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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN

CAMPUS AVANÇADO DE PAU DOS FERROS - CAPF


Departamento de Economia - DEC
Programa de Pós Graduação em Planejamento e Dinâmicas Territoriais no
Semiárido – PLANDITES
Curso de Mestrado Acadêmico em Planejamento e Dinâmicas Territoriais no
Semiárido

JOSÉ HENRIQUE MACIEL DE QUEIROZ

GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOS MUNICÍPIOS DO SEMIÁRIDO: ESTUDO DE


CASO DAS ESTAÇÕES DE TRANSBORDO DE SÃO MIGUEL E JOSÉ DA PENHA-RN

PAU DOS FERROS - RN


2022
JOSÉ HENRIQUE MACIEL DE QUEIROZ

GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOS MUNICÍPIOS DO SEMIÁRIDO: ESTUDO DE


CASO DAS ESTAÇÕES DE TRANSBORDO DE SÃO MIGUEL E JOSÉ DA PENHA-RN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação


em Planejamento e Dinâmicas Territoriais no Semiárido
- PLANDITES, da Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte – UERN, do Campus Avançado de Pau
dos Ferros – CAPF, como requisito necessário à obtenção
de título de Mestre em Planejamento e Dinâmicas
Territoriais no Semiárido. Área de concentração:
Território do Semiárido. Linha de Pesquisa: Dinâmicas
Territoriais no Semiárido.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Luís de Oliveira Pinto Filho

PAU DOS FERROS - RN


2022
© Todos os direitos estão reservados a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. O conteúdo desta obra é de
inteira responsabilidade do(a) autor(a), sendo o mesmo, passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam
infringidas as leis que regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei n° 9.279/1996 e Direitos
Autorais: Lei n° 9.610/1998. A mesma poderá servir de base literária para novas pesquisas, desde que a obra e seu(a)
respectivo(a) autor(a) sejam devidamente citados e mencionados os seus créditos bibliográficos.

Catalogação da Publicação na Fonte.


Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

Q3g Queiroz, José Henrique Maciel de


Gestão dos resíduos sólidos dos municípios do
Semiárido: estudo de caso das estações de transbordo de
São Miguel e José da Penha-RN. / José Henrique Maciel
de Queiroz. - Pau dos Ferros, 2022.
162p.

Orientador(a): Prof. Dr. Jorge Luís de Oliveira Pinto


Filho.
Dissertação (Mestrado em Programa de Pós-
Graduação em Planejamento e Dinâmicas Territoriais no
Semiárido). Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte.

1. Resíduos Sólidos Urbanos. 2. Gestão Ambiental. 3.


Impactos Ambientais. I. Pinto Filho, Jorge Luís de Oliveira.
II. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. III.
Título.

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido
pela Diretoria de Informatização (DINF), sob orientação dos bibliotecários do SIB-UERN, para ser adaptado às
necessidades da comunidade acadêmica UERN.
JOSÉ HENRIQUE MACIEL DE QUEIROZ

GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOS MUNICÍPIOS DO SEMIÁRIDO: ESTUDO DE


CASO DAS ESTAÇÕES DE TRANSBORDO DE SÃO MIGUEL E JOSÉ DA PENHA-RN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação


em Planejamento e Dinâmicas Territoriais no Semiárido
- PLANDITES, da Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte – UERN, do Campus Avançado de Pau
dos Ferros – CAPF, como requisito necessário à obtenção
de título de Mestre em Planejamento e Dinâmicas
Territoriais no Semiárido. Área de concentração:
Território do Semiárido. Linha de Pesquisa: Dinâmicas
Territoriais no Semiárido.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Luís de Oliveira Pinto Filho

Dissertação defendida e aprovada em: 18/08/2022.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________
Prof. Dr. Jorge Luís de Oliveira Pinto Filho (Orientador/Presidente)
Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA

Larissa da Silva Ferreira Assinado de forma digital por Larissa


da Silva Ferreira Alves:04880332410
Alves:04880332410 Dados: 2022.09.12 20:09:25 -03'00'
_____________________________________
Profa. Dra. Larissa da Silva Ferreira Alves (Avaliadora Interna)
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN
Assinado de forma digital por Alex
Alex Pinheiro Feitosa Pinheiro Feitosa
_____________________________________
Dados: 2022.09.12 14:41:45 -03'00'

Prof. Dr. Alex Pinheiro Feitosa (Avaliador Externo)


Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais Adonias Ribeiro e Maria Correia e aos meus
irmãos Janailson Marciel, Janaina Maciel e Apollo Bruno por todo o carinho e apoio prestados
ao longo da minha vida.
Agradeço ao meu orientador Jorge Luís que cumpriu com maestria o papel atribuído a
ele, pela atenção dedicada, seus conhecimentos investidos e sua amizade.
Agradeço à banca examinadora por se dispor a contribuir com o trabalho de forma a
melhorar sua qualidade e incentivar a produção e difusão do conhecimento científico.
Aos demais que contribuíram em algum momento desta pesquisa, com destaque para os
gestores municipais e os moradores das comunidades visitadas, pela disponibilidade e
informações concedidas. Essa participação foi de extrema importância para o sucesso da
pesquisa.
Aos colegas do Mestrado, com os quais pude compartilhar muitos momentos desta
jornada acadêmica, apesar das limitações do ensino remoto.
Ao Corpo Docente e à Secretaria do PLANDITES, por ter contribuído ativamente para
esta realização, também pela sua dedicação ao programa, disponibilidade, carinho e respeito.
“Num país como o Brasil, manter a esperança
viva é em si um ato revolucionário”.
Paulo Freire
RESUMO

A gestão ambientalmente adequada de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) é um desafio para


muitos municípios brasileiros, mesmo após mais de uma década da promulgação da Lei n°
12.305/2010. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi analisar a gestão ambiental dos
resíduos sólidos dos municípios das Estações de Transbordo de São Miguel e José da penha, no
Rio Grande do Norte, e suas consequências socioambientais. A pesquisa teve abordagem quali-
quantitativa, realizando um estudo de caso que possui como objetos de estudo os municípios de
São Miguel, José da Penha, Coronel João Pessoa, Venha-Ver, Riacho de Santana, Major Sales,
Paraná e Luís Gomes, todos de pequeno porte e localizados na região do Alto Oeste Potiguar.
Os resultados revelaram modelos de gestão de RSU obsoletos, ausência de instrumentos legais,
raras ações de sensibilização e educação ambiental da população quanto à problemática,
ausência de sistemas de informações ambientais, além de deficiências no gerenciamento, com
a ausência de coleta seletiva, utilização de veículos inadequados para o transporte e a destinação
final em lixões a céu aberto. Consequentemente, as áreas de destinação de resíduos apresentam
sérios impactos ambientais que afetam a qualidade do solo, do ar e dos recursos hídricos,
causam interferência nos ecossistemas, na fauna na flora e impactam o meio antrópico com a
geração de incômodos à população e alteração da paisagem. As comunidades próximas, são as
mais prejudicadas com o modelo de gestão atual, mas percebem apenas alguns dos impactos
ambientais resultantes dos lixões e dos riscos existentes nas áreas. O conhecimento desse
cenário possibilitou a formulação de ações para a melhoria da gestão de RSU nos municípios.
Portanto, fica um alerta para a urgência de políticas públicas para a solução dos problemas
identificados, tanto para o atendimento dos requisitos legais, quanto para a preservação
ambiental e a melhoria da qualidade de vida da população.

Palavras chave: Resíduos Sólidos Urbanos; Gestão Ambiental; Impactos Ambientais.


ABSTRACT

The environmentally sound management of Urban Solid Waste (MSW) is a challenge for many
Brazilian municipalities, even after more than a decade of the enactment of Law No.
12305/2010. Thus, the objective of this work was to analyze the environmental management of
solid waste in the municipalities of the São Miguel and José da Penha Transshipment Stations,
in Rio Grande do Norte, and its socio-environmental consequences. The research had a
qualitative-quantitative approach, carrying out a case study that has as objects of study the
municipalities of São Miguel, José da Penha, Coronel João Pessoa, Venha-Ver, Riacho de
Santana, Major Sales, Paraná and Luís Gomes, all small and located in the region of Alto Oeste
Potiguar. The results revealed obsolete MSW management models, absence of legal
instruments, rare actions to raise awareness and environmental education of the population
regarding the problem, absence of environmental information systems, in addition to
deficiencies in management, with the absence of selective collection, use of vehicles unsuitable
for transport and final disposal in open-air dumps. Consequently, waste disposal areas have
serious environmental impacts that affect the quality of soil, air and water resources, cause
interference in ecosystems, fauna and flora and impact the anthropic environment with the
generation of inconvenience to the population and alteration of the landscape. The nearby
communities are the most harmed with the current management model, but they perceive only
some of the environmental impacts resulting from the dumps and the existing risks in the areas
and the knowledge of this scenario made it possible to formulate actions to improve the
management of MSW in the municipalities. Therefore, there is an alert for the urgency of public
policies to solve the identified problems, both to meet legal requirements, as well as for
environmental preservation and improvement of the population's quality of life.

Keywords: Urban Solid Waste; Environmental Management; Environmental Impacts.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Coleta de RSU nas regiões. ....................................................................................... 25


Figura 2: Índice de cobertura da coleta de RSU no Brasil e regiões. ....................................... 25
Figura 3: Plano Estadual de Resíduos Sólidos do RN. ............................................................. 34
Figura 4: Ordem de prioridade da gestão de resíduos sólidos. ................................................. 37
Figura 5: Organização dos planos de resíduos sólidos. ............................................................ 38
Figura 6: Localização dos municípios das estações de transbordo de São Miguel e José da
Penha/RN. ................................................................................................................................. 55
Figura 7: Diagrama das etapas da pesquisa. ............................................................................. 59
Figura 8: Tipos de veículos utilizados na coleta de RSU. ........................................................ 67
Figura 9: Lixões e suas estruturas............................................................................................. 82
Figura 10: Lixões e suas características. .................................................................................. 84
Figura 11: Lixões e seus impactos ambientais. ........................................................................ 87
Figura 12: Localização das áreas de destinação final de resíduos sólidos. .............................. 88
Figura 13: Lixões e seus impactos socioeconômicos. .............................................................. 91
Figura 14: Orthomosaicos dos lixões dos municípios pesquisados. ......................................... 94
Figura 15: Perfis topográficos dos lixões dos municípios pesquisados. .................................. 96
Figura 16: Impactos ambientais dos lixões. ........................................................................... 103
Figura 17: Distância dos lixões às comunidades. ................................................................... 105
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Regionalização da gestão de resíduos sólidos no RN. ............................................ 33


Quadro 2: Legislação municipal relativa à gestão de resíduos sólidos. ................................... 35
Quadro 3: Etapas do gerenciamento de resíduos sólidos. ........................................................ 38
Quadro 4: Identificação dos artigos analisados e dos desafios da gestão de RSU. .................. 40
Quadro 5: Principais dificuldades, desafios e avanços da gestão de RSU em municípios de
pequeno porte. .......................................................................................................................... 50
Quadro 6: Número de formulários aplicados por comunidade................................................. 56
Quadro 7: Serviço de coleta de RSU dos municípios. .............................................................. 66
Quadro 8:Ações da operadora dos serviços de coleta domiciliar e limpeza urbana. ................ 69
Quadro 9: Participação popular na gestão. ............................................................................... 73
Quadro 10: Destinação final dos resíduos sólidos. ................................................................... 75
Quadro 11: PMGIRS e política municipal de gestão de RSU. ................................................. 78
Quadro 12: Matriz de interação dos impactos ambientais nas áreas dos lixões. .................... 100
Quadro 13: Perfil socioeconômico das comunidades. ............................................................ 109
Quadro 14: Características do saneamento ambiental das comunidades. .............................. 113
Quadro 15: Percepção ambiental da população das comunidades investigadas. ................... 116
Quadro 16: Percepção ambiental da população das comunidades investigadas. ................... 119
Quadro 17: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de São Miguel. .... 121
Quadro 18: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de Coronel João
Pessoa. .................................................................................................................................... 122
Quadro 19: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de Venha-Ver e Paraná.
................................................................................................................................................ 122
Quadro 20: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de José da Penha e
Riacho de Santana e Luís Gomes. .......................................................................................... 122
Quadro 21: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de Major Sales. ... 123
Quadro 22: Matriz de gestão ambiental para os municípios de São Miguel e Major Sales. .. 126
Quadro 23: Matriz de gestão ambiental para os municípios de Coronel João Pessoa, José da
Penha, Luís Gomes e Paraná. ................................................................................................. 127
Quadro 24: Matriz de gestão ambiental para os municípios de Venha-Ver e Riacho de Santana.
................................................................................................................................................ 128
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Síntese do resultado das buscas nas bases de dados. ................................................ 40


Tabela 2: Dados demográficos dos municípios. ....................................................................... 58
Tabela 3: Dados econômicos dos municípios........................................................................... 58
Tabela 4: Dados ambientais dos municípios. ........................................................................... 58
Tabela 5: Nº de funcionários para os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
.................................................................................................................................................. 71
Tabela 6: Distâncias dos lixões ao perímetro urbano. .............................................................. 89
Tabela 7: Características dos voos nos lixões analisados. ........................................................ 92
Tabela 8: Áreas dos lixões estudados. ...................................................................................... 95
Tabela 9: Distâncias dos lixões às comunidades. ................................................................... 106
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

5W2H - What, Why, Where, When, Who, How and How much
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
AIA - Avaliação de Impactos Ambientais
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CAAE - Certificado de Apresentação de Apreciação Ética
CAERN - Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CE - Ceará
CEP - Comitê de Ética de Pesquisa
CIGRESCOR - Consórcio Intermunicipal para a Gestão dos Resíduos Sólidos do Cariri
Oriental e Região
CNS - Conselho Nacional de Saúde
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
DJI - Da-Jiang Innovations
EPI - Equipamento de proteção individual
EURE - Revista Latinoamericana de Estudios Urbano Regionales
FUNASA - Fundação Nacional de Saúde
GECIAMS - Grupo de Estudos em Ciências Ambientais do Semiárido
GO - Goiás
GPS - Sistema de Posicionamento Global
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICGRA - Índice de Condição de Gestão de Resíduos Atualizado
IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
IFPB – Instituto Federal da Paraíba
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPTU - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
ISA - Indicador de Salubridade Ambiental
ISO - International Organization for Standardization
LCA - Lei de Crimes Ambientais
MDS - Modelo Digital de Superfície
MG - Minas Gerais
MS - Ministério da Saúde
NBR - Norma Brasileira
PB - Paraíba
PE - Pernambuco
PEGIRS/RN - Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Estado do Rio
Grande do Norte
PIB - Produto Interno Bruto
PIRS - Plano Intermunicipal de Resíduos Sólidos
PLANDITES - Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Dinâmicas Territoriais no
Semiárido
PMGIRS - Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
PNMA - Política Nacional do Meio Ambiente
PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos
PNSB - Política Nacional de Saneamento Básico
PR - Paraná
RCC - Resíduos da Construção Civil
RCD - Resíduos de Construção e Demolição
RN - Rio Grande do Norte
RS – Rio Grande do Sul
RSS - Resíduos de Serviços de Saúde
RSU - Resíduos Sólidos Urbanos
Scielo - Scientific Electronic Library Online
SEMARH - Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats
UERN - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
UFERSA - Universidade Federal Rural do Semi-Árido
VANT - Veículo Aéreo Não Tripulado
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15

1.1 CONTEXTO DA PESQUISA ........................................................................................ 15

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO ................................................................................................. 17

1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 18

1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA ........................................................................................ 20

1.4.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 20

1.4.2 Objetivos específicos .............................................................................................. 20

1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA ...................................................................................... 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 22

2.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS ................................................. 22

2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................... 26

2.3 ASPECTOS LEGAIS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ...................................................... 30

2.3.1 Nível nacional.......................................................................................................... 30

2.3.2 Nível estadual .......................................................................................................... 32

2.3.3 Nível municipal ....................................................................................................... 34

2.4 GESTÃO AMBIENTAL PARA RESÍDUOS SÓLIDOS .............................................. 35

2.5 DESAFIOS DOS MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE PARA ATENDIMENTO À


LEI N° 12.305/2010 .............................................................................................................. 39

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 52

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .............................................................................. 52

3.2 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E DA AMOSTRAGEM ........................... 54

3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS ESTUDADOS .......................................... 57

3.4 PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA ........................................................ 59

3.4.1 Coleta dos dados em campo .................................................................................. 61

3.4.2 Organização, tratamento e análise dos dados ...................................................... 63

3.5 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA........................................................................... 64


4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 65

4.1 DIAGNÓSTICO DA GESTÃO DE RSU NOS MUNICÍPIOS ..................................... 65

4.2 IMPACTOS AMBIENTAIS ASSOCIADOS À DESTINAÇÃO FINAL DOS RSU NOS


MUNICÍPIOS ....................................................................................................................... 79

4.3 PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS MORADORES PRÓXIMOS ÀS ÁREAS DE


DESTINAÇÃO FINAL ...................................................................................................... 103

4.4 PROPOSTAS DE MELHORIAS PARA A GESTÃO DE RSU DOS MUNICÍPIOS 120

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 132

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 135

ANEXO A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS GESTORES .................................... 148

ANEXO B – FORMULÁRIO APLICADO AOS MORADORES ................................... 157


15

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTO DA PESQUISA

A preocupação com a manutenção do meio ambiente em condições equilibradas e a


compatibilização das atividades econômicas e sociais que necessitam realizar a extração de
recursos naturais com os níveis de recuperação dos ecossistemas naturais, têm sido pautas
recorrentes entre estudiosos, gestores públicos, empresas e também com a sociedade de uma
forma mais ampla. Nas últimas décadas, ocorreram diversos eventos, reuniões, assembleias e
debates sobre a temática, em busca de soluções que minimizem os impactos ambientais, que
decorrem das ações antrópicas.
De acordo com Sousa (2018), essas discussões são realizadas em busca de alternativas
para o desenvolvimento econômico e social sem a deterioração do meio ambiente, uma vez que
ao longo da história a produção de bens de consumo e o acúmulo de capital relacionados à
exploração dos recursos naturais, cresceu de forma desordenada e degradadora.
Um dos problemas ambientais mais significativos da atualidade é a excessiva geração
de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), bem como a sua destinação final ambientalmente
inadequada. Como afirma Pereira (2014), os resíduos sólidos urbanos são originados de
diversas ações, uma vez que todo e qualquer processo gera resíduo, ora no processo produtivo,
ora no consumo, podendo ser ele mais ou menos poluente e/ou contaminador.
Ainda segundo Pereira (2014), no Brasil, o crescimento populacional e o crescimento
da economia contribuíram para o aumento da geração de RSU. O poder de compra das pessoas
foi impulsionado pelo sistema econômico vigente, favorecendo o consumo excessivo e
consequentemente, elevando os índices de descarte de produtos e poluindo cada vez mais o
meio ambiente.
Os hábitos da sociedade moderna também contribuem com o aumento da geração de
RSU. O ritmo de implementação de inovações tecnológicas nos produtos, a descontinuidade de
serviços de manutenção dos produtos, as falhas técnicas e a conveniência das pessoas em
consumir são fatores que colaboram para o rápido descarte dos produtos. De acordo com Jacobi
e Besen (2011), a obsolescência programada dos produtos, a descartabilidade e as mudanças no
consumo baseados no consumo excessivo e supérfluo, aumentam não só a quantidade de
resíduos gerados, como também sua periculosidade.
16

No mesmo sentido, Faria (2017) afirma que os problemas ambientais relacionados aos
resíduos sólidos são intensos devido ao crescimento industrial, adensamento populacional e
hábitos de consumo exagerado. Acrescenta ainda que a disposição inadequada de resíduos gera
uma série de impactos ambientais, visuais, sanitários e econômicos à região onde é realizada.
Diante deste preocupante cenário, surge a necessidade de promover ações de gestão
ambiental e gerenciamento dos resíduos sólidos de maneira compatível com os novos padrões
de consumo e descarte dos materiais (MARQUES, 2011). A gestão dos resíduos sólidos deve
ser realizada para que os impactos ambientais, decorrentes das atividades das empresas e do
ciclo de vida dos produtos, sejam minimizados ou evitados.
Para uma adequada gestão, devem ser tomadas precauções para a menor geração,
redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos. Além disso, é crucial implementar
soluções adequadas para a destinação final, pois quando realizada de maneira inadequada, pode
causar impactos como a geração de percolados, contaminação do solo e das águas superficiais
e subterrâneas, liberação de gases explosivos e que colaboram com o efeito estufa, entre outros
efeitos prejudiciais à saúde humana (MUCELIN; BELLINI, 2008).
Segundo Sousa (2018), a destinação final do RSU é o grande gargalo atual da cadeia de
sua gestão e apresenta-se como um problema desafiador a ser resolvido pelo poder público em
conjunto com a sociedade. Também afirma que a crescente e desordenada produção de resíduos
sólidos vem sendo considerada há algumas décadas, como o principal fator de degradação do
meio ambiente.
Com a instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010, houve
uma grande contribuição no sentido de promover uma gestão integrada dos resíduos sólidos,
sendo este o principal instrumento jurídico que norteia a gestão de resíduos sólidos no Brasil
atualmente. Ela impôs aos setores privado e público, bem como à sociedade novas dinâmicas
de ações e procedimentos para gestão ambiental adequada, além de determinar o fim dos lixões
no país, por ser uma das formas inadequadas de destinação final.
Ao longo dos anos, o prazo para cumprimento da meta de encerramento dos lixões foi
sendo postergada e consequentemente negligenciada pelos gestores públicos. Atualmente,
valem os prazos estabelecidos pela Lei n.º 14.026, de 15 de julho de 2020, os quais variam de
acordo com o tamanho da população dos municípios, com base no censo do IBGE de 2010,
podendo chegar até 2 de agosto de 2024, para municípios com população inferior a 50.000
habitantes.
Assim, muitos municípios brasileiros ainda não implementaram soluções adequadas
para gestão de seus resíduos, evidenciando assim uma problemática a ser discutida. Como os
17

resíduos sólidos podem causar diversos impactos no meio ambiente quando não geridos
adequadamente e principalmente, quando destinados de maneira ambientalmente inadequada,
o tema ganha importância nos cenários ambiental, social e administrativo. Nesse sentido,
pesquisas com esta, que buscou compreender o processo de gestão de resíduos em municípios
do semiárido brasileiro e propor ações para sua melhoria, contribuem para a superação dos
desafios atuais.

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO

De acordo com Da Rocha, Rocha e Lustosa (2017), a gestão dos RSU obedece a
dinâmicas muito diferentes dependendo dos produtos, das localidades, das possibilidades de
sua disposição, de seu reuso ou de sua reciclagem. As autoras acrescentam que é o poder local
que responde por essa gestão, com base em dinâmicas e compromissos específicos.
No presente estudo, os olhares voltam-se para a região do Alto Oeste Potiguar no estado
do Rio Grande do Norte (RN), onde os RSU, ainda são destinados para áreas de lixões, sem
qualquer tipo de preparação do solo no sentido de minimizar os possíveis impactos ambientais
associados. Mais especificamente, foram estudados os municípios de São Miguel, Coronel João
Pessoa, Venha-Ver, Riacho de Santana, José da Penha, Paraná, Luís Gomes e Major Sales.
Os municípios estudados possuem economia baseada nas atividades de agricultura,
pecuária, comércio e turismo. São realizados nos municípios, o cultivo do milho, feijão, fava,
cana-de-açúcar, banana, tomate, batata doce e mandioca e a criação de bovinos, suínos, ovinos
e caprinos (IDEMA, 2008). Todos possuem Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo
do IDH do Brasil, apresentando valores classificados como médio ou baixo para o índice. Além
disso, são municípios que possuem mais de 80% de suas receitas de fontes externas (IBGE,
2010).
Os 8 municípios foram selecionados tendo em vista o Plano Estadual de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos do Estado do Rio Grande do Norte – PEGIRS/RN apresentado
pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH) do RN no ano de
2012, que propõe a construção de uma estação de transbordo em São Miguel que receberá os
resíduos de Coronel João Pessoa e Venha-Ver; e outra estação em José da Penha que receberá
os resíduos de Riacho de Santana, Paraná, Luís Gomes e Major Sales.
Das duas estações de transbordo, o plano prevê que os resíduos serão encaminhados
para Pau dos Ferros, onde será construído um aterro sanitário para destinação final. A proposta
é que a gestão dos resíduos sólidos dos municípios ocorra de maneira consorciada, ou seja, por
18

meio do estabelecimento de um consórcio intermunicipal. No entanto, o consórcio ainda não se


encontra em operação.
Sobre a gestão dos resíduos sólidos nos municípios do Alto Oeste Potiguar, a mesma
segue a lógica dos municípios interioranos de baixa densidade populacional, enfrentando
muitas dificuldades para cumprir determinadas metas, como a eliminação e recuperação de
áreas de lixão. Conforme afirma Silva Filho (2019), embora a PNRS tendo sido instituída em
2010, o cenário presente na maioria dos municípios ainda é de gestão e gerenciamento
inadequado dos resíduos sólidos, com deficiências, por exemplo, em estabelecer sistemas de
tratamento e disposição final adequada, implantação de coleta seletiva e participação social.
Assim, muitos questionamentos podem ser levantados em relação à gestão ambiental
dos resíduos sólidos nos municípios estudados, sendo o principal deles: Por que ainda é um
desafio manter uma gestão de RSU eficiente nos municípios das estações de transbordo
de São Miguel e José da Penha/RN? Outras questões relevantes são: Quais as consequências
ou impactos ambientais associados à gestão de RSU atual? Como a população está sendo
afetada com esse processo? Que medidas podem ser adotadas para a melhoria da gestão
ambiental dos resíduos sólidos dos municípios?

1.3 JUSTIFICATIVA

O planejamento urbano e regional no semiárido brasileiro sofre influência da ação do


Estado por meio da atuação de políticas públicas, instrumentalização legal e aporte financeiro
a determinadas atividades, como se verifica nos mais diversos momentos da história. Também
é, em partes, determinado pelos interesses de outros atores, ou seja, as dinâmicas presentes
nesse território são construídas com base na ação de atores públicos e privados.
O estudo das ações que implicam diretamente na escala de planejamento territorial local
é uma abordagem importante, pois como enfatiza Brandão (2007) com a constituição de 1988
houve o reconhecimento dos municípios como entes federativos e isso trouxe para os mesmos
novas responsabilidades (maiores), porém sempre se questionou desde então, se os municípios
possuíam capacidade técnica e financeira para atender às suas próprias necessidades com essa
concepção localista.
Os municípios integrantes dessa pesquisa situam-se no Alto Oeste Potiguar, no interior
do Rio Grande do Norte. São áreas carentes de políticas públicas, que geralmente não são
enfoque de atuação do Estado, nem mesmo de pesquisas acadêmicas, o que gera um déficit de
conhecimento dos mesmos, impossibilitando intervenções efetivas. Podemos confirmar esse
19

cenário sobre a região, a partir do texto de Alves, Dantas e Souza (2018, p.05) que caracterizam
o Alto Oeste Potiguar como:
Local de histórica baixa densidade em atividades e em populações e região localizada
sobre limites de estados, cujo desenvolvimento e conjuntura socioeconômica são
definidos por essa condição, ou seja, regiões fora da lógica dos territórios receptores
de políticas de efetivo desenvolvimento, de modernização e de urbanização, mas que
atualmente passam por nova dinâmica.

Nesse sentido, cabe salientar que um dos pontos chaves do planejamento territorial é
proporcionar a descentralização demográfica, das atividades econômicas e da administração
pública, o que requer investimentos, pesquisas e ações direcionadas para municípios
interioranos. O Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Dinâmicas Territoriais no
Semiárido (PLANDITES), ao qual está vinculada esta pesquisa, atua com essa premissa, logo,
o desenvolvimento do estudo veio colaborar com o alcance desse objetivo.
Acrescenta-se a isso, a importância do debate sobre a gestão dos resíduos sólidos para
o meio ambiente e para a qualidade de vida da sociedade. A urgência pela busca de soluções
para os RSU é apontada por Rolnik (2012), pois ele observa a dimensão catastrófica da sua
situação nos municípios e nas regiões metropolitanas, e do atraso brasileiro no seu
enfrentamento. Para Silva Filho (2019), deixar a gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos
sob a responsabilidade de cada município, principalmente dos pequenos e médios, é ter a clareza
de que o problema no Brasil persistirá por mais longas décadas.
No âmbito pessoal, a pesquisa se mostrou importante, diante do interesse do autor pelo
aprofundamento do conhecimento sobre gestão de resíduos sólidos, evidenciado desde a
graduação na realização do projeto de extensão “Levantamento dos resíduos sólidos gerados na
feira livre de Pau dos Ferros/RN”. Foi também uma motivação pessoal, desenvolver pesquisas
no Alto Oeste Potiguar, campo de estudo do qual o autor possui vínculo identitário.
A pesquisa se mostra relevante, visto que os resultados obtidos podem servir como
instrumentos para proposta de políticas públicas de melhorias na gestão e gerenciamento dos
resíduos sólidos dos municípios envolvidos. O mapeamento das áreas de disposição final dos
resíduos possibilita futuras análises espaciais do ambiente; e a identificação da percepção
ambiental da população sobre a problemática, pode nortear ações futuras de educação
ambiental. De modo geral, a região de estudo se beneficiou com a elaboração de estudos
técnico-científicos que proporcionaram mais conhecimento sobre o seu território. Houve ainda
a contribuição científica, com a ampliação e divulgação dos conhecimentos sobre gestão
ambiental de resíduos sólidos no semiárido e sua importância.
20

1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.4.1 Objetivo geral

Analisar a gestão ambiental dos resíduos sólidos dos municípios das Estações de
Transbordo de São Miguel e José da penha, RN e suas consequências socioambientais.

1.4.2 Objetivos específicos

• Realizar diagnóstico da gestão de resíduos sólidos dos municípios das estações de


transbordo de São Miguel e José da penha, RN;
• Identificar os impactos ambientais do destino final de resíduos sólidos dos municípios
das estações de transbordo de São Miguel e José da penha, RN;
• Identificar a percepção ambiental dos atores sociais das áreas de destino final de
resíduos sólidos dos municípios das estações de transbordo de São Miguel e José da
penha, RN;
• Propor ações de gestão ambiental para a problemática de resíduos sólidos dos
municípios das estações de transbordo de São Miguel e José da penha, RN.

1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA

A dissertação foi estruturada em 5 capítulos, para melhor organização das informações


apresentadas. O primeiro capítulo é este, onde é feita a introdução da pesquisa, inicialmente
com a apresentação do contexto em que ela está inserida e em seguida delimitando a
problemática, a justificativa e os objetivos da pesquisa.
O segundo capítulo é o referencial teórico, ele foi dividido em 5 subseções, sendo elas:
aspectos gerais sobre resíduos sólidos; impactos ambientais dos resíduos sólidos; aspectos
legais dos resíduos sólidos; gestão ambiental para resíduos sólidos; e desafios dos municípios
de pequeno porte para atendimento à Lei n.° 12.305/2010 (PNRS).
O terceiro capítulo aborda os aspectos metodológicos empregados na pesquisa. Primeiro
é feita a classificação da pesquisa cientificamente, e depois é feita a delimitação da área de
estudo e dos públicos participantes da pesquisa de campo. Também é feita a caracterização dos
21

municípios objetos do estudo e detalhado o percurso metodológico, principalmente de coleta,


organização, tratamento e análise dos dados.
No quarto capítulo são apresentados os resultados obtidos e as discussões realizadas. O
capítulo é dividido em 4 subseções: diagnóstico da gestão de RSU nos municípios; impactos
ambientais associados à destinação final dos RSU nos municípios; percepção ambiental dos
moradores próximos às áreas de destinação final; e propostas de melhorias para a gestão de
RSU dos municípios.
Finalmente, o quinto capítulo encerra o trabalho, trazendo as considerações finais sobre
o mesmo. Em seguida são apresentadas ainda a lista de referências utilizadas ao longo do texto
e anexos contendo o questionário aplicado aos gestores municipais e o formulário aplicado aos
moradores.
22

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Com o intuito de sistematizar os conhecimentos referentes à temática de estudo, situar


a pesquisa nas discussões atuais sobre a gestão de resíduos sólidos, discutir as consequências
da gestão inadequada de resíduos, bem como fundamentar legalmente a problemática, foi
organizado este capítulo teórico, subdividido em 5 subseções, intituladas: aspectos gerais sobre
resíduos sólidos; impactos ambientais dos resíduos sólidos, aspectos legais dos resíduos
sólidos; gestão ambiental para resíduos sólidos; e desafios dos municípios de pequeno porte
para atendimento à Lei n° 12.305/2010.

2.1 ASPECTOS GERAIS SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS

São apresentadas a seguir, definições usuais para os termos “saneamento básico”,


“lixo”, “resíduos sólidos” e “resíduos sólidos urbanos”, as principais classificações dos resíduos
sólidos e dados sobre a geração e destinação de RSU no Brasil.
De acordo com a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, conhecida como Política
Nacional de Saneamento Básico, define-se saneamento básico como o conjunto de serviços
públicos, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água potável,
esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo de
águas pluviais urbanas.
O termo lixo não possui uma origem exata conhecida, porém Barbosa (2008) afirma que
a palavra “lixo” se deriva do latim lix, que significa cinza ou lixívia ou poderia ser também uma
derivação do verbo lixare, que vem do latim medieval e significa o ato de polir. A palavra
adquiriu conotação negativa ao longo da história, sendo utilizado atualmente para caracterizar
algum trabalho malfeito ou inacabado.
Resíduo sólido, por sua vez, é um termo utilizado frequentemente como sinônimo de
lixo e segundo Barbosa (2008) deriva do latim “residuu” e significa sobra de substâncias, sendo
acrescido do termo sólido para se diferenciar de outros tipos de resíduos, líquidos ou gasosos.
Também são frequentemente denominados Resíduos Sólidos Urbanos, tendo em vista a
grande quantidade de resíduos produzidos nos centros urbanos e a necessidade de promover
ações específicas para a gestão destes, buscando a manutenção da salubridade ambiental. Os
RSU são compostos pelos resíduos originados nas residências domésticas e aqueles
provenientes da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza
urbana.
23

Para entender melhor o que são resíduos sólidos, podemos recorrer à Política Nacional
de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei n.° 12.305, de 2 de agosto de 2010, a qual apresenta a
seguinte conceituação para resíduos sólidos:
material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em
sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado
a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em
recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010,
p. 02).

Corroborando com a PNRS, a Norma Brasileira (NBR) 10004:2004 intitulada


“Resíduos Sólidos – Classificação”, elaborada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) define resíduos sólidos como:
Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam
incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na
rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004, p.
01).

Ainda conforme ABNT (2004), esses resíduos podem ser classificados quanto ao grau
de periculosidade, nas seguintes categorias:
a) Classe I – São os resíduos considerados perigosos, por apresentarem periculosidade ou
características de inflamabilidade, corrosividade, patogenicidade, reatividade e
toxidade;
b) Classe II – Não são perigosos e subdividem-se ainda em Classe II A e Classe II B, onde
a Classe II A é composta por materiais não inertes, ou seja, que possuem características
como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água; enquanto que a
Classe II B engloba os materiais inertes, os quais devem ser submetidos a ensaios para
atestar essa característica.
Quanto à origem, Brasil (2010) classifica os resíduos sólidos, em: a) resíduos
domiciliares; b) resíduos de limpeza urbana; c) resíduos sólidos urbanos; d) resíduos de
estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços; e) resíduos dos serviços públicos de
saneamento básico; f) resíduos industriais; g) resíduos de serviços de saúde; h) resíduos da
construção civil; i) resíduos agrossilvopastoris; j) resíduos de serviços de transportes; e k)
resíduos de mineração. As definições para cada tipo de resíduo mencionado encontram-se no
art. 13 da PNRS.
24

Quanto à natureza física, os resíduos podem ser classificados como secos ou úmidos e
quanto à composição, podem ser orgânicos ou inorgânicos (LIMA, 2016). Também é
importante destacar que existe diferença entre a terminologia resíduo sólido e rejeito, sendo
esse último definido Por Brasil (2010, p. 02), art. 3, inciso XV, como: “resíduos sólidos que,
depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos
tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que
não a disposição final ambientalmente adequada”.
A problemática dos resíduos sólidos não é uma novidade da nossa época, desde o início
da história da humanidade tem sido produzidos resíduos. A forma como o homem foi lidando
com esses resíduos foi mudando, na medida em que mudavam também as suas atividades no
geral, hábitos e cultura. Infelizmente, com esse processo, a geração de resíduos só aumentou e
o problema tomou grandes proporções, principalmente nas últimas décadas.
No Brasil, a problemática atrelada à geração e gestão de resíduos sólidos se agravou,
tornando-se mais preocupante entre as décadas de 1940 e 1970, de acordo com Phillipi Jr. e
Aguiar (2005). Durante essas décadas, houve grande desenvolvimento econômico no país e a
infraestrutura de prestação de serviços públicos de saneamento não acompanhou o ritmo de
crescimento das cidades, que esteve atrelado ao aumento da população urbana. Dados do IBGE
(2010) mostram que neste período, até o ano de 2000, o crescimento da população urbana teve
um ritmo elevado, passando de cerca de 19 milhões de habitantes em 1950 (36,2% da população
brasileira) para mais de 137 milhões em 2000 (81,2 % da população brasileira).
Embora sejam notáveis os esforços do Governo Federal, Estados e Municípios em
melhorar os índices de coleta, tratamento e destinação final dos RSU, ainda existem grandes
desafios a serem enfrentados para melhoria da gestão no país. Nesse sentido, a Associação
Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) fornece dados
anuais relativos à geração e coleta de RSU no Brasil e individualmente em cada região e estado.
No último levantamento, ABRELPE (2020) expõe comparativos entre os índices de
geração e gestão de RSU no início e no fim da década de 2010, lembrando que a PNRS foi
instituída no ano de 2010 e também completou 10 anos de vigência no ano de 2020. Assim, os
resultados apresentados mostram os avanços obtidos nessa primeira década do marco legal.
Constatou-se que foram geradas 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos no Brasil
em 2019, apresentando assim, um aumento de aproximadamente 17,4% em relação a 2010, ano
em que foram geradas 67 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Desse montante gerado em
2019, estima-se que 92% (72,7 milhões de toneladas) foi coletado e que 59,5% (43,3 milhões
de toneladas) do quantitativo coletado foi destinado corretamente em aterros sanitários, o que
25

demonstra que ainda existem ineficiências no processo de gestão e destinação final dos mesmos.
Comparativamente, no ano de 2010, a cobertura da coleta foi de 88% (59 milhões de toneladas),
e dos resíduos coletados 56,8% (33,4 milhões de toneladas) receberam a destinação
ambientalmente adequada (ABRELPE, 2020).
A Figura 1 detalha a quantidade de resíduos sólidos urbanos coletados em cada região
no ano de 2019 e comparativamente, no ano de 2010. Já a Figura 2 expõe o índice de cobertura
da coleta de RSU no Brasil e nas regiões, também nos anos de 2019 e 2010.

