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O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido
pela Diretoria de Informatização (DINF), sob orientação dos bibliotecários do SIB-UERN, para ser adaptado às
necessidades da comunidade acadêmica UERN.
JOSÉ HENRIQUE MACIEL DE QUEIROZ
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
Prof. Dr. Jorge Luís de Oliveira Pinto Filho (Orientador/Presidente)
Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA
Agradeço primeiramente aos meus pais Adonias Ribeiro e Maria Correia e aos meus
irmãos Janailson Marciel, Janaina Maciel e Apollo Bruno por todo o carinho e apoio prestados
ao longo da minha vida.
Agradeço ao meu orientador Jorge Luís que cumpriu com maestria o papel atribuído a
ele, pela atenção dedicada, seus conhecimentos investidos e sua amizade.
Agradeço à banca examinadora por se dispor a contribuir com o trabalho de forma a
melhorar sua qualidade e incentivar a produção e difusão do conhecimento científico.
Aos demais que contribuíram em algum momento desta pesquisa, com destaque para os
gestores municipais e os moradores das comunidades visitadas, pela disponibilidade e
informações concedidas. Essa participação foi de extrema importância para o sucesso da
pesquisa.
Aos colegas do Mestrado, com os quais pude compartilhar muitos momentos desta
jornada acadêmica, apesar das limitações do ensino remoto.
Ao Corpo Docente e à Secretaria do PLANDITES, por ter contribuído ativamente para
esta realização, também pela sua dedicação ao programa, disponibilidade, carinho e respeito.
“Num país como o Brasil, manter a esperança
viva é em si um ato revolucionário”.
Paulo Freire
RESUMO
The environmentally sound management of Urban Solid Waste (MSW) is a challenge for many
Brazilian municipalities, even after more than a decade of the enactment of Law No.
12305/2010. Thus, the objective of this work was to analyze the environmental management of
solid waste in the municipalities of the São Miguel and José da Penha Transshipment Stations,
in Rio Grande do Norte, and its socio-environmental consequences. The research had a
qualitative-quantitative approach, carrying out a case study that has as objects of study the
municipalities of São Miguel, José da Penha, Coronel João Pessoa, Venha-Ver, Riacho de
Santana, Major Sales, Paraná and Luís Gomes, all small and located in the region of Alto Oeste
Potiguar. The results revealed obsolete MSW management models, absence of legal
instruments, rare actions to raise awareness and environmental education of the population
regarding the problem, absence of environmental information systems, in addition to
deficiencies in management, with the absence of selective collection, use of vehicles unsuitable
for transport and final disposal in open-air dumps. Consequently, waste disposal areas have
serious environmental impacts that affect the quality of soil, air and water resources, cause
interference in ecosystems, fauna and flora and impact the anthropic environment with the
generation of inconvenience to the population and alteration of the landscape. The nearby
communities are the most harmed with the current management model, but they perceive only
some of the environmental impacts resulting from the dumps and the existing risks in the areas
and the knowledge of this scenario made it possible to formulate actions to improve the
management of MSW in the municipalities. Therefore, there is an alert for the urgency of public
policies to solve the identified problems, both to meet legal requirements, as well as for
environmental preservation and improvement of the population's quality of life.
5W2H - What, Why, Where, When, Who, How and How much
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
AIA - Avaliação de Impactos Ambientais
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CAAE - Certificado de Apresentação de Apreciação Ética
CAERN - Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CE - Ceará
CEP - Comitê de Ética de Pesquisa
CIGRESCOR - Consórcio Intermunicipal para a Gestão dos Resíduos Sólidos do Cariri
Oriental e Região
CNS - Conselho Nacional de Saúde
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
DJI - Da-Jiang Innovations
EPI - Equipamento de proteção individual
EURE - Revista Latinoamericana de Estudios Urbano Regionales
FUNASA - Fundação Nacional de Saúde
GECIAMS - Grupo de Estudos em Ciências Ambientais do Semiárido
GO - Goiás
GPS - Sistema de Posicionamento Global
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICGRA - Índice de Condição de Gestão de Resíduos Atualizado
IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
IFPB – Instituto Federal da Paraíba
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPTU - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
ISA - Indicador de Salubridade Ambiental
ISO - International Organization for Standardization
LCA - Lei de Crimes Ambientais
MDS - Modelo Digital de Superfície
MG - Minas Gerais
MS - Ministério da Saúde
NBR - Norma Brasileira
PB - Paraíba
PE - Pernambuco
PEGIRS/RN - Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Estado do Rio
Grande do Norte
PIB - Produto Interno Bruto
PIRS - Plano Intermunicipal de Resíduos Sólidos
PLANDITES - Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Dinâmicas Territoriais no
Semiárido
PMGIRS - Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
PNMA - Política Nacional do Meio Ambiente
PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos
PNSB - Política Nacional de Saneamento Básico
PR - Paraná
RCC - Resíduos da Construção Civil
RCD - Resíduos de Construção e Demolição
RN - Rio Grande do Norte
RS – Rio Grande do Sul
RSS - Resíduos de Serviços de Saúde
RSU - Resíduos Sólidos Urbanos
Scielo - Scientific Electronic Library Online
SEMARH - Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats
UERN - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
UFERSA - Universidade Federal Rural do Semi-Árido
VANT - Veículo Aéreo Não Tripulado
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15
1 INTRODUÇÃO
No mesmo sentido, Faria (2017) afirma que os problemas ambientais relacionados aos
resíduos sólidos são intensos devido ao crescimento industrial, adensamento populacional e
hábitos de consumo exagerado. Acrescenta ainda que a disposição inadequada de resíduos gera
uma série de impactos ambientais, visuais, sanitários e econômicos à região onde é realizada.
Diante deste preocupante cenário, surge a necessidade de promover ações de gestão
ambiental e gerenciamento dos resíduos sólidos de maneira compatível com os novos padrões
de consumo e descarte dos materiais (MARQUES, 2011). A gestão dos resíduos sólidos deve
ser realizada para que os impactos ambientais, decorrentes das atividades das empresas e do
ciclo de vida dos produtos, sejam minimizados ou evitados.
Para uma adequada gestão, devem ser tomadas precauções para a menor geração,
redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos. Além disso, é crucial implementar
soluções adequadas para a destinação final, pois quando realizada de maneira inadequada, pode
causar impactos como a geração de percolados, contaminação do solo e das águas superficiais
e subterrâneas, liberação de gases explosivos e que colaboram com o efeito estufa, entre outros
efeitos prejudiciais à saúde humana (MUCELIN; BELLINI, 2008).
Segundo Sousa (2018), a destinação final do RSU é o grande gargalo atual da cadeia de
sua gestão e apresenta-se como um problema desafiador a ser resolvido pelo poder público em
conjunto com a sociedade. Também afirma que a crescente e desordenada produção de resíduos
sólidos vem sendo considerada há algumas décadas, como o principal fator de degradação do
meio ambiente.
Com a instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010, houve
uma grande contribuição no sentido de promover uma gestão integrada dos resíduos sólidos,
sendo este o principal instrumento jurídico que norteia a gestão de resíduos sólidos no Brasil
atualmente. Ela impôs aos setores privado e público, bem como à sociedade novas dinâmicas
de ações e procedimentos para gestão ambiental adequada, além de determinar o fim dos lixões
no país, por ser uma das formas inadequadas de destinação final.
Ao longo dos anos, o prazo para cumprimento da meta de encerramento dos lixões foi
sendo postergada e consequentemente negligenciada pelos gestores públicos. Atualmente,
valem os prazos estabelecidos pela Lei n.º 14.026, de 15 de julho de 2020, os quais variam de
acordo com o tamanho da população dos municípios, com base no censo do IBGE de 2010,
podendo chegar até 2 de agosto de 2024, para municípios com população inferior a 50.000
habitantes.
Assim, muitos municípios brasileiros ainda não implementaram soluções adequadas
para gestão de seus resíduos, evidenciando assim uma problemática a ser discutida. Como os
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resíduos sólidos podem causar diversos impactos no meio ambiente quando não geridos
adequadamente e principalmente, quando destinados de maneira ambientalmente inadequada,
o tema ganha importância nos cenários ambiental, social e administrativo. Nesse sentido,
pesquisas com esta, que buscou compreender o processo de gestão de resíduos em municípios
do semiárido brasileiro e propor ações para sua melhoria, contribuem para a superação dos
desafios atuais.
1.2 PROBLEMATIZAÇÃO
De acordo com Da Rocha, Rocha e Lustosa (2017), a gestão dos RSU obedece a
dinâmicas muito diferentes dependendo dos produtos, das localidades, das possibilidades de
sua disposição, de seu reuso ou de sua reciclagem. As autoras acrescentam que é o poder local
que responde por essa gestão, com base em dinâmicas e compromissos específicos.
No presente estudo, os olhares voltam-se para a região do Alto Oeste Potiguar no estado
do Rio Grande do Norte (RN), onde os RSU, ainda são destinados para áreas de lixões, sem
qualquer tipo de preparação do solo no sentido de minimizar os possíveis impactos ambientais
associados. Mais especificamente, foram estudados os municípios de São Miguel, Coronel João
Pessoa, Venha-Ver, Riacho de Santana, José da Penha, Paraná, Luís Gomes e Major Sales.
Os municípios estudados possuem economia baseada nas atividades de agricultura,
pecuária, comércio e turismo. São realizados nos municípios, o cultivo do milho, feijão, fava,
cana-de-açúcar, banana, tomate, batata doce e mandioca e a criação de bovinos, suínos, ovinos
e caprinos (IDEMA, 2008). Todos possuem Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo
do IDH do Brasil, apresentando valores classificados como médio ou baixo para o índice. Além
disso, são municípios que possuem mais de 80% de suas receitas de fontes externas (IBGE,
2010).
Os 8 municípios foram selecionados tendo em vista o Plano Estadual de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos do Estado do Rio Grande do Norte – PEGIRS/RN apresentado
pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH) do RN no ano de
2012, que propõe a construção de uma estação de transbordo em São Miguel que receberá os
resíduos de Coronel João Pessoa e Venha-Ver; e outra estação em José da Penha que receberá
os resíduos de Riacho de Santana, Paraná, Luís Gomes e Major Sales.
Das duas estações de transbordo, o plano prevê que os resíduos serão encaminhados
para Pau dos Ferros, onde será construído um aterro sanitário para destinação final. A proposta
é que a gestão dos resíduos sólidos dos municípios ocorra de maneira consorciada, ou seja, por
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1.3 JUSTIFICATIVA
cenário sobre a região, a partir do texto de Alves, Dantas e Souza (2018, p.05) que caracterizam
o Alto Oeste Potiguar como:
Local de histórica baixa densidade em atividades e em populações e região localizada
sobre limites de estados, cujo desenvolvimento e conjuntura socioeconômica são
definidos por essa condição, ou seja, regiões fora da lógica dos territórios receptores
de políticas de efetivo desenvolvimento, de modernização e de urbanização, mas que
atualmente passam por nova dinâmica.
Nesse sentido, cabe salientar que um dos pontos chaves do planejamento territorial é
proporcionar a descentralização demográfica, das atividades econômicas e da administração
pública, o que requer investimentos, pesquisas e ações direcionadas para municípios
interioranos. O Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Dinâmicas Territoriais no
Semiárido (PLANDITES), ao qual está vinculada esta pesquisa, atua com essa premissa, logo,
o desenvolvimento do estudo veio colaborar com o alcance desse objetivo.
Acrescenta-se a isso, a importância do debate sobre a gestão dos resíduos sólidos para
o meio ambiente e para a qualidade de vida da sociedade. A urgência pela busca de soluções
para os RSU é apontada por Rolnik (2012), pois ele observa a dimensão catastrófica da sua
situação nos municípios e nas regiões metropolitanas, e do atraso brasileiro no seu
enfrentamento. Para Silva Filho (2019), deixar a gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos
sob a responsabilidade de cada município, principalmente dos pequenos e médios, é ter a clareza
de que o problema no Brasil persistirá por mais longas décadas.
No âmbito pessoal, a pesquisa se mostrou importante, diante do interesse do autor pelo
aprofundamento do conhecimento sobre gestão de resíduos sólidos, evidenciado desde a
graduação na realização do projeto de extensão “Levantamento dos resíduos sólidos gerados na
feira livre de Pau dos Ferros/RN”. Foi também uma motivação pessoal, desenvolver pesquisas
no Alto Oeste Potiguar, campo de estudo do qual o autor possui vínculo identitário.
A pesquisa se mostra relevante, visto que os resultados obtidos podem servir como
instrumentos para proposta de políticas públicas de melhorias na gestão e gerenciamento dos
resíduos sólidos dos municípios envolvidos. O mapeamento das áreas de disposição final dos
resíduos possibilita futuras análises espaciais do ambiente; e a identificação da percepção
ambiental da população sobre a problemática, pode nortear ações futuras de educação
ambiental. De modo geral, a região de estudo se beneficiou com a elaboração de estudos
técnico-científicos que proporcionaram mais conhecimento sobre o seu território. Houve ainda
a contribuição científica, com a ampliação e divulgação dos conhecimentos sobre gestão
ambiental de resíduos sólidos no semiárido e sua importância.
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Analisar a gestão ambiental dos resíduos sólidos dos municípios das Estações de
Transbordo de São Miguel e José da penha, RN e suas consequências socioambientais.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Para entender melhor o que são resíduos sólidos, podemos recorrer à Política Nacional
de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei n.° 12.305, de 2 de agosto de 2010, a qual apresenta a
seguinte conceituação para resíduos sólidos:
material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em
sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado
a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em
recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010,
p. 02).
Ainda conforme ABNT (2004), esses resíduos podem ser classificados quanto ao grau
de periculosidade, nas seguintes categorias:
a) Classe I – São os resíduos considerados perigosos, por apresentarem periculosidade ou
características de inflamabilidade, corrosividade, patogenicidade, reatividade e
toxidade;
b) Classe II – Não são perigosos e subdividem-se ainda em Classe II A e Classe II B, onde
a Classe II A é composta por materiais não inertes, ou seja, que possuem características
como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água; enquanto que a
Classe II B engloba os materiais inertes, os quais devem ser submetidos a ensaios para
atestar essa característica.
Quanto à origem, Brasil (2010) classifica os resíduos sólidos, em: a) resíduos
domiciliares; b) resíduos de limpeza urbana; c) resíduos sólidos urbanos; d) resíduos de
estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços; e) resíduos dos serviços públicos de
saneamento básico; f) resíduos industriais; g) resíduos de serviços de saúde; h) resíduos da
construção civil; i) resíduos agrossilvopastoris; j) resíduos de serviços de transportes; e k)
resíduos de mineração. As definições para cada tipo de resíduo mencionado encontram-se no
art. 13 da PNRS.
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Quanto à natureza física, os resíduos podem ser classificados como secos ou úmidos e
quanto à composição, podem ser orgânicos ou inorgânicos (LIMA, 2016). Também é
importante destacar que existe diferença entre a terminologia resíduo sólido e rejeito, sendo
esse último definido Por Brasil (2010, p. 02), art. 3, inciso XV, como: “resíduos sólidos que,
depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos
tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que
não a disposição final ambientalmente adequada”.
A problemática dos resíduos sólidos não é uma novidade da nossa época, desde o início
da história da humanidade tem sido produzidos resíduos. A forma como o homem foi lidando
com esses resíduos foi mudando, na medida em que mudavam também as suas atividades no
geral, hábitos e cultura. Infelizmente, com esse processo, a geração de resíduos só aumentou e
o problema tomou grandes proporções, principalmente nas últimas décadas.
No Brasil, a problemática atrelada à geração e gestão de resíduos sólidos se agravou,
tornando-se mais preocupante entre as décadas de 1940 e 1970, de acordo com Phillipi Jr. e
Aguiar (2005). Durante essas décadas, houve grande desenvolvimento econômico no país e a
infraestrutura de prestação de serviços públicos de saneamento não acompanhou o ritmo de
crescimento das cidades, que esteve atrelado ao aumento da população urbana. Dados do IBGE
(2010) mostram que neste período, até o ano de 2000, o crescimento da população urbana teve
um ritmo elevado, passando de cerca de 19 milhões de habitantes em 1950 (36,2% da população
brasileira) para mais de 137 milhões em 2000 (81,2 % da população brasileira).
Embora sejam notáveis os esforços do Governo Federal, Estados e Municípios em
melhorar os índices de coleta, tratamento e destinação final dos RSU, ainda existem grandes
desafios a serem enfrentados para melhoria da gestão no país. Nesse sentido, a Associação
Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) fornece dados
anuais relativos à geração e coleta de RSU no Brasil e individualmente em cada região e estado.
No último levantamento, ABRELPE (2020) expõe comparativos entre os índices de
geração e gestão de RSU no início e no fim da década de 2010, lembrando que a PNRS foi
instituída no ano de 2010 e também completou 10 anos de vigência no ano de 2020. Assim, os
resultados apresentados mostram os avanços obtidos nessa primeira década do marco legal.
Constatou-se que foram geradas 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos no Brasil
em 2019, apresentando assim, um aumento de aproximadamente 17,4% em relação a 2010, ano
em que foram geradas 67 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Desse montante gerado em
2019, estima-se que 92% (72,7 milhões de toneladas) foi coletado e que 59,5% (43,3 milhões
de toneladas) do quantitativo coletado foi destinado corretamente em aterros sanitários, o que
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demonstra que ainda existem ineficiências no processo de gestão e destinação final dos mesmos.
Comparativamente, no ano de 2010, a cobertura da coleta foi de 88% (59 milhões de toneladas),
e dos resíduos coletados 56,8% (33,4 milhões de toneladas) receberam a destinação
ambientalmente adequada (ABRELPE, 2020).
A Figura 1 detalha a quantidade de resíduos sólidos urbanos coletados em cada região
no ano de 2019 e comparativamente, no ano de 2010. Já a Figura 2 expõe o índice de cobertura
da coleta de RSU no Brasil e nas regiões, também nos anos de 2019 e 2010.
Percebe-se da Figura 1 que a região que mais coleta resíduos sólidos por habitante
diariamente é a Sudeste, com 440,9 kg/hab/ano, enquanto o menor valor é referente à região
Norte que coleta 262,4 kg/hab/ano, sendo a média nacional de coleta 348,9 kg/hab/ano. Estes
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números se tornam preocupantes, uma vez que quando geridos de forma inadequada, os
resíduos sólidos podem causar uma série de impactos negativos no meio ambiente. Importante
notar que em todas as regiões, entre 2010 e 2019, cresceu a quantidade de resíduos gerados,
assim como a quantidade coletada e o índice de cobertura da coleta.
