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com QGIS 3.12.3-București (macOS 10.15.

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preparação de mapas com
quadrículas quilométricas ETRS89 / PT TM06

v.03.01
para a apresentação em atlas de distribuição

última revisão: 14 Junho 2020


TUTORIAL
preparado por Nuno de Santos Loureiro
DCTMA - FCT - Universidade do Algarve
nlourei@ualg.pt

DOI: 10.13140/RG.2.1.3608.3287
SUMÁRIO
O presente TUTORIAL QGIS apresenta uma sequência de procedimentos para a
preparação de mapas com quadrículas quilométricas ETRS89 / Pt TM06.
Está baseado na concretização de um case study concreto:
● região do Algarve
● quadrículas ETRS89 / PT TM06 com 2 km de lado
● mapa de distribuição de uma espécie de libélulas

Está dividido em três capítulos:


1. A criação da grelha ETRS89 / Portugal TM06 com 2 km de lado
2. A preparação do mapa de distribuição em quadrículas
3. A finalização do mapa através da optimização das funcionalidades da
legenda e da utilização de shapefiles adicionais (a hipsometria, por
exemplo) como forma de enriquecer a informação a representar e
comunicar.
Enquadramento
A apresentação de mapas
temáticos e de atlas de
distribuição utilizando
quadrículas georreferenciadas
é bastante comum.
A dimensão das quadrículas deve
ajustar-se à escala de apresentação
final da cartografia e também a
particularidades da informação a
representar e comunicar, como o
detalhe e o rigor do conhecimento
que se tem e quer divulgar sobre a
distribuição do tema em causa.

Quadrículas com 10 km de lado são um


padrão. Múltiplos e submúltiplos (5, 2 e 1
km, por exemplo) são outras opções
para cartografia com maior detalhe e

foto: Nuno de Santos Loureiro


rigor de informação.

Uma das importantes vantagens da


adopção de quadrículas quilométricas
UTM WGS84 é o facto das mesmas
estarem baseadas num sistema global
de coordenadas rectangulares planas.
Para escalas finais mais pequenas é
também frequente o uso de ‘quadrículas’
baseadas em sistemas de coordenadas
imagem retirada de:
geográficas. Mas, nesse caso, as
Atlas de Anfíbios e Répteis de Portugal.
‘quadrículas’ não são figuras geométricas 2010. Esfera do Caos Editores.
simples nem têm todas as mesmas Coordenadores: A. Loureiro, N. F. de distribuição do CAMALEÃO (Chamaeleo chamaeleon)
dimensões... Almeida, M. Carretero e O. S. Paulo.
em Portugal continental

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TERRITÓRIO
Grelha ETRS89 / Portugal TM06
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EPSG Code: 32629
TERRITÓRIO WGS84 / UTM zone 29N
Area of Use: Between 12ºW and 6ºW, Northern Hemisphere (0 to 84ºN).
O primeiro procedimento é a criação de uma layer Reference CRS: WGS84 geographical 2D CRS. Status: Valid.
(shapefile) da região do ALGARVE (distrito de
Faro), constituída por um só polígono. EPSG Code: 3763 ETRS89 / Portugal TM06
Para tal, a partir da CAOP 2019 (D.-G. Território),
eliminam-se os limites de freguesias e concelhos, Area of Use: Portugal - mainland - onshore.
faz-se um Merge Features... para criar o polígono Reference CRS: WGS84 geographical 2D CRS. Status: Valid.
único e deve-se, no final, simplificar a Tabela de
Atributos.
http://www.epsg-registry.org/

A CAOP 2019 é fornecida


no sistema de coordenadas
ETRS89 / Portugal TM06
(EPSG: 3763).

Caso se pretenda a preparação


da quadrícula quilométrica
em UTM WGS84, torna-se
muito conveniente converter a
shapefile para o sistema de
coordenadas UTM WGS84. No
caso de Portugal continental é
recomendável a utilização do
UTM WGS84 para o Fuso 29
Hemisf. Norte (EPSG: 32629).
Em QGIS a tarefa de conversão
é muito simples. Basta fazer
um Export >>> Save Feature
as... e indicar o EPSG da nova
shapefile.