Figura 1: Coleta de RSU nas regiões.

Fonte: ABRELPE, 2020.

Figura 2: Índice de cobertura da coleta de RSU no Brasil e regiões.

Fonte: ABRELPE, 2020.

Percebe-se da Figura 1 que a região que mais coleta resíduos sólidos por habitante
diariamente é a Sudeste, com 440,9 kg/hab/ano, enquanto o menor valor é referente à região
Norte que coleta 262,4 kg/hab/ano, sendo a média nacional de coleta 348,9 kg/hab/ano. Estes
26

números se tornam preocupantes, uma vez que quando geridos de forma inadequada, os
resíduos sólidos podem causar uma série de impactos negativos no meio ambiente. Importante
notar que em todas as regiões, entre 2010 e 2019, cresceu a quantidade de resíduos gerados,
assim como a quantidade coletada e o índice de cobertura da coleta.
No Estado do Rio Grande do Norte, foram geradas 844.245 toneladas de resíduos
sólidos em 2010 e 1.115.075 toneladas em 2019, ocorrendo assim um aumento de 32,1 % na
geração. A coleta total em 2010 foi de 715.400 toneladas, face às 992.070 toneladas coletadas
em 2019. O índice de cobertura da coleta no estado cresceu de 84,7 % para 89,0 % no mesmo
período (ABRELPE, 2020).
Portanto, percebe-se o quanto é importante desenvolver estudos e ações voltadas para o
diagnóstico e melhoria da gestão de resíduos sólidos, assim como se propõe esse trabalho. O
problema ainda está longe de ser superado e demanda muitas mudanças, não só de cunho
técnico-jurídico, como também de práticas e costumes da sociedade, pois como exposto, os
hábitos da sociedade moderna tendem a aumentar a exploração de matérias primas e a geração
de resíduos sólidos.

2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

A grande problemática relacionada à gestão de resíduos sólidos está associada a dois


fatores principais: 1) a geração exacerbada de resíduos e descarte inadequado culminam em
diversos impactos ambientais para o meio; 2) A maior produção de resíduos sólidos implica em
maior extração e consumo de recursos naturais pela sociedade, comprometendo a capacidade
do meio ambiente se recuperar naturalmente, o que em níveis críticos pode levar ao
esgotamento dos recursos e à morte do ecossistema.
Nesse sentido, faz-se necessário o conhecimento dos impactos ambientais causados
pelos resíduos sólidos, para articular estratégias de gestão para minimizá-los. É realizada a
discussão sobre esse tema a seguir, iniciando pelo entendimento dos termos “impacto
ambiental” e “Avaliação de Impactos Ambientais”, também chamada de AIA.
Existem diversas definições para o termo impacto ambiental, para Pigosso (2018),
tomando o meio ambiente como um sistema de relações, o impacto ambiental seria um abalo
sobre esse sistema. Para Sánchez (2013), impacto ambiental é qualquer alteração na qualidade
ambiental, resultante da modificação de processos naturais ou sociais provocada pela ação
humana.
27

Outro conceito muito aceito foi apresentado por Wathern (1988, p.7), que define
impacto ambiental como “a mudança de um parâmetro ambiental num determinado período e
numa determinada área, que resulta de uma dada atividade, comparada com a situação que
ocorreria se essa atividade não tivesse sido iniciada”. É uma concepção muito importante pois
implica que ao fazer uma avalição de impacto ambiental, não se deve comparar o cenário de
uma alteração prevista com a situação atual de determinado ecossistema e sim com a situação
futura, projetada sem a realização da alteração (SÁNCHEZ, 2013).
A legislação brasileira também traz sua conceituação sobre o termo. Definido no Art 1°
da Resolução n.° 001, de 23 de janeiro de 1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da
população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do
meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.
Nos estudos, os impactos ambientais costumam ser classificados de acordo com a sua
importância ou significância. No entanto, de acordo com Sánchez (2013), a determinação da
importância dos impactos ambientais é uma das fases mais difíceis dos estudos de impactos
ambientais, pois ela não depende apenas de trabalho técnico, mas também de um juízo de valor,
que deve ser realizado pelo profissional que está realizando o estudo e implica em uma
subjetividade envolvida. Essa subjetividade pode ser reduzida quando se especificam os
critérios utilizados para atribuir a importância aos impactos ambientais, o que pode ser feito de
acordo com os atributos dos impactos a serem analisados.
A Resolução CONAMA n.° 001, de 23 de janeiro de 1986, determina que a avaliação
de impactos ambientais deve considerar os seguintes atributos:
a) Impactos benéficos ou adversos;
b) Impactos diretos ou indiretos;
c) Impactos imediatos, a médio ou longo prazo;
d) Impactos temporários ou permanentes;
e) Impactos reversíveis ou irreversíveis;
f) Propriedades cumulativas ou sinérgicas dos impactos;
g) Distribuição dos ônus e benefícios sociais decorrentes do empreendimento.
A expressão Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), segundo Sánchez (2013),
também possui diversos significados e objetivos, que dependem da perspectiva, do ponto de
vista e do motivo que leva a avaliar impactos. No entanto, o mesmo autor afirma que as
28

definições existentes se diferenciam nas formulações, mas mantém em comum a essência da


AIA como instrumento ou procedimento que busca antever as possíveis consequências de uma
decisão.
Para Moreira (1985, p. 21), a AIA pode ser definida como:
[...] um instrumento de política ambiental formado por um conjunto de procedimentos
capazes de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático
dos impactos ambientais de uma ação proposta – projeto, programa, plano ou política
– e de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de forma adequada ao
público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles devidamente
considerados.

Para Ab’Saber (2006), a previsão de impactos ambientais tem a capacidade de antever


quadros futuros da organização do território, pode servir como um indicador da força de pressão
social dos grupos e também avaliar a legislação a respeito e sua aplicabilidade. É importante,
segundo o autor, para evitar consequências do uso incorreto de tecnologias ou de falsas
argumentações, bem como desordens provenientes das forças do capitalismo.
Pode-se perceber que, pela sua concepção, a AIA está sempre se referindo a previsão de
um estado futuro decorrente de ações planejadas ou iniciadas, no entanto, em determinadas
situações também pode haver o interesse em avaliar impactos ambientais decorrentes de ações
já ocorridas e que geraram algum prejuízo ao meio ambiente. Nesse caso, a análise é chamada
de avaliação de danos ambientais e diferencia-se um pouco da AIA em seus procedimentos
(SÁNCHEZ, 2013).
Segundo Mucelin e Bellini (2008) muitos dos impactos ambientais negativos associados
aos resíduos sólidos provêm da disposição destes em locais inapropriados como nas margens
das ruas, em fundos de vales em cursos d’água. Com isso, iniciam-se processos como o
assoreamento dos rios, formação de enchentes, poluição visual, contaminação do meio
ambiente, presença de maus odores e ainda a proliferação de vetores transmissores de doenças
como cães, gatos, baratas, ratos e moscas, vermes e outros.
Gama, Lima e Valones (2019) também afirmam que os RSU influenciam diretamente
na qualidade de vida da população dos municípios, pois o tratamento e disposição final deles,
quando feito de maneira incorreta, pode provocar prejuízos à saúde e segurança dos indivíduos,
na medida em que são o estopim para a proliferação de vetores de doenças infecciosas e
provocam degradação dos diversos compartimentos ambientais: água, ar, solo, fauna e flora.
Ainda que dispostos em um local específico, existe uma série de cuidados a serem
tomados para que os resíduos sólidos não produzam impactos ambientais negativos severos no
meio ambiente. De acordo com Marques (2011), a deposição de resíduos diretamente sobre o
solo depende de um estudo prévio acerca das condições em que o ambiente se encontra,
29

englobando análises hidrológicas, geológicas, ecológicas, culturais, topográficas, econômicas,


entre outras.
Caso não haja esse estudo, atestando cenário positivo para a deposição no local, poderão
haver graves consequências ao meio ambiente, tais como a degradação dos recursos naturais,
produção de líquidos de percolação (a depender do tipo de resíduo depositado), também
conhecidos como chorume, que poluem as águas superficiais e subterrâneas, a produção e
liberação de gases que contribuem com o efeito estufa ou ainda gases explosivos, degradação
visual e maus odores (MARQUES, 2011).
Lanza (2009) afirma que a produção de chorume e de gases são os principais problemas
causados pela decomposição dos resíduos, no entanto, existem muitos outros problemas
associados à sua má disposição, são eles: poluição das águas superficiais próximas e das águas
subterrâneas; poluição visual; presença de odores desagradáveis; presença de vetores, causando
doenças diretamente a catadores, população que trabalha no lixão, população do entorno e
indiretamente à população; presença de catadores precariamente organizados, inclusive
crianças; presença de gases de efeito estufa e explosivos, dioxinas e furanos devido à queima;
intensa degradação da paisagem; riscos de incêndio e a desvalorização imobiliária no entorno.
Logo, percebemos que um dos fatores mais importantes para a minimização de impactos
ambientais relacionados aos resíduos sólidos é sua disposição final ambientalmente adequada.
Nesse sentido, faz-se necessário conhecer as possíveis soluções utilizadas pelos municípios
para destinação dos RSU. Existem basicamente três principais formas de realizar essa
destinação, que é nos lixões, nos aterros controlados e nos aterros sanitários. A seguir são
apresentadas suas definições:
Lixão: considerada uma forma inadequada de disposição final de RSU pela PNRS.
Segundo Possamai et al. (2007), é uma descarga de resíduos sólidos sem tratamento sobre o
solo e sem adoção de qualquer medida de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. Um
dos fatores preocupantes é que muitos municípios do Brasil possuem áreas comprometidas por
causa desses vazadouros sem nenhum controle sanitário ou ambiental, poluindo o solo, ar e
recursos hídricos. Segundo a ABRELPE (2020), no ano de 2019, 40,5% dos resíduos sólidos
coletados no Brasil ainda foram destinados de forma inadequada.
Aterro controlado: De acordo com ABNT (1985), é uma técnica de disposição de RSU
no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos
ambientais. Esse método utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos,
cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho.
30

Embora, gerem menos impactos ambientais que os lixões, também não são considerados como
destinação ambientalmente adequada.
Aterro sanitário: Definido por ABNT (1996) como o processo utilizado para a
disposição de resíduos sólidos no solo, fundamentado em critérios de engenharia e normas
operacionais específicas, permite o isolamento seguro, em termos de controle de poluição
ambiental e proteção à saúde pública ou, forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos
no solo, por meio de confinamento em camadas cobertas com material inerte, geralmente solo,
segundo normas operacionais específicas, de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança, minimizando os impactos ambientais.

2.3 ASPECTOS LEGAIS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Diante da grande quantidade de resíduos sólidos gerados e os seus impactos ambientais


associados, tem-se discutido muito nas últimas décadas sobre estratégias para melhorar sua
gestão. Essa discussão perpassa naturalmente pelas esferas legislativa e executiva, resultando
no sancionamento de novas leis, decretos, normas técnicas, portarias, resoluções e planos que
regulam as atividades geradoras de resíduos no país.

2.3.1 Nível nacional

No Brasil atual, existe um arcabouço legal que regulamenta a gestão de resíduos sólidos
em território nacional, nele o principal instrumento legal vigente é a PNRS. Além dela, existem
outros instrumentos complementares com abrangência nacional, estadual e municipal, sendo
apresentados aqui os principais.
A Lei n.° 12.305, de 2 de agosto de 2010, conhecida como Política Nacional de Resíduos
Sólidos é o documento de ordem jurídica, decretado pelo Congresso Nacional, do qual dispõe
“sobre os princípios, objetivos e instrumentos, bem como as diretrizes relativas à gestão
integrada e ao gerenciamento dos resíduos sólidos” (BRASIL, 2010, p. 01). Ela trata da
responsabilidade do poder público em nível federal, estadual e municipal bem como dos
geradores de resíduos na sua gestão e dos instrumentos aplicáveis. Vem ainda definir princípios
importantes, por exemplo, o da prevenção e precaução, do poluidor pagador, da ecoeficiência,
da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, do reconhecimento do
resíduo como bem econômico e de valor social, do direito à informação e ao controle social.
31

A importância da Lei n.° 12.305/2010 para a gestão dos resíduos sólidos é evidente, uma
vez que se constitui como um marco regulatório nacional, disciplina o gerenciamento de
resíduos, além de estabelecer condições de acesso a fontes de recursos do governo federal e
definir orientações gerais para todos os entes federados, visando melhorias ambientais no
cenário nacional. Antes da aprovação da PNRS as normas sobre RSU eram muito dispersas,
parte se encontrando em leis, decretos, portarias e resoluções, principalmente do CONAMA e
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (NASCIMENTO NETO; MOREIRA,
2010).
A PNRS foi regulamentada pelo Decreto n.º 7.404, de 23 de dezembro de 2010. Alguns
anos depois, foi publicado também o Decreto n.º 9.177, de 23 de outubro de 2017, que
regulamentou o art. 33 da Lei n.º 12.305/2010, e complementou os art. 16 e art. 17 do Decreto
n.º 7.404, de 23 de dezembro de 2010 e deu outras providências. Ambos os decretos foram
revogados no ato da publicação do Decreto n.º 10.936, de 12 de janeiro de 2022, que também
regulamenta a Lei n.º 12.305/2010.
Também importante para a gestão de RSU, é a Lei n.° 11.107, de 6 de abril de 2005,
reconhecida amplamente como marco legal dos consórcios públicos no país. O regulamento
“dispõe sobre normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
contratarem consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum e dá outras
providências” (BRASIL, 2005, p.01). Dois anos depois, foi publicado o Decreto n.º 6.017, de
17 de janeiro de 2007, que Regulamenta a Lei n.º 11.107.
É importante salientar que estes instrumentos legais não instituíram os consórcios
públicos ou a gestão associada de serviços públicos, sendo que eles já estavam previstos na
Constituição Federal, mas foram importantes para dar segurança jurídica institucional para a
formação dos consórcios. A Lei n.º 11.107/2005 não trata diretamente do tema dos resíduos
sólidos, no entanto, traz as diretrizes que permitem a gestão compartilhada desses resíduos entre
entes federados. Atualmente, a cooperação federativa para a prestação de serviços de
saneamento básico é uma prática amplamente estimulada pelo poder público nacional.
A Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB), instituída pela Lei n.° 11.445, de 5
de janeiro de 2007, também é um marco legal a ser comentado, ela estabelece as diretrizes
nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. A Lei
apresenta a limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos como uma das quatro vertentes do
saneamento básico, enfatizando a importância do tema. Também traz definições importantes,
como a de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, em seu art. 3°, inciso I, c:
32

limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: constituídos pelas atividades e pela


disponibilização e manutenção de infraestruturas e instalações operacionais de coleta,
varrição manual e mecanizada, asseio e conservação urbana, transporte, transbordo,
tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos
domiciliares e dos resíduos de limpeza urbana. (BRASIL, 2005, p. 08).

Por último, devemos lembrar da publicação da Lei n.º 14.026, de 15 de julho de 2020,
que atualiza o marco legal do saneamento básico. Ela altera instrumentos legais importantes
anteriormente citados, como a Lei n.º 11.107/2005, para vedar a prestação por contrato de
programa dos serviços públicos de que trata o art. 175 da Constituição Federal, a Lei n.º
11.445/2007, para aprimorar as condições estruturais do saneamento básico no País, e a própria
PNRS, para tratar dos prazos para a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
Dessa forma, a Lei n.º 14.026, de 15 de julho de 2020, estabelece no art. 11 os novos
prazos para a adequação dos municípios quanto à disposição final ambientalmente adequada
dos rejeitos, onde institui que:
A disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos deverá ser implantada até
31 de dezembro de 2020, exceto para os Municípios que até essa data tenham
elaborado plano intermunicipal de resíduos sólidos ou plano municipal de gestão
integrada de resíduos sólidos e que disponham de mecanismos de cobrança que
garantam sua sustentabilidade econômico-financeira, nos termos do art. 29 da Lei nº
11.445, de 5 de janeiro de 2007, para os quais ficam definidos os seguintes prazos:
I - até 2 de agosto de 2021, para capitais de Estados e Municípios integrantes de
Região Metropolitana (RM) ou de Região Integrada de Desenvolvimento (Ride) de
capitais;
II - até 2 de agosto de 2022, para Municípios com população superior a 100.000 (cem
mil) habitantes no Censo 2010, bem como para Municípios cuja mancha urbana da
sede municipal esteja situada a menos de 20 (vinte) quilômetros da fronteira com
países limítrofes;
III - até 2 de agosto de 2023, para Municípios com população entre 50.000 (cinquenta
mil) e 100.000 (cem mil) habitantes no Censo 2010; e
IV - até 2 de agosto de 2024, para Municípios com população inferior a 50.000
(cinquenta mil) habitantes no Censo 2010. (BRASIL, 2020, p. 24 a 25).

Os municípios objetos deste estudo possuem população inferior a 50.000 habitantes, de


acordo com o censo de 2010 do IBGE, se enquadrando no inciso IV do art. 11 citado, logo
dispõem do prazo de até 2 de agosto de 2024 para implementar sua solução para a disposição
final ambientalmente adequada de rejeitos.

2.3.2 Nível estadual

A legislação de nível estadual também possui contribuições para a gestão de resíduos


sólidos, no âmbito do seu território, no entanto, o planejamento estadual com essa ênfase se
torna mais evidente somente após a promulgação da Lei n° 12.305/2010, tendo em vista as
33

novas exigências legais a serem atendidas pelos entes federados quanto à criação de Plano de
Gestão de Resíduos Sólidos e destinação final ambientalmente adequada de rejeitos.
Nesse sentido, o Governo do Estado promoveu esforços para a elaboração de
documentos oficiais norteadores o planejamento e gestão de resíduos em todo seu território.
Por meio da SEMARH, foi constituída uma parceria com o Ministério do Meio Ambiente e
estabeleceu-se a implementação do Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do
Estado do Rio Grande do Norte – PEGIRS/RN. O resultado desse plano foi apresentado em 11
Relatórios Produtos, conforme relaciona o Relatório Síntese – PEGIRS, datado de janeiro de
2012.
O objetivo da elaboração do PEGIRS/RN foi de definir estratégias para a gestão de
resíduos sólidos no Rio Grande do Norte, levando em conta todos os dados disponíveis sobre o
tema junto aos gestores e identificados também em trabalhos científicos, para assim conciliar
essas estratégias com a regulamentação de nível nacional aplicável, principalmente tratando-se
da Lei n.° 12.305/2010, a Lei n.° 11.445/2007 e a Lei n.° 11.107/2005. O Plano apresenta e
discute os “estudos de regionalização da gestão integrada de resíduos sólidos do estado do Rio
Grande do Norte e elaboração do plano regional de gestão integrada de resíduos sólidos
estadual” (RIO GRANDE DO NORTE, 2012).
Observa-se que o PEGIRS/RN possui dois princípios norteadores, que são: 1) a
construção das ações de forma participativa com os municípios, reflexo das ações públicas e
articulação com gestores municipais executadas desde a elaboração do plano; e 2) o
compartilhamento das soluções, a partir da formação de consórcios intermunicipais, visando
formar uma rede integrada abrangendo todo o Estado. Dessa forma, atendendo aos princípios
indicados, o estado dividiu seu território em 7 regionalizações, onde cada uma delas deverá
operar um aterro sanitário, são elas: Alto Oeste, Seridó, Agreste, Região Metropolitana, Mato
Grande, Assu e Mossoró.
No Quadro1 e na Figura 3 apresentam-se as 7 regionalizações citadas.

Quadro 1: Regionalização da gestão de resíduos sólidos no RN.


Região Quantidade de municípios Local do aterro sanitário
Seridó 25 Caicó
Alto Oeste 44 Pau dos Ferros
Assú 24 Assú
Metropolitano 8 Ceará Mirim
Mossoró 1 Mossoró
Agreste 39 Santo Antônio
Mato Grande 26 João Câmara
Fonte: Adaptado de Rio Grande do Norte, 2012.
34

Figura 3: Plano Estadual de Resíduos Sólidos do RN.

Fonte: Adaptado de Rio Grande do Norte, 2012.

No entanto, até a atualidade, o RN possui apenas dois aterros sanitários em operação, os


quais estão localizados nas cidades de Mossoró e Ceará Mirim. O aterro sanitário da Cidade de
Mossoró recebe resíduos apenas do próprio município, enquanto o de Ceará Mirim recebe e
destina também os resíduos de Natal, Ielmo Marinho, São Gonçalo do Amarante, Extremoz,
Macaíba, Parnamirim e Maxaranguape, todos localizados na região metropolitana do estado.
Portanto, os aterros sanitários atendem apenas 9 dos 167 municípios do Rio Grande do Norte.

2.3.3 Nível municipal

Na esfera municipal, a busca por regulamentos se deu nos sites do poder legislativo e
executivo dos municípios estudados. Para sintetizar os resultados encontrados, foi elaborado o
Quando 2, onde é indicado, para cada município, o órgão responsável pelos serviços de limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos e as leis que instituíram a política municipal de saneamento
básico e o plano municipal de saneamento básico, quando existentes.
35

Quadro 2: Legislação municipal relativa à gestão de resíduos sólidos.


Responsabilidade pelo Política Municipal de Plano Municipal de
Município
manejo de RSU Saneamento Básico Saneamento Básico
Secretaria Municipal de Lei Ordinária n.° Lei Ordinária n.°
São Miguel Transportes e Obras 063/2015, de 29 de junho 62/2015, de 29 de junho
Urbanas de 2015 de 2015
Secretaria Municipal de
Lei n° 109/2016, de 17
Coronel João Pessoa Obras e Serviços -
de maio de 2016
Urbanos
Secretaria Municipal de Lei n.° 313/2018, de 28 Lei n.° 315/2018, de 28
Venha-Ver
Obras de dezembro de 2018 de dezembro de 2018
Secretaria Municipal de
José da Penha - -
Obras e Urbanismo
Secretaria Municipal de
Lei Municipal n.°
Riacho de Santana Obras e Serviços -
0297/2017
Urbanos
Secretaria Municipal de
Lei Nº 288/2015, de 09 Lei nº 289/2015, de 09
Major Sales Obras e Serviços
de novembro de 2015 de novembro de 2015
Urbanos
Secretaria Municipal de Lei Municipal n.°
Luís Gomes Obras e Serviços 397/2017, de 14 de -
Urbanos dezembro de 2017
Secretaria Municipal de
Lei 441/2017, de 20 de
Paraná Obras e Serviços -
dezembro de 2017
Urbanos
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Diante de todos os instrumentos apresentados, observa-se a preocupação das três esferas


- federal, estadual e municipal - em estabelecer critérios para a gestão de resíduos sólidos.
Importante destacar que a política federal, embora bastante discutida desde a década de 1990,
só foi instituída em 2010, então só a partir daí os estados e municípios formularam suas políticas
e planos. As metas criadas em 2010, após flexibilizadas, permitiram que os municípios
estudados implementassem suas políticas de saneamento básico muito recentemente, a partir de
2015, sendo que 2 deles ainda não possuem o regulamento e apenas 2 municípios possuem o
Plano Municipal de Saneamento Básico.

2.4 GESTÃO AMBIENTAL PARA RESÍDUOS SÓLIDOS

A gestão ambiental, também chamada de administração ambiental, segundo Barbieri


(2017), compreende as diretrizes e atividades administrativas realizadas por determinada
organização com o objetivo de alcançar efeitos positivos sobre o meio ambiente. Esses efeitos
podem ser entendidos como, reduzir, eliminar ou compensar problemas ambientais decorrentes
da realização de suas atividades e evitar que outros venham a ocorrer no futuro.
Outra definição semelhante é apresentada por Gonzaga (2012), entendendo como o
conjunto de ações organizacionais e administrativas com o intuito de gerar efeitos positivos
36

diante dos impactos negativos ocorridos no meio ambiente, ainda que esses impactos não sejam
provenientes da operação da organização que promove a gestão. Quanto às ações, estas podem
ser realizadas de modo a mitigar os problemas existentes ou preveni-los, atentando-se ao
contexto socioeconômico local e a responsabilidade social da corporação.
Zuquette (1993) conceitua a gestão ambiental como a administração integrada de uma
região ou ambiente, com critérios de equilíbrio, promovendo o desenvolvimento e bem estar
dos seres humanos, através da melhoria da qualidade de vida e manutenção da disponibilidade
dos recursos naturais, sem esgotar e/ou deteriorar os recursos renováveis e sem destruir os não-
renováveis.
Quanto à gestão de resíduos sólidos, de acordo com Souza, Almeida e Santos (2009), é
constituída de um conjunto de ações, comportamentos, procedimentos e propósitos, realizadas
com o objetivo principal de reduzir ou eliminar impactos ambientais relacionados à produção e
destinação final dos rejeitos. Para elas, a redução desses impactos ambientais pode proporcionar
melhoria da qualidade de vida de população, da saúde pública e do bem estar social, reduzir
despesas com a recuperação de áreas degradadas, com a descontaminação da água e do ar
poluídos, propiciando a aplicação desses recursos econômicos em políticas públicas que
atendam outras necessidades da população.
Atualmente, já se utiliza outro conceito muito importante: o de gestão integrada de
resíduos sólidos. A gestão integrada se preocupa para além das atividades operacionais de
limpeza urbana, levando em conta questões econômicas e sociais influenciadas pela limpeza
urbana e orientando as políticas públicas que possam estar associadas ao gerenciamento do lixo,
sejam elas na área de saúde, trabalho e renda, planejamento urbano e outros (BRASIL, 2010).
As diretrizes apresentadas na Lei N° 12.305/2010 possuem como ideia central a
aplicação do conceito de gestão integrada de resíduos sólidos, definida pela própria PNRS
como: “conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma
a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social
e sob a premissa do desenvolvimento sustentável” (BRASIL, 2010, p. 02).
Uma das principais contribuições da PNRS foi o estabelecimento da ordem de
prioridade para a gestão de resíduos sólidos, sendo de caráter obrigatório. A ordem é: não
geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos. Na Figura 4 é ilustrada essa ordem de prioridade:
37

Figura 4: Ordem de prioridade da gestão de resíduos sólidos.

Fonte: Brasil, 2012.

Oliveira e Galvão Júnior (2016) observam que a não geração, a redução e a reutilização
somente alcançam resultados no longo prazo, pois envolvem forte componente de educação
ambiental e dependem de mudança comportamental da sociedade. A reciclagem, por sua vez,
já é realizada no país, porém em pequena escala e de forma não organizada, mas com potencial
para crescimento em função dos incentivos trazidos pela PNRS.
Gomes et al. (2014), afirmam que a PNRS traz três requisitos básicos para a gestão
ambiental adequada dos resíduos no Brasil que são: 1) Os planos de tratamento de resíduos
sólidos que devem ser elaborados pelo poder público e por empresas geradoras; 2) O princípio
de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, estando ela atrelada ao
governo juntamente com empresas e consumidores; e 3) A participação de catadores de
recicláveis e reutilizáveis no sistema de logística reversa. Os mesmos autores enfatizam que há
duas grandes dimensões de aplicação da lei: uma associada a gestão de resíduos industriais,
articulada por regulamentações específicas dos setores do mercado e expressa pelos planos de
gerenciamento de resíduos; e outra composta pela gestão municipal, expressa pelos planos
integrados municipais ou intermunicipais.
Quanto aos planos de gestão integrada de resíduos sólidos, estes são elaborados pelo
Governo Federal, Estadual e Municipal e empresas geradoras de resíduos e devem estar
articulados em todas as esferas do poder público e com as empresas. Os requisitos necessários
para cada plano são especificados na PNRS. Dessa forma, têm-se um conjunto de planos
organizados de maneira hierarquizada, conforme apresentado na Figura 5:
38

Figura 5: Organização dos planos de resíduos sólidos.

Fonte: Brasil, 2012.

A gestão dos resíduos sólidos deve assegurar o seu adequado gerenciamento, pois como
explica Leite (1997), o conceito de gestão de resíduos sólidos abrange atividades referentes à
tomada de decisões estratégicas e à organização do setor para esse fim, envolvendo instituições,
políticas, instrumento e meios. Dessa forma, uma vez definido um modelo de gestão de resíduos
sólidos, deve-se criar uma estrutura para o gerenciamento dos resíduos.
Corroborando com essa ideia Brollo e Silva (2001) afirmam que para desenvolver uma
gestão ambiental adequadamente formatada, é necessário cumprir as etapas de definição de uma
Política Ambiental, da organização do Planejamento Ambiental, e da execução da política
através do Gerenciamento Ambiental e do Manejo Ambiental.
Segundo Rocha, Santos e Navarro (2012) o gerenciamento de resíduos sólidos envolve
todo o seu manejo, que compreende desde a fases de coleta, transporte, acondicionamento,
tratamento até a disposição final, sendo necessário também o conhecimento do processo de
geração dos resíduos bem como da sua classificação, para assegurar a disposição adequada. O
Quadro 3 descreve as etapas do gerenciamento de resíduos sólidos.

Quadro 3: Etapas do gerenciamento de resíduos sólidos.


Etapa Descrição
Consiste no armazenamento dos resíduos em recipientes adequados, como lixeiras ou
Acondicionamento
contêineres.
Consiste na remoção dos resíduos sólidos, devidamente acondicionados. Deve ocorrer
de forma distinta conforme o tipo do resíduo (geralmente, comum e reciclável). Na
coleta dos resíduos comuns, utiliza-se o caminhão compactador, enquanto que para os
Coleta e Transporte recicláveis, utiliza-se um caminhão caçamba ou semelhante, de forma a não danificar o
resíduo reciclável. Em certos casos, a coleta pode ser feita sem os coletores (lixeira ou
contêiner), sendo realizada no que se chama sistema porta a porta, ou seja, o funcionário
recolhe o resíduo diretamente na residência.
Consiste no processo de separação dos materiais recicláveis do rejeito, separando o que
Triagem possui valor de venda. O processo de triagem geralmente ocorre articulado à coleta
seletiva.
Na reciclagem ocorre a transformação do resíduo em matéria-prima, novamente, em
Reciclagem e escala industrial. O tratamento quer seja mecânico, térmico ou biológico objetiva
Tratamento recuperar materiais, extrair energia dos resíduos ou conferir-lhes determinadas
características para um novo uso;
39

É a distribuição dos rejeitos em aterros sanitários, observando normas de segurança à


Disposição Final
saúde e minimização de impactos ambientais.
Fonte: Adaptado de Lima, 2016.

Essa discussão nos mostra que a gestão ambiental dos resíduos sólidos não é uma tarefa
simples e envolve uma série de atores vinculados ao poder público, empresas e sociedade. Os
objetivos da gestão integrada conforme propõe a PNRS, assim como as suas metas, são
ambiciosas, porém de extrema importância quando se pensa no futuro do planeta e da
humanidade. Os princípios da gestão vão se integrando às atividades econômicas e sociais dos
territórios à medida que se desenvolvem instrumentos legais, de planejamento e logística
operacional dos sistemas de gerenciamento de resíduos e é algo que demanda tempo de
adaptação e assimilação das novas necessidades.

2.5 DESAFIOS DOS MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE PARA ATENDIMENTO À LEI


N° 12.305/2010

Nesta seção, é apresentada a revisão sistemática da literatura sobre os desafios dos


municípios brasileiros de pequeno porte para atendimento à lei n.° 12.305/2010. As buscas dos
artigos científicos relacionados à temática foram realizadas na base de dados Scientific
Electronic Library Online (Scielo) e no Portal de Periódicos Capes. Foram utilizados os
seguintes descritores: Gestão Municipal, Resíduos Sólidos e Desafios. Filtraram-se os trabalhos
cuja publicação ocorreu entre 2010 e 2021 em língua portuguesa.
O recorte temporal de 2010 a 2021, foi definido desta forma com o objetivo de incluir
estudos publicados após a instituição da PNRS até o momento das buscas, realizadas em maio
de 2021. Sobre os resultados obtidos, aplicaram-se ainda os critérios de exclusão a seguir, de
forma a selecionar apenas os artigos que contribuíssem efetivamente com a resolução da
questão-problema do estudo:
• Artigos duplicados, apresentados como resultados nas buscas na mesma base de dados,
quando alterados os descritores pesquisados ou nas duas bases de dados pesquisadas
simultaneamente;
• Estudos sobre a gestão de resíduos sólidos em municípios com população superior a
50.000 habitantes, após verificação no censo demográfico de 2010 do IBGE.
• Estudos identificados sem relação direta com o tema da gestão de resíduos sólidos em
municípios brasileiros, após leitura e análise do título e resumo.
40

Os resultados quantitativos das buscas são apresentados na Tabela 1. Os 20 artigos


selecionados foram analisados e discutidos.

Tabela 1: Síntese do resultado das buscas nas bases de dados.


Base de dados Periódicos CAPES SciELO
Resultados da Artigos Resultados da Artigos
Descritores
busca selecionados busca selecionados
Gestão Municipal and
188 8 42 8
Resíduos Sólidos
Resíduos Sólidos and
215 4 19 0
Desafios
TOTAL 403 12 61 8
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

A publicação dos artigos selecionados ocorreu nos seguintes periódicos: Holos (6), Eng
Sanit Ambient (6), Ambiente & Água (1), Revista de Gestão em Sistemas de Saúde (1),
Meridiano 47 (1), Divulgação científica e tecnológica do IFPB (1), Revista de Gestão
Ambiental e Sustentabilidade (1), Revista Brasileira de Gestão Urbana (1), Ambiente
Construído (1) e EURE (1). Portanto, nota-se a predominância das publicações nas revistas
Holos e Eng Sanit Ambient, que constituíram juntas 60% dos artigos incluídos na revisão. No
Quadro 4 são apresentados os artigos selecionados, seus autores, ano de publicação, objetivos
e principais resultados identificados.

Quadro 4: Identificação dos artigos analisados e dos desafios da gestão de RSU.