No Estado do Rio Grande do Norte, foram geradas 844.245 toneladas de resíduos
sólidos em 2010 e 1.115.075 toneladas em 2019, ocorrendo assim um aumento de 32,1 % na
geração. A coleta total em 2010 foi de 715.400 toneladas, face às 992.070 toneladas coletadas
em 2019. O índice de cobertura da coleta no estado cresceu de 84,7 % para 89,0 % no mesmo
período (ABRELPE, 2020).
Portanto, percebe-se o quanto é importante desenvolver estudos e ações voltadas para o
diagnóstico e melhoria da gestão de resíduos sólidos, assim como se propõe esse trabalho. O
problema ainda está longe de ser superado e demanda muitas mudanças, não só de cunho
técnico-jurídico, como também de práticas e costumes da sociedade, pois como exposto, os
hábitos da sociedade moderna tendem a aumentar a exploração de matérias primas e a geração
de resíduos sólidos.
Outro conceito muito aceito foi apresentado por Wathern (1988, p.7), que define
impacto ambiental como “a mudança de um parâmetro ambiental num determinado período e
numa determinada área, que resulta de uma dada atividade, comparada com a situação que
ocorreria se essa atividade não tivesse sido iniciada”. É uma concepção muito importante pois
implica que ao fazer uma avalição de impacto ambiental, não se deve comparar o cenário de
uma alteração prevista com a situação atual de determinado ecossistema e sim com a situação
futura, projetada sem a realização da alteração (SÁNCHEZ, 2013).
A legislação brasileira também traz sua conceituação sobre o termo. Definido no Art 1°
da Resolução n.° 001, de 23 de janeiro de 1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da
população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do
meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais.
Nos estudos, os impactos ambientais costumam ser classificados de acordo com a sua
importância ou significância. No entanto, de acordo com Sánchez (2013), a determinação da
importância dos impactos ambientais é uma das fases mais difíceis dos estudos de impactos
ambientais, pois ela não depende apenas de trabalho técnico, mas também de um juízo de valor,
que deve ser realizado pelo profissional que está realizando o estudo e implica em uma
subjetividade envolvida. Essa subjetividade pode ser reduzida quando se especificam os
critérios utilizados para atribuir a importância aos impactos ambientais, o que pode ser feito de
acordo com os atributos dos impactos a serem analisados.
A Resolução CONAMA n.° 001, de 23 de janeiro de 1986, determina que a avaliação
de impactos ambientais deve considerar os seguintes atributos:
a) Impactos benéficos ou adversos;
b) Impactos diretos ou indiretos;
c) Impactos imediatos, a médio ou longo prazo;
d) Impactos temporários ou permanentes;
e) Impactos reversíveis ou irreversíveis;
f) Propriedades cumulativas ou sinérgicas dos impactos;
g) Distribuição dos ônus e benefícios sociais decorrentes do empreendimento.
A expressão Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), segundo Sánchez (2013),
também possui diversos significados e objetivos, que dependem da perspectiva, do ponto de
vista e do motivo que leva a avaliar impactos. No entanto, o mesmo autor afirma que as
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Embora, gerem menos impactos ambientais que os lixões, também não são considerados como
destinação ambientalmente adequada.
Aterro sanitário: Definido por ABNT (1996) como o processo utilizado para a
disposição de resíduos sólidos no solo, fundamentado em critérios de engenharia e normas
operacionais específicas, permite o isolamento seguro, em termos de controle de poluição
ambiental e proteção à saúde pública ou, forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos
no solo, por meio de confinamento em camadas cobertas com material inerte, geralmente solo,
segundo normas operacionais específicas, de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança, minimizando os impactos ambientais.
No Brasil atual, existe um arcabouço legal que regulamenta a gestão de resíduos sólidos
em território nacional, nele o principal instrumento legal vigente é a PNRS. Além dela, existem
outros instrumentos complementares com abrangência nacional, estadual e municipal, sendo
apresentados aqui os principais.
A Lei n.° 12.305, de 2 de agosto de 2010, conhecida como Política Nacional de Resíduos
Sólidos é o documento de ordem jurídica, decretado pelo Congresso Nacional, do qual dispõe
“sobre os princípios, objetivos e instrumentos, bem como as diretrizes relativas à gestão
integrada e ao gerenciamento dos resíduos sólidos” (BRASIL, 2010, p. 01). Ela trata da
responsabilidade do poder público em nível federal, estadual e municipal bem como dos
geradores de resíduos na sua gestão e dos instrumentos aplicáveis. Vem ainda definir princípios
importantes, por exemplo, o da prevenção e precaução, do poluidor pagador, da ecoeficiência,
da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, do reconhecimento do
resíduo como bem econômico e de valor social, do direito à informação e ao controle social.
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A importância da Lei n.° 12.305/2010 para a gestão dos resíduos sólidos é evidente, uma
vez que se constitui como um marco regulatório nacional, disciplina o gerenciamento de
resíduos, além de estabelecer condições de acesso a fontes de recursos do governo federal e
definir orientações gerais para todos os entes federados, visando melhorias ambientais no
cenário nacional. Antes da aprovação da PNRS as normas sobre RSU eram muito dispersas,
parte se encontrando em leis, decretos, portarias e resoluções, principalmente do CONAMA e
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (NASCIMENTO NETO; MOREIRA,
2010).
A PNRS foi regulamentada pelo Decreto n.º 7.404, de 23 de dezembro de 2010. Alguns
anos depois, foi publicado também o Decreto n.º 9.177, de 23 de outubro de 2017, que
regulamentou o art. 33 da Lei n.º 12.305/2010, e complementou os art. 16 e art. 17 do Decreto
n.º 7.404, de 23 de dezembro de 2010 e deu outras providências. Ambos os decretos foram
revogados no ato da publicação do Decreto n.º 10.936, de 12 de janeiro de 2022, que também
regulamenta a Lei n.º 12.305/2010.
Também importante para a gestão de RSU, é a Lei n.° 11.107, de 6 de abril de 2005,
reconhecida amplamente como marco legal dos consórcios públicos no país. O regulamento
“dispõe sobre normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
contratarem consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum e dá outras
providências” (BRASIL, 2005, p.01). Dois anos depois, foi publicado o Decreto n.º 6.017, de
17 de janeiro de 2007, que Regulamenta a Lei n.º 11.107.
É importante salientar que estes instrumentos legais não instituíram os consórcios
públicos ou a gestão associada de serviços públicos, sendo que eles já estavam previstos na
Constituição Federal, mas foram importantes para dar segurança jurídica institucional para a
formação dos consórcios. A Lei n.º 11.107/2005 não trata diretamente do tema dos resíduos
sólidos, no entanto, traz as diretrizes que permitem a gestão compartilhada desses resíduos entre
entes federados. Atualmente, a cooperação federativa para a prestação de serviços de
saneamento básico é uma prática amplamente estimulada pelo poder público nacional.
A Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB), instituída pela Lei n.° 11.445, de 5
de janeiro de 2007, também é um marco legal a ser comentado, ela estabelece as diretrizes
nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. A Lei
apresenta a limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos como uma das quatro vertentes do
saneamento básico, enfatizando a importância do tema. Também traz definições importantes,
como a de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, em seu art. 3°, inciso I, c:
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Por último, devemos lembrar da publicação da Lei n.º 14.026, de 15 de julho de 2020,
que atualiza o marco legal do saneamento básico. Ela altera instrumentos legais importantes
anteriormente citados, como a Lei n.º 11.107/2005, para vedar a prestação por contrato de
programa dos serviços públicos de que trata o art. 175 da Constituição Federal, a Lei n.º
11.445/2007, para aprimorar as condições estruturais do saneamento básico no País, e a própria
PNRS, para tratar dos prazos para a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
Dessa forma, a Lei n.º 14.026, de 15 de julho de 2020, estabelece no art. 11 os novos
prazos para a adequação dos municípios quanto à disposição final ambientalmente adequada
dos rejeitos, onde institui que:
A disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos deverá ser implantada até
31 de dezembro de 2020, exceto para os Municípios que até essa data tenham
elaborado plano intermunicipal de resíduos sólidos ou plano municipal de gestão
integrada de resíduos sólidos e que disponham de mecanismos de cobrança que
garantam sua sustentabilidade econômico-financeira, nos termos do art. 29 da Lei nº
11.445, de 5 de janeiro de 2007, para os quais ficam definidos os seguintes prazos:
I - até 2 de agosto de 2021, para capitais de Estados e Municípios integrantes de
Região Metropolitana (RM) ou de Região Integrada de Desenvolvimento (Ride) de
capitais;
II - até 2 de agosto de 2022, para Municípios com população superior a 100.000 (cem
mil) habitantes no Censo 2010, bem como para Municípios cuja mancha urbana da
sede municipal esteja situada a menos de 20 (vinte) quilômetros da fronteira com
países limítrofes;
III - até 2 de agosto de 2023, para Municípios com população entre 50.000 (cinquenta
mil) e 100.000 (cem mil) habitantes no Censo 2010; e
IV - até 2 de agosto de 2024, para Municípios com população inferior a 50.000
(cinquenta mil) habitantes no Censo 2010. (BRASIL, 2020, p. 24 a 25).
novas exigências legais a serem atendidas pelos entes federados quanto à criação de Plano de
Gestão de Resíduos Sólidos e destinação final ambientalmente adequada de rejeitos.
Nesse sentido, o Governo do Estado promoveu esforços para a elaboração de
documentos oficiais norteadores o planejamento e gestão de resíduos em todo seu território.
Por meio da SEMARH, foi constituída uma parceria com o Ministério do Meio Ambiente e
estabeleceu-se a implementação do Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do
Estado do Rio Grande do Norte – PEGIRS/RN. O resultado desse plano foi apresentado em 11
Relatórios Produtos, conforme relaciona o Relatório Síntese – PEGIRS, datado de janeiro de
2012.
O objetivo da elaboração do PEGIRS/RN foi de definir estratégias para a gestão de
resíduos sólidos no Rio Grande do Norte, levando em conta todos os dados disponíveis sobre o
tema junto aos gestores e identificados também em trabalhos científicos, para assim conciliar
essas estratégias com a regulamentação de nível nacional aplicável, principalmente tratando-se
da Lei n.° 12.305/2010, a Lei n.° 11.445/2007 e a Lei n.° 11.107/2005. O Plano apresenta e
discute os “estudos de regionalização da gestão integrada de resíduos sólidos do estado do Rio
Grande do Norte e elaboração do plano regional de gestão integrada de resíduos sólidos
estadual” (RIO GRANDE DO NORTE, 2012).
Observa-se que o PEGIRS/RN possui dois princípios norteadores, que são: 1) a
construção das ações de forma participativa com os municípios, reflexo das ações públicas e
articulação com gestores municipais executadas desde a elaboração do plano; e 2) o
compartilhamento das soluções, a partir da formação de consórcios intermunicipais, visando
formar uma rede integrada abrangendo todo o Estado. Dessa forma, atendendo aos princípios
indicados, o estado dividiu seu território em 7 regionalizações, onde cada uma delas deverá
operar um aterro sanitário, são elas: Alto Oeste, Seridó, Agreste, Região Metropolitana, Mato
Grande, Assu e Mossoró.
No Quadro1 e na Figura 3 apresentam-se as 7 regionalizações citadas.
Na esfera municipal, a busca por regulamentos se deu nos sites do poder legislativo e
executivo dos municípios estudados. Para sintetizar os resultados encontrados, foi elaborado o
Quando 2, onde é indicado, para cada município, o órgão responsável pelos serviços de limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos e as leis que instituíram a política municipal de saneamento
básico e o plano municipal de saneamento básico, quando existentes.
35
diante dos impactos negativos ocorridos no meio ambiente, ainda que esses impactos não sejam
provenientes da operação da organização que promove a gestão. Quanto às ações, estas podem
ser realizadas de modo a mitigar os problemas existentes ou preveni-los, atentando-se ao
contexto socioeconômico local e a responsabilidade social da corporação.
Zuquette (1993) conceitua a gestão ambiental como a administração integrada de uma
região ou ambiente, com critérios de equilíbrio, promovendo o desenvolvimento e bem estar
dos seres humanos, através da melhoria da qualidade de vida e manutenção da disponibilidade
dos recursos naturais, sem esgotar e/ou deteriorar os recursos renováveis e sem destruir os não-
renováveis.
Quanto à gestão de resíduos sólidos, de acordo com Souza, Almeida e Santos (2009), é
constituída de um conjunto de ações, comportamentos, procedimentos e propósitos, realizadas
com o objetivo principal de reduzir ou eliminar impactos ambientais relacionados à produção e
destinação final dos rejeitos. Para elas, a redução desses impactos ambientais pode proporcionar
melhoria da qualidade de vida de população, da saúde pública e do bem estar social, reduzir
despesas com a recuperação de áreas degradadas, com a descontaminação da água e do ar
poluídos, propiciando a aplicação desses recursos econômicos em políticas públicas que
atendam outras necessidades da população.
Atualmente, já se utiliza outro conceito muito importante: o de gestão integrada de
resíduos sólidos. A gestão integrada se preocupa para além das atividades operacionais de
limpeza urbana, levando em conta questões econômicas e sociais influenciadas pela limpeza
urbana e orientando as políticas públicas que possam estar associadas ao gerenciamento do lixo,
sejam elas na área de saúde, trabalho e renda, planejamento urbano e outros (BRASIL, 2010).
As diretrizes apresentadas na Lei N° 12.305/2010 possuem como ideia central a
aplicação do conceito de gestão integrada de resíduos sólidos, definida pela própria PNRS
como: “conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma
a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social
e sob a premissa do desenvolvimento sustentável” (BRASIL, 2010, p. 02).
Uma das principais contribuições da PNRS foi o estabelecimento da ordem de
prioridade para a gestão de resíduos sólidos, sendo de caráter obrigatório. A ordem é: não
geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos. Na Figura 4 é ilustrada essa ordem de prioridade:
37
Oliveira e Galvão Júnior (2016) observam que a não geração, a redução e a reutilização
somente alcançam resultados no longo prazo, pois envolvem forte componente de educação
ambiental e dependem de mudança comportamental da sociedade. A reciclagem, por sua vez,
já é realizada no país, porém em pequena escala e de forma não organizada, mas com potencial
para crescimento em função dos incentivos trazidos pela PNRS.
Gomes et al. (2014), afirmam que a PNRS traz três requisitos básicos para a gestão
ambiental adequada dos resíduos no Brasil que são: 1) Os planos de tratamento de resíduos
sólidos que devem ser elaborados pelo poder público e por empresas geradoras; 2) O princípio
de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, estando ela atrelada ao
governo juntamente com empresas e consumidores; e 3) A participação de catadores de
recicláveis e reutilizáveis no sistema de logística reversa. Os mesmos autores enfatizam que há
duas grandes dimensões de aplicação da lei: uma associada a gestão de resíduos industriais,
articulada por regulamentações específicas dos setores do mercado e expressa pelos planos de
gerenciamento de resíduos; e outra composta pela gestão municipal, expressa pelos planos
integrados municipais ou intermunicipais.
Quanto aos planos de gestão integrada de resíduos sólidos, estes são elaborados pelo
Governo Federal, Estadual e Municipal e empresas geradoras de resíduos e devem estar
articulados em todas as esferas do poder público e com as empresas. Os requisitos necessários
para cada plano são especificados na PNRS. Dessa forma, têm-se um conjunto de planos
organizados de maneira hierarquizada, conforme apresentado na Figura 5:
38
A gestão dos resíduos sólidos deve assegurar o seu adequado gerenciamento, pois como
explica Leite (1997), o conceito de gestão de resíduos sólidos abrange atividades referentes à
tomada de decisões estratégicas e à organização do setor para esse fim, envolvendo instituições,
políticas, instrumento e meios. Dessa forma, uma vez definido um modelo de gestão de resíduos
sólidos, deve-se criar uma estrutura para o gerenciamento dos resíduos.
Corroborando com essa ideia Brollo e Silva (2001) afirmam que para desenvolver uma
gestão ambiental adequadamente formatada, é necessário cumprir as etapas de definição de uma
Política Ambiental, da organização do Planejamento Ambiental, e da execução da política
através do Gerenciamento Ambiental e do Manejo Ambiental.
Segundo Rocha, Santos e Navarro (2012) o gerenciamento de resíduos sólidos envolve
todo o seu manejo, que compreende desde a fases de coleta, transporte, acondicionamento,
tratamento até a disposição final, sendo necessário também o conhecimento do processo de
geração dos resíduos bem como da sua classificação, para assegurar a disposição adequada. O
Quadro 3 descreve as etapas do gerenciamento de resíduos sólidos.
Essa discussão nos mostra que a gestão ambiental dos resíduos sólidos não é uma tarefa
simples e envolve uma série de atores vinculados ao poder público, empresas e sociedade. Os
objetivos da gestão integrada conforme propõe a PNRS, assim como as suas metas, são
ambiciosas, porém de extrema importância quando se pensa no futuro do planeta e da
humanidade. Os princípios da gestão vão se integrando às atividades econômicas e sociais dos
territórios à medida que se desenvolvem instrumentos legais, de planejamento e logística
operacional dos sistemas de gerenciamento de resíduos e é algo que demanda tempo de
adaptação e assimilação das novas necessidades.
A publicação dos artigos selecionados ocorreu nos seguintes periódicos: Holos (6), Eng
Sanit Ambient (6), Ambiente & Água (1), Revista de Gestão em Sistemas de Saúde (1),
Meridiano 47 (1), Divulgação científica e tecnológica do IFPB (1), Revista de Gestão
Ambiental e Sustentabilidade (1), Revista Brasileira de Gestão Urbana (1), Ambiente
Construído (1) e EURE (1). Portanto, nota-se a predominância das publicações nas revistas
Holos e Eng Sanit Ambient, que constituíram juntas 60% dos artigos incluídos na revisão. No
Quadro 4 são apresentados os artigos selecionados, seus autores, ano de publicação, objetivos
e principais resultados identificados.
ecologicamente
equilibrado.
9 COLVERO AVALIAÇÃO DA Realizar uma análise Inexistência de aterros sanitários
ET. AL., 2017 GERAÇÃO DE estatística dos em pequenos municípios. Foi
RESÍDUOS SÓLIDOS quantitativos dos verificado que quanto menores
URBANOS NO resíduos urbanos os municípios, maior a geração
ESTADO DE GOIÁS, gerados no estado de per capita de RSU, em
BRASIL: ANÁLISE Goiás. contraponto a outros autores
ESTATÍSTICA DE comparados.
