicação, desde que citada a fonte.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 5

RESÍDUOS SÓLIDOS 6

LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 7

UNIDADES DE PROCESSAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 9

MASSA RECEBIDA NAS UNIDADES DE PROCESSAMENTO 25

ESTIMATIVA DA MASSA RECUPERADA DE RECICLÁVEIS SECOS  38

MASSA RECUPERADA DE RECICLÁVEIS ORGÂNICOS 39

ESTIMATIVA DA MASSA DE RDO+RPU EM UNIDADES DE DISPOSIÇÃO NO SOLO 43

INDICADORES BRASILEIROS PARA OS OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS) 45


APRESENTAÇÃO
O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), administrado pela Secretaria Nacional de
Saneamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (SNS/MDR), consolidou-se como instrumento de conhecimento
dos serviços de saneamento básico sem similar no Brasil. Devido ao SNIS, o país conta com um robusto conjunto de
dados estruturados que permite avaliar a evolução dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário
(desde 1995), de manejo de resíduos sólidos urbanos (desde 2002) e de drenagem e manejo das águas pluviais urbanas
(desde 2015). Além disso, cabe destacar que o acesso a essas informações é público e gratuito.

Conforme a mudança de metodologia de publicação dos diagnósticos, definida em 2021, o documento


Diagnóstico Temático sobre a Infraestrutura, ano de referência 2020, apresenta a análise de informações dos prestadores
de serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos sobre as infraestruturas empregadas no manejo dos
resíduos sólidos urbanos.

As publicações anteriores, Diagnóstico Temático - Visão Geral, Diagnóstico Temático sobre a Gestão
Administrativa e Financeira dos serviços de Manejo de Resíduos Sólidos e Diagnóstico Temático sobre a Gestão
Técnica dos Serviços, abordaram uma diversidade de análises relacionadas à Lei Federal de Saneamento Básico
(Lei nº 11.445/2007). Em síntese, são apresentados nos documentos a descrição do Sistema Nacional de Informações
sobre Saneamento e os aspectos metodológicos adotados, a participação dos municípios e prestadores de serviços
na amostra de 2020, informações e indicadores consolidados por estados, faixas populacionais e macrorregiões
geográficas sobre a gestão administrativa da prestação dos serviços, o estabelecimento de políticas e planos de
RSU, a geração de empregos no setor, o desempenho financeiro dos órgãos gestores, a atuação de consórcios
intermunicipais voltados para a prestação dos serviços de manejo de RSU, a cobertura de coleta indiferenciada e
diferenciada de resíduos, as massas coletadas e, por fim, os veículos utilizados nas coletas.

Os novos produtos dão continuidade à recente fase de publicações do SNIS, antecipando a metodologia que
será adotada com a transição do atual SNIS para o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA).

Boa leitura!
Brasília, setembro de 2022.
Secretaria Nacional de Saneamento
Ministério do Desenvolvimento Regional
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 6

RESÍDUOS SÓLIDOS
Resíduo sólido é todo material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades
humanas em sociedade¹. Grande parte pode ser recuperada desde que coletada e manejada de forma a
favorecer sua reciclagem nos ciclos produtivos. O material sem possibilidade de recuperação (rejeito) deve
ser disposto em locais ambientalmente adequados.

RESÍDUO SÓLIDO URBANO (RSU)


Material de origem domiciliar e pública. Após a coleta,
deve ter destinação correta e/ou disposição adequada.

RESÍDUO DOMICILIAR RESÍDUO PÚBLICO


(RDO) (Resíduo de Limpeza Urbana)
(RPU)
Produzido em atividades
domésticas (restos de Produzido em atividades
comida, embalagens, vidros, públicas, como varrição,
entre outros). podas, capina e limpeza de
bocas-de-lobo.

RESÍDUO SECO
Vidro, plástico, metal e
papel. Deve ser destinado a
unidades de tratamento
(centrais de triagem ou
outras) para promover a
RESÍDUO ÚMIDO reciclagem dos materiais.

Restos de alimentos, cascas RESÍDUOS


de frutas. Deve ser
destinado a unidades de
RECUPERADOS
tratamento (compostagem). Resíduos efetivamente
recuperados após
tratamentos, por exemplo,
triagem ou compostagem.

REJEITO
São rejeitos quando esgotadas todas as
possibilidades de tratamento e
recuperação por tecnologias disponíveis
e economicamente viáveis. Deve ser
disposto em ambientes adequados
(aterros sanitários).

A Lei nº 12.305/2010 identifica resíduos sólidos


de origem domiciliar, de limpeza urbana,
industrial, de serviços de saúde, da construção
civil, agrossilvopastoris, de serviços de
transportes e de mineração.

¹ Definição da Lei nº 12.305/2010.


Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 7

Diariamente, milhares de toneladas de resíduos sólidos


urbanos são geradas em ambientes domésticos e em
espaços públicos urbanos, sendo que grande parte pode
ser tratada e recuperada.

Sobras de alimentos, galhadas e folhas de árvores (resíduos


úmidos) podem ser destinadas às unidades de manejo de
galhadas e podas e unidades de compostagem. Papéis,
plásticos, metais, vidros (resíduos secos), após triagem
(separação), podem ser recuperados em processos
industriais. Apenas a parcela não recuperável forma os
rejeitos, que devem ser encaminhados aos aterros sanitários,
porém a recuperação de resíduos é variável de região para
região e está susceptível à viabilidade técnica e econômica.
Quanto menor a geração de resíduos e de rejeitos, maior a
sustentabilidade dos sistemas de manejo de resíduos sólidos
urbanos.

LIMPEZA URBANA O conjunto de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos


é um dos quatro componentes do saneamento básico. Esses

E MANEJO serviços são essenciais para eliminar ambientes favoráveis


à propagação de vetores de doenças, fontes poluidoras

DE RESÍDUOS de águas superficiais e subterrâneas e obstrução de


infraestruturas de drenagem das águas das chuvas. Com
SÓLIDOS isso, promovem a melhoria da saúde pública, da qualidade
de vida e da sustentabilidade ambiental, bem como a
geração de emprego e renda.

A produção de conhecimento é estratégica para


universalizar o acesso e qualificar a prestação dos serviços
de saneamento básico no Brasil. Com este propósito,
o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
(SNIS), vinculado à Secretaria Nacional de Saneamento do
Ministério do Desenvolvimento Regional (SNS/MDR), coleta,
desde 2002, informações acerca da prestação dos serviços
de resíduos sólidos urbanos (SNIS-RS). Tais informações
são divulgadas nas mais diversas publicações, como, por
exemplo, nos Diagnósticos Temáticos.

Com informações de abrangência nacional, macrorregional,


estadual e municipal, os Diagnósticos Temáticos - Manejo de
Resíduos Sólidos Urbanos permitem acompanhar e avaliar a
prestação de serviços, definir políticas e projetos e orientar
a aplicação de recursos públicos. A presente publicação
apresenta uma visão acerca da Infraestrutura utilizada para
o manejo de resíduos sólidos urbanos no Brasil, com base nos
dados coletados pelo SNIS, tendo como referência o ano
de 2020.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 8

4.589 municípios
participantes do SNIS-RS 2020
(82,4% dos 5.570)

PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS NO SNIS-RS 2020

4.589 municípios participantes


981 municípios não participantes

POR MACRORREGIÃO

NORTE 334 (74,2% dos 450)

NORDESTE 1.294 (72,1% dos 1.794)

SUDESTE 1.486 (89,1% dos 1.668)

SUL 1.089 (91,4% dos 1.191)

CENTRO-OESTE 386 (82,7% dos 467)

Municípios % em relação ao total


Faixa População
Participantes de municípios da faixa

1 ≤ 30 mil habitantes 3.540 80,5% de 4.396

2 entre > 30 mil e ≤ 100 mil 736 86,8% de 848

3 entre > 100 mil e ≤ 250 mil 197 93,8% de 210

4 entre > 250 mil e ≤ 1 milhão 99 100,0%

5 entre > 1 milhão e ≤ 4 milhões 15 100,0%

6 > 4 milhões 2 100,0%


Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 9

O SNIS-RS 2020 reuniu informações de 5.018 unidades de


processamento de resíduos sólidos em operação no ano
de 2020. Elas são destino de 92,7 milhões de toneladas de
massa de resíduos sólidos, sendo 67,6 milhões de toneladas
para unidades de disposição no solo: aterro sanitário (49,4
milhões de toneladas), lixão (10,2 milhões de toneladas) e
aterro controlado (8,0 milhões de toneladas).

Enquanto nos serviços de coleta prevalecem soluções


locais, no processamento elas são orientadas pelas

UNIDADES DE necessidades dos prestadores. Um exemplo é a ausência


de áreas disponíveis ou viáveis para processar resíduos

PROCESSAMENTO coletados, solucionada por meio de arranjos ou parcerias


entre municípios (prestadores de serviços e consórcios

DE RESÍDUOS intermunicipais).

Da massa total de RDO+RPU destinada a processamento,


SÓLIDOS o SNIS-RS 2020 também identificou movimentação de 10,9

URBANOS
milhões de toneladas em 202 unidades de transbordo.
Este processo, que é identificado predominantemente nas
macrorregiões Sudeste e Sul, traz um ganho de escala e se
caracteriza pela transferência dos resíduos de um veículo
de coleta para outro de maior capacidade, para posterior
encaminhamento a uma unidade de processamento,
que pode ser de tratamento ou de disposição final (aterro
sanitário, aterro controlado, unidades de triagem, dentre
outros).

Na destinação final da massa de RSU (RDO+RPU), o SNIS-


RS 2020 identificou compartilhamento de unidades de
processamento entre órgãos gestores de 2.405 municípios
(52,4% dos 4.589 da amostra). Esses municípios são definidos
como exportadores e/ou importadores de resíduos sólidos
urbanos.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 10

UNIDADES DE PROCESSAMENTO: TRANSFERÊNCIA,


TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DE RSU
O SNIS considera “unidade de processamento de resíduos sólidos*” toda instalação dotada ou não de
equipamentos eletromecânicos em que quaisquer tipos de resíduos sólidos urbanos (RSU) sejam submetidos
a alguma modalidade de processamento, abrangendo desde a simples disposição no solo em um lixão ou a
usual transferência (ou transbordo) de um tipo de veículo coletor para outro, de maior capacidade, até - por
exemplo - o tratamento em uma sofisticada unidade de triagem.

UNIDADES DE TRANSFERÊNCIA
Instalação intermediária de processamento também
conhecida como unidade de transbordo. É onde ocorre a
transferência de resíduos sólidos urbanos coletados para
veículos de transporte de maior porte.

RECICLAGEM COMPOSTAGEM
Inicia com a separação Reciclagem de resíduos
na fonte, seguida da orgânicos úmidos (folhas,
triagem. A triagem é restos de comida e
por categorias, como verduras, serragem). Por
plásticos, papéis, metais meio de processos de
e vidros. Resíduos
UNIDADES DE TRATAMENTO decomposição biológica,
recuperados são aqueles Instalações em que resíduos sólidos são submetidos a massa reciclável tratada
encaminhados à indústria a processos físicos, químicos e/ou biológicos para é transformada em
de transformação e recuperação e redução de volumes e capacidade nutrientes (adubo, húmus)
o rejeito, a locais de de poluição. Contempla a separação de recicláveis que podem ser utilizados
disposição final. A massa e a compostagem de materiais orgânicos. na produção de alimentos
recuperada no SNIS-RS é a e recuperação de áreas
efetivamente reciclada. degradadas.

UNIDADES DE DISPOSIÇÃO NO SOLO


Locais de disposição final de resíduos sólidos classificados
como rejeitos, ou seja, sem possibilidade e/ou viabilidade
de aproveitamento.

ATERRO SANITÁRIO ATERRO CONTROLADO LIXÃO


Instalação com controle Instalação com alguns cuidados Instalação sem qualquer
técnico e operacional principalmente relacionados a tipo de controle, sejam
permanente para evitar segurança dos trabalhadores e eles de saúde, segurança
que resíduos e seus trânsito de pessoas na unidade. e ambientais. Conhecido
efluentes líquidos e gasosos É uma disposição inadequada, como vazadouro,
causem danos à saúde mas é considerada uma medida que recebe materiais
pública e/ou ao meio intermediária (temporária) entre o de todas as origens e
ambiente. lixão e aterro sanitário. periculosidades.