Autor/ Desafios e/ou problemas
N° Título Objetivo
Ano identificados
1 BRANDÃO E IMPACTOS Analisar a viabilidade Inviabilidade financeira de
SILVA, 2011 ECONÔMICOS DA econômica de soluções implantação de aterros
IMPLANTAÇÃO DE ambientais para a individualizados na maior parte
ATERROS correta disposição e dos municípios brasileiros. Um
SANITÁRIOS tratamento de resíduos desafio é garantir que os estados
INDIVIDUAIS NOS sólidos para as cidades irão desenvolver e manter
MUNICÍPIOS brasileiras. consórcios sustentáveis.
BRASILEIROS
2 GONÇALVE A VIDA NO LIXO: Analisar o perfil dos Falta de articulação, inclusão e
S ET. AL., UM ESTUDO DE catadores de materiais controle das condições de
2013 CASO SOBRE OS recicláveis e suas exposição da saúde dos
CATADORES DE condições de trabalho catadores de lixo, por parte do
MATERIAIS no lixão do município governo municipal.
RECICLÁVEIS NO de Ipameri, estado de
MUNICÍPIO DE Goiás.
IPAMERI, GO
3 OLIVEIRA GESTÃO DE Avaliar os Falta de conhecimento das
ET. AL., 2013 RESÍDUOS DE procedimentos de normas técnicas vigentes pelos
SERVIÇOS DE gestão de resíduos de funcionários do hospital.
SAÚDE: AVALIAÇÃO serviços de saúde Necessidade de elaboração de
DOS realizados no hospital Plano de Gestão de RSS.
41

PROCEDIMENTOS da cidade de Guaporé,


ADOTADOS NO estado do Rio Grande
HOSPITAL DA do Sul.
CIDADE DE
GUAPORÉ-RS
4 RIZZON; DESAFIO NO Avaliar o processo de Falta de infraestrutura e de
NODARI; GERENCIAMENTO gerenciamento dos estrutura pública e/ou privada
REIS, 2015 DE RESÍDUOS EM RSS produzidos nos responsável pelos resíduos,
SERVIÇOS serviços públicos de desde a geração até a sua
PÚBLICOS DE saúde de um município destinação final; falta de
SAÚDE de pequeno porte informações sobre os resíduos;
pertencente à uso de técnicas inadequadas de
Macrorregião Serra do disposição final, baixa utilização
Rio Grande do Sul. de tratamentos prévios,
programas de reciclagem e
controles, além de onerosos
custos financeiros.
5 NASCIMENT EVOLUÇÃO E Abordar aspectos sobre São desafios: a expansão da
O ET. AL., DESAFIOS NO os RSU no Brasil, coleta e tratamento dos RSU, o
2015 GERENCIAMENTO considerando aqueles papel mais ativo da sociedade
DOS RESÍDUOS esperados para nos processos que envolvem a
SÓLIDOS URBANOS acontecer no setor separação dos resíduos e a
NO BRASIL público após a dificuldade da erradicação de
implementação da lixões e sua substituição por
PNRS. aterros sanitários
6 URBAN, 2016 ÍNDICE DE Analisar o panorama Restrições financeiras, e maior
ADEQUAÇÃO DO regional dos resíduos porcentagem de resíduos
GERENCIAMENTO sólidos urbanos, no destinada de forma inadequada
DE RESÍDUOS estado de São Paulo nos municípios de pequeno
SÓLIDOS URBANOS baseado em um índice porte.
COMO aplicado como
FERRAMENTA PARA ferramenta de
O PLANEJAMENTO: planejamento.
APLICAÇÃO NO
ESTADO DE SÃO
PAULO
7 INOUE; PADRÕES Discutir a questão dos Muitos municípios ainda sem
RIBEIRO, SUSTENTÁVEIS DE resíduos sólidos a PMGIRS. Necessidade de
2016 PRODUÇÃO E partir de uma melhor relação interfederativa
CONSUMO: perspectiva de em termos de orçamento para a
RESÍDUOS SÓLIDOS economia política gestão de RSU. Baixa
E OS DESAFIOS DE internacional e de participação da sociedade civil e
GOVERNANÇA DO governança ambiental dos movimentos sociais
GLOBAL AO LOCAL global, que é organizados, por exemplo a
considerada um integração com cooperativas de
processo, que envolve catadores de lixo.
múltiplos atores e
níveis de análise do
global ao local.
8 SILVA ET. POLÍTICA Analisar a Falta de estrutura física e pessoal
AL., 2016 NACIONAL DE implementação da para execução dos sistemas de
RESÍDUOS SÓLIDOS PNRS no município de gestão ambiental. Falta de
E SUA Rio Pomba/MG, em enquadramento normativo -
IMPLEMENTAÇÃO atendimento ao que plano municipal de gestão
NO MUNICÍPIO DE dispõe a Constituição integrada de resíduos sólidos.
RIO POMBA/MG da Federal de 1988 a Necessidade de criação da
respeito do direito associação dos catadores de
fundamental ao meio materiais reutilizáveis e
ambiente recicláveis.
42

ecologicamente
equilibrado.
9 COLVERO AVALIAÇÃO DA Realizar uma análise Inexistência de aterros sanitários
ET. AL., 2017 GERAÇÃO DE estatística dos em pequenos municípios. Foi
RESÍDUOS SÓLIDOS quantitativos dos verificado que quanto menores
URBANOS NO resíduos urbanos os municípios, maior a geração
ESTADO DE GOIÁS, gerados no estado de per capita de RSU, em
BRASIL: ANÁLISE Goiás. contraponto a outros autores
ESTATÍSTICA DE comparados.
DADOS
10 MENDES; DESAFIOS DAS Entender os desafios Falta de recursos técnicos e
BECK, 2017 ADMINISTRAÇÕES enfrentados pelas financeiros para subsidiar a
MUNICIPAIS NA prefeituras dos gestão. Desinformação das
IMPLEMENTAÇÃO municípios da região possibilidades de parcerias e
DA POLÍTICA do Curimataú cooperação com entes federados.
NACIONAL DOS Paraibano, na Baixa conscientização da
RESÍDUOS SÓLIDOS: implementação da população sobre a problemática.
O CASO DO PNRS. Necessidade de articulação das
CURIMATAÚ escalas de planejamento.
PARAIBANO Lentidão no ritmo das
adequações ambientais, que
ocorrem principalmente quando
há obrigatoriedade.
11 RAMOS ET. DESENVOLVIMENT Desenvolver uma Falta de equipe técnica para
AL., 2017 O DE FERRAMENTA ferramenta de apoio à diagnosticar lixões e estabelecer
PARA DIAGNÓSTICO decisão, com a prioridades de remediação.
AMBIENTAL DE finalidade de auxiliar Desorganização do setor de
LIXÕES DE os municípios gestão de resíduos sólidos
RESÍDUOS SÓLIDOS brasileiros no quanto à coleta e à destinação
URBANOS NO diagnóstico de seus adequada e ao fechamento e à
BRASIL lixões, os quais devem remediação de lixões. Baixo
funcionar de forma a quantitativo de lixões que foram
estabelecer prioridades efetivamente fechados e,
de remediação. raramente, recuperados no
Brasil.
12 FRACASSO DIAGNÓSTICO E Realizar o diagnóstico Carência de recursos
ET. AL., 2017 PROGNÓSTICO DOS e o prognóstico para a tecnológicos, financeiros e
RSU PARA gestão de RSU do humanos qualificados.
MUNICÍPIO DE município de Necessidade de inserção de
SANANDUVA/RS Sananduva/RS, e como novas técnicas de gerenciamento
a proposta de novos de RSU no município:
métodos de compostagem, coleta seletiva,
gerenciamento de RSU logística reversa e a incineração.
pode contribuir na
redução e adequada
destinação de RSU.
13 JANUÁRIO ESTUDO DO Entender o Apesar da população municipal
ET. AL., 2017 COMPORTAMENTO comportamento conhecer o problema dos RSU,
AMBIENTAL DA ambiental da se interessar pela sua solução, e
POPULAÇÃO DE população de ter ferramentas para a sua
WENCESLAU Wenceslau Braz/PR, informação, a consciência
BRAZ/PR EM após 15 meses de ecológica não se traduz em
RELAÇÃO AOS implantação do serviço práticas ou um comportamento
RESÍDUOS SÓLIDOS de coleta seletiva do ambiental coerente com pessoas
URBANOS município. ecologicamente conscientes.
14 FERREIRA; METODOLOGIA Fortalecer os O trabalho avaliou 6 consórcios
JUCÁ, 2017 PARA AVALIAÇÃO consórcios, ampliando do estado, sendo que parte deles
DOS CONSÓRCIOS a sua importância, possuíam deficiências quanto a
DE RESÍDUOS representatividade e falta de: enquadramentos
abrangência, favorecer normativos e legais, gestor para
43

SÓLIDOS URBANOS a integração com as o setor específico de gestão de


EM MINAS GERAIS entidades e instituições resíduos, programas de
relacionadas ao tema, treinamento e capacitação dos
aumentando as funcionários, cobrança da taxa
discussões no âmbito de limpeza urbana e seu controle
regional, e avaliar as financeiro, etc.
rotas tecnológicas
aplicadas ao
tratamento dos
resíduos dos
municípios integrantes
dos consórcios.
15 LIMA; INDICADOR DE Levantar as Dos 21 municípios estudados,
ARRUDA; SALUBRIDADE informações e calcular 52,4% dos municípios obteve a
SCALIZE, AMBIENTAL EM 21 o Indicador de pontuação mínima para o
2019 MUNICÍPIOS DO Salubridade Ambiental indicador de cobertura em coleta
ESTADO DE GOIÁS (ISA) dos 21 de resíduos. 81% dos municípios
COM SERVIÇOS municípios do estado destinavam os resíduos para
PÚBLICOS DE de Goiás, com todos os lixões. Problemas relativos aos
SANEAMENTO serviços públicos de RSU, principalmente quanto aos
BÁSICO OPERADOS saneamento básico lixões, são tratados na maioria
PELAS operados diretamente dos casos de forma emergencial.
PREFEITURAS pelas prefeituras,
propondo esse método
como forma de avaliar
periodicamente a
situação real de
salubridade ambiental.
16 SOUTO; INDICADORES DE Fundamentar O artigo apresenta diversas
LOPES, 2019 GESTÃO DE juridicamente os práticas que são obrigatórias
RESÍDUOS SÓLIDOS indicadores que para os municípios de acordo
E SUA compõem o Índice de com o quadro legal brasileiro,
OBSERVÂNCIA Condição de Gestão de porém nem todos os municípios
OBRIGATÓRIA PARA Resíduos Atualizado implementaram. Como
O ESTADO DO RIO (ICGRA), visando à problemas típicos dos pequenos
GRANDE DO NORTE observância municípios é apontado: falta de
– BRASIL obrigatória pelo gestor recursos e a ausência de pessoal
público na gestão dos técnico qualificado,
resíduos sólidos predominância dos lixões,
municipais. dificuldade em estabelecer
sistema de controle financeiro e
sistema de gestão ISO 9.000 ou
14.001 nos órgãos gestores de
resíduos.
17 VENTURA; APLICAÇÃO DE Analisar as Desafios gerais: Recursos
SUQUISAQU FERRAMENTAS potencialidades e os financeiros e corpo técnico
I, 2020 SWOT E 5W2H PARA desafios da insuficientes e aumento do
ANÁLISE DE implementação de déficit de coleta de resíduos nos
CONSÓRCIOS consórcios últimos anos. Relativos aos
INTERMUNICIPAIS intermunicipais para a consórcios: a principal
DE RESÍDUOS gestão de resíduos dificuldade encontrada foi o
SÓLIDOS URBANOS sólidos urbanos. comprometimento insuficiente
de administradores públicos para
tornar participativa a gestão de
consórcio.
18 CHAVES; FERRAMENTA DE Aplicar ferramenta de Carência de recursos técnicos e
SIMAN; AVALIAÇÃO DOS avaliação dos financeiros. Os planos
SENA, 2020 PLANOS PMGIRS’s elaborada municipais analisados obtiveram
MUNICIPAIS DE pelos autores em seis desempenho regular e ruim,
GESTÃO municípios brasileiros respectivamente, pela ausência
44

INTEGRADA DE (dois de pequeno de certos itens obrigatórios


RESÍDUOS SÓLIDOS: porte). estabelecidos em Lei. Observou-
PARTE 2 se que equipes mais
especializadas produziram os
melhores planos.
19 CARBONAI; GESTÃO MUNICIPAL Explorar as A análise mostrou que a adoção
BAUM; DE RESÍDUOS E dificuldades dos dos instrumentos de
CAMIZ, 2020 AMBIENTE municípios brasileiros planejamento na área ambiental
INSTITUCIONAL NO na prestação dos depende do desenvolvimento em
RIO GRANDE DO serviços de limpeza nível municipal de um modelo
SUL urbana e a gestão de ou sistema próprio de gestão
resíduos, a partir das pública, incorporado nas práticas
correspondências entre de administração municipal, e
o próprio ambiente fiscalizado societariamente ou
institucional municipal por meio do controle social dos
e a gestão municipal conselhos.
dos resíduos.
20 LEAL; GESTÃO DOS Discutir a gestão dos Os 11 municípios estavam em
SAMPAIO, RESÍDUOS SÓLIDOS: resíduos sólidos inconformidade com a PNRS.
2021 O CASO DO domiciliares e os Necessidade de plano
CONSÓRCIO DE instrumentos de intermunicipal de gestão de
DESENVOLVIMENT governança ambiental RSU. Presença de lixões e
O SUSTENTÁVEL DO dos municípios que aterros controlados. Altos custos
ALTO SERTÃO NA compõem um da gestão no orçamento
BAHIA consórcio público no municipal. Municípios sem
Semiárido Baiano. coleta seletiva e sem inclusão
dos catadores na política de
gestão.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

O desafio apontado de forma mais frequente pelos autores é a falta de recursos


tecnológicos, financeiros e humanos qualificados para as ações de gestão dos RSU. Esse tipo
de dificuldade foi identificado nos estudos de Brandão e Silva (2011), Rizzon, Nodari e Reis
(2015), Urban (2016), Inoue e Ribeiro (2016), Silva et al. (2016), Mendes e Beck (2017),
Ramos et al. (2017), Fracasso et al. (2017), Ferreira e Jucá (2017), Souto e Lopes (2019), Lima,
Arruda e Scalize (2019), Ventura e Suquisaqui (2020), Chaves, Siman e Sena (2020) e Leal e
Sampaio (2021). Ou seja, 14 dos 20 trabalhos analisados, o que representa 70% do total. Outros
autores também citaram problemas que podem ser oriundos da escassez mencionada.
Nos municípios de pequeno porte, essas dificuldades são sempre mais comprometedoras
que nos médios e grandes, uma vez que a arrecadação de recursos pelo governo municipal é
inexpressiva, levando-os a depender principalmente dos repasses financeiros de fontes externas.
De acordo com Canzian (2019), aproximadamente 70% dos municípios brasileiros dependiam
em mais de 80% de verbas que vêm de fontes externas à sua arrecadação, no ano de 2019.
A falta de recursos financeiros, impossibilita a aquisição de recursos tecnológicos
necessários para a implantação e melhoria de soluções de gestão e gerenciamento, assim como
a contratação de profissionais qualificados e capacitação dos profissionais existentes nos
45

quadros técnicos dos municípios. Dessa forma, percebe-se que essas deficiências são também
a causa de muitos outros problemas que limitam as ações dos municípios e dificultam a
adequação dos mesmos à Lei n° 12.305/2010.
Conforme explica Nagashima et al. (2011), a opção do governo federal de atribuir a
responsabilidade de gestão e gerenciamento de RSU exclusivamente aos municípios, tomada
na Constituição Federal em 1988, representou um grande entrave para a resolução da
problemática. Apesar de ter ocorrido a descentralização sobre a competência para operação dos
serviços, a distribuição de recursos não acompanhou os mesmos passos, continuando
controlados pela União. Para piorar a situação, os recursos da União disponíveis para financiar
programas de saneamento foram reduzidos na década de 1990, sendo que a necessidade de
investimentos para ampliação dos serviços de coleta, transporte e construção de novas
instalações de tratamento e destinação final de resíduos cresceu progressivamente, desde então.
Ao obrigações dos municípios frente à gestão de resíduos sólidos são apresentadas por
Souto e Lopes (2019), destacando: coleta regular domiciliar e comercial; gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde (RSS); gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (RCC);
coleta de equipamentos eletroeletrônicos, baterias, pilhas e lâmpadas; varrição e capina dos
logradouros; controle de solicitações e reclamações e avaliação crítica das práticas; equipe de
fiscalização; Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS); programas
de educação e conscientização ambiental; auto sustentabilidade econômico financeira;
programas de inclusão de catadores; apoio à gestão participativa e a gestão através de
consórcios; reaproveitamento de resíduos orgânicos e triagem; destinação final dos resíduos do
município; realização de limpeza de ralos e sarjetas; controle de acidentes de trabalho; equipe
capacitada na área e em cargos efetivos; disponibilização e transparência de dados relativos aos
custos da destinação dos resíduos.
Os desafios do Brasil para a gestão de resíduos sólidos, foi objeto de análise de
Nascimento et al. (2015), que apresentam resultados sobre o panorama nacional, com base em
dados da gestão disponibilizados pelo governo federal. A partir disso, a tendência é de aumento
na geração de resíduos sólidos, ao contrário do que objetiva a PNRS, onde a prioridade na
gestão deve seguir obrigatoriamente a ordem de não geração, redução, reutilização, reciclagem,
tratamento e disposição final adequada.
O trabalho também aponta para a necessidade de melhoria da cobertura dos serviços de
coleta para as áreas rurais, uma vez que ela é muito menor que nas zonas urbanas. A coleta
seletiva é mais um ponto que necessita ser melhorado, aumentando a abrangência, a eficiência,
diminuindo os custos e visando a inclusão dos catadores de recicláveis e a colaboração da
46

sociedade em realizar a separação dos resíduos orgânicos e recicláveis. A reciclagem e a


compostagem têm aumentado, porém em ritmo muito lento, privilegiando os materiais com
maior retorno financeiro. O cenário mais preocupante é quanto a permanência dos lixões na
maioria dos municípios brasileiros, mesmo após a o prazo inicial estabelecido pela PNRS para
o encerramento (NASCIMENTO et al., 2015).
Inoue e Ribeiro (2016), afirmam que a gestão a nível local necessita de três elementos:
enquadramento normativo adequado, apoio do poder público e participação da sociedade civil
e de movimentos sociais organizados. Assim, na prática, ainda há muitos desafios para os
municípios. Percebe-se a necessidade da melhoria da relação interfederativa em termos de
orçamento destinado à gestão, uma vez que mesmo após a instituição da PNRS, não foi dada
prioridade no orçamento federal para a sua implementação. Os catadores de materiais
recicláveis continuam trabalhando na informalidade e os autores observam baixa aderência dos
municípios na elaboração dos PMGIRS’s.
Quanto à coordenação entre os entes federativos, ela deve ocorrer não só em termos de
orçamento, mas também em relação à instrumentalização legal do setor. A Lei 12.305/2010 tem
abrangência nacional, e os estados e municípios também podem elaborar suas próprias políticas,
desde que não entrem em conflito. Nesse sentido, o estudo de Carbonai, Baum e Camiz (2020),
verificou a partir de análises em municípios do Rio Grade do Sul que a adoção dos instrumentos
de planejamento na área ambiental depende do desenvolvimento em nível municipal de um
modelo ou sistema próprio de gestão pública, incorporado nas práticas de administração
municipal, e fiscalizado societariamente ou por meio do controle social dos conselhos.
Um fator também crucial é discutido por Ramos et al. (2017), o processo de
encerramento e recuperação ambiental das áreas de lixão. Como a implementação dos aterros
sanitários segue em ritmo lento, o trabalho evidencia a necessidade de os municípios
identificarem os lixões com prioridade de encerramento devido às condições de degradação
ambiental existentes. No entanto, o problema recai também na falta de equipe técnica para
diagnosticar lixões e estabelecer prioridades de remediação em municípios de pequeno porte.
Os autores desenvolveram uma ferramenta para auxiliar nessa tarefa e aplicaram de
forma experimental em alguns lixões. Alguns fatos puderam ser observados: a desorganização
do setor de gestão de resíduos sólidos quanto à coleta e à destinação adequada dos resíduos e
ao fechamento e à remediação de lixões; e o baixo quantitativo de lixões que foram
efetivamente fechados e, raramente, recuperados no Brasil. As ações de recuperação dos lixões,
geralmente, se resumem a simples cobertura de terra sobre os resíduos, cercamento, e o
posterior abandono da área para a regeneração natural da vegetação. Também não é realizado
47

diagnóstico ambiental adequado no local dos lixões, o que leva ao desconhecimento dos riscos
à população e ao meio ambiente (RAMOS et al., 2017).
O trabalho de Gonçalves et al. (2013), teve como foco a análise das condições de
trabalho dos catadores de materiais recicláveis de Ipameri, no estado de Goiás. A situação local
é semelhante a outras cidades brasileiras, pois os estímulos do governo para a separação de
resíduos na fonte e destinação a associações organizadas de catadores quase sempre são
desenvolvidos em grandes cidades, enquanto os municípios pequenos não recebem essas
políticas, nem sequer reconhecem os riscos aos quais os catadores são expostos.
No estudo, foi observado que existe no município a Cooperativa dos Catadores do Lixão
de Ipameri, com 12 integrantes atuantes desde 2007, porém sem registro, contrato ou benefícios
trabalhistas. Eles não receberam treinamento para atuar nas condições de insalubridade dos
lixões e trabalham com uniformes, botas de borracha, máscaras descartáveis, fornecidos pela
cooperativa. As instalações da cooperativa são precárias contando com uma área coberta, onde
são armazenados equipamentos de proteção e água. Constatou-se que o único auxílio da
prefeitura municipal é o fornecimento de alguns medicamentos para prestação de primeiros
socorros no local, em caso de acidentes leves e na vacinação preventiva dos cooperados
(Gonçalves et. al., 2013).
Os trabalhos de Oliveira et. al. (2013), Rizzon, Nodari e Reis (2015), trataram
especificamente da questão dos RSS, no município de Guaporé/RS e em um município da
Macrorregião Serra do Rio Grande do Sul, respectivamente. Enquanto Oliveira et. al. (2013),
encontraram um cenário adequado de gestão de RSS em Guaporé/RS, apontando apenas para a
falta de conhecimento das normas técnicas vigentes pelos funcionários do hospital e
necessidade da elaboração de um plano de manejo dos RSS, Rizzon, Nodari e Reis (2015)
identificaram muitas deficiências no município que analisaram. Como foi listado muitas
adequações necessárias, não cabe aqui detalhá-las, será exposto apenas onde elas estão
presentes: no acondicionamento dos resíduos, coleta e transporte interno, no fluxo de coleta
interna, na quantificação dos RSS, armazenamento interno e externo, área de higienização,
coleta e transporte externo, tratamento, disposição final, política de gestão ambiental,
capacitação e treinamento.
De forma geral, os trabalhos de Urban (2016), Silva et. al. (2016), Colvero et. al. (2017),
Mendes e Beck, (2017), Fracasso et. al. (2017), Januário et. al. (2017), Lima, Arruda e Scalize
(2019), Chaves, Siman e Sena (2020), que realizaram análise da gestão de RSU a partir de
estudos de caso em nível local, os resultados corroboram com as discussões já apresentadas, ao
passo que enfatizam como principais dificuldades: falta de recursos técnicos e financeiros para
48

subsidiar a gestão, em virtude da desarticulação das escalas de planejamento; lentidão no ritmo


das adequações ambientais; necessidade de elaboração de PMGIRS’s; necessidade de criação
da associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, bem como implantação de
compostagem, coleta seletiva, logística reversa e a incineração; baixa conscientização da
população sobre a problemática; e inexistência de aterros sanitários para destinação final
ambientalmente adequada nos municípios de pequeno porte.
Para Brandão e Silva (2011), as dificuldades para implantação e operação de soluções
ambientalmente adequadas de destinação final de resíduos (aterros sanitários) recaem na
limitação técnica e financeira dos municípios. Técnica, devido à falta de profissionais para
atender à demanda futura imposta pela PNRS; e financeira, devido aos altos custos de operação
desses empreendimentos, pois um aterro sanitário pode consumir grande parte do orçamento
público dos municípios.
Ao analisar os impactos econômicos da possível implantação de aterros sanitários nas
cidades brasileiras, Brandão e Silva (2011) concluem que é inviável implantar e operar essa
solução de forma individualizada na maior parte dos municípios brasileiros, pois as estimativas
realizadas mostraram que apenas 14 % dos municípios brasileiros teriam condições financeiras
de manter aterros sanitários individuais. Esse percentual, segundo o autor, é composto na maior
parte por capitais estaduais e outros municípios pertencentes a regiões metropolitanas ou ainda
por sedes de polos regionais com mais de 40.000 habitantes.
Dessa forma, uma alternativa mais viável para a adequação da destinação final de
resíduos é prevista pela própria PNRS, a formação de consórcios públicos. No art. 8, inciso
XIX, da Lei, é apresentado como instrumento da PNRS, o incentivo à adoção de consórcios ou
de outras formas de cooperação entre os entes federados, com vistas à elevação das escalas de
aproveitamento e à redução dos custos envolvidos. E no art. 45, estabelece que os consórcios
públicos têm prioridade na obtenção dos incentivos econômicos instituídos pelo governo
federal.
No entanto, para formar consórcios, devem haver estudos e planejamento para avaliar
os arranjos mais adequados entre municípios integrantes, considerar o quantitativo populacional
a ser atendido, o impacto dos custos sobre os Produtos Internos Brutos (PIB’s) dos municípios
somados e com posterior rateio proporcional à quantidade de resíduos a serem dispostos e
tratados em cada empreendimento. Além disso, é importante também incluir custos de
transporte de resíduos das fontes de geração ao aterro e demais instrumentos logísticos da
operacionalização (BRANDÃO; SILVA, 2011).
49

Sobre os desafios operacionais dos consórcios públicos na área de gestão de RSU ou


saneamento, foi realizada a análise a partir dos resultados dos estudos de Ferreira e Jucá (2017),
Ventura e Suquisaqui (2020) e Leal e Sampaio (2021).
Ventura e Suquisaqui (2020), afirmam que em levantamento de literatura realizado,
foram encontrados mais pontos positivos do que negativos com relação a formalização de
consórcios intermunicipais de RSU. Os autores identificaram três pontos fracos internos e
quatro externos para esse tipo de solução. Fraquezas internas: dificuldade de planejamento de
atividades no curto prazo; falta de formalização entre direitos e deveres de cada ente
consorciado; desequilíbrio de poderes econômicos e institucionais dos municípios
consorciados. Fraquezas externas: possibilidade de interesses políticos difusos e distintos da
vontade coletiva; falta de estabelecimento de programa de educação ambiental continuado;
ausência de mecanismos para garantir a participação popular.
Ao avaliar os arranjos técnicos, institucionais e legais de 6 consórcios em operação no
estado de Mina Gerais, Ferreira e Jucá (2017), apontam como deficiências principais as
seguintes questões: 20% dos municípios que faziam parte dos consórcios não possuíam plano
diretor de resíduos; em 40% não existia um gestor responsável pelo setor de RSU; 60% não
apresentavam um sistema estruturado de controle financeiro da renda mensal gerada pela taxa
de limpeza urbana; 60% não fazia a cobrança da taxa de limpeza pública; apenas 40%
apresentaram Plano de Gerenciamento de RSU; apenas 20% implantaram sistema de coleta
seletiva efetiva; em 80% dos consórcios não existia um programa de treinamento e capacitação
dos funcionários do setor responsável pela gestão dos RSU e em nenhum havia programa de
segurança e prevenção de acidentes para as atividades de gerenciamento de RSU; nenhum dos
consórcios realiza o tratamento dos RSS.
O trabalho de Leal e Sampaio (2021), analisou a gestão de RSU em 11 municípios
integrantes consórcio de desenvolvimento sustentável do alto sertão na Bahia, no entanto
apresentou como conclusão que nenhum deles estava em conformidade com a Lei n. 12.305
(2010). Dentre os aspectos avaliados, os autores verificaram que apenas 37% das cidades
estudadas elaboraram o PMGIRS, e nenhuma delas possuía o Plano Municipal de Saneamento
Básico (PMSB). Seis municípios (55%) afirmaram ter um lixão como forma de destinação final,
dois (18%) afirmaram possuir um aterro controlado e três (27%) não declararam as
informações. Os autores também constataram que a maior parte dos municípios possui
catadores não organizados, na informalidade, a coleta seletiva acontece em menos de 30% das
cidades analisadas, apenas 63,3% possuem legislações voltadas ao meio ambiente e os custos
da gestão de RSU no orçamento municipal, foram considerados altos.
50

Com o intuito de sintetizar os resultados obtidos com a revisão sistemática, foi elaborado
o Quadro 5, onde são apresentadas as dificuldades, desafios e avanços dos pequenos municípios
na gestão de RSU a partir de 2010.

Quadro 5: Principais dificuldades, desafios e avanços da gestão de RSU em municípios de pequeno porte.
Desafios
a. Construir e operar soluções ambientalmente adequadas de destinação final de resíduos sólidos que
atendam a todos os municípios brasileiros;
b. Capacitar profissionais para atuar na gestão ambiental, gestão de resíduos sólidos e na operação de
aterros sanitários. Nesse sentido, também é importante que os municípios possuam equipes
multidisciplinares para atuar no planejamento da gestão de RSU;
c. Promover ações de gestão de resíduos sólidos não apenas nas áreas urbanas, mas também nas zonas
rurais. A expansão dos serviços de coleta e das ações de educação ambiental para a população residente
nessas áreas é muito importante;
d. Quando se trata otimização do ciclo de vida dos produtos e tratamento dos resíduos sólidos ainda há
grande necessidade de melhoria nos pequenos municípios. A maioria deles não realizam coleta
seletiva, ações de incentivo à redução, reutilização, reciclagem, compostagem, logística reversa,
incineração e outras formas de tratamento;
e. Para os municípios que não dispõem de soluções individuais, o desafio é estabelecer consórcios que
sejam sustentáveis financeiramente e participativos com articulação dos entes envolvidos e presença
da sociedade civil;
f. Garantir que as atividades da gestão de RSU sejam regulamentadas a partir de políticas e planos
municipais com qualidade para atender aos requisitos apresentados na PNRS. Que esses instrumentos
também sejam atualizados conforme necessidade;
g. Realizar o tratamento adequado dos resíduos de acordo com as especificardes existentes, tomando
cuidados, por exemplo, com os RSS, embalagens de agrotóxicos e materiais radioativos;
h. Expandir as ações que reconhecem os resíduos sólidos como materiais com valor econômico
associado, apoiando inclusive a iniciativa de catadores de recicláveis, cooperativas e organizações
sociais;
i. Diagnosticar áreas de lixões a serem desativadas e realizar os procedimentos adequados de
recuperação, levando em conta o nível dos danos causados ao meio ambiente e ao ecossistema.
Dificuldades
a. A falta de recursos financeiros, técnicos e humanos para a gestão de RSU ainda é a maior dificuldade
enfrentada pelos municípios pequenos, por possuírem baixa arrecadação financeira;
b. Necessidade de melhor articulação entre as escalas de planejamento Federal, Estadual e
Municipal/Intermunicipal, tanto para destinação de orçamento, quanto para capacitação profissional e
prestação de serviços;
c. A incapacidade dos municípios de pequeno porte de construir e operar aterros sanitários individuais,
desperta a necessidade de formação de consórcios e aí entra a dificuldade em estabelecer os melhores
arranjos operacionais, articular todos os interesses e forças políticas dos envolvidos;
d. Estabelecer mecanismos de participação popular na tomada de decisões da gestão, incluir a atividade
dos catadores de materiais recicláveis no escopo das políticas municipais, assim como promover de
ações de educação ambiental para a população, uma vez que a gestão integrada pressupõe a
colaboração ativa da sociedade;
e. A gestão de RSU infelizmente ainda não é tratada como um problema urgente de solução para a maioria
dos municípios, dessa forma não é dada a prioridade necessária para estabelecer políticas mais
sustentáveis.
Avanços
a. A partir da exigência da criação de políticas e planos municipais de gestão de resíduos sólidos,
finalmente a discussão sobre saneamento entrou em pauta nas câmaras municipais brasileiras e aos
poucos as cidades vêm também realizando estudos e adotando suas políticas que contribuem para o
ordenamento territorial/ambiental;
b. Os princípios e diretrizes da PNRS são considerados atualizados, satisfatórios e relevantes frente os
modelos de exploração dos recursos naturais e de consumo de produtos da sociedade moderna. É uma
política integrada à sua temporalidade e à realidade brasileira e aos poucos os municípios vem se
apropriando dessas qualidades em suas políticas municipais;
51

c. Desde 2010 o percentual de RSU destinados de maneira inadequada diminuiu, como um reflexo das
diretrizes da PNRS. Dessa forma, uma maior parcela da população brasileira obteve acesso a serviços
de saneamento básico.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

A revisão sistemática de literatura realizada foi importante para identificar que tipos de
problemas são comuns nos municípios de pequeno porte e para evidenciar a urgência pela busca
de soluções. Verifica-se que ainda há um longo percurso, cheio de obstáculos, para os
municípios brasileiros alcançarem os objetivos da Lei n° 12.305/2010, especialmente para
aqueles que possuem população inferior a 50.000 habitantes. Infelizmente, os trabalhos
publicados desde 2010 sobre a temática mostram uma lenta adoção de medidas jurídicas,
administrativas, sociais e ambientais com vistas à redução dos impactos causados pela
problemática dos RSU.
Com metas ambiciosas, a PNRS veio propor um modelo de gestão de resíduos sólidos
bem mais eficiente, pautado em princípios compatíveis com o conceito de desenvolvimento
sustentável, almejado pela sociedade moderna. No entanto, o pouco comprometimento da
escala de planejamento federal em termos de destinação de orçamento e implementação de
políticas públicas para alcançar essas metas gerou um cenário de incapacidade técnica e
financeira para a maioria dos municípios atenderem suas exigências.
Como os municípios de pequeno porte não possuem arrecadação suficiente para instalar
e operar as soluções ambientalmente adequadas, mantém-se as antigas práticas, apesar da
degradação ambiental causada. A falta de equipes técnicas multidisciplinares capacitadas para
atuar na elaboração de planos e execução do gerenciamento dos resíduos sólidos também é um
grande entrave, levando à ausência de planejamento nas ações realizadas em muitas cidades,
bem como a ineficiência delas.
52

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Existem diversos métodos possíveis para alcançar os objetivos de uma pesquisa


científica e não existe método padrão e único aplicável a qualquer questão a investigar. Logo,
é necessário definir caminhos para seguir, de modo que possam ser atendidas as premissas da
pesquisa, permitindo que ela seja executada nos limites de tempo e de recursos disponíveis. Tal
tarefa demanda uma análise prévia dos possíveis métodos e planejamento da execução de suas
etapas. Considerando as particularidades dessa pesquisa, serão descritos nessa seção os métodos
selecionados para sua concretização.

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

As pesquisas científicas podem ser classificadas de maneira clássica quanto a sua


abordagem, quanto ao tipo e aos objetivos. Também é importante especificar a natureza das
fontes pesquisadas. Essa subseção será dedicada a essa descrição.
Quanto à abordagem do estudo, é do tipo quali-quantitativa, trabalhando primeiramente
com o levantamento e análise de dados qualitativos sobre a gestão ambiental dos resíduos
sólidos produzidos nos municípios que integrarão as estações de transbordo de São Miguel e
José da Penha e em seguida almejando a quantificação de indicadores de impactos ambientais
e análise quantitativa de dados obtidos em levantamento com survey.
A pesquisa qualitativa analisa e interpreta os dados em seu caráter psicossocial, ela
considera que existe uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. Baseia-se na ideia de
que existe um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito, de
forma que não pode ser traduzida por métodos numéricos. Os fenômenos são interpretados para
que se possa atribuir significado a eles (ASSIS, 2008).
Já a pesquisa quantitativa, diferencia-se da qualitativa por partir da premissa de que seus
resultados podem ser quantificados. É comum nesta abordagem, utilizar amostras de uma
população, da qual serão coletados os dados de modo a representar a totalidade, sendo essa
representatividade assegurada pela estatística. É uma abordagem centrada na objetividade que
acredita que a realidade pode ser traduzida de maneira realística através da análise de dados
brutos, coletados com instrumentos padronizados e neutros. São utilizados métodos
matemáticos para descrever os fenômenos e a relação entre as variáveis estudadas (FONSECA,
2002).
53

De acordo com Delfino (2020) a abordagem quali-quantitativa pode ser utilizada como
forma de extrair uma melhor interpretação dos dados disponíveis sobre o tema, isso porque os
elementos ausentes em uma abordagem serão complementados pela outra. Assim, as
informações de cunho mais qualitativo representarão pontos fortes para o entendimento do
problema a partir dessa abordagem, e os dados de cunho quantitativo descreverão outras
interpretações também pertinentes para o entendimento do problema, de maneira que só é
possível a partir desta abordagem.
O tipo da pesquisa é o estudo de caso, definido por Gil (2008) como um estudo profundo
e exaustivo que envolve um ou poucos objetos de estudo, onde no presente trabalho, tem-se
como objetos os 8 municípios vinculados às estações de transbordo de São Miguel e José da
Penha que passaram por uma série de etapas até ser obtido um conhecimento amplo e detalhado
sobre a realidade do tema na atualidade. Esse delineamento permite coletar informações,
descrever e se aprofundar nos fenômenos de forma que seria praticamente impossível mediante
outros tipos de pesquisa.
Quanto aos objetivos, a pesquisa pôde ser classificada inicialmente como exploratória,
no intuito de levantar as informações preliminares sobre o tema; o que foi ser realizado
principalmente mediante levantamento bibliográfico, possibilitando assim a definição do
delineamento da pesquisa, ou seja, auxiliando na fixação dos objetivos e identificação de
problemáticas importantes não elencadas previamente.
Em um segundo momento, pôde-se classificar a pesquisa também como descritiva, já
que houve o registro e descrição dos fatos observados durante as visitas de campo e nas
consultas via questionário ou formulário realizadas, proporcionando uma nova visão sobre o
problema estudado e realizando análises e interpretações sobre o objeto de estudo sem
necessariamente haver manipulação do mesmo, corroborando com a ideia de Prodanov e Freitas
(2013) sobre esse tipo de estudo.
Os dados coletados foram de natureza bibliográfica, documental e de campo, conforme
será explicado mais detalhadamente adiante, quando será tratado do percurso metodológico da
pesquisa.
Segundo Marconi e Lakatos (2003) a pesquisa bibliográfica abrange toda bibliografia
tornada pública sobre o tema de estudo, podendo estar publicado de forma escrita, oral ou
audiovisual, em diferentes formatos, que poderão ser filtrados pelo pesquisador. Ainda segundo
os autores, esse tipo de pesquisa permite o exame do tema sobre um novo enfoque ou
abordagem.
54

Cabe salientar que as revisões bibliográficas podem ser narrativas ou sistemáticas.


Nesse estudo, foi realizada a revisão sistemática, a qual investiga uma questão específica
utilizando métodos bem definidos e claramente descritos para a pesquisa, seleção, análise
crítica, coleta de dados e análise dos mesmos a partir dos estudos selecionados na revisão. Na
revisão sistemática há um grande rigor metodológico, sendo especificados, por exemplo, as
bases de dados e termos utilizados nas buscas de estudos, bem como os critérios adotados para
selecioná-los (ROTHER, 2007).
Já na pesquisa documental, a fonte de coleta de dados fica restrita a documentos, que
são chamados de fontes primárias e podem estar escritos ou não. A documentação pode ser
realizada enquanto o fenômeno ocorre ou depois. As fontes dos documentos podem ser arquivos
públicos, arquivos particulares ou fontes estatísticas (MARCONI; LAKATOS, 2003).
E a pesquisa de campo consiste na observação dos fatos tal qual eles ocorrem
espontaneamente, bem como na coleta de dados referente aos fatos e o registro das variáveis de
interesse, para posterior análise. Para realizar uma pesquisa de campo é necessário cumprir três
etapas antes da coleta dos dados propriamente dita. Inicialmente, deve-se realizar o
levantamento bibliográfico sobre o tema, em seguida determinar as técnicas que serão utilizadas
para coletar os dados e também estabelecer as técnicas de registro e análise dos dados
(MARCONI; LAKATOS, 2003).

3.2 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E DA AMOSTRAGEM

Para a determinação da área de estudo, considerou-se a regionalização proposta pelo


PEGIRS, apresentado pela SEMARH/RN, no ano de 2012, conforme apresentado
anteriormente. Dentre as 7 regionais, foi selecionada para análise a região Alto Oeste, uma vez
que a presente pesquisa integra os estudos do Grupo de Estudos em Ciências Ambientais do
Semiárido (GECIAMS). O Grupo é vinculado à Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte (UERN), com atuação no PLANDITES e vinculado também à Universidade Federal
Rural do Semi-Árido (UFERSA). O campo de atuação das pesquisas do Grupo é o Alto Oeste
Potiguar, região inserida no Semiárido Brasileiro e, portanto, área de interesse para as pesquisas
realizadas no âmbito do PLANDITES.
Sobre a gestão dos resíduos sólidos da regionalização Alto Oeste, o PEGIRS estruturou
em seu planejamento uma rede de operação entre os municípios, de forma que a destinação
final dos resíduos dos 44 municípios que a compõe seja dada em um aterro sanitário a ser
construído no município de Pau dos Ferros/RN. Nesta rede, é previsto ainda que os resíduos
55

gerados em municípios mais distantes passem por estações de transbordo antes do transporte
para o destino final. Assim, propôs-se a construção de 7 estações de transbordo, localizadas nos
municípios de Riacho da Cruz, São Miguel, Alexandria, José da Penha, Caraúbas, Apodi e Patu.
Ora decidido por analisar essa região, foram selecionados 8 municípios para estudo,
tendo em vista o planejamento estratégico de operação da gestão de resíduos na regionalização
Alto Oeste, selecionando assim, os municípios que contribuem com resíduos sólidos para duas
das sete estações de transbordo propostas para a região: São Miguel e José da Penha.
Acrescenta-se que foi verificado a escassez de estudos desse tipo nos municípios selecionados,
evidenciando a importância de analisar a problemática local.
Os municípios inseridos no campo de estudo são: São Miguel, Coronel João Pessoa,
Venha-Ver, José da Penha, Riacho de Santana, Major Sales, Paraná, e Luís Gomes. A Figura 6
apresenta o mapa onde podem ser identificados os municípios pertencentes à área objeto deste
estudo com o destaque nas cores verde e rosa:

Figura 6: Localização dos municípios das estações de transbordo de São Miguel e José da Penha/RN.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.