DADOS
10 MENDES; DESAFIOS DAS Entender os desafios Falta de recursos técnicos e
BECK, 2017 ADMINISTRAÇÕES enfrentados pelas financeiros para subsidiar a
MUNICIPAIS NA prefeituras dos gestão. Desinformação das
IMPLEMENTAÇÃO municípios da região possibilidades de parcerias e
DA POLÍTICA do Curimataú cooperação com entes federados.
NACIONAL DOS Paraibano, na Baixa conscientização da
RESÍDUOS SÓLIDOS: implementação da população sobre a problemática.
O CASO DO PNRS. Necessidade de articulação das
CURIMATAÚ escalas de planejamento.
PARAIBANO Lentidão no ritmo das
adequações ambientais, que
ocorrem principalmente quando
há obrigatoriedade.
11 RAMOS ET. DESENVOLVIMENT Desenvolver uma Falta de equipe técnica para
AL., 2017 O DE FERRAMENTA ferramenta de apoio à diagnosticar lixões e estabelecer
PARA DIAGNÓSTICO decisão, com a prioridades de remediação.
AMBIENTAL DE finalidade de auxiliar Desorganização do setor de
LIXÕES DE os municípios gestão de resíduos sólidos
RESÍDUOS SÓLIDOS brasileiros no quanto à coleta e à destinação
URBANOS NO diagnóstico de seus adequada e ao fechamento e à
BRASIL lixões, os quais devem remediação de lixões. Baixo
funcionar de forma a quantitativo de lixões que foram
estabelecer prioridades efetivamente fechados e,
de remediação. raramente, recuperados no
Brasil.
12 FRACASSO DIAGNÓSTICO E Realizar o diagnóstico Carência de recursos
ET. AL., 2017 PROGNÓSTICO DOS e o prognóstico para a tecnológicos, financeiros e
RSU PARA gestão de RSU do humanos qualificados.
MUNICÍPIO DE município de Necessidade de inserção de
SANANDUVA/RS Sananduva/RS, e como novas técnicas de gerenciamento
a proposta de novos de RSU no município:
métodos de compostagem, coleta seletiva,
gerenciamento de RSU logística reversa e a incineração.
pode contribuir na
redução e adequada
destinação de RSU.
13 JANUÁRIO ESTUDO DO Entender o Apesar da população municipal
ET. AL., 2017 COMPORTAMENTO comportamento conhecer o problema dos RSU,
AMBIENTAL DA ambiental da se interessar pela sua solução, e
POPULAÇÃO DE população de ter ferramentas para a sua
WENCESLAU Wenceslau Braz/PR, informação, a consciência
BRAZ/PR EM após 15 meses de ecológica não se traduz em
RELAÇÃO AOS implantação do serviço práticas ou um comportamento
RESÍDUOS SÓLIDOS de coleta seletiva do ambiental coerente com pessoas
URBANOS município. ecologicamente conscientes.
14 FERREIRA; METODOLOGIA Fortalecer os O trabalho avaliou 6 consórcios
JUCÁ, 2017 PARA AVALIAÇÃO consórcios, ampliando do estado, sendo que parte deles
DOS CONSÓRCIOS a sua importância, possuíam deficiências quanto a
DE RESÍDUOS representatividade e falta de: enquadramentos
abrangência, favorecer normativos e legais, gestor para
43
quadros técnicos dos municípios. Dessa forma, percebe-se que essas deficiências são também
a causa de muitos outros problemas que limitam as ações dos municípios e dificultam a
adequação dos mesmos à Lei n° 12.305/2010.
Conforme explica Nagashima et al. (2011), a opção do governo federal de atribuir a
responsabilidade de gestão e gerenciamento de RSU exclusivamente aos municípios, tomada
na Constituição Federal em 1988, representou um grande entrave para a resolução da
problemática. Apesar de ter ocorrido a descentralização sobre a competência para operação dos
serviços, a distribuição de recursos não acompanhou os mesmos passos, continuando
controlados pela União. Para piorar a situação, os recursos da União disponíveis para financiar
programas de saneamento foram reduzidos na década de 1990, sendo que a necessidade de
investimentos para ampliação dos serviços de coleta, transporte e construção de novas
instalações de tratamento e destinação final de resíduos cresceu progressivamente, desde então.
Ao obrigações dos municípios frente à gestão de resíduos sólidos são apresentadas por
Souto e Lopes (2019), destacando: coleta regular domiciliar e comercial; gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde (RSS); gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (RCC);
coleta de equipamentos eletroeletrônicos, baterias, pilhas e lâmpadas; varrição e capina dos
logradouros; controle de solicitações e reclamações e avaliação crítica das práticas; equipe de
fiscalização; Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS); programas
de educação e conscientização ambiental; auto sustentabilidade econômico financeira;
programas de inclusão de catadores; apoio à gestão participativa e a gestão através de
consórcios; reaproveitamento de resíduos orgânicos e triagem; destinação final dos resíduos do
município; realização de limpeza de ralos e sarjetas; controle de acidentes de trabalho; equipe
capacitada na área e em cargos efetivos; disponibilização e transparência de dados relativos aos
custos da destinação dos resíduos.
Os desafios do Brasil para a gestão de resíduos sólidos, foi objeto de análise de
Nascimento et al. (2015), que apresentam resultados sobre o panorama nacional, com base em
dados da gestão disponibilizados pelo governo federal. A partir disso, a tendência é de aumento
na geração de resíduos sólidos, ao contrário do que objetiva a PNRS, onde a prioridade na
gestão deve seguir obrigatoriamente a ordem de não geração, redução, reutilização, reciclagem,
tratamento e disposição final adequada.
O trabalho também aponta para a necessidade de melhoria da cobertura dos serviços de
coleta para as áreas rurais, uma vez que ela é muito menor que nas zonas urbanas. A coleta
seletiva é mais um ponto que necessita ser melhorado, aumentando a abrangência, a eficiência,
diminuindo os custos e visando a inclusão dos catadores de recicláveis e a colaboração da
46
diagnóstico ambiental adequado no local dos lixões, o que leva ao desconhecimento dos riscos
à população e ao meio ambiente (RAMOS et al., 2017).
O trabalho de Gonçalves et al. (2013), teve como foco a análise das condições de
trabalho dos catadores de materiais recicláveis de Ipameri, no estado de Goiás. A situação local
é semelhante a outras cidades brasileiras, pois os estímulos do governo para a separação de
resíduos na fonte e destinação a associações organizadas de catadores quase sempre são
desenvolvidos em grandes cidades, enquanto os municípios pequenos não recebem essas
políticas, nem sequer reconhecem os riscos aos quais os catadores são expostos.
No estudo, foi observado que existe no município a Cooperativa dos Catadores do Lixão
de Ipameri, com 12 integrantes atuantes desde 2007, porém sem registro, contrato ou benefícios
trabalhistas. Eles não receberam treinamento para atuar nas condições de insalubridade dos
lixões e trabalham com uniformes, botas de borracha, máscaras descartáveis, fornecidos pela
cooperativa. As instalações da cooperativa são precárias contando com uma área coberta, onde
são armazenados equipamentos de proteção e água. Constatou-se que o único auxílio da
prefeitura municipal é o fornecimento de alguns medicamentos para prestação de primeiros
socorros no local, em caso de acidentes leves e na vacinação preventiva dos cooperados
(Gonçalves et. al., 2013).
Os trabalhos de Oliveira et. al. (2013), Rizzon, Nodari e Reis (2015), trataram
especificamente da questão dos RSS, no município de Guaporé/RS e em um município da
Macrorregião Serra do Rio Grande do Sul, respectivamente. Enquanto Oliveira et. al. (2013),
encontraram um cenário adequado de gestão de RSS em Guaporé/RS, apontando apenas para a
falta de conhecimento das normas técnicas vigentes pelos funcionários do hospital e
necessidade da elaboração de um plano de manejo dos RSS, Rizzon, Nodari e Reis (2015)
identificaram muitas deficiências no município que analisaram. Como foi listado muitas
adequações necessárias, não cabe aqui detalhá-las, será exposto apenas onde elas estão
presentes: no acondicionamento dos resíduos, coleta e transporte interno, no fluxo de coleta
interna, na quantificação dos RSS, armazenamento interno e externo, área de higienização,
coleta e transporte externo, tratamento, disposição final, política de gestão ambiental,
capacitação e treinamento.
De forma geral, os trabalhos de Urban (2016), Silva et. al. (2016), Colvero et. al. (2017),
Mendes e Beck, (2017), Fracasso et. al. (2017), Januário et. al. (2017), Lima, Arruda e Scalize
(2019), Chaves, Siman e Sena (2020), que realizaram análise da gestão de RSU a partir de
estudos de caso em nível local, os resultados corroboram com as discussões já apresentadas, ao
passo que enfatizam como principais dificuldades: falta de recursos técnicos e financeiros para
48
Com o intuito de sintetizar os resultados obtidos com a revisão sistemática, foi elaborado
o Quadro 5, onde são apresentadas as dificuldades, desafios e avanços dos pequenos municípios
na gestão de RSU a partir de 2010.
Quadro 5: Principais dificuldades, desafios e avanços da gestão de RSU em municípios de pequeno porte.
Desafios
a. Construir e operar soluções ambientalmente adequadas de destinação final de resíduos sólidos que
atendam a todos os municípios brasileiros;
b. Capacitar profissionais para atuar na gestão ambiental, gestão de resíduos sólidos e na operação de
aterros sanitários. Nesse sentido, também é importante que os municípios possuam equipes
multidisciplinares para atuar no planejamento da gestão de RSU;
c. Promover ações de gestão de resíduos sólidos não apenas nas áreas urbanas, mas também nas zonas
rurais. A expansão dos serviços de coleta e das ações de educação ambiental para a população residente
nessas áreas é muito importante;
d. Quando se trata otimização do ciclo de vida dos produtos e tratamento dos resíduos sólidos ainda há
grande necessidade de melhoria nos pequenos municípios. A maioria deles não realizam coleta
seletiva, ações de incentivo à redução, reutilização, reciclagem, compostagem, logística reversa,
incineração e outras formas de tratamento;
e. Para os municípios que não dispõem de soluções individuais, o desafio é estabelecer consórcios que
sejam sustentáveis financeiramente e participativos com articulação dos entes envolvidos e presença
da sociedade civil;
f. Garantir que as atividades da gestão de RSU sejam regulamentadas a partir de políticas e planos
municipais com qualidade para atender aos requisitos apresentados na PNRS. Que esses instrumentos
também sejam atualizados conforme necessidade;
g. Realizar o tratamento adequado dos resíduos de acordo com as especificardes existentes, tomando
cuidados, por exemplo, com os RSS, embalagens de agrotóxicos e materiais radioativos;
h. Expandir as ações que reconhecem os resíduos sólidos como materiais com valor econômico
associado, apoiando inclusive a iniciativa de catadores de recicláveis, cooperativas e organizações
sociais;
i. Diagnosticar áreas de lixões a serem desativadas e realizar os procedimentos adequados de
recuperação, levando em conta o nível dos danos causados ao meio ambiente e ao ecossistema.
Dificuldades
a. A falta de recursos financeiros, técnicos e humanos para a gestão de RSU ainda é a maior dificuldade
enfrentada pelos municípios pequenos, por possuírem baixa arrecadação financeira;
b. Necessidade de melhor articulação entre as escalas de planejamento Federal, Estadual e
Municipal/Intermunicipal, tanto para destinação de orçamento, quanto para capacitação profissional e
prestação de serviços;
c. A incapacidade dos municípios de pequeno porte de construir e operar aterros sanitários individuais,
desperta a necessidade de formação de consórcios e aí entra a dificuldade em estabelecer os melhores
arranjos operacionais, articular todos os interesses e forças políticas dos envolvidos;
d. Estabelecer mecanismos de participação popular na tomada de decisões da gestão, incluir a atividade
dos catadores de materiais recicláveis no escopo das políticas municipais, assim como promover de
ações de educação ambiental para a população, uma vez que a gestão integrada pressupõe a
colaboração ativa da sociedade;
e. A gestão de RSU infelizmente ainda não é tratada como um problema urgente de solução para a maioria
dos municípios, dessa forma não é dada a prioridade necessária para estabelecer políticas mais
sustentáveis.
Avanços
a. A partir da exigência da criação de políticas e planos municipais de gestão de resíduos sólidos,
finalmente a discussão sobre saneamento entrou em pauta nas câmaras municipais brasileiras e aos
poucos as cidades vêm também realizando estudos e adotando suas políticas que contribuem para o
ordenamento territorial/ambiental;
b. Os princípios e diretrizes da PNRS são considerados atualizados, satisfatórios e relevantes frente os
modelos de exploração dos recursos naturais e de consumo de produtos da sociedade moderna. É uma
política integrada à sua temporalidade e à realidade brasileira e aos poucos os municípios vem se
apropriando dessas qualidades em suas políticas municipais;
51
c. Desde 2010 o percentual de RSU destinados de maneira inadequada diminuiu, como um reflexo das
diretrizes da PNRS. Dessa forma, uma maior parcela da população brasileira obteve acesso a serviços
de saneamento básico.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
A revisão sistemática de literatura realizada foi importante para identificar que tipos de
problemas são comuns nos municípios de pequeno porte e para evidenciar a urgência pela busca
de soluções. Verifica-se que ainda há um longo percurso, cheio de obstáculos, para os
municípios brasileiros alcançarem os objetivos da Lei n° 12.305/2010, especialmente para
aqueles que possuem população inferior a 50.000 habitantes. Infelizmente, os trabalhos
publicados desde 2010 sobre a temática mostram uma lenta adoção de medidas jurídicas,
administrativas, sociais e ambientais com vistas à redução dos impactos causados pela
problemática dos RSU.
Com metas ambiciosas, a PNRS veio propor um modelo de gestão de resíduos sólidos
bem mais eficiente, pautado em princípios compatíveis com o conceito de desenvolvimento
sustentável, almejado pela sociedade moderna. No entanto, o pouco comprometimento da
escala de planejamento federal em termos de destinação de orçamento e implementação de
políticas públicas para alcançar essas metas gerou um cenário de incapacidade técnica e
financeira para a maioria dos municípios atenderem suas exigências.
Como os municípios de pequeno porte não possuem arrecadação suficiente para instalar
e operar as soluções ambientalmente adequadas, mantém-se as antigas práticas, apesar da
degradação ambiental causada. A falta de equipes técnicas multidisciplinares capacitadas para
atuar na elaboração de planos e execução do gerenciamento dos resíduos sólidos também é um
grande entrave, levando à ausência de planejamento nas ações realizadas em muitas cidades,
bem como a ineficiência delas.
52
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
De acordo com Delfino (2020) a abordagem quali-quantitativa pode ser utilizada como
forma de extrair uma melhor interpretação dos dados disponíveis sobre o tema, isso porque os
elementos ausentes em uma abordagem serão complementados pela outra. Assim, as
informações de cunho mais qualitativo representarão pontos fortes para o entendimento do
problema a partir dessa abordagem, e os dados de cunho quantitativo descreverão outras
interpretações também pertinentes para o entendimento do problema, de maneira que só é
possível a partir desta abordagem.
O tipo da pesquisa é o estudo de caso, definido por Gil (2008) como um estudo profundo
e exaustivo que envolve um ou poucos objetos de estudo, onde no presente trabalho, tem-se
como objetos os 8 municípios vinculados às estações de transbordo de São Miguel e José da
Penha que passaram por uma série de etapas até ser obtido um conhecimento amplo e detalhado
sobre a realidade do tema na atualidade. Esse delineamento permite coletar informações,
descrever e se aprofundar nos fenômenos de forma que seria praticamente impossível mediante
outros tipos de pesquisa.
Quanto aos objetivos, a pesquisa pôde ser classificada inicialmente como exploratória,
no intuito de levantar as informações preliminares sobre o tema; o que foi ser realizado
principalmente mediante levantamento bibliográfico, possibilitando assim a definição do
delineamento da pesquisa, ou seja, auxiliando na fixação dos objetivos e identificação de
problemáticas importantes não elencadas previamente.
Em um segundo momento, pôde-se classificar a pesquisa também como descritiva, já
que houve o registro e descrição dos fatos observados durante as visitas de campo e nas
consultas via questionário ou formulário realizadas, proporcionando uma nova visão sobre o
problema estudado e realizando análises e interpretações sobre o objeto de estudo sem
necessariamente haver manipulação do mesmo, corroborando com a ideia de Prodanov e Freitas
(2013) sobre esse tipo de estudo.
Os dados coletados foram de natureza bibliográfica, documental e de campo, conforme
será explicado mais detalhadamente adiante, quando será tratado do percurso metodológico da
pesquisa.
Segundo Marconi e Lakatos (2003) a pesquisa bibliográfica abrange toda bibliografia
tornada pública sobre o tema de estudo, podendo estar publicado de forma escrita, oral ou
audiovisual, em diferentes formatos, que poderão ser filtrados pelo pesquisador. Ainda segundo
os autores, esse tipo de pesquisa permite o exame do tema sobre um novo enfoque ou
abordagem.
54
gerados em municípios mais distantes passem por estações de transbordo antes do transporte
para o destino final. Assim, propôs-se a construção de 7 estações de transbordo, localizadas nos
municípios de Riacho da Cruz, São Miguel, Alexandria, José da Penha, Caraúbas, Apodi e Patu.
Ora decidido por analisar essa região, foram selecionados 8 municípios para estudo,
tendo em vista o planejamento estratégico de operação da gestão de resíduos na regionalização
Alto Oeste, selecionando assim, os municípios que contribuem com resíduos sólidos para duas
das sete estações de transbordo propostas para a região: São Miguel e José da Penha.
Acrescenta-se que foi verificado a escassez de estudos desse tipo nos municípios selecionados,
evidenciando a importância de analisar a problemática local.
Os municípios inseridos no campo de estudo são: São Miguel, Coronel João Pessoa,
Venha-Ver, José da Penha, Riacho de Santana, Major Sales, Paraná, e Luís Gomes. A Figura 6
apresenta o mapa onde podem ser identificados os municípios pertencentes à área objeto deste
estudo com o destaque nas cores verde e rosa:
Figura 6: Localização dos municípios das estações de transbordo de São Miguel e José da Penha/RN.
Para fins de levantamento de dados, duas populações dos municípios foram estudadas.