* Por terem características distintas, as unidades de processamento são consideradas pelo SNIS-RS como individuais, mesmo que estejam em
área físico-administrativa operacional comum.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 11

5.018
unidades de processamento de RSU em operação
em municípios do SNIS-RS 2020

UNIDADES DE PROCESSAMENTO DE RSU


(total e % por macrorregião geográfica, em 2020)

NORTE
356 (7,1%)

NORDESTE
1.334 (26,6%)

UNIDADES DE PROCESSAMENTO
CENTRO-OESTE
POR TIPO DE EXECUTOR (%) 486 (9,7%)

SUDESTE
18,7% 17,8% 1.940 (38,7%)
2,6% Prefeituras municipais
0,9%
3.014 unidades
Empresas privadas
937 unidade
Associações de catadores
60,1% 893 unidades SUL
902 (18,0%)
Outros operadores
131 unidades
Consórcios Intermunicipais
43 unidades

TIPOS DE UNIDADES DE TIPOS DE UNIDADES DE


Valor Relativo Valor Relativo
PROCESSAMENTO DE RSU EM PROCESSAMENTO DE RSU EM
Absoluto (%) Absoluto (%)
OPERAÇÃO OPERAÇÃO
Área de transbordo e triagem de RCC
Lixão 1.545 30,8 64 1,3
e volumosos (ATT)
Unidade de triagem (galpão ou Unidade de manejo de galhadas e
1.325 26,4 47 0,9
usina) podas
Área de reciclagem de RCC (Resíduos
Aterro sanitário 652 13,0 44 0,9
de Construção Civil)
Unidade de tratamento por micro-
Aterro controlado 617 12,3 21 0,4
ondas ou autoclave

Unidade de tratamento por


Outro 315 6,3 16 0,3
incineração

Vala específica de RSS (Resíduos


Unidade de transbordo (RDO+RPU) 202 4,0 16 0,3
Serviços de Saúde)

Aterro de RCC (aterros inertes) 78 1,6 Queima em forno de qualquer tipo 2 0,0

Unidade de compostagem (pátio


74 1,5
ou usina)
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 12

O cadastro Nacional de Unidades de Processamento do SNIS é um banco de dados cumulativos


de todas as unidades de processamento de resíduos sólidos que em algum momento da Série Histórica de
resíduos sólidos foram cadastradas pelos prestadores de serviços municipais. O cadastro reúne, portanto,
8.070 unidades cujos campos de preenchimento nem sempre foram obrigatórios ao longo da história do SNIS
e, por isso, há a ocorrência de lacunas nas informações históricas. Também é possível a presença de uma ou
outra unidade repetida, já que, por mais que os dados sejam tratados, alguns informantes cometem o erro
de cadastrar mais uma vez uma mesma unidade ao invés de atualizar os dados da unidade anteriormente
cadastrada.

Recomenda-se que, ao utilizar esses dados, promova-se a aplicação de filtros sobre a massa de dados
disponibilizada. Alguns critérios podem ser elencados, tais como: unidades antigas sem atualização de dados,
unidades sem especificação do seu “tipo”, unidades que não se encontram em operação, unidades que
receberam resíduos de outros municípios, entre outros.

Assim, foi elaborado o quadro Tipos de Unidades de Processamento de Resíduos Sólidos em Operação,
anteriormente apresentado, que destaca as unidades que estiveram em operação no ano de 2020. Para
tanto foram adotados os seguintes filtros sobre os dados do Cadastro Nacional de Unidades de Processamento
do SNIS:

• Situação da classificação: “2020”;


• UP051 - A unidade de processamento esteve em operação no ano de referência: todas as
unidades que tiveram resposta “Sim” no referido campo; e,
• UP003 - Tipo de unidade, segundo o município informante: todas as unidades com exceção
do tipo “Área em recuperação” já que este tipo de unidade, por definição, não recebe resíduos
sólidos urbanos.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 13

Unidades de processamento de resíduos sólidos com informações atualizadas dos


municípios participantes do SNIS
(segundo macrorregiões geográficas, em 2020)

Quantidade de unidades de processamento


Total de unidades na
Tipo de unidade de na amostra por macrorregião geográfica
amostra
processamento de resíduos (UP003)
sólidos* Valor Relativo
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
absoluto (%)

Lixão 230 899 140 28 248 1.545 30,8%

Unidade de triagem
40 129 613 435 108 1.325 26,4%
(galpão ou usina)

Aterro sanitário 16 62 323 205 46 652 13,0%

Aterro controlado 48 98 386 48 37 617 12,3%

Unidade de transbordo
3 13 95 73 18 202 4,0%
(RDO+RPU)

Aterro de RCC **
3 5 49 16 5 78 1,6%
(antigo "aterrro de inertes")

Unidade de compostagem
1 5 52 13 3 74 1,5%
(pátio ou usina)

Área de transbordo e triagem


0 2 38 21 3 64 1,3%
de RCC** e volumosos (ATT)

Unidade de manejo de
5 5 15 21 1 47 0,9%
galhadas e podas

Área de reciclagem de
RCC ** (antiga "estação de 0 5 31 7 1 44 0,9%
reciclagem de entulho")

Unidade de tratamento por


1 1 12 7 0 21 0,4%
microondas ou autoclave

Unidade de tratamento por


1 7 5 2 1 16 0,3%
incineração

Vala específica de RSS


(resíduos dos serviços de 2 6 5 2 1 16 0,3%
saúde)

Queima em forno de qualquer


1 0 0 0 1 2 0,0%
tipo

Outro 5 97 176 24 13 315 6,3%

356 1.334 1.940 902 486


Total - 2020 5.018 100,0%
7,1% 26,6% 38,7% 18,0% 9,7%

270 966 1.787 833 406


Total - 2019 4.262 100,0%
6,3% 22,7% 41,9% 19,5% 9,5%

248 894 1.645 772 356


Total - 2018 3.915 100%
6,3% 22,8% 42,0% 19,7% 9,1%

* Para evitar inconsistências o SNIS orienta e possui avisos e erros para o cadastro de unidades de processamento, porém a categorização
do tipo de unidade em operação no município é realizado segundo critérios próprios de classificação.
** RCC: Resíduos da Construção Civil (ou Resíduos de Construção e Demolição: RCD)
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 14

Agrupando essas unidades por tipo, constata-se a predominância quantitativa do conjunto formado
pelas unidades por disposição no solo (exceto valas específicas de RSS). Tais unidades (lixões, aterros sanitários
e aterros controlados) somam 2.814 instalações, ou seja, 56,1% do total de unidades que informaram estar em
operação em 2020 (5.018 unidades).

Assim como na edição anterior, verifica-se que a grande maioria dos lixões é encontrada na
macrorregião Nordeste, que computa 899 unidades, 58,2% do total de lixões cadastrados, isso representa
proporcionalmente, em relação à amostra de 2020, aproximadamente 1 lixão a cada município (1:1,4).
Em seguida, em menor quantidade, aparecem as macrorregiões Centro-Oeste e Norte, com 248
e 230 unidades, respectivamente. Na sequência figura a macrorregião Sudeste com 140 e, por último a
macrorregião Sul com 28 lixões, o que corresponde a apenas 1,8% da quantidade total de unidades desse
tipo cadastradas no SNIS e contrapõem o Nordeste em proporção de unidades, sendo 1 lixão a cada 39
municípios (1:38,9).

Com relação aos aterros controlados que, assim como os lixões, são considerados inadequados
conforme as normas ambientais vigentes no país, tem-se a grande maioria localizada na macrorregião Sudeste
cujas 386 unidades correspondem a 62,6% do total em operação em 2020, a macrorregião Nordeste surge na
sequência com 98 aterros controlados (15,9%) e, por fim, com número de unidades menos expressivos, tem-se
37 no Centro-Oeste e 48 unidades para cada uma das macrorregiões Norte e Sul.

Entendendo a necessidade de se estender esta análise para disposição inadequada (considerando


os valores agregados de Lixões e Aterros Controlados), destacam-se as macrorregiões Nordeste e Sudeste
abrangendo mais de 70,0% das unidades de disposição inadequadas (com 46,1% e 24,3%, respectivamente),
seguidas do Centro-Oeste e do Norte que juntas contribuem com mais de 26,0% das unidades (13,2% e
12,9%, respectivamente) e só então surge a macrorregião Sul em que o resultado de 3,5% alcança o menor
percentual dentre as macrorregiões brasileiras.

Sobre a distribuição dos aterros sanitários, que é a tecnologia de disposição final de rejeitos adequada
e licenciada pelos órgãos de fiscalização e controle, a macrorregião Sudeste tem grande significância com
49,5% dos aterros sanitários do país (323 unidades, que equivalem proporcionalmente, em relação à amostra,
a 1 aterro para cada aproximadamente 5 municípios – 1:4,6), seguida da macrorregião Sul que apresenta
31,4% dos aterros sanitários do país (205 unidades). A macrorregião Nordeste sedia 9,5%, 62 unidades,
contrapondo a macrorregião Sudeste com aproximadamente 1 aterro a cada 21 municípios (1:20,9), por
fim, as macrorregiões Centro-Oeste e Norte, que comportam 7,1% (46 unidades) e 2,5% (16 unidades),
respectivamente.

No que se referem as unidades de tratamento, têm-se as unidades de triagem (galpões de triagem e


usinas) que o SNIS computa 1.325 unidades processando resíduos sólidos recicláveis secos em 2020, o que
representa 26,4% do total de unidades em operação no Brasil. A maioria desses galpões de triagem e usinas
(79,1%) estão concentrados nas macrorregiões Sudeste e Sul, sendo 613 e 435 unidades, respectivamente.
Juntas as demais macrorregiões comportam um pouco mais de 20,0% das unidades de tratamento por
triagem, com menor expressão do Norte do país que indicou, no ano de 2020, o número total de 40 unidades
de triagem e cuja participação em relação ao total desse tipo de unidade é de apenas 3,0%.

No que diz respeito ao tratamento dos resíduos orgânicos, verificou-se a operação de 74 unidades
de compostagem (pátio ou usina) processando resíduos sólidos urbanos em todo o país no ano de 2020.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 15

O resultado é pouco expressivo e indica que a prática de tratamento de orgânicos não é amplamente
adotada para o processamento de resíduos sólidos urbanos. Sobre a distribuição espacial das unidades, há
concentração do número de unidades na macrorregião Sudeste com 52 unidades de compostagem (70,3%
do total em operação), as demais macrorregiões juntas congregam 29,7% das unidades de compostagem
onde 13 delas se localizam na macrorregião Sul e outras 9 nas demais macrorregiões, Nordeste, Centro-Oeste
e Norte.

Sobre as unidades de transferência de resíduos sólidos urbanos, que indicam uma maior complexidade
nas rotas tecnológicas adotadas para o manejo de resíduos sólidos e uma inclinação ao compartilhamento
de unidades de disposição e tratamento, foram identificadas 202 unidades de transbordo em operação em
2020. Assim como as análises anteriores, de aterros sanitários e unidades de tratamento, também se observa
a concentração deste tipo de unidade de processamento de resíduos urbanos nas macrorregiões Sudeste
e Sul, com mais de 80,0% do total de unidades contabilizadas, as unidades de transbordo nas macrorregiões
Centro-Oeste e Nordeste ainda são reduzidas, 18 e 13, respectivamente, a macrorregião Norte, por sua vez,
registrou apenas 3 unidades em operação.

Em relação às faixas populacionais (apresentadas no item amostra da pg. 8), considerou-se pertinente
a apresentação gráfica do recorte das unidades cujos usos se mostraram mais relevantes no contexto dos
RSU e que se caracterizam por realizarem: transferência, tratamento e disposição. Portanto, visualiza-se a
distribuição do percentual de unidades em relação ao total contabilizado por faixas populacionais.