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limite
GRELHA ETRS89 / PT Xmin
identificado
-76923
p/ polígonos c/ 2 km
-78000
Para a preparação da grelha ETRS89 / Portugal TM06
o primeiro passo é a identificação dos limites mínimos Xmax +65708 +66000
e máximos nos dois eixos (X e Y).
Ymin -300405 -302000
A tarefa é simples: basta posicionar o cursor nos limites
esquerdo, direito, inferior e superior do território, para se
identificarem, respectivamente, Xmin, Xmax, Ymin e Ymax.
Ymax -237313 -236000

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limite
GRELHA UTM WGS84 Xmin
identificado
0500218
p/ polígonos c/ 2 km
0500000
Caso se pretenda criar uma quadrícula UTM WGS84 de
2 km de lado, então os limites mínimos e máximos nos Xmax 0642649 0644000
dois eixos (X e Y).
Ymin 4091209 4090000
Note-se que se a grelha ETRS89 / Portugal TM06 é ade-
quada para a utilização nacional, porque adopta o sistema
oficial nacional de coordenadas, o UTM WGS84 pode ser
Ymax 4154575 4156000
mais adequado para utilizações internacionais globais...

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GRELHA ETRS89 / Portugal TM06
A produção da grelha ETRS89 / PT TM06 é feita com o
recurso a uma funcionalidade do Plugin MMQGIS:
Tipo de Geometria
MMQGIS >>> Create >>> CREATE GRID Layer
Dimensão dos
Rectângulos (ou
Quadrados) em
metros

Limites da Grelha no
EPSG do QGIS
Project (3763)

Nova Shapefile

Para criar uma grelha em UTM WGS84 é necessário,


num primeiro passo, criar uma nova shapefile com os
limites do Algarve em EPSG: 32629 e depois, num
segundo passo, criar a grelha através da
funcionalidade do MMQGIS.

De referir que esta funcionalidade permite também criar


linhas, pontos, pontos aleatórios, hexágonos, etc.

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GRELHA ETRS89 / Portugal TM06
Grelha ETRS89 / Portugal TM06 com quadrículas de 2 km de lado, ou seja, 4 km2,
com o limite do Algarve sobreposto.

X= -78000; Y = -236000 X= 66000; Y = -236000

X= -78000; Y = -302000 X= 66000; Y = -302000

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GRELHA ETRS89 / Portugal TM06
O passo seguinte é eliminar as quadrículas que não
Este passo é executado no GRASS:
correspondem ao Algarve, por forma a criar uma
shapefile de quadrículas efectivamente algarvias. Processing >>> Toolbox >>> GRASS >>> Vector (v.*) >>>
v.select

A funcionalidade v.select permite


seleccionar numa shapefile as features que
têm uma posição coincidente com outra
Operator to use shapefile.
OVERLAP
Assim, vão-se identificar as quadrículas
para as features das duas criadas no passo anterior que coincidem
shapefiles que têm com o distrito de Faro...
posições coincidentes, ou
seja, se sobrepõem.

Nova Shapefile

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GRELHA ETRS89 / Portugal TM06
A amarelo torrado a grelha ETRS89 / Portugal TM06 com as quadrículas de 2 km de lado, ou seja, 4 km2,
que coincidem, efectivamente com o limite geográfico do Algarve.

X= -78000; Y = -236000 X= 66000; Y = -236000

X= -78000; Y = -302000 X= 66000; Y = -302000

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GRELHA ETRS89 / Portugal TM06
Na Tabela de Atributos da shapefile
deve ser criado um ID para
identificar cada uma das
quadrículas.

Para além do ID existem quatro


colunas:
‘left’
‘bottom’
‘right’
‘top’
que são geradas automa-
ticamente quando é
criada a própria
shapefile, através da
funcionalidade do
MMQGIS.