A primeira delas é composta pelos gestores públicos que atuam nas secretarias municipais às
quais competem a gestão de resíduos sólidos no âmbito de cada município (de acordo com os
instrumentos legais pesquisados, os municípios atribuíram essa competência às secretarias
responsáveis pela infraestrutura municipal). Essa população compreendeu um total de 8
indivíduos, sendo cada um deles representante da pasta responsável pela gestão de resíduos
sólidos de um dos municípios selecionados. Por ser uma população composta de poucos
sujeitos, todos foram submetidos ao procedimento de coleta de dados, onde foi realizado um
levantamento com survey, sendo os gestores convidados a responder a um questionário (Anexo
A). Portanto, não foi realizada amostragem com essa população.
A segunda população é constituída pelos indivíduos que residem em comunidades
próximas às áreas de destino final dos resíduos sólidos dos municípios selecionados, visto que
eles podem ser diretamente afetados pelos impactos ambientais ali desencadeados. Essa
população participou de um levantamento com survey, sendo convidada a responder ao
formulário constante no Anexo B. Foi aplicado um formulário por residência. O Quadro 6
detalha a quantidade de formulários aplicados em cada comunidade.
O tamanho da população foi obtido por contagem in loco e também não foi realizada
amostragem, pois ao realizar consulta pelo software Google Earth Pro, verificou-se que haviam
poucas unidades situadas no entorno das áreas de destinação final de resíduos.
57
De acordo com IBGE (2010), dos municípios objeto do estudo, São Miguel, Coronel
João Pessoa, Venha-Ver, Major Sales, Luís Gomes e Riacho de Santana fazem parte da
Microrregião da Serra de São Miguel. José da Penha e Paraná fazem parte da Microrregião de
Pau de Ferros. A área total dos oito municípios é de aproximadamente 881 km². As sedes dos
municípios estão a uma distância entre 416 km e 463 km da capital do estado, Natal.
A vegetação presente nos municípios é a Caatinga Hiperxerófila, que possui caráter
predominantemente seco, com abundância de cactáceas e plantas de baixo porte e espalhadas.
Possuem espécies como a jurema-preta, mufumbo, faveleiro, marmeleiro, xique-xique e
facheiro. Também é encontrada a vegetação denominada Floresta Caducifólia, que possui
plantas com folhas pequenas e caducas que caem durante o período seco (IDEMA, 2008).
Nos municípios de São Miguel, Venha-Ver, Major Sales e Luís Gomes, os solos
predominantes são do tipo Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico, cujas
características são de fertilidade média a alta, textura argilosa bem drenada, relevo ondulado e
forte ondulado. Em Coronel João Pessoa, predominam os solos Litólicos Eutróficos, os quais
possuem fertilidade natural alta, textura arenosa e/ou média, fase pedregosa e rochosa, relevo
ondulado, bem acentuadamente drenado, rasos e muito erodidos. Já em José da Penha, Riacho
de Santana e Paraná, o solo predominante é o Bruno não Cálcico, cujas características são
fertilidade média a alta, textura arenosa/argilosa e média/argilosa, fase pedregosa, bem drenada,
relevo suave ondulado. (IDEMA, 2008; EMBRAPA, 2018).
O relevo dos municípios faz parte da Depressão Sertaneja e do Planalto da Borborema,
com a presença de serras que variam a altitude de 200 m a 800 m. O Planalto da Borborema é
caracterizado como terrenos antigos, formados pelas rochas Pré-Cambrianas como o granito,
onde encontram-se as serras e os picos mais altos. A Depressão Sertaneja é composta de
terrenos baixos situados entre as partes altas do Planalto da Borborema e da Chapada do Apodi
(IDEMA, 2008).
Quanto à geologia local, nos municípios de Coronel João Pessoa, José da Penha, Riacho
de Santana, Major Sales e Luís Gomes, encontram-se rochas metamórficas que compõem o
Embasamento Cristalino, de Idade Pré-Cambriana Média, variando entre 1.000 e 2.500 milhões
de anos. Predominam gnaisses e migmatitos variados granitos, xistos e anfibolitos, às vezes
cortados por veios de quartzo e pegmatitos. Nos municípios de São Miguel, Paraná e Venha-
Ver predominam rochas do Complexo Gnaíssico-Migmatítico (Complexo Caicó em parte).
Estes granitos são formados na idade Pré-Cambiana Superior, entre 600 a 1.000 milhões de
58
Para alcançar os objetivos aos quais se propôs o estudo, foi necessário desenvolver seis
etapas visando a obtenção de informações e sua análise, sendo elas: Etapa I – Levantamento
teórico da temática; Etapa II – Definição da área de estudo; Etapa III – Definição dos
instrumentos de pesquisas; Etapa IV – Cadastro no Comitê de Ética de Pesquisa – CEP; Etapa
V – Coleta dos dados em campo; Etapa VI – Organização, tratamento e análise de dados (Figura
7).
Etapa VI -
Etapa IV - Cadastro
Organização Etapa V - Coleta dos
no Comitê de Ética
tratamento e análise dados em campo
em Pesquisa - CEP
dos dados
impactos ambientais dos resíduos sólidos, os aspectos legais e estratégias que norteiam esta
gestão em âmbito nacional e de maneira específica na área de estudo e os desafios da gestão de
RSU nos municípios de até 50.000 habitantes.
Em seguida foi definida a área de estudo. Conforme apresentado anteriormente, os
critérios utilizados para a seleção dos municípios basearam-se na regionalização do estado
proposta pelo PEGIRS/RN, bem como na sua logística operacional que forma uma rede
integrada entre os municípios. Também considerou o campo de atuação do PLANDITES e do
GECIAMS onde está inserida a pesquisa e a escassez de estudos relacionados ao tema na área.
Também foram definidos os instrumentos de pesquisa a serem aplicados. Segundo
Marconi e Lakatos (2003) a elaboração ou organização dos instrumentos de pesquisa é uma
etapa muito importante para o planejamento das etapas de campo do estudo e para o sucesso na
obtenção dos dados, por isso, demanda tempo e atenção do pesquisador. É importante também,
elaborar e organizar esses instrumentos, tendo em vista a população a ser estudada e as
informações e documentação disponível sobre ela e sobre o campo de estudo.
Os instrumentos aplicados nesta pesquisa foram definidos após análise da metodologia
dos trabalhos científicos relacionados ao objeto de estudo, consultados durante a pesquisa
bibliográfica inicial. Nesse sentido, buscou-se instrumentos validados cientificamente, capazes
de satisfazer os objetivos propostos. Também foi considerado nesta etapa, a experiência do
pesquisador e do orientador da pesquisa, bem como domínio dos possíveis instrumentos.
A etapa seguinte para a concretização da pesquisa foi o cadastro do projeto no Comitê
de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte para avaliação
dos aspectos éticos envolvidos. Para isso foram elaborados documentos complementares e
finalizado o planejamento metodológico da pesquisa. Após a aprovação do CEP, foram
realizadas as etapas de coleta, organização, tratamento e análise dos dados.
A coleta de dados será detalhada adiante, para realizá-la foram utilizadas técnicas de
pesquisa, tais como a documentação e a observação, além dos instrumentos definidos na Etapa
III: o questionário, o formulário, a matriz de interação, o Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT)
e a matriz de gestão ambiental.
A documentação foi realizada em forma de fotografias, mapas, relatórios e anotações a
partir das visitas de campo, onde foi também utilizada a técnica observacional para identificar
as características de interesse do estudo. Os questionários foram aplicados junto aos gestores
públicos responsáveis pelas políticas de gestão de resíduos sólidos dos municípios e os
formulários foram direcionados à população residente próximo às áreas de destinação final de
resíduos sólidos. A matriz de interação foi utilizada para a AIA e o VANT para mapeamento
61
das áreas de destinação final. Na matriz de gestão ambiental foram expostos aspectos
ambientais observados e propostas para melhoria da gestão dos resíduos dos municípios
estudados.
A etapa de organização, tratamento e análise dos dados também será detalhada em
momento posterior e envolveu a digitalização de documentos, organização em mídias digitais,
elaboração de planilhas eletrônicas que permitam comparações e agrupamentos de informações,
produção de quadros com a síntese dos resultados, elaboração de mapas com o auxílio de
softwares especializados, triagem de imagens e elaboração da matriz de gestão ambiental.
Foi uma das etapas mais importantes e mais extensas da pesquisa, contando com uma
sequência de visitas de campo nos municípios que compõem as estações de transbordo de São
Miguel e José da Penha. As visitas foram realizadas entre os meses de março e maio de 2022.
Para realizar o diagnóstico da gestão de resíduos sólidos dos municípios selecionados,
foi aplicado o questionário constante no Anexo A, o qual foi adaptado de Cardoso (2015). Foi,
então, realizado o survey junto aos gestores municipais que atuam nas secretarias municipais
de cada município. O questionário traz perguntas referentes a informações do sujeito, os
serviços executados no município para gestão de resíduos sólidos, atendimento dos princípios
da Lei nº 12.305/2010 e sobre a política municipal de gestão de resíduos sólidos, incluindo
informações do plano municipal. Buscou-se identificar as práticas adequadas e/ou inadequadas
da gestão municipal, tendo como parâmetro de análise, a PNRS.
Depois ocorreram as visitas de campo nos locais onde é feita a destinação final dos
resíduos sólidos dos municípios, conforme previsto. Esse estudo de campo teve caráter
descritivo, visando caracterizar as áreas, através do mapeamento e registro fotográfico, que
possibilitou a realização da Avaliação de Impactos Ambientais.
A AIA do destino final dos resíduos sólidos dos municípios foi realizada, inicialmente,
com o mapeamento das áreas de destinação final, utilizando um Veículo Aéreo Não Tripulado
(VANT), conhecido popularmente como drone, equipado com câmera fotográfica e aparelho
receptor GPS (Sistema de Posicionamento Global). Com ele, foi realizado o levantamento das
características, tais como, áreas, perímetros, altimetria e o perfil dos locais planejados. De posse
desses dados, também foi possível analisar, pelo software Google Earth Pro a distância entre
os locais de destinação de resíduos e as residências mais próximas.
62
Por se tratar de uma pesquisa envolvendo seres humanos, bem como a coleta, tratamento
e análise de informações cedidas por seres humanos, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP), para atestar o cumprimento às resoluções Éticas Brasileiras, em especial,
a Resolução nº 510/16 CNS/MS. O projeto de pesquisa foi apreciado pelo CEP/UERN, com
Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) n° 50585821.1.0000.5294 e foi
aprovado por meio do Parecer Consubstanciado n° 4.974.780, emitido no dia 14 de setembro
de 2021.
65
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A cobrança de taxa ou tarifa pela prestação dos serviços de limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos foi uma das recomendações da Lei n.º 14.026/2020, a qual acrescenta que a
ausência de proposição de instrumento de cobrança pelo serviço, no prazo de 12 meses da
vigência da Lei que o institui, configura renúncia de receita pelo ente (BRASIL, 2020). Essa
taxa possui grande importância na garantia da autossuficiência financeira dos serviços ofertados
pelo poder público municipal, devendo ser utilizada para o custeio de pessoal, veículos,
manutenção, insumos, terceirizações e demais remunerações necessárias para a execução da
limpeza pública e manejo de RSU.
De acordo com o SNIS (2021), somente 40,3% dos municípios brasileiros realizam essa
cobrança pelos serviços, ou seja, 1.851 dos 4.589 que forneceram as informações do sistema no
ano de 2020. A cobrança é feita por meio de taxa específica incluída no boleto do IPTU em
83,8% dos casos, por taxa incluída no boleto da água em 11,8% e por boleto específico para a
taxa em 4,1 % ou ainda por tarifa em 0,3% dos municípios. Na região Nordeste, a adesão à
cobrança é bem inferior, ocorre em apenas 6,6% dos municípios participantes da pesquisa do
SNIS.
Quadro 7: Serviço de coleta de RSU dos municípios.
Serviço de coleta de RSU dos municípios
A coleta Há veículos Tipo de
Frequência da Tipo de veículo
domiciliar para a coleta da veículo da
coleta utilizado
direta é varrição e varrição e
de lixo: na coleta de lixo:
realizada: capina? capina:
Em parte do município
Em todo o município
Caminhão aberto
Caminhão aberto
3x por semana
2x por semana
Compactador
Municípios
Diariamente
Basculante
Basculante
Não
Sim
São Miguel X X X X X X X
Cel. J. Pessoa X X X X
Venha Ver X X X X X
José da Penha X X X X X
R. de Santana X X X X
Major Sales X X X X X
Luís Gomes X X X X X X
Paraná X X X X
Total (%) 25 75 50 37,5 12,5 62,5 37,5 25 75 25 37,5 37,5
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010). Nesse sentido,
investigou-se a forma de coleta e transporte, sendo constatadas as práticas apresentadas adiante.
Os veículos utilizados nos municípios para o transporte dos resíduos da coleta domiciliar
são variáveis: 62,5% deles possuem caminhão compactador, o que permite um melhor
acondicionamento do material e evita a ocorrência de perdas antes da chegada ao destino final;
São Miguel e Luís Gomes, apesar de possuírem compactador, também utilizam caminhões
abertos; enquanto 37,5% (Coronel João Pessoa, José da Penha e Paraná) utilizam apenas
caminhões basculantes. Para o transporte de resíduos de varrição e capina, Coronel João Pessoa
e Paraná não possuem veículos destinados exclusivamente a essa atividade e os demais utilizam
caminhões abertos ou basculantes (Quadro 7). Na Figura 8 são exemplificados os tipos de
veículos utilizados na coleta de RSU nos municípios.
Figura 8.a: Compactador em Riacho de Santana Figura 8.b: Basculante em Luís Gomes
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
Os requisitos para o transporte terrestre de RSU, são determinados pela ABNT NBR
13221, com o objetivo de evitar danos ao meio ambiente e a proteger a saúde pública, com isso
os equipamentos de transporte devem estar em bom estado de conservação, não permitindo
vazamento ou derramamento de resíduos. Além disso, durante o transporte, os resíduos devem
ser protegidos de intempéries e estar devidamente acondicionados para evitar o seu
espalhamento na via pública (ABNT, 2021).
Rizzon, Nodari e Reis (2015) complementam que a coleta e o transporte de resíduos
devem ser feitos com a separação das classes de resíduos, utilizando equipamentos e veículos
que garantam sua integridade, até o local de destinação final e visando a proteção do meio
ambiente. Além disso, os trabalhadores devem utilizar EPI’s durante essas atividades e os
veículos devem possuir identificação de risco doso resíduo que transportam, estar em bom
estado de conservação e fazer rotina de higienização.
68
Programa de mutirão
Não respondeu
Papel/Papelão
Municípios
Não possui
ambiental
Prefeitura
Plástico
Vidro
Metal
Não
Sim
São Miguel X X X X X X X X
Cel. J. Pessoa X X X X X
Venha Ver X X X X
José da Penha X X X X
R. de Santana X X X X X X
Major Sales X X X X X
Luís Gomes X X X X
Paraná X X X X
Total (%) 75 25 37 50 37,5 25 75 25 12,5 25 12,5 25 75
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
70
setor. Logo, a adoção dos sistemas favorece a elaboração dos planos municipais, regionais e
nacional de saneamento básico e permitem um melhor atendimento às demandas da sociedade.
Não há reclamações
Em construção
Pessoalmente
Serviços mal
Lançamento
Diariamente
Não possui
executados
Municípios
Telefone
São Miguel X X X X X
Cel. J. Pessoa X X X X X X
Venha Ver X X X X X
José da Penha X X X X X X
R. de Santana X X X X X X
Major Sales X X X X X X
Luís Gomes X X X X X
Paraná X X X X
Total (%) 87,5 87,5 25 25 12,5 50 37,5 12,5 87,5 12,5 - 25 75
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
Em outro município
município
Usina de
Não há
Lixão
Não
Não
Sim
Sim
São Miguel X X X X X
Cel. J. Pessoa X X X X X
Venha Ver X X X X X
José da Penha X X X X X
R. de Santana X X X X X
Major Sales X X X X X
Luís Gomes X X X X X
Paraná X X X X X
Total (%) 100 - 12,5 87,5 62,5 37,5 25 62,5 12,5 62,5 37,5
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
Sobre o consórcio para operação de aterro sanitário, os municípios, exceto São Miguel,
afirmaram ter optado por esta solução – embora o mesmo ainda não esteja em operação, houve
a adesão dos municípios. Porém, conforme apresentado no Quadro 11, nem todos os municípios
se localizam na mesma microrregião onde será a operação do aterro sanitário, ou seja, na
microrregião de Pau dos Ferros. Para o consórcio, foi elaborado o Plano Intermunicipal de
Resíduos Sólidos (PIRS), pelo Governo Estadual.
Quanto à formação de consórcios para a gestão de resíduos sólidos, é uma prática
motivada pela própria PNRS, que considera “o incentivo à adoção de consórcios ou de outras
formas de cooperação entre os entes federados, com vistas à elevação das escalas de
aproveitamento e à redução dos custos envolvidos” (BRASIL, 2010, p. 05) um de seus
instrumentos. A mesma Lei ainda define como um dos itens integrantes dos planos estaduais
são as medidas visando motivar e viabilizar a formação de consórcios intermunicipais para a
gestão compartilhada. Os municípios que optarem pela gestão consorciada terão ainda a
prioridade no acesso a recursos da União.
Segundo Ferreira e Jucá (2017), a implementação de consórcios é uma ótima alternativa
para a gestão integrada de RSU, já que objetivam a disposição final ambientalmente adequada
através da otimização de recursos e do tratamento de resíduos, e visam ainda atender um maior
número de municípios, viabilizando assim a proposta.
Os dados do IBGE (2020) apontam que do ano de 2015 para 2019 houve um crescimento
no número de municípios integrantes de no mínimo um consórcio público, de modo que em
2015 havia 66,3% de municípios fazendo uso do instrumento de cooperação, enquanto que em
2019 o valor subiu para 69,2%. Analisando especificamente a região Nordeste do país, têm-se
no mesmo período o aumento de 52,5% para 60,4%, ou seja, 7,9% dos municípios do Nordeste
passaram a integrar consórcios nesse período. No estado do Rio Grande do Norte 100% dos
municípios possuem consórcio intermunicipal.
Outros municípios de pequeno porte do Semiárido Brasileiro planejam solucionar os
problemas associados a destinação final de RSU a partir do estabelecimento de Consórcios
Públicos, a exemplo dos integrantes do Consórcio Intermunicipal para a Gestão dos Resíduos
Sólidos do Cariri Oriental e Região (CIGRESCOR). São 11 municípios paraibanos que buscam
a construção e operação de um aterro sanitário consorciado, priorizando estudos técnicos e uso
de tecnologias limpas para o tratamento de resíduos. A solução ainda não foi implantada, assim
como nos municípios deste estudo (SOUZA; GONÇALVES; CURI, 2018).