Unidades de processamento de RSU dos tipos mais empregados para transferência,


tratamento e disposição final de RSU
(percentual (%) em relação aos tipos de unidades segundo faixa populacional, em 2020)

1,8% 0,9% 0,4% 2,0%

100,0%
3,5%
3,6% 4,6% 6,4%
9,8% 8,8%
90,0%
12,5%
19,1% 5,3% 29,4%
80,0% 25,8%
18,8%
16,9%
70,0% 10,1%
5,5%
8,8%
60,0%
29,4%
Percentual (%)

22,7%
50,0% 32,8%

40,0% 82,3%

47,0%
63,1% 17,6%
30,0%

20,0% 42,5%
32,5%
23,5%
10,0%
11,7%
0,8%
0,0%
1 2 3 4 5 6
2.929 818 283 255 113 17
unidades unidades unidades unidades unidades unidades
Faixa populacional

Lixão Triagem Aterro Controlado Aterro Sanitário Transbordo Compostagem


Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 16

Em termos gerais, o gráfico demonstra a multiplicidade do emprego dessas unidades conforme


aumenta o porte dos municípios e, também, a ampliação do percentual de unidades de tratamento e
transferência em detrimento das unidades de disposição final neste mesmo sentido. Evidentemente, a faixa 6 –
que contempla exclusivamente a capitais São Paulo e Rio de Janeiro – expõe um retrato mais específico, mas
que indica uma realidade mais heterogênea das unidades de processamento e uma maior complexidade
das rotas tecnológicas para o manejo dos resíduos sólidos urbanos. Contudo, é importante ponderar que
esta análise não contempla uma avaliação da quantidade de resíduos recebida nessas unidades, que será
complementada em discussão subsequente.

Além destas, no que compete o universo de unidades que processam resíduos sólidos urbanos há a
unidade intitulada “Unidade de manejo de galhadas e podas” que processam resíduos urbanos e estão
presentes no país em um total de 47 unidades, 21 delas (44,7%) empregadas na macrorregião Sul. Por
conseguinte, aparece o grupo de unidades classificadas pelo informante como “outro” (tipo), não constante
nos já listados. Estão incluídas neste grupo unidades de recebimento de pequenos volumes, “ecopontos”
ou “PEVs”, além de algumas que são enquadradas como um dos tipos constantes da lista, porém,
equivocadamente foram assim classificadas pelos informantes. Somam-se 315 unidades e representam 6,3%
do universo.

As demais unidades que constam no Cadastro Nacional de Unidades do SNIS, referem-se a unidades de
menor relevância para o manejo dos resíduos sólidos urbanos, seja pelo número reduzido ou pela operação
estar relacionada aos resíduos classificados como da construção civil ou de serviços de saúde.

Do conjunto de unidades destinadas ao processamento de resíduos de construção civil (ou resíduos


de construção e demolição), embora possam não ser exclusivas para este tipo de resíduo, sobretudo no
caso das áreas de transbordo e triagem, foram contabilizadas 186 unidades ou 3,7% do total operante
em 2020. Enquadram-se neste bloco as citadas ATTs (áreas de transbordo e triagem), com 64 unidades;
os aterros de construção civil, com 78 unidades (há casos em que os prestadores se confundam com os
antigos “bota-foras”); e as estações de reciclagem de RCC, que somam 44 unidades. Das unidades que
operam resíduos de serviços de saúde, estão abrangidas 55 unidades das quais: 16 valas específicas de RSS,
16 unidades de tratamento por incineração, 21 unidades de tratamento por micro-ondas ou autoclave e
2 unidades de queima em forno de qualquer tipo. É possível que este número esteja subestimado uma vez
que, em grande parte, estes serviços são prestados por unidades privadas, portanto, é preciso avaliar estas
informações conjuntamente com as informações coletadas sobre a prestação dos serviços de coleta de
serviços de saúde, abordado especificamente na coleta de dados do SNIS ou em outras bases de dados
complementares.

Convenientemente é preciso alertar que no caso das unidades privadas, entende-se que o responsável
pela declaração das informações de prestadores de serviços públicos de saneamento é o município sede
da unidade, já que, em princípio, ele deve exercer a fiscalização e obter os dados operacionais. Portanto,
cabe a este município – que abriga a unidade – coletar junto ao agente privado as informações solicitadas,
relativas não só às suas características, mas também às quantidades recebidas de todos os outros municípios
que para lá encaminharam resíduos sólidos para tratamento ou disposição em solo, no ano de referência,
sobre este entendimento o SNIS emite comunicado aos municípios no início da coleta de dados.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 17

Unidades de processamento de resíduos sólidos com informações


atualizadas dos municípios participantes do SNIS
(segundo operador da unidade, em 2020)

Quantidades de unidades de processamento da amostra, por


Total da amostra
Tipo de unidade de tipo de operador
processamento
Prefeitura Empresa Associação Consórcio Outro Volor Relativo
municipal privada de catadores intermunicipal operador absoluto (%)

Lixão 1.452 62 2 3 26 1.545 30,8

Aterro Controlado 537 65 5 1 9 617 12,3

Aterro Sanitário 398 216 4 24 10 652 13,0

Unidade de Triagem 266 142 842 5 70 1.325 26,4

Unidade de compostagem 44 23 7 0 0 74 1,5

Unidade de Transbordo 130 60 5 5 2 202 4,0

Unidade de tratamento por


1 15 0 0 0 16 0,3
incineração

Unidade de manejo de
39 8 0 0 0 47 0,9
galhadas e podas

Vala específicas de RSS 10 6 0 0 0 16 0,3

Unidade de tratamento por


2 17 0 1 1 21 0,4
micro-ondas ou autoclave

Queima em forno de
1 0 0 0 1 2 0,0
qualquer tipo

Área de transbordo e triagem


33 22 3 2 4 64 1,3
de RCC e volumosos (ATT)

Área de reciclagem de RCC 16 22 4 1 1 44 0,9

Aterro de RCC 52 25 0 0 1 78 1,6

Outro 33 254 21 1 6 315 6,3

3.014 937 893 43 131


Total - 2020 5.018 100,0
60,1% 18,7% 17,8% 0,9% 2,6%

2.527 842 746 38 109


Total - 2019 4.262 100,0
59,3% 19,8% 17,5% 0,9% 2,6%

2.395 710 658 37 115


Total - 2018 3.915 100,0
61,2% 18,1% 16,8% 0,9% 2,9%

Como operador mais atuante, destaca-se o poder público – prefeituras municipais – que atuam na
maior parte das unidades, alcançando 60,1% do total ou 3.014 unidades operadas. Em seguida, com 937
unidades, estão as empresas privadas, atuantes em 18,7% das unidades de processamento, seguidas de
perto pelas associações de catadores, com 17,8% do total ou 893 unidades. Na sequência aparecem “outros
operadores” sem uma identificação específica, com 131 unidades (2,6% do total) e, por último, atuam os
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 18

consórcios, com apenas 43 unidades (0,9%).

Apesar do grande fluxo de exportação de resíduos entre municípios, verifica-se que a ocorrência de
consórcios públicos como operadores das unidades de processamento de resíduos sólidos urbanos ainda
é incipiente, não atingindo sequer 1,0% do conjunto de 5.018 unidades cadastradas com informações
suficientes. Certamente, grande parte deste fluxo intermunicipal é efetivada para unidades privadas,
sobretudo, aterros sanitários.

Ressalta-se que, apesar da divulgação do conceito de “consórcio público intermunicipal”, parece


haver casos de compartilhamento de unidades, por exemplo, que ainda se dê sob a forma de um arranjo
institucional precário ou sem a existência de algum dispositivo institucional o formalizando, não caracterizado
juridicamente como consórcio público. Em diversos municípios é possível que exista remessa de resíduos
(fluxo) que se baseie em simples acordos verbais ou outros instrumentos, tais como, os convênios.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 19

1.677 35,9 mil


cooperativas/associações de associados de cooperativas/
catadores atuando em 1.199 associações de catadores em
municípios do SNIS-RS 2020 1.199 municípios do SNIS-RS
2020*

COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES DE CATADORES


(total por macrorregião e % em relação ao país, em 2020)

NORTE
65 (3,9%)

NORDESTE
268 (16,0%)

AGENTES EXECUTORES DE
COLETA SELETIVA CENTRO-OESTE
138 (8,2%)

16,6%
35,2% 0,7%
SUDESTE
673 (40,1%)
47,5%

Empresas contratadas pela prefeitura

Catadores com apoio das prefeituras


SUL
Prefeituras 533 (31,8%)
Outros agentes em parceria com a prefeitura

* O SNIS-RS não realiza censo dos catadores. O valor corresponde ao declarado pelas prefeituras participantes da amostra.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 20

Seguindo as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a qual impõe a instituição de medidas
indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente, às iniciativas de cooperativas ou outras
formas de associação de catadores de materiais recicláveis, o SNIS também investiga junto às prefeituras a
existência dessas organizações em seus territórios, independente do recebimento de RSU em participação aos
sistemas municipais de manejo de resíduos sólidos urbanos, por isso o dado apresentado é superior ao conjunto
de unidades de triagem (galpão ou usina) em operação no ano de 2020 descrito no quadro de unidades.
As indagações são básicas, referindo-se apenas à sua existência, nome e quantidade de integrantes no
ano de referência, cadastrando tais informações em uma planilha exclusiva. Tais questionamentos são feitos
como primeira forma de distinção entre a atuação de organizações e a atuação de catadores individuais
ou autônomos presentes no município. Ressalta-se que o SNIS não questiona sobre a situação formal (jurídico-
legal) dessas organizações.

Sobre a existência de catadores de materiais recicláveis que trabalham dispersos nas cidades, o SNIS
solicita aos municípios a existência ou não da atividade de coleta informal de recicláveis. Como resposta,
em 2020, obteve-se que 71,5% dos municípios respondentes da amostra (3.283 municípios) reconhecem a
atividade de coleta de resíduos recicláveis por catadores que atuam de maneira autônoma e dispersos nas
cidades.

Salienta-se que não é raro as prefeituras desconhecerem maiores detalhes sobre as organizações.
Talvez isso explique a quantidade reduzida de organizações e catadores captada pelo SNIS, que nesse
ano computa um total de 35.870 catadores associados em 1.677 entidades associativas ou cooperativas
presentes em 1.199 municípios da amostra. A distribuição espacial por macrorregiões dessas organizações é
apresentada a seguir.

Quantidade de cooperativas e associações de catadores atuantes


nos municípios participantes do SNIS
(segundo macrorregião geográfica, em 2020)
Quantidade de
Percentual de Quantidade Percentual de Número médio de
cooperativas/associações
Macrorregião entidades de associados associados associados por
de catadores
(%) (CA007) (%) cooperativa/associação
(CA006)

Norte 65 3,9 1.912 5,3 29,4

Nordeste 268 16,0 7.157 20,0 26,7

Sudeste 673 40,1 13.294 37,1 19,8

Sul 533 31,8 10.273 28,6 19,3

Centro-Oeste 138 8,2 3.234 9,0 23,4

Total - 2020 1.677 100,0 35.870 100,0 21,4

Total - 2019 1.480 100,0 31.527 100,0 21,3

Total - 2018 1.232 100,0 27.063 100,0 22,0


Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 21

Sediando 40,1% (673 organizações) das associações ou cooperativas de catadores do país, na


macrorregião Sudeste estão atuando mais de 13 mil catadores de materiais recicláveis o equivalente
a 37,1% da força de trabalho das associações e cooperativas identificadas pelo SNIS. No Sul do país,
encontram-se 533 organizações (31,8% do total), onde 10.273 (28,6% do total) trabalhadores se dedicam à
recuperação de resíduos recicláveis. As demais macrorregiões representam juntas o equivalente a 28,1%
das organizações e 34,3% dos trabalhadores.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 22

2.405 municípios
exportadores e importadores de RDO+RPU destinados
a unidades de processamento no SNIS-RS 2020

COMPARTILHAMENTO DE UNIDADES DE PROCESSAMENTO DE RSU


(total de municípios exportadores e importadores de RSU e (%) em relação ao tipo de fluxo por
macrorregião geográfica, em 2020)

NORTE
17 (6,9%)
56 (2,7%)
0 (0,0%)
NORDESTE
68 (27,6%)
318 (15,2%)
5 (7,4%)

CENTRO-OESTE SUDESTE
20 (8,1%) 77 (31,3%)
94 (4,5%) 776 (37,1%)
6 (8,8%) 17 (25,0%)

SUL
Importadores (246 municípios)
64 (26,0%)
Exportadores (2.091 municípios)
847 (40,5%)
Importadores e Exportadores simultaneamente (68 municípios)
40 (58,8%)

246 2.091 68
municípios importam exportam (parcial ou municípios importam e
RSU de outros municípios integralmente) RSU para exportam RSU
(10,2%)* outros municípios (2,8%)*
(86,9%)*

* Em relação ao total de municípios que realizam quaisquer tipos de fluxo RDO+RPU no país
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 23

O compartilhamento de unidades de processamento de resíduos sólidos domiciliares e públicos se


caracteriza como uma prática crescente no país. Tal estratégia oportuniza a organização das unidades
de processamento de resíduos de maneira a alcançar uma melhor utilização dos processos tecnológicos e
compartilhamento dos custos fixos da operação entre mais de um município, ou seja, um ganho de escala
pela possibilidade de reduzir o custo médio do tratamento ou disposição final de resíduos. Como resultado
do compartilhamento de unidades se constata o Fluxo de RSU entre municípios, em que alguns municípios
são designados importadores, outros exportadores e, em algumas ocasiões, importadores e exportadores
simultaneamente.

