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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE


PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM REDE NACIONAL
PARA ENSINO DAS CIÊNCIAS AMBIENTAIS

NOTA TÉCNICA Nº 001 / PROFCIAMB / IFAM CAMPUS COARI 2024

I - IDENTIFICAÇÃO

1. TURMA: PROFCIAMB / Coari 2023/2025


2. DISCIPLINA: Gestão Ambiental
3. PROFESSORA: Dra. Kátia Viana Cavalcante
4. DISCENTE: Luzivaldo Mendonça de Souza
5. ASSUNTO: Novo Marco Legal do Saneamento Ambiental

II -INTRODUÇÃO

O saneamento básico é uma questão debatida a nível de preocupação


mundial, fruto de crescente discussão nos foros internacionais. A Agenda 2030 para
o Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas (ONU), por
meio dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e as respectivas
metas fixadas, traz expressamente, entre eles, o debate acerca da água e
saneamento (Objetivo n° 6) (ONU, 2020).

Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e


saneamento para todas e todos

6.1 Até 2030, alcançar o acesso universal e equitativo a água potável e


segura para todos

6.2 Até 2030, alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e


equitativos para todos, e acabar com a defecação a céu aberto, com
especial atenção para as necessidades das mulheres e meninas e daqueles
em situação de vulnerabilidade

6.3 Até 2030, melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição,


eliminando despejo e minimizando a liberação de produtos químicos e
materiais perigosos, reduzindo à metade a proporção de águas residuais
não tratadas e aumentando substancialmente a reciclagem e reutilização
segura globalmente

6.4 Até 2030, aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em


todos os setores e assegurar retiradas sustentáveis e o abastecimento de
água doce para enfrentar a escassez de água, e reduzir substancialmente o
número de pessoas que sofrem com a escassez de água

6.5 Até 2030, implementar a gestão integrada dos recursos hídricos em


todos os níveis, inclusive via cooperação transfronteiriça, conforme
apropriado

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6.6 Até 2020, proteger e restaurar ecossistemas relacionados com a água,


incluindo montanhas, florestas, zonas úmidas, rios, aquíferos e lagos

6.a Até 2030, ampliar a cooperação internacional e o apoio à capacitação


para os países em desenvolvimento em atividades e programas
relacionados à água e saneamento, incluindo a coleta de água, a
dessalinização, a eficiência no uso da água, o tratamento de efluentes, a
reciclagem e as tecnologias de reuso

6.b Apoiar e fortalecer a participação das comunidades locais, para


melhorar a gestão da água e do saneamento

Segundo Milaré e Milaré (2020), “para grande parte da população brasileira, o


saneamento básico é questão de dignidade humana e inclusão social, indo muito
além de questões técnicas e legais”.

O Novo Marco Legal do Saneamento Básico (Lei nº 14.026/2020) representa


um marco histórico para o setor no Brasil, ao estabelecer diretrizes e instrumentos
para a universalização dos serviços de água potável, coleta e tratamento de esgoto,
manejo de resíduos sólidos urbanos e drenagem urbana. Aprovado em 2020,
trazendo inovações e aperfeiçoando o marco regulatório do setor, visa atrair
investimentos privados, aumentar a eficiência dos serviços e melhorar a qualidade
de vida da população.

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III - METODOLOGIA

Para a elaboração desta Nota Técnica, foram realizadas pesquisas


bibliográficas eletrônicas em livros, artigos científicos, revistas especializadas e
websites de órgãos governamentais e entidades do setor de saneamento básico.

Parte-se da análise do normativo que estabeleceu as diretrizes nacionais para


o saneamento básico (Lei n° 11.445/2007), analisando as modificações introduzidas
pela Lei n° 14.026/2020, a partir de blocos específicos.

IV - DESENVOLVIMENTO

A Constituição Federal de 1988 expôs a competência administrativa comum


entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para promover
programas de saneamento básico (BRASIL, 1988). A seu turno, a Constituição
Federal de 1988 (CF/88), ao tempo em que alçou a dignidade da pessoa humana
como fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1°, III), elencou vários
comandos interrelacionados ao saneamento básico, tais como: defesa do meio
ambiente como princípio da ordem econômica e financeira (art. 170, VI); política de
desenvolvimento urbano (art. 182); e meio ambiente ecologicamente equilibrado (art.
225) (BRASIL, 1988).

De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento


(SNIS), em relação aos níveis de atendimento com água e esgoto nos municípios
participantes do sistema nacional, considerando o ano base de 2022, a rede de
abastecimento de água chegava a 84,9% da população, enquanto a rede de esgoto
a 56,0%, (BRASIL, 2021).

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Imagem 01: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento


Fonte: Ministério das Cidades

De acordo com o art. 3°, I, da Lei n° 11.445/2007, modificada pela Lei n°


14.026/2020, saneamento básico correspondente a um conjunto de serviços
públicos, infraestruturas e instalações operacionais de: abastecimento de água
potável; esgotamento sanitário; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos;
drenagem e manejo das águas pluviais urbanas (BRASIL, 2020).

Sancionada em julho de 2020, a Lei Federal nº 14.026 tem sido chamada de o


novo Marco Legal do Saneamento. A Lei Federal anterior nº 11.445/2007, não foi
revogada pela nova lei, mas alterada e muito dos conceitos se mantém, mas agora
sobre uma nova estrutura, eixos estruturantes, com metas de universalização no
texto da lei e um forte incentivo à regionalização da gestão do saneamento básico.