Ainda sobre os dados expostos no Quadro 10, somente em dois municípios existem
políticas de logística reversa de produtos, nesse caso, envolvendo as empresas de pneus e óleos
77
Não respondeu
parcialmente
Sim, porém
Municípios
efetivada
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
São Miguel X X X X X X
Cel. J. Pessoa X X X X X X
Venha Ver X X X X X X
José da Penha X X X X X X
R. de Santana X X X X X X X
Major Sales X X X X X X
Luís Gomes X X X X X X
Paraná X X X X X X
Total (%) 12,5 87,5 - 12,5 - 87,5 12,5 62,5 25 12,5 87,5 - 12,5 25,0 75 - 62,5 25 12,5
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
79
Percebe-se que muitos aspectos exigidos pela PNRS ainda não foram implementados
ou sequer possui previsão de implementação nos municípios. De acordo com os dados já
apresentados, há muito o que avançar desde os aspectos normativos legais, com a criação dos
PMGIRS‘s, expansão da coleta de resíduos para todo o município, implantação de coleta
seletiva e sistemas de logística reversa, integração dos catadores de recicláveis, melhoria no
controle social, além da necessidade de promover a destinação final ambientalmente adequada
dos resíduos.
Tudo isso, requer investimentos do poder público municipal, que deve prezar pela
adequação da sua esquipe técnica, da frota de veículos utilizados para coleta e transporte de
resíduos, dos equipamentos utilizados no manejo e disposição final, assim como a criação de
PMGIRS, realização de estudos para garantia da sustentabilidade financeira das ações,
estabelecimento de canais de comunicação eficientes com a população e realização de ações de
conscientização e sensibilização ambiental.
Nesse sentido, Monteiro et al. (2017) afirma que para a melhoria da gestão de RSU dos
municípios brasileiros não basta o comprometimento da gestão municipal isoladamente, ela
deve contar com o apoio de toda a sociedade. Somente assim, os resultados serão positivos,
gerando maior qualidade de vida aos cidadãos. Reforçando esse pensamento Da Rocha, Rocha
e Lustosa (2017) afirma que a dinâmica da PNRS se conecta a cada residência no momento em
que se segrega os materiais para a coleta seletiva, a empresas que possuem a atribuição de
implementar planos de gestão, aos gestores públicos no sentido de viabilizar modernização das
ações da gestão, através da elaboração de projetos contínuos, parcerias com cooperativas de
catadores e encerramento dos lixões.
Observa-se também que o modelo atual de gestão dos RSU dos municípios desencadeia
uma série de conflitos de ordem ambiental, social, espacial, econômica e de saúde pública, o
que implica em prejuízos a qualidade de vida da população. Portanto, para que se possar
vislumbrar melhorias nesse sentido, é crucial o conhecimento detalhado da extensão dos
problemas socioambientais associados, conforme será abordado adiante.
A gestão dos resíduos sólidos é um fator que sofre influência das dinâmicas territoriais
presentes nos municípios brasileiros, por exemplo, das atividades econômicas locais, das
relações de mercado, dos tipos de resíduos mais gerados, dos fatores culturais, hábitos e
80
Sales, Paraná, e Luís Gomes, com o objetivo de identificar os impactos ambientais que vêm
ocorrendo nos locais, além da sua relevância. Para uma melhor avaliação dos impactos
ambientais presentes nas áreas de destinação final dos RSU dos municípios estudados foram
realizadas visitas de campo onde por meio de anotações e fotografias foi possível registrar e
analisar a magnitude dos danos associados ao modelo de gestão atual. Adiante serão
apresentados e discutidos os aspectos observados. Existem muitos aspectos em comum em
todas as áreas de destinação final de RSU visitadas.
Analisando primeiramente a entrada dos locais, é comum que as áreas sejam cercadas,
mas sem restrição ao acesso, dado que nem todos eles possuem portão na entrada e quando
possuem, permanecem abertos diariamente e sem nenhum tipo de vigilância (Figura 9). Apesar
da existência das cercas, muitas vezes estas não passam por manutenções, encontrando-se em
condições precárias ou mesmo abertas como relatado por catadores no município de São
Miguel, onde a cerca se mostra íntegra apenas na entrada frontal do terreno.
Em Venha-Ver, Riacho de Santana e Luís Gomes não há portão na entrada das áreas ou
qualquer outro tipo de restrição na entrada. Dos municípios que possuem o portão, apenas no
município de Major Sales foi observado o acesso restrito ao local (Figura 9.f), onde o portão
permanece trancado e apenas os funcionários municipais e catadores de recicláveis possuem a
chave para abertura. Mesmo com essa medida de segurança, os catadores de materiais
recicláveis locais relataram a ocorrência de invasões na área por terceiros.
Nos municípios de São Miguel e Coronel João Pessoa há uma espécie de posto de
vigilância na entrada das propriedades onde estão os lixões. Segundo os gestores municipais, o
Ministério Público exige a construção desse aparelho para regularização do funcionamento das
atividades. Apesar da construção da infraestrutura, a atividade de vigilância do local não é
efetivada. Os demais municípios investigados não dispõem do posto de vigilância, bem como
do serviço mencionado.
Na entrada das propriedades também devem ser identificadas as unidades e informado
sobre o acesso restrito a pessoas autorizadas, por meio de placa sinalizadora, o que só foi
observado em Coronel João Pessoa e Major Sales. Os lixões de José da Penha e Paraná possuem
a placa já deteriorada pelos agentes atmosféricos e em condições ilegíveis.
82
Figura 9.a: Entrada do lixão de São Miguel Figura 9.b: Entrada do lixão de Coronel João Pessoa
Figura 9.c: Entrada do lixão de Venha-Ver Figura 9.d: Entrada do lixão de José da Penha
Figura 9.e: Entrada do lixão de Riacho de Santana Figura 9.f: Entrada do lixão de Major Sales
Figura 9.g: Entrada do lixão de Luís Gomes Figura 9.h: Entrada do lixão de Paraná
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
83
Figura 10.a: Resíduos animais no lixão de São Miguel Figura 10.b: RSU do lixão de Coronel João Pessoa
Figura 10.c: RSU do lixão de Venha-Ver Figura 10.d: Vala no lixão de José da Penha
Figura 10.e: RSU do lixão de Riacho de Santana Figura 10.f: RSU do lixão de Major Sales
Figura 10.g: RSU do lixão de Luís Gomes Figura 10.h: RSU do lixão de Paraná
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
85
A presença de animais é mais uma constante nas áreas visitadas, os urubus, por exemplo,
só não foram vistos nos lixões de Riacho de Santana, Coronel João Pessoa e Venha-Ver. Outros
animais também puderam ser facilmente encontrados, desde cachorros, como mostrado na
Figura 11.f, a insetos, principalmente moscas e mosquitos, os quais podem se tornar vetores de
transmissão de doenças. Os moradores locais relataram que uma prática muito comum da
população é o abandono de animais, sobretudo filhotes de cães e gatos nas proximidades dos
lixões.
Segundo Souza, Gonçalves e Curi (2018), os animais encontrados nos lixões são
passiveis de contraírem doenças, e pela ocasião do contato com humanos, podem infectá-los.
O mesmo se aplica aos insetos que se proliferam nesses locais e muitas vezes migram para as
residências mais próximas, representando um risco à saúde humana.
Pelas Figuras 11.a e 11.d pode-se notar que mais um problema associado aos lixões a
céu aberto são as queimadas. No município de Venha-Ver, elas ocorrem por ação da própria
gestão municipal, para reduzir o volume do material antes da sua cobertura. Em São Miguel,
um dos funcionários que trabalham no local afirmou que as queimadas são clandestinas, no
entanto, aparentemente a gestão não realiza nenhum tipo de ação para impedir a prática ou
mesmo controlar os incêndios, uma vez que durante visita ao local foram observados vários
focos ativos, mesmo na presença de funcionários no local. Nos outros municípios também foi
relatada a existência de queimadas clandestinas, não limitando-se às áreas dos lixões, como
também incendiando matas próximas, a exemplo dos municípios de Riacho de Santana e Luís
Gomes.
Segundo Queiroz e Vieira (2018) o tratamento ou disposição inadequada de resíduos
pode gerar poluição das águas, quando próximos a reservas superficiais ou subterrâneas; do
solo, pela presença e precipitação de materiais como chumbo, mercúrio e do ar através da
liberação de gases poluentes, principalmente quando é realizada a queima dos resíduos sólidos.
Os autores complementam que essa queima/incineração não é recomendada, a não ser que não
haja outra opção.
Além das queimadas, a qualidade do ar também pode sofrer degradação pela liberação
de gases e maus odores, o que se torna particularmente incômodo nas unidades próximas das
vias de tráfego da população local, como é o caso dos municípios de Paraná, Riacho de Santana
e Coronel João Pessoa, onde a proximidade é com as rodovias estaduais e em José da Penha,
que possui comunidade rural cujo acesso necessariamente passa ao lado da unidade de
destinação.
86
Figura 11.a: Queimadas no lixão de São Miguel Figura 11.b: Chorume no lixão de Luís Gomes
Figura 11.c: Podas e RSU no lixão de Cel. João Pessoa Figura 11.d: Quaimadas do lixão de Venha-Ver
Figura 11.e: Efluentes no lixão de Riacho de Santana Figura 11.f: Animais no lixão de Major Sales
Figura 11.g: Chorume no lixão de Major Sales Figura 11.h: Chorume no lixão de Paraná
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
88
Os municípios com lixões mais próximos ao perímetro urbano são Riacho de Santana
(726 m) e Paraná (817 m), estando a menos de um quilômetro de distância. Em contrapartida,
o lixão do município de Luís Gomes se encontra a 5,8 quilômetros de distância da zona urbana,
sendo a maior distância obtida. O acesso aos locais é feito por estradas vicinais de terra em São
Miguel, Venha-Ver, José da Penha, Major Sales e Luís Gomes, enquanto em Coronel João
Pessoa o lixão fica às margens da rodovia RN-177 que dá acesso a Venha-Ver, em Riacho de
Santana, às margens da rodovia RN-073 que dá acesso à sua zona urbana e em Paraná, às
margens da rodovia RN-117, que dá acesso a Tenente Ananias.
Quanto a essas localizações, alguns municípios tiveram maior preocupação em
estabelecer áreas mais distantes da população urbana e outros tentaram não se distanciar a ponto
89
de elevar muito os custos com o transporte dos resíduos. Em todos os casos, o percurso até as
unidades faz uso de vias pré-existentes também com intuito de redução de custos. Observou-se
que as propriedades costumam ser alugadas pelo poder público para a finalidade, levando em
conta também fatores políticos.
A já citada Norma Técnica ABNR NBR 13896/1997 também fixa as condições mínimas
exigíveis para a proteção dos operadores de aterros de resíduos não perigosos e populações
vizinhas. Como requisito, deve-se respeitar a distância mínima de 500 m dos aterros a núcleos
populacionais.
Verifica-se então que as distâncias aos núcleos urbanos atendem ao mínimo
recomendado pela norma, no entanto, em todos os casos existem comunidades rurais
localizadas a distâncias menores. As situações mais críticas são encontradas na comunidade
Unha de Gato, no município de Paraná, a 280 m de distância e na comunidade Muquém no
município de Riacho de Santana, cuja distância é de 440 m. Ambas as distâncias, portanto,
inferiores ao critério normativo, podendo gerar incômodos aos moradores e prejuízos à
qualidade de vida. As distâncias das outras comunidades serão apresentadas nas próximas
seções.
É um cenário de risco à saúde dos moradores dessas comunidades, pois conforme
explica Valente et al. (2016), a proximidade com o lixo predispõe os animais e o homem
a contraírem doenças como a salmonelose, toxoplasmose, leptospirose, cólera, disenteria,
cisticercose e giardíase. A esse mesmo risco estão submetidos também os trabalhadores que
atuam na coleta, transporte e destinação final dos resíduos e os catadores de materiais
recicláveis.
Inclusive, no município de Riacho de Santana, uma atividade que traz mais riscos ainda
às comunidades rurais próximas, é a extração de solo do terreno do lixão para utilização como
material de aterro em estradas vicinais rurais de circulação local, conforme mostrado na Figura
13.d.
90
Complementando, Pujara et al. (2019) afirmam que o material orgânico presente nos
RSU aumenta o crescimento de patógenos microbianos e o contato direto ou indireto com eles
pode causar o surgimento de doenças infecciosas e crônicas nos trabalhadores de lixo, catadores
de lixo e pessoas que vivem nas proximidades.
Quanto à atividade dos catadores, ela é uma consequência direta do modelo de gestão
de RSU atual, na medida em que a situação de vulnerabilidade socioeconômica desses
indivíduos faz com que essa seja uma das poucas (se não a única) fontes de renda de suas
famílias. No município de Luís Gomes a presença de catadores não foi verificada no período
das visitas de campo realizadas, mas segundo os relatos dos moradores locais, anteriormente
algumas famílias visitavam periodicamente o local em busca de realizar o trabalho de catação.
Uma possível explicação do baixo interesse dos catadores pela área, é pelo difícil acesso ao
local de destinação final, em termos de distância e qualidade das vias.
Em todos os outros municípios pesquisados existe a atividade de catação, no entanto
ela conta com pouco ou nenhum apoio das secretarias municipais. Apenas no município de São
Miguel foi relatado pelos catadores o apoio da prefeitura por meio da Secretaria Municipal de
Bem Estar Social, Trabalho e Habitação, no sentido de inclusão ou atualização do Cadastro
Único para Programas Socias das famílias, atualização do cartão de vacinação e entrega de
cestas básicas.
No quesito de condições de trabalho, alguns pontos foram observados em outros
municípios. Em José da Penha, existe um pequeno abrigo construído em alvenaria utilizado
pelos catadores de materiais recicláveis para o armazenamento de instrumentos de trabalho ou
outros materiais e para descanso. Próximo ao local também se encontra um equipamento
compactador utilizado para a redução do volume dos resíduos separados (Figura 13.c). Em
Major Sales, também há um abrigo, neste caso, improvisado pelos catadores, com as mesmas
finalidades mencionadas (Figura 13.f).
Vale ressaltar que os abrigos não comportam os resíduos separados para a reciclagem,
os mesmos permanecem expostos à ação de intempéries em todos os municípios. Os resíduos
separados são geralmente acondicionados em grandes sacos, até que o volume acumulado seja
suficiente para a venda. Os sacos também podem ser vistos nas Figuras 13.a, 13.b, 13.e e 13.g.
A Figura 13.h mostra resíduos metálicos separados por um catador no município de Paraná, à
céu aberto, aguardando a venda. Em virtude dessa condição de acondicionamento, os catadores
relataram problemas como a perda de materiais devido a queimadas clandestinas.
Muitos catadores passam o dia inteiro nas áreas de destinação final aguardando a
chegada dos caminhões de lixo e em seguida realizando a separação, a exposição ao ambiente
91
insalubre é constante e possui risco agravado pela presença de animais e ausência de utilização
de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s).
Mendonça et al. (2020) afirmam que os catadores são os atores sociais mais vulneráveis
às condições insalubres dos lixões, pois eles ficam expostos diariamente a resíduos perigosos,
e aos compostos altamente tóxicos gerados pela queima de resíduos comumente realizada.
Essa realidade de vulnerabilidade socioeconômica e risco à saúde dos catadores também
foi observada por Souza, Gonçalves e Curi (2018) no município de Queimadas/PB, onde a líder
dos catadores relatou os problemas enfrentados pelos mesmos: a informalidade profissional, o
apoio escasso do poder público local, a falta de equipamentos de trabalho apropriados e a
migração de muitos trabalhadores vindos de outras cidades que tiveram o funcionamento dos
lixões encerrados.
Figura 13.a: Separação no lixão de São Miguel Figura 13.b: Separação no lixão de José da Penha
Figura 13.c: Compressor no lixão de José da Penha Figura 13.d: Extração de solo em Riacho de Santana
92
Figura 13.e: Separação em Major Sales Figura 13.f: Abrigo no lixão de Major Sales
Figura 13.g: Separação no lixão de Paraná Figura 13.h: Separação de metais no lixão de Paraná
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
A partir das imagens (Figura 14) é possível identificar a delimitação do terreno dos
lixões, as áreas dessas unidades, a supressão vegetal, a distribuição de resíduos à céu aberto no
terreno, indícios de queimadas, as vias que dão acesso imediato ao local, serviços de
movimentação de terra em execução (escavação de valas), infraestruturas eventualmente
presentes, bem os elementos adjacentes às áreas como plantações, matas e terrenos baldios. As
áreas medidas diretamente nos mosaicos obtidos são detalhadas na Tabela 8.
Portanto, ao total têm-se uma área degradada de 85074 m² distribuída entre os oito
municípios estudados. Tal cenário é alarmante, tendo em vista a necessidade iminente de
encerramento de operação dos lixões até o dia 2 de agosto do ano de 2024, conforme
determinado pela Lei n.º 14.026/2020. Com o encerramento, é evidente também a necessidade
de recuperação das áreas degradadas, prevista pela PNMA.
Nesse sentido, mostrou-se pertinente também detalhar o perfil altimétrico dos terrenos.
Foram definidos dois cortes em direções distintas em cada local estudado. Na figura 15,
observa-se a demarcação dos dois cortes, A e B a partir de retas sobre os mosaicos e ao lado
são apresentados os dois perfis obtidos nestas direções, possibilitando a extração das variações
nas alturas em cada lixão, de acordo com as figuras correspondentes.
De acordo com Evans (2012) a obtenção de representações do relevo pode ser útil nos
estudos de várias características da superfície e interações com a paisagem como a distribuição
espacial da rede de drenagem, tipos de solo, vegetação e geologia. O modelo digital de
representação adotado pode ser classificado como Modelo Digital de Superfície (MDS), pois
apresentam informações sobre a topografia, a vegetação e as construções, ou seja, englobam
características não só do relevo, mas também dos objetos acima (CRUZ et al., 2011).
96
Perfil A Paraná
Quadro 12: Matriz de interação dos impactos ambientais nas áreas dos lixões.