56

Para fins de levantamento de dados, duas populações dos municípios foram estudadas.
A primeira delas é composta pelos gestores públicos que atuam nas secretarias municipais às
quais competem a gestão de resíduos sólidos no âmbito de cada município (de acordo com os
instrumentos legais pesquisados, os municípios atribuíram essa competência às secretarias
responsáveis pela infraestrutura municipal). Essa população compreendeu um total de 8
indivíduos, sendo cada um deles representante da pasta responsável pela gestão de resíduos
sólidos de um dos municípios selecionados. Por ser uma população composta de poucos
sujeitos, todos foram submetidos ao procedimento de coleta de dados, onde foi realizado um
levantamento com survey, sendo os gestores convidados a responder a um questionário (Anexo
A). Portanto, não foi realizada amostragem com essa população.
A segunda população é constituída pelos indivíduos que residem em comunidades
próximas às áreas de destino final dos resíduos sólidos dos municípios selecionados, visto que
eles podem ser diretamente afetados pelos impactos ambientais ali desencadeados. Essa
população participou de um levantamento com survey, sendo convidada a responder ao
formulário constante no Anexo B. Foi aplicado um formulário por residência. O Quadro 6
detalha a quantidade de formulários aplicados em cada comunidade.

Quadro 6: Número de formulários aplicados por comunidade.


Município Comunidade N° de residências
São Miguel Estivas 8
Coronel João Pessoa Poço de Varas I 4
Venha-Ver Bartolomeu 7
José da Penha Flechas 4
Riacho de Santana Muquém 2
Major Sales Diamantina 2
Luís Gomes Lagoinha 4
Paraná Unha de Gato 3
TOTAL - 34
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

O tamanho da população foi obtido por contagem in loco e também não foi realizada
amostragem, pois ao realizar consulta pelo software Google Earth Pro, verificou-se que haviam
poucas unidades situadas no entorno das áreas de destinação final de resíduos.
57

3.3 CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS ESTUDADOS

De acordo com IBGE (2010), dos municípios objeto do estudo, São Miguel, Coronel
João Pessoa, Venha-Ver, Major Sales, Luís Gomes e Riacho de Santana fazem parte da
Microrregião da Serra de São Miguel. José da Penha e Paraná fazem parte da Microrregião de
Pau de Ferros. A área total dos oito municípios é de aproximadamente 881 km². As sedes dos
municípios estão a uma distância entre 416 km e 463 km da capital do estado, Natal.
A vegetação presente nos municípios é a Caatinga Hiperxerófila, que possui caráter
predominantemente seco, com abundância de cactáceas e plantas de baixo porte e espalhadas.
Possuem espécies como a jurema-preta, mufumbo, faveleiro, marmeleiro, xique-xique e
facheiro. Também é encontrada a vegetação denominada Floresta Caducifólia, que possui
plantas com folhas pequenas e caducas que caem durante o período seco (IDEMA, 2008).
Nos municípios de São Miguel, Venha-Ver, Major Sales e Luís Gomes, os solos
predominantes são do tipo Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico, cujas
características são de fertilidade média a alta, textura argilosa bem drenada, relevo ondulado e
forte ondulado. Em Coronel João Pessoa, predominam os solos Litólicos Eutróficos, os quais
possuem fertilidade natural alta, textura arenosa e/ou média, fase pedregosa e rochosa, relevo
ondulado, bem acentuadamente drenado, rasos e muito erodidos. Já em José da Penha, Riacho
de Santana e Paraná, o solo predominante é o Bruno não Cálcico, cujas características são
fertilidade média a alta, textura arenosa/argilosa e média/argilosa, fase pedregosa, bem drenada,
relevo suave ondulado. (IDEMA, 2008; EMBRAPA, 2018).
O relevo dos municípios faz parte da Depressão Sertaneja e do Planalto da Borborema,
com a presença de serras que variam a altitude de 200 m a 800 m. O Planalto da Borborema é
caracterizado como terrenos antigos, formados pelas rochas Pré-Cambrianas como o granito,
onde encontram-se as serras e os picos mais altos. A Depressão Sertaneja é composta de
terrenos baixos situados entre as partes altas do Planalto da Borborema e da Chapada do Apodi
(IDEMA, 2008).
Quanto à geologia local, nos municípios de Coronel João Pessoa, José da Penha, Riacho
de Santana, Major Sales e Luís Gomes, encontram-se rochas metamórficas que compõem o
Embasamento Cristalino, de Idade Pré-Cambriana Média, variando entre 1.000 e 2.500 milhões
de anos. Predominam gnaisses e migmatitos variados granitos, xistos e anfibolitos, às vezes
cortados por veios de quartzo e pegmatitos. Nos municípios de São Miguel, Paraná e Venha-
Ver predominam rochas do Complexo Gnaíssico-Migmatítico (Complexo Caicó em parte).
Estes granitos são formados na idade Pré-Cambiana Superior, entre 600 a 1.000 milhões de
58

anos. Geomorfologicamente, predomina uma superfície plana elaborada por processos de


pediplanação (IDEMA, 2008).
Todo o território estudado encontra-se na Bacia Hidrográfica do Rio Apodi - Mossoró.
Nas Tabelas 2, 3 e 4 são apresentados dados demográficos, econômicos e ambientais
relativos aos municípios do estudo.

Tabela 2: Dados demográficos dos municípios.


Densidade Demográfica
Município População Território (km²)
(hab/km²)
São Miguel 23.655 166,23 129,05
Coronel João Pessoa 4.915 117,63 40,74
Venha-Ver 4.205 71,62 53,35
José da Penha 5.946 117,63 49,88
Riacho de Santana 4.199 128,11 32,44
Major Sales 4.062 31,97 110,60
Luís Gomes 10.146 166,64 57,67
Paraná 3.952 81,39 48,56
Fonte: IBGE, 2010/2020.

Tabela 3: Dados econômicos dos municípios.


Receitas de Fontes
Município PIB per capita (R$) IDH
Externas (%)
São Miguel 9.623,12 0,606 82,4
Coronel João Pessoa 8.945,41 0,578 94,6
Venha-Ver 8.446,33 0,555 97,6
José da Penha 8.763,65 0,608 97,3
Riacho de Santana 8.294,68 0,591 97,1
Major Sales 9.155,41 0,617 95,7
Luís Gomes 7.090,04 0,608 95,8
Paraná 7.855,56 0,589 97,8
Fonte: IBGE, 2010/2020.

Tabela 4: Dados ambientais dos municípios.


Esgotamento Sanitário Acesso à coleta de lixo Resíduos gerados
Município
(%) (%) (t/dia)
São Miguel 3,9 65,44 22,56
Coronel João Pessoa 0,3 41,27 3,38
Venha-Ver 3,6 63,61 2,92
José da Penha 22,1 68,16 3,95
Riacho de Santana 14,9 42,40 3,47
Major Sales 21,7 93,00 3,12
Luís Gomes 3,8 84,40 6,62
Paraná 1,1 45,06 2,63
Fonte: IBGE, 2010/2020; Rio Grande do Norte, 2015.
59

A economia local dos municípios é composta de atividades de agricultura, pecuária,


comércio e turismo. Destaca-se o cultivo do milho, feijão, fava, cana-de-açúcar, banana, tomate,
batata doce e mandioca e a criação de bovinos, suínos, ovinos e caprinos (IDEMA, 2008). Em
alguns municípios existe também fabricação de polpas de frutas, fabricação e refinação de
açúcar e fabricação de balas, bombons e caramelos, fabricação e preparação de produtos
alimentícios diversos, inclusive rações balanceadas para animais, fabricação de laticínios e
pasteurização de leite, apicultura, beneficiamento e moagem de café, cereais e produtos afins,
confecção de têxteis, artesanato em crochê, fabricação de artigos de barro cozido e de material
cerâmico (RIO GRANDE DO NORTE, 2012).

3.4 PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA

Para alcançar os objetivos aos quais se propôs o estudo, foi necessário desenvolver seis
etapas visando a obtenção de informações e sua análise, sendo elas: Etapa I – Levantamento
teórico da temática; Etapa II – Definição da área de estudo; Etapa III – Definição dos
instrumentos de pesquisas; Etapa IV – Cadastro no Comitê de Ética de Pesquisa – CEP; Etapa
V – Coleta dos dados em campo; Etapa VI – Organização, tratamento e análise de dados (Figura
7).

Figura 7: Diagrama das etapas da pesquisa.

Etapa I - Etapa III - Definição


Etapa II - Definição
Levantamento dos instrumentos de
da área de estudo
teórico da temática pesquisa

Etapa VI -
Etapa IV - Cadastro
Organização Etapa V - Coleta dos
no Comitê de Ética
tratamento e análise dados em campo
em Pesquisa - CEP
dos dados

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

O Levantamento teórico da temática foi realizado mediante pesquisa bibliográfica e


documental utilizando-se de fontes secundárias para busca e análise de informações sobre a
gestão ambiental de resíduos sólidos, contemplando discussões relacionadas a aspectos gerais,
60

impactos ambientais dos resíduos sólidos, os aspectos legais e estratégias que norteiam esta
gestão em âmbito nacional e de maneira específica na área de estudo e os desafios da gestão de
RSU nos municípios de até 50.000 habitantes.
Em seguida foi definida a área de estudo. Conforme apresentado anteriormente, os
critérios utilizados para a seleção dos municípios basearam-se na regionalização do estado
proposta pelo PEGIRS/RN, bem como na sua logística operacional que forma uma rede
integrada entre os municípios. Também considerou o campo de atuação do PLANDITES e do
GECIAMS onde está inserida a pesquisa e a escassez de estudos relacionados ao tema na área.
Também foram definidos os instrumentos de pesquisa a serem aplicados. Segundo
Marconi e Lakatos (2003) a elaboração ou organização dos instrumentos de pesquisa é uma
etapa muito importante para o planejamento das etapas de campo do estudo e para o sucesso na
obtenção dos dados, por isso, demanda tempo e atenção do pesquisador. É importante também,
elaborar e organizar esses instrumentos, tendo em vista a população a ser estudada e as
informações e documentação disponível sobre ela e sobre o campo de estudo.
Os instrumentos aplicados nesta pesquisa foram definidos após análise da metodologia
dos trabalhos científicos relacionados ao objeto de estudo, consultados durante a pesquisa
bibliográfica inicial. Nesse sentido, buscou-se instrumentos validados cientificamente, capazes
de satisfazer os objetivos propostos. Também foi considerado nesta etapa, a experiência do
pesquisador e do orientador da pesquisa, bem como domínio dos possíveis instrumentos.
A etapa seguinte para a concretização da pesquisa foi o cadastro do projeto no Comitê
de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte para avaliação
dos aspectos éticos envolvidos. Para isso foram elaborados documentos complementares e
finalizado o planejamento metodológico da pesquisa. Após a aprovação do CEP, foram
realizadas as etapas de coleta, organização, tratamento e análise dos dados.
A coleta de dados será detalhada adiante, para realizá-la foram utilizadas técnicas de
pesquisa, tais como a documentação e a observação, além dos instrumentos definidos na Etapa
III: o questionário, o formulário, a matriz de interação, o Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT)
e a matriz de gestão ambiental.
A documentação foi realizada em forma de fotografias, mapas, relatórios e anotações a
partir das visitas de campo, onde foi também utilizada a técnica observacional para identificar
as características de interesse do estudo. Os questionários foram aplicados junto aos gestores
públicos responsáveis pelas políticas de gestão de resíduos sólidos dos municípios e os
formulários foram direcionados à população residente próximo às áreas de destinação final de
resíduos sólidos. A matriz de interação foi utilizada para a AIA e o VANT para mapeamento
61

das áreas de destinação final. Na matriz de gestão ambiental foram expostos aspectos
ambientais observados e propostas para melhoria da gestão dos resíduos dos municípios
estudados.
A etapa de organização, tratamento e análise dos dados também será detalhada em
momento posterior e envolveu a digitalização de documentos, organização em mídias digitais,
elaboração de planilhas eletrônicas que permitam comparações e agrupamentos de informações,
produção de quadros com a síntese dos resultados, elaboração de mapas com o auxílio de
softwares especializados, triagem de imagens e elaboração da matriz de gestão ambiental.

3.4.1 Coleta dos dados em campo

Foi uma das etapas mais importantes e mais extensas da pesquisa, contando com uma
sequência de visitas de campo nos municípios que compõem as estações de transbordo de São
Miguel e José da Penha. As visitas foram realizadas entre os meses de março e maio de 2022.
Para realizar o diagnóstico da gestão de resíduos sólidos dos municípios selecionados,
foi aplicado o questionário constante no Anexo A, o qual foi adaptado de Cardoso (2015). Foi,
então, realizado o survey junto aos gestores municipais que atuam nas secretarias municipais
de cada município. O questionário traz perguntas referentes a informações do sujeito, os
serviços executados no município para gestão de resíduos sólidos, atendimento dos princípios
da Lei nº 12.305/2010 e sobre a política municipal de gestão de resíduos sólidos, incluindo
informações do plano municipal. Buscou-se identificar as práticas adequadas e/ou inadequadas
da gestão municipal, tendo como parâmetro de análise, a PNRS.
Depois ocorreram as visitas de campo nos locais onde é feita a destinação final dos
resíduos sólidos dos municípios, conforme previsto. Esse estudo de campo teve caráter
descritivo, visando caracterizar as áreas, através do mapeamento e registro fotográfico, que
possibilitou a realização da Avaliação de Impactos Ambientais.
A AIA do destino final dos resíduos sólidos dos municípios foi realizada, inicialmente,
com o mapeamento das áreas de destinação final, utilizando um Veículo Aéreo Não Tripulado
(VANT), conhecido popularmente como drone, equipado com câmera fotográfica e aparelho
receptor GPS (Sistema de Posicionamento Global). Com ele, foi realizado o levantamento das
características, tais como, áreas, perímetros, altimetria e o perfil dos locais planejados. De posse
desses dados, também foi possível analisar, pelo software Google Earth Pro a distância entre
os locais de destinação de resíduos e as residências mais próximas.
62

De acordo com Buffon, Sampaio e Da Paz (2018) existe um grande potencial de


aplicação dos VANTs em análises geográficas variadas, embora no Brasil, sua utilização ainda
seja recente. Os aparelhos popularmente conhecidos como Drones têm ganhado destaque dentre
as novas plataformas para aquisição de dados em Sensoriamento Remoto, por possuir vantagens
técnicas e econômicas quando comparados com os métodos tradicionais de aerolevantamento
(LONGHITANO, 2010).
Silva et al. (2014) concorda com esse pensamento, ao afirmar que com os VANTs é
possível obter dados detalhados da superfície da terra, sendo apropriados para estudos em
pequenas áreas como no caso dos lixões aqui pesquisados. Acrescenta que o custo para
aquisição e operação é baixo se comparado com os outros sistemas de levantamento de dados.
Para o mapeamento da área, foi utilizado um VANT, tipo quadricóptero da marca DJI e
do tipo Mavic Pro Platinum, equipado com câmera de 12,35 Megapixels, com receptor GPS do
tipo Glonass e autonomia de voo máximo de 30 minutos. Com ele, foi possível realizar os
aerolevantamentos das áreas de interesse e obtenção das imagens.
A localização das áreas foi estudada previamente com auxílio do Google Earth Pro.
Valendo-se dessas informações, em seguida foi realizado o planejamento dos voos utilizando o
aplicativo para voos automatizados voltados para drones da DJI, Drone Deploy.
Pelo computador, foi feito o acesso ao site do programa (www.dronedeploy.com), onde
foram elaborados todos os planos de vôo. Na etapa de campo, foi utilizado um smartphone já
com o aplicativo do Drone Deploy instalado e com os planos de voos cadastrados, para executar
o trabalho de levantamento planejado, o qual ocorre de maneira automatizada.
Ainda durante essas visitas, foram verificadas as alterações sofridas pelo meio ambiente
natural, através da AIA, anteriormente mencionada. Para isso, foi aplicado como instrumento
de pesquisa, a Matriz de Interação. Os registros fotográficos feitos durante as visitas foram as
ferramentas utilizadas para evidenciar os impactos ambientais observados em campo, assim
como a sua ordem, magnitude, abrangência, significância e reversibilidade.
Segundo Finucci (2010) a matriz de interação é “uma técnica que tem por objetivo
identificar as interações entre os fatores ambientais e os componentes do projeto”. Analisam-se
então as combinações de ações e fatores, dispostos em forma de matriz e depois deve ser
estabelecido em uma escala de 1 a 10 a magnitude e importância dos impactos positivos e
negativos.
Moraes e D’Aquino (2016) enfatizam que existem várias metodologias de AIA e que
não existe nenhum método que se aplique a qualquer caso, pois cada análise possui suas
particularidades propícias a situações específicas, assim o pesquisador pode utilizar de uma
63

única metodologia ou combinações. O instrumento escolhido se torna eficiente, levando em


conta o fator tempo e os recursos técnicos e financeiros necessários.
A etapa de campo seguinte visou identificar a percepção ambiental dos atores sociais
das áreas de destino final de resíduos dos municípios. Nesse sentido, foram realizadas visitas,
primeiramente para reconhecimento local, identificação de residências próximas ao destino dos
resíduos, bem como captar uma percepção espacial e social preliminar da área, por meio de
observação.
Depois as visitas foram seguidas da realização do survey, com aplicação do formulário,
instrumento escolhido para identificar a relação entre os sujeitos e o meio ambiente, os prejuízos
causados pelos resíduos sólidos e a magnitude dos mesmos. O formulário encontra-se no Anexo
B, e é também adaptado de Cardoso (2015). O resultado desta aplicação mostrou como a
população observa os prejuízos que lhes são causados pela disposição inadequada dos resíduos
e quais os níveis de perturbação existentes.
Diante de todos os dados coletados, foi possível identificar os problemas, aspectos e
impactos ambientais decorrentes da gestão atual de resíduos sólidos dos municípios estudados.
Dessa forma, foi elaborada uma matriz de gestão ambiental de cada município, apresentando
os aspectos ambientais e as ações que podem ser realizadas para solucionar os problemas e
adequar a gestão à PNRS. Também foram indicados na matriz os responsáveis pela execução
das ações, metas e prazos de adequação.
De forma mais clara, os dados obtidos em campo, mostraram o que emerge como
problema na gestão de resíduos sólidos dos municípios e a matriz de gestão ambiental apontou
quais adequações são necessárias para o atendimento da legislação aplicável.

3.4.2 Organização, tratamento e análise dos dados

Etapa final para a concretização da pesquisa. Os dados coletados em campo foram


organizados à medida que foram sendo obtidos, depois receberam o tratamento e análise. A
organização foi feita em pastas, onde foram alocados os arquivos produzidos e digitalizados,
registros fotográficos e anotações das visitas de campo.
Os dados obtidos em cada survey foram inseridos manualmente no software Microsoft
Excel 2019, onde as respostas foram agrupadas em planilhas, de acordo com os critérios de
análise. Depois foram gerados os quadros que vieram a compor o trabalho final. Os registros
fotográficos obtidos, passaram por uma triagem onde selecionou-se apenas aqueles que melhor
apresentaram as disposições encontradas em campo, para integrar o trabalho final. As imagens
64

e informações georreferenciadas obtidas no levantamento com VANT foram processadas no


software Qgis com o objetivo de gerar mapas da situação. Para a elaboração das matrizes de
gestão ambiental, foram utilizados todos os dados coletados e organizados referentes a cada
município.
A análise dos dados foi realizada de forma individualizada para cada município,
considerando as suas particularidades e realizando comparações entre o modelo de gestão do
município e as prerrogativas legais vigentes, principalmente quanto à adequação à PNRS.
Foram geradas informações importantes sobre as áreas de destinação de resíduos e os impactos
ambientais presentes nessas áreas foram classificados de acordo com o nível de significância,
ordem, abrangência, reversibilidade, temporalidade e magnitude. A influência dos resíduos às
comunidades foi analisada de forma individual, sendo também evidenciado a convergência ou
divergência de percepção entre comunidades. A análise do contexto geral possibilitado pela
matriz de gestão ambiental, resultou no direcionamento de medidas de adequação ambiental
nos municípios estudados.
Ao final de todo o processo, o material obtido foi organizado e contextualizado em
formato de dissertação defendida ao PLANDITES da UERN, como requisito para obtenção do
título de Mestre.

3.5 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

Por se tratar de uma pesquisa envolvendo seres humanos, bem como a coleta, tratamento
e análise de informações cedidas por seres humanos, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP), para atestar o cumprimento às resoluções Éticas Brasileiras, em especial,
a Resolução nº 510/16 CNS/MS. O projeto de pesquisa foi apreciado pelo CEP/UERN, com
Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) n° 50585821.1.0000.5294 e foi
aprovado por meio do Parecer Consubstanciado n° 4.974.780, emitido no dia 14 de setembro
de 2021.
65

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 DIAGNÓSTICO DA GESTÃO DE RSU NOS MUNICÍPIOS

Conhecer os instrumentos legais, as formas de planejamento e atuação do poder público


municipal, as ações desenvolvidas no âmbito da gestão de RSU, o quadro de servidores
envolvidos nas ações e o alinhamento ou distanciamento dessas variáveis com a PNRS,
constitui-se como passo primordial para entender a dinâmica de gestão ambiental de resíduos
dos municípios estudados.
Nesse sentido, adiante serão discutidos esses quesitos, com base nos dados fornecidos
pelos gestores municipais, uma vez que eles participaram da pesquisa respondendo ao
questionário presente no Anexo A. Como a responsabilidade pela execução dos serviços de
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos nos municípios está atribuída às secretarias de
infraestrutura urbana, obras, viação e transportes, foram os seus respectivos secretários, os
responsáveis pelas informações coletadas. Além disso, no município de Riacho de Santana, o
secretário de agricultura e meio ambiente esteve presente auxiliando na formulação das
respostas, assim como fez a secretária de turismo e meio ambiente do município de Venha-Ver.
Em relação aos serviços ofertados pelo poder público dos municípios, verificou-se que
todos possuem a coleta domiciliar direta. Nos municípios de Coronel João Pessoa e Paraná a
coleta ocorre em todo o seu território, incluindo as zonas rurais. Os demais realizam a coleta
apenas na zona urbana (ver Quadro 7).
Essa é uma das problemáticas alertadas por Nascimento et.al. (2015), eles afirmam que
no Brasil, a coleta de resíduos possui boa porcentagem de abrangência para as zonas urbanas,
porém necessita ser melhorada nas zonas rurais e aglomerados subnormais. De acordo com a
ABRELPE (2021) o índice de cobertura da coleta de RSU no Brasil é de 92,5%, na região
Nordeste, o índice cai para 81,5%. Quando se trata da cobertura da coleta nas zonas rurais o
cenário se torna mais preocupante, na região Nordeste o índice foi de apenas 19,8% no ano de
2009, segundo o IPEA (2012).
Além disso, 50% dos municípios pesquisados coletam os RSU diariamente, enquanto
os outros 50% coletam duas vezes por semana (São Miguel) ou três vezes por semana (José da
Penha, Major Sales e Paraná). Até o presente, todos os municípios ofertam o serviço de limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos gratuitamente para a população, havendo a previsão de
implementação de cobrança futura nos municípios de Riacho de Santana, Major Sales e Coronel
João Pessoa, incluindo uma taxa junto ao valor do IPTU (Quadro 7).
66

A cobrança de taxa ou tarifa pela prestação dos serviços de limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos foi uma das recomendações da Lei n.º 14.026/2020, a qual acrescenta que a
ausência de proposição de instrumento de cobrança pelo serviço, no prazo de 12 meses da
vigência da Lei que o institui, configura renúncia de receita pelo ente (BRASIL, 2020). Essa
taxa possui grande importância na garantia da autossuficiência financeira dos serviços ofertados
pelo poder público municipal, devendo ser utilizada para o custeio de pessoal, veículos,
manutenção, insumos, terceirizações e demais remunerações necessárias para a execução da
limpeza pública e manejo de RSU.
De acordo com o SNIS (2021), somente 40,3% dos municípios brasileiros realizam essa
cobrança pelos serviços, ou seja, 1.851 dos 4.589 que forneceram as informações do sistema no
ano de 2020. A cobrança é feita por meio de taxa específica incluída no boleto do IPTU em
83,8% dos casos, por taxa incluída no boleto da água em 11,8% e por boleto específico para a
taxa em 4,1 % ou ainda por tarifa em 0,3% dos municípios. Na região Nordeste, a adesão à
cobrança é bem inferior, ocorre em apenas 6,6% dos municípios participantes da pesquisa do
SNIS.
Quadro 7: Serviço de coleta de RSU dos municípios.
Serviço de coleta de RSU dos municípios
A coleta Há veículos Tipo de
Frequência da Tipo de veículo
domiciliar para a coleta da veículo da
coleta utilizado
direta é varrição e varrição e
de lixo: na coleta de lixo:
realizada: capina? capina:
Em parte do município
Em todo o município

Caminhão aberto

Caminhão aberto
3x por semana

2x por semana

Compactador

Municípios
Diariamente

Basculante

Basculante
Não
Sim

São Miguel X X X X X X X
Cel. J. Pessoa X X X X
Venha Ver X X X X X
José da Penha X X X X X
R. de Santana X X X X
Major Sales X X X X X
Luís Gomes X X X X X X
Paraná X X X X
Total (%) 25 75 50 37,5 12,5 62,5 37,5 25 75 25 37,5 37,5
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

O gerenciamento dos resíduos sólidos compreende as etapas de coleta, transporte,


transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e
67

disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010). Nesse sentido,
investigou-se a forma de coleta e transporte, sendo constatadas as práticas apresentadas adiante.
Os veículos utilizados nos municípios para o transporte dos resíduos da coleta domiciliar
são variáveis: 62,5% deles possuem caminhão compactador, o que permite um melhor
acondicionamento do material e evita a ocorrência de perdas antes da chegada ao destino final;
São Miguel e Luís Gomes, apesar de possuírem compactador, também utilizam caminhões
abertos; enquanto 37,5% (Coronel João Pessoa, José da Penha e Paraná) utilizam apenas
caminhões basculantes. Para o transporte de resíduos de varrição e capina, Coronel João Pessoa
e Paraná não possuem veículos destinados exclusivamente a essa atividade e os demais utilizam
caminhões abertos ou basculantes (Quadro 7). Na Figura 8 são exemplificados os tipos de
veículos utilizados na coleta de RSU nos municípios.

Figura 8: Tipos de veículos utilizados na coleta de RSU.

Figura 8.a: Compactador em Riacho de Santana Figura 8.b: Basculante em Luís Gomes
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Os requisitos para o transporte terrestre de RSU, são determinados pela ABNT NBR
13221, com o objetivo de evitar danos ao meio ambiente e a proteger a saúde pública, com isso
os equipamentos de transporte devem estar em bom estado de conservação, não permitindo
vazamento ou derramamento de resíduos. Além disso, durante o transporte, os resíduos devem
ser protegidos de intempéries e estar devidamente acondicionados para evitar o seu
espalhamento na via pública (ABNT, 2021).
Rizzon, Nodari e Reis (2015) complementam que a coleta e o transporte de resíduos
devem ser feitos com a separação das classes de resíduos, utilizando equipamentos e veículos
que garantam sua integridade, até o local de destinação final e visando a proteção do meio
ambiente. Além disso, os trabalhadores devem utilizar EPI’s durante essas atividades e os
veículos devem possuir identificação de risco doso resíduo que transportam, estar em bom
estado de conservação e fazer rotina de higienização.
68

Tais requisitos dificilmente são atendidos ao utilizar caminhões abertos ou basculantes.


Logo, apenas em Venha-Ver, Riacho de Santana e Major Sales, onde são utilizados os
compactadores, toda a frota de veículos encontra-se em condições adequadas para o transporte
de RSU. A realidade é semelhante a observada por Lima (2016) nos municípios de pequeno
porte do estado do Amapá, onde o serviço de coleta, transporte e disposição dos resíduos sólidos
urbanos é precário, segundo ela.
Nos municípios de São Miguel e Major Sales, atuam empresas privadas na execução
dos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, às quais inclusive utilizam
veículos próprios, restando às prefeituras a tarefa de fiscalizar os contratos das licitações,
assegurando a correta realização das atividades. Todos os outros municípios realizam os
serviços por meio de suas secretarias, com veículos próprios, funcionários públicos e, por vezes,
também funcionários terceirizados (Quadro 8).
Essa escolha da forma de prestação dos serviços é feita a critério das prefeituras, pois
de acordo com SNIS (2021), a prestação pode ser feita de forma direta ou indireta. Refere-se à
prestação direta quando ela é realizada por órgão da administração direta do município ou de
autarquia, ou seja, uma empresa pública ou sociedade de economia mista que integre a
administração indireta. Já a forma de prestação de serviços indireta é realizada por concessão
ou permissão a empresas terceirizadas, autorização a organizações sociais e consórcios
públicos.
Quando questionados sobre a existência de programas sociais para preservação do meio
ambiente promovidos pela prefeitura, os gestores de José da Penha, Luís Gomes e Paraná
afirmaram não possuir nenhum programa do tipo. Os gestores dos municípios que afirmaram
possuir programas, indicados no Quadro 8, reconhecem que eles são constituídos apenas de
ações pontuais, como realização de mutirões em determinados espaços públicos e palestras em
escolas ou eventos municipais, por exemplo, semanas de meio ambiente.
Conforme explica Fernandes (2018), para a obtenção de melhorias nos sistemas de
gestão integrada de resíduos sólidos o poder público local dos municípios deve implementar ou
expandir projetos de educação ambiental, dessa forma buscando sensibilizar a população sobre
os princípios de redução da geração de RSU, a reutilização e reciclagem de materiais e a
importância da disposição final ambientalmente adequada. Corroborando com a colocação
anterior, para Milaré (2016) a superação do quadro de degradação ambiental enfrentada
atualmente demanda uma transformação profunda na forma de pensar e na própria conduta da
sociedade de seus indivíduos, processo este que é possível através de uma adequada Educação
Ambiental, não limitada apenas aos ambientes escolares.
69

Logo as ações executadas nos municípios estudados no âmbito da educação ambiental


da população não são suficientes, pois não abrangem todos os atores envolvidos na gestão de
RSU. Deve-se pensar em programas de ações contínuas, contemplando todos os níveis
escolares, os geradores de resíduos domésticos e comerciais, trabalhadores do serviço de
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, etc. A oferta de educação ambiental a todos os
níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, com objetivo de capacitar os indivíduos
para participação ativa na defesa do meio ambiente é um dos princípios da PNMA (BRASIL,
1981).
Já sobre a existência de coleta seletiva, se verificou uma dificuldade dos municípios em
se adequar aos princípios da PNRS, uma vez que os únicos que afirmaram realiza-la, foram os
gestores de São Miguel e Riacho de Santana (Quadro 8). Vale mencionar que em contrapartida
ao que afirmou o gestor do município de São Miguel, durante as visitas ao local de destinação
final de resíduos, foi observada a presença de catadores de material reciclável, realizando a
separação somente após o despejo. E no caso de Riacho de Santana, essa coleta seletiva ocorre
somente nas repartições públicas, onde são separados os seguintes resíduos: copos descartáveis
(plástico) e papéis em geral. Não foi possível quantificar o material reciclado nos municípios.

Quadro 8:Ações da operadora dos serviços de coleta domiciliar e limpeza urbana.


Ações da operadora dos serviços de coleta domiciliar e limpeza urbana
Principal Possui programa Existe
Volume
operadora social para a coleta Tipo de coleta seletiva
de lixo
da coleta de preservação do meio seletiva de de resíduos:
reciclado
RSU: ambiente? resíduos?
Programa de educação

Programa de mutirão

Não soube avaliar


Empresa privada

Não respondeu
Papel/Papelão

Municípios
Não possui
ambiental
Prefeitura

Plástico
Vidro

Metal
Não
Sim

São Miguel X X X X X X X X
Cel. J. Pessoa X X X X X
Venha Ver X X X X
José da Penha X X X X
R. de Santana X X X X X X
Major Sales X X X X X
Luís Gomes X X X X
Paraná X X X X
Total (%) 75 25 37 50 37,5 25 75 25 12,5 25 12,5 25 75
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
70

Apesar da dificuldade dos municípios no quesito, a implantação de um sistema de coleta


seletiva eficaz, integrado ao mercado da reciclagem regional e em parceria com os catadores de
materiais recicláveis, poderia ser um instrumento poderoso para a concepção de um processo
adequado de gestão e gerenciamento dos RSU. Com a implantação desse processo, toneladas
de resíduos deixam de ser encaminhados para os lixões ou aterros controlados, aumentando o
tempo de vida útil destes locais e reduzindo os impactos ambientais. (FERNANDES, 2018).
De acordo com a ABRELPE, no ano de 2020 no Brasil, 74,4% dos municípios
apresentaram alguma iniciativa de coleta seletiva. Essas iniciativas são mais presentes
principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país e muitas vezes são pontuais, sem atendimento
a toda a população. Se analisarmos a situação do Nordeste, esse percentual de municípios cai
para 56,7%.
A presença dos catadores de materiais recicláveis é uma característica comum nas
unidades de destinação final dos municípios, no entanto, em nenhum dos municípios foi
formada cooperativa com esses trabalhadores. Nos municípios de José da Penha e Major Sales,
os gestores afirmaram possuir registro desses trabalhadores na prefeitura, nos demais o único
controle existente é de conhecer quem são os trabalhadores.
Nesse sentido, é importante notar que a PNRS prevê prioridade no acesso a recursos da
União para municípios que implantarem sistemas de coleta seletiva em seu domínio, com a
participação de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda. Mas, apesar de ser um
dos objetivos da PNRS, Nascimento Neto e Moreira (2010) observam que não há pela Lei,
obrigatoriedade da integração dos catadores de materiais recicláveis nos sistemas de coleta
seletiva e nos sistemas de limpeza urbana e coleta de RSU, o que pode levar os municípios a
ignorar tal princípio pela falta de consciência da urgente necessidade dessa participação.
Um bom exemplo sucesso na implantação de programa de coleta seletiva é o do
município de Guarapuava no Paraná. Além da coleta seletiva, são realizadas no âmbito do
programa: palestras em escolas públicas e privadas, incentivo a trocas de materiais recicláveis
por produtos agrícolas, incentivos diversos para Associação de Catadores de Materiais
Recicláveis, distribuição de equipamentos de segurança, como coletes refletores para os
catadores cadastrados na secretaria do meio ambiente, e mais (FERREIRA, 2018).
Assim, a coleta seletiva nos municípios pesquisados se mostra essencial para a adequada
gestão de RSU, e quando implantada, obterá sucesso principalmente se aliada a programas de
educação e sensibilização da população, uma vez que ela participa ativamente dessa etapa do
71

gerenciamento e deve adquirir a consciência ambiental de que a separação preserva a


integridade dos materiais e facilita as atividades de reuso, reaproveitamento ou reciclagem.
Para um melhor detalhamento do quadro de funcionários que atuam na coleta de
resíduos, varrição e capina dos municípios foi elaborada a Tabela 5, onde são diferenciados os
funcionários por serviço e pelo vínculo com a prefeitura (se é terceirizado ou não). Observa-se
a pequena quantidade de funcionários, proporcional ao porte dos municípios, onde o mais
populoso é São Miguel e o menos populoso é Paraná.
Em pesquisa realizada em municípios do Alto Oeste Potiguar com características
semelhantes, em termos populacionais e dinâmicas de produção e consumo de bens,
Nascimento (2021), identificou a alocação da maior parte dos funcionários nos serviços de
coleta de resíduos, enquanto nos municípios deste estudo, a parcela mais significativa está
alocada nos serviços de varrição, capina e podas. Isso mostra que não há uma padronização no
planejamento dos serviços ou ainda a existência de demandas distintas entre cada unidade.
Outro fato que chama a atenção são os poucos funcionários atuantes nas áreas de destinação
final dos municípios estudados, uma vez que Nascimento (2021) identificou até 12 funcionários
atuantes nessa função no município de Almiro Afonso/RN.
Os valores apresentados relativos ao custo com a mão de obra empregada nos serviços,
também pode-se afirmar que são proporcionais à quantidade de funcionários (Tabela 5). Uma
ressalva para os valores repassados pelos gestores dos municípios de São Miguel e de Major
Sales, é que estes já incluíram todos os custos dos serviços, como veículos, combustível e
equipamentos (não apenas a mão de obra), dessa forma, gerando uma certa discrepância em
relação aos outros municípios.

Tabela 5: Nº de funcionários para os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.