Para apurar os fluxos de importação e exportação de resíduos entre os municípios, o SNIS realiza
uma análise de consistência que se baseia na dupla confirmação dos dados (entre os municípios que
encaminham os resíduos para unidades de processamento – exportadores - e os municípios – importadores -
que os recepcionam), nesta oportunidade são corrigidas inconsistências quando um município não declara
algum fluxo ou declara equivocadamente o destino dos seus RSU. É importante notar que, em virtude da
característica amostral do SNIS, há unidades de processamento localizadas em municípios não declarantes
do SNIS, nestes casos constarão as informações prestadas apenas pelos municípios que responderam as
informações no ano de referência. Conjuntamente com os relatórios são publicadas no site do SNIS as
tabelas de Informações e Indicadores, dentre as quais está contida a “Planilha_Municipios_Importadores_
Inadimplentes_RS_2020” cujos municípios importadores de resíduos que não responderam no ano de
referência estão listados, assim como os municípios que exportam para essas unidades e as respectivas
massas de resíduos encaminhadas.

Então para se chegar aos resultados sobre municípios importadores, exportadores e ambos
concomitantemente, o SNIS utiliza a planilha publicada “Planilha _Unidades_Fluxos_RS_2020” para o
cruzamento do campo UP025 “Município de origem dos resíduos” com o campo Nome “Município de
Localização” da unidade de processamento, atentando-se para o fato de que para o procedimento de
contagem são consideradas as unidades do tipo “Aterro Sanitário”, “Aterro Controlado”, “Lixão”, “Unidade
de Triagem (Galpão ou Usina)” e “Unidade de Compostagem (pátio ou usina)” excluídos as informações
duplicadas quando um município recepciona resíduos de mais de um município e para quando ele exporta
para mais de um município e quando há a classificação de “Importador e Exportador” não se realiza a
contagem nas categorias separadamente. Para efeitos de contagem dos fluxos nacionais, são considerados
os municípios contantes na planilha de importadores inadimplentes, levando em conta que eles podem ter
sido declarados como exportadores também, caracterizando-se portanto como importadores e exportadores
simultaneamente.

• 246 municípios são considerados como “importadores”, ou seja, que tem unidades que
importam resíduos domiciliares e públicos de outros municípios;

• 2.091 exportam parcial ou integralmente seus resíduos domiciliares e públicos para unidades de
processamento localizadas em outro território municipal; e,

• 68 municípios praticam a importação e a exportação concomitantemente.

Interessante notar um significativo contingente de municípios que praticam exportação de resíduos


sólidos urbanos, atingindo 2.159 municípios, 47,0% do total de municípios presentes na amostra. Esse número
evidencia o intenso fluxo intermunicipal de resíduos e, portanto, que a prática de exportação de resíduos
ou o compartilhamento de unidades já está consolidado no país. Na hipótese de se considerar somente a
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 24

quantidade de municípios importadores com a quantidade de municípios exportadores, ou seja, desprezando-


se aqueles que importam e exportam simultaneamente, obtém-se uma proporção – ou intensidade de fluxo
- de 1:8,5, ou seja, para cada município importador, tem-se aproximadamente 9 exportadores.

Na análise desagregada por macrorregião, salienta-se o resultado para a macrorregião Sul que
demonstra o maior fluxo intermunicipal de resíduos domiciliares, da amostra de 951 municípios que
declaram fluxo nessa macrorregião, obtendo-se uma proporção de 1:13,2 (considerando 64 importadores
e 847 exportadores), ou seja, para cada município importador, tem-se aproximadamente 13 exportadores.
Contudo, como é possível perceber ao se avaliar os dados do SNIS, há casos como o município de Minas
do Leão/RS em que um aterro sanitário privado é o destino dos resíduos de 91 outros municípios gaúchos
identificados nas tabelas do SNIS. Desta forma, casos atípicos podem influenciar os resultados apresentados.

Já no Norte do país, identificam-se 56 exportadores e 17 importadores, em que a razão 1:3,3


traz a percepção de intensidade de fluxo de RSU e revela que esta prática não é tão empregada na
macrorregião, o que se justifica, sobretudo, pelas questões regionais dadas as distâncias que se impõem
entre os municípios e as complicações de enfraestruturas de acesso.

MUNICÍPIOS PARTICIPANTES DO SNIS-RS QUE EXPORTAM, IMPORTAM


OU NÃO REALIZAM FLUXO INTERMUNICIPAL DE RSU
(segundo município, em 2020)

Fluxos de destinação dos resíduos


sólidos domiciliares e públicos no Brasil
Importam (246 municípios)

Exportam (2.091 municípios)

Importam e Exportam (68 municípios)

Não realizam fluxo (2.413 municípios)

Sem informação (752 municípios)


Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 25

MASSA RECEBIDA NAS UNIDADES DE PROCESSAMENTO


Com respeito às massas totais, o SNIS apurou um montante de 92,7 milhões de toneladas recebidas nas
unidades de processamento, que inclui todo o tipo de resíduo: domiciliares e públicos, de saúde, construção
civil, podas e outros, que foram recebidas nas 5.018 unidades de processamento em operação no ano de
referência. As massas detalhadas por tipos de unidade e macrorregiões podem ser observadas adiante.

Das considerações gerais, para o total das massas contabilizadas em relação ao conjunto das unidades
de processamento, observou-se um aumento na ordem de 16,9 milhões de toneladas ou 22,3% em relação a
amostra de 2019. A referida variação se justifica para além da ampliação da amostra em 2020, uma vez que
foi realizado o aperfeiçoamento dos avisos e erros do sistema, ao se solicitar especial atenção aos balanços
de massa dos RSU, com a correta indicação do encaminhamento das massas de resíduos coletadas nas
respectivas unidades de processamento.

Em termos quantitativos, sobressai-se o grupo das unidades de disposição final, lixões e aterros
controlados e sanitários, com 67,6 milhões de toneladas, ou seja, 72,9% do total recebido em todas as
unidades de processamento.

Já o grupo das unidades de transbordo recebeu pouco mais de 10,8 milhões de toneladas, ou 11,7%
do total recebido em todas as unidades de processamento, massa de resíduos que sofreu algum tipo de
transferência antes de seu encaminhamento para outra unidade de processamento, seja um lixão, um aterro,
uma unidade de triagem, uma unidade de incineração ou outra. Relacionar a massa total transferida com
a massa total coletada no país se mostra um exercício interessante. Neste sentindo, realizar a divisão de 10,8
milhões de toneladas “transbordadas” por 66,6 milhões de toneladas coletadas (Diagnóstico Temático 3 - Pg.
48), resulta que, pelo menos, 16,2% desse montante passe por alguma unidade de transbordo antes de sua
destinação final. É possível inferir igualmente, por dia útil (desconsiderando apenas os domingos, 313 dias),
uma quantidade aproximada de 34,8 mil toneladas de RDO+RPU transferidas e transportadas em veículos de
maior capacidade por dia.

No caso das unidades de tratamento, as unidades de triagem (usinas e galpões de catadores), registra-
se que em 2020, juntas, receberam um montante de 5,0 milhões de toneladas ou 5,4% do total recebido
nas unidades de processamento. Nessa avaliação não se distingue a procedência dos resíduos, ou seja, se
são oriundos de uma coleta indiferenciada (“resíduos misturados”), coleta de grandes geradores ou se são
oriundos de uma coleta seletiva de resíduos domiciliares. Também não se distingue se foram encaminhados
para “usinas” ou para “galpões de triagem”. Mais adiante será apresentada uma avaliação considerando o
quantitativo relacionado apenas aos resíduos domiciliares. Já as unidades de compostagem (pátio ou usina)
receberam, entre resíduos domiciliares e públicos, um total de 303,5 mil toneladas no ano de 2020, o que
representou 0,3% do quantitativo recebido no conjunto de todas as unidades de processamento de resíduos
avaliadas pelo SNIS.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 26

Massa total de resíduos recebidos pelas unidades de processamento (informação UP080)


dos municípios participantes do SNIS
(segundo macrorregiões geográficas, em 2020)

Massa total recebida pelas unidades de processamento Massa total


recebida nas
Tipo de unidade de
unidades de
processamento* Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste processamento
(UP080)

Lixão 1.510.373,0 6.327.066,4 767.513,2 92.144,0 1.503.252,1 10.200.348,7

Aterro controlado 1.405.918,8 2.026.154,8 3.603.479,8 277.842,2 704.618,0 8.018.013,6

Aterro sanitário 1.678.322,7 9.655.285,2 27.080.461,2 7.164.604,1 3.841.182,4 49.419.855,6

Unidade de triagem
85.498,5 568.003,0 2.982.554,6 1.208.756,7 176.817,0 5.021.629,8
(galpão ou usina)

Unidade de compostagem
326,0 12.512,6 96.288,3 132.211,7 62.119,3 303.457,9
(pátio ou usina)

Unidade de transbordo
27.198,0 2.050.294,9 6.254.047,5 1.485.495,4 1.066.068,6 10.883.104,4
(RDO+RPU)

Unidade de tratamento por


36,0 9.877,0 927,0 3.333,8 7,2 14.181,0
incineração

Unidade de manejo de
3.170,0 28.786,4 56.024,9 10.936,7 3.000,0 101.918,0
galhadas e podas

Vala específica de RSS


(resíduos dos serviços de 496,4 15.085,1 3.685,2 418.815,6 292,0 438.374,3
saúde)

Unidade de tratamento por


2.000,0 127,9 153.191,0 19.847,4 0,0 175.166,3
microondas ou autoclave

Queima em forno
77,0 0,0 0,0 0,0 1,0 78,0
de qualquer tipo

Área de transbordo e triagem


0,0 173.525,0 954.446,0 343.318,5 58,0 1.471.347,5
de RCC** e volumosos (ATT)

Área de reciclagem de RCC**


(antiga "estação de 0,0 297.477,2 1.142.389,4 160.487,2 70,0 1.600.423,8
reciclagem de entulho")

Aterro de RCC**
515.190,6 261.929,8 1.364.647,2 187.444,2 1.636.620,0 3.965.831,8
(antigo "aterro de inertes")