Na imagem à direita
está representada
uma parte do
Algarve,
com os ID
Download da shapefile com a
visíveis grelha de 2 km2 em
sobre as ETRS89 / PT TM06 relativa
quadrículas. ao Algarve AQUI (Dropbox).

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TEMA
base de dados da espécie

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base de dados...
Este é um extracto da base de
dados que está a ser utilizada.

Cada registo (linha) tem sete


atributos (colunas): latitude,
longitude, species, stage, year,
family e source.

Para que possa importada para o


QGIS é necessário:
1. converter o ficheiro
*.csv extraído da base de
dados numa shapefile
2. transformar essa
shapefile para o mesmo
CRS da grelha, ou seja
EPSG: 3763.
De notar que a base de dados
tem coordenadas geográficas
em formato decimal (EPSG:
4326).

O objectivo geral deste e


dos próximos passos é
identificar as quadrículas de
2 km de lado em que
ocorreram observações da
espécie a representar...

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TEMA A CARTOGRAFAR
Para que se possa preparar uma shapefile de A funcionalidade do QGIS que vai ser utilizada para tal
quadrículas a partir da shapefile de pontos é:
proveniente da base de dados o primeiro passo
será, a cada registo (observação), adicionar o ID Vector >>> Data Management Tools >>> Join
da quadrícula em que se integra. Attributes by Location...

Os triângulos verdes correspondem a locais (pontos) onde foi observada No total, consultando a base de
a espécie de libélulas e cuja distribuição irá agora ser representada. dados e este mapa, são 73
É possível verificar que há quadrículas sem nenhuma observação, quadrículas com uma observações distribuídas por 32
observação e quadrículas com mais do que uma observação. quadrículas..

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TEMA A CARTOGRAFAR
A Base Layer é a shapefile
que contém os registos
(observações) da espécie a
representar.

A Join Layer é a shapefile


que contém a grelha
ERTS89 PT TM06 2 km.

Procuram-se as
intercepções (intersects)
entre as duas shapefiles.

O(s) atributo(s) a adicionar


à Base Layer, proveniente(s)
da Join Layer.

O tipo de Join.

Nova Shapefile

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TEMA A CARTOGRAFAR
À direita, um extracto da Tabela de Atributos já
com o resultado do Join Attributes by Location...

Manteve-se o mesmo número de registos e no final


de cada observação passou a estar indicado o ID da
quadrícula em que a observação se integra.

Continua a ser, obviamente, válida a constatação de que


há quadrículas sem qualquer observação, quadrículas
com apenas uma observação e quadrículas com mais do
que uma observação...

Para concluir a preparação da shapefile final é


agora necessário exportar, uma vez mais, a actual
shapefile como *.csv.

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TEMA A CARTOGRAFAR
Depois de exportado o *.csv vai fazer-se a sua
junção com a shapefile da quadrícula de 2 km,
através do Plugin MMQGIS:

MMQGIS >>> Combine >>>


>>> Attributes Join from CSV File

O atributo ID, comum à shapefile e ao ficheiro *.csv,


servirá como elemento de ligação entre a Layer e o file.

Ao se executar este último passo vai criar-se uma nova


shapefile, de grids (quadrículas de 2 km, neste caso),
em que cada registo é uma observação!

Neste mapa estão bem visíveis as quadrículas onde há


observações. Mas, note-se, são apenas 32 quadrículas e
um total de 73 observações diferentes...

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MAPA DE DISTRIBUIÇÃO
da espécie de libélulas

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Distribuição da Libélula Oxygastra curtisii
No passo anterior terminou-se a preparação da A representação adequada da informação a
shapefile final com toda a informação a divulgar. divulgar é conseguida através funcionalidades do
QGIS, para criar a Legenda.
Agora falta apenas produzir um output que seja
adequado para publicar (ou seja, tornar público). Neste tutorial, os critérios para a elaboração da
Legenda são:
Tal objectivo cumpre-se através de duas vertentes 1. separar as observações de um determinado
distintas: observador (N S Loureiro) de todas as
● representação adequada da informação a observações dos outros observadores,
divulgar, 2. distinguir os diversos estadios (stage) no ciclo
● utilização de uma shapefile de background, de vida da espécie, tomando-os como
adequada, para ajudar a contextualizar e indicadores mais ou menos relevantes da
enquadrar o tema principal. presença como residente da espécie.