Func. na Terceirizados Func. na Func. na Custo com a mão
MUNICÍPIO
coleta na coleta varrição destinação final de obra (R$)
São Miguel 0 8 21 3 100.632,00
Cel. J. Pessoa 8 4 15 1 30.000,00
Venha-Ver 3 0 10 0 Não respondeu
José da Penha 8 2 4 0 23.544,00
Riacho de Santana 6 1 4 0 20.000,00
Major Sales 0 6 4 1 50.000,00
Luís Gomes 12 0 10 0 17.000,00
Paraná 3 0 5 3 17.223,00
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
72

A discussão sobre os desafios enfrentados pelos pequenos municípios na gestão de RSU,


naturalmente perpassa pela questão da falta de recursos tecnológicos, financeiros e humanos
qualificados para as ações de gestão dos RSU. Segundo Marino, Chaves e Santos (2016), em
municípios de pequeno porte, a capacidade administrativa das equipes envolvidas com a gestão
dos RSU é bem reduzida, devido principalmente à falta de recursos financeiros.
Souto e Lopes (2019) concordam com esse pensamento, afirmando que a PNRS e trouxe
muitos desafios aos gestores municipais, diante da existência de muitos problemas enfrentados
na gestão pública, principalmente nos pequenos municípios, onde a falta de recursos e a
ausência de quadro técnico qualificado são recorrentes.
Nascimento e Senhoras (2019) também constataram que apesar de existir o apoio
normativo para a gestão integrada de resíduos sólidos no Brasil, além dos recursos, são
necessários o aprimoramento e a capacitação das administrações municipais para gerenciar a
limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos, de forma a reduzir os impactos
socioambientais.
O Quadro 9 apresenta informações sobre a participação da população local nas ações da
gestão de RSU. Verifica-se que o aviso sobre demandas ou reclamações relativas à gestão de
RSU da população podem ser feitas pessoalmente nas secretarias municipais responsáveis pelos
serviços ou por telefone em todos os municípios, exceto, Paraná. A administração pública dos
municípios de Venha-Ver e José da Penha também realizam esse tipo de atendimento por e-
mail e em Major Sales e Luís Gomes existe um canal de atendimento pelo site da prefeitura.
Apenas o gestor de Venha-Ver afirmou não haver reclamações da população relativas à
gestão de RSU. A principal reclamação em 50% dos municípios é sobre os serviços executados
e 37,5% sobre lançamento clandestino de lixo. Quando há reclamações, os entrevistados
relataram que no mesmo dia é feito contato com a equipe no intuito de solucionar os problemas.
Nenhum dos municípios possui Sistema de Informações Ambientais, apenas em Riacho de
Santana e Major Sales foi registrado a previsão de implementação de um sistema do tipo por
meio do site das prefeituras (Quadro 9).
Nesse sentido, a Lei n.º 11.445/2007, estabelece como um princípio fundamental para a
prestação de serviços de saneamento básico, a transparência das ações, que tem como
instrumento de operação, os sistemas de informações e processos decisórios institucionalizados
(BRASIL, 2007).
De acordo com Condurú e Pereira (2017), a falta de sistemas de informação sobre
saneamento básico locais e estaduais é um desafio a ser superado, pois a organização, registro
e acesso a essas informações são necessárias para conhecer e explicar a realidade de qualquer
73

setor. Logo, a adoção dos sistemas favorece a elaboração dos planos municipais, regionais e
nacional de saneamento básico e permitem um melhor atendimento às demandas da sociedade.

Quadro 9: Participação popular na gestão.


Participação popular na gestão
Reclamações Possui Sistema de
Existe um sistema de Principal reclamação
repassadas aos Informações
atendimento à população? ou solicitação:
responsáveis: Ambientais?

Sim, de acesso público


Não possui o sistema

Não há reclamações

Não são repassadas


clandestino de lixo
Site da prefeitura

Em construção
Pessoalmente

Serviços mal

Lançamento

Diariamente

Não possui
executados
Municípios
Telefone

E-mail

São Miguel X X X X X
Cel. J. Pessoa X X X X X X
Venha Ver X X X X X
José da Penha X X X X X X
R. de Santana X X X X X X
Major Sales X X X X X X
Luís Gomes X X X X X
Paraná X X X X
Total (%) 87,5 87,5 25 25 12,5 50 37,5 12,5 87,5 12,5 - 25 75
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Os diferentes meios de atendimento à população, torna mais atrativa a sua participação


na gestão de resíduos sólidos dos municípios, logo colabora para que a gestão seja mais
integrada com a sociedade e possa se atualizar de acordo com as necessidades identificadas.
Lembrando que a gestão integrada de resíduos sólidos é um dos objetivos da PNRS, e a
sociedade também tem participação na responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos (BRASIL, 2010).
Tanto a existência de sistemas de atendimento à população como sistemas de
informações ambientais asseguram à população o controle social da gestão, sendo este definido
pela PNRS da seguinte forma: “controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos que
garantam à sociedade informações e participação nos processos de formulação, implementação
e avaliação das políticas públicas relacionadas aos resíduos sólidos”.
Portanto, o controle social e a implantação de Sistemas de Informações Ambientais são
essenciais para uma gestão eficiente dos resíduos sólidos nos municípios pesquisados, devendo
receber mais atenção dos gestores no sentido de viabilizar os serviços para a população.
74

A unidade de destinação final de RSU de todos os municípios se encontra dentro dos


seus limites territoriais. Verificou-se que o objetivo dos municípios é que a destinação seja feita
na forma de aterro controlado, lançando os RSU diretamente sobre o solo em uma vala
previamente escavada e depois realizando a cobertura com material inerte, ou seja uma camada
de solo. Os gestores afirmam que essa é a exigência atual do Ministério Público para a
administração municipal, no entanto raramente há frequência na realização dos serviços de
aterro dos resíduos, podendo haver longos períodos em que os resíduos ficam expostos. Em
Major Sales e José da Penha, por exemplo, a cobertura dos resíduos é feita semanalmente, já
em Luís Gomes, a cada 2 meses e em Riacho de Santana, a cada 6 meses. Em todos os
municípios foram encontrados resíduos a céu aberto durante as visitas. No Quadro 10 é
especificado quais municípios possuem lixão e quais possuem aterro controlado, todavia se
analisado que a cobertura dos resíduos não é realizada diariamente em nenhum dos municípios,
todos podem ser considerados lixões.
Deve-se destacar que em 62,5% dos municípios a unidade de destinação final não é
licenciada e 12,5% não souberam avaliar se foi feito o licenciamento. Quanto à existência de
equipamento compactador na unidade de destinação final, somente os municípios de Venha-
Ver, Luís Gomes e Paraná (37,5%) não contam com esse tipo de equipamento (Quadro 10).
O esforço dos municípios em manterem a disposição final do tipo aterro controlado é
notável, no entanto, sabe-se que assim como o lixão a céu aberto, o aterro controlado não é
considerado uma forma de disposição final ambientalmente adequada de RSU. De acordo com
a PNRS a disposição final ambientalmente adequada é a “distribuição ordenada de rejeitos em
aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde
pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos”, o que ocorre quando a
solução adotada é o aterro sanitário.
Os aterros controlados conseguem reduzir os impactos ambientais em relação aos lixões,
evitando, por exemplo, o mal odor, o escoamento superficial de produtos lixiviados e reduzindo
a presença de animais e possíveis vetores de doenças. Ao mesmo tempo, ainda é possível a
contaminação dos recursos hídricos, principalmente os subterrâneos, poluição do solo e
liberação de gases.
De acordo com Ferreira (2018), as três possibilidades de disposição final dos resíduos
sólidos no Brasil são em lixões a céu aberto, em aterros controlados e em aterros sanitários.
Destas opções, o lixão a céu aberto é considerado pelo autor como a pior de todas as formas de
disposição.
75

Quadro 10: Destinação final dos resíduos sólidos.


Destinação final dos resíduos sólidos
Destinação Destinação A unidade de Na unidade há
Processamento
final de lixo final do destinação final é equipamento
do lixo:
ocorre: lixo: licenciada? compactador?

Em outro município

Não soube avaliar


Aterro controlado
processamento
compostagem
No próprio
Municípios

município

Usina de

Não há

Lixão

Não

Não
Sim

Sim
São Miguel X X X X X
Cel. J. Pessoa X X X X X
Venha Ver X X X X X
José da Penha X X X X X
R. de Santana X X X X X
Major Sales X X X X X
Luís Gomes X X X X X
Paraná X X X X X
Total (%) 100 - 12,5 87,5 62,5 37,5 25 62,5 12,5 62,5 37,5
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Dando continuidade ao diagnóstico da gestão de RSU nos municípios, foram realizados


questionamentos aos gestores sobre a existência de PMGIRS, a participação dos municípios no
consórcio proposto pelo governo estadual e sobre a opinião dos gestores quanto a efetivação da
PNRS (Quadro 10).
Verificou-se o pouco engajamento dos municípios na criação dos PMGIRS, uma vez
que apenas em Riacho de Santana foi elaborado o plano e a Lei que o institui ainda não foi
publicada, apesar de já ter sido aprovado pela Câmara Municipal, contando com a participação
popular nas audiências públicas realizadas. Os outros municípios contam apenas com planos
municipais de saneamento básico, os quais incluem um capítulo sobre os resíduos sólidos
(Quadro 10).
De acordo com a FUNASA (2020), grande parte dos municípios brasileiros não
possuem PMGIRS, planos diretores da gestão de resíduos, nem mesmo projetos ou qualquer
outro mecanismo minimamente satisfatório de planejamento desses serviços. O resultado
observado, é uma gestão precária dos serviços executados e grande comprometimento do meio
ambiente, das condições sanitárias locais, da sustentabilidade técnica e econômica dos modelos
adotados. A realidade analisada reafirma essa colocação, revelando a necessidade de melhor
planejamento e regulamento das ações nos municípios do estudo.
76

Sobre o consórcio para operação de aterro sanitário, os municípios, exceto São Miguel,
afirmaram ter optado por esta solução – embora o mesmo ainda não esteja em operação, houve
a adesão dos municípios. Porém, conforme apresentado no Quadro 11, nem todos os municípios
se localizam na mesma microrregião onde será a operação do aterro sanitário, ou seja, na
microrregião de Pau dos Ferros. Para o consórcio, foi elaborado o Plano Intermunicipal de
Resíduos Sólidos (PIRS), pelo Governo Estadual.
Quanto à formação de consórcios para a gestão de resíduos sólidos, é uma prática
motivada pela própria PNRS, que considera “o incentivo à adoção de consórcios ou de outras
formas de cooperação entre os entes federados, com vistas à elevação das escalas de
aproveitamento e à redução dos custos envolvidos” (BRASIL, 2010, p. 05) um de seus
instrumentos. A mesma Lei ainda define como um dos itens integrantes dos planos estaduais
são as medidas visando motivar e viabilizar a formação de consórcios intermunicipais para a
gestão compartilhada. Os municípios que optarem pela gestão consorciada terão ainda a
prioridade no acesso a recursos da União.
Segundo Ferreira e Jucá (2017), a implementação de consórcios é uma ótima alternativa
para a gestão integrada de RSU, já que objetivam a disposição final ambientalmente adequada
através da otimização de recursos e do tratamento de resíduos, e visam ainda atender um maior
número de municípios, viabilizando assim a proposta.
Os dados do IBGE (2020) apontam que do ano de 2015 para 2019 houve um crescimento
no número de municípios integrantes de no mínimo um consórcio público, de modo que em
2015 havia 66,3% de municípios fazendo uso do instrumento de cooperação, enquanto que em
2019 o valor subiu para 69,2%. Analisando especificamente a região Nordeste do país, têm-se
no mesmo período o aumento de 52,5% para 60,4%, ou seja, 7,9% dos municípios do Nordeste
passaram a integrar consórcios nesse período. No estado do Rio Grande do Norte 100% dos
municípios possuem consórcio intermunicipal.
Outros municípios de pequeno porte do Semiárido Brasileiro planejam solucionar os
problemas associados a destinação final de RSU a partir do estabelecimento de Consórcios
Públicos, a exemplo dos integrantes do Consórcio Intermunicipal para a Gestão dos Resíduos
Sólidos do Cariri Oriental e Região (CIGRESCOR). São 11 municípios paraibanos que buscam
a construção e operação de um aterro sanitário consorciado, priorizando estudos técnicos e uso
de tecnologias limpas para o tratamento de resíduos. A solução ainda não foi implantada, assim
como nos municípios deste estudo (SOUZA; GONÇALVES; CURI, 2018).
Ainda sobre os dados expostos no Quadro 10, somente em dois municípios existem
políticas de logística reversa de produtos, nesse caso, envolvendo as empresas de pneus e óleos
77

automotivos. Nesse quesito, deve-se frisar que a estruturação e implementação de sistemas de


logística reversa tornou-se obrigatório para os fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes dos produtos listado no Art. 33 da PNRS, que devem viabilizar a devolução dos
resíduos após o uso do produto pelo consumidor. Tais produtos são: agrotóxicos, seus resíduos
e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo
perigoso, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens, lâmpadas
fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista, produtos eletroeletrônicos e seus
componentes.
Nascimento e Senhoras (2019) explicam a importância da logística reversa, para uma
gestão sustentável de RSU, pois como o setor público encontra limitações financeiras para a
realização do gerenciamento de todo o montante de resíduos gerados, o setor secundário entra
na estratégia da gestão por meio do planejamento e coordenação de todas as etapas de
gerenciamento dos resíduos industriais aos quais se aplica a logística reversa, ao mesmo tempo
gerando insumo para outros setores.
Questionados quanto à efetivação da PNRS nos seus municípios, a maioria dos gestores
(62,5%) considerou que ela está sendo cumprida, porém parcialmente. Na opinião de 25% deles
a PNRS não está sendo corretamente efetivada no município e 12,5% não soube avaliar. Foi
constatado baixo conhecimento dos gestores sobre a Lei, sendo formulada a resposta ao
questionamento, muitas vezes com base na interpretação das respostas fornecidas nas demais
perguntas.
A maioria dos gestores consideraram que a Lei n.° 12.305/2010 está sendo parcialmente
efetivada no seu município (Quadro 10), por que acreditam que a administração pública está
fazendo o possível dentro das suas limitações técnicas, financeiras e operacionais para a gestão
dos RSU, por exemplo, se adequando às exigências que o Ministério Público faz, realizando a
coleta domiciliar direta regular, algumas ações visando a educação ambiental e aderindo ao
consórcio público visando a operação futura de aterro sanitário.
78

Quadro 11: PMGIRS e política municipal de gestão de RSU.


Plano e política de resíduos sólidos
PMGIRS teve Optou por solução O consórcio está na Possui política de A PNRS está sendo
Existe PMGIRS Foi elaborado PIRS
participação consorciada de mesma microrregião logística reversa de corretamente efetivada
aprovado por Lei? para o Consórcio?
popular? aterro? do município? produtos? no seu município?

Não soube avaliar

Não soube avaliar

Não soube avaliar


Não está sendo
Não respondeu

Não respondeu

parcialmente
Sim, porém
Municípios

efetivada
Não

Não

Não

Não

Não

Não
Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim
São Miguel X X X X X X
Cel. J. Pessoa X X X X X X
Venha Ver X X X X X X
José da Penha X X X X X X
R. de Santana X X X X X X X
Major Sales X X X X X X
Luís Gomes X X X X X X
Paraná X X X X X X
Total (%) 12,5 87,5 - 12,5 - 87,5 12,5 62,5 25 12,5 87,5 - 12,5 25,0 75 - 62,5 25 12,5
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
79

Percebe-se que muitos aspectos exigidos pela PNRS ainda não foram implementados
ou sequer possui previsão de implementação nos municípios. De acordo com os dados já
apresentados, há muito o que avançar desde os aspectos normativos legais, com a criação dos
PMGIRS‘s, expansão da coleta de resíduos para todo o município, implantação de coleta
seletiva e sistemas de logística reversa, integração dos catadores de recicláveis, melhoria no
controle social, além da necessidade de promover a destinação final ambientalmente adequada
dos resíduos.
Tudo isso, requer investimentos do poder público municipal, que deve prezar pela
adequação da sua esquipe técnica, da frota de veículos utilizados para coleta e transporte de
resíduos, dos equipamentos utilizados no manejo e disposição final, assim como a criação de
PMGIRS, realização de estudos para garantia da sustentabilidade financeira das ações,
estabelecimento de canais de comunicação eficientes com a população e realização de ações de
conscientização e sensibilização ambiental.
Nesse sentido, Monteiro et al. (2017) afirma que para a melhoria da gestão de RSU dos
municípios brasileiros não basta o comprometimento da gestão municipal isoladamente, ela
deve contar com o apoio de toda a sociedade. Somente assim, os resultados serão positivos,
gerando maior qualidade de vida aos cidadãos. Reforçando esse pensamento Da Rocha, Rocha
e Lustosa (2017) afirma que a dinâmica da PNRS se conecta a cada residência no momento em
que se segrega os materiais para a coleta seletiva, a empresas que possuem a atribuição de
implementar planos de gestão, aos gestores públicos no sentido de viabilizar modernização das
ações da gestão, através da elaboração de projetos contínuos, parcerias com cooperativas de
catadores e encerramento dos lixões.
Observa-se também que o modelo atual de gestão dos RSU dos municípios desencadeia
uma série de conflitos de ordem ambiental, social, espacial, econômica e de saúde pública, o
que implica em prejuízos a qualidade de vida da população. Portanto, para que se possar
vislumbrar melhorias nesse sentido, é crucial o conhecimento detalhado da extensão dos
problemas socioambientais associados, conforme será abordado adiante.

4.2 IMPACTOS AMBIENTAIS ASSOCIADOS À DESTINAÇÃO FINAL DOS RSU NOS


MUNICÍPIOS

A gestão dos resíduos sólidos é um fator que sofre influência das dinâmicas territoriais
presentes nos municípios brasileiros, por exemplo, das atividades econômicas locais, das
relações de mercado, dos tipos de resíduos mais gerados, dos fatores culturais, hábitos e
80

costumes, do poder aquisitivo da população, da sua distribuição espacial e do planejamento


urbano.
No entanto, essa mesma gestão também interfere nas dinâmicas dos territórios, a partir
das ações que são (ou deixam de ser) praticadas e suas consequências, como a criação de
regulamentos municipais sobre o tema, execução de políticas públicas de educação ambiental,
os instrumentos utilizados no gerenciamento dos resíduos como a coleta seletiva, logística
reversa e reciclagem, a abrangência dos serviços ofertados, além da forma como os resíduos
são tratados e destinados ao meio ambiente.
A destinação final dos resíduos, particularmente, é uma variável que pode desencadear
uma série de problemas quando realizada de maneira ambientalmente inadequada, o que não se
restringe apenas às consequências ambientais, como também econômicas, sociais, territoriais,
políticas e de saúde pública.
Reforçando esse pensamento, Correia et al. (2017) afirmam que os lixões caracterizam
uma problemática de cunho social, espacial, econômico, geopolítico e ambiental. Em termos
econômicos, há prejuízos por que os materiais destinados aos lixões têm valor agregado e
podem ser comercializados e inseridos em diversas cadeias produtivas. A saúde pública pode
ser comprometida pela atração e proliferação de vetores responsáveis por várias doenças. E o
fator social é outro problema, pois as áreas atraem catadores que buscam no lixo uma fonte de
renda e alimentos.
Os impactos são ainda mais intensos quando as etapas anteriores da gestão não são
satisfatórias, ou seja, não seguem os princípios e objetivos da PNRS, por exemplo, quando não
é seguida a ordem de prioridade da gestão, que deve ser: não geração, redução, reutilização,
reciclagem, tratamento e disposição final adequada; o que resulta em maiores volumes de RSU
nas unidades de destinação. Nessa linha de raciocínio, Feitosa (2018) afirma que a falta de uma
estrutura suficiente de coleta e tratamento dos resíduos recicláveis, culmina no aumento dos
impactos ambientais relativos a sua disposição inadequada.
A importância dessa ordem de prioridade na gestão pode ser entendida pelas premissas
do desenvolvimento sustentável. De acordo com Braga e Henkes (2017) o desenvolvimento
sustentável, baseia-se na adoção de modos de produção e consumo ambientalmente viáveis em
longo prazo, logo, a gestão de RSU deve ser racional quanto ao uso dos recursos naturais, à
redução da quantidade de resíduos gerados, sua valorização e a minimização dos riscos
associados ao tratamento e destinação final.
Nesse sentido, foram analisadas as unidades de destinação final de RSU dos municípios
de São Miguel, Coronel João Pessoa, Venha-ver, José da Penha, Riacho de Santana, Major
81

Sales, Paraná, e Luís Gomes, com o objetivo de identificar os impactos ambientais que vêm
ocorrendo nos locais, além da sua relevância. Para uma melhor avaliação dos impactos
ambientais presentes nas áreas de destinação final dos RSU dos municípios estudados foram
realizadas visitas de campo onde por meio de anotações e fotografias foi possível registrar e
analisar a magnitude dos danos associados ao modelo de gestão atual. Adiante serão
apresentados e discutidos os aspectos observados. Existem muitos aspectos em comum em
todas as áreas de destinação final de RSU visitadas.
Analisando primeiramente a entrada dos locais, é comum que as áreas sejam cercadas,
mas sem restrição ao acesso, dado que nem todos eles possuem portão na entrada e quando
possuem, permanecem abertos diariamente e sem nenhum tipo de vigilância (Figura 9). Apesar
da existência das cercas, muitas vezes estas não passam por manutenções, encontrando-se em
condições precárias ou mesmo abertas como relatado por catadores no município de São
Miguel, onde a cerca se mostra íntegra apenas na entrada frontal do terreno.
Em Venha-Ver, Riacho de Santana e Luís Gomes não há portão na entrada das áreas ou
qualquer outro tipo de restrição na entrada. Dos municípios que possuem o portão, apenas no
município de Major Sales foi observado o acesso restrito ao local (Figura 9.f), onde o portão
permanece trancado e apenas os funcionários municipais e catadores de recicláveis possuem a
chave para abertura. Mesmo com essa medida de segurança, os catadores de materiais
recicláveis locais relataram a ocorrência de invasões na área por terceiros.
Nos municípios de São Miguel e Coronel João Pessoa há uma espécie de posto de
vigilância na entrada das propriedades onde estão os lixões. Segundo os gestores municipais, o
Ministério Público exige a construção desse aparelho para regularização do funcionamento das
atividades. Apesar da construção da infraestrutura, a atividade de vigilância do local não é
efetivada. Os demais municípios investigados não dispõem do posto de vigilância, bem como
do serviço mencionado.
Na entrada das propriedades também devem ser identificadas as unidades e informado
sobre o acesso restrito a pessoas autorizadas, por meio de placa sinalizadora, o que só foi
observado em Coronel João Pessoa e Major Sales. Os lixões de José da Penha e Paraná possuem
a placa já deteriorada pelos agentes atmosféricos e em condições ilegíveis.
82

Figura 9: Lixões e suas estruturas.

Figura 9.a: Entrada do lixão de São Miguel Figura 9.b: Entrada do lixão de Coronel João Pessoa

Figura 9.c: Entrada do lixão de Venha-Ver Figura 9.d: Entrada do lixão de José da Penha

Figura 9.e: Entrada do lixão de Riacho de Santana Figura 9.f: Entrada do lixão de Major Sales

Figura 9.g: Entrada do lixão de Luís Gomes Figura 9.h: Entrada do lixão de Paraná
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
83

É comum em todos os municípios pesquisados a disposição aleatória dos diversos tipos


de resíduos que chegam aos lixões, sejam eles, orgânicos ou inorgânicos, domiciliares ou de
estabelecimentos comerciais, resíduos eletrônicos, resíduos de estofados, pneus, etc (Figura
10). Os materiais recicláveis (plásticos, papéis, vidros e metais) também chegam junto dos
demais e sua separação é realizada pelos catadores locais, os quais atuam em todos os
municípios estudados, exceto Luís Gomes.
A disposição aleatória dos resíduos propicia a ocorrência de reações químicas entre
substâncias, pode provocar a perda do valor econômico de certos materiais e dificulta o trabalho
dos catadores. Em Paraná, por exemplo, foi observado durante as visitas que as formas de
despejo dos resíduos propiciavam o acúmulo de água de chuva e prejudicando a atividade dos
catadores.
De acordo com Siqueira e Abreu (2016), a parcela orgânica dos resíduos deve ser
encaminhada para produção de adubo por compostagem, no entanto a maior parte desses
resíduos continuam sendo destinadas em lixões e aterros sanitários. Ao realizar essa disposição,
a parcela orgânica em seu processo de degradação tem elevado potencial contaminador, pois
libera gases de efeito estufa e chorume. Os resíduos orgânicos liberam líquidos durante sua
decomposição e com a infiltração da água das chuvas, ocorre a diluição e formação do chorume.
A única separação de resíduos que é realizada é quanto aos resíduos provenientes de
serviços de poda de árvores, Resíduos de Construção e Demolição (RCD) e os resíduos de
origem animal, provenientes do abatedouro municipal (característica observada apenas em São
Miguel). Apesar da separação dos resíduos de podas ou capina, na maioria dos municípios eles
são destinados também ao lixão, nas áreas onde já foi realizada a cobertura dos resíduos com
uma camada de solo. No caso do RCD, eles são utilizados como material de aterro em outros
locais. Em São Miguel os resíduos de origem animal citados são destinados ao lixão e
empilhados em local próximo aos outros materiais, conforme mostrado na Figura 10.a.
O único tratamento que os RSU recebem nas áreas de destinação final dos municípios é
o despejo nas valas pré-escavadas para posterior recobrimento com uma camada de solo, esse
procedimento pode ser observado nas Figuras 10.b, 10.d e 10.e. É comum que esse
procedimento ocorra após semanas ou meses de abertura das valas, que recebem resíduos
diariamente. O solo que recebe os resíduos não recebe tratamento algum de impermeabilização,
drenagem de líquidos ou de gases, logo verifica-se um cenário de contaminação iminente.
84

Figura 10: Lixões e suas características.

Figura 10.a: Resíduos animais no lixão de São Miguel Figura 10.b: RSU do lixão de Coronel João Pessoa

Figura 10.c: RSU do lixão de Venha-Ver Figura 10.d: Vala no lixão de José da Penha

Figura 10.e: RSU do lixão de Riacho de Santana Figura 10.f: RSU do lixão de Major Sales

Figura 10.g: RSU do lixão de Luís Gomes Figura 10.h: RSU do lixão de Paraná
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
85

A presença de animais é mais uma constante nas áreas visitadas, os urubus, por exemplo,
só não foram vistos nos lixões de Riacho de Santana, Coronel João Pessoa e Venha-Ver. Outros
animais também puderam ser facilmente encontrados, desde cachorros, como mostrado na
Figura 11.f, a insetos, principalmente moscas e mosquitos, os quais podem se tornar vetores de
transmissão de doenças. Os moradores locais relataram que uma prática muito comum da
população é o abandono de animais, sobretudo filhotes de cães e gatos nas proximidades dos
lixões.
Segundo Souza, Gonçalves e Curi (2018), os animais encontrados nos lixões são
passiveis de contraírem doenças, e pela ocasião do contato com humanos, podem infectá-los.
O mesmo se aplica aos insetos que se proliferam nesses locais e muitas vezes migram para as
residências mais próximas, representando um risco à saúde humana.
Pelas Figuras 11.a e 11.d pode-se notar que mais um problema associado aos lixões a
céu aberto são as queimadas. No município de Venha-Ver, elas ocorrem por ação da própria
gestão municipal, para reduzir o volume do material antes da sua cobertura. Em São Miguel,
um dos funcionários que trabalham no local afirmou que as queimadas são clandestinas, no
entanto, aparentemente a gestão não realiza nenhum tipo de ação para impedir a prática ou
mesmo controlar os incêndios, uma vez que durante visita ao local foram observados vários
focos ativos, mesmo na presença de funcionários no local. Nos outros municípios também foi
relatada a existência de queimadas clandestinas, não limitando-se às áreas dos lixões, como
também incendiando matas próximas, a exemplo dos municípios de Riacho de Santana e Luís
Gomes.
Segundo Queiroz e Vieira (2018) o tratamento ou disposição inadequada de resíduos
pode gerar poluição das águas, quando próximos a reservas superficiais ou subterrâneas; do
solo, pela presença e precipitação de materiais como chumbo, mercúrio e do ar através da
liberação de gases poluentes, principalmente quando é realizada a queima dos resíduos sólidos.
Os autores complementam que essa queima/incineração não é recomendada, a não ser que não
haja outra opção.
Além das queimadas, a qualidade do ar também pode sofrer degradação pela liberação
de gases e maus odores, o que se torna particularmente incômodo nas unidades próximas das
vias de tráfego da população local, como é o caso dos municípios de Paraná, Riacho de Santana
e Coronel João Pessoa, onde a proximidade é com as rodovias estaduais e em José da Penha,
que possui comunidade rural cujo acesso necessariamente passa ao lado da unidade de
destinação.
86

Um dos processos mais preocupantes de degradação da qualidade ambiental, também


observado nas áreas visitadas, foi a formação de chorume, o qual pode provocar a contaminação
do solo e das águas subterrâneas, ou mesmo ser escoado pela ação das chuvas e contaminar os
recursos hídricos superficiais. As Figuras 11.b, 11.g e 11.h expõem essa problemática nos
municípios de Major Sales, Luís Gomes e Paraná. Nos outros municípios não foi registrada essa
característica, todavia é algo passível de ocorrência em qualquer unidade desse tipo.
Na área do lixão de Riacho de Santana, além da poluição já comentada, também são
destinados efluentes líquidos removidos por serviço de limpeza de fossas. Estes são depositados
diretamente sobre o solo e permanecem no local, à céu aberto, como pode ser observado na
Figura 11.e.
A formação de chorume e o descarte de efluentes mencionados podem comprometer a
qualidade dos recursos hídricos próximos às áreas dos lixões. Assim, vale destacar, quanto a
localização de aterros de resíduos não perigosos, que a norma técnica ABNT NBR 13896/1997
fixa as condições mínimas exigíveis para seu projeto, implantação e operação, de forma a
proteger adequadamente as coleções hídricas superficiais e subterrâneas próximas. Dessa
forma, ela estabelece a distância mínima de 200 m do aterro a qualquer coleção hídrica ou curso
de água (ABNT, 1997).
A presença de recursos hídricos superficiais nas proximidades dos lixões foi avaliada
por imagens do Google Earth Pro e pelo relato dos moradores locais. Pequenos reservatórios
superficiais foram identificados próximos aos lixões de José da Penha (480 m), Riacho de
Santana (270 m) e Paraná (210 m), em todos os casos, atendendo a distância mínima
estabelecida de 200 m. Não foi possível analisar a existência de reservas hídricas subterrâneas
nas proximidades dos lixões, no entanto elas também devem ser consideradas na definição da
localização de aterros.
De acordo com Pimenta et al. (2020), lixões facilmente contaminam o solo e o lençol
freático, uma vez que o chorume e todos os resíduos que são contaminantes percolam nesses
compartimentos.
87

Figura 11: Lixões e seus impactos ambientais.

Figura 11.a: Queimadas no lixão de São Miguel Figura 11.b: Chorume no lixão de Luís Gomes

Figura 11.c: Podas e RSU no lixão de Cel. João Pessoa Figura 11.d: Quaimadas do lixão de Venha-Ver

Figura 11.e: Efluentes no lixão de Riacho de Santana Figura 11.f: Animais no lixão de Major Sales

Figura 11.g: Chorume no lixão de Major Sales Figura 11.h: Chorume no lixão de Paraná
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
88

Para a análise dos impactos socioeconômicos da gestão de RSU nos municípios,


inicialmente verificamos a localização dos lixões e aterros controlados, e sua posição relativa
às zonas urbanas dos municípios, essa informação é apresentada na Figura 12. As distâncias em
linha reta dos lixões ao perímetro urbano, em cada município, são especificadas na Tabela 6.

Figura 12: Localização das áreas de destinação final de resíduos sólidos.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Os municípios com lixões mais próximos ao perímetro urbano são Riacho de Santana
(726 m) e Paraná (817 m), estando a menos de um quilômetro de distância. Em contrapartida,
o lixão do município de Luís Gomes se encontra a 5,8 quilômetros de distância da zona urbana,
sendo a maior distância obtida. O acesso aos locais é feito por estradas vicinais de terra em São
Miguel, Venha-Ver, José da Penha, Major Sales e Luís Gomes, enquanto em Coronel João
Pessoa o lixão fica às margens da rodovia RN-177 que dá acesso a Venha-Ver, em Riacho de
Santana, às margens da rodovia RN-073 que dá acesso à sua zona urbana e em Paraná, às
margens da rodovia RN-117, que dá acesso a Tenente Ananias.
Quanto a essas localizações, alguns municípios tiveram maior preocupação em
estabelecer áreas mais distantes da população urbana e outros tentaram não se distanciar a ponto
89

de elevar muito os custos com o transporte dos resíduos. Em todos os casos, o percurso até as
unidades faz uso de vias pré-existentes também com intuito de redução de custos. Observou-se
que as propriedades costumam ser alugadas pelo poder público para a finalidade, levando em
conta também fatores políticos.

Tabela 6: Distâncias dos lixões ao perímetro urbano.


Município Distância (m) Município Distância (m)
São Miguel 1526 Riacho de Santana 726
Cornoel João Pessoa 2763 Major Sales 2560
Venha-Ver 2098 Luís Gomes 5818
José da Penha 1920 Paraná 817
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

A já citada Norma Técnica ABNR NBR 13896/1997 também fixa as condições mínimas
exigíveis para a proteção dos operadores de aterros de resíduos não perigosos e populações
vizinhas. Como requisito, deve-se respeitar a distância mínima de 500 m dos aterros a núcleos
populacionais.
Verifica-se então que as distâncias aos núcleos urbanos atendem ao mínimo
recomendado pela norma, no entanto, em todos os casos existem comunidades rurais
localizadas a distâncias menores. As situações mais críticas são encontradas na comunidade
Unha de Gato, no município de Paraná, a 280 m de distância e na comunidade Muquém no
município de Riacho de Santana, cuja distância é de 440 m. Ambas as distâncias, portanto,
inferiores ao critério normativo, podendo gerar incômodos aos moradores e prejuízos à
qualidade de vida. As distâncias das outras comunidades serão apresentadas nas próximas
seções.
É um cenário de risco à saúde dos moradores dessas comunidades, pois conforme
explica Valente et al. (2016), a proximidade com o lixo predispõe os animais e o homem
a contraírem doenças como a salmonelose, toxoplasmose, leptospirose, cólera, disenteria,
cisticercose e giardíase. A esse mesmo risco estão submetidos também os trabalhadores que
atuam na coleta, transporte e destinação final dos resíduos e os catadores de materiais
recicláveis.
Inclusive, no município de Riacho de Santana, uma atividade que traz mais riscos ainda
às comunidades rurais próximas, é a extração de solo do terreno do lixão para utilização como
material de aterro em estradas vicinais rurais de circulação local, conforme mostrado na Figura
13.d.
90

Complementando, Pujara et al. (2019) afirmam que o material orgânico presente nos
RSU aumenta o crescimento de patógenos microbianos e o contato direto ou indireto com eles
pode causar o surgimento de doenças infecciosas e crônicas nos trabalhadores de lixo, catadores
de lixo e pessoas que vivem nas proximidades.
Quanto à atividade dos catadores, ela é uma consequência direta do modelo de gestão
de RSU atual, na medida em que a situação de vulnerabilidade socioeconômica desses
indivíduos faz com que essa seja uma das poucas (se não a única) fontes de renda de suas
famílias. No município de Luís Gomes a presença de catadores não foi verificada no período
das visitas de campo realizadas, mas segundo os relatos dos moradores locais, anteriormente
algumas famílias visitavam periodicamente o local em busca de realizar o trabalho de catação.
Uma possível explicação do baixo interesse dos catadores pela área, é pelo difícil acesso ao
local de destinação final, em termos de distância e qualidade das vias.
Em todos os outros municípios pesquisados existe a atividade de catação, no entanto
ela conta com pouco ou nenhum apoio das secretarias municipais. Apenas no município de São
Miguel foi relatado pelos catadores o apoio da prefeitura por meio da Secretaria Municipal de
Bem Estar Social, Trabalho e Habitação, no sentido de inclusão ou atualização do Cadastro
Único para Programas Socias das famílias, atualização do cartão de vacinação e entrega de
cestas básicas.
No quesito de condições de trabalho, alguns pontos foram observados em outros
municípios. Em José da Penha, existe um pequeno abrigo construído em alvenaria utilizado
pelos catadores de materiais recicláveis para o armazenamento de instrumentos de trabalho ou
outros materiais e para descanso. Próximo ao local também se encontra um equipamento
compactador utilizado para a redução do volume dos resíduos separados (Figura 13.c). Em
Major Sales, também há um abrigo, neste caso, improvisado pelos catadores, com as mesmas
finalidades mencionadas (Figura 13.f).
Vale ressaltar que os abrigos não comportam os resíduos separados para a reciclagem,
os mesmos permanecem expostos à ação de intempéries em todos os municípios. Os resíduos
separados são geralmente acondicionados em grandes sacos, até que o volume acumulado seja
suficiente para a venda. Os sacos também podem ser vistos nas Figuras 13.a, 13.b, 13.e e 13.g.
A Figura 13.h mostra resíduos metálicos separados por um catador no município de Paraná, à
céu aberto, aguardando a venda. Em virtude dessa condição de acondicionamento, os catadores
relataram problemas como a perda de materiais devido a queimadas clandestinas.
Muitos catadores passam o dia inteiro nas áreas de destinação final aguardando a
chegada dos caminhões de lixo e em seguida realizando a separação, a exposição ao ambiente
91

insalubre é constante e possui risco agravado pela presença de animais e ausência de utilização
de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s).
Mendonça et al. (2020) afirmam que os catadores são os atores sociais mais vulneráveis
às condições insalubres dos lixões, pois eles ficam expostos diariamente a resíduos perigosos,
e aos compostos altamente tóxicos gerados pela queima de resíduos comumente realizada.
Essa realidade de vulnerabilidade socioeconômica e risco à saúde dos catadores também
foi observada por Souza, Gonçalves e Curi (2018) no município de Queimadas/PB, onde a líder
dos catadores relatou os problemas enfrentados pelos mesmos: a informalidade profissional, o
apoio escasso do poder público local, a falta de equipamentos de trabalho apropriados e a
migração de muitos trabalhadores vindos de outras cidades que tiveram o funcionamento dos
lixões encerrados.

Figura 13: Lixões e seus impactos socioeconômicos.

Figura 13.a: Separação no lixão de São Miguel Figura 13.b: Separação no lixão de José da Penha

Figura 13.c: Compressor no lixão de José da Penha Figura 13.d: Extração de solo em Riacho de Santana
92

Figura 13.e: Separação em Major Sales Figura 13.f: Abrigo no lixão de Major Sales

Figura 13.g: Separação no lixão de Paraná Figura 13.h: Separação de metais no lixão de Paraná
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Os métodos de AIA têm se modernizado, as novas tecnologias têm possibilitado análises


mais apuradas das fragilidades socioambientais. Nesse sentido, a AIA realizada nesse trabalho
foi pensada considerando a utilização das novas formas de mapeamento e georreferenciamento
para a compreensão da extensão dos impactos ambientais nas áreas de destinação final de RSU
dos municípios estudados. Assim, foram realizados 8 levantamentos aéreos nos terrenos dos
lixões utilizando um VANT. Os voos foram realizados a 60 m de altura, com velocidade de 4
metros por segundo (mais informações na Tabela 7).

Tabela 7: Características dos voos nos lixões analisados.