5.251.239,6 21.918.059,1 44.860.953,4 11.674.369,7 9.022.877,8 92.727.499,6***


Total - 2020
5,7% 23,6% 48,4% 12,6% 9,7% 100,0%

4.113.764,0 16.746.350,4 37.789.174,7 9.061.254,0 8.103.347,7 75.813.890,8


Total - 2019
5,4% 22,1% 49,8% 12,0% 10,7% 100,0%

4.053.729,3 15.816.468,7 37.043.902,4 8.836.477,9 6.439.261,0 72.189.839,3


Nota*: A “Unidade de transbordo (RDO+RPU)” e a “Unidade Área de transbordo e triagem de RCC e volumosos (ATT)” possuem como
Total - 2018
função serem áreas de transferência de resíduos para outras unidades, alerta-se para a dupla contagem ao se inferir a massa total recebida
nas UPs no ano de 2020.
5,6% 21,9% 51,3% 12,2% 8,9% 100,0%

* Para evitar inconsistências o SNIS orienta e possui avisos e erros para o cadastro de unidades de processamento, porém a categorização
do tipo de unidade em operação no município é realizado segundo critérios próprios de classificação.
** RCC: Resíduos da Construção Civil (ou Resíduos de Construção e Demolição: RCD)
*** O SNIS alerta que os somatórios das massas recebidas nas unidades de processamento não representa a massa total de resíduos do
país, pelo fato das unidades fazerem transferência de resíduos entre si, como por exemplo de unidades de transbordo que transferem
resíduos para unidades de disposição final ou unidades de triagem que tratam resíduos e encaminham parte deles como rejeitos aos aterros
sanitários. Por isso, somar essas massas de resíduos pode resultar em dupla contagem e em uma interpretação equivocada das informações.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 27

Quanto à distribuição da massa total recebida por macrorregiões, verifica-se, conforme esperado,
devido ao contingente populacional, que há uma concentração nas massas de resíduos recepcionadas nas
unidades de processamento localizadas na macrorregião Sudeste com 44,9 milhões de toneladas recebidas,
o que representa quase a metade do montante apurado no país e, na macrorregião Nordeste, com 21,9
milhões de toneladas (23,6% do total), juntas, as macrorregiões representam 72,0% do quantitativo do país.

Com o enfoque na disposição inadequada (lixões e aterros controlados), a macrorregião Nordeste


comporta mais de 45,0% da massa encaminhada para essas unidades (8,3 milhões de toneladas), o Sudeste,
em função dos aterros controlados, representa neste contexto 24,0% (4,4 milhões de toneladas), muito
semelhante ao que se constata nas macrorregiões Norte e Centro-Oeste que, juntas, comportam 28,1% (5,1
milhões de toneladas). Por outro lado, a macrorregião Sul é a que representa apenas 2,0% (370 mil toneladas)
da massa encaminhadas a esses tipos de unidades.

Referente aos aterros sanitários, a macrorregião Sudeste envia a maior quantidade de massa de
resíduos para este tipo de unidade, as quais absorveram 27,1 milhões de toneladas, ou seja, 54,8% do total
recebido em unidades classificadas neste tipo. Em seguida, aparece a macrorregião Nordeste, com o
montante de 9,5 milhões de toneladas, ou 19,5% do total. Na sequência, tem-se a macrorregião Sul, com 7,1
milhões de toneladas (14,5%), a macrorregião Centro-Oeste, com 3,8 milhões de toneladas (7,8%) e o Norte,
com quase 1,4 milhões de toneladas (3,4%) do total recebido em aterros sanitários no país. Mais adiante essa
análise será complementada com a estimativa da massa de RDO+RPU encaminhada para unidades de
disposição em solo, que leva em consideração a perspectiva populacional já que relaciona a disposição
final com a estimativa da massa coletada e a recuperação de resíduos para cada uma das macrorregiões.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 28

QUANTIDADE RECUPERADA DE RECICLÁVEIS


SECOS E ORGÂNICOS

1,07 milhão de 0,29 milhão de


tonelada tonelada
massa estimada de recicláveis massa recuperada de resíduos
secos recuperada recicláveis orgânicos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) determina que cabe ao titular dos serviços
estabelecer sistema de coleta seletiva de materiais recicláveis secos (papel, plástico, metal, vidro e orgânicos).
Mas em muitos municípios os resíduos recicláveis secos ainda estão incluídos na coleta indiferenciada
(convencional).

No SNIS-RS 2020, a recuperação de materiais recicláveis secos esteve presente em 1.999 municípios
(43,6% dos 4.589 da amostra). O universo é maior que o da coleta seletiva sob qualquer modalidade (1.664
municípios), porque contempla quem faz recuperação de materiais recicláveis secos com e sem coleta
seletiva.

Em relação à população urbana dos 1.999 municípios (IN032), o SNIS-RS 2020 apontou a recuperação
de quantidade equivale a 515,0 tonelada/município/ano ou a 7,99 kg/hab./ano. A maior média per capita é
a da macrorregião Sul (15,6 kg/hab./ano) e a menor da macrorregião Norte (3,9 kg/hab./ano). Nos municípios
da faixa populacional 1 (até 30 mil habitantes), ela alcança 26,3 kg/hab./ano e nos da faixa 5 (entre 1 mihão
e 4 milhões de habitantes), 3,4 kg/hab./ano, sendo esse o menor valor.

Com a aplicação dos indicadores médios das macrorregiões às populações urbanas dos 5.570
municípios, o SNIS-RS estimou a recuperação de 1,07 milhão de toneladas/ano de massa de recicláveis sólidos
secos no Brasil em 2020. Considerando-se, hipoteticamente, a estimativa da presença de 32,0% (conforme
composição gravimétrica indicada para a América Latina e Caribe pelo Banco Mundial em 2018), o montante
estimado representa cerca de 5,0% do total potencialmente recuperável.

No que se refere a recuperação de resíduos recicláveis orgânicos nas 74 unidades de compostagem


informadas ao SNIS-RS 2020, foram recebidas 0,29 milhão de toneladas de RDO+RPU (UP007). A utilização
de compostagem para tratamento de RDO+RPU proporciona não só a diminuição do aterramento de
resíduos, mas também, a valorização de resíduos orgânicos como matéria prima na produção de compostos
orgânicos enriquecedores de solo.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 29

7,99 kg/hab./ano
média per capita da massa de
recicláveis secos recuperada
em 1.999 municípios no SNIS-RS
2020

MASSA RECUPERADA DE RECICLÁVEIS SECOS DE RDO+RPU (IN032)


(total por macrorregião geográfica, em 2020)

NORTE
3,93 kg/hab./ano

NORDESTE
4,93 kg/hab./ano

CENTRO-OESTE
7,82 kg/hab./ano

SUDESTE
6,76 kg/hab.ano

SUL
15,58 kg/hab./ano
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 30

Para a avaliação da recuperação de materiais o SNIS utiliza o indicador IN032 – Massa recuperada
per capita de materiais recicláveis (exceto matéria orgânica e rejeitos) em relação à população urbana
do município (POP_URB) estimada pelo SNIS/IBGE. Por convenção, a massa recuperada se distribui por
toda população urbana do município, independentemente da população atendida com coleta seletiva.
Compondo o indicador, tem-se a informação “Quantidade total de materiais recicláveis recuperados:
- CS009”, que pode ser informada diretamente em termos de valor total ou resultante do somatório do
quantitativo recuperado por tipo de materiais: papel, plástico, metal, vidro e outros.

IN032
Massa recuperada per capita de materiais recicláveis (exceto matéria
orgânica e rejeitos) em relação à população urbana (kg/hab./ano)
Quantidade total de materiais
recicláveis recuperados (CS009)
IN032 = X 1.000
População urbana do município (IBGE)

Para a leitura dos resultados é necessário considerar as dificuldades que são percebidas no decorrer da
coleta de dados. Existem momentos durante as análises de consistência das informações em que o município
é indagado pelo SNIS sobre a ausência ou inconsistência de dados sobre a recuperação de materiais. Assim,
percebe-se a existência de problemas que comprometem uma consolidação mais precisa das quantidades
recuperadas, seja pela falta de registros sistemáticos ou pela dificuldade de articulação com outros setores
da prefeitura ou com as próprias associações de catadores. Tal fato não ocorre apenas em pequenos
municípios, tendo sido verificado em municípios de maior porte populacional, que também não alcançam
uma precisão mínima ou que optam por não informar a coleta seletiva e a recuperação de resíduos por falta
desses registros. A ausência dessas informações pode resultar em uma subestimativa da massa de recicláveis
secos recuperada da massa de RSU coletada no país.

Outro aspecto importante e que tem gerado confusão, é a falta de discernimento entre coleta “coleta
seletiva” e tratamento “triagem/recuperação de materiais recicláveis secos”. Tratam-se de procedimentos
distintos, mas que, ainda hoje, constituem-se em empecilho para uma boa apropriação de registros. Enquanto
o primeiro é definido como o conjunto de procedimentos referentes ao recolhimento diferenciado de
resíduos recicláveis (papel, plástico, metal, vidro e outros) e/ou de resíduos orgânicos na sua fonte geradora,
desde que previamente separados; o segundo é definido como um tratamento que reúne um conjunto
de procedimentos referentes à segregação da massa de recicláveis por tipo de material – papel, plástico,
metal, vidro e outros – recolhidos por meio de coleta seletiva ou não e destinados à recuperação pelas vias
da reutilização ou reciclagem. Por isso, esta avaliação é restrita ao procedimento de tratamento que ocorre
nas unidades de processamento e, para consulta dos resultados sobre a logística de coleta seletiva, deve ser
consultado o Diagnóstico Temático sobre a Gestão Técnica dos Serviços.

Por fim, é indispensável a compreensão de que não se deve assumir que os resultados apresentados
adiante sejam a quantidade total de resíduos recuperados no país, uma vez que as informações coletadas
são sobre os resíduos sólidos urbanos, o que compreende a parcela de resíduos sólidos domiciliares
– exclusivamente - e cujos dados são informados pelos municípios. Os resíduos sólidos recicláveis secos
recuperados em um país vão além da fração de RSU e congregam resíduos sólidos recicláveis pré-consumo,
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 31

ou seja, de origem industrial, assim como os pós-consumo, que podem ser coletados seletivamente pelos
sistemas de gerenciamento de resíduos municipais ou aqueles resíduos sólidos recicláveis secos que de
alguma maneira foram reciclados, mas encaminhados aos processos de recuperação informalmente, sem
o conhecimento das prefeituras. Todos estes processos têm grande influência no quantitativo de resíduos
sólidos recuperados pelos sistemas de reciclagem de um país.

Dessa forma, para a confecção dos resultados, o cálculo do indicador IN032 computou informações
de 1.999 municípios, representando 43,6% da amostra de municípios participantes do SNIS e que é maior
do que o número de municípios que indicaram realizar a coleta seletiva sob quaisquer modalidades (1.664
municípios), já que a recuperação de resíduos pode advir ou não de uma coleta seletiva, considerando a
possibilidade de sistemas de manejo de RSU conjugarem coleta indiferenciada com a utilização de “usinas de
triagem e compostagem” mecanizadas ou não. Embora, considera-se que a boa prática é a recuperação
a partir da coleta seletiva.

Massa recuperada per capita de materiais recicláveis (exceto matéria


orgânica e rejeitos) em relação à população urbana dos municípios participantes do SNIS
(IN032)
(segundo macrorregião geográfica, em 2020)
Massa recuperada
Quantidade População Total (CS009) Média municipal per capita
Macrorregião
de municípios urbana (t./ano) (t./mun./ano) (IN032)
(kg/hab./ano)

Norte 66 6.972.795 27.433,7 415,7 3,93

Nordeste 204 20.819.942 102.662,6 503,2 4,93

Sudeste 826 67.122.762 453.809,0 549,4 6,76

Sul 757 23.199.512 361.403,6 477,4 15,58

Centro-Oeste 146 10.774.991 84.264,6 577,2 7,82

Total - 2020 1.999 128.890.002 1.029.573,5 515,0 7,99

Total - 2019 1.681 123.376.867 928.959,9 552,6 7,53

Total - 2018 1.546 121.241.628 923.285,9 597,2 7,61

Nota: Na hipótese de se excluir os municípios da faixa 6 (Rio de Janeiro/RJ e São Paulo/SP), devido a seus grandes
contingentes populacionais, o indicador médio da região Sudeste sobe para 7,59 kg/hab./ano e o indicador do país para
8,56 kg/hab./ano.