Matriz de interação dos impactos ambientais nas áreas dos lixões
Resultado 5
Geração de oportunidades
Incômodos à comunidade
Reversibilidade
Alteração microclimática
Qualificação profissional
Temporalidade
Alteração da paisagem
Emissões atmosféricas
Abrangência
Compactação do solo
Magnitude
Tráfego de veículos
Natureza
Geração de ruídos
Escassez de água
Ordem
Poluição Sonora
Uso consciente
1 A X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X X 0 X X 0 0 X X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
2 B X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X 0 0 X X 0 0 0 X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
3 C X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X X 0 X X 0 0 X X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
4 D X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X X 0 X X 0 0 X X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
5 E X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X X 0 X X 0 0 X X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
6 F X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X 0 0 X X 0 0 0 X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
7 G X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X X 0 X X 0 0 X X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
8 H X X 0 X X X 0 X X 0 0 0 X X X X 0 X X 0 0 X X 0 X X 0 0 0 2 1 1 2 3 1 10
1Municípios: 1- São Miguel, 2- Coronel João Pessoa, 3- Venha-Ver, 4- José da Penha, 5- Riacho de Santana, 6- Major Sales, 7-Luís Gomes, 8- Paraná.
2 Lixões nos municípios: A- São Miguel, B- Coronel João Pessoa, C- Venha-Ver, D- José da Penha, E- Riacho de Santana, F- Major Sales, G-Luís Gomes, H- Paraná.
3 Indicadores de impactos ambientais das atividades nos lixões nos municípios: ocorrência (X), não ocorrência (0) e, não se aplica (-).
4 Significância dos impactos ambientais das atividades nos lixões nos municípios: natureza (positivo - 1 e negativo - 2), ordem (direto - 1 e indireto - 2), abrangência (local - 1, regional -2 e global - 3), temporalidade (curto - 1, médio - 2 e longo - 3),
magnitude (fraco - 1, mediano - 2 e forte - 3) e, reversibilidade (reversível – 1 e irreversível - 2).
5 Resultado da significância dos impactos ambientais das atividades nos lixões nos municípios: muito baixo (entre 6 e 7,8), baixo (entre 7,9 e 9,6), razoável (entre 9,7 e 11,4), alto (entre 11,5 13,2) e, muito alto (entre 13,3 e 15).
Os impactos ambientais dos lixões presentes no Semiárido foi objeto de outros estudos
recentes, mostrando a gravidade dos danos causados. Pessoa (2019) analisou áreas de
disposição final de resíduos dos municípios de Campina Grande/PB e Toritama/PE,
identificando impactos ambientais no solo, ar, água, paisagem e outros. Em Toritama/PE o autor
destacou a poluição do ar decorrente do desprendimento de gases e mau odor proveniente dos
RSU, degradação da qualidade do solo, comprometimento dos recursos hídricos e proliferação
de vetores de doença. Em Campina Grande, a área refere-se a um lixão desativado, utilizado
por mais de 20 anos causando também contaminação do solo, água e ar, mesmo após a
desativação da área foram observados no solo sinais de erosão, alteração na capacidade de uso
da terra, dano ao relevo e na permeabilidade do solo.
Também constataram problemáticas semelhantes em dois municípios de pequeno porte
do semiárido paraibano, os trabalhos de Azevedo et al. (2015) e Freire et al. (2020), os quais
realizaram estudos de caso nos municípios de Pombal e Massaranduba, resultando no
diagnóstico dos lixões a céu aberto locais. Azevedo et al. (2015) aponta como impactos
ambientais significativos observados: contaminação do solo, compactação do solo, erosão
acelerada, contaminação da água, contaminação do ar atmosférico, redução ou perda total da
flora, redução ou perda total da fauna, riscos aos catadores e impactos na saúde pública. Já
Freire et al. (2020) identificou como impactos ambientais na área: alteração dos recursos
hídricos pela contaminação por chorume, degradação do solo, contaminação do ar por gases
tóxicos e periculosidade à saúde pública.
No Alto Oeste Potiguar, o trabalho de Lucas Filho (2020), que investigou a problemática
dos lixões nos municípios de Apodi, Caraúbas, Felipe Guerra, Campo Grande e Governador
Dix-Sept Rosado, identificou os mesmos elementos caracterizados nas Figuras 9, 10, 11 e 13,
por exemplo, a falta de controle de acesso às áreas de destinação, o despejo de resíduos de todos
os tipos sem nenhum tipo de separação, presença de queimadas, formação de chorume, presença
de animais, etc. Consequentemente, dentre os impactos ambientais nas áreas envolvem a
contaminação do solo, dos recursos hídricos, indução de processos erosivos, emissões
atmosféricas, entre outros.
E não são apenas os municípios de pequeno porte do Semiárido que continuam
utilizando os lixões a céu aberto como destinação final, o estudo de Feitosa (2018) mostra que
no município de Juazeiro do Norte/CE também é realizada essa destinação, em uma área
localizada a 5 km de distância da zona urbana. A autora complementa ao afirmar que a
disposição em área inadequada, sem licenciamento ambiental, com a presença de catadores,
102
A gestão de RSU nos municípios de São Miguel, Coronel João Pessoa, Venha-Ver,
Riacho de Santana, José da Penha, Paraná, Luís Gomes e Major Sales ocorre de forma
inconsistente tendo em vista os princípios da PNRS. Esse cenário é percebido pela ausência de
instrumentos norteadores da gestão, como os PMGIRS’s, a falta de ações visando o
estabelecimento da ordem de prioridade da gestão, principalmente o estímulo à não geração de
RSU, que poderia ser obtido com a realização de ações periódicas de educação ambiental, as
deficiências presentes nas etapas de gerenciamento, como a necessidade de implantação de
coleta seletiva, adequação dos veículos utilizados no transporte e destinação final atual
ambientalmente inadequada.
O reflexo dessas práticas é o surgimento de impactos socioambientais, sobretudo nas
áreas de descarte dos resíduos. Conforme exposto anteriormente, a pressão sobre o meio
ambiente nesses locais ultrapassa as dimensões ambientais, afetando o meio físico, biótico e
antrópico. O descarte de RSU diretamente sobre o solo sem tratamento algum, provoca a
poluição do solo, água e ar. Além disso, aspectos como o acesso irrestrito a essas áreas presença
de animais, queimadas e diversos tipos de resíduos dispostos de forma aleatória e sujeitos a
ação dos agentes atmosféricos, traz riscos à saúde de trabalhadores e comunidades próximas
aos locais. A Figura 16 apresenta as características mencionadas.
Figura 16.a: Aves no lixão de São Miguel Figura 16.b: Queimadas no lixão de Venha-Ver
104
Figura 16.c: Acesso livre ao lixão de Luís Gomes Figura 16.d: Aves no lixão de José da Penha
Figura 16.e: Podas no lixão de Riacho de Santana Figura 16.f: Recicláveis no lixão de Major Sales
Figura 16.g: Chorume no lixão de Luís Gomes Figura 16.h: Chorume no lixão de Paraná
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
P. de forragens (%)
Até 1 sal. Mín. (%)
+ de 30 anos (%)
Fundamental (%)
10 a 20 anos (%)
20 a 30 anos (%)
Agricultura (%)
P. de alimentos
6 a 10 anos (%)
Nunca Est. (%)
Masculino (%)
2 a 5 anos (%)
Até 1 ano (%)
2 a 4 s.m. (%)
Feminino (%)
Pecuária (%)
1 a 2 s.m (%)
(leg/frut) (%)
Outros (%)
Médio (%)
Não (%)
Sim (%)
Municípios
São Miguel 37,5 62,5 37,5 62,5 12,5 50,0 25,0 12,5 75,0 25,0 12,5 25,0 12,5 50,0 25,0 12,5 12,5 12,5 25,0
Cel. J. Pessoa 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0 25,0 25,0 100,0 25,0 25,0 50,0 50,0 50,0
Venha Ver 42,9 57,1 71,4 28,6 42,9 57,1 57,1 42,9 14,3 14,3 14,3 14,3 42,8 71,4 28,6 14,3 71,4
Jose da Penha 75,0 25,0 100,0 50,0 50,0 75,0 25,0 25,0 75,0 100,0 50,0 50,0 25,0 100,0
R. de Santana 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0 100,0 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0
Major Sales 100,0 100,0 50,0 50,0 100,0 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0
Luís Gomes 25,0 75,0 100,0 25,0 50,0 25,0 75,0 25,0 25,0 25,0 50,0 100,0 100,0
Paraná 100,0 100,0 100,0 100,0 33,3 33,3 33,3 100,0 100,0
Média (%) 54,3 59,9 76,1 47,8 31,3 52,6 39,3 50,0 32,5 85,3 31,0 25,0 25,0 34,8 20,0 24,4 25,4 50,2 68,3 30,4 37,5 25,5 68,3
Mediana (%) 50,0 57,1 85,7 50,0 31,3 50,0 37,5 50,0 25,0 87,5 25,0 25,0 25,0 37,5 14,3 25,0 25,0 50,0 60,7 28,6 50,0 19,7 60,7
Desvio padrão 0,23 0,22 0,25 0,12 0,19 0,21 0,14 0,00 0,15 0,16 0,08 0,00 0,00 0,16 0,09 0,07 0,13 0,12 0,27 0,15 0,18 0,15 0,27
Mínimo (%) 25,0 25,0 37,5 28,6 12,5 25,0 25,0 50,0 12,5 57,1 25,0 25,0 25,0 14,3 12,5 14,3 12,5 33,3 25,0 12,5 12,5 12,5 25,0
Máximo (%) 100,0 100,0 100,0 62,5 50,0 100,0 57,1 50,0 50,0 100,0 42,9 25,0 25,0 50,0 33,3 33,3 50,0 75,0 100,0 50,0 50,0 50,0 100,0
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
110
Riacho de Santana, apenas por poços, em Venha-Ver e Major Sales, apenas por carros pipa, em
José da Penha, por carro pipa (25%) ou por açude (75%) e em Paraná ou por poço (33,3%) ou
por açude (66,7%) (Quadro 14). Observou-se que um dos maiores anseios das comunidades
quanto a serviços públicos é o de retomada do abastecimento direto da CAERN.
Além da água obtida pelos meios citados, é comum os indivíduos realizarem a captação
da água das chuvas para consumo humano. Quando esta é a finalidade, a maioria afirmou
realizar um ou mais formas de tratamento, com filtro de barro, fervura ou cloro. Porém em
alguns dos municípios foram obtidas altas porcentagens de participantes que consomem a água
sem nenhum tipo de tratamento, como em São Miguel (88,9%), Venha-Ver (42,9%) e Luís
Gomes (50%) (Quadro 14).
Para se ter ideia do cenário problemático identificado, o índice de atendimento do
abastecimento de água por rede com canalização interna ou na propriedade no Brasil em 2017
foi de 85,7%. O índice de atendimento urbano foi maior, e chegou a 93,8%, já nas zonas rurais
apenas 33,4% dos domicílios possuem esse tipo de atendimento. Na zona rural o tipo de
atendimento mais frequente é por poço ou nascente com canalização interna, com índice de
43,1% (BRASIL, 2019).
O uso da água nas comunidades se dá principalmente para o consumo humano e
realização de atividade domésticas, ocorrendo também em alguns casos específicos o uso em
atividades agrícolas, pecuária e pesca, sempre em pequenos volumes. Portanto, o uso está mais
relacionado às atividades essenciais.
Em todos os municípios, exceto em Coronel João Pessoa, todos os participantes
afirmaram ter fossa rudimentar em suas residências, para onde são destinados os efluentes
domésticos. No caso de Coronel João Pessoa 25% dos participantes destinam os efluentes no
solo (a céu aberto) e os demais em fossa rudimentar (Quadro 14).
Os resultados desfavoráveis de atendimento do sistema de esgotamento sanitário já eram
esperados, uma vez que segundo Brasil (2019), no ano de 2017, 48,6% dos domicílios rurais,
destinavam os esgotos sanitários para fossas rudimentares e 11,7% para valas, rios, lagos, mar
ou outro destino. Assim, um total de 5,4 milhões de domicílios não possuíam solução adequada
para o afastamento dos esgotos sanitários. Apenas 32,0% dos domicílios desse tipo eram
atendidos com fossa séptica e 7,7% por rede geral de esgoto.
Já os resíduos sólidos, não são coletados pela prefeitura nas comunidades rurais
visitadas dos municípios de Coronel João Pessoa, José da Penha, Riacho de Santana e Luís
Gomes, assim as opções encontradas pelas comunidades é de queimar ou jogar fora seus
resíduos domésticos (Quadro 14). Nos demais, podem ocorrer duas situações, a primeira é a
112
Pecuária (%)
Açude (%)
Queimado
Pesca (%)
Fossa (%)
Solo (%)
Não (%)
Sim (%)
Municípios
São Miguel 37,5 62,5 88,9 11,1 100,0 100,0 12,5 100,0 87,5 12,5 12,5 25,0 75,0
Cel. J. Pessoa 100,0 25,0 50,0 50,0 100,0 25,0 100,0 75,0 25,0 75,0 25,0 50,0 50,0
Venha Ver 100,0 42,9 42,9 14,2 100,0 100,0 14,3 100,0 57,1 42,9 57,1 42,9
José da Penha 25,0 75,0 75,0 25,0 100,0 100,0 25,0 100,0 75,0 25,0 100,0
R. de Santana 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 50,0 50,0 50,0 50,0
Major Sales 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 50,0 50,0 50,0 50,0
Luís Gomes 75,0 25,0 50,0 50,0 50,0 100,0 100,0 100,0 50,0 50,0 100,0
Paraná 33,3 66,7 33,3 33,3 33,3 100,0 100,0 100,0 33,3 66,7 100,0
Média (%) 69,2 62,5 70,9 48,0 58,5 11,1 45,4 100,0 25,0 100,0 13,4 25,0 96,9 25,0% 57,0 50,8 38,2 46,4 71,0
Mediana (%) 75,0 62,5 70,9 42,9 50,0 11,1 41,7 100,0 25,0 100,0 13,4 25,0 100,0 25,0% 53,6 50,0 37,5 50,0 62,5
Desvio padrão 0,29 0,34 0,04 0,22 0,22 0,00 0,28 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,08 0,00 0,20 0,20 0,19 0,11 0,24
Mínimo (%) 33,3 25,0 66,7 25,0 33,3 11,1 14,2 100,0 25,0 100,0 12,5 25,0 75,0 25,0% 33,3 12,5 12,5 25,0 42,9
Máximo (%) 100,0 100,0 75,0 88,9 100,0 11,1 100,0 100,0 25,0 100,0 14,3 25,0 100,0 25,0% 87,5 75,0 66,7 57,1 100,0
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
114
Municípios
Razoável (%)
As vezes (%)
Agrícola (%)
Pecuária (%)
Natural (%)
Outros (%)
Nunca (%)
Lixão (%)
Pesca (%)
São Miguel 62,5 37,5 12,5 62,5 12,5 75,0 25,0 12,5
Cel. J. Pessoa 50,0 50,0 50,0 25,0 25,0 75,0 25,0
Venha Ver 100,0 28,6 28,6 42,9 71,4 14,3 14,3 14,3 14,3
José da Penha 100,0 100,0 25,0 25,0 25,0 25,0 25,0 50,0
R. de Santana 100,0 100,0 50,0 50,0
Major Sales 100,0 100,0
Luís Gomes 100,0 25,0 75,0 50,0 25,0 25,0
Paraná 66,7 33,3 66,7 33,3 33,3 33,3 33,3
Média (%) 84,9 43,8 33,3 37,5 22,0 45,6 60,3 61,4 32,5 24,6 37,5 25,0 14,3 18,8 41,7 14,3
Mediana (%) 100,0 43,8 33,3 37,5 25,0 45,6 66,7 71,4 33,3 25,0 37,5 25,0 14,3 18,8 41,7 14,3
Desvio padrão 0,20 0,06 0,00 0,13 0,07 0,17 0,32 0,25 0,15 0,06 0,13 0,00 0,00 0,06 0,08 0,00
Mínimo (%) 50,0 37,5 33,3 25,0 12,5 28,6 12,5 25,0 14,3 14,3 25,0 25,0 14,3 12,5 33,3 14,3
Máximo (%) 100,0 50,0 33,3 50,0 28,6 62,5 100,0 100,0 50,0 33,3 50,0 25,0 14,3 25,0 50,0 14,3
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
comunidades. Assim, a população mantém sua rotina normalmente, mesmo às vezes, podendo
estar sujeita a perturbações.
Ainda assim, pode-se observar algumas similaridades em outros estudos como no de
Barretto et al. (2018), que questionou os indivíduos sobre a percepção de poluição deles em São
Francisco do Conde, estado da Bahia e o aspecto mais facilmente identificado foi a poluição
relacionada ao lixo (54,8%), esgoto (19,4 %) ou nenhuma (19,4 %).
No trabalho de Crispim (2019), ela entrevistou a população de Humaitá, no estado do
Amazonas e quando questionou sobre os tipos de poluição mais recorrentes nos bairros, os itens
mais apontados (85%) foram: o lixo jogado nas ruas, fumaça, mau cheiro de esgotos a céu
aberto, queimadas, poluição sonora, e poluição de rios.
Para especificar melhor quais são os principais impactos ambientais percebidos pelos
moradores, devido à presença das unidades de destinação de resíduos na região pesquisada, foi
elaborado o Quadro 16. No município de Coronel João Pessoa, o único impacto indicado foi a
incidência de roedores e animais e em Major Sales, aumento de temperaturas e queimadas,
fatores diretamente relacionados. Nos municípios citados, os participantes acreditam que se
houver qualquer outro impacto, não chega a afetar a comunidade.
Nos outros municípios, foram observados diversos impactos ambientais, conforme
detalhado no Quadro 16, sendo os mais frequentes: mau cheiro (média de 73,5%), contaminação
do solo (média de 65,2%), aumento de insetos (média de 64%), contaminação dos recursos
hídricos (média de 61%), queimadas (média de 59,9%) e incidência de roedores e animais
(média de 51,1%).
Em cada município, os impactos são percebidos de maneira específica, a depender das
características da gestão de resíduos sólidos, da posição relativa da comunidade em relação ao
lixão e da relação dos participantes com o meio ambiente. Em São Miguel o principal incômodo
da população é em relação ao mau cheiro, considerando que o percurso realizado pelos veículos
que transportam os RSU passa em frente às suas residências e conforme relatado, durante todo
o dia a até mesmo a noite circulam veículos com resíduos de mau cheiro pela comunidade.
Em Venha-Ver, as queimadas são o principal incômodo da população, pois neste
município, os resíduos passam por incineração a céu aberto, para controle do volume. Os
participantes relataram que algumas vezes a fumaça pode chegar até suas residências ou outras
localidades. Em outros municípios, as queimadas também são um problema, mas são realizadas
de forma clandestina por falta de controle da administração pública, como em José da Penha,
Riacho de Santana, Major Sales e Paraná.