Tempo Área N° de Sobreposição Sobreposição Resolução
Lixão
(min) (ha) imagens Frontal (%) Lateral (%) (cm/px)
São Miguel 12:15 3 204 80 85 2
Coronel João Pessoa 08:46 2 128 80 85 2
Venha Ver 09:01 2 128 80 85 2
José da Penha 08:58 2 138 80 85 2
Riacho de Santana 14:44 3 224 80 85 2
Major Sales 11:43 2 167 80 85 2
Luís Gomes 11:15 2 168 80 85 2
Paraná 10:22 2 192 80 85 2
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
93

A aplicação da tecnologia de levantamento com VANT foi realizada de forma ágil e


prática, conforme percebe-se pelo curto tempo de voo em cada município, isso devido ao
planejamento de voo anteriormente realizado. O menor tempo de voo foi referente ao lixão de
Coronel João Pessoa, com apenas 8:46 minutos, enquanto o maior foi no lixão do município de
Riacho de Santana que durou 14:44 minutos, o qual possui também a maior área ocupada.
Percebe-se que os tempos de voo são proporcionais as áreas levantadas e a quantidade de
imagens capturadas no levantamento, onde a maior quantidade de imagens obtidas foi 224 em
Riacho de Santana.
Algumas dificuldades foram encontradas nesse processo como a de identificar algumas
áreas no mapa para realizar a demarcação e plano de voo, desta forma, alguns limites que não
ficavam claramente identificáveis eram ultrapassados, com a segurança ter uma área levantada
que superasse o terreno onde os lixões estavam contidos. Esse fato, inclusive revela a falta de
informações geográficas precisas sobre as áreas, uma vez que o poder público local também
não possuía dados georreferenciados dos terrenos.
Também houveram algumas dificuldades operacionais como presença de trabalhadores
do serviço público e catadores de recicláveis, animais e aves existência de redes elétricas e
dispersão de fumaça nas áreas dos lixões. No entanto, essas dificuldades não impediram a
realização dos aerolevantamentos e não comprometeram sua qualidade, mostrando que a
metodologia é viável e adequada para a descrição das características das áreas de destinação
final de RSU.
Para a compreensão da dimensão real do dano ambiental já estabelecido nas áreas de
destinação final de RSU dos municípios estudados, são apresentados os orthomosaicos obtidos
a partir das imagens aéreas captadas pelo VANT na Figura 14. A partir dessa compreensão das
áreas pode-se inferir as respectivas interferências de forma direta e indireta nos meios físico,
biótico e antrópico.
94

Figura 14: Orthomosaicos dos lixões dos municípios pesquisados.

Lixão de São Miguel/RN Lixão de Coronel João Pessoa

Lixão de Venha-Ver/RN Lixão de José da Penha/RN

Lixão de Riacho de Santana/RN Lixão de Major Sales/RN

Lixão de Luís Gomes/RN Lixão de Paraná/RN


Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
95

A partir das imagens (Figura 14) é possível identificar a delimitação do terreno dos
lixões, as áreas dessas unidades, a supressão vegetal, a distribuição de resíduos à céu aberto no
terreno, indícios de queimadas, as vias que dão acesso imediato ao local, serviços de
movimentação de terra em execução (escavação de valas), infraestruturas eventualmente
presentes, bem os elementos adjacentes às áreas como plantações, matas e terrenos baldios. As
áreas medidas diretamente nos mosaicos obtidos são detalhadas na Tabela 8.

Tabela 8: Áreas dos lixões estudados.


Município Área (m²) Município Área (m²)
São Miguel 15694 Riacho de Santana 21521
Cornoel João Pessoa 6050 Major Sales 11950
Venha-Ver 7803 Luís Gomes 7816
José da Penha 9782 Paraná 4458
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Portanto, ao total têm-se uma área degradada de 85074 m² distribuída entre os oito
municípios estudados. Tal cenário é alarmante, tendo em vista a necessidade iminente de
encerramento de operação dos lixões até o dia 2 de agosto do ano de 2024, conforme
determinado pela Lei n.º 14.026/2020. Com o encerramento, é evidente também a necessidade
de recuperação das áreas degradadas, prevista pela PNMA.
Nesse sentido, mostrou-se pertinente também detalhar o perfil altimétrico dos terrenos.
Foram definidos dois cortes em direções distintas em cada local estudado. Na figura 15,
observa-se a demarcação dos dois cortes, A e B a partir de retas sobre os mosaicos e ao lado
são apresentados os dois perfis obtidos nestas direções, possibilitando a extração das variações
nas alturas em cada lixão, de acordo com as figuras correspondentes.
De acordo com Evans (2012) a obtenção de representações do relevo pode ser útil nos
estudos de várias características da superfície e interações com a paisagem como a distribuição
espacial da rede de drenagem, tipos de solo, vegetação e geologia. O modelo digital de
representação adotado pode ser classificado como Modelo Digital de Superfície (MDS), pois
apresentam informações sobre a topografia, a vegetação e as construções, ou seja, englobam
características não só do relevo, mas também dos objetos acima (CRUZ et al., 2011).
96

Figura 15: Perfis topográficos dos lixões dos municípios pesquisados.

Perfil A São Miguel

Lixão de São Miguel/RN Perfil B São Miguel

Perfil A Coronel João Pessoa

Lixão de Coronel João Pessoa Perfil B Coronel João Pessoa

Perfil A Venha Ver

Lixão de Venha-Ver/RN Perfil B Venha Ver

Perfil A José da Penha

Lixão de José da Penha/RN Perfil B José da Penha


97

Perfil A Riacho de Santana

Lixão de Riacho de Santana/RN Perfil B Riacho de Santana

Perfil A Major Sales

Lixão de Major Sales/RN Perfil B Major Sales

Perfil A Luís Gomes

Lixão de Luís Gomes/RN Perfil B Luís Gomes

Perfil A Paraná

Lixão de Paraná/RN Perfil B Paraná


Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
98

Os perfis dos terrenos apresentaram certa similaridade, quanto a presença de desníveis,


sendo os desníveis verificados dentro do intervalo de 1,91 m a 2,45 m em todos os casos, no
entanto nota-se que a distribuição das cotas nos terrenos ocorre de maneira particular em cada
lixão, caracterizando a aleatoriedade altimétrica, definida pelo relevo natural. De forma mais
específica, a diferença de nível máxima encontrada no lixão de cada município foi: São Miguel
2,06 m, Coronel João Pessoa 1,91 m, Venha-Ver 1,92 m, José da Penha 2,25 m, Riacho de
Santana 2,45 m, Major Sales 2,45 m, Luís Gomes 2,14 m e Paraná 2,13 m.
Em todos os casos a presença de desníveis no terreno pode favorecer o escoamento
superficial da água das chuvas, juntamente com os produtos líquidos do lixo (chorume) e assim
resultar num cenário de poluição difusa que pode atingir o solo e recursos hídricos a distâncias
maiores. Sabe-se que o processo hidrológico de escoamento superficial da água pode gerar
danos significativos, devido por exemplo, ao fenômeno de erosão do solo e fluxo de lama e
detritos, que pode afetar o ambiente com a perda de solo e transferência de poluentes contidos
no solo (LAGADEC et al., 2016).
Diante da grande quantidade de impactos ambientais identificados no estudo, foi
elaborada a matriz de interação apresentada no Quadro 12 para melhor organização das
informações e determinação da significância dos impactos.
Na matriz, os impactos foram avaliados quanto à natureza, ordem, abrangência,
temporalidade, magnitude e reversibilidade, da seguinte forma: natureza (positivo - 1 e negativo
- 2), ordem (direto - 1 e indireto - 2), abrangência (local - 1, regional -2 e global - 3),
temporalidade (curto - 1, médio - 2 e longo - 3), magnitude (fraco - 1, mediano - 2 e forte - 3)
e reversibilidade (reversível – 1 e irreversível - 2). Esses atributos foram analisados com as
variáveis: muito baixo (entre 6 e 7,8), baixo (entre 7,9 e 9,6), razoável (entre 9,7 e 11,4), alto
(entre 11,5 e 13,2) e muito alto (entre 13,3 e 15).
Observa-se uma similaridade muito grande entre os impactos ambientais existentes nas
áreas de lixões dos municípios, tendo em vista as características da gestão também semelhantes,
obedecendo a mesma lógica e operacionalização.
Percebe-se que os lixões vêm provocando: alteração propriedades físicas, biológicas,
químicas do solo, compactação do solo, indução de processos erosivos, geração de ruídos,
emissões atmosféricas, alteração microclimática, alteração da qualidade da água, interferência
na fauna e na flora local, alteração da estabilidade do ecossistema, comprometimento da
qualidade de vida local, incômodos às comunidades, alteração da paisagem, tráfico de veículos.
Apenas nos municípios de Coronel João Pessoa e em Major Sales a população não manifestou
nenhum tipo de incômodo ou comprometimento da qualidade de vida devido aos lixões.
99

Apesar de haver a geração de oportunidades, geração de emprego e renda e utilização


de mão de obra local, existem problemáticas sociais associadas a isso, por exemplo, a
informalidade dos serviços realizados pelos catadores de materiais recicláveis e as más
condições de trabalho e o risco de exposição a ambientes insalubres.
Observa-se também que os impactos são de ordem direta, com abrangência apenas local,
temporalidade média, considerando a vida útil das áreas de disposição (varia de anos até
algumas décadas), no entanto com magnitude forte, gerando elevada pressão ambiental local.
100

Quadro 12: Matriz de interação dos impactos ambientais nas áreas dos lixões.
Matriz de interação dos impactos ambientais nas áreas dos lixões

Indicadores de impactos ambientais3 Significância4


Meio físico Meio antrópico
Meio biótico
Solo Ar Água Colaborador Vizinhança Sociedade
Alteração propriedades físicas, biológicas, químicas

Melhorias na infraestrutura devido ao turismo


Alteração da estabilidade do ecossistema

Compromete a qualidade de vida local

Projeção da região no cenário regional


Alteração das condições de segurança

Geração de especulação imobiliária

Valorização cultural e ambiental


Utilização da mão de obra local
Alteração da qualidade da água
Indução de processos erosivos
Área de lixão 2

Aumento no consumo hídrico

Pressão nos serviços públicos


Capacidade de carga do local

Geração de emprego e renda


Interferência na fauna local
Municípios1

Interferência na flora local

Resultado 5
Geração de oportunidades

Incômodos à comunidade

Reversibilidade
Alteração microclimática

Qualificação profissional

Temporalidade
Alteração da paisagem
Emissões atmosféricas

Abrangência
Compactação do solo

Magnitude
Tráfego de veículos

Natureza
Geração de ruídos

Escassez de água

Ordem
Poluição Sonora

Uso consciente

1 A X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X X 0 X X 0 0 X X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
2 B X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X 0 0 X X 0 0 0 X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
3 C X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X X 0 X X 0 0 X X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
4 D X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X X 0 X X 0 0 X X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
5 E X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X X 0 X X 0 0 X X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
6 F X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X 0 0 X X 0 0 0 X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
7 G X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X X 0 X X 0 0 X X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
8 H X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X X 0 X X 0 0 X X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
1Municípios: 1- São Miguel, 2- Coronel João Pessoa, 3- Venha-Ver, 4- José da Penha, 5- Riacho de Santana, 6- Major Sales, 7-Luís Gomes, 8- Paraná.
2 Lixões nos municípios: A- São Miguel, B- Coronel João Pessoa, C- Venha-Ver, D- José da Penha, E- Riacho de Santana, F- Major Sales, G-Luís Gomes, H- Paraná.
3 Indicadores de impactos ambientais das atividades nos lixões nos municípios: ocorrência (X), não ocorrência (0) e, não se aplica (-).
4 Significância dos impactos ambientais das atividades nos lixões nos municípios: natureza (positivo - 1 e negativo - 2), ordem (direto - 1 e indireto - 2), abrangência (local - 1, regional -2 e global - 3), temporalidade (curto - 1, médio - 2 e longo - 3),
magnitude (fraco - 1, mediano - 2 e forte - 3) e, reversibilidade (reversível – 1 e irreversível - 2).
5 Resultado da significância dos impactos ambientais das atividades nos lixões nos municípios: muito baixo (entre 6 e 7,8), baixo (entre 7,9 e 9,6), razoável (entre 9,7 e 11,4), alto (entre 11,5 13,2) e, muito alto (entre 13,3 e 15).

Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.


101

Os impactos ambientais dos lixões presentes no Semiárido foi objeto de outros estudos
recentes, mostrando a gravidade dos danos causados. Pessoa (2019) analisou áreas de
disposição final de resíduos dos municípios de Campina Grande/PB e Toritama/PE,
identificando impactos ambientais no solo, ar, água, paisagem e outros. Em Toritama/PE o autor
destacou a poluição do ar decorrente do desprendimento de gases e mau odor proveniente dos
RSU, degradação da qualidade do solo, comprometimento dos recursos hídricos e proliferação
de vetores de doença. Em Campina Grande, a área refere-se a um lixão desativado, utilizado
por mais de 20 anos causando também contaminação do solo, água e ar, mesmo após a
desativação da área foram observados no solo sinais de erosão, alteração na capacidade de uso
da terra, dano ao relevo e na permeabilidade do solo.
Também constataram problemáticas semelhantes em dois municípios de pequeno porte
do semiárido paraibano, os trabalhos de Azevedo et al. (2015) e Freire et al. (2020), os quais
realizaram estudos de caso nos municípios de Pombal e Massaranduba, resultando no
diagnóstico dos lixões a céu aberto locais. Azevedo et al. (2015) aponta como impactos
ambientais significativos observados: contaminação do solo, compactação do solo, erosão
acelerada, contaminação da água, contaminação do ar atmosférico, redução ou perda total da
flora, redução ou perda total da fauna, riscos aos catadores e impactos na saúde pública. Já
Freire et al. (2020) identificou como impactos ambientais na área: alteração dos recursos
hídricos pela contaminação por chorume, degradação do solo, contaminação do ar por gases
tóxicos e periculosidade à saúde pública.
No Alto Oeste Potiguar, o trabalho de Lucas Filho (2020), que investigou a problemática
dos lixões nos municípios de Apodi, Caraúbas, Felipe Guerra, Campo Grande e Governador
Dix-Sept Rosado, identificou os mesmos elementos caracterizados nas Figuras 9, 10, 11 e 13,
por exemplo, a falta de controle de acesso às áreas de destinação, o despejo de resíduos de todos
os tipos sem nenhum tipo de separação, presença de queimadas, formação de chorume, presença
de animais, etc. Consequentemente, dentre os impactos ambientais nas áreas envolvem a
contaminação do solo, dos recursos hídricos, indução de processos erosivos, emissões
atmosféricas, entre outros.
E não são apenas os municípios de pequeno porte do Semiárido que continuam
utilizando os lixões a céu aberto como destinação final, o estudo de Feitosa (2018) mostra que
no município de Juazeiro do Norte/CE também é realizada essa destinação, em uma área
localizada a 5 km de distância da zona urbana. A autora complementa ao afirmar que a
disposição em área inadequada, sem licenciamento ambiental, com a presença de catadores,
102

sem tratamento prévio dos resíduos, drenagem ou monitoramento de gases e efluentes,


colaboram para um cenário de degradação ambiental constante.
Felizmente, os impactos ambientais identificados nas áreas de destinação final de RSU
nos municípios estudados são reversíveis, contanto que após a paralização das atividades, sejam
executados planos de recuperação das áreas degradadas para sua remediação. De acordo com
Resende et al. (2015), o encerramento das atividades dos lixões é acompanhado da redução dos
impactos negativos causados devido ao seu funcionamento, porém, a simples desativação não
elimina todos os impactos decorrentes da sua existência, sendo necessária a realização de
projetos de recuperação das áreas dos lixões desativados. A remediação, para Sánchez (2013),
compreende um conjunto de técnicas usadas na remoção ou contenção de contaminantes em
áreas degradadas, com o objetivo de reabilitá-las para posterior uso.
Uma alternativa para a recuperação de uma área de lixão desativado é proposta por
Mariano Neto, Gonçalves e Mendonça (2021). O primeiro passo seria o isolamento da área,
demarcando o local, identificando a área, e construindo uma barreira isolante, que pode ser uma
cerca. Depois seria feita a descontaminação da área, que dentre as possíveis técnicas a serem
empregadas, a alternativa menos onerosa é a fitorremediação, que ocorre introduzindo de
espécies vegetais que assimilam os contaminantes nas folhas e raízes, exigindo pouca
manutenção (SILVA, 2019). Geralmente, também é necessária a correção do solo, devido a
perda de nutrientes, acidez ou alcalinidade excessiva e salinização. Tornando o solo apto a
receber a vegetação, o último passo é a inserção das espécies vegetais, de preferência
verificando o tipo de vegetação presente no entorno propícia à região. Mariano Neto, Gonçalves
e Mendonça (2021) enfatizam que o processo de reflorestamento deve ser monitorado, de modo
a assegurar o êxito na recuperação da área degradada pela disposição de RSU.
Em cada município da pesquisa devem ser estudadas as necessidades após o
encerramento das atividades nas áreas, avaliando as tecnologias disponíveis, o investimento a
ser realizado, a qualidade do solo das áreas, as espécies vegetais para o reflorestamento e o
planejamento dos prazos das ações.
Por fim, diante dos impactos ambientais identificados, percebe-se a influência dos
mesmos nas múltiplas dimensões das dinâmicas territoriais. Dessa forma, para uma
compreensão mais completa da problemática e seus agravos socioambientais, faz-se necessário
a abordagem da relação da população local com as questões levantadas, utilizando a percepção
ambiental como ferramenta para tal conhecimento.
103

4.3 PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS MORADORES PRÓXIMOS ÀS ÁREAS DE


DESTINAÇÃO FINAL

A gestão de RSU nos municípios de São Miguel, Coronel João Pessoa, Venha-Ver,
Riacho de Santana, José da Penha, Paraná, Luís Gomes e Major Sales ocorre de forma
inconsistente tendo em vista os princípios da PNRS. Esse cenário é percebido pela ausência de
instrumentos norteadores da gestão, como os PMGIRS’s, a falta de ações visando o
estabelecimento da ordem de prioridade da gestão, principalmente o estímulo à não geração de
RSU, que poderia ser obtido com a realização de ações periódicas de educação ambiental, as
deficiências presentes nas etapas de gerenciamento, como a necessidade de implantação de
coleta seletiva, adequação dos veículos utilizados no transporte e destinação final atual
ambientalmente inadequada.
O reflexo dessas práticas é o surgimento de impactos socioambientais, sobretudo nas
áreas de descarte dos resíduos. Conforme exposto anteriormente, a pressão sobre o meio
ambiente nesses locais ultrapassa as dimensões ambientais, afetando o meio físico, biótico e
antrópico. O descarte de RSU diretamente sobre o solo sem tratamento algum, provoca a
poluição do solo, água e ar. Além disso, aspectos como o acesso irrestrito a essas áreas presença
de animais, queimadas e diversos tipos de resíduos dispostos de forma aleatória e sujeitos a
ação dos agentes atmosféricos, traz riscos à saúde de trabalhadores e comunidades próximas
aos locais. A Figura 16 apresenta as características mencionadas.

Figura 16: Impactos ambientais dos lixões.

Figura 16.a: Aves no lixão de São Miguel Figura 16.b: Queimadas no lixão de Venha-Ver
104

Figura 16.c: Acesso livre ao lixão de Luís Gomes Figura 16.d: Aves no lixão de José da Penha

Figura 16.e: Podas no lixão de Riacho de Santana Figura 16.f: Recicláveis no lixão de Major Sales

Figura 16.g: Chorume no lixão de Luís Gomes Figura 16.h: Chorume no lixão de Paraná
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Os lixões em estudo apresentam em seu entorno aglomerados humanos, tornando estes


sujeitos passivos aos efeitos da proximidade das residências com o local de destino. Com o
objetivo de conhecer melhor essas comunidades e as relações de convivência delas com o meio
ambiente e com os possíveis agentes de poluição existentes, além da influência destes na sua
qualidade de vida, foi aplicado o formulário constante no Anexo B, cujas informações
subsidiaram as análises que serão apresentadas nessa seção.
As distâncias entre estes lixões e as comunidades variaram de 280 m em Paraná a 1720
m em Major Sales. No entanto, vale lembrar que de acordo com a norma técnica ABNR NBR
13896/1997, deve ser respeitada a distância mínima de 500 m entre os aterros de resíduos não
105

perigosos e qualquer população da vizinhança. O requisito, portanto, não é atendido nos


municípios de Riacho de Santana e Paraná (Ver Tabela 9).
A Figura 17 apresenta, mediante imagens de satélite obtidas no software Google Earth
Pro, a localização relativa das comunidades e as unidades de destinação final de RSU de cada
município investigado: São Miguel, Coronel João Pessoa, Venha-Ver, José da Penha, Riacho
de Santana, Major Sales, Luís Gomes e Paraná. Na Tabela 9, são detalhadas todas as distâncias,
obtidas por medição em linha reta, entes as unidades de destinação e as comunidades visitadas
em cada município.

Figura 17: Distância dos lixões às comunidades.

São Miguel/RN Coronel João Pessoa/RN

Venha-Ver/RN José da Penha/RN

Riacho de Santana/RN Major Sales/RN


106

Luís Gomes/RN Paraná/RN


Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Tabela 9: Distâncias dos lixões às comunidades.


Município Distância (m) Município Distância (m)
São Miguel 910 Riacho de Santana 440
Cornoel João Pessoa 1070 Major Sales 1730
Venha-Ver 800 Luís Gomes 1190
José da Penha 580 Paraná 280
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Os resultados obtidos com a participação das comunidades foram organizados em três


principais temas, que foram: perfil socioeconômico, saneamento ambiental e percepção
ambiental. No quesito perfil socioeconômico foram investigados dados sobre sexo,
escolaridade, trabalho, renda e tempo na comunidade. Sobre o saneamento ambiental os dados
versam principalmente sobre o abastecimento de água, destinação de resíduos sólidos e
esgotamento sanitário. Já sobre a percepção ambiental, verifica-se a identificação de agentes de
poluição, interferência dos lixões para a comunidade, impactos ambientais e preservação
ambiental.
O perfil socioeconômico das comunidades é apresentado no Quadro 13. Foram
consultados mais indivíduos do sexo feminino em São Miguel, Venha-Ver, Major Sales e Luís
Gomes e mais indivíduos do sexo masculino em Paraná e José da Penha. Esse dado possui
característica variável, uma vez que os formulários foram direcionados apenas a um morador
de cada residência, no entanto, observou-se maior facilidade de consultar indivíduos do sexo
feminino por permanecerem mais tempo em casa realizando tarefas domésticas.
A maioria dos participantes exercem algum trabalho, ainda que de maneira informal, os
que afirmaram não trabalhar, foram basicamente sujeitos que recebem aposentadoria. Apenas
em São Miguel o percentual de indivíduos que não trabalham foi maior (62,5%), enquanto nos
municípios de José da Penha, Major Sales, Luís Gomes e Paraná 100% dos participantes
trabalham (Quadro 13).
107

As atividades desenvolvidas pelos que trabalham resumem-se a agricultura familiar,


pecuária e pequenos comércios locais, atestando as características predominantemente rurais
de todas as comunidades. No caso da atividade de agricultura, os produtos são alimentos como
legumes e frutas, além de forragens para animais, quando a atividade de pecuária é realizada
conjuntamente. Em São Miguel, o menor percentual de indivíduos que trabalham com
agricultura (25%) é inferior aos demais municípios devido às próprias características locais,
onde a morfologia apresenta configuração mais típica de uma vila, com residências próximas
umas das outras, estradas parcialmente calçadas, presença de pequenos comércios e parte da
população de idade mais avançada, já aposentada (Quadro 13).
A renda média das famílias é na grande maioria de até um salário mínimo, chegando até
ao percentual de 100% nas comunidades dos municípios de Coronel João Pessoa, Riacho de
Santana, Major Sales e Paraná. Nos demais a renda média chega a até 2 salários mínimos ou
até 4 salários mínimos, no caso de São Miguel. Portanto, rendimentos muito baixos, revelando
mais um cenário de vulnerabilidade, sendo que para algumas destas famílias a única renda fixa
provém do Programa Auxílio Brasil (Quadro 13).
Podemos entender melhor o cenário de vulnerabilidade social dos participantes a partir
da concepção de ocupação informal (nas atividades agrícolas ou no setor de vendas)
identificada. De acordo com Maciel e Oliveira (2018), o trabalho informal é caracterizado pela
falta de proteção legal, assim como a situação de vulnerabilidade no emprego e na renda.
Também costuma estar associada a uma precariedade do trabalho, em que as relações são
tipicamente definidas pela dinâmica capitalista e não estão sujeitas à legislação trabalhista
vigente. Além disso, no geral, os trabalhadores formais são mais escolarizados do que os
informais.
O estudo de Queiroz e Vieira (2018), realizado na zona urbana do município de
Varzelândia/MG também associa os baixos níveis de renda identificados na população por ele
entrevistada aos baixos níveis de escolaridade. Nesse caso, as autoras expõem que 65% da
população possui renda de até um salário mínimo, onde 63,5% da população não finalizaram a
educação básica.
Quanto aos níveis de escolaridade dos participantes, os resultados revelam o baixo
acesso destes à educação básica. Em todos os municípios, exceto Venha-Ver, o percentual de
indivíduos que não estudaram ou possuem o ensino fundamental incompleto foi maior ou igual
a 50%, chegando até o valor de 100% em Paraná. Em Venha-Ver, felizmente a maioria os
participantes (57,1%) possuem o ensino médio completo, mas ainda assim, todos os demais
afirmaram possuir apenas ensino fundamental incompleto (42,9%) (Quadro 13).
108

Os índices de acesso à educação no Brasil podem variar entre os estados e apresentar


desigualdades pelo nível de renda da população. Se analisado no Rio Grande do Norte, da
população de 19 a 24 anos em 2017, que está entre os 20% mais pobres do estado, apenas 67,5%
chegaram ao 9º ano do ensino fundamental e 43,2% chegou ao 3º ano do ensino médio
(SIMÕES, 2019). Considerando que o acesso à educação era ainda menor nas gerações
anteriores e o baixo nível de renda da população, entende-se o cenário desfavorável dos
participantes.
O tempo que os participantes moram nas suas respectivas comunidades é muito variável,
desde a períodos inferiores a 1 ano, até em alguns casos, a vida inteira. Também foram relatados
casos em que os moradores se mudaram para o centro da cidade ou mesmo para outros estados
(como São Paulo) e algum tempo depois retornou. No geral, os dados do Quadro 13 mostram
que a maioria dos participantes moram nas comunidades visitadas a pelo menos 20 anos, nesse
caso revelando um forte vínculo pessoal com o lugar e o conhecimento das dinâmicas ali
existentes.
109

Quadro 13: Perfil socioeconômico das comunidades.


Perfil socioeconômico
Principais produtos
Sexo? Trabalha? Escolaridade Renda média: Há quantos anos mora nessa comunidade? Ocupações:
gerados:

Fund. Incompl. (%)

Médio incomp. (%)

P. de forragens (%)
Até 1 sal. Mín. (%)

+ de 30 anos (%)
Fundamental (%)

10 a 20 anos (%)

20 a 30 anos (%)

Agricultura (%)

P. de alimentos
6 a 10 anos (%)
Nunca Est. (%)
Masculino (%)

2 a 5 anos (%)
Até 1 ano (%)
2 a 4 s.m. (%)
Feminino (%)

Pecuária (%)
1 a 2 s.m (%)

(leg/frut) (%)
Outros (%)
Médio (%)
Não (%)
Sim (%)
Municípios

São Miguel 37,5 62,5 37,5 62,5 12,5 50,0 25,0 12,5 75,0 25,0 12,5 25,0 12,5 50,0 25,0 12,5 12,5 12,5 25,0
Cel. J. Pessoa 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0 25,0 25,0 100,0 25,0 25,0 50,0 50,0 50,0
Venha Ver 42,9 57,1 71,4 28,6 42,9 57,1 57,1 42,9 14,3 14,3 14,3 14,3 42,8 71,4 28,6 14,3 71,4
Jose da Penha 75,0 25,0 100,0 50,0 50,0 75,0 25,0 25,0 75,0 100,0 50,0 50,0 25,0 100,0
R. de Santana 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0 100,0 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0
Major Sales 100,0 100,0 50,0 50,0 100,0 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0
Luís Gomes 25,0 75,0 100,0 25,0 50,0 25,0 75,0 25,0 25,0 25,0 50,0 100,0 100,0
Paraná 100,0 100,0 100,0 100,0 33,3 33,3 33,3 100,0 100,0

Média (%) 54,3 59,9 76,1 47,8 31,3 52,6 39,3 50,0 32,5 85,3 31,0 25,0 25,0 34,8 20,0 24,4 25,4 50,2 68,3 30,4 37,5 25,5 68,3
Mediana (%) 50,0 57,1 85,7 50,0 31,3 50,0 37,5 50,0 25,0 87,5 25,0 25,0 25,0 37,5 14,3 25,0 25,0 50,0 60,7 28,6 50,0 19,7 60,7
Desvio padrão 0,23 0,22 0,25 0,12 0,19 0,21 0,14 0,00 0,15 0,16 0,08 0,00 0,00 0,16 0,09 0,07 0,13 0,12 0,27 0,15 0,18 0,15 0,27
Mínimo (%) 25,0 25,0 37,5 28,6 12,5 25,0 25,0 50,0 12,5 57,1 25,0 25,0 25,0 14,3 12,5 14,3 12,5 33,3 25,0 12,5 12,5 12,5 25,0
Máximo (%) 100,0 100,0 100,0 62,5 50,0 100,0 57,1 50,0 50,0 100,0 42,9 25,0 25,0 50,0 33,3 33,3 50,0 75,0 100,0 50,0 50,0 50,0 100,0
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
110

Outros autores que estudaram o perfil socioeconômico de comunidades marginalizadas


encontraram resultados semelhantes em suas pesquisas. No estudo de Barreto (2018), dentre os
participantes consultados, 67,7% deles possuíam o ensino fundamental incompleto e 6,5% não
haviam estudado. O cenário de trabalho informal também foi observado no público por ele
pesquisado e quanto aos níveis de renda se mostraram baixos, tendo em vista o cenário de
vulnerabilidade socioeconômica e pouco acesso à educação básica. Nesse caso, 55,0% dos
indivíduos apresentou uma renda de um a dois salários mínimos, enquanto para os outros, a
renda é inferior a um salário.
Nascimento, Camacho e Souza (2021) pesquisaram o perfil socioeconômico da
comunidade rural de Cacimba, município de Aracati, no estado do Ceará e verificou que dos
participantes da pesquisa, 78% eram agricultores e o restante, professores, comerciantes,
autônomos, vigias, estudantes, domésticas e outros. Também foi observado no estudo baixos
níveis de escolaridade, onde apenas 12% afirmaram possuir ensino superior, 18% ensino médio,
30% não estudou e 40% com ensino fundamental completo.
Da mesma forma, no estudo de Evaristo et al. (2017) nenhum dos participantes tinha
ensino superior completo, e apenas 14% possuíam o ensino médio completo, 14% eram
analfabetos e o restante não possuía o ensino básico completo. Nas residências o homem em
66% dos casos era considerado o chefe da família.
Todas essas informações apontam para um cenário de vulnerabilidades
socioeconômicas e educacionais, onde a população submetida a desinformação sobre seus
direitos segue marginalizada e sem qualidade no atendimento de suas necessidades a partir de
serviços públicos mesmo havendo uma dependência deles devido às condições financeiras das
famílias. Nesse sentido, buscamos conhecer um pouco sobre os serviços de saneamento
oferecidos às comunidades analisadas.
Os aspectos de saneamento ambiental identificados nas comunidades também não foram
os ideais, conforme mostrado no Quadro 14. Iniciando pelo serviço de abastecimento de água,
ele não é realizado em nenhuma das comunidades por meio da Companhia de Águas e Esgotos
do Rio Grande do Norte (CAERN), tendo em vista que nessas e outras áreas rurais o
abastecimento feito pela companhia foi interrompido há vários anos devido à escassez hídrica
enfrentada.
Dessa forma, a população passou a receber água por caminhões pipa, contratados pelas
prefeituras, ou ainda encontrar soluções individuais como a escavação de poços ou
bombeamento de reservatórios hídricos locais, os açudes. Em São Miguel alguns são
abastecidos por caminhão pipa (62,5%) e outros por poços (37,5%), em Coronel João Pessoa e
111

Riacho de Santana, apenas por poços, em Venha-Ver e Major Sales, apenas por carros pipa, em
José da Penha, por carro pipa (25%) ou por açude (75%) e em Paraná ou por poço (33,3%) ou
por açude (66,7%) (Quadro 14). Observou-se que um dos maiores anseios das comunidades
quanto a serviços públicos é o de retomada do abastecimento direto da CAERN.
Além da água obtida pelos meios citados, é comum os indivíduos realizarem a captação
da água das chuvas para consumo humano. Quando esta é a finalidade, a maioria afirmou
realizar um ou mais formas de tratamento, com filtro de barro, fervura ou cloro. Porém em
alguns dos municípios foram obtidas altas porcentagens de participantes que consomem a água
sem nenhum tipo de tratamento, como em São Miguel (88,9%), Venha-Ver (42,9%) e Luís
Gomes (50%) (Quadro 14).
Para se ter ideia do cenário problemático identificado, o índice de atendimento do
abastecimento de água por rede com canalização interna ou na propriedade no Brasil em 2017
foi de 85,7%. O índice de atendimento urbano foi maior, e chegou a 93,8%, já nas zonas rurais
apenas 33,4% dos domicílios possuem esse tipo de atendimento. Na zona rural o tipo de
atendimento mais frequente é por poço ou nascente com canalização interna, com índice de
43,1% (BRASIL, 2019).
O uso da água nas comunidades se dá principalmente para o consumo humano e
realização de atividade domésticas, ocorrendo também em alguns casos específicos o uso em
atividades agrícolas, pecuária e pesca, sempre em pequenos volumes. Portanto, o uso está mais
relacionado às atividades essenciais.
Em todos os municípios, exceto em Coronel João Pessoa, todos os participantes
afirmaram ter fossa rudimentar em suas residências, para onde são destinados os efluentes
domésticos. No caso de Coronel João Pessoa 25% dos participantes destinam os efluentes no
solo (a céu aberto) e os demais em fossa rudimentar (Quadro 14).
Os resultados desfavoráveis de atendimento do sistema de esgotamento sanitário já eram
esperados, uma vez que segundo Brasil (2019), no ano de 2017, 48,6% dos domicílios rurais,
destinavam os esgotos sanitários para fossas rudimentares e 11,7% para valas, rios, lagos, mar
ou outro destino. Assim, um total de 5,4 milhões de domicílios não possuíam solução adequada
para o afastamento dos esgotos sanitários. Apenas 32,0% dos domicílios desse tipo eram
atendidos com fossa séptica e 7,7% por rede geral de esgoto.
Já os resíduos sólidos, não são coletados pela prefeitura nas comunidades rurais
visitadas dos municípios de Coronel João Pessoa, José da Penha, Riacho de Santana e Luís
Gomes, assim as opções encontradas pelas comunidades é de queimar ou jogar fora seus
resíduos domésticos (Quadro 14). Nos demais, podem ocorrer duas situações, a primeira é a
112

coleta não atender a todas as residências da comunidade, o que implica na existência de


deficiências na gestão, ou simplesmente os indivíduos preferirem fazer o descarte em terreno
baldio ou pela queima, revelando também a falta de conscientização ambiental. A necessidade
de melhoria nos índices de atendimento da coleta de resíduos sólidos nas zonas rurais é uma
problemática já comentada aqui anteriormente.
Todos os dados apresentados expõem o quadro relatado por Machado et al. (2016), o
qual afirma que a cobertura de serviços de saneamento e abastecimento de água em zonas rurais
brasileiras é precária ou inexistente, resultando em uma baixa qualidade de vida, saúde e bem
estar da população, bem como alto nível de propagação de doenças. Os autores acrescentam
que as políticas públicas, em sua maioria, contemplam as zonas urbanas, e mantém abandonadas
as áreas rurais, onde faltam de sistemas apropriados de abastecimento de água, esgotamento
sanitário, e coleta de resíduos sólidos.
Conforme apresentado anteriormente, grande parte dos participantes da pesquisa moram
nas comunidades a mais de 20 anos, consequentemente muitos destes começaram a residir no
local antes da implantação do lixão nas proximidades. Pelo Quadro 14 observa-se que apenas
em Venha-Ver, a maioria dos participantes (57,1%) foram morar na comunidade já com a
presença da unidade de destinação final de resíduos. Os resultados obtidos também se justificam
pela idade variada das unidades de destinação final em cada município, que pode variar de
poucos anos a mais de uma década. De acordo com os moradores locais, a unidade de destinação
final mais recente é a de Paraná (cerca de 2 anos), seguida de José da Penha (cerca de 6 anos),
enquanto as mais antigas são as de Venha-Ver (cerca de 26 anos) e Coronel João Pessoa (cerca
de 15 anos).
113

Quadro 14: Características do saneamento ambiental das comunidades.


Saneamento ambiental
Destino dos Quando veio residir aqui o
Abastecimento de água: Forma de tratamento de água: Uso da água: Destino de efluentes domésticos:
resíduos sólidos: lixão era no local atual?