O índice médio, nesta edição, registra 7,99 kg/hab./ano, maior que no ano anterior e caracteriza
uma situação de crescimento no país nos últimos três anos (7,61 em 2018 e 7,53 em 2019), relativa à massa
recuperada de resíduos sólidos recicláveis por habitantes urbanos.

Agregado por macrorregiões, no Sul e Sudeste se percebe uma quantidade de resíduos recuperados na
ordem de 815,2 mil toneladas, 79,2% do total declarado para o país. Outros 10,0% ficam com a macrorregião
Nordeste, 8,2% com a Centro-Oeste e o restante, 2,7%, é atribuído à macrorregião Norte. Embora, em números
absolutos, a macrorregião Sudeste seja a primeira colocada no quesito recuperação, com um montante de
453,8 mil toneladas, quando relativizado com a numerosa população urbana, por meio do indicador IN032, a
região tem um indicador médio igual a 6,76 kg/hab./ano, inferior, portanto, ao do país, que alcança 7,99 kg/
hab./ano, com a ressalva pormenorizada na nota explicativa do quadro do indicador IN032.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 32

Historicamente a macrorregião Sul se destaca com um resultado bem acima da média nacional. O
indicador médio IN032 chega a 15,58 kg/hab./ano, quase o dobro do resultado nacional de 7,99 kg/hab./
ano. Na macrorregião Centro-Oeste, percebe-se um resultado bem próximo à média nacional. Alcança 7,82
kg/hab./ano, devendo-se, no entanto, ficar atento ao fato de que 39,3% da massa recuperada se deve a
Goiânia/GO e a Brasília/DF.

As macrorregiões Norte e Nordeste apresentam desempenho de 3,93 e 4,93 kg/hab./ano,


respectivamente, valores inferiores à média nacional.

Evolução da massa recuperada per capita de materiais recicláveis


(exceto matéria orgânica e rejeitos) em relação à população urbana (IN032)
(segundo macrorregião geográfica, entre 2018 e 2020)
16,00

14,00

12,00

10,00
IN032 (Kg/hab./ano)

7,99 - Indicador médio IN032

8,00

6,00

4,00

2,00

4,61 4,90 3,93 6,49 4,94 4,93 6,24 6,35 6,76 13,93 14,22 15,58 7,33 7,98 7,82
0,00
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Macroregião

IN032 2018 IN032 2019 IN032 2020 IN032 médio 2020

Massa recuperada de recicláveis secos dos municípios participantes do SNIS


(segundo faixa populacional, em 2020)

Massa recuperada
Faixa Quantidade População Total (CS009) Média municipal per capita
Populacional de municípios urbana (t./ano) (t./mun./ano) (IN032)
(kg/hab./ano)

1 1.382 10.487.960 275.601,6 199,4 26,28

2 380 17.246.394 212.787,8 560,0 12,34

3 139 19.592.530 167.604,8 1.205,8 8,55

4 82 36.583.257 197.711,2 2.411,1 5,40

5 14 26.017.607 87.633,4 6.259,5 3,37

6 2 18.962.254 88.234,7 44.117,4 4,65

Total - 2020 1.999 128.890.002 1.029.573,5 515,0 7,99

Total - 2019 1.681 123.376.867 928.959,9 552,6 7,53

Total - 2018 1.546 121.241.628 923.285,9 597,2 7,62

Nota: Na hipótese de se excluir os municípios da faixa 6 (Rio de Janeiro/RJ e São Paulo/SP), devido a seus grandes
contingentes populacionais, o indicador médio do país sobe para 8,56 kg/hab./ano.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 33

Ocorre um comportamento interessante para os resultados da massa recuperada per capita no


agrupamento por faixas populacionais, os dados explicitam um movimento contínuo de queda do indicador
médio da menor para a maior faixa populacional, reforçando a tendência de outras edições e demonstrando
a maior efetividade de recuperação de materiais recicláveis secos nos municípios de menor porte.

Nestes municípios – até 30 mil habitantes – a massa recuperada per capita atinge o valor de pico (26,28
kg/hab/ano), que é superior ao dobro do segundo maior valor (12,34 kg/hab./ano), referente à faixa 2, e é
mais que três vezes maior ao valor médio geral, que é de 7,99 kg/hab./ano.

No caso específico da primeira faixa, um fator que pode estar fazendo a diferença é a existência
de usinas de triagem, as quais, em alguns casos podem não contar com uma coleta seletiva (prévia) e
recuperam um maior percentual de recicláveis secos. Contudo, salienta-se que isso não implica em uma
maior produtividade ou eficiência destes municípios, já que, muitas vezes, toda a massa de RDO coletada
(misturada: recicláveis secos + orgânicos + rejeitos) é que é destinada às “usinas”, as quais promovem
trabalho inadequado (catação manual de resíduos indiferenciados), demandam maiores insumos e descarte
de maior quantitativo de rejeitos, implicando, portanto, em maiores custos operacionais.

Evolução da massa recuperada per capita de materiais recicláveis (exceto matéria orgânica e
rejeitos) em relação à população urbana (IN032)
(segundo faixa populacional, entre 2018 e 2020)
30,00

25,00

20,00
IN032 (Kg/hab. /ano)

15,00

Indicador médio IN032 - 7,99


10,00

5,00

27,23 25,31 26,28 13,54 12,92 12,34 7,48 7,91 8,55 6,00 5,39 5,40 4,80 5,06 3,37 2,36 2,35 4,65
0,00
1 2 3 4 5 6
Faixa populacional

IN032 2018 IN032 2019 IN032 2020 IN032 médio 2020

Ante o olhar aos portes populacionais, percebe-se que de 2019 a 2020 ocorre um aumento do indicador
IN032 nas faixas 1, 3 e 6 e, em contrapartida, uma diminuição nos estratos populacionais 2 e 5. Também se
nota que apenas as três primeiras faixas populacionais (população total com até 250 mil habitantes) têm seu
indicador médio acima do indicador médio geral, com a terceira faixa bem próxima deste valor.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 34

2,17%
taxa de recuperação de materiais
recicláveis (exceto matéria orgânica
e rejeitos) em relação à quantidade
total (RDO+RPU) coletada, em 2020

TAXA DE RECUPERAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS (EXCETO


MATÉRIA ORGÂNICA E REJEITOS) EM RELAÇÃO À QUANTIDADE TOTAL
(RDO+RPU) COLETADA (IN031)
(segundo macrorregião geográfica, em 2020)

NORTE
415,7 t./mun./ano
IN031 = 0,97%

NORDESTE
503,2 t./mun./ano
IN031 = 1,05%

CENTRO-OESTE SUDESTE
577,2 t./mun./ano 549,4 t./mun./ano
IN031 = 2,25% IN031 = 1,92%

BRASIL
SUL
Média municipal (515 t./mun./ano)
477,4 t./mun./ano
Percentual da massa recuperada em relação
IN031 = 4,93%
à massa de RDO+RPU coletada (IN031) (2,17%)

IN031
Taxa de recuperação de materiais recicláveis (exceto matéria orgânica e
rejeitos) em relação à quantidade total (RDO + RPU) coletada (%)
Quantidade total de materiais
recicláveis recuperados (CS009)
IN031 = X 100
Qtd. de RDO e RPU coletada pelo agente público (CO116) + Qtd. de
RDO e RPU coletada pelos agentes privados (CO117) + Qtd. recolhida na
coleta seletiva executada por associações ou cooperativas de catadores
COM parceria/apoio da Prefeitura (CS048) + Qtd. de RDO e RPU coletada
por outros agentes executores (CO142)
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 35

TAXA DE RECUPERAÇÃO DE MATERIAIS RECICLÁVEIS (EXCETO


MATÉRIA ORGÂNICA E REJEITOS) EM RELAÇÃO À QUANTIDADE TOTAL
(RDO+RPU) COLETADA (IN031)
(segundo Unidades da Federação, em 2020)

0,00%
0,00%

1,81%
0,69% 1,08%
2,10% 0,65% 1,73%

0,61%
0,52%

0,22% 0,51%
0,44%
2,24% 1,41%

1,37%
2,85%

2,32%
2,35%

2,60%
ES
1,32%
1,63%

2,17% 0,95%

4,66%

5,14%

5,08%
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 36

O indicador médio IN031 para este conjunto, 2,17%, resulta em um valor ligeiramente superior ao do
ano anterior, que foi de 2,09%, ou seja, 2,17% é o percentual de recuperação de recicláveis secos em relação
à massa total de RDO+RPU coletada nos municípios da amostra.

Taxa de recuperação de materiais recicláveis (exceto matéria orgânica e rejeitos)


em relação à quantidade total (RDO+RPU) coletada (IN031)
(exclusiva aos municípios que recuperam resíduos segundo faixa populacional, em 2020)
9,00

8,00

7,00

6,00

5,00
IN031 (%)

4,00

3,00
Indicador médio (IN031) - 2,17

2,00

1,00

7,98 7,57 7,84 4,16 3,85 3,57 2,37 2,40 2,53 1,73 1,49 1,39 1,21 1,29 0,87 0,64 0,63 1,26
0,00
1 2 3 4 5 6
Faixa populacional

IN031 2018 IN031 2019 IN031 2020 IN031 médio 2020

De forma semelhante ao quadro que apresenta o indicador IN032, os valores do indicador IN031
demonstram uma tendência de crescimento das médias municipais acompanhado de decrescimento do
indicador IN031 conforme a elevação do porte populacional, partindo de 7,84% na primeira faixa e chegando
a 1,26% na faixa 5. No entanto, os valores de recuperação em relação à massa de RDO+RPU coletadas ainda
são muito limitados, mesmo considerando os municípios de pequeno porte que mostram uma recuperação
de recicláveis secos de 7,84%, que representa 3,6 vezes o indicador médio calculado para o conjunto do país.

A evolução dos dados aponta um aumento dos percentuais de massa recuperada em relação à massa
total coletada nas faixas de 1, 3 e 6. Além disso, a vantagem dos municípios das faixas 1 e 2, especialmente
da primeira, reforça a efetividade de recuperação nos pequenos municípios, podendo conferir-lhes o mérito
de maiores recicladores de resíduos secos do país em relação às suas massas coletadas, embora com valores
ainda muito pequenos em relação ao potencial de recuperação existente nos resíduos sólidos urbanos.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 37

789,7 mil t./ano


massa de resíduos recicláveis
recuperados com identificação
da composição em 1.377
municípios do SNIS-RS 2020

RECICLÁVEIS SECOS RECUPERADOS


(% por tipo de material, em 2020)

12,3%
12,6%
11,3%
Papel e papelão - 298,0 mil t./ano

25,9% Plásticos - 204,8 mil t./ano


Metais - 97,4 mil t./ano
37,7%
Vidros - 99,9 mil t./ano
Outros - 89,6 mil t./ano

Também foi possível identificar a composição da massa recuperada de recicláveis por tipo de material.
Embora não haja participação de todo o conjunto dos 1.999 municípios que indicaram a recuperação
de resíduos (CS009 ≠ vazio), por se tratar de uma informação não obrigatória e que 622 respondentes
preencheram apenas o campo do total recuperado (CS009), deixando em branco os campos referentes às
parcelas de papel (CS010), plástico (CS011), metal (CS012), vidro (CS013) e outros (CS014). Portanto, 68,9%
dos municípios que realizam a recuperação de resíduos contribuem para a informação de composição dos
recicláveis constantes na massa de RDO+RPU recuperada no país.