Dos pontos positivos que podemos destacar acerca do novo marco do


saneamento temos, a Criação do CISB (Comitê Interministerial de Saneamento
Básico); o Ministério do Desenvolvimento Regional sendo responsável pela
coordenação nacional e regulamentação da política federal: financiamento e
recursos federais, capacidade econômico-financeira, Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento Básico (SINISA) e Plano Nacional de Saneamento
Básico (PLANSAB); e ANA responsável por normas de referência para regulação.

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Estabelece metas de atendimento de 99% da população com água potável e de 90%


da população com coleta e tratamento de esgotos até 31 de dezembro de 2033, com
possibilidade de ampliar até 2040, sendo a (ANA) Agência Nacional de Águas e
Saneamento Básico responsável pela edição de normas de referência para
regulação, estando subordinadas à adoção das normas as agências reguladoras
infranacionais.

Extinção dos contratos de programa, modalidade entre as companhias


estaduais e municípios e expectativa de abertura do mercado de prestação dos
serviços públicos de saneamento básico para a concorrência (empresas privadas),
Regionalizando da gestão dos serviços de saneamento básico e definição da
titularidade dos serviços nos casos de interesse comum e interesse local, com as
regionalizações da gestão do saneamento básico, novas instâncias de governança
serão criadas e serão responsáveis pelas funções de deliberar sobre a prestação
dos serviços, a regulação, os planos regionais de saneamento básico e as formas e
instrumentos de controle social.

Dos pontos negativos que podemos destacar acerca do novo marco do


saneamento, verificamos que não segue a resolução da ONU sobre água e
esgotamento como Direitos Humanos, não foi incorporado na lei que abastecimento
de água potável e esgotamento sanitário são Direitos Humanos, incluí-los na
legislação nacional de saneamento seria uma forma de regulamentar em nível
nacional a resolução da ONU da qual o Brasil é signatário. Prioriza serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário e enfraquece a abordagem de
gestão integrada dos quatro componentes do saneamento básico prevista na lei
anterior. O controle social perde força no nível municipal e passa a ser regional, não
há avanços em termos de instituição de conselhos e instrumentos de participação
social e há um vácuo nesse momento de implementação das regionalizações.

Sintetizando alguns Aspectos Relevantes do Novo Marco Legal do


Saneamento Ambiental:

 Universalização dos serviços;


 Regionalização dos serviços;

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 Participação do setor privado;


 Regulação e fiscalização;
 Instrumentos de financiamento;

Dos objetivos e Impactos Esperados com o Novo Marco Legal do saneamento


Ambiental é esperado gerar:

 Melhoria da qualidade de vida da população;


 Proteção do meio ambiente;
 Geração de emprego e renda;
 Desenvolvimento urbano sustentável;

V- CONCLUSÃO

Diante do exposto e dos fatos elencados, concluímos que:

O Novo Marco Legal do Saneamento Básico é um instrumento fundamental


para o desenvolvimento do setor no Brasil. A implementação da lei, com a
participação do setor público, privado e da sociedade civil, poderá garantir a
universalização dos serviços de saneamento básico, a proteção do meio ambiente e
a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.

VI - SUGESTÕES

Para o sucesso da implementação do Novo Marco Legal do Saneamento


Básico, pormenorizamos a implementação;

 Realização de campanhas de conscientização sobre a importância do


saneamento básico: A população precisa estar ciente dos benefícios do
saneamento básico para a saúde pública, o meio ambiente e a economia.
 Capacitação dos profissionais do setor: É necessário investir na
capacitação dos profissionais do setor de saneamento básico para que
possam atuar de forma eficiente e eficaz na prestação dos serviços.
 Promoção da participação social: A sociedade civil deve ser consultada e
participar da tomada de decisões sobre o saneamento básico.
 Combate à corrupção: É fundamental garantir a transparência e a lisura
na gestão dos recursos públicos destinados ao saneamento básico.

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VII - REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020. Dispõe sobre o marco legal do


saneamento básico, altera as Leis nº 9.984, de 17 de julho de 2000, nº 11.445, de 5
de janeiro de 2007, e nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 jul. 2020.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil Brasil, 1988. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm Acesso
em: 13 maç. 2024.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm

10 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Secretaria Nacional de


Saneamento – SNS. Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto. Visão Geral: ano
de referência 2022. Brasília: SNS/MDR. https://www.gov.br/cidades/pt-br/acesso-a-
informacao/acoes-e-programas/saneamento/snis/painel

MILARÉ, Édis; MILARÉ, Lucas Tamer. O Marco Regulatório do Saneamento


Ambiental. 2020. ISSN 1983-392X. Disponível
em:
<https://www.migalhas.com.br/depeso/334063/o-marco-regulatorio-do-saneamento
ambiental?_gl=1*1p74dr9*_ga*ejQzdmItNEhmWGhVYkp2cTgtN2hXNndaUm5UTGZ
kdXB3WGRJRUVxVlJjWkNwZ0huZXEwMEg2Z2NwNm5YZG9aOQ..> acesso em:
12 de maç. de 2024.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Agenda 2030 Nações Unidas.


Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/ Acesso em: 13 maç.
2020. https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/

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Leite, C. H. P.; Moita Neto, J. M.; Bezerra, A. K. L.; Novo marco legal do saneamento
básico: alterações e perspectivas. Eng. Sanit. Ambient. 27 (5) Set-Out 2022. Doi:
doi: 10.1590/S1413-415220210311

Dê-se ciência, publique-se e recomenda-se

Coari-Am 15 de março de 2024

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Luzivaldo Mendonça de Souza
Técnico Responsável
PROFCIAMB / Coari 2023/2025

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