Tratamento com filtro de barro (%)

Jogado Fora (terreno baldio) (%)


Sem Tratamento prévio (%)

Tratamento por fervura (%)

Atividades domesticas (%)


Tratamento com cloro (%)

Atividades agrícolas (%)


Somente Carro Pipa (%)

Coleta da Prefeitura (%)


Consumo humano (%)
Somente Poço (%)

Pecuária (%)
Açude (%)

Queimado
Pesca (%)

Fossa (%)

Solo (%)

Não (%)
Sim (%)
Municípios

São Miguel 37,5 62,5 88,9 11,1 100,0 100,0 12,5 100,0 87,5 12,5 12,5 25,0 75,0
Cel. J. Pessoa 100,0 25,0 50,0 50,0 100,0 25,0 100,0 75,0 25,0 75,0 25,0 50,0 50,0
Venha Ver 100,0 42,9 42,9 14,2 100,0 100,0 14,3 100,0 57,1 42,9 57,1 42,9
José da Penha 25,0 75,0 75,0 25,0 100,0 100,0 25,0 100,0 75,0 25,0 100,0
R. de Santana 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 50,0 50,0 50,0 50,0
Major Sales 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 50,0 50,0 50,0 50,0
Luís Gomes 75,0 25,0 50,0 50,0 50,0 100,0 100,0 100,0 50,0 50,0 100,0
Paraná 33,3 66,7 33,3 33,3 33,3 100,0 100,0 100,0 33,3 66,7 100,0

Média (%) 69,2 62,5 70,9 48,0 58,5 11,1 45,4 100,0 25,0 100,0 13,4 25,0 96,9 25,0% 57,0 50,8 38,2 46,4 71,0
Mediana (%) 75,0 62,5 70,9 42,9 50,0 11,1 41,7 100,0 25,0 100,0 13,4 25,0 100,0 25,0% 53,6 50,0 37,5 50,0 62,5
Desvio padrão 0,29 0,34 0,04 0,22 0,22 0,00 0,28 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,08 0,00 0,20 0,20 0,19 0,11 0,24
Mínimo (%) 33,3 25,0 66,7 25,0 33,3 11,1 14,2 100,0 25,0 100,0 12,5 25,0 75,0 25,0% 33,3 12,5 12,5 25,0 42,9
Máximo (%) 100,0 100,0 75,0 88,9 100,0 11,1 100,0 100,0 25,0 100,0 14,3 25,0 100,0 25,0% 87,5 75,0 66,7 57,1 100,0
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
114

O estudo de Evaristo et al. (2017) apresenta similaridades encontradas na comunidade


rural de Candidópolis em Itabira, estado de Minas Gerais, onde a principal fonte de
abastecimento de água das residências é um poço artesiano existente nas proximidades das
residências. Nesse caso, o abastecimento é canalizado pelos próprios moradores, não havendo
intervenção do sistema de abastecimento público do município. Além disso, no mesmo o estudo
o tratamento da água de 96% das residências era por filtro de barro e quanto ao sistema de
esgotamento sanitário foi destacada a precariedade do acesso da comunidade, havendo o
lançamento de efluentes diretamente em cursos d’água e acúmulo de resíduos sólidos que
desencadeiam um por processo de degradação dos recursos naturais.
Nascimento (2021) também observou problemáticas desse tipo em comunidades
próximas a áreas de destinação final de resíduos sólidos no Rio Grande do Norte. A autora
identificou serviços públicos de abastecimento público de água satisfatório em 80% das
residências consultadas, no entanto, quase todos afirmaram que não era realizado nenhum
tratamento da água para o consumo. Quando questionou sobre os sistemas de esgotamento
sanitário, houve unanimidade na utilização de fossas para a destinação de efluentes. Já sobre os
resíduos sólidos, em algumas comunidades era feita a coleta pela prefeitura e em outras não.
Portanto, além da vulnerabilidade socioeconômica identificada nas comunidades
estudadas, existe também a vulnerabilidade ambiental e sanitária, evidenciada pela ocupação
de áreas com risco de degradação ambiental devido a poluição dos lixões e falta de atendimento
de serviços básicos de saneamento. Nota-se a necessidade de intervenção a partir de políticas
que propiciem acesso a infraestrutura e serviços públicos de qualidade.
A falta de saneamento básico adequado nas comunidades demostra a presença de crises
e conflitos ambientais, que comprometem a qualidade de vida da população local. Diante da
presença de impactos socioambientais nas comunidades e a importância da relação homem-
ambiente, surge a necessidade de entender a percepção dos indivíduos que vivenciam essas
dificuldades diariamente.
Se detendo mais especificamente a percepção ambiental dos participantes, serão
discutidos os dados apresentados nos Quadros 15 e 16. Antes disso, deve-se entender um pouco
mais do que trata a percepção ambiental.
De acordo com Crispim (2019), a percepção é estudada como a interação do ser humano
com o ambiente em que vive, com base nos cinco sentidos que captam toda série de
acontecimentos externos, através de estímulos, passando pelo filtro de sua visão de realidade
que é subjetiva e única, logo individual de cada um. Assim, o mais importante é como o homem
percebe o seu meio, como ele o entende, baseado na sua vivência.
115

Em termos de relação com o meio ambiente, é através da percepção que o indivíduo


poderá ou não desenvolver um Compromisso Pró-Ecológico. O Compromisso Pró-Ecológico é
o que leva o indivíduo a ter consciência dos danos que uma ação ambientalmente descuidada
possa causar no entorno, induzindo-o a realizar práticas visando a preservação do ambiente
como um todo ou de seus compartimentos (GURGEL; PINHEIRO, 2011).
Nesse sentido, os participantes possuem uma forte relação com o lugar onde moram,
afirmando que suas propriedades são importantes ou muito importantes para eles quase que na
totalidade das respostas obtidas. Nos municípios de Venha-Ver, José da Penha, Riacho de
Santana, Major Sales, e Luís gomes, todos os participantes consideram sua propriedade muito
importante. Apenas um participante, no município de Paraná, respondeu que a importância da
propriedade para ele era razoável, nesse caso, ele possui imóvel em outra localidade (Quadro
15).
Os principais tipos de poluição identificados pelos participantes nas comunidades
foram: em primeiro lugar, os lixões; e em segundo lugar atividades humanas. No entanto, no
geral, eles não acham que existe muita poluição local, inclusive muitas vezes a resposta foi de
que não havia nenhum tipo de poluição (Quadro 15).
A interferência do lixão nas atividades diárias dos entrevistados varia de acordo com as
características de cada localidade, mas considerando a distância entre as residências e as áreas
de destinação de RSU, grande parte das respostas foi de que nunca há interferência no dia-a-
dia. Apenas nos municípios de José da Penha, Riacho de Santana e Paraná, a maioria entende
ter alguma interferência, ainda que seja quase nunca ou às vezes (Quadro 15). Em José da Penha
a interferência mostrou-se maior, pois os moradores locais costumam transitar diariamente nas
proximidades do lixão, que fica ao lado da estrada que dá acesso à comunidade, por que os
moradores possuem outras propriedades mais próximas e utilizam água de reservatórios
localizados em nível topográfico abaixo do lixão.
No mesmo sentido das respostas anteriores, poucos participantes afirmaram já ter
deixado de praticar alguma atividade por interferência dos lixões ou aterros controlados. Nos
municípios de São Miguel e José da Penha, alguns deixaram de praticar agricultura familiar em
determinadas propriedades, por elas serem muito próximas dos lixões, tornando incômoda a
permanência no local durante os expedientes de trabalho, pela presença de mau cheiro e fumaça,
por exemplo. Também em José da Penha e Paraná alguns participantes deixaram de realizar
atividades de pecuária nos pastos próximos aos lixões, por que a ação do vento provocava a
dispersão de resíduos plásticos até as propriedades e os animais corriam o risco de ingeri-los,
gerando complicações ou até a sua morte. Já em Venha-Ver, observou-se o receio de alguns
116

participantes de utilizar os recursos hídricos próximos ao local de destinação de resíduos,


evitando a pesca e atividades de recreação (banho em cachoeira). Nos demais municípios não
foi relatado a interferência em nenhuma atividade (Quadro 15).

Quadro 15: Percepção ambiental da população das comunidades investigadas.


Percepção ambiental

Importância da Você já deixou de praticar


Principais tipos de A proximidade da comunidade
propriedade para alguma dessas atividades
poluição na comunidade: com o lixão interfere no dia-a-dia?
sua família? por interferência do lixão?

Com muita frequência (%)


Atividades humanas (%)

Agricultura familiar (%)


Muito importante (%)

Com frequência (%)


Quase nunca (%)
Importante (%)

Municípios
Razoável (%)

As vezes (%)
Agrícola (%)

Pecuária (%)
Natural (%)

Outros (%)
Nunca (%)
Lixão (%)

Pesca (%)
São Miguel 62,5 37,5 12,5 62,5 12,5 75,0 25,0 12,5
Cel. J. Pessoa 50,0 50,0 50,0 25,0 25,0 75,0 25,0
Venha Ver 100,0 28,6 28,6 42,9 71,4 14,3 14,3 14,3 14,3
José da Penha 100,0 100,0 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 50,0
R. de Santana 100,0 100,0 50,0 50,0
Major Sales 100,0 100,0
Luís Gomes 100,0 25,0 75,0 50,0 25,0 25,0
Paraná 66,7 33,3 66,7 33,3 33,3 33,3 33,3

Média (%) 84,9 43,8 33,3 37,5 22,0 45,6 60,3 61,4 32,5 24,6 37,5 25,0 14,3 18,8 41,7 14,3
Mediana (%) 100,0 43,8 33,3 37,5 25,0 45,6 66,7 71,4 33,3 25,0 37,5 25,0 14,3 18,8 41,7 14,3
Desvio padrão 0,20 0,06 0,00 0,13 0,07 0,17 0,32 0,25 0,15 0,06 0,13 0,00 0,00 0,06 0,08 0,00
Mínimo (%) 50,0 37,5 33,3 25,0 12,5 28,6 12,5 25,0 14,3 14,3 25,0 25,0 14,3 12,5 33,3 14,3
Máximo (%) 100,0 50,0 33,3 50,0 28,6 62,5 100,0 100,0 50,0 33,3 50,0 25,0 14,3 25,0 50,0 14,3
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Quanto à pouca identificação de agentes de poluição ou de identificação das


interferências causadas pela destinação inadequada dos RSU nos lixões, vale destacar que Alves
(2019) percebeu a partir de um estudo realizado no município de Lucrécia, no Rio Grande do
Norte, que grande parte da população não tem noção real da gravidade da problemática dos
resíduos sólidos e que o conhecimento popular atual ainda é raso e insuficiente para buscar
melhorias.
A conscientização ambiental também está relacionada com o nível de escolaridade da
população, como foi identificado no trabalho de Almeida et al. (2020), logo, o acesso precário
à educação básica não favorece a identificação de todos os danos e interferências dos lixões nas
117

comunidades. Assim, a população mantém sua rotina normalmente, mesmo às vezes, podendo
estar sujeita a perturbações.
Ainda assim, pode-se observar algumas similaridades em outros estudos como no de
Barretto et al. (2018), que questionou os indivíduos sobre a percepção de poluição deles em São
Francisco do Conde, estado da Bahia e o aspecto mais facilmente identificado foi a poluição
relacionada ao lixo (54,8%), esgoto (19,4 %) ou nenhuma (19,4 %).
No trabalho de Crispim (2019), ela entrevistou a população de Humaitá, no estado do
Amazonas e quando questionou sobre os tipos de poluição mais recorrentes nos bairros, os itens
mais apontados (85%) foram: o lixo jogado nas ruas, fumaça, mau cheiro de esgotos a céu
aberto, queimadas, poluição sonora, e poluição de rios.
Para especificar melhor quais são os principais impactos ambientais percebidos pelos
moradores, devido à presença das unidades de destinação de resíduos na região pesquisada, foi
elaborado o Quadro 16. No município de Coronel João Pessoa, o único impacto indicado foi a
incidência de roedores e animais e em Major Sales, aumento de temperaturas e queimadas,
fatores diretamente relacionados. Nos municípios citados, os participantes acreditam que se
houver qualquer outro impacto, não chega a afetar a comunidade.
Nos outros municípios, foram observados diversos impactos ambientais, conforme
detalhado no Quadro 16, sendo os mais frequentes: mau cheiro (média de 73,5%), contaminação
do solo (média de 65,2%), aumento de insetos (média de 64%), contaminação dos recursos
hídricos (média de 61%), queimadas (média de 59,9%) e incidência de roedores e animais
(média de 51,1%).
Em cada município, os impactos são percebidos de maneira específica, a depender das
características da gestão de resíduos sólidos, da posição relativa da comunidade em relação ao
lixão e da relação dos participantes com o meio ambiente. Em São Miguel o principal incômodo
da população é em relação ao mau cheiro, considerando que o percurso realizado pelos veículos
que transportam os RSU passa em frente às suas residências e conforme relatado, durante todo
o dia a até mesmo a noite circulam veículos com resíduos de mau cheiro pela comunidade.
Em Venha-Ver, as queimadas são o principal incômodo da população, pois neste
município, os resíduos passam por incineração a céu aberto, para controle do volume. Os
participantes relataram que algumas vezes a fumaça pode chegar até suas residências ou outras
localidades. Em outros municípios, as queimadas também são um problema, mas são realizadas
de forma clandestina por falta de controle da administração pública, como em José da Penha,
Riacho de Santana, Major Sales e Paraná.
118

Como comentado anteriormente em José da Penha, o trânsito da população nas


proximidades do lixão, torna incômodo a presença do mau cheiro no local, além dos insetos e
animais. A proximidade dos lixões com as rodovias nos municípios de Riacho de Santana e
Paraná, também gera o desconforto com mau cheiro. Os moradores da comunidade Flechas em
José da Penha acreditarem que os produtos lixiviados dos resíduos contaminem o solo e a água
dos reservatórios locais, incluindo o açude que os abastece, onde já foram encontrados peixes
mortos, de acordo com os relatos. Em Luís Gomes, Riacho de Santana e Paraná os participantes
também afirmaram ter receio em utilizar a água dos reservatórios superficiais e subterrâneos
locais para consumo humano, por acreditar que os produtos dos lixões contaminam o solo e os
recursos hídricos.
Apesar da existência destes impactos ambientais, poucos participantes afirmaram já ter
pensado em se sair da comunidade para morar em outro local, devido aos impactos dos lixões
ou aterros controlados. Somente um participante em São Miguel, dois em José da Penha e um
em Paraná, pensaram nessa possibilidade (Quadro 16).
Na percepção dos participantes quem mais realiza a preservação do meio ambiente nas
comunidades é: a população rural em São Miguel (75%), Coronel João Pessoa (100%), José da
Penha (100%), Luís Gomes (100%) e Paraná (66,6%); o poder público municipal em Major
Sales (100%); ninguém em Venha Ver (42,9%); e a população rural e o poder público municipal
em Riacho de Santana (ambos com percentual de 50%) (Quadro 16). Portanto notamos a
predominância da preocupação da população rural com a manutenção das condições ambientais
equilibradas nas comunidades.
119

Quadro 16: Percepção ambiental da população das comunidades investigadas.


Percepção ambiental
Já pensou em Quem mais realiza
residir em outro a preservação
Principais impactos negativos na região, pela proximidade com o lixão:
local, devido ao ambiental na sua
lixão? comunidade?

Incidência de roedores e animais (%)


Aumento das temperaturas (%)

Contaminação rec hídricos (%)

Uso de maquinas pesadas (%)


Contaminação do solo (%)

Incidência de doenças (%)

Aumento de insetos (%)

Sim, algumas vezes (%)

Poder público local (%)


Sim, várias vezes (%)

População rural (%)


Desmatamento (%)

Nunca pensei (%)


Mau cheiro (%)

Queimadas (%)
Municípios

Ninguém (%)
Erosão (%)

São Miguel 25,0 12,5 12,5 62,5 12,5 12,5 12,5 37,5 12,5 87,5 75,0 12,5 25,0
Cel. J. Pessoa 25,0 100,0 100,0
Venha Ver 28,6 14,3 28,6 28,6 28,6 28,6 57,1 28,6 14,3 28,6 100,0 28,6 28,6 42,9
José da Penha 100,0 100,0 75,0 75,0 25,0 100,0 75,0 50,0 50,0 100,0
R. de Santana 50,0 50,0 50,0 100,0 100,0 100,0 50,0 100,0 50,0 50,0
Major Sales 50,0 50,0 100,0 100,0
Luís Gomes 75,0 50,0 75,0 25,0 25,0 75,0 75,0 100,0 100,0
Paraná 33,3 100,0 100,0 100,0 100,0 33,3 66,7 66,7 33,3 66,7 66,7 33,3 33,3

Média (%) 26,8 38,1 31,1 61,0 73,5 65,2 59,9 12,5 28,0 64,0 51,1 33,3 31,3 88,0 74,3 44,9 33,7
Mediana (%) 26,8 50,0 31,0 62,5 81,3 75,0 57,1 12,5 26,8 70,9 50,0 33,3 31,3 100,0 75,0 33,3 33,3
Desvio padrão 0,02 0,17 0,13 0,34 0,28 0,33 0,32 0,00 0,03 0,31 0,20 0,00 0,19 0,18 0,26 0,30 0,07
Mínimo (%) 25,0 14,3 12,5 12,5 28,6 12,5 12,5 12,5 25,0 14,3 25,0 33,3 12,5 50,0 28,6 12,5 25,0
Máximo (%) 28,6 50,0 50,0 100,0 100,0 100,0 100,0 12,5 33,3 100,0 75,0 33,3 50,0 100,0 100,0 100,0 42,9
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Em relação aos impactos ambientais indicados pela população, resultados semelhantes


foram obtidos por Mendonça et al. (2020), quando analisaram a destinação final de RSU no
município de Rodolfo Fernandes/RN, enfatizando os danos causados pela utilização de
vazadouros a céu aberto em áreas que posteriormente se tornaram inutilizáveis devido à
possível contaminação do solo e dos recursos hídricos.
Oliveira, Miranda e Soares (2019) também analisaram impactos ambientais provocados
por vazadouros a céu aberto no município de Santa Helena/GO indicando como possíveis
impactos negativos, a alteração da qualidade dos recursos hídricos superficiais, alteração da
qualidade do solo, alteração da qualidade do ar e impactos sobre saúde humana.
No estudo de Lucas Filho (2020), utilizando a mesma metodologia de análise da
percepção ambiental da população residente nas proximidades de áreas de destinação de
resíduos, os resultados encontrados apresentam similaridade, mostrando que apesar dos
incômodos que os resíduos possam causar, a população não tem interesse em se mudar de suas
120

propriedades locais, pois elas são muito importantes para eles. A população consultada pelo
autor também considerou os lixões como maior fonte de poluição local e identificou como
principais impactos ambientais presentes nas áreas as queimadas, aumento de insetos, mau
cheiro e a contaminação do solo.
Esses fatores, podem afetar a qualidade de vida da população direta ou indiretamente.
Portanto, independentemente do nível de perturbação que as unidades de destinação final de
resíduos sólidos dos municípios causem nas comunidades, é importante que o poder público
adeque sua gestão no sentido de reduzir ou evitar os impactos ambientais existentes, uma vez
que a Constituição Federal (1988), prevê no art. 225 que: “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).
Infelizmente, diante da realidade analisada, fica claro que todas as comunidades
pesquisadas sofrem com alta vulnerabilidade socioeconômica e ambiental, onde direitos básicos
e essenciais como o acesso a serviços públicos de abastecimento de água, esgotamento
sanitário, coleta domiciliar de resíduos sólidos não são ofertados satisfatoriamente, além dos
baixos rendimentos das famílias, na maioria dos casos condicionadas a trabalhos informais e
do difícil acesso à educação básica.
A proximidade com os lixões agrava o quadro de vulnerabilidade podendo acarretar
incômodos, como relatado em alguns municípios, os maus odores, poluição, aumento de insetos
e animais na comunidade, influência no tráfego das vias locais e queimadas, inclusive podendo
acarretar risco a saúde dos moradores. Logo, se faz necessário desenvolver propostas de ações
visando a melhoria das atividades da gestão de RSU dos municípios contemplando esses
sujeitos.

4.4 PROPOSTAS DE MELHORIAS PARA A GESTÃO DE RSU DOS MUNICÍPIOS

A superação das deficiências na gestão de RSU dos municípios do Semiárido é uma


questão que deve se embasar no conhecimento das ações dos municípios e formulação de
propostas alinhadas à legislação vigente. Dessa forma, é necessário analisar as possibilidades
dos municípios aqui estudados (São Miguel, Coronel João Pessoa, Venha-Ver, Riacho de
Santana, José da Penha, Paraná, Luís Gomes e Major Sales) no contexto de suas dinâmicas, dos
seus recursos, instrumentos, ferramentas e estruturas atuais, conforme buscou-se conhecer a
partir do diagnóstico realizado.
121

Segundo Ferreira (2018), a partir da publicação da PNRS em 2010, houve uma exigência
para que todos os municípios brasileiros implementassem melhorias ambientais, sobretudo na
perspectiva de adoção de soluções ambientalmente adequadas de disposição final de RSU, com
a eliminação dos lixões a céu aberto. Também foram incentivadas as políticas voltadas para o
planejamento e execução das outras etapas da gestão, como coleta seletiva e logística reversa.
As melhorias a serem implementadas devem possuir o objetivo principal de reduzir ou
evitar os impactos ambientais negativos que vêm ocorrendo devido ao modelo atual de gestão
dos resíduos. Impactos estes que se efetivam nas ações de gerenciamento dos resíduos sólidos,
ou seja, no conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta,
transporte, transbordo, tratamento e destinação final, como prevê a PNRS (BRASIL,2010).
Entretanto, nos municípios estudados, as etapas de transbordo e tratamento de resíduos não são
realizadas, sendo identificadas apenas as etapas de coleta, transporte e destinação final.
Conforme explica Ramos et al. (2012), associadas as atividades inadequadas de manejo
de resíduos sólidos, é comum o surgimento de impactos ambientais diversos, como poluição da
água, assoreamento de corpos hídricos, enchentes, proliferação de vetores de doenças, a partir
dos animais que fazem contato direto com os resíduos, por exemplo, moscas, baratas, vermes,
ratos e outros, além da poluição visual, maus odores e contaminação do meio ambiente.
Considerando a verificação do gerenciamento de resíduos sólidos dos municípios
realizado de forma reduzida, apenas com três etapas, foi possível elaborar uma matriz de
aspectos e impactos ambientais desse gerenciamento para cada município (Quadros 17, 18, 19,
20 e 21), contemplando a análise das ações realizadas na coleta, transporte e destinação final.

Quadro 17: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de São Miguel.
Mun. Fases da
Aspectos ambientais potenciais Impactos ambientais negativos
gestão
Poluição do solo;
Ausência de separação dos tipos de resíduos, incluindo
Poluição do ar;
perfurocortantes.
Coleta Risco a população.
Acondicionamento em sacolas e/ou embalagens pouco
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
resistentes.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Poluição do ar;
Diversos tipos de resíduos sendo transportados de forma
SÃO MIGUEL

Poluição sonora;
Transporte aglomerada, propiciando a ocorrência de reações físico-
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
químicas entre eles, formação de chorume e gases.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Transbordo Não se aplica Não se aplica
Tratamento Não se aplica Não se aplica
Descarte dos resíduos sólidos diretamente no solo; Poluição do solo;
Presença de aves, insetos e outros animais; Interferência no ecossistema local, na fauna e na flora;
Destinação
Ocorrência frequente de queimadas; Poluição do ar;
final
Ausência de controle do acesso a área de destinação; Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
Existência de comunidades próximas. Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
122

Quadro 18: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de Coronel João Pessoa.
Mun. Fases da
Aspectos ambientais potenciais Impactos ambientais negativos
gestão
Poluição do solo;
Ausência de separação dos tipos de resíduos, incluindo
Poluição do ar;
perfurocortantes.
COLETA Risco a população.
Acondicionamento em sacolas e/ou embalagens pouco
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
resistentes.
CORONEL JOÃO PESSOA

Exposição dos moradores a riscos de saúde;


Poluição do ar;
Diversos tipos de resíduos sendo transportados de forma
Poluição sonora;
Transporte aglomerada, propiciando a ocorrência de reações físico-
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
químicas entre eles, formação de chorume e gases.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Transbordo Não se aplica Não se aplica
Tratamento Não se aplica Não se aplica
Poluição do solo;
Descarte dos resíduos sólidos diretamente no solo;
Interferência no ecossistema local, na fauna e na flora;
Destinação Presença de insetos e outros animais;
Poluição do ar;
final Ausência de controle do acesso a área de destinação;
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
Existência de comunidades próximas.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Quadro 19: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de Venha-Ver e Paraná.
Mun. Fases da
Aspectos ambientais potenciais Impactos ambientais negativos
gestão
Poluição do solo;
Ausência de separação dos tipos de resíduos, incluindo
Poluição do ar;
perfurocortantes.
Coleta Risco a população.
Acondicionamento em sacolas e/ou embalagens pouco
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
resistentes.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
VENHA-VER/ PARANÁ

Poluição do ar;
Diversos tipos de resíduos sendo transportados de forma
Poluição sonora;
Transporte aglomerada, propiciando a ocorrência de reações físico-
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
químicas entre eles, formação de chorume e gases.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Transbordo Não se aplica Não se aplica
Tratamento Não se aplica Não se aplica
Descarte dos resíduos sólidos diretamente no solo; Poluição do solo;
Presença de aves, insetos e outros animais; Interferência no ecossistema local, na fauna e na flora;
Destinação Ocorrência frequente de queimadas; Poluição do ar;
final Proximidade de recursos hídricos; Poluição de recursos hídricos;
Ausência de controle do acesso a área de destinação; Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
Existência de comunidades próximas. Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Quadro 20: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de José da Penha e Riacho de Santana e
Luís Gomes.
Mun. Fases da
Aspectos ambientais potenciais Impactos ambientais negativos
gestão
Poluição do solo;
Ausência de separação dos tipos de resíduos, incluindo
JOSÉ DA PENHA/ RIACHO DE SANTANA/

Poluição do ar;
perfurocortantes.
Coleta Risco a população.
Acondicionamento em sacolas e/ou embalagens pouco
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
resistentes.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Poluição do ar;
Diversos tipos de resíduos sendo transportados de forma
Poluição sonora;
LUÍS GOMES

Transporte aglomerada, propiciando a ocorrência de reações físico-


Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
químicas entre eles, formação de chorume e gases.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Transbordo Não se aplica Não se aplica
Tratamento Não se aplica Não se aplica
Descarte dos resíduos sólidos diretamente no solo; Poluição do solo;
Presença de aves, insetos e outros animais; Interferência no ecossistema local, na fauna e na flora;
Destinação Ocorrência eventual de queimadas; Poluição do ar;
final Proximidade de recursos hídricos; Poluição de recursos hídricos;
Ausência de controle do acesso a área de destinação; Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
Existência de comunidades próximas. Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
123

Quadro 21: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de Major Sales.
Mun. Fases da
Aspectos ambientais potenciais Impactos ambientais negativos
gestão
Poluição do solo;
Ausência de separação dos tipos de resíduos, incluindo
Poluição do ar;
perfurocortantes.
Coleta Risco a população.
Acondicionamento em sacolas e/ou embalagens pouco
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
resistentes.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Poluição do ar;
Diversos tipos de resíduos sendo transportados de forma
MAJOR SALES

Poluição sonora;
Transporte aglomerada, propiciando a ocorrência de reações físico-
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
químicas entre eles, formação de chorume e gases.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Transbordo Não se aplica Não se aplica
Tratamento Não se aplica Não se aplica
Poluição do solo;
Descarte dos resíduos sólidos diretamente no solo;
Interferência no ecossistema local, na fauna e na flora;
Destinação Presença de aves, insetos e outros animais;
Poluição do ar;
final Ocorrência eventual de queimadas;
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
Existência de comunidades próximas.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.

Como destacado nas discussões anteriores, a maior incidência de impactos ambientais


relacionados à gestão de RSU nos municípios da pesquisa se dá devido à destinação final
ambientalmente inadequada, atualmente realizada em lixões a céu aberto. As consequências
observadas incluem a alteração das propriedades do solo, da qualidade dos recursos hídricos
locais, emissão de gases que contribuem para o efeito estufa, interferência na fauna e na flora
local, redução da qualidade de vida da população do entorno, alteração da paisagem e mais.
Desde 1998, o funcionamento de lixões é considerado crime ambiental, devido aos
níveis de agressão causadas ao meio ambiente nestes locais. Os prejuízos, muitas vezes
irreversíveis, afetam a fauna e a flora, poluem os compartimentos ambientais, além de implicar
em outros crimes ambientais contra o ordenamento territorial e o patrimônio cultural (BRASIL,
1998).
Nas etapas de coleta e transporte de RSU ocorrem impactos menos significativos,
decorrentes principalmente da ausência de coleta seletiva, que implica no acondicionamento e
transporte dos vários tipos de materiais, orgânicos e inorgânicos, nos mesmos espaços. Isso
pode ocasionar reações físico-químicas, formação de chorume e gases atmosféricos, além de
dificultar o trabalho dos catadores de recicláveis que atuam nas áreas de destinação final.
Tendo em vista a elevada degradação ambiental nas áreas de destinação final, assim
como os impactos verificados nas outras etapas do gerenciamento, os riscos à saúde pública e
dos trabalhadores que executam os serviços de manejo dos resíduos é urgente que sejam
tomadas medidas visando a melhoria do cenário descrito e analisado nesse trabalho.
Nessa visão, Silva e Biernaski (2018) reafirmam os impactos da gestão de RSU na
coletividade e nas dinâmicas ambientais da sociedade. Consequentemente, a importância de
124

buscar e identificar meios para a estruturação e direcionamento do gerenciamento de resíduos


com vistas a redução de agravos socioambientais, é evidente.
Para enfatizar a necessidade de implementação de melhorias nos sistemas, deve-se
lembrar que o quadro de degradação da qualidade do solo, da água e do ar, o impacto sobre a
qualidade de vida da população e os incômodos às comunidades vizinhas, contrapõem o direito
constitucional ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à qualidade de vida de
todos e das próximas gerações (BRASIL, 1988).
Nesta mesma linha de pensamento, a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) tem
como objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,
visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. Ela define o Meio Ambiente
como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (BRASIL, 1981).
Do ponto de vista legal, é importante citar também a incidência da Lei n.° 9.605, de 12
de fevereiro de 1998, denominada de Lei de Crimes Ambientais (LCA) sobre a problemática.
No art. 54 da Lei, é prevista pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa, para quem “Causar
poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde
humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”.
De acordo com o Art. 54, §2°, V, quando a poluição “ocorrer por lançamento de resíduos
sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as
exigências estabelecidas em leis ou regulamentos”, a reclusão, é de um a cinco anos. No art.
56, §1°, II, institui que também está sujeito a penalidade de reclusão, de um a quatro anos, e
multa, quem “manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá
destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regulamento”
(BRASIL, 1998).
Assim, deve-se pensar na adequação da gestão de RSU dos municípios à PNRS
buscando soluções para a aplicação dos seus princípios a partir da implementação de políticas
públicas de cunho ambiental. A PNRS apresenta 11 princípios para a gestão de resíduos sólidos,
estão dispostos no seu Art. 6° e são: 1) a prevenção e a precaução; 2) o poluidor-pagador e o
protetor-recebedor; 3) a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as
variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; 4) o
desenvolvimento sustentável; 5) a ecoeficiência; 6) a cooperação entre as diferentes esferas do
poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade; 7) a responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; 8) o reconhecimento do resíduo sólido
125

reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda
e promotor de cidadania; 9) o respeito às diversidades locais e regionais; 10) o direito da
sociedade à informação e ao controle social; 11) a razoabilidade e a proporcionalidade
(BRASIL, 2010).
Para mais informações e um melhor entendimento sobre cada um destes princípios, é
recomendado a leitura do trabalho elaborado por Machado (2012) cujo título é “Princípios da
política nacional de resíduos sólidos”.
Assim, foram pensadas ações para execução nos municípios, com vistas a solução das
deficiências encontradas no diagnóstico. Dessa forma, foi possível elaborar matrizes de gestão
ambiental para os municípios estudados, apresentando o planejamento ambiental, com as ações
formuladas, o responsável pela realização, metas e prazos, além de informações para o
gerenciamento ambiental das soluções: as etapas, formas de monitoramento, indicadores e
responsáveis pelas análises destes. As informações encontram-se nos Quadros 22, 23 e 24.
126

Quadro 22: Matriz de gestão ambiental para os municípios de São Miguel e Major Sales.
Mun. Aspecto Planejamento ambiental Gerenciamento ambiental
ambiental Objetivo Ação Responsável Meta Prazo Etapa Monitoramento Indicador Análise
Método de Separação e Sensibilização da Sec. Municipal e Separação e Ações Identificação; Monitoramento quantitativo dos Quantidade de Sec. Municipal
coleta acondicionamento sociedade civil e Prestadora de acondicionamento contínuas. caracterização, e resíduos dispostos para a coleta, e cada tipo de e Prestadora de
correto dos resíduos. fiscalização do setor serviço da limpeza correto, no prazo de 2 quantificação dos resíduos. as condições acondicionamento resíduo coletado. serviço da
econômico. pública. anos. dos resíduos. limpeza
pública.
Método de Transporte adequado de Adaptação da frota de Prestadora de Todos os veículos Ações Identificação e Monitoramento qualitativo de Percentual de Sec. Municipal
transporte cada tipo de resíduo. veículos aos requisitos serviço da limpeza adequados em 2 anos contínuas. caracterização, das acompanhamento da frota aos veículos
normativos (apenas em pública. adaptações necessárias dos requisitos normativos. adequados.
São Miguel) veículos.
Método de Triagem dos resíduos. Separação e Prestadora de Separação de todos os Ações Elaboração do projeto, Mapeamento das quantidades de Percentual de Sec. Municipal
Tratamento compactação de cada serviço da limpeza resíduos coletados, e contínuas. preparação de resíduos recebidos e sua resíduos destinados e Prestadora de
tipo de resíduo, para a pública. compactação do infraestrutura, controle e destinação de acordo com sua adequadamente. serviço da
destinação adequada. material reciclável, em treinamentos necessários, classificação. limpeza
SÃO MIGUEL/ MAJOR SALES

2 anos. para implantação. pública.


Destinação Destinação final Desativação da área de Sec. Municipal e Destinação em aterro Ações Elaboração do projeto, Mapeamento das quantidades de Vida útil do aterro. Sec. Municipal
final ambientalmente lixão e substituição por Consócio sanitário até agosto de contínuas. preparação de resíduos armazenados no aterro. e Consócio
adequada. aterro sanitário. Intermunicipal 2024. infraestrutura, controle e Intermunicipal
treinamentos necessários,
para implantação.
Risco à saúde Preservação da saúde e Programa de prevenção Prestadora de Capacitar todos os Ações Identificação das Mapeamento dos riscos Quantidade de Sec. Municipal
dos segurança dos de riscos ambientais no serviço da limpeza colaboradores para a contínuas. fragilidades dos ambientais; Sensibilização e ações preventivas e Prestadora de
trabalhadores trabalhadores que atuam desenvolvimento das pública. prevenção dos riscos à colaboradores; execução treinamentos; Divulgação das efetivadas. serviço da
no gerenciamento dos atividades dos saúde, e do uso correto das ações: treinamentos, informações sobre as substâncias limpeza
resíduos. colaboradores. de EPI’s, em 1 ano. cursos, e visitas técnicas. perigosas; Controle da saúde dos pública.
trabalhadores; Inspeções de
segurança.
Risco à saúde Possibilitar melhor Programa de Sec. Municipal Executar programa em Ações Planejamento das ações; Quantitativo de ações Registro de Sec. Municipal
de moradores relação entre as sensibilização e todas as comunidades contínuas. execução das ações: desenvolvidas no âmbito da projetos
das comunidades próximas educação ambiental. próximas aos lixões em oficinas, visitas técnicas, educação ambiental e sanitária. desenvolvidos.
comunidades aos lixões e o meio 02 anos. reuniões em campo,
locais ambiente. comunicação e divulgação.
Oportunidade Organização dos Projeto de incentivo a Sec. Municipal Incluir todos os Ações Diagnóstico Monitorar o percentual de Número de Sec. Municipal
de geração de catadores de materiais criação de cooperativas catadores em contínuas. socioeconômico dos catadores cooperados; As ações cooperados e de
emprego e recicláveis, visando a de catadores. cooperativas em 2 catadores; Organização dos de capacitações desenvolvidas; ações de
renda inclusão social, anos. catadores em cooperativa; capacitações.
econômica e política. Ações de qualificação
profissional.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
127

Quadro 23: Matriz de gestão ambiental para os municípios de Coronel João Pessoa, José da Penha, Luís Gomes e Paraná.
Mun. Aspecto Planejamento ambiental Gerenciamento ambiental
ambiental Objetivo Ação Responsável Meta Prazo Etapa Monitoramento Indicador Análise
Método de Separação e Sensibilização da Sec. Municipal Separação e Ações Identificação; Monitoramento quantitativo dos Quantidade de Sec. Municipal
coleta acondicionamento sociedade civil e acondicionamento contínuas. caracterização, e resíduos dispostos para a coleta, e cada tipo de
correto dos resíduos. fiscalização do setor correto, no prazo de 2 quantificação dos resíduos. as condições acondicionamento resíduo coletado.
CORONEL JOÃO PESSOA/ JOSÉ DA PENHA/ LUÍS GOMES/ PARANÁ

econômico. anos. dos resíduos.