A porção de papéis e plásticos, juntas, representam 63,6% da composição dos resíduos sólidos secos
recuperados dos RDO+RPU com uma representatividade importante da massa de papel e papelão, em
quase 40,0% do total recuperado pelos sistemas municipais. Metais e vidros, foram contabilizados em valores
muito semelhantes, representando juntos quase 25,0% da composição. Por fim, 11,3% dos materiais foram
agrupados como “outros” o que pode indicar certa dificuldade dos prestadores municipais em agrupar a
diversidade de materiais nas demais categorias ou, ainda, o enquadramento de outros tipos de materiais
como por exemplo borrachas e tecidos e outros materiais passíveis de recuperação por vias tecnológicas
com emprego infrequentes.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 38

ESTIMATIVA DA MASSA RECUPERADA DE


RECICLÁVEIS SECOS
Utilizando-se da mesma metodologia empregada nos anos anteriores para a estimativa da quantidade
total recuperada de recicláveis secos no país, em função do universo de municípios desta edição, o SNIS
adota método de cálculo similar ao utilizado para a estimativa da quantidade total coletada de RDO+RPU
(vide Diagnóstico Temático sobre a Gestão Técnica dos Serviços de Manejo de RSU, pg. 48), acrescentando,
no caso, uma ponderação relativa ao percentual da população urbana da amostra abrangida pelos serviços
de recuperação de resíduos recicláveis secos.

Em outras palavras, o SNIS computa o produto dos indicadores médios por macrorregião geográfica
(IN032) pelas respectivas populações urbanas residentes nos municípios brasileiros (IBGE), encontrando assim
a quantidade estimada de massa recuperada em toneladas por ano. Após isso, utiliza-se como fator de
correção a multiplicação do resultado pelos percentuais de população urbana dos municípios com materiais
recicláveis recuperados entre os municípios que fazem parte da amostra (População urbana correspondente
aos municípios com materiais recicláveis, CS009 ≠ “vazio”), obtendo-se, assim, a estimativa da massa total
recuperada, em toneladas por ano.

Estimativa de massa total de materiais recicláveis secos recuperados


(segundo macrorregiões geográficas, em 2020)

Estimativa da massa total recuperada a partir do indicador IN032

Pop. urb.
Quantidade Indicador Quantidade de correspondente Estimativa
Macrorregião População médio massa recuperada aos mun. com da massa
de municípios
urbana (IN032) em função da materiais recicláveis total
(IBGE) (kg/hab./ população urbana recuperados entre recuperada
ano) (t./ano) os mun. da amostra (t./ano)
(CS009 ≠ vazio) (%)

Norte 450 13.791.377 3,93 54.200,11 55,95 30.324,96

Nordeste 1.794 42.213.284 4,93 208.111,49 56,92 118.457,06

Sudeste 1.668 82.883.884 6,76 560.295,06 82,87 464.316,51

Sul 1.191 25.844.985 15,58 402.664,87 92,58 372.787,13

Centro-Oeste 467 14.703.334 7,82 114.980,07 76,09 87.488,34

Total - 2020 5.570 179.436.864 7,99 1.340.251,60 76,15 1.073.374,00

Total - 2019 5.570 178.011.749 7,53 1.276.930,67 80,01 1.042.349,43

Total - 2018 5.570 176.539.719 7,37 1.301.627,92 80,24 1.057.590,76

Desta forma, ao se estimar a massa total de resíduos recicláveis secos, obtém-se o resultado de
aproximadamente 1,07 milhão de toneladas recuperadas, o que corresponde a cerca de 1,6% do total
aproximado de 66,64 milhões de toneladas de resíduos domiciliares e públicos com estimativa de coleta em
2020 (Diagnóstico Temático sobre a Gestão Técnica dos Serviços de Manejo de RSU, pg. 48).
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 39

Chama-se atenção para o fato de que esta parcela aparentemente reduzida – de 1,6% sobre o total
de RDO+RPU – assume maior significado quando se admite que a fração de “materiais recicláveis secos”
presente no conjunto de RDO+RPU seja estimada em 32,0% (conforme composição gravimétrica indicada
para a América Latina e Caribe pelo Banco Mundial em 2018). Nesta hipótese, o montante de 1,07 milhão
de toneladas estimado para o país significa aproximadamente 5,0% do total potencialmente recuperável de
recicláveis secos (papel, plástico, metal e vidro). Tal resultado demonstra um estágio bastante primário da
reciclagem de “secos” no Brasil.

Hipótese de potencial de recuperação de 32,0% da estimativa de massa coletada no país e a


representatividade da estimativa da massa recuperada de recicláveis secos
(por percentual (%), em 2020)

1.073.374
5,0%
21.324.427
32,0%

Massa estimada, a partir do


Massa de recicláveis secos IN032, de recicláveis secos
potencialmente existente na recuperados da massa total
massa total, admitindo-se (t.)
32,0% (t.)
Massa de recicláveis secos
Massa de matéria orgânica e potencialmente existentes e
rejeitos (t.) não recuperados na massa
45.314.408 total (t.)
20.251.053
68,0%
95,0%

MASSA RECUPERADA DE RECICLÁVEIS ORGÂNICOS


Adiante é sintetizada a quantidade de resíduos recebidas nas unidades de compostagem, este
resultado é elaborado a partir das respostas diretas da informação UP007, que é a quantidade de RDO+RPU
recebida na unidade de processamento. Embora seja sabido que as unidades de tratamento do tipo
“Unidade de compostagem (pátio ou usina)” recepcionem resíduos sólidos domiciliares e de limpeza pública
sobretudo de característica orgânica, deduz-se que alguma parte seja considerada rejeito inerente ao
processo de coleta e tratamento. Contudo, o SNIS ainda não faz distinção entre resíduos orgânicos coletados
e recuperados, por se tratarem, ainda, de valores pouco expressivos sob a perspectiva macrorregional.
Portanto, para fins de contabilização de recuperação de resíduos orgânicos é feita a simplificação que
os RDO+RPU encaminhados para essas unidades são recuperados e proporcionam não só a diminuição
do aterramento de resíduos mas, também, a valorização de resíduos orgânicos como matéria prima na
produção de compostos orgânicos enriquecedores de solo.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 40

Massa total de resíduos recicláveis orgânicos recebidas em unidades de compostagem


(toneladas e percentual, segundo macrorregiões geográficas, 2020)

Quantidade de RDO+RPU recebida % em relação ao total


Macrorregião
(UP007) em mil toneladas recuperado

Norte 0,00 0,0%

Nordeste 12,41 4,3%

Sudeste 91,68 32,1%

Sul 119,32 41,8%

Centro-Oeste 62,12 21,8%

Total - 2020 285,53 100,0%

Total - 2019 299,38 100,0%

Total - 2018 123,76 100,0%

Da massa contabilizada para o país, recuperadas pelas unidades de compostagem, constatou-se


certa estabilidade na massa recuperada, em relação a amostra de 2019, com uma pequena redução
de 4,6 pontos percentuais. A macrorregião Sul se destaca na recuperação de mais de 40,0% dos resíduos
sólidos urbanos em unidades de compostagem no país, seguida das macrorregiões Sudeste e Centro-Oeste
representando 32,1% e 21,8% respectivamente. Os resultados para as macrorregiões Nordeste (4,3%) e Norte
(0,0%) indicam que a compostagem não é uma tecnologia incorporada aos sistemas de manejo de resíduos
sólidos urbanos em escalas municipais.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 41

VISÃO GERAL DA COLETA À DISPOSIÇÃO FINAL DE RSU


MASSA DE RSU COLETADA

66,64 MILHÕES DE
TONELADAS* KG/HAB./DIA
1,01

RECUPERAÇÃO DE RSU

RECICLÁVEIS SECOS RECICLÁVEIS ORGÂNICOS

1,07 0,29

milhão de toneladas* milhão de toneladas

1.325 74
unidades de unidades de
compostagem
triagem

ESTIMATIVA DE DISPOSIÇÃO FINAL NO SOLO

14,6%

Aterro sanitário - 652 unidades


11,6% 65,3
milhões de Aterro controlado – 617 unidades
toneladas Lixão – 1.545 unidades

73,8%

1
Estimada
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 42

65,3 milhões de
toneladas/ano
estimativa de massa de RDO+RPU
disposta em aterro sanitário, aterro
controlado e lixão no SNIS-RS 2020

ESTIMATIVA DE MASSA DE RDO+RPU EM UNIDADES DE


DISPOSIÇÃO NO SOLO
(em milhões de t./ano por macrorregião geográfica e país, em 2020)

1,71
1,98

1,57

5,86
10,87

2,08

1,32

3,00
0,69 0,58

ESTIMATIVA DE MASSA DE RDO+RPU


EM UNIDADES DE DISPOSIÇÃO NO SOLO - BRASIL 2,97
(em milhões de t./ano)

9,55 24,96

7,58
0,08
0,27
48,17

Aterro sanitário

7,37
Aterro controlado

Lixão
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 43

ESTIMATIVA DA MASSA DE RDO+RPU EM


UNIDADES DE DISPOSIÇÃO NO SOLO
Com o objetivo de analisar o ciclo da coleta até a disposição final dos resíduos domiciliares e públicos
(RDO + RPU) nos sistemas de manejo de resíduos sólidos urbanos, este tópico busca compatibilizar a massa
coletada estimada de 66,6 milhões de toneladas no ano de 2020 (Diagnóstico Temático sobre a Gestão
Técnica dos Serviços de Manejo de RSU, pg. 48) e seus diversos encaminhamentos: recuperação dos resíduos
recicláveis secos e orgânicos, conforme tópico anterior; e disposição em lixões, aterros controlados ou aterros
sanitários.

Para se chegar ao resultado final é importante ponderar que a distribuição das massas coletadas nos
três tipos de unidades de processamento considera os resultados encontrados da informação UP007, que é a
quantidade de RDO+RPU recebida na unidade de processamento. Evidentemente há uma diferença entre
o valor que chega nessas unidades e a estimativa realizada da massa de resíduos coletado em todo o país,
por isso, complementarmente são utilizados os percentuais das massas recebidas em cada um dos três tipos
de unidades nas macrorregiões para se distribuir as diferenças entre as massas de RDO+RPU recebidas nas
unidades e as massas estimadas obtidos pelo cálculo de RSU coletado no país.

Estimativa da massa de RDO + RPU em unidades de disposição no solo


(segundo macrorregiões geográficas, em 2020)
Quant. de Estimativa da massa para disposição final
Estimativa da Massa total
(RDO+RPU) (milhões de t./ano)
Quantidade recuperada de recicláveis
coletada
Macrorregião de secos e massa total de
estimada Aterro Aterro
municípios recicláveis orgânicos Lixão Total
(milhões de Sanitário Controlado
(milhões de t./ano)
t./ano)

1,98 1,57 1,71 5,26


Norte 450 5,29 0,03
37,6% 29,9% 32,5% 100,0%

10,87 2,08 5,86 18,81


Nordeste 1.794 18,95 0,13
57,8% 11,1% 31,2% 100,0%

24,95 2,97 0,58 28,50


Sudeste 1.668 29,04 0,55
87,5% 10,4% 2,0% 100,0%

7,36 0,27 0,08 7,71


Sul 1.191 8,21 0,49
95,5% 3,5% 1,0% 100,0%

3,00 0,69 1,32 5,01


Centro-Oeste 467 5,15 0,15
59,9% 13,8% 26,4% 100,0%

48,16 7,58 9,55 65,29


Total - 2020 5.570 66,64 1,35
73,8% 11,6% 14,6% 100,0%

47,95 7,64 8,18 63,77


Total - 2019 5.570 65,11 1,34
75,2% 12,0% 12,8% 100,0%

46,68 7,00 8,04 61,72


Total - 2018 5.570 62,87 1,19
75,6% 11,3% 13,0% 100,0%
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 44

Desta forma, ao se estimar a massa total de disposição final, obtém-se o resultado de 48,2 milhões de
toneladas dispostas em aterros sanitários, o que corresponde a 73,8% do total aproximado (65,3 milhões de
toneladas). Além disso, contabilizou-se 16,13 milhões de toneladas dispostas em unidades de disposição final
consideradas inadequadas (aterros controlados e lixões), que correspondem juntas a 26,2% do total disposto
em solo em 2020.