118
Queimadas (%)
Municípios
Ninguém (%)
Erosão (%)
São Miguel 25,0 12,5 12,5 62,5 12,5 12,5 12,5 37,5 12,5 87,5 75,0 12,5 25,0
Cel. J. Pessoa 25,0 100,0 100,0
Venha Ver 28,6 14,3 28,6 28,6 28,6 28,6 57,1 28,6 14,3 28,6 100,0 28,6 28,6 42,9
José da Penha 100,0 100,0 75,0 75,0 25,0 100,0 75,0 50,0 50,0 100,0
R. de Santana 50,0 50,0 50,0 100,0 100,0 100,0 50,0 100,0 50,0 50,0
Major Sales 50,0 50,0 100,0 100,0
Luís Gomes 75,0 50,0 75,0 25,0 25,0 75,0 75,0 100,0 100,0
Paraná 33,3 100,0 100,0 100,0 100,0 33,3 66,7 66,7 33,3 66,7 66,7 33,3 33,3
Média (%) 26,8 38,1 31,1 61,0 73,5 65,2 59,9 12,5 28,0 64,0 51,1 33,3 31,3 88,0 74,3 44,9 33,7
Mediana (%) 26,8 50,0 31,0 62,5 81,3 75,0 57,1 12,5 26,8 70,9 50,0 33,3 31,3 100,0 75,0 33,3 33,3
Desvio padrão 0,02 0,17 0,13 0,34 0,28 0,33 0,32 0,00 0,03 0,31 0,20 0,00 0,19 0,18 0,26 0,30 0,07
Mínimo (%) 25,0 14,3 12,5 12,5 28,6 12,5 12,5 12,5 25,0 14,3 25,0 33,3 12,5 50,0 28,6 12,5 25,0
Máximo (%) 28,6 50,0 50,0 100,0 100,0 100,0 100,0 12,5 33,3 100,0 75,0 33,3 50,0 100,0 100,0 100,0 42,9
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
propriedades locais, pois elas são muito importantes para eles. A população consultada pelo
autor também considerou os lixões como maior fonte de poluição local e identificou como
principais impactos ambientais presentes nas áreas as queimadas, aumento de insetos, mau
cheiro e a contaminação do solo.
Esses fatores, podem afetar a qualidade de vida da população direta ou indiretamente.
Portanto, independentemente do nível de perturbação que as unidades de destinação final de
resíduos sólidos dos municípios causem nas comunidades, é importante que o poder público
adeque sua gestão no sentido de reduzir ou evitar os impactos ambientais existentes, uma vez
que a Constituição Federal (1988), prevê no art. 225 que: “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).
Infelizmente, diante da realidade analisada, fica claro que todas as comunidades
pesquisadas sofrem com alta vulnerabilidade socioeconômica e ambiental, onde direitos básicos
e essenciais como o acesso a serviços públicos de abastecimento de água, esgotamento
sanitário, coleta domiciliar de resíduos sólidos não são ofertados satisfatoriamente, além dos
baixos rendimentos das famílias, na maioria dos casos condicionadas a trabalhos informais e
do difícil acesso à educação básica.
A proximidade com os lixões agrava o quadro de vulnerabilidade podendo acarretar
incômodos, como relatado em alguns municípios, os maus odores, poluição, aumento de insetos
e animais na comunidade, influência no tráfego das vias locais e queimadas, inclusive podendo
acarretar risco a saúde dos moradores. Logo, se faz necessário desenvolver propostas de ações
visando a melhoria das atividades da gestão de RSU dos municípios contemplando esses
sujeitos.
Segundo Ferreira (2018), a partir da publicação da PNRS em 2010, houve uma exigência
para que todos os municípios brasileiros implementassem melhorias ambientais, sobretudo na
perspectiva de adoção de soluções ambientalmente adequadas de disposição final de RSU, com
a eliminação dos lixões a céu aberto. Também foram incentivadas as políticas voltadas para o
planejamento e execução das outras etapas da gestão, como coleta seletiva e logística reversa.
As melhorias a serem implementadas devem possuir o objetivo principal de reduzir ou
evitar os impactos ambientais negativos que vêm ocorrendo devido ao modelo atual de gestão
dos resíduos. Impactos estes que se efetivam nas ações de gerenciamento dos resíduos sólidos,
ou seja, no conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta,
transporte, transbordo, tratamento e destinação final, como prevê a PNRS (BRASIL,2010).
Entretanto, nos municípios estudados, as etapas de transbordo e tratamento de resíduos não são
realizadas, sendo identificadas apenas as etapas de coleta, transporte e destinação final.
Conforme explica Ramos et al. (2012), associadas as atividades inadequadas de manejo
de resíduos sólidos, é comum o surgimento de impactos ambientais diversos, como poluição da
água, assoreamento de corpos hídricos, enchentes, proliferação de vetores de doenças, a partir
dos animais que fazem contato direto com os resíduos, por exemplo, moscas, baratas, vermes,
ratos e outros, além da poluição visual, maus odores e contaminação do meio ambiente.
Considerando a verificação do gerenciamento de resíduos sólidos dos municípios
realizado de forma reduzida, apenas com três etapas, foi possível elaborar uma matriz de
aspectos e impactos ambientais desse gerenciamento para cada município (Quadros 17, 18, 19,
20 e 21), contemplando a análise das ações realizadas na coleta, transporte e destinação final.
Quadro 17: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de São Miguel.
Mun. Fases da
Aspectos ambientais potenciais Impactos ambientais negativos
gestão
Poluição do solo;
Ausência de separação dos tipos de resíduos, incluindo
Poluição do ar;
perfurocortantes.
Coleta Risco a população.
Acondicionamento em sacolas e/ou embalagens pouco
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
resistentes.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Poluição do ar;
Diversos tipos de resíduos sendo transportados de forma
SÃO MIGUEL
Poluição sonora;
Transporte aglomerada, propiciando a ocorrência de reações físico-
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
químicas entre eles, formação de chorume e gases.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Transbordo Não se aplica Não se aplica
Tratamento Não se aplica Não se aplica
Descarte dos resíduos sólidos diretamente no solo; Poluição do solo;
Presença de aves, insetos e outros animais; Interferência no ecossistema local, na fauna e na flora;
Destinação
Ocorrência frequente de queimadas; Poluição do ar;
final
Ausência de controle do acesso a área de destinação; Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
Existência de comunidades próximas. Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
122
Quadro 18: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de Coronel João Pessoa.
Mun. Fases da
Aspectos ambientais potenciais Impactos ambientais negativos
gestão
Poluição do solo;
Ausência de separação dos tipos de resíduos, incluindo
Poluição do ar;
perfurocortantes.
COLETA Risco a população.
Acondicionamento em sacolas e/ou embalagens pouco
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
resistentes.
CORONEL JOÃO PESSOA
Quadro 19: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de Venha-Ver e Paraná.
Mun. Fases da
Aspectos ambientais potenciais Impactos ambientais negativos
gestão
Poluição do solo;
Ausência de separação dos tipos de resíduos, incluindo
Poluição do ar;
perfurocortantes.
Coleta Risco a população.
Acondicionamento em sacolas e/ou embalagens pouco
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
resistentes.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
VENHA-VER/ PARANÁ
Poluição do ar;
Diversos tipos de resíduos sendo transportados de forma
Poluição sonora;
Transporte aglomerada, propiciando a ocorrência de reações físico-
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
químicas entre eles, formação de chorume e gases.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Transbordo Não se aplica Não se aplica
Tratamento Não se aplica Não se aplica
Descarte dos resíduos sólidos diretamente no solo; Poluição do solo;
Presença de aves, insetos e outros animais; Interferência no ecossistema local, na fauna e na flora;
Destinação Ocorrência frequente de queimadas; Poluição do ar;
final Proximidade de recursos hídricos; Poluição de recursos hídricos;
Ausência de controle do acesso a área de destinação; Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
Existência de comunidades próximas. Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
Quadro 20: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de José da Penha e Riacho de Santana e
Luís Gomes.
Mun. Fases da
Aspectos ambientais potenciais Impactos ambientais negativos
gestão
Poluição do solo;
Ausência de separação dos tipos de resíduos, incluindo
JOSÉ DA PENHA/ RIACHO DE SANTANA/
Poluição do ar;
perfurocortantes.
Coleta Risco a população.
Acondicionamento em sacolas e/ou embalagens pouco
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
resistentes.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Poluição do ar;
Diversos tipos de resíduos sendo transportados de forma
Poluição sonora;
LUÍS GOMES
Quadro 21: Matriz de aspectos e impactos ambientais da gestão de RSU de Major Sales.
Mun. Fases da
Aspectos ambientais potenciais Impactos ambientais negativos
gestão
Poluição do solo;
Ausência de separação dos tipos de resíduos, incluindo
Poluição do ar;
perfurocortantes.
Coleta Risco a população.
Acondicionamento em sacolas e/ou embalagens pouco
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
resistentes.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Poluição do ar;
Diversos tipos de resíduos sendo transportados de forma
MAJOR SALES
Poluição sonora;
Transporte aglomerada, propiciando a ocorrência de reações físico-
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
químicas entre eles, formação de chorume e gases.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Transbordo Não se aplica Não se aplica
Tratamento Não se aplica Não se aplica
Poluição do solo;
Descarte dos resíduos sólidos diretamente no solo;
Interferência no ecossistema local, na fauna e na flora;
Destinação Presença de aves, insetos e outros animais;
Poluição do ar;
final Ocorrência eventual de queimadas;
Exposição dos trabalhadores a riscos de saúde;
Existência de comunidades próximas.
Exposição dos moradores a riscos de saúde;
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda
e promotor de cidadania; 9) o respeito às diversidades locais e regionais; 10) o direito da
sociedade à informação e ao controle social; 11) a razoabilidade e a proporcionalidade
(BRASIL, 2010).
Para mais informações e um melhor entendimento sobre cada um destes princípios, é
recomendado a leitura do trabalho elaborado por Machado (2012) cujo título é “Princípios da
política nacional de resíduos sólidos”.
Assim, foram pensadas ações para execução nos municípios, com vistas a solução das
deficiências encontradas no diagnóstico. Dessa forma, foi possível elaborar matrizes de gestão
ambiental para os municípios estudados, apresentando o planejamento ambiental, com as ações
formuladas, o responsável pela realização, metas e prazos, além de informações para o
gerenciamento ambiental das soluções: as etapas, formas de monitoramento, indicadores e
responsáveis pelas análises destes. As informações encontram-se nos Quadros 22, 23 e 24.
126
Quadro 22: Matriz de gestão ambiental para os municípios de São Miguel e Major Sales.
Mun. Aspecto Planejamento ambiental Gerenciamento ambiental
ambiental Objetivo Ação Responsável Meta Prazo Etapa Monitoramento Indicador Análise
Método de Separação e Sensibilização da Sec. Municipal e Separação e Ações Identificação; Monitoramento quantitativo dos Quantidade de Sec. Municipal
coleta acondicionamento sociedade civil e Prestadora de acondicionamento contínuas. caracterização, e resíduos dispostos para a coleta, e cada tipo de e Prestadora de
correto dos resíduos. fiscalização do setor serviço da limpeza correto, no prazo de 2 quantificação dos resíduos. as condições acondicionamento resíduo coletado. serviço da
econômico. pública. anos. dos resíduos. limpeza
pública.
Método de Transporte adequado de Adaptação da frota de Prestadora de Todos os veículos Ações Identificação e Monitoramento qualitativo de Percentual de Sec. Municipal
transporte cada tipo de resíduo. veículos aos requisitos serviço da limpeza adequados em 2 anos contínuas. caracterização, das acompanhamento da frota aos veículos
normativos (apenas em pública. adaptações necessárias dos requisitos normativos. adequados.
São Miguel) veículos.
Método de Triagem dos resíduos. Separação e Prestadora de Separação de todos os Ações Elaboração do projeto, Mapeamento das quantidades de Percentual de Sec. Municipal
Tratamento compactação de cada serviço da limpeza resíduos coletados, e contínuas. preparação de resíduos recebidos e sua resíduos destinados e Prestadora de
tipo de resíduo, para a pública. compactação do infraestrutura, controle e destinação de acordo com sua adequadamente. serviço da
destinação adequada. material reciclável, em treinamentos necessários, classificação. limpeza
SÃO MIGUEL/ MAJOR SALES
Quadro 23: Matriz de gestão ambiental para os municípios de Coronel João Pessoa, José da Penha, Luís Gomes e Paraná.
Mun. Aspecto Planejamento ambiental Gerenciamento ambiental
ambiental Objetivo Ação Responsável Meta Prazo Etapa Monitoramento Indicador Análise
Método de Separação e Sensibilização da Sec. Municipal Separação e Ações Identificação; Monitoramento quantitativo dos Quantidade de Sec. Municipal
coleta acondicionamento sociedade civil e acondicionamento contínuas. caracterização, e resíduos dispostos para a coleta, e cada tipo de
correto dos resíduos. fiscalização do setor correto, no prazo de 2 quantificação dos resíduos. as condições acondicionamento resíduo coletado.
CORONEL JOÃO PESSOA/ JOSÉ DA PENHA/ LUÍS GOMES/ PARANÁ
Quadro 24: Matriz de gestão ambiental para os municípios de Venha-Ver e Riacho de Santana.
Mun. Aspecto Planejamento ambiental Gerenciamento ambiental
ambiental Objetivo Ação Responsável Meta Prazo Etapa Monitoramento Indicador Análise
Método de Separação e Sensibilização da Sec. Municipal Separação e Ações Identificação; Monitoramento quantitativo dos Quantidade de Sec. Municipal
coleta acondicionamento sociedade civil e acondicionamento contínuas. caracterização, e resíduos dispostos para a coleta, e cada tipo de
correto dos resíduos. fiscalização do setor correto, no prazo de 2 quantificação dos resíduos. as condições acondicionamento resíduo coletado.
econômico. anos. dos resíduos.
Método de Transporte adequado de Organização das rotas e Sec. Municipal Todos os bairros Ações Identificação e Monitoramento qualitativo das Percentual de Sec. Municipal
transporte cada tipo de resíduo. dos veículos para atendidos em 2 anos contínuas. caracterização, das condições dos veículos e da atendimento do
transporte separado por adaptações necessárias. execução dos serviços. serviço.
tipo de resíduo.
Método de Triagem dos resíduos. Separação e Sec. Municipal Separação de todos os Ações Elaboração do projeto, Mapeamento das quantidades de Percentual de Sec. Municipal
Tratamento compactação de cada resíduos coletados, e contínuas. preparação de resíduos recebidos e sua resíduos destinados
VENHA-VER/ RIACHO DE SANTANA
tipo de resíduo, para a compactação do infraestrutura, controle e destinação de acordo com sua adequadamente.
destinação adequada. material reciclável, em treinamentos necessários, classificação.
2 anos. para implantação.
Destinação Destinação final Desativação da área de Sec. Municipal e Destinação em aterro Ações Elaboração do projeto, Mapeamento das quantidades de Vida útil do aterro. Sec. Municipal
final ambientalmente lixão e substituição por Consócio sanitário até agosto de contínuas. preparação de resíduos armazenados no aterro. e Consócio
adequada. aterro sanitário. Intermunicipal 2024. infraestrutura, controle e Intermunicipal
treinamentos necessários,
para implantação.
Risco à saúde Preservação da saúde e Programa de prevenção Sec. Municipal Capacitar todos os Ações Identificação das Mapeamento dos riscos Quantidade de Sec. Municipal
dos segurança dos de riscos ambientais no colaboradores para a contínuas. fragilidades dos ambientais; Sensibilização e ações preventivas
trabalhadores trabalhadores que atuam desenvolvimento das prevenção dos riscos à colaboradores; execução treinamentos; Divulgação das efetivadas.
no gerenciamento dos atividades dos saúde, e do uso correto das ações: treinamentos, informações sobre as substâncias
resíduos. colaboradores. de EPI’s, em 1 ano. cursos, e visitas técnicas. perigosas; Controle da saúde dos
trabalhadores; Inspeções de
segurança.
Risco à saúde Possibilitar melhor Programa de Sec. Municipal Executar programa em Ações Planejamento das ações; Quantitativo de ações Registro de Sec. Municipal
de moradores relação entre as sensibilização e todas as comunidades contínuas. execução das ações: desenvolvidas no âmbito da projetos
das comunidades próximas educação ambiental. próximas aos lixões em oficinas, visitas técnicas, educação ambiental e sanitária. desenvolvidos.
comunidades aos lixões e o meio 02 anos. reuniões em campo,
locais ambiente. comunicação e divulgação.
Oportunidade Organização dos Projeto de incentivo a Sec. Municipal Incluir todos os Ações Diagnóstico Monitorar o percentual de Número de Sec. Municipal
de geração de catadores de materiais criação de cooperativas catadores em contínuas. socioeconômico dos catadores cooperados; As ações cooperados e de
emprego e recicláveis, visando a de catadores. cooperativas em 2 catadores; Organização dos de capacitações desenvolvidas; ações de
renda inclusão social, anos. catadores em cooperativa; capacitações.
econômica e política. Ações de qualificação
profissional.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2022.
129
Iniciando pela etapa de coleta, a inexistência da coleta seletiva apresentou-se como fator
crítico do modelo atual. Para melhoria dessa etapa é necessário não apenas implantar o serviço
por iniciativa da secretaria municipal, mas também realizar campanhas de sensibilização da
população para realizar o acondicionamento do lixo em embalagens já com a separação. Essa
separação pode ser inicialmente entre os resíduos secos e orgânicos e posteriormente classificar
também papéis, vidros, plásticos e metais.
Consequentemente na etapa de transporte esses materiais não poderão ser transportados
de forma aglomerada e nos municípios onde ainda são utilizadas caçambas abertas para a
atividade, deve-se substituir as mesmas por caminhão compactador, podendo utilizar as
caçambas abertas para o transporte dos resíduos de varrição, capina e podas. Os veículos devem
ainda serem sempre inspecionados para atestar as suas adequadas condições de armazenamento
dos resíduos durante o trajeto.
Atualmente, mais uma deficiência da gestão dos municípios estudados é a falta de
tratamento dos RSU. Nesse caso, uma solução simples e significativa para a melhoria seria a
triagem dos resíduos para ser dada a adequada destinação final. Dessa forma, um maior
percentual de resíduos poderia ser destinado a reciclagem, resultando em menor volume de
rejeitos e maior vida útil da área de destinação final. A implantação de usinas de triagem tornaria
a ação eficiente, uma vez que os catadores têm feito essa separação dos resíduos manualmente
na própria área de descarte dos resíduos.