Método de Transporte adequado de Adaptação da frota de Sec. Municipal Todos os veículos Ações Identificação e Monitoramento qualitativo de Percentual de Sec. Municipal
transporte cada tipo de resíduo. veículos aos requisitos adequados em 2 anos contínuas. caracterização, das acompanhamento da frota aos veículos
normativos. adaptações necessárias dos requisitos normativos. adequados.
veículos.
Método de Triagem dos resíduos. Separação e Sec. Municipal Separação de todos os Ações Elaboração do projeto, Mapeamento das quantidades de Percentual de Sec. Municipal
Tratamento compactação de cada resíduos coletados, e contínuas. preparação de resíduos recebidos e sua resíduos destinados
tipo de resíduo, para a compactação do infraestrutura, controle e destinação de acordo com sua adequadamente.
destinação adequada. material reciclável, em treinamentos necessários, classificação.
2 anos. para implantação.
Destinação Destinação final Desativação da área de Sec. Municipal e Destinação em aterro Ações Elaboração do projeto, Mapeamento das quantidades de Vida útil do aterro. Sec. Municipal
final ambientalmente lixão e substituição por Consócio sanitário até agosto de contínuas. preparação de resíduos armazenados no aterro. e Consócio
adequada. aterro sanitário. Intermunicipal 2024. infraestrutura, controle e Intermunicipal
treinamentos necessários,
para implantação.
Risco à saúde Preservação da saúde e Programa de prevenção Sec. Municipal Capacitar todos os Ações Identificação das Mapeamento dos riscos Quantidade de Sec. Municipal
dos segurança dos de riscos ambientais no colaboradores para a contínuas. fragilidades dos ambientais; Sensibilização e ações preventivas
trabalhadores trabalhadores que atuam desenvolvimento das prevenção dos riscos à colaboradores; execução treinamentos; Divulgação das efetivadas.
no gerenciamento dos atividades dos saúde, e do uso correto das ações: treinamentos, informações sobre as substâncias
resíduos. colaboradores. de EPI’s, em 1 ano. cursos, e visitas técnicas. perigosas; Controle da saúde dos
trabalhadores; Inspeções de
segurança.
Risco à saúde Possibilitar melhor Programa de Sec. Municipal Executar programa em Ações Planejamento das ações; Quantitativo de ações Registro de Sec. Municipal
de moradores relação entre as sensibilização e todas as comunidades contínuas. execução das ações: desenvolvidas no âmbito da projetos
das comunidades próximas educação ambiental. próximas aos lixões em oficinas, visitas técnicas, educação ambiental e sanitária. desenvolvidos.
comunidades aos lixões e o meio 02 anos. reuniões em campo,
locais ambiente. comunicação e divulgação.
Oportunidade Organização dos Projeto de incentivo a Sec. Municipal Incluir todos os Ações Diagnóstico Monitorar o percentual de Número de Sec. Municipal
de geração de catadores de materiais criação de cooperativas catadores em contínuas. socioeconômico dos catadores cooperados; As ações cooperados e de
emprego e recicláveis, visando a de catadores. cooperativas em 2 catadores; Organização dos de capacitações desenvolvidas; ações de
renda inclusão social, anos. catadores em cooperativa; capacitações.
econômica e política. Ações de qualificação
profissional.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
128

Quadro 24: Matriz de gestão ambiental para os municípios de Venha-Ver e Riacho de Santana.
Mun. Aspecto Planejamento ambiental Gerenciamento ambiental
ambiental Objetivo Ação Responsável Meta Prazo Etapa Monitoramento Indicador Análise
Método de Separação e Sensibilização da Sec. Municipal Separação e Ações Identificação; Monitoramento quantitativo dos Quantidade de Sec. Municipal
coleta acondicionamento sociedade civil e acondicionamento contínuas. caracterização, e resíduos dispostos para a coleta, e cada tipo de
correto dos resíduos. fiscalização do setor correto, no prazo de 2 quantificação dos resíduos. as condições acondicionamento resíduo coletado.
econômico. anos. dos resíduos.
Método de Transporte adequado de Organização das rotas e Sec. Municipal Todos os bairros Ações Identificação e Monitoramento qualitativo das Percentual de Sec. Municipal
transporte cada tipo de resíduo. dos veículos para atendidos em 2 anos contínuas. caracterização, das condições dos veículos e da atendimento do
transporte separado por adaptações necessárias. execução dos serviços. serviço.
tipo de resíduo.
Método de Triagem dos resíduos. Separação e Sec. Municipal Separação de todos os Ações Elaboração do projeto, Mapeamento das quantidades de Percentual de Sec. Municipal
Tratamento compactação de cada resíduos coletados, e contínuas. preparação de resíduos recebidos e sua resíduos destinados
VENHA-VER/ RIACHO DE SANTANA

tipo de resíduo, para a compactação do infraestrutura, controle e destinação de acordo com sua adequadamente.
destinação adequada. material reciclável, em treinamentos necessários, classificação.
2 anos. para implantação.
Destinação Destinação final Desativação da área de Sec. Municipal e Destinação em aterro Ações Elaboração do projeto, Mapeamento das quantidades de Vida útil do aterro. Sec. Municipal
final ambientalmente lixão e substituição por Consócio sanitário até agosto de contínuas. preparação de resíduos armazenados no aterro. e Consócio
adequada. aterro sanitário. Intermunicipal 2024. infraestrutura, controle e Intermunicipal
treinamentos necessários,
para implantação.
Risco à saúde Preservação da saúde e Programa de prevenção Sec. Municipal Capacitar todos os Ações Identificação das Mapeamento dos riscos Quantidade de Sec. Municipal
dos segurança dos de riscos ambientais no colaboradores para a contínuas. fragilidades dos ambientais; Sensibilização e ações preventivas
trabalhadores trabalhadores que atuam desenvolvimento das prevenção dos riscos à colaboradores; execução treinamentos; Divulgação das efetivadas.
no gerenciamento dos atividades dos saúde, e do uso correto das ações: treinamentos, informações sobre as substâncias
resíduos. colaboradores. de EPI’s, em 1 ano. cursos, e visitas técnicas. perigosas; Controle da saúde dos
trabalhadores; Inspeções de
segurança.
Risco à saúde Possibilitar melhor Programa de Sec. Municipal Executar programa em Ações Planejamento das ações; Quantitativo de ações Registro de Sec. Municipal
de moradores relação entre as sensibilização e todas as comunidades contínuas. execução das ações: desenvolvidas no âmbito da projetos
das comunidades próximas educação ambiental. próximas aos lixões em oficinas, visitas técnicas, educação ambiental e sanitária. desenvolvidos.
comunidades aos lixões e o meio 02 anos. reuniões em campo,
locais ambiente. comunicação e divulgação.
Oportunidade Organização dos Projeto de incentivo a Sec. Municipal Incluir todos os Ações Diagnóstico Monitorar o percentual de Número de Sec. Municipal
de geração de catadores de materiais criação de cooperativas catadores em contínuas. socioeconômico dos catadores cooperados; As ações cooperados e de
emprego e recicláveis, visando a de catadores. cooperativas em 2 catadores; Organização dos de capacitações desenvolvidas; ações de
renda inclusão social, anos. catadores em cooperativa; capacitações.
econômica e política. Ações de qualificação
profissional.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
129

Iniciando pela etapa de coleta, a inexistência da coleta seletiva apresentou-se como fator
crítico do modelo atual. Para melhoria dessa etapa é necessário não apenas implantar o serviço
por iniciativa da secretaria municipal, mas também realizar campanhas de sensibilização da
população para realizar o acondicionamento do lixo em embalagens já com a separação. Essa
separação pode ser inicialmente entre os resíduos secos e orgânicos e posteriormente classificar
também papéis, vidros, plásticos e metais.
Consequentemente na etapa de transporte esses materiais não poderão ser transportados
de forma aglomerada e nos municípios onde ainda são utilizadas caçambas abertas para a
atividade, deve-se substituir as mesmas por caminhão compactador, podendo utilizar as
caçambas abertas para o transporte dos resíduos de varrição, capina e podas. Os veículos devem
ainda serem sempre inspecionados para atestar as suas adequadas condições de armazenamento
dos resíduos durante o trajeto.
Atualmente, mais uma deficiência da gestão dos municípios estudados é a falta de
tratamento dos RSU. Nesse caso, uma solução simples e significativa para a melhoria seria a
triagem dos resíduos para ser dada a adequada destinação final. Dessa forma, um maior
percentual de resíduos poderia ser destinado a reciclagem, resultando em menor volume de
rejeitos e maior vida útil da área de destinação final. A implantação de usinas de triagem tornaria
a ação eficiente, uma vez que os catadores têm feito essa separação dos resíduos manualmente
na própria área de descarte dos resíduos.
Um exemplo de sucesso na implantação de cento de triagem de resíduos é evidenciado
no trabalho de Andrade et al. (2019), que comenta sobre o funcionamento da estrutura no
município de Itabira, estado de Minas Gerais, relatando que o cento, associado com o programa
de coleta seletiva municipal e a sensibilização da população quanto à separação adequada dos
resíduos em suas casas, resultou em uma redução nos materiais encaminhados para o aterro
sanitário.
Para a destinação final, a inviabilidade de implantação de aterros sanitários individuais
nos municípios, faz com que a solução para o encerramento dos lixões a céu aberto dependa da
efetivação do consórcio intermunicipal estabelecido no PEGIRS do estado. Vale lembrar que
esse encerramento, que é uma das principais metas da PNRS, deve ser realizado até 02 de agosto
de 2024 e que a previsão de adequação dos municípios estudados será através da construção do
aterro sanitário do município de Pau dos Ferros/RN, o qual deve atender todos os municípios
da regionalização Alto Oeste.
Segundo Brandão e Silva (2011) a adoção de aterros sanitários individuais é inadequada
para a grande maioria dos municípios brasileiros, sobretudo para os de pequeno porte, como é
130

o caso dos municípios estudados. A solução individual resultaria no consumo de grande parcela
do orçamento municipal. Logo, a implantação de solução ambientalmente adequada via
consórcio público é a mais recomendada, contanto que sejam analisados os melhores arranjos
dos municípios integrantes e os recursos financeiros necessários para sua sustentabilidade.
Além destas ações diretamente associadas as etapas de gerenciamento dos resíduos, é
importante também implantar políticas e ações que contemplem os sujeitos envolvidos na
gestão, sejam eles os trabalhadores das secretarias ou terceirizados, os moradores das
comunidades próximas às áreas de descarte atuais e os catadores de materiais recicláveis.
Braga e Henkes (2017) alertam que a problemática dos RSU não se restringe apenas à
destinação final ambientalmente inadequada, para eles, a falta de conscientização da população
sobre os problemas relacionados aos resíduos, é o ponto de maior importância a ser trabalhado
pelos agentes públicos.
No trabalho de Gomes et al. (2019), dentre as inconformidades presentes em uma área
de lixão estudada no município de Corrente, estado do Piauí, verificou-se a exposição direta
dos catadores de materiais recicláveis a riscos de contrair doenças devido à proliferação de
vetores. Os autores acrescentam que os trabalhadores que atuam no manejo dos resíduos estão
igualmente expostos a esses riscos.
De acordo com Oliveira e Galvão (2018) durante a manipulação dos resíduos os
principais riscos aos quais os trabalhadores podem estar expostos são: riscos químicos, devido
a poeira, névoa, gases, substâncias químicas tóxicas; riscos físicos, relacionados a incidência
de umidade, calor, frio e ruídos; riscos biológicos, quando na presença de animais transmissores
de doenças; ergonômicos, pelo levantamento de peso excessivo e o esforço de correr atrás do
caminhão; e os acidentes que podem ocorrer, como atropelamento, quedas e cortes com
materiais perfurocortantes.
A poluição das áreas circunvizinhas também é um impacto frequentemente verificado
nos estudos, podendo afetar a população que mora no entorno das áreas de lixões. Corrêa et al.
(2018), Carvalho (2022) e Gomes et al. (2019) relatam esse problema em seus trabalhos. A
exemplo do lixão do município de Bacabal, estado do Maranhão, Carvalho (2022) expõe que a
fumaça proveniente da queima de resíduos causa incômodos e prejuízos à saúde tanto de
moradores locais como de catadores de recicláveis.
Pensando nas melhorias para esses atores, no caso dos trabalhadores da coleta,
transporte e destinação final, é importante que eles sejam conscientizados dos riscos aos quais
são expostos diariamente e da importância da proteção da sua saúde e segurança. Para isso,
podem ser realizados programas de prevenção de riscos, treinamentos sobre a utilização de
131

Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e as técnicas adequadas para manuseio de


resíduos potencialmente perigosos.
O risco à saúde de moradores das comunidades locais pode ser minimizado com a
realização de ações de educação ambiental, como palestras, oficinas, visitas técnicas às áreas,
reuniões em campo e a comunicação das ações da gestão para a população. Essas ações serão
importantes para melhorar a percepção da população em relação aos riscos existentes nas áreas,
da importância do acesso restrito aos lixões, das práticas adotadas pelo poder público e a melhor
forma de se relacionar com o meio ambiente e utilizar os recursos naturais em suas atividades
diárias.
Com a previsão de encerramento dos lixões, é muito importante, pensar na inclusão
desses trabalhadores nas novas dinâmicas da gestão de RSU. Como evidenciado no trabalho de
Bastos e Figueiredo (2018), após esse encerramento, é comum os catadores ficarem esquecidos
e deslocados de suas atividades, pois muitas vezes não conseguem ter uma continuidade da sua
atuação, ou seja, eles se ausentam da fonte de renda principal e essencial para sua sobrevivência
e não tem a oportunidade de se inserir no mercado de trabalho formal.
Dessa forma, cabe ao poder público local formular ações de apoio à inclusão desses
trabalhadores. Propõe-se então, a criação de projetos de incentivo à criação de cooperativas, de
modo a retirá-los da informalidade. Para obter sucesso nessa parceria, é importante também
desenvolver ações de capacitação dos catadores, possibilitando maior eficiência das atividades,
reaproveitamento de materiais pelos próprios trabalhadores, cuidados para a preservação da sua
saúde e segurança e mais. Ainda pode haver melhor inclusão política buscando conhecer suas
necessidades para auxiliar na decisão das ações futuras da gestão.
Portanto, é perceptível que o poder público local possui papel primordial na obtenção
de melhorias na gestão dos resíduos sólidos dos municípios e melhoria da qualidade de vida da
população. No entanto, a colaboração dos demais atores em participar de forma ativa desse
processo também é de suma importância para a obtenção de sucesso nas ações, afinal a gestão,
de acordo com a PNRS deve ser integrada e ter como apoio o reconhecimento da
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.
132

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme abordado ao longo deste trabalho, os modelos precários de gestão de resíduos


sólidos, difundidos no Brasil historicamente, causam grandes prejuízos ao meio ambiente e a
qualidade de vida da população, além de comprometer o meio ambiente e os recursos naturais
para as gerações futuras. Para reduzir os impactos socioambientais provocados pela excessiva
geração de resíduos sólidos, é essencial que os municípios brasileiros busquem realizar sua
adequada gestão. No entanto, verifica-se que muitos municípios, sobretudo os de pequeno porte
ainda enfrentam muitas dificuldades na adequação da sua gestão ao que determina a PNRS, ou
seja, na adoção de medidas que estimulem a não geração de resíduos, bem como a redução, a
reutilização e a reciclagem, a realização de tratamento dos resíduos e a destinação final
ambientalmente adequada.
Nesse trabalho foi possível analisar a gestão dos resíduos sólidos de 8 municípios do
Semiárido, localizados no Alto Oeste Potiguar, sendo eles: São Miguel, Coronel João Pessoa,
Venha-Ver, José da Penha, Riacho de Santana, Major Sales, Paraná, e Luís Gomes. Também
foram evidenciados os impactos socioambientais relacionados ao modelo de gestão adotado
pelos municípios. Infelizmente ainda foram observadas muitas deficiências operacionais e de
planejamento.
Na etapa de diagnóstico da gestão de resíduos sólidos nos municípios, foram verificados
problemas como a falta de PMGIRS’s aprovados nas câmaras municipais, a não implementação
de taxa ou tarifa pela prestação dos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, a
escassa oferta de ações de educação ambiental e programas sociais para preservação do meio
ambiente, a falta de controle social nas ações da gestão e inexistência de sistemas de
informações ambientais, o baixo atendimento do serviço de coleta de resíduos nas zonas rurais,
a falta de serviços de coleta seletiva, o uso de veículos inadequados para o transporte de RSU e
a destinação final em lixões a céu aberto. Portanto, necessitando de melhorias urgentes, tendo
em vista os princípios e metas da PNRS.
A avaliação de impactos ambientais realizada, mostrou que a destinação final em lixões
gera uma série de conflitos de ordem ambiental, social, territorial, econômica, política e de
saúde pública. Nesse sentido, foi evidenciado a falta de estrutura básica de isolamento das áreas
e de controle do acesso, inexistência de técnicas de preparação ou impermeabilização do solo
que recebe os resíduos, resíduos sem tratamento, mistura de todos os tipos de resíduos,
realização da queimadas dos materiais, formação de chorume, existência de animais e
trabalhadores desprotegidos nos locais, catadores de recicláveis atuando de maneira informal e
133

a presença de comunidade próximas, a menos de 500 m dos lixões, em alguns casos. Logo, os
impactos afetam o meio físico comprometendo a qualidade do solo, do ar e da água, o meio
biótico e o antrópico. A mudança necessária nesse aspecto só ocorrerá com o encerramento dos
lixões e recuperação das áreas degradadas.
Também foi possível identificar a percepção ambiental da população residente nas
proximidades dos lixões. Primeiramente, foram analisadas as condições socioambientais dessa
população, revelando um cenário já esperado, de marginalização social e informalidade
trabalhista, associados também ao baixo acesso à educação básica e superior. É preocupante,
pois a falta de políticas públicas para esses sujeitos, afetam todos os aspectos da sua qualidade
de vida, no quesito saneamento básico, por exemplo, também foram identificadas deficiências
como a falta de atendimento do sistema de abastecimento de água, de esgotamento público e de
coleta de resíduos sólidos. E os lixões, afetam de forma específica cada comunidade
dependendo das distâncias e do posicionamento geográfico dos moradores, de acordo com a
percepção apresentada.
Todas essas questões, são interpretadas como um quadro de crise ambiental iminente,
diante dos conflitos e riscos existentes. A proposta de melhorias a partir da implementação de
políticas púbicas que contemplem todos os atores envolvidos nesses processos tornou-se
essencial. Foi possível analisar, ao fim da pesquisa, as particularidades de cada município para
apontar medidas que possam reduzir os prejuízos atuais. Dentre as ações propostas, listou-se a
necessidade de implantação de coleta seletiva eficiente em todos os municípios, acompanhada
de programas de conscientização e sensibilização da população, a adequação dos veículos nos
municípios que ainda não utilizam compactadores para o transporte, construção de usinas de
triagem de resíduos para facilitar as operações relacionadas a reutilização e reciclagem, além
da criação de cooperativas para os catadores de materiais recicláveis e o estabelecimento de
programas de prevenção de riscos aos trabalhadores que fazem o manejo de resíduos. Essas
ações devem ser trabalhadas de forma contínua pelos gestores municipais, com monitoramento
dos resultados obtidos.
Portanto, todos os objetivos da pesquisa foram alcançados e a metodologia adotada
mostrou-se eficiente para tal proposta, uma vez que utilizou-se de ferramentas de baixo custo,
como a aplicação de questionários e formulários impressos, observação, registros a partir de
anotações e fotografias, avaliação de impactos ambientais a partir de matriz de interação e
utilização de VANT, que se mostrou um instrumento moderno, acessível e permitiu uma
excelente descrição da dimensão dos impactos, também foi utilizada a matriz de gestão
ambiental que facilitou a organização das propostas de melhorias para os municípios.
134

Houveram algumas dificuldades enfrentadas no desenvolvimento da pesquisa, como na


fase de coleta de dados com os gestores, a pouca disponibilidade de alguns para realização dos
encontros para aplicação de questionários e visitas às instalações das secretarias e o
desconhecimento de algumas ações e documentos de competência dos órgãos, principalmente
quando solicitadas informações de anos anteriores. Durante as visitas de campo às áreas de
destinação final de resíduos havia o incômodo da exposição a ambientes insalubres, sob a ação
de insolação, presença de maus odores, fumaça das queimadas, insetos e animais, também
houve dificuldade de acesso a determinadas áreas devido às distâncias e condições das vias. O
levantamento realizado com as comunidades contou com boa participação da população,
embora alguns sujeitos tenham mostrado receio de fornecer informações. Nenhuma das
dificuldades encontradas comprometeu os resultados obtidos.
Por fim, para o conhecimento mais detalhado da problemática estudada sugere-se a
realização de mais estudos sobre a gestão de resíduos sólidos no Alto Oeste Potiguar, analisando
por exemplo, as expectativas de resolução de alguns problemas com a implementação do
consórcio intermunicipal previsto e as novas implicações que irão surgir. Também é necessário
o conhecimento da dinâmica de gestão de RSU de outros municípios da região, o
aprofundamento dos estudos nos problemas encontrados nesse trabalho e a análise da qualidade
do solo e da água nas áreas de destinação final, a partir da coleta de amostras, para avaliação
mais precisa dos danos causados ao meio ambiente.
135

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147

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docência – Departamento de Geotecnia da Escola de Engenharia de São Carlos da USP].
148

ANEXO A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS GESTORES


149

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN


CAMPUS AVANÇADO DE PAU DOS FERROS – CAPF
Departamento de Economia – DEC
Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Dinâmicas Territoriais no Semiárido
– PLANDITES
Curso de Mestrado Acadêmico em Planejamento e Dinâmicas Territoriais
no Semiárido BR – 405, Km – 153 – Bairro A r i z o n a, C E P 5 9 9 0 0 - 0 0 0,
Pau dos Ferros-RN.
Fone: (84) 3351 – 2560 - Fax: (84) 3351 – 3909
H o m e p a g e: http://propeg.uern.br/plandites- E-mail: plandites@mestrado.uern.br

Questionário Sobre Gerenciamento de Resíduos Sólidos


(Aplicado aos Gestores)

A - Informações do Participante

Q1: Nome do Município pesquisado:


________________________________________________________________________
Q2: Nome do órgão responsável pelas informações:
________________________________________________________________________
Q3: Nome do responsável pelas informações:
________________________________________________________________________
Q4: Cargo do responsável pelas informações:
________________________________________________________________________

B - Serviços Executados no Município

As questões a seguir versam sobre os serviços executados no município, bem como seu
funcionamento, estrutura e quadro de pessoal. Solicita-se, ainda, informações acerca do meio
de cobrança pelos serviços executados e dados sobre o sistema de atendimento à população.
Q5: Existe serviço de coleta de resíduos sólidos (lixo) no município? * Selecione apenas uma
opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu

Q6: Como é feita a cobrança pelos serviços de coleta (direta e indireta) de lixo? *Selecione
apenas uma opção.
( ) 1 - Cobrança anual
( ) 2 - Cobrança mensal
( ) 3 - Não há cobrança
( ) 4 - Não soube avaliar
( ) 5 - Não respondeu

Q7: Número de funcionários empregados no serviço de coleta (direta e indireta) de lixo:

________________________________________________________________________

Q8: Número de funcionários empregados no serviço terceirizado de coleta (direta e indireta) de


lixo:

________________________________________________________________________
150

Q9: Número de funcionários empregados no serviço de varrição e capina:

________________________________________________________________________

Q10: Número de funcionários empregados na destinação final do lixo:

________________________________________________________________________

Q11: Custo médio mensal com a mão de obra empregada no sistema de limpeza urbana no ano
de 2020: *Valor médio em reais/mês.

________________________________________________________________________

Q12: Existe um sistema de atendimento à população? (admitem-se múltiplas respostas).


Selecione até 6 opções. *
( ) 1 - Telefone
( ) 2 - Pessoalmente
( ) 3 - Correio eletrônico (e-mail)
( ) 4 - Fax
( ) 5 - Correspondência
( ) 6 - Outros
( ) 7 - Não possui esse sistema
( ) 8 - Não soube avaliar
( ) 9 - Não respondeu

Q13: Qual é a principal reclamação ou solicitação sobre o serviço de manejo de resíduos sólidos
(lixo)? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Solicitação para implantação da coleta domiciliar regular
( ) 2 - Solicitação para a implantação de serviços de limpeza pública
( ) 3 - Reclamação sobre serviços executados
( ) 4 - Reclamação sobre lançamento clandestino de lixo
( ) 5 - Queimadas
( ) 6 - Outro
( ) 7 - Não há reclamações
( ) 8 - Não soube avaliar
( ) 9 - Não respondeu

Q14: Com que frequência as reclamações ou solicitações são repassadas às instituições ou


responsáveis pela manutenção e operação do sistema de manejo de resíduos sólidos (lixo)?
*Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Diária
( ) 2 - Semanal
( ) 3 - Quinzenal
( ) 4 – Mensal
( ) 5 - Anual
( ) 6 - Não são repassadas
( ) 7 - Não soube avaliar
( ) 8 - Não respondeu
151

Q15: A instituição possui algum programa social para a preservação do meio ambiente?
(admitem-se múltiplas respostas) *
Selecione até 4 opções
( ) 1 - Programa de educação sanitária e/ou ambiental
( ) 2 - Programa de mutirão
( ) 3 - Reuniões com moradores e/ou associados
( ) 4 - Outro
( ) 5 - Não possui programa social
( ) 6 - Não soube avaliar
( ) 7 - Não respondeu

Q16: Existe o serviço de coleta domiciliar direta de resíduos sólidos (lixo) (porta a porta)? *
Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu

Q17: Qual é a principal instituição operadora dos serviços de coleta domiciliar regular de
resíduos sólidos (lixo) neste município? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Administração direta da prefeitura
( ) 2 - Autarquia ou serviço autônomo
( ) 3 - Empresa pública regional
( ) 4 - Consórcio intermunicipal
( ) 5 - Empresa privada
( ) 6 - Associação
( ) 7 - Outra
( ) 8 - Não possui instituição operadora dos serviços
( ) 9 - Não soube avaliar
( ) 10 - Não respondeu

Q18: Tipo de cobrança pelos serviços de coletas regulares de resíduos sólidos (lixo): *Selecione
apenas uma opção.
( ) 1 - Taxa junto com o IPTU, água, energia elétrica, etc.
( ) 2 - Taxa específica
( ) 3 - Boleto bancário
( ) 4 - Tarifa específica por serviços especiais
( ) 5 - Outra
( ) 6 - Não há cobrança (VÁ PARA QUESTÃO 20)
( ) 7 - Não soube avaliar
( ) 8 - Não respondeu

Q19: Como é calculada a cobrança pelos serviços regulares de coletas de resíduos sólidos
(lixo)? * Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Valor/percentual único em toda a cidade
( ) 2 - Valor/percentual calculado sobre o valor do IPTU
( ) 3 - Cota por metro quadrado de área construída
( ) 4 - Cota por tipo de construção
( ) 5 - Cota por localização
( ) 6 – Outra
152

( ) 7 - Não soube avaliar


( ) 8 - Não respondeu

Q20: Frequência da coleta domiciliar direta de lixo: *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Diariamente
( ) 2 - Três vezes por semana
( ) 3 - Duas vezes por semana
( ) 4 - Uma vez por semana
( ) 5 - Não há coleta direta de lixo (VÁ PARA QUESTÃO 24)
( ) 6 - Não soube avaliar
( ) 7 - Não respondeu

Q21: A coleta domiciliar direta diária é realizada: *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Em todo o município
( ) 2 - Apenas em parte do município
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu

Q22: Tipo de veículo utilizado pela empresa na coleta domiciliar direta de lixo (admitem-se
múltiplas respostas): *Selecione até 6 opções.
( ) 1 - Caminhão aberto
( ) 2 - Compactador
( ) 3 - Basculante
( ) 4 - Trator agrícola com reboque
( ) 5 - Charrete
( ) 6 - Outro
( ) 7 - Não soube avaliar
( ) 8 - Não respondeu

Q23: Volume de lixo recolhido mensalmente (Ton): *


________________________________________________________________________

Q24: Há no município/empresa ou consórcio veículos utilizados para a coleta dos resíduos de


varrição e capina? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não (VÁ PARA QUESTÃO 27)
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu

Q25: Tipo de veículo utilizado pela empresa na coleta dos resíduos de varrição e capina:
(admitem-se múltiplas respostas). *Selecione até 6 opções.
( ) 1 - Caminhão aberto
( ) 2 - Compactador
( ) 3 - Basculante
( ) 4 - Trator agrícola com reboque
( ) 5 - Charrete
( ) 6 - Outro
( ) 7 - Não faz coleta de resíduo de varrição e capina
( ) 8 - Não soube avaliar
( ) 9- Não respondeu
153

Q26: Volume de resíduos de varrição e capina recolhido mensalmente (Ton):

________________________________________________________________________

C - Gestão de Resíduos segundo a PNRS

As questões a seguir, referem-se à política e gestão de resíduos sólidos que é desenvolvida no


município.

Q27: Existe a coleta seletiva de resíduos? * Selecione apenas uma opção.


( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não (VÁ PARA QUESTÃO 30)
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu

Q28: Tipo de coleta seletiva de resíduos (admitem-se múltiplas respostas): Selecione até 5
opções.
( ) 1 - Papel/papelão
( ) 2 - Vidro
( ) 3 - Plástico
( ) 4 - Metal
( ) 5 - Outra
( ) 6 - Não soube avaliar
( ) 7 - Não respondeu

Q29: Volume de lixo reciclado (Ton/Mês):

________________________________________________________________________

Q30: A unidade de destinação final do lixo se localiza: *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - No próprio município
( ) 2 - Em outro município, mas dentro da mesma microrregião
( ) 3 - Em outro município, fora da microrregião
( ) 4 - Não tem unidade de destinação final
( ) 5 - Não soube avaliar
( ) 6 - Não respondeu

Q31: Modo de processamento e pós-seleção do lixo: *Selecione apenas uma opção.


( ) 1 - Usina de triagem
( ) 2 - Usina de compostagem
( ) 3 - Incineração
( ) 4 - Outro
( ) 5 - Não há processamento
( ) 6 - Não soube avaliar
( ) 7 - Não respondeu
154

Q32: Destinação final do lixo coletado (admitem-se múltiplas respostas): *Selecione até 4
opções.
( ) 1 - Lixão
( ) 2 - Aterro controlado
( ) 3 - Aterro sanitário
( ) 4 - Outro
( ) 5 - Não soube avaliar
( ) 6 - Não respondeu

Q33: A unidade de destinação final é licenciada? * Selecione apenas uma opção.


( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu

Q34: Na unidade de destinação final existe algum equipamento compactador? Selecione apenas
uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu

D - Plano e Política de Resíduos

As questões a seguir tratam da Política e do Plano Municipal de Resíduos Sólidos, além dos
investimentos realizados, entre outros aspectos da gestão de resíduos e gestão ambiental no
município.
Q35: No município, existe PMGIRS - Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos aprovado por meio de Lei Municipal? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não (VA PARA A QUESTÃO 38)
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu

Q36: Informe a Lei que aprovou o PMGIRS, e a data de publicação:

________________________________________________________________________

Q37: A elaboração do PMGIRS contou com a participação popular? *Selecione apenas uma
opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu

Q38: Existe(m) cooperativa(s) de catadores no município? *Selecione apenas uma opção.


( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não (VÁ PARA A QUESTÃO 40)
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu
155

Q39: Considerando a pergunta anterior, a(s) cooperativa(s) de catadores atuam em parceria com
o município, estando incluídas no processo de coleta, triagem e reciclagem?
Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu

Q40: O município optou por uma solução consorciada de aterro? * Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não (VÁ PARA A QUESTÃO 43)
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu

Q41: O consórcio, o qual o município integra, encontra-se na mesma microrregião em que está
inserido? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu

Q42: Foi elaborado o Plano Intermunicipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos para o
Consórcio? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu

Q43: Investimentos (em R$) para a Gestão de Resíduos realizados pelo município no ano 2015:

________________________________________________________________________

Q44: Investimentos (em R$) para a Gestão de Resíduos realizados pelo município no ano 2020:

________________________________________________________________________

Q45: No município, existe algum processo de logística reversa de produtos que é realizado pelo
setor privado e a indústria em geral? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu

Q46: No município, existe algum programa de educação ambiental destinado à conscientização


acerca do lixo? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não (VÁ PARA A QUESTÃO 48)
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu
156

Q47: Descreva, por exemplo, qual processo, para qual produto ou por qual empresa que é
realizada a logística reversa:

________________________________________________________________________

Q48: O município possui um Sistema de Informações Ambientais, com dados sobre a Gestão
de Resíduos Sólidos, disponível? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim, de acesso interno dos órgãos ambientais
( ) 2 - Sim, de acesso público
( ) 3 - Em construção/implantação
( ) 4 - Não possui o Sistema
( ) 5 - Não soube avaliar
( ) 6 - Não respondeu

Q49: Na sua opinião, a Política Nacional de Resíduos Sólidos Lei n. 12.305/2010 está sendo
corretamente efetivada no seu município? *Selecione uma opção, de modo subjetivo (a resposta
não será divulgada com referência ao município pesquisado).
( ) 1 - Sim, completamente
( ) 2 - Sim, porém parcialmente
( ) 3 - Não está sendo efetivada
( ) 4 - Não soube avaliar
( ) 5 - Não respondeu

Q50: Na sua opinião, quais as principais deficiências e o que precisa melhorar na Gestão de
Resíduos em seu município? *Descreva sua opinião pessoal (a resposta não será divulgada com
referência ao município pesquisado).

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

Local/data/hora em que o questionário foi respondido


157

ANEXO B – FORMULÁRIO APLICADO AOS MORADORES


158

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN


CAMPUS AVANÇADO DE PAU DOS FERROS – CAPF
Departamento de Economia – DEC
Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Dinâmicas Territoriais no Semiárido
– PLANDITES
Curso de Mestrado Acadêmico em Planejamento e Dinâmicas Territoriais
no Semiárido BR – 405, Km – 153 – Bairro A r i z o n a, C E P 5 9 9 0 0 - 0 0 0,
Pau dos Ferros-RN.
Fone: (84) 3351 – 2560 - Fax: (84) 3351 – 3909
H o m e p a g e: http://propeg.uern.br/plandites- E-mail: plandites@mestrado.uern.br

Formulário da Percepção dos Atores Sociais


(Aplicado aos Moradores)

A - Perfil Socioeconômico
Q1 Sequência de aplicação: ____

Q2 - Idade: _____________________________________________________________

Q3 - Sexo?
( ) 1 - Masculino
( ) 2 - Feminino

Q4 - Trabalha?
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não

Q5 - Município/Comunidade de origem:______________________________________

Q6 - Escolaridade:
( ) 1 - Fundamental
( ) 2 - Fundamental incompleto
( ) 3 - Médio
( ) 4 - Médio incompleto
( ) 5 – Nunca estudou
( ) 6 - Outro. Qual?

Q7 - Renda média:
( ) 1 - Até 1 salário mínimo
( ) 2 - De 1 a 2 s.m.
( ) 3 - De 2 a 4 s.m.
( ) 4 - É + de 4 s.m.
( ) 5 - Não tem renda

Q8 - Há quantos anos mora nessa comunidade?


( ) 1 - Até 1 ano
( ) 2 - 2 a 5 anos
( ) 3 - 6 a 10 anos
( ) 4 - 10 a 20 anos
( ) 5 - 20 a 30 anos
( ) 6 - + de 30 anos
159

Q9 - Principais atividades desenvolvidas:


( ) 1 - Agricultura
( ) 2 - Apicultura
( ) 3 - Pecuária
( ) 4 - Caça
( ) 5 - Outra. Qual?

Q10 - Principais produtos gerados:


( ) 1 - Produção de forragens
( ) 2 - P. de alimentos (legumes/frutas)
( ) 3 - Leite e derivados
( ) 4 - Mel e derivados
( ) 5 - P. da Caatinga (estacas)
( ) 6 - Outros. Quais?

Q11 - Destinação da produção:


( ) 1 - Consumo próprio
( ) 2 - Comercialização na região
( ) 3 - Comercialização no município
( ) 4 - Outros municípios do RN
( ) 5 - Outros estados
( ) 6 - Outra. Qual?

B - Saneamento Ambiental
Q12 - Como se dá o abastecimento de água na sua residência?
( ) 1 - Somente CAERN
( ) 2 - Somente Poço
( ) 3 - Somente Carro Pipa
( ) 4 - CAERN e Poço
( ) 5 - CAERN e Carro Pipa
( ) 6 - Poço e Carro Pipa
( ) 7 - CAERN, Poço e Carro Pipa
( ) 8 - Outro. Qual?

Q13 - Qual a forma de tratamento de água?


( ) 1 - Sem Tratamento prévio
( ) 2 - Tratamento com filtro de barro
( ) 3 - Tratamento por fervura
( ) 4 - Tratamento com cloro
( ) 5 - Outra. Qual?

Q14 - Uso da água:


( ) 1 - Consumo humano
( ) 2 - Atividades agrícolas
( ) 3 - Atividades domésticas
( ) 4 - Pecuária
( ) 5 - Recreação
( ) 6 - Pesca
( ) 7 - Outro. Qual?
160

Q15 – Para onde vai o esgoto doméstico?


( ) 1 - Fossa
( ) 2 - Fossa e sumidouro
( ) 3 - Canal
( ) 4 - Solo
( ) 5 - Não sei responder
( ) 6 - Outro. Qual?

Q16 - Destino do lixo domiciliar:


( ) 1 - Coleta da Prefeitura
( ) 2 - Queimado
( ) 3 - Jogado Fora (terreno baldio)
( ) 4 - Jogado no lixão
( ) 5 - Coleta Seletiva
( ) 6 - Enterrado
( ) 7 - Reciclagem
( ) 8 - Outro. Qual?

Q17 - Quais as doenças mais frequentes na sua família?


______________________________________________________________________

Q18 - Quando veio residir nesta comunidade o lixão era disposto no local atual?
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube responder

C – Percepção Ambiental
Q19 - Qual a importância da propriedade na sua família?
( ) 1 - Muito importante
( ) 2 - Importante
( ) 3 - Razoável
( ) 4 - Pouco importante
( ) 5 - Muito pouco importante

Q20 - Quais os principais tipos de poluição na comunidade?


( ) 1 - Natural
( ) 2 - Agrícola
( ) 3 - Industrial
( ) 4 - Atividades humanas
( ) 5 - Lixão
( ) 6 - Outros. Quais?

Q21 - Quem mais realiza a conservação/preservação ambiental na sua comunidade?


( ) 1 - População rural
( ) 2 - Empresas
( ) 3 - Prefeitura
( ) 4 - Outros. Quem?
( ) 5 - Ninguém
161

Q22 - Em sua opinião, a proximidade da comunidade com o lixão interfere no dia-a-dia?


( ) 1 - Nunca
( ) 2 - Quase nunca
( ) 3 - Às vezes
( ) 4 - Com frequência
( ) 5 - Com muita frequência

Q23 - Em algum momento você deixou de praticar alguma das atividades abaixo em
virtude da interferência do lixão?
( ) 1 - Caça
( ) 2 - Pesca
( ) 3 - Agricultura intensiva
( ) 4 - Agricultura familiar
( ) 5 - Cultivo de hortaliças
( ) 6 - Pecuária
( ) 7 - Criação de caprinos e ovinos
( ) 8 - Criação de suínos
( ) 9 - Criação de aves
( ) 10 - Outra. Qual?

Q24 - Quais os principais problemas ambientais na região pela proximidade com o lixão?
( ) 1 - Desmatamento
( ) 2 - Aumento das temperaturas
( ) 3 - Erosão (desgaste do solo)
( ) 4 - Contaminação dos recursos hídricos
( ) 5 - Mau cheiro
( ) 6 - Contaminação do solo
( ) 7 - Queimadas
( ) 8 - Uso de maquinas pesadas
( ) 9 - Aumento de doenças
( ) 10 - Aumento de insetos
( ) 11 - Aumento de ratos e animais
( ) 12 - Outros. Quais?

Q25 - Em algum momento a proximidade com o lixão te levou a pensar em buscar outro
local para residir?
( ) 1 - Sim, várias vezes
( ) 2 - Sim, algumas vezes
( ) 3 - Sim, apenas uma vez
( ) 4 - Nunca pensei
( ) 5 - Não soube responder

D – Práticas Ambientais
Q26 - Quais ações poderiam ser realizadas para diminuir os impactos ambientais causados
na sua propriedade?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

Local/data/hora em que o formulário foi respondido

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