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Distribuição da Libélula Oxygastra curtisii
A configuração da Legenda é feita em:
No QGIS a configuração da Legenda é feita em três em
Layer >>> Properties... >>> Symbology componentes distintas:
● símbolo (Symbol)
Num primeiro passo, como se pretende uma ● valor (Value)
Legenda estruturada segundo os critérios já ● descrição (Legend)
indicados, é necessário recorrer a um tipo que usa
Rule-based symbols.

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Distribuição da Libélula Oxygastra curtisii
Estabelecer as classes ou categorias a representar é
sempre a primeira tarefa. Neste exercício optou-se
por cinco:
● Imago(es) oviposition - NSL records
Para se criarem cinco classes
● Imago - NSL records começa-se por se carregar As classes vão surgindo uma a uma, com um
● Exuvia - NSL records cinco vezes no botão símbolo (Symbol) simples e aleatório, e com a
● Larva - NSL records descrição (Label) e o valor (Filter) em branco.
● Records from other sources +

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Distribuição da Libélula Oxygastra curtisii
Estabelecer as classes ou categorias a representar é
sempre a primeira tarefa. Neste exercício optou-se
por cinco:
● Imago(es) oviposition - NSL records
● Imago - NSL records Seguidamente preenchem-se, um a um, os
● Exuvia - NSL records campos com a descrição (Label) de cada uma
● Larva - NSL records das cinco classes.
● Records from other sources

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Distribuição da Libélula Oxygastra curtisii
Estabelecer as classes ou categorias a representar é
sempre a primeira tarefa. Neste exercício optou-se
por cinco:
Depois é necessário configurar, um a um, os
● Imago(es) oviposition - NSL records símbolos, que são constituídos, numa versão
● Imago - NSL records simples, pela cor (Fill color) e estilo (Fill style) de
● Exuvia - NSL records preenchimento e pelo respectivo limite (Stroke
● Larva - NSL records color e Stroke width).
● Records from other sources

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Distribuição da Libélula Oxygastra curtisii
Estabelecer as classes ou categorias a representar é
sempre a primeira tarefa. Neste exercício optou-se
por cinco:
● Imago(es) oviposition - NSL records
● Imago - NSL records Por último é necessário preencher, para cada
● Exuvia - NSL records classe, a regra (Rule) para seleccionar as
observações que se pretendem incluir nessa
● Larva - NSL records classe...
● Records from other sources

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Distribuição da Libélula Oxygastra curtisii
Depois de concluída a configuração da Legenda o mapa começa a apresentar a
distribuição da espécie de acordo com o pretendido...

Não esquecer que é possível (recomendável) criar um ficheiro de estilo (Style) para guardar de
forma permanente todos os passos executados durante a configuração da Legenda. Para tal:

Layer >>> Properties... >>> Symbology >>> Style >>> Save Style...

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Distribuição da Libélula Oxygastra curtisii

Nesta representação final utilizaram-se como background layers o DTM (modelo digital do terreno)
do Algarve, os limites administrativos dos 16 concelhos, a localização e nome das respectivas
sedes, e algumas classes da COS 2015 relativas a zonas húmidas e planos de água.
Sobreposta a toda esta informação de base está a layer temática relativa à distribuição da espécie
de libélulas (Oxygastra curtisii) que serviu de exemplo para este tutorial...

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ligações úteis
● QGIS (Quantum GIS) - ligação
● Universidade do Algarve - ligação
● QGIS - tutoriais by nsloureiro.pt - ligação

Se tiver dúvidas, quiser fazer sugestões ou recomendar alterações não deixe de contactar!

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