Um exemplo de sucesso na implantação de cento de triagem de resíduos é evidenciado
no trabalho de Andrade et al. (2019), que comenta sobre o funcionamento da estrutura no
município de Itabira, estado de Minas Gerais, relatando que o cento, associado com o programa
de coleta seletiva municipal e a sensibilização da população quanto à separação adequada dos
resíduos em suas casas, resultou em uma redução nos materiais encaminhados para o aterro
sanitário.
Para a destinação final, a inviabilidade de implantação de aterros sanitários individuais
nos municípios, faz com que a solução para o encerramento dos lixões a céu aberto dependa da
efetivação do consórcio intermunicipal estabelecido no PEGIRS do estado. Vale lembrar que
esse encerramento, que é uma das principais metas da PNRS, deve ser realizado até 02 de agosto
de 2024 e que a previsão de adequação dos municípios estudados será através da construção do
aterro sanitário do município de Pau dos Ferros/RN, o qual deve atender todos os municípios
da regionalização Alto Oeste.
Segundo Brandão e Silva (2011) a adoção de aterros sanitários individuais é inadequada
para a grande maioria dos municípios brasileiros, sobretudo para os de pequeno porte, como é
130
o caso dos municípios estudados. A solução individual resultaria no consumo de grande parcela
do orçamento municipal. Logo, a implantação de solução ambientalmente adequada via
consórcio público é a mais recomendada, contanto que sejam analisados os melhores arranjos
dos municípios integrantes e os recursos financeiros necessários para sua sustentabilidade.
Além destas ações diretamente associadas as etapas de gerenciamento dos resíduos, é
importante também implantar políticas e ações que contemplem os sujeitos envolvidos na
gestão, sejam eles os trabalhadores das secretarias ou terceirizados, os moradores das
comunidades próximas às áreas de descarte atuais e os catadores de materiais recicláveis.
Braga e Henkes (2017) alertam que a problemática dos RSU não se restringe apenas à
destinação final ambientalmente inadequada, para eles, a falta de conscientização da população
sobre os problemas relacionados aos resíduos, é o ponto de maior importância a ser trabalhado
pelos agentes públicos.
No trabalho de Gomes et al. (2019), dentre as inconformidades presentes em uma área
de lixão estudada no município de Corrente, estado do Piauí, verificou-se a exposição direta
dos catadores de materiais recicláveis a riscos de contrair doenças devido à proliferação de
vetores. Os autores acrescentam que os trabalhadores que atuam no manejo dos resíduos estão
igualmente expostos a esses riscos.
De acordo com Oliveira e Galvão (2018) durante a manipulação dos resíduos os
principais riscos aos quais os trabalhadores podem estar expostos são: riscos químicos, devido
a poeira, névoa, gases, substâncias químicas tóxicas; riscos físicos, relacionados a incidência
de umidade, calor, frio e ruídos; riscos biológicos, quando na presença de animais transmissores
de doenças; ergonômicos, pelo levantamento de peso excessivo e o esforço de correr atrás do
caminhão; e os acidentes que podem ocorrer, como atropelamento, quedas e cortes com
materiais perfurocortantes.
A poluição das áreas circunvizinhas também é um impacto frequentemente verificado
nos estudos, podendo afetar a população que mora no entorno das áreas de lixões. Corrêa et al.
(2018), Carvalho (2022) e Gomes et al. (2019) relatam esse problema em seus trabalhos. A
exemplo do lixão do município de Bacabal, estado do Maranhão, Carvalho (2022) expõe que a
fumaça proveniente da queima de resíduos causa incômodos e prejuízos à saúde tanto de
moradores locais como de catadores de recicláveis.
Pensando nas melhorias para esses atores, no caso dos trabalhadores da coleta,
transporte e destinação final, é importante que eles sejam conscientizados dos riscos aos quais
são expostos diariamente e da importância da proteção da sua saúde e segurança. Para isso,
podem ser realizados programas de prevenção de riscos, treinamentos sobre a utilização de
131
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
a presença de comunidade próximas, a menos de 500 m dos lixões, em alguns casos. Logo, os
impactos afetam o meio físico comprometendo a qualidade do solo, do ar e da água, o meio
biótico e o antrópico. A mudança necessária nesse aspecto só ocorrerá com o encerramento dos
lixões e recuperação das áreas degradadas.
Também foi possível identificar a percepção ambiental da população residente nas
proximidades dos lixões. Primeiramente, foram analisadas as condições socioambientais dessa
população, revelando um cenário já esperado, de marginalização social e informalidade
trabalhista, associados também ao baixo acesso à educação básica e superior. É preocupante,
pois a falta de políticas públicas para esses sujeitos, afetam todos os aspectos da sua qualidade
de vida, no quesito saneamento básico, por exemplo, também foram identificadas deficiências
como a falta de atendimento do sistema de abastecimento de água, de esgotamento público e de
coleta de resíduos sólidos. E os lixões, afetam de forma específica cada comunidade
dependendo das distâncias e do posicionamento geográfico dos moradores, de acordo com a
percepção apresentada.
Todas essas questões, são interpretadas como um quadro de crise ambiental iminente,
diante dos conflitos e riscos existentes. A proposta de melhorias a partir da implementação de
políticas púbicas que contemplem todos os atores envolvidos nesses processos tornou-se
essencial. Foi possível analisar, ao fim da pesquisa, as particularidades de cada município para
apontar medidas que possam reduzir os prejuízos atuais. Dentre as ações propostas, listou-se a
necessidade de implantação de coleta seletiva eficiente em todos os municípios, acompanhada
de programas de conscientização e sensibilização da população, a adequação dos veículos nos
municípios que ainda não utilizam compactadores para o transporte, construção de usinas de
triagem de resíduos para facilitar as operações relacionadas a reutilização e reciclagem, além
da criação de cooperativas para os catadores de materiais recicláveis e o estabelecimento de
programas de prevenção de riscos aos trabalhadores que fazem o manejo de resíduos. Essas
ações devem ser trabalhadas de forma contínua pelos gestores municipais, com monitoramento
dos resultados obtidos.
Portanto, todos os objetivos da pesquisa foram alcançados e a metodologia adotada
mostrou-se eficiente para tal proposta, uma vez que utilizou-se de ferramentas de baixo custo,
como a aplicação de questionários e formulários impressos, observação, registros a partir de
anotações e fotografias, avaliação de impactos ambientais a partir de matriz de interação e
utilização de VANT, que se mostrou um instrumento moderno, acessível e permitiu uma
excelente descrição da dimensão dos impactos, também foi utilizada a matriz de gestão
ambiental que facilitou a organização das propostas de melhorias para os municípios.
134
REFERÊNCIAS
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não perigosos - Critérios para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro, 1997.
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147
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Municipal de Saneamento Básico [...]. Venha Ver, 2018. Disponível em:
venhaver.rn.gov.br/legislacao/leis-municipais. Acesso em: 29 mar. 2021.
A - Informações do Participante
As questões a seguir versam sobre os serviços executados no município, bem como seu
funcionamento, estrutura e quadro de pessoal. Solicita-se, ainda, informações acerca do meio
de cobrança pelos serviços executados e dados sobre o sistema de atendimento à população.
Q5: Existe serviço de coleta de resíduos sólidos (lixo) no município? * Selecione apenas uma
opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu
Q6: Como é feita a cobrança pelos serviços de coleta (direta e indireta) de lixo? *Selecione
apenas uma opção.
( ) 1 - Cobrança anual
( ) 2 - Cobrança mensal
( ) 3 - Não há cobrança
( ) 4 - Não soube avaliar
( ) 5 - Não respondeu
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
150
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Q11: Custo médio mensal com a mão de obra empregada no sistema de limpeza urbana no ano
de 2020: *Valor médio em reais/mês.
________________________________________________________________________
Q13: Qual é a principal reclamação ou solicitação sobre o serviço de manejo de resíduos sólidos
(lixo)? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Solicitação para implantação da coleta domiciliar regular
( ) 2 - Solicitação para a implantação de serviços de limpeza pública
( ) 3 - Reclamação sobre serviços executados
( ) 4 - Reclamação sobre lançamento clandestino de lixo
( ) 5 - Queimadas
( ) 6 - Outro
( ) 7 - Não há reclamações
( ) 8 - Não soube avaliar
( ) 9 - Não respondeu
Q15: A instituição possui algum programa social para a preservação do meio ambiente?
(admitem-se múltiplas respostas) *
Selecione até 4 opções
( ) 1 - Programa de educação sanitária e/ou ambiental
( ) 2 - Programa de mutirão
( ) 3 - Reuniões com moradores e/ou associados
( ) 4 - Outro
( ) 5 - Não possui programa social
( ) 6 - Não soube avaliar
( ) 7 - Não respondeu
Q16: Existe o serviço de coleta domiciliar direta de resíduos sólidos (lixo) (porta a porta)? *
Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu
Q17: Qual é a principal instituição operadora dos serviços de coleta domiciliar regular de
resíduos sólidos (lixo) neste município? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Administração direta da prefeitura
( ) 2 - Autarquia ou serviço autônomo
( ) 3 - Empresa pública regional
( ) 4 - Consórcio intermunicipal
( ) 5 - Empresa privada
( ) 6 - Associação
( ) 7 - Outra
( ) 8 - Não possui instituição operadora dos serviços
( ) 9 - Não soube avaliar
( ) 10 - Não respondeu
Q18: Tipo de cobrança pelos serviços de coletas regulares de resíduos sólidos (lixo): *Selecione
apenas uma opção.
( ) 1 - Taxa junto com o IPTU, água, energia elétrica, etc.
( ) 2 - Taxa específica
( ) 3 - Boleto bancário
( ) 4 - Tarifa específica por serviços especiais
( ) 5 - Outra
( ) 6 - Não há cobrança (VÁ PARA QUESTÃO 20)
( ) 7 - Não soube avaliar
( ) 8 - Não respondeu
Q19: Como é calculada a cobrança pelos serviços regulares de coletas de resíduos sólidos
(lixo)? * Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Valor/percentual único em toda a cidade
( ) 2 - Valor/percentual calculado sobre o valor do IPTU
( ) 3 - Cota por metro quadrado de área construída
( ) 4 - Cota por tipo de construção
( ) 5 - Cota por localização
( ) 6 – Outra
152
Q20: Frequência da coleta domiciliar direta de lixo: *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Diariamente
( ) 2 - Três vezes por semana
( ) 3 - Duas vezes por semana
( ) 4 - Uma vez por semana
( ) 5 - Não há coleta direta de lixo (VÁ PARA QUESTÃO 24)
( ) 6 - Não soube avaliar
( ) 7 - Não respondeu
Q21: A coleta domiciliar direta diária é realizada: *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Em todo o município
( ) 2 - Apenas em parte do município
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu
Q22: Tipo de veículo utilizado pela empresa na coleta domiciliar direta de lixo (admitem-se
múltiplas respostas): *Selecione até 6 opções.
( ) 1 - Caminhão aberto
( ) 2 - Compactador
( ) 3 - Basculante
( ) 4 - Trator agrícola com reboque
( ) 5 - Charrete
( ) 6 - Outro
( ) 7 - Não soube avaliar
( ) 8 - Não respondeu
Q25: Tipo de veículo utilizado pela empresa na coleta dos resíduos de varrição e capina:
(admitem-se múltiplas respostas). *Selecione até 6 opções.
( ) 1 - Caminhão aberto
( ) 2 - Compactador
( ) 3 - Basculante
( ) 4 - Trator agrícola com reboque
( ) 5 - Charrete
( ) 6 - Outro
( ) 7 - Não faz coleta de resíduo de varrição e capina
( ) 8 - Não soube avaliar
( ) 9- Não respondeu
153
________________________________________________________________________
Q28: Tipo de coleta seletiva de resíduos (admitem-se múltiplas respostas): Selecione até 5
opções.
( ) 1 - Papel/papelão
( ) 2 - Vidro
( ) 3 - Plástico
( ) 4 - Metal
( ) 5 - Outra
( ) 6 - Não soube avaliar
( ) 7 - Não respondeu
________________________________________________________________________
Q30: A unidade de destinação final do lixo se localiza: *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - No próprio município
( ) 2 - Em outro município, mas dentro da mesma microrregião
( ) 3 - Em outro município, fora da microrregião
( ) 4 - Não tem unidade de destinação final
( ) 5 - Não soube avaliar
( ) 6 - Não respondeu
Q32: Destinação final do lixo coletado (admitem-se múltiplas respostas): *Selecione até 4
opções.
( ) 1 - Lixão
( ) 2 - Aterro controlado
( ) 3 - Aterro sanitário
( ) 4 - Outro
( ) 5 - Não soube avaliar
( ) 6 - Não respondeu
Q34: Na unidade de destinação final existe algum equipamento compactador? Selecione apenas
uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu
As questões a seguir tratam da Política e do Plano Municipal de Resíduos Sólidos, além dos
investimentos realizados, entre outros aspectos da gestão de resíduos e gestão ambiental no
município.
Q35: No município, existe PMGIRS - Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos aprovado por meio de Lei Municipal? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não (VA PARA A QUESTÃO 38)
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu
________________________________________________________________________
Q37: A elaboração do PMGIRS contou com a participação popular? *Selecione apenas uma
opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu
Q39: Considerando a pergunta anterior, a(s) cooperativa(s) de catadores atuam em parceria com
o município, estando incluídas no processo de coleta, triagem e reciclagem?
Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu
Q40: O município optou por uma solução consorciada de aterro? * Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não (VÁ PARA A QUESTÃO 43)
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu
Q41: O consórcio, o qual o município integra, encontra-se na mesma microrregião em que está
inserido? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu
Q42: Foi elaborado o Plano Intermunicipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos para o
Consórcio? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu
Q43: Investimentos (em R$) para a Gestão de Resíduos realizados pelo município no ano 2015:
________________________________________________________________________
Q44: Investimentos (em R$) para a Gestão de Resíduos realizados pelo município no ano 2020:
________________________________________________________________________
Q45: No município, existe algum processo de logística reversa de produtos que é realizado pelo
setor privado e a indústria em geral? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube avaliar
( ) 4 - Não respondeu
Q47: Descreva, por exemplo, qual processo, para qual produto ou por qual empresa que é
realizada a logística reversa:
________________________________________________________________________
Q48: O município possui um Sistema de Informações Ambientais, com dados sobre a Gestão
de Resíduos Sólidos, disponível? *Selecione apenas uma opção.
( ) 1 - Sim, de acesso interno dos órgãos ambientais
( ) 2 - Sim, de acesso público
( ) 3 - Em construção/implantação
( ) 4 - Não possui o Sistema
( ) 5 - Não soube avaliar
( ) 6 - Não respondeu
Q49: Na sua opinião, a Política Nacional de Resíduos Sólidos Lei n. 12.305/2010 está sendo
corretamente efetivada no seu município? *Selecione uma opção, de modo subjetivo (a resposta
não será divulgada com referência ao município pesquisado).
( ) 1 - Sim, completamente
( ) 2 - Sim, porém parcialmente
( ) 3 - Não está sendo efetivada
( ) 4 - Não soube avaliar
( ) 5 - Não respondeu
Q50: Na sua opinião, quais as principais deficiências e o que precisa melhorar na Gestão de
Resíduos em seu município? *Descreva sua opinião pessoal (a resposta não será divulgada com
referência ao município pesquisado).
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
A - Perfil Socioeconômico
Q1 Sequência de aplicação: ____
Q2 - Idade: _____________________________________________________________
Q3 - Sexo?
( ) 1 - Masculino
( ) 2 - Feminino
Q4 - Trabalha?
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
Q5 - Município/Comunidade de origem:______________________________________
Q6 - Escolaridade:
( ) 1 - Fundamental
( ) 2 - Fundamental incompleto
( ) 3 - Médio
( ) 4 - Médio incompleto
( ) 5 – Nunca estudou
( ) 6 - Outro. Qual?
Q7 - Renda média:
( ) 1 - Até 1 salário mínimo
( ) 2 - De 1 a 2 s.m.
( ) 3 - De 2 a 4 s.m.
( ) 4 - É + de 4 s.m.
( ) 5 - Não tem renda
B - Saneamento Ambiental
Q12 - Como se dá o abastecimento de água na sua residência?
( ) 1 - Somente CAERN
( ) 2 - Somente Poço
( ) 3 - Somente Carro Pipa
( ) 4 - CAERN e Poço
( ) 5 - CAERN e Carro Pipa
( ) 6 - Poço e Carro Pipa
( ) 7 - CAERN, Poço e Carro Pipa
( ) 8 - Outro. Qual?
Q18 - Quando veio residir nesta comunidade o lixão era disposto no local atual?
( ) 1 - Sim
( ) 2 - Não
( ) 3 - Não soube responder
C – Percepção Ambiental
Q19 - Qual a importância da propriedade na sua família?
( ) 1 - Muito importante
( ) 2 - Importante
( ) 3 - Razoável
( ) 4 - Pouco importante
( ) 5 - Muito pouco importante
Q23 - Em algum momento você deixou de praticar alguma das atividades abaixo em
virtude da interferência do lixão?
( ) 1 - Caça
( ) 2 - Pesca
( ) 3 - Agricultura intensiva
( ) 4 - Agricultura familiar
( ) 5 - Cultivo de hortaliças
( ) 6 - Pecuária
( ) 7 - Criação de caprinos e ovinos
( ) 8 - Criação de suínos
( ) 9 - Criação de aves
( ) 10 - Outra. Qual?
Q24 - Quais os principais problemas ambientais na região pela proximidade com o lixão?
( ) 1 - Desmatamento
( ) 2 - Aumento das temperaturas
( ) 3 - Erosão (desgaste do solo)
( ) 4 - Contaminação dos recursos hídricos
( ) 5 - Mau cheiro
( ) 6 - Contaminação do solo
( ) 7 - Queimadas
( ) 8 - Uso de maquinas pesadas
( ) 9 - Aumento de doenças
( ) 10 - Aumento de insetos
( ) 11 - Aumento de ratos e animais
( ) 12 - Outros. Quais?
Q25 - Em algum momento a proximidade com o lixão te levou a pensar em buscar outro
local para residir?
( ) 1 - Sim, várias vezes
( ) 2 - Sim, algumas vezes
( ) 3 - Sim, apenas uma vez
( ) 4 - Nunca pensei
( ) 5 - Não soube responder
D – Práticas Ambientais
Q26 - Quais ações poderiam ser realizadas para diminuir os impactos ambientais causados
na sua propriedade?
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