Devido a importância desta análise, os resultados foram incorporados recentemente como indicador
dos Indicadores Brasileiros para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) contribuindo para
o acompanhamento da meta 11.6, que consiste em até 2030 reduzir o impacto ambiental negativo per
capita das cidades, inclusive prestando especial atenção à qualidade do ar, gestão de resíduos municipais
e outros. Por isso, os resultados detalhados desta análise serão apresentados a seguir na apresentação da
contribuição do SNIS ao ODS Brasil.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 45

INDICADORES BRASILEIROS PARA OS OBJETIVOS DO


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)

A plataforma ODS Brasil (https://odsbrasil.gov.br/) reúne informações sobre a Agenda 2030 e os


Indicadores Brasileiros para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. A construção de indicadores
de desenvolvimento sustentável no Brasil se integra ao conjunto de esforços internacionais para
concretização das ideias e princípios formulados na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, no que diz respeito à relação entre meio ambiente,
sociedade, desenvolvimento e informações para a tomada de decisões.

Este contexto culmina na elaboração de dois importantes instrumentos: A Agenda 21 e a Agenda


dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio que são dois instrumentos irmãos para a consecução do
desenvolvimento sustentável, aprovados e adotados pela comunidade dos Estados-membros que compõem
a Organização das Nações Unidas, dentre eles o Brasil.

Dando continuidade à Agenda de Desenvolvimento do Milênio (2000-2015), e ampliando seu escopo,


foi estruturada a Agenda 2030 como resultado de um processo global participativo, coordenado pela
ONU, no qual governos, sociedade civil, iniciativa privada e instituições de pesquisa contribuíram para sua
elaboração. Ela abrange o desenvolvimento econômico, a erradicação da pobreza, da miséria e da fome,
a inclusão social, a sustentabilidade ambiental e a boa governança em todos os níveis, incluindo paz e
segurança. Segundo a plataforma ODS Brasil, a visão é ambiciosa e transformadora, porque prevê um mundo
livre dos problemas atuais, como pobreza, miséria, fome, doença, violência, desigualdades, desemprego,
degradação ambiental, esgotamento dos recursos naturais, entre outros.

A Agenda 2030 é composta por 17 objetivos e 169 metas para alcance até 2030, guiados pelas metas
globais. Em virtude disso, o acompanhamento e avaliação da Agenda 2030 são fundamentais para a sua
implementação e deverá ser feito sistematicamente em diversos níveis, dentro os quais o nacional e regional.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 46

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está coordenando os esforços para a discussão
e produção dos indicadores brasileiros, que auxiliarão o monitoramento das metas e dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) no Brasil. A plataforma ODS Brasil (https://odsbrasil.gov.br/) é o resultado
desse trabalho colaborativo, que reúne os indicadores ODS globais construídos com dados oficiais nacionais,
como os oriundos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento - SNIS. Com objetivo de construir
os indicadores relacionados ao tema de resíduos sólidos, o IBGE estabeleceu uma parceria com a equipe do
SNIS para a confecção do indicador 11.6.1 “Proporção de resíduos sólidos urbanos coletados e gerenciados
em instalações controladas pelo total de resíduos urbanos gerados, por cidades” (Objetivo 11 – Cidades e
Comunidades Sustentáveis).

INDICADOR 11.6.1 “PROPORÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS


COLETADOS E GERENCIADOS EM INSTALAÇÕES CONTROLADAS
PELO TOTAL DE RESÍDUOS URBANOS GERADOS, POR CIDADES”
(OBJETIVO 11 – CIDADES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS)

Indicador ODS 11.6.1


Proporção de Resíduos Sólidos Urbanos coletados com
destinação final adequada

Estimativa da massa de resíduos sólidos coletada


disposta em aterro sanitário +
Estimativa da massa recuperada de resíduos sólidos
recicláveis secos e orgânicos
Indicador 11.6.1 = X 100
População urbana do município (IBGE)

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de nº 11 é intitulado “Cidades e comunidades sustentáveis”.


Ele busca tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis, e para
isso estabeleceram-se 7 metas cujo alcance é medido por 13 indicadores. A meta 11.6 consiste em até
2030, reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades, inclusive prestando especial atenção à
qualidade do ar, gestão de resíduos municipais e outros. Foram estabelecidos 2 indicadores para esta meta,
o 11.6.1 - Proporção de resíduos sólidos urbanos coletados e gerenciados em instalações controladas pelo
total de resíduos urbanos gerados, por cidades e o 11.6.2 - Nível médio anual de partículas inaláveis (ex: com
diâmetro inferior a 2,5 µm e 10 µm) nas cidades (população ponderada).

Para a elaboração do indicador 11.6.1 o SNIS propôs a utilização da metodologia já empregada para
o cálculo de estimativa de disposição em solo (apresentado na pg. 43), que considera a recuperação de
resíduos pelos processos de reciclagem de resíduos secos e orgânicos para, então, apresentar a proporção de
resíduos sólidos urbanos destinados para as formas de disposição adequada “Aterro Sanitário” e inadequadas
“Aterro Controlado” e “Lixão”. Especificamente para o indicador 11.6.1, o enfoque está na destinação e
disposição adequadas, por isso, optou-se por apresentar a proporção de resíduos sólidos urbanos coletados
e gerenciados em instalações controladas em relação à massa de resíduos sólidos coletada no país com a
segmentação de percentual da massa total coletada de RSU recuperada em instalações de tratamento
e do percentual destinado para a disposição em aterro sanitário. Alertamos que o indicador está focado
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 47

no impacto ambiental negativo per capita e considera, exclusivamente, os resíduos sólidos urbanos para a
composição do indicador, ou seja, não são considerados resíduos de serviços de saúde, da construção civil,
agrossilvopastoris, de serviços de transporte, de mineração e de serviços públicos de saneamento básico
(lodos de estações de tratamento de água ou esgoto).

O indicador é de abrangência nacional e foi calculado com base na Série Histórica do SNIS, possui
níveis de desagregação por macrorregiões e horizonte temporal que inicia em 2015 com atualização anual
pelo SNIS. O gráfico a seguir apresenta a visualização dos resultados obtidos em percentual, podendo-se obter
os valores em milhões de toneladas no site do ODS Brasil (https://odsbrasil.gov.br/objetivo11/indicador1161),
que também oportuniza a geração de diferentes tipos de visualizações gráficas.

Proporção de resíduos sólidos com destinação e disposição final adequada


em relação ao total estimado de resíduos sólidos coletados no País, indicador ODS 11.6.1
(por percentual (%), entre 2015 e 2020)

100,0%

90,0%
27,4% 26,5% 24,4% 23,9% 24,3% 25,7%
80,0%

70,0%

60,0%

50,0%

40,0% 73,6% 74,2% 73,7%


70,6% 71,7% 72,3%

30,0%

20,0%

10,0%
2,0% 1,8% 2,0% 1,9% 2,0% 2,0%
0,0%
2015 2016 2017 2018 2019 2020

Massa estimada de disposição em aterro controlado e lixão


Massa estimada de disposição em aterro sanitário
Massa recuperada estimada de resíduos sólidos recicláveis secos e orgânicos

Entre os anos de 2015 e 2020, o Brasil apresenta uma pequena evolução na proporção da massa de
resíduos sólidos coletados que são encaminhados para disposição final em aterros sanitários, variando de
70,6% a 72,2%, respectivamente. Já a proporção da massa recuperada de resíduos sólidos recicláveis secos e
orgânicos em relação à massa coletada estimada de resíduos sólidos do país, apresenta um comportamento
de estabilidade, com evolução muito sutil, que apresentou como resultado mínimo para o período o valor
de 1,8% em 2016 e máxima de 2,0% em 2020. Agregando as informações de recuperação de recicláveis
secos e orgânicos e de disposição em aterros sanitários desde 2015, o Brasil apresentou uma evolução 1,7
ponto percentual (de 72,6% em 2015 a 74,3% em 2020) de resíduos sólidos urbanos coletados e gerenciados
em instalações controladas, embora haja resultados superiores para o período como em 2018 que esse
percentual chegou a 76,1%. Ainda que resultados sejam muito representativos em relação ao total da massa
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 48

coletada estimada de resíduos sólidos urbanos no país, a evolução dos resultados de 2015 a 2020 apontam
a certa estagnação do setor de destinação e disposição de resíduos, sobretudo pela perspectiva do
tratamento para a recuperação de RSU. Além disso, o resultado do indicador em uma proporção de 74,2%
em 2020, conjuntamente com outras informações do SNIS, pode indicar a necessidade do empreendimento
de esforços suplementares para o alcance de resultados que, por exemplo, liquidem o impacto ambiental
negativo pela disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos, já que as unidades de disposição final
inadequadas são numerosas e recebem pequenas massas de resíduos sólidos urbanos o que caracteriza um
quadro de degradação bastante difuso.
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 49

Proporção de resíduos sólidos com destinação e disposição final adequada


em relação ao total estimado de resíduos sólidos coletados no País, indicador ODS 11.6.1
(por percentual (%) segundo macrorregiões, entre 2015 e 2020)

100,0%
59,6%

44,6%

44,8%

59,5%

57,5%

62,0%

41,1%

41,4%

39,8%

38,6%

40,0%

41,9%

11,8%

13,4%

10,6%

9,2%

11,2%

12,2%

7,6%

6,0%

6,1%

7,1%

6,5%

4,3%

58,2%

57,0%

47,3%

41,2%

35,1%

39,0%
90,0%

80,0%

70,0%

60,0%

89,7%
89,2%
86,5%

89,5%

89,2%
88,4%
50,0%

89,1%
87,1%

87,1%
86,5%

85,9%
85,1%
40,0%

59,3%

58,1%
60,4%

56,1%
59,4%

59,2%
58,2%

57,9%

57,4%
30,0%
54,8%

54,5%

50,1%
38,7%
38,6%
41,5%
38,6%

39,7%

37,4%

20,0%

10,0%

5,9%

6,0%

5,6%
4,8%

4,5%

4,3%
4,4%

4,3%

2,9%
3,2%

2,7%
2,6%
1,8%

0,6%

0,7%

0,8%

1,0%

0,6%

0,7%

0,7%

0,8%

1,0%

0,8%

0,7%

1,7%

1,5%

2,3%

1,7%

1,7%

1,9%
0,0%
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Massa estimada recuperada em tratamento de recicláveis secos e orgânicos Massa estimada disposta em aterro sanitário Massa estimada disposta em aterro controlado e lixão
Diagnóstico Temático - Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos - Infraestrutura 50

Quando realizada a análise desagregada pelas macrorregiões, ficam evidentes as diferenças e as


influências ao resultado nacional. Enquanto, nas macrorregiões Sul e Sudeste, a proporção de resíduos
sólidos urbanos coletados e gerenciados em instalações controladas pelo total de resíduos urbanos gerados
alcançam 95,7% e 87,8% em 2020, respectivamente, o indicador alcança 61,0% no Centro-Oeste, 58,1% no
Nordeste e 38,0% no Norte, para o mesmo período.

Destaca-se a evolução entre 2015 e 2020 para macrorregião Centro-Oeste que ao longo dos anos vem
aumentando expressivamente a massa de resíduos sólidos disposta adequadamente em aterros sanitários,
partindo de 38,6% em 2015 a 58,1% em 2020. Quanto à massa recuperada de resíduos sólidos recicláveis
secos e orgânicos, se destaca a macrorregião Sul, com mínima de 4,3% em 2016 e máxima de 6,0% em 2020
dos resíduos sólidos coletados recuperados. Porém, é importante destacar também a macrorregião Sudeste,
que apresentou o valor de apenas 1,9% dos resíduos sólidos coletados recuperados em 2020. Entretanto,
mesmo com baixo percentual de recuperação, a massa equivalente representa a maior massa de resíduos
sólidos recicláveis recuperados por macrorregião do país, sendo em média de meio milhão de tonelada por
ano. Por fim, as macrorregiões Norte e Nordeste apresentam as menores proporções de recuperação de
resíduos sólidos recicláveis secos e orgânicos do país, com resultados muito próximos, sendo de 0,6% e 0,7%,
respectivamente, para o ano de 2020.
SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
SGAN Q. 906, Módulo ‘F’ Bloco ‘A’ Ed. Celso Furtado, 3º andar, sala 309
CEP 70.830-901 - Brasília - DF - Brasil

www.snis.gov